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Numero do processo: 10711.721088/2011-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 16/08/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.429
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/08/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 10 88 /2 01 1- 03 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 101DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 104DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 106DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 107DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721088/201103 Acórdão n.º 3302003.429 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 108DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 15215.720152/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL-MPF. EMISSÃO E PRORROGAÇÃO. IRREGULARIDADE. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS. DISPENSA DE MPF.
As irregularidades na emissão e prorrogação do MPF não acarretam nulidade do lançamento, nem do processo administrativo; ademais, nos casos de pluralidade de autuados, não se exige um MPF para cada um dos responsáveis tributários.
PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS. LANÇAMENTO. INCLUSÃO DE TODOS OS RESPONSÁVEIS. VALIDADE.
Uma vez apurada pela Fiscalização a existência de pluralidade de sujeitos passivos, o lançamento deve ser dirigido contra todos eles, os quais deverão figurar no polo passivo, assegurando a cada um o direito de defesa.
DEPOIMENTO TOMADO NA REPARTIÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE ADVOGADOS. VALIDADE.
É válido como prova esclarecimento ou depoimento tomado na repartição pública, mesmo sem a presença de advogado, devendo, como qualquer prova, ser valorada pela autoridade julgadora, à vista dos demais elementos de prova constantes dos autos.
DEPOIMENTOS. VALORAÇÃO DA PROVA. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA.
A consideração de depoimentos e documentos se insere na atividade de valoração da prova, a cargo do órgão julgador, não podendo ser tomada como cerceamento de defesa, desde que o convencimento seja motivado.
ADMINISTRADORES DE PESSOAS JURÍDICAS. ATOS PRATICADOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO OU ESTATUTO. INTERESSE COMUM. SOLIDARIEDADE.
Os administradores, gestores e representantes de pessoas jurídicas, quando praticarem atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato ou estatuto, passam a ser sujeitos passivos da relação tributária, e quando se associam de forma voluntária e consciente, praticando em conjunto o fato gerador do tributo, obrigam-se solidariamente pelo pagamento do crédito tributário, dada a existência de interesse comum.
USO DE DOCUMENTOS FISCAIS PERTENCENTES A EMPRESA DE EXISTÊNCIA PURAMENTE FORMAL. DOLO.
O uso de documentos fiscais pertencentes a empresa de existência meramente formal, inexistente de fato, caracteriza por si só o dolo, porquanto a intenção de lesar a terceiros é intuitiva, emergindo da própria conduta considerada nos seus aspectos objetivos.
MULTA. ABUSIVIDADE. GRADAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
O exame da alegação de abusividade da multa é vedado no processo administrativo, pois implicaria exame de constitucionalidade da norma legal; e a gradação da multa é impossível ante a falta de previsão na lei que cominou a penalidade.
IRPJ, CSLL, PIS E COFINS. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO.
Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo.
Numero da decisão: 1301-002.161
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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EMISSÃO E PRORROGAÇÃO. IRREGULARIDADE. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS. DISPENSA DE MPF. As irregularidades na emissão e prorrogação do MPF não acarretam nulidade do lançamento, nem do processo administrativo; ademais, nos casos de pluralidade de autuados, não se exige um MPF para cada um dos responsáveis tributários. PLURALIDADE DE SUJEITOS PASSIVOS. LANÇAMENTO. INCLUSÃO DE TODOS OS RESPONSÁVEIS. VALIDADE. Uma vez apurada pela Fiscalização a existência de pluralidade de sujeitos passivos, o lançamento deve ser dirigido contra todos eles, os quais deverão figurar no polo passivo, assegurando a cada um o direito de defesa. DEPOIMENTO TOMADO NA REPARTIÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE ADVOGADOS. VALIDADE. É válido como prova esclarecimento ou depoimento tomado na repartição pública, mesmo sem a presença de advogado, devendo, como qualquer prova, ser valorada pela autoridade julgadora, à vista dos demais elementos de prova constantes dos autos. DEPOIMENTOS. VALORAÇÃO DA PROVA. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. A consideração de depoimentos e documentos se insere na atividade de valoração da prova, a cargo do órgão julgador, não podendo ser tomada como cerceamento de defesa, desde que o convencimento seja motivado. ADMINISTRADORES DE PESSOAS JURÍDICAS. ATOS PRATICADOS COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 21 5. 72 01 52 /2 01 3- 15 Fl. 1412DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.413 2 LEI, CONTRATO OU ESTATUTO. INTERESSE COMUM. SOLIDARIEDADE. Os administradores, gestores e representantes de pessoas jurídicas, quando praticarem atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato ou estatuto, passam a ser sujeitos passivos da relação tributária, e quando se associam de forma voluntária e consciente, praticando em conjunto o fato gerador do tributo, obrigamse solidariamente pelo pagamento do crédito tributário, dada a existência de interesse comum. USO DE DOCUMENTOS FISCAIS PERTENCENTES A EMPRESA DE EXISTÊNCIA PURAMENTE FORMAL. DOLO. O uso de documentos fiscais pertencentes a empresa de existência meramente formal, inexistente de fato, caracteriza por si só o dolo, porquanto a intenção de lesar a terceiros é intuitiva, emergindo da própria conduta considerada nos seus aspectos objetivos. MULTA. ABUSIVIDADE. GRADAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O exame da alegação de abusividade da multa é vedado no processo administrativo, pois implicaria exame de constitucionalidade da norma legal; e a gradação da multa é impossível ante a falta de previsão na lei que cominou a penalidade. IRPJ, CSLL, PIS E COFINS. IDENTIDADE DE MATÉRIA FÁTICA. MESMA DECISÃO. Quando os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins recaírem sobre a mesma base fática, há de ser dada a mesma decisão, ressalvados os aspectos específicos inerentes à legislação de cada tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (ASSINADO DIGITALMENTE) Waldir Veiga Rocha Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo. Fl. 1413DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.414 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, já qualificado nos autos, contra o Acórdão nº 1661.323 da 7ª Turma da DRJ São Paulo, que, negando provimento à impugnação, manteve integralmente o lançamento feito contra O. F. Neto ME, Olímpio Ferreira Neto e o próprio recorrente, que figuram no polo passivo como devedores solidários. A ação fiscal que culminou no lançamento impugnado teve origem com a notícia da apreensão de documentos no estabelecimento da empresa José de Almeida Machado & Cia Ltda., cujo nome comercial era Cafeeira José do Flor, e que pertencia ao recorrente. Entre os documentos apreendidos, havia alguns que eram da empresa individual O. F. Neto ME e outros, da sociedade empresária Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Pertenciam a O. F. Neto ME: a) extratos bancários do período de 08/04/2010 a 28/05/2010 referente à conta nº 12.0200, da agência 32190, do Sicoob Credcooper; b) conhecimentos de transporte e faturas da empresa Transquality Transportes Ltda., CNPJ nº 65.185.472/000454, relativos a vendas realizada por O. F. NETO ME; e c) um livro de capa preta, sem título, contendo folhas numeradas tipograficamente de 01001 a 01100, utilizado para controle de venda de café. No livro, chamado pela Fiscalização de “Livro de Controle de Vendas”, estavam escrituradas à mão as folhas 01001 a 01032, relativas ao período de 04/05/2010 a 27/05/2010. Dentro do livro foi encontrada uma fita de máquina de somar com os cálculos do valor de cada venda e recorte da parte do extrato da conta bancária da empresa O. F. NETO ME, onde constavam os depósitos respectivos. As datas e os valores coincidiam com os depósitos na conta de O. F. NETO ME. Pertenciam à empresa Nova Esperança Comércio de Café Ltda. os seguintes documentos: a) relações de notas fiscais de aquisição de café pela Nova Esperança Comércio de Café Ltda., que haviam sido entregues à Administração Fazendária de Inhapim e Caratinga, ambos municípios do Estado de Minas Gerais; b) contratos de venda de café nº 464, 466, 469, 471, 475, 478, 484 e 608 (este último não assinado), denominados “contrato de compra e venda a fixar Nova Esperança Comércio de Café Ltda”, tendo sempre como comprador a empresa Volcafé Ltda., inscrita no CNPJ sob o nº 61.100.772/000785 e como vendedor Nova Esperança Comércio de Café Ltda.; e c) dezenas de notas fiscais emitidas por Nova Esperança Comércio de Café Ltda., referentes a aquisições de produtores rurais, bem como algumas notas fiscais de saída de mercadorias dessa empresa. Fl. 1414DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.415 4 A Fiscalização ouviu Olímpio Ferreira Neto, titular da O. F. Neto ME e sócio da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Disse o declarante que: "...inicialmente JOSÉ DO FLOR (apelido de José de Almeida Machado) estava em má situação financeira e atuava como corretor, combinando a compra e após o consentimento dos sócios da NOVA ESPERANÇA, principalmente PAULO, a compra era fechada. Após o pagamento ser feito a mercadoria era geralmente transportada para o comprador final, pois a NOVA ESPERANÇA não atuou com armazém; e. QUE inicialmente JOSÉ DO FLOR ganhava entre R$ 1,00 e R$ 0,50 por saca vendida, por seu trabalho como corretor. Após aproximadamente um ano JOSÉ DO FLOR virou sócio da empresa, apesar disso não constar no contrato social. Após isso ele passou a negociar por conta própria e utilizava a NOVA ESPERANÇA para guiar o café, porque ele não tinha empresa própria para isso. Essa forma de trabalho durou até o final de 2009. Nessa época OLÍMPIO e seu sócio PAULO praticamente pararam de comprar café através de JOSÉ DO FLOR; f. Que é o titular da firma individual O. F. NETO ME, CNPJ 10.359.876/000182, constituída em 09/04/2008. Nessa época tinha a intenção de utilizar a empresa efetivamente, mas não pôde por falta de condições financeiras. Por isso a empresa ficou parada até meados de 2010; g. QUE em meados de 2010 encontrouse com JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, conhecido como JOSÉ DO FLOR, que lhe perguntou se o depoente não tinha uma empresa que poderia ser utilizada por ele para guiar o café; h. QUE após negociações aceitou ceder a empresa para JOSÉ DO FLOR recebendo por isso R$ 3.000,00 por mês; i. QUE não passou procuração da O. F. NETO ME e por isso constantemente assinava diversos cheques dessa empresa. j. QUE foi em Caratinga juntamente com um sobrinho de JOSÉ DO FLOR chamado LUCIANO DE ALMEIDA abrir uma conta no SICOOB; k. QUE o depoente não tinha o cartão magnética da conta da O. F. NETO ME ou sua senha de movimentação pela internet, que estava em poder do LUCIANO, responsável pela parte financeira do JOSÉ DO FLOR; l. QUE reconhece sua assinatura no documento de constituição da O. F. NETO ME; m. QUE jamais explorou a O. F. NETO ME." (g.n.) Foi ouvido também o antigo sócio da Nova Esperança Comércio de Café Ltda., Ronald Ferreira, que assim se manifestou: a. QUE a partir de 2007 trabalhou na MILA CORRETORA, que comercializava café, como ajudante geral, ganhando por volta de um salário mínimo mensal. Ficou lá por volta de um ano e meio, após isso passou a trabalhar como changueiro, que significa carregar café em caminhões. Seu chefe era GERALDO FERREIRA, seu tio. Além dele, a MILA trabalhava com outros corretores de café; Fl. 1415DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.416 5 b. QUE foi sócio da NOVA ESPERANÇA COMÉRCIO DE CAFÉ LTDA, CNPJ 07.114.595/000155 de 20/04/2007 até 18/09/2007. QUE reconhece sua assinatura na terceira alteração contratual, que lhe foi exibida na ocasião; c. QUE não pagou qualquer valor pela participação do seu tio GERALDO FERREIRA nessa sociedade, e desconhece qualquer pagamento que tenha sido feito pela participação; d. QUE conhecia PAULO JOSÉ DE OLIVEIRA de seu trabalho como corretor de café na Baixada e na MILA; e. QUE também conhecia JOSÉ MARTINS VELOZO e acredita que ele também trabalhasse com comércio de café; f. QUE os dois, PAULO JOSÉ e JOSÉ MARTINS, lhe propuseram que assinasse como sócio da empresa NOVA ESPERANÇA com a promessa de um pagamento mensal, que seria de acordo com o volume de sacas de café negociadas. QUE até 20 (vinte) mil sacas mensais receberia R$ 5.000,00 reais e a partir de 20 (vinte) mil sacas receberia dez mil reais mensais; g. QUE por esse acordo não administraria a sociedade de fato ou faria corretagem de café, apenas assinaria os documentos da empresa; h. QUE sabia que essa empresa era usada pelo JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO, conhecido como JOSÉ DO FLOR, ou JOSÉ DE ALMEIDA, da CAFEEIRA ZÉ DO FLOR, para comprar e vender café. QUE toda a movimentação da empresa era feita em São Domingos das Dores. QUE desconhece outras pessoas que usaram essa empresa; (g.n.) i. QUE abriu contas da empresa no Banco do Brasil e SICOOB de Inhapim, e assinava todos os documentos bancários da empresa: cheques, DOCs, TEDs, mas não acessava eletronicamente a movimentação bancária da empresa; j. QUE durante esse tempo residia em Manhuaçu e os documentos lhe eram trazidos por JOSÉ DO FLOR, seus sobrinhos LUCIANO DE ALMEIDA e ERLY ou até motoboys para que fossem assinados; k. QUE durante esse tempo continuou trabalhando na MILA; l. QUE a contabilidade da empresa estava com MÁRCIA MOREIRA PACHECO, da CONTABILIDADE PACHECO; m. QUE não estava recebendo o valor combinado mensal, e sim mil reais por mês. QUE chamou o ZEZÃO, como era conhecido JOSÉ MARTINS VELOSO e o JOSÉ DO FLOR e pediu para sair da sociedade. QUE assim foi feito e saiu da sociedade; n. QUE reconhece sua assinatura nos contratos de venda para a VOLCAFÉ LTDA, CNPJ 61.100.772/000785, que lhe foram exibidos nesta ocasião, mas não se recorda de têlos assinado. QUE jamais negociou café com a VOLCAFÉ; o. QUE se recorda que em 2009 assinou documento para resgatar a cota da empresa no SICOOB, a pedido de JOSÉ DO FLOR e ERLY. Quanto ao livro apreendido pela Polícia Federal, a Fiscalização fez a seguinte avaliação: Fl. 1416DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.417 6 8. A primeira folha do Livro de Controle de Vendas, de n. 1001, é bastante comprometedora: registra uma venda feita pelo próprio José de Almeida para a firma A. M. ALVES em 05/05/2010 e quitada por depósito na conta da fiscalizada em 10/05/2010. A última folha, de n. 1032, se refere a venda feita no dia 27/05/2010 e quitada em 02/06/2010. (...) 10. No período abrangido pelo Livro de Controle de Vendas, entre 05/05/2010 e 02/06/2010, a O. F. NETOME recebeu em sua conta R$ 5.757.433,10 via TED. Desse total, R$ 4.312.491,31 são referentes a vendas anotadas no Livro de Controle apreendido em poder do Sr. José de Almeida. Cabe notar que os demais depósitos via TED desse período, que não constam do Livro de Controle, ocorreram entre 05/05 e 13/05, indicando que não estão no Livro porque provavelmente foram quitadas alguns dias após o negócio, sendo esse intervalo entre a negociação e quitação usual nesse ramo. Desconsiderados esses depósitos feitos entre 05/05 e 13/05, todos os demais estão anotados no Livro de Controle. A planilha n° 2 traz na coluna intitulada “Pág.L.Vendas” a página do Livro de Controle correspondente ao depósito efetuado na conta da O. F. NETO ME. A inspeção visual dessa planilha mostra claramente que a partir de 13/05 toda movimentação da conta da fiscalizada tinha correspondência no Livro de Controle. (g.n.) Ouvido, ainda durante o procedimento de fiscalização, José de Almeida Machado negou as acusações, dizendo que atuou apenas como corretor de café. Disse que os documentos apreendidos em sua empresa foram deixados pelo titular da O. F. NETO ME, para depois serem apanhados. Isto teria acontecido porque deveriam continuar viagem e não voltar a Manhuaçu, quando encontraram o recorrente no trajeto. A Fiscalização concluiu: 17. As informações colhidas por esta fiscalização mostram que a O. F. NETO ME foi criada com o intuito de “guiar o café”. Por “guiar o café” entendese que o comerciante compra o café de um produtor, e indica que este produtor de café procure uma empresa que emitirá uma nota para acobertar aquela operação. Destaquese que o produtor também não aceita vender direto para o exportador, para não fazer o recolhimento dos tributos. Porém esta empresa que emite a nota pertence a um “laranja”, e esta empresa não irá fazer o recolhimento dos tributos ligados àquela operação. 18. Tais empresas “laranjas” abundam às dezenas nesse ramo, servindo unicamente para acumular dívidas perante o Fisco que jamais serão pagas. Tipicamente essas empresas funcionam por alguns meses e depois sua movimentação cessa, com o comerciante passando a utilizar uma outra empresa. Esse é o caso da NOVA ESPERANÇA LTDA e da O. F. NETO ME, como se ilustra no quadro a seguir. Notase que a movimentação financeira da NOVA ESPERANÇA diminuía enquanto a O. F. NETO ME aumentava a sua, até que em Junho/2010 a movimentação da O. F. NETOME foi interrompida pela operação da Polícia Federal. Fundada nessas conclusões, a autoridade fiscal lavrou autos de infrações para exigir IRPJ, CSLL, PIS e Cofins das seguintes pessoas: a) O. F. Neto ME e, como devedores solidários, Olímpio Ferreira Neto e José de Almeida Machado. Fl. 1417DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.418 7 b) Nova Esperança Comércio de Café Ltda. e, como devedores solidários, Olímpio Ferreira Neto, Ronald Ferreira, Geraldo Ferreira e José de Almeida Machado. As receitas consideradas para fins de autuação, em ambos os casos, foram obtidas junto à Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais. Entre os autuados, somente José de Almeida Machado apresentou impugnação, à qual a 7ª Turma da DRJ São Paulo negou provimento, pelo Acórdão nº 16 61.323, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 PROVA PERICIAL. INDEFERIMENTO. Indeferese a produção de prova pericial, porque não observada a forma prescrita em Lei e por não restar configurada situação a exigir conhecimentos técnicos ou científicos especializados para o deslinde da questão. NULIDADE. MPF. RESPONSÁVEL. A emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF somente se justifica perante a pessoa física ou jurídica a ser objeto de fiscalização. Os responsáveis tributários apurados no curso do procedimento fiscal devem ser incluídos no pólo passivo do lançamento. NULIDADE. DEPOIMENTOS. PRESENÇA DE ADVOGADOS. Os órgãos da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, no uso de suas atribuições legais, podem solicitar informações e esclarecimentos ao sujeito passivo ou a terceiros, sendo as declarações, ou a recusa em prestálas, lavradas pela autoridade administrativa e assinadas pelo declarante. No processo administrativo, dado o princípio da informalidade, o administrado pode, ou não, se fazer acompanhar por advogado, a depender de sua exclusiva escolha. NULIDADE. RMF. INDISPENSABILIDADE. A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio de servidor ocupante do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, pode examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. Os exames são considerados indispensáveis quando houver negativa, pelo titular de direito da conta, da titularidade de fato Fl. 1418DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.419 8 ou da responsabilidade pela movimentação financeira, e a presença de indício de que o titular de direito é interposta pessoa do titular de fato. CONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, a menos que o ato tenha sido declarado inconstitucional pro decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal STF. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. Configuram interesse comum e administração de fato dos empreendimentos a ensejar a inclusão do responsável no polo passivo do lançamento, a movimentação de recursos próprios em conta corrente da fiscalizada, e a apreensão, em estabelecimento do responsável, de registros de controle das operações de vendas, de extratos de movimentação financeira, para controle do recebimento do faturamento, e dos correspondentes conhecimentos de transporte. Não resignado, José de Almeida Machado interpôs recurso ao CARF. De plano, o recorrente solicitou a reunião dos processos 15215.720205/2013 90 e 15215.720152/201315, o primeiro tendo como interessado Nova Esperança Comércio de Café Ltda.; o segundo, O. F. Neto ME. A razão do pedido era a identidade fática e a circunstância de o recorrente ter sido, em ambos os casos, designado como responsável tributário. Antes de adentrar no exame dos lançamentos, frisou o recorrente que os reais beneficiários da fraude foram Olímpio Ferreira Neto e suas empresas, O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Por outro lado, o valor lançado seria muito superior ao seu patrimônio. Quanto aos lançamentos, alegou, preliminarmente, que imputar responsabilidade tributária a terceiro é matéria inerente à execução fiscal e compete apenas à Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, não cabendo à autoridade lançadora fazer incursões nesse terreno. Haveria também nulidade da ação fiscal e do processo administrativo, uma vez que inexiste mandado de procedimento fiscal MPF específico para fiscalizar o recorrente. Nenhuma fiscalização pode ter início sem a prévia expedição do MPF. Outro fato a induzir nulidade do procedimento administrativo é que tanto o lançamento, quanto a decisão de primeira instância basearamse em provas ilícitas, pois reconheceram a validade de depoimentos tomados pelos agentes da Receita Federal, no interior da repartição, sem a presença de advogados e de testemunhas. Não teria havido nem mesmo a advertência aos depoentes de que eles tinham direito a advogado. O procedimento atenta contra Fl. 1419DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.420 9 o devido processo legal. Por essa razão, pede o recorrente a nulidade do feito e, subsidiariamente, o desentranhamento da prova. Teria havido também cerceamento de defesa, porque não foi levado em consideração o depoimento de Paulo José de Oliveira, que fazia parte da administração da Nova Esperança Comércio de Café Ltda., o qual afirmara não conhecer o recorrente. Porém, contraditoriamente, não foram levadas em conta as afirmações de Paulo José de Oliveira, mas se consideraram verdadeiras as de Olímpio Ferreira Neto, que era parte interessada. Para completar o cerceamento de defesa, a Receita Federal, embora de posse de autorização judicial para quebra do sigilo bancário de O. F. Neto ME e de Nova Esperança Comércio de Café Ltda., não tomou providências nesse sentido. A falta de investigação de outras pessoas resultou em prejuízo para o recorrente. Frisou, a propósito, que as empresas de Olímpio Ferreira Neto sempre trabalharam da mesma forma. No campo ainda das preliminares, acusou o recorrente que lhe foi exigida uma prova impossível, pois a Receita Federal o intimou a apresentar livros e documentos dos quais ele não tinha, nem poderia ter a guarda, pois se tratava de livros e documentos das empresas de Olímpio Ferreira Neto. No mérito, o recorrente tentou mostrar que o verdadeiro fraudador era Olímpio Ferreira Neto. Fez um relato minucioso de suas empresas. Eram várias, todas estabelecidas nos mesmos endereços, e a administração sempre a cargo das mesmas pessoas. Tudo isso, diz o recorrente, desmerece o depoimento de Olímpio Ferreira Neto dado à Receita Federal. O recorrente teria exercido a profissão de corretor de café. Comprava o produto na origem, do produtor rural, por ordem e risco das empresas de Olímpio Ferreira Neto, as quais funcionavam como "testa de ferro" das grandes empresas exportadoras ou fabricantes de alimentos. Para responsabilizar o recorrente a Receita Federal tomou como base falsas declarações, em depoimentos prestados dentro da repartição fiscal, pelos principais interessados. Assim, as declarações de Olímpio Ferreira Neto não podem ser tomadas como prova, porque com elas o declarante pretendeu se eximir de suas responsabilidades. Olímpio é dono de um grupo empresarial formado por nove empresas todas dedicadas ao comércio de café, alternando os mesmos endereços. As empresas que a Fiscalização sustenta pertencerem ao recorrente continuaram a funcionar, mesmo durante sua prisão. O recorrente é produtor rural e corretor de café. Afirmou que foram apreendidos vários documentos, mas só foram considerados pela Fiscalização os que poderiam lhe prejudicar. Nesse sentido, invoca o princípio da indivisibilidade da prova documental, previsto no parágrafo único do art. 373 do antigo Código de Processo Civil. Fl. 1420DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.421 10 A propósito da relação que o recorrente mantinha com as empresas de Olímpio Ferreira Neto, disse que não lhe fora outorgado qualquer poder para a prática de atos em nome das empresas O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Buscando explicar os motivos pelos quais os documentos das empresas de Olímpio Ferreira Neto estavam em seu poder, disse o recorrente: O fato é que o corretor Zé do Flor teve acesso à parte de documentos da empresa de Olímpio, para conferir as compras de café que tinha feito a produtores rurais da região, tomando conhecimento dos pagamentos e, com tais informações, recebendo e conferindo o valor de suas comissões. E, como informou Olímpio em seu depoimento à RFB, as compras de café da O. F. Neto e da NOVA ESPERANÇA eram fechadas após o consentimento dos sócios destas. Por questão de economia e praticidade, em muitos casos, o café corretado por Zé do Flor era transportado diretamente da propriedade rural do vendedor para a empresa que o havia comprado da O. F. Neto ou da NOVA ESPERANÇA. Este procedimento justifica que algumas notas fiscais, conhecimentos de carga e documentos (não todos) da NOVA ESPERANÇA e da O. F. NETO ficassem provisoriamente em poder do corretor, ocasião em que foram apreendidos pela PF. Ainda, a posse provisória de tais documentos se justifica em razão de não ser razoável fazer seguidas viagens até a sede das duas empresas de Olimpio em Manhuaçu/MG para emissão de cada uma das notas fiscais do café corretado por Zé do Flor, que se encontrava na região de Inhapim e S. Domingos da Dores. (g.n.) Disse ainda que foram apreendidos em seu poder poucos documentos da O. F. Neto ME e da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Se o recorrente fosse o "sócio oculto" ou o "laranja", em seu poder estariam todos os documentos e não apenas alguns. A posse desses documentos se deve à sua profissão de corretor. Acerca dos documentos de O. F. Neto ME e Nova Esperança, encontrados em seu poder, o recorrente explicou: Presumivelmente tais documentos devem ter sido deixados e/ou esquecidos por um dos sócios e/ou prepostos da O. F. NETO e da NOVA ESPERANÇA no estabelecimento do impugnante, quando, em viagem, eles por lá passaram, para reavêlos na volta. Só que ou não retornaram ao estabelecimento antes da apreensão pela PF, ou adiaram injustificadamente o retorno de tais documentos ao escritório de contabilidade em Manhuaçu. O mesmo, também presumivelmente, ocorreu quanto às diversas "RELAÇÃO DE NOTA FISCAL MOD. 1 ENTREGUE" e "RELAÇÃO DE SÉRIE E ENTREGUE NA AF DE INHAPIM", que são apenas o comprovante de que as notas fiscais emitidas por produtores rurais da região foram entregues à repartição fiscal estadual, como determinava a legislação vigente. Estes documentos não são nem mesmo contabilizados e sua guarda se presta exclusivamente à sua apresentação ao fisco estadual, quando exigida. Justifica também a presença de tais documentos na empresa de Zé do Flor, o fato deste ser corretor da NOVA ESPERANÇA e de O. F. NETO e, nesta condição, efetuar compra de café para estas empresas. Só que como elas não tinham armazém na região em de Inhapim/S. Domingos da Dores (tem 7 do Depoimento de Fl. 1421DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.422 11 Olimpio Anexo 1 ao Relatório Fiscal), onde o recorrente para elas trabalhava como corretor, as duas empresas emitiam notas fiscais para acobertar o café até os estabelecimentos dos compradores destinatários (grandes comerciantes de café, industriais ou exportadores), de modo que o produto saía do produtor rural diretamente para os compradores destinatários. (g.n.) Ressaltou que o corretor se obrigava a manter controle sobre os pagamentos ao produtor do café. Disse também que os documentos apreendidos confirmam sua condição de corretor. O recorrente entende que os documentos intitulados "notas de pesagem de café", apreendidos pela Polícia Federal, comprovariam o exercício da atividade de corretor. Já os conhecimentos de transporte da empresa Transquality, por serem em pequena quantidade, não provam a ligação do recorrente com O.F. Neto ME e com Nova Esperança. Se o recorrente fosse o sócio oculto ou o responsável pelas operações estariam em seu poder todos as notas fiscais e todos os conhecimentos de transporte. Quanto à movimentação financeira, afirmou o recorrente: a) Todos os cheques foram assinados por Olímpio ou por seu irmão/primo Ronald; b) o recorrente jamais assinou qualquer documento de movimentação bancária das duas empresas (cheques, depósitos, TEDs, etc) e não foi ele que abriu e fechou tais contas. c) Zé do Flor teria movimentado as contas utilizando o cartão magnético. Só que nos extratos bancários não existe nenhuma transação com o uso do referido cartão. (fl. 966) Quanto ao livro de controle de pagamentos de O. F. Neto ME, afirmou que estava provisoriamente em seu poder. Tratase do livro de controle de operações da empresa, no qual está registrada uma única venda de café do recorrente para O. F. Neto ME. As demais folhas do livro contêm registros de compras de café efetuadas por O. F. Neto ME. Registram também os depósitos feitos pelos compradores (indústrias e exportadores) na conta bancária daquela empresa. A posse provisória do livro se justifica pela necessidade que o recorrente, como corretor, tinha de: a) conferir se haviam sido feitos corretamente aos produtores rurais da região os pagamentos das compras de café por ele realizadas. Como dito, da correção dos pagamentos dependiam as negociações futuras. b) calcular e receber as comissões de O. F. Neto ME e de Nova Esperança, empresas para as quais fazia a corretagem de café. O recorrente acusou também a inconsistência do relatório de procedimento fiscal. Quanto à solidariedade tributária, disse estar ausente o interesse comum. Fl. 1422DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.423 12 A solidariedade prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional CTN decorre da existência de um mesmo interesse jurídico na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Nesse sentido, o E. Superior Tribunal de Justiça STJ acolheu a tese de que a solidariedade só pode ser reconhecida quando o fato gerador for realizado conjuntamente pelas partes interessadas. O recorrente não é, nem foi sócio das empresas fiscalizadas. Não exerceu qualquer poder inerente à condição de sócio ou de procurador, seja da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. ou da O. F. Neto ME. Não movimentou contas bancárias, nem praticou qualquer ato de gestão nas referidas empresas. Ademais, a Fiscalização utilizou a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, sem atentar para o fato de que a desconsideração produz efeitos apenas para os sócios, e o recorrente jamais foi sócio da Nova Esperança Comércio de Café Ltda. ou da O. F. Neto ME. Posteriormente, em nova manifestação contrária ao lançamento, o recorrente alegou que a Fiscalização não demonstrou onde o recorrente depositara ou guardara todo o dinheiro decorrente do faturamento das duas empresas. Disse que o recorrente não se beneficiou das irregularidades tributárias praticadas por Nova Esperança Comércio de Café Ltda. ou da O. F. Neto ME. Ressaltou que para a atribuição de responsabilidade pessoal com base no art 135, inciso III, do CTN, além de demonstrar a ocorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, é imprescindível a caracterização do agente como diretor, gerente ou representante de pessoa jurídica de direito privado, o que em nenhum momento foi alcançado pela Fiscalização. Disse que os documentos apreendidos em posse de José de Almeida Machado são insuficientes para imputar a ele responsabilidade solidária pelo crédito tributário. O recorrente afirma que foram apreendidas em seu poder, além dos documentos de Nova Esperança Comércio de Café Ltda. ou da O. F. Neto ME., documentos de outras empresas, daí conclui que isso é prova incontestável de que sua atividade era apenas corretagem de café. E é natural que documentos desse tipo sejam encontrados em poder dos corretores. Os depoimentos em desfavor do recorrente são inconsistentes e contraditórios, em especial o de Olímpio Ferreira Neto. Aponta também contradições no depoimento de Ronald Ferreira. Afirmou que a própria Fiscalização não demonstrou de forma clara e convicta qual a condição que atribui ao recorrente, pois ora se refere a ele como sócio de fato, ora como dirigente, ora como representante das empresas, o que demonstra o total desconhecimento acerca da situação objeto de análise. O reconhecimento da condição de sócio de fato, dirigente ou representante é questão objetiva que não pode ser identificada em razão de presunções ou indícios. O Fisco não apresentou qualquer documento capaz de comprovar que o recorrente exerceu a administração das empresas fiscalizadas. Fl. 1423DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.424 13 Ademais, ainda que se comprovasse a condição de gerente, sócio ou representante, seria necessário demonstrar os atos praticados pelo recorrente com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto. Isso porque o E. STJ já reconheceu, em jurisprudência consolidada em súmula e em recurso repetitivo, que não basta comprovar o inadimplemento da obrigação tributária, é preciso demonstrar os atos que deram causa a estes inadimplementos. Quanto à multa, alegou abusividade e ausência de comprovação de dolo ou fraude a justificar sua exacerbação. Por outro lado, de acordo com a ADI 551, a penalidade não pode ultrapassar o valor do tributo. No caso concreto, a multa aplicada é a negação do princípio da gradação da pena, segundo a natureza e circunstância da infração e da intenção do infrator. Foram distribuídos ao mesmo relator, dada a unidade de matéria fática que envolve os dois lançamentos, os autos dos processos nº 15215.720205/201390 e 15215.720152/201315, cujos interessados são respectivamente Nova Esperança Comércio de Café Ltda. e O. F. Neto ME. É o relatório. Fl. 1424DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.425 14 Voto Conselheiro Roberto Silva Junior Admissibilidade O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. Nulidade Vários são os vícios suscitados pelo recorrente como causa de nulidade do lançamento e do processo administrativo. O primeiro deles se refere à ausência de mandado de procedimento fiscal MPF específico que estendesse ao recorrente o alcance da fiscalização. O MPF, no tempo em que era exigido, não passava de um instrumento de controle administrativo. Assim, eventuais irregularidades em sua emissão, prorrogação de vigência, ou ampliação de objeto não eram aptos a projetar qualquer efeito sobre o lançamento ou sobre o processo. A consequência que poderia advir de um daqueles vícios cingiase ao plano funcional, podendo dar ensejo, nos casos de extrema gravidade, a uma medida de ordem disciplinar, mas sem acarretar a invalidade do lançamento, se este, que é ato vinculado, fosse realizado por servidor competente, e se da irregularidade não tivesse resultado prejuízo para o contribuinte. No caso concreto, entretanto, nem sequer de irregularidade se trata. Como bem ressaltou a decisão recorrida, a Portaria RFB nº 2.284/2010, no §2º do art. 2º, deixa claro que no caso de pluralidade de sujeitos passivos não se exige um MPF para cada codevedor. Art. 2º Os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, na formalização da exigência, deverão, sempre que, no procedimento de constituição do crédito tributário, identificarem hipóteses de pluralidade de sujeitos passivos, reunir as provas necessárias para a caracterização dos responsáveis pela satisfação do crédito tributário lançado. §1º A autuação deverá conter a descrição dos fatos e o enquadramento legal das infrações apuradas e do vínculo de responsabilidade. §2º Na hipótese de que trata o caput, não será exigido Mandado de Procedimento Fiscal para os responsáveis. (g.n.) Outro ponto suscitado diz respeito à suposta impossibilidade de atribuição de responsabilidade tributária no lançamento, pois tal providência caberia somente à PFN, na fase de execução. Sem razão o recorrente. O lançamento tributário tem de incluir no polo passivo todas as pessoas obrigadas ao pagamento do crédito tributário na condição de responsáveis, salvo se a situação da qual decorra o vínculo de responsabilidade for posterior ao Fl. 1425DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.426 15 lançamento, como se dá, por exemplo, com a extinção irregular da empresa (STJ, Súmula 435) depois de lançado o tributo. Ao contrário, se a dissolução for anterior ao lançamento, nele já deve ser incluído o responsável. Esse entendimento, mais do que o interesse da Fazenda, tutela o interesse do responsável tributário, assegurandolhe a possibilidade de defesa ainda na esfera administrativa. Assim vem decidindo do E. STJ, como revela o voto proferido no REsp nº 1.435.515 SP pelo Ministro Og Fernandes, do qual se extrai o trecho abaixo: Como é sabido, a ausência da precisa indicação do devedor na constituição do crédito tributário vulnera o título executivo, retirandolhe a certeza, liquidez e exigibilidade que lhe são inerentes, nos termos dos arts. 202 e 203 do CTN. Na senda de tal premissa, não se concebe a substituição do sujeito passivo no título executivo constituído, pois tal alteração corresponderia a um novo lançamento tributário, sem que fosse conferida ao novo devedor a oportunidade de exercer sua impugnação na via administrativa, ou mesmo do pagamento do débito antes do ajuizamento da ação de cobrança. (g.n.) O CARF também adota entendimento semelhante, o que fica evidente pelo enunciado da Súmula nº 71: Súmula CARF n° 71: Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade. A legitimidade para impugnar o lançamento pelos responsáveis tributários tem como pressuposto o fato de que tais pessoas tenham sido originalmente incluídas no polo passivo. Portanto, é a inclusão do responsável no polo passivo do lançamento que lhe assegura, em sede de processo administrativo, o direito de discutir a validade do ato nos seus aspectos formais e materiais, bem como de discutir a própria existência do liame de responsabilidade. Também foi arguida a nulidade do lançamento por utilização de prova ilícita. Referese o recorrente aos depoimentos de Olímpio Ferreira Neto e Ronald Ferreira, que foram tomados dentro da repartição fiscal, sem a presença de advogado. Em primeiro lugar, a autuação não está baseada apenas nas declarações de Olímpio Ferreira Neto e Ronald Ferreira. Essa não é a única prova, nem a mais importante. Depois, como bem lembrou a decisão recorrida, o processo administrativo tributário se caracteriza pelo princípio da informalidade, pelo qual não se exige, para a validade do processo, a presença de advogado acompanhando a pessoa fiscalizada. Aplicase aqui, por analogia, o teor da Súmula Vinculante nº 5: "A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição". Quanto ao uso de extratos bancários, cabe dizer que, embora fosse permitida a utilização dessa prova para apurar as receitas do período, a Fiscalização não se valeu desses Fl. 1426DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.427 16 dados, mas de informações prestadas diretamente pela Secretaria de Fazenda do Estado de Minas Gerais, obtendo assim os montantes de receita de cada período. O recorrente alegou também cerceamento de defesa, porquanto a Fiscalização não teria levando em conta o depoimento de Paulo José de Oliveira, que negou conhecer o recorrente. Além disso, se recusou a quebrar o sigilo bancário de O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda., bem como a aprofundar as investigações sobre outras empresas de Olímpio Ferreira Neto e sobre outras pessoas. A questão referente a depoimento de determinada pessoa ou a análise de movimentação bancária está diretamente ligada à avaliação da pertinência e da necessidade da prova, que cabe, no primeiro momento, à autoridade lançadora. Nada impede, porém, que a pessoa autuada requeira, na impugnação ou no recurso, a produção da prova, demonstrando ser ela importante para esclarecer fato controverso e relevante para o deslinde da questão objeto do processo. Não procede a alegação de cerceamento de defesa decorrente da falta de aprofundamento das investigações sobre pessoas físicas e jurídicas que, segundo o recorrente, estariam a praticar fraudes na compra e venda de café. Na verdade, não se pode afirmar que a Fiscalização tenha deixado de investigar e autuar essa ou aquela pessoa. É possível que, em decorrência das denúncias feitas pelo recorrente, associada a outros indícios, novas operações tenham sido deflagradas. Desse fato, entretanto, não há notícia nos autos. É correto que seja assim, pois em tese as situações são independentes. É por essa razão que não se pode cogitar de prejuízo para o recorrente. A descoberta de novas fraudes e a autuação de outras pessoas, em princípio, não agrava, nem atenua a situação jurídica de quem é sujeito passivo nos processos aqui examinados. A propósito do princípio da indivisibilidade, invocado pelo recorrente, vale dizer que o referido princípio é aplicável ao documento individualmente considerado, e não ao conjunto de documentos apreendidos na mesma ocasião. Portanto, é possível que, de um conjunto de documentos apreendidos, a Fiscalização atribua valor de prova a uns e recuse essa condição a outros. O que o princípio da indivisibilidade, em tese, não admite é que a Fiscalização ou o órgão julgador, no mesmo documento, aceite como verdadeiros os fatos contrários ao contribuinte e não aceite os que lhe sejam favoráveis. Por último, no que tange à alegação de exigência de prova impossível, relativamente à intimação para apresentar livros e documentos de O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda., tratase de procedimento destinado apenas a assegurar ao recorrente o direito de apresentar aquela documentação se, acaso, alguns documentos estivessem em seu poder. Em suma, pelas razões expostas, deve ser rejeitada a alegação de nulidade do lançamento e do processo administrativo. Solidariedade passiva Na hipótese de lançamento que coloca no polo passivo duas ou mais pessoas, como coobrigadas ao pagamento do crédito tributário, tendo por base legal o art. 124, inciso I, do CTN, a exemplo do que ocorre no caso em exame, é comum alegarse a incompatibilidade Fl. 1427DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.428 17 desse dispositivo legal com o disposto no art. 135 do mesmo CTN, utilizado para imputar responsabilidade aos administradores, diretores ou representantes de pessoas jurídicas. A referida incompatibilidade, entretanto, não existe. A responsabilidade tributária de terceiros, prevista no art 135, surge quando presentes de forma concomitante duas situações: a primeira é a pessoa jurídica ter seu patrimônio gerido ou administrado por terceiros, que em nome da entidade praticam atos e negócios jurídicos; a segunda é a existência de atos praticados com excesso de poderes ou com infração de lei, contrato social ou estatuto. Demonstrada a presença dessas circunstâncias, o administrador vem, por força do art 135, para o primeiro plano, passando a ocupar o polo passivo da relação tributária. Se forem dois ou mais os administradores ou as pessoas que tenham praticado atos de gestão com excesso de poderes ou infração de lei, contrato ou estatuto, todas elas devem figurar no polo passivo, na qualidade de devedores solidários. A solidariedade, nessa hipótese, vem do interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. O interesse comum, por sua vez, decorre da atuação conjunta. Vale dizer, da efetiva participação das pessoas físicas na ocorrência do fato gerador. É importante que fique evidenciado, para caracterizar o interesse comum, que as pessoas tenham se associado, para a prática do fato gerador e do ilícito tributário, de forma livre, voluntária e consciente. Observese que o interesse comum não tem origem na condição de sócio, acionista ou cotista; mas, sim, na de administrador, gerente, gestor, preposto. Ainda que o sócio, indiretamente, aufira alguma vantagem advinda da prática do ato ilícito, o lançamento não poderá ser dirigido contra ele, pois o interesse comum a que se refere o inciso I, do art. 124 do CTN não é interesse econômico, mas interesse jurídico, que surge da participação conjunta na prática do fato gerador. Os que realizam o fato gerador são aqueles que voluntária e conscientemente se associam para esse fim. É dessa associação que vem o interesse comum. Eis a razão pela qual devem figurar no polo passivo do lançamento todas essas pessoas, na condição de devedores solidários, não se podendo cogitar de um lançamento autônomo contra cada uma delas individualmente, o que multiplicaria, de forma indevida e ilegítima, o valor do crédito tributário. Portanto, não há incompatibilidade na aplicação concomitante do art. 124, inciso I, com o art. 135, todos do CTN. Ilegitimidade passiva O recorrente, pretendendo excluir seu nome do polo passivo da obrigação tributária, alega ser um simples "corretor de café", que prestava serviços tanto a O. F. Neto ME, quanto a Nova Esperança Comércio de Café Ltda., sem interferir na administração de qualquer das duas empresas. Portanto, seria parte ilegítima para figurar entre os autuados. Fl. 1428DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.429 18 A Fiscalização não entendeu assim. Ao contrário, viu o recorrente inserido num esquema de fraude fiscal, em que O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda. eram instrumentos utilizados para a prática de ilícitos tributários. O esquema foi assim descrito: 17. As informações colhidas por esta fiscalização mostram que a O. F. NETO ME foi criada com o intuito de “guiar o café”. Por “guiar o café” entendese que o comerciante compra o café de um produtor, e indica que este produtor de café procure uma empresa que emitirá uma nota para acobertar aquela operação. Destaquese que o produtor também não aceita vender direto para o exportador, para não fazer o recolhimento dos tributos. Porém esta empresa que emite a nota pertence a um “laranja”, e esta empresa não irá fazer o recolhimento dos tributos ligados àquela operação. 