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Numero do processo: 16561.720095/2013-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1401-000.432
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, RESOLVERAM converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Adolfo Mendes, Luciana Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas-Bôas (relator), Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia de Carli Germano.
Nome do relator: MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, RESOLVERAM converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto - Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Adolfo Mendes, Luciana Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas-Bôas (relator), Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia de Carli Germano.
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Ágio sem confusão patrimonial. Recorrente Veyance Technologies do Brasil Produtos de Engenharia Ltda. Recorrida Fazenda Nacional Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, RESOLVERAM converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Adolfo Mendes, Luciana Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar VillasBôas (relator), Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia de Carli Germano. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 65 61 .7 20 09 5/ 20 13 -9 9 Fl. 2323DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 18 /10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 16561.720095/201399 Resolução nº 1401000.432 S1C4T1 Fl. 4 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face do Acórdão nº 1452.725 da DRJ de Ribeirão Preto/SP que julgou, por unanimidade, improcedente a Impugnação apresentada pela contribuinte. Ao tentar analisar a tempestividade do Recurso Voluntário, este Relator ficou impedido de fazêlo, pois não há nos autos prova da intimação da Recorrente, de modo que se torna impossível aferir se o Recurso dela foi, de fato, interposto dentro do prazo de 30 dias. A tempestividade é provável, pois o despacho de encaminhamento da Autoridade de Origem assinalou que o Recurso Voluntário seria tempestivo, enquanto que a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões sem questionar a tempestividade. De qualquer forma, na falta do Aviso de Recebimento (AR), do envelope de postagem ou do Termo de Solicitação de Juntada do Recurso Voluntário ao sistema, a própria Fazenda Nacional deve ter ficado impossibilitada de aferir a tempestividade, o que justificaria não ter entrado na questão. É o brevíssimo relatório. Voto Conselheiro MARCOS DE AGUIAR VILLASBÔAS Relator. Conforme esta turma tem procedido em situações semelhantes, ainda que exista Despacho de Encaminhamento atestando a tempestividade do Recurso Voluntário, é necessário que o processo seja baixado em diligência para dirimir qualquer dúvida. A despeito de a Autoridade de Origem analisar a tempestividade do Recurso para efeito de admitilo, é dever do CARF reanalisar se há tempestividade para que possa conhecêlo. Deste modo, o posicionamento da origem é um indicador para o CARF, mas não o vincula. Como relatado, não há no eprocesso a prova da intimação da Recorrente. O Acórdão é datado de 8 de agosto de 2014, enquanto que o Recurso Voluntário é datado de 5 de novembro de 2014. Apenas de posse do documento que comprova a intimação será possível ter ciência da data em que ela ocorreu e, então, aferir se o Recurso é mesmo tempestivo. Fl. 2324DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 18 /10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS Processo nº 16561.720095/201399 Resolução nº 1401000.432 S1C4T1 Fl. 5 3 Conclusão Pelo exposto, oriento o meu voto no sentido de baixar o processo em diligência para que a Autoridade de Origem junte ao eprocesso o documento que comprova a intimação da Recorrente acerca do Acórdão da DRJ, a partir do qual será possível obter a data de intimação. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Fl. 2325DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/10/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS, Assinado digitalmente em 18 /10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por MARCOS DE AGUIAR VILLAS B OAS
score : 1.0
Numero do processo: 10882.901000/2008-60
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.027
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2003 a 30/06/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 10 00 /2 00 8- 60 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3402001.304, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 171DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 174DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901000/200860 Acórdão n.º 9303004.027 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 177DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721819/2009-13
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ARL-ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE
A falta de averbação da ARL-Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR.
Recurso especial conhecido e negado.
Numero da decisão: 9202-004.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(Assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Redatora-Designada
EDITADO EM: 11/09/2016
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ARLÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE A falta de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR. Recurso especial conhecido e negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 18 19 /2 00 9- 13 Fl. 170DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – RedatoraDesignada EDITADO EM: 11/09/2016 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Cuidase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o Acórdão nº 2802001.212 da 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, julgado na sessão de 30 de novembro de 2011, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 SUJEIÇÃO PASSIVA, POSSUIDOR A QUALQUER TITULO. Comprovado nos autos que o contribuinte detinha a posse do imóvel rural à época do fato gerador, é ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural na qualidade de possuidor a qualquer título, sendo irrelevante a existência de documento legítimo de propriedade. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. A menos que o contribuinte apresente Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, com elementos de convicção suficientes para demonstrar que o valor da terra nua é inferior ao valor constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, mantémse o valor arbitrado pela fiscalização. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721819/200913 Acórdão n.º 9202004.372 CSRFT2 Fl. 10 3 Recurso Negado Na origem, tratase de Notificação de Lançamento nº 01.246344, que tem por objeto Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Jamef X”, com NIRF – Número do Imóvel na Receita Federal 5.458.8227, referente ao exercício 2005, a título de glosa de valores de “área de reserva legal” e “alteração do valor da terra nua”. Os fatos geradores foram assim descritos pela autoridade fiscal (fl. 3): Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de reserva legal no imóvel rural. O documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Valor da Terra Nua declarado não comprovado Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo como base as informações do Sistema de Preços de Terra – SIPT da RFB. Os valores do DIAT encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Complemento da Descrição dos Fatos: Os valores apurados neste Lançamento de Oficio decorrem da falta de recolhimento do ITR em virtude' da glosa (total) (e) (parcial), (respectivamente), das áreas declaradas exclusas da tributação a titulo de (Áreas de Preservação Permanentes e de Utilização Limitada Área de Reserva Legal), e sua conseqüente reclassificação como área tributável, tendo em vista que o contribuinte não logrou êxito, mediante documentação comprobatória prevista na legislação do imposto em epigrafe, na isenção das áreas supramencionadas, conforme os procedimentos de auditoria interna de Malhas da RFB, mediante verificação dos dados informados na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR DIAC/DIAT). O processo judicial alegado pela empresa ainda não transitou em julgado (Comarca de Igarapé Miri n° 2001.1.0000053). O contribuinte apresentou impugnação requerendo a improcedência da notificação fiscal, pois aduz que, em que pese ter firmado contrato de compra e venda do bem, não houve, por impossibilidade jurídica, a transferência da propriedade e o notificado jamais tomou posse do bem, nem a título precário, razão pela qual não pode ser enquadrado como sujeito passivo do crédito tributário. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 4 A impossibilidade jurídica decorre de uma ação judicial ajuizada pelo Instituto de Terras do Pará (ITERPA) perante a Comarca de IgarapéMiri, visando a nulidade e cancelamento da matrícula, transcrições e averbações da propriedade, na qual foi concedida a liminar para impedir eventuais anotações na matrícula desde a aquisição originária em 1967. Em que pese os impedimentos, o contribuinte alegou ter recolhido os tributos incidentes sobre o imóvel, a fim de resguardar os seus interesses, mas, por não ser proprietário, não pode ser responsabilizado pelo lançamento suplementar. Aduziu, também: a decadência do lançamento, pois decorreram cinco anos entre o fato gerador, exercício 2005, e o lançamento por arbitramento suplementar, em 08/06/2009; que a exigência do ADA com base na IN/SRF fere o princípio da legalidade; que a forma de cálculo do VTN seguindo a NBR 14.6533 da ABNT afronta o princípio da legalidade. Ao examinar a impugnação, a Delegacia Regional de Julgamento julgou improcedente, mantendo o crédito tributário, motivando a interposição do Recurso Voluntário, apenas reiterando os argumentos. Do julgamento do Recurso Voluntário, os membros da Turma, por unanimidade, acordaram por negar provimento ao recurso por entender que: as provas nos autos comprovam que o contribuinte detinha a posse do imóvel, a qualquer título, sendo ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural; é imprescindível a averbação no registro do imóvel da área de reserva legal para obter a isenção do imposto; o valor da terra nua arbitrado pela fiscalização deve ser mantido diante da ausência de apresentação de Laudo Técnico de Avaliação válido. Contra a r. decisão, o contribuinte opôs Embargos de Declaração aduzindo que “não há comprovação de qualquer ato condizente com o exercício da posse” e requerendo manifestação expressa a este respeito, mas o recurso não foi admitido. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Especial visando rediscutir a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal para exclusão da tributação do ITR, suscitando como paradigma os acórdãos nºs 30237.930 e 210100.406. Devidamente intimada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, reiterando os termos da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721819/200913 Acórdão n.º 9202004.372 CSRFT2 Fl. 11 5 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Quanto à admissibilidade, entendo cumpridos todos os requisitos e delimito a matéria sobre a necessidade ou não de averbação em registro de imóveis de área de reserva legal. Da Área de Utilização Limitada/Reserva Legal A glosa deuse por não ter sido atendida à averbação de reserva legal, no Cartório de Registro de Imóveis, à época do fato gerador do ITR, no caso, em 1 de janeiro de 2005. Outrossim, lembro que a reserva legal, por definição de lei, é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Quanto à necessidade de averbação da área de reserva legal em Cartório, esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido no RP/303123968, de autoria do Ilustre Conselheiro Otacílio Dantas Cartaxo, in verbis: A matéria subjudice foi abordada de forma analítica e exaustiva no acórdão n° 30331.340 pelo ilustre Conselheiro Zenaldo Loibman, que passou a modelar a jurisprudência deste egrégio Conselho, e tomo de empréstimo suas razões de julgar, verbis: Para analisar a questão das áreas de reserva legal, de preservação permanente e de interesse ecológico, devo dizer que a matéria esteve pacificada no âmbito deste Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes por algum tempo no sentido de se entender dispensável a averbação da área de reserva legal à margem do registro no Cartório competente, mas recentemente levantouse questão sobre uma nova interpretação defendida pela emérita Conselheira Anelise D. Prieto, a respeito do § 7o do art. 10 introduzido na Lei 9.393/96 pela MP 2.166 67/2001, quando confrontado com o que determina a Lei 4.771/66, com a redação dada pela MP 1.511/96 e alterações posteriores determinadas pela própria MP 2.16667/2001. Analisemos com cuidado. Uma consulta ao texto da Medida Provisória n° 2.16667, publicada no DOU de 25/08/2001, esclarece que ela determinou alterações na Lei 4.771/65 (arts. Io , 4o, 14, 16 e 44) e também acrescentou um § 7o ao art. 10° da Lei 9.393/1996. Sublinhese que o mesmo texto normativo, a MP 2.16667/2001, determinou alterações na Lei 4.771/65 (Código Florestal) e na Lei 9.393/96, incluindo Fl. 174DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 6 neste um § 7o que trata especificamente de declaração para fim de isenção de áreas de preservação permanente, reserva legal e de servidão florestal. A questão que se pretende levantar como uma nova interpretação a ser dada ao disposto no referido § 7o , seria a de que a redação da Lei 4.771/65 manteria a exigência de averbação à margem da matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis, e que a não satisfação de tal exigência desautorizaria o reconhecimento de isenção das áreas mencionadas no cálculo do ITR. Uma interpretação sistemática e teleológica do dispositivo legal não autoriza tal entendimento. Como se justificaria que o mesmo texto legal, a MP 2.166 67/2001, pudesse ao recomendar alterações no Código Florestal pretender que se observasse como requisito para o reconhecimento da isenção do ITR a averbação da áreas mencionadas e, em outra passagem destinar comando que alteração a redação da Lei 9.393/96 para introduzir precisamente o § 7o do art. 10, com a determinação de que a declaração para o fim de isenção do ITR, relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" (preservação permanente e reserva legal) e "d" (servidão florestal) do inciso II, § I o do art. 10, não está sujeita à previa comprovação por parte do declarante, acrescentando, ainda, que é de responsabilidade do declarante qualquer comprovação posterior, pelo fisco, de inveracidade da declaração. De fato não há contradição na MP citada. As referências que existem na Lei 4.771/65 (Código Florestal), já consideradas as alterações introduzidas pela MP, são claramente voltadas ao cuidado de manter tais áreas sob preservação, onde a averbação da área de reserva legal ou de servidão florestal devem ser feitas para que conste nos termos de transmissão do imóvel a qualquer título. Observase idêntica preocupação quanto à posse do imóvel rural, conforme art. 16, § 10 da Lei 4.771/65, quando, por não ser viável a providência da averbação na matrícula do imóvel, assegurase a área de reserva legal mediante Termo de Ajustamento de Conduta firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Ora, se não há obrigatoriedade sequer de prévia comprovação para o fim especificado de informar a existência de áreas legalmente isentas de ITR, muito menos há de que as respectivas áreas estejam averbadas no Cartório de Imóveis. O comando da averbação tem como finalidade, distinta do aspecto tributário, qual seja a segurança ambiental, a conservação do estado das áreas na hipótese de transmissão a qualquer título, para que se confirme, civil e penalmente, a responsabilidade de terceiros eventuais adquirentes. Tanto é assim que mesmo no caso em que não se pode falar em averbação na matrícula do imóvel no CRI, quando por exemplo se trate de posse, ainda assim devese garantir o que interessa ao Código Florestal, a garantia da responsabilidade do posseiro e de eventuais adquirentes do imóvel, a qualquer título, o que se faz por outro instrumento, o Termo de Ajustamento de Conduta, a ser firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Consiste numa declaração de compromisso de conservação de características ecológicas básicas e proibição de supressão de vegetação, constando evidentemente a localização da reserva legal, porque é ela que define o caráter da área, previsto em lei. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721819/200913 Acórdão n.º 9202004.372 CSRFT2 Fl. 12 7 E frágil e superficial, concentrar na averbação do ADA junto à matrícula do imóvel ou no Termo de Ajustamento de Conduta perante o IBAMA, a responsabilidade de constituição do direito de isenção. A exclusão de tais áreas do universo tributável pelo ITR, não se dá por benesse do IBAMA ou da SRF, mas exclusivamente por se tratar de área definida legalmente, em termos de características ecológicas e localização especifica no território nacional. Por meio da IN SRF 60/2001, a administração tributária tentou estabelecer um vínculo entre a necessidade de averbação do ADA e o gozo da isenção. Ocorre que a averbação prevista, na Lei 4.771/65, visava tãosomente a responsabilizar o proprietário e eventuais adquirentes pela conservação ambiental. Com isso o procedimento da SRF feriu de morte o princípio da legalidade. Não há base legal para tal procedimento. É até possível entender asua utilidade para um controle tributário que além de se municiar de ato declaração do contribuinte (que se fosse só por isso seria inútil), vise, isto sim, a seleção de contribuintes para fiscalização. Não se pode admitir é a política de omissão em fiscalizar o ITR, assim como não se justifica a omissão do IBAMA em termos de fiscalização ambiental. No entanto, é para isso que aponta a mencionada IN SRF, parece esperar que apenas uma providência cartorial e burocrática de declaração do IBAMA mediante informações prestadas pelo contribuinte, averbada em Cartório de Imóveis, possa ter a virtude de constituir uma exclusão tributária. Agir assim é faltar ao compromisso social de fiscalização do tributo, e, principalmente, é afastarse perigosamente do Estado de Direito. É por suas características e localização, que a área indicada se enquadra ou não na definição legal de utilização limitada ou de preservação permanente, e por esse motivo está ou não excluída de tributação, e a constatação disso assim como não deve se restringir à leitura da DITR, não deve se restringir ao ADA, esteja ou não averbado. A primeira vista nada impede a SRF de estabelecer penalidade por descumprimento de obrigação acessória, motivada pela não apresentação de ADA averbado, ou de Termo de Ajustamento de Conduta protocolado junto ao IBAMA, no prazo fixado pela própria SRF, mas apenas por que este fato pode representar um entrave ao procedimento de fiscalização, a infração ao prazo ou à averbação exigida por ato normativo expedido pela SRF não pode de forma alguma ter o alcance de criar, além da lei, requisito ou condição para o gozo de isenção. Poderia, no máximo, além de motivar uma multa por descumprimento de obrigação acessória, constituir critério de prioridade para a seleção de contribuintes a serem fiscalizados. Entender diferente, que um aspecto tributário importante como definir um requisito para o beneficio da isenção, mesmo se dispondo de um ambiente legal construído, específico e em vigor na Lei 9.393/96, pudesse estar transferido, injustificadamente, para outro diploma legal, cuja finalidade é absolutamente distinta da tributária, é forçar demasiadamente Fl. 176DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 8 um raciocínio que erige um castelo de areia para explicar que o ato de averbar, neste caso do ADA, de alguma forma pudesse ser importante para a isenção do ITR. Ao contrário, é da tradição tributária brasileira que, independentemente do título do rendimento, ele deve ser tributado, a renda independentemente de sua origem, é tributada. Da mesma foram no ITR, em que o proprietário, enfiteuta ou possuidor a qualquer título (inclusive usufrutuário), é contribuinte. Por outro lado, nada impede que, eventualmente, a administração tributária possa pôr em dúvida, serem as áreas declaradas efetivamente de preservação permanente ou de reserva legal, ou de servidão florestal, mesmo quando reconhecidas por via de ato declaratório ambiental do IBAMA averbado. Nesse caso cabe investigar, solicitar comprovações idôneas a demonstrar o estado da propriedade. O que não se admite é que se afirme sustentação legal no Código Florestal, inexistente, para exigir averbação das áreas isentas do ITR, como précondição, obstáculo ao reconhecimento, dessa áreas como isentas no cálculo do ITR. O parágrafo 8º do artigo 16, do Código revogado, após redação dada pela Medida Provisória 2.16667, de 2001, determinava que a área de reserva legal deveria ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. O intuito desse dispositivo era trazer ao fólio real importante informação quanto aos limites da reserva, uma vez que averbação no registro público garantiria publicidade irrestrita, oponível a todos, erga omnis. Esse tipo de infração ao disposto no Código Florestal pode e deve acarretar sanção punitiva, mas que não atinge em nada o direito de isenção do ITR quanto a essas áreas se elas forem de fato de preservação permanente, de reserva legal ou de servidão federal, conforme definição dada na Lei 4.771/65 (Código Florestal). A infração cometida contra a Lei 4.771/65 por aquele que não obedece a limitação de uso de propriedade, é crime ambiental, não tributário, não tem o condão de desfazer a condição de área sob reserva legal, ainda que o proprietário lhe tenha dado indevidamente destinação ilícita^deve dar motivo a sanção apropriada que por certo não é de caráter tributário. Esse entendimento se dá em razão da peculiar situação do contribuinte quanto a impossibilidade prática de realizar os registros. Assim voto por DAR PROVIMENTO ao recurso do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 177DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721819/200913 Acórdão n.º 9202004.372 CSRFT2 Fl. 13 9 Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Designada Primeiramente, cabe esclarecer que a matéria do presente Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, conforme o Despacho de Admissibilidade, é unicamente a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal, para exclusão da tributação do ITR. Quanto à matéria ora tratada, discordo do posicionamento da Ilustre Conselheira Relatora, no sentido da desnecessidade de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para exclusão da tributação do ITRImposto Territorial Rural. O acórdão recorrido assim registrou: "No caso dos autos, a contribuinte não comprovou a averbação da reserva legal à margem da matrícula do imóvel à época do fato gerador nem tampouco apresentou Termo de Ajustamento de Conduta firmado até aquela data, razão pela qual mantémse a glosa efetuada. Destarte, na espécie, não cabe excluir qualquer área ambiental declarada do ITR/2005, para efeitos de exclusão de tributação, mantendose a glosa da área de reserva legal declarada de 7.400,0 há efetuada pela fiscalização." Assim, no que diz respeito à ARLÁrea de Reserva Legal, há um requisito específico para a sua exclusão da tributação do ITR, qual seja, a averbação no registro de imóveis competente. Tal obrigação encontra amparo na Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Medida Provisória nº 16667, de 24/08/2001, conforme a seguir: “Art. 16 As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código." Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR/2005, este foi fixado em 1º/01/2005 (art. 1º da Lei nº. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 10 9.393, de 1996), a averbação da ARL deveria ter sido providenciada até esta data, porém tal providência não foi adotada no presente caso. A despeito das alegações do Contribuinte, no sentido de dispensa da averbação, em função da localização do imóvel na Amazônia Legal, não há previsão legal para o seu acolhimento. E tratandose de exclusão da base de cálculo de tributo, não há que se alargar a interpretação da lei, que é por demais clara no sentido da exigência ora questionada. O Contribuinte alega também que o art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, com as alterações da Medida Provisória nº 2.16667/2001, teria dispensado a averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para fins de sua exclusão da tributação do ITR. Entretanto, dito dispositivo legal não teve tal escopo, visando tãosomente sedimentar a alteração da modalidade de lançamento anterior do ITR (por declaração, conforme a Lei nº 8.847, de 1994), para lançamento por homologação. Assim, a dispensa de comprovação prévia nada tem a ver com dispensa de averbação, e sim com a sistemática de lançamento, igualando o à modalidade dos demais tributos administrados pela Receita Federal. Destarte, tendo em vista que não foi cumprido requisito essencial para a exclusão da ARLÁrea de Reserva Legal da tributação do ITRImposto sobre a Propriedade Territorial Rural, nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 179DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10711.721257/2011-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 26/05/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO.
