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Numero do processo: 10880.979273/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
PEDIDO DE PERÍCIA.
No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide.
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação.
Numero da decisão: 1201-001.708
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 PEDIDO DE PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 PEDIDO DE PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 97 92 73 /2 00 9- 11 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10880.979273/200911 Acórdão n.º 1201001.708 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de pedido de compensação de crédito tributário com determinado débito de responsabilidade do próprio contribuinte. A DCOMP, após análise eletrônica, gerou a emissão de Despacho Decisório que não homologou o pleito do contribuinte, sob a alegação de inexistência de crédito. Segundo o despacho, o pagamento indicado pelo contribuinte não possuiria saldo disponível para compensação, uma vez que já foi integralmente utilizado para quitação de outro débito tributário apurado pelo contribuinte. Inconformada com a exigência, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito é sim legítimo, pois decorrente de pagamento de tributo indevido. Tramitado o feito, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o entendimento de que a contribuinte não teria comprovado o seu direito creditório. Intimada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs recurso voluntário. Reitera os argumentos contidos na manifestação de inconformidade e pede perícia para verificar o crédito. É o relatório. Voto Roberto Caparroz de Almeida, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201001.692, de 17.05.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.691176/200907, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201001.692): De acordo com o despacho decisório, o crédito pleiteado pela Recorrente não existiria, uma vez que teria sido utilizado para quitar outros débitos de sua responsabilidade. Também por esse mesmo motivo, e adotada a premissa de que a Recorrente não comprovou o direito líquido e certo do direito creditório, a decisão de primeiro grau não homologou a compensação. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10880.979273/200911 Acórdão n.º 1201001.708 S1C2T1 Fl. 4 3 Por ocasião do recurso voluntário, a Recorrente não apresenta nenhum esclarecimento ou prova complementar ou adicional, requerendo que seja feita perícia a fim de comprovar a origem do crédito alegado. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, a produção de prova pericial deve ser determinada pela autoridade julgadora quando imprescindível à solução da lide. Tratase de medida que busca esclarecer eventuais dúvidas dos julgadores, que possuem a faculdade, e não a obrigatoriedade, de se valerem ou não de tal expediente. Nessa situação particular, a solução da presente demanda não requer uma perícia em sentido técnico, limitando se a análise ou não do direito creditório na forma pela qual o processo está instruído. Isso porque as autoridades julgadoras devem apreciar as provas conforme produzidas no processo. E no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, como se sabe, a produção de provas documentais deve ser feita na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: “Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior”. Nesse sentido, entendo que o pedido de perícia requerido pela interessada não merece ser acolhido. A interessada, na verdade, ao requerer uma perícia, busca, de forma indevida, livrarse de seu ônus de prova o direito creditório alegado. Com efeito, a comprovação da liquidez e certeza do crédito constitui ônus da contribuinte, conforme prescreve o artigo 170 do CTN, in verbis: “Artigo 170 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.” Grifei. Resta patente, portanto, que a Recorrente já deveria ter trazido aos autos os documentos comprobatórios do pretenso crédito Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10880.979273/200911 Acórdão n.º 1201001.708 S1C2T1 Fl. 5 4 tributário, não podendo valerse de um pedido de perícia para afastar este ônus. Ademais, convém assinalar que alegações genéricas sobre a origem do direito creditório, desacompanhadas de documentos hábeis, são incapazes de fazer prova acerca da liquidez e certeza do crédito. Nesse caso concreto, a Recorrente não apresentou sua escrituração contábil, apurações fiscais, cópia de pedido de restituição, relatório de auditoria independente ou qualquer outra documentação pertinente a fazer prova do crédito que pleiteia. Pelo contrário, as alegações e documentos trazidos aos autos não são capazes de provar o direito creditório que o contribuinte busca ser reconhecido. O que se tem no caso, pois, é uma compensação cujo crédito não restou efetivamente comprovado, prejudicando o direito correlato de compensação. Vale assinalar que a jurisprudência do CARF admite a possibilidade de compensação de indébito, mas desde que haja comprovação cabal quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado. É o que se verifica dos julgados abaixo: “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PROVA. ÔNUS. O ônus da prova do crédito tributário pleiteado no Per/Dcomp Pedido de Restituição é da contribuinte (artigo 333, I, do CPC). Não sendo produzida nos autos, indeferese o pedido e não homologase a compensação pretendida entre crédito e débito tributários.” (Ac. 1102000.890. Sessão de 14/08/2013). “DESPACHO DECISÓRIO E DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São válidos o despacho decisório e a decisão que apresentam todas as informações necessárias para o entendimento do contribuinte quanto aos motivos da nãohomologação da compensação declarada. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte”. (Ac. 3302 002.383. Sessão de 02/11/2013). “PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação” (Ac. 3802002.076. Sessão de 14/08/2013). Nesse sentido, e em face do que foi exposto, CONHEÇO do Recurso para NEGARLHE provimento. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10880.979273/200911 Acórdão n.º 1201001.708 S1C2T1 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Fl. 64DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.100152/2009-10
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.360
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CALÇADOS MALU LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 01 52 /2 00 9- 10 Fl. 208DF CARF MF Processo nº 11065.100152/200910 Acórdão n.º 9303005.360 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 340202.196. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 11065.100152/200910 Acórdão n.º 9303005.360 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 11065.100152/200910 Acórdão n.º 9303005.360 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11065.100152/200910 Acórdão n.º 9303005.360 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 212DF CARF MF
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Numero do processo: 15868.720018/2015-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010, 2012, 2013, 2014
PROMESSA COMPRA E VENDA IMÓVEIS. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL RESCISÃO DO CONTRATO. IRRELEVÂNCIA.
A promessa de compra e venda de imóvel consubstancia-se em forma de alienação, sendo que eventual rescisão do contrato não interfere na apuração do ganho de capital referente às parcelas já percebidas em decorrência da avença.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. OMISSÃO.
A omissão continuada no tocante à informação ao Fisco da propriedade de bens imóveis, bem como no que se refere às alienações desses bens, evidencia conduta deliberada a justificar a imposição da multa de ofício qualificada regrada no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96.
INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONO DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO.
O art. 23 da Lei nº 70.235/72 não traz previsão da possibilidade de a intimação dar-se na pessoa do advogado do autuado, tampouco o RICARF apresenta regramento nesse sentido.
Numero da decisão: 2402-005.974
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL RESCISÃO DO CONTRATO. IRRELEVÂNCIA. A promessa de compra e venda de imóvel consubstanciase em forma de alienação, sendo que eventual rescisão do contrato não interfere na apuração do ganho de capital referente às parcelas já percebidas em decorrência da avença. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. OMISSÃO. A omissão continuada no tocante à informação ao Fisco da propriedade de bens imóveis, bem como no que se refere às alienações desses bens, evidencia conduta deliberada a justificar a imposição da multa de ofício qualificada regrada no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96. INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONO DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO. O art. 23 da Lei nº 70.235/72 não traz previsão da possibilidade de a intimação darse na pessoa do advogado do autuado, tampouco o RICARF apresenta regramento nesse sentido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 72 00 18 /2 01 5- 93 Fl. 318DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 319DF CARF MF Processo nº 15868.720018/201593 Acórdão n.º 2402005.974 S2C4T2 Fl. 602 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Recife (PE) DRJ/REC, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo aos exercícios 2011, 2013, 2014 e 2015, face à apuração de omissão de ganhos de capital na alienação de imóveis. O Relatório Fiscal (fls. 190/208) bem descreve os fatos constatados, cabendo reproduzilo, no essencial: Após o término das análises das declarações de ajuste anual dos anos calendário 2010, 2011, 2012 e 2013, bem como de todos os esclarecimentos, justificativas e documentos apresentados pelo sujeito passivo fiscalizado; dos documentos obtidos dos Cartórios de Registro de Imóveis de Inocência (MS) e de Mirandópolis (SP); e das informações e documentos apresentados pelo Sr. Osvaldo Basseto, constatamos e concluímos o que se segue. 1) O sujeito passivo realizou diversas alienações de imóveis rurais de sua propriedade ou de sua propriedade em condomínio com seus irmãos, no período de março de 2010 a outubro de 2014. 2) Na ficha “Bens e Direitos” das declarações de ajuste anual dos anos calendário 2010, 2011, 2012 e 2013 o sujeito passivo não declarou os imóveis rurais alienados de sua propriedade. Tais declarações foram por ele entregues em 29/04/2011, 20/04/2012, 20/04/2013 e 16/04/2014, respectivamente. 3) Com as declarações de ajuste anual dos anoscalendário 2010, 2011, 2012 e 2013 o sujeito passivo não apresentou nenhum demonstrativo da apuração dos ganhos de capital. 4) Nas respostas de 22/01/2015 e de 26/02/2015 o sujeito passivo apresentou diversos esclarecimentos/justificativas e, juntamente com elas, cópia de diversos documentos. Dentre os esclarecimentos e justificativas apresentados, destacamos os abaixo descritos. Informou que: a) Não houve informações sobre a existência dos imóveis nas declarações de ajuste anual por falta de conhecimento posto que o formal de partilha encontravase com o advogado. b) Pelo mesmo motivo exposto na alínea anterior não apresentou os demonstrativos da apuração dos ganhos de capital. c) Quanto à venda do imóvel situado em Inocência (MS) ocorrida em 10/09/2013, ainda não foi lavrada a escritura; há apenas instrumento particular de compra e venda. Informou ainda que se compromete a recolher o imposto tão logo seja lavrada a escritura. d) Em relação às vendas ocorridas em 2014, se encontra dentro do prazo para declarálas. e) Os valores recebidos pelas vendas dos imóveis são os constantes nas escrituras e no instrumento particular de compra e venda. Fl. 320DF CARF MF 4 f) Não houve dolo em não efetuar as declarações de renda, mas sim puramente desconhecimento por se encontrar aguardando a conclusão do inventário. g) As notificações, comunicados, etc. fossem encaminhadas ao Escritório Nagano, com endereço na Rua Rafael Pereira, nº 848 em Mirandópolis (SP), CEP 16800000. h) Não houve escrituração de livro caixa da atividade rural dos anos calendário 2011, 2012 e 2013. 5) As justificativas do sujeito passivo constantes da resposta de 22/01/2015, que foram parcialmente reproduzidas no item acima nas alíneas “a”, “b” e “f”, não se sustentam, carecem de fundamentos, são de uma fragilidade incompreensível. Vejamos porque. a) Ao contrário do que alegou o sujeito passivo, no sentido de que aguardava a conclusão do inventário, existem escrituras públicas de compra e venda correspondentes às alienações de parte dos imóveis rurais de sua propriedade. b) O sujeito passivo recebeu parte dos imóveis alienados em doação formalizada na Escritura Pública de Doação com Reserva de Usufruto, de 03/04/1989. Portanto, a nua propriedade de tais imóveis deveria ter sido por ele declarada nas declarações de ajuste anual dos anoscalendário 2010, 2011, 2012 e 2013. c) O demonstrativo da apuração dos ganhos de capital deve ser apresentado juntamente com a declaração de ajuste anual independentemente da lavratura da escritura e de conclusão de inventário. Se houve alienação o demonstrativo da apuração dos ganhos de capital deve ser apresentado juntamente com a declaração de ajuste anual. No presente caso houve alienações formalizadas por contratos e por escrituras públicas. Portanto os demonstrativos da apuração dos ganhos de capital deveriam ter sido apresentados juntamente com as declarações de ajuste anual dos anoscalendário 2010, 2011 e 2012. d) Em relação às vendas realizadas em 2014, apesar de se encontrar dentro do prazo para declarálas, não fez nenhum recolhimento do imposto devido. O imposto devido deve ser recolhido até o último dia do mês seguinte ao do fato gerador. e) Em relação aos valores recebidos pela alienação da área de 90,4157 hectares da Fazenda São João para o senhor Osvaldo Basseto não é verdade que o sujeito passivo recebeu os valores constantes da escritura pública. Na verdade, a venda da área total de 195,6725 hectares foi realizada pelo valor de R$ 1.800.000,00, conforme informações e documentos apresentados pelo adquirente Osvaldo Basseto e não pelo valor de R$ 1.652.000,00, conforme constou na escritura. 6) Pelo exposto no item anterior, concluise que, na verdade, o sujeito passivo tentou impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária principal, agindo com o intuito de burlar o Fisco. Não obstante impugnada (fls. 245/251), a exigência foi mantida pela decisão de primeira instância (fls. 266/276), ensejando a interposição de recurso voluntário em 7/12/2015 (fls. 290/312), alegandose então, em síntese, que: o contrato de compra e venda de parte do imóvel Fazenda Boa Esperança foi rescindido, não havendo assim fato gerador do imposto de renda, sob pena de, em ulterior transação, existir bitributação; Fl. 321DF CARF MF Processo nº 15868.720018/201593 Acórdão n.º 2402005.974 S2C4T2 Fl. 603 5 além disso tal transação foi devidamente registrada em cartório, não se verificando dolo ou fraude; no atinente às alienações de partes da Fazenda São João, explica que esta lhe foi doada, assim como a suas irmãs, pelos seus pais em 1989, passando a lhes pertencer com posse pro diviso quando do falecimento daqueles; por ocasião do inventário e partilha do imóvel, entendeu o INCRA dividilo em três quinhões com respectivas matrículas cartorárias; de fato nada vendeu, apenas de direito alienou parte do imóvel, correspondente a área de reserva legal, na ocasião de extinção do condomínio; então, o recorrente foi vítima do "desacerto do INCRA" em dividir o imóvel em três quinhões, bem como de "orientação equivocada do cartorário, quando, o correto, certo e legal, teria sido a divisão amigável entre os condôminos da referida fazenda", motivo pelo qual pleiteia seja acolhido o seu recurso para que possa recolher os impostos devidos com a redução da multa para o percentual de 75%. Demandase a notificação pessoal do advogado subscritor do recurso, ao final. É o relatório. Fl. 322DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Quanto aos ganhos de capital, temse como inconteste que o recorrente firmou contrato de promessa de compra e venda de parte da Fazenda Esperança, pelo preço de R$ 1.000.000,00, na data de 10/9/2013, havendo recebido valores a ele correspondentes ao longo desse ano, consoante revela a leitura da cláusula 2ª da avença (fl. 202). Exsurge de plano, então, a incidência do imposto sobre a renda face à aquisição de disponibilidade econômica revelada, forte no art. 43 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1oA incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Com visto, optou o legislador ordinário por considerar, de maneira expressa, a promessa de compra e venda como forma de alienação, para fins de mensurar eventual ganho de capital auferido em operação que envolva contrato dessa espécie. Reza o art. 3º da Lei nº 7.713/88: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei.(Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 15868.720018/201593 Acórdão n.º 2402005.974 S2C4T2 Fl. 604 7 § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. (grifei) Por sua vez, os art. 116 do CTN assim dispõe: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputamse perfeitos e acabados: I sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Irrelevante, assim, haver ou não previsão contratual acerca de rescisão do negócio jurídico, ou mesmo a efetiva ocorrência desse acontecimento, pois já perfectibilizado o fato gerador do imposto de renda nos termos da legislação encimada, impondose o recolhimento do tributo devido sobre as parcelas recebidas, ainda que estas não o sejam na totalidade prevista no instrumento contratual. Verificado serem corretas as constatações da fiscalização, e não sendo apontadas falhas no cômputo do ganho de capital apurado considerandose a alienação do imóvel à vista, mas o imposto devido quando do recebimento das parcelas não há reparos a fazer na autuação, também sob esse prisma. No mesmo sentido, citese, a título ilustrativo, o Acórdão do CARF de nº 280101.642, j. 8/6/2011. No tocante às alegações de ausência de dolo, aí abrangendo também as alienações de partes da Fazenda São João, melhor sorte não socorre o contribuinte. Cotejandose o recurso ora enfrentado com a impugnação, cabe observar de início que todos os argumentos pertinentes a um possível "desacerto" do INCRA, ou erro procedimental do registro de imóveis, foram trazidos tão somente em sede de recurso voluntário, razão por si só suficiente para o seu não conhecimento nesta etapa do contencioso administrativo. Fl. 324DF CARF MF 8 Ademais, não foram trazidas quaisquer comprovações de fato acerca das referidas alegações, ou demonstrado, de modo objetivo, em que medida teria o INCRA ou o cartório agido em desconformidade com as normas de regência. Por ser turno, a fiscalização acostou as Declarações de Ajuste Anual do recorrente (fls. 2/34), nas quais não consta a propriedade de sequer um único imóvel, apesar de, desde 1989, como admitido no recurso, já ser ele nuproprietário da Fazenda São João. Tampouco após a transmissão dos bens imóveis em questão, via sucessão causa mortis, informou o autuado tal condição de proprietário nas DIRPF. Nesse ínterim, contudo, e a despeito de sua alegada dúvida acerca da condição de proprietário, efetuou diversas alienações no que concerne a esses imóveis, já relatadas e devidamente circunstanciadas nos autos. E, mais uma vez, nada informou às autoridades fazendárias, quedandose silente quanto a essas operações, sem informálas devidamente em "Demonstrativo da Apuração dos Ganhos de Capital" das declarações de ajuste transmitidas. À toda evidência, não se trata de equívoco ou desconhecimento de prescrições legais, mas sim de conduta deliberada e recorrente articulada visando ocultar do Fisco tanto a propriedade de bens imóveis em si, quanto a percepção de acréscimo patrimonial decorrente da alienação parcial desses bens. Vale dizer que a existência de registros nos cartórios associados a essas operações imobiliárias corrobora, ao contrário do que parece aventar o contribuinte, o entendimento pela ausência de dúvida quanto a propriedade desses bens, por parte daquele, muito menos quanto à possibilidade mesmo de alienálos. Escorreita, assim, a qualificação da multa de ofício levada a efeito, forte no § 1º c/c o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96, e inciso I do art. 71 da Lei nº 4.502/64. Por fim, registrese que é demandada a ciência pessoal do patrono do contribuinte, todavia os incisos I a III do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972 estabelecem que as intimações no decorrer do contencioso administrativotributário federal serão realizadas pessoalmente ao sujeito passivo, não a seu advogado, inexistindo tampouco permissivo para tanto no Regimento Interno do CARF RICARF (Portaria MF nº 343/15). Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 325DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13016.000259/2004-65
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.382
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADEM SA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 02 59 /2 00 4- 65 Fl. 144DF CARF MF Processo nº 13016.000259/200465 Acórdão n.º 9303005.382 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380300.848. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 13016.000259/200465 Acórdão n.º 9303005.382 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 13016.000259/200465 Acórdão n.º 9303005.382 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 147DF CARF MF Processo nº 13016.000259/200465 Acórdão n.º 9303005.382 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 148DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.015556/2001-16
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 27 00:00:00 UTC 2011
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Data do fato gerador: 31/12/1997
DECISÃO JUDICIAL. EFEITOS.
Somente a decisão favorável ao pleito da interessada, ainda que de forma liminar, pode ser oposta à Fazenda Nacional e surtir efeitos.
Numero da decisão: 1801-000.588
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora.
