Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,899)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,594)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,671)
- Primeira Turma Ordinária (15,251)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (15,001)
- Segunda Turma Ordinária d (13,782)
- Primeira Turma Ordinária (12,673)
- Primeira Turma Ordinária (11,721)
- Segunda Turma Ordinária d (11,695)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,380)
- Terceira Câmara (63,185)
- Segunda Câmara (50,669)
- Primeira Câmara (16,202)
- 3ª SEÇÃO (15,671)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,624)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,979)
- Segunda Seção de Julgamen (108,014)
- Primeira Seção de Julgame (70,951)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,602)
- Câmara Superior de Recurs (37,027)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,037)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,829)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,831)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,270)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,172)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,832)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,013)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13805.000913/96-09
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Data do fato gerador: 30/11/1991, 31/12/1991, 31/01/1992, 29/02/1992, 31/03/1992
FINSOCIAL. PAGAMENTO. PARCELAMENTO. ART. 17 DA LEI Nº 9.779/99.
Os benefícios de que trata o art. 17 da Lei 9.779/99 foram ampliados pelo art. 11 da MP 1.807-1, de 28/01/1999. O benefício abrange ações ajuizadas até 31/12/98, independentemente do término da ação, inclusive de ter havido o seu trânsito em julgado antes desta data.
Recurso Especial da Procuradoria negado
Numero da decisão: 9303-005.294
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Data do fato gerador: 30/11/1991, 31/12/1991, 31/01/1992, 29/02/1992, 31/03/1992 FINSOCIAL. PAGAMENTO. PARCELAMENTO. ART. 17 DA LEI Nº 9.779/99. Os benefícios de que trata o art. 17 da Lei 9.779/99 foram ampliados pelo art. 11 da MP 1.807-1, de 28/01/1999. O benefício abrange ações ajuizadas até 31/12/98, independentemente do término da ação, inclusive de ter havido o seu trânsito em julgado antes desta data. Recurso Especial da Procuradoria negado
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13805.000913/96-09
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5756985
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-005.294
nome_arquivo_s : Decisao_138050009139609.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 138050009139609_5756985.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
id : 6887088
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468698361856
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1450; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 541 1 540 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13805.000913/9609 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303005.294 – 3ª Turma Sessão de 22 de junho de 2017 Matéria FINSOCIAL. BENEFÍCIOS FISCAL. PAGAMENTO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado BANCO MERCANTIL DE SÃO PAULO S/A. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 30/11/1991, 31/12/1991, 31/01/1992, 29/02/1992, 31/03/1992 FINSOCIAL. PAGAMENTO. PARCELAMENTO. ART. 17 DA LEI Nº 9.779/99. Os benefícios de que trata o art. 17 da Lei 9.779/99 foram ampliados pelo art. 11 da MP 1.8071, de 28/01/1999. O benefício abrange ações ajuizadas até 31/12/98, independentemente do término da ação, inclusive de ter havido o seu trânsito em julgado antes desta data. Recurso Especial da Procuradoria negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 5. 00 09 13 /9 6- 09 Fl. 541DF CARF MF 2 Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN contra o Acórdão nº º 30237.854, de 13/07/2006, proferido pela 2ª Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, que fora assim ementado: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Data do fato gerador: 30/11/1991, 31/12/1991, 31/01/1992, 29/02/1992, 31/03/1992 Ementa: FINSOCIAL SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE LANÇAMENTO MULTA BENEFÍCIO FISCAL. O inciso III, do §1°, do art. 17 da citada Lei 9.779/99, é claro em dizer que o contribuinte poderá efetuar o pagamento do tributo, sem o acréscimo da multa e dos juros, com relação aos fatos que forem objeto dos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, não havendo qualquer menção do legislador sobre a necessidade de existência de processos judiciais em curso. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. MULTA DE OFÍCIO. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário não obsta a lavratura de auto de infração para sua constituição com o fim de prevenir a decadência. Face à suspensão da exigibilidade determinada por liminar deferida em medida cautelar, é descabida a exigência de multa de oficio. RECURSOS DE OFICIO NEGADO E VOLUNTÁRIO PROVIDO. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente, referindose ao art. 11 da Medida Provisória MP n° 38, de 14/05/2002, e ao art. 17 da lei n° 9.779, de 19/01/1999, alega contrariedade à evidência das provas. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 446/448. Cientificada, a contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial (fls. 464/471). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Fl. 542DF CARF MF Processo nº 13805.000913/9609 Acórdão n.º 9303005.294 CSRFT3 Fl. 542 3 Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial deve ser conhecido. Alega a Recorrente que o acórdão recorrido – prolatado, quanto ao recurso voluntário, por maioria de votos – contrariou a evidência das provas acostadas aos autos. Embasou o recurso no art. 7º, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recurso Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25/06/2007. São esses os dispositivos legais que fundamentam o mérito do recurso especial: MP nº 38, de 2002: Art. 11. Poderão ser pagos ou parcelados, até o último dia útil do mês de julho de 2002, nas condições estabelecidas pelo art. 17 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, e no art. 11 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, decorrentes de fatos geradores ocorridos até 30 de abril de 2002, relativamente a ações ajuizadas até esta data. § 1o. Para os fins do disposto neste artigo, a dispensa de acréscimos legais alcança: I as multas, moratórias ou punitivas; II relativamente aos juros de mora, exclusivamente, o período até janeiro de 1999, sendo devido esse encargo a partir do mês: a) de fevereiro do referido ano, no caso de fatos geradores ocorridos até janeiro de 1999; b) seguinte ao da ocorrência do fato gerador, nos demais casos. § 2o. Para efeito do disposto neste artigo, a pessoa jurídica deverá comprovar a desistência expressa e irrevogável de todas as ações judiciais que tenham por objeto os tributos a serem pagos ou parcelados na forma do caput, e renunciar a qualquer alegação de direito sobre as quais se fundam as referidas ações. § 3o. A opção pelo parcelamento referido no caput darseá pelo pagamento da primeira parcela, no mesmo prazo estabelecido para o pagamento integral. § 4o. Aplicase o disposto neste artigo às contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, observada a regulamentação editada por esse órgão. Lei nº 9.779, de 1999 (conversão da MP nº 1.788, de 1998): Art. 17. Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão Fl. 543DF CARF MF 4 judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente a data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal. Lei nº 9.779, de 1999 (redação dada pelas MPs nº 1.8071, de 1999): "Art. 10. O art. 17 da Lei n" 9.779, c/c 19 de janeiro cie 1999, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos: § 1º. O disposto neste artigo estendese: I aos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário; II a contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição; III aos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União. § 2º. O pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador: I ocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do parágrafo anterior; II ocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso III do parágrafo anterior, III alcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do parágrafo anterior. § 3º. O pagamento referido neste artigo: I importa em confissão irretratável c/a dívida; II constitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil; III poderá ser parcelado em até seis parcelas iguais, mensais e sucessivas, vencendose a primeira no mesmo prazo estabelecido no caput para o pagamento integral e as demais no último (lia útil dos meses subseqüentes; IV relativamente aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, poderá ser efetuado em quota única, até o último dia útil do mês de julho de 1999. Fl. 544DF CARF MF Processo nº 13805.000913/9609 Acórdão n.º 9303005.294 CSRFT3 Fl. 543 5 § 4º. As prestações do parcelamento referido no inciso III do parágrafo anterior serão acrescidas de juros equivalentes a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SEL1C, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês de vencimento da primeira parcela até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês do pagamento. § 5o Na hipótese do inciso IV do § 3º, os juros a que se refere o parágrafo anterior serão calculados a partir do mês de fevereiro de 1999. (...) Art. 11. O prazo previsto no art. 17 da Lei .1\1° 9.779, de 1999, fica prorrogado para o último dia ú til cio mês de fevereiro de 1999.' (g.n.) Entendeu a Câmara baixa que o inciso III do §1° do art. 17 da Lei nº 9.779, de 1999, teria sido claro ao permitir ao contribuinte o pagamento do tributo sem o acréscimo da multa e dos juros, com relação aos fatos que forem objeto dos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, não impondo qualquer restrição quanto aos processos judiciais transitados em julgado. Com efeito, o pagamento ou parcelamento de débitos relativos a tributos federais, com a expressa dispensa de multa e juros, também passaram a estenderse, a partir da redação conferida ao art. 17 da Lei nº 9.779, de 1999, pela MP nº 1.8071, de 1999, ao contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento e em qualquer grau de jurisdição, tal como previsto no inciso II do §1°. Assim, ainda que a redação conferida ao inciso III do mesmo § 1º permitisse alguma dúvida ao intérprete (“processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998”), a previsão inserida no inciso anterior já a resolveria. Portanto, é indubitável, o trânsito em julgado da decisão judicial não era óbice ao benefício, como, aliás, decidiu o Superior Tribunal de Justiça – STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ANISTIA FISCAL. LEI Nº 9.779/99 E MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.8586/99. DECISÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO. DESISTÊNCIA DA AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUFERIMENTO DO BENEFÍCIO A CRITÉRIO DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. 1. A Medida Provisória nº 1.8586/99, acrescendo parágrafos à Lei nº 9.779/99, exime o contribuinte do pagamento de multa e juros de mora incidentes sobre exação objeto de questionamento judicial, desde que as respectivas ações tenham sido ajuizadas até 31.12.1998. 2. Conforme nota exarada pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN/CDA nº 513/99), a fruição do Fl. 545DF CARF MF 6 benefício em questão independe do trânsito em julgado da decisão judicial respectiva. 3. Coberta a sentença pela coisa julgada, não há como deferir se pedido de desistência da ação, por isso que, finda a ação judicial, exaurese a função jurisdicional (functus officio est), maxime em sede de ação declaratória, que não comporta execução. 4. Recurso Especial desprovido. (STJ, rel. Min. Luiz Fuz, REsp nº 554314/PR, DJ 19.12.2003) (g.n.) Notese que a ementa do acórdão faz expressa referência à Nota PGFN/CDA nº 513, de 1999, por meio da qual a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, quando da apreciação do tema, assim dispôs: "Portanto, é forçoso concluir que presentes os pressupostos ditados pelo artigo 11 da Medida Provisória n° 1.8588/99, mormente no tocante ao ingresso em juízo, até 31 de dezembro de 1998, a ação exonerativa do tributo discutido, faz jus ao benefício todos aqueles que cumprirem os requisitos exigidos, independente do término da ação ou de seu trânsito em julgado antes de 31 de dezembro de 1988." Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 546DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.000399/2003-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. RETENÇÃO NA FONTE. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado se o contribuinte trouxer aos autos os elementos probatórios correspondentes, capazes de demonstrar a liquidez e certeza do crédito.
Numero da decisão: 2202-004.110
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito creditório de R$ 16.843,18.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. RETENÇÃO NA FONTE. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado se o contribuinte trouxer aos autos os elementos probatórios correspondentes, capazes de demonstrar a liquidez e certeza do crédito.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10835.000399/2003-11
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5763999
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.110
nome_arquivo_s : Decisao_10835000399200311.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 10835000399200311_5763999.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito creditório de R$ 16.843,18. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
id : 6909005
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:34 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468710944768
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1408; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 413 1 412 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10835.000399/200311 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.110 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 9 de agosto de 2017 Matéria IRRF Compensação Recorrente UNIMED DE PRES. PRUDENTE COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 01/11/2002 a 30/11/2002 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. RETENÇÃO NA FONTE. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado se o contribuinte trouxer aos autos os elementos probatórios correspondentes, capazes de demonstrar a liquidez e certeza do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito creditório de R$ 16.843,18. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 00 03 99 /2 00 3- 11 Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10835.000399/200311 Acórdão n.º 2202004.110 S2C2T2 Fl. 414 2 Tratase de pedido de compensação no qual o Recorrente pleiteia a compensação de débitos do IRRF decorrente dos rendimentos pagos a seus cooperados, a partir de créditos do imposto de renda que lhe teriam sido retidos na fonte. A compensação pleiteada foi homologada parcialmente no valor de R$ 16.019,53, de um total requerido de R$ 18.811,66. A diferença não homologada deuse por falta de comprovação quanto ao efetivo pagamento do IRRF pelas fontes pagadoras que retiveram o tributo do Recorrente. Em sua manifestação de inconformidade, o Recorrente pleiteou a juntada de documentação hábil a comprovar o seu direito à compensação. A decisão de primeira instância desconsiderou todos os documentos juntados pelo Contribuinte na manifestação de inconformidade, por entender que estava precluso esse direito, julgandoa improcedente. O Contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 09/05/2007, por via postal, conforme A.R. de fl. 366, tendo apresentado em 08/06/2007 (envelope de fl. 372) o Recurso Voluntário de fls. 367/371, requerendo a realização de diligência para a apreciação dos referidos documentos. Na sessão de 27/07/2009, os membros da 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF resolveram, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que a autoridade fiscal apurasse a existência de crédito apto à homologação da compensação pleiteada, considerando todos os documentos já juntados ao processo (fls. 375/378). Tendo em vista a extinção da 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, o processo foi sorteado para essa turma de julgamento, sob minha relatoria. A autoridade fiscal emitiu o Relatório de Diligência de fls. 386/388, com as conclusões da diligência, porém não constava que o Contribuinte foi intimado desse relatório. Na sessão de 09/02/2017, essa Turma Ordinária converteu o julgamento em diligência (fls. 389/391), para que a Contribuinte fosse intimada a se manifestar sobre o resultado da diligência anterior. A Contribuinte foi intimada em 16/03/2017 (A.R. de fl. 395) e apresentou a manifestação de fls. 407/410 em 17/04/2017. É o relatório. Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10835.000399/200311 Acórdão n.º 2202004.110 S2C2T2 Fl. 415 3 Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Observase que a autoridade fiscal, em atendimento à determinada pela 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Resolução nº 28010002, de 27/07/2009 (fls. 375/378), emitiu o Relatório de Diligência de fls. 386/388. A Contribuinte manifestouse sobre a diligência, alegando que os vários equívocos cometidos pelas fontes pagadoras ao prestarem as informações ao Fisco demonstram que não correspondem totalmente à realidade dos fatos. Defende a Recorrente que a documentação acostada aos autos comprova a origem, existência e legitimidade dos créditos suficientes para a homologação da compensação. Sustenta que o fato de a fonte pagadora eventualmente não ter informado em DIRF a respectiva retenção ou têla informado com código de retenção equivocado não pode criar uma obrigação/punição para a Recorrente. Em atendimento à diligência solicitada, a autoridade fiscal concluiu o seguinte (fls. 386/388): Pela leitura da planilha verificase que foi glosado o valor de R$ 2.792,13 (R$ 2.586,53 + R$ 205,60). Com a análise dos documentos juntados posteriormente, foi comprovado a retenção adicional de R$ 823,65. Vêse, portanto, que após a análise de toda a documentação acostada aos autos pela Recorrente, a autoridade fiscal reconheceu a comprovação adicional de R$ 823,65, totalizando um valor comprovado de R$ 16.843,18 (R$ 16.019,53 + R$ 823,65). Ressaltese que o ônus para a comprovação documental de direito creditório pertence ao interessado, dados os requisitos de liquidez e certeza para os valores pleiteados, conforme determina o art. 170 do Código Tributário Nacional. Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos incumbe ao requerente, que deve trazer aos autos os elementos probatórios correspondentes, capazes de demonstrar a liquidez e certeza do crédito. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10835.000399/200311 Acórdão n.º 2202004.110 S2C2T2 Fl. 416 4 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Assim, considerando que o Contribuinte não logrou comprovar o crédito total alegado de R$ 18.811,66, conforme diligência efetuada, deve ser mantida a glosa de R$ 1.968,48. Dessa forma, voto por dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito creditório de R$ 16.843,18. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 416DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720533/2014-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
Ementa:
GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO.
