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Numero do processo: 15586.720024/2011-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Os embargos de declaração são cabíveis quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso concreto, comprovado a existência de omissão na decisão, cabe a admissibilidade dos embargos para a correção do Acórdão.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 3201-002.979
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão no Acórdão. Acompanhou o julgamento, pela Recorrente, o Advogado Ricardo Alvares da Silva Campos Júnior, OAB/ES 9374.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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OMISSÃO. Os embargos de declaração são cabíveis quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso concreto, comprovado a existência de omissão na decisão, cabe a admissibilidade dos embargos para a correção do Acórdão. Embargos Acolhidos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão no Acórdão. Acompanhou o julgamento, pela Recorrente, o Advogado Ricardo Alvares da Silva Campos Júnior, OAB/ES 9374. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 00 24 /2 01 1- 83 Fl. 776DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, em face do Acórdão 3201002.397, que foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Consideramse isentas da contribuição para a COFINS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Para fins de geração de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep no regime da não cumulatividade caracterizase como insumo toda a aquisição de bens ou serviços necessários à percepção de receitas vinculadas à prestação de serviços ou a produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Excluemse deste conceito as aquisições que, mesmo referentes à prestação de serviços ou produção de bens, não se mostrem necessárias a estas atividades, adquiridas por mera liberalidade ou para serem utilizadas em outras atividades do contribuinte, assim como aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado. Recurso Voluntário Provido em Parte A embargante alega que a decisão foi omissa e obscura por não se manifestar quanto ao fato da matéria já ter sido parcialmente decidida no Processo Administrativo nº 15586.001586/201043. Os embargos foram admitidos, nos seguintes termos. Entendo assistir razão a embargante. O acórdão recorrido não se manifestou sobre a possibilidade da matéria já ter sido enfrentada e resolvida na decisão administrativa proferida pela Segunda Turma Ordinária no Acórdão 3302002.228 no Processo Administrativo nº 15586.001586/201043. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Fl. 777DF CARF MF Processo nº 15586.720024/201183 Acórdão n.º 3201002.979 S3C2T1 Fl. 3 3 Consultando os autos e o acórdão embargado é possível comprovar a existência da omissão alegada pela Recorrente, existindo a omissão da decisão quanto a alegação que o mérito da lide teria sido solucionada no julgamento do Processo Administrativo nº 15586.001586/201043. A discussão sobre a decisão de mérito no Processo Administrativo nº 15586.001586/201043 foi matéria tratada na decisão da primeira instância, conforme pode ser verificado no trecho abaixo extraído do voto condutor do Acórdão da DRJ. Cabe informar que o processo nº 15586.001586/201043 foi julgado pela 5ª Turma da DRJ RJ2 por meio do acórdão 1334.003. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/RJ2 acolheu parcialmente as alegações, por entender que o contrato de compra e vendas das pelotas de minério de ferro firmado entre a Nibrasco e a Companhia Vale do Rio Doce CVRD, as cartas de correção das notas fiscais em conjunto com os Memorandos de Exportação eram suficientes para comprovar a venda realizada com o fim específico de exportação. Destacando, porém, que tais documentos foram apresentados somente quanto às notas fiscais emitidas até junho de 2008, não existindo provas quanto ao mês de outubro de 2008. Por conseguinte, determinou o cancelamento do auto de infração, para excluir aquelas notas fiscais cuja exportação foi considerada provada. Contudo, manteve o crédito tributário formalizado para o período de abril de 2008, calculado sobre a receita decorrente da transferência de crédito de ICMS, correspondente à Cofins no valor principal de R$ 2.178.379,29 e ao PIS no valor principal de R$ 472.937,61, a ser acrescido de multa de ofício e juros moratórios. O processo foi remetido ao CARF para julgamento dos recursos de ofício e voluntário interpostos, respectivamente pela DRF e pela contribuinte. O CARF, por meio do acórdão nº 3302002.228 de 24 de julho de 2013 (fls. 666/684), deu provimento ao recurso de ofício nos seguintes termos: Assim, concluindo, diferentemente do contido na decisão da DRJ/RJ2, de que não há juntada de documentação que dê suporte às alegações de que os produtos foram remetidos diretamente para embarque ou para o pátio da CVRD, no sentido de comprovar o fim específico de exportação, consoante regra constante na legislação tributária federal, deve ser dado provimento ao recurso de ofício, reformandose a decisão de primeira instância, no que atine a esta questão. Quanto ao recurso voluntário foi dado provimento parcial para: cancelar parcialmente o Auto de Infração no que se refere ao lançamento sobre a receita decorrente da cessão de créditos de ICMS para a CVRD, fato gerador ocorrido em 30/abril/2008, mantendo, porém, o lançamento sobre receitas de vendas efetuadas no mercado interno para a Companhia Vale do Rio Doce, no período de apuração de 01 a 31 de outubro de 2008. Assim, a matéria já julgada não pode ser novamente apreciada, destacandose que se refere ao mesmo período e mesmo tributo. Fl. 778DF CARF MF 4 A decisão do processo de compensação deve considerar a decisão proferida no processo do auto de infração. Portanto, deixo de apreciar as alegações referentes ao reenquadramento das vendas informadas no DACON como com fim específico de exportação para venda no mercado interno, uma vez que tal matéria foi tratada no processo 15586.001586/201043, já decidido pelo CARF. De acordo com a decisão da primeira instância e também do que se depreende da leitura do relatório fiscal, o Processo Administrativo nº 15586.001586/201043 possui lançamento fiscal referente ao período tratado no presente processo. A questão da conexão processual é tratada no art. 6ª do Regimento do CARF, que determina os procedimento a serem adotados na distribuição de processos vinculados ou conexos. Entretanto, as determinações do RICARF não se aplicam ao presente caso, pois, a decisão prolatada no Processo 15586.001586/201043 já tinha sido realizada pela Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção no Acórdão 3302002.228 e o processo encontravase aguardando o julgamento de recurso especial na Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF deste CARF. Assim, não sendo possível a distribuição do processo para que o julgamento ocorresse de forma conjunta, caberia a turma se pronunciar sobre o presente processo, que foi enfrentado no acórdão ora embargado. Ao realizar o julgamento, a turma poderia ter decidido por sobrestar o processo, se assim entendese, para aguardar o julgamento do recurso especial no Processo 15586.001586/201043 pela CSRF. Mas, também não existia óbice, ao meu sentir, para que o julgamento enfrentando todas as matérias também pudesse ser realizado pela turma. Entretanto, também está confirmado a informação, que não existe uma manifestação clara no acórdão sobre a decisão da turma referente a conexão do presente processo e o Processo 15586.001586/201043. Caberia agora, em sede de embargos, a turma aclarar o entendimento a ser adotado. Entretanto, fato relevante ocorreu com o Processo 15586.001586/201043, que teve o julgamento definitivo do recurso especial na CSRF, formalizado no Acórdão 9303004.233, que recebeu a seguinte ementa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2006 a 30/04/2008, 01/06/2008 a 30/06/2008 VENDAS COM O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. MEMORANDOS DE EXPORTAÇÃO. São isentas das contribuições ao PIS e COFINS as receitas de vendas efetuadas com o fim específico de exportação, devidamente comprovadas por meio de memorandos de exportação. Consultando o Acórdão é possível identificar que a decisão da 3ª Turma da CSRF caminha no mesmo sentido da decisão adotada no presente processo. Fl. 779DF CARF MF Processo nº 15586.720024/201183 Acórdão n.º 3201002.979 S3C2T1 Fl. 4 5 A partir da conclusão do julgamento na CSRF, considerada a primeira hipótese, em que a turma estaria apta a prolatar a decisão sobre parte total do mérito discutido na lide, ou utilizando a segunda hipótese, de conferir a este processo a mesma decisão do processo submetido a CSRF, ambas estaria atingindo a mesma decisão, que é dar provimento ao recurso voluntário para considerar as vendas realizadas pela Recorrente com o fim especifico de exportação aptas a usufruir do benefício da isenção do PIS e da COFINS. Portanto, entendo não ser necessário realizar qualquer alteração quanto ao Acórdão recorrido, por entender acertado a decisão da turma em se manifestar quanto ao mérito da lide. Sanada a omissão apontada no recurso, voto no sentido de acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para enfrentar a questão referente a conexão do presente processo ao Processo nº 15586.001586/201043 nos termos citados acima. Mantendo a decisão prolatada no Acórdão 3201002.397. Winderley Morais Pereira Fl. 780DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000145/2003-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.251
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/1999 a 31/10/1999 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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score : 1.0
Numero do processo: 10580.726960/2010-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
NORMAS REGIMENTAIS. CONCOMITÂNCIA DISCUSSÃO JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. MESMO OBJETO. NÃO CONHECIMENTO DAS ALEGAÇÕES RECURSAIS. SÚMULA CARF N° 01.
De conformidade o artigo 78, § 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, a propositura de ação judicial com o mesmo objeto do recurso voluntário representa desistência da discussão de aludida matéria na esfera administrativa, ensejando o não conhecimento da peça recursal.
Numero da decisão: 2401-005.077
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 NORMAS REGIMENTAIS. CONCOMITÂNCIA DISCUSSÃO JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. MESMO OBJETO. NÃO CONHECIMENTO DAS ALEGAÇÕES RECURSAIS. SÚMULA CARF N° 01. De conformidade o artigo 78, § 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, a propositura de ação judicial com o mesmo objeto do recurso voluntário representa desistência da discussão de aludida matéria na esfera administrativa, ensejando o não conhecimento da peça recursal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 NORMAS REGIMENTAIS. CONCOMITÂNCIA DISCUSSÃO JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. MESMO OBJETO. NÃO CONHECIMENTO DAS ALEGAÇÕES RECURSAIS. SÚMULA CARF N° 01. De conformidade o artigo 78, § 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, a propositura de ação judicial com o mesmo objeto do recurso voluntário representa desistência da discussão de aludida matéria na esfera administrativa, ensejando o não conhecimento da peça recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 69 60 /2 01 0- 53 Fl. 644DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 645DF CARF MF Processo nº 10580.726960/201053 Acórdão n.º 2401005.077 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório BAHIA SERVIÇOS DE SAÚDE S.A., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 7a Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, Acórdão nº 1449.848/2014, às efls. 555/561, que julgou procedente o lançamento fiscal, referente às contribuições sociais não recolhidas, correspondentes à parte da empresa, incidentes sobre os valores pagos em decorrência de serviços prestados à autuada por cooperados através de cooperativas de trabalho, em relação ao período de 01/2006 a 12/2007, conforme Relatório Fiscal, às efls. 46/62, consubstanciado no seguinte Auto de Infração: DEBCAD n° 37.058.2594 Os créditos previdenciários referemse exclusivamente as contribuições patronais 15% incidentes sobre as remunerações pagas às cooperativas de trabalho constantes nas Notas Fiscais de Prestação de Serviços, não recolhidos pela empresa contratante. Informa o Relatório Fiscal que a autuada deixou de declarar em GFIP os valores devidos à Previdência Social relativos à contribuição incidente sobre os valores pagos a cooperativas de trabalho e que, conforme dispõe o art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, com as alterações da Lei nº 9.876/99, combinado com o disposto no inciso III do art. 201 de Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, a base de cálculo considerada pela fiscalização é o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços emitidas pelas cooperativas. Registra ainda que sobre este montante é aplicado o percentual de 15% para determinação da contribuição devida, tudo disposto no anexo Discriminativo do Débito – DD, que integra este Auto, e tabelas anexadas ao AIOP. Explica a auditoria fiscal que, em razão do advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que alterou as penalidades aplicáveis tanto para o descumprimento de obrigações acessórias quanto de obrigações principais, e, em observância ao art. 106, inciso II, “c”, do CTN que trata da retroatividade mais benéfica de multa, para até a competência 11/2008, comparase à multa imposta pela legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a atribuída pela legislação superveniente, e, de acordo com as planilhas constantes no RF, para as competências de 01/2006 e 04/2006 a aplicação da legislação vigente à época se mostrou mais benéfica ao contribuinte, qual seja, multa de 24% nos AIOP mais a lavratura de Auto de Infração de Obrigações Acessórias AIOA – Código de Fundamentação Legal CFL 68, lavrado na mesma ação fiscal sob nº 37.058.2578. Já para as demais competências a novel legislação é mais favorável, tendo sido aplicada a multa de ofício de 75%. Toda a sistemática de comparação, critérios, legislação e planilhas estão demonstradas no item 10 do relatório. Em função da empresa ter impetrado Mandado de Segurança– MS contra o INSS, a fim de que não lhe fosse exigido o recolhimento de 15% sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços por cooperados através de cooperativa de trabalho, e da ação judicial não ter sido julgada em definitivo, o AIOP deverá ficar sobrestado até o julgamento do MS. Fl. 646DF CARF MF 4 Inconformada com a Decisão recorrida a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às efls. 565/571, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, insurgindo quanto a exigência de depósito prévio de 30% do valor discutido em débito para conhecimento do recurso, visto que tal exigência já foi devidamente considerada inconstitucional pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal. Quanto ao mérito, dispõe sobre o art. 442 da CLT que autoriza a relação contratual com cooperativas. Faz um histórico da legislação que trata de cooperativas desde a Lei Complementar nº 84/96 até sua revogação pela Lei nº 9.876/99 que modificou a Lei nº 8.212/91, aduzindo que é inconstitucional a contribuição em discussão, já que há a impossibilidade de lei ordinária revogar lei complementar, a lei ordinária em comento usurpou competência prevista no art. 146, inciso III, alínea “c”, da CF, eis que, em se tratando de matéria envolvendo atividade cooperativa, o instrumento normativo é lei complementar, e, a tal lei ordinária violou regra contida no art. 195, § 4º, da CF, na medida que nova contribuição previdenciária só pode criada mediante Lei Complementar. Afirma ter o STF no julgamento do RE 595838 declarada inconstitucional a contribuição sobre serviços de cooperativas de trabalho, anexando tal decisão. Explicita não haver qualquer renúncia ou desistência ao litígio na esfera administrativa. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 647DF CARF MF Processo nº 10580.726960/201053 Acórdão n.º 2401005.077 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE CONCOMITÂNCIA Primeiramente cabe esclarecer que a questão relativa ao depósito prévio está superada. Seguindo a diante, apesar de presente o pressuposto de admissibilidade, ser tempestivo, há nos autos questão preliminar, indispensável ao deslinde da controvérsia, que deve ser elucidada, prejudicando, assim, o conhecimento do recurso, como passaremos a demonstrar. Com efeito, a Recorrente impetrou na Seção Judiciária do Estado da Bahia o Mandado de Segurança nº 2000.33.00.0337518, objetivando obter perante o Poder Judiciário a que não lhe fosse exigido o recolhimento de 15% sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços por cooperados através de cooperativas de trabalho. Assentado que a citada medida judicial versa no tudo e no todo sobre a mesma matéria tratada no presente Processo Administrativo Fiscal, e que a decisão proferida na Instância Judicial subjuga qualquer outra exarada na esfera administrativa, adquirindo inclusive o atributo da coisa julgada formal e material, resulta que, qualquer que seja o veredictum proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, bem como por esta Corte Administrativa, acerca da matéria objeto do litígio, será tido como letra morta diante da decisão judicial transitada em julgado. Da leitura da norma esculpida no §3º do art. 126 da Lei nº 8.213/91, numa interpretação sistemática e teleológica com os princípios da eficiência e da economia processual, conduz ao entendimento de que a propositura de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo, importa renúncia dos beneficiários acobertados pelos resultados de tal demanda ao direito de recorrer na esfera administrativa e à desistência do eventual recurso interposto. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 Art. 126. Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) (...) 3º A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. A matéria em apreço já foi enfrentada, em situações pretéritas idênticas, por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, dando ensejo à edição da Súmula nº 1, cujo Verbete transcrevemos adiante: Súmula CARF nº 1: Fl. 648DF CARF MF 6 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante desse quadro, pugnamos pelo não conhecimento dos temas levados à apreciação do Poder Judiciário, e reiterados no vertente Instrumento Recursal interposto perante este Colegiado, com fundamento no preceito insculpido no art. 126, §3º da Lei nº 8.213/91, em interpretação sistemática e teleológica com os princípios da eficiência e da economia processual. A renúncia ora em voga independe de ato volitivo da parte, ou mesmo da vontade psicológica do Impetrante. Ela decorre ex lege, e de forma objetiva, independentemente do motivo ou do tempo em que a demanda tenha sido ajuizada perante o poder judiciário. Tal conclusão não colide com as diretivas positivadas no art. 35 da Portaria RFB n°10.875/2007, in verbis: Portaria RFB n°10.875, de 16 de agosto de 2007. Art. 35. A propositura de ação judicial pelo sujeito passivo, por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente ao lançamento, com o mesmo objeto, importa em renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. Mesmo em se tratando de matéria já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, no entender deste Conselheiro, não há como conhecer do recurso em observância ao princípio da celeridade e economia processual, por afronta direta todos os fundamentos acima expostos. Por todo o exposto, VOTO NO SENTIDO DE NÃO CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, em observância a Súmula n° 1 do CARF, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 649DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.903126/2012-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2008
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.400
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/06/2008 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 26 /2 01 2- 59 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de COFINS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.662, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903126/201259 Acórdão n.º 3402004.400 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.009402/2009-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 08/12/2009
AGÊNCIA MARÍTIMA REPRESENTANTE DE TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DE INFORMAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA.
A agência de navegação marítima representante no País de transportador estrangeiro responde por irregularidade na prestação de informações que estava legalmente obrigada a fornecer à Aduana nacional.
PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. VINCULAÇÃO INTEMPESTIVA DE MANIFESTO. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA E, DO DECRETO-LEI Nº 37/66.
A vinculação de manifesto após o prazo fixado para prestar informações sobre as cargas tipifica a infração prevista na alínea e do inciso IV do art.107 do Decreto-Lei nº 37/66, sujeitando-se à penalidade correspondente.
Numero da decisão: 3301-004.012
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
José Henrique Mauri - Presidente Substituto.
Liziane Angelotti Meira- Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros
José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques DOliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado).
Nome do relator: LIZIANE ANGELOTTI MEIRA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 08/12/2009 AGÊNCIA MARÍTIMA REPRESENTANTE DE TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DE INFORMAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. A agência de navegação marítima representante no País de transportador estrangeiro responde por irregularidade na prestação de informações que estava legalmente obrigada a fornecer à Aduana nacional. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. VINCULAÇÃO INTEMPESTIVA DE MANIFESTO. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA E, DO DECRETO-LEI Nº 37/66. A vinculação de manifesto após o prazo fixado para prestar informações sobre as cargas tipifica a infração prevista na alínea e do inciso IV do art.107 do Decreto-Lei nº 37/66, sujeitando-se à penalidade correspondente.
