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Numero do processo: 15374.963906/2009-11
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004
NÃO-CUMULATIVIDADE. INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. DIREITOS AUTORAIS.
Os direitos autorais pagos pela indústria fonográfica só dão direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativas se tiverem se sujeitado ao pagamento da Cofins-importação e da Contribuição para o PIS/Pasep importação.
NÃO-CUMULATIVIDADE. INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. CUSTOS DE GRAVAÇÃO. INSUMO. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Custos de gravação da indústria fonográfica que não se caracterizem gastos com bens e serviços efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação de obras fonográficas destinadas à venda, na prestação de serviços fonográficos ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para a Cofins ou PIS/Pasep não cumulativas.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO NÃO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE. ÔNUS DA PROVA.
É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito de crédito informado em declaração de compensação, o que não se limita a, simplesmente, juntar documentos aos autos, no caso em que há inúmeros registros associados a inúmeros documentos.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA CONTÁBIL. DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO.
Devem ser indeferidos os pedidos de perícia e de diligência, quando formulados como meio de suprir o ônus probatório não cumprido pela parte.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3801-003.613
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório referente apenas aos gastos com serviços de captação de imagens, mixagem, gravação e edição; locação de equipamentos; transporte de instrumentos musicais e equipamentos; serviços prestados por empresas de músicos instrumentistas, vocalistas e regentes, afinação de instrumentos; efetuados junto a pessoas jurídicas domiciliadas no país, cujas aquisições tenham se submetido ao pagamento da contribuição, com base nos documentos acostados aos autos, resguardando-se à RFB a apuração da idoneidade destes documentos. Vencidos os Conselheiros, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que convertiam o processo em diligência para a apuração do direito creditório. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sérgio Celani. Após vista de mesa, o julgamento foi realizado no dia 24 de julho no período matutino. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. DIREITOS AUTORAIS. Os direitos autorais pagos pela indústria fonográfica só dão direito a crédito da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativas se tiverem se sujeitado ao pagamento da Cofinsimportação e da Contribuição para o PIS/Pasep importação. NÃOCUMULATIVIDADE. INDÚSTRIA FONOGRÁFICA. CUSTOS DE GRAVAÇÃO. INSUMO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Custos de gravação da indústria fonográfica que não se caracterizem gastos com bens e serviços efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação de obras fonográficas destinadas à venda, na prestação de serviços fonográficos ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para a Cofins ou PIS/Pasep não cumulativas. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO NÃO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito de crédito informado em declaração de compensação, o que não se limita a, simplesmente, juntar documentos aos autos, no caso em que há inúmeros registros associados a inúmeros documentos. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA CONTÁBIL. DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Devem ser indeferidos os pedidos de perícia e de diligência, quando formulados como meio de suprir o ônus probatório não cumprido pela parte. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 96 39 06 /2 00 9- 11 Fl. 1369DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 15 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório referente apenas aos gastos com serviços de captação de imagens, mixagem, gravação e edição; locação de equipamentos; transporte de instrumentos musicais e equipamentos; serviços prestados por empresas de músicos instrumentistas, vocalistas e regentes, afinação de instrumentos; efetuados junto a pessoas jurídicas domiciliadas no país, cujas aquisições tenham se submetido ao pagamento da contribuição, com base nos documentos acostados aos autos, resguardandose à RFB a apuração da idoneidade destes documentos. Vencidos os Conselheiros, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que convertiam o processo em diligência para a apuração do direito creditório. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sérgio Celani. Após vista de mesa, o julgamento foi realizado no dia 24 de julho no período matutino. Fez sustentação oral pela recorrente o Dr. Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Flávio de Castro Pontes e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 1370DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 16 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o acórdão, julgado na sessão de 3 de abril de 2013, pela 16ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento do Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), referente ao processo administrativo, em que foi julgada improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte, sendo indeferida a compensação pleiteada. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: “Trata o presente processo do PER/DCOMP nº 11007.72967.141107.1.3.042105 (fls. 306 a 310), transmitido em 14/11/2007 pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a compensação da Cofins relativa ao período de apuração 10/2007. Informa como origem do direito creditório o pagamento referente ao COFINS, relativo ao período 08/2004, no valor total de R$ 1.009.272,75, pretendendo utilizar para fins desta compensação apenas R$ 211.518,70. À fl. 302 consta despacho decisório, o qual concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER/DCOMP, sob o fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado desta decisão por edital (fl. 19/20), o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 17/11/2009 (fls. 02 a 16), alegando, em resumo, que: Foi intimada acerca da decisão atacada por correspondência com aviso de recebimento, recebida em 19/10/2009, sendo a presente manifestação tempestiva; A impugnante somente teve acesso a tal despacho quando checou eventuais pendências para obtenção de certidão negativa; Em observância ao princípio da economia processual, uma vez instaurado o processo, não deve ele ser considerado nulo diante da nulidade da citação, devendo ser aceita a presente manifestação, sanando o vício apontado; A impugnante, na apuração do valor recolhido por meio do DARF incluído na DCOMP em análise, observou que não havia se aproveitado dos créditos decorrentes de despesas, procedendo à revisão de sua escrita fiscal; Fl. 1371DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 17 4 A empresa apurou valor devido menor que o recolhido, utilizando o crédito resultante para a presente compensação, retificando a DCTF e o DACON correspondentes; A decisão questionada foi proferida juntamente com 82 outras, tornando evidente que a impugnante não teve tempo hábil para exercer de forma ampla seu direito de defesa; Desde já requer a produção de prova documental e pericial para que a defesa da impugnante não seja prejudicada; As despesas que geraram os créditos objeto da compensação são decorrentes dos custos com gravação e dos pagamentos de direitos autorais, conforme já manifestado por meio da Solução de Consulta nº 33/05, da 2ª Região Fiscal; Sobre a questão tratam ainda as Leis nºs 10.637/2002, 10.833/2003 e 10.865/2004; A prova pericial pretendida tem por finalidade evidenciar a existência do crédito, apresentandose os correspondentes quesitos; A impugnante está apresentando 83 manifestações de inconformidade, o que evidencia hipótese excepcional constante do art. 16, § 4º, “a”, do Decreto nº 70.235/72; Com base nos princípios da verdade material, moralidade, eficiência, devido processo legal e ampla defesa, requer o deferimento de posterior juntada de documentação. É o relatório.” A manifestação de inconformidade foi conhecida pela DRJ de origem, sendo julgada improcedente. O acórdão da DRJ/RJ1 conta com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 DESPACHO DECISÓRIO CIÊNCIA AO CONTRIBUINTE COMPROVAÇÃO Não restando comprovada documentalmente nos autos a ciência ao contribuinte na data informada pela ECT, deve ser considerada tempestiva a manifestação de inconformidade. PERÍCIA CONTÁBIL/DILIGÊNCIA INDEFERIMENTO Deve ser indeferido o pedido de perícia contábil/diligência formulado, quando os documentos comprobatórios do direito alegado estejam na posse do contribuinte, sendo dele o ônus de sua apresentação. DCOMP DIREITO CREDITÓRIO NÃO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE ÔNUS DA PROVA É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito creditório informado em declaração de compensação. Fl. 1372DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 18 5 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a improcedência da manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs recurso voluntário, onde em suas razões, requer “seja reconhecido o direito creditório e, por conseguinte, homologada a totalidade da compensação declarada nos autos”. Em pedido subsidiário, requer a contribuinte “a conversão do julgamento em diligência para que a unidade competente da Secretaria da Receita Federal analise a documentação acostada ao presente recurso, em conjunto com os demonstrativos que instruíram a manifestação de inconformidade apresentada nestes autos, para que corrobore a liquidez e certeza dos créditos”. Anexa a contribuinte ao recurso voluntário 972 páginas com documentos para provar o seu direito. É o relatório. Fl. 1373DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 19 6 Voto Vencido Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário, foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A recorrente apresenta no recurso voluntário as suas razões já expostas na manifestação de inconformidade, contudo apresenta desta vez documentos necessários para comprovar seu direito, quais sejam, 972 páginas com documento, incluindo livro razão, comprovantes de pagamento e outros. Analisandose os documentos juntados, verificase que com os documentos juntados em recurso voluntário se analisados em conjunto com os já apresentados pela contribuinte em manifestação de inconformidade são ao meu entender suficientes para averiguar a existência de crédito, sem prejuízo é claro de que outros documentos possam vir a ser necessários no decorrer do cálculo. Deste modo, conforme a jurisprudência deste Egrégio Conselho necessário que a contribuinte apresente a documentação adequada e suficiente para provar a certeza e a liquidez de seu crédito, sob pena de ser indeferido o seu pedido. Neste sentido, temos jurisprudência sedimentada deste Conselho, consoante se verifica pelo aresto abaixo: COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2005 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DCTF E DACON RETIFICADORAS. EFEITOS. A DCTF e DACON quando retificadas após a ciência do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não são suficientes para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável sua comprovação através da escrita fiscal e contábil do contribuinte. (Acórdão nº 3803004.284 – 3ª Turma Especial. Sessão de 26 de junho de 2013, grifouse) Diante disto, perante a extensa documentação juntada pela contribuinte, pelo princípio da verdade material, os documentos juntados em recurso voluntário devem ser recebidos como prova do alegado, devendo, contudo, ser convertido o julgamento em Fl. 1374DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 20 7 diligência para que seja apurada pela unidade de origem a certeza e liquidez dos créditos, sem prejuízo à unidade de origem que esta venha intimar a contribuinte para apresentar outros documentos que se fizerem necessários para realizar a apuração devida. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, nos termos da fundamentação. Após o processo deve retornar a esse CARF para julgamento. É assim que voto. Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator Relator. Fl. 1375DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 21 8 Voto Vencedor Conselheiro Paulo Sergio Celani, Redator Designado. A recorrente afirma que os créditos que pleiteia decorrem de: i) pagamento de royalties relativos à cessão de direitos autorais; ii) custos de gravação. Direitos autorais Quanto aos direitos autorais, amparome na Solução de Divergência nº 14 da Cosit, de 28/04/2010, para assentar que os pagamentos efetuados a pessoas jurídicas em operações internas de aquisição de direitos autorais para a produção de obras fonográficas não dão direito a crédito na determinação da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Apesar de esta solução de divergência tratar de direitos autorais relativos a produção de livros, as partes que abaixo transcrevo, com grifos no original, aplicamse ao presente caso: “14. Como se constata, o legislador adotou para fins de utilização de crédito na modalidade não cumulativa, o critério de listar de forma exaustiva os bens, serviços e despesas capazes de gerar crédito e os atrelou a determinada atividade, assim como ao modo de produção no que respeita à questão do insumo. (...) 15.8. Ressaltese, ademais, que outro ponto que confirma a descaracterização de plano dos direitos autorais como insumo para efeitos de apuração de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, encontrase no disposto no §6º do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, que determina que a configuração como insumo dos direitos autorais alcança tão somente àqueles pagos pela indústria fonográfica e desde que referidos direitos tenham se sujeitado ao pagamento da Contribuição para o PIS/PasepImportação e da Cofins Importação. 15.9. Ora, se os direitos autorais já estivessem contidos no conceito de insumo não haveria necessidade de citação expressa no §6º do art. 15 da Lei supracitada e nem mesmo restringirseia tal conceito apenas aos direitos autorais da indústria fonográfica. Resta evidente, portanto, que o referido dispositivo legal visou conceder um benefício tão somente para a indústria fonográfica, possibilitando o cálculo de créditos sobre o pagamento de direitos autorais que sofreram a tributação das citadas contribuições, na importação e não no mercado interno.” Fl. 1376DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 22 9 A Cosit concluiu que não há amparo legal para apuração de créditos sobre valores pagos pela cessão de direitos autorais para a edição e produção de livros; que tais direitos não se enquadram no conceito restrito de insumo previsto no art. 66, §5º, inciso I, letra “a”, da IN SRF nº 247, de 2002, com suas alterações posteriores, e no art. 8º, §4º, inciso I, letra “a”, da IN SRF nº 404, de 2004, que, respectivamente, regulamentam a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, nem em qualquer outra hipótese de crédito prevista na legislação tributária. Assim também no caso presente. Apenas os direitos autorais pagos pela indústria fonográfica em relação a importações sujeitas ao pagamento destas contribuições são alcançados pela permissão legal de aproveitamento de crédito tal como disposto no parágrafo 6º do artigo 15 da Lei nº 10.865, de 2004. Este parágrafo 6º, ao contrário do que afirma a recorrente, não diz que os direitos autorais constituem insumo da indústria fonográfica, e, porque o caput do art. 15 trata de importações, não se aplica a operações de mercado interno. Acrescentemse que os direitos autorais não se consomem no processo de fabricação dos produtos fonográficos. Também por este motivo não podem ser considerados bens ou serviços utilizados como insumos. Por estas razões, devese negar provimento ao recurso voluntário em relação ao pagamento de royalties relativos à cessão de direitos autorais. Custos de gravação Quanto aos custos de gravação, a recorrente não discorre sobre cada gasto efetuado, limitandose a afirmar ter apresentado: lançamentos no livro Razão; demonstrativo em forma de planilha com os pagamentos relativos a estes custos; cópias dos recibos e notas fiscais de pagamentos; exemplo da correlação de documentos para demonstração dos créditos de PIS e Cofins. De fato, muitos documentos foram juntados aos autos. Mas, nenhum argumento ou esclarecimento foi apresentado a favor da possibilidade de estes chamados custos de gravação serem aproveitados como créditos. Segundo o AFRFB Gilson Wessler Michels, julgador da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em FlorianópolisDRJ/FNS, documentos comprobatórios são aqueles que atestam, de forma inequívoca, a origem e a natureza do crédito. Transcrevo excertos do voto condutor do Acórdão nº 0713.480, de 15/8/2008 no processo nº 13986.000025/200611, da 4ª Turma da DRJ/FNS, proferido por aquele julgador. “Quando a situação posta se refere à restituição, compensação ou ressarcimento de créditos tributários, é atribuição do Fl. 1377DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 23 10 contribuinte a demonstração da efetiva existência do indébito. (...) (...), em qualquer dos tipos de repetição é exigida a apresentação dos documentos comprobatórios da existência do direito creditório como prérequisito ao conhecimento do pleito. (...) Assim, para comprovar a existência de um crédito vinculado a um registro contábil, não basta apresentar o registro, mas também indicar, de forma específica, que documentos estão associados a que registros; ainda, é importante, quando a natureza da operação escriturada/documentada for importante para a caracterização ou não do direito creditório, que a descrição da operação constante dos registros e documentos seja clara, sem abreviaturas ou códigos que dificultem ou impossibilitem a perfeita caracterização do negócio (...) A atividade de "provar" não se limita, no mais das vezes, a simplesmente juntar documentos aos autos; nos casos em que se tem inúmeros registros associados a inúmeros documentos, provar significa associar registros e documentos de forma individualizada, do mesmo modo que, no caso das provas indiciárias, exigese a contextualização dos fatos por via do cruzamento dos indícios. Não é tarefa do julgador contextualizar os elementos de prova trazidos pelo contribuinte no caso de um pedido de restituição, compensação ou ressarcimento, tanto quanto não é contextualizar os elementos de prova trazidos pela autoridade fiscal no âmbito de um lançamento de ofício (...) Não é lícito ao julgador, tanto em sede de apreciação de lançamento de ofício, quanto em sede de pleito repetitório, dispensar a autoridade lançadora ou o pleiteante, conforme o caso, do ônus que a lei impõe a cada um deles; tanto quanto não lhe é lícito valerse das diligências e perícias para, por vias indiretas, suprir o ônus probatório que cabia a cada parte. Diligências existem para resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica. Já as perícias existem para fins de que sejam dirimidas questões para as quais exigese conhecimento técnico especializado, ou seja, matéria impassível de ser resolvida a partir do conhecimento das partes e do julgador (...) De se ressaltar, igualmente, que o fato de o processo administrativo ser informado pelo princípio da verdade material, em nada macula tudo o que foi até aqui dito. É que o referido Fl. 1378DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 24 11 princípio destinase a busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu onus probandi. Em outras palavras, o princípio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de, por via de diligências, produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento e por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito repetitório seja proposto sem a minudente demonstração e comprovação da existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento e por via de diligências, se oportunize tais demonstração e comprovação. Por fim, da mesma forma que não se pode usar as diligências como meio de suprir o ônus probatório não cumprido pelas partes, também não se pode exigir que o julgador da questão controversa promova, ele próprio, a contextualização dos elementos de prova juntados ao processo. Por exemplo, usando se o caso já acima referido, se o contribuinte, para consubstanciar seu pleito repetitório, limitase a fornecer um demonstrativo de créditos em que não aparecem individualmente associados registros e documentos, não cabe ao julgador deter se sobre a massa de documentos e buscar, ele próprio, fazer aquilo que o contribuinte deveria ter feito. Ao julgador não cabe fazer a associação dos, não raramente, inúmeros registros e documentos; a ele deve ser oferecido o registro vinculado ao documento que o respalda, para que verifique se aquela operação específica dá ou não direito ao crédito pleiteado (esta é a sua função: apresentados os documentos que instrumentam um registro, analisar a natureza da operação para fins de deferimento ou não do pleito).” Estas palavras se aplicam ao caso em discussão. A relatora do acórdão recorrido, AFRFB Magda Cotta Cardozo, ao apreciar pedido de perícia formulado na manifestação de inconformidade, assentou que “No presente caso, tratandose de demanda iniciada pelo contribuinte, por meio da apresentação do PER/DCOMP que ora se analisa, é dele o ônus de demonstrar documentalmente o direito informado em tal documento, o que efetivamente não fez”. Fl. 1379DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 25 12 Ciente disto, a recorrente juntou muitos documentos, por exemplo, ordens de compra; requisições, faturas, recibos, notas fiscais de serviços, porém não associou registros e documentos de forma individualizada e não contextualizou os elementos de prova. Demonstrar documentalmente não é apenas juntar documentos. Para os direitos autorais, que no presente caso não dá direito crédito, conforme seção específica acima, foi apresentado demonstrativo com informações sobre o registro contábil (data, valor, conta contábil), descrição do pagamento, CNPJ do favorecido, número do recibo, totalizado valores a recuperar de Cofins e contribuição para o PIS/Pasep. Porém, para os custos de gravação, demonstração semelhante não foi apresentada. Analisando os documentos contidos nos autos, com fundamento no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, e tendo em vista interpretação restrita do conceito de insumo, que é a que prevalece nesta Turma Especial, por voto de qualidade, podese afirmar que os seguintes gastos não poderiam dar direito ao crédito pleiteado: Agência Brasileira de Comércio e Turismo; empresas de remessa expressa; reembolso de despesas com hotel, transporte e refeição de pessoas; locação de carros; pessoas físicas (músicos); pagamentos de INSS de autônomos; afinação de instrumentos. Outros gastos, em princípio, poderiam ensejar o direito ao crédito, desde que prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no país e utilizados na produção de obras fonográficas destinadas à venda. São eles: serviços de captação de imagens, mixagem, gravação e edição; locação de equipamentos; transporte de instrumentos musicais e equipamentos; serviços prestados por empresas de músicos instrumentistas, vocalistas e regentes e de afinação de instrumentos. Quanto aos seguintes gastos, não se pode afirmar com certeza que se enquadram entre aqueles que possibilitam o direito ao crédito: serviços de supervisor, auxiliar técnico e produção executiva; serviços de arregimentação de coro e assistência de produção; tradução de áudio. Conclusão Por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito de crédito referente apenas aos gastos com: serviços de captação de imagens, mixagem, gravação e edição; locação de equipamentos; transporte de instrumentos musicais e equipamentos; serviços prestados por empresas de músicos instrumentistas, vocalistas e regentes, afinação de instrumentos; efetuados junto a pessoas jurídicas domiciliadas no país, desde que as aquisições tenham se submetido ao pagamento da contribuição, com base nos documentos acostados aos autos, resguardandose à RFB a apuração da idoneidade destes documentos. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Redator Desinado. Fl. 1380DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 15374.963906/200911 Acórdão n.º 3801003.613 S3TE01 Fl. 26 13 Fl. 1381DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 18/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI
score : 1.0
Numero do processo: 12269.003497/2010-36
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Jan 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2005
EXCLUSÃO DO SIMPLES. PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO.
Créditos tributários (contribuições previdenciárias) constituídos por ofício em razão de exclusão do SIMPLES, por Ato Declaratório precluso, objetos de recurso apenas questionando tal fato não podem ser apreciados pela 3a Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento do CARF/MF, em razão de incompetência.
MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA.
Apenas cabe aplicação retroativa de multa ou penalidade quando a mesma for realmente mais benéfica.
Recurso Voluntário Provido em Parte - Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 2803-002.815
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso: a) nos casos dos créditos lançados com base em fatos geradores declarados em GFIP, a multa aplicada seja a do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1998, em comparação do art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, desde que mais favorável ao sujeito passivo, vedada a interpretação conjunta com o art. 32-A; b) nos casos dos créditos lançados com base em fatos geradores NÃO declarados em GFIP ocorridos anteriormente à 05.12.2008, a multa a ser aplicada seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.212-1991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art.. 35-A da Lei n. 8.212-1991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.430-1996.
(Assinado Digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato (vice-presidente), Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. Créditos tributários (contribuições previdenciárias) constituídos por ofício em razão de exclusão do SIMPLES, por Ato Declaratório precluso, objetos de recurso apenas questionando tal fato não podem ser apreciados pela 3a Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento do CARF/MF, em razão de incompetência. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Apenas cabe aplicação retroativa de multa ou penalidade quando a mesma for realmente mais benéfica. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso: a) nos casos dos créditos lançados com base em fatos geradores declarados em GFIP, a multa aplicada seja a do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1998, em comparação do art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, desde que mais favorável ao sujeito passivo, vedada a interpretação conjunta com o art. 32A; b) nos casos dos créditos lançados com base em fatos geradores NÃO declarados em GFIP ocorridos anteriormente à 05.12.2008, a multa a ser aplicada seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art.. 35A da Lei n. 8.2121991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 9. 00 34 97 /2 01 0- 36 Fl. 140DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 141 2 (Assinado Digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato (vicepresidente), Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 142 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra crédito tributário com base em contribuições devidas pela empresa à Seguridade Social e a outras entidades (terceiros) constituídas em razão de exclusão da contribuinte do Simples Federal com efeitos retroativos . O período dos fatos geradores foi 01/01/2005 a 31/12/2005. Em recurso voluntário, tempestivo, apenas recorre quanto nulidade do lançamento em razão de ser a sua exclusão do Simples também indevida, e o da multa aplicada, requerendo a aplicação retroativa das alterações realizadas pela Medida Provisória n. 449/2008 e sua lei de conversão, a Lei n. 11.941/2009, limitandoas a 20%. Os autos vieram à turma especial. É o relatório. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 143 4 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato I O recurso é tempestivo, preenchendo os requisitos de admissibilidade, assim deve ser conhecido. II – Preliminarmente, a razão da parcialidade de conhecimento está na incompetência da presente Turma Especial em anular o crédito tributário questionado com fundamento apenas na ilegalidade ou nulidade do ato de exclusão da Recorrente do SIMPLES (Lei n° 9.317/96 SIMPLES e a partir de 01/07/2007, vigência da LC n° 123/06 Simples Nacional). O ato de exclusão e sua possível anulação fora apreciado em procedimento próprio e diverso, como observado pela decisão a quo, não podendo ser rediscutido dentro do procedimento de lançamento de contribuições previdenciárias, porque conforme o art. 2º, inciso V, do Regimento Interno do CARF/MF, a competência para processamento e julgamento de recursos que discutam propriamente essa materia é da Primeira Seção de Julgamento deste Conselho. Tal incompetência para apreciação inclui inclusive quanto aos efeitos da retroatividade das decisões de exclusão, pois são matérias atinentes às próprias causas da mesma. Inclusive, os artigos 13 e 15 da Lei n° 9.317/96 e artigos 28 e 31 da LC n° 123/06. Bem como, não foi trazido aos autos qualquer documento que comprove que a sua exclusão do Simples fora revertida pela autoridade julgadora competente, o que poderia criar causa prejudicial ao lançamento. Em tempo, devese atentar que por não ser o ato de exclusão do Simples efetivo lançamento tributário (constituição de crédito tributário – art. 142, do CTN), o mesmo não incluise nas causas de suspensão do crédito tributário (art. 151, III, do CTN), pois tal ato não constitui o crédito tributário. Assim, o recurso voluntário para reversão da decisão de exclusão, não suspende a exclusão crédito tributário. Assim, as alegações da ilegalidade da exclusão da Recorrente do SIMPLES, bem como a extensão temporal de seus efeitos, não devem ser conhecidos, conhecendose apenas as demais matérias devolvidas à apreciação. III Observase que auto lavrado que ele constitui créditos tanto declarados quanto não declarados em GFIP, bem como a alegada manutenção da multa em 24% pela decisão recorrida, segue a aplicação do art. 35, da Lei n. 8212/1991, anterior à MP n. 449/2008, que é gradativa chegando a 100% dependendo da fase de análise/cobrança do crédito. Logo, na verdade, o que foi mantido neste caso é a aplicação da redação anterior do dispositivo do art. 35, da Lei n. 8.212/1991. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 144 5 IV Quanto aos créditos tributários que foram apurados por meio de inclusão nos registros cabíveis (pois os fatos geradores estavam declarados em GFIP), devese atentar às alterações legislativas recentes no que trata a sanções tributárias (multa moratória) dispostas no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, que foi alterado pela Medida Provisória n. 449/2008, publicada em 04.12.2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, passando a ter a seguinte redação: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Ou seja, há remissão expressa ao art.61, da Lei n. 9.430/2009, in verbis: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Toda multa tributária é uma sanção, ou seja tem natureza primária punitiva, ou de penalização. Contudo, ainda assim podem ser classificadas em multa moratória, decorrente do simples atraso na satisfação da obrigação tributária principal, e multa punitiva em sentido estrito, quando decorrente de infração à obrigação instrumental cumulada ou não com a obrigações principais. Tal classificação é necessária pois, apesar de não terem natureza remuneratória, mas sancionatória, os tribunais brasileiros admitem que as multas tributárias devem ser classificadas em moratórias e punitivas (sentido estrito), em razão da existência de tratamentos diversos para cada espécie pelo próprio Código Tributário Nacional e legislação esparsas. (RESP 201000456864, HUMBERTO MARTINS, STJ SEGUNDA TURMA, 29/04/2010; PAULSEN, Leandro. Direito tributário, constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª Ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2010, p.1103 1109) Fl. 144DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 145 6 Assim, coloco como premissa que a diferença entre multa moratória e multa punitiva em sentido estrito. Como supra colocado, a primeira decorre do mero atraso da obrigação tributária principal, podendo sendo constituída pelo próprio contribuinte inadimplente no momento de sua apuração e pagamento. Já, a segunda espécie de multa, a punitiva em sentido estrito, demanda constituição pelos instrumentos de lançamento de ofício por parte dos agentes fiscais (art. 149, do CTN), em que se apura a infração cometida e a penalidade a ser aplicada. Inclusive a estipulação e definição da espécie de multa é dado exclusivamente pela lei, fato ressaltado em face do principio da estrita legalidade a que se regula o Direito Tributário e suas sanções (art. 97, V, do CTN). A mudança de natureza para fins de comparação no tempo, não pode ser realizada sem autorização legal, e por isso não se poderia comparar com multas punitiva em sentido estrito (referente à descumprimento de obrigação exclusivamente instrumental) com multas de natureza moratória a exemplo com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8212/1991, com a redação a partir da Medida Provisória n. 449/2008. Devido ao disposto no art. 112, IV, do CTN, a legislação tributária que define as infrações e comina suas penalidades deve ser interpretada de forma mais favorável ao contribuinte em casos de dúvidas quanto à natureza das infrações e suas penalidades. Interpretação que deve ser conjugada com a retroatividade benigna prevista no art. 106, II, a e c, do CTN, de forma a reduzir ou extinguir penalidades sempre quando lei posterior estabeleça pena menos grave ou não entenda mais como infração tal conduta. Portanto, também deve ser colocado como premissa, que além de retroagir a aplicação de dispositivo legal mais favorável essa retroação também deve sempre buscar uma aplicação mais favorável ao contribuinte. Não se pode tratar a hipótese de incidência da multa moratória disposta no art. 35 como uma possível multa de ofício para comparar com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8.212/1991, incluso pela Medida Provisória n. 449/2008, convertida em Lei n. 11.941/2009, nem de forma conjunta com o art. 32A, porque a multa aplicada pela redação anterior do art. 35, somente tratava de multa de natureza moratória, variada em razão das fases (tempo) do processo. Portanto, observando que o limite do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1998, é inferior à multa moratória aplicada aos valores do créditos tributários lançados na NFLD que foram declarados em GFIP, com base no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Lei n. 11.941/2009, deve a decisão a quo ser reformada no sentido de adequar a multa moratória à nova legislação, desde que mais favorável ao sujeito passivo, vedada a interpretação conjunta com o art. 32A. V Quanto à análise da multa aplicada aos créditos lançados sobre fatos geradores não declarados e anteriores à 05.12.2008, início da vigência da MP n 449, publicada no Diário da União no dia 04.12.2008, que foi aplicada no patamar de 75%, devese atentar o que segue. Em análise ao art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, a multa aplicada ao caso é escalonada de acordo com a fase do processo de constituição e cobrança das contribuições previdenciárias, iniciando com 4% a 100%. Os patamares superiores à 75% somente eram aplicáveis após o ajuizamento de ação de execução fiscal. Ou seja, em fase administrativa, a aplicação mais favorável é a da redação do art. 35, , da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, publicada em 04.12.2008. Notese que os créditos são inclusive anteriores à publicação da MP n 449, publicada em 04.12.2008, Fl. 145DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 146 7 Assim, entendimento contrário, será uma afronta à irretroatividade da aplicação da lei, salvo se mais benéfica,(art. 104, III, c/c 106, I, do CTN) bem como negar vigência à necessidade de interpretação mais benéfica ao contribuinte (art. 112, do CTN), pois o ato omissivo de não pagamento de contribuições que não foram devidamente declaradas ocorreu antes do lançamento. Toda multa tributária é uma sanção, ou seja tem natureza primária punitiva, ou de penalização. Contudo, ainda assim podem ser classificadas em multa moratória, decorrente do simples atraso na satisfação da obrigação tributária principal, e multa punitiva em sentido estrito, quando decorrente de infração à obrigação instrumental cumulada ou não com a obrigações principais. Tal classificação é necessária pois, apesar de não terem natureza remuneratória, mas sancionatória, os tribunais brasileiros admitem que as multas tributárias devem ser classificadas em moratórias e punitivas (sentido estrito), em razão da existência de tratamentos diversos para cada espécie pelo próprio Código Tributário Nacional e legislação esparsas. (RESP 201000456864, HUMBERTO MARTINS, STJ SEGUNDA TURMA, 29/04/2010; PAULSEN, Leandro. Direito tributário, constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª Ed., Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2010, p.1103 1109) Assim, coloco como premissa que a diferença entre multa moratória e multa punitiva em sentido estrito. Como supra colocado, a primeira decorre do mero atraso da obrigação tributária principal, podendo sendo constituída pelo próprio contribuinte inadimplente no momento de sua apuração e pagamento. Já, a segunda espécie de multa, a punitiva em sentido estrito, demanda constituição pelos instrumentos de lançamento de ofício por parte dos agentes fiscais (art. 149, do CTN), em que se apura a infração cometida e a penalidade a ser aplicada. Inclusive a estipulação e definição da espécie de multa é dado exclusivamente pela lei, fato ressaltado em face do principio da estrita legalidade a que se regula o Direito Tributário e suas sanções (art. 97, V, do CTN). A mudança de natureza para fins de comparação no tempo, não pode ser realizada sem autorização legal, e por isso não se poderia comparar com multas punitiva em sentido estrito (referente à descumprimento de obrigação exclusivamente instrumental) com multas de natureza moratória a exemplo com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8212/1991, com a redação a partir da Medida Provisória n. 449/2008. Não se pode tratar a hipótese de incidência da multa moratória disposta no art. 32A cumulada com a multa do art. 35, com a redação anterior, como uma possível multa de ofício para comparar com a nova redação do art. 35A, da Lei n. 8.212/1991, incluso pela Medida Provisória n. 449/2008, convertida em Lei n. 11.941/2009, porque a multa aplicada pela redação anterior do art. 35, somente tratava de multa de natureza moratória, variada em razão das fases (tempo) do processo. Salvo se a própria lei, expressamente assim definisse. Dessa forma, entendo que deve ser aplicado ao caso as penalidades estabelecidas no art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, até o limite de 75% (art.. 35A da Lei n. 8.21211991 combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996), conforme estabelecido pela redação posterior a da comentada alteração. V – Quanto aos créditos lançados sobre fatos posteriores à 04.12.2008, não deve ser alterado o crédito, pois os fatos geradores já encontravamse sob a vigência plena das normas impostas pela MP n. 449/2008 e sua lei de conversão (Lei n. 11941/2009), logo com Fl. 146DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12269.003497/201036 Acórdão n.º 2803002.815 S2TE03 Fl. 147 8 aplicação plena do art. 32A, incluído na Lei 8.212/1991 por tal medida provisória. Isso porque “a legislação tributária aplicase imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116” (art. 105, do CTN). Logo, não merece guarita o pedido da contribuinte neste ponto. VI – Conclusão Isso posto, voto por conhecer o recurso voluntário, para, no mérito, darlhe parcial provimento no sentido de que: a) nos casos dos créditos lançados com base em fatos geradores declarados em GFIP, a multa aplicada seja a do art. 61, §2º, da Lei n. 9.430/1998, em comparação do art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, desde que mais favorável ao sujeito passivo, vedada a interpretação conjunta com o art. 32A; b) nos casos dos créditos lançados com base em fatos geradores NÃO declarados em GFIP ocorridos anteriormente à 05.12.2008, a multa a ser aplicada seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art. 35A da Lei n. 8.2121991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996. É como voto. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator Fl. 147DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/12/2013 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 26/12/2013 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 30/12/2013 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
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Numero do processo: 10380.720566/2013-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS.