O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio.
LUCRO DA EXPLORAÇÃO.
O gozo da isenção ou redução do imposto como incentivo ao desenvolvimento regional e setorial depende de escrita mercantil regular e o montante do benefício, com base no lucro da exploração, está restrito aos valores nela registrados, sendo vedada a recomposição do lucro da exploração pela superveniência de lançamento de ofício.
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. PREJUÍZO ALTERADO PELO LANÇAMENTO. SURGIMENTO DE LUCRO.
Na apuração do resultado do exercício alterado pelo lançamento de ofício deve ser considerado o valor do prejuízo apurado no próprio período.
Se esse valor do prejuízo tiver sido compensado em períodos de apuração subseqüentes, essa compensação torna-se indevida.
MULTA PROPORCIONAL E EXIGIDA ISOLADAMENTE.
Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do ano-calendário, o lançamento abrangerá a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; e o imposto apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício.
A lei estabelece que, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa exigida isoladamente, no percentual de 50%, sobre os valores devidos, e não recolhidos, a título das estimativas mensais, estando o contribuinte sujeito à apuração do lucro real anual, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL, no ano-calendário correspondente.
CSLL - LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS.
A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ aplica-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
Numero da decisão: 1302-002.349
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício; 2) Quanto ao Recurso Voluntário: Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto a indedutibilidade do ágio. Vencidos os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Gustavo Guimarães da Fonseca. Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto à compensação de base negativa e prejuízos fiscais, e, alteração do lucro da exploração. Por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, quanto a multa isolada por falta de pagamento de estimativas mensais. Vencidos os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Gustavo Guimarães da Fonseca.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Rogério Aparecido Gil e Julio Lima Souza Martins. Ausentes justificadamente os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado e Carlos Cesar Candal Moreira Filho.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 Ementa: GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. O gozo da isenção ou redução do imposto como incentivo ao desenvolvimento regional e setorial depende de escrita mercantil regular e o montante do benefício, com base no lucro da exploração, está restrito aos valores nela registrados, sendo vedada a recomposição do lucro da exploração pela superveniência de lançamento de ofício. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. PREJUÍZO ALTERADO PELO LANÇAMENTO. SURGIMENTO DE LUCRO. Na apuração do resultado do exercício alterado pelo lançamento de ofício deve ser considerado o valor do prejuízo apurado no próprio período. Se esse valor do prejuízo tiver sido compensado em períodos de apuração subseqüentes, essa compensação torna-se indevida. MULTA PROPORCIONAL E EXIGIDA ISOLADAMENTE. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do ano-calendário, o lançamento abrangerá a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; e o imposto apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício. A lei estabelece que, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa exigida isoladamente, no percentual de 50%, sobre os valores devidos, e não recolhidos, a título das estimativas mensais, estando o contribuinte sujeito à apuração do lucro real anual, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL, no ano-calendário correspondente. CSLL - LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ aplica-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16682.720533/2014-23
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5786421
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1302-002.349
nome_arquivo_s : Decisao_16682720533201423.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 16682720533201423_5786421.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício; 2) Quanto ao Recurso Voluntário: Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto a indedutibilidade do ágio. Vencidos os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Gustavo Guimarães da Fonseca. Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto à compensação de base negativa e prejuízos fiscais, e, alteração do lucro da exploração. Por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, quanto a multa isolada por falta de pagamento de estimativas mensais. Vencidos os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Gustavo Guimarães da Fonseca. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Rogério Aparecido Gil e Julio Lima Souza Martins. Ausentes justificadamente os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado e Carlos Cesar Candal Moreira Filho.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
id : 6974930
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468722479104
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 40; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2088; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.720533/201423 Recurso nº 000.001 De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1302002.349 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2017 Matéria IRPJ amortização de ágio Recorrentes GERDAU AÇOS LONGOS S.A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 Ementa: GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. O gozo da isenção ou redução do imposto como incentivo ao desenvolvimento regional e setorial depende de escrita mercantil regular e o montante do benefício, com base no lucro da exploração, está restrito aos valores nela registrados, sendo vedada a recomposição do lucro da exploração pela superveniência de lançamento de ofício. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. PREJUÍZO ALTERADO PELO LANÇAMENTO. SURGIMENTO DE LUCRO. Na apuração do resultado do exercício alterado pelo lançamento de ofício deve ser considerado o valor do prejuízo apurado no próprio período. Se esse valor do prejuízo tiver sido compensado em períodos de apuração subseqüentes, essa compensação tornase indevida. MULTA PROPORCIONAL E EXIGIDA ISOLADAMENTE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 05 33 /2 01 4- 23 Fl. 2107DF CARF MF 2 Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento abrangerá a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; e o imposto apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício. A lei estabelece que, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa exigida isoladamente, no percentual de 50%, sobre os valores devidos, e não recolhidos, a título das estimativas mensais, estando o contribuinte sujeito à apuração do lucro real anual, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL, no anocalendário correspondente. CSLL LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício; 2) Quanto ao Recurso Voluntário: Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto a indedutibilidade do ágio. Vencidos os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Gustavo Guimarães da Fonseca. Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário quanto à compensação de base negativa e prejuízos fiscais, e, alteração do lucro da exploração. Por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, quanto a multa isolada por falta de pagamento de estimativas mensais. Vencidos os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa e Gustavo Guimarães da Fonseca. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Gustavo Guimarães da Fonseca, Rogério Aparecido Gil e Julio Lima Souza Martins. Ausentes justificadamente os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado e Carlos Cesar Candal Moreira Filho. Relatório Por economia processual e bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida (efls.1.843/1.872) que a seguir transcrevo: Autuação Fl. 2108DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 3 3 Trata o presente processo de autos de infração (fls. 582/590 e 443/450),lavrados em procedimento de fiscalização pela Delegacia Especial da RFB de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro, para a constituição de créditos tributários de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL do anocalendário de 2011. No termo de verificação fiscal (fls. 406 a 434), a fiscalização relata que a autuação se refere à glosa de despesas de amortização de ágio gerado artificialmente em operação entre partes dependentes e sem dispêndio de recursos. A fiscalização informa que a ação fiscal foi antecedida por duas outras ações fiscais, a primeira efetuada no âmbito da DRF em Porto Alegre, referente ao período de janeiro/2006 a junho/2010, e a segunda no âmbito da Delegacia Especial da RFB de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro, referente ao período de julho/2010 a dezembro de 2010. Ambas geraram autos de infração, processos administrativos 16682.720271/201154 e 16682.720359/201338 respectivamente. Informa também que utilizou documentos constantes do processo anterior, mas que o contribuinte foi intimado deste fato, fl. 406. Inicialmente, descreve as operações de reorganizações societárias, com início em dezembro de 2004, envolvendo várias empresas do grupo econômico Gerdau. Descrição da reorganização societária, conforme consta no Termo de Verificação Fiscal (fls. 410/417) Em 22/12/2004, a Gerdau S/A detinha uma participação societária de 91,4912% na Gerdau Açominas S/A, que estava registrada em sua contabilidade por R$ 4.479.918.909,94. Naquela data, laudo pericial indicou que o valor econômico de referida participação era de R$ 13.698.283.480,00, com base na expectativa de lucros futuros. Em 29/12/2004, a Gerdau S/A integralizou as ações da Gerdau Açominas S/A na Gerdau Participações S/A, pelo valor do laudo de avaliação. Com a alteração, a Gerdau S/A passou a deter 99,9999% da Gerdau Participações S/A e apurou um ganho de R$ 10.347.317.617,46, cuja tributação foi diferida com base no art. 36 da Lei 10.637/2002. Em 09/05/2005, a Gerdau Açominas incorporou a Gerdau Participações e passou a amortizar o ágio à taxa de 1/120 por mês. Em 29/07/2005, a Gerdau Açominas foi cindida parcialmente, com incorporação de uma das parcelas cindidas pela Gerdau Aços Longos S/A (Interessado). Esta recebeu R$ 4.958.885.261,29 referentes à "perda de capital diferida" (que Fl. 2109DF CARF MF 4 representa parcela do ágio herdado pela Gerdau Açominas quando essa incorporou a Gerdau Participações). A partir de agosto de 2005, a Gerdau Aços Longos passou a amortizar a perda num prazo de 117 meses, pois já havia ocorrido a amortização de três meses na cindida. O efeito foi uma redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL de aproximadamente R$ 42.024.451,00 ao mês. As empresas Gerdau Açominas, Gerdau Participações e Gerdau Aços Longos eram controladas, direta ou indiretamente, pela Gerdau (fl. 418). Motivação para o lançamento O ágio registrado pela Gerdau Açominas é um ágio artificial porque: (i) não houve dispêndio para obter algo de terceiros; (ii) a Gerdau e a Gerdau Participações não eram partes independentes, pois a primeira detinha 99,98% das ações da segunda, antes da integralização; (iii) não houve alienação nem aquisição do controle sobre a Gerdau Açominas, pois esta, que era controlada diretamente pela Gerdau, passou a ser controlada indiretamente, por meio da Gerdau Participações; (iv) o ativo fiscal de R$ 3.134.243.953,83 recebido pela Gerdau Participações surgiu da expectativa de amortização de um ágio pelo qual nada se pagou; e (v) a Gerdau Participações S/A (Siderúrgica Rio Grandense) foi utilizada como empresa veículo para o aproveitamento do ágio. Afirma a fiscalização que o ágio interno teve origem em uma construção contábil, que decorreu da interposição da Gerdau Participações S/A como intermediária entre a Gerdau Açominas e sua controladora Gerdau S/A, sem que se alterasse de fato o verdadeiro controlador. Não houve alienação ou aquisição do controle da Açominas, que sempre foi controlada direta ou indiretamente pela Gerdau S/A. Citamse atos da CVM e doutrina contábil que consideram indedutível o ágio interno (fls. 425/431). O OfícioCircular CVM/SNC/SEP n° 1/2007 não limita nem altera qualquer dispositivo legal, mas, em vez disso, apenas explicita um conceito contábil há muito consolidado. O art. 7° da Lei 9.532/97 não sofreu qualquer restrição infralegal, pois sempre se destinou ao verdadeiro ágio (fl. 428). A fiscalização tece os seguintes comentários sobre o art. 36 da Lei 10.637/2002: Percebese que o legislador instituiu um beneficio na tributação do ganho auferido na transferência de participação societária Fl. 2110DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 4 5 por valor superior ao patrimonial, na medida em que, verificandose esta transferência em sede de integralização de capital de outra sociedade, aquela participação pertenceria ao mesmo titular que inicialmente a detinha, mas agora de forma indireta. Diferiu, assim, sua tributação para momento futuro, no qual esta participação indireta deixasse de existir. E, se esta transferência se dá sem a participação de terceiros, ou seja, de forma que a titularidade da participação societária, ao final, permaneça com as mesmas pessoas que inicialmente as detinham, há, tão só, reavaliação do investimento, e não ágio por expectativa de rentabilidade futura (fl. 430). Crédito tributário apurado Foram glosadas as despesas relacionadas à amortização do ágio transferido para a Gerdau Aços Longos S/A. A fiscalizada levou a débito de conta de resultados, mensalmente 1/117 do saldo inicial da conta retificadora 185140 "Diferido Perda por incorporação Gerdau Participações" (R$ 42.024.451,37). Concomitantemente, lançou a crédito de resultado 1/117 do saldo inicial da conta retificadora 185145 "Diferido Provisão Ajuste Perda para incorporação" (R$ 27.736.137,90). O efeito líquido contábil foi uma redução mensal de aproximadamente R$ 14.288.313,00 no resultado, objeto de glosa pela fiscalização por se tratar de despesa não operacional indevida. A contabilização está explicitada no documento "Doc 13 Demonstrativo Registros Contábeis amortização Ágio 07 122010", constante deste processo. Além dos lançamentos contábeis, a fiscalizada excluiu do lucro real e da base de cálculo da CSLL o valor da reversão da provisão (em torno de R$ 27.736.137,90 ao mês). Conforme se pode constatar na cópia do Lalur constante deste processo, onde se tem a exclusão de R$ 332.833.654,83, referente ao valor anual (12 x R$ 27.736.137,90). Essas exclusões também foram glosadas pela fiscalização. A autoridade fiscal ressalta ainda que não houve sobreposição nos valores das duas infrações, pois a glosa contábil foi pelo valor líquido, o qual, somado à glosa da exclusão do Lalur, representa o total da amortização do ágio. Multa sobre estimativas Em decorrência das glosas realizadas, foi verificada a insuficiência ou falta de pagamento das estimativas mensais, razão pela qual foram aplicadas as multas isoladas, conforme Demonstrativo do Cálculo das Multas Isoladas para o ano de 2011, anexo ao TVF, fl.435. Impugnação Cientificada das autuações em 01/07/2014 (fls. 434, 437 e 444), o contribuinte apresentou, em 28/07/2014, a impugnação de fls. Fl. 2111DF CARF MF 6 467 a 534. Na impugnação, alegava em preliminar a nulidade do Auto de Infração relativo a IRPJ por falta de descrição dos fatos e enquadramento legal. O erro foi corrigido e, em 20/08/2014, a autuada foi cientificada, novamente, do Auto de Infração relativo a IRPJ. O contribuinte apresentou, em 29/08/2014, nova impugnação de fls. 621 a 681, retirando a preliminar de nulidade. Na impugnação, alegou em síntese: O fundamento econômico do ágio está registrado nos laudos de avaliação econômica das participações societárias, elaborados pela Metal Data Engenharia e Representações Ltda., empresa especializada em avaliações. (fl. 626). O autuante tinha conhecimento dos laudos de avaliação econômica e, em momento algum, contestou sua veracidade, admitindo, pois, como verdadeiras todas as informações neles contidas, restando, assim, demonstrado