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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri - Presidente Substituto. Liziane Angelotti Meira- Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques DOliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1629; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 209 1 208 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.009402/200904 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301004.012 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 31 de agosto de 2017 Matéria MULTA REGULAMENTARAUTO DE INFRAÇÃOOUTROS IMPOSTOS Recorrente WILSON SONS AGENCIA MARITIMA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 08/12/2009 AGÊNCIA MARÍTIMA REPRESENTANTE DE TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DE INFORMAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. A agência de navegação marítima representante no País de transportador estrangeiro responde por irregularidade na prestação de informações que estava legalmente obrigada a fornecer à Aduana nacional. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. VINCULAÇÃO INTEMPESTIVA DE MANIFESTO. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA ‘E’, DO DECRETOLEI Nº 37/66. A vinculação de manifesto após o prazo fixado para prestar informações sobre as cargas tipifica a infração prevista na alínea ‘e’ do inciso IV do art.107 do DecretoLei nº 37/66, sujeitandose à penalidade correspondente. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri Presidente Substituto. Liziane Angelotti Meira Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 94 02 /2 00 9- 04 Fl. 209DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 210 2 José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado) e Cássio Schappo (suplente convocado). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório do Acórdão da DRJ/FOR, (fls. 55/65): O presente processo é referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação acessória de prestar informação sobre carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que foi contestado pela empresa autuada, totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização. Da Autuação De acordo com as informações contidas no campo DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL, o Auto de Infração foi lavrado com base nos fundamentos a seguir sintetizados. 1) A empresa autuada deixou de prestar informação sobre a carga transportada no prazo fixado pela legislação, o que ensejou a aplicação da pena objeto do lançamento. Essa obrigação tem fundamento legal no art. 37 do DecretoLei nº 37/1966, o qual foi regulamentado pela Instrução Normativa RFB nº 800/2007. 2) A Instrução Normativa RFB nº 800, de 27/12/2007, estabelece as regras que disciplinam o controle aduaneiro da movimentação de cargas, embarcações e unidades de carga, o qual é feito por meio do sistema Siscomex Carga, que deverá ser suprido de informações a serem prestadas pelos intervenientes no Comércio Exterior, na forma e no prazo ali estabelecidos. 3) Os prazos para prestar informações sobre as cargas transportadas estão fixados no art. 22 da IN RFB 800/2007, o qual passou a vigorar apenas em 1/4/2009. Até essa data, tais dados deveriam ser fornecidos até a atracação do veículo transportador, consoante determina o art. 50, II, da referida IN. 4) As obrigações acessórias instituídas no âmbito do Siscomex Carga se prestam para assegurar o adequado controle sobre as operações no âmbito do comércio internacional, e são necessárias, sobretudo, para possibilitar a atuação preventiva da Aduana na coibição de ilícitos e para imprimir maior agilidade aos despachos aduaneiros de importação e de exportação. Para estimular o cumprimento dessas obrigações é que foi editada a Lei nº 10.833/2003, estabelecendo penalidades aos intervenientes que descumprem os ditames aduaneiros. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 211 3 5) A autuada protocolou pedido de desbloqueio de manifestos eletrônicos, pois houve a registro dele fora do prazo estabelecido, o que gerou o bloqueio automático no sistema. Consultandose o Siscomex Carga verificouse que consta como transportador responsável nesses manifestos a empresa WILSON SONS AGÊNCIA MARÍTIMA LTDA. 6) A responsabilização da autuada tem amparo legal no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003; nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007; e no art. 136 do Código Tributário Nacional. Esses dispositivos se referem à definição de intervenientes aduaneiros, à atuação das agências de navegação no transporte internacional de cargas e à natureza objetiva da responsabilidade por infrações à legislação tributária, respectivamente. 7) Nos termos do art. 45 da IN RFB nº 800/2007, a prestação de informação sobre a carga transportada em desacordo com as exigências legais está sujeita à penalidade cominada no art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pela Lei nº 10.833/2003, e quando for o caso, às prescritas no art. 76 desse mesmo Diploma Legal. No presente caso, não ocorreu nenhuma das situações excludentes da penalidade definidas no Ato Declaratório Executivo Corep nº 3, de 28/3/2008. Diante dos fatos apurados, a autoridade lançadora lavrou o Auto de Infração em debate, tendo como fundamento, além dos dispositivos legais já mencionados, os indicados no campo ENQUADRAMENTO LEGAL do Auto de Infração. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação em 12/1/2010 e apresentou impugnação (fls. 2831) em 1/2/2010, na qual aduz os argumentos a seguir sintetizados. a) Tratase de manifesto de exportação, e não de importação como entendeu equivocadamente a fiscalização, cuja carga não embarcou conforme programado. Por esse motivo, foi feita a solicitação da desvinculação do manifesto da escala, em 2/12/2009, conforme consta no campo desse documento “Dados do Solicitante da Retificação”. b) O navio em que a carga seria embarcada saiu do porto de Santos em 29/11/2009, e o pedido de desvinculação foi feito dentro do prazo estabelecido na IN RFB nº 800/2007, conforme dispõe o art. 45, § 2º, dessa Norma. c) A conduta da impugnante não está tipificada no art. 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, pois não causou nenhum embaraço à fiscalização e tampouco o descumprimento do prazo estabelecido para prestar informações sobre carga transportada. Portanto, e a norma punitiva não admite analogia ou interpretação extensiva. d) A impugnante não tem legitimidade para figurar no pólo passivo do lançamento, pois não se reveste da condição de Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 212 4 empresa de transporte internacional, nem é prestadora de serviço de transporte internacional expresso portaaporta ou agência de carga. É apenas uma agência de navegação, que tem por fim prover as necessidades do navio no porto de destino, e não pode ser equiparada às empresas mencionadas anteriormente. Ao final a defesa requer que o lançamento seja julgado improcedente. Por meio do Acórdão no 0826.800 7ª Turma da da DRJ/FOR, julgouse improcedente a impugnação com a seguinte Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 08/12/2009 AGÊNCIA MARÍTIMA REPRESENTANTE DE TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. PRESTAÇÃO INTEMPESTIVA DE INFORMAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. Responde pela prestação intempestiva de informação legalmente exigida a agência de navegação marítima representante de transportador estrangeiro que tiver concorrido para a prática dessa infração ou dela se beneficiado. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 08/12/2009 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. ATRASO NA DESVINCULAÇÃO DE MANIFESTO. IRRELEVÂNCIA DA INTENÇÃO DO AGENTE. MULTA. A desvinculação de manifesto após o prazo fixado para prestar informações sobre as cargas transportadas configura atraso no cumprimento dessa obrigação, fato que é tipificado como infração autônoma, punível com multa específica, independente da intenção do agente. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 71/80), que teve provimento por meio do Acórdão no 3801003.290– 1ª Turma Especial (fls. 110/118), com a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 08/12/2009 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 213 5 Cientificada do acórdão mencionado, o Representante da Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial (fls. 120/126 ), suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei no 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de Despacho 3100422– 1ª Câmara (fls 128/129), e o Recorrente apresentou contrarrazões (fls 134/142). O Recurso Especial foi provido em parte, por meio do Acórdão no 9303003.636 3ª Turma (fls. 193/201) com a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 08/12/2009 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Determinouse ainda na referida decisão o seguinte (fl. 201) Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Dessarte, conforme determinado pelo acórdão referido, os autos do processo em referência foram reencaminhados a esta Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e a mim distribuídos, para apreciação das questões trazidas no Recurso Voluntário do Recorrente que não foram objeto de deliberação. É o relatório. Voto Conselheira Liziane Angelotti Meira Fl. 213DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 214 6 O recurso voluntário foi tempestivo e atendeu aos demais pressupostos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. No Recurso Voluntário (fls. 71/80) o Recorrente alegou em síntese os seguintes itens: I DA TEMPESTIVIDADE II. DO LANÇAMENTO III. DA DECISÃO RECORRIDA IV. DA ANÁLISE DOS FATOS V. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA Sobre o item I, já houve manifestação admitindo e conhecimento o Recurso. No item II, o Recorrente faz referência à infração e à respectiva penalidade constantes do Auto de Infração. No item III, há menção à decisão recorrida e é transcrita a sua ementa. O item IV faz referência à responsabilidade solidária, valendose da Súmula 192 do extinto TRF, e também a erro no lançamento, mas concentrase nos argumentos no sentido de teria ocorrido denúncia espontânea. A CSRF já se manifestou sobre a denúncia espontânea, cabendo aqui somente analisar as outras questões ainda pendentes. Por sua vez, no item V, o Recorrente apresenta seus argumentos relativos à ilegitimidade de sua autuação como responsável, transcrevemos: 21. De início, cabe esclarecer que, o e. relator do acórdão ora recorrido pretende impor ao agente marítimo responsabilidade tributária pela retificação de ofício de informações relativas ao Conhecimento Eletrônico já referido. 22. Para uma melhor análise da matéria e para evitar dispositivos legais que possam ser utilizados para tentar transferir a responsabilidade do transportador, do agente de carga e do operador portuário para o agente marítimo, convém transcrever a seguir dispositivos legais do Decretolei no 37/66, a fim de que se afastar qualquer possibilidade de assunção de responsabildiade com base nos artigos, 32, 37, § 1o, do referido diploma legal: "Art. 32 É responsável solidário pelo imposto:" 23. Com efeito, a responsabilidade tributária solidária está prevista expressamente em lei para o imposto de importação e não para multa isolada que a fiscalização pretende impor à Recorrente. Não há como a fiscalização pretender, por analogia, exigir da Recorrente a multa isolada ora em discussão. 24. O art. 37, § 1o, do DecretoLei no 37/66, dispõe: "Art. 37 O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte Fl. 214DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 215 7 de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas." 25. Como se observa em nenhum momento o dispositivo legal acima transcrito menciona a responsabilidade à agência marítima,deixando claro que essa responsabilidade é do transportador (caput), do agente de carga e do operador portuário. 26. O Código Tributário Nacional determina em seu artigo 121, II, que a responsabilidade tributária deve ser expressamente prevista em lei, já que o responsável tributário não ostenta liame direto e pessoal com o fato jurídico tributário, decorrendo o dever jurídico de previsão legal. 27. Assim, sem previsão legal não pode a multa prevista na alínea "e", do Inciso IV, do art. 107 do DecretoLei no 37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/03, ser aplicada à Recorrente. 28. Com efeito, representação também não se confunde com responsabilidade solidária para fins tributários, daí porque às agências marítimas, como no caso da Recorrente, não pode ser imputada a multa prevista no art. art. 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei no 37/66, com redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/03. 29. E, nesse sentido, decidiu pela ilegitimidade passiva das agências marítimas, no Recurso Voluntário no 506.150, processo no 10711.003636/200644, a 2a Turma Ordinária, 1a Câmara, da 3a Seção, do Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 30. A lei e a jurisprudência não dispõem responsabilidade à agência de navegação no que tange à assunção de ônus pertinente à multa estabelecida pelo art. 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei no 37/66, com redação dada pelo Art. 77 da Lei no 10.833/03, sendo esta única e exclusivamente de responsabilidade da empresa transportadora ou do agente de carga. 31. Consequentemente, qualquer equiparação de uma agência de navegação à uma empresa de transporte internacional para efeito de cominação da penalidade pretendida pela fiscalização, caracteriza, para todos os efeitos legais, extrapolação do poder de regulamentar da autoridade administrativa. 32. Ademais, exige a legislação de regência a identificação do sujeito passivo, , art. 142 do CTN, no caso, a pessoa do transportador, o que não se acha devidamente esclarecido na peça fiscal. De se dizer que o auto de infração, por si só, não traz qualquer informação capas de ao menos, contribuir para a identificação do transportador. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 216 8 33. Ainda há que se considerar, conforme se depreende da parte final do caput do art. 9o do Decreto no. 70.235/72, que os autos de infração deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à compração do ilícito. 34. Portanto, as ações da fiscalização devem estar devidamente consubstanciadas por provas que sustentem o fato acusado, o que no caso do presente auto de fato não aconteceu. 35. Dessa forma, ao se pesquisar sobre a pessoa que atuou na condição de transportador para fins de aplicação da norma disposta, respectivamente nos art. 37 e 32, ambos do DecretoLei no 37/66, ficase diante dos autos que integram o presente processo, sem a devida resposta, uma vez que dito os autos nada informaram a respeito no que tange à agência marítima. 36. Apenas para esclarecer que as pessoas citadas no parágrafo 1o, do art. 37 do DecretoLei no 37/66, agente de carga e operador portuário também devem prestar informações sobre as operações que executem e respectivas cargas, bem como o transportador mencionado no "caput" do referido comando legal. Contudo, essas pessoas mencionadas pelo texto legal não se confundem com a agência marítima que tem personalidade e atividades próprias, por isto é, de atender as necessidades do navio no porto de destino. 37. Assim, não procede o ato administrativo do lançamento que imputa sujeição passiva sem carrear aos autos prova dessa condições. Inúmeras decisões nesse sentido há estão sendo proferidas pela 1a Turma de Julgamento da DRJ/FNS. Necessário se volver à análise da lei e da legislação concernente à responsabilidade da Recorrente pela infração. O DecretoLei nº 37/66 que prevê, em seu art. 37, com redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, o dever de prestar informações ao Fisco, nos seguintes termos: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1º O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (...) (grifouse) O art. 107 do DecretoLei nº 37/66, também com redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, prevê a multa pelo descumprimento desse dever, nos seguintes termos: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: Fl. 216DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 217 9 (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e No exercício da competência estabelecida pelo art. 107, IV, "e", do Decreto Lei nº 37/66, foi editada a Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, que nos seus arts. 4º e 5º, equipara ao transportador a agência de navegação representante no País de empresa de navegação estrangeira: Art. 4º A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1º Entendese por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2º A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3º Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador. Art. 5º As referências nesta Instrução Normativa a transportador abrangem a sua representação por agência de navegação ou por agente de carga. No caso em pauta, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que o Recorrente concorreu para a prática da infração em questão, necessariamente, ele responde pela correspondente penalidade aplicada, de acordo com as disposições sobre responsabilidade por infrações constantes do inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...). O art. 135, II, do CTN determina que a responsabilidade é exclusiva do infrator em relação aos atos praticados pelo mandatário ou representante com infração à lei. Em consonância com esse comando legal, determina o caput do art. 94 do Decretolei n° 37/66 que constitui infração aduaneira toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos”. Por sua vez, em relação à Súmula 192 do extinto TRF, trazida pela Recorrente, perfilhase a conclusão adotada no Acórdão no 0826.800 7ª Turma da DRJ/FOR Fl. 217DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 218 10 (fl. 60/61), de que o entendimento constante dessa Súmula, anterior à atual Constituição Federal, "há muito se encontra superado, porquanto em flagrante desacordo com a evolução da legislação de regência. Com o advento do DecretoLei nº 2.472/1988, que deu nova redação ao art. 32 do DecretoLei nº 37/1966, o representante do transportador estrangeiro no País foi expressamente designado responsável solidário pelo pagamento do imposto de importação." Nesse mesmo sentido, a responsabilidade solidária por infrações passou a ter previsão legal expressa e específica com a Lei nº 10.833/2003, o que estendeu as penalidades administrativas a todos os intervenientes nas operações de comércio exterior. Dessa forma, na condição de representante do transportador estrangeiro, o Recorrente estava obrigado a prestar as informações no Siscomex . Ao descumprir esse dever, cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei n° 37, de 1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, e, com supedâneo também no do inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, deve responder pessoalmente pela infração em apreço. Transcrevese Ementa de decisão do CARF no mesmo sentido, Acórdão n° 3401003.884: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 04/01/2004 a 18/12/2004 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO DE EMBARQUE. SISCOMEX. TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. REPRESENTAÇÃO. A agência marítima, por ser representante, no país, de transportador estrangeiro, é solidariamente responsável pelas respectivas infrações à legislação tributária e, em especial, a aduaneira, por ele praticadas, nos termos do art. 95 do Decretolei nº 37/66. LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. CLAREZA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Descritas com clareza as razões de fato e de direito em que se fundamenta o lançamento, atende o auto de infração o disposto no art. 10 do Decreto nº 70.235/72, permitindo ao contribuinte que exerça o seu direito de defesa em plenitude, não havendo motivo para declaração de nulidade do ato administrativo assim lavrado. INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA ‘E’, DO DECRETOLEI Nº 37/66. O contribuinte que presta informações fora do prazo sobre o embarque de mercadorias para exportação incide na infração tipificada no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66, sujeitandose à penalidade correspondente. Recurso voluntário negado. Consignase, por fim, que esse entendimento é amplamente adotado na jurisprudência recente deste Conselho, conforme se depreende das seguintes Acórdãos: no 3401003.883; no 3401003.882 ; no 3401003.881; no 3401002.443; no 3401002.442; no 3401002.441, no 3401002.440; no 3102001.988; no 3401002.357; e no 3401002.379. Dessa forma, demonstrada a infração e a legitimidade passiva da recorrente para responder pela multa capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei n° 37, de 1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 218DF CARF MF Processo nº 11128.009402/200904 Acórdão n.º 3301004.012 S3C3T1 Fl. 219 11 Liziane Angelotti Meira Relatora Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000716/2007-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
PERC. LANÇAMENTO DE IRPJ DECORRENTE DE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS CONSTANTE EM OUTRO PROCESSO. PROCESSO DECORRENTE. APENSAÇÃO AO PROCESSO PRINCIPAL.
Nos casos de processos decorrentes, conforme redação do §2º do art. 6º do Anexo II do RICARF, o processo poderá ser distribuído ao conselheiro que recebeu primeiro o processo principal. Como o caso aqui refere-se a processo decorrente, e uma vez que o processo principal ainda está pendente de distribuição, conclui-se por não reconhecer o recurso voluntário para recomendar a apensação deste processo ao processo principal.
Numero da decisão: 1401-002.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso e determinar a vinculação por apensação do presente feito ao processo nº 16624.000953/2006-74, do qual é decorrente.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso e determinar a vinculação por apensação do presente feito ao processo nº 16624.000953/2006-74, do qual é decorrente. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
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LANÇAMENTO DE IRPJ DECORRENTE DE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS CONSTANTE EM OUTRO PROCESSO. PROCESSO DECORRENTE. APENSAÇÃO AO PROCESSO PRINCIPAL. Nos casos de processos decorrentes, conforme redação do §2º do art. 6º do Anexo II do RICARF, o processo poderá ser distribuído ao conselheiro que recebeu primeiro o processo principal. Como o caso aqui referese a processo decorrente, e uma vez que o processo principal ainda está pendente de distribuição, concluise por não reconhecer o recurso voluntário para recomendar a apensação deste processo ao processo principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso e determinar a vinculação por apensação do presente feito ao processo nº 16624.000953/200674, do qual é decorrente. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 07 16 /2 00 7- 10 Fl. 337DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. Relatório Por economia processual, sirvome do relatório constante no Acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Tratase de auto de infração à legislação do Imposto de Renda da Pessoa JurídicaIRPJ (fls.10 a 13) lavrado em 20/12/2007, contra a contribuinte acima qualificada, que resultou na exigência do crédito tributário no valor total de R$ 993.664,80, já incluídos o principal, multa oficio e juros de mora, calculados até 30/11/2007. De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal do auto de infração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica de fls. 11 foi exposto: “Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, efetuamos o presente Lançamento de Ofício, nos termos do art.926 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda 1999), tendo em vista que foram apuradas as infração (ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001FUNDOS DE INVESTIMENTOS FINOR, FINAM, FUNRES APLICAÇÃO EXCESSO EM DETRIMENTO DO IMPOSTO Valor do imposto de renda recolhido a menor em decorrência de excesso na destinação ao FINAM. Através de DARF específico o contribuinte exerceu a opção pela aplicação no FINAM, nos 1º e 4º trimestres de 2002, os montantes de R$ 519.334,88 ( quinhentos e dezenove mil trezentos e trinta e quatro reais e oitenta e oito centavos), sendo considerado como opção ao fundo com recursos próprios a diferença entre o valor do DARF recolhido e o valor do incentivo fiscal reconhecido, para o 4º trimestre de 2002, que corresponde a R$ 395.205,35 (trezentos e noventa e cinco mil duzentos e cinco reais e trinta e cinco centavos), conforme consta do despacho decisório DRF/GUA/SEORT nº 484/2007, cópia em anexo, juntado ao processo nº 16624.000953/200674. Fato gerador—Valor tributável ou imposto —multa 31/12/2002—R$ 395.205,35 —75% Enquadramento Legal art. 601, § 7º do RIR/99; art. 13, § 7º, da Medida Provisória nº 2.058/00 e reedições.” A contribuinte foi cientificada em 22/12/2007, conforme comprovante de entrega dos Correios SEDEX 10, anexado a fl.15. Em 22/01/2008 a contribuinte apresenta a impugnação(fls.24 a 44) através de seu bastante procurador (procuração de fls.48/49 e 50) , e alega preliminarmente: Fl. 338DF CARF MF Processo nº 16095.000716/200710 Acórdão n.º 1401002.025 S1C4T1 Fl. 338 3 que destinou parte do imposto de renda da pessoa jurídica pago, ao Fundo de Investimentos da AmazôniaFINAM, matéria esta discutida no processo administrativo nº 16624.000953/200674; que no processo acima descrito foi surpreendida com a prolação de um despacho decisório glosando o investimento efetuado pela impugnante no 4º trimestre de 2002, por supostas infrações das obrigações acessórias relacionadas ao PERC; que interpôs recurso administrativo, certa de que suas razões serão acolhidas pelo Fisco Federal. Contudo a Fazenda lavrou o presente Auto de Infração exigindo o mesmo crédito tributário do 4º trimestre de 2002, objeto do referido despacho decisório do processo administrativo nº 16624.000953/200674; que o procedimento de investimento em Fundos Regionais adotado foi realizado de forma regular; que em decorrência da interposição de recurso administrativo no processo administrativo nº 16624.000953/200674, a exigibilidade do crédito está suspensa, sendo, por conseqüência, ilegal o lançamento tributário por violação ao art. 151, III do CTN; que foram violados os princípios constitucionais de devido processo legal, ampla defesa e contraditório, uma vez que se lavrou o Auto de Infração sem ter sido encerrado o processo administrativo do PERC. que o Auto de Infração ora Impugnado está eivado de nulidade, haja visto que exige um crédito tributário que não é certo, nem líquido, tampouco exigível, uma vez que a existência do processo administrativo de PERC discute a legitimidade do investimento da impugnante no FINAM. No mérito argumenta no sentido de que a DRF Guarulhos admitiu as informações constantes da Ficha 29, da DIPJ 2003, que menciona a existência de R$ 2.939.990,98 de valor de IR ( item 1 do 4º trimestre), e o montante de R$ 529.198,38 destinado ao FINAM (item 5 do 4º trimestre). Que a contribuinte apurou saldo negativo de R$ 1.826.256,90 no 2º trimestre de 2002 e R$ 2.367.465,55 no 4º trimestre de 2002, além de ter acumulado R$ 68.132,73 de IRRF, sendo que estes valores totalizam R$ 4.261.854,81. Que a recorrente estava submetida ao recolhimento do IRPJ/CSLL na sistemática de apuração trimestral, que implica reconhecer a possibilidade de ver restituído o saldo negativo a partir do mês subseqüente ao do trimestre de apuração. Dessa forma quando da apuração do 4º trimestre a recorrente apurou o IRPJ devido de R$ 5.707.333,32, compensou o IRRF do 4º trimestre no valor de R$ 784.161,55 e compensou saldo negativo dos exercícios anteriores no montante de R$ 4.261.854,81, extinguindo o valor do IRPJ devido no 4º trimestre de 2002. Que o montante do imposto supostamente devido foi efetivamente extinto e que não há razão para que não seja reconhecida a integralidade da destinação ao FINAM do valor de R$ 529.198,38, relativamente ao 4º trimestre de 2002. Em conseqüência disso, não há crédito tributário a ser cobrado pelo presente Auto de Infração, o qual deve ser improvido. Alega o princípio da verdade material, para justificar a inexistência de Declaração de Compensação DCOMP, sendo que no despacho decisório a lei foi aplicada de forma desvencilhada da realidade fática, desrespeitando a materialidade do valor extinto pela recorrente no 4º trimestre de 2002. Que a “observância a uma Fl. 339DF CARF MF 4 rigorosidade excessiva, uma realidade apenas formal transformou em pó os princípios da verdade material e da proporcionalidade substancial”. Que os créditos tributários estavam pautados em Lei e deveriam ser considerados para fins de extinção de débito nos termos do art. 156, inciso II, do CTN, sendo certo que qualquer limitação deveria ser considerada como ato administrativo desprovido de razoabilidade e legalidade. Que a Lei 9.781/99 proíbe a rigorosidade excessiva na feitura de atos administrativos relativos ao processo administrativo federal, citando o art. 2º da mesma. Cita julgados do Conselho de Contribuintes sobre a apresentação de provas e erro no preenchimento de declarações para justificar seus argumentos. Que em decorrência da violação aos postulados da verdade material e à proporcionalidade substancial, acredita a impugnante que será deferida da integralidade do valor de R$ 529.198,38 destinado ao FINAM, tal como declarado na DIPJ 2003, ficha 29, 4º trimestre de 2002, item 08 e , por conseguinte, não subsistirá o objeto do presente Auto de Infração. Requer caso haja provimento do Auto de Infração que seja afastada a multa de ofício, em razão da suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, III, CTN), bem como a jurisprudência do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Finalmente requer o cancelamento do Auto de Infração pelas razões expostas. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas, por meio do Acórdão nº 0527.608, de 19 de novembro de 2009, julgou a impugnação improcedente, que teve a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2002 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Inexiste ofensa ao princípio da ampla defesa quando o contribuinte demonstra ter pleno conhecimento dos fatos imputados pela fiscalização, bem como da legislação tributária aplicável, exercendo seu direito de defesa de forma ampla na impugnação. LANÇAMENTO NA PENDÊNCIA DE RECURSO ADMINISTRATIVO CONTRA O INDEFERIMENTO DE PERC. INEXISTÊNCIA DE EFEITO SUSPENSIVO. Ausente previsão legal , a manifestação de inconformidade contra o indeferimento de PERC tem apenas efeito devolutivo. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 ORDEM DE EMISSÃO DE CERTIFICADO DE INVESTIMENTO. PERC/FINAM. REDUÇÃO DE VALOR POR RECOLHIMENTO INCOMPLETO DO IMPOSTO. Constatado que a contribuinte não recolheu integralmente o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, o valor do incentivo fiscal deve ser proporcional ao imposto recolhido. Em conseqüência o excesso de destinação é considerado Fl. 340DF CARF MF Processo nº 16095.000716/200710 Acórdão n.º 1401002.025 S1C4T1 Fl. 339 5 aplicação com recursos próprios e resulta na falta de recolhimento de parte do IRPJ devido no período. ALEGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE FORMALIZAÇÃO. A partir de 01 de outubro de 2002 a compensação, ainda que entre tributos de mesma espécie, somente é formalizada mediante a apresentação de Declaração de Compensação DCOMP. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. MULTA DE OFÍCIO. Somente é afastada a aplicação da multa de ofício nas hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário previstas nos incisos IV e V do art. 151 do CTN. Impugnação Improcedente Creditório Tributário Mantido A empresa foi cientificada, eletronicamente, na data de 24/12/2009 (efl. 156), do resultado do julgamento da DRJ. Irresignada com a decisão da primeira instância, a empresa interpôs Recurso Voluntário (efl. 165 a 188) tempestivamente na data de 20/01/2010, repetindo basicamente os argumentos já trazidos na 1ª (primeira) fase recursal. Após a interposição do Recurso Voluntário, a recorrente protocolou pedido (efl. 235 a 241), na data de 08/04/2015, em que solicita que o processo nº 16624.000953/2006 74, que trata do próprio indeferimento parcial de PERC, seja distribuído ao relator deste processo (nº 16095.000716/200710), ou que, subsidiariamente, este processo seja sobrestado, conforme abaixo (efl. 240 e 241): 19. Por fim, tendo em vista a conexão existente entre o Auto de Infração impugnado e a análise do indeferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais no âmbito do Processo Administrativo nº 16624.000953/2006 74 (Doc. 04), requerse o apensamento dos processos em questão, com a distribuição do segundo ao mesmo I. Conselheiro Relator do presente feito, com fundamento no art. 49, §7º, do Regimento Interno deste Egrégio Conselho1. 20. Sucessivamente, requerse seja determinado o sobrestamento do processo administrativo em epígrafe, até que seja proferida decisão administrativa definitiva no Processo Administrativo nº 16624.000953/200674. 1 "Art. 49. Os processos recebidos pelas Câmaras serão sorteados aos conselheiros. (...) § 7º Os processos que retornarem de diligência, os com embargos de declaração opostos e os conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos, em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, com designação de relator ad hoc." (gn) Fl. 341DF CARF MF 6 No CARF, o processo foi distribuído, cabendo a mim sua relatoria. É o Relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Como visto, a exigência neste processo aqui discutido decorre do indeferimento parcial de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais PERC , solicitado no processo nº 16624.000953/200674. Em razão disso, a recorrente pugna pelo apensamento dos processos em questão, motivada por suposta conexão entre eles, com a distribuição do processo 16624.000953/200674 ao relator deste processo (nº 16095.000716/200710); in casu, que seja a mim distribuído. A redação apresentada pela recorrente é consignada pelo art. 49 do Regimento Interno do CARF (RICARF), com redação dada pela Portaria MF nº 343/2015: § 5º Os processos que retornarem de diligência, os conexos, decorrentes ou reflexos e os com embargos de declaração opostos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, mediante sorteio para qualquer conselheiro da turma. Entretanto, percebo que os processos mais se encaixam no conceito de decorrência, conforme as redações do RICARF abaixo: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: § 1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; Assim, entendo que este processo de nº 16095.000716/200710 decorre do processo principal nº 16624.000953/200674, pois se trata, a meu ver, de atos do sujeito passivo acerca de benefício fiscal, no caso, o PERC. Constatado isto, temse que a distribuição de processos decorrentes deve seguir o disposto na redação do § 2º do art. 6º, do Anexo II do RICARF, in verbis: Fl. 342DF CARF MF Processo nº 16095.000716/200710 Acórdão n.º 1401002.025 S1C4T1 Fl. 340 7 Art. 6º, § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. (negritei) Como visto, a distribuição do processo pode ser requerida por quem recebeu o processo principal, e não por quem recebeu o processo decorrente. Desta forma, a rigor, entendo que não poderia requerer que o processo 16624.000953/200674 seja distribuído a mim. Em situações como esta, smj, o RICARF estabelece que o processo decorrente deve ser convertido em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar o julgamento do processo principal: Anexo II, art. 6º, § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. Em pesquisa no eprocesso, verifiquei que o processo principal está no Serviço de Distribuição e Sorteio (SEDIS) do CARF, conforme abaixo: Fl. 343DF CARF MF 8 Conclusão Diante disso, proponho NÃO CONHECER do recurso e determinar a vinculação por apensação do presente feito ao processo nº 16624.000953/200674, do qual este processo é decorrente. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 344DF CARF MF
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Numero do processo: 15504.721118/2013-02
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.
