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Numero do processo: 19515.003777/2003-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2202-000.300
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes.
Nome do relator: Não se aplica
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausente justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 03 77 7/ 20 03 -1 3 Fl. 440DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 3 2 Relatório JUVENAL RODRIGO BAPTISTA, contribuinte inscrito no CPF/MF sob o nº 536.227.23815, com domicílio fiscal na cidade de São Pulo, Estado de São Paulo, à Rua Xavier da Veiga, n.º 81 – apto 44 Bairro Santana, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Paulo SP, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 363/377, prolatada pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Santa Maria – RS, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 386/414. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, em 16/10/2003, o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 157/159), com ciência por AR, em 24/10/2003 (fls. 161), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 1.546.646,48 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício qualificada de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo ao exercício de 1999, correspondentes aos anoscalendário de 1998 e 1999, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 1999, onde a autoridade fiscal lançadora constatou as seguintes irregularidades: O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Termo de Verificação Fiscal, datado de 16/10/2003 (fls. 138/144), entre outros, os seguintes aspectos: que através do oficio de 17/09/2001, o Banco Bradesco S/A. encaminhounos extrato da conta corrente 2546345, mantida na agência 990, em meio magnético (disquete), referente ao ano de 1998, tendo em vista o caráter sigiloso das informações nele contidas, optamos pela destruição do disquete em tela, conforme previsão legal, o referido procedimento de destruição está amparado pelo competente Termo de Destruição de Arquivo Magnético. A seguir relacionamos os documentos cujas cópias, juntamente com o presente Auto de Infração, estão sendo encaminhados ao contribuinte: (1). Ofícios das instituições financeiras em que nos foram encaminhados os extratos e documentos cadastrais; (2.) Consulta — Validade de prorrogação do MPF (INTERNET); (3). Demonstrativos dos Créditos/Depósitos Não Comprovados; (4). Termo de Destruição de Meio Magnético; (5). Solicitações de Emissão de Requisições de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF); (6). RMFs: 0813400 2001 00290 2, 0813400 2001 00291 0; 0813400 2001 00292 9, 0819000 2002 00804 0 e 0819000 2002 00805 9. Irresignado com o lançamento o autuado apresenta, tempestivamente, em 25/04/2003, a sua peça impugnatória de fls. 165/194, instruído pelos documentos de fls. 195/250, solicitando que seja acolhida a impugnação e determinado o cancelamento do crédito tributário amparado, em síntese, nos seguintes argumentos: que a ilegalidade e arbitrariedade cometida pelo Sr. auditor fiscal se mostra evidente, pois o fisco federal sabe do verdadeiro endereço do impugnante, o qual chegou a Fl. 441DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 4 3 outorgar procuração aos patronos abaixo signatários para acompanhamento do expediente instaurado, mas, antes mesmo da análise da manifestação de fls. 130, onde era requerido prazo suplementar para que as Instituições Financeiras providenciassem as microfilmagens das contas averiguadas, resolveu por bem em atuar o, impugnante mesmo antes de intimálo quanto aos inúmeros documentos acrescidos ao feito, notadamente os extratos bancários de fls. 78/112 e 114/129, não lhe foi concedida vista “dos mesmos ou oportunidade para prestar quaisquer esclarecimentos. Possibilitandolhe o exercício pleno de seu direito de defesa e atendimento tempestivo das eventuais exigências fiscais, inclusive, com quebra de seu sigilo bancário, sem seu conhecimento ou autorização judicial; que sobre a nulidade do lançamento tributário e do auto de infração por arbitramento e presunção exclusivamente sobre extratos bancários a conduta do impugnante, consoante o Fisco Federal (Auto de Infração fls. 157/159), estaria enquadrada nos artigos 42, da Lein° 9.430/96, 4° da Lei n° 9.481/97 e 21 da Lei n° 9.532/97; que assim, o Sr. Auditor Fiscal apurou como valor de Rendimentos Tributáveis caracterizados como omissão de rendimentos o total de R$ 2.213.861,42 (dois milhões, duzentos e treze mil, oitocentos e sessenta e um reais e quarenta e dois centavos), decorrentes da ausência de documentação hábil e idônea quanto à origem dos recursos creditados nas contas correntes do impugnante; que, portanto sendo analisando o teor da acusação formalizada pelo Fisco Federal, em face do impugnante e comparandose aos teores dos dispositivos legais sobreditos, denotase, que não há o menor nexo causal entre eles, porque a suposta omissão de receita, cujos valores foram apurados no Auto de Infração, foi obtida por mera presunção ou arbitramento, exclusivamente sobre depósitos bancários em conta corrente; que o procedimento tributário é fundamentalmente de elaboração e discussão de lançamento, uma vez que, é por meio dele que se vai fazer o "acerto" e o controle de legalidade da obrigação tributária, seja principal, seja acessória, ou ambas, ou seja, é a forma administrativa de exame e apuração das possíveis obrigações e, como elas, igualmente regulado por lei e, por isso mesmo, a própria forma de proceder constitui um direito assegurado às partes. Em suma, é o "devido processo legal" (art. 5º, LIV, da CF/88); que na mesma seara de estudos, a constituição do crédito tributário pelo lançamento (Auto de Infração), efetivada exclusivamente por presunção ou arbitramento, sobre os valores constantes de depósitos bancários em conta corrente do impugnante é absolutamente ilegal, inválida e ineficaz; que o Fisco Federal está atuando com fulcro na Lei n° 10.174, de 9.1.2001, na Lei Complementar n° 105, de 10.1.2001 e no Decreto n° 3.724, de 10.1.2001, investigando possíveis fatos geradores ocorridos no ano de 1.998 e, para isso, está requisitando extratos bancários; que ora, essa devassa bancária, com quebra de seu sigilo, que tem aparência de legalidade, em verdade, é ilegal, porque se exige obrigação impossível de ser cumprida; que a ilegalidade reside na surpresa, que gera insegurança jurídica e social, pois, os contribuintes são tomados por ela, uma vez que, na imensa maioria das vezes, não possuem os extratos bancários, nem os canhotos das cártulas de cheques, enfim, não mantêm uma contabilidade pessoal, para esperarem uma ação do Fisco; Fl. 442DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 5 4 que, portanto a Portanto, a Lei n° 10.174/2.001, a Lei Complementar n° 105/2.001 e o Decreto n° 3.724/2001, que não revogaram o dispositivo legal sobredito, são absolutamente inconstitucionais, porque afrontam os artigos 5º, incisos X, XII, XXII e LIV e 145, § 1°, da Constituição Federal vigente; que sendo assim a Lei Complementar n° 105/2001 e o Decreto ri° 3.724/2001, também, afrontam o disposto no art. 146 e no art. 150, III, alínea "a", ambos da Constituição Federal, primeiro, porque não versam, especificamente sobre matéria tributária; segundo, porque violam os direitos individuais dos contribuintes, também garantidos pela Magna Carta vigente; que ora, Emérito Julgador, o Fisco Federal, por intermédio do Termo de Início de Fiscalização sobredito, amparado por Diplomas legais publicados em 2.001 e 2.002, exige do impugnante para não autuála e não iniciar processo administrativo contra ela, que exiba extratos bancários de 1.998 e comprove por documentos idôneos a origem dos recursos aplicados; que não se pode olvidar que, na hipótese concreta, tratada nos autos, denotase que não é a aplicação daqueles Diplomas legais que geram a violação de direitos líquidos e certos do impugnante, mas sim o fato de que o Fisco Federal, após exigir, por ato jurídico, o atendimento de obrigações física e juridicamente impossíveis, quebroulhe o sigilo bancário, sem a prévia cientificação dele. Quanto à fundamentação pertinente sobre a indispensabilidade da apresentação dos extratos bancários e dos documentos de origem, com a discriminação dos motivos das exigências, como mandam os artigos 2° e 3°, do Decreto n° 3.724/2.001, consumando a violação da lei e dos direitos individuais do impugnante, a qual ficou sem qualquer segurança jurídica; que desta forma, tendo em vista a realidade econômica atual do país, urna multa em percentual de 75% (setenta e cinco por cento), cobrada pelo Fisco Federal, tem efeito de confisco e é injustificável, ainda que instituída por lei, a qual, aliás, não se pode olvidar, para saciar o teratológico apetite arrecadador do Governo Federal. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, os membros da Segunda Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Santa Maria – RS, concluíram pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que, portanto, contribuinte alega que a lavratura do auto de infração sem ter lhe dado ciência dos documentos juntados aos autos e sem ter lhe dado oportunidade para prestar esclarecimentos, caracteriza cerceamento de defesa. As hipóteses de nulidade absoluta são as previstas no art. 59, Decreto n.° 70.235, de 06 de março de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal (PAF); que sendo assim, no processo administrativo fiscal, o cerceamento do direito de defesa resulta de despachos e decisões. Assim, não pode ocorrer previamente à lavratura de atos ou termos, entre os quais se inclui o auto de infração. Após a lavratura do auto de infração e de sua ciência é aberto o prazo para o contribuinte impugnar a exigência fiscal, sendolhe proporcionado devidamente o contraditório e a ampla defesa, pois, é só com a impugnação do auto de infração, que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendose, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela; Fl. 443DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 6 5 que o procedimento fiscal é uma fase oficiosa em que a fiscalização atua com poderes amplos de investigação, tendo liberdade para interpretar os elementos de que dispõe para efetuar o lançamento; que antes da impugnação, não há litígio, não há contraditório e o procedimento é levado a efeito, de ofício, pelo Fisco. O ato do lançamento é privativo da autoridade, e não urna atividade compartilhada com o sujeito passivo (CTN, art. 142); que sendo, assim, o contribuinte alega também que não foi cientificado da fundamentação sobre a indispensabilidade da apresentação dos extratos bancários, com a discriminação dos motivos da exigência, como mandam os artigos 2° e 3 0 do Decreto n° 3.712/2001. A esse respeito esclarecese que o contribuinte foi intimado a apresentar os seus extratos bancários conforme dispositivo legal que rege a matéria e não o fez, fato que levou o auditor requisitálos diretamente ao Banco Itaú, Caixa Econômica Federal e Bradesco através da Requisição de Movimentação Financeira — RMF, sob a justificativa de que a referida requisição era indispensável ao andamento do procedimento de fiscalização em curso, nos termos do art. 4°, § 6° do Decreto n° 3.724, de 2001, fls. 48 a 65; que as autoridades administrativas não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional; que, portanto, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie; que tais alegações na esfera administrativa, pois não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar as normas motivadoras do lançamento, cuja validade está sendo questionada, em observância ao art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (CTN); que o acesso às informações bancárias independe de autorização e não constitui quebra de sigilo. As informações obtidas permanecem protegidas. A Lei 5.172, de 1966 (CTN), em seu artigo 198, veda sua divulgação para qualquer fim, por parte da Fazenda Pública Nacional ou de seus funcionários, sem prejuízo do disposto na legislação criminal; que a Constituição Federal prevê a proteção à inviolabilidade da privacidade e de dados. Conferiu, contudo, igualmente, em seu art. 145, § 1°, à administração pública o direito de identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas dos contribuintes, o que não lhe tira o direito à privacidade, visto que a Fazenda Pública tem obrigação de sigilo; que admitese, então, que a autoridade fiscal pode, em procedimento de fiscalização, solicitar diretamente às instituições financeiras os extratos das contas bancárias do interessado, por meio da emissão de Requisição e Movimentação Financeira — RMF, sem que isso se caracterize quebra de sigilo bancário. O § 3° do art. 1° da LC n° 105, de 2001 é claro Fl. 444DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 7 6 neste sentido, ao dispor que não constitui violação do dever de sigilo a prestação de informações às autoridades fiscais tributárias da União Federal, posto que o sigilo é transferido à Secretaria da Receita Federal — SRF; que a lei de regência do fato gerador é que deve reportarse à data de sua ocorrência e não a lei que regula a forma de obtenção das informações que possam servir de base para a averiguação do cumprimento das obrigações tributárias. O lançamento em questão decorre da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários não justificados, relativo ao anocalendário de 1998. Tal infração está definida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, vigente à época da ocorrência do fato gerador; que, percebese a partir de janeiro de 2001, a Secretaria da Receita Federal deveria continuar guardando sigilo das informações referentes à CPMF, porém, tais informações poderiam ser utilizadas para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a outros tributos e contribuições, observando o disposto no art. 42 da Lei n° 9.430/1996; que edição da Lei n° 10.174/2001 foram ampliados os poderes de investigação do Fisco, ficando autorizada à instauração de procedimento de fiscalização referente ao imposto de renda pessoa física, ou qualquer outro imposto ou contribuição, com base nas informações decorrentes da CPMF, observandose o disposto no art. 42 da Lei n° 9.430/96, e alterações posteriores. Sendo assim, autorizada à instauração do procedimento de fiscalização, a partir de informações sobre a movimentação bancária relativas a CPMF, caso seja detectada qualquer infração cujo fato gerador seja anterior à vigência da Lei n° 10.174/2001, esta infração pode ser objeto de lançamento; que a Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), recepcionada pela nova Constituição, consoante artigo 34, § 5°, do Ato das Disposições Transitórias, define, em seus artigos 43, 44 e 45. Que o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. De acordo com o artigo 44, a tributação do imposto de renda não se dá só sobre rendimentos reais mas, também, sobre rendimentos arbitrados ou presumidos por sinais indicativos de sua existência e montante; que a própria lei definindo que os depósitos bancários, de origem não comprovada, caracterizam omissão de receita ou de rendimentos. Portanto, não são meros indícios de omissão, razão por que não há que estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de receita; que conforme já tratado anteriormente, não cabe aos órgãos judicantes administrativos examinarem a constitucionalidade e/ou legalidade de atos legais, pois é privativo do Poder Judiciário manifestarse sobre as argüições de inconstitucionalidade de dispositivos legais; que assim, a aplicação da taxa SELIC tem plena previsão legal, fato que confirma a sua correta utilização pela autoridade fiscal no cálculo dos juros moratórios. Da mesma forma, a multa de ofício encontra amparo no art. 44, da Lei n° 9.430/96, que preconiza em seu inciso I, como regra geral para os lançamentos de ofício, a aplicação do percentual de 75%. A decisão de Primeira Instância está consubstanciada nas seguintes ementas: Fl. 445DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 8 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 Ementa:NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n.° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. CONSTITUCIONALIDADE A autoridade administrativa não tem competência para decidir sobre a constitucionalidade ou legalidade de leis. SIGILO BANCÁRIO. UTILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS A CPMF Com o advento da Lei n° 10.174/2001, resguardado o sigilo na forma da legislação aplicável, é legítima a utilização das informações sobre as movimentações financeiras relativas a CPMF para instaurar procedimento administrativo que resulte em lançamento de outros tributos, ainda que os fatos geradores tenham ocorrido antes da vigência da referida Lei. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS A partir de 01/01/1997, os valores depositados em instituições financeiras, de origem não comprovada pelo contribuinte, passaram a ser considerados receita ou rendimentos omitidos. Lançamento Procedente Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 31/08/2007, conforme Termo constante às fls. 363/377, e, com ela não se conformando, o recorrente interpôs, em tempo hábil (09/04/2008), o recurso voluntário de fls. 386/414, com instrução dos documentos de fls. 415/418, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 446DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator Do exame inicial dos autos verificase que existe uma questão prejudicial à análise do mérito da presente autuação, relacionada com sobrestamento de julgados. Observase às fls. 138/144 do Termo de Verificação Fiscal o seguinte excerto: Através do oficio de 17/09/2001, o Banco Bradesco S/A. encaminhou nos extrato da conta corrente 2546345, mantida na agência 990, em meio magnético (disquete), referente ao ano de 1998, tendo em vista o caráter sigiloso das informações nele contidas, optamos pela destruição do disquete em tela, conforme previsão legal o referido procedimento de destruição está amparado pelo competente Termo de Destruição de Arquivo Magnético. A seguir relacionamos os documentos cujas cópias, juntamente com o presente Auto de Infração, estão sendo encaminhados ao contribuinte: (1). Ofícios das instituições financeiras em que nos foram encaminhados os extratos e documentos cadastrais; (2.) Consulta — Validade de prorrogação do MPF (INTERNET); (3). Demonstrativos dos Créditos/Depósitos Não Comprovados; (4). Termo de Destruição de Meio Magnético; (5). Solicitações de Emissão de Requisições de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF); (6). RMFs: 0813400 2001 00290 2, 0813400 2001 00291 0; 0813400 2001 00292 9, 0819000 2002 00804 0 e 0819000 2002 00805 9. Com visto, resta claro da análise dos autos, que a autoridade administrativa, através da Requisição de Movimentação Financeira – RMF solicitou diretamente às instituições financeiras os extratos bancários. Assim sendo, a discussão sobre os depósitos bancários lançados, por enquanto, não faz sentido haja vista que se trata de mais um caso de sobrestamento de julgado feito, por unanimidade de votos, por esta turma de julgamento, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Fl. 447DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 10 9 É de se ressaltar, que a primeira orientação dada era de que se os extratos bancários fossem acostados aos autos mediante o atendimento da Solicitação de Emissão de Requisição de Movimentação Financeira (RMF) solicitada pela autoridade fiscal lançadora, com base no art. 3º do Decreto nº 3.724, de 2001, o processo deveria ser sobrestado até que a repercussão geral fosse julgada. Entretanto, na evolução da discussão sobre o assunto, surgiu a corrente que defende a tese de que somente é possível sobrestar as matérias que o próprio Supremo Tribunal Federal tenha determinado o sobrestamento de Recursos Extraordinário – RE. Para pacificar o assunto o Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) editou a Portaria CARF nº 001, de 03 janeiro de 2012, determinando os procedimentos a serem adotados para o sobrestamento de processos, da qual extraio os seguintes excertos: Art. 1º. Determinar a observação dos procedimentos dispostos nesta portaria para realização do sobrestamento do julgamento de recursos em tramitação no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, em processos referentes a matérias de sua competência em que o Supremo Tribunal Federal – STF tenha determinado o sobrestamento de Recursos Extraordinários – RE, até que tenha transitado em julgado a respectiva decisão nos termos do art. 