18. Tais empresas “laranjas” abundam às dezenas nesse ramo, servindo unicamente para acumular dívidas perante o Fisco que jamais serão pagas. Tipicamente essas empresas funcionam por alguns meses e depois sua movimentação cessa, com o comerciante passando a utilizar uma outra empresa. Esse é o caso da NOVA ESPERANÇA LTDA e da O. F. NETO ME, como se ilustra no quadro a seguir. Notase que a movimentação financeira da NOVA ESPERANÇA diminuía enquanto a O. F. NETOME aumentava a sua, até que em Junho/2010 a movimentação da O. F. NETOME foi interrompida pela operação da Polícia Federal. Esquema de fraude semelhante ao descrito pela Fiscalização é praticado amiúde com a soja, o milho e com outros produtos primários. Consiste basicamente na criação de sociedades empresárias de existência meramente formal, ou seja, apenas "no papel". Não há estabelecimento, depósitos, armazéns, máquinas, móveis, veículos, empregados. São, a bem dizer, simulacros de empresas, que, no entanto, têm conta bancária e emitem notas fiscais. Encobertos por esse biombo, intermediários compram e vendem o produto primário, utilizandose para tanto dos documentos fiscais e da conta bancária da empresa de fictícia. Esta, por sua vez, não recolhe os tributos relativos à atividade e, assim, acumulam débitos, até que a operação da "empresa" se torna inviável, quando então são abandonadas. Como a empresa fictícia não tem patrimônio e os sócios, no mais das vezes, são pessoas interpostas, desprovidas de capacidade contributiva ("laranjas"), qualquer tentativa de execução fiscal resulta improfícua. Esses simulacros de empresas, normalmente, são utilizados por curto tempo, sendo logo substituídas por outras. No caso concreto, as provas dos autos mostram com clareza cristalina (reconhecida pelo próprio recorrente) que O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda. se enquadram à perfeição nessa moldura. Operaram por curto período, não recolheram tributos (IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e, quiça, o ICMS), não têm patrimônio, não tinham depósitos para armazenar o café, não há notícia de que tivessem empregados, os sócios da Nova Esperança e o titular da O. F. Neto ME não têm, aparentemente, capacidade econômica para fazer frente aos débitos das empresas. Não é por acaso que nenhum deles impugnou o lançamento. Fl. 1429DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.430 19 A situação do recorrente, entretanto, se distingue da situação dos demais autuados. Isso porque, embora não figurasse formalmente como titular, sócio ou administrador das empresas, era ele quem efetivamente as controlava. A apreensão de documentos pertencentes a O. F. Neto ME e a Nova Esperança Comércio de Café Ltda. em poder do recorrente revela que ele não era um simples "corretor de café". A relação com as empresas era muito mais estreita. Foram apreendidos em poder do recorrente os seguintes documentos: 1) Extratos bancários do período de 08/04/2010 a 28/05/2010 referente da conta de O. F. Neto ME, na agência nº 32190, do Sicoob CredcoopeR. 2) Conhecimentos de transporte e faturas da Transquality Transportes Ltda., relativos a vendas realizada por O. F. NETO ME. 3) Livro da empresa O. F. NETO ME, utilizado para controle de vendas de café, no período de 04/05/2010 a 27/05/2010. Dentro do livro foi encontrada uma fita de máquina de somar com os cálculos do valor de cada venda, acompanhada de recorte da parte do extrato da conta bancária de O. F. NETO ME, em que constavam os depósitos respectivos. As datas e os valores coincidiam com os depósitos na referida conta bancária. 4) Relações de notas fiscais de aquisição de café por Nova Esperança Comércio de Café Ltda., que haviam sido entregues à Administração Fazendária de Inhapim e Caratinga. 5) Vários contratos de venda de café, denominados “contrato de compra e venda a fixar Nova Esperança Comércio de Café Ltda”, tendo como comprador a empresa Volcafé Ltda. e vendedor Nova Esperança Comércio de Café Ltda. 6) Dezenas de notas fiscais emitidas por Nova Esperança Comércio de Café Ltda., referentes a aquisições de produtores rurais, bem como algumas notas fiscais de saídas de mercadorias dessa empresa. O recorrente, no primeiro momento, não soube explicar, ao certo, porque aqueles documentos se achavam em seu poder. Disse, sem muita convicção, que "...presumivelmente tais documentos devem ter sido deixados e/ou esquecidos por um dos sócios e/ou prepostos da O. F. NETO e da NOVA ESPERANÇA no estabelecimento do impugnante, quando, em viagem, eles por lá passaram, para reavêlos na volta. Só que ou não retornaram ao estabelecimento antes da apreensão pela PF, ou adiaram injustificadamente o retorno de tais documentos ao escritório de contabilidade em Manhuaçu. O mesmo, também presumivelmente, ocorreu quanto às diversas 'RELAÇÃO DE NOTA FISCAL MOD. 1 ENTREGUE' e 'RELAÇÃO DE SÉRIE E ENTREGUE NA AF DE INHAPIM', que são apenas o comprovantes de que as notas fiscais emitidas por produtores rurais da região foram entregues à repartição fiscal estadual, como determinava a legislação vigente. Estes documentos não são nem mesmo contabilizados e sua guarda se presta exclusivamente à sua apresentação ao fisco estadual, quando exigida." É estranho que o recorrente não soubesse o motivo de todos aqueles documentos se encontrarem em seu poder. Mais estranho é atribuir esse fato a um suposto Fl. 1430DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.431 20 esquecimento de um sócio ou preposto de O. F. Neto ME e de Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Ainda sobre os documentos, contradizendo a afirmação anterior, o recorrente aduziu: O fato é que o corretor Zé do Flor teve acesso à parte de documentos da empresa de Olímpio, para conferir as compras de café que tinha feito a produtores rurais da região, tomando conhecimento dos pagamentos e, com tais informações, recebendo e conferindo o valor de suas comissões. E, como informou Olímpio em seu depoimento à RFB, as compras de café da O. F. Neto e da NOVA ESPERANÇA eram fechadas após o consentimento dos sócios destas. Por questão de economia e praticidade, em muitos casos, o café corretado por Zé do Flor era transportado diretamente da propriedade rural do vendedor para a empresa que o havia comprado da O. F. Neto ou da NOVA ESPERANÇA. Este procedimento justifica que algumas notas fiscais, conhecimentos de carga e documentos (não todos) da NOVA ESPERANÇA e da O. F. NETO ficassem provisoriamente em poder do corretor, ocasião em que foram apreendidos pela PF. Ainda, a posse provisória de tais documentos se justifica em razão de não ser razoável fazer seguidas viagens até a sede das duas empresas de Olimpio em Manhuaçu/MG para emissão de cada uma das notas fiscais do café corretado por Zé do Flor, que se encontrava na região de Inhapim e S. Domingos das Dores. Observese que o recorrente muda a versão anterior, afirmando que os documentos estavam em seu poder para conferir as compras de café e os pagamentos e, assim, verificar a exatidão do valor das comissões. Isso não é, seguramente, uma prática usual entre os corretores. É inconcebível que o contrato de corretagem transforme o corretor em fiscal, conferindolhe poderes para auditar a empresa para quem presta serviços. O Código Civil, ao disciplinar o contrato de corretagem, nos artigos 722 a 729, não confere ao corretor esse tipo de poder. Assegura o direito à remuneração desde que tenha conseguido o previsto no contrato de mediação, ainda que este não se efetive em virtude de arrependimento das partes (art. 725). Prosseguiu o recorrente afirmando que, "...por questão de economia e praticidade, em muitos casos, o café corretado por Zé do Flor era transportado diretamente da propriedade rural do vendedor para a empresa que o havia comprado da O. F. Neto ou da NOVA ESPERANÇA." Disse ainda que "...justifica também a presença de tais documentos na empresa de Zé do Flor, o fato deste ser corretor da NOVA ESPERANÇA e de O. F. NETO e, nesta condição, efetuar compra de café para estas empresas. Só que como elas não tinham armazém na região em de Inhapim/S. Domingos da Dores (item 7 do Depoimento de Olimpio Anexo 1 ao Relatório Fiscal), onde o recorrente para elas trabalhava como corretor, as duas empresas emitiam notas fiscais para acobertar o café até os estabelecimentos dos compradores destinatários (grandes comerciantes de café, industriais ou exportadores), de modo que o produto saía do produtor rural diretamente para os compradores destinatários." Aqui o recorrente admitiu aquilo que a Fiscalização, desde o início, já afirmava, ou seja, o documento fiscal do intermediário (O. F. Neto e NOVA ESPERANÇA Fl. 1431DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.432 21 empresas fictícias) era emitido apenas para acobertar o trânsito do produto primário do estabelecimento do produtor até o da indústria de alimentos, ou de grandes comerciantes ou do exportador, sem recolhimento de ICMS e dos tributos federais. Lembrese de que o intermediário (empresa fictícia) só tem existência formal e, por isso, não possui depósitos ou armazéns para receber os produtos adquiridos. Aduziu o recorrente que "... a posse provisória de tais documentos se justifica em razão de não ser razoável fazer seguidas viagens até a sede das duas empresas de Olímpio em Manhuaçu/MG para emissão de cada uma das notas fiscais do café corretado por Zé do Flor, que se encontrava na região de Inhapim e S. Domingos da Dores." (g.n.) Com tal afirmação, o recorrente confessa que ele mesmo é quem emitia as notas fiscais de O. F. NETO ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda. Essa tarefa indiscutivelmente não compete ao corretor. Cabe ao administrador, ao gerente, ao preposto, ao sócio ou ao titular da empresa. Tudo leva a crer que o recorrente fosse o verdadeiro intermediário na compra e venda do café. Nesse sentido, chama a atenção o grande número de informações que o recorrente possui acerca de O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda., evidenciando que ele era mais do que um simples corretor de café. Na impugnação ao lançamento, há referências sobre as duas empresas que só uma pessoa que as conhecesse por dentro poderia saber. O recorrente cita, na impugnação, as contas bancárias das empresas, informando o banco, o número da conta e da agência. Informa também a data em que foram abertas e encerradas essas contas, bem como os períodos em que utilizadas. (fls. 690 a 693 dos autos do processo nº 15215.720152/201315) Fica claro que o recorrente era mais do que um simples "corretor de café". A decisão recorrida dá ênfase a um fato relevante, que indica que O. F. Neto ME e Nova Esperança Comércio de Café Ltda. eram instrumentos utilizados pelo recorrente para encobrir sua atividade de compra e venda de café, vinculando as obrigações tributárias oriundas dessa atividade a pessoas jurídicas de existência meramente formal. Outro grave indício de que o Impugnante participou da fraude, mediante a utilização das pessoas jurídicas fiscalizadas, para subtrair à tributação recursos obtidos na atividade de venda de café, é o fato de ter depositado recursos decorrentes da atividade própria, na conta corrente da O. F. NETO. Provado que o Impugnante movimentava recursos próprios na conta corrente da fiscalizada e controlava o recebimento do faturamento da empresa, não socorre o Impugnante a ausência de instrumentos de mandato/procuração para atuar em nome das empresas, porque justamente a intenção era que os reais beneficiários das operações permanecessem ocultos para o Fisco. Dentro desse contexto, os depoimentos de Olímpio Ferreira Neto e Ronald Ferreira, somados aos demais elementos de prova, vêm compor o conjunto probatório que aponta na mesma direção. Importa ressaltar que os depoimento de Olímpio e Ronald, isoladamente considerados, teriam pouco valor como prova, mas se tornam relevantes quando corroboram as outras provas carreadas aos autos. Fl. 1432DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.433 22 Por último, a propósito de declarações de algumas pessoas formalmente ligadas a O. F. Neto ME e a Nova Esperança Comércio de Café Ltda., que afirmaram não conhecer o recorrente, cabe frisar que num esquema de fraude tributária, como esse apontado pela Fiscalização, é comum que a identidade do verdadeiro dono do negócio seja ocultada, tanto quanto possível, das pessoas em geral, sendo conhecida apenas daquelas que, pela próprio funcionamento do esquema, tenham de travar contato direto com o dono do negócio. Dolo O recorrente afirma que o dolo não ficou caracterizado, o que impediria a aplicação da multa qualificada. Dolo pode ser conceituado, em termos bem simples, como a vontade consciente de realizar o fato ilícito. Entretanto, como se trata de um elemento subjetivo, nem sempre é fácil, nos casos concretos, caracterizar sua presença. Porém, em determinadas infrações, a existência do dolo se percebe, de forma intuitiva, da própria conduta do agente, bem como dos fatos e circunstâncias que envolvem o ilícito. Embora não sendo a regra geral, há situações em que a intenção de suprimir tributo, elemento indispensável para imposição da multa qualificada, se extrai da própria ação ou omissão do contribuinte. Assim, por exemplo, nem toda omissão de receita por falta de registro contábil é dolosa; mas o será, na maioria das vezes, a omissão de receitas levada a cabo mediante uso de programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. No primeiro caso, é ao Fisco que cabe a prova do dolo, para impor a multa qualificada. No segundo, é o sujeito passivo que tem de provar que, a despeito de ter utilizado o programa de processamento de dados não autorizado, não teve intenção de sonegar tributo. Desse segundo tipo é o caso dos autos. Aqui o ilícito consistiu no uso de documentos fiscais pertencentes a entidades empresariais que só tinham existência formal. Não havia na realidade empresa alguma. Sendo os documentos fiscais utilizados por terceiros, a obrigação tributária ficava vinculada a empresas inexistentes, mascarando o verdadeiro devedor. Nesse tipo de infração, o dolo emerge naturalmente da própria conduta. Portanto, desde que caracterizado o ilícito, a multa qualificada se impõe como consequência inevitável. Multa O recorrente alegou abusividade da multa, e falta de adequação entre o rigor da sanção e as circunstâncias da infração e a intenção do infrator. O dispositivo legal que comina a penalidade não confere ao aplicador da lei a possibilidade de definir o percentual da multa a ser utilizado. Ao contrário, estabelece a lei de forma taxativa um percentual para as infrações comuns e outro para aquelas praticadas de Fl. 1433DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 15215.720152/201315 Acórdão n.º 1301002.161 S1C3T1 Fl. 1.434 23 forma dolosa, de modo que ao aplicador cabe verificar a existência da infração e a presença ou não do dolo. Com relação à alegada abusividade, o exame da matéria implicaria o controle de constitucionalidade de lei, o que não se permite aos órgãos administrativos, em especial, ao CARF, nos termos da Súmula 2, assim redigida: Súmula CARF nº 1: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Invocou o recorrente, a propósito da pretensa desproporcionalidade da multa, o entendimento do E. Supremo Tribunal Federal STF, manifestado na Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5511/RJ. A referida ação direta tinha por objeto os parágrafos 2º e 3º do art. 57 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, os quais dispunham que as multas decorrentes do não recolhimento dos impostos e taxas estaduais aos cofres públicos não poderiam ser inferiores a duas vezes o valor do tributo; e que as multas decorrentes da sonegação daqueles tributos não poderiam ser inferiores a cinco vezes o seu valor. Como se vê, tratase de ação direta de inconstitucionalidade que envolvia norma estadual, numa situação que não comporta nenhum paralelo com o que se examina nestes autos. CSLL, PIS e Cofins Quanto aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, importa ressaltar que, por recaírem sobre a mesma base fática do IRPJ, a decisão adotada para qualquer um deles há de ser a mesma para os demais, o que só não ocorreria se houvesse algum aspecto específico, inerente à legislação de um desses tributos, que exigisse solução diferente. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso, para no mérito negar lhe provimento. (ASSINADO DIGITALMENTE) Roberto Silva Junior Relator Fl. 1434DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por ROBERTO SILVA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
score : 1.0
Numero do processo: 15374.724425/2009-83
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Sat Sep 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006
COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS PASSÍVEIS DE RESTITUIÇÃO E RESSARCIMENTO. NECESSIDADE DE RETIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO . EXIGÊNCIA.
A compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, se opera conforme o do art. 74, caput da Lei nº 9.430/96 e artigo 170 do CTN, ambos exigem que o direito creditório de titularidade do sujeito passivo seja passível de restituição ou ressarcimento por ocasião do encontro de contas, o que não se verifica quando o crédito não goza de liquidez e certeza.
A apuração de eventuais valores se dá por meio das declarações Fiscais. Assim, ausente a prévia apuração do montante a ser aproveitado, mediante a devida retificação dos deveres instrumentais não se pode ter como certa a dedução de tais créditos.
Numero da decisão: 9303-004.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Andrada Marcio Canuto Natal, que votaram por não conhecer o recurso e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen.
Nome do relator: DEMES BRITO
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NECESSIDADE DE RETIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO . EXIGÊNCIA. A compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, se opera conforme o do art. 74, caput da Lei nº 9.430/96 e artigo 170 do CTN, ambos exigem que o direito creditório de titularidade do sujeito passivo seja passível de restituição ou ressarcimento por ocasião do encontro de contas, o que não se verifica quando o crédito não goza de liquidez e certeza. A apuração de eventuais valores se dá por meio das declarações Fiscais. Assim, ausente a prévia apuração do montante a ser aproveitado, mediante a devida retificação dos deveres instrumentais não se pode ter como certa a dedução de tais créditos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Andrada Marcio Canuto Natal, que votaram por não conhecer o recurso e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 72 44 25 /2 00 9- 83 Fl. 2121DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO Processo nº 15374.724425/200983 Acórdão n.º 9303004.231 CSRFT3 Fl. 2.122 2 (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Contribuinte com fundamento nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, contra ao acórdão nº 3102002.734, proferido pela 4ª Câmara/ 1º Turma Ordinária da 3º Seção de Julgamento, que decidiu em negar provimento ao Recurso por unanimidade de votos, em razão da efetiva ausência de direito creditório para realização da compensação pretendida pela Contribuinte. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS PASSÍVEIS DE RESTITUIÇÃO OU RESSARCIMENTO. EXIGÊNCIA. Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006 A compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a teor do art. 74, caput da Lei nº 9.430/96, exige que o direito creditório de titularidade do sujeito passivo seja passível de restituição ou ressarcimento por ocasião do encontro de contas, o que não se verifica quando aludido direito creditório se assenta em anterior compensação ainda pendente de aferição por parte da Administração Tributária, faltandolhe, portanto, os atributos da liquidez e certeza. Recurso voluntário negado "Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp) de crédito originário de pagamento efetuado a maior relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS (código 21721) do período de novembro de 2001. A DEMAC/RJO exarou o despacho decisório de fl. 75, com base no Parecer Conclusivo nº 21/2011 (fls. 72/74) decidindo não reconhecer o direito creditório pleiteado e, em decorrência, não homologar a compensação declarada. Considerando que os despachos decisórios correspondentes foram contestados, ad cautelam a autoridade administrativa examinou, também, o direito aos créditos vindicados, à luz da legislação de regência, e concluiu pela sua improcedência em face da inclusão de diversos serviços que não se qualificariam como insumos, bem assim, pelo cômputo indevido de despesas Fl. 2122DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO Processo nº 15374.724425/200983 Acórdão n.º 9303004.231 CSRFT3 Fl. 2.123 3 com transportes de pessoas/equipamentos, traslados de produtos, apoio marítimo, mudanças de funcionários, afretamento de navios e balsas, gasodutos, despesas com praticagem, dentre outros, a título de despesas com armazenagem e frete na operação de tratava de frete em operação de venda, mas sim transferência de produto entre estabelecimentos e plataformas da empresa". Não conformada com tal decisão, a Contribuinte interpõe o presente Recurso, contestando a conclusão do julgado, bem como, a desnecessidade de decisão sobre todas as razões deduzidas em recurso, coligindo, como paradigma de divergência, os Acórdãos 204 03.299 e 1803002.353 3, relativamente à possibilidade da compensação na forma realizada. Em despacho de fls. 2108/2.11, foi dado seguimento parcial ao Recurso Especial da Contribuinte no que se refere apenas à forma/sistemática de compensação realizada pelo sujeito passivo. Não obstante, do reexame de admissibilidade do Recurso, o Presidente do CARF manteve na íntegra o despacho do Presidente 4ª Câmara/3ª SEJUL/CARF que deu parcial seguimento ao recurso especial, acentuando que esta decisão é irrecorrível, nos termos do art. 71, § 2º do regimento interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF 343/2015. Regularmente intimada, a Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões e pugna pelo desprovimento do Recurso da Contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator Versa o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp) de crédito originário de pagamento efetuado a maior relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS (código 21721) do período de novembro de 2001. A matéria aceita como divergente no Recurso Especial da Contribuinte cinge se apenas quanto à forma/sistemática de compensação efetuada. Com efeito, de plano, constato que a decisão Recorrida não merece qualquer reparo, pois não há previsão legal o modo que a Contribuinte procedeu a referida compensação. Analisando as PER/DCOMP's, verifico que o suposto crédito tributário não goza de liquidez, uma vez que é objeto de outro processo administrativo, cujo julgamento se manteve pela nãohomologação das compensações. E ainda, as declarações de compensação originárias do suposto crédito foram transmitidas todas em 14/06/2006, já em 30/06/2008, data da transmissão da declaração de compensação que versa a presente lide, a Contribuinte apurou recolhimento a maior daquele efetivamente devido. Fl. 2123DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO Processo nº 15374.724425/200983 Acórdão n.º 9303004.231 CSRFT3 Fl. 2.124 4 Deste modo, ao apurar o suposto crédito, a Contribuinte deveria proceder a retificação das declarações de compensação, considerando que o Fisco se quer tinha á época o condão de atuála, pois no caso, havia espontaneidade para realizar os ajustes necessários para legitimar seu direito. Não o fez. Neste sentido o Código Tributário Nacional CTN, em seus artigos 156, II, e 170, prescrevem os procedimentos sobre a compensação. Vejamos: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I – o pagamento; II – a compensação; (...) Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.” Da leitura dos dispositivos, concluise que o CTN previu a compensação como forma de extinção do crédito tributário. Não obstante, determinou que a extinção do crédito tributário por essa modalidade depende de lei autorizadora, que estabelece as condições e as garantias em que poderia ocorrer a compensação ou atribuiria à autoridade administrativa o estabelecimento dessas condições e garantias. Em consonância com o dispositivo do CTN acima transcrito, o artigo 74 da Lei nº 9.430/96, estabelece o seguinte: "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” Sem embargo, a plexo de normas regentes da matéria, em especial o art. 74 da Lei nº 9.430/96 e art. 170 do CTN, deixam de modo elucidativo a necessidade da existência de créditos líquidos e certos no momento da declaração de compensação, hipótese em que o crédito tributário encontrarse extinto sob condição resolutória, o que não ocorreu presente caso. Ainda assim, a compensação de ofício ocorre sempre que a "Secretaria da Receita Federal verificar que o titular do direito à restituição ou ao ressarcimento tem débito vencido relativo a qualquer tributo ou contribuição sob sua administração”, nos termos do art. Fl. 2124DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO Processo nº 15374.724425/200983 Acórdão n.º 9303004.231 CSRFT3 Fl. 2.125 5 7º do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, e do art. 6º do Decreto nº 2.138, de janeiro de 1997. Assim, a declaração de compensação apresentada sem que o respectivo crédito seja comprovado, vindo apenas a ocorrer em momento posterior, no caso, a depender de decisão administrativa definitiva no âmbito de outro processo administrativo, não pode ser aceita uma vez que constitui inovação, sendo situação nova que não estava em discussão quando da análise inicial da existência do crédito e dos procedimentos de utilização. Portanto, impossível realizar a compensação cujo crédito utilizado seja proveniente de outra compensação ainda pendente de aferição por parte da Autoridade Fiscal. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte, mantendo in totum a decisão recorrida. É como voto é como penso Demes Brito Fl. 2125DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/09/2016 por DEMES BRITO
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Numero do processo: 11634.720272/2015-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2402-000.576
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo Presidente
(assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Amílcar Barca Teixeira Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Amílcar Barca Teixeira Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1438; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11634.720272/201584 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2402000.576 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 21 de setembro de 2016 Assunto IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente ANDRE LUIZ VARGAS ILARIO Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo – Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Amílcar Barca Teixeira Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 16 34 .7 20 27 2/ 20 15 -8 4 Fl. 1382DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 3 2 RELATÓRIO Temse em pauta recurso voluntário do sujeito passivo contra o acórdão de DRJ que julgou procedente em parte a sua impugnação. Inicialmente, transcrevemos parte do relatório da decisão recorrida (fls. 1310/1333), por bem representar os fatos ocorridos até então: Em nome do contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 02/24, com ciência pessoal do sujeito passivo em 17/08/2015(fls. 1.262/1.263), relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, anoscalendário 2010 a 2014, sendo apurados os seguintes valores: Imposto1.596.924,78 Multa de Ofício (passível de redução)2.358.794,07 Juros de Mora (calculados até 08/2015)272.735,97 Total do crédito tributário apurado4.228.454,82 Motivou o lançamento de ofício a constatação de omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica em 2014 no valor de R$ 230.123,45, omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica sem vínculo empregatício de 2010 a 2014 no valor de R$ 5.804.559,26, e omissão de ganhos de capital na alienação de bens imóveis em 2014 no valor de R$ 265.002,77, conforme detalhado a seguir. As autoridades lançadoras, no Termo de Verificação Fiscal de fls. 26/75, informam que o contribuinte exercia cargo eletivo de Deputado Federal durante o período sob ação fiscal e, em 10/12/2014, a Câmara dos Deputados cassou seu mandato por quebra de decoro parlamentar. Mencionam que o interessado esteve custodiado, em virtude de investigação denominada "Operação Lava Jato", na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba/PR desde 10/04/2015, onde foram efetuadas intimações e tentativas de intimações. Informam também que, até a data da lavratura da autuação, 13/08/2015, o contribuinte não havia entregue a Declaração de Ajuste Anual DAA relativa ao anocalendário 2014. Relata a Fiscalização que o contribuinte figurou como sócio da empresa Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação Ltda (CNPJ n° 10.874.328/220190) juntamente com seu irmão Leon Denis Vargas Ilario que, por usa vez, também era sócio da empresa LSI Solução em Serviços Empresariais Ltda (CNPJ n° 14.262.618/000134) ao lado de outro irmão do interessado, Milton Vargas Ilário. Fl. 1383DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 4 3 Concluem os AuditoresFiscais, após diligências e intimações efetuadas, além da análise de documentação obtida pela Polícia Federal, detalhadas no Termo de Verificação Fiscal, que as citadas empresas foram constituídas para dar aparência de legalidade a recebimentos de origem e natureza desconhecidas, pois não houve efetiva prestação de serviços por parte delas, em que pese a emissão de notas fiscais e o pagamento de tributo por parte das pessoas jurídicas. Afirmam as autoridades lançadoras que ficou evidente que as empresas eram de fachada, sem capacidade operacional ou quadro de funcionários qualificados para o desenvolvimento das atividades pretendidas, sendo sua finalidade o benefício de tributação mais favorecida (distribuição de lucros isentos aos sócios) e dar legalidade a recursos recebidos em seu nome, que tinham como destinatário final o contribuinte, que não teria como comprovar sua origem. Desta forma, a Fiscalização concluiu que as receitas recebidas pelas empresas Limiar e LSI, principalmente com a intermediação da empresa Borghi Lowe Propaganda e Marketing Ltda, relativas aos supostos serviços prestados, foram na realidade recebidas diretamente pelo contribuinte, devendo a tributação ser realizada na pessoa física como omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas sem vínculo empregatício nos anoscalendário 2010 a 2014, no valor total de R$ 4.304.559,26. Também foi lançado como omissão de rendimentos o valor de R$ 1.500.000,00, apurado como entregue ao contribuinte em espécie no anocalendário 2014, tendo sido o dinheiro movimentado por diversas pessoas jurídicas do grupo do doleiro Alberto Youssef e pela empresa IT7 Sistemas Ltda, apenas para ocultar o real destinatário dos recursos, a saber o contribuinte autuado, conforme concluíram os AuditoresFiscais após análise de depoimentos e documentos apreendidos na Operação Lava Jato. Esclarece a Fiscalização que os valores levantados, considerados como obtidos pelo autuado à margem de tributação, foram extraídos de planilhas apreendidas na residência do contribuinte pela Polícia Federal em 10/04/2015 e que tais valores foram confrontados, por amostragem, com as Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) entregues pelas empresas remetentes dos valores em questão nos respectivos anoscalendário, com as notas fiscais apresentadas pela empresa Limiar, e com as respostas dos diligenciados. Prossegue a Fiscalização relatando que, como o contribuinte não apresentou a DAA do anocalendário 2014 (exercício 2015), os rendimentos do trabalho recebidos da Câmara dos Deputados foram lançados de ofício como omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica, conforme Dirf, no valor total de R$ 259.812,81, com dedução de previdência oficial de R$ 29.689,36 e imposto retido de R$ 54.243,54. O Termo de Verificação Fiscal também relata que foram lançados de ofício os impostos decorrentes de ganhos de capital apurados em alienações efetuadas no anocalendário 2014 pelo contribuinte e sua dependente, Eidilaira Soares Gomes, de residência em Londrina/PR e Fl. 1384DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 5 4 sítio em Ibiporã/PR, com ganho de capital nos valores de R$ 110.027,82 e R$ 154.974,95, respectivamente. No tocante à penalidade, as autoridades lançadoras relatam que, diante da cristalina presença do elemento subjetivo do dolo, não restando dúvidas quanto à intenção do contribuinte em omitir rendimentos, empregando subterfúgios para ocultar a origem dos mesmos, causando prejuízo aos cofres públicos mediante a falta e/ou redução do pagamento dos tributos devidos, foi aplicada à infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica sem vínculo empregatício a multa de ofício qualificada de 150%. Acrescentam os AuditoresFiscais que o contribuinte não apenas omitiu à tributação fatos imponíveis caracterizados pelos rendimentos tributáveis percebidos, como empregou artifícios destinados a evitar o conhecimento da matéria tributável pela Administração Tributária, valendose, dentre outras, da prática de movimentar recursos financeiros por meio de interposta pessoa constituída para este único fim (empresas de fachada). Prosseguem informando que tais constatações trazem à tona a existência de indícios, em tese, da prática de crime contra a ordem tributária, capitulado no artigo 1° da Lei n° 8.137/90, implicando na formalização de representação fiscal para fins penais constante do processo administrativo fiscal n° 11634.720.273/201529, que não será objeto do presente julgamento. Informam, por fim, que também foi formalizado processo de arrolamento de bens da pessoa física, protocolizado sob o número 11634.720274/201573. O autuado apresentou impugnação em 16/09/2015 (fls. 1.273/1.298), julgada procedente em parte, para excluir do lançamento o imposto de R$ 16.504,16, calculado sobre o ganho de capital apurado de R$ 110.027,82 (fls. 85/87) na venda do imóvel do Jardim Santa Mônica, em Londrina. Na decisão da DRJ, assentouse a seguinte ementa: DECADÊNCIA. IRPF. FATO GERADOR COMPLEXIVO E ANUAL. O fato gerador do IRPF é complexivo e anual, se completando em 31 de dezembro de cada anocalendário. PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Inexiste nulidade do procedimento fiscal quando todas as determinações legais de apuração, constituição do crédito tributário e de formalização do processo administrativo fiscal foram atendidas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PESSOAS JURÍDICAS INTERPOSTAS. Evidenciado que o contribuinte recebeu rendimentos tributáveis por intermédio de pessoas jurídicas interpostas em vários anoscalendário e não os ofereceu à tributação nas correspondentes declarações de ajuste anual, resta confirmada a omissão de rendimentos apurada. Fl. 1385DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 6 5 PROVA EMPRESTADA. ADMISSIBILIDADE. É lícito ao Fisco Federal valerse de informações colhidas por outras autoridades públicas para efeito de lançamento tributário, desde que estas guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer. CONDENAÇÃO PENAL. REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA. A sentença penal não repercute na exigência tributária, que tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica. PAGAMENTO. IMPUTAÇÃO. A pessoa física, em seu nome, não pode pleitear os impostos apurados, lançados e recolhidos, mesmo que indevidamente, pela pessoa jurídica, sendo que a única entidade competente para pleitear a restituição ou compensação deste indébito é a própria pessoa jurídica, na forma da legislação e por meio de seus representantes. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. É cabível a aplicação da multa qualificada de 150% quando restar comprovado o intento doloso do contribuinte de reduzir indevidamente sua base de cálculo, a fim de se eximir do imposto devido. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO. A multa de ofício, prevista na legislação de regência, é de aplicação obrigatória nos casos de exigência de imposto decorrente de lançamento de ofício, não podendo a autoridade administrativa furtar se à sua aplicação ou conceder desconto não previsto em lei. GANHO DE CAPITAL. CONTRIBUINTE. O contribuinte do imposto sobre o ganho de capital é a pessoa física que auferir ganhos na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza. GANHO DE CAPITAL. ESCRITURA DE COMPRA E VENDA. FATO GERADOR. A alienação configura hipótese de incidência tributária do IRPF sobre ganho de capital, sendo irrelevante o fato de não haver registro no cartório de imóveis. PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Não se justifica a realização de diligência/perícia quando presentes nos autos elementos suficientes para formar a convicção do julgador. Cientificado da decisão em 11/04/2016 (f. 1335), o sujeito passivo apresentou recurso voluntário (fls. 1342/1372), em 11/05/2016, repetindo, em síntese, os argumentos veiculados na impugnação, em especial: 1. nulidade da intimação acerca do acórdão; Fl. 1386DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 7 6 2. nulidade do acórdão recorrido por ausência de apreciação específica de pontos suscitados na peça impugnatória, com preterição ao direito de defesa; 3. nulidade do acórdão recorrido por cerceamento de defesa em razão o indeferimento do pedido de produção de provas; 4. decadência parcial do crédito relativo ao exercício 2010, por força do art. 150, §4o do CTN; 5. nulidade do mandado de procedimento fiscal; 6. insuficiência de motivo para o lançamento de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas e ausência de intimação acerca de atos que resultaram em sanção e ônus ao impugnante: não houve a identificação do recorrente como sujeito passivo de obrigações tributárias das empresas Limiar e LSI; 7. inexistência de provas hábeis suficientes a comprovar a suposta omissão de rendimentos (prova exclusivamente testemunhal; as auditoras afastaram as declarações em sentido contrário ao que pretendiam demonstrar; as informações obtidas da operação lava jato sem indicação do inquérito policial ou ação penal); 8. nulidade do auto de infração por deficiência na descrição dos fatos, comprovação e enquadramento legal: o auto de infração não relaciona os fatos às hipóteses legais; 9. inexistência de identificação válida do sujeito passivo: não houve lavratura do termo de sujeição passiva e desconsideração da personalidade jurídica; 10. inexistência de comprovação de acréscimo patrimonial; 11. incorreta apuração da matéria tributável: exigência sobre o valor total das receitas das pessoas jurídicas, sem dedução de despesas escrituradas e tributos recolhidos, o que resulta em obrigação tributária dúplice e confiscatória. A fiscalização deveria têlo tributado como PJ, nos termos do art. 129 da Lei no 11.196/2005; 12. não incidência de tributo como forma de sanção de ato ilícito: não havendo se falar em disponibilidade para fins de ocorrência do fato gerador, deve ser o processo suspenso até o trânsito em julgado das ações penais propostas em face do recorrente; 13. omissão de rendimentos do trabalho: a DAA 2015 deveria ter sido entregue até 30/04/2015, data em que o impugnante já estava preso (desde 10/04/2015), sendo impossível exigirlhe o cumprimento da obrigação acessória; 14. infração ganho de capital: o CC dispõe que a aquisição somente se dá com o registro em cartório de registro de imóveis, não podendo ser considerada a alienação do Sítio Santa Maria somente com o contrato de compra e venda. Há também seqüestro judicial posterior, o qual atesta que a alienação não se perfectibilizou; 15. juros e multas aplicadas: demonstradas a nulidade e inexistência das infrações, devem ser anuladas todas as multas e juros delas decorrentes. Não restou demonstrado qualquer intuito de fraude, pelo que deve ser anulada a multa qualificada. Fl. 1387DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 8 7 16. Requer que seja reconhecida a nulidade da intimação, a nulidade do acórdão DRJ ou , sucessivamente, a reforma integral do acórdão DRJ. Requer, ainda, a suspensão dos autos até o trânsito em julgado das ações penais, reitera os pedidos de diligências constantes da impugnação e requer que seja diligenciado junto ao complexo médico penal a fim de aferir as condições de acesso às informações pelo recorrente.insuficiência de motivo para o lançamento de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas: não houve a identificação do recorrente como sujeito passivo de obrigações tributárias das empresas Limiar e LSI; 17. inexistência de comprovação de acréscimo patrimonial. Requer que seja reconhecida a nulidade da intimação, a nulidade do acórdão DRJ ou, sucessivamente, a reforma integral do acórdão DRJ. Requer, ainda, a suspensão dos autos até o trânsito em julgado das ações penais, reitera os pedidos de diligências constantes da impugnação e requer que seja diligenciado junto ao complexo médico penal a fim de aferir as condições de acesso às informações pelo recorrente. É o relatório. Fl. 1388DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 9 8 VOTO Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator O recurso, apresentado no trintídio assinalado pelo art. 33 do Decreto no 70.235/72, é tempestivo. Presentes os demais requisitos, deve ser conhecido. Em sua peça recursal, o contribuinte alega, dentre outros pontos, a inexistência de prova do acréscimo patrimonial, relativo à omissão dos rendimentos recebidos de pessoas jurídicas sem vínculo. No termo de verificação fiscal, a auditoria aponta, como uma das infrações, a omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, sem vínculo, por intermédio de operações simuladas pelas seguintes empresas: Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação Ltda (CNPJ n° 10.874.328/220190); LSI Solução em Serviços Empresariais Ltda (CNPJ n° 14.262.618/000134) e IT7 Sistemas LTDA, CNPJ 03.585.905/000169. Relata a Fiscalização que o contribuinte figurou como sócio da empresa Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação Ltda (CNPJ n° 10.874.328/220190). No entanto, não mencionou a relação do Autuado com a empresa LSI que lhe proporcionasse a disponibilidade econômica dos valores que transitaram pelas contas da empresa. No tocante aos valores recebidos em espécie do sr. Alberto Youssef, que transitaram pelas empresas IT7, ARBOR e AJPP, a auditoria menciona (f. 49) que, de acordo com o despacho/decisão proferido em 02/04/2015 e assinado pelo juiz Sérgio Moro, no inquérito 500.803366.2015404.7000, está sendo apurada a entrega de R$2.399.511,60, em espécie, de Alberto Youssef para o contribuinte. Entretanto, não consta do feito cópias dos mencionado despacho/decisão. Conclusão Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência, a fim de determinar que a Fiscalização de origem: I. Aponte a relação do Autuado com a empresa LSI e demonstre o acréscimo patrimonial/disponibilidade econômica ou jurídica de renda para o Autuado decorrente das receitas recebidas por esta empresa; II. Junte aos autos o despacho/decisão proferido em 02/04/2015 e assinado pelo juiz Sérgio Moro, no inquérito 500.803366.2015404.7000, onde está sendo apurada a entrega de R$2.399.511,60, em espécie, de Alberto Youssef para o contribuinte, referido no termo de verificação fiscal (f. 49), bem como outras decisões relativas à matéria já proferidas naquele inquérito; III. Aponte a relação do Autuado com as empresas IT7, ARBOR e AJPP, ou outras evidências que demonstrem o acréscimo patrimonial/disponibilidade econômica ou Fl. 1389DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO Processo nº 11634.720272/201584 Resolução nº 2402000.576 S2C4T2 Fl. 10 9 jurídica de rendas para o Autuado decorrente das receitas recebidas por intermédio da empresa IT7, além do depoimento do sr. Alberto Youssef. Após a realização da diligência, o sujeito passivo deve ser cientificado do seu conteúdo, abrindolhe prazo para se pronunciar acerca dos novos elementos trazidos aos autos. (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira. Fl. 1390DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREI RA DE ARAUJO
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Numero do processo: 19515.001843/2006-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
NULIDADE DE PROVAS. DECISÃO JUDICIAL.
