Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10880.915969/2008-38
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/09/1999
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.985
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/09/1999 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10880.915969/2008-38
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5621120
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-003.985
nome_arquivo_s : Decisao_10880915969200838.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 10880915969200838_5621120.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
id : 6468305
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692328497152
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1920; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10880.915969/200838 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303003.985 – 3ª Turma Sessão de 07 de junho de 2016 Matéria PIS/COFINS. Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/09/1999 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 69 /2 00 8- 38 Fl. 248DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.868, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 249DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 252DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915969/200838 Acórdão n.º 9303003.985 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 255DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721528/2012-15
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2011
AUTO DE INFRAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. COMPATIBILIDADE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração (Súmula CARF nº 48), tampouco é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente.
DECISÃO JUDICIAL. EFEITO REPETITIVO. INOCORRÊNCIA.
No julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.140.956-SP, não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e negado
Numero da decisão: 9202-004.303
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Apresentará declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201607
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. COMPATIBILIDADE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração (Súmula CARF nº 48), tampouco é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente. DECISÃO JUDICIAL. EFEITO REPETITIVO. INOCORRÊNCIA. No julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.140.956-SP, não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e negado
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16327.721528/2012-15
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5632973
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.303
nome_arquivo_s : Decisao_16327721528201215.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 16327721528201215_5632973.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Apresentará declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente em exercício (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Helena Cotta Cardozo.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
id : 6490037
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692332691456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2238; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1.231 1 1.230 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.721528/201215 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202004.303 – 2ª Turma Sessão de 20 de julho de 2016 Matéria NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO DEPÓSITO JUDICIAL Recorrente BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. COMPATIBILIDADE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração (Súmula CARF nº 48), tampouco é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente. DECISÃO JUDICIAL. EFEITO REPETITIVO. INOCORRÊNCIA. No julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.140.956SP, não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Apresentará declaração de voto a conselheira Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 15 28 /2 01 2- 15 Fl. 1231DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Gerson Macedo Guerra e Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de Auto de Infração por meio do qual se exige Imposto de Renda na Fonte incidente sobre a operação de conversão de ações em depositary receipts (certificados de depósito), efetuada em 10/09/2010 (fls. 837/842). Conforme o Termo de Verificação Fiscal (fls. 843/888), a Contribuinte questionou judicialmente a exigência, por meio do Mandado de Segurança nº 001922046.2010.4.036100, impetrado em 14/09/2010, tendo sido efetuado depósito judicial nessa data. Em sessão plenária de 16/07/2014, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2201002.435, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2011 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SÚMULA CARF Nº 1. “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. AUTO DE INFRAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEPÓSITO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 48. “A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração”. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SOBRESTAMENTO. Não há previsão legal ou normativa, fora dos casos previstos no Regimento Interno do CARF, para o sobrestamento do julgamento de processo administrativo, em face da existência de processo judicial em que se discute o mérito do lançamento." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, na parte concomitante com ação judicial e, na parte conhecida, negarlhe provimento." Fl. 1232DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.232 3 Cientificado do acórdão em 05/09/2011 (Termo de Abertura de Documento no eCAC fls. 1.104), o Contribuinte opôs, em 11/09/2014, os Embargos de Declaração de fls. 1.107 a 1.115, rejeitados conforme o Despacho de Admissibilidade de Embargos de fls. 1.142 a 1.144. Intimado da rejeição de seus Embargos em 07/11/2014 (Termo de Abertura de Documento no eCAC fls. 1.148), o Contribuinte interpôs, em 19/11/2014, o Recurso Especial de fls. 1.151 a 1.164, com fundamento nos artigos 64, inciso II, e 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, suscitando a nulidade do Auto de Infração, tendo em vista a existência de depósito judicial. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi dado seguimento, conforme o Despacho de Admissibilidade de 18/02/2015 (fls. 1.215 a 1.218). No Recurso Especial, o Contribuinte apresenta os seguintes argumentos, em resumo: no caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação (entre os quais está incluído o Imposto sobre a Renda), quando o contribuinte, verificando a ocorrência do fato gerador, calcula o montante devido e realiza o depósito judicial, ele constitui definitivamente o crédito tributário, nos termos do artigo 150 do CTN; Isso porque, nessa hipótese, verificase a "típica atividade exercida pelo contribuinte" (que, de acordo com o mencionado dispositivo, representa um ato de lançamento), no qual o depósito do tributo equivale ao pagamento antecipado e o substitui; assim, tendo em vista que, quando há depósito judicial, o crédito tributário é constituído pelo contribuinte (auto lançamento), é desnecessário e indevido o lançamento de ofício por parte da Autoridade Fiscal; confirase, neste sentido, o entendimento esposado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, quando da prolação dos acórdãos paradigmas n°s 3201000.640 e 1201000.887, os quais, frisese, são posteriores à edição da Súmula CARF n° 48, suscitada no acórdão recorrido: Acórdão nº 3201000.640 Relator: Marcelo Ribeiro Nogueira "DEPÓSITO JUDICIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DESNECESSIDADE DE LANÇAMENTO FORMAL PELO FISCO. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. O depósito judicial do montante integral pelo contribuinte substitui o lançamento, nos tributos por homologação, sendo desnecessário o lançamento para prevenir a decadência." Acórdão nº 1201000.887 Relator: Roberto Caparroz de Almeida "DEPÓSITO JUDICIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DESNECESSIDADE DE LANÇAMENTO FORMAL PELO FISCO. PRECEDENTES DA PRIMEIRA SEÇÃO DO Fl. 1233DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. O depósito judicial do montante integral pelo contribuinte substitui o lançamento, nos tributos por homologação, sendo desnecessário o lançamento para prevenir a decadência." A propósito, importante transcrever trecho do voto condutor do acórdão paradigma n° 3201000.640,: "Durante anos houve debate sobre a necessidade e dever do Poder Público lançar valores depositados para prevenir a decadência. Naqueles tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quando o contribuinte efetua o depósito integral do débito restou pacificada no Superior Tribunal de Justiça a desnecessidade de constituição do crédito por meio do lançamento, uma vez que o contribuinte já teria feito a apuração e o recolhimento/depósito do valor devido. (...) Assim, o depósito integral do montante do tributo, efetuado pelo contribuinte, além de suspender a exigibilidade do crédito tributário, torna desnecessária a constituição do crédito pelo lançamento. Isto porque aquela Corte Superior entendeu que o depósito corresponde a um lançamento tácito, porque o sujeito passivo procede ao cálculo do tributo e coloca o montante correspondente em dinheiro à disposição do Fisco. Desta forma, o lançamento só será necessário quando o depósito não for integral. Além disso, mais recentemente, o Superior Tribunal de Justiça adotou o procedimento previsto no artigo 543C do CPC, o qual deve ser observado por este Colegiado, na forma do disposto no artigo 62A, introduzido na nova redação emprestada ao Regimento Interno deste CARF, pela Portaria n° MF n° 586, de 21 de dezembro de 2010 (publicada no DOU de 22.12.2010). Foi a seguinte ementa adotada por aquela Corte Superior: (...) Por esta razão, VOTO por dar provimento ao recurso e considerar o auto de infração nulo." (g.n.) ora, conforme descrito no voto acima colacionado, de fato, o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo, consolidou o entendimento no sentido de aue em tais casos não há necessidade da lavratura de auto de infração pela autoridade fiscal, nos termos acima expostos, confirase: "É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. O processo de cobrança do crédito tributário encarta as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito: a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidadeautuação; b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidadeinscrição; c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidadeexecução Fl. 1234DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.233 5 Os editos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso propostas, deverá ser extinta. [...]". (RESP n° 1140956 g.n.) dessa forma, como bem reconhecido nos paradigmas ora suscitados, e em observância ao disposto no artigo 62A do RICARF, não haveria razão à lavratura do presente auto de infração, uma vez que o crédito tributário já se encontrava constituído através do depósito realizado pelo Recorrente nos autos da Ação Judicial; de fato, o Contribuinte realiza todas as atividades que caracterizam o lançamento, quais sejam, (i) calcula o valor do tributo e (ii) efetua o pagamento, ou, no caso de tal cobrança não ser devida, (iii) substitui o "pagamento antecipado" pelo depósito judicial em montante integral, ou seja, o ato administrativo do lançamento tornase desnecessário, uma vez que suprido pelo próprio contribuinte; a Fazenda Nacional, por sua vez, aceitando como integral o depósito para fins de suspensão da exigibilidade do crédito, anui expressa ou tacitamente com o valor indicado pelo contribuinte, o que equivale à homologação fiscal prevista no artigo 150, § 4°, do CTN; ademais, há que se consignar que, diferentemente do que entendeu a Turma Julgadora, não é a suspensão da exigibilidade do crédito tributário que impede a lançamento fiscal por meio do Auto de Infração, mas a constituição do crédito tributário por meio do depósito integral realizado pelo contribuinte; e mesmo que assim o fosse, da interpretação do disposto no artigo 151 do CTN, depreendese que a existência de medida judicial com provimento que suspenda a exigibilidade do crédito tributário (hipótese da Súmula 48 do CARF) e o depósito do montante integral devido, são hipóteses diversas; deveras, a Súmula nº 48 do CARF não se amolda à atuação descrita nos presentes autos, uma vez que não é a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial que impede a lavratura do auto de infração, mas sim a constituição do crédito tributário pelo próprio contribuinte, por meio do depósito judicial efetuado pelo Recorrente; verificase, portanto, que o entendimento esposado no acórdão recorrido, no sentido de manter incólume o lançamento fiscal, não merece prosperar, uma vez que o presente auto de infração é, de fato, nulo, posto que o Recorrente já havia efetuado depósito integral do valor exigido, constituindo o crédito tributário; assim, é evidente a desnecessidade e a nulidade do lançamento objeto do presente processo, uma vez que o crédito tributário já havia sido constituído pelo depósito judicial ("pagamento antecipado") efetuado pelo Recorrente; portanto, conforme jurisprudência deste Conselho, emanada dos acórdãos paradigmas acima colacionados, bem como do entendimento pacificado no STJ, na sistemática do artigo 543C do CPC, há que se reconhecer a necessidade de reforma do acórdão recorrido, uma vez que, claramente, o depósito integral realizado pelo Recorrente nos autos da Ação Judicial constituiu o crédito Fl. 1235DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 tributário em discussão, tornando desnecessário e imotivado o ato administrativo, ensejando, assim, a declaração de nulidade do auto de infração originário do presente processo administrativo; Ao final, o Contribuinte pede o conhecimento e provimento do recurso, para que seja cancelado o Auto de Infração. O processo foi encaminhado à Fazenda Nacional em 24/02/2015 (Despacho de Encaminhamento fls. 1.219) e, em 10/03/2015, foram oferecidas as Contrarrazões de fls. 1.220 a 1.228 (Despacho de Encaminhamento de fls. 1.229), contendo os seguintes argumentos, em síntese: nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional, o lançamento é ato administrativo de caráter vinculado e obrigatório, não podendo a autoridade fiscal eximirse de efetuálo, mesmo que existente hipótese de suspensão de exigibilidade do crédito tributário (art. 151, CTN), sob pena de responsabilidade funcional (cita doutrina de Alberto Xavier); com efeito, nada impede que o Fisco, com vistas a prevenir a decadência, proceda ao lançamento quando o contribuinte, antes do procedimento fiscal, busca a tutela jurisdicional para deixar de recolher, total ou parcialmente, determinado tributo, realizando os respectivos depósitos judiciais integrais, conforme preceitua o art. 63 da Lei 9.430, de 1996; a jurisprudência dos Tribunais Superiores não diverge dessa linha de pensamento, confirase: “TRIBUTÁRIO. ICM. DECADÊNCIA. PRAZO QÜINQÜENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), que é de cinco anos. 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. 3. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar. (destacouse) 4. Recurso especial provido.” (STJ, REsp 260040 / SP, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 14.12.2006 p. 330) “TRIBUTÁRIO IPI FORMA DE APURAÇÃO CORREÇÃO MONETÁRIA – DL 2.450/88 E LEI 7.799/89 CTN, ART. 151, II DEPÓSITO JUDICIAL SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇAMENTO POSSIBILIDADE NÃO OCORRÊNCIA DECADÊNCIA LEVANTAMENTO DOS VALORES DEPOSITADOS IMPOSSIBILIDADE ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PRECEDENTES. Fl. 1236DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.234 7 O depósito do montante integral suspende a exigibilidade do crédito tributário impugnado, nos termos do art. 151, II, do CTN, mas não impede que a Fazenda proceda ao lançamento e, muito menos, que se abstenha de lavrar novas autuações sob o mesmo fundamento, paralisando apenas a execução do crédito controvertido.(destacouse) Transcorrido o prazo decadencial de cinco anos (art. 150, § 4º, do CTN), insuscetível de interrupção ou suspensão, e não efetuado o lançamento dos valores impugnados e depositados em juízo, há que se reconhecer a decadência do direito do fisco efetuar a constituição do crédito tributário. A jurisprudência deste Tribunal Superior firmou o entendimento no sentido de que o depósito para suspender a exigibilidade do crédito tributário só pode ser convertido em renda da UNIÃO, ou devolvido ao contribuinte, após o trânsito em julgado da sentença. Recurso especial prejudicado ante a superveniente perda de objeto.” (STJ, REsp 464343 / DF, rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, DJ 30.03.2006 p. 190) Citese, ainda, entendimento do CARF: Acórdão 1101001.135 Sessão de 05/06/2014 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2008 CRÉDITO TRIBUTÁRIO DEPOSITADO JUDICIALMENTE. LANÇAMENTO. MATÉRIA DECIDIDA NO RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. INOCORRÊNCIA. No julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.140.956/SP não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral. ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. Embora desnecessário, não é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente. JUROS DE MORA. Não são devidos juros de mora sobre o crédito tributário objeto de depósito no montante integral (Súmula CARF nº 5). CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Fl. 1237DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 SOBRESTAMENTO. Se o julgamento do litígio administrativo não depende do julgamento da ação judicial, é desnecessário o sobrestamento. Acórdão 10707.992 Sessão de 16/03/2005 NULIDADE DE LANÇAMENTO. Não provada a violação das disposições contidas no art. 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72. Não há que se falar em nulidade do lançamento. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. O depósito judicial do montante integral do crédito tributário, nos termos do inciso II do art. 151 do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas, não impede a formalização do lançamento para prevenção de decadência. Acórdão 20307064 Sessão de 25/01/2001 PIS DEPÓSITOS JUDICIAIS CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE LANÇAMENTO PARA PREVINIR A DECADÊNCIA POSSIBILIDADE Quando o contribuinte, antes de procedimento fiscal, busca a tutela jurisdicional para deixar de recolher, total ou parcialmente, determinado tributo, realizando os respectivos depósitos judiciais, nada impede o Fisco, com vistas a prevenir a decadência, proceder o respectivo lançamento, cuja cobrança só poderá ser implementada após o trânsito em julgado da decisão judicial. PRAZO DE RECOLHIMENTO Com a declaração de inconstitucionalidade dos DecretosLeis trs 2.445/88 e 2.449/88, o prazo de recolhimento da Contribuição para o PIS deve ser aquele previsto na Lei Complementar n° 07/70 e na legislação posterior que a alterou (Lei n° 8.019/90, originada da conversão das MPs trs 134/90 e 147/90, e Lei n 8.218/91, originada da conversão das MPs n°s 97/91 e 298/91), normas essas que não foram objeto de questionamento, e, portanto, permanecem em vigor. Incabível a interpretação de que tal contribuição deva ser calculada com base no faturamento do sexto mês anterior. Recurso negado. Acórdão nº 3403003.017 “ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 16/04/2008, 08/05/2008, 11/04/2012 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MATÉRIA DISCUTIDA JUDICIALMENTE. CONCOMITÂNCIA. SÚMULA 1/CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas Fl. 1238DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.235 9 a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. LANÇAMENTO FISCAL. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. DEPÓSITO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O lançamento fiscal efetuado para prevenção da decadência não é nulo na hipótese de existir depósito judicial buscando garantir eventual exigência, ainda mais se os montantes depositados divergem dos lançados. MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO. TRIBUTOS. CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL. A partir da edição da Lei no 10.833/2003, passou a ser possível a cumulação da multa substitutiva do perdimento com tributos incidentes na importação, na excepcional hipótese em que as mercadorias sejam entregues ao importador (v.g. por força de decisão judicial) e incorporadas à economia nacional, impossibilitando nova apreensão por não localização, consumo o revenda. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário apresentado na parte em que há concomitância com processo judicial e, na parte conhecida, em negar provimento.” à luz da jurisprudência acima destacada, não se justifica o cancelamento da exigência, posto que a existência de depósito judicial das quantias objeto da cobrança não impede o lançamento; o lançamento foi realizado por agente competente, o ato reúne os requisitos expressos na art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e veicula crédito tributário ainda não extinto, logo não há que se falar em nulidade, sendo o Auto de Infração plenamente válido; por fim, cumpre destacar que a manutenção do Auto de Infração não traz qualquer prejuízo para o Contribuinte, eis que não lhe será efetuada qualquer exigência antes do trânsito em julgado do processo judicial; por outro lado, o cancelamento do Auto de Infração pode trazer prejuízos irreparáveis à Fazenda Nacional, eis que, em que pese não seja o procedimento normal, sabese que, por vezes, o Poder Judiciário autoriza o levantamento dos valores depositados judicialmente antes do trânsito em julgado do processo. nesse contexto, devidamente demonstrada a inexistência de nulidade, resta clara a necessidade de manutenção do lançamento, tal como decidido pelo Colegiado a quo. Ao final, a Fazenda Nacional pede que se negue provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, mantendose o acórdão recorrido Voto Fl. 1239DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 10 Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de Auto de Infração por meio do qual se exige Imposto de Renda na Fonte, lavrado unicamente para prevenir a decadência, tendo em vista o depósito do montante integral, conforme registrado na respectiva peça de autuação (fls. 837): "O crédito tributário constituído por meio do presente auto de infração está com a exigibilidade suspensa por força de depósito do montante integral efetuado nos autos do processo nº 001922046.2010.4.03.6100 da 8ª Vara Federal (art. 151, incisos II e IV do CTN)." O Contribuinte suscita a nulidade do Auto de Infração, tendo em vista a existência de depósito judicial. A Fazenda Nacional, por sua vez, em sede de Contrarrazões pede a manutenção do lançamento. De plano, constatase que , no que tange à possibilidade de lavratura do Auto de Infração, quando o autuado busca a tutela do Poder Judiciário sobre o mesmo objeto do processo administrativo e efetua o depósito do montante integrado do débito, no acórdão recorrido aplicouse a Súmula CARF nº 48, que assim dispõe: “A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração”. Assim, constatase que a citada súmula não faz qualquer ressalva quanto à medida judicial específica que teria ocasionado a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, se depósito do montante integral ou qualquer outra. O art. 151 do Código Tributário Nacional, por sua vez, elenca as hipóteses de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, judiciais ou não, dentre elas o depósito do montante integral. Confirase: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial VI – o parcelamento. Destarte, sendo o depósito do montante integral uma das hipóteses de suspensão de exigibilidade de crédito tributário, e tendo em vista que a Súmula CARF nº 48 permite a lavratura de Auto de Infração mesmo que o crédito tributário esteja com sua exigibilidade suspensa por força de medida judicial, sem explicitar qualquer exceção, obviamente que ela também é aplicável aos casos de depósito, portanto foi correta a decisão recorrida. Fl. 1240DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.236 11 Em seu Recurso Especial, o Recorrente argumenta que, quando há depósito judicial, o crédito tributário é constituído pelo Contribuinte (auto lançamento), portanto seria desnecessário e indevido o lançamento de ofício por parte da Autoridade Fiscal. Nesse passo, pede que seja declarada a nulidade do Auto de Infração. O art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, assim dispõe: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Com efeito, a situação dos autos não se enquadra em nenhuma das situações passíveis de declaração de nulidade, acima especificadas. O Auto de Infração foi lavrado por autoridade competente e não houve qualquer cerceamento de direito, já que o Contribuinte teve a liberdade inclusive de buscar a tutela do Poder Judiciário. E na esfera administrativa o crédito tributário já foi lavrado com suspensão de exigibilidade, de sorte que não se vislumbra qual seria a razão para declararse a alegada nulidade. A discussão que se pode travar, no presente caso, é se a lavratura do Auto de Infração seria imprescindível ou se seria dispensável, o que de forma alguma se confunde com a proibição de efetuarse a sua lavratura, muito menos com a necessidade de declararse a nulidade de lançamento já efetuado, seguindo todos os ditames legais, sem qualquer mácula. A esse respeito, o Contribuinte alega a existência de decisão do Superior Tribunal de Justiça, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil, que vincularia os Conselheiros de CARF, conforme o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF. Tratase do Recurso Especial 1.140.956SP, que no entender desta Conselheira de forma alguma autoriza a conclusão de que deveriam ser declarados nulos os Autos de Infração lavrados em presença de depósito do montante integral do débito. Assim, embora não seja imprescindível a lavratura de Auto de Infração nos casos em que haja depósito do montante integral do crédito tributário, não há base legal para que os lançamentos efetuados nessas condições sejam considerados nulos ou sejam cancelados. Nesse sentido, trago à colação e aqui incluo em minhas razões de decidir o voto proferido pela Ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, no Acórdão nº 1101001.135, de 05/06/2014, que analisou o Recurso Especial 1.140.956SP, citado pelo Contribuinte em seu apelo, concluindo que o efeito repetitivo não contempla a tese esposada pelo Contribuinte: "A recorrente invoca a observância do art. 62A do RICARF em razão da manifestação do Superior Tribunal de Justiça assim consolidada na ementa do Recurso Especial nº 1.140.956SP: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. AÇÃO ANTIEXACIONAL ANTERIOR À EXECUÇÃO FISCAL. DEPÓSITO INTEGRAL DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 151, II, DO CTN). ÓBICE À PROPOSITURA DA EXECUÇÃO Fl. 1241DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 12 FISCAL, QUE, ACASO AJUIZADA, DEVERÁ SER EXTINTA. 1. O depósito do montante integral do débito, nos termos do artigo 151, inciso II, do CTN, suspende a exigibilidade do crédito tributário, impedindo o ajuizamento da execução fiscal por parte da Fazenda Pública. (Precedentes: REsp 885.246/ES, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 06/08/2010; REsp 1074506/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe 21/09/2009; AgRg nos EDcl no REsp 1108852/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 10/09/2009; AgRg no REsp 774.180/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2009, DJe 29/06/2009; REsp 807.685/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/04/2006, DJ 08/05/2006; REsp 789.920/MA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/02/2006, DJ 06/03/2006; REsp 601.432/CE, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/09/2005, DJ 28/11/2005; REsp 255.701/SP, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/04/2004, DJ 09/08/2004; REsp 174.000/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/05/2001, DJ 25/06/2001; REsp 62.767/PE, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/04/1997, DJ 28/04/1997; REsp 4.089/SP, Rel. Ministro GERALDO SOBRAL, Rel. p/ Acórdão MIN. JOSÉ DE JESUS FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/02/1991, DJ 29/04/1991; AgRg no Ag 4.664/CE, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/08/1990, DJ 24/09/1990) 2. É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. 3. O processo de cobrança do crédito tributário encarta as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito: a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidadeautuação; b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidadeinscrição; c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidade execução. 4. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim Fl. 1242DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.237 13 como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. 5. A improcedência da ação antiexacional (precedida do depósito do montante integral) acarreta a conversão do depósito em renda em favor da Fazenda Pública, extinguindo o crédito tributário, consoante o comando do art. 156, VI, do CTN, na esteira dos ensinamentos de abalizada doutrina, verbis: "Depois da constituição definitiva do crédito, o depósito, quer tenha sido prévio ou posterior, tem o mérito de impedir a propositura da ação de cobrança, vale dizer, da execução fiscal, porquanto fica suspensa a exigibilidade do crédito. (...) Ao promover a ação anulatória de lançamento, ou a declaratória de inexistência de relação tributária, ou mesmo o mandado de segurança, o autor fará a prova do depósito e pedirá ao Juiz que mande cientificar a Fazenda Pública, para os fins do art. 151, II, do Código Tributário Nacional. Se pretender a suspensão da exigibilidade antes da propositura da ação, poderá fazer o depósito e, em seguida, juntando o respectivo comprovante, pedir ao Juiz que mande notificar a Fazenda Pública. Terá então o prazo de 30 dias para promover a ação. Julgada a ação procedente, o depósito deve ser devolvido ao contribuinte, e se improcedente, convertido em renda da Fazenda Pública, desde que a sentença de mérito tenha transitado em julgado" (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed., p. 205/206). 6. In casu, o Tribunal a quo, ao conceder a liminar pleiteada no bojo do presente agravo de instrumento, consignou a integralidade do depósito efetuado, às fls. 77/78: "A verossimilhança do pedido é manifesta, pois houve o depósito dos valores reclamados em execução , o que acarreta a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, de forma que concedo a liminar pleiteada para o fim de suspender a execução até o julgamento do mandado de segurança ou julgamento deste pela Turma Julgadora." 7. A ocorrência do depósito integral do montante devido restou ratificada no aresto recorrido, consoante dessumese do seguinte excerto do voto condutor, in verbis: "O depósito do valor do débito impede o ajuizamento de ação executiva até o trânsito em julgado da ação. Consta que foi efetuado o depósito nos autos do Mandado de Segurança impetrado pela agravante, o qual encontrase em andamento, de forma que a exigibilidade do tributo permanece suspensa até solução definitiva. Fl. 1243DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 14 Assim sendo, a Municipalidade não está autorizada a proceder à cobrança de tributo cuja legalidade está sendo discutida judicialmente." 8. In casu, o Município recorrente alegou violação do art. 151, II, do CTN, ao argumento de que o depósito efetuado não seria integral, posto não coincidir com o valor constante da CDA, por isso que inapto a garantir a execução, determinar sua suspensão ou extinção, tese insindicável pelo STJ, mercê de a questão remanescer quanto aos efeitos do depósito servirem à fixação da tese repetitiva. 9. Destarte, ante a ocorrência do depósito do montante integral do débito exequendo, no bojo de ação antiexacional proposta em momento anterior ao ajuizamento da execução, a extinção do executivo fiscal é medida que se impõe, porquanto suspensa a exigibilidade do referido crédito tributário. 10. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Porém, observase que a discussão, naqueles autos, tinha em conta execução fiscal promovida em face de sujeito passivo que promovera depósito judicial classificado como insuficiente pela Municipalidade e, assim, inábil a suspender a exigibilidade do crédito tributário. Aqui, o lançamento foi formalizado sem aplicação de penalidade e com o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, inexistindo qualquer questionamento acerca da suficiência do depósito judicial. Por sua vez, o voto condutor do julgado antes mencionado principia observando que: Entrementes, dentre os multifários recursos especiais relacionados à questão da impossibilidade de ajuizamento de executivo fiscal, ante a existência de ação antiexacional conjugada ao depósito do crédito tributário, grande parte refere se à discussão acerca da integralidade do depósito efetuado ou da existência do mesmo, razão pela qual impõese o julgamento da controvérsia pelo rito previsto no art. 543C, do CPC, cujo escopo precípuo é a uniformização da jurisprudência e a celeridade processual. (destaques do original) Sob esta ótica, o Superior Tribunal de Justiça manifestouse acerca da implementação da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão de depósito judicial, asseverando que sua implementação, quando integral, impede “atos de cobrança”, dentre os quais inseriu a “lavratura do auto de infração e aplicação de multa”, sem apreciar a possibilidade de lançamento sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade. É nesse contexto específico que exsurge o impedimento à lavratura do auto de infração em face de depósito judicial integral do tributo. No mais, o Superior Tribunal de Justiça teve em conta apenas a extinção do crédito tributário em razão da conversão do depósito em renda da Fazenda Pública, bem como a suficiência Fl. 1244DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.238 15 do depósito judicial no caso concreto em análise, determinando a extinção da execução fiscal em curso. Concluise, do exposto, que o Superior Tribunal de Justiça não decidiu, no rito do art. 543C, acerca da impossibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, de tributo depositado judicialmente. Por tais razões, deve ser REJEITADO o pedido de vinculação ao julgado antes referido, por força do art. 62A do RICARF." E segue a Relatora, acerca da improcedência da tese de que o Auto de Infração lavrado em presença de depósito do montante integral seria nulo: "Quanto à desnecessidade de lançamento frente a depósito integral do crédito tributário, de fato, a jurisprudência firmouse neste sentido, mas sempre em face de discussões em torno da decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário, e eventual possibilidade de levantamento dos valores depositados ainda que o sujeito passivo não tivesse sucesso no pleito judicial, caso não formalizado o lançamento no prazo legal. A título de exemplo, citese a ementa resultante da apreciação de Embargos de Divergência em REsp nº 671.773RJ, datada de 23/06/2010: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. 1990. PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL. DEPÓSITO JUDICIAL. DISPENSA DO ATO FORMAL DE LANÇAMENTO. PRECEDENTES. 1. O depósito judicial do tributo questionado torna dispensável o ato formal de lançamento por parte do Fisco (REsp 901052 / SP, 1ª S., Min. Castro Meira, DJ de 03.03.2008; EREsp 464343 / DF, 1ª S., Min. José Delgado, DJ 29.10.2007; AGREsp 969579 / SP, 2ª T., Min. Castro Meira, DJ 31.10.2007; REsp 757311 / SC, 1ª T., Min. Luiz Fux, DJ 18.06.2008) . 2. Embargos de divergência a que se dá provimento. Frente a este contexto, não é lícito concluir que, embora desnecessário, seja nulo ou improcedente o lançamento formalizado em face de depósito integral do crédito tributário. Não há notícia de decisão judicial impedindo a formalização do lançamento, a autoridade lançadora era competente, o ato reúne os requisitos expressos no art. 10 do Decreto nº 70.235/72 e veicula crédito tributário ainda não extinto. Em verdade, nulidade somente se verificaria se o art. 142 do CTN fosse interpretado a contrario sensu, de modo a concluir que a vinculação ali expressa não autoriza lançamentos desnecessários. Todavia, este não foi o objetivo do legislador, que fez uso da expressão “vinculado” apenas para afastar a discricionariedade do agente fiscal, e não para impedir atuações que pudessem ser dispensáveis. Fl. 1245DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 16 Recordese, ainda, que a formalização de crédito tributário com exigibilidade suspensa, ainda que por depósito judicial, sempre foi uma prática administrativa que resultou, neste Conselho, na aprovação da Súmula CARF nº 5 (São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral)." Assim, resta claro que o julgado ora analisado de forma alguma autoriza a interpretação no sentido de que o Auto de Infração lavrado apenas para prevenir a decadência, adotando todas as cautelas legais, no sentido da manutenção da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, lavrado por pessoa competente e sem qualquer cerceamento de direito de defesa deva ser declarado nulo, por haver o Contribuinte efetuado depósito do montante integral do débito. Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, ressalvandose que, conforme o julgado do STJ examinado no presente voto, enquanto perdurar o depósito do montante integral do crédito tributário em litígio, não poderão ser implementados atos de cobrança, mormente aqueles tendentes à pretensão de execução fiscal, até o trânsito em julgado da sentença no processo judicial que trata do mesmo objeto do presente processo. Maria Helena Cotta Cardozo Declaração de Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Em que pese o brilhante voto da relatora ouso discordar de seu entendimento no tocante a aplicação da Súmula CARF n. 48, ao caso dos autos. A relatora assim decidiu: "A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração (Súmula CARF nº 48), tampouco é nulo o lançamento que tem por objeto crédito tributário depositado judicialmente". Contudo, a meu ver a decisão exarada pelo STJ em sede de repetitivo de controvérsia foi muita clara ao explicitar que os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação juridicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, tem o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento de execução fiscal, a qual, acaso proposta deverá ser extinta. No caso em apreço é necessário compreender se as orientações dadas pelo STJ no que se referem a não possibilidade de lançar a infração compõe a ratio decidendi ou configuram mera argumentação periférica, qual seja obiter dictum. Fl. 1246DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 16327.721528/201215 Acórdão n.º 9202004.303 CSRFT2 Fl. 1.239 17 Carlos Maximiliano criou uma imagem ilustrativa para este ofício: “Existe entre o legislador e o juiz a mesma relação que entre o dramaturgo e o ator. Deve este atender às palavras da peça e inspirarse no seu conteúdo; porém, se é verdadeiro artista, não se limita a uma reprodução pálida e servil: dá vida ao papel, encarna de modo particular a personagem, imprime um traço pessoal à representação, empresta às cenas um certo colorido, variações de matiz quase imperceptíveis; e de tudo faz ressaltarem aos olhos dos espectadores maravilhados belezas inesperadas, imprevistas. Assim o magistrado: não procede como insensível e frio aplicador mecânico de dispositivos; porém como órgão de aperfeiçoamento destes, intermediário entre a letra morta dos Códigos e a vida real, apto a plasmar, com a matériaprima da lei, uma obra de elegância moral e útil à sociedade. Não o consideram autômato; e, sim, árbitro da adaptação dos textos às espécies ocorrentes, mediador esclarecido entre o direito individual e o social”. (Hermenêutica e Aplicação do Direito , p. 59) Várias modalidades de argumento podem ser encontradas no texto de uma decisão. Cada um tem peso relativo na composição do conjunto, da cadeia argumentativa. A primeira e mais importantes são razões que compõem a ratio decidendi, aquelas que correspondem aos fundamentos definitivos para decidir, à prescrição que pode ser aplicada a casos futuros. E um segundo grupo chamado de obiter dictum . Estes são os componentes marginais ao argumento geral, coisas ditas a propósito do caso concreto em si e que não lhe transcendem, nem alcançam os casos futuros. Localizamse na periferia da decisão e não servem como precedentes judiciais. Analisando cuidadosamente o inteiro teor do acórdão proferido no RE 1.140.956 SP, sob a sistemática de Repetitivo de Controvérsia, observo que a determinação de não lançar foi razão de decidir dos ministros do Superior Tribunal de Justiça, e que correspondem ao mandamento basilar daquela decisão. Embora as alegações de debate do colegiado tenham ventilado que a Fazenda Nacional, faz o lançamento tão somente para evitar a decadência, no Direito os fins não justificam os meios (nem poderia ser diferente), e não podemos, portanto, autorizar algo errado (que contrarie expressa ordem judicial) mesmo que com a finalidade de preservar algo bom. No Recurso Especial, o Contribuinte apresenta os seguintes argumentos, em resumo: · No caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação (entre os quais está incluído o Imposto sobre a Renda), quando o contribuinte, verificando a ocorrência do fato gerador, calcula o montante devido e realiza o depósito judicial, ele constitui definitivamente o crédito tributário, nos termos do artigo 150 do CTN; · Isso porque, nessa hipótese, verificase a "típica atividade exercida pelo contribuinte" (que, de acordo com o mencionado dispositivo, representa um ato de lançamento), no qual o depósito do tributo equivale ao pagamento antecipado e o substitui; Fl. 1247DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 18 · assim, tendo em vista que, quando há depósito judicial, o crédito tributário é constituído pelo contribuinte (auto lançamento), é desnecessário e indevido o lançamento de ofício por parte da Autoridade Fiscal; Observo que assiste razão o contribuinte, motivo pelo qual a Fazenda Nacional deve se abster de qualquer ato de lançamento em seu desfavor, enquanto perdurar o mandamento judicial. Saliento ainda, que os conselheiros deste Tribunal Administrativo estão vinculados as decisões exaradas pelos Tribunais Superiores na sistemática de Repetitivo de Controvérsia e Repercussão Geral, proferidas pelo STJ e STF, respectivamente. O mandamento que proibiu a lavratura do auto de infração configura legítima ratio decidendi do repetitivo de controvérsia citado nesta decisão, não cabendo ao conselheiro fazer juízo de valor acerca das ponderações dos ministros da Corte Superior, escolhendo qual parte será e qual não será aplicada no julgamento administrativo. Diante do exposto conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para no mérito darlhe provimento, a fim de que seja cancelado o Auto de Infração. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 1248DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 29/0 8/2016 por ANA PAULA FERNANDES, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SAN TOS, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 11080.914817/2012-82
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA.
Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido.
Recurso Especial não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.278
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial não Conhecido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11080.914817/2012-82
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5647889
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-004.278
nome_arquivo_s : Decisao_11080914817201282.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 11080914817201282_5647889.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
id : 6545062
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692410286080
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1835; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11080.914817/201282 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.278 – 3ª Turma Sessão de 15 de setembro de 2016 Matéria Contribuições. Compensação. Recorrente VERDE ADMINISTRADORA DE CARTOES DE CREDITO S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. Nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial não Conhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802003.817, de 15/10/2014, proferido pela 2ª Turma Especial 3ª Seção do CARF, que traz a seguinte ementa: PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 48 17 /2 01 2- 82 Fl. 224DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11080.914817/201282 Acórdão n.º 9303004.278 CSRFT3 Fl. 3 2 O contribuinte, a despeito ausência de retificação da DCTF, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. Ausentes estes pressupostos, não cabe a homologação da extinção do débito confessado em PER/Dcomp. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente aponta interpretações divergentes quanto à compensação lastreada em crédito oriundo de pagamento efetuado à maior, cuja DCTF retificadora, que aponta a existência de direito creditório, só foi apresentada após a não homologação da compensação pela unidade de origem (após a emissão do despacho decisório). Visando comprovar a divergência, apresentou dois paradigmas: Acórdãos nº 3802003.956, 21/01/2015, e 3403 003.343, de 05/01/2015. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.259, de 15/09/2016, proferido no julgamento do processo 11080.914807/201247, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.259 ): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso não deve ser conhecido. Conforme se demonstrou no exame de admissibilidade, o primeiro acórdão utilizado para comprovar o dissídio jurisprudencial, o de nº 3802003.956, 21/01/2015, foi lavrado pela mesma Turma que prolatou o recorrido, fato que obsta a sua utilização como paradigma. Já o Acórdão nº 3403003.343, de 05/01/2015, a despeito de prolatado por Turma diversa, traz entendimento que, a nosso juízo, só reafirma, por outras palavras, o mesmo adotado no acórdão recorrido. É que, neste, como se passa a demonstrar, entendeuse que, mesmo diante da não retificação da DCTF (no caso em exame, a retificação só foi realizada após a ciência do Despacho Decisório), o contribuinte, por força do princípio da verdade material, teria direito à compensação, mas desde que apresentasse prova da existência do crédito compensado, fato de que não se desincumbira a Recorrente. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11080.914817/201282 Acórdão n.º 9303004.278 CSRFT3 Fl. 4 3 No acórdão paradigma, decidiuse que “ainda que a DCTF não aponte o referido crédito, por lapso do contribuinte, se realmente houve pagamento a maior anteriormente, existe crédito, que passa a ser do conhecimento da Receita Federal a partir da retificação da documentação e da identificação documental, ainda que por meio eletrônico, da existência real do mencionado crédito”. A decisão foi assim ementada: PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. ADMISSIBILIDADE. O crédito tributário do contribuinte nasce do pagamento indevido ou a maior que o devido, porém ele apenas se torna oponível à Receita Federal após a devida retificação e/ou correção das respectivas Declarações, quando então o Órgão Administrativa poderá tomar conhecimento daquele direito creditório em questão. De qualquer forma, em determinadas situações, em razão do procedimento eletrônico de compensação, em que não há espaço para emendas ou correções pelo contribuinte, há que se admitir e analisar a retificação da DCTF efetuada posteriormente ao despacho decisório, sob pena de excesso de rigorismo, que não resolve satisfatoriamente a lide travada e leva o contribuinte ao Poder Judiciário, apenas fazendo aumentar a condenável litigiosidade. Recurso Voluntário Provido. A toda evidência, diante dos mesmos fatos, as decisões recorrida e paradigma chegaram à mesma conclusão: ainda que não haja retificação tempestiva da DCTF, ou seja, ainda que a retificação se dê somente após a ciência do Despacho Decisório, uma vez comprovada a existência do crédito mediante a entrega de documentação idônea, tornase possível a restituição. Não há divergência, pois. Ante o exposto, não conheço do recurso especial." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não se conhece do recurso especial. Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 226DF CARF MF Impresso em 18/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 14/10/2 016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 10860.900302/2008-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
Ementa:
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL
Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido.
Numero da decisão: 3402-003.792
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10860.900302/2008-79
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5674465
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-003.792
nome_arquivo_s : Decisao_10860900302200879.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DIEGO DINIZ RIBEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 10860900302200879_5674465.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
id : 6635564
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692415528960
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1528; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 453 1 452 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10860.900302/200879 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402003.792 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de janeiro de 2017 Matéria PIS Recorrente MAXION SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA. Recorrida UNIÃO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar os fatos aqui analisados, me valho do Relatório desenvolvido por este Tribunal administrativo quando da resolução n. 3801000.479 (fls. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 90 03 02 /2 00 8- 79 Fl. 443DF CARF MF 2 124/130), da lavra do Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, o qual adoto como meu nos termos abaixo: (...). “Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP) com aproveitamento de suposto pagamento a maior. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação (fl. 6), tendo em vista que o pagamento apontado como origem do direito creditório estaria integralmente utilizado na quitação de débito do contribuinte. Cientificada do despacho decisório em 05/05/2008 (fl. 7), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 03/06/2008 (fl. 8/14), na qual alegou que o despacho decisório decorre do fato de não terem sido retificadas as DCTFs que identificam os pagamentos realizados durante o ano de 2003 e em janeiro de 2004 em relação aos débitos de PIS, e informa que estava apresentando as correspondentes declarações retificadoras, conforme cópia que anexava aos autos. A interessada alegou, ainda, que, em conformidade ao disposto no § 1° do art. 11 da Instrução Normativa RFB n° 786, de 2007, a declaração retificadora substitui integralmente a original, sendo que os valores corretos devidos a titulo de PIS são aqueles declarados na DIPJ 2004. Assim, conclui que os créditos decorrentes de pagamento indevido ou a maior de PIS foram devidamente demonstrados por meio das DCTF retificadoras, restando comprovado que o crédito que possui é suficiente para compensar os débitos da DCOMP. Ao final, entendendo que o procedimento adotado estava em consonância com a legislação vigente à época, a contribuinte requer a nulidade do despacho decisório.” A Delegacia de Julgamento em Campinas (SP) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 DCOMP. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. PROVA. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. O reconhecimento do direito creditório aproveitado em DCOMP não homologada requer a prova de sua existência e montante. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos elementos que permitam a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Credit6rio Não Reconhecido”. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10860.900302/200879 Acórdão n.º 3402003.792 S3C4T2 Fl. 454 3 Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, conforme recurso de fls. 33411, onde reprisa as razões apresentadas na manifestação de inconformidade de fls. 0914. Aduz ainda que a autoridade competente não observou o procedimento previsto no art. 65 da Instrução Normativa nº 900, de 2008, devendo ser aplicado ao caso o princípio da verdade material, uma vez que ocorreu erro material na apuração do crédito, por parte da recorrente, o que foi levado a conhecimento da DRF posteriormente através da apresentação regular da PER/DCOMP, requerendo seja conhecido e provido o recurso para seja reconhecido o direito creditório relativo aos pagamentos efetuados a maior ou indevidos de IPI, acrescidos de juros equivalentes a taxa SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada, podendo ainda estes valores serem compensados com quaisquer tributos ou contribuições sob a administração da SRF, ainda que não sejam da mesma espécie nem tenham a mesma destinação constitucional. (...). 2. Uma vez distribuído o recurso voluntário interposto neste tribunal, o então Relator do caso, acompanhado pela turma julgadora, baixou o processo diligência nos seguintes temos: (...). Não obstante a ausência de parte da documentação comprobatória necessária na origem, motivo do indeferimento do pedido de homologação, a contribuinte recorre a este Conselho de Contribuintes anexando às suas razões a integralidade da documentação comprobatória necessária, o que justifica uma nova análise do seu pedido de homologação da compensação. Desta forma, verificada a documentação apresentada juntamente com o presente recurso, fazse necessária a análise do seu conteúdo probatório. (...). No caso dos autos, ainda que juntada posteriormente ao despacho decisório, bem como à decisão da DRJ de origem, a prova trazida aos autos deve ser apreciada para a melhor solução da controvérsia, uma vez que, de fato, comprova o alegado. Se o contribuinte alega ter o direto ao crédito,o qual requer a compensação, e traz aos autos, ainda que somente nesta fase processual, a prova deste direito, não há razão para negarlhe a homologação da compensação. Fl. 445DF CARF MF 4 Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: a) aprecie e informe a existência de créditos e débitos, especialmente pela análise da DIPJ onde consta o crédito apontado e a alegada a veracidade das suas informações; b) cientifique a interessada quanto ao teor da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias.julgamento. É assim que voto. 3. Realizada a diligência, assim concluiu a fiscalização (fls. 435/436): (...). Primeiramente, cabe destacar que com o advento da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro real e cujas receitas não se enquadrassem naquelas para as quais a forma de apuração foi mantida nos moldes da legislação anterior, passaram a apurar o PIS, a partir de dezembro de 2002, sob o regime nãocumulativo. Assim, a única possibilidade do interessado (optante do Lucro Real) haver apurado débitos de PIS para o período de 2003 seria no caso de ter auferido alguma das receitas dentre aquelas que permaneceram no regime cumulativo. Verificando as DIPJ/2004 apresentadas à Receita Federal do Brasil pelo interessado, constatase que foram apresentadas três DIPJ, a saber: ® DIPJ Original – apresentada em 29/06/2004 (fls. 175/255); ® DIPJ Retificadora – apresentada em 01/09/2004 (fls. 256/336); ® DIPJ Retificadora – apresentada em 29/08/2008 (fls. 337/417). Da análise dos dados informados em cada uma das DIPJ, em especial na ficha 21 – Cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP – Regime Nãocumulativo, verificase que desde a DIPJ original, cuja apresentação à RFB se deu em junho de 2004, não fora apurado qualquer valor de PIS a pagar, seja na modalidade cumulativa ou na nãocumulativa. As alterações efetuadas por intermédio das DIPJ Retificadoras, em relação ao PIS e a COFINS, resumemse no aumento do valor das referidas contribuições no mês de dezembro/2003. As outras alterações efetuadas referiramse ao IRPJ e a CSLL. Da mesma sorte, os DACON apresentados pelo interessado, conforme tela de consulta à fl. 152, foram todos entregues entre os meses de março e setembro de 2004 e sem qualquer valor de PIS a pagar apurado (fls. 155/174). (...). As DCTF Retificadoras, cancelando os débitos de PIS informados nas ORIGINAIS (entregues entre os meses de maio Fl. 446DF CARF MF Processo nº 10860.900302/200879 Acórdão n.º 3402003.792 S3C4T2 Fl. 455 5 de 2003 e fevereiro de 2004), foram apresentadas à RFB em 03/06/2008 quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade (fls. 427/434). Analisando as informações acerca do PIS e da COFINS constantes nas DCTF originais observase que foram informados débitos de PIS como se a pessoa jurídica estivesse no regime cumulativo, ou seja, sem o desconto de créditos permitido pelo novo regime (art. 3º da Lei nº 10.637/2002), porém com a alíquota nãocumulativa de 1,65%, pois conforme se constata pelos valores, a seguir demonstrados, a relação percentual entre os valores declarados de PIS e de COFINS é a mesma entre os valores das alíquotas utilizadas pelo interessado na apuração das referidas contribuições (1,65 / 3,00 => 0,55 %). (...). Portanto, verificase que o erro na apuração dos valores do PIS deuse em função do interessado, quando da apuração dos débitos a serem informados nas DCTF, não ter se atentado para o desconto dos créditos previstos no art. 3º da Lei nº 10.637/2002, situação essa que não ocorreu nas apurações constantes na DIPJ e respectivos DACON. Em 19/11/2013 o interessado foi intimado a declarar, sob as penas da Lei, se se enquadrou, no período de 2003, nas hipóteses previstas no art . 8º da Lei nº 10.637/2002 (fls. 135/137). Em resposta, o interessado declarou, em 03/12/2013, sob as penas da Lei, não haver se enquadrado, no período de 2003, nas hipóteses previstas no art. 8º da referida Lei, exceto no caso das receitas previstas no item “a” do inciso VII do seu art. 8º (receitas decorrentes da venda de produtos de que trata a Lei 10.485/2002), cuja alíquota à época era 0 (zero) (fls. 138/140). (...). 4. Diante deste quadro, o contribuinte foi intimado para se manifestar a respeito, ficando inerte. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso sub judice preenche os pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual passo ao seu conhecimento. I. Do crédito compensado 7. Em suma, o contribuinte apresentou Compensação (DCOMP) alegando que houve equívoco no preenchimento da DCTF remetida à Receita Federal, o que foi Fl. 447DF CARF MF 6 posteriormente corrigido por intermédio da entrega da DCTF retificadora, corroborada pelas informações constantes nas DIPJ's original e retificadoras apresentadas. 8. A Delegacia da Receita Federal entendeu por não homologar a compensação ao fundamento que o pagamento apontado como origem do direito creditório fora integralmente utilizado na quitação de débitos do contribuinte. 9. Em manifestação de inconformidade o contribuinte não apresentou toda a documentação necessária para atestar seu crédito, em especial DCTF retificadora e DIPJ's retificadoras, o que só foi realizado em sede de recurso voluntário, fato este, inclusive, que motivou a diligência aqui tratada. 10. Referida diligência foi conclusiva no sentido de que, diante da retificação alhures mencionada, o contribuinte não possuía débito de PIS para o período mencionado, o que redundou no crédito utilizado na presente compensação e indevidamente glosado pela fiscalização. Dispositivo 11. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário, de modo a reconhecer o crédito pleiteado pelo contribuinte. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 448DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.725837/2009-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial.