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Parágrafo único. O procedimento de sobrestamento de que trata o caput somente será aplicado a casos em que tiver comprovadamente sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal – STF o sobrestamento de processos relativos à matéria recorrida, independentemente da existência de repercussão geral reconhecida para o caso. Resta evidente, nos autos, de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada, onde o fornecimento das informações sobre a movimentação bancária do contribuinte, pelas instituições financeiras, foi realizada diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). Ou seja, o fornecimento das informações sobre movimentação bancária do contribuinte foram obtidas pelo fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial, assunto na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314. O Recurso Extraordinário (RE) 601314 chegou ao Supremo contra uma decisão que considerou legal o artigo 6° da Lei Complementar nº 105, de 2001, que permite a entrega das informações, por parte dos bancos, a pedido do Fisco. Para o autor do recurso, contudo, este dispositivo seria inconstitucional, uma vez que permite a entrega de informações de contribuintes, sem autorização judicial, configuraria quebra de sigilo bancário, violando o artigo 5°, X e XII da Constituição Federal. De acordo com o relator, a matéria discutida no RE 601314, a eventual inconstitucionalidade de quebra de sigilo bancário pelo Poder Executivo (Receita Federal) atinge todos os contribuintes, conforme a ementa, de 20/11/2009, abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE Fl. 448DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 11 10 CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 601314 RG, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 22/10/2009, DJe218 DIVULG 19112009 PUBLIC 20112009 EMENT VOL0238307 PP01422) Em data posterior (15/12/2010) a decretação da repercussão geral o Pleno do Supremo Tribunal Federal decidiu, por cinco votos a quatro, que a Receita Federal não tem poder de decretar, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário do contribuinte, durante julgamento do Recurso Extraordinário interposto pela GVA Indústria e Comércio contra medida do Fisco (RE 389.808), cuja ementa é a seguinte: SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. Observase que a discussão girou em torno do respaldo constitucional dos dispositivos da Lei nº 10.174, de 2001, da Lei Complementar nº 105, de 2001 e do Decreto nº 3.724, de 2001, usados pela Receita para acessar dados da movimentação financeira. O relator do caso, ministro Marco Aurélio, destacou em seu voto que o inciso 12 do artigo 5º da Constituição diz que é inviolável o sigilo das pessoas salvo duas exceções: quando a quebra é determinada pelo Poder Judiciário, com ato fundamentado e finalidade única de investigação criminal ou instrução processual penal, e pelas Comissões Parlamentares de Inquérito. “A inviabilidade de se estender essa exceção resguarda o cidadão de atos extravagantes do Poder Público, atos que possam violar a dignidade do cidadão”. Por maioria de votos, o STF entendeu ser indispensável à prévia manifestação do Poder Judiciário para que seja legítimo o acesso da Receita Federal às informações que se encontram protegidas pelo sigilo bancário. E assim o fez em virtude de regra clara e inequívoca, constante do artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal, que prescreve que o sigilo de dados somente pode ser afastado mediante prévia autorização judicial. Em seu voto o ministro Celso de Mello, a equação direito ao sigilo — dever de sigilo exige — para que se preserve a necessária relação de harmonia entre uma expressão essencial dos direitos fundamentais reconhecidos em favor da generalidade das pessoas (verdadeira liberdade negativa, que impõe, ao Estado, um claro dever de abstenção), de um lado, e a prerrogativa que inquestionavelmente assiste ao Poder Público de investigar comportamentos de transgressão à ordem jurídica, de outro — que a determinação de quebra de sigilo bancário provenha de ato emanado de órgão do Poder Judiciário, cuja intervenção Fl. 449DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 12 11 moderadora na resolução dos litígios, insistase, revelase garantia de respeito tanto ao regime das liberdades públicas quanto à supremacia do interesse público. Os efeitos dessa decisão por ora estão limitados ao caso concreto e não vinculam as instâncias inferiores. Porém, ela reafirma entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal. Não se pode esquecer, pois, que se trata de decisão do Pleno da mais alta corte do país e como tal deve ser entendida e respeitada. Isso quer dizer, na prática, que mesmo que o Supremo ainda não tenha julgado definitivamente a matéria (várias ações diretas de inconstitucionalidade contra a lei complementar ainda aguardam para ser julgadas na corte, além do Recurso Extraordinário 601.314), sua decisão em relação à Lei Complementar nº 105, de 2001, poderá ser o argumento para os próximos julgados. Em decisão monocrática publicada em março de 2011, a ministra Cármen Lúcia afirma categoricamente que não cabe mais discussão sobre o assunto. "No julgamento do Recurso Extraordinário 389.808 (…), com repercussão geral reconhecida, o Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de ter acesso a Receita Federal a dados bancários dos contribuintes", disse ela ao julgar o Recurso Extraordinário 387.604, verbis: RE 387.604 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA RECEITA FEDERAL: IMPOSSIBILIDADE. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “EMBARGOS INFRINGENTES. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. INTIMIDADE E SIGILO DE DADOS VERSUS ORDEM TRIBUTÁRIA HÍGIDA. ART. 5º, X E XII. PROPORCIONALIDADE. 1. O sigilo bancário, como dimensão dos direitos à privacidade (art. 5º, X, CF) e ao sigilo de dados (art. 5º, XII, CF), é direito fundamental sob reserva legal, podendo ser quebrado no caso previsto no art. 5º, XII, 'in fine', ou quando colidir com outro direito albergado na Carta Maior. Neste último caso, a solução do impasse, mediante a formulação de um juízo de concordância prática, há de ser estabelecida através da devida ponderação dos bens e valores, in concreto, de modo a que se identifique uma 'relação específica de prevalência' entre eles. 2. No caso em tela, é possível verificarse a colisão entre os direitos à intimidade e ao sigilo de dados, de um lado, e o interesse público à arrecadação tributária eficiente (ordem tributária hígida), de outro, a ser resolvido, como prega a doutrina e a jurisprudência, pelo princípio da proporcionalidade. 3. Com base em posicionamentos do STF, o ponto mais relevante que se pode extrair desse debate, é a imprescindibilidade de que o órgão que realize o juízo de concordância entre os princípios Fl. 450DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 13 12 fundamentais a fim de aplicálos na devida proporção, consoante as peculiaridades do caso concreto, dandolhes eficácia máxima sem suprimir o núcleo essencial de cada um revistase de imparcialidade, examinando o conflito como mediador neutro, estando alheio aos interesses em jogo. Por outro lado, ainda que se aceite a possibilidade de requisição extrajudicial de informações e documentos sigilosos, o direito à privacidade, deve prevalecer enquanto não houver, em jogo, um outro interesse público, de índole constitucional, que não a mera arrecadação tributária, o que, segundo se dessume dos autos, não há. 4. À vista de todo o exposto, o Princípio da Reserva de Jurisdição tem plena aplicabilidade no caso sob exame, razão pela qual deve ser negado provimento aos embargos infringentes” (fl. 275). 2. A Recorrente alega que o Tribunal a quo teria contrariado o art. 5º, inc. X e XII, da Constituição da República. Argumenta que “investigar a movimentação bancária de alguém, mediante procedimento fiscal legitimamente instaurado, não atenta contra as garantias constitucionais, mas configura o estrito cumprimento da legislação tributária. Assim, (...) mesmo se considerarmos o sigilo bancário como um consectário do direito à intimidade, não podemos esquecer que a garantia é relativa, podendo, perfeitamente, ceder, se houver o interesse público envolvido, tal como o da administração tributária” (fl. 284). Analisados os elementos havidos nos autos, DECIDO. 3. Razão jurídica não assiste à Recorrente. 4. No julgamento do Recurso Extraordinário n. 389.808, Relator o Ministro Marco Aurélio, com repercussão geral reconhecida, o Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de ter acesso a Receita Federal a dados bancários de contribuintes: “O Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto a dados bancários da empresa recorrente. Na espécie, questionavamse disposições legais que autorizariam a requisição e a utilização de informações bancárias pela referida entidade, diretamente às instituições financeiras, para instauração e instrução de processo administrativo fiscal (LC 105/2001, regulamentada pelo Decreto 3.724/2001). Inicialmente, salientou se que a República Federativa do Brasil teria como fundamento a dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e que a vida gregária pressuporia a segurança e a estabilidade, mas não a surpresa. Enfatizouse, também, figurar no rol das garantias constitucionais a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas (art. 5º, XII), bem como o acesso ao Poder Judiciário visando a afastar lesão ou ameaça de lesão a direito (art. 5º, Fl. 451DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 14 13 XXXV). Aduziuse, em seguida, que a regra seria assegurar a privacidade das correspondências, das comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, sendo possível a mitigação por ordem judicial, para fins de investigação criminal ou de instrução processual penal. Observouse que o motivo seria o de resguardar o cidadão de atos extravagantes que pudessem, de alguma forma, alcançálo na dignidade, de modo que o afastamento do sigilo apenas seria permitido mediante ato de órgão eqüidistante (Estadojuiz). Assinalouse que idêntica premissa poderia ser assentada relativamente às comissões parlamentares de inquérito, consoante já afirmado pela jurisprudência do STF”. O acórdão recorrido não divergiu dessa orientação. 5. Nada há, pois, a prover quanto às alegações da Recorrente. 6. Pelo exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publiquese. Brasília, 23 de fevereiro de 2011. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora. Nesta linha de raciocínio, é de se notar, ainda, que nas demais decisões o Supremo Tribunal Federal tem determinado o sobrestamento de tal matéria, conforme é possível se verificar nos julgados abaixo: Decisão: Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presente feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publique se. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012). DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – BAIXA À ORIGEM. 1. Reconsidero o ato de folhas 343 a 344. 2. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 3. Ante o Fl. 452DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 15 14 quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, havendo a intimação do acórdão de origem ocorrido posteriormente à data em que iniciada a vigência do sistema da repercussão geral, bem como presente o objetivo maior do instituto – evitar que o Supremo, em prejuízo dos trabalhos, tenha o tempo tomado com questões repetidas – , determino a devolução dos autos ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Façoo com fundamento no artigo 328, parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, para os efeitos do artigo 543B do Código de Processo Civil. 4. Publiquem. Brasília, 3 de novembro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator(AI 714857 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 03/11/2011, publicado em DJe 217 DIVULG 14/11/2011 PUBLIC 16/11/2011). Ora, o presente tema tem sido muito discutido após a Lei nº 10.174, de 2001 (que alterou a Lei nº 9.311, de 1996, e passou a admitir a utilização de dados da extinta CPMF para fins de apuração de outros tributos) e, sobretudo, a Lei Complementar nº 105, de 2001 (cujos artigos 5º e 6º admitem o acesso, pelas autoridades fiscais da União, Estados e municípios, das contas de depósito e aplicações financeiras em geral), tem reflexo direto em inúmeros lançamentos que são fundamentados na existência de movimentação bancária incompatível com os rendimentos e receitas declarados pelo contribuinte. Como visto, anteriormente, o primeiro julgamento de relevância adveio na ação cautelar nº 33 – ajuizada para o fim de atribuir efeito suspensivo a recurso extraordinário – em que, por seis votos a quatro, admitiuse a quebra independentemente de autorização judicial. Votaram a favor do Fisco os ministros Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Carmen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie, enquanto, contrariamente à quebra sem ordem judicial, posicionaramse os ministros Marco Aurélio, Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Todavia, poucas semanas após o próprio recurso extraordinário (nº 389.808) veio a ser apreciado, desta vez com resultado diverso. O ministro Gilmar Mendes mudou de posição e, como o ministro Joaquim Barbosa não participou do julgamento, o placar foi favorável aos contribuintes, por cinco a quatro. Apesar da decisão monocrática da ministra Cármen Lúcia afirmado categoricamente que não cabe mais discussão sobre o assunto, entendo, que a questão não está resolvida. Tivesse o ministro Joaquim Barbosa participado do julgamento (no pleno do STF) e mantido sua posição adotada na cautelar, o resultado teria ficado empatado (cinco a cinco). Além disso, existem várias Adins que aguardam julgamento (nºs 2.386, 2.390, 2.397 e 4.010) e o tema já teve sua repercussão geral reconhecida (RE nº 601.314), porém, ainda pendente de julgamento. Por outro lado, existe noticias na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que o mesmo tem determinado o sobrestamento de processos onde a discussão abrange o fornecimento das informações sobre a movimentação bancária do contribuinte, pelas instituições financeiras, diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). Assim, resta evidente, que o assunto se encontra na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314 e que os processos estão sobrestados. É de se ressaltar, que caso a posição definitiva do Supremo Tribunal Federal STF seja no sentido da possibilidade da quebra sem autorização judicial, os autos de infração em curso deverão ser mantidos pelos órgãos administrativos de julgamento, o mesmo Fl. 453DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 16 15 sucedendo com os processos judiciais, ressalvadas as questões peculiares envolvidas em cada caso. Contudo, se declarada a inconstitucionalidade dos diplomas que permitem a quebra pelas autoridades administrativas, será preciso verificar com maior critério as consequências nos procedimentos em curso. Isso porque nem sempre o lançamento é motivado apenas na existência de movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados. Nos casos, por exemplo, de omissão de receitas (artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996) fundamentados exclusivamente na existência de valores em instituições financeiras, não há dúvida de que, declarada a inconstitucionalidade da quebra sem autorização judicial, os lançamentos restarão viciados e deverão assim ser declarados pelo órgão administrativo ou judicial competente. No entanto, há casos em que a existência de recursos financeiros eventualmente não comprovados é apenas um dos indícios que fundamentam a ação fiscal. No caso em questão, resta claro, nos autos, de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada, onde o fornecimento das informações sobre a movimentação bancária do contribuinte, pelas instituições financeiras, foi realizada diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). Ou seja, os extratos bancários foram acostados aos autos mediante o atendimento da Solicitação de Emissão de Requisição de Movimentação Financeira (RMF) solicitada pela autoridade fiscal lançadora, com base no art. 3º do Decreto nº 3.724, de 2001. É conclusivo, que no julgamento do Recurso Extraordinário n. 389.808, não aplicável a repercussão geral, o Pleno do Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de ter acesso a Receita Federal a dados bancários de contribuintes: SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. Decisão O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Senhor Ministro Marco Aurélio (Relator), deu provimento ao recurso extraordinário, contra os votos dos Senhores Ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Falou, pelo recorrente, o Dr. José Carlos Cal Garcia Filho e, pela recorrida, o Dr. Fabrício Sarmanho de Albuquerque, Procurador da Fazenda Nacional. Plenário, 15.12.2010. Naquele julgado, o Plenário, por maioria, proveu recurso extraordinário para afastar a possibilidade de a Receita Federal ter acesso direto a dados bancários da empresa recorrente. Na espécie, questionavamse disposições legais que autorizariam a requisição e a utilização de informações bancárias pela referida entidade, diretamente às instituições Fl. 454DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 19515.003777/200313 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.300 S2C2T2 Fl. 17 16 financeiras, para instauração e instrução de processo administrativo fiscal (Lei Complementar nº 105, de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 2001). Não há duvidas de que o Supremo Tribunal Federal, em sua composição plenária, naquela ocasião, declarou, por maioria de votos, a impossibilidade de acesso aos dados bancários dos contribuintes através de procedimento administrativo efetuado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil diretamente as instituições financeiras, entretanto a decisão, ainda, não transitou em julgado e não se aplica na solução da repercussão geral em discussão, razão pela qual entendo que se faz necessário sobrestar o presente julgado até a solução final da repercussão geral em questão. Assim sendo, resta evidente nos autos de que se trata de imposto de renda incidente sobre depósitos bancários com origem não comprovada e parte da discussão se concentra sobre o fornecimento de informações sobre movimentação bancária do contribuinte obtida pelo fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial, assunto na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme o recurso extraordinário 601314. A vista disso seja o presente processo encaminhado à Secretaria da 2ª Câmara da 2ª Seção para as devidas providencias no sentido de atender o sobrestamento do julgamento. Observando que, após solucionada a questão, o presente processo será novamente incluído em pauta publicada. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 455DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 30/08/2012 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 10660.722111/2011-11
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2006 a 30/12/2010
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DECLARADA PELO SUPREMO TRIBUNAL
O art. 22, IV da lei 8.212/91, que fundamentava a contribuição sobre a contratação de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal no RE 595838/SP, afastando assim as contribuições previdenciárias daí advindas.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2803-004.093
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para excluir do lançamento as parcelas referentes a pagamentos a cooperativas. Mantido o levantamento LEV: CI1 - CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS.
assinado digitalmente
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
assinado digitalmente
Oséas Coimbra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2006 a 30/12/2010 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DECLARADA PELO SUPREMO TRIBUNAL O art. 22, IV da lei 8.212/91, que fundamentava a contribuição sobre a contratação de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal no RE 595838/SP, afastando assim as contribuições previdenciárias daí advindas. Recurso Voluntário Provido em Parte
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COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DECLARADA PELO SUPREMO TRIBUNAL O art. 22, IV da lei 8.212/91, que fundamentava a contribuição sobre a contratação de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal no RE 595838/SP, afastando assim as contribuições previdenciárias daí advindas. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator, para excluir do lançamento as parcelas referentes a pagamentos a cooperativas. Mantido o levantamento LEV: CI1 CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 21 11 /2 01 1- 11 Fl. 434DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10660.722111/201111 Acórdão n.º 2803004.093 S2TE03 Fl. 3 2 Oséas Coimbra Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti. Fl. 435DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10660.722111/201111 Acórdão n.º 2803004.093 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve os autos de infração lavrados, referentes a contribuições devidas em razão de pagamentos a cooperativas de trabalho e remuneração de segurados contribuintes individuais nas competências 01/2007 a 12/2007. O r. acórdão – fls 403 e ss, conclui pela procedência parcial da impugnação apresentada, cancelando o auto de infração 37.328.8620. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da contribuição referente a cooperativas e o pagamento dos DEBCADs 37.328.8590 e 37.328.8630. É o relatório. Fl. 436DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10660.722111/201111 Acórdão n.º 2803004.093 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A COOPERATIVAS DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 595838 / SP, com repercussão geral reconhecida, considerou o artigo 22, IV, da Lei 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, inconstitucional. O art. 62A do Regimento Interno do CARF informa: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dessa feita, considerada a lei que justifica a autuação como em descompasso com a Constituição Federal, desaparece o fundamento jurídico que sustenta o auto lavrado, devendo assim o mesmo ser desconstituído CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, doulhe parcial provimento para excluir do lançamento as parcelas referentes a pagamentos a cooperativas. Mantido o levantamento LEV: CI1 CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 437DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 10660.722111/201111 Acórdão n.º 2803004.093 S2TE03 Fl. 6 5 Fl. 438DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 14041.000694/2009-50
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 23/12/2009
TERMO INICIAL DE INTIMAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. DÚVIDA GERADA EM RAZÃO DE PRONUNCIAMENTO DA AUTORIDADE FISCAL QUE EFETUOU O LANÇAMENTO. CONFUSÃO. INTERPRETAÇÃO EM FAVOR DO ADMINISTRADO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO À CONFIANÇA.
Demonstrado que o contribuinte incorreu em erro quanto à contagem do termo inicial para protocolo de impugnação em razão de ato exarado da autoridade lançadora competente para sua intimação, há de ser considerado por tempestiva a impugnação ofertada dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do dia pelo qual o ato transpareceu que fosse o de início.