A decisão judicial que declara a nulidade da prova, em decorrência da forma como foi produzida, faz com que elas sejam extirpadas do mundo jurídico, não podendo gerar efeitos para o processo administrativo.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.481
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1572; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2.348 1 2.347 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.001843/200655 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.481 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de julho de 2016 Matéria IRPF Recorrente MARCO ANTONIO MANSUR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 NULIDADE DE PROVAS. DECISÃO JUDICIAL. A decisão judicial que declara a nulidade da prova, em decorrência da forma como foi produzida, faz com que elas sejam extirpadas do mundo jurídico, não podendo gerar efeitos para o processo administrativo. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 18 43 /2 00 6- 55 Fl. 2348DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 2 Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Recorrente, para constituir IRPF referente ao anocalendário 2001 no valor de R$ 3.041.780,94, além de juros e multa de 150%, em função da apuração de Acréscimo Patrimonial a Descoberto no valor total de R$ 11.061.021,62. Intimado do lançamento, o Contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada parcialmente procedente. Tendo interposto Recurso Voluntário, o contribuinte protocolou, posteriormente, petição trazendo fato novo, qual seja, a declaração de nulidade, pelo STJ, de boa parte das provas utilizadas para fundamentar o auto de infração. Foi determinada diligência por este e.CARF, a qual já foi realizada. Feito o resumo acima, impende relatar minuciosamente os autos. Tendo em vista a sua clareza e precisão, adotamos em parte o relatório elaborado na Resolução CARF nº 2202000.520 (fls. 2.248/2.271), de 13/08/2013: “Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 1134 a 1136 volume 6, integrado pelos demonstrativos de fls. 1132 e 1133 volume 6, pelo qual se exige a importância de R$3.041.780,94, a título de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, anoscalendário 2001, acrescida de multa de ofício 150% e juros de mora. DA AÇÃO FISCAL Em consulta à Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 1135 e 1136 volume 6 e ao Termo de Verificação Fiscal de fls. 1138 a 1159 volume 6, verificase que a autuação decorre de acréscimo patrimonial a descoberto apurado no anocalendário 2001. O presente procedimento de fiscalização foi instaurado por meio do Mandado de Procedimento FiscalFiscalização nº 08.1.90.00.2005029693, emitido pelo Sr. Coordenador Geral de Fiscalização, em 30/11/2005 (fls. 01 – volume 1). A ação fiscal teve início, em 24/12/2005 (vide AR de fl. 9 – volume 1), por meio do Termo de Início de Fiscalização de fl.08 – volume 1, no qual foram solicitadas diversas informações relativas aos anoscalendário 2001 a 2004. Em 16/01/2006 (fl. 10 – volume 1), o contribuinte solicitou prorrogação de prazo para atendimento à intimação, o que foi concedido. Em 14/02/2006, apresentou alguns documentos referentes aos anoscalendário de 2003 a 2004, requerendo mais prazo para complementar a resposta (fls. 11 e 12 – volume 1). Apenas em 02/03/2006 (fls. 13 e 14 – volume 1), apresentou a documentação referente ao anocalendário 2001. Fl. 2349DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.349 3 Em 05/10/2006, conforme relatado à fl. 1139 – volume 6, a fiscalização teve acesso à documentação apreendida pela “Operação Dilúvio” (fls. 63 a 70 – volume 1), com autorização, inclusive, para troca de informações entre os órgãos envolvidos naquela operação, que abrangeu apreensões de objetos, documentos e informações nos vários endereços pertencentes ao fiscalizado, às suas empresas e a familiares, além de relatório elaborado pela Polícia Federal, contendo 291 folhas, que se encontra anexado às fls. 71 a 199 – volume 1 e 202 a 362 – volume 2. Às fls. 1140 a 1158 – volume 6, encontrase análise pormenorizada do Relatório da Polícia Federal retro mencionado e demais documentos juntados aos autos, concluindo a fiscalização que (fls. 1158 e 1159 – volume 6): O que verificamos, ao largo das análises, é que havia um perfeito controle de todas as transações ilícitas da organização, proporcionandonos, através de demonstrativos, anotações e emails, uma visão muito boa do funcionamento da mesma, o que torna convincente e com credibilidade os quadros demonstrativos encontrados, além dos mesmos terem sido flagrados como objeto de apreensões sérias efetivadas e motivadas por ordem judicial. Após todos os valores citados terem sido juntados no Quadro Demonstrativo de Variação Patrimonial, nos meses em que ocorreram, obtivemos valores de Patrimônio a Descoberto, conforme fls. 1130/1131, do volume 06/06, que com base nos artigos 806 e 807, do RIR/99, foram tributados exofficio, sendo que a correspondente multa de ofício foi agravada, mediante a evidente utilização de simulações, configurando fraudes, consoante o inciso II, do artigo 44, da Lei 9430/96, onde se lê: "II cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis". DA IMPUGNAÇÃO Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresentou, a impugnação de fls. 1180 a 1219 volume 6, instruída com os documentos de fls. 1220 a 1239 volume 6, (...). DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Apreciando a impugnação do contribuinte, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo II (SP), manteve parcialmente o lançamento, proferindo o Acórdão no 1718.552 (fls. 1249 a 1290 volume 6), de 06/07/2007, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Fl. 2350DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 4 Anocalendário: 2001 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. Concedido ao contribuinte ampla oportunidade de nomear um representante legal e apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. PRELIMINAR. NULIDADE DO LANÇAMENTO. FALTA DE INTIMAÇÃO PRÉVIA. O fato de o contribuinte não ter sido intimado para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela fiscalização, antes da formalização de sua exigência por meio do Auto de Infração, não é causa de do lançamento. PRELIMINAR. DOCUMENTOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA. ADMISSIBILIDADE. Em se tratando de documento redigido em língua estrangeira cuja tradução não é indispensável para sua compreensão, a interpretação teleológica da legislação processual conduz para a conclusão que não é razoável negarlhe eficácia de prova. PRELIMINAR. PRECARIEDADE DAS PROVAS. Admitese no julgamento administrativo a apreciação de prova produzida em interesse de processo da esfera judicial, desde que utilizada com observância das normas que regulam o processo administrativo fiscal. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SIMULAÇÃO. Os indícios coletados nos autos denunciam a existência de simulação em vários atos praticados por pessoas jurídicas, cujo proprietário de fato é o contribuinte, o que autoriza a tributação das correspondentes operações em nome deste. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. São tributáveis os valores relativos ao acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis, isentos ou nãotributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. Comprovado nos autos que a aquisição do veículo não ocorreu no ano objeto da autuação, há que se excluir o valor correspondente do demonstrativo de variação patrimonial. CÁLCULO DO IMPOSTO. Fl. 2351DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.350 5 Uma vez não detectado erro no cálculo do imposto devido, incabível a retificação do lançamento. A decisão a quo, conforme consta à fl. 1288 – volume 6, excluiu da base de cálculo do imposto o valor de R$850,00, referente a aquisição do reboque para motocicleta, marca Angola, ano 2000, placa CVT 7078, ocorrida em 14/06/2000 e, portanto, fora do período fiscalizado, como revela a nota fiscal de fl. 16 – volume 1. DO RECURSO Cientificado do Acórdão de primeira instância, em 01/11/2007 (vide AR de fl. 1293 verso), o contribuinte apresentou, em 04/12/2007, tempestivamente, o recurso de fls. 1295 a 1338 volume 6, no qual, após breve relato dos fatos, reitera, basicamente, os temos da impugnação, e aduz os argumentos que a seguir resumese. DO CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA DO RECORRENTE O recorre afirma a decisão de primeira instância considerou prescindível seu acesso à cópia da mídia (DVD), por entender que ela tinha origem na Polícia Federal e continha informações sigilosas. Alega que nada que conste no processo pode ser sigiloso ao contribuinte, sendo que o sigilo só é oponível a terceiros. Prossegue afirmando que a decisão recorrida se manifestou no sentido de “não constar nos autos quaisquer documentos do contribuinte apreendidos pela Receita Federal, mas tão somente as cópias apresentadas espontaneamente pelo interessado, em atendimento a intimações que lhe foram feitas no curso da ação fiscal”. Contesta tal assertiva alegando que o lançamento baseouse também em documentos apreendidos da “Operação Dilúvio”, realizado pela Polícia Federal, e em depoimentos prestados pelo Recorrente no inquérito policial e no processo criminal. Alega que não foi intimado a prestar quaisquer esclarecimentos com relação aos documentos apreendidos e analisados pela fiscalização. Assim, se não teve acesso a todos os documentos que constituem prova para o auto de infração, não pode se defender plenamente das imputações contra ele impostas, caracterizando evidente cerceamento de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto no o 70.235, de 1972. DA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA ESCLARECIMENTOS QUANTO À ORIGEM DOS RECURSOS O recorrente sustenta que a decisão recorrida para afastar a argüição de nulidade tendo em vista que não houve intimação prévia para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto apurado pelo fisco, argumentou que “não há o que se falar em cerceamento de defesa uma vez que o lançamento impugnado só Fl. 2352DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 6 será considerado constituído, após proferida a decisão definitiva em primeira instância. E mais, justifica que na ação fiscal, não existe nenhum processo administrativo de constituição da exigência de crédito tributário formalizado, não havendo, a rigor, a possibilidade de observância do princípio do contraditório e ampla defesa nessa etapa do procedimento fiscal.” O contribuinte destaca que, no que tange a falta de intimação, não está discutindo o seu direito de defesa, constante do Decreto no 70.235, de 1972, mas sim o direito à prévia intimação para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto, nos termos do art. 806 do Regulamento do Imposto de Renda, que transcreve. DA IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA SEM A DEVIDA TRADUÇÃO O contribuinte se insurge conta o argumento do julgador de primeira instância de que os documentos expressos em língua estrangeira seriam de fácil compreensão quanto aos seus elementos principais, alegando que isto não garante que todos os que tiveram acesso aos autos obtiveram a sua plena compreensão, o que caracteriza patente violação art. 5o inciso LV, da Constituição Federal. Transcreve alguns acórdãos nos quais se reconheceu a necessidade de tradução dos documentos regidos em língua estrangeira para que estes produzam seus efeitos regulares. Muito embora tais decisões tratem de documentos juntados pelo contribuinte, endente que regras relativas às provas não são via de mão única e devem valer tanto para o fisco quanto para o contribuinte. Ao final, afirma que (fl. 1308 – volume 6): No caso em tela, tratandose de provas, é necessária a tradução dos documentos estrangeiros a fim de possibilitar o exercício do direito de defesa de forma ampla, o que resta resguardado pela Constituição Federal em seu artigo 5°, inciso LV. Ademais, é evidente que a existência de documento não vertido para o idioma traz prejuízos para o Fisco e para o ora Recorrente. Sendo assim, todos os documentos em língua estrangeira acostados aos presentes autos, como prova da suposta infração fiscal, por não estarem acompanhados de tradução firmada por tradutor juramentado, devem ser desconsiderados e desencartados do processo. DA PRECARIEDADE DAS PROVAS UTILIZADAS PELA FISCALIZAÇÃO O recorrente afirma que o que questiona é a validade e a legitimidade das supostas provas utilizadas pela fiscalização na elaboração do auto de infração e não a aplicação do art. 332, do Código de Processo Civil, se contrapondo ao argumento da decisão a quo de que “não existe de vedação na legislação reguladora do processo administrativo à utilização de provas colhidas em outro processo”, no caso, relativamente Fl. 2353DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.351 7 àquelas constantes do inquérito policial no 2006.70.00.0224356, no qual sequer há decisão de primeira instância. Sustenta, ao contrário da decisão recorrida, que a autoridade administrativa não se utilizou de prova inequívoca ou de elementos utilizados em inquérito policial validados por sentença, sequer justificando de forma clara e evidente os motivos que levaram à desconsideração da personalidade jurídica das empresas questionadas, ou ao não reconhecimento do rendimento declarado a título de distribuição de lucros e dividendos, haja vista que os documentos juntados a fim de justificar seu convencimento nada provam e não podem ser tidos como prova. DA IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DAS SOCIEDADES ABORDADAS PELA FISCALIZAÇÃO O contribuinte contesta entendimento de que estaria configurada a simulação no presente caso, pois alega a há a necessidade da comprovação dos motivos que levaram à desconsideração da personalidade jurídica para a procedência do Auto de Infração em discussão, não bastando a juntada de simples documentos, e mails, cartas, apreendidos durante a “Operação Dilúvio”, para que se presuma a ocorrência do fato gerador. Aduz que os documentos apreendidos e as investigações da Polícia Federal, não dão conta de que o Recorrente “comandava uma organização criminosa especializada na prestação de serviços de importação a diversos clientes, assessorandoos na prática de inúmeras irregularidades (...) com o objetivo de ocultar do Fisco o real vendedor, o adquirente e o valor dos bens adquiridos no exterior e trazidos ao país”, pois não são provas, mas apenas indícios, já que o recorrente não foi condenado na esfera penal, razão pela qual não há o que se falar em caracterização de simulação no presente caso. DOS VALORES IMPUTADOS COMO ACRÉSCIMO PATRIMONIAL Alega o recorrente, ao contrário do julgado de primeiro grau, que conforme o art. 807 do Regulamento do Imposto de Renda, cabe à autoridade tributária comprovar o acréscimo patrimonial, não sendo suficiente para isto os indícios constantes em simples inquérito policial. Ou seja, o ônus da prova é do fisco e não do contribuinte, no tocante aos acréscimos do patrimônio da pessoa física. Repisa que na já citada “Operação Dilúvio”, a Polícia Federal acabou por apreender diversos documentos, entre eles àqueles que deram suporte para constituição do suposto crédito tributário, bem como àqueles que possivelmente serviriam de prova para sua desconstituição, razão pela qual, qualquer alegação que carece de comprovação documentação restará totalmente prejudicada. Reafirma que tais documentos não se prestam para real apuração dos fatos em razão de não haver Fl. 2354DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 8 decisão de primeira instância e que muitos dos fatos não passam de meras suposições e baseiamse apenas em indícios. Por fim, se insurge contra cada um dos itens que compuseram a apuração do considerado acréscimo patrimonial a descoberto, repetindo, de uma forma geral, a defesa apresentada em sua impugnação. Em relação aos lucros distribuídos, acrescenta que a decisão recorrida alegou a existência algumas irregularidades apontadas pela fiscalização, citandose como exemplo a desproporcionalidade entre o lucro distribuído ao fiscalizado e a outra sócia, em relação à participação de ambos no capital social da empresa, o que suscitariam dúvidas quanto à idoneidade contábil e fiscal da pessoa jurídica responsável pela suposta distribuição de lucros ao contribuinte. Entende que qualquer alegação neste sentido é totalmente infundada, haja vista que, caso a outra sócia se sentisse lesada, caberia a esta questionar eventuais prejuízos e reclamálos junto ao recorrente, não tratando de uma questão tributária, mas, quanto muito, de uma questão societária. Ante todo o exposto, o recorrente requer (fl. 1338 – volume 6): [...] seja o presente recurso CONHECIDO E PROVIDO em sua totalidade, para que seja reformada a r. decisão proferida neste processo administrativo, a fim de que seja a fim de que seja reconhecida a nulidade do auto de infração em questão em razão do cerceamento do direito de defesa da Recorrente, da precariedade dos documentos apresentados como prova pela fiscalização, em razão de muitos deles estarem redigidos em língua estrangeira, desacompanhados de tradução, bem como da ausência de idoneidade e inquestionabilidade de outros documentos apresentados pela fiscalização, conforme amplamente demonstrado. Requer, outrossim, seja reconhecido como legítimo o rendimento isento recebido pelo ora Recorrente (R$ 430.000,00), tendo em vista que este foi devidamente declarado e escriturado. Ainda, requer seja afastada a desconsideração da personalidade jurídica das empresas relacionadas no caso em epígrafe, declarandose completamente improcedente o lançamento procedido pela Administração Pública, face à ausência de provas inquestionáveis de sua procedência. Por fim, requer que todas as intimações sejam procedidas em nome da Recorrente, no endereço informado no processo. Da Distribuição Processo que compôs o Lote nº 02, sorteado e distribuído inicialmente para esta Conselheira na sessão pública da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes de 25/06/2008. (...) Fl. 2355DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.352 9 Dos fatos supervenientes Em 29/11/2010, o contribuinte apresentou a petição de fls. 1610 a 1616, acompanhada dos documentos de fls. 1617 a 1812, na qual informa que a legalidade do Inquérito Policial da “Operação Dilúvio” e de suas provas foi questionada por meio do HC no 142.045/PR e que, na sessão de julgamento realizada em 15/04/2010, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça resolveu conceder a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas e meios telemáticos na citada operação realizada pela Polícia Federal, a qual deu base para a presente ação fiscal. Foi juntada cópia da petição inicial do HC no 142.045/PR e do acórdão da decisão do STJ que concedeu a ordem de habeas corpus, publicada em 28/06/2010. O processo judicial foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, que, em 08/11/2011, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário com agravo, nos termos do voto da Relatora, Ministra Carmem Lúcia, conforme consulta realizada, em 27/11/2011, no site do referido tribunal. Considerandose a existência de fato superveniente relevante, ocorrido após a interposição do Recurso Voluntário e do retorno da diligência proposta pelo Colegiado de segundo grau, o presente processo foi retirado de pauta na sessão plenária de 29/11/2011, uma vez que os membros da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, por unanimidade, entenderam que a Fazenda Nacional deveria ser notificada dos novos fatos e documentos apresentados pela defesa. Na mesma ocasião, o patrono do contribuinte requereu a juntada de cópia da Intimação no 143/2011, na qual o contribuinte foi cientificado da decisão prolatada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (PE), no âmbito do processo no 19647.014861/200944, referente a outra autuação decorrente da “Operação Dilúvio”, como elemento novo no processo por ser superveniente ao auto de infração (fls. 1947 a 1977). Cientificada dos documentos juntados às fls. 1610 a 1812, bem como da Intimação no 143/2011, acompanhada do Acórdão no 33.061, da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Recife de 03/03/2011, a Fazenda Nacional apresentou, em 31/01/2012, a petição de fls. 1982 a 1985, na qual argumenta, em síntese, que: · no que diz respeito ao pedido de tradução de diversos documentos constantes dos autos, assevera que “os documentos em questão (contratos, emails, cartas, documentos bancários, certidões, certificados de ações, recibos, etc) por estarem redigidos em espanhol, língua muito semelhante ao português, ou em língua inglesa, por sua universalidade, tem seus Fl. 2356DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 10 conteúdos compreendidos com certa facilidade” (fl. 1983); · aduz ser evidente o intuito protelatório do recorrente, “uma vez que, já não fosse clara a compreensão, antes mesmo da tradução, ainda houve o cuidado da Fazenda em traduzir aqueles documentos que poderiam dar alguma margem a dúvidas [...]”, “[...]em sua manifestação, apenas reiterou os argumentos lançados em sede recursal, pugnando pela tradução de TODOS os documentos em língua estrangeira, constantes do processo” (fl. 1984); · em relação ao HC no 142.045/PR, defende que analisando as provas constantes dos autos e os resultados da diligência realizada, pugna pela manutenção do lançamento, em consonância com o voto vencido do Ministro Celso Limongi, uma vez que há fortes indícios de autoria e participação nas infrações em questão, bem como porque não teria havido o trânsito em julgado no processo onde o recorrente conseguiu o referido habeas corpus. Os autos retornaram para esta Relatora por meio do Despacho do Presidente da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de 15/04/2013 (fl. 2005), vindo digitalizados 2005. Processo incluído na pauta de 17/07/2013 que teve seu julgamento adiado para a sessão do mês de agosto, a pedido do contribuinte e da Fazenda Nacional.” – fl. 2.248/2.267. Enfim, os autos retornaram a julgamento, quando foi proferida a Resolução CARF nº 2202000.520, de 13/08/2013 (fls. 2.248/2.271), determinando a conversão do julgamento em diligência para que: “1. A fiscalização elabore relatório no qual sejam identificadas as provas que fundamentaram o lançamento, associandoas a cada um dos itens do demonstrativo de acréscimo patrimonial a descoberto, bem como indicando sua origem e, no caso de prova advinda da “Operação Dilúvio”, os motivos pelos quais a prova estaria ou não contaminada em decorrência da decisão do STJ, anexando, para tanto, cópia de decisões, despachos e outras peças do processo judicial que entender necessárias. 2. Cientifiquese o recorrente do relatório elaborado pela fiscalização para que se manifeste, se assim o desejar.” Essa decisão foi fundamentada nos seguintes termos: “Importa ressaltar que o Supremo Tribunal Federal não declarou a nulidade de toda prova produzida na Operação Dilúvio, mas tão somente “a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas”, ou seja, aquelas resultantes das prorrogações consideradas ilegais por aquele Tribunal, determinandose o retorno dos autos ao Juiz originário para as determinações de direito. Fl. 2357DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.353 11 Não obstante tenha sido reconhecida a ilicitude das prorrogações das interceptações telefônicas no âmbito da Operação Dilúvio e de toda a prova produzida a partir destas, não há nos autos elementos que permitam aferir, com certeza, quais provas estariam contaminadas. O lançamento se baseia em diversos documentos que foram apreendidos (contratos, cartas, documentos bancários, certidões, certificados de ações, recibos, etc), sem que haja indicação nos autos de quais teriam sido obtidos em razão das referidas interceptações telefônicas.” – fl. 2.270. (...) “Convém salientar que a ação fiscal teve início em 24/12/2005, quando foram solicitados diversos documentos ao contribuinte visando averiguar às informações contidas nas declarações por ele apresentadas. Somente em 05/10/2006 é que a fiscalização teve acesso à documentação apreendida na “Operação Dilúvio”. Examinandose o demonstrativo de fls. 1119 a 1131, verificase que no acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela fiscalização existem vários itens que constam da declaração de bens da DIRPF/2002 entregue pelo interessado (fls. 4 a 6). Como se vê, existem dúvidas quanto às provas atingidas pela decisão prolatada pelo STJ, inviabilizando a segregação das provas contaminadas.” – fls. 2.270/2.271. Recebida a Resolução CARF nº 2202000.520, a DRF emitiu o Termo de Início de Fiscalização (fl. 2.306/2.314), em 07/05/2014, intimando o Contribuinte a apresentar manifestação sobre o relatório dos fatos e das conclusões acerca da individualização das provas nulas e daquelas não decorrentes da Operação Dilúvio. Intimado, o Contribuinte apresentou manifestação (fls. 2.327/2.339), de 30/05/2014, na qual reforçou o caráter complexo e cumulativo das provas que levaram ao convencimento da autoridade fiscalizadora e ao lançamento do tributo, especialmente baseando na desconsideração do caráter isento da renda. Também, que já existem decisões judiciais excluindoo do pólo passivo de execuções fiscais provenientes da mesma fiscalização, especialmente com base em manifestação da Procuradoria da Fazenda Nacional no sentido de sua exclusão. Ainda, que a petição da Procuradoria da Fazenda Nacional se baseou em voto vencido no STF. A autoridade fiscalizadora, por sua vez, formalizou o Relatório de Diligência Fiscal (fl. 2.316/2.320 e docs. anexos fls. 2.321/2.323) em 09/06/2014, afirmando que o Contribuinte não se manifestou acerca do Termo de Início de Fiscalização. De resto, o Relatório de Diligência Fiscal basicamente repete integralmente o Termo de Início de Fiscalização. Chama atenção o seguinte trecho, presente em ambas as peças: “Isto posto, temos que a conclusão desta fiscalização não difere do entendimento a que os julgadores do CARF haviam chegado, a respeito da impossibilidade de se estabelecer a individualização dos documentos que deram suporte ao demonstrativo de variação patrimonial a descoberto” – fl. 2.310 e 2.320, respectivamente Fl. 2358DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 12 Enfim, vieramme os autos. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O Contribuinte foi intimado do acórdão DRJ por AR em 01/11/2007 (fl. 1.333), uma quintafeira. Tendo em vista que o dia 02 de novembro é dia de Finados, feriado nacional, o prazo começou a correr no primeiro dia útil subsequente, segundafeira dia 05/11/2007. Considerando ainda que o art. 33 do Decreto nº 70.235/1972, confere o prazo de trinta dias para a interposição de Recurso Voluntário, o prazo final seria dia 04/12/2007, sendo essa a data em que o Contribuinte protocolou sua peça (fl. 1.335). Consta nos autos, ademais, procuração em favor dos signatários da peça (fl. 1.208). Enfim, vez que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele conheço. Dos vício da diligência: Em primeiro lugar, impende reconhecer que houve vício no procedimento de condução da diligência. A verdade é que o Termo de Início de Diligência (fls. 2.306/2.314) foi lavrado em 07/05/2014, tendo o Contribuinte sido intimado por AR em 13/05/2014 (fl. 2.315), com prazo de 20 (vinte) dias. Por sua vez, o Contribuinte apresentou manifestação em 30/05/2014 (fls. 2.327/2.339). A autoridade fiscalizadora formalizou então Relatório de Diligência (fls. 2.316/2.323), no qual registrou expressamente que: “Por meio do Termo de Início de Diligência Fiscal, entregue no domicilio tributário do sujeito passivo em 13/05/2014, conforme inciso II do art. 23 do Decreto 70.235/1972, intimamos o interessado a apresentar manifestação, caso desejasse, no prazo de 20 (vinte) dias, acerca do teor deste Relatório de Diligência. O prazo previsto parra apresentação de manifestação venceu em 02/06/2014 e o contribuinte optou por nada encaminhar.” – fl. 2.318. Portanto, é necessário concluir que a DRF não analisou a manifestação protocolada pelo Contribuinte após o Termo de Início de Fiscalização e antes do Relatório de Diligência Fiscal. Fl. 2359DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.354 13 Não fosse suficiente, não há nos autos qualquer prova de que o Contribuinte foi intimado do Relatório de Diligência Fiscal, não lhe sendo garantido o direito de se pronunciar sobre a sua elaboração final – ainda que tenha tido redação idêntica àquela do Termo de Início de Fiscalização. Observase nulidade nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que foi proferido com cerceamento do direito de defesa, qual seja, a falta de análise da manifestação apresentada pelo Contribuinte e a falta de oportunidade para que se pronunciasse após a elaboração do Relatório de Diligência. Nos termos do §3º do mesmo dispositivo, contudo, é possível superála, sempre que for possível decidir a favor do sujeito passivo a quem aproveita. Aplicamos tal comando, uma vez que é possível cancelar integralmente o auto de infração, por falta de provas, como será demonstrado a seguir. Do Lançamento e da nulidade das provas colhidas na Operação Dilúvio: Do Início da Fiscalização: A fiscalização foi iniciada por meio do MPFF nº 08.1.90.0020050296903, emitido em 30/11/2005 (fl. 5). Recebido o ato administrativo, a autoridade fiscalizadora lavrou o Termo de Início de Fiscalização em 15/12/2005 (fl. 12), no qual intimou o Contribuinte a apresentar documentação hábil e idônea a comprovar a aquisição/incorporação/alienação de bens móveis e imóveis entre 2001 e 2004; os rendimentos isentos, não tributáveis e também aqueles tributáveis auferidos no mesmo período; as participações mantidas em empresas; os bens declarados na DIRPF, seus e de sua cônjuge. Notase que, até este momento, inexistem quaisquer referências a documentações, provas ou qualquer ato ligado a investigação criminal. Da Operação Dilúvio: Constam nos autos diversos documentos provenientes do processo judicial e do Inquérito Polícia. Exemplo é o Relatório 01, do Inquérito nº 009/2006DPF/PGA/PR – Operação Dilúvio / Autos nº 2006.70.00.0224356 – 3ª Vara Federal Criminal Curitiba (fls. 75/382). Conforme esse documento, essa operação foi iniciada em 17/01/2006. De outro lado, da decisão do HC nº 142,045/PR, proferida pelo STJ em favor do paciente Marco Antônio Mansur, ora recorrente, é possível constatar que as interceptações telefônicas que levaram ao processo criminal foram iniciadas em 25/05/2005, encerrandose em 12/09/2006 (pag. 21 de 26), data em que foi solicitado o compartilhamento das informações policiais com a Receita Federal. Do compartilhamento de informações: Ainda consta nos autos o Ofício nº 1033/2006DPF/PGA/PR (fls. 72/74), datado de 12/09/2006, elaborado pela Polícia Federal e endereçado à 3ª Vara Federal Criminal em Curitiba, nos Autos nº 2006.70.00.0224356 (Operação Dilúvio). Esse Ofício tem por objetivo conseguir, da autoridade judicial, autorização para o compartilhamento com a Receita Federal dos documentos e informações obtidos na investigação criminal. Foi então proferida decisão judicial em 14/09/2006 (fls. 68/71), autorizando o compartilhamento requerido pela autoridade policial, das informações e documentos obtidos na Fl. 2360DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 14 investigação criminal denominada Operação Dilúvio. Por sua vez, conforme o TVF, a autoridade lançadora somente recebeu acesso aos referidos dados e documentos em 05/10/2006 (fl. 1176). Do Ofício nº 1033/2006DPF/PGA/PR, entretanto, chama atenção o seguinte trecho: “Desde o inicio da investigação, a Receita Federal, mediante autorização judicial, vem acompanhando o processo criminal diverso, incluindo a análise das interceptações e documentos, e elaborando relatórios que serviram para instruir tal procedimento.” – fl. 73. Essa informação – de que a Receita Federal auxiliava nas investigações criminais – também pode ser observada no Relatório de Diligência Fiscal (fl. 2.316). Em outras palavras, há certa confusão acerca do momento em que a Receita Federal começou a participar da investigação criminal. Da decisão judicial – ilicitude das gravações telefônicas e provas decorrentes: Tendo em vista que o Contribuinte, ora recorrente, era investigado criminalmente, foi proposto o HC nº 142.045/PR, perante o STJ, visando anular as interceptações telefônicas e as provas delas decorrentes. O Relator do processo judicial votou pela denegação do HC; contudo, foi aberta divergência, que restou vencedora, no sentido de serem sim ilegais as interceptações telefônicas, na forma como realizadas. O acórdão, efetivamente, foi assim ementado: “Comunicações telefônicas (interceptação). Investigação criminal/instrução processual penal (prova). Limitação temporal (prazo). Lei ordinária (interpretação). Princípio da razoabilidade (violação). 1. É inviolável o sigilo das comunicações telefônicas, admitindo se, porém, a interceptação "nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer". 2. A Lei nº 9.296, de 1996, regulamentou o texto constitucional especialmente em dois pontos: primeiro, quanto ao prazo de quinze dias; segundo, quanto à renovação, admitindoa por igual período, "uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova". 3. Inexistindo, na Lei nº 9.296/96, previsão de renovações sucessivas, não há como admitilas. Se não de trinta dias, embora seja exatamente esse o prazo da Lei nº 9.296/96 (art. 5º), que sejam, então, os sessenta dias do estado de defesa (Constituição, art. 136, § 2º) e que haja decisão exaustivamente fundamentada. Há, neste caso, se não explícita ou implícita violação do art. 5º da Lei nº 9.296/96, evidente violação do princípio da razoabilidade. 4. Ordem concedida a fim de se reputar ilícita a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas, devendo os autos retornar às mãos do Juiz originário para determinações de direito. Fl. 2361DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.355 15 (HC 142.045/PR, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Rel. p/ Acórdão Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 28/06/2010)” Enfim, a decisão foi assim proferida: “Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento após o votovista do Sr. Ministro Og Fernandes, que concedeu a ordem de habeas corpus, por maioria, conceder a ordem de habeas corpus nos termos do voto do Sr. Ministro Nilson Naves, que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs. Ministros Relator e Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE). Votaram com o Sr. Ministro Nilson Naves a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Og Fernandes. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves." A título de apuração da verdade material, acessamos os dados disponíveis na internet, autos do Inquérito Policial no qual se desenvolveu a Operação Dilúvio, e que tem como indiciado o Contribuinte ora recorrente (processo judicial nº 2006.70.00.0224356/PR). Ali se constata a existência de Certidão datada de 30/10/2013: Fl. 2362DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 16 De volta ao HC nº 142.045/PR, interessa registrar que outras pessoas físicas, réus em outros processos conexos, entraram com pedidos de extensão dessa decisão às suas próprias lides, uma vez que também derivaram das mesmas interceptações telefônicas. O STJ, analisando a questão, concluiu ser necessário estender os efeitos da declaração de nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas a todos os réus – e não apenas aos pacientes inicialmente apontados – de processos provenientes das mesmas provas. Senão, vejamos: PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO PEDIDO EXTENSIVO NO HABEAS CORPUS. PLEITO DE EXTENSÃO. INDEFERIMENTO. AGRAVO INTERNO. PRESENTE WRIT SOB O MANTO DO TRÂNSITO EM JULGADO. NOVEL REMÉDIO HEROICO: VIA ADEQUADA. ASPECTOS PECULIARES NA ESPÉCIE. EXCEPCIONAL ANÁLISE DA TEMÁTICA. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS NULAS. ALICERCE DE DIVERSAS AÇÕES PENAIS. PROCESSO DECLINADO NA PETIÇÃO DE EXTENSÃO CALCADO EM MATERIAL IMPRESTÁVEL. AÇÕES PENAIS ORIGINADAS DA COLHEITA ILÍCITA. EXPURGO DOS DADOS OBTIDOS. NECESSIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA EM XEQUE. NÃO OCORRÊNCIA. CONFIRMAÇÃO DO ALCANCE DO ACÓRDÃO PROLATADO. SIMILITUDE DE SITUAÇÃO PROCESSUAL. INEXISTÊNCIA DE EMPECILHO INERENTE Fl. 2363DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.356 17 A CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER EXCLUSIVAMENTE PESSOAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 580 DO CPP. POSSIBILIDADE. CORRÉU EM SEMELHANTE CONTEXTO DO PETICIONÁRIO. AGRAVO PROVIDO. PEDIDO EXTENSIVO DEFERIDO. 1. Manejar pedido de extensão em habeas corpus já albergado pelo trânsito em julgado, em prol de reascender temas já decididos por esta Corte, amofina a segurança jurídica. 2. Almejando que a concessão da ordem, que reconheceu como ilícitas as interceptações telefônicas, alcançasse ação penal diversa, na qual também foi o material obtido utilizado, o ajuizamento de um novo mandamus seria o meio adequado a ser apresentado para o deslinde da tese, vinculando o remédio heroico a uma dada ação penal. 3. Não obstante a impropriedade técnica, a quaestio em voga denota a forçosa análise da temática ainda que por esta via, haja vista a existência de aspectos peculiares na espécie. 4. As comunicações interceptadas alicerçaram diversas ações penais, evidenciandose que o Parquet separou os imputados nas peças acusatórias de acordo com o grupo empresarial ao qual pertenciam, sendo que o Superior Tribunal de Justiça decidiu pela insubsistência do material obtido um dia após a sentença condenatória prolatada no processo declinado na petição de extensão. 5. Em sede de apelação criminal, o Colegiado Federal asseriu que a exclusão dos dados interceptados alcançaria somente as decisões posteriores a 24.7.2005, a contrario sensu do decidido por esta Corte de Justiça, que considerou a malfadada interceptação telefônica integralmente nula, restando tanto o édito condenatório quanto o aresto do apelo escorados em material reputado ilícito. 6. Em sendo a mesma operação policial, que aperfeiçoou idêntica base probatória para os processos criminais, no que tange às interceptações telefônicas lastreadas pela ilicitude, em franco exercício lógico, alcançase a assertiva de que esses dados devem ser expurgados também das ações penais que se originaram da colheita ilícita. 7. Não é crível que haja limitação do reconhecimento da ilicitude probatória apenas para o processo criminal que a abrigou inicialmente, pois os motivos que lastrearam a ratio decidendi do acórdão outrora prolatado por este Colegiado transcendem o citado julgamento, bem como o processo originário, para atingir também os outros feitos criminais nos quais a medida constritiva fora juntada no arcabouço probatório, sendo que, dado os matizes supracitados, a segurança jurídica não se encontra em xeque, mas sim reafirma se o alcance do acórdão prolatado. Fl. 2364DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 18 8. Demonstrada a similitude da situação processual do requerente com a dos pacientes, devese estender a ordem, eis que não se verifica a existência de qualquer circunstância de caráter exclusivamente pessoal que a obstaculize, sendo aplicável, pois, o artigo 580 do Código de Processo Penal. 9. Dada a documentação acostada, excepcionalmente, entende se que os efeitos dessa decisão devem ser estendidos também ao corréu Márcio da Silva Xavier, peticionário do outro pedido de extensão, cuja decisão não foi arrostada por agravo interno, pois, evidenciandose o semelhante contexto no que tange à medida constritiva telefônica, o deferimento se lhe alcança. 10. Agravo regimental provido a fim de deferir o pedido de extensão da ordem concedida no presente mandamus ao agravante, bem como ao corréu Márcio da Silva Xavier, nos termos do primevo voto concessivo, para "reputar ilícita a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas; consequentemente, a fim de que 'toda a prova produzida ilegalmente a partir das interceptações telefônicas' seja, também, considerada ilícita (tal o pedido formulado na impetração), devendo os autos retornar às mãos do Juiz originário para determinações de direito". (AgRg no PExt no HC 142.045/PR, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 18/04/2016) Ora, se as provas foram declaradas nulas e levaram ao não indiciamento do Contribuinte nesses autos judiciais, bem como também foram inutilizadas em relação a terceiros, não há como duvidar dos efeitos desse mandamus em relação ao recorrente nesse processo administrativo. É necessário acrescentar, ainda, que a decisão do STJ transitou em julgado, conforme se extrai do acórdão no AgRg no PExt. no HC 142.045/PR, julgado em 07/05/2016, cuja ementa foi supra transcrita. No mesmo sentido, o Relatório de Diligência Fiscal: “O processo judicial foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, que, em 08/11/2011, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário com agravo, nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia, ocorrendo o trânsito em julgado em 19/12/2011, conforme pesquisa realizada em 29/05/2013, no sitio do referido tribunal.” Do entendimento aplicado em outros processos administrativos fiscais: Visando reforçar a necessidade de cancelar o auto de infração ora analisado, o Contribuinte juntou aos autos cópias de algumas decisões proferidas por Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJs) em outros processos, nos quais ele foi incluído como Sujeito Passivo Solidário com base em dados e documentos obtidos na Operação Dilúvio. Especificamente: · Acórdão DRJ/REC nº 33.059, de 03/03/2011 (fls. 2.116/2.149); · Acórdão DRJ/REC nº 33.060, de 03/03/2011 (fls. 2.083/2.115); Fl. 2365DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.357 19 · Acórdão DRJ/REC nº 33.061, de 03/03/2011 (fls. 2.149/2.178); e · Acórdão DRJ/REC nº 33.415, de 15/04/2011 (fls. 2.179/2.211). Analisando os votos ali firmados, convém transcrever os seguintes trechos1: “De fato, conforme se observa nos autos, quase todos, senão todos, os documentos apresentados pela fiscalização para sustentar o auto de infração, e o seu entendimento das responsabilidades, são simples cópias de documentos supostamente apreendidos na ‘operação dilúvio’. Deste modo, é de se entender que as supostas provas apresentadas pela fiscalização não foram obtidas pelo agente fiscal por meios lícitos, comprometendose, desta forma toda a fiscalização.” – fl. 2.097. “Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER da impugnação interposta pelas pessoas arroladas como responsáveis solidários, não restou provado nos autos, com provas lícitas, o interesse comum dos supostos envolvidos” – fl. 2.114. Em outras palavras, já na DRJ, em 2011, se reconheceu a ilicitude das provas provenientes da Operação Dilúvio, excluindoas como critério motivador do julgamento. Da Fiscalização Tributária e do Lançamento ora analisado: Ao longo do primeiro semestre de 2006 houveram diversas intimações pela Fazenda Nacional e respostas do Contribuinte. Conforme o TVF, a autoridade fiscalizadora somente recebeu a documentação apreendida na Operação Dilúvio em 05/10/2006: “Em 05 de outubro de 2006, tivemos acesso A documentação apreendida pela Operação Dilúvio, conforme fls. 63/70, do volume 01/06, com autorização, inclusive para troca de informações entre os órgãos envolvidos naquela operação, que envolveu apreensões de objetos, documentos e informações nos vários endereços pertencentes ao fiscalizado, às suas empresas e a familiares, além de um relatório elaborado pela Policia Federal, contendo 291 folhas, que juntamos a este (fls. 71/199, do volume 01/06 a fls. 202/363, do volume 02/06, a fim de servir de subsidio ã compreensão dos fatos que envolvem a presente ação fiscal. Tendo em vista o exíguo tempo perante a iminente decadência do anocalendário de 2001, foram analisados somente os documentos aprendidos pelas Equipes SPC 03, 05, 06, 07 e 17; SPI 01, 04 e 24, resultando no que veremos a seguir.” – fls. 11/76/1177 Ao longo de todo o Termo de Verificação Fiscal, daí em diante, há constantes referências a documentos apreendidos pelas “Equipes SPC 03, 05, 06, 07 e 17”, bem como 1 Todos os quatro votos têm as mesmas passagens, com as exatas mesmas palavras. Apontamos apenas a numeração de folhas da aparição desses trechos no acórdão DRJ/REC nº 33.060, por questão de economia. Fl. 2366DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 20 pelas “Equipes SPI 01, 04 e 24”, i.e., documentos apreendidos no escopo da Operação Dilúvio. Mais, ao final do TVF, a autoridade lançadora conclui que: “O que verificamos, ao largo das análises, é que havia um perfeito controle de todas as transações ilícitas da organização, proporcionandonos, através de demonstrativos, anotações e emails, uma visão muito boa do funcionamento da mesma, o que torna convincente e com credibilidade os quadros demonstrativos encontrados, além dos mesmos terem sido flagrados como objeto de apreensões sérias efetivadas e motivadas por ordem judicial. Após todos os valores citados terem sido juntados no Quadro Demonstrativo de Variação Patrimonial, nos meses em que ocorreram, obtivemos valores de Patrimônio a Descoberto, conforme fls. 1130/1131, do volume 06/06, que com base nos artigos 806 e 807, do RIR/99, foram tributados exofficio, sendo que a correspondente multa de oficio foi agravada, mediante a evidente utilização de simulações, configurando fraudes, consoante o inciso II, do artigo 44, da Lei 9430/96, onde se 16: "II canto e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis". – fl. 1.195/1.1962. Em outras palavras, não apenas o TVF foi quase integralmente fundamentado nos documentos apreendidos ao longo da Operação Dilúvio, como a conclusão desse documento, que explica e justifica o auto de infração, é apontado que esta se baseou nas anotações, emails e quadros demonstrativos apreendidos com base nessas ordens judiciais. Mais, no Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade fiscalizadora afirma expressamente que: “Compulsando os autos, verificase que, além dos documentos obtidos em razão da Operação Dilúvio, que foram as provas mais que mais contribuíram para a imputação ao fiscalizado da grande maioria de seus dispêndios, o lançamento também teve respaldo na DIRPF (fls. 04 a 07), nas respostas apresentadas durante o curso da ação fiscal, no Dossiê Integrado (fls. 45 a 49 e 53 a 60) e na DIRPF do cônjuge (fls. 50 a 52). Não restam dúvidas, portanto, de que (i) o Lançamento foi fortemente embasado nas provas e documentos obtidos no escopo da Operação Dilúvio; (ii) o STJ declarou a nulidade das interceptações telefônicas e das provas delas decorrentes; e (iii) essa declaração de nulidade leva à exclusão dessas provas e documentos do mundo do direito, devendo ser afastada também dos processos administrativos tributários. Impende analisar, portanto, se o lançamento ora analisado pode ser mantido exclusivamente com base nas provas não provenientes da Operação Dilúvio. Da possibilidade ou não de manutenção do Lançamento: 2 Trecho já transcrito no relatório, mas que convém transcrever novamente devido à sua importância. Fl. 2367DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.358 21 A verdade é que foi exatamente esse questionamento que levou à elaboração da Resolução CARF nº 2202000.520, de 13/08/2013. Na Diligência, dela decorrente, a autoridade fiscalizadora afirmou que: “A respeito das provas vindas da Operação Dilúvio, verificase que o convencimento da autoridade lançadora acerca dos fatos procedeu da análise de diversos documentos, que se tornaram conhecidos em diferentes momentos da investigação e que, isoladamente, não eram suficientes para conduzirem a um estado de certeza, mas devido a suas peculiaridades, quando analisados num contexto, permitiram concluir pela existência do fato jurídico tributário a ser provado. Isto posto, temos que a conclusão desta fiscalização não difere do entendimento a que os julgadores do CARF haviam chegado, a respeito da impossibilidade de se estabelecer a individualização dos documentos que deram suporte ao demonstrativo de variação patrimonial a descoberto, conforme se observa nos trechos a seguir transcritos, que foram retirados da Resolução que converteu o julgamento em diligência.” – fl. 2.319/2.320. Nesse sentido, impende analisar as tabelas anexas ao Relatório de Diligência Fiscal: § No “Demonstrativo de Variação Patrimonial” (fl. 2.321), a autoridade fiscalizadora aponta que os valores auferidos como rendimentos e os valores identificados como dispêndios decorrem tanto de dados disponíveis na DIRPF, nas respostas apresentadas ao longo da fiscalização e no dossiê integrado, quanto em documentos provenientes da Operação Dilúvio. § Na tabela denominada “Aquisição de Bens e direitos” (fl. 2.322), a autoridade fiscalizadora identifica 14 (quatorze) itens, totalizando R$ 10.519.015,42 (dez milhões, quinhentos e dezenove mil, quinze reais e quarenta e dois centavos). Destes, 10 (dez) têm como fundamentação “DIRPF, resposta apresentada pelo fiscalizado e Operação Diluvio”. Os 4 (quatro) itens restantes, que puderam ser identificados sem influência da Operação Dilúvio, totalizam “apenas” R$ 345.872,69 (trezentos e quarenta e cinco mil, oitocentos e setenta e dois reais e sessenta e nove centavos); e § Na tabela denominada “Outros dispêndios / Aplicações” (fl. 2.323), todos os gastos somente foram identificados em decorrência da cumulação da DIRPF e da Operação Dilúvio. Em outras palavras, o Lançamento foi efetivamente baseado (quase integralmente) nas provas e documentos obtidos na Operação Dilúvio, que não podem ser consideradas. Sendo excluídas tais provas, não é possível individualizar o montante de acréscimo patrimonial que seria identificado. Enfim, devem ser desconsiderados, como gastos ou dispêndios, todos os valores apurados com base nessas provas. Fl. 2368DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 22 Dos itens independentes da Operação Dilúvio: Conforme a tabela elaborada pela autoridade fiscalizadora, 4 (quatro) itens foram identificados como dispêndios independentemente dos documentos obtidos na Operação Dilúvio. Foram eles: · Aquisição de Unidade 2002 – Edifício Long Stay Bela Cintra – R$ 46.865,76; · Aquisição de Imóvel sito Al. Mogno, 46, Riviera de São Lourenço Bertioga – R$ 120.368,80; · Aquisição de Imóvel à Rua Major Diogo, 39, apto. 1603, com dívidas – R$ 20.000; e · Veículos – R$ 158.638,13 Total: 345.872,69 No que toca a esses itens, interessa analisar a Manifestação protocolada pelo Recorrente (fls. 2.327/2.339), quando da sua intimação do Termo de Início da Diligência. Nesta, o Contribuinte alega que o simples fato de que a identificação desses dispêndios não estarem vinculados à Operação Dilúvio não é suficiente para a manutenção do auto de infração com relação a esses valores. Segundo explica, esses bens foram adquiridos com valores isentos e declarados em sua DIRPF, mormente daqueles recebidos da empresa Tass Serviços. A mesma explicação já havia sido oferecida na Impugnação (fls. 1.248/1.250) e no Recurso Voluntário (fls. 1.372/1.375). Efetivamente, conforme sua DIRPF/2002 (fl. 8/10), o Contribuinte alegou ter recebido R$ 430.000,00 a título de distribuição de lucros da referida empresa, o que é suficiente para fazer frente a tais dispêndios. Igualmente, conforme a DIPJ da empresa (fls. 557), há registro de distribuição de R$ 430.000,00 a título de lucro para o Recorrente. No TVF (fl. 1.178/1.179), a autoridade lançadora esclareceu expressamente que glosou esse valor de R$ 430.000,00, desclassificandoo da condição de isento, com base em informações provenientes de apreensões da Equipe SPC 03, i.e., da Operação Dilúvio. Ora, se as provas obtidas nessa Operação não podem ser consideradas, então é necessário desconsiderar também essa glosa, tomando o rendimento como plausível. Logo, há rendimento suficiente para fazer frente ao valor de dispêndios identificado e não proveniente da referida investigação criminal. Enfim, ante à ausência de provas ou de indicação de infrações, não é possível identificar base de cálculo para considerar a infração de acréscimo patrimonial a descoberto, sendo necessário cancelar o auto de infração. Dispositivo: Fl. 2369DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.359 23 Diante de tudo quanto exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para cancelar o auto de infração, nos termos do voto acima. Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 2370DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA
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Numero do processo: 18471.001536/2002-31
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/1999 a 31/12/2001
VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA. COFINS. BASE DE CALCULO. FATURAMENTO.