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-004.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência. Recurso especial provido em parte.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.725837/2009-81
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5626286
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Aug 27 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.073
nome_arquivo_s : Decisao_10580725837200981.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 10580725837200981_5626286.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6476879
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692444889088
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1638; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 22 1 21 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.725837/200981 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202004.073 – 2ª Turma Sessão de 21 de junho de 2016 Matéria IRPF Recorrente RICARDO PIRES DE GOUVEA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose o regime de competência. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 58 37 /2 00 9- 81 Fl. 281DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725837/200981 Acórdão n.º 9202004.073 CSRFT2 Fl. 23 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720254/200964. O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pelo Contribuinte, em face de Acórdão proferido em julgamento de recurso voluntário. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, anoscalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas Fl. 282DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725837/200981 Acórdão n.º 9202004.073 CSRFT2 Fl. 24 3 quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Foi interposta impugnação foi indeferida em sede de julgamento de primeira instância. O Contribuinte interpôs Recurso, ao qual foi dado parcial provimento ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. O Contribuinte apresentou Recurso Especial ao qual foi dado parcial seguimento, para reapreciação apenas da matéria questão da natureza indenizatória, ou não. Em reexame, o exame de admissibilidade foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, vieram os autos conclusos. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.026, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720254/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.026): Em primeiro lugar, não conheço da preliminar de nulidade do lançamento, por vício material, suscitada de ofício pela Sra. Conselheira relatora. Com efeito, esta matéria não tendo sido admitida em sede de recurso especial, não está em discussão e, portanto, dela não conheço. Além disso, apenas para fins de esclarecimento, registrese que não vejo qualquer nulidade no lançamento da forma que ele foi realizado. Com efeito, o lançamento foi realizado com base em dispositivo vigente, cuja interpretação não havia sido considerada à época inconstitucional. Portanto, não há que se falar em nulidade. Entrando, agora, no mérito propriamente dito, entendo que a verba recebida tem caráter remuneratório e, assim, deve ser tributada. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, Fl. 283DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725837/200981 Acórdão n.º 9202004.073 CSRFT2 Fl. 25 4 à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka, entendendo tratarse de verba de natureza remuneratória, e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde Fl. 284DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725837/200981 Acórdão n.º 9202004.073 CSRFT2 Fl. 26 5 se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, sendo verbas remuneratórias as diferenças de URV recebidas, sobre elas incide imposto de renda da pessoa física. Todavia, cumpre verificar o quantum devido. Entendo que o tributo devido deva ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que seriam devidas as diferenças recebidas. Sobre o tema, cabe referir a discussão travada no processo 11040.001165/200591, com voto vencedor da lavra do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, cujos fundamentos, abaixo reproduzidos, acompanho. Fl. 285DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725837/200981 Acórdão n.º 9202004.073 CSRFT2 Fl. 27 6 Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725837/200981 Acórdão n.º 9202004.073 CSRFT2 Fl. 28 7 Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, por darlhe provimento em parte, para determinar o cálculo do crédito tributário devido, considerando o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de não conhecer da preliminar de nulidade por vício material suscitada, conheço do Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 287DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10920.002336/2007-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2005, 2006 IRPF.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
O artigo 42 da Lei n. 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstituí-la. A comprovação da origem dos depósitos deve ser feita pelo contribuinte de forma individualizada e que permita estabelecer um vínculo claro entre cada depósito e a correspondente origem. Hipótese em que o Recorrente não desconstituiu a presunção.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2101-002.245
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201307
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2005, 2006 IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. O artigo 42 da Lei n. 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstituí-la. A comprovação da origem dos depósitos deve ser feita pelo contribuinte de forma individualizada e que permita estabelecer um vínculo claro entre cada depósito e a correspondente origem. Hipótese em que o Recorrente não desconstituiu a presunção. Recurso negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10920.002336/2007-63
conteudo_id_s : 5665516
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Dec 21 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2101-002.245
nome_arquivo_s : Decisao_10920002336200763.pdf
nome_relator_s : ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
nome_arquivo_pdf_s : 10920002336200763_5665516.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2013
id : 6593588
ano_sessao_s : 2013
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692488929280
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1526; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 185 1 184 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.002336/200763 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2101002.245 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de julho de 2013 Matéria IRPF Recorrente SANTIAGO AGUIAR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006 IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. O artigo 42 da Lei n. 9.430/96 estabelece presunção relativa que, como tal, inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte desconstituíla. A comprovação da origem dos depósitos deve ser feita pelo contribuinte de forma individualizada e que permita estabelecer um vínculo claro entre cada depósito e a correspondente origem. Hipótese em que o Recorrente não desconstituiu a presunção. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 23 36 /2 00 7- 63 Fl. 185DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP21.1216.14534.512M. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10920.002336/200763 Acórdão n.º 2101002.245 S2C1T1 Fl. 186 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Celia Maria de Souza Murphy, Francisco Marconi de Oliveira, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 166/177) interposto em 05 de julho de 2011 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) (fls. 127/129), do qual o Recorrente teve ciência em 21 de julho de 2011 (fl. 165), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de fls. 99/101, lavrado em 12 de junho de 2007, em decorrência de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, verificada nos anoscalendário de 2004 e 2005. O acórdão teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ADEQUAÇÃO DA PRESUNÇÃO LEGAL. VINCULAÇÃO DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. Não cabe ao julgador administrativo discutir se a presunção estabelecida em lei é apropriada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (artigo 116, inciso III, da Lei n.° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (artigo 142 do Código Tributário Nacional CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de rendimentos (artigo 42, caput, da Lei n.° 9.430/1996). DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei n° 9.430, de 1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou investimentos. OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Tratandose de situação de fato, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos, desde o momento da disponibilização dos recursos, nos termos do artigo 116 do CTN. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido” (fl. 127). Não se conformando, o Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 166/177), pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar o auto de infração. É o relatório. Fl. 186DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP21.1216.14534.512M. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10920.002336/200763 Acórdão n.º 2101002.245 S2C1T1 Fl. 187 3 Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Inicialmente, cumpre tecer breves esclarecimentos acerca do tema que motivou a lavratura do auto de infração, qual seja, omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Como é pacífico na jurisprudência deste Conselho, desde 1997, após a edição da Lei n.º 9.430/96, em se verificando depósitos bancários sem origem comprovada, e em não havendo o contribuinte logrado êxito em demonstrar sua origem, gravita em prol do Fisco presunção relativa. Nesse sentido, conforme preceitua o artigo 42 da Lei n.º 9.430/96: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º. O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º. Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos.” Na realidade, instituiu o referido dispositivo autêntica presunção legal relativa, cujo condão é justamente o de inverter o ônus da prova, atribuindoo ao contribuinte, que passa a ter o dever de a refutar. Como é cediço, a presunção, seja ela hominis ou legal, é meio de prova que prescreve o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Ou seja, provando se diretamente o fato indiciário, temse, por conseguinte, a formação de um juízo de probabilidade com relação ao fato presumido que, a partir de então, necessita ser afastado pelo contribuinte. Nesse sentido, a presunção relativa referida pelo artigo 42 da Lei n.º 9.430/96 é legítima, não ferindo, em nenhum ponto, a legislação tributária em vigor. Notese, ainda, que a Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR), segundo a qual seria insuficiente para comprovação da omissão de rendimentos a simples verificação de movimentação bancária, consubstancia jurisprudência firmada anteriormente à edição da Lei n.º 9.430/96, motivo pelo qual não deve ser aplicada. A 2ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, da qual esta 1ª Turma Ordinária teve origem, por sua vez, já consolidou entendimento de acordo com o qual, a partir da edição da Lei n.º 9.430/96, é válida a presunção em referência, sendo ônus do Recorrente Fl. 187DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP21.1216.14534.512M. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10920.002336/200763 Acórdão n.º 2101002.245 S2C1T1 Fl. 188 4 desconstituíla com a apresentação de provas suficientes para tanto. É o que se depreende das seguintes ementas, destacadas dentre as inúmeras existentes sobre o tema: “OMISSÃO DE RENDIMENTOS LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários.” (1º Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 158.817, Relatora Conselheira Núbia Matos Moura, sessão de 24/04/2008) “LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. TRIBUTAÇÃO PRESUMIDA DO IMPOSTO SOBRE A RENDA O procedimento da autoridade fiscal encontrase em conformidade com o que preceitua o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em que se presume como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantidos em instituição financeira, cuja origem dos recursos utilizados nestas operações, em relação aos quais o titular pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações.” (1º Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 141.207, Relator Conselheiro Romeu Bueno de Camargo, sessão de 22/02/2006) Nesse sentido, verificase, a partir de um breve compulsar dos autos, que o presente caso cingese à análise de depósitos realizados em contascorrentes de titularidade do Recorrente, ao longo dos anos de 2005 e 2006. Em que pesem as alegações ventiladas pelo Recorrente, fato é que, muito embora tenha apresentado extratos bancários alegadamente referentes aos depósitos glosados pela fiscalização e a declaração de ajuste anual de sua irmã, Maria Aparecida Aguiar Caliento, fato é que esses não são documentos suficientes para comprovar a origem de tais depósitos feitos em suas contas, não tendo sido acostadas aos autos provas que comprovassem a origem dos valores depositados. Ressaltese que as declarações feitas pelo próprio Recorrente, em que este justifica os depósitos bancários, não os comprovam, pois desprovidas das respectivas provas documentais. Fl. 188DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP21.1216.14534.512M. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10920.002336/200763 Acórdão n.º 2101002.245 S2C1T1 Fl. 189 5 Diante desse panorama, não há elementos probatórios aptos e suficientes a amparar a pretensão do Recorrente, haja vista a inexistência de documentos hábeis a comprovar a origem dos depósitos bancários. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 189DF CARF MF Documento de 5 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP21.1216.14534.512M. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA em 18/07/2013 14:40:00. Documento autenticado digitalmente por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA em 18/07/2013. Documento assinado digitalmente por: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS em 23/07/2013 e ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA em 18/07/2013. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 21/12/2016. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP21.1216.14534.512M Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10920.002336/2007-63. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 19515.007538/2008-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006, 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO ESGOTADO. INTEMPESTIVIDADE. O recurso voluntário deve ser interposto dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. O recurso voluntário interposto fora do prazo legal não deve ser conhecido.
IRRF. CONFRONTO ENTRE A CONTABILIDADE E AS DCTF'S. LANÇAMENTO EFETUADO COM BASE NA CONTABILIDADE. IRREGULARIDADES COMPROVADAS PELO CONTRIBUINTE E CONFIRMADAS PELA FISCALIZAÇÃO. RETIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO. 1. Se a própria autoridade lançadora reconhece o equívoco, corrigindo o lançamento nesse tocante, não compete à autoridade julgadora (seja a DRJ, seja o CARF) proceder a novo lançamento.
2. Demonstrou-se que nos meses de 02/2007, 03/2007 e 06/2007 havia saldos credores iniciais que não foram considerados, inicialmente, pela autoridade lançadora, quando da lavratura do Auto de Infração.
3. Ao se considerar tais saldos credores, verifica-se que os lançamentos a crédito no mês somam quantias inferiores àquelas declaradas em DCTF, inexistindo diferença a ser lançada.
4. Foram objeto da autuação as retenções de tributos diversos do IRRF, mais precisamente as retenções atinentes ao PIS/PASEP e a COFINS, as quais devem ser excluídas do lançamento.
5. Demonstrou-se, ainda, que nem todos os valores declarados em DCTF haviam sido considerados quando da autuação.
6. Lançamento corretamente retificado pela DRJ.
Recursos de Oficio Negado e Voluntário não Conhecido.
Numero da decisão: 2402-005.389
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário e em negar provimento ao recurso de ofício.