A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. O primeiro paradigma, na parte que trata de situação semelhante à examinada pelo acórdão recorrido, configura decisão convergente e não divergente em relação a este. Além disso, o acórdão recorrido reconheceu a presença de vício material tratando de matéria de prova, de caso em que a motivação do lançamento foi considerada incorreta (inadequada, insuficiente), enquanto os dois paradigmas reconheceram a ocorrência de vício formal diante de situações em que houve típico descumprimento de normas de caráter instrumental/formal, por "ausência" de motivação, o que, inclusive, também ensejou o reconhecimento de cerceamento do direito de defesa dos contribuintes. Não há paralelo entre o acórdão recorrido e os paradigmas, que permita a caracterização de divergência a ser sanada mediante processamento de recurso especial. Os contextos fáticos distintos justificam as diferentes decisões.
Numero da decisão: 9101-003.040
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1773; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15504.721118/201302 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.040 – 1ª Turma Sessão de 10 de agosto de 2017 Matéria VÍCIOS NO LANÇAMENTO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BY MOTO LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. O primeiro paradigma, na parte que trata de situação semelhante à examinada pelo acórdão recorrido, configura decisão convergente e não divergente em relação a este. Além disso, o acórdão recorrido reconheceu a presença de vício material tratando de matéria de prova, de caso em que a motivação do lançamento foi considerada incorreta (inadequada, insuficiente), enquanto os dois paradigmas reconheceram a ocorrência de vício formal diante de situações em que houve típico descumprimento de normas de caráter instrumental/formal, por "ausência" de motivação, o que, inclusive, também ensejou o reconhecimento de cerceamento do direito de defesa dos contribuintes. Não há paralelo entre o acórdão recorrido e os paradigmas, que permita a caracterização de divergência a ser sanada mediante processamento de recurso especial. Os contextos fáticos distintos justificam as diferentes decisões. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 11 18 /2 01 3- 02 Fl. 681DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial quanto à identificação da espécie do vício que ensejou o cancelamento do lançamento contido nos presentes autos (vício material x vício formal). A recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 1201001.227, de 09/12/2015, complementado pelo Acórdão nº 1201001.398, de 05/04/2016, por meio dos quais a 1a Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, cancelou o lançamento contido nos presentes autos, considerando ainda que ele estava maculado por vício material, e não por vício formal. O Acórdão nº 1201001.227 contém a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 LUCRO ARBITRADO. Incabível o lançamento do IRPJ mediante arbitramento do lucro quando a autoridade tributária não demonstrar que os vícios, erros ou deficiências contidos na escrituração contábil do sujeito passivo a torna imprestável para identificar a movimentação financeira da empresa ou para determinar o lucro real. E o Acórdão nº 1201001.398, que julgou embargos de declaração apresentados pela PGFN contra a decisão acima mencionada, foi assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. Quando a razão para afastarse a exigência tributária decorre de matéria de prova, não há que se falar em vício formal contido no ato administrativo do lançamento. Fl. 682DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 4 3 É de se rejeitar os embargos quando não se constata no acórdão recorrido a omissão apontada pela interessada. A PGFN afirma que a decisão recorrida deu à lei tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento de seu recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. o entendimento jurisprudencial que fundamenta o presente recurso diverge do adotado pela e. Câmara a quo, e está representado em acórdãos, cujas ementas estão abaixo transcritas na forma do art. 67, §9º do RICARF: Acórdão n° 20601.026 AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. VÍCIO FORMAL INSANÁVEL. Na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD deve haver a expressa fundamentação legal do arbitramento procedido, além de demonstrar de maneira clara e precisa a situação que motivou o uso do procedimento, nos termos da legislação. A inobservância das formalidades legais na lavratura da NFLD acarreta vedação ao direito de defesa do contribuinte. A inobservância dessas regras é vício insanável, configurando a sua nulidade. Acórdão n° 240100.018 NORMAS PROCEDIMENTAIS. ARBITRAMENTO. AUSÊNCIA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL NO ANEXO FLD. VÍCIO INSANÁVEL. NULIDADE. A indicação dos dispositivos legais que amparam a Notificação Fiscal de Lançamento de DébitoNFLD é requisito essencial à sua validade, e a sua ausência ou fundamentação genérica, especialmente no relatório Fundamentos Legais do DébitoFLD, determina a nulidade do lançamento, por caracterizarse como vício formal insanável, nos termos do artigo 37 da Lei nº 8.212/91, c/c artigo 11, inciso III, do Decreto nº 70.235/72. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÕES. O Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicitar, de forma clara e precisa, todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e contraditório. Omissões ou incorreções no Relatório Fiscal, relativamente aos critérios de apuração do crédito tributário levados a efeito por ocasião do lançamento fiscal, que impossibilitem o exercício pleno do direito de defesa e contraditório do contribuinte, enseja a nulidade da notificação. PROCESSO ANULADO. a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF deu provimento ao recurso voluntário para cancelar o Auto de Infração, em virtude da ausência de prova de que a escrituração da contribuinte continha vícios que autorizassem o arbitramento do lucro; Fl. 683DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 5 4 por outro lado, os acórdãos paradigmas sinalizam que esses problemas na comprovação dos motivos que levaram à adoção do arbitramento ou qualquer outra contrariedade ao art. 142 do CTN geram nulidade por vício formal; para deixar mais clara a divergência, convém transcrever trecho dos acórdãos paradigmas: [...]; verificase, portanto, que diante de equívoco semelhante, acórdãos, recorrido e paradigmas, entenderam de modo divergente. Enquanto um cancela o auto de infração, os outros anulam, por vício de forma; a similitude fática existe, da mesma forma que a divergência de interpretação da mesma tese jurídica, pelo que cabe a esta e. Câmara Superior de Recursos Fiscais julgar, então, qual a posição correta; dessa forma, demonstrada a divergência jurisprudencial, encontramse presentes os requisitos de admissibilidade do presente recurso especial; DOS FUNDAMENTOS PARA REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO rezam os arts. 10 do Decreto 70.235/72 e 142 do CTN: [...]; pela leitura desses dispositivos, percebese que os requisitos neles elencados possuem natureza formal, ou seja, determinam como o ato administrativo, in casu, o auto de infração, deve exteriorizase; desse modo, temse que um lançamento tributário é anulado por vício formal quando não se obedece às formalidades necessárias ou indispensáveis à existência do ato, isto é, às disposições de ordem legal para a sua feitura; na hipótese em apreço, a falha na descrição dos fatos imputados ao contribuinte/motivação é causa de anulação do lançamento por vício formal, vez que foi preterido o método estabelecido em lei. A propósito, a jurisprudência do CARF é farta em decisões que anulam o auto de infração por vício de forma, em razão da falta de preenchimento de alguns dos requisitos estipulados no art. 10 do Decreto nº 70.235/72 e/ou art. 142 do CTN. A título de exemplo, seguem as ementas dos seguintes julgados: [...]; por tudo, concluise que o acórdão recorrido mostrase equivocado, pois o vício apontado pelo Relator acarreta a anulação do auto de infração, e não o seu cancelamento; DO PEDIDO. em face do exposto, a União (Fazenda Nacional) requer o conhecimento e o provimento do presente recurso para que seja anulado por vício formal, o Auto de Infração. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, o Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 01/07/2016, deu seguimento ao recurso especial com base na seguinte análise sobre as divergências suscitadas: [...] Fl. 684DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 6 5 O recurso especial está regulamentado nos arts. 67 a 70 do Anexo II do RICARF e atende aos pressupostos de tempestividade e legitimidade. Passase a apreciar a admissibilidade. Temse que devem ser apresentadas até duas decisões paradigmas sobre cada matéria autônoma pré questionada que dê à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF, de modo a demonstrar analiticamente e de forma objetiva qual a legislação que está sendo interpretada de forma divergente. Observese que não servirá como paradigma o acórdão que, na data da análise da admissibilidade do recurso especial, contrariar Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal, decisão judicial transitada em julgado, nos termos dos arts. 1036 a 1041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil (CPC) e ainda Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. a) Nulidade por Vício Formal A PFN argui que "problemas na comprovação dos motivos que levaram à adoção do arbitramento ou qualquer outra contrariedade ao art. 142 do CTN geram nulidade por vício formal." Para fins de análise, tem cabimento transcrever excertos dos acórdãos apresentados como paradigmas: Acórdão n° 20601.026, de 02.07.2008: [...] Acórdão n° 2401 00.018, de 03.03.2009: [...] Examinando os acórdãos paradigmas verificase que trazem o entendimento de que "a indicação dos dispositivos legais que amparam a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD é requisito essencial à sua validade, e a sua ausência ou fundamentação genérica, especialmente no relatório Fundamentos Legais do Débito FLD, determina a nulidade do lançamento, por caracterizarse como vício formal insanável." Consta no voto condutor do acórdão recorrido: [...] O acórdão recorrido, por seu turno, vem considerar que é "incabível o lançamento do IRPJ mediante arbitramento do lucro quando a autoridade tributária não demonstrar que os vícios, erros ou deficiências contidos na escrituração contábil do sujeito passivo a torna imprestável para identificar a movimentação financeira da empresa ou para determinar o lucro real." Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial pela PGFN. b) Descumprimento de Requisitos Essenciais do Lançamento Gera Vício Formal Fl. 685DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 7 6 A PFN defende que "o vício apontado [...] acarreta a anulação formal do auto de infração, e não o seu cancelamento". Para fins de análise, tem cabimento transcrever excertos dos acórdãos apresentados como paradigmas: Acórdão nº 230201.020, de 14.04.2011: [...] Acórdão n° 30131.801, de 18.05.2005: [...] Examinando os acórdãos paradigmas verificase que trazem o entendimento de que "o descumprimento de requisitos essenciais do lançamento como omissão dos fundamentos pelos quais estão sendo exigidos os tributos e aplicadas as multas e acréscimos legais, além da falta da prévia intimação estabelecida na legislação específica, tudo em contradição ao disposto no art. 142, do CTN e nos art. 11 e 59, do Decreto 70.235/72, autorizam a declaração de nulidade desse lançamento por vício formal". Consta no voto condutor do acórdão recorrido: [...] O acórdão recorrido, por seu turno, vem considerar que é "incabível o lançamento do IRPJ mediante arbitramento do lucro quando a autoridade tributária não demonstrar que os vícios, erros ou deficiências contidos na escrituração contábil do sujeito passivo a torna imprestável para identificar a movimentação financeira da empresa ou para determinar o lucro real." Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial pela PGFN. Conclusão Diante do exposto, com fundamento no art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, proponho que seja DADO SEGUIMENTO ao recurso especial, interposto pela PGFN, para que sejam rediscutidas as matérias em relação às seguintes questões: a) Nulidade por Vício Formal; e b) Descumprimento de Requisitos Essenciais do Lançamento Gera Vício Formal. Em 12/07/2016, a contribuinte foi intimada do despacho que deu seguimento ao recurso especial da PGFN. Antes dessa data, em 06/05/2016, ela já havia apresentado contrarrazões ao recurso. Na mesma data em que foi intimada, ou seja, em 12/07/2016, a contribuinte apresentou tempestivamente uma nova petição reiterando os argumentos contidos na peça de contrarrazões, nos seguintes termos: PRELIMINARES Fl. 686DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 8 7 NÃO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. NÃO FOI ESPECIFICADA A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA QUE FOI INTERPRETADA DE FORMA DIVERGENTE. de acordo com o §1º do art. 67 do Regimento Interno do CARF, "não será conhecido o recurso que não demonstrar de forma objetiva qual a legislação que está sendo interpretada de forma divergente"; no Recurso Especial, a Recorrente apenas aborda as interpretações sobre os arts. 10, do Decreto n? 70235/72, e 142, do CTN; entretanto, os dois artigos relacionados pela Fazenda Nacional sequer foram citados no Acórdão objeto de recurso; ora, se os referidos acórdãos sequer mencionam aqueles artigos, não há que se falar em interpretação divergente da legislação e, muito menos, poderia ser admitido Recurso Especial sobre legislação não analisada pelo acórdão recorrido; NÃO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS ACÓRDÃOS PARADIGMAS É DIVERSA DA PRESENTE DISCUSSÃO. os acórdãos paradigmas tratam de exigências relativas às contribuições previdenciárias com fundamento no art. 33 da Lei nº 8.212/91, enquanto que o acórdão recorrido tem fundamento na incorreção do arbitramento do lucro para cobrança de IRPJ, fundamentado no art. 530, inciso II, do RIR/99; é incabível, portanto, o Recurso Especial em exame, haja vista que a legislação tributária analisada nos acórdãos paradigmas não é a mesma do acórdão recorrido, o que impossibilita a análise de supostas divergências entre as interpretações dadas à lei, uma vez que não se tratam dos mesmos diplomas legais; ainda que esse argumento não fosse suficiente para o não cabimento do recurso, também não há similitude fática entre os acórdãos paradigmas e o acórdão recorrido, como será demonstrado no item abaixo; NÃO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL: AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS CASOS. MATÉRIA DE PROVA. inicialmente, ressaltase que a questão de fundo é matéria de prova, visto que a constatação de vício formal depende da análise individualizada de cada caso, a partir do preenchimento dos elementos formais de cada Auto de Infração; dessa forma, incabível o Recurso Especial; além da questão probatória, que inviabilizaria a interposição do presente recurso, não há similitude fática entre os casos apresentados como paradigmas e o discutido nos presentes autos; Fl. 687DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 9 8 nos acórdão paradigmas foi constatada a efetiva existência de vícios formais relativos à ausência de descrição clara e pormenorizada dos critérios utilizados na apuração do crédito por arbitramento, bem como à ausência de especificação da fundamentação legal; aqueles vícios impediram a conferência do crédito tributário e, por consequência, cercearam o direito de defesa dos contribuintes, que não puderam se defender amplamente por desconhecerem os fundamentos da cobrança. Por esse motivo, os lançamentos foram declarados nulos pela presença de vício formal insanável; é importante notar que os contribuintes figuraram como Recorrentes em todos os casos relacionados como paradigmas pela Fazenda Nacional. Isso porque, os vícios apontados pelos contribuintes daqueles casos acarretaram cerceamento do direito de defesa; já no acórdão recorrido não houve vício formal e muito menos cerceamento do direito de defesa, tanto é que os aspectos formais do lançamento foram validados pela Turma julgadora; é importante recordar que o julgamento pautouse no mérito da cobrança, demonstrando que o arbitramento do lucro foi indevidamente utilizado no presente caso, pois não houve prova da imprestabilidade da escrituração contábil do contribuinte. Inclusive, nunca houve alegação de cerceamento ao direito de defesa por parte da Recorrida, justamente por inexistirem vícios formais que impedissem sua defesa; feitas essas considerações, cai por terra a alegação da Recorrente no sentido de que, "diante de equívoco semelhante, acórdãos, recorrido e paradigmas, entenderam de modo divergente. Enquanto um cancela o auto de infração, os outros anulam por vício de forma. A similitude fática existe, da mesma forma que a divergência de interpretação da mesma tese jurídica"; ora, se os acórdãos paradigmas anularam os lançamentos por vício formal é porque, naqueles casos, os requisitos formais do lançamento foram analisados e, constatada a ausência de algum requisito, decidiuse pelo cerceamento ao direito de defesa dos contribuintes; por outro lado, o acórdão recorrido analisou os aspectos formais do lançamento e entendeu que foram devidamente preenchidos todos os requisitos. Assim, o lançamento foi cancelado em virtude do enfrentamento do seu mérito: o arbitramento foi indevidamente realizado, visto que as deficiências apontadas pela Autoridade Fiscal não tornam a escrituração contábil da Recorrida imprestável; ad argumentandum, ainda que fosse possível sustentar algum vício no lançamento, esse seria de ordem material (erro de direito), jamais um vício formal; definitivamente, os acórdãos paradigmas e recorrido não apresentam similitude fática e, muito menos, aqueles podem representar divergência em relação à legislação tributária em voga neste processo; NÃO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL POR AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA DA DIVERGÊNCIA. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 10 9 ainda que fosse possível entender existente a divergência quanto à interpretação dada à mesma legislação tributária, o presente recurso não deve ser conhecido por faltarlhe requisito essencial, nos ternos do art. 67, §8º, do Regimento Interno do CARF; em nenhum momento a Recorrente realizou o cotejo analítico da divergência entre os acórdãos paradigmas e o acórdão recorrido, colacionando os pontos divergentes entre eles. Até porque essa demonstração analítica não seria possível, seja em razão da ausência de similitude fática entre os casos em apreço, seja porque se tratam de legislações tributárias distintas; não houve, assim, a demonstração analítica da divergência, com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divergiram de pontos específicos do acórdão recorrido, deixando de cumprir requisito essencial para a admissão do recurso, nos moldes em que preceitua o art. 67, §8º, do Regimento interno do CARF; MÉRITO AUSÊNCIA DE VÍCIO FORMAL NO LANÇAMENTO OU EM DECORRÊNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO. para que não pairem dúvidas sobre essa questão, é de fundamental importância diferenciar o vício material do vício formal. Para tanto, a Recorrida adotará as referências do "PARECER PGFN/CAT N9 278/2014", da própria Procuradoria da Fazenda Nacional; embora a questão fática do referido parecer não seja a mesma dos presentes autos (lá se discute se o erro na identificação do sujeito passivo no ato de lançamento caracterizaria vício formal ou material para fins de aplicação do art. 173, II, do CTN), a essência dos conceitos de vício formal e material é plenamente aplicável ao presente caso e suficiente para sanar qualquer dúvida porventura existente. Confirase: [...]; no caso dos autos, em nenhum momento o contribuinte foi privado de conhecer os motivos que levaram à adoção do arbitramento, a metodologia de apuração da base de cálculo adotada pela Autoridade Fiscal, bem como todos os critérios para determinação do tributo devido, inclusive foi possível refazer todos os cálculos por ela realizados; não há que se falar em vício formal quando todos os requisitos formais para o lançamento do crédito tributário foram preenchidos. Muito menos houve qualquer circunstância desconhecida pela Autoridade Lançadora à época do lançamento (conceito de "erro de fato" da própria PGFN), tendo em vista que ela solicitou toda a escrituração contábil da Contribuinte, de onde poderia extrair todas as informações necessárias para a apuração do lucro real ou, até mesmo, comprovar a sua imprestabilidade para, então, realizar o arbitramento do lucro; poderseia, portanto, apenas questionar a interpretação e aplicação das normas, pela Autoridade Fiscal, no caso concreto e a valoração jurídica dada aos fatos, seguindo o conceito de "erro de direito" da própria PGFN. Ou seja, no caso concreto, a escrituração contábil era imprestável ou não? Os critérios legais para aplicação do arbitramento foram devidamente preenchidos? Notem que todas essas questões, devidamente enfrentadas pelo acórdão recorrido, envolvem apenas a valoração jurídica dos fatos e a interpretação das normas, relacionadas ao conceito de vício material; Fl. 689DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 11 10 desse modo, mesmo que fosse possível alegar a existência de algum vício no lançamento, como pretende fazer crer a Recorrente, esse seria um vício material (erro de direito), jamais um vício formal; AD ARGUMENTANDUM. A DECLARAÇÃO DE NULIDADE SERÁ DISPENSADA QUANDO O JULGADOR DECIDIR, NO MÉRITO, A FAVOR DO SUJEITO PASSIVO. INTELIGÊNCIA DO §3º DO ART. 59 DO RPTA. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL É PRERROGATIVA DO PREJUDICADO EM FUNÇÃO DAS LIMITAÇÕES AO SEU DIREITO DE DEFESA. como dito, ao fundamentar o seu recurso, a Recorrente sustenta a "falha na comprovação dos motivos que levaram à adoção arbitramento", concluindo que o método previsto em lei foi preterido; todavia, não é essa a realidade vivenciada nos presentes autos; a Autoridade Fiscal apontou irregularidades na escrituração contábil da Recorrida, que supostamente a tornariam imprestável para a apuração do lucro real, realizando o arbitramento do lucro; o acórdão recorrido, por sua vez, analisou os fundamentos da Autoridade Fiscal e as provas produzidas nos autos e, ao final, concluiu que as supostas irregularidades na escrituração contábil da Recorrida são insuficientes para declarála imprestável. Desse modo, entendeu incabível o arbitramento do lucro nos moldes em que realizado; tratase, portanto, de matéria de prova e não de preterição do método previsto em lei; por fim, convém destacar que a alegação de nulidade, por vício formal, cabe a quem é prejudicado pelo lançamento, quando este for formulado em desrespeito aos requisitos formais. Também é admissível a participação da Procuradoria da Fazenda Nacional nesse tipo de controle do crédito tributário, desde que vise resguardar as garantias constitucionais dos contribuintes, em especial a ampla defesa; é estranho que a Recorrente tenha conhecido a Impugnação, o Recurso Voluntário, participado do julgamento, sem nunca ter mencionado a existência de qualquer vício formal que pudesse invalidar o lançamento ou, principalmente, que as falhas na comprovação dos motivos que levaram ao arbitramento causaram qualquer limitação à defesa da Recorrida. Essa alegação somente surgiu quando o desfecho do caso foi desfavorável ao Fisco, com o cancelamento do crédito tributário; a dúvida que fica é a seguinte: se a cobrança tivesse sido mantida em desfavor do contribuinte, será que a Procuradoria da Fazenda Nacional também interporia o presente recurso e lutaria pelo cancelamento do presente lançamento por vício formal, mesmo que o contribuinte não tivesse questionado o cerceamento ao seu direito de defesa? A experiência mostra que não; a respeito das nulidades no processo administrativo fiscal, o Decreto nº 70.235/72 dispõe em seu art. 59 que somente são nulos os atos proferidos por pessoa incompetente ou com preterição ao direito de defesa. Confirase: [...]; Fl. 690DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 12 11 o §3º do citado dispositivo preceitua, ainda, que a Autoridade Julgadora não pronunciará a nulidade ou mandará repetir o ato quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo: [...]; significa dizer que, ainda que houvesse algum vício formal no lançamento, tendo a Autoridade Julgadora decidido o mérito em favor da Recorrida, não há que se falar em nulidade do lançamento, principalmente por não ter ocorrido, no presente caso, nenhum cerceamento ao direito de defesa da contribuinte; por sua vez, o art. 60 determina que "as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio"; é a máxima: não há nulidade sem prejuízo; desse modo, o lançamento somente será declarado nulo, ainda que por vício formal insanável, caso tenha havido prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. Não havendo o cerceamento desse direito e sendo possível a decisão de mérito por parte da Autoridade Julgadora em benefício do sujeito passivo, não há que se falar em nulidade do lançamento. É o relatório. Fl. 691DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 13 12 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo tem por objeto lançamento para constituição de crédito tributário a título de IRPJ e tributos reflexos (CSLL, PIS e COFINS) sobre fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2008. A autuação está baseada em situação que, segundo a fiscalização, deveria ensejar o arbitramento dos lucros, e que está assim descrita na peça fiscal: “Arbitramento que se faz tendo em vista que a escrituração apresentada pelo contribuinte é imprestável para determinação do Lucro Real, uma vez que a ECD (Escrituração Contábil Digital) foi transmitida via SPED e autenticada na Junta Comercial com diversas inconsistências, conforme declaração prestada pela própria empresa.” A decisão de primeira instância administrativa manteve o lançamento. A decisão de segunda instância administrativa, composta pelos Acórdãos nºs 1201001.227 e 1201001.398, cancelou o lançamento, considerando ainda que ele estava maculado por vício material, e não por vício formal. Por meio do recurso especial que está sendo examinado nesse momento, a PGFN suscitou divergência jurisprudencial quanto à identificação da espécie do vício que ensejou o cancelamento do lançamento contido nos presentes autos (vício material x vício formal). E em sede de contrarrazões, a contribuinte apresentou várias preliminares de não conhecimento do recurso especial. Revisitando o recurso especial e o despacho que lhe deu seguimento, constato que a recorrente suscitou apenas uma divergência, defendendo que problemas na comprovação dos motivos que levaram à adoção do arbitramento ou qualquer outra contrariedade ao art. 142 do CTN deveriam gerar nulidade por vício formal (conforme as decisões paradigmas), e não por vício material (conforme entendeu a decisão recorrida). Em reforço à sua argumentação de mérito, a recorrente cita várias decisões do CARF que, segundo ela, anularam o auto de infração por vício de forma, "em razão da falta de preenchimento de alguns dos requisitos estipulados no art. 10 do Decreto nº 70.235/72 e/ou art. 142 do CTN". Mas o que a PGFN interpreta como sendo "falta de preenchimento de alguns dos requisitos [...]", em relação aos presentes autos, é justamente "a falha na comprovação dos motivos que levaram à adoção do arbitramento". Fl. 692DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 14 13 A divergência, portanto, é uma só, isto é, se "a falha na comprovação dos motivos que levaram à adoção do arbitramento" gera vício de natureza material, ou vício de natureza formal. A alegação de que essa falha representa contrariedade a regras instrumentais, a regras que estabelecem requisitos formais para o ato de lançamento, é alegação apresentada pela própria recorrente, em reforço de sua argumentação. Não há uma segunda divergência, conforme ficou registrado no despacho de exame de admissibilidade. A controvérsia sobre o "descumprimento de requisitos" para a feitura do Lançamento faz parte da primeira divergência (aliás, da única divergência que foi suscitada pela recorrente). O esclarecimento serve apenas para registrar que a decisão recorrida não afirmou em nenhum momento que o descumprimento de requisitos estabelecidos por normas instrumentais, especialmente pelo art. 10 do Decreto nº 70.235/1972, representa vício de natureza material. Aliás, a decisão recorrida, na parte final do Acórdão nº 1201001.398, diz exatamente o contrário disso: [...] Inexiste, portanto, o apontado vício formal no ato administrativo do lançamento uma vez que tal vício, como é cediço, decorre de erro na formalização daquele ato, nos termos do art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Feitos esses esclarecimentos, é importante verificar os fundamentos pelos quais a decisão recorrida (composta pelos Acórdãos 1201001.227 e 1201001.398) considerou que a "falha na comprovação dos motivos que levaram à adoção do arbitramento" configurava vício de natureza material, e não vício formal: Acórdão nº 1201001.227 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 LUCRO ARBITRADO. Incabível o lançamento do IRPJ mediante arbitramento do lucro quando a autoridade tributária não demonstrar que os vícios, erros ou deficiências contidos na escrituração contábil do sujeito passivo a torna imprestável para identificar a movimentação financeira da empresa ou para determinar o lucro real. [...] Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. [...] 2) DO ARBITRAMENTO DO LUCRO Fl. 693DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 15 14 Conforme informado no termo de verificação fiscal (TVF), a autoridade tributária inicialmente intimou a fiscalizada a apresentar o “demonstrativo mensal de apuração do imposto de renda da pessoa jurídica IRPJ e informações contábeis em meio digital com leiaute previsto no Manual Normativo de Arquivo Digital MANAD Versão 1.0.0.2, aprovado pela IN MPS/SRR n° 12 de 20/06/2006”. A fiscalizada apresentou, de pronto, o demonstrativo de apuração mensal do IRPJ e, após, as informações contábeis em meio digital. Durante a ação fiscal a fiscalizada informou haver apresentado a escrituração contábil digital (ECD) via sistema público de escrituração digital (SPED). Posteriormente, solicitou à autoridade fiscal que considerasse em seus trabalhos de auditoria a escrituração a ele apresentada, uma vez que os arquivos enviados ao SPED não representariam corretamente a escrituração contábil da empresa. A autoridade, entretanto, não atendeu a solicitação da contribuinte. Argumentou que a escrituração enviada ao SPED e regularmente autenticada pela Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, é aquela que produz efeitos legais. A fiscalização concluiu, então, pelo arbitramento do lucro, conforme trecho do TVF a seguir transcrito (fl. 50): Dessa forma, desde o início da fiscalização em 01/02/12, a empresa poderia ter retificado ou substituído sua contabilidade transmitida via SPED, pela apresentada no formato instituído pela Instrução Normativa SRP número 12//2006 (MANAD), mas não o fez; ao contrário, a que foi autenticada em 09/08/12 é aquela que a empresa diz que apresenta inconsistências e que afirma não representar corretamente a escrituração contábil da empresa à época (grifo nosso). Pelo exposto, uma vez que a própria empresa afirmou que a contabilidade transmitida via SPED não representa corretamente a sua escrituração contábil, concluise que a forma correta de se proceder à apuração do lucro da empresa no período não pode ser evidentemente a adoção de uma contabilidade paralela, e sim o arbitramento do lucro da empresa conforme previsto no artigo 530, inciso II, do Decreto n° 3000, de 26/03/99, in verbis:” [...] Pois bem, compulsandose os autos do processo é possível verificar que a fiscalizada afirmou o seguinte acerca da escrituração transmitida ao SPED (fl. 151): Em atendimento ao referido Termo de Intimação Fiscal, a contribuinte vem solicitar que sejam desconsiderados os arquivos transmitidos via SPED Sistema Público de Escrituração Digital, em 09/07/2009, tendo em vista que estes arquivos não representam corretamente a escrituração contábil da empresa à época. Tendo em vista que foi o primeiro ano que a empresa enviou a escrituração digital naquele formato, houve diversas inconsistências Fl. 694DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 16 15 devido aos problemas técnicos do sistema e a dificuldade na conversão dos arquivos contábeis. Pelo exposto, a contribuinte solicita que os procedimentos de fiscalização sejam realizados nos arquivos contábeis já apresentados em 30/03/2012. (...) Ocorre que a confissão de que os arquivos transmitidos ao SPED não representam corretamente a escrituração da empresa não autoriza concluir se que, necessariamente, essa escrituração seja imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira ou para determinar o lucro real. Em outras palavras, não há uma relação necessária entre os vícios, erros ou deficiências genericamente confessados pela fiscalizada, e a imprestabilidade da escrita. Em assim sendo, caberia ao auditor comprovar esta relação, demonstrando assim a imprestabilidade da escrituração do sujeito passivo. A autoridade, entretanto, não o fez. Realmente, sobre a suposta imprestabilidade da escrita enviada ao SPED o auditor afirma apenas o seguinte em seu TVF (fls. 49/50): Analisando os referidos arquivos, foram verificados alguns lançamentos feitos em desacordo com as normas contábeis. Constatouse, por exemplo, que a conta Duplicatas a Receber, código 1121107001, de natureza devedora, apresentou saldo credor (grifo nosso) no período de 26/08/08 a 25/09/08. Em 26/09/08, foi efetuado um lançamento de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), a débito da conta duplicata a receber e a crédito de diversas outras contas, ao que tudo indica para que a conta voltasse a ter saldo devedor. Por meio do Termo de Intimação Fiscal de nº 08, datado de 24/09/12, com ciência do contribuinte em 25/09/12, foram solicitados esclarecimentos relacionados a alguns lançamentos contábeis, dentre os quais o acima referido. Em resposta, o contribuinte solicitou que fossem desconsiderados os arquivos transmitidos via SPED, em 09/07/09, tendo em vista que estes arquivos não representam corretamente a escrituração contábil da empresa à época (grifo nosso). Informou, também, que a escrituração enviada no formato SPED apresentou diversas inconsistências devido a problemas técnicos do sistema e à dificuldade na conversão dos arquivos contábeis. Por fim, solicitou que os procedimentos de fiscalização fossem realizados nos arquivos contábeis apresentados em 30/30/2012. (sic) Todavia, a falta de explicação por parte da contribuinte sobre o lançamento contábil acima referido, bem como sobre os demais lançamentos contábeis indicados no citado termo de intimação fiscal nº 08, de forma alguma ensejaria, por si só, a conclusão de imprestabilidade da escrita. Aliás, nenhum desses registros contábeis foi considerado pela fiscalização como omissão de receita ou qualquer outra infração sujeita a Fl. 695DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 17 16 lançamento de ofício. De fato, o arbitramento levou em conta apenas a receita informada pela contribuinte. Assim, não comprovada a imprestabilidade da escrita enviada ao SPED, cai por terra o arbitramento do lucro. 3) DOS LANÇAMENTOS REFLEXOS O que foi dito no item anterior sobre o IRPJ vale igualmente para a CSLL. Em relação à contribuição para o PIS e à Cofins, como não foi apurada omissão de receita, nada há o que se exigir. Ademais, afastado o arbitramento, a exigência, acaso existente, deveria observar o sistema não cumulativo. 4) CONCLUSÃO Tendo em vista todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Acórdão nº 1201001.398 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. Quando a razão para afastarse a exigência tributária decorre de matéria de prova, não há que se falar em vício formal contido no ato administrativo do lançamento. É de se rejeitar os embargos quando não se constata no acórdão recorrido a omissão apontada pela interessada. [...] Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. Pois bem, basta o exame da abaixo transcrita ementa ao acórdão embargado para que se possa concluir que são manifestamente improcedentes os embargos opostos pela Fazenda Nacional. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 LUCRO ARBITRADO. Incabível o lançamento do IRPJ mediante arbitramento do lucro quando a autoridade tributária não demonstrar que os vícios, erros ou deficiências contidos na escrituração contábil do sujeito passivo a torna Fl. 696DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 18 17 imprestável para identificar a movimentação financeira da empresa ou para determinar o lucro real. De fato, a Turma embargada afastou a exigência por haver entendido que a autoridade fiscal deixara de demonstrar que a escrituração da contribuinte continha vícios, erros ou deficiências que autorizassem o arbitramento do lucro. Tratase de matéria de prova, conforme expressamente mencionado no voto condutor. Inexiste, portanto, o apontado vício formal no ato administrativo do lançamento uma vez que tal vício, como é cediço, decorre de erro na formalização daquele ato, nos termos do art. 10 do Decreto nº 70.235/72, daí porque não há que se falar em omissão da Turma quanto a sua apreciação. Tendo em vista todo o exposto, voto por não acolher os embargos opostos pela Fazenda Nacional. Para a comprovação da divergência suscitada no recurso especial, a PGFN apresentou os Acórdãos nºs 20601.026 e 2401 00.018 como paradigmas de divergência. Entendo que o recurso não deve ser conhecido. O problema em relação à admissibilidade do recurso é que o acórdão recorrido trata de matéria de prova, de caso em que a motivação do lançamento foi considerada incorreta (inadequada, insuficiente). A rigor, o acórdão recorrido considerou que, nos autos, não havia "motivo" para o arbitramento do lucro, o que implicou no cancelamento da autuação. Os paradigmas, por sua vez, trataram de situações em que houve típico descumprimento de normas de caráter instrumental/formal, por "ausência" de motivação, o que, inclusive, também ensejou o reconhecimento de cerceamento do direito de defesa dos contribuintes. Está bem claro que o acórdão recorrido impôs um ônus probatório à Fiscalização, do qual ela não se desincumbiu, qual seja, o ônus de comprovar que a escrituração da contribuinte era imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira ou para determinar o lucro real. Esse fato, a imprestabilidade da escrituração, é especificamente o "motivo" que justifica o arbitramento. E se a Fiscalização não traz essa prova, a "motivação por ela apresentada" é incorreta (inadequada, insuficiente), e o motivo é inexistente, pelo menos nos autos, que é o que interessa para o processo. Aliás, o primeiro paradigma, Acórdão nº 20601.026, examinou fatos que, segundo essa própria decisão, caracterizaram vício formal e também fatos que caracterizaram vício material, mas na parte que se assemelha aos presentes autos, ou seja, que trata de ônus probatório, de motivação insuficiente, etc., esse paradigma é convergente com o acórdão recorrido (e não divergente dele), como indicam claramente a sua ementa e o voto que o orienta: Acórdão nº 20601.026 Ementa [...] Fl. 697DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 19 18 AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. VÍCIO FORMAL INSANÁVEL. Na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD deve haver a expressa fundamentação legal do arbitramento procedido, além de demonstrar de maneira clara e precisa a situação que motivou o uso do procedimento, nos termos da legislação. A inobservância das formalidades legais na lavratura da NFLD acarreta vedação ao direito de defesa do contribuinte. A inobservância dessas regras é vicio insanável, configurando a sua nulidade. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO ÔNUS DA PROVA. VÍCIO MATERIAL. O ônus de provar a existência dos pressupostos da relação de emprego por serviços prestados à notificada é da autoridade lançadora. A ausência da plena demonstração da ocorrência do fato gerador representa vicio na motivação do ato do lançamento, configurando sua nulidade. [...] Voto [...] Entretanto, em ambos os casos há que se observar o disposto na legislação: no primeiro caso, o arbitramento somente será autorizado se verificada a ocorrência da situação descrita no citado parágrafo e, ainda, que a autoridade lançadora fundamente seu ato, informando, seja no Relatório de Fundamentos Legais do Débito ou no Relatório Fiscal da Notificação. O que no presente caso não ocorreu. Acrescente que além de verificada a situação fática, ou seja, de demonstrar os motivos que levaram à adoção de tal medida, que ensejaria o lançamento por arbitramento é, também, imprescindível a indicação do dispositivo legal que autoriza o procedimento, no caso o art. 33 § 3º e/ou 6° da Lei n° 8212/91. A observância de tais procedimentos, isto é, a indicação dos fundamentos de fato e de direito do procedimento fiscal é imprescindível face à observância ao Princípio Constitucional da Legalidade Estrita, que deve ser observado tanto pela Administração, quanto pelo Administrado, além de observar ao comando constitucional de que ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal (art. 5° inciso LIV da Constituição). Não se pode olvidar que a omissão desta cautela vicia todo o procedimento em razão da flagrante violação do Princípio do Devido Processo Legal, da Ampla Defesa e do Contraditório. Diante de tais constatações fica evidenciado que o presente lançamento não está revestido de todas as formalidades essenciais para que se considere que houve a regularidade do mesmo. Dessa forma, entendo que a parte do lançamento, relativo ao levantamento VAL: Valdemir Pellenz — arbitramento salarial período anterior GFIP, deve ser excluído do lançamento, declarado nulo, por vício formal. Fl. 698DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 20 19 No segundo caso, a teor do disposto no art. 229, não basta a autoridade lançadora afirmar, como consta do relatório a presença de elementos formadores da relação empregatícia, é necessário demonstrar, no relatório fiscal, de forma inconteste, a existência, não um, mas todos os elementos caracterizadores da citada relação. No caso vertente, autoridade fiscal não se preocupou em demonstrar a existência dos referidos elementos. Assim, o lançamento da maneira como foi efetuado não pode prevalecer, uma vez que não houve por parte da autoridade notificante a quem compete motivar o ato administrativo do lançamento, demonstrar com clareza a existência do fato gerador, o que permeia o ato de vício material insanável, ensejando a decretação de sua nulidade, na parte relativa aos levantamentos: BEN: BENTO Antônio de Borba e NAD: Nadir da Silva Passos. (grifos acrescidos) Vêse que o primeiro paradigma, na parte que trata de situação semelhante à examinada pelo acórdão recorrido, configura decisão convergente e não divergente em relação a este. E o segundo paradigma, Acórdão nº 240100.018, ao reconhecer a existência de vício formal, o faz exatamente no mesmo contexto do primeiro paradigma, isto é, tratando de situação em que houve típico descumprimento de normas de caráter instrumental/formal, por "ausência" de motivação, o que, inclusive, também ensejou o reconhecimento de cerceamento do direito de defesa do contribuinte, senão vejamos: Acórdão nº 240100.018 Ementa NORMAS PROCEDIMENTAIS. ARBITRAMENTO. AUSÊNCIA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL NO ANEXO FLD. VICIO INSANÁVEL. NULIDADE. A indicação dos dispositivos legais que amparam a Notificação Fiscal de Lançamento de DébitoNFLD é requisito essencial à sua validade, e a sua ausência ou fundamentação genérica, especialmente no relatório Fundamentos Legais do Débito FLD, determina a nulidade do lançamento, por caracterizarse como vício formal insanável, nos termos do artigo 37 da Lei n° 8.212/91, c/c artigo 11, inciso III, do Decreto n°70.235/72. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÕES. O Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicitar, de forma clara e precisa, todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e contraditório. Omissões ou incorreções no Relatório Fiscal, relativamente aos critérios de apuração do crédito tributário levados a efeito por ocasião do lançamento fiscal, que impossibilitem o exercício pleno do direito de defesa e contraditório do contribuinte, enseja a nulidade da notificação. [...] Voto Fl. 699DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 21 20 [...] Como se observa, o procedimento do arbitramento, uma vez constatados os requisitos exigidos pela legislação de regência, é legal e inverte o ônus da prova ao contribuinte. Porém, tal procedimento deve estar devidamente fundamentado nos autos do processo (Relatório Fiscal e/ou Fundamentos Legais do Débito), sob pena de nulidade da notificação. No presente caso, o ilustre fiscal autuante, além de não demonstrar de forma circunstanciada/pormenorizada os critérios utilizados na apuração do crédito por arbitramento, nos termos da legislação previdenciária, procedeu, igualmente, de forma omissa e/ou genérica, não especificando clara e precisamente no anexo Fundamentos Legais do DébitoFLD, às fls. 33/34, qual o dispositivo legal que oferece sustentáculo ao procedimento utilizado na constituição do crédito tributário — aferição indireta/arbitramento. Dessa forma, não se sabe clara e precisamente em qual fundamento legal a Fiscalização se baseou ao constituir o crédito previdenciário, o que vai de encontro com o artigo 37 da Lei n°8.212/91, senão vejamos: [...] Ao proceder dessa maneira, deixando de elencar no Relatório dos Fundamentos Legais do Débito — FLD e/ou no Relatório Fiscal da Notificação, a legislação específica que dá amparo ao ARBITRAMENTO, in casu, artigo 33, §§ 3º e 6º, da Lei n° 8.212/91, o ilustre fiscal autuante incorreu em vício insanável, capaz de determinar a nulidade da NFLD, conforme legislação de regência e torrencial jurisprudência deste Conselho. Destarte, os atos administrativos, conforme se depreende do artigo 50 da Lei 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, devem ser motivados, sob pena de nulidade, in verbis: [...] Por todo o exposto, estando a NFLD sub examine em desacordo com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, acolher a preliminar de decadência em relação ao período de 09/1999 a 03/2002 E ANULAR A NOTIFICAÇÃO FISCAL POR ERRO/VICIO FORMAL INSANÁVEL, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (grifos acrescidos) Além disso, o acórdão recorrido reconheceu a presença de vício material tratando de matéria de prova, de caso em que a motivação do lançamento foi considerada incorreta (inadequada, insuficiente), enquanto os dois paradigmas reconheceram a ocorrência de vício formal diante de situações em que houve típico descumprimento de normas de caráter instrumental/formal, por "ausência" de motivação, o que, inclusive, também ensejou o reconhecimento de cerceamento do direito de defesa dos contribuintes. Assim, não há paralelo entre o acórdão recorrido e os paradigmas, que permita a caracterização de divergência a ser sanadas mediante processamento de recurso especial. Fl. 700DF CARF MF Processo nº 15504.721118/201302 Acórdão n.º 9101003.040 CSRFT1 Fl. 22 21 As situações distintas justificam as diferentes decisões. Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 701DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.724192/2012-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIDA.
