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Numero do processo: 16561.000214/2008-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003, 2004
Ementa:
DILIGÊNCIA. MANIFESTAÇÃO.PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. Deve ser julgada nula a decisão de 1° instância que não considerou as alegações do contribuinte em manifestação contra o resultado de diligência fiscal por preterição do direito de defesa
Numero da decisão: 1301-002.127
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ANULAR a decisão de primeira instância para que nova decisão seja proferida, levando em consideração a manifestação do contribuinte acerca da diligência realizada
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004 Ementa: DILIGÊNCIA. MANIFESTAÇÃO.PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. Deve ser julgada nula a decisão de 1° instância que não considerou as alegações do contribuinte em manifestação contra o resultado de diligência fiscal por preterição do direito de defesa Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ANULAR a decisão de primeira instância para que nova decisão seja proferida, levando em consideração a manifestação do contribuinte acerca da diligência realizada (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 02 14 /2 00 8- 26 Fl. 2126DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16561.000214/200826 Acórdão n.º 1301002.127 S1C3T1 Fl. 2.127 2 Relatório Cuida o presente processo de auto de infração (fls. 266/309) que reduz o saldo de prejuízo fiscal e a base negativa de CSLL e exige, por via reflexa, PIS e COFINS decorrentes de omissão de receitas nos anoscalendário de 2003 e 2004. Referida omissão foi apurada a partir das divergências entre o estoque final do produto “Gravador, Reprodutor, SKY+, PVR 830i, Novo” em 31 de dezembro dos citados anos e o Livro Registro de Inventário. O contribuinte apresentou impugnação (fls. 325/350), cujas alegações foram sintetizadas pela 4ª Turma da DRJ/SP1 em decisão de fls. 725/726: 1 – inexistem as diferenças apontadas nos estoques, pois, por erro, o programa do Livro de Registro de Inventário registrava para a matriz o resultado da soma do saldo do estoque na matriz e na filial do produto “GRAVADOR E PRODUTOR E EDITOR DE IMAGEM/SOM SKY +”, NCM 8521.90.10, e que o erro seria provado: a) pelas telas e por extrato do programa (docs. 02, 03, 06 e 07); b) por “emails” trocados em 2004 com a empresa de “software” acusando a ocorrência desse erro (doc. 04). 2 – as unidades do produto “GRAVADOREPRODUTOR E EDITOR DE IMAGEM/SOM SKY +” (notas fiscais n.º 143335, de 1.000 unidades, e n.º 143339, de 500 unidades), apesar de terem saído da matriz em dezembro de 2003, ingressaram na filial apenas em janeiro de 2004, conforme o Livro Registro de Entrada n° 006, sendo que a primeira ingressou na filial em 19/01/04 (fl. 27 do Livro) e a segunda ingressou na filial apenas em 05/01/04. A Turma da DRJ considerou plausível o argumento de que haveria um erro no sistema de Registro de Inventário. Contudo, os documentos trazidos pelo contribuinte em sede de impugnação não permitem uma conclusão segura, uma vez que foi juntada uma tela ilegível e que não há, no processo, uma exposição, ainda que sumária, das possibilidades de obtenção de relatórios do sistema então utilizado. Além disso, a alegação de que 1.500 unidades do produto em tela entraram na filial somente em 2004 não pôde ser corroborada, visto que o Livro Registro de Entrada n° 006 estaria em poder da fiscalização. Foi ressaltada, ainda, a divergência entre os números apontados pela fiscalização (entradas de 6.170 e saídas de 5.997) e pelo interessado (entradas de 14.706 e saídas de 12.330) em 2004. Isto posto, foi proposto o encaminhamento do processo ao órgão de origem “para que a fiscalização diligencie no sentido de apurar a verdade material dos fatos alegados, inclusive quanto à persistência do alegado erro de programa para os demais itens inventariados na matriz e na filial, bem como tomar outras providências que julgar necessárias para permitir sua manifestação conclusiva a respeito dessas questões e de outras que entender relevantes” (fls. 725/726). Fl. 2127DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16561.000214/200826 Acórdão n.º 1301002.127 S1C3T1 Fl. 2.128 3 A diligência foi realizada e suas conclusões foram acostadas aos autos às fls. 730/732. Em síntese, concluiu o auditor fiscal que: (i) não há elementos, Livros Fiscais, Notas Fiscais, Livro Registro de Inventário ou outros controles que comprovem eventuais erros de programa; (ii) o livro fiscal não está em poder da fiscalização e não foram detectados registros que comprovem a saída de alguns produtos da matriz em dezembro de 2003 e seu ingresso na filial em janeiro de 2004; e (iii) novos elementos, trazidos em sede de impugnação, devem ser objeto de apreciação da Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil em São Paulo I. A DRJ julgou a impugnação parcialmente procedente (fls. 736/757), sendo interposto Recurso Voluntário contra esta decisão (fls. 862/880). Ocorre que os julgadores de 1° instância não consideraram em suas conclusões a manifestação do contribuinte em relação ao resultado da diligência efetuada. Na data do julgamento, ainda não havia sido juntado aos autos a petição tempestivamente protocolada pelo contribuinte. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. Conforme A.R. juntado à fl. 733, o contribuinte teve ciência do Termo de Verificação Fiscal – diligência em 04/04/2013. Nos termos do art. 35 do Decreto n° 7.574/2011, deve ser concedido ao sujeito passivo 30 (trinta) dias para manifestarse em relação à diligência. Logo, o prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de manifestação acerca do resultado da diligência terminaria em 06/05/2013 (segundafeira). A 4ª Turma da DRJ/SP1 julgou a impugnação parcialmente procedente, nos termos do Acórdão de fls. 736/757. Restou consignado na decisão que, em relação à diligência, “o interessado foi cientificado em 04/04/2013 (fl. 733) e até o momento, 09/05/2013, não se manifestou. É o relatório”. Ocorre que, depois de proferida a decisão de 1ª instância, foi juntada aos autos a manifestação do contribuinte sobre o resultado da diligência (fls. 805/853). Conforme demonstra o carimbo constante na primeira página da petição, a manifestação foi recebida pela RFB em 06/05/2013, isto é, dentro do prazo legal de 30 (trinta) dias. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 862/880), alegando, preliminarmente, a nulidade da decisão de primeira instância, haja vista que a DRJ não analisou em sua decisão manifestação tempestiva sobre a diligência efetuada. Estando nos autos a prova da manifestação tempestivamente protocolada, resta clara a ocorrência de preterição do direito de defesa do contribuinte, dado que as alegações da interessada contrárias aos fundamentos e resultados da diligência não foram apreciadas pelo órgão julgador de 1ª instância. Fl. 2128DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16561.000214/200826 Acórdão n.º 1301002.127 S1C3T1 Fl. 2.129 4 A preterição do direito de defesa é motivo suficiente para julgar nula a decisão, conforme estabelece o art. 59 do Decreto n° 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Importante frisar que, em caso similar e também de interesse da Recorrente, este Colegiado decidiu pela nulidade da decisão exarada pela DRJ, determinando o seu retorno ao tribunal a quo para que seja realizado novo julgamento. É o que se verifica dos seguintes trechos do Acórdão 2202002.502, da 2ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, 1ª Seção de Julgamento, em sessão de 16 de outubro de 2013: Em 17/07/2009, o contribuinte foi cientificado do teor da resposta à diligência fiscal retromencionada pelo competente Termo de Ciência de Encerramento de Diligência e Notificação Fiscal (fls. 661), com a abertura do prazo legal de 10 (dez) dias para manifestação (AR SO 705195427 BR — fls. 662). Tendo em vista que a resposta do contribuinte foi protocolada em 29 de julho de 2009, onde procura constestar as argumentações da fiscalização, para tanto junta diversos documentos para provar o seu alegado, e a mesma não foi analisada pela DRJ. Podemos verificar que a intimação da Recorrente ocorreu no dia 17 de julho de 2009 (sextafeira) e o protocolo da sua manifestação ocorreu em 29 de julho de 2009, portanto dentro do prazo de 10 (dez) dias concedido pela autoridade julgadora. Sendo que tal manifestação e os documentos apresentados não foi levada em consideração pela DRJ em sua decisão. Diante dos fatos, entendo que assiste razão a Recorrente, pois a autoridade julgadora de primeira instância deveria levar em consideração essa manifestação e documentos em sua decisão, sob pena de cerceamento ao direito de defesa do contribuinte. Desta forma, conheço do recurso e no mérito dou provimento para anular a decisão de DRJ, de sorte que os autos retornem a primeira instância para análise da manifestação de documentos apresentados em resposta a diligência por ela mesmo suscitada. Há, ainda, outros julgados que corroboram com este posicionamento: PRELIMINAR NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Confirmada a apresentação de manifestação sobre resultado da diligência fiscal que não foi analisado pela decisão da primeira instância, confirmase o cerceamento do direito de defesa, devendo ser realizado novo julgamento considerando a manifestação apresentada sobre o resultado da diligência fiscal determinado pela autoridade a quo. Recurso Voluntário Provido em Parte. 1 1 ACÓRDÃO 3201002.044– 3ª Seção – 2ª Câmara – 1ª Turma – Sessão de 23/02/2016. Fl. 2129DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16561.000214/200826 Acórdão n.º 1301002.127 S1C3T1 Fl. 2.130 5 PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. SUPRESSÃO DE INSTNCIA ADMINISTRATIVA. NULIDADE DA DECISÃO DE 1ª INSTNCIA. Revelase o direito processual administrativo fiscal refratário ao procedimento que exclua do sujeito passivo o direito ao contraditório e à ampla defesa. É nula a Decisão de 1ª Instância lavrada sem que tenham sido apreciadas as alegações expendidas pelo sujeito passivo a respeito do resultado de Diligência Fiscal utilizada na sua fundamentação. Recurso de Ofício não Conhecido. Anulada Decisão de Primeira Instância. 2 NORMAS PROCESSUAIS NULIDADE DE DECISÃO SINGULAR A omissão do julgador a quo em não verificar que sua própria determinação não foi cumprida, no sentido da intimação da contribuinte sobre realização de diligência, acarreta a nulidade da decisão por preterição do direito de defesa, e, ainda, a supressão de instância, se, porventura, o julgador de segundo grau resolve suprir tal lacuna, permitindo que se adite as razões de defesa aduzidas na instância inferior. Processo que se anula a partir da decisão de primeira instância, inclusive. 3 Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e acolho a preliminar suscitada para declarar nula a decisão de 1ª instância por cerceamento do direito de defesa, determinando que os autos retornem à DRJ para que seja apreciada a manifestação e os documentos apresentados em resposta ao Termo de Verificação de Diligência Fiscal. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator 2 ACÓRDÃO 2302003.22– 2ª Seção – 3ª Câmara – 2ª Turma – Sessão de 17/07/2014. 3 ACÓRDÃO 140200012 – 1ª Seção – 4ª Câmara – 2ª Turma – Sessão de 28/07/2009 Fl. 2130DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16561.000214/200826 Acórdão n.º 1301002.127 S1C3T1 Fl. 2.131 6 Fl. 2131DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO
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Numero do processo: 10882.900983/2008-17
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/2001 a 30/11/2001
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.025
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/11/2001 a 30/11/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1918; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10882.900983/200817 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.025 – 3ª Turma Sessão de 07 de junho de 2016 Matéria PIS/COFINS. Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2001 a 30/11/2001 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 09 83 /2 00 8- 17 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801004.989, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 166DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 169DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900983/200817 Acórdão n.º 9303004.025 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 172DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10680.018711/2003-33
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 1998
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO
A contradição objeto de embargos é apenas aquela ocorrida no bojo do julgado recorrido, que decorre de uma discrepância entre sua fundamentação e sua conclusão. A contradição deve ser intrínseca, ou seja, da decisão com ela mesma, representando um conflito entre a motivação e a parte dispositiva do julgado.
Em nenhum momento, o voto condutor do acórdão embargado partiu da premissa fática de que os autos continham o certificado n° 860/13069-01651 de registro junto ao BACEN. O problema da autuação é de outra ordem, eis que a Fiscalização inverteu erroneamente o ônus da prova, sem elementos para isso, enquanto os documentos coletados indicavam que o referido ingresso não tinha origem em receita operacional. A ausência nos autos do referido registro no BACEN não teve o condão de desincumbir a Fiscalização do seu ônus de prova. Não verificada a alegada contradição, devem ser rejeitados os embargos.
Numero da decisão: 1802-000.909
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em REJEITAR os embargos, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 1998 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO A contradição objeto de embargos é apenas aquela ocorrida no bojo do julgado recorrido, que decorre de uma discrepância entre sua fundamentação e sua conclusão. A contradição deve ser intrínseca, ou seja, da decisão com ela mesma, representando um conflito entre a motivação e a parte dispositiva do julgado. Em nenhum momento, o voto condutor do acórdão embargado partiu da premissa fática de que os autos continham o certificado n° 860/13069-01651 de registro junto ao BACEN. O problema da autuação é de outra ordem, eis que a Fiscalização inverteu erroneamente o ônus da prova, sem elementos para isso, enquanto os documentos coletados indicavam que o referido ingresso não tinha origem em receita operacional. A ausência nos autos do referido registro no BACEN não teve o condão de desincumbir a Fiscalização do seu ônus de prova. Não verificada a alegada contradição, devem ser rejeitados os embargos.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1887; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 309 1 308 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.018711/200333 Recurso nº 157.792 Embargos Acórdão nº 180200.909 – 2ª Turma Especial Sessão de 28 de junho de 2011 Matéria IRPJ E OUTROS Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado BRANINVEST LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INOCORRÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO A contradição objeto de embargos é apenas aquela ocorrida no bojo do julgado recorrido, que decorre de uma discrepância entre sua fundamentação e sua conclusão. A contradição deve ser intrínseca, ou seja, da decisão com ela mesma, representando um conflito entre a motivação e a parte dispositiva do julgado. Em nenhum momento, o voto condutor do acórdão embargado partiu da premissa fática de que os autos continham o certificado n° 860/1306901651 de registro junto ao BACEN. O problema da autuação é de outra ordem, eis que a Fiscalização inverteu erroneamente o ônus da prova, sem elementos para isso, enquanto os documentos coletados indicavam que o referido ingresso não tinha origem em receita operacional. A ausência nos autos do referido registro no BACEN não teve o condão de desincumbir a Fiscalização do seu ônus de prova. Não verificada a alegada contradição, devem ser rejeitados os embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em REJEITAR os embargos, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 310 2 (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, André Almeida Blanco, Nelso Kichel, Gilberto Baptista e Marco Antônio Nunes Castilho. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 311 3 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, visando sanar alegado vício de contradição constante do Acórdão nº 180200.363, proferido por este colegiado na sessão de 11/03/2010, às fls. 295 a 300. O presente processo tem por objeto lançamento de IRPJ e reflexos por omissão de receita operacional, no valor de R$ 164.868,00, depositada na conta corrente nº 060004029 da agência 050 do Banco Rural S.A., no mês de dezembro de 1998. A autuação de IRPJ e CSLL foi realizada pelo regime do Lucro Arbitrado. O acórdão embargado apresentou a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1998 OMISSÃO DE RECEITA OPERACIONAL De acordo com o art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, o ônus de caracterizar a matéria tributável é do Fisco, a menos que haja uma inversão desse ônus, por meio da utilização das chamadas presunções legais. Diante da falta de comprovação da base tributável, deve ser cancelado o lançamento. LANÇAMENTOS DECORRENTES CSLL, PIS E COFINS Tratandose da mesma matéria fática, e não havendo questões de direito específicas a serem apreciadas nos lançamentos decorrentes, o decidido quanto ao lançamento de IRPJ deve, na parte em que couber, ser estendido aos demais tributos. A ciência da PFN ocorreu em 19/05/2010 e os Embargos de fls. 305 a 307 foram apresentados em 24/05/2010. A embargante alega que houve equívoco no exame individualizado de ponto essencial ao deslinde do feito. Segundo seu entendimento, o voto condutor do acórdão embargado equivocouse ao afirmar que a Contribuinte apresentou os documentos comprobatórios de que o montante tributado decorreu de integralização de capital por sócio estrangeiro. A PFN argumenta que não consta o referido certificado de registro junto ao BACEN nestes autos, conforme inclusive já havia sido registrado pela decisão de primeira instância. Aduz que apesar de o douto relator entender presente nos autos o certificado de registro junto ao BACEN de n° 860/1306901651, não há efetivamente qualquer documento comprobatório, e que tal equívoco na análise documental levou à exoneração do crédito tributário lançado pela Fiscalização. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 312 4 Sustenta que o acórdão embargado partiu de premissa fática errônea, no que diz respeito à existência de certificado de registro junto ao BACEN, o que resultou em conclusão díspare, não condizente com a realidade factual estampada nos autos. Ao final, aponta contradição no que toca à análise dos documentos constantes às fls. 27/36, com conseqüente e decisiva influência no resultado da decisão. Este é o Relatório Fl. 6DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 313 5 Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa, Relator Os embargos são tempestivos e dotados dos demais pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, deles tomo conhecimento. O acórdão embargado cancelou o lançamento de IRPJ e reflexos por omissão de receita apurada a partir de um ingresso de R$ 164.868,00 em conta corrente da Contribuinte no Banco Rural S.A., no mês de dezembro de 1998. Além dos problemas em relação ao arbitramento do lucro, que dizem respeito especificamente ao IRPJ e à CSLL, a exigência também foi cancelada por se entender que a Fiscalização não se desincumbiu do ônus de comprovar a ocorrência do fato gerador. Inicialmente, é importante mencionar que a contradição objeto de embargos é apenas aquela ocorrida no bojo do julgado impugnado, que decorre de uma discrepância entre sua fundamentação e sua conclusão. Os embargos de declaração não se destinam a sanar contradição entre o julgado e a lei, ou mesmo entre o julgado e as provas dos autos. A contradição deve ser intrínseca, ou seja, da decisão com ela mesma, representando um conflito entre a motivação e a parte dispositiva do julgado. Nesse sentido, quanto ao caso concreto, cabe esclarecer que não se disse uma coisa no início do julgamento (a inexistência do registro no BACEN), para se concluir outra ao final da decisão (a existência deste mesmo registro). E em nenhum momento o voto condutor do acórdão embargado partiu da premissa fática de que os autos continham o certificado n° 860/1306901651 de registro junto ao BACEN. Com efeito, a transcrição constante dos embargos da PFN representam informações consignadas pela Contribuinte: Em resposta a esse item da intimação, a Contribuinte informou que a única transação financeira externa em 1998 havia sido efetivada com a interveniência do Banco Rural S.A., agência Belo Horizonte, em 15/12/98. Registrou também que essa operação havia sido devidamente suportada através do contrato de câmbio de compra nº 98/005135; que ela representava aumento de capital da Sócia Quimpar Participations e Investiments Corporation; e que o pedido de registro dessa transação havia sido protocolizado no BACEN, em janeiro de 1999, conforme certificado nº 860/1306901651, apresentando os documentos correspondentes (fls. 27 a 36). Na sequência, a Contribuinte encaminhou cópia autenticada da página nº 8 do livro Diário nº 2, de 1998, onde estava Fl. 7DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 314 6 contabilizado o valor de $164.868,00 a título de integralização de capital. E o referido aumento de capital também foi registrado na quarta alteração contratual da Sociedade (fls. 47 a 49), datada de 01/08/1997. No voto há, inclusive, menção expressa de que a Delegacia de Julgamento consignou em sua decisão que a Contribuinte não apresentou o referido certificado, e o cancelamento da exigência não significou entendimento diverso acerca desse fato. O problema da autuação é de outra ordem. É que a Fiscalização inverteu erroneamente o ônus da prova, sem elementos para isso, enquanto os documentos coletados indicavam que o referido ingresso não tinha origem em receita operacional. Nesse sentido, trago novamente as considerações desenvolvidas naquela ocasião, destacando alguns pontos: Constato que tanto a Fiscalização, quanto a Delegacia de Julgamento, esforçaramse em justificar a medida de Arbitramento, fundados na não apresentação dos Livros Diário e Razão. Considero, porém, que, antes disso, deveria ter sido averiguado com mais profundidade se a própria operação representava realmente uma receita operacional, para que, deste modo, pudesse ela servir como base para o cálculo dos tributos. De acordo com o art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, o ônus de caracterizar a matéria tributável é do Fisco, a menos que haja uma inversão desse ônus, por meio da utilização das chamadas presunções legais. Nesse