BENEFÍCIO FISCAL. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. Parcela de receita tributária dispensada de recolhimento pelo governo estadual a contribuinte de ICMS, a título de crédito presumido, vinculada apenas a elevação do nível de recolhimento do imposto, configura receita de subvenção para custeio e integra o resultado operacional da pessoa jurídica
Numero da decisão: 1101-001.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, divergindo o Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fez declaração de voto o Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente, Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BENEFÍCIO FISCAL. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. Parcela de receita tributária dispensada de recolhimento pelo governo estadual a contribuinte de ICMS, a título de crédito presumido, vinculada apenas a elevação do nível de recolhimento do imposto, configura receita de subvenção para custeio e integra o resultado operacional da pessoa jurídica
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2005; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T1 Fl. 2 1 1 S1C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.720566/201319 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1101001.228 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 03 de dezembro de 2014 Matéria IRPJ/CSLL Subvenções Recorrente EMPREENDIMENTOS PAGUE MENOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BENEFÍCIO FISCAL. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. Parcela de receita tributária dispensada de recolhimento pelo governo estadual a contribuinte de ICMS, a título de crédito presumido, vinculada apenas a elevação do nível de recolhimento do imposto, configura receita de subvenção para custeio e integra o resultado operacional da pessoa jurídica Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, divergindo o Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fez declaração de voto o Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vicepresidente, Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 05 66 /2 01 3- 19 Fl. 1208DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 3 2 Relatório EMPREENDIMENTOS PAGUE MENOS S/A, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP que, por unanimidade de votos, julgou IMPROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 21/01/2013, por meio da qual foram reduzidos os prejuízos fiscais e bases negativas apurados no anocalendário 2008. A autoridade lançadora constatou que a contribuinte deixou de contabilizar três pagamentos efetuados pelo Banco Bradesco S/A, que totalizaram R$ 280.000,00, a título de “Prêmio de Performance”, bem como promoveu indevidamente ajuste negativo do Regime Tributário de Transição, no valor de R$ 32.672.426,29, por classificar como subvenção para investimentos créditos presumidos de ICMS concedidos pelo Governo do Estado do Ceará, conforme Termo de Acordo nº 917/2006, valor este reconhecido na apuração do resultado do exercício como redutor do Custo de Mercadoria Vendida (CMV). Os pagamentos recebidos do Banco Bradesco S/A foram classificados como receitas omitidas, e o ajuste em razão de subvenções foi glosado como exclusão indevida. Impugnando a exigência a contribuinte invocou manifestações deste Conselho em favor da classificação dos incentivos fiscais concedidos pelos Estados do Ceará e da Bahia como subvenções para investimento, defendendo que tais incentivos podem se caracterizar como subsídio com destinação específica ou com destinação difusa e observando que no caso em questão o subsídio está vinculado a objetivos econômicos, sociais e de desenvolvimento. Discorreu sobre os dispositivos legais que regem a matéria, a competência estadual para gerir o desenvolvimento em seu território, e as características específicas do benefício instituído pelo Estado do Ceará, invocando o princípio da moralidade e aduzindo que a subvenção foi manifestamente aplicada em investimento. Pediu, assim, que fosse declarada a improcedência dos lançamentos de IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e COFINS incidentes sobre o valor da subvenção para investimento, e pediu parcelamento da parcela correspondente ao prêmio Performance. A Turma Julgadora observou que não houve exigência de Contribuição ao PIS ou de COFINS nestes autos, declarou não impugnada a infração de omissão de receitas e, com referência à glosa de exclusão correspondente à subvenção, manteve o lançamento com base nos seguintes argumentos: · A autoridade julgadora de 1a instância não estaria vinculada ao entendimento manifestado por este Conselho em caso semelhante, tratado nos autos do processo administrativo nº 10380.012049/200928; · As subvenções estão classificadas na Lei nº 4.506/64 como receita bruta operacional, mas a Lei nº 6.404/76 tratou as subvenções para investimento como transferência de capital, e foi assim incorporada ao Decretolei nº 1.598/77, mas com acréscimos interpretados por meio dos Pareceres Normativos CST nº 2/78 e 112/78, que especificaram sua forma de contabilização e declararam a necessidade de sua aplicação específica em bens e direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos; Fl. 1209DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 4 3 · A Solução de Divergência nº 15/2003 também tratou da matéria, fixando que as subvenções para investimento não seria computadas na determinação do lucro real se atendidas as condições legais, sendo as duas últimas alternativas: (i) concessão como estímulo à implantação e expansão de empreendimentos econômicos; (ii) registro como reserva de capital, utilizada tãosomente para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social; (iii) ou garantir a exatidão do balanço e utilização para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas; · Com a Lei nº 11.638/2007 foi revogado dispositivo da lei societária que determinava a contabilização de subvenções como reservas de capital, e constituídas reserva de lucro a título de incentivos fiscais para abrigar aqueles valores. A neutralização dos efeitos destas alterações por meio do RTT determinou que a subvenção reconhecida pelo regime de competência seria excluída do lucro líquido e mantida em reserva de lucros, sendo passível de adição ao lucro líquido apenas se sofresse destinação diversa da especificada em lei; · O incentivo correspondente a créditos presumidos de ICMS foi concedido por meio do Termo de Acordo nº 917/2006, com fundamento na Lei nº 12.670/96CE e no Decreto nº 29.560/2008, mas a fruição do benefício não foi condicionada à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, não sendo suficiente apenas o animus de subvencionar para investimento, mas impondose ainda a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; · Irrelevante, portanto, se o acordo classifica os valores envolvidos de subvenções para investimento a serem incorporados pela Acordante em seu capital social, até porque a legislação vigente exige a incorporação da subvenção a Reserva de Incentivos Fiscais, e não sua incorporação ao capital social; · O procedimento fiscal está em conformidade com a lei e não há ingerência da União sobre o Estado. Apenas que os termos do decreto e do acordo não contemplam as condições exigidas pela legislação tributária federal para considerar o auxílio concedido pelo estado cearense uma “subvenção para investimento” [...]. Ademais, percebese que o foco da concessão do regime tributário diferenciado é eminentemente o de aumentar a arrecadação, pois adota a técnica de substituição tributária, assumindo a contribuinte o encargo de ser o substituto tributário do ICMS na área de sua atividade, em troca créditos presumidos de ICMS para suas próprias operações. Cientificada da decisão de primeira instância em 04/02/2014 (fl. 1130), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 06/03/2014 (fls. 1133/1161). Observa que não há discussão quanto aos números lançados e que o litígio cingese à classificação da subvenção escriturada pela contribuinte. A decisão recorrida classificou a subvenção como de custeio porque não vinculada a bens físicos, máquinas e equipamentos, enfrentando decisão em sentido contrário já proferida por este Conselho. Inicialmente destaca que se reportou em impugnação à imunidade recíproca fixada constitucionalmente porque as subvenções outorgadas pelo Estado do Ceará têm destinação específica e trazem condições permanentes de restituição, tratandose de uma Fl. 1210DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 5 4 “subvenção modal”; a rigor, um empréstimo, em que a titularidade jamais se completará em favor do devedor porque sob o permanente vínculo de sua exigibilidade. Reproduz a argumentação desenvolvida em impugnação, destacando as cláusulas décima, décima terceira e décima segunda, em seu parágrafo primeiro, todas do Termo de Acordo nº 917/2006, defendendo que não se trata de uma subvençãoemsuaplenitude, muito menos de uma doaçãoincondicionada, mas, a rigor, de um “adiantamento de recursos para ser utilizado numa atividade específica”, o incremento da arrecadação tributária e do emprego. Cita, ainda, doutrina para afirmar que não se está, no presente caso, frente a uma aquisição de renda ou de proventos, e aduz que os subsídios em questão não são subsídios em sentido pleno, a garantirem o livreusar e o livredispor, mas sim recursos do Estado do Ceará cedidos ao contribuinte sob rígidas cláusulas de exigibilidade, de modo que a tributação em tela recairia sobre o patrimônio daquele Estado. Argumenta que a figura Recursos Públicos em mãos de particulares, de incentivos fiscais não é matéria nova perante o Fisco Federal, pois o art. 19 do Decretolei nº 1.598/77 já cogitava desta restituição, e defende que tais valores não perdem a condição de Recursos Públicos pertencentes ao Poder Público, e são apenas emprestados à empresa. Cita o art. 116, inciso II do CTN, bem como seu art. 117, com vistas a configurar as obrigações decorrentes da inobservância do acordo, até então suspensas, e observa que o fato de a União não poder contestar decisões do CARF revela, paradoxalmente, que elas valem mais que as decisões judiciais, para assim invocar o que decidido no Acórdão nº 1202000.921 acerca de incentivos concedidos pelos Estados do Ceará e da Bahia. Na seqüência, discorda da exigência de que a subvenção para investimento esteja atrelada à estrita aplicação em ativos ou outros investimentos explicitamente mensuráveis, expondo o significado do substantivo subvenção, traçando comparativo com o benefício “BolsaFamília” e abordando outras hipóteses de subsídio, para classificálos como subvenção de custeio ou de investimento, distinguindo esta em subsídio com destinação específica ou difusa, para então afirmar que a Fiscalização classificou o benefício fiscal em discussão nesta segunda hipótese, e defender sua vinculação a objetivos econômicos, sociais e de desenvolvimento, consoante exposto no Termo de Acordo nº 917/2006. Aduz que a contrapartida exigida no sentido de aumento de faturamento, com a conseqüente majoração da arrecadação tributária não pode ser alcançada de forma significativa apenas com publicidade local, exigindo uma ampla complexidade logística, de transporte, armazenamento, distribuição, contratação de pessoal e adequado treinamento. Observa que atualmente uma patente pode valer muito mais do que inúmeras fábricas, e acrescenta que o modelo de subvenções para investimento adotado pela União Federal, a partir de um plano prévio para aplicar em bens de ativo, máquinas e equipamentos (SUDENE/SUDAM), não parece ter sido a melhor alternativa por não exigirem compromisso direto com a produção e o emprego, ao contrário do caso concreto, com fixação de metas de desempenho real: incremento das receitas e do emprego e da conseqüente arrecadação. Cita exemplos de insucesso nesta seara. Defende que a expansão de empreendimentos econômicos mencionada no art. 38, §2o do Decretolei nº 1.598/77 difere da expansão de empreendimentos industriais; observa que a subvenção é outorgada mediante lei prévia e seus regulamentos; aduz que a jurisdição sobre tais investimentos cabe ao Estado, exceto nos casos previstos no art. 3o, inciso III da Constituição Federal, quando a União atua para reduzir desigualdades regionais; invoca o princípio federativo e cita artigos da Constituição Estadual do Ceará; e conclui que o Estado Fl. 1211DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 6 5 do Ceará é competente, no plano legal, para, em vez de exigir a aplicação estrita do subsídio para investimento diretamente na aquisição de um torno mecânico ou na construção de paredes ou galpões, pactuar que a empresa invista, sim, em resultados, isto é, no emprego, no faturamento, na arrecadação, estabelecendo, é claro, uma mão dupla contratual, de modo a punir aquele que não implementar os bens pactuados. Aborda os termos da Lei nº 12.670/96 e o Decreto nº 29.560/2008, ambos do Estado do Ceará, observa que a autoridade fiscal omitiu o art. 68 da referida lei, que permite a sua regulamentação, e reitera que o Estado do Ceará pode atuar naqueles limites para pactuar subvenções vinculadas a investimento, opondose à sua desconstituição pela União Federal por meio da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Novamente reportase à cláusula penal do acordo, mencionando que não há notícia de seu descumprimento e demonstrando a expedição de certidão negativa estadual em seu favor, como prova do adimplemento daquelas condições. Cita doutrina acerca de subvenções estaduais, aborda a alteração promovida no art. 38, §2o do Decretolei nº 1.598/77 pelo Decretolei nº 1.730/79, assevera que todos os benefícios fiscais conferidos pelo Poder Público estão ali abrangidos, e arremata aduzindo que os questionamentos por parte de outro ente federativo, distinto do concedente, ofende o princípio da moralidade. Invoca o §1o introduzido no art. 43 do CTN para defender que a tributação tem em conta a essência do rendimento em si, pouco importando a condição jurídica da fonte ou a forma de sua percepção. Assevera, assim, que não se discute, aqui, em essência, a subvenção, pois a contribuinte adimpliu seu compromisso de investir, manteve intacto o valor da isenção respectiva e o Estado tem a garantia de cobrar de volta o tributo caso regras sejam descumpridas. Conclui, daí, que perante a regra da essencialidade material do art. 43 do CTN, as regras da subvenção para investimento foram atendidas em sua plenitude. Pede, assim, que seja dado provimento ao recurso voluntário. Fl. 1212DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 7 6 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Inicialmente é pertinente reproduzir abordagem desenvolvida por esta Relatora acerca da disciplina legal das subvenções, integrada ao voto vencido do Acórdão nº 110100.661: O Parecer Normativo CST nº 112/78 traça a evolução histórica da interpretação acerca da incidência tributária do IRPJ sobre as receitas decorrentes de subvenção, partindo do que dispunha a Lei nº 4.506/64: Art 44. Integram a receita bruta operacional: I O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II O resultado auferido nas operações de conta alheia; III As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; IV As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. Frente a este cenário legal, o Parecer Normativo CST nº 142/73 havia firmado interpretação de que seriam também tributáveis as subvenções recebidas como compensação de investimentos em ativo fixo na execução de programa de estímulo à industrialização, sob os seguintes fundamentos: 1. Dúvidas são levantadas sobre a tributabilidade de recursos financeiros que, com base no ICM incidente sobre suas operações, as empresas recebam de uma das Unidades da Federação, como compensação de investimentos em ativo fixo na execução de programa de estímulo à industrialização. 2. Não somente nessas circunstâncias, mas sempre que recebam recursos públicos ou privados não exigíveis, vinculados ou não a recolhimento de impostos, as empresas devem computálos como receita bruta operacional, conforme estabelece o Regulamento do Imposto de Renda em seu art. 157, letra d, in verbis: "Art. 157. Integram a receita bruta operacional (Lei nº 4.506, art. 44. ): (...) d) as subvenções correntes para custeio ou operação recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. 3. A atividade estatal de carrear para a empresa recursos financeiros para custeio ou operação identificase, sem dúvida, no plano orçamentário, com a ajuda financeira do poder público às empresas privadas com autorização de lei especial, conceituada e classificada na Lei de Orçamento, como subvenção (Lei nº 4.320/64, art. 12, §§ 2º e 3º, item II, combinados com o art. 19). 4. Em correspondência a aludidos dispêndios públicos subvencionais devem ser feitos na empresa os registros contábeis dos valores respectivos, na época em que se tornarem disponíveis para a empresa, inclusive na hipótese do item 1. 5. Isto porque, no sistema de incentivo fiscal referido no item 1, pelo recolhimento ou compensação com créditos, operase a extinção do crédito tributário relativo ao ICM. Enquanto o percentual relacionado com o referido imposto representa simplesmente um parâmetro para o cálculo dos recursos financeiros a serem recebidos. 6. Por outro lado, é de se esclarecer que, quando as inversões, em ativo fixo, forem compensadas com recursos públicos não exigíveis serão excluídas do ativo imobilizado Fl. 1213DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 8 7 para efeito de correção monetária conforme estabelece o art. 266 , letra a, do Regulamento do Imposto de Renda. À mesma época, o Parecer Normativo CST nº 107/75 reiterou a incidência do imposto de renda sobre a receita decorrente de subvenção estatal, sem distinguila em razão de sua destinação, e detalhou aspectos da dedutibilidade do imposto utilizado como veículo para concessão do incentivo: 1. Indagase sobre o tratamento fiscal que deve ser dado à parcela do imposto sobre a circulação de mercadorias que, a título de incentivo fiscal, é depositada em conta vinculada, sujeita à liberação ou não, dependendo do cumprimento de determinada condição. 2. O comando geral do § 1º do art. 162. do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 58.400/66 e, também, do novo Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 76.186, de 02 de setembro de 1975, define como necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações e operações exigidas pela atividade da empresa. 3. A parcela depositada, como parte do ICM incorrido que é, da mesma forma que a outra parte recolhida diretamente ao Tesouro estadual, é despesa dedutível no exercício da ocorrência do fato gerador respectivo. 4. Se assim não fosse e o contribuinte somente no momento do descumprimento da condição, e conseqüente transformação do depósito em renda do Estado, considerasse tal parcela como despesa, esta não poderia ser deduzida para efeito do imposto de renda em virtude do princípio de independência de exercícios. 5. Por outro lado o condicionamento legal de que tais despesas só sejam dedutíveis se seu pagamento se efetivar durante o exercício de correspondência está plenamente satisfeito in casu, porquanto na data em que deva ser cumprida a condição esta ou será satisfeita, tornandose efetiva a isenção, ou deixará de sêlo, e o depósito se transformará automaticamente em renda do Tesouro estadual. Desta maneira, não há como a quitação do tributo deixar de ocorrer no prazo legal de cumprimento da obrigação principal. 6. Salientese, porém, que, ocorrendo o inadimplemento da condição resolutiva, nada mais haverá para se deduzir, porquanto o dispêndio já foi computado tempestivamente na apuração do lucro tributável, conforme item 3 supra. 7. Por fim, como já definiu o Parecer Normativo CST nº 142/73, cumprida a condição e liberado o depósito, devem tais recursos integrar a receita bruta operacional da empresa, no exercício de sua liberação, ex vi do art. 155 , letra d, do Regulamento do Imposto de Renda/75. Contudo, o panorama legal alterouse significativamente com a edição do Decreto lei nº 1.598/77, que tratou distintamente as subvenções para investimento: Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: I ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; II valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; III prêmio na emissão de debêntures; IV lucro na venda de ações em tesouraria. § 1º O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real. § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: Fl. 1214DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 9 8 a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no artigo 36 e seus parágrafos; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. (negrejouse) Inicialmente foi editado o Parecer Normativo CST nº 2/78 alterando a interpretação veiculada no Parecer Normativo CST nº 142/73, de forma a estabelecer que as subvenções de investimentos, quando atendidos os requisitos legais, não integrariam o lucro tributável. Vejase: 1. Examinase se as subvenções recebidas pelas pessoas jurídicas, para financiamento de suas atividades normais e para a realização de investimentos, devem ou não integrar a receita bruta operacional e qual o tratamento fiscal a que estão sujeitas. 2. Excetuados os casos de empréstimos e de adiantamentos para aumento de capital, as transferências de recursos podem assumir as seguintes hipóteses: 2.1 Destinadas a cobrir déficits ou custear operações correntes; 2.2 Destinadas a programas especiais, com duas aplicações alternativas: 2.2.1 custeio; 2.2.2 investimentos, que poderão: a) permanecer no ativo da empresa; b) serem entregues à pessoa que forneceu os recursos ou a uma outra pessoa de direito público; 2.3 Ser repassada a outra empresa para aplicação: a) sem qualquer retomo de bens, direitos ou capital, apenas suscetíveis de fiscalização; b) com retomo sob a forma de direito de propriedade sobre os investimentos realizados. 3. O art. 44, inc. IV, da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, reproduzido no art. 155. , letra d, do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 76.186, de 02 de setembro de 1975, estabelece que integram a receita bruta operacional as subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais. 4. Com efeito, as subvenções mencionadas nos subitens 2.1 e 2.2.1, destinadas à cobertura de déficits ou ao custeio de operações correntes, deverão integrar a receita bruta operacional da pessoa jurídica, por força do disposto no art. 155, letra d, do Regulamento do Imposto de Renda/75, e as despesas necessárias à atividade da empresa serão dedutíveis na apuração do lucro sujeito à tributação. 5. Relativamente aos recursos recebidos a título de subvenção para investimento, poderão deixar de integrar a receita operacional da empresa beneficiária, uma vez que o art. 44, inc. IV, da Lei nº 4.506/64 somente se refere às subvenções correntes para custeio ou operação como destinadas a compor a receita bruta operacional das pessoas jurídicas. Há que se destacar, porém, algumas condições a serem observadas pelas empresas beneficiárias de subvenções para investimentos: 5.1 Subvenções para investimentos que devam permanecer no ativo da empresa Nos casos em que a subvenção recebida seja destinada à aplicação em bens ou direitos que devem permanecer no ativo da empresa, os recursos recebidos ou colocados à sua disposição deverão ser registrados como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou aumentar o capital social, não podendo, neste último caso, haver restituição de capital aos sócios, sob pena de a pessoa jurídica obrigarse a recolher o imposto sobre a importância distribuída. As quotas de depreciação, amortização ou exaustão, porventura contabilizadas e referentes aos bens ou direitos adquiridos com as subvenções, serão dedutíveis na apuração do lucro real. Fl. 1215DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 10 9 5.2 Subvenções para a realização de investimento a ser entregue à pessoa jurídica que forneceu os recursos, ou a uma outra pessoa jurídica de direito público Nos casos em que a subvenção recebida seja destinada à aplicação em obras públicas ou investimentos semelhantes, que devam permanecer no ativo da pessoa jurídica que recebeu os recursos, esta poderá: 5.2.1 contabilizar a contrapartida pelo recebimento dos recursos em conta do passivo exigível e os dispêndios efetuados em conta do ativo realizável, como aplicações em bens de terceiros; terminado o empreendimento, as contas ativas e passivas seriam encerradas, mediante débito à conta do passivo exigível e crédito à conta do ativo realizável; ou 5.2.2 tratandose de entidade cujo balanço deva obedecer aos padrões e normas constantes da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, contabilizar a transferência recebida como receita e as aplicações efetuadas diretamente em contas de despesa, hipótese em que as receitas e despesas assim escrituradas deverão ser excluídas na apuração dos resultados, para efeito de determinar o lucro sujeita à tributação. 5.3 Recursos recebidos para serem repassados a outra pessoa jurídica Na hipótese do recebimento de recursos a serem repassados a outra pessoa jurídica, para serem aplicados em despesas de custeio ou em investimentos, a empresa que recebe os recursos e os repassa, não os computará como receita operacional, devendo a contrapartida pelo recebimento ser feita em conta do passivo exigível; quando do repasse dos recursos à pessoa jurídica destinatária será debitada em conta do ativo realizável, encerrandose ambas as contas quando da comprovação da aplicação dos recursos. 6. Assinalese que, em qualquer caso, se a transferência recebida for superior às aplicações realizadas, e se a diferença passar a pertencer à empresa, o valor dessa diferença deverá integrar a receita bruta operacional do períodobase em que for concluído o empreendimento. 7. Outra modalidade de receita de que se beneficiam certas pessoas jurídicas, em geral empresas públicas, representada pelo recebimento de um perceptual dos dividendos que cabem a União nos resultados de outras pessoas jurídicas, recursos esses não vinculados a aplicações específicas, enquadrase nas normas do art. 155, letra d, do Regulamento do Imposto de Renda/75, devendo, portanto, integrar a receita bruta operacional da empresa beneficiária para efeito de determinar o lucro sujeito à tributação. 8. No que se refere às subvenções para investimentos, fica modificado o entendimento expresso no item 2 do Parecer Normativo CST nº 142, de 27 de setembro de 1973. Todavia, na medida em que tal modificação foi vinculada especificamente ao item 2 do Parecer Normativo CST nº 142/73, que tratava da tributação dos valores recebidos com base no ICM, fezse necessária a edição do Ato Declaratório Normativo CST nº 02/78, que assim estabeleceu: O COORDENADOR DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o item II da Instrução Normativa SRF nº 34, de 18 de setembro de 1974, e tendo em vista o contido no Parecer CST nº 1952/78, DECLARA, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, e demais interessados, que a parcela do ICM depositada em conta bancária vinculada, a título de incentivo fiscal, sujeita a liberação mediante o cumprimento de condição, constitui receita operacional do ano de sua eventual liberação, devendo ser submetida à tributação pelo imposto de renda, mesmo quando aplicada em bens do ativo imobilizado. O Parecer Normativo CST nº 2/78, publicado no Diário Oficial de 16 de janeiro de 1978, ao modificar o entendimento do item 2 do Parecer Normativo CST nº 142/73 não o fez com relação aos recursos financeiros recebidos com base na ICM incidente sobre as operações da empresa, Relativamente a esses recursos permanecem em vigor, portanto, as conclusões do mencionado Parecer Normativo CST nº 142, de 27 de setembro de 1973. Diante deste contexto, e também abordando as disposições da Lei nº 4.506/64 e do Decretolei nº 1.598/77, bem como as normas de Direito Financeiro, presentes na Fl. 1216DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 11 10 Lei nº 4.320/64, e a doutrina acerca do conceito de subvenções, o Parecer Normativo CST nº 112/78 concluiu que a lei, até a edição do Decretolei nº 1.598/77, apenas havia firmado a tributação das subvenções para custeio, sem se manifestar acerca das subvenções para investimento. E, sob a premissa de que o referido Decretolei tomou por tributáveis estas receitas, salvo se atendidas as condições legais, o Parecer Normativo CST nº 112/78 exteriorizou a interpretação destes requisitos. Inicialmente mencionou a necessidade de manutenção deste valor em conta de reserva de capital, para que a subvenção não fosse objeto de distribuição, bem como declarou que a norma apenas se refere a recursos oriundos de pessoas jurídicas de direito público, aspectos que não estão em debate nestes autos. Já na seqüência, o Parecer trata das características da subvenção para investimento, nos seguintes termos: 2.11 Uma dos fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria a destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendese um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST Nº 142/73 (DOU de 16.10.73), sempre que se refere a investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não nas suas despesas, mais sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. 2.12 Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o "animus" de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. 