Matéria: CSL - ação fiscal (exceto glosa compens. bases negativas)
Nome do relator: Ana de Barros Fernandes
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ementa_s : CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/1997 DECISÃO JUDICIAL. EFEITOS. Somente a decisão favorável ao pleito da interessada, ainda que de forma liminar, pode ser oposta à Fazenda Nacional e surtir efeitos.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/1997 DECISÃO JUDICIAL. EFEITOS. Somente a decisão favorável ao pleito da interessada, ainda que de forma liminar, pode ser oposta à Fazenda Nacional e surtir efeitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Magda Azario Kanaan Polanczyk, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fernandes. Relatório A empresa foi autuada por haver compensado a CSLL relativa ao 4º trimestre do anocalendário de 1997 com o saldo de base de cálculo negativa em valor superior ao limite legal de 30%, consoante Auto de Infração de fls. 06 a 10. O crédito tributário exigido neste lançamento é da ordem de R$ 10.423,22, a título de CSLL e acréscimos legais pertinentes. Fl. 169DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 A empresa apresentou a impugnação de fls. 42 a 47 argumentando, em síntese, que a exação fiscal já foi objeto de ação judicial transitada em julgado, no Supremo Tribunal Federal, em 06 de novembro de 1992. Diz que a Lei nº 7.689/88 para a contribuinte foi declarada judicialmente como inconstitucional. Invoca o artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal que versa sobre o direito adquirido, ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A Terceira Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza/CE determinou a realização de diligência (nº 87/02), fls. 60 a 62, objetivando: “11. Pelo exposto, proponho o encaminhamento dos autos a DRF/Fortaleza (CE) para que sejam tomadas as seguintes providências: 11.1. Intimar o contribuinte a anexar cópia completa dos processos judiciais referente à contribuição social (o 1° relativo à inconstitucionalidade da Lei n° 7.689/88 e o 2° sobre a compensação integral das bases de cálculo negativa da CSLL); 11.2. Informar, à luz da documentação solicitada se, o contribuinte, no que concerne ao 2° processo acima citado, aditou alguma petição estendendo a antecipação de tutela requerida ao art. 16 da Lei n° 9.065/95 e, se positivo, informar a razão da aplicação da multa de oficio aplicada. 11.3. Ao final, elaborar relatório sucinto sobre o solicitado, acrescentando quaisquer outras informações que seja de interesse para o deslinde da questão.” Com fulcro em diversas peças e pesquisas processuais judiciais, a autoridade designada à realização das diligências concluiu: “0 presente processo trata da cobrança de crédito tributário de Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL), constituído através de auto de infração (fls. 6 a 10), em virtude de compensação de base de cálculo negativa de CSLL superior ao limite de 30% do lucro liquido ajustado. 2. 0 contribuinte acima identificado apresentou impugnação, is fls. 42 a 47, na qual alega possuir decisão transitada em julgado após o julgamento do recurso extraordinário n. 140.2741. Anexou, também, documentação, às fls. 48 a 57, onde consta antecipação de tutela concedida na ação declaratória n° 96.152705 determinando que "o Requerido se abstenha da prática de todo e qualquer ato de aplicação dos arts. 42, 58 e 117 da Lei n°8.981/95... ". 3. A DRJ/FOR solicitou diligência para averiguar a situação atual dos processos judiciais acima citados (fls. 60 a 62). 4. É o relatório. 5. Em consulta aos sítios dos tribunais na Internet verificouse que o trânsito em julgado do recurso extraordinário n° 140.2741 foi alvo de ação rescisória ajuizada pela Fazenda Nacional junto ao Tribunal Regional Federal/5a região (fls. 65 a 86). O TRF/5a Região julgou improcedente o pedido da União. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, em julgamento cuja ementa dispõe "Se o Acórdão rescindendo deixou de aplicar a lei, por julgála inconstitucional, a ação rescisória é sempre cabível, nada importando a circunstância de tal inconstitucionalidade haver sido controvertida, na época em que se formou o Acórdão. A restrição contida na Súmula 343 do STF não incide, quando se controvertia a constitucionalidade da lei, ficando ao largo, a interpretação do dispositivo legal" (fls. 79 a 84). Esta ação transitou em julgado em 26/10/1998 (fl. 86). Fl. 170DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10380.015556/200116 Acórdão n.º 180100.588 S1TE01 Fl. 121 3 6. No que concerne a ação declaratória n° 96.152705, que questiona a validade da trava de 30% na compensação de bases de cálculo negativas da CSLL, verificouse que o TRF/5ª Região deu provimento à apelação da Fazenda Nacional para "reconhecer a constitucionalidade das limitações impostas pelas Leis nºs 8.981/95, 9.065/95 e 9.249/95, referentes à compensação de prejuízos para fins de tributação do IRPJ e CSLL" (fls. 90 e 91). Este processo encontrase atualmente aguardando julgamento no Supremo Tribunal Federal (fls. 96 e 97). (grifos pertencem ao original) Às fls. 99 e seguintes foi exarado o Acórdão nº 0814.478/08 pela precitada turma de julgamento, mantendo integralmente o lançamento tributário. Assim restou ementado o aresto: “AÇÃO RESCISÓRIA. DECISÃO JUDICIAL. EFEITOS. Restabelecido o vinculo jurídico obrigacional "ex lege" em razão da rescisão da decisão judicial que desobrigava a contribuinte' do recolhimento da CSLL, é cabível o lançamento de oficio que trate da matéria objeto da ação. DECISÃO JUDICIAL NÃO TRANSITADA EM JULGADO. Somente após o transito em julgado da ação judicial, e se favorável ao contribuinte, é que ele poderá se valer dos seus efeitos.” Irresignada, a empresa interpôs o Recurso de fls. 108 a 116 reprisando os exatos termos da defesa inicial, reiterando o pedido de insubsistência da autuação contra si imposta. É o relatório. Passo a decidir. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora. Conheço do recurso interposto, por tempestivo. A recorrente não trouxe qualquer contradição, ou elemento de prova, que confrontasse as fundamentações do acórdão ora vergastado, razão pela qual as adoto integralmente. No referido acórdão foi minuciosamente explicitado: “Em consulta aos sítios dos tribunais na Internet verificouse que o trânsito em julgado do recurso extraordinário n° 140.2741 foi alvo de ação rescisória ajuizada pela Fazenda Nacional junto ao Tribunal Regional Federal/5a Região (fls. 65 a 86). 0 TRF/5a Região julgou improcedente o pedido da União. No entanto, o Superior Tribunal de, Justiça deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, em julgamento cuja ementa dispõe "Se o Acórdão rescindendo deixou de aplicar a lei, Fl. 171DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 por julgála inconstitucional, a ação rescisória é sempre cabível, nada importando a circunstância de tal inconstitucionalidade haver sido controvertida, na época em que se formou o Acórdão. A restrição contida na Súmula 343 do STF não incide, quando se controvertia a constitucionalidade da lei, ficando ao largo, a interpretação do dispositivo legal" (fls. 79 a 84). Esta ação transitou em julgado em 26/10/1998 (fl. 86).” No votocondutor o relator faz uma breve incursão sobre os efeitos da ação rescisória, não trazida aos autos pela recorrente, mas cuja informação é publica e notória constante dos sítios judiciais, e conclui que, uma vez rescindida a sentença que desonerava a empresa de recolher a CSLL, nada obsta a sua autuação, conforme foi realizada. Não há como discordar da conseqüência jurídica expressada no acórdão combatido, pelo que nenhum reparo há a fazer neste tocante. Legítimo em todos os efeitos a autuação realizada em 2001, visto que a ação rescisória transitou em julgado em 1998. E, no que se refere à ação declaratória nº 96.152705 que questiona a validade da trava de 30% na compensação da contribuição com o saldo da base de cálculo negativa acumulada, verificouse que o Tribunal Federal da 5ª Região reconheceu a constitucionalidade das normas tributárias que versam sobre esta matéria, ou seja, não logrando êxito na tutela jurisdicional em segundo grau, estando esta ação, naquela ocasião, aguardando o julgamento no Supremo Tribunal Federal. Em pesquisa ao sítio do Supremo Tribunal constatase a devolução dos autos ao TRF da 5ª Região por consistir em matéria de repercussão geral. Assim foi proferido o despacho naqueles autos, pelo Ministro Celso de Mello1: “DECISÃO: O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o AI 715.423 QO/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, firmou entendimento, posteriormente confirmado no julgamento do RE 540.410QO/RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO, no sentido de que também se aplica o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil aos recursos deduzidos contra acórdãos publicados antes de 03 de maio de 2007 e que veiculem tema em relação ao qual já foi reconhecida a existência de repercussão geral. Esta Suprema Corte, em sessão realizada por meio eletrônico, apreciando o RE 591.340/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, reconheceu existente a repercussão geral da questão constitucional nele suscitada, e que coincide, em todos os seus aspectos, com a mesma controvérsia jurídica ora versada na presente causa. O tema objeto do recurso extraordinário representativo de mencionada controvérsia jurídica, passível de se reproduzir em múltiplos feitos, referese à discussão em torno da constitucionalidade, ou não, da limitação quantitativa (30%) ao direito de compensação de prejuízos fiscais do IRPJ e de bases de cálculo negativas da CSLL, apurados até 31 de dezembro de 1994. Isso significa que, afastado o sobrestamento desta causa, impõese, nos termos do art. 328 do RISTF, na redação dada pela Emenda Regimental nº 21/2007, a devolução dos presentes autos ao Tribunal de origem, para que, neste, seja observado o disposto no art. 543B e respectivos parágrafos do CPC (Lei nº 11.418/2006).” (grifos no original) 1 http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=2633794 Fl. 172DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10380.015556/200116 Acórdão n.º 180100.588 S1TE01 Fl. 122 5 E em pesquisa ao sítio do Tribunal Regional Federal da 5ª Região Fiscal verifico que o Desembargador Marcelo Navarro assim extinguiu o feito, em despacho proferido em 14/07/20102: “DECISÃO: tratase de recurso extraordinário oposto com fulcro no art. 102, III, "a", da Carta Magna contra acórdão proferido por este Egrégio Tribunal. Aduzse ofensa a dispositivos da CF/88, buscando, alfim, a alteração do decisum objurgado, para que se considere ilegítima/inconstitucional a limitação imposta à compensação de prejuízos, prevista nos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/95, quanto ao Imposto de Renda IR e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, a partir de janeiro/95.O acórdão combatido por este recurso extraordinário está em harmonia com a orientação do Excelso Supremo Tribunal Federal, como demonstram os RREE nºs 344994/PR e 545308/SP, decididos sob os auspícios do regime da repercussão geral, cujos decisórios registraram, respectivamente :"EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N. 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido 2. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento." (RE nº 344994/PR)"EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido."(DESTAQUEI)"Decisão: O Tribunal, por maioria, conheceu e negou provimento ao recurso extraordinário, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio (Relator). Redigirá o acórdão a Senhora Ministra Cármen Lúcia. Votou o Presidente. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Eros Grau e, neste julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Presidente). Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Cezar Peluso (VicePresidente). Falou pela recorrida a Dra. Cláudia Aparecida de Souza Trindade, Procuradora da Fazenda Nacional. Plenário, 08.10.2009."(RE nº 545308/SP)Destarte, está prejudicado o recurso nos termos do art. 543B, §3º, do CPC, c/c o art. 223, §2º do regimento Interno deste Tribunal.” 2 http://www.trf5.jus.br/cp/cp.do Fl. 173DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 Findas, portanto, as ações judiciais e não havendo a recorrente logrado êxito em nenhuma das duas, consoante comprovado nos autos, correta a autuação imposta para a exigência da CSLL e acréscimos legais. Por todo o exposto, voto em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 174DF CARF MF Emitido em 01/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Assinado digitalmente em 01/07/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 16000.000342/2007-44
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2000 a 31/05/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial em relação ao decisum recorrido, considerada aqui a lei vigente à época de ocorrência dos fatos geradores em questão.
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - AUTO DE INFRAÇÃO - AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUBRROGAÇÃO - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. LEI Nº 10.256/2001 - CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS - SENAR - INAPLICABILIDADE DO RE 363.852/MG DO STF
Não houve, no âmbito do RE 363.852/MG, apreciação dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei no. 8.212, de 2001. O fato de constar no resultado do julgamento inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97 não respalda a interpretação extensiva de que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, uma vez considerada a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. A Lei no. 10.256, de 2001, conferiu legitimidade à cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física. Ainda, a sistemática de subrrogação e recolhimento das contribuições pela aquisição da produção rural de pessoas físicas encontra respaldo também no inciso III do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, permanecendo incólume ainda que se adotasse a argumentação de declaração de inconstitucionalidade do art. 30, IV.
As contribuições destinadas ao SENAR não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário no. 363.852, não existindo questionamento acerca da legitimidade de sua cobrança.
Numero da decisão: 9202-005.134
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do contribuinte, quanto às aquisições ocorridas até a vigência da Lei nº 10.256, de 2001 e, no mérito, na parte conhecida, em dar-lhe provimento.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza.
Nome do relator: Relator
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial em relação ao decisum recorrido, considerada aqui a lei vigente à época de ocorrência dos fatos geradores em questão. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA SUBRROGAÇÃO CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO. LEI Nº 10.256/2001 CONTRIBUIÇÃO TERCEIROS SENAR INAPLICABILIDADE DO RE 363.852/MG DO STF Não houve, no âmbito do RE 363.852/MG, apreciação dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei no. 8.212, de 2001. O fato de constar no resultado do julgamento “inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97” não respalda a interpretação extensiva de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 0. 00 03 42 /2 00 7- 44 Fl. 596DF CARF MF 2 que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, uma vez considerada a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. A Lei no. 10.256, de 2001, conferiu legitimidade à cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física. Ainda, a sistemática de subrrogação e recolhimento das contribuições pela aquisição da produção rural de pessoas físicas encontra respaldo também no inciso III do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, permanecendo incólume ainda que se adotasse a argumentação de declaração de inconstitucionalidade do art. 30, IV. As contribuições destinadas ao SENAR não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário no. 363.852, não existindo questionamento acerca da legitimidade de sua cobrança. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial do contribuinte, quanto às aquisições ocorridas até a vigência da Lei nº 10.256, de 2001 e, no mérito, na parte conhecida, em darlhe provimento. Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Fábio Piovesan Bozza. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2301001.639, prolatado pela 1a Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 19 de agosto de 2010 (efls. 502 a 506). Ali, por unanimidade de votos, deuse provimento parcial ao Recurso Voluntário, para excluir do débito, por decadência, os valores lançados até a competência 11/00 (inclusive), na forma de ementa e a decisão a seguir: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2000 a 30/05/2006 Fl. 597DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 597 3 Ementa: AQUISIÇÃO DE PRODUTO RURAL DE PESSOA FÍSICA RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE É devida, pelo produtor rural pessoa física, contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção. Toda pessoa jurídica que adquire produção rural de produtores rurais pessoas físicas fica subrogada nas obrigações dc tais produtores. DECADÊNCIA De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal Embargos Acolhidos em Parte Decisão: Por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos para reratificação do acórdão embargado, nos termos do voto do(a) relator(a) O contribuinte, cientificado em 26/03/2012 (efl. 542), apresentou, em 10/04/2012 (efl. 543), Recurso Especial (efls. 544 a 551 e anexos), com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela 1a. Turma Ordinária da 4a. Câmara desta 2a. Seção, através do Acórdão 2401001.969, de 24 de fevereiro de 2010, e, ainda, em relação ao decidido pela 3a. Turma Especial desta 2a. Seção, no Acórdão 2803001.081, de 27 de outubro de 2011, cujas ementas e decisões são a seguir transcritas: Acórdão 2401001.969 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2003 a 30/11/2006 SUBROGAÇÃO NA PESSOA DO ADQUIRENTE DAS CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL POR PESSOAS FÍSICAS E SEGURADOS ESPECIAIS. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. IMPROCEDÊNCIA Fl. 598DF CARF MF 4 Declarada pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão plenária (RE n.363.852/MG), a inconstitucionalidade do art. 1.º da Lei n. 8.540/1992 e as atualizações posteriores até a Lei n. 9.528/1997, as quais, dentre outras,deram redação ao art. 30, IV, da Lei n. 8.212/1991, são improcedentes as contribuições previdenciárias exigidas dos adquirentes da produção rural da pessoa física e do segurado especial na condição de subrogado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2003 a 30/11/2006 ERROS MATERIAIS NA LAVRATURA DE TERMO DE INÍCIO DE AÇÃO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AO ADMINISTRADO OU LESÃO AO INTERESSE PÚBLICO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há de se declarar a nulidade de procedimento fiscal em razão de erros materiais que não provoquem prejuízo ao contribuinte ou lesão ao interesse público. MPF. PRORROGAÇÃO. COMANDO NO SISTEMA INFORMATIZADO. DISPONIBILIZAÇÃO PELA INTERNET. Com a edição do Decreto n. 6.104/2007 e da Portaria RFB n. 4.066/2007abriusea possibilidade da Administração Tributária efetuar a prorrogação do MPF mediante simples comando no sistema informatizado, podendo o contribuinte visualizar a prorrogação mediante consulta na internet. Recurso Voluntário Provido Decisão: por unanimidade de votos: I) rejeitar as preliminares suscitadas; e II) no mérito, dar provimento ao recurso. Acórdão 2803001.081 Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 15/03/2010 PRODUTOR RURAL. SUBROGAÇÃO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO PLENO DO SUPREMO TRIBUNAL.REPERCUSSÃO GERAL.No julgamento do RE 363.852/MG e 596.177/RS, em sede de repercussão geral, a Suprema Corte decidiu pela inconstitucionalidade do artigo 1º da Leinº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº9.528/97. Aplicabilidade do art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela portaria MF nº 256 de 22 de junho de 2009. Inexistência de fato gerador. Recurso Voluntário Provido. Decisão: por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a). Em linhas gerais, argumenta a recorrente, em sua demanda, que a jurisprudência desse Conselho, reconhecendo a decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 363.852/MG, vem prolatando diversos acórdãos, rechaçando a cobrança de tais valores Fl. 599DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 598 5 advindos da aquisição de produção rural de pessoas físicas, subrogados aos respectivos adquirentes, a partir da declaração de inconstitucionalidade do art. 30, IV, da Lei no. 8.212, de 1991, na sua redação atual, vigente à época dos fatos objeto da autuação ora contestada, além do disposto no art. 25, I e II, da Lei no.8.212, de 1991, na sua atual redação. Assim, inexiste o fato gerador e não procede a exação contida no art. 25, I e II, da Lei no. 8.212, de 1991, nem na sua redação atual, além de ser inconstitucional a exigência feita contra a ora Recorrente tendo em vista ser parte ilegítima vez que o art. 30, IV, também foi considerado inconstitucional pelo STF. Requer, assim, o conhecimento do Recurso e seu provimento para reformar a decisão a quo, O recurso foi admitido, consoante despachos de efls. 583 a 586. Encaminhados os autos à PGFN para fins de ciência, esta apresenta contrarrazões tempestivas de efls. 588 a 593, onde defende que: a) o lançamento que constitui o objeto deste feito compreende períodos de apuração de 04/2000 a 05/2006, portanto, parcela significativa da autuação fundase na Lei nº 10.256, de 9 de julho de 2001 (DOU de 10/07/2001), conforme aponta o Relatório Fiscal de fl. 104 e ss.; b) Quanto ao RE 363.852/MG, constituiu questão determinante à conclusão da Corte Constitucional, a necessidade de lei complementar para instituição da contribuição, à luz do art. 195, §4º, da Constituição. O STF posicionouse pela a exigência de lei complementar, em decorrência da previsão do art. 195, §4º, da Constituição (na sua redação original, antes do advento da EC nº 20, de 1998), uma vez que a base econômica sobre a qual incide a contribuição não estaria abrangida na Constituição na data de sua instituição pela Lei nº 8.540, de 1992. O exame do fundamento jurídico do referido Acórdão revela, portanto, que o parâmetro para o controle da constitucionalidade exercido pela Corte Suprema circunscreveuse ao art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991 na redação que lhe fora conferida pela Lei nº 8.540, de 1992. Não houve pronunciamento da Suprema Corte sobre a atual redação do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, que é dada pela Lei nº 10.256,de 2001, cuja edição se deu após a alteração do art. 195, §4º da Carta Constitucional; c) O RE n. 596.177/RS, em decisão que reforçou, em sede de repercussão geral, o decidido nos autos do RE nº 363.852/MG, explicitou que a decisão ali proferida não abrange a discussão da constitucionalidade da redação do art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991 com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001. Ante todo o exposto, devese concluir que as exações fundadas no art. 25 da Lei no. 8.212/91, na dicção conferida pela Lei n. 10.256, de 2001, devem subsistir e, portanto, deve ser mantido o julgamento nesta parte e requer, assim, a Fazenda que seja negado provimento ao recurso do contribuinte na parte em que pretende o reconhecimento da inconstitucionalidade da Lei no. 10.256, de 2001. É o relatório. Fl. 600DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende a estes requisitos de admissibilidade Todavia, verifico que ambos os primeiros Acórdãos citados pela recorrente em sede recursal e, assim, aceitos como paradigmas referemse a fatos geradores já sob a vigência da Lei no. 10.256, de 2001, restando assim, só caracterizada a existência de divergência interpretativa quanto às aquisições (fatos geradores) ocorridas(os) após a vigência da referida Lei. Assim, não conheço do recurso quanto às aquisições realizadas até a vigência da Lei no. 10.256, de 2001. Quanto às aquisições já realizadas sob a égide da Lei no. 10.256, de 2001, passo à análise de mérito. Tratase de contribuições devidas à Seguridade Social pelo produtor rural, pessoa física, incidentes sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, bem como da contribuição destinada ao SENAR e ao SAT/RAT. Discorrese a seguir, acerca da ocorrência dos fatos geradores sob análise, á luz da eventual inconstitucionalidade reportada no pleito da contribuinte. 1. Da contribuição do sobre a receita bruta de comercialização e SAT/RAT (GILRAT). A propósito, reproduzse, a seguir, os dispositivos legais da Lei no. 8.212, de 1991, de relevância para o caso em questão, com a redação aplicável a data dos fatos geradores em análise: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) V como contribuinte individual:(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua;(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (...) VII como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e o assemelhado, Fl. 601DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 599 7 que exerçam essas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de quatorze anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.(Redação dada pela Lei n° 8.398, de 7.1.92). Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação alterada pela Lei nº 10.256/01 Vigência a partir de 01/11/01) I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:(Redação dada pela Lei n° 8.620, de 5.1.93) (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subseqüente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento;(Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97, vigência até 22.01.07) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento;(Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) (...) O cerne da questão que remanesce nos presentes autos reside na delimitação do alcance da decisão emanada do STF no âmbito do RE 363.852/MG, que restaria aplicável ao caso (visto que representativo de repercussão geral, a partir de sua reprodução no âmbito do RE 596.177/RS) e cuja ementa se transcreve abaixo: Fl. 602DF CARF MF 8 RECURSO EXTRAORDINÁRIO – PRESSUPOSTO ESPECÍFICO – VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO – ANÁLISE – CONCLUSÃO – Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adora entendimento quanto à matéria de fundo extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina – José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS – PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS – SUBROGAÇÃO – LEI Nº 8.212/91 – ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL – PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 – UNICIDADE DE INCIDÊNCIA – EXCEÇÕES – COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR – Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo – considerações (g.n.) Naqueles autos, discutese a constitucionalidade da contribuição exigida com base no art. 25 da Lei n° 8.212, de 1991, com redação dada pelas Leis no. 8.540, de 1992 e 9.528, de 10 de dezembro de 1997, incidente sobre o valor da comercialização da produção rural, tendo como contribuinte o empregador rural e o produtor rural Pessoa Física, citados nos incisos V, "a" e VII do art 12 da referida Lei n° 8.212, de 1991 . Uma excelente digressão bastante abrangente acerca do tema foi realizada pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, no âmbito do Acórdão CSRF 9.202 003.707, de 23 de janeiro de 2016, à qual acedo integralmente, verbis: " (...) É sabido que a Constituição da República de 1988 estabeleceu a tributação incidente sobre a comercialização da produção rural para os casos de economia familiar (art. 195, § 8° da CR). Em face disso, a Lei n° 8.212/91, art. 25, originariamente determinava que apenas os segurados especiais (produtor rural individual, sem empregados, ou que exerce a atividade rural em regime de economia familiar) passariam a contribuir de forma diversa, mediante a aplicação de uma alíquota sobre a comercialização da produção. Todavia, com a edição das Leis n. 8.540, 9.528, que alteraram a redação do art. 25 da Lei n° 8.212/91, passouse a exigir tanto do empregador rural pessoa física como do segurado especial a contribuição com base no valor da venda da produção rural. Quanto a este ponto o Supremo Tribunal Federal manifestouse pela inconstitucionalidade da exação questionada, conforme decisão proferida no RE 363.852, no sentido de que houve a criação de uma nova fonte de custeio da Previdência Social e que tal iniciativa teria de ser tomada mediante a aprovação de Fl. 603DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 600 9 lei complementar, conforme prevê o § 4° do art. 195 da Constituição da República. Impende saber se este modelo previdenciário trazido pela atual redação do art. 25 da Lei n° 8.212 (introduzida pela Lei 10.256 e demais dispositivos já mencionados) se amoldaria aos preceitos constitucionais previstos no art. 195 da Constituição Federal. Portanto, de pronto, podemos concluir que a exigência de contribuições sobre a aquisição da produção rural de pessoas físicas até a edição da lei 10.256/2001, ou seja, para lançamentos que envolvem competências até a edição da referida lei, encontrase abarcada pelo manto da inconstitucionalidade conforme decisão proferida pelo STF, acima transcrita. Notase que o objeto do RE 363.852 referese à discussão da constitucionalidade dos dispositivos da Lei nº 8.212/1991 nas redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, ambas anteriores à Emenda Constitucional nº 20/1998. (...) Portanto, decidiu o STF que a inovação da contribuição sobre comercialização de produção rural da pessoa física não encontrava respaldo na Carta Magna até a Emenda Constitucional 20/98, decidindo expressamente pela inconstitucionalidade acerca das Leis 8.540/92 e 9.528/97, razão pela qual compete a este Conselho, em observância ao art. 62A determinar a improcedência dos lançamento envolvendo períodos anteriores. Confirmando, ainda mais o posicionamento a ser adotado o referido precedente RE 363.852 foi ao depois aplicado em regime de repercussão geral por meio do julgamento do Recurso Extraordinário nº 596.177/RS (art. 543B do Código de Processo Civil), cuja ementa encontrase abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA.INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO.ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I – Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II – Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III – RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. (RE 596177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL –MÉRITO, DJe165 de 29082011) Fl. 604DF CARF MF 10 Vale também transcrever posição do Dr. Rafael de Oliveira Franzoni, Procurador da Fazenda Nacional, que em seu artigo: “A CONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA: Análise da jurisprudência do STF e do TRF da 4ª Região”, assim conclui acerca das decisões proferidas no âmbito do STF: (...) Ou seja, o que era apenas um precedente tornouse um posicionamento consolidado no âmbito do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade da contribuição previdenciária prevista no art. 25 da Lei nº 8.212/1991, inclusive com as alterações decorrentes das Leis nºs 8.540/1992 e 9.528/1997, no que atine ao empregador rural pessoa física. Sendo assim, em face da força persuasiva especial e diferenciada proveniente dos julgamentos proferidos sob a nova sistemática da repercussão geral, é muito provável que seja tal entendimento seja seguido pelos demais órgãos do Poder Judiciário, independentemente da não existência de efeito vinculante a qualificar o controle difuso de constitucionalidade. Vale registrar, por oportuno, que a contribuição previdenciária do segurado especial, também regulada pelo art. 25 da Lei nº 8.212/1991, não foi afetada pela decisão da Suprema Corte no Recurso Extraordinário nº 596.177/RS, haja vista que o seu fundamento constitucional é distinto e independente da exação incidente sobre o empregador rural pessoa física. O daquela reside ele no § 8º; ao passo que o desta, no inciso I, ambos do art. 195 do Texto Magno. Se assim é, a declaração de inconstitucionalidade de que se cuida foi parcial, isto é, apenas parte da norma contida no texto do já citado art. 25 foi julgada nula e, portanto, extirpada do ordenamento jurídico. Mas este ponto será mais amiudemente examinado em tópico apartado. Assim, até a edição da Emenda Constitucional nº 20/98 o art. 195, inciso I, da CF previa como bases tributáveis de contribuições previdenciárias a folha de salários, o faturamento e o lucro, não havendo qualquer menção à receita como base tributável, o que macula a contribuição criada com base na receita da comercialização. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 605DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 601 11 b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) Alinhome, assim, aos que entendem que a inconstitucionalidade decretada no âmbito do RE 363.852/MG limitase: a) aos fatos geradores ocorridos antes da vigência da Lei no. 10.256, de 2001 (que não estão sob litígio no presente caso, a partir do conhecimento parcial supra) e b) à contribuição devida pela comercialização da produção do empregador rural pessoa física, não abrangendo o caso do segurado especial previsto no art. 12, VII, da Lei no. 8.212, de 1991, visto que, neste último caso, a contribuição devida foi instituída com fulcro no art. 195, § 8o. da CRFB e não com fulcro no art. 195, I do Texto Maior, conforme muito bem esmiuçado em outro ponto do mesmo artigo citado de lavra do Dr. Rafael de Oliveira, verbis: (...) Anteriormente, foi aqui afirmado que a inconstitucionalidade de que se cuida foi apenas parcial. E por que parcial? Porque o art. 25 da Lei nº 8.212/1991, na redação atualizada até a Lei nº 9.528/1997, continha em seu bojo duas normas exacionais claramente divisíveis: uma que tinha como contribuinte o empregador rural pessoa física; e outra, o segurado especial. Vejamos: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II – 0,1 % (um décimo por cento) da recita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho; [...] E com efeito, como bem ensina o Ministro Gilmar Mendes, “o Tribunal somente deve proferir a inconstitucionalidade daquelas normas viciadas, não devendo estender o juízo de censura às outras partes da lei, salvo se elas não puderem subsistir de forma autônoma.” Logo, não havendo fundamento para afastar do mundo jurídico a contribuição incidente sobre o segurado especial, haja vista que a sua tributação encontra respaldo no art. 195, § 8º, da Constituição da República, o resultado dos Recursos Extraordinários nºs 363.852/MG e 596.177/RS foi uma declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto. Fl. 606DF CARF MF 12 A técnica da declaração de inconstitucionalidade com redução de texto ocorrerá “quando for possível, em virtude da redação do texto impugnado, declarar a inconstitucionalidade de determinada expressão, possibilitando, à partir dessa exclusão de texto, uma interpretação compatível com a Constituição Federal”, como assinala Alexandre de Moraes . De tal modo, o Judiciário expurga do ato normativo apenas e tão somente o que dele for incompatível com a Constituição, preservando o que puder ser preservado, desde que esse resíduo também seja conforme a vontade do constituinte e do legislador infraconstitucional. Nessa linha, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal já excluiu apenas a palavra desacato do texto do § 2º do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), julgada inconstitucional por conflitar com a autoridade do magistrado na condução da atividade jurisdicional. O restante do texto e da norma foi mantido em respeito à presunção de constitucionalidade das leis. Nesse quadro, em razão dos seus fundamentos de decidir, e em que pese não pronunciada expressamente pelo Supremo, a redução do texto do art. 25 da Lei nº 8.212, julgado parcialmente inconstitucional foi a seguinte: Art. 25. A contribuição do segurado especial referido no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II – 0,1 % (um décimo por cento) da recita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho; [...] Destarte, o exato limite da inconstitucionalidade declarada foi este: a supressão no texto do caput do art. 25 da expressão “[...] do empregador rural pessoa física e [...] referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V [...]”. Preservouse no dispositivo, portanto, texto e norma suficiente para não ferir a contribuição social do segurado especial, arrimada no art. 195, § 8º, da Lei Maior. Por outro lado, embora tenha havido a redução parcial do texto da cabeça do dispositivo inquinado, a declaração de inconstitucionalidade relativamente aos incisos I e II, entretanto, ocorreu sem redução de texto alguma. Isso para que o texto legislativo permanecesse íntegro para com relação à norma exacional incidente sobre o segurado especial. E aqui vale fazer a distinção entre texto e norma. Segundo os ensinamentos de Paulo de Barros Carvalho, texto é o conjunto de símbolos linguísticos marcados em papel ou outro suporte, expostos em termos prescritivos e em forma técnica; já norma é “o juízo (ou pensamento) que a leitura do texto provoca em nosso espírito”. A norma é a significação do texto. Dito de outro modo, embora a redação dos incisos não tenha sido ferida pela declaração de inconstitucionalidade, como ocorreu com a Fl. 607DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 602 13 cabeça, a norma que ali residia o foi, dela se expurgando a contribuição do empregador rural pessoa física. (...) De se notar, ainda, que, perfeitamente em linha com tal posicionamento, o RE 596.177/RS, dotado de repercussão geral e, assim, de obrigatória obediência por parte deste CARF, limitase ao caso do empregador rural pessoa física (cuja contribuição foi instituída com fulcro no art. 195, I da CRFB) para fatos geradores ocorridos antes da Lei no.10.256, de 2001, não havendo que se falar de qualquer violação ao regimento interno deste CARF em seu art. 62A ao se adotar a tese acima delineada de inconstitucionalidade parcial, antes da vigência da Lei no. 10.256, de 2001, à qual, conforme já mencionado, me alinho integralmente. Já para fatos geradores ocorridos posteriormente à vigência da Lei nº 10.256, de 2001, que deu nova redação ao art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, segue a Conselheira tecendo as seguintes considerações, às quais também acedo aqui integralmente, adotandoas como razões de decidir para o presente caso: (...) a partir da referida lei, existiria respaldo para o lançamento de contribuições, conforme acima descrito e consolidado tal entendimento por decisão proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa no julgamento do RE 585684, senão vejamos (grifei): No julgamento do RE 363.852 (rel. min. Marco Aurélio, DJe de 23.04.2010), o Pleno desta Corte considerou inconstitucional o tributo cobrado nos termos dos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Assim, o acórdão recorrido divergiu dessa orientação. Ante o exposto, conheço do recurso extraordinário e doulhe parcial provimento, para proibir a cobrança da contribuição devida pelo produtor rural empregador pessoa física, cobrada com base na Lei 8.212/1991 e as que se seguiram até a Lei 10.256/2001. [grifo nosso] (RE 585684, Relator Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 10/02/2011, publicado no DJe038 de 25/02/2011) Isto posto, com a entrada em vigor da Lei nº 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional nº 20/98, passam a ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1% incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, nos termos assinalados no art. 25 da Lei nº 8.212/91, com a redação que lhe foi introduzida pela Lei nº 10.256/01. Ou seja, removida, através da Emenda Constitucional no. 20, de 1998, seguida da edição da Lei no. 10.256, de 2001, a inconstitucionalidade formal que embasou a decisão prolatada no âmbito do RE 363.852/MG, de se manter incólume a exação (contribuição sobre a comercialização da produção de empregadores rurais pessoas físicas), para quaisquer fatos geradores ocorridos na vigência da citada Lei no. 10.256, de 2001. Cita a Conselheira, ainda, a seguinte jurisprudência acerca do tema respaldando seu posicionamento, também aqui adotado: Fl. 608DF CARF MF 14 “TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA EMPREGADOR. PRESCRIÇÃO. LC 118/05. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. 1 O STF, ao julgar o RE nº 363.852, declarou inconstitucional as alterações trazidas pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92, eis que instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto. 2 Com o advento da EC nº 20/98, o art. 195, I, da CF/88 passou a ter nova redação, com o acréscimo do vocábulo "receita". 3 Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 10.256/01, ao prever a contribuição do empregador rural pessoa física como incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade.” (Apelação nº 000242212.2009.404.7104, Rel. Des. Fed. Mª de Fátima Labarrère, 01ª Turma do TRF4, julgada em 11/05/10). Ainda a propósito, de forma consistente com o posicionamento acima, entendo que a melhor interpretação do decisum prolatado no âmbito do RE 363.852/MG, remete à conclusão de que, em nenhum momento, a sistemática da subrogação foi declarada como inconstitucional pela Corte, conforme muito bem delineado pelo Conselheiro Arlindo da Costa e Silva no âmbito do Acórdão 230202.445, de 18.04.2013, verbis: (...) Assim proclamou o Min. Marco Aurélio, ad litteris et verbis: “Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto ora para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Olhando com os olhos de ver, o Min. Marco Aurélio não declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, mas, tão somente, a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual, dentre outras tantas providências, “deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91”. (...) Ora, caros leitores, o fato de o art. 1º da Lei nº 8.540/92 ter sido declarado, na via difusa, inconstitucional, não implica ipso facto que todas as modificações legislativas por ele introduzidas sejam tidas por inconstitucionais. A pensar assim, seria inconstitucional a fragmentação da alínea ‘a’ do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91, nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do mesmo dispositivo legal, sem qualquer modificação em sua essência, assim como a renumeração das alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do mesmo inciso V acima Fl. 609DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 603 15 citado para ‘c’, ‘d’ e ‘e’, respectivamente, sem qualquer modificação de texto. (...) E o que falar, então, sobre a constitucionalidade do Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91, o qual, embora citado pelo Sr. Min. Marco Aurélio, sequer se houve por tocado pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92. Seria, assim, o Inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212/91 inconstitucional simplesmente e tão somente porque fora citado pelo Min. Marco Aurélio em seu voto? Não nos parece ser essa a melhor exegese do caso em debate. (...) Aditese que o inciso IX do art. 93 da CF/88 determina, taxativamente, que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, aqui incluído por óbvio o STF, devem ser públicos, e fundamentadas todas as suas decisões, sob pena de nulidade. Ora ... No julgamento do RE 363.852/MG inexiste qualquer menção, ínfima que seja, a possíveis vícios de inconstitucionalidade na subrogação encartada no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91. Aliás, o vocábulo “subrogação” assim como a referência ao “inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91” somente são mencionados na conclusão do Acórdão, ocasião em que o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por subrogação sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, e que é declarada inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com redação atualizada até a Lei nº 9.528/97. Como fundamentação adicional, também comungo do entendimento de que, ainda, que a bem do debate, se entendesse ter sido declarada a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei no. 8.212, de 1991, para fatos geradores abrangidos pela vigência da Lei no. 10.256, de 2001, restaria incólume a responsabilidade de recolhimento prevista no art. 30, III da Lei no. 8.212, de 1991, conforme muito bem delineado também pelo Conselheiro Arlindo da Costa e Silva no Acórdão citado, verbis: (...) A quatro, porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei nº 8.212/91 foi determinada ao adquirente, ao consignatário e à cooperativa, expressamente, pelo inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, o qual não foi igualmente atingido, sequer de raspão, pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE nº 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, mesmo em relação ao empregador rural pessoa física após a publicação da Lei nº 10.256/2001, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Fl. 610DF CARF MF 16 (...) É certo que o disposto no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91 já seria bastante e suficiente para impingir ao adquirente, consumidor, consignatário e à cooperativa o dever jurídico de recolher as contribuições incidentes sobre a comercialização de produção rural. Mas o Legislador Ordinário foi mais seletivo: Isolou, propositadamente, no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, a obrigação tributária do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa de recolher a contribuição de que trata o art. 25 dessa mesma lei, no prazo normativo, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, outorgando ao Regulamento da Previdência Social a competência para dispor sobre a forma de efetivação de tal obrigação acessória. Acomodou no inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/91, de maneira genérica, a subrogação do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa nas demais obrigações, de qualquer naipe, do empregador rural pessoa física e do segurado especial decorrentes do art. 25 desse Diploma Legal, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. Da análise dos dispositivos legais acima selecionados, restou visível que a obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária e a cooperativa pelo recolhimento das contribuições previstas no art. 25 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001, decorre não da norma inscrita no inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, mas, sim, do preceito assentado no inciso III desse mesmo dispositivo legal, em atenção ao princípio jurídico da especialidade na solução dos conflitos aparentes de normas jurídicas, que faz com que a norma específica prevaleça sobre aquela editada de maneira genérica, princípio eternizado no brocardo latino “lex specialis derogat generali”. (...)" Feita tal digressão e, agora, atendose mais especificamente ao caso em questão, verifico se estar, nos presentes autos, diante de litígio conhecido somente acerca de montantes tributários devidos cujos fatos geradores ocorreram já sob a vigência da Lei no. 10.256, de 2001, sendo, assim, de se reconhecer a procedência do lançamento das contribuições sob análise para as competências aqui objeto de apreciação de mérito. Ou seja, com base na fundamentação acima disposta, só há que se falar de inconstitucionalidade da exação objeto de lançamento (visto que não abrangida pela decisão prolatada no âmbito do RE 363.852/MG) para as aquisições realizadas antes da vigência da Lei no. 10.256, de 2001, e, destarte, tendo sido o Recurso conhecido somente quanto aos fatos geradores ocorridos após a vigência da referida Lei no. 10.256, de 2001, nego provimento parcial ao Recurso Especial do Contribuinte nesta matéria quanto à parte conhecida, mantendo se o lançamento na forma que efetuado. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 16000.000342/200744 Acórdão n.º 9202005.134 CSRFT2 Fl. 604 17 2. Quanto à Contribuição ao SENAR Estabelece o art. 6o. da Lei no. 9.528, de 1997: Art. 6º A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212, de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR, criado pela Lei n° 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de 0,1% incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Vigência até 01.11.01) Art. 6o A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001, vigência a partir de 01.11.01) Ainda a propósito, na Lei no. 8.212, de 1991: Art. 94. O Instituto Nacional do Seguro SocialINSS poderá arrecadar e fiscalizar, mediante remuneração de 3,5% do montante arrecadado, contribuição por lei devida a terceiros, desde que provenha de empresa, segurado, aposentado ou pensionista a ele vinculado, aplicandose a essa contribuição, no que couber, o disposto nesta Lei.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, às contribuições que tenham a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, ficando sujeitas aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial. § 1o O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, às contribuições que tenham a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, ficando sujeitas aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial.(Renumerado pela Lei nº 11.080, de 2004). §2o A remuneração de que trata o caput deste artigo será de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) do montante arrecadado pela aplicação do adicional de contribuição instituído pelo §3o do art. 8o da Lei no 8.029, de 12 de abril de 1990.(Incluído pela Lei nº 11.080, de 2004, vigente a partir de 31.12.2004). Assim, a partir do disposto no parágrafo único do art. 94 acima reproduzido, posteriormente renumerado para § 1o., também aqui, a partir na delimitação da abrangência do Fl. 612DF CARF MF 18 decisum prolatado nos RE 363.852/MG já anteriormente efetuada, de se entender que também a contribuição ao SENAR só foi objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no âmbito daquele Recurso Extraordinário no âmbito da vigência das Leis 8.540, de 1992 e 9.528, de 1997. Assim, também de se negar provimento parcial ao Recurso Especial neste item na parte conhecida, para manter o lançamento na forma que efetuado. 3. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer parcialmente do Recurso Especial do Contribuinte, exclusivamente quanto às aquisições ocorridas após a vigência da Lei nº 10.256, de 2001 e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. É como voto. Heitor de Souza Lima Junior Fl. 613DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.720771/2014-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
OMISSÃO DE RECEITA. SALDO CREDOR DE CAIXA. A constatação de saldos credores na escrituração do contribuinte autoriza a presunção de omissão de receita, independentemente do fato do saldo da conta fechar devedor ao final de cada mês.