A matéria, que não foi expressamente contestada na impugnação, deve ser considerada como preclusa, quando apresentada em fase recursal, em obediência ao artigo 17, do Decreto nº 70.235, de 1972.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
A decadência vem fulminar o direito subjetivo, quando se discorre sobre a análise de pedido de restituição, o direito subjetivo é do contribuinte e não do fisco.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
CONCEITO DE INSUMO. NÃO-CUMULATIVIDADE.
O conceito de insumo é polissêmico, há que se observar o processo produtivo da contribuinte e verificar-se se o insumo enquadra-se nos custos de aquisição e produção - fatores de produção.
CRÉDITO. FRETES. PRODUTO ACABADO. ESTABELECIMENTOS DA PESSOA JURÍDICA.
O serviço de frete no transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, por falta de previsão legal, e por não poder ser enquadrado como insumo, não gera direito ao crédito.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.355
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente o recurso voluntário, e na parte conhecida, por unanimidade, rejeitar a prejudicial de decadência e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado.
(assinado digitalmente)
PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIDA. A matéria, que não foi expressamente contestada na impugnação, deve ser considerada como preclusa, quando apresentada em fase recursal, em obediência ao artigo 17, do Decreto nº 70.235, de 1972. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. A decadência vem fulminar o direito subjetivo, quando se discorre sobre a análise de pedido de restituição, o direito subjetivo é do contribuinte e não do fisco. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 CONCEITO DE INSUMO. NÃO-CUMULATIVIDADE. O conceito de insumo é polissêmico, há que se observar o processo produtivo da contribuinte e verificar-se se o insumo enquadra-se nos custos de aquisição e produção - fatores de produção. CRÉDITO. FRETES. PRODUTO ACABADO. ESTABELECIMENTOS DA PESSOA JURÍDICA. O serviço de frete no transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, por falta de previsão legal, e por não poder ser enquadrado como insumo, não gera direito ao crédito. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1701; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10855.724192/201298 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302004.355 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria PER/DCOMP PIS/COFINS Recorrente IHARABRAS SA INDUSTRIAS QUIMICAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIDA. A matéria, que não foi expressamente contestada na impugnação, deve ser considerada como preclusa, quando apresentada em fase recursal, em obediência ao artigo 17, do Decreto nº 70.235, de 1972. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. A decadência vem fulminar o direito subjetivo, quando se discorre sobre a análise de pedido de restituição, o direito subjetivo é do contribuinte e não do fisco. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 CONCEITO DE INSUMO. NÃOCUMULATIVIDADE. O conceito de insumo é polissêmico, há que se observar o processo produtivo da contribuinte e verificarse se o insumo enquadrase nos custos de aquisição e produção fatores de produção. CRÉDITO. FRETES. PRODUTO ACABADO. ESTABELECIMENTOS DA PESSOA JURÍDICA. O serviço de frete no transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, por falta de previsão legal, e por não poder ser enquadrado como insumo, não gera direito ao crédito. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 41 92 /2 01 2- 98 Fl. 952DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente o recurso voluntário, e na parte conhecida, por unanimidade, rejeitar a prejudicial de decadência e, no mérito, por maioria, negarlhe provimento, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de crédito de Contribuição para o PIS/Pasep, apurado sob a modalidade não cumulativa, decorrente de vendas no mercado interno, referente ao 2o trimestre de 2008. O contribuinte apresentou declaração de compensação vinculadas ao PER Pedido Eletrônico de Restituição. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sorocaba – SP, por meio do Despacho Decisório constante nos autos, reconheceu em parte o direito creditório, homologando as compensações efetuadas até o limite reconhecido, haja vista principalmente, a glosa de fretes entre estabelecimentos da Empresa, os quais não poderiam ser objeto de creditamento nos termos da legislação vigente. Conforme consta no TVF, foi apurado que parte dos fretes sobre os quais a empresa tomou créditos não se referem a operações de venda, e sim, por questões logísticas, tão somente a operações de distribuição. Cientificada do despacho decisório, a Empresa apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade contestando a glosa dos fretes nas operações de venda, alegando que seria lógico a legislação fiscal possibilitar seu creditamento na sistemática de Pis/Cofins não cumulativos e simplesmente desconsiderar parte destes custos quando, por questões de logística e otimização de carga, o frete é desmembrado. Defende que a realização de transporte de mercadorias, seja de modo direto ou indireto, deve ser considerada sempre como destinado à venda para fins de composição da base de cálculo das referidas contribuições. Não se conformando com o indeferimento da parcela dos créditos calculados sobre fretes de transferência de mercadorias entre matriz e filiais ou entre filiais e centros de distribuição, já que entende tratarse de etapa essencial à atividade da empresa, que possui unidades produtivas em diversos municípios do país. Reforça seu entendimento alegando que a sistemática da nãocumulatividade ampararia o creditamento sobre os fretes entre estabelecimentos conforme calculado. Cita excertos de decisões judiciais e transcreve Soluções de Consulta proferidas pela SRF que entende como favoráveis ao seu entendimento. Conclui então que o procedimento adotado estaria de acordo com o Art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/03. Fl. 953DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 4 3 Sobreveio, então, acórdão da DRJ/Porto Alegre, considerando a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão 10050.208. A contribuinte apresentou Recurso Voluntário, onde repisou as alegações da manifestação de inconformidade e solicitou a reversão das glosas em relação ao arrendamento mercantil. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.337, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10855.002716/200729, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.337): "1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, a ciência do acórdão ocorreu em 07 de julho de 2014, fls. 788, e o recurso foi protocolado em 06 de agosto de 2014, fls. 790. Tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. Da Matéria Preclusa No Recurso Voluntário, a Recorrente alega que a turma julgadora não emitiu juízo de valor sobre o crédito, decorrente de despesas com arrendamento mercantil. Discorre que a apropriação de créditos, decorrentes de custos com arrendamento mercantil, na apuração da COFINS não cumulativa, não foi condicionada ao fato de que o bem, equipamento ou veículo fosse utilizado na atividade fim da empresa, cita precedente do Carf e solicita a reversão da glosa. De fato, não há no acórdão da DRJ/Porto Alegre qualquer manifestação sobre a glosa de despesas com arrendamento mercantil, contudo, a Recorrente somente apresentou tal tema em fase recursal, não havendo, assim, como a decisão, ora contestada, pronunciarse sobre um tema que não havia sido manifestado no momento oportuno. Vale transcrever a legislação que discorre sobre a matéria que deve versar na impugnação administrativa: Decreto nº 70.235/1972 Art. 16. A impugnação mencionará: Fl. 954DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 5 4 (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (grifos não constam no original) No caso em análise, a Recorrente não impugnou a glosa dos créditos decorrentes de despesas com arrendamento mercantil na fase da manifestação de inconformidade, que seria equivalente à impugnação. Por tal motivo, a matéria é preclusa e, portanto, não pode ser conhecida. 3. Da Prejudicial de Mérito Da Decadência A Recorrente alega que, no presente caso, operouse o instituto da decadência, uma vez que o seu pedido de ressarcimento eletrônico foi transmitido em 30 de agosto de 2007 às 16h13min e a sua ciência ocorreu em 17 de setembro de 2012. Assim, entende que concluído o prazo de cinco anos sem a manifestação da Receita Federal do Brasil, o pedido de restituição estaria decaído e, por conseguinte, tacitamente homologado. No caso em análise, observase a existência de dois pedidos: um de ressarcimento e outro de compensação. Assim, em primeiro, lugar é necessário observar se o contribuinte faz jus ao crédito pleiteado no ressarcimento, para, então, poder alocálo no pedido de compensação. Quanto ao pedido de ressarcimento, não há como considerar que há uma homologação tácita pelo decurso de tempo, conferindo direito ao crédito. O período de decadência, em análise, seria para o contribuinte efetuar o pedido de ressarcimento, uma vez que o instituto da decadência apresentase como uma forma de estabilizar as relações jurídicas, pois ela se apresenta como uma forma extintiva do direito subjetivo. No caso, a contribuinte faz jus ao direito subjetivo de pleitear o crédito, que entende que possui. Por outro lado, o fisco faz jus ao direito subjetivo de lançar o crédito, que entende que não foi constituído. Portanto, a decadência vem fulminar o direito subjetivo. Quando se discorre sobre a análise de pedido de restituição, o direito subjetivo é da contribuinte e não do fisco. Assim, a existência do crédito no ressarcimento é premissa necessária para a compensação, não podendo falar em homologação tácita. Ademais, não há previsão legal de prazo para o fisco analisar o pedido de restituição. Portanto, rejeitase a prejudicial de decadência e não se conhece da matéria. 4. Dos Créditos Custos de Fretes A Recorrente alega que incorre em custos inevitáveis e necessários com transporte de seus produtos para suas filiais e centros de distribuição, razão pela qual eles devem integrar a base de créditos do PIS, pois se constituem em um verdadeiro insumo essencial na atividade produtiva da empresa, cita a legislação, entende insumo sob o aspecto da essencialidade. Pleiteia que os seus gastos com frete intermediário, aquele para o transporte de seus produtos para outros estabelecimentos, venham a compor a base de créditos do PIS. Cita soluções de consulta e pleiteia pela aplicação do princípio da isonomia. Fl. 955DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 6 5 Por fim, entende que o conceito de insumo deve ser analisado sob a ótica do imposto sobre a renda. Da Informação Fiscal, fls. 731, extraise: 3.6 Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda O item IX do artigo 3° da lei 10.833/2003, traz a permissão para crédito de gastos com “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, “quando o ônus for suportado pelo vendedor”. A memória de cálculo apresentada pela empresa foi detalhada na planilha 6 – Despesas de Fretes e Armazenagem, gravada no CD 04, cujo conteúdo encontrase digitalmente anexado ao Recibo de entrega de arquivos digitais – READ. Nesta rubrica, ao auditála, percebeuse que o número da nota fiscal elencada na planilha e informada no lançamento contábil, tratavase, na verdade, do número da Fatura, que, como sabemos, pode agregar várias notas fiscais, ou Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas, o CTRC. (...) 3.6.1 – Fretes na Operação de Venda (...) Para calcular o valor do crédito de direito, procedeuse da seguinte forma: Extraímos os fretes interiharas, isto é, os fretes da Iharabrás para a própria Iharabrás, consolidando tais valores a fim de glosálos, nos Anexos IX “Fretes Consolidados Iharabrás Para Iharabrás Jul 2004 a Dez 2004 – Analítico” e Anexo X “Fretes Consolidados Iharabrás Para Iharabrás – Jul 2004 A Dez 2004 – Sintético”. Identificamos os fretes cujo remetente é a Iharabrás, e destinatário diverso, a fim de manter o creditamento. No que tange ao conceito de “insumos”, ele é polissêmico e não deve ser considerado como um termo de âmbito fechado, tampouco extremamente amplo; a sua interpretação há que se balizada pela proporcionalidade e razoabilidade, além do dever de observarse o contexto em que o determinado bem ou serviço está inserido, para, então, poder se configurar como despesas atinentes ao processo produtivo ou à prestação de serviço, havendo, assim, uma orientação própria na interpretação do conceito “insumo” a fim de observar o princípio da nãocumulatividade, presente na contribuição para o PIS/Pasep e para a COFINS. Há que se observar o processo produtivo da Recorrente e verificarse se o insumo enquadrase nos custos de aquisição e produção fatores de produção. Da doutrina contábil, extraise: Fl. 956DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 7 6 d) Custo gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço1 Assim, assemelhase, em parte, aos custos de produção e despesas necessárias, previstos nos artigos 290, I, e 299, do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, mas não há uma identidade total, devendo ser analisado caso a caso, já que se tratam de materialidades similares, mas não idênticas. Assim, ele não pode ser restrito ao conceito, previsto no IPI, nem tão amplo, quanto na legislação do imposto sobre a renda. Da legislação, extraise: Lei 10.637/2002 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; Lei 10.833/2003 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; Assim, analisando o contexto, deverá se encontrar um caminho adequado, razoável, para equilibrar o conceito de insumo e, portanto, dar cumprimento à legislação, no caso, a Lei nº 10.637/2002 e a Lei nº 10.833/2003. O cerne da questão é se fretes de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica pode ser considerado como insumo do processo produtivo. Para esclarecer como ocorre o creditamento de fretes no que concerne à contribuição para o PIS/Pasep, valese da preciosa lição do Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no 1 MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 25. Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 8 7 acórdão nº 3302003.210, que explica didaticamente como ocorre e do qual se adota como fundamento: Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. (grifos não constam do original) Pela análise do anexo XIV, fls. 538 e seguintes, e pela própria argumentação da contribuinte, ela pleiteia pelo crédito de frete no transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, que por falta de previsão legal, e por não poder ser enquadrado como insumo, não gera direito ao crédito. Por tal motivação, mantémse a decisão da DRJ/Porto Alegre. 5. Conclusão Fl. 958DF CARF MF Processo nº 10855.724192/201298 Acórdão n.º 3302004.355 S3C3T2 Fl. 9 8 Diante do exposto, conheço parcialmente o recurso voluntário, e, na parte conhecida, rejeito a prejudicial de mérito e, no mérito, nego provimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o Recorrente não impugnou a glosa dos créditos decorrentes de despesas com arrendamento mercantil na fase da manifestação de inconformidade, sendo a matéria preclusa; e, portanto, não pode ser conhecida, e, no mérito, aplicase o mesmo entendimento quanto ao crédito de PIS/COFINS de frete no transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, ressalvando que no caso específico do processo não houve litígio quanto à prejudicial de decadência. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço parcialmente o recurso voluntário, e, na parte conhecida, nego provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 959DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.722274/2011-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO.
O contribuinte delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação ou manifestação de inconformidade. As questões não postas para discussão por ocasião da impugnação precluem, a menos que (i) estejam previstas nas hipóteses de exceção constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972; ou (ii) o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento.
PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE.
Constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência, não tendo sido praticado qualquer ato com preterição do direito de defesa e estando os elementos de que necessita o contribuinte para elaborar suas razões de mérito juntados aos autos, fica de todo afastada a hipótese de nulidade do procedimento fiscal.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA.
As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei.
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. APLICABILIDADE.
É aplicável a multa de ofício agravada de 150%, naqueles casos em que, no procedimento de ofício, resta constatado que esteve associado à conduta do contribuinte evidente intuito de sonegação e fraude.