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201607
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006, 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO ESGOTADO. INTEMPESTIVIDADE. O recurso voluntário deve ser interposto dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. O recurso voluntário interposto fora do prazo legal não deve ser conhecido. IRRF. CONFRONTO ENTRE A CONTABILIDADE E AS DCTF'S. LANÇAMENTO EFETUADO COM BASE NA CONTABILIDADE. IRREGULARIDADES COMPROVADAS PELO CONTRIBUINTE E CONFIRMADAS PELA FISCALIZAÇÃO. RETIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO. 1. Se a própria autoridade lançadora reconhece o equívoco, corrigindo o lançamento nesse tocante, não compete à autoridade julgadora (seja a DRJ, seja o CARF) proceder a novo lançamento. 2. Demonstrou-se que nos meses de 02/2007, 03/2007 e 06/2007 havia saldos credores iniciais que não foram considerados, inicialmente, pela autoridade lançadora, quando da lavratura do Auto de Infração. 3. Ao se considerar tais saldos credores, verifica-se que os lançamentos a crédito no mês somam quantias inferiores àquelas declaradas em DCTF, inexistindo diferença a ser lançada. 4. Foram objeto da autuação as retenções de tributos diversos do IRRF, mais precisamente as retenções atinentes ao PIS/PASEP e a COFINS, as quais devem ser excluídas do lançamento. 5. Demonstrou-se, ainda, que nem todos os valores declarados em DCTF haviam sido considerados quando da autuação. 6. Lançamento corretamente retificado pela DRJ. Recursos de Oficio Negado e Voluntário não Conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19515.007538/2008-39
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5618577
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-005.389
nome_arquivo_s : Decisao_19515007538200839.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 19515007538200839_5618577.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário e em negar provimento ao recurso de ofício. Kleber Ferreira de Araújo - Presidente João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
id : 6463179
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:28 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692523532288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2331; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.007538/200839 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402005.389 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de julho de 2016 Matéria IIMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrentes SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO ESGOTADO. INTEMPESTIVIDADE. O recurso voluntário deve ser interposto dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. O recurso voluntário interposto fora do prazo legal não deve ser conhecido. IRRF. CONFRONTO ENTRE A CONTABILIDADE E AS DCTF'S. LANÇAMENTO EFETUADO COM BASE NA CONTABILIDADE. IRREGULARIDADES COMPROVADAS PELO CONTRIBUINTE E CONFIRMADAS PELA FISCALIZAÇÃO. RETIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO. 1. Se a própria autoridade lançadora reconhece o equívoco, corrigindo o lançamento nesse tocante, não compete à autoridade julgadora (seja a DRJ, seja o CARF) proceder a novo lançamento. 2. Demonstrouse que nos meses de 02/2007, 03/2007 e 06/2007 havia saldos credores iniciais que não foram considerados, inicialmente, pela autoridade lançadora, quando da lavratura do Auto de Infração. 3. Ao se considerar tais saldos credores, verificase que os lançamentos a crédito no mês somam quantias inferiores àquelas declaradas em DCTF, inexistindo diferença a ser lançada. 4. Foram objeto da autuação as retenções de tributos diversos do IRRF, mais precisamente as retenções atinentes ao PIS/PASEP e a COFINS, as quais devem ser excluídas do lançamento. 5. Demonstrouse, ainda, que nem todos os valores declarados em DCTF haviam sido considerados quando da autuação. 6. Lançamento corretamente retificado pela DRJ. Recursos de Oficio Negado e Voluntário não Conhecido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 75 38 /2 00 8- 39 Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso voluntário e em negar provimento ao recurso de ofício. Kleber Ferreira de Araújo Presidente João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Trata o processo de autodeinfração de IRRF decorrente de verificações obrigatórias, apurado pelo confronto entre as informações declaradas pelo contribuinte em DCTF, as guias de recolhimento insertas nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB e os lançamentos contábeis pertinentes. · A fiscalização relata que intimou o contribuinte para identificar quais as contas contábeis que registravam os fatos geradores dos tributos confessados em DCTF (Termo de Intimação emitido em 16/06/2008). Em decorrência de sucessivos pedidos de prorrogação de prazo para o atendimento desta intimação, a fiscalização emitiu, em 20/06/2008, novo Termo de Intimação para a apresentação da escrituração contábil e fiscal do contribuinte em meio magnético, do período de 2005 a 2008, através da utilização do Programa Gerador Sinco – Arquivos Contábeis. Esta intimação visava à realização das verificações pela própria fiscalização mediante o cotejo da contabilidade a ser fornecida com as DCTF e os recolhimentos empreendidos pelo sujeito passivo em comento. · Em 27/06/2008, o contribuinte pleiteou a dilação em 30 (trinta) dias do prazo para o atendimento da solicitação mencionada no final do parágrafo anterior, sendo a mesma deferida. Na data de 18/07/2008, a empresa apresentou a escrituração contábil em meio magnético do anocalendário de 2005, e requereu nova dilação de prazo para apresentar os arquivos magnéticos remanescentes. · Findo o prazo relembrado acima, a fiscalização intimou o contribuinte a esclarecer a origem dos valores declarados no Demonstrativo dos Tributos Devidos e a atualizar as planilhas até setembro de 2008. Em 07/10/2008, o sujeito passivo em questão requereu a prorrogação do prazo estabelecido em 20 (vinte) dias. Em 23/10/2008, em função da dificuldade do contribuinte em atender às constantes intimações em relação às verificações obrigatórias, com constantes pedidos de prorrogação de prazo para atendimento, e considerando que a empresa atendeu à intimação relativa à disponibilização da escrituração comercial e fiscal em meio magnético do período de 2005 a 2007, a fiscalização resolveu comparar os valores insertos na Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 contabilidade do sujeito passivo com os declarados em DCTF e com os recolhimentos. · O produto do confronto relatado no item precedente acarretou nova intimação (Termo de Intimação emitido em 12/11/2008), sendo o sujeito passivo instado a justificar as diferenças apuradas pela fiscalização, sob pena de lançamento de ofício. Em decorrência da inércia do contribuinte em empreender a integral justificativa objeto da intimação, a fiscalização lavrou a autuação em foco, relativa a diferenças apuradas de IRRF incidente sobre a remuneração paga a empregados da empresa e de IRRF relativo à prestação de serviços por terceiros, abaixo resumidas. 1. No tocante ao IRRF – Assalariado, o cotejamento foi efetuado entre os valores declarados em DCTF com o código de recolhimento 0561 e os lançamentos insertos na conta contábil 2.1.2.0001, sendo apuradas as diferenças insertas no quadro às fls. 150; 2. Em relação ao IRRF – Terceiros, as diferenças apontadas em 2006 não foram justificadas. No anocalendário de 2007, as diferenças também não foram explicadas pelo contribuinte, ensejando o competente lançamento. Entretanto, como a diferença apontada em 10/2007 era bastante expressiva e maior que nos outros meses deste ano, a fiscalização analisou os lançamento na conta contábil nº. 2.1.1.1.002 – IRRF sobre Serviços Prestados, tendo encontrado dois estornos de valores creditados, o que reduziu o valor creditado contabilizado de R$ 8.131.232,78 (oito milhões, cento e trinta e um mil, duzentos e trinta e dois Reais e setenta e oito centavos) para R$ 1.640.378,17 (um milhão, seiscentos e quarenta mil, trezentos e setenta e oito reais e dezessete centavos). Em decorrência de todo o acima exposto, foi lavrado, em 26/11/2008, o auto de infração relativos ao IRRF, com os seguintes fundamentos legais: art. 77, inciso III, do DecretoLei nº. 5.844/43; art. 149 da Lei nº. 5.172/66; art. 841 do RIR/99. IMPUGNAÇÃO Inconformado com a autuação, da qual tomou ciência em 26/11/2008 (fls. 153), o contribuinte apresentou impugnação (fls. 173/184), em 23/12/2008, alegando que os IRRF constituídos não merecem prosperar, vez que as divergências apontadas pela fiscalização seriam insubsistentes, nos seguintes termos: · O lançamento seria nulo, pois teria origem exclusivamente em informações colhida pelo Fisco a seu próprio critério (informações contábeis registradas em contas de passivo que registram tributo a pagar), sem se preocupar com os elementos que deram origem à apuração do IRRF, ferindo o princípio da verdade material e acarretando a nulidade da lavratura. Frisa se, neste ponto, que a contabilidade não poderia se constituir no único elemento para fundamentar lançamento de ofício, ainda mais neste caso concreto, no qual a fiscalização teria tomado como única referência para formular tais exigências os valores levantados por determinado sistema, ajustado manualmente. Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 4 5 · Ainda neste tema, o contribuinte alega que o procedimento administrativo adotado para a apuração dos fatos geradores insertos na autuação, além de não ter fundamento em lei e violar o princípio da verdade material, seria carente de motivação, cerceando o direito de defesa da Impugnante. · No tocante ao IRRF – Assalariado, as divergências apuradas pela fiscalização decorreriam da utilização de uma fonte contábil que não possuiria relação direta com o fato gerador do tributo em questão, senão, vejamos. 1. No que diz respeito ao mês de junho de 2006, a diferença exigida no importe de R$ 180.620,95 (cento e oitenta mil, seiscentos e vinte Reais e noventa e cinco centavos) seria descabida, pois a fiscalização teria ignorado que a Impugnante inicialmente contabilizou o valor de IRRF de R$ 208.861,63 (duzentos e oito mil, oitocentos e sessenta e um Reais e sessenta e três centavos), correspondente à provisão de pagamento deste imposto que incidira quando do pagamento das verbas rescisórias devidas a Ricardo Miranda Silva. Após registrar contabilmente este valor, a Defendente teria sido informada pelo beneficiário da concessão de medida liminar impedindo a retenção sobre as parcelas indenizatórias constantes da rescisão. 2. Por força da tutela antecipada mencionada no parágrafo anterior, a Impugnante teria deixado de incluir tal montante em sua DCTF e, posteriormente, teria estornado este registro em sua contabilidade, sendo que este lançamento de ajuste teria sido desconsiderado pela fiscalização. Ademais, o valor deste IRRF teria sido pago diretamente ao beneficiário (Ricardo Miranda Silva). 3. Para os demais meses, as diferenças constatadas pela fiscalização não procederiam, pois seriam fruto do procedimento adotado pela empresa no que diz respeito à alocação do IRRF incidente sobre os pagamentos de férias aos empregados. Mais precisamente, como as férias deveriam ser pagas até dois dias antes do período de gozo (CLT, art. 145), a Impugnante, ao cumprir este prazo, anteciparia o respectivo IRRF, debitando a referida conta de passivo em contrapartida à conta de caixa, declarando o montante pago em DCTF. Somente no mês em que se iniciam e se encerram as férias, o referido valor de IRRF seria registrado a crédito do passivo (em contrapartida a resultado), na proporção do número de dias gozados dentro do mês. _ No que diz respeito ao IRRF sobre serviços tomados pela Impugnante de terceiros, não seria possível saber com exatidão a forma pela qual a fiscalização chegou aos valores tidos como devidos, o que teria prejudicado a defesa. O que seria possível verificar é que a fiscalização compôs o “valor devido” mediante a seleção de lançamentos registrados na conta contábil de passivo nº. 2111002 (“IRRF s/ Serviços Prestados”). Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 1. Não obstante a aventada ausência de critério no lançamento referente a este item, a Impugnante elaborou uma planilha (fls. 234), na qual constaria a demonstração de que os valores declarados em DCTF estão em perfeita harmonia com a escrituração contábil da empresa. No decorrer deste trabalho, a Impugnante teria conseguido concluir que as diferenças exigidas seria decorrentes de equívocos cometidos no trabalho fiscal, quais sejam: (i) desconsiderar diversos ajustes (estornos e reclassificações) que, se computados, abateriam praticamente metade da diferença apurada; (ii) inobservância de que, na mesma conta contábil, também teriam sido lançadas provisões de IRRF enquadradas em códigos de receita nãoconsiderados pelo Fisco, bem como valores de retenção de outros tributos federais (contribuições sociais). 2. O Fisco, em verdade, teria partido da premissa de que o valor do débito de IRRF (“valor devido”) sobre serviços de terceiros seria a soma dos valores lançados a crédito na referida conta, com determinados estornos que teriam sido selecionados aparentemente de maneira aleatória. Ato contínuo, a fiscalização comparou este valor com o somatório de parte do IRRF declarado em DCTF (em regra nos códigos 0588, 1708 e 3280), justamente por presumir que na conta somente teriam sido lançados valores de IRRF sob estes códigos. Assim, como o “valor devido” superou o valor da DCTF lançado naqueles códigos, a diferença foi considerada como IRRF que não teria sido pago. 3. Contudo, a Defendente assevera que a fiscalização comparou grandezas incomparáveis, pois teria ignorado a reclassificação de vários lançamentos e comparado o valor devido, composto de vários tributos com diversos códigos de recolhimento, com o montante informado somente em parte da DCTF. A título exemplificativo, a Impugnante explicita, em seu entender, as divergências relativas aos meses de 05/2006 e 10/2007. 4. Finalmente e a título meramente exemplificativo, mereceria atenção o fato de que o lançamento foi feito a título de IRFonte Assalariado e sobre serviços prestados. A natureza deste imposto, portanto, seria de mera antecipação, ou seja, tais IRRF são passíveis de dedução pelos respectivos beneficiários na apuração do imposto de renda devido no encerramento do período de apuração. Logo, seriam aplicáveis as disposições do Parecer Normativo COSIT nº. 01/2002, notadamente na medida em que determinam que a Impugnante não poderia ser compelida a efetuar o recolhimento de IRFonte ora exigidos, uma vez que o período em que ela seria a responsável por tal recolhimento já estava expirado quando do lançamento. 5. O pedido é pela improcedência da autuação. DILIGÊNCIA FISCAL Na data de 16/02/2009, em decorrência do contribuinte ter anexado à peça defensiva alguns elementos de prova não apresentados oportunamente à fiscalização, que poderiam ensejar a retificação da autuação, os autos foram convertidos em diligência fiscal para os seguintes esclarecimentos (fls. 370/375): Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 5 7 · Indicar quais foram os lançamentos contábeis que suportam a autuação, tanto do IRRF – Assalariados quanto do IRRF Terceiros; · Esclarecer se o IRRF relativo à rescisão do funcionário Ricardo Miranda Silva foi objeto da autuação. Em caso positivo, indicar em qual competência o mesmo foi computado e qual o respectivo valor; · Apontar quais os lançamentos contábeis de ajuste que devem ser computados na presente autuação, notadamente na apuração do IRRF – Terceiros, e quais são impertinentes, apresentando a competente fundamentação; · Indicar se foram objeto da presente autuação as retenções de tributos diversos do IRRF, supostamente creditados na conta contábil nº. 2111002 – IRRF s/ Serviços Prestados; · Apreciar o quadro de divergências acostado à defesa às fls. 234, apontando se o mesmo, devidamente confrontado com a escrituração contábil do contribuinte e com os documentos de suporte, é suficiente para determinar a retificação da autuação; · Verificandose a necessidade de retificação dos montantes constituídos, indicar, por período de apuração, qual o valor do IRRF que deve prosperar na presente autuação. A fim de possibilitar a realização da diligência fiscal mencionada no parágrafo anterior, foi emitido o MPF Diligência nº. 08.1.90.002009009808 (fls. 377). Na data de 13/05/2009, o AFRFB Autuante intimou o contribuinte a comparecer à DEFIS/SPO para esclarecer os pontos destacados em sua impugnação (Termo de Início de Ação Fiscal fls. 378). O contribuinte compareceu à repartição, por meio de seu advogado, mas não logrou atendêla. Em decorrência disto, a fiscalização reintimou o contribuinte a explicar o Quadro Conciliação Contábil x DCTF, juntado como documento 08 na impugnação do auto de infração de IRRF (Termo de intimação nº. 2 – fls. 380). Em 25/06/2009, o contribuinte atendeu a esta intimação, explicando o conteúdo do referido Quadro. Após a apreciação das explicações fornecidas pelo contribuinte, a fiscalização respondeu aos questionamentos formulados nos seguintes termos: [...] Em 17/07/2009, o contribuinte foi cientificado do teor da resposta à diligência fiscal retromencionada pelo competente Termo de Ciência de Encerramento de Diligência e Notificação Fiscal (fls. 661), com a abertura do prazo legal de 10 (dez) dias para manifestação (AR SO 705195427 BR – fls. 662). Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 Passado o lapso decenal em foco sem qualquer manifestação do contribuinte, os autos foram encaminhados à DRJ SP1 para julgamento. Em 29/09/2009, o contribuinte apresentou impugnação ao relatório da diligência de fls.694/709, cujo teor é resumido a seguir: · As diferenças apontadas pela fiscalização decorrem de particularidades na alocação do IRFonte incidente sobre o pagamento de férias dos empregados; · Como se sabe, o art. 145 da CLT determina que o valor das férias dos empregados deve ser pago 2 dias antes do inicio do respectivo período. Ao cumprir esse prazo, a Requerente registra o valor do IRFonte na contabilidade, debitando a "Conta 002120001 Imposto de Renda Retido — Empregados" (passivo) em contrapartida à conta de caixa. Somente quando se iniciam e se encerram as férias é que o referido valor de IRFonte é registrado a crédito do passivo (em contrapartida a resultado), na proporção do número de dias gozados dentro do mês. Tal procedimento ocorre justamente em função do processamento da folha de pagamentos da Requerente; ∙ Ocorre que, nas hipóteses em que o período de gozo das férias se inicia no começo de determinado mês, o IRFonte relativo a esse período é registrado por ocasião do pagamento do adiantamento, que ocorre, em regra, no final do mês imediatamente anterior; ∙ Daí a razão de existirem certos "descompassos" entre os valores declarados em DCTF e aqueles registrados na contabilidade para o mesmo período. E foram justamente esses "descompassos" que foram interpretados pela d. fiscalização como falta de recolhimento de IRFonte; IRFonte Relativo à Rescisão do Funcionário Ricardo Miranda Silva ∙ O débito de R$ 565.714,51 efetuado na "Conta 002120001 Imposto de Renda Retido — Empregados" em 29/06/2006, e que serviu de base para o lançamento ora contestado, foi estornado no dia 05/07/2006. O IRFonte relativo à competência junho de 2006 totalizou R$ 356.852,88 (conforme lançamento a débito no dia 05/07/2006) e decorre da diferença entre o crédito efetuado na "Conta 002120001 Imposto de Renda Retido — Empregados" no dia 30/06/2006 no valor de R$ 565.714,51 e do valor lançado a débito nessa mesma conta em 29/06/2006 no valor de R$ 208.861,63 (o qual foi pago ao funcionário Ricardo Miranda Silva em razão da liminar concedida nos autos do Mandado de Segurança n° 2006.61.00.0138736 que determinava a não retenção do IRFonte relativos as verbas rescisórias do funcionário); IRFONTE TERCEIROS (b) Diferença de R$ 102.081,39 em fev/06: Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 6 9 · De acordo com a d. fiscalização, foi lançado a crédito da "Conta 0002111002 IRRF s/ Serviços Prestados" em fev/06 o valor total de R$ 347.244,28, tendo sido informado em DCTF IRFonte _ no total de R$ 245.162,89; · Ocorre que, existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 102.922,58 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 04— coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 1.930,21 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade; · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 1.089,10, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço; (c) Diferença de R$ 986,67 em mar/06: · A d. fiscalização não levou em consideração os estornos efetuados no total de R$ 675,59 (Doc. 06 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 805,83 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Também não foi levado em consideração o fato do valor de R$ 1.116,88, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 07 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234); (d) Diferença de R$ 325.534,68 em abr/06: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 460.376,69 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 08); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 379,38, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 09 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (e) Diferença de R$ 87.912,23 em mai/06: Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 313.193,63 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 10); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 7.351,40 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234). (I) Diferença de R$ 97.461,94 em jun/06: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 254.795,83 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 11 coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso a d. fiscalização considerou o IRFonte no valor de R$ 8.401,60 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 271,37, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 12 coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (j) Diferença de R$ 68.868,13 em out/06: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 67.923,71 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 13 coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 944,43, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 14 coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (k) Diferença de R$ 52.568,31 em nov/06: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 49.246,86 que não foram considerados pela d. fiscalização e que correspondem à reclassificação do IRFonte devido no pagamento de premiação e ao IRFonte relativo a nota fiscal devolvida (Doc. 15 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 13,50 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de_divergências de fls. 234); Fl. 1851DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 7 11 · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 3.334,94, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 16 — coluna 'F" do quadro de divergências de fls. 234). (1) Diferença de R$ 71.653,84 no primeiro decêndio de dez/06: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 104.957,10 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 17 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234). · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 78,71 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 3.759,22, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 18 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (m) Diferença de R$ 45.792,36 no segundo decêndio de dez/06: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 126.659,51 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 19 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234). (n) Diferença deR$ 117.944,17 no terceiro decêndiode dez/06: · Existiu lançamento a débito dessa conta no valor total de R$ 53,94 decorrente de estorno do valor do imposto que não foi considerado pela d. fiscalização (Doc. 20 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234). (o) Diferença de R$ 24.129,11 em ian/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 24.122,09 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 21 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234). (p) Diferença de R$ 34.923,10 em fev/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 31.494,94 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 22); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 3.528,75, apesar de Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002— IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 23 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (q) Diferença de R$ 266.846,75 em mar/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 269.600,41 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 24 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 96,20 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 2.051,95, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido recolhido indevidamente. Logo após efetuada a retenção na fonte desse valor, foi constatado que tal retenção não era devida. Uma vez que o imposto já havia sido recolhido, a Requerente devolveu esse valor para o seu cliente e efetuou a compensação do imposto pago indevidamente mediante a entrega de Declaração de Compensação (Doc. 25 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (r) Diferença de R$ 290.418,13 em abr/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 288.501,00 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 26 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 135,00 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$2.052,09, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados ",— ter sido devolvido ao tespectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 27 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (s) Diferença de R$ 4.924,55 em mai/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 1.202,55 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 28 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 17,10 que, apesar de pago e informado em DCTF, Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 8 13 por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 3.739,11, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 29 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (t) Diferença de R$ 256.868,42 em jun/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 254.352,33 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 30 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 34,20 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Por fim, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 2.550,29, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 31 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (u) Diferença de R$ 646,78 em jul/07: · A d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 11,40 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 658,16, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 32 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (v) Diferença de R$ 14.244,13 em ago/07: · A d. fiscalização não levou em consideração a reclassificnão do IRFonte de R$ 6.238,92 devido no pagamento de premiação (Doc. 33— coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234). · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 4.908,53, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002— IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador Fl. 1854DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 34 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (w) Diferença de R$ 384.254,50 em set/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 383.971,60 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 35 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 95,85, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002 — IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 36 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (x) Diferença de R$ 3.207,31 em out/07: · A d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 223,45 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 3.430,75, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002— IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 37 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (y) Diferença de R$ 3.046,74 em nov/07: · A d. fiscalização não considerou o IRFonte no valor de R$ 2.822,17 que, apesar de pago e informado em DCTF, por um engano, não foi registrado pela Requerente na contabilidade (coluna "E" do quadro de divergências de fls. 234); · Além disso, a d. fiscalização também não levou em consideração o fato do valor de R$ 15,66, apesar de inicialmente indicado na conta "Conta 0002111002— IRRF s/ Serviços Prestados", ter sido devolvido ao respectivo prestador de serviço, conforme se verifica da documentação cuja juntada ora se requer (Doc. 38 — coluna "F" do quadro de divergências de fls. 234). (z) Diferença de R$ 135.332,60 no segundo decêndio de dez/07: · Existiram lançamentos a débito dessa conta no valor total de R$ 109.334,85 que se referem a estornos do valor do imposto e que não foram considerados pela d. fiscalização (Doc. 39 — coluna "G" do quadro de divergências de fls. 234). Em 16/10/2013, o CARF proferiu Acórdão nº 2202002.502 (fls.1.703/1.710), o qual anulou a decisão desta DRJ pelo seguinte motivo: “Não constando dos autos os esclarecimentos Fl. 1855DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 9 15 prestados pelo sujeito passivo, em decorrência de diligência efetuada por determinação da Delegacia de Julgamento, nula se torna a decisão proferida que não teve oportunidade de examinar a manifestação tempestivamente apresentada. Declarada a nulidade da decisão de primeiro grau. Em sessão realizada em outubro de 2014, a DRJ julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão assim ementada: VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. IRRF. RESPONSABILIDADE DA FONTE PAGADORA PELO IMPOSTO DE RENDA EFETIVAMENTE RETIDO NA FONTE. IRRELEVÂNCIA DO TRANSCURSO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DIRPF (PESSOA FÍSICA) OU DO PERÍODO DE APURAÇÃO (PESSOA JURÍDICA). O imposto de renda efetivamente retido pela fonte pagadora deve ser por ela recolhido, sendo irrelevante, para fins de determinação da responsabilidade pelo recolhimento deste IRRF, tanto o fato do mesmo se configurar como mera antecipação compensável quanto o transcurso do prazo para apresentação da Declaração de Ajuste Anual (pessoa física) ou do período de apuração (pessoa jurídica). LANÇAMENTO EFETUADO COM BASE NOS REGISTROS CONTÁBEIS. CONSIDERAÇÃO DAS IMPROPRIEDADES COMPROVADAS PELO CONTRIBUINTE EM SUA ESCRITURAÇÃO. REGULARIDADE DA AUTUAÇÃO. A escrituração contábil do contribuinte deve ser necessariamente adotada como base do lançamento calcado no confronto entre os tributos devidos registrados contabilmente e os montantes declarados a tal título na DCTF (“verificações obrigatórias”). Ademais, a consideração das incorreções comprovadas pelo contribuinte nestes lançamentos contábeis, tanto na emissão da autuação quanto na resposta à diligência fiscal, evidencia a higidez do quantum debeatur remanescente na lavratura. ERRO NA QUANTIFICAÇÃO DOS VALORES DEVIDOS. RETIFICAÇÃO DA AUTUAÇÃO. Tendo a fiscalização reconhecido, em resposta à diligência fiscal, que foram considerados lançamentos contábeis de IRPJ, PIS e COFINS, na apuração do valor devido a título de IRRF Terceiros, é imperiosa a retificação da autuação, com a exclusão destes montantes do crédito tributário constituído. Evidenciado que a fiscalização desconsiderou parte dos IRRF Terceiros confessados em DCTF ao efetuar o procedimento de “verificações obrigatórias”, conforme consta expressamente da resposta à diligência fiscal, tornase necessária a reapuração dos IRRF nãoconfessados espontaneamente pelo contribuinte. Na apuração do IRRF Assalariados empreendida em “verificações obrigatórias”, os montantes devidos devem ser Fl. 1856DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 apurados unicamente com base nos lançamentos credores registrados em conta do passivo representativa de tal obrigação. Logo, se a própria fiscalização reconhece que descurou de tal procedimento em alguns períodos de apuração, é necessária a retificação dos montantes constituídos. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Evidenciado, na impugnação, que o contribuinte identificou o motivo exato da autuação e se defendeu tempestiva e plenamente do teor da mesma, descabe a alegação de cerceamento do direito de defesa. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte No ato, a DRJ recorreu de ofício a este Conselho. A recorrente foi intimada da decisão em 02 de fevereiro de 2015 (fl. 1780) e interpôs recurso voluntário somente em 03 de junho de 2015, aduzindo, em síntese, que: a) a ciência do novo acórdão proferido pela DRJ deuse pelo domicílio fiscal eletrônico, e que, por um lapso operacional, a recorrente não tomou a efetiva ciência do prazo que estava em curso. Portanto, o presente recurso deveria ser julgado intempestivo com razão, não fosse o que passará a expor; b) a primeira decisão da DRJ foi anulada pelo CARF em virtude de ter desconsiderado os termos da diligência e da manifestação sobre a diligência apresentada pela recorrente. Os autos foram remetidos para a primeira instância, para prolação de nova decisão. Esta, todavia, encontra se maculada pela mesma nulidade que justificou a primeira decisão do CARF; c) embora a recorrente tenha protocolado a sua manifestação sobre o relatório fiscal de forma tempestiva (questão já confirmada pelo CARF), a DRJ, mais uma vez, alegou não ter existido nenhuma manifestação da recorrente sobre o procedimento de diligência; d) a DRJ novamente deixou de analisar as considerações da recorrente, relevantes para o exercício do contraditório e direito de defesa; e) a recorrente de fato se manifestou sobre o Relatório Fiscal, não havendo explicação para ter sido mais uma vez rejeitada pela DRJ SP; f) notase que persiste a nulidade; g) ainda, se não fosse por força de recurso da contribuinte, deveria ser conhecida de ofício pelo CARF, até porque a DRJ ignorou a sua decisão (artigo 59, inc. II, do Decreto nº 70.235/1972); h) tendo em vista que o novo acórdão proferido pela DRJ comprometeu o direito de defesa da recorrente, assim como o anterior, cumpre ao CARF decretar a nulidade da decisão de primeira instância, devolvendolhe o Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 10 17 processo para que possa prolatar uma nova (terceira) decisão, considerando a manifestação da recorrente sobre o Relatório Fiscal dos Procedimentos Efetuados; i) a competência do CARF para a decretação de ofício da nulidade processual absoluta é pacifica em sua jurisprudência. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 18 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso de ofício deve ser conhecido, visto que a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo de crédito tributário superior a R$1.000.000,00. Nesse sentido, eis o teor do art. 1º da Portaria MF nº 03/2008: Art. 1º. O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Já o recurso voluntário é manifestamente intempestivo, vez que a contribuinte foi intimada da decisão a quo em 02 de fevereiro de 2015 (fl. 1780), tendo interposto seu recurso somente em 03 de junho daquele ano (fl. 1794), quando já transcorrido o prazo legal de trinta dias para fazêlo. Segundo o art. 33 do Decreto nº 70.235/1972, o recurso voluntário deve ser interposto dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância. Por sua vez, o seu art. 42, inc. I, preleciona que são definitivas as decisões de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto. Noutro giro verbal, o recurso intempestivo não deve ser conhecido, razão pela qual não se conhece do recurso da contribuinte. 2 Do recurso de ofício Diante do não conhecimento do recurso voluntário, a matéria submetida à apreciação deste Colegiado diz respeito, unicamente, àquela atinente ao recurso de ofício, a saber: 2.1 IRRF ASSALARIADOS No entender da DRJ, [..] é irretocável o procedimento adotado pela fiscalização ao apurar os valores devidos a título de IRRF com base nos lançamentos escriturados a crédito em conta do passivo representativa do imposto de renda retido na fonte a pagar. Entretanto, apesar de ser correta a apuração dos valores devidos a título de IRRF – Assalariados nos lançamentos a crédito na conta contábil nº. 2120001, a AFRFB Autuante, em resposta à diligência fiscal, indica que descurou de tal procedimento nos meses de 02/2007, 03/2007 e 06/2007, Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 11 19 conforme exposto no “Relatório Fiscal dos Procedimentos Efetuados” (fls. 386/387): Destarte, em decorrência das incorreções na lavratura acima relembradas, que foram comprovadas pelos documentos acostados ao “Relatório Fiscal dos Procedimentos Efetuados” pela própria AFRFB Autuante (fls. 397/402, 402/405 e 410/413), entendese que, em estrito cumprimento ao princípio da verdade material, o montante constituído a título de IRRF – Assalariados nos meses de 02/2007, 03/2007 e 06/2007 deve ser excluído, conforme exposto no quadro abaixo: Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 20 A decisão recorrida não merece reparos neste ponto, pois, como exposto no "Relatório Fiscal dos Procedimentos", demonstrouse que nos meses de 02/2007, 03/2007 e 06/2007 havia saldos credores iniciais que não foram considerados, pela autoridade lançadora, quando da lavratura do Auto de Infração. Ao se considerar tais saldos credores, verificase que os lançamentos a crédito no mês somam quantias inferiores àquelas declaradas em DCTF, inexistindo diferença a ser lançada. Cumpre lembrar que os valores devidos a título de IRRF foram apurados com base nos lançamentos escriturados a crédito em conta do passivo representativa do imposto de renda retido na fonte a pagar, de modo que, inexistindo divergência entre tal conta e as DCTF apresentadas, não há base imponível sobre a qual incida o imposto. Ademais, vale acrescentar que, se a própria autoridade lançadora reconheceu o equívoco, corrigindo o lançamento nesse tocante, não compete à autoridade julgadora (seja a DRJ, seja o CARF) proceder a novo lançamento, sobretudo para majorar a imputação fiscal. Com efeito, a autoridade julgadora não tem competência para lançar, ex vi do art. 142 do CTN, segundo o qual o lançamento é da competência privativa da autoridade administrativa. 2.2 IRRF TERCEIROS 2.2.1 LANÇAMENTOS REFERENTES AO PIS E À COFINS No entender da DRJ, A asserção de que teriam sido registrados na conta contábil nº. 2111002 –IRRF s/ Serviços Prestados valores devidos a título de outros tributos federais (PIS, COFINS etc) merece provimento apenas para os lançamentos comprovados no curso da diligência fiscal, sendo pertinente transcrevermos o teor do tópico “Providência 4” do Relatório Fiscal dos Procedimentos Efetuados (fls. 390): “Providência 4: Indicar se foram objeto da autuação as retenções de tributos diversos do IRRF, supostamente creditados na conta contábil nº. 21110002 –IRRF s/ Serviços Prestados Analisando todos os lançamentos constantes no Livro Razão desta conta (cópia anexa a este termo) e de acordo com o histórico dos lançamentos nada nos faz crer que se refiram a retenções de outros tributos que não o IRRF. Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 19515.007538/200839 Acórdão n.º 2402005.389 S2C4T2 Fl. 12 21 Esta fiscalização, à época do Auto de Infração já havia descontado R$ 6.490.378,17 referente a dois lançamentos de IRPJ. No entanto, além dos lançamentos descontados em outubro de 2007, de fato houve três lançamentos errados feitos pelo contribuinte referentes a outros tributos PIS e COFINS, num total lançado a crédito indevidamente pelo contribuinte em R$ 1.071.015,91. Isto reduz ainda mais o valor a lançar de ofício, a bem da verdade material. O valor considerado na conta do passivo em outubro de 2007 será de R$ 8.070.177,33 menos (R$ 6.490.378,17 mais R$ 1.071.015,91), ou seja, R$ 508.783,25. Desta forma, o valor correto contabilizado é de R$ 508.783,25 e o declarado em DCTF, a princípio, é de R$ 2.762,31. Portanto o valor a lançar é de R$ 506.020,94. [...] Deste modo, em decorrência de inexistir provas nos autos de que a impropriedade em foco tenha ocorrido nos demais meses da autuação, e sequer constar irresignação do contribuinte em relação à conclusão da fiscalização acima transcrita, entendese que deve ser retificado apenas o IRRF – Terceiros apurado no mês de outubro de 2007, com a exclusão do valor de R$ 1.071.015,91 (um milhão, setenta e um mil, quinze Reais e noventa e um centavos). A decisão recorrida não merece reparos neste ponto, pois, conforme o " Relatório Fiscal dos Procedimentos Efetuados", foram objeto da autuação as retenções de tributos diversos do IRRF, mais precisamente as contribuições PIS/PASEP e COFINS, num total lançado de R$1.071.015,91. Eis os lançamentos em questão (vide fl. 388): Essa constatação foi feita pelo próprio agente fiscal, sendo válidas, ainda, as considerações feitas no tópico anterior, atinentes ao art. 142 do CTN, as quais apenas se remete por apreço à brevidade. 2.3 SERVIÇOS CONFESSADOS EM DCTF Segundo a DRJ, A alegação de que a fiscalização teria incorrido em impropriedade ao deixar de considerar alguns IRRF relativos à prestação de serviços oportunamente confessados pelo contribuinte em DCTF merece provimento, conforme reconhece a própria AFRFB Autuante (fls. 391): “Providência 5: Apreciação do quadro de divergências acostado à folha 234 (...) Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 22 Quanto à segunda parte da planilha, o contribuinte demonstra acertadamente que nem todos os valores declarados em DCTF foram considerados pela fiscalização. De fato a coluna I corresponde à soma dos tributos declarados em DCTF, correspondente ao IRRF, a saber: 1708, 0588, 3208, 3280, 8045, 5952, 5979 e 5987. Refazendo os cálculos para o lançamento deste tributo temos: A decisão a quo deve ser mantida nessa questão, visto que a própria fiscalização igualmente reconheceu que nem todos os valores declarados em DCTF haviam sido considerados quando da autuação. Também aqui, são plenamente aplicáveis as considerações alusivas ao lançamento, nos termos do art. 142 do Código. 3 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: (i) não CONHECER do recurso voluntário; (ii) CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício. João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 8/07/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 29/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000324/2009-32