2.13 Outra característica bem nítida da SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO, para os fins do gozo dos favores previstos no § 2º do art. 38 do DL nº 1.598/77, de que seu beneficiário terá que ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Em outras palavras quem está suportando a ônus de implantar ou expandir o empreendimento econômico é que deverá ser tido como beneficiário da subvenção, e, por decorrência, dos favores legais. Essa característica está muito bem observada nos desdobramentos do item 5 do PN CST nº 2/78. Nestes termos, além de esclarecer que as disposições da letra “b” do §2o do art. 38 do Decretolei nº 1.598/77 trata de "transferências de capital", decorrentes, por exemplo, da obrigação contratual de garantir os valores registrados no balanço patrimonial da pessoa jurídica que teve o seu patrimônio líquido, parcial ou totalmente, transferido para outros sócios ou acionistas – o que não guarda pertinência com o presente litígio –, o Parecer Normativo CST nº 112/78 encerrou sua análise inicial com a seguinte conclusão: 2.14 Com o objetivo de promover a interação dos dois diplomas legais ora dissecados [Lei nº 4.506/64 e Decretolei nº 1.598/77] podemos resumir a matéria relacionada com as SUBVENÇÕES nos seguintes termos: As SUBVENÇÕES, em princípio, serão, todas elas, computadas na determinação do lucro líquido: as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO, na qualidade de integrantes do resultado operacional; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, como parcelas do resultado não operacional. As primeiras integram sempre o resultado do exercício e devem ser Fl. 1217DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 12 11 contabilizadas como tal; as últimas, se efetivamente aplicadas em investimentos, podem ser registradas como reserva de capital, e, neste caso, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva. A abordagem seguinte teve por foco hipóteses de isenções e reduções de impostos, com vistas a identificar se elas se caracterizam com subvenções para investimento. O Parecer Normativo CST nº 112/78 excluiu deste conceito isenções ou reduções de IPI destinadas, apenas, a diminuir o custo do bem adquirido; reduções de imposto de renda instituídas como compensação de custos ou despesas de instituições financeiras; e isenções, reduções ou destinações do IRPJ, por não afetarem o lucro real. De outro lado, admitiu como subvenção para investimento hipótese específica da atividade de mineração, bem como reduções de ICM, estas últimas nos seguintes termos: 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. 3.7 É oportuna a advertência para o risco de generalizar as conclusões do item anterior para todos os casos de retorno do ICM. O contribuinte deverá ter cuidado de examinar caso por caso e verificar se estão presentes, todos os requisitos exigidos. Um retorno de ICM, por exemplo, como prêmio ao incremento das vendas, em relação às de período anterior, acima de determinado percentual, não será uma subvenção para investimento. Para além disso, o Parecer Normativo apenas abordou incentivo específico do setor siderúrgico e a correção monetária de contas que registrem bens oriundos de subvenção, bem como esclareceu que a aplicação da norma interpretada alcança todas as pessoas jurídicas sujeitas à tributação pelo imposto de renda com base no lucro real, e não apenas as sociedades anônimas. Disse, ainda, que o Decretolei nº 1.598/77 produziu efeitos a partir do exercício de 1978, convalidando a aplicação do Ato Declaratório Normativo CST nº 10/78 e do Parecer Normativo CST nº 142/73 às subvenções anteriores àquela vigência, bem como declarando a aplicabilidade, a qualquer situação, dos itens 2, 6, 7 e subitens 5.2 e 5.3, bem como dos itens 3, 4 e subitem 5.1, f. Daí as conclusões do Parecer Normativo CST nº 112/78, a seguir reproduzidas: 7.1 Ante o exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item 1, letra "b", do Decretolei nº 1.598/77, pode ser assim consolidado: I As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento, se presentes todas as características mencionadas no item anterior; Fl. 1218DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 13 12 IV As SUBVENÇÕES, PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; V As ISENÇÕES, REDUÇÕES ou DEDUÇÕES do Imposto de Renda devido pelas Pessoas Jurídicas não poderão ser tidas como subvenção para investimento; VI O § 2º do artigo 38 do Decretolei nº 1.598/77 aplicase a todas as pessoas jurídicas sujeitas à tributação pelo imposto de renda com base no lucro real; e VII As contas do ativo permanente e respectiva depreciação, amortização ou exaustão, que registrem bens oriundos de SUBVENÇÕES, são corrigidas monetariamente nos termos dos artigos 39 e seguintes do Decretolei nº 1.598/77. Estas as premissas, portanto, para apreciação do litígio presente nestes autos. Nestes autos, a Fiscalização observa que a contribuinte afirmou ser beneficiária de subvenção para investimentos, relativa a créditos presumidos de ICMS concedidos pelo Governo do Estado do Ceará por meio do Termo de Acordo nº 917/2006, assim descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 12/52: [...]. O contribuinte apresentou ainda a cópia autenticada do Termo de Acordo N° 917/2006, instrumento através do qual a Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará concedeu Regime Especial de Tributação que trata, dentre outras disposições, da concessão do crédito presumido de ICMS objeto da Subvenção, e também a cópia do Termo de Acordo N° 438/2009, que comprova que o Termo de Acordo N° 917/2006 foi revogado a partir do dia 30/09/2009, em razão da assinatura do Termo de Acordo N° 438/2009. Da leitura do Termo de Acordo N° 917/2006, destacamos as seguintes Cláusulas: "Cláusula Primeira: Fica concedido à Acordante Regime Especial de Tributação, na forma dos arts 67 a 69 da Lei nº 12.670/96 e Decreto nº 27.490/2004. que dá novas redações a dispositivos do Regulamento do ICMS Decreto nº 24.569/97, e que lhe atribui a condição de contribuinte substituto tributário responsável pelo pagamento do ICMS devido pelas operações subsequentes com os produtos neles indicados.... " "Cláusula Quinta. No último dia de cada mês, a Acordante emitirá nota fiscal de entrada para compensação do ICMS relativo aos repasses concedidos, tomandose por base o mesmo valor que serviu para o cálculo do ICMS de obrigação direta, mediante a aplicação dos percentuais abaixo indicados: I – 1% (um por cento), nas operações internas; II 3% (três por cento), nas operações interestaduais; III 3,4% (três virgula quatro por cento) nas operações de transferências interestaduais." "Cláusula Nona. O regime a que se refere o presente Termo de Acordo fica condicionado ao cumprimento regular dos prazos de recolhimento do ICMS, bem como ao cumprimento das obrigações tributárias acessórias, inclusive a remessa/transmissão dos arquivos magnéticos nos termos do Decreto nº 27.710/2005 e Sistema Integrado de Informações de Trânsito de Mercadorias Portal Fiscal e Sistema Cometa." "Cláusula Décima. A manutenção do presente Termo de Acordo fica condicionada, ainda, a que a Acordante apresente elevação no nível de recolhimento do imposto, comparado com o mesmo semestre do exercício anterior." Cláusula Décima Terceira. Os valores a que se refere a Cláusula Quinta configuramse subvenções para investimento a serem incorporados pela Acordante em seu capital social. " A título de esclarecimento, os artigos 67 e 69 da Lei n° 12.670/96, que trata do ICMS e dá outras providências, dispõe o seguinte: "Art. 67. Em casos peculiares e objetivando facilitar o cumprimento das obrigações tributárias, poderseá adotar regime especial de tributação, mediante prévia manifestação de órgão técnico fazendário. Parágrafo único. Regime Especial de Tributação, para efeito deste capítulo, é o que se caracteriza por qualquer tratamento diferenciado em relação às regras gerais de Fl. 1219DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 14 13 exigência do ICMS e de cumprimento das obrigações acessórias, sem que dele resulte desoneração da carga tributária. ............... Art. 69. Incumbe às autoridades fiscais, atendendo as conveniências da administração fazendária, propor ao Secretário da Fazenda a reformulação ou revogação das concessões." Já o Decreto 27.490/2004 altera a Seção XXI do Capítulo II do Título I do Livro Terceiro do Decreto n° 24.569/97, estabelecendo novo regime de substituição tributária nas operações com produtos farmacêuticos. Depois de discorrer sobre a disciplina das subvenções para investimento a partir da Lei nº 11.638/2007 e no âmbito do Regime Tributário de Transição – RTT, a autoridade lançadora reportouse ao art. 38, §2o do Decretolei nº 1.598/77 e ao art. 443 do RIR/99, ao conceito e à classificação de subvenções nos termos dos Pareceres Normativos CST nº 2/78 e 143/73, para então consignar que: [...] Desses subsídios podemos inferir que Subvenção para Investimento é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliála, não em suas despesas, mas sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Observase que a Subvenção para Investimento apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o "animus" de subvencionar para investimento. Impõese, também, a "efetiva e específica" aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como Subvenção para Investimentos. Assim, o Fisco considera como subvenções p/ investimento apenas aquelas transferências de numerários ou reduções de tributo cujos valores se revertam em ativos ou outros investimentos explicitamente mensuráveis, ligados à implantação/expansão dos projetos fomentados, e que sejam compatíveis com o valor disponibilizado pelo Poder Público. A concessão do benefício fiscal pelo Estado do Ceará foi instrumentalizada por meio do Termo de Acordo n° 917/2006. Percebese que entre as exigências estabelecidas no citado termo não se encontra a de que o contribuinte promova a implantação ou a expansão de empreendimentos econômicos. As únicas condições previstas no Termo de Acordo são o cumprimento regular dos prazos de recolhimento do ICMS, bem como ao cumprimento das obrigações tributárias acessórias e a elevação no nível de recolhimento do imposto por parte da subvencionada. A lei impõe que a subvenção incentive a implantação ou expansão da atividade econômica a qual o benefício se liga, visto que tanto o art. 443 do RIR/99 quanto o art 18 da Lei 11.941/2009 determinam, para que sejam excluíveis da base de cálculo, que as subvenções sejam destinadas à "implantação ou expansão de empreendimentos econômicos". À vista do disposto no §2° do art. 38 do DecretoLei n° 1.598/77, no art. 443 do RIR/99 e no art 18 da Lei 11.941/2009 e dos esclarecimentos contidos no PN CST n° 112/78, percebese claramente que dois requisitos indispensáveis para que a subvenção recebida pelo contribuinte fiscalizado possa ser considerada como Subvenção para Investimento e, assim, possa ser excluída da base de cálculo do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS não foram cumpridos: Fl. 1220DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 15 14 1.possuírem destinação específica para investimentos em implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; 2.sincronismo entre a intenção do subvencionador com a ação do subvencionado; Ainda que eventualmente algum montante da subvenção recebida tivesse sido alocado a ativos imobilizados, restaria descumprido requisito fundamental, já que faltaria à subvenção a intenção do subvencionador de propiciar o investimento específico em implantação e expansão do empreendimento. Isto é, não basta a vontade e a conduta do subvencionado; manifestada na Cláusula Décima Terceira do Termo de Acordo, que dispõe que os créditos presumidos a serem apurados configuramse subvenções para investimento a serem incorporados pela Acordante em seu capital social. É imprescindível a previsão de investimento em implantação ou expansão do empreendimento econômico e a sintonia entre a intenção do subvencionador e a ação do subvencionado, de maneira especificada. O Termo de Acordo, em conformidade com as regras estabelecidas na Lei n° 12.670/96 e Decreto n° 27.490/2004, que dá novas redações a dispositivos do Regulamento do ICMS Decreto n° 24.569/97, determina as condições para o gozo do direito ao crédito presumido de ICMS. Entre tais condições não se encontra a implantação ou a expansão de empreendimentos econômicos. Ora, o texto expresso no §2° do art. 38 do DecretoLei nº 1.598/77, no art. 443 do RIR/99 e no art 18 da Lei 11.941/2009 condiciona a exclusão do valor do benefício fiscal (subvenção) das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL justamente à implantação ou a expansão do empreendimento econômico. Isso significa, a todas as luzes, que o benefício concedido não se amolda à hipótese de exclusão prevista no RIR/99 e nem às previstas nos arts. 18 e 21 da Lei 11.941/2009, razão pela qual a fiscalização conclui que o benefício concedido pelo Estado do Ceará ao contribuinte fiscalizado, na forma de Crédito Presumido de ICMS, deve compor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, [...]. Considerando a irregularidade acima, e tendo em vista que o contribuinte apurou prejuízo fiscal superior ao montante apurado nas infrações relativas ao IRPJ e a CSLL, foram lavrados os competentes Autos de Infração de IRPJ e CSLL apenas para fins de redução do Prejuízo Fiscal e da Base de Cálculo Negativa da CSLL apurados, [...]. Como esclarecido no Parecer Normativo CST nº 107/75, em situações semelhantes à presente, o sujeito passivo deduz, como despesa incorrida, o ICMS incidente sobre suas operações tributáveis. Aqui questionase se a dispensa de recolhimento deste valor – efetivada mediante crédito decorrente de nota fiscal emitida para compensação do ICMS relativo aos repasses concedidos, calculados segundo a cláusula quinta do Termo de Acordo nº 917/2006 (fl. 239/249) – deve ser reconhecida como receita tributável, ou pode deixar de integrar o lucro tributável. Temse, em tais circunstâncias, um crédito presumido de ICMS, que não corresponde aos créditos reais, verificados em operações anteriores e abatidos do imposto devido nas saídas promovidas pelo sujeito passivo, de modo a implementar a não cumulatividade. Tratase de benefício fiscal dissociado de qualquer operação antecedente sujeita à incidência de ICMS e é contabilizado a débito da conta representativa de ICMS a pagar, de modo a reduzir seu saldo e, por conseqüência, o pagamento do tributo. Cabe aqui definir se a contrapartida credora deste valor deve integrar o lucro tributável, no caso mediante reversão do ajuste negativo promovido pela contribuinte em razão do Regime Tributário de Transição, vez que reconhecera contabilmente a parcela de R$ Fl. 1221DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 16 15 32.672.426,29 como redutora do CMV no anocalendário 2008, mas entendendo tratarse de subvenção para investimento, classificoua de não tributável pelo IRPJ e pela CSLL segundo a legislação anterior à Lei nº 11.638/2007. Consoante observa a autoridade lançadora, entre as exigências estabelecidas no citado termo não se encontra a de que o contribuinte promova a implantação ou a expansão de empreendimentos econômicos. As únicas condições previstas no Termo de Acordo são o cumprimento regular dos prazos de recolhimento do ICMS, bem como ao cumprimento das obrigações tributárias acessórias e a elevação no nível de recolhimento do imposto por parte da subvencionada. De fato, referido ato não estabeleceu qualquer contrapartida específica em investimentos por parte da beneficiária, limitandose a mencionar a necessidade de elevação do nível de recolhimento do imposto, comparado com o mesmo semestre do exercício anterior, sem sequer fixar uma meta de crescimento. A recorrente discorda da exigência de que a subvenção para investimento esteja atrelada à estrita aplicação em ativos ou outros investimentos explicitamente mensuráveis, expondo o significado do substantivo subvenção, traçando comparativo com o benefício “BolsaFamília” e abordando outras hipóteses de subsídio, para classificálos como subvenção de custeio ou de investimento, distinguindo esta como subsídio com destinação específica ou difusa, para então afirmar que a Fiscalização classificou o benefício fiscal em discussão nesta segunda hipótese, e defender sua vinculação a objetivos econômicos, sociais e de desenvolvimento, consoante exposto no Termo de Acordo nº 917/2006. Contudo, a única contrapartida exigida no acordo em referência é a mencionada elevação do nível de recolhimento do imposto, sem qualquer menção aos objetivos econômicos, sociais e de desenvolvimento citados pela recorrente. A recorrente argumenta que a contrapartida exigida no sentido de aumento de faturamento, com a conseqüente majoração da arrecadação tributária não pode ser alcançada de forma significativa apenas com publicidade local, exigindo uma ampla complexidade logística, de transporte, armazenamento, distribuição, contratação de pessoal e adequado treinamento, mas isto é apenas uma cogitação. Como não houve fixação de qualquer percentual a ser observado pela beneficiária, a elevação do nível de recolhimento do imposto poderia decorrer, apenas, do reajustamento de preços de seus produtos. Impróprio, assim, discutir a necessidade de aplicações em bens de ativo, máquinas e equipamentos para caracterização de uma subvenção como de investimento. Por certo, como alega a recorrente, uma patente, nos dias atuais, pode valer muito mais do que inúmeras fábricas. Contudo, no caso presente não foi exigida contrapartida em qualquer tipo de investimento, e nem mesmo se vislumbra, nos termos acordados, qualquer compromisso direto com a produção e o emprego, justamente porque não houve fixação de metas de desempenho real: incremento das receitas e do emprego e da conseqüente arrecadação. Neste contexto, a alegada distinção entre expansão de empreendimentos econômicos, mencionada no art. 38, §2o do Decretolei nº 1.598/77, e expansão de empreendimentos industriais, como exigida pela Fiscalização, em nada afeta a presente exigência, porque nenhuma delas é exigida no acordo que pretendeu configurar uma subvenção para investimento. Aliás, a única referência neste sentido contida no acordo em tela consta de sua cláusula décima terceira, ao afirmar que os valores a que se refere a Cláusula Quinta configuramse subvenções para investimento a serem incorporadas pela Acordante ao seu Fl. 1222DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 17 16 capital social. Para além disso, nenhuma destinação é exigida em face dos valores que a contribuinte deixou de recolher ao Fisco Estadual. Também em nada socorrem a interessada as disposições da Lei nº 12.670/96 e o Decreto nº 29.560/2008, ambos do Estado do Ceará, referidos em sua defesa. Para maior clareza, os artigos mencionados são, a seguir, reproduzidos: Lei nº 12.670, de 1996 Art. 67. Em casos peculiares e objetivando facilitar o cumprimento das obrigações tributárias, poderseá adotar regime especial de tributação, mediante prévia manifestação de órgão técnico fazendário. Parágrafo único. Regime Especial de Tributação, para efeito deste capítulo, é o que se caracteriza por qualquer tratamento diferenciado em relação às regras gerais de exigência do ICMS e de cumprimento das obrigações acessórias, sem que dele resulte desoneração da carga tributária. Art. 68. Os regimes especiais serão concedidos: I – através da celebração de acordo entre a Secretaria da Fazenda e o representante legal da empresa; II – com base no que se dispuser em regulamento, quando a situação peculiar abranger vários contribuintes ou responsáveis. §1o Fica proibida qualquer concessão de regime especial por meio de instrumento diverso dos indicados neste Artigo. §2o O regime especial concedido na forma do inciso I pode ser revogado a qualquer tempo, podendo ser rescindido isoladamente ou por ambas as partes. §3o Incorrerá em crime de responsabilidade o Secretário da Fazenda que celebrar Regime Especial de Tributação que resulte em desoneração de carga tributária, sem prejuízo de outras cominações legais. Art. 69. Incumbe às autoridades fiscais, atendendo as conveniências da administração fazendária, propor ao Secretário da Fazenda a reformulação ou revogação das concessões. Decreto nº 29.560, de 2008 Art.1º Os estabelecimentos enquadrados nas atividades econômicas indicadas no Anexo I (Comércio Atacadista) e Anexo II (Comércio Varejista) deste Decreto ficam responsáveis, na condição de sujeito passivo por substituição tributária, pela retenção e recolhimento do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) devido nas operações subseqüentes, até o consumidor final, quando da entrada da mercadoria neste Estado ou no estabelecimento de contribuinte, conforme o caso. Art.2º O imposto a ser retido e recolhido na forma do art.1º será o equivalente à carga tributária líquida resultante da aplicação dos percentuais constantes do Anexo III deste Decreto, sobre o valor do documento fiscal relativo às entradas de mercadorias, incluídos os valores do IPI, frete e carreto, seguro e outros encargos transferidos ao destinatário. [...] Art.4º O contribuinte que exerça atividade constante do Anexo I deste Decreto, mediante celebração de Regime Especial, na forma prevista nos arts. 67 a 69 da Lei nº12.670, de 27 de dezembro de 1996, poderá ter a carga tributária líquida prevista Fl. 1223DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 18 17 no Anexo III deste Decreto ajustada proporcionalmente até o limite da carga tributária efetiva constante do art.1º da Lei nº13.025, de 20 de junho de 2000. [...] §7º O tratamento tributário de que trata este artigo, sem prejuízo de outras condicionantes impostas na legislação estadual, salvo motivo justificado, somente será concedido ao contribuinte que, cumulativamente: I – comprove capacidade financeira, mediante apresentação de Declaração de Imposto de Renda – Pessoa Jurídica e Pessoa Física dos sócios; II apresente aumento real de recolhimento do ICMS em relação ao exercício anterior; III – apresente taxa de adicionamento positiva; IV – comprove geração de emprego; V – tenha o estabelecimento físico neste Estado. §8º Não será firmado ou renovado Regime Especial de Tributação com contribuinte que: I – esteja irregular quanto ao cumprimento de recolhimento do ICMS e obrigações tributárias acessórias previstas na legislação; II – tenha débito de qualquer natureza inscrito ou não na Dívida Ativa do Estado, ou que esteja inscrito no Cadastro de Inadimplentes da Fazenda Pública Estadual (Cadine); III tenha sido denunciado por prática de crime contra a ordem tributária, nos termos da Lei federal nº8.137, de 27 de dezembro de 1990; IV esteja na condição de depositário infiel; V seja parte em processo de suspensão, cassação ou baixa de ofício, da inscrição no Cadastro Geral da Fazenda (CGF); VI – utilize o estabelecimento como centro de distribuição de mercadorias para as suas filiais ou empresas coligadas e interdependentes com atividades de vendas ao varejo; VII – durante o anocalendário, efetue venda direta ao consumidor final superior o percentual de 10 (dez por cento) do seu faturamento, por mais de três meses consecutivos ou não, observada a regra de exclusão prevista no §4º do art.4º deste Decreto. §9º Os créditos tributários constituídos e pendentes de solução no Contencioso Administrativo Tributários não impedem a concessão do regime especial, quando o contribuinte apresentar a garantia exigida pelo Fisco. Referidos atos, e especialmente o Decreto nº 29.560/2008, em seu art. 4o, §7o, apenas estabelecem normas a serem observadas pelo poder concedente, ou seja, condições pretéritas que devem ser comprovadas para fins de formalização do acordo entre as partes, e assim não se prestam como objetivos a serem alcançados em razão da subvenção concedida. Ademais, as estipulações são genéricas, não se vinculam a qualquer investimento específico para além da própria existência do estabelecimento comercial com empregados, e o mencionado aumento real de recolhimento de ICMS, à semelhança da exigência veiculada no Termo de Acordo nº 917/2006, pode resultar, tão só, do aumento de preço dos produtos comercializados pelo sujeito passivo. Por fim, o Decreto nº 29.560/2008 somente foi publicado em 27/11/2008, mais de 2 (dois) anos depois da assinatura do Termo de Acordo nº 917/2006, e poucos dias antes do encerramento do período de apuração aqui autuado. Fl. 1224DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 19 18 Irrelevante, assim, se o Fisco Estadual não questionou o descumprimento do acordo, e expediu certidão negativa em favor da recorrente. As objeções do Fisco Federal dirigemse à ausência de contraprestação em investimentos para que a subvenção concedida seja classificada como tal. Se houve algum aumento no nível de recolhimento e as demais obrigações acessórias foram cumpridas, nem por isso a subvenção passa a ser de investimento apenas porque o Poder Público concedente assim a declara. O Decretolei nº 1.598/77 especifica quais são as isenções ou reduções de impostos que podem ser caracterizadas como subvenções para investimento e, assim, não computadas no lucro tributável: Art 38. [...] § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no artigo 36 e seus parágrafos; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. (negrejouse) Admitir, como pretende a recorrente, que a pessoa jurídica de direito público, ao conceder isenção ou redução de impostos em favor de uma empresa pode definir se a subvenção é para investimento ou custeio dispensaria a análise dos atos concessivos do benefício, e exigiria, tão só, a prova de que a beneficiária cumpriu as obrigações acessórias ali definidas. Em verdade, desvincular o investimento realizado da exigência do subvencionador simplesmente anula a possibilidade de se cogitar de outro tipo de subvenção que não para investimento, pois basta qualquer ação ou intenção do subvencionado, independentemente de sua motivação, evidenciando que investimento houve, para se afirmar que o benefício fiscal teria a natureza de subvenção para investimento, e assim afastar sua tributação. As condições estipuladas no ato concessório do benefício são determinantes para definição da natureza da subvenção. Inferências da intenção da pessoa jurídica de direito público, ainda que razoáveis, não dispensam a sua materialização no acordo, de modo a vincular a beneficiária às aplicações que poderiam justificar a classificação do benefício fiscal como subvenção para investimento. Relevante observar, também, que a utilização do crédito presumido de ICMS com vistas à implantação ou à ampliação de empreendimento econômico, em regra, apresenta contornos próprios, ausentes no caso em debate. Quando este benefício é concedido com natureza de subvenção para investimentos, estes normalmente se materializam dentro de um período de tempo específico, durante o qual, inclusive, o crédito presumido é contabilizado em contrapartida a conta representativa de obrigação para com a pessoa jurídica de direito público, somente se convertendo em reserva de capital ou receita quando implementadas as condições estabelecidas pelo instituidor do benefício. Aqui, ao contrário, os valores de ICMS que deixaram de ser recolhidos já foram contabilizados diretamente como redutores de custo das mercadorias vendidas, evidência Fl. 1225DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 20 19 escritural do que se viu materializado nos atos antes transcritos: a inexistência de qualquer contrapartida específica exigida da contribuinte. No mais, não merece acolhida a alegação da recorrente acerca da imunidade recíproca, porque as mencionadas condições permanentes de restituição não são suficientes para classificar como receitas do Estado do Ceará os resultados excluídos da tributação pela contribuinte. Nos termos do art. 9o da Resolução CFC nº 750/2009, as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sendo que as receitas de doações e subvenções são realizadas na data do recebimento efetivo, aqui correspondente ao momento em que, por escrituração do crédito presumido, a contribuinte reduz a obrigação tributária em face do Estado do Ceará. Neste momento, portanto, a riqueza tributável pertence à contribuinte autuada, e se alguma condição fixada no acordo em referência vier a ser descumprida, a contribuinte será obrigada a pagar o tributo devido, restabelecendo a despesa antes anulada pelo crédito presumido. Como a própria recorrente enfatiza que nenhuma condição foi descumprida, e que não possui débitos em face do Estado do Ceará, a receita de subvenção permanece sob sua titularidade, e não é afetada por qualquer reversão devida até o momento do lançamento. Impróprio, também, classificar o benefício concedido pelo Estado do Ceará como “adiantamento de recursos para ser utilizado numa atividade específica”, o incremento da arrecadação tributária e do emprego. Consoante exposto no Parecer Normativo CST nº 142/73, a atividade estatal de carrear para a empresa recursos financeiros para custeio ou operação identificase, sem dúvida, no plano orçamentário, com a ajuda financeira do poder público às empresas privadas com autorização de lei especial, conceituada e classificada na Lei de Orçamento, como subvenção (Lei nº 4.320/64, art. 12, §§ 2º e 3º, item II, combinados com o art. 19). A entrega de recursos por parte do Poder Público, ou sua renúncia a recebêlos, não pode ser, assim, rotulada como adiantamento ou empréstimo sujeitos a termo, mas sim como receita efetiva, ainda que passível de reversão futura, o que evidencia a inadequação das referências feitas pela recorrente ao art. 116, inciso II do CTN, bem como ao seu art. 117. Na forma em que concedido o benefício, nada impede que a contribuinte destine livremente, em suas atividades, os valores que deixaram de ser recolhidos ao Estado do Ceará. Em verdade, nos termos do acordo em referência, somente se exigiu que a contribuinte transportasse os valores correspondentes para reserva de capital, e como nenhuma contrapartida específica foi exigida, não há como assegurar que tais montantes permaneçam capitalizados na beneficiária. A recorrente acrescenta que o próprio art. 19 do Decretolei nº 1.598/77 cogita de restituição de Recursos Públicos em mãos de particulares, de incentivos fiscais, defendendo que tais valores não perdem a condição de Recursos Públicos pertencentes ao Poder Público, e são apenas emprestados à empresa. Porém, o §5o do referido dispositivo legal estabelece que a distribuição aos sócios do imposto que deixar de ser pago em virtude de isenções e reduções ali tratadas importa perda da isenção e obrigação de recolher, com relação à importância distribuída, o imposto que a pessoa jurídica tiver deixado de pagar, sem prejuízo da incidência do imposto sobre o lucro distribuído, como rendimento do beneficiário. Significa dizer que a obrigação tributária é restabelecida naquele momento, e deve ser paga pelo sujeito passivo antes beneficiário da isenção ou redução. Se o pagamento espontâneo não se verificar, o crédito tributário deverá ser lançado e exigido do obrigado, o que por si só descaracteriza a hipótese de restituição aventada pela recorrente. A recorrente invoca, ainda, decisão deste Conselho em favor da caracterização de incentivos fiscais dos Estados do Ceará e da Bahia como subvenções para Fl. 1226DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 21 20 investimento, mas basta observar que, relativamente ao incentivo concedido pelo Estado do Ceará e apreciado no Acórdão nº 1202000.921, as contraprestações eram totalmente distintas daquelas aqui verificadas, consoante expresso no relatório daquele julgado: 1 Do Estado do Ceará: Conforme o Protocolo de Intenções celebrado em 1996 entre a autuada e o Estado do Ceará, o Município de Itapipoca e a Fundação Educacional de Itapipoca, foi firmado o compromisso de implantação de uma unidade industrial destinada à fabricação de calçados. Para isso, a autuada obteve benefícios fiscais, financeiros e de infraestrutura, comprometendose a investir na implantação do projeto e atingir os seguintes resultados: i) R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais) de investimento fixo; ii) produção de l0.000 pares/dia; e iii) ocupação de 1.000 trabalhadores (fls. 79/86). Os benefícios fiscais e financeiros foram acordados mediante a celebração de dois contratos: [...] 