Numero da decisão: 2402-005.834
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, para na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Joao Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Mario Pereira de Pinho Filho e Waltir de Carvalho.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. O contribuinte delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação ou manifestação de inconformidade. As questões não postas para discussão por ocasião da impugnação precluem, a menos que (i) estejam previstas nas hipóteses de exceção constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972; ou (ii) o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento. PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. Constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência, não tendo sido praticado qualquer ato com preterição do direito de defesa e estando os elementos de que necessita o contribuinte para elaborar suas razões de mérito juntados aos autos, fica de todo afastada a hipótese de nulidade do procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. APLICABILIDADE. É aplicável a multa de ofício agravada de 150%, naqueles casos em que, no procedimento de ofício, resta constatado que esteve associado à conduta do contribuinte evidente intuito de sonegação e fraude.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-07-05T18:20:21Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-07-05T18:20:21Z; Last-Modified: 2017-07-05T18:20:21Z; dcterms:modified: 2017-07-05T18:20:21Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; xmpMM:DocumentID: uuid:022efe4d-fa54-4c73-b586-df1936b97e5e; Last-Save-Date: 2017-07-05T18:20:21Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-07-05T18:20:21Z; meta:save-date: 2017-07-05T18:20:21Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-07-05T18:20:21Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-07-05T18:20:21Z; created: 2017-07-05T18:20:21Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; Creation-Date: 2017-07-05T18:20:21Z; pdf:charsPerPage: 2178; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-07-05T18:20:21Z | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.722274/201189 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.834 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 06 de junho de 2017 Matéria Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Recorrente EDUARDO FOGACA OLIVIER Recorrida FAZENDA NACINAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2007, 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. O contribuinte delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação ou manifestação de inconformidade. As questões não postas para discussão por ocasião da impugnação precluem, a menos que (i) estejam previstas nas hipóteses de exceção constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972; ou (ii) o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento. PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. Constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência, não tendo sido praticado qualquer ato com preterição do direito de defesa e estando os elementos de que necessita o contribuinte para elaborar suas razões de mérito juntados aos autos, fica de todo afastada a hipótese de nulidade do procedimento fiscal. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. APLICABILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 22 74 /2 01 1- 89 Fl. 11332DF CARF MF 2 É aplicável a multa de ofício agravada de 150%, naqueles casos em que, no procedimento de ofício, resta constatado que esteve associado à conduta do contribuinte evidente intuito de sonegação e fraude. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, para na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Joao Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Mario Pereira de Pinho Filho e Waltir de Carvalho. Fl. 11333DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Conforme relatório já parcialmente redigido, em desfavor do contribuinte, EDUARDO FOGAÇA OLIVIER, foi lavrado o Auto de Infração no qual exigese do contribuinte acima identificado a importância de R$ 8.296.670,51 a título de imposto de renda, acrescido de juros de R$ 2.744.265,08 devidos até 30/09/2011, de multa proporcional de R$ 12.445.005,76 e da multa isolada de R$ 269,52, totalizando R$ 23.486.203,94, relativos a fatos geradores verificados no anos calendário 2006, 2007 e 2008 (exercícios 2007, 2008 e 2009). Em consulta à Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is) e ao Termo de Verificação Fiscal (fl. 10391 e segs), além dos dispositivos legais infringidos, constatase que a autuação decorre das seguintes infrações: 001 – Omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos, fatos geradores ocorridos em 30/10/2007 (R$ 98.000,00) e em 30/11/2007 (R$ 100.000,00). 002 – Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, caracterizada por valores creditados em contas de depósito, de poupança ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, de titularidade de direito ou de fato do sujeito passivo, em relação aos quais, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, infração verificada nos anos calendário 2006, 2007 e 2008. 003 – Multas Isoladas. Falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnê leão, apurada em decorrência do cotejo entre os valores informados como de pessoas físicas e ou do exterior, em julho de 2007 (DIRPF 2008), com o valor informado de imposto de renda relativamente ao mesmo período de apuração (julho de 2007). No Termo de Verificação Fiscal (TVF), constante de 315 páginas, as autoridades lançadoras relatam, em resumo, o que segue abaixo: O procedimento fiscal foi autorizado pelo Mandado de Procedimento Fiscal MPF nº 0920400/00123/09 e teve início em 20/04/2009, com a cientificação do Termo de Início do Procedimento Fiscal que se perfectibilizou por via editalícia (em razão do insucesso da ciência via postal), relativo ao imposto de renda da pessoa física do ano calendário 2006. Posteriormente, em 14/08/2009, o contribuinte foi intimado do Termo nº 2009.00123001, que incluiu os anos de 2005 e 2007 no período sob auditoria fiscal, também por edital. Em 25/08/2010, o fiscalizado foi cientificado, na pessoa do seu procurador, do Termo de Intimação nº 2009.00123078, quanto à extensão do período de fiscalização para o ano de 2008. Consta no item 4 do TVF que do procedimento em face do contribuinte, decorreu a instauração de outros dois procedimentos fiscais, em face da Sociedade Beneficente Humânitas (MPF nº 2009.003917), relativo aos anos de 2006 a 2008, e da Associação de Voluntários São Roque (MPF nº 2010.004891), dos anos de 2007 e 2008. Tal se deveu à constatação de que o fiscalizado, que era ao tempo dos fatos tesoureiro da Sociedade Beneficente Humânitas (doravante denominada Humânitas) Fl. 11334DF CARF MF 4 e presidente da Associação São Roque (doravante denominado São Roque), conforme se extrai dos atos constitutivos destas, utilizouse de contas correntes bancárias de direito daquelas entidades, para movimentar recursos que são, de fato, de sua titularidade e responsabilidade. As diligencias e documentos colhidos nesses procedimentos integram o presente processo administrativo fiscal. Relata o TVF, pormenorizadamente, quanto às contas de titularidade de fato e de direito do contribuinte e acerca das intimações para apresentação de extratos de todas as suas contas correntes, de poupança e/ou de investimentos, mantidas em instituições bancárias citadas no Termos de Intimação nºs 2009.00123001 e 2009.00123078. Diante do silêncio do contribuinte, as instituições bancárias foram intimadas a apresentar documentos e extratos bancários, nos termos do art. 3º do Decreto nº 3.724/2001, relativamente aos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008. Descreve o TVF quanto às manifestações do contribuinte no procedimento fiscal, o qual atribuiu a responsabilidade majoritária pela movimentação financeira em suas contas bancárias particulares ao Escritório de Advocacia do qual havia sido integrante, atualmente denominado Nemetz & Kuhnen Advocacia Empresarial, denominado no TVF e no presente voto apenas por Escritório ou Nemetz & Kuhnen. No item 24 do TVF, consta que a fiscalização não logrou comprovar as alegações do contribuinte, estando convicta de que a responsabilidade é do fiscalizado. Mesma conclusão chegou a fiscalização com relação à conta n° 30.3917 aberta junto à Blucredi, de titularidade de direito da Humânitas. Consta que a titular de direito da conta atribui ao fiscalizado a responsabilidade pela sua abertura e movimentação, tendo inclusive denunciado ao Ministério Público o cometimento, em tese, de vários crimes pelo fiscalizado. No procedimento fiscal, também foi atribuída responsabilidade ao contribuinte com relação aos recursos movimentados nas contas bancárias da São Roque, que não reconhece a abertura de contas em seu nome junto aos bancos do Brasil, Real, Sudameris e Banrisul, e para os quais não apresentou extratos, rechaçando também algumas movimentações específicas havias em sua conta corrente aberta junto à Blucredi. Como a Humânitas e São Roque não entregaram os extratos bancários solicitados pela fiscalização, justificando a recusa na negativa da titularidade das contas indicadas, foram emitidas Requisições de Informações Sobre Movimentação Financeira para o seu fornecimento, endereçadas às instituições bancárias. Os documentos que vieram aos autos em face das requisições estão anexos aos autos (documentos de nºs 41 a 44, 45, 168 e 189 a 192). Na seqüência, a fiscalização faz uma abordagem da movimentação financeira em todas essas contas, primeiramente relativamente às contas bancárias de titularidade de direito do fiscalizado (item III), e, segundo, de titularidade de fato do fiscalizado (item IV). Em cada um desses itens são descritos, pormenorizadamente, as diligências efetuadas a terceiros, respostas do fiscalizado e considerações sobre a responsabilidade pela movimentação financeira do contribuinte pelas contas de titularidade de fato e de direito, com o detalhamento de todos esses aspectos e de outros fatos reputados relevantes pela fiscalização para a comprovação de que o fiscalizado é o seu titular de fato e de direito. Ressalta a fiscalização, no item 43, que tal abordagem tem por objetivo precípuo não o deslinde da natureza da movimentação financeira contida nas contas Fl. 11335DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 4 5 bancárias, mas a comprovação da titularidade de fato do contribuinte, real beneficiário das movimentações financeiras. No TVF também é apontada a base legal da multa qualificada e quanto à comprovação do dolo do contribuinte (item VII). Cientificado do auto de infração, o contribuinte apresentou impugnação (fl. 10738), alegando, em síntese, as razões abaixo expostas: I – Dos fatos: 1. Nesse tópico, discorre quanto ao procedimento fiscal, sustentando que atendeu integralmente à intimação para apresentação de documentos relacionados às suas contas bancarias, e, quanto à intimação para justificação dos créditos ocorridos naquelas, diz que demonstrou como funcionava o Escritório Nemetz & Huhnen, do qual era sócio, trazendo a baila que Luiz Carlos Nemetz, sócio majoritário, era o gestor de suas contas bancárias. 2. Que também demonstrou que Nemetz determinou ao advogado Nélio Abreu Neto, também exintegrante da dita sociedade de advogados, que assinasse petições e procedimentos contra o ora impugnante. 3. Assevera que o foco do procedimento fiscal não é saber quem efetivamente omitiu rendimentos que eventualmente transitaram em suas contas bancárias. 4. Relata que inúmeros documentos pessoais seus estão sob a posse do citado Escritório, o que ensejou a notificação judicial (autos nº 008.09.0127304 – 3º Vara Cível da Comarca de Blumenau) para sua devolução; que a conclusão da fiscalização de que tais documentos foram devolvidos é divorciada da realidade, caso contrário teriam os computadores e outros bens sido relacionados no termo de entrega feito por Evaristo Kuhnen. Refere que a busca a tais pertences está sendo feito no processo de insolvência nº 008.09.0094783. 5. Afirma que a conclusão de que quase a totalidade dos valores que transitaram em suas contas correntes não pertencia ao Escritório não tem o mínimo fundamento. Acerca dessa conclusão, passa a fazer uma série de questionamentos objetivando demonstrar que os empréstimos, juros e encargos relacionados ao impugnante foram gerados em prol dos interesses do Escritório, quais sejam: porque o impugnante precisava de mais de R$ 100.000,00 por mês para viver ou era o Escritório que tinha este valor como sua despesa básica? Recursos contabilizados pelo Escritório é que deram origem aos investimentos das estruturas físicas da matriz do Escritório e filial em Florianópolis, que tiveram custo superior a R$ 1.000.000,00? Porque a fiscalização não investigou estes fatos bem como quanto aos valores gastos pele Escritório com divulgação? 6. No seu entendimento, a resposta a estes questionamentos é de que a Receita Federal do Brasil não investigou o Escritório e seus sócios por ser mais cômodo acreditar na “estória” contada por Nemetz e seus clientes, que tiveram meses para arquitetar o que e como se manifestariam à SRF. 7. Prossegue aduzindo que bastaria uma análise perfunctória da escrituração contábil do Escritório para concluir que não foi com recursos próprios que se Fl. 11336DF CARF MF 6 manteve ao longo dos anos e que os recursos direcionados ao Escritório advinham das contas do impugnante. 8. Que o seu patrimônio e padrão de vida deixa inconteste sua assertiva, mas que os depoimentos de Nemetz e Evaristo Kuhnen tentaram fazer crer que o impugnante era perdulário, mas, se esse fosse o caso, como é que sócios e clientes teriam lhe emprestado dinheiro, ressaltando que a quase totalidade dos ouvidos aos quais foram relacionadas grandes quantias eram sócios do Escritório e permanecem como clientes deste. 9. Discorre quanto à influência exercida por Nemetz junto aos clientes nos depoimentos destes à fiscalização. 10. Diz que chama a atenção o fato que inúmeras transferências bancárias tenham como destinatário Luiz Carlos Nemetz e que este tenha assinado cédulas de crédito como fiador da sociedade Humânitas e a fiscalização acredite na “estória” contada pelo mesmo atribuindo responsabilidade ao impugnante. 11. Do mesmo modo, impressiona que a Blucredi, cujo presidente é amigo pessoal de Luiz Carlos Nemetz, não tenha executado as Cédulas de Crédito das quais este e sua esposa são avalistas. 12. Questiona onde foi parar o valor de R$ 30.000.000,00 que transitou pelas contas bancárias que lhe são atribuídas. 13. Afirma que o gestor das contas e beneficiário dos valores é Luiz Carlos Nemetz, que usufruiu a boa inserção pessoal do contribuinte para obter tal quantia. 14. Que não possui documentos relacionados às transações realizadas, mas que a fiscalização poderia e pode rastrear todas, e não o fez porque não tinha interesse em fazêlo. 15. Que a fiscalização conduziu a investigação de forma a ignorar todas as alegações do contribuinte e não foi fundo no rastreamento dos beneficiários e das origens dos valores, e que o contribuinte indicou e anexou diversos documentos, inclusive judiciais, ignorados pela fiscalização. II – Das presunções legais de omissão de rendimentos e do imposto de renda 16. Discorre quanto à presunção legal veiculada pela Lei nº 9.430, de 1996, a partir de 01.01.1997, que passou a caracterizar como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de ofício, valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 17. Ressalta que o procedimento do Fisco, a despeito da previsão legal, não pode adotar outro norte que não o que conduza à verdade material, e não apenas a verdade formal, e que esta não pode ser erigida como causa de lançamento, quando obtemperada por elementos de provas e justificativas plausíveis apresentadas pelo contribuinte. 18. Lembra que o fato gerador do imposto de renda ocorre sempre que há um acréscimo patrimonial, transcrevendo o art. 43, incisos, do CTN, e apresentando doutrina quanto ao conceito de rendas e proventos, e jurisprudência pátria no sentido de que a presunção em favor do Fisco não autoriza a tributação imediata de todos os valores movimentados como rendimentos omitidos, cabendo ao Fisco, diante destes fatos, apoiarse em outros meios de prova (renda consumida, sinais exteriores de riqueza, variação patrimonial a descoberto, etc), para proceder ao arbitramento da base de cálculo e exigir o imposto de renda. Fl. 11337DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 5 7 Pondera, nesse sentido, que de acordo com suas declarações de ajuste anual, o patrimônio do contribuinte e de sua esposa não sofreu evolução patrimonial que justifique a tributação de toda a quantia apurada. 19. Outrossim, independentemente da comprovação ou não da origem da quantia de R$ 29.863.175,03 ou de parte dela, é inequívoco que em seu bojo encontramse valores que não são rendimentos tributáveis, questionando porque teria pleiteado sua própria insolvência civil, se é um milionário como a Receita Federal o taxou. Em relação ao processo de insolvência, diz que estranhamente a fiscalização não se ateve aos seus termos. 20. Manifesta que é indiscutível a ofensa ao direito e garantia fundamental da propriedade e aos seus corolários da capacidade contributiva e da vedação da utilização de tributos com efeitos confiscatórios, e, para que não se chegue ao extremo e se evite a decretação de inconstitucionalidade do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, pugna pela interpretação da norma na forma defendida, somando se às movimentações financeiras tidas por não comprovadas a outros meios de provas que possibilitem apurar o montante possível de ser considerado como base de cálculo, método chamado de interpretação conforme a constituição. 21. Conclui que, caso não seja aplicada a norma do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, nos moldes defendidos, é nulo de pleno direito o auto de infração. III – Mérito 22. Reforça, inicialmente, que em face das conclusões da Fiscalização e da omissão desta em apontar o beneficiário das enormes quantias que transitaram nas contas apuradas como pertencentes ao contribuinte, é notório que a investigação foi conduzida no sentido de atribuir responsabilidade pela sonegação ao contribuinte, todavia, sem provas. 23. Informa que não foi condenado em nenhum dos processos criminais apontados pela fiscalização, e que os inquéritos policiais que serviram de arrimo para apurar a culpabilidade e o dolo do Impugnante foram devidamente arquivados e sequer chegaram a se tornar ações penais, quais sejam, autos n° 008.10.0057168 (vítima Associação Voluntários São Roque); n° 008.10.0030227 (vítima Sociedade Beneficente Humânitas); n° 008.09.0027474 (vítima Luiz Carlos Nemetz); n° 008.10.0030200 (vítima Nelson Carlos Zabel) e 008.10.0003670 (vítima Lisa Taescher de Faria). 24. Que a prova técnica unilateral produzida no Inquérito n° 008.09.0027474, formalizado através da notícia crime de Luiz Carlos Nemetz e outros contra o impugnante foi arquivada, mas que essa prova foi utilizada em processo indenizatório movido por Nemetz contra o Bradesco, no qual foi agraciado com indenização sem que fosse produzida prova pericial grafotécnica e sem que o Impugnante fosse ouvido. Entretanto, essa prova sequer foi capaz de convencer o Ministério Público. 25. Nos itens 82 a 89 discorre quanto à alteração contratual envolvendo as assinaturas de Clarissa Knack de Almeida e Gissele Hellman ocorrida em 07/06/2007. Diz que essas assinaturas são falsas, conforme fls. 4627 e 4636 do AI, e que jamais as cotas sociais dessas advogadas foram transferidas à Tatiana Schmitt da Silva, questionando que se o interesse em retirar ambas as sócias do Escritório, falsificando suas assinaturas, seria do impugnante, da Sra. Tatiana Schmitt da Silva ou de Luiz Carlos Nemetz, sócio majoritário e administrador da sociedade. O impugnante responde a questão, apontando o interesse deste último. Fl. 11338DF CARF MF 8 III. 1 Das contas de titularidade de direito do fiscalizado 26. Aduz que fiscalização embasou sua convicção em dados subjetivos e conduzidos por Luiz Carlos Nemetz e que tinha conhecimento de que o impugnante não era mentor dos fatos e não possuía documentos que pudessem dar suporte a investigação, mas que em nenhum momento trouxe aos autos elementos indispensáveis para caracterizar o impugnante como titular de fato e real beneficiário da movimentação financeira ocorrida em suas contas. Ainda, que o AI, com 10.000 páginas, aponta que o Escritório era o beneficiário da movimentação financeira investigada. 27. Destaca que no item 66 do TVF a Fiscalização reconhece e afirma que "é possível que as contas do FISCALIZADO tenham servido, em alguma medida, para o trânsito de recursos do ESCRITÓRIO do qual era sócio, mas não há evidências, no material analisado pela fiscalização — obtido dos bancos e por meio de diligências, de que eventuais recursos do ESCRITÓRIO transitados pelas contas do FISCALIZADO tenham tido o conhecimento dos outros sócios do ESCRITÓRIO". 28. Nos itens 95 a 99, questiona o documento apresentado por Luiz Carlos Nemetz para comprovar o pagamento de R$ 100.000,00, efetuado mediante três cheques da Humânitas onde consta a assinatura do contribuinte e que serviram para pagamento pela aquisição de imóvel por Luiz Carlos Nemetz. Questiona porque a fiscalização aceitou a alegação de Nemetz de que se tratava do pagamento por empréstimo no valor de R$ 200.000,00 em favor do impugnante, sem qualquer apresentação de prova do mútuo. Quanto ao email apresentado por Luiz Carlos Nemetz para comprovar o pagamento, supostamente enviado pelo impugnante à esposa do contribuinte, aponta que: “Não há qualquer identificação que aponte tenha saído talconteúdo do endereço eletrônico do Impugnante; Segundo: Por que o email foi direcionado à Valéria se o a pessoa tida como detentora do tal empréstimo era Nemetz?; Terceiro: Os erros de ortografia são gritantes e não condizem com o vocabulário do Impugnante!; Quarto: Por que razão o Impugnante se daria ao trabalho de digitalizar os alegados comprovantes de pagamento, confeccionar um email, encaminhar para Valéria, se poderia simplesmente entregar pessoalmente à Nemetz que trabalhava ao lado de sua sala no Escritório???; Quinto: Desde quando o CONAR (sabidamente sendo o Conselho de Auto Regulamentação Publicitária) tinha ou tem legitimidade para receber informações de depósitos bancários, quiçá acima de R$ 100.000,00???” 29. Reforça que a atual situação econômica do contribuinte indica que não foi o beneficiário de aproximadamente R$ 30.000.000,00, e que a situação daqueles que alegam que emprestaram altíssimas quantias ao impugnante, seus exsócios Nemetz e Evaristo e os clientes do Escritório, aumentaram seu patrimônio, mas que a fiscalização se conformou com as respostas dos diligenciados na maioria das vezes. 30. Nos itens 106 a 122 discorre quanto à forma de gestão do Escritório de Advocacia por Luiz Carlos Nemetz, que impunha ao seus sócios suas condições, justificando que como o contribuinte conhecida Nemetz desde a adolescência, não tinha porque desconfiar dele. Que Nemetz determinava quanto cada um receberia e isso não refletia o contrato social, conforme assinalado por Evaristo Kuhnen em depoimento à Justiça do Trabalho; que o impugnante não conferia nos extratos quanto recebia por seu trabalho, que deixava suas contas sob o controle do Escritório, e que Nemetz e o Escritório, como faziam com os demais sócios, utilizavam as contas do Impugnante para benefício próprio e do Escritório; 31. Assinala que Evaristo e Nemetz sempre negaram que este tinha conta junto ao Bradesco Prime e no item 1015 do auto de infração, a fiscalização afirma que Nemetz e sua esposa (Valéria) possuíam conta na agência Prime do Bradesco; Fl. 11339DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 6 9 32. Questiona as versões apresentadas por Nemetz, que atendeu à fiscalização em período em que estava de atestado médico com prazo de noventa dias, juntado aos autos da Ação Trabalhista n° 03899200905112006, especialmente quanto à informação de que por meio de pedido administrativo transferiu a propriedade do veículo L200, argumentando ainda, para dar lastro ao seu embuste, que o Impugnante teria utilizado seus documentos para obter vantagem ilícita, e, também, que pagou à BLUCREDI (então cliente do Escritório), para que desse baixa à restrição, a quantia de R$ 27.509,06. Em síntese, diz que essas alegações não possuem qualquer correlação com a verdade. Nesse último caso, questiona porque não há indícios de que o valor obtido com o financiamento, do qual o veículo foi utilizado para levantar recursos, não transitou nas contas do impugnante. 33. Diz que a fiscalização poderia ter solicitado às instituições financeiras o microfilme dos cheques para atestar que a letra aposta nas cártulas não era do Impugnante, comprovando assim que os talões de cheques eram assinados e deixados em branco à disposição do Escritório. 