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2004 a 31/03/2007
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.723
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201612
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2004 a 31/03/2007 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 14120.000324/2009-32
anomes_publicacao_s : 201702
conteudo_id_s : 5676519
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-004.723
nome_arquivo_s : Decisao_14120000324200932.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 14120000324200932_5676519.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
dt_sessao_tdt : Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
id : 6642286
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692531920896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1693; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 14120.000324/200932 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.723 – 2ª Turma Sessão de 12 de dezembro de 2016 Matéria RETROATIVIDADE BENIGNA, NATUREZA DA MULTA NOS LANÇAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS ANTERIORES À MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941, DE 2013 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado QUALIDADE COMERCIO IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA EPP ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2004 a 31/03/2007 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 03 24 /2 00 9- 32 Fl. 584DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 585DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 586DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 587DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 588DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 589DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 590DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 591DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 592DF CARF MF Processo nº 14120.000324/200932 Acórdão n.º 9202004.723 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 593DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720432/2012-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2202-000.704
Decisão: Visto, relatados e julgados.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201607
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 19515.720432/2012-19
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5627121
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 30 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2202-000.704
nome_arquivo_s : Decisao_19515720432201219.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : DILSON JATAHY FONSECA NETO
nome_arquivo_pdf_s : 19515720432201219_5627121.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Visto, relatados e julgados. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
id : 6480214
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692538212352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1559; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1.839 1 1.838 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720432/201219 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2202000.704 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 13 de julho de 2016 Assunto IRPF Recorrente EDISON SCROBACK Recorrida FAZENDA NACIONAL Visto, relatados e julgados. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Contribuinte para constituir IRPF em função da identificação de omissão de rendimentos. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .7 20 43 2/ 20 12 -1 9 Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.840 2 Insatisfeito, o Contribuinte impugnou o lançamento. Tendo a DRJ mantido parcialmente o crédito fazendário, o sujeito passivo interpôs o recurso voluntário. Chegando ao CARF, o julgamento foi convertido em diligência, que já foi realizada. Feito o resumo da lide, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Em 02/03/2012 foi lavrado auto de infração (fls. 914/937) em desfavor do Contribuinte, ora recorrente, para constituir IRPF no valor de R$ 4.052.679,56, além de juros e multa de 75%. Foram identificadas como infração: 1. "OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA" (anos calendário 2008, 2009 e 2010); 2. "OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE AÇÕES/QUOTAS NÃO NEGOCIADAS EM BOLSA" (anos calendário 2007, 2008, 2009 e 2010); e 3. "OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA" (anocalendário 2009). Conforme o TVF (fls. 975/883): · O Contribuinte foi intimado a apresentar os extratos bancários e documentos comprobatórios da origem dos recursos depositados nas contas correntes; · O Contribuinte apresentou apenas parte da documentação solicitada; · Que o Contribuinte declarou incorretamente como isentos ou não tributáveis recursos provenientes da alienação de empresas. Também, que o Contribuinte era titular de 95% das quotas da empresa Avamiller, mas que recebeu integralmente o valor pago na alienação; · Que lavrou Termo de Embaraço à Ação Fiscal porquanto o Contribuinte, intimado reiteradamente, deixou de apresentar os seus extratos bancários; · Que foram emitidos RMFs para a requisição dos extratos bancários; · Que o Contribuinte, intimado, não comprovou a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias; · Que a autoridade lançadora fez o cruzamento dos extratos bancários com as informações referentes aos pagamento pela alienação da empresa, considerando tais depósitos como comprovados; Intimado em 08/03/2012 (fl. 941), o Contribuinte apresentou impugnação em 05/04/2012 (fls. 949/997 e docs. anexos fls. 998/1.316). Apresentou ainda uma petição em Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.841 3 28/07/2012 (fls. 1.323/1.329), consolidando as informações e documentos juntados anteriormente. Recebidos os autos, a DRJ/SP1 proferiu o acórdão nº 1641.379, de 03/10/2012 (fls. 1.331/1.379), que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Inexiste nulidade do procedimento fiscal quando todas as determinações legais de apuração, constituição do crédito tributário e de formalização do processo administrativo fiscal foram atendidas. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. NÃO VIOLAÇÃO. Estando o contribuinte ciente de todos os atos, procedimentos e valores apurados pela fiscalização, revestido de suas formalidades legais, não há que se falar em cerceamento de defesa ou violação aos princípios constitucionais. GANHOS DE CAPITAL. ALIENAÇÃO. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. Incide o imposto de renda sobre o ganho de capital obtido na alienação de participação societária. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA GANHO DE CAPITAL. ISENÇÃO. Não efetivada a alienação, depois de decorrido o período de cinco anos da data da subscrição ou aquisição da participação, na vigência da lei que outorgou a isenção, revogada esta, não há que se falar em direito adquirido. JUROS. OMISSÃO DE RENDIMENTO. Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados à medida de seu recebimento na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Por ocasião do Lançamento os juros são calculados sobre o valor do tributo ou contribuição. Paralelamente, a multa de ofício, porquanto parte integrante do crédito tributário está sujeita à incidência dos juros de mora após seu vencimento. OMISSÃO DE RENDIMENTO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO. ENQUADRAMENTO LEGAL. A fundamentação legal aplicada ao lançamento está em concordância com a apuração de omissão de rendimentos sem vínculo empregatício recebido de pessoa jurídica decorrente de acréscimos das parcelas Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.842 4 recebidas pela alienação de ações que não compõem o ganho de capital. A impugnação apresentada revela que o interessado tinha pleno conhecimento da infração que lhe foi imputada, não tendo demonstrado quaisquer dúvidas quanto à matéria tida como infringida, inexistindo qualquer embaraço ao exercício do seu direito de defesa, não se vislumbrando a existência de vícios a macular o lançamento. OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO. A presunção legal de disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos sem origem justificada, caracterizada como omissão de receitas, está prevista no art. 42, da Lei nº 9.430/96 e autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial, nos termos da LC nº 105/2001. SOBRESTAMENTO DO FEITO. Não há, entre as normas reguladoras do Processo Administrativo Fiscal,qualquer previsão que contemple a suspensão de prosseguimento do processo. A Secretaria da Receita Federal do Brasil tem regimento próprio que não prevê sobrestamento de processo o qual não se confunde com o regimento interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não se cogita a nulidade quando atendida às determinações legais de formalização do processo administrativo fiscal. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. A Administração Pública deve tomar suas decisões com base nos fatos tais como estes se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelo sujeito passivo. PRODUÇÃO DE PROVAS. PERÍCIA. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, não podendo o impugnante apresentála em outro momento a menos que demonstre motivo de força maior, refirase a Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.843 5 fato ou direito superveniente, ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. DOUTRINA. EFEITOS. As decisões administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. A doutrina transcrita não pode ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre matéria relativa a constitucionalidade de lei. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Intimado da decisão de 1º Grau em 31/01/2013 (fl. 1.388), o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 01/03/2013 (fls. 1.394/1.461). Suas razões podem ser resumidas da seguinte forma: · Que os valores classificados pelo fisco como rendimentos de trabalho sem vínculo empregatício (infração 01) são, na verdade, a correção dos valores devidos pela alienação da empresa. Destarte, impossível classificálos como "rendimentos de trabalho"; · Que, sendo a identificação da infração 01 equivocada e a motivação incongruente, deve ser anulado o lançamento; · Que não é possível tributar o ganho de capital (infração 02) porque o Contribuinte era titular da empresa desde 1970 e, quando da venda da mesma em 2007, já possuía direito adquirido à isenção do art. 4º, "d", do DecretoLei nº 1.510/1976, ainda que este comando legal já tivesse sido revogado; · Que os valores apontados como de origem desconhecida (infração 03) são, na verdade, (i) provenientes da alienação da empresa (vide infração 02); (ii) transferências entre constas do próprio Contribuinte; ou (iii) resgates de investimentos tributados na fonte; · Que o acesso aos dados bancários foi feito de maneira ilícita, porquanto ocorreram sem autorização judicial; · Que, se não for declarada a nulidade do lançamento em decorrência do acesso ilícito aos dados bancários, deve ser, no mínimo, sobrestado o julgamento em decorrência da declaração de repercussão geral da matéria no STF; Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.844 6 · Que, sendo cancelado o lançamento, deve ser cancelada também a imposição de multa de ofício; e · Que os juros não incidem sobre a multa de ofício. O recorrente juntou ainda petição em 18/03/2014 (fls. 1.471/1.475 e docs. fls. 1.476/1.487), ratificando tudo quanto tido anteriormente. Chegando ao CARF, foi proferida a Resolução nº 2202000.586, de 17/07/2014 (fls. 1.488/1.503), na qual foi determinada a realização de diligência para que o Contribuinte apresentasse provas do percentual de participação acionária que poderia estar dentro da isenção instituída pelo DecretoLei nº 1.510/1976. O Contribuinte foi então intimado, apresentando em seguida os documentos de fls. 1.517/1.819. A autoridade fiscalizadora elaborou, por sua vez, o Relatório de Diligência Fiscal (fls. 1.820/1.821), ao qual o recorrente já apresentou Manifestação (fls. 1.824/1.835). Enfim, vieramme os autos. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto O recurso voluntário é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 1. Preliminares: 1.1. Da nulidade do lançamento erro na caracterização da infração: Reclama o Contribuinte pela nulidade do auto de infração, argumentando que a infração 01 classificou equivocadamente a natureza do rendimento e que a motivação foi incongruente e imprecisa. Ainda que o Contribuinte tenha razão na sua afirmação (de que a infração foi identificada erroneamente), não se trata de hipótese de nulidade. A verdade é que, in casu, o Contribuinte foi capaz de apresentar defesa, entendendo adequadamente a acusação feita. Não houve, portanto, preterição do seu direito de defesa, a qual seria fundamento para a nulidade do ato nos termos do art. 59, II, do Decreto nº 70.235/1972. Diferente seria se a acusação restasse absolutamente incompreensível, impossibilitando o exercício da defesa pelo Contribuinte. Pelo contrário, se o Contribuinte foi capaz de entender a acusação feita, e se entende que ela foi equivocada, percebese que ele pôde apresentar defesa, como efetivamente Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.845 7 fez em sede de impugnação e de recurso voluntário, afastandose a configuração da nulidade por cerceamento do direito de defesa. A análise, propriamente dita, da adequação da infração imputada aos fatos comprovados pela autoridade lançadora é questão de mérito, que será analisada oportunamente. Enfim, não assiste razão ao recorrente em relação a essa preliminar. 1.2. Do sigilo bancário: Reclama o Contribuinte que seja declarada a nulidade do auto de infração, alegando que a autoridade lançadora acessou indevidamente seus dados bancários, por meio de RMFs, uma vez que não tinha autorização judicial para tanto. A quebra de sigilo bancário é questão extremamente delicada, porquanto resvala sobre o direito à intimidade, à privacidade e à liberdade do indivíduo, confronta o dever ético e contratual das instituições financeiras e, por fim, põe em risco a verdadeira segurança e integridade física da pessoa. Efetivamente, a discussão é de tamanha relevância que foi levada a análise em sede de repercussão geral perante o STF, no Tema nº 225. Ocorre que a matéria já foi julgada no “leading case” RE nº 601.314, no qual se definiu que: “Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, conheceu do recurso e a este negou provimento, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item “a” do tema em questão, a seguinte tese: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”; ...” Em suma, a despeito das ressalvas pessoais desse julgador no que se refere à adequação do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 ao ordenamento pátrio, o STF já se pronunciou em sede de Repercussão Geral (no RE nº 601.314) sobre a constitucionalidade da referida norma. Dessa forma, não apenas a Súmula CARF nº 2 declara que este Conselho Administrativo não tem competência para se pronunciar acerca da inconstitucionalidade das Leis tributárias, como inclusive o STF já consolidou a posição e confirmou que a Lei Complementar nº 105/2001 é efetivamente constitucional e, portanto, deve ser aplicada. Nesses termos, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte no sentido de anular o auto de infração por ilegalidade de acesso aos dados bancários. 1.3. Do sobrestamento do julgamento: O Contribuinte também suscitou em seu Recurso Voluntário que, se não fosse anulado o lançamento por ilicitude do acesso às suas informações bancárias, ao menos deveria o julgamento ser sobrestado enquanto o STF não chegasse a decisão final sobre a constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001. Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.846 8 A verdade é que, além de o STF já ter julgado o "leading case" da repercussão geral (RE nº 601.314), o CARF tem um novo regimento interno, no qual foi suprimido o comando constante do art. 62A do RICARF anterior. Logo, não há mais a possibilidade de sobrestamento do julgamento de processo administrativo fiscal federal, nesse e.CARF, em decorrência da declaração de repercussão geral pelo STF. Por esses motivos, não é possível dar provimento ao pleito do recorrente. 