Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 19515.008426/2008-03
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
Omissão de Receitas. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada.
Tributam-se como omissão de receita os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea.
Arbitramento dos Lucros.
O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa contendo toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária, na hipótese do parágrafo único do art. 527 do RIR/99 (RIR/99, arts. 527, 529 e 530, III).
Tributação Reflexa. CSLL, PIS e COFINS.
O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1801-002.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento, em parte, ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente
(assinado digitalmente)
Maria de Lourdes Ramirez Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque,Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: MARIA DE LOURDES RAMIREZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 Omissão de Receitas. Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada. Tributam-se como omissão de receita os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea. Arbitramento dos Lucros. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa contendo toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária, na hipótese do parágrafo único do art. 527 do RIR/99 (RIR/99, arts. 527, 529 e 530, III). Tributação Reflexa. CSLL, PIS e COFINS. O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula.
turma_s : Primeira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 19515.008426/2008-03
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5395821
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1801-002.160
nome_arquivo_s : Decisao_19515008426200803.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARIA DE LOURDES RAMIREZ
nome_arquivo_pdf_s : 19515008426200803_5395821.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento, em parte, ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque,Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
id : 5700214
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249438638080
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2174; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE01 Fl. 2 1 1 S1TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.008426/200803 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1801002.160 – 1ª Turma Especial Sessão de 22 de setembro de 2014 Matéria AI IRPJ e reflexos Recorrente AVANT INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE VASSOURAS EM GERAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, tendo havido apuração e pagamento antecipado, ainda que parcial do imposto sem prévio exame da autoridade administrativa, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário se extingue no prazo de 5 (cinco) anos a contar da data da ocorrência do fato gerador, nos termos do disposto no parágrafo 4o. do artigo 150 do Código Tributário Nacional. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Tributamse como omissão de receita os valores creditados em contas correntes em instituições financeiras, em relação aos quais, o titular, regularmente intimado, não comprove a origem mediante documentação hábil e idônea. ARBITRAMENTO DOS LUCROS. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa contendo toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária, na hipótese do parágrafo único do art. 527 do RIR/99 (RIR/99, arts. 527, 529 e 530, III). TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS E COFINS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 84 26 /2 00 8- 03 Fl. 532DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 O entendimento adotado nos respectivos lançamentos reflexos acompanha o decidido acerca da exigência matriz, em virtude da intima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento, em parte, ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich – Presidente (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque,Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório Avant Industria e Comércio de Vassouras Ltda., recorre a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de acórdão proferido pela 3a. Turma de Julgamento da DRJ em São Paulo/SPI que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada contra as exigências consubstanciadas nos autos. Por bem descrever os fatos adoto o relatório da DRJ em São Paulo/SPI: Relatório. Do Procedimento Fiscal 1. Decorrente do trabalho de fiscalização realizado na pessoa jurídica indicada, relativo ao anocalendário de 2003, foram lavrados em 19/12/2008 (fl. 275), o auto de infração do Imposto de Renda (fls. 247 a 250), o auto de infração da Contribuição para o PIS (fls. 255 a 258), o auto de infração da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (fls. 263 a 266), e o auto de infração da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (fls. 270 a 273). 0 crédito tributário total lançado foi de R$ 556.703,58 (quinhentos e cinqüenta e seis mil, setecentos e três reais e cinqüenta e oito reais), conforme abaixo demonstrado: (Apresenta demonstrativo de composição do crédito tributário por tributos, totalizando R$ 556.703,58). ... 2. Os fatos apurados pela Autoridade Lançadora estão descritos no Termo de Verificação Fiscal (fls. 240 a 242), a seguir sintetizados. Fl. 533DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.008426/200803 Acórdão n.º 1801002.160 S1TE01 Fl. 3 3 3. A Autoridade Fiscal intimou o Contribuinte a apresentar os livros comerciais e fiscais obrigatórios e acessórios, os comprovantes de movimentação financeira, extratos bancários e comprovantes de depósito das contas correntes dos bancos ALVORADA S/A, HSBC BANK BRASIL S/A, UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, BANCO BRADESCO S/A, BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A. 4. Informa a Autoridade Fiscal que foram apresentadas cópias dos extratos das contas correntes dos bancos relacionados na intimação. Com relação ao Banco HSBC, a empresa não manteve movimentação financeira no período de 2003, informação dada pelo próprio banco (fl. 206). 5. Através do Termo de Intimação Fiscal n° 02, o Contribuinte foi intimado a comprovar, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos valores creditados/depositados nas contas correntes das agências indicadas à fl. 241 dos autos. A empresa solicitou dilação de prazo e foram concedidos mais 7 dias para a apresentação da documentação. 6. Como o Contribuinte não apresentou a documentação no prazo estabelecido, a Autoridade Fiscal consolidou os valores não comprovados mensalmente, conforme tabela de fl. 241. 7. Os valores foram utilizados para o arbitramento do lucro do Contribuinte, por não terem sido comprovadas as origens dos valores creditados nas instituições financeiras, considerados omissão de receitas pelo Contribuinte. 8. Enquadramento legal: (aponta o enquadramento legal das exigências) ... 9. Encontrase apensado aos autos do presente processo administrativo fiscal os autos do processo n° 19679.009092/200481, que constitui pedido de Reenquadramento no SIMPLES. À fl. 31 do processo apensado, encontra se a Decisão DICAT N°210/2006 que indeferiu o pedido formulado pelo Contribuinte de inclusão retroativa no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES. Da Impugnação 10. Cientificada do auto de infração em 190/12/2008, o Contribuinte apresentou impugnações às fls.: 277 a 304 (IRPJ), fls. 316 a 343 (PIS), fls. 356 a 383 (COFINS), e fls. 398 a 426 (CSLL), todas apresentadas em 19/01/2009. As 4 impugnações apresentadas são idênticas, nas quais a Impugnante fez a defesa a seguir sintetizada. 11. A Impugnante requereu inicialmente que as 4 autuações (autos de infração do IRPJ, do PIS, da COFINS, e da CSLL) fossem unificadas, de forma a facilitar o direito a ampla defesa e ao contraditório. Fl. 534DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 12. A Impugnante afirmou que apresentou toda a documentação solicitada pela Fiscalização, diferentemente do que ela pretende fazer crer. Porem, foi intimada a comprovar a origem dos valores creditados/depositados, que constituem mais de 1000 lançamentos bancários. Observou que durante o período de 2003 era microempresa optante pelo SIMPLES, o que a desobrigava a manter rigoroso controle contábil. Por esse motivo, requereu prorrogação de prazo de 30 dias para atender a Fiscalização, a qual, de forma arbitrária e sem qualquer fundamentação legal ou justificativa, concedeu apenas 7 dias, o que a impossibilitou de cumprir a intimação. 13. Ressaltou que possui todos os documentos requeridos e que, no prazo de 90 dias, acostaria todos eles aos presentes autos. 14. Preliminarmente, por se tratar de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial de cinco anos iniciase da data dos fatos geradores. Assim, para os fatos geradores de 31/03/2003, 30/06/2003 e 30/09/2003, já teria ocorrido o direito do Fisco de lançar e constituir o crédito tributário sobre esses fatos. Como o fato gerador do imposto de renda é mensal, ocorreu também o direito ao lançamento de outubro e de novembro de 2003. Apresentou doutrina e jurisprudência administrativa favoráveis a sua tese. 15. Em seguida, tratou a Impugnante de defender a ilegalidade do arbitramento. Este foi feito pela não apresentação à Fiscalização dos seus livros contábeis. Contudo, essa alegação não é correta, pois os únicos documentos solicitados pela Fiscalização e não apresentados pela Impugnante foram aqueles constantes do Termo de Intimação Fiscal n° 02, em virtude do curto espaço de tempo e da grande quantidade de documentos solicitados. 16. Na verdade, em 2003, a Impugnante era optante do SIMPLES, sendo assim dispensada de possuir todos os livros e controles contábeis exigidos das empresas tributadas pelo lucro presumido ou real. Dessa forma, a Fiscalização não poderia ter exigido qualquer documento ou livro que o Contribuinte estivesse desobrigado de possuir. 17. Sobre o SIMPLES, disse que foi excluída do sistema depois do ano de 2003, em decorrência de débitos inscritos em Divida Ativa da União, conforme, art. 9 º, XV, da Lei n° 9.317/96. Essa exclusão jamais poderia ter efeito retroativo, sob pena de violação do disposto no art. 15, VI, c/c o art. 16, ambos da Lei n° 9.317/96. 18. Logo, ao realizar a autuação pelo arbitramento, ao invés de efetuar os supostos lançamentos com base no sistema de apuração do SIMPLES, viciou o procedimento adotado, devendo os autos de infração serem declarados nulos. Se não declarados nulos os lançamentos, devem eles serem efetuados tomandose por base o regime do SIMPLES, já que nesse período o Contribuinte (2003) pertencia a esse regime. 19. Como houve recolhimentos feitos pelo Contribuinte pelo regime do SIMPLES, os valores pagos devem ser compensados do valor autuado. Além disso, os valores pagos devem ser corrigidos pela taxa SELIC, conforme entendimento explicitado em julgamentos do Conselho de Contribuintes. Fl. 535DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.008426/200803 Acórdão n.º 1801002.160 S1TE01 Fl. 4 5 Apresentou tabelas com os valores que devem ser compensados com os valores lançados nos 4 autos de infração. 20. Sobre os documentos que pretendia juntar após a apresentação da impugnação, citou entendimento favorável do Conselho de Contribuintes, alem de previsão prevista no art. 38 da Lei n° 9.784/99, que garante à Impugnante o direito de juntar os documentos que entender necessários A elucidação dos fatos na fase instrut6ria do procedimento administrativo. Requereu 90 dias para apresentar a documentação. 21. Protestou a Impugnante provar o alegado por todos os meios legais, em especial por provas documentais e testemunhais, perícias e tudo mais que possibilite o perfeito deslinde do feito. 22. Requereu que constasse da capa do processo os nomes dos advogados para que possam receber as futuras intimações deste processo. 23. Dos argumentos apresentados, requereu a Impugnante o acolhimento da sua pretensão conforme acima exposto. Apreciando o pleito a Turma Julgadora de 1a. Instância fez as seguintes considerações preliminares, a respeito do processo n° 19679.009092/200481 apenso ao presente, que tratava do pedido de inclusão retroativa no sistema SIMPLES formulado pelo contribuinte: 26. A fl. 01 do citado processo, encontrase o pedido formulado pelo Contribuinte em 25/06/2004, nos seguintes termos: "O contribuinte acima qualificado, vem pela presente solicitar seu reenquadramento no Simples desde 01/01/2003, por considerar que desde aquela data encontravase nas condições previstas em lei que lhe permitiriam tal opção. Informa ainda que desde o exercício 1998 vem efetuando pagamentos e entregando declarações como se optante fosse." 27. A fl. 31, encontrase a Decisão DICAT N°210/2006, que indeferiu o pedido de inclusão retroativa no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte — Simples. Nessa decisão, consta que não foi encontrado a opção feita pelo Contribuinte em seu Cadastro. Foi feita a simulação da transmissão do "evento 301" (Opção pelo Simples), mas o resultado da pesquisa automática apontou irregularidade (pendências) junto à PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional), o que implicou no indeferimento do pedido de inclusão retroativa. 28. Na própria decisão, era observado que se o Contribuinte, no prazo de 30 dias, contado a partir do dia seguinte ao da ciência da decisão, regularizasse sua situação junto à PGFN, a decisão ficaria automaticamente cancelada e o acesso ao Simples estaria autorizado a partir de 12/11/1998 (com as ressalvas indicadas, fl. 31). 29. A decisão foi encaminhada ao endereço cadastral do Contribuinte em 21/02/2006 (fl. 33 e seu verso), mas constou no AR "mudouse". Então, pelo "Edital SIMPLES N° 42/2007", o Contribuinte foi intimado a tomar ciência do ato administrativo praticado no processo n° 19679.009092/200481. Fl. 536DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 30. Como não houve manifestação do Contribuinte nos prazos legais estabelecidos, o indeferimento do pedido de inclusão retroativa foi considerado definitivo na esfera administrativa. Como conseqüência, as seguintes medidas foram tomadas: foram canceladas as Declarações Simplificadas entregues pelo Contribuinte (fl. 40); ele foi intimado a entregar as declarações dos exercícios 2003 a 2007 (ano calendário de 2002 a 2006) pelo lucro presumido ou real, as respectivas DCTFs, e providenciar a regularização (restituição ou compensação) dos pagamentos efetuados no regime simplificado, utilizando o programa PER/DCOMP (fl. 44). O Contribuinte tomou ciência da intimação em 19/12/2007 (AR A fl. 44, verso). 31. Em seguida, o processo foi encaminhado A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização. 32. Conforme se depreende das considerações feitas acima, referentes ao processo n° 19679.009092/200481, o Contribuinte encontravase em situação irregular quanto ao SIMPLES. Requereu a sua inclusão retroativa, mas teve seu pedido indeferido por haver pendências junto à Procuradoria da Fazenda. Foi intimado da decisão do indeferimento, inclusive tendo o prazo de 30 dias para regularização da situação. 33. O indeferimento foi considerado definitivo na esfera administrativa, cancelandose as Declarações Simplificadas. Houve a intimação para a Contribuinte apresentar declarações pelo lucro real ou presumido e providenciar a regularização (restituição ou compensação) dos pagamentos efetuados no regime simplificado, utilizando o programa PER/DCOMP. Só então o processo foi encaminhado à Fiscalização, de onde resultaram os autos de infração ora impugnados. Aquela autoridade observou que a contribuinte de fato não havia optado pela sistemática do Simples, motivo pelo qual não poderia protestar contra efeitos retroativos de exclusão. Quanto à decadência, afirmou que o prazo aplicável ao caso seria aquele previsto no art. 173, I, do CTN e que, em razão disso, tratandose de fato gerador ocorrido em 2003, o lançamento formalizado em 19/12/2008, encontravase dentro do prazo decadencial que terseia esgotado somente m 31/12/2009. Validou o arbitramento ao argumento de que, não tendo optado pela sistemática simplificada, foi concedido à empresa que optasse por uma das formas de tributação adotadas pelas pessoas jurídicas em geral, lucro real ou presumido, mas que, intimado não apresentou a Fiscalização os livros e documentos solicitados. A documentação que comprovaria a origem dos recursos dos depósitos nas contas correntes indicadas também não foi apresentada. Salientou que, ainda que tenha solicitado na impugnação prazo adicional de 90 (noventa) dias para acostar aos autos a documentação que comprovaria a origem dos recursos dos depósitos/créditos em sua conta corrente, passados 2 (dois) anos da protocolização da peça, nenhum documento teria sido apresentado, assinalando que o PAF determina que as provas sejam apresentadas junto da impugnação, precluindo o direito de apresentálas em momento posterior. Observou que caberia a empresa solicitar a restituição ou a compensação dos valores indevidamente pagos na sistemática do Simples e considerou prescindível o pedido de perícia técnica. Fl. 537DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.008426/200803 Acórdão n.º 1801002.160 S1TE01 Fl. 5 7 Cientificada da decisão, em 27/06/2011 (AR fl. ), apresentou a interessada, em 20/07/2011, recurso voluntário no qual reproduz os argumentos de defesa deduzidos na impugnação. Ao final pede: 1) pela declaração de nulidade do julgamento de 1a. instância por violação ao contraditório e ampla defesa tendo em vista a negativa da autoridade em permitir a juntada posterior de provas; 2) nulidade dos autos de infração em face da ilegalidade do arbitramento; 3) sejam compensados os valores recolhidos pelo Simples, atualizados pela taxa Selic; 4) sejam considerados insubsistentes os lançamentos em vista da comprovação da origem dos recursos a ser feita em momento futuro. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora. O recurso é tempestivo. Dele tomo conhecimento. Preliminar: A recorrente suscita a preliminar de nulidade da decisão da Turma Julgadora de 1a. Instância pelo indeferimento de seu pedido de juntada posterior de provas. O PAF – Decreto n º 70.235, de 1972, que regula o processo administrativo fiscal é claro ao dispor: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; Fl. 538DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 8 IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. ... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância No presente caso temse que a recorrente solicitou, na impugnação, prazo adicional de 90 (noventa) dias para apresentar provas que alegou possuir. A Turma Julgadora de 1a. Instância observou que, mesmo passados 2 (dois) anos da apresentação da impugnação, nenhum documento de prova fora trazido aos autos pela impugnante, e, no uso de sua autoridade, indeferiu a juntada de qualquer elemento, a partir daquele momento, ou seja, depois de 2 (dois) anos do pedido. Não há qualquer ilegalidade, violação ao contraditório ou ao exercício do direito de defesa. A recorrente teve, além dos 90 (noventa) dias pleiteados, mais outros 630 (seiscentos e trinta) dias a seu favor e nada apresentou para provar a origem dos recursos creditados em suas contascorrentes. Afastase, assim, a preliminar suscitada. Decadência. O prazo decadencial do IRPJ e demais tributos federais encontrase disciplinado no Código Tributário Nacional – Lei n o. 5.172, de 1966, como regra geral no artigo 173, e é de cinco anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.008426/200803 Acórdão n.º 1801002.160 S1TE01 Fl. 6 9 Como exceção a essa regra o Código Tributário Nacional dispôs, no artigo 150, parágrafo 4o., a respeito de prazo decadencial distinto para os tributos sujeitos ao chamado lançamento por homologação, determinando que este será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. O IRPJ, dentre outros tributos, está sujeito ao lançamento por homologação, nos termos do art. 150 do Código Tributário Nacional – CTN. Não basta, entretanto, a atribuição, ao sujeito passivo, pela legislação, do dever de apurar e pagar o tributo competente, antes de qualquer procedimento de verificação pelo Fisco. Para que referido regra seja aplicada é necessário que o sujeito passivo tenha, de fato, efetuado apuração e pagamento de tributo. Nesse contexto, a atividade de homologação da Fazenda Pública deve incidir sobre o pagamento efetuado, não sendo possível a incidência da norma nos casos em que o sujeito passivo não apura IRPJ devido e nos casos em que apesar de apurar IRPJ devido, não efetua qualquer pagamento correspondente. Nesse sentido, o pagamento, enquanto modalidade de extinção de crédito tributário configurase imprescindível para a antecipação da contagem do prazo decadencial do lançamento, nos moldes previstos no art. 150, §4º do CTN. A jurisprudência judicial e administrativa encontrase pacificada nesse mesmo sentido. Cito, a título de exemplo, a ementa do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), com efeitos de Repetitivo, julgado em 12 de agosto de 2009, no acórdão relatado pelo Exmo. Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO Fl. 540DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 10 CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial Fl. 541DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.008426/200803 Acórdão n.º 1801002.160 S1TE01 Fl. 7 11 qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. No presente caso a recorrente efetuou pagamentos mensais na modalidade do Simples que, sabese, englobam vários tributos, dentre os quais aqueles exigidos neste processo. O fato gerador, no caso do Simples, ocorre, mensalmente. A autoridade fiscal dispõe, assim, do prazo de 5 (cinco) anos a contar do fato gerador mensal, para efetuar o lançamento. No presente caso, as exigências de IRPJ e CSLL sobre o lucro arbitrado relativamente aos 1º, 2o. e 3o. trimestres de 2003, encontramse fulminadas pela decadência, já que o prazo para formalização desses lançamentos se esgotou depois de 5 (cinco) anos, contados de cada fato gerador mensal do Simples. Assim, devem ser declaradas decaídas as exigências de IRPJ e de CSLL, referentes aos valores apurados nos 1º, 2o. e 3o. trimestres de 2003, mantendose integras, apenas em relação aos valores apurados no 4o. trimestre de 2003, pelo lucro arbitrado. Isto porque, o último fato gerador, na modalidade do lucro arbitrado, ocorreu em 31/12/2003. Como o lançamento foi formalizado em 19/12/2008, esse período não se encontra decaído, pois poderia ter sido formalizado até 31/12/2008. Relativamente às contribuições ao PIS e a COFINS, todos os períodos exigidos se encontram decaídos, com exceção dos fatos geradores constituídos para o mês de dezembro de 2003. Mérito O Direito Tributário admite a utilização das presunções na construção da norma individual e concreta de constituição, de ofício, do crédito tributário. Algumas dessas presunções estão previstas e discriminadas na própria legislação. De fato, presunções legais são meios indiretos de prova da ocorrência do evento descrito no fato jurídico. A presunção pautase numa relação jurídica de probabilidade fática que é composta por um ou mais fatos indiciários, dos quais se tem conhecimento, que implicam, juridicamente, na existência de um outro fato, indiciado, que se pretende provar. A prova indiciária é uma espécie de prova indireta que visa demonstrar, a partir da comprovação de fatos secundários indiciários, a existência do fato principal. Importa consignar que, na data da ocorrência dos fatos geradores, a legislação em vigor permitia a presunção de omissão de receitas, formulada a partir da verificação de depósitos bancários de origem não identificada, independentemente do estabelecimento de “liame” entre os depósitos e os fatos geradores dos tributos. É a seguinte a redação do art. 42, caput, da Lei no. 9.4.30 de 27 de dezembro de 1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira,em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente Fl. 542DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 12 intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Diante das expressas disposições legais, a autoridade fiscal está autorizada a presumir a ocorrência de omissão de receitas, quando o titular de conta de depósito ou de investimento, apesar de regularmente intimado, não conseguir comprovar a origem dos recursos depositados/creditados, mediante documentação hábil e idônea. Assim, é do sujeito passivo o ônus de provar que os valores depositados/creditados nas contas correntes não são receitas, ou que foram devidamente oferecidos à tributação. Tal preceito legal veio, justamente, dispensar o Fisco de produzir a prova do nexo de causalidade ou do liame entre os valores depositados/creditados e as receitas auferidas pela empresa. Basta o Fisco intimar a empresa a comprovar a origem dos recursos depositados/creditados e, diante da falta de comprovação, tornase juridicamente válida a imputação de omissão de recitas. Para a refutação dos fatos indiciários, que levaram ao conhecimento jurídico do fato qualificador da norma de incidência tributária, in casu, a omissão de receitas, caberia à recorrente, provar que os indícios são falsos ou que não haveria nexo de implicação entre os fatos diretamente provados – depósitos bancários não comprovados e indiretamente provados – omissão de receitas. Entretanto, a recorrente não ofereceu nenhuma contraprova capaz de afastar os indícios. Mantida, pois, a imputação de omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no que toca aos fatos geradores não alcançados pela decadência. O arbitramento dos lucros se justifica. A empresa, apurou, indevidamente, seus resultados pelo sistema simplificado, porque não se encontrava inserida nessa sistemática. Como não estava inserida no Simples, deveria ter apurado seus resultados com base no lucro real, mantendo escrituração contábil e fiscal completa, ou pelo lucro presumido, o que determinaria a escrituração, ao menos, do Livro Caixa, com toda a movimentação financeira. A recorrente, contudo, não apresentou qualquer escrituração, contábil e fiscal, completa, ou simplificada, no caso, o Livro Caixa. Assim, a legislação de regência determina que seus resultados sejam apurados com base nas regras do Lucro Arbitrado. A respeito, transcrevo os respectivos comandos do Decreto no. 3.000, de 1999 Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, que tem por base os artigos 47 da Lei no. 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e 1o. da Lei no. 9.430, de 1996: Art. 527. A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter I escrituração contábil nos termos da legislação comercial; II Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do anocalendário; III em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 19515.008426/200803 Acórdão n.º 1801002.160 S1TE01 Fl. 8 13 Parágrafo único. O disposto no inciso I deste artigo não se aplica à pessoa jurídica que, no decorrer do anocalendário, mantiver Livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária Art. 529. A tributação com base no lucro arbitrado obedecerá as disposições previstas neste Subtítulo. Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei no. 8.981, de 1995, art. 47, e Lei no. 9.430, de 1996, art. 1o.): ... III – o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; ... Dessa forma, os fatos apurados pelo agente fiscal determinavam a aplicação dos artigos 527, 529 e 530 do RIR/99, acima citados, pois a contribuinte se enquadrava na situação descrita no inciso III do artigo 530. A auditoria fiscal cumpriu, assim, as determinações da lei. Agiu com plena legalidade e em respeito, também, ao comando do art. 142 do Código Tributário Nacional: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabil idade funcional . (destaques acrescidos). Por derradeiro, cumpre observar que a única infração capitulada pela auditoria fiscal foi a omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. O arbitramento dos lucros não é infração. Referese à forma de apuração do imposto que a Lei impõe, quando presentes determinadas condições. E foi a forma adotada para exigir os tributos devido sobre as infrações apuradas. Entendo, ainda, que os valores recolhidos na modalidade do Simples, ainda que de forma indevida, devem ser deduzidos dos montantes apurados nos lançamentos de ofício. De outra forma, o Fisco estaria a se locupletar, já que a recorrente não dispõe mais de prazo para solicitar a restituição desses valores. Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 544DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 14 Maria de Lourdes Ramirez Fl. 545DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 04/11/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001755/2007-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 30/10/2004
PRAZO DECADENCIAL.
O prazo decadencial das contribuições previdenciárias é o regido pelo Código Tributário Nacional, nos termos da Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal.
PRODUÇÃO DE PROVAS. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE.
Prescinde de perícia a verificação de quesitos examinados durante o procedimento fiscal e consignado em relatório do lançamento.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DE REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Aplicação da Súmula CARF nº 28.
JUROS. TAXA SELIC.
A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 4.
MULTA DE MORA.
Aplica-se aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449 e declarados em GFIP o artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN para que as multas de mora sejam adequadas às regras do artigo 61 da Lei nº 9.430/96. No caso da falta de declaração, a multa aplicável é a prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212, de 24/07/91, nos percentuais vigentes à época de ocorrência dos fatos geradores.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.248
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que, em relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitando-se ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei nº 9.430/1996, vencida a relatora. Apresentará o voto vencedor nessa parte o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes.
Julio Cesar Vieira Gomes- Presidente e Redator Designado
Luciana de Souza Espíndola Reis- Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Thiago Taborda Simões.