o real valor econômico das participações societárias geradoras do ágio. (fl. 627). Os efeitos fiscais do ágio foram desconsiderados sob o argumento de ser um "ágio interno" e, apenas por isto, concluiu o AuditorFiscal que seria um "ágio artificial", "sem suporte econômico". (fl. 632). A operação também gerou um ganho de capital, que teve sua tributação diferida com base no art. 36 da Lei 10.637/2002. Se há fundamento econômico para o ganho de capital, também há para o ágio, posto que oriundos da mesma reorganização. (fls. 635/636). O art. 7° da lei 9.532/97 não subordina a dedutibilidade do ágio à independência entre as partes. (fl. 637). Há permissão legal para: (i) integralização do capital social com ações de outra empresa; (ii) avaliação de investimentos em sociedades coligadas e controladas com o desdobramento do custo de aquisição em ágio; (iii) incorporação de controladora por controlada. (fl. 638). A autuação baseouse no OfícioCircular CVM n° 1, de 14/02/2007, e nos pronunciamentos contábeis 04 e 15. Essas normas infralegais são inválidas, pois restringem a aplicação do art. 7° da Lei 9.532/97 às operações entre partes independentes. Além disso, foram aplicadas retroativamente, posto que a reorganização societária ocorreu entre dezembro de 2004 e julho de 2005. (fl. 643). Cita doutrina e jurisprudência para as quais não há diferença de tratamento tributário entre ágio interno e externo. Acrescenta que, mesmo que sejam afastados os argumentos até aqui apresentados, nem assim teria como subsistir a autuação do IRPJ, certo é que falta liquidez ao crédito tributário lançado, eis que o AuditorFiscal, mesmo ciente das informações constantes nas DIPJs e demais registros disponíveis , no caso concreto, (i) desconsiderou as já realizadas compensações nos anos Fl. 2112DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 5 7 calendários de 2012 e de 2013, do saldo do prejuízo fiscal operacional então gerados no período fiscalizado de 2011; (ii) desconsiderou os valores dos incentivos fiscais (por exemplo: quantias destinadas a atividades de Caráter Cultural e Artístico, para Atividade Audiovisual, aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Atividades de Caráter Desportivo); (iü) bem como, desconsiderou o lucro da exploração. O impugnante, também, defende a inexigibilidade de multa isolada sobre o valor das estimativas mensais, concomitantemente com a multa proporcional ao tributo do final do anocalendário, ambas sobre os mesmos valores do ágio amortizado em 2011. Ressalta, também, o caráter confiscatório das multas que chegam a 125% e excedem o valor dos tributos lançados. Afirma que após a apuração anual do IRPJ não cabe mais cogitarse da obrigatoriedade de recolher os tributos em bases estimadas mensais, pois, na mensuração exata e correta, já foram apurados, sendo as estimativas apenas parte do cálculo para se alcançar as exações anuais, resultando que: a penalidade prevista ao descumprimento da conduta principal, absorve a sanção prescrita ao descumprimento da conduta secundária. Cita jurisprudência. Ao final, requer a improcedência do lançamento e a extinção do correspondente crédito tributário, em resumo pelas razões que se seguem: (i) o ágio, apesar de ser nomeado interno na autuação, foi gerado em decorrência da efetiva valorização das correspondentes participações societárias, atestado por laudo técnico e ingresso de terceiros na corresponde pessoa jurídica, com aporte de capital na mesma medida, nos exatos termos em que permitidos pela legislação tributária aplicável, sem qualquer vício, válido e eficaz para todos os efeitos fiscais; (ii) carente de liquidez pela desconsideração dos incentivos fiscais, do lucro da exploração e da compensação de prejuízos; (iii) a multa de 50%, cobrada juntamente com a multa de 75% é indevida, (a) seja à vista da dupla cobrança decorrente da mesma penalidade, e mesma base de cálculo, (b) seja à vista do caráter confiscatório do percentual a que chegam de 125%. Acrescenta que: “quanto ao original Auto de Infração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com ciência à Impugnante em 01/07/2014, na sequência, em 28/07/2014, no devido tempo e forma, esta apresentou a cabível impugnação que em tudo se mantém e em nada se altera com esta outra impugnação, reiterase, ao novo Auto de Infração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), com ciência em 20/08/2014”. Fl. 2113DF CARF MF 8 Por fim, solicita sejam todas as informações e questionamentos relativos ao presente feito direcionados à procuradora MARTA IONE GUEX DE OLIVEIRA, telefone (51) 35335555, e endereço profissional na Rua Uruguai n. 240, 14° andar, Porto Alegre RS, CEP 90010140. Diligência O processo foi baixado em diligência por meio da Resolução 02 001.871 –2ª Turma da DRJ BHE para que a fiscalização pudesse verificar a pertinência da inclusão das deduções dos incentivos fiscais defendida pela impugnante sob o argumento de que essas passaram a ser possíveis diante da recomposição do lucro pelo lançamento. A fiscalização efetuou a diligência, discorrendo sobre os requisitos legais dos incentivos fiscais e concluindo, em síntese, que: “Os incentivos têm exigências documentais para que as empresas façam jus, e seria necessária uma auditoria específica para analisar se a empresa observou todas as exigências constantes na legislação;". Intimada do resultado da diligência, a impugnante apresentou documentação comprobatória do cumprimento dos incentivos fiscais e defendeu, mais uma vez, a necessidade da dedução deles no lançamento. A 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/Belo Horizonte/MG) com esteio na diligência, julgou procedente em parte a impugnação em decisão proferida no venerando, Acórdão nº 02066.409, de 18 de agosto de 2015, para incluir, respeitando os limites da lei, os incentivos fiscais e, por consequência alterar o IRPJ a pagar de R$ 64.655.128,60 para R$ 60.912.455,66, conforme demonstrativo de alteração do lançamento (página 29 da decisão), pelo que submete a reexame necessário a decisão em comento, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. O Acórdão, mencionado acima, está assim ementado (fl. 1.843): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2011 GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. Fl. 2114DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 6 9 INCENTIVOS FISCAIS. PAT PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. FUNDOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATIVIDADES DE CARÁTER DESPORTIVO.ATIVIDADES CULTURAIS OU ARTÍSTICAS. Se o lançamento altera os limites legais para a fruição dos benefícios fiscais e o contribuinte apresenta comprovação do cumprimento dos requisitos legais, as deduções devem ser aceitas. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. O gozo da isenção ou redução do imposto como incentivo ao desenvolvimento regional e setorial depende de escrita mercantil regular e o montante do benefício, com base no lucro da exploração, está restrito aos valores nela registrados, sendo vedada a recomposição do lucro da exploração pela superveniência de lançamento de ofício. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. PREJUÍZO ALTERADO PELO LANÇAMENTO. SURGIMENTO DE LUCRO. Na apuração do resultado do exercício alterado pelo lançamento de ofício deve ser considerado o valor do prejuízo apurado no próprio período. Se esse valor do prejuízo tiver sido compensado em períodos de apuração subseqüentes, essa compensação tornase indevida. MULTA PROPORCIONAL E EXIGIDA ISOLADAMENTE. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento abrangerá a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; e o imposto apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício. A lei estabelece que, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa exigida isoladamente, no percentual de 50%, sobre os valores devidos, e não recolhidos, a título das estimativas mensais, estando o contribuinte sujeito à apuração do lucro real anual, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL, no anocalendário correspondente. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2011 LANÇAMENTO REFLEXO. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fatos geradores de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles Fl. 2115DF CARF MF 10 vinculados. Assim, o decidido em relação ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ aplicase à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. A empresa tomou ciência da referida decisão, por meio de sua Caixa Postal, considerada seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) perante a RFB, na data de 25/08/2015, conforme o Despacho, efl.1.887, e, interpôs Recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em 22/09/2015, efls.1.890/1.945, conforme o Termo de análise de juntada de documentos (e.fl.1.946). Em sua peça recursal, a Recorrente reproduz, no essencial, as mesmas razões aduzidas em sua impugnação, acima relatadas, exceto no que já fora exonerado pelo acórdão recorrido, portanto, desnecessário repetilas. Por fim, a Recorrente requer seja dado integral provimento ao presente Recurso Voluntário, com a reforma do Acórdão 02066.409, da 2a Turma da DRJ/BHE, no que mantidos créditos tributários a si exigido, para que, ao final, seja também quanto a eles julgados improcedentes os lançamentos. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora Tratase de Recurso Voluntário e Recurso de Ofício. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72. Dele conheço. Trata o presente processo de Autos de Infração nos quais se exige créditos tributários de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor total de R$ 158.502.595,50, e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor total de R$ 56.458.327,13, (incluídos juros calculado até junho/2014 e Multa de ofício de 75%), referentes ao ano calendário de 2011. Segundo o Termo de Verificação Fiscal (fls. 406 a 434), as autuações se referem, à glosa de despesas de amortização do denominado "ágio interno" ou "ágio de si mesmo", ou seja, que é gerado artificialmente em operação entre partes dependentes e sem dispêndio de recursos. Consta ainda, que em decorrência das glosas realizadas, foi verificada a insuficiência ou falta de pagamento das estimativas mensais, razão pela qual foram aplicadas as multas isoladas, conforme Demonstrativo do Cálculo das Multas Isoladas para o ano de 2011, anexo ao TVF, fl.435. Conforme relatado, o contribuinte irresignado com a autuação fiscal apresenta, em seu prol as seguintes razões: legitimidade e eficácia do ágio em conformidade com a legislação, falta de liquidez dos créditos tributários pela desconsideração do lucro da exploração e da compensação de prejuízos, e, inexigibilidade da multa isolada sobre o valor das estimativas mensais concomitantemente com a multa proporcional ao tributo ao final do anocalendário. Sobre a indedutibilidade da amortização do suposto ágio, em síntese, o Fisco glosou as reduções mensais das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, no ano calendário de Fl. 2116DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 7 11 2011, avaliadas em R$ 42.024.451,00 por mês, sob o fundamento de que seriam decorrentes de um artifício contábil, porquanto o ágio seria interno ao grupo societário (gerado em transação consigo mesmo), não tendo substância econômica (não ensejou qualquer pagamento/dispêndio e não deu azo à geração de riqueza). Sobre a questão da dedutilidade da amortização do ágio, a Recorrente impugnou os lançamentos, sobretudo argumentando que os lançamentos contêm vícios de inconstitucionalidade e ilegalidade, eis que o ágio, apesar de ser dito interno nas autuações, foi gerado em decorrência da efetiva valorização das correspondentes ações, com substrato econômico reconhecido ao longo da reorganização societária por todos os contribuintes dela participantes, atestado por laudo técnico e ingresso de terceiros na correspondente pessoa jurídica, com aporte de capital na mesma medida, cujos efeitos fiscais estão plenamente conformes a lei eficaz e vigente à época em que ocorreram, vedada a interpretação que leve à autoridade fiscal atuar contra a lei e, mais, como legislador positivo, vinculada que deve ser sua atuação, com total observância ao princípio da estrita legalidade em matéria tributária, vedada, ademais, a aplicação retroativa de OficioCircular da Comissão de Valores Mobiliário que visa restringir a aplicação da lei com acréscimos de palavras inexistentes em seu texto, gerando, igualmente, incontestável violação à lei, sem olvidarse do princípio da verdade material. A fiscalização informa que a ação fiscal foi antecedida por duas outras ações fiscais, a primeira referente ao período de janeiro/2006 a junho/2010, e a segunda, referente ao período de julho/2010 a dezembro de 2010. E que, ambas geraram autos de infração, processos administrativos 16682.720271/201154 e 16682.720359/201338 respectivamente. Da autuação relativa ao período de 2006 a 2010, bem como da autuação relativa ao ano calendário de 2011, tratada nos presentes autos, temse que a operação utilizada pelo contribuinte para gerar o ágio amortizável não foi aceita, em síntese, porque considerouse que a geração de ágio de forma interna, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. Também, porque considerouse que a utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. Vale repisar que, a autuação fiscal que se discute neste processo trata da suposta utilização de ágio gerado artificialmente com reflexo nos períodos de apuração 2006 a 2011. No presente processo, serão tratados os reflexos das amortizações realizadas em 2011. De início, importa informar que, o processo administrativo nº 16682.720271/201154 que contém a autuação relativa ao período de janeiro/2006 a junho/2010, já foi julgado pelo Carf, mediante os Acórdãos nº 1301001.434, de 12/02/2014 ( 3ª Câmara 1ª Turma Ordinária da 1ª Seção de Julgamento) negando provimento ao recurso, e, nº 9101002.391, de 13/07/2016 (1ª Turma) da Câmara Superior de Recursos Fiscais que negou provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, conforme ementa transcrita abaixo: Acórdão nº 1301001.434 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 12 de fevereiro de 2014 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2117DF CARF MF 12 Anocalendário:2006, 2007, 2008, 2009, 2010 GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL.UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. DECORRÊNCIA CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, o decidido em relação ao processo principal (IRPJ) aplicase, no que couber, à CSLL. Embora a mencionada decisão se refira a amortizações realizadas no período de janeiro de 2006 a junho de 2010, ela também se aplica aos meses do ano calendário de 2011, pois os fatos e a legislação de regência são os mesmos. Nesse ponto, por concordar com os fundamentos da decisão exarada pelo Carf, mediante o Acórdão nº 1301001.434 de 12 de fevereiro de 2014, transcrevo seus termos conforme faculta o art.50, § 1º, da Lei nº 9.784/99: Ressaltese, de início, que a verdadeira causa da autuação diz respeito a não ocorrência dos pressupostos legais para formação do ágio cujas despesas foram deduzidas pela recorrente. Nesse passo, destaco a acusação fiscal reprisandoa em letras maiúsculas: “A IRREGULARIDADE É A UTILIZAÇÃO DE UM ARTIFÍCIO CONTÁBIL SEM SUPORTE ECONÔMICO (REGISTRO DE ÁGIO INTERNO), NA TENTATIVA DE APLICAR O TRATAMENTO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO PARA O VERDADEIRO ÁGIO” (do Relatório de Ação Fiscal). Importante o destaque acima, visto que, doutrinariamente nos defrontamos com as mais variadas formas de planejamentos tributários tendo por objetivo a geração de despesas de ágio. A jurisprudência administrativa tem se firmado no sentido de apontar outras condições para fins de admissibilidade da dedução das despesas em referência. Com isso, procura afastar, no âmbito estritamente tributário, aquelas em que o ágio “nasce” por meio de artificialismos, como é o caso do denominado ágio de si mesmo (ágio interno). Nesse diapasão, têm sido relevantes os aspectos relacionados à ausência de relação entre as partes envolvidas e à existência de propósito negocial; a efetiva existência de ônus na aquisição da participação societária; a ausência de introdução de empresas de passagem (empresas veículo); etc. Fl. 2118DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 