2 Do Estado da Bahia: Por meio do protocolo firmado entre o estado da Bahia e a autuada foram concedidos benefícios fiscais e financeiros para a implantação de indústrias de calçados. A empresa firmou o compromisso de observar as seguintes características mínimas na implantação do projeto: (i) investimento no complexo industrial de R$ 20.000.000,00; (ii) produção de 4.000.000 pares/ano; e iii) criação de 2.000 empregos direto e/ou indiretos, fls. 106 e ss.. Os recursos tiveram origem no Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico (Fundese), regido pelas Leis Estaduais n°s 7.537, de 1999, e 7.599, de 2000, e alterações. Foram duas modalidades de incentivo: [...] O mesmo se diga acerca do caso tratado no parecer elaborado por Kiyoshi Harada em favor de contribuinte favorecida por benefício fiscal concedido pelo Estado do Piauí, sob as seguintes condições: A Consulente é beneficiária de incentivos fiscais no período abrangido pela atuação representados pela isenção de 100% do ICMS, nos termos do Decreto nº 9.942, de 1571998, do Estado do Piauí, atualizado pelo Decreto nº 11.836, de 1122005, como reconhecido no relatório fiscal. Assim ela tem direito de deduzir os valores desses incentivos, que têm a natureza de subvenção para investimento, da base de cálculo de tributos federais. De fato, com fundamento na Lei Estadual de nº 4.859/96 o Decreto nº 9.942, de 15 de julho de 1998 outorgou o incentivo fiscal nos seguintes termos: "Art. 1º Fica concedido ao estabelecimento da empresa BIKE DO NORDESTE S/A, inscrito no CGC/MF, sob nº 02.220.262/000197 e no CAGEP sob nº 19.440.0140, sede e foro na Av. Getúlio Vargas nº 1150, Bairro Tabuleta, município de TeresinaPI, incentivo fiscal equivalente à IMPLANTAÇÃO, para, utilizando os processos de transformação e montagem industrial, fabricar bicicletas, kits, aros e rodas, produtos COM SIMLAR, na forma do disposto no art. 4º, inciso II, alíneas "a" a "d", da Lei nº 4.859, de 27 de agosto de 1996. Art. 2º O incentivo fiscal de que trata este Decreto terá o prazo máximo de 10 (dez) anos, e corresponderá, observado o disposto no § § 1o e 2o , à dispensa de 60% (sessenta por cento) do ICMS apurado durante esse período de tempo, nos termos do art. 4º, inciso II, alíneas "a" a "d", da Lei nº 4.859, de 27 de agosto de 1996, na ocorrência de: (...) Fl. 1227DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 22 21 *§ 1º O incentivo fiscal de que trata este artigo será considerado como IMPLANTAÇÃO SEM SIMILAR, portanto, com dispensa do pagamento de 100% (cem por cento) do ICMS apurado, pelo prazo de 15 (quinze) anos, observado o disposto nos §§ 55 e 65, na forma do art. 4º, inciso III da Lei nº 4.859, de 27 de agosto de 1996, desde que fiquem comprovadas a criação e manutenção, nos quadros da empresa, de 500 (quinhentos) ou mais empregados, na ocorrência de: *Caput do § 1º com redação dada pelo nº 10.962, de 23 de dezembro de 2002, Art. 1º." Como se vê o incentivo fiscal outorgado corresponde a IMPLANTAÇÃO SEM SIMILAR de unidade produtora, pelo que foi dispensado o pagamento de 100% do ICMS. Logo, nos termos da legislação do imposto de renda os valores desses incentivos não devem ser computados na determinação do lucro real. A recorrente tem razão quando argumenta que o Estado do Ceará é competente, no plano legal, para, em vez de exigir a aplicação estrita do subsídio para investimento diretamente na aquisição de um torno mecânico ou na construção de paredes ou galpões, pactuar que a empresa invista, sim, em resultados, isto é, no emprego, no faturamento, na arrecadação, estabelecendo, é claro, uma mão dupla contratual, de modo a punir aquele que não implementar os bens pactuados. Contudo, sequer esta contrapartida mencionada foi aqui pactuada, e em tais condições a forma de escrituração das vantagens auferidas submetese ao regramento contábil e tributário extensamente aqui abordado, sem que isto represente qualquer ofensa ao princípio federativo ou da moralidade. Em suma, o Estado do Ceará pode atuar dentro dos limites legais para pactuar subvenções vinculadas a investimento, mas como aqui assim não procedeu, nada impede que a União Federal por meio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, exija os tributos incidentes sobre a receita correspondente à subvenção para custeio representada pelo benefício conferido à contribuinte. Por fim, no que se refere aos efeitos do §1o no art. 43 do CTN, está exaustivamente demonstrada a forma de reconhecimento contábil do incentivo conferido pelo Estado do Ceará à contribuinte, em razão da sua caracterização como subvenção para custeio. Ainda que o acordo com o Estado do Ceará determine seu registro em conta de Reserva de Capital, as demais condições para sua caracterização como subvenção para investimento não foram atendidas, e neste contexto o resultado correspondente à redução do custo das mercadorias vendidas contabilizado pela contribuinte não pode ser excluído das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. É certo que não se discute, aqui, em essência, a subvenção, pois há o acordo firmado com o Estado do Ceará, o crédito presumido foi escriturado e reduziu suas obrigações fiscais em face daquele ente tributante, e a Fiscalização nada opôs à manutenção dos valores em conta representativa de reserva. Também não se nega o direito de o Estado cobrar de volta o tributo caso regras sejam descumpridas. Mas nada disso desnatura o benefício usufruído pela contribuinte como subvenção para custeio, aspecto suficiente para justificar seu cômputo no lucro tributável. Por tais razões, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 1228DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 23 22 Declaração de Voto Conselheiro ANTÔNIO LISBOA CARDOSO O cerne da questão aqui discutida, diz respeito a saber se os valores dos créditos da Recorrente, empresa tributada pelo lucro real concernentes ao programa do Estado do Ceará, concernente à dispensa de recolhimento do ICMS, a título de crédito presumido, se o mesmo integra o resultado operacional da pessoa jurídica. De acordo com o voto condutor do presente acórdão, prolatado pela i. Conselheira Edeli Pereira Bessa, considerou que o referido benefício configura subvenção para custeio, e como tal deve integrar o resultado operacional da pessoa jurídica, vez que vinculado apenas à elevação do nível de recolhimento do imposto. Igualmente considerou a decisão recorrida, que tais benefícios, estão classificadas na Lei nº 4.506/64 como receita bruta operacional, mas que a Lei nº 6.404/76 tratou as subvenções para investimento como transferência de capital, e foi assim incorporada ao Decretolei nº 1.598/77, mas com acréscimos interpretados por meio dos Pareceres Normativos CST nº 2/78 e 112/78, que especificaram sua forma de contabilização e declararam “a necessidade de sua aplicação específica em bens e direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos” (grifado), tendo assim expressamente constado: Assim, o Fisco considera como subvenções p/ investimento apenas aquelas transferências de numerários ou reduções de tributo cujos valores se revertam em ativos ou outros investimentos explicitamente mensuráveis, ligados à implantação/expansão dos projetos fomentados, e que sejam compatíveis com o valor disponibilizado pelo Poder Público. (grifado). Essa simples afirmação acima transcrita demonstra a visão estreita que estão emprestando ao conceito de investimentos que estão aplicando no presente caso, não podendo ser compreendido como sendo aquele aplicado no ativo imobilizado, ao contrário, deve ter um sentido genérico, conforme muito bem defendeu o i. Conselheiro e presidente desta Primeira Seção, Dr. Marcos Aurélio Pereira Valadão, no acórdão nº 9101001.798, da 1ª T. da CSRF, julgado na sessão de 19/11/2013, julgando caso semelhante ao aqui analisado, também do Estado do Ceará, conforme depreendese o seguinte trecho do v. acórdão: Assim, no protocolo de intenções, que decorre da lei que concedeu o incentivo, fica claro que o destino dos recursos é a expansão do empreendimento, condição que satisfaz a norma do art. 443 do RIR, pois se trata de utilizar os recursos da subvenção em "investimentos" que aqui tem sentido genérico1 (que não deve ser entendido somente como inversão em ativo imobilizado ou o investimento conforme consta da Lei 6.404/76, Fl. 1229DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO Processo nº 10380.720566/201319 Acórdão n.º 1101001.228 S1C1T1 Fl. 24 23 em seu art. 179, III, o que levaria à necessidade de usar os recursos para aquisição de ações ou quotas de capital de outra sociedade o que seria uma contradição em relação à finalidade da lei estadual que criou o incentivo). Ora, na verdade o benefício concedido pelo Estado do Ceará não está condicionado apenas à elevação da arrecadação de ICMS, mas se destina à aquisição de mercadorias, admissão de pessoal, aquisição de ativo imobilizado, dentre outros, conforme faz prova a Declaração firmada pelo Secretário da Fazenda do Estado do Ceará, datada de 24 de novembro de 2014, entregue juntamente com os memoriais pela Recorrente, nesta sessão de julgamento. A elevação do ICMS recolhido, dos salários pagos e dos demais tributos recolhidos pela Recorrente, como resultado da elevação do faturamento, que não pode ser decorrente apenas da elevação dos preços, conforme afirmado na sessão, pois, as empresas comerciais não aumentam os preços de suas mercadorias vendidas de modo próprio, ao contrário, se elevam os preços artificialmente não conseguem vender, seria desconhecer completamente as regras de mercado e da livre concorrência próprios da iniciativa privada. Logo, as benesses fiscais decorrentes do referido programa caracterizam subvenção para investimento e, por isso, não podem integrar a base de cálculo das exações ora discutidas, vez que não se destinou apenas à elevação da arrecadação de ICMS, mas também, conforme já frisado, à aquisição de mercadorias, admissão de pessoal, aquisição de ativo imobilizado, dentre outros, os quais foram atendidos pela Recorrente, razão pela qual entendo que não são computadas na determinação do lucro nos termos do artigo 443 do Decreto 3000/99. (documento assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso Conselheiro Fl. 1230DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 07/01/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Ass inado digitalmente em 06/01/2015 por ANTONIO LISBOA CARDOSO
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Numero do processo: 11442.000195/2010-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
PEDIDO RESSARCIMENTO. CRÉDITO DE PIS/PASEP E COFINS INCIDENTES SOBRE PRODUTOS SUJEITOS A TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. COMERCIANTE VAREJISTA. INDEFERIMENTO.
No regime monofásico de tributação não há previsão de ressarcimento ou restituição de tributos pagos na fase anterior da cadeia de comercialização, haja vista que a incidência efetiva-se uma única vez, portanto, sem previsão de fato gerador futuro e presumido, como ocorre no regime de substituição tributária para frente.
Após a vigência do regime monofásico de incidência, não há previsão legal para o pedido de ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e para a COFINS incidente sobre a venda de automóveis para o comerciante varejista.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-002.417
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O conselheiro Andrada Canuto Natal votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PEDIDO RESSARCIMENTO. CRÉDITO DE PIS/PASEP E COFINS INCIDENTES SOBRE PRODUTOS SUJEITOS A TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. COMERCIANTE VAREJISTA. INDEFERIMENTO. No regime monofásico de tributação não há previsão de ressarcimento ou restituição de tributos pagos na fase anterior da cadeia de comercialização, haja vista que a incidência efetivase uma única vez, portanto, sem previsão de fato gerador futuro e presumido, como ocorre no regime de substituição tributária para frente. Após a vigência do regime monofásico de incidência, não há previsão legal para o pedido de ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e para a COFINS incidente sobre a venda de automóveis para o comerciante varejista. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. O conselheiro Andrada Canuto Natal votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 2. 00 01 95 /2 01 0- 95 Fl. 149DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 3 2 Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 4 3 Relatório Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento Eletrônico, por meio do qual a interessada requer o ressarcimento de créditos que julga possuir, oriundo de créditos da COFINS NãoCumulativa. A interessada não transmitiu Declarações de Compensação vinculadas ao Pedido de Ressarcimento acima citado. Intimada a apresentar documentos e informações a contribuinte informou que os supostos créditos pleiteados no PER foram motivados pela comercialização de veículos automotores classificados na Tabela TIPI nas classificações fiscais 87032100, 87043190, 87042190, 8704219001 e 8703231001, pleiteando seus créditos com base no artigo 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004. Indeferido o pedido apresentou Manifestação de Inconformidade solicitando a reforma do Despacho Decisório, com uma rica argumentação onde discorre sobre dois marcos normativos importantes que não teriam sido observados: o art. 17 da Lei 11.033, de 2004 que lhe daria o direito de se creditar da Cofins e do PIS incidente sobre a fase anterior em regime de substituição tributária; e o art. 42 da Lei 11.727, de 2008, que revogou a sistemática de não cumulatividade ainda mantida pelas leis 10.833, de 2003 e 10.637, de 2002 para alguns casos específicos previstos no inciso IV do § 3º do art. 1º e a alínea a do inciso VII do art. 8º das referidas leis, respectivamente para a Cofins e o PIS, o que teria eliminado qualquer discussão sobre as normas de não cumulatividade que, por princípio, devem permitir o crédito sobre as contribuições que incidiram na fase anterior da cadeia produtiva. A DRJ de Ribeirão Preto/SP julgou improcedente o pedido da contribuinte sendo o acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. VENDAS EFETUADAS COM ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE AUTOMÓVEIS E PEÇAS. INEXISTÊNCIA DE DIREITO DE CRÉDITO. Em razão da técnica legalmente implementada de tributação concentrada nos fabricantes e importadores de automóveis e peças, as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas e varejistas com a venda desses produtos são submetidas à alíquota zero de PIS e Cofins, sendo expressamente vedado o aproveitamento de créditos em relação às aquisições desses bens. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 151DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 5 4 Inconformada apresenta a recorrente o presente recurso voluntário apontando as mesmas razões apontadas na Manifestação de Inconformidade. É o que importa relatar. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. A Recorrente pleiteou o ressarcimento dos valores atualizados da COFINS incidente sobre aquisição de veículos automotores classificados na Tabela TIPI nas posições 87032100, 87043190, 87042190, 8704219001 e 8703231001. No âmbito do PIS e da COFINS, os veículos automotores, bem como as autopeças mencionadas nos anexos I e II da lei n.° 10.485/2002, estão sujeitos ao regime de tributação monofásica desde o advento desse diploma legal, cujos artigos. 1º e 3º, após as alterações introduzidas pela lei n.º 10.865/2004, trazem a seguinte redação: Art. 1º. As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto n.º 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (...) Art. 3º As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento) e 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), respectivamente, nas vendas para fabricante: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) a) de veículos e máquinas relacionados no art. 1º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) de autopeças constantes dos Anexos I e II desta Lei, quando destinadas à fabricação de produtos neles relacionados; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 153DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 7 6 II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 1º Fica o Poder Executivo autorizado, mediante decreto, a alterar a relação de produtos discriminados nesta Lei, inclusive em decorrência de modificações na codificação da TIPI. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 10.865, de 2004) § 2º Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata:(Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e II – o caput do art. 1º desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001. O sistema de incidência monofásica consiste na concentração de tributação das contribuições do PIS e da COFINS no início da cadeia produtiva, isto é, ocorre a incidência de alíquotas mais elevadas nas etapas de produção e importação, desonerandose as fases seguintes da comercialização, mediante atribuição de alíquota zero. Vale dizer, o fato gerador ocorre uma única vez nas vendas realizadas pelos fabricantes/importadores, não havendo mais incidência dessas contribuições nas vendas realizadas nas etapas seguintes da cadeia econômica. A concentração funciona, assim, como uma antecipação da cobrança do tributo que normalmente seria cobrado nas operações subseqüentes à cadeia inicial. Essa sistemática foi instituída nos termos dos artigos acima apontados que estabeleceu o regime de incidência monofásica, na origem, ou seja, nos fabricantes e importadores, em conformidade com o previsto no art. 149, § 4º, da CF/1988, assim expresso: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (...) § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Na incidência monofásica os fabricantes e importadores passaram a efetuar o recolhimento das citadas Contribuições somente na condição de contribuinte (de fato e direito), deixando de ser contribuintes substitutos dos demais intervenientes nas etapas de comercialização seguintes (as distribuidoras e os varejistas). Fl. 154DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 8 7 Em decorrência da nova modalidade de incidência, as receitas dos varejistas provenientes das vendas desses produtos ficaram excluídas do pagamento das referidas Contribuições, com base no regime da alíquota zero, conforme § 2º do artigo 3º, supra citado. Não é demais ressaltar que, a partir da nova forma de incidência a tributação dos fabricantes e varejistas passaram a ser realizadas de forma autônoma. Em decorrência, o que for recolhido pelo fabricante não mais significa antecipação do que seria devido nas etapas subseqüentes. Logo, a incidência das mencionadas contribuições sobre os fabricantes ou importadores, assim como os pagamentos por eles realizados são considerados definitivos, independentemente de qual seja o desfecho que venham ter os fatos geradores posteriores à aquisição dos produtos para revenda. Nesse sentido, é pertinente trazer à colação o entendimento dos renomados Professores Sacha Calmon Navarro Coêlho e Misabel Abreu Machado Derzi, externados no excerto extraído da Revista Dialética de Direito Tributário n.º 86, página 113, a seguir transcrito: “... cabe agora dizer que no caso em exame não temos substituição tributária e tampouco nãoincidência (imunidade, isenção ou alíquota zero), mas uma categoria jurídica diferente, a da tributação monofásica”. (grifos do original) Logo, a eficácia das modificações introduzidas pela MP n.º 1.99115, de 2000, no que tange à nova redação do art. 4º da Lei n.º 9.718, de 1998, conforme determinado no seu art. 46, II, verificouse, como já mencionado, desde 01/07/2000, não mais existindo, a partir daí, o regime de substituição tributária. Ressaltese, ainda, que o referido dispositivo constou em todas as reedições posteriores da citada MP, sendo repetido na atual MP n.º 2.158 35, de 24 de agosto de 2001 (art. 92, II), que em face do disposto no art. 2º da EC n.º 32/2001, não carece de reedição. Assim, a MP n.º 1.99115, de 2000, extinguiu o citado regime de substituição tributária aplicável às duas Contribuições, determinando a tributação em uma única fase (monofásica). Por sua vez, a MP 1.99118, de 2000, a Lei n.º 9.990, de 1990 e a Lei n.º 10.865, de 2004, sem alterar o regime jurídico de incidência monofásica, modificaram apenas as alíquotas aplicáveis as operações em análise. Nesse sentido, no regime monofásico de incidência não há previsão de ressarcimento ou restituição de tributos pagos na fase anterior da cadeia de comercialização, haja vista que a incidência efetivase uma única vez. No presente Recurso, sustentou a interessada que, a despeito da alíquota zero aplicável às operações de venda de veículos, ela teria direito ao crédito relativo às aquisições dos referidos produtos junto ao fabricante, conforme expressamente reconhecido no artigo 17 da Lei n.º 11.033, de 2004. Não assiste razão a Recorrente. O citado preceito legal, não comporta tal conclusão, conforme observase de sua redação, in verbis: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 9 8 Da leitura do transcrito comando legal, resta indubitável que ele se aplica, exclusivamente, a manutenção de créditos, calculados sobre custos, encargos e despesas que tenham antes sofrido a tributação das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, segundo sistemática da nãocumulatividade, ou seja, quando a cadeia de incidência não é a em exame. Além disso, por força do artigo 3º, inciso I, alínea “b”, da Lei n.º 10.637, de 2002 é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aquisições de veículos objetos da presente discussão. Assim, ao se referir à “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” às operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, o dispositivo em análise, na verdade, está se referindo aos créditos relativos aos custos, encargos e despesas legalmente autorizados a gerar créditos das ditas Contribuições, no âmbito do regime de incidência nãocumulativa, sem contudo alterar a força normativa do inciso alínea “b” do I do art. 3º da Lei n.º 10.637, de 2002, e da Lei n.º 10.833, de 2003, que, de forma expressa, veda a utilização de crédito relativo às aquisições dos produtos revendidos, cuja receita está sujeita aos regimes especiais de tributação, especificamente, o de incidência monofásica em apreço. Ademais, tendo em conta a natureza específica de cada uma das formas de incidência — e não regime de tributação — das citadas Contribuições anteriormente abordadas, não vislumbro qualquer incompatibilidade entre o disposto na alínea “b” do inciso I do art. 3º das Leis n.ºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, e o estabelecido no art. 17 da Lei 11.033, de 2004. Na verdade, ambos os preceitos legais tratam de sistemáticas distintas de incidência, não podendo o regramento de uma ser invocado para fins de apuração e cobrança por meio de outra sistemática, sem que haja grave distorção nos regimes de apuração e cobrança das referidas Contribuições. Em consideração ao caso tomo a liberdade de apontar a expressão do parágrafo oito da exposição de motivos da MP 66/2002, convertida na Lei n.º 10.637/2002, a saber (os destaques são nossos): 8. Sem prejuízo de convivência harmoniosa com a incidência não cumulativa do PIS/Pasep, foram excluídos do modelo, em vista de suas especificidades, as cooperativas, as empresas optantes pelo Simples ou pelo regime de tributação do lucro presumido, as instituições financeiras e os contribuintes tributados em regime monofásico ou de substituição tributária. Esse foi o cuidado tomado pela Lei, explicitar que os regimes são distintos e não intersectáveis e na condição de Conselheiro, ao qual a discussão da óbvia inconstitucionalidade, não é permitida. Até tenho me posicionado que quando a empresa opera com produtos do sistema monofásico e no regime da nãocumulatividade, poderá descontar créditos quanto às máquinas e veículos utilizados como insumo na fabricação ou prestação de serviços, mas não como se pretende no presente caso, porque para a revenda esse aproveitamento é expressamente vedado. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 10 9 Assim, os comerciantes distribuidores, atacadistas e varejistas que comercializam mercadorias sujeitas ao regime de incidência monofásica — mecanismo de incidência monofásica, forma de incidência monofásica ou qualquer sinonímia que se queira dar à essa forma de incidir —, mesmo que submetidos ao regime nãocumulativo, são proibidos de descontar créditos em relação à aquisição de tais produtos quando adquiridos para revenda. Essa restrição é específica aos produtos sujeitos à incidência monofásica adquiridos para revenda, portanto, a aquisição de produtos submetidos à incidência monofásica para serem utilizados em processos de industrialização ou prestação de serviços (insumos), não estão abrangidos pela restrição. A título de exemplo, suponhamos que uma fábrica de automóveis adquira filtros de combustíveis, sujeitas à incidência monofásica, para serem empregadas na fabricação daquele produto. Nesta hipótese, a empresa poderá descontar créditos normalmente, sendo que as alíquotas aplicáveis no cálculo dos créditos serão de 1,65% para o PIS/Pasep e 7,60% para a Cofins, ou seja, não serão aplicadas as alíquotas diferenciadas. É verdade que a Presidência da República vem tentando, sistematicamente, restringir através de Medidas Provisórias (MP's), a apropriação dos créditos sobre os custos, despesas e encargos relacionados à venda dos produtos sujeitos ao regime monofásico, todavia, essa tentativa de restrição não perdurou nas respectivas conversões em Lei. Assim, podemos concluir que é admitido aos atacadistas e varejistas o desconto de créditos em relação aos demais custos, despesas e encargos relacionados à venda dos produtos sujeitos ao regime monofásico das contribuições, ou seja, a restrição abrange apenas a aquisição dos produtos adquiridos para revenda e não os utilizados como insumo. O referido artigo 17 foi antes da conversão da Lei expresso no artigo16 da MP 206/2004, cuja justificativa na exposição de motivos é simplória expressando que “as disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS”, no meu exame, serviu para informar que o crédito das contribuições relativos aos custos, encargos e despesas legalmente autorizados a gerar créditos devem permanecer e que a restrição é com relação aos produtos destinados à revenda. No mais, se serve para esclarecer dúvidas, não serve para inovar, garantindo um direito novo, diferente do ante existente. Cabe destacar ainda que existe uma diferença marcante entre a previsão de alíquota zero apontada no artigo 17 da Lei n.º 11.033, de 2004, e aquela outra estabelecida no inciso I do artigo 50 da Lei n.º 10.833, de 2003. A primeira visa exonerar determinadas receita de venda da cobrança das citadas Contribuições, ao passo que a segunda tem por objetivo a implementação da técnica de apuração e cobrança de forma concentrada ou monofásica. No caso em tela, caso fosse acatado o entendimento esposado pela Recorrente, o que se admite apenas para fins argumentativos, teria direito ao crédito tanto o comerciante atacadista, quando houver, como, por ex., no caso de distribuidoras de combustíveis, quanto o varejista. Em decorrência, com a fruição dos créditos por ambos os contribuintes, chegarse ia ao absurdo de a Fazenda Nacional recolher um valor para em seguida devolvêlo em dobro. Ante o exposto, fica demonstrado que, seja pelo prisma estritamente jurídico, seja pelo lado racional que norteia a técnica da tributação concentrada, as receitas dos comerciantes atacadistas e varejistas decorrentes das vendas de automóveis estão sujeitas à Fl. 157DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11442.000195/201095 Acórdão n.º 3301002.417 S3C3T1 Fl. 11 10 alíquota zero das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, sendo expressamente vedado, de outra parte, o aproveitamento dos créditos atinentes às aquisições desses bens dos fabricantes e importadores, únicos responsáveis pela apuração e recolhimento das ditas Contribuições incidentes em toda a cadeia de venda. Tenho, por fim, que explicitar que o que existe é um mecanismo de incidência monofásica no qual alguns produtos se submetem à opção do legislador e o regime da nãocumulatividade que permite a apuração de créditos dentro dos limites também delimitados pelo legislador pátrio, estando os produtos sujeitos à incidência monofásica, quando adquiridos para revenda, fora dos permitidos para a apuração dos créditos. Assim, para esses, não há que se cogitar nem de débito nem de crédito das referidas Contribuições, por expressa determinação legal. Nesse sentido, voto por negar provimento ao presente Recurso Voluntário. Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 158DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 16327.000426/2010-09
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005
Ementa:
PERIODICIDADE NA ENTREGA DA DCTF PELO CRITÉRIO DE RECEITA BRUTA. RECEITAS DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. EXTENSÃO DO CONCEITO NÃO CONCEBÍVEL.