É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitar-se à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do Decreto-Lei nº 37/66.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-003.434
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 26/05/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INOBSERVÂNCIA AO PRAZO ESTABELECIDO PREVISTO EM NORMA. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO. É obrigação do contribuinte prestar informações sobre a desconsolidação de carga dentro dos prazos previstos no artigo 22 c/c o artigo 50 da IN SRF nº 800/2007, sob pena de sujeitarse à aplicação da multa prevista no artigo 107, inciso I, IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araujo. Relatório Por bem retratar a realidade dos fatos, adoto e transcrevo, no que for relevante, o relatório da decisão de piso proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 72 12 57 /2 01 1- 05 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 3 2 O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação Antes de adentrar na descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a autoridade lançadora fez longa explanação acerca do comércio marítimo internacional, na qual esclarece quem são os intervenientes nessa atividade, a documentação utilizada, as informações a serem prestadas e seus respectivos prazos e a sistemática de utilização delas. Foram apresentados tópicos específicos sobre a obrigatoriedade de prestar informação pelo transportador e sobre a importância, para o controle aduaneiro, de os dados exigidos serem prestados correta e tempestivamente. A fiscalização expôs detalhadamente quais as informações que devem ser prestadas e os respectivos prazos estabelecidos na legislação regente. Em seguida apresentou dispositivo legal que trata da denúncia espontânea esclarecendo que, depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior, esse instituto não é mais aplicável para infrações imputadas ao transportador, por força de expressa disposição do Regulamento Aduaneiro (art. 683, § 3°). Foi também comentado sobre os danos causados ao controle aduaneiro pelo descumprimento das normas referentes à prestação de informações pelos intervenientes no transporte internacional de cargas. Na sequência, a fiscalização discorreu sobre o tipo de infração verificada, inclusive no tocante a sua penalização. Depois, passou a demonstrar a irregularidade apurada que, de acordo com o relatado no tópico Dos Fatos, consistiu na prestação de informação intempestiva referente ao conhecimento eletrônico (CE) ali identificado. De acordo com a autoridade fiscal, a autuada deixou de atender ao prazo estabelecido no parágrafo único, inciso II, do art. 50 da Instrução Normativa RFB n° 800, de 27/12/2007. Assim, a fiscalização considerou caracterizada a infração tipificada no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, e aplicou a multa ali prescrita, que entende ser cabível para cada CE incluído ou retificado após o prazo para prestar informações. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação e, apresentou impugnação na qual aduz os seguintes argumentos. Inobservância do art. 50 da IN RFB 800/2007. Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional. Duplicidade de multa para o mesmo navio/viagem. O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma Fl. 97DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 4 3 embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/2008. Ao final a impugnante requer que seja cancelado o lançamento. A Turma Julgadora "a quo", por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela Recorrente, mantendo integralmente o crédito constituído. Inconformada com o resultado do julgamento, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, reproduzindo os mesmos argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.395, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10711.006561/201030, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.395): 1. Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. 2. Preliminar 2.1 Duplicidade: Cobrança de múltiplas multas decorrente do mesmo fato gerador Em síntese apartada, alega a Recorrente que" O Auto de Infração tem objeto idêntico ao dos processos indicados em seu recurso voluntário, em que também é exigida multa pelo atraso na entrega de informação referente a carga transportada na mesma embarcação a que se refere este processo, não podendo subsistir mais de uma penalidade para o mesmo fato, conforme estabelece a legislação de regência. Assim, se infração houve, nesses casos só poderia ser aplicada multa uma única vez, consoante já decidiu a própria Receita Federal na Solução de Consulta Interna (SCI) n° 8, de 14/2/20081." 1 Trecho destacada no voto: Ora, o transportador que deixou de informar os dados de embarque de uma declaração de exportação e o que deixou de informar os dados de embarque sobre todas as declarações de exportação cometeram a mesma infração, ou seja, deixaram de cumpri a obrigação acessória de informar os dados de embarque. Nestes termos, a multa deve ser aplicada uma única vez por veículo transportador, pela omissão de não prestar as informações exigidas na forma e no prazo estipulados. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 5 4 Em relação ao primeiro ponto suscitado pela Recorrente, na parte em que ela afirma ser impossível existir mais de uma penalidade para o mesmo fato, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento decidiu da seguinte forma: "No caso sob análise não houve uma infração. Examinandose as ocorrências citadas pela fiscalização, verificase que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos. Sendo assim, não se pode afirmar sequer que as infrações são idênticas, uma vez que são diferente seus objetos materiais." Já em relação ao segundo ponto (aplicação da solução de consulta interna Cosit nº 8/2008), a fiscalização justificou seu afastamento com base nos seguintes argumentos. "Todavia, esse entendimento não é aplicável ao caso sob exame. As informações cujos atrasos na prestação deram ensejo ao lançamento são referentes a importação de mercadorias, enquanto a citada decisão soluciona consulta relativa à exportação. Cada um desses tipos de operações envolve peculiaridades próprias, especialmente no tocante ao controle administrativo, as quais se refletem na legislação regente e não podem ser desprezadas. O caso ora apreciado diz respeito à importação de cargas consolidadas, as quais são acobertadas por documentação própria, cujos dados devem ser informados de forma individualizada para a geração dos correspondentes conhecimentos eletrônicos (CE). Esses registros devem representar fielmente as correspondentes mercadorias, a fim de possibilitar à Aduana definir previamente o tratamento a ser adotado a cada caso, de forma a racionalizar procedimentos e agilizar o despacho aduaneiro. Nesses casos, não é viável estender a conclusão trazida na citada SCI, conforme se passa a demonstrar. Pois bem. Em que pese os argumentos explicitados pela Recorrente, fato é que não houve comprovação da existência de duplicidade de cobrança por parte da fiscalização, tampouco argumentos capazes de infirmar o lançamento fiscal ou contradizer os argumentos utilizados pela turma de origem que afirmou " que as multas aplicadas foram decorrentes de condutas similares, porém, relativas a fatos distintos". Sequer um demonstrativo analítico, com os registros relativos as operações tratadas em cada processo apontado no recurso foram produzidas pela Recorrente, em total desrespeito ao artigo 16, inciso III e §4º, do inciso V , do Decreto nº 70.235/72, bem como do artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil. Nestes termos, considerando que a Recorrente deixou inexplicavelmente de comprovar suas alegações, não há como acolher o pedido de nulidade do lançamento suscitado pela contribuinte, restando, assim, prejudicado a análise dos demais argumentos por ela suscitado. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Mérito 3.1. Ilegalidade do Auto de Infração O presente processo administrativo diz respeito a exigência de multa regulamentar pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada, ou sobre operações que executar, prevista no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, pelo fato da Recorrente ter prestado informações sobre a desconsolidação da carga fora do preceitos e prazos previstos nos artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007. Em sede Recursal a Recorrente alegou que "Conforme disposto no caput do art. 50 da IN RFB n° 800/2007, os prazos de antecedência para prestação de informações a Receita Federal entraram em vigor apenas em 1° de abril de 2009, estando a impugnante dispensada de tal obrigação por ocasião do fato que deu ensejo ao Auto de Infração. Tratandose de dispensa do cumprimento de obrigação acessória, a lei tributaria deve ser interpretada literalmente, consoante dispõe o art. 111 do Código Tributário Nacional". Como se vê, a multa sob análise foi aplicada com fundamento no artigo 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei º 37/66, com a redação dada pelo artigo 77 da Lei nº 10.833/2003, que assim disciplina: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; Do que se extrai do artigo 77 alhures, é que sua finalidade visa penalizar os contribuintes que descumprirem as obrigações acessórias, na forma e nos prazos instituídos pelo legislador e/ou pela Receita Federal, com aplicação de multa. Além disso, a obrigação do agente de carga de prestar as informações à Receita Federal do Brasil está prevista no artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003, a saber: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Fl. 100DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 7 6 § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Já no que tange ao prazo e forma para prestar informações à fiscalização, os artigo 22 e 50, da Instrução Normativa SRF nº 800/2007, assim dispõem: Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: I as relativas ao veículo e suas escalas, cinco dias antes da chegada da embarcação no porto; e II as correspondentes ao manifesto e seus CE, bem como para toda associação de CE a manifesto e de manifesto a escala: a) dezoito horas antes da saída da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, exceto quando se tratar de granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) b) cinco horas antes da saída da embarcação, para manifestos de cargas estrangeiras com carregamento em porto nacional, quando toda a carga for granel; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) c) cinco (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) d) quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação, para os manifestos de cargas estrangeiras com descarregamento em porto nacional, ou que permaneçam a bordo; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. § 1o Os prazos estabelecidos neste artigo poderão ser reduzidos para rotas e prazos de exceção. § 2º As rotas de exceção e os correspondentes prazos para a prestação das informações sobre o veículo e suas cargas serão registrados no Siscomex Carga pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana), a pedido da unidade da RFB com jurisdição sobre o porto de atracação, de forma a garantir a proporcionalidade do prazo em relação à proximidade do porto de procedência. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 8 7 (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 3o Os prazos e rotas de exceção em cada porto nacional poderão ser consultados pelo transportador. § 4º O prazo previsto no inciso I do caput reduzse a cinco horas, no caso de embarcação que não esteja transportando mercadoria sujeita a manifesto ou arribada. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 5º Os CE de serviço informados até a atracação ou registro do passe de saída serão dispensados dos prazos de antecedência previstos nesta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 6º Para os manifestos de cargas nacionais, as informações a que se refere o inciso II do caput devem ser prestadas antes da solicitação do passe de saída. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1621, de 24 de fevereiro de 2016) *** Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. Com todo respeito aos argumentos tecidos pela Recorrente, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, os prazos mínimos de prestação de informações à Receita Federal do Brasil (vide artigo 22, da IN 800/2007 e IN 899/2008), passaram a ser obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009, exceção feita as hipóteses dos incisos do artigo 50, a saber: (i) sobre a escala; e (ii) sobre as cargas transportadas, que permaneceram válidas e vigentes, produzindo seus efeitos legais e jurídicos. Ou seja, embora o prazo previsto no artigo 22 não se aplique a fatos ocorridos em data anterior a 1º de abril de 2009, a Recorrente deveria ter observado as demais obrigações previstas no parágrafo único do artigo 50, sob pena de ensejar a aplicação da multa em comento. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 9 8 Assim, considerando que a obrigação do agente de cargas de apresentar as informações antes da atracação da embarcação era obrigatória, entendo legítima a penalidade imposto à Recorrente. No mais, destacase que o artigo 37, §1º, do DecretoLei nº 37/66, com a redação dada pelo artigo 77, da Lei nº 10.833/2003 define, igualmente ao previsto no artigo 2º, da IN 800/20072, o agente de carga como sendo " qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos". Ou seja, referido dispositivo equipara o agente de carga ao transportar para efeitos de aplicação da multa em comento. Este destaque se faz necessário na medida em que a Recorrente suscitou a aplicação do artigo 110, do Código Tributário Nacional, arguindo que a fiscalização ao equiparar o agente de cargas ao transportador, para efeito da obrigação tributária acessória em apreço que no seu texto normativo prevê a obrigação somente ao transportar distorce conceitos de direito privado, o que é expressamente vedado pelo referido artigo. Cita a definição de "transportar" e "agente de cargas" do Dicionário Aurélio como fonte de direito privado. O artigo 110 do CTN prevê: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e forma de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributária. Ao contrário do que explicitou a Recorrente, suas razões não merecem respaldo. A uma porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" extraída do Dicionário Aurélio não é fonte de direito privado e, a duas porque a definição de "transportar" e "agente de cargas" não estão previstas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados, ou nas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios. Portanto, considerando que o Decreto 37/66 e a IN 800/2007 não alteraram definição prevista nos diplomas legais citados no artigo 110, do CTN, fica afastada a alegação da Recorrente neste ponto. Por fim, não vejo que o artigo 150, inciso III, da Constituição Federal tenha aplicabilidade ao presente caso, posto que referido dispositivo impede a cobrança de tributo antes da vigência da lei que os instituiu, ao que passo que no presente a discussão corresponde a aplicação de multa administrativa por descumprimento de obrigação acessória, institutos estes totalmente distintos e que não se confundem. O artigo 3º, do Código Tributário Nacional é claro ao definir tributo como sendo "toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada." 2 Art. 2o Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: § 1o Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: IV o transportador classificase em: e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; Fl. 103DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10711.721257/201105 Acórdão n.º 3302003.434 S3C3T2 Fl. 10 9 Como se vê, o legislador ao estabelecer que tributo não constitui sanção de ato ilícito, faz a diferenciação fundamental entre tributo e multa, deixando cristalino que um não se confunde com o outro. Isso porque, tributo somente pode ter, por fato gerador, situação lícita, fato lícito, ao contrário da sanção, que por excelência tem o fato gerador proveniente de ato ilícito. Por todo exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeitase a preliminar de nulidade e, no mérito, negase provimento ao recurso voluntário. Ricardo Paulo Rosa Fl. 104DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/10/2016 por AREOVALDO MARIANO TAVARES, Assinado digitalmente em 21/10 /2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10120.004466/2007-56
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2002
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. Apenas se conhece recurso especial em que a divergência de interpretação entre as Turmas julgadoras esteja demonstrada analiticamente, com a indicac¸a~o dos pontos do acórdão paradigma que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido (RICARF, art. 67, § 8°).
SÚMULA 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 9101-002.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em na~o conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas concluso~es o conselheiro Marcos Aure´lio Pereira Valada~o (presidente em exerci´cio).
(assinado digitalmente)
MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA~O - Presidente em exerci´cio.
(assinado digitalmente)
LUÍS FLÁVIO NETO - Relator.
EDITADO EM: 24/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAU´JO (Suplente convocado em substituic¸a~o a` conselheira Maria Teresa Martinez Lopez), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA (suplente convocado em substituic¸a~o a` conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA~O (Presidente em exerci´cio), LUIS FLAVIO NETO, NATHALIA CORREIA POMPEU.
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em na~o conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas concluso~es o conselheiro Marcos Aure´lio Pereira Valada~o (presidente em exerci´cio). (assinado digitalmente) MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA~O - Presidente em exerci´cio. (assinado digitalmente) LUÍS FLÁVIO NETO - Relator. EDITADO EM: 24/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAU´JO (Suplente convocado em substituic¸a~o a` conselheira Maria Teresa Martinez Lopez), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA (suplente convocado em substituic¸a~o a` conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA~O (Presidente em exerci´cio), LUIS FLAVIO NETO, NATHALIA CORREIA POMPEU.