Tendo o Supremo Tribunal Federal declarado inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, é de se entender que a receita a ser tributada pela Cofins e pela contribuição para o PIS/Pasep, com base na referida lei, corresponde ao faturamento. O que, por conseguinte, cabe afastar da tributação pela Cofins as receitas cambiais ativas.
E, no que tange especificamente às receitas cambiais ativas decorrentes de exportação, conforme decidido pelo STF, quando da apreciação do RE 627.815, devem ser afastadas tais receitas da incidência da Cofins, em respeito a regra de imunidade preceituada no art. 149, § 2º, inciso I, da Constituição Federal.
Numero da decisão: 9303-004.181
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Catarina de Lima e Silva Borzino, OAB/RJ 134.228, escritório Vieira Rezende.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
Tatiana Midori Migiyama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio Cesar Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Erika Costa Camargo Autran, Robson José Bayerl (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen (suplente convocado).
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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COFINS. BASE DE CALCULO. FATURAMENTO. Tendo o Supremo Tribunal Federal declarado inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, é de se entender que a receita a ser tributada pela Cofins e pela contribuição para o PIS/Pasep, com base na referida lei, corresponde ao faturamento. O que, por conseguinte, cabe afastar da tributação pela Cofins as receitas cambiais ativas. E, no que tange especificamente às receitas cambiais ativas decorrentes de exportação, conforme decidido pelo STF, quando da apreciação do RE 627.815, devem ser afastadas tais receitas da incidência da Cofins, em respeito a regra de imunidade preceituada no art. 149, § 2º, inciso I, da Constituição Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Catarina de Lima e Silva Borzino, OAB/RJ 134.228, escritório Vieira Rezende. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 15 36 /2 00 2- 31 Fl. 384DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio Cesar Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Erika Costa Camargo Autran, Robson José Bayerl (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen (suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 137.647, da 3º Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando acórdão com a seguinte ementa (Grifos meus): “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/1999 a 31/12/2001 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO PLENO DO STF. CONTROLE DIFUSO. APLICAÇÃO PELO CONSELHO DE CONTRIBUINTES. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 49 do Regimento Interno do Conselho dos Contribuintes, é possível a aplicação nesta instância administrativa de decisão plenária do STF, mesmo em controle difuso de constitucionalidade, desde que seja do Pleno daquela Corte Suprema. PIS/COFINS. BASE DE CALCULO. FATURAMENTO. Nos termos decididos nos Recursos Extraordinários nºs 357950, 390.840, 358.273 e 346.084, que declarou, por maioria, a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei n° 9.718/98, a base de cálculo do PIS e da Cofins é o faturamento do pessoa jurídica. Recurso provido.” Fl. 385DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18471.001536/200231 Acórdão n.º 9303004.181 CSRFT3 Fl. 384 3 Insatisfeita, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, requerendo o saneamento da omissão e contradição apontada, conforme segue: “[...] O objeto do presente julgado cingese a exigência de credito tributário atinente às diferenças apuradas pela fiscalização no tocante ao recolhimento da COFINS no período de junho de 1999 a dezembro de 2001. Em apreciação ao Recurso Voluntário interposto pela empresa, a então Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes entendeu adequado excluir do lançamento os valores não oriundos da venda de mercadorias e prestação de serviços, em consonância com a decisão proferida pelo STF em controle difuso acerca da inconstitucionalidade do §19, do art. 3º), da Lei 9.718/98. Independente de qualquer contestação no que tange inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da COFINS, cumpre ressaltar que o presente acórdão, na forma como apresentado, enseja grave omissão passível de resultar em equívocos quando da execução do julgado. Ocorre que o aresto não deixa claro quais são as receitas/valores objeto da autuação que supostamente consubstanciariam receita não operacional. Com efeito, a partir da documentação carreada aos autos e do Termo de Constatação Fiscal (fl. 09) é possível observar que o lançamento decorre de divergências na base de cálculo relativas a ganhos em variação cambial registrados sobre direitos e obrigações em moeda estrangeira e receitas de aplicações financeiras. Estando devidamente evidenciadas as rubricas não incluídas na base de cálculo do tributo, mostrase relevante que o colegiado se pronuncie acerca da subsunção destas ao conceito de faturamento decorrente da declaração de inconstitucionalidade, a fim de que o julgado evite toda e qualquer controvérsia acerca do tema. Fl. 386DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 Neste aspecto, não se pode olvidar que a declaração de inconstitucionalidade pelo STF não alterou o critério definidor da base de incidência da COFINS/PIS como o resultado econômico da atividade empresarial vinculada aos seus objetivos sociais. Ao revés, apenas firmou o entendimento de que não é qualquer receita que pode ser considerada faturamento para fins de incidência da COFINS/PIS, mas apenas aquelas vinculadas â atividade mercantil típica da empresa. Sob essa perspectiva, imperioso saber, dos valores que a contribuinte impugna, quais efetivamente se enquadram na concepção de faturamento oriundas do exercício da atividade empresarial e quais transbordam esse conceito, de forma a determinar a eventual exclusão de algumas rubricas da base de cálculo da COFINS objeto do presente lançamento. Neste contexto, inclusive, cumpre observar que os valores atinentes à variação cambial têm o condão de se enquadrar no atual conceito de faturamento, na medida em que a empresa objeto dos autos possui, dentre as atividades constantes de seu objeto social, a exportação de mercadorias, conforme se pode observar do art. 39, do estatuto social juntado a fl. 55. Com efeito, eventual variação cambial da moeda estrangeira deve constituir faturamento por ser mera decorrência do exercício de atividade típica da empresa, em consonância com o conceito disposto pelo STF e corroborado pelo presente acórdão do CARF. Outro aspecto relevante que requer retificação no julgado referese indicação de provimento do recurso na ementa e no dispositivo do acórdão de forma incorreta e contraditória, na medida em que transparece a informação de que houve o total provimento, quando, em verdade, este se deu parcialmente. Ocorre que o pedido do Recurso Voluntário está consubstanciado na anulação do auto de infração e eventual provimento total do recurso ensejaria o cancelamento do lançamento, o que não se deu na hipótese. Com efeito, o acolhimento da tese de inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo disposta no § 1º, do art. 3º, da Lei 9.718/98, imputa tãosomente provimento parcial, conforme devidamente Fl. 387DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18471.001536/200231 Acórdão n.º 9303004.181 CSRFT3 Fl. 385 5 indicado no último parágrafo do voto vencedor (fl. 237), o que requer a retificação da ementa e do dispositivo do acórdão neste sentido. [...]” Conforme Despacho de fl. 288, tais embargos não foram admitidos, conforme segue: “Tratase de recurso de embargos de declaração oposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional contra decisão consubstanciada no Acórdão 20312.658 de fls. 228 e seguintes, pois que o mesmo estaria eivado de vicio omissivo, uma vez que não se aprofundou no esclarecimento do alargamento da base de cálculo da COFINS. Em linha com a jurisprudência pacificada em repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal, o Colegiado reconhece a inconstitucionalidade do parágrafo 1, do artigo 3º, da Lei 9718/98, sendo que única discussão que remanesce sobre o tema na Corte Suprema é a questão das receitas financeiras para as seguradoras e instituições financeiras, pois que para elas aquelas seriam próprias, e portanto exigíveis (RE 609096). Ora, se assim o é, não precisava a decisão consubstanciada no acórdão embargada ter adentrado em tamanho detalhando, sendo certo que receitas decorrentes de variações cambias e aplicações financeiras, obtidas pela Embargada, nos moldes do tudo quanto esclarecido, não estão sujeitas a incidência da COFINS. Assim, não admito os embargos opostos. À consideração superior, [...]” Em seguida, não foi conhecido os embargos interpostos pelo Presidente da 4ª Câmara em exercício à época. Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, requerendo seu conhecimento e provimento para reformar o acórdão recorrido. Fl. 388DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 Alega a Fazenda Nacional, entre outros, que as receitas decorrentes de variações cambiais ativas têm sustentáculo no artigo 9º da Lei 9.718/98, cuja presunção de constitucionalidade permanece incólume na jurisprudência pátria. O apelo da Fazenda Nacional foi admitido, nos termos do Despacho de fls. 374/375. O sujeito passivo, então, apresentou Contrarrazões às fls. 299 a 367, alegando, entre outros, que o Supremo Tribunal Federal, em recente julgado do Recurso Extraordinário n° 627.815, com repercussão geral reconhecida, decidiu que as receitas de exportação decorrentes de variação cambial, exatamente os valores tratados no presente processo administrativo, não devem ser tributadas pelo PIS e pela COFINS. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama. Depreendendose da análise do Recurso interposto pela Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade é de se conhecêlo, vez que houve apontamento de divergência jurisprudencial. O que concordo com o exame de admissibilidade constante do Despacho de fls. 374 a 375. Eis que o recurso se assenta na possibilidade de se questionar decisão não unânime de turma julgadora, quando contrária à lei ou evidência de prova, e, considerando a decisão prolatada anteriormente a 30.6.09, que, por conseguinte, direcionaria o processamento, nos termos do Regimento Interno da CSRF aprovado pela Portaria 147/07. Ventiladas tais considerações, passo a analisar o cerne da lide – qual seja, se seria cabível ou não a tributação pela Cofins sobre as receitas decorrentes de variações cambiais positivas na importação e exportação, relativas aos períodos de apuração de 02/1999 e 12/2001. Fl. 389DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18471.001536/200231 Acórdão n.º 9303004.181 CSRFT3 Fl. 386 7 Para o deslinde dessa questão, primeiramente, cabe trazer que o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, restando o conceito de "faturamento" definido como sendo a receita proveniente da atividade da empresa com a venda de mercadorias e pela prestação de serviço, e não mais a totalidade das receitas auferidas. Dessa forma, vêse que a partir da decisão do STF declarando inconstitucional o art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, nos autos dos Recursos Extraordinários 390.840MG, 357.950/RS e 358.273/RS, não há que se falar em incidência da Cofins sobre quaisquer outras quantias que não correspondam aquelas decorrentes do faturamento das pessoas jurídicas. Frisese a ementa consignada por aquele Tribunal – RE 390.840 MG (Grifos meus): “Ementa CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de Fl. 390DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 8 mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.” Proveitoso também trazer o decidido pelo STF, reconhecendo a repercussão geral do tema, conforme ementa do julgamento do Recurso Extraordinário nº 585.235/MG, em 10.9.08, que teve como relator o Ministro Cezar Peluso (Grifos meus): “EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006)(grifei).” Finalizando, refletese ainda o reconhecimento da “Repercussão Geral”: “Referida matéria foi reconhecida como de “Repercussão Geral” conforme a seguir se transcreve: Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária a inclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator para edição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Fl. 391DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18471.001536/200231 Acórdão n.º 9303004.181 CSRFT3 Fl. 387 9 Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 10.09.2008.(grifei).” Sendo assim, com tal definição da base de cálculo do PIS e da Cofins de forma definitiva pelo STF, no que diz respeito à inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, vêse que essa Conselheira deve respeitar o decidido pela Corte, em respeito ao art. 62, Anexo II, do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015 com alterações posteriores (Grifos meus): “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e Fl. 392DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 10 e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. [...]” O que, por conseguinte, em se tratando de receita de variação cambial ativa, tenho que tal receita ora em discussão não corresponde ao sentido estrito de "faturamento". Ressaltase que o STF não fez distinção sobre a variedade de ramos de atividade econômica dos contribuintes, tampouco trouxe que faturamento equivale a todas as receitas operacionais auferidas pelas empresas, pacificando o entendimento de que a receita as ser tributada pelas contribuições ao PIS e à Cofins deveria ser entendida como a receita de vendas de mercadorias e pela prestação de serviços. Enfatizando, é de se ater que o STF vem adotando o conceito restritivo de prestação de serviços, tanto é que julgou inconstitucional a tributação, pelo ISS, da "locação de bens móveis", entendendo que, para ser considerado "serviço", este deve preencher os requisitos do conceito jurídico, que é "obrigação de fazer" e, para ser tributável, costumase exigir o critério "preço". O que, por óbvio, temse que a receita de variação cambial ativa não seria tributada pela Cofins, pois decorre da flutuação do dólar. É de se trazer ainda que a variação cambial ativa decorrente de operação de importação tampouco seria atrelada ao faturamento, eis que a empresa somente “fatura” quando vende uma mercadoria, e não quando compra (ou importa uma mercadoria). Dessa forma, pelo exposto acima, já resta afastar a tributação da Cofins da receita de variação cambial ativa. Fl. 393DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18471.001536/200231 Acórdão n.º 9303004.181 CSRFT3 Fl. 388 11 No que tange à natureza da receita de variação cambial ativa, argumentação exibida pela Fazenda Nacional de que a Lei 9.718/98 trouxe que tais variações possuem a natureza de Receita Financeira e, portanto, sofrem incidência de PIS e de Cofins, eis que a redação traz: “Art. 9° As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS/PASEP e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso.” Temse que tal natureza reforça ainda mais o afastamento da tributação pela Cofins sobre tal receita, pois as receitas financeiras não devem ser confundidas como “faturamento”, vez que não são decorrentes da prestação de serviço e da venda de mercadorias, mas sim de mera flutuação do dólar. Caso o legislador tenha elaborado o art. 9º da Lei 9.718/98 para se fazer incidir as contribuições sobre a variação cambial ativa, é de se verificar que, com a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei, tal dispositivo perdeu a razão de sua existência, tendo em vista que com a declaração de inconstitucionalidade do referido dispositivo, a base de cálculo que abrangia todas as receitas, independentemente da forma como eram registradas, passou a ser estritamente o “faturamento” da empresa. Sendo assim, entendo que não cabe invocar o art. 9º da Lei 9.718/98 para se forçar a incidência da Cofins sobre as variações cambiais ativas. Ademais, quanto às receitas de variação cambial decorrentes de exportação, é de se trazer ainda que o STF em recente julgado do Recurso Extraordinário 627.815, com repercussão geral reconhecida, decidiu que as receitas de exportação decorrentes de variação cambial não devem ser tributadas pelo PIS e pela COFINS. Fl. 394DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 12 Para melhor elucidar o posicionamento do STF, peço licença para transcrever parte do acórdão consignado (Grifos meus): “RECURSO EXTRAORDINÁRIO 627.815 PARANÁ RELATORA :MIN. ROSA WEBER RECTE.(S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECDO.(A/S) :INCEPA REVESTIMENTOS CERÂMICOS LTDA ADV.(A/S) :HENRIQUE GAEDE E OUTRO(A/S) EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II O contrato de câmbio constitui negócio inerente à exportação, diretamente associado aos negócios realizados em moeda estrangeira. Consubstancia etapa inafastável do processo de exportação de bens e serviços, pois todas as transações com residentes no exterior pressupõem a efetivação de uma operação cambial, consistente na troca de moedas. III – O legislador constituinte ao contemplar na redação do art. 149, § 2º, I, da Lei Maior as “receitas decorrentes de exportação” – conferiu maior amplitude à desoneração constitucional, suprimindo do alcance da competência impositiva federal todas as receitas que resultem da exportação, que nela encontrem a sua causa, representando consequências financeiras Fl. 395DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 18471.001536/200231 Acórdão n.º 9303004.181 CSRFT3 Fl. 389 13 do negócio jurídico de compra e venda internacional. A intenção plasmada na Carta Política é a de desonerar as exportações por completo, a fim de que as empresas brasileiras não sejam coagidas a exportarem os tributos que, de outra forma, onerariam as operações de exportação, quer de modo direto, quer indireto. IV Consideramse receitas decorrentes de exportação as receitas das variações cambiais ativas, a atrair a aplicação da regra de imunidade e afastar a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. V Assenta esta Suprema Corte, ao exame do leading case, a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos. VI Ausência de afronta aos arts. 149, § 2º, I, e 150, § 6º, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicando se aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, em conhecer e negar provimento ao recurso extraordinário. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Brasília, 23 de maio de 2013. Ministra Rosa Weber Relatora” Fl. 396DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 14 O STF, nesse julgado, decidiu de forma definitiva que não há que se falar em se tributar pela Cofins a variação cambial positiva decorrente de operações de exportação. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e negarlhe provimento. É como voto. Tatiana Midori Migiyama Relatora Fl. 397DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/07/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 15/07/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 10980.933423/2009-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.749
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 23 /2 00 9- 11 Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.933423/200911 Acórdão n.º 3402003.749 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10980.933423/200911 Acórdão n.º 3402003.749 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.933423/200911 Acórdão n.º 3402003.749 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10980.933423/200911 Acórdão n.º 3402003.749 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 122DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720140/2012-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
DECADÊNCIA. FORMAÇÃO DE ÁGIO EM PERÍODOS ANTERIORES AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. INOCORRÊNCIA.
Somente pode se falar em contagem do prazo decadencial após a data de ocorrência dos fatos geradores, não importando a data contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura.
O art. 113, § 1º, do CTN aduz que A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador e o papel de Fisco de efetuar o lançamento, nos termos do art. 142 do Estatuto Processual, nada mais é do que o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente.
Não é papel do Fisco auditar as demonstrações contábeis dos contribuintes a fim de averiguar sua correição à luz dos princípios e normas que norteiam as ciências contábeis. A preocupação do Fisco deve ser sempre o reflexo tributário de determinados fatos, os quais, em inúmeras ocasiões, advém dos registros contábeis.
Ressalte-se o § 4º do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê que seja efetuado o lançamento também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário.
O prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO PREMISSAS.
Uma das premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7º, III, e 8º da Lei 9.532, de 1997, é o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, que deve ser comprovado com documentação hábil.
REGISTROS CONTÁBEIS. PROVA. SE COMPROVADOS POR DOCUMENTOS HÁBEIS.
A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados, se comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais.
PROVISÕES. DEDUTIBILIDADE.
Somente são dedutíveis na determinação do lucro real as provisões expressamente autorizadas na legislação.
PROVISÕES INDEDUTÍVEIS. PROVA DA DEDUÇÃO.
Mantém-se a glosa de despesas operacionais de provisões indedutíveis, cuja adição ao lucro real e à base de cálculo da CSLL o contribuinte não logra comprovar.
CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. ERRO DE CONTABILIZAÇÃO.
Constatado erro nos lançamentos contábeis que não acarretam alteração no lucro líquido do exercício, e consequentemente, na apuração do lucro real, cancela-se o lançamento de ofício correspondente.
CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. OMISSÃO DE RECEITA.
Não caracteriza receita omitida a existência de saldos negativos de contas de receita, resultantes de deduções de valores superiores aos saldos existentes, quando comprovados os erros de contabilização alegados.
LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL
Dada a íntima relação de causa e efeito, aplica-se ao lançamento reflexo o decidido no principal.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.
CERCEAMENTO DE DEFESA. AUTUAÇÃO EXTENSA E COMPLEXA. INFRAÇÃO INSUFICIENTEMENTE QUESTIONADA.
Descabe qualquer alegação de cerceamento de direito de defesa, por ser extensa a matéria autuada, se o procedimento fiscal e intimações consumiram 1 (um ) ano, antes da ciência dos autos, e por alegação de que determinada infração foi questionada apenas superficialmente pelo autuante, se o contribuinte pode apresentar sua defesa na impugnação.
AUTOS DE INFRAÇÃO. IRPJ. CSLL. MESMO PROCESSO.
A legislação determina que as exigências de crédito tributário serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição e, se formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova.
PERÍODO FISCALIZADO. REEXAME.
O fato de o contribuinte ter sido objeto de fiscalização em períodos anteriores ou o fiscalizado, não significa a homologação de todas as suas ações, nesses períodos, sendo que há previsão de eventual segunda fiscalização, devidamente autorizada.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
Recurso de Ofício Provido em Parte.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1402-002.144
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência referente à omissão de receitas correspondente ao item 003 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: Relator
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FORMAÇÃO DE ÁGIO EM PERÍODOS ANTERIORES AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. INOCORRÊNCIA. Somente pode se falar em contagem do prazo decadencial após a data de ocorrência dos fatos geradores, não importando a data contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. O art. 113, § 1º, do CTN aduz que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador” e o papel de Fisco de efetuar o lançamento, nos termos do art. 142 do Estatuto Processual, nada mais é do que o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. Não é papel do Fisco auditar as demonstrações contábeis dos contribuintes a fim de averiguar sua correição à luz dos princípios e normas que norteiam as ciências contábeis. A preocupação do Fisco deve ser sempre o reflexo tributário de determinados fatos, os quais, em inúmeras ocasiões, advém dos registros contábeis. Ressaltese o § 4º do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê que seja efetuado o lançamento “também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário.” O prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO PREMISSAS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 40 /2 01 2- 24 Fl. 11552DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO CARF Retângulo Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.553 2 Uma das premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7º, III, e 8º da Lei 9.532, de 1997, é o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, que deve ser comprovado com documentação hábil. REGISTROS CONTÁBEIS. PROVA. SE COMPROVADOS POR DOCUMENTOS HÁBEIS. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados, se comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. PROVISÕES. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na determinação do lucro real as provisões expressamente autorizadas na legislação. PROVISÕES INDEDUTÍVEIS. PROVA DA DEDUÇÃO. Mantémse a glosa de despesas operacionais de provisões indedutíveis, cuja adição ao lucro real e à base de cálculo da CSLL o contribuinte não logra comprovar. CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. ERRO DE CONTABILIZAÇÃO. Constatado erro nos lançamentos contábeis que não acarretam alteração no lucro líquido do exercício, e consequentemente, na apuração do lucro real, cancelase o lançamento de ofício correspondente. CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. OMISSÃO DE RECEITA. Não caracteriza receita omitida a existência de saldos negativos de contas de receita, resultantes de deduções de valores superiores aos saldos existentes, quando comprovados os erros de contabilização alegados. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o decidido no principal. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUTUAÇÃO EXTENSA E COMPLEXA. INFRAÇÃO INSUFICIENTEMENTE QUESTIONADA. Descabe qualquer alegação de cerceamento de direito de defesa, por ser extensa a matéria autuada, se o procedimento fiscal e intimações consumiram 1 (um ) ano, antes da ciência dos autos, e por alegação de que determinada Fl. 11553DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.554 3 infração foi questionada apenas superficialmente pelo autuante, se o contribuinte pode apresentar sua defesa na impugnação. AUTOS DE INFRAÇÃO. IRPJ. CSLL. MESMO PROCESSO. A legislação determina que as exigências de crédito tributário serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição e, se formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. PERÍODO FISCALIZADO. REEXAME. O fato de o contribuinte ter sido objeto de fiscalização em períodos anteriores ou o fiscalizado, não significa a homologação de todas as suas ações, nesses períodos, sendo que há previsão de eventual segunda fiscalização, devidamente autorizada. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Recurso de Ofício Provido em Parte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência referente à omissão de receitas correspondente ao item 003 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Demetrius Nichele Macei, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 11554DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.555 4 Relatório CARREFOUR COMERCIO E INDUSTRIA LTDA recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 06 42.393 da 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Curitiba que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada. E, haja vista que que em tal acórdão exonerouse crédito tributário superior a R$ 1.000.000,00, nos termos do artigo 2º da Portaria MF nº 3, de 03/01/2008, a turma julgadora recorreu de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Trata o processo dos autos de infração relativos ao anocalendário 2007, na sistemática do lucro real anual: a. Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ, págs. 3.216/3.224, no valor de R$98.335.075,99, devido a: i. Dedução de despesas de amortização de ágio, não comprovadas; fato gerador em 31/12/2007; base legal no art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; arts. 247, 248, 249, I, 251, 277, 278, 299 e 300 do Regulamento do Imposto de Renda RIR de 1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999); ii. Dedução de provisões indedutíveis; fato gerador em 31/12/2007; base legal no art. 3º da Lei nº 9.249, de 1995; arts. 247, 248, 249, I, 277, 278, 299 e 335, do RIR de 1999; iii. Omissão de receitas operacionais de bonificações recebidas; fato gerador em 31/12/2007; base legal no art. 3º da Lei nº 9.249, de 1995; arts. 247, 248, 249, II, 251, 277, 278 e 288, do RIR de 1999; b. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, págs. 3.225/3.232, no valor de R$34.934717,86 relativamente às mesmas infrações e período que o IRPJ, exigida com base no art. 2º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988 (com as alterações introduzidas pelo art. 2º da Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990); art. 57 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações do art. 1º da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995; art. 2º e 19 da Lei nº 9.249, de 1995; art. 1º da Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996; art. 28 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; art. 37 da Lei nº 10.637 de 30 de dezembro de 2002. 2. Sobre o imposto e contribuição devidos exigese multa de ofício de 75% do art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996; e juros de mora segundo o art. 61, § 3º da Lei nº 9.430, de 1996. Fl. 11555DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.556 5 3. Às págs. 3.172/3.210, no Termo de Verificação e Encerramento TVE, estão descritos os procedimentos de fiscalização e a autuação; à pág. 3.224, Planilha de Compensação de Prejuízos Fiscais de 2007; à pág. 3.232, Planilha de Compensação de Bases de Cálculos Negativas de CSLL em 2007. 4. Cientificado em 17/12/2012, págs. 3.210, 3.217 e 3.226, o interessado interpôs a impugnação tempestiva de págs. 3.239/3.376, em 15/01/2013, por meio de seu representante legal, págs. 3.378/3.383, e apresentando os documentos de págs. 3.384/6.478. Preliminares. 5. Pleiteia em preliminar, a tempestividade da impugnação, nulidade dos autos, alegando cerceamento no seu direito de defesa, e decadência da exigência fiscal relativamente à aquisições realizadas nos anoscalendário 1998 a 2005 e em relação a ativo diferido formado há mais de 5 (cinco) anos. 6. A nulidade por cerceamento do direito de defesa é alegada: porque teria sido desrespeitado o princípio da razoabilidade ao conceder ao autuado o prazo de apenas 30 (trinta) dias para apresentar documentação de 3 (três) questionamentos altamente complexos, incluindo 9 (nove) operações realizadas entre 1998 e 2005; e porque a autuação referente a omissão de receitas não foi questionada durante o procedimento de fiscalização, apenas no Termo de Intimação datado de 19/07/2012 (doc. n° 5), sendo que o autuado não entendeu a relação entre esse questionamento e o procedimento fiscal ora em andamento, portanto, se limitou a esclarecer que referida questão se relaciona a discussão presente no Processo Administrativo n° 16.561.720.008/201212 (doc. n° 6), o que, aparentemente, satisfez a Fiscalização, que não mais questionou o assunto, deixando o interessado de apresentar as explicações e documentos pertinentes. 7. Caso o pleito de nulidade não seja aceito, requer o desmembramento do presente auto de infração em 3 (três) autos de infração autônomos, pois a complexidade e número de infrações num único auto, cerceia o seu direito de defesa. 8. Pleiteia a decadência do lançamento referente à glosa de despesas de amortização de ágio geradas em 9(nove) aquisições de participações societárias, ocorridas em 04/12/1999, 19/08/1998, 08/06/2005, 12/07/1999, 02/07/1999, 13/05/1999, 21/05/2001, 06/09/2000 e 29/08/2001, dado que o prazo decadencial deve ser contado a partir do momento em que o adquirente registra o ágio na aquisição do investimento, sendo que, no presente caso, se questionou sua dedutibilidade no anocalendário 2007 e a autuação lavrada em 27/11/2012 pretende tomar como fato gerador os efeitos produzidos por atos praticados e contabilizados em 1998 a 2005, em relação aos quais já ocorreu a decadência, sendo irrelevante para fins de contagem de prazo o fato de as operações produzirem efeitos futuros; transcreve acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. 9. O segundo argumento de decadência é que o prazo decadencial é contado da data em que ocorreu a conversão do ágio em ativo diferido porque: a) sendo o IRPJ e CSLL lançamentos por homologação, art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional CTN, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, a contagem do prazo decadencial é à partir do fato gerador e o auto lavrado em 27/11/2012 só poderia abranger os fatos geradores ocorridos até 27/11/2007; b) sendo o ágio diferença entre o valor pago pelas ações por parte da adquirente em relação ao valor proporcional do patrimônio líquido da adquirida, e se, posteriormente, a adquirente incorporar aquela primeira empresa, a adquirente não mais terá registro desse investimento em sua contabilidade – ela transferirá o patrimônio líquido da antiga investida, agora incorporada, para ao seu e o ágio que estava registrado em investimentos será baixado contra uma perda nas contas de resultado – essa dedutibilidade foi objeto da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, cujo art. 7º regulamentou que o ágio fundamentado na expectativa de rentabilidade futura da adquirida pode ser amortizado para fins fiscais em no mínimo 5 (cinco) anos, isto é, embora perda e o crédito fiscal tenha sido gerado no momento da incorporação, a sua dedutibilidade é nesse prazo, no mínimo, postergando o aproveitamento do direito pelo Fl. 11556DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.557 6 contribuinte; portanto, o prazo de decadência deve ser contado da data da incorporação porque: b.1) o lançamento fiscal que será homologado pelas autoridades fiscais ocorre no momento em que a perda é gerada (incorporação da adquirida pela adquirente), data em que o titular adquire o direito de amortização do ágio, tratandose de negócio jurídico perfeito e acabado; b.2) não existe norma específica que autorize as autoridades fiscais a contestarem ágios gerados há mais de cinco anos, nem condicionam a sua dedutibilidade à comprovação da origem através de livros e documentos, como o faz no caso dos prejuízos fiscais; b.3) uma autuação fiscal que pretenda contestar operações ocorridas há mais de cinco anos ofende ao princípio da segurança jurídica; b.4) no momento em que ocorre a efetiva amortização fiscal do ágio, as autoridades fiscais podem apenas contestar aspectos formais relacionados à sua dedutibilidade e acusa de errado o entendimento de que o prazo decadencial seja contado de cada amortização específica do ágio, porque se trata de mera dedução de uma riqueza fiscal que foi lançada e registrada em momento anterior, cabendo à fiscalização apenas verificar se a dedutibilidade atende aos requisitos mínimos da Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, isto é, mínimo de 1/60 por mês e outros requisitos formais; à pág. 3.259, apresenta tabela com as datas da incorporações que transformaram o ágio em ativo diferido e as datas que entende ocorreram as decadências; c) destaca que a fiscalização não tinha o direito de lhe exigir documentos relacionados a operações ocorridas há mais de 5 (cinco) anos, pois não estava obrigado a, em 2012, guardar documentos relativos a operações ocorridas em 1998 a 2005, anos estes e posteriores, inclusive, já também fiscalizados sem que a dedução dos ágios tivesse sido questionada; entende, que dessa forma, as amortizações de ágios que realizou foram homologadas pela autoridade fiscal, e transcreve acórdãos do CARF. Mérito. 10. Acerca das glosas de despesas de amortização de ágios, afirma que a fiscalização justificou com dois argumentos: a) que o contribuinte não provou o valor total pago na aquisição da participação societária e o montante de ágio da operação, porque não entregou os comprovantes de pagamento do preço – mas que todas operações se basearam em contratos e objeto de deliberações societárias, foram contabilizadas e registradas e divulgadas na mídia e destaca que a contabilidade faz prova a favor do contribuinte e o autuante não provou a inveracidade dos fatos; b) que fundamentação econômica de ágio na expectativa de rentabilidade futura das participações adquiridas, apuradas pelo método do fluxo de caixa descontado, apresentadas, não é correta, porque o contribuinte deveria proceder à avaliação dos ativos conhecidos da adquirida a valor de mercado, atribuir parte do ágio pago a essa maisvalia e, dessa forma, apenas o valor residual do eventual ágio poderia ser justificado com base na expectativa de rentabilidade futura e, sem apresentar nova avaliação ou questionar objetivamente os laudos, desconsiderouos; que o argumento do autuante se baseia em doutrina contábil, o que não se estende ao procedimento fiscal, mesmo porque a legislação fiscal não determina a prevalência de um fundamento econômico do ágio sobre outro e nem mesmo uma ordem de prioridade entre eles, aliás já objeto de decisões do CARF; explica que todas as empresas adquiridas atuavam no setor supermercadista, tal como o contribuinte, tratandose as aquisições de investimentos relevantes para o seu crescimento e para a consolidação da marca; afirma que demonstrou que grande parte das lojas adquiridas já foi encerrada e neste caso, só para argumentar, o valor alocado a essas lojas deveria ter sido considerado como uma perda definitiva dedutível, conforme art. 7º, § 3º, “b” da Lei nº 9.532, de 1997. a. Matcar Comércio de Alimentos e AutoServiços S/A anexa os docs. nº 7 a 14 e descreve o processo às páginas 3.268/3.271, em síntese, adquiriu os bens corpóreos e incorpóreos do supermercado da Comercial Matheus Vinhedo Ltda, pelo preço de R$4.500.000,00, por meio de aumento de capital que subsecreveu na empresa Matcar, a qual recebeu da Comercial Matheus os ativos do supermercado e por isso o preço foi aportado diretamente na Matcar; primeiramente, a Comercial Matheus subscreveu e integralizou da Fl. 11557DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.558 7 forma descrita, o capital da Matcar; posteriormente, o Carrefour aumentou o capital da Matcar no valor de R$4.500.00,00, mediante aumento de capital integralmente subscrito; em seguida, a Matcar foi cindida, retirandose a Comercial Matheus, restando o Carrefour como único quotista; que no laudo de avaliação do acervo líquido cindido da Matcar, o valor do patrimônio líquido (PL) da Matcar passou a ser R$1.642.154,53, que é o valor do PL na data da sua aquisição pelo Carrefour, em 02/10/2000; por isso, registrou o ágio de R$2.857.845,47 (4.500.000,00 – 1.642.154,53); destaca que o ágio pago está fundamentado em laudo preparado pelo HSBC, que avaliou a sociedade pelo método do fluxo de caixa descontado, em R$4.886.000,00; incorporada a Matcar pelo Carrefour, em 04/10/2000, o ágio antes registrado se tornou ativo diferido, passível de amortização fiscal nos termos dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997; b. Supermercados Planaltão Ltda – anexa os docs nº 15 a 25; descreve o processo às págs. 3.271/3.276: em síntese, foram duas aquisições, em 13/05/1999 e em 28/12/2000, tendo sido pagos R$83.300.000,00 no total; o Carrefour adquiriu participação acionária no Planaltão com ágio apurado em laudo preparado pelo Banco CCF Brasil; em seguida a Planaltão foi cindida e parte incorporada pela JJPA Empreendimentos e Participações Ltda, sócia daquele, restando a JJPA com 10% e o Carrefour com 90% de participação; em seguida o Carrefour transferiu aquelas ações à sua controladora Brepa; depois o Carrefour adquiriu os restantes 10% de participação da Planaltão, também com ágio apurado em laudo, cujo valor total nessas operações foi R$79.641.272,76; e, seguida, a Brepa transferiu ao Carrefour os 90% de ações da Planaltão que se encontravam sob sua propriedade, por meio de aumento de subscrição de capital do Carrefour; finalmente, a Planaltão foi incorporada ao Carrefour e o ágio registrado se tornou Ativo Diferido passível de amortização; essa aquisição foi divulgada em meios de comunicação e aprovada pelo CADE; c. Organização Mineira de Supermercados Ltda – OMS – anexa os docs nº 26 a 39; descreve que a OMS foi constituída em 12/1998, resultante da cisão parcial dos ativos da rede de supermercados ONSA; em 19/05/1999, os quotistas e o Carrefour firmaram Carta de Intenção estabelecendo que o Carrefour pagaria R$225.000.000,00 por 100% das quotas do OMS; em 29/05/1999, foi transformada em compromisso irrevogável e o Carrefour depositou de entrada R$10.000.000,00 acordados, em conta bloqueada tendo o Banco CCF Brasil S/A como agente fiduciário; em 12/07/1999, no Contrato de Compromisso de Venda e Compra de Ações outras Avenças, convencionouse que a OMS seria transformada em S/A e o aumento de capital seria subscrito pelo Carrefour; os demais pagamentos efetuados foram R$173.000.000,00 em cheque endossável na data da transferência das ações e R$42.000.000,00 depositados em conta bloqueada da OMS a serem liberados em 30 dias; em 18/07/1999 foi deliberado aumento de capital da OMS de R$225.000.000,00 integralmente integralizado pela Belopar, controlada pelo Carrefour e pela Brepa, a OMS foi cindida com incorporação desta parcela (R$363.000,00 de capital social e R$182.637.000,00 de reserva de ágio) pela Nova Empreendimentos e Participações Ltda, restando como única acionista a Belopar, com o PL remanescente de R$61.000.504,15 (conforme laudo em 18/07/1999, doc. 33) e registrando ágio de R$163.999.495,85, dado que investiu R$225.000.000,00 (com base no laudo do CCF Brasil, doc 34, que avaliou a OMS em R$227.859.000,00); em 20/12/1999, a Brepa aumentou o capital da Carrefour Administração e Participações Ltda (CarrPart), por meio da conferência da totalidade das quotas da Belopar que possuía, restando Fl. 11558DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.559 8 como acionistas da OMS o Carrefour (impugnante) e a Carrefour Participações (CarrPart); em 30/12/1999, a OMS incorporou sua controladora Belopar pelo valor contábil e o ágio antes registrado na Belopar, se tornou ativo diferido na OMS, passível de amortização fiscal; finalmente, em 01/01/2001, a OMS foi incorporada pelo Carrefour pelo valor contábil, e assumindo tal ágio amortizável; essa aquisição foi divulgada na imprensa e aprovada pelo CADE. d. Consensus Comércio Varejista de Produtos Alimentícios Ltda anexa os docs nº 40 a 54; descreve que a Consensus foi constituída em 14/04/2005; que foi combinado pelo impugnante e sócios da Consensus, aumento de capital desta para R$176.871.257,00, subscrito pelo sócio Sonae, na forma da marca BIG e outros ativos e obrigações e contratos, o que ocorreu em 15/06/2005; o Carrefour, também em 