As receitas geradas por equivalência patrimonial, por não serem decorrentes da atividade fim (objeto social) da pessoa jurídica não fazem parte do conceito para receita bruta e faturamento, mormente, não podem entrar no cômputo do valor para definição da periodicidade da entrega da DCTF, se mensal ou semestral, não sendo possível a aplicação do conceito trazido pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, que inclusive foi revogado pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, após ter sido declarado inconstitucional pelo Excelso Pretório.
MULTA. ENTREGA DA DCTF FORA DO PRAZO NORMATIVO. NÃO CABIMENTO.
O contribuinte entregou a DCTF Semestral dentro do prazo normativo. Contudo, pelos sistemas da Receita Federal do Brasil constando como pendência a não entrega da DCTF Mensal, obrigou o contribuinte a cumprir a pendência, pela entrega fora do prazo normativo da obrigação acessória, o que lhe acarretou a multa pelo atraso. Contudo, como a obrigatoriedade da entrega da DCTF Mensal não possui fundamento, sua multa também não pode perseverar - o acessório segue o principal. Os dados declarados pela DCTF Semestral se mostram válidos e cumprem o objeto normativo que, declarados no prazo legal supre por completo o objeto da DCTF Mensal.
Numero da decisão: 1802-002.122
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto vencedor. Vencido o Conselheiro Relator Nelso Kichel. Designado o Conselheiro Marciel Eder Costa para redigir o voto vencedor.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nelso Kichel- Relator.
(documento assinado digitalmente)
Marciel Eder Costa Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira e Gustavo Junqueira Carneiro Leão.
Nome do relator: NELSO KICHEL
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RECEITAS DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. EXTENSÃO DO CONCEITO NÃO CONCEBÍVEL. As receitas geradas por equivalência patrimonial, por não serem decorrentes da atividade fim (objeto social) da pessoa jurídica não fazem parte do conceito para receita bruta e faturamento, mormente, não podem entrar no cômputo do valor para definição da periodicidade da entrega da DCTF, se mensal ou semestral, não sendo possível a aplicação do conceito trazido pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, que inclusive foi revogado pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, após ter sido declarado inconstitucional pelo Excelso Pretório. MULTA. ENTREGA DA DCTF FORA DO PRAZO NORMATIVO. NÃO CABIMENTO. O contribuinte entregou a DCTF Semestral dentro do prazo normativo. Contudo, pelos sistemas da Receita Federal do Brasil constando como pendência a não entrega da DCTF Mensal, obrigou o contribuinte a cumprir a pendência, pela entrega fora do prazo normativo da obrigação acessória, o que lhe acarretou a multa pelo atraso. Contudo, como a obrigatoriedade da entrega da DCTF Mensal não possui fundamento, sua multa também não pode perseverar o acessório segue o principal. Os dados declarados pela DCTF Semestral se mostram válidos e cumprem o objeto normativo que, declarados no prazo legal supre por completo o objeto da DCTF Mensal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 04 26 /2 01 0- 09 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 77 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto vencedor. Vencido o Conselheiro Relator Nelso Kichel. Designado o Conselheiro Marciel Eder Costa para redigir o voto vencedor. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Relator. (documento assinado digitalmente) Marciel Eder Costa – Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel, Marciel Eder Costa, Luís Roberto Bueloni Santos Ferreira e Gustavo Junqueira Carneiro Leão. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 78 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário de efls. 45/55 contra a decisão da 8ª Turma da DRJ/São Paulo I (efls. 36/41) que julgou improcedente a impugnação do auto de infração – multa pecuniária por atraso na entrega da DCTF mensal do PA Outubro/2005 , mantendo a exigência do crédito tributário lançado de ofício. Quanto aos fatos: consta do auto de infração de 23/03/2010 (efl. 16) que a Contribuinte, em 30/06/2009, entregou ao fisco a DCTF mensal do PA Outubro/2005, com atraso de 43 (quarenta e três) meses calendário ou fração. Ou seja: a) prazo limite para entrega tempestiva da DCTF: 07/12/2005; b) data de entrega: 30/06/2009; montante dos tributos/contribuições informados na DCTF: R$ 4.568.642,41; multa aplicada por entrega da DCTF em atraso: 2% ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante de tributos/contribuições informados na DCTF, limitada a 20%; cálculo da multa: R$ 4.568.642,41 x 20% = R$ 913.728,48; redução da multa em 50% (entrega voluntária e a destempo da DCTF, ou seja, antes da ciência de início do procedimento de ofício) = R$ 913.728,48 x 50% = R$ 456.864,24 (multa a pagar). Descrição dos fatos: A entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF fora do prazo fixado na legislação enseja a aplicação de multa correspondente a 2% (dois por cento) por mês calendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na declaração, ainda que integralmente pago, respeitado o percentual máximo de 20% (vinte por cento) e o valor mínimo de R$ 200,00 (duzentos reais) no caso de inatividade e de R$ 500,00 (quinhentos reais) nos demais casos. A multa cabível foi reduzida em 50% (cinqüenta por cento) em virtude da entrega espontânea da declaração, (...) Enquadramento legal: Artigos 115 e 160 do CTN; Artigo 1° da Lei n° 9.249/95; Artigo 7°, inciso II e § 3°, inciso II da Lei n° 10.426/02 e alterações posteriores. (...) Fl. 78DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 79 4 A Contribuinte tomou ciência do auto de infração, por via postal, em 30/03/2010 (efls. 32 e 35), e apresentou impugnação em 29/04/2010 (efls.02/09), cujas razões estão resumidas no relatório da decisão recorrida e que aproveito, nessa parte, para transcrever por contemplar os principais aspectos da lide (efls. 36/41), in verbis: (...) 3.1 Preliminarmente alega que entregou tempestivamente, para o ano de 2005, a DCTF de forma semestral, pois calculava a sua receita bruta com as exclusões previstas na Lei nº 9.718/98 (art. 3º, § 2º), não se enquadrando, portanto, no inciso I do artigo 2º da IN SRF nº 482/04. A receita Federal, no entanto, entendia que as referidas exclusões seriam admitidas exclusivamente para compor a base de cálculo do PIS e da COFINS, não servindo para a definição de receita bruta para entrega da DCTF. Com a recusa de recebimento da DCTF semestral pela via eletrônica, o contribuinte entregou, por meio de ofício a DCTF do primeiro semestre de 2005 e por meio eletrônico a do 2º semestre. Devido a pendências no SINCOR (de todo o ano de 2005), que impedia a renovação de CND, o impugnante, seguindo orientações da Receita Federal, transmitiu as DCTFs mensais, mesmo tendo apresentado tempestivamente as DCTFs semestrais. 3.1.1 Em razão de erro nos sistemas da Receita Federal, a empresa protocolou ofício de fls. 18, em 09/03/09, requerendo que as DCTFs mensais fossem aceitas. Por sua vez, a Receita Federal verbalmente orientou o impugnante a solicitar o cancelamento das DCTFs semestrais para possibilitar a transmissão das mensais e, via de conseqüência, a baixa das pendências do SINCOR. O pedido de cancelamento do segundo semestre foi protocolado em 20/04/2009, já que a do primeiro semestre não foi transmitida eletronicamente. Em 01/06/2009, o Impugnante foi cientificada da decisão da RFB de cancelamento da DCTF referente ao 2º semestre de 2005 e, em razão disso, transmitiu as DCTFs mensais de todo o ano de 2005, gerando a presente autuação e outras 11 – uma para cada entrega mensal. 3.1.2 O impugnante entendia que estava sujeita à entrega semestral da DCTF e assim o fez, entregando, tempestivamente, a DCTF semestral, posteriormente entregou as DCTFs mensais, todavia esse procedimento não significaria confissão de divida ou concordância com a exigência do Fisco — foi um procedimento meramente burocrático. Do ponto de vista tributário o impugnante não concordava com a exigência da entrega mensal da DCTF. 3.1.3 Mesmo que o entendimento fosse diverso não haveria que se falar em multa, uma vez que houve a entrega da declaração semestral onde constavam todas as informações que a DCTF mensal teria. Ou seja, a entrega, mesmo semestral, permitiria ao Fl. 79DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 80 5 Fisco receber todas as informações por ele exigidas, registrar em seus sistemas e fazer regularmente a ação fiscal, sem prejuízo. Assim, penalizar o contribuinte que agiu de forma tempestiva e diligente, conforme a melhor interpretação da regra, da mesma maneira que aquele que deixou de transmitir informações ao Fisco, descumprindo integralmente a obrigação acessória é desproporcional e antiisonômico.Por fim, caso o entendimento seja pela obrigatoriedade da DCTF mensal o impugnante entende que o cálculo da multa deve levar em consideração apenas o período entre o dia em que a entrega deveria ter ocorrida e o dia em que foi feita a entrega da DCTF semestral. 3.2 Em seguida, o impugnante apresenta as razões pelas quais entende estar sujeito à entrega da DCTF semestral no ano de 2005. Basicamente, alega que o conceito de receita bruta disposto no § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 pressupõe as exclusões do § 2º do mesmo dispositivo, assim para o cálculo previsto no inciso I do artigo 2º da IN SRF nº 482/2004 não deveriam entrar as receitas objetos da referida exclusão legal, dentre as quais se encontram as receitas de equivalência patrimonial. Segundo seu entendimento, se o legislador quisesse atingir toda e qualquer receita não teria feito remissão ao § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 que pressupõe as exclusões do § 2º. 3.2.1 Caso não se entenda a receita bruta com as exclusões previstas acima, há que se admitir que as receitas só podem ser consideradas se fizerem parte da base tributável do IRPJ e CSLL, conforme entende estar consubstanciado na ementa da Solução de Consulta que colaciona. 4. Por fim, solicita que seja julgada procedente a presente impugnação, cancelandose o auto de infração em questão, ou ainda, caso não seja este o entendimento, que a multa seja reduzida para incidir somente pelo período decorrido entre o dia em que a entrega deveria ter sido feita com bases mensais e o dia em que foi feita a entrega semestral da DCTF. (...) A DRJ/São Paulo I (8ª Turma), à luz da legislação e dos fatos, julgou a impugnação improcedente, mantendo a exigência do crédito tributário, conforme Acórdão de 19/04/2012 (efls.36/41), cuja ementa transcrevo a seguir: (...) ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A apresentação da Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF fora do prazo fixado enseja a cobrança da multa prevista na legislação pertinente. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 81 6 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. APRESENTAÇÃO MENSAL. OBRIGATORIEDADE. A partir do anocalendário de 2005, ficaram obrigadas à apresentação mensal da Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF, as pessoas jurídicas cuja receita bruta auferida no segundo anocalendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a 30 (trinta) milhões de reais. RECEITA BRUTA. TOTALIDADE DAS RECEITAS. Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. As exclusões previstas no § 2º do artigo 3º da Lei 9.718/98 só servem para o fim de cálculo do PIS e da COFINS. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido (...) Ciente desse decisum em 17/05/2012 (efls. 44 e 72), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 15/06/2012 (efls. 46/56), cujas razões, em síntese, são as seguintes: 1– Receita bruta. Periodicidade de apresentação da DCTF: Quanto à receita bruta, a Recorrente rechaça o entendimento de que as exclusões do art. 3o, §2°, da Lei n° 9.718/98 seriam admitidas exclusivamente para compor a base do PIS e da COFINS e, portanto, não se prestariam para definir a receita bruta para entrega da DCTF. Vale dizer: que discorda do critério utilizado pelo fisco quanto à definição da periodicidade para apresentação de DCTF. E, por conseguinte, repudia a obrigatoriedade de apresentação de DCTF mensal. A Recorrente pugna pela reforma da decisão recorrida, defendendo a tese, para efeito de definição da periodicidade de entrega da DCTF, da receita bruta, menos a exclusões previstas no § 2º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Senão vejamos: a) que entregou tempestivamente, no ano de 2005, a DCTF de forma semestral, pois calculava sua receita bruta com as exclusões previstas na Lei n° 9.718/98 (art. 3o, §2°); b) que a entrega semestral da DCTF ocorreu porque o artigo 2o, inciso I, da Instrução Normativa SRF n° 482/05, vigente à época dos fatos, não obrigava a Recorrente à entrega mensal; c) que, contudo, o § 1o do art. 2o da IN SRF n° 482/04 determinou que o conceito de receita bruta para fins de determinação do período de entrega da DCTF era aquele contido no §1° do artigo 3o da Lei n° 9.718/98; Fl. 81DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 82 7 d) que, por decorrência lógica, no conceito de receita bruta a ser observado para cumprimento da obrigação acessória (do §1° do artigo 3o da Lei n° 9.718/98) estavam inseridas todas as exclusões previstas no §2° desse mesmo artigo, dentre elas, as receitas de equivalência patrimonial; e) que, ao observar o conceito de receita bruta previsto no art. 2°, I, § 1º, da IN SRF n° 482/05, constatou que não se enquadrava no critério de entrega mensal da DCTF, razão pela qual efetuou a entrega, tempestivamente, da DCTF semestral; f) que em 01/06/2009, foi cientificada da decisão da RFB de cancelamento da DCTF referente ao 2º semestre de 2005; g) que, necessitando renovar sua certidão de regularidade fiscal, entregou a DCTF mensal em 30/06/2009, quanto ao PA Outubro/2005; porém, muito tempo antes (ainda em 2005), entregara, tempestivamente, a DCTF semestral, quanto aos PA 2º semestre/2005; h) que mesmo entendendo estar sujeita a entrega semestral da DCTF, e assim o fez tempestivamente, acabou por transmitir as DCTF do ano de 2005 de forma mensal, como forma de baixar as pendências apontadas no SINCOR e possibilitar, via de conseqüência, a renovação de sua certidão de regularidade fiscal, documento indispensável à continuidade de suas atividades empresariais. i) que a entrega, por último da DCTF mensal, não desnatura a premissa que defende, ou seja, de que estava obrigada a apresentar DCTF semestral quanto aos PA 2º semestre/2005; que o art. 2o, §1°, da IN SRF n° 482/05 não pode ser interpretado de forma isolada; j) que o dispositivo da IN, ao inserir o conceito estabelecido pelo §1° do artigo 3o da Lei n° 9.718/98, buscou alcançar para fins de determinação do período de entrega da DCTF um conceito de receita bruta compatível com aquele da lei e com ordenamento jurídico; k) que interpretálo de forma contrária, ou seja, no sentido de que tal conceito não comporta exclusões legais, traduz um equívoco pois parte do pressuposto de que o §1° do artigo 3o da Lei n° 9.718/98 continha um conceito fechado, fora de todo um contexto no qual foi inserido; l) que a Lei n° 9.718/98, por certo, não contemplava dois conceitos de receita bruta um para a base de cálculo do PIS e da COFINS e outro para outros fins! Tal veículo legislativo possuía apenas uma definição de receita bruta que, necessariamente, se compatibilizava com todo o ordenamento jurídico e contábil; m) que se o legislador pretendesse abranger toda e qualquer receita auferida pela pessoa jurídica não seria feita a remissão ao §1° do artigo 3o da Lei n° 9.718/98, cujo conceito pressupõe as exclusões contidas no §2° do mesmo artigo; n) que, ademais, a corroborar a premissa de que a interpretação isolada de receita bruta decorrente do § I o do art. 3o da Lei n° 9.718/98 era incompatível com o ordenamento jurídico, vale relembrar que o Supremo Tribunal Federal, no final do ano de Fl. 82DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 83 8 2005, declarou a inconstitucionalidade de tal dispositivo (RE's n°s 346.084/PR, 390.840/MG, 358.273/RS, 357.950/RS). E, posteriormente, o § 1 o do art. 3o da Lei n° 9.718/98 foi revogado pela Lei n° 11.941/09; o) que, em suma, o conceito de receita bruta, para qualquer fim, admite exclusões legais, sob pena de incompatibilidade com o ordenamento jurídico. Isso posto, resta demonstrado que a Recorrente se sujeitava à entrega semestral da DCTF, e, consequentemente, não houve atraso apto a legitimar a cobrança da multa remanescente ainda discutida; p) que, por fim, ainda que se admita que o conceito de receita bruta contido no §1° do artigo 3o da Lei n° 9.718/98 não albergava as exclusões previstas no §2° do mesmo artigo, o que se admite por retórica, ao menos deve ser considerada como receita bruta, para fins de determinação da periodicidade da apresentação da DCTF, àquela relativa à receita tributável pelo IR e pela CSLL, conforme já decidiu a SRF na Solução de Consulta n° 85 de 29.03.2005 da 6a RF: "DCTF MENSAL RECEITA BRUTA A contrapartida do aumento do ativo, em decorrência da atualização dos estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos destinados à venda, tanto em virtude do registro de estoque de crias nascidas no período, como pela avaliação de estoque a preço de mercado, por constituir receita tributável pelo imposto de renda e pela CSLL, deve ser computada para efeito de fixação do limite 30 (trinta) milhões de reais de receita bruta anual que determina a apresentação da DCTF mensal. " q) que, com o devido respeito, ao contrário do que foi afirmado pelo Relator da decisão ora combatida, a mencionada Solução de Consulta demonstra, sim, que a Receita Federal do Brasil considera que as receitas que devem compor a receita bruta para efeito de fixação do limite de 30 milhões de reais de receita bruta anual são aquelas tributáveis pelo IR e pela CSLL; r) que o fato que gerou a apresentação da DCTF semestral ao invés da mensal foi a exclusão, para o cálculo da receita bruta, da receita de equivalência patrimonial. E tal receita não é tributável pelo IR e pela CSLL. 2 – Efetiva entrega das informações e espontaneidade: que a Recorrente entregou tempestivamente, para o ano de 2005, a DCTF de forma semestral, pois calculava sua receita bruta com as exclusões previstas na Lei n° 9.718/98 (art. 3o, §2°), não se enquadrando, portanto, no inciso I do artigo 2o da IN SRF n° 482/04; que a Receita Federal, no entanto, entendia que essas exclusões seriam admitidas exclusivamente para compor a base do PIS e da COFINS, não servindo para definição de receita bruta para entrega da DCTF. Com isso, o valor apurado seria maior e sujeitaria a empresa à entrega mensal. que a ausência da entrega mensal das DCTF deu causa a pendências no SINCOR (de todo o ano de 2005), que impediam a renovação da Certidão Negativa da Recorrente; Fl. 83DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 84 9 que a Recorrente, seguindo orientação da própria Receita Federal, viuse obrigada a transmitir as DCTF mensais, mesmo tendo apresentado, tempestivamente, as DCTF semestrais; que, todavia, para que pudesse transmitir as DCTFs mensais, e via de conseqüência, obter a baixa das pendências no SINCOR, a Recorrente foi orientada pela Receita Federal a cancelar as DCTF semestrais. Tal procedimento foi efetuado, conforme documentação juntada à impugnação; que a Recorrente, mesmo entendendo que se sujeitava à entrega semestral da DCTF, e assim o fez tempestivamente, acabou por transmitir as DCTF do ano de 2005 de forma mensal, como forma de baixar as pendências apontadas no SINCOR e possibilitar, via de conseqüência, a renovação de sua certidão de regularidade fiscal, documento indispensável à continuidade de suas atividades empresariais; que tal procedimento, adotado unicamente para a obtenção de certidão de regularidade fiscal, deu ensejo à aplicação da multa ora atacada, o que, conforme amplamente demonstrado acima, não merece prosperar; que é certo que a Recorrente entregou, antes de qualquer procedimento da fiscalização, todas as informações necessárias ao cumprimento da obrigação tributária. Assim, em que pese a DCTF ter sido entregue de forma semestral, é cristalino que tal declare não consolidava todas as informações que as DCTF mensais conteriam; que a entrega da DCTF, ainda que de forma semestral, permitiu ao Fisco receber todas as informações por ele exigidas, registrar em seus sistemas e fazer regularmente sua ação fiscal, sem qualquer outro prejuízo aos cofres públicos. Por isso, sob esse argumento, não se justifica, a partir desse momento (da entrega da DCTF semestral) a cobrança de multa; que se tem decisão do Superior Tribunal de Justiça no sentido de inaplicabilidade de multa por descumprimento de obrigação acessória quando não se configura prejuízo ao Fisco (princípio da razoabilidade); que, caso não se entenda pelo afastamento da multa em questão, requer o Recorrente que a referida penalidade seja reduzida para incidir apenas pelo período decorrido entre o dia em que a entrega deveria ter sido feita com bases mensais e o dia em que foi feita a entrega semestral da DCTF; 3 – Não incidência de juros de mora sobre a multa isolada: Por fim, com base nessas razões, a Recorrente pediu a improcedência da multa aplicada de ofício e dos juros de mora ou, subsidiarimente, a redução da multa e dos juros de mora. É o relatório. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 85 10 Voto Vencido Conselheiro Relator Nelso Kichel. O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos para sua admissibilidade. Por conseguinte, dele conheço. Conforme relatado, o litígio versa acerca da exigência de multa pecunária por atraso na entrega de DCTF mensal do PA Outubro/2005, ou seja, pela inobservância de prazo limite no cumprimento dessa obrigação acessória autônoma. O prazo limite para apresentação tempestiva da DCTF era 07/12/2005. Entretanto, a Contribuinte cumpriu essa obrigação acessória autônoma a destempo, ou seja, apenas em 30/06/2009. Por isso, da imposição, em concreto, da multa pecuniária objeto dos autos. Nesta instância recursal, a Recorrente busca a reforma da decisão a quo. Inexistindo preliminar a ser enfrentada, passo à análise do mérito. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DE DCTF. PERIODICIDADE MENSAL. CRITÉRIO. RECEITA BRUTA SEM EXPURGOS. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. PERDA DE PRAZO. IMPOSIÇÃO DE MULTA PECUNIÁRIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A RFB está exigindo, por auto de infração, multa formal pecuniária da Recorrente, por descumprimento de obrigação acessória autônoma, ou seja, pela entrega intempestiva da DCTF mensal atinente ao PA Outubro/2005. A obrigação acessória autônoma entrega de DCTF, quanto a fatos geradores do anocalendário 2005, está regulamentada pela Instrução Normativa SRF nº 482, de 21/12/2004, in verbis: Art. 2ºA partir do anocalendário de 2005, deverão apresentar, mensalmente, a DCTF, de forma centralizada, pela matriz, as pessoas jurídicas em geral, inclusive as equiparadas, imunes e isentas: I cuja receita bruta auferida no segundo anocalendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a 30 (trinta) milhões de reais; ou II – (...) § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, conforme o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº Fl. 85DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 86 11 9.718, de 27 de novembro de 1998. (Redação dada pela IN SRF nº532, de 30/03/2005) (...) Art. 6ºA DCTF será apresentada: I pelas pessoas jurídicas de que trata o art. 2º, até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores; II pelas demais pessoas jurídicas: a) até o quinto dia útil do mês de outubro de cada ano calendário, no caso de DCTF relativa ao primeiro semestre; e b) até o quinto dia útil do mês de abril de cada anocalendário, no caso de DCTF relativa ao segundo semestre do ano calendário anterior. (...) A obrigatoriedade de apresentação da DCTF mensal, a partir de 1º de janeiro 2005, decorreu do fato da Contribuinte no anocalendário 2003 ter apresentado DIPJ informando receita bruta superior a R$ 30 milhões, conforme relata a fiscalização da RFB no Termo de Verificação Fiscal de 16/02/2006 (efls.24/25), in verbis: (...) (1) Foi constatado que o contribuinte fiscalizado deixou de cumprir as obrigações acessórias relativas à entrega das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF referentes aos meses de Janeiro e fevereiro de 2005; (2) Em vista do não atendimento das disposições contidas na Instrução Normative nº 482 de 21/12/2004, o contribuinte fiscalizado foi intimado em data de 16/05/2005 (fis. ) a prestar os devidos esclarecimentos, o que foi feito em 13/06/2005 (fls. ). (3) Em suas considerações, entende o contribuintefiscalizado que embora tenha auferido a receita bruta total no montante de R$ 55.352.891,77, conforme os dados constantes na DIPJ do arocalendário de 2003, deveria ser excluido o valor de R$ 51.735.971,59 referente à receita de equivalência patrimonial informada na citada DIPJ, (...) valor foi declarado nas DCTFs trimestrais do A/C 2003 inferior ao limite de R$ 3.000.000,00 previsto no inciso II do art. 2 ° da IN 482/2004. (4) Argumenta ainda que em data de 06/10/2005, foi impedido pelo sistema Receitanet de proceder à transmissão eletrônica da DCTF Semestral, apontando o relatório no formato TXT, gerado pelo mencionado sistema, pelo qual a contribuinte estava obrigado a utilizar o PGD DCTF mensal (fl. ). (...) Fl. 86DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 87 12 A divergência da Recorrente, em síntese, reside acerca da interpretação das normas infralegais que definem condições ou critérios de obrigatoriedade de apresentação de DCTF semestral ou mensal (IN SRF nº 482/2004); que entregou tempestivamente, para o ano de 2005, a respectiva DCTF de forma semestral, pois calculara sua receita bruta com as exclusões previstas na Lei n° 9.718/98 (art. 3o, §2°), não se enquadrando, portanto, no inciso I do artigo 2o da IN SRF n° 482/04. A Recorrente defende a tese de que no anocalendário 2005 estaria obrigada a apresentação de DCTF semestral, e não DCTF mensal, alegando: a) que em relação ao critério da receita bruta estariam excluídas as receitas de que trata o § 2º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998; b) que o art. 2o, I, §1°, da IN SRF n° 482/04, o qual reproduz o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, não pode ser interpretado de forma isolada; que discorda da aplicação de um conceito de receita bruta para as contribuiçoes e outro critério para definição do modo e forma como a DCTF deve ser apresentada; que além de tudo o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo STF. c) que, tendo efetuado exclusões de que trata o § 2º do art. 3º da Lei nº 9.318/98 (mormente o resultado positivo com equivalência patrimonial), apresentou tempestivamente a DCTF semestral, a qual não foi aceita pelo fisco e que, então, algum tempo depois, necessitando a obtenção do Certificado de Regularidade Fiscal ou CND para exercício de sua atividade operacional, foi obrigada a apresentar a DCTF mensal mesmo discordando da interpretação do fisco; que, então, recebeu a autuação pela intempestividade no cumprimento dessa obrigação acessória; d) que, caso seja vencida na tese defendida de necessidade