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Apenas se conhece recurso especial em que a divergência de interpretação entre as Turmas julgadoras esteja demonstrada analiticamente, com a indicacã̧o dos pontos do acórdão paradigma que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido (RICARF, art. 67, § 8°). SÚMULA 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas conclusões o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente em exercício). (assinado digitalmente) MARCOS AURELIO PEREIRA VALADÃO Presidente em exercício. (assinado digitalmente) LUÍS FLÁVIO NETO Relator. EDITADO EM: 24/08/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 44 66 /2 00 7- 56 Fl. 591DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAÚJO (Suplente convocado em substituiçaõ à conselheira Maria Teresa Martinez Lopez), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA (suplente convocado em substituicã̧o à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), MARCOS AURELIO PEREIRA VALADÃO (Presidente em exercício), LUIS FLAVIO NETO, NATHALIA CORREIA POMPEU. Relatório Conselheiro Luís Flávio Neto, relator. Tratase de recurso especial interposto por PRESERVE AGROFLORESTAL LTDA. (doravante “PRESERVE”, “contribuinte” ou “recorrente”), em face do acórdão n. 110200.645 (doravante “acórdão a quo”), proferido pela 2a Turma Ordinária da 1 a Câmara desta 1 a Seção (doravante “Turma a quo”), assim ementado: Exercício: 2002 PAF – SIMPLES – VEDAÇÃO – Serviços gerais e de assessoria técnica em maciços florestais, é atividade incluída nas proibições de opção pelo Simples, conforme art. 9, XIII, da Lei no. 9.317, de 1996. PAF – ILEGALIDADE Súmula CARF n. 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Em seu recurso voluntário, o contribuinte argumentou, em síntese, que (fls. 530 e seg. do eprocesso): a contribuinte exerce atividades que não demandam a participação de quaisquer dos profissionais elencados no inciso XIII, art. 9o, da Lei n° 9.317/1996, o que restaria comprovado pela qualificação de seus funcionários e por notas fiscais acostadas ao processo; houve erro na elaboração de seu contrato social, ao prever atividades de assessoria técnica em macico̧s florestais, pois nenhuma qualificação técnica é exigida nas atividades que desenvolve; Inconstitucionalidade do Ato Declaratório Executivo n° 112, de 20.08.2007: ao determiner a exclusão da recorrente do Simples Federal a partir 01.09.2001, a referido ato administrativo teria ofendido os princípios da segurança jurídica e irretroatividade. O acórdão a quo reconheceu que possíveis equívocos na elaboração do contrato social do contribuinte não seriam suficientes para a sua exclusão do SIMPLES FEDERAL, sendo necessário averiguar as atividades efetivamente desenvolvidas para se concluir quanto à possibilidade ou não da permanência no aludido regime. No entanto, ao analisar as provas trazidas aos autos, a Turma a quo compreendeu que as atividades indicadas nas notas fiscais do contribuinte de fato demandariam a participação de profissionais de engenharia, o que seria impeditivo para a adesão ao SIMPLES FEDERAL, in verbis: Fl. 592DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.004466/200756 Acórdão n.º 9101002.375 CSRFT1 Fl. 584 3 “Portanto, tratase de verificar a verdade dos fatos. Como bem instruído nos autos e verificado na decisão de primeiro grau, temse que: constam às fls. 02/16: (..) • Cópia de contrato datado de 20/08/2001 (fls.06/09): PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS GERAIS E ASSESSORIA TÉCNICA EM MACIÇOS FLORESTAIS Cópia da primeira alteração contratual, datada de 07/04/2005 (fls.04/05): PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS GERAIS E ASSESSORIA TÉCNICA EM MACIÇOS FLORESTAIS; • Cópias de notas fiscais de prestação de serviços, emitidas em abril/2003, nas quais se verificam as seguintes descrições: replantio, campina manual leve/pesada, manutenção de viveiro, roçada mecânica, controle químico entre linha, repasse combate formiga, exploração de lenha de eucalipto (fls. 12/14). Constam ainda em anexo à manifestação de inconformidade, cópias de notas fiscais emitidas entre 29/20/2001 e 16/08/2007 (fls. 56 a 278). Exemplificamse algumas descrições de serviços registrados em algumas dessas notas: Elaboração de inventário florestal e/ou plano de corte (fl. 78; 83; 86); Prestação de serviços na exploração de lenha de eucalipto (fls. 87; 89; 93); Diárias na limpeza de área (fls. 85; 88; 92); Controle Químico (fls.88; 91; 186; 232); Replantio de espécies nativas (fl. 90); Serviço de trabalhador temporário (fl. 164). Também milita contra a pretensão da Recorrente, a Resolução n° 218, de 29 de junho de 1973, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, e dispõe : Art. I° Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: Atividade 01 Supervisão, coordenação e orientação técnica; Atividade 02 Estudo, planejamento, projeto e especificação; Atividade 03 Estudo de viabilidade técnicoeconômica; Atividade 04 Assistência, assessoria e consultoria; Atividade 05 Direção de obra e serviço técnico; Atividade 06 Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; Atividade 07 Desempenho de cargo e função técnica; Atividade 08 Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão; Atividade 09 Elaboração de orçamento; Atividade 10 Padronização, mensuração e controle de qualidade; Atividade 11 Execução de obra e serviço técnico; Atividade 12 Fiscalização de obra e serviço técnico; Atividade 13 Produção técnica e especializada; Atividade 14 Condução de trabalho técnico; Atividade 15 Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 16 Execução de instalação, montagem e reparo; Atividade 17 Operação e manutenção de equipamento e instalação; Atividade 18 Execução de desenho técnico. [...] Fl. 593DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 Art.5. Compete ao ENGENHEIRO AGRÔNOMO:I o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1o.desta Resolução, referentes a engenharia rural;construções para fins rurais e suas instalações complementares; irrigação e drenagem para fins agrícolas; fitotecnia e zootecnia; melhoramento animal e vegetal; recursos naturais renováveis; ecologia, agromete orologia; defesa sanitária; química agrícola; alimentos; tecnologia de transformação (açúcar, amidos, óleos, laticínios, vinhos e destilados); beneficiamento e conservação dos produtos animais e vegetais; zimotecnia; agropecuária; edafologia; fertilizantes e corretivos; processo de cultura e de utilização de solo; microbiologia agrícola;biometria; parques e jardins; mecanização na agricultura; implementos I agrícolas; nutrição animal; agrostologia; , bromatologia e rações; economia rural e crédito rural; seus serviços afins e correlatos. [...]Art. 10 Compete ao ENGENHEIRO FLORESTAL:I o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo I° desta Resolução, referentes a engenharia rural;construções para fins florestais e suas instalações complementares, silvimetria e II inventário florestal; melhoramento florestal; recursos naturais renováveis;ecologia, climatologia, defesa sanitária florestal; produtos florestais, sua tecnologia e sua industrialização; edafologia; processos de utilização de solo e de floresta; ordenamento e manejo florestal; mecanização na floresta;implementos florestais; economia e crédito rural para fins florestais; seus serviços afins e correlatos. Art. 23 Compete ao TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR ou TECNÓLOGO:I o desempenho das atividades 09 a 18 do artigo 1 0 desta Resolução, circunscritas ao âmbito das respectivas modalidades profissionais;II as relacionadas nos números 06 a 08 do artigo 1° desta Resolução, desde que enquadradas no I desempenho das atividades referidas no item I deste artigo. Art. 24 Compete ao TÉCNICO DE GRAU MÉDIO:I o desempenho das atividades 14 a 18 do artigo 1° desta Resolução, circunscritas ao âmbito das respectivas modalidades profissionais;II as relacionadas nos números 07 a 12 do artigo 1° desta Resolução, desde que Enquadradas no desempenho das atividades referidas no item I deste artigo.(destacouse) Ou seja o próprio órgão regulador da atividade determina que as atividades desempenhadas pela Recorrente requerem engenheiros ou assemelhados, se compaginando com a proibição expressa no artigo 9o., inciso XII da Lei 9317/96. Também as notas fiscais juntadas descrevem atividades que não comportam o benefício da tributação simplificada. Como bem notado na decisão recorrida: (...) Importa ainda destacar que as atividades descritas naquelas notas fiscais também demonstram indícios de incidência em outra hipótese de vedação à opção pelo Simples Federal, qual seja, a prestação de serviço de vigilância, limpez'a c,onservação e locação de mãodeobra, vedados pelo art. 90, XII, alínea f da Lei n° 9.317, de 1996.” (grifos do original) Quanto às alegações de inconstitucionalidade do ato de exclusão retroativa do SIMPLES FEDERAL, o acórdão a quo concluiu que foi observado o art. 15 da Lei n. 9.317/96, com a redação dada pela Lei n° 11.196/05, bem como suscitou a Súmula n. 2 deste Tribunal, segundo a qual “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.004466/200756 Acórdão n.º 9101002.375 CSRFT1 Fl. 585 5 Inconformado com o acórdão a quo, o contribuinte interpôs recurso especial de divergência, com fundamento no art. 67 do RICARF então vigente (Portaria n. 256/2009), repisando os argumentos suscitados nas instâncias anteriores (fls. 546 e seg. do eprocesso), quais sejam: i) legitimidade da adesão ao SIMPLES FEDERAL em face das atividades que exerce; ii) impossibilidade de exclusão retroativa do aludido regime pelo Ato Declaratório Executivo n° 112, emitido em 20.08.2007 com efeitos a partir de 01.09.2001. Em 22.07.2015, foi proferido despacho de admissibilidade do recurso especial interposto pelo contribuinte, dandolhe seguimento nos seguintes termos (fls. 566 do eprocesso): “Ou seja, o tema de fundo é a vedação inserida no inciso XIII, do artigo 9, da Lei do Simples Federal (n. 9.317, de 1996) e que tipo de atividade abarcaria o rol nele previsto. Nos dois casos tratados, o foco são as atividades de engenharia e, neste aspecto, tanto o Acórdão recorrido quando o paradigma avançam no mesmo cenário e, para situações fáticas semelhantes, acabaram por exarar decisões diferentes, um vedando e excluindo a microempresa da sistemática, outro determinando sua reinclusão, com cancelamento do Ato excludente. Como o escopo do Recurso Especial é a uniformização da jurisprudência administrativa, e estando constatadas as divergências arguidas, entendo cumpridos os preceitos estampados no artigo 67, do Anexo II, do vigente RICARF e proponho seja DADO SEGUIMENTO ao recurso especial interposto. Assim, vislumbro a presença da dissidência conclamada e proponho DAR SEGUIMENTO ao recurso especial manejado pela contribuinte”. A Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN”) apresentou contrarrazões, arguindo, sem síntese: (i) o não cumprimento dos requisitos de admissibilidade do recurso especial e; (ii) no mérito, a sua improcedência. Quanto ao mérito, a PFN repisa os fundamentos do acórdão a quo e, quanto à não admissibilidade recursal, argumenta o quanto segue: “Todavia, o recorrente não pretende a uniformização de teses jurídicas, objetivo primordial do recurso especial interposto com base na configuração da divergência, mas sim o revolvimento do conjunto fáticoprobatório. A decisão recorrida, deixa claro que a contribuinte foi excluída por desenvolver a atividade de assessoria técnica em maciços florestais, que, segundo se extrai da documentação acostada aos autos, envolvem: replantio, campina manual leve/pesada, manutenção de viveiro, roçada mecânica, controle químico entre linha, repasse combate formiga, exploração de lenha de eucalipto, elaboração de inventário florestal e/ou plano de corte, controle químico, replantio, serviço de trabalhador temporário, entre outros. De forma totalmente diversa, no acórdão apontado como paradigma a exclusão havia se dado por exercício de atividade econômica de instalação, reparação e manutenção de outras máquinas e equipamentos de uso geral (Código CNAE 29297/ 02). Em razão da atividade comprovadamente desenvolvida, no acórdão paradigma foi dado provimento ao recurso voluntário com amparo na súmula no 57 do CARF, que assim dispõe: Súmula CARF no 57: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, Fl. 595DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 6 bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal”. (grifo acrescido) Percebase que a mencionada súmula elenca expressamente as atividades que não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros, de forma que não impedem a permanência no SIMPLES. Nesse passo, qualquer dissenso que se pretenda afirmar perante o acórdão recorrido, de modo a afastar seus fundamentos, deve referirse à situação fática similar, ou seja, tratarse da mesma atividade desenvolvida pela recorrente, ou ainda, que esteja ao menos elencada entre as atividades da arroladas na súmula no 57.” Concluise, com isso, o relatório. Voto Conselheiro Luís Flávio Neto, relator. CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL O recurso especial é tempestivo, mas fazse necessário verificar se preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, quanto às duas matérias nele veiculadas: (i) legitimidade da adesão ao SIMPLES FEDERAL em face das atividades que exerce; (ii) impossibilidade de exclusão retroativa do aludido regime pelo Ato Declaratório Executivo n° 112, emitido em 20.08.2007 com efeitos a partir de 01.09.2001. No que se refere ao item (i) acima, compreendo que o recurso especial não cumpre com o requisito previsto no art. 67, § 6° do RICARF então vigente (Portaria n. 256/2009), que em nada difere do art. 67, § 8° do atual RICARF: “A divergen̂cia prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido”. O contribuinte, às fls. 5501 do eprocesso, apenas colacionou, em meio aos seus argumentos, o acórdão n. 30132601, sem realizar qualquer exame analítico de seu conteúdo. O despacho de admissibilidade, por sua vez, não tomou tal acórdão como paradigma: compreendeu que haveria divergência jurisprudencial em relação ao acórdão n. 130200889, cujo inteiro teor foi anexado ao recurso especial, mas que sequer foi citado na peça recursal. Na verdade, todo o esforço dialético para a demonstração de divergência jurisprudencial foi levado a termo no despacho de admissibilidade, mas não pelo recorrente, a quem indiscutivelmente incumbiria tal ônus. Fl. 596DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10120.004466/200756 Acórdão n.º 9101002.375 CSRFT1 Fl. 586 7 Também corrobora para o não conhecimento desse item do recurso especial do contribuinte o quanto arguido pela PFN. Ocorre que o acórdão n. 130200889, supostamente indicado como paradigma, compreendeu que atividades que não demandem qualificação técnica poderiam aderir ao SIMPLES FEDERAL e aplicou a Súmula n. 57 do CARF, qual seja: Súmula CARF no 57: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal”. (grifo acrescido) O acórdão a quo, por sua vez, também compreendeu que atividades que não demandem qualificação técnica poderiam aderir ao SIMPLES FEDERAL (não divergindo quanto nesse ponto do acórdão paradigma), mas analisou situação diversa da que é tratada na Súmula n. 57 do CARF, envolvendo “serviços gerais e de assessoria técnica em maciços florestais” (não havendo, então, similitude fática). O item (ii) do recurso especial interposto, que cuida da impossibilidade de exclusão retroativa do aludido regime pelo Ato Declaratório Executivo n° 112, emitido em 20.08.2007 com efeitos a partir de 01.09.2001, não foi objeto de análise pelo despacho de admissibilidade. No entanto, o recurso também não deve ser conhecido quanto a essa matéria, seja pela não apresentação de paradigma deste Tribunal que demonstre o dissídio, seja porque o seu provimento demandaria o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei, o que é vedado pela Súmula CARF n. 2. Nesse seguir, voto pelo NÃO CONHECIMENTO do recurso especial. (assinado digitalmente) Conselheiro Luís Flávio Neto Relator Fl. 597DF CARF MF Impresso em 25/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 24/08/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002864/2003-36
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 1999
AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração quando for, esse auto, lavrado por pessoa incompetente.
CSLL. PIS. COFINS. DECORRÊNCIA
Subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1999
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Evidencia omissão de receitas a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, de direito ou de fato, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Comprovada a origem dos depósitos bancários, ou de parte deles, é inviável o emprego de presunção legal de omissão de receitas, devendo o lançamento - quando for o caso de aqueles valores não terem sido submetidos à tributação - ser procedido por prova direta, na forma do § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996.