34. Menciona que já havia comentado como funcionavam as indenizações havidas contra médicos que eram clientes do Escritório, onde eram realizados acordos “extra autos”. Nesses acordos, o demandante desistia da ação e os pagamentos eram realizados com cheques do impugnante, citando o exemplo dos autos n º 008.97.802.26435, o que ratifica a assertiva de que o impugnante era o transeunte dos valores relacionados ao Escritório, mas que Luiz Carlos Nemetz não foi questionado sobre isso em nenhum momento. III. 2 Dos empréstimos bancários, juros e encargos pagos e das transferências interconta 35. Nos parágrafos 123 a 133, reforça que se encontra insolvente, devedor de aproximadamente R$ 3.000.000,00, situação incompatível com uma pessoa que movimentou quase R$ 30.000.000,00 em contas bancárias, alegando, novamente, que os valores transitaram em suas contas para custeio de investimentos e despesas do Escritório de Nemetz. Tem, ainda, que foi responsabilizado por Nemetz, verdadeiro beneficiário dos valores, que induziu em erro a fiscalização, fazendo a crer que o fiscalizado teria alterado seu comportamento após ter se casado em 2005 e que teria passado a ostentar padrão de vida muito superior aos seus ganhos. III. 3 Das transferências de/para Marilyn Rausch Oliver 36. Entende que as transferências entre o Impugnante e sua esposa nada demonstram, a não ser que o Impugnante, ao receber honorários, solicitava fosse encaminhado alguns recebimentos à conta de sua esposa. III. 4 Das transferências de/para Schernikau Empreendimentos e Participações Ltda. 37. Diz que a empresa Schernikau Emp. e Part. Ltda. tem como administrador o Sr. Rubens Otto Schernikau, o qual é tio da esposa do Impugnante, mas que o depoimento do mesmo não condiz com a realidade, primeiro porque o Impugnante não era o Presidente da Humânitas, mas sim seu tesoureiro, segundo porque se algum empréstimo houve serviu ao Escritório e não ao Impugnante. III. 5 Da caligrafia dos cheques 38. Afirma que na grande maioria das vezes os cheques eram emitidos por terceiras pessoas; que há cheques assinados e preenchidos pelo impugnante na presença e a mando de Nemetz, relacionados a honorários, mas que essa não era a praxe; que normalmente assinava os cheques que lhe eram enviados pelo financeiro Fl. 11340DF CARF MF 10 do Escritório; que quando sacou recursos de uma conta para depósito em outra, o fez a mando de Nemetz. III. 6 Cópia dos extratos dos consórcios 39. Assevera que era orientado por Luiz Carlos Nemetz a declarar veículos e consórcios em sua DIRPF, com a finalidade de equilibrar as movimentações financeiras realizadas pelo Escritório. Questiona que não haveria razão para que o impugnante fizesse empréstimos em seu nome e pagasse mensalmente consórcios ou adquirisse veículos. Que uma simples diligência pode atestar que o Impugnante jamais foi possuidor de um veículo BMW, de um veículo Pajero Sport ou de uma Motocicleta Suzuki Brukamnn como declarado na sua DIRPF, tais bens pertenciam a Luiz Carlos Nemetz e clientes do Escritório. III. 7 Das diligências efetuadas 40. Sustenta que as diligências efetuadas pela fiscalização em nenhum momento demonstram quem foi o beneficiário dos recursos financeiros que transitaram nas supostas contas do impugnante. 41. Evaristo Kuhnen alegou, quanto aos valores transferidos de/para o Impugnante, que teria realizado um empréstimo ao Impugnante, ou seja, o mesmo argumento de Nemetz e clientes do Escritório, estranhamente sem qualquer documento ou algo parecido que fundamentasse o tal empréstimo, "justificativa" que foi aceita pela fiscalização. 42. Já no que refere à diligência efetuada junto ao Escritório Nemetz & Kuhnen, que se fundamenta, basicamente, no depoimento de Luiz Carlos Nemetz, a “estória” contada por ele objetivou corroborar a mentira contada por Evaristo. Que Luiz Carlos Nemetz distorce os fatos e a fiscalização acreditou na “fantasia” criada por Nemetz, o qual, segundo o laudo médico por ele mesmo apresentado à Justiça do Trabalho, estava sofrendo, na época, de depressão profunda e fazia uso de medicação quanto depôs à fiscalização. 43. A fiscalização foi informada que a noticia crime manejada por Nemetz e outros foi arquivada, mas preferiu não trazer tal fato a tona, impugnando todas as evasivas de supostas falsificações relacionadas pela fiscalização neste sentido, ressaltando que os laudos periciais não descartaram a convergência de elementos de ordem geral e genética das assinatura de Luiz Carlos Nemetz, o que a fiscalização esqueceu de falar. 44. O processo civil proposto por Nemetz e sua esposa contra o Impugnante não teve contraditório, foi julgado em poucos meses, sem contestação e sem perícia grafotécnica oficial e, surpreendentemente, a fiscalização não buscou elementos junto à ação trabalhista movida pela gerente do Bradesco que foi demitida em razão da demanda proposta por Nemetz. Preferiu a fiscalização concluir que era do interesse da funcionária pleitear reparação do Bradesco ao invés de investigar o processo que, de forma curiosa, tramita em segredo de justiça. 45. Que o Sr. Pedro Agacci foi trazido para compor a sociedade exclusivamente por Luiz Carlos Nemetz, por meio de indicação do Sr. Flávio Fraga, o qual, segundo dito por Nemetz à época, passaria a administrar uma unidade em Itajaí e somente lá é que deteria participação na sociedade; que as ilações sobre Pedro estão sendo discutidas judicialmente em inquérito policial, onde a funcionária do Tabelionato Margarida, em depoimento, afirmou que nunca reconheceu assinatura do impugnante sem que o mesmo ou outra pessoa estivesse presente. 46. Que também não assinou a Nota Promissória emitida em favor de Maria Evanir Zanini, disposta no item 252 do auto de infração, não sendo sua aquela Fl. 11341DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 7 11 assinatura e que a própria Sra. Maria Evanir disse que "não se lembra se o Dr. Eduardo assinou esta segunda nota promissória na sua frente ou não", o que está sendo discutido judicialmente, uma vez que nada falsificou ou se beneficiou, situação que, recordese, não se reveste aqui do foro adequado para tal desiderato. 47. Quanto a Julio Probst, Nemetz assinou pelo Escritório, na qualidade de avalista das Notas Promissórias, lá constando suas assinaturas. 48. No que tange a Lupércio Cunha e Eduardo Cunha também houve o aval do Escritório e, coincidentemente, o Escritório Lupércio Cunha Advogados foi contratado por Nemetz para fazer a defesa da ação trabalhista movida pela mãe do Impugnante contra o Escritório e que é no mínimo curioso o desprendimento de Nemetz que de devedor passa a ser cliente de Lupércio Cunha. 49. Que também é estranho que o cheque emitido em favor da Clínica Reichow em 20/10/2008 só foi apresentado em janeiro de 2009, ou seja, após o desligamento do Impugnante do Escritório e ainda que tal cheque nunca tenha sido objeto de ação de execução ou cobrança, o que demonstra que o sócio da Clínica, conduzido por Nemetz, mentiu em seu depoimento à Polícia e no seu Termo de Declaração. 50. José Carlos Caviquiolli, utilizado pela fiscalização como meio de prova para taxar o Impugnante como tomador de empréstimos e criminoso contumaz, importante que se diga, possui inúmeros inquéritos policiais e ações penais deflagrados contra si (doc. anexos) e a habilitação de crédito que pretendeu cobrar do Impugnante (autos n° 008.09.0141544) foi devidamente rechaçada pelo Judiciário na tentativa do mesmo em "cobrar" do Impugnante algo que não lhe era devido através de um cheque prescrito. 51. As transações relativas a Gasparzinho (cliente do Escritório), demonstram que o impugnante não era beneficiário dos recursos que transitavam nas contas apontadas como suas. 52. O Impugnante jamais tomou para si e à revelia do Escritório valores de honorários de quem quer seja, sobretudo da Industrial Appel ou de Carlos Alberto Teles Roesener, sem que Luiz Carlos Nemetz tomasse conhecimento. 53. Nas transações com Frank Thiago Nuss o Impugnante comunicou a Luiz Carlos Nemetz que precisava pagar aquele e quando do recebimento/distribuição de honorários advocatícios pelo Escritório ao Impugnante Nemetz determinou que o Impugnante emitisse os cheques e compensasse dos honorários advocatícios a que tinha direito. 54. Nas diligências efetuadas junto a Ártico e a Gasparzinho, que também alegam ter emprestado dinheiro ao Impugnante, surgiram "cartas" como tendo partido do Impugnante, para, teoricamente, justificar o atraso do pagamento dos tais "empréstimos", entretanto, nessas não é possível identificar o impugnante como seu emissor e que não reconhece a assinatura da carta encaminhada ao Senhor Hubert A/C de Cristiane. Do mesmo modo, não encaminhou o email impresso em 14/09/2009 ao Sr. Carlos Gattaens Júnior, cujo conteúdo é semelhante às cartas e foi impresso em 14/09/2009, partindo do endereço "edufog@terra.com.br" o qual sempre pertenceu ao Escritório. 55. Alude que Luiz Carlos Nemetz, observando alguns fatos ocorridos na vida pessoal do Impugnante, utilizou se dos mesmos para criar uma justificativa para as Fl. 11342DF CARF MF 12 diversas operações havidas e que estavam se tornando insustentáveis, para então, dar a cartada final, incriminando o Impugnante e tirando o foco de si. III. 8 Das contas de titularidade de fato do fiscalizado 56. Diz que já impugnou a titularidade de fato em relação às contas da Humânitas e da São Roque, as quais, repita se, eram geridas por e em benefício de Luiz Carlos Nemetz e do Escritório, o mesmo se diga em relação aos inquéritos policiais em decorrência de supostas falsificações, os quais foram todos arquivados e falecem de legitimidade como meio de prova. 57. Que a Gaspazinho era e continua sendo cliente de Nemetz, sendo notório que o Fiscalizado atendeu a, porém cuidava de casos meramente triviais. 58. Que o mútuo de R$ 700.000,00 que nega ter firmado com a Associação São Roque na verdade serviu para remessa de tal importância àquela instituição, em virtude do temor que Moacir Rogério Amorim (administrador) tinha de uma realização de penhora online decorrente de execução fiscal movida pela Justiça Federal (autos n° 2007.72.05.0013052), depositando tal importância na conta que Luiz Carlos Nemetz lhe indicou, ou seja, da São Roque, o que não foi objeto de investigação. 59. Que nunca foi questionado pelo Escritório quanto a pagamentos de honorários da Gasparzinho. 60. Que a funcionária da Blucredi, Katiana Junkes, era secretária pessoal do Sr. João Marcos Baron (amigo de Luiz Carlos Nemetz), sendo a responsável por controlar todos os empréstimos e autorizar a compensação dos cheques, após contato com Nemetz, havidos na conta do Fiscalizado, da Humânitas e da São Roque, sendo possivelmente dela a caligrafia de alguns cheques assinados pelo Fiscalizado, bastando conferir. 61. Que o email que foi supostamente encaminhado a Sra. Katiana, que a mesma guarda com assinatura não reconhecida pelo Impugnante desde o ano de 2006, não identifica o endereço eletrônico de seu remetente, mas traz autorização de TED para a DSTL Administradora de Bens Ltda., que é cliente do Escritório há quase uma década. 62. Que não há provas que demonstrem que o impugnante é o beneficiário dos valores; que todos os ouvidos mantiveram contato com o Escritório e foram devidamente instruídos; todas as operações partiram de clientes do Escritório e que estes, quando não tinham como justificar ou manipular o suposto empréstimo, alegavam o extravio de documentos, como se viu no campo “diligências inoficiosas” e também junto à Clínica Bertoli e Marcelo Bertoli. III. 9 Considerações acerca da titularidade de direito e de fato 63. Nesse tópico questiona qual teria sido a destinação do dinheiro que supostamente teria se beneficiado. Informa, também, que Luiz Carlos Nemetz responde ação civil pública e inquérito policial por danos ao erário e contra a ordem econômica contra o Badesc, e que tais fatos foram ignorados pela fiscalização. III.10 Da intimação para justificar os ingressos de recursos 64. Diz que, conforme relatado pela fiscalização no parágrafo 828 do TVF, lhe foi negado acesso aos documentos e depoimentos colhidos no procedimento fiscal, o que configurou cerceamento ao direito de defesa e nulidade do procedimento fiscal. Fl. 11343DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 8 13 65. Passa a repisar, mais uma vez, como funcionada a sistemática do Escritório; que está provado que Nemetz determinava ao Advogado Nélio Agru Neto que assinasse petições e procedimentos contra o fiscalizado; que inúmeros documentos pessoais d contribuinte não lhe foram devolvidos e estão de posse do Escritório, ensejando a Notificação Judicial para sua respectiva devolução; repisa como se davam as indenizações havidas contra médicos que eram clientes do Escritório; que o impugnante era transeunte de valores relacionados ao Escritório; que Nemetz não foi questionado nesse sentido; cita a venda de quotas sociais de Nelson Sabel intermediada pelo Escritório, com a intervenção do contribuinte a pedido de Luiz Carlos Nemetz e o desenrolar de outras demandas judiciais a cargo do Escritório. 66. No que se refere a Sérgio Klock (sócio administrador de uma das empresas de Roberto dos Santos), quem realizou a venda do imóvel que pertencia ao Impugnante em Canto Grande, município de BombinhasSC, foi Luiz Carlos Nemetz, sendo mentirosa as argumentações de Sérgio a despeito de pedidos de empréstimo da ordem de R$ 1.000.000,00; 67. Que quem solicitou que as correspondências relativas às contas dos bancos Real, Sudameris e Banrisul da São Roque fossem enviadas ao seu endereço profissional do impugnante foi Luiz Carlos Nemetz, para que esse pudesse controlar a gestão das mesmas. IV – Do descabimento da penalidade aplicada 68. Defende que não restou comprovada na sua conduta o intuito de sonegar ou fraudar a legislação tributária, pugnando pelo afastamento da multa de 150%. Aventa que a simples constatação de omissão de receitas através da presunção legal estampada no art. 42 da Lei n° 9.430/96, ainda que reiteradamente, não se mostra suscetível, por si só, de dar ensejo à imposição da multa qualificada em destaque. O PEDIDO Ao final, requer: a) cancelar integralmente e declarar nulo o auto de infração, em razão do cerceamento de defesa, uma vez que o Impugnante não teve acesso aos depoimentos e documentos; b) cancelar integralmente o auto de infração, posto ter sido indevidamente interpretado e aplicado o art. 42, da Lei n° 9.430/96, conforme exposto no tópico II, supra; c) cancelar integralmente o auto de infração, posto quedarse o mesmo destituído de liquidez e certeza, por incluir no montante levado à tributação valores comprovadamente indevidos, insuscetíveis de serem considerados como receita omitida; d) não se entendo pelo cancelamento integral do auto de infração combatido, subsidiariamente, seja o mesmo cancelado parcialmente, reduzindo se a multa de ofício de 150% para os patamares admitidos pela nossa ordem jurídica vigente. Requer se, ainda, a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a testemunhal, acaso se faça necessária, e a documental ora acostada, com a posterior juntada dos documentos que se fizerem pertinentes, na forma do artigo 17, do Decreto n° 70.235/72. Fl. 11344DF CARF MF 14 Requerse, por derradeiro, que todas as intimações expedidas neste processo sejam feitas pessoalmente ou por outro meio legal ao procurador constituído, que esta subscreve, com endereço profissional na Rua Padre Gattone, n° 20, Ed. Arnoldo Bauer Schaefer, Térreo, sala 12A, Centro, Brusque/SC, CEP 88.350350. A DRJ julgou o impugnação improcedente (fl. 10832), nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006, 2007, 2008 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. MOVIMENTAÇÃO DE RECURSOS EM CONTA BANCÁRIA ABERTA EM NOME DE TERCEIROS. Quando restar demonstrado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiros, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação aos terceiros, na condição de efetivos titulares da conta de depósito ou de investimento. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. APLICABILIDADE. É aplicável a multa de ofício agravada de 150%, naqueles casos em que, no procedimento de ofício, resta constatado que esteve associado à conduta do contribuinte evidente intuito de fraude. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2006, 2007, 2008 PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE. Constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência, não tendo sido praticado qualquer ato com preterição do direito de defesa e estando os elementos de que necessita o contribuinte para elaborar suas razões de mérito juntados aos autos, fica de todo afastada a hipótese de nulidade do procedimento fiscal. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. OPORTUNIZAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DURANTE A FASE INQUISITÓRIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa na fase inquisitória do lançamento, quando ainda não existe processo. A oportunidade de se defender iniciase somente após a efetivação do lançamento, ocasião em que é constituído o crédito tributário. Fl. 11345DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 9 15 JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. O prazo para apresentação de provas no processo administrativo fiscal coincide com o prazo de que o contribuinte dispõe para impugnar o lançamento, salvo se comprovada alguma das hipóteses autorizadoras para juntada de documentos após esse prazo. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. ENDEREÇO PARA CIÊNCIA POSTAL. PREVISÃO LEGAL. A legislação vigente determina que as intimações devem ser endereçadas ao sujeito passivo no domicílio fiscal eleito por ele. Inexiste previsão legal para envio ao endereço do procurador. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou o Recurso Voluntário (fl. 10951), reiterando os argumentos da impugnação: que seria nula a decisão de primeira instância, uma vez que não procede o argumento da autoridade julgadora de que não teria sido questionado o ganho de capital e a multa isolada. Acrescente que teria questionado também a multa de ofício de 150%. que teria ocorrido cerceamento do direito de defesa, diante da impossibilidade de acesso aos documentos e depoimentos; que teria ocorrido cerceamento do direito de defesa, diante da ausência de provas aptas a demonstrar que os rendimentos eram do decorrente; da natureza das operações, que não refletem variação patrimonial do recorrente; da ilegalidade do lançamento baseado em depósitos bancários; das distorções na imposição da multa agravada; da multa confiscatória. Em sessão de julgamento de 17 de setembro de 2013, foi decidido pela 2a Turma da 2a Câmara desta Seção, sobrestar o julgamento do processo, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pois era tema de Repercussão Geral o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 (RE 601314), bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Fl. 11346DF CARF MF 16 Lei nº 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. A Segunda Câmara da Segunda Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscal, em sessão datada de 07 de setembro de 2014, acolheu a preliminar suscitada pelo contribuinte, declarando a nulidade do acórdão recorrido, por considerar que, apesar de todas as matérias terem sido impugnadas pelo contribuinte, as autoridades de primeira instância deixaram de apreciar a totalidade da impugnação. Desta forma, decidiu que fosse proferida outra decisão, na boa e devida forma, abordando a questão relativa a omissão do ganho de capital, multa isolada do carnê leão e multa qualificada de 150% sobre o ganho de capital. Em nova sessão de julgamento, em 17 de julho de 2015, a DRJ/SC então, apesar de ter mantido o resultado da decisão original pela improcedência da impugnação, prolatou nova decisão (fl. 11070), em observância a orientação do CARF. Cientificado da nova decisão da DRJ/SC, o contribuinte apresentou novo Recurso Voluntário (fl. 11288), reiterando os argumentos argüidos no primeiro recurso voluntário apresentado. Sem contrarazões. É o relatório. Fl. 11347DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 10 17 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild relatora Os recursos voluntários são TEMPESTIVOS, eis que intimado da primeira decisão da DRJ no dia 01/08/2012, interpôs recurso voluntário no dia 31/08/2012 e intimado da segunda decisão da DRJ no dia 24/08/2015, interpôs recurso voluntário no dia 22/09/2015, atendendo também às demais condições de admissibilidade. Portanto, merecem ser CONHECIDOS. Delimitação da lide Antes de adentrarmos a analise dos fundamentos da defesa, vale mencionar que determinador argumentos não constaram da impugnação, sendo trazidos de maneira inovadora em sede recursal. Entendo que tais argumentos não podem ser conhecidos pela autoridade julgadora de segunda instancia pois, nos termos da legislação que regula o processo administrativo fiscal, fundamentos de defesa assim como o pedido de diligência e as provas documentais devem ser apresentados por ocasião da impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, em regra. Isso é assim exatamente porque é neste momento que se instaura o contraditório em um procedimento que, até então, era inquisitório. Portanto, é o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a sua impugnação/manifestação de inconformidade, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão nesta ocasião precluem. E digo em regra porque existem as hipóteses de exceção. Neste sentido, os incisos do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/72 trazem hipóteses em que provas podem ser apresentadas em momento processual diverso da impugnação, quais sejam: (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refirase a fato ou a direito superveniente; e/ou (iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Neste caso, cabe ao contribuinte demonstrar, em petição fundamentada, a ocorrência de uma dessas condições, nos termos do § 5º do mesmo dispositivo. Outra exceção ocorre quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento. No caso ora em analise, entendo que nenhuma de tais hipóteses de exceção resta configurada. Argumentos inovadores e não conhecidos: a. Nulidade. Cerceamento ao direito de defesa ante a ausência de provas aptas a demonstrar que os rendimentos eram do recorrente. Fl. 11348DF CARF MF 18 b. Caráter confiscatório da multa de ofício (item 81 a 83) c. Caráter confiscatório do lançamento (item 92 a 97) d. Ganho de capital na venda do imóvel (item 69 a 79) Vale mencionar, que mesmo que os tópicos acima fossem analisados na presente decisão, fato é que a fundamentação trazida no bojo dos mesmos não alteraria as conclusões do voto ora apresentado. Em relação aos itens a e d acima mencionados, o recorrente não trouxe qualquer prova nova e objetiva que pudesse, pelo principio da verdade material, alterar o curso da lide. Referente aos itens b e c, sabido que é vedado a órgão administrativo declarar inconstitucionalidade de norma vigente e eficaz. Nessa linha de entendimento, dispõe o enunciado de súmula, abaixo reproduzido, o qual foi divulgado pela Portaria CARF n.º 106, de 21/12/2009 (DOU 22/12/2009): 'Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.' Essa súmula é de observância obrigatória, nos termos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF. Como se vê, este Colegiado falece de competência para se pronunciar sobre a alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada, uma vez que o Fisco tão somente utilizou os instrumentos legais de que dispunha. Assim, a lide nos presentes autos está restrita à análise dos seguintes argumentos: A) Preliminar Nulidade. Cerceamento ao direito de defesa pela falta de acesso aos documentos colhidos durante o curso do procedimento fiscal B) Mérito 1. Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Presunção legal. 