de expurgo do ganho com equivalência patrimonial, então seja acolhida a tese da exclusão da receita bruta das parcelas não tributáveis pelo IRPJ, como é caso do ganho com equivalência patrimonial. Vale dizer, em suas considerações, a Recorrente entende que, embora tenha auferido a receita bruta total no montante de R$ 55.352.891,77, conforme dados constantes na DIPJ do anocalendário de 2003, deveria ser excluido o valor de R$ 51.735.971,59 referente à receita de equivalência patrimonial, para efeito de critério ou condição na definição de periodicidade de apresentação da DCTF, se mensal ou semestral. A irresignação da Recorrente não merece prosperar. Para o anocalendário 2005, como critério de definição, fixação, de periodicidade mensal para apresentação de DCTF, a IN SRF 482/2004 (art. 2º, I, § 1º) estabeleceu a receita bruta, caso auferida em patamar superior a 30 (trinta) milhões de reais no segundo anocalendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada, independentemente da receita ser tributada ou não. “Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas (Lei 9.718, art. 3º, § 1º). Fl. 87DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 88 13 A obrigação acessória autônoma – DCTF não tem natureza de tributo (não está vinculada a fato gerador de nenhum tributo); é uma obrigação de fazer autônoma, implementada em decorrência do poder de polícia administrativa (fiscalização de tributos). Nesse caso, o fisco pode, nada impede, de utilizar o critério alargado da receita bruta (sem expurgos), para efeito de definição, determinação da períodicidade de apresentação dessa declaração pelos contribuintes. O STF declarou a inconstitucionalidade do alargamento da receita bruta do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 para efeito tributário (quando utilizado como matéria tributável, base de cálculo, imposição/aumento de carga tributária), por envolver fato gerador de imposição tributária (com ressalva das instituições financeiras ou equiparadas, pois as receitas de tal atividade são eminentemente financeiras). Inclusive, o § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98 já foi revogado pela Lei nº 11.941/09. Porém, como dito inicialmente, a situação dos autos é diversa; é de outra ordem. Entretanto, no caso a receita bruta alargada (sem expurgos) está sendo utilizada meramente como critério para definição, fixação, de periodicidade de entrega da DCTF, para efeito de cumprimento de obrigação acessória autônoma de natureza não tributária (obrigação formal, autônoma, não atinente a fato gerador de determinado tributo ou contribuição). Vale dizer, a IN SRF nº 482/2004 (art. 2º, I, § 1º) utilizou o entendimento de receita bruta ampliado para efeito de obrigação acessória autônoma, a qual não tem natureza tributária (obrigação autônoma de fazer de natureza não tributária, decorrente da atividade de fiscalização, poder de polícia da Administração Tributária), conforme precedentes jurisprudenciais transcritos mais adiante. Desta forma, entendo, data venia, que não há óbice algum para utilização do critério da receita bruta sem expurgos – como sendo a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, para definição, fixação, da periodicidade mensal de entrega da DCTF para o anocalendário 2005. Logo, o ganho de equivalência patrimonial integra o conceito de receita bruta, para efeito de critério, fixação, da periodicidade mensal para entrega da DCTF (obrigação acessória autônoma), pois é irrelevante o fato dessa parcela da receita bruta ter ou não tratamento específico na legislação do IRPJ e de outras exações fiscais. Vale dizer, para efeito de condição ou definição da periodicidade de entrega mensal ou sementral da DCTF, pouco importa se algumas parcelas da receita bruta total são, ou não, tributáveis pelo IRPJ, CSLL, PIS ou Cofins. Todas as receitas devem ser computadas na receita bruta como condição para definição da periodicidade para apresentação da DCTF: se mensal ou semestral. Tanto que pessoas jurídicas imunes ou isentas, ainda que todas as suas receitas sejam imunes ou isentas, também estão obrigadas a apresentar DCTF mensal, caso a receita bruta total esteja enquadrada no art. 2º, I, da IN SRF nº 482/2004 (dispositivo já transcrito acima). Fl. 88DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 89 14 A escolha, eleição de critérios, condições, para definição de periodicidade, modo e forma de cumprimento de obrigação acessória autônoma (para entrega tempestiva de DCTF pelos contribuintes) são prerrogativas da Administração Tributária, dentro da política de fiscalização, e não envolvem imposição tributária, nem aumento de carga tributária. Logo, é mera tergiversação a tese da Recorrente de que a receita – ganho com esquivalência patrimonial deveria ser expurgada da receita bruta. Não se está no campo de imposição tributária, mas de mera utilização de critério para fixação de periodicidade de entrega da DCTF. Não teria nenhum sentido exigir a entrega de DCTF com base na condição de receita bruta total, se houvesse a permissão de exclusões ou expurgos de receitas, mascarando o controle da fiscalização. O fisco não teria a real dimensão, de plano, de forma expedita, do nível de atividade econômica do contribuinte, se compatível em relação ao montante dos tributos declarados na DCTF. É a situação dos autos. A Contribuinte, atuando no ramo de capitalização (equiparada à instituição financeira) auferiu receita bruta total no montante de R$ 55.352.891,77, conforme dados constantes da DIPJ do anocalendário de 2003. Se fosse permitida a exclusão de R$ 51.735.971,59 (ganho com equivalência patrimonial) da receita bruta total, o critério da receita bruta restaria esvaziado ou prejudicado, o que inviabilizaria a utilização desse critério dentro da política de fiscalização de controle das DCTF, pois não espelharia o nível de atividade econômica da Recorrente que, pertencendo à categoria dos médios/grandes contribuintes deste País, passaria a apresentar DCTF não mensal, mas semestral – como se fosse contribuinte de pequeno porte a partir de 01/01/2005, implicando, além de postergação de informações, evidente prejuízo ao controle expedito mensal pela repartição fiscal de origem, quanto a fatos geradores do anocalendário 2005 e seguintes. Implementação da DCTF. Base legal. A DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Federais), obrigação acessória autônoma, foi instituída pela Instrução Normativa SRF nº 126/98, de 30 de outubro de 1998, com fulcro no art. 5º do DL 2.124/84 e em consonância com o art. 16 da Lei 9.779/99, sendo atualizada, a partir daí, periodicamente. A propósito, transcrevo o disposto no art. 5º do Decreto nº 2.124/84: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. § 2º (...) Fl. 89DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 90 15 § 3º Sem prejuízo das penalidades aplicáveis pela inobservância da obrigação principal, o não cumprimento da obrigação acessória na forma da legislação sujeitará o infrator à multa (...). No mesmo sentido, dispõe o art. 16 da Lei nº 9.779/99: Art.16.Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. A dispensa de lei em sentido estrito para implementação de obrigação acessória (v. g., DCTF) é matéria pacífica no âmbito do Poder Judiciário. A propósito, transcrevo precedentes jurisprudenciais: 1) TRF/3ª Região, 6ª Turma, sessão de 04/07/2007, processo (AMS 16487 SP 2002.03.99.0164877), in verbis: (...) TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CRIAÇÃO DCTF. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. MULTA MORATÓRIA. INCIDÊNCIA. 1. A DCTF veio regulamentar a arrecadação e a fiscalização de tributos federais, tratandose, a bem da verdade, de mero procedimento administrativo, suscetível de criação por norma complementar, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da reserva legal em vistas a indelegabilidade da competência tributária. 2. (...) 3.(..). 4. O atraso na entrega da declaração de renda de pessoa física ou jurídica é infração de natureza nãotributária, em razão do descumprimento de uma obrigação acessória autônoma necessária ao exercício da atividade administrativa de fiscalização do tributo, não lhe sendo aplicável, portanto, a regra prevista no art. 138, do CTN. 5. Apelação e remessa oficial providas. Recurso adesivo improvido. (grifei) (...) 2) – TRF/4ª Região, 1ª Turma, sessão de 23/06/2010, processo (AC 11264 PR 2004.70.01.0112645), in verbis: Fl. 90DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 91 16 EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DCTF. INSTRUÇÃO NORMATIVA. SELIC. ENCARGO LEGAL. DL N. 1.025/69. 1.A obrigação acessória de entrega da DCTF está prevista legalmente, sendo apenas regulamentada em instruções normativas da Secretaria da Receita Federal, (...). 3) – TRF/5ª Região, 1ª Turma, sessão de 03/02/2005, processo (Apelação em MS 80402PE 2001.83.00.0192525), in verbis: TRIBUTÁRIO. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. LEGALIDADE. O atraso na entrega da declaração é considerado como sendo o descumprimento de uma atividade fiscal exigida por lei, não se confundindo com o nãopagamento do tributo. A imposição da multa por falta de entrega de Declaração de Contribuições e Tributos Federais DCTF tem amparo legal, configurando seu atraso, ou não entrega, em infração autônoma. Precedentes do STJ e desta Corte. Apelação não provida. (...) Inaplicabilidade do instituto da denúncia espontânea. Precedentes jurisprudenciais. Matéria sumulada pelo CARF. Em matéria de descumprimento de prazo para entrega tempestiva de declaração (v. g., DCTF) é inaplicável, como mencionado anteriormente, o art. 138 do CTN, quando cumprida a obrigação acessória a destempo e voluntariamente, pois tratase de obrigação autônoma, não relacionada com fato gerador de tributo ou contribuição, cuja infração configurase, simplesmente, pela perda do prazo fixado para cumprimento tempestivo dessa obrigação acessória (infração de natureza não tributária, infração de natureza formal). Nesse sentido, transcrevo a fundamentação do voto do Exmo. Sr. Ministro do STJ, José Delgado, no REsp n° 190388/GO, que tratou da multa pelo atraso na entrega da declaração do Imposto de Renda, cujo entendimento é, igualmente, aplicável à entrega tardia da Dimob, DCTF etc, pois são exemplos de obrigação acessória autônoma, in verbis: "A configuração da denúncia espontânea, como consagrada no art. 138, do CTN, não tem a elasticidade que lhe emprestou o venerando acórdão recorrido, deixando sem punição as infrações administrativas pelo atraso no cumprimento das obrigações fiscais. O atraso na entrega da declaração do imposto de renda é considerado como sendo o descumprimento, no prazo fixado pela norma, de uma atividade fiscal exigida do contribuinte. É regra da conduta formal que não se confunde com o não pagamento de tributo, nem com as multas decorrentes por tal procedimento. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 92 17 A responsabilidade de que trata o art. 138, do CTN, é de pura natureza tributária e tem sua vinculação voltada para as obrigações principais e acessórias àquelas vinculadas. As denominadas obrigações acessórias autônomas não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. Elas se impõem como normas necessárias para que se possa ser exercida a atividade administrativa fiscalizadora do tributo, sem qualquer laço com os efeitos de qualquer fato gerador de tributo. A multa aplicada é em decorrência do poder de polícia exercido pela administração pelo não cumprimento de regra de conduta imposta a uma determinada categoria de contribuinte." (Grifei) No mesmo sentido, cabe trazer à baila precedentes jurisprudenciais do STJ: EAREsp n° 258141/PR, cujo acórdão tem a seguinte ementa: "PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA COM ATRASO DE DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF. PRECEDENTES. 1. (omissis) 2. (otnissis) 3. (omissis) 4. A entidade 'denúncia espontánea' não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a Declaração de contribuições e Tributos Federais DCTF. 5. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vinculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. 6. (omissis) 7. Embargos declaratórios rejeitados." Acórdãos em sede de Recurso Especial REsp cujas ementas transcrevo, in verbis: “TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ENTREGA EM ATRASO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. A denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. Precedentes. 2. Recurso especial não provido.” (STJ, Segunda Turma, RESP RECURSO ESPECIAL – 1129202, Data da Publicação: 29/06/2010). Fl. 92DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 93 18 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória. Precedentes do STJ. 2. Agravo Regimental não provido. (STJ, 2ª Turma, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 916.168 SP 2007/00052315, sessão de 24/03/2009, Relator Min. Herman Benjamin). Ainda, nessa linha de entendimento, por ser elucidativo, colaciono a ementa do seguinte julgado do TRF/2ª Região: TRIBUTÁRIO. ENTREGA DCTF EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. LEGALIDADE. 1. Conforme iterativa jurisprudência do STJ, somente são albergadas pela denúncia espontânea as infrações de natureza tributária, quer sejam principais ou acessórias. 2. O retardamento na entrega do DCTF constitui mera infração formal. 3. As denominadas obrigações acessórias autônomas são normas necessária ao exercício da atividade administrativa fiscalizadora do tributo, sem apresentar qualquer laço com os efeitos do fato gerador do tributo. 4. Não sendo a entrega serôdia infração de natureza tributária, e sim infração formal por descumprimento de obrigação autônoma, não abarcada pela denúncia espontânea, é legal a aplicação da multa pelo atraso na apresentação da DCTF. 5. A multa aplicada ao contribuinte decorre do exercício do poder de polícia de que dispõe a Administração Pública, pois o contribuinte desidioso compromete o desempenho do Fisco na medida em que cria dificuldades na fase de homologação do tributo. 6. Remessa e recursos conhecidos e providos. (AMS NUM: 97.02.329043 REG: 02 TURMA: 06 DEC: 1506 2004 REL: JUIZ POUL ERIK DYRLUND). Na esfera administrativa, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, também, nesse diapasão, pronunciouse sobre o assunto e destaco, aqui, a ementa do Acórdão CSRF n° 020.829, da lavra da ilustre Conselheira Maria Teresa Martínez Lopez: "DCTF DENÚNCIA ESPONTÂNEA É devida a multa pela omissão na entrega da Declaração de Contribuições Federais. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer Fl. 93DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 94 19 vinculo direto com o fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138 do CTN. Precedentes do STJ.” Ademais, por ser matéria de entendimento pacífico neste Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscal – CARF, a inaplicabilidade da denúncia espontânea quanto à obrigação acessória autônoma encontrase sumulada: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Pelo exposto, demonstrada está a inaplicabilidade da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN para cumprimento tardio, a destempo, de obrigação acessória autônoma, pois tratase de obrigação que não tem natureza tributária (infração de natureza formal). Perda de prazo. Cominação de penalidade. Lei em sentido estrito. Já, a multa pecuniária pela falta de entrega da DCTF ou pela entrega a destempo, está prevista em lei stricto sensu, ou seja, no art. 7º, II, da Lei nº 10.426/2002, in verbis: (...) Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) IIde dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; (...) O dispostivo legal transcrito acima é norma específica para imposição de multa pecuniária por descumprimento de obrigação acessória autônoma relativo à não entrega de DCTF no prazo regulamentar ou para entrega efetuada após vencido o prazo regulamentar. Ainda, como a entrega da DCTF semestral não configurou cumprimento de obrigação acessória (DCTF com períodicidade diversa da determinada), logo incabível a Fl. 94DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 95 20 pretensão da Recorrente de que fosse exigida a multa apenas para o período entre a data limite para cumprimento tempestivo da DCTF mensal e a data de entrega da DCTF semestral. Por tudo que foi exposto, deve ser mantida a decisão recorrida. JUROS DE MORA SOBRE O VALOR DA MULTA REGULAMENTAR ISOLADA. No caso, foi aplicada multa regulamentar – por infração de natureza formal (de natureza nãotributária) – perda de prazo para cumprimento tempestivo de obrigação acessória autônoma, ou seja, por penalidade não vinculada à falta de pagamento de tributo ou contribuição. Por não ter natureza tributária essa infração (infração formal descumprimento de obrigação autônoma), é inaplicábel o instituto da denúncia espontânea, ainda que seja cumprida a obrigação acessória após o prazo de vencimento e antes do início de qualquer procedimento de ofício. Mas, o descumprimento dessa obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária (CTN, art. 113, § 3º). O crédito decorrente dessa multa isolada aplicada, quando não pago até a data de vencimento, sujeita a cobrança de juros de mora, sim, conforme art. 43 da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art.43.Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Como visto, o art. 43, transcrito acima, estatui a imposição de juros de mora SELIC, na hipótese de auto de infração – imposição de multa isolada. Por tudo que foi exposto, voto para NEGAR provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 95DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 96 21 Voto Vencedor Conselheiro Marciel Eder Costa – Redator Designado. Em que pesem as razões de decidir do eminente Relator, peço vênia para dele divergir, especificamente quanto ao que diz respeito à interpretação do conceito “receita bruta” para fins de determinação da obrigatoriedade da periodicidade da entrega da DCTF, interpretação esta que define a incidência ou não da multa por atraso na obrigação acessória, objeto de análise nos presentes autos. Portanto, o alcance da divergência ora proposta é em relação ao tópico “OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DE DCTF. PERIODICIDADE MENSAL. CRITÉRIO. RECEITA BRUTA SEM EXPURGOS. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. PERDA DE PRAZO. IMPOSIÇÃO DE MULTA PECUNIÁRIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.” com resultado diretamente vinculado ao resultado de mérito. O voto condutor analisou adequadamente à luz da norma vigente à época, pela Instrução Normativa nº 482, de 21 de dezembro de 2004, que: Art. 2ºA partir do anocalendário de 2005, deverão apresentar, mensalmente, a DCTF, de forma centralizada, pela matriz, as pessoas jurídicas em geral, inclusive as equiparadas, imunes e isentas: I cuja receita bruta auferida no segundo anocalendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a 30 (trinta) milhões de reais; ou [...] Portanto, o critério que definiu a obrigatoriedade da entrega da DCTF Mensal é ser a Receita Bruta auferida no segundo anocalendário anterior ao período correspondente à DCTF superior a 30 milhões de reais. A referida Instrução Normativa também estabeleceu prazo para sua apresentação: Art. 6ºA DCTF será apresentada: I pelas pessoas jurídicas de que trata o art. 2º, até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores; [...] Fl. 96DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 97 22 Assim, tratandose de obrigatoriedade de apresentação da DCTF relativa ao anocalendário de 2005, devese recorrer ao anocalendário 2003 na busca da Receita Bruta tendente a definir a periodicidade de entrega: mensal ou semestral. A análise desta questão foi feita tanto pela r. fiscalização como pelo voto condutor, acima já transcrito, que identificou que a “receita bruta” no anocalendário do contribuinte em 2003, conforme constante em DIPJ foi de R$ 55.352.891,77, valor superior portanto, aos 30 milhões de reais, o que em tese determina ser a obrigatoriedade da entrega da DCTF Mensal. Ocorre que o contribuinte, com razão, expõe que deste montante, R$ 51.735.971,59 está claramente atrelado à receita por equivalência patrimonial, o que não poderia ser considerado intrínseco ao conceito de “receita bruta”. No voto condutor, o Eminente Relator aplicando o conceito de “receita bruta” do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, entendeu que independe a classificação contábil adotada para a receita, devendo ser considerado a “totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica” e que, no critério de obrigação acessória autônoma, implementada como decorrente do poder de polícia administrativa, seria cabível a aplicação de critério alargado para determinação da periodicidade de apresentação da DCTF. Ainda, na interpretação exarada, dispõe que a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo do §1º do art. 3º da referida Lei teria efeito tão somente tributário, e não haveria óbice de sua utilização como critério para definição da periodicidade na entrega da DCTF. Daí, conclui que: [...] Desta forma, entendo, data venia, que não há óbice algum para utilização do critério da receita bruta sem expurgos – como sendo a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, para definição, fixação, da periodicidade mensal de entrega da DCTF para o anocalendário 2005. Logo, o ganho de equivalência patrimonial integra o conceito de receita bruta, para efeito de critério, fixação, da periodicidade mensal para entrega da DCTF (obrigação acessória autônoma), pois é irrevalente (sic) o fato dessa parcela da receita bruta ter ou não tratamento específico na legislação do IRPJ e de outras exações fiscais. [...] (Grifo no original) Na sequência, o Eminente Relator através de precedentes jurisprudenciais e enxertos da própria legislação que (i) denotam a força normativa para imposição da multa por Fl. 97DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 98 23 atraso na obrigação acessória, (ii) afastam a hipótese de aplicação das benesses da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do Código Tributário Nacional e (iii) impõe a incidência de multa pecuniária pela falta da entrega da DCTF, ou a entrega a destempo, determinou a manutenção da decisão recorrida, matérias não contraditadas pela Turma. Contudo, o conceito de “receita bruta” incluindo as receitas a título de equivalência patrimonial na visão da maioria, não corresponde a melhor interpretação. Primeiramente, forçoso destacar que o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998 foi revogado pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, após ter sido inclusive declarado inconstitucional pelo Excelso Pretório. Num dos Acórdãos proferidos pelo Supremo Tribunal Federal observase que o objeto principal da declaração de inconstitucionalidade do dispositivo em comento, foi exatamente a extrapolação do conceito já definido pelo direito privado para “receita bruta” e “faturamento”, contrariando o art. 110 do Código Tributário Nacional, senão vejamos: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RE 346084, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 01092006 PP00019 EMENT VOL0224506 PP01170) (Grifouse) Logo, não se pode definir como parâmetro para qualquer fim esse dispositivo legal, incluindo na definição da periodicidade na entrega da DCTF, mensal ou semestral. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 99 24 Isto porque, está evidente a afronta aos princípios basilares da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, a definição de “receita bruta” e “faturamento” feitas pelo dispositivo em comento. O conceito de “receita bruta” da pessoa jurídica deve estar vinculado à atividade fim a que está estabelecida. Vejase que a recorrente tem como objetivo social a venda de títulos de capitalização. Neste ínterim, as receitas contábeis obtidas por equivalência patrimonial não são vinculadas a sua atividade fim, mormente que não podem ser consideradas como receita bruta da pessoa jurídica. Interpretação diferente estendendo o conceito de receita bruta e faturamento, incluindo receitas que embora influenciem no resultado patrimonial da pessoa jurídica, não fazem parte de seu objetivo social, diverge totalmente ao que já está definido pelo direito privado para esses institutos, desde outrora. Não vejo como possível adotar essa interpretação apenas para fins tributários, nem como estender o alcance impositivo da multa para definição da periodicidade da entrega das obrigações acessórias, pois se tratam exatamente do mesmo conceito para receita bruta e faturamento, não havendo como ser diferente a interpretação de uma em relação à outra. Ademais, ainda que o referido dispositivo servisse de base para definição do conceito de “receita bruta” e “faturamento”, a mesma Lei constitui hipóteses de exclusão da receita bruta, daí sim, afetando para fins tributários a base de cálculo de incidência dos tributos relacionados ao PIS e à COFINS: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: [...] II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; [...] (Grifouse) Fl. 99DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16327.000426/201009 Acórdão n.º 1802002.122 S1TE02 Fl. 100 25 Apesar do §2º intentar determinar somente uma exclusão da base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS, fato é que relacionou em seu contexto uma clara extensão de exclusão da própria concepção de receita bruta, que havia sido definida pelo §1º, posteriormente revogado. Assim sendo, desconsiderando o §2º, inciso II, o “resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido” onde estariam enquadrados os resultados provenientes de equivalência patrimonial da receita bruta, por evidente que tal montante também não deveria influenciar na definição da periodicidade da entrega da DCTF de forma mensal. Por tais motivos, a turma por maioria entende equivocada a imposição de multa pela obrigatoriedade na entrega da DCTF Mensal, visto que o conceito de faturamento e receita bruta para definição da periodicidade não pode se estender às receitas por equivalência patrimonial. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROCEDÊNCIA ao Recurso Voluntário. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marciel Eder Costa Fl. 100DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por NELSO KICHEL, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por NEL SO KICHEL, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 14751.000424/2008-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/08/2007
CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS.
É devida a contribuição dos segurados empregados, previstas no art. 20 da Lei 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar e recolher é da empresa, nos termos do art. 30, inciso I, alíneas a e b da Leo 8.212/91, bem como as contribuições dos segurados contribuintes individuais, prevista no art. 21 da Lei nº 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar é da empresa, nos termos do art. 4º da Medida Provisória nº 83 de 12/12/02.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.343
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Ausente justificadamente o conselheiro Igor Araújo Soares.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Carolina Wanderley Landim Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de oliveira.