caso, entretanto, a autuação não ocorreu com base em presunção legal. Pelo menos não houve a indicação expressa de nenhuma delas no ato de lançamento. Não há qualquer menção à presunção com base em depósito bancário com origem não comprovada (art. 42 da Lei 9.430/96), ou em suprimento de caixa por sócios cuja origem também não seja comprovada (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, §3º, e DecretoLei nº 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1º, inciso II). A Contribuinte nem mesmo recebeu intimação para comprovar a “origem dos recursos” envolvidos na operação em questão. A intimação foi para que apresentasse “documentação comprobatória das transações financeiras realizadas no exterior no ano calendário de 1998, em especial aquelas feitas com a interveniência do Banco do Estado do Paraná – Agência de Nova York.” Em resposta a esse item da intimação, a Contribuinte informou que (...) Não obstante estes elementos, a Delegacia de Julgamento consignou em sua decisão que a Contribuinte não apresentou o Fl. 8DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 315 7 certificado de registro de ingresso de capital estrangeiro junto ao Banco Central do Brasil, no valor de R$164.868,00, e, considerando já estar devidamente comprovada a natureza de “receita operacional” para esse valor, manteve os lançamentos. Nesse ponto, cabe mencionar que as fiscalizações relacionadas ao Banestado normalmente abrangiam operações de remessa de divisas ao exterior, por meio das contas designadas como CC5. Geralmente havia a comprovação de que o Contribuinte figurava como ordenador de pagamentos realizados no exterior. Nesse contexto, os lançamentos eram realizados com base na presunção legal de omissão de receitas por falta de escrituração de pagamentos efetuados. Todavia, a situação aqui é bem diferente. Primeiramente, trata se de valores que ingressaram na empresa. Além disso, foram apresentados pela Contribuinte diversos documentos para justificar este ingresso, não havendo nos autos, por outro lado, nenhum elemento indicador de ele decorria de uma receita operacional. Já foi mencionado que o trabalho fiscal não fez uso das presunções legais acima referidas. Mas mesmo que tivesse feito uso de uma delas, obviamente, com a observância do devido rito, ainda assim, essa presunção estaria bastante abalada pelos documentos trazidos pela Contribuinte. No caso sob exame, todos os elementos probatórios colacionados desde a fase de auditoria indicam que o referido ingresso não teve origem em receita operacional. Nestes termos, diante da falta de comprovação da própria base tributável, entendo que não apenas os lançamentos de IRPJ e de CSLL, mas também os relativos ao PIS e à COFINS devem ser cancelados. Vêse, assim, que não houve qualquer contradição no acórdão embargado. O fato é que a ausência nos autos do referido registro no BACEN não teve o condão de desincumbir a Fiscalização do seu ônus de prova. Aliás, é importante mencionar que a Contribuinte não foi nem mesmo intimada para apresentar esse documento. Foi a Delegacia de Julgamento, em sua decisão, que suscitou essa questão relativa ao registro, na tentativa de dar mais embasamento às exigências, posto que até aquele momento a motivação do lançamento estava focada apenas na não apresentação dos livros, base para o arbitramento dos lucros, e não esclarecia quais os motivos para se considerar os ingressos na conta bancária da contribuinte como receita operacional. No recurso voluntário, a Contribuinte trouxe uma série de esclarecimentos sobre a questão do registro no BACEN: a referida operação se deu por meio do registro de dois certificados. O primeiro, de n. 860/1306901651 registrou a integralização de $490.452,42. Ocorre que este foi substituído, Fl. 9DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 316 8 posteriormente, pelo de n. 860/1306901870 (registro definitivo), no qual se constata valor integralizado no montante de $627.773,76; o valor tido pelos ilustres fiscais como receita operacional omitida pela Recorrente é tãosomente a diferença entre o montante estampado no registro definitivo ($627.773,76) e o constante no registro provisório ($490.452,42), qual seja $137.321,34, o que equivale, ao dólar da época, a R$ 164.868,00, exatamente o valor autuado; a Recorrente não pôde apresentar o aludido “Certificado de Registro de Investimento Estrangeiro n. 860/1306901870” à fiscalização, porque não se encontrava mais na posse de tal documento; para evidenciar tal fato, a Recorrente apresenta a via original da correspondência lhe enviada pelo Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio do BACEN, em 17/08/2001, na qual a Instituição Bancária solicita a devolução da via original do referido Certificado, sob o fundamento de que o pedido de baixa de registro de capital estrangeiro por ela feito, em nome da Quimpar Participations & Investiments Corp., havia sido deferido (5ª alteração contratual da Recorrente); na seqüência, segue carta emitida pela Recorrente, com registro de protocolo no BACEN, evidenciando a devolução do mencionado documento; ainda para demonstrar a legitimidade da operação societária realizada pela Recorrente, vale lembrar que a referida quantia foi devidamente registrada no contrato de câmbio n. 98/005135, de 15/12/98 (fls. 31 e 34 dos autos), escriturada no Livro Diário da Recorrente (fls. 191/201) e, por fim, pormenorizadamente anotada nas alterações contratuais da sociedade Recorrente; Mas estas informações, embora tragam esclarecimentos relevantes para a questão suscitada pela DRJ, não precisaram ser utilizadas como fundamento do acórdão embargado, porque o lançamento já estava comprometido desde o início. Diante do exposto, voto no sentido de REJEITAR os embargos. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 10DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 10680.018711/200333 Acórdão n.º 180200.909 S1TE02 Fl. 317 9 Fl. 11DF CARF MF Emitido em 10/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Assinado digitalmente em 08/07/2011 por JOSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA, 09/07/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
score : 1.0
Numero do processo: 10875.001335/2002-80
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/1997 a 31/12/1997
MOTIVO DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO.
Inexistente o motivo de fato indicado para a autuação, o lançamento deve ser cancelado, não podendo o julgador administrativo mantê-lo por outros fundamentos que não integraram a acusação inicial.
Recurso Especial do Procurador negado.
Numero da decisão: 9303-004.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
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NULIDADE Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado HONEYWELL INDÚSTRIA AUTOMOTIVA LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 31/12/1997 MOTIVO DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO. Inexistente o motivo de fato indicado para a autuação, o lançamento deve ser cancelado, não podendo o julgador administrativo mantêlo por outros fundamentos que não integraram a acusação inicial. Recurso Especial do Procurador negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 13 35 /2 00 2- 80 Fl. 279DF CARF MF 2 Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN contra o Acórdão nº 3403001.831, de 27/11/2012, proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/1997 a 31/12/1997 NULIDADE AUSÊNCIA DE REQUISITOS ESSENCIAIS. O ato administrativo deve se revestir de todas as formalidades exigidas em lei, sendo nulo por vício de forma o auto de infração que não contiver todos os requisitos prescritos como obrigatórios pelo artigo 10 do Decreto nº 70.235/72. Recurso Provido. No Recurso Especial que apresentou, a PFN pleiteia a reforma parcial do decisum, suscitando divergência quanto à deficiência na fundamentação fática do auto de infração que teria provocado a sua anulação. Em apoio à tese, reproduz ementa do Acórdão nº 20312.427. O exame de admissibilidade do recurso apresentado pela PFN encontrase às fls. 241/245. As contrarrazões, às fls. 252/267. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos, tal como proposto no exame de admissibilidade, que o recurso especial deve ser conhecido. Com efeito, malgrado se tenha indicado, no campo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” do auto de infração, que o lançamento decorreu da “FALTA DE RECOLHIMENTO OU PAGAMENTO DO PRINCIPAL, DECLARAÇÃO INEXATA” (fl. 27), em seu Anexo I, intitulado “Demonstrativo dos Créditos Vinculados não Confirmados”, no qual detalhada a infração, está registrado que o processo judicial informado em DCTF, como origem da compensação, pertenceria a outro CNPJ (Proc jud não comprovad). Em síntese: a falta de recolhimento originouse da impossibilidade da compensação informada na DCTF, porque a contribuinte não integraria o polo ativo da ação judicial indicada, o que, na realidade, se verificara. Fl. 280DF CARF MF Processo nº 10875.001335/200280 Acórdão n.º 9303004.552 CSRFT3 Fl. 280 3 No acórdão paradigma, o acórdão de nº 20312.427, que consubstanciou lançamento também decorrente de auditoria interna de DCTF, o processo judicial informado que ampararia as compensações não restou comprovado (no Anexo I do auto de infração, constou a expressão “Proc jud não comprovad”). Neste julgamento, entendeuse, conforme consta do voto vencedor, que a inexistência do processo judicial não seria verdadeiramente o pressuposto fático do lançamento, mas a inexistência dos créditos alegados com base na ação judicial informada na DCTF: "A nobre relatora não vê configurada a concomitância por considerar que, nesta seara administrativa, em face do enquadramento legal e da situação fática descrita no auto de infração, discutese tãosomente a existência ou não do processo judicial, no qual a recorrente seja parte e lhe garanta (ou não) o direito de proceder a compensação vinculada em DCTF, cuja origem é o indébito do PIS pago indevidamente. Para ela, a exigência tributária, no que fundada na inexistência do processo judicial informado como origem dos créditos vinculados aos débitos declarados nas DCTF, deve ser cancelada porque demonstrado o contrário: existe sim, a ação judicial referida. Entendo diferente porque o pressuposto fático do lançamento é, no fundo, a inexistência dos créditos alegados com base na ação judicial informada na DCTF, e não simplesmente a inexistência do processo judicial referido. Embora admitindo que a descrição constante do auto de infração é lacônica e podia ser aperfeiçoada, ressalto que não houve qualquer prejuízo à defesa do contribuinte, que desde o primeiro momento demonstrou compreender por inteiro a autuação. Tanto assim que na impugnação o contribuinte já informa que os créditos têm origem em pagamentos a maior do próprio PIS, e que o seu direito foi reconhecido judicialmente nos autos do processo nº 96.0017913.” Considerando, pois, que, não obstante a identidade entre os casos, os entendimentos foram divergente, é de se conhecer do recurso especial. Entretanto, a ele deve negarse provimento. É que o motivo de fato em que se funda o auto de infração não é só a falta de recolhimento, tal como consta do campo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” e sustenta a Recorrente. Tratase, evidentemente, de apenas uma expressão de inequívoco caráter generalizante, que, por isso mesmo, deve ser complementada pelos fatos descritos no próprio campo ou em anexos (p. ex., em Termo de Verificação Fiscal), nos quais se pormenoriza a infração constatada – o porquê do não recolhimento. Se assim não fosse, bastaria que o julgador administrativo, ao verificar que tais fatos pormenorizados não ocorreram no caso sob sua relatoria, encontrasse outras justificativas para o não recolhimento, o que, obviamente, além de prejudicar o direito de defesa do contribuinte, constituiria inovação não permita em lei. Aqui, como já antecipamos, a fiscalização sustenta que a contribuinte não poderia ter compensado os valores que compensou em DCTF, porque não comporia o polo ativo da ação judicial. Evidentemente, se esse fato é improcedente, o motivo declinado para Fl. 281DF CARF MF 4 fundamentar o lançamento deixou de existir, de modo que este não pode, por outro, subsistir, se não integrou, na origem, o fundamento do auto de infração. E, estamos convictos, o vício que tornou nulo o lançamento tem natureza material, substancial, portanto, e não pode ser convalidado. Tratase de vício num dos aspectos fundamentais da regramatriz de incidência tributária: a matéria tributável, que se compõe do fato jurídicotributário (aqui reside o vício) e a base de cálculo. Diferenciase do vício formal – aquele que não está na aplicação errônea da regramatriz, mas fora dela, ao seu derredor. É defeito que ocorre no ato de formalização do auto de infração, dizendo com as suas características extrínsecas, tal como o erro na descrição do fato no campo específico do auto de infração. Destarte, sendo inexistente o motivo do qual resultou a exigência, o lançamento deve ser cancelado por vício material. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 282DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10650.001771/2005-36
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2000 DECADÊNCIA - TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO - AUSÊNCIA DE PAGAMENTO - ACÓRDÃO EM RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC SUBMETIDO AO REGIME DO ARTIGO 543-C, DO CPC. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Segundo o entendimento do STJ, proferido no julgamento do Recurso Especial 973.733 submetido ao regime do artigo 543-C do CPC, nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que não houve pagamento, deve ser aplicado o prazo decadencial inserto no artigo 173, I do CTN. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF.
Numero da decisão: 9101-001.641
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR
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ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STJ, proferido no julgamento do Recurso Especial 973.733 submetido ao regime do artigo 543C do CPC, nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que não houve pagamento, deve ser aplicado o prazo decadencial inserto no artigo 173, I do CTN. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator Participaram, ainda, do presente julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres Presidente (Substituto), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima junior, Jorge Celso Freire da Silva, Suzy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado), Viviane Vidal Wagner (Suplente Convocada), José Ricardo da Silva e Plinio Rodrigues de Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 00 17 71 /2 00 5- 36 Fl. 2794DF CARF MF Impresso em 11/12/2013 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/1 2/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência (fls. 2746/2751) interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 67, do anexo II, do antigo Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela portaria MF 256/2009. Insurgiuse a Recorrente contra o acórdão nº 180100.101, proferido pelos membros da 1ª Turma Especial, da 1ª Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, na parte em que, por unanimidade de votos, reconheceram a decadência do crédito tributário (PIS e Cofins) referente aos fatos geradores do ano – calendário de 2000, na forma do artigo 150, §4° do Código Tributário Nacional. O acórdão recorrido, na parte pertinente, foi assim ementado: “DECADÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. O Supremo Tribunal Federal aprovou em sessão plenária, a Súmula Vinculante n.º08, declarando a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que estipulavam um prazo de dez anos para ocorrência da decadência e prescrição de crédito tributário originado em contribuições sociais. Vigora para as contribuições o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, §4 do CTN, por força do disposto no artigo 146, III, "b" da Constituição Federal.” A Fazenda Nacional, em sede de Recurso Especial, afirmou a existência de divergência jurisprudencial quanto ao entendimento do acórdão recorrido e trouxe como paradigma o acórdão CSRF/0202.288, cuja ementa segue transcrita: “PIS. DECADÊNCIA. Por ter natureza tributária, na hipótese de ausência de pagamento antecipado, aplicase ao PIS a regra de decadência prevista no art. 173, I, do CTN. Recurso especial negado.” Em suas razões recursais argumentou que a tese adotada no acórdão recorrido foi no sentido de que o art. 150, §4º, do CTN estaria dispondo sobre prazo para o ato de "homologação" de um procedimento do contribuinte e não sobre o prazo para lançamento. Nesse contexto, argumentou que o STJ firmou, recentemente, entendimento no sentido de que, não havendo recolhimento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do respectivo crédito deve ser regido pelo disposto no art. 173, I, do CTN e não pelo art. 150, § 4º, do mesmo diploma legal. Assim, afirmando a inexistência de recolhimento antecipado, pugnou pela aplicação do artigo 173, I, do CTN para que seja afastada a decadência relativa aos fatos geradores ocorridos ao longo do ano calendário de 2000. Em sede de exame de admissibilidade (fls. 2.757/2.759) foi dado seguimento ao Recurso. Fl. 2795DF CARF MF Impresso em 11/12/2013 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/1 2/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR Processo nº 10650.001771/200536 Acórdão n.º 9101001.641 CSRFT1 Fl. 2.795 3 O Contribuinte apresentou contrarrazões às fls.2.768/2.780 por meio da qual argumentou que a regra de incidência de cada tributo é que define a sistemática de seu lançamento e, sendo o PIS e a COFINS tributos sujeitos à sistemática de lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial deslocase da regra geral (art. 173, do CTN) para encontrar respaldo no § 4°, do artigo 150, do mesmo Código. Observou, ainda, que a tese de que "não havendo recolhimento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do respectivo crédito tributário reger seá pelo disposto no art. 173, I, do CTN, e não pelo art. 150, § 4º, do mesmo diploma legal” não pode ser acolhida no caso dos autos, pois seria necessário o reexame de provas para apurar o devido recolhimento do tributo, o que não se admite em sede de Recurso Especial, por tratar se de uma questão de fato e não de direito. É o relatório. Voto Conselheiro, João Carlos de Lima Junior, Relator. O cerne da questão restringese à definição do dispositivo legal que deverá reger o prazo decadencial aplicável ao lançamento tributário para exigência do PIS e da COFINS: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, ambos do CTN. Em diversas oportunidades manifestei meu entendimento no sentido de que os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, por sua natureza, são passíveis de lançamento no prazo previsto no artigo 150 §4º do CTN, ou seja, o dies a quo do prazo quinquenal para constituição desses tributos é o fato gerador, independentemente de ter ou não havido pagamento. Assim ementava minhas decisões: “IRPJ Ex(s): 1999 IRPJ DECADÊNCIA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a decadência é contada de acordo com os ditames do artigo 150, § 4º do CTN, operandose cinco anos após a ocorrência do fato gerador. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” (1º Conselho de Contribuintes / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 10196.373 em 18.10.2007 Publicado no DOU em: 09.09.2008) Com as alterações recentes no Regimento Interno do CARF, foi incluído o mandamento do Art. 62 –A: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 2796DF CARF MF Impresso em 11/12/2013 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/1 2/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR 4 Portanto, conforme recente alteração do Regimento Interno do CARF, impõe se a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ, na sistemática prevista pelos artigos 543 B e 543 C do Código de Processo Civil. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC, firmou o seguinte entendimento em relação a questão em debate: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. A interpretação literal do texto transcrito nos leva à conclusão de que devemos nos dirigir ao artigo 173, I do CTN quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste a declaração prévia do débito que constitua o crédito tributário. Nesse contexto encontraríamos duas condições para sairmos do artigo 150, §4º: 1) não haver o pagamento e 2) não haver declaração prévia que constitua o crédito. Assim, mesmo não existindo o pagamento, a declaração prévia do débito bastaria para mantermos a contagem do prazo a partir do fato gerador. Dessa maneira, no caso ora em análise temos que: i) cuida de tributos sujeitos a lançamento por homologação (PIS e COFINS); ii) não consta dos autos prova de pagamento; iii) não consta dos autos declaração com caráter de confissão de dívida; iv) os fatos geradores ocorreram nos meses 01 a 09 de 2000; v) a notificação do lançamento se deu em 27/12/2005. Portanto, do exposto, entendo que o prazo decadencial deve ser verificado de acordo com a regra do artigo 173, I, do CTN. No caso dos autos a contagem do prazo decadencial para o lançamento dos tributos cujos fatos geradores se deram entre os meses 01 a 11 de 2000, teve inicio em 01/01/2001 e se findou em 01/01/2006. Fl. 2797DF CARF MF Impresso em 11/12/2013 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/1 2/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR Processo nº 10650.001771/200536 Acórdão n.º 9101001.641 CSRFT1 Fl. 2.796 5 Desse modo, tendo em vista que a notificação do lançamento se deu em 27/12/2005 e que o período autuado relativamente ao PIS e à COFINS, no ano de 2000, foram os meses compreendidos entre 01 e 09, não se operou a decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento relativamente ao PIS e a COFINS apurados no ano de 2000, razão pela qual voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Quanto ao retorno dos autos para análise do mérito do período em que não se operou a decadência, este não se faz necessário uma vez que a câmara a quo, ao reconhecer parcialmente a decadência relativamente à CSLL, mantendo o lançamento do ano de 2000, pois considerou que esta segue a regra do IRPJ, cuja apuração se deu pelo lucro real anual, analisou o mérito e negou provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (documento assinado digitalmente) JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR Relator Fl. 2798DF CARF MF Impresso em 11/12/2013 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 10/1 2/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 28/06/2013 por JOAO CARLOS DE LIMA JUN IOR
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002188/2003-09
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999, 2000, 2001
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. NULIDADE ABSOLUTA. INAPLICABILIDADE DO INSTITUTO.
Conforme artigo 17, do Decreto 70.235/1972, considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
O afastamento da multa de ofício, matéria que a União alega preclusão do direito do contribuinte discutir em segunda instância administrativa, encontrava-se presente na impugnação, razão pela qual não há que se falar em preclusão no presente caso.
Numero da decisão: 9202-004.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Maria Helena Cotta Cardozo e Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999, 2000, 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. NULIDADE ABSOLUTA. INAPLICABILIDADE DO INSTITUTO. Conforme artigo 17, do Decreto 70.235/1972, considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. O afastamento da multa de ofício, matéria que a União alega preclusão do direito do contribuinte discutir em segunda instância administrativa, encontrava-se presente na impugnação, razão pela qual não há que se falar em preclusão no presente caso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Maria Helena Cotta Cardozo e Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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PRECLUSÃO. NULIDADE ABSOLUTA. INAPLICABILIDADE DO INSTITUTO. Conforme artigo 17, do Decreto 70.235/1972, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. O afastamento da multa de ofício, matéria que a União alega preclusão do direito do contribuinte discutir em segunda instância administrativa, encontravase presente na impugnação, razão pela qual não há que se falar em preclusão no presente caso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Maria Helena Cotta Cardozo e Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 21 88 /2 00 3- 09 Fl. 710DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração para formalização de exigência de IRPF, por omissão de omissão de rendimentos do trabalho, recebidos de pessoa jurídica e dedução indevida de pensão alimentícia, bem como exigência de multa isolada por falta de recolhimento de IRPF a título de Carnê Leão. A Impugnação apresentada regularmente foi julgada parcialmente improcedente, de modo que, tempestivamente, foi apresentado Recurso Voluntário pelo Contribuinte. No julgamento do Voluntário a 2ª Turma Especial, da 2ª Seção de Julgamento foi dado provimento em parte ao recurso, por unanimidade, para afastar a glosa relativa a pensão judicial e excluir a multa de ofício sobre rendimentos recebidos de pessoa jurídica no ano de 1998, por erro escusável Regularmente intimada a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração visando sanar omissão no acórdão em relação à preclusão para se analisar a matéria: “afastamento de multa de ofício por erro escusável”, tendo em vista a ausência desse argumento na Impugnação. Referidos embargos, entretanto, foram rejeitados, ao argumento de que por ser a aplicação de penalidade, matéria de ordem pública, o provimento pode ser dado de ofício, de modo que não ocorre a preclusão ao presente caso (Fl. 638). Regularmente intimada da decisão a Fazenda Nacional, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, visando rediscutir a preclusão em relação a matéria não ventilada em sede de Impugnação, trazendo como paradigma o Acórdão 105 16.986, onde se decidiu, dentre outros pontos, que a multa agravada tornase definitiva quando não expressamente impugnada, razão pela qual tal matéria não pode ser objeto de apreciação em sede recursal. Em suas razões a Fazenda alega que, no processo administrativo fiscal, a teor do artigo 17, do Decreto 70.235/72, se o contribuinte não se insurge expressamente contra determinada matéria ela é considerada como não impugnada, ou seja, presumese que o sujeito passivo concordou com a determinação fiscal. Nesse contexto, a Fazenda pede que seja restabelecida a multa aplicada. Na análise de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda tendo em vista a divergência de interpretação, já que no paradigma a multa agravada foi mantida por falta de impugnação da matéria, enquanto no recorrido a multa de ofício foi afastada mesmo sem que houvesse sido impugnada. Regularmente intimado o Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Fl. 711DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 18471.002188/200309 Acórdão n.º 9202004.409 CSRFT2 Fl. 711 3 Conselheiro Gerson Macedo Guerra Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade do Recurso, entendo que este deve ser conhecido. No mérito, com relação à preclusão de matéria não arguida em sede de impugnação entendo importante observar que no processo administrativo impera o princípio do formalismo moderado, que permite a flexibilização de certas regras, quando favorável ao contribuinte. Entendo que a preclusão é uma matéria que deve ser relativizada em função desse princípio. Digo isso com base no artigo 3º, III, da Lei 9.784/99, que, ao tratar dos direitos dos contribuintes, em seu artigo 3º, III, assim dispõe: Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...) III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; Nesse contexto, a meu ver, pelo princípio do formalismo moderado e pela declaração dos direitos dos administrados na Lei 9.784/99, matérias não tratadas em sede de impugnação podem ser arguidas em sede de recurso, mesmo pelo julgador, quando se está diante de matérias de ordem pública. Mas não é só. Quando estamos diante de nulidades absolutas, não há que se falar em preclusão. Isso porque são essas nulidades matérias de ordem pública passíveis de questionamento em qualquer momento processual, inclusive pela própria autoridade julgadora. Tendo em vista que a norma que rege o processo administrativo fiscal nada dispõe sobre o tema e que o CPC a ele é aplicável supletivamente, nas hipóteses de ausência de regulamentação, deve ser observado o artigo 278, parágrafo único do CPC, que aduz que as nulidades absolutas devem ser decretadas de ofício pelo juiz, nos seguintes termos: Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento. No presente caso, a matéria foi levantada de ofício pelo julgador de 2ª instância, por tratarse de uma nulidade absoluta que torna o ato de lançamento inexistente. Por este motivo entendo que não há que se falar em preclusão no presente caso. Assim, voto por negar provimento ao recurso. Fl. 712DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 A par do meu entendimento, importante destacar que, no presente caso, a maioria entendeu que o afastamento da multa de ofício, matéria que a União alega preclusão do direito do contribuinte discutir em segunda instância administrativa, encontravase presente na impugnação, de modo a não ser aqui aplicável o instituto da preclusão. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 713DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10850.720812/2013-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
ISENÇÃO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULAS CARF Nº 43 E 63.
Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-004.539
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento, para reconhecer a isenção dos proventos de aposentadoria auferidos pelo Contribuinte durante o ano-calendário de 2009. Vencido o conselheiro Denny Medeiros da Silveira, que solicitou fazer declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente.
(assinado digitalmente)
Márcio de Lacerda Martins - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARCIO DE LACERDA MARTINS
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. SÚMULAS CARF Nº 43 E 63. Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 72 08 12 /2 01 3- 41 Fl. 342DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, darlhe provimento, para reconhecer a isenção dos proventos de aposentadoria auferidos pelo Contribuinte durante o anocalendário de 2009. Vencido o conselheiro Denny Medeiros da Silveira, que solicitou fazer declaração de voto. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente. (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório Da Notificação de Lançamento: (efls. 29 a 33) Confrontando o valor dos rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica declarados pelo Recorrente com o valor informado pela São Paulo Previdência SPPREV (fonte pagadora) na declaração de imposto de renda retido na fonte (Dirf), constatou se a omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva no valor de R$ 142.885,22. Da Impugnação: (efls. 2 a 27) O contribuinte, por meio de sua Curadora, informou que os rendimentos são isentos por tratarse de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão de portador de moléstia grave. Apresentou dois laudos periciais em papel timbrado da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, assinados pela Drº Marisa Gonçalves Fonseca, CRM 44.819, sendo um de efls. 24 e 25, datado de 07/03/2013, declarando ser o contribuinte "portador de alienação mental, desde 1994 até a presente data de CID F70, moléstia referida no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88, com nova redação dada pelo artigo 47 da Lei nº 8.541/92, sob a rubrica Demência Vascular" e, o outro, efls. 26 e 27, datado de 19/02/2013, onde consta ser o contribuinte "portador demência vascular, desde 1994, até a presente data de CID F01, moléstia referida..." Do Acórdão de Impugnação: (efls. 303 a 309) O acórdão 1650.173 da 21ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I pode ser assim resumido, conforme os termos finais do seu voto condutor, a saber: Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10850.720812/201341 Acórdão n.º 2401004.539 S2C4T1 Fl. 353 3 "Tendo em vista os dispositivos legais acerca de isenção de imposto de renda, anteriormente transcritos, e: a) o laudo pericial emitido por serviço público municipal em 19/02/2013 identifica doença do contribuinte como CID F01 – Demência Vascular (fls. 26/27); b) o laudo pericial emitido por serviço público municipal em 7/03/2013 identifica doença do contribuinte como CID F70 – Retardo Mental Leve (fls. 24/25); c) os demais relatórios e atestados médicos informam que o contribuinte sofreu vários acidentes vasculares cerebrais, que criaram quadro de piora progressiva de seu estado de saúde, particularmente a partir de julho de 2010 e agravamento significativo a partir de novembro de 2012; d) conforme registro no banco de dados CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais, o contribuinte aposentouse em 6/08/2002, sem que conste benefício por incapacidade antes dessa data (fls. 301) e informação da data de aposentadoria consta do sítio que a Universidade Estadual Paulista – UNESP mantém na internet (fls. 302); e) o processo de interdição foi protocolizado em 2010, com nomeação de curadora provisória em 7/12/2010; 1. Como a isenção de imposto de renda por moléstia grave abrange apenas proventos de aposentadoria, reforma e pensão, no presente caso não haveria que se falar em isenção antes de setembro de 2002;isenção antes de setembro de 2002; 2. O conjunto probatório reunido nestes autos forma a convicção de que é cabível admitirse que o contribuinte usufrua isenção de imposto de renda em razão de moléstia grave – alienação mental em decorrência de demência vascular a partir de dezembro de 2010, por ocasião da nomeação da sra. Débora Cristina Brandt Leão Cury como curadora provisória, em processo de interdição motivado pela total incapacidade do contribuinte para atos da vida civil; 3. Desse modo, tendo em vista que o lançamento objeto destes autos referese ao anocalendário 2009, não cabe qualquer alteração. Conclusão: Pelas razões expostas, voto pela improcedência da impugnação." Do Recurso Voluntário: (efls. 315 a 320) Cientificada do acórdão de impugnação em 16/09/2013, Aviso de Recebimento AR de efl. 312, a Representante do Contribuinte interpôs, em 11/10/2013, efl. 315, o Recurso Voluntário alegando em síntese: Fl. 344DF CARF MF 4 1. foi apresentado laudo pericial médico que atesta que o contribuinte é portador de "demência vascular" desde 1994; 2. que o fato controverso é a decisão da DRJSP1 que o contribuinte tem direito a usufruir da isenção somente a partir de 2010, data em que foi interditado judicialmente, o que entende contrariar a legislação pertinente e as provas dos autos; 3. que o art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 1988, reconhece a isenção dos proventos de aposentadoria aos portadores de alienação mental, como é o caso; 4. que a isenção aplicase aos rendimentos de aposentadoria a partir da data em que a doença foi diagnosticada e contraída, no caso desde 1994; 5. não vê suporte legal para condicionar a isenção pleiteada à interdição judicial do contribuinte; 6. que a DRF de São José do Rio Preto reconheceu, nos autos do processo nº 10850.720122/201391, a isenção dos proventos de 13º salário, referentes aos anos calendários de 2007 a 2011, restituindo o IRRF indevidamente retido. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio de Lacerda Martins 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE A ciência do acórdão de impugnação ocorreu em 16 de setembro de 2013 e a interposição do recurso ocorreu em 11 de outubro de 2013. Assim sendo, respeitouse o prazo legal e o recurso deve ser conhecido por tempestivo. 2. DO MÉRITO: A Lei nº 9.250, de 1995, estabelece em seu art. 30 que: Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1º O serviço médico oficial fixará o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. A Lei 7.713, de 1988, relaciona no art. 6º , inciso XIV, com a redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004, as doenças graves cujos portadores têm seus proventos de aposentadoria cobertos pela isenção do imposto sobre a renda, a conferir: Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10850.720812/201341 Acórdão n.º 2401004.539 S2C4T1 Fl. 354 5 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...] XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004) A Recorrente apresenta dois laudos médicos em que a médica perita atesta, no doc. efls. 26/27, emitido em 19/02/2013, ser o contribuinte "portador de demência vascular, desde 1994, até a presente data de CID F01 [...] enquanto o documento de efls. 24/25, emitido em 07/03/2013, atesta ser o contribuinte "portador de alienação mental, desde 1994, até a presente data de CID F70 [...]. No voto condutor do acórdão de impugnação consta registrado que os códigos utilizados nos laudos identificam doenças distintas e que não constam listadas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 1988. Enquanto o CID F01 identifica a "Demência Vascular", o CID F70 identifica "Retardo Mental Leve". Realmente isto é facilmente constatado. Entretanto, apesar da codificação, CID F70, a médica perita declarou literalmente: "Declaro, sob as penas da Lei, que Max Brandt Neto é portador Alienação mental, desde 1994, até a presente data de CID F70, moléstia referida no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88, com nova redação dada pelo artigo 47 da Lei nº 8.541/92, sob a rubrica de Demencia vascular. (DENOMINAÇÃO UTILIZADA PELO LEGISLADOR ABAIXO)" Não vislumbro óbice para a isenção pleiteada o fato de existirem nos laudos codificações CID distintas para uma doença que é reconhecidamente grave e que apresenta danos progressivos ao portador. Respaldo minha decisão também no vasto conjunto probatório apresentado pela Curadora do contribuinte e no precedente da DRF de São José do Rio Preto, Despacho Decisório efls. 329 a 335. Ademais, considero aplicáveis ao caso em comento, as súmulas CARF nº 43 e 63, que assim dispõem: Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Fl. 346DF CARF MF 6 Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Entretanto, como bem observado no acórdão de impugnação, a isenção de imposto de renda por moléstia grave abrange apenas proventos de aposentadoria, reforma e pensão, no presente caso não haveria que se falar em isenção antes de 31/07/2002, data que consta do Despacho Decisório à efl. 330. Assim, diante do exposto, dou provimento ao recurso para reconhecer a isenção dos proventos de aposentadoria auferidos pelo Contribuinte durante o anocalendário de 2009. (assinado digitalmente) Márcio de Lacerda Martins Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10850.720812/201341 Acórdão n.º 2401004.539 S2C4T1 Fl. 355 7 Declaração de Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira Com a maxima venia, divirjo do Voto do Relator. O laudo pericial de fls. 26 e 27 até informa que o contribuinte é portador de demência vascular desde 1994, e cita o CID dessa doença (F01), porém, não diz o grau da demência e nem se acarretou alienação mental. Já o laudo pericial de fls. 24 e 25, por sua vez, até menciona que o contribuinte é portador de “alienação mental” desde 1994, porém, informa o CID 070, que corresponde a “Retardo Mental Leve”. Além do mais, conforme já apontado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I, nos documentos de fls. 300 e 301, extraídos o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), temse que o contribuinte se aposentou em 06/08/2002, sem constar em seus registros o recebimento de qualquer benefício por incapacidade, o que leva a crer que até a sua aposentadoria, o contribuinte não apresentava qualquer doença incapacitante para o trabalho, situação essa incompatível com um quadro de alienação mental desde 1994, mas coerente com retardo mental leve. Inclusive, da análise dos documentos apresentados pela defesa, a DRJ concluiu que “o contribuinte sofreu acidente vascular cerebral em 1994, foi submetido a cirurgia e ficou com leve disfunção cognitiva de memória”, o que é corroborado pelos elementos de prova acima citados. Por fim, temse que somente em 07/12/2010 foi deferida a curatela provisória do contribuinte a Débora Cristina Brandt Leão Cury (fl. 298), tendo sido expedida a Certidão de Interdição em 18/12/2012. Portando, em face a esses elementos, é possível firmarmos convicção de que o contribuinte se aposentou em 06/08/2002 e que se encontrou acometido de alienação mental a partir de 07/12/2010. Nada além disso é suficientemente comprovado nos autos. Conclusão Isso posto, nego provimento ao Recurso Voluntário e mantenho a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 348DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.000951/2001-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1995
HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. COMPENSAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
É situação comum em sede de compensação a manifestação contrária da Delegacia com base em questão preliminar por meio de Despacho Decisório, que depois vem a ser reformado pela DRJ ou pelo CARF, devendo a mesma Delegacia prosseguir na análise do mérito da compensação. Nesse tipo de situação, não há inércia, pois o Despacho Decisório foi proferido dentro do prazo de 5 anos, não havendo que se falar em homologação tácita.
RESTITUIÇÃO - INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO AQUISITIVA E DE DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO PERQUIRIR DIREITO CREDITÓRIO
Não se pode transmutar uma disposição legal relativa a um prazo extintivo para um lapso aquisitivo. É ir muito além das fronteiras da interpretação, especialmente porque não haveria limites ao indébito. No caso de homologação do pagamento ou da compensação, o direito está limitado ao próprio valor do crédito tributário que se pretende extinguir, como na usucapião, que, apesar de se caracterizar como uma prescrição aquisitiva, está limitada ao próprio bem concreto que se pretende adquirir. Já a aquisição pura e simples de um valor monetário por decurso de prazo na verificação de informações redundaria na possibilidade de se consolidarem direitos contra a Fazenda Pública de montantes estratosféricos e totalmente irreais. Os prazos extintivos visam à pacificação social, à consolidação pelo tempo de situações já estabelecidas. Em razão disso, há dois tipos de prazos em matéria tributária, ambos relativos à extinção de direitos do Fisco em face do particular: a decadência que fulmina o poder de constituir o crédito tributário, e a prescrição que elimina o direito de cobrar. Ambos os casos consolidam situações concretas que se perpetuaram no tempo, ou seja, como o sujeito passivo até então não pagou, então por inércia do Fisco continuará a não pagar. Foi em razão disso que o próprio despacho decisório homologou as compensações. Na prescrição aquisitiva da usucapião, há de igual sorte uma perpetuação no tempo, pois aquele que adquire a propriedade já dispunha da posse, vale dizer, a relação concreta com o bem permanece a mesma. Já uma suposta prescrição aquisitiva de pretenso indébito tributário geraria uma modificação no plano fático, qual seja, a transferência de recursos - ilimitados - de domínio público para a esfera privada. Em suma, no curso do processo administrativo de restituição, a Administração tem o poder de verificar e o particular o dever de manter todos os documentos que se referiram ao direito pleiteado.
Numero da decisão: 1401-001.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, AFASTAR a decadência do direito de a fiscalização rever o saldo negativo de períodos anteriores. Vencido o Conselheiro Marcos de Aguiar Villas-Bôas (Relator), que acolhia a decadência, e, no mérito, por unanimidade de votos, NEGARAM provimento ao recurso. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor quanto à preliminar.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Marcos de Aguiar Villas-Bôas - Relator.
Documento assinado digitalmente.
Guilherme Adoldo dos Santos Mendes - Redator do voto vencedor.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Mendes, Luciana Zanin, Ricardo Marozzi, Marcos Villas-Bôas (relator), Luis Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini e Lívia Germano.
Nome do relator: MARCOS DE AGUIAR VILLAS BOAS
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Compensação de saldo negativo. Recorrente DM Motors do Brasil Ltda. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1995 HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. COMPENSAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É situação comum em sede de compensação a manifestação contrária da Delegacia com base em questão preliminar por meio de Despacho Decisório, que depois vem a ser reformado pela DRJ ou pelo CARF, devendo a mesma Delegacia prosseguir na análise do mérito da compensação. Nesse tipo de situação, não há inércia, pois o Despacho Decisório foi proferido dentro do prazo de 5 anos, não havendo que se falar em homologação tácita. RESTITUIÇÃO INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO AQUISITIVA E DE DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO PERQUIRIR DIREITO CREDITÓRIO Não se pode transmutar uma disposição legal relativa a um prazo extintivo para um lapso aquisitivo. É ir muito além das fronteiras da interpretação, especialmente porque não haveria limites ao indébito. No caso de homologação do pagamento ou da compensação, o direito está limitado ao próprio valor do crédito tributário que se pretende extinguir, como na usucapião, que, apesar de se caracterizar como uma prescrição aquisitiva, está limitada ao próprio bem concreto que se pretende adquirir. Já a aquisição pura e simples de um valor monetário por decurso de prazo na verificação de informações redundaria na possibilidade de se consolidarem direitos contra a Fazenda Pública de montantes estratosféricos e totalmente irreais. Os prazos extintivos visam à pacificação social, à consolidação pelo tempo de situações já estabelecidas. Em razão disso, há dois tipos de prazos em matéria tributária, ambos relativos à extinção de direitos do Fisco em face do particular: a decadência que fulmina o poder de constituir o crédito tributário, e a prescrição que elimina o direito de cobrar. Ambos os casos consolidam situações concretas que se perpetuaram no tempo, ou seja, como o sujeito passivo até então não pagou, então por inércia do Fisco continuará a não pagar. Foi em razão disso que o próprio despacho decisório homologou as AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 09 51 /2 00 1- 64 Fl. 1141DF CARF MF 2 compensações. Na prescrição aquisitiva da usucapião, há de igual sorte uma perpetuação no tempo, pois aquele que adquire a propriedade já dispunha da posse, vale dizer, a relação concreta com o bem permanece a mesma. Já uma suposta prescrição aquisitiva de pretenso indébito tributário geraria uma modificação no plano fático, qual seja, a transferência de recursos ilimitados de domínio público para a esfera privada. Em suma, no curso do processo administrativo de restituição, a Administração tem o poder de verificar e o particular o dever de manter todos os documentos que se referiram ao direito pleiteado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, AFASTAR a decadência do direito de a fiscalização rever o saldo negativo de períodos anteriores. Vencido o Conselheiro Marcos de Aguiar VillasBôas (Relator), que acolhia a decadência, e, no mérito, por unanimidade de votos, NEGARAM provimento ao recurso. Designado o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor quanto à preliminar. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Documento assinado digitalmente. Guilherme Adoldo dos Santos Mendes Redator do voto vencedor. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (presidente da turma), Guilherme Mendes, Luciana Zanin, Ricardo Marozzi, Marcos Villas Bôas (relator), Luis Rodrigo de Oliveira Barbosa, Aurora Tomazini e Lívia Germano. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão nº 1653.888, da DRJ/SP1, que julgou, por maioria de votos, totalmente improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela contribuinte em decorrência de Despacho Decisório que deferiu apenas parcialmente o pedido de restituição (com pedidos de compensação) realizado por ela. Fl. 1142DF CARF MF Processo nº 13804.000951/200164 Acórdão n.º 1401001.684 S1C4T1 Fl. 12 3 Valhome do breve e detalhado Relatório do Acórdão da DRJ para descrever os fatos iniciais do processo: "Tratase de Manifestação de Inconformidade de fls. 1003/1016, de 5/10/2012, interposta em face do Despacho Decisório de fls. 939/944, em que foram apreciados o pedido de restituição de fls. 22, protocolizado, em 8/04/2001 e as Declarações de compensação que deram origem a novos processos, que foram apensados a este e cuja relação encontrase em fls. 128, protocolizadas no período de 26.11.2003 a 26.02.2004, mediante as quais a contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito no valor de R$ 1.556.757,24 (saldo original de 734.585,56 acrescido de juros SELIC de 115,16% demonstrado em fls. 23), relativo ao Saldo Negativo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica do anocalendário de 1995. No referido despacho decisório deferiu parcialmente o pedido de restituição de saldo negativo de IRPJ, apurado durante o anocalendário de 1995, conseqüentemente, homologando parcialmente as compensações realizadas com base no referido crédito. O Pedido de Restituição, em questão, fora inicialmente indeferido por decadência do direito de pleitear o reconhecimento do crédito e as correspondentes compensações não foram homologadas, conforme Despacho Decisório de fls 110/119, datado de 24/11/2006. Cientificado o contribuinte apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 125/142, em 15/08/2007, apreciado por esta DRJ, em 23/10/2007, que também indeferiu o pedido de restituição (fls. 539/545). O contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 570/586, datado de 28/01/2008, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, que anulou a decisão de 1ª instância, afastando a aludida decadência e determinando que fosse proferida outra decisão com a apreciação do crédito indicado para compensação. Os autos foram encaminhados para a delegacia de origem para prosseguimento, que proferiu o Despacho Decisório de fls. 939/944, datado de 17/09/2012, que reconheceu parcialmente o direito creditório, no montante de R$ 540.512,25 (valor original) e homologou as DCOMPS apresentadas até o limite do direito creditório reconhecido. Cientificado, por via postal, conforme AR de fls. 975, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, de fls. 1003/1016, protocolizada em 25/10/2012, com as alegações abaixo sintetizadas. A HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DAS COMPENSAÇÕES. Teria decorrido mais de cinco anos da entrega das declarações. As compensações teriam sido apresentadas entre maio de 2003 e fevereiro de 2004, assim se teria o prazo máximo até fevereiro de 2009, para apreciar estas compensações. O CARF teria cancelado a decisão inicial, determinando nova análise do direito creditório e o contribuinte somente foi cientificado a respeito da nova decisão em 26/09/2012, e o prazo para o fisco apreciar as últimas DCOMPs apresentadas teria se expirado em fevereiro de 2009. O SALDO NEGATIVO DO IRPJ. No despacho decisório recorrido foi considerado como não comprovado o valor de R$ 125.122,55 a título de retenções do imposto de renda na fonte de um total de R$ 864.277,19, declarados pela contribuinte. Tais valores referirseiam às retenções incidentes sobre resgates de aplicações financeiras efetuadas no extinto Banco Pontual, cujos informes não foram obtidos até a presente data. Os registros contábeis seriam suficientes para provar o IRRF glosado. Sustenta sua argumentação com acórdãos do CARF". Fl. 1143DF CARF MF 4 O Acórdão da DRJ ficou, então, ementado da seguinte forma: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1995 IRRF. DEDUÇÃO. SALDO NEGATIVO. INFORME DE RENDIMENTOS. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos poderá ser compensado na declaração de pessoa jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, sendo a DIRF e outros elementos de prova meios de corroborar sua autenticidade. Não há que se considerar no cômputo do saldo negativo o imposto de renda retido na fonte, cujo rendimento correspondente não foi tributado na DIPJ ou cuja retenção não restou demonstrada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1995 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em homologação tácita quando a Declaração de Compensação é apreciada dentro do prazo de 5 (cinco) anos previstos no parágrafo 5º do art. 74 da Lei n.º 9.430/96. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" A Relatora do caso na DRJ ficou vencida no julgamento, pois, apesar de ter julgado improcedente a Manifestação de Inconformidade, seguiu a linha de que não há prazo para análise do pedido de restituição que embasava os pedidos posteriores de compensação, que teriam ficado sobrestados por ele. Quanto à prova dos saldos negativos, sustentou que a contabilidade é uma "força probante razoável", mas não faz prova sem os documentos que lhe deem suporte fático. O Voto Vencedor, por outro lado, também julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mas entendendo que o Voto Vencido deixou de abordar tema importante e poderia, assim, ser entendido como um cerceamento de defesa no tocante à alegação de homologação tácita. Ainda segundo o Voto Vencedor, houve compensações em 30/04/2003 e 26/02/2004, sendo que o Despacho Decisório foi proferido em 26/02/2007, de modo que não teriam se passado 5 anos nem mesmo desde a primeira compensação. O prazo de 5 anos, conforme a legislação, apenas correria a partir do momento em que há o pedido de compensação, e não antes disso. Refutou ainda a alegação da contribuinte de ocorrência homologação tácita por conta da anulação do primeiro Despacho Decisório, pois teria havido, em verdade, anulação do Acórdão da DRJ por parte do CARF, para afastar a prescrição em relação à possibilidade de ser pedida a restituição. Inconformada, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário, por meio do qual repetiu os argumentos da Manifestação de Inconformidade, questionando, porém, alguns pontos do Acórdão da DRJ, especialmente no tocante ao Voto Vencido da Relatora, quando Fl. 1144DF CARF MF Processo nº 13804.000951/200164 Acórdão n.º 1401001.684 S1C4T1 Fl. 13 5 deveria se preocupar atacar, em verdade, o Voto Vencedor. Isso será analisado adiante no Voto. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marcos de Aguiar VilllasBôas Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação. Alegação de homologação tácita da compensação Segundo alegado a todo o tempo pela Recorrente, teriam se passado 5 anos desde a apresentação das DComps até o Despacho Decisório, pois o primeiro Despacho, proferido dentro do prazo, teria sido anulado, enquanto que o segundo Despacho, que realmente está agora em discussão, foi proferido mais de 7 anos depois da apresentação da segunda e última Dcomp em discussão neste processo administrativo fiscal. Não assiste razão à Recorrente quanto a esse argumento. Na verdade, o que houve foi o afastamento pelo CARF do entendimento do primeiro Despacho Decisório de que teria havido transcurso do prazo de decadência de 5 anos para ingressar com o pedido de restituição, que, na verdade, se trata de prescrição, mas essa questão técnica não vem ao caso. A forma que os conselheiros do CARF encontraram de fazer o processo retornar à Delegacia da Receita Federal para que a certeza e liquidez do crédito fossem analisadas foi a anulação do primeiro Despacho Decisório. No entanto, isso nem sequer era necessário e, na visão deste Relator, com o devido respeito, foi um entendimento equivocado. Bastava ter afastado a prescrição, denominada de decadência nos autos, e determinado o retorno do processo para que um novo Despacho Decisório substituísse o primeiro de modo a prosseguir no julgamento do caso com a análise do mérito do pedido. Não houve desídia da Delegacia da Receita Federal, que proferiu seu Despacho Decisório bem antes da homologação tácita das compensações. Ao proferir um Fl. 1145DF CARF MF 6 segundo Despacho Decisório, ela adentrou nos saldos negativos em si, conforme determinação do próprio CARF, que antes não tinham sido analisados. Deste modo, não se trata de suspensão de prazo decadencial ou de algo similar. Ao proferir o primeiro Despacho Decisório, a Delegacia da Receita Federal cumpriu seu dever de analisar as Dcomps e homologálas ou não. Deve ser afastada, portanto, a alegação de homologação tácita das Dcomps, mas, no entendimento deste Relator, houve decadência do direito da Delegacia da Receita Federal de questionar os saldos negativos em discussão, conforme se explica a seguir. Reconhecimento de ofício de decadência do direito de questionar os saldos negativos Os saldos negativos aqui em discussão referemse ao ano calendário de 1995 e constavam da DIPJ entregue à Receita Federal no prazo adequado no ano de 1996. O valor desses saldos negativos é R$ 1.556.757,24, sendo que o saldo original principal é R$ 734.585,56, acrescido de Selic acumulada de 115,16%. O segundo Despacho Decisório, aquele que efetivamente analisou os saldos negativos compensados, reconheceu o saldo original principal de R$ 540.512,25 e mais a aplicação de juros, de modo que ficou obstada a compensação de apenas R$ 194.073,31 em termos de saldo original. Apesar de a decadência não ter sido alegada pela Recorrente nesses termos, ela o foi, como visto, sob outros termos e fundamentos, além de que se trata de matéria de ordem pública, de modo que o julgador está obrigado a fazêlo de ofício. Nessa linha, passo a analisar a decadência do direito de a Receita Federal questionar o saldo negativo relativo ao ano calendário de 1995, formalizado em DIPJ entregue em 1996, por meio de Despacho Decisório proferido apenas em 2012, 17 anos depois. Esse tema já foi discutido nesta turma outras vezes, tendo este Relator ficado vencido. No entanto, entende que este é um caso muito interessante para exemplificar, com o devido respeito aos demais conselheiros, as injustiças causados pelo entendimento contrário. Além disso, há circunstâncias específicas no presente caso que podem levar, eventualmente, a uma mudança de entendimento. A diferença do valor não reconhecido pelo Despacho Decisório referese a retenções que teriam sido realizadas pelo Banco Pontual, adquirido pelo Bradesco em 1998, em decorrência de rendimentos em aplicações financeiras. Ainda que a questão da homologação tácita deva ser analisada com vistas no primeiro Despacho Decisório, o fato é que a análise do saldo negativo apenas aconteceu efetivamente no segundo Despacho Decisório, proferido em 17 de setembro de 2012. Pedese, portanto, que a Recorrente comprove saldos negativos de período encerrado 17 anos antes. Em 2012, fazia 14 anos que o Banco Pactual, aquele que poderia fornecer informes de rendimentos à Recorrente ou outros documentos que ajudassem a comprovar as retenções de IRPJ, tinha deixado de existir. Fl. 1146DF CARF MF Processo nº 13804.000951/200164 Acórdão n.º 1401001.684 S1C4T1 Fl. 14 7 Era natural que a Recorrente tivesse dificuldades para suportar com documentos os saldos negativos, apesar de todos os registros contábeis terem sido feitos adequadamente, o que foi reconhecido, inclusive, pelo Acórdão da DRJ. De fato, em situações normais, não se pode aceitar os meros registros contábeis como prova do saldo negativo. No entanto, não se pode exigir apresentação de documentos do contribuintes datados de 17 anos atrás. É para evitar esse tipo de situação que existem prazos decadenciais e prescricionais ao longo de toda a legislação, ou seja, para que os direitos sejam definitivamente constituído após algum tempo, dando segurança jurídica à sociedade nas suas relações. O contribuinte não pode ficar eternamente à mercê de uma análise da Receita Federal quando alguns saldos negativos seus antigos forem utilizados muito tempo depois. O direito potestativo de a Receita Federal questionar aspectos tributários de um determinado contribuinte extinguese em 5 anos. É isso o que significa o prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional. Esse é o espírito da norma. Se não está claro no CTN que esse prazo não se resume aos casos de lançamento, aplicandose também aos casos de pedidos de restituição e compensação, cabe ao julgador, aquele competente para interpretar a legislação de forma a solucionar as lides com bom senso e justiça, reconhecer essa interpretação. Os prejuízos fiscais e os saldos negativos afetam o total de tributo a pagar, sendo uma obrigação da Receita Federal analisálos no momento de uma fiscalização. Se o Banco Pontual não houvesse feito as retenções que estão registradas na contabilidade da Recorrente, ele, ou ela própria, deveria ser cobrado. Há, portanto, três hipóteses: a) ou o tributo foi retido e o saldo negativo deve ser reconhecido; b) ou o tributo não foi retido e não foi cobrado, de modo que o saldo negativo também deve ser reconhecido; c) ou o tributo não foi retido e foi cobrado, de modo que foi pago ou provavelmente ainda o será. No caso específico, não houve qualquer manifestação da Receita Federal acerca da não retenção dos tributos dentro do prazo de decadência de 5 anos. Por tal razão, não há mais que se questionar os saldos negativos. O entendimento pela inexistência de decadência, aliado a um forte conservadorismo quanto ao reconhecimento da comprovação de saldos negativos, tem levado inúmeros contribuintes a pagar tributos duas vezes. Sim, tratase de bitributação e enriquecimento ilícito, pois, ao não se permitir a compensação de saldo negativo gerado por pagamento a maior de tributos antes de encerrado o período de apuração, isso é exatamente o mesmo que aceitar a tributação do contribuinte a maior ao longo do período de apuração. É preciso tomar muito cuidado ao analisar questões técnicas para não perder de vista o efeito pragmático delas. A Receita Federal age, frequentemente, com posturas excessivamente restritivas em favor próprio e o CARF não pode chancelálas. Fl. 1147DF CARF MF 8 O prazo previsto no §5º, do art. 74, da Lei nº 9.430/1996, que foi objeto da discussão ao longo do processo administrativo, trata do período que corre desde o primeiro dia seguinte ao da apresentação da Dcomp até a homologação tácita dela. Dentro desse período, ela pode ser questionada pela Receita Federal, que poderá analisar se estão cumpridos os requisitos da própria Lei nº 9.430/1996. Segundo o art. 74, no seu §3º, há várias hipóteses nas quais não pode haver compensação. Não podem ser compensados o saldo a restituir declarado na Declaração de Ajuste Anual, os débitos de tributos e contribuições devidos no registro de Declaração de Importação e assim por diante. É preciso também checar se os créditos superam o valor dos débitos e, havendo prazo decadencial, é possível questionar saldos negativos utilizados para compensação. O que não se pode permitir, no entanto, é a Receita Federal questionar saldos negativos de mais de 15 anos atrás (três períodos inteiros de prazo decadencial), sobretudo exigindo apresentação de documentação para efeitos tributários, quando, segundo o CTN, ela só deve ser guardada pelo contribuinte por 5 anos. O art. 195, parágrafo único, do CTN, determina a guarda de documentos pelo prazo prescricional. Há certa concordância na jurisprudência judicial no sentido de que os prazos tributários de decadência e prescrição são de 5 anos, levando à conclusão de que esse é o prazo de guarda de documentos fiscais pelos contribuintes. Entendo, portanto, que o prazo decadencial de lançamento de 5 anos deve valer também para o questionamento de créditos, prejuízos fiscais e saldos negativos dos contribuintes, interpretação que mantém total coerência com as prescrições do CTN e da Lei nº 9.430/1996. Somente com base nessa questão de direito, entendo que as compensações já deveriam ser totalmente homologadas. Não bastasse isso, contudo, o contexto do caso específico, no qual o saldo negativo estava constituído desde 1996, referindose ao período de 1995, enquanto que a sua análise aconteceu apenas em 2012, 14 anos após ser extinta a entidade retentora dos valores que teriam composto a diferença não homologada de saldo negativo, tornase praticamente impossível a prova desejada pela Receita Federal e pela DRJ. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de declarar de ofício a decadência do direito de rever a apuração da contribuinte após passados cinco anos desde o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador e, assim, de dar provimento ao Recurso Voluntário para homologar as duas compensações por completo. Documento assinado digitalmente. Marcos de Aguiar VillasBôas Relator. Fl. 1148DF CARF MF Processo nº 13804.000951/200164 Acórdão n.º 1401001.684 S1C4T1 Fl. 15 9 Voto Vencedor Em que pese a respeitável posição estampada pelo ilustre relator, a suposta perda do direito de a Fazenda Pública rever direitos creditórios consignados contra si pelos sujeitos passivos tributários, por decurso de prazo, é tema reiteradamente tratado pelo Colegiado e sobre o qual já me debrucei inúmeras vezes com dedicada reflexão. Já nos idos de 13 de agosto de 2008, no acórdão nº 10323.528, como relator do voto vencedor, analisei a possibilidade de prescrição aquisitiva no direito tributário, cujo resultado foi assim ementado: RESTITUIÇÃO – INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO AQUISITIVA – não se pode transmutar uma disposição legal relativa a um prazo extintivo para um lapso aquisitivo. É ir muito além das fronteiras da interpretação, especialmente porque não haveria limites ao indébito. No caso de homologação do pagamento ou da compensação, o direito está limitado ao próprio valor do crédito tributário que se pretende extinguir, como na usucapião, que, apesar de se caracterizar como uma prescrição aquisitiva, está limitada ao próprio bem concreto que se pretende adquirir. Já a aquisição pura e simples de um valor monetário por decurso de prazo na verificação de informações redundaria na possibilidade de se consolidarem direitos contra a Fazenda Pública de montantes estratosféricos e totalmente irreais. Os prazos extintivos visam à pacificação social, à consolidação pelo tempo de situações já estabelecidas. Em razão disso, há dois tipos de prazos em matéria tributária, ambos relativos à extinção de direitos do Fisco em face do particular: a decadência que fulmina o poder de constituir o crédito tributário, e a prescrição que elimina o direito de cobrar. Ambos os casos consolidam situações concretas que se perpetuaram no tempo, ou seja, como o sujeito passivo até então não pagou, então por inércia do Fisco continuará a não pagar. Foi em razão disso que o próprio despacho decisório homologou as compensações. Na prescrição aquisitiva da usucapião, há de igual sorte uma perpetuação no tempo, pois aquele que adquire a propriedade já dispunha da posse, vale dizer, a relação concreta com o bem permanece a mesma. Já uma suposta prescrição aquisitiva de pretenso indébito tributário geraria uma modificação no plano fático, qual seja, a transferência de recursos – ilimitados – de domínio público para a esfera privada. Em suma, no curso do processo administrativo de restituição, a Administração tem o poder de verificar e o particular o dever de manter todos os documentos que se referiram ao direito pleiteado.. No referido voto, teci as seguintes considerações: Com a devida vênia ao ilustre Conselheiro Relator, entendo que não podemos transmutar um prazo extintivo para um decurso temporal aquisitivo. Fl. 1149DF CARF MF 10 O prazo de homologação previsto na codificação tributária diz respeito ao pagamento, que corresponde, pois, a uma forma de extinção do vínculo obrigacional entre o Estado (como sujeito ativo de um direito) e o particular (como sujeito passivo). No entanto, o voto do relator pretende homologar a aquisição de um direito. De fato, há, no ordenamento pátrio, prazos de caducidade aquisitiva, como a usucapião. Todavia, tais prazos devem ser expressos. Ademais, não se pode transmutar uma disposição legal relativa a um prazo extintivo para um lapso aquisitivo. É ir muito além das fronteiras da interpretação, especialmente porque não haveria limites ao indébito. No caso de homologação do pagamento ou da compensação, o direito está limitado ao próprio valor do crédito tributário que se pretende extinguir, como na usucapião, que, apesar de se caracterizar como uma prescrição aquisitiva, está limitada ao próprio bem concreto que se pretende adquirir. Já a aquisição pura e simples de um valor monetário por decurso de prazo na verificação de informações redundaria na possibilidade de se consolidarem direitos contra a Fazenda Pública de montantes estratosféricos – milhões, bilhões ou até mesmo suplantar o valor do PIB nacional – e totalmente irreais. Tal raciocínio, portanto, não pode prevalecer. Ademais, os prazos extintivos visam à pacificação social, à consolidação pelo tempo de situações já estabelecidas. Em razão disso, há dois tipos de prazos em matéria tributária, ambos relativos à extinção de direitos do Fisco em face do particular: a decadência que fulmina o poder de constituir o crédito tributário, e a prescrição que elimina o direito de cobrar. Ambos os casos consolidam situações concretas que se perpetuaram no tempo, ou seja, como o sujeito passivo até então não pagou, então por inércia do Fisco continuará a não pagar. Foi em razão disso, que o próprio despacho decisório homologou as compensações. Na prescrição aquisitiva da usucapião, há de igual sorte uma perpetuação no tempo, pois aquele que adquire a propriedade já dispunha da posse, vale dizer, a relação concreta com o bem permanece a mesma. Já essa “proposta” de prescrição aquisitiva geraria uma modificação no plano fático, qual seja, a transferência de recursos – ilimitados – de domínio público para a esfera privada. Também discordamos do voto do senhor relator ao afirmar que o interessado não mais teria como comprovar o que foi solicitado pelo fisco para aferição do seu direito em razão do prazo decadência. Ora, uma vez que o interessado formulou um pedido relativo a um direito, tinha o dever de manter em boa ordem todos os elementos que poderiam interferir na análise de seu pleito. Tal assertiva não decorre apenas do preceito geral de que aquele que alega deve provar, mas também de expressa e específica previsão legal nesse sentido. O art. 264 do RIR/99, que reproduz o art. 4º, DL nº 486/69, assim dispõe: Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). Evidentemente, a expressão “eventuais ações” abarca todo tipo de pleito, dentre os quais o de restituição, seja em âmbito administrativo, seja judicial. O recorrente tinha, portanto, o dever legal de manter todos os documentos que se referissem ao direito pleiteado. Fl. 1150DF CARF MF Processo nº 13804.000951/200164 Acórdão n.º 1401001.684 S1C4T1 Fl. 16 11 Pelas mesmas razões, afasto a decadência, suscitada de ofício pelo relator, do direito de a Fazenda Pública perquirir o saldo negativo de períodos pretéritos. No mais, sigo o voto do ilustre relator. Documento assinado digitalmente. Guilherme Adoldo dos Santos Mendes Fl. 1151DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.904230/2009-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/09/2003
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente CRISTINA APARECIDA FREDERICH & CIA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2003 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 42 30 /2 00 9- 08 Fl. 292DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3303002.517, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 293DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 295DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 296DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13888.904230/200908 Acórdão n.º 9303004.095 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 299DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10510.003122/2005-74
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003
DESPESAS FINANCEIRAS DESNECESSÁRIAS. ADIANTAMENTOS PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL (AFAC).
São desnecessárias, para fins tributários, as despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos contratados no mercado financeiro, ao mesmo tempo em que fornecidos recursos a empresas ligadas, sem remuneração, a título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC), capitalizados parcialmente após o transcurso de longo período de tempo ou empregados em outras finalidades.
DESPESAS FINANCEIRAS. FINANCIAMENTOS COM DESTINAÇÃO PRÉ-DEFINIDA. DEDUTIBILIDADE.
As despesas financeiras decorrentes de financiamentos com destinação pré-definida não podem ser glosadas apenas sob a justificativa de que, em outra vertente operacional da companhia, aportes financeiros sem cobrança de juros teriam sido realizados a título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC).
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003
DESPESAS FINANCEIRAS DESNECESSÁRIAS. INDEDUTIBILIDADE. IRPJ. CSLL. LUCRO OPERACIONAL. RESULTADO DO EXERCÍCIO.
São indedutíveis, para efeitos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), as despesas financeiras desnecessárias consideradas indedutíveis para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), por afetarem, essas despesas, tanto a apuração do lucro operacional, quanto a do resultado do exercício, apurados com observância da legislação comercial e comuns a ambos os tributos.
Numero da decisão: 9101-002.396
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum (suplente convocado), Nathalia Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Hélio Eduardo de Paiva Araújo (suplente convocado), que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento quanto à exigência da CSLL, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum (suplente convocado), Nathalia Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Hélio Eduardo de Paiva Araújo (suplente convocado), que lhe negaram provimento; e, quanto à matéria Empréstimos Vinculados, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), André Mendes de Moura, Rafael Vidal de Araújo e Carlos Alberto Freitas Barreto, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor neste tema o conselheiro Luís Flávio Neto.
(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator.
(Assinado digitalmente)
LUÍS FLÁVIO NETO Redator designado.
EDITADO EM: 05/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAÚJO (Suplente convocado em substituição à conselheira Maria Teresa Martinez Lopez), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), MARCOS AURELIO PEREIRA VALADÃO, LUIS FLAVIO NETO, RONALDO APELBAUM (suplente convocado em substituição à conselheira Cristiane Silva Costa), NATHALIA CORREIA POMPEU.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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E FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 DESPESAS FINANCEIRAS DESNECESSÁRIAS. ADIANTAMENTOS PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL (AFAC). São desnecessárias, para fins tributários, as despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos contratados no mercado financeiro, ao mesmo tempo em que fornecidos recursos a empresas ligadas, sem remuneração, a título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC), capitalizados parcialmente após o transcurso de longo período de tempo ou empregados em outras finalidades. DESPESAS FINANCEIRAS. FINANCIAMENTOS COM DESTINAÇÃO PRÉDEFINIDA. DEDUTIBILIDADE. As despesas financeiras decorrentes de financiamentos com destinação pré definida não podem ser glosadas apenas sob a justificativa de que, em outra vertente operacional da companhia, aportes financeiros sem cobrança de juros teriam sido realizados a título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 DESPESAS FINANCEIRAS DESNECESSÁRIAS. INDEDUTIBILIDADE. IRPJ. CSLL. LUCRO OPERACIONAL. RESULTADO DO EXERCÍCIO. São indedutíveis, para efeitos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), as despesas financeiras desnecessárias consideradas indedutíveis para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), por afetarem, essas despesas, tanto a apuração do lucro operacional, quanto a do resultado do exercício, apurados com observância da legislação comercial e comuns a ambos os tributos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 31 22 /2 00 5- 74 Fl. 4734DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.728 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum (suplente convocado), Nathalia Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Hélio Eduardo de Paiva Araújo (suplente convocado), que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento quanto à exigência da CSLL, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum (suplente convocado), Nathalia Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Hélio Eduardo de Paiva Araújo (suplente convocado), que lhe negaram provimento; e, quanto à matéria Empréstimos Vinculados, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), André Mendes de Moura, Rafael Vidal de Araújo e Carlos Alberto Freitas Barreto, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor neste tema o conselheiro Luís Flávio Neto. (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator. (Assinado digitalmente) LUÍS FLÁVIO NETO – Redator designado. EDITADO EM: 05/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAÚJO (Suplente convocado em substituição à conselheira Maria Teresa Martinez Lopez), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), MARCOS AURELIO PEREIRA VALADÃO, LUIS FLAVIO NETO, RONALDO APELBAUM (suplente convocado em substituição à conselheira Cristiane Silva Costa), NATHALIA CORREIA POMPEU. Relatório Fl. 4735DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.729 3 Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida (destaques do original): Tratase de Autos de Infração relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ — e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL — dos anoscalendário de 2000 a 2003, lavrados em decorrência de glosa de despesas financeiras tidas por desnecessárias pela fiscalização, por serem decorrentes de empréstimos obtidos no mercado financeiro, ao mesmo tempo em que foram fornecidos recursos a outras empresas controladas, sem remuneração. A conduta da Recorrente foi enquadrada nos artigos 249, I; 251, parágrafo único; 299 e 300 do RIR/99 e está descrita no Termo de Verificação da Infração, de fls. 86/98, que traz a estrutura societária do Sistema GuatacazesLeopoldina — responsável por diversas empresas do setor energético, do qual faz parte a Recorrente, dentre as quais foram destacadas a CATLEO Energia S.A e a ENERGISA S.A., esta última controladora da Recorrente que, por sua vez, exerce o controle direto sobre as empresas PBPART SE2, Companhia Energética da Borborema (CELB) e S.A. Eletrificação da Paraíba (SAELPA) Em resumo, a fiscalização descaracterizou os Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital — AFAC — por ter verificado, nos registros contábeis e através dos esclarecimentos fornecidos pelas empresas envolvidas, que grande parte dos valores adiantados, tantos os recebidos pela Recorrente, quanto os por ela aportados, não teriam sido convertidos em aumento de capital, ou o teriam sido após transcurso de longo período de tempo e parcial. Os fatos que deram ensejo ao lançamento foram descritos no Termo de Verificação de Infração da seguinte forma: i) AFAC ENERGISA X RECORRENTE Em 25/01/01 [rectius, 25/01/00], a ENERGISA elevou seu capital social em R$ 396.637.730,85, mediante subscrição efetuada, parte pelo grupo Alliant, e parte pela CFLCL e, em seguida, aportou, em favor da Recorrente, a título de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital — AFAC — o montante de R$ 210.262.679,27, que, por sua vez, foi contabilizado através de dois lançamentos: R$ 120.262.679,27, depositado em conta no Unibanco, e R$ 90.000.000,00, que teria sido diretamente depositado na conta bancária da PBPART Ltda., a título de AFAC. Ao AFAC recebido da ENERGISA, houve o acréscimo, em 31/03/00, de R$ 50.496.087,65, decorrente da transformação em AFAC de empréstimos contraídos à própria ENERGISA, antes do ano de 2000: primeiramente, foram consolidados os débitos com a CFLCL, no valor de R$ 50.355.845,18, os quais foram, posteriormente, consolidados à ENERGISA e, atualizados, montaram a quantia transformada em AFAC. Portanto, no final Fl. 4736DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.730 4 de abril de 2000, o AFAC total em nome da ENERGISA era de R$ 260.758.766,92 e, em dezembro daquele ano, R$ 260.188.966,61, montante que pouco variou até 31/12/03, quando representava R$ 260.121.293,13, que permaneceu até janeiro de 2005. A manutenção dos valores recebidos como adiantamentos permaneceram nessa condição por longo tempo, durante o qual não se prestaram para aumento de capital, o que, no entender da autoridade fiscal, permitiria a sua caracterização como simples operação de crédito, que melhor se classificaria como mútuo entre a ENERGISA e a Recorrente, uma vez que as operações teriam a finalidade de disponibilização de recursos financeiros. Registrou a autoridade fiscal que os recursos recebidos foram empregados principalmente em aplicações financeiras, amortizações de empréstimos e pagamentos de mútuos. ii) AFAC RECORRENTE X PBPART LTDA. O AFAC efetuado pela Recorrente em favor da PBPART, em 25/01/00, no valor de R$ 90.000.000,00, foi aplicado no mercado financeiro, gerando receitas até dezembro de 2000, e, apenas em 31/01/01, foi parcialmente utilizado para efetivo aumento de capital, remanescendo saldo de R$ 63.201.000,00 em 01/03/02. Após outros lançamentos, inclusive devolução da AFAC à Recorrente, em 30/04/03, mediante baixa no valor de R$ 14.603.384,58, o saldo do AFAC passou a ser, em 31/12/03, de R$ 51.412.156,81. Com o resultado de novos adiantamentos, ocorridos em 2004 e 2005, o saldo final do AFAC na PBPART era, em 31/07/05, de R$ 94.499.271,96. A PBPART informou que o AFAC recebido foi inicialmente aplicado no Unibanco e, posteriormente, transferido em parte para aplicações no Banco Rural e Bradesco. Referidas quantias, acrescidas das respectivas receitas financeiras, serviram para aquisições de ações da CELB, foram emprestadas à Recorrente, serviram para quitar empréstimo perante a Prefeitura de Campina Grande e mútuos junto à Recorrente e à PBPART SE2, além da concessão de mútuo à CFLCL. Concluiu a fiscalização que a Recorrente, apesar de se encontrar em dívidas e tomar empréstimos no mercado financeiro, aportou AFAC para repasse à PBPART, na sua maior parte em forma de empréstimos às demais empresas do grupo, sem que a Recorrente se beneficiasse dos juros, operação que foi interpretada como retorno à Recorrente de valores após quase um ano da realização da AFAC. iii) AFAC RECORRENTE X PBPART SE1 Em 31/12/00, o valor total da AFAC na PBPART SE1 montava R$ 147.924.402,70 e, em janeiro de 2001, houve a capitalização de R$ 78.866.129,52. Na mesma operação, a Recorrente cedeu os direitos de AFAC, no valor de R$ 69.056.850,24, em favor da Alliant, valor recebido pela Recorrente através de depósito na Fl. 4737DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.731 5 conta do Bradesco, em 31/01/01. Até janeiro de 2002, novos AFAC’s foram realizados e houve nova cessão de direitos em favor da Alliant, permanecendo saldo de R$ 140.095.196,74, que foi aumentado com aportes mensais até chegar ao montante de R$ 154.656.332,12, em 31/12/03. Segundo PBPART SE1, os recursos foram destinados, quase integralmente, à PBPART SE2, que os manteve em grande parte registrados em conta de AFAC. Na PBPART SE2, o capital foi aumentado em R$ 265.908.261,00, permanecendo em AFAC o total de R$ 178.403.902,67, em 15/12/03. Pontuou a Autoridade Fiscal que tanto os adiantamentos concedidos quanto os recebidos pela Recorrente não teriam sido registrados no Livro de Atas de Assembléias ou sua conversão em aumento de capital, além de inexistir comprometimento de que os recursos recebidos pela ENERGISA se destinassem a futuro aumento de capital. Também não estavam amparadas por contrato as operações de AFAC entre a Recorrente e ENERGISA, ou coligadas. A grande quantidade de operações de AFAC e o decurso de períodos consideráveis permitiria concluir que tanto a empresa que recebe o aporte da Recorrente, como ela própria, mostram o alto grau de artificialidade das transações e demonstrariam se tratar de mútuo com outra roupagem. iv) Glosa de despesas consideradas indedutíveis A glosa de despesas indedutíveis teve por base registros vultosos de saldos de empréstimos, conforme planilhas elaboradas pela Recorrente e registros contábeis, ao passo que concede AFAC, que permanecem muito tempo nessa condição, sem que se preste para efetivo aumento de capital. Grande parte dos recursos não teriam destinação específica e teriam retornado para empréstimos a outras empresas do mesmo grupo, o que os tornariam desnecessários e indedutíveis, com respaldo em atos administrativos da Receita Federal (Ato Declaratório CST nº 9/76 e Parecer Normativo CST nº 23/81) e decisões da DRJ e do Conselho de Contribuintes, que interpretariam, como mútuo, AFAC não destinado ao efetivo aumento de capital dentro de um lapso de tempo razoável. Ao mesmo tempo em que efetuava AFAC não oneroso em favor da PBPART e da PBPART SE1, possuía a Recorrente saldos de empréstimos e contratava novos empréstimos, com registros de encargos financeiros em decorrência de mútuos, o que tornariam desnecessárias as despesas referentes às parcelas dos encargos financeiros correspondentes ao montante de recursos que beneficiaram, por meio de AFAC, as pessoas jurídicas ligadas. Com base nessas constatações, parte dos encargos financeiros contabilizados e deduzidos do lucro real foram tidos como indedutíveis, na proporção dos capitais colocados à disposição das outras empresas do grupo, em relação ao montante dos saldos de empréstimos tomados no mercado financeiro. Fl. 4738DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.732 6 A quantia aportada em favor da PBPART, de R$ 90.000.000,00, constitui o saldo de créditos disponíveis para quitar os saldos de empréstimos e novas liberações de recursos a partir do início de fevereiro de 2000. Foram glosadas despesas decorrentes dos saldos de empréstimos cobertos pelos saldos de créditos, conforme planilhas de glosa de despesas — 2000, elaboradas a partir de planilhas de empréstimos apresentadas pela Recorrente nas fls. 850/1463. Os saldos dos empréstimos dos contratos foram abatidos dos saldos dos créditos mensais — quando estes eram suficientes para quitar aqueles. A partir de então, as despesas foram consideradas desnecessárias e, portanto, glosadas, produzindo efeitos, em alguns contratos, até 2003. No tocante ao contrato firmado com o BNDES, a autoridade fiscal, baseada no alto valor do saldo devedor e na insuficiência do saldo [de créditos, esclareço] para quitar a dívida integral, efetuou glosa proporcional ao valor dos saldos remanescentes, R$ 16.440.373,87, produzindo efeitos até o final de 2003. Foi verificada a relação percentual entre o saldo remanescente e o valor do empréstimo e, posteriormente, aplicado às despesas. Esse percentual foi ajustado por conta da liberação de novas parcelas pertinentes ao contrato, e gerou glosa de despesas, em 2000, no montante de R$ 9.505.306,60. No ano de 2001, a glosa de despesas foi de R$ 18.956.550,79, em 2002, de R$ 13.620.494,16 e, em 2003, de R$ 6.858.706,70. Da Impugnação Cientificada do lançamento, a Recorrente apresentou Impugnação, requerendo a nulidade do lançamento, em razão da ausência de notificação da prorrogação do MPF, erro quanto ao valor da glosa, porquanto superior à despesa efetivamente incorrida no período, insatisfatória descrição da infração e transcurso do prazo decadencial. No mérito, sustentou a Recorrente que: inexistiria a prova da identidade entre os recursos captados e aqueles repassados a título de AFAC; a glosa das despesas financeiras com base em presunção não autorizada por lei, sem o exame da captação e do repasse dos recursos às empresas coligadas, divergiria do entendimento consagrado no Conselho de Contribuintes, além de impossível a prevalência da presunção equiparando o AFAC ao mútuo, sem expressa previsão em lei, apenas fundamentado no Ato Declaratório CST nº 9, de 11 de junho de 1976, e no Parecer Normativo nº 23, de 26 de junho de 1981, editados pela Coordenação do Sistema de Tributação. Em seguida, a Recorrente defende que a presunção levada a cabo pela fiscalização teria sido prejudicada pela comprovação da capitalização de valores adiantados, e defende a dedutibilidade da CSLL, cujos critérios não coincidiriam com o IRPJ, e protesta pela produção de todas as provas admitidas, sobretudo, a realização de diligências e juntada de documentos. Fl. 4739DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.733 7 Acórdão DRJ A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Salvador afastou as preliminares de nulidade, de decadência, bem como o pedido de diligência, e manteve em parte o lançamento, para reduzir a exigência do IRPJ para R$ 5.245.258,57 e de CSLL para R$ 1.640.219,21, apresentando demonstrativos da apuração, baseandose nos seguintes fundamentos: i) consoante DIPJ acostada na fl. 2.335, a Recorrente optou pela tributação com base no lucro real anual, cujo fato gerador é apurado no dia 31/12 de cada exercício, de sorte que a decadência não alcançou fatos geradores ocorridos após 26/12/2000; ii) o lançamento está lastreado no art. 299 do RIR/99 e art. 47 da Lei nº 4.506/64, que estabelecem requisitos para a dedutibilidade de despesas, que não teriam sido atendidos pela Recorrente; iii) deveria ser aplicado o entendimento exarado no Parecer Normativo nº 17, de 20 de agosto de 1984, haja vista que os recursos financeiros fornecidos pela Autuada a suas coligadas não estariam irrevogável e irretratavelmente comprometidos com futuros aumentos de capital das tomadoras dos recursos, por não estarem amparados em dispositivos contratuais ou registrados em Atas de Assembléias, mas apenas contabilizados; iv) os suprimentos de numerários realizados pela autuada, a título de AFAC, para suas controladas, tiveram diversas destinações, tais como aplicação no mercado financeiro, por longos períodos, devoluções à própria supridora dos recursos, aquisições de ações de empresas do mesmo grupo econômico, empréstimos concedidos a empresas do mesmo grupo, inclusive à própria Recorrente, liquidação de empréstimos obtidos de empresas ligadas ou de terceiros, etc.; v) o prazo tido como razoável pela Coordenação do Sistema de Tributação para incorporação de adiantamentos ao capital social corresponde a 120 dias, e tal limitação persistiria mesmo após a extinção da correção monetária do balanço, tendo em vista que, a partir de janeiro de 1996, continuam sendo corrigidos os direitos e obrigações em função dos índices legais e contratuais; vi) a fiscalização não estaria imputando o dever de reconhecer receitas pelo empréstimo a coligadas, mas considerando dispensáveis tais recursos para a atividade da empresa, em razão da inexistência de cláusula expressa; vii) a Recorrente manteve um enorme saldo devedor de empréstimos tomados de instituições financeiras, acarretando o pagamento de juros contratuais e a atualização mensal dos saldos, com a respectiva apropriação das despesas de operações relacionadas a tais encargos financeiros e, por outro lado, a destinação de recursos a empresas ligadas, em desmerecimento Fl. 4740DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.734 8 ao emprego nas suas próprias atividades, e sem cobrança dos correspondentes encargos, evidencia a desnecessidade do ônus financeiro decorrente da contratação de um empréstimo; viii) a correspondência ou identidade entre os valores obtidos com os empréstimos e aqueles transferidos para suas coligadas não seria necessária, porquanto sobreleva, ainda assim, a existência de excedentes que foram destinados a pessoas ligadas; ix) nos termos do art. 299 do RIR/99, apenas seriam necessárias as despesas pagas em função da atividade e da manutenção da respectiva fonte produtora, de sorte que a opção por transferências em condições extremamente favorecidas a empresas ligadas, sem o resguardo dos efeitos da indisponibilidade de tais recursos financeiros, afastariam o requisito da necessidade e a vinculação com o seu objetivo social, conforme julgados do Conselho de Contribuintes sobre a matéria; x) correta a apuração do montante tributável, efetuada mediante confronto entre os saldos dos empréstimos, nos períodosbase selecionados, com os créditos decorrentes de transferências de recursos, nos mesmos períodos, efetuadas em favor de empresas ligadas, sob a aparência de AFAC; xi) apenas a parcela de obrigações decorrentes de empréstimos obtidos que excedeu os créditos dos supostos AFAC’s, nas empresas ligadas, foi capaz de gerar encargos financeiros dedutíveis, para efeito de apuração de lucro real; xii) foram apresentados quatro demonstrativos, um para cada períodobase, de 2000 a 2003, denominados “Glosa de Despesas” (fls. 37/85), organizados mensalmente e por contrato de financiamento, que partem do saldo de empréstimos relativo a cada um dos contratos, existente no dia 1º de janeiro de cada ano e incorporadas as atualizações mensais, as amortizações, pagamentos de juros e novas liberações de parcelas dos empréstimos concernentes a cada contrato. Os saldos ao fim de cada mês foram cotejados com os créditos oriundos dos AFAC’s concedidos para empresas ligadas, para que cada adiantamento corresponda a um crédito que irá influenciar no cálculo do montante das despesas apropriadas no mês seguinte àquele em que o recurso foi posto à disposição da favorecida. Quando o total de créditos foi superior aos saldos dos empréstimos relativos a um determinado contrato, as despesas apropriadas a partir daquele mês foram tidas como indedutíveis, até o momento em que houve nova liberação de recursos, permanecendo indedutíveis se os recursos não excederem o saldo de créditos remanescente, fazendo demonstração e revisão individual por período e operação realizada; xiii) no anocalendário de 2000, o AFAC de R$ 90.000.000,00, efetuado em 25/01/00, teria sido suficiente para absorver o saldo de todos os contratos de financiamento, com exceção do contrato do BNDES 97.2.515.3.1, cujo saldo devedor era de R$ 176.293.940,90, em 31/01/00, o que teria permitido a eliminação Fl. 4741DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.735 9 dos demais contratos para considerar as despesas correspondentes como indedutíveis e apurar, de forma proporcional, o restante das despesas indedutíveis, comparando se com o crédito remanescente; xiv) o critério da proporcionalidade, utilizado em todos os exercícios, teria permitido aferir a parcela indedutível das despesas, de forma lógica e racional, calculando a porção sobre a qual deveria incidir a tributação, e tal sistemática estaria claramente exposta no Termo de Verificação Fiscal, o que também afastaria a preliminar de nulidade baseada no critério adotado pela fiscalização; xv) a capitalização do montante de R$ 26.799.000,00, conforme Terceira Alteração Contratual da PBPART, realizada em 23/01/01, deveria ter sido deduzida do adiantamento de R$ 90.000.000,00, e para a exclusão da tributação, não teria sido necessário alterar significativamente o demonstrativo “Glosa de Despesas — 2000”, bastando reincorporar os contratos “BNDES98.5893.1” (saldo de R$ 24.573.264,76), “Eletrobrás ECF 1318” (saldo de R$ 662.507,14), “Eletrobrás ECF 1532” (saldo de RS 1.534.902,13) e “Eletrobrás ECF 1708” (saldo de R$ 29.000,17), que somam R$ 26.799.674,20, e haviam sido excluídos, em vista de seus saldos devedores, em 31/01/00, terem sido absorvidos pelos créditos existentes na mesma data; xvi) em decorrência da reincorporação dos contratos, teria ficado uma pequena folga de R$ 674,20 e as despesas dos contratos que totalizaram R$ 3.251.521,66 consideradas originariamente como indedutíveis, passaram a ser dedutíveis, para efeito de apuração da base de cálculo do IRPJ, passando as despesas glosadas de R$ 9.505.306,60 para R$ 6.253.784,94; xvii) em relação à glosa de despesas de 2001, não houve realização de AFAC para a PBPART. O saldo de AFAC, em 31/12/00, para a PBPART SE1 era de R$ 147.924.402,70, com a capitalização no valor de R$ 78.866.129,52 e a cessão de direitos de créditos em favor da Alliant, no valor de R$ 69.056.850,24, o saldo foi praticamente esgotado, restando R$ 1.422,96 e, em março de 2001, houve um AFAC de R$ 8.361,48, em maio de 2001, outra capitalização de R$ 9.000,00, restando um resíduo de R$ 784,44, havendo novo adiantamento apenas em junho daquele ano, no valor de R$ 103.362.934,31, que, somado ao resíduo, importou R$ 103.363.718,75, valor utilizado como saldo inicial para o ano de 2001; xix) diferentemente do defendido na Impugnação, a apuração do primeiro saldo utilizado no demonstrativo fiscal, em 2001, demonstraria que foram consideradas as capitalizações de R$ 78.866.129,52 e de R$ 69.056.850,24, e os outros dois AFAC’s, feitos em novembro e dezembro de 2001, nos valores de R$ 83.695.929,77 e R$ 44.568.377,16, teriam sido tratados de forma clara e mais benéfica para a Recorrente, na medida em que, dado, à cessão de crédito recebida da Alliant, no montante de R$ 91.908.825,83, o mesmo tratamento dado à capitalização, Fl. 4742DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.736 10 quando tal cessão se caracterizaria como devolução de AFAC ou mesmo pagamento de empréstimo concedido, o que confirmaria que não se tratava de verdadeiro AFAC; xx) ao dar, à cessão dos créditos, o mesmo tratamento dado à capitalização, previsto no item 8 do Parecer Normativo nº 17/84, o agente fiscal foi abatendo do montante dos créditos cedidos, os aportes mais recentes, a saber: R$ 375.996,89 (janeiro de 2002), R$ 44.568.377,16 (dezembro de 2001), R$ 46.964.451,78 (parte do adiantamento de R$ 83.695.929,77, efetuado em novembro de 2001), restando do AFAC de dezembro de 2001, crédito na ordem de R$ 36.731.477,99, que deveria repercutir em dezembro de 2001, e não em agosto de 2001, como constou no demonstrativo fiscal; xxi) apesar de a Recorrente ter sofrido prejuízo, por ter o saldo de R$ 36.731.477,99 repercutido desde agosto de 2001, ao invés de dezembro de 2001, por outro lado, os créditos realizados em novembro de 2001, dezembro de 2001 e janeiro de 2002, nos valores de R$ 83.695.929,77, R$ 44.568.377,16 e R$ 375.996,89 que repercutiram nos meses de dezembro de 2001, janeiro de 2002 e fevereiro de 2002, não foram também considerados nos cálculos fiscais, fato este que teria reduzido o montante das despesas indedutíveis; xxii) o contrato “BNDES 97.2.515.3.1” teve, no ano de 2001, o mesmo tratamento proporcional para a glosa de despesas, aplicandose o percentual de 9,2127% sobre o total das despesas apropriadas mensalmente, uma vez que não ocorreram novas liberações de recursos, e os contratos que já se encontravam “eliminados”, e não apresentaram novas liberações, continuaram na mesma condição, com as despesas mantidas como indedutíveis; xxiii) o saldo de créditos em 30/06/01, de R$ 103.363.718,75, foi utilizado para absorver integralmente as novas liberações de recursos ocorridas a partir daí, inclusive os contratos “Eletrobrás ECF 1318”, “Eletrobrás ECF 1532” e “Eletrobrás ECF 1708” que, a partir de julho de 2001, passaram a ser indedutíveis; xxiv) em 30/06/01, teria restado crédito de R$ 18.659.893,08, valor inferior ao do saldo de empréstimos na mesma data, do contrato “BNDES 98.5893.1”, no montante de R$ 21.783.282,45, mantendose, portanto dedutíveis as despesas apropriadas no mês de julho (R$ 238.253,47) e consideradas também dedutíveis as despesas desse contrato apropriadas de janeiro a julho, no total de R$ 1.664.599,87. xxv) em 31/07/01, o saldo remanescente de R$ 18.659.893,08, após ter absorvido outras liberações de recursos oriundas de outros contratos, ocorridas em julho, e ser acrescido do crédito de R$ 36.731.477,99, alcançou a importância de R$ 48.241.352,90, valor suficiente para extinguir o saldo devedor do contrato “BNDES 98.5893.1”, que representava, nessa data, R$ 21.513.258,47, tornando as despesas correspondentes (R$ Fl. 4743DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.737 11 1.155.894,53) como indedutíveis e restando crédito de R$ 26.728.094,43 para os meses seguintes, que continuou sendo absorvido por novas liberações de recursos, com exceção do empréstimo no valor de R$ 6.500.000,00, relativo ao contrato “CP Brascan”, cujas despesas dos meses de novembro de 2001 (R$ 65.362,35) e de dezembro de 2001 (R$ 187.820,72) foram consideradas dedutíveis; xxvi) ao contrato “CP Unibanco nº 247866”, cujo saldo devedor, em 30/11/01, era de R$ 20.000.000,00, superior ao crédito existente para absorvêlo, foi dado o mesmo tratamento empregado no ano de 2000, em relação ao contrato “BNDES 97.2.515.3.1”, partindose do crédito existente após a última liberação de recursos no ano, para apurar a proporção entre a parcela do saldo de empréstimos suprimida pelos créditos e o total dos empréstimos, chegandose a percentual de 20,5325%; xxvii) no ano de 2001, passaram a ser dedutíveis, portanto, despesas no total de R$ 2.102.369,46, reduzindose as despesas glosadas de R$ 18.956.550,79 para R$ 16.854.181,33; xxviii) no ano de 2002, subsistem os contratos “BNDES 97.2.515.3.1”, “CP Unibanco nº 247866” e “CP Brascan” e dois aportes de recursos à PBPART a título de AFAC, em março e agosto, nos valores de R$ 56.735,57 e R$ 2.757.805,82, e, no que tange aos diversos AFAC’s realizados em favor da PBPART SE1, foram considerados dez, porquanto dois foram tidos como absorvidos pela cessão de direitos à Alliant, ocorrida em janeiro de 2002, e desprezado, pelo agente, AFAC realizado em setembro, no valor de R$ 617.981,67, em benefício mais uma vez da Recorrente; xxix) no mês de janeiro de 2002, o contrato “Banco Mercantil 24383”, em face da liberação de recursos de R$ 4.500.000,00, sem que houvesse créditos em montante suficiente para cobrilo, teria ficado ativo. Da despesa apropriada no mês de janeiro, de R$ 96.117,63, apenas a quantia de R$ 52.474,18 seria indedutível, posto que proporcional ao recurso liberado em relação à soma desse mesmo valor com o saldo inicial de empréstimos do contrato; xxx) no que tange aos contratos “BNDES 97.2.515.3.1” e “CP Unibanco nº 247866”, mantevese inalterada a situação, uma vez que o saldo devedor dos empréstimos superou os créditos, o que resultou na aplicação de percentuais para fins de apuração das despesas tidas como indedutíveis; xxxi) quanto ao contrato “CP Brascan”, considerando que os créditos disponíveis não superaram, em nenhum momento, os saldos devedores, as despesas apropriadas no ano de 2002, no valor de R$ 4.660.817,37, deveriam ser consideradas integralmente dedutíveis, alterando o cálculo original, no qual reputouse parcela de R$ 589.899,14, como indedutível; xxxii) as despesas financeiras de R$ 108.383,72, indevidamente registradas juntamente com o principal, não foram objeto de Fl. 4744DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.738 12 glosa, como alegado na Impugnação, conforme demonstrativo de fl. 73; xxxiii) o saldo de créditos remanescentes para 2003 foi de R$ 1.075.541,22 e as despesas apontadas como indedutíveis, no ano de 2002, no total de R$ 13.620.494,16, sofreram redução de R$ 1.009.201,67, passando as despesas glosadas para o valor de R$ 12.611.292,49; xxxiv) no ano de 2003, foram realizados AFAC’s mensais em favor da PBPART SE1, mas não considerado o AFAC ocorrido em outubro, no montante de R$ 1.083.902,85, e os AFAC’s ocorridos nos meses de novembro e dezembro, nos valores de R$ 1.096.192,01 e R$ 1.070.499,22, foram considerados no próprio mês ao invés do mês subsequente, o que favoreceria mais uma vez a Recorrente e, no tocante ao contrato “BNDES 97.2.515.3.1, mantido o percentual sobre o total das despesas mensais, em vista da ausência de liberação de novos recursos; xxxv) um erro de transcrição de valores teria beneficiado a Recorrente, para tornar dedutíveis despesas referentes ao contrato “Banco BBM46110”, e não deveriam ser alteradas as despesas glosadas no ano de 2003; xxxvi) apesar de nem todas as restrições à dedutibilidade de dispêndios, previstas na legislação do Imposto de Renda, serem aplicáveis à CSLL, devese ter em conta que a glosa das despesas em litígio não teria sido motivada por disposições específicas na legislação do IRPJ, posto que comprometeria o resultado do exercício; xxxvii) a apropriação de encargos financeiros decorrentes de empréstimos obtidos e o repasse sem ônus a empresas interligadas tornaria a Recorrente responsável por tais dispêndios, e ensejaria a aplicação do princípio contábil da entidade, afetando indevidamente a apuração do resultado do exercício (lucro líquido), devendo ensejar a glosa das despesas comprovadamente desnecessárias; xxxviii) demonstrado que parte das despesas decorrentes de variação monetária passiva não guardaria relação com a atividade explorada ou não contribuiria para sua consecução, afetando o exercício e também a base de cálculo da contribuição social, seria correta a inclusão dos valores glosados na determinação da Contribuição Social devida. Do Recurso de Oficio Por força da redução do crédito tributário, em montante superior a R$ 1.000.000,00, determinada remessa dos autos para apreciação de Recurso de Ofício. Do Recurso Voluntário Fl. 4745DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.739 13 Cientificada do acórdão, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, repetindo as razões já expostas na Impugnação, sem manifestarse sobre (sic). A Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 110200.395, de 21 de fevereiro de 2011, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Lavrado por autoridade competente, compreendidos os fatos que ensejaram o lançamento e respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa, não há que se falar em nulidade do Auto de Infração, conforme disciplina do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÕES. VALIDADE. Válida a prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal efetuada através da internet. Reiterados precedentes. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Presentes os dados e provas suficientes ao convencimento do julgador, prescindível a realização de diligência, especialmente quando não atendidos os requisitos legais. DECADÊNCIA. IRPJ. ART. I50, § 4º, DO CTN. TERMO INICIAL. FATO GERADOR. Feita a opção pelo lucro real anual, a data do fato gerador do IRPJ é o dia 31 de dezembro, termo inicial para a contagem do prazo decadencial. ADIANTAMENTOS PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. Para que uma transferência de recursos financeiros seja considerada um adiantamento para futuro aumento de capital, e não um passivo financeiro, necessário: (i) que haja comprometimento contratual irrevogável e irretratável de que tais recursos se destinem a futuro aumento de capital; (ii) que o número de ações ou quotas sociais pelas quais se irá converter aquele adiantamento seja fixo e prédefinido já no momento do adiantamento; e (iii) que o aumento de capital seja efetuado por ocasião da primeira AGE ou alteração contratual, conforme o caso, que se realizar após o ingresso dos recursos na sociedade tomadora. ENCARGOS FINANCEIROS DESNECESSÁRIOS. TRANSFERÊNCIAS A TÍTULO DE ADIANTAMENTOS PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. Fl. 4746DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.740 14 Revelamse desnecessários à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora e, portanto, indedutíveis, os encargos financeiros decorrentes de captação externa junto a entidades financeiras quando, simultaneamente, a pessoa jurídica transfere dinheiro à sua controlada, sem incidência de qualquer encargo, ainda que tal transferência se faça a título de adiantamento para aumento de capital, e mormente quando evidenciado que sequer as transferências efetuadas reuniam as características necessárias para serem tratadas como verdadeiros adiantamentos para futuro aumento de capital. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos NEGAR provimento ao recurso de ofício, vencido o Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé, que dava parcial provimento. Quanto ao voluntário, com relação à CSLL, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, e, com relação ao IRPJ, pelo voto de qualidade, dar parcial provimento ao recurso, para excluir os contratos assinados com BNDES, Eletrobrás, Banese e HSBC vinculados ao Finame, Inergus, atinentes ao COMPROR, nos termos do voto vencedor, vencidos a conselheira Silvana Rescigno Guerra Barreto (Relatora), Manoel Mota Fonseca e João Carlos de Lima Junior, que davam provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que as despesas desnecessárias são também indedutíveis na apuração da CSLL; b) que o que as torna indedutíveis também da base de cálculo da CSLL é o próprio conceito de resultado do exercício, apurado com observância da legislação comercial; c) que a CSLL tem como fundamento constitucional o art. 195, I, “c”, da Constituição Federal, o qual prevê a incidência da contribuição social sobre o lucro do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei; d) que, no plano infraconstitucional, a CSLL está disciplinada pela Lei nº 7.689/88, que, em seu art. 2º, determina que a base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda; e) que a Lei nº 9.249/95, por seu turno, vedou, em seu art. 13, diversas deduções da base de cálculo da CSLL, sem prejuízo do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506/64; f) que mencionado art. 47 da Lei nº 4.506/64 é bastante claro ao determinar que as despesas desnecessárias à atividade da empresa também não seriam passíveis de dedução; g) que as despesas que não forem necessárias não podem ser consideradas como despesas operacionais; logo, não podem ser deduzidas da base de cálculo da CSLL, isto Fl. 4747DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.741 15 é, não podem interferir no resultado do exercício para fins de apuração da base de cálculo da contribuição; h) que a escrituração contábil pela qual se apura o resultado do exercício, ponto de partida para se chegar à base de cálculo tanto do IRPJ como da CSLL, deve observar postulados e princípios contábeis; i) que, pelo princípio da entidade, uma despesa que não é necessária à empresa, não deve estar na sua contabilidade; j) que, assim como ocorre em relação ao IRPJ, as despesas consideradas desnecessárias não podem ser deduzidas da base de cálculo da CSLL; k) que o Colegiado a quo resolveu excluir da tributação do IRPJ os contratos cujos recursos já têm uma destinação prédefinida, por não se destinarem ao financiamento de seu capital de giro; l) que o fato de as despesas financeiras já terem destinação prédefinida não autoriza sua exclusão da base de cálculo do IRPJ/CSLL; m) que a autuação fiscal baseouse na comparação entre montantes globais obtidos de terceiros e montantes repassados a terceiros, não havendo acusação de que os recursos tornados são exatamente os recursos repassados; n) que, se a autuada obtinha empréstimos no mercado financeiro, ao mesmo tempo em que fornecia recursos a outras empresas controladas, sem remuneração, não há dúvidas de que as despesas financeiras decorrentes dessas operações são desnecessárias, não podendo ser excluídas da base de cálculo do IRPJ/CSLL; e o) que, nesse contexto, as despesas referentes aos contratos assinados com o BNDES, ELETROBRÁS, BANESE e HSBC, vinculados ao FINAME, INERGUS, e os atinentes ao COMPROR, devem compor a base de cálculo do IRPJ/CSLL. O recurso foi admitido pelo presidente da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que, preliminarmente, o acórdão paradigma colacionado pela Fazenda Nacional cuida de questão distinta da que se debate nos autos do presente processo; b) que, enquanto o referido acórdão paradigma trata de dedução de despesas com mútuo obtido pelo contribuinte para empréstimo às suas afiliadas, o caso em apreço cuida de dedução de despesas com mútuo obtido pelo contribuinte para repasse às suas empresas controladas a título de AFAC; c) que, assim, inexiste similitude fática e não houve divergência na interpretação da lei tributária; e d) que, no mérito, deve ser negado provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, com a consequente manutenção do acórdão recorrido, nas partes em que Fl. 4748DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.742 16 afastou integralmente a exigência da CSLL e admitiu a dedução das despesas com os financiamentos vinculados da base de cálculo do IRPJ. Inconformado, o contribuinte apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que as operações ora em exame são absolutamente normais, usuais e necessárias à atividade da empresa, sendo sua obrigação investir em suas controladas para garantirlhes saúde financeira e a manutenção da atividade de distribuição e geração; b) que é ônus da fiscalização comprovar a existência da vinculação em comento, demonstrando, de maneira cabal, a coincidência entre a data e o valor do ingresso do recurso captado junto ao mercado financeiro no caixa da empresa, e a respectiva saída desse mesmo recurso para repasse à empresa coligada, a título de AFAC; c) que o acórdão recorrido ratificou o ilegal procedimento adotado pela fiscalização, que simplesmente supôs que os recursos captados no mercado financeiro serviram para a realização dos AFAC’s levados a efeito entre o contribuinte e as empresas coligadas, sem nem ao menos comprovar a identidade de entrada e saída destes numerários; d) que, na ausência dessa providência, e considerando que dinheiro em espécie não é marcado por “carimbo” que permita identificar, com segurança, o seu destino final, insustentável a autuação guerreada, sendo de rigor o seu pronto cancelamento; e) que não é possível a equiparação de AFAC a mútuo; f) que, não havendo qualquer acusação de simulação, não há como caracterizar os AFAC’s como mútuos; g) que a turma a quo concluiu que as despesas advindas dos “financiamentos desvinculados” não poderiam ser deduzidas do lucro real, pois os requisitos para a caracterização do AFAC não teriam sido preenchidos, requisitos estes enumerados pelo Parecer Normativo nº 17/84; h) que, ao dar verdadeira força de lei ao referido ato normativo, o Colegiado acabou por ofender o princípio da estrita legalidade; i) que, se fosse interesse da empresa simplesmente transferir recursos, sem qualquer ônus, às suas controladas, para depois reavêlos, bastaria aumentar o capital destas, e reduzilo posteriormente; j) que, nesse caso, o efeito seria exatamente o produzido por um mútuo disfarçado, sendo desnecessário o recurso ao AFAC; k) que, a prevalecer a glosa de despesas incorridas com juros pelo contribuinte, estarseia admitindo a interferência do fisco nos seus negócios; e l) que o acórdão recorrido não se deu conta de que todo o saldo do AFAC foi efetivamente capitalizado. Apresenta, ainda, o contribuinte, posteriormente, petição em que requer, na hipótese de o lançamento ser ao final mantido, a exclusão de eventual exigência de juros de Fl. 4749DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.743 17 mora computados após o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias que a Administração Pública teria para proferir decisão administrativa, sob pena de violar o art. 24 da Lei nº 11.457, de 2007, onerandoa em face de demora à qual não deu causa. O recurso foi admitido pelo presidente da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que, preliminarmente, a insurgência do sujeito passivo não merece sequer ser conhecida; b) que a primeira divergência arguida diz respeito, unicamente, à apreciação de provas; c) que a segunda divergência, na realidade não ocorreu, verificandose que há, em verdade, convergência de entendimento entre o acórdão recorrido e o paradigma; d) que a terceira divergência não teria o condão de alterar o resultado do julgamento, que se baseou também em outros fundamentos; e e) que, no mérito, deve ser negado provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte. É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Os recursos são tempestivos, entendo que as divergências restaram comprovadas e, por isso, conheço dos especiais da Fazenda Nacional e do contribuinte. Principio analisando a preliminar arguida pelo contribuinte, de que o acórdão paradigma colacionado pela Fazenda Nacional cuidaria de questão distinta da que se debate nos autos do presente processo. A saber: enquanto o referido acórdão paradigma trataria de “dedução de despesas com mútuo obtido pelo contribuinte para empréstimo às suas afiliadas”, o caso em apreço cuidaria de “dedução de despesas com mútuo obtido pelo contribuinte para repasse às suas empresas controladas a título de AFAC” (grifei). Entendo não deva ser acolhida referida preliminar. É que o objeto do recurso da Fazenda Nacional se prende, primordialmente, à dedução de despesas com mútuo obtido pelo contribuinte — admitidas parte dessas despesas pela decisão recorrida: (1) impossibilidade de dedução de despesas financeiras desnecessárias, mesmo que a captação tenha ocorrido com destinação prédefinida; e (2) impossibilidade de dedução de despesas financeiras desnecessárias da base de cálculo da CSLL. Ou seja, matérias que se subordinam, apenas, à questão do posterior fornecimento de recursos a empresas Fl. 4750DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.744 18 ligadas, sendo que o respectivo título desse fornecimento — se por empréstimo ou por AFAC — é ponto em que ficou vencido unicamente o contribuinte. Com relação às outras supostas divergências indicadas pelo contribuinte entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma apontado pela Fazenda Nacional — encargos e valores —, são, ao meu ver, irrelevantes, uma vez que a questão de fundo, como bem descrito por esta, é que : O Colegiado a quo resolveu excluir da exigência relativa ao IRPJ os contratos cujos recursos já têm uma destinação pré definida, com relação aos quais a empresa tomadora dos serviços não dispõe de discricionariedade quanto à sua aplicação, por não serem contratos para financiamento de seu capital de giro. Nesse contexto, excluiu da tributação os valores referentes aos contratos assinados pela autuada com o BNDES, ELETROBRÁS, BANESE e HSBC vinculados ao FINAME, INERGUS e os atinentes ao COMPROR. Verbis: [...]. Diferentemente decidiu a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, a qual entendeu que o fato das despesas financeiras já terem destinação prédefinida não autoriza sua exclusão da base de cálculo do IRPJ/CSLL, eis que a autuação fiscal baseouse na comparação entre montantes globais obtidos de terceiros e montantes repassados a terceiros, não havendo acusação de que os recursos tornados são exatamente os recursos repassados. Assim, a questão primordial é: se o fato de as despesas financeiras terem destinação prédefinida influencia (acórdão recorrido) ou não (acórdão paradigma) em sua dedutibilidade — independentemente dos encargos ou dos valores envolvidos nessas operações. Ou, como confessadamente sintetiza o próprio contribuinte: 24. A bem da verdade, no paradigma, para glosar as despesas do contribuinte, não se levou em consideração a origem dos recursos captados, mas somente o volume total dos recursos movimentados. Já nos autos do presente processo, a Turma a quo levou em consideração justamente a origem dos recursos captados pela Recorrida para admitir as deduções pretendidas. [...]. 26. Por fim, no paradigma, a fiscalização, para glosar as despesas desnecessárias, comparou os montantes globais obtidos de terceiros e os montantes repassados, glosando assim a diferença entre os juros ativos e os passivos. Já no presente processo, a Turma a quo admitiu a dedução das despesas originárias dos financiamentos vinculados, ao analisar o valor dos respectivos contratos e a destinação que obrigatoriamente deveria ser dada àquele montante: Fl. 4751DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.745 19 Prossigo analisando a preliminar arguida pela Fazenda Nacional, de que a primeira divergência, apontada pelo sujeito passivo, diria respeito, unicamente, à apreciação de provas; a segunda divergência, na realidade, não teria ocorrido; e a terceira divergência, abrangeria apenas um dos requisitos do AFAC. Entendo que, também, não deva ser acolhida referida preliminar. Na realidade, essa primeira divergência — ilegalidade da imputação proporcional — diz respeito não à apreciação de provas, mas à necessidade ou não delas — necessidade de comprovar que os recursos financeiros captados foram ou não efetivamente repassados a empresas ligadas —, o que envolve, sem dúvida, interpretação da legislação tributária. Quanto à segunda divergência — impossibilidade de equiparação de AFAC a mútuo —, a decisão recorrida assim se manifestou, não se opondo expressamente a essa equiparação (efls. 4.495): As evidências coletadas, por outro lado, tais como o elevado número de operações, o longo prazo em que os recursos permaneciam na condição de AFAC, e o fato de que, em algumas circunstâncias, houve inclusive o retorno ou devolução parcial de supostos AFAC, apenas reforçam a conclusão fiscal de que não se tratavam os mesmos de verdadeiros AFAC, mas sim de mútuos “sob outra roupagem”. Já no que toca à terceira divergência — requisitos de AFAC —, a insurgência do contribuinte se voltou contra a aplicação do Parecer Normativo CST nº 17, de 1984, expressamente citado pela decisão recorrida, e não apenas contra o requisito de registro do aumento de capital por ocasião da primeira AGE ou alteração contratual, que é apenas uma das condições referidas naquele parecer. De todo modo, importa que fique demonstrada a existência de divergência jurisprudencial para as teses adotadas pelo acórdão recorrido e pelo acórdão paradigma, e não necessariamente para cada argumento que sustenta aquelas teses. Passo ao mérito. As matérias postas à apreciação desta Câmara Superior referemse à: 1) necessidade, ou não, para fins tributários, de despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos contratados no mercado financeiro, ao mesmo tempo em que fornecidos recursos a empresas ligadas, sem remuneração, a título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC), capitalizados parcialmente após o transcurso de longo período de tempo ou empregados em outras finalidades, entre as quase se incluem aqueles decorrentes de financiamentos com destinação prédefinida, referentes aos contratos assinados com o BNDES, ELETROBRÁS, BANESE e HSBC, vinculados ao FINAME, INERGUS, e os atinentes ao COMPROR, em relação à base de cálculo do IRPJ/CSLL; e 2) dedutibilidade, ou não, para efeitos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), das despesas financeiras desnecessárias consideradas indedutíveis para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). Tema 1) AFAC Fl. 4752DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.746 20 Notese, de início, que a atividade principal do contribuinte está, toda ela, ligada ao setor de energia de qualquer tipo, permitindoselhe, ainda, participar de outras sociedades. Porém, não se trata, essa previsão estatutária, de algo que lhe seja essencial ou que a distinga das demais empresas, uma vez que nenhuma empresa, em princípio, está impedida de participar de outras empresas, ainda que não conste, essa atividade, expressamente, de seu objeto social. A própria Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (o contribuinte é uma S.A.), é expressa nesse sentido (grifei): Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiarse de incentivos fiscais. No que se refere à alegada ausência de identidade entre os ingressos de recursos e as remessas de numerários a empresas ligadas, tal questão é irrelevante, uma vez que — sejam os recursos remetidos a empresas ligadas oriundos de ingressos sem encargos, sejam provenientes de numerários próprios — o não aproveitamento desses ingressos ou numerários nas atividades do próprio contribuinte acabou por obrigálo, de uma forma ou de outra, a buscar novos fundos no mercado financeiro, ainda que com destinação específica. Por esse motivo, aliás, não procede a exclusão, da tributação, dos recursos captados que possuam destinação prédefinida (v.g., aplicação em programas de investimentos) ou que são diretamente creditados a terceiros (v.g., créditos a fornecedores), ou, ainda, que não se trate de captação de recursos (v.g., novação de dívidas anteriores). É que, em todos esses casos, persiste o fato da premente necessidade de endividamento ou de rolagem de dívidas pelo contribuinte, para fazer face à saída de recursos aportados a empresas ligadas, que, de outro modo, se integralmente utilizados em suas próprias atividades, não gerariam aquela necessidade, ou essa seria em menor escala ou por menor tempo. A decisão recorrida bem ilustra essa situação com o seguinte exemplo (efls. 4.489 e 4.490): Imaginese a seguinte situação: a empresa, no dia 15/05/xx, empresta para sua coligada, o valor de R$ 100.000,00, que estava disponível na sua conta bancária na instituição “BANCO A”. O saldo da empresa na conta corrente no “BANCO A” continua positivo, mesmo após o empréstimo feito. Fl. 4753DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.747 21 Contudo, desde o dia 01/01/xx, a empresa em questão possuía um empréstimo para capital de giro tomado no “BANCO B”, cujo principal é de R$ 300.000,00, sobre o qual correm juros. A questão é: se, o dia 15/05/xx, a empresa, de fato, tinha à sua disposição o valor de R$ 100.000,00, que não lhe era mais necessário para o seu capital de giro, então ela poderia, nesta data, ter amortizado parte do empréstimo tomado junto ao “BANCO B”, o que faria reduzir os seus juros na proporção de 1/3 do até então cobrado; no entanto, ela preferiu emprestar o dinheiro para a sua coligada, sem cobrança de encargos. Ora, é evidente que, em circunstancias como tais, aquela parcela de 1/3 dos juros cobrados pelo “BANCO B”, a partir do dia 15/05/xx, são indedutíveis, pois demonstrada está a sua desnecessidade para a atividade da empresa e manutenção de sua fonte produtiva. E conclui a decisão recorrida (efls. 4.490): Este simples exemplo serve para demonstrar que não é necessário comprovar nenhuma vinculação direta, nem de datas, nem sequer de instituição financeira, entre os recursos captados e os recursos repassados, pois vejase que, no exemplo dado, as datas são bastante distantes entre si e os bancos também são distintos. E serve também para demonstrar que, não havendo uma identidade entre os valores captados e os repassados, a apuração da parcela das despesas considerada indedutível pode ser feita utilizandose o critério de proporcionalidade, com relação ao valor total do contrato. Porém, a mesma decisão recorrida, contraditoriamente, exclui do seu raciocínio “aqueles contratos com relação aos quais os recursos já tem uma destinação pré definida, ou seja, com relação aos quais a empresa tomadora dos recursos não dispõe de discricionariedade quanto à sua aplicação, pois não são contratos para financiamento do seu capital de giro.” Ora, como dito anteriormente pela própria decisão recorrida, “não é necessário comprovar nenhuma vinculação direta, nem de datas, nem sequer de instituição financeira, entre os recursos captados e os recursos repassados”. Logo, não há necessidade de que o endividamento, provocado pelo repasse de recursos a empresas ligadas, se destine, obrigatoriamente, a financiamento de capital de giro. O que importa, no final das contas, é que esse endividamento não ocorreria, ou ocorreria apenas em parte ou em mais curto espaço de tempo, se não tivessem havido aquelas transferências a empresas ligadas. Ou seja, o custo da captação externa de recursos está diretamente relacionado ao fato da disponibilidade financeira da autuada ter sido entregue, sem incidência de qualquer encargo, a empresas a ela ligadas. Ou, visto por outro ângulo, se havia recursos disponíveis para disponibilização a empresas ligadas, então não havia necessidade de obtenção de recursos de terceiros. Abro, aqui, um parêntese para observar que essa comprovação da identidade entre os ingressos de recursos e as remessas de numerários a empresas ligadas, exigida pelo contribuinte para manutenção da autuação, corresponderia a uma prova impossível, uma vez Fl. 4754DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.748 22 que, como bem lembrado por ele mesmo, “dinheiro em espécie não é marcado por ‘carimbo’ que permita identificar, com segurança, o seu destino final”. Fechado o parêntese, se entende a empresa que é sua obrigação “investir em suas controladas para garantirlhes saúde financeira e a manutenção da atividade de distribuição e geração”, esse investimento devese fazer, por óbvio, sem prejuízo de sua própria saúde financeira, o que, lamentavelmente, não ocorreu no presente caso. Por outro lado, não há que se falar em ofensa à autonomia e à liberdade de contratação, asseguradas pela Constituição Federal, uma vez que, no caso, não se proíbem essas operações, mas apenas não se admitem os respectivos efeitos tributários, na forma do art. 109 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966). Ainda, não se trata, na hipótese, de, singelamente, equiparar os adiantamentos para futuro aumento de capital (AFAC) com os mútuos, ou de pretender dar, àqueles, o mesmo tratamento dado a estes. Tratase, sim, de reconhecer que, enquanto aqueles adiantamentos para futuro aumento de capital (AFAC) não se formalizarem no contrato social ou no estatuto, conforme o caso, corresponderão, apenas, a meras exigibilidades a quem os recebeu, passíveis de devolução a quem os deu, por seu inegável caráter de reversibilidade. Nesse sentido, o Parecer Normativo CST nº 23, de 1981, assim dispõe: 4. Ocorrendo a eventualidade de adiantamentos para futuro aumento de capital, qualquer que seja a forma pelas quais os ingressos tenham sido recebidos mesmo que sob a condição para utilização exclusiva em aumento de capital , esses ingressos deverão ser mantidos fora do patrimônio líquido, de conformidade com a legislação que rege a matéria e interpretação que decorre do subitem 4.6 do Parecer Normativo CST nº 133/75 (DO de 24.11.75) e Ato Declaratório (Normativo) CST nº 09/76 (D.O. de 11.06.76), por serem esses adiantamentos considerados obrigações para com terceiros, podendo ser exigidos pelos titulares enquanto o aumento de capital não se concretizar. E como meras exigibilidades, e, pois, atos de pura liberalidade, são ônus desnecessários os encargos suportados por quem os disponibilizou. No presente caso, assim foi descrita a situação ocorrida, conforme Termo de Verificação de Infração: Ao mesmo tempo em que efetuava AFAC não oneroso em favor da PBPART e da PBPART SE1, possuía a Recorrente saldos de empréstimos e contratava novos empréstimos, com registros de encargos financeiros em decorrência de mútuos, o que tornariam desnecessárias as despesas referentes às parcelas dos encargos financeiros correspondentes ao montante de recursos que beneficiaram, por meio de AFAC, as pessoas jurídicas ligadas. O procedimento fiscal adotado foi o seguinte: Fl. 4755DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.749 23 Com base nessas constatações, parte dos encargos financeiros contabilizados e deduzidos do lucro real foram tidos como indedutíveis, na proporção dos capitais colocados à disposição das outras empresas do grupo, em relação ao montante dos saldos de empréstimos tomados no mercado financeiro. De se esclarecer, por oportuno, que a DRJ, em sua decisão, abateu, nos cálculos da fiscalização, as capitalizações quando efetuadas, dando o mesmo tratamento, também, às cessões de direitos de créditos (AFAC) à Alliant. Evidentemente, se não dispunha o contribuinte de recursos próprios suficientes para fazer face a esses adiantamentos para futuro aumento de capital (AFAC), sem se endividar ou se manter endividado, não deveria têlos feito naquela ocasião, mas, sim, no momento mesmo do aumento de capital, quando, aí sim, seriam integralmente dedutíveis os encargos incorridos para sua captação. Ainda, se houvesse urgente necessidade de transferência desses recursos a empresas ligadas, essa necessidade seria delas, e não da recorrida, que os repassou àquelas, graciosamente, em operações gravosas para si mesma. Curiosamente, boa parte desses repasses a empresas ligadas (PBPART E PBPART SE1) tiveram outras destinações que não propriamente os alegados “futuros aumentos de capital”: A PBPART informou que o AFAC recebido foi inicialmente aplicado no Unibanco e, posteriormente, transferido em parte para aplicações no Banco Rural e Bradesco. Referidas quantias, acrescidas das respectivas receitas financeiras, serviram para aquisições de ações da CELB, foram emprestadas à Recorrente, serviram para quitar empréstimo perante a Prefeitura de Campina Grande e mútuos junto à Recorrente e à PBPART SE2, além da concessão de mútuo à CFLCL. [...]. Segundo PBPART SE1, os recursos foram destinados, quase integralmente, à PBPART SE2, que os manteve em grande parte registrados em conta de AFAC. Na PBPART SE2, o capital foi aumentado em R$ 265.908.261,00, permanecendo em AFAC o total de R$ 178.403.902,67, em 15/12/03. Afirma, ainda, o contribuinte que, “se fosse interesse da empresa simplesmente transferir recursos, sem qualquer ônus, às suas controladas, para depois reavê los, bastaria aumentar o capital destas, e reduzilo posteriormente”. Ora, não se pode pretender que se considere uma despesa como necessária ao argumento de que, do contrário, lançarseia mão de simulação para alcançar aquele intento. Há que se reconhecer, nessa mesma linha — dependendo da situação econômicofinanceira da empresa que procede aos adiantamentos para futuro aumento de capital; da participação, nessas operações, do grupo econômico (controladoras, controladas e coligadas); dos valores nelas envolvidos; e, ainda, do tempo decorrido do desembolso dos adiantamentos até a sua efetiva conversão em aumento de capital —, a possibilidade de se Fl. 4756DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.750 24 considerar estarse diante de operações fraudulentas a credores, a implicar, até mesmo, a decretação da falência da empresa, na forma do art. 94, inciso III, alínea “b”, da Lei nº 11.101, de 2005. Assim, dou provimento ao recurso especial a Fazenda em relação a esta matéria e nego provimento ao recurso do contribuinte. Tema 2 – Dedutibilidade para efeitos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), das despesas financeiras desnecessárias consideradas indedutíveis para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). Com relação à exigência de CSLL, está correto o entendimento da decisão de primeira instância, como descrito pela decisão recorrida, de que: xxxvi) apesar de nem todas as restrições à dedutibilidade de dispêndios, previstas na legislação do Imposto de Renda, serem aplicáveis à CSLL, devese ter em conta que a glosa das despesas em litígio não teria sido motivada por disposições específicas na legislação do IRPJ, posto que comprometeria o resultado do exercício. É dizer: a admissão de determinados valores como despesas operacionais, ou não, afeta a apuração do lucro operacional — que é o mesmo, tanto para o IRPJ quanto para a CSLL — e, apenas reflexamente, as correspondentes bases de cálculo (lucro real e lucro ajustado). O resultado do exercício, apurado com observância da legislação comercial, é comum a ambos os tributos, cujas respectivas bases de cálculo começam a diferir entre si, pelos ajustes específicos previstos na legislação de cada um deles, somente a partir da apuração daquele resultado. Assim é que o Lucro Líquido Antes do IRPJ, indicado na Linha 06A/53 da Ficha 06A Demonstração do Resultado, é transportado para a Linha 09A/01 da Ficha 09A – Demonstração do Lucro Real [onde será adicionado da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – Linha 09A/04, esclareço], e o Lucro Líquido Antes da CSLL [e do IRPJ, esclareço], apontado na Linha 06A/51 da Ficha 06A Demonstração do Resultado, é transferido para a Linha 17/01 da Ficha 17 – Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — conforme se verifica das Declarações de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) dos anoscalendário de 2000 a 2003, períodos objeto da autuação em análise. Há também que se concordar com o argumento do recorrente em relação à aplicação do art. 13 da Lei nº 9.249/95, que veda diversas deduções da base de cálculo da CSLL, sem prejuízo do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506/64, ou seja, o referido dispositivo, que segue abaixo transcrito, determinou a adição das "despesas desnecessárias" à base de cálculo da CSLL: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: [...] Fl. 4757DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.751 25 Veja que o art. 47 da Lei nº 4.506/1964 é o fundamento legal do art. 299 do RIR/1999. Ele dispõe exatamente sobre os requisitos da necessidade, usualidade e normalidade para a dedutibilidade das despesas. Assim, o texto legal acima transcrito evidencia claramente o vínculo entre a apuração da base cálculo da CSLL e os referidos requisitos para a dedutibilidade de despesas, do contrário não faria nenhum sentido a ressalva contida no texto. Com efeito, se o texto diz que para uma determinada situação deve se aplicar "A" independentemente de "B", é porque "B" também é aplicável àquela mesma situação. Concluindo, em última análise que, embora as opções feitas pelo contribuinte ao estruturar as operações não sejam ilegais, elas têm diversas implicações financeiras decorrentes, implicações, essas, entretanto, indedutíveis para fins tributários. Contudo, ainda que legais do ponto de vista do Direito Privado, não tem o condão de transformar despesas indedutíveis em despesas dedutíveis, quer para o IRPJ que para a CSLL. Neste sentido há que se concluir que as alegadas "despesas" não são dedutíveis da base de cálculo da CSLL. Do exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda nesta parte. Conclusão. Isto posto, dou integral provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e nego provimento ao recurso especial do Contribuinte. Não conheço do requerimento apresentado pelo contribuinte, no sentido de, na hipótese de o lançamento ser ao final mantido, ser excluída eventual exigência de juros de mora computados após o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias que a Administração Pública teria para proferir decisão administrativa, sob pena de violar o art. 24 da Lei nº 11.457, de 2007, onerandoa em face da demora à qual não deu causa. É que se trata de pleito apresentado fora do prazo recursal, e para o qual não dispõe, este Colegiado, de competência para o seu exame. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator Voto Vencedor Voto vencedor na parte que diz respeito ao tema das despesas decorrentes de financiamentos com destinação prédefinida. Conselheiro Luís Flávio Neto – Redator Designado Na reunião de julho de 2016, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou o recurso especial interposto por ENERGISA SERGIPE DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. e pela PFN, conforme bem relatado pelo i. Conselheiro Relator. Fl. 4758DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.752 26 Nesse julgamento, entre outras matérias, a CSRF, por maioria de votos, decidiu DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso especial da PFN, a fim de se manter a decisão que reconheceu a dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ/CSLL de despesas com empréstimos contraídos perante BNDES, ELETROBRÁS, BANESE e HSBC, vinculados ao FINAME, INERGUS, e os atinentes ao COMPROR. Como a posição adotada pelo i. Conselheiro Relator em relação à matéria foi vencida, fui designado para redigir o voto vencedor especificamente quanto a essa parcela do julgamento. No caso, compreendeu a fiscalização que seria desnecessária a assunção de empréstimos pela ENERGISA, ao mesmo tempo em que a companhia fornecia recursos a empresas ligadas, sem remuneração, a título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC). Por consequência, as correspondentes despesas financeiras não seriam dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A fiscalização, no caso, adotou a presunção que os empréstimos contraídos pelo contribuinte apenas se justificariam em face de uma imputação proporcional aos aportes de capital em outras pessoas jurídicas, a título de AFAC. A maioria do Colegiado, no entanto, compreendeu restar infirmada a presunção assumida pela fiscalização no caso de financiamentos com destinação prédefinida, pois tal fator impossibilitaria a utilização dos aludidos recursos para fins de AFAC. Em tais situações, os empréstimos teriam destinação específica, como a aquisição de equipamentos, não sendo possível presumir que teriam assumido destino diverso. Conforme concluiu a maioria do Colegiado, em casos como esse, no qual são contraídos financiamentos com destinação prédefinida (por exemplo, para a compra de equipamentos), não é possível proceder a glosa das despesas financeiras incorridas sob a justificativa de que, em outra vertente operacional da companhia, aportes de capital sem cobrança de juros teriam sido realizados a título de AFAC. Nos moldes do art. 249, 299 e seg. do Decreto n. 3.000/99, para que as despesas finceiras atinentes a tais financiamentos com destinação prédefinida pudesse ser glosadas, seria necessário à fiscalização, por exemplo, demonstrar que os equipamentos adquiridos por meio de tais recursos não teriam o potencial de integrar a atividade do contribuinte. Nesse seguir, no que é pertinente à específica matéria ora analisada, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso da PFN, ratificando os demais posicionamentos constantes em ata. (Assinado digitalmente) LUÍS FLÁVIO NETO – Redator designado. Fl. 4759DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10510.003122/200574 Acórdão n.º 9101002.396 CSRFT1 Fl. 4.753 27 Fl. 4760DF CARF MF Impresso em 14/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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