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA Aplica-se ao lançamento da CSLL o decidido em relação ao IRPJ exigido de ofício a partir da mesma matéria fática.
PIS/COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE A OMISSÃO DE RECEITA. A incidência de PIS/Cofins sobre a receita omitida tem matriz legal distinta daquela que alargou a base de cálculo das contribuições sobre a receita contabilizada, declarada inconstitucional.
ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüição de inconstitucionalidade de lei.
Numero da decisão: 1402-002.524
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer das argüições de inconstitucionalidade da norma e negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente
(assinado digitalmente)
Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LUCAS BEVILACQUA CABIANCA VIEIRA
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SALDO CREDOR DE CAIXA. Recorrente PLÁSTICOS SANTANA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 OMISSÃO DE RECEITA. SALDO CREDOR DE CAIXA. A constatação de saldos credores na escrituração do contribuinte autoriza a presunção de omissão de receita, independentemente do fato do saldo da conta fechar devedor ao final de cada mês. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA Aplicase ao lançamento da CSLL o decidido em relação ao IRPJ exigido de ofício a partir da mesma matéria fática. PIS/COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE A OMISSÃO DE RECEITA. A incidência de PIS/Cofins sobre a receita omitida tem matriz legal distinta daquela que alargou a base de cálculo das contribuições sobre a receita contabilizada, declarada inconstitucional. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Os órgãos julgadores administrativos não são detentores de competência para apreciar argüição de inconstitucionalidade de lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer das argüições de inconstitucionalidade da norma e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente (assinado digitalmente) Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 07 71 /2 01 4- 12 Fl. 9218DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Relatório Fl. 9219DF CARF MF Processo nº 10865.720771/201412 Acórdão n.º 1402002.524 S1C4T2 Fl. 6.496 3 Trata o presente feito de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela DRJ de Brasília de improcedência de impugnação da contribuinte PLÁSTICOS SANTANA LTDA. ante a lavratura de auto de infração pela suposta omissão de receitas decorrentes de saldo credor de caixa, verificados nos anoscalendários de 2009 a 2012. Ante ao minucioso relatório empreendido pela DRJ adotoo em sua integralidade complementandoo ao final no que necessário: Contra a contribuinte identificada no preâmbulo foram lavrados os autos de infração às fls. 05/111, formalizando lançamento de ofício do crédito tributário abaixo discriminado, relativo aos anoscalendário de 2009 a 2012, incluindo juros e multa proporcional de 75%, totalizando R$ 12.395.444,57: De acordo com a descrição dos fatos, que remete ao Termo de Verificação Fiscal (TFV) encartado às fls. 112/134, o sujeito passivo é acusado do cometimento de infração capitulada como OMISSÃO DE RECEITAS, apurada a partir da constatação de SALDOS CREDORES DE CAIXA, conforme demonstrativos integrantes do TVF (fls. 135/138). Destaca o TVF que a apuração dos saldos credores de caixa foi obtida da Escrituração Contábil Digital (ECD) da contribuinte, baixada diretamente do Sped Contábil, ressaltando que, de acordo com o art. 258 do RIR/99, que determina o registro dia a dia das operações, o saldo de caixa não pode ter saldos credores intermediários durante os dias mês, porque configura saídas de recursos que tem origem em receitas que não foram escrituradas, o que autoriza a tributação por presunção de omissão de receitas. É esclarecido, ainda, que na determinação da base de cálculo das receitas omitidas foi considerado o fato de que a empresa apurava resultado trimestralmente, apresentando saldos negativos de caixa no último dia do trimestre, conforme verificado pela autoridade fiscal. Por esse motivo, a omissão ocorrida em um trimestre não repercute no subseqüente, e, dessa forma, somente o maior saldo credor de caixa no trimestre foi considerado como receita omitida, com amparo no art. 281 do RIR/99. Cita, neste sentido, julgados administrativos. Cientificada pessoalmente das exigências em 13/05/2014 (fls. 05 e outras), a autuada apresentou em 11/06/2014 a petição impugnativa de imagem reproduzida às fls. 4.055/4.317, na qual enfoca inicialmente uma sinopse da autuação, que desde logo rotula de improcedente, contrapondose em seguida ao mérito, que enfrenta com os argumentos a seguir sumariados. a) Do equivocado embasamento legal utilizado Fl. 9220DF CARF MF 4 Salienta que, de acordo com o TVF, a fiscalização constatou na conta Caixa Geral da escrituração da impugnante a existência de supostos saldos credores, que seriam aptos a caracterizar presunção legal de omissão de receitas, nos termos do art. 281, inciso I, do RIR/99, cuja redação reproduz, e, para chegar a tal apuração, baseouse o autor do feito no art. 258 do mesmo RIR/99 (cujo texto também transcreve). A respeito, sustenta não se poder utilizar o art. 258, § 1º., do RIR/99, como único critério para apurar a omissão de receita de que versa o art. 281, inciso I, do mesmo RIR, como procedeu a fiscalização, porque o art. 281 é claro em determinar que a omissão da espécie se caracteriza pela existência de saldo credor de caixa escrituração do contribuinte, não necessariamente no Livro Diário de que cuida o art. 258. No caso, como atesta a própria fiscalização no corpo do TVF, a impugnante adotou a forma trimestral para apuração do IRPJ e da CSLL, diante do que não se justifica uma apuração diária em seus registros, e, ainda mais, consoante demonstra toda a documentação exaustivamente examinada pelo Fisco, as operações escrituradas se ajustam, mostrando mês a mês e trimestre a trimestre a existência de saldo devedor na conta Caixa ao fim de cada período de apuração. b) Da improcedência da presunção de omissão de receita Acentua, ad argumentandum, que ainda que se considere admissível o procedimento seguido pela fiscalização (o art. 258 do RIR/99) para apurar a ocorrência de omissão de receita, esta presunção resta elidida com a documentação contábil (Razão Analítico de janeiro de 2009 a dezembro de 2012) já entregue à RFB e exaustivamente analisada ao longo da ação fiscal, e que a impugnante fará juntar à defesa, para demonstrar a existência de saldos devedores de caixa ao final de cada mês em questão. Apresenta no corpo da petição um relatório resumido, no qual demonstra os saldos devedores existentes na conta Caixa de 2009 a 2012, juntando por amostragem (o que justifica em razão do grande volume) o Razão Analítico da conta nos meses de 06/2009, 04/2010, 08/2011 e 11/2012. Ressalva que eventuais saldos credores em dias isolados do período configuram tãosomente situações como, por exemplo, o recebimento de títulos contabilizado a posteriori ou lançamentos em bloco na escrituração da empresa, mas, de qualquer forma, o fechamento se dá sempre ao final do mês, quando o saldo apurado foi sempre devedor, o que elide a suposta omissão de receita que o saldo credor intermediário sugeriria num primeiro momento. c) Da incorreta apuração dos supostos valores tributáveis Frisa que somente para exaurir a argumentação, na remota hipótese de rejeição dos fundamentos anteriormente expostos, é equivocado o critério adotado pela fiscalização para apurar a infração apontada, na medida em que considerou o somatório dos saldos credores encontrados em cada dia, sem sequer deduzir os valores computados nos períodos anteriores. Argumenta que nos casos de apuração da espécie, a farta jurisprudência dos órgãos julgadores fazendários é no sentido de que, averiguada a existência de múltiplos saldos credores de caixa no mesmo períodobase, considerase como receita omitida o maior valor dentre eles, deduzindo as ocorrências anteriores já computadas, para afastar a cumulatividade de tributação sobre o mesmo fato imponível. Fl. 9221DF CARF MF Processo nº 10865.720771/201412 Acórdão n.º 1402002.524 S1C4T2 Fl. 6.497 5 Neste sentido, colaciona ementa de julgados proferidos em primeira e segunda instância administrativa, demonstrando em seguida valores numéricos dos excessos que a fiscalização teria cometido com o método que adotou para determinação dos valores tributáveis autuados. d) Da incidência reflexa de PIS/Cofins Destaca que ocorreu a lavratura de autos de infração exigindo de forma reflexa a Contribuição para o PIS e a Cofins sobre as supostas receitas omitidas, nos moldes do § 1º do art. 3º da Lei nº. 9.718, de 1998, que alargou a base de cálculo das citadas contribuições e foi declarado inconstitucional pelo STF em sede de julgamento de Recursos Extraordinários. Com o mesmo fundamento, a impugnante ataca ainda a majoração da alíquota da Cofins. e) Da ilegalidade de inclusão do ICMS na base de cálculo de PIS/Cofins Em razão do ICMS embutido no preço, para efeito de cálculo da Contribuição para o PIS e a Cofins, a base de cálculo dessas contribuições fica aumentada de forma indevida com a inclusão do imposto, contrariando o conceito constitucional de faturamento, pois pertencendo o imposto em questão do Estado, não configura faturamento do contribuinte. Neste aspecto, a impugnante apóiase no julgamento pelo STF do RE nº. 240.7852MG, que se encontra suspenso por pedido de vista, mas a maioria dos Ministros já votou pela exclusão, em respeito ao conceito de faturamento expresso na Constituição. f) Do caráter confiscatório da multa aplicada Protesta a impugnante contra a incidência da multa de ofício de 75%, cujo percentual reputa inconstitucional, por configurar evidente confisco, vedado pela Constituição (inciso IV do art. 150). g) Da impossibilidade de utilização da taxa Selic como juros de mora Valendose de jurisprudência do STJ, a impugnante contesta legalidade da incidência dos juros de mora com base na taxa Selic. Em face do d. Acórdão, a Recorrente apresenta este Recurso Voluntário em que pleiteia a reforma do r. decisum, pois não poderia a fiscalização utilizar o art. 258, §1 do RIR como único critério para se apurar a omissão de receitas, em conformidade com o art. 281 do RIR. Que o critério adotado pela fiscalização em relação a periodicidade, qual seja, análise de movimentações diárias (livro caixa e razão analítico) é equivocado, pois, em sua visão, dado que a Recorrente apura seu Imposto de Renda Pessoa Jurídica trimestralmente, de sorte que a averiguação de saldos credores não poderia ser avaliada em bases diárias. Alega ainda que os saldos credores em dias isolados foram justificados ao longo do MPF, “e configuraram tão somente lançamentos promovidos pela contabilidade da Empresa referentes a situações como, por exemplo, recebimento de títulos feito a posteriori ou Fl. 9222DF CARF MF 6 que foram lançados em bloco na escrituração fiscal da Empresa, sendo que os efetivos pagamentos não teriam ocorrido no mesmo dia”. Em seguida contesta o critério utilizado para apuração da base de cálculo, reiterando os argumentos apresentados na Impugnação, afirmando que a fiscalização somou um a um, o saldo credor em cada dia, sem sequer deduzir os valores já computados num período nos períodos subsequentes”. Posteriormente, clama pelo direito de recolher as contribuições a alíquota menor em razão da declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal do alargamento da base de cálculo das contribuições na forma como definido pela Lei nº 9.718/98. Bem como a ilegalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Aponta ainda o caráter confiscatório da multa e a impossibilidade de se utilizar a taxa Selic como taxa de juros moratórios. Voto Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira Fl. 9223DF CARF MF Processo nº 10865.720771/201412 Acórdão n.º 1402002.524 S1C4T2 Fl. 6.498 7 1. DA ADMISSIBILIDADE: 1.1 O Recurso Voluntário é tempestivo e assinado por patrono competente 2. DO MÉRITO DA OMISSÃO DE RECEITA Quanto a omissão de receita, irretocável a análise realizada pela r. DRJ, motivo pelo qual adoto seus fundamentos como meus: Neste aspecto, a impugnante defende a tese de que a fiscalização não poderia escudar se comando do art. 258 do RIR/99, e, a partir dos saldos credores diários constatados, chegar à presunção legal de omissão autorizada pelo art. 281, inciso I, do mesmo RIR/99, porque a escrituração retrata saldos de caixa devedores apurados ao final de cada mês, bem como no encerramento dos trimestres de apuração, e, ainda mais, o art. 281 se reporta à escrituração e não necessariamente ao livro Diário. A esse respeito, o art. 258 do RIR/99, em caput, cuja redação a seguir se traslada, estabelece a regra geral da periodicidade diária a ser observada na escrituração do Livro Diário, em relação aos lançamentos das operações praticadas pela pessoa jurídica: Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 5º). No caso concreto, não resta dúvida que a impugnante observou a periodicidade diária no lançamento de suas operações, no Livro Diário, e a mesma periodicidade se observa na escrituração do Livro Razão, a partir de cujos registros a fiscalização procedeu à análise dos saldos apresentados pela conta Caixa. Assim, ao contrário do que apregoa a impugnante, o levantamento fiscal não utilizou como instrumento de trabalho exclusivamente o Livro Diário, mas fundamentalmente a movimentação da conta Caixa no Razão Analítico, o que mostra ter havido um exame da escrituração da empresa em seu conjunto, e, diante dos saldos credores constatados, configurouse a hipótese prevista na regra do art. 281, inciso I, do RIR/99, verbis: Art. 281. Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40): I a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; Quanto ao argumento de que os saldos credores não se apresentaram ao final de cada período mensal e trimestral, e, assim, não se justificaria a tributação da espécie, será analisado no próximo tópico, por estar a ele intrinsecamente ligado. b) Da presunção de omissão de receita O argumento central da impugnante em relação ao descabimento da tributação a partir dos saldos credores indicados na escrituração é o de que estes aparecem em dias isolados ao longo do mês, mas, ao final deste, assim como no encerramento do período Fl. 9224DF CARF MF 8 de apuração trimestral, se apresentam devedores, como foi reconhecido pela própria fiscalização e a autuada volta a enfatizar com a juntada do Razão Analítico de alguns períodos, a título deamostragem, além de um resumo dos saldos mensais dos períodos autuados. A esse respeito, não resta dúvida que o saldo da conta Caixa no Razão Analítico se apresentou devedor ao final de cada mês, e, por extensão, ao final de cada período de apuração trimestral, como atesta o próprio autor do feito no corpo do TVF. Todavia, há que se destacar que a dicção do inciso I do art. 281 do RIR/99, ao autorizar a presunção de omissão de receita na indicação de saldo credor de caixa na escrituração, não restringe essa hipótese a saldo credor porventura apresentado ao final do mês ou do período de apuração, de modo que eventual saldo credor de caixa apresentado em dias intermediários resta alcançado pela incidência da regra matriz em comento. Assim, a fiscalização procedeu de conformidade com a lei ao considerar os saldos credores de caixa constatados diariamente ao longo de cada mês. Acerca do que noticia a impugnante para justificar a existência dos saldos credores, atribuindoos a alegados descompassos entre a data da escrituração e a data da ocorrência do fato, assim como a lançamentos em bloco, a alegação não se faz acompanhar de nenhuma prova, ainda que amostral, que confirme a afirmação. Não é ocioso lembrar que, nos termos da dicção do caput do art. 281 do RIR/99, anteriormente reproduzido, recai sobre o contribuinte o ônus da prova necessária ao desfazimento da presunção construída a partir da constatação do saldo credor de caixa. Importante ressaltar que o art. 281 trata de presunção relativa, cabendo ao contribuinte o ônus de ilidila. Apesar de afirmar desde a Impugnação que os saldos credores “configuraram tão somente lançamentos promovidos pela contabilidade da Empresa referentes a situações como, por exemplo, recebimento de títulos feito a posteriori ou que foram lançados em bloco na escrituração fiscal da Empresa, sendo que os efetivos pagamentos não teriam ocorrido no mesmo dia”, não há nos autos nada que sirva a embasar a afirmação. A mera apresentação de Razão Analítico não comprova a assertiva. Assim sendo, entendese que a recorrente não logrou êxito em ilidir a presunção de omissão de receitas apontada pela fiscalização. c) Da metodologia de apuração dos valores tributáveis Neste aspecto, socorrendose da jurisprudência administrativa, a impugnante se volta contra o critério adotado pela fiscalização para quantificar os valores tributáveis, reclamando que foi considerado o somatório dos saldos credores encontrados em cada dia, sem dedução valores computados nos períodos anteriores. No tocante à reclamação da espécie, é pacífica a jurisprudência dos órgãos julgadores fazendários, de que apurada a existência de múltiplos saldos credores de caixa no período, caracteriza receita omitida o de valor mais elevado, além do que as ocorrências anteriores devem ser subtraídas, para não haver incidência cumulativa sobre o mesmo fato. O reclamo posto pela impugnante requer uma análise da metodologia utilizada pelo autor do feito para chegar às bases imponíveis da autuação. Tendo em vista que o critério foi uniforme para todos os períodos de apuração, tomase como amostra os valores tributáveis apurados no 1º trimestre/2009, a saber: Fl. 9225DF CARF MF Processo nº 10865.720771/201412 Acórdão n.º 1402002.524 S1C4T2 Fl. 6.499 9 A partir da planilha que contém o demonstrativo dos saldos credores da conta Caixa no Razão Analítico no ano de 2009 (fls. 1.467/1.472), no mês de janeiro a ocorrência de maior magnitude foi a verificada foi no dia 04/01/2009, no valor de R$ 514.936,10, que corresponde exatamente ao valor tributável autuado naquele mês. Avançando para o mês de fevereiro de 2009, visualizase que naquele mês o maior saldo credor identificado foi no dia 04/02/2009, no valor de R$ 130.383,82, o qual não integra a base de cálculo pelo fato de ser inferior ao valor tributável detectado no mês anterior. Finalmente, no mês de março de 2009 o maior saldo credor constatado foi no dia 05/03/2009, no importe de R$ 680.499,78, do qual o autor do procedimento subtraiu o saldo computado no mês de janeiro, chegando à cifra de R$ 165.563,68, que equivale ao valor tributável apurado como omissão. Enfim, o somatório das parcelas mensais autuadas no trimestre alcança o valor de R$ 680.499,78, que equivale exatamente ao maior saldo credor apresentado no período. Desse modo, o critério de apuração seguido pelo autuante não fugiu ao entendimento da jurisprudência administrativa, ao contrário do que afirma a impugnante. As planilhas apresentadas logo no início do TVF, demonstram que o saldo inicial utilizado para verificação de saldo credor de um dia considerou o saldo credor verificado no dia anterior, o que a nosso ver apura o resultado de acúmulos indevidos, tal como afirmado pela Recorrente. Não merecem guarida o método de cálculo apresentado pela recorrente, quando apresenta as “incorreções” da fiscalização. Principalmente, porque, como dissemos, o método utilizado pela fiscalização depurou a base de valores repetitivos, evitandose acumulo. DA COBRANÇA REFLEXA DE PIS E DA COFINS Presumese que a receita omitida é oriunda de atividades lícitas, das atividades normais da empresa até que se prove o contrário, nesse sentido, de se permitir a incidência dos tributos respectivos. Como bem aponta a r. DRJ: A propósito, o enquadramento legal das incidências das contribuições em questão sobre a omissão apurada, constante dos autos de infração, em nenhum momento invoca o § 1º do art. 3º da Lei nº. 9.718, de 1998, como alega a impugnante, mas, especificamente o § 2º do art. 24 da Lei nº. 9.249, de 1995, com a redação dada pela Medida Provisória nº. 449, de 2008 (convertida na Lei nº. 11.941, de 2009), cujo comando legal é o seguinte: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. [...] § 2º O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, da Contribuição para o PIS/Pasep e das contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita.) Fl. 9226DF CARF MF 10 Por conseguinte, a matriz legal que prevê a hipótese de incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins sobre a receita omitida não é a mesma que alargou a base de cálculo dessas contribuições sobre a receita contabilizada, de modo que a declaração de inconstitucionalidade proclamada pelo STF alcançou tãosomente o § 1º do art. 3º da Lei nº. 9.718, de 1998, não se estendendo ao art. 24 da Lei nº. 9.249, de 1995. Assim, reconhecida a Receita para fins de tributação sobre a renda, impositivo seu reconhecimento para fins de cobrança das contribuições. O decidido, no mérito do IRPJ, repercute na tributação reflexa. Os argumentos apresentados quanto a inconstitucionalidade da base de cálculo do PIS e da Cofins não foram devidamente relacionados aos fatos do caso concreto, motivo pelo qual deixo de conhecelos. DA INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS Recentemente o E. Supremo Tribunal Federal julgou o RE 574.706 na sistemática de Repercussão Geral entendendo pela inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS sujeitandose a decisão ainda a recurso que poderá implicar a modulação de seus efeitos temporais. Entretanto, nos termos da Solução de Consulta RFB 6.012, publicada em 04/04/2017, vinculada à Solução de Consulta Cosit 137 de 2017, o que se verifica é a ausência de solução definitiva do mérito, o que implica, para a Receita Federal do Brasil, ausência de previsão legal que possibilite a exclusão do imposto da base de cálculo das Contribuições para o PIS e COFINS devidas nas operações realizadas no mercado interno, posição à qual se acresce a inexistência, até o presente momento, de Ato Declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional sobre a matéria objeto de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal – Art. 19, II, da Lei 10.522, de 19 de julho de 2002. Ocorre que, à luz do caso concreto, não há sequer comprovação de pagamento de ICMS. A autuação fundamentase na omissão de receitas, e assim sendo, não há como se afirmar que tal receita é oriunda da venda de mercadorias ou que tenha pago o imposto estadual. Como afirmado pela própria recorrente “configuraram tão somente lançamentos promovidos pela contabilidade da Empresa referentes a situações como, por exemplo, recebimento de títulos feito a posteriori ou que foram lançados em bloco na escrituração fiscal da Empresa, sendo que os efetivos pagamentos não teriam ocorrido no mesmo dia”. Não há provas de quais títulos sejam esses, como então descontar valores de ICMS?, Diante da impossibilidade fática e probatória da pretensão verificadas no caso concreto, afasto a pretensão da Recorrente nesse interim. DA MULTA A Recorrente clama ainda a inconstitucionalidade e ilegalidade da multa de 75% aplicada in casu. Ocorre que referida sanção é prevista em Lei válida, vigente e eficaz, não cabendo se falar em ilegalidade. De outro lado, a análise da inconstitucionalidade é vedada a este E. Conselho por disposição expressa do art. 62, caput do RICARF. Não merece guarida, portanto, a pretensão. DOS JUROS Por fim, clama a Recorrente pela ilegalidade da utilização da Taxa Selic para atualização do débito tributário em ofensa ao art. 161, §1º do CTN. Não merece prosperar a pretensão. Dispõe Fl. 9227DF CARF MF Processo nº 10865.720771/201412 Acórdão n.