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Numero do processo: 10320.900189/2014-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Dec 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/03/2010 a 31/03/2010
FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF.
Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova idônea, contábil e fiscal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2010 a 31/03/2010
COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição.
Numero da decisão: 3301-005.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova idônea, contábil e fiscal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2010 a 31/03/2010 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 90 01 89 /2 01 4- 87 Fl. 335DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior Relatório Tratase de pedido de compensação realizado pela contribuinte no PER/DCOMP 18085.36896.250314.1.3.043423 (fls. 2226) transmitida em 25/03/2014, informando um recolhimento a maior, à título de COFINS na monta de R$ 199.790,84 (cento e noventa e nove mil, setecentos e noventa reais e oitenta e quatro centavos) por DARF em quitada em 23/04/2010 para o período de apuração 31/03/2010, no montante de R$ 294.417,80, sendo que o devido para o período de apuração seria de R$ 94.626,96 Para utilizar este suposto crédito, a Recorrente então transmitiu a DCOMP acima mencionada, informando um crédito original na data da transmissão no montante de R$ 20.106,29 para compensar com um débito de COFINS não cumulativo devido no período de apuração de fevereiro/2014 no montante de R$ 15.000,00. Declarou também, para fins de compensação, um montante de PIS não cumulativo, também devido no período de apuração de fevereiro/2014, no montante de R$ 5.000,00. Em 04/06/2014 (fl. 27), a Secretaria da Receita Federal do Brasil proferiu despacho decisório para NÃO HOMOLOGAR a compensação declarada, sob o fundamento de que foram localizados um ou mais pagamentos integralmente utilizados para quitação dos débitos declarados pelo contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados, verbis: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 20.106,29 A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10320.900189/201487 Acórdão n.º 3301005.552 S3C3T1 Fl. 336 3 Intimada da decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 3536) para instaurar o contencioso administrativo, afirmando que o PER/DCOMP ora em análise reflete o crédito demonstrado no DACON do mês de março de 2010, o que pode também ser verificado na retificadora da DCTF para o mês de março de 2010, todos juntados aos autos com a manifestação de inconformidade. Em 29/06/2016, a 1ª Turma da DRJ/JFA julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, nos termos do acórdão 0960.488 (fls. 5661), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 23/04/2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. A inexistência de direito creditório impede a homologação da compensação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 23/04/2010 COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pela interessada à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a esta o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em suas razões de voto, a DRJ utilizou da fundamentação do acórdão proferido no processo administrativo nº 10320.900163/201439. Afirmou que as informações constantes da DCTF existente no sistema até a data da entrega do PER/DCOMP não refletia o montante de tributo indevidamente recolhido para respaldar o crédito pleiteado pela contribuinte, que não aqueles reconhecidos pela Secretaria da Receita Federal nos outros PER/DCOMPs mencionados; Afirmou ainda que a DCTF retificadora apresentada com a impugnação foi retificada em data posterior à ciência do despacho decisório, portanto, já em sede de manifestação de inconformidade, caberia à interessada a prova de que cometeu erro de preenchimento na DCTF original e em duas das retificadoras (datadas de 03/09/2010 e 02/10/2013) e que o valor efetivamente devido é menor e corresponde ao montante declarado nesta terceira DCTF retificadora apresentada em 16/07/2014. Como nada foi trazido aos autos para trazer liquidez e certeza ao crédito estampado nesta nova DCTF retificadora, como por exemplo, escrituração contábil, documentos fiscais ou quaisquer outros documentos hábeis e idôneos para comprovar o real montante do tributo devido no período, não seria possível a procedência de seu pleito. Fl. 337DF CARF MF 4 Inconformada da r. decisão, a contribuinte apresentou, no prazo, seu Recurso Voluntário, que ora se analisa (fls. 6873), trazendo as seguintes argumentações: Há pagamento a maior e a Fazenda Pública não pode se enriquecer sem causa; Argumenta pela obrigação funcional da Administração em apurar a verdade material e o princípio da moralidade; Aduz que a DACON foi transmitida antes do despacho decisório e, por força do princípio da verdade material, deveria ter ser observado referido demonstrativo do crédito evidenciado na DACON; O dever de o Fisco confirmar as informações do contribuinte, bem como o dever de fazer cumprir a verdade material que norteia o processo administrativo; Procedeu a retificação da sua declaração e apresentou a respectiva PER/DCOMP, para que fosse efetivada a compensação dos créditos tributários. Juntou com o recurso o livro razão da conta contábil "3.3.1.09.0006 COFINS VDA.TRATORES INDUST.SDLG" do exercício de 2010 (fls. 7484), uma extensa listagem de compras de matéria príma, material de embalagem e produto intermediário supostamente utilizados em sua produção no período de março/2010, devolução de vendas, frete, serviços tomados e demais despesas incorridas para comprovar seus créditos da não cumulatividade das contribuições, bem como listagem de venda de produtos e serviços (fls. 85 331). Apresentou também uma planilha demonstrativa para pretender evidenciar seu crédito (fls. 332) É a síntese do necessário Voto Conselheiro Salvador Cândido Brandão Junior O recurso voluntário é tempestivo, merecendo ser conhecido e analisado em seu mérito. Para o deslinde da causa, é essencial a análise da motivação da decisão que homologou parcialmente a compensação. Fundamentase a r. decisão, na falta de prova da liquidez e certeza do crédito pleiteado pela Recorrente. Isso porque, conforme se percebe da r. decisão recorrida, no período de apuração de março/2010 a Recorrente realizou uma declaração em DCTF informando um montante de R$ 294.417,80 à título de débito de COFINS. Percebendo seu equívoco, realizou uma DCTF retificadora para informar um que recolheu a maior um montante de R$ 118.428,73. Elaborou três Dcomps que foram totalmente homologadas para compensar débitos, pleiteado das Dcomps nº 12615.75508.240910.1.7.040328., 30958.15434.290910.1.3.041280 e 27601.61502.240111.1.3.046765. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10320.900189/201487 Acórdão n.º 3301005.552 S3C3T1 Fl. 337 5 No sistema da Receita Federal era esta a informação existente quando do despacho decisório proferido em 04/06/2014, daí porque não foi reconhecido este novo montante de crédito pleiteado pela Recorrente. Juntamente com a manifestação de inconformidade, a Recorrente apresentou nova retificadora da DCTF, transimitida em 16/07/2014 (fls. 4953) a fim de evidenciar que o montante de COFINS efetivamente devido em março/2010 era de R$ 94.626,96. Como recolheu por guia DARF o valor de R$ 294.417,80, e por já ter realizado a compensação de R$ 118.428,73, restava de crédito a monta de R$ 81.362,11. Nesta DCOMP a Recorrente informou um crédito original de R$ 20.106,29, pretendendo utilizar R$ 14.656,31 para compensação. Ressaltese, no entanto, que a retificação da DCTF, por si só, não se presta para solidificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte, sendo indispensável a apresentação de prova idôneas, tais como demonstrativos contábeis, para aferição do crédito. Neste sentido, já se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF, no julgamento do processo 10909.900175/200812, manifestando o entendimento no acórdão nº 9303005.520 (sessão de 15/08/2017), no sentido de que, mesmo no caso de uma a retificação posterior ao Despacho Decisório, como é o caso em análise, não há impedimento para o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, comparecendo nos autos com qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que cometera no preenchimento da DCTF (escrita contábil e fiscal): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2004 a 29/02/2004 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado. Esta colenda 1ª TO da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF tem manifestado entendimento no mesmo sentido, segundo a qual, em razão da verdade material, a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte pode ser demonstrada por outros elementos de prova, independentemente da retificação da DCTF, conforme é possível constatar pelo recente acórdão relatado pela ilustre conselheira Semíramis de Oliveira Duro: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2012 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. (...) Fl. 339DF CARF MF 6 Recurso Voluntário provido. (Número do Processo 11060.900738/201311. Relatora SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO.Data da Sessão 17/04/2018. Nº Acórdão 3301004.545) Cabe, portanto, à Recorrente, a demonstração da origem e liquidez de seu crédito pleiteado. A Recorrente trouxe aos autos, em seu recurso voluntário, livro razão que parece não ter a menor pertinência para o deslinde da causa. Apresentou também extensa listagem de compras, serviços e receita bruta. No entanto, caberia à Recorrente realizar uma conciliação com a escrita fiscal e contábil, que, aliás, foi apresentada de forma insuficiente, com vistas a esclarecer os fatos de seu interesse e respaldar o direito de seu pedido. Nem mesmo diligência fiscal poderia esclarecer e confirmar a existência do crédito pleiteado. É de total interesse da Recorrente, em casos de pedidos de ressarcimento e compensação, o esclarecimento e a prova de seu crédito. Apenas apresentar documentos aleatórios sem nenhum critério de conexão, como o livro razão de uma única conta contábil, que não se mostra suficiente para a causa, ou invocar a verdade material para afirmar que é dever da fiscalização analisar a documentação e conferir com a DACON não são suficientes para evidenciar a liquidez e certeza de seu crédito.. É assente o entendimento de que, nos pedidos de restituição e compensação, o ônus da prova da existência do crédito é do contribuinte, não tendo a Recorrente se desincumbido de tal tarefa. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. (Número do Processo 10880.674831/200954. Relatora LARISSA NUNES GIRARD. Data da Sessão 13/06/2018. Nº Acórdão 3002000.234) (grifos não constam do original) Neste diapasão, é de se negar o direito creditório pleiteado Conheço do recurso voluntário, mas nego provimento. Salvador Cândido Brandão Junior Relator Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10320.900189/201487 Acórdão n.º 3301005.552 S3C3T1 Fl. 338 7 Fl. 341DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.720694/2016-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-000.919
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Presidente
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad.
RELATÓRIO
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad. RELATÓRIO Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Trata o presente processo de autos de infração de PIS/Pasep e Cofins lavrados contra a pessoa jurídica acima qualificada, em que foram apuradas infrações relativas à composição da base de cálculo, não tendo sido constituído crédito tributário em função do aproveitamento dos créditos da não cumulatividade existentes. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 25 .7 20 69 4/ 20 16 -0 1 Fl. 17954DF CARF MF Processo nº 10925.720694/201601 Resolução nº 3302000.919 S3C3T2 Fl. 3 2 2. Segundo Termo de Verificação Fiscal integrante dos autos (fls. 27/35), , após ser intimada a apresentar os documentos comprobatórios das exclusões relativas a vendas para cooperados (Termo de Intimação Fiscal – TIF nº 09), a impugnante respondeu que tais valores foram excluídos da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins por se referirem a vendas de produtos e mercadorias a associados ou mesmo repasse efetuado a associados por conta de produtos por estes entregues à cooperativa. 3. Referindose ao inciso II do art. 11 da Instrução Normativa SRF nº 635, de 2006, a fiscalização entende que, na exclusão das receitas de venda de bens e mercadorias ao associado, necessário se faz determinar qual a natureza dessa venda, visto que a teor do § 2º do mesmo art. 11 da IN SRF 635/2006, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculadas diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa, e que deverão ser contabilizadas destacadamente pela cooperativa, sujeitas à comprovação mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie e quantidade dos bens ou mercadorias vendidos. 4. Sendo assim, a autoridade fiscal reincluiu na base de cálculo valores referentes a itens destinados a alimentação, vestuário, higiene pessoal, etc., que não guardam relação com a atividade econômica do cooperado. Da mesma forma procedeu com relação à venda de gasolina, acrescentando que por ser produto sujeito à tributação monofásica não compôs a base de cálculo das contribuições. 5. Além disso, com relação ao produto “leite in natura”, concluiu que a cooperativa somente poderá excluir da base de cálculo o valor repassado ao cooperado pelo produto a ela entregue (inciso I do artigo 11 da IN SRF 635/2006) e não o valor da receita de venda desse produto pela cooperativa (inciso II do artigo 11 da IN SRF 635/2006). 6. Para elaboração do auto foram aproveitados os créditos relativos a “Aquisições no Mercado Interno Vinculados à Receita Tributada no Mercado Interno”, “Aquisições no Mercado Interno – Presumido – Atividades Agroindustriais” e os saldos de créditos anteriores, conforme demonstrado no Relatório (apenas a título de informação tais itens foram, em ação fiscal posterior, objeto de glosa, conforme processo 10925.722302/201630, julgado em conjunto com o presente). 7. Cientificada em 24.05.2016 (fl. 39), a interessada apresentou tempestivamente, em 21.06.2016, impugnação (fls. 17.813/17830), onde apresenta os argumentos abaixo sintetizados: a) Quanto as exclusões da base de cálculo, alerta para as peculiaridades das cooperativas, ressaltando que “as operações realizadas entre os associados e a sociedade cooperativa, e entre esta e aqueles, não representam negócio mercantil, pois não há como fazer negócio mercantil consigo mesmo, não há como realizar operação de compra e venda com a mesma pessoa”; Fl. 17955DF CARF MF Processo nº 10925.720694/201601 Resolução nº 3302000.919 S3C3T2 Fl. 4 3 b) Acrescenta: “Não se pode perder de vista que, tanto para o direito tributário, quanto para o direito privado, para que exista receita bruta, é imprescindível a existência de atos de comércio.”; c) “Portanto, forte no art. 79 e seu parágrafo único da Lei nº 5.764/1971, consoante as decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça no sentido de não ser possível tributar as operações que envolvem os atos cooperativos, e, em abalizada doutrina, outra conclusão não há, senão a de que as operações realizadas entre a Impugnante e seus associados tratase de NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA, vez que não se trata de negócio mercantil, mas sim de verdadeiro ato cooperativo.”; d) No caso da gasolina, alega que por equívoco incluiu na sua base de cálculo o produto sujeito à incidência monofásica, cuidando de excluí los em seguida. Acrescenta: “E nem se alegue que o produto não faz parte da atividade econômica dos cooperados. Conforme argumentação do tópico anterior, as contribuições sócias não podem incidir sobre atos cooperativos”. e) No que diz respeito ao “leite in natura”, aduz que o agente fiscalizador não observou que tais tem como destinatário a “COOPERATIVA CENTRAL OESTE CATARINENSE – AURORA”, da qual a Impugnante é cooperativa singular filiada, caracterizando, portanto, ato cooperativo; f) Aduz que “A autoridade fiscalizadora em momento algum provou em sentido contrário ao que a Impugnante apresentou nas memórias de cálculo e informou nas declarações de obrigação acessória transmitidas ao FISCO , logo, permanece a presunção de verdadeiros os registros contábeis, declarações e demais documentos elaborados pela Impugnante”; g) “Cabe ao Fisco a prova da irregularidade, ou seja, provar que o fornecimento de bens de consumo para cooperados não configura ato cooperativo, ou provar que a Impugnante não incluiu as vendas de gasolina na base de cálculo das contribuições, ou ainda, provar que a venda de leite in natura não pode ser excluída da base de cálculo, bem assim fundamentar de forma criteriosa e clara, quais os fatos e as disposições legais, que embasam a sua posição, visto que os contribuintesImpugnante gozam da presunção legal”; h) Requer a realização de perícia e diligência, para as quais aponta quesitos e indica perito; k) Ao final, requer: “1 – o recebimento e processamento da presente, com os documentos que a acompanham; 2 – seja dado provimento a presente Impugnação e determinado a anulação e arquivamento do auto de infração em debate, pelas razões antes expostas; Fl. 17956DF CARF MF Processo nº 10925.720694/201601 Resolução nº 3302000.919 S3C3T2 Fl. 5 4 3 – determinar, no caso de não acolhimento do pedido consignado no item 2, a mais ampla produção de provas, em especial a pericial e as diligências mencionadas.”