15/06/2005, adquiriu 100% das quotas da Consensus, por R$313.040.000,00, mais R$15.197.144,37; o Carrefour registrou o ágio (fundamentado em laudo pela KPMG, que avaliou em R$379.479.000,00 a Consensus em 30/06/2005) nesta operação, de R$151.365.887,37, dado que o PL da Consensus era R$176.871.257,00, pelo qual pagou R$328.237.144,3; em 05/12/2005, o Carrefour cedeu e transferiu 1 (uma) quota da Consensus, para sua controladora Brepa, restando então dois sócios, Carrefour 99% e Brepa 1% da Consensus Ltda; em 27/07/2006, a Consensus foi incorporada pelo Carrefour, quando o ágio registrado na aquisição passou a ser ativo diferido amortizável; essa aquisição foi divulgada na imprensa e aprovada pelo CADE. e. Newco Supermercados Rio Preto Ltda – anexa os docs. nº 55 a 63; descreve que foi constituída em 10/07/2001; 100% do capital foi adquirido pela Neufpar Participação Ltda (empresa cujo capital pertencia à Brepa e ao Carrefour) e pelo Carrefour, que adquiriu apenas 1 (uma) quota; a Neufpar pagou R$4.259.162,87, em 20/09/2001 e o Carrefour R$1,00; a Neufpar apurou ágio nesta aquisição de R$3.936.796,00, dado que o PL da Newco era R$322.366,87, em 20/09/2001; em 24/09/2001 a Neufpar foi incorporada pelo Carrefour, de forma que o ágio registrado na Neufpar passou a ativo diferido no Carrefour, passível de amortização; essa operação foi aprovada pelo CADE. f. 5239 Comércio e Participações – anexa os documentos nºs. 64 a 72; relata que se trata de empresa do grupo Lojas Americanas que recebeu, por meio de aumento de capital, todo o acervo líquido das 23 (vinte e três) lojas do grupo que seriam alienadas ao grupo Carrefour; tal acervo foi avaliado nessa data de 31/07/1998 em R$59.955.000,00; a aquisição pelo Carrefour se deu por meio da sua subsidiária Comptoirs Modernes S/A (francesa) ao preço de US$260.000.000,00 (R$326.534.000,00), com base em laudo do CCF Brasil elaborado com base no método de fluxo de caixa descontado, data base 21/10/1998; aditivo ao Contrato de Compromisso de Compra e Venda alterou a data da transferência das quotas para 31/10/1998 e a efetiva aquisição da participação societária acabou sendo efetivada pela Stoc Supermercados Ltda, cujo quotista principal é a Comptoir do Brasil, cujo quotista principal é a Comptoirs Modernes S/A; a Stoc apurou o ágio de R$266.579.000,00, dado que o PL da 5239 era de R$59.955.000,00; em 30/04/1999, a Comptoir Brasil foi incorporada pela Brepa e extinta, passando a Brepa a ser quotista principal da Stoc; também em 30/04/1999, outra quotista da Stoc cedeu à Brepa sua quotas e foi aprovada a incorporação da Stoc pelo Carrefour, pelo valor contábil e dessa forma o Carrefour sucedeu a Stoc em todos seus direitos e obrigações; em 30/04/1999, o Carrefour incorporou a 5239 a valor de livros e Fl. 11559DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.560 9 o ágio registrado no Carrefour passou a ser amortizável; a aquisição teve grande repercussão na mídia e foi aprovada pelo CADE. g. Sernamby Comércio de Alimentos e AutoServiços S/A – anexa os docs. nº 73 a 79; explica que esta empresa foi constituída por Orlando e Carlos Menelli e pela Supermercados Guri Ltda e recebeu em aumento de capital, os negócios que o Carrefour veio a adquirir; inicialmente firmaram Compromisso de Aquisição de Participação Societária e Outras Avencas, de aquisição de 100% da quotas da Sernamby pelo Carrefour por R$3.600.000,00; para tanto, em 12/06/2001, foi deliberado aumento de capital da Sernamby em R$3.600.000,00 subscrito pela Villepar Comércio de Alimentos e Auto Serviço Ltda, empresa controlada pelo Carrefour e por sua respectiva controladora Brepa (com base em laudo de avaliação econômicofinanceira pela SR Auditores e Consultores S/C avaliando a Sermanby em R$3.560.000,00; na mesma data, a Sernamby foi cindida com incorporação desta parcela pela Supermercados Guri (R$946.522,00 de capital social e R$3.373.776,56 de reserva de ágio), que se retirou da sociedade, remanescendo o PL de R$1.428.071,29, que é o valor contábil adquirido pela Villepar na operação, que apurou ágio de R$2.171.928,71, R$(3.600.000,00 () R$1.428.071,29); em 13/06/2001, a Sernamby foi incorporada pela Villepar, pelo valor contábil, passando o ágio a ser amortizável; finalmente, em 16/06/2001, a Villepar foi incorporada pelo Carrefour, que passou a ser detentor do ágio amortizável; a aquisição foi aprovada pelo CADE. h. CRL Comércio, Importação e Exportação S/A – anexa os docs. nº 80 a 89; celebrou em 02/07/1999, com os acionistas da CRL, Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda Condicional de Novas Ações e Outras Avenças, para adquirir 100 % das ações, pelo preço de R$90.000.000,00 (fundamentado em laudo de avaliação econômicofinanceira pelo Banco CCF Brasil, valor R$92.776.000,00 em 30/06/1999), via aumento de capital na CRL pelo Carrefour a ser pago R$3.000.000,00 em 07/06/1999, como antecipação, R$5.000.000,00 na data da assinatura, R$73.000.000,00 na assunção da gerência da CRL e R$9.000.000,00 depositados em conta bloqueada, liberados na transferência das ações; em 02/08/1999, Unibrás Alimentos Ltda aumentou o capital da CRL com os bens e direitos, a valores contábeis, que o Carrefour pretendia adquirir; em 02/08/1999, foi deliberado o aumento de capital social da CRL, em R$118.136.000,00 (R$851.000,00 de capital social e R$117.285.000,00 de reservas de capital) totalmente subscrito pela Saitpar Comércio, Administração e Participação Imobiliária Ltda, controlada pelo Carrefour e pela Brepa; em 03/08/1999, a CRL foi cindida e a parcela de R$2.500.000,00 de capital social e R$87.500.000,00 de reserva de ágio foram incorporadas pela Unibrás, que se retirou, passando a Saintpar a única acionista e o PL da CRL R$30.636.000,00 (capital social R$851.000,00, mais reserva de ágio R$29.785.000,00) valor contábil do acervo líquido adquirido; conseqüentemente, a Saintpar registrou ágio de R$87.500.000,00 (R$118.136.000,00 ()R$30.636.000,00); em 29/10/1999, a Brepa aumentou o capital social da CarrPart mediante a conferência da totalidade de ações da Saitpar, restando o Carrefour e o CarrPart como acionistas da CRL; em 29/12/1999, a CRL incorporou a Saitpar a valor dos livros e o ágio que a Saitpar registrava passou a ser ágio amortizável na CRL; finalmente, a CRL foi incorporada pelo Carrefour em 31/03/2001, a valor dos livros (conforme laudo de avaliação o ativo diferido era de R$87.500.000,00, valor apurado pela Saintpar), assumindo aquele ativo diferido amortizável; a aquisição foi objeto de noticiário e aprovada pelo CADE; Fl. 11560DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.561 10 i. RDC Supermercados Ltda – anexa os docs. nº 90 a 110, págs. 5.508/6.255; explica que esta empresa foi constituída pelos vendedores a fim de receber os negócios que o Carrefour veio a adquirir; a RDC primeiramente incorporou ao seu patrimônio parcelas cindidas das 3 redes de supermercados, Continente, Rainha e Dallas, no total de 38 lojas; no Compromisso de Aquisição Societária e Outras Avencas, Carrefour, em 04/12/1999, se compromete a adquirir 100% das ações da RDC; posteriormente, no 1º Aditivo, o Carrefour cedeu à sua controladora Brepa esse direito; a Brepa pagou R$664.837.252,00, conforme contratos e recibos de depósitos: R$25Milhões em 10/01/2000, R$150Milhões na data da transferência das ações e R$489.837.252,00 em contas bloqueadas dos vendedores, passando a única quotista; a Brepa apurou o ágio R$661.438.252,00, pois o PL da RDC era R$3.399.000,00 (conforme laudos de avaliação das parcelas cindidas das redes Continente(R$1.540.000,000, Rainha(R$950.000,00) e Dallas (R$900.000,00), somados aos R$9.000,00 de capital social inicial da RDC; explica que, do valor total do ágio R$640.671.840,73 foram com base na expectativa de rentabilidade futura (conforme laudo de avaliação pelo Banco CFF Brasil, valor R$688.038.,003,00) da RDC e R$20.766.411,27 diferença entre valor de mercado e contábil dos bens do ativo; em 05/09/2000, a CarrPart, uma das sócias da Rivierepar Participações Ltda, foi incorporada pelo Carrefour que passou a controlar a última, junto com a Brepa; em 01/10/2000, o capital social da Rivierepar foi aumentado para R$669.286.468,30, integralizado pela Brepa com o investimento na RDC, o que incluiu o ágio que a Brepa havia apurado (valores conforme laudo de avaliação do valor contábil); em 02/10/2000, a RDC incorporou a Rivierepar e neste momento, o ágio registrado pela Rivierepar em relação à RDC se tornou ativo diferido da própria RDC, passível de amortização fiscal e a RDC passou a ser diretamente controlada pelo Carrefour e Brepa; em 29/12/2000, a Brepa aumentou o capital do Carrefour (do qual também é acionista controladora) em R$728.134.633,55, dos quais R$654.850.445,45 correspondem a 100% das quotas da RDC; dessa forma, o Carrefour passou a único sócio da RDC; posteriormente, a RDC sofreu duas cisões sucessivas, em 01/01/2001 (R$142.136.152,44 de PL e R$112.331.958,50 de ativo diferido, sendo que em 28/12/2000, os vendedores reembolsaram R$13.119.000,00 devido a ajustes da cláusula 3.4, b.2 e c.2 do contrato de 04/12/1999) e 10/05/2002 (R$102.163.462,68 de PL e R$87.386.756,91 de ativo diferido), sendo as parcelas cindidas sucessivamente transferidas para o Carrefour, junto com a parte do ativo diferido correspondente; com isso, o Carrefour passou a registrar parte do Ativo Diferido anteriormente da RDC; em 30/09/2002, o restante do ativo diferido da RDC, no valor de R$427.834.125,32 foi transferido para o Carrefour por meio do Compromisso de Venda de Estabelecimentos Comerciais e Outras Avenças, na modalidade “porteira fechada”; demonstra que, nessa operação a RDC teve um ganho de R$5.801.877,60 em 30/09/2002; o Carrefour pagou R$376.951.818,00, conforme laudo de avaliação pela Bretãs, Garibaldi & Alonso Engenharia e Consultoria, data base 30/09/2002, referente aos 34 estabelecimentos então operados pela RDC; a partir de então, a RDC mudou seu objeto social para fomento mercantil, com nova razão social de RDC Foccar Factoring Fomento Comercial Ltda; após essas transferências, o Carrefour passou a registrar o ativo diferido de R$633.354.718,33 (112.331.958,50+ 87.386.756,91+ 427.834.125,32+ 5.801.877,60 – custo adicional para assumir o ativo diferido), passível de amortização fiscal; a aquisição foi objeto de noticiário e aprovada pelo CADE; Fl. 11561DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.562 11 11. Sobre glosa das despesas da linha 31 da Ficha 05 da DIPJ 2008/2007, autuadas na infração de não adição ao lucro real de provisões constituídas pelo contribuinte, afirma que a fiscalização entendeu que o contribuinte deduziu os saldos das contas contábeis 60001000 Provisão de PLR (no valor de R$ 10.305.429,12), 61540500 Multas não dedutível (no valor de R$ 59.135.386,80) e 7100000 TaxasCorpDiferida(PL)IFRS (no valor de R$ 53.625.344,90), para fins de apuração do IRPJ e da CSLL; e que, devido a esse entendimento equivocado, a fiscalização glosou essas despesas supostamente deduzidas no anocalendário 2007, sendo que o único argumento fiscal é de que esses valores não seriam passíveis de dedução, simplesmente por não decorrerem de provisões que figurem no rol taxativo dos artigos 335 a 339 do RIR, de 1999; e que, mesmo se não possuíssem natureza de provisões, sua dedutibilidade dependeria ainda de demonstração pelo contribuinte, por meio de documentos hábeis e idôneos, da ocorrência, usualidade e necessidade dessas despesas (art. 299 do RIR de 1999); aduz que a contabilidade faz prova a seu favor. a. Diz que a conta patrimonial 45000001 – Provisão de PLR (patrimonial) tem como contrapartida a conta 60001000 – Provisão de PLR, portanto, todo débito lançado na segunda, tem como contrapartida crédito na primeira e, no momento em que é apurado PLR a ser pago, esse valor é transferido da conta 45000001 para um “contas a pagar” patrimonial, ocorrendo o efeito da exclusão fiscal; devido a esse procedimento contábil, as contas de resultado já eram afetadas desde o início, mas o saldo da 45000001 – Provisão de PLR é integralmente adicionado ao lucro real, na linha 3, da Ficha 9A (que é igual à linha 32 da Ficha 05A na coluna parcelas não dedutíveis) e na linha 24 da Ficha 5A (docs nº 111 e 112) para fins de apuração de IRPJ e CSLL, o que também está demonstrado no saldo contábil do balancete doc nº 113; b. O saldo da conta de resultado 61540500 em 31/12/2007 foi R$65.579.596,03, lançada como despesa; para fins fiscais, foi adicionado ao lucro real na linha 19 da Ficha 5A e linha 3 da Ficha 9A (doc. Nº 114) o valor R$6.444.209,23 (fração daquele) e ainda R$198.630,31 de saldo da conta 61540500, totalizando a adição de R$6.642.839,54; a diferença entre R$65.579.596,03 e R$6.444.209,23, que é o valor R$59.135.386,80, glosado, foi adicionada na linha 24 da Ficha 5A e linha 3 da Ficha 9A, pela conta de provisão 33120000 (cuja movimentação anual foi R$1.994.015,01 e que é a contrapartida da conta de resultado 61540500); a abertura da linha 3 da Ficha 9A demonstra que os R$1.994.015,01 foram adicionados ao lucro real (doc. 115) e o doc. 116 e a planilha doc. 117 demonstram que inclui os R$59.135.386,80; também cita o balancete doc. 118. c. A conta de provisão 33120000 também é contrapartida de outras contas: 71000000 e outras, cujos saldos totalizaram R$206.875.167,54; quanto ao valor glosado de R$53.625.344,80 da conta 71000000, a movimentação foi análoga á da conta do item anterior; que o valor foi adicionada na linha 24 da Ficha 5A e linha 3 da Ficha 9A, pela conta de provisão 33120000, cuja movimentação anual foi R$1.994.015,01; que a abertura da linha 3 da Ficha 9A demonstra que os R$1.994.015,01 foram adicionados ao lucro real (doc. 115) e o doc. 116 e a planilha doc. 119 demonstram que inclui os R$53.625.344,80; também cita o balancete doc. 118. 12. Quanto à terceira infração, omissão de receitas devido à existência de saldos negativos nas contas de receitas de bonificações que teriam reduzido os saldos positivos de outras espécies de receitas de bonificações e, conseqüentemente, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, diz que a fiscalização lançou de ofício a receita no montante de R$435.166.020,94, que é a soma daqueles saldos negativos, considerando que foram criados artificialmente; explica que recebe dos seus fornecedores dois tipos de bonificações: “em dinheiro”, e “com descontos nas duplicatas” a pagar; as bonificações em dinheiro recebidas são contabilizadas como Fl. 11562DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.563 12 receitas de bonificações e sujeitas aos tributos incidentes; as bonificações com descontos, por sua vez, são de dois tipos: a. “Bonificações com Descontos em Geral”, que são redutoras do custo das mercadorias vendidas, não sendo consideradas receitas que se incorporem nas bases de cálculo do PIS e da Cofins; são temporariamente registradas como receita de bonificação (contas do grupo 53) e posteriormente debitadas contra a conta 70.290.400 – Receitas financeiras de bonificações, a qual é incorporada na base de cálculo do IRPJ e CSLL; b. e “Bonificações com Descontos decorrentes de Inserção Comercial”, decorrentes de exposição dos produtos dos fornecedores em materiais publicitários divulgados pelo requerente; são redutoras de passivos da requerente contra as agências de publicidade e veículos de comunicação; não se trata de receita sujeita a PIS, Cofins, IRPJ e CSLL; são temporariamente contabilizadas na conta 53.400.000Inserção Comercial e depois debitadas contra a conta 61.400.300 – Mídia Coop_repasse Fornecedores; portanto, há redução de uma receita, tendo como contrapartida a redução de uma despesa, não afetando a base de cálculo do IRPJ e CSLL. 13. A autuação de omissão de receitas se deu porque o fiscal constatou saldos negativos nas contas 53.100.000 – Bonificações Nacionais, 53.100.100 – Garantido Nacional, 53.200.000 Bonificação Margem Garantida e 53.400.000 Inserção Comercial, concluindo que saldos devedores dessas contas de receita em vários meses de 2007, reduziam a base de cálculo do IRPJ e CSLL; o litigante assevera que não há omissão de receita: a. Diz que os saldos negativos decorrem de equívoco de classificação contábil e não impactaram as receitas totais de bonificação, pois estas são reclassificadas como receita financeira; explica que o procedimento que adota é de sempre registrar as bonificações do tipo “Repasse Comercial” na conta 53.100.100Garantido Nacional (verbas incondicionais e de bonificação internacional), e sempre registrar as bonificações do tipo “CPVB FCO Preço e Margem Garantida” na conta 53.200.000 Margem Garantida; que, por esse motivo, após o registro das bonificações "Repasse Comercial" e "Ganho de Escala” nas Conta 53.100.100 e 53.200.000, respectivamente, o departamento responsável pelas bonificações instrui a contabilidade para: (i) debitar a Conta 53.100.100 (Garantido Nacional) o 53.200.000 (Margem Garantida); e (II) creditar a Conta 70.290.400 (Receitas Financeiras de Bonificação); afirma que, em 2007, a contabilidade se equivocou e, ao reclassificar as bonificações de “Repasse Comercial”, em vez de debitar 53.200.100–Margem Garantida (que ficou com saldo maior que o devido), debitou 53.100.100Garantido Nacional (que ficou com saldo negativo); junta o Doc. 120 (telas dos sistemas Controle de Bonificações e RecebimentosCBR); Doc. 121 valores debitados e creditados em cada conta de bonificação, grupo 53, que foram R$27.510.706,00 na conta 53.100.100 Garantido Nacional e R$33.788.142,00 na conta 53.200.000Margem Garantida; Doc. 122, bonificações “Repasse Comercial” no total de R$23.887.193,47; Doc. 123 bonificações recebidas de “CPVB FCP Preço e Margem Garantida”, do mês Janeiro/2007, no total de R$31.668.059,10; que o débito de R$55.545.253,00 (que é exatamente a soma das bonificações de “Repasse comercial” e de “Fco Preço e Margem Garantida”) na conta 53.100.100Garantido Nacional é que gerou o saldo negativo de R$32.077.181,00; afirma que equivoco semelhante ocorreu em outros meses de 2007, gerando os saldos negativos indevidos; b. e se impactassem, o que se admite apenas para argumentar, tal impacto seria neutro porque a contrapartida desses ajustes corresponde a (Doc. 124) balancete: Fl. 11563DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.564 13 i. uma receita financeira, que compõe o lucro líquido, conta 70.290.400 – Receitas financeiras de bonificação; ii. ou a redução de uma despesa, o que aumenta o lucro líquido, que é o caso das “Bonificações com Desconto decorrentes de Inserção Comercial”, que são temporariamente registradas na conta 53.400.000 – Inserção Comercial e posteriormente debitadas contra a conta 64.400.300 – Mídia CoopRepasse Fornecedores. c. aduz que foi alvo de auto de infração por ter a autoridade entendido que o requerente reduziu indevidamente a base de cálculo do PIS e Cofins, sendo que o requerente esclarece a correção dos seus procedimentos no processo 16561.720008/201212; e que os autuantes, no caso, reconheceram que os valores debitados nas contas de receita de código 53, tiveram como contrapartida a conta 70.290.400–Receitas Financeiras Incondic e as deduções na conta 53.400.000 Inserção Comercial, foram creditadas na conta de despesa 61.400.300–Mídia Coop.Repasse Forneced e 45.340.020 Propaganda Cooperada; o mesmo é reconhecido no Termo de Verificação e Encerramento do presente processo; por isso, deixa de requerer perícia, mas em caso contrário, requer perícia para provar que as contrapartidas não tiveram impacto no lucro líquido, evitando assim, dupla exigência de IRPJ e CSLL em relação ao valor da indevida omissão de receita autuada. 14. Reclama da impossibilidade de incidência de juros Selic sobre a multa; ainda que incidam os juros apenas sobre o valor dos tributos lançados, a fim de se garantir para o caso de um resultado desfavorável no julgamento deste feito, diz que, após a lavratura dos autos, a multa lançada passa a ser mensalmente atualizada com base na taxa Selic, o que não tem amparo na lei (art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996), nem no CARF e CSRF, mas no Parecer MF Cosit nº 218 de 02/04/1998; por isso, não podem ser cobrados juros sobre a multa de ofício proporcional 15. Aponta a improcedência dos juros Selic, conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ, que aponta real possibilidade de a taxa Selic vir a ser considerada inconstitucional para fins tributários; por isso consta a sua aplicação e requer que seja desconsiderada no cômputo do crédito. 16. Reclama da abusividade da multa de ofício de 75% aplicada,porque o art. 142 do CTN deixa claro que, apenas se e quando for o caso, a autoridade administrativa deverá propor a penalidade aplicável; que no presente caso, o requerente demonstrou que agiu em conformidade com a legislação societária e fiscal não sendo justa tal penalidade, que ultrapassa os limites da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser reduzida, conforme jurisprudência que transcreve; 17. Sobre a CSLL exigida, destaca que valem os mesmos argumentos de fato e de direito apresentados. 18. Destaca a necessidade de recomposição do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL, indevidamente compensados pela fiscalização, uma vez demonstrada a improcedência da autuação. 19. Conclui, repassando os argumentos relatados e, no caso de mantidas as autuações, Dedução indevida de Provisões e Omissão de Receitas de bonificações, requer conversão do julgamento em perícia para análise dos documentos referentes a: i) equívoco da não adição ao lucro real e à base de cálculo da CSLL das contas de provisão questionadas; ii) equívoco de classificação contábil das bonificações; e indica e nomeia o perito e relaciona quesitos à pág. 3.376. A 2ª Turma da DRJ em Curitiba, em análise da impugnação apresentada, julgoua procedente em parte, tendo o julgado recebido a seguinte ementa: Fl. 11564DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.565 14 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. PRAZO PARA IMPUGNAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. A legislação que rege o processo administrativofiscal determina que a impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência e a prova documental será apresentada na impugnação, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior. CERCEAMENTO DE DEFESA. AUTUAÇÃO EXTENSA E COMPLEXA. INFRAÇÃO INSUFICIENTEMENTE QUESTIONADA. Descabe qualquer alegação de cerceamento de direito de defesa, por ser extensa a matéria autuada, se o procedimento fiscal e intimações consumiram 1 (um ) ano, antes da ciência dos autos, e por alegação de que determinada infração foi questionada apenas superficialmente pelo autuante, se o contribuinte pode apresentar sua defesa na impugnação. AUTOS DE INFRAÇÃO. IRPJ. CSLL. MESMO PROCESSO. A legislação determina que as exigências de crédito tributário serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição e, se formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. AUDITORIA FISCAL. PERÍODO DE APURAÇÃO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA PARA CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VERIFICAÇÃO DE FATOS, OPERAÇÕES, REGISTROS E ELEMENTOS PATRIMONIAIS COM REPERCUSSÃO TRIBUTÁRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÕES. O fisco pode verificar fatos, operações e documentos, passíveis de registros contábeis e fiscais, devidamente escriturados ou não, em períodos de apuração atingidos pela decadência, em face de comprovada repercussão no futuro, isto é, na apuração de lucro liquido ou real de períodos não atingidos pela decadência; essa possibilidade delimitase pelos seus próprios fins, pois os ajustes decorrentes desse procedimento não podem implicar em alterações nos resultados tributáveis daqueles períodos decaídos, mas sim nos posteriores. PERÍODO FISCALIZADO. REEXAME. O fato de o contribuinte ter sido objeto de fiscalização em períodos anteriores ou o fiscalizado, não significa a homologação de todas as suas ações, nesses períodos, sendo que há previsão de eventual segunda fiscalização, devidamente autorizada. Fl. 11565DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.566 15 PERÍCIA. DESNECESSÁRIA. Indeferese o pedido de perícia, considerada desnecessária, por pretender imputar ao perito indicado a atribuição de julgador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 DEMONSTRATIVO FUNDAMENTADO DO ÁGIO. NÃO APRESENTAÇÃO. EXIGÊNCIA LEGAL. GLOSA DAS DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO. O valor do ágio, cujo fundamento econômico seja o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base na previsão dos resultados nos exercícios futuros, deverá ser demonstrado em documento que indique de forma clara e consistente a avaliação da empresa a valor presente, justificando o valor do ágio na aquisição de participação societária, e este demonstrativo deverá ser arquivado pelo contribuinte como comprovante da escrituração do ágio; se não apresentado como exige a lei, justificase a glosa das despesas de amortização do ágio registradas. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO PREMISSAS. Uma das premissas básicas para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7º, III, e 8º da Lei 9.532, de 1997, é o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, que deve ser comprovado com documentação hábil. REGISTROS CONTÁBEIS. PROVA. SE COMPROVADOS POR DOCUMENTOS HÁBEIS. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados, se comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. PROVISÕES. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na determinação do lucro real as provisões expressamente autorizadas na legislação. PROVISÕES INDEDUTÍVEIS. PROVA DA DEDUÇÃO. Mantémse a glosa de despesas operacionais de provisões indedutíveis, cuja adição ao lucro real e à base de cálculo da CSLL o contribuinte não logra comprovar. CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. ERRO DE CONTABILIZAÇÃO. Alegados erros de contabilização que resultaram em saldos devedores indevidos em contas de receitas devem se comprovados com documentos contábeisfiscais, sendo insuficientes listagens e demonstrativos. CONTAS DE RECEITA. SALDOS DEVEDORES. OMISSÃO DE RECEITA. Fl. 11566DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.567 16 Caracterizam receita omitida, saldos negativos de contas de receita, resultantes de deduções de valores superiores aos saldos existentes, se os alegados erros de contabilização não foram comprovados. LANÇAMENTO REFLEXO. CSLL Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o decidido no principal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 IRPJ. CSLL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Sendo o IRPJ e CSLL, apuração anual, lançamentos por homologação e aplicável o art. 150, § 4º do CTN, o lançamento fiscal de glosa de ágio indevidamente deduzido no anocalendário 2007, cientificado em 17/12/2012, não foi atingido pela decadência. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Aplicamse juros de mora por percentuais equivalentes à taxa Selic por expressa previsão legal. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. Em resumo, a decisão de primeira instância assim concluiu: não acolher as preliminares de nulidade e de decadência do lançamento, e indeferir o pedido de perícia; no mérito, julgar procedente em parte a impugnação relativa à glosa de dedução de ágio. Julgou procedentes as glosa das deduções indevidas de provisões para multas fiscais e da dedução de Provisão de Participação nos Lucros e ResultadosPLR, mantendo, contudo, a exigência relativa a omissão de receitas de bonificação. Decidiu ainda que não há incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. O contribuinte foi cientificado da decisão em 18 de outubro de 2013, uma sextafeira (fl. 6654), apresentando recurso voluntário de fls. 66556760 em 18 de novembro de 2013. Em síntese, a recorrente repisa seus argumentos apresentados em impugnação, requerendo a reforma da decisão recorrida na parte em que manteve a exigência, e o consequente cancelamento do crédito em litígio. Alguns pontos específicos tratados em seu recurso merecem ser reforçados. Para tanto, reproduzo as conclusões e os pedidos constantes do recurso: 441. Este Recurso Voluntário é tempestivo e deve ser integralmente apreciado e acolhido em suas preliminares, bem como nas razões de fato e de Direito, que demonstram a total improcedência desta exigência fiscal. 442. Em sede de preliminares: Fl. 11567DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.568 17 (i) Ficou demonstrado que a falta de questionamento da D. Fiscalização acerca da terceira infração imputada à Recorrente suposta omissão de receitas representa verdadeiro cerceamento do direito de defesa do contribuinte, tendo em vista que a Recorrente não teve nem a oportunidade de se manifestar a respeito do impacto dos saldos negativos das contas de Bonificações na apuração do IRPJ e da CSL. Esse fato, por si só, já seria o bastante para a declaração de nulidade do presente questionamento; (¡i) A quantidade e a complexidade das infrações imputadas pela D. Fiscalização à Recorrente, em um único Auto de Infração, prejudica de forma evidente o regular exercício do direito de defesa do contribuinte. Esse fato, por si só, também seria o bastante para a declaração de nulidade do presente Auto de Infração. Caso a nulidade não seja admitida, no mínimo, deveria ser assegurado o desmembramento do Auto de Infração em 3 (três) Autos de Infração autônomos; (iü) Foi demonstrado que todos os questionamentos da D. Fiscalização relativos à dedutibilidade das despesas de amortização dos ágios gerados nos anoscalendários de 1998 a 2005 encontramse fulminados pela decadência. Isso porque, o fato gerador da formação dos ágios que geraram as despesas de amortização deduzidas pela Recorrente, que corresponde à data das aquisições, ocorreu nos anoscalendários de 1998 a 2005, praticamente 14 (catorze) e 7 (sete) anos antes da lavratura do Auto de Infração que deu origem ao presente Processo Administrativo; (iv) Mesmo que a decadência acima não seja admitida, a Recorrente também demonstrou que o entendimento mais favorável às autoridades fiscais é no sentido le t,je o prazo decadencial para contestar operações que tenham gerado o direito à amortização fiscal do ágio deve ser contado da data em que ocorre a incorporação da Adquirida pela Adquirente (formação do ativo diferido), razão pela qual as operações em discussão neste Processo Administrativo, envolvendo incorporações realizadas nos anos de 1999 a 2006, só poderiam ser contestadas, respectivamente, de 2004 a 2011. Este entendimento está pautado nos seguintes argumentos: • É na data da incorporação que se verifica a perda que gera o direito à amortização fiscal do ágio. É a partir desse momento que o crédito fiscal ficará registrado na escrituração fiscal do contribuinte e poderá ser contestado pelas autoridades fiscais. Este entendimento está pautado em ampla jurisprudência deste E. CARF; • Diferentemente do caso de aproveitamento de prejuízos fiscais, não há norma específica que obrigue o contribuinte a comprovar a origem do ágio independentemente do prazo transcorrido entre a geração da perda e o seu aproveitamento fiscal; • Entendimento contrário ofende ao princípio da segurança jurídica, uma vez que, se determinado direito encontrase incorporado ao patrimônio de determinada pessoa jurídica por período de cinco anos sem qualquer oposição, não podem as autoridades fiscais pretender contestar a sua origem. Caso seja conferida essa prerrogativa às autoridades fiscais, abrese precedente perigosíssimo para a estabilidade das relações jurídicas e sociais; Fl. 11568DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.569 18 • O momento em que a perda é gerada (incorporação da Adquirente pela Adquirida) é diferente do momento em que ocorre a amortização fiscal propriamente dita. Enquanto no primeiro momento (incorporação das sociedades) iniciase o prazo decadencial para as autoridades fiscais contestarem as operações que deram causa ao ágio, no segundo momento iniciase o prazo decadencial para que as autoridades fiscais verifiquem se aquela despesa foi corretamente deduzida e se atende aos requisitos mínimos estabelecidos pela Lei 9.532/97 (mínimo de 1/60 por mês). Nesse segundo momento é permitida apenas a análise específica da dedutibilidade em si e não dos negócios jurídicos que deram origem ao crédito fiscal no passado. (v) Também preliminarmente, ficou demonstrada a impossibilidade de exigência de documentos relacionados às operações de aquisição com pagamento de ágio ocorridas nos anoscalendários de 1998 a 2005, tendo em vista que a Recorrente não era mais obrigada a guardar os documentos fiscais .elacionados a esses períodos, em razão, inclusive, da decadência do direito do Fisco; 443. No mérito, restou comprovado que o entendimento da D. Fiscalização, ao analisar os fatos narrados no presente Recurso Voluntário e imputar as 3 (três) infrações à Recorrente, foi completamente equivocado. 444. Nas razões do Direito relacionado à primeira infração glosa das despesas de amortização fiscal de ágio: (i) A Recorrente demonstrou e comprovou de forma satisfatória o valor total pago nas aquisições e os montante dos ágios reconhecidos nas 7 (sete) operações questionadas pela r. Decisão recorrida (5239, Consensus, CRL, Planaltão, Sernamby, Mateare Newco); (ii) Todas as operações estavam baseadas em contratos firmados entre as partes envolvidas e, quando necessário, foram objeto de deliberações societárias nas empresas interessadas. Além disso, as operações foram devidamente contabilizadas e registradas, tendo, inclusive, sido objeto de reportagens veiculadas pela imprensa; (iii) A Recorrente demonstrou também que a contabilidade faz prova em seu favor, conforme estipulado pela legislação tributária e reconhecido pela jurisprudência administrativa, de forma que cabe à D. Fiscalização a prova da inveracidade dos fatos. Em razão disso, não é procedente a mera desconsideração dos documentos apresentados pela Recorrente sem qualquer prova em contrário por parte das D.D. Autoridades Fiscais; (iv) A legislação tributária, pelo artigo 385, parágrafo 3º, do RIR/99 apenas exige que, caso o ágio seja baseado na expectativa de rentabilidade futura da sociedade, o contribuinte deverá arquivar uma demonstração desse fundamento como comprovante da escrituração. Isso foi feito pela Recorrente nas 7 (sete) aquisições questionadas no presente Processo Administrativo; (v) Já quanto ao segundo argumento trazido pela D. Fiscalização, no sentido de que a Recorrente deveria ter procedido a uma avaliação dos ativos conhecidos das sociedades adquiridas, a valor de mercado, e então atribuir parte do ágio pago à maisvalia e alocar apenas a parcela residual à expectativa de rentabilidade futura, também restou demonstrada a ilegalidade dessa exigência presente no Auto de Infração. Inclusive, a própria r. Decisão recorrida, de forma ce, .da, reconhece que a premissa utilizada para D. Fiscalização não poderia ser admitida por falta de fundamento legal no seu questionamento; Fl. 11569DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.570 19 (vi) A Recorrente demonstrou que o ágio pago pelo Grupo Carrefour foi efetivamente fundamentado na expectativa de rentabilidade futura das 7 (sete) sociedades, conforme se depreende dos laudos de avaliação econômicofinanceira. Inclusive, vale mencionar que a legislação tributária, quando trata da documentação de suporte do ágio reconhecido pelo contribuinte, não faz menção a laudo ou a qualquer formalidade essencial ao documento; (vii) Além disso, ficou também demonstrado que o questionamento de um laudo técnico precisa ser baseado em outro laudo técnico, tendo em vista que, em matéria de prova, as autoridades fiscais somente podem desconsiderar uma prova técnica se trouxerem uma outra prova técnica que demonstre a incorreção ou a deficiência da prova apresentada pelo contribuinte. É exatamente por isso que meros comentários que pretendam desacreditar os laudos de avaliação (tal como os comentários feitos pela D. Fiscalização e pela r. Decisão recorrida) não devem ser levados em consideração; (viii) Portanto, a Recorrente demonstrou que a glosa das despesas de amortização dos 7 (sete) ágios pagos pelo Grupo Carrefour não merecem prosperar, tendo em vista que os procedimentos adotados pela Recorrente estão de acordo com a legislação fiscal em vigor, com a jurisprudência administrativa recente e a mais autorizada doutrina que trata sobre o tema; (ix) Por fim, a Recorrente demonstrou que grande parte das lojas adquiridas nas diversas aquisições já foi encerrada. Neste caso, ainda que, ad argumentandum, os valores investidos não tivessem sido desdobrados em valor de investimento e ágiorentabilidade, evidentemente que todo o valor investido seria custo de aquisição dessas lojas. Neste caso, quando do encerramento das lojas, o valor alocado a essas lojas deveria ser considerado como uma perda definitiva, dedutível para a Recorrente, nos termos do que estabelece o parágrafo terceiro, alínea (b), do artigo 7º da Lei 9.532/97. 445. Nas razões do Direito relacionado à segunda infração suposta não adição ao lucro real de provisões específicas constituídas pela Recorrente: (i) Foi demonstrado, de forma detalhada, que todos os saldos questionados pelo Auto de Infração não produziram quaisquer efeitos fiscais em favor da Recorrente, tendo em vista que os saldos questionados das contas 60001000, 61540500 e 7100000 foram devidamente adicionados ao lucro real da Recorrente, tendo sido levados em consideração para fins de apuração de IRPJ e CSL. A neutralidade fiscal desse procedimento foi, inclusive, atestado por Parecer Contábil (doe. n° 5) anexado ao presente Recurso Voluntário; (ii) Diante dessa premissa, que foi ignorada pela D. Fiscalização na análise dos fatos e documentos apresentados pela Recorrente, há 3 (três) argumentos principais que demonstram a ilegitimidade da segunda infração: • O primeiro é que os referidos saldos questionados das contas contábeis não foram deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSL apurados pela Recorrente no ano calendário de 2007. Esses saldos produziram apenas efeitos contábeis, para fins de apuração do lucro líquido, de forma que foram tributados pela Recorrente no anocalendário de 2007. O presente questionamento das D.D. Autoridades Fiscais representa verdadeiro confisco, já que pretende exigir valores indevidos ao tributar despesas que não foram deduzidas da base de cálculo do IRPJ e da CSL; Fl. 11570DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.571 20 • O segundo argumento é que, independente do procedimento contábil adotado pela Recorrente, o importante é que tal procedimento não produziu qualquer efeito fiscal. Assim, é notório que meros procedimentos contábeis não podem ser invocados pela D. Fiscalização para gerar direitos ou deveres; • O terceiro argumento é que a Recorrente demonstrou pela sua contabilidade que os saldos das contas contábeis sob questionamento não foram deduzidos para fins de IRPJ e CSL. A aplicação do artigo 923 e 924 do RIR/99 estabelece que os registros contábeis fazem prova a favor da Recorrente, devendo as autoridades fiscais fazer prova da inveracidade dos fatos. Essa prova em contrário não foi feita pela D. Fiscalização no caso discutido no presente Processo Administrativo. 446. Nas razões do Direito relacionado à terceira infração suposta omissão de receitas: (i) Restou comprovado que determinadas contas de receita encontramse com saldo devedor em razão de mero equívoco de classificação contábil. Isso porque, quando da transferência de determinadas bonificações das respectivas contas de receita de bonificação para a conta n° 70.290.400 (Receitas Financeiras de Bonificação), a Recorrente indevidamente debitou as Contas 53.100.000 (Bonificações Nacionais), 53.100.100 (Garantido Nacional) e 53.200.000 (Bonificação Margem Garantida), quando deveria ter debitado contas distintas; (ii) Como resultado deste fato: (a) os saldos das contas de bonificação que deveriam ter sido debitadas permaneceram superiores aos saldos que deveriam ter sido apurados; e (b) os saldos das contas que foram debitadas (Contas 53.100.000 Bonificações Nacionais 53.100.100 Garantido Nacional e 53.200.000 Bonificação Margem Garantida) ficaram devedores; (iii) O mero equívoco de classificação contábil não gerou qualquer lesão ao Erário, uma vez que a receita total consolidada (sujeita à incidência do IRPJ, CSL, PIS e COFINS) não é modificada. De fato, os valores positivos das contas que deveriam ter sido reduzidas (em razão do débito à conta de receita financeira de bonificação) compensam os valores devedores nas outras contas de receita. Portanto, não há qualquer irregularidade e o Auto de Infração deve ser cancelado neste ponto; (iv) Caso entendase que os saldos negativos reduziram o total das receitas de bonificação da Recorrente, o que se admite apenas para argumentar, a Recorrente demonstrou que este impacto seria neutro para fins de IRPJ e CSL, uma vez que a contrapartida destes ajustes é: (a) uma receita financeira, que compõe o lucro líquido; ou (b) a redução de uma despesa, que aumenta o lucro líquido em razão da redução de despesas dedutíveis; (v) O tratamento contábil dos débitos das bonificações é reconhecido expressamente pela D. Fiscalização. Caso não seja reconhecida a neutralidade deste tratamento contábil, requerse a realização de perícia contábil para comprovar que as contrapartidas dos débitos efetuados às contas de Bonificações com Descontos foram as contas 70.290.400 (Receitas Financeiras de Bonificação) e 61.400.300 (Mídia Coop Repasse Fornecedores), sem impacto no lucro líquido da Recorrente; e (vi) Em conclusão, restou comprovado que, caso a presente exigência seja mantida quanto à questão da suposta omissão de receita, haverá flagrante dupla exigência de IRPJ e CSL sobre a mesma grandeza (bis in idem), o que não pode ser admitido. Fl. 11571DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.572 21 447. Ainda que o presente questionamento pudesse ser considerado procedente, o que se admite para argumentar, a multa de 75% aplicada pela D. Fiscalização é desproporcional à suposta infração cometida pela Recorrente, devendo ser reduzida para um valor mais justo e adequado à sua conduta. [...] 451. Dessa forma, requerse seja o presente Recurso Voluntário integralmente provido, com o objetivo de reformar a r. Decisão recorrida e cancelar integralmente o Auto de Infração, juntamente com as penalidades e juros aplicados, com o consequente arquivamento do Processo Administrativo. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões de fls. 11.45511.491. É o relatório. Fl. 11572DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.573 22 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 18 de outubro de 2013, uma sextafeira (fl. 6654). Assim, o início da contagem do prazo se deu em 21 de outubro de 2013 (uma segundafeira, primeiro dia útil após a ciência). Por consequência o prazo fatal para apresentação do recurso voluntário se deu no dia 19 de novembro de 2013. Tendo o contribuinte apresentado recurso voluntário de fls. 66556760 em 18 de novembro de 2013, o mesmo mostrase tempestivo. Preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade do recurso, dele, portanto, tomo conhecimento. O Presidente da 2ª Turma da DRJ em Curitiba recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03/01/2008, haja vista que no julgamento dos autos do qual resultou o acórdão nº 0642.393 julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada, exonerando o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço também do recurso de ofício. 