Nome do relator: LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2003 a 30/10/2004 PRAZO DECADENCIAL. O prazo decadencial das contribuições previdenciárias é o regido pelo Código Tributário Nacional, nos termos da Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal. PRODUÇÃO DE PROVAS. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Prescinde de perícia a verificação de quesitos examinados durante o procedimento fiscal e consignado em relatório do lançamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO DE REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Aplicação da Súmula CARF nº 28. JUROS. TAXA SELIC. A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 4. MULTA DE MORA. Aplica-se aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449 e declarados em GFIP o artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN para que as multas de mora sejam adequadas às regras do artigo 61 da Lei nº 9.430/96. No caso da falta de declaração, a multa aplicável é a prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212, de 24/07/91, nos percentuais vigentes à época de ocorrência dos fatos geradores. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10865.001755/2007-90
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5398025
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 17 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2402-004.248
nome_arquivo_s : Decisao_10865001755200790.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS
nome_arquivo_pdf_s : 10865001755200790_5398025.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que, em relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitando-se ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei nº 9.430/1996, vencida a relatora. Apresentará o voto vencedor nessa parte o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes. Julio Cesar Vieira Gomes- Presidente e Redator Designado Luciana de Souza Espíndola Reis- Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Thiago Taborda Simões.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
id : 5709196
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249725947904
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2274; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 208 1 207 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10865.001755/200790 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402004.248 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de agosto de 2014 Matéria SUBROGAÇÃO NA AQUISIÇÃO DE PRODUTO RURAL Recorrente SUCOS KIKI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 30/10/2004 PRAZO DECADENCIAL. O prazo decadencial das contribuições previdenciárias é o regido pelo Código Tributário Nacional, nos termos da Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal. PRODUÇÃO DE PROVAS. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Prescinde de perícia a verificação de quesitos examinados durante o procedimento fiscal e consignado em relatório do lançamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO DE REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Aplicação da Súmula CARF nº 28. JUROS. TAXA SELIC. A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 4. MULTA DE MORA. Aplicase aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449 e declarados em GFIP o artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN para que as multas de mora sejam adequadas às regras do artigo 61 da Lei nº 9.430/96. No caso da falta de declaração, a multa aplicável é a prevista no artigo 35 da Lei nº 8.212, de 24/07/91, nos percentuais vigentes à época de ocorrência dos fatos geradores. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 17 55 /2 00 7- 90 Fl. 208DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que, em relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitandose ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei nº 9.430/1996, vencida a relatora. Apresentará o voto vencedor nessa parte o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes. Julio Cesar Vieira Gomes Presidente e Redator Designado Luciana de Souza Espíndola Reis Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio Cesar Vieira Gomes, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Nereu Miguel Ribeiro Domingues e Thiago Taborda Simões. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 209 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão n.º 188.954, da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) Santa Maria, fl. 9599, com ciência ao sujeito passivo em 31/07/2008, que julgou improcedente a impugnação apresentada contra o Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP lavrado sob o Debcad no 37.071.3125, com ciência ao sujeito passivo em 05/07/2007, fl. 61. De acordo com o relatório fiscal de fl. 5557, o AIOP trata de exigência de contribuições devidas para a Seguridade Social, inclusive a destinada ao custeio dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho e ao SENAR, correspondentes à subrogação da empresa no recolhimento das contribuições dos produtores rurais pessoas físicas, incidentes sobre a receita da comercialização da produção rural, no período de 01/2003 a 10/2004, cujos valores foram obtidos das Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) apresentadas pela notificada. Ficou consignado no relatório fiscal que foi feita representação ao Ministério Público Federal para, se assim entender, propor ação penal por crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168A do Código Penal ( DecretoLei n.° 2.848 de 1940, com redação dada pela Lei n.° 9.983, de 14/07/2000). O sujeito passivo apresentou impugnação ao lançamento. A DRJ julgou a impugnação improcedente e manteve integralmente o crédito tributário lançado. O julgado restou assim ementado: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. Na jurisdição administrativa cabe verificar mediante provocação ou "ex oficio" a verificação da conformação do ato regrado (lançamento) com as exigências e requisitos da legislação previdenciária, que constituem pressupostos necessários de sua existência e validade. Em 26/08/2008 o sujeito passivo, por meio de seu representante legal qualificado nos autos, interpôs recurso apresentando suas alegações, f. 113138, cujos pontos relevantes para a solução do litígio são, em síntese: Em preliminar, suscita a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente às competências fevereiro 2003 a junho 2003, em observância à Súmula Vinculante nº 08 do Supremo Tribunal Federal. No mérito, insurgese contra o processo de crime de apropriação indébita, os juros e a multa. Alega que não cometeu apropriação indébita porque não se beneficiou do valor descontado. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Insurgese contra a incidência de juros de mora com base na taxa Selic, sustentando sua inconstitucionalidade por se tratar de índice de juros exorbitante, superior ao percentual máximo permitido pela Constituição Federal, que é de 1% ao mês, ou 12% ao ano, e superior à inflação, citando decisão do Superior Tribunal de Justiça neste sentido. Alega que a multa é confiscatória e que não existe base para aplicála porque todos os valores foram declarados. Por fim, requer que sejam excluídas as competências 02/2003 a 06/2003 por causa da decadência; que seja afastada a multa e que a taxa de juros seja adequada para 1% ao mês; que seja realizada prova pericial para apuração das multas e da taxa de atualização mensal praticada pela Receita Federal; que, após isso, seja concedido o parcelamento da sua dívida; e que seja cancelado qualquer procedimento criminal com base no art. 168A do Código Penal e qualquer outro da Lei n.° 8.137/1990. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 210 5 Voto Vencido Conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis Relatora Conheço do recurso por estarem presentes os requisitos de admissibilidade. Preliminar de Decadência Sobre a decadência das contribuições previdenciárias, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, aplicase o regime de decadência do Código Tributário Nacional (CTN) às contribuições previdenciárias e às devidas aos terceiros. Na sistemática do CTN, Inexistindo antecipação de pagamento pelo sujeito passivo, ainda que parcial, considerase o termo inicial para contagem do prazo decadencial o disposto no inciso I do art. 173: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; ... A segunda regra, prevista no § 4º do art. 150 do CTN, abaixo transcrito, é aplicável quando há pagamento, ainda que parcial, exceto quando constatada fraude, dolo e simulação, caso em que deve ser adotada a regra anterior. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. ... § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 Em síntese, para se determinar o dies a quo, é necessário verificar se houve ou não pagamento antecipado. Caso a resposta seja afirmativa, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador, caso contrário, será de cinco anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado. Este é o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, que, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, deve ser reproduzido nas turmas deste Conselho. O lançamento em exame referese ao período de janeiro de 2003 a outubro de 2004. De acordo com o Discriminativo Analítico de Débito – DAD, f. 917, não consta informação de que houve antecipação de pagamento parcial, fazendo incidir a regra do art. 173, inciso I, do CTN. Assim, o prazo decadencial referente à competência 01/2003, com vencimento em dois de fevereiro de 2003, teve início em 1o de janeiro de 2004, encerrandose em 31 de dezembro de 2008. O sujeito passivo teve ciência do lançamento em 05 de julho de 2007, conforme Aviso de Recebimento dos Correios – AR às f. 61. Portanto, o crédito tributário foi constituído dentro do prazo qüinqüenal, não havendo que se falar em decadência. Mérito Pedido de Perícia A recorrente pede a realização de prova pericial para elucidação quanto à multa e os juros aplicados no lançamento tributário. A recorrente pede a realização de prova pericial para que seja demonstrada a forma de cálculo da multa e dos juros aplicados no lançamento tributário. Os fundamentos jurídicos que embasam a multa e os juros do lançamento constam do relatório de fundamentos legais que integra o auto de infração, no qual está indicada também a forma de cálculo desses acréscimos legais. Revelase, portanto, prescindível a perícia contábil, pois estão satisfatoriamente esclarecidos nos autos os fatos sobre os quais ela recai. Ademais, o pedido de perícia, ou de diligência, não foi formulado de acordo com as disposições do art. 16 do Decreto 70.235/1972, pois faltam os motivos e a formulação dos quesitos desejados para sua realização. Assim reza o art. 16 da Lei do Processo Administrativo Fiscal (Decreto 70.235/1972). Art. 16. A impugnação mencionará: ... IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação Fl. 213DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 211 7 profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei n° 8.748, de 1993) (...) § 1° Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei n° 8.748, de 1993). Portanto, indefiro o pedido de perícia contábil, por considerálo prescindível e meramente protelatório. Crime de Apropriação Indébita A discussão sobre infração penal deve ser posta perante o Poder Judiciário, se for o caso, pois a este órgão de julgamento administrativo não cabe se pronunciar sobre o assunto, conforme assentado no enunciado da Súmula CARF nº 28: Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Multa O instituto das multas em matéria previdenciária foi profundamente alterado pela Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009. A lei nova revogou o art 35 da Lei 8.212/911, que previa os percentuais de multa aplicáveis sobre as 1 Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) quatro por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) sete por cento, no mês seguinte; c) dez por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) trinta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; b) trinta e cinco por cento, se houve parcelamento; Fl. 214DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 8 contribuições sociais em atraso para pagamento espontâneo, que é o realizado após a data de vencimento do tributo, mas antes do início de qualquer procedimento de fiscalização (inciso I), para pagamento de créditos incluídos em lançamento tributário (notificação fiscal de lançamento de débito, inciso II) e para pagamento de créditos incluídos em dívida ativa (inciso III) e definiu novos percentuais aplicáveis, correspondentes ao teto de 20% para pagamento espontâneo em atraso (art. 35 da Lei 8.212/91 com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/20092) e 75% no caso de exigência de tributo em lançamento de ofício, passível de agravamento (art. 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/20093). Em relação aos fatos geradores ocorridos antes da mencionada alteração legislativa existe o dever de observância, pela autoridade administrativa, da aplicação da multa mais benéfica, em obediência ao art. 106, inciso II, do Código Tributário Nacional. Para tanto, é necessário identificar a natureza do instituto e dos dados quantitativos a serem comparados. A lei nova definiu claramente dois institutos: 1º) multa de mora para pagamento espontâneo em atraso (art. 35) e 2º) multa para pagamento não espontâneo, incluído em lançamento tributário, chamada de multa de ofício (art. 35A), a qual é única para três condutas: i) falta de pagamento ou recolhimento de débito; ii) falta de declaração; iii) declaração inexata. A lei nova também definiu claramente os dados quantitativos de cada um desses institutos: para o primeiro, multa de até 20%, nos termos do art. 61 da Lei 9.430/964; para o segundo, multa de 75%, passível de agravamento, nos termos do art. 44 da Lei 9.430/965. c) quarenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; d) cinqüenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). 2 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). 3 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). 4 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) 5 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 215DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 212 9 O caso em exame trata de multa sobre contribuições incluídas em lançamento tributário, portanto, não é aplicável a sistemática da multa para falta de pagamento espontâneo. A multa para pagamento não espontâneo, na nova sistemática do art. 35A da Lei 8.212/91, é única para os casos de falta de pagamento ou recolhimento quando há falta de declaração e/ou declaração inexata. Já o revogado art. 35, inciso II, da Lei 8.212/91, dizia respeito apenas à multa por falta de pagamento ou recolhimento incluído em lançamento tributário. Era o revogado art. 32, inciso IV, §§4o e 5o da Lei 8.212/91, com a redação da Lei 9.528/97, que regulava a aplicação de penalidade ao contribuinte que apresentasse declaração inexata ou deixasse de apresentála, fazendo incidir multa isolada. Portanto, na norma anterior, o dado quantitativo da multa para dívidas incluídas em lançamento tributário, para os casos de falta de pagamento ou recolhimento quando há falta de declaração e/ou declaração inexata, deve ser apurado pela soma da multa do revogado art. 35, inciso II, com a multa do revogado art. 32, inciso IV, §§ 4o e 5o.. I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) V (revogado pela Lei no 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5o Aplicase também, no caso de que seja comprovadamente constatado dolo ou máfé do contribuinte, a multa de que trata o inciso I do caput sobre: (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que deixar de ser restituída por infração à legislação tributária; e (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) II – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) Fl. 216DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 10 A multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação do dado quantitativo resultante do cálculo conforme descrito no parágrafo anterior (vigente à época dos fatos geradores) com o dado quantitativo resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) ... Entendo que a multa mais benéfica deve ser calculada de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB 971/2009, acima transcrito, e deverá ser apurada no momento do pagamento, nos termos do art. 2o da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009. Juros. Taxa Selic A apreciação de arguição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade da legislação que dispõe sobre a utilização da taxa de juros (taxa Selic) é incabível na esfera administrativa, nos termos do Enunciado nº 2 de Súmula do CARF: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Com efeito, a utilização da Taxa Selic como taxa de juros está embasada na Lei 8.212/91, art. 34, para os fatos geradores ocorridos até 11/2008 e art. 35, na redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, c/c Lei 9.430/96, art. 61, para os fatos geradores ocorridos após 12/2008, não podendo, a autoridade administrativa, deixar de observar a lei, sob pena de incorrer em ilegalidade. O Código Tributário Nacional embora, em seu art. 161, § 1º, refira à taxa de 1% ao mês, o faz em caráter supletivo, deixando à lei, expressamente, a possibilidade de dispor de modo diverso. Fl. 217DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 213 11 Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (g.n.) Convém mencionar que o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) uniformizou a jurisprudência administrativa sobre a matéria por meio do enunciado da Súmula nº 4, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. São rejeitadas as alegações sobre essa matéria, de modo que se mantém a taxa de juros aplicada com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic. Conclusão Com base no exposto, voto por indeferir o pedido de perícia e negar provimento ao recurso voluntário. Luciana de Souza Espíndola Reis. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 12 Voto Vencedor Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Redator Designado Multa de mora Insurgese a recorrente a multa moratória. A questão a ser enfrentada é a retroatividade benéfica para redução ou mesmo exclusão das multas aplicadas nos casos em que os fatos geradores ocorreram antes da vigência da MP 449 convertida na Lei 11.941/2009. É que a medida provisória revogou o artigo 35 da Lei 8.212/91 que trazia as regras de aplicação das multas de mora, inclusive no caso de lançamento fiscal, e em substituição adotou a regra que já existia para os demais tributos federais, que é a multa de ofício de, no mínimo, 75% do valor devido. Sendo que para a multa de mora existe o limite de 20%. Para tanto, devese examinar cada um dos dispositivos legais que tenham relação com a matéria. Prefiro começar com a regra vigente à época dos fatos geradores: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; De fato, a multa inserida como acréscimo legal nos lançamentos tinha natureza moratória era punido o atraso no pagamento das contribuições previdenciárias, independentemente de a cobrança ser decorrente do procedimento de ofício. Mesmo que o Fl. 219DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 214 13 contribuinte não tivesse realizado qualquer pagamento espontâneo, sendo portanto necessária a constituição do crédito tributário por meio de lançamento, ainda assim a multa era de mora. A redação do dispositivo legal, em especial os trechos por mim destacados, é muito claro nesse sentido. Não se punia a falta de espontaneidade, mas tão somente o atraso no pagamento – a mora. Contemporâneo a essa regra especial aplicável apenas às contribuições previdenciárias já vigia desde 27/12/1996 o artigo 44 da Lei nº 9.430/96, aplicável a todos os demais tributos federais: Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. É certo que esse possível conflito de normas é apenas aparente, pois como se sabe a norma especial prevalece sobre a geral; é um dos critérios para a solução dos conflitos aparentes. Para os fatos geradores de contribuições previdenciárias ocorridos até a MP 449 aplicavase sem vacilo o artigo 35 da Lei 8.212/91. Portanto, a sistemática do artigos 44 e 61 da Lei nº 9.430/96 para a qual multas de ofício e de mora são excludentes entre si não se aplica às contribuições previdenciárias. Quando a destempo mas espontâneo o pagamento aplicase a multa de mora e, caso contrário, seja necessário um procedimento de ofício para apuração do valor devido e cobrança através de lançamento então a multa é de ofício. Enquanto na primeira se pune o atraso no pagamento, na segunda multa, a falta de espontaneidade. E não fica só nisso, dependendo de alguns agravantes esta última que se inicia em 75% pode chegar a 225%; enquanto a multa de mora é limitada a 20% do valor principal. De fato, a fixação da multa de ofício independe do tempo de atraso no pagamento do tributo. Para fatos geradores ocorridos a 5 anos ou no anobase anterior, por exemplo, não significa que no lançamento relativo ao mais antigo a multa de ofício seja maior. Levarseão em consideração outros fatores, como: fraude, omissão de informações ou se apenas faltou a espontaneidade para o pagamento. Fatores esses que não influenciam a fixação da multa de mora no âmbito das contribuições previdenciárias. Na Previdência Social, essas condutas do sujeito passivo são consideradas infrações por descumprimento de obrigações acessórias e, portanto, ensejam lavratura de auto de infração, cuja multa não tem nenhuma relação com a multa de mora que, pelo artigo 35 da Lei nº 8.212/91, é fixada em percentuais progressivos, considerando o tempo em atraso para o pagamento e a fase do contencioso Fl. 220DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 14 administrativo fiscal em que realizado: prazo de defesa, após o prazo para a defesa e antes do recurso, após recurso e antes de 15 dias da ciência da decisão e após esse prazo. Quando realizado o lançamento a multa de mora é maior em razão da gradação e não porque foi aplicada com um procedimento de ofício. E esse acréscimo de valor da multa de mora também ocorre igualmente em outras fases do processo sem que, em qualquer momento, a Lei nº 8.212/91 alterasse a natureza jurídica da multa de mora. E, ainda, a diferença de percentual para a multa de mora quando a contribuição é paga espontaneamente ou não é de apenas 4%. Ressaltando que, mesmo tendo iniciado o procedimento fiscal, o sujeito passivo tem direito a recolher ou mesmo parcelar suas contribuições em atraso, como se espontaneamente. Portanto, repetese: no caso das contribuições previdenciárias somente o atraso era punido e nenhuma dessas regras se aplicava; portanto, não vejo como se aplicar a multa de ofício aos lançamentos de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449. Alguns sustentam a aplicação quando embora tenham os fatos geradores ocorrido antes, o lançamento foi realizado na vigência da MP 449. E aí consulto as Normas Gerais de Direito Tributário. Preceitua o CTN que o lançamento reportase à data de ocorrência do fato gerador e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. ... É a afirmação legislativa da natureza declaratória do lançamento, já predominante na doutrina desde a edição das obras de Direito Tributário do saudoso mestre Amílcar de Araújo Falcão6: “De logo convém recordar que não é manso e tranqüilo o entendimento que exprimimos quanto à função do fato gerador como pressuposto e ponto de partida da obrigação tributária. Alguns autores dissentem dessa conclusão, afirmando que tal função criadora deve ser atribuída ao lançamento. Contestam estes que o lançamento tenha, como à maioria da doutrina e a nós parece ter, natureza declaratória.” Como regra comporta algumas exceções, dentre as quais a aplicação retroativa da lei posterior que houver instituído penalidade menos severa ou houver deixado de definir um fato como infração: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: ... II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; 6 FALCÃO, Amilcar de Araújo. Fato Gerador da Obrigação Tributária. 4. ed. Anotada e atualizada por Geraldo Ataliba. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1977. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 215 15 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Acontece que as hipóteses excepcionais nas alíneas “a” e “b” não têm relação com a multa de mora. Isso porque a mesma Lei nº 8.212/91 fazia à época uma nítida diferenciação entre infração, todas relacionadas ao descumprimento de obrigações acessórias, inclusive pela falta de declaração de fatos geradores em GFIP, e obrigação principal pelo não pagamento das contribuições previdenciárias. Deixar de pagar a contribuição devida não era infração, mas inadimplemento de uma obrigação que tinha como conseqüência o lançamento através de Notificação Fiscal de Lançamento do Débito – NFLD para a cobrança do valor principal e os acréscimos legais na forma de multa e juros de mora: Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento.Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. § 1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. ... Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99: Art.283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de 1991, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos)a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: I a partir de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos)nas seguintes infrações: a)deixar a empresa de preparar folha de pagamento das remunerações pagas, devidas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com este Regulamento e com os demais padrões e normas estabelecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social; b)deixar a empresa de se matricular no Instituto Nacional do Seguro Social, dentro de trinta dias contados da data do início Fl. 222DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 16 de suas atividades, quando não sujeita a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; c)deixar a empresa de descontar da remuneração paga aos segurados a seu serviço importância proveniente de dívida ou responsabilidade por eles contraída junto à seguridade social, relativa a benefícios pagos indevidamente; d)deixar a empresa de matricular no Instituto Nacional do Seguro Social obra de construção civil de sua propriedade ou executada sob sua responsabilidade no prazo de trinta dias do início das respectivas atividades; ... Já quanto à hipótese na alínea “c”, o Superior Tribunal de Justiça STJ pacificou o entendimento que não se trata apenas dos atos infracionais, mas de todas as penalidades em geral, inclusive aquela relativa à mora: RECURSO ESPECIAL Nº 542.766 RS (2003/01010120) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – MULTA MORATÓRIA – REDUÇÃO – APLICAÇÃO DO ART. 61 DA LEI 9.430/96 A FATOS GERADORES ANTERIORES A 1997 –POSSIBILIDADE – RETROATIVIDADE DA LEGISLAÇÃO MAIS BENÉFICA – ART. 106 DO CTN O Código Tributário Nacional, por ter natureza de lei complementar, prevalece sobre lei ordinária, facultando ao contribuinte, com base no art. 106 do referido diploma, a incidência da multa moratória mais benéfica, com a aplicação retroativa do art. 61 da Lei 9.430/96 a fatos geradores anteriores a 1997. Recurso não conhecido. ... O art. 106, II, "c", do CTN, que prevê a retroação da lex mitior determina que se aplique, in casu, a Lei nº 9.430/96, que alcança fatos pretéritos por ser mais favorável ao contribuinte, devendo ser reduzida a multa aplicada por cometimento de infração tributária material. Destarte, não comporta mais divergências no âmbito da Primeira Seção desta Corte, em razão do julgado nos Embargos de Divergência no Recurso Especial n.º 184.642/SP, da relatoria do Min. Garcia Vieira, in verbis: "TRIBUTÁRIO – LEI MENOS SEVERA – APLICAÇÃO RETROATIVA – POSSIBILIDADE – REDUÇÃO DA MULTA DE 30% PARA 20%. O Código Tributário Nacional, artigo 106, inciso II, letra 'c' estabelece que a lei aplicase a ato ou fato pretérito quando lhe comina punibilidade menos severa que a prevista por lei vigente ao tempo de sua prática. A lei não distingue entre multa moratória e multa punitiva. Tratandose de execução não definitivamente julgada, pode a Lei n.º 9.399/96 ser aplicada, sendo irrelevante se já houve ou não a apresentação dos embargos do devedor ou se estes já foram ou não julgados." A Administração Fazendária, através da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009, admitiu também a retroatividade benéfica aos processos ainda não Fl. 223DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 216 17 definitivamente julgados, ainda que realizados antes da vigência da MP 449; embora tenha considerado que as multas sejam de ofício mesmo para os fatos geradores ocorridos na vigência da redação original do artigo 35 da Lei nº 8.212/91. E, a partir da adoção do conceito de multa de ofício, a Portaria, para a aplicação da retroatividade benéfica, fixou uma regra de execução com a qual não concordamos. A Portaria diz que as multas lançadas nas NFLD devem ser somadas à multa por omissão de fatos geradores em GFIP para fins de comparação, com vista à aplicação da alínea "c" do inciso II do artigo 106 CTN. Entendo que não se podem comparar institutos com naturezas jurídicas distintas como se fossem a mesma coisa e, pior ainda, a partir disso se realizarem operações algébricas com as expressões monetárias de cada um deles. Como somarem multa de mora e multa de ofício se entre elas só há em comum o nome “multa”, mais nada? Não pode. Essa parte da Portaria, com o devido respeito, não merece acolhida nesse Conselho Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009: Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN). ... § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 18 § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. A multa lançada nos documentos de constituição de crédito da obrigação principal anteriores à vigência da MP 449 é de mora. Contudo, de fato, o conceito foi alterado pela lei posterior para multa de ofício. Acontece que não se pode fazer retroagilo aos lançamentos de fatos geradores que lhe são anteriores. Para fins de aplicação da retroatividade benéfica devemos comparar as regras anteriores e posteriores. Assim, temos atualmente vigentes duas regras, a primeira para a multa de mora e a segunda para a de ofício: a) quando a contribuição inadimplida é declarada, aplicase o artigo 61 da Lei nº 9.430/96; b) caso contrário, o artigo 44 da mesma lei. Lei nº 9.430/96 Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: Fl. 225DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10865.001755/200790 Acórdão n.º 2402004.248 S2C4T2 Fl. 217 19 I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; Por tudo aqui exposto, a regra relativa à multa de ofício nunca será aplicada aos fatos geradores anteriores à MP 449; agora para aplicação do artigo 61 da Lei nº 9.430/96 é necessário que tenha havido declaração. A regra atual de incidência da multa de mora, para a retroatividade benéfica, deve ser comparada com a regra do artigo 35 da Lei nº 8.212/91 vigente à época dos fatos geradores mas como um todo e não de forma fracionada. A aplicação da multa de mora atualmente vigente ao invés da multa de ofício exige como requisito a declaração dos fatos geradores. Se a declaração na época somente tinha importância para a redução da multa de mora, nos termos do §4° do mesmo artigo, para a regra atual deixa de ser aplicada multa de ofício e se aplica multa de mora. Lei nº 8.212/91 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. ... II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: ... Em síntese, por força do artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN, os processos de lançamento fiscal de fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449, ainda em tramitação, devem ser revistos para que as multas sejam adequadas às regras e limitação previstas no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, quando declarados os fatos geradores ou, caso contrário, aplicado o artigo 35 da Lei nº 8.212, de 24/07/91 nos percentuais vigentes à época dos fatos geradores. Por último, considerando que a execução judicial do crédito é ato processual posterior à MP 449, também não seria aplicável a regra do artigo 35, inciso III, “c” e “d” da Lei nº 8.212/91, mas a atual regra no artigo 44, inciso I da Lei n° 9.430, de 27/12/1996: III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: ... c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; Fl. 226DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 20 d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. Por tudo, voto pelo provimento parcial para ao recurso voluntário para que seja afastada a incidência da contribuição social previdenciária sobre a verba paga a título de adicional de 1/3 constitucional de férias, auxíliodoença nos primeiros quinze dias de afastamento e, em relação aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP 449/2008, seja aplicada a multa de mora nos termos da redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/1991, limitandose ao percentual máximo de 75% previsto no art. 44 da Lei nº 9.430/1996. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por LUCIANA DE SOUZA ESPINDOLA REIS, Assinado digitalmente em 12/11/2014 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 10480.720836/2013-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009
JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE.
Os juros moratórios são devidos à taxa SELIC e sobre o crédito tributário. Este decorre da obrigação principal que, por sua vez, inclui também a penalidade pecuniária.
RO Negado e RV Provido em Parte
No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, inexiste dúvida quanto à intenção das leis estadual e federal promotoras dos incentivos sob análise no sentido da implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o dinheiro não precisa ser carimbado. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal.
ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL.
Incabível a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do ano-calendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo ano-calendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo.
DESTINAÇÃO DIVERSA DA SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. CAPITALIZAÇÃO SEGUIDA DE REDUÇÃO DE CAPITAL. EXCESSO DE DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS. PRESUNÇÃO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE.
Para que se materialize a hipótese de destinação diversa contida no § 1º, I, do artigo 18 da Lei nº 11.941/09, a fiscalização deve comprovar de forma inequívoca a capitalização com recursos oriundos da conta de reserva onde foram contabilizados os valores correspondentes às subvenções para investimentos. Depois, haveria também que comprovar a respectiva redução do capital social. É deficiente a acusação que apenas presume que o excesso de dividendos distribuído foi pago mediante redução do capital social.
RETENÇÃO NA FONTE. ALEGAÇÃO EQUIVOCADA.
É equivocada a alegação de IRRF retido baseada em extratos do Sistema Dirf - Fontes Pagadoras que contém valores informados a título de Imposto Retido, os quais se referem à totalidade dos tributos federais retidos na fonte tendo a empresa como beneficiário, incluindo, portanto, o IRRF, a CSLL, o PIS e a COFINS.