. A Terceira Turma da DRJ Belém julgou a impugnação improcedente, nos termos do Acórdão nº 0134.165, de 02 de maio de 2017, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2011 a 31/12/2011 COOPERATIVAS. EXCLUSÕES. As sociedades cooperativas poderão excluir da base de cálculo da contribuição, dentre outros itens, os valores repassados aos associados decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa e as receitas de venda de bens e mercadorias a associados, quando estiverem vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2011 a 31/12/2011 COOPERATIVAS. EXCLUSÕES. As sociedades cooperativas poderão excluir da base de cálculo da contribuição, dentre outros itens, os valores repassados aos associados decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa e as receitas de venda de bens e mercadorias a associados, quando estiverem vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado. Inconformado com a decisão de primeira instância, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário onde repisa todos os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. VOTO O Recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, de forma que dele tomo conhecimento e passo a análise de mérito. Conforme já relatado, o processo trata de autos de infração do PIS e da Cofins apurados pela não cumulatividade, resultante da análise fiscal que identificou exclusões indevidas das bases de cálculo das exações. Segundo termo de verificação fiscal, o sujeito passivo é uma cooperativa de produção, sendo regida por legislação específica. Ao apurar a base de cálculo das contribuições referentes aos período de apuração compreendido entre 01/07/2011 e 31/12/2011, o sujeito passivo teria excluído valores referentes a bens de consumo, às vendas de gasolina e às vendas de leite in natura. A fiscalização entendeu como indevidas as mencionadas exclusões e efetuou o lançamento tributário. Fl. 17957DF CARF MF Processo nº 10925.720694/201601 Resolução nº 3302000.919 S3C3T2 Fl. 6 5 Em sua defesa, o contribuinte alega que: a) Quanto à glosa das exclusões de bens de consumo: à alimentação, vestuário, higiene pessoal: Que as operações realizadas entre os associados e a sociedade cooperativa, e entre esta e aqueles, não representam negócio mercantil, pois não há como fazer negócio mercantil consigo mesmo, não há como realizar operação de compra e venda com a mesma pessoa. Desta forma, visto que não há negócio mercantil nas operações realizadas entre a Cooperativa ora Impugnante e os associados, não há que se falar em receita bruta de comercialização na entrega de produtos para os cooperados, ou mesmo na comercialização da produção do associado quando os produtos são entregues à cooperativa. Portanto, considerando que as operações com cooperados não configuram hipótese de incidência das contribuições para o PIS e Cofins, todas as operações com cooperados devem ser excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. b) Quanto à glosa da exclusão pertinente às vendas de gasolina: Que o agente fiscalizador glosou as exclusões referentes ao produto “gasolina” alegando que o mesmo está sujeito a incidência monofásica das contribuições para ao PIS e COFINS e, portanto não compôs a base de cálculo das contribuições. Está correta a afirmação de que a gasolina comum sujeitase ao regime monofásico de recolhimento das contribuições para o PIS e COFINS, ou seja, a tributação é concentrada no produtor ou distribuidor do produto. Ocorre que, por um equívoco na apuração das contribuições, a recorrente ofereceu a tributação integral a esse produto para posterior exclusão da base de cálculo, conforme pode ser comprovado pelas planilhas apresentadas em resposta à intimação nº 09. Diante desse quadro, resta evidente a necessidade de glosa dos valores referentes ao produto. c) Quanto à glosa da exclusão pertinente às vendas de leite in natura: O agente fiscalizador glosou as exclusões referentes a venda de leite in natura, sob o argumento de que em seu entendimento, nas operações com o leite o recorrente deveria excluir o valor repassado aos cooperados pelo leite entregue ao recorrente e não as receitas de venda desse leite. Nada obstante, o agente fiscalizador não observou que as vendas de leite in natura excluídas da base de cálculo tem como destinatário a “COOPERATIVA CENTRAL OESTE CATARINENSE – AURORA”. Esta por sua vez, é associada do recorrente e o recorrente é cooperativa singular filiada a central de cooperativas AURORA. Ou seja, as operações entre o recorrente e a AURORA constituemse em ato cooperativo. Portanto, nas operações entre o recorrente e a central de cooperativas Aurora não pode incidir PIS e Cofins por se tratar de verdadeiro ato cooperativo. Acontece que para esse relator faltam elementos essenciais para formação de sua convicção, uma vez que o sujeito passivo apresentou argumentos com auto grau de probabilidade e os autos não possuem um conjunto probatório suficiente para sanar as dúvidas surgidas após os recursos apresentados pelo sujeito passivo. Diante desse quadro, entendo necessária a conversão do julgamento em diligência para que a autoridade preparadora esclareça os seguintes pontos: a) Se as operações de venda de gasolina foram incluídas na base de cálculo das contribuições sociais para o PIS e Cofins, tendo sido tributadas? Fl. 17958DF CARF MF Processo nº 10925.720694/201601 Resolução nº 3302000.919 S3C3T2 Fl. 7 6 b) Se as vendas de leite in natura excluídas da base de cálculo das contribuições sociais para o Pis e Cofins foram destinadas à Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora? c) Qual a relação entre a Cooperativa Aurora e a Cooperativa Concórdia? Após sanadas essa dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 17959DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.720473/2012-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009
INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE
A autoridade administrativa não possui competência para apreciar inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE.
Improcedentes as arguições de nulidade, quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972.
SIMPLES NACIONAL. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Caracterizam-se como omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2.
OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES. LANÇAMENTO REFLEXO.
Numero da decisão: 1201-002.305
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
EVA MARIA LOS - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los (presidente em exercício), José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado em substituição à conselheira Ester Marques Lins de Sousa ) e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição ao conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Ester Marques Lins de Sousa e Luis Fabiano Alves Penteado.
Nome do relator: RAFAEL GASPARELLO LIMA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008, 2009 INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE A autoridade administrativa não possui competência para apreciar inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. Improcedentes as arguições de nulidade, quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. SIMPLES NACIONAL. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizam-se como omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2. OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES. LANÇAMENTO REFLEXO.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) EVA MARIA LOS - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los (presidente em exercício), José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado em substituição à conselheira Ester Marques Lins de Sousa ) e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição ao conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Ester Marques Lins de Sousa e Luis Fabiano Alves Penteado.
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MÁQUINAS AGRÍCOLAS LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE A autoridade administrativa não possui competência para apreciar inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. Improcedentes as arguições de nulidade, quando não se vislumbram nos autos quaisquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. SIMPLES NACIONAL. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Caracterizamse como omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme sua Súmula nº 2. OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES. LANÇAMENTO REFLEXO. Havendo a omissão de receita tributável pelo IRPJ, aplicase idêntico entendimento aos demais tributos e contribuições sociais, com a incidência sobre os mesmos fatos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 72 04 73 /2 01 2- 90 Fl. 274DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) EVA MARIA LOS Presidente em exercício. (assinado digitalmente) RAFAEL GASPARELLO LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los (presidente em exercício), José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Gisele Barra Bossa, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado em substituição à conselheira Ester Marques Lins de Sousa ) e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição ao conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado). Ausentes, justificadamente, os conselheiros Ester Marques Lins de Sousa e Luis Fabiano Alves Penteado. Relatório O acórdão nº 0939.937, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Juiz de Fora/MG, julgou improcedente a impugnação administrativa, conforme se extrai da sua ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE A autoridade administrativa não possui competência para apreciar inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009 NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Não se cogita de nulidade dos lançamentos, ausentes as causas delineadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, ou no 142 do CTN. ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2008, 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizamse como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito/investimento mantidas junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa jurídica intimada não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações, Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10675.720473/201290 Acórdão n.º 1201002.305 S1C2T1 Fl. 274 3 com documentação hábil e idônea, decotados aqueles estornados e os créditos decorrentes de transferências mesma titularidade. LANÇAMENTOS REFLEXOS. IPI, CSLL, Cofins, Pis e INSS Dada a relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos reflexos o decidido no principal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Resumidamente, o acórdão recorrido narrou os fatos que proporcionaram a imposição fiscal: Tratase de Autos de Infração correspondentes aos anos calendários (AC) 2008 e 2009, tendo sido o crédito tributário consolidado de R$ 73.729,25, a título de IRPJ, IPI, CSLL, Cofins, Pis e INSS, todos do Simples. Segundo a DESCRIÇÃO DOS FATOS, houve omissão de receitas via depósitos bancários não escriturados, consoante o Termo de Verificação Fiscal (TVF) de resumo abaixo: 1) foram apresentadas as DASN correspondentes aos AC 2008 e 2009 “registrando receita apenas para o mês de janeiro/2008 [...] para todo o período restante (fevereiro/2008 a dezembro/2009) declarou faturamento nulo. [...] Na impugnação, são aduzidas razões de defesa, baseadas ainda em posicionamentos judiciais e jurisprudenciais; excertos abaixo: 2 PRELIMINAR DA NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL [...] a fiscalização utilizouse de procedimento ilegal e inconstitucional para apurar o suposto crédito tributário, quebrando o sigilo bancário da impugnante sem qualquer autorização judicial [...]. 3 DO MÉRITO 3.1 DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS O simples fato de efetuar depósitos em um banco não é, por si só, comprobatório de que ele tenha auferido rendimentos tributáveis. É necessário o nexo da evidência do recebimento de rendimentos,[...]. A autoridade fiscal não demonstrou a utilização destes valores do depósito como renda auferida, o que seria necessário. O lançamento teve como fundamento único a existência dos depósitos. A própria legislação determina que o dever de prova é do fisco, não bastando tão somente lançar sem o esteio da comprovação. [...]. (original contém negritos) Fl. 276DF CARF MF 4 A contribuinte interpôs o tempestivo Recurso Voluntário, reiterando os mesmos argumentos da impugnação administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Gasparello Lima, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. I. NULIDADE DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO O acórdão recorrido ratificou a exigência tributária, explicitando a inexistência de qualquer nulidade do lançamento de ofício. Igualmente, não vislumbro quaisquer das hipóteses dos artigos 59 e 60 do Decreto nº 70.235/19721, endossando a ausência de nulidade e prevalecendo a validade da constituição do crédito tributário, tal como formalizado. Por sua vez, não é nula a exigência consubstanciada em informações financeiras da contribuinte, obtidas pela Receita Federal do Brasil sem prévia autorização judicial. Atualmente, a jurisprudência do Egrégio Supremo Tribunal Federal, uniformizada pelo acórdão prolatado no Recurso Extraordinário (RE) nº 601.314/SP, com efeito da repercussão geral estabelecida no artigo 543B do Código de Processo Civil vigente à época, possibilita o acesso dessas informações bancárias no exercício do procedimento fiscal: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos 1 “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio” Fl. 277DF CARF MF Processo nº 10675.720473/201290 Acórdão n.º 1201002.305 S1C2T1 Fl. 275 5 referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. O artigo 145, parágrafo primeiro, da Constituição Federal, consagra o princípio da capacidade contributiva, orientando que "sempre que possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, Fl. 278DF CARF MF 6 identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte." A autoridade administrativa é competente para exigir informações financeiras da contribuinte, mediante intimação escrita, consoante o artigo 197 do Código Tributário Nacional: "Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: (...) II – os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;" A Lei Complementar nº 105/2001 permitiu a requisição de informações diretamente nas instituições financeiras, ressaltando que não configuraria violação ao dever de sigilo: Art.1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) §3º Não constitui violação do dever de sigilo: (...) VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art.5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) §2º As informações transferidas na forma do caput deste artigo restringirseão a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados. (...) §4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. Fl. 279DF CARF MF Processo nº 10675.720473/201290 Acórdão n.º 1201002.305 S1C2T1 Fl. 276 7 §5º As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação em vigor. Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Este instrumento de fiscalização foi aperfeiçoado pela Lei nº 10.174/2001 e o Decreto nº 3.724/2001, com validade constitucional reconhecida pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. Finalmente, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mediante sua Súmula nº 2, delimita que "não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". II. MÉRITO De acordo com artigo 57, parágrafo terceiro, do Regulamento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, adoto e transcrevo a "decisão de primeira instância", concordando com seu inteiro teor, ressalvando que inexistiu novos argumentos ou provas, quando da interposição do Recurso Voluntário: 1) DAS PRELIMINARES 1.1) DA INCONSTITUCIONALIDADE E DA ILEGALIDADE Tais questões não encontram supedâneo no âmbito do processo administrativo fiscal, sendo defeso a este colegiado dizêlas, por falta de competência material na Portaria MF n° 587/2010, que aprovou o Regimento Interno da RFB. Quanto a julgados do Judiciário nos quais a contribuinte alicerçouse, não houve comprovação de sua participação no respectivo polo ativo, além do que tais julgados, na espécie, não têm efeito vinculante nas decisões dos órgãos do Poder Executivo. Para os órgãos acima, vale o prescrito no art. 102, § 2º, da Constituição, ressalvado o disposto no art. 2º do Decreto nº 2.346, de 1997 (que consolida normas de procedimentos a serem observadas pela Administração Pública Federal em razão de decisões judiciais, dentre outros), a saber: Constituição: Fl. 280DF CARF MF 8 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo. (grifei) Decreto nº 2.346/1997: Art. 2º Firmada jurisprudência pelos Tribunais Superiores, a AdvocaciaGeral da União expedirá súmula a respeito da matéria, cujo enunciado deve ser publicado no Diário Oficial da União, em conformidade com o disposto no art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993 [...] Art. 4º Ficam o Secretário da Receita Federal e o Procurador Geral da Fazenda Nacional, relativamente aos créditos tributários, autorizados a determinar, no âmbito de suas competências e com base em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal que declare a inconstitucionalidade de lei, tratado ou ato normativo, que: I não sejam constituídos ou que sejam retificados ou cancelados; II não sejam efetivadas inscrições de débitos em dívida ativa da União; III sejam revistos os valores já inscritos, para retificação ou cancelamento da respectiva inscrição; IV sejam formuladas desistências de ações de execução fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.