Incorrendo o contribuinte em erro gerado pela administração pública, não pode o administrado ser punido por fato do qual não deu causa, sob pena de ferimento ao princípio da segurança jurídica e da proteção à confiança.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 2403-002.811
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso quanto à questão da tempestividade da impugnação, anulando a decisão de primeira instância e determinando novo julgamento. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (relator) que votou pela intempestividade, Paulo Maurício Monteiro Pinheiro e Ivacir Julio de Souza votaram pela realização de diligência para verificar o horário de expediente do dia 23/12/2009 na unidade. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto
Carlos Alberto Mees Stringari
Presidente e Relator
Marcelo Magalhães Peixoto
Relator Designado
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Jhonatas Ribeiro da Silva, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Julio de Souza e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 23/12/2009 TERMO INICIAL DE INTIMAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. DÚVIDA GERADA EM RAZÃO DE PRONUNCIAMENTO DA AUTORIDADE FISCAL QUE EFETUOU O LANÇAMENTO. CONFUSÃO. INTERPRETAÇÃO EM FAVOR DO ADMINISTRADO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO À CONFIANÇA. Demonstrado que o contribuinte incorreu em erro quanto à contagem do termo inicial para protocolo de impugnação em razão de ato exarado da autoridade lançadora competente para sua intimação, há de ser considerado por tempestiva a impugnação ofertada dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do dia pelo qual o ato transpareceu que fosse o de início. Incorrendo o contribuinte em erro gerado pela administração pública, não pode o administrado ser punido por fato do qual não deu causa, sob pena de ferimento ao princípio da segurança jurídica e da proteção à confiança. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso quanto à questão da tempestividade da impugnação, anulando a decisão de primeira instância e determinando novo julgamento. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (relator) que votou pela intempestividade, Paulo Maurício Monteiro Pinheiro e Ivacir Julio de Souza votaram pela realização de diligência para verificar o horário de expediente do dia 23/12/2009 na unidade. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Marcelo Magalhães Peixoto Relator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Jhonatas Ribeiro da Silva, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Julio de Souza e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 23/12/2009 TERMO INICIAL DE INTIMAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. DÚVIDA GERADA EM RAZÃO DE PRONUNCIAMENTO DA AUTORIDADE FISCAL QUE EFETUOU O LANÇAMENTO. CONFUSÃO. INTERPRETAÇÃO EM FAVOR DO ADMINISTRADO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO À CONFIANÇA. Demonstrado que o contribuinte incorreu em erro quanto à contagem do termo inicial para protocolo de impugnação em razão de ato exarado da autoridade lançadora competente para sua intimação, há de ser considerado por tempestiva a impugnação ofertada dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do dia pelo qual o ato transpareceu que fosse o de início. Incorrendo o contribuinte em erro gerado pela administração pública, não pode o administrado ser punido por fato do qual não deu causa, sob pena de ferimento ao princípio da segurança jurídica e da proteção à confiança. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso quanto à questão da tempestividade da impugnação, anulando a decisão de primeira instância e determinando novo julgamento. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (relator) que votou pela intempestividade, Paulo Maurício Monteiro Pinheiro e Ivacir Julio de Souza votaram pela realização de diligência para verificar o horário AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 06 94 /2 00 9- 50 Fl. 152DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 2 de expediente do dia 23/12/2009 na unidade. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Marcelo Magalhães Peixoto Relator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Jhonatas Ribeiro da Silva, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Julio de Souza e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO Processo nº 14041.000694/200950 Acórdão n.º 2403002.811 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília, Acórdão 0335.888 da 5ª Turma, que não conheceu da impugnação por intempestividade. O lançamento e a impugnação foram assim relatadas no julgamento de primeira instância: Tratase de autodeinfração de obrigação acessória(AIOA DEBCAD n° 37.264.7987), lavrado em 23/12/2009 (ciência do contribuinte), por infringência ao art 32, II, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 225, II, §§ 13 a 17, do RPS Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Segundo o Relatório Fiscal da Infração (fls. 06/07), da análise da documentação apresentada pelo sujeito passivo, durante a ação fiscal, verificouse que houve pagamento de verbas remuneratórias não contabilizadas em títulos próprios e não consideradas como rubricas integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Acrescenta, ainda, o autuante que o plano de contas da empresa não possibilita a identificação das parcelas integrantes e não integrantes da referida base de cálculo, • como também não houve a devida segregação entre contas relativas a pagamentos efetuados a pessoas físicas e pessoas jurídicas (item 3 do Relatório Fiscal — fl. 07). Acrescenta o autuante que os relatórios fiscais integrantes dos AI n° 37.264.7944 e 37.264.7952 descrevem, de forma pormenorizada, os levantamentos relativos às remunerações pagas a trabalhadores, mas que foram contabilizadas nas contas : Serviços Prestados PJ e Fornecedores. DA PENALIDADE Em decorrência da infração cometida, foi aplicada a penalidade prevista no art. 283, inciso II, alínea "a", do RPS, no valor de R$39.874,98 (trinta e nove mil oitocentos e setenta e quatro reais e noventa e oito centavos), partindose do valor mínimo de R$13.291,66 (treze mil, duzentos e noventa e um reais e sessenta e seis centavos), atualizado pela Portaria MPS/MF — n° 48, de 12/02/2009, que foi agravado em três vezes em virtude da ocorrência das circunstâncias agravantes previstas nos incisos II e IV do artigo 290 do RPS (ter a empresa agido com dolo e fraude e, ainda, ter obstado a ação da fiscalização. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 154DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 4 Em 27/01/2010, a autuada apresentou a impugnação de fls. 20/55, com as seguintes alegações, em síntese: DAS PRELIMINARES que formalizou a impugnação dentro do prazo legal, tendo em vista que foi cientificada do autodeinfração em 23 de dezembro de 2009; assim, o prazo passou a fluir no dia 28 de dezembro de 2009, uma vez que, no dia 24 de dezembro, não houve expediente normal, situação que foi, inclusive, reconhecida pela autoridade lançadora; a nulidade das diligências realizadas por meio dos Termos de Intimação Fiscal n's 05, 06 e 07, porquanto foram utilizados instrumentos inadequados — MPFFiscalização— para a finalidade de instrução do procedimento fiscal pela coleta de informações e documentos, como também pela inusitada "reunião" com funcionários e diretores da empresa; que houve, por parte da fiscalização, verdadeira petição de princípio, em que a conclusão está presente na própria premissa adotada, quando pretende que a contribuinte informe pagamentos "por fora", que, na verdade, não ocorreram, visto que todos os pagamentos da empresa foram registrados em contabilidade disponibilizada à fiscalização; que as solicitações da autoridade fiscal eram efetuadas na tentativa de obrigar uma "confissão" por parte da ora impugnante, no sentido de reconhecer a conclusão a que já havia chegado; que não houve desatendimento às intimações fiscais; que o dever do contribuinte é entregar a documentação para a autoridade fiscal, que, por sua vez, deve examinar os livros e documentos da empresa, identificando eventual crédito tributário, não podendo, portanto, repassar sua atribuição ao contribuinte, sob pena de ofensa ao art. 142 do CTN; que as informações cadastrais, financeiras (extratos bancários) e livros contábeis foram entregues à fiscalização; quanto aos documentos apontados como sonegados, temse que não se entregou o que efetivamente não existia na empresa; registra que cópias de ações judiciais ou mesmo contratos de trabalho não se encontram no rol de documentos de guarda obrigatória, nem se trata de documentação prevista como de fornecimento obrigatório ao Fisco; que contratos celebrados com prestadores de serviços (pessoas jurídicas) não têm pertinência com o objeto da ação fiscalizadora, assim como o inusitado pedido de 1 esclarecimentos em reunião; que todos os termos de intimação foram devidamente respondidos e 1 dadas as motivações das respectivas insurgências; Fl. 155DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO Processo nº 14041.000694/200950 Acórdão n.º 2403002.811 S2C4T3 Fl. 4 5 que as nulidades apontadas (inadequação do MPF e extrapolamento dos poderes instrutórios) viciaram todo o procedimento, de modo a nulificar, por conseguinte, o lançamento \. tributário em comento, bem assim de qualquer desatendimento a obrigação acessória. DO MÉRITO alega a ilegalidade da desconsideração da personalidade jurídica, por ausência de competência da autoridade fiscal; que a regra da desconsideração prevista no §2° do artigo 229 do Decreto 3.048/99 é hipótese de obrigação não prevista na Lei n° 8.212/91, bem como nas legislações esparsas, restando caracterizado, portanto, o excesso na regulamentação; que, portanto, o dispositivo regulamentar supracitado é inconstitucional e ilegal; que a competência para se configurar materialmente a relação de emprego é exclusiva do Poder Judiciário; assim, a atuação da autoridade fiscal efetivamente contraria o ordenamento jurídico pátrio; que, no caso da ora impugnante, optouse por modelo de contratação mais econômico, não se tratando de qualquer manobra de evasão fiscal, mas sim, de verdadeiro planejamento tributário; que as empresas dos prestadores de serviços, ora desconsideradas para . efeitos previdenciários, foram devidamente constituídas, obedecendo todos os trâmites legais; que os questionários respondidos pelos exempregados, em alguns casos com verdadeiro espírito de vingança, constituem mera declaração particular que, segundo o Art. 368 do Código de Processo Civil — CPC, somente vinculam o seu signatário, não possuindo nenhum valor probante em relação à ora impugnante; que eventuais decisões . judiciais em casos concretos não podem determinar a natureza da relação contratual havida entre a ora impugnante e todos os seus prestadores de serviços; que, na maioria das reclamações trabalhistas anexadas ao auto, foram feitos acordos segundo os quais restou reconhecida a natureza indenizatória das verbas, por conseguinte, reconhecida judicialmente a ausência de incidência da contribuição previdenciária; que há também decisões na Justiça do Trabalho que infirmam a tese da fiscalização quanto à existência de relação de emprego; Fl. 156DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 6 que eventuais falhas na contabilidade das empresas que tenham na composição societária empregados da impugnante não podem servir sequer de indício contra a CAST; contudo, na intenção de manter a regularidade de sua situação fiscal, a impugnante contratou serviços de contabilidade da empresa BELMONDO para, eventualmente, prestar consultoria às empresas por ela contratadas; quanto à empresa ROCHA E DUARTE, cujos sócios são os mesmos da ora impugnante, temse que a presunção lançada pela fiscalização sequer se sustenta pelos seus próprios termos, pois, se são as mesmas atividades, a contratação da empresa dos sócios da CAST importou, na verdade, em aumento (e não redução) da carga tributária; que o fato de ser empregado da impugnante não impede o trabalhador de prestar serviço por meio de uma pessoa jurídica, especialmente quando os serviços têm natureza eminentemente intelectual; quanto à diferença salarial observada, temse que a atividade de TI (Tecnologia da Informação) pode comportar funcionários (de igual cargo) com variações salariais, dadas as especificidades de currículos e certificações necessárias ao desempenho das atividades; quanto ao arbitramento do crédito tributário, é cediço que tal procedimento é medida extrema, somente devendo ocorrer diante do esgotamento dos meios disponíveis para alcançar as reais bases imponíveis, o que não ocorreu no caso, pois não houve a desclassificação da escrita contábil, não ocorreu o fato gerador nem qualquer embaraço à fiscalização, sendo descabido, portanto, o arbitramento efetuado; que, não subsistindo a obrigação principal, pelos motivos aduzidos, também não procede a obrigação acessória. Requer, por fim, seja acolhida a impugnação e que se julgue insubsistente e improcedente o autodeinfração, cancelandose o débito fiscal. À fl. 103, consta despacho da DICAT/DRFB/DF, encaminhando o processo para julgamento nesta DRJ, após notificar que o prazo para impugnação venceu no dia 26/01/2010, sendo, portanto, intempestiva a defesa apresentada em 27/01/2010. Conclui o Setor que, tendo havido contestação da intempestividade, foi proposto o encaminhamento a este Órgão julgador. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário onde alega/questiona, em síntese: Tempestividade da impugnação Fl. 157DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO Processo nº 14041.000694/200950 Acórdão n.º 2403002.811 S2C4T3 Fl. 5 7 O ato de intimação da empresa se encerrou após o horário do expediente normal externo da Delegacia da Receita em Brasília “Em 23/12/2009 o representante da recorrente, Sr. Kleuber Pereira Batista, e o advogado da empresa, Dr. Maurício Maranhão de Oliveira, se dirigiram à Delegacia da Receita Federal em Brasília atendendo solicitação do Sr. Auditor Fiscal André Lima de Castro para que fossem intimados da lavratura do Auto de Infração. O ingresso dos representantes da empresa na sede da Delegacia da Receita Federal em Brasília se deu após às 15h00, o que pode ser confirmado pelos registros da segurança do órgão. Com a presença dos representantes da empresa para que fosse feita a intimação, o Sr. Auditor Fiscal passou à leitura dos Autos de Infração e às explicações que julgou pertinentes; dado a complexidade e o volume de informações, essa audiência de somente se encerrou após o término do horário normal de expediente externo do órgão. Assim, o ato de intimação que em princípio deveria ter sido concluído no dia 23/12/2009, tendo se encerrado após o horário do expediente externo normal do órgão, somente se reputou aperfeiçoado no primeiro dia útil subseqüente no caso, dia 28/12/2009.” Cita email enviado pelo auditor fiscal para a epresa informando que dia 24 “só haverá expediente até as 14h00. Assim, os prazos de 30 dias discriminados nos documentos que os senhores tiveram ciência na data de hoje só começam a contar a partir da próxima segunda feira. 28/12/2009.” Por força da literalidade do o artigo 5º do Decreto 70.234/72, deve ser excluído o dia do começo qual seja a segunda feira 28/12/2009, de sorte que o trintídio efetivamente se concluiu na quartafeira 27/01 /2010. É o relatório. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 8 Voto Vencido Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator A primeira instância não conheceu do recurso por entendêlo intempestivo. O recurso discute especificamente a questão da tempestividade. Abaixo analisarei a questão. É incontroverso que a ciência do lançamento ocorreu em 23/12/2009 e que a impugnação ocorreu em 27/01/2010. Conforme consta do relatório Instruções para o Contribuinte IPC, o prazo para impugnação é de 30 dias, sendo que a contagem inicia no 1º dia útil após a ciência. 3.3.Prazo para a apresentação da impugnação Recebido o Auto de Infração, o contribuinte terá o prazo de 30 (trinta) dias da data da ciência para apresentação da impugnação. O prazo inicial fluirá a partir do 1° dia útil após a data da ciência, observando: a)na contagem dos prazos será excluído o dia da ciência e incluído o dia do vencimento; b)o dia do início e do vencimento da contagem dos prazos serão prorrogados para o 1º (primeiro) dia útil seguinte (com expediente normal), caso recaiam em dia em que não haja expediente integral na unidade de atendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil; c)os prazos são contínuos. Não se suspendem ou interrompem. Excepcionalmente, será admitida a suspensão por motivo de força maior, caso fortuito, greve ou outro fato que impeça o funcionamento das unidades de atendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil ou traga impedimento às partes. Tal orientação está em harmonia com o estabelecido no Decreto 70.235/72. Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início (dia da intimação) e incluindose o do vencimento. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO Processo nº 14041.000694/200950 Acórdão n.º 2403002.811 S2C4T3 Fl. 6 9 Art. 5° Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Art. 15. A impugnação,. formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. A regra adotada no PAF é a mesma do Processo Civil, expressa no artigo 184: Art. 184. Salvo disposição em contrário, computarseão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. § 1º Considerase prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I for determinado o fechamento do fórum; II o expediente forense for encerrado antes da hora normal. § 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). O citado email do auditor fiscal trazido ao processo, informa que no dia 24/12/2009 não teria expediente normal e que o prazo para impugnação começaria a ser contado a partir da segunda feira, dia 28/12/2009. —Mensagem original—De: Andre Lima de Castro [mailto:andre.l.castro@receita.fazenda.gov.br] Enviada em: quarta feira, 23 de dezembro de 2009 18:31 Para: Kleuber Pereira Batista Cc: Christiano Viñuales de Moraes Assunto: Prazos Senhores, Conforme solicitado, informo que amanhã, 24/12/2009, não é dia de expediente normal na Delegacia da Receita Federal de Brasília. Amanhã só haverá expediente até as 14h00. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 10 Assim, os prazos de 30 dias discriminados nos documentos que os senhores tiveram ciência na data de hoje só começam a contar a partir da próxima segunda feira, 28/12/2009. Atenciosamente, André Castro. Entendo correto o informado no email. No presente caso, é incontroverso que a recorrente foi cientificada pessoalmente do lançamento, no dia 23/12/2009, quartafeira, conforme comprova a assinatura no auto de infração (fl. 1), que no dia 24 de dezembro, quintafeira, não houve expediente normal, que dia 25, sextafeira, também não pode ser computado, em razão do feriado (Natal). Igualmente ocorre nos dias 26 e 27, por se tratar de fim de semana (sábado e domingo). Entendo que, feita a notificação dia 23/12, o prazo teve início no dia 28 de dezembro de 2009, segundafeira, encerrando 30 dias após, em 26 de janeiro de 2010. A impugnação foi apresentada intempestivamente dia 27/01/2010. Correta, portanto, a decisão da DRJ, pois a defesa intempestiva não instaura a fase litigiosa do procedimento. CONCLUSÃO Voto por negar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Voto Vencedor Uma vez que me foi incumbida a tarefa de elaborar voto vencedor do presente processo, passo a análise do mérito da tempestividade do presente recurso voluntário em análise, aproveitando para destacar a clareza do voto do conselheiro relator mas que, ao meu ver, data venia, não condiz com a melhor forma de decidir a presente lide. Analisando o processo 14041.000690/200971, conforme Auto de Infração às fls. 11, notase que o contribuinte foi intimado da lavratura do auto de infração no dia 23/12/2009 (quartafeira). Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO Processo nº 14041.000694/200950 Acórdão n.º 2403002.811 S2C4T3 Fl. 7 11 A impugnação (fls. 100/134), pelo que se pode observar às fls. 100, foi protocolada no dia 27/01/2010 e conforme documento de fl. 197, a impugnação foi considerada intempestiva, pois foi considerado que o prazo venceu dia 26/01/2010. A recorrente interpôs Recurso Voluntário, fls. 214/222, em que juntou documento de fls. 223/224, em que está transcrito email do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil André Lima de Castro (andre.l.castro@receita.fazenda.gov.br) sob o qual fundamenta sua tempestividade. Afirma que o auto de infração foi lido na quartafeira, ao término do expediente da repartição e o referido auditor informou que iria corrigir a questão para fixação do início do prazo para defesa do contribuinte. O referido email foi encaminhado com a seguinte redação: Senhores, Conforme solicitado, informo que amanhã, 24/12/2009, não é dia de expediente normal na Delegacia da Receita Federal de Brasília. Amanhã só haverá expediente até as 14h00. Assim, os prazos de 30 dias discriminados nos prazos que os senhores tiveram ciência na data de hoje só começam a contar a partir da próxima segundafeira, 28/12/2009. O recorrente afirma que o teor do email acima levouo à conclusão de que o início da contagem se daria a partir da segundafeira, e, pelas regras processuais aplicáveis, excluise o dia do início (que seria a segundafeira), passando a correr o prazo a partir da terça feira, dia 29/12/2009. Assim sendo, contandose 30 dias a partir do dia 28 de dezembro de 2009, incluindose o dia do início, o prazo expiraria em 26/01/2010, mas foi protocolada apenas no dia 27/01/2010. A ProcuradoriaGeral da Fazenda apresentou ContraRazões ao Recurso Voluntário às fls. 228/237, afirmando, igualmente, que a Impugnação foi intempestiva. Ressalta o recorrente o trecho do email que informa que só começam a contar a partir da próxima segundafeira, 28/12/2009. Dessa forma, pela literalidade do art. 5º do Decreto 70.235/72, deveria ser excluído o dia do começo, segundafeira 28/12/2009, e incluindo o dia do fim, o termo final se daria em 27/01/2010, quartafeira, data do protocolo da impugnação. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 12 Diante desse quadro, entendo como plausível o entendimento do contribuinte, havendo respaldo para a caracterização da tempestividade por ele alegada. O texto trazido no email, data vênia ao entendimento do relator, é, no mínimo, carregado de dúvida, evento este que não pode ser interpretado em desfavor do sujeito passivo da exação, sob pena de ferir o princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança, positivado, dentre outros, no art. 2º da Lei 9.784/99, in verbis: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: ... IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boafé; ... VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; ... XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Não é à toa que o professor José Joaquim Gomes Canotilho afirma que o homem necessita de segurança para conduzir, planificar e conformar autônoma e responsavelmente sua vida. Por isso, desde cedo, se consideraram os princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança como elementos constitutivos do Estado de Direito. (Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7º Ed. Coimbra Portugal: Almerida, 2000, p. 257). No âmbito do Código Tributário Nacional, percebese também que o legislador buscou respeitar o princípio da proteção à confiança, a exemplo do que ocorre com o art. 100 e art. 146, ambos do CTN. Para tanto, trago dois trechos doutrinários que podem ser retirados da obra Direito Tributário, Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 14ª Ed., Leandro Paulsen, Livraria do Advogado, 14ª Ed: A proteção à confiança parte da perspectiva do cidadão. Ela exige a proteção da confiança do cidadão que contou, e dispôs em conformidade com isso, com a existência de determinadas regulações estatais e outras medidas estatais. [...] O princípio da proteção à confiança situase em uma relação de tensão entre estabilidade e flexibilidade. [...] A Lei Fundamental concede aos direitos e interesses do cidadão uma alta hierarquia e põe as Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO Processo nº 14041.000694/200950 Acórdão n.º 2403002.811 S2C4T3 Fl. 8 13 pessoas no centro da ordenação jurídica estatal. Disso resulta por si a proteção do cidadão confiante na existência do direito estatal. Os direitos fundamentais e o princípio do estado de direito respaldam isso.” (MAURER. Hartmut. Elementos de Direito Administrativo Alemão. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Fabris, 2001, p. 68) *** Tenho para mim que o art. 146 do CTN há de ser entendido em consonância com o art. 100 do CTN, sempre à luz do princípio da irretroatividade constitucional. O art. 100 do CTN nitidamente é voltado à orientação contra a lei, em que o contribuinte não pode ser apenado por seguir interpretação incorreta. Mesmo assim, entendem os tributaristas que não há decisão geral aplicável a um ou mais contribuinte que não implique obrigação de ser seguida, razão pela qual, mesmo no que concerne a lei, aplicarseia o princípio da irretroatividade, visto que os contribuintes são sempre obrigados a seguir a orientação fiscal, a não ser que o Poder Judiciário as estanque.” (MARTINS, Ives Gandra da Silva. O Princípio da Não Cumulatividade no IPI – Inteligência da Lei n. 9.799/1999 em Face do Princípio – Direito ao Aproveitamento do Crédito de Tributos em Operações Finais Imunes, Isentas ou Sujeitas à Alíquota Zero – Parecer. RET 56/17, julago/07) Da leitura acima, depreendese que a proteção à confiança deve ser interpretada em favor do contribuinte, principalmente nos casos de dúvida gerada pelo modo pelo qual as declarações do poder público foram redigidas e informadas, gerando uma confusão na comunicação. À respeito da confusão entre os prazos para apresentação de defesa, colaciono precedente da turma especial desta 2ª Seção de Julgamento, in verbis: PRAZO PARA IMPUGNAÇÃO DO LANÇAMENTO. DARF COM VENCIMENTO POSTERIOR A TRINTA DIAS. No caso de lançamento eletrônico com notificação acompanhada de DARF, com data de vencimento nela fixada, se o contribuinte impugnar o lançamento até o dia nela estipulado para vencimento do crédito, a impugnação deve ser considerada tempestiva, mesmo que supere o prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir da ciência. Recurso Voluntário Provido. (CARF. 2ª SEÇÃO DE JULGAMENTO, Processo n. 10820.001756/200670, Acórdão n. 2801003.222, Relator: Conselheira Tânia Mara Paschoalin) Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO 14 Outrossim, destaco que o email encaminhado pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil tem natureza de nova intimação e não mero arremate de intimação anterior. Dessa forma, entendo, data máxima venia ao entendimento do relator, que o julgamento pela intempestividade fere o princípio da segurança jurídica, devendo a impugnação ofertada em face do auto de infração ser analisado pela DRJ e seguir o rito do Decreto 70.235/72. CONCLUSÃO Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para, no mérito, dar provimento. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 6/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por MARCELO MAGALHA ES PEIXOTO
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Numero do processo: 10865.000125/2007-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS CONTIDOS NA LEI.