Numero da decisão: 1803-000.892
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da tributação o valor total de R$ 159.735,41, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 1999 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração quando for, esse auto, lavrado por pessoa incompetente. CSLL. PIS. COFINS. DECORRÊNCIA Subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício: 1999 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Evidencia omissão de receitas a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, de direito ou de fato, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Comprovada a origem dos depósitos bancários, ou de parte deles, é inviável o emprego de presunção legal de omissão de receitas, devendo o lançamento - quando for o caso de aqueles valores não terem sido submetidos à tributação - ser procedido por prova direta, na forma do § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1976; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 412 1 411 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.002864/200336 Recurso nº 154.360 Voluntário Acórdão nº 180300.892 – 3ª Turma Especial Sessão de 26 de maio de 2011 Matéria IRPJ E OUTROS AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente LEEMACK INTERNACIONAL REPRESENTAÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 1999 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração quando for, esse auto, lavrado por pessoa incompetente. CSLL. PIS. COFINS. DECORRÊNCIA Subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1999 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. Evidencia omissão de receitas a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, de direito ou de fato, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Comprovada a origem dos depósitos bancários, ou de parte deles, é inviável o emprego de presunção legal de omissão de receitas, devendo o lançamento quando for o caso de aqueles valores não terem sido submetidos à tributação ser procedido por prova direta, na forma do § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 413 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da tributação o valor total de R$ 159.735,41, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 414 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 323 a 326): Versa o presente processo sobre a controvérsia instaurada em razão dos autos de infração lavrados pela DEFIC/RJO, contra o interessado acima identificado, para a exigência do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ (fls. 157/160), no valor de R$ 28.761,27; da Contribuição para o PIS (fls. 161/164), no valor de R$ 2.824,35; da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social — COFINS (fls. 165/168), no valor de R$ 8.690,31 e da Contribuição Social sobre o Lucro — CSL (fls. 169/172), no valor de R$ 4.171,35, além da multa de ofício de 75 %, aplicada a todos os tributos e contribuições e demais acréscimos legais. A autuação reportase ao 4º trimestre de 1998, conforme consta do Termo de Verificação da Infração (fls. 155/156), cujo teor, em síntese, a seguir se reproduz. O interessado, após ter sido intimado e reintimado a comprovar, através de documentação hábil e idônea, a origem do valor de R$ 90.741,10 remetido para o exterior por intermédio de conta CC5, em 28/12/1998, bem como a identificação do seu registro contábil e a correspondência da saída do numerário no extrato bancário, apresentara, por meio da sua resposta datada de 06/11/2003, documentação correspondente e o seu registro contábil, bem como o extrato bancário do Banco Bradesco S/A — conta 143850— agência 468, na qual consta a saída deste valor através do cheque 0001584, sem, contudo, demonstrar a origem do mesmo. Tendo em vista que a receita tributada pela fiscalizada no ano de 1998, no valor de R$ 5.303,36, é inferior ao somatório dos depósitos bancários efetuados pela mesma no curso do ano (R$ 655.438,40), a fiscalização realizou outra intimação à interessada, emitida em 07/11/2003, onde foi solicitada a comprovação, através de documentação hábil e idônea, das origens dos ingressos objeto dos depósitos acima citados. Após ter sido concedida prorrogação do prazo para atendimento da intimação, a interessada respondeu, através de carta datada de 02/12/2003, que os depósitos são provenientes dos clientes da LEE NETWORK TELECOMUNICAÇÕES LTD (LNT) e que os serviços eram prestados pela mesma com sede em Portugal e a fiscalizada funcionava como cobradora no Brasil, sendo comissionada por estes serviços, conforme ACORDO em anexo. Alegou, ainda, que até aquela data só havia identificado o montante de R$ 509.081,19, referente a parte dos depósitos efetuados no terceiro e quarto trimestres, comprovados através de “invoices”, os quais foram por ela apensados, pois não havia localizado os contratos de prestação de serviços assinados pelos clientes para o recebimento dos serviços através da Leemark no Brasil. Trouxe, ainda, minuta do contrato de prestação de serviços de telecomunicações de longa distância, autorizando a cobrança no Brasil, os contratos de prestação de serviços das empresas ENEFER e WAINER, além da cópia do extrato bancário do ano de 1998 e a planilha trimestral com identificação dos depósitos bancários. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 415 4 Em razão da decadência, não foram lançados os valores relativos aos primeiro, segundo e terceiro trimestres. Sobre as alegações da interessada, o Fisco frisou o seguinte: a) a cópia do acordo de constituição de agentes locais para cobrar e promover os serviços de telecomunicações firmados pela LEE NETWORK TELECOMUNICAÇÕES LTD (PORTUGAL) com a interessada, além de não contar com assinatura de uma das partes intervenientes (Antonio Carlos de O. Coelho), não estava revestida dos trâmites legais, tendo em vista que a mesma não estava assinada por tradutor juramentado (contrato original em inglês). b) os “invoices” apresentados pela interessada foram impressos parte em inglês e parte em português; são relatórios emitidos através do sistema de processamento de dados, tendo como emissor a LEE NETWORK INTERNACIONAL, firma esta que não consta do acordo apresentado pela fiscalizada. Além do mais, esses documentos não estão revestidos das formalidades originais e legais para serem aceitos como documentação hábil; c) os contratos de prestação de serviços de telecomunicações a longa distância firmados com as empresas ENEFER e WAINER têm como contratante a firma LEE NETWORK DA MADEIRA LTDA., firma esta também não constante do acordo apresentado pela fiscalizada, além de não estarem revestidos das formalidades legais, tendo em vista que o contratante é uma empresa sediada no exterior. Os demais contratos, objeto dos “invoices”, não foram apresentados pelos motivos já expostos pela fiscalizada. Diante do exposto, o contribuinte deixou de comprovar, através de documentação hábil e idônea, as origens dos depósitos bancários efetuados no 4º trimestre do ano fiscalizado no Banco Bradesco S/A — conta nº 143850 — agência 468, no montante de R$ 434.515,98, caracterizando, desta forma, a ocorrência do fato gerador da omissão de receita. Os valores acima se encontram registrados no Livro Razão (fls. 3 e 4) da rubrica Banco Bradesco — código contábil 1.1.1.02.002.31 (cópia anexa). Devidamente cientificado (fls. 156) em 12/12/2003 [sextafeira], apresentou o interessado, em 13/01/2004, impugnação (fls. 180/185), instruída com os documentos de fls. 186/308, onde o mesmo alegou, em sua defesa, o que abaixo se segue: a) Foi constituída em 08 de junho de 1993, e tem como objetivo a prestação de serviços de telecomunicações, instalação de sistemas e atividades correlatas, representação mercantil, intermediação de negócios e serviços na área de telecomunicações e correlatas; b) Em face do elevado custo das tarifas de serviço de telecomunicação internacional no Brasil, naquela época, tornouse inviável a venda de serviços telefônicos de longa distância prestados por empresa sediada no exterior; c) Nesse contexto, celebrou contrato com a empresa LEE NETWORK TELECOMUNICAÇÕES, sediada em Portugal, para a realização de serviços de telefonia de longa distância; d) No contrato celebrado, o seu objetivo era captar clientes e proceder à cobrança dos serviços realizados. Sua remuneração era uma comissão de 15 % do valor faturado do serviço; Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 416 5 e) A forma de cobrança dos serviços de telefonia de longa distância foi efetivada através de INVOICE emitida no exterior, contra o cliente usuário do serviço, onde constavam todas as especificações das ligações internacionais realizadas, além de indicar que o pagamento deveria ser efetuado à interessada na conta do Banco Bradesco; f) Com cada cliente, usuário do serviço, era celebrado um contrato de prestação de serviço de telecomunicações a longa distância com a empresa prestadora do serviço no exterior; g) Feitos estes esclarecimentos, fica caracterizado que a interessada realizava um agenciamento de clientes e cobrança dos serviços para uma empresa sediada no exterior, e recebia, por isso, uma comissão de 15 % sobre todo o valor faturado; h) A fiscalização deixou de considerar essa atividade da interessada para fins de comprovação da origem dos depósitos bancários, considerandoos, em sua totalidade, como omissão de receitas; Da comprovação da origem dos depósitos i) Os depósitos bancários objeto da autuação têm sua origem identificada, ou seja, são oriundos de pagamentos efetuados pelos clientes, especificados em cada “invoice”; j) Essa comprovação tornaria, por si só, improcedente o lançamento, o qual se baseia, única e exclusivamente, na falta de identificação da origem dos depósitos; k) Quanto às irregularidades formais descritas pela fiscalização no Termo de Verificação para que não fosse aceita a documentação trazida à colação, vale dizer que foi anexado aos autos o contrato celebrado entre a interessada e a LEE NETWORK, com a assinatura das partes e tradução juramentada; l) No que toca à fatura (invoice), cumpre esclarecer que esse documento é utilizado de forma corrente pelo comércio internacional; m) E se foram emitidas pela empresa LEE NETWORK INTERNACIONAL, e não pela empresa LEE NETWORK TELECOMUNICAÇÕES (contratante), traz à colação o contrato entre as duas empresas, que versa sobre a intermediação dos negócios; n) Com relação aos contratos firmados com os clientes em nome da LEE NETWORK DA MADEIRA LTDA., esclarece que se trata da mesma empresa LEE NETWORK TELECOMUNICAÇÕES, pois, como se pode constatar, o endereço é o mesmo e a utilização, nos contratos, do nome LEE NETWORK DA MADEIRA foi erro de digitação, por ser praxe a identificação da empresa pela sua localização (arquipélago da Madeira); o) Também em anexo encontrase planilha com a indicação dos depósitos e sua correspondência com os clientes depositantes e “invoices” pertinentes; Da falta de enquadramento legal p) Não consta do auto de infração a capitulação legal específica relativa à infração apurada — omissão de receita, o que implica na nulidade do lançamento, conforme artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972; Requer o arquivamento do processo e o respectivo cancelamento da cobrança. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 417 6 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 321): Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 1998 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Diante da pormenorizada descrição dos fatos, a ausência de enquadramento legal não possui o condão de prejudicar os direitos constitucionais inerentes ao contribuinte litigante no presente processo, seja o da ampla defesa, seja o do contraditório. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1998 Ementa: IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE RECURSOS DEPOSITADOS EM CONTA BANCÁRIA. Presumemse receitas omitidas os recursos creditados em conta bancária cuja origem o titular não consegue comprovar, mediante documentação hábil e idônea (art. 42 da Lei nº 9.430/1996). Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1998 Ementa: TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSL. Ao subsistir o Auto de Infração principal, igual sorte colherão os dele decorrentes. Lançamento Procedente. 3. Cientificada da referida decisão em 08/08/2006 (fls. 333verso), a tempo, em 04/09/2006, apresenta a interessada Recurso de fls. 336 a 343, instruído com os documentos de fls. 344 a 352, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos e aduzindo mais os seguintes: a) que a Delegacia de Julgamento no Rio de Janeiro, ao apreciar o processo, manteve integralmente o lançamento de ofício, limitandose, simplesmente, a reproduzir os argumentos do fiscal autuante, sem que, em nenhum momento, tecesse comentários sobre os extensos argumentos e farta documentação comprobatória apresentada na fase de impugnação; b) que todos os depósitos bancários têm sua origem identificada, ou seja, são oriundos de pagamentos efetuados pelos clientes, especificados em cada “invoice”; c) que, dessa forma, é inquestionável a efetiva comprovação da origem dos depósitos bancários, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96; d) que os contratos celebrados atendem aos requisitos dispostos na Lei nº 10.406, de 10/01/2002; Fl. 6DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 418 7 e) que a comercial invoice é um documento de uso corrente no comércio internacional, tanto de mercadorias quanto de serviços, que tem seus campos definidos no idioma inglês e seu preenchimento no idioma local; f) que esse documento é o previsto para a identificação e cobrança da prestação de serviços internacionais; g) que, no julgamento proferido em primeira instância, em momento algum foram apreciados os argumentos e as robustas provas apresentadas na impugnação; e h) que não consta do lançamento de ofício o enquadramento legal da suposta irregularidade que caracteriza Omissão de Receita, elemento indispensável para a constituição do crédito tributário, nos termos do art. 59 do Decreto 70.235/72, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. 4. Consta, de fls. 365 a 372, Resolução nº 1051.422, da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, convertendo o julgamento do processo em diligência, cujo atendimento se deu de fls. 408 e 409. Em mesa para julgamento. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 419 8 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Preliminares de nulidade do lançamento 5. Argui a Recorrente, preliminarmente, que não consta do lançamento de ofício o enquadramento legal da suposta irregularidade que caracteriza Omissão de Receita, elemento indispensável para a constituição do crédito tributário, nos termos do art. 59 do Decreto 70.235/72, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. 6. Sucede que é a própria Recorrente, em sua Impugnação e Recurso, quem alude, indireta e diretamente, ao art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, base legal da autuação fiscal, inviabilizando, assim, qualquer possível alegação de cerceamento do direito de defesa (fls. 183 e 340): Essa comprovação, por si só, já tornaria inconsistente o lançamento de ofício, o qual se baseia, única e exclusivamente, na falta de identificação da origem dos depósitos. [...]. Dessa forma, é inquestionável a efetiva comprovação da origem dos depósitos bancários, nos termos do artigo 42 da Lei 9.430/96. 7. Argui, ainda, a Recorrente, a omissão do julgador de primeira instância na apreciação dos argumentos e documentos apresentados em sua impugnação, o que, a seu ver, tornaria o lançamento nulo. 8. Na realidade, o que ocorreu foi que a DRJ adotou entendimento contrário ao da Recorrente, sem, contudo, deixar de analisar os argumentos e documentos apresentados, como segue (fls. 327 e 330): A ausência do enquadramento legal específico da infração deixa de prejudicar o lançamento, em razão da completa descrição dos fatos elaborada pelo Fisco no seu Termo de Verificação de fls. 155/156, não resultando tal falta em qualquer prejuízo para a interessada. [...]. Ora, não se compreende como tais valores poderiam ter respaldo numa fatura comercial, a qual possui utilidade para acobertar transações internacionais de mercadorias e volumes, e não de dinheiro. Deveria haver, pelo menos, a certificação do Fl. 8DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 420 9 Banco Central do Brasil quando a questão é atinente a valores advindos do exterior para o Brasil. Além de não revestir tal documento forma legal para amparar os depósitos realizados, também não se justifica que os valores depositados na contacorrente do Banco Bradesco, constantes nos extratos bancários apresentados nos autos, tenham como subdivisão as discriminações constantes na planilha de fls. 297, pelo fato de não guardarem consonância com os montantes depositados. 9. Cabe aduzir, ainda, que a única hipótese prevista de nulidade dos atos processuais, entre os quais se incluem os autos de infração, está perfeitamente definida no inciso I do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – Processo Administrativo Fiscal (PAF), e referese ao caso em que a lavratura tenha sido feita por pessoa incompetente, o que não veio a ocorrer na situação presente. 10. Não procedem as preliminares arguidas. Mérito 11. Inicio o meu Voto, quanto ao mérito, transcrevendo as considerações expendidas na Resolução nº 1051.422, da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, com as quais concordo integralmente, adotandoas como razões de decidir (fls. 370 e 371): Como se verifica o que está sob apreciação é a comprovação da origem de recursos recebidos pela recorrente. Estranhou a autoridade recorrida a emissão de faturas comerciais diante da atividade da recorrente e entendeu que não havia o batimento financeiro dos depósitos com as receitas declaradas. A existência de faturas comerciais (invoice), mesmo não se tratando de situação de exportação de mercadorias, pode decorrer da tentativa de quantificar o valor dos serviços a serem cobrados, uma vez que algum documento deve ser emitido para sua mensuração, principalmente porque notas fiscais não são conhecidas no exterior. Não entendo ser relevante essa constatação, já que o que interessa é a tributação das receitas auferidas pela recorrente. A descrição das operações indica a operacionalização da atividade da recorrente, que resta devidamente explicada e comprovada. É necessário, porém, o exame dos créditos bancários cuja comprovação não foi aceita pela fiscalização. Os créditos e depósitos bancários sob apreciação são aqueles constantes dos demonstrativos de fls. 139 a 149 e resumidos a fls. 150. Fl. 9DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 421 10 Caberia à recorrente demonstrar a correlação individual de cada um dos valores apontados pela fiscalização com alguma receita recebida pela empresa ou com algum aporte financeiro que a justificasse, o que deve ser conferido se foi feito. O que a recorrente procedeu foi a explicação lógica de sua movimentação financeira, mas é importante que o faça também com relação à identificação financeira individualizada dos créditos e depósitos bancários, a teor do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Convém lembrar as alegações trazidas no recurso, em reprise à argumentação anterior, segundo as quais, no anexo VIII consta planilha com a indicação dos depósitos e sua correspondência com os clientes depositantes e invoices pertinentes. A fls. 296, indicada como Anexo VIII, consta planilha na qual se identifica data e valores dos depósitos referentes ao extrato bancário, nome do cliente e valor correspondente a cada invoice referida, onde se verifica o total dos depósitos no valor de R$ 360.118,19 e também o total dos valores identificados de R$ 343.138,15. Os espécimens de invoice estão juntados ao processo ainda na fase fiscalizatória e, testandoas, é possível verificar a coincidência de valores, como é o caso das invoices fls. 88, Rolamentos FAG, R$ 21.357,80, fls. 89, Neptunia S/A, R$ 2.745,29, etc. Examinando tais documentos, observo que foram emitidos pela empresa Lee Network Internacional, com indicação de que os pagamentos deveriam ser feitos à recorrente. Dessa forma, entendo serem as invoices documentos hábeis a mensurar financeiramente as receitas da recorrente, sendo que, caso os seus valores correspondam aos depósitos bancários questionados, podem representar uma forma de mensuração de sua receita, é verdade, ainda precária diante da efetividade de sua apropriação. A recorrente alega que as invoices refletem sua receita operacional, e elas, em conjunto com os contratos, corresponderiam à comprovação da origem econômica e operacional dos depósitos questionados pela fiscalização. A fiscalização, como a autoridade julgadora, negaram validade jurídica às invoices e tributaram os depósitos bancários em seus valores correspondentes. Concordo que as invoices apresentadas não atendem aos padrões de comercialização ou prestação de serviços do mercado interno brasileiro, que contempla a nota fiscal como documento para exteriorizar, de forma organizada, as receitas das empresas. Fl. 10DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 422 11 Porém, mesmo não tendo emitido notas fiscais que pudessem revestir os requisitos da legislação fiscal dos Estados e Municípios, não é razoável desconsiderar o valor probante das invoices emitidas, se corresponderem elas a uma forma fiel de quantificação das receitas da empresa, e desde que tenham elas sido regularmente tributadas. Nessa linha de raciocínio, o que deveria [fazer] a fiscalização ou a autoridade julgadora recorrida era a verificação das alegações da recorrente de que os valores constantes das invoices correspondiam aos depósitos bancários tributados como sendo de origem não comprovada, completando essa verificação com a conferência de seus valores com as receitas que a empresa ofereceu à tributação. Isso não foi feito em nenhum momento. Ainda, como a presunção que se estabelece a partir da constatação da existência de depósitos bancários de origem não identificada indica para a existência de receitas omitidas na escrituração e, consequentemente, na tributação dos resultados da empresa, não podia a fiscalização ter aplicado tal presunção sem antes verificar se os valores constantes dessas invoices, cujos valores coincidem com os valores dos depósitos bancários, tiveram seus valores oferecidos espontaneamente à tributação, mediante sua integração contábil aos resultados da empresa. Se tais valores não tiverem sido tributados, é inadequada a presunção, já que a fiscalização se depararia com a prova direta, já que documentada por documento que declara a existência de tais receitas. Assim, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o processo retorne à repartição de origem para que, em procedimento de diligência, a autoridade lançadora: • Proceda à identificação dos valores constantes da planilha de fls. 296 (Anexo VIII) com os valores dos depósitos bancários considerados não comprovados, inclusive em confronto com as invoices juntadas na fase fiscalizatória e repetidas na impugnação; • Proceda à verificação dos registros contábeis da empresa, para aferir se os valores constantes das invoices, cujos valores coincidirem com os valores dos depósitos bancários a que corresponderem, foram regularmente contabilizados e incluídos na base tributada espontaneamente pela recorrente. É importante a indicação das somas de valores, uma vez que a omissão de receitas considerada foi de R$ 434.515,98, enquanto o montante das invoices elencadas soma apenas R$ 343.138,15. Deve ser elaborado um relatório circunstanciado a ser levado à ciência da recorrente, para que, querendo, sobre ele se manifeste no prazo de trinta dias. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 423 12 Depois, deve o processo retornar a este Colegiado, para prosseguir o julgamento. 12. Em atendimento à diligência proposta, foi prestada a seguinte informação fiscal (fls. 408 e 409): 6 Todos os valores dos invoices constantes da planilha de fls 296/297 do presente processo (Anexo VIII) têm os seus valores, em parte, inseridos, ou seja, identificados nos depósitos bancários do Banco Bradesco S/A., agência 468 conta 143850 (fls. 302 a 308). Há de se destacar que esta conciliação foi feita, única e exclusivamente, através da coincidência dos valores dos invoices apresentados pelo contribuinte na fase fiscalizatória e na impugnação, em confronto com o extrato bancário. Não consta no processo, e tampouco foi apresentado pelo contribuinte, nenhum elemento que comprove que os invoices demarcados na planilha de fls 383, em anexo, fazem parte integrante dos montantes de R$ 84.345,20 e R$ 22.650,30, respectivamente, cujos ingressos na conta bancária ocorreram em 18/11/98 e 19/12/98 (liquidação de cobrança fls. 305 e 307). 7 O contribuinte somente comprovou a contabilização dos depósitos bancários. 8 O contribuinte não demonstrou, através de lançamentos contábeis, que os depósitos, identificados pelo mesmo, têm como origem os invoices acima citados. 9 O contribuinte não tributou as receitas dos aludidos serviços prestados, fato este ratificado pelo próprio através do seu expediente de 02/03/2009. Nesta mesma réplica, afirmou, em sua defesa, que a receita omitida corresponde somente à comissão citada no item 4 (15 %). 10 Tenho também a frisar que as origens dos depósitos bancários não foram reconhecidas pela fiscalização, conforme afirmou o contribuinte no seu expediente citado no item anterior (vide fls. 156). 11 Assim sendo, os fatos descritos nos itens 6 a 10 ratificam a autuação em pauta. 13. Feito esse histórico do processo, entendese ser necessário distinguir duas situações: a) a hipótese de empresa que não comprova a origem dos recursos movimentados em sua conta bancária; e b) a hipótese de empresa que demonstra, sem qualquer margem a dúvidas, que aqueles recursos, embora não submetidos à tributação, são, no todo ou em parte, oriundos de sua atividade. Fl. 12DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 424 13 14. No primeiro caso, devese aplicar o comando contido no caput do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, tributandose a totalidade dos créditos sem origem comprovada, presumidamente como omissão de receitas (grifouse): Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 15. Já naquela segunda situação, prevalece a exceção contida no § 2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, de seguinte teor (destacouse): § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. 16. Nessa hipótese, é plenamente válida a utilização de outros métodos de determinação da receita, como sejam, a aplicação de índices ou estimativas sobre os valores dos créditos bancários de origem comprovada, segundo a atividade a que se refiram, com fulcro, não mais no caput do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, mas em seu § 2º. 17. Tratase, nessa última situação, de tributação direta, sem apelo a presunções. 18. Dessa forma, comprovada a origem dos depósitos bancários, ou de parte deles, é inviável o emprego de presunção legal de omissão de receitas, devendo o lançamento quando for o caso de aqueles valores não terem sido submetidos à tributação ser procedido por prova direta. 19. Assim, nas atividades de representação mercantil, devese procurar estimar, o mais precisamente possível, a percentagem auferida pela empresa nessas operações, aplicando se, ao montante dos depósitos bancários comprovadamente dessa origem, a forma habitual para aferição da renda respectiva. 20. No presente caso, observase que foram devidamente comprovadas, sem qualquer margem a dúvidas, as origens dos seguintes créditos bancários, mediante faturas (invoices) coincidentes em datas de vencimento (dia 15 do mês) e valores: OUT. FATURAS DATA DO DEPÓSITO FLS. 87 A 102 FLS. 143 FLS. 144 12.383,90 16/out 21.357,80 19/out 2.745,29 14/out 1.091,23 15/out 8.100,43 15/out 522,36 13/out 46.201,01 Fl. 13DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 425 14 NOV. FATURAS DATA DO DEPÓSITO FLS. 103 A 118 FLS. 146 FLS. 147 11.735,90 18/nov 7.297,75 26/nov 1.469,88 20/nov 3.885,11 16/nov 1.147,04 13/nov 25.535,68 DEZ. FATURAS DATA DO DEPÓSITO FLS. 119 A 133 FLS. 148 FLS. 149 7.925,06 23/dez 4.882,24 22/dez 17.026,60 18/dez 15.610,00 22/dez 16.251,78 17/dez 6.576,21 23/dez 6.120,17 28/dez 1.531,72 14/dez 12.074,94 23/dez 87.998,72 159.735,41 21. Quanto a esse montante de R$ 159.735,41, portanto, não é cabível o recurso à presunção legal prevista no art. 42, caput, da Lei nº 9.430, de 1996. 22. Para as demais faturas (invoices), porém, cujos valores não constam nos extratos bancários, faltou a prova, a cargo da Recorrente, de que compunham, efetivamente, o montante global dos lançamentos bancários por ela apontados nos meses de outubro (R$ 82.434,63), novembro (R$ 89.748,93) e dezembro (R$ 28.199,22) (fls. 297): Fl. 14DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 426 15 23. Quanto a esse ponto, concordase inteiramente com a decisão recorrida (fls. 330): [...] não se justifica que os valores depositados na conta corrente do Banco Bradesco, constantes nos extratos bancários apresentados nos autos, tenham como subdivisão as discriminações constantes na planilha de fls. 297, pelo fato de não guardarem consonância com os montantes depositados. Há uma lacuna a ser preenchida entre a discriminação dos depósitos de forma individual, constante da planilha elaborada pela interessada, com base nas faturas comerciais juntadas no Anexo III, e dos extratos bancários acostados às fls. 298/308. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, para excluir da exigência fiscal a matéria tributável correspondente a R$ 159.735,41, como detalhada no item 20 deste Acórdão. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 15DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 18471.002864/200336 Acórdão n.º 180300.892 S1TE03 Fl. 427 16 Fl. 16DF CARF MF Emitido em 06/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 03/06/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 06/06/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES
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Numero do processo: 10166.900992/2008-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Dec 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
Ementa:
COMPENSAÇÃO. PIS E COFINS. PROVA
Após conversão do julgamento em diligência o contribuinte foi intimado e re-intimado para apresentar documentos fiscais hábeis para comprovar a certeza e liquidez do seu crédito ficando, todavia, inerte. Sendo insuficientes os documentos juntados pelo contribuinte com impugnação para comprovar a existência e a qualidade do pretenso crédito, o pedido creditório é improcedente.