2 RECURSO DE OFÍCIO 2.1 DOS ÁGIOS CUJA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO FOI JULGADA PROCEDENTE – OMS E RDC Em ambas as operações, a amortização do ágio foi questionada pela autoridade lançadora quer por suposto vício nos laudos apresentados (não haveria avaliação dos bens a valor de mercado, mas tão somente a avaliação quanto à rentabilidade futura), quer por ausência da comprovação do pagamento efetivo do ágio. Sendo esses os questionamentos que embasam a exigência, a turma julgadora a quo, em primeiro lugar, afastou a questão apontada em relação aos laudos: [...] contudo, o critério contábil de que o ágio deve se compor de ágio de avaliação dos ativos a preço de mercado e o restante como expectativa de rentabilidade futura, não era previsto na legislação tributária aplicável aos anos em que ocorreram as apurações dos ágios e nem mesmo ao ano 2007, não se podendo desconsiderar os laudos com base nessa premissa. Em relação a tal ponto, também crucial em relação ao recurso voluntário, corroboro do entendimento da decisão recorrida, e também aduzido pela Recorrente, de que a necessidade de avaliação a valor de mercado dos bens do ativo somente passou a ser exigido após a edição da Lei nº 12.973/2014. Tratandose de fatos geradores ocorridos em 2007, sequer Fl. 11573DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.574 23 vigiam as alterações trazidas pela Lei nº 11.638/2007 que passaram a prever novas regras contábeis a partir de 2008. Ressaltase ainda que a Lei nº 11.941/2009, em seus artigos 15 a 24, instituiu o denominado Regime Tributário de Transição – RTT, tratando dos ajustes tributários decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei nº 11.638/2007, e pelos arts. 37 e 38 da própria Lei nº 11.941/2009, sendo que o RTT teria início já no ano calendário de 2008 e vigeria até a entrada em vigor de lei que viesse a disciplinar os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis, buscando a neutralidade tributária. Com o intuito de manter a neutralidade tributária, buscavase, justamente, que fossem aplicadas as regras tributárias e contábeis vigentes até 31/12/2007 para cálculo dos tributos federais. E, nesse cenário, não há dúvida: a questão atinente à formação e amortização de ágio deveria se dar de acordo com as normas então vigentes. E, nesse particular, vigia o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598/77, base legal do art. 385 do RIR/99, a seguir reproduzido: Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 2º): I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Em suma, não havia a obrigatoriedade de, em primeiro lugar, fazer a avaliação dos ativos a valor justo para então se quantificar a rentabilidade futura do investimento. A necessidade de avaliação dos ativos a valor justo somente foi criada, para fins contábeis, com a edição da Lei nº 11.638/2007 (efeitos a partir de 01/01/2008), e, para fins tributários, com o advento da lei nº 12.973/2014. Tratandose de fato gerador ocorrido no ano calendário de 2007, vigiam as normas que, como visto, desdobravam o custo de aquisição com base no patrimônio líquido e ágio/deságio, sendo que tal mais valia, ou menos valia, deveria estar fundamentada em: I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade, ou; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, ou; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Não é demais relembrar que absolutamente todos os casos analisados por esta turma na vigência do art. 20 do DecretoLei nº 1.598/77 classificaram o ágio em um dos Fl. 11574DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.575 24 fundamentados permitidos pela lei, jamais em dois ou mais deles, não sendo tal matéria jamais questionada nos procedimentos fiscais em questão. Por fim, cumpre ressaltar que toda fundamentação teórica contida no Termo de Verificação Fiscal referese aos novos contornos contábeis e fiscais advindos a partir da edição da Lei nº 11.638/2007, a qual, como já esclarecido, não se aplicava ao período de ocorrência do fato gerador no caso concreto. A própria Receita Federal possui tal entendimento, conforme pode se observar na Solução de Consulta Cosit nº 3, de 22 de janeiro de 2016: 28. Ainda com relação às novas regras contábeis, introduzidas no ordenamento jurídico pátrio pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pelos arts. 37 e 38 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, cabe lembrar que tais regras não influenciam a apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL da Consulente, uma vez que essa estava, à época da aquisição da participação societária, obrigada ao Regime Tributário de Transição (RTT). Deste modo, serão consideradas, para fins de apuração do ágio amortizável no caso objeto desta consulta, as regras tributárias vigentes em 31 de dezembro de 2007, sendo os ajustes na escrituração contábil da Consulente efetuados através do Controle Fiscal de Transição – FCONT, instituído pela Instrução Normativa RFB nº 949, de 16 de junho de 2009. Na mesma Solução de Consulta Cosit nº 3/2016, a RFB esclarece que, antes da edição da Medida Provisória nº 627/2013 (convertida na Lei nº 12.973/2014), os fundamentos para justificar o ágio não eram sobrepostos, mas sim excludentes entre si. Veja se: 62. Relativamente aos fundamentos econômicos do ágio apurado na aquisição de participação societária, considerando a legislação fiscal anterior às alterações trazidas pela Medida Provisória nº 627, de 2013, convertida na Lei nº 12.973, de 2014, esses estão exaustivamente relacionados no § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, já transcrito acima. Em síntese, o adquirente da participação societária, que paga um preço superior ao valor do patrimônio líquido à época da aquisição deve justificar e comprovar esse ágio com base em três fundamentos, a saber: a) diferença entre o valor de mercado de bens do ativo da investida e seu valor contábil; b) expectativa de rentabilidade futura; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. 63. A legislação não determina uma ordem a ser seguida, mas a interpretação literal do texto legal permite concluir que esses três fundamentos não são sobrepostos entre si, ao contrário, são excludentes entre si. Luis Eduardo Schoueri trata dessa questão, ao analisar os incisos do § 2º do art. 385 do RIR/1999: Em síntese, enquanto nas hipóteses dos incisos I e III se procura avaliar, exclusivamente, o investimento por conta de seus ativos (contabilizados ou não), o inciso II busca antecipar os lucros a serem gerados pelo empreendimento, remunerando o vendedor. Nos Fl. 11575DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.576 25 primeiros, o comprador paga o preço por algo que ele recebe, no ato; no último caso, o preço contempla algo que se espera venha a ser concretizado. (Schoueri, Luís Eduardo. Ágio em reorganizações societárias (aspectos tributários). São Paulo, Dialética, 2012. p.27) 64. Desta forma, não cabe o entendimento da Consulente de que a fundamentação do ágio é de livre escolha do contribuinte. Ademais, a “alocação” dependerá do demonstrativo a que se refere o § 3º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, o qual deve apontar as verdadeiras razões que justificam o pagamento do ágio pelo Comprador. 65. Nesse mesmo sentido discorre Heleno Taveira Torres: Esta eleição do fundamento econômico, como se pode dessumir, não é uma faculdade do investidor, uma liberalidade. Tratase de uma evidente obrigação imputada ao titular do ágio, pelo § 2º, do art. 20, do Decretolei nº 1.598/77. Não basta, porém, indicar o fundamento econômico que motivou o surgimento do ágio. Imperioso será a sua demonstração por provas cabais da sua verificação. Necessário demonstrar, mediante provas coerentes e adequadas, a justificativa daquele que fora indicado. E a importância desta opção é inequívoca, pois, como bem observa Edmar Oliveira, "determinará o regime contábil e tributário a que aquela parcela (o ágio) será submetida, entre os diversos regimes existentes”(Torres, Heleno Taveira. O ágio fundamentado por rentabilidade futura e suas repercussões tributárias. Em: http://www.fiscosoft.com.br/a/5wy8/oagiofundamentadopor rentabilidadefuturaesuasrepercussoestributariashelenotaveira torres. Acesso em: 24/04/2015) [...] 69. Aplicase na determinação dos fundamentos econômicos do ágio o princípio da especialidade, o qual determina que a norma especial prefere à norma geral. Se dentre uma série de hipóteses legais existe uma cuja descrição se subsume melhor ao caso específico do contribuinte, é ela que deve ser aplicada. Por outro lado, a decisão recorrida aborda outros vícios em relação ao laudo: (i) a ressalva feita pelos avaliadores de que não respondiam pelas informações fornecidas pelos interessados, e (ii) as sociedades adquiridas pelo Grupo Carrefour, ao contrário do indicado nos laudos apresentados, teriam apresentado prejuízos em curto espaço de tempo. Talvez por um lapso, mesmo apontando tais vícios, a decisão recorrida deu provimento ao recurso voluntário para cancelar as glosas de amortizações referentes aos ágios nas aquisições de OMS e RDC. Por essas razões, a PGFN requereu em suas contrarrazões que o recurso de ofício fosse provido. De toda forma, e considerandose que tal entendimento repercute também em quase todos os demais ágios discutidos em sede de recurso voluntário, deixo claro que, a meu sentir, tais vícios apontados pela decisão recorrida não prosperam. A questão atinente à ressalva feita pelos avaliadores de que não respondiam pelas informações fornecidas pelos interessados é praxe em todo e qualquer laudo de avaliação. Fl. 11576DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.577 26 Caso tal objeção fosse válida, creio que até hoje nenhum caso envolvendo amortização de ágio julgado nesta Corte Administrativa teria sido validado. No tocante aos prejuízos apurados pelas adquiridas de Carrefour logo após as operações realizadas, contrariando as previsões apostas nos laudos de avaliação, de igual modo, não se pode descaracterizar o ágio em razão de o lucro projetado, efetivamente, não ter efetivamente ocorrido, ainda mais se considerando somente os primeiros períodos após a aquisição, como fez constar a decisão recorrida, e não todo o período a que se refere o fluxo de caixa descontado. Ademais, a configuração do ágio há de ser feita no momento da aquisição do investimento, e de sua amortização, no momento da extinção do investimento, não podendo analisarse a dedutibilidade da amortização do ágio realizada no passado com base no ocorrido no futuro. Ou a despesa é dedutível no momento em que incorrida, com os elementos disponíveis naquele momento, ou não o é, não podendo ficar ao alvedrio de variáveis futuras, exceto quando a lei assim o prevê, como no caso das perdas em recebimento de créditos. O fato de os lucros não se confirmarem no futuro, de maneira alguma, pode desnaturar a idoneidade dos laudos apresentados. Na ausência de elementos concretos de falsidade ou vícios efetivos nos laudos, não há como descaracterizálos. Ademais, como bem colocado pela Recorrente, tais matérias adicionais referentes ao laudo de avaliação sequer foram abordadas pela autoridade lançadora, o que, por conseguinte, caracteriza inovação do lançamento, procedimento vedado aos órgãos julgadores, como bem determina o § 3º do art. 18 do Decreto nº 70.235/72: Art. 18. [...] § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. Esclareço, contudo, que deixo de declarar a nulidade de tal decisão em razão de, no mérito, a decisão ser favorável à Recorrente em relação à amortização dos ágios de “OMS” e “RDC”, conforme discorro a seguir. Quanto à necessidade de comprovação do efetivo pagamento do ágio para que possa haver sua amortização, como bem asseverado pela decisão recorrida, esta turma julgadora, inclusive nesta composição atual, já firmou seu entendimento sobre tais pressupostos: (i) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; (ii) a realização das operações originais entre partes não ligadas; (iii) seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura; (iv) tenha havido real extinção do investimento mediante confusão patrimonial entre investida e investidora, sem interposição de empresa veículo. Especificamente em relação aos ágios de “OMS” e “RDC”, concluiu a decisão recorrida que houve comprovação do efetivo pagamento do ágio. Vejase: c. OMS: Fl. 11577DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.578 27 i. Doc nº 28, em 28/05/1999, págs. 4.088/4.098, Contrato de Depósito entre Carrefour e OMS, tendo como intervenientes Banco CFF Brasil S/A, e os vendedores; nessa data o Carrefour deposita R$10Milhões na conta bloqueada, cópia do cheque de depósito – esta cópia de cheque emitido pelo Carrefour, nominal a OMS, em 28/05/...., no contexto do contrato retro, é aceita como comprovação do pagamento deste valor; ii. Doc nº 30, págs. 4.117/4.118, cópias de depósito pelo Carrefour para a OMS de R$6.000.000,00 e R$167.000.000,00, datados 19/07/1999 – estas cópias de cheques emitidos pelo Carrefour e pela Brepa, respectivamente, nominais à OMS, em 19/07/1999, são aceitas como comprovação; iii. Doc nº 31, em 19/07/1999, págs. 4.119/4.128, conta caução bloqueada até o Closing, constituída pelo Carrefour em nome da OMS, tendo como interveniente o Banco CCF Brasil S/A; cópia de depósito R$42.000.000,00 datado 19/07/1999 – esta cópia de cheque emitido pelo Carrefour, nominal a OMS, em 19/07/1999, é aceita como comprovação do pagamento deste valor; iv. [...] g. RDC – No Compromisso de Aquisição, o Carrefour, que cedeu o direito de compra à sua controladora Brepa, avençou o preço: Compro vantes Págs. Valor Descrição Detalhamento Beneficiário BcoAgêccch Recibo 5.595/5.596 25.000.000,00 Unib0352...100243 2.500.000,00 Manoel Lopes da Cunha Fava Unib0352...100244 2.500.000,00 Antonio Lopes da Silva Cunha Unib0352...100245 10.000.000,00 Joaquim Lopes da Cunha Fava Unib0352...100248 3.750.000,00 Maria Margarida Dias da Costa Cunha Unib0352...100249 3.250.000,00 Manoel Carlos Alves da Cunha Unib0352...100246 1.500.000,00 Mario José Pereira Matias Unib0352...100247 1.500.000,00 Marinilza Alves Cunha Matias Recibo 5.597/5.598 150.000.000,00 BCN0189...46 5.800.000,00 Joaquim Lopes da Cunha Fava BCN0189...45 4.200.000,00 " BCN0189...2 10.000.000,00 " BCN0189...3 10.000.000,00 " BCN0189...4 10.000.000,00 " BCN0189...5 10.000.000,00 " BCN0189...19 10.000.000,00 Antonio Lopes da Silva Cunha BCN0189...20 5.000.000,00 " BCN0189...21 5.000.000,00 " BCN0189...22 5.000.000,00 " BCN0189...48 7.500.000,00 Manoel Lopes da Cunha Fava BCN0189...47 2.500.000,00 " BCN0189...26 10.000.000,00 " BCN0189...27 10.000.000,00 " BCN0189...28 10.000.000,00 " BCN0189...29 10.000.000,00 " BCN0169...50 1.500.000,00 Mario José Pereira Matias BCN0169...49 3.500.000,00 " Fl. 11578DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.579 28 BCN0169...41 1.312.500,00 " BCN0189...35 5.000.000,00 Marinilza Alves Cunha Matias BCN0189...36 1.312.500,00 " BCN0189...30 10.000.000,00 Manoel Carlos Alves da Cunha BCN0189...31 2.375.000,00 " Contrato e Recibo Banco Safra S/A 5.599/5.608 106.755.716,00 BCN0189...23, 18, 6, 9, 34, 39, 40 ...01500027891... ...006000350261... ...006000350288... ...006000350270... ...006000350296... Contr de Depós Bco CCF Brasil 5.609/5690 230.081.537,00 117.964.870,00 20.000.000,00 3.350.000,00 40.000.000,00 5.416.667,00 40.000.000,00 3.350.000,00 Compor Depós 5.691 148.000.000,00 Unib0300 45.000.000,00 Joaquim Lopes da Cunha Fava 25.000.000,00 Manoel Carlos Alves da Cunha 45.000.000,00 Joaquim Lopes da Cunha Fava 12.500.000,00 Mario José Pereira Matias 8.000.000,00 Antonio Lopes da Silva Cunha 12.500.000,00 Mario José Pereira Matias Recibos devolução ao Carrefour 5.694/5.698 13.119.000,00 6.302.020,00 3.103.980,00 1.856.500,00 928.250,00 928.250,00 TOTAL PAGO 646.718.253,00 159. Resumemse a seguir os valores dos pagamentos de aquisições com ágio considerados comprovados: Empresa adquirida pagtos comprovados PL adquirido ágio comprovado ágio pretendido % reconhecido OMS 225.000.000,00 61.000.504,15 163.999.495,85 163.999.495,85 100% RDC (*) 646.718.253,00 3.399.000,00 622.552.841,73 640.671.840,73 97% (*) R$20.766.411,27 ágio valor de imobilizado a preço de mercado Fl. 11579DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.580 29 Assim sendo, uma vez comprovado o efetivo pagamento do ágio, e ultrapassada a questão dos vícios apontados nos laudos, nego provimento ao recurso de ofício em relação à amortização dos ágios provenientes de OMS e RDC. 2.2 DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Para a turma julgadora de primeira instância, não pode haver incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Observase, inicialmente, que a questão tem sido objeto intenso debate pela Câmara Superior, haja vista que, num lapso de poucos meses, ocorreram votações em sentidos opostos, ambos decididos por maioria apertada de votos, como se verifica dos acórdãos n° 910100539, de 11/03/2010, e n° 910100.722, de 08/11/2010. Abstraindose de argumentos finalísticos, como o enriquecimento ilícito do Estado, os quais fogem à alçada deste tribunal administrativo, conforme determina a Súmula CARF n° 2, expõese os fundamentos considerados suficientes para justificar a cobrança nos presentes autos, com espelho no acórdão n° 910100539, de 11/03/2010, de lavra da Conselheira Viviane Vidal Wagner: O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Fl. 11580DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.581 30 Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, convertese em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacouse) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago''" (§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, , compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Fl. 11581DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.582 31 Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1°A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2°O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3°A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO OBRIGAÇÃO PRINICIPAL A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o Fl. 11582DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.583 32 pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei n° 9.065, de 1995. No âmbito do Poder Judiciário, a jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07). Fl. 11583DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.584 33 No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, de observância obrigatória pelo colegiado, por força de norma regimental (art. 72 do RICARF), nos seguintes termos: Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No que se refere ao período de 01/01/1995 a 31/12/1996, sustentam alguns que o Parecer MF/SRF/Cosit nº 28/98 teria deixado claro não ser exigível a incidência de juros sobre a multa de ofício tendo em vista as disposições do inciso I, do art. 84, da Lei nº 8.981/95. O mencionado Parecer, ainda que conclua pela incidência dos juros sobre a multa de ofício para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, de fato manifestase nos termos dessa tese. Entretanto, constatase que o referido Ato Administrativo não levou em consideração a alteração legislativa trazida pela MP nº 1.110, de 30/08/95, que acrescentou o § 8º ao art. 84, da Lei 8.981/95, e que estendeu os efeitos do disposto no caput aos demais créditos da Fazenda Nacional cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da Procuradoria da Fazenda Nacional. Cumpre esclarecer ainda que as três turmas da Câmara Superior, em decisões recentes, vêm confirmando a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício (Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303002.400). Por fim, corroborando o aqui exposto, o STJ vem firmando entendimento no mesmo sentido, entendendo que os juros moratórios incidem sobre a multa de ofício, conforme se observa na ementa a seguir reproduzida: DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. Precedentes citados: REsp 1.129.990 PR, DJe 14/9/2009, e REsp 834.681MG, DJe 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012. Ressaltase ainda que, em recentes julgados o STJ decidiu que, no âmbito do parcelamento especial previsto na Lei nº 11.941/2009, as remissões previstas em tal dispositivo legal para as multas de mora e de ofício não autorizam aplicações de reduções superiores às fixadas na mesma lei (45%) para os juros de mora incidentes sobre tais penalidades, ou seja, visto sob outro enfoque, reafirmouse o entendimento de que incidem juros moratórios sobre as multas de mora e de ofício. Tal exegese pode ser observada no REsp 1.492.246/RS (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, segunda turma, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015) e no REsp 1.510.603–CE (Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015), em relação ao qual transcrevese a seguir sua ementa: Fl. 11584DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.585 34 TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. 11.941/2009. REMISSÃO DE MULTA EM 100%. DESINFLUÊNCIA NA APURAÇÃO DOS JUROS DE MORA. PARCELAS DISTINTAS. PRECEDENTE. 1. "Em se tratando de remissão, não há qualquer indicativo na Lei n. 11.941/2009 que permita concluir que a redução de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício estabelecida no art. 1º, §3º, I, da referida lei implique uma redução superior à de 45% (quarenta e cinco por cento) dos juros de mora estabelecida nos mesmo inciso, para atingir uma remissão completa da rubrica de juros (remissão de 100% de juros de mora), como quer o contribuinte " (REsp 1.492.246/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015.). 2. Consequentemente, a Lei n. 11.941/2009 tratou cada parcela componente do crédito tributário (principal, multas, juros de mora e encargos) de forma distinta, de modo que a redução percentual dos juros moratórios incide sobre as multas tão somente após a apuração atualizada desta rubrica (multa). Recurso especial provido. REsp 1.510.603–CE, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015. Isso posto, voto por dar provimento ao recurso de ofício para restabelecer tal exigência. 2.3 RESUMO – RECURSO DE OFÍCIO Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DE OFÍCIO a fim de restabelecer a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. 3 RECURSO VOLUNTÁRIO 3.1 PRELIMINARES NULIDADE Segundo a Recorrente, o lançamento seria nulo em razão de supostamente não ter sido respeitado o princípio da razoabilidade, concedendose tão somente o prazo de 30 dias para apresentação de impugnação em relação à autuação por demais complexa, bem como porque a infração atinente à omissão de receitas não ter sido suficientemente questionada durante o procedimento de fiscalização, acarretandolhe confusão para perfeito desempenho de seus argumentos de defesa. Entendo não lhe assistir razão. Em primeiro lugar porque o prazo de 30 dias para apresentação de impugnação é previsto em lei (art. 15 do Decreto nº 70.235/72), não havendo previsão legal para dilação da apresentação das razões de irresignação. No que atine à omissão de receitas, entendo que se a autoridade fiscal restar caracterizada a infração sem necessidade de novas intimações, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, já que a fase litigiosa do lançamento iniciase somente com a apresentação da impugnação (art. 14 do Decreto nº 70.235/72). Havendo vícios no lançamento Fl. 11585DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.586 35 em relação a tal infração, isso diria respeito ao mérito da exigência, e não quanto à sua possível nulidade. No mais, perfeitas as considerações da decisão recorrida em relação às preliminares, as quais ora reproduzo com esteio no § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99: 20. Argui nulidade dos autos por cerceamento do direito de defesa porque teria sido desrespeitado o princípio da razoabilidade ao se conceder ao autuado o prazo de apenas 30 (trinta) dias para a defesa para tão complexa autuação, e porque a autuação de omissão de receitas não foi suficientemente questionada durante o procedimento de fiscalização, o que confundiu o contribuinte. 21. Tais fatos não se inserem nas previsões da legislação de se considerar nulo os autos. 22. E na tes. 59 e 60 do Decreto nº 70.235, de 1972, in verbis: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio.” (Grifouse) 23. Como se vê, de acordo com o art. 59, I, supra, só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração que se insere na categoria de ato ou termo , quando esse auto for lavrado por pessoa incompetente (art. 59, I). A nulidade por preterição do direito de defesa, como se infere do art. 59, II, transcrito, somente pode ser declarada quando o cerceamento está relacionado aos despachos e às decisões, ou seja, somente pode ocorrer em uma fase posterior à lavratura do auto de infração. 24. Quaisquer outras irregularidades, incorreções e omissões não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, a teor do art. 60 do Decreto nº 70.235, de 1972. Caso não influam na solução do litígio, também prescindirão de saneamento. 25. Dessa feita, não deve ser acolhida a preliminar de nulidade, em razão de não haver ofensa aos dispositivos legais mencionados. 1.1.1 Prazo de 30 (trinta) dias para apresentar documentação de defesa. 26. A reclamação de que o tempo seria demasiado exíguo para documentar a defesa dos 3 (três) questionamentos altamente complexos (glosa de ágios, de reservas indedutíveis e omissão de receitas, autuados), incluindo 9 (nove) operações (com ágio) realizadas entre 1998 e 2005, não procede. 27. Eis que, é este o prazo determinado na legislação do processo administrativofiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, art. 15: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta Fl. 11586DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.587 36 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 28. Além de que, a primeira intimação para fornecimento dos mesmos documentos e explicações ocorreu em 22/12/2011 (uma ano antes da ciência dos autos em 17/12/2012), com sucessivos pedidos de prorrogação por parte do contribuinte e reintimações pela fiscalização. 29. Portanto, inaceitável esta alegação de cerceamento no direito de defesa, destacandose que o art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações, prevê a possibilidade de apresentação de provas com atraso, em casos justificados, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior. 1.1.2 Omissão de receitas não suficientemente questionada durante a fiscalização, confundindo o contribuinte. 30. Reclama que a questão foi tratada apenas no Termo de Intimação datado de 19/07/2012 (doc. n° 5), sendo que o autuado não entendeu a relação entre esse questionamento e o procedimento fiscal em andamento, portanto, se limitou a esclarecer que referida questão se relacionava a discussão presente no Processo Administrativo n° 16.561.720.008/201212 (doc. n° 6), o que, entendeu que satisfez a Fiscalização, que não mais voltou ao assunto, deixando o interessado de apresentar as explicações e documentos pertinentes, e foi posteriormente, surpreendido pela autuação. 31. Como relata, foi questionado a respeito, durante a fiscalização. 32. O autuante descreve no TVE à pág. 3.207: 133 Em resposta ao questionamento acerca da constatação dos saldos negativos naquelas contas de bonificação, que são, por natureza, contas de receita, a empresa explicou, durante o procedimento de fiscalização do PIS e da Cofins, que os saldos devedores eram decorrência de reclassificação de determinadas contas para a devida conta de Receita Financeira, (fl. 3.107). Novamente perquirida, no transcorrer deste procedimento fiscal, o CARREFOUR limitouse a comentar que o assunto já fora objeto de auto de infração, consubstanciado no processo administrativo n° 16.561.720.008/201212. (fl 2.044) (Grifouse.) 33. E mesmo que não tivesse sido, nada o impedia de apresentar as explicações e documentos na impugnação, o que lhe oportunizou exercer a defesa. 34. Portanto, inaceitável esta alegação de cerceamento no direito de defesa. 1.1.3 Desmembramento do processo. 35. Caso o pleito de nulidade não seja aceito, requer o desmembramento do presente auto de infração em 3 (três) autos de infração autônomos. 36. Na verdade, os dois autos de infração de IRPJ, CSLL são autônomos, porém reunidos num mesmo processo administrativofiscal; aparentemente, o interessado deseja que sejam divididos em consonância com as três infrações apuradas. 37. O requerimento não pode ser atendido, por falta de previsão para tanto – eis que a legislação que rege o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, determinou: Fl. 11587DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.588 37 Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) 38. No presente caso, cada exação, IRPJ e CSLL, foi objeto de auto de infração separado, e as infrações de IRPJ repercutiram na apuração da CSLL, portanto, sendo referentes ao mesmo sujeito passivo, é lógico que estejam reunidos no mesmo processo administrativo fiscal. 39. No que tange a desmembramento em três processos, significaria refazer os autos de infração de IRPJ e de CSLL, subdividindo cada um deles em três, ou seja, três autos de IRPJ, um para cada infração e três autos de CSLL; conseqüentemente, três processos, cada um com um auto de infração de IRPJ e CSLL para a mesma infração. 40. Se o autuante tivesse elegido essa via, teria cientificado tais autos na mesma data, o que não faria diferença alguma no prazo e complexidade da defesa, que continuaria sendo de 30 (trinta) dias e relativamente às mesmas questões. Relativamente à guarda de documentos por prazo superior a 5 anos, o caput do art. 264 do RIR/99, e seu parágrafo, transcritos a seguir, determinam expressamente a necessidade de guarda dos comprovantes da escrituração que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros até que se opera a decadência em relação a tais exercícios: Conservação de Livros e Comprovantes Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). [...] § 3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37). Por fim, argumenta a Recorrente que o período de apuração a que se refere o presente lançamento (anocalendário de 2007), já havia sido alvo de fiscalização, sem que a dedução dos ágios tivesse sido questionada, o que implicaria a homologação de tais ágios pela autoridade fiscal. Mais uma vez entendo não lhe assistir razão. O procedimento fiscal anterior teve escopo distinto do que redundou no presente lançamento e o segundo exame do período foi devidamente pela autoridade competente conforme exige o art. 906 do RIR/99. Fl. 11588DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.589 38 Isso posto, rejeito as preliminares de nulidade. 3.2 PREJUDICIAL DE MÉRITO DECADÊNCIA O tema é pacífico neste Colegiado. Entendese que, para início da contagem do prazo decadencial, devese ater à data de ocorrência dos fatos geradores, e não à data de contabilização de fatos passados que possam ter repercussão futura. Até mesmo porque o art. 113, § 1º, do CTN aduz que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador” e o papel de Fisco de efetuar o lançamento, nos termos do art. 142 do Estatuto Processual, nada mais é do que o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. Portanto, o lançamento, dado seu caráter constitutivo do crédito tributário, mas declaratório da obrigação, somente pode ser realizado após a ocorrência do fato gerador e, consequentemente, o surgimento da obrigação tributária. Não é papel do Fisco auditar as demonstrações contábeis dos contribuintes a fim de averiguar sua correição à luz dos princípios e normas que norteiam as ciências contábeis. A preocupação do Fisco deve ser sempre o reflexo tributário de determinados fatos, os quais, em inúmeras ocasiões, advêm dos registros contábeis. Ressaltese o § 4º do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê que seja efetuado o lançamento “também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário.” Se por hipótese, o contribuinte mantivesse o ágio em seu ativo e não o amortizasse, não teria ocorrido o fato gerador, e, na ausência de infração à legislação tributária, não haveria que se falar em lançamento, pois mesmo nos casos em que do lançamento não resulte exigência de crédito tributário, a constatação de infração à legislação tributária é condição sine qua non para formalização do lançamento. Com efeito, o prazo decadencial somente tem início após a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), ou após o primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado nas hipóteses do art. 173, I, do CTN. Considerandose que a exigência diz respeito a fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2007, e a ciência do lançamento se deu em 17 de dezembro de 2012, portanto, em período inferior a cinco anos contados a partir da data da ocorrência do fato gerador, não há que se falar em decadência. Nesse cenário, voto por rejeitar a arguição de decadência cuja tese implicaria contagem do prazo decadencial a partir da formação dos ágios, ou ainda da contabilização do ágio como ativo diferido, e não de sua efetiva amortização. 4 MÉRITO 4.1 AMORTIZAÇÕES DE ÁGIO (infração 0001) Fl. 11589DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.590 39 A RECORRENTE foi acusada de amortização indevida de ágio, quer por vícios nos laudos de avaliação de rentabilidade futura, quer pela ausência de comprovação do efetivo pagamento do ágio em questão. Eis as operações e valores a que se referem a exigência: EMPRESA ÁGIO TOTAL AMORTIZAÇÃO MENSAL QUANTIDADE DE MESES AMORTIZAÇÃO NO PERÍODO DE APURAÇÃO 5239 Comércio e Participações S/A Stoc 268.757.000,00 709.218,72 12 8.510.624,64 RDC Supermercados Ltda 633.355.000,00 3.831.903,47 12 45.982.841,64 OMS Organização Mineira de Supermercados 211.581.000,00 1.123.441,03 12 13.481.292,36 Consensus Comércio Varejista Ltda 151.366.000,00 2.507.954,47 12 30.095.453,64 CRL Comércio Importação e exportação 5/A Roncetti 84.717.000,00 324.055,54 12 3.888.666,48 Supermercados Planaltão Ltda 82.727.000,00 354.544,99 12 4.254.539,88 Matcar Com. Alimentos e Auto Serviço S/A 4.160.000,00 65.613,27 7 459.292,89 Newco Supermercado Rio Preto Ltda 3.937.000,00 69.341,56 7 485.390,92 Sernamby Comércio de Alimentos e Auto Serviço S/A 3.362.000,00 56.029,09 7 392.203,63 Total 1.472.998.000,00 107.550.306,08 Em relação aos ágios das operações de aquisição de OMS e RDC, a decisão recorrida cancelou as infrações correspondentes, tendo sido interposto recurso de ofício. No item anterior deste voto, em relação a tais infrações, encaminhei meu voto no sentido de negar provimento à remessa ex officio. Foram dois os fundamentos principais para a realização do lançamento: (i) suposto vício nos laudos apresentados (não haveria avaliação dos bens a valor de mercado, mas tão somente a avaliação quanto à rentabilidade futura); (ii) ausência da comprovação do pagamento efetivo do ágio. Conforme já abordado no item precedente deste voto (voto sobre o recurso de ofício), a turma julgadora a quo, em primeiro lugar, afastou a questão apontada em relação aos laudos: [...] contudo, o critério contábil de que o ágio deve se compor de ágio de avaliação dos ativos a preço de mercado e o restante como expectativa de rentabilidade futura, não era previsto na legislação tributária aplicável aos anos em que ocorreram as apurações dos ágios e nem mesmo ao ano 2007, não se podendo desconsiderar os laudos com base nessa premissa. Em relação a tal ponto, conforme já explanado, corroboro do entendimento da decisão recorrida, e também aduzido pela Recorrente, de que a necessidade de avaliação a valor de mercado dos bens do ativo somente passou a ser exigido após a edição da Lei nº 12.973/2014. Tratandose de fatos geradores ocorridos em 2007, sequer vigiam as alterações trazidas pela Lei nº 11.638/2007 que passaram a prever novas regras contábeis a partir de 2008. De igual modo, e divergindo neste ponto da decisão recorrida, já me pronunciei quando da análise do recurso de ofício de que os outros dois pontos sobre os laudos elencados pelo aresto recorrido não prosperam: (i) a ressalva feita pelos avaliadores de que não respondiam pelas informações fornecidas pelos interessados, e (ii) as sociedades adquiridas pelo Grupo Carrefour, ao contrário do indicado nos laudos apresentados, teriam apresentado prejuízos em curto espaço de tempo. Desnecessário, assim, repetir os argumentos já expendidos, tanto em relação aos motivos elencados quanto pela inovação do lançamento, já que tal fundamentação não foi utilizada pela autoridade fiscal autuante. Fl. 11590DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.591 40 Antes de adentrar, então, à análise de cada uma das operações que deu ensejo à amortização de ágio, reafirmo que os vícios relativos ao laudo no que atine a: i) suposto vício pela ausência de avaliação dos bens a valor de mercado, mas tão somente a avaliação quanto à rentabilidade futura; (ii) a ressalva feita pelos avaliadores de que não respondiam pelas informações fornecidas pelos interessados, e (iii) as sociedades adquiridas pelo Grupo Carrefour, ao contrário do indicado nos laudos apresentados, teriam apresentado prejuízos em curto espaço de tempo), não são óbices para a amortização do ágio levado a efeito pela Recorrente. Passo, agora, à análise de cada uma das operações que deu ensejo às amortizações de ágio glosadas pela autoridade fiscal e mantidas pela decisão recorrida. MATCAR Em tal operação, Carrefour adquiriu diretamente o controle de Matcar por meio da denominada operação “casaesepara”: ingressou como sócia integralizando capital com ágio, e, ato contínuo, deuse a cisão de Matcar, ficando seus antigos sócios com os valores integralizados por Carrefour e, este, com o controle de Matcar. Em seguida, Matcar foi incorporada por Carrefour, momento a partir do qual se deu início à amortização do ágio. Contudo, do ponto de vista de Carrefour, o Fisco não questionou o desenho da operação. Questionouse, contudo, o laudo em outro ponto não abordado nas considerações gerais por mim já tecidas acima: o laudo de avaliação econômicofinanceira utilizado para fundamentar o ágio não estaria firmado e não identificaria os seus autores. A Recorrente, por sua vez, alega que o laudo foi elaborado pelo HSBC, sendo que a legislação vigente à época dos fatos sequer exigia a elaboração de laudo, sendo necessário, tão somente, um demonstrativo que poderia até mesmo ser elaborado pela própria empresa a fim de justificar o ágio baseado em rentabilidade futura. Particularmente, entendo que a demonstração a que alude o § 3º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598/77 não pode se revestir de meros documentos internos, desprovidos de maiores formalidades, tampouco pode ser elaborada pela própria empresa interessada, uma vez que, ao menos em tese, haveria total interesse próprio, por exemplo, em identificar um ágio como sendo proveniente de rentabilidade futura a fim de que, após incorporação da investida, pudesse passar a amortizar tal mais valia. Eis a razão de ter que ser elaborado por pessoa jurídica isenta e especializada a fim de que possa aferir com precisão se realmente há expectativa de rentabilidade futura, e, em caso afirmativo, qual o seu valor projetado. Há de se ter em mente que os laudos comumente exigidos pelo Fisco são elaborados por empresas altamente especializadas a fim de que possam afiançar os valores ali apontados e dentro de parâmetros técnicos que, em regra, uma empresa que atua no mercado da Recorrente, por exemplo, não possuiria. Saliento ainda que a referência feita pela citada Solução de Consulta Cosit nº 3/2016 ao demonstrativo que indique o fundamento do ágio deve ser interpretada nos mesmos moldes ora expostos. Compulsando os autos, e em análise do documento de fls. 37213803, constatase que o laudo apresentado, de fato, não está firmado. Contudo, foi elaborado em papel timbrado do HSBC. Considerandose que tal documento já havia sido apresentado pelo contribuinte no decorrer do procedimento fiscal, entendo que caberia ao Fisco comprovar sua Fl. 11591DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.592 41 imprestabilidade, não somente apontado a ausência de identificação de seus autores e a falta de firma. Bastaria, por exemplo, uma simples diligência junto ao HSBC a fim de comprovar a veracidade de tal laudo. Tal raciocínio fundase no disposto no § 1º do art. 845 do RIR/99, o qual determina que os “esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores com elemento seguro de prova ou indício veemente de falsidade ou inexatidão”. Ultrapassados todos os obstáculos em relação à aceitação do laudo apresentado, passo à análise quanto à comprovação do pagamento. Para a Recorrente, o fato de a operação ter sido realizada entre partes independentes, amplamente noticiada pela mídia e até mesmo aprovada pelo CADE, seria prova inequívoca da ocorrência do pagamento. Além disso, a apresentação da escrituração contábil acompanhada de toda a documentação que lhe dá suporte (contratos, recibos, etc.), a teor do que dispõe o art. 923 do RIR/99, faria prova a seu favor, não tendo o Fisco feito prova quanto à inveracidade dos elementos apresentados. A Recorrente aponta ainda o equívoco da autoridade lançadora em citar a necessidade de observância do art. 427 do RIR/99 (“A baixa de investimento relevante e influente em sociedade coligada ou controlada deve ser precedida de avaliação pelo valor do patrimônio líquido, com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação da coligada ou controlada, levantado na data da alienação ou liquidação ou até trinta dias, no máximo, antes dessa data.”). Argumenta que tal exigência é válida somente em caso de baixa do investimento, ou seja, no caso do alienante, e não em relação aos adquirentes de investimento. De fato assiste à Recorrente em relação ao tema, motivo pelo qual tal exigência não pode ser acatada como fundamento para manutenção da exigência. Frisase que tal fundamentação aplicase, no que couber, às demais operações em análise no decorrer deste voto. Mas há outros pontos indicados no lançamento. Para a autoridade fiscal autuante, a comprovação do efetivo pagamento deveria ser realizada mediante apresentação do comprovante da transferência bancária, ou outro documento equivalente, da Recorrente aos vendedores, o que não teria sido realizado pelo contribuinte, mesmo após intimado para tanto. A decisão de primeira instância corrobora tal entendimento, assim como a PGFN em suas contrarrazões. A meu ver, para comprovação do pagamento realizado, que se daria por transferência bancária conforme consta nos documentos acostados pela Recorrente, deveria ser realizado mediante cópia dos documentos bancários correspondentes, documentos, digase de passagem, extremamente simples de obtenção por parte da Recorrente. Salientase que foi dada ampla oportunidade para que assim fizesse não somente durante o procedimento fiscal, mas também na apresentação de sua impugnação, e, no entender deste colegiado, até mesmo em sede de recurso voluntário ou antes de os autos serem pautados. Esclareço que discordo do entendimento da PGFN no sentido de que o fato de haver divergências entre a avaliação realizada no referido laudo (R$ 4.886.000,00) e o valor firmado no contrato de compromisso de aquisição (R$ 4.500.000,00) poria em dúvida o valor pago. Isso porque, a meu ver, o laudo de rentabilidade futura não fixa o preço a ser pago na operação, que pode ser livremente pactuado entre alienantes e adquirente, mas tão Fl. 11592DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.593 42 somente justifica o porquê do montante pago acima do valor patrimonial do investimento adquirido, com reflexos tanto no âmbito fiscal quanto, à época, também em termos contábeis. Por outro lado, considero acertada a afirmação da PGFN