O art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos em relação aos depósitos efetuados em contas bancárias de titularidade do contribuinte para os quais não haja comprovação de origem. Tal presunção, porém, somente se aperfeiçoa quando o contribuinte é devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos considerados sem origem, de forma individualizada, e mesmo assim não o faz. Sem a sua intimação não se pode falar na ocorrência da referida presunção, razão pela qual não pode prevalecer o lançamento que assim foi efetuado.
Numero da decisão: 2102-003.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
Nubia Matos Moura Presidente Substituta
Assinado Digitalmente
Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti - Relatora
EDITADO EM:
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NUBIA MATOS MOURA (Presidente Substituta), JOAO BELLINI JUNIOR, DAYSE FERNANDES LEITE, ALICE GRECCHI, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, LIVIA VILAS BOAS E SILVA.
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS CONTIDOS NA LEI. O art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos em relação aos depósitos efetuados em contas bancárias de titularidade do contribuinte para os quais não haja comprovação de origem. Tal presunção, porém, somente se aperfeiçoa quando o contribuinte é devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos considerados sem origem, de forma individualizada, e mesmo assim não o faz. Sem a sua intimação não se pode falar na ocorrência da referida presunção, razão pela qual não pode prevalecer o lançamento que assim foi efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Nubia Matos Moura – Presidente Substituta Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Relatora EDITADO EM: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 01 25 /2 00 7- 06 Fl. 1280DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 2 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NUBIA MATOS MOURA (Presidente Substituta), JOAO BELLINI JUNIOR, DAYSE FERNANDES LEITE, ALICE GRECCHI, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, LIVIA VILAS BOAS E SILVA. Relatório Em face do contribuinte acima identificado, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 04/12 para exigência de IRPF em razão da presunção de omissão de rendimentos, fundada na existência de depósitos bancários de origem não comprovada, em contas de sua titularidade. O lançamento abrangeu fatos geradores ocorridos entre os anos de 2001 e 2005, e o contribuinte dele foi cientificado em 05.02.2007. Nesta ocasião, apresentou a impugnação de fls. 697/729, na qual alegou que: seria nulo o auto de infração pela flagrante inconstitucionalidade da Lei n° 10.174, de 2001; o início do procedimento fiscal teve início com a quebra do sigilo bancário, quando em 27/06/2006 lhe foi solicitada a entrega de todos os extratos de contas bancários mantidas em instituições financeiras; em 06/12/2006, após solicitações de prorrogação de prazo, apresentou sob protesto e para evitar embaraço à fiscalização os referidos extratos, porém solicitando motivação no sentido de saber em que dispositivo do art. 3° do Decreto n° 3.724, de 2001, se enquadrava a situação fática do mesmo; em nenhuma das condições elencadas de forma taxativa no art. 3° do Decreto n° 3.724, de 2001, se enquadra a sua situação; o lançamento do imposto de renda tendo como base apenas a movimentação financeira é incorreto, por ser apenas presunção, suposição ou indício, pois não existe renda presumida. Cita a Súmula n° 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos; o uso da presunção do art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, subsiste unicamente na finalidade de demonstrar a existência do fato jurídico tributário por meio de provas indiretamente relacionadas a ele, desde que seja impossível chegar à verdade real através de provas diretas, porém, sempre em atendimento aos princípios constitucionais da segurança jurídica, da capacidade contributiva e do não confisco; como se verifica em sua Declarações de Ajuste Anual Exercícios 2002 a 2006, não houve acréscimo patrimonial; apresenta justificativas às fls. 712/720, juntando os documentos de fls.730/1.021; por ser pessoa física não está obrigado a manter sistema de contabilidade em que são registradas as operações bancárias de entrada e saída de numerário; Fl. 1281DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA Processo nº 10865.000125/200706 Acórdão n.º 2102003.260 S2C1T2 Fl. 1.281 3 pede a realização de diligências e perícias, para obtenção de novos documentos, bem como a sustentação oral e discorre acerca dos princípios da verdade material, da proporcionalidade e da razoabilidade, para concluir pelo descabimento do auto de infração. Na análise de tais argumentos, os integrantes da DRJ II em São Paulo decidiram pela parcial manutenção do lançamento, em julgado do qual se extrai a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. INEXISTÊNCIA DE FATOS A ESCLARECER. DESNECESSIDADE. A diligência e a perícia são reservadas a esclarecimentos: de fatos ou circunstancias obscuras, não cabendo realizálas quando as informações contidas nos autos são suficientes ao convencimento do julgador e a solução do litígio dela independe. SIGILO BANCÁRIO. É equivocada a alegação de quebra indevida do sigilo bancário, quando as Requisições de Movimentação Financeira foram feitas em face da negativa do sujeito passivo em atender às intimações fiscais, na sua totalidade, tendo a fiscalização observado as normas regulamentadoras da matéria. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997 A Lei n° 9430/96, vigente a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu. artigo 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. Excluemse da base de cálculo do lançamento de ofício os valores dos depósitos bancários, cuja origem foi comprovada pelo sujeito passivo na fase impugnatória. Lançamento Procedente em Parte Entenderam como comprovada a origem de parte dos depósitos que ensejaram o lançamento, conforme tabelas de fls. 1042 a 1044. Não tendo se conformado, o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 1.047/1078, no qual reiterou os argumentos expostos em sede de impugnação, e alegou que depósitos bancários não podem ser considerados como renda, que deveria ser aplicado ao caso o § 5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, diante da existência em sua conta de valores que não lhe pertenciam, e que fora indevidamente quebrado o seu sigilo bancário, já que os extratos bancários foram por ele apresentados à fiscalização “sob protesto”. Afirmou ainda que o lançamento teria deixado de individualizar os depósitos que foram considerados como de origem não comprovada, e por isso ele nunca fora intimado a apresentar a justificativa da Fl. 1282DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 4 origem de nada. Em seguida, discorreu sobre as comprovações apresentadas acerca da origem dos depósitos. Discorreu sobre o princípio da verdade real e a necessidade da realização de diligências para a comprovação de outros depósitos, e ainda que o Auto de Infração teria violado os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Por fim, discorreu sobre a jurisprudência administrativa a respeito da matéria e alegou ser confiscatória a multa aplicada, que deveria ser revista. Os autos foram remetidos a este Conselho para julgamento. Às fls. 1219/1220, o Recorrente apresenta petição por meio da qual afirma, nos termos da Lei nº 11.941/09, que: 1) O recorrente desiste dos seguintes direitos que se fundam a ação: a) Não configuração em renda dos depósitos bancários (art. 42, Lei 943011996). 2) Por outro lado, o processo administrativo em questão deverá ter seu prosseguimento, com as seguintes questões: a) Exclusão da Multa de 75% (setenta e cinco por cento); b) Decadência para o exercício de 2001 e período de Janeiro de 2002 c) Parte probatória a que se refere as planilhas e documentos acostados, comprovando justificativas quanto aos depósitos ou créditos mantidos nas contas bancárias em questão, e d) Tudo o que mais constar no processo, excetuado o item 1. (...) Em seguida apresentou petição detalhando quais seriam os valores relativos à desistência para fins de parcelamento. Por conta da referida manifestação, esta turma julgadora determinou – em 09.02.2012 – que os autos retornassem à DRF de origem para que fosse segregada a parcela do crédito tributário para a qual o contribuinte manifestara desistência, devendo os autos retornarem para apreciação da parcela para a qual não houve desistência. Feita a segregação, os autos retornaram a este Conselho para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O contribuinte teve ciência da decisão recorrida em 14.05.2009, como atesta o AR de fls. 1.046v.. O Recurso Voluntário foi interposto em 12.06.2009 (dentro do prazo legal para tanto), e preenche os requisitos legais por isso dele conheço. Fl. 1283DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA Processo nº 10865.000125/200706 Acórdão n.º 2102003.260 S2C1T2 Fl. 1.282 5 Conforme relatado, tratase de Recurso voluntário interposto em processo no qual se discute lançamento de IRPF em razão da presunção de omissão de rendimentos fundada no art. 42 da Lei n° 9.430/96. O contribuinte desistiu de parte do recurso, o que ensejou o desmembramento da parcela do débito que não estaria mais em discussão nestes autos. Quanto à parcela para a qual não houve desistência, o contribuinte alega: a) ser confiscatória a multa de 75% aplicada ao lançamento; b) ter ocorrido a decadência parcial do direito do Fisco de efetuar este lançamento; c) ter comprovado a origem de depósitos efetuados em suas contas; d) ter sido violado o Decreto 3.724/01, tendo em vista que não lhe foi informado em que inciso o mesmo se enquadrou para dar ensejo ao início da fiscalização que culminou com este lançamento. Quanto a este último item, o Recorrente afirma que não teria havido motivação ou fundamento legal para a quebra do seu sigilo bancário, e afirma ainda que não teria sido devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos bancários que deram ensejo ao lançamento, pois não fora informado sobre quais os depósitos que deveriam ser comprovados. De fato, a análise da documentação acostada aos autos demonstra que foi instaurado procedimento fiscal em face do contribuinte Recorrente, sendo o mesmo intimado a apresentar seus extratos bancários. Os extratos foram parcialmente apresentados, e por isso a autoridade fiscal expediu as competentes RMF aos bancos para que os demais extratos de suas contas fossem apresentados. Trazidos os extratos (segundo consta do relatório que instrui o Auto de Infração) foram excluídas as transferências entre contas do próprio contribuinte e considerados todos os demais depósitos como não comprovados, como consta as fls. 14 dos autos, verbis: Tendo em mira a grande quantidade de valores ingressados na movimentação bancária da pessoa física em tela, foram analisados minudentemente os respectivos extratos bancários, dos quais foram desconsiderados os seguintes depósitos/créditos: 1º) Os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física (Art. 42, §30, Inciso 1 da Lei n° 9.430/96; Art. 849, § 2 0, inciso 1 do RIR/99); e, 2°) Os referentes a resgates de aplicações financeira, estornos, cheques devolvidos, e empréstimos bancários. Como se vê, não foram consideradas quaisquer justificativas do contribuinte sobre a origem dos depósitos efetuados em suas contas, pelo simples fato de que o mesmo não foi intimado a fazêlo de forma individualizada, ou ao menos não há qualquer evidência nos autos de que isto tenha ocorrido. De acordo com a documentação dos autos, o Recorrente foi intimado e reintimado a apresentar: 1.) Extratos bancários relativos a todas as contas bancárias que deram origem à movimentação financeira na(s) instituição(ões) bancária(s) abaixo discriminadas, informando se as mesmas foram movimentadas em conjunto ou individualmente. Quanto às Fl. 1284DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 6 eventuais contasconjuntas, deverá ser informada a identificação (nome e CPF) de todos os respectivos titulares, bem como a participação percentual de cada um deles em cada conta. BANCO BOA VISTA INTERATLÂNTICO S.A., BANCO NOSSA CAIXA S.A., BANCO BCN S.A., BANESPA — BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A., e BANCO SANTANDER BRASIL S.A.;E, 2.) Documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, comprovando a origem dos recursos depositados/creditados naquela(s) conta(s) bancária(s). Tais intimações não foram acompanhadas de qualquer anexo que demonstrasse quais os depósitos deveriam ser comprovados, dando a entender que a autoridade fiscal pretendia que o Recorrente apresentasse a prova dos depósitos como um todo – mas não de forma individualizada, como preconiza a lei. Ademais, quando foram expedidas estas intimações, a autoridade fiscal ainda nem dispunha dos extratos. Vale lembrar que o art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos nos casos de depósitos bancários sem origem comprovada, desde que o contribuinte – devidamente intimado – não comprove a origem dos mesmos. Eis a redação do referido dispositivo: Art. 42. Caracterizamse, também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Medida Provisória nº 1.5637, de 1997) (Vide Lei nº 9.481, de 1997) §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na Fl. 1285DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA Processo nº 10865.000125/200706 Acórdão n.º 2102003.260 S2C1T2 Fl. 1.283 7 tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (sem destaques no original) Da redação do §3° acima transcrito, resta claro que a apuração dos depósitos para fins de lançamento com base na presunção do art. 42 deve ser feita de forma individualizada, o que implica na análise de um a um dos depósitos. Não basta a aplicação do caput do referido artigo para que se viabilize a tributação por presunção lá prevista. É preciso que a autoridade fiscal observe todos os requisitos previstos nos parágrafos deste mesmo artigo. No caso, a autoridade fiscal simplesmente recebeu os extratos, excluiu transferências entre contas e resgates de aplicações financeiras, mas deixou de intimar o contribuinte para que demonstrasse a origem dos depósitos remanescentes após estas exclusões – ou seja, os depósitos tidos como sem origem. A tributação com base em presunções, porém, não pode ser tida como regra, sendo uma hipótese excepcional, razão pela qual deve a lei ser rigorosamente obedecida, sob pena de se estabelecerem presunções ilegais. Ora, não sendo o contribuinte intimado acerca de quais os depósitos (repita se individualizadamente) deverá ele comprovar, não é lícito à autoridade fiscal simplesmente presumir que a totalidade dos depósitos efetuados em suas contas se enquadra na presunção do referido art. 42. Diante do exposto, é de se concluir que no caso vertente não foi observado o rito determinado no art. 42, razão pela qual o lançamento é de ser cancelado, diante da falta de base legal para a presunção levada a efeito pela autoridade fiscal. Assim, VOTO no sentido de DAR provimento ao recurso para cancelar o lançamento. Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Fl. 1286DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 8 Fl. 1287DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA
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Numero do processo: 13502.000205/2007-61
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
Desistência. Recurso Voluntário.
Em face à desistência expressa da empresa em recorrer à segunda instância administrativa, torna-se definitiva a sentença de primeiro grau.
Numero da decisão: 1801-002.316
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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RECURSO VOLUNTÁRIO. Em face à desistência expressa da empresa em recorrer à segunda instância administrativa, tornase definitiva a sentença de primeiro grau. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão nº 1528.196/11, proferido pela Primeira Turma de Julgamento da DRJ em Salvador/BA, efls. 341 a 362, pelo qual mantevese o decidido no Despacho Decisório de efls. 119 a 231. A autoridade a quo indeferiu o Pedido de Restituição e Declaração de Compensação Per/Dcomp (retificador), em que a contribuinte pleiteava a utilização do Saldo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 02 05 /2 00 7- 61 Fl. 410DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Negativo de IRPJ, relativo ao anocalendário de 2003, no valor de R$ 700.958,99, pois não considerou: a) devidamente comprovada retenções de IR (IRRF) que serviram para quitar estimativas mensais de IRPJ, durante o anocalendário de 2003; b) estimativas mensais compensadas, cujas compensações dependiam de decisões administrativas definitivas; c) IRRF utilizado como redutor do IRPJ devido apurado no ajuste anual (DIPJ/04); d) IRPJ pago no exterior no valor de R$ 41.939,63. Do valor de estimativas mensais de IRPJ quitadas para o anocalendário de 2003, admitiuse somente valores efetivamente quitados/ou objeto de compensação homologada, da ordem de R$ 3.236.322,44 (janeiro e fevereiro de 2003), contra o valor informado em DIPJ/04 de R$ 10.151.177,81. Diante da glosa desta diferença e da desconsideração do valor de R$ 700.935,99, informado a título de IRRF como devido no ajuste anual, o Saldo Negativo de IRPJ apurado em DIPJ converteuse em Saldo de IRPJ a pagar, pelo que indeferiuse o Per/Dcomp. A contribuinte foi intimada diversas vezes, durante o procedimento fiscal de análise do crédito tributário pleiteado, a explicitar a origem e composição do IRRF. Em respostas às Intimações Fiscais, apresentou as folhas do Razão Analítico (fls. 117 a 135) objetivando comprovar que o IRRF corresponde a rendimentos recebidos a título de debêntures financeiros de longo prazo, e tanto um, quanto outro, foram devidamente contabilizados, observandose o regime de competência ao qual se sujeita a empresa, por adotar o regime de tributação de apuração do lucro na forma Real. Explica que a receita dos debêntures foi parte oferecida à tributação em 2002 e parte em 2003, mas que o IRRF foi somente deduzido por ocasião dos efetivos resgates, em 2003. Analisadas as diversas razões esposadas em Manifestação de Inconformidade, a Turma de Julgamento em Primeira Instância, a despeito de considerar como efetivamente pagas as estimativas mensais de IRPJ objetos ainda de decisão administrativa (estimativas de março, abril e maio/03, pois foram confessadas em DCTF), não admitiu, à semelhança da autoridade a quo, os valores informados a título de IRRF utilizados para quitação de estimativas mensais de IRPJ, em 2003, ou no ajuste anual, como parcela que quitou parte do IRPJ devido apurado pela contribuinte. Destarte, o Saldo do IRPJ continuou sendo positivo, ensejando a mantença do indeferimento do Per/Dcomp objeto dos presentes autos. As estimativas mensais foram admitidas como efetivamente pagas/quitadas no valor de R$ 5.597.307,05. Assim manifestouse aquele órgão julgador para fundamentar o decisório: "[...] a) em relação à glosa do IRRF, considerando que, apesar de intimado a comprovar os rendimentos auferidos mensalmente, o interessado não apresentou a documentação comprobatória, concluiuse que não se estabeleceu uma relação de causa e efeito, pois os lançamentos contábeis na sua escrituração, relativos a rendimentos com debêntures de longo prazo, não se encontram respaldados por documentação hábil e idônea, na qual reste demonstrada a sua efetiva correlação. Apesar dos lançamentos existentes na sua escrituração contábil estarem coerentes com os valores envolvidos, não restou comprovado qual a origem desses recursos. Ademais, a documentação existente não ratifica os lançamentos mensais, pois a Escritura de Emissão prevê remuneração com pagamentos semestrais e anuais, conforme relatado no parágrafo 39, e, ainda, as DIRF fornecidas pelas fontes pagadoras, às fls. 61 e 62, informam que os rendimentos auferidos foram em sua totalidade resgatados no anocalendário 2003, porém após o mês de março de 2003 (lembrese, nesse ponto, que os rendimentos das debêntures já estariam, no momento do resgate, sob a titularidade de PJ diversa, qual seja, Braskem S.A.). Fl. 411DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13502.000205/200761 Acórdão n.