1.4. Da nulidade do lançamento dupla tributação dos mesmos recursos: Argumenta o Contribuinte que grande parte dos valores depositados em suas contas bancárias decorreram do pagamento pela alienação da sua empresa, valores esses que foram tributados na infração 002 (ganho de capital na alienação de cotas de sociedade). Nesse sentido, conclui ser um contrassenso tributar os mesmos recursos outra vez, na infração 03 (depósitos de origem não comprovada), porquanto haveria dupla tributação dos mesmos recursos. A autoridade julgadora de primeiro grau, analisando a questão, conclui tratarse de argumento totalmente improcedente. Pelo contrário, afirmou que a autoridade lançadora considerou os depósitos referentes ao pagamento pela alienação da empresa dentro dos valores tidos como depósitos comprovados. Pois bem. Tratase de tópico elaborado pelo recorrente com argumentação extremamente confusa, razão pela qual se faz necessário estabelecer algumas premissas: · Em relação ao anocalendário de 2009, foram imputados ao Contribuinte as três infrações; e · Ainda que sejam identificadas três infrações diversas, fazse necessário identificar a natureza do rendimento recebido pelo Contribuinte para, incluindoo na base de cálculo da infração correta, aplicarlhe a metodologia adequada de apuração da base de cálculo. Nesse contexto, o Contribuinte alega que, quando da lavratura do auto de infração, a autoridade lançadora incluiu os mesmos depósitos na base de cálculo da infração 002 (omissão de ganhos de capital) e na base de cálculo da infração 003 (depósitos bancários com origem não comprovada). Por sua vez, a autoridade lançadora expressamente alegou, no TVF, que: "Em relação à MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA INCOMPATÍVEL MFI, do anocalendário 2.009, não foram comprovados nenhum crédito/depósito conforme solicitado no Termo de Intimação datado de 05/07/2.011. Com base na planilha citada acima, ou seja de alienação do Avamiller, pudermos identificar alguns créditos/depósitos que foram extraídos da planilha de DEPÓSITOS e estão discriminados no demonstrativo DEPÓSITOS COMPROVADOS anexo. Tendo em vista que a origem dos demais créditos/depósitos, não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, preparamos planilha de valores das contas correntes e poupanças das Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.847 9 instituições bancárias mencionadas, resultando no valor tributável de R$ 3.147.724,18, no anocalendário 2.009, conforme demonstrativo anexo." fl. 881. Em outras palavras, o Contribuinte foi intimado a comprovar a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias. Não o tendo feito, a autoridade fazendária foi compelida, nos termos do art. 142, §único, do CTN, a lavrar o auto de infração identificando como infração a omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada. É que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 criou a presunção relativa em favor do fisco, cabendo ao Contribuinte o ônus da prova de que os recursos já foram declarados ou tributados. Enfim, é nesse contexto que o Contribuinte afirma ter havido dupla tributação, i.e., que os mesmos valores foram incluídos na base de cálculo do ganho de capital e na base de cálculo dos depósitos de origem não comprovada. Tal fato efetivamente levaria à nulidade do auto de infração. Essa linha de argumentação não pode, entretanto, prevalecer. Em primeiro lugar, anotase que a autoridade lançadora teve o cuidado de tentar conciliar os depósitos feitos a título de pagamento pela alienação da empresa com os extratos bancários. Nesse contexto, identificou diversos dos depósitos, excluídoos da base de cálculo da infração 003. Em segundo lugar, o ônus de provar a origem dos depósitos foi atribuído, por Lei, ao Contribuinte, ora recorrente. Cabe a ele, portanto, comprovar que o valor incluído na base de cálculo da infração 003 (omissão de rendimentos por depósito bancário de origem não comprovada) é, na verdade, depósito com intuito de pagamento do preço da alienação da empresa. Se comprovar tal fato, então o valor será excluído da base de cálculo da infração 003, porquanto foi incluído na base de cálculo da infração 002. A análise da efetiva comprovação da origem dos recursos, entretanto, é questão de mérito, que deverá ser analisada oportunamente. Em suma, não procede a preliminar suscitada pelo recorrente. 2. Mérito 2.1. Dos depósitos de origem não comprovada: Argumenta o Contribuinte, ainda, que os depósitos apontados como não tendo origem comprovada são, na verdade, (i) referentes à venda de sua empresa, concretizada em 2007 e que representaram ganho de capital (mesma origem dos valores identificados na infração 002); (ii) transferências bancárias do próprio recorrente; ou (iii) resgates de aplicações financeiras. Analisando a questão, a DRJ ressaltou que a fiscalização e o lançamento se embasaram no art. 42 da Lei nº 9.430/1996, que cria uma presunção relativa de omissão de rendimento, invertendo o ônus da prova de sorte que caiba ao Contribuinte comprovar a origem dos recursos depositados em seu favor. Nesse contexto, esclareceu que não basta a simples Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.848 10 alegação ou mesmo a apresentação de planilhas elaboradas pelo próprio Contribuinte para ilidir a presunção legal, mas é necessária a apresentação de provas hábeis e idôneas a comprovar a origem dos recursos, o que não foi feito pelo Contribuinte. Nesse sentido, não apenas a DRJ apresentou tabela comparando os dados compilados pela autoridade lançadora em relação aos pagamentos das parcelas da alienação da empresa e dos depósitos de origem comprovada, como também analisou individualmente os depósitos que cuja origem o Contribuinte buscou comprovar em sua impugnação. 2.1.1. Análise por amostragem: Realizando análise por amostragem dos valores que o Contribuinte buscou comprovar, percebemos que: Depósito no valor de R$ 7.900,00, de 12/02/2009: · Segundo o Contribuinte, tratase de Resgate de Aplicação Financeira; · Como prova, apontou que constavam nos autos "Tela impressa do banco justificativa da Gerente". Efetivamente, à fl. 1.258 consta extrato do Banco do Brasil, na data da movimentação, com a seguinte anotação "Todos os lançamentos em negrito, especificados como Aviso de Crédito e/ou Crédito c/ restrições referemse a resgates de CDB DI ... (aplicação) do cliente Sr. Edison Scroback da conta investimento p/a c/c/ nº 25.368 5", além de duas assinaturas diferentes com o mesmo carimbo de "Gerente de Módulo"; · A autoridade lançadora incluiu, efetivamente, tal valor na lista de depósitos não comprovados (fl. 889); · Analisando a questão, por outro lado, a DRJ esclareceu que, conforme o extrato de conta corrente do Banco do Brasil (fl. 483), o creditamento de R$ 7.900,00, feito no dia 12/02/2009 teve como código identificador "615", e não "791", este sim representante de resgate de investimento. Analisando os dados, a simples alegação do Contribuinte, ou mesmo de sua gerente bancária não seriam suficientes para comprovar a origem dos recursos. Contudo, compulsando os extratos juntados pela própria autoridade fiscalizadora, é possível observar que consta nos autos extrato da conta corrente nº 25.3685, mantida perante a ag. 48550, registrando creditamento no valor de R$ 7.900,00 no dia 12/02/2009 (fl. 488). Consta também nos autos (fl. 396) "Extrato de CDB/BB Reaplic", identificado pelo mesmo número de conta e agência, no qual ficou registrado o resgate de R$ 8.718,21, na mesma data, e (fl. 424) "Extrato Investimentos Financeiros Mensal" identificado pelo mesmo número de conta e agência, registrando a aplicação de R$ 481,21 na mesma data. Logo, é plausível imaginar que o Contribuinte tenha resgatado e reaplicado determinado valor no mesmo dia, na agência, ficando registrado no extrato da conta corrente apenas o valor líquido creditado, exatos R$ 7.900,00. Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.849 11 Portanto, ante a afirmação da gerente do banco, somado a extratos de resgate e reaplicação de valores, na mesma conta, cujos recursos coincidem, entendo que restou comprovada a origem desses recursos creditados na conta corrente do contribuinte. Depósito no valor de R$ 268.966,88, de 04/06/2009: · Segundo o Contribuinte, tratase de resgate de aplicação financeira; · Como prova, apontou que, no próprio extrato de investimentos em CDB emitido pelo Banco do Brasil consta resgate de investimento nesse valor exato, apontando, inclusive, a ocorrência de IRRF; · O valor consta na planilha de depósitos não comprovados (fls. 889/894); · Analisando a questão, por outro lado, a DRJ esclareceu que, conforme o extrato de conta corrente do Banco do Brasil (fl. 488), o creditamento de R$ 268.966,88, feito no dia 04/06/2009 teve como código identificador "612", e não "791", este sim representante de resgate de investimento. É possível observar que consta nos autos extrato da conta corrente nº 25.3685, mantida perante a ag. 48550, registrando creditamento no valor de R$ 268.966,88 no dia 04/06/2009 (fl. 488). Consta também nos autos "Extrato de CDB/BB Reaplic", identificado pelo mesmo número de conta e agência, no qual ficou registrado o resgate de exatos R$ 268.966,88, na mesma data. Se é verdade que o constam, na mesma folha diversas movimentações identificadas pelo código "791", com a inscrição de "Resgat. Fundo DI", não se pode concluir que apenas as movimentações com esse código representem resgate de investimentos. Enfim, ante a identificação de extrato bancário registrando resgate de investimento com valor idêntico, na mesma conta, e na mesma data, entendo que restou comprovada a origem do recurso, que deve ser excluído da base de cálculo. Depósito de R$ 261.844,23, em 02/01/2009: · Segundo o Contribuinte, tal depósito foi feito com o propósito de pagar parcela do contrato de alienação da empresa; · Como prova, juntou comprovante de depósito (fl. 1.252) no qual se atesta que os recursos vieram da própria empresa alienada (Avamiller); · A DRJ não reconheceu esse valor ao fundamento de que: "TED sem identificação da origem fl. 482. O doc. de fl. 1252 descreve como sendo transf. da Avamiller, sendo que os valores ref a alienação já foram considerados conf. planilha depós.comprov. fls. 884/888" (fl. 1.368); 2.1.2. Da necessidade de realizar diligência Como analisado acima, há, aparentemente, diversos valores que foram incluídos no lançamento, como depósitos de origem não comprovada, que provêm do próprio Contribuinte. São informações que constam, especificamente, nos extratos bancários Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.720432/201219 Resolução nº 2202000.704 S2C2T2 Fl. 1.850 12 fornecidos pelas instituições financeiras e juntados pela própria autoridade lançadora, e que foram aceitos, em alguns casos, pela própria DRJ. Ademais, como aponta e comprova o Contribuinte, parte dos valores depositados em suas contas correntes são provenientes da própria empresa alienada. Ressaltamos que o negócio de alienação da empresa Avamiller ocorreu em 2007. Se, em 2009, ainda recebia parcelas do preço, não é impossível que os recursos para tais pagamentos tenham sido provenientes da própria empresa alienada. Enfim, ante a juntada de provas de provas em sede de impugnação, pelo Contribuinte, que têm o condão (potencialmente) de comprovar a origem dos recursos depositados em suas contas, entendo ser necessário converter o julgamento em diligência para que a autoridade fiscalizadora: · Compulse novamente os extratos bancários para analisar se os valores creditados nas contas do Contribuinte, e considerados na base de cálculo da infração 003 (Depósito bancário de origem não comprovada) não são provenientes de transferências ou de resgates de aplicações de titularidade do próprio Contribuinte, focando, principalmente, nas movimentações indicadas em sede de impugnação e de recurso voluntário; · Diante da juntada de comprovantes de origem dos recursos (especialmente os TED com origem na empresa alienada): informe a natureza dos depósitos identificados pelo contribuinte, no seu recurso voluntário, como feitos a título de pagamento do preço da empresa, inclusive circularizando as depositantes para declarar a sua natureza. · Elabore relatório circunstanciado das conclusões e das provas analisadas; após, intime o Contribuinte a se pronunciar sobre dito relatório no prazo de 30 dias; Enfim, concluída a diligência, retornem os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto relator Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 24/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 26/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901393/2014-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2012
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa.
BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO.
O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.328
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2012 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa. BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13888.901393/2014-98
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5647597
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 18 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-003.328
nome_arquivo_s : Decisao_13888901393201498.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 13888901393201498_5647597.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6544074
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048692545552384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1817; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.901393/201498 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.328 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria COFINS. Inclusão do ICMS na base de cálculo. Recorrente AÇOVIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E PRÉMOLDADOS DE CONCRETO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. A existência de despacho decisório contendo motivação clara, explícita e congruente, desautoriza a alegação de cerceamento de defesa. BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O valor do ICMS devido pela própria contribuinte integra a base de cálculo da COFINS. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de pedido eletrônico de restituição da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, cumulado com declaração de compensação, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 13 93 /2 01 4- 98 Fl. 51DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901393/201498 Acórdão n.º 3402003.328 S3C4T2 Fl. 3 2 denegado em tempo hábil por meio de despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o DARF representativo do pagamento indevido estava inteiramente alocado para a quitação de débitos anteriormente declarados pelo contribuinte. Em tempo hábil, foi apresentada manifestação de inconformidade na qual a defesa alegou, em síntese, que houve nulidade por cerceamento do direito de defesa e que o crédito do contribuinte decorre de pagamento indevido, em razão de ter sido incluído o ICMS na base de cálculo da contribuição. Afirmou que o ICMS é mero ingresso que não pode ser incluído no conceito de faturamento. Invocou o precedente consubstanciado no RE 240.785 do STF e informou que os artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430/96 garantem seu direito de compensar o indébito apurado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento rejeitou a preliminar de nulidade e, no mérito, decidiu o seguinte: a) o valor do DARF está inteiramente alocado para pagamento de débitos informados pelo próprio contribuinte; b) a lei apenas permite a exclusão da base de cálculo da contribuição do ICMS recolhido na condição de substituto tributário e da receita proveniente da alienação onerosa de créditos do ICMS; e c) o valor dos débitos declarados para compensação é de magnitude superior ao valor do único DARF vinculado a essas compensações. Regularmente notificado do Acórdão de primeira instância, o contribuinte apresentou em tempo hábil recurso voluntário a este Colegiado, alegando, em síntese, o seguinte: a) nulidade por cerceamento de defesa porque o despacho decisório não diz as razões pelas quais o contribuinte não tem o crédito que alega possuir. Essa omissão impediu o contribuinte de exercer a plena demonstração de seu crédito, pois não há como argumentar contra uma decisão que se mostra lacônica; b) a base de cálculo da contribuição sempre foi o faturamento e com o advento da Lei nº 10.833/2003 houve uma ampliação, passando a base de cálculo a abranger a totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte. Entretanto, o valor do ICMS não pode ser considerado como receita do contribuinte, sob pena de violação do art. 110 do CTN, pois a lei não pode considerar receita o que não é receita. O ICMS representa para o contribuinte mero ingresso, pois o valor é posteriormente destinado ao fisco estadual. Tal interpretação foi cristalizada em caráter definitivo no RE 240.7852, que deve ser aplicado ao caso concreto. Reafirmou a existência do indébito e seu direito de compensálo com base nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430/96. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.317): Fl. 52DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901393/201498 Acórdão n.º 3402003.328 S3C4T2 Fl. 4 3 "O recurso preenche os requisitos formais para sua admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Relativamente à preliminar de nulidade, não assiste razão à defesa. Isso porque, ao contrário do alegado, o despacho decisório declinou com todas as letras o motivo pelo qual a Administração Tributária denegou o pleito do contribuinte e não homologou as compensações declaradas. O Despacho Decisório apresenta a seguinte motivação: "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DECOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DECOMP. (...)" No mesmo despacho encontramse perfeitamente identificados o número do PER/DECOMP, o número do DARF e o valor relativo ao suposto pagamento indevido. O texto acima transcrito revela que a compensação não foi homologada porque o valor do DARF está inteiramente alocado para o pagamento de débitos declarados pelo próprio contribuinte. Em outras palavras: o contribuinte não possui o crédito alegado no PER/DECOMP porque o valor já foi utilizado para extinguir débitos por ele próprio declarados. Portanto, o despacho decisório não foi lacônico, uma vez que declinou expressamente o motivo da não homologação da compensação: o contribuinte não tem o crédito alegado. Essa fundamentação está explícita de forma clara, precisa e congruente com a decisão de não homologar a compensação, o que atende às exigências do art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99. Sendo assim, é improcedente a alegação de nulidade, pois o contribuinte não teve seu direito ao contraditório e à ampla defesa cerceados, mesmo porque a apresentação de impugnação e de recurso voluntário, deduzindo argumentos no sentido de demonstrar a existência jurídica do indébito desautorizam a invocação dessa preliminar. No mérito, deflui dos autos que o contribuinte apurou e recolheu a contribuição incluindo o ICMS na sua base de cálculo e agora comparece perante a Administração Tributária alegando que o recolhimento foi efetuado em montante superior ao devido porque a inclusão do ICMS no faturamento ou na receita é inconstitucional. O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978, que a regulamentou. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901393/201498 Acórdão n.º 3402003.328 S3C4T2 Fl. 5 4 O art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77, na redação vigente na época do fato gerador relativo ao pagamento tido como indevido, estabelecia o seguinte: "Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. (...)" (Fonte da transcrição: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decretolei/ del1598.htm) Já o item 4 da IN SRF nº 51/78, estabelece o seguinte: 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. (...) 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente (sic) com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra (sic) a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. 4.3.1 Incluemse também neste item: a) taxas que guardam proporcionalidade com o preço de venda; b) a parcela de contribuição para o Programa de integração Social calculada sobre o faturamento; c) a quota de contribuição, ou retenção cambial, devida na exportação. (Fonte da transcrição: http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/ sijut/Pesquisa.htm) Portanto, o recolhimento efetuado pelo contribuinte está em conformidade com a legislação vigente e com entendimento sedimentado há anos na seara tributária, uma vez que o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional. O contribuinte alega, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição porque o imposto estadual não se enquadra no conceito de faturamento ou mesmo no de receita estabelecido pela constituição. Ao contrário do alegado pelo contribuinte, tal argumento não pode ser acatado pelos órgãos administrativos de julgamento, pois o art. 26A do Fl. 54DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13888.901393/201498 Acórdão n.º 3402003.328 S3C4T2 Fl. 6 5 Decreto nº 70.235/72 proíbe este colegiado de negar vigência a texto legal com hierarquia superior a Decreto, em razão de arguição de inconstitucionalidade, in verbis: "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(...)" O contribuinte invoca a seu favor o acórdão do STF proferido no RE 240.7852. Entretanto, esse recurso extraordinário ainda não foi definitivamente julgado, não se enquadrando no disposto no § 6º, I, acima transcrito, e nem nas disposições do Decreto nº 2.346/97, para que o entendimento possa ser estendido administrativamente a outros casos concretos. Não se olvide que essa questão é objeto do Tema 69 dos recursos submetidos à sistemática da repercussão geral no STF e será decidida no RE nº 574.706. Acrescentese que a Súmula CARF nº 2 estabelece que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Considerando que os recolhimentos efetuados pelo contribuinte, com a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS, estão conformes à legislação vigente, voto no sentido de negar provimento ao recurso." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 55DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MANUELLA BEATRIZ SANTOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0