de que o valor inicialmente acordado na operação (R$ 4.500.000,00) estaria sujeito a ajustes dependendo do resultado de auditoria a ser realizada posteriormente, que viria a fixar o preço final do negócio, reforçando a necessidade de comprovação do efeito desembolso realizado pela Recorrente. Nesse particular, destaco que na cláusula 5 do Instrumento Particular de Compromisso de Aquisição de Participação Acionária e Outras Avenças (fls. 34873512) consta que tais ajustes poderiam redundar em redução ou acréscimo do valor inicialmente pactuado (fl. 1476 e também à fl. 3497). E, como bem frisou a autoridade lançadora “não fica de modo algum claro qual teria sido o impacto da auditoria sobre o preço final, posto que não nos foi apresentado nenhum comprovante de pagamento do valor da aquisição” (fls. 3186 3187). Tal cenário, conforme frisado, não se alterou em toda a fase litigiosa do processo, preferindo a Recorrente não apresentar o comprovante da transferência dos valores efetivamente pagos. Por essas razões, já é possível concluir que o apelo da Recorrente não deve ser provido em relação a esta infração. Em complemento, cumpreme esclarecer que os elementos constantes dos autos não me permitem concluir o porquê da insistência de a Recorrente não apresentar documento tão simples e que seria capaz de pôr fim em toda a controvérsia em análise, mas, considerandose que a operação, na forma como foi desenhada, já se prestou ao não recolhimento do ganho de capital por parte dos alienantes, e até mesmo o valor do ágio registrado , não é de se estranhar que a apresentação de tal documento pudesse apontar valores distintos dos ora tratados. Independentemente do disposto no parágrafo anterior, concluo que a infração lançada ora em análise deve ser mantida, negandose provimento ao recurso nesse ponto. PLANALTÃO Nessa operação, novamente a Recorrente adquiriu diretamente o controle da investida por meio da denominada operação “casaesepara”: ingressou como sócia integralizando capital com ágio, e, ato contínuo, deuse a cisão de Planaltão, ficando seus antigos sócios com os valores integralizados por Carrefour e, este, com o controle de Planaltão. Em seguida, Planaltão foi incorporado por Carrefour, momento a partir do qual se deu início à amortização do ágio. A particularidade é que tal operação se deu em duas etapas, separadas por aproximadamente 18 meses, sendo que na primeira etapa houve a aquisição de 90% das ações de Planaltão, sendo os 10% restantes adquiridos na segunda etapa, seguido da incorporação da investida pela Recorrente com início, a partir daí, da amortização do ágio correspondente. Novamente o Fisco não questionou o desenho da operação. Todavia, em tal operação a autoridade fiscal atacou a existência de laudo atestando a rentabilidade futura somente em relação à primeira operação de aquisição (90%), tendo sido utilizado o mesmo laudo para a segunda etapa da aquisição. Para a autoridade Fl. 11593DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.594 43 autuante, novo laudo deveria ter sido providenciado, haja vista ter transcorrido 18 meses entre as duas operações. Para a Recorrente, a legislação não exigiria novo laudo. Discordo de tal conclusão. Ainda que seja realizado um só contrato de aquisição, em duas etapas, somente no momento de cada uma das etapas podese aferir a expectativa de rentabilidade futura do negócio. E um período de 18 meses muitas variáveis poderiam afetar o cálculo da futura rentabilidade do investimento adquirido (taxa de juros, taxa de câmbio, crescimento da economia, desemprego, etc.). Por outro lado, somente a segunda aquisição seria afetada com base em tal raciocínio (R$ 9.329.672,76). Desse modo, relativamente aos laudos, permaneceria incólume a primeira parcela do ágio apurada (R$ 70.311.600,00), e, consequentemente, a amortização do ágio proporcionalmente ao período a que se refere o presente lançamento (anocalendário de 2007). Analisados os pontos relativos ao laudo de avaliação, passo à análise quanto à comprovação do pagamento. Novamente a Recorrente repete seus argumentos: o fato de a operação ter sido realizada entre partes independentes, amplamente noticiada pela mídia e até mesmo aprovada pelo CADE, seria prova inequívoca da ocorrência do pagamento. Além disso, a apresentação da escrituração contábil acompanhada de toda a documentação que lhe dá suporte (contratos, recibos, etc.), a teor do que dispõe o art. 923 do RIR/99, faria prova a seu favor, não tendo o Fisco feito prova quanto à inveracidade dos elementos apresentados. A fim de evitarse a repetição dos argumentos já utilizados nos fundamentos do voto em relação à operação de aqui de MATCAR, em resumo, considero não comprovado o pagamento do ágio em face da ausência de apresentação do documento que comprova a transferência bancária realizada pela Recorrente aos alienantes de Planaltão. Reitero a discordância quanto ao entendimento da PGFN de que o fato de haver divergências entre a avaliação realizada no referido laudo e o valor firmado no contrato de compromisso de aquisição poria em dúvida o valor pago, reafirmando, contudo, o alinhamento de pensamento quanto à afirmação da PGFN de que o valor inicialmente acordado na operação estaria sujeito a ajustes dependendo do resultado de auditoria a ser realizada posteriormente, que viria a fixar o preço final do negócio, reforçando a necessidade de comprovação do efeito desembolso realizado pela Recorrente. Nos documentos acostados aos autos resta evidente que tais ajustes poderiam redundar em redução ou acréscimo do valor inicialmente pactuado. E, como bem frisou a autoridade lançadora “não fica de modo algum claro qual teria sido o impacto da auditoria sobre o preço final, posto que não nos foi apresentado nenhum relatório com as conclusões do trabalho dos auditores nem tampouco qualquer comprovante de pagamento do valor da aquisição” (fl. 3188). Tal cenário, conforme frisado, não se alterou em toda a fase litigiosa do processo, preferindo a Recorrente não apresentar o comprovante da transferência dos valores efetivamente pagos. Fl. 11594DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.595 44 Esclarecese que em razão da ausência de comprovação do efetivo pagamento do custo de aquisição (incluindo o ágio), nem a primeira parcela do ágio corroborado em laudo contemporâneo à aquisição pode ser confirmada. Por essas razões, já é possível concluir que o apelo da Recorrente não deve ser provido em relação a esta infração. Por oportuno, reitero a complementação já externada em relação ao ágio Matcar: cumpreme esclarecer que os elementos constantes dos autos não me permitem concluir o porquê da insistência de a Recorrente não apresentar documento tão simples e que seria capaz de pôr fim em toda a controvérsia em análise, mas, considerandose que a operação, na forma como foi desenhada, já se prestou ao não recolhimento do ganho de capital por parte dos alienantes, e até mesmo o valor do ágio registrado (em que pese o não enfrentamento do tema pela autoridade fiscal autuante), não é de se estranhar que a apresentação de tal documento pudesse apontar valores distintos dos ora tratados. Independentemente do disposto no parágrafo anterior, concluo que a infração lançada ora em análise deve ser mantida, negandose provimento ao recurso voluntário. CONSENSUS Tratase da aquisição de estabelecimentos sob a marca BIG e Ativos, Ativos Fixos e Direitos e Obrigações decorrentes de Contratos entre a Recorrente (adquirente) e Sonae Distribuição Brasil S/A (“Sonae”), Fernando Sérgio Maia e José Dimas Gonçalves. Para tanto, Sonae (98%) e as referidas pessoas físicas (2%) constituíram Consensus. No negócio entabulado, a Recorrente adquiria as operações de diversas lojas do BIG. Antes disso, porém, Sonae e as citadas pessoas físicas aumentaram o capital de Consensus com os referidos bens/direitos/obrigações e contratos. A Recorrente efetuou a aquisição da totalidade das ações de Consensus por montante superior a seu valor patrimonial. A autoridade fiscal alega que não houve comprovação do pagamento efetivo do preço acordado. A respeito do laudo, aponta que o laudo apresentado para justificar a rentabilidade futura é datado de janeiro de 2006, mas a aquisição fora realizada meses antes (30/05/2005), o que estaria em confronto com o § 3º do art. 20 do DecretoLei nº 1.578/78 (§ 3º do art. 385 do RIR/99). Além disso, argumenta que a Recorrente registrou ágio sobre estoques da Consensus (R$ 13.286.000,00), montante que não poderia ser confundido com ágio sobre a expectativa de rentabilidade futura, sendo que tal parcela deveria ser registrada em subconta própria. Especificamente em relação ao laudo, argumenta a Recorrente que embora o laudo tenha sido elaborado em data posterior à aquisição, os dados utilizados como base para a avaliação estão relacionados ao tempo da aquisição, que somente viriam a corroborar os documentos e estudos internos por ela elaborados, documentos esses que, por si só, já supririam a exigência imposta pelo § 3º do art. 20 do DecretoLei nº 1.578/78. Fl. 11595DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.596 45 Pois bem, ante aos fundamentos já utilizados neste voto em relação às operações anteriores, concluo: o laudo elaborado por terceiro é elemento indispensável para comprovação do ágio, e, portanto, deve ser contemporâneo à aquisição, pois não há como se desdobrar a aquisição do investimento em custo de aquisição e ágio base para a escrituração a ser realizada no mês da realização da operação no momento da contabilização, com um laudo elaborado seis meses após a realização do negócio. Como consequência, a amortização levada a efeito pela Recorrente não merece prosperar; na ausência da comprovação do efetivo pagamento (documentos que comprovem a transferência bancária), mantêmse válidas as considerações já tecidas anteriormente, inclusive quanto à auditoria complementar e os futuros ajustes de preços. Assim sendo, nego provimento também em relação a tal parcela de amortização de ágio. NEWCO A Recorrente e sua controladora Brepa constituíram Neufpar, e, por meio desta, adquiriram a totalidade das quotas de Newco. A aquisição se deu em valor acima do patrimonial, acarretando a contabilização de ágio. Em seguida, Newco foi incorporada por Neufpar (21/09/2001). Três dias após (24/09/2001), Brepa cede e transfere para a Recorrente a única quota que possuía de Neufpar. Na mesma data, a Recorrente incorpora Neufpar, passando a amortizar o ágio. A acusação da Fiscalização, em primeiro lugar, diz respeito à ausência de laudo de rentabilidade futura. Também alega não haver comprovação do efetivo pagamento pela aquisição. A Recorrente silenciase sobre a ausência de laudo. Por essa razão, a infração já deve ser mantida, uma vez que, inexistindo laudo que comprove a rentabilidade futura, naquela oportunidade o correto seria se contabilizar o valor total da aquisição como sendo seu custo, não havendo que se falar em desdobramento de ágio. Somase a isso a ausência de comprovante do efeito pagamento (transferência bancária, por exemplo), o que, nos mesmos moldes já decididos em relação às operações anteriores, por si só também seria suficiente para se confirmar a exigência. Por conseguinte, nego provimento em relação à amortização do ágio Newco. 5239 COMÉRCIO E PARTICIPAÇÕES S/A STOC Em tal operação adquiriuse a parte operacional de Lojas Americanas. Em suas contrarrazões, a PGFN assim afirma: Cabem aqui as mesmas considerações mencionadas nas operações acima, sobre o contrato prever hipótese de ajustes no preço acertado, a depender de futura auditoria a ser realizada, sendo que não Fl. 11596DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.597 46 há notícia do resultado dessa auditoria, e nem comprovante dos valores efetivamente desembolsados. Ademais, conforme explicado pela autoridade autuante às fls. 3193/3194, o Carrefour teria calculado o ágio na aquisição da STOC tomando como base o capital social da empresa (R$ 57.777.000,00) e não o valor do seu patrimônio líquido (R$ 67.400.000,00), o que majorou indevidamente o valor do ágio. Analisandose os organogramas das operações realizadas retratadas no recurso voluntário (fls. 66996703), constatase clara e evidentemente que a aquisição de 5239 COM. E PARTICIP. (e, obviamente também o ágio) foi realizada por outras empresas do grupo e transferidas primeiro à Brepa (controladora da Recorrente), e posteriormente à própria Recorrente, que, ao incorporar sua então investida 5239 COM. E PARTICIP. passou a amortizar o ágio em questão. A decisão recorrida ataca justamente a questão de que a aquisição não foi realizada pelo Carrefour, mas sim por outra empresa do grupo. Vejase excerto do item 133 do voto condutor do aresto em questão: [...]apesar de, segundo alega, serem do mesmo grupo empresarial, não foi o Carrefour que desembolsou o ágio, mas teria sido a Stoc, controlada pela Comptoir Brasil, que tem como sócia Comptoirs Modernes (estrangeira). Não está informada a relação da Comptoirs Modernes (estrangeira) com o Carrefour, apenas que é o grupo. Embora concorde com as razões da decisão de primeira instância, não foram esses os fundamentos utilizados pela autoridade fiscal para justificar a impossibilidade de amortização do ágio correspondente. E, pelos motivos já expostos em relação ao aperfeiçoamento do lançamento pelos órgãos julgadores, inclusive no tocante à alteração da fundamentação legal (art. 18, § 3º do Decreto nº 70.235/72). Esclareço, contudo, que não há que se falar em nulidade da decisão recorrida pois há motivos autônomos para a manutenção da exigência, conforme discorrerei a seguir. A questão da suposta divergência de patrimônio líquido levantada pela autoridade lançadora restou superada pela apresentação do laudo de avaliação contábil, conforme já abordado na decisão recorrida. Por outro lado, resta evidente a ausência de comprovação do efetivo pagamento na aquisição do investimento, impossibilitando até mesmo a aferição de eventual valor real do ágio, inclusive pela ausência de informação sobre a auditoria adicional que seria realizada a posteriori para ajuste no valor do negócio realizado. Assim, a reboque do já decidido nos casos anteriores, voto por negar provimento também em relação à amortização do ágio 5239 Comércio e Participações. SERNAMBY Fl. 11597DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.598 47 Nessa operação Carrefour adquiriu o controle das operações de Supermercado Guri. Para tanto, os vendedores constituíram Sernamby mediante versão do patrimônio a ser alienado. Carrefour e sua controladora (Brepa), por sua vez, constituíram Villepar. A operação se deu por meio da denominada operação “casaesepara”: Villepar ingressou como sócia de Sernamby integralizando capital com ágio, e, ato contínuo, deuse a cisão de Sernamby, ficando seus antigos sócios com os valores integralizados por Carrefour e Brepa via Villepar e, a Recorrente e sua controladora, com o controle de indireto de Sernamby (por meio de Villepar). Em seguida, Sernamby foi incorporada por Villepar, e, três dias, após, Villepar foi incorporada por Carrefour, momento a partir do qual se deu início à amortização do ágio. O Fisco não questionou o desenho da operação. O restante da discussão, novamente, se resume à ausência, ou não, de comprovação do efetivo pagamento do ágio (na verdade, até mesmo o efetivo valor pago na aquisição do investimento). Para a Recorrente, o fato de a operação ter sido realizada entre partes independentes, amplamente noticiada pela mídia e até mesmo aprovada pelo CADE, seria prova inequívoca da ocorrência do pagamento. Além disso, a apresentação da escrituração contábil acompanhada de toda a documentação que lhe dá suporte (contratos, recibos, etc.), a teor do que dispõe o art. 923 do RIR/99, faria prova a seu favor, não tendo o Fisco feito prova quanto à inveracidade dos elementos apresentados. Conforme já explanado, entendo que para comprovação do pagamento realizado deveriam ser apresentados cópia dos documentos bancários correspondentes, documentos, digase de passagem, extremamente simples de obtenção por parte da Recorrente. Salientase que foi dada ampla oportunidade para que assim fizesse não somente durante o procedimento fiscal, mas também na apresentação de sua impugnação, e, no entender deste colegiado, até mesmo em sede de recurso voluntário ou antes de os autos serem pautados. Salientase ainda que o valor inicialmente acordado na operação estaria sujeito a ajustes dependendo do resultado de auditoria a ser realizada posteriormente, que viria a fixar o preço final do negócio, reforçando a necessidade de comprovação do efeito desembolso realizado pela Recorrente, uma vez tais ajustes poderiam redundar em redução ou acréscimo do valor inicialmente pactuado. Tal cenário, conforme frisado, não se alterou em toda a fase litigiosa do processo, preferindo a Recorrente não apresentar o comprovante da transferência dos valores efetivamente pagos. Por essas razões, já é possível concluir que o apelo da Recorrente não deve ser provido em relação a esta infração. Em complemento, cumpreme esclarecer que os elementos constantes dos autos não me permitem concluir o porquê da insistência de a Recorrente não apresentar documento tão simples e que seria capaz de pôr fim em toda a controvérsia em análise, mas, considerandose que a operação, na forma como foi desenhada, já se prestou ao não recolhimento do ganho de capital por parte dos alienantes, e até mesmo o valor do ágio Fl. 11598DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.599 48 registrado, não é de se estranhar que a apresentação de tal documento pudesse apontar valores distintos dos ora tratados. Independentemente do disposto no parágrafo anterior, concluo que a infração lançada ora em análise deve ser mantida, negandose provimento ao recurso nesse ponto. CRL Tratase de operação de aquisição de parcela da operação de Unibrás Alimentos Ltda. Os então proprietários de Unibrás integralizaram capital em CRL com os bens e direitos que seriam alienados ao Grupo Carrefour. Nessa operação, novamente a Recorrente adquiriu diretamente o controle da investida por meio da denominada operação “casae separa”: ingressou como sócia integralizando capital com ágio, e, ato contínuo, deuse a cisão de CRL, ficando seus antigos sócios com os valores integralizados por Carrefour e, este, com o controle de CRL. Em seguida, CRL foi incorporado por Carrefour, momento a partir do qual se deu início à amortização do ágio. O ágio novamente foi calculado com base no valor do patrimônio líquido após cada cisão, o que mais uma vez denota erro metodológico, pois o cálculo do ágio deve ser realizado com base no valor patrimônio líquido no momento de aquisição. Novamente o Fisco não questionou o desenho da operação. Em resumo, a questão controvertida cingese à comprovação do pagamento. Novamente a Recorrente repete seus argumentos: o fato de a operação ter sido realizada entre partes independentes, amplamente noticiada pela mídia e até mesmo aprovada pelo CADE, seria prova inequívoca da ocorrência do pagamento. Além disso, a apresentação da escrituração contábil acompanhada de toda a documentação que lhe dá suporte (contratos, recibos, etc.), a teor do que dispõe o art. 923 do RIR/99, faria prova a seu favor, não tendo o Fisco feito prova quanto à inveracidade dos elementos apresentados. A fim de se evitar a repetição dos argumentos já utilizados nos fundamentos do voto em relação às demais operações, em resumo, considero não comprovado o pagamento do ágio em face da ausência de apresentação do documento que comprova a transferência bancária realizada pela Recorrente aos alienantes de CRL. É importante ressaltar que o valor inicialmente acordado na operação estaria sujeito a ajustes dependendo do resultado de auditoria a ser realizada posteriormente, que viria a fixar o preço final do negócio, reforçando a necessidade de comprovação do efeito desembolso realizado pela Recorrente. Nos documentos acostados aos autos resta evidente que tais ajustes poderiam redundar em redução ou acréscimo do valor inicialmente pactuado. E, como bem frisou a autoridade lançadora “não nos foi apresentado nenhum relatório com as conclusões do trabalho dos auditores nem tampouco qualquer comprovante de pagamento do valor da aquisição” (fl. 3196). Tal cenário, conforme frisado, não se alterou em toda a fase litigiosa do processo, preferindo a Recorrente não apresentar o comprovante da transferência dos valores efetivamente pagos. Por essas razões, já é possível concluir que o apelo da Recorrente não deve ser provido em relação a esta infração. Fl. 11599DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.600 49 Por oportuno, reitero a complementação já externada em outras operações semelhantes retroanalisadas: cumpreme esclarecer que os elementos constantes dos autos não me permitem concluir o porquê da insistência de a Recorrente não apresentar documento tão simples e que seria capaz de pôr fim em toda a controvérsia em análise, mas, considerandose que a operação, na forma como foi desenhada, já se prestou ao não recolhimento do ganho de capital por parte dos alienantes, e até mesmo o valor do ágio registrado, não é de se estranhar que a apresentação de tal documento pudesse apontar valores distintos dos ora tratados. Independentemente do disposto no parágrafo anterior, concluo que a infração lançada ora em análise deve ser mantida, negandose provimento ao recurso voluntário. ARGUMENTO COMPLEMENTAR DO RECURSO – PERDA PELO ENCERRAMENTO DOS NEGÓCIOS ADQUIRIDOS E SUA DEDUTIBILIDADE Aduz a Recorrente que restaria comprovado que todos os investimentos realizados foram extintos mediante incorporação, o que implicaria, de qualquer forma, na baixa de todo o valor utilizado em sua aquisição independentemente do desdobramento do valor de aquisição em custo e ágio na aquisição. Em relação ao desdobramento do valor de aquisição em custo de aquisição e ágio, convém relembrar que o presente voto não acatou o entendimento firmado pela autoridade fiscal lançadora, logo, não foi utilizado como óbice para a amortização do ágio. Contudo, conforme já amplamente manifestado no decorrer deste voto, não houve comprovação da efetividade do pagamento do ágio contabilizado pela Recorrente, o que, por si só, impossibilita que tais valores venham a reduzir o seu resultado tributável, quer por meio de amortizações mensais, quer por meio de baixa por extinção do investimento. Adicionalmente, reputo de suma importância destacar que as operações realizadas no formato “casaesepara” requerem prova ainda mais robusta acerca do pagamento do ágio, uma vez que, para os alienantes, não haveria, em tese, qualquer importância em superestimar os valores de alienação, já que entendiam, ainda que de forma equivocada, que o desenho da operação perpetrada suprimiria o pagamento de tributos na alienação, qualquer que fosse o valor dessa. Por esses motivos, a argumentação da Recorrente não é suficiente para infirmar as considerações já tecidas a respeito da impossibilidade de amortização dos ágios em questão. 4.2 GLOSA DE DESPESAS INDEDUTÍVEIS 4.2.1 Glosa Relacionadas a Provisões e Despesas Indedutíveis (infação 0002) Segundo a autoridade fiscal lançadora a Recorrente não teria adicionado às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL despesas referentes a provisões indedutíveis. As contas envolvidas em tal infração são: (i) 60001000 – Provisão de PLR (R$ 10.305.429,12); (ii) 61540500 – Provisão Multa s/ Processo / Multa não dedutível (R$ 59.135.386,80); e (iii) 7100000 – Multa Não Dedutível / TaxasCorpDiferida(PL)IFRS (R$ 53.625.344,90). Fl. 11600DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.601 50 Já a Recorrente alega que todas as despesas indicadas foram adicionadas na apuração das bases de cálculo de IRPJ e de CSLL. Tratase, portanto, de mera discussão sobre provas. Em relação à Participação de Lucros e Resultados PLR, informa a Recorrente que se utiliza da conta patrimonial 45000001 para registrar a provisão de pagamento de PLR, tendo como contrapartida justamente a conta de resultado (despesa) Provisão de PLR – 60001000, objeto de questionamento nos autos. Assim, para registro da provisão, era lançado um débito na conta de despesa 60001000 e um crédito na conta patrimonial passiva 45000001 (“contas a pagar”). Segundo a Recorrente, tal valor era de imediato adicionado à apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL (linha 3 da Ficha 9A – Despesas Operacionais – Soma Parcelas Não dedutíveis e na linha 24 da Ficha 5A – Demais Provisões da DIPJ 2008 – doc. nº 111 da impugnação). Segundo a Recorrente, assim que era apurado o montante de PLR a ser pago, davase baixa na provisão – conta passiva, sendo o mesmo valor transferido para um “contas a pagar”, ocorrendo aí o efeito da exclusão fiscal. A decisão recorrida, assim concluiu em relação à matéria: 2.2.1 O saldo da conta 60001000 Provisão de PLR, R$ 10.305.429,12 161. O litigante afirma ser este entendimento equivocado, afirma que o saldo da 45000001 – Provisão de PLR é integralmente adicionado ao lucro real, na linha 3 da Ficha 9A e na linha 24 da Ficha 5A (doc nº 111 e 112) para fins de apuração de IRPJ e CSLL, o que também está demonstrado no saldo contábil do balancete doc nº 113. 162. Contudo, a descrição feita pelo autuante às págs. 3.206/3.207 é bastante clara, de que a dedução foi revertida, mas ocorreu uma segunda vez, não revertida. 163. Analisando sob outro ângulo, temse que, na abertura das contas da linha 3 da Ficha 09A, pág. 3.063, o valor R$10.305.429,12, não está destacado, embora seja evidente que integra os R$88.818.305,75 da linha 3 da Ficha 09A (conforme o autuante explicitou à pág. 3206, portanto foi revertido mediante adição, pois está incluído nos R$100.347.624,29); na abertura da linha 24 da Ficha 05A, pág. 3.059/3.060, não está destacado (embora integre o total de R$88.818.305,75, não dedutível, portanto, foi revertido; está destacado na linha 31, onde foi registrado mais uma vez, desta feita na coluna Total, como despesa operacional dedutível, pág. 3.060, conseqüentemente não está incluído nos R$100.347.624,29 da coluna despesa não dedutível desta ficha, que foram adicionados na linha 03 da Ficha 09A Adição ao lucro líquido, na apuração do lucro real. 164. O que confirma a conclusão fiscal. 165 O doc. 113 que o litigante apresenta, pág. 6.260, é planilha onde o valor R$10.305.429,12 consta como valor adicionado, apurado mediante a diferença dos saldos em 12/2007 e 12/2006, no entanto não é prova de que tenha sido adicionado ao lucro real. Fl. 11601DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.602 51 166. Portanto, descabe razão ao litigante de que essa provisão deduzida tenha sido posteriormente adicionada na apuração do lucro real e base de cálculo da CSLL. Esclareço desde já que, em razão de a glosa realizada dizer respeito à falta de adição de despesas que, sem dúvida, são indedutíveis, e que o argumento de defesa não repele a tese de indedutibilidade, argumentando, isso sim, de que tais despesas foram adicionadas na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, limito à minha análise à ocorrência, ou não, da adição de tais valores no cômputo das bases de cálculo de IRPJ e de CSLL. Para a autoridade fiscal lançadora, a questão efetiva não é se a despesa relativa à provisão inicial foi ou não revertida mediante adição, mas sim que, posteriormente, tal montante reduziu novamente o lucro da Recorrente ao ser incluído na linha 31 – Outras Despesas Operacionais – da Ficha 05A (item 118 do Termo de Verificação Fiscal – fl. 3202). A fim de facilitar a visualização de tais argumentos, reproduzo fichas da DIPJ citadas pela autoridade fiscal e que também compõem a impugnação e recurso apresentados (as observações em vermelho foram por mim inseridas): Ficha 05A – fl. 6258: Ficha 09A – fl. 6256 Fl. 11602DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.603 52 De fato, compulsando os autos, incluindo o Parecer Técnico de fls. 6897 6939, concluise que a provisão para PLR, que teve como contrapartida uma despesa, foi integralmente adicionada para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, compondo o valor adicionado à linha 3 da Ficha 09A da DIPJ/2008 (fl. 6258, e já reproduzida neste tópico do voto). No que atine às despesas referentes à conta contábil 61.540.500 – Prov. Multa s/ Processo / Multa não dedutível e 71.000.000 Multa não dedutível / TaxasCorpDiferida(PL)IFRS, em consulta os autos e também ao citado Parecer Técnico, me convenci de que houve sim a adição ao lucro real e à base de cálculo da CSLL. Da mesma forma que ocorreu com a provisão para o PLR, a Recorrente utilizouse de conta de uma conta de passivo (provisão), creditando ali valores de diversas constituições de provisões, mas Fl. 11603DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.604 53 também efetuando os ajustes a débito referentes a realizações e reversões do período, restando aí a explicação para um “saldo” de adições menor do que os valores contabilizados nas contas 61.540.000 e 71.000.000. Contudo, a autoridade fiscal autuante afirma que os valores referentes à provisão para PLR e à conta 61.540.500 foram novamente incluídos como despesa (itens 112, 118, 126 e 130 do Termo de Verificação Fiscal), compondo a linha 31 da Ficha 5A da DIPJ/2008, conforme já reproduzido neste voto e constante dos autos à fl. 6256. Por oportuno, transcrevo o fechamento do Termo de Verificação Fiscal em relação a tais infrações: 130. Não se demonstrou, por conseguinte, a necessária adição, na apuração do lucro real, dos valores abatidos a título das despesas consideradas indedutíveis, anotadas na linha 31 da Ficha 05A da DIPJ do ano de 2007 e, portanto, promoveremos o lançamento de ofício dos montantes de R$ 53.625.344,90 e R$ 59.135.386,80 e R$ 10.305.429,12. A Recorrente, contudo, nada esclareceu a respeito de tal acusação. Aliás, compulsando os autos, constatei que o contribuinte, ainda no decorrer do procedimento fiscal, também faz menção a valores transferidos para a linha 31 da Ficha 5A. Vejase a manifestação do contribuinte de fl. 3039: Esclarecemos que o Saldo transferido da Ficha 05 linha 19 para Ficha 05 linha 31 foi efetuado para demonstrar segregadamente os montantes registrados na conta contábil 61.540.500 (multa não dedutível), conta contábil em que houve adições permanentes e adições temporárias conforme informado nas justificativas referente ao item 6.1. Adicionalmente, esclarecemos também que esta forma de demonstração na DIPJ não impacta o seu resultado, haja vista que todo o saldo da conta foi declarado na Ficha 05 linhas 19 e 31 e todas as movimentações indedutíveis foram adicionadas ao lucro real. Desse modo, em relação às contas 60001000 – Provisão de PLR (R$ 10.305.429,12) e 61540500 – Multas não dedutíveis (R$ 59.135.386,80), não restando demonstrado que os valores computados em “Outras Despesas Operacionais” (linha 31 da Ficha 9A), nas quais se incluem as rubricas glosadas pelo Fisco, foram adicionadas à apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, entendo que deva ser negado provimento ao recurso em relação a tal infração. 4.2.1 Omissão de receitas (Item 3 do auto de infração) Contas 53.100.000 (Bonificações Nacionais), 53.100.100 (Garantido Nacional) e 53.200.000 (Bonificação Margem Garantida) Fl. 11604DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.605 54 A autoridade fiscal lançadora entendeu que caracterizava omissão de receitas a existência de saldos negativos nas contas de receitas oriundas de Bonificações registradas pela Recorrente no anocalendário de 2007. Concluiu, assim, que estes saldos negativos teriam reduzido os saldos positivos das outras espécies de receitas de Bonificação e, por conseguinte, reduzido também as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL apuradas pela Recorrente. A Recorrente, por sua vez, aduz que determinadas contas de receita se encontravam com saldo devedor em razão de mero equívoco em lançamentos contábeis: por ocasião da transferência de determinadas bonificações das respectivas contas de receita de bonificação para a conta nº 70.290.400 (Receitas Financeiras de Bonificação), a Recorrente teria se equivocado e debitado indevidamente as Contas 53.100.000 (Bonificações Nacionais), 53.100.100 (Garantido Nacional) e 53.200.000 (Bonificação Margem Garantida), quando deveria ter debitado outras contas. Segundo a Recorrente, foram essas as consequências contábeis de tais equívocos: (i) os saldos das contas de bonificação que deveriam ter sido debitadas permaneceram superiores aos saldos que deveriam ter sido apurados; e (ii) os saldos das contas que foram debitadas (Contas 53.100.000 Bonificações Nacionais – 53.100.100 – Garantido Nacional e 53.200.000 Bonificação Margem Garantida) ficaram devedores. No entender da Recorrente, o equívoco de classificação contábil não teria gerado qualquer lesão ao Fisco, uma vez que a receita total consolidada (sujeita à incidência do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) não teria sido alterada, pois os valores positivos das contas que deveriam ter sido reduzidas (em razão do débito à conta de receita financeira de bonificação) compensariam os valores devedores nas outras contas de receita, o que implicaria a necessidade de cancelamento da exigência. Subsidiariamente, aduz que na hipótese de entender que os saldos negativos reduziram o total das receitas de bonificação da Recorrente, argumenta que este impacto seria neutro para fins de IRPJ e CSLL, já que a contrapartida destes ajustes seria: (i) uma receita financeira, que compõe o lucro líquido; ou (ii) a redução de uma despesa, que aumenta o lucro líquido em razão da redução de despesas dedutíveis. Nesse cenário, manutenção da exigência implicaria a ocorrência de bis in idem. Em relação aos débitos realizados nas contas 53.100.000, 53.100.100 e 53.200.000, firmei convicção que, de fato, não houve qualquer alteração nas bases de cálculo de IRPJ e de CSLL. Isso porque as contrapartidas de tais lançamentos foram realizadas a crédito de outras contas de receitas, ou, ainda, de outras contas de despesas. O já citado Parecer Contábil (fls. 68976939) conclui que os saldos negativos efetivamente decorrem de mero equívoco contábil, sem impacto na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, confirmando ainda que a contrapartida dos lançamentos redutores das contas de bonificação foram: (i) um acréscimo em conta de receita (que compõe a base de cálculo do IRPJ e da CSLL); (ii) ou uma redução de uma conta de despesa (que também compõe a base de cálculo do IRPJ e da CSLL). Corroborando, ainda que em parte, tal entendimento, a própria Receita Federal, por meio de diligência realizada por determinação da 1ª Turma da 4ª Câmara da Terceira Seção do CARF no julgamento do processo nº 16561.720008/201212 (exigência de Fl. 11605DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.606 55 PIS e Cofins decorrente das mesmas omissões de receitas ora analisadas) concluiu que (fls. 1154111542): Saldos negativos das contas 53.100.000, 53.100.100 e 53.200.000 Os documentos foram juntados com o intuito de demonstrar que, enquanto parte dos créditos foram se acumulando em uma das contas, o débito, ao final do período, foi efetuado em outra conta. Não sendo suficiente o saldo da conta deitada, saldos negativos foram produzidos. A conta contábil 53.100.100 apresentou saldo negativo no período de janeiro a junho, enquanto q conta 53.100.000 registrou valores devedores entre os meses de julho a dezembro. na conta 53.200.000, os déficit foram produzidos nos meses de junho, agosto, setembro e novembro de 2007. Acessamos os arquivos contábeis em formato digital fornecidos pela empresa ainda durante a fase de fiscalização e conferimos os lançamentos contábeis pelo Carrefour. Verificamos que ocorreu o erro contábil apontado pela empresa.” [grifos nossos] Contudo, o Relatório Conclusivo de Diligência ainda apontou saldos credores em inúmeros períodos. Por outro lado, entendo que tal fato é irrelevante, pois restou comprovado que os lançamentos a débito realizados nestas contas têm como contrapartida ou contas de receita (ou seja, aumento de receita), ou contas de despesa (as quais, mediante lançamentos a crédito, têm seus saldos diminuídos). Em ambas as hipóteses (aumento de receita, ou diminuição de despesa), resta evidente que o efeito final dos lançamentos questionados são nulos na apuração do lucro líquido do exercício, e, por conseguinte, também na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Conta 53.400.000 (Inserção Comercial) Segundo a Recorrente (fl. 6748), 414. Já as Bonificações com Descontos decorrentes de Inserção Comercial são redutoras de um passivo da Recorrente contra as agências de publicidade e veículos de comunicação, não sendo considerada uma receita para fins de PIS, COFINS, IRPJ e CSL. Do ponto de vista contábil, estas bonificações são temporariamente registradas na Conta 53.400.000 (Inserção Comercial) e posteriormente debitadas contra a Conta 61.400.300 (Mídia Coop Repasse Fornecedores). Ou seja, há no presente caso a redução de uma receita, tendo como contrapartida a redução de uma despesa. No Parecer Técnico constante aos autos, esclarecese que (fl. 6900): A Contrapartida dos registros da Conta Contábil 53.400.000 era a Conta Contábil 45.340.020, cujo o valor era retornado à Conta Contábil 53.400.000 ao final do ano, de forma que o saldo negativo da Conta Contábil 53.400.000 ao final do período era muito inferior ao saldo negativo exigido pela Fl. 11606DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.607 56 Fiscalização. Alternativamente, a contrapartida dos registros poderia ser a Conta Contábil 61.400.300, com a redução de um passivo (e consequentemente aumento no lucro líquido), sem que exista qualquer impacto na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A respeito do suposto retorno do saldo da Conta Contábil 45.340.020 para Conta Contábil 53.400.000 realizada em dezembro de 2007, destaco excerto do Parecer Técnico (fl. 6932): De fato, tanto o Parecer Técnico apresentado quanto o Relatório Conclusivo de Diligência elaborado pela unidade de origem (fl. 11547) corroboram o saldo final de tal conta em (R$ 15.232.181,53), e não (R$ 95.516.759,99), isso porque a autoridade lançadora não atentou para o lançamento a crédito realizado no mês de dezembro. Há, portanto, de se excluir da base de cálculo o total de R$ 80.284.578,46, uma vez que houve reversão no mês de dezembro (lançamento a crédito) exatamente nesse montante. A respeito do argumento da Recorrente de que as contrapartidas dos lançamentos a débito realizadas em tal conta teria sido a Conta Contábil 61.400.300 – Mídia Fl. 11607DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.608 57 Coop – Repasse Fornec, uma conta de despesa, e que, portanto, os créditos realizados em tal conta de despesa teriam anulado os lançamentos realizados a débito da conta de receita 53.400.000, não há como acatálo. Analisando o Parecer Técnico disponibilizado pela Recorrente, bem como os lançamentos contábeis realizados na conta 53.400.000, a autoridade fiscal que elaborou o Relatório Conclusivo de Diligência assim concluiu: 17 Houve movimentação contábil entre as contas 53.400.000 e 61.400.300, porém não foram esses lançamentos que geraram os valores negativos. Os saldos negativos foram produzidos em razão de débitos cujas contrapartidas deramse na conta 45.340.020 – Propaganda Cooperada N, que é conta de passivo, não transitando, portanto, pelo resultado. Os lançamentos, em conformidade com informações constantes dos arquivos contábeis da empresa, estão no quadro a seguir: Fl. 11608DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.609 58 Observação: ilustrações não contidas no original. Analisando os lançamentos contábeis listados pela autoridade fiscal, chego a duas conclusões: realmente os lançamentos que levaram a conta de receita 53.400.000 a ficar com saldo devedor tiveram como contrapartida a conta de passivo 45.340.020, ou seja, houve reduções no saldo da conta credora (referente à receita – 53.400.000) e sua contrapartida não alterou o resultado do exercício, uma vez que foi creditada uma conta passiva (45.340.020 – Propaganda Cooperada); os dois primeiros lançamentos foram os únicos identificados realizados em contrapartida à conta de despesa 61.400.300 – Mídia Coop – Repasse Fornec, mas, ao contrário do afirmado pela Recorrente, tais lançamentos foram realizados a débito da conta de receita (53.400.000) e a débito da conta de despesa, ou seja, somente esses dois lançamentos registraram, concomitantemente, receita e despesa que se anulam em relação ao resultado do exercício, e, ainda assim, não são aptos a justificar o saldo devedor na conta 53.400.000, objeto da exigência fiscal, muito pelo contrário, uma vez que esses lançamentos contábeis na conta de receita foram realizados a crédito. Logo, não resta justificado o saldo devedor ajustado de R$ 15.232.181,53, devendo ser mantida a omissão de receita nesse montante, excluindose da base de cálculo da infração nº 3 relativa à omissão de receita na Conta 53.400.000 (Inserção Comercial) o total de R$ 80.284.578,46. 5 MULTA DE OFÍCIO Para melhor entendimento, transcrevese, a seguir, a redação do art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, com a redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: Fl. 11609DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16561.720140/201224 Acórdão n.º 1402002.144 S1C4T2 Fl. 11.610 59 I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; [...] A penalidade aplicada de 75%, portanto, tratase de mera aplicação de dispositivo legal, não podendo esta Corte Administrativa debruçarse sobre temas ligada a inconstitucionalidade de normas (Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.) ou confisco, já que essa última limitação constitucional ao poder de tributar é dirigida ao legislador, e não ao aplicador das normas tributárias. Desse modo, voto por negar provimento ao recurso também em relação à multa de ofício. 6 CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, e, em relação ao recurso de voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e a arguição de decadência, e, no mérito, por dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência referente à omissão de receitas correspondente ao item 003 do auto de infração. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 11610DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 10882.902910/2008-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/10/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.043
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2001 a 31/10/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 29 10 /2 00 8- 60 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801004.997, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 158DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.902910/200860 Acórdão n.º 9303004.043 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 16327.721008/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. NATUREZA JURÍDICA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO.
A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracteriza-se como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerou-se um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital.
INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ACIONISTA. DIREITO DE RECESSO.
A incorporação de ações seguirá os ditames das deliberações das assembleias gerais das companhias incorporadora e incorporada. Os acionistas da incorporada, que não concordarem com o evento de incorporação de ações, tem a opção de se retirar da sociedade, podendo se reembolsar do valor de suas ações.
MULTA ISOLADA
A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ aplicam-se à CSLL reflexa, no que cabíveis.