(grifo nosso) Concernente à quebra do sigilo bancário, por apertada maioria de votos (5x4), o tribunal pleno do STF deu provimento ao RE 389808 em que a determinada sociedade empresária “questionava o acesso da Receita Federal a informações fiscais da empresa, sem fundamentação e sem autorização judicial”. Não há decisão definitiva nos autos daquele RE a impor a aplicação incontinenti do disposto no inciso I do art. 4º do Decreto nº 2.346/1997. Na página do STF na web consta a seguinte notícia: Quartafeira, 24 de novembro de 2010 Cassada liminar contra quebra de sigilo bancário de empresa para consulta da Receita Federal Fl. 281DF CARF MF Processo nº 10675.720473/201290 Acórdão n.º 1201002.305 S1C2T1 Fl. 277 9 Por 6 votos a 4, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) cassou medida liminar concedida na Ação Cautelar (AC) 33, pelo ministro Marco Aurélio (relator), que impedia a quebra de sigilo bancário da GVA Indústria e Comércio S/A pela Receita Federal. A cautelar tinha o objetivo de dar efeito suspensivo ao Recurso Extraordinário (RE 389808) interposto na Corte pela própria empresa. A liminar cassada foi concedida pelo relator da ação, em julho de 2003, no sentido de suspender o fornecimento das informações à Receita e a utilização, também pela Receita, dos dados obtidos antes do julgamento do RE. Ele considerou o preceito do inciso XII, do artigo 5º, da Constituição Federal – da inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas – que somente pode ser quebrado por ordem judicial. (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConte udo=166787 – acesso em 02 de dezembro de 2011) Retomando, o art. 59 do Decreto nº 7.574/2011 assim dispôs: Art. 59. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade (Decreto no 70.235, de 1972, art. 26A, com a redação dada pela Lei no 11.941, de 2009, art. 25). Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo (Decreto no 70.235, de 1972, art. 26A, § 6o, incluído pela Lei no 11.941, de 2009, art. 25): I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de junho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 1993. Já a súmula nº 2 do Carf assim dispôs: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Salientese que as Requisições de Informações sobre Movimentação Financeiras são instrumento interno de Fl. 282DF CARF MF 10 planejamento e controle das atividades e procedimentos fiscais no âmbito da RFB, que visou a busca da verdade material dos fatos. Não sem razão, dada a seguinte realidade circunstanciada no TVF não contraditada nesse particular: 2) [...] face à quase ausência de declaração de receitas, procedeuse a lavratura do Termo de Início do Procedimento Fiscal [...] no domicílio tributário do sócio administrador [...] tendo em vista a não localização da empresa [...]. O sujeito passivo foi intimado, mediante referido termo de início, a apresentar os extratos bancários de contascorrentes, de poupança, de investimentos e aplicações financeiras que deram origem aos créditos em conta, anoscalendário 2008 e 2009, nas instituições financeiras Banco do Brasil SA e Banco Mercantil do Brasil SA, bem como a apresentar o contrato social e livros contábeis e fiscais. 3) Em atendimento ao referido termo o contribuinte apresentou o contrato social e alterações, de onde constatouse o objetivo da sociedade empresária como sendo a fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas, assim como peças, acessórios, ferramentas e matrizes para corte. O fiscalizado alegou ainda, em sua resposta datada de 01/11/2011, que não houve escrituração dos livros por não ter havido faturamento nos anos de 2008 e 2009 furtandose, também, em apresentar os extratos bancários. 4) Diante da negativa do contribuinte em apresentar os extratos bancários e verificada a hipótese de indispensabilidade para exame da movimentação financeira, conforme detalhamento apresentado no Relatório para Solicitação de Emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira, datado e assinado em 07/11/2011, foram emitidas as respectivas requisições diretamente às instituições financeiras para obtenção dos documentos. 1.2) DE NULIDADE O Decreto nº 7.574/2011 assim dispõe sobre as hipóteses de nulidade: Art. 12. São nulos (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 59): I os atos e os termos lavrados por pessoa incompetente; e II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os atos posteriores que dele diretamente dependam ou sejam consequência. § 2º [...]. § 3º [...]. Portanto, duas são as hipóteses vislumbradas naquele art. 12, não materializadas, que possuiriam o condão de contaminar de Fl. 283DF CARF MF Processo nº 10675.720473/201290 Acórdão n.º 1201002.305 S1C2T1 Fl. 278 11 nulidade os lançamentos. Somese a isso o disposto no artigo 13 do mesmo decreto: Art. 13. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no art. 12 não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 60). Assim, EM PRELIMINAR, voto para considerar improcedente a impugnação. 2) NO MÉRITO A realidade fática circunstanciada no TVF a hipótese clássica do antecedente da norma dispositiva no tipo previsto na cabeça do artigo 42 da Lei nº 9.430/1996, integrante do enquadramento legal, de sorte que o sujeito passivo se sujeitasse ao seu conseqüente, a caracterização de omissão de receitas: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.(sublinhado) [...] Não há dúvidas de que é relativa a presunção legal encerrada naquele tipo, portanto, passível de ser afastada pela impugnante. Não obstante, há ínsito nela também o ônus, de sua responsabilidade, de que haja comprovação da origem dos recursos depositados/creditados em suas contas correntes, com o gravame de que o seja mediante documentação hábil e idônea. Em síntese, a contribuinte não dispensou uma linha sequer de contradita em face dos valores lançados, preferindo aterse às preliminares já votadas, baseandose em tese desatualizada, notadamente, em face da Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos. DOS LANÇAMENTOS REFLEXOS IPI, CSLL, Cofins, Pis e INSS Considerada a legislação tributária, bem como o caráter reflexivo de suas exigências, há que se aplicar a eles o mesmo juízo feito no enfrentamento da impugnação ao lançamento do IRPJ. Por todo o exposto, VOTO no sentido de considerar improcedente a impugnação e procedentes os lançamentos. A Recorrente não evidenciou qualquer argumento jurídico que infirmasse a constituição do crédito tributário, ocasionando sua preservação integral, consoante o acórdão Fl. 284DF CARF MF 12 recorrido. Não há elementos suficientes para inverter o ônus da prova, que é da própria contribuinte, demonstrando a inexistência de omissão de receitas. A improcedência sobre a presunção fiscal de omissão de receita ocorre mediante documentos hábeis e idôneos, segundo o artigo 42 da Lei nº 9.430/1996 e a explanação do acórdão recorrido. O artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (RIR/1999), aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, igualmente, reafirma que "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais." A presunção juris tantum foi estabelecida em norma vigente, invertendo o ônus de prova quanto à omissão de receitas para a contribuinte. O Código de Processo Civil/1973, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo tributário, prevê tal hipótese no artigo 334: "Art. 334. Não dependem de prova os fatos: (...) IV— em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade." Em especial, quanto à valoração da multa de ofício, não qualificada, havendo previsão normativa expressa, novamente, não é competente o presente rito para analisar sua eventual improcedência, consoante a Súmula 2º deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. As considerações acima são bastante para meu convencimento, prescindindo de qualquer perícia ou outra diligência, segundo o artigo 29 do Decreto nº 70.235/1972. Isto posto, voto pelo conhecimento do Recurso Voluntário, rejeitando a nulidade arguida e, no mérito, NEGOLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Fl. 285DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.002352/2005-17
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2001, 2002, 2004
MULTA POR ATRASO DCTF.
A entrega de DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa moratória.
Numero da decisão: 1003-000.239
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2001, 2002, 2004 MULTA POR ATRASO DCTF. A entrega de DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa moratória.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
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Numero do processo: 13855.001171/2010-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2003
NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL DO PRAZO DE CUMPRIMENTO DO MPF E DA DATA DO ENCERRAMENTO DA FISCALIZAÇÃO.
A ciência do lançamento após ter expirado o prazo do MPF não invalida o ato, eis que a intimação não se confunde com ele, sendo somente um requisito da eficácia desse.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PENALIDADE GFIP OMISSÕES INCORREÇÕES RETROATIVIDADE BENIGNA.
Súmula CARF nº 119
No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.
Mesmo que o débito original estava com exigibilidade suspensa, observa que a suspensão da obrigação principal não exime o Contribuinte de cumprir com suas obrigações acessórias, tais como o envio de declarações, emissão de documentos fiscais e afins.
A ausência de apresentação da GFIP, bem como a sua entrega com atraso, com incorreções ou omissões, constitui violação à obrigação acessória prevista no artigo 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91 e sujeita o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. Com o advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, a penalidade para tal infração, que até então constava do §5º, do artigo 32, da Lei nº 8.212/91, passou a estar prevista no artigo 32-A da Lei nº 8.212/91, o qual é aplicável ao caso por força da retroatividade benigna do artigo 106, inciso II, alínea c, do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 2301-005.631
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
João Bellini Júnior - Presidente.
(assinado digitalmente)
Juliana Marteli Fais Feriato - Relatora.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Mauricio Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos; Alexandre Evaristo Pinto, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll; Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, Marcelo Freitas de Souza Costa e João Bellini Junior (Presidente).
Nome do relator: JULIANA MARTELI FAIS FERIATO
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A ciência do lançamento após ter expirado o prazo do MPF não invalida o ato, eis que a intimação não se confunde com ele, sendo somente um requisito da eficácia desse. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PENALIDADE GFIP OMISSÕES INCORREÇÕES RETROATIVIDADE BENIGNA. Súmula CARF nº 119 No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Mesmo que o débito original estava com exigibilidade suspensa, observa que a suspensão da obrigação principal não exime o Contribuinte de cumprir com suas obrigações acessórias, tais como o envio de declarações, emissão de documentos fiscais e afins. A ausência de apresentação da GFIP, bem como a sua entrega com atraso, com incorreções ou omissões, constitui violação à obrigação acessória prevista no artigo 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91 e sujeita o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. Com o advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, a penalidade para tal infração, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 00 11 71 /2 01 0- 27 Fl. 1324DF CARF MF 2 que até então constava do §5º, do artigo 32, da Lei nº 8.212/91, passou a estar prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212/91, o qual é aplicável ao caso por força da retroatividade benigna do artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade dos votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. João Bellini Júnior Presidente. (assinado digitalmente) Juliana Marteli Fais Feriato Relatora. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Mauricio Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos; Alexandre Evaristo Pinto, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll; Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, Marcelo Freitas de Souza Costa e João Bellini Junior (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário 781/804 interposto em face da Decisão Notificação de n. 21.436.4/0070/2004 de fls. 771/ 778 proferido pela Gerência Executiva do INSS lotada em São José do Rio Preto/SP, que julgou procedente a autuação e o lançamento, cuja ementa: MULTA POR INFRAÇÃO À DISPOSITIVO DA LEGISLAÇÃO PREVIDÊNCIÁRIA. INADMISSIBILIDADE DA RELEVAÇÃO DA MULTA. AGRAVANTES. Constitui infração a empresa apresentar GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na legislação vigente. A multa somente será relevada, a pedido do infrator, se este for primário, tiver corrigido a falta integralmente dentro do prazo de defesa e não se configurar nenhuma circunstância agravante da infração. AUTUAÇÃO PROCEDENTE. Como se infere do Auto de Infração de fls. 2 e ss. (DEBCAD n. 35.534.123 9), e o Termo de Constatação Fiscal (fl. 531/581), o lançamento se deu por ter a Contribuinte apresentado GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.325 3 contribuições previdenciárias, infringindo o Art. 32, inciso IV, § 5º da Lei n° 8.212/91. (§ 5º acrescentado pela Medida Provisória n. ° 1.59614/97, convertida na Lei n. ° 9.528/97) e Art. 284, II do RPS (Decreto 3.048/99), lançando o valor de R$1.580.339,34 (um milhão quinhentos e oitenta mil trezentos e trinta e nove reais e trinta e quatro centavos). Segundo a autoridade Fiscal, apesar de a empresa ter entregue as GFIP referente ao período apurado, consistente de 01/1999 a 01/2003, parte destas GFIP entregues foram com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, sendo os fatos geradores impostos: 1. A empresa informou dentro da ação fiscal os valores das remunerações pagas aos segurados empregados por ela contratados, e o respectivo valor devido à Previdência, conforme anexos III, IV, V, VI e XXIV. 2. A empresa informou dentro da ação fiscal os valores das remunerações pagas aos segurados empregados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, e o respectivo valor devido à Previdência, conforme anexo VIII. 3. A empresa não informou, a totalidade dos valores das remunerações pagas aos segurados empregados, contratados através de empresas interpostas, e o respectivo valor devido à Previdência, conforme anexo VII, XVI e XIX. 4. A empresa informou dentro da ação fiscal parte dos valores das remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais, contratados por ela, e o respectivo valor devido à Previdência, conforme anexo IX. 5. A empresa não informou os valores das remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais, contratados através de empresas interpostas, e o respectivo valor devido à Previdência, conforme anexos XV, XVII, XVIII, XX, XXI e XXII. 6. A empresa não informou os valores da comercialização rural, referente ao gado bovino para abate, adquirido por ela e através de empresas interpostas, de produtores rurais pessoas físicas, e o respectivo valor devido à Previdência, conforme anexos I, II, X, XI, XII, XIII e XIV. 7. A empresa não informou os valores pagos e os respectivos valores devidos a Previdência referentes a serviços prestados por cooperativa de serviços médicos, conforme anexo XX; Acrescida à multa foram lançadas agravantes da penalidade, visto que a Contribuinte é reincidente uma vez que na ação fiscal anterior foram lavrados em 28/05/2002, os autos DEBCAD 35.429.0045 e 35.453.5064, e em 18/12/02 foi lavrado o auto de infração DEBCAD 35.534.109 3 o que constitui circunstância agravante da penalidade, nos termos do Art. 290, inciso V, do Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Fl. 1326DF CARF MF 4 Conforme determina o item IV do relato fiscal, pelo fato de a Contribuinte ter corrigido apenas em parte as faltas cometidas, a multa não pode ser atenuada e nem relevada, nos termos do § 1o do art. 291, do mesmo Regulamento, em razão de a empresa ter incorrido na circunstância agravante contemplada no art. 290, inciso V, do referido Regulamento. O valor da multa foi calculado conforme estipulado no art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei n° 8.212/91 c/c o art. 284, inciso II, do Regulamento aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, calculado por competência em que a empresa deixou de informar ou informou dentro do período da ação fiscal na GFIP os valores das remunerações feitas aos contribuintes individuais, sobre as quais incidem contribuições previdenciárias. Também foram anexados aos autos toda a documentação referente à ação fiscal desenvolvida pela autoridade fiscal contra a empresa Contribuinte, Processo Administrativo n° 13855.001979/200385, onde estão detalhados os dados referentes às empresas interpostas, os procuradores, fornecedores, clientes, transportadores, análise de documentos contábeis e bancários e a conclusão com base nos dados obtidos, de que se trata de um " Sistema evasivo engendrado pela Indústria e Comercio de Carnes Minerva LTDA através de empresas interpostas". Nas Fls. 726/733 a Contribuinte apresenta sua Impugnação TOTAL ao Auto de Infração, requerendo: 1. O cancelamento do lançamento, visto que a Impugnante é primária, ou seja, nos termos do parágrafo único do artigo 290 do Regulamento da Previdência, a empresa não perdeu a condição de primária, pois não incidiu na prática de nova infração a dispositivo da legislação, no período de 5 anos após a data em que houver passado em julgamento administrativo a decisão condenatória ou homologatória da extinção do crédito referente à infração anterior, tendo em vista que os Autos de Infração n°s 35.429.0045, 35.453.5064; 35.534.1093 ainda estão em discussão no âmbito administrativo, pendente de apreciação dos recursos interpostos pelo sócio Edivar Vilela de Queiroz; 2. Que a multa aplicada pela fiscalização não pode prevalecer, uma vez que possui natureza confiscatória, visto que exigir multa com alíquota de 100% do valor da exação devida revela afronta insanável ao dispositivo constitucional do art. 150, inc. IV que prevê o princípio do nãoconfisco, e, outrossim, ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade; Na DecisãoNotificação de n. 21.436.4/0070/2004 de fls. 771/ 778 proferido pela Gerência Executiva do INSS lotada em São José do Rio Preto/SP, os Julgadores entenderam, por unanimidade dos votos, considerar procedente o lançamento, diante da seguinte razão: · Que a lei de n. 9528/97 determina a obrigatoriedade de os contribuintes informarem mensalmente ao INSS os dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse da Previdência Social; · Que tal obrigação é das pessoas físicas ou jurídicas e contribuintes equiparados a empresa, sujeitos ao recolhimento Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.326 5 do FGTS, conforme estabelece a Lei n.