8 13 Em sua defesa argüi a ora recorrente como “Razões de Reforma do Acórdão” que “Após reprisar os elementos que serviram de motivação para o lançamento, na sua ótica, o douto Relator "busca identificar se o ágio é falso ou verdadeiro" e, seguido por seus pares, confirma o entendimento dos Auditores Fiscais de que o ágio recebido pela Recorrente é artificial e inválido para que seu aproveitamento gere efeitos na apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), na essência, sustentando (por primeiro) que a Gerdau Participações S.A. era uma sociedade, a rigor, estranha ao procedimento de reorganização das empresas Gerdau, que funcionou como mera empresa veículo, sem nenhuma outra função que fosse a de permitir a geração e distribuição do ágio entre as demais empresas. Por segundo argumento no qual se sustenta o douto Relator, qual seja, “Do negócio entre partes relacionadas” e, por terceiro e ultimo argumento “A questão litigiosa colocada em debate gira em torno da aplicação da norma veiculada por meio dos arts. 7o. e 8o. da Lei n. 9.532, de 1997”. Importa, por pertinente, uma breve síntese da cadeia das operações societárias efetuadas pela ora recorrente e objeto da geração do ágio que se discute. É certo que a contribuinte recebeu ágio em transferência ocorrida na seqüência de operações de reorganização societária de empresas, controladas e controladoras. Decorre daí a autuação segundo a qual a autoridade fiscal questiona o registro contábil e a amortização deste ágio, com os fundamentos de se tratar de ágio gerado artificialmente com a única finalidade de economia tributária, conforme bem descrito no Tópico 2 do Relatório da Ação Fiscal, fls. 03 e segs.) Em breve síntese, traçarei as operações envolvendo as sociedades Gerdau S.A., Siderúrgica Riograndense S.A. (alterada para Gerdau Participações S.A., Gerdau Açominas S.A. e Gerdau Aços Longos S.A. Em 2001, a Gerdau S/A adquiriu participação relevante na Aço Minas Gerais S/A. Essa participação foi aumentada em 2002, seguida de uma reestruturação, em 2003, quando foram transferidas para a Açominas as operações de siderurgia e ativos complementares da Gerdau S/A. Após essa reestruturação a sociedade passou a denominarse Gerdau Açominas S/A. Em dezembro de 2004, foi iniciada reorganização societária no grupo Gerdau. O primeiro passo foi a “reativação”, já que se encontrava praticamente inoperante da Siderúrgica Riograndense S/A. Assim, a Siderúrgica Riograndense S/A., em 29/12/2004, alterou sua denominação para Gerdau Participações S/A, e teve seu capital social aumentado de R$ 422.360,00 para R$ 15.227.078.630,00. O aumento de capital efetivouse em 29/12/2004 com a subscrição e integralização de ações, pela Gerdau S/A., que Fl. 2119DF CARF MF 14 alcançou a cifra de R$ 15.226.656.270,00. Para tanto, a Gerdau S/A. utilizouse de sua participação na Gerdau Açominas S/A. e na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda. A participação da Gerdau S/A. nestas duas empresas fora objeto de Laudo de Avaliação Econômica realizada em 22/12/2004, e fundamentou se na expectativa de rentabilidade futura. Notese que não houve tributação de ganho de capital na Gerdau S/A.,relativo à diferença entre o valor de integralização e o valor apontado na sua escrituração contábil, das participações societárias incorporadas ao patrimônio da Gerdau Participações S/A.. Isso em função da disposição constante do art. 36 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, que permitiria o diferimento da tributação neste casos. Em 28 de abril de 2005, a Gerdau S/A., a Gerdau Participações S/A. e a Gerdau Açominas S/A. firmaram “Protocolo de Intenções” pactuando a futura incorporação da Gerdau Participações S/A pela Gerdau Açominas S/A, que iria se efetivar no dia 09 de maio de 2005. O contrato já previu os efeitos patrimoniais do aumento de capital da Gerdau Participações S/A que iria se realizar no dia 06 de maio de 2005, considerando a repercussão desse aumento sobre a operação de incorporação que seria efetivada mais adiante, em 09 de maio de 2005 (item I do “Protocolo de Intenções”). A cadeia mostrase definitivamente estruturada, de modo que seus objetivos são definidos desde o início da operação. Com efeito, em 09 de maio de 2005, a Gerdau Açominas S/A, consoante previsto, incorporou a Gerdau Participações S/A. Houve, naquela data, consoante item 7, “d”, da Ata da 66ª Assembléia Geral Extraordinária, o aumento do capital da Gerdau Açominas S/A em R$ 1.224.645.638,74 e a constituição de “Reserva Especial de Ágio” no montante de R$ 3.134.243.953,83. Concluídas tais operações, a incorporadora, Gerdau Açominas S/A, passou a amortizar o ágio registrado no LALUR da incorporada, Gerdau Participações S/A, à razão de 1/120 ao mês (quanto a esta amortização, sua discussão tem sede no Processo 10680.724392/201028). Três meses após a incorporação, a Gerdau Açominas S/A foi objeto de cisão, processo através do qual parte do patrimônio da sociedade foi vertido ao capital de quatro novas sociedades: Gerdau Aços Especiais S/A, Gerdau Aços Longos S/A, Gerdau América do Sul Participações S/A e Gerdau Comercial de Aços S/A (existem lançamentos fiscais em processo autônomos 16682.720271/201154 (ora em análise); 11080.723701/201074 e 11080.723702/201019). Pois bem. No caso em análise, alinhome aos que entendem que partindo da premissa de que o ágio se caracteriza pela diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição, há que se verificar, no contexto das operações realizadas, se na operação societária conforme descrita, efetivamente houve pagamento/desembolso pela aquisição das ações/quotas sociais Fl. 2120DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 9 15 que gerou o ágio; e/ou se efetivamente houve alienação ou aquisição de controle societário para o caso como descrito, onde o controle da Gerdau Açominas S/A foi mantido pelo mesmo titular, embora não mais de forma direta, e sim indireta. No meu entendimento para que o ágio seja caracterizado fazse necessário o desembolso, em moeda ou bens que o represente, pela empresa investidora. A transferência de ações da empresa investidora para a empresa investida e posterior incorporação desta pela primeira, sem que a incorporadora nada tenha desembolsado, não materializa pagamento a maior, que é elemento essencial à caracterização do ágio. Não há geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. No caso como descrito entendo se tratar de mera reavaliação de participações societárias. Para dedução do ágio como despesa em empresa que adquire participação societária, são necessários mais do que registros contábeis e atos contratuais formalmente perfeitos. É imprescindível a materialidade do ágio. Não se concebe como despesa dedutível o ágio decorrente de atos societários ou reorganizações empresariais onde quem se beneficia, repito, nada desembolsou, quer seja em espécie quer seja em bens representativos de valor econômico, no caso, se tratou de mais valia de si próprio. Com relação a empresa Gerdau Participações S/A fica claro, da leitura dos autos, que esta serviu de mero veículo para a transferência de (suposto) ágio criado com base em mais valia do patrimônio da própria interessada, isso é o que demonstram os diversos indícios já apontados acima, mormente o fato de ter ela se mantido na inatividade durante anos, conforme apurado pela Fiscalização. Há de se perguntar, que resultado esperar de uma sociedade inoperante há anos e que, após vultosa operação, é extinta por incorporação? Evidente que a pretensão foi exclusivamente de economia tributária, portanto, desprovido de qualquer substância econômica ou propósito negocial. Neste ponto, alega a recorrente ter havido “efeitos societários, financeiros, patrimoniais e fiscais” nas operações envolvendo a Gerdau Participações S/A. Isso porque, continua ela, somente com a utilização daquela sociedade é que teria sido possível aos 4 mil acionista da Gerdau Açominas S/A participar de negócios siderúrgicos do Grupo Gerdau, bem como, só assim, teria sido possível o aporte de R$ 550 milhões pelo Banco Itaú BBA S/A. Em primeiro lugar, o aporte feito pelo Banco Itaú não representou pagamento de ágio, como bem esclarece a seguinte passagem da decisão de Primeira Instância: Houve um aumento de capital, portanto, no valor total de R$ 550.000.000,00. O subscritor foi o Banco Itaú BBA S.A. (documento das fls. 79 a 112 dos autos – 14 a 16/34 do documento eletrônico). Fl. 2121DF CARF MF 16 Importante salientar que essa operação não contemplou qualquer ágio, posto que, em princípio, o patrimônio da sociedade já estaria avaliado a preços de mercado. Enfim, como bem relatado na ação fiscal, não há qualquer suporte na teoria da contabilidade ou nas normas societárias e fiscais para o reconhecimento de ágio na seqüência de operações praticadas pelo Grupo Gerdau. Do caso, em uma primeira análise, os procedimentos adotados pela Recorrente revelamse em conformidade com a lei. Entretanto, ao analisarmos os fatos que lhes serviram de suporte, ficam evidenciados fatores que levam à convicção acerca do artificialismo na geração da despesa com amortização de ágio. Pois, o ágio interno (denominado de ágio de si mesmo) teve origem em uma construção contábil, que decorreu da interposição da Gerdau Participações como intermediária entre a Gerdau Açominas e sua controladora Gerdau S/A, sem que se alterasse de fato o verdadeiro controlador. Não houve alienação ou aquisição do controle da Açominas, que sempre foi controlada direta ou indiretamente pela Gerdau SA. Com efeito, repito, um processo de reestruturação societária, submetido a uma única vontade, eis que realizado entre empresas pertencentes ao mesmo Grupo Econômico, no qual não houve desembolso e totalmente desprovido de substância econômica, não encontra guarida nas disposições dos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, de modo a tornar o ágio, nascido de si próprio, dedutível. Destarte, ao meu ver, outra não poderia ser a conclusão a que chegou a Fiscalização, pois, no caso vertente, em que a despesa apropriada decorreu de mais valia do patrimônio daquela que almejou beneficiarse de sua dedutibilidade, não há que se falar em ágio decorrente na aquisição de investimento. No mais, deixar claro que, em diversas questões deste meu voto, valhome dos fundamentos expendidos no processo administrativo 10680.724392/201028, Acórdão 110100.708, de 11/04/2012, da I. Conselheira Edeli Pereira Bessa, a qual peço vênia, para, a meu modo, abordar as razões de decidir, cujas conclusões alinhome por bem definirem a melhor interpretação da matéria debatida, ressaltando que o citado acórdão paradigma teve como suporte os mesmos fundamentos fáticos e jurídicos destes autos, por tratarse de operação do mesmo grupo econômico (“Grupo Gerdau”). Nesta ordem, reproduzo texto do voto do Acórdão (1101 00.708) acima citado como paradigma: A acusação fiscal é clara e motivada, e revela exatamente o cenário vislumbrado pela autoridade julgadora de primeira instância: a constituição de uma holding de efêmera duração, por meio da qual o ágio é constituído e, ao final, acaba por integrar o próprio patrimônio da investida e reduzir o seu lucro tributável, sem qualquer pagamento a justificálo. [...] Fl. 2122DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 10 17 Ocorre que, à semelhança dos demais argumentos de defesa, a recorrente trata este aspecto isoladamente, para assim tentar desconstituílo. E, em que pese a decisão recorrida tenha afastado diversas justificativas que poderiam existir para a utilização da Gerdau Participações S/A na referida reorganização societária, sem cogitar destas que agora a recorrente alega, sempre subsistirá o fato de que a Gerdau Participações S/A se prestou como veiculo para tornar o suposto ágio dedutível na apuração do lucro tributável da autuada, quer seja apenas para este fim, ou também para este fim. Ou seja, sem a participação de terceiros, a Gerdau S/A atribuiu às suas participações societárias na Gerdau Açominas S/A e na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda um valor superior ao patrimonial, e assim constituiu um ativo que classificou como ágio, mediante a mera substituição de seu controle direto, por controle indireto, sobre estas mesmas participações societárias. Com base em um laudo de rentabilidade futura, constituiu, por meio da reorganização societária em referência, uma despesa que se presta, justamente, a anular os efeitos tributários sobre a realização desta rentabilidade futura. Dai porque a autoridade fiscal expressamente diz não questionar o propósito negocial da operação como um todo, que culminou na cisão da Gerdau Açominas e na consequente individualização por segmento de atuação dentro do Grupo Gerdau. Rejeitase, apenas, a utilização de um artifício contábil que enseja a constituição de um suposto ágio e permite a sua posterior amortização, com efeitos na apuração do lucro tributável. Eventualmente a existência da Gerdau Participações S/A pode até ter se prestado aos fins alegados, assim como podese inferir que, alcançados estes, não mais se justificaria a sua manutenção como holding. 0 que não se explica é a atribuição de um valor majorado por expectativa de rentabilidade futura às participações societárias com as quais a Gerdau S/A aumentou seu capital, e a classificação, deste diferencial, como ágio passível de amortização após a extinção da holding mediante incorporação pela Gerdau Açominas S/A. Desnecessário, portanto, abordar qual o conceito atribuído, nesta instância de julgamento, a empresas veiculo, pois ainda que a constituição da Gerdau Participações S/A como holding tenha se prestado a facilitar a participação do Itau BBA no capital da Gerdau Açominas S/A, subsiste o fato de que o uso daquela pessoa jurídica permitiu a reavaliação das participações societárias detidas pela Gerdau S/A na Gerdau Açominas S/A com diferimento da tributação sobre este ganho, a formação de uma maisvalia equivocadamente classificada como ágio, amortizado nos períodos de apuração autuados." Fl. 2123DF CARF MF 18 Da leitura do excerto transcrito, entendo que para ser considerada despesa dedutível, o ágio suportado pela empresa com a aquisição de uma participação societária deve ter como origem, concomitantemente, um propósito negocial, compreendido este como a razão negocial para adquirir um investimento por valor superior ao custo original, bem como um efetivo substrato econômico, decorrente da aquisição de negócio comutativo entre partes independentes, com dispêndio de recursos e previsão de ganho. É o que decorre da lei. No caso em análise as autoridades fiscais consideraram equivocado o tratamento contábil e fiscal dado aos atos societários, que colimaram obter lastro no art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997, e no art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002. Concluíram que o enquadramento legal intentado pelo contribuinte foi artificial quanto à geração e ao aproveitamento do ágio. As provas dos autos corroboram a acusação fiscal. O objetivo do trabalho fiscal foi justamente o de defender a lei, afastando os benefícios fiscais daqueles que se posicionaram artificialmente diante dela. Não há, portanto, qualquer desrespeito ao princípio da legalidade ou inovação. Pelo contrário, há a defesa da lei, conforme afirmado no voto combatido. Valhome, mais uma vez, dos fundamentos da Conselheira Edeli ao reproduzir texto do seu voto referente sua dicção a leitura dos arts. 7o. e 8o. da Lei 9.532, de 1997: Equivocada, portanto, a interpretação da recorrente no sentido de que estes dispositivos legais não prescrevem qualquer condição de que o ágio seja gerado em operações realizadas por empresas não ligadas entre si. Os dispositivos transcritos somente se referem ao ágio formado na aquisição de investimentos e, ainda, o art.7° da Lei n° 9.532/97 frisa que deve ser ele apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, o qual, por sua vez, trata do ágio formado entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio liquido na época da aquisição. Em seu memorial, a recorrente acrescenta que a própria CVM, na Nota Explicativa que acompanhou a edição da Instrução CVM no 247/96, tratou da questão, justificando a existência e o reconhecimento do ágio no caso de subscrição de capital, mesmo que "não tenha havido uma negociação direta com terceiros" (grifo do original). Assim, é importante esclarecer que a referida Instrução CVM n° 247/96 assim dispôs: [...] Ou seja, este ato limitase a reforçar o que consta da lei desde sua edição: é necessário que haja preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, superior ao valor patrimonial desse investimento. E somente há preço e, por conseqüência, aquisição, quando a operação se realiza entre partes independentes. [...] Fl. 2124DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 11 19 Em memoriais, a interessada aperfeiçoa sua objeção ao conceito de aquisição adotado pela Fiscalização, afirmando que tal se dá quando há transferência da titularidade de uma participação societária, podendo ser derivada, como é o caso da compra e venda ou de permuta, ou originária, como no caso do ágio, mediante a emissão primária de ações, decorrente da subscrição de ações. Transcreve doutrina afirmando que para fins de geração do ágio, a existência, ou não, do pagamento em moeda é irrelevante, pois mesmo nesse caso há um legitimo custo de aquisição, que corresponde ao valor das novas ações emitidas em aumento de capital (o pagamento pelas ações adquiridas ocorre com entrega das ações emitidas em aumento de capital). A argumentação, porém, desvia o foco da discussão para o meio de pagamento utilizado, enquanto a acusação fiscal centrase na necessidade de dispêndio para obter algo de terceiros, ou seja, para obtenção de algo que não é próprio, e assim configura aquisição. 