Numero da decisão: 1401-001.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos:I) Por maioria de votos, NEGAR provimento em relação à incorporação de ações. Vencida a Conselheira Lívia De carli Germano; II) Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para cancelar as multas isoladas no ano-calendário de 2007 apenas na parte que exceder a base da multa de ofício no ano-calendário. Contra essa tese, ficaram vencidos em primeira rodada os Conselheiros Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Aurora Tomazini de Carvalho que votaram pela tese de cancelar integralmente as multas isoladas, independente dos valores das bases de cálculo absorvidas pela multa de ofício. Em segunda rodada, onde todos participaram, contra a tese ganhadora na primeira rodada, ficaram vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Antonio Bezerra Neto (Relator) que votaram pela tese de negar provimento para manter todas as multas isoladas. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor em relação às multas isoladas; e III) Por unanimidade de votos, NEGAR provimento em relação às demais matérias
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Redator Designado
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Argangelo Zani, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. NATUREZA JURÍDICA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracteriza-se como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerou-se um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ACIONISTA. DIREITO DE RECESSO. A incorporação de ações seguirá os ditames das deliberações das assembleias gerais das companhias incorporadora e incorporada. Os acionistas da incorporada, que não concordarem com o evento de incorporação de ações, tem a opção de se retirar da sociedade, podendo se reembolsar do valor de suas ações. MULTA ISOLADA A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ aplicam-se à CSLL reflexa, no que cabíveis.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos:I) Por maioria de votos, NEGAR provimento em relação à incorporação de ações. Vencida a Conselheira Lívia De carli Germano; II) Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para cancelar as multas isoladas no ano-calendário de 2007 apenas na parte que exceder a base da multa de ofício no ano-calendário. Contra essa tese, ficaram vencidos em primeira rodada os Conselheiros Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Aurora Tomazini de Carvalho que votaram pela tese de cancelar integralmente as multas isoladas, independente dos valores das bases de cálculo absorvidas pela multa de ofício. Em segunda rodada, onde todos participaram, contra a tese ganhadora na primeira rodada, ficaram vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Antonio Bezerra Neto (Relator) que votaram pela tese de negar provimento para manter todas as multas isoladas. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor em relação às multas isoladas; e III) Por unanimidade de votos, NEGAR provimento em relação às demais matérias (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Redator Designado (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Argangelo Zani, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
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NATUREZA JURÍDICA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracterizase como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerouse um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ACIONISTA. DIREITO DE RECESSO. A incorporação de ações seguirá os ditames das deliberações das assembleias gerais das companhias incorporadora e incorporada. Os acionistas da incorporada, que não concordarem com o evento de incorporação de ações, tem a opção de se retirar da sociedade, podendo se reembolsar do valor de suas ações. MULTA ISOLADA A multa isolada pelo descumprimento do dever de recolhimentos antecipados deve ser aplicada sobre o total que deixou de ser recolhido, ainda que a apuração definitiva após o encerramento do exercício redunde em montante menor. Pelo princípio da absorção ou consunção, contudo, não deve ser aplicada penalidade pela violação do dever de antecipar, na mesma medida em que houver aplicação de sanção sobre o dever de recolher em definitivo. Esta penalidade absorve aquela até o montante em que suas bases se identificarem. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ aplicam se à CSLL reflexa, no que cabíveis. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 10 08 /2 01 2- 11 Fl. 200DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 532 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, NEGAR provimento ao recurso, nos seguintes termos:I) Por maioria de votos, NEGAR provimento em relação à incorporação de ações. Vencida a Conselheira Lívia De carli Germano; II) Por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL para cancelar as multas isoladas no anocalendário de 2007 apenas na parte que exceder a base da multa de ofício no anocalendário. Contra essa tese, ficaram vencidos em primeira rodada os Conselheiros Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Aurora Tomazini de Carvalho que votaram pela tese de cancelar integralmente as multas isoladas, independente dos valores das bases de cálculo absorvidas pela multa de ofício. Em segunda rodada, onde todos participaram, contra a tese ganhadora na primeira rodada, ficaram vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Antonio Bezerra Neto (Relator) que votaram pela tese de negar provimento para manter todas as multas isoladas. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor em relação às multas isoladas; e III) Por unanimidade de votos, NEGAR provimento em relação às demais matérias (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator Designado (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Argangelo Zani, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini de Carvalho, Lívia de Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Fl. 201DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 533 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra Acórdão da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro IRJ. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância, compondo em parte este relatório: Tratase de autos de infração, lavrados contra o contribuinte acima identificado, por meio dos quais são constituídos créditos tributários de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), multa de ofício de 75%, juros de mora e multa isolada de IRPJ, às folhas 03/10, créditos tributários de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), multa de ofício de 75%, juros de mora e multa isolada de CSLL, às folhas 11/19. O Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo, de folha 02, detalha as exigências e os respectivos valores lançados: IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA JURÍDICA Imposto R$ 1.664.428,47 Juros R$ 782.780,71 Multa 75% R$ 1.248.321,35 Multa Isolada 50% R$ 832.214,23 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Contribuição R$ 419.437,25 Juros R$ 197.261,34 Multa 75% R$ 314.577,94 Multa Isolada 50% R$ 299.597,12 Total do Crédito tributário do processo R$ 5.758.618,41 No Termo de Verificação Fiscal (TVF), às folhas 20/25, a autoridade detalha a infração. Os lançamentos tratam do ganho de capital auferido na operação de incorporação de ações da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia CBLC pela Bovespa Holding AS, que eram de propriedade do Banco Bradesco S.A, não apurado e não declarado pelo contribuinte. Conforme consta no TVF, em 28 de agosto de 2007 foi realizada Assembleia Geral Extraordinária da Bovespa Holding SA CNPJ 08.695.953/000123, na qual foi aprovada a incorporação da totalidade das ações de emissão da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia CBLC CNPJ 60.777.661/000150, a qual se tornou subsidiária integral da Bovespa Holding SA. Foi deliberado o aumento de capital social na sociedade Bovespa Holding SA, no valor de R$ 349.293.688,77, mediante a emissão de 169.549,662 novas ações ordinárias nominativas. Estas ações foram atribuídas aos antigos acionistas da CBLC, na proporção de 46.223 ações ordinárias da Bovespa Holding SA para cada lote 25 ações da CBLC. O preço de emissão das novas ações foi calculado a R$ 2,06 e fixado com base no parágrafo 1° do artigo 170 da lei 6.404/76. Na data da alteração societária o contribuinte era possuidor 2.800 cotas da CBLC, as quais lhe conferiram o direito do recebimento de 5.176.976 ações da Bovespa Holding SA. As ações da CBLC estavam contabilizadas na rubrica "Ações e cotas de empresas de liquidação e custódia"COSIF 2.1.5.10.108, pelo valor de R$ 3.082.693,17. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 534 4 A autoridade informa que o extrato de movimentação de ativos confirma a implantação à favor do contribuinte de 5.176.976 ações da Bovespa Holding SA na data de 28 de agosto de 2007. Aduz a fiscalização que o contribuinte não reconheceu na sua contabilidade alteração no valor das ações recebidas por conta da reorganização societária. O custo das ações mantevese inalterado após a deliberação e aprovação da incorporação. O Banco Bradesco registrava em seus livros contábeis o valor do ativo com o saldo de R$ 3.082,693,17; sob o título de "substituição de ações CBLC por ações Bovespa". Aduz que em outubro de 2007 o contribuinte realizou a alienação de parte das ações recebidas, correspondentes a 616.898 unidades e utilizou na apuração do ganho de capital auferido, o custo unitário de R$ 0,60, tendo apurado ganho de capital nesta alienação no valor de R$13.818.515,20, conforme cálculo abaixo demonstrado: Ações Bovespa Holding vendidas 616.898 Custo unitário da ação Bovespa Holding R$ 0,60 Custo Total das ações vendidas R$ 370.138,80 Preço Unitário de venda R$ 23,00 Valor total da venda R$ 14.188.654,00 Lucro na venda das ações R$ 13.818.515,20 Afirma a autoridade que as demais 4.560.078 ações da Bovespa Holdings recebidas permaneceram no ativo da instituição até o encerramento do ano de 2007. Em seguida, a autoridade autuante passa a fundamentar a autuação. Da incorporação de ações: "A incorporação de ações é a reorganização societária realizada entre empresas, por meio da qual a totalidade de ações de uma sociedade anônima é incorporada ao patrimônio, de tal forma que a primeira tornase subsidiária integral desta última. As duas companhias permanecem existindo, mantendose a autonomia patrimonial entre as envolvidas. O instituto está regido pelo artigo 252 da Lei 6.404/76 (...): Segundo o autor Fran Martins, era "Comentários à Lei das Sociedades Anônimas", Forense, 1975, vol. 3, p. 316: "Pois, na verdade, a conversão de uma sociedade anônima em subsidiaria integral mediante a chamada incorporação das ações da primeira no patrimônio da segunda nada mais é do que um aumento de capital da sociedade controladora, ou, na expressão da lei, incorporadora, com a subscrição das ações desse aumento pelos acionistas da sociedade que vai tornarse subsidiária integral, sendo o pagamento dessas ações feito não em dinheiro, mas com as ações dos acionistas da sociedade que vai ser incorporada". Modesto Carvalhosa no livro "Comentários à Lei das Sociedades Anônimas ", Ed. Saraiva, 2002, p 130, define a incorporação de ações como: "Tratase, com efeito, de negócio sui generis, a que, por lei, está permanentemente sujeito o acionista minoritário da incorporada: ter suas ações vendidas à incorporadora independentemente de sua vontade. Entretanto, se o acionista for contrário a tal desapropriação, terá o direito de recesso. Por outro lado esta desapropriação não é confiscatória, uma vez que o controlador, ao vender ações Fl. 203DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 535 5 dos minoritários da incorporada, faz com estes recebam o número de ações da incorporadora que correspondam ao valor avaliado pelos peritos." Edmar Oliveira de Andrade Filho, na obra Imposto de Renda das Empresas, Editora Atlas, 2012, p. 519, leciona: "Em termos práticos, a sociedade que vier a ser a incorporadora das ações adquire todas as ações (ou o restante para completar a totalidade, se ela já for acionista) da sociedade que vier a ser sua subsidiária integral; essa aquisição é feita mediante o recebimento por conferência de ações ou quotas em subscrição de aumento de seu próprio capital. Assim a recebedora das ações ou quotas da sociedade que vier a se tornar subsidiária integral extingue a obrigação pela subscrição das ações mediante a entrega de ações de seu próprio capital". Cita a fiscalização o artigo 418 do RIR/99, que impõe a apuração do ganho (ou perda) de capital nas operações que importem alienação de bens do ativo permanente. Concluiu, pois, a autoridade que efetivada a alienação das ações da CBLC (incorporada), de propriedade do contribuinte, com o recebimento das ações da Bovespa Holding e a integralização de capital nesta companhia, restou verificada a ocorrência dos fatos previstos na citada norma de incidência do IRPJ sobre o ganho de capital. Por fim, a autoridade efetua os cálculos dos valores tributáveis. 5.1 Ajuste Anual: No quadro a seguir demonstraremos os valores tributáveis apurados neste TV representado pelo ganho de capital não reconhecido pela fiscalizada no momento da incorporação das ações. Será excluído do cálculo, valor correspondente às 616.898 ações alienadas no próprio ano de 2007, haja vista que o lucro referente a esta alienação já compôs a base tributável apurada no encerramento do anocalendário. Valor ação entregue na integralização de capital da Bovespa Holding R$ 2,06 Custo contábil de cada ação da CBLC R$ 0,60 Ganho por ação R$ 1,46 Quantidade de ações recebidas e não alienadas no ano de 2007 4.560.078 Valor tributável R$ 6.657.713,88 Ainda que eventualmente o Banco Bradesco SA tenha alienado parte ou a totalidade das ações recebidas em anoscalendário seguintes e apurado o ganho de capital, não serão considerados efeitos de postergação em virtude de consecutivos prejuízos fiscais informados nos anos calendários 2008 a 2010. No anocalendário 2011 o contribuinte apurou lucro tributável que foi compensado no limite de 30% com os prejuízos anteriores. Ano Declaração Lucro Real Prejuízo Compensado 2008 1641900 R$ 721.521.407,36 2009 955218 R$ 201.420.900,13 2010 1153045 R$ 429.080.912,37 2011 1495210 R$ 448.144.623,35 R$ 134.443.387,01 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 536 6 Isto posto, de ofício, há de se adicionar o valor R$ 6.657.713,88 para fins de apuração do IRPJ e da CSLL devidos no encerramento do ano de 2007. 5.2 Estimativa Mensal: No decorrer do anocalendário 2007 o sujeito passivo estava obrigado ao recolhimento do IRPJ e CSLL mensais, apurados sobre bases de cálculo estimadas na receita bruta, acrescidas dos demais ganhos e resultados positivos do período. No mês de agosto de 2007, quando se efetivou o ganho de capital pela incorporação das ações, o Banco Bradesco SA apurou o IRPJ e a CSLL mensais em bases, estimadas na Receita Bruta, mas não procedeu à adição deste ganho, o que implicou falta de recolhimento das exações. A conduta adotada impõe o lançamento de multa isolada, calculada no percentual de 50% (cinquenta por cento) dos tributos devidos, nos termos do inciso II do artigo 44 da Lei 9.430/96. DEMONSTRATIVO DOS CÁLCULOS DAS MULTAS ISOLADAS IRPJ E CSLL PARA AGOSTO 2007 Valor tributável R$ 6.657.713,88 IRPJ devido R$ 1.664.428,45 Multa isolada 50% sobre o IR devido R$ 832.214,23 CSLL devida R$ 599.194,24 Multa isolada 50% sobre a CSLL devida R$ 299.597,12 O contribuinte foi cientificado dos lançamentos em 20/08/2012, à folha 79, tendo apresentado impugnação em 19/09/2012, às folhas 87/109, alegando o que se segue. Para o interessado, o lançamento de ofício está assentado na falsa premissa de que teria omitido renda na formação do lucro líquido do exercício apurado em 31 de dezembro de 2007, e que teria deixado de fazer a antecipação de tributos que estaria obrigado; Entende que o fato causador do lançamento de ofício teriam sido os Ganhos e Perdas de capital apurados incorretamente — Alienação/Baixa de bens do ativo permanente" e para o auto de infração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido o fato apontado foi "Resultados —Apuração incorreta de resultados da CSLL."; Argumenta que não ficou demonstrado a alienação de bens do ativo permanente, pois a incorporação de ações, como prevista no artigo 252 da Lei 6.404/76 (Lei das S/A), não configura qualquer forma de alienação de bens do ativo permanente; Entende que para ser possível a lavratura dos autos, a fiscalização deveria ter demonstrado que a operação realizada não foi aquela prevista na Lei das S/A, ou, então, que aquela operação, para efeitos fiscais, se desdobraria em outras, que estariam ocultas, contudo, nada disso foi feito, tendo a fiscalização, sem qualquer amparo legal, concluído por uma alienação de bens do ativo permanente não contabilizada. DO DIREITO Da incorporação de ações da CBLC pela Bovespa Holding SA Fl. 205DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 537 7 Afirma o contribuinte que a única operação tangível apontada pelo fiscal foi a incorporação das ações da CBLC feita pela Bovespa Holding SA. Segundo alega, o impugnante era detentor minoritário de ações da CBLC, quando as duas companhias deliberaram, nos termos do artigo 252 da Lei 6.404/76, a mencionada incorporação de ações; Argumenta que "salta aos olhos" o fato de o negócio jurídico ter sido celebrado entre as empresas em si, e não pelos acionistas destas, portanto seria um ato, em princípio, à revelia do proprietário das ações incorporadas; Outro aspecto é que a subscrição das novas ações não é feita pelo sócio, mas pela Administração da empresa cujas ações estão sendo incorporadas; Argumenta que o instituto aqui tratado não se confunde com venda e compra, ou subscrição de capital efetuada por meio de ativos, e tem natureza própria. O procedimento operacional estabelecido pela lei para o instituto é semelhante ao da incorporação de empresa, no que diz respeito ao protocolo, à nomeação de peritos e a aprovação mediante a realização de assembleia de acionistas, mas obviamente não se confundem e possuem regulamentações específicas; Segundo alega, a incorporação de ações é uma operação complexa, onde: a) aumentase o capital da incorporadora, com as ações a serem incorporadas; b) substituise as ações de emissão da sociedade cujas ações serão incorporadas por ações de emissão da incorporadora; c) Os detentores das ações incorporadas subrogamse, por imposição legal, nas ações da empresa incorporadora; d) a empresa incorporada tornase subsidiaria integral da incorporadora, e; e) unificase as bases acionárias das duas companhias na incorporadora. Afirma o interessado que no que diz respeito ao acionista,a lei dispõe de seu patrimônio à revelia de sua vontade, impondolhe uma subrogação real, onde este acionista não transfere bens ou direitos de qualquer natureza, limitandose, de modo estático e passivo, a ter substituídas no seu patrimônio as participações que previamente detinha pelas novas ações emitidas pela companhia incorporadora; Admitirse como correto o procedimento pretendido pela fiscalização, implicaria, segundo o contribuinte, para o acionista, além do ônus de ser compelido, à revelia de sua vontade, ter substituídas no seu patrimônio as participações que previamente detinha pelas novas ações emitidas pela companhia incorporadora, ver se obrigado a pagar tributos quando não houve qualquer disponibilização financeira; Para o contribuinte, é pacífico na doutrina, que na subrogação real, a coisa que toma o lugar da outra fica com os mesmos ônus e atributos da primeira, e isso, por si só, já descarta qualquer tentativa de se falar em ganho de capital neste momento; Aduz que não se pode confundir a incorporação de ações com a figura do aumento de capital com a subscrição, como pretendeu a fiscalização. Justifica, afirmando que, enquanto a previsão legal do aumento de capital das sociedades, mediante conferência de bens, encontrase nos artigos 7° a 10, a incorporação de ações encontra previsão legal no artigo 252, todos da Lei das S/A, e o simples fato de terem bases legais diferentes já configuraria a independência dos institutos; Para o contribuinte, o essencial nesta diferenciação são os sujeitos do instituto: o aumento de capital com bens é um contrato celebrado entre a sociedade e Fl. 206DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 538 8 o acionista, que espontaneamente faz o investimento. Já na incorporação de ações, o negócio contratual é formalizado por meio de protocolo celebrado entre os órgãos de administração das companhias envolvidas e não de seus acionistas; Assim, não há como se confundir os dois institutos, e a substituição de um pelo outro somente poderia se dar mediante a prova de ter havido simulação, matéria completamente alheia aos presentes autos; Alega também que a base de incidência do imposto de renda é a realização efetiva de um ganho, e tem a contribuição social sobre o lucro líquido, por definição, a mesma base do imposto de renda, conforme expresso no artigo 43 do Código Tributário Nacional CTN; E em não havendo renda, não há que se falar em imposto de renda ou da contribuição sobre o lucro, pois, para que haja a incidência das exações, é necessário que haja acréscimo patrimonial, riqueza nova, já realizada. Haverá de ter sido adquirida a disponibilidade econômica ou jurídica sobre esta renda, como magistralmente descrito na exposição de motivos do Decretolei 1.598/77, que adaptou as regras do imposto de renda à Lei 6.404/76; Aduz que a subrogação decorrente da incorporação de ações, quando o impugnante teve substituídas em seu patrimônio as ações que possuía da CBLC por ações da Bovespa, não configuraria a renda, ou ganho de capital como descrito no artigo 43 do CTN, pois a subrogação real, por si, não provoca qualquer acréscimo patrimonial, e, por consequência, qualquer ganho de capital; O acionista submetido à incorporação de ações restringese, de modo estático e passivo, a ter substituídas em seu patrimônio as ações que detinha da companhia incorporada pelas novas ações emitidas pela companhia incorporadora, quando então as registra em sua escrita pelo exato valor das ações, anteriormente havidas; Argumenta que o patrimônio do acionista permanece exatamente o mesmo com a mera substituição as ações, e, por isso, não há como se falar em ganho de capital; Ressaltese que o fato de se registrar as ações subrogadas pelo valor das havidas antes da incorporação de ações é, ainda, uma imposição legal, o que revela não ter havido qualquer realização de ganho ou perda; Nem se alegue que, em razão dos procedimentos da incorporação de ações, onde existe a realização de avaliações através da nomeação de peritos, ficaria configurada hipótese de realização de ativos, pois, uma coisa é a avaliação dos peritos para os bens, outra, bem diferente, é a realização destes bens; Acrescenta o contribuinte que, não há realização, mas tão somente uma operação permutativa, embora nem se configure propriamente uma permuta, e sim a substituição da participação societária. A alienação das ações Afirma o interessado que consta do Termo de Verificação Fiscal que"não serão considerados efeitos de postergação em virtude de consecutivos prejuízos fiscais informados nos anos calendários 2008 a 2010", que eventual venda por parte da impugnante das ações da Bovespa Holding S/A, recebidas em razão da incorporação das ações da CBLC, seria inócua sob o ponto de vista da tributação; Argumenta, pois, que as ações da Bovespa Holding S/A, recebidas em razão da incorporação das ações da CBLC, foram efetivamente vendidas pelo impugnante nos exercícios subsequentes, tendo o ganho da alienação integrado sua receita declarada; Fl. 207DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 539 9 Afirma que independente da apresentação de prejuízo fiscal nos exercícios de 2008 a 2010, o fato é que a venda das ações foi efetivamente tributada, tornandose óbvio que a tributação, tal qual pretendida pela fiscalização, implicaria em reflexos no resultado apurado pelo impugnante por ocasião da venda das ações, pois a tributação das ações no momento de seu recebimento, em 2007, afastaria a tributação ocorrida no momento da venda, o que não foi observado pela fiscalização; Aduz que aceitarse a pretensão fiscal, implicaria em se tributar duas vezes um mesmo fato gerador, pois, ou se tributa no momento do recebimento das ações (como pretende a fiscalização), ou se tributa no momento da alienação (como de fato foi tributado, na forma da lei), sendo inaceitável a justificativa constante do Termo de Verificação Fiscal, da desconsideração dos efeitos da postergação, pelo fato da apresentação de prejuízo fiscal nos exercícios de 2008 a 2010, ou lucro tributável no exercício de 2011, compensado no limite de 30% com prejuízos anteriores; Conclui o contribuinte que na remota hipótese da manutenção dos presentes autos de infração, haverá de ser reconhecido seu direito de recompor suas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, sob pena de tributarse duas vezes um mesmo fato, o que acarretaria em enriquecimento ilícito do ente fazendário; A ilegalidade e arbitrariedade da aplicação das multas isoladas Argumenta o interessado que a penalidade de multa isolada somente teria aplicabilidade dentro do próprio exercício onde as antecipações deveriam ser ocorrer, ou seja, quando a fiscalização verificasse a ausência do pagamento das antecipações dos tributos, dentro do do mesmo exercício, aplicaria as multas isoladas, eis que os tributos em si, o IRPJ e a CSLL, ainda não seriam devidos, e, portanto, não poderiam ser exigidos; Após o encerramento do exercício, os tributos em si passariam a ser exigidos, deixando de ser aplicada a multa isolada para, ao invés dela, aplicarse a multa de ofício, incidente sobre o valor do tributo devido e não pago; Assim, entendeu o contribuinte que a fiscalização, laborando mais uma vez em erro, aplicou, cumulativa e concomitantemente, ambas penalidades, a multa isolada e a multa de ofício. Assim, argumenta que não só foi aplicada a multa isolada após o encerramento do exercício, o que seria de todo inviável pela própria natureza da penalidade, como, também, aplicouse uma dupla penalidade por uma mesma suposta infração, práticas estas absolutamente repudiadas pelo então E. Conselho de Contribuintes, inclusive pela C. Câmara Superior de Recursos Fiscais; Restam, assim, impugnadas as arbitrárias e ilegais multas isoladas aplicadas ao impugnante, devendo as mesmas excluídas do crédito tributário exigido. Do pedido Ao final, requer o contribuinte sejam acatadas as presentes razões, negandose provimento à ação fiscal, decretandose a completa insubsistência dos presentes autos de infração medida de inteira justiça. É o relatório. Submetida a Impugnação à apreciação da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro IRJ, esta proferiu o acórdão nº 1261.746, que por unanimidade de votos manteve integralmente o lançamento, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 Fl. 208DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 540 10 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ACIONISTA. DIREITO DE RECESSO. A incorporação de ações seguirá os ditames das deliberações das assembleias gerais das companhias incorporadora e incorporada. Os acionistas da incorporada, que não concordarem com o evento de incorporação de ações, tem a opção de se retirar da sociedade, podendo se reembolsar do valor de suas ações. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. EFEITOS TRIBUTÁRIOS. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações por aumento de capital constitui uma forma de alienação e, como tal, está sujeita à apuração de ganho de capital. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. A falta de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ sujeita o contribuinte à multa isolada de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor dos pagamentos não efetuados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO DECORRENTE. Decorrendo a exigência da CSLL da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada, no mérito, a mesma decisão proferida para o imposto de renda. Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada interpôs recurso voluntário a este CARF, repetindo literalmente todos os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. É o relatório. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 541 11 Voto Vencido Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator O recurso preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. A controvérsia dos Autos de Infrações sob análise cingese em saber se a operação de incorporação de ações é uma hipótese de efetiva alienação de ações e assim a necessidade de reconhecer como valor da alienação o valor unitário atribuído a cada ação ordinária da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia CBLC que, com a incorporação de suas ações, se tornou subsidiária integral da Bovespa Holding SA. A incorporação de ações é operação societária prevista no artigo 252 da Lei n° 6.404/76 (Lei das S.A). Em apertada síntese, a incorporação de ações tem lugar de ser quando uma companhia adquire todas as ações do capital social de outra com o fim de converter esta em subsidiária integral, como aconteceu no caso concreto em virtude da incorporação de todas as ações da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia pela Bovespa Holding S.A. Na data desse evento a Recorrente (o Banco Bradesco SA) era possuidora de 2.800 das ações da CBLC (incorporada), as quais lhe conferiram o direito do recebimento de 5.176.976 ações da Bovespa Holding SA. As ações da CBLC estavam contabilizadas na rubrica "Ações e cotas de empresas de liquidação e custódia"COSIF 2.1.5.10.108, pelo valor de R$3.082.693,17. Em última análise, a incorporadora (Bovespa Holding S.a) aumenta seu próprio capital social e o integraliza com as ações adquiridas da incorporada (CBLC), em que os acionistas desta última (Recorrente e outros), ao aprovarem a operação, receberam em troca delas, ações da incorporadora pelo valor de avaliação apurado em laudo exigido pela lei, decorrentes do aumento do capital social referido; e os antigos acionistas da incorporada (CBLC), passaram assim a ser acionistas da incorporadora (Bovespa Holding S.A). A lide cingese a saber, então, em sendo o caso de o valor daquela avaliação, no momento da incorporação, ser maior que o valor contábil declarado anteriormente, se a referida diferença deve ser atribuído o caráter de ganho de capital tributável. A Recorrente alega que não se trata de alienação e, portanto, não haveria ganho de capital a ser tributável, além do que a contabilização dos ativos deveria se dar pelo custo histórico, admitindose a geração de resultados apenas quando ocorresse uma transação envolvendo terceiros; e por último, pois a renda não teria sido realizada, não havendo assim disponibilidade econômica ou jurídica. Passo a análise do mérito. Conforme relatado, a Recorrente defende a tese que atribui à incorporação de ações como sendo um mero procedimento de substituição de ações, configurando uma sub rogação real, sendo este um dos principais fundamentos de que se utilizou no seu recurso. Não entendo que estamos a tratar de subrogação real, pois esse instituto pressupõe a substituição jurídica de uma coisa (ações da sociedade A) por outra (ações da Fl. 210DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 542 12 sociedade B), mas mantendose a relação base anterior. É que feita essa “substituição”, a essência da relação jurídica anterior não será mais a mesma, uma vez que sendo as ações recebidas pela incorporada pertencentes à pessoa jurídicas diferente, tudo mais se altera: valores patrimoniais, Estatutos sociais etc. Ademais, a subrogação jurídica tem como principal função fazer com que o bem recebido em troca recomponha o novo patrimônio de referência e isso tudo levandose em conta a perfeita identidade de valores entre o bem subrogado e o bem deslocado. O que a evidência não ocorre justamente pela necessidade legal de se valorar as ações dadas e conferidas para aumento de capital, a preço de mercado por intermédio de laudo exigido por lei. Ou seja, a alienação em questão se deu a título de acréscimo patrimonial e não de equivalência, ensejando assim a tributação. Outro argumento que a Recorrente colocou para defender ainda essa tese é que não haveria declaração de vontade, isso porque na incorporação de ações o acordo se daria entre duas sociedades, entre órgãos, sem a participação direta dos acionistas. Então, não poderia haver aqui uma alienação quando há carência de vontade. Ledo engano, em sociedades fechadas a decisão dos seus acionistas seria unânime, não havendo que se falar em carência de vontade, e nas sociedades abertas, como é o caso da Recorrente, pelo princípio majoritário, essa declaração de vontade fica estampada. Afinal, as consequências e o alcance do princípio majoritário é encampado e aceito a priori na medida em que se participa de uma sociedade aberta. Em relação aos minoritários, é de se reconhecer que a carência de vontade não é tão patente, porém apesar de não existir uma declaração (explícita) de vontade, há uma manifestação de vontade, na medida em que existe para eles (minoritários) o direito de recesso. Caso não o exerçam, estão pragmaticamente estão dando respaldo com essa manifestação de vontade (implícita) à decisão acolhida pelo princípio majoritário, como foi o caso. Assim, não se pode afirmar que o negocio jurídico de incorporação de ações possui apenas uma eficácia externa, atingindo a “terceiros” estranhos ao protocolo (acionistas), apenas pelo fato de que a operação seja aprovada pela maioria das assembléias gerais das sociedades envolvidas. Caráter de Alienação Dado que a alienação é um negócio jurídico de caráter genérico que designa qualquer situação que possua como resultado final a transferência do domínio de uma coisa para outra pessoa, então, como corolário lógico disso, entendo que na incorporação de ações, por justamente ensejar a uma verdadeira transferência de titularidade jurídica e, no caso concreto, com valoração a preço de mercado das ações dadas em conferência de capital, se enquadra no gênero “alienação”, atraindo assim a tributação do ganho de capital. Caráter de aumento de capital mediante “dação em pagamento” Muito embora essa subscrição de capital com bens (ações) seja uma etapa de um procedimento maior, configurando um negócio típico do direito societário, não vejo porque possa descaracterizar a linha de entendimento que também configura uma outra situação jurídica condutora da tributação , qual seja, um aumento de capital da incorporadora mediante uma “dação em pagamento” de bens (próprias ações) pelos antigos acionistas da incorporada, modalidade esta de alienação albergada como campo de incidência do IR, no § 4º do art. 117 Fl. 211DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 543 13 do RIR/99, ultrapassando assim quaisquer outras considerações opostas de renda ainda não realizada, afinal a própria lei encampou literalmente tal situação jurídica. Se, ao menos teoricamente, é indiferente a qualificação com base numa tese (a incorporação de ações é um instituto jurídico do direito societário, havendo alienação e aquisição fictas) ou outra (aumento de capital com “dação em pagamento” de bens (ações)), permanece a questão de fundo de todas as discussões em torno da validade da tributação, na discussão subseqüente de que tal renda ainda não teria se realizado ex vi art. 43 do CTN. O que se apregoa é que no nosso ordenamento jurídico, a tributação incide sobre renda realizada por força do disposto no art. 43 do CTN. O problema é que alguns intérpretes tendem de imediato a associar a ideia de renda realizada com a existência de fluxo financeiro. Não havendo a ocorrência do fluxo financeiro haveria apenas uma renda em potencial. Se tal raciocínio fosse válido de forma absoluta em qualquer situação, então como corolário lógico disso teríamos então que admitir que todas as normas que dispõem sobre a tributação com base no regime de competência (para as pessoas jurídicas) seriam inválidas nos casos em que o ganho da receita não coincide com o fluxo financeiro. O que seria um absurdo. Porém, a Recorrente é mais específica nessa questão e sua fundamentação precisa aqui ser enfrentada. Alega que a disponibilidade jurídica deve ser entendida como a detenção de título líquido e certo, hábil a proporcionar a disponibilidade econômica, por meio de atitudes que dependa apenas do contribuinte. Suponho que ao ir por esse caminho quer dar a entender que ao receber as ações em decorrência da incorporação de ações ainda carecia da concordância de terceiros em realmente adquirilas por aquele valor atribuído. A tese aqui já levantada por mim de que ocorre uma alienação ficta justaposta a uma aquisição ficta, e isso não antes de valorada a preço de mercado, caracteriza, sim, a meu ver, uma concordância de terceiros. O terceiro no caso é empresa incorporadora que aceitou a conferência de ações da empresa controlada reavaliada a preço de mercado por ocasião da assembléia. É que por determinação dos parágrafos 1º e 3º do art. 252 da Lei da S/A, é obrigatória a avaliação do valor das ações a ser incorporada, sendo relevantíssimo o preço atribuído, pois será ele o preço da avaliação que determinará a relação de troca para saber quantos ações da incorporada equivalem as ações da incorporadora para serem cedidas aos novos sócios como pagamento pela integralização de capital das ações da incorporada dadas em “dação em pagamento”. Por fim, há ainda que se alegue contra a tese aqui defendida que“há a necessidade de que alguém passe a ser titular de algo do qual não era titular’). Tal linha de defesa também já foi criticada neste voto quando se demonstrou alhures que estaríamos diante de uma verdadeira transferência de domínio econômico de bens (ações) que passaram da incorporada para a incorporadora. Outrossim, a jurisprudência do CARF também caminha ao lado desse entendimento, conforme julgado abaixo da CSRF: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF. Exercício: 2005. IRPF OPERAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE AÇÕES GANHO DE CAPITAL. As operações que importem alienação a qualquer titulo de bens e direitos, estão sujeitos a apuração do ganho de capital. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação em sentido amplo. O sujeito passivo transferiu ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de Fl. 212DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 544 14 subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. A diferença a maior (entre o valor de mercado e o valor constante na declaração de bens) deve ser tributada como ganho de capital. Recurso especial provido. (Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF Segunda Turma Acórdão CSRF/920200.662 Data da Decisão: 12/04/2010 Data de Publicação: 11/06/2010)” Por todo o exposto, concluo que a incorporação de ações de fato importa uma alienação que é tributável, pois no caso concreto, com a valorização à preço de mercado gerou uma forma de acréscimo patrimonial, ensejando assim a tributação do ganho de capital. Realização em períodos subsequentes postergação da tributação Nesse ponto, entende a Recorrente que a tributação das ações no momento do seu recebimento, em 2007, afastaria a tributação ocorrida no momento de sua venda, o que alega ter ocorrido nos anos subseqüentes, sendo que se considerar pelo menos a tributação como postergação. Para fazer essa prova traz apenas tabela produzida por ela na fase impugnatória demonstrando que a última alienação teria sido feita em 21/10/2010. A esse respeito, cabe aqui primeiro ratificar o que afirmou a DRJ no sentido de que não há como correlacionar fatos geradores distintos de ganho ou perda de capital: um ocorrido em 2007, quando da alienação das ações da CBLC para incorporação pela Bovespa Holding, e outro fato gerador, ocorrido nos anos seguintes, quando da alegada venda definitiva das ações da Bovespa Holding. E ainda mais em reforço ao colocado acima há que se considerar que nem postergação propriamente dita de tributos se tratou, pois o contribuinte apurou prejuízos fiscais nos períodos posteriores em que afirma ter feito as alienações. A esse respeito vejase o pronunciamento da fiscalização: Ainda que eventualmente o Banco Bradesco SA tenha alienado parte ou a totalidade das ações recebidas em anoscalendários seguintes e apurado o ganho de capital, não serão considerados efeitos de postergação em virtude de consecutivos prejuízos fiscais informados nos anos calendários 2008 a 2010. No anocalendário 2011 o contribuinte apurou lucro tributável que foi compensado no limite de 30% com os prejuízos anteriores A DRJ ainda a esse mesmo respeito, aduz em complemento o seguinte, que não foi infirmado pela Recorrente: Por fim, cumpre esclarecer que, conforme consultas aos sistemas informatizados da RFB, às folhas 144/145, o contribuinte não possuía saldo de prejuízo fiscal, nem base negativa de CSLL de períodos anteriores que pudessem diminuir os valores lançados de IRPJ e CSLL. Na mesma toada, as consultas aos sistemas informatizados da RFB, de folhas 146/147, esclarecem também que o contribuinte fez uso dos saldos negativos de IRPJ e CSLL apurados na DIPJ 2008 em Pedidos de Restituição transmitidos. Portanto, não há o que se falar em diminuição de saldos negativos já utilizados. Portanto, nego provimento também a este item. MULTA ISOLADA – ESTIMATIVAS NÃO PAGAS A recorrente pleiteia o cancelamento da multa isolada de 50% apurada em face de falta de recolhimento da estimativa do tributo devido, feito sob argumento de impossibilidade de cumulação com a multa de ofício de 75%. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 545 15 Quadro de composição das multas isolada lançada referente à agosto de 2007, por consequência da falta de declaração do ganho de capital, conforme consta do TVVF: Vaior tributável R$6.657.713,88 IRPJ devido ■■ R$1.664.428,45 Multa isolada 50% sobre o IR devido R$ 832.214,23 CSLL devida R$ 599.194,24 Multa isolada 50% sobre a CSLL devida R$ 299.597,12 Cabe de início esclarecer que não se confundem as duas infrações, pois são distintas.Uma coisa é o descumprimento da obrigação de recolher, até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir, o imposto apurado por estimativa; outra, completamente diferente é a caracterização de declaração inexata e da falta de recolhimento do imposto apurado no final do ano, com base no lucro real. Tais infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação uma incidindo isoladamente, sobre as estimativas obrigatórias não recolhidas durante o anocalendário e outra cobrada juntamente com o imposto devido (declaração inexata). A lei em sua redação original, coincidentemente, tinha adotado o mesmo percentual de 75% para ambos os casos. Mas, esse dispositivo foi alterado pela lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, dandolhe nova redação, reduzindo a multa isolada para 50%; bem assim deixando bem claro, se dúvidas haviam, de que a referida multa isolada era cabível no caso de estimativa mensal não paga e não de tributo final não pago. Assim, em virtude da legislação referida, ao optar pela apuração dos lucros com base no real anual a contribuinte ficou obrigada a antecipar o pagamento do imposto de renda e da contribuição social, recolhendoos mensalmente, por estimativa. A multa isolada recebe essa denominação apenas por ser exigida separada e independentemente do tributo, tanto que se impõe ainda quando nenhum tributo ao final do período de apuração seja devido, apenas porque o contribuinte deixou de satisfazer o recolhimento por estimativa que lhe tocava efetuar. A multa aplicase ainda que, no final do período de apuração, venha a ser apurado prejuízo fiscal. Se a multa é cabível mesmo na hipótese de se verificar prejuízo ao final do período de apuração 2(duas) ilações estão aí pressupostas que precisam ser desveladas: a) a penalidade é imposta não em razão do pagamento insuficiente do tributo devido ao final da apuração, mas sim pelo falta de cumprimento de outra obrigação distinta, que é o recolhimento antecipado da estimativa mensal; b) descabido é também o argumento de que a multa isolada só se aplica para período não encerrado. Portanto, importa verificar que a exigência da multa isolada independe de se apurar resultado anual tributável, decorre do descumprimento da obrigação de recolher a estimativa apurada no mêscalendário. Também não se pode conceber que a aplicação da multa seja de caráter condicional. Explico melhor. O descumprimento da norma enseja a aplicação da penalidade, não tendo lógica a lei determinar que se proceda de certa maneira e se venha a ter procedimento em sentido oposto. É, pois, inadmissível que paralelamente com o deverser do Fl. 214DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 546 16 comportamento, coexista o pretenso direito ao livre arbítrio de agir, vulnerandose o conteúdo das determinações legais. Da inaplicabilidade da Súmula CARF nº 105 Ressalvo o meu entendimento que sempre foi pela manutenção das multas isoladas, porém o modifico em função de regramento vinculante superveniente (Súmula CARF n; 105), que possui o seguinte teor: Súmula CARF n. 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Porém, cabe salientar que a asserção contida na súmula só é válida para os anoscalendários anteriores a 2007, pois com fundamento em dispositivo legal (no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996) que foi posteriormente modificado. Portanto a Súmula nº105 só aplicase aos anoscalendários anteriores a 2007, eis que o lançamento dela deve se lastrear no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, alterado pela art. 14 da Lei nº 11.488/07, bem assim que haja imposto devido e não apuração de prejuízos fiscais ou bases negativas da CSLL, como também é o caso. Como o caso que se cuida referese ao anocalendário de 2007, não há que se falar em aplicação da súmula ao caso concreto. Portanto, mantenho as multas isoladas sobre as estimativas. Juros sobre multa de ofício Não procede a alegação da recorrente no sentido de ser indevida a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício . Como é sabido, a multa de ofício, ex vi art. 44 da Lei nº 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago (diferença entre o tributo devido e o recolhido). A partir da leitura do Código Tributário Nacional, concluise que a multa, apesar de não ter a natureza de tributo, faz parte do crédito tributário. É a inteligência dos artigos 3º e 113 do CTN, conjugado com art. 139 que assim dispõe “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta” Ou seja, enquanto o art. 3° exclui as multas da definição de tributo, os dispositivos seguintes (art. 113, §1°, e art. 139) trazemnas para compor o crédito tributário. Por conseguinte, a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Por sua vez, o art. 161 do Código Tributário Nacional dispõe que os juros de mora passam a integrar o crédito tributário não pago, de forma a que a incidência da multa alcança tanto o crédito tributário principal quanto os juros de mora sobre ele incidentes. Em resumo, é cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 547 17 Assim, não procede o argumento no sentido de afirmar que apenas a partir da existência do parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Ora, tal previsão diz respeito à aplicação de multa isolada sem crédito tributário. Assim, a teleologia de tal dispositivo legal vem a reboque de se ratificar a incidência dos juros sobre a multa que não toma como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa de ofício. Assim, mantenho os juros sobre a multa de ofício. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ aplicam se à CSLL reflexa, no que cabíveis. Por todo o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 216DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 548 18 Voto Vencedor É de longa data meu posicionamento acerca da aplicação da multa isolada em concomitância com a multa proporcional. Abaixo, reproduzo meu voto, relativo à situação idêntica à presente neste feito, que conduziu o Acórdão nº 120100.235, de 07 de abril de 2010: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da norma punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3º: Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o Fl. 217DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 549 19 período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, “pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático”. Para Delmanto, “a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste”. Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. Assim, consideramos imperioso verificar se houve, em relação aos fatos que ensejaram a autuação de multas isoladas, também a imposição de multa proporcional e em que medida. O valor tributável é o mesmo (R$ 15.470.000,00). Isso, contudo, não implica necessariamente numa perfeita coincidência delitiva, pois pode ocorrer também que uma omissão de receita resulte num delito quantitativamente mais intenso. Foi o que ocorreu. Em razão de prejuízos posteriores ao mês do fato gerador, o impacto da omissão sobre a tributação anual foi menor que o sofrido na antecipação mensal. Desse modo, a absorção deve é apenas parcial. Conforme o demonstrativo de fls. 21, a omissão resultou numa base tributável anual do IR no valor de R$ 5.076.300,39, mas numa base estimada de R$ 8.902.754,18. Assim, deve ser mantida a multa isolada relativa à estimativa de imposto de renda que deixou de ser recolhida sobre R$ 3.826.453,79 (R$ 8.902.754,18 – R$ 5.076.300,39), parcela essa que não foi Fl. 218DF CARF MF Processo nº 16327.721008/201211 Acórdão n.º 1401001.682 S1C4T1 Fl. 550 20 absorvida pelo delito de não recolhimento definitivo, sobre o qual foi aplicada a multa proporcional. Abaixo, segue a discriminação dos valores: Base estimada remanescente: R$ 3.826.453,79 Estimativa remanescente (R$ 3.826.453,79 x 25%): R$ 956.613,45 Multa isolada mantida (R$ 956.613,45 x 50%): R$ 478.306,72 Multa isolada excluída (R$ 1.109.844,27 – R$ 478.306,72): R$ 631.537,55 O mesmo fundamento deve ser aplicado para a estimativa de CSLL: Base estimada remanescente (R$ 8.672.863,50 – R$ 1.736.870,86): R$ 6.935.992,64 Estimativa remanescente (R$ 6.935.992,64 x 9%): R$ 624.239,34 Multa isolada mantida (R$ 624.239,34 x 50%): R$ 312.119,67 Multa isolada excluída (R$ 390.278,86 – R$ 312.119,67): R$ 78.159,19 Pois bem, circunstância similar se perfaz no presente feito. Em relação ao IRPJ, a concomitância é integral. Isso é facilmente constatado pelo valor das multas. A multa proporcional lançada foi de R$ 1.248.321,35. Logo sua base de cálculo foi de R$ 1.664.428,47, valor que também está registrado no auto de infração e que corresponde a R$ 1.248.321,35 dividido por 75%. Foi exatamente este valor que serviu de base para o lançamento da multa isolada correspondente a R$ 832.214,23, pois representa a aplicação do percentual de 50% sobre os mesmos R$ 1.664.428,47. O mesmo, contudo, não pode ser dito da multa isolada relativa às estimativas de CSLL. A multa proporcional foi de R$ 314.577,94, valor correspondente à aplicação do percentual de 75% sobre R$ 419.437,25. Desse modo, apenas o valor de R$ 209.718,63, que corresponde a 50% sobre os mesmos R$ 419.437,25, é absorvido. A diferença entre o valor lançado (R$ 299.597,12) a título de multa isolada e o valor absorvido (R$ 209.718,63), deve ser mantida, ou seja, R$ 89.878,49. Por todo o exposto, voto para afastar a multa isolada de IRPJ e para manter parcialmente a multa isolada de CSLL no montante de R$ 89.878,49. Documento assinado digitalmente. Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Redator Designado Fl. 219DF CARF MF
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