Numero da decisão: 1102-001.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Com relação ao voluntário, por maioria de votos, afastar a preliminar de nulidade do lançamento por alegado cerceamento do direito de defesa, vencido o conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares, que acolhia esta preliminar, e, no mérito, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso para cancelar as infrações de glosa da exclusão de subvenções, bem como as multas isoladas por falta de recolhimento das estimativas. Acompanharam o relator pelas conclusões: (i) o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, com relação à infração glosa da exclusão de subvenções; (ii) os conselheiros João Otávio Oppermann Thomé e José Evande Carvalho Araujo, com relação à multa isolada por falta de recolhimento das estimativas.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Antonio Carlos Guidoni Filho, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio e João Carlos de Figueiredo Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008, 2009 JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE. Os juros moratórios são devidos à taxa SELIC e sobre o crédito tributário. Este decorre da obrigação principal que, por sua vez, inclui também a penalidade pecuniária. RO Negado e RV Provido em Parte No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, inexiste dúvida quanto à intenção das leis estadual e federal promotoras dos incentivos sob análise no sentido da implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o dinheiro não precisa ser carimbado. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL. Incabível a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do ano-calendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo ano-calendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo. DESTINAÇÃO DIVERSA DA SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. CAPITALIZAÇÃO SEGUIDA DE REDUÇÃO DE CAPITAL. EXCESSO DE DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS. PRESUNÇÃO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. Para que se materialize a hipótese de destinação diversa contida no § 1º, I, do artigo 18 da Lei nº 11.941/09, a fiscalização deve comprovar de forma inequívoca a capitalização com recursos oriundos da conta de reserva onde foram contabilizados os valores correspondentes às subvenções para investimentos. Depois, haveria também que comprovar a respectiva redução do capital social. É deficiente a acusação que apenas presume que o excesso de dividendos distribuído foi pago mediante redução do capital social. RETENÇÃO NA FONTE. ALEGAÇÃO EQUIVOCADA. É equivocada a alegação de IRRF retido baseada em extratos do Sistema Dirf - Fontes Pagadoras que contém valores informados a título de Imposto Retido, os quais se referem à totalidade dos tributos federais retidos na fonte tendo a empresa como beneficiário, incluindo, portanto, o IRRF, a CSLL, o PIS e a COFINS.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10480.720836/2013-55
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5394498
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 03 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1102-001.226
nome_arquivo_s : Decisao_10480720836201355.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : RICARDO MAROZZI GREGORIO
nome_arquivo_pdf_s : 10480720836201355_5394498.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Com relação ao voluntário, por maioria de votos, afastar a preliminar de nulidade do lançamento por alegado cerceamento do direito de defesa, vencido o conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares, que acolhia esta preliminar, e, no mérito, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso para cancelar as infrações de glosa da exclusão de subvenções, bem como as multas isoladas por falta de recolhimento das estimativas. Acompanharam o relator pelas conclusões: (i) o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, com relação à infração glosa da exclusão de subvenções; (ii) os conselheiros João Otávio Oppermann Thomé e José Evande Carvalho Araujo, com relação à multa isolada por falta de recolhimento das estimativas. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé - Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Antonio Carlos Guidoni Filho, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio e João Carlos de Figueiredo Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
id : 5690068
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249815076864
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 40; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2726; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T2 Fl. 1.490 1 1.489 S1C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.720836/201355 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1102001.226 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de outubro de 2014 Matéria IRPJ. Glosa de exclusão de subvenções. Excesso de dividendos distribuído. Glosa de deduções do IRRF. Multa isolada sobre estimativas. Recorrentes ACUMULADORES MOURA S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADIÇÃO NA FUNDAMENTAÇÃO DE DUAS INFRAÇÕES. A contradição na fundamentação de duas infrações distintas não caracteriza prejuízo ao exercício da defesa se cada infração contém sua fundamentação claramente exposta no relatório fiscal e a empresa autuada, tanto na impugnação, quanto no recurso, demonstrou pleno conhecimento das razões que motivaram a imputação de cada uma daquelas infrações. Não há razão para a invalidação da totalidade do lançamento se os fatos constatados, no mérito, puderem conduzir a convicção do julgador à pertinência de uma das infrações imputadas. Nesse contexto, diante da contradição, imporseá o afastamento da infração que logicamente não poderá ser concretizada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. REQUISITOS. As subvenções para investimento, para os fins de enquadramento na hipótese de não incidência veiculada no § 2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/77, são caracterizadas por três aspectos bastante claros: (i) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e (iii) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Exigese perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta o “animus” de subvencionar, mas, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção. Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 08 36 /2 01 3- 55 Fl. 1500DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.491 2 implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado. Não se exige, todavia, que o objetivo final seja alcançado, qual seja, que os empreendimentos econômicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estímulo seja garantida. Em outras palavras, só se verificará a efetividade do estímulo se o dinheiro for aplicado na consecução do objetivo final. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, inexiste dúvida quanto à intenção das leis estadual e federal promotoras dos incentivos sob análise no sentido da implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o “dinheiro não precisa ser carimbado”. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL. Incabível a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do anocalendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo anocalendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo. DESTINAÇÃO DIVERSA DA SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTOS. CAPITALIZAÇÃO SEGUIDA DE REDUÇÃO DE CAPITAL. EXCESSO DE DIVIDENDOS DISTRIBUÍDOS. PRESUNÇÃO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. Para que se materialize a hipótese de destinação diversa contida no § 1º, I, do artigo 18 da Lei nº 11.941/09, a fiscalização deve comprovar de forma inequívoca a capitalização com recursos oriundos da conta de reserva onde foram contabilizados os valores correspondentes às subvenções para investimentos. Depois, haveria também que comprovar a respectiva redução Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.492 3 do capital social. É deficiente a acusação que apenas presume que o excesso de dividendos distribuído foi pago mediante redução do capital social. RETENÇÃO NA FONTE. ALEGAÇÃO EQUIVOCADA. É equivocada a alegação de IRRF retido baseada em extratos do “Sistema Dirf Fontes Pagadoras” que contém valores informados a título de “Imposto Retido”, os quais se referem à totalidade dos tributos federais retidos na fonte tendo a empresa como beneficiário, incluindo, portanto, o IRRF, a CSLL, o PIS e a COFINS. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE. Os juros moratórios são devidos à taxa SELIC e sobre o “crédito tributário. Este decorre da obrigação principal que, por sua vez, inclui também a penalidade pecuniária. RO Negado e RV Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Com relação ao voluntário, por maioria de votos, afastar a preliminar de nulidade do lançamento por alegado cerceamento do direito de defesa, vencido o conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares, que acolhia esta preliminar, e, no mérito, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso para cancelar as infrações de glosa da exclusão de subvenções, bem como as multas isoladas por falta de recolhimento das estimativas. Acompanharam o relator pelas conclusões: (i) o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, com relação à infração “glosa da exclusão de subvenções”; (ii) os conselheiros João Otávio Oppermann Thomé e José Evande Carvalho Araujo, com relação à multa isolada por falta de recolhimento das estimativas. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Antonio Carlos Guidoni Filho, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio e João Carlos de Figueiredo Neto. Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.493 4 Relatório Inicialmente, esclareço que todas as indicações de folhas inseridas neste relatório e no subsequente voto dizem respeito à numeração digital do sistema eProcesso. Tratase de recurso voluntário interposto por ACUMULADORES MOURA S/A contra o Acórdão nº 1141.622, proferido pela 3ª Turma da DRJ/Recife, em 28 de junho de 2013, que concluiu pela procedência parcial dos lançamentos efetuados. No mesmo acórdão, recorreuse de ofício em face da exoneração de crédito tributário que superou o limite previsto na Portaria MF nº 03/2008. Os créditos tributários lançados, no âmbito da Superintendência Regional da Receita Federal na 4ª Região Fiscal, referentes ao IRPJ e a CSLL, devidos nos períodos de apuração correspondentes aos anoscalendário de 2008 e 2009 totalizaram o valor de R$ 85.578.056,30. Os lançamentos concernentes ao PIS e à COFINS, inicialmente também aqui consubstanciados, foram posteriormente apartados e constituem outro processo. Os fundamentos da autuação e da impugnação, bem como as razões de decidir da decisão recorrida, resumidos de acordo com as infrações identificadas no voto do seu relator, foram as seguintes: Lançamentos do PIS e da Cofins 6. Os lançamentos relativos ao PIS e à Cofins não serão aqui objeto de apreciação, vez que, conforme relatei, os correspondentes autos de infração foram apartados e constituem outro processo (Termo de fls. 1.091/1.093). Da Dedução a Maior, no Ajuste Anual, de Estimativas e de Retenções na Fonte de CSLL (infrações 01 e 02 do auto de infração de fls. 81/91) 7. Conforme relatado, a contribuinte reconheceu a procedência do lançamento quanto a esta infração. Temse, assim, por definitivamente constituído o respectivo crédito tributário na esfera administrativa, no montante principal de R$ 1.419.197,84. (...) Da Nulidade 8. Requereu a impugnante a nulidade dos autos de infração, alegando contradições, ambiguidades, ausência de demonstração de matéria tributável e ausência de fundamentação legal dos lançamentos. Diz que, assim, teria sido afrontado o art. 142 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), acarretandolhe cerceamento do direito de defesa. (...) Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.494 5 12. O que se observa é que a impugnante quer trazer, para o campo das preliminares, questões que na verdade têm natureza de mérito, razão pela qual serão enfrentadas no espaço adequado neste voto. 13. Tomese, como exemplo, a suposta contradição apontada no tocante ao excesso de dividendos. Diz a defesa que se a autoridade fiscal considerou, para uma infração, que os incentivos recebidos pela empresa não constituíam subvenção para investimento, então deveria ter mantido o entendimento quando do lançamento relativo ao limite para distribuição de dividendos, hipótese em que inexistiria o excesso que motivou a exigência. Na mesma linha, aduz que o fundamento legal indicado pela fiscalização diz respeito à tributação das subvenções para investimento, quando ela própria, autoridade fiscal, considerou que os incentivos constituíam subvenções para custeio, e não para investimento. 14. Como se constata na própria argumentação da defesa, o enquadramento legal e a matéria tributável estão consignados nos autos de infração, tendo a impugnante demonstrado a cabal compreensão dos fatos que lhe são imputados. Não há falar, portanto, em nulidade por vício formal. A questão levantada pelo sujeito passivo, qual seja a suposta incongruência entre premissas adotadas pela fiscalização para infrações distintas, não orbita na seara das nulidades, e sim na de mérito. Vale dizer que, se justificadas as alegações da defesa, o que será examinado adiante, poderseá estar frente a hipótese de improcedência de uma ou outra infração, e não de nulidade do lançamento. 15. Sem embargo, cabe aqui salientar que, no tocante especificamente ao enquadramento legal, a jurisprudência administrativa firmouse no sentido de que eventuais deficiências ou erros na invocação da norma infringida não ensejam a nulidade quando essa deficiência estiver suprida por outros elementos que permitam ao contribuinte conhecer os fundamentos da autuação e, desse modo, exercer seu direito de defesa. (...) 16. Por tais razões, é de rejeitar a preliminar de nulidade. Da Exclusão Indevida de Receitas de Incentivos Fiscais do ICMS e do IPI (infrações 01 e 03 do auto de infração IRPJ e 01 e 02 do auto de infração da CSLL de fls. 68/80) 17. A contribuinte excluiu, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, as receitas contabilizadas a título de subvenção de incentivos fiscais do ICMS – PRODEPE e do crédito presumido do IPI – Regime Automotivo. A fiscalização considerou indevidas as exclusões, dado que, à luz do Parecer Normativo CST nº 112/78, os incentivos recebidos pela empresa não se caracterizam como subvenção para investimento, condição inafastável para que não se submetam à tributação do IRPJ e da CSLL. 18. A impugnante alega que a legislação de regência não define o conceito de investimento, aduzindo que seria descabida, ilegal e inconstitucional a interpretação conferida pelo Parecer Normativo CST nº 112/78. Socorrese de acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF e de excertos doutrinários para sustentar que a subvenção para investimento destinase a estimular a implantação ou expansão de empreendimento, e que a legislação não vincula o uso da subvenção a uma contraprestação direta ou específica. Discorre sobre os incentivos recebidos via crédito presumido do ICMS e do IPI, para concluir que as subvenções gozadas pela Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.495 6 empresa caracterizamse como subvenções para investimento, pelo que não seriam tributáveis pelo IRPJ e pela CSLL. 19. Argumenta ainda a defesa que, caso não cancelada a exigência, deveriam ser excluídos da base de cálculo os investimentos efetivamente realizados pela empresa na aquisição de bens e direitos, os quais teriam sido reconhecidos pela fiscalização. (...) 23. Segundo a fiscalização, os benefícios fiscais do ICMS – PRODEPE usufruídos pelo sujeito passivo não se caracterizam como subvenções para investimento, por ausentes dois requisitos previstos no PN nº 112/78, a saber: i) a intenção do subvencionador de destinar os incentivos para investimento e ii) a efetiva e específica aplicação, pelo subvencionado, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. 24. A impugnante, por seu turno, discorre sobre o conceito distintivo das subvenções para custeio e para investimento, defendendo, em resumo, que a legislação não exige que as subvenções sejam aplicadas necessariamente em inversões fixas e específicas. Conclui, assim, que a interpretação fundamentada no Parecer Normativo CST nº 112/78 seria ilegal e inconstitucional, por estabelecer restrições não previstas na legislação. Cita manifestações doutrinárias e decisões judiciais e do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. 25. Argumenta ainda a defesa que o PRODEPE foi concedido com a finalidade de fomentar investimentos industriais em Pernambuco, e que a produção da empresa evoluiu após o recebimento dos recursos, conforme gráficos que elabora. (...) 29. A meu ver, está claro que o incentivo em questão, nas condições estabelecidas pela lei supracitada, não se conforma com o conceito de subvenção para investimento. A permissão da lei para que o subvencionado destine o crédito para investimento em capital de giro não se concilia com os requisitos previstos no PN nº 112/78, (...) 30. Com o mesmo fim, recordese a Solução de Divergência Cosit nº 15, de 2003: (...) 31. Como se vê, para que se caracterize a subvenção para investimento, para fins de tributação do IRPJ e da CSLL, é de rigor que, além de outras condições, o subvencionador imponha ao beneficiado a obrigação de aplicar os recursos exclusivamente em bens do ativo fixo diretamente relacionados com a implantação ou expansão do empreendimento. Assim é que, ao facultarse, no caso concreto, o emprego dos recursos no capital de giro do subvencionado, deixouse de atender pressuposto essencial para que se tenha por caracterizada a subvenção para investimento, em face do que os recursos recebidos submetemse à tributação do IRPJ e da CSLL. 32. Os dispositivos da legislação do PRODEPE citados pela defesa, bem assim seus demonstrativos acerca do incremento na sua produção, não infirmam a conclusão a que se chegou no parágrafo precedente. Isto porque o só fato de a lei permitir a aplicação dos recursos em capital de giro já é bastante para desfigurar o conceito de subvenção para investimento, em conformidade com o entendimento expresso no Parecer Normativo CST nº 112/78. Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.496 7 33. Situação semelhante ocorre com o incentivo fiscal do crédito presumido do IPI – Regime Automotivo estabelecido pela Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997. 34. Conforme constatado pela fiscalização, efetivamente não há, no aludido diploma legal, nenhuma norma que estabeleça a obrigação, por parte do beneficiário, de destinar a subvenção exclusivamente em bens do ativo fixo relacionados com a implantação ou expansão do empreendimento. Tanto é assim que o próprio sujeito passivo informou, em resposta a termo de intimação, haver aplicado parte dos recursos em capital de giro e em aplicações financeiras. Ausente, portanto, a exemplo do incentivo do PRODEPE, requisito inarredável para a caracterização da subvenção para investimento. 35. A argumentação da defesa, no sentido de que o benefício foi instituído com a finalidade de promover o desenvolvimento industrial da região, não invalida a assertiva de que o favor, no caso concreto, não se amolda ao conceito de subvenção para investimento tal como perfilhado pelo Parecer Normativo CST nº 112/78, em razão de, como já visto, faltarlhe elemento essencial. 36. Postula a impugnante que, na hipótese de ser mantida a exigência, sejam excluídos da base de cálculo dos tributos os investimentos efetivamente realizados na aquisição de bens e direitos. 37. A pretensão não se sustenta. Como já aqui se assentou, os incentivos recebidos pela contribuinte não se caracterizam como subvenção para investimentos, independentemente do destino que veio a lhes dar a empresa. Vale dizer que tais incentivos, desde seu nascedouro, não se conformam com o conceito de subvenção para investimento, por faltarlhes atributos imprescindíveis para que assim fossem tratados. Assim, o fato de a empresa haver destinado parte dos recursos à aquisição de bens e direitos não lhes confere a pretendida classificação como subvenção para investimento. 38. Exigência que deve ser mantida. Do Excesso de Distribuição de Dividendos – (infração 02 do auto de infração IRPJ e 03 do auto de infração da CSLL de fls. 68/80). 39. A fiscalização considera ter havido excesso na distribuição dos dividendos, conforme cálculos a seguir (dados extraídos da escrituração contábil): AnoCalendário 2008 Lucro Líquido do Exercício: R$ 83.102.110,22 () Reserva Legal: R$ 4.153.092,27 () Reserva de Incentivos Fiscais: R$ 55.208.860,66 Disponibilidade para dividendos: R$ 23.740.157,29 () Dividendos intermediários distribuídos: R$ 30.000.000,00 Excesso: R$ 6.259.842,71 AnoCalendário 2009 Lucro Líquido do Exercício: R$ 74.977.354,07 Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.497 8 () Reserva Legal: R$ 3.748.768,09 () Reserva de Incentivos Fiscais: R$ 63.306.995,99 Disponibilidade para dividendos: R$ 7.921.589,99 () Dividendos Distribuídos em AGO: R$ 7.921.390,99 () Dividendos Intermediários distribuídos: R$ 30.000.000,00 Excesso: R$ 29.999.801,00 40. A impugnação alega: I) ausência de fundamento legal para a autuação; II) erro no cálculo do excesso relativamente ao anocalendário 2009; III) que a distribuição intermediária de dividendos não é definitiva e que, no caso, o excesso de dividendos foi reconhecido como obrigação por seus acionistas; IV) que a fiscalização não provou ter sido a distribuição proveniente de redução de capital e V) que, a prevalecer o entendimento de que os incentivos fiscais recebidos não constituíam subvenção para investimentos, então, por decorrência, tais valores não seriam contabilizados como reserva de incentivos fiscais. Desta forma, a disponibilidade para distribuição de dividendos seria ampliada, extinguindose o suposto excesso motivador do lançamento. 41. Julgo que a impugnante tem razão. Primeiro porque, não sendo os incentivos caracterizados como subvenções para investimentos (conforme já assente neste voto), então não estariam contabilizados como reserva. De sorte que excluindose, nos cálculos acima, os valores correspondentes às subvenções que não foram caracterizadas como para investimentos, temse ampliada a disponibilidade para o pagamento de dividendos, resultando na inocorrência de excesso na sua distribuição. 42. Em segundo lugar, ainda que o cálculo aritmético tivesse resultado em excesso na distribuição, não se sustentaria a afirmação dos autuantes de que o excesso seria “proveniente do próprio capital social formado a partir da capitalização das reservas de incentivos de períodos anteriores, não levados à tributação do IRPJ e da CSLL”, o que configuraria a hipótese prevista no art. 18, IV, da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, (...) 43. Conforme se verifica no Termo de Encerramento de Ação Fiscal, toda a reserva de incentivos fiscais escriturada no Patrimônio Líquido em 2008 e em 2009 foi constituída nos próprios anoscalendário de 2008 e 2009, anos da autuação, e os correspondentes valores, que haviam sido indevidamente excluídos na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, estão sendo tributados no presente lançamento. 44. Por conseguinte, se excesso de distribuição de dividendos houvesse ocorrido, não seria proveniente de reservas de incentivos fiscais não tributadas em anos anteriores e, assim, não se há de cogitar na destinação diversa de que trata o art. 18 da Lei nº 11.941, de 2009. 45. Por derradeiro, tenho por inaplicável também o outro dispositivo legal mencionado pela fiscalização, qual seja, o art. 48, § 3º, da Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997: (...) 46. Como se observa, o dispositivo dispõe sobre o excesso de distribuição de dividendos, que foi propriamente a infração inscrita nos autos de infração. Avalio, entretanto, que o excesso de distribuição de dividendos não constitui, pelas razões Fl. 1507DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.498 9 que deduzo a seguir, fato gerador do IRPJ e da CSLL a serem suportados pela fonte pagadora. 47. Como se sabe, o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da renda ou de proventos, nos termos do art. 43 do CTN. No caso da distribuição de dividendos, não ocorre a aquisição de renda ou de proventos por parte da sociedade distribuidora, vez que a operação não lhe traz ingresso de recursos ou redução de despesas, tampouco lhe acarreta acréscimo patrimonial. 48. Recordese que os dividendos representam destinação dos lucros da empresa e, portanto, não influenciam o resultado do exercício. Se, ao pagar dividendos, a sociedade os contabilizasse como despesas, aí sim poderseia cogitar da tributação do valor excedente, tal como proposto pela fiscalização. É o caso, por exemplo, do pagamento de juros sobre o capital próprio, que é contabilizado como despesa, com dedutibilidade limitada para fins fiscais. Havendo excesso no pagamento, a tributação se dá por via da adição ao lucro líquido na apuração do lucro real, conforme instrui o Majur: (...) 49. Assim, não se há de falar em tributação do IRPJ ou da CSLL por parte de quem pagou os dividendos. A tributação, em ocorrendo, recairá sobre os beneficiários, ou seja, sobre as pessoas físicas ou jurídicas que os receberam. À pessoa jurídica que os distribuiu compete, na qualidade de responsável, apenas efetuar a retenção do tributo, na forma da legislação de regência. (...) 55. Como demonstrado, o excesso na distribuição de dividendos sujeitase à incidência do imposto devido pelos beneficiários, bem assim à incidência do imposto retido na fonte pela pessoa jurídica que os distribui, não constituindo base tributável do IRPJ e da CSLL exigíveis da fonte pagadora dos rendimentos. (...) Da Dedução Indevida, no Ajuste Anual, do Imposto de Renda Retido na Fonte – (infração 04 do auto de infração IRPJ). 58. A contribuinte, na declaração de ajuste anual, deduziu imposto de renda retido na fonte que já havia sido utilizado na apuração das estimativas mensais, o que motivou a glosa em questão. 59. Argui a defesa que, se reconhecida a nulidade do lançamento ou a improcedência das infrações anteriores, o crédito tributário resultante desta infração seria recalculado. 60. O Manual de Instruções de Preenchimento da DIPJ, aprovado por ato normativo da Receita Federal, dispõe que: (...) 61. Como se constata, as retenções na fonte podem ser deduzidas mensalmente na apuração das estimativas, sendo tais valores considerados, no ajuste anual, como estimativas efetivamente pagas. Por esta razão, as retenções utilizadas ao longo do ano não podem ser novamente indicadas na linha 12 A/14, vez que já estão computadas na linha 12 A/18. 62. Vêse que é claramente equivocada a arguição de que o ilícito teria dependência com as irregularidades anteriores. A infração em análise caracterizouse pela Fl. 1508DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.499 10 dedução indevida das retenções no ajuste anual, dado que essas retenções já haviam sido utilizadas na apuração das estimativas. A infração, portanto é autônoma, independente. Nada tem a ver com as infrações anteriormente examinadas, sendo bastante em si própria. Quanto à nulidade do lançamento, a pretensão já foi afastada. 63. De manterse, assim, a exigência. Da Multa Isolada – Falta de Recolhimento das Estimativas do IRPJ e da CSLL (infração 05 do auto de infração IRPJ e 03 do auto de infração CSLL de fls. 81/91). 64. Em face da infração relativa à exclusão indevida das receitas de incentivos fiscais, cujo lançamento foi aqui considerado procedente, apurouse multa isolada ante a insuficiência de pagamento de estimativas mensais. 65. Alega a defesa que, consoante entendimento pacificado no CARF, é incabível a aplicação simultânea da multa isolada e da multa proporcional. Acrescenta que a multa somente seria aplicável quando exigida dentro do próprio período de apuração e quando se deixa de efetuar o recolhimento das estimativas, o que não teria ocorrido no caso. 66. A Instrução Normativa SRF n.º 93, de 24 de dezembro 1997, é peremptória no que concerne à cobrança da multa isolada concomitantemente com a multa de ofício sobre o IRPJ a da CSLL calculados ao final do exercício, quando verificada, após o término do anocalendário, a falta de pagamento das estimativas: (...) 67. Inteiramente descabida, por outro lado, a alegação de que a norma não se aplicaria ao caso concreto, pois não teria a empresa deixado de pagar as estimativas. Ora, na medida em que se constataram infrações que elevaram o valor devido das estimativas, é evidente que é esse novo valor que tem que ser confrontado com o valor pago. Sendo este inferior ao devido, como no caso dos autos, temse por concretizada a hipótese de incidência prevista na norma. 68. Com relação aos acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cumpre lembrar que suas decisões somente vinculam a Administração Tributária na hipótese prevista no art. 75 da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 20092, o que não é o caso. 69. De manterse o lançamento. Da CSLL 70. O decidido em relação ao IRPJ estendese à CSLL, eis que a esta se aplicam as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o imposto de renda. Inconformada, a empresa autuada apresentou recurso voluntário no qual, essencialmente, alega que: Em caráter preliminar, Fl. 1509DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.500 11 a) Há que se declarar a nulidade dos lançamentos por contradição na acusação, vício na motivação e ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa. O fiscal não estava seguro quanto à natureza das subvenções, optando por autuar tudo que lhe parecia possível. O fato de a decisão recorrida ter reconhecido a improcedência da autuação no tocante à acusação de distribuição de dividendos em excesso reforça esse entendimento. É que o vício de nulidade macula o lançamento desde o seu nascedouro. No mérito, b) É tarefa do CARF analisar a legalidade de ato normativo da Receita Federal e o Parecer Normativo CST nº 112/78 é manifestamente ilegal. c) A subvenção para investimento é outorgada com a finalidade de estimular a implantação ou expansão do empreendimento subvencionado. A legislação de regência não vincula seu uso a uma contraprestação direta ou específica, mas à finalidade para a qual é concedido o incentivo. É desprovida de fundamento legal qualquer interpretação restritiva. Nesse sentido, cita alguns acórdãos do CARF. d) Quanto ao incentivo fiscal do PRODEPE, a autoridade fiscal entendeu que a correspondente legislação não contém mecanismo de vinculação entre os valores obtidos e a aplicação efetiva e específica desses recursos em bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico. Entretanto, a lei pernambucana estabeleceu hipóteses nas quais a empresa incentivada poderá ter seus benefícios suspensos ou cancelados, incluindo a exigência de realização da totalidade dos investimentos no prazo de até 36 meses. De acordo com a sua regulamentação, a fruição do incentivo deve ser efetivamente fiscalizada pelos órgãos competentes na estrutura administrativa do Estado. É obrigatória a apresentação periódica de diversas informações à agência estadual de controle. Nesse sentido, exemplifica com a cópia de um relatório de monitoramento (fls. 1236 a 1257). Houve inequívoca evolução e crescimento da sua produção após o início do recebimento dos recursos. Para ilustrar tal afirmativa transcreve os gráficos evolutivos da produção e da quantidade de funcionários ao longo dos últimos anos. e) Quanto ao incentivo fiscal do crédito presumido de IPI, a autoridade fiscal também entendeu que o seu diploma legal não vincula a destinação dos recursos nem exige do beneficiário a comprovação da efetiva e específica aplicação nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Contudo, novamente, está equivocada essa interpretação restritiva. A efetiva utilização dos incentivos fiscais naquela finalidade é objeto de prestação de contas por meio de relatórios semestrais (nesse sentido, junta cópias dos relatórios referentes aos semestres de 2008 e 2009 às fls. 1258 a 1278). Os projetos aprovados de implantação ou expansão das atividades da empresa, apresentados com a impugnação (cópia de Fl. 1510DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.501 12 processo administrativo, fls. 1027 a 1073), indicam a concessão do incentivo em razão do incremento da capacidade instalada e respectivos investimentos projetados e aumento de empregos. A aplicação da subvenção deve ocorrer de forma adequada aos ciclos de investimentos planejados para os projetos incentivados. f) Na hipótese de não ser cancelada a exigência devem, pelo menos, ser excluídos das bases de cálculo dos tributos os investimentos efetivamente realizados na aquisição de bens e direitos, conforme indicados pela própria autoridade fiscal no item “54” o Termo de Encerramento da Ação Fiscal. g) Conforme jurisprudência do CARF, a multa isolada sobre estimativas surgidas da recomposição de valores declarados originalmente não pode ser cobrada em concomitância com a multa de ofício. Uma vez encerrado o período de apuração, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter sua eficácia, uma vez que prevalece a exigência apurada com base no balanço patrimonial encerrado ao final do ano calendário. h) No tocante às deduções indevidas do IRRF, a empresa reconhece que ocorreu um lapso no preenchimento da DIPJ. Entretanto, os documentos anexados (fls. 1279 a 1472) confirmam que o lançamento a menor realizado na linha 18 da ficha 12A terminou por neutralizar o efeito do lançamento na linha 14 da mesma ficha. i) Quanto ao recurso de ofício, reitera os argumentos de defesa, apresentados na impugnação, acerca distribuição de dividendos considerada em excesso. j) Não existe base legal para a exigência de juros sobre os valores lançados a título de multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Além disso, o valor do crédito tributário exonerado pela decisão de primeira instância supera aquele previsto no artigo 2º da Portaria Fl. 1511DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.502 13 MF nº 375/2001, com o valor alterado pela Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008 (tributos e encargos de multa superior a R$ 1.000.000,00), motivo pelo qual o recurso de ofício interposto também deve ser conhecido. A recorrente alega, em caráter preliminar, que deve ser declarada a nulidade dos lançamentos por conta da existência de contradição na acusação, vício na motivação e ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa. Isso porque as autoridades fiscais consideraram, relativamente a uma infração, que os incentivos recebidos pela empresa não constituíam subvenção para investimento enquanto que, no tocante à outra, partiram dessa premissa para concluir que houve excesso na distribuição de dividendos. O fato de a decisão recorrida ter reconhecido a improcedência dessa última infração reforçaria esse entendimento. Com efeito, há essa contradição na fundamentação das duas acusações. A DRJ, igualmente, não nega isso. No entanto, não se pode concordar com a alegação de que houve prejuízo ao exercício da defesa. Primeiro, porque cada infração contém sua fundamentação claramente exposta no Termo de Encerramento da Ação Fiscal. Depois, porque a empresa autuada, tanto na impugnação, quanto no recurso, demonstrou pleno conhecimento das razões que motivaram a imputação de cada uma daquelas infrações. A recorrente transcreve trechos da obra de Marcos Vinícius Neder e Maria Teresa Martínez López sobre o tema do processo administrativo fiscal para sustentar sua alegação de nulidade equiparandoa à proposta de invalidação do ato administrativo caracterizado por falta ou vício de motivação. Nesse sentido, vale à pena reproduzir o seguinte trecho (Processo Administrativo Fiscal Comentado, 3ª ed., São Paulo: Dialética, 2010, p. 562): A motivação do ato deve observar os princípios da congruência e da presunção reacional do julgador. Ou seja, a decisão deve harmonizarse com a fundamentação, de sorte a estabelecerse, entre elas, um liame de lógica formal do tipo premissa/conseqüência e, ainda, não deve refletir apenas a convicção do julgador, mas a premissa necessária à conclusão a que se chega, apta ao convencimento de terceiros. Assim, além de a autoridade administrativa apresentar as razões de fato e de direito que a levaram a determinada conclusão também deve demonstrar o nexo causal existente entre eles. Destarte, a omissão das razões de convencimento, o descompasso lógico entre as conclusões e as premissas (carência de motivação intrínseca), caracterizam falta ou vício de motivação, ambos passíveis de invalidação. Pelo que se depreende, a falta ou, mais propriamente, o vício de motivação tratado pelos referidos autores tem a ver com a incongruência e o descompasso lógico observado entre as conclusões e as premissas da fundamentação. Mas não é isso que se constata no presente caso. Cada infração, tomada isoladamente, possui suas premissas e consequências perfeitamente delineadas e logicamente estabelecidas. Não há razão para a invalidação da totalidade do lançamento se os fatos constatados, no mérito, puderem conduzir a convicção do julgador à pertinência de uma das infrações imputadas. Nesse contexto, diante da contradição, imporseá o afastamento da infração que logicamente não poderá ser concretizada. Fl. 1512DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.503 14 Não se pode presumir, como propôs a recorrente, que as autoridades fiscais não estavam seguras quanto à natureza das subvenções e, por isso, optaram por autuar tudo que lhe parecia possível. A menos que fosse comprovada a máfé da conduta, há que se considerar o trabalho fiscal como realizado dentro dos regulares parâmetros técnicos no qual deve se balizar. Mesmo assim, há sempre a possibilidade de erros e equívocos na fundamentação argumentativa. Daí a razão de ser da atividade revisional. E isso, como bem alertou a decisão recorrida, é matéria de mérito. Tanto é assim que a instância a quo, no mérito, julgou improcedente a infração do excesso na distribuição de dividendos. E sua primeira razão de decidir foi justamente o fato de não ter caracterizado as subvenções com a natureza de subvenções para investimento. Por tais motivos, afasto a preliminar de nulidade suscitada. Quanto à glosa da exclusão das subvenções, impõemse conhecer as circunstâncias legais que motivaram o feito fiscal. A possibilidade de não se tributar as subvenções para investimento está prevista no § 2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/77: Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: (...) § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (grifei) a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do artigo 19; ou (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) (grifei) Caso não possa atender a essas condições, o enquadramento do incentivo provavelmente recairá no conceito de subvenção para custeio e será tributado na conformidade do que dispõe o artigo 392, I, do RIR/99, verbis: Art.392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: Fl. 1513DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.504 15 I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais (Lei n º 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV); Com a força de norma complementar de lei (artigo 100, I, do CTN), há que se conceder a devida relevância ao conteúdo do Parecer Normativo CST nº 112/78, o qual procurou estabelecer diretrizes para a determinação dos conceitos de subvenção para custeio e subvenção para investimento. Destacamse, assim, os seguintes trechos: 2.11 Uma das fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria a destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendose um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST Nº 143/73 (DOU de 16.10.73), sempre que se refere a investimento complementao com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá la, não nas suas despesas, mais sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. 