° 8.036/90 e legislação posterior, assim como à prestação de informações à Previdência Social, conforme disposto nas Leis n° 8.212/91; · Que não compete discussão de inconstitucionalidade das leis que estabelecem multas fiscais na esfera administrativa; que com relação a alegação de que a multa constante da exação do § 5o do inciso IV do art. 32 da Lei n.° 8.212/91, possuir natureza confiscatória, está claro que não se reporta as multas relativa a ausência de recolhimentos previdenciários, pois é óbvio que a multa do presente auto de infração também não é confiscatória, visto que se trata de forma de aplicação de penalidade administrativa, utilizadas especificamente para auto de infração, cumprindo desse modo o que determina a lei previdenciária; · Com relação à atenuação, observa que no período de 01/1999 a 01/2003, concomitantemente com os anexos do relatório fiscal da infração, as competências não foram corrigidas totalmente, razão pela qual o lançamento foi lavrado de acordo com as disposições legais vigentes, sendo que a multa aplicada atende aos ditames da lei à época da lavratura, consoante art 284, inciso II, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99, com as atualizações da Portaria MPAS n.° 727/2003. Para fins de gradação da multa o agravante "Reincidência" não produziu efeitos sobre o valor da multa, conforme o que dispõe o § 4o do art. 683 da Instrução Normativa n.° 100/2003, mas é impeditiva de sua relevação. · Por esta razão, considerando o disposto nos artigos 293 do regulamento aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99 e, na nova redação dada pelo Decreto n.° 4.032/2001; a inexistência de atenuante prevista no artigo 291, do Regulamento aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99 e a ocorrência dos agravantes de que trata o inciso V do art. 290 do Regulamento aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99, julgase procedente o lançamento, aplicandose a multa prevista no inciso II, do art. 284, do Regulamento aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99. Inconformada, a Contribuinte apresenta seu Recurso Voluntário nas fls. 781/804, pugnando: · Que a Contribuinte efetivamente não informou os valores da comercialização rural, referente ao gado bovino adquirido de pessoas físicas para abates, uma vez que o Des. Federal Relator André Nabarrete concedeu medida liminar em favor da autuada, no âmbito da ação cautelar 2003.03.00.00.97420 que tramita perante a 5ª Turma do E. TRF da 3a Região, com o fim de permitir a empresa o não recolhimento das exações denominadas FUNRURAL e SENAR, Fl. 1328DF CARF MF 6 isentando a empresa de cumprir a obrigação principal de pagar o tributo, o que, consequentemente, não pode obrigar a contribuinte cumprir com a obrigação acessória, quando os mencionados fatos geradores estão "sub judice" com decisão liminar favorável ao discutível "responsável tributário"; · Que os valores apresentados referentes à comercialização do gado bovino para abate e SENAR, descritos nos anexos I, II, X, XI, XII, XIII e XIV, devem ser excluídos do presente auto de Infração; · Necessário reconhecer a primariedade da Contribuinte, visto que os recursos administrativos postulados pela empresa e pelo sócio, ao Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, no âmbito dos Autos de Infração n° 35.429.0045, 35.453.5064 e 35.534.1093, estavam amparados por decisão liminar concedida pelo Juízo da 1 a Vara Federal de São José do Rio Preto SP no Mandado de Segurança 2003.61.06.0061627, determinando o recebimento e o processamento dos recursos, sem a exigência do depósito prévio de 30% do valor exigido; que embora a Contribuinte tenha aderido ao PAES e desistido do recurso, o sócio continuou com a demanda administrativa, portanto, as decisões, proferidas pelo INSS, certificando o transito em julgado dos Autos de Infração n°s 35.429.0045, 35.453.5064 e 35.534.1093 revelamse nulas, pois não observaram e contrariaram a decisão judicial que vigorava na época, sendo que o pedido de desistência do mandando de segurança 2003.61.06.0061627 somente foi protocolizado junto ao INSS no sai 7/7/2004, sendo que o AI foi lavrado em 19/04/2004, anterior à desistência, ou seja, não há que se imputar a condição de reincidente; · Diante disso, observase que a Contribuinte não perdeu a condição de primária, pois não incidiu na prática de nova infração a dispositivo da legislação, no período de 5 anos após a data em que houver passado em julgamento administrativo a decisão condenatória ou homologatória da extinção do crédito referente à infração anterior; · Que regularizou todos os documentos mencionados no relatório Fiscal do Al (documentos em anexo), com exceção daqueles pertinentes ao FUNRURAL e ao SENAR, pois estavam com exigibilidade suspensa; · Para o fim de se relevar multa, observado os demais requisitos do § 1º do art. 291 do Regulamento, o infrator pode corrigir a falta até decisão do órgão próprio do INSS nos termos do PARECER MPS/CJ n. 3.194, publicado no DOU de 17/12/2003 da lavra da CONSULTORIA JURÍDICA e homologado pelo MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. · Por fim, diante dos argumentos até aqui alinhavados, pautandose na primariedade da empresa, na liminar que desobriga a empresa de pagar o FUNRURAL e o SENAR, na retificação das GFIP's em tempo hábil e inocorrência de circunstância agravante, nos termos do § 1º do art. 291 do Decreto n. 3.048/99, a multa consubstanciada no presente auto de infração deve ser relevada; Fl. 1329DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.327 7 Nas fls. 1029/1030, o Ministério da Previdência Social despachou em dezembro de 2004 (despacho de n. 21.436.4), requerendo a baixa dos autos para que seja prestada informação no sentido de “diante do fato, de que a empresa pretende que sejam nulas as decisões proferidas pelo INSS, certificando o trânsito em julgado dos autos conforme consta de fls. 523 DOC 411 necessitamos informar se vigorava naquela época da decisão judicial em nome de "Edivar Vilela De Queiroz (2003.61,06.0061627) e se esta beneficiava a empresa para tal fim, bem como se a Decisão judicial (n.° 2003.03.00.0097420), continua produzindo os efeitos citados , no subitem 3.1, vez que a empresa requer a exclusão das contribuições”. Nas fls. 1036/1037 a Procuradoria Federal Especializada no INSS se manifestou no sentido de informar: · que a Contribuinte impetrou mandado de segurança (autos n.° 2001.61.02.0121598, redistribuído para a 2a VFSJRP), em que veiculou o pedido de suspensão da exigibilidade da contribuição denominada "novo FUNRURAL", incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, que originou NFLDs DEBCAD n.°s 35.453.5102, 35.453.5056 e 35.453.50725; · que a sentença denegou a segurança, implicando a cassação da liminar anteriormente deferida. A apelação interposta pela impetrante foi inicialmente recebida em efeito meramente devolutivo, razao pela qual a Contribuinte ajuizou ação cautelar incidental n. 2003.03.00.0097420, em 7 de março de 2002, perante o E. TRF da 3a Região, em que veiculou o pedido liminar de atribuição de efeito suspensivo à apelação interposta da sentença, concedido liminarmente, determinando a suspensão da exigibilidade, ainda sem julgamento definitivo; · que o sócio Edivar Vilela de Queiroz impetrou mandado de segurança, distribuído a Ia Vara Federal de SJRP, onde os autos receberam o número 2003.61.06.0061627, em que veiculava o pedido de determinação de seguimento a recursos administrativos por ele interpostos, sendo a liminar deferida, determinando o prosseguimento dos recursos das NFLDs 35.534.1085, 35.543.1077, 35.534.1069, 35.479.5600, 35.479.5570, 35.479.5597, 35.479.558 9, 35.479.5562, 35.479.5619, 35.534.1050, 35.479.5627, 35.543.5080, 35.453.5099, 35.453.5153 e 35.453.5161, e aos AI's 35.534.1093, 35.429.0045 e 35.453.5064; · informa que o processo, contudo, foi extinto sem julgamento do mérito, ante a desistência da ação, sendo que o auto de infração n. 35.534.1239 não foi objeto do citado mandado de segurança, tendo sido lavrado posteriormente à data da impetração e, portanto, nenhuma decisão judicial proferida naquele writ abrange ou tem reflexos sobre o presente feito. Nas fls. 1038/1040 o Recurso foi considerado deserto por falta do recolhimento do depósito recursal, assim como: Fl. 1330DF CARF MF 8 · que não foram produzidas provas que importassem na revisão de ofício, sendo as mesmas alegações reiteradas. No entanto, especificamente no tocante as contribuições sobre os valores da comercialização rural a impugnante informa que em razão de liminar as mesmas estão suspensas, que as GFIP´s suscitadas pela fiscalização foram agora todas regularizadas, exceto as pertinentes ao FUNRURAL e ao SENAR. E renova os protestos de que a decisão liminar obtida pelo sócio " Edivar" que beneficiou a empresa para fins de recurso sem exigência dos 30%, continuou a garantir o envio dos recursos ao CRPS e que por isso a Empresa " Industria e Comércio de Carnes Minerva Ltda" é primária, sendo que a Procuradoria Federal informou que não houve julgamento definitivo do mandado de segurança originário n e m da liminar que mantém suspensa a exigibilidade da contribuição denominada "novo FUNRURAL" e que quanto a ação judicial em nome do sócio "Edivar", foi extinto sem julgamento do mérito, ante a desistência da ação, que presente auto não foi objeto do mandado de segurança impetrado; e que nenhuma decisão judicial proferida tem reflexos sobre o presente feito. · com relação a exclusão das contribuições previdenciárias devida na comercialização rural em razão de liminar de suspensão da exigibilidade, o presente auto de infração registra a infração à legislação previdenciária por descumprimento de obrigação acessória, e sendo as informações prestadas na GFIP, uma obrigação tributária acessória, com respaldo no § único do artigo 151 do CTN, não devem ser dispensados o seu cumprimento. · Quanto a regularização das GFIP´s, estas devem ser efetuadas até a decisão do INSS e quando da emissão da decisão notificação n.° 21.436.4/0070/2004, de 01/10/2004, as mesmas não tinham sido corrigidas totalmente; Nas fls. 1042 houve o termo de trânsito em julgado e inscrição em dívida ativa; Nas fls. 1047 e ss., houve a juntada do pedido de reconsideração pela Contribuinte, diante da manifestação da procuradoria que trouxe novos argumentos em que deveria ter sido possibilitado manifestação pelo princípio do contraditório e ampla defesa, assim como viabilizado para pagamento do depósito recursal, ora deferido pela autoridade fiscal, apenas no que consiste o pagamento do depósito recursal, sendo que transcorreu o prazo legal e a empresa não apresentou o recolhimento do referido depósito recursal e nem se manifestou pela regularização do Auto de Infração. Nas fls. 1096 e ss., a Contribuinte peticiona informando a medida liminar concedida no mandado de segurança impetrado, no qual determina a reabertura do prazo para interposição ou emenda ao Recurso. A emenda ao Recurso foi juntada nas fls. 1116 e ss., pugnando: · Se o crédito tributário principal estava com exigibilidade suspensa, não se mostra viável a exigência ao cumprimento de obrigações acessórias pertinentes aos mesmos fatos geradores contestados no âmbito judicial; Fl. 1331DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.328 9 · Destarte, os valores apresentados referentes à comercialização do gado bovino para abate e SENAR descritos nos anexos I, II, X, XI, XII, XIII e XIV, devem ser excluídos do presente auto de Infração; · Necessário reconhecer a primariedade da Contribuinte, visto que os recursos administrativos postulados pela empresa e pelo sócio, ao Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, no âmbito dos Autos de Infração n° 35.429.0045, 35.453.5064 e 35.534.1093, estavam amparados por decisão liminar concedida pelo Juízo da 1 a Vara Federal de São José do Rio Preto SP no Mandado de Segurança 2003.61.06.0061627, determinando o recebimento e o processamento dos recursos, sem a exigência do depósito prévio de 30% do valor exigido; que embora a Contribuinte tenha aderido ao PAES e desistido do recurso, o sócio continuou com a demanda administrativa, portanto, as decisões, proferidas pelo INSS, certificando o transito em julgado dos Autos de Infração n°s 35.429.0045, 35.453.5064 e 35.534.1093 revelamse nulas, pois não observaram e contrariaram a decisão judicial que vigorava na época, sendo que o pedido de desistência do mandando de segurança 2003.61.06.0061627 somente foi protocolizado junto ao INSS no sai 7/7/2004, sendo que o AI foi lavrado em 19/04/2004, anterior à desistência, ou seja, não há que se imputar a condição de reincidente; · Diante disso, observase que a Contribuinte não perdeu a condição de primária, pois não incidiu na prática de nova infração a dispositivo da legislação, no período de 5 anos após a data em que houver passado em julgamento administrativo a decisão condenatória ou homologatória da extinção do crédito referente à infração anterior; · Que regularizou todos os documentos mencionados no relatório Fiscal do Al (documentos em anexo), com exceção daqueles pertinentes ao FUNRURAL e ao SENAR, pois estavam com exigibilidade suspensa; · Para o fim de se relevar multa, observado os demais requisitos do § 1º do art. 291 do Regulamento, o infrator pode corrigir a falta até decisão do órgão próprio do INSS nos termos do PARECER MPS/CJ n. 3.194, publicado no DOU de 17/12/2003 da lavra da CONSULTORIA JURÍDICA e homologado pelo MINISTRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. · Por fim, diante dos argumentos até aqui alinhavados, pautandose na primariedade da empresa, na liminar que desobriga a empresa de pagar o FUNRURAL e o SENAR, na retificação das GFIP's em tempo hábil e inocorrência de circunstância agravante, nos termos do § 1º do art. 291 do Decreto n. 3.048/99, a multa consubstanciada no presente auto de infração deve ser relevada; Nas fls. 1209 houve o julgamento pela 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, cuja ementa: Fl. 1332DF CARF MF 10 PREVIDENCIÁRIO. NORMAS PROCEDIMENTAIS. MANDADO PROCEDIMENTO FISCAL MP EXPIRADO. LANÇAMENTO POSTERIOR. VÍCIO FORMAL. NULIDADE. De conformidade com a legislação tributária, especialmente o artigo 31, inciso III, da Portaria n° 520, é nulo o lançamento fiscal promovido, com a devida notificação do sujeito passivo, fora do prazo de validade do respectivo mandado MPF. Auto de infração anulado. A lavratura do auto de infração a partir da ciência do contribuinte, fora do prazo de validade do MPF enseja a nulidade do lançamento, porquanto extinguindo o MPF, considerase consequentemente inexistente para os atos posteriores à expiração de seu prazo, no caso, o lançamento. A decisão foi por unanimidade dos membros da Quarta Câmara de Julgamento do CRPS em anular o auto de infração. A Autoridade Fiscal impugnou a decisão da CRPS nas fls. 1217 e ss., visto que na data da lavratura do Auto de Infração (19/04/2004) e na da emissão do TEAF (19/04/2004) o auto se encontrava devidamente amparado pelo MPF Complementar, pois o marco final era 30/4/2004, sendo que o prazo de 10 decorridos do encerramento do MPF e da intimação da Contribuinte foram efetuados procedimentos internos de postagem nas agências dos correios, razão pela qual o ato fiscal de emissão do Auto de Infração se encontrava formalizado e dentro do prazo, sendo que, caso tenha ocorrido alguma falha, esta se deu exclusivamente quanto da notificação do sujeito passivo, não havendo falta de ciência do contribuinte ao término do procedimento fiscal. Nas fls. 1231 e ss., a contribuinte apresenta contrarrazões ao pedido de revisão da Autoridade Fiscal, alegando, em síntese que sua ciência se deu após expirado o prazo do MPF e que o Regimento do CRPS não permite a rediscussão dos aspectos fáticos e documentais já apreciados. Nas fls. 1273 e ss., a 4ª Câmara de julgamento determinou a anulação do acórdão anterior e converter o julgamento em diligencia para que a fiscalização informe se há Notificações Fiscais correspondentes a cada rubrica inserta neste Auto de Infração e, existindo, as encaminhe juntamente com o presente processo, face o nexo de causa e efeito que os vincula. Nas fls. 1281 e ss., a Autoridade Fiscal informa que os processos vinculados ao presente autos, referente á obrigação acessória, que diz respeito ao débito original devido pela contribuinte, estão em PAES – Parcelamento Especial, exceto o DEBCAD 35.534.1239. Nas fls. 1316 e ss., houve a juntada de retificação do auto de infração, em consonância com a Súmula Vinculante 08, sendo alcançado pela decadência os débitos de competência de 01/1999 a 03/1999 nos termos do §4º do art. 150 do CTN, É o relatório. Voto Fl. 1333DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.329 11 Conselheira Relatora Juliana Marteli Fais Feriato Admissibilidade Constatase nas fls. 781 que a Contribuinte foi intimada em 08/10/2004, tendo apresentado seu Recurso Voluntário nas fls. 791 e ss., na data de 08/11/2004, portanto dentro do prazo recursal de 30 dias, sendo reconhecida a sua tempestividade nas fls. 790. Conheço do recurso, passando a análise de seu mérito. Mérito Tratase de Recurso Voluntário contra a Decisão da DRJ que deferiu totalmente o lançamento da multa correspondente à 100% do débito original (DEBCAD 35.534.1239.), imposta por conta de a Recorrente contribuinte não inserir na GFIP os dados corretos dos fatos geradores que compuseram o lançamento originário, referente à omissão de recolhimento das contribuições previdenciárias proveniente do FUNRURAL e SENAR, diante da suspensão da exigibilidade proveniente do mandado de segurança. Sobre o entendimento da 4ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social sobre a suposta nulidade do MPF por falta de intimação, verificarse o entendimento deste Conselho sobre o tema: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 01/01/1996 a 31/03/2006. NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL DO PRAZO DE CUMPRIMENTO DO MPF E DA DATA DO ENCERRAMENTO DA FISCALIZAÇÃO. A ciência do lançamento após ter expirado o prazo do MPF não invalida o ato, eis que a intimação não se confunde com ele, sendo somente um requisito da eficácia desse. CARF. Acórdão 2301004.012 da 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Sessão de 16/04/2014. No presente auto, verificase que o Contribuinte foi intimado 10 dias depois de decorrido o prazo para encerramento do MPF. Conforme entendimento deste Conselho, a ciência do lançamento após ter expirado o prazo do MPF não invalida o ato, eis que a intimação não se confunde com ele, sendo somente um requisito da eficácia. Sendo válido o lançamento, passase à análise dos fundamentos trazidos no Recurso da Contribuinte. A multa, no presente caso, é acessória ao débito proveniente do crédito tributário principal, proveniente de diversos DEBCAD´s, sendo que todos foram objeto de PAES, restando apenas o presente auto de infração. A multa foi lançada por conta de a contribuinte não realizar o correto preenchimento da GFIP, diante da falta de recolhimento de contribuições previdenciária incidente sobre valores de FUNRURAL e SENAR que, segundo a Contribuinte, tendo em vista Fl. 1334DF CARF MF 12 que o debito original estava com exigibilidade suspensa, por certo é indevido exigir a obrigação acessória. O presente recurso não julgará a legalidade do fato gerador e do lançamento do débito original, visto que esta matéria deve ser analisada naqueles DEBCAD e, tendo em vista que o Contribuinte parcelou tais débitos pelo PAES, não deve este conselho se manifestar sobre a legalidade dos mesmos. Tratase o presente processo unicamente sobre obrigação acessória. O cerne do presente processo é analisar a multa imposta pelo descumprimento legal no preenchimento da GFIP, ou seja, se ela é devida ou não; caso devida, se o valor aplicado pela Autoridade Fiscal é correto; e se a multa poderia ter sido relevada. DA LEGALIDADE DA MULTA Compulsando nos autos, verificase que a multa foi aplicada com fundamento no art. 32, §5º da Lei 8.212/1991 c/c Lei 9.528/97 e com o Art. 284, II do Decreto 3.048/99 (com redação dada pelo Decreto 4.729/03) e art. 225, IV, §4º e art. 292, I do RPS (Regulamento da Previdência Social). Na Lei 8.212/1991, consta no art. 32 e seus incisos as obrigações da empresa, tais como: a de preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, respeitando as normas do INSS; de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, de prestar informações à Receita Federal; de declarar os valores devidos de contribuição previdenciária; de comunicar mensalmente os empregados o valor recolhido de sua remuneração ao INSS, entre outras obrigações. Observase que a multa estipulada nos autos, teve como base o suscitado Artigo 32, que em seu §5º, que previa “A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior”. Ocorre que o suscitado parágrafo foi revogado pela Lei nº 11.941/2009 (art. 26). Em contrapartida, observase que no inciso IV, do art. 225 do Decreto 3.048/99, que apresenta o Regulamento da Previdência Social, identifica a obrigatoriedade da empresa em informar, mensalmente, ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto. Sendo que no §4º do mesmo artigo, verificase que o preenchimento, as informações prestadas e a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social são de inteira responsabilidade da empresa. Por fim, o art. 284 do mesmo regulamento determina que a infração ao inciso IV do art. 225 sujeita o contribuinte à penalidade administrativa, que é a multa. Portanto, sendo a empresa contribuinte a responsável pelo preenchimento e recolhimento correto da GFIP, não há dúvidas de que quando não constam dados corretos dos Fl. 1335DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.330 13 fatos geradores, da base de cálculo e dos valores devidos da contribuição previdenciária, a conduta é passível de aplicação de sanção administrativa, no caso, multa. Por esta razão, caso constatada a legalidade do lançamento do débito original (FUNRURAL e SENAR), verificase a omissão da contribuinte no correto preenchimento da GFIP, ou seja, a ocorrência do fato gerador da obrigação acessória que determina a imposição da multa, sendo esta última totalmente legal. Com relação à alegação de que o débito original estava com exigibilidade suspensa, observa que a suspensão da obrigação principal não exime o Contribuinte de cumprir com suas obrigações acessórias, tais como o envio de declarações, emissão de documentos fiscais e afins. Portanto, eventual desencontro de informações ou o não cumprimento, a Multa é devida: CTN. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI – o parcelamento; Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. Portanto, ante a ocorrência do fato gerador da obrigação acessória, diante das omissões da Contribuinte, acertado o lançamento da consequência, ou seja, da multa. Com relação à relevação da multa, diante da ação da Contribuinte de ter supostamente regularizado as GFIP´s, entendo não ser cabido. Verificase que a própria Contribuinte afirma que “regularizou todos os documentos mencionados no relatório Fiscal do Al (documentos em anexo), com exceção daqueles pertinentes ao FUNRURAL e ao SENAR, pois estavam com exigibilidade suspensa”, ou seja, a regularização foi deficiente, deixando de fora os valores devidos de FUNRURAL e SENAL, embora o Parágrafo Único do art. 151 do CTN determina a obrigatoriedade de cumprir com a obrigação acessória, mesmo se o crédito esteja suspenso. Por esta razão não faz jus ao benefício do art. 291 do Decreto 3048/99. Ante ao exposto, verificase a ocorrência do fato gerador, sendo devida a multa (obrigação acessória) lançada. Fl. 1336DF CARF MF 14 DO VALOR ARBITRADO Sendo devida a multa, passase à análise do valor arbitrado pela autoridade fiscalizadora. Conforme consta nos autos, houve a aplicação de multa em valor correspondente à 100% do total do débito original, com base no §5º do art. 32 da Lei 8.212/1991 c/c 284, II e 292, I do Decreto 3.048/99 (RPS). Como observado anteriormente o §5º do Art. 32 da Lei 8.212/1991 foi revogado pelo art. 26 da Lei nº 11.941/2009. Em análise à legislação e consulta à Jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, observase que no caso de penalidade por omissões/incorreções do contribuinte na GFIP, aplicase o Art 32A da Lei, que teve redação incluída pela Lei nº 11.941/2009, e não nos arts. 284, II e 292, I do Decreto 3.048/99 (RPS): OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PENALIDADE GFIP OMISSÕES INCORREÇÕES RETROATIVIDADE BENIGNA. A ausência de apresentação da GFIP, bem como a sua entrega com atraso, com incorreções ou omissões, constitui violação à obrigação acessória prevista no artigo 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91 e sujeita o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. Com o advento da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, a penalidade para tal infração, que até então constava do §5º, do artigo 32, da Lei nº 8.212/91, passou a estar prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212/91, o qual é aplicável ao caso por força da retroatividade benigna do artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional. Acórdão nº 9202002.721, Sessão de 11 de junho de 2013. Portanto, aplicase o art. 32A da Lei 8.212/1991, que teve redação inserida pela Lei nº 11.941/2009 ao invés do estipulado ao no Decreto 3.048/99 (RPS) por se tratar aquela de Lei mais específica, recente e benéfica ao contribuinte. Tratase de retroatividade benigna, ante a superveniente legislação que estabelece novos critérios para apuração da multa, conforme já pacífico na Jurisprudência do CARF: PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. MULTA RETROATIVIDADE BENIGNA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. No caso, a aplicação da multa mais benéfica ao contribuinte deve se efetivar pela comparação entre o valor da multa dos autos com o disciplinado no art. 44, I da Lei no 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLD correlatas. Acórdão nº 9202002.685 Acórdão nº 9202002.686, são de 10 de junho de 2013. Fl. 1337DF CARF MF Processo nº 13855.001171/201027 Acórdão n.º 2301005.631 S2C3T1 Fl. 1.331 15 AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C//C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. Acórdão nº 9202003.712 28/01/2016 Determina o Art. 32 – A da Lei 8.212/1991: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Inclusive é assunto sumulado por este Conselho: Súmula CARF nº 119 Fl. 1338DF CARF MF 16 No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Ao observar o que determina o inciso I do Art. 32 – A da Lei 8.212/1991, observase que o mesmo contempla uma legislação mais benéfica à contribuinte, no quesito multa, o qual deverá ser utilizado para a apuração do valor da multa a ser aplicada no caso em tela, respeitado os limites impostos pelo §3º do mesmo artigo. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Voluntário e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO, no sentido de reconhecer a legalidade da multa, entretanto, aplicar o inciso I do Art. 32 – A da Lei 8.212/1991 na apuração do seu valor, por ser uma legislação mais benéfica à contribuinte; É como voto. Juliana Marteli Fais Feriato Relatora (assinado digitalmente) Fl. 1339DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.901430/2008-24
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 22/12/2004
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1003-000.264
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 14 30 /2 00 8- 24 Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10640.901430/200824 Acórdão n.º 1003000.264 S1C0T3 Fl. 3 2 Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 0933.134, de 12 de janeiro de 2011, da 2ª Turma da DRJ/JFA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não conhecendo do direito creditório. Aos 15/08/2008, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório, nº de rastreamento 70236988, emitido em 16/06/2008, que não homologou a compensação declarada em razão de inexistência de crédito PER/DCOMP nº 1995.77921.221204.1.7.049267, na qual declarou ter apontado como o "tipo de crédito" no PER/DECOMP Pagamento Indevido ou a Maior", contudo o correto deveria ter sido "Saldo Negativo de IRPJ". Juntou ao processo cópia do DARF com o pagamento do IRPJ (saldo negativo de 2003), cópia da PER/DCOMP, cópia da DCTF Trimestres de 2003 e cópia da DIPJ/2004. A DRJ/JFA julgou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconhecei o direito creditório, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerado: 22/12/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ALTERAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DE PEDIR. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. INOVAÇÃO. A alteração da fundamentação que embasou o direito creditório pleiteado, apresentada na fase litigiosa, encerra verdadeira inovação, caracterizando nova solicitação do interessado, não passível de apreciação originária pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, sob pena de supressão de instância. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada com a decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário que, em síntese, destacou: (i) que, em sua manifestação de inconformidade, sustentou ter se equivocado no preenchimento da DCOMP ao informar que seu crédito era oriundo de pagamento indevido ou a maior e não saldo negativo de IRPJ. Defende, contudo, que o equívoco na indicação do tipo de crédito caracterizase com um erro de fato e, portanto, a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal; (ii) que o saldo negativo constituído como crédito passível de compensação através da DCOMP, foi apurado através da DIPJ/2004 juntada aos autos, cujo valor do crédito existente seria de R$ 41.861,98 (IRPJ devido no anocalendário 2003); (iii) que em razão da economia processual e celeridade da questão, a autoridade fiscal deve realizar a retificação da natureza do crédito declarado na DCOMP; Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10640.901430/200824 Acórdão n.º 1003000.264 S1C0T3 Fl. 4 3 Por fim, requereu o cancelamento do débito fiscal e que seja realizada a retificação da DCOMP em análise nestes autos. É o Relatório. Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento e passo a apreciar. Alega a Recorrente, em síntese, que o erro cometido no preenchimento da DCOMP, qual seja, a indicação errada do tipo de crédito, é mero erro de fato e que, em razão da verdade material, deve ser feita a alteração de ofício por parte da autoridade administrativa. O art. 170 do CTN, que rege a matéria, destaca como condição para realização da compensação a existência de direito líquido e certo, senão vejamos: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 destaca em seu artigo 74, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pela sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2oA compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Vêse, conforme declaração da Recorrente, que a mesma errou quanto à informação em relação ao tipo de crédito. Em que pese seu argumento de se tratar de erro de fato, o equívoco apontado impede a análise do crédito. A Declaração de Compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pela Recorrente quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de débitos tributários. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10640.901430/200824 Acórdão n.º 1003000.264 S1C0T3 Fl. 5 4 Apenas nas situações comprovadas de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos existentes no pedido podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento da Requerente, como determina o art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. O equívoco que impede a autoridade julgadora de analisar a liquidez e certeza do crédito não pode ser considerado mero erro de fato ou material. Se o contribuinte informa tratarse de pagamento indevido ou a maior é em cima dessa declaração que a análise quanto ao crédito será analisada. O erro de preenchimento indicado impediu a análise do requerimento, isso porque os diplomas normativos de regências da matéria, quais sejam o art. 170 do Código Tributário Nacional e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deixam clara a necessidade da existência de direto creditório líquido e certo no momento da apresentação da Declaração de Compensação, hipótese em que o débito confessado encontrarseia extinto sob condição resolutória da ulterior homologação. A informação de que o direito creditório era de saldo negativo de IRPJ e não pagamento indevido ou a maior na Declaração de compensação revestese, pois, de inovação da matéria, porque a autoridade administrativa deverá analisar, obrigatoriamente, a regularidade da apuração do lucro real e os pagamentos realizados para identificar a liquidez e certeza do crédito. Outrossim, conforme destacado no acórdão da DRJ, há outras informações que merecem maior análise para validação do crédito, pois observou que as DCTF anexadas ao processo apontam a quitação dos débitos de estimativas por compensação com créditos de ressarcimento de IPI. Logo, não há como negar a necessidade de análise criteriosa para identificar a liquidez e certeza do crédito originado por saldo negativo de IRPJ. Assim, não se acolhe a alegação de celeridade e economia processual, visto que a competência para a análise da regularidade do crédito apontado não é do CARF, mas da DRF respectiva. Outrossim, a regra é de que a declaração de compensação somente pode ser retificado pela Recorrente caso se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador, em conformidade com o art. 6º da Instrução Normativa RFB nº 432/2004. Por essa razão, entendo que não se trata de erro material passível de correção de ofício. Isto posto, voto em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão da DRJ/JFA. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 206DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10650.900690/2012-40
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2007
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO - INDEFERIMENTO - IMÓVEL EM CONDOMÍNIO - SUJEIÇÃO PASSIVA
Considerando que o contribuinte do ITR é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (CTN artigo 31 e artigo 4º da Lei nº 9.393/96) e que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal (artigo 124 do CTN) as áreas em condomínio devem ser declaradas em sua totalidade durante o tempo em que o imóvel for mantido indiviso.
Numero da decisão: 2002-000.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2007 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO - INDEFERIMENTO - IMÓVEL EM CONDOMÍNIO - SUJEIÇÃO PASSIVA Considerando que o contribuinte do ITR é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (CTN artigo 31 e artigo 4º da Lei nº 9.393/96) e que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal (artigo 124 do CTN) as áreas em condomínio devem ser declaradas em sua totalidade durante o tempo em que o imóvel for mantido indiviso.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Fereira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 06 90 /2 01 2- 40 Fl. 351DF CARF MF 2 Relatório Pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e declaração de compensação Trata o presente processo de pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e declaração de compensação (efls. 14 a 16), relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, sob alegação da contribuinte de pagamento a maior. Despacho decisório O despacho decisório de efls. 265 a 273 assim decidiu: a) anular o reconhecimento do direito creditório e a homologação das compensações realizados eletronicamente pelo SIEF/PERDCOMP em 21/04/2012 e 25/04/2012, respectivamente, por ocasião do processamento da DCOMP nº 42864.06602.270212.2.3.049026; c) não reconhecer o direito creditório pleiteado por MARIA PROSERPINA GOMES AFONSO, CPF: 005.585.70607, no valor originário de R$ 8.282,58 (Oito mil, duzentos e oitenta e dois reais e cinquenta e oito centavos) correspondente a parte do pagamento efetuado a título de ITR, exercício 2007 devido pelo imóvel rural “Fazenda Bom Jardim” (Nirf nº 2.199.0310) informado na DCOMP 42864.06602.270212.2.3.049026; d) declarar a inexistência dos débitos declarados na DCOMP 42864.06602.270212.2.3.04 9026, relativos a ITR/2007, ITR/2008, ITR/2009 e ITR/2010 (Quadro 07) vinculados aos imóveis rurais Nirfs 8.011.3869 e 8.011.3923, inscritos indevidamente no Cafir; d) cancelar a DCOMP 42864.06602.270212.2.3.049026, por ausência total de objeto. Manifestação de Inconformidade O despacho decisório foi objeto de manifestação de inconformidade apresentada às efls. 278 a 302 dos autos, que conforme decisão da DRJ: considera que o Despacho Decisório nº 124 2016/DRF/UBB/MG/SAORT, de 13.10.2016, objeto do Processo nº 10650.720197/201671, utilizado como suporte para a Decisão impugnada, foi apresentada Manifestação de Inconformidade, ainda, pendente de julgamento, fato este que, por si só, é suficiente para anular a Decisão ora contestada, haja vista os princípios da ampla defesa e do contraditório previstos no art. 5º, LV, da Constituição da República; Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10650.900690/201240 Acórdão n.º 2002000.408 S2C0T2 Fl. 352 3 requer o efeito suspensivo da Manifestação de Inconformidade, nos termos do art. 151, III, do CTN; considera que a Autoridade Fiscal entendeu equivocadamente que o imóvel pertence simultaneamente a mais de uma pessoa, por tratarse de um condomínio, porque ele se institui pela inscrição do correspondente título no Registro de Imóveis e, por esta forma, também, se extingue, sem o que a coisa continua indivisa; contesta o entendimento, contido no Despacho, sobre a existência do condomínio, ante o fato de que as Escrituras de Doação, quando das alterações efetuadas nas DITR de 2007 a 2010, ainda não estavam registradas no Cartório competente, o que impediria as alterações, transcrevendo excerto da Decisão; entende que o equívoco da Decisão é flagrante, a começar pelo fato de que, com o falecimento da usufrutuária Isméria dos Santos Junqueira, em 17.05.2003, a totalidade do imóvel passou a ser usufruída por uma única pessoa, a Srª Electa dos Santos Junqueira Filha e, a partir daí, não há mais condomínio na área doada; entende, também, haver outro equívoco, porque, como pode ser observado na Escritura de Doação, os imóveis doados foram divididos e delimitados, passando a posse aos diferentes donatários, desde o falecimento da última usufrutuária, em 04.04.2005, e, desta forma, não há que se falar em propriedade ou posse comum; comenta que o condomínio ordinário ou tradicional pode ser instituído pela aquisição conjunta de imóvel, por doação a dois ou mais titulares, por circunstâncias eventuais ou acidentais como a distribuição de herança, a doação de um determinado bem realizado a duas ou mais pessoas, a adjudicação de parte de um imóvel por um credor, além da dissolução da sociedade conjugal, posto que desfeita a comunhão de bens, sobrevém o condomínio entre os excônjuges até a efetiva partilha; transcreve excerto de Doutrina, que diz: terseia condomínio “quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma das partes”, para mencionar que se trata de uma propriedade simultânea e concorrente, de modo que todos são donos ao mesmo tempo (por isso é simultâneo) e todos podem usar a coisa toda (por isso é concorrente), dentro dos limites da convivência harmônica; destaca que condomínio significa existir mais de um titular exercendo o domínio ou posse sobre a coisa, sendo que, cada um, proprietário ou titular de uma parte ideal, não delimitada e diz que, no caso, ocorreu exatamente ao contrário, ou seja, não houve aquisição conjunta de um mesmo bem, tampouco há Fl. 353DF CARF MF 4 direito de cada um dos ocupantes sobre o todo e cada uma das partes, já que a doação foi feita com divisão préestabelecida; considera que não há o que se falar que o condomínio de imóvel somente se instituiu e se extingue por inscrição no registro de imóveis; observa que, normalmente, a propriedade comum é resultado de: a) herança deixada em favor de vários herdeiros; b) aquisição em conjunto; c) término de relacionamento matrimonial e d) doações feitas a mais de uma pessoa e, para tanto, não há necessidade de inscrição no registro de imóveis, posto que ele, nos termos do art. 1.245 do Código Civil, visa à transferência da propriedade; diz que, se a Escritura Pública não estiver registrada no Cartório de Registro de Imóveis, a transferência da propriedade não ocorreu efetivamente, já que o registro confere oponibilidade em relação a terceiros (eficácia erga omnes); salienta que, havendo acordo de vontade entre os condôminos capazes (no caso, as doadoras), a qualquer tempo é possível formalizarem, por instrumento público, a divisão inter vivos, extinguindo o estado de comunhão, independente de registro, para que tenha validade; doadoras são falecidas de longa data; acentua que, estando os imóveis titulados (Escrituras de Doação) a contribuintes individuais, inexistindo, pois, indivisão, não há que se falar em declaração somente por um dos titulares, na condição de condômino declarante e, assim, a interpretação contida na Decisão, com base no art. 39 do decreto nº 4.382/2002, não pode ser acatada; ressalta que o caso ora analisado não se trata de um único imóvel rural indiviso titulado a várias pessoas, pois é exatamente o contrário, ou seja, diferentes imóveis divididos e titulados a pessoas distintas e, desta forma, a alteração de dados cadastrais efetuada nas DITR de 2007 a 2010, atende ao disposto no art. 22, IX, da IN/RFB nº 1.467/2014; menciona que, conforme o art. 4º da Lei nº 9.393/1996, contribuinte do ITR não é só o proprietário, podendo ser o possuidor e os contribuintes donatários, na época das alterações, eram possuidores; considera que, de todo o lado que se examina a questão chegase à conclusão de que a Decisão não merece subsistir, havendo que ser reformada; A manifestação de inconformidade foi apreciada na 1ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 31/05/2017, no acórdão 03075.284, às efls. 309 a 317, julgou à unanimidade, o pleito improcedente. Recurso voluntário Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10650.900690/201240 Acórdão n.º 2002000.408 S2C0T2 Fl. 353 5 Ainda inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em 18/07/2017 às efls. 324 a 347 no qual traz os mesmos fundamentos exarados na manifestação de inconformidade, já transcritas neste relatório. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 19/06/2017, efls. 320, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 18/07/2017, efls. 324, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Em apertada síntese, os presentes autos tratam de pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e declaração de compensação requerido pela contribuinte sob alegação de pagamento a maior de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Frente ao pedido, houve homologação automática das PER/DCOMP apresentadas pela contribuinte, que, posteriormente foi objeto de revisão de ofício pela fiscalização, que constatou a inexistência de direito creditório. O despacho decisório nº 015/2017 analisou a vasta documentação apresentada pela contribuinte e assim concluiu: 26. Analisando os fatos e fundamentos acima, concluise que nos exercícios de 2007 a 2010 referido imóvel, com área total de 2.743,39 has, pertencia aos condôminos Isméria dos Santos Junqueira (20,59%) e Electa dos Santos Junqueira Filha (79,41%) e que as áreas de 253,37 e 404,61 has, recebidas em doação pela interessada somente vieram a constituirse em unidades distintas, passíveis de inscrição no Cadastro de Imóveis Rurais (Cafir), após o registro do desmembramento do mesmo, ocorrido em 13/04/2016 (fls. 74 a 123). A decisão foi mantida pela DRJ, que ratificou o não reconhecimento o direito creditório da contribuinte, considerando o fato gerador do ITR como ocorrido em 01/01/2007, sendo que o imóvel em comento só fora desmembrado em 13/04/2016, como se vê: No caso, o fato gerador do ITR ocorreu em 01.01.2007, para o imóvel de NIRF nº 2.199.03101, objeto do crédito pleiteado na DCOMP, conforme dispõe o art. 1º da Lei nº 9.393/1996, surgindo nessa data a obrigação tributária principal, que tem Fl. 355DF CARF MF 6 como objeto o pagamento do tributo, nos termos do dispositivo legal anteriormente transcrito. (...) Isso porque, na data da ocorrência do fato gerador, em questão, o proprietário do imóvel era o condomínio formado pelas Senhoras Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha, representado por seus Espólios, posto que falecidas, respectivamente, em 17.05.2003 e 04.04.2005. (...) O imóvel somente foi desmembrado em 6 (seis) glebas distintas, em 13.04.2016, quando o imóvel de NIRF nº 2.199.03101, passou a ter a área de 7,1 ha, ainda, de propriedade das Senhoras Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha e as demais glebas aos sucessores de Isméria dos Santos Junqueira. Dentre essas seis glebas, duas passaram a pertencer ao requerente, uma com área de 253,3 ha (NIRF nº 8.011.3869) outra de 404,6 ha (NIRF nº 8.011.3923), e são objeto dos débitos, de 2007 a 2010, relativos a multas por atraso na entrega das DITR, da DCOMP. Para entrar no objeto da lide necessária se faz análise se, em 01/01/2007, data do fato gerador do ITR (artigo 1º, da Lei nº 9.393/96), o imóvel estava devidamente dividido e individualizado ou se tratavase de verdadeiro condomínio pro indiviso, sendo que, posteriores análises tributárias dependem da aferição das definições, conteúdos e alcance dos institutos, conceitos e formas do direito privado, como preleciona o artigo 110 do CTN: Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias ensinam (Curso de Direito Civil Reais, edição 2012, editora Juspodium, pp. 681): No condomínio tradicional, não há elisão ao princípio da exclusividade, eis que, pelo estado de indivisão do bem, cada um dos proprietários detém a fração ideal do todo. Há uma pluralidade de sujeitos (proprietários) em um dos pólos da relação jurídica. Isto é, como estas pessoas ainda não se localizaram materialmente por apenas possuírem cotas abstratas, tornamse donos de cada parte e do todo ao mesmo tempo. Mesmo quando atue isoladamente, o condômino exercitará o domínio da integralidade e não apenas na proporção de sua fração. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10650.900690/201240 Acórdão n.º 2002000.408 S2C0T2 Fl. 354 7 É o que se extrai do artigo 1.314 do Código Civil de 2002, Lei nº 10.406/02: Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicála de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravála. Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros. Ainda, de acordo com os autores: O condomínio, encarado no seu aspecto objetivo, em relação à coisa, chamase indivisão, ou seja, é o estado em que se encontra uma coisa sobre a qual várias pessoas têm direitos concorrentes. O condomínio, sob o aspecto subjetivo, em relação aos titulares do direito, denominase comunhão, ou seja, ocorre quando determinado direito pertence simultaneamente a várias pessoas. Comunhão pro indiviso é a que perdura de fato e de direito, permanecendo a coisa em estado de indivisão perante os condôminos, porquanto estes ainda não se localizaram, cada qual, per se, na coisa. Comunhão pro diviso só existe de direito, não de fato, pois cada condômino já se localiza numa parte certa e determinada da coisa. Exercem sobre a sua fração concreta todos os atos de proprietário singular, tal como se a gleba já fosse partilhada, com aprovação tácita e recíproca. (...) A coisa comum pode ser divisível ou indivisível. Se divisível, não havendo acordo ou sendo incapaz um dos cotitulares , qualquer condômino pode exigir sua divisão judicial, independentemente do tamanho de sua cota ou da posição dos demais proprietários, caso não tenham ele avençado que permaneça indivisa por tempo não superior a 05 (cinco) anos, passível de mais uma prorrogação por idêntico período (art. 1320, §1º, do CC) De fato, em determinado momento os condôminos podem entender que a permanência temporária da indivisão resultará em proveito econômico geral. Assim, estabelecida convencionalmente a indivisão por intermédio de escritura pública no caso do art. 108 do CC , o acordo prevalecerá não apenas entre as partes, como também perante a terceiros que venham adquirir a fração ideal de qualquer dos comunheiros. Fl. 357DF CARF MF 8 Ilustrativamente, seria aplicável se quatro pessoas fossem coproprietários de um terreno rural ou de terreno urbano não edificado. Nesse exemplo, no caso de desfazimento do condomínio, o imóvel poderia ser fracionado junto ao cartório de imóveis, observados os limites mínimos, requisitos e formalidades legais, resultando em quatro partes iguais. Cada um dos antigos coproprietários seria o único titular de seu terreno (correspondente a 25% do original). (grifos nossos) De acordo com o artigo 108 do CC/02 mencionado na citação retro: Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Desta forma, no caso de imóveis de valor superior a 30 (trinta) salários mínimos, a simples lavratura da escritura, sem que tenha sido levada a registro no respectivo cartório de registro de imóveis, produz efeitos apenas entre as partes. O registro é condição sine qua non para produção de efeitos erga omnes (contra todos), inclusive perante o Fisco. Assim, a propriedade do bem imóvel se dá com o registro do título translativo no Registro de Imóveis, pela redação do artigo 1245 do CC/02: Art. 1.245. Transferese entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Somese a legislação civil, a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73), no artigo 167, elenca todas as situações que necessitam de registro no Cartório de Imóveis. Ainda, pelo artigo 123 do CTN, as convenções particulares não podem ser opostas à Fazenda Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias: Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10650.900690/201240 Acórdão n.º 2002000.408 S2C0T2 Fl. 355 9 Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Ademais, considerando que o contribuinte do ITR é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (CTN artigo 31 e artigo 4º da Lei nº 9.393/96) e que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal (artigo 124 do CTN), correta a interpretação dada pela DRJ, motivo pelo qual mantenho a decisão de piso pelos seguintes fundamentos: A despeito de o requerente ter carreado aos autos a Escritura Pública de Doação, às fls. 43/60, de 24.03.2003, na qual as Senhoras Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha figuram como doadoras da “nua propriedade de uma parte do referido imóvel aos donatários, que são filhos, neto e sobrinhos”, como consta às fls. 45 e, também, no excerto da Escritura constante no Despacho Decisório de fls. 268, entre os quais figura como donatário o requerente, certo é que esse documento não é hábil para comprovar que o imóvel, na data do fato gerador em questão (1º.01.2007), havia sido desmembrado e que eventuais glebas desmembradas eram de propriedade dos donatários, incluindo o requerente, isso porque o condomínio formado pelas doadoras, representado pelos seus respectivos Espólios, não deixa de ser o proprietário do imóvel, não obstante entendimento contrário do requerente, enquanto não realizado o desmembramento do imóvel no Cartório de Registros de Imóveis. Salientese que a Escritura de Doação nada mais é que um contrato entre vivos, lavrado em ato no Cartório de Notas, uma formalização de negócio jurídico, que permite que se providencie a transferência do imóvel para o nome do donatário e, portanto, não tem o condão de efetuar a tradição do imóvel, posto que a tradição, no caso dos bens imóveis, é solene, consistindo na forma pela qual a pessoa adquire a propriedade da coisa, que só ocorre com o registro do título translativo no Registro de Imóveis, nos termos do art. 1.245 do Código Civil Lei nº 10.406/2002. No caso, tal desmembramento somente ocorreu em 13.04.2016, às fls. 139, como dito anteriormente, e só nessa data o imóvel de NIRF nº 2.199.03101, do qual se pretende o crédito na DCOMP, passou a ter a área total de 7,1 ha, mantida a propriedade, em condomínio, em nome das Senhoras Isméria dos Santos Junqueira e Electa dos Santos Junqueira Filha, doadoras das demais glebas desmembradas. Fl. 359DF CARF MF 10 Quanto a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o CTN prevê: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. Na mesma linha segue o Decreto nº 70.235/72: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Assim, só há qualquer exigência do crédito tributário findado o processo administrativo fiscal. Diante do exposto, conheço do Presente Recurso voluntário para, no mérito negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10650.900690/201240 Acórdão n.º 2002000.408 S2C0T2 Fl. 356 11 Fl. 361DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.723870/2015-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2010 a 31/12/2012
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -
Contatada contradição no Acórdão guerreado, devem ser acolhidos os embargos opostos.
Numero da decisão: 2301-005.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos com efeitos infringentes para, sanando os vícios apontados na Resolução nº 2301-000.692, de 09/05/2018, fazer dela constar que os autos devem baixar em diligência para: 1) intimar os corresponsáveis Idamar Segatti e Jucimar Gritti da decisão de primeira instância, oportunizando a eles a apresentação de recurso voluntário e 2) após o cumprimento desseprocedimento, sejam os autos encaminhados a PFGN para conhecimento dos recursos, se esses vierem, e apresentação de manifestação que entender cabível
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Marcelo Freitas de Souza Costa, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, João Maurício Vital, Juliana Marteli Fais Feriato, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada para substituir o conselheiro Antônio Sávio Nastureles, ausente justificadamentee Alexandre Evaristo Pinto. Ausente o conselheiro Antônio Sávio Nastureles.
Nome do relator: Relator
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos com efeitos infringentes para, sanando os vícios apontados na Resolução nº 2301 000.692, de 09/05/2018, fazer dela constar que os autos devem baixar em diligência para: 1) intimar os corresponsáveis Idamar Segatti e Jucimar Gritti da decisão de primeira instância, oportunizando a eles a apresentação de recurso voluntário e 2) após o cumprimento desseprocedimento, sejam os autos encaminhados a PFGN para conhecimento dos recursos, se esses vierem, e apresentação de manifestação que entender cabível (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 38 70 /2 01 5- 31 Fl. 1065DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Marcelo Freitas de Souza Costa, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, João Maurício Vital, Juliana Marteli Fais Feriato, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada para substituir o conselheiro Antônio Sávio Nastureles, ausente justificadamentee Alexandre Evaristo Pinto. Ausente o conselheiro Antônio Sávio Nastureles. Relatório Tratase de Embargos de Ofício opostos pelo Presidente Da 1ª TO Da 3ª Câmara Da 2ª Seção De Julgamento, em face da Resolução nº 2301000.692 de 09/05/2018. Constatou o embargante que houve erro material na ata e no dispositivo da resolução onde constou resultado diverso daquele decidido pelo colegiado quando do julgamento que converteu em diligência os autos. Esclarece que no voto e nas discussões do processo pelo colegiado, restou claro que o objeto da resolução é: Desta forma, sugiro a baixa em Diligência de ambos PAF's para que: a) Sejam intimados os corresponsáveis IDAMAR SEGATTI e JUCIMAR GRITTI da decisão de primeira instância, oportunizando a eles apresentação de Recurso Voluntário; b) Após o cumprimento deste procedimento, sejam os autos encaminhados à PFN para conhecimento dos Recursos Voluntários, se este vierem, e apresentação de manifestação que entenderem ser cabível; Ante ao exposto sugiro a conversão dos autos em diligência para o cumprimento do que foi acima determinado. Contudo, constou na ata (e no dispositivo, que a reproduz): Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para serem juntadas aos autos peças de ação judicial, para que possa ser avaliada a existência, ou não, de concomitância de discussão administrativa e judicial. Os Embargos foram encaminhados para que seja corrigido e erro material apontado. É o relatório. Voto Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 10880.723870/201531 Acórdão n.º 2301005.579 S2C3T1 Fl. 3 3 Conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa Relator Os Embargos preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto deles conheço. Com razão o embargante. Da simples leitura do voto condutor da resolução, com sua conclusão verificase o erro apontado nos presente embargos. Não foi mencionado em nenhum momento do relatório e do voto a existência de ação judicial do contribuinte que pudesse levar a existência de concomitância, não havendo razão para que constasse na ata e no dispositivo guerreado menção ou determinações acerca desta matéria. Na verdade, as determinações da resolução que converteu em diligência são claras e no seguinte sentido: a) Sejam intimados os corresponsáveis IDAMAR SEGATTI e JUCIMAR GRITTI da decisão de primeira instância, oportunizando a eles apresentação de Recurso Voluntário; b) Após o cumprimento deste procedimento, sejam os autos encaminhados à PFN para conhecimento dos Recursos Voluntários, se este vierem, e apresentação de manifestação que entenderem ser cabíveis; Logo, sugiro a conversão dos autos em diligência para o cumprimento do que foi acima determinado. Ante o exposto, Voto no sentido de Acolher os Embargos Inomidados, com efeitos infringentes para, sanando o erro apontado, reratificar a Resolução nº 2301000.692 de 09/05/2018, baixando os autos em diligência para: 1) Intimar os corresponsáveis IDAMAR SEGATTI e JUCIMAR GRITTI da decisão de primeira instância, oportunizando a eles apresentação de Recurso Voluntário e 2) Após o cumprimento deste procedimento, sejam os autos encaminhados à PFGN para conhecimento dos Recursos Voluntários, se estes vierem, e apresentação de manifestação que entender cabível. (assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa Fl. 1067DF CARF MF 4 Fl. 1068DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.720449/2013-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO.
Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN.
No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário.
COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA.
Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá-se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96.
Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3402-005.983
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que davam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado em substituição a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz). Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá-se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96. Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora. Recurso Voluntário negado
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CABIMENTO. Às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN. No art. 156 do CTN são descritas formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, eventualmente conferir o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" quer dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. COMPENSAÇÃO. TRANSMISSÃO. APÓS VENCIMENTO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Na compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória dá se somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96. Não tendo sido os débitos fiscais pagos, nem compensados, antes do vencimento do tributo, estão sujeitos à multa de mora. Recurso Voluntário negado Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Cynthia Elena de Campos, que davam provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 04 49 /2 01 3- 94 Fl. 67DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado em substituição a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz). Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão nº 08033.736 da Delegacia de Julgamento em Fortaleza que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versam os autos sobre declaração de compensação, que objetiva compensar pagamento a maior de PIS/Pasep. O despacho decisório reconheceu a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP, mas homologou apenas parcialmente a compensação declarada por entender que o direito creditório reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: a) descabimento da aplicação da multa moratória em face da denúncia espontânea; e b) ausência de extemporaneidade no pagamento vez que o crédito e o débito objeto de compensação possuem mesmo vencimento e período de apuração. A Delegacia de Julgamento não acolheu os argumentos da manifestante, sob os seguintes fundamentos: O contribuinte teria até o dia do vencimento do tributo para pagar o tributo ou apresentar a devida declaração de compensação sem nenhuma penalidade. Na espécie, o administrado, optando pela compensação, ingressou com o PER/DCOMP após o vencimento do tributo, pelo que incorreu em multa moratória e juros Selic. O pagamento e a compensação são espécies de extinção do crédito tributário. O art. 138 do CTN dispõe que a denúncia espontânea deve ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido. No caso, o contribuinte informou o débito fiscal, mas não o pagou, tendo apenas compensadoo, o que não contempla o benefício da denúncia espontânea. A compensação só ocorre mediante a entrega da correspondente declaração pelo sujeito passivo, sendo que, antes disso, a parcela do pagamento ainda não alocada a débito físcal permanece indisponível ao Fisco. Fl. 68DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 3 Cientificada, a interessada interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, repisando as alegações da manifestação de inconformidade acerca do cabimento da denúncia espontânea e da não incidência da multa de mora. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.981, de 29 de novembro de 2018, proferido no julgamento do processo 11080.720383/201332, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3402005.981) 1: "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Nos termos do art. 156 do CTN, o pagamento (inciso I) e a compensação (inciso II) são modalidades de extinção do crédito tributário, sendo que, no caso da compensação, nos termos do art. 74, §2º da Lei nº 9.430/96, a extinção se dá sob condição resolutória da ulterior homologação da compensação declarada. Na hipótese de não ocorrer a homologação (tácita ou expressa) da compensação declarada, não há que se falar mais em extinção do crédito tributário, sendo cabível a cobrança dos débitos confessados. Na hipótese de lançamento por homologação, tratada separadamente no inciso VII do art. 156 do CTN, o pagamento antecipado somente extinguirá o crédito tributário se for acompanhado da homologação tácita ou expressa da norma individual e concreta posta pelo contribuinte. O Professor Paulo de Barros Carvalho2 bem diferencia o "pagamento" a que se refere o inciso I do art. 156 do CTN do "pagamento antecipado" de que trata o inciso VII, nos seguintes termos: Não obstante o pagamento antecipado seja uma forma de pagamento, a legislação aplicável requer que ele se conjugue ao ato homologatório a ser realizado (comissiva ou omissivamente) pela Administração Pública. Apenas 1 No processo paradigma houve apresentação de Declaração de Voto por parte da Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Como o entendimento esposada nesta declaração foi vencido, deixase de transcrevêlo nos presentes autos, que trazem apenas o entendimento que prevaleceu na decisão colegiada. Íntegra da declaração de voto pode ser consultada no processo paradimga nº 11080.720383/201332. 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 490. Fl. 69DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 4 dessa maneira darseá por dissolvido o vínculo, diferentemente do que ocorre nos casos de pagamento de débito tributário constituído por lançamento, em que a conduta prestacional do devedor tem o condão de por fim, desde logo, à obrigação tributária. No denominado "lançamento por homologação", quando ainda não ocorrida a homologação tácita ou expressa da norma individual e concreta posta pelo contribuinte, constatando o Fisco a inexatidão da atividade prévia por ele exercida, deverá apurar o montante suplementar do tributo devido e constituir o crédito tributário por lançamento de ofício supletivo, nos termos do art. 149 do CTN. Nessa hipótese, obviamente, a parcela do crédito tributário objeto do pagamento antecipado é considerada extinta por pagamento (parcial), vez que excluída do lançamento de ofício supletivo. Dessa maneira, nos incisos I, II e VII do art. 156 do CTN, são descritas três formas distintas de extinção do crédito tributário, sendo, prerrogativa somente do legislador, em situações expressamente especificadas, conferir eventualmente o mesmo tratamento jurídico a tais institutos. Contudo, esse não é o caso do art. 138 do CTN, no qual a referência tão somente ao termo "pagamento" está a dizer que a denúncia espontânea não se aplica às demais modalidades de extinção do crédito tributário. Nessa mesma linha, no voto vencedor do Redator Designado Fernando Brasil de Oliveira Pinto, no Acórdão nº 1402002.309 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 15 de setembro de 2016, restou esclarecido que às declarações de compensação (PER/DCOMP) não se aplica a benesse da denúncia espontânea de que trata o art. 138 do CTN, uma vez que a extinção do crédito tributário por pagamento (art. 156, I, do CTN) não se confunde com a extinção por meio de compensação (art. 156, II do CTN): (...) Portanto, embora pagamento e compensação extingam o crédito tributário, cada um o faz com suas características e consequências peculiares: enquanto no pagamento não mais se discute a extinção do crédito tributário, na compensação extinguese o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74, § 2º, da Lei nº 9.430/96), ou seja, a declaração de compensação pode ter seus efeitos revertidos pela autoridade administrativa. O art. 138 do CTN, ao dispor que a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, a meu ver, limitou a possibilidade de sua aplicação a uma das modalidades de extinção do crédito tributário, qual seja, o pagamento. Fl. 70DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 5 Quisesse o legislador que outras hipóteses de extinção fossem aplicáveis para fins de denúncia espontânea, assim o teria feito expressamente. Conforme abordado pelo i. Conselheiro Relator, a posição do STJ sobre o tema não é unânime. Tanto assim que, posteriormente ao entendimento firmado no julgamento nos EDcl no AgRg no REsp 1375380/SP, sessão de 20/08/2015, citado no r. voto do i. Conselheiro Relator, a mesma Segunda Turma julgadora do STJ julgadora decidiu de modo divergente na apreciação do AgRg no REsp 1461757 / RS em sessão realizada no mês seguinte, dia 03/09/2015. Vejase sua ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2014/01481347 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 03/09/2015 Data da Publicação/Fonte DJe 17/09/2015 Ementa: (...) 3. "A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". (AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 10/09/2012) 4. Agravo regimental não provido. (...) No mesmo sentido, pronunciouse a Câmara Superior de Recursos Fiscais, no Acórdão nº 9303006.011– 3ª Turma, de 29 de novembro de 2017, sob voto condutor do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, nestes termos: (...) Fl. 71DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 6 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (...) VOTO (...) A matéria a ser decidida neste julgamento, como já dito, é somente se compensação (via Declaração de Compensação) equivale ou não a pagamento, para fins de cabimento ou não da cobrança da multa moratória nos casos de transmissão da DCOMP a destempo, mas antes do início do procedimento fiscal. Para o pagamento, o tema não é mais passível de discussão no CARF (a teor do § 2º do art. 62 do seu Regimento Interno), haja vista que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu a questão posta, no RE nº 1.149.022/SP (isto se o pagamento for realizado antes ou concomitantemente à confissão da dívida, conforme Súmula nº 360, também do STJ), em Acórdão submetido à sistemática dos recursos repetitivos, nos termos do artigo 543C da Lei nº 5.869, de 11/01/73, antigo Código de Processo Civil. Já para a compensação, não existe decisão judicial ou súmula que vincule este Colegiado. Como bem colocou a PGFN, pagamento e compensação são formas distintas de extinção do crédito tributário, conforme estabelece o Código Tributário Nacional (art. 156, I e II, já transcritos), recepcionado como lei complementar, a única capaz de estabelecer normas gerais sobre crédito tributário, como reza a nossa Constituição Federal (grifei): (...) Alega o contribuinte, em suas Contrarrazões, que o pagamento, no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação – como a própria denominação desta forma de constituição diz – também está sujeito à condição de sua ulterior homologação. Mas o CTN diz algo mais a respeito (grifei): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio Fl. 72DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 7 exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. Assim, na compensação, é o valor confessado em DCOMP está sob condição resolutória de ulterior homologação, enquanto no pagamento, na realidade, é o que não foi quitado. Isto está claro na lei. O § 1º do art. 150 do CTN fala “sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento”, enquanto o § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 fala em “sua ulterior homologação” Em termos simples: “pagou está pago”; se compensou, há cinco anos para a Administração decidir em que dimensão o crédito está extinto, até o limite compensado. Não se pode equiparar, então, homologação do lançamento com homologação da Declaração de Compensação. (...) São formas de extinção distintas, com conseqüências distintas. Não há dúvida. Assim, não se pode aplicar a mesma jurisprudência de uma para a outra – ainda que o STJ já tenha feito isto, mas em decisão não vinculante (Resp nº 1.136.372/RS, citado pelo contribuinte). (...) Ex positis, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (...) Melhor sorte não assiste à recorrente quanto ao argumento de que não teria ocorrido a "extemporaneidade no pagamento" do tributo devido, vez que os débitos e créditos Fl. 73DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 8 objeto de compensação referemse a tributos atinentes ao mesmo período de apuração e mesma data de vencimento. Ocorre que, na hipótese de compensação, a extinção do crédito tributário sob condição resolutória, dáse somente a partir da transmissão ou entrega da correspondente declaração, nos termos do art. 74, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pela sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (...) Dessa forma, não tendo sido os débitos pagos no prazo da legislação específica, nem tampouco sido considerados extintos antes do vencimento do tributo pela transmissão da declaração de compensação tempestiva, estão sujeitos à multa de mora, nos termos do art. 61 e 74, §§1º, 2º e 14 da Lei nº 9.430/96 e do art. 28 da Instrução Normativa SRF nº 460/2004: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 51 e 52 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, Fl. 74DF CARF MF Processo nº 11080.720449/201394 Acórdão n.º 3402005.983 S3C4T2 Fl. 0 9 na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 75DF CARF MF
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Numero do processo: 13642.720199/2016-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2301-000.735
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que (a) a administração da Policlínica Central de São João del Rei informe se é serviço médico oficial municipal, estadual ou federal e (b) a administração da Policlínica Central de São João del Rei e a profissional médica signatária do documento da e-fl. 17 sejam intimados a confirmar a autenticidade de tal documento.
(assinado digitalmente).
João Bellini Júnior - Presidente
(assinado digitalmente)
Wesley Rocha - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (Suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente).
RELATÓRIO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que (a) a administração da Policlínica Central de São João del Rei informe se é serviço médico oficial municipal, estadual ou federal e (b) a administração da Policlínica Central de São João del Rei e a profissional médica signatária do documento da efl. 17 sejam intimados a confirmar a autenticidade de tal documento. (assinado digitalmente). João Bellini Júnior Presidente (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, João Maurício Vital, Wesley Rocha, Reginaldo Paixão Emos (Suplente convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato, João Bellini Júnior (Presidente). RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário interposto por MARLY LUCINDA GUIMARÃES DE CASTRO, contra o Acórdão de julgamento (efls. 49, e seguintes), que julgou improcedente a impugnação apresentada. O Acórdão recorrido, assim dispõe: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 42 .7 20 19 9/ 20 16 -5 8 Fl. 161DF CARF MF Processo nº 13642.720199/201658 Resolução nº 2301000.735 S2C3T1 Fl. 418 2 "Contra a contribuinte acima identificada foi expedida notificação de lançamento (fls. 30 a 35), referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2015, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 8.603,00, acrescido de multa de ofício e juros de mora. A autuação decorreu de: 1) rendimentos indevidamente considerados como isentos por moléstia grave, recebidos da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado MG, nos valores de R$ 16.679,64 e R$ 225.701,90, respectivamente, tendo sido incluído o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) correspondente (R$ 46.302,31). A autoridade lançadora registra (fl. 31): De acordo com o Laudo Médico Pericial 0004/15, de 30/11/2015, emitido pelo Núcleo de Saúde e Perícia da Secretaria de Administração do Ministério da Fazenda/MG, que analisou o Laudo Médico apresentado, a contribuinte não apresenta nenhuma das doenças especificadas no artigo 1 da Lei 11.052/04, não fazendo, portanto, jus a isenção pleiteada. 2) Compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre rendimentos declarados como isentos por moléstia grave ou acidente em serviço, no valor de R$ 46.302,31, referente à fonte pagadora Instituto de Previdência dos Servidores do Estado MG (Ipsemg). Cientificada do lançamento em 28/7/2016 (fl. 46), a contribuinte apresentou impugnação (fls. 2 a 14), em 26/8/2016, instruída com os documentos de fls. 15 a 29. Alega, em síntese, que sua fonte pagadora (Ipsemg Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais), agindo estritamente dentro da lei, reconheceu o direito à isenção em comento, conforme ofício datado de 12/6/2015. Dessa forma, é certo e necessário que o Ipsemg e o Estado de Minas Gerais são partes indispensáveis para figurar neste processo administrativo, sob pena de nulidade. Invocando o disposto no inc. I do art. 157 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), assevera que o tributo em questão pertence ao Estado de Minas Gerais e a União não tem competência para levantar, apurar, lançar e, menos ainda, para notificar a impugnante. Afirma que praticamente todos os dispositivos legais citados na notificação de lançamento não se aplicam ao caso e, inclusive, o art. 1º da Lei 7.713/1988 trata exclusivamente da tributação de ganhos de capital. Quanto aos incisos XIV e XXI do art. 6º da mesma Lei e a Lei 11.052/2004, garantem a isenção aos portadores de cardiopatia grave a doença da impugnante. Relativamente à doença que a acomete, afirma que a palavra final é do profissional (médico) especializado em cardiologia. No caso, dois Fl. 162DF CARF MF Processo nº 13642.720199/201658 Resolução nº 2301000.735 S2C3T1 Fl. 419 3 cardiologistas atestaram, em laudos oficiais, que a cardiopatia de que sofre a impugnante é grave. Por outro lado, o laudo médico pericial exarado em papel do Ministério da Fazenda, sem qualquer exame na impugnante, foi proferido por profissional que não é especialista em cardiologia. Entende que o pedido da Seção de Fiscalização da DRF em Juiz de Fora tenta desqualificar o laudo emitido por um dos cardiologistas desconsiderando o campo “exposição das observações, estudos, exames efetuados e registro das conclusões” e não faz referência ao segundo laudo oficial. Argumenta que a jurisprudência é pacífica no tocante à desnecessidade de laudo oficial para atestar a cardiopatia grave. No caso, o histórico familiar assusta, conforme se pode ver nos atestados de óbito apresentados, referentes ao pai e a três irmãos da impugnante. Por todo o exposto, comprovado que a impugnante é idosa e portadora de cardiopatia grave, não pode prosperar a exigência em litígio. Cópia da Declaração de Ajuste Anual (DAA) a que se reporta o lançamento foi juntada às fls. 36 a 45". Em seu Recurso Voluntário de efls. 81, e seguintes, aduz a recorrente: Preliminar de ilegitimidade da Receita Federal do Brasil, em exigir o imposto lançado no presente processo. No mérito, alega a recorrente que é portadora de cardiopatia grave, atestada por laudo médico não oficial, mas que foi analisado pelo Núcleo de Saúde e Perícia da Secretaria de Administração do Ministério da Fazenda/MG, de valores recebidos pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado MG, a qual ela recorrente seria vinculada. e faz jus á isenção do imposto de renda, mesmo que não tenha tido manifestação da moléstia posterior à sua relativa melhoria. Junta decisões e pede o cancelamento do Lançamento fiscal. Diante dos fatos narrados, é o relatório. VOTO Conselheiro Wesley Rocha Relator O recurso voluntário é tempestivo. Assim, passo a analisálo. Alega a recorrente ser portadora de moléstia grave, cardiopatia grave, e que deveria ter a concessão do benefício da isenção, pois os valores percebidos são provenientes de aposentadoria compulsória, sendo que preenche requisito legal para a concessão de isenção do IR por moléstia grave. Juntou diversos documentos da comprovação da doença acometida. O artigo 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação da Lei n.º 11.052, de 2004, dispõe sobre as moléstias consideradas isentas: "Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: Fl. 163DF CARF MF Processo nº 13642.720199/201658 Resolução nº 2301000.735 S2C3T1 Fl. 420 4 XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma." (grifei) No seu recurso, a recorrente alega que está acometida pela moléstia grave, e informa que o laudo oficial estaria na fl. 17/18. Por outro lado, verifico que o laudo de fl. 22, informa que a recorrente não seria portadora de moléstia grave, em contradição ao que foi apresentado. Por outro lado, o que importa realmente para o presente feito, é o laudo do ano calendário que consta que a recorrente teria o benefício da isenção, ou seja, o período de 2014. Entretanto, os laudos geraram dúvidas quanto à moléstia acometida e alegada pela recorrente. Nesse sentido, a matéria, no que tange aos requisitos para o usufruto da isenção em tela, já se encontra sumulada no CARF, assim descrito: Súmula CARF nº 63. "Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios". Grifei. Como se verifica do laudo apresentado nos autos, a administração da Policlínica Central de São João Del Rei prestou serviços para o setor público, incluindo a emissão do laudo da recorrente. Logo, seria a empresa credenciada e autorizada a emitir laudos periciais oficiais, no Município que atua. Porém, não há informações sólidas nos autos quanto ao laudo médico, juntado na efl. 17, e que podem ser verificadas, para dirimir as dúvidas geradas no presente julgamento. CONCLUSÃO Com base no exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o profissional médico signatário do documento de fl. 17, seja intimado para atestar sua autenticidade, referente ao laudo médico oficial emitido, bem como também seja intimada a administração da Policlina Central de São JOão Del Rei para que informe se é serviço médico oficial do Município e ateste também a autenticidade do laudo. (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Fl. 164DF CARF MF
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