0 pagamento, neste caso, configura a entrega da prestação a outrem, contexto que não se configura no presente caso, no qual o controle da Gerdau Açominas S/A foi mantido pelo mesmo titular, embora não mais de forma direta, e sim indireta. Irrelevante, portanto, a abordagem nos pontos em que defende a retribuição em ações como pagamento, e a existência de pagamento mesmo sem a saída de caixa. Consoante afirma o próprio Parecer Normativo CST n° 949/72, citado nos memoriais, irrelevante é o meio de pagamento adotado para fins de aquisição, no caso, de ações ou cotas de capital: quantias desembolsadas na sua compra a terceiros, além do valor das bonificações recebidas em novos bens da espécie ou mediante valorização dos possuídos e, ainda, o valor dos gratuitamente cedidos a empresa também representam formas de aquisição daqueles direitos, mas ai sempre considerandose que isto se dá em face de uma investida que aufere lucros e os apropria de forma a beneficiar seus sócios, e não em razão da determinação do valor patrimonial do investimento por parte, exclusivamente, deste sócio. [...] Dúvidas há acerca da amplitude do alcance do termo "aquisição", pois várias são as formas pelas quais um bem ou direito muda de titularidade, assim como sabese que diferentes são os meios utilizados para cumprimento das condições necessárias para que o negócio jurídico se aperfeiçoe. Contudo, em todas estas variações, há sempre a presença do terceiro como contraparte, e este é o aspecto relevante, ausente na operação em debate. Não se pode admitir, como quer a recorrente em sua citação contida em memoriais, que haja formação de ágio em razão de o custo de aquisição para a Gerdau Participações, na aquisição das participações societárias na Gerdau Açominas corresponder Fl. 2125DF CARF MF 20 ao montante pelo qual a Gerdau Participações emitiu novas ações, pois a Gerdau Participações nada mais é do que uma extensão da Gerdau S/A que, como bem apontado pela autoridade lançadora no momento imediatamente anterior ao inicio da reorganização, em 29/12/2004, detinha a maioria do capital votante da Gerdau Açominas S/A (91,49%), da Gerdau Participações S/A (98,98%) e da Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda (94,88%). Ou seja, a Gerdau S/A não poderia adquirir algo que ela já possuía. E não se trata, meramente, de negar a possibilidade de aquisição por empresa integrante do mesmo grupo econômico. A autoridade lançadora evidenciou que antes de 29/12/2004 a Gerdau S/A detinha a maioria do capital votante da Gerdau Açominas S/A (91,49%) e, após a reestruturação societária promovida, voltou a deter este controle direto, com 89,35% das ações da autuada, sendo que neste intervalo de tempo manteve o controle indireto da autuada, por possuir 98,98% das ações da Gerdau Participações S/A. Mais que a existência de uma pessoa jurídica adquirente e uma pessoa jurídica alienante do controle societário, é necessário que distintas sejam estas pessoas jurídicas: que sejam duas, e não a mesma pessoa em ambos os pólos da relação jurídica. Tão só esta constatação já seria suficiente para rejeitar os efeitos fiscais da amortização do ágio contabilizado pela fiscalizada, e classificálo como artificial e inválido. Todavia, a Fiscalização aprofundou seus trabalhos abordando aspectos que poderiam ser contrapostos pela interessada, como de fato foram. [...] Não há inovação na decisão ou obscuridade na acusação. 0 fato contestado pelo Fisco, e que subsiste injustificado, é a formação, nesta reorganização societária, do ágio amortizado, com efeitos na apuração do lucro tributável. E, como dito, sem a participação de um terceiro que pague, pela participação societária, valor acima do patrimonial, não ha o que se falar em ágio, consoante dicção da própria lei. Os laudos de avaliação apresentados pela contribuinte se prestam, apenas, a demonstrar a rentabilidade que pode produzir aquela participação societária no futuro, mas não são hábeis a qualificar a diferença entre esta avaliação e o valor patrimonial como ágio. Em verdade, tais laudos de avaliação, quando elaborados em atenção a interesses, apenas, de empresas sob controle comum, dão lastro à reavaliação das participações societárias, e não à formação de ágio. Retornando ao meu voto, observo que, na realidade o fato é que a autoridade fiscal fundamentou suas conclusões tanto na teoria da contabilidade quanto nas normas fiscais. Fl. 2126DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 12 21 Sob o primeiro fundamento, buscou suporte na doutrina contábil com base em pronunciamentos da CVM, bem como pronunciamento técnico do CPC (Comitê de Pronunciamento Contábil). E aqui não se trata de dizer simplesmente que a CVM repudia, “não gosta” deste tipo de ágio. Na realidade tudo tem a ver com o conceito de contabilidade, da qual uma da suas ramificações a contabilidade tributária deve demonstrar a situação do patrimônio e o resultado do exercício, de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com os conceitos, princípios e normas básicas de contabilidade. O resultado apurado deve ser economicamente exato, baseados em fatos reais, nunca baseados em artificialismos. É certo que no Brasil a apuração dos resultados se dá individualmente, empresa por empresa, contudo, no contexto da contabilidade tributária, o que vale para os sócios é o lucro como um todo. Logo, nasce, daí o artificialismo contábil na geração de despesa do ágio entre empresas do mesmo grupo. Por oportuno aqui, importa reproduzir trechos do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado (Acórdão 1302001.108, Sessão de 11/06/2013),que bem define a matéria. Ora, o art. 20 do DL. 1598/77 define a existência de ágio ou deságio como sendo a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição. Deste conceito emanam duas grandezas a serem determinadas com vistas à apuração da existência de ágio (ou deságio). A primeira é o custo de aquisição e a segunda é o valor do patrimônio líquido. Quanto a este último não há dúvidas de que se trata do valor patrimonial da empresa investida na data do investimento. Quanto à primeira é que surgem controvérsias quando se trata de operações societárias realizadas internamente num grupo econômico: qual é o custo de aquisição? O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da resolução 750/931, que dispõe sobre os princípios fundamentais da contabilidade, ao tratar do registro dos componentes patrimoniais assim estabelecia no seu art 7º: Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: Fl. 2127DF CARF MF 22 I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerandose como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; [...] (grifo nosso) Fundada nesses princípios a Comissão de Valores Mobiliários, por meio do Ofício Circular CVM/SNC/SEP 01/2007 condenou o reconhecimento do chamado ágio interno, ou seja, gerado dentro do mesmo grupo de empresas sob controle comum, in verbis: "20.1.7 "Ágio" gerado em operações internas A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam na geração artificial de "ágio". Uma das formas que essas operações vêm sendo realizadas, iniciase com a avaliação econômica dos investimentos em controladas ou coligadas e, ato continuo, utilizarse do resultado constante do laudo oriundo desse processo como referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem, ainda, serem seguidas de uma incorporação. Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico. Em nosso entendimento ainda que essas operações atendam integralmente os requisitos societários do ponto de vista econômicocontábil é preciso esclarecer que o ágio surge única e exclusivamente, quando o preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial supera o valor patrimonial desse investimento. E mais preço ou custo de aquisição somente surge quando há o dispêndio para se obter algo de terceiros. Assim não há do ponto de vista econômico geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Qualquer argumento que não se fundamente nessas assertivas econômicas configura sofisma formal e, portanto, inadmissível. Não é concebível, econômica e contabilmente o reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável (não se questiona aqui esse aspecto), do ponto de vista econômico, o registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses que não a essência da transação, condições essas denominadas na literatura internacional como "arm's length". Portanto é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substancia econômica e da indispensável independência entre as partes para que seja passível de Fl. 2128DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 13 23 registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade." (Os grifos constam do original). Resta evidente a convergência Ofício Circular CVM/SNC/SEP no 01/2007 com o princípio emanado do CFC quando se trata da definição do custo de aquisição de um componente patrimonial. Não obstante, respeitáveis vozes têm se insurgido contra a invocação desta norma da CVM para fins de interpretação da lei tributária, alegando que a mesma não teria o condão de modificar os conceitos legais do ágio ou mesmo ser utilizada na interpretação da legislação tributária, pois abrigaria conceitos de caráter meramente econômicos ou contábeis. Com a devida vênia aos que assim pensam, entendo que a nota da CVM apenas proclama o óbvio, seja em termos jurídicos, contábeis ou econômicos, deixando nua a falta de substância das operações societárias realizadas com o único intuito de gerar ágios artificialmente, unicamente com vistas à redução da carga tributária, situação não amparada pela lei, conforme já examinamos. Ora, se não há a criação de riqueza nova, como se justificaria a existência de um ágio? Afinal, qual a finalidade da lei tributária (do imposto de renda, em especial), senão estabelecer a carga tributária conforme a capacidade econômica do contribuinte? No voto que restou vencido, no Acórdão nº 110100.708, a ilustre Conselheira Edeli Pereira Bessa, cita o exame do conceito de ágio pela doutrina contábil, in verbis: “[...]o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, elaborado pela referida FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), e citado pela Fiscalização nos termos de sua edição de 2008, afirma o mesmo entendimento no âmbito doutrinário, expondo com clareza o conceito contábil de ágio nos termos a seguir transcritos: 11.7.1 — Introdução e Conceito Os investimentos, como já vimos, são registrados pelo valor da equivalência patrimonial e, nos casos em que os investimentos foram feitos por meio de subscrições em empresas coligadas ou controladas, formadas pela própria investidora, não surge normalmente qualquer ágio ou deságio. Vejase, todavia, caso especial no item 11.7.6. Todavia, no caso de uma companhia adquirir ações de uma empresa já existente, pode surgir esse problema. O conceito de ágio ou deságio, aqui, não é o da diferença entre o valor pago pelas ações e seu valor nominal, mas a diferença entre o valor pago e o valor patrimonial das ações, e ocorre quando adotado o método da equivalência patrimonial. Fl. 2129DF CARF MF 24 Dessa forma, há ágio quando o preço de custo das ações for maior que seu valor patrimonial, e deságio, quando for menor, como exemplificado a seguir. 11.7.2 Segregação Contábil do Ágio ou Deságio Ao comprar ações de uma empresa que serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, devese, já na ocasião da compra, segregar na Contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor da equivalência patrimonial numa subconta e, o valor do ágio (ou deságio) em outra subconta (..) 11.7.3 Determinação do Valor do Ágio ou Deságio a) GERAL Para permitir a determinação do valor do ágio ou deságio, é necessário que, na database da aquisição das ações, se determine o valor da equivalência patrimonial do investimento, para o que é necessária a elaboração de um Balanço da empresa da qual se compraram as ações, preferencialmente na mesma database da compra das ações ou até dois meses antes dessa data. Todavia, se a aquisição for feita com base num Balanço de negociação, poderá ser utilizado esse Balanço, mesmo que com defasagem superior aos dois meses mencionados. Ver exemplos a seguir. b) DATABASE Na prática, esse tipo de negociação é usualmente um processo prolongado, levando, às vezes, a meses de debates até a conclusão das negociações. A database da contabilização da compra é a da efetiva transmissão dos direitos de tais ações aos novos acionistas a partir dela, passam a usufruir dos lucros gerados e das demais vantagens patrimoniais.() 11.7.4 Natureza e Origem do Ágio ou Deságio (...) c) ÁGIO FOR VALOR DE RENTABILIDADE FUTURA Esse ágio (ou deságio) ocorre quando se paga pelas ações um valor maior (menor) que o patrimonial, em função de expectativa de rentabilidade futura da coligada ou controlada adquirida. Esse tipo de ágio ocorre com maior frequência por envolver inúmeras situações e abranger diversas possibilidades. No exemplo anterior da Empresa B, os $ 100.000.000 pagos a mais na compra das ações representam esse tipo de ágio e devem ser registrados nessa subconta especifica. Sumariando, no exemplo anterior, a contabilização da compra das ações pela Empresa A, por $ 504.883.200, seria (...). 11.7.5 Amortização do Ágio ou Deságio Fl. 2130DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 14 25 a) CONTABILIZAÇÃO I Amortização do ágio (deságio) por valor de rentabilidade futura O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados que justifiquem o ágio.O fundamento aqui é o de que, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas. Suponha que uma empresa tenha pago pelas ações adquiridas um valor adicional ao do patrimônio liquido de $ 200.000, correspondente a sua participação nos lucros dos 10 anos seguintes da empresa adquirida. Nesse caso, tal ágio deverá ser amortizado na base de 10% ao ano. (Todavia, se os lucros previstos pelos quais se pagou o ágio não forem projetados em uma base uniforme de ano para ano, a amortização deverá acompanhar essa evolução proporcionalmente).(..) Nesse sentido, a CVM determina que o ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada deverá ser amortizada da seguinte forma (..). 