2.12 Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o "animus" de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimentos não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. 2.13 Outra característica bem nítida da SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO, para os fins do gozo dos favores previstos no § 2º do art. 38 do DL nº 1.598/77, de que seu beneficiário terá que ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Em outras palavras quem está suportando a ônus de implantar ou expandir o empreendimento econômico é que deverá ser tido como beneficiário da subvenção, e, por decorrência, dos favores legais. Essa característica está muito bem observada nos desdobramentos do item 5 do PN CST nº 2/78. Fl. 1514DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.505 16 2.14 Com o objetivo de promover a interação dos dois diplomas legais ora dissecados [Lei nº 4.506/64 e DL nº 1.598/77] podemos resumir a matéria relacionada com as SUBVENÇÕES nos seguintes termos: As SUBVENÇÕES, em princípio, serão, todas elas, computadas na determinação do lucro líquido: as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO, na qualidade de integrantes do resultado operacional; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, como parcelas do resultado nãooperacional. As primeiras integram sempre o resultado do exercício e devem ser contabilizadas como tal; as últimas, se efetivamente aplicadas em investimentos, podem ser registradas como reserva de capital, e, neste caso, não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições. para a utilização dessa reserva. (...) 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. (...) 7.1 Ante o exposto, o tratamento a ser dado às SUBVENÇÕES recebidas por pessoas jurídicas, para os fins de tributação do imposto de renda, a partir do exercício financeiro de 1978, face ao que dispõe o art. 67, item 1, letra "b", do Decretolei nº 1.598/77, pode ser assim consolidado: I As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional; II SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO são as que apresentam as seguintes características: a) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e Fl. 1515DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.506 17 c) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. III As ISENÇÕES ou REDUÇÕES de impostos só se classificam como subvenções para investimento, se presentes todas as características mencionadas no item anterior; IV As SUBVENÇÕES, PARA INVESTIMENTO, se registradas como reserva de capital não serão computadas na determinação do lucro real, desde que obedecidas as restrições para a utilização dessa reserva; (grifei) Portanto, a conclusão do Parecer é no sentido de que as subvenções para investimento, para os fins de enquadramento na hipótese de não incidência veiculada no § 2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/77, sejam caracterizadas por três aspectos bastante claros: (i) a intenção do subvencionador de destinálas para investimento; (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado; e (iii) o beneficiário da subvenção ser a pessoa jurídica titular do empreendimento econômico. Além disso, o Parecer esclarece que exigese perfeita sincronia da (i) intenção do subvencionador com a (ii) ação do subvencionado. Ademais, não basta o (i) “animus” de subvencionar, mas, também, (ii) a efetiva e específica aplicação da subvenção. Diante desse quadro, cumpre investigar esses requisitos nos benefícios questionados pela fiscalização no presente processo. No que diz respeito ao incentivo fiscal do ICMS, no âmbito do Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – PRODEPE, a Lei nº 11.675/99, daquele Estado, dispunha que: Art. 1º O Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco PRODEPE, com a finalidade de atrair e fomentar investimentos na atividade industrial e no comércio atacadista de Pernambuco, mediante a concessão de incentivos fiscais e financeiros, passa a vigorar nos termos previstos na presente Lei. § 1º A concessão dos incentivos fiscais e financeiros às empresas interessadas será diferenciada em função dos seguintes aspectos: I natureza da atividade; II especificação dos produtos fabricados e comercializados; III localização geográfica do empreendimento; IV prioridade e relevância das atividades econômicas, relativamente ao desenvolvimento do Estado de Pernambuco. Fl. 1516DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.507 18 § 2º A concessão dos incentivos fiscais e financeiros será autorizada por decreto do Poder Executivo, após prévia habilitação dos interessados, observadas as condições e requisitos estabelecidos nesta Lei e nos demais atos regulamentares destinados à sua execução. (...) Art. 5º As empresas enquadradas nos agrupamentos industriais prioritários indicados no art. 4º, exclusivamente nas hipóteses de implantação, ampliação ou revitalização de empreendimentos, poderão ser estimuladas, nos termos previstos em decreto do Poder Executivo, mediante a concessão de crédito presumido do ICMS, que observará as seguintes características: (Lei nº 13.280/2007 – efeitos a partir de 01.09.2007) (...) V quanto à destinação, investimento fixo ou capital de giro, ou ambos, cumulativamente. (Lei nº 11.937/2001 – efeitos a partir de 05.01.2001) (grifei) Por sua vez, o inciso IV do artigo 5º do Decreto nº 21.959/99, do Governador do Estado de Pernambuco, acrescentou que: IV – quanto à destinação, investimento fixo ou capital de giro, ou ambos, cumulativamente, podendose considerar tais destinações como subvenções para investimento em relação às empresas que tenham permanecido com os benefícios financeiros concedidos nos termos das Leis nº 10.649, de 25 de novembro de 1991, e nº 11.288, de 22 de dezembro de 1995, e respectivas alterações.(Dec. 24.167/2002) (grifei) No que concerne ao incentivo fiscal do crédito presumido do IPI, a Lei nº 9.440/97 estabeleceu que: Art. 1º Poderá ser concedida, nas condições fixadas em regulamento, com vigência até 31 de dezembro de 1999: (...) IX crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas Fl. 1517DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.508 19 contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no § 1º deste artigo. §1º O disposto no caput aplicase exclusivamente às empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, e que sejam montadoras e fabricantes de: a) veículos automotores terrestres de passageiros e de uso misto de duas rodas ou mais e jipes; (...) h) partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos acabados e semiacabados e pneumáticos, destinados aos produtos relacionados nesta e nas alíneas anteriores. Segundo as autoridades fiscais, a análise dos dispositivos concernentes ao PRODEPE leva a crer que não há, de forma específica, a intenção de se destinar os recursos para o financiamento de capital fixo, qual seja, a aquisição de bens e direitos, sendo possível a inversão em capital de giro, hipótese em que a subvenção deve ser tratada como subvenção para custeio. Além disso, não se visualiza qualquer mecanismo de vinculação entre os valores obtidos com o benefício fiscal e a aplicação efetiva e específica desses recursos em bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico. Estariam, portanto, ausentes os dois primeiros requisitos do Parecer Normativo CST nº 112/78. Tal entendimento teria sido, inclusive, observado pela SRRF/4ª Região Fiscal em processo de consulta acerca do mesmo incentivo fiscal. De modo semelhante, as autoridades fiscais afirmam que a Lei nº 9.440/97, em nenhum de seus artigos, vincula a destinação dos recursos oriundos do incentivo fiscal para investimentos, assim como também não exige do beneficiário que este comprove a efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Aqui também não se fariam presentes os dois primeiros requisitos do Parecer. Neste caso, a própria empresa autuada, em reposta a uma das intimações, teria demonstrado que aplica os recursos recebidos, parte em investimentos fixos, parte em incremento do capital de giro e parte em aplicações financeiras. Nesse ponto, devese inicialmente ressaltar que não se pode concordar com a recorrente quando alega que o Parecer Normativo CST nº 112/78 é manifestamente ilegal. Isso porque ele tem a virtude de esclarecer que a mera transferência dos recursos para a empresa com a comprovação de que não foram distribuídos aos sócios não é suficiente para fazer cumprir o objetivo da norma. Há que se verificar a implementação da condição estatuída, qual seja, o estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Neste sentido, a pertinente exigência da sincronia entre a intenção do subvencionador e ação do subvencionado. Isso não significa que se o incentivo fiscal se destinasse unicamente ao capital de giro tal situação seria suficiente para afastar o benefício. Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado. Fl. 1518DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.509 20 Diferentemente do que ocorre em alguns países onde a renda segue a teoria da fonte definida em espectros cedulares, o conceito de renda adotado no Brasil segue a teoria do acréscimo patrimonial segundo o modelo desenvolvido pelos financistas Georg Schanz, Robert Haig e Henry Simons definido numa amplitude global (Cf. Reuven S. AviYonah, Nicola Sartori e Omri Marian, Global Perspectives on Income Taxation Law, New York: Oxford, 2011, pp. 17 a 23). Isso significa que considerase renda quaisquer fluxos monetários e demais benefícios (que possam também ser avaliados em termos monetários) que ingressem na esfera patrimonial da pessoa durante o período considerado. O que ocorre é que a lei, em situações nas quais o legislador sopesa a confluência de diversos princípios e interesses coletivos, deixa de tributar algumas categorias de renda. É isso, precisamente, o que ela faz com as subvenções para investimento. Não se trata, pois, de dizer que elas não configuram renda, mas, sim, renda não tributável. Consequentemente, no caso do imposto de renda, a lei tributária incide de forma global sobre todo acréscimo patrimonial. Depois, sobre algumas situações específicas, afasta o campo de incidência. Diria mesmo que opera como se fosse uma isenção. Como explica Paulo de Barros Carvalho, a isenção atua no próprio campo normativo. A regra de isenção subtrai parte do campo de abrangência do antecedente ou do consequente da regra matriz de incidência, mutilando, parcialmente, um ou mais dos seus critérios (Cf. Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário, 17a. ed., São Paulo: Saraiva, 2005, p. 490). Por tratarse de isenção, há que se lembrar o que determina o artigo 111 do CTN, verbis: Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: (...) II outorga de isenção; A regramatriz de incidência é o resultado do trabalho interpretativo de um conjunto de enunciados veiculados nos textos legais. Há diversas técnicas legislativas para conformar o campo de incidência. A isenção nada mais é do que uma dessas técnicas, por meio da qual, algum aspecto de uma predefinição genérica daquele campo é mutilado. Entretanto, se o legislador opta por essa técnica, o CTN exige uma interpretação literal dos seus enunciados para a produção da regramatriz. Ora, como bem interpretado pelo Parecer acima transcrito, a verificação do estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos exige não só a intenção do subvencionador, mas, também, a ação do subvencionado no sentido de promover a efetiva e específica aplicação do recurso na consecução do objetivo traçado. Não se exige, todavia, que o objetivo final seja alcançado, qual seja, que os empreendimentos econômicos tenham sido implantados ou expandidos. Mas, que a completude do estímulo seja garantida. Em outras palavras, só se verificará a efetividade do estímulo se o dinheiro for aplicado na consecução do objetivo final. Fl. 1519DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.510 21 Por isso, considero correta a necessidade de verificação da efetiva e específica aplicação da subvenção nos investimentos previstos para a implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Esse entendimento parece em perfeita sintonia com as condições estabelecidas para o instituto das subvenções para investimento, no âmbito do regime tributário de transição (RTT), pelo artigo 18 da Lei nº 11.941/09, verbis: Art. 18. Para fins de aplicação do disposto nos arts. 15 a 17 desta Lei às subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e às doações, feitas pelo Poder Público, a que se refere o art. 38 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, a pessoa jurídica deverá: I reconhecer o valor da doação ou subvenção em conta do resultado pelo regime de competência, inclusive com observância das determinações constantes das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, no uso da competência conferida pelo § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, no caso de companhias abertas e de outras que optem pela sua observância; II excluir do Livro de Apuração do Lucro Real o valor decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, reconhecido no exercício, para fins de apuração do lucro real; III manter em reserva de lucros a que se refere o art. 195A da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a parcela decorrente de doações ou subvenções governamentais, apurada até o limite do lucro líquido do exercício; IV adicionar no Livro de Apuração do Lucro Real, para fins de apuração do lucro real, o valor referido no inciso II do caput deste artigo, no momento em que ele tiver destinação diversa daquela referida no inciso III do caput e no § 3º deste artigo. § 1º As doações e subvenções de que trata o caput deste artigo serão tributadas caso seja dada destinação diversa da prevista neste artigo, inclusive nas hipóteses de: I capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos; II restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos 5 (cinco) anos anteriores à data da doação ou da subvenção, com posterior capitalização do valor da doação ou da subvenção, hipótese em que a base para a Fl. 1520DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.511 22 incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou de subvenções governamentais para investimentos; ou III integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios. § 2º O disposto neste artigo terá aplicação vinculada à vigência dos incentivos de que trata o § 2º do art. 38 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, não se lhe aplicando o caráter de transitoriedade previsto no § 1º do art. 15 desta Lei. § 3º Se, no período base em que ocorrer a exclusão referida no inciso II do caput deste artigo, a pessoa jurídica apurar prejuízo contábil ou lucro líquido contábil inferior à parcela decorrente de doações e subvenções governamentais, e neste caso não puder ser constituída como parcela de lucros nos termos do inciso III do caput deste artigo, esta deverá ocorrer nos exercícios subsequentes. Em suma, com a vigência das novas regras contábeis, as subvenções para investimento devem ser lançadas no resultado (inciso I). As mesmas, no entanto, devem ser excluídas do lucro líquido para fins de apuração do lucro real (inciso II). Os correspondentes valores das subvenções devem ser registrados como reservas de lucros na medida em que os lucros auferidos no próprio exercício (inciso III) ou em exercícios subseqüentes (§ 3º) sejam suficientes para essa contabilização. Em consonância com o que acima foi dito sobre a necessária destinação dos recursos recebidos, qual seja, a sua efetiva aplicação em cada projeto beneficiado dentro dos prazos concedidos para a concretização do estímulo, no momento em que for constatada destinação diversa, será necessário adicionar o correspondente valor ao lucro líquido (inciso IV). Portanto, há que se tributar as subvenções para investimento cuja destinação foi diversa do estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos (§ 1º). Além disso, outras hipóteses de destinação diversa (vide a referência ao termo “inclusive”) são previstas (incisos I, II e III do § 1º). Foi com essa linha de raciocínio que acompanhei a divergência contida na declaração de voto do ilustre Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, situação na qual fomos vencidos, no julgamento do Acórdão nº 1102000.868 proferido em maio de 2013. Na ocasião, o mencionado Conselheiro citou dois acórdãos da 1ª Turma da CSRF (910100.566 e 9101001.094) como exemplos da constatação de que a jurisprudência da CSRF vem relaxando as exigências do Parecer Normativo nº 112/78. Contudo, de forma perspicaz, observou que o posicionamento da Câmara Superior não retira do beneficiário o ônus de comprovar a aplicação do recurso recebido. Confirase, neste sentido, o seguinte trecho: Já a jurisprudência mais recente da 1a Turma da CSRF também vem relaxando as exigências do Parecer Normativo CST nº 112, de 1978, seja admitindo isenções do ICMS sem a aplicação obrigatória em ativos permanentes, seja permitindo que os valores recebidos não tenham que ser aplicados obrigatoriamente em investimentos futuros. Além do Acórdão no 910100.566 já citado pelo Conselheiro Relator, mas que, de acordo com seu entendimento, não tratou da obrigação da imediata aplicação Fl. 1521DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.512 23 dos recursos, destaco o Acórdão no 9101001.094, julgado na sessão de 29 de junho de 2011, tendo por relator o Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior, que enfrenta diretamente a matéria. Transcrevo sua ementa: IRPJ. Subvenção para Investimento. Na hipótese de implantação de empreendimento, há um descasamento entre o momento da aplicação do recurso e do gozo do benefício a título de subvenção para investimento, razão pela qual, natural que o beneficiário da subvenção para investimento, em um primeiro momento, aplique recursos próprios na implantação do empreendimento, para depois, quando a empresa iniciar suas operações e, consequentemente, começar a pagar o ICMS, comece também a recompor seu caixa do capital próprio anteriormente imobilizado em ativo fixo e outros gastos de implantação. Após concluir que o incentivo sob análise não exigia a aplicação de todos os recursos na implantação do empreendimento, e de que seria natural existir essa diferença entre o momento de aplicação do recurso e o gozo do benefício, o relator concluiu: Por outro lado, o montante dos valores obtidos com o benefício que exceder o total dos valores aplicados na ampliação ou expansão do empreendimento, logicamente, não gozará de isenção de IR e deverá ser tido como subvenção para custeio, já que poderá ser aplicado livremente pelo beneficiário. No caso em tela, se o valor aplicado na implantação e, posteriormente, na expansão do empreendimento é maior ou menor do que o valor oriundo do benefício que será recebido durante 20 anos, é uma outra questão que não foi posta para ser dirimida na presente demanda, mesmo porque deveria ter sido investigada pela autoridade lançadora, para eventualmente, desconsiderar parte dos valores oriundos do benefício não destinado à finalidade legal. Assim, salvo melhor juízo, concluise que somente poderia se considerar isentos do Imposto de Renda os valores efetivamente utilizados na ampliação ou expansão do empreendimento, mas que essa aplicação não estava em discussão naqueles autos. Como já explicado, entendo que a aplicação dos recursos está em discussão nestes autos desde o lançamento, não tendo o contribuinte comprovado o efetivo uso dos recursos nos investimentos subvencionados. Assim, salvo melhor juízo, penso que o entendimento aqui exposto está de acordo com esse posicionamento da CSRF, que flexibiliza os ditames do Parecer Normativo CST nº 112, de 1978, mas não retira do beneficiário o ônus de comprovar sua aplicação. Naquele caso, apesar dos esforços da fiscalização, a contribuinte não apresentou provas de que os incentivos fiscais foram aplicados em investimentos para a implantação ou expansão dos projetos subvencionados. Nada obstante, no presente caso, a fiscalização agiu de forma diferente. Ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, preferiu desqualificar a natureza dos incentivos fiscais apenas com base na sua configuração legal. Fl. 1522DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.513 24 Neste sentido, asseverou que nos dois incentivos fiscais – o do PRODEPE e o do crédito presumido do IPI para o regime automotivo – estariam ausentes os requisitos da intenção do subvencionador e o da ação do subvencionado. Ora, no que diz respeito ao PRODEPE, de pronto, já não se pode concordar com a ausência do requisito da intenção do subvencionador na configuração legal. Isso porque essa intenção veio expressa no caput do artigo 1º da Lei estadual, qual seja, “a finalidade de atrair e fomentar investimentos na atividade industrial e no comércio atacadista de Pernambuco”. Nem se pode alegar que essa finalidade esteja dissonante da exigência da lei federal:“a implantação ou expansão de empreendimentos econômicos”. Dizer que haveria que se restringir a aplicação dos recursos, desde um primeiro momento, em capital fixo, como já dissemos não é uma condição da lei federal. Quanto ao crédito presumido do IPI, o requisito da intenção do subvencionador, de fato, não está expresso no texto legal. Contudo, como alertou a recorrente, a Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 1.532/97, que resultou convertida na Lei nº 9.440/97, deixou clara a intenção de estimular o desenvolvimento regional e o aumento do nível de emprego nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste através da instalação de unidades da indústria automotiva. Confirase: EM. INTERMINISTERIAL nº 613 MF Em 18 de dezembro de 1996. Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Temos a honra de submeter à elevada consideração de Vossa Excelência proposta de edição de Medida Provisória que visa, por intermédio da concessão de benefícios fiscais, estimular a instalação de novas empresas do setor automotivo nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste. 2. A Medida Provisória, ao contribuir de maneira decisiva para a instalação de unidades da indústria automotiva naquelas regiões, estará fomentando o desenvolvimento regional, o aumento do nível do emprego e a descentralização industrial no Brasil. 3. A estrutura do regime ora proposto é semelhante à do regime automotivo de que trata a Medida Provisória nº 1.48319, atualmente em vigor. Os benefícios adicionais para as regiões Norte, Nordeste e CentroOeste têm como objetivo principal neutralizar as desvantagens naturais existentes em relação às demais regiões do País. Estaríamos, dessa forma, dotando aquelas regiões de condições mínimas para competir, tornandoas atrativas aos novos investimentos no setor. (grifei) Fl. 1523DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.514 25 Relativamente ao requisito da ação do subvencionado, no contexto de ambos os incentivos fiscais, a fiscalização centrou sua argumentação no fato de que inexistiria na lei um mecanismo de vinculação entre os valores obtidos com o benefício fiscal e a aplicação efetiva e específica desses recursos em bens e direitos ligados à implantação ou expansão do empreendimento econômico. Com efeito, é sensata a observação das autoridades fiscais sobre a necessidade de existir algum tipo de prestação de contas. Mas, se a legislação que regula o incentivo fiscal não a criou, isso não significa que a empresa, para fins de usufruir o benefício instituído na lei federal, não possa fazêlo. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o “dinheiro não precisa ser carimbado”. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Percebase que esse entendimento está perfeitamente sintonizado com o conteúdo do voto proferido na 1ª Turma da CSRF pelo Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior, citado na declaração de voto acima reproduzida. A conclusão que se chega é que só não são tributados os valores efetivamente utilizados na ampliação ou expansão do empreendimento. Apesar de a fiscalização ter chegado a intimar a empresa autuada a apresentar os registros contábeis da aquisição de bens e direitos vinculados a cada projeto beneficiado pelas subvenções, bem como a documentação comprobatória da aplicação efetiva e específica nesses bens e direitos (item 5.2 do Termo de Intimação Fiscal anexado de fls. 400 a 402), o fato é que não houve uma persistência nessa questão. A empresa apresentou como resposta (itens 3.1 a 4.1 do documento anexado de fls. 410 a 414) a informação de que os registros das aquisições somaram, considerando os valores imobilizados e as obras em andamento, nos anos de 2008 e 2009, as respectivas quantias de R$ 38.676.130,25 e R$ 33.149.167,91. Além desses valores, as quantias correspondentes a R$ 40.166.298,52 e R$ 27.497.243,38, respectivamente, foram provisionados em aplicações financeiras. Apresentou também dados referentes à evolução e crescimento de sua produção, bem como do quantitativo de funcionários empregados, após o início do recebimento dos recursos. Ademais, a fiscalização, no âmbito dos benefícios ligados à subvenção do regime automotivo, chegou a intimar a empresa a apresentar os relatórios semestrais enviados à Secretaria de Desenvolvimento da Produção, do Ministério de Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior, com as informações necessárias ao acompanhamento da utilização do incentivo fiscal (item 6.2 do Termo de Intimação Fiscal anexado de fls. 400 a 402). Em resposta, a empresa apresentou tais relatórios referentes aos semestres de 2008 e 2009 (fls. 512 a 535). Essas respostas poderiam ter levado ao aprofundamento da investigação sobre a ação do subvencionado, ou seja, a efetiva aplicação dos recursos recebidos em cada projeto beneficiado dentro dos prazos concedidos para a concretização do estímulo. Contudo, o que se percebe é que a fiscalização não prosseguiu nesse rumo. Como já se disse, preferiu Fl. 1524DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.515 26 centrar sua argumentação na ausência de um mecanismo legal que garantisse a efetiva prestação de contas. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. A DRJ, por sua vez, limitouse a reproduzir o entendimento segundo o qual a aplicação de recursos no capital giro seria suficiente para descaracterizar a natureza da subvenção. Por tais motivos, julgo improcedente a glosa da exclusão das subvenções em ambos os incentivos fiscais. Considerando que as multas isoladas por falta de recolhimento das estimativas do IPRJ e da CSLL foram calculadas tão somente em face da infração relativa à glosa da exclusão das subvenções (cf. demonstrativos de cálculo às fls. 686 e 690), uma vez que esta foi julgada improcedente, resta também afastadas as referidas multas. Ademais, ainda que a glosa das subvenções fosse mantida, não subsistiriam as multas isoladas. Isso porque há concomitância entre estas e as multas proporcionais. Quanto à matéria, sigo o entendimento majoritário da Câmara Superior de Recursos Fiscais que rejeita a aplicação simultânea sobre a mesma infração da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do anocalendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo anocalendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre o mesmo fato, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo. Nesse sentido, pela clareza da argumentação empreendida, peço vênia para reproduzir trecho, conquanto extenso, do voto proferido pela ilustre Conselheira Karem Jureidini Dias no julgamento realizado em 15/08/2012 (Acórdão nº 910101.455): A MULTA ISOLADA POR NÃO RECOLHIMENTO DAS ANTECIPAÇÕES A multa isolada, aplicada por ausência de recolhimento de antecipações, é regulada pelo artigo 44, inciso II, alínea “b”, da Lei nº 9.430/96, verbis1: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (...) 1 Redação Original: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente. Fl. 1525DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.516 27 II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (...) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.” A norma prevê, portanto, a imposição da referida penalidade quando o contribuinte do IRPJ e da CSLL, sujeito ao Lucro Real Anual, deixar de promover as antecipações devidas em razão da disposição contida no artigo 2º da Lei nº 9.430/96, verbis: “Art.2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. §1º O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. §2º A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais)ficará sujeita à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. §3º A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§1º e 2º do artigo anterior. §4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo.” Fl. 1526DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.517 28 A natureza das antecipações, por sua vez, já foi objeto de análise do Superior Tribunal de Justiça, que manifestou entendimento no sentido de considerar que as antecipações se referem ao pagamento de tributo, conforme se depreende dos seguintes julgados: “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. CSSL. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. ESTIMATIVA. TAXA SELIC. INAPLICABILIDADE. 1. "É firme o entendimento deste Tribunal no sentido de que o regime de antecipação mensal é opção do contribuinte, que pode apurar o lucro real, base de cálculo do IRPJ e da CSSL, por estimativa, e antecipar o pagamento dos tributos, segundo a faculdade prevista no art. 2° da Lei n. 9430/96" (AgRg no REsp 694278RJ, relator Ministro Humberto Martins, DJ de 3/8/2006). 2. A antecipação do pagamento dos tributos não configura pagamento indevido à Fazenda Pública que justifique a incidência da taxa Selic. 3. Recurso especial improvido.” (Recurso Especial 529570 / SC Relator Ministro João Otávio de Noronha Segunda Turma Data do Julgamento 19/09/2006 DJ 26.10.2006 p. 277) “AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO CSSL APURAÇÃO POR ESTIMATIVA PAGAMENTO ANTECIPADO OPÇÃO DO CONTRIBUINTE LEI N. 9430/96. É firme o entendimento deste Tribunal no sentido de que o regime de antecipação mensal é opção do contribuinte, que pode apurar o lucro real, base de cálculo do IRPJ e da CSSL, por estimativa, e antecipar o pagamento dos tributos, segundo a faculdade prevista no art. 2° da Lei n. 9430/96. Precedentes: REsp 492.865/RS, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ25.4.2005 e REsp 574347/SC, Rel. Min. José Delgado, DJ 27.9.2004. Agravo regimental improvido.” (Agravo Regimental No Recurso Especial 2004/01397180 Relator Ministro Humberto Martins Segunda Turma DJ 17.08.2006 p. 341) Do exposto, inferese que a multa em questão tem natureza tributária, pois aplicada em razão do descumprimento de obrigação principal, qual seja, falta de pagamento de tributo, ainda que por antecipação prevista em lei. Debates instalaramse no âmbito desse Conselho Administrativo sobre a natureza da multa isolada. Inicialmente me filiei à corrente que entendia que a multa isolada não poderia prosperar porque penalizava conduta que não se configurava obrigação principal, tampouco obrigação acessória. Ou seja, mantinha o Fl. 1527DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.518 29 entendimento de que a multa em questão não se referia a qualquer obrigação prevista no artigo 113 do Código Tributário Nacional, na medida em que penalizava conduta que, a meu ver à época, não podia ser considerada obrigação principal, já que o tributo não estava definitivamente apurado, tampouco poderia ser considerada obrigação acessória, pois evidentemente não configura uma obrigação de caráter meramente administrativo, uma vez que a relação jurídica prevista na norma primária dispositiva é o “pagamento” de antecipação. Nada obstante, modifiquei meu entendimento, mormente por concluir que tratase, em verdade, de multa pelo não pagamento do tributo que deve ser antecipado. Ainda que tenha o contribuinte declarado e recolhido o montante devido de IRPJ e CSLL ao final do exercício, fato é que caberá multa isolada quando o contribuinte não efetua a antecipação deste tributo. Tanto assim que, até a alteração promovida pela Lei nº 11.488/07, o caput do artigo 44 da Lei nº 9.430/96, previa que o cálculo das multas ali estabelecidas seria realizado “sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição”. Destaco trecho do voto proferido pelo Ilustre Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, no julgamento do Recurso nº 105139.794, Processo n° 10680.005834/200312, Acórdão CSRF/0105.552, verbis: “Assim, o tributo correspondente e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício. Eventuais diferenças, a maior ou menor, na confrontação de valores geram pagamento ou devolução do tributo, respectivamente. Assim, por força da própria base de cálculo eleita pelo legislador – totalidade ou diferença de tributo – só há falar em multa isolada quando evidenciada a existência de tributo devido”. É bem verdade que melhor seria se a penalidade em comento fosse tratada como uma pena aplicada pela postergação do pagamento de imposto ou contribuição, mas existe regra específica para o caso de ausência de pagamento ou pagamento a menor de antecipação devida de IRPJ e CSLL, sobrepondose, portanto, à regra da postergação. Adotada a premissa de que a imputação da multa isolada tem por fundamento norma primária sancionadora, em cuja hipótese está o descumprimento de obrigação principal, então a multa isolada é prevista para as hipóteses de não recolhimento ou recolhimento a menor do tributo na forma antecipada. Entendo que não há como se admitir que o valor da antecipação seja, após o encerramento do anocalendário, um tributo isolado. A antecipação não é inconstitucional, nem ilegal. Isto porque, como o próprio nome enseja, é mera antecipação de tributo – IRPJ e CSLL – apurado de forma definitiva após o encerramento do anocalendário, no caso de apuração na forma de lucro real anual. O disposto no artigo 44, inciso II, alínea “b” da Lei nº 9.430/96 veicula norma que estabelece a imputação de penalidade isolada pelo não recolhimento de IRPJ e CSLL, de forma antecipada. Dado o fato do não recolhimento do tributo no prazo estipulado para sua antecipação, deve ser imputada a multa isolada. No conseqüente desta norma resta claro que, como critério pessoal, temse de um lado o contribuinte sujeito ao pagamento da antecipação, de outro a União como sujeito ativo. Como critério quantitativo temse o percentual atual de 50% do tributo Fl. 1528DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.519 30 devido e não pago. Utilizase o termo tributo porque a sanção é aplicada sobre o descumprimento de obrigação principal. Neste passo, até o encerramento do anocalendário o que se tem por tributo devido é o IRPJ e a CSLL, apurados conforme cálculo previsto para antecipação. Já após o encerramento do anocalendário e apuração do IRPJ e CSLL pelo lucro real, não há como negar que o montante do tributo devido é aquele definitivamente apurado, após as adições, exclusões e compensações previstas em lei. Considerando que o IRPJ e a CSLL são auferidos ao final do anocalendário, sendo provisório o montante calculado nas antecipações, concluise que: i) Quando a multa isolada é aplicada durante o anocalendário, a base é o tributo até então apurado, conforme cálculo das antecipações, já que outro não existe a substituílo por definitividade naquele momento. ii) Quando a multa isolada é imputada após o encerramento do anocalendário e apuração definitiva do tributo devido, sem dúvida a hipótese de aplicação é a mesma, falta de recolhimento das antecipações, não obstante, sua base de incidência terá por limite o valor do tributo definitivamente apurado. Nem há que se imaginar que se nega vigência à norma em questão. O que ocorre é a eliminação, pela interpretação, de eventual contrariedade. Ressaltese que não se trata sequer de contradição, mas de mera e aparente contrariedade. Isto porque, tanto a multa isolada, quanto a multa de ofício têm seu lugar, bem como a multa isolada pode ser aplicada inclusive após o encerramento do anocalendário, mas, em se tratando de multa de natureza tributária, a base é o tributo que deixou de ser recolhido. Este tributo – IRPJ e CSLL – é aquele apurado conforme cálculo de antecipação até o encerramento do período e é aquele apurado pelo lucro real após o encerramento do período. Neste ponto, peço vênia para novamente transcrever trecho do voto do brilhante Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, proferido no julgamento do recurso nº 105139.794, já mencionado anteriormente, verbis: “(...) Vale dizer, após o encerramento do período, o balanço final (de dezembro) é que balizará a pertinência do exigido sob a forma de estimativa, pois esse acumula todos os meses do próprio anocalendário. Nesse momento, ocorre juridicamente o fato gerador do tributo e podese conhecer o valor devido pelo contribuinte. Se não há tributo devido, tampouco há base de cálculo para se apurar o valor da penalidade.