Numero da decisão: 3402-003.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida União ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 Ementa: COMPENSAÇÃO. PIS E COFINS. PROVA Após conversão do julgamento em diligência o contribuinte foi intimado e re intimado para apresentar documentos fiscais hábeis para comprovar a certeza e liquidez do seu crédito ficando, todavia, inerte. Sendo insuficientes os documentos juntados pelo contribuinte com impugnação para comprovar a existência e a qualidade do pretenso crédito, o pedido creditório é improcedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 09 92 /2 00 8- 01 Fl. 143DF CARF MF 2 1. Por bem retratar os fatos controvertidos no presente processo administrativo, me valho do relatório desenvolvido pelo então Conselheiro Sidney Eduardo Stahl na oportunidade em que proferida a resolução n. 3801000.275 (fls. 110/115), o que passo a fazer nos seguintes termos: Trata o presente processo administrativo de compensação não homologada, declarada em PER/DCOMP transmitida em 02/08/2004 (fls. 07/12), referente a crédito decorrente de valor supostamente recolhido a maior a título de COFINS (cód. 2172) por meio de guia DARF (fls. 104), com débito de IRPJ (Cod. 20891) do período de apuração do 2º Trimestre de 2004. A compensação não foi homologada conforme despacho decisório da DRF de origem (fls. 06), sob a alegação de inexistência do crédito informado, em virtude de o pagamento do qual seria oriundo já ter sido integralmente utilizado para quitar outros débitos da contribuinte, resultando na cobrança de imposto remanescente no montante de R$ 22.722,82. Intimada acerca do despacho decisório acima mencionado, apresentou o contribuinte a manifestação de inconformidade de fls. 01/03, cujas razões, como bem apontado pela DRJ de origem, apenas repetem as informações constantes do PER/DCOMP transmitido, não tendo sido anexados documentos suficientes para a verificação do crédito a que faria jus. Ao analisar as razões supra transcritas, julgou a DRJ de origem pela improcedência da manifestação de inconformidade do contribuinte, não reconhecendo o direito creditório pleiteado através do acórdão recorrido de fls. 29/32, cuja ementa restou assim redigida, verbis: Assunto: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS AnoCalendário 2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Diante da manifestação de inconformidade que discorre sobre a existência de crédito tributário em discussão sem trazer qualquer prova documental que proporcione suporte à alegação, resta manter o despacho decisório que não homologou a compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Regularmente intimado do acórdão acima ementado em 28.06.2011 (fls. 36), interpôs o contribuinte o presente recurso voluntário às fls. 38/55, através do qual sustenta, em síntese: i) serem os pagamentos indevidos a título de COFINS oriundos da ausência de sua apuração conforme a sistemática “monofásica” de recolhimento das contribuições ao PIS e a COFINS instituída pela Lei nº 10.147/2000 e posteriores, que estabeleceu alíquota zero para os contribuintes varejistas de produtos farmacêuticos, concentrando o recolhimento das Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10166.900992/200801 Acórdão n.º 3402003.687 S3C4T2 Fl. 152 3 contribuições na etapa inicial da cadeia tributária. Com o fito de comprovar os pagamentos indevidos, traz aos autos relatórios de vendas por amostragem dos produtos cuja receita foi tomada como base de cálculo da COFINS, bem assim das notas fiscais de entrada e saída dos produtos, através das quais busca a comprovação de que a responsabilidade de recolhimento do tributo é das Indústrias Farmacêuticas que figuram como produtoras ou importadoras, sendo a recorrente apenas revendedora atacadista / varejista desses produtos; ii) discorre acerca da origem dos débitos compensados e da previsão legal para a sua compensação e, por fim iii) alega que a decisão recorrida não foi precisa quanto a análise dos fatos e do seu direito quanto à compensação realizada. (...). 2. Devidamente processado o recurso voluntário interposto, seu julgamento foi convertido em diligência (resolução n. 3801000.275 fls. 110/115), para que fossem tomadas as seguintes medidas pela unidade preparadora: a) Examine os documentos existentes e a escrita fiscal da interessada em relação à compensação requerida identificando os produtos sujeitos ao regime monofásico e os pagamentos indevidamente realizados e apure se a contribuinte dispunha de crédito para efetuála; b) Cientificar a interessada do resultado da diligência, abrindo prazo para manifestação, se assim desejar; c) Retornar o processo a este CARF para julgamento. 3. Referida diligência foi cumprida, conforme se observa da informação fiscal de fls. 136/139, oportunidade em que se reconheceu a inexistência do crédito vindicado pela Recorrente. 4. Intimado para se manifestar do resultado da diligência, o contribuinte deixou que o prazo transcorresse in albis. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso voluntário interposto pelo contribuinte é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. 7. Como fora relatado alhures, a controvérsia da presente demanda consiste em saber se a documentação apresentada pelo contribuinte em sede de manifestação de inconformidade é ou não suficiente para atestar o direito creditório aqui vindicado. 8. Segundo consta das razões recursais, o contribuinte recolheu indevidamente COFINS, uma vez que os produtos que comercializa produtos farmacêuticos Fl. 145DF CARF MF 4 estariam sujeitos ao regime monofásico, ou seja, o recolhimento do COFINS ficaria concentrado na etapa inicial da cadeia. 9. Com o fito de provar seu direito a recorrente apresentou o comprovante de pagamento do tributo indevido (guia DARF), bem como acostou diversos documentos relacionados às suas operações, com especial destaque para os relatórios de vendas por amostragem dos produtos cuja receita foi tomada como base de cálculo da COFINS e, ainda, notas fiscais de entrada e saída dos produtos, as quais atestariam a responsabilidade de recolhimento do tributo pelas indústrias farmacêuticas no início da cadeia produtiva. 10. Não obstante, conforme já mencionado no relatório, o presente caso foi convertido em diligência, oportunidade em que a unidade preparadora intimou (fls. 117/121) e reintimou (fls. 122/126) o contribuinte para que apresentasse os seguintes documentos e informações: (...). a) relatórios de vendas de produtos beneficiados com alíquota zero para todos os meses em que alega ter havido o recolhimento indevido do PIS e da Cofins (junho de 2003 a março de 2004, conforme Tabela 1), devendo estar identificado o produto com o código de sua classificação fiscal, de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), além do número da nota fiscal de venda, da data de sua emissão, do valor da venda e do valor dos pagamentos da Cofins e do PIS; b) notas fiscais de venda correspondentes aos produtos de que trata o item “a” acima; c) lançamentos contábeis (diário ou razão) relativos às vendas dos produtos de que trata o item “a” acima; d) notas fiscais de compra dos produtos de que trata o item “a” acima. (...). (grifos constantes no original). 11. O contribuinte, por sua vez, permaneceu inerte, de modo que a unidade preparadora cumpriu a diligência com base na documentação acostada nos autos, bem como nas informações obtidas junto ao sistema eletrônico da própria Receita Federal. É o que se observa dos seguintes trechos da informação fiscal de fls. 136/139: (...). 4. Primeiramente, visando identificar o pagamento realizado pela Contribuinte, bem como a eventual disponibilidade de saldo, foram realizadas pesquisas nos sistemas informatizados da RFB. O pagamento foi confirmado (fls. 127), porém, não possui saldo disponível, tendo sido totalmente utilizado para quitar o débito declarado em DCTF. 5. Logo, tratase, em princípio, de pagamento devido, alocado ao seu respectivo débito e, consequentemente, não passível de repetição. Assim, em resposta aos argumentos da Interessada, quanto à falta de clareza dos motivos que levaram a não homologação da compensação, verificase que foi declarado em DCTF e pago o débito que a Contribuinte reputa como indevido. Portanto, justificase as razões de não homologação da presente Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10166.900992/200801 Acórdão n.º 3402003.687 S3C4T2 Fl. 153 5 compensação, referidas no despacho decisório de fls. 7, emitido eletronicamente em 24/04/2008 e com nº de rastreamento 757714520, pois, o pagamento efetuado vinculouse ao respectivo débito com a consequente ausência de saldo para compensação. 6. Em seguida, foram examinados os documentos apresentados pela Contribuinte e existentes no processo, observandose que: 6. 1. o objeto social da empresa (fls. 23) é o comércio varejista e atacadista de artigos médicos e ortopédicos, entre outros. Em consulta ao sistema CNPJ (fls. 129), podese confirmar que a empresa tem por atividade econômica o “comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso médico, cirúrgico, hospitalar e de laboratórios” (CNAE 4645101); 6. 2. os documentos apresentados com o objetivo de comprovar o crédito alegado foram: i) relatório de vendas (doc 1, fls. 60/67); ii) lançamentos das notas fiscais (NF) de saída (doc 2, fls. 68/88); iii) NF de saída (doc 3, fls. 89/98); e iv) NF de entrada (doc 4, fls. 99/107). Sua análise revela que: 6.2.1. o relatório de vendas, por si só, nada comprova, pois, além de estar limitado às transações realizadas no mês de julho/2003, traz apenas o nome técnico do produto, sem qualquer liame com sua classificação fiscal, característica necessária para identificar a possibilidade de direito ao benefício fiscal alegado, em conformidade com os arts. 55 e 59 da IN SRF nº 247/2002; 6.2.2. os lançamentos das NF de saída trazem a classificação fiscal do produto vendido, o que permite identificar se a pessoa jurídica faz jus ou não ao benefício fiscal alegado. Observese que os lançamentos apresentados fazem referência a algumas NF emitidas em agosto/2003, novembro/2003 e dezembro/2003. Neste processo, pleiteiase a compensação de parte do crédito da Cofins de dezembro/2003. Na Tabela 3 (fls. 133/134) observase que as vendas de mercadorias redundaram em Cofins no total de R$ 50.190,80. Logo, tendo por base apenas as informações disponíveis nos autos, o direito pleiteado relativo à Cofins de dezembro/2003 totaliza R$ 50.190,80 e não R$ 123.872,25 . Além disso, o total do crédito identificado de R$ 50.190,80 já foi utilizado para compensar débitos nos processos 10166.900990/200812 e 10166.900973/200877, de modo que não resta saldo a ser compensado no presente processo (vide Tabela 4 em fls. 135, para detalhes de cálculo); 6.2.3. as NF de venda não trazem a classificação fiscal dos produtos vendidos, sendo insuficientes para apreciar o pleito; 6.2.4. as NF de entrada, emitidas pelas empResas produtoras/importadoras, indicam a classificação fiscal dos produtos adquiridos pela Interessada. Entretanto, tratase de informações insuficientes para embasar quaisquer conclusões, conforme se nota na Tabela 2, abaixo. Fl. 147DF CARF MF 6 (...). 7. Tendo em vista a insuficiência das informações presentes nos autos, visando caracterizar de forma inequívoca a certeza e a liquidez do direito creditório pleiteado, a Interessada foi intimada (Termo de Intimação nº 111/2015, em fls. 117/119) a apresentar relatórios de vendas dos produtos beneficiados com alíquota zero, notas fiscais de venda e de compra de tais produtos, além dos lançamentos contábeis correspondentes, para todos os meses em que alega ter havido o recolhimento indevido do PIS e da Cofins (junho de 2003 a março de 2004). 8. Não tendo apresentado resposta à referida intimação, a Interessada foi reintimada por meio do Termo de Reintimação nº 139/2015 (fls. 122/124). Entretanto, até a presente data as exigências não foram atendidas, de modo que a presente análise restringese aos dados confirmados e disponíveis nos sistemas da RFB, em conformidade com o § único do art. 39 da Lei nº 9.784/1999. 9. Assim sendo, diante da ausência de certeza e liquidez do crédito alegado, não se pode reconhecer o direito creditório pleiteado no presente processo, conforme análise precedente, redundando em uma diferença não compensável de R$ 11.153,40. É importante observar que a Tabela 4 (fls. 135) traz informações sobre o valor do crédito compensado no presente processo, juntamente com a utilização do saldo em outro processo, quando cabível. (...). 12. Percebese, portanto, que ante a não apresentação de documentos fiscais e informações solicitados junto ao contribuinte e, ainda, levando em consideração as provas apresentadas em impugnação, a unidade preparadora reconheceu inexistir qualquer crédito em favor do Recorrente, o que também se reconhece por intermédio da presente decisão. 13. Em suma, a ausência de prova suficiente para atestar a certeza e liquidez do valor vindicado impede o seu reconhecimento nesta seara judicativa. Dispositivo 14. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. 15. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10166.900992/200801 Acórdão n.º 3402003.687 S3C4T2 Fl. 154 7 Fl. 149DF CARF MF
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Numero do processo: 10950.724231/2011-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
EXCLUSÃO DO SIMPLES. EFEITOS. IRRETROATIVIDADE. ATO DECLARATÓRIO.
O ato de exclusão do Simples possui natureza declaratória, que atesta que o contribuinte já não preenchia os requisitos de ingresso no regime desde data pretérita, surtindo efeito no ano-calendário subsequente àquele em que foi constatado o excesso de receita. Esse efeito não guarda nenhuma relação com o princípio da irretroatividade, que se aplica a litígios envolvendo confrontos entre vigência da lei e data dos fatos.
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
Tratando-se de lançamento cientificado ao Contribuinte em 2011, não há que se falar em decadência para tributos de fatos geradores ocorridos entre 01/2007 e 12/2008.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO.
A base de cálculo das contribuições previdenciárias a carga da Contribuinte são as remunerações dos segurados empregados e dos contribuintes individuais. Irrelevante, portanto, a forma como é apurado o lucro.
Numero da decisão: 2202-003.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação à exclusão do Simples e às alegações de inconstitucionalidade, por falta de competência, e, na parte conhecida, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 EXCLUSÃO DO SIMPLES. EFEITOS. IRRETROATIVIDADE. ATO DECLARATÓRIO. O ato de exclusão do Simples possui natureza declaratória, que atesta que o contribuinte já não preenchia os requisitos de ingresso no regime desde data pretérita, surtindo efeito no anocalendário subsequente àquele em que foi constatado o excesso de receita. Esse efeito não guarda nenhuma relação com o princípio da irretroatividade, que se aplica a litígios envolvendo confrontos entre vigência da lei e data dos fatos. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Tratandose de lançamento cientificado ao Contribuinte em 2011, não há que se falar em decadência para tributos de fatos geradores ocorridos entre 01/2007 e 12/2008. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições previdenciárias a carga da Contribuinte são as remunerações dos segurados empregados e dos contribuintes individuais. Irrelevante, portanto, a forma como é apurado o lucro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação à exclusão do Simples e às alegações de inconstitucionalidade, por falta de competência, e, na parte conhecida, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 72 42 31 /2 01 1- 98 Fl. 544DF CARF MF 2 MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Contribuinte como consequência da sua exclusão do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL. Intimada, a Contribuinte apresentou defesa, que foi julgada improcedente pela DRJ. Insatisfeita, interpôs recurso voluntário. Chegando ao CARF, o julgamento foi suspenso para aguardar o julgamento do processo nº 10950.724230/201143, que analisa a exclusão do Simples e do Simples Nacional. Feito o breve resumo da lide, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Publicado os Atos Declaratório Executivo (ADE) nº 56 e 57, ambos de 22/11/2011 (fls. 341/342) que declarou a exclusão da Contribuinte do Simples e do Simples Nacional, com efeito retroativo a 01/01/2007, por infração ao art. 9º, II, da Lei nº 9.317/1996 e art. 3º, II, da Lei Complementar nº 123/2006, foi lavrado auto de infração (fl. 343/387) para constituir Contribuições Previdenciárias da parte Patronal e Contribuições da parte dos Terceiros Outras Entidades e Fundos, referente ao período de 01/2007 a 12/2009, além de juros, multas de mora, de ofício e isoladas, totalizando um valor consolidado de R$ 1.882.441,53 em 27/12/2011 (fl. 388). O processo de exclusão do Simples e do Simples Nacional ficou tombado sob o nº 10950.724230/201143. No TVF (fls. 388/397), a autoridade lançadora explicou que a empresa foi excluída do Simples e do Simples Nacional uma vez que foi identificado que a empresa obteve entre 2006 e 2009 faturamento superior ao limite permitido pela Lei para a opção desses sistemas. Também, que já aplicou a multa mais benéfica para cada exercício (fazendo o comparativo da MP nº 449/2008 com a CFL 68 + multa de 24%). Intimado do lançamento, a Contribuinte apresentou impugnação (fls. 401/425 e docs. anexos fls. 426/442). A DRJ, analisando a defesa, proferiu o acórdão nº 0945.887, de 28/08/2013 (fls. 447/457), que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 30/12/2008 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10950.724231/201198 Acórdão n.º 2202003.552 S2C2T2 Fl. 545 3 PRELIMINARES DE NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando a exigência fiscal sustentase em processo instruído com todas as peças indispensáveis, contendo o lançamento descrição dos fatos suficiente para o conhecimento da infração cometida e não se vislumbrando nos autos a ocorrência de preterição do direito de defesa. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. À esfera administrativa não cabe conhecer de argüições de inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo, matéria de competência do Poder Judiciário, por força do próprio texto constitucional. EXCLUSÃO DO SIMPLES. DISCUSSÃO INOPORTUNA EM PROCESSO DE LANÇAMENTO FISCAL PREVIDENCIÁRIO. O foro adequado para a discussão acerca da exclusão da empresa do SIMPLES Federal e/ou do Simples Nacional é o respectivo processo instaurado para esse fim, não cabendo, em sede de processo de lançamento fiscal de crédito previdenciário, a rediscussão acerca dos motivos que conduziram à expedição de Ato Declaratório Executivo da exclusão. ARROLAMENTO DE BENS O arrolamento de bens formalizado pelo Fisco objetiva o acompanhamento do patrimônio suscetível de ser indicado como garantia de crédito tributário e a representação para a propositura de medida cautelar fiscal que não se confunde com o arrolamento de bens como condição para seguimento do recurso voluntário. INFRAÇÃO. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. GFIP Constitui infração a empresa apresentar Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. MULTA. LEGISLAÇÃO MAIS BENÉFICA. Na imputação de penalidade aplicase a legislação menos onerosa. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Impugnação Improcedente. Fl. 546DF CARF MF 4 Intimado em 17/09/2013 (fl. 461), a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 16/10/2013 (fl. 465/495 e docs. anexos fls. 496/501), argumentando, em síntese: · Pela suspensão da lide enquanto não fosse julgado o processo nº 10950.724320/201143; · Que os arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235/1972 não traz um rol taxativo, e sim exemplificativo das hipóteses de nulidade do auto de infração; · Que a Receita Federal do Brasil quebrou o sigilo bancário da Contribuinte de forma ilegal, posto que foi feita sem a necessária autorização judicial; · Que o sigilo bancário da Contribuinte é um direito fundamental, nos termos do art. 5º, X e XII da CF/1988; · Que, conforme o princípio da verdade material, deve ser reconhecida a nulidade dos autos de infração lavrados com base apenas em indícios, vez que a autoridade fiscalizadora não verificou, detalhadamente, se os créditos bancários decorriam de faturamento ou de empréstimos ou mesmo de transferências entre contas de mesma titularidade; · Que a tributação foi feita de forma inadequada pois não foi respeitado o regime de tributação ao qual a empresa estava submetida no período de apuração, nos termos do art. 288 do RIR/1999; · Que a empresa foi excluída do SIMPLES em decorrência da identificação de receita omitida que ultrapassava o limite legal; mas que, nessa identificação, a autoridade fiscalizadora não percebeu que nem todos os valores creditados nas contas bancárias são receita sendo, isso sim, em muitos casos, transferências entre contas da própria contribuinte; · Caso não seja cancelado o auto de infração em decorrência da identificação equivocada de recursos como receita, que ao menos tais valores sejam excluídos da base de cálculo; · Que a cobrança retroativa de valores, decorrente da exclusão do SIMPLES, é ilegal e inconstitucional, pois fere diversos princípios jurídicos; · Que, nos termos do art. 15 da Lei nº 9.317/1996, os efeitos da exclusão do SIMPLES somente podem ser observados a partir do anocalendário subsequente àquele da exclusão; nesse sentido, inadequada a inclusão do exercício de dez/2006; · Que muitos dos recursos creditados nas contas bancárias mantidas perante a SICOOB são, em verdade, referente a operações de empréstimo de capital de giro, e não de receita; Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10950.724231/201198 Acórdão n.º 2202003.552 S2C2T2 Fl. 546 5 · Que a aplicação da multa de 75% ofende o art. 150, IV, e ao art. 5º, XXII, ambos da CF/1988, posto que confiscatória e atentatória ao direito de propriedade; · Pede ainda a realização de perícia, para comprovação da origem dos recursos creditados em suas contas bancárias, vez que não lhe fora concedido prazo suficiente durante a fiscalização, indicando inclusive nome de perito; Chegando ao CARF, foi proferida a Resolução CARF nº 2302000.292, de 13/05/2014 (fls. 508/511), que determinou a suspensão dos presentes autos enquanto não fosse julgado o processo nº 10950.724230/201143, que analisa a exclusão do Simples e do Simples Nacional. Juntado aos autos o acórdão CARF nº 1301001.523 (fls. 513/530), que julgou referido processo e concluiu pela efetiva exclusão da empresa do Simples, vieramme os autos para retomar o julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos formais de admissibilidade. É necessário registrar, entretanto, que boa parte da defesa se lastreia em argumentos de inconstitucionalidade ou de ofensa a princípios constitucionais. Tendo em vista o quanto estabelece a Súmula CARF nº 02, este tribunal administrativo não pode afastar a aplicabilidade da Lei com base em argumento de inconstitucionalidade, à exceção das hipóteses do art. 62 do RICARF. Igualmente, tendo em vista que a análise destes autos já foi suspensa pela Resolução CARF nº 2302000.292, para aguardar o julgamento do processo nº 10950.724230/201143, e que já foi proferido nele o acórdão CARF nº 1301001.523, deixou de ter sentido tal pedido. Ainda, boa parte da defesa do Contribuinte versa sobre a sua exclusão do Simples, tais como os argumentos acerca da quebra do sigilo bancário e da caracterização de creditamentos como se fossem receitas com base em indícios. A verdade é que (i) o processo administrativo de exclusão do Simples foi formalizado em autos apartados, especificamente no processo administrativo nº 10950.724230/201143; (ii) o art. 2º, V, do Anexo II ao RICARF atribui à 1ª Seção a competência para julgar a exclusão do Simples; e (iii) esse lançamento é reflexos àquele procedimento fiscal, haja vista que ambos decorrem do mesmo MPF e dos mesmos fatos. Nesse contexto, não cabe a essa turma analisar a adequação do procedimento que culminou com a exclusão do Simples, vez que tal competência foi atribuída a outra Seção Fl. 548DF CARF MF 6 desse CARF. Mais, tendo em vista que o referido processo administrativo fiscal já foi julgado, por turma que tem competência para analisar a legislação do Simples e a questão fática que levou à exclusão da Contribuinte desse programa especial, cabenos tão somente tomar as conclusões ali alcançadas com relação a essa matéria para, ato contínuo, analisar a correção, ou não, do lançamento referente à Contribuição Previdenciária. Inclusive, o CARF já tem decisões nesse sentido. Por todas: EXCLUSÃO DO SIMPLES. COMPETÊNCIA. DISCUSSÃO EM FORO ADEQUADO. ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO (ADE) n° 21/2011 DECISÃO DEFINITIVA. NÃO CONHECER. O foro adequado para discussão acerca da exclusão da empresa do tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte, na apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação (SIMPLESFederal/SIMPLESNacional) é o respectivo processo instaurado para esse fim. Descabe em sede de processo de lançamento fiscal de crédito tributário o exame dos motivos que ensejaram a emissão do ato de exclusão, com decisão definitiva reconhecida no processo no 13896.722526/201110, consubstanciado pelo Ato Declaratório Executivo (ADE) n° 21/2011. (acórdão nº 2402004.848, de 26/01/2016). Portanto, conheço apenas parcialmente do recurso voluntário, nas matérias que são da competência desse tribunal administrativo e, mais especificamente, dessa turma. Efeitos da Exclusão do Simples o art. 15 da Lei nº 9.317/1996 e a decadência quinquenal A recorrente argumenta, caso seja efetivada a exclusão do Simples, que o art. 15, IV, da Lei nº 9.317/1996 determina que tal exclusão somente surtirá efeitos no ano calendário seguinte àquele em que for ultrapassado o limite de receitas permitido para as empresas optantes pelo regime especial. Ademais, tendo em vista as regras de decadência quinquenal, e que somente fora intimada do lançamento em dezembro/2011, então a receita somente poderia ter utilizado dados de dezembro/2006 em diante. Enfim, conclui que a exclusão do Simples somente poderia começar a surtir efeitos a partir de 2008, devendo ser anulados todos os lançamentos referentes a dezembro/2006 e todo o anocalendário de 2007. Não assiste razão à Contribuinte. Como bem anotou a própria Recorrente, a exclusão do simples surtirá efeito a partir do anocalendário subsequente àquele no qual for apurada receita superior ao limite legal. In casu, foi apurado que a empresa extrapolou o limite no anocalendário de 2006, surtindo efeitos, a exclusão, para o anocalendário de 2007. No que se refere ao limite temporal, a verdade é que a caducidade quinquenal seja pelas regras do art. 173, I, seja pelas do art. 150, §4º, ambos do CTN aplicamse em relação à constituição do crédito tributário. O poderdever da autoridade fiscalizadora de auditar e fiscalizar as contas, contabilidade, declarações, etc. não se restringe pelos mesmo Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10950.724231/201198 Acórdão n.º 2202003.552 S2C2T2 Fl. 547 7 parâmetros temporais, ainda que não se exija do Contribuinte a obrigação acessória de manter os documentos comprobatórios por tempo indeterminado. Nesse contexto, por exemplo, o art. 173, I, do CTN estabelece como limite temporal para a constituição do crédito tributário o prazo de 5 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, e.g., se o lançamento do IRPF referente ao anocalendário de 2009 poderia ter sido feito em 2010, mas não o foi, a autoridade fiscalizadora terá como marco inicial para a sua contagem decadencial o dia 1º de janeiro de 2011, e como termo o dia 31/12/2015. Portanto, em novembro/2015 a autoridade fiscalizadora poderá, ainda, fiscalizar e analisar dados referentes a fevereiro de 2009, quase sete anos antes. No mesmo sentido, a autoridade fiscalizadora pode e deve analisar os dados das empresas para averiguar se elas se enquadram ou não no regime especial do Simples, inclusive observando períodos retroativos superiores a cinco anos em relação à data em que se efetua a fiscalização. Enfim, impende registrar que o lançamento ora sob julgamento se refere aos anoscalendário de 2007 e 2008, não havendo que se falar em exercício de 12/2006, como tentou argumentar a Recorrente. Mérito Da base de cálculo o art. 288 do Decreto nº 3.000/1999 O Contribuinte argumenta que houve erro na construção do lançamento, vez que o art. 288 do Decreto nº 3.000/1999 determina que, nos casos de omissão de receita, a apuração do quantum debeatur deve respeitar o regime de tributação ao qual a empresa estiver submetido. A DRJ, analisando essa matéria, esclareceu que: "Embora a cobrança da contribuição previdenciária patronal, objeto do processo em comento, seja conseqüência da exclusão do regime especial de tributação, cabe ressaltar que para a apuração dos créditos previdenciários foram tomados por base as remunerações dos segurados empregados e contribuintes individuais, registrados nas folhas de pagamentos, declarados nas GFIP e escriturados nos livros Diário/Razão, não se utilizando os dados decorrentes de extratos bancários." fls. 454/455. Em sede de recurso voluntário, apesar de transcrever esse exato trecho, a Contribuinte insistiu no mesmo argumento, com redação do Recurso Voluntário quase idêntica àquela observada na impugnação. Explicou, apenas, que a empresa, à época em que os supostos recursos haviam sido omitidos, estava sujeita ao Simples/Simples Nacional, e não ao lucro arbitrado/presumido, razão pela qual deveriam ser aplicadas as regras daquele programa. Irrepreensível o entendimento do acórdão recorrido. Vez que se trata de Contribuições Previdenciárias Patronais, a base de cálculo utilizada foram as remunerações dos segurados empregados e contribuintes individuais, conforme registrado na folha de pagamento e declarados nas GFIPs. Nesse sentido, pouco importou se o montante das receitas omitidas, Fl. 550DF CARF MF 8 bem como pouco importou se a empresa teve seu lucro presumido ou arbitrado para fins tributários. Enfim, tendo em vista a publicação dos ADE nº 56 e 57, ambos de 2011, e a inexistência de decisão (administrativa ou judicial) que desfaça tal ato, não é possível aplicar as regras do Simples/Simples Nacional ao caso concreto. Diante de tudo quanto exposto, não assiste razão ao Contribuinte nesse quesito. Da base de cálculo creditamentos que não são receita A recorrente argumenta pela exclusão da base de cálculo dos valores creditados na conta bancária que não se configuram receita. Não assiste razão ao Recorrente pois, como já foi anotado acima, a base de cálculo desse lançamento é a remuneração paga aos empregados e aos contribuinte individuais, não tendo qualquer vinculação com a receita da empresa. Da perícia Enfim, argumentando que não teve tempo hábil para apresentar a documentação referente à origem dos valores creditados em suas contas bancárias no decorrer da fiscalização, a Recorrente pleiteia que seja realizada perícia técnica para que possa afastar a acusação de omissão de rendimentos. Nesse sentido, inclusive, indica perito técnico de sua confiança nos termos do art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972. A verdade é que tal pedido carece de utilidade prática para o presente processo. Em primeiro lugar, essa turma não tem competência para se pronunciar sobre a exclusão do simples; em segundo lugar, a receita identificada ou omitida da Contribuinte não tem relevância para a apuração do tributo ora analisado. Diante do exposto, e nos termos do art. 18 do mesmo Decreto nº 70.235/1972, indefiro o pedido de diligência posto que dispensável ao deslinde do presente julgamento. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, não conheço das questões de inconstitucionalidade e da exclusão do simples, por falta de competência, e no mérito voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 551DF CARF MF Processo nº 10950.724231/201198 Acórdão n.º 2202003.552 S2C2T2 Fl. 548 9 Fl. 552DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.003928/2010-22
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 22/03/2010
AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN.
Em se tratando de Auto de Infração de Obrigação Acessória, não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN.
Numero da decisão: 9202-004.451
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PERÍODO ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I DO CTN. Em se tratando de Auto de Infração de Obrigação Acessória, não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 39 28 /2 01 0- 22 Fl. 208DF CARF MF 2 Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.211.9018, lavrado contra o contribuinte identificado acima, em decorrência do descumprimento da obrigação acessória de Fundamento Legal 78 (apresentar GFIP com informações incorretas ou omissas). Conforme informações contidas no relatório fiscal, o crédito tributário lançado decorre de infração à Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inciso IV, acrescentado pela Lei 9.528, de 10/12/97 e redação dada pela MP n° 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n° 11.941, de 27/05/2009, por ter a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte apresentado as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, das competências 01/2005 a 12/2005, com informações incorretas ou omissas. O Autode InfraçãoAI foi lavrado em 22/03/10, tendo o autuado dele tomado ciência em 25/03/2010. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG julgado o lançamento procedente. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, fls. 157, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso, para reconhecer a decadência do crédito tributário referente às competências 01 e 02/2005, com base na regra do art. 150, §4º do CTN. Portanto, em sessão plenária de 21/01/2014, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2403002.401, assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Quando o lançamento preenche os requisitos legais, não há que se falar em nulidade. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicada a regra qüinqüenal da decadência do Código Tributário Nacional. Tratando o lançamento de não cumprimento de obrigação acessória constituidora de crédito tributário e havendo recolhimentos aplicase a regra do § 4º do artigo 150 do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte.” O processo foi encaminhado, para ciência da Fazenda Nacional, em 08/01/2015 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 15/01/2015, o Recurso Especial. Em seu Fl. 209DF CARF MF Processo nº 15504.003928/201022 Acórdão n.º 9202004.451 CSRFT2 Fl. 3 3 recurso visa a reforma do acórdão recorrido a fim de que o prazo decadencial seja apurado de acordo com o disposto no art. 173, I, do CTN. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº da 4ª Câmara, de 11/02/2016. O recorrente traz como alegações, que: · no lançamento de ofício, a Fazenda Pública tem o prazo de um lustro para promover o lançamento, contado na forma prescrita no art. 173, I, do CTN, verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;” · no tocante aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, – em que há atuação do contribuinte no cálculo e pagamento antecipado do tributo devido sem prévio exame da autoridade administrativa como é o caso das contribuições previdenciárias o marco inicial para contagem do curso decadencial, em regra, é a data da ocorrência do fato gerador, ressalvada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do art. 150, § 4.º, do CTN. · ainda no terreno dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, existe duas situações factíveis que operam reflexos diversos em relação à contagem do prazo decadencial: a primeira, em que o contribuinte efetua o pagamento a menor, tempestivamente, devendo as diferenças ser lançadas nos cinco anos seguintes contados da ocorrência do fato gerador, conforme reza o art. 150, § 4º; e a segunda ocorre quando o contribuinte não promove nenhum pagamento, caso em que o lançamento de ofício deve ocorrer no quinquênio seguinte, contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser constituído o crédito, nos termos do art. 173, I, do CTN, isto porque, ante a ausência total de pagamento por parte do contribuinte, não haveria o que a Administração homologar, pois a homologação não pode atuar sobre o nada, tornando imperativo o lançamento de ofício dos montantes devidos na forma do art. 149 do CTN, e não por homologação, o que atrai inexoravelmente a incidência da regra estampada no art. 173, I, do CTN. · No caso do presente auto, o crédito tributário decorre de penalidade infligida ao sujeito passivo porque descumpriu dever instrumental (fazer ou nãofazer determinada prestação) a que estava obrigado, tornando óbvia a inviabilidade da ocorrência de qualquer pagamento antecipado de sua parte, já que a quantia devida encontra sua origem no ato emanado da autoridade fiscal, em lançamento de ofício, e portanto, deverá ser disciplinado pelo art. 173, I, do CTN. Fl. 210DF CARF MF 4 Cientificado do Acórdão nº 2403002.401, do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial, em 12/04/2016, o contribuinte apresentou, em 26/04/2016, portanto tempestivamente, suas contrarrazões, onde alega que: · o STF sedimentou o entendimento na Súmula Vinculante nº 8 de que os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que preveem o prazo de 10 anos de decadência para os créditos tributários oriundos de relações previdenciárias, são inconstitucionais, devendo ser aplicada a essa situação a regra geral quinquenal para a fixação da decadência para constituição de qualquer crédito tributário ou não tributário, e assim, certo de que os lançamentos dos tributos previdenciários são por homologação, entende a doutrina que se aplica aos casos a regra do dia a quo definida no art. 150,§4º do CTN, que estabelece o início da contagem do prazo decadencial a partir do fato gerador do tributo. · a tese da Fazenda Nacional que alega que, por se tratar de descumprimento de obrigação acessória previdenciária, aplicase ao caso a sistemática do art. 173, I, do CTN não deve prosperar, pois é uma interpretação que desfavorece o contribuinte, e, dessa forma, viola o art. 112 do CTN, que determina a aplicação da interpretação mais favorável ao contribuinte para a legislação tributária que estabelece infrações. É o relatório. Fl. 211DF CARF MF Processo nº 15504.003928/201022 Acórdão n.º 9202004.451 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Especial pelo Procurador é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 179. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. DO MÉRITO A questão objeto do recurso, referese ao acatamento da preliminar referente ao prazo de decadência, para o fisco constituir os créditos objeto deste Auto de Infração de obrigação acessória, considerando que a Câmara a quo apreciou a decadência a luz do art. 150, §4º do CTN. Em primeiro lugar, devemos considerar que se trata de auto de infração, que ao contrário das NFLD ou dos AI de obrigações principais, constitui obrigação acessória de “fazer” ou “deixar de fazer”, sendo irrelevante a existência ou não de recolhimentos antecipados. Porém, antes de identificar o período abrangido pela decadência, exponha a tese que adoto sobre o assunto. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Fl. 212DF CARF MF 6 Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional – CTN, quanto ao prazo para a autoridade previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações previdenciárias. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173, I ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições para Fl. 213DF CARF MF Processo nº 15504.003928/201022 Acórdão n.º 9202004.451 CSRFT2 Fl. 5 7 que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. No caso, a aplicação do art. 150, § 4º, é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente. Contudo, conforme descrito anteriormente, tratase de lavratura de Auto de Infração por não ter a empresa cumprido obrigação acessória, mais especificamente, informar no documento GFIP fatos geradores de contribuições previdenciárias. Dessa forma, não há que se falar em recolhimento antecipado devendo a decadência ser avaliada a luz do art. 173, I do CTN. Neste ponto, apenas esclareço a inaplicabilidade da súmula 99 do CARF, considerando que a regra ali expressa, visa deixar claro que rubricas pagas pelo empregador na condição de salário indiretos serão apreciadas a luz do art. 150, §4º do CTN, sempre que demonstrado recolhimento antecipado/parcial sobre o mesmo fundamento legal. Entretanto, como já enfatizado estamos falando de obrigação acessória, dessa forma, não há que se falar de recolhimento antecipado. Notese que, a apreciação da decadência a luz do art. 173 do CTN que descreve: "O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado", deve levar em consideração que a data limite para entrega da GFIP. Nesse sentido, convém verificar nos normativos próprio da GFIP Manual da GFIP, versão 8.4, qual a data para apresentação: A GFIP/SEFIP é utilizada para efetuar os recolhimentos ao FGTS referentes a qualquer competência e, a partir da competência janeiro de 1999, para prestar informações à Previdência Social, devendo ser apresentada mensalmente, independentemente do efetivo recolhimento ao FGTS ou das contribuições previdenciárias, quando houver: a) recolhimentos devidos ao FGTS e informações à Previdência Social; b) apenas recolhimentos devidos ao FGTS; c) apenas informações à Previdência Social. O arquivo NRA.SFP, referente ao recolhimento/declaração, deve ser transmitido pelo Conectividade Social até o dia sete do mês seguinte àquele em que a remuneração foi paga, creditada ou se tornou devida ao trabalhador e/ou tenha ocorrido outro fato gerador de contribuição ou informação à Previdência Social. Caso não haja expediente bancário, a transmissão deve ser antecipada para o dia de expediente bancário imediatamente anterior. O arquivo NRA.SFP, referente à competência 13, destinado exclusivamente à Previdência Social, deve ser transmitido até o dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da referida competência. Dessa forma, tanto a entrega da GFIP da competência dezembro como do 13º salário, em matéria previdenciária, somente vence no dia 07 e 31 do mês subsequente, ou seja, aproximadamente 07 e 31 de janeiro do ano seguinte (a depender se é dia útil ou não). Nesse Fl. 214DF CARF MF 8 sentido, a competência dezembro e 13º salário, só terá o prazo para lançamento (autuação) iniciado no dia 1º dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser lançado o tributo ou aplicada a multa correspondente. Por fim, esclareço que a decisão aqui refletida não afronta, de forma alguma, decisão do STF, uma vez que a súmula nº 08 declara a inconstitucionalidade do art. 45 da lei 8212/91, passando a decadência a ser apreciada a luz do disposto no CTN, conforme foi analisado no corpo desse voto. Assim, no lançamento em questão a lavratura do AI deuse em 22/03/2010, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 25/03/2010. Os fatos geradores omitidos referemse ao período de 01/2005 a 12/2005, dessa forma, a luz do art. 173, I do CTN, não há decadência a ser declarada. CONCLUSÃO: Voto pelo CONHECIMENTO do recurso ESPECIAL DO PROCURADOR para DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 215DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.912963/2009-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 28/07/2005 a 28/07/2005
NULIDADE. INEXISTÊNCIA
Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF).
APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL.
Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração.
ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS-IMPORTAÇÃO.
A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação.
À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiam-se nas vendas líquidas de produtos licenciados, referem-se, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3201-002.407
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/07/2005 a 28/07/2005 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS-IMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação. À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiam-se nas vendas líquidas de produtos licenciados, referem-se, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. Recurso Voluntário Provido.
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Incidência sobre remessas ao exterior para pagamento de royalties. Recorrente CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 28/07/2005 a 28/07/2005 NULIDADE. INEXISTÊNCIA Não é nulo o despacho decisório que se fundamenta no cotejo entre documentos apontados como origem do crédito (DARF) e nas declarações apresentadas que demonstram o direito creditório (DCTF). APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIO DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO ANTERIORMENTE AO DESPACHO DECISÓRIO. VERDADE MATERIAL. Indícios de provas apresentadas anteriormente à prolação do despacho decisório que denegou a homologação da compensação, consubstanciados na apresentação de DARF de pagamento e DCTF retificadora, ratificam os argumentos do contribuinte quanto ao seu direito creditório. Inexiste norma que condiciona a apresentação de declaração de compensação à prévia retificação de DCTF, bem como ausente comando legal impeditivo de sua retificação enquanto não decidida a homologação da declaração. ROYALTIES. REMUNERAÇÃO EXCLUSIVA PELO USO DE LICENÇA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA. INEXISTÊNCIA DE SERVIÇOS CONEXOS. NÃO INCIDÊNCIA DE PIS/COFINS IMPORTAÇÃO. A disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofins importação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 91 29 63 /2 00 9- 93 Fl. 593DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 3 2 À luz do contrato de licenciamento e dos efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incidem as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse, exclusivamente, à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties. Recurso Voluntário Provido. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF Jundiaí emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que é coligada de empresa localizada da Alemanha, com a qual possui contrato de licença de uso de marca e fornecimento de tecnologia, efetuando remessas ao exterior a título de royalties. Todavia, a contribuinte afirmou que, equivocadamente, incluiu na base de cálculo da Cofins Importação e do PISImportação os valores pagos ao exterior a título de royalties. Procurando demonstrar a existência do direito creditório juntou ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 05038.922. A DRJ afastou a preliminar de nulidade do despacho Decisório e, no mérito, não reconheceu o direito ao crédito alegado, por considerar que o contribuinte não juntara aos autos provas suficientes para concluir que teria ocorrido tributação indevida sobre remessas a título de royalties. Inconformada, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário repisando os argumentos anteriormente apresentados. Fl. 594DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 4 3 Submetido à julgamento na 1º Turma Especial da 3ª Seção, em preliminar, o relator entendeu não configurada a suscitada nulidade do despacho decisório por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa. No mérito, o julgamento foi convertido em diligência, nos termos da Resolução n° 3801000.724, nos seguintes termos: Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que a Delegacia de origem: a) Em relação aos valores remetidos ao exterior que teriam dado ensejo ao direito creditório pleiteado, intime a recorrente a apresentar cópia dos contratos firmados com a empresa beneficiária das remessas (Continental Teves AG & Co. oHG), devendo ser apresentada a tradução juramentada para o idioma nacional, caso estejam em língua estrangeira; cópia das faturas comerciais (invoices) ou documentação suplementar que embasaram as remessas e cópias digitalizadas dos registros, no livro Razão, referentes às remessas relacionadas a pagamento de royalties; b) apure a legitimidade do crédito pleiteado decorrente de pagamento indevido ou a maior a título de Contribuição para o PIS/PASEPImportação e a COFINSImportação sobre as importâncias remetidas ao exterior conforme as operações apontadas, com base nos documentos acostados aos autos, na escrituração fiscal e contábil e demais documentos que julgar necessários; c) cientifique a interessada quanto ao resultado da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de 30(trinta) dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. Retornou o processo da unidade de origem com Relatório de Diligência Fiscal elaborado pela SAORT/DRF Camaçari/BA, cujas conclusões foram: 12. Como podese verificar, o royalty tem presença no contrato, que mostram a existência de uma licença para uso da propriedade industrial e intelectual. 13. No entanto, também estão presentes no contrato outros elementos, que configuram serviços. Por exemplo, o contrato prevê o fornecimento de informações técnicas. Conforme item 1.4, nessas informações técnicas está incluída o fornecimento de “desenhos, especificações incluindo especificações de teste e qualidade, outros dados de knowhow e outra assistência técnica”. Ou seja, a assistência técnica, que configura claramente uma obrigação de fazer, está incluída no contrato. 14. No item 4.2.2 está prevista outra clara obrigação de fazer para a licenciadora: “fornecer informações, na medida em que estiverem à disposição da LICENCIADORA, em resposta a consultas técnicas razoáveis recebidas”. 15. Estando presente características de royalties e de serviços, resta verificar se o contrato estabelece a sua remuneração de cada um de forma individualizada. O item 5 do contrato Fl. 595DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 5 4 (Remuneração), não estabelece essa individualização. Ele prevê uma forma única de remuneração (4% sobre o valor das vendas, posteriormente alterado por aditivo para 3%), sem distinguir royalties e serviços. 16. Portanto, pela aplicação da Solução de Divergência Cosit nº 11, de 2011, que preconiza a necessidade dessa individualização, não deve ser reconhecido o direito creditório sobre os recolhimentos em questão. A interessada foi cientificada do Relatório de Diligência e apresentou argumentos e contrapontos ao entendimento exarado pela autoridade fiscal, assim sintetizados: a) o Auditor aponta cláusula contratual ("1.4 Informações Técnicas") com previsão de prestação de serviços, contudo, sem discriminálos; b) aduz que "informações técnicas" compreendem o fornecimento de dados atinentes aos produtos licenciados e, portanto, tem por natureza uma obrigação de "dar", não de "fazer", como asseverou a autoridade; c) explicita que "informações técnicas" são orientações de uso disponibilizadas à licenciada, sem intervenção física ou deslocamento com finalidade de prestação de serviço; d) consigna que as atividades de fornecimentos/disponibilizações de manuais e outras informações não se encontram listados no Anexo da Lei Complementar nº 116/03 para configurem a materialidade a que incide o ISS; e) argumenta que a "Assistência Técnica", presente no Anexo da IN 116/03, impõe a prestação de serviço por um profissional, o que não se verifica no caso; f) o contrato celebrado tem por objeto licença para uso de marca e não compreende qualquer prestação de serviço. A licenciadora apenas fornece as instruções para a fabricação dos produtos licenciados em estabelecimento da licenciada; g) conclui afirmando que os documentos acostados apontam para um contrato de transferência de uso de marca e tecnologia no qual se obriga com o pagamento de royalties. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.395, de 28/09/2016, proferido no julgamento do processo 13839.912959/200925, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.395): Fl. 596DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 6 5 "O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual o Colegiado que o apreciou em julgamento anterior dele tomou conhecimento. Quanto a preliminar de nulidade, pactuo com os argumentos e conclusões do Relator, assentadas na sessão de 24/04/2014, por inexistirem razões para sua decretação, as quais reproduzo: Preliminarmente, quanto à alegação de nulidade no despacho decisório por ausência de fundamentação e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa entendo que não assiste razão à recorrente. O instituto da compensação está previsto no artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. In casu, o contribuinte apresentou declaração de compensação de débitos de PIS, e apontou o documento de arrecadação (DARF) referente a PISImportação, como origem do crédito, alegando “pagamento indevido ou a maior”, conforme disposto nas normas regulamentadoras. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. A fundamentação da não homologação da compensação pleiteada reside no cotejo entre as próprias declarações apresentadas pelo contribuinte e os documentos apontados como origem do direito creditório. Apesar do contribuinte informar ter retificado a DCTF posteriormente, a analise eletrônica do PERDCOMP se deu com base nas declarações ativas quando da apresentação do mesmo. Embora os critérios dessa análise possam ser insuficientes para criar um juízo de certeza da inexistência ou insuficiência do crédito do contribuinte, esse fato por si só não ensejaria a decretação da nulidade do despacho por cerceamento de defesa, qual seja, a impossibilidade de o impugnante defenderse da não homologação, por falta de compreensão do motivo da não homologação. Fl. 597DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 7 6 Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Por certo, na sistemática da análise dos PERDCOMPs de pagamento indevido ou a maior, na qual é feito um batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente – disponível ou não, não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Foi o que ocorreu no presente caso, em que a recorrente já na fase litigiosa informou a origem do indébito e, posteriormente, juntou a documentação comprobatória que embasaria o seu direito. Não resta caracterizada a nulidade se o impugnante, a partir do despacho decisório, assimila as conseqüências do fato que deu origem à rejeição da compensação, que lhe possibilitem saber quais pontos devem ser esclarecidos em sua defesa, para comprovação de seu direito creditório. Passemos à análise do mérito. A 1ª Turma Especial enfrentou preliminarmente questão relativa à preclusão consumativa do direito à apresentação da DCTF retificadora após a transmissão do PER/DCOMP e antes da prolação do Despacho Decisório, documento este informativo do direito creditório decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Compartilho do entendimento exarado pelo Relator original, o qual transcrevo como parte deste voto: Apesar da complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas apenas em sede de Recurso Voluntário, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, com respaldo ainda na alínea “c” do § 4º art. 16 do PAF (Decreto nº 70.235/1972), quando a juntada de provas destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Fl. 598DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 8 7 Neste sentido, os dados da DCTF retificadora e os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. No caso em tela, não existe norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico. O comando contido no inciso III do § 2º do art. 11 da IN RFB nº 903/2008, vigente à época, abaixo reproduzido, não se refere a decisão em pedido do contribuinte, que não é procedimento fiscal, em sentido estrito, ou seja, procedimento tendente a apurar débito do contribuinte. Art. 11 . A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (grifei). Portanto, não há impedimento legal algum para a retificação da DCTF, que considero tratarse de prova indiciária, em qualquer fase do pedido de restituição ou compensação, desde que anteriormente à inscrição em dívida ativa, sendo que este somente pode ser deferido após a comprovação do direito creditório Considero, também, suplantada a questão da não incidência das Contribuições de que trata a Lei nº 10.865/2004 em relação aos royalties, uma vez que estes são remunerações da propriedade industrial ou intelectual em razão de sua cessão, direito de uso ou transferência de tecnologia uma obrigação de dar, não caracterizada como prestação de serviço. A questão de mérito apresentase em concluir se o pagamento do PIS Importação (código 54341), no valor de R$ 70.896,74, referente ao 2º trimestre/2004, é indevido em decorrência dos valores pagos a título de royalties compreender tão somente parcela devida pela cessão, direito de uso e transferência de tecnologia à licenciada na fabricação de produtos, ou se tal parcela comporta igualmente remuneração advinda de outra modalidade de prestação de serviço conexa ou acessória ao contrato de licença. Fl. 599DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 9 8 Esta foi a dúvida suscitada da qual decorreu a conversão do julgamento, de 24 de abril de 2014, em Diligência à unidade de origem. Salientase que a Solução de Divergência nº 11/2011, da Coordenação Geral de Tributação (Cosit) SD Cosit nº 11/2011, pacificou o entendimento de que não há incidência das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, vinculados à importação, sobre o valor pago a título de royalties, se o contrato discriminar destes os valores relativos aos pagamentos dos serviços técnicos e da assistência técnica de forma individualizada. No ponto em que se encontra os autos e realizada a Diligência determinada por Colegiado deste CARF, mister se faz apreciar os documentos e manifestações da contribuinte em face do relatório de diligência elaborado pela SAORT/DRF Camaçari/BA, bem como o teor deste (relatório). Em que pese a constatação de que os documentos coligidos pela Unidade de Origem apresentaramse "SEM ATESTE", entendo superada a insuficiência de autenticidade pois que no retorno da Diligência para juntada de documentos da contribuinte e apuração da legitimidade do crédito pleiteado, com base nos documentos acostados, a autoridade fiscal atestou a correlação entre invoices, contratos de câmbio, pagamentos e certificado de averbação, assim consignado (fl. 620): 04. Com relação aos documentos, os invoices e contratos de câmbios apresentados na manifestação de inconformidade demonstram que os pagamentos se referem ao contrato com certificado de averbação INPI NR. 991197/03. Repisando, a Diligência teve por escopo (1) obter do contribuinte licenciado cópias do contrato celebrado com a licenciadora, das faturas comerciais e dos registros no Livro Razão, relacionados com o pagamento de royalties que ensejaram o direito creditório pleiteado, e (2) a apuração pela Delegacia de origem da legitimidade do crédito pleiteado em face dos documentos coligidos. De um lado a outro, os argumentos cingiramse em afirmar (Auditor Fiscal) ou infirmar (contribuinte) a previsão de prestação de serviços pela licenciadora em razão da presença, nas cláusulas do contrato de Licença, dos termos "informações técnicas" e "assistência técnica". Assim, defendeu o AuditorFiscal a impossibilidade de afastar a incidência do PIS/PasepImportação sobre os pagamentos de royalties em razão dos valores comportarem também pagamentos decorrentes da prestação de serviços pela licenciadora. Em contrapartida, a contribuinte sustenta a não incidência da Contribuição pois as remessas de valores tem fundamento exclusivo no pagamento pela cessão, direito de uso e transferência de tecnologia, sem abarcar quaisquer serviços prestados. Analiso os argumentos suscitados para então decidir o litígio, iniciandose com a manifestação da autoridade fiscal em seu Relatório de Diligência (fls. 620/624). A autoridade fiscal preocupase em trazer a definição de royalties e seu conteúdo semântico para demonstrar a exclusão de "serviço técnico" e "assistência Fl. 600DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 10 9 técnica" da abrangência de seu conceito. Para isso, utilizouse das definições contidas na IN SRF nº 252/2002, que trata de royalties para fins da incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte. Aduz que no contrato de licenciamento constam, além da licença para uso da propriedade industrial e intelectual, "outros elementos, que configuram serviços". Fundamenta seus argumentos apontando para três cláusulas contratuais: a. O subitem "1.4" cujo título é "Informações Técnicas" no qual se insere cláusula de fornecimento de materiais técnicos (desenhos, especificações e outros dados) e de assistência técnica, concluindo, quanto a esta (assistência técnica), tratarse de uma obrigação de fazer, que vislumbra característica de prestação de serviço; b. O subitem "4.2" que prescreve "Tarefa do Correspondente Técnico da Licenciadora" dispõe sobre fornecimento de informações à licenciada com relação "dispositivos licenciados e informações técnicas", concluindo também tratarse de obrigação de fazer prestação de serviço na medida em que tais informações são disponibilizadas à licenciada; c. No subitem "5. Remuneração" que estabelece a forma de cálculo da remuneração e seu percentual a título de royalties não se verifica individualização quanto à parcelas relativas à prestação de serviços. Ao final de seu relatório, arremata pelo não reconhecimento do direito creditório à luz da Solução de Divergência Cosit nº 11/2011 que exige a individualização da remuneração licença de uso e prestação de serviços para efeitos de pagamento de royalties e cálculo das contribuições. Entendo não assistir razão à autoridade fiscal. A conceituação de royalties na IN SRF nº 252/2002 está prevista no inciso I, do § 1º do art. 17, in verbis: Art. 17. As importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a pessoa jurídica domiciliada no exterior a título de royalties de qualquer natureza e de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica, administrativa e semelhantes sujeitamse à incidência do imposto na fonte à alíquota de quinze por cento. § 1º Para fins do disposto no caput: I classificamse como royalties os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: a) direito de colher ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais; b) direito de pesquisar e extrair recursos minerais; c) uso ou exploração de invenções, processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio; d) exploração de direitos autorais, salvo quando recebidos pelo autor ou criador do bem ou obra; Fl. 601DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 11 10 Os termos "serviço técnicos" e "assistência técnica" estão definidos no inciso II, do mesmo artigo: II considerase: a) serviço técnico o trabalho, obra ou empreendimento cuja execução dependa de conhecimentos técnicos especializados, prestados por profissionais liberais ou de artes e ofícios; b) assistência técnica a assessoria permanente prestada pela cedente de processo ou fórmula secreta à concessionária, mediante técnicos, desenhos, estudos, instruções enviadas ao País e outros serviços semelhantes, os quais possibilitem a efetiva utilização do processo ou fórmula cedido. Pois bem, fato é que o dispositivo do IRRF distingue royalties de serviço técnicos e assistência técnica para efeito de incidência de pagamentos e remunerações nessas rubricas. Quanto ao serviço técnico, a prestação é realizada por "profissionais liberais ou de artes e ofícios", portanto, é trabalho realizado por pessoa física, desenvolvendo atividade atinente a suas habilidades técnicas/artísticas em caráter pessoal. Não se prevê o trabalho realizado em nome de uma pessoa jurídica e no meu entender não se amolda às cláusulas contratuais em análise. "Assistência técnica a assessoria permanente" diz respeito àquela prestada por quem cede licença de processo ou fórmula secreta cujo trabalho (assistência) fazse necessário de modo permanente a possibilitar a efetiva utilização do processo ou fórmula cedida. Não é a situação que envolve licenciadalicenciadora, pois o objeto é transferência de tecnologia para fabricação de peças automotivas, que não se confunde com um "processo" ou fórmula secreta" ou "outros serviços" que possibilitem a efetiva utilização do processo ou fórmula cedida. A utilização dos conceitos inseridos na IN SRF nº 252/2002 para estabelecer diferenças entre pagamentos de royalties e de serviço técnico/assistência técnica implica o ônus de se observar o conteúdo e aplicação desses termos na análise do Contrato de licenciamento e o objeto da atividade da recorrente. Dito de outra forma, a autoridade fiscal emprestou os as definições da IN tão somente para segregar pagamentos ao exterior relativos à royalties, serviços técnicos e em assistência técnica; contudo, não utilizou seus significados na interpretação das atividades previstas no contrato, que por certo, não se tratam de licenças relativas a processos industriais ou à fórmula secreta, como conceituado na IN. A conclusão, ainda que até aqui preliminar, é no sentido de que o contrato de licenciamento não contempla "serviço técnico" e assistência técnica" tal como conceituados na IN SRF nº 252/2002 para fins de segregação e apuração dos valores de royalties remetidos ao exterior aos quais não incidirão as Contribuições nos termos da SD Cosit nº 11/2011. Fl. 602DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 12 11 Serão, também, analisadas as cláusulas contratuais e a forma de apuração da remuneração dos royalties, que contêm expressões relativas a "informações técnicas", "assistências técnicas" e outros termos abordados no relatório para demonstrar a inexistência de prestação de serviços no contrato de licenciamento da contribuinte. Antes, passo à análise da manifestação da contribuinte (fls. 629/636) que contrapõe os argumentos da autoridade fiscal no Relatório de Diligência. Confronta a contribuinte os fundamentos do relatório da diligencia sob o argumento de que não houve a indicação dos serviços contemplados no contrato de licenciamento que foram efetivamente prestados pela licenciadora. Alega que as "informações técnicas" não se caracterizam prestações de serviços, mas orientações disponibilizadas pela licenciadora por meio de manuais, guias de orientação, sem intervenção de pessoa física. Destaca que o objeto do contrato é uma licença para uso de marca estrangeira para fabricar produtos e realizar vendas na modalidade "OEM", "OES" E "AM" e tal licença inclui a utilização das informações técnicas acerca dos produtos. Argúi que a licenciadora fornece as instruções necessárias à execução das atividades (fabricação de produtos automotivos) no País. Entendo assistir razão à recorrente. As cláusulas contratuais são claras suficientes para apontar não somente a inexistência de prestação de serviços como um de seus objetos, ainda que secundário ou acessório, impõe também concluir que o cálculo da remuneração dos royalties contempla exclusivamente receitas de vendas dos produtos licenciados, o que exclui o pagamento pela prestação de serviços conexos ao licenciamento. Primeiro, passo à análise do "Contrato de Licença" e do seu "Aditivo ao Contrato de Licença", celebrado entre a recorrente e a empresa estrangeira Continental Teves AG & CO. OHG, a qual será realizada mediante a investigação e interpretação dos vocábulos e expressões utilizadas que permitem extrair o seu objeto e, em especial, a previsão de (in)existência de serviços conexos à licença. a. "Dispositivos Licenciados" referemse aos produtos automotivos (peças) listados na "Tabela A" (fls. 447/450) licenciados à fabricação. Referida tabela compõe de peças veiculares de fabricação nacional. Portanto, não contemplam serviços. b. "Patentes Licenciadas", relacionadas na "Tabela B" (fl. 451), referemse a patentes possuídas pela licenciadora que se relacionam ou se aplicam aos "dispositivos licenciados". Portanto, não se tratam de serviços. c. "Informações Técnicas" referemse à disponibilização de informações orais ou por escrito relativas aos "dispositivos licenciados". As "informações" estão discriminadas na "Tabela C" (fls. 452/456) e compõem exatamente da mesma relação de dispositivos da "Tabela A". Portanto, não se tratam de outro serviço conexo, são mera prestações de informações, por intermédio de desenhos, especificações e outros dados. Fl. 603DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 13 12 d. Os termos "OEM", "OES" e "AM" referemse à fornecimento de peças e sobressalentes aos fabricantes de carros. e. "Atividades de B&C" referemse à produção e venda de sistemas de freios e seus acessórios. f. A cláusula "2.1 Licença Concedida" trata do objeto do contrato, que se resume à licença para fabricar as peças automotivas relacionadas nas tabelas e vender os dispositivos como "OEM", "OES E "AM", incluindose a licença para usar informações técnicas e as patentes licenciadas. Tais cláusulas são precisas para delas depreender a inexistência de prestações de serviços no âmbito do contrato celebrado. g. O tópico "4. Informações técnicas" trata do fornecimento de informações, o qual dispõe no item "4.1.1", "A LICENCIADA receberá da LICENDIADORA as Informações técnicas abaixo descritas"; h. Da leitura da cláusula "4.2" inferese que "dar informação" corresponde a colocar à disposição da licenciada cópias da documentação descrita na "Tabela C" e demais dados técnicos relativos e necessários à fabricação dos dispositivos licenciados, o que inclui respostas a consultas técnicas formuladas e recebidas, em relação aos dispositivos licenciados. Atentese que a atividade objeto do contrato de licenciamento é o fornecimento de licença de uso ou cessão para a transferência de tecnologia para a fabricação e venda de peças automotivas. Não há previsão de quaisquer prestações de serviços conexos ao licenciamento, isto é, inexiste qualquer obrigação de fazer; restringese o contrato a uma obrigação de dar. A definição de prestação de serviço, construída pela doutrina jurídica, é estabelecida nos termos em que há um esforço humano dirigido a terceiro, com conteúdo econômico, em caráter negocial e profissional, realizada sob regime de direito privado, cujo objeto é a realização de atividade da qual resulte um bem material ou imaterial. Assim dispõe a doutrina de Paulo de Barros de Carvalho1 em seu escólio acerca da prestação de serviço sujeita ao ISS: A mais desse fator, é forçoso que a atividade realizada pelo prestador apresentese sob a forma de "obrigação de fazer". Eis aí outro elemento caracterizador da prestação de serviços. Só será possível a incidência do ISS se houver negócio jurídico mediante o qual uma das partes se obrigue a praticar certa atividade, de natureza física ou intelectual, recebendo, em troca, remuneração. Por outro ângulo, a incidência do ISS pressupõe atuação decorrente do dever de fazer algo até então inexistente, não sendo exigível quando se tratar de obrigação que imponha a mera entrega, permanente ou temporária, de algo que já existe. 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário linguagem e método, 3. ed.. São Paulo: Noeses, 2009, p. 768 Fl. 604DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 14 13 Destarte, a previsão contratual de disponibilização de "informações técnicas" e "assistência técnica", por intermédio de entrega de dados e outros documentos pela licenciadora estrangeira, para utilização na fabricação de produtos licenciados no País, não configura prestação de serviços conexos ao licenciamento para efeitos de incidência de Contribuição para o PIS/Pasepimportação e à Cofins importação. A segunda análise recai sobre a forma de cálculo e a modalidade do pagamento dos royalties remetidos ao exterior em cumprimento às cláusulas estipuladas no contrato de licença. A remuneração do contrato de licença está previsto em sua cláusula "5.1 Royalty reincidente" (fl. 439) a qual estipula a taxa de 4% (quatro por cento) sobre "todos os Preços de Fábrica de vendas de Dispositivos Licenciados e quaisquer outras peças de veículos automotivos fabricados em conformidade com as Informações Técnicas e/ou pela utilização das Patentes Licenciadas." Referida taxa sofreu alteração por meio do "Aditivo ao Contrato de Licença", de 28/10/2004, que em suas folhas 2/4 e 3/4 (efls. 459/460) dispôs que "A LICENCIADA pagará à LICENCIANTE um Royalty Reincidente não restituível que remontará a 3% (três por cento) de todas as Vendas Líquidas." Resta claro qual deve ser a composição dos valores sobre os quais incidirão os royalties: preços de venda (na fábrica) ou vendas líquidas, em determinado período. Desses valores estão excluídos quaisquer parcelas relativas a pagamentos por serviços conexos à licença tomados pela contribuintelicenciada. Isto porque há previsão expressão na cláusula "5.2 Pagamento de royalty e Relatório de Royalty" de que o pagamento dos royalties será acompanhado de relatório a ser prestado pela contribuinte à licencidadora contendo (i) relação dos artigos e números dos dispositivos licenciados vendidos ou utilizados; (ii) o montante de "Preços de Fábrica recebidos por Dispositivos licenciados e suas peças" e (iii) a discriminação (origem / "derivação") das quantias pagas à licenciadora, conforme as informações prestadas. Completada a análise quanto aos valores que compõem o cálculo do pagamento dos royalties devidos à licenciadora, cumpre verificar a correspondência desse com os demais documentos coligidos e a sua regularidade conforme exigências da legislação. Os documentos em apreço são: invoice (fatura comercial), contrato de câmbio e correspondente registro na escrituração contábil. A invoice nº nº 90343232 (fl. 591/594) emitida pela licenciadora informa pagamento relativo a "Taxas de Royalties referentes à Taxa de Licença Contrato de 12 de novembro de 1999 (...)", com valor total de USD 1.300.811,16. De fato, o valor consignado não é o efetivamente remetido pois, conforme cláusula contratual, o pagamento deve ser líquido de impostos e taxas no país do licenciado. Assim, efetuada a retenção legal de 15% relativo ao IRRF (conforme informado no campo "outras especificações" do contrato de câmbio de fl. 204 e Fl. 605DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 15 14 lançamento no livro Razão à fl. 600), o valor a ser remetido é de USD 1.105.689,49 (R$ 3.454.395,10), exatamente como consignado na "Planilha de Cálculo" (fl. 201) e Contrato de Câmbio nº 04/03489, de 23/06/200 (fls. 203/205), corroborado com extrato emitido pelo UNIBANCO, que comprova sua liquidação. Passo seguinte é verificar a regularidade da remessa cambial a título de royalties. A disciplina acerca das remessas de valores para o exterior a título de royalties ou qualquer outro título (inclusive "assistência técnica") foi estabelecida pela Lei nº 4.131, de 03/09/1962, com o controle pela Superintendência da Moeda e do Crédito SUMOC. Atualmente regulamentada pelo Banco Central do Brasil pela Circular nº 3.689/2013, que dispõe sobre o capital estrangeiro no País e sobre o capital brasileiro no exterior. De fato, em ambos diplomas não se verifica qualquer distinção quanto ao pagamento a título de royalties ou de outros serviços para o exterior. Não obstante, a Circular nº 3.689/2013, na Subseção I, que trata de "Royalties, serviços técnicos e assemelhados", do capítulo "Operações financeiras", dispõe sobre os registros das operações contratadas e discrimina sus espécies, como transcrito: Subseção I Royalties, serviços técnicos e assemelhados Art. 101. Esta subseção dispõe sobre o registro, no módulo ROF do RDE, das operações contratadas entre pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no País, e pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior, relativas a: I licença de uso ou cessão de marca; II licença de exploração ou cessão de patente; III fornecimento de tecnologia; IV serviços de assistência técnica; V demais modalidades que vierem a ser averbadas pelo INPI; e VI serviços técnicos complementares e as despesas vinculadas às operações enunciadas nos incisos I a V deste artigo não sujeitos a averbação pelo INPI. Resta evidente que o regulamento estabeleceu diferenças entre royalties e serviços nos incisos "I" a "III" (royalties), "IV" (serviços de assistência técnica) e "V" (serviços técnicos complementares). Desde a edição da CartaCircular nº 2803/98, vigente em 01/07/1998, que contempla as operações da recorrente no ano de 2003/2004, as diferenças entre remessas por pagamento de royalties e de outros serviços estão especificadas segundo Tabela com os códigos atribuídos à natureza da operação, quando da prestação dessas informações no preenchimento do contrato de câmbio. Fl. 606DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 16 15 Conforme a transcrição de Tabela, resta caracterizada a natureza do pagamento ao exterior com a verificação do código informado no contrato de câmbio: XIV SERVIÇOS DIVERSOS NATUREZA DA OPERAÇÃO Nº CÓDIGO 1 EXPORTAÇÃO/IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS 1/ PATENTES 2/ licença de exploração/cessão 45625 MARCAS 2/ licença de uso/cessão 45618 FORNECIMENTO DE 2/ tecnologia 45632 serviços de assistência técnica 45649 serviços e despesas complementares 45584 FRANQUIAS 2/ 45591 IMPLANTAÇÃO OU INSTALAÇÃO DE PROJETO técnicoeconômico 45656 industrial 45663 de engenharia 45670 SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS 3/ projetos, desenhos e modelos industriais 45687 projetos, desenhos e modelos de engenharia 45694 montagem de equipamentos 45704 outros serviços técnicosprofissionais 45711 In casu, verificando a natureza da operação informada pela recorrente no Contrato de Câmbio nº 04/03489 (fl. 203) constatase tratarse do código de prefixo "45632", que conforme inciso III, do art. 101 da Circular do BCB nº 3.689/2013, corresponde ao pagamento ao exterior em decorrência do fornecimento de tecnologia, que evidencia pagamento de roylaties. Na hipótese do pagamento corresponder à prestação de serviço de assistência técnica ou de serviços complementares, os códigos seriam, respectivamente, 45634 e 45584, o que não se verifica nos autos. Assim, os documentos coligidos nos autos, relativos à apuração e ao pagamento dos valores devidos e remetidos ao licenciador estrangeiro, com a utilização de código cambial vinculado a pagamentos de royalties, comprovam tratarse de remessa a título de royalties previsto em contrato para a transferência de tecnologia para fabricação de produtos licenciados. Fl. 607DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 17 16 Finalizando, concluo que, à luz do contrato de licenciamento e os efetivos pagamentos realizados ao exterior, não incide as Contribuições para o PIS/Pasepimportação e Cofinsimportação, pois tais pagamentos, cujos cálculos baseiamse nas vendas líquidas de produtos licenciados, referemse exclusivamente à remuneração contratual pela transferência de tecnologia, com natureza jurídica de royalties, inexistindo parcelas relativas à serviços conexos à licença a serem individualizados no contrato. Evidenciase assim, pagamento indevido o recolhimento efetuado pela recorrente, para o qual se pleiteia restituição do valor recolhido, por meio do DARF, código 5434 (fl. 202). Diante do exposto, voto no sentido de reconhecer o direito creditório da recorrente e dar provimento ao recurso voluntário." Retornando ao caso deste processo, importante ressaltar que todos os documentos analisados no julgamento do paradigma encontram correspondência com os documentos juntados ao presente, a saber: a) "Contrato de Licença" e seu "Aditivo ao Contrato de Licença", celebrado entre a Continental do Brasil e a empresa estrangeira Continental Teves AG & CO. OHG (fls. 435 a 462 mesmo contrato que o analisado no julgamento do paradigma); b) invoice nº 90455654 (fls. 530) emitida pela licenciadora informando pagamento relativo a "Taxas de Royalties referentes à Taxa de Licença Contrato de 12 de novembro de 1999 (...)", no valor total de USD 1.619.197,00; c) contrato de cambio nº 05/049655, no valor de USD 1.376.317,45 (fls. 200 a 202), que comprova a remessa ao exterior de USD 1.376.317,45 (R$ 3.251.687,61), corroborado com extrato emitido pelo UNIBANCO que comprova sua liquidação; d) o valor da remessa, conforme cláusula contratual, corresponde ao valor total da invoice menos o desconto do IRRF de 15%, conforme lançamentos no razão fl. 540) e planilha de cálculo de fl. 198; e) a natureza da operação no Contrato de Câmbio nº 05/049655 foi especificada com o código de prefixo "45632", que, conforme inciso III do art. 101 da Circular do BCB nº 3.689/2013, corresponde ao pagamento ao exterior em decorrência do fornecimento de tecnologia, o que evidencia pagamento de royalties; f) DARF de fl. 199. Portanto, constatase que neste processo o contribuinte juntou os mesmos documentos que foram considerados hábeis à comprovação do direito creditório no caso do paradigma, variando apenas o número dos documentos e os valores envolvidos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório em litígio. Winderley Morais Pereira Fl. 608DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13839.912963/200993 Acórdão n.º 3201002.407 S3C2T1 Fl. 18 17 Fl. 609DF CARF MF Impresso em 19/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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