2. Das distorções na imposição da multa de ofício agravada. Prova do dolo Passo a tratar de cada um deles. *** A) PRELIMINAR Nulidade. Cerceamento ao direito de defesa pela falta de acesso aos documentos colhidos durante o curso do procedimento fiscal Aduz o recorrente que, conforme relatado no parágrafo 828 do TVF (fl. 10654), a fiscalização negou ao fiscalizado o acesso aos documentos e depoimentos colhidos no procedimento fiscal, cerceando o seu direito de defesa. Fl. 11349DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 11 19 Destarte, caminhou bem a decisão de primeira instancia quando defendeu que não se vislumbrou o alegado malferimento ao direito de ampla defesa, porquanto, ao ser intimado do Auto de Infração e seus anexos, o contribuinte teve acesso a todos os elementos constantes da peça da autuação, fundamentada nos dispositivos legais que a regem, assim como gozou do prazo de 30 (trinta) dias, da data da ciência da exigência tributária, para apresentar impugnação, conforme preceitua o artigo 15 do Decreto nº 70.235, de 1972. O motivo da autuação está claramente exposto na peça básica e o autuado, na forma da lei, tomou conhecimento de todos os procedimentos fiscais efetuados, sendolhe proporcionada a oportunidade de exercer o seu mais amplo direito de defesa, tanto que apresentou a impugnação ora analisada. Além disso, consoante relatado, o contribuinte foi intimado pelos Termos de Intimação nºs 2009.00123085, 2009.00123087 e 2009.00123089 a comprovar a origem dos valores creditados/depositados em suas contas correntes, conforme relação elaborada pelo Fisco, a partir dos extratos bancários fornecidos pelos bancos Caixa Econômica Federal, Blucredi, Bradesco, Real, Indacredi, Banrisul, Safra e Itaú, Santander (Real/Sudameris), constantes de planilhas anexas aos referidos Termos. As justificativas apresentadas para os créditos efetuados nas contas correntes não foram acolhidas pela fiscalização, ensejando o lançamento com base na presunção inserta no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. É certo que o texto constitucional em vigor (art. 5º, LV) assegura a ampla defesa aos acusados em geral e aos litigantes, em processo judicial ou administrativo. Fazse oportuno destacar, todavia, para perfeita compreensão dessa garantia constitucional, que, no âmbito fiscal, a acusação só se materializa quando o sujeito passivo é intimado da exigência, ao tomar ciência do instrumento formalizador do lançamento. O litígio, por sua vez, só se instaura com a impugnação da exigência (art. 14 do Dec. nº. 70.235, de 1972). Assim, não houve qualquer irregularidade formal no procedimento fiscal que ampara o lançamento tributário, tendo sido respeitadas as regras estampadas no Decreto 70.235/1972. Por todo o exposto, não cabe falar, no presente caso, em nulidade. B) Mérito 1. Omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Presunção legal O recorrente argüi que a simples presunção da infração não pode dar origem à autuação, e que em se tratando de lançamento tributário, há que estar presente a liquidez e certeza da infração cometida, sem o que não pode prosperar o auto, até porque o imposto em exame só pode incidir sobre uma renda real. Neste sentido, haveria de estar provada a disponibilidade econômica pelo recorrente e que este seria o real beneficiário dos depósitos. De acordo com o art. 44 do CTN, a tributação do imposto de renda não se dá só sobre rendimentos reais, mas, também, sobre rendimentos arbitrados ou presumidos por sinais indicativos de sua existência. Fl. 11350DF CARF MF 20 Por sua vez, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que embasou o lançamento, legitima a incidência do imposto de renda sobre a omissão de rendimentos evidenciada pelos depósitos bancários com origem não comprovada. Desta forma, não obstante os argumentos da defesa, o que se extrai do dispositivo legal mencionado é que a presunção legal em favor da fiscalização lhe impõe tão somente o ônus de comprovar o crédito dos valores em contas de depósito ou de investimento do contribuinte e transfere a este o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos por meios hábeis e idôneos. O art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, ao mesmo tempo em que impõe e delimita o ônus probatório do Fisco, também o faz em relação ao contribuinte: para fins de elidir a imputação a lei lhe atribui o ônus não só de justificar a origem dos recursos, mas de fazêlo de forma individualizada, em relação a cada um dos depósitos bancários. Isso por que, especificamente quanto aos critérios de apuração da omissão, o §3º do art. 42 determina que para se apurar o montante tributável deve ser feita a análise individualizada de cada um dos depósitos, e, em assim sendo, por óbvio que deve o contribuinte apresentar documentação comprobatória da origem também de forma individualizada, coincidente em data e valor, de cada um dos ingressos efetuados em sua conta bancária, para afastar a tributação imposta. Em outras palavras, ou o contribuinte identifica a origem de cada depósito, um a um, ou então se sujeita à caracterização da omissão de receitas por via presuntiva. Justificativas genéricas, como as realizadas pelo recorrente, desacompanhadas de prova documental, não podem, neste contexto, ser acatadas. Ainda, o dispositivo legal que ampara o lançamento tem como fundamento lógico o fato de não ser comum o depósito de numerário, de forma gratuita e indiscriminada, em conta bancária de terceiros. Como corolário dessa afirmativa temse que, até prova em contrário, o que se deposita na conta de determinado titular a ele pertence. Desta forma, demonstrado o fato presuntivo depósito de origem não comprovada provado está o fato presumido omissão de rendimentos por força de dispositivo legal, mais precisamente o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. 2. Das distorções na imposição da multa de ofício qualificada Prova do dolo A questão a ser apreciada diz respeito ao pleito do recorrente, no sentido de que seja afastada a multa de 150% qualificada tendo em vista que não restou comprovada a conduta dolosa, e que a simples omissão de receitas apuradas por presunção legal, ainda que de forma reiterada, por si só, não dá ensejo a aplicação da multa qualificada. No presente caso, em linhas gerais, a autoridade lançadora caracterizou a conduta dolosa do contribuinte, tendo aplicado a multa de 150%, enquadrandoa no conceito de sonegação fiscal. A primeira questão ora sob exame, qual seja, a possibilidade de se qualificar a multa em decorrência pura e simplesmente da omissão de receitas, foi dirimida com a aprovação da Súmula nº 14 do CARF, in verbis: Fl. 11351DF CARF MF Processo nº 13971.722274/201189 Acórdão n.º 2402005.834 S2C4T2 Fl. 12 21 A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Resta, então, verificar se a reiteração, o montante das receitas omitidas e os fatos apurados pela fiscalização, são suficientes para ensejar a qualificação da multa no percentual de 150%. Neste sentido, entendo que caminhou bem o voto condutor da decisão de primeira instancia, pois, deveras, o fato de o contribuinte ter declarado à Secretaria da Receita Federal, em suas declarações do imposto de renda da pessoa física (DIRPF) relativas ao anos calendário de 2007, 2008 e 2009, valores totalmente incompatíveis com créditos efetuados em suas contas bancárias já é suficiente para caracterizar o dolo, ou seja, a intenção do contribuinte em evitar a tributação de forma que afronte a legislação. Reiterando, a prática do contribuinte, no sentido de não oferecer à tributação quase que a totalidade das receitas creditadas em suas contas, receitas essas de elevado montante e cujas origens não foram objeto de comprovação, tiveram o propósito deliberado de impedir o conhecimento, por parte da Autoridade Fazendária, da omissão de rendas e da conseqüente ocorrência do fato gerador do imposto de renda. No mesmo sentido, agindo dolosamente, movimentou contas bancárias de titularidade de pessoas jurídicas, no caso, entidades beneficentes, valendose de seu cargo de presidente/tesoureiro, exercido nessas instituições, com o intuito de ocultar do Fisco o fato gerador do IRPF. Neste sentido, estabelece a sumula CARF 34: Súmula CARF nº 34: Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. Também é de se entender como dolosa a conduta do contribuinte consistente na omissão, na declaração de rendimentos do anocalendário 2008, do ganho de capital referente à alienação do imóvel, a fim de impedir a ocorrência do fato gerador e/ou o não pagamento de tributos. No tocante ao imposto de renda devido incidente sobre o ganho de capital, a atitude dolosa do contribuinte também está evidente e materializada, face da infração detectada pela fiscalização, que evidenciou que o contribuinte subavaliou valores da alienação de imóvel, informando na DIRPF o valor da venda a menor que o efetivamente recebido, e, ainda, com a circunstância de utilizar contas de titularidade de direito de outrem – das entidades beneficentes, para o transito dos recursos decorrentes da operação. Não bastasse isso, informou em sua DIRPF acréscimos ao valor do imóvel objeto da alienação, todavia, sem lograr êxito em comprovar o dispêndio dos valores. Assim, caracterizado o dolo nas ações do contribuinte, como se infere do corpo dos fatos descritos no presente voto, julgo procedente a exigência da multa qualificada no percentual de 150%. CONCLUSÃO Fl. 11352DF CARF MF 22 Tendo em vista todo o acima, voto por CONHECER em PARTE o Recurso Voluntário, AFASTAR a PRELIMINAR de nulidade e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO, a fim de que seja mantido o crédito tributário, nos termos do voto acima. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 11353DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001313/2008-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2000 a 31/01/2008
DECADÊNCIA. RECURSO DE OFÍCIO.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN.
Verificando-se os Anexos integrantes dos autos RDA Relatório de Documentos Apresentados e RADA - Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados, revelam-se recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para o período em debate, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Assim, exclui-se, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa deu-se em 14/junho/2008.
ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. RECURSO VOLUNTÁRIO.
As contribuições previdenciárias patronais serão devidas a partir da decisão definitiva quanto ao Ato Cancelatório de Isenção.
A questão sobre o direito deste contribuinte à isenção de contribuições previdenciárias, objeto da lide que aqui se instaurou, já foi discutida e esgotada na esfera administrativa, não mais cabendo sua análise. Acórdão CARF nº 2402-000.991, Sessão de 06/07/2010, e despacho do Presidente da CSRF, que decidiu negar seguimento ao recurso especial do contribuinte em definitivo, não cabendo mais recurso, no bojo do processo 35407.000981/2006-09.
Recurso Voluntário Negado.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 2202-004.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento aos recursos voluntário e de ofício.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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RECURSO DE OFÍCIO. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Verificandose os Anexos integrantes dos autos — RDA — Relatório de Documentos Apresentados e RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados, revelamse recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para o período em debate, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Assim, excluise, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa deuse em 14/junho/2008. ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. RECURSO VOLUNTÁRIO. As contribuições previdenciárias patronais serão devidas a partir da decisão definitiva quanto ao Ato Cancelatório de Isenção. A questão sobre o direito deste contribuinte à isenção de contribuições previdenciárias, objeto da lide que aqui se instaurou, já foi discutida e esgotada na esfera administrativa, não mais cabendo sua análise. Acórdão CARF nº 2402000.991, Sessão de 06/07/2010, e despacho do Presidente da CSRF, que decidiu negar seguimento ao recurso especial do contribuinte em definitivo, não cabendo mais recurso, no bojo do processo 35407.000981/200609. Recurso Voluntário Negado. Recurso de Ofício Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 13 13 /2 00 8- 24 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 546 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento aos recursos voluntário e de ofício. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório De acordo com o Relatório Fiscal que consta das fls. 244 e seguintes, este processo contém o Auto de Infração DEBCAD 37.164.2132 e, resumidamente, trata da Contribuição Patronal à Seguridade Social, SAT/RAT e acréscimos legais, no período de 09/2000 a 01/2008: 0 presente levantamento, consolidado no Auto de Infração 37.164.2132, referese à apuração das contribuições constantes do artigo 22, incisos I, II e III da Lei n.°8.212/91, (...) Convém ressaltar que o presente débito foi lavrado em virtude da emissão do Ato Cancelatório de Isenção n.° 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006, que previu a perda da isenção das contribuições patronais, constante do artigo 55 da Lei n.°8.212/91, a partir de 01 de setembro de 2000. (...) ... estando o recurso administrativo apresentado pendente de julgamento no Segundo Conselho de Contribuintes, a exigibilidade do presente débito encontrase suspensa até o trânsito em julgado da decisão que põe termo ao processo administrativo mencionado. O contribuinte apresentou impugnação (fl. 332), que, em suma, foi assim tratada pela DRJ em Ribeirão Preto (SP), nas folhas 377 e seguintes: ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIARIAS. ATO CANCELATÓRIO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. AUTUAÇÃO. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. PREVENÇÃO DECADÊNCIA. Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 547 3 Fica isenta das contribuições apenas a entidade beneficente de assistência social que atenda, cumulativamente, aos requisitos dispostos na lei regente, cabendo seu cancelamento se verificado o descumprimento das condições legalmente estabelecidas. Devese lavrar o competente AutodeInfração para prevenir a decadência, tendo sua exigibilidade suspensa, enquanto não definitivamente julgado o ato cancelatório. PRAZO DECADENCIAL. OCORRÊNCIA EM PARTE. Nos tributos sujeitos ao regime de lançamento por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador. Quando não há pagamento antecipado, ou na hipótese de fraude, dolo ou simulação, aplica se a regra geral disposta no art. 173, I, do CTN. (...) 1 Em sua vasta Defesa, a Empresa concentra suas alegações em contestar o Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais, repetindo, inclusive, a mesma argumentação apresentada no Recurso contra o mencionado Ato, não citando qualquer arguição quanto ao crédito lançado no AI ora em comento. Apenas pede seu cancelamento em conseqüência de seu também pedido de anulação do Ato que cancelou sua condição de isenta das contribuições aqui incluídas. Não cabe a esta Julgadora qualquer manifestação quanto às razões do cancelamento da Empresa como entidade isenta, haja vista estarem sendo discutidas em processo distinto. (destaquei) 2 o art. 45 da Lei n° 8.212/91, vigente à época da lavratura do AIOP, dispunha que o direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguiase após 10 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Porém, em 20/junho/2008, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante n° 8, que trouxe a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91. Verificandose os Anexos integrantes dos autos — RDA — Relatório de Documentos Apresentados e RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados revelam a existência de recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para esse período, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN. Dessa forma, excluise, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois, o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa em 14/junho/2008. (destaquei) 3 Demonstrado está que o AI foi lavrado com pleno embasamento legal e observância As normas vigentes, razão pela qual despontase inatacada a presunção de legalidade e legitimidade do ato administrativo que constituiu o crédito previdenciário, cabendo apenas a exclusão dos valores fulminados pelo novo prazo decadencial. 4 embora a Impugnação não verse sobre o tema, a multa moratória decorre do inadimplemento no recolhimento das contribuições. Tendo em vista que a Medida Provisória n° 44912008, transformada na Lei n° 11.941/2009, alterou de forma substancial as penalidades aplicáveis tanto para o descumprimento de obrigações, é necessário que se faça à verificação, por previsão do artigo 106, II, "c", do CTN, de qual legislação é mais benéfica ao contribuinte. Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 548 4 Cientificado dessa decisão em 26 de abril de 2010, conforme Aviso de Recebimento na fl. 391, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 26 de maio de 2010, com protocolo na folha 406. Em 16 de outubro de 2013, a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta Seção de Julgamento resolveu pela conversão do julgamento em diligência, na Resolução nº 2403 000.201 (fl. 480), considerando, em suma, que: a) Inconformada com a decisão da recorrida, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate fundamentadamente a decisão de primeira instância e reitera os argumentos deduzidos em sede de Impugnação. DA ISENÇÃO O Ato Cancelatório (Ato Cancelatório de Isenção (n° 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006 Fase Recursal n° 35407.000981/200609), que deu origem ao presente auto encontrase em andamento fase recursal gozando por ora das prerrogativas legais de isenção; Aplicação da Lei 12.101/2009 que revogou o art. 55, Lei 8.212/1991 Se a observância ao aludido dispositivo constituía condição sine qua non para que a manutenção da isenção restas'se configurada, e essa mesma norma encontrase devidamente revogada pela Lei n° 12.101/2009, a qual, por ser mais benéfica ao contribuinte retroage A data do fato praticado, seja pela aplicação de penalidade menos severa, seja pela inexistência de julgamento definitivo do ato que lhe dera causa, podese afirmar que a combatida isenção ainda encontrase em plena vigência e, por mero raciocínio silogístico, hão de contaminar de vicio os referidos Autos de Infração, estes sim, sem qualquer razão de ser. (...) 0 ato de cancelamento de isenção teve como fundamento o at. 55, § 6° da Lei 8.212/91, o qual não pode mais ser utilizado como fundamentação: primeiro, pelo parcelamento do débito (Refis) doc em anexo; segundo, pelo cumprimento integral de todas as outras obrigações, conforme podemos concluir das impugnações apresentadas; e terceiro, pela edição da Lei 12.101/2009, que revogou o mencionado dispositivo. Com a análise deste terceiro item concluímos pela improcedência do ato de cancelamento de isenção com a conseqüente manutenção desta. Isso porque o fato que dera ensejo ao cancelamento da isenção fora justamente a inobservância ao § 6°, do artigo 55, da Lei 8.212/91, o qual dispunha que "a inexistência de débitos em relação As contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e A manutenção da isenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no § 32 do art. 195 da Constituição". Entretanto, o art. 29, da Lei 12.101/2009, que revogou o dispositivo suso mencionado, disciplina que a entidade Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 549 5 beneficente somente fará jus A isenção se observar os seguintes requisitos: (...) Nem há que se argumentar que a Lei 12.101/2009, que revogou os dispositivos da lei 8.212/91, em especial o art. 55, não se aplica ao caso em tela. Sua aplicação é inconteste. (...) Com o advento do novel diploma legal, os fundamentos do Ato Cancelatório que resultou no ato infracional que ora se combate não mais permanecem por si só, pois conforme dito acima, não se encontra no art. 29, da Lei 12.101, qualquer dispositivo que se assemelhe ao § 6 ° art. 55, da Lei 8.212/91, atualmente revogado. Como se não fossem suficientes os argumentos acima descritos, a isenção poderá ser exercida desde a concessão de sua certificação como entidade Beneficente de Assistência Social, assim, podemos afirmar que nos termos do art. 31 e 32 da lei 12.101/2009, as entidades, como a recorrente, que possuam certificado de assistência social não perderam a isenção. b) O ponto central em discussão é o referente ao andamento do processo n° 35407.000981/200609, na qual se discute a revogação do Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais nº 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006. Ou seja, devese verificar a ocorrência, ou não, da decisão definitiva no âmbito administrativo do processo nº 35407.000981/200609. c) decidiuse CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do contribuinte: (i) informe a decisão definitiva no âmbito administrativo do processo nº 35407.000981/200609, ou seja, após o julgamento de todos os recursos no âmbito do CARF; (ii) no escopo do processo nº 35407.000981/200609, anexe aos autos as cópias dos Recursos impetrados pela Procuradoria da Fazenda Nacional, e ou pelo Contribuinte, bem como a cópia das respectivas decisões no âmbito do CARF. Vieram aos autos os documentos de folhas 493 e seguintes, especialmente as fls. 528, 530, 536 e 539. Assim, os autos retornaram ao CARF e foram redistribuídos para relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em meio magnético (formato .pdf). Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 550 6 1. RECURSO DE OFÍCIO Entendo que andou bem, como de costume, o Julgador de 1ª instância, em sua análise sobre o lançamento por homologação e os termos de início da contagem do prazo decadencial (art. 150, § 4º e art. 173, I, ambos do CTN). Considerando que a DRJ atestou que: "Verificandose os Anexos integrantes dos autos — RDA — Relatório de Documentos Apresentados e RADA Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados revelam a existência de recolhimentos de contribuições destinadas à Seguridade Social, efetuadas pela Empresa para esse período, devendo ser aplicado o art. 150, § 4°, do CTN"(destaquei) Considerando ainda a Súmula CARF nº 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. E que também atestou o Julgador recorrido que: ... excluise, por decadência, o período de setembro/2000 a maio/2003, pois, o Lançamento Fiscal foi lavrado em 12/junho/2008 e ciência à Empresa em 14/junho/2008. (vide fls. 03) VOTO por Negar provimento ao Recurso de Ofício. 2. RECURSO VOLUNTÁRIO Conforme relatado e já bem analisado na citada Resolução nº 2403000.201, anterior, a discussão gira essencialmente sobre a situação do ato cancelatório de isenção nº 21.424/004/2006, de 25 de maio de 2006, referente ao processo n° 35407.000981/200609. Isso porque a lide inaugurada com a impugnação da exigência, conforme já delimitara a DRJ, em 1ª instância, resumese aos argumentos da Recorrente para "contestar o Ato Cancelatório de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais, repetindo, inclusive, a mesma argumentação apresentada no Recurso contra o mencionado Ato, não citando qualquer arguição quanto ao crédito lançado no AI ora em comento." (destaquei) Bem, no Acórdão CARF nº 2402000.991, Sessão de 06/07/2010, no bojo do processo 35407.000981/200609, restou decidido que: ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ISENÇÃO REQUISITOS LEGAIS DESCUMPRIMENTO ATO CANCELATÓRIO. Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 551 7 Terá a isenção cancelada a entidade que descumprir os requisitos para usufruir da isenção das contribuições sociais A ausência do CEAS representa descumprimento ao inciso II do art. 55 da Lei n° 8212/91. Não cabe recurso contra a decisão que cancelar a isenção pela ausência de CEAS O direito adquirido mencionado no § 1° do art. 55 da Lei n. 8212/1991 referese unicamente ao direito da entidade isenta antes da referida lei continuaria a usufruir da isenção independente de novo pedido. Não há direito adquirido que dispense a entidade de cumprir os requisitos legais para o gozo de isenção, conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal RECURSO. MATÉRIA NÃO CONTIDA EM IMPUGNAÇÃO. PRECLUSA. Considerase preclusa matéria trazida exclusivamente em sede de recurso, e que não tem qualquer repercussão na autuação. ISENÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITO, VIOLAÇÃO AO ART. 55 DA LEI 8.212/91. A empresa com débito relativos às contribuições sociais, viola o § 6° de art. 55 da Lei n. 8.212/91, devendo ser caçado o seu direito a isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO, No Relatório daquele Acórdão, esclarecese que: "Tratase de recurso voluntário interposto pela IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE LEME, contra decisão de fls. Retro, exarada pela extinta Secretaria da Receita Previdenciária, a qual acatando a informação fiscal de fls. 77 e s,, determinou o cancelamento do direito da recorrente a isenção da cota patronal das contribuições lançadas". Ou seja, a matéria relativa ao direito do contribuinte à isenção/imunidade sobre contribuições previdenciárias, que é exatamente o que pretende discutir nesta lide, já foi apreciada anteriormente neste Conselho, entendendose que esteve certa a Autoridade Administrativa ao cancelar seu direito à isenção. Na folha 533, o Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção do CARF, determinara o retorno dos autos à origem, citando o Decreto 7.237/2010, que regulamenta a Lei 12.101/2009, porque: "Ele prevê, em suas disposições transitórias, que os pedidos de isenção a os atos cancelatórios de isenção não definitivamente julgados sejam encaminhados à unidade competente para verificação do cumprimento dos requisitos de isenção." Na folha 529, o Delegado da Receita Federal em Limeira/SP, decidiu pela manutenção do cancelamento referido. Na folha 532, a DRF encaminha Intimação ao contribuinte, dandolhe ciência, e informando que o processo seria encaminhado ao CARF para exame de admissibilidade de recurso especial, contra a decisão exarada no Acórdão 2402 00.991. Na folha 536, o Presidente da 4ª Câmara, em exame de admissibilidade de recurso especial, concluiu, com base no Regimento Interno do CARF, que "...nego seguimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte ..." e envia os autos à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 551DF CARF MF Processo nº 10865.001313/200824 Acórdão n.º 2202004.042 S2C2T2 Fl. 552 8 Por fim, na folha 539, o Presidente da CSRF decide "negar seguimento ao recurso especial em definitivo, não cabendo mais recurso" e encaminha o processo de volta á DRF em Limeira/SP. CONCLUSÃO Portando, a questão sobre o direito deste contribuinte à isenção sobre contribuições previdenciárias já foi discutido e esgotado na esfera administrativa, não mais cabendo sua análise. Como este é o único tema que integra esta lide, VOTO por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Fl. 552DF CARF MF
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