(...).” Se o lançamento é efetuado antes do fim do exercício – portanto antes dos ajustes / apuração do lucro, base de cálculo do IRPJ e da CSLL devidos – a base para imposição da sanção é aquela devida por antecipação e calculada até aquele momento. Naquele momento, inclusive, não há autorização para constituição de obrigação principal definitiva – tributo – especialmente porque o mesmo ainda não se quantificou definitivamente porque não concluído o fato gerador. Nestes termos dispõe o caput do artigo 15 da Instrução Normativa nº 93/97, verbis: “Art. 15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, Fl. 1529DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.520 31 restringirseá à multa de ofício sobre os valores não recolhidos.” De outra feita, em momento posterior ao encerramento do anocalendário, já existe quantificação do tributo devido definitivamente pelos ajustes determinados em legislação de regência, então esta é a limitação ao critério quantitativo da imposição de multa isolada. Vale destacar a lição de Marco Aurélio Greco a respeito do tema, verbis: “(...) mensalmente o que se dá é apenas o pagamento por imposto determinado sobre base de cálculo estimada (art. 2º, caput), mas a materialidade tributada é o lucro real apurado em 31 de dezembro de cada ano (art. 3º do art. 2º). Portanto, imposto e contribuição verdadeiramente devidos, são apenas aqueles apurados ao final do ano. O recolhimento mensal não resulta de outro fato gerador distinto do relativo período de apuração anual; ao contrário, corresponde a mera antecipação provisório de um recolhimento, em contemplação de um fato gerador e uma base de cálculo positiva que se estima venha ou possa vir a ocorrer no final do período. Tanto é provisória e em contemplação de evento futuro que se reputa em formação – e que dele não pode se distanciar – que, mesmo durante o período de apuração, o contribuinte pode suspender o recolhimento se o valor acumulado pago exceder o valor calculado com base no lucro real do período em curso (art. 35 da Lei n° 8.891/95)”. (In:“Multa Agravada em Duplicidade” São Paulo, Revista Dialética de Direito Tributário n° 76, p. 159). Tampouco é de se questionar esta interpretação com base no fato de que a multa em questão é aplicável até mesmo em casos de apuração de base negativa da CSLL e de prejuízo fiscal no anocalendário correspondente, conforme dispõe a alínea “b”, do inciso II, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, anteriormente capitulado no § 1º do citado artigo. O direito, in casu, deve ser analisado à luz da relação de coordenação existente entre a norma veiculada pelo artigo 44, inciso II, alínea “b” da Lei nº 9.430/96 e aquela veiculada pelo artigo 39, parágrafo segundo, da Lei nº 8.383/91, verbis: “Art. 39. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão optar pelo pagamento, até o último dia útil do mês subseqüente, do imposto devido mensalmente, calculado por estimativa, observado o seguinte: (...) § 2° A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto mensal estimado, enquanto balanços ou balancetes mensais demonstrarem que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto calculado com base no lucro real do período em curso.(...)” Fl. 1530DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.521 32 Referido dispositivo, conforme é possível constatar, autoriza que o contribuinte interrompa ou reduza os pagamentos devidos por antecipação desde que demonstre, por meio de balancete mensal, que o valor da estimativa anteriormente paga e, portanto, acumulada no período, excede o valor do tributo apurado com base no lucro ajustado no período em curso. Assim, a exegese que se extrai dos comandos legais contidos no artigo 44 da Lei nº 9.430/96, mesmo após as alterações inseridas pela Lei nº 11.488/07, é aquela segundo a qual o lançamento da multa isolada pode ser feito em duas hipóteses: (i) Antes da apuração do tributo devido no balanço do final do ano calendário, quando a base para a imposição da multa observará um dos seguintes critérios: (i.1) o valor correspondente às antecipações não pagas calculadas a partir da margem setorial (o percentual definido em lei) da receita bruta acumulada; ou (i.2) o valor correspondente às antecipações não pagas calculadas a partir do balanço de redução ou suspensão (neste último caso, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL). (ii) Após a apuração do tributo devido no balanço do final do anocalendário, somente se ficar constatado que houve parcela daquele tributo devido que deixou de ser paga na forma de antecipação (quando deveria ter sido paga nesta forma), mas foi paga no ajuste. A base para a imposição da multa corresponderá exatamente ao valor da mencionada parcela. Não se admite, por óbvio, que tal base supere o valor do tributo devido apurado. Assim, há que se verificar se os valores de estimativa a pagar foram deduzidos na apuração anual. Em caso positivo, isto significa que o tributo devido não foi recolhido nem como estimativa nem como resultado do ajuste, portanto, não se trata de cobrar mula isolada, mas, sim, de cobrar o tributo acompanhado da multa proporcional. Em caso negativo, isto significa que o tributo não foi recolhido como estimativa, mas foi recolhido como resultado do ajuste, portanto, é cabível a multa isolada. Contudo, a base para a imposição da multa deverá corresponder ao valor da estimativa não paga que deixou de ser deduzida na apuração anual do imposto devido. Não se admite, também, que essa base supere o valor do imposto devido calculado na apuração anual. A impossibilidade de lançamento da multa isolada concomitantemente com a multa proporcional é explicada na sequência do voto: CONCOMITÂNCIA DA MULTA ISOLADA E DA MULTA DE OFÍCIO Por tudo quanto exposto na interpretação da norma que dispõe sobre a multa isolada em razão do não pagamento, ou pagamento a menor de antecipações, concluise que esta é devida e calculada sobre a obrigação principal até então apurada. O mesmo ocorre com a multa de ofício que acompanha o lançamento referente à totalidade ou diferença de tributo que deixou de ser constituído pelo contribuinte, ao final do anocalendário. Verifico identidade quanto ao critério pessoal e material de ambas as normas sancionatórias, pois ambas alcançam o contribuinte – sujeito passivo – e têm por critério material o descumprimento da relação jurídica que determina o recolhimento integral do tributo devido. Inevitável, portanto, concluirse que impor sanção pelo não recolhimento do tributo apurado conforme lançamento de ofício que apura IRPJ e CSLL devidos ao Fl. 1531DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.522 33 final do anocalendário e impor sanção pelo não recolhimento ou recolhimento a menor das antecipações devidas, relativamente aos mesmos tributos, é penalizar o mesmo contribuinte duas vezes por ter deixado de recolher integralmente o tributo devido. Portanto, nestes casos, uma penalidade é excludente da outra. Se o que prevalece para fins de quantificação da obrigação principal é o valor decorrente da apuração final, consolidada e definitiva do tributo – justamente porque as antecipações são apurações provisórias do mesmo tributo – também assim deve ser em relação a aplicação das penalidades: prevalece a multa aplicada quando o contribuinte não recolhe o tributo devido em conformidade com a apuração definitiva. Além disso, é inegável que no caso em análise a aplicação da multa isolada é mera penalização de conduta meio de deixar de recolher tributo, uma vez que, por meio do mesmo lançamento, foi constituída, também, multa de ofício pelo não recolhimento de tributo apurado quando da consolidação da obrigação principal devida no exercício e não constituída/recolhida pelo contribuinte. Neste ponto vale destacar outro trecho do bem elaborado voto proferido pelo Conselheiro Marcos Vinícius Neder de Lima, em julgamento já referido, realizado nesta mesma Turma, a respeito da matéria ora sob análise, tratando do princípio da consunção da condutameio pela condutafim, verbis: “Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinada conduta, é importante identificar o bem jurídico tutelado pelo Direito. Nesse sentido, para a solução do conflito normativo, devese investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, desde que o fato tipificado constitui passagem obrigatória de lesão, menor, de um bem de mesma natureza para a prática da infração maior. No caso sob exame, o não recolhimento da estimativa mensal pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Assim, a interpretação do conflito de normas deve prestigiar a relevância do bem jurídico e não exclusivamente a grandeza da pena cominada, pois o ilícito de passagem não deve ser penalizado de forma mais gravosa que o ilícito principal. É o que os penalistas denominam “princípio da consunção”. (Recurso do Procurador nº 105139.794– Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais – Rel. Marcos Vinícius Neder de Lima – Sessão de 04/12/2006) Adicionalmente, vale notar que é possível valorar as duas penalidades e estabelecer qual delas deve ser aplicável porque, em casos como o ora analisado, Fl. 1532DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.523 34 senão em razão da identidade de critérios pessoal e material das duas penalidades, ou por força da impossibilidade de se apenar conduta meio e conduta fim, também porque a lei que estabelece as referidas multas não determina expressamente que deve haver concomitância. A lei não estabelece concomitância, não se tratando in casu de contradição. E como não há determinação legal de que ambas sejam aplicadas, o que vemos é um caso de aparente contrariedade. Ou seja, há aplicação normativa por excludência, segundo o que se determina a aplicação de uma ou de outra penalidade, a depender do caso, da valoração do bem maior a ser protegido, e das condutas incorridas pelo contribuinte. Se somente houve falta de recolhimento das antecipações esta é a conduta fim. Se, por outro lado, o contribuinte além de não recolher as antecipações, também deixou de constituir/recolher o tributo devido conforme a apuração definitiva, ocorrida após o encerramento do anocalendário, então aquela é conduta meio desta que é a condutafim. Destarte, há concomitância se multas isolada e proporcional forem aplicadas como consequência da não antecipação de parcela do tributo devido que também não foi paga no ajuste. Isso ocorre, por exemplo, quando se verifica uma omissão de receita. A receita excluída no cálculo da estimativa é uma etapa preparatória do não pagamento do tributo devido no balanço final do mesmo anocalendário. O mesmo fenômeno ocorre quando se efetua uma glosa de despesa que havia sido incluída no cálculo da estimativa apurada em balanço de suspensão ou redução. O impacto que a não antecipação causa na apuração do tributo devido é devidamente penalizado pela multa proporcional. No caso em apreço, a fiscalização lançou as multas isoladas pelo não pagamento das estimativas calculadas com a exclusão das subvenções glosadas nos balancetes mensais. Essas mesmas subvenções impactaram a apuração feita pela fiscalização do tributo devido no final do anocalendário. Tratase, portanto, de concomitância. Quanto ao excesso de distribuição de dividendos, a decisão recorrida motivou a improcedência dessa infração com base em três argumentos: (i) o fato de ter descaracterizado a natureza das subvenções como “para investimento”, tributandoas, o que tornaria disponível os correspondentes valores para o pagamento dos dividendos distribuídos; (ii) não é verdadeira a afirmação da fiscalização segundo a qual o excesso seria proveniente do próprio capital social formado a partir de capitalização das reservas de incentivos de períodos anteriores; e (iii) o excesso na distribuição de dividendos é tributável na pessoa dos beneficiários e não da fonte pagadora. O primeiro desses argumentos não pode ser acolhido neste voto porque parte de uma premissa que aqui foi afastada. Com efeito, ao não concordarmos com a descaracterização da natureza das subvenções, subsiste a necessidade de que elas sejam mantidas como reserva na conformidade da regra contida na alínea “a” do § 2º do artigo 38 do DecretoLei nº 1.598/77, com a configuração que lhe foi dada, no âmbito do RTT, pelo artigo 18 da Lei nº 11.941/09 (acima transcritos). No que diz respeito ao segundo argumento, de fato, a fiscalização considerou que “como não houve o detrimento da constituição da reserva de incentivos fiscais dos Fl. 1533DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.524 35 períodos autuados e como a fiscalizada não possuía lucros acumulados de períodos anteriores, nem reservas de lucros passíveis de distribuição, há que ser considerado como proveniente do próprio capital social da empresa; valor este, formado a partir da capitalização das reservas de incentivos fiscais de períodos anteriores, não levados à tributação do IRPJ/CSLL” (fls. 12). Relativamente ao terceiro argumento, a decisão recorrida observou que o dispositivo invocado pela fiscalização para tributar o excesso dos dividendos distribuído, o artigo 48, § 3º, da IN SRF nº 93/97 (fls. 10), na verdade, remete à tributação do beneficiário desses dividendos segundo o disposto na legislação específica que lhe é concernente (pessoa física ou jurídica), confirase: Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. (...) § 3º A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de períodobase não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputada aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. (grifei) Está correta a decisão recorrida na sua observação. Tanto é que o § 4º subsequente esclarece que a tributação da parcela excedente deverá, no caso do beneficiário ser pessoa física, submeterse à tabela progressiva. Vejase: § 4º Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos do art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713, de 1988, com base na tabela progressiva a que se refere o art. 3º da Lei nº 9.250, de 1995. No entanto, isso não afasta a hipótese de que uma empresa capitalize em um determinado momento as reservas de incentivos fiscais que foram sendo acumuladas ao longo dos anos. E se, em momento posterior, efetuar a restituição dessa parcela do capital aos sócios, mediante redução do capital social, o valor restituído haverá que ser considerado destinação diversa da subvenção para investimento e tributado na própria empresa à luz do que determina o já referido § 1º, I, do artigo 18 da Lei nº 11.941/09. Para melhor elucidação, neste ponto, repetese a sua transcrição: Fl. 1534DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.525 36 § 1º As doações e subvenções de que trata o caput deste artigo serão tributadas caso seja dada destinação diversa da prevista neste artigo, inclusive nas hipóteses de: I capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos; Naturalmente, depois de assim tributados, os valores direcionados aos sócios sofrerão o tratamento adequado segundo a categoria do rendimento auferido, qual seja, a restituição do capital social. Então, o problema aqui foi o fato de a fiscalização não ter constatado uma efetiva capitalização da reserva constituída em exercícios anteriores. Como disse a recorrente, em sua impugnação (fls. 782), “o que a Autoridade Fiscal fez na consideração dessa infração foi presumir que o excesso havia sido pago mediante a redução do capital social”. Entretanto, a empresa alega que efetuou os pagamentos a título de distribuição de dividendos. Os excessos foram contabilizados em seu ativo como créditos perante seus acionistas. Portanto, para que se materializasse a hipótese de destinação diversa da subvenção para investimento contida no texto legal, a fiscalização haveria que comprovar de forma inequívoca a capitalização com recursos oriundos da conta de reserva onde foram contabilizados os valores correspondentes às subvenções para investimentos. Depois, haveria também que comprovar a respectiva redução do capital social. Nenhuma prova nesse sentido, contudo, foi produzida. O que há são apenas conjecturas. Consequentemente, tem razão a instância a quo ao decidir pelo cancelamento dessa infração. Quanto à dedução do IRRF no ajuste, a decisão recorrida manteve a autuação nos termos em que foi proposta pela fiscalização, qual seja, o IRRF aproveitado na apuração das estimativas deve estar incorporado no valor total da estimativa deduzida no cálculo do ajuste anual. Essa infração, por conseguinte, não tem qualquer relação com as outras infrações discutidas no processo. Sem embargo, em sede de recurso, a empresa anexa os documentos de fls. 1279 a 1472 alegando que estes confirmam que o lançamento a menor realizado na linha 18 da ficha 12A da DIPJ terminou por neutralizar o efeito do lançamento na linha 14 da mesma ficha. Tratarseia de mero erro de fato no preenchimento da declaração. A argumentação deduzida pela recorrente está fundamentada nos demonstrativos elaborados às fls. 1280. Por esses demonstrativos, ela alega que os valores corretos a serem considerados como IRRF deduzido nos ajustes (linha 14 da ficha 12A) seriam de R$ 925.249,16 (anocalendário de 2008) e R$ 396.051,09 (anocalendário de 2009). A Fl. 1535DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.526 37 justificativa para esses valores estaria nos extratos do “Sistema Dirf – Fontes Pagadoras” apresentados às fls. 1281 e 1282. Assim, em 2008, o total do imposto retido seria de R$ 1.218.346,58 (segundo a empresa, R$ 315.533,34 aproveitados nas estimativas somado com os R$ 925.249,16 que teria direito no ajuste anual); por sua vez, em 2009, o total do imposto retido seria de R$ 1.321.300,25 (segundo a empresa, R$ 925.249,16 aproveitados nas estimativas somado com os R$ 396.051,09 que teria direito no ajuste anual). Nada obstante, é a recorrente quem comete erro ao trazer esses elementos para sua argumentação. Os citados extratos contém as mesmas retenções que haviam sido observadas pela fiscalização quando elaborou sua argumentação no Termo de Encerramento da Ação Fiscal (fls. 35 e 37). O problema é que a recorrente tomou os totais de imposto retido informados nos extratos como sendo efetuados a título de IRRF. Todavia, os demonstrativos transcritos no Termo da fiscalização são mais detalhados e esclarecem que os valores informados a título de “Imposto Retido” referemse à totalidade dos tributos federais retidos na fonte tendo a empresa como beneficiário. Portanto, incluem o IRRF, a CSLL, o PIS e a COFINS. Daí a diferença para os totais de IRRF considerados comprovados pela fiscalização, quais sejam, R$ 628.097,34, em 2008, e R$ 910.257,90, em 2009. Diante disso, não assiste razão à recorrente quanto a essa infração. Por último há que se analisar a alegação que propugna pela impossibilidade da incidência de juros sobre a multa aplicada. Essa discussão pressupõe que a exigência da SELIC não deve incluir a multa de ofício por causa da ressalva contida no artigo 161 do CTN. Confirase: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (grifei) Ou seja, apenas o valor do principal poderia ser atualizado pelos juros, ressalvado o direito de o Fisco exigir a multa correspondente, sem que esta pudesse ser atualizada. Sem embargo, sobre o assunto, o entendimento do CARF pode ser extraído das seguintes súmulas: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (grifei) Fl. 1536DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.527 38 Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. (grifei) Portanto, os juros moratórios são devidos à taxa SELIC e sobre o “crédito tributário”. Esta última expressão é definida pelo CTN nos seguintes termos: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. (grifei) Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (grifei) Assim, o crédito tributário decorre da obrigação principal que, por sua vez, tem por objeto também a penalidade pecuniária. Consequentemente, o entendimento sumulado compreende todo o crédito tributário lançado, ou seja, tributos e multas aplicadas. Como é cediço, a matéria sumulada é de observância obrigatória por disposição expressa do que consta no artigo 72 do Anexo II do RICARF: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Há decisões que corroboram o entendimento acima expresso. Notese, por exemplo, as ementas dos seguintes acórdãos da Câmara Superior: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910100.539, de 11/03/2010, Redatora Designada: Viviane Vidal Wagner) Fl. 1537DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.528 39 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão nº 910101.192, de 17/10/2011, Redator Designado: Claudemir Rodrigues Malaquias) Ademais, o STJ também já se pronunciou neste sentido. Vejase: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. (Acórdão REsp 1.129.990/PR – Relator: Min. Castro Meira DJe de 14/09/2009) Assim, concluo que está correta a incidência da taxa SELIC sobre a multa de ofício. Pelo exposto, oriento meu voto no sentido de: (i) quanto ao recurso voluntário, afastar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa e, no mérito, darlhe parcial provimento para afastar a infração de glosa da exclusão de subvenções; (ii) quanto ao recurso de ofício, negarlhe provimento. É como voto. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 1538DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME Processo nº 10480.720836/201355 Acórdão n.º 1102001.226 S1C1T2 Fl. 1.529 40 Fl. 1539DF CARF MF Impresso em 03/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/10/2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 28/10/ 2014 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THO ME
score : 1.0
Numero do processo: 11052.000828/2010-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO PARA SANAR CONTRADIÇÃO PRESENTE.
Constatada a existência de contradição ou dúvida quanto aos fundamentos do voto condutor do aresto, acolhem-se os embargos para fins sanar e esclarecer a decisão.
MULTA DE OFÍCIO. EXIGÊNCIA DA SUCESSORA POR INFRAÇÃO COMETIDA PELA SUCEDIDA. DATA DA COMINAÇÃO DE PENALIDADE. DESINFLUÊNCIA.
A responsabilidade tributária da empresa sucessora abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que o fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Precedente do STJ no REsp Nº 923.012/MG julgado sob o rito do art. 543-C do CPC.
Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio (direitos e obrigações) da empresa incorporada que se transfere ao incorporador, de modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica.
O que importa é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. Inteligência dos Embargos de Declaração no Recurso Especial nº 923.012-MG julgado sob o rito do art. 543-C do CPC. Entendimento que deve ser reproduzido neste Conselho por força do art. 62- A do Regimento Interno do CARF.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, acolher os embargos de declaração com efeitos infringentes para retificar o Acórdão nº 1402-001.607, negar provimento ao recurso e restabelecer a exigência da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Carlos Pelá, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Paulo Roberto Cortez.
Embargos Acolhidos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-001.788
Decisão: (assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente
(assinado digitalmente)
FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO PARA SANAR CONTRADIÇÃO PRESENTE. Constatada a existência de contradição ou dúvida quanto aos fundamentos do voto condutor do aresto, acolhem-se os embargos para fins sanar e esclarecer a decisão. MULTA DE OFÍCIO. EXIGÊNCIA DA SUCESSORA POR INFRAÇÃO COMETIDA PELA SUCEDIDA. DATA DA COMINAÇÃO DE PENALIDADE. DESINFLUÊNCIA. A responsabilidade tributária da empresa sucessora abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que o fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Precedente do STJ no REsp Nº 923.012/MG julgado sob o rito do art. 543-C do CPC. Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio (direitos e obrigações) da empresa incorporada que se transfere ao incorporador, de modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica. O que importa é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. Inteligência dos Embargos de Declaração no Recurso Especial nº 923.012-MG julgado sob o rito do art. 543-C do CPC. Entendimento que deve ser reproduzido neste Conselho por força do art. 62- A do Regimento Interno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, acolher os embargos de declaração com efeitos infringentes para retificar o Acórdão nº 1402-001.607, negar provimento ao recurso e restabelecer a exigência da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Carlos Pelá, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Paulo Roberto Cortez. Embargos Acolhidos. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11052.000828/2010-59
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5386985
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1402-001.788
nome_arquivo_s : Decisao_11052000828201059.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
nome_arquivo_pdf_s : 11052000828201059_5386985.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
id : 5651541
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:29:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047249983897600
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2565; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 355 1 354 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11052.000828/201059 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1402001.788 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de agosto de 2014 Matéria COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS MULTA DE OFÍCIO SUCESSÃO Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado NEXANS BRASIL S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO PARA SANAR CONTRADIÇÃO PRESENTE. Constatada a existência de contradição ou dúvida quanto aos fundamentos do voto condutor do aresto, acolhemse os embargos para fins sanar e esclarecer a decisão. MULTA DE OFÍCIO. EXIGÊNCIA DA SUCESSORA POR INFRAÇÃO COMETIDA PELA SUCEDIDA. DATA DA COMINAÇÃO DE PENALIDADE. DESINFLUÊNCIA. A responsabilidade tributária da empresa sucessora abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que o fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Precedente do STJ no REsp Nº 923.012/MG julgado sob o rito do art. 543C do CPC. Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio (direitos e obrigações) da empresa incorporada que se transfere ao incorporador, de modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica. O que importa é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. Inteligência dos Embargos de Declaração no Recurso Especial nº 923.012MG julgado sob o rito do art. 543C do CPC. Entendimento que deve ser reproduzido neste Conselho por força do art. 62 A do Regimento Interno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 08 28 /2 01 0- 59 Fl. 355DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 356 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, acolher os embargos de declaração com efeitos infringentes para retificar o Acórdão nº 1402001.607, negar provimento ao recurso e restabelecer a exigência da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Carlos Pelá, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Paulo Roberto Cortez. Embargos Acolhidos. Recurso Voluntário Negado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 357 3 Relatório Tratase de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL em razão de suposta compensação indevida de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL. Tais exigências seriam decorrência dos lançamentos consubstanciados no processo nº 18471.000656/200645, cujo objeto referese à amortização de ágio. Em julgamento na sessão de 12 de março de 2014, esse colegiado, por meio do acórdão 1402001.607 deu provimento parcial ao recurso voluntário, exonerando as multas de ofício cominadas, assim concluindo, com base no decidido no REsp 932.012/MG, julgado na forma do art. 543C do CPC: Portanto, se a penalidade não compunha o passivo da sucedida, como no presente caso, em que foi cominada já na sucessora por infração cometida pela sucedida, a exigência, em princípio, não deve prevalecer. Em princípio porque, no âmbito do CARF, consolidouse o enten dimento de que a responsabilidade por multas persistirá se a sucessão ocorrer entre empresas do mesmo grupo ou sob controle comum (aplicação a contrário s enso da Súmula CARF nº 47). Contudo, no caso dos autos, a sucessão se deu empresas sem qua lquer ligação societária, implicando a inexigibilidade das multas aplicadas. Intimada, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou embargos de declaração. Designado para pronunciarme sobre a admissibilidade dos embargos, assim, concluí: Alega a embargante que o acórdão contém contradição que necessita ser suprida pelo colegiado. A questão controvertida diz respeito à exigência de multa de ofício da sucessora por infrações cometidas pela sucedida. A exigência foi formulada diretamente contra a sucessora, uma vez que cominada somente após a data da sucessão. No julgamento do recurso voluntário, o excerto da ementa referente à matéria objeto de embargos recebeu a seguinte redação: MULTA DE OFÍCIO. EXIGÊNCIA DA SUCESSORA POR INFRAÇÃO COMETIDA PELA SUCEDIDA. SOCIEDADES QUE NÃO ESTAVAM SOB CONTROLE COMUM E NÃO Fl. 357DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 358 4 PERTENCIAM AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. INAPLICABILIDADE. A responsabilidade tributária da empresa sucessora abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que o fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Precedente do STJ no REsp Nº 923.012/MG julgado sob o rito do art. 543C do CPC. Portanto, se a multa exigida não compunha o patrimônio adquirido pelo sucessor, ou seja, foi aplicada em face da sucedida por infração cometida pela sucessora, e ambas as empresas não pertenciam ao mesmo grupo econômico e não estavam sob controle comum, o crédito tributário deve ser exonerado. Aplicação, a contrário senso, da Súmula CARF nº 47. Segundo a embargante, o paradigma contido no REsp nº 923.012/MG julgado sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543C do Código de Processo Civil) e os próprios fundamentos do voto condutor do aresto embargado permitiriam a cobrança de penalidade da sucessora, mesmo que cominada após a sucessão e por infração cometida pela sucedida. Contudo, a conclusão do julgado teria se dado em sentido diverso, limitando a hipótese de cobrança de penalidade caso ela já compusesse o passivo da sucedida no momento da sucessão. Em suma, são esses os argumentos entabulados pela embargante. Passo à análise do preenchimento dos pressupostos para sua admissibilidade. DOS PRESSUPOSTOS PARA ADMISSIBILIDADE DOS EMBARGOS Nos termos do art. 65, § 2º, do Regimento Interno do CARF RICARF fui designado para me pronunciar sobre a admissibilidade dos embargos opostos. Pois bem, dispõe o art. 65 do RICARF que “Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma.” Os embargos opostos mostramse tempestivos. Analisando aos pontos levantados pela embargante, entendo assistirlhe razão, conforme discorrese a seguir. De fato, o voto apresenta contradição, fundamentando suas razões de decidir com base na possibilidade de aplicação de penalidade diretamente na sucessora por fatos geradores praticados pela sucedida, mas concluindo de forma divergente, conforme se pode observar do seguinte excerto do julgado: Fl. 358DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 359 5 Portanto, se a penalidade não compunha o passivo da sucedida, como no presente caso, em que foi cominada já na sucessora por infração cometida pela sucedida, a exigência, em princípio, não deve prevalecer. Em princípio porque, no âmbito do CARF, consolidouse o entendimento de que a responsabilidade por multas persistirá se a sucessão ocorrer entre empresas do mesmo grupo ou sob controle comum (aplicação a contrário senso da Súmula CARF nº 47). Contudo, no caso dos autos, a sucessão se deu empresas sem qualquer ligação societária, implicando a inexigibilidade das multas aplicadas. Isso posto, proponho ao Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF que os embargos sejam admitidos, devolvendo me os autos para relato e inclusão em pauta de julgamento. O I. Presidente desta turma aprovou o despacho, admitindo os embargos e, ato contínuo, retornandome os autos para relato e inclusão em pauta de julgamentos. É o relatório. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 360 6 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. A questão diz respeito à exigibilidade da multa de ofício aplicada sobre sucessora relativa à infração cometida pela sucedida, mas somente cominada pelo Fisco após a data da reestruturação societária. Conforme relatado no acórdão embargado, por muito tempo a questão suscitou profundas discussões, em especial se prevaleceria a literalidade do disposto no art. 132 do CTN, o qual dispõe que a responsabilidade da sucessora somente diz respeito aos tributos devidos pela sucedida, ou se a interpretação de tal dispositivo deveria levar em consideração o art. 129 do Estatuto Tributário, qual seja, a responsabilidade diria ao respeito ao crédito tributário devido pelo sucedido, o que implicaria, por consequência, a responsabilidade dos sucessores também por penalidades aplicadas aos sucedidos. Citei o precedente do STJ no REsp nº 923.012/MG, julgado sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), para, analisando um dos precedentes citados pelo I. Relator Ministro Fux, a saber, REsp nº 959.389/RS, concluir que, como a penalidade não compunha o passivo da sucedida, a sucessora não responderia pela multa de ofício. Contudo, no julgamento dos embargos de declaração no mesmo REsp nº 923.012/MG, repitase, julgado como recurso repetitivo, assim concluiu o STJ [...] 4. Quanto à responsabilidade do sucessor pelas multas (moratórias ou punitivas), observese que o ordenamento jurídico tributário admite o chamamento de terceiros para arcar com o pagamento do crédito tributário, na forma dos arts. 128 e seguintes do CTN, sendo expresso o art. 132 do CTN ao dispor: Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. 5. Ora, a incorporação, nos termos da legislação pátria (art. 227 da Lei 6.404/76 e art. 1.116 do CC/32) é a absorção de uma ou várias sociedades por outra ou outras, com a extinção da sociedade incorporada, que transfere integralmente todos os seus direitos e obrigações para a incorporadora. 6. Entendese que tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio do contribuinte incorporado que se transfere ao incorporador, de que modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica. 7. Por fim, o art. 129 do CTN estabelece que a transferência da responsabilidade por sucessão aplicase, por igual, aos créditos tributários Fl. 360DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 361 7 já definitivamente constituídos, ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. 8. O que importa, portanto, é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. [grifei] Ora, tendo o STJ pacificado o entendimento de que é desinfluente se o crédito tributário estava ou não formalizado por meio de lançamento, e reforçado que a sucessora responde pelo crédito tributário devido pelas sucedidas, inclusive as multas, e considerandose que o julgamento na forma do art. 543C do CPC vincula os membros deste colegiado (art. 62A do RICARF), adoto tal posicionamento, votando pela possibilidade de exigência da multa da sucessora, restando superada a limitação trazida pela Súmula CARF nº 47. Em atenção aos debates surgidos na sessão de julgamento, esclareço que, embora alguns dos precedentes citados no caso paradigma, de fato, limitem a manutenção da exigência da penalidade aos lançamentos realizados até a data da sucessão, nos embargos declaratórios ficouse evidente que não importa a data de formalização do lançamento, se antes ou após a data de sucessão, sendo importante identificar a data da ocorrência do fato gerador. Isso porque, por exemplo, em caso de cisão parcial, os fatos geradores praticados pela empresa cindida que permaneceu em atividade deverão ser cobrados da própria pessoa jurídica, não havendo que se falar em responsabilidade de sucessores. Além disso, ao citar como um de seus fundamentos o art. 113, § 1º, do CTN, o I. Relator do processo paradigma deixa transparecer que a obrigação tributária surge com a ocorrência do fato gerador, sendo que o lançamento somente materializa tal obrigação (crédito tributário). Ademais, entre os precedentes citados também há ao menos um que claramente possibilita a cobrança de penalidade desde que o fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão, ainda que formalizado o lançamento posteriormente. Vejase, por exemplo, o REsp nº 959.389, cuja ementa recebeu a seguinte redação: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ARTIGO 159 DO CC DE 1916. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. MULTA TRIBUTÁRIA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. SUCESSÃO EMPRESARIAL. OBRIGAÇÃO ANTERIOR E LANÇAMENTO POSTERIOR. RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE SUCESSORA. 1. Não se conhece do recurso especial se a matéria suscitada não foi objeto de análise pelo Tribunal de origem, em virtude da falta do requisito do prequestionamento. Súmulas 282 e 356/STF. 2. A responsabilidade tributária não está limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, mas abrange as multas, moratórias ou de outra espécie, que, por representarem penalidade pecuniária, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor. Fl. 361DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 362 8 3. Segundo dispõe o artigo 113, § 3º, do CTN, o descumprimento de obrigação acessória faz surgir, imediatamente, nova obrigação consistente no pagamento da multa tributária. A responsabilidade do sucessor abrange, nos termos do artigo 129 do CTN, os créditos definitivamente constituídos, em curso de constituição ou "constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data", que é o caso dos autos. 4. Recurso especial conhecido em parte e não provido. E, no fechamento do voto condutor do aresto precedentes em questão, ficou ainda mais evidente o entendimento firmado, verbis: Portanto, tratandose de obrigação anterior à sucessão empresarial, a responsabilidade é transferida à sucessora, mesmo que a constituição do crédito seja posterior ao ato, nos termos do artigo 129 do CTN. A bem da verdade, o próprio item 1 da ementa do REsp nº 923.012 (recurso repetitivo), já deixava evidente tal exegese: 1. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. [grifei] Por fim, tal entendimento, embora novo em face do resultado dos embargos, não é novidade nesta Casa. Como exemplo, cito o acórdão nº 2402004.008, cuja ementa, no excerto que nos interessa, recebeu a seguinte redação: INCORPORAÇÃO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. AUTORIZAÇÃO PENDENTE PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL. MULTAS MORATÓRIAS OU PUNITIVAS. RESPONSABILIDADE. RESP Nº 923012/MG, JULGADO SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC. ART. 62 A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Na pendência da autorização de que trata a Lei nº 4.595/64, art. 10, X, “c”, a incorporação não pode ser considerada concretizada para todos os fins de direito, não havendo, portanto, que se falar em ausência de responsabilidade da multa por sucessão. Ainda que assim não fosse, o STJ já concluiu, no REsp nº 923012/MG, julgado sob o rito do art. 543 C do CPC, integrado pelo julgamento dos respectivos embargos declaratórios (EDcl no REsp 923012/MG), que a responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão, sendo desinfluente que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. Entendimento que deve ser reproduzido neste Conselho por força do art. 62 A do Regimento Interno do CARF. [grifei] Fl. 362DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 11052.000828/201059 Acórdão n.º 1402001.788 S1C4T2 Fl. 363 9 Isso posto, voto no sentido de acolher os embargos de declaração com efeitos infringentes para retificar o Acórdão nº 1402001.607, negar provimento ao recurso e restabelecer a exigência da multa de ofício. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 363DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 10240.720624/2011-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 31 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. DEMONSTRATIVO DE EMISSÃO E PRORROGAÇÃO.
Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Seu vencimento não constitui, por si só, causa de nulidade do lançamento e nem provoca a reaquisição de espontaneidade por parte do sujeito passivo. Porém, nos autos nem mesmo foi constatado referido defeito.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LANÇAMENTO
A existência de depósitos bancários de origem não comprovada pela pessoa jurídica regularmente intimada autoriza o lançamento de ofício por omissão de receitas.
LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada.
LANÇAMENTOS DECORRENTES. PIS, Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL e COFINS.
Tratando-se da mesma matéria fática, aplica-se aos lançamentos decorrentes a decisão proferida no lançamento principal (IRPJ).
Numero da decisão: 1401-001.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM REJEITAR as preliminares e, no mérito, EM NÃO CONHECERAM do recurso em parte, em relação às alegações de erro na apuração do PIS e Cofins e, na parte conhecida, EM NEGAR provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. DEMONSTRATIVO DE EMISSÃO E PRORROGAÇÃO. Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Seu vencimento não constitui, por si só, causa de nulidade do lançamento e nem provoca a reaquisição de espontaneidade por parte do sujeito passivo. Porém, nos autos nem mesmo foi constatado referido defeito. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LANÇAMENTO A existência de depósitos bancários de origem não comprovada pela pessoa jurídica regularmente intimada autoriza o lançamento de ofício por omissão de receitas. LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. LANÇAMENTOS DECORRENTES. PIS, Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL e COFINS. Tratando-se da mesma matéria fática, aplica-se aos lançamentos decorrentes a decisão proferida no lançamento principal (IRPJ).
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10240.720624/2011-39
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5386994
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1401-001.235
nome_arquivo_s : Decisao_10240720624201139.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ANTONIO BEZERRA NETO
nome_arquivo_pdf_s : 10240720624201139_5386994.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM REJEITAR as preliminares e, no mérito, EM NÃO CONHECERAM do recurso em parte, em relação às alegações de erro na apuração do PIS e Cofins e, na parte conhecida, EM NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 31 00:00:00 UTC 2014
id : 5651610
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:29:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250278547456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2110; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 1.660 1 1.659 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10240.720624/201139 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 1401001.235 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 31 de julho de 2014 Matéria IRPJ/Reflexos Recorrente BORGES & NEVES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. DEMONSTRATIVO DE EMISSÃO E PRORROGAÇÃO. Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Seu vencimento não constitui, por si só, causa de nulidade do lançamento e nem provoca a reaquisição de espontaneidade por parte do sujeito passivo. Porém, nos autos nem mesmo foi constatado referido defeito. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LANÇAMENTO A existência de depósitos bancários de origem não comprovada pela pessoa jurídica regularmente intimada autoriza o lançamento de ofício por omissão de receitas. LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O lançamento com base em presunção legal transfere o ônus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tentem descaracterizar a movimentação bancária detectada. LANÇAMENTOS DECORRENTES. PIS, Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL e COFINS. Tratandose da mesma matéria fática, aplicase aos lançamentos decorrentes a decisão proferida no lançamento principal (IRPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM REJEITAR as preliminares e, no mérito, EM NÃO CONHECERAM do recurso em parte, em AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 0. 72 06 24 /2 01 1- 39 Fl. 1660DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.661 2 relação às alegações de erro na apuração do PIS e Cofins e, na parte conhecida, EM NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva. Fl. 1661DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.662 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra Acórdão da 1ª Turma da DRJ/Belém PA. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância, compondo em parte este relatório: Autos de infração referemse aos tributos IRPJ, R$ 955.012,29; CSLL, R$ 459.675,79; PIS, R$ 276.656,68 e COFINS, R$ 1.276.877,43, no ano calendário 2008. Ciência ocorreu em 13/07/2011. A impugnação ocorreu em 25/07/2011. Fiscalização apurou a ocorrência de Omissão de Receitas, no ano calendário de 2008, provenientes de “depósitos bancários de origem não comprovada”, assim como houve por correto o arbitramento do lucro tributável, em todos os períodos de apuração. Além do contribuinte BORGES E NEVES, CNPJ 04.961.018/000100, a sujeição passiva recaiu nos moldes dos arts.134 do CTN, lei 5172/1966, nas pessoas do CNPJ 09.350.674/000190, empresa COIMBRA E NOBRE LTDA.; e das pessoas físicas MARGARETH COIMBRA RIBEIRO, CPF 285.833.452/87, e CLÓVIS LOPES, CPF 421.636.252/49 conforme Termo de Verificação Fiscal. A impugnação ao lançamento foi apresentada pelos sujeitos passivos BORGES E NEVES LTDA., CNPJ 04.961.018/000100; COIMBRA E NOBRE LTDA, CNPJ 09.350.674/000190; e CLÓVIS LOPES, CPF 421.636.252/49. O sujeito passivo BORGES E NEVES, CNPJ 04.961.018/000100 alegou em sua defesa que: houve falta de demonstração das prorrogações do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF; não fora documentalmente comprovada a ocorrência de fraude; o Auto de Infração utilizou documentos bancários e extratos anteriores à presente ação fiscal; não se encontra em vigor a lei que “qualificou” a multa de ofício de 75% para 150%; é ilegal o lançamento arbitrado com base em extratos e depósitos bancários; não é possível o arbitramento do lucro por desconsideração da contabilidade e dos lançamentos realizados; a multa plicada apresenta caráter confiscatório; Fl. 1662DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.663 4 o lançamento ocorreu com falta de motivação; ao fim, pede diligência para apuração dos fatos. O sujeito passivo COIMBRA E NOBRE LTDA. CNPJ 09.350.674/000190 alegou em sua contestação que: houve falta de demonstração das prorrogações do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF; não fora documentalmente comprovada a ocorrência de fraude; o Auto de Infração utilizou documentos bancários e extratos anteriores à presente ação fiscal; não se encontra em vigor a lei que “qualificou” a multa de ofício de 75% para 150%; é ilegal o lançamento arbitrado com base em extratos e depósitos bancários; não é possível o arbitramento do lucro por desconsideração da contabilidade e dos lançamentos realizados; a multa aplicada apresenta caráter confiscatório; o lançamento ocorreu com falta de motivação; ao fim, pede diligência para apuração dos fatos. O sujeito passivo CLÓVIS LOPES, CPF 421.636.252/49 alegou em sua contestação que: não houve a sujeição passiva alegada pela fiscalização; houve falta de demonstração das prorrogações do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF; não fora, documentalmente, comprovada a ocorrência de fraude; o Auto de Infração utilizou documentos bancários e extratos anteriores à presente ação fiscal; não se encontra em vigor a lei que “qualificou” a multa de ofício de 75% para 150%; é ilegal o lançamento arbitrado com base em extratos e depósitos bancários; não é possível o arbitramento do lucro por desconsideração da contabilidade e dos lançamentos realizados; a multa plicada apresenta caráter confiscatório; Fl. 1663DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.664 5 o lançamento ocorreu com falta de motivação; ao fim, pede diligência para apuração dos fatos. O sujeito passivo Margareth Coimbra Ribeiro, CPF 285.833.452/87, não apresentou impugnação. A DRJ MANTEVE os lançamentos e a responsabilidade tributária dos responsáveis tributários, nos termos das ementas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL.AUSÊNCIA. DEMONSTRATIVO DE EMISSÃO E PRORROGAÇÃO CIÊNCIA O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Seu vencimento não constitui, por si só, causa de nulidade do lançamento e nem provoca a reaquisição de espontaneidade por parte do sujeito passivo. Eventuais omissões ou incorreções no Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do auto de infração. LUCRO ARBITRADO. NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DOS LIVROS OBRIGATÓRIOS INDISPENSÁVEIS À TRIBUTAÇÃO COM BASE NO LUCRO REAL. A não apresentação dos livros obrigatórios e da documentação correspondente, apesar de reiteradas e sucessivas intimações, impossibilita ao fisco a conferência dos valores tributados, restando como única alternativa o arbitramento dos lucros para efeito da tributação. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. SIGILO BANCÁRIO. Havendo procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados não constitui quebra do sigilo bancário, mas mera transferência de dados protegidos pelo sigilo bancário às autoridades obrigadas a mantê los no âmbito do sigilo fiscal. PROVA PERICIAL. LIMITES OBJETIVOS. Destinamse as perícias à formação da convicção do julgador, devendo limitarse ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também já incluídos nos autos, não podendo ser utilizadas para suprir a ausência de provas que já poderiam as partes ter juntado à impugnação ou para reabrir, por via indireta, a ação fiscal. Irresignadas com a decisão de primeira instância, as interessadas interpuseram recursos voluntários a este CARF com idênticos teores (BORGES E NEVES (fls. Fl. 1664DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.665 6 1526/1562), CLÓVIS LOPES (fls, 1563/1599), COIMBRA E NOBRE LTDA (fls. 1600/1636), suscitando o seguinte: A Recorrente levanta questões de nulidades em função de descumprimento de formalidades relativas ao MPF, suscitando problemas na prorrogação dos mesmos ou falta de sua ciência, de perda de sua eficácia, por não ter supostamente sido renovado nos prazos legais, bem assim o fato de o AuditorFiscal nesse caso não mais deter competência para proceder com o lançamento; anular o Auto referente às Contribuições para o PIS e COFINS, visto que a Sr a. Auditora deixou de observar critérios e definições da Legislação Tributária, uma vez que não respeitou o critério temporal de apuração dessas contribuições que era mensal e não trimestral; foi lançada toda a movimentação Bancária como se toda ela fosse Receita Omitida, então desta forma a empresa só venderia com notas fiscais mercadorias através de pagamento a vista em dinheiro e não utilizaria suas contas correntes para a movimentação desse dinheiro; por outro lado, o faturamento Liquido declarado pela empresa é superior aos valores de depósitos somados pela Sra. Auditora. não foi considerado que a empresa apresentou espontaneamente as declaração de DIPJ e DCTF. É que foram entregues no período em que já não estaria mais sendo fiscalizada, visto que não havia recebido tais prorrogações de prazos necessários ao bom andamento do processo; não foi demonstrado o evidente intuito de fraude em relação à qualificação da multa de 150%. Indaga como a empresa estaria com tal interesse ou animo como explicita a autuante se todas as provas utilizadas para o lavramento do presente Auto foram fornecidas para própria empresa. Ilegalidade da taxa selic. É o relatório. Fl. 1665DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.666 7 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator Os recursos preenchem os requisitos de admissibilidade. Cabe esclarecer, primeiro, que apesar de os temas abaixo terem sido defendidos tanto pela Recorrente, quanto pelos responsáveis solidários, serão tratados como um todo, pois os recursos foram idênticos, cabendo a indicativa do autor do discurso somente quando esse fato for relevante. Delimitação da Lide – Preclusão Em relação ao inconformismo da Recorrente em relação a suposto erro no critério temporal na apuração PIS e COFINS, é de se dizer que a matéria está preclusa, uma vez que não foi aventada na fase impugnatória. Portanto, tal matéria está fora da lide e suas razões recursais não serão conhecidas. Outrossim, também consideramse definitivas as matérias relacionadas à responsabilidade tributária, pois não foram contestadas em sede recursal. Preliminar de Nulidade Pleiteia a nulidade dos autos de infração alegando que não foi demonstrado as prorrogações dos MPF. O MPF é mero instrumento interno de planejamento, controle e gerência das atividades de fiscalização, disciplinado por portarias da Receita Federal que não têm o condão de alterar a competência atribuída ao auditor fiscal e não o desoneram da atividade obrigatória e vinculada do lançamento. O art. 142 do Código Tributário Nacional expressamente confere à autoridade administrativa a competência indelegável e privativa de formalizar o lançamento. E esta autoridade, nos termos da Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º, e do Decreto nº 2.225, de 1985, é o auditor fiscal da Receita Federal. Logo, verificando a ocorrência do fato gerador da obrigação principal, ou o descumprimento de uma obrigação tributária acessória, tem ele o dever indeclinável de promover o lançamento. Neste sentido direcionase o Conselho de Contribuintes, conforme ementas a seguir transcritas: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PORTARIA SRF Nº 1.265/99. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE. O MPF constituise em elemento de controle da administração tributária, disciplinado por ato administrativo. A eventual inobservância da norma infralegal não pode gerar nulidades no âmbito do processo Fl. 1666DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.667 8 administrativo fiscal. A Portaria SRF nº 1.265/99 estabelece normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, sendo o Mandado de Procedimento Fiscal MPF mero instrumento de controle administrativo da atividade fiscal. (Acórdão nº 20308483 de 16/10/2002) MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL – INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não tem o condão de limitar a atuação da Administração Pública na realização do lançamento. Não é o mesmo sequer pressuposto obrigatório para tal ato administrativo, sob pena de contrariar o Código Tributário Nacional, o que não se permite a uma Portaria. (...) (Acórdão 10707268 de 13/08/2003) A criação do MPF e a ciência deste aos contribuintes não substitui nenhum dos procedimentos que davam validade à ação fiscal. Como bem colocado pela decisão de piso, continua sendo necessária a apresentação da identificação do auditorfiscal e dos termos de início e de término da fiscalização, bem assim sendo necessário que a autoridade lançadora apresente todas as intimações e termos que as circunstâncias exijam, como também não foram alteradas as características do lançamento tributário. É que o MPF tem caráter fundamentalmente gerencial, voltado para disciplinar as atividades entre a RFB e seus servidores. Por conseguinte, eventual inobservância da norma infralegal em nada macularia o lançamento, razão pela qual não merece prosperar, de plano, a alegação da Recorrente. Registrese que as Portarias nº 6.087, de 21 de novembro de 2005, e nº 4.066, de 2 de maio de 2007, bem como nas Portarias anteriores, prevêem, no art. 13, que a prorrogação do mandado seria efetuada tantas vezes quantas necessárias e poderia ser feita por intermédio de registro eletrônico efetuado pela respectiva autoridade outorgante, cuja informação estará disponível na Internet. A Contribuinte parece que desconhece essa faculdade, pois não faz alusão a ela. Portanto, não traz prova cabal desse suposto descumprimento. De qualquer sorte, as prorrogações foram feitas conforme a Lei. Em consulta ao sítio da Receita Federal constatei que o MPF foi emitido em 29 de novembro de 2010, com validade até 28 de Março de 2011; e prorrogado sucessivamente até 27 de maio de 2011 e 27 de Julho de 2011. A ciência do auto de infração se deu em 13 de julho de 2011 (fls. 147). E mesmo que houvesse ocorrido algum problema com o Sistema de Informática, não seria suficiente para macular o lançamento, pois nem mesmo a Recorrente esboça um único indício de prejuízo que esse fato por si só tenha por acaso lhe causado. É que no Processo Administrativo Fiscal rege o princípio da formalidade moderada. As regras formais são necessárias, mas não podem servir de lastro para obstaculizar o princípio da verdade material sem que tenha se apresentado algum prejuízo concreto por um mero descumprimento de regra formal, principalmente se essa regra se liga muito mais ao âmbito gerencial como já se colocou retro. O ônus de provar o prejuízo é do interessado e ele não o faz, limitandose a entrar em um argumento circular em que apenas a legalidade pela legalidade é que foi prejudicada. Fl. 1667DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.668 9 Portanto, rejeito esta preliminar. PRESUNÇÃO LEGAL Depósitos bancários sem comprovação da origem dos recursos O art. 42, da Lei nº 9.430/1996 é cristalino ao determinar que a omissão de receitas pode ser caracterizada por meio de valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Como se vê da descrição dos fatos, a empresa não logrou comprovar, através de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, a origem dos recursos recebidos em conta bancária. Em sede impugnatória e recursal as interessadas ao invés de tentarem provar cabalmente os fatos alegados, se concentraram mais em tecer considerações de direito, no sentido de enfraquecer o lançamento por ter sido lastreado apenas em presunções, ferindo o conceito de renda, bem assim pleiteando “proporcionalidade faturamento/depósito”. O art. 42 da Lei nº 9.43096 representa um verdadeiro marco em termos de presunção legal de omissão de receitas, verbis: LEI n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 DOU de 30.12.96 “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratandose de uma presunção legal de omissão de rendimentos, o ônus da prova fica invertido, a autoridade lançadora eximese de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova à contribuinte. O contribuinte, por sua vez, não logrando êxito nessa tarefa que se lhe impunha, como ocorre no caso presente, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, por presunção legal se toma como verdadeiro que os recursos depositados representam rendimentos do contribuinte. Por se tratar de uma presunção relativa juris tantum, somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. Em relação ao seu inconformismo por não ter sido respeitado “a proporcionalidade faturamento/depósitos” não ficou bem claro que a Recorrente quer dizer por isso. O fato é que a proporcionalidade foi respeitada nos termos da Lei que considera como base da omissão de receitas cada um dos depósitos não comprovados, na proporção de 1(um) para 1(um). Por outro lado, não procede sua alegação de que declarara espontaneamente parte dos tributos lançados, uma vez que ficou demonstrado em sede preliminar não haver nenhum problema com as prorrogações dos MPFs. De toda sorte, mesmo que houvesse cabe Fl. 1668DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.669 10 esclarecer que os Termos de Continuidade de Procedimento Fiscal é que são notificados ao contribuinte visando impedir que se readquira a espontaneidade após 60 (sessenta) dias de cada intimação, não podendo ser confundidos com o MPFF. E constam do processo, inúmeros termos de constatação e intimação fiscal com suas respectivas ciências por edital, uma vez que os ARs eram devolvidos em prazos inferiores a 60(sessenta) dias (fls. 198, 240, 242, 280) Dessa forma, o contribuinte não “readquiriu nenhuma espontaneidade”. Ademais, alegações de inconstitucionalidade fogem à competência das instâncias administrativas, sendo matéria inclusive sumulada pelo CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Por fim, não se pode alegar no caso concreto que o auditor não teria agido com o necessário zelo na apuração dos fatos. Diversas foram as oportunidades ofertadas para que o contribuinte exercesse o seu ônus probatório, tendo sido intimado conforme manda a lei através de planilha (fls. 280/358) onde constava os valores dos depósitos individualizados carentes de comprovação de sua origem. Por todo o exposto, mantenho o lançamento nesse aspecto. Arbitramento Em relação ao arbitramento do lucro, a recorrente apesar de ter sido intimada e reintimada a apresentar os livros contábeis e fiscais, deixou de apresentálos, não restando, portanto, alternativa senão o arbitramento do lucro conforme comanda a Lei ( artigo 530, inciso III do RIR/1999): “Art.530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527 (...) Em função desse contexto, cabe enfatizar novamente, não restou ao fisco outra opção senão proceder a apuração do imposto com base no lucro arbitrado, tomandose por base as receitas omitidas, uma vez que no anocalendário de 2008 a empresa não apresentou DIPJ. Dessa feita, não cabe razão à contribuinte quando afirma que o seu faturamento líquido declarado superou aos depósitos bancários. Ora, nada mais inverídico, uma vez que não declarara nada em DIPJ. Outrossim, mesmo que tenha recolhido algum imposto, o ônus da prova é do contribuinte em demonstrar que os valores com base nos quais recolheu os impostos fariam já parte de algum daqueles depósitos cuja origem não foi comprovada. Por fim, a falta de apresentação da documentação solicitada (livros contábeis e fiscais) dá causa ao arbitramento do lucro, que, em si, não é uma penalidade, mas sim uma apuração da base de cálculo do imposto. Dessa forma, o arbitramento deve ser mantido. Fl. 1669DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.670 11 QUALIFICAÇÃO DA MULTA Conforme tabela abaixo, a contribuinte movimentou e omitiu significativos valores, sem declarar na DIPJ nenhum faturamento. MÊS DO ANO DE 2008 Créditos em contacorrente não comprovados (Tabelas 1 , 2 , 3 e 4) TRIMESTRE DO ANO DE 2008 VALOR BASE PARA LANÇAMENTO REGIME DE TRIBUTAÇÃO Janeiro R$ 1.466.038,08 Fevereiro R$ 1.246.739,31 Março R$ 1.464.398,50 1° TRIMESTRE R$ 4.177.175,89 LUCRO ARBITRADO Abril R$ 742.665,94 Maio R$ 1.353.457,18 Junho R$ 1.439.804,01 1° TRIMESTRE R$ 4.097.844,27 LUCRO ARBITRADO Julho R$ 1.754.268,06 Agosto R$ 1.344.403,08 Setembro R$ 1.268.614,77 3o TRIMESTRE R$ 4.367.285,91 LUCRO ARBITRADO Outubro R$ 1.191.994,96 4o TRIMESTRE R$ 2.697.123,04 LUCRO ARBITRADO Novembro R$ 1.009.998,24 Dezembro R$495.129,84 Mas, não é somente a prática reiterada de omitir receitas que aqui se trata. O contexto da fiscalização demonstra a ocorrência de inúmeras outras situações constante do TVF que agravam essa situação e que foram muito bem resumidas pela DRJ: (...)Ao analisarmos os fatos contidos neste auto de infração, algumas situações concretas apresentamse: a) a empresa não fora encontrada no endereço constante do cadastro CNPJ; b) as tentativas de contato do Fisco com os sócios; “todas” retornaram com a indicação dos Correios de que o “endereço era desconhecido”, repitase para ressaltar que “todos” os endereços, pessoas físicas e jurídicas foram cadastrados incorretamente; c)“não” entrega de declaração ao fisco no ano calendário 2008, paralelamente à existência de movimentação bancária, significativa, e de origem não explicada ao fisco, mesmo após reiteradas tentativas; d) não apresentação da escrituração solicitada pelo Fisco;e e)Alteração Cadastral para local diverso do fisicamente situado; Não bastassem os fatos acima, outras ocorrências são relevantes: 1) Informações desencontradas e inverossímeis da Sra. Margareth Coimbra Ribeiro quanto à existência de procuração da empresa fiscalizada, assim como do conhecimento das atividades do Supermercado Peg Pag; 2) a existência de alteração contratual, datada de 13/05/2009, na qual consta como signatário o Sr. Angelino Neves, falecido em 08/09/2007! A análise dos fatos não autoriza a interpretação do art. 112 do CTN. As circunstâncias materiais do fato (nenhum dos endereços informados ao Fisco, tanto pela Pessoa Jurídica, quanto pelos sócios, Pessoas Físicas, fora informado corretamente! o local informado ao Fisco é diverso da real localização da atividade econômica! não houve apresentação de escrituração contábil!). Fl. 1670DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10240.720624/201139 Acórdão n.º 1401001.235 S1C4T1 Fl. 1.671 12 Não se pode esquecer o “requinte” de ter sido elaborada alteração contratual em que um dos signatários já se encontrava falecido; nem a mais tênue das interpretações, a mais tolerante e leniente interpretação dos fatos pode enquadrar a situação no art. 112 do CTN, ou não caracterizar o “ânimo interno” do grupo de pessoas que elaboraram um documento em que um dos signatários se encontrava falecido (o documento foi lido pelos signatários; identificaram seus sócios, inclusive um morto!; assentiram na sociedade; e apresentaram um documento às autoridades públicas, assim como à sociedade local, com uma assinatura, factualmente, não manuscrita pela pessoa que constava no Contrato Social). Nesse contexto, está mais do que caracterizado o evidente intuito de fraude do sujeito passivo, portanto, mantenho a qualificação da multa. Legalidade dos Juros de Mora Em relação aos juros de mora, determina a legislação que sobre os débitos pagos fora de prazo, independente de qualquer causa, incidirão eles a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.Não cabe, portanto, a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicálos, encontrando óbice, inclusive nas Súmula nº 4 do CARF, in verbis: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. REFLEXOS Tratandose da mesma matéria fática, aplicase aos lançamentos decorrentes a decisão proferida no lançamento principal (IRPJ). Por todo o exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, não conheço do recurso em parte, em relação às alegações de erro a apuração do PIS e Cofins e, na parte conhecida, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 1671DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 06/10/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 35067.001855/2004-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1997 a 30/04/1999
CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. COMPENSAÇÃO. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
Os órgãos de julgamento do contencioso administrativo fiscal não têm atribuição para julgar pedidos de liquidação do lançamento sob exame com créditos que o sujeito passivo detenha para com a Fazenda Pública.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.653
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201408
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/1997 a 30/04/1999 CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. COMPENSAÇÃO. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Os órgãos de julgamento do contencioso administrativo fiscal não têm atribuição para julgar pedidos de liquidação do lançamento sob exame com créditos que o sujeito passivo detenha para com a Fazenda Pública. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 35067.001855/2004-08
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5392691
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2401-003.653
nome_arquivo_s : Decisao_35067001855200408.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 35067001855200408_5392691.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire - Presidente Kleber Ferreira de Araújo - Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
id : 5684740
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250329927680