º 1402002.524 S1C4T2 Fl. 6.500 11 referido artigo que “Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês”. Vejamos o que dispõe a legislação: Lei 8.981/1995 Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (Vide Lei nº 9.065, de 1995) Lei 9.065/1995 Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Produção de efeito (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Oras, percebese que a Legislação trouxe a Taxa Selic como referencial de atualização dos tributos federais, motivo que afasta a pretensão da Recorrente em afastála com fulcro no art. 161, §1º do CTN. A única forma de deixar de aplicar a Taxa Selic seria reconhecer sua inconstitucionalidade, ato vedado a este E. Conselho por disposição expressa do art. 62 do Regimento Interno. 3. CONCLUSÃO: Por todo o exposto, votamos por não conhecer quanto às argüições de inconstitucionalidade da norma e negar provimento ao recurso voluntário quanto as demais questões suscitadas mantendose, assim, autuação. É como voto. Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira Relator Fl. 9228DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13005.000856/2010-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 31/03/2007, 30/11/2007
PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. ISENÇÃO. ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA.
Se a legislação tributária previa isenção para a alienação de participação societária em função do tempo de permanência das ações em propriedade do contribuinte, isenção esta sem prazo certo, mas o contribuinte as alienou após a revogação do benefício, a operação realizada não está acobertada pelo favor legal, já que não há direito adquirido a regime jurídico.
ALIENAÇÃO DE AÇÕES. GANHO LÍQUIDO EM RENDA VARIÁVEL. APURAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DECLARAÇÕES DE AJUSTE ANUAL. INSUFICIÊNCIA.
Na apuração do ganho líquido auferido na alienação de ações em operações realizadas em bolsa de valores, é ônus do contribuinte a comprovação do seu custo de aquisição. Para tanto, não é suficiente a alegação de que os valores utilizados como custo vinham sendo historicamente declarados na DIRPF do interessado.
Numero da decisão: 2201-003.895
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Daniel Melo Mendes Bezerra, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 26/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Data do fato gerador: 31/03/2007, 30/11/2007 PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. ISENÇÃO. ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA. Se a legislação tributária previa isenção para a alienação de participação societária em função do tempo de permanência das ações em propriedade do contribuinte, isenção esta sem prazo certo, mas o contribuinte as alienou após a revogação do benefício, a operação realizada não está acobertada pelo favor legal, já que não há direito adquirido a regime jurídico. ALIENAÇÃO DE AÇÕES. GANHO LÍQUIDO EM RENDA VARIÁVEL. APURAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DECLARAÇÕES DE AJUSTE ANUAL. INSUFICIÊNCIA. Na apuração do ganho líquido auferido na alienação de ações em operações realizadas em bolsa de valores, é ônus do contribuinte a comprovação do seu custo de aquisição. Para tanto, não é suficiente a alegação de que os valores utilizados como custo vinham sendo historicamente declarados na DIRPF do interessado.
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ISENÇÃO. ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA. Se a legislação tributária previa isenção para a alienação de participação societária em função do tempo de permanência das ações em propriedade do contribuinte, isenção esta sem prazo certo, mas o contribuinte as alienou após a revogação do benefício, a operação realizada não está acobertada pelo favor legal, já que não há direito adquirido a regime jurídico. ALIENAÇÃO DE AÇÕES. GANHO LÍQUIDO EM RENDA VARIÁVEL. APURAÇÃO. CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DECLARAÇÕES DE AJUSTE ANUAL. INSUFICIÊNCIA. Na apuração do ganho líquido auferido na alienação de ações em operações realizadas em bolsa de valores, é ônus do contribuinte a comprovação do seu custo de aquisição. Para tanto, não é suficiente a alegação de que os valores utilizados como custo vinham sendo historicamente declarados na DIRPF do interessado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Daniel Melo Mendes Bezerra, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 08 56 /2 01 0- 67 Fl. 187DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 26/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 156/166) apresentado em face do Acórdão nº 1042.806 (fls. 142/149), da 4ª Turma da DRJ/POA, que negou provimento à impugnação (fls. 90/101) do sujeito passivo ao auto de infração (fls. 3/5) pelo qual se exige dele Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF tendo por base de cálculo o ganho obtido na alienação de ações. De acordo com o relatório da autoridade fiscal (fls. 6/9), o contribuinte foi selecionado para fiscalização por não ter apresentado o demonstrativo de renda variável no período em que efetuou alienações de ações, que foram informadas nas DIRF apresentadas por Unibanco Investshop Corretora de Valores Mobiliários e Câmbio S.A. e Banrisul S.A. Na ação fiscal, ao verificar a relação de bens e direitos da declaração de ajuste relativas aos exercícios de 2002 e 2003, apresentadas por meio de formulários preenchidos manualmente, constatouse que, ao invés de informar o custo de aquisição das ações, o contribuinte informava o número de ações possuídas. Esse erro foi repetido na declaração de ajuste de 2004, entregue por meio eletrônico, assim como nas declarações dos exercícios subsequentes. Intimado a apresentar o demonstrativo de apuração de ganhos de renda variável acompanhado da documentação comprobatória dos valores utilizados como custo (fls. 80/81), o contribuinte manifestouse (fls. 82/83) alegando que os valores utilizados no cálculo sempre foram informados em suas declarações sem qualquer contestação pelo órgão fazendário. De acordo com a autoridade fiscal, é evidente o erro cometido pelo sujeito passivo ao declarar como valor das ações importância que corresponde exatamente ao número de ações possuídas. Por outro lado, caberia ao interessado a comprovação do custo de aquisição dos bens alienados o que não foi realizado. Na Declaração de Bens e Direitos da DIRPF2008 teriam sido citadas pelo contribuinte as seguintes vendas de ações: 1. Março de 2007, ações da Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga, pelo valor de R$ 72.349,00, sem comprovação do custo de aquisição; Fl. 188DF CARF MF Processo nº 13005.000856/201067 Acórdão n.º 2201003.895 S2C2T1 Fl. 188 3 2. Novembro de 2007, ações do Unibanco, pelo valor de R$ 411.200,00, sem comprovação do custo de aquisição. Tendo em vista os fatos acima sintetizados, foi lavrado auto de infração com crédito tributário total no valor de R$ 146.200,94. O lançamento foi impugnado pelo sujeito passivo (fls. 90/101), o que rendeu ensejo ao Acórdão (fls. 142/149) ora hostilizado, com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Data do fato gerador: 31/03/2007, 30/11/2007 ISENÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, sem que gere direito adquirido ao contribuinte. ALIENAÇÃO DE AÇÕES. ISENÇÃO.As vendas de ações efetuadas por pessoas físicas após 1º de janeiro de 1989 estão sujeitas ao imposto de renda sobre o lucro auferido, ainda que, na data da alienação, a participação societária já conte com mais de cinco anos no domínio do alienante. Inaplicável a isenção contida no artigo. 4º do Decretolei nº 1.510, de 1976, por se encontrar revogada no momento da ocorrência do fato gerador. MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. APLICAÇÃO DE LEI VIGENTE. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. CUSTO DE AQUISIÇÃO. AÇÕES. Na ausência de comprovação do valor de aquisição de ações e, não sendo possível sua determinação pela forma descrita na legislação tributária, será o custo considerado igual a zero. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A ciência dessa decisão ocorreu em 20/03/2013 (fl. 154) e o recurso voluntário foi tempestivamente protocolado em 09/04/2013 (fls. 156/166). Em suas razões de recorrer, o contribuinte alega, em síntese, que: 1. Os ganhos obtidos na alienação das ações que constam desse processo são isentas por força do art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976. As provas da aquisição das ações em datas abarcadas pelas disposições desse decreto seriam as declarações de imposto de renda de 1984, 1985, 1986 e 1987, além de demonstrativos de pagamentos de dividendos dos mesmos anos das empresas Gerdau, Refinaria Ipiranga, Souza Cruz e Banco da Amazônia. Fl. 189DF CARF MF 4 2. Defende que as ações foram compradas ao longo de muitos anos e que já constavam na declaração do ano 2000 pelo valor utilizado como custo de aquisição. No caso das ações da Ipiranga, teria tido prejuízo em alienação anterior na ordem de R$ 8.897.721,79, tendo restado um saldo de 3.200 ações que foram alienadas em março de 2007 por R$ 71.933,13. 3. Quanto ao Unibanco, possuiria as ações há cerca de 30 anos e nos anos calendário de 2001 a 2004 teria informado as 800.000 ações por um custo de aquisição de R$ 800.000,00, de forma que atribuiu a cada ação o valor de R$ 1,00. 4. O contribuinte sempre declarou as ações pelo seu valor e não pela sua quantidade, tendo atribuído a cada uma, especialmente após o plano real, o valor de R$ 1,00, o que não foi questionado pela Receita Federal do Brasil. Com base no exposto, pede que o recurso seja recebido com efeito suspensivo; que seja reconhecida a isenção pleiteada ou, sucessivamente, seja considerado improcedente o lançamento pelo fato de ter sempre declarado as ações pelos valores utilizados por ele na apuração do ganho líquido. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. O recorrente alega, inicialmente, ter direito à isenção de que tratava o já revogado art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976. Quanto a esta matéria, filiome à tese encampada pelo Acórdão nº 9202 003.882, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, relatado pelo Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, cujas conclusões, que adoto como razões de decidir, estão resumidas na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000, 2001 IRPF. PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. AQUISIÇÃO SOBRE OS EFEITOS DA HIPÓTESE DE NÃO INCIDÊNCIA PREVISTOS NO DECRETO 1.510/76. NÃO OCORRÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE NA DATA DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Se a pessoa física titular da participação societária, sob a égide do art. 4°, "d", do DecretoLei 1.510/76, E subseqüentemente ao período de 5 (cinco) anos da aquisição da participação, alienou a, aplicase a legislação vigente na data do fato gerador. Não há direito adquirido à isenção por não ter sido deferida por prazo certo e legislação posterior tornou a alienação tributável, não havendo que se falar em direito adquirido a regime jurídico. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13005.000856/201067 Acórdão n.º 2201003.895 S2C2T1 Fl. 189 5 Recurso especial provido. Merece registro também precedente desta Turma, de onde destaco, do voto condutor do Acórdão nº 2201003.254, do Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira: DAS ISENÇÕES Consta do recurso a alegação da isenção do imposto sobre a renda decorrente de ganho de capital pela alienação das ações em face do direito adquirido pela Contribuinte uma vez que ela possuía as ações da Sadia, objeto da discussão desde 1983, ou seja, antes da revogação do Decreto nº 1.510/76, pela Lei nº 7.713/88. Não se observa tal direito. Não há direito adquirido a regime jurídico. Nesse entido já se pronunciou o Pretório Excelso, quando do julgamento das ADIN's nº 3.105/DF e .128/DF e mais recentemente quando do julgamento das ADC's 29 e 30. O CTN é claro em asseverar que: “Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.” (destaquei) Não há, quanto ao Decreto nº 1.510/76, nenhuma condição para o gozo da isenção, tampouco prazo determinado para a duração do benefício. Ofende a melhor interpretação jurídica a afirmação que a manutenção por um prazo das ações é condição para o gozo da isenção. Tratase de mero interstício temporal, e nunca de um ônus, ou seja, um 'facere', um encargo do contribuinte. Essa é a lição de Luís Eduardo Schoueri (Direito Tributário, Ed. Saravia, 3ª ed. pg. 659: "Em tais casos, entendeu o legislador complementar que seria necessário ter em conta que o contribuinte poderá ter efetuado investimentos contando com o regime excepcional que lhe teria sido assegurado durante aquele intervalo temporal" (destaques não são originais) Durante a vigência do Decreto nº 1.510/76, se houve alienação de participação societária passados 4 anos, 11 meses e 29 dias, haveria incidência tributária. Caso tal alienação se desse após esse interregno, por expressa disposição legal, ocorreria a isenção tributária. Revogado o Decreto, findo o direito. Simples assim. Fl. 191DF CARF MF 6 Aderindo aos argumentos que foram explicitados no voto transcrito, entendo não assistir razão ao recorrente quanto à existência do direito à isenção sobre o ganho obtido na alienação das ações. Por outro lado, o ganho líquido tributável é apurado pela diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição dos bens, sendo ônus do contribuinte a comprovação deste último. Não servem a esse propósito as Declarações de IRPF anteriormente apresentada, pois ela tem cunho declaratório e deve ser suportada pela documentação comprobatória. Quanto a essa matéria, extraise da ementa do Acórdão nº 2101002.551, relatora a Conselheira Nubia Matos Moura, o seguinte excerto: GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DECADÊNCIA. A comprovação do custo de aquisição deve ser demonstrada quando da alienação do imóvel. No ganho de capital, o instituto da decadência indica o prazo que a autoridade fiscal tem para proceder ao lançamento do imposto incidente sobre o corresponde ganho, não havendo que se falar em prazo decadencial para comprovação do custo de aquisição do imóvel alienado. E dos fundamentos desse mesmo Acórdão, por sua pertinência com a matéria tratada neste processo, transcrevo: No que tange ao ganho de capital o contribuinte afirma que em razão do prazo decadencial não estaria obrigado a fazer prova do custo de aquisição da Fazenda Minas de Prata, que foi em parte alienada no anocalendário 2006. O entendimento do recorrente é completamente equivocado. O prazo decadencial, a que se referem os arts. 150, §4º e 173, I, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional (CTN), está voltado para o fato gerador do imposto, posto que os termos iniciais lá mencionados são data do pagamento do tributo ou do lançamento. Ou seja, o instituto da decadência está relacionado ao prazo que a Fazenda Pública tem para exigir o crédito tributário, nesse sentido não há que se falar em homologação tácita de informações prestadas na Declaração de Ajuste Anual (DAA), tais como custo de aquisição de bens. No caso do ganho de capital, cujo rendimento tributável é basicamente a diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição, o fato gerador do imposto ocorre quando da alienação, sendo certo que, ainda que o contribuinte possua o imóvel a vários anos, o custo deve ser demonstrado, sob pena de a autoridade fiscal ficar inclusive autorizada a considerar o custo igual a zero, conforme disposto no art. 16, § 4º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. § 4º O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes Fl. 192DF CARF MF Processo nº 13005.000856/201067 Acórdão n.º 2201003.895 S2C2T1 Fl. 190 7 beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. No processo ora em análise, foi afirmado pela fiscalização e confirmado pela própria defesa que o contribuinte arbitrou um valor para suas ações, atribuindolhes o valor de R$ 1,00 cada. Não há qualquer suporte para esse modo de proceder e os grandes prejuízos supostamente apurados nas alienações são prova da impropriedade do valor atribuído às ações. Deve ser registrado ainda que a glosa ao prejuízo de R$ 8.897.721,79, apurado nas alienações de ações da Ipiranga no anocalendário de 2005, objeto de controvérsia no âmbito do Processo Administrativo Fiscal nº 13005.001515/200894, foi confirmada por decisão desta Turma Ordinária em sessão realizada na mesma data em que se julga este processo. Portanto, inexistente o prejuízo alegado. Ademais, vêse naquele processo, o que também é comprovado pela narrativa apresentada pela defesa, que o contribuinte se apropriou de todo o valor atribuído às ações naquela oportunidade, não tendo restado qualquer custo a ser atribuído a elas na alienação realizada em 2007. Temse assim, na hipótese em questão, que o contribuinte não apresentou qualquer documentação que servisse de comprovação para o custo de aquisição das ações alienadas e, ao falar em "não apresentação de documentação", quero significar que não basta anexar documentos ao processo, sendo necessário que o recorrente lhes dê um significado exato para sua defesa. Na verdade, restou confirmada a suposição da fiscalização de que o contribuinte arbitrou, sponte propria, uma valor fixo para cada ação que detinha, sem qualquer razão econômica ou financeira para tanto. Não comprovado o custo de aquisição e não sendo possível a aplicação de um dos critérios estabelecidos pela legislação para sua apuração, atribuise a ele o valor zero, como fez a fiscalização. Conclusão Em razão do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, no mérito, negarlhe provimento. Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 193DF CARF MF 8 Fl. 194DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 37299.007475/2006-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2000 a 28/02/2005
CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO.
O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado.
Conforme o art. 229, § 2º, do Decreto nº 3.048/99 (RPS/99), a autoridade fiscal possui a prerrogativa de afastar a eficácia do contrato de prestação de serviços e enquadrar os profissionais (sócios das pessoas jurídicas e titulares das firmas individuais) como segurados empregados. Tal possibilidade decorre da competência atribuída ao fiscal para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social.
APLICAÇÃO DE LEI SUPERVENIENTE AO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE CARÁTER INTERPRETATIVO.
Inaplicável o art. 129 da Lei n°. 11.196, de 2005, a fatos geradores pretéritos, uma vez que dito dispositivo legal não possui natureza interpretativa. Incabível a aplicação do art. 106, inciso II, alínea "a", pois a retroatividade benigna diz respeito às infrações e suas penalidades, ao passo que o fato gerador deve seguir as determinações do art. 144 do CTN.
Mesmo após a entrada em vigor do art. 129 da Lei n. 11.196/2005, é possível ao fisco, desde que consiga comprovar a ocorrência da relação de emprego, caracterizar como empregado aquele trabalhador que presta serviço intelectuais com respaldo em contrato firmado entre pessoas jurídicas.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS RECOLHIDA POR PESSOA JURÍDICA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE.
As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA.
Nos lançamentos por homologação, tendo sido antecipado o pagamento e não havendo ocorrência de dolo fraude ou simulação, estão extintos pela decadência os créditos tributários lançados para os quais já se tenha exaurido o lapso temporal de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 2201-003.662
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) reconhecer a decadência nas competências 01 a 11/2000; ii) excluir do lançamento as contribuições previdenciárias oriundas dos levantamentos E10, E13 e E16; iii) deduzir dos valores lançados as contribuições previdenciárias efetivamente pagas pelas pessoas jurídicas contratadas pela RECORRENTE em relação aos seus sócios. Vencidos os Conselheiros Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim (Relator) que negavam quanto à decadência e Carlos Henrique de Oliveira e Ana Cecília Lustosa da Cruz que davam provimento ao recurso em maior extensão. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
Assinado digitalmente
CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO - Redator designado.
EDITADO EM: 09/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2000 a 28/02/2005 CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. Conforme o art. 229, § 2º, do Decreto nº 3.048/99 (RPS/99), a autoridade fiscal possui a prerrogativa de afastar a eficácia do contrato de prestação de serviços e enquadrar os profissionais (sócios das pessoas jurídicas e titulares das firmas individuais) como segurados empregados. Tal possibilidade decorre da competência atribuída ao fiscal para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. APLICAÇÃO DE LEI SUPERVENIENTE AO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE CARÁTER INTERPRETATIVO. Inaplicável o art. 129 da Lei n°. 11.196, de 2005, a fatos geradores pretéritos, uma vez que dito dispositivo legal não possui natureza interpretativa. Incabível a aplicação do art. 106, inciso II, alínea "a", pois a retroatividade benigna diz respeito às infrações e suas penalidades, ao passo que o fato gerador deve seguir as determinações do art. 144 do CTN. Mesmo após a entrada em vigor do art. 129 da Lei n. 11.196/2005, é possível ao fisco, desde que consiga comprovar a ocorrência da relação de emprego, caracterizar como empregado aquele trabalhador que presta serviço intelectuais com respaldo em contrato firmado entre pessoas jurídicas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 29 9. 00 74 75 /2 00 6- 32 Fl. 1772DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.773 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS RECOLHIDA POR PESSOA JURÍDICA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE. As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Nos lançamentos por homologação, tendo sido antecipado o pagamento e não havendo ocorrência de dolo fraude ou simulação, estão extintos pela decadência os créditos tributários lançados para os quais já se tenha exaurido o lapso temporal de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) reconhecer a decadência nas competências 01 a 11/2000; ii) excluir do lançamento as contribuições previdenciárias oriundas dos levantamentos E10, E13 e E16; iii) deduzir dos valores lançados as contribuições previdenciárias efetivamente pagas pelas pessoas jurídicas contratadas pela RECORRENTE em relação aos seus sócios. Vencidos os Conselheiros Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim (Relator) que negavam quanto à decadência e Carlos Henrique de Oliveira e Ana Cecília Lustosa da Cruz que davam provimento ao recurso em maior extensão. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. Assinado digitalmente CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Redator designado. EDITADO EM: 09/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Fl. 1773DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.774 3 Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 1.339/1.373, , assim como de Recurso de Ofício, interpostos contra a DecisãoNotificação DN nº 21.038/0162/2006, de fls. 1.316/1.326, que julgou procedente em parte a NFLD nº 35.753.8226, lavrada em 30/11/2005, que constituiu crédito tributário relativo a contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração de empregados cujo vínculo foi atribuído diretamente à fiscalizada, no período de 01/2000 a 02/2005, tendo resultado na constituição do crédito tributário de R$ 2.268.621,52 (fls. 24/403) O presente processo foi apreciado pela 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento deste CARF, que converteu o julgamento em diligência (fls. 1.579/1.584): Sendo assim, transcrevo o relatório da Resolução nº 2301000.532, proferida naquela ocasião, por bem definir o litígio: "A autoridade fiscal considerou como empregados da recorrente aqueles profissionais, sócios de pessoas jurídicas e titulares de firmas individuais, cujo trabalho exercido preenche todos os requisitos para configuração da qualidade de empregado contidos no art. 3° da Consolidação das Leis do Trabalho. No período de 01/2000 a 12/2001 os fatos geradores referemse à empresa Svedala que foi incorporada pela Metso. Foi realizada uma análise individual dos 31 trabalhadores de modo a enquadrar, caso a caso, nos requisitos para caracterização da relação de emprego. Analisando os contratos anexados aos autos, a fiscalização anotou no Relatório Fiscal que foram preenchidos os requisitos para a caracterização de empregado. Reproduzimos a seguir o relato fiscal de fls. 424 (vol. 1) [fl. 446]: '10.3 Observase em várias cláusulas contratuais nos contratos de prestação de serviços (cópias anexas) a obrigação do contratado em cumprir determinadas rotinas, demonstrando a subordinação jurídica dos serviços prestados, destacandose: • O prestador dever emitir relatórios em impresso da METSO/SVEDALA; • Em algumas situações o contratado deve realizar contato imediato com a contratante; • O pagamento é realizado em dia certo, normalmente, no mês seguinte a prestação dos serviços; (...) Fl. 1774DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.775 4 • O pagamento de despesas de viagens do contratado segue as normas internas da empresa; • Na prestação dos serviços a decisão final de como proceder é sempre da empresa contratante. 10.4 A subordinação jurídica destes trabalhadores para com a Contratante também é identificada nos documentos relativos à prestação de contas de despesas (cópias anexa). Os contratados preenchem relatórios de despesas, anexando recibos e notas fiscais, estas emitidas em nome da contratante, sendo que esses relatórios são aprovados por funcionários da METSO/SVEDALA. Observase, ainda, que há até valores pagos a título de adiantamento de viagem. Procedimento esse que é normal para empregados da empresa, e não para prestadores de serviços terceirizados. 10.5 Ainda, a maioria dos cargos exercidos fazem parte da estrutura organizacional da empresa e, conseqüentemente, as atividades desempenhadas estão subordinadas à política administrativaprodutivo/econômica da Metso Indústria e Comércio Ltda. 10.6 Nas prestações de contas de despesas (cópias anexas por amostragem), fica evidenciado o nome da pessoa que prestou o serviço. Observase que tais empresas foram contratadas visando à pessoa do sócio identificada em cada contrato, caracterizando assim, a pessoalidade. 10.7 Através do sistemas informatizados da Previdência Social, a pessoalidade também é verificada pela ausência de empregados nas empresas prestadores de serviços; 10.8 Quanto à onerosidade, no contrato ficou pactuada uma remuneração, que em muitos casos é pago conforme as horas trabalhadas no mês. Essa característica também pode ser observada nos lançamentos contábeis (Relatório Fato Gerador). 10.9 As notas fiscais emitidas em seqüência numérica, em ordem cronológica, atestam a nãoeventualidade na prestação de serviço. Em diversos casos o prestador de serviços somente emitiu nota fiscal contra a METSO/SVEDALA, por longo período de tempo (anos até) como pode ser constado no relatório fato gerador (anexo), através dos lançamentos contábeis. Esse requisito também pode ser observado pelas características dos serviços prestados, haja vista a necessidade sistemática da empresa nesses tipos de serviços, fazendo parte da atividade normal da empresa.' A autoridade fiscal citou o Parecer/CJ 1652/99 que tratou da descaracterização de microempresário quando presentes os elementos constituintes da relação empregatícia e afirmou que a desconsideração da personalidade jurídica no caso não desconstituiu a pessoa jurídica, mas apenas tomou a realidade fática da execução do serviço. Fl. 1775DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.776 5 Após tomar ciência pessoal da autuação em 01/12/2005, fls. 01, a recorrente apresentou impugnação, fls. 793/826 (vol. 2) [fls. 838/871] na qual, além de apresentar idênticos argumentos jurídicos do recurso voluntário, reclamou de excesso no lançamento conforme planilha que anexou. A DRFSorocaba determinou a realização de diligências, fls. 989, para que a autoridade fiscal verificasse uma das alegações da então impugnante. Como resultado da diligência, a autoridade fiscal informou que de fato havia considerado algumas notas fiscais em duplicidade, fls. 995 [fl. 1.042]. Na DecisãoNotificação de fls. 254/264 [fls. 1.316/1.325], a DRP/Sorocaba acatou o resultado da diligência para reduzir a base de cálculo e nos demais aspectos do fato gerador manteve o lançamento, afastando os argumentos da recorrente, sendo que esta foi cientificada do decisório em 31/07/2006, fls. 1281. O Recurso Voluntário foi apresentado em 30/08/2006, fls. 1.292/1.326 [fls. 1.339/1.373] com os argumentos que resumimos a seguir. Argumenta que seria necessária a intimação das 31 empresas contratadas, pois têm direitos ou interesses que podem ser afetados pela decisão a ser adotada. Nesses casos, conforme art. 9º, inciso I da Lei 9.784/99, os interessados devem ser intimados. Deixar as empresas fora da discussão seria atentar contra o devido processo legal. Assim, requer a intimação pessoal das empresas e de seus sócios. Pleiteia a exclusão do lançamento de fatos geradores atingidos pela decadência, tendo esta prazo de cinco anos e dies a quo aquele do art. 150, §4º do CTN. Entende que a NFLD descumpriu diversos requisitos legais, pois não houve uma descrição clara e precisa dos fatos geradores, tão somente argumentos vagos e imprecisos. O lançamento não estaria fundado em provas de que teria havido simulação ou fraude. Salientou que todas as empresas contratadas estão regularmente inscritas no CNPJ e os contratos de prestação de serviços não padecem de nenhum vício; os serviços prestados possuem nota fiscal e os tributos respectivos foram recolhidos; não há nem houve qualquer reclamação trabalhista vitoriosa. Insiste que se houve fraude, esta devia estar demonstrada por provas claras, precisas e indubitáveis. Argumenta que somente o Poder Judiciário pode desconsiderar a personalidade jurídica e a lei ordinária exigida pelo parágrafo único do art. 116 do CTN ainda não existe. Assim, há afronta à legalidade e mesmo os requisitos da IN 11/1998 não foram obedecidos. Fl. 1776DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.777 6 Sustenta que a fiscalização não tem competência para declarar a relação empregatícia, pois somente a Justiça do Trabalho pode fazêlo, segundo determinação constitucional. Além de serem vedados pela lei, os procedimentos adotados ferem os princípios da legalidade, do ato jurídico perfeito e da liberdade de contratar. Ainda que se admitisse a competência dos agentes fiscais para reconhecer a relação de emprego, não há no caso os elementos constitutivos de tal relação, especialmente a subordinação. A subordinação exigida para caracterizar a relação de emprego seria situação fáticojurídica na qual o empregado, por força do contrato, submetese ao poder de mando do empregador. Deve atender à suas ordens e mandamentos, sob pena de rescisão do vínculo. É subordinação distinta da subordinação técnica que corresponde à obediência de normas técnicas especificas da empresa. Não se confundem, pois, já que esta última existe apenas para manter a qualidade e o nível técnico do produto ou serviço. Insiste que a prestação de serviços sob coordenação não gera relação de emprego, é imprescindível a subordinação total, inclusive com o poder de punir, o que não ocorre nos contratos em análise. No caso dos autos haveria apenas rigor técnico e não subordinação. Ressalta que mantido o atual estado de coisas, estará caracterizado o bis in idem, pois em decorrência do mesmo fato gerador, serão recolhidos tributos diversos e incompatíveis entre si. Pretende a aplicação do art. 129 da Lei 11.196/2005 que, segundo entende, teria determinado que as pessoas jurídicas prestadoras de serviços sejam tratadas como tais pelo fisco. Esclarece que a NFLD foi entregue após a publicação da referida Lei. Se assim não fosse, a aplicação retroativa estaria autorizada pelo art. 106 do CTN. Essa Turma, analisando o recurso voluntário proferiu a seguinte decisão [fls. 1.429/1.453]: 'Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos para [sic] provimento parcial para reconhecer a decadência de parte do período com base artigo 150, §4° do CTN até o mês de início da fiscalização, vencidos os conselheiros Julio César Vieira Gomes e Bernadete de Oliveira Barros que aplicavam o artigo 173, I; e para o período subseqüente, por voto de qualidade, a aplicação do artigo 173, I do CTN, vencidos os conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Edgar Silva Vidal e Adriano Gonzáles Silvério que mantiveram a aplicação do artigo 150, §4°. No mérito, por maioria de votos, mantidos os demais valores, vencido o conselheiro Damião Cordeiro de Moraes. Quanto às outras preliminares, por maioria de votos, entendeu se desnecessária a intimação dos prestadores de serviços, vencidos os conselheiros Damião Cordeiro de Moraes e Edgar Silva Vidal e, por unanimidade de votos, rejeitadas as demais preliminares.' Fl. 1777DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.778 7 A Metso opôs embargos de declaração alegando que o resultado proclamado no momento da sessão de 01/12/2010 não é aquele registrado em ata e no dispositivo do Acórdão. Essa Turma acolheu os embargos e anulou o [acórdão nº] 2301 001.735 e todos os atos posteriores." DA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA Ao analisar o Recurso Voluntário da RECORRENTE, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção deste CARF, entendeu que seria necessária uma análise mais detalhada acerca dos recolhimentos das contribuições previdenciárias no período autuado, para saber se houve pagamento antecipado de forma a atrair a regra decadencial do art. 150, § 4º do CTN. Neste sentido, converteu o julgamento em diligência "a fim de que a autoridade fiscal informe nos autos, anexando documentos hábeis para tanto, se houve recolhimento no CNPJ 43.939.271/000110 a título de contribuições previdenciárias parte patronal (empresa, SAT e Terceiros)" (fls. 1.579/1.584). Consequentemente, a RECORRENTE foi intimada a apresentar cópias das GPS relativas ao período de 01/2000 a 02/2005, bem como as cópias das GPS, relativas ao período de 01/2000 a 12/2001, referente ao CNPJ 50.600.162/000139 (SVEDALA LTDA), conforme Termo de fl. 1.589. Em cumprimento à intimação acima, a RECORRENTE acostou aos autos as guias solicitadas (fls. 1.619/1.756). De posse da documentação acostada aos autos, a autoridade fiscal emitiu a Informação Fiscal de fl. 1.757 atestando que a RECORRENTE "apresentou as GPS, período 01/2000 a 02/2005, referentes ao CNPJ 43.939.271/000110 e, período 01/2000 a 12/2001, referentes ao CNPJ 50.600.162/000139" e que tais guias "referemse a contribuições previdenciárias devidas pela empresa relativas à parte da empresa, SAT e Terceiros e à parte dos empregados". Intimada para se manifestar, a RECORRENTE afirmou que, em vista dos recolhimentos, a contagem do prazo decadencial dáse na forma disciplinada no art. 150, § 4º, do CTN. Assim, requereu a extinção do crédito tributário anterior a dezembro de 2000 (fls. 1.765/1.766). Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Vencido Fl. 1778DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.779 8 Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. Do Recurso de Ofício Em face do acórdão proferido pela DRP de Sorocaba/SP houve Recurso de Ofício, uma vez que foi acatado o resultado da diligência realizada ainda em primeira instância para reduzir a base de cálculo apurada inicialmente ante a constatação de que algumas notas fiscais foram lançadas em duplicidade (fl. 1.042). Neste sentido, o acórdão de primeira instância retificou o débito cobrado de modo a considerar o valor correto da base de cálculo apurada pela diligência (fls. 1.316/1.325). Preliminarmente devo apontar que o recurso de ofício não preenche condições de admissibilidade, posto que, não atinge o valor de alçada, hoje fixado em R$ 2.500.000,00 pela Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, tendo em vista que o valor excluído da base de cálculo foi de R$ 64.881,70 em julho de 2006 (data do acórdão recorrido). Considerando que tal valor de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso de ofício, consoante as disposições da Súmula CARF nº 103, não conheço do recurso de ofício interposto. Desnecessidade de intimação das 31 empresas contratadas Em princípio, a RECORRENTE afirma que seria necessária a intimação das 31 empresas prestadoras de serviços contratadas, haja vista o interesse na presente causa. Contudo, não compartilho do mesmo entendimento da RECORRENTE. É que o presente processo tem por objeto créditos previdenciários parte patronal oriundos de relação de emprego constata entre a RECORRENTE e os sócios/titulares das prestadoras de serviços contratadas. Ressaltese que não houve desconsideração das pessoas jurídicas, mas sim a formação de vínculo de emprego, o que, consequentemente, gerou a cobrança de créditos previdenciários incidentes sobre o saláriocontribuição pago. Ao contratar irregularmente empregados com o arcabouço de pessoa jurídica, a contribuinte assume o ônus de ter os valores pagos para pessoas jurídicas utilizados como salário de contribuição, posto que é o pagamento constante da contabilidade como efetivamente pago. Portanto, o objeto do processo decorre de uma relação da RECORRENTE com a UNIÃO e não da UNIÃO com as empresas prestadoras de serviços. Suposta nulidade por ausência dos requisitos legais do lançamento Fl. 1779DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.780 9 Alega o RECORRENTE que o lançamento seria nulo por descumprir os requisitos legais, na medida que não teria havido uma descrição clara e precisa dos fatos geradores. Contudo, entendo que não deve prosperar tal alegação de nulidade, na medida em que não foram apontados vícios relacionados ao ato de constituição do crédito tributário especificados no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, nem qualquer afronta ao art. 142 do CTN, quais sejam: Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Conforme acima exposto, o lançamento não se encontra eivado de vícios. Tanto que a RECORRENTE, em sua defesa, rebateu os fatos descritos pela autoridade lançadora, demonstrando entender perfeitamente as acusações que lhes foram imputadas. Da leitura do Relatório da NFLD verificase de forma clara a razão e os fundamentos utilizados pela autoridade fiscal para demonstrar a dissimulação da contratação de pessoas jurídicas e a caracterização da relação empregatícia existente entre as partes. A autoridade fiscal demonstra a existência dos requisitos de contrato de emprego nos contratos de prestação de serviço e traz os elementos motivadores do lançamento, que é uma consequência lógica da constatação dos fatos, pois é dever da autoridade fiscal efetuar o lançamento para exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. Portanto, não merecem prosperar esses argumentos da RECORRENTE Desconsideração da personalidade jurídica como prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário e inexistência da Lei Ordinária exigida pelo art. 116, parágrafo único, do CTN Acerca da argumentação da RECORRENTE, de que somente o Poder Judiciário pode desconsiderar a personalidade jurídica, é preciso esclarecer que, no caso, não Fl. 1780DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.781 10 houve tal desconsideração, mas sim uma análise da situação fática envolvendo a relação empregatícia entre a RECORRENTE e os profissionais sócios das empresas contratadas para prestar serviços. Conforme adiante demonstrado, por preencher os requisitos da relação de emprego, a autoridade fiscal exerceu a sua prerrogativa de afastar a eficácia do contrato dissimulado de prestação de serviços e enquadrar os profissionais (sócios das pessoas jurídicas e titulares das firmas individuais) como segurados empregados. Como consequência lógica da caracterização da relação de emprego, houve a exigência das contribuições incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados. Portanto, ao contrário do que defende a RECORRENTE, não houve a desconsideração de qualquer pessoa jurídica envolvida, mas sim a constatação de uma relação empregatícia envolvendo a RECORRENTE e o sócio/titular de pessoa jurídica por ela contratada. Sendo assim, não houve invasão de competência exclusiva do Poder Judiciário. Ademais, não há que se falar em regulamentação do art. 116 do CTN para que a autoridade lançadora efetue lançamento sobre atos considerados dissimulados. É que a permissão legal que a autoridade fiscal tem para realizar lançamento sobre atos dissimulados decorre da combinação do art. 116, parágrafo único, com o art. 149, VII, ambos do CTN, abaixo transcritos: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; A autoridade fiscal apresentou no Relatório Fiscal diversos argumentos que convergem para a constatação de que houve a contratação de pessoas físicas por interposta empresa e demonstrou a existência dos elementos caracterizadores da relação de emprego. Fl. 1781DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.782 11 Assim, constatou a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica. Portanto, não merece prosperar a alegação de nulidade apresentada pela RECORRENTE, pois perfeitamente possível a realização de lançamento de atos dissimulados, com base no art. 116 c/c o art. 149, VII, do CTN. Da decadência parcial A RECORRENTE defende a aplicação da decadência, com fulcro no art. 150 §4º, do CTN, em relação aos créditos cujos fatos geradores ocorreram antes de 12/2000, já que o lançamento teria sido realizado em 01/12/2005 (fl. 24) e houve recolhimento da exação no período fiscalizado. Assim, requereu a extinção dos créditos relativos ao período de 01/2000 a 11/2000. Para o bom emprego do instituto da decadência previsto no CTN é preciso verificar o dies a quo do prazo decadencial de 5 (cinco) anos aplicável ao caso: se é o estabelecido pelo art. 150, §4º ou pelo art. 173, I, ambos do CTN. Em 12 de agosto de 2009, o Superior Tribunal de Justiça – STJ julgou o Recurso Especial nº 973.733SC (2007/01769940), com acórdão submetido ao regime do art. 543C do antigo CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), da relatoria do Ministro Luiz Fux, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fl. 1782DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.783 12 Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Portanto, sempre que o contribuinte efetue o pagamento antecipado, o prazo decadencial se encerra depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador, conforme regra do art. 150, § 4º, CTN. Na ausência de pagamento antecipado ou nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, o lustro decadencial para constituir o crédito tributário é contado do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, CTN. Por ter sido sob a sistemática do art. 543C do antigo CPC, a decisão do STJ acima deve ser observada por este CARF, nos termos do art. 61, §2º, do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015): § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria Fl. 1783DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.784 13 infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No caso concreto, os créditos previdenciários lançados decorrem de infração à lei tributária pois, conforme detalhado no relatório, a fiscalização entendeu que a RECORRENTE teria firmado contratos de prestação de serviços com diversas PJs quando, na verdade, a finalidade das contratações eram os profissionais, sócios das pessoas jurídicas e titulares das firmas individuais, que foram considerados como empregados por preencherem todos os requisitos do art. 3º da CLT. Neste sentido, conforme acima exposto, nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial para constituir o crédito tributário é contado nos termos do art. 173, I, CTN. Tendo em vista que o presente lançamento decorre da simulação apontada pela fiscalização (que, inclusive, culminou com o lançamento dos créditos previdenciários decorrentes da relação empregatícia), aplicase ao caso concreto o art. 173, I, do CTN, no sentido de que o prazo decadencial contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, sendo certo que este corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível. O presente lançamento é relativo ao período compreendido entre 01/2000 a 02/2005. Assim, aplicandose a regra do art. 173, I, do CTN, entendo que não estão extintos pela decadência quaisquer créditos objeto do presente lançamento, tendo em vista que a RECORRENTE tomou ciência do lançamento em 01/12/2005 (fl. 24), enquanto os créditos tributários do período mais remoto poderiam ser constituídos até o dia 31/12/2005. Caracterização de contrato de trabalho. Lançamento dos créditos previdenciários sobre remuneração paga a segurado empregado. Conforme relatado, a fiscalização realizou o levantamento individual das contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas pagas a 31 trabalhadores, contratados mediante contrato de prestação de serviços firmados através de PJs, por entender que houve a caracterização do contrato de trabalho. A RECORRENTE se defende sob o argumento de que as empresas contratadas estão regulares perante o CNPJ e os contratos de prestação de serviços não padecem de nenhum vício. Afirma, também, que os serviços prestados possuem nota fiscal e os tributos respectivos foram recolhidos. Com isso, entende que a autoridade lançadora não cumpriu o seu ônus de provar suas alegações. Ademais, sustenta a RECORRENTE que a fiscalização não tem competência para declarar a relação empregatícia, pois somente a Justiça do Trabalho pode fazêlo. Neste ponto, afirma que não houve qualquer reclamação trabalhista vitoriosa, de modo que os profissionais não podem ser considerados seus empregados. Fl. 1784DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.785 14 Sobre o tema, necessário esclarecer que, para o direito, o que vale não é a nomenclatura dada ao negócio jurídico, ou até mesmo a formalidade que o reveste. O que importa mesmo é a situação fática que envolve a realidade de determinado negócio jurídico, ou seja, a sua finalidade. Sendo assim, ao verificar que a contratação de pessoa jurídica possui, na realidade, as características de uma relação empregatícia, a autoridade fiscal possui a prerrogativa de afastar a eficácia do contrato de prestação de serviços e enquadrar os profissionais (sócios das pessoas jurídicas e titulares das firmas individuais) como segurados empregados. Tal possibilidade decorre da competência atribuída ao fiscal para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. Neste sentido, transcrevo o art. 229, § 2º, do Decreto nº 3.048/99 (RPS/99): Art. 229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: (...) § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. O art. 9º, I, do RPS/99 (cuja matriz legal é o art. 12, I, da Lei nº 8.212/91) possui, em sua alínea “a” a seguinte redação: Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; A possibilidade da autoridade lançadora poder desconsiderar determinado negócio jurídico dissimulado, ante a constatação da ocorrência da relação empregatícia, decorre do princípio da primazia da realidade, que consiste em atribuir maior relevância a realização dos fatos do que os contratos formais. Ao verificar a ocorrência da relação empregatícia, é dever da autoridade fiscal exigir as contribuições previdenciárias incidentes sobre remuneração paga a segurado empregado, sob pena de responsabilidade funcional, conforme dispõe o parágrafo único do art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Fl. 1785DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.786 15 Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Portanto, não merece prosperar o argumento da RECORRENTE de que somente a Justiça do Trabalho é que teria competência para declarar a relação empregatícia, pois, como visto, a autoridade fiscal tem autonomia para desconsiderar atos dissimulados com a finalidade de enquadrar o trabalhador como segurado empregado para fins de exigência das contribuições devidas. Reiterese que, quando for constatada tal caracterização da relação de emprego, a autoridade fiscal tem o dever de exigir os créditos previdenciários. Também pelo motivo acima entendo que a improcedência de eventual reclamação trabalhista interposta em face da RECORRENTE não tem o condão de afastar o vínculo constatado pela autoridade fiscal para efeitos previdenciários, pois aqui o objeto é uma relação da RECORRENTE com a UNIÃO, regida por normas de direito público, que não podem ser modificadas, afastadas ou alteradas pela vontade das partes. Neste sentido, válido citar julgado recente da CSRF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. FALTA DE JUNTADA PELO FISCO DE PROVA. APRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS POR AMOSTRAGEM. AUSÊNCIA DE NULIDADE Não deve ser aceita como causa de nulidade a alegação de que o fisco descreveu em seu relato apenas por amostragem as situações que seriam suficientes à conclusão de ocorrência dos fatos geradores, principalmente quando deixa claro a autoridade fiscal que os contratos apresentavam um padrão. CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. (...) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS RECOLHIDA POR PESSOA JURÍDICA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE. As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. Fl. 1786DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.787 16 (Acórdão nº 9202004.641; 2ª Turma da CSRF; Sessão de 23/11/2016) Sobre as características da relação de emprego, o art. 3º da CLT dispõe o seguinte: Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. De acordo com os ensinamentos de Alice Monteiro de Barros (Curso de Direito do Trabalho, 8. Ed, São Paulo: LTr, 2012, p. 185), o contrato de trabalho é o acordo expresso ou tácito por meio do qual o empregado se compromete a executar, pessoalmente, em favor do empregador um serviço de natureza não eventual, mediante salário e subordinação jurídica. A mesma autora afirma que a nota típica dos contratos de trabalho é a subordinação jurídica, pois é ele que irá distinguir este tipo de contrato dos demais que lhe são afins. Nas palavras de Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do Trabalho, 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 295/296), o elemento “subordinação” interpretase sob a ótica essencialmente objetiva, devendo considerar que “a intenção da lei é se referir à ideia de subordinação quando utiliza o verbete dependência na definição celetista de empregado. Para o consistente operador jurídico onde a CLT escreve ... sob a dependência deste devese interpretar ‘mediante subordinação’”. Assim, com base na legislação, foram estabelecidos quatro requisitos para a constatação da relação de emprego, os quais devem necessariamente estar presentes nos contratos: não eventualidade, pessoalidade, onerosidade e subordinação. Presentes esses quatro requisitos, temse a existência de uma relação empregatícia com todos os direitos e deveres dela decorrentes. No presente caso, consta no item 10 do Relatório da NFLD (fls. 431/450) os diversos motivos que ensejaram o lançamento do crédito tributário objeto do presente processo, os quais reproduzo abaixo: '10.3 Observase em várias cláusulas contratuais nos contratos de prestação de serviços (cópias anexas) a obrigação do contratado em cumprir determinadas rotinas, demonstrando a subordinação jurídica dos serviços prestados, destacandose: • O prestador dever emitir relatórios em impresso da METSO/SVEDALA; • Em algumas situações o contratado deve realizar contato imediato com a contratante; • O pagamento é realizado em dia certo, normalmente, no mês seguinte a prestação dos serviços; (...) • O pagamento de despesas de viagens do contratado segue as normas internas da empresa; Fl. 1787DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.788 17 • Na prestação dos serviços a decisão final de como proceder é sempre da empresa contratante. 10.4 A subordinação jurídica destes trabalhadores para com a Contratante também é identificada nos documentos relativos à prestação de contas de despesas (cópias anexa). Os contratados preenchem relatórios de despesas, anexando recibos e notas fiscais, estas emitidas em nome da contratante, sendo que esses relatórios são aprovados por funcionários da METSO/SVEDALA. Observase, ainda, que há até valores pagos a título de adiantamento de viagem. Procedimento esse que é normal para empregados da empresa, e não para prestadores de serviços terceirizados. 10.5 Ainda, a maioria dos cargos exercidos fazem parte da estrutura organizacional da empresa e, conseqüentemente, as atividades desempenhadas estão subordinadas à política administrativaprodutivo/econômica da Metso Indústria e Comércio Ltda. 10.6 Nas prestações de contas de despesas (cópias anexas por amostragem), fica evidenciado o nome da pessoa que prestou o serviço. Observase que tais empresas foram contratadas visando à pessoa do sócio identificada em cada contrato, caracterizando assim, a pessoalidade. 10.7 Através do sistemas informatizados da Previdência Social, a pessoalidade também é verificada pela ausência de empregados nas empresas prestadores de serviços; 10.8 Quanto à onerosidade, no contrato ficou pactuada uma remuneração, que em muitos casos é pago conforme as horas trabalhadas no mês. Essa característica também pode ser observada nos lançamentos contábeis (Relatório Fato Gerador). 10.9 As notas fiscais emitidas em seqüência numérica, em ordem cronológica, atestam a nãoeventualidade na prestação de serviço. Em diversos casos o prestador de serviços somente emitiu nota fiscal contra a METSO/SVEDALA, por longo período de tempo (anos até) como pode ser constado no relatório fato gerador (anexo), através dos lançamentos contábeis. Esse requisito também pode ser observado pelas características dos serviços prestados, haja vista a necessidade sistemática da empresa nesses tipos de serviços, fazendo parte da atividade normal da empresa.' Os contratos encontramse acostados às fls. 452/610. A não eventualidade na prestação de serviços ficou evidenciada pela emissão de notas fiscais em sequência numérica, em ordem cronológica. A documentação acostada às fls. 923/1.013 dos autos é um exemplo evidente da sequência numérica das notas fiscais emitidas pelos prestadores de serviços. A autoridade fiscal atesta ainda que, em diversos casos, o prestador de serviços somente emitiu nota fiscal contra a METSO/SVEDALA, por longo período de tempo. Fl. 1788DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.789 18 Do exposto no Relatório da NFLD, percebese que o requisito da pessoalidade se encontra presente em todos os contratos de prestação de serviços analisados, na medida em que tais empresas foram contratadas visando à pessoa do sócio identificada em cada contrato. Esta situação fica evidente quando a autoridade fiscal faz a afirmação de que, através de pesquisa nos sistemas informatizados da Previdência Social, verificou a ausência de empregados nas empresas prestadoras de serviços. A onerosidade se revela ante o pagamento acertado da remuneração prevista nos contratos. Ou seja, a prestação do serviço não se deu de forma gratuita. No item 09 do Relatório da NFLD há um breve relatório das cláusulas existentes nos contratos de prestação de serviço objeto do presente processo. Neste ponto, é possível observar a forma de remuneração de todos os contratos. Ademais, mencionado item do Relatório da NFLD expõe uma cláusula que é comum em quase todos os contratos de prestação de serviços firmados pela RECORRENTE, cujo teor transcrevo abaixo: “Ao prestar serviços objeto deste contrato a CONTRATADA usará seu melhor entendimento e julgamento, mas a decisão final de como proceder será sempre da CONTRATANTE.” Além disso, a autoridade fiscal apontou outras características reveladoras de uma subordinação, quais sejam: (i) o fato de o contratado dever emitir relatórios em impresso da METSO/SVEDALA; (ii) em algumas situações o contratado deve realizar contato imediato com a contratante; (iii) o pagamento é realizado em dia certo, normalmente, no mês seguinte a prestação dos serviços; e (iv) o pagamento de despesas de viagens do contratado segue as normas internas da empresa. Ao tratar de conceito e caracterização da subordinação na relação empregatícia, Maurício Godinho Delgado leciona o seguinte (Curso de Direito do Trabalho, 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 295): “A subordinação corresponde ao polo antitético e combinado do poder de direção existente no contexto da relação de emprego. Consiste, assim, na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela qual o empregado comprometese a acolher o poder de direção empresarial no modo de realização de sua prestação de serviços. Traduzse, em suma, na ‘situação em que se encontra o trabalhador, decorrente da limitação contratual da autonomia de sua vontade, para o fim de transferir ao empregador o poder de direção sobre a atividade que desempenhará’ Como se percebe, no Direito do Trabalho a subordinação é encarada sob o prisma objetivo: ela atua sobre o modo de realização da prestação e não sobre a pessoa do trabalhador.” Ora, de acordo com as lições acima, a subordinação fica evidenciada quando o modo de realizar a prestação dos serviços não decorre da autonomia da vontade do empregado, mas sim da orientação proveniente do empregador, que detém o poder de direção sobre a atividade que o empregado desempenhará. Fl. 1789DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.790 19 Portanto, a mencionada cláusula existente na grande maioria dos contratos de prestação de serviços (“Ao prestar serviços objeto deste contrato a CONTRATADA usará seu melhor entendimento e julgamento, mas a decisão final de como proceder será sempre da CONTRATANTE.”) é uma forte evidência da subordinação existente entre a RECORRENTE e a contratada, pois fica nítido que a RECORRENTE detém o poder de direção sobre o modo de realização da atividade desempenhada pelo contratado. De todos os 31 contratos objeto do presente processo, apenas 04 não possuem a referida cláusula acima descrita, são eles: Levantamento E05: BENGT HANS SANDELL (fls. 469/471); Levantamento E10: RONALDO MAIA (fls. 492/498); Levantamento E13: ODAIR VALÉRIO (fls. 507/509); e Levantamento E16: RUDINEI FLORINDO DE FARIA (fls. 525/532). Dos contratos acima mencionado, entendo que apenas o de Bengt Hans Sandell (Levantamento E05 – Sandell Assistencia Técnica S/C LTDA. ME) possui indícios de subordinação. Não pelas cláusulas do contrato em sim, mas sim pelo fato de o profissional ter sido empregado da RECORRENTE quando da celebração do contrato de prestação de serviços. Conforme consta na fl. 471, o contrato de prestação de serviços com a Sandell Assistencia Técnica S/C LTDA. ME foi celebrado em 01/10/2001, ao passo que o sócio da referida contratante (Bengt Hans Sandell) teve o seu contrato rescindido com a RECORRENTE em 15/10/2001 (fl. 611), o que denota a permanência da subordinação entre as partes. Esse fato aliado às outras questões já apresentadas (pessoalidade, não habitualidade, etc.) convergem para o entendimento de que a relação entre a RECORRENTE e Bengt Hans Sandell era de emprego no período fiscalizado. Por outro lado, os contratos de Ronaldo Maia (Levantamento E10 – Aliança Serviços de Microfilmagem e Arquivos S/C LTDA.), de Odair Valério (Levantamento E13) e de Rudinei Florindo de Faria (Levantamento E16 – SERMANS EPP) não possuem a evidência de subordinação entre as partes. Portanto, deve ser excluído o lançamento decorrente dos três levantamentos E10, E13 e E16. Por tudo exposto, entendo que, ao contrário do que defende a RECORRENTE, a autoridade lançadora demonstrou e fundamentou as suas razões para caracterizar a relação de emprego existente com os sócios/titulares das empresas contratadas, devendo ser mantido o lançamento, exceto em relação aos levantamentos E10, E13 e E16. Do Bis in idem Sustenta a RECORRENTE que “as 31 contratantes em causa na NFLD aderiram ao "SIMPLES", tendo recolhido pequeno valor de tributos. Mas independente dos valores, eles foram recolhidos, ou compensados, como demonstram os documentos anexos”. Fl. 1790DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.791 20 Conforme exposto, a CSRF já decidiu que as contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. Válido transcrever novamente o trecho da ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 (...) CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. (...) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS RECOLHIDA POR PESSOA JURÍDICA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE. As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. (Acórdão nº 9202004.641; 2ª Turma da CSRF; Sessão de 23/11/2016) Assim, entendo ser legítimo o pleito de abatimento das contribuições sociais pagas pelas pessoas jurídicas prestadoras de serviços contratadas pela RECORRENTE, cujos sócios/titulares tiveram reconhecida a relação empregatícia com a RECORRENTE. Desta forma, entendo que somente as contribuições previdenciárias comprovadamente pagas pelas pessoas jurídicas em relação ao seu respectivo sócio (que prestou serviço para a RECORRENTE) deverão ser deduzidas dos valores lançados no presente auto de infração. Por outro lado, em relação aos valores recolhidos pelas empresas prestadoras sob a sistemática do SIMPLES, entendo que a restituição deles deve ser efetuada através de pedido de restituição próprio por cada pessoa jurídica pois, conforme exposto, não houve a desconsideração da personalidade jurídica das empresas, de modo que permanece legítima a cobrança de tributos sobre suas receitas através do SIMPLES. Da aplicação do art. 129 da Lei 11.196/2005 Fl. 1791DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.792 21 Por fim, a RECORRENTE pleiteia a aplicação do art. 129 da Lei 11.196/2005 que, segundo entende, teria determinado que as pessoas jurídicas prestadoras de serviços sejam tratadas como tais pelo fisco. É a redação do dispositivo: Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. No entanto, a Lei nº 11.196/2005 foi publicada em 22/11/2005 ao passo que os fatos geradores objeto da fiscalização são do período de 01/2000 a 02/2005. Portanto, é inaplicável a referida lei, pois os fatos em análise são pretéritos à sua vigência legal. O que legitimaria a retroatividade do mencionado dispositivo seria a existência de qualquer das hipóteses do art. 106 do CTN, a saber: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ora, o dispositivo do art. 129 da Lei nº 11.196/2005 não se encaixa em qualquer das hipóteses acima, pois: (i) ele não é norma interpretativa; e (ii) não está revogando qualquer ato que era considerado antes infração. Isto fica evidente ao se compreender que, em qualquer caso, antes ou depois da Lei nº 11.196/2005, é permitido ao Fisco, quando constatar a ocorrência da relação empregatícia dissimulada em contratação de pessoa jurídica, realizar a desconsideração do vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. Sobre o tema, colaciono abaixo trecho da ementa do acórdão nº 2301 003.751: (...) APLICAÇÃO DE LEI SUPERVENIENTE AO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE CARÁTER INTERPRETATIVO. Inaplicável o art. 129 da Lei n°. 11.196, de 2005, a fatos geradores pretéritos, uma vez que dito dispositivo legal não Fl. 1792DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.793 22 possui natureza interpretativa. Incabível a aplicação do art. 106, inciso II, alínea "a", pois a retroatividade benigna diz respeito às infrações e suas penalidades, ao passo que o fato gerador deve seguir as determinações do art. 144 do CTN. (...) (acórdão nº 2301003.751; 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF; Sessão de 15/10/2013) Ademais, o dispositivo do art. 129 da Lei nº 11.196/2005 é aplicável às prestações de serviço intelectuais realizados por pessoas jurídicas, o que não é o caso em questão onde as pessoas jurídicas foram contratadas para realizar serviços de engenharia, transporte, programação de sistemas, manutenção, etc. Ainda assim, mesmo que se tratassem de serviços intelectuais, o mencionado dispositivo não tem o condão de afastar a atuação das autoridades fiscais quando comprove a ocorrência da relação de emprego no bojo de contrato firmado entre pessoas jurídicas. Sobre o tema, peço vênia para transcrever trecho do voto proferido pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no acórdão nº 9202004.641 da 2ª Turma da CSRF: Todavia, verificandose presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego (conforme descrito no item anterior) não há de se cogitar da aplicação do art. 129 da Lei n.º 11.196/2005, mas do art. 9.º da CLT, in verbis: Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Ou seja, se a Auditoria observa que a execução de um contrato, formalmente firmado entre pessoas jurídicas, na verdade busca desvirtuar uma relação de emprego, esse negócio jurídico há de ser afastado de modo que se preservem os direitos dos empregados consagrados pela Carta Magna. (...) Observese que tal procedimento não implica em desconsideração da personalidade jurídica da empresa, que permanece incólume, mas apenas de caracterização do liame empregatício, privilegiando a realidade verificada durante o procedimento fiscal, em detrimento da aparência formal de que se revestem determinados contratos. Um argumento que nos parece muito válido para chancelar a caracterização de segurado empregado nesses casos diz respeito às considerações lançadas para vetar o parágrafo único do mencionado artigo, que fora assim redigido: Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica quando configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. Fl. 1793DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.794 23 São ponderações, conforme veremos, que chamam atenção para a necessidade de se preservar a competência da fiscalização para lançar os tributos correspondentes sempre que verificada a existência de trabalho prestado mediante relação de emprego travestido de avenca entre empresas. Eis os termos lançados nas razões do veto do parágrafo único do art. 129 da Lei n. 11.196/2005: “Razões do veto O parágrafo único do dispositivo em comento ressalva da regra estabelecida no caput a hipótese de ficar configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. Entretanto, as legislações tributária e previdenciária, para incidirem sobre o fato gerador cominado em lei, independem da existência de relação trabalhista entre o tomador do serviço e o prestador do serviço. Ademais, a condicionante da ocorrência do fato gerador à existência de sentença judicial trabalhista definitiva não atende ao princípio da razoabilidade.” Com essas considerações, entendo que não devem prosperar as alegações da RECORRENTE acerca da aplicação do art. 129 da Lei nº 11.196/2005 ao presente caso. CONCLUSÃO Por todo o acima exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, apenas para: excluir do lançamento as contribuições previdenciárias oriundas dos levantamentos E10, E13 e E16; e para deduzir dos valores lançados no presente auto de infração as contribuições previdenciárias comprovadamente pagas pelas pessoas jurídicas em relação ao seu respectivo sócio que prestou serviço para a RECORRENTE. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Voto Vencedor Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Redator designado. Em que pese a pertinência das razões e fundamentos legais expressos no voto do Ilustre Relator, ouso discordar de seu conteúdo exclusivamente em relação à decadência parcial suscitada pelo recorrente. A Decisão de Notificação recorrida, em seu item 19, às fl. 1.320, foi expressa ao afastar a tese de decadência defendida pela Impugnação em razão de entender que o lapso temporal para extinção do direito do fisco constituir o crédito tributário era aquele previsto no art. 45 da lei 8.212/91. Fl. 1794DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.795 24 Ocorre que o Supremo Tribunal Federal STF declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, editando a Súmula Vinculante n° 08, nos seguintes termos: Súmula Vinculante n° 08: “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Assim, resta evidente a inaplicabilidade do art. 45 da lei 8.212/91 para amparar o direito da fazenda pública em constituir o crédito tributário mediante lançamento, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições previdenciárias sujeitamse aos artigos 150, § 4º, e 173 da Lei 5.172/66 (CTN), cujo teor merece destaque: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Grifouse Para a aplicação da contagem do prazo decadencial, este Conselho adota o entendimento do STJ, no Recurso Especial nº 973.733/SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, e, portando, de observância obrigatória neste julgamento administrativo. Assim, o prazo decadencial inicia sua fluência com a ocorrência do fato gerador quando há antecipação do pagamento, conforme artigo 150, § 4º do CTN. Contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o contribuinte não antecipa o pagamento devido, ou ainda quando se verifica a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Em relação à verificação da ocorrência do pagamento, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou, uniforme e reiteradamente, tendo sido Fl. 1795DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.796 25 editada Súmula, de observância obrigatória nos termos do art. 72 do RICARF, cujo teor destaco abaixo: "Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração." Quanto à existência de antecipação de pagamentos para os períodos de apuração contemplados no lançamento ora em discussão, as guias de fl. 1.619 a 1.631 não deixam dúvidas de que, de fato, houve recolhimentos antecipados de contribuições previdenciárias. Não há no Relatório da NFLD, fl. 431 a 450, qualquer manifestação expressa da Autoridade Fiscal que indique a ocorrência de dolo, fraude ou simulação capaz de deslocar a contagem do prazo decadencial para o inciso I do art. 173 do CTN, tanto que nem mesmo formalizou Representação Fiscal para Fins Penais, conforme se observa no item 12.5, fl. 449. Desta forma, tendo em vista tratarse de tributo sujeito a lançamento por homologação, considerando os pagamentos efetuados antecipadamente, bem assim a não constatação da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, no caso em apreço, o prazo decadencial inicia sua contagem a partir da ocorrência do fato gerador, nos termos do § 4º do art. 150, da Lei 5.172/66. Portanto, considerando que a ciência do lançamento ocorreu em 01 de dezembro de 2005 (fl. 24), constatase que foram alcançados pela decadência todos os valores lançados para os meses 01 a 11/2000, cujo prazo decadencial expirou em 30 de novembro de 2005. Conclusão: Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais acima expostos, acolho a preliminar de mérito suscitada para considerar fulminados pela decadência todos o débitos lançados para os períodos de apuração de 01 a 11/2000. Assinado digitalmente Carlos Alberto do Amaral Azeredo – Redator designado Fl. 1796DF CARF MF Processo nº 37299.007475/200632 Acórdão n.º 2201003.662 S2C2T1 Fl. 1.797 26 Fl. 1797DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.901860/2011-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.035
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão nº 1456.779 da DRJ Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que indeferira o Pedido de Ressarcimento de IPI e, por conseguinte, não homologara as compensações declaradas. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu preliminarmente a nulidade, por generalidade, do despacho decisório e, no mérito, invocou o princípio da verdade material e pleiteou o reconhecimento da não incidência da taxa Selic e multas sobre os débitos que restaram não compensados. Anteriormente, o contribuinte havia impetrado Mandado de Segurança, tendo obtido decisão liminar, em que se determinou que os pedidos de ressarcimento por ele RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 51 .9 01 86 0/ 20 11 -5 4 Fl. 505DF CARF MF Processo nº 13851.901860/201154 Resolução nº 3201001.035 S3C2T1 Fl. 457 2 formulados fossem examinados “no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, a contar da intimação [da] decisão, sob as penas da lei.” A par da liminar, o contribuinte foi intimado a apresentar livros, documentos e arquivos digitais em 20 dias, tendo a Fiscalização verificado que os arquivos digitais apresentados continham milhares de ocorrências de erros, sendo que, em função dessas incorreções e do prazo exíguo para a prolação da decisão, o pedido foi indeferido. A decisão da DRJ Ribeirão Preto/SP, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de apresentação de prova documental por parte do interessado que pudesse embasar o ressarcimento e na existência de previsão legal para a aplicação da taxa Selic no cálculo dos juros de mora. Quanto à alegação do contribuinte acerca do caráter confiscatório da multa de ofício, o julgador a quo argumentou que a vedação ao confisco prevista na Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar as penalidades nos moldes da legislação que as instituiu. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito postulado e pedindo, alternativamente, a realização de diligência para as apurações cabíveis. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201001.025, de 29/08/2017, proferido no julgamento do processo 13851.901697/201120, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.025): A compensação tributária pode ser requerida pelo contribuinte que possua crédito líquido e certo contra a Fazenda. Nesse sentido é a literalidade do artigo 170 do CTN1. A administração, no prazo de 30 dias para análise que lhe foi concedido pelo Poder Judiciário, no âmbito do Mandado de Segurança impetrado pela recorrente, intimou a empresa a apresentar arquivos e documentos que já deviam estar disponíveis. O artigo 11 da Lei 8.218/912 prescreve o dever dos contribuinte de disponibilizar os dados. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. 2 Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. Fl. 506DF CARF MF Processo nº 13851.901860/201154 Resolução nº 3201001.035 S3C2T1 Fl. 458 3 A responsabilidade do serviço público é muito grande quando defere restituição/ressarcimento ao contribuinte, pois se trata de transferir recursos da sociedade para o particular. Somente a materialidade provada, líquida e certa autoriza um ato administrativo com essa envergadura de responsabilidade. No presente caso, não existiam condições para tanto. Com efeito, o arquivo próprio para tais tipos de análises, que detalha as notas fiscais, não foi oferecido à administração, posto que aquele apresentado possuía tantos erros que não poderia validamente ser fundamento da restituição/ressarcimento. O Relatório Fiscal aponta milhares e milhares de erros no arquivo digital apresentado, erros inclusive de “IPI inválido”[...]. Resumese: ANO QUANTIDADE DENOMINAÇÃO DA INCONSISTÊNCIA 2005 7667 Já existe um participante com esta identificação 2005 12 Inconsistência de IPI 2005 6 Inconsistência de Valor 2005 441 IPI Inválido 2005 3 NCM Inválida ou Inexistente 2008 9125 Já existe um participante com esta identificação 2008 186 Inconsistência de ICMS 2008 78 Inconsistência de IPI 2008 18 Inconsistência de Valor 2008 566 IPI Inválido 2008 4 NCM Inválida ou Inexistente 2009 9400 Já existe um participante com esta identificação ANO QUANTIDADE DENOMINAÇÃO DA INCONSISTÊNCIA 2009 109 Inconsistência de ICMS 2009 44 Inconsistência de IPI 2009 1 Inconsistência de Valor 2009 494 IPI Inválido 2009 3 NCM Inválida ou Inexistente 2010 8875 Já existe um participante com esta identificação 2010 17 Inconsistência de ICMS 2010 1207 Inconsistência de IPI 2010 310 Inconsistência de Valor 2010 13114 IPI Inválido 2010 1 NCM Inválida ou Inexistente Não se configura, portanto, a materialidade do crédito pretendido. Fl. 507DF CARF MF Processo nº 13851.901860/201154 Resolução nº 3201001.035 S3C2T1 Fl. 459 4 Logo, mais que lícito e fundamentado o indeferimento da compensação. A recorrente poderia, no longo prazo que decorreu desde o indeferimento do Despacho Decisório até hoje, esclarecer as divergências, oferecer outro arquivo, apontar planilhas com, ao menos, parte do crédito devido, indicar a origem material de seu direito, mas não é o que aconteceu. Poderia e deveria, porque o ônus de provar o crédito é seu art. 333 do Código Civil3. Até hoje, entretanto, mantémse na tentativa de obter um deferimento sumário, sem análise de mérito do crédito. A obrigação de esclarecimento do contribuinte é positivada, ainda, artigo 4º da Lei 9.784/99: Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I expor os fatos conforme a verdade; II proceder com lealdade, urbanidade e boafé; III não agir de modo temerário; IV prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos Como pedido alternativo, a recorrente pede a conversão do julgamento em diligência. Em regra, a diligência somente é cabível quando se verifique o esforço da recorrente em esclarecer a materialidade dos fatos. Embora não se verifique inovação probatória na Impugnação e no Recurso Voluntário, que ensejasse a constatação desse esforço, o fato é que, nos casos de Pedido de Ressarcimento de IPI, o próprio programa gerador do pedido exige extensas informações, detalhadas, sobre o crédito. Essas informações indicam a existência de créditos, mas que ainda não foram auditados. Não houve oportunidade de correção dos arquivos digitais, primeiro, pelo prazo de análise imposto pelo Poder Judiciário, e em segundo lugar porque, em regra, essa correção não tem como ser feita nas instâncias julgadoras. À vista de todo o exposto, a comprovação das informações prestadas já no pedido, deve ser oportunizada, por meio dos arquivos digitais corrigidos e outros elementos que o Fisco entender necessários. Pelo exposto, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que a Delegacia da Receita Federal promova auditoria nas informações já prestadas no pedido de ressarcimento, proferindo Despacho conclusivo quanto ao direito pretendido. Destaquese que, assim como ocorreu no acórdão paradigma, neste processo também se verificaram inconsistências nos arquivos digitais apresentados pelo contribuinte para demonstrar o crédito pleiteado. 3 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. Fl. 508DF CARF MF Processo nº 13851.901860/201154 Resolução nº 3201001.035 S3C2T1 Fl. 460 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora analise a existência do crédito postulado, procedendose à auditoria das informações já prestadas no Pedido de Ressarcimento, valendo se dos dados presentes nos arquivos digitais devidamente corrigidos e em outros elementos que entender necessários, proferindose despacho conclusivo quanto ao direito pretendido. Após a manifestação fiscal, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 509DF CARF MF
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