11.7.6 Ágio na Subscrição (...) b) por outro lado, vimos nos itens anteriores ao 11.7 que surge o ágio ou deságio somente quando uma empresa adquire ações ou quotas de uma empresa já existente, pela diferença entre o valor pago a terceiros e o valor patrimonial de tais ações ou quotas adquiridas dos antigos acionistas ou quotistas. Poderíamos concluir, então, que não caberia registrar um ágio ou deságio na subscrição de ações. Entendemos, todavia, que quando da subscrição de novas ações, em que há diferença entre o valor de custo do investimento e o valor patrimonial contábil, o ágio deve ser registrado pela investidora. Essa situação pode ocorrer quando os acionistas atuais (Empresa A) de uma empresa B resolvem admitir novo acionista (Empresa X) não, pela venda de ações já existentes, mas pela emissão de novas ações a serem subscritas, pelo novo acionista. Ou quando um acionista subscreva aumento de capital no lugar de outro. O preço de emissão das novas ações, digamos $ 100 cada, representa, a negociação pela qual o acionista subscritor está pagando o valor, patrimonial contábil da Empresa B, digamos $ 60, acrescido de uma maisvalia de $ 40, correspondente, por exemplo, ao fato de o valor de mercado dos ativos da Empresa B ser superior a seu valor contabilizado. Tal diferença representa, Fl. 2131DF CARF MF 26 na verdade, uma reavaliação de ativos, mas não registrada pela Empresa B, por não ser obrigatória. Notemos que, nesse caso, não faz sentido lógico que o novo acionista ou mesmo o antigo, ao fazer a integralização do capital, registre seu investimento pelo valor patrimonial das suas ações e reconheça a diferença como perda não operacional. Na verdade, nesse caso, o valor pago a mais tem substância econômica bem fundamentada e deveria ser registrado como um ágio, baseado no maior valor de mercado dos ativos da Empresa B." (negrejouse)” (destaques cfe original) A Relatora do voto vencido no referido acórdão também analisou com propriedade a Nota Explicativa CVM nº 247/96, demonstrando que o fato de admitir ágio ou deságio na subscrição de ações não invalida a conclusão do Ofício Circular CVM/SNC/SEP no 01/2007, in verbis: “Em seu memorial, a recorrente acrescenta que a própria CVM, na Nota Explicativa que acompanhou a edição da Instrução CVM no 247/96, tratou da questão, justificando a existência e o reconhecimento do ágio no caso de subscrição de capital, mesmo que "não tenha havido uma negociação direta com terceiros" (grifo do original). Assim, é importante esclarecer que a referia Instrução CVM n° 247/96 assim dispôs: Art. 13 Para efeito de contabilização, o custo de aquisição de investimento em coligada e controlada deverá ser desdobrado e os valores resultantes desse desdobramento contabilizados em subcontas separadas: I. equivalência patrimonial baseada em demonstrações contábeis elaboradas nos termos do artigo 10; e II. ágio ou deságio na aquisição ou na subscrição, representado pela diferença para mais ou para menos, respectivamente, entre o custo de aquisição do investimento e a equivalência patrimonial. E a correspondente Nota Explicativa foi assim redigida, na parte aventada pela recorrente: 7 DO ÁGIO OU DESÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO AVALIADO PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Alguns esclarecimentos e alterações importantes foram feitos neste tópico. A primeira, e talvez a principal delas, trata da existência de ágio/deságio na subscrição de ações. Até algum tempo atrás, era entendimento de muitas pessoas que o ágio e o deságio somente surgiam quando havia uma aquisição das ações de uma determinada empresa (transação direta entre vendedor e comprador). Hoje, entretanto, já existe o entendimento de que o ágio ou o deságio pode também surgir em decorrência de uma subscrição de capital. Fl. 2132DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 15 27 Em um processo de subscrição de ações, quando há alteração no percentual de participação, o entendimento era de que a parcela subscrita que ultrapassasse o valor patrimonial das ações constituía uma perda de capital na investidora (e um ganho na empresa cuja participação estava sendo diminuída), e essa perda/ganho deveria ser contabilizada, no resultado não operacional, como variação de percentual de participação. Posteriormente, verificouse que quando essa parcela subscrita decorre, por exemplo, da subavaliação no valor contábil dos bens, existe a figura do ágio na investidora, mesmo que não tenha havido uma negociação direta com terceiros. [...] O entendimento anterior era de que, em função da variação do percentual de participação, a nova equivalência patrimonial revelava um ganho de variação para a Cia A e, conseqüentemente, uma perda na Cia B, que deveriam ser contabilizados de imediato nos resultados dos investidores. A explicação para a perda estava baseada na seguinte construção: [...] Esse entendimento não é verdadeiro. Na realidade, a Cia B pagou uma parcela adicional em função de uma maisvalia dos bens, que não está refletida nos registros contábeis da Cia XYZ Só que não o fez diretamente aos proprietários das ações (Cia A). Portanto, o que existe neste caso é afigura do ágio com fundamento nesta maisvalia, e isto é fácil de verificar. Imaginemos que a Cia XYZ tenha reavaliado seus ativos antes do aumento de capital, neste caso, a situação seria a seguinte: Nestes termos, resta claro que a Nota Explicativa, ao mencionar que não houve uma negociação direta com terceiros, está cogitando que ao menos houve uma negociação indireta com terceiros. No exemplo acima referido, a Cia B paga valor representativo de maisvalia de ativos à Cia XYZ, o que beneficia indiretamente seus sócios, Cia A, situação distinta da presente, na qual o beneficio experimentado pela controladora Gerdau S/A decorre de maisvalia por ela reconhecida mediante subscrição, na Gerdau Participações S/A, do investimento que ela antes já detinha na Gerdau Açominas S/A. Dai a pertinente interpretação veiculada no OficioCircular CVM/SNC/SEP no 01/2007: [...] Ou seja, este ato limitase a reforçar o que consta da lei desde sua edição: é necessário que haja preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, superior ao valor patrimonial desse investimento. E somente há preço e, por Fl. 2133DF CARF MF 28 conseqüência, aquisição, quando a operação se realiza entre partes independentes.” Como se observa, tanto as normas contábeis quanto a doutrina são convergentes em não reconhecer a existência de ágio quando não há negociação, ainda que indireta, com terceiros e efetivo pagamento pelas participações subscritas, situações que também não se verificam nas operações ora examinadas. A utilização dos princípios contábeis para dar uma resposta satisfatória ao desafio de mensuração do resultado das pessoas jurídicas, foi bem observado por Schoueri, que aborda a solução encontrada pelo legislador pátrio para a questão da dedutibilidade do ágio, in verbis: “Conforme já referido, pelo princípio contábil do confronto das despesas com as receitas (o matching principle), as despesas que sejam diretamente relacionadas a receitas de determinado período devem ser com estas confrontadas, a fim de que não sejam geradas quaisquer distorções. Não seria razoável que se contabilizasse uma receita sem que a despesa que a originou fosse a essa contraposta; caso contrário, se verificariam valores absolutamente fictícios, com resultados negativos no período em que se contabilizasse a despesa e positivos no período que se escriturasse a receita, quando, em verdade, esses valores contrapostos acarretariam um resultado global neutro. Segundo explana Sérgio de Iudcíbus, os princípios dão as grandes linhas filosóficas da resposta contábil aos desafios do sistema de informação da Contabilidade, operando num cenário complexo, no nível dos postulados, formando, pois, o núcleo da doutrina contábil. Muito além de influenciar as ciências contábeis, é de se notar que os princípios influenciam todos os demais âmbitos de estudo dotado de cientificidade, dentre esses o Direito. Um princípio que fornece respostas satisfatórias a uma ciência pode perfeitamente oferecer respostas também satisfatória a outros âmbitos científicos. E ocorreu justamente isso em matéria de amortização de ágio. Além de fornecer resposta aos desafios contábeis, o princípio do confronto das despesas com as receitas também foi utilizado pelo legislador para fornecer respostas satisfatórias aos desafios fiscais de amortização do ágio. Foi de rara felicidade a introdução desse princípio, de natureza primordialmente contábil, na apuração do lucro real das pessoas jurídicas nacionais, por parte do Poder Executivo quando formulou o tratamento do ágio na incorporação que atualmente observamos em nosso ordenamento jurídico. Entendeuse que o momento de dedutibilidade fiscal do ágio deveria estar estritamente vinculado ao momento em que as receitas que acarretaram o seu pagamento fossem auferidas, isto é, o momento em que o ágio fosse considerado realizado. Ora, qual o motivo de se ter pago um montante superior ao valor do patrimônio líquido de uma pessoa jurídica para adquirila? Fl. 2134DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 16 29 A expectativa de auferir resultados positivos futuros em decorrência desse ágio pago é a resposta. Se os resultados positivos futuros tiveram sua origem em dispêndio com ágio ocorrido no passado, nada mais correto que registrar esse ágio em ativo para que apenas seja considerado em conta de resultado quando os referidos resultados positivos futuros foram auferidos. Eis onde o legislador acertou ao edificar a regulamentação do ágio ora em vigor.” (grifos nosso) Muito feliz a observação de Schoueri de que o legislador buscou na ciência contábil a solução para a questão da amortização do ágio. E o fez tanto com relação à adoção do princípio do confronto entre despesas e receitas como também ao já citado princípio do registro pelo valor original, resultante do consenso com os agentes externos ou da imposição destes, pois ambos se complementam neste caso. Senão, como se pode falar em dispêndio com ágio pago numa transação que não envolve terceiros? Como se admitir a dedução de um dispêndio que não existiu sobre uma receita que dele não decorreu? Seria absolutamente contraditório aceitar um princípio e negar o outro. As conclusões de Luis Eduardo Schoueri, acerca da previsão legal de dedutibilidade do ágio formado com base na expectativa de rentabilidade futura, reforçam meu entendimento nesse sentido: “Já na hipótese do dispêndio antes contabilizado como ágio concernente a rentabilidade futura, o auferimento de lucros tributáveis na empresa A é per se suficiente para traduzir a realização do dispêndio com o ágio antes incorrido, que deverá ser realizado para compensar os resultados positivos, à medida em que forem ocorrendo. Daí o porque de após a incorporação o ágio passar a ser ativo intangível,amortizável, uma vez que apenas a partir desse momento os lucros passam a ser tributados na investidora, pois antes disso no máximo haverá receita de equivalência patrimonial, não tributável. Dessa forma, para que se possa considerar os lucros auferidos pela Empresa B como real resultado global positivo na Empresa A, fazse essencial primeiramente baixar o valor originalmente pago a título de ágio contra esses lucros. Isso porque os lucros passarão a ser tributados na Empresa A, e se não forem baixados os dispêndios anteriormente efetuados, contra as receitas que o fundamentaram, procederseá a tributação de uma não renda. Essa é a lógica que informa o art. 7º da Lei nº 9.532/1997: a pessoa jurídica que absorver, em virtude de incorporação, patrimônio de outra na qual detenha participação societária Fl. 2135DF CARF MF 30 adquirida com ágio, deverá lançar o valor correspondente ao ágio cujo fundamento seja o de rentabilidade futura da coligada ou controlada incorporada no ativo intangível. Nos termos do art. 7º da Lei nº 9.532/1997, a amortização do ativo diferido, oriundo do ágio fundamentado em rentabilidade futura poderá ocorrer à razão de 1/60, no máximo, para cada mês do período de apuração, o que corresponde a um período mínimo de amortização de cinco anos. Ou seja: após a incorporação, a cada mês será lançada uma parcela de 1/60 do valor originariamente pago a título de ágio, a título de despesa de amortização do ativo diferido surgido com a incorporação. Essa amortização não é qualquer favor ou benefício, já que o legislador pressupõe que, com a incorporação, o empreendimento lucrativo passe a compor o resultado da incorporadora. Terá, pois, a incorporadora mensalmente, dois efeitos: um valor, lançado a despesa, relativo à amortização do ativo diferido correspondente ao que, antes da incorporação era ágio; e um ganho correspondente a lucratividade do empreendimento incorporado. E por que não se trata de benefício? Exatamente porque a incorporadora pagou aquele ágio. Ou seja: não há como falar em renda se o suposto ganho não corresponde a qualquer riqueza nova. É verdade que o empreendimento é lucrativo; o contribuinte (incorporadora),entretanto, não tem qualquer ganho, até que recupere o ágio que pagou. “ (destaques nossos) Ora se é lógico não haver a tributação do resultado antes de deduzido o ágio efetivamente pago em face da expectativa de lucratividade futura, da mesma forma não faz sentido deduzir do lucro, como despesa, um valor que não foi efetivamente despendido. O lucro, neste último caso, é o mesmo que a empresa já teria antes da suposta reorganização societária e não ocorreu nenhum dispêndio que justifique a sua redução. Observese ainda que, quando se fala em ágio pago, não se está discutindo a possibilidade do pagamento de uma subscrição ser feita por outros meios que não o pagamento em dinheiro, tais como a dação em pagamento de bens ou direitos. Não há dúvidas de que o pagamento de uma subscrição possa ser feito sob diversas formas ou meios, como a dação em pagamento de bens ou direitos, p.ex. A questão que se coloca é que para que se admita a existência do pagamento de ágio é que haja um efetivo sacrifício patrimonial por parte da adquirente. Fl. 2136DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 17 31 Não caracteriza qualquer desembolso a mera transferência escritural das ações registrados pela investidora em seu patrimônio (indevidamente reavaliados) para o da investida. Mormente, se, ato contínuo, é feita a reversão do investimento, mediante a incorporação reversa, apenas para cumprir um requisito legal, sem qualquer modificação do seu controle direto ou indireto, seja quantitativa, seja qualitativamente. A ausência de um efetivo pagamento (sacrifício patrimonial) por parte da investidora pelas participações subscritas em operações com empresas controladas revela a falta de substância econômica das operações o que impede o seu registro e reconhecimento contábil, pois não há efetiva modificação da situação patrimonial. Ora, como já visto, os resultados tributáveis das pessoas jurídicas, apurados com base no Lucro Real, têm como ponto de partida o resultado líquido apurado na escrituração comercial, regida pela Lei nº 6.404/1976, conforme estabelecido pelo DL. 1.598/1977. O ágio na subscrição de investimentos é um fato econômico captado pela ciência contábil e regulado pela lei tributária com substrato nos princípios contábeis. É nessa perspectiva que a orientação normativa da CVM e demais normas contábeis devem ser vistas. Não como fonte normativa tributária, mas como elementos para a adequada interpretação da lei quanto aos efeitos do fato econômico (ágio) por ela regulado, pois os seus fundamentos foram buscados na ciência contábil. Assim, os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas dos órgãos fiscalizadores e reguladores, como Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários, observadas disposições legais específicas em contrário, têm pertinência e devem ser observadas na apuração dos resultados contábeis e fiscais. Dissociar o fato econômico (ágio) captado pela ciência contábil daquele regulado pela lei tributária tornaria esta completamente abstrata, divorciada do contexto econômico que visa regular. Pelo exposto, entendo que, também sob o ponto de vista de apuração dos resultados segundo os princípios e as normas contábeis, não pode ser aceita a dedutibilidade de ágio nas operações aqui retratadas, com base nos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, uma vez que os referidos dispositivos remetem ao ágio apurado nos temos do art. 20 do Decretolei nº 1.598/1997, que por sua vez deve ser reconhecido contabilmente conforme com as normas da escrituração comercial estabelecidas pela Lei nº 6.404, de 1976. Por fim, digo mais, quanto às normas fiscais, o Fiscal igualmente concluiu não se poder “extrair nem do art. 36 da Lei 10.637/02, nem do art. 7º da Lei 9.532/97, qualquer pressuposto de validação para o ágio artificialmente gerado”. Fl. 2137DF CARF MF 32 Ao contrario do que afirma a recorrente, entendo que, no caso, não há qualquer ofensa ao princípio da legalidade. Inclusive reafirmo que a menção feita no Relatório da Ação Fiscal à Ofício Circular da CVM não serviu de fundamento ao Auto de Infração, que, como não poderia deixar de ser, apontou os dispositivos legais