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1673; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 500 1 499 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 35067.001855/200408 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.653 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de agosto de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente HIPER EXPORT TERMINAIS RETROPORTUARIOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1997 a 30/04/1999 CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. COMPENSAÇÃO. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Os órgãos de julgamento do contencioso administrativo fiscal não têm atribuição para julgar pedidos de liquidação do lançamento sob exame com créditos que o sujeito passivo detenha para com a Fazenda Pública. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 06 7. 00 18 55 /2 00 4- 08 Fl. 500DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 21/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Relatório Consoante o relatório fiscal, fls. 30/41 (processo papel), o crédito referese à Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD n. 32.811.4073, em que são apuradas as contribuições dos segurados e as contribuições patronais para a Seguridade Social e para outras entidades ou fundos. Os fatos geradores contemplados no lançamento foram as remunerações pagas a segurados empregados que eram considerados pela empresa como trabalhadores autônomos. O fisco apresenta os fatos verificados que levaram à caracterização dos trabalhadores como segurados empregados e apresenta relação das remunerações que lhes foram pagas. A empresa ofertou impugnação, fls. 89/105, na qual alegou que a NFLD deve ser cancelada, posto que o agente fiscal não considerou que as contribuições lançadas foram objeto de compensação com créditos decorrentes de recolhimentos indevidos sobre a remuneração de avulsos, autônomos e administradores, as quais foram autorizados judicialmente no bojo da Ação Ordinária n. 99.00039874, em tramitação na 2.ª Vara Federal em Vitória (ES). Na peça defensória foram lançados argumentos também contra a aplicação da taxa Selic, incidência de contribuição sobre o 13. salário e contribuições para terceiros. Afirma ainda que o fisco errou ao tentar caracterizar os trabalhadores como empregados, posto que inexistiu na espécie o requisito da subordinação jurídica. Consta, fl. 148, pronunciamento do fisco no sentido de que a empresa não apresentou durante a ação fiscal qualquer documento relacionado à compensação judicial de contribuições previdenciárias. Às fls. 160/161, consta parecer da Procuradoria do INSS, que atendendo a consulta formulada pela autoridade lançadora, orientou que os créditos decorrentes da ação judicial fossem compensados com os valores apurados nas NFLD 32.811.4073; 32.211.4120 e 32.811.4065. Continuando sugere que, ao ser alcançado o montante de créditos do sujeito passivo, os valores remanescentes deveriam ser desmembrados da NFLD n. 32.811.4065, para prosseguimento do contencioso em relação às outras matérias impugnadas. O fisco juntou à fl. 163 informação fiscal em que menciona que o crédito da NFLD iria ser usado no encontro de contas, caso a empresa viesse a obter êxito na ação judicial. Foi então exarada a DecisãoNotificação (DN) n. 07.401.4/0273/2004, fls. 166/176. O órgão de julgamento entendeu que não caberia enfrentar as alegações relativas à compensação, posto que a questão se encontrava sob o crivo do Poder Judiciário. A seguir, foram afastados todos os outros argumentos constantes da defesa. Fl. 501DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 21/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 35067.001855/200408 Acórdão n.º 2401003.653 S2C4T1 Fl. 501 3 A empresa interpôs recurso tempestivo de fls. 183/188, no qual afirma que a decisão administrativa contrariou determinação judicial constante da Apelação Civil n. 2000.02.01.0259528/ES proferida pela 3.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, que determinou a compensação integral dos valores indevidamente recolhidos pela recorrente a título de contribuição previdenciária sobre a remuneração de avulsos, autônomos e administradores instituída pelas Leis n. 7.787/1989 e n. 8.212/1991. Sustenta que não é possível que o INSS, devedor da recorrente, desrespeite decisão judicial transitada em julgado para exigir os valores constantes da NFLD guerreada. Afirma que a apuração dos valores que lhe são devidos está sendo efetuada pelo próprio INSS desde o ano de 2003, conforme se observa do MPFDiligência n. 09049831, de 03/06/2003, com prazo para encerramento dos trabalhos em 02/08/2004. Ao final, requereu o cancelamento da lavratura. A 1.ª Turma Ordinária da 3.ª Câmara da Segunda Seção do CARF, mediante o Acórdão n. 2301000.271, anulou a decisão de primeira instância, em razão da falta de ciência pelo sujeito passivo de pronunciamento do fisco efetuado após a apresentação da defesa. Instada a se pronunciar, a empresa compareceu aos autos às fls. 267/276, para mais uma vez afirmar que a NFLD é improcedente em razão da existência de créditos em seu favor de mais de oito milhões de reais, decorrentes de recolhimentos indevidos da contribuição de avulsos, autônomos e administradores. O processo seguiu para a DRJ no Rio de Janeiro I, que exarou o Acórdão n. 1233.213, fls. 350/359. Entendeu o órgão a quo que na data da lavratura não havia qualquer decisão judicial impedindo o lançamento, além de que o contencioso administrativo não é o meio próprio para se buscar a compensação de tributos devidos com créditos do sujeito passivo. Quanto à caracterização dos trabalhadores como segurados empregados, a DRJ manifestouse favoravelmente ao fisco, posto que teria ficado demonstrado no relatório fiscal a existência dos pressupostos fáticojurídicos indicativos da relação de emprego. Por fim, deixou de apreciar as matérias de índole constitucional, afirmando que não teria competência para afastar a aplicação de normas vigentes e eficazes ainda não declaradas inconstitucionais pelo STF. Inconformado, o sujeito passivo interpôs recurso de fls. 463/470, para afirmar que: a) mais uma vez o órgão de julgamento de primeira instância desconsiderou a compensação que a recorrente vinha efetuando mediante a utilização de créditos relativos aos recolhimentos indevidos da contribuição incidente sobre a remuneração de avulsos, autônomos e administradores; Fl. 502DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 21/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 b) o art. 63 da Lei n. 8.383/1991 autoriza que o contribuinte que tenha efetuado pagamentos indevidos ou a maior, proceda à compensação desses valores, sem a necessidade de autorização judicial; c) teve contra si lavradas no ano de 1997 várias NFLD, as quais foram questionadas administrativamente para demonstrar a ocorrência das compensações, todavia, o fisco de forma intransigente não reconheceu os seus direitos creditórios; d) diante desses fatos, recorreu ao judiciário e obteve liminar reconhecendo o seu direito à compensação, suspendendo inclusive os efeitos dos lançamentos fiscais; e) o INSS ignorou esta determinação judicial e efetuou novo lançamento consignado na NFLD guerreada; f) obteve decisão em segunda instância com trânsito em julgado declarando legítima a compensação efetuada, além de que na fase executória foi reconhecida a existência de um crédito de R$ 8.526.469,12; g) desconsiderando o direito subjetivo da recorrente, a DRJ passou por cima das decisões judiciais e manteve a lavratura na integralidade, olvidando que o Judiciário impediu o INSS de proceder ao andamento de qualquer procedimento administrativo que tivesse por finalidade a cobrança das contribuições previdenciárias que foram ou seriam utilizadas para fins de compensação; h) além disso, a existência de uma decisão judicial transitada em julgado, determinando o encontro de contas, representa obstáculo intransponível da pretensão do INSS de levar adiante a cobrança da referida NFLD; i) lembra que o acórdão do TRF de fls. 576/579 foi igualmente expresso ao determinar que o lançamento de eventuais diferenças por parte do INSS somente poderia se aperfeiçoar após a averiguação do quantum representativo dos créditos da empresa; j) a própria Procuradoria Estadual e também a Divisão de Arrecadação tiveram entendimento convergente com o da recorrente, no sentido de que havendo crédito da empresa, ainda não integralmente apurado por exclusiva culpa do INSS, não há como se admitir a imputação de qualquer débito ao sujeito passivo; k) a existência de um crédito da empresa em data anterior ao surgimento da obrigação tributária enseja a compensação com base nos valores originários da obrigação, sem a possibilidade de incidência de acréscimos legais; m) o INSS foi intimado da decisão judicial em 01/04/2002, portanto, quando da decisão administrativa de primeira instância, a autoridade julgadora não poderia alegar o desconhecimento do provimento judicial em favor do sujeito passivo; n) a apuração dos créditos da recorrente está sendo efetuada pelo INSS desde o ano de 2003. Ao final, pede a reforma da decisão recorrida, com consequente cancelamento da NFLD. É o relatório. Fl. 503DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 21/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 35067.001855/200408 Acórdão n.º 2401003.653 S2C4T1 Fl. 502 5 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Compensação A única questão trazida ao debate no recurso diz respeito à compensação das contribuições lançadas com créditos que a recorrente afirma possuir. Uma primeira observação de relevo para a solução desta contenda é que o lançamento não decorreu de glosas de compensação, mas de verificação pelo fisco de fatos geradores que o sujeito passivo não reconhecia. A obrigação tributária que deu ensejo ao lançamento foi decorrente de caracterização de trabalhadores que o sujeito passivo considerava autônomos, mas que o fisco demonstrou se tratarem de segurados empregados. Verifico, assim, que a recorrente tenta trazer para o processo administrativo fiscal matéria que lhe é estranha: pedido para compensação de tributos. O requerimento para quitação das contribuições devidas com supostos créditos que a empresa teria com a Fazenda Nacional não pode ser reconhecido no processo administrativo fiscal. Aqui tem lugar tão somente a verificação da legalidade do procedimento do fisco, não sendo o foro próprio para decisão acerca de processo compensatório ou de restituição. Caso o objeto do lançamento fosse a glosa de compensações efetuadas pelo contribuinte, aí sim caberia ponderação sobre a operação de encontro de contas, mas não é o caso, posto que aqui o que deve ser decido é se efetivamente ocorreram os fatos geradores que deram ensejo ao lançamento. Além do mais, a compensação somente pode ser deferida quando o crédito fiscal estiver definitivamente constituído, o que não é o caso do lançamento sob discussão, posto que ainda não transitado em julgado na seara administrativa. Por outro lado, como bem afirmouse na decisão recorrida, a decisão judicial que reconheceu os créditos do sujeito passivo não trouxe qualquer empecilho à constituição dos créditos tributários, obstaculizando tão somente às etapas de cobrança das contribuições. Vêse que o fisco sequer sabia da existência de decisão judicial em favor do sujeito passivo no momento do lançamento, ver fls. 148. Mas, mesmo que soubesse, não poderia aguardar o transcurso do processo judicial para efetuar o lançamento, posto que as contribuições poderiam ser fulminadas pela decadência. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 21/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Tem razão o sujeito passivo quando afirma que há pronunciamentos da Procuradoria do INSS e da então Divisão de Arrecadação favoráveis à compensação das contribuições até o limite dos créditos que o sujeito passivo fosse detentor. Todavia, não concordo com esse entendimento. A menos que a origem do lançamento seja glosas de compensação, o PAF não é a seara própria para se pleitear compensação, principalmente porque no curso da apreciação pelos órgãos de julgamento podese até decidir pelo cancelamento da lavratura. Assim, somente após o trânsito em julgado do feito administrativo é que pode o sujeito passivo requerer a compensação. Reforço que para efetuar a compensação dos tributos, mesmo com créditos decorrentes de decisões judiciais, o sujeito passivo deve pautarse pelos atos administrativos da Administração Tributária, jamais buscar esse encontro de contas no bojo do processo administrativo fiscal. Conclusão Voto por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 21/08 /2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 11070.000404/2008-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2000 a 30/12/2007
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DEPÓSITO JUDICIAL.
O depósito judicial efetuado pelo contribuinte em ação judicial movida contra a Fazenda Nacional caracteriza índice de atividade a ser homologada no âmbito do artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional para fins de contagem do prazo de decadência.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-003.395
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
(Assinado digitalmente)
Gustavo Lian Haddad - Relator
EDITADO EM: 04/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Adriano Gonzales Silverio (suplente convocado), Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior.
Nome do relator: GUSTAVO LIAN HADDAD
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2000 a 30/12/2007 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DEPÓSITO JUDICIAL. O depósito judicial efetuado pelo contribuinte em ação judicial movida contra a Fazenda Nacional caracteriza índice de atividade a ser homologada no âmbito do artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional para fins de contagem do prazo de decadência. Recurso especial negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 11070.000404/2008-51
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5398644
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 9202-003.395
nome_arquivo_s : Decisao_11070000404200851.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : GUSTAVO LIAN HADDAD
nome_arquivo_pdf_s : 11070000404200851_5398644.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad - Relator EDITADO EM: 04/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Adriano Gonzales Silverio (suplente convocado), Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
id : 5719896
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250335170560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1554; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 8 1 7 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11070.000404/200851 Recurso nº 265.155 Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.395 – 2ª Turma Sessão de 21 de setembro de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA TRITICOLA SANTA ROSA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2000 a 30/12/2007 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DEPÓSITO JUDICIAL. O depósito judicial efetuado pelo contribuinte em ação judicial movida contra a Fazenda Nacional caracteriza índice de atividade a ser homologada no âmbito do artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional para fins de contagem do prazo de decadência. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Relator EDITADO EM: 04/11/2014 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 04 04 /2 00 8- 51 Fl. 160DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Adriano Gonzales Silverio (suplente convocado), Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior. Relatório Em face da Cooperativa Triticola Santa Rosa Ltda., foi lavrada a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito de fls. 01/53, para a cobrança de contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social pelo produtor rural, pessoa física e segurado especial, incidentes sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, bem como destinada ao SENAR e ao SAT/RAT. A Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, ao apreciar o recurso voluntário interposto pela contribuinte, exarou o acórdão n° 230101.686, que se encontra às fls. 113/115 e cuja ementa é a seguinte: “Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2000 a 30/12/2007 AQUISIÇÃO DE PRODUTO DE PESSOA FÍSICA DECADÊNCIA De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Turma, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso para declarar a decadência das contribuições relativas às competências compreendidas entre 11/2000 a 03/2003, aplicando a regra decadencial expressa no art. 150, § 4º do CTN. Intimada do acórdão em 03/10/2011 (fls. 116), a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 118/121), em que sustenta divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão nº 20180517, no tocante à decadência das contribuições sociais em razão da não antecipação de seu pagamento. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 137/2012, de 29/02/2012 (fls. 141/141v). Fl. 161DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 11070.000404/200851 Acórdão n.º 9202003.395 CSRFT2 Fl. 9 3 Intimada sobre a admissão do recurso especial interposto, a contribuinte deixou de apresentar suas contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator O recurso foi interposto em razão da divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão nº 20180517, assim ementado: “PIS. DECADÊNCIA. O depósito judicial não se equipara ao pagamento antecipado, em cuja ausência a regra para determinação do termo inicial para contagem do prazo decadencial, relativamente aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, deslocase para o previsto no art. 173, I, do CTN. DEPÓSITOS JUDICIAIS. INTEGRALIDADE. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. MULTA DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE. A realização de depósitos judiciais no montante integral do lançamento implica a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e impede a aplicação de multa de ofício. Recurso provido em parte.” No presente caso, o acórdão recorrido determinou, para fins de cômputo do prazo decadencial, a aplicação do artigo 150, § 4º do CTN em razão da existência de depósito judicial do valor objeto de lançamento, considerando tal depósito como uma antecipação de pagamento. O paradigma colacionado, no entanto, entendeu que o depósito judicial não se equipara ao pagamento antecipado, devendo o cômputo do prazo decadencial seguir a regra do art. 173, I do CTN. Destarte, patente a divergência, razão pela qual conheço do recurso especial interposto. No mérito a questão posta a esta C. Câmara Superior diz respeito à regra a ser aplicada para fins de contagem do prazo decadencial em situação na qual o contribuinte efetuou o depósito judicial do tributo. Já manifestei entendimento em diversas oportunidades segundo o qual para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o prazo decadencial para efetuar o lançamento de tal tributo seria, em regra, o do art. 150, §4º do CTN. Dessa forma, o prazo decadencial para o lançamento seria de cinco anos a contar do fato gerador, independentemente da existência de pagamento antecipado. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD 4 Ocorre que o Regimento Interno deste E. Conselho, a partir de alteração promovida pela Portaria MF n.º 586, de 22 de dezembro de 2010, introduziu no artigo 62A do Anexo II dispositivo que determina, in verbis: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” E o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar em 18/09/2009 o RESP nº 973.733 na sistemática de recursos repetitivos, nos termos do artigo 543C do CPC, consolidou entendimento diverso no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, considerando relevante a existência de antecipação do pagamento para a aplicação do art. 150, parágrafo 4º do CTN. O acórdão em questão encontrase assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, Fl. 163DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 11070.000404/200851 Acórdão n.º 9202003.395 CSRFT2 Fl. 10 5 iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Com o advento da decisão acima referida, temse que nos casos em que não houve antecipação de pagamento deve este Colegiado aplicar a regra do art. 173, I, do CTN, ou seja, contarse o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, sendo este entendido, segundo a ementa acima, como o primeiro dia seguinte à ocorrência do fato imponível. Nos casos em que há recolhimento, ainda que parcial, aplicase a regra do art. 150, § 4º do CTN, ou seja, o prazo iniciase na data do fato gerador. No presente caso, as contribuições previdenciárias objeto do presente processo foram objeto de depósitos judiciais em ação movida pela contribuinte em face da Fazenda Nacional (processo nº 1999.71.000145129). O Relatório Fiscal às fls. 46 expressamente reconhece que a NFLD foi lavrada apenas para evitar a decadência das contribuições previdenciárias. Temse, portanto, que em relação às contribuições previdenciárias ora analisadas a contribuinte (i) apurou a ocorrência do fato gerador, (ii) calculou o montante devido e (iii) depositou em juízo o valor da exação (ao invés de recolhêla aos cofres públicos). A meu ver a ratio decidendi do Superior Tribunal de Justiça no RESP nº 973.733, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos do artigo 543C do CPC, foi a de considerar o pagamento antecipado como indicio necessário de atividade do contribuinte objeto de homologação no âmbito do lançamento por homologação. Como explica o Professor Luiz Guilherme Marinoni: Fl. 164DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD 6 “A ratio não se confunde com o dispositivo e com a fundamentação, mas constitui algo externo a ambos, algo que é formulado a partir do relatório, da fundamentação e do dispositivo. (...) Para Wambaugh, ratio decidendi é uma regra em cuja ausência o caso seria decidido de outra forma. O jurista descreve o modo como o teste deve ser feito. Antes de tudo há de ser cuidadosamente formulada a suposta proposição de direito. Após deve inserirse na proposição uma palavra que inverta o seu significado. Então, é necessário perguntar se, caso o tribunal houvesse admitido a nova proposição e a tivesse tomado em conta no seu raciocínio, a decisão teria sido a mesma. Sendo a resposta afirmativa, o caso não é um precedente para a proposição; em hipótese negativa, o caso tem autoridade para a proposição original. Wambaugh resume o seu teste dizendo que a proposição ou doutrina do caso, a razão da decisão, a ratio decidendi, deve ser uma regra geral sem a qual o caso deveria ter sido decidido de outra maneira. Diante do teste de Wambaugh, invertendose o sentido da proposição tomada em conta pelo tribunal, a sua decisão não pode ser a mesma para que a proposição constitua ratio decidendi. A proposição com o sentido invertido – portanto, outra proposição – faria com que o caso fosse decidido de outra maneira. Se a nova proposição gera igual decisão, a proposição original, em vez de constituir ratio decidendi, representa obter dictum.” (Marinoni, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 2. ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. p. 223/224) Na decisão do STJ o pagamento antecipado serviu como elemento indicativo da atividade a ser homologada. O depósito do tributo exerce o mesmo papel, sendo o contribuinte responsável por exercer a atividade de calcular o valor que entende devido e efetuar o depósito, tomando a Fazenda Nacional conhecimento para a partir dai fiscalizar e se for o caso lançar o valor apurado (como fez no presente caso) e eventuais diferenças. O valor objeto do depósito judicial já passa, inclusive, a integrar o orçamento da União, nos termos dos artigos 1º, §2º e 2º da Lei n. 9.703,1998, cabendo à União efetuar a devolução ao contribuinte em caso de decisão favorável, verbis: “Art. 1o Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais DARF, específico para essa finalidade. § 1o O disposto neste artigo aplicase, inclusive, aos débitos provenientes de tributos e contribuições inscritos em Dívida Ativa da União. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD Processo nº 11070.000404/200851 Acórdão n.º 9202003.395 CSRFT2 Fl. 11 7 § 2o Os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no mesmo prazo fixado para recolhimento dos tributos e das contribuições federais. § 3o Mediante ordem da autoridade judicial ou, no caso de depósito extrajudicial, da autoridade administrativa competente, o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo litigioso, será: I devolvido ao depositante pela Caixa Econômica Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas, quando a sentença lhe for favorável ou na proporção em que o for, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e alterações posteriores; ou II transformado em pagamento definitivo, proporcionalmente à exigência do correspondente tributo ou contribuição, inclusive seus acessórios, quando se tratar de sentença ou decisão favorável à Fazenda Nacional. § 4o Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal serão debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de restituição. § 5o A Caixa Econômica Federal manterá controle dos valores depositados ou devolvidos. Art. 2o Observada a legislação própria, o disposto nesta Lei aplicase aos depósitos judiciais e extrajudiciais referentes às contribuições administradas pelo Instituto Nacional do Seguro Social.” Com base no exposto e embora o STJ não tenha enfrentado situação específica envolvendo depósito judicial, entendo que a ratio motivadora do descriminante construído pelo tribunal no Resp 973.733 para aceitar a aplicação do artigo 150, parágrafo 4º do CTN também está presente no caso de tributo objeto de depósito judicial, pelo que não vislumbro razão para reformar a conclusão da decisão recorrida. Destarte, considerando que a contribuinte foi cientificada do lançamento em 02/04/2008 (fls. 01), deve ser mantida a declaração da decadência em relação aos valores lançados nas competências compreendidas entre 11/2000 a 03/2003. Destarte, conheço do recurso especial interposto pela Procuradoria para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 166DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD 8 Fl. 167DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/11/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/11/2 014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 06/11/2014 por GUSTAVO LIAN HADDAD
score : 1.0
Numero do processo: 15215.720042/2011-83
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
Recurso Voluntário. Apresentação Fora do Prazo. Intempestividade.
A Legislação faculta ao contribuinte a apresentação de Recurso Voluntário contra a decisão desfavorável da autoridade julgadora de 1a. instância administrativa no prazo de 30 dias a contar da ciência dessa decisão. Não se conhece do recurso apresentado depois desse prazo, por intempestivo:
Numero da decisão: 1801-002.145
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente
(assinado digitalmente)
Maria de Lourdes Ramirez Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: MARIA DE LOURDES RAMIREZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008 Recurso Voluntário. Apresentação Fora do Prazo. Intempestividade. A Legislação faculta ao contribuinte a apresentação de Recurso Voluntário contra a decisão desfavorável da autoridade julgadora de 1a. instância administrativa no prazo de 30 dias a contar da ciência dessa decisão. Não se conhece do recurso apresentado depois desse prazo, por intempestivo:
turma_s : Primeira Turma Especial da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 15215.720042/2011-83
anomes_publicacao_s : 201411
conteudo_id_s : 5397979
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 17 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 1801-002.145
nome_arquivo_s : Decisao_15215720042201183.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : MARIA DE LOURDES RAMIREZ
nome_arquivo_pdf_s : 15215720042201183_5397979.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
id : 5703983
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:31:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250445271040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1785; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE01 Fl. 2 1 1 S1TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15215.720042/201183 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1801002.145 – 1ª Turma Especial Sessão de 21 de outubro de 2014 Matéria AI IRPJ e Reflexos / Exclusão Simples Recorrente FRANCO E CAMPOS LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. APRESENTAÇÃO FORA DO PRAZO. INTEMPESTIVIDADE. A Legislação faculta ao contribuinte a apresentação de Recurso Voluntário contra a decisão desfavorável da autoridade julgadora de 1a. instância administrativa no prazo de 30 dias a contar da ciência dessa decisão. Não se conhece do recurso apresentado depois desse prazo, por intempestivo: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 21 5. 72 00 42 /2 01 1- 83 Fl. 1211DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Cuidase de recurso voluntário interposto contra acórdão da 1a. Turma de Julgamento da DRJ em Juiz de Fora/MG que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo integralmente as exigências consubstanciadas nos autos. De acordo com o relatório produzido pela auditoria fiscal a empresa em referência adotou o Simples Nacional como forma de recolher os tributos federais, para o período de janeiro a outubro de 2008 e, na DASN, apontou receitas auferidas nos meses de janeiro a maio de 2008, nos seguintes valores: Janeiro 3.687,84 Fevereiro 26.439,04 Março 18.735,34 Abril 23.383,30 Maio 28.243,37 Total Nos demais meses, de junho, julho, agosto, setembro e outubro não declarou receitas auferidas. Para os meses de novembro e dezembro de 2008 adotou o Lucro Real. Mas a DIPJ e a correspondente DCTF do período em referência foram entregues sem qualquer valor declarado (zeradas). Atendendo intimação, apresentou sua escrituração contábil e fiscal do período de outubro/2008 a dezembro/2009, deixando de entregar a escrituração do período anterior – janeiro/2007 a setembro/2008. Na escrituração apresentada teriam sido registradas receitas de vendas em novembro/2008, no valor de R$ 139.676,21 e, em dezembro, de R$ 284.507,22. Teria informado não possuir Livro Caixa ou Diário para o período de janeiro/2007 a setembro/2008, mas que teria retificado a DACON. Declarou, ainda, possuir contascorrentes junto a instituições financeiras, fornecendo os extratos solicitados pela auditoria. De posse dos extratos a fiscalização elaborou demonstrativo contendo créditos de valor superior a R$ 1.000,00, encaminhando a relação, via intimação, para que a contribuinte comprovasse a origem dos valores. Apurouse, após denuncia recebida, que o POSTO VARGEM ALEGRE LTDA., havia sido adquirido pelos sócios da FRANCO E CAMPOS LTDA., mediante a interposição de sócios fictos – “laranjas” – EBENEZER DA SILVA MARQUES e SILAS LUCINDO GONÇALVES. O primeiro teria sido localizado trabalhando como frentista do posto e o segundo, trabalhando no escritório de FRANCO E CAMPOS. Fl. 1212DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 15215.720042/201183 Acórdão n.º 1801002.145 S1TE01 Fl. 3 3 O sócio da FRANCO E CAMPOS LTDA., CRISPIM ELIAS CAMPOS NETO, que como pagamento pela compra do posto houve a entrega de cheques prédatados da FRANCO E CAMPOS, alguns resgatados em dinheiro, na data prevista para o pagamento. Também teriam sido efetuadas transferências bancárias para a conta do vendedor e que os recursos para tal compra teriam origem na FRANCO E CAMPOS. O vendedor do posto, OTAVIO RODRIGUES DA COSTA afirmou que o valor da venda foi estipulado em R$ 361.250,00, mas que também teria recebido a quantia de R$ 134.000,00 por conta do estoque de mercadorias. Depois de analisar os extratos bancários junto ao contribuinte e junto a instituições financeiras, foi identificada parte das pessoas físicas e jurídicas que creditaram valores nas contas da FRANCO E CAMPOS. Intimadas, várias dessas pessoas físicas e jurídicas informaram não possuir mais os documentos que comprovariam as operações efetuadas com a fiscalizada. Concluiu, assim, a auditoria, que a maior parte desses recursos foi utilizada para pagamento de mercadorias não declaradas e vendidas sem emissão de nota fiscal. Tais recursos teriam sido utilizados na compra do posto de gasolina. Contudo, instada, pelos termos de intimação n ºs 3,4,5 e 6 a comprovar o restante do valor depositado de R$ 2.323.323,51, não identificado pela auditoria, quedouse inerte a empresa. Dessa forma, esse valor foi considerado como omissão de receitas presumida em créditos bancários. Com fulcro nas disposições do art. 29, incisos V, VIII, IX e § 1o. da Lei Complementar n º 123, de 2006, foi editado ato de exclusão da empresa do Simples Nacional A empresa foi, então, intimada a optar pelo lucro presumido ou real para o período em que foi excluída do Simples Nacional, desde que apresentasse escrita contábil apta a permitir a determinação do lucro real ou presumido. Como não se manifestou no prazo concedido, foi promovido o arbitramento dos lucros. Para cálculo do lucro arbitrado os depósitos bancários não comprovados foram considerados como receita conhecida A multa de ofício foi qualificada, pelo evidente intuito de fraude. Defendeuse a empresa apresentando a impugnação de efls. 1.154/1.170. As razões de defesa foram assim resumidas no relatório do acórdão proferido pela Turma Julgadora de 1a. Instância: Não houve o respeito dos efeitos dos Atos Declaratórios mencionados, pois retroagiram atingindo períodos anteriores a sua edição, tal ato fere o princípio da irretroatividade da Lei (art. 5º , XXXIV e XL, da Constituição Federal de 1988). Portanto não há dúvidas quanto à impossibilidade da lei retroagir. Ademais, não foram consideradas as despesas para a apuração do lucro. Tais vícios tornam o ato administrativo incompleto em seus requisitos, tornando nulos os referidos autos. Ainda mais. A exclusão tal como realizada, fere a legislação do SIMPLES tanto na inadequação do ato utilizado como dos efeitos retroativos da exclusão. A IN n° 104 de 24/08/1998 permitiu a adoção pelas empresas do regime de caixa no reconhecimento das vendas de bens e serviços. Fl. 1213DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 [...] Assim é que para se efetivar o ARBITRAMENTO PARA FINS TRIBUTÁRIOS a fiscalização deveria utilizar "as regras do SIMPLES, sendo inadmissível a utilização do arbitramento do lucro. Que se tolere a repetição, mas há necessidade da consideração de despesas para a apuração da renda tributável e que o autuante não considerou. É flagrante a ilegalidade da cobrança dos juros de mora baseados na taxa SELIC, pois sua aplicação constituise em inconstitucionalidade para fins tributários, eis que é ilegal a cobrança de taxa superior a 12% ao ano, caracterizando verdadeiro anatocismo, pois o CTN só autoriza juros no limite de 1% ao mês. Em relação à multa de ofício, vêse novamente um verdadeiro confisco, pois sua aplicação percentual de 75% é inconstitucional, caracterizando um verdadeiro confisco. Finalmente, em relação à contribuição social sobre o lucro liquido, há que se ater que esta contribuição incide sobre o lucro e que não foram deduzidas as despesas para apuração deste lucro. A Turma Julgadora de 1a. Instância, ao apreciar o litígio, consignou que a empresa não havia apresentado manifestação de inconformidade contra o ato de exclusão do Simples, tornando, assim, definitiva a exclusão do sistema. O arbitramento dos lucros foi justificado diante da ausência de escrituração na forma da lei, assim como os acréscimos legais aos tributos exigidos. Ao final, a impugnação foi considerada improcedente. Cientificada da decisão, em 09/07/2012 (AR efl. 1.184), apresentou a interessada, em 15/08/2012, recurso voluntário, no qual reproduz as razões de defesa deduzidas na impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora. Como se verifica da cópia do AR à efl. 1.184, a recorrente foi cientificada da decisão da DRJ em Juiz de Fora/MG no dia 09/07/2012. O dia 09/07/2012 recaiu numa segundafeira. Assim, o prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do recurso voluntário começou a fluir a partir de terçafeira, dia 10/07/2012, finalizandose em 08/08/2012, uma quartafeira. Fl. 1214DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 15215.720042/201183 Acórdão n.º 1801002.145 S1TE01 Fl. 4 5 O recurso voluntário foi protocolizado somente em 15/08/2012, ou seja, muito além do último dia do prazo legal para sua apresentação. A recorrente não alega a tempestividade do recurso. Portanto, ainda que erroneamente a ARF de Caratinga/MG tenha afirmado em sentido contrário, no despacho de encaminhamento de efl. 1.210, devese reconhecer que o recurso interposto é intempestivo, e, nessas condições, não pode ser conhecido. Em face do exposto voto no sentido de não conhecer do recurso, por intempestivo. (assinado digitalmente) Maria de Lourdes Ramirez Fl. 1215DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 29/10/ 2014 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 18008.000047/2009-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1999 a 31/12/2000
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NFLD - RETENÇÃO DE 11% - EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL - OBRIGAÇÃO DE EFETIVAR A RETENÇÃO
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - SEGURADOS EMPREGADOS - ESTAGIÁRIO - DESCARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO - PERÍODO ATINGINDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL - SÚMULA VINCULANTE STF.