Nome do relator: CAROLINA WANDERLEY LANDIM
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É devida a contribuição dos segurados empregados, previstas no art. 20 da Lei 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar e recolher é da empresa, nos termos do art. 30, inciso I, alíneas “a” e “b” da Leo 8.212/91, bem como as contribuições dos segurados contribuintes individuais, prevista no art. 21 da Lei nº 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar é da empresa, nos termos do art. 4º da Medida Provisória nº 83 de 12/12/02. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Ausente justificadamente o conselheiro Igor Araújo Soares. Elias Sampaio Freire Presidente Carolina Wanderley Landim – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 00 04 24 /2 00 8- 51 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/01 /2015 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de oliveira. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/01 /2015 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM Processo nº 14751.000424/200851 Acórdão n.º 2401003.343 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração nº 37.049.1491 que objetiva a cobrança do valor de R$ 2.595.748,56, compreendidas no período de 10/2001 a 08/2007, em decorrência da não comprovação do recolhimento das seguintes contribuições destinadas à Seguridade Social: · Contribuições dos segurados empregados, previstas no art. 20 da Lei 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar e recolher é da empresa, nos termos do art. 30, inciso I, alíneas “a” e “b” da Lei nº 8.212/91. · Contribuições dos segurados contribuintes individuais, previstas no art. 21 da Lei nº 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar e recolher é da empresa (a partir de 04/2003), nos termos do art. 4º da Medida Provisória nº 83, de 12/12/02, convertida na lei 10.666, de 08/05/2003. Segundo o relatório fiscal (fls.107/114), a empresa tem como objeto social as seguintes atividades: exploração agrícola da canadeaçúcar e de outras culturas, pecuária, industrialização de açúcar e produtos conexos, beneficiamento de algodão e respectivos comércios. Complementou ainda que a empresa se dedica à industrialização da produção própria e adquirida de canadeaçúcar, enquadrandose no conceito de agroindústria previsto no art. 22A da Lei 8.212/91. A fiscalização estabeleceu ainda que constituem os fatos geradores das contribuições lançadas: · As remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados. · As remunerações pagas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais, autônomos e transportadores autônomos; Em13/06/2008, o Recorrente tomou ciência da Ação Fiscal (fl. 118) e, em seguida, apresentou impugnação (fls. 120/136) alegando, em síntese: · A decadência dos valores apurados pela fiscalização relativos ao período de 01/2001 a 05/2003 no valor de R$ 75.917,04, por ultrapassar o quinquênio decadencial previsto no art. 150, §4º do CTN. · A necessidade de excluir as verbas indenizatórias da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento. · Por fim, requereu a realização de perícia nos termos do art. 16, §4º do Decreto 70.235/72, para determinar o quantum da base de cálculo referese às verbas que não se destinam a retribuir o trabalho. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/01 /2015 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM 4 Instada a se manifestar acerca da matéria, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife, julgou procedente em parte a autuação, com a exclusão das competências de 01/2001 a 05/2003, que foram fulminadas pela decadência, nos termos do acórdão abaixo ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2001 A 30/08/2007 DECADÊNCIA. NOVO ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade do prazo decadencial de 10 (dez) anos estabelecido na legislação previdenciária. Aplicarseá, assim, o prazo geral de 5 (cinco) anos determinado pelo CTN. DILIGÊNCIA E PERÍCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Devem ser indeferidas as diligências e perícias prescindíveis ao deslinde da questão. No processo em tela, não restou comprovada a necessidade de conhecimento técnico específico para identificação das rubricas consideradas como fato gerador. JULGAMENTO CONJUNTO DE PROCESSOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. O processo administrativo fiscal, no âmbito da União, não prevê o julgamento conjunto de processos distintos. Lançamento procedente em parte. Devidamente intimada em 12/11/2009 (conforme AR de fl. 158), a Recorrente interpôs recurso voluntário em 14/12/2009(fls.159/172), rebatendo a decisão proferida pela DRJ com base nos argumentos já trazidos na impugnação ao lançamento. É o relatório. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/01 /2015 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM Processo nº 14751.000424/200851 Acórdão n.º 2401003.343 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Carolina Wanderley Landim, Relatora Recurso voluntário tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. Conforme já pontuado, o referido auto de infração foi lavrado em decorrência da não comprovação do recolhimento das contribuições dos segurados empregados, previstas no art. 20 da Lei 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar e recolher é da empresa, nos termos do art. 30, inciso I, alíneas “a” e “b” da Lei nº 8.212/91, bem como de contribuições dos segurados contribuintes individuais, previstas no art. 21 da Lei nº 8.212/91, cuja obrigação de arrecadar e recolher é da empresa, nos termos do art. 4º da MP Nº 83/02. De fato, constatase que a Recorrente não comprovou o recolhimento de tais contribuições, razão pela qual a cobrança é devida. Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO, para julgar PROCEDENTE a cobrança das contribuições dos segurados e contribuintes individuais. É como voto. Carolina Wanderley Landim. Fl. 189DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 22/01 /2015 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 11/11/2014 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM
score : 1.0
Numero do processo: 19679.000538/2003-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2009
Data da publicação: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 1999
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF
É devida a multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF, quando provado que a sua entrega se deu após o prazo fixado na legislação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-000.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Nilton Luiz Bartoli, Relator, que deu provimento integral. Designado para redigir o voto o Conselheiro Heroldes Bahr Neto.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente, que assina para efeitos de formalização do Acórdão
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Redator ad hoc (art. 17, inc. III, do Anexo II do RICARF)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro (Presidente), Anelise Daudt Prieto, Nanci Gama, Irene Souza da Trindade Torres, Nilton Luiz Bártoli (Relator), Heroldes Bahr Neto, Celso Lopes Pereira Neto e Vanessa Albuquerque Valente.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 1999 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF É devida a multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF, quando provado que a sua entrega se deu após o prazo fixado na legislação. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Nilton Luiz Bartoli, Relator, que deu provimento integral. Designado para redigir o voto o Conselheiro Heroldes Bahr Neto. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente, que assina para efeitos de formalização do Acórdão (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Redator ad hoc (art. 17, inc. III, do Anexo II do RICARF) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro (Presidente), Anelise Daudt Prieto, Nanci Gama, Irene Souza da Trindade Torres, Nilton Luiz Bártoli (Relator), Heroldes Bahr Neto, Celso Lopes Pereira Neto e Vanessa Albuquerque Valente.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1871; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19679.000538/200321 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201000.073 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de março de 2009 Matéria MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DCTF Recorrente WILSON TEIXEIRA COMUNICAÇÕES GRÁFICA E EDITORA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 1999 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF É devida a multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, quando provado que a sua entrega se deu após o prazo fixado na legislação. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Nilton Luiz Bartoli, Relator, que deu provimento integral. Designado para redigir o voto o Conselheiro Heroldes Bahr Neto. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente, que assina para efeitos de formalização do Acórdão (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Redator ad hoc (art. 17, inc. III, do Anexo II do RICARF) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro (Presidente), Anelise Daudt Prieto, Nanci Gama, Irene Souza da Trindade Torres, Nilton Luiz Bártoli (Relator), Heroldes Bahr Neto, Celso Lopes Pereira Neto e Vanessa Albuquerque Valente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 00 05 38 /2 00 3- 21 Fl. 60DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância administrativa. “Por meio do Auto de Infração de fl. 02, do qual a contribuinte foi cientificada em 21/07/2003, conforme AR de fl. 11, foilhe exigido o recolhimento do crédito tributário no montante de R$ 600,00, a título de multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, referente aos 2º, 3º e 4º trimestres do anocalendário de 1999. 2. O enquadramento legal consta da descrição dos fatos como art. 113, § 3º e 160 da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 (CTN); art. 11 do DecretoLei nº 1.968, de 23/11/1982, com a redação dada pelo art. 10 do DecretoLei nº 2.065, de 26/10/1983; art. 30 da Lei nº 9.249, de 26/12/1995; art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 18, de 24/02/2000; art. 7º da Lei nº 10.426, de 24/04/2002 e art. 5º da Instrução Normativa SRF nº 255, de 11/12/2002. 3. Inconformada com a autuação, a interessada apresentou, em 11/08/2003, a impugnação de fl. 01, alegando, em síntese, que: 3.1. as DCTF’s do anocalendário de 1999, foram entregues no devido prazo, conforme cópias dos recibos de entrega das declarações de fls. 6, 7 e 8. 3.2. à vista do exposto, solicita o cancelamento do débito.” A DRJ/SP decidiu pela procedência do lançamento em acórdão cuja ementa está assim redigida: “Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 1999 Ementa: MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF É devida a multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, quando provado que a sua entrega se deu após o prazo fixado na legislação.” Ciente do acórdão da DRJ, a contribuinte apresentou recurso voluntário ao CARF. É o relatório. Fl. 61DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Redator ad hoc. O processo foi julgado em sessão de 27/03/2009, tendo sido negado provimento ao recurso voluntário. Tendo em vista que os Conselheiros Nilton Luiz Bártoli, Relator, e Heroldes Bahr Neto, Redator Designado, não mais integram o CARF e não formalizaram o acórdão, o Presidente da 2ª Câmara distribuiume o processo para redigilo, conforme Despacho nº 3200 104. Também, foime encaminhada minuta do acórdão contendo relatório e voto elaborados pelo Conselheiro Relator, que reproduzo integralmente abaixo: “Relatório Tratase de Auto de Infração (fl. 02), cujo objeto é a multa por atraso na entrega de Declarações de Débitos e Créditos Federais – DCTF, referente aos 2º, 3º e 4º trimestres do anocalendário de 1999, no valor de R$ 600, 00. O enquadramento legal está fundamentado no art. 113, § 3º e 160 da Lei nº 5.172, de 26/10/66 (CTN); art. 11 do DecretoLei nº 1.968/82, com redação dada pelo art. 10 do DecretoLei nº 2.065/83; art. 30 da Lei nº 9.249/95; art. 1º da IN SRF nº 18/00; art. 7º da Lei nº 10.426/02 e art. 5º da IN SRF nº 255/02. Inconformado com a lavratura do referido AI, o contribuinte apresenta Impugnação às fls. 01, na qual alega que a DCTF do anocalendário 1999 foi entregue no devido prazo legal, ou seja, antes do prazo final de entrega assinalado no AI, conforme dados da recepção eletrônica, razão pela qual não pode ser penalizado por falta do cumprimento da Lei que instituiu a DCTF. Ao final, demonstrada a insubsistência e improcedência total do lançamento, requer seja acolhida a presente impugnação. Instrui a Impugnação os seguintes documentos: cópia AI (fl. 02), 5ª Alteração Contratual (fls. 03/05) e DCTF’s referentes aos 2º trimestre de 1999 (fl. 06), 3º trimestre de 1999 (fl. 07) e 4º trimestre de 2000 (fl. 08). Encaminhados os autos à Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo (SP), esta considerou o lançamento procedente (fls. 15/18), nos termos da seguinte ementa (fl. 15): “Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 1999 Ementa: MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF É devida a multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, quando provado que a sua entrega se deu após o prazo fixado na legislação. Fl. 62DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 5 4 Lançamento Procedente” Ciente da decisão proferida (AR – fl. 19 vº), o contribuinte apresenta tempestivo Recurso Voluntário à fl. 22, no qual reitera os argumentos já explanados em sua manifestação de inconformidade e acrescenta que se enquadrou no regime simplificado de arrecadação – Simples Federal/Nacional, desde 08/12/1997, tendo solicitado sua opção regularmente e nunca configurou como não optante do regime, desde sua inclusão, razão pela qual, está dispensado de apresentar DCTF do exercício que se mantém enquadrado, conforme art. 3º, I, IN SRF nº 126/98 e art. 3º, IN SRF nº 255/02. Ao final, requer o cancelamento dos presentes débitos, diante da comprovada improcedência destes e solicita a anulação da intimação. Instrui o Recurso Voluntário os documentos de fls. 23/26, dentre estes, Termo de Opção – Simples (fl. 23) e Alteração Contratual (fls. 24/26). Os autos foram distribuídos a este Conselheiro em 10/12/2008, em único volume, constando numeração até à fl. 29, penúltima. Desnecessário o encaminhamento do processo à Procuradoria da Fazenda Nacional para ciência quanto ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, nos termos da Portaria MF nº. 314, de 25/08/99. É o relatório. Voto Conselheiro NILTON LUIZ BARTOLI Relator, Relator Por conter matéria deste E. Conselho, conheço do Recurso Voluntário, tempestivamente interposto pelo contribuinte. Primeiramente, quanto ao aspecto da denúncia espontânea, adoto entendimento que é pacífico no Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que não é cabível tal benefício quando se trata de DCTF, conforme se depreende dos julgamentos dos seguintes recursos, entre outros: RESP 357.001RS, julgado em 07/02/2002; AGRESP 258.141PR, DJ de 16/10/2000 e RESP 246.963PR, DJ de 05/06/2000. Descabe a alegação de denúncia espontânea quando a multa decorre tão somente da impontualidade do contribuinte quanto a uma obrigação de fazer, cuja sanção da norma jurídicotributária é precisamente a multa. Destaco decisão proferida pela Egrégia 1ª Turma do STJ, através do Recurso Especial nº195161/GO (98/00849050), relator Ministro José Delgado (DJ de 26.04.99): “TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA COM ATRASO DA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. MULTA. INCIDÊNCIA ART.88 DA LEI 8.981/95. A entidade ‘denúncia espontânea’ não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração do imposto de renda. (grifo nosso). Fl. 63DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 6 5 As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art.138, do CTN. Há de se acolher a incidência do art.88 da Lei 8.981/95, por não entrar em conflito com o art.138 do CTN. Os referidos dispositivos tratam de entidades jurídicas diferentes. Recurso provido” . Cabenos agora correlacionar a norma e o veículo introdutório com todo o sistema jurídico para verificar se dele faz parte e se foi introduzido segundo os princípios e regras estabelecidos pelo próprio sistema de direito positivo. Inicialmente é de se verificar a validade do veículo introdutório em relação à fonte formal, para depois atermonos ao conteúdo da norma em relação à fonte material. Todo ato realizado segundo um determinado sistema de direito positivo, com o fim de nele se integrar, deve, obrigatoriamente, encontrar fundamento de validade em norma hierarquicamente superior a esta, que, por sua vez, também deve encontrar fundamento de validade em norma hierarquicamente superior, e assim por diante até que se encontre o fundamento de validade na Constituição Federal. Como bem nos ensina o cientista idealizador da “Teoria Pura do Direito”, que promoveu o Direito de ramo das Ciências Sociais para uma Ciência própria, individualizada, de objeto caracterizado por um corte epistemológico inconfundível, a norma é o objeto do Direito que está organizado em um sistema piramidal cujo ápice é ocupado pela Constituição que emana sua validade e eficácia por todo o sistema. Daí porque entendo que, qualquer que seja a norma, devese confrontála com a Constituição Federal, pois não estando com ela compatível não estará compatível com o sistema. No caso em pauta, no entanto, entendo que a análise da Instrução Normativa nº. 129, de 19.11.1986, que instituiu para o contribuinte o dever instrumental de informar à Receita Federal, por meio da Declaração de Contribuições e Tributos Federais – DCTF as bases de cálculo e os valores devidos de cada tributo, mensalmente, a partir de 1° de janeiro de 1987, prescinde de uma análise mais profunda chegando às vias da Constituição Federal, o que será feito tão somente para alocar ao princípio constitucional norteador das condutas do Estado e do Contribuinte. O Código Tributário Nacional está organizado de forma que os assuntos estão divididos e subdivididos em Livro, título, capítulo e seções, as quais contém os enunciados normativos alocados em artigos. É evidente que a distribuição dos enunciados normativos de forma a estruturar o texto legislativo, pouco pode colaborar para a hermenêutica. Contudo, podem demonstrar indicativamente, quais as disposições inaplicáveis ao caso, seja por sua especificidade, seja por sua referência. Com efeito, o Título II, trata da Obrigação Tributária, e o art. 113, artigo que inaugura o Título estabelece que: “Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória.” Este conceito legal, apesar de equiparar relações jurídicas distintas uma obrigação de dar e outra obrigação de fazer é um indicativo de que, para o Fl. 64DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 7 6 tratamento legal dispensado à obrigação tributária, não é relevante a distinção se relação jurídica tributária, propriamente dita, ou se dever instrumental. Para evitar descompassos na aplicação das normas jurídicas, a doutrina empreende boa parte de seu trabalho para definir e distinguir as relações jurídicas possíveis no âmbito do Direito Tributário. Todavia, para o caso em prática, não será necessário embrenhar no campo da ciência a fim de dirimilo. Ao equiparar o tratamento das obrigações tributárias, o Código Tributário Nacional, equipara, conseqüentemente, as responsabilidades tributárias relativas ao plexo de relações jurídicas no campo tributário, tornandoas equânimes. Se equânimes as responsabilidades, não se poderia classificar de forma diversa as infrações, restando à norma estabelecer a dosimetria da penalidade atinente à teoria das penas. Há uma íntima relação entre os elementos: obrigação, responsabilidade e infração, pois uma decorre da outra, e se considerada a obrigação tributária como principal e acessória, ambas estarão sujeitas ao mesmo regramento se o comando normativo for genérico. A sanção tributária decorre da constatação da prática de um ilícito tributário, ou seja, é a pratica de conduta diversa da deonticamente modalizada na hipótese de incidência normativa, fixada em lei. É o descumprimento de uma ordem de conduta imposta pela norma tributária. Se assim, tendo o modal deôntico obrigatório determinado a entrega de coisa certa ou a realização de uma tarefa (obrigação de dar ou obrigação de fazer), o fato do descumprimento, de pronto, permite a aplicação da norma sancionatória. Tratandose de norma jurídica validamente integrada ao sistema de direito positivo (requisito formal), e tendo ela perfeita definição prévia em lei de forma a garantir a segurança do contribuinte de poder conhecer a conseqüência a que estará sujeito se pela prática de conduta diversa à determinada, a sanção deve ter sua consecução. Tal dever é garantia do Estado de Direito. Isto porque, não só a preservação das garantias e direitos individuais promove a sobrevivência do Estado de Direito, mas também a certeza de que, descumprida uma norma do sistema, este será implacável na aplicação da sanção. A sanção, portanto, constitui restrição de direito, sim, mas visa manter viva a estrutura do sistema de direito positivo. Segundo se verifica, a fonte formal da Instrução Normativa nº. 129, de 19.11.1986, posteriormente alterada pela Instrução Normativa n° 73, de 19.12.1996, é a Portaria do Ministério da Fazenda n° 118, de 28.06.1984 que delegou ao Secretário da Receita Federal a competência para eliminar ou instituir obrigações acessórias. O Ministro da Fazenda foi autorizado a eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais, por força do DecretoLei nº. 2.124, de 13.06.1984. O DecretoLei nº. 2.124 de 13.06.1984, encontra fundamento de validade na Constituição Federal de 1967, alterada pela Emenda Constitucional nº. 01/69, que em seu art. 55, cria a competência para o Presidente da República editar Decretos Leis, em casos de urgência ou de interesse público relevante, em relação às matérias que disciplina, inclusive a tributária, mas não se refere à delegação de competência ao Ministério da Fazenda para criar obrigações, sejam tributárias ou, não. A antiga Constituição, no entanto, também privilegiava o princípio da legalidade e da vinculação dos atos administrativos à lei, o que de plano criaria um Fl. 65DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 8 7 conflito entre a norma editada no DecretoLei nº. 2.124 de 13.06.1984 e a Constituição Federal de 1967 (art. 153, § 2º). Em relação à fonte material, verificase que há na norma veiculada pelo DecretoLei nº. 2.124 de 13.06.1984, uma nítida delegação de competência de legislar, para a criação de relações jurídicas de cunho obrigacional para o contribuinte em face do Fisco. O Código Tributário Nacional, recepcionado integralmente pela nova ordem constitucional, estabelece em seu art. 97 o seguinte: “Art. 97 Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3 do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.” (grifos acrescidos ao original) Ora, tornase cristalina na norma complementar que somente a lei pode estabelecer a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias aos seus dispositivos (dispositivos instituídos em lei) ou para outras infrações na lei definidas. Não resta dúvida que somente à lei é dada autorização para criar deveres, direitos, sendo que as obrigações acessórias não fogem à regra. Se o Código Tributário Nacional diz que a cominação de penalidade para as ações e omissões contrárias a seus dispositivos, a locução “a seus dispositivos” referese aos dispositivos legais, às ações e omissões estabelecidas em lei e não, como foi dito, às normas complementares. Aliás, a interpretação do art. 100 do Código Tributário Nacional vem sendo distorcida com o fim de dar legitimidade a atos da administração direta que não foram objeto da ação legiferante pelo Poder competente, ou seja, a hipótese de incidência contida no antecessor da norma veiculada por ato da administração não encontra fundamento de validade em normas hierarquicamente superior, e, por vezes, é proferida por autoridade que não tem competência para fazêlo. Prescreve o art. 100 do Código Tributário Nacional Art. 100 São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; Fl. 66DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 9 8 III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.” (grifos acrescidos ao original) Como bem assevera o artigo retro mencionado, os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são complementares às leis, devendo a elas obediência e submissão. Incabível dar ao art. 100 do Código Tributário Nacional a conotação de que está aberta a possibilidade de um ato normativo vir a substituir a função da lei, ou por falha da lei cobrir sua lacuna ou vício. Atos administrativos de caráter normativo são assim caracterizados por introduzirem normas atinentes ao “modus operandi” do exercício da função administrativa tributária, tendo força para normatizar a conduta da própria administração em face do contribuinte, e em relação às condutas do contribuinte, servem, tão somente, para explicitar o que já fora estabelecido em lei. É nesse contexto que os atos normativos cumprem sua função de complementaridade das leis. Yoshiaki Ichihara (in Princípio da Legalidade Tributária, pág. 16) doutrina em relação às normas infralegais (que incluem as Instruções Normativas) o seguinte: “São na maioria das vezes, normas impessoais e genéricas, mas que se situam abaixo da lei e do decreto. Não podem criar, alterar ou extinguir direitos, pois a função dos atos normativos dentro do sistema jurídico visa a boa execução das leis e dos regulamentos. (...) É possível concluir até pela redação do art. 100 do Código Tributário Nacional; os atos normativos não criam e nem inovam a ordem jurídica no sentido de criar obrigações ou deveres. Assim, qualquer comportamento obrigatório contido no ato normativo decorre porque a lei atribuiu força e eficácia normativa, apenas detalhando situações previstas em lei. A função dos atos normativos, seja qual for o rótulo utilizado, só possui eficácia normativa se retirar o conteúdo de validade da norma superior e exercer a função específica de completar o sistema jurídico, a fim de tornar a norma superior exeqüível e aplicável, preenchendo o mundo jurídico e a visão de completude do sistema.” Nesse diapasão, é oportuno salientar que todo ato administrativo tem por requisito de validade cinco elementos: objeto lícito, motivação, finalidade, agente competente e forma prevista em lei. Sob análise, percebo que a Instrução Normativa nº. 129, de 19.11.1986 cumpriu os desígnios orientadores da validade do ato relativamente aos três primeiros elementos, vez que a exigência de entrega de Declaração de Contribuições e Tributos Federais – DCTF com o fim de informar à Secretaria da Fazenda Nacional os montantes de tributos devidos e suas respectivas bases de cálculo, é de materialidade lícita, motivada pela necessidade de a Fazenda ter o controle dos fatos Fl. 67DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 10 9 geradores que fazem surgir cada relação jurídica tributária entre o contribuinte e o Fisco, tendo por finalidade o controle do recolhimento dos respectivos tributos. No que tange ao agente competente, no entanto, tal conformidade não se verifica, uma vez que o Secretário da Receita Federal, como visto, não tem a competência legiferante, privativa do Poder Legislativo, para criar normas constituidoras de obrigações de caráter pessoal ao contribuinte, cuja cogência é imposta pela cominação de penalidade. É de se ressaltar que, ainda que se admitisse que o DecretoLei nº. 2.124, de 13.06.1984, fosse o veículo introdutório para outorgar competência ao Ministério da Fazenda para que criasse deveres instrumentais, o Decretolei não poderia autorizar ao Ministério da Fazenda a delegar tal competência, como na realidade não o fez, tendo em vista o princípio da indelegabilidade da competência tributária (art. 7° do Código Tributário Nacional) e até mesmo o princípio da indelegabilidade dos poderes (art. 2° da CF/88). Ora, se o Ministério da Fazenda não tinha a competência para delegar a competência que recebera com exclusividade do DecretoLei nº. 2.124 de 13.06.1984, a Portaria MF nº118, de 28.06.1984, extravasou os limites do poder outorgados pelo DecretoLei. Registrese, nesta senda, o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a impossibilidade de delegação de poderes (“ubi eadem legis ratio, ibi dispositio”): "E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LEI ESTADUAL QUE OUTORGA AO PODER EXECUTIVO A PRERROGATIVA DE DISPOR, NORMATIVAMENTE, SOBRE MATÉRIA TRIBUTÁRIA DELEGAÇÃO LEGISLATIVA EXTERNA MATÉRIA DE DIREITO ESTRITO POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES PRINCÍPIO DA RESERVA ABSOLUTA DE LEI EM SENTIDO FORMAL PLAUSIBILIDADE JURÍDICA CONVENIÊNCIA DA SUSPENSÃO DE EFICÁCIA DAS NORMAS LEGAIS IMPUGNADAS MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. A essência do direito tributário respeitados os postulados fixados pela própria Constituição reside na integral submissão do poder estatal a "rule of law". A lei, enquanto manifestação estatal estritamente ajustada aos postulados subordinantes do texto consubstanciado na Carta da Republica, qualificase como decisivo instrumento de garantia constitucional dos contribuintes contra eventuais excessos do Poder Executivo em matéria tributaria. Considerações em torno das dimensões em que se projeta o principio da reserva constitucional de lei. A nova Constituição da Republica revelouse extremamente fiel ao postulado da separação de poderes, disciplinando, mediante regime de direito estrito, a possibilidade, sempre excepcional, de o Parlamento proceder a delegação legislativa externa em favor do Poder Executivo. A delegação legislativa externa, nos casos em que se apresente possível, só pode ser veiculada mediante resolução, que constitui o meio formalmente idôneo para consubstanciar, em nosso sistema constitucional, o ato de outorga parlamentar de funções normativas ao Poder Executivo. A resolução não pode ser validamente substituída, em tema de delegação legislativa, por lei comum, cujo processo de formação não se ajusta a disciplina ritual fixada pelo art. 68 da Constituição. A vontade do legislador, que substitui arbitrariamente a lei delegada pela figura da lei ordinária, objetivando, com esse procedimento, transferir ao Poder Executivo o exercício de competência normativa primaria, revelase irrita e desvestida de qualquer eficácia jurídica no plano constitucional. O Executivo não pode, fundandose em mera permissão legislativa Fl. 68DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 11 10 constante de lei comum, valerse do regulamento delegado ou autorizado como sucedâneo da lei delegada para o efeito de disciplinar, normativamente, temas sujeitos a reserva constitucional de lei. Não basta, para que se legitime a atividade estatal, que o Poder Publico tenha promulgado um ato legislativo. Impõese, antes de mais nada, que o legislador, abstendose de agir ultra vires, não haja excedido os limites que condicionam, no plano constitucional, o exercício de sua indisponível prerrogativa de fazer instaurar, em caráter inaugural, a ordem jurídiconormativa. Isso significa dizer que o legislador não pode abdicar de sua competência institucional para permitir que outros órgãos do Estado como o Poder Executivo produzam a norma que, por efeito de expressa reserva constitucional, só pode derivar de fonte parlamentar." (ADIMC nº. 1296/PE in DJ 10.08.1995, pp. 23554 EMENTA VOL – 0179501 pp. – 00027) Hans Kelsen, idealizador do Direito como Ciência, estatui em seu trabalho lapidar (Teoria Pura do Direito, tradução João Baptista Machado, 5ª edição, São Paulo, Malheiros) que: “Dizer que uma norma que se refere à conduta de um indivíduo “vale” (é vigente”), significa que ela é vinculativa, que o indivíduo se deve conduzir do modo prescrito pela norma.”... “O fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade de uma outra norma. Uma norma que representa o fundamento de validade de outra norma é figurativamente designada como norma superior, por confronto com uma norma que é, em relação a ela, a norma inferior.” “... Mas a indagação do fundamento de validade de uma norma não pode, tal como a investigação da causa de um determinado efeito, perderse no interminável. Tem de terminar numa norma que se pressupõe como a última e mais elevada. Como norma mais elevada, ela tem de ser pressuposto, visto que não pode ser posta por uma autoridade, cuja competência teria de se fundar numa norma ainda mais elevada. A sua validade já não pode ser derivada de uma norma mais elevada, o fundamento da sua validade já não pode ser posto em questão. Uma tal norma, pressuposta como a mais elevada, será aqui designada como norma fundamental (Grundnorm).” Ensina Kelsen que toda ordem jurídica é constituída por um conjunto escalonado de normas, todas carregadas de conteúdo que regram as condutas humanas e as relações sociais, que se associam mediante vínculos (i) horizontais, pela coordenação entre as normas; e, (ii) verticais pela supremacia e subordinação. Segundo Kelsen, em relação aos vínculos verticais, a relação de validade de uma norma não pode ser aferida a partir de elementos do fato. Norma (ideal) e fato (real) pertencem a mundos diferentes e, portanto a norma deve buscar fundamento de validade no próprio sistema, segundo os critérios de hierarquia, próprios do sistema. Os elementos se relacionam verticalmente segundo a regra básica, interna ao próprio sistema, de que as normas de menor hierarquia buscam fundamento de validade em normas de hierarquia superior, assim, até alcançarse o nível hierárquico Constitucional que inaugura o sistema. Ora, se toda norma deve encontrar fundamento de validade nas normas hierarquicamente superiores, onde estaria o fundamento de validade da Portaria MF 118, de 28.06.1984, se o DecretoLei n° 2.124, de 1.06.1984, não lhe outorgou competência para delegação? Fl. 69DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 12 11 Em relação à forma prevista em lei, entendida lei como normas no sentido lato, a instituição da obrigação de entrega de Declaração de Contribuições e Tributos Federais – DCTF, por ser obrigação e, conseqüentemente, dever acometido ao sujeito passivo da relação jurídica tributária, por instrução normativa, não cumpre o requisito de validade do ato administrativo, uma vez que tal instituição é reservada à LEI. A exigibilidade de veiculação por norma legal de ações ou omissões por parte de contribuinte e respectivas penalidades inerentes ao seu descumprimento é estabelecida pelo Código Tributário Nacional de forma insofismável. Somente a Lei pode criar um vínculo relacional entre o Fisco e o contribuinte e a penalidade pelo descumprimento da obrigação fulcral desse vínculo. E tal poder da lei é indelegável, com o fim de que sejam garantidos o Estado de Direito Democrático e a Segurança Jurídica. Ademais a delegação de competência legiferante introduzida pelo DecretoLei nº. 2.124 de 13.06.1984, não encontra supedâneo jurídico na nova ordem constitucional instaurada pela Constituição Federal de 1988, uma vez que o art. 25 estabelece o seguinte: “Art. 25 Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que tange a: I ação normativa; II alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie. (grifos acrescidos ao original) Ora, a competência de legislar sobre matéria pertinente ao sistema tributário é do Congresso Nacional, como determina o art. 48 da Constituição Federal, sendo que a delegação outorgada pelo DecretoLei nº. 2.124 de 13.06.1984, ato do Poder Executivo auto disciplinado, que ainda que pudesse ter validade na vigência da constituição anterior, perdeu sua vigência 180 dias após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Tendo a norma que dispõe sobre a delegação de competência perdido sua vigência, a Instrução Normativa nº. 129 de 19.11.1986, ficou sem fonte material que a sustente e, conseqüentemente, também perdeu sua vigência em abril de 1989. Analisada a norma instituidora da obrigação acessória tributária, entendo cabível apreciar a cominação da penalidade estabelecida no próprio texto da Instrução Normativa n° 129 de 19.11.1986, Anexo II 1.1, (e posteriormente, na Instrução Normativa n°73, de 19.12.1996, que alterou a IN n° 129 de 19.11.1986), cujos argumentos acima despendidos são plenamente aplicáveis. No Direito Tributário a sanção administrativa tributária tem a mesma conformação estrutural lógica da sanção do Direito Penal e se assim o ato ilícito antijurídico deve ter a cominação de penalidade específica. Em artigo publicado na RT718/95, pg. 536/549, denominado “A Extinção da Punibilidade nos Crimes contra a Ordem Tributária, GERD W. ROTHMANN, eminente professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, destacou um capítulo sob a rubrica “Características das infrações em matéria tributária”., que Fl. 70DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 13 12 merece transcrição aqui para servir de supedâneo ao argumento de que, a ausência de perfeita tipicidade na lei de conduta do contribuinte, implica a carência da ação fiscal: “Tanto o crime fiscal como a mera infração administrativa se caracterizam pela antijuridicidade da conduta, pela tipicidade das respectivas figuras penais ou administrativas e pela culpabilidade (dolo ou culpa). A antijuridicidade envolve a indagação pelo interesse ou bem jurídico protegido pelas normas penais e tributárias relativas ao ilícito fiscal. (...) A tipicidade é outro requisito do ilícito tributário penal e administrativo. O comportamento antijurídico deve ser definido por lei, penal ou tributária. Segundo RICARDO LOBO TORRES (Curso de Direito Financeiro e Tributário, 1993, pg. 268), a tipicidade é a possibilidade de subsunção de uma conduta no tipo de ilícito definido na lei penal ou tributária. (...) Nisto reside a grande problemática do direito penal tributário: leis penais, freqüentemente mal redigidas, estabelecem tipos penais que precisam ser complementados por leis tributárias igualmente defeituosas, de difícil compreensão e sujeitas a constantes alterações.” Na mesma esteira doutrinária o BASILEU GARCIA (in “Instituições de Direito Penal”, vol. I, Tomo I, Ed. Max Limonad, 4ª edição, pg. 195) ensina: “No estado atual da elaboração jurídica e doutrinária, há pronunciada tendência a identificar, embora com algumas variantes, o delito como sendo a ação humana, antijurídica, típica, culpável e punível. O comportamento delituoso do homem pode revelarse por atividade positiva ou omissão. Para constituir delito, deverá ser ilícito, contrário ao direito, revestirse de antijuricidade. Decorre a tipicidade da perfeita conformidade da conduta com a figura que a lei penal traça, sob a injunção do princípio nullum crimen, nulla poena sine lege. Só os fatos típicos, isto é, meticulosamente ajustados ao modelo legal, se incriminam. O Direito Penal (e por conseguinte o Direito Tributário Penal) contém normas adstritas às normas constitucionais. Dessa sorte, está erigido sob a primazia do princípio da legalidade dos delitos e das penas, de sorte que a justiça penal contemporânea não concebe crime sem lei anterior que o determine, nem pena sem lei anterior que a estabeleça; daí a parêmia “nullum crimen, nulla poena sine praevia lege”, erigida como máxima fundamental nascida da Revolução Francesa e vigorante cada vez mais fortemente até hoje (Cf. Basileu Garcia, op. Cit., pg. 19) . Na Constituição Federal há expressa disposição, que repete a máxima retro mencionada, em seu art. 5º, inciso XXXIX: “Art. 5º ... XXXIX Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.”. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 14 13 No âmbito tributário, a trilha é a mesma, estampada no Código Tributário Nacional, art. 97, o qual já tivemos oportunidade de citar no início deste voto. Não há, aqui, como não se invocar teorias singelas sobre o trinômio que habilita considerar uma conduta como infratora às normas de natureza penal: o fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade, segundo conceitos extraídos da preleção de DAMÁSIO E. DE JESUS ( in Direito Penal, Vol. 1, Parte Geral, Ed. Saraiva, 17ª edição, pg. 136/137). “O fato típico é o comportamento humano que provoca um resultado e que seja prevista na lei como infração; e ele é composto dos seguintes elementos: conduta humana dolosa ou culposa; resultado lesivo intencional; nexo de causalidade entre a conduta e o resultado; e enquadramento do fato material a uma norma penal incriminatória. A antijuridicidade é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. A conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica em face de estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico. Dessa caracterização de tipicidade, de conduta e de efeitos é que nasce a punibilidade.” Tais elementos estavam ausentes no processo que cito, como também estão ausentes no caso presente. Daí não ser punível a conduta do agente. Não será demais reproduzir mais uma vez a lição do já citado mestre de Direito Penal Damásio de Jesus, que ao estudar o FATO TÍPICO ( obra citada 1º volume Parte Geral (Ed. Saraiva 15ª Ed. pág. 197) ensina: "Por último, para que um fato seja típico, é necessário que os elementos acima expostos (comportamento humano, resultado e nexo causal) sejam descritos como crime. ... "Faltando um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir em indiferente penal. É um fato atípico." ... "Foi Binding quem pela primeira vez usou a expressão 'lei em branco' para batizar aquelas leis penais que contêm a sanctio juris determinada, porém, o preceito a que se liga essa conseqüência jurídica do crime não é formulado senão como proibição genérica, devendo ser complementado por lei (em sentido amplo). Nesta linha de raciocínio nos ensina CLEIDE PREVITALLI CAIS, in O Processo Tributário, assim preleciona o princípio constitucional da tipicidade: "Segundo Alberto Xavier, "tributo, imposto, é pois o conceito que se encontra na base do processo de tipificação no Direito Tributário, de tal modo que o tipo, como é de regra, representa necessariamente algo de mais concreto que o conceito, embora necessariamente mais abstrato do que o fato da vida." Vale dizer que cada tipo de exigência tributária deve apresentar todos os elementos que caracterizam sua abrangência. "No Direito Tributário a técnica da tipicidade atua não só sobre a hipótese da norma tributária material, como também sobre o seu mandamento. Objeto da tipificação são, portanto, os fatos e os efeitos, as situações jurídicas iniciais e as situações jurídicas finais." Fl. 72DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 15 14 O princípio da tipicidade consagrado pelo art. 97 do CTN e decorrente da Constituição Federal, já que tributos somente podem ser instituídos, majorados e cobrados por meio da lei, aponta com clareza meridiano os limites da Administração neste campo, já que lhe é vedada toda e qualquer margem de discricionariedade." (Grifo nosso) Como nos ensinou Cleide Previtalli Cais "... cada tipo de abrangência tributária deve apresentar todos os elementos que caracterizam sua abrangência... " , já que "... lhe é vedada (á Administração) toda e qualquer espécie de discricionariedade." Revelase, assim, que tanto o poder para restringir a liberdade como para restringir o patrimônio devem obediência ao princípio da tipicidade, pois é a confirmação do princípio do devido processo legal a confrontação específica do fato à norma. Diante do exposto, entendo que a Instrução Normativa nº. 129 de 19.11.1986, não é veículo próprio a criar, alterar ou extinguir direitos, seja porque não encontra em lei seu fundamento de validade material, seja porque a delegação pela qual se origina é malversação da competência que pertine ao DecretoLei, ou seja, porque inova o ordenamento extrapolando sua própria competência. Por oportuno, cumpre transcrever o entendimento de Tribunais Regionais Federais, acerca da imposição de multa, através de Instrução Normativa: Tribunal Regional Federal da 1ª Região Apelação cível n° 1999.01.00.032761 – 2/MG “TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS – DCTF. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA 129/86. 1 – Somente a lei pode criar obrigação tributária. 2 – A obrigação tributária acessória, consubstanciada em aplicação de multa àquele que não apresentar a DCTF, por intermédio de instrução normativa, é ilegal. Precedentes da Corte. 3 – Apelação a que se dá provimento.” Tribunal Regional Federal da 5ª Região Apelação em Mandado de Segurança n° 96.05.213192/AL “CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS (DCTF). INSTRUÇÃO NORMATIVA 129/86. ILEGALIDADE. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. A criação de obrigação tributária deve ser antecedida por lei ordinária, constituindo ilegalidade sua instituição via instrução normativa. Apelação e remessa oficial tida como interpostas improvidas” Tais precedentes apenas ratificaram vetusta jurisprudência, inaugurada pela atual Ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça, quando ainda juíza do Tribunal Regional Federal da 1ª.Região: Fl. 73DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 16 15 “TRIBUTÁRIO – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS: DCTF – INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 129/86 – ILEGALIDADE 1.É ilegal a criação de obrigação tributária acessória, cujo descumprimento importa em pena pecuniária via Instrução Normativa, emanada de autoridade incompetente. 2.Desatendimento do princípio de reserva legal, sendo indelegável a matéria de competência do Congresso Nacional. 3.Recurso voluntário e remessa oficial improvidos.’(“apelação cível n. 95.01.187551/BA No mesmo sentido, ainda: "(...) DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 129/86 SRF PORTARIA Nº. 118/84 MF OFENSA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (...). Ofende o princípio da legalidade a instituição de obrigação tributária acessória mediante Instrução Normativa, por delegação do Secretário da Receita Federal, através da Portaria nº. 118/84, baixada pelo Ministério da fazenda. Precedentes: AC 95.01.187551/BA, Relª Juíza Eliana Calmon DJU/II de 09.10.95, p. 68250; REO 94.01.248265/BA, Relª Juíza Eliana Calmon, DJU/II de 06.10.94, p. 56075. III. Apelação improvida. Remessa oficial julgada prejudicada.".( Apelação Cível nº. 123.1283 – BA) Finalmente, a edição da Lei 10.426 de 25.04.2002 (conversão da Medida Provisória nº. 16 de 27.12.2001) somente veio a corroborar tudo o quanto até aqui demonstrado. Com efeito, a adoção de Medida Provisória, posteriormente convertida em lei, determinando sanções para a não apresentação, pelo sujeito passivo, da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), atesta cabalmente a inexistência de legislação válida até aquele momento, uma vez que não haveria lógica em se editar norma, de caráter extraordinário, que simplesmente repetisse a legislação já em vigor. Ora, ao adotar Medida Provisória, o Poder Executivo Federal reconheceu a necessidade de disciplinar a instituição de deveres instrumentais e penalidades para seu descumprimento, que até então não se encontrava (validamente) regulada pelo direito pátrio. In casu, as DCTF’s referemse ao 2º, 3º e 4º trimestres do anocalendário 1999, como consignado na r. decisão recorrida e no AIIM à fl. 02. O prazo final de entrega das aludidas declarações eram 13/08/1999, 12/11/1999 e 29/02/2000. O Recorrente cumpriu sua obrigação somente em 07/03/2003. Nesse ínterim, não havia para o citado período, disciplina válida existente para a exigência de multa por atraso na entrega, consoante já explanado. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 17 16 Concluise, portanto, que antes da entrada em vigor da MP 16 de 27.12.2001 não havia disciplina válida ou vigente no sistema tributário nacional para o cumprimento do dever acessório de entrega de DCTF, e, conseqüentemente, para cominar sanções para sua não apresentação. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Sala das sessões, ... NILTON LUIZ BÁRTOLI – Relator” Apesar do excelente voto do Conselheiro Relator, fundamentado no princípio da legalidade e na impossibilidade de se exigir a multa pelo descumprimento de obrigação acessória instituída por meio de instrução normativa do Secretário da Receita Federal, razões estas sequer alegadas pela recorrente, a turma, por maioria, decidiu não aderir a ele, deixando prevalecer as razões de fato e direito que fundamentaram o acórdão recorrido, as quais são adotadas também nesta decisão. Assim, transcrevo as razões expostas no voto condutor do acórdão recorrido: “4. A impugnação é tempestiva e deve ser conhecida, uma vez que preenche os requisitos do Decreto nº 70.235/72 e suas alterações. 5. Analisandose a documentação acostada aos autos, verificase que consta do próprio auto de infração o prazo final para a entrega das declarações referentes aos 2º, 3º e 4º trimestre do anocalendário de 1999 que foram 13/08/99, 12/11/99 e 29/02/2000, respectivamente. 6. Os recibos de entrega apresentados pela contribuinte às fls. 6, 7 e 8, para comprovar a entrega das DCTF’s dos 2º, 3º e 4º trimestres do ano calendário de 1999, referemse à empresa W. TEIXEIRA PUBLICIDADE & PROPAGANDA S/C LTDA, CNPJ nº 00.246.530/000114, e não à autuada. 7. De acordo com o auto de infração, a interessada entregou as DCTF’s do anocalendário de 1999, somente em 07/03/2002. Como não foi apresentada prova em contrário, há que se manter integralmente o crédito tributário exigido.” Acrescento que, no caso, dizer que a Instrução Normativa nº 129, de 19/11/1986, alterada pela Instrução Normativa n° 73, de 19/12/1996, não poderia estabelecer obrigação acessória implicaria afastar o DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984, que autorizou o Ministro da Fazenda a instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais, a qual foi delegada ao Secretário da Receita Federal, por meio da Portaria MF nº 118, de 28/06/1984. Pelo mesmo princípio da legalidade, não poderia Órgão Colegiado integrante da Estrutura do Ministério da Fazenda afastar DecretoLei que possui status de lei. Por todo o exposto, votase por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Redator ad hoc. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 19679.000538/200321 Acórdão n.º 3201000.073 S3C2T1 Fl. 18 17 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 22/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 05/01/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOEL MIYAZAKI
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Numero do processo: 13881.000166/2008-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Exercício: 2008
IPI. ISENÇÃO. DEFICIENTE FÍSICO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.
Deve ser concedida a autorização para a isenção de IPI prevista na Lei nº 8.989/95, quando comprovado por meio de laudo médico que o requerente satisfaz os requisitos condicionantes ao benefício fiscal.
Recurso Voluntário Provido
Sem Crédito em Litígio
Numero da decisão: 3301-002.410
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima Sidney Eduardo Stahl e Andrada Márcio Canuto Natal.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Andrada Márcio Canuto Natal - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima Sidney Eduardo Stahl e Andrada Márcio Canuto Natal.
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ISENÇÃO. DEFICIENTE FÍSICO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. Deve ser concedida a autorização para a isenção de IPI prevista na Lei nº 8.989/95, quando comprovado por meio de laudo médico que o requerente satisfaz os requisitos condicionantes ao benefício fiscal. Recurso Voluntário Provido Sem Crédito em Litígio Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, Luiz Augusto do Couto Chagas, Mônica Elisa de Lima Sidney Eduardo Stahl e Andrada Márcio Canuto Natal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 1. 00 01 66 /2 00 8- 65 Fl. 57DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 58 2 Relatório Por economia processual adoto o relatório da decisão recorrida, abaixo transcrito. O interessado em epígrafe pleiteou, na qualidade de portador de deficiência física, a fruição da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI na aquisição de automóvel de passageiros, de fabricação nacional, prevista na Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. Mediante o Despacho Decisório de fls. 33/35, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Taubaté indeferiu o pedido, Regularmente cientificado (fl. 36 verso), o interessado apresentou manifestação de inconformidade (fls. 37/38 e anexos), por meio da qual aduz, em síntese, que: a) “sua precária condição física ocasionada por diabetes, insuficiência coronariana, hipertensão arterial agravada com o acidente vascular cerebral sofrido,... se coaduna com as normas previstas para a obtenção do benefício fiscal da isenção do IPI”. Isto porque seu caso se trata de paraplegia; b) a decisão pelo indeferimento, de natureza eminentemente técnica, decorreu da falta de clareza dos documentos apresentados por ocasião do pedido. Contudo, há que se considerar o aspecto social e a real necessidade do interessado; c) a autoridade não acolheu as informações contidas em declarações médicas acostadas aos autos, limitandose ao deficiente laudo de avaliação apresentado; d) para melhor esclarecimento da autoridade julgadora, anexa novo laudo de avaliação médica. e) Pede, ao final, pela concessão do benefício pleiteado, “para a tão necessária aquisição do peculiar veículo”. Ao Julgar referida manifestação de inconformidade a 3ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 1425.972, de 3/9/2009, assim ementado: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Exercício: 2008 NOVO LAUDO. INOVAÇÃO DE FUNDAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. SUPRESSÃO DE FASE PROCESSUAL. A apresentação de novo laudo de avaliação representa a alteração dos fundamentos do pedido de isenção, tratandose, na realidade, de pleito inovador a ser analisado pela DRF de origem, quiçá em outro processo, sob pena de supressão de fase processual. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Fl. 58DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 59 3 Não concordando com referida decisão, o contribuinte apresentou recurso voluntário, por meio do qual faz as seguintes alegações, em síntese: “é inquestionável que sua precária condição física ocasionada por diabetes, insuficiência coronariana, hipertensão arterial agravada com o acidente vascular cerebral sofrido, como bem narrados na fl. 3 do relatório, conforme as "declarações médicas de fls. 12 e 14 e um atestado médico de fl. 15", se coadunam com as normas previstas para a obtenção do beneficio fiscal da isenção do IPI”; que o seu pedido está em conformidade com o decreto nº 3.298/99, art. 4º, inc. I, que trata do tipo de deficiência física que o acometeu, paraplegia; que juntou todas as provas possíveis aos autos, que é merecedor do benefício e solicita que a Receita Federal remeta uma junta médica, sendo o único meio que lhe resta para provar a sua condição. É o relatório. Fl. 59DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 60 4 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A decisão recorrida julgou improcedente a manifestação de inconformidade somente com os elementos apresentados na formação do processo, pois considerou impróprio o conhecimento dos novos elementos trazidos em sua manifestação de inconformidade por supressão de instância. Assim não apreciou se o novo laudo médico apresentado perfaz as condições de concessão do benefício da isenção do IPI requerida. Não concordo com esta decisão. Na minha opinião não é questão de supressão de instância, mas de analisar o inconformismo do contribuinte com apresentação de novos elementos de prova que pudessem trazer convicção ao julgador. Isto é feito diariamente nos processos administrativos fiscais. Por exemplo, após o lançamento o contribuinte apresenta novos elementos para afastar aquela exigência e podem ser considerados para este fim, independentemente se foram apresentados no contexto da autuação. De forma, que cabe neste momento, até por economia processual, analisar se os documentos apresentados pelo contribuinte satisfazem os requisitos legais para concessão do benefício fiscal de isenção de IPI para portadores das deficiências estabelecidas na lei. Assim dispõe o art. 1º da Lei nº 8.989/95: Art. 1o Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI os automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos, de no mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de combustão, quando adquiridos por: (...) IV – pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal; § 1o Para a concessão do benefício previsto no art. 1o é considerada também pessoa portadora de deficiência física aquela que apresenta alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentandose sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. (...) Fl. 60DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 61 5 § 3o Na hipótese do inciso IV, os automóveis de passageiros a que se refere o caput serão adquiridos diretamente pelas pessoas que tenham plena capacidade jurídica e, no caso dos interditos, pelos curadores. (Incluído pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003) § 4o A Secretaria Especial dos Diretos Humanos da Presidência da República, nos termos da legislação em vigor e o Ministério da Saúde definirão em ato conjunto os conceitos de pessoas portadoras de deficiência mental severa ou profunda, ou autistas, e estabelecerão as normas e requisitos para emissão dos laudos de avaliação delas. Por sua vez o art. 4º do Decreto nº 3.298/99 define o que se considera deficiência física: Art. 4o É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I deficiência física alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentandose sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; (...) Por sua vez a IN SRF nº 607/2006 que regulamentava a concessão do benefício à época do pedido, assim dispunha: Art. 2º As pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, ainda que menores de dezoito anos, poderão adquirir, diretamente ou por intermédio de seu representante legal, com isenção do IPI, automóvel de passageiros ou veículo de uso misto, de fabricação nacional, classificado na posição 87.03 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi). § 1º Para a verificação da condição de pessoa portadora de deficiência física e visual, deverá ser observado: I no caso de deficiência física, o disposto no art. 1º da Lei nº 8.989, de 1995, com as alterações da Lei nº 10.182, de 2001, e da Lei nº 10.690, de 2003, e no Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999; II no caso de deficiência visual, o disposto no § 2º do art. 1º da Lei nº 8.989, de 1995, com as alterações da Lei nº 10.182, de 2001, e da Lei nº 10.690, de 2003. § 2º A condição de pessoa portadora de deficiência mental severa ou profunda, ou a condição de autista, será atestada Fl. 61DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 62 6 conforme critérios e requisitos definidos pela Portaria Interministerial SEDH/MS nº 2, de 21 de novembro de 2003. § 3º O direito à aquisição com o benefício da isenção de que trata o caput poderá ser exercido apenas uma vez a cada dois anos, sem limite do número de aquisições, observada a vigência da Lei nº 8.989, de 1995. § 4º Considerase adquirente do veículo com isenção do IPI a pessoa portadora de deficiência ou o autista que deverá praticar todos os atos necessários ao gozo do benefício, diretamente ou por intermédio de seu representante legal. Art. 3º Para habilitarse à fruição da isenção, a pessoa portadora de deficiência física, visual, mental severa ou profunda ou o autista deverá apresentar, diretamente ou por intermédio de seu representante legal, requerimento conforme modelo constante do Anexo I, acompanhado dos documentos a seguir relacionados, à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de sua jurisdição, dirigido ao Delegado da Delegacia da Receita Federal (DRF) ou ao Delegado da Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária (Derat), competente para deferir o pleito: I Laudo de Avaliação, na forma dos Anexos IX, X ou XI, emitido por prestador de: a) serviço público de saúde; ou b) serviço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde (SUS). II Declaração de Disponibilidade Financeira ou Patrimonial da pessoa portadora de deficiência ou do autista, apresentada diretamente ou por intermédio de seu representante legal, na forma do Anexo II desta Instrução Normativa, disponibilidade esta compatível com o valor do veículo a ser adquirido; III declaração na forma dos Anexos XII ou XIII, se for o caso; IV documento que comprove a representação legal a que se refere o caput, se for o caso; e V documento que prove regularidade da contribuição previdenciária, expedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). § 1º A unidade da SRF mencionada no caput verificará a regularidade fiscal relativa aos tributos e contribuições administrados pela SRF e à dívida ativa da União. § 2º Na hipótese do inciso V do caput, caso o INSS não emita o documento ali referido, o interessado deverá: I comprovar, por intermédio de outros documentos, a referida regularidade; ou Fl. 62DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 63 7 II apresentar declaração, sob as penas da lei, de que não é contribuinte ou de que é isento da referida contribuição. § 3º Caso a pessoa portadora de deficiência ou o autista, beneficiário da isenção, não seja o condutor do veículo, por qualquer motivo, o veículo deverá ser dirigido por condutor autorizado pelo requerente, conforme identificação constante do Anexo VIII desta Instrução Normativa. § 4º Para fins do § 3º, poderão ser indicados até 3 (três) condutores autorizados, sendo permitida a substituição destes, desde que o beneficiário da isenção, diretamente ou por intermédio de seu representante legal, informe este fato à autoridade competente que autorizou o benefício, apresentando, na oportunidade, novo Anexo VIII com a indicação de outro (s) condutor (es) autorizado (s) em substituição àquele (s). § 5º A indicação de condutor(es) de que trata o § 4º não impede que a pessoa portadora de deficiência conduza o veículo, desde que esteja apto para tanto, observada a legislação específica. § 6º Para efeito do disposto no inciso I do caput, poderá ser considerado, para fins de comprovação da deficiência, laudo de avaliação obtido: I no Departamento de Trânsito (Detran) ou em suas clínicas credenciadas, desde que contenha todas as informações constantes dos Anexos IX, X ou XI desta Instrução Normativa. II por intermédio de Serviço Social Autônomo, sem fins lucrativos, criado por lei, fiscalizado por órgão do Poderes Executivo ou Legislativo da União, observados os modelos de laudo constantes dos Anexos IX, X ou XI desta Instrução Normativa. Na análise do pedido a DRF/Taubaté orientou o contribuinte para que apresentasse novo laudo médico devidamente preenchido pois o juntado à fl. 08 estavam em branco os campos relativos ao “tipo de deficiência” e “descrição detalhada da deficiência”. Pediu também que juntasse nova carteira de habilitação pois a de fl. 3 já estava vencida. Em resposta, fl. 29, o contribuinte respondeu que os espaços do laudo eram pequenos tendo os médicos signatários do laudo, apresentado relatório a parte que estavam acostados no referido laudo. Ao analisar referidos documentos a DRF/Taubaté proferiu despacho decisório, fls. 33/35, indeferindo a concessão do benefício em função do que dispõe o art. 111 do CTN o qual prescreve que deve ser literal a interpretação da legislação que outorga isenção. Neste sentido considerou que o contribuinte não comprovou a existência de deficiência física definida no art. 4º, inc. I, do Decreto nº 3.298/99. Em sua impugnação o contribuinte apresentou novo laudo médico, fl. 40. O laudo é assinado por três médicos e nele consta os seguintes termos: “Atestamos, para a finalidade de concessão do benefício previsto no inc. IV do art. 1º da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995 e alterações posteriores, que o requerente Fl. 63DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 13881.000166/200865 Acórdão n.º 3301002.410 S3C3T1 Fl. 64 8 retroqualificado possui a deficiência abaixo assinalada: Tipo de deficiência: Seqüela de AVC com CID I66, I20, I10 e E10. Descrição detalhada da deficiência: Diabetes Melitus II, Insuficiência Coronariana, Cirurgia Revascularização do Miocárdio, Seqüela AVC e Hipertensão Arterial” É bem verdade que os técnicos da Receita Federal não são médicos e naturalmente não têm que entender das especificações técnicas constantes dos laudos. Esta a razão, na minha opinião, de que o laudo está sendo concedido para a finalidade de concessão do benefício previsto no inc. IV do art. 1º da Lei nº 8.989/95, conforme bem destacado na transcrição acima efetuada. Todos os documentos acostados ao processo, mais especificamente, os atestados médicos de fls. 12, 14 e 15, os quais juntamente com o laudo acima citado, apresentam conteúdos convergentes de que o requerente possui seqüela motora devido ao AVC. Portanto, a minha convicção é de que o requerente apresenta os requisitos necessários para fruição do benefício de isenção de IPI previsto na Lei nº 8.989/95. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 64DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 24/ 10/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS
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Numero do processo: 13888.908799/2012-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/12/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA.
Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar as alegações que oponha ao ato administrativo. Inadmissível a mera alegação da existência de um direito.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-002.446
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl.
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PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus de comprovar as alegações que oponha ao ato administrativo. Inadmissível a mera alegação da existência de um direito. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez, Andrada Márcio Canuto Natal, Mônica Elisa de Lima, Luiz Augusto do Couto Chagas e Sidney Eduardo Stahl. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 87 99 /2 01 2- 30 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13888.908799/201230 Acórdão n.º 3301002.446 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de pedido de compensação formulado pela Recorrente que foi não homologado diante da inexistência de crédito. A Recorrente apresentou em face do indeferimento, Manifestação de Inconformidade alegando que o seu crédito é oriundo de bens e serviços utilizados como “insumos” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de produtos destinados à venda e que após um levantamento contábil minucioso apurou um crédito que não havia sido anteriormente aproveitado. A DRJ de Belo Horizonte julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/12/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em Recurso Voluntário a Recorrente aponta que possui os créditos pleiteados, que o seu crédito é oriundo de bens e serviços utilizados como “insumos” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de produtos destinados à venda e que após um levantamento contábil minucioso apurou um crédito que não havia sido anteriormente aproveitado e que somente não retificou as declarações de modo que os mesmos devem ser homologados. É o que importa relatar. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13888.908799/201230 Acórdão n.º 3301002.446 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. No presente caso, apesar da contribuinte reiteradamente se manifestar acerca do seu direito creditório e ter sido avisada pela DRJ de que deveria comproválo, conforme consta reiteradamente no acórdão da Manifestação de Inconformidade, a mesma não apresentou nenhuma prova. Prova conforme o velho e conhecido Aurélio Buarque de Holanda é aquilo que atesta a veracidade ou a autenticidade de alguma coisa; uma demonstração evidente. Prova, portanto, serve para demonstrar uma verdade, quer da Fazenda, quer da Contribuinte com relação aos fatos apresentados. Lembremonos que estamos diante de um pedido de compensação e que cabe ao contribuinte administrado apresentar as provas do seu direito creditório. Tratase de postulado do Código de Processo Civil, subsidiariamente aplicável ao PAF, vejamos: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, na hipótese da compensação pleiteada, recairia sobre a interessada o ônus de provar a pretensão deduzida; provar que tinha o crédito para realizar a compensação declarada. Logo, seria imprescindível que provas e argumentos fossem carreados aos autos, no sentido de refutar o procedimento fiscal, e que essas provas se revestissem de toda força probante capaz de propiciar o necessário convencimento e, conseqüentemente, descaracterizar o que lhe foi imputado pelo fisco. Consignese que o artigo 170 da Lei n.º 5.172, de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional) estabelece como requisito para compensação que o crédito seja líquido e certo. No caso em discussão, o direito creditório não se apresentou líquido e certo, pois a requerente não comprovou por meio de demonstrativos, da escrituração fiscal e dos lançamentos contábeis ou quaisquer outros documentos o valor de seu crédito. Nesse sentido voto por julgar improcedente o presente Recurso Voluntário. Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 131DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13888.908799/201230 Acórdão n.º 3301002.446 S3C3T1 Fl. 5 4 Fl. 132DF CARF MF Impresso em 15/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 10314.004970/2011-65
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/04/2011
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. POSSIBILIDADE.
É lícito ao Fisco, visando a prevenir a decadência, proceder a lançamento mediante a lavratura de auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de antecipação de tutela em ação ordinária. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR
As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária.
Numero da decisão: 3803-006.619
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 28/04/2011 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. POSSIBILIDADE. É lícito ao Fisco, visando a prevenir a decadência, proceder a lançamento mediante a lavratura de auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de antecipação de tutela em ação ordinária. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
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BENEFICIENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 28/04/2011 MATÉRIA SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Súmula CARF nº 1. INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/04/2011 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO. POSSIBILIDADE. É lícito ao Fisco, visando a prevenir a decadência, proceder a lançamento mediante a lavratura de auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de antecipação de tutela em ação ordinária. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa, enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 49 70 /2 01 1- 65 Fl. 320DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços das Declarações de Importação sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; Fl. 321DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.004970/201165 Acórdão n.º 3803006.619 S3TE03 Fl. 321 3 c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 28/04/2011 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo Fl. 322DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. Cientificada da decisão em 16/10/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 30/10/2013, em que reitera os mesmos termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar de Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Fl. 323DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.004970/201165 Acórdão n.º 3803006.619 S3TE03 Fl. 322 5 Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 324DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de Fl. 325DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.004970/201165 Acórdão n.º 3803006.619 S3TE03 Fl. 323 7 lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2]. 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, Fl. 326DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Pedido de intimação no endereço do advogado Quanto a este pedido, no rito do Processo Administrativo Fiscal não há respaldo legal para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa e no domicílio do advogado constituído pelo contribuinte. Este entendimento é assente nos julgamentos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O princípio do informalismo é próprio do processo administrativo, e nesse pressuposto os administrados detêm a capacidade de postular, sendo facultativa a representação por advogado. Em observância das disposições do art. art. 23 do Decreto nº 70.235/72, as intimações devem ser feitas diretamente ao administrado, em seu domicílio tributário, não implicando em nulidade do acórdão o desatendimento deste pleito da Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 327DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.004970/201165 Acórdão n.º 3803006.619 S3TE03 Fl. 324 9 § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. [grifos aqui] Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 328DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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