º 1801002.316 S1TE01 Fl. 3 3 Diante do exposto, devese glosar o IRRF correspondente ao total dos rendimentos cujo oferecimento à tributação não restou comprovado, na forma discriminada pelo interessado, nas DIPJ 2004 anocalendário 2003 e DIPJ 2003 anocalendário 2002. Essa glosa deve ser considerada na reconstituição de ofício da Ficha 12A da DIPJ2004, ND 0934843 DV22, à fl. 54 [...] Da decadência A Contribuinte alega, em síntese, que tendo sido entregue, em 29 de junho de 2004, a DIPJ no bojo da qual foi informado o saldo negativo de IRPJ referente ao anocalendário 2003, expirou em 29 de junho de 2009 o prazo de que dispunha o Fisco Federal para se pronunciar acerca do aludido direito creditório. Contudo, tal expediente somente foi empreendido no bojo do Despacho Decisório guerreado, proferido em 10 de dezembro de 2009, quando já transcorridos mais de 05 (cinco) anos desde a apresentação da propalada DIPJ. Na verdade, a questão que deverá aqui ser analisada, se refere à possibilidade do Fisco, com o objetivo de obedecer ao artigo 170 do CTN, desconstituir o resultado fiscal apurado pelo contribuinte em período já alcançado pela decadência. [...] Ponto de vista este em total acordo com a jurisprudência desta 1a Turma de Julgamento que tem decidido reiteradas vezes em favor da alterabilidade do saldo negativo declarado em DIPJ, quando verificada a ausência de comprovação dos efetivos pagamentos das estimativas mensais e do IRRF utilizados em sua composição. Inclusive porque ao ingressar com a "Declaração de Compensação" informando a existência de direito creditório (indébito tributário) com vistas a extinguir a obrigação tributária ali declarada — procedimento voluntário —, na qualidade de autor do feito ora em lide (a compensação), caberia à Interessada a obrigação de trazer aos autos a prova do fato constitutivo do seu direito o alegado direito creditório — conforme se extraí do artigo 333, do Código de Processo Civil, verbis: Art. 333. O ônus da prova incumbe: Iao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Da glosa do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) A Contribuinte alega, em síntese, que, não deveria ter sido glosada a totalidade do IRRF de valor original de R$ 5.354.806,75, utilizado na apuração na apuração do IMPOSTO DE RENDA A PAGAR, no montante de R$ 700.935,99, e no cálculo das ESTIMATIVAS MENSAIS EFETIVAMENTE PAGAS, no montante de R$ 4.653.870,76. Afirma que, na verdade, seria cabida a glosa somente no valor original de R$ 63.080,99, restando, então, comprovada a retenção de IRRF de valor original de R$ 5.291.725,76, relativo a receitas provenientes de rendimentos de debêntures de longo prazo (adquiridas da BRASKEN S.A.), no montante de R$ 32.905.651.84 e submetidas à tributação mensalmente de acordo com o princípio da competência, nos anoscalendário de 2002 e de 2003, conforme demonstrado na tabela designada Fl. 412DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PJ EM GERAL (fl. 117) e as contas do livro Razão (fls. 118 a 135), que registram os lançamentos contábeis ocorridos. Também afirma que pelos mesmos motivos, apresentase irrelevante o fato de a Requerente ter recebido parte dos propalados rendimentos após o resgate das aplicações financeiras, ocorrido em março de 2003, visto que tais receitas consubstanciam juros incorridos antes daquela data, tendo sido devidamente contabilizadas nos meses correlatos. Por fim, afirma que o único requisito estabelecido pela legislação de regência para o aproveitamento do IRRF — repisese, o oferecimento das quais se originaram à tributação foi devidamente observado pela Requerente e que a referida glosa seria ofensa direta aos princípios da vedação ao enriquecimento ilícito do Estado, da verdade material, informalidade, e economia processual, todos tão aclamados nesta esfera administrativas. Ao analisar a intimação de n° 0513/2009 de 24/04/2009, observase que a autoridade fiscal solicitou que lhe fossem apresentadas: discriminação detalhada de como teria sido oferecida à tributação receita de R$ 32.697.016,52, indicando a DIPJ, Ficha e linha utilizados, demonstrando a composição das linhas, acompanhada de cópias autenticadas do livro razão correspondentes; a composição da Rubrica "Outras Receitas Financeiras" (Ficha 06 A da referida DIPJ) no valor de R$ 78.474.522,67, acompanhada de cópias autenticadas do Livro Razão; informe de rendimento fornecido pela fonte pagadora, Banco do Brasil, tendo em vista a não comprovação da retenção indicada na ficha 53, DIPJ/2004 no montante de R$ 21.141,36; e Comprovação do Imposto de Pago no Exterior sobre Lucros e Ganhos de Capital, no valor de 41.939,63, conforme indicado na ficha 11 da referida DIPJ. A Contribuinte respondeu a intimação trazendo as cópias de páginas do livro razão (fls. 118 a 135), nas quais estaria comprovado o oferecimento à tributação do montante de R$ 32.697.016,52, porém não apresentou documentação relativa às outras informações solicitadas. Ali esclareceu que a receita supracitada é composta, pelo somatório do valor de R$ 32.697.016,52 (código de receita 3426), relativo, em quase sua totalidade, a aplicações financeiras e debêntures de longo prazo cujo o IRRF teria sido descontado na data do resgate da ação, com o de R$ 105.706,80 (código de receita 8045). O oferecimento à tributação do referido montante teria se dado, como segue: janeiro a dezembro de 2002 R$ 24.066.356,92; e janeiro a março de 2003 R$ 8.524.952,80. Em 14/10/2009, a autoridade fiscal voltou a intimar a Contribuinte por meio da intimação de n° 01166/2009 (fl. 136) na qual reiterou a solicitação de esclarecimentos, sobre os seguintes tópicos: informe de rendimento fornecido pela fonte pagadora, Banco do Brasil, tendo em vista a não comprovação da retenção indicada na ficha 53, DIPJ/2004 no montante de R$ 21.141,36; e Comprovação do Imposto de Pago no Exterior sobre Lucros e Ganhos de Capital, no valor de R$ 41.939,63, conforme indicado na ficha 11 da referida DIPJ. Em relação à intimação supracitada a Contribuinte informou (fl. 151) que nem informe de rendimentos do código de receita "8045" e nem o comprovante do Imposto Pago no Exterior sobre Lucros, Rendimentos e Ganho de Capital, foram identificadas em seus arquivos. Em 16/10/2009, a autoridade fiscal intimou a Contribuinte por meio da intimação n° 01161/2009 (fl. 143) na qual solicitou, em síntese, a apresentação dos seguintes documentos: Fl. 413DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13502.000205/200761 Acórdão n.º 1801002.316 S1TE01 Fl. 4 5 Escritura de emissão de debêntures de longo prazo, que foram citadas em resposta a intimação n° 0513/2009; Os extratos mensais com os respectivos rendimentos, advindos de "Variação Cambial" e Juros sobre Debêntures, que foram lançadas na conta de Juros Ativos (3..4.4.2.020), no anocalendário de 2002, E na de Receitas sobre Aplicações em Debêntures (3.5.02.01.001.001) e Variações Monetárias sobre Aplicações em Debêntures (3.5.03.04.001.001), ambas no anocalendário de 2003; e [...] Explicação e comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, do motivo das divergências entre o resgate das referidas debêntures em março de 2003 e os diversos lançamentos nas DIRF's das fontes pagadoras Banco do Brasil e Banco Real (fls. 148 e 149), informados em abril, maio, junho e setembro do ano calendário de 2003. Em atendimento à intimação supracitada (fl. 154), além de apresentar as escrituras das debêntures informou que: Devido ao processo de incorporação (Brasken incorporando a Polialden), não conseguiu identificar em seus arquivos os extratos mensais que surtiram como base para a geração das contabilizações mencionadas no item 2 da referida intimação. [...] O resgate das debêntures efetuado em Março/2003, mencionado no atendimento à intimação n° 0513/2009, se deu através de um "Instrumento Particular de Compra e Venda de Alienação de Debêntures e Outras Avenças" celebrado entre a Polialden e a Brasken, em que a Polialden transfere tais debêntures para a Brasken, e em contrapartida a Brasken se compromete a remunerar a Polialden em valor idêntico ao valor correspondente do rendimento das Debêntures. Tais remunerações foram registradas na Contabilidade da Polialden, fazendo parte do montante de R$ 78.474.522,67, declarado na Linha 24 da Ficha 06 A da DIPJ 2004 Ano Calendário de 2003. Junto a esta resposta colocamos cópia de tal contrato de transferência de direitos. Por algum equívoco da instituição financeira custodiante a transferência da propriedade das debêntures, não foi consignada nos seus sistemas. Em decorrência desse equívoco, os rendimentos das debêntures continuaram sendo efetuados à Polialden ao invés da Brasken, o que pode ser confirmado pela análise dos Informes de Rendimentos, que demonstram as Receitas em nome da Polialden, mesmo após o período da transferência das Debêntures para a Brasken. Diante deste fato, a Brasken não aproveitou o Imposto de Renda Retido na Fonte referente a esta operação, tendo sido declarado na DIPJ da Polialden. [...] Tendo em vista às já citadas respostas às intimações supracitadas, ao analisá las em conjunto com o referido despacho decisório mais as informações trazidas ao PAF pela Contribuinte, junto com a sua manifestação de inconformidade, concluise que: a) a Contribuinte, realmente, não comprovou a origem dos lançamentos Contábeis, relativos às receitas com debêntures de longo prazo, conclusão esta que resta comprovada por meio da única afirmação da sua incorporadora, Brasken S.A, Fl. 414DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 em resposta a intimação de n° 01161/2009 (fl. 143): "devido ao processo de incorporação (Brasken incorporando a Polialden), não conseguiu identificar em seus arquivos os extratos mensais que surtiram como base para a geração das contabilizações mencionadas no item 2 da referida intimação ". Cabe ressaltar que os referidos extratos também não foram trazidos ao PAF juntamente com a manifestação de inconformidade supracitada e que, sem estes, resta impossível a correlação entre aos rendimentos de debêntures de longo prazo (receitas financeiras) escriturados nas páginas do Livro Razão trazidas ao PAF (fls. 118 a 135) e os valores informados como receitas financeiras na DIPJ do ano calendário de 2003. Já em relação à intimação n° 01166/2009 (fl. 136), a Contribuinte informou (fl. 151) que não identificou nem informe de rendimentos do código de receita "8045" (R$ 21.141,36) e nem comprovante do Imposto Pago no Exterior sobre Lucros, Rendimentos e Ganho de Capital (R$ 41.939,63) em seus arquivos. Sendo assim, não resta comprovado por documentação hábil e idônea que os referidos rendimentos foram submetidos à tributação. b) como foi visto neste voto, a própria Contribuinte reconhece que houve a alienação das debêntures para a Brasken em março do anocalendário de 2003 e que, por engano, às referidas instituições bancárias continuaram efetuando o crédito dos rendimentos das debêntures para a Polialden ao invés de para a Brasken, informação esta que resta confirmada por meio do Instrumento Particular de Compra e Venda de Alienação de Debêntures e Outras Avenças" celebrado entre a Polialden e a Brasken, conforme fls. 158 a 160. A Brasken afirma acima que restaria comprovada por meio de informes de rendimentos, porém, estes informes não foram trazidos ao PAF. Sendo assim, diante do que foi exposto a Polialden não poderia ter utilizado o IRRF retido, pois as debêntures já não lhe pertenciam após o 22/01/2003 do ano calendário de 2003. Devido às conclusões supracitadas, incabível a afirmativa da Requerente de que a referida glosa seria ofensa direta aos princípios da vedação ao enriquecimento ilícito do Estado, da verdade material, informalidade, e economia processual, haja vista que a referida glosa foi efetuada de acordo com a legislação vigente. [...]" A empresa interpôs tempestivamente1 o Recurso de efls. 366 a 393, reiterando os termos da defesa exordial, em apertada síntese, que: a) a Administração Tributária não pode rever o resultado apurado pelos contribuintes após o prazo de cinco anos, por decaído o seu direito de alterar este resultado; deve ser reconhecida a homologação tácita do resultado apurado; b) o descompasso entre os documentos apresentados e DIRF entregue pela fonte pagadora em face aos registros contábeis das receitas de juros do debêntures ocorre em vista do regime de competência ao qual está vinculada a contribuinte, por apurar o lucro na forma Real; c) houve inovação na fundamentação no acórdão vergastado para indeferir o Per/Dcomp. 1 AR – 07/10/11, efls. 365; Recurso – 08/11/11, efls. 366 Fl. 415DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13502.000205/200761 Acórdão n.º 1801002.316 S1TE01 Fl. 5 7 Em sessão, destaquei, a recorrente apresentou a petição de desistência ao Recurso Voluntário, protocolizada em 29 de agosto de 2014, porém não juntada aos eautos. Nesta data foi devidamente digitalizada e consta dos autos às efls. 407 a 409. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, Relatora A recorrente expressamente desiste do recurso voluntário, consoante petição acostada aos autos às efls. 407 a 409. Destarte, o acórdão proferido em primeira instância administrativa deve ser integralmente confirmado. Voto em não conhecer o recurso voluntário, em face da desistência da recorrente. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 416DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 12/03/2 015 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 10380.000354/2002-51
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1997
LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE.
A existência de processo judicial não afasta a possibilidade de lançamento para prevenção de decadência, já que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não atinge o lançamento, que é ato administrativo vinculado da Fazenda Pública.
COMPENSAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. REQUISITOS LEGAIS. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS.
O processamento da compensação subordina-se à legislação vigente no momento do encontro de contas, data em que o pedido ou declaração é protocolizado. Precedente do CARF e do STJ. Irrelevância da superveniência do trânsito em julgado da sentença.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3802-004.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: SOLON SEHN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1997 LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. A existência de processo judicial não afasta a possibilidade de lançamento para prevenção de decadência, já que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não atinge o lançamento, que é ato administrativo vinculado da Fazenda Pública. COMPENSAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. REQUISITOS LEGAIS. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS. O processamento da compensação subordina-se à legislação vigente no momento do encontro de contas, data em que o pedido ou declaração é protocolizado. Precedente do CARF e do STJ. Irrelevância da superveniência do trânsito em julgado da sentença. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido.
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POSSIBILIDADE. A existência de processo judicial não afasta a possibilidade de lançamento para prevenção de decadência, já que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não atinge o lançamento, que é ato administrativo vinculado da Fazenda Pública. COMPENSAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. REQUISITOS LEGAIS. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS. O processamento da compensação subordinase à legislação vigente no momento do encontro de contas, data em que o pedido ou declaração é protocolizado. Precedente do CARF e do STJ. Irrelevância da superveniência do trânsito em julgado da sentença. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 03 54 /2 00 2- 51 Fl. 119DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, com base nos fundamentos de fato e de direito resumidos na ementa a seguir transcrita (fls. 63): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1997 AÇÃO JUDICIAL. PREVENÇÃO DA DECADÊNCIA. O crédito tributário deve ser constituído pelo lançamento em razão do dever de ofício e da necessidade de serem resguardados os direitos da Fazenda Nacional, prevenindose contra os efeitos da decadência. MULTA VINCULADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tendo em conta a nova redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051, de 2004, ao art. 18 da Lei 10.833, de 2003, em combinação com o art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, cancelase a multa de ofício vinculada aplicada. TAXA SELIC. JUROS DE MORA. A exigência de juros de mora com base na Taxa Selic está em total consonância com o Código Tributário Nacional, haja vista a exigência de leis ordinárias que expressamente a determinam. Lançamento Procedente em Parte A Recorrente, em suas razões recursais de fls. 74 e ss., alega que o direito de crédito teria sido reconhecido por decisão judicial, de sorte que nada impedira a compensação. Sustenta ainda que o processo judicial já teria transitado em julgado, razão pela qual não subsistiriam mais as razões do lançamento tributário. Requer o conhecimento e provimento do recurso voluntário. É o Relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn A ciência da decisão recorrida ocorreu em 14/10/2008 (fls.73), ao passo que o recurso foi protocolizado, em 17/11/2008 (fls.74), dentro do prazo legal (cf. ADN nº Fl. 120DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10380.000354/200251 Acórdão n.º 3802004.096 S3TE02 Fl. 120 3 19/1997, item “a”1). Assim, estando a matéria inserida no âmbito da competência da Terceira Seção e presentes os demais requisitos de admissibilidade, o recurso pode ser conhecido. Em relação à alegada impossibilidade de constituição do crédito tributário, deve ser mantida a decisão recorrida, porque, como se sabe, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/1994, é lícita a lavratura de auto de infração visando à prevenção de decadência: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). Tratase de entendimento pacificado no CARF (Súmula nº 17) e no âmbito jurisprudencial, consoante se depreende do seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA LIMINAR. SUSPENSÃO DO PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN), que é de cinco anos. 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. 3. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais como inscrição em dívida, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a decadência do direito de lançar. 4. Embargos de divergência providos. (EREsp 572.603/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/2005, DJ 05/09/2005, p. 199). Por fim, no tocante à alegação de posterior trânsito em julgado, cumpre destacar que os requisitos para compensação devem ser analisados no momento do encontro de contas. Assim, se o pedido não atendia os requisitos legais no momento da apresentação do pedido de compensação, mostrase correto a nãohomologação da compensação. Nesse sentido, cumpre destacar o seguinte precedente do STJ: 1 “a) será considerada como data da entrega, no exame da tempestividade do pedido, a data da respectiva postagem constante do aviso de recebimento, devendo ser igualmente indicados neste último, nessa hipótese, o destinatário da remessa e o número de protocolo referente ao processo, caso existente;” Fl. 121DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. "MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE". APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE NO MOMENTO DO ENCONTRO DE CONTAS. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. PRECEDENTES. 1. O processamento da compensação subordinase à legislação vigente no momento do encontro de contas, sendo vedada a apreciação de eventual “pedido de compensação” ou “declaração de compensação” com fundamento em legislação superveniente. Precedente: EREsp 488.992/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJU de 07.06.04. 2. Em conseqüência, o marco a ser considerado na definição das normas aplicáveis na regência do "recurso de inconformidade" é a data em que protocolizado o pedido de compensação de crédito com débito de terceiros, o que, na hipótese, deuse em 15 de fevereiro de 2001 e 14 de março de 2001. 3. A "manifestação de inconformidade" foi prevista, pela primeira vez, como meio impugnativo da decisão que não homologa a compensação, na Instrução Normativa SRF 210, de 30 de setembro de 2002, passando a ser normatizada legalmente a partir da Lei 10.833/03 conversão da MP 135/03 (cf. REsp 781.990/RJ, Rel. Min. Denise Arruda). 4. A Primeira Seção, ao julgar o EREsp 850.332/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, examinando a matéria à luz da redação original do art. 74 da Lei 9.430/96, portanto, sem as alterações estabelecidas pelas Leis 10.637/02, 10.833/03 e 11.051/04, concluiu que o pedido de compensação e o recurso interposto contra o seu indeferimento suspendem a exigibilidade do crédito tributário, já que a situação enquadrase na hipótese do art. 151, III, do CTN. Precedentes. 5. Ressaltese que, neste âmbito judicial, não há emissão de juízo de valor quanto à própria validade da compensação efetuada, mas, tão somente, no que tange à aplicação da jurisprudência do Tribunal em relação aos efeitos em que devem ser recebidas as impugnações apresentadas na esfera administrativa anteriormente à Lei 10.833/03 (conversão da MP 135/03). 6. Embargos de divergência providos. (STJ. 1ª S. EREsp 977083/RJ. Rel. Min. CASTRO MEIRA. DJe 10/05/2010). Portanto, não há como acolher a pretensão do Recorrente, razão pela qual o presente recurso deve ser conhecido e desprovido em sua integralidade. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 122DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10380.000354/200251 Acórdão n.º 3802004.096 S3TE02 Fl. 121 5 Fl. 123DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 18471.001527/2008-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 02 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 01/10/1998
AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa.
SOLIDARIEDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. ELISÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 30, IV, DA LEI 8.212/91. Diante da não comprovação mediante juntada de documentação hábil a demonstrar o devido cumprimento das obrigações previdenciárias por parte da empresa prestadora de serviços de construção civil, o proprietário da obra, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, é solidário com o construtor, conforme dispõe o inciso VI do art.30 da Lei 8.212/1991.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.447
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Taborda Simões e Daniele Souto Rodrigues Amadio que acolheram a preliminar de nulidade do lançamento.
Júlio César Vieira Gomes - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Luciana de Souza Spindola Reis, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 01/10/1998 AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa. SOLIDARIEDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. ELISÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 30, IV, DA LEI 8.212/91. Diante da não comprovação mediante juntada de documentação hábil a demonstrar o devido cumprimento das obrigações previdenciárias por parte da empresa prestadora de serviços de construção civil, o proprietário da obra, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, é solidário com o construtor, conforme dispõe o inciso VI do art.30 da Lei 8.212/1991. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1841; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 289 1 288 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.001527/200836 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.447 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 02 de dezembro de 2014 Matéria RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Recorrente PETROLEO BRASILEIRO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1997 a 01/10/1998 AI. NORMAS LEGAIS PARA SUA LAVRATURA. OBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se caracteriza o cerceamento do direito de defesa quando o fiscal efetua o lançamento em observância ao art. 142 do CTN, demonstrando a contento todos os fundamentos de fato e de direito em que se sustenta o lançamento efetuado, garantindo ao contribuinte o seu pleno exercício ao direito de defesa. SOLIDARIEDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. ELISÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 30, IV, DA LEI 8.212/91. Diante da não comprovação mediante juntada de documentação hábil a demonstrar o devido cumprimento das obrigações previdenciárias por parte da empresa prestadora de serviços de construção civil, o proprietário da obra, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, é solidário com o construtor, conforme dispõe o inciso VI do art.30 da Lei 8.212/1991. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 15 27 /2 00 8- 36 Fl. 303DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Taborda Simões e Daniele Souto Rodrigues Amadio que acolheram a preliminar de nulidade do lançamento. Júlio César Vieira Gomes Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Luciana de Souza Spindola Reis, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18471.001527/200836 Acórdão n.º 2402004.447 S2C4T2 Fl. 290 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS, em face do acórdão que manteve integralmente a NFLD n. 35.521.1700, lavrado para a cobrança de contribuições previdenciárias parte dos segurados, da empresa e as destinadas ao financiamento do SAT, até 06/1997, e ao GILRAT a partir de então, na qualidade de responsável tributária solidária em decorrência da contratação de serviços da empresa PETROGOLD ENGENHARIA LTDA. Consta do relatório fiscal que a recorrente contratou com a empresa PETROGOLD, a execução de “Serviços de construção e montagem eletromecânica de facilidades de produção e de processo de petróleo e gás natural, nas áreas do Núcleo de Produção de Alto do Rodrigues NUARO e do Núcleo de Produção de Guamaré NUGUAM, para a E&P RNCE, conforme item 1.1,do contrato.” Também fora informado pelo auditor que a empresa não comprovou o cumprimento das obrigações da construtora para com a Seguridade Social, ou seja, não houve a devida comprovação, através de guias de recolhimento especificas para a obra contratada, nem a apresentação de folhas de pagamentos especificas dos segurados empregados alocados na obra contratada. O lançamento fora efetuado por aferição indireta considerando o percentual de 40 % (quarenta por cento) sobre a parte considerada como mãodeobra constante nas notas fiscais de prestação de serviço. O lançamento compreende, as competências de 01/1997 a 10/1998, tendo sido o contribuinte cientificado em 29/07/2002 (fls. 01) A decisão Notificação manteve a integralidade da NFLD combatida e diante da interposição de recurso voluntário os Autos foram enviados ao CRPS para julgamento, oportunidade na qual, sua 2a CAJ anulou a Decisão Notificação, em razão de que a imputação da responsabilidade solidária à recorrente prescindia da anterior necessidade de fiscalização da empresa prestadora dos serviços. Em face de referido julgamento fora interposto o extinto pedido de revisão de acórdão pelo INSS, que também fora analisado e não conhecido. As partes interessadas foram intimadas de referida decisão, por meio de ofício no qual restou consignado que (fls. 114): “Pelo exposto, estamos cientificandoo desta decisão, fornecendolhe cópia do acórdão e encaminhando o processo ao Serviço de Fiscalização, para que seja providenciada a diligência determinada pelo CRPS, adotandose todos os demais procedimentos para o reinicio do contencioso administrativo em relação ao mesmo.” Fl. 305DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Fato é que, quando referido ofício se refere à diligência, em verdade, se quer se referir a anulação do acórdão, pois, diante de informações constantes nos autos, este era, à época, o procedimento a ser adotado em sistema para a formalização da anulação da NFLD e continuidade do contencioso administrativo. Feito isso, às fls. 144, fora consignado o resultado da diligência, conforme determinado pelo acórdão n. 0000633/2004, esclarecendo o seguinte: “1 Efetuouse pesquisa nos sistemas informatizados da SRFB, sendo analisadas as informações disponíveis reativas à empresa contratada e prestadora dos serviços, e constatouse que não houve ação fiscal com exame da contabilidade englobando o período referente ao lançamento em pauta, conforme cópia da tela anexada à fl. 133. 2 Consulta ao CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA MF/RFB mostra que a empresa encontrase na situação INAPTA desde 22/02/2003, fl. 134. 3 As diversas tentativas em localizarse a empresa através de seu endereço constante no hoje SISTEMA DE ARRECADAÇÃO MF/RFB CONSULTA DADOS DO ESTABELECIMENTO, fl. 135, foram infrutíferas. 4 Da mesma forma, em consulta ao hoje SISTEMA DE ARRECADAÇÃO MF/RFB CCOR CONSULTA COOTA CORRENTE DE ESTABELECIMENTO demonstrou que a empresa não efetua recolhimentos desde 09/1998, fl. 136. 5 Em atendimento ao expressado na fl. 106, quarto parágrafo, procedeuse a pesquisa no SISTEMA DE COBRANÇA MF/RFB verificandose que a empresa não aderiu ao parcelamento especial da Lei n. 9964/2000 REFIS nem ao parcelamento especial da Lei no. 10684/2003 PAES, conforme cópias de telas anexadas às fls. 137 a 139.” Foram então a ora recorrente e empresa prestadora de serviços novamente cientificadas do resultado da diligência, sendo que nenhuma delas apresentou manifestação. Assim, os autos foram enviados à DRJ para que fosse analisada a impugnação já interposta, tendo sido proferido acórdão pela DRJ do Rio de Janeiro, mantendo em parte o lançamento, em razão da decadência, a partir da competência 06/1987, com base no art. 150, 4o do CTN. O lançamento compreende, por fim, as competências de 06/1997 a 10/1998, tendo sido o contribuinte cientificado em 25/09/2002 (fls. 01) Devidamente intimado do julgamento da DRJ em primeira instância, a recorrente interpôs o competente recurso voluntário, através do qual sustenta: 1. que a NFLD ora atacada não faz qualquer menção, seja no seu relatório; seja nos seus fundamentos, onde estaria caracterizada a responsabilidade tributária da ora Recorrente, pois não aponta onde estaria a cessão de mãodeobra que justificaria o lançamento; Fl. 306DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18471.001527/200836 Acórdão n.º 2402004.447 S2C4T2 Fl. 291 5 2. que a fiscalização deixou de elaborar uma argumentação lógica e de correlação entre os fatos que, pretensamente, ensejaram a lavratura da NFLD e os fundamentos, legais e normativos, em que se apoiaram 3. a ilegalidade do reconhecimento da retroatividade da aplicação do enunciado 30 do CRPS processo administrativo fiscal art. 2°, XIII, da lei n° 9.784/99 4. que a reabertura do contencioso administrativo sem a realização da diligência que lhe fora determinada pelo CRPS não tem qualquer cabimento, pois o fisco descumpriu expressa decisão administrativa válida, infringindo o disposto no art. 57, caput e no §1o do Regimento Interno do CRPS. 5. a inexistência da cessão de mãodeobra, que justifique a lavratura do lançamento, pois não houve um serviço contínuo, com a colocação de empregados / segurados à disposição da Recorrente, de modo a configurar uma cessão de mãodeobra, e, por via de conseqüência, ensejar a responsabilidade tributária, já que o contrato versou sobre uma prestação de serviços específica, com direção e coordenação exclusivas da contratada e dentro dos limites de seu objeto, com a execução do serviço como um todo, não existindo qualquer previsão contratual que deixe à disposição do contratante o pessoal que participou da prestação dos serviços; 6. que a imputação da solidariedade enseja a necessidade de prévia constituição da dívida ou da obrigação, afim de que o credor possa imputálas aos demais responsáveis. Assim é mister que a fiscalização faça a verificação prévia junto a empresa prestadora dos serviços. 7. que o disposto no art. 33, §3o não permite à fiscalização a conclusão da presunção de acordo com a conveniência fiscal, tendo em vista que os pagamentos efetuados por pessoas jurídicas podem ocorrer por vários motivos, tais como pagamento de insumos, mútuos, Após, sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório Fl. 307DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Voto Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso e presentes os demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. PRELIMINARES São várias as preliminares sustentadas no presente caso, através das quais sustenta a recorrente possuem o condão de justificar o reconhecimento da nulidade do lançamento. Da análise dos autos, conforme já relatado, foram vários os eventos que ocorreram no presente processo para o julgamento viesse a ser realizado na presente data. Em especial, há de se considerar que o presente recurso voluntário somente veio a ser interposto, pois fora reconhecida a nulidade da Decisão Notificação original em razão da decisão já proferida pela 2a CAJ do Conselho de Recursos da Previdência Social, que ao analisar o caso, entendeu pela necessidade de prévia fiscalização junto à empresa prestadora de serviços, para que se apurasse o devido cumprimento ou não das obrigações previdenciárias que eram relativas ao contrato de prestação de serviços entabulado entre as partes. E quando da baixa dos autos, tal diligência, ao revés de outros casos no qual é interessada a própria recorrente, veio a ser efetivada, sendo que a fiscalização demonstrou a contento a impossibilidade de localização da empresa PETROGOLD nos endereços constantes nas bases de dados da SRFB, se tratando de pessoa jurídica inapta, bem como demonstrando que a mesma não possuía qualquer recolhimento de contribuições desde 09/1998, nem mesmo tendo aderido a qualquer parcelamento previsto em Lei. Vejamos, por oportuno, o teor do resultado da diligência: “[...] 2 Consulta ao CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA MF/RFB mostra que a empresa encontrase na situação INAPTA desde 22/02/2003, fl. 134. 3 As diversas tentativas em localizarse a empresa através de seu endereço constante no hoje SISTEMA DE ARRECADAÇÃO MF/RFB CONSULTA DADOS DO ESTABELECIMENTO, fl. 135, foram infrutíferas. 4 Da mesma forma, em consulta ao hoje SISTEMA DE ARRECADAÇÃO MF/RFB CCOR CONSULTA COOTA CORRENTE DE ESTABELECIMENTO demonstrou que a empresa não efetua recolhimentos desde 09/1998, fl. 136. 5 Em atendimento ao expressado na fl. 106, quarto parágrafo, procedeuse a pesquisa no SISTEMA DE COBRANÇA MF/RFB Fl. 308DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18471.001527/200836 Acórdão n.º 2402004.447 S2C4T2 Fl. 292 7 verificandose que a empresa não aderiu ao parcelamento especial da Lei n. 9964/2000 REFIS nem ao parcelamento especial da Lei no. 10684/2003 PAES, conforme cópias de telas anexadas às fls. 137 a 139.” Logo, tenho que o presente caso não é absolutamente idêntico aos demais que foram analisados nesta mesma assentada, pois neste processo não fora lavrado novo relatório fiscal ou mesmo descumprida a ordem constante no acórdão n. 0000633/2004, prolatado pelo CRPS. Neste caso o fiscal levou a efeito os procedimentos para que pudesse apurar se houve o cumprimento das obrigações a cargo da recorrente junto à prestadora. No entanto, conforme constou no resultado da diligência, a prestadora não foi localizada em seu endereço e atualmente encontrase inapta, o que impossibilitou o fiscal em efetuar a verificação. Dessa forma, não vislumbro que, no presente caso, tenha sido descumprido o determinado pelo CRPS ou mesmo que tenha sido aplicado ao caso o enunciado n. 30 do CRPS, motivo pelo qual não há qualquer nulidade a ser reconhecida neste sentido. Também sustenta a recorrente que o relatório fiscal deve ser reconhecido nulo, por estar carente da devida fundamentação, ausência de demonstração dos fatos e da caracterização da cessão de mãodeobra. No presente caso as contribuições foram apuradas com base no instituto da responsabilidade solidária, decorrente da execução de serviços de construção civil, de acordo com o artigo 30, VI, da Lei no 8.212/91, a seguir: “Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:(Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) [...] VI o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem;(Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97).” O lançamento não se baseou na prestação de serviços contratados mediante cessão de mãodeobra, conforme disposto no art. 31 da Lei 8.212/91, de modo que a devida caracterização da cessão em si não se configura, a meu ver, como requisito essencial ao lançamento neste caso. Dessa forma, nada mais fez a fiscalização do que aplicar ao caso em concreto a legislação pertinente, atribuindo à recorrente, a responsabilidade pelo pagamento de contribuições previdenciárias não adimplidas, levando a efeito simplesmente aquilo que Fl. 309DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 determinado pela Lei 8.212/91. Assim, uma vez que não houve qualquer transgressão a norma legal em vigor, não há que se reconhecer a nulidade do lançamento. Logo, ao que se depreende do relatório fiscal, verificase ter sido observado o que disposto no art. 142 do CTN a seguir: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Da análise do relatório fiscal, ao revés do que sustenta a recorrente, verifica se que este veio devidamente acompanhado de todos os anexos do Auto de Infração, sendo dele parte integrante, quando se percebe que todos foram concebidos em total observância às disposições do art. 142 do CTN e 37 da Lei n. 8.212/91, na medida em que todos os fundamentos de fato e de direito que ensejaram a lavratura do Auto restaram devidamente demonstrados, o que proporcionou e garantiu ao contribuinte a clara e inequívoca ciência e materialização da ocorrência do fato gerador e dos valores não recolhidos das contribuições sociais devidas, conforme também restou decidido pelo acórdão de primeira instância. Ante todo o exposto, rejeito as preliminares de nulidade argüidas MÉRITO Inicialmente, no que se refere a necessidade de prévia verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias relativas ao contrato junto à prestadora, entendo que tal matéria encontrase preclusa, pois já fora acatada quando do julgamento levado a efeito pelo CRPS, repitase, reconhecendo o pleito formulado pela recorrente, de modo que tal determinação já fora executada nos autos do presente processo. Assim, tenho que a análise de tais alegações encontrase prejudicada. Ademais, conforme já pontuado no julgamento das questões preliminares, o presente lançamento não fora fundamentado no art. 31 da Lei 8.212/91, de modo que a caracterização da efetiva ocorrência da cessão de mãodeobra, na forma em que pretendida pela recorrente, fazse despicienda no caso, por tratarse da imputação de responsabilidade solidária decorrente da contratação de obra de construção civil. E de fato se tratou da execução de uma obra de construção civil, assim definida pelas partes contratantes como “Serviços de construção e montagem eletromecânica de facilidades de produção e de processo de petróleo e gás natural, nas áreas do Núcleo de Produção de Alto do Rodrigues NUARO e do Núcleo de Produção de Guamaré NUGUAM, para a E&P RNCE, conforme item 1.1,do contrato” Assim, não vejo como deixar de reconhecer a incidência do disposto no art. 30, IV da Lei 8.212/91, supracitado, até porque não houve por parte da recorrente qualquer questionamento acerca da natureza do serviço contratado, que fora devidamente explicitado Fl. 310DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18471.001527/200836 Acórdão n.º 2402004.447 S2C4T2 Fl. 293 9 pelo auditor que lavrou a NFLD, bem como não foram trazidos aos autos documentação hábil a comprovar a elisão de sua responsabilidade solidária. No mesmo sentido, já decidiu esta Eg. Turma de Julgamentos, no seguinte acórdão de lavra do Em. Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo: “ASSUNTO:CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/1997 a 31/01/1998 SOLIDARIEDADE. CONSTRUÇÃO CIVIL. ELISÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Se não comprovar com documentação hábil a elisão da responsabilidade solidária,o proprietário de obra,qualquer que seja a forma de contratação da construção,reforma ou acréscimo,são solidários com o construtor, conforme dispõe o inciso VI do art.30 da Lei 8.212/1991. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. APURAÇÃO PRÉVIA JUNTO AO PRESTADOR.DESNECESSIDADE. A solidariedade não comporta benefício de ordem no âmbito tributário, podendo ser exigido o total do crédito constituído da empresa contratante sem que haja apuração prévia no prestador de serviços. [...]” Ante todo o exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares, e, no mérito, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É como voto. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 05/02/20 15 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 10950.004774/2008-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 15 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2802-000.187
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62-A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012.
(assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente.
(assinado digitalmente)
Dayse Fernandes Leite - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), German Alejandro San Martin Fernandez, Jaci de Assis Junior, Dayse Fernandes Leite, Julianna Bandeira Toscano.Ausente justificadamente o conselheiro Carlos Andre Ribas de Mello.
Nome do relator: Não se aplica
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, sobrestar o julgamento nos termos do §1º do art. 62A do Regimento Interno do CARF c/c Portaria CARF nº 01/2012. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso – Presidente. (assinado digitalmente) Dayse Fernandes Leite Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), German Alejandro San Martin Fernandez, Jaci de Assis Junior, Dayse Fernandes Leite, Julianna Bandeira Toscano.Ausente justificadamente o conselheiro Carlos Andre Ribas de Mello. Relatório Por bem resumir a matéria discutida nos presentes autos, abaixo se transcreve o inteiro teor do relatório descrito no Acórdão nº 0627.961.261, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR): “Tratase da Notificação de Lançamento n° 2006/609450279295033 (fls. 17), lavrada contra o contribuinte acima identificado, para exigência do crédito tributário a seguir discriminado, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física — IRPF do Exercício de 2006, AnoCalendário de 2005: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 50 .0 04 77 4/ 20 08 -9 0 Fl. 177DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/201 3 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 21/10/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10950.004774/200890 Resolução nº 2802000.187 S2TE02 Fl. 169 2 Segundo consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 17 verso e 18), a exigência é decorrente da revisão da Declaração de Ajuste Anual do contribuinte, na qual foram constatadas as seguintes irregularidades: • Omissão de rendimentos recebidos do Sicredi Maringá em virtude de processo judicial trabalhista, no valor de R$ 6.435,73, apurada com base nos documentos apresentados pelo contribuinte e nas informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Verificouse que o valor declarado pelo contribuinte foi de R$ 56.301,00, enquanto o correto seria declarar R$ 62.736,73. • Compensação indevida de R$ 2.239,34 de imposto de renda retido na fonte (IRRF) relativo aos rendimentos recebidos no processo judicial trabalhista movido contra o Sicredi Maringá. 0 valor compensado na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte foi de R$ 12.034,90, sendo que o correto seria compensar apenas R$ 9.795,56. 0 contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fls. 01 a 10), com as alegações a seguir sintetizadas: Alega que a autoridade lançadora não observou que parte das verbas recebidas na reclamatória trabalhista são "reflexos de horas extras em férias", verba que não está sujeita a incidência do imposto de renda por possuir natureza nitidamente indenizatória, conforme entendimento já exarado pelo Tribunal Regional Federal da 4a Regido. Afirma que a parcela correspondente a reflexos de horas extras em férias é de R$ 6.506,58, o que correspondente a 7,13% do total recebido na ação trabalhista. Alega que o mesmo ocorre em relação à parcela paga na reclamatória trabalhista a titulo de juros morat6rios, os quais são mera atualização monetária do crédito trabalhista e não estão sujeitos à incidência do imposto de renda. Observa que 47,8% do crédito trabalhista, ou seja, R$ 43.620,56, tem natureza de juros moratórios. Destaca o caráter indenizatório dos juros de mora, afirmando que sua função é recompor o prejuízo causado ao trabalhador pelo IRPF (Sujeito a multa de ofício R$ 1.456,19 Multa de oficio (75%) R$1.092,15 Juros de Mora (calculados até 31/07/2008) R$ 387,49 IRPF (Sujeito a multa de mora) R$1.905,73 Multa de mora (20%) R$ 381,14 Juros de Mora (calculados até 31/07/2008) R$ 507,11 Total do Crédito Tributário Apurado R$5.729,81 Fl. 178DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/201 3 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 21/10/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10950.004774/200890 Resolução nº 2802000.187 S2TE02 Fl. 170 3 não pagamento dos proventos na época própria. Afirma que esse entendimento está pacificado no Superior Tribunal de Justiça e menciona julgado do Tribunal Regional Federal da 45 Região, além de citar a doutrina de Roque Antônio Carrazza. Ao final, com base nesses argumentos, o contribuinte requereu a exclusão da tributação das verbas recebidas a titulo de reflexos de horas extras em férias e juros moratórios, com o conseqüente recálculo do imposto devido ou a restituição de eventual pagamento indevido. Junto com a impugnação, foram anexados os documentos de fls. 11 a 43.” A DRJCTA.(PR), julgou a impugnação improcedente, fls. 106 a 108, por entender que: “Em regra, os valores recebidos a titulo de reflexos sobre férias em reclamatória trabalhista devem ser mantidas na base de cálculo do imposto de renda, conforme disposto no artigo 43 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000/99:Sobressaemse para análise desse escopo as seguintes considerações: "Art. 43. São tributáveis os rendimentos provenientes do trabalho assalariado, as remunerações por trabalho prestado no exercício de empregos, cargos e funções, e quaisquer proventos ou vantagens percebidos, tais como (Lei n2 4.506, de 1964, art. 16, Lei n2 7.713, de 1988, art. 32, § 42, Lei n2 8.383, de 1991, art. 74, e Lei n2 9.317, de 1996, art. 25, e Medida Provisória n2 1.76955, de 11 de março de 1999, arts. 12 e 22): (...) II ferias, inclusive as pagas em dobro, transformadas em pecúnia ou indenizadas, acrescidas dos respectivos abonos;" Uma exceção a essa regra ocorre quando se trata de férias não gozadas por necessidade do serviço, cuja tributação pelo imposto de renda foi afastada pela Súmula n° 125 do Superior Tribunal de Justiça. Adotando esse entendimento, a Secretaria da Receita Federal emitiu os Atos Declatórios Interpretativos SRF nos 5 e 14, publicados no Diário Oficial da União, respectivamente, em 27/04/2005 e 01/12/2005: Ato Declaratório n° 5: "Art. 1° Os Delegados e Inspetores da Receita Federal deverão rever de oficio os lançamentos referentes ao Imposto sobre a Renda incidente sobre os valores pagos (em pecúnia) a titulo de licençaprêmio e ferias não gozadas, por necessidade do serviço, a trabalhadores em geral ou a servidor público, desde que inexista qualquer Fl. 179DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/201 3 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 21/10/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10950.004774/200890 Resolução nº 2802000.187 S2TE02 Fl. 171 4 outro fundamento relevante, para fins de alterar, total ou parcialmente, o respectivo crédito tributário." Ato Declaratório n° 14: Art. 10 0 Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 5, de 27 de abril de 2005, editado em decorrência do Parecer PGFN/CRJ/N° 1905/2004, de 29 de novembro de 2004, tratou da não incidência do imposto de renda somente nas hipóteses de pagamento de valores a titulo de ferias integrais e de licençaprêmio não gozadas por necessidade do serviço quando da aposentadoria, rescisão de contrato de trabalho ou exoneração, previstas nas Súmulas nos 125 e 136 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a trabalhadores em geral ou a servidores públicos. Art. 2° Sofrem a incidência do imposto de renda, prevista no art. 3°, §§ 1° e 4°, da Lei no 7.713, de 1988, e no art. 43, inciso III, do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), as demais formas de pagamento em pecúnia a titulo de férias e de licençaprêmio não gozadas. Outra exceção ocorre em relação as férias proporcionais e ao terço constitucional de férias vencidas e não gozadas, quando convertidos em pecúnia, para os quais o ProcuradorGeral da Fazenda Nacional editou os seguintes Atos Declaratórios: Ato Declaratório n° 05, de 07 de novembro de 2006, que ordena a desistência, pelo corpo jurídico da Fazenda Nacional, de recorrer nos processos judiciais em que o contribuinte busca o reconhecimento da isenção do imposto de renda em relação as férias proporcionais convertidas em pecúnia. Ato Declaratório n° 06, de 1° de dezembro de 2008, que reconhece a não incidência do imposto de renda sobre o adicional de um terço previsto no art. 7°, inciso XVII, da Constituição Federal, quando decorrentes de pagamento de férias — simples ou proporcionais — vencidas e não gozadas, convertidas em pecúnia em razão de rescisão do contrato de trabalho. No presente caso, os documentos extraídos da reclamatória trabalhista (fls.22 a 43) indicam apenas que as verbas recebidas pelo reclamante contemplaram o reflexo de horasextras sobre férias, mas não há elementos que demonstrem que se trate de "férias proporcionais", "férias vencidas e não gozadas" e muito menos "férias não gozadas por necessidade do serviço". Portanto, a tese do impugnante deve ser rejeitada, mantendose a tributação dos valores recebidos na reclamatória trabalhista a titulo de reflexos Fl. 180DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/201 3 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 21/10/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10950.004774/200890 Resolução nº 2802000.187 S2TE02 Fl. 172 5 de horas extras sobre férias. Devese entender, até prova em contrário, que as férias em questão foram gozadas pelo contribuinte notificado. Quanto à incidência de imposto de renda sobre a parcela recebida a titulo de juros de mora, embora haja decisões do Superior Tribunal de Justiça em sentido contrario, o caput do artigo 56 do Regulamento do Imposto de Renda — que está em plena vigência não deixa dúvida a respeito da tributação dessa verba: "Art. 56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (Lei n° 7.713, de 1988, art. 12)." As autoridades administrativas, especialmente aquelas encarregadas de aplicar a legislação tributária, são estritamente vinculadas à aplicação dos atos normativos editados e publicados pelos órgãos competentes. Assim, por força do dispositivo transcrito, deve ser mantida a exigência do imposto de renda incidente sobre a parcela paga na reclamatória trabalhista a titulo de juros de mora.” Postada a intimação para a ciência de tal julgamento em 03/09/2010, fls. 111, o interessado ingressou recurso voluntário em 28/09/2010, fls. 112/120, reiterando as alegações expostas na impugnação para, ao final , requerer o cancelamento do débito fiscal em discussão. Feito o resumo do litígio, passase a deliberar sobre o recurso voluntário. Voto Conselheira Dayse Fernandes Leite, Relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele devese tomar conhecimento. No presente caso, o auto de infração objeto deste processo versa sobre rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte, decorrentes de ação trabalhista. Compulsando os autos, verificase que a fiscalização, ao proceder ao lançamento tributário, aplicou a tabela progressiva anual relativa ao anocalendário 2005 sobre o total dos rendimentos recebidos acumuladamente. Considerando que o Supremo Tribunal Federal admitiu a existência de repercussão geral quanto a essa matéria, e que o mérito será julgado nos Recursos Extraordinários nº 614232 e 614406, ainda pendentes de julgamento e com expressa decisão do e. STF de sobrestar os demais julgamento, é o caso de sobrestar o presente julgamento, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, com a redação dada pela Portaria MF nº 586/2010 c/c Portaria CARF nº 01/2012. “RE 614406 AgRQORG / RS RIO GRANDE DO SUL.REPERCUSSÃO GERAL NA QUESTÃO DE ORDEM NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Fl. 181DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/201 3 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 21/10/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 10950.004774/200890 Resolução nº 2802000.187 S2TE02 Fl. 173 6 Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 20/10/2010 Ementa TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados se por regime de caixa ou de competência vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.”. Sendo assim, é inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09 (RICARF), ratificado pelas decisões acima transcritas, que impedem a apreciação do mérito do feito. Diante do exposto, suscito o sobrestamento do julgamento até o trânsito em julgado da matéria pelo Supremo Tribunal Federal. (assinado digitalmente) Dayse Fernandes Leite Fl. 182DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/10/2013 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 17/10/201 3 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 21/10/2013 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 10768.100815/2006-73
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Sun Mar 15 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003
IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA E RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. MULTA QUALIFICADA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO COMPROVADOS. SIMPLES CONDUTA REITERADA E/OU MONTANTE MOVIMENTADO. IMPOSSIBILIDADE QUALIFICAÇÃO.
De conformidade com a legislação tributária, especialmente artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/96, c/c Sumula nº 14 do CARF, a qualificação da multa de ofício, ao percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), condiciona-se à comprovação, por parte da fiscalização, do evidente intuito de fraude do contribuinte. Assim não o tendo feito, não prospera o agravamento da multa, sobretudo quando a autoridade lançadora utiliza como lastros à sua empreitada a simples reiteração da conduta e/ou o volume/montante da movimentação bancária do contribuinte, fundamentos que, isoladamente, não se prestam à aludida imputação, consoante jurisprudência deste Colegiado.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-003.644
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(Assinado digitalmente)
Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator
EDITADO EM: 11/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Tereza Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (suplente convocada).
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003 IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA E RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. MULTA QUALIFICADA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO COMPROVADOS. SIMPLES CONDUTA REITERADA E/OU MONTANTE MOVIMENTADO. IMPOSSIBILIDADE QUALIFICAÇÃO. De conformidade com a legislação tributária, especialmente artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/96, c/c Sumula nº 14 do CARF, a qualificação da multa de ofício, ao percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), condiciona-se à comprovação, por parte da fiscalização, do evidente intuito de fraude do contribuinte. Assim não o tendo feito, não prospera o agravamento da multa, sobretudo quando a autoridade lançadora utiliza como lastros à sua empreitada a simples reiteração da conduta e/ou o volume/montante da movimentação bancária do contribuinte, fundamentos que, isoladamente, não se prestam à aludida imputação, consoante jurisprudência deste Colegiado. Recurso especial negado.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA E RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. MULTA QUALIFICADA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO COMPROVADOS. SIMPLES CONDUTA REITERADA E/OU MONTANTE MOVIMENTADO. IMPOSSIBILIDADE QUALIFICAÇÃO. De conformidade com a legislação tributária, especialmente artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/96, c/c Sumula nº 14 do CARF, a qualificação da multa de ofício, ao percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), condicionase à comprovação, por parte da fiscalização, do evidente intuito de fraude do contribuinte. Assim não o tendo feito, não prospera o agravamento da multa, sobretudo quando a autoridade lançadora utiliza como lastros à sua empreitada a simples reiteração da conduta e/ou o volume/montante da movimentação bancária do contribuinte, fundamentos que, isoladamente, não se prestam à aludida imputação, consoante jurisprudência deste Colegiado. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 10 08 15 /2 00 6- 73 Fl. 910DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 11/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Tereza Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (suplente convocada). Relatório FABIO HENRIQUE CALIL GANDARA, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 13/09/2006 (AR fl. 228), exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da apuração de Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, bem como recebidos de pessoa jurídica sem vínculo empregatício, com aplicação de multa qualificada, em relação aos anoscalendário 2002 a 2003, conforme peça inaugural do feito, às fls. 451/506, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à Segunda Seção de Julgamento do CARF contra Decisão da 1a Turma da DRJ no Rio de Janeiro/RJ II, consubstanciada no Acórdão nº 1316.227/2007, às fls. 732/751, que julgou procedente o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 1ª TO da 2a Câmara, em 12/03/2010, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 220100.589, sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA I R PF Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004 IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO CONTRIBUINTE. RESPONSABILIDADE. APURADO PELO Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, e, no caso de pessoa Fl. 911DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10768.100815/200673 Acórdão n.º 9202003.644 CSRFT2 Fl. 911 3 jurídica, na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual. PRESUNÇÃO LEGAL DO ART. 42 DA LEI 9430/96. FALTA DE PROVAS. CARACTERIZAÇÃO DE RENDIMENTOS OMITIDOS. Não comprovadas as origens dos depósitos bancários por meio de documentos fiscais hábeis e idôneos, tornase perfeita a presunção legal prevista no Art.42 da Lei 9.430/96, uma vez que os valores depositados em instituições financeiras passaram a ser considerados receita ou rendimentos omitidos. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE PROVAS DA AÇÃO OU OMISSÃO DOLOSA. SÚMULA CARF N° 14. A aplicação da multa qualificada enseja a prova da ação ou omissão dolosa do contribuinte, requisito indispensável para a aplicação da penalidade qualificada com base nos tipos descritos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. Tratase de matéria sumulada no CARF. Recurso Voluntário Provido em Parte.” Irresignada, a Procuradoria interpôs Recurso Especial, às fls. 795/806, com arrimo nos artigos 64, inciso II, e 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes/CARF e, bem assim, da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 10516.542, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada a divergência arguida. Em defesa de sua pretensão, assevera que as infrações apuradas decorrem de omissões repetidas, tratandose de típico caso de dolo reiterado caracterizado pela prática do mesmo ilícito por reiteradas vezes, no sentido de burlar o legítimo pagamento do imposto de renda, justificando, portanto, a aplicação da multa qualificada, na linha do decidido no Acórdão ora adotado como paradigma. Transcreve doutrina, legislação e jurisprudência contemplando a matéria, corroborando o entendimento de que a conduta reiterada de deixar de oferecer à tributação os rendimentos obtidos nos anoscalendário fiscalizados é capaz de ensejar a qualificação da multa aplicada. Contrapõese ao entendimento levado a efeito no Acórdão guerreado, inferindo inexistir qualquer mácula na majoração da multa qualificada imposta ao contribuinte, considerandose todo o corpo probatório e indiciário que instrui os presentes autos, bem demonstrando a materialidade da conduta dolosa do sujeito passivo, representada pela conduta Fl. 912DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA 4 reiterada, sistemática, de omitir rendimentos reiteradamente, sobretudo significativos valores depositados em contas bancárias. Defende que não se pode cogitar em aplicabilidade da Súmula 14 do Primeiro Conselho de Contribuintes, tendo em vista não se tratar de simples omissão de rendimentos, ao contrário do que restou assentado no decisum atacado. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a SJ do CARF, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no paradigma, conforme Despacho nº 220000.370/2011, às fls. 809/814. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Procuradoria, o contribuinte ofereceu suas contrarrazões, às efls. 885/896, corroborando os fundamentos de fato e de direito do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção. É o relatório. Fl. 913DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10768.100815/200673 Acórdão n.º 9202003.644 CSRFT2 Fl. 912 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da 2ª Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF a divergência suscitada, conheço do Recurso Especial da Procuradoria e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende do exame dos elementos que instruem o processo, o contribuinte fora autuado, com arrimo no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, em virtude da falta de comprovação da origem de depósitos bancários realizados em conta de sua titularidade, bem como diante da omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, aplicando a multa qualificada inscrita no inciso II, do artigo 44, do mesmo Diploma Legal, em razão das seguintes constatações (Termo de Verificação da Infração – fls. 19/20), resumidamente: “VII) MULTA QUALIFICADA: [...] Em decorrência, temse que a omissão de informações obrigatórias nas Declarações de Imposto de Renda frustra a persecução do recolhimento tributário cabível. Com efeito, não restam dúvidas de que se trata de comportamento tipificado pela lei penal como tipo doloso, o que demonstra que tal atitude se configura como evidente intuito de fraude. A reiterada prática de omitir informações nas declarações prejudicou a administração tributária na sua meta, qual seja a promoção da arrecadação em favor do Erário. Pela análise procedida, podese afirmar que o contribuinte revelou sua intenção fraudulenta em se eximir do recolhimento tributário cabível. [...] Dessas incursões, e em razão da convicção firmada quanto à intenção fraudulenta do contribuinte em se eximir do imposto devido, através de meios defesos em lei, exasperouse a multa. Isso implicou a qualificação da multa em 150%, como previstos no art. 957, inciso II do RIR/99, Decreto 3.000/99, e no art. 44, inciso II da Lei n° 9.430/96, incidente sobre o imposto de renda decorrente da omissão de rendimentos descritas no item VI, fls. 480, que correspondem aos depósitos na contacorrente do banco Itaú, justificados como rendimentos recebidos de pessoas jurídicas. Em virtude dos fatos descritos nos itens anteriores, e considerando sobretudo a intenção, s.m.j., fraudulenta do contribuinte em omitir o imposto devido, omitindo, de maneira contumaz, rendimentos que deveriam constar em suas declarações de ajuste anual de imposto de renda, agravouse a Fl. 914DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA 6 multa de ofício de 75% para 150%, relativamente à tributação de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica [...]" A Turma recorrida, ao analisar a demanda, entendeu por bem dar provimento parcial ao recurso voluntário somente para desqualificar a multa, nos termos do Acórdão recorrido, sintetizado no seguinte excerto: “[...] Multa de 150% autuação do item 1 A autoridade julgadora de primeira instância manteve a qualificação da multa sobre a autuação de omissão de rendimentos auferidos por pessoa jurídica pela justificativa de que a conduta do recorrente merece a manutenção da exasperação da multa, vez que entende "estar caracterizada a evidente intenção do contribuinte de omitir fatos da autoridade fazendária, com o intuito de impedir o conhecimento, por parte desta, da existência de recursos tributáveis, ocasionando, assim, a ocultação do fato gerador e a conseqüente ausência de recolhimento do imposto de renda, devendo ser mantida a multa de oficio qualificada de 150%, disciplinada pelo inciso lido art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996." Me parece que a justificativa da autoridade "a quo" não é suficiente para a imposição e manutenção da penalidade qualificada. Para a aplicação da multa de 150% é necessária a prova da ação ou omissão de forma dolosa por parte do contribuinte, requisito indispensável para a aplicação qualificada com base nos tipos descritos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964. [...] Este é o entendimento reiterado que gerou a publicação da seguinte Súmula: Súmula CARF Nº 14 A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Pelo exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO para afastar a multa qualificada. [...]” Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, suscitando divergência de julgados deste Colegiado e contrariedade à legislação de regência, tendo obtido êxito no conhecimento de sua peça recursal, razão pela qual passaremos a examinála, como segue. Destarte, pretende a recorrente a reforma da decisão atacada, a qual rechaçou a qualificação da multa, alegando, em síntese, que as infrações apuradas, praticadas de maneira consciente e intencionalmente dirigidas à redução da tributação incidente, estenderamse ao longo de dois exercícios seguidos, em importâncias substanciosas, e, nessa condição, Fl. 915DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10768.100815/200673 Acórdão n.º 9202003.644 CSRFT2 Fl. 913 7 configuram omissões reiteradas, justificando, portanto, a aplicação da multa qualificada, na linha do decidido no Acórdão ora adotado como paradigma. Transcreve doutrina, legislação e jurisprudência contemplando a matéria, corroborando o entendimento de que a conduta reiterada de ocultar valores vultosos manifestamente com o intuito de dificultar a atuação fiscal e/ou reduzir o cálculo do tributo devido é capaz de ensejar a qualificação da multa aplicada, entendimento que não tem o condão de macular o decisório combatido, senão vejamos. Inicialmente, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria, que assim prescrevem: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, estabelecem o seguinte: “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Consoante se infere dos dispositivos legais acima transcritos, impõese à autoridade lançadora a observância dos parâmetros e condições básicas previstas na legislação de regência em casos de imputação da multa qualificada, que somente poderá ser levada a efeito quando àquela estiver convencida do cometimento do crime (dolo, fraude ou sonegação), Fl. 916DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA 8 devendo, ainda, relatar todos os fatos de forma pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo atribuída e, bem assim, ao procurador de que o delito efetivamente praticado. Em outras palavras, não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Este entendimento, aliás, encontrase sedimentado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “MULTA AGRAVADA – Fraude – Não pode ser presumida ou alicerçada em indícios. A penalidade qualificada somente é admissível quando factualmente constatada as hipóteses de fraude, dolo ou simulação.” (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.561, Sessão de 16/10/2003) (grifamos) “ MULTA QUALIFICADA – NÃO CARACTERIZAÇÃO – Não tendo sido comprovada de forma objetiva o resultado do dolo, da fraude ou da simulação, descabe a qualificação da penalidade de ofício agravada.” (2ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10245.625, Sessão de 21/08/2002) “MULTA DE OFÍCIO – AGRAVAMENTO – APLICABILIDADE – REDUÇÃO DO PERCENTUAL – Somente deve ser aplicada a multa agravada quando presentes os fatos caracterizadores de evidente intuito de fraude, como definido nos artigos 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, fazendose a sua redução ao percentual normal de 75%, para os demais casos, especialmente quando se referem à infrações apuradas por presunção.” (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.356, Sessão de 16/04/2003) (grifamos) Na esteira desse raciocínio, ratificando posicionamento pacífico do então 1º Conselho de Contribuintes, o CARF consagrou de uma vez por todas o entendimento acima alinhavado, editando a Súmula nº 14, determinando que: “ Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a QUALIFICAÇÃO da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo” Na hipótese dos autos, inobstante o esforço do fiscal autuante, não podemos afirmar com a segurança que o caso exige ter o contribuinte agido com dolo objetivando suprimir tributos. Com efeito, como muito bem delineado no voto condutor do Acórdão recorrido, a autoridade lançadora não logrou demonstrar com especificidade a conduta adotada pelo contribuinte tendente a sonegar tributos intencionalmente, com o fito de justificar a qualificação da multa em 150%, não se prestando à sua aplicabilidade a simples reiteração da conduta do autuado por 02 (dois) anos consecutivos, ou mesmo o montante elevado da omissão, ao contrário do que pretende fazer crer a nobre Procuradoria. Fl. 917DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10768.100815/200673 Acórdão n.º 9202003.644 CSRFT2 Fl. 914 9 Destarte, consoante demonstrado no excerto do Termo de Verificação Fiscal acima transcrito, o fundamento fulcral da fiscalização ao aplicar a multa qualificada de 150% se fixa no volume de movimentação financeira não comprovada ao longo dos anos reiteradamente, bem acima dos rendimentos declarados pelo contribuinte. Entrementes, este Egrégio Colegiado em recentes decisões vem afastando a qualificação da multa quando sua adoção repousa exclusivamente na simples conduta reiterada e/ou em razão do volume da movimentação bancária do contribuinte, sem que haja um aprofundamento na questão pela autoridade fiscal, senão vejamos: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2003, 2004 Ementa: MULTA QUALIFICADA. REQUISITO. DEMONSTRAÇÃO DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A qualificação da multa de ofício, conforme determinado no II, Art. 44, da Lei 9.430/1996, só pode ocorrer quando restar comprovado no lançamento, de forma clara e precisa, o evidente intuito de fraude. A existência de depósitos bancários em contas de depósito ou investimento de titularidade do contribuinte, cuja origem não foi justificada, independente da forma reiterada e do montante movimentado, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada, prevista no II, Art. 44, da Lei 9.430/1996.” (Processo n° 12571.000050/200786 – Acórdão n° 920201.742 – 2ª Turma – Sessão de 27/09/2011 – Relator: Marcelo Oliveira) Como se observa, caberia à autoridade lançadora demonstrar de maneira pormenorizada suas razões no sentido de que o contribuinte agiu com dolo, fraude ou simulação, para efeito da conclusão/comprovação do crime arquitetado pelo autuado. No caso vertente, em que pese os argumentos da recorrente, não podemos afirmar com a segurança que o caso exige ter o contribuinte agido com dolo objetivando suprimir tributos, mesmo porque o fiscal autuante arrimou sua tese simplesmente na conduta reiterada e no volume movimentado nas contas bancárias do autuado, fundamentos insuficientes para a qualificação da multa, como acima delineado. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela 1a TO da 2a Câmara da 2a SJ do CARF, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 918DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA 10 Fl. 919DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RYCARDO HENRIQUE MAG ALHAES DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 17220.000432/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 25 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2007
Ementa:
PIS - COFINS - LANÇAMENTO NA PENDÊNCIA DE CAUSA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. SÚMULA Nº 5 DO CARF. - Nos termos do enunciado da Súmula nº 5, do CARF, São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Como não foram constatados os depósitos relativos ao crédito tributário objeto do lançamento de ofício, lavrado para prevenir a decadência, deve incidir os juros, eis que se verifica a mora do sujeito passivo.
AÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. DISPENSA DE LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. HIPÓTESES. - Mesmo havendo demanda judicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, a verificação de falta de escrituração de tributo apurado e respectiva declaração à Administração Pública, impõem seja efetivado o lançamento tributário, que decorre de atividade vinculada e
obrigatória da autoridade administrativa, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, do CTN)
AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETOS E CAUSA DE PEDIR. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA Nº 1 DO CARF - Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo.
Numero da decisão: 3301-001.984
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente o recurso, e por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso, na parte conhecida, nos termos do voto da relatora.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Fábia Regina Freitas - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Marcio Canuto Natal, Bernardo Motta Moreira, Maria Teresa Martinez Lopez e Fábia Regina Freitas (Relatora).
Nome do relator: FABIA REGINA FREITAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2007 Ementa: PIS - COFINS - LANÇAMENTO NA PENDÊNCIA DE CAUSA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. SÚMULA Nº 5 DO CARF. - Nos termos do enunciado da Súmula nº 5, do CARF, São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Como não foram constatados os depósitos relativos ao crédito tributário objeto do lançamento de ofício, lavrado para prevenir a decadência, deve incidir os juros, eis que se verifica a mora do sujeito passivo. AÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. DISPENSA DE LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. HIPÓTESES. - Mesmo havendo demanda judicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, a verificação de falta de escrituração de tributo apurado e respectiva declaração à Administração Pública, impõem seja efetivado o lançamento tributário, que decorre de atividade vinculada e obrigatória da autoridade administrativa, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, do CTN) AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETOS E CAUSA DE PEDIR. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA Nº 1 DO CARF - Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente o recurso, e por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso, na parte conhecida, nos termos do voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente. Fábia Regina Freitas - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Marcio Canuto Natal, Bernardo Motta Moreira, Maria Teresa Martinez Lopez e Fábia Regina Freitas (Relatora).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2007 Ementa: PIS COFINS LANÇAMENTO NA PENDÊNCIA DE CAUSA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. SÚMULA Nº 5 DO CARF. Nos termos do enunciado da Súmula nº 5, do CARF, “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral”. Como não foram constatados os depósitos relativos ao crédito tributário objeto do lançamento de ofício, lavrado para prevenir a decadência, deve incidir os juros, eis que se verifica a mora do sujeito passivo. AÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. DISPENSA DE LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. HIPÓTESES. Mesmo havendo demanda judicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, a verificação de falta de escrituração de tributo apurado e respectiva declaração à Administração Pública, impõem seja efetivado o lançamento tributário, que decorre de atividade vinculada e obrigatória da autoridade administrativa, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, do CTN) AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETOS E CAUSA DE PEDIR. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. SÚMULA Nº 1 DO CARF Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 22 0. 00 04 32 /2 01 0- 17 Fl. 115DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente o recurso, e por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso, na parte conhecida, nos termos do voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Fábia Regina Freitas Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Marcio Canuto Natal, Bernardo Motta Moreira, Maria Teresa Martinez Lopez e Fábia Regina Freitas (Relatora). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da DRJ Florianópolis (fls. 90/94) que julgou improcedente a Impugnação apresentada pelo contribuinte (fls. 35 a 40) que contrapôs ao Auto de Infração lavrado para constituir as contribuições COFINSImportação e PIS/PASEPImportação de mercadoria. De acordo com o relatório da DRJ, temos que houve um Auto de Infração lavrado para constituir algumas contribuições acrescidas de “juros de mora calculada até 30/04/2010, incidente na operação de importação da mercadoria submetida a despacho pela declaração de importação (DI) n. 07/03715849, constituindo o crédito tributário no valor de R$ 6.083,12 (fls. 01 a 30)”. Verificase que o Auto de Infração foi lavrado para prevenir que os créditos tributários descaíssem, uma vez que o contribuinte havia conseguido por meio de liminar (proc. n. 2007.71.08.0017082 – Mandado de Segurança), a suspensão do recolhimento das citadas contribuições, já que na Justiça Federal, havia a discussão da legalidade e a constitucionalidade do art. 7 da Lei n. 10865/2004. Nesse sentido, consta às fls. 90/94 que na sessão de 25/11/2011, a 2º Turma da DRJ/FNS proferiu o acórdão nº 0726.820 cuja ementa segue abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 22/03/2007 JUROS DE MORA. NATUREZA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 17220.000432/201017 Acórdão n.º 3301001.984 S3C3T1 Fl. 3 3 Os juros de mora não têm natureza punitiva e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não suspende sua fluência. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 22/03/2007 PRODUÇÃO DE PROVA. COMPLEMENTAÇÃO. Dispensável a complementação de provas quando os elementos que integram os autos revelamse suficientes para formação da convicção e consequente julgamento do feito. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignado, o contribuinte, devidamente cientificado, interpôs Recurso Voluntário às fls. 104/110 por meio do qual contesta o referido Acórdão, pedindo a invalidação do auto de infração nº 1010700/01117/10, reconhecendo a inexistência de juros de mora e requerendo por consequência a formalização de novo auto de infração, lançando unicamente o crédito decorrente da diferença entre o valor entendido como correto pela Receita Federal e o efetivamente pago pelo contribuinte conforme base de cálculo ajustada pela decisão liminar da Justiça Federal. É o relatório. Voto Conselheira Fábia Regina Freitas O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235, de 06 de março de 1972, assim dele tomo conhecimento. É sabido por todos, que existe entendimento no Judiciário e no próprio CARF de que o Fisco não poderia lavrar auto de infração e aplicar penalidades, no caso, juros de mora, enquanto o contribuinte estiver respaldado por medida liminar suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, justamente porque o contribuinte que está discutindo em juízo com liminar não está cometendo qualquer infração. Verificando essa situação, esclareço que o § 2º do artigo 63 da Lei 9.430/96 estabelece que a interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Contudo a referida lei nada fala sobre a incidência de juros. Apesar disto, do caso em tela, inferese das alegações do contribuinte que, se a exigibilidade do crédito tributário está suspensa por força de Fl. 117DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 medida liminar, o contribuinte não estaria em mora, razão pela qual não se justifica a imputação de juros moratórios. Dentre as mais variadas alegações dos contribuintes, procurar o Judiciário com o intuito de conseguir uma decisão para afastar o dever de recolher o tributo, não caracteriza nenhum tipo de infração. Desta forma, não pode o contribuinte ser responsabilizado por acréscimos decorrentes da mora, simplesmente porque não há mora, sob pena de se penalizar o ingresso no Judiciário. Contudo, o CARF não adotou este entendimento e editou a Súmula nº 5, do seguinte teor: “São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral”. Por sua vez, o STJ tinha decisões nos dois sentidos, mas, recentemente, a Fazenda Nacional opôs embargos de divergência, unificando o entendimento da Corte de Justiça. Neste julgamento, o STJ decidiu, em acordão publicado no DJE em 24/04/2013, que “no período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação da ordem incide correção monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso”. Eis a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DE LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS. 1. Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Primeira e Segunda Turmas no tocante à possibilidade de incidência de juros de mora sobre o tributo devido no período compreendido entre a decisão que concede liminar em mandado de segurança e a denegação da ordem. 2. “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária” (Súmula 405/STF). 3. “A multa moratória pune o descumprimento da norma tributária que determina o pagamento do tributo no vencimento. Constitui, pois, penalidade cominada para desestimular o atraso nos recolhimentos. Já os juros moratórios, diferentemente, compensam a falta da disponibilidade dos recursos pelo sujeito ativo pelo período correspondente ao atraso” (Leandro Paulsen, Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência . 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora ESMAFE, 2012, p. 1.105). Fl. 118DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 17220.000432/201017 Acórdão n.º 3301001.984 S3C3T1 Fl. 4 5 4. O art. 63, caput e § 2º, da Lei 9.430/96 afasta tão somente a incidência de multa de ofício no lançamento tributário destinado a prevenir a decadência na hipótese em que o crédito tributário estiver com sua exigibilidade suspensa por força de medida liminar concedida em mandado de segurança ou em outra ação ou de tutela antecipada. 5. No período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação da ordem incide correção monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso. Afastada a imposição de multa de ofício. 6. Embargos de divergência acolhidos. (Embargos de Divergência em RESP nº 839.962 – MG (2010/01424420). Embora haja esse recente julgado autorizando a incidência de juros de mora sobre os valores acobertados por liminar, é importante informar que o Mandado de Segurança n. 2007.71.08.0017082, teve a sua liminar publicada em 12/03/2007, nos seguintes termos: “(...) DEFIRO a liminar para determinar que seja excluído da base de cálculo do PIS / COFINS sobre a importação o valor do ICMS e das próprias contribuições, autorizando que a impetrante proceda ao registro da declaração de importação nestes termos, relativamente ao desembaraço dos equipamentos importados constantes da fatura 1039505 e OE061200072 e licença de importação 06/14144709”. Após as tentativas feitas pela União em derrubar a liminar, o caso foi sentenciado e teve a sua publicação no dia 06/07/2007, trazendo como sentença o seguinte: “(...) Pelo exposto, ratifico a liminar e concedo a segurança, a fim de determinar seja excluído da base de cálculo do PIS/COFINS sobre a importação do equipamento referido na inicial o ICMS e as próprias contribuições”. (Grifo nosso) A União inconformada acabou interpondo o Recurso de Apelação, que por sua vez foi julgado e teve o seu acórdão publicado em 20/02/2008, cuja ementa é a seguinte: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÕES AO PIS E À COFINS. IMPORTAÇÃO. EXIGIBILIDADE. BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. ACRÉSCIMOS CONFERIDOS PELA LEI Nº 10.864/2004. IMPOSSIBILIDADE. 1. Vindo o alargamento das hipótese de incidência das exações em comento talhado através de emenda constitucional (EC 42/2003), não há alegar o contribuinte a ofensa ao § 4º, do artigo 195, da CF. E com efeito, quando a regra constitucional Fl. 119DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 menciona a possibilidade de "manutenção" e "expansão" da seguridade social, via instituição de novas fontes de receita, assim o faz tendo em mente acaso se fizessem tais inovações no plano legislativo ordinário, o que não foi o caso, posto que fixada a regra matriz no próprio texto magno. 2. A e. Corte Especial deste Tribunal, em julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade na AC 2004.72.05.0033141, em 22.02.2007 (DJU: 14.03.2007), sob a relatoria do eminente Desembargador Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira, rematou a controvérsia relativa à apuração da base de cálculo do PIS e da COFINS sobre importações de bens ou serviços, declarando a inconstitucionalidade da expressão "acrescido do valor do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições" trazida na parte final do inciso I do artigo 7º da Lei nº 10.865/04, por ter ultrapassado os limites do conceito de valor aduaneiro, tal como disciplinado nos DecretoLei nº 37/66 e Decreto 4.543/2002, em afronta ao disposto no artigo 149, § 2º, III, a, da Constituição Federal. 3. Apelação e remessa oficial desprovidas. Houve recursos apresentados pela União, entretanto, todos foram declarados prejudicados, o que acabou prevalecendo o pleito do contribuinte. Tornase importante destacar que o houve o trânsito em julgado do caso em 16/05/2013. Até aqui, podemos fazer duas afirmações: (1) Com base no entendimento trazido pelo STJ e pela Súmula nº 5 do CARF, haveria permissão para incidência de juros de mora sobre os créditos tributários com a exigibilidade suspensa por meio de liminar. (2) Assisti razão o lançamento feito pela autoridade lançadora, entretanto, uma vez que o pleito do contribuinte foi confirmado pelo TRF4 com decisão transitada em julgado, tornase vazio o lançamento efetuado. Resta tratar de uma questão que acabou surgindo após o lançamento tributário feito pela autoridade fiscal para prevenir a decadência. Haveria concomitância entre processo administrativo e judicial nesse caso? O art. 38 da Lei 6.830/198013 encontrase assim redigido: "Art. 38. A discussão judicial da dívida ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo único. A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto." Fl. 120DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 17220.000432/201017 Acórdão n.º 3301001.984 S3C3T1 Fl. 5 7 Assim, por força do referido dispositivo legal, a opção pela discussão de determinada exigência fiscal perante o Poder Judiciário implica renúncia à via administrativa e desistência de eventual recurso pendente naquela esfera. Foi editado pelo CoordenadorGeral do Sistema de Tributação (COSIT), outrossim, o Ato Declaratório Normativo 3/1996, declarando, em caráter normativo, que: "a) a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto; b) consequentemente, quando diferentes os objetos do processo judicial e do processo administrativo, este terá prosseguimento normal no que se relaciona à matéria diferenciada (por exemplo, aspectos formais do lançamento, base de cálculo etc.); c) no caso da letra 'a', a autoridade dirigente do órgão onde se encontra o processo não conhecerá de eventual petição do contribuinte, proferindo decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida, se for o caso, encaminhando o processo para a cobrança do débito, ressalvada a eventual aplicação do disposto no art. 149 do CTN; d) na hipótese da alínea anterior, não se verificando a ressalva ali contida, procederseá a inscrição em dívida ativa, deixandose de fazêlo, para aguardar o pronunciamento judicial, somente quando demonstrada a ocorrência do disposto nos incs. II (depósito do montante integral do débito) ou IV (concessão de medida liminar em mandado de segurança), do art. 151 do CTN; e) é irrelevante, na espécie, que o processo tenha sido extinto, no Judiciário, sem julgamento do mérito (art. 267 do CPC)." De acordo com os dispositivos legais e regulamentos transcritos, a propositura de medida judicial implica renúncia ao direito de discussão, na esfera administrativa, da mesma matéria. A questão ora em exame diz respeito, a saber, se esta renúncia/concomitância exige equivalência de pedidos e mesma causa de pedir, ou seja, se seria possível à discussão simultânea acerca da mesma exigência fiscal, nas esferas administrativa e judicial, envolvendo pedidos ou causas de pedir distintos. Entendo que a identidade de "objetos" exigida pelo ADN COSIT 03/1996 deva ser interpretada como atinente à identidade, cumulativa, de pedidos e de causa de pedir. A concomitância diz respeito a pretender ou não o contribuinte discutir, nas duas esferas, as mesmas matérias, o que apenas se verificará quando coincidentes os pedidos e as causas de pedir. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 8 Assim se impõe não apenas em observância à aplicação subsidiária do quanto disposto no art. 301, § 2.º, do CPC, mas, também, como resultado de razoável interpretação do referido art. 38 da Lei 6.830/1980, que não pode ser tido como suficiente a cercear o direito do contribuinte ao julgamento, pelos órgãos administrativos competentes, dos fundamentos jurídicos que não tenham sido submetidos à apreciação judicial. A interpretação do art. 38 da Lei 6.830/1980, de forma consentânea com os princípios constitucionais de direito de petição ao Poder Público (art. 5.º, XXXIV, a, da CF/1988), contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV) implica limitar a renúncia ali prevista aos temas e fundamentos jurídicos específicos e coincidentes. Há, neste sentido, diversos precedentes administrativos como se verifica, dentre outros, dos Acórdãos CSRF/0305.569, CSRF/0105.371 e CSRF/0304.025. Também o STJ já decidiu que: "1. Incide o parágrafo único do art. 38 da Lei 6.830/1980, quando a demanda administrativa versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial. 2. A exegese dada ao dispositivo revela que: "O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. (...) Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto nas discussões administrativa e judicial" (Leandro Paulsen e René Bergmann Ávila. Direito processual tributário. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 349). (...) 5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via administrativa quando seu objeto subjugase ao versado na via judicial, face a preponderância do mérito pronunciado na instância jurisdicional. 6. Mutatis mutandis, mencionada exclusão não pode ser tomada com foros absolutos, porquanto, o contrário sensu, tornase possível demandas paralelas quando o objeto da instância administrativa for mais amplo que a judicial. 7. Outrossim, nada impede o reingresso da contribuinte na via administrativa, caso a demanda judicial seja extinta sem julgamento de mérito (CPC, art. 267), pelo que não estará solucionado a relação do direito material (REsp 840.556/AM, 1.ª T., j. 26.09.2006, rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux,)”. Cumpre ter presente, por fim, que a renúncia não se verifica quando, ainda que coincidentes pedidos e causa de pedir, não tenha sido a medida judicial proposta pelo mesmo contribuinte vinculado ao processo administrativo (ausente, assim, o requisito de identidade de partes, cumulativamente exigido no art. 301, § 2.º, do CPC, antes referido). É o que se verifica, por exemplo, quando o tema é objeto de mandado de segurança coletivo, impetrado por alguma das entidades elencadas no art. 5.º, LXX, da CF/1988. Por tais razões, já entendeu o CARF que "A impetração de mandado de segurança coletivo, por substituto processual, não se Fl. 122DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 17220.000432/201017 Acórdão n.º 3301001.984 S3C3T1 Fl. 6 9 configura hipótese em que se deva declarar a renúncia à esfera administrativa" (Câmara Superior de Recursos Fiscais, Ac 920200.278, 2.ª T. da 2.ª Câm., j. 22.09.2009, dentre outros). Apenas haverá concomitância entre processo administrativo e judicial quando o mesmo contribuinte integrar diretamente ambos os processos, limitandose a concomitância aos objetos e fundamentos jurídicos coincidentes. É necessária a equivalência de pedidos e a identificação da mesma causa de pedir, sendo obrigatório o exame, na esfera administrativa, dos temas e fundamentos jurídicos não coincidentes. Nesse contexto, fica evidente que o contribuinte deu inicio a discussão judicial via Mandado de Segurança (ano 2007) para discutir a “exclusão da base de cálculo do PIS / COFINS sobre a importação o valor do ICMS e das próprias contribuições, fazendo que haja apenas” a incidência do valor aduaneiro. Por sua vez, a autoridade lançadora tentou “forçar” uma lide via Auto de Infração (ano 2010), para discutir os valores das contribuições que não haviam sido recolhidos e consequentemente que deveriam incidir com juros de mora. Embora já haja decisão transitada em julgado a favor do contribuinte, não posso deixar de afirmar que houve concomitância na discussão dos processos, tendo em vista que o auto de infração acaba discutindo indiretamente a matéria que foi justamente tratada na via judicial. Vale ressaltar que a existência de medida judicial suspendendo a exigibilidade do crédito implica apenas essa consequência jurídica na esfera administrativa (impedir o conhecimento da defesa e recursos). Não impede o lançamento do crédito, mas tão somente a instauração e manutenção do contencioso administrativo diante da identidade de discussões nas duas esferas. Obstáculo mesmo representará apenas na fase de cobrança, impedindo a propositura de correspondente execução fiscal. Tratase de matéria já sumulada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) por meio da Súmula nº 01, nos seguintes termos: “Súmula CARF nº 01. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Assim, por força no disposto no § 4º do art. 72, do Regimento Interno do CARF (RICARF), obrigatoriamente, aplicase esta súmula ao presente caso. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 10 Conclusão Com essas considerações, voto por conhecer parcialmente do recurso voluntário, negando conhecimento a matéria vinculada ao trânsito em julgado do processo supracitado, e na parte conhecida nego provimento. Sala das Sessões, em 25 de julho de 2013. Fábia Regina Freitas Relatora. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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