O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante nº 8São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
Considerando que o lançamento em questão foi efetuado em 31/10/2004, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 10/11/2004. e que os fatos geradores ocorreram entre as competências 03/1999 a 06/1999, pela aplicação do art. 150, § 4º do CTN o crédito apurado encontra-se totalmente extinto.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-003.694
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a decadência do lançamento.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Ricardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/1999 a 31/12/2000 PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NFLD - RETENÇÃO DE 11% - EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL - OBRIGAÇÃO DE EFETIVAR A RETENÇÃO PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - SEGURADOS EMPREGADOS - ESTAGIÁRIO - DESCARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO - PERÍODO ATINGINDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL - SÚMULA VINCULANTE STF. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante nº 8São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Considerando que o lançamento em questão foi efetuado em 31/10/2004, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 10/11/2004. e que os fatos geradores ocorreram entre as competências 03/1999 a 06/1999, pela aplicação do art. 150, § 4º do CTN o crédito apurado encontra-se totalmente extinto. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 18008.000047/2009-13
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5391998
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2401-003.694
nome_arquivo_s : Decisao_18008000047200913.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 18008000047200913_5391998.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a decadência do lançamento. Elias Sampaio Freire - Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Ricardo Henrique Magalhães de Oliveira.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
id : 5678652
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250452611072
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2154; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18008.000047/200913 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401003.694 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de setembro de 2014 Matéria RETENÇÃO DE 11% Recorrente SILVER STAR PARTICIPAÇÕES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1999 a 31/12/2000 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NFLD RETENÇÃO DE 11% EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL OBRIGAÇÃO DE EFETIVAR A RETENÇÃO PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO SEGURADOS EMPREGADOS ESTAGIÁRIO DESCARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO PERÍODO ATINGINDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE STF. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a “Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário””. Considerando que o lançamento em questão foi efetuado em 31/10/2004, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 10/11/2004. e que os fatos geradores ocorreram entre as competências 03/1999 a 06/1999, pela aplicação do art. 150, § 4º do CTN o crédito apurado encontrase totalmente extinto. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declarar a decadência do lançamento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 00 8. 00 00 47 /2 00 9- 13 Fl. 285DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Ricardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 286DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18008.000047/200913 Acórdão n.º 2401003.694 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Trata o presente auto de infração, lavrado sob o n. 37.700.1176, em desfavor do recorrente, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa sobre a contratação de pessoas jurídicas mediante cessão de mão de obra, apuradas no período compreendido entre as competências 03/1999 a 12/2000. Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 31 e seguintes, a empresa GOLDEN CROSS SEGURADORA S/A , tomadora do do serviço (contratante), não efetuou a retenção e o consequnte recolhimento de 11% sobre as notas fiscais/faturas de serviço por ocasião da prestação dos serviços em função do Mandado de sSegurança 99.002051197 (seção Juiciária do Estado do RJ) da 27 Vara Federal apresentado pela empresa contratada PC – MANUTENÇÃO DE MICROCOMPUTADORES, determinando que: “A empresa se abstenha de recolher o percentual a cargo de contribuição social sobre as faturas de prestação de serviços que a impetrante emitir contra a Golden Cross Seguradora S/A. Indica ainda que a constituição do crédito objetiva prevenir a decadência. Às fls. 87 e seguintes consta ofício do Juizo responsável pela concessão de liminar em nome da PC – Manutenção, interposto em 14 de junho de 1999, para que a empresa contratante – GOLDEN CROSS (AUTUADA), abstenhase de recolher o percentual de 11%. Importante, destacar que a lavratura do AI deuse em 31/10/2004, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 10/11/2004. Não conformada com a autuação a recorrente apresentou impugnação, fls. 49 a 52. Foi exarada a Decisão que confirmou a procedência parcial do lançamento, conforme fls. 112 e seguintes, excluindo do lançamento as contribuições lançadas a partir de 09/1999, condiderando que a empresa prestadora de serviços – PC – MANUTENÇÃO, obteve liminar datada de 15/09/99, para que a contratante GOLDEN CROSS (autuada), não efetivasse a retenção dos 11%. Assim, remanesce no presente lançamento apenas as contribuições do período de 03/1999 a 08/1999. Transcrevo a ementa da decisão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/1999 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. A decadência das contribuições devidas a Seguridade Social nos termos expressos na legislação previdenciária é decenal. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INCABIMENTO NA ESFERA ADMINSITRATIVA. Arguições de inconstitucionalidade refogem competência da instância administrativa, salvo se já houver decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a Fl. 287DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, hipótese em que compete à autoridade julgadora afastar a sua aplicação. RETENÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL. Constitui obrigação da empresa contratante de serviços, prestados mediante cessão de mãodeobra, reter 11% sobre o valor bruto dos serviços contidos em nota fiscal, fatura ou recibo e recolher Seguridade Social, a importância devida em nome da empresa prestadora de serviços. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. ELISÃO DA RESPONSABILIDADE SOLIDARIA. NÃO ACEITAÇÃO. A Certidão negativa não é aceitável como meio para afastar a solidariedade do tomador. Em seu texto ressalva o direito de apuração e constituição de eventual crédito remanescente.Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 310. VERDADE MATERIAL. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. RETIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO. Em atendimento ao Principio da Verdade Material, a verificação de elementos capazes de alterar a base de cálculo do lançamento do crédito previdencidrio, obriga a administração Pública a promover sua retificação. Lançamento Procedente em Parte Inconformado o recorrente apresentou recurso, fl. 128, onde alega sinteticamente: que no MS n. 98.00267581, ainda em novembro de 1998, foi proferida decisão suspendendo a exigibilidade do crédito à contribuição ao SAT, autorizando a compensação das parcelas recolhidas com outras contribuiçõe e para a efetivação desta decisão foi então determinado que as empresas contratantes dos serviços da PC MANUTENÇÃO deixassem de reter a contribuição. Ou seja, se efetivasse a retenção ensejaria descumprimento de ordem judicial. Face o exposto requer a improcedência da presente NFLD. Em 10 de julho de 2006, foi exarado despacho da Procuradoria, fl. 201, indicando a necessidade de retificação do débito, considerando que nas competência 07 e 08/1999, também encontravase a autuada impedida de efetivar a retenção de 11% da prestadora _PC MANUTENÇÃO. Foi emitido despacho decisório sendo mantido na presente autuação as competências 03/1999 a 06/1999, fl. 207. Foi apresentado nova manifestação do recorrente, fl. 226, indicando a possibilidade de revisão de oficio do crédito, considerando a aplicação da decadência qüinqüenal. É o relatório. Fl. 288DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18008.000047/200913 Acórdão n.º 2401003.694 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 278. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS PRELIMINARES AO MÉRITO Preliminarmente, quanto ao prazo de decadência para o fisco constituir os créditos objeto desta NFLD, subsumo todo o meu entendimento quanto a legalidade do art. 45 da Lei 8212/91 (10 anos), outrora defendido, à decisão do STF. Dessa forma, quanto a decadência de 5 anos, razão assiste ao contribuinte nos termos abaixo expostos. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n º 8, senão vejamos: Súmula Vinculante nº 8“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O texto constitucional em seu art. 103A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Dessa forma, entendo que este colegiado deverá aplicála de pronto, mesmo nos casos em que não argüida a decadência qüinqüenal por parte dos recorrentes. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional – CTN, quanto ao prazo para a autoridade previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações previdenciárias. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: Fl. 289DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplicase o disposto no § 4º, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art. 173 ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições omitidas para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. Assim, deverseá considerar que houve antecipação para aplicação do § 4º do art. 150 do CTN, quando ocorreu por parte do contribuinte o reconhecimento do valor devido e o seu parcial recolhimento, sendo em todos os demais casos de não reconhecimento da rubrica aplicável o art. 173, I do referido diploma. Dessa forma, deixo de aplicar meu entendimento quanto a aplicação do art. 173, I ao presente caso, para aplicar o art. 150, § 4º do CTN, já que o entendimento descrito pela Câmara Superior é no sentido que existindo recolhimentos, mesmo que a outros títulos, ou Fl. 290DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 18008.000047/200913 Acórdão n.º 2401003.694 S2C4T1 Fl. 5 7 seja, existência de recolhimentos de qualquer natureza, o que pode ser constatado por meio do TEAF e relatório de documentos apresentados, fl. 15, 16 e 32 dos autos. Face o exposto, considerando que o lançamento em questão foi efetuado em 31/10/2004, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 10/11/2004. e que os fatos geradores ocorreram entre as competências 03/1999 a 06/1999, pela aplicação do art. 150, § 4º do CTN o crédito apurado encontrase totalmente extinto. Apenas para efeitos de esclarecimento, embora a empresa tenha ingressado com o Processo 2007.51.10.0003600, Exceção de PréExecutividade – EPE onde questionava a extinção do presente crédito, tendo o processo retornado a esfera administrativa, por encaminhamento da própria procuradoria, extinta encontrase a ação de execução, por perda de objeto. CONCLUSÃO Voto por CONHECER do recurso, para DARLHE PROVIMENTO face a aplicação da decadência quinquenal. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 28/09/2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
score : 1.0
Numero do processo: 23034.022801/2002-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/1996 a 31/05/2002
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS AO FNDE. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 173, I, DO CTN.
O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 173, I, do CTN.
Encontra-se finado pela decadência parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto da presente Notificação para Recolhimento de Débito - NRD.
Recurso Voluntário Negado
Recurso de Ofício Negado
Numero da decisão: 2302-003.377
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, que excluiu do lançamento as competências até 11/2000, inclusive, pela aplicação do artigo 173, I, do Código Tributário Nacional.
Por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário mantendo o lançamento nas competências remanescentes relativo às contribuições devidas para o FNDE.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/1996 a 31/05/2002 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS AO FNDE. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 173, I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 173, I, do CTN. Encontra-se finado pela decadência parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto da presente Notificação para Recolhimento de Débito - NRD. Recurso Voluntário Negado Recurso de Ofício Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 23034.022801/2002-12
anomes_publicacao_s : 201410
conteudo_id_s : 5389856
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 2302-003.377
nome_arquivo_s : Decisao_23034022801200212.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : ARLINDO DA COSTA E SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 23034022801200212_5389856.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, que excluiu do lançamento as competências até 11/2000, inclusive, pela aplicação do artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. Por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário mantendo o lançamento nas competências remanescentes relativo às contribuições devidas para o FNDE. Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
id : 5664415
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:30:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047250469388288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2010; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 182 1 181 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 23034.022801/200212 Recurso nº 003.377 De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2302003.377 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de setembro de 2014 Matéria SALÁRIO EDUCAÇÃO Recorrente EUCATUR EMPRESA UNIÃO CASCAVEL DE TRANSPORTE E TURISMO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/1996 a 31/05/2002 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS AO FNDE. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 173, I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 173, I, do CTN. Encontrase finado pela decadência parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto da presente Notificação para Recolhimento de Débito NRD. Recurso Voluntário Negado Recurso de Ofício Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, que excluiu do lançamento as competências até 11/2000, inclusive, pela aplicação do artigo 173, I, do Código Tributário Nacional. Por unanimidade de votos em negar provimento ao Recurso Voluntário mantendo o lançamento nas competências remanescentes relativo às contribuições devidas para o FNDE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 23 03 4. 02 28 01 /2 00 2- 12 Fl. 180DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 183 3 Relatório Período de apuração: 01/10/1996 a 31/05/2002. Data da lavratura da NRD: 23/11/2006. Data da Ciência do NRD: 04/12/2006. Temse em pauta Recurso de Ofício e Recurso Voluntário interpostos em face de Decisão de Primeira Instância Administrativa proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR, que julgou procedente em parte o lançamento aviado mediante a Notificação para Recolhimento de Débito – NRD a fl. 103, consistente em contribuições sociais destinadas ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação referentes ao período de outubro/1996 até maio/2002. Em contenção ao prosseguimento do supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 106/113. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 06 – 7ª Turma da DRJ/CTA, a fls. 143 e seguintes, julgando procedente em parte o lançamento, para dele fazer excluir as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências até novembro/2000, em razão da decadência, nos termos aferidos no art. 173, I, do CTN, retificando o crédito tributário na forma exposta no Discriminativo Analítico do Débito Retificado DADR a fls. 135/142, e recorrendo de ofício de sua decisão. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 04/01/2011, conforme Aviso de Recebimento a fls. 146. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário a fls. 147/152, pugnando pela incidência do art. 150, §4º do Código Tributário Nacional CTN. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 04/01/2011. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado 20/01/2011, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Estando cumpridos os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 2.1. DA DECADÊNCIA Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, nos termos que se vos seguem: Súmula Vinculante nº 8 “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 184 5 Conforme estatuído no art. 103A da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 é de observância obrigatória tanto pelos órgãos do Poder Judiciário quanto pela Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála de imediato. Constituição Federal de 1988 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. A decadência tributária conceituase como a perda do poder potestativo da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário mediante o lançamento, em razão do exaurimento integral do prazo previsto na legislação competente. O instituto da decadência no Direito Tributário, malgrado respeitadas posições em sentido diverso, encontrase regulamentado no art. 173 do Código Tributário Nacional CTN, que reza ipsis litteris: Código Tributário Nacional CTN Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Conforme detalhadamente explicitado e fundamentado no Acórdão nº 2302 01.387 proferido nesta 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, na Sessão de 26 de outubro de 2011, nos autos do Processo nº 10240.000230/200865, convicto encontrase este Conselheiro de que, após a implementação do sistema GFIP/SEFIP, o lançamento das contribuições previdenciárias não mais se enquadra na sistemática de lançamento por homologação, mas, sim, na de lançamento por declaração, nos termos do art. 147 do CTN, contingência que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito inscrito no art. 150, §4º do CTN. Fl. 184DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Além do mais, a verve de fundamentação do lançamento por homologação baseiase no fato de, desde a ocorrência do fato gerador do tributo até a ocorrência do lançamento, o que existe é, tão somente, obrigação tributária, a qual é ilíquida e incerta, não dispondo a Administração Tributária de justo título para a cobrança. Tornase, por isso, necessário o procedimento administrativo do lançamento para, conferindo à obrigação tributária os atributos da liquidez e certeza, convolála em crédito tributário, este sim exigível pelo Fisco. Daí a natureza jurídica dúplice do lançamento: declaratória da obrigação tributária e constitutiva do crédito tributário. Trocando em miúdos, somente após a efetiva convolação, pelo lançamento, da obrigação tributária em crédito tributário, passa a administração tributária a dispor de justo título para a exigência do crédito decorrente. Antes não. Antes do lançamento há, apenas, obrigação tributária: ilíquida, incerta e inexigível. No caso das contribuições previdenciárias, como originariamente o sujeito passivo efetuava o recolhimento do tributo com fundamento em obrigação tributária, e não em crédito tributário, tal recolhimento, nessa condição, era ainda indevido, haja vista que o beneficiário do pagamento – o Fisco, até então, não dispunha de justo título, o qual é constituído por intermédio do Lançamento, nos termos do art. 142 do CTN. Ocorrido o fato gerador, a obrigação tributária correspondente ao pagamento realizado antecipadamente pelo Sujeito Passivo passava a depender da efetivação do respectivo lançamento, por parte da administração tributária, o qual, ocorrendo, convolava a obrigação em crédito tributário sendo este, imediatamente extinto pelo recolhimento antecipado efetuado pelo Sujeito Passivo. É o que diz o §1º do art. 150 do CTN. Código Tributário Nacional CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. §1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (grifos nossos) §2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. §3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. §4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 185DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 185 7 Em outras palavras, a extinção do crédito tributário pelo pagamento antecipado realizase sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento. Ou seja, se não houver lançamento, resolvese a extinção do crédito tributário correspondente ao pagamento efetuado, podendo o Obrigado repetir o que se houve por indevidamente pago, haja vista que o pagamento deuse com fundamento, não em razão de crédito tributário, e não em virtude de obrigação tributária, ilíquida, incerta e inexigível. Daí a necessidade de lançamento associado, especificamente, ao montante que se houve por recolhido antecipadamente: Para convolar a obrigação tributária nascida com os fatos geradores praticados pelo Contribuinte no crédito tributário correspondente, este dotado de liquidez, certeza e exigibilidade, excluindo, a partir de então a possibilidade do Sujeito Passivo de repetir o que foi pago antecipadamente. Notese que, nos termos do §1º do art. 150 do CTN, a extinção do crédito tributário encontrase sujeita a condição resolutória do lançamento. Ocorre que, nos termos do art. 173, I, do CTN, o direito da Fazenda Pública efetuar o lançamento extinguese após 5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que tal lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, exaurido o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN sem que tenha ocorrido o lançamento, passa a dispor o Contribuinte do direito de repetir o que se houve por recolhido antecipadamente. Para evitar tal repetição tributária, o legislador ordinário instituiu a figura do lançamento por homologação tácita daquilo se houve por antecipadamente recolhido a título de tributo, nos termos assentados no §4º do art. 150 do CTN. Assim, escoado o prazo de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador, a Lei homologa o valor recolhido correspondente como se lançamento fosse. Daí o lançamento por homologação ser conhecido pela Doutrina e jurisprudência pelo termo “auto lançamento”. Notese que o lançamento por homologação tácita sempre, sempre irá ocorrer antes de exaurido o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN. Registrese, todavia, que a modalidade de lançamento por homologação somente é aplicável aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Nos termos da lei, o lançamento por homologação operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento do recolhimento antecipado realizado pelo Sujeito Passivo, expressamente o homologa como se lançamento fosse. Inexistindo tal homologação expressa, esta soerá advir tacitamente, após o decurso de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Acontece que o §1º do art. 113 do CTN estatui que “A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente”. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Assim, com a homologação expressa ou tácita, apenas a fração da obrigação tributária correspondente ao crédito tributário pago antecipadamente se houve por extinta com o pagamento. Iluminese que a própria lei estatui que não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, aqui incluído por óbvio o ato do pagamento antecipado, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito, os quais serão considerados na apuração do saldo porventura devido. Assim, nos termos do art. 150, caput e parágrafos, do CTN, apenas encontra se extinta pelo pagamento antecipado e correspondente homologação tácita a fração da obrigação tributária correspondente ao pagamento realizado. Dessarte, as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores cujo crédito tributário correspondente não se houve por contemplado pelo recolhimento antecipado permanecem hígidas, não sofrendo qualquer influência do pagamento realizado pelo Sujeito Passivo, nos termos do §2º do art. 150 do CTN. Nessa vertente, o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário referente às obrigações tributárias ainda não extintas pelo pagamento extinguese após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, em atenção ao preceito inscrito no art. 173, I, do CTN. De outro eito, mas vinho de outra pipa, pelas razões expendidas nos autos do Processo Administrativo Fiscal referido nos parágrafos anteriores, entende este relator que o lançamento tributário encontrase perfeito e acabado na data de sua lavratura, representada pela assinatura da Autoridade Fiscal lançadora, figurando a ciência do contribuinte como atributo de publicidade do ato e condição de eficácia do lançamento perante o sujeito passivo, mas, não, atributo de sua existência. Nada obstante, o entendimento dominante nesta 2ª Turma Ordinária, em sua composição permanente, comunga a concepção de que a data de ciência do contribuinte produz, como um de seus efeitos, a demarcação temporal do dies a quo do prazo decadencial. Diante de tal cenário, o entendimento deste que vos relata mostrase isolado perante o Colegiado. Dessarte, em atenção aos clamores da eficiência exigida pela Lex Excelsior, curvome ao entendimento majoritário deste Sodalício, em respeito à opinio iuris dos demais Conselheiros. Mostrase alvissareiro examinar, em detalhes, a questão atinente ao dies a quo do prazo decadencial relativo à competência dezembro de cada ano calendário, sob a ótica do regramento insculpido no art. 173, I, do CTN. O art. 37 da Lei Orgânica da Seguridade Social prevê o lançamento de ofício de contribuições previdenciárias sempre que a fiscalização constatar o atraso total ou parcial no recolhimento das exações em apreço. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração ou notificação de lançamento. (grifos nossos) Fl. 187DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 186 9 De outro eito, o §2º do art. 225 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, na redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/1999, vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, estabelece como obrigação acessória da empresa de entregar a GFIP até o até o dia sete do mês seguinte àquele a que se referirem as informações. Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 Art.225. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; (...) §2º A entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social deverá ser efetuada na rede bancária, conforme estabelecido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, até o dia sete do mês seguinte àquele a que se referirem as informações. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/1999) (grifos nossos) No caso da competência dezembro, até que se expire o prazo para a entrega da GFIP, digase, o dia 07 de janeiro do ano seguinte, não pode a autoridade administrativa proceder ao lançamento de ofício pelo descumprimento de tal obrigação acessória, eis que o sujeito passivo ainda não se encontra em atraso com a referida prestação de declarações ao Fisco. Tratase de concepção análoga ao o princípio da actio nata, impondose que o prazo decadencial para o exercício de um direito potestativo somente começa a fluir a contar da data em que o sujeito ativo dele detentor pode, efetivamente, exercelo. Dessarte, a deflagração do aludido lançamento, referente ao mês de dezembro, somente pode ser perpetrada a contar do dia 08 de janeiro do ano seguinte. Nesse contexto, a contagem do prazo decadencial assentado no inciso I do art. 173 do CTN relativo à competência dezembro do ano xx somente terá início a partir de 1º de janeiro do ano xx + 2. Pacificando o entendimento acerca do assunto em realce, o Superior Tribunal de Justiça assentou em sua jurisprudência a interpretação que deve prevalecer, espancando definitivamente qualquer controvérsia ainda renitente, conforme dessai em cores vivas do julgado dos Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial nº 674.497, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. No caso vertente, o prazo decadencial relativo às obrigações tributárias nascidas na competência dezembro de 2000 tem seu dies a quo assentado no dia 1º de janeiro de 2002, o que implica dizer que, à luz do art. 173, I, do CTN, a constituição do crédito tributário referente aos fatos geradores ocorridos nessa competência poderia ser objeto de lançamento até o dia 31 de dezembro de 2006, inclusive. Assim, tendo sido a NRD em litígio levada à ciência do Sujeito Passivo em 04/12/2006, os efeitos do lançamento em questão alcançariam com a mesma eficácia constitutiva todas as obrigações tributárias exigíveis a contar da competência dezembro/2000, inclusive, nos termos do Inciso I do art. 173 do CTN, restando fulminadas pela decadência todas as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos até a competência novembro/2000, inclusive, bem como aquelas referentes ao 13º salário desse mesmo ano calendário. Por tais razões, negamos provimento ao Recurso de Ofício. Ocorre, todavia, que, em 18/09/2009, houvese por publicado o Acórdão do Recurso Especial nº 973.733 – SC, proferido na sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil, tendo por objeto de mérito questão referente ao termo inicial do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário pelo Fisco nas hipóteses em que o contribuinte não declara, nem efetua o pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, cuja ementa ora se vos segue: Recurso Especial nº 973.733 – SC (2007/01769940) Rel. : Min. Luiz Fux Data de Publicação: 18/09/2009. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado Fl. 189DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 187 11 da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Na fundamentação do Acórdão, o Ministro Relator destaca que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem tendo sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, a Fl. 190DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 decadência do direito do Fisco de constituir o crédito tributário obedece à regra prevista na primeira parte do §4º do artigo 150 do CTN, conforme se depreende do excerto extraído do voto condutor do Acórdão, adiante transcrito para melhor compreensão de seus fundamentos: “13. Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, obedece à regra prevista na primeira parte do §4º, do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador: "Neste caso, concorre a contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente, com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário. Sendo assim, no termo final desse período, consolidam se simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de homologar expressamente e, consequentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício" (In Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad , pág. 170).” (REsp 973.733 – SC, Rel.: Min. Luiz Fux, DJ: 18/09/2009) O entendimento esposado pela Suprema Corte de Justiça houvese por assimilado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o que motivou a edição da Súmula nº 99, cujo verbete reproduzimos abaixo: SÚMULA CARF Nº 99 Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, §4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Acórdãos Precedentes: 9202002.669, de 25/04/2013; 9202002.596, de 07/03/2013; 9202002.436, de 07/11/2012; 920201.413, de 12/04/2011; 2301003.452, de 17/04/2013; 2403001.742, de 20/11/2012; 2401 002.299, de 12/03/2012; 2301002.092, de 12/ 05/ 2011. De acordo com o entendimento da Suprema Corte de Justiça vertido no Acórdão do Recurso Especial nº 973.733 – SC, o qual transitou em julgado em 29/10/2009, assessorado pela Súmula nº 99 do CARF, tendo havido recolhimento antecipado do tributo, mesmo em montante inferior ao efetivamente devido, inexistindo demonstração de que o Sujeito Passivo tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, a homologação tácita do crédito tributário deve obedecer à regra prevista na primeira parte do §4º do artigo 150 do CTN. Nessa perspectiva, diante das razões até então esplanadas, malgrado não esposar tal entendimento, este Subscritor não pode fechar os olhos à Súmula 99 do CARF, tampouco postarse ao largo do comando imperativo inscrito no art. 62A do Regimento Interno do CARF, que impõe aos Conselheiros desta Corte Administrativa a reprodução das decisões definitivas proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 188 13 Regimento Interno do CARF Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. §1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. §2º O sobrestamento de que trata o §1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Código de Processo Civil Art. 543C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §1o Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §2o Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §3o O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §4o O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §5o Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §6o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §7o Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). Fl. 192DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 I terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). II serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §8o Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, farseá o exame de admissibilidade do recurso especial. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). §9o O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672/2008). O Recorrente alega ter efetuado recolhimentos antecipados do tributo em foco, todavia, fez acostar aos autos, a fls. 154/175, SOMENTE E TÃO SOMENTE, cópias não autenticadas de recolhimentos referentes às competências de janeiro a março/1997 e de novembro/1997 a maio/1998, ou seja, de período já fulminado pela decadência, NÃO TRAZENDO AOS AUTOS QUALQUER PROVA DE RECOLHIMENTO REFERENTE AO PERÍODO DE DEZEMBRO/2000 ATÉ NOVEMBRO/2001. Diante de tal cenário fático, não restando demonstrado/comprovado o efetivo recolhimento de contribuições para o FNDE, referentes às competências de dezembro/2000 até novembro/2001, o crédito tributário decorrente dos fatos geradores ocorridos nesse período não pode ser considerado como homologado, nos termos do §4º do art. 150 do CTN, permanecendo hígidas as obrigações tributárias nascidas com os fatos geradores ocorridos nessas competências, assim como o Direito do Fisco Federal de constituir o crédito correspondente. Assim delimitadas as nuances materiais do lançamento, nesse específico particular, sendo o período de apuração do crédito tributário de 01/10/1996 a 31/05/2002, tendo sido o Sujeito Passivo cientificado do lançamento aviado na NRD em debate em 04/12/2006, e inexistindo prova de recolhimentos antecipados do tributo em tela referentes às competências de dezembro/2000 a novembro/2001, há que se considerar como extintas pela decadência todas as obrigações tributárias referentes aos fatos geradores ocorridos nas competências até novembro/2000, inclusive, bem como aquelas referentes ao 13º salário desse mesmo ano calendário, nos termos do art. 173, I, do CTN, circunstância que se configura óbice intransponível ao Fisco para o exercício do seu direito de constituir o crédito tributário em relação a essas competências, dada a sua extinção legal, nos termos do art. 156, V, in fine, do Código Tributário Nacional, consoante entendimento do STJ aviado na sistemática dos recursos repetitivos. Código Tributário Nacional CTN Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) V a prescrição e a decadência; (...) Fl. 193DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 23034.022801/200212 Acórdão n.º 2302003.377 S2C3T2 Fl. 189 15 Pelas razões acima edificadas, há que se considerar como devido o crédito tributário decorrente dos fatos geradores ocorridos nas competências a contar de dezembro/2000, inclusive. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO dos Recursos Voluntário e de Ofício para, no mérito, NEGARLHES PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
score : 1.0