frontalmente atingidos. Assim, por lhe faltar propósito negocial e fundamentação econômica, a reestruturação entre empresas do mesmo grupo econômico, na tentativa de aplicar o tratamento previsto na legislação para o verdadeiro ágio em operação engendrada com o objetivo de reduzir a tributação, não pode ser oponível ao Fisco, como é o caso dos autos. Em relação à CSLL, aplicamse as mesmas conclusões em relação ao lançamento principal, por decorrerem dos mesmos fatos. A conclusão que se impõe é que, deve ser mantida a glosa da despesa de amortização de ágio que foi gerado internamente ao grupo econômico, sem qualquer dispêndio, e transferido à pessoa jurídica que foi incorporada. LANÇAMENTO REFLEXO – CSLL. Decorrendo a exigência da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada a mesma decisão proferida para o imposto de renda, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa. Diante de todos os fundamentos acima, não merece reparo quanto a decisão recorrida. A Recorrente também alega que o lançamento tributário é carente de liquidez pela desconsideração do lucro da exploração e da compensação de prejuízos. Aduz que, os julgadores de 1ª instância, mesmo cientes das informações constantes nas DIPJs e demais registros disponíveis, no caso concreto, (i) desconsideraram as já realizadas compensações nos anoscalendários de 2012 e de 2013, do saldo do prejuízo fiscal operacional e da base negativa da CSLL então gerados no período fiscalizado de 2011; (ii) bem como, desconsideraram o lucro da exploração A Recorrente insiste que, o prejuízo fiscal gerado em dezembro de 2011, naquele valor de R$ 245.576.902,05, é composto de resultado operacional e não operacional, onde o saldo do prejuízo fiscal operacional de R$ 60.174.540,38 já foi compensado pela Recorrente no anocalendário de 2012. Logo, do pleno conhecimento do AuditorFiscal e dos Julgadores não existir mais tal parcela de prejuízo para a compensação que pretende neste seu lançamento equivocado. Acrescenta que, da mesma forma, o saldo da base negativa da CSLL de R$ 249.084.889,44, antes dos lançamentos efetuados pelo AuditorFiscal, já tinha sido totalmente compensado, outrossim de sua plena ciência, parte na apuração da CSLL no anocalendário de 2012 (R$ 87.709.367,84) e o saldo no anocalendário de 2013 (R$ 161.375.521,60). Consta da decisão de 1ª instância, a seguinte análise: No caso, o contribuinte inicialmente havia apurado Lucro Líquido Após Ajuste do RTT no montante de R$ 596.950.960,25. Após adições e exclusões chegou ao prejuízo declarado de R$ Fl. 2138DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 18 33 245.576.902,05 que utilizou em parte nos anoscalendário 2012 e 2013. Na apuração do resultado do exercício alterado pelo lançamento de ofício deve ser considerado o valor do prejuízo apurado no próprio período. O lançamento efetuado pela fiscalização alterou o resultado da empresa em 2011. Ao glosar R$ 504.293.416,66 em amortizações indevidas, o resultado em 2011 foi, consequentemente, alterado para um lucro real no total de R$ 258.716.514,39. Assim, ao fim e ao cabo, a impugnante não apurou prejuízo em 2011 e, portanto suas compensações em 2012 e 2013 são indevidas. O procedimento da fiscalização está correto e não merece nenhum reparo. O mesmo entendimento é aplicável à CSLL. A planilha do contribuinte propunha o incremento do lançamento em R$ 22.417.640,05 em função da utilização da pretensa base de cálculo negativa para a CSLL em 2012 e 2013. Diante da alteração decorrente do lançamento, não houve base de cálculo negativa e, portanto a sua utilização para compensação nos anoscalendário 2012 e 2013 é indevida. Nesse caso, não haverá nenhuma alteração no lançamento da CSLL. Ora, a alegação da Recorrente de que, parte do prejuízo fiscal ou da base negativa de 2011 já tinha sido compensado em 2012 e 2013, teria como efeito lógico alterar o Lucro Real e base de cálculo da CSLL de 2011, e, por consequencia aumentar o IRPJ a pagar e CSLL a pagar apurados pelo Fisco, objeto dos autos de infração de que tratam os presentes autos. O prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de 2011, alegado pela Recorrente como compensados em 2012 e 2013, poderão (se não o foi) ser objeto de glosa pelo Fisco, por inexistência de prejuízo e base negativa de 2011 porventura compensados nos anos seguintes. Todavia, os presentes autos não tratam de glosa de prejuízo fiscal nos anos calendário de 2012 e 2013. Assim, também não merece reparo à decisão recorrida sobre tal assunto. A Recorrente reclama que a fiscalização não levou em consideração a possibilidade de utilização integral, dentro dos limites legais, do Lucro da Exploração. No sentido de afastar a pretensão da Recorrente, a decisão de 1ª instância o faz com escora nos seguintes fundamentos: Lucro da exploração A impugnante apresentou Planilha de cálculo do Incentivo de Redução do Imposto de Renda Lucro Exploração sobre as Atividades Incentivadas (Ficha 28 DIPJ),partindo das informações prestadas na DIPJ 2012, anocalendário de 2011 (Fichas 08 DIPJ),acrescentando o efeito do montante autuado. Fl. 2139DF CARF MF 34 Entretanto, o disposto no art. 66 da Instrução Normativa SRF nº 267, de 23 de dezembro de 2002, veda a recomposição do lucro da exploração no caso de lançamento de ofício. Confirase: Lançamento de Ofício Ajustes do Lucro da Exploração Art. 66. No caso de lançamento de ofício, não será admitida a recomposição do lucro da exploração referente ao período abrangido pelo lançamento para fins de novo cálculo dos incentivos de que trata este Capítulo. O Parecer Normativo CST nº 11/81, abordando o mesmo tema, afirma, nos itens 11 a 13, que o gozo da isenção ou redução do imposto como incentivo ao desenvolvimento regional e setorial depende de escrita mercantil regular e o montante do benefício, com base no lucro da exploração, está restrito aos valores nela registrados, não se justificando a recomposição do lucro da exploração pela superveniência de lançamento de ofício ou suplementar. Portanto, em relação ao lucro da exploração, a reclamação do contribuinte não é procedente. Realmente não existe previsão legal para se proceder ao ajuste do cálculo do Lucro da Exploração, em razão de valores autuados pela fiscalização, visto o mesmo basearse nos valores contábeis e não fiscais, como bem colocado na decisão recorrida, não merecendo a mesma receber qualquer reparo, com relação ao presente item. Quanto à multa isolada de 50% lançada sobre o valor das estimativas mensais concomitantemente com a multa proporcional ao tributo ao final do anocalendário, a Recorrente, em síntese, alega que, após a apuração anual do IRPJ e da CSLL não cabe mais cogitarse da obrigatoriedade de recolher os tributos em bases estimadas mensais, pois, na mensuração exata e correta, já foram apurados, sendo as estimativas apenas parte do cálculo para se alcançar as exações anuais, resultando que: a penalidade prevista ao descumprimento da conduta principal, absorve a sanção prescrita ao descumprimento da conduta secundária. E que, a multa isolada sobre base de cálculo estimada, concomitante com a multa de ofício, somadas elas são confiscatórias. Quanto à aplicação da MULTA ISOLADA por falta recolhimento de estimativas relativas ao anocalendário de 2011, quando já vigia a Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Registrese que, particularmente entendo que é cabível o lançamento da multa de ofício, exigida isoladamente, nos casos em que a pessoa jurídica optante pelo lucro real anual deixa de recolher total ou parcialmente as estimativas mensais de IRPJ a que estava obrigada, no curso do ano calendário, ainda que lançada multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual. No entanto, por dever regimental curvome à Súmula CARF nº 105 que assim concluiu, para afastar a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício, verbis: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso Fl. 2140DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 19 35 IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Como se vê, a Súmula tem como fundamento o art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996. Ocorre que, o mencionado dispositivo legal fora alterado pela Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, vejamos: Redação anterior: Art.44.Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição:(Vide Lei nº 10.892, de 2004) Ide setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;(Vide Lei nº 10.892, de 2004) .... §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: ... IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; ... Redação após a Lei nº 11.488, de 2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 2141DF CARF MF 36 No caso dos autos, as multas isoladas aplicadas têm como fundamento o artigo 44, inciso II, alínea "b", da Lei 9.430/96, fl.113, porquanto já em vigor a Medida Provisória nº 351/2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, de sorte que a mencionada Súmula não se aplica ao presente processo, haja vista que os fatos geradores das multas isoladas exigidas ocorreram em 2011, sob a égide da Medida Provisória nº 351, de 22/01//2007, convertida na Lei nº 11.488/2007, portanto, sem qualquer óbice legal para imposição concomitante da multa prevista em seu inciso I com aquela estabelecida no inciso II, alínea "b". Desse modo, temse como indiscutível o cabimento da incidência da multa isolada pela falta de pagamento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, antes ou após encerrado o ano calendário, ainda que cumulativamente se exija a multa de ofício proporcional ao imposto e à contribuição devidos no ajuste anual. A discussão da natureza da confiscatoriedade das multas é matéria reservada ao poder judiciário, portanto não submetida ao crivo do julgamento no âmbito administrativo em razão da falta de competência para decidir sobre a constitucionalidade da lei que a instituiu, cabendo a este colegiado verificar tãosó a aplicação da aludida penalidade diante dos fatos descritos no auto de infração em comento. Portanto, ainda que em face dos autos de infração se exija o pagamento do IRPJ e CSLL no ajuste anual, em 31/12/2011, com a multa de ofício de 75%, deve ser mantida a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, nos presentes autos de infração, em relação aos meses de 2011. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso voluntário. RECURSO DE OFICIO Por presente os pressupostos e requisitos de admissibilidade, determinados pelo Decreto nº 70.235/1972 e pelo Regimento Interno do CARFRicarf, tomase conhecimento do Recurso de Ofício. Inicialmente esclareço que o Recurso para o reexame necessário, foi corretamente interposto, haja vista que o valor exonerado de R$ 3.742.672,94, ultrapassa, o limite estabelecido na Portaria MF n° 63, de 09/02/2017. A decisão de primeira instância exonerou parte do lançamento tributário (IRPJ) relativo aos valores dos incentivos fiscais às atividades de Caráter Cultural e Artístico, Atividade Audiovisual, aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Atividade de Caráter Desportivo, pelos seguintes fundamentos cujos excertos transcrevo: (pág.24 e seguintes) ... Após a realização da diligência para a verificação da pertinência das deduções de incentivos fiscais pleiteadas, a impugnante apresentou documentação comprobatória que será analisada a seguir. Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente Em relação aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, no relatório de diligência, a autoridade fiscal informou o seguinte: "fica evidente que o aproveitamento de tal Fl. 2142DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 20 37 desembolso informado na Ficha 67 A, no valor de R$ 750.000,00, é condicionado à observância de uma série de requisitos que não fazem parte do escopo da fiscalização. Portanto, o aproveitamento de tal despesa como dedução do imposto só é possível se for feito por parte do contribuinte". De fato, o aproveitamento de tal despesa como dedução do imposto só é possível se for feito por parte do contribuinte e isso é precisamente o que ele está tentando fazer. Entretanto, a fiscalização desconsidera que o contribuinte declarou prejuízo e isso impedia o aproveitamento da despesa como dedução do imposto de renda. A alteração de prejuízo para lucro no bojo de um procedimento de fiscalização fez surgir as condições para o aproveitamento. A autoridade fiscal não pode inviabilizálo sob o argumento de dificuldades operacionais. É sua atribuição analisar os documentos apresentados pelo contribuinte para verificar o atendimento das exigências legais para fruição do incentivo em razão da diligencia determinada nos termos dos artigos 18 e 20 do Decreto 70.235, de 1972. O contribuinte apresentou recibos de depósitos em contas de fundos da criança no valor de R$ 746.300,00, fls. 811/841. Em "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 9 mencionado na petição", fl. 1836, o contribuinte apresentou cópia do Razão, conta 435295 GASTOS GERAIS DOAÇÕES AO FUNDO DA CRIANÇA, com saldo de R$ 750.010,31. Os valores informados conferem com os declarados em DIPJ, são confirmados pelos comprovantes da escrituração contábil. Portanto, não há impedimento para que sejam aceitos respeitandose os limites estabelecidos pela legislação. PAT Programa de alimentação do trabalhador Em relação o PAT, no relatório de diligência, a autoridade fiscal informou o seguinte: "Fica evidente que é necessário atender à exigência de aprovação do PAT pelo Ministério do Trabalho, bem como calcular os valores de acordo com o parágrafo 2º do artigo 2º. Assim, o aproveitamento de tal despesa como dedução do imposto só é possível se for feito pelo contribuinte. A autoridade tributária não pode, de ofício, atribuir um incentivo fiscal que é facultado à empresa, pois o escopo do trabalho não contempla a verificação do atendimento das exigências legais para fazer jus ao incentivo". De fato, não pode a autoridade tributária atribuir um incentivo fiscal, mas é sua atribuição analisar os documentos apresentados pelo contribuinte para verificar o atendimento das exigências legais para fazer jus ao incentivo. Em resposta à intimação da diligência, o contribuinte informou o seguinte:"teve gastos de R$ 29.591.443,81, onde parte é custo e outra parte é despesa, como abaixo demonstrada a abertura, assim declarado na DIPJ. Contudo, o AuditorFiscal, no seu Relatório Conclusivo de Diligência Fiscal, mencionou apenas o montante da despesa. Aqui, utilizase como limite para a Fl. 2143DF CARF MF 38 redução do IRPJ 15% do montante total (R$ 29.591.443,81 x 15%= R$ 4.438.716,57), limitado a 4% do IRPJ sem adicional que corresponde a R$ 1.913.346,00". Em "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 1 mencionado na petição", "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 2 mencionado na petição", "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 3 mencionado na petição", e "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 4 mencionado na petição", fls. 849 a 1446, Conta do Razão 432020 GASTOS C/PESSOAL GASTOS PAT REFEIÇÕES PRONTAS. O documento está incompleto e não apresenta saldo. Entretanto, em apuração por amostragem dos valores registrados até 27.06.2011, o saldo ultrapassa 10 milhões, superando o limite utilizado. Em "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 5 mencionado na petição", "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 6 mencionado na petição" e "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 7 mencionado na petição", fls. 1447/1834, o contribuinte apresentou cópia do Razão, conta 432030 GASTOS PAT RESSARC EMPREGADOS REFEIÇÕES PRONTAS, com saldo negativo em 31.12.2011 de R$ 1.287.145,63. Os valores informados estão condizentes com os declarados em DIPJ, são confirmados pelos comprovantes da escrituração contábil. Portanto, não há impedimento para que sejam aceitos respeitandose os limites estabelecidos pela legislação. Atividades de Caráter Desportivo A autoridade fiscal não se pronunciou sobre o Incentivo ao desporto, informando genericamente o que se segue: "Julgamos desnecessário estender a análise aos demais casos de incentivos fiscais, posto que todos eles têm as seguintes características: 1) É uma faculdade do contribuinte, que deve não só fazer a opção ao incentivo na DIPJ, como fazer o rateio entre os incentivos, observando os limites globais constantes no artigo 54 da IN SRF 267/2002. 2) Os incentivos têm exigências documentais para que as empresas façam jus, e seria necessária uma auditoria específica para analisar se a empresa observou todas as exigências constantes na legislação;". O contribuinte apresentou recibos com referência ao processo administrativo do Ministério do Esporte no valor de R$ 250.000,00, fls. 843/844. Em "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 8 mencionado na petição", fl. 1835, o contribuinte apresentou cópia do Razão, conta 435292 GASTOS GERAIS DOAÇÕES A ENTIDADES DESPORTIVAS, com saldo de R$ 250.000,00. Fl. 2144DF CARF MF Processo nº 16682.720533/201423 Acórdão n.º 1302002.349 S1C3T2 Fl. 21 39 Os valores informados são confirmados pelos comprovantes da escrituração contábil e respeitam os limites estabelecidos pela legislação. Portanto, não há impedimento para que sejam aceitos. Atividades Culturais ou Artísticas Em relação ao Incentivo à Cultura, a autoridade fiscal reportou o que se segue: ”Verificamos, mais uma vez, que é necessária uma série de requisitos para que se possa utilizar deste incentivo. Seria preciso uma auditoria específica, para analisar estes desembolsos, para pode afirmar que o contribuinte atende ao determinado pela legislação. Tratase, portanto, do mesmo caso dos anteriores: não faz parte do escopo do trabalho desenvolvido checar os desembolsos relativos a incentivos fiscais, verificar a documentação pertinente a cada caso e, ao fim, conceder ao contribuinte o incentivo chancelado pela autoridade fiscalizadora". A impugnante apresentou cópias de recibos Comunicado Mecenato, com informação da data de aprovação no D.O.U., que somavam R$ 1.945.000,00, e um recibo no valor de R$ 10.000,00 sem a informação da data de aprovação. Em "Documentos Comprobatórios Outros Documento 6 parte 10 mencionado na petição", fl. 1837, o contribuinte apresenta cópia do Razão, conta 435310 GASTOS GERAIS DOAÇÃO/PATROCÍNIO INCENTIV FEDERAL, com saldo de R$ 1.958.000,00. Os valores informados conferem com os declarados em DIPJ, são confirmados pelos comprovantes da escrituração contábil. Ademais, o valor das doações está incluído como despesa operacional não dedutível da Ficha 05A Despesas Operacionais PJ em Geral, linha 06.Doações e Patroc. Caráter Cult. e Art.(Lei nº 8.313/1991). Portanto, não há impedimento para que sejam aceitos respeitandose os limites estabelecidos pela legislação. ... O limite de 4% do valor do imposto devido, antes do adicional, aplicável às Operações de Caráter Cultural e Artístico e ao Programa de Alimentação do Trabalhador é de R$ 1.552.299,09. Já o limite de 1% do valor do imposto devido, antes do adicional, aplicável aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente e às Atividades de Caráter Desportivo é de R$ 388.074,77. Nessa ordem de idéia, são os seguintes os valores dos incentivos fiscais, no total de R$ 3.742.672,94, considerados na decisão recorrida (pág.29) a serem deduzidos do IRPJ a pagar (R$ 64.655.128,60) apurado na ação fiscal: Deduções Fl. 2145DF CARF MF 40 03.()Operações de Caráter Cultural e Artístico 1.552.299,09 04.()Programa de Alimentação do Trabalhador 1.552.299,09 07.()Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente 388.074,77 09.()Atividades de Caráter Desportivo 250.000,00 De fato, somente com a apuração do IRPJ a pagar é que exsurge a necessidade/possibilidade de aproveitamento dos incentivos fiscais para a dedução do IRPJ devido apurado na ação fiscal e, nesse contexto, os documentos apresentados pelo contribuinte devem ser analisados para verificar o atendimento das exigências legais para fruição do incentivo em razão da diligencia determinada nos termos dos artigos 18 e 20 do Decreto 70.235, de 1972. Conforme explicitado acima, em sede de diligência, a autuada apresentou documentação comprobatória suficiente para a verificação da pertinência das deduções de incentivos fiscais pleiteadas pela interessada, após a conversão de prejuízo fiscal para Lucro Real apurada pelo Fisco e consequente IRPJ a pagar. E, assim concluiu, a decisão recorrida de ofício, em relação aos documentos necessários para análise e aproveitamento dos incentivos fiscais para a dedução do IRPJ devido apurado na ação fiscal: Os valores informados são confirmados pelos comprovantes da escrituração contábil e respeitam os limites estabelecidos pela legislação. Portanto, não há impedimento para que sejam aceitos. Com efeito, comprovado o direito à dedução dos incentivos fiscais em comento, tanto por sua escrituração contábil quanto respeitados os limites estabelecidos na legislação, não merece reparo à decisão recorrida ao exonerar em parte o crédito tributário exigido no presente processo, na ordem de R$ 3.742.672,94, relativo ao IRPJ. Isto posto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso de ofício. ( assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 2146DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720337/2007-74
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL.
A averbação de Área de Reserva Legal em data anterior a ocorrência do fato gerador do imposto é requisito formal constitutivo que supre a necessidade de apresentação do ADA - Ato Declaratório Ambiental.
Hipótese em que deve ser mantida a glosa de área de ARL cuja averbação se deu em momento posterior ao fato gerador.
Numero da decisão: 9202-005.355
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe deu provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Redatora designada.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201703
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA - ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. A averbação de Área de Reserva Legal em data anterior a ocorrência do fato gerador do imposto é requisito formal constitutivo que supre a necessidade de apresentação do ADA - Ato Declaratório Ambiental. Hipótese em que deve ser mantida a glosa de área de ARL cuja averbação se deu em momento posterior ao fato gerador.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10183.720337/2007-74
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5754001
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.355
nome_arquivo_s : Decisao_10183720337200774.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PATRICIA DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10183720337200774_5754001.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe deu provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Redatora designada. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6881218
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468753936384
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1455; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 363 1 362 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10183.720337/200774 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202005.355 – 2ª Turma Sessão de 30 de março de 2017 Matéria ITR Recorrente MAURO APARECIDO PUGLIERI Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ARL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. DISPENSA DO ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. A averbação de Área de Reserva Legal em data anterior a ocorrência do fato gerador do imposto é requisito formal constitutivo que supre a necessidade de apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental. Hipótese em que deve ser mantida a glosa de área de ARL cuja averbação se deu em momento posterior ao fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe deu provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 03 37 /2 00 7- 74 Fl. 364DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Redatora designada. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Tratase de Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF, do contribuinte contra o Acórdão nº 2101002.591, de 08/10/2014, prolatado pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (efls. 214/219), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 VTN. LAUDO TÉCNICO. A revisão do Valor da Terra Nua para efeitos de tributação de ITR depende de apresentação de laudo técnico em conformidade com a NBR 14.653 da ABNT. VTN. REVISÃO. A juntada de documento comprovando Valor da Terra Nua maior que o constante do SIPT não pode ser utilizada porque caracteriza reformatio in pejus da decisão. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. MITIGAÇÃO. Considerase a reserva legal constituída tempestivamente em cumprimento à Termo de Preservação da Floresta emitido pelo órgão fiscalizador IBAMA. Caso dos autos. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não se considera cerceamento de defesa o indeferimento de perícia para comprovação de fatos cujos elementos probatórios deveriam ter sido apresentados pelo recorrente na impugnação e cujo entendimento não necessite de conhecimento especializado, sendo passível de análise pelas autoridades administrativas lançadoras e julgadoras. Recurso Voluntário provido em parte. Cientificados do acórdão em 04/02/2013 (efl. 236), o Contribuinte, representados por advogado legalmente habilitado, apresentou, em 19/02/2013, tempestivamente, o Recurso Especial de efls. 240/289, alegando que há entendimento divergente para dispensar qualquer ato declaratório perante a autoridade ambiental competente para reconhecer as áreas isentas do ITR, ao contrário do que ficou decidido acórdão recorrido, que mitigou apenas em parte tal exigência. Para demonstrar a alegada divergência jurisprudencial, foram indicados os Acórdãos nºs 220100.985 e 2202002.578, cujas ementas a seguir são transcritas: Acórdão nº 220100.985 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2002 Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10183.720337/200774 Acórdão n.º 9202005.355 CSRFT2 Fl. 364 3 Ementa: ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO. NECESSIDADE DO ADA. Por se tratar de áreas ambientais cuja existência independe da vontade do proprietário e de reconhecimento por parte do Poder Público, a apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal, de que tratam, respectivamente, os artigos 2º e 16 da Lei nº 4.771, de 1965, para fins de apuração da área tributável do imóvel. RESERVA LEGAL. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO. PRAZO. Embora a averbação da área de reserva legal seja uma condição para a exclusão dessa área para fins de apuração do ITR (§ 8º do art. 16 da lei nº 4.771, de 1965 Código Florestal) a lei não especifica um prazo para que seja realizada a providência e não pede comprovação prévia da existência da área ambiental. Assim, considerase cumprida a exigência averbação foi feita após a ocorrência do fato gerador, desde que antes do lançamento de ofício. Recurso provido Acórdão nº 2202002.578 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2008 ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE RESERVA LEGAL (ARL). DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL COMPROVADA. Por se tratar de área que independe do reconhecimento do Poder Público para a exclusão da base tributável, desnecessária a apresentação de ADA para o reconhecimento da ARL declarada em DITR. Precedentes. Ainda, tendo sido comprovada a averbação de ARL na matrícula do imóvel previamente ao início da ação fiscal, tal deve ser reconhecida e excluída da base tributável do ITR. Precedentes. MATÉRIA ESTRANHA AO LANÇAMENTO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. Não se deve conhecer do recurso interposto quanto se trata de discussão de matéria estranha ao lançamento. RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO A Fazenda Nacional apresenta contrarrazões questionando a admissibilidade do recurso que, segundo alega, não traz decisões contrárias ao constante no acórdão a quo e, por fim, pugnando pela manutenção do mesmo. É o relatório. Fl. 366DF CARF MF 4 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Conforme Exame de admissibilidade, o Recurso Especial interposto pelo contribuinte é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais, motivo pelo qual o admito. Cabe ressaltar que a alegada ausência de divergência jurisprudencial, em sede de contrarrazões não merece prosperar. A uma, porque se encontra em litígio áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente. A duas, porque são decisões divergentes em sua essência, não existindo averbação de ARL dentro do que formalmente exigido pela legislação. O contribuinte informa que a área real do imóvel é de 14.749,501ha, sendo 11.830,885 ha de Reserva Legal (80,8507% da propriedade) e 2.106,80ha de Áreas de Preservação Permanente. O restante da propriedade é ocupado por benfeitorias (5,6ha.) e pastagens(3.000ha). A autoridade fiscal glosou a área de utilização limitada de 11.706,4ha tendo em vista a não comprovação conforme a legislação vigente de que tais áreas existiam à época do fato gerador. Anexou, entretanto ao processo documento referente à averbação de Área de Reserva Legal AV7/ 2.328, DE 23/04/2002, de 5.904ha, em decorrência de Termo de Responsabilidade e Preservação de Floresta, firmado em 24/04/2000, entre o proprietário do imóvel e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA. Assim, houve averbação parcial da ARL (5.904h) antes do exercício sob comento – 2003, área esta excluída dos cálculos pelo acórdão a quo. Assim em litígio temos: 2.106,8h de APP sem ADA e 3.616,6h de ARL, não averbados. Não obstante tais formalidades, foi apresentado laudo a fls. 108(numeração manual), de 08/11/2007, possui informação que "de acordo com a legislação vigente do Código Ambiental do Estado de Mato Grosso, a propriedade conta com as seguintes áreas de preservação permanente: 2.106,80 ha., amparada pela alínea "a" e "b", nas margens do córrego (50 metros de cada lado)." Outros documentos relativos à área referemse à períodos posteriores ao exercício sob análise. O laudo técnico de avaliação geral da propriedade foi apresentado e informa que a região é servida de rios pequenos (rio Juruena), igarapés e nascentes, sendo que na propriedade é servida por várias nascentes de porte e riachos perenes com grotas naturais protegidas legalmente." Este laudo, em meu entender, supre, tendo em vista a impossibilidade de áreas de vegetação “nativa” tenha se materializado em tempo constante entre a data da DITR/2003 e o laudo com data de 2009. A área tinha condições de ser considerada isenta, e é o que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. Quanto a APP, saliento que no meu entendimento pessoal para configuração da área de preservação ambiental não é obrigatório que a comprovação da natureza da área se dê por meio da exibição de ADA, podendo esta ser feita por qualquer meio de prova. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10183.720337/200774 Acórdão n.º 9202005.355 CSRFT2 Fl. 365 5 Diante do exposto DOU provimento ao recurso do contribuinte. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Redatora designada Peço vênia para discordar da ilustre Relatora no que tange a discussão acerca dos requisitos formais que devem ser observados pelo contribuinte para se beneficiar da regra de isenção do ITR. A lide envolve áreas de reserva legal declaradas como isentas pelo Contribuinte no Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT, relativo ao exercício de 2003, conforme consta das fls. 69 (numeração manual). Discutese a necessidade de averbação das áreas em momento anterior a ocorrência do fato gerador, como condição para que o contribuinte tenha direito a exclusão dessas do cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, requisitos para aplicação da exoneração prevista no art. 10, §1º inciso II, 'a' da Lei nº 9.393/96, que até 1º de janeiro de 2013, possuía a seguinte redação: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) Sabese que o ITR, previsto no art. 153, VI da Constituição Federal e no art. 29 do CTN, é imposto de apuração anual que possui como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana de município, em 1º de janeiro de cada ano. Fl. 368DF CARF MF 6 Analisando as característica da base de cálculo eleita pelo legislador conjuntamente com o teor do art. 10 da Lei nº 9.393/96 é possível concluir fato que coaduna com a característica extrafiscal do ITR, que somente há interesse da União que sejam tributadas áreas tidas como produtivas/aproveitáveis, havendo ainda uma preocupação em se 'compensar' aqueles que um vez tolhidos do exercício pleno de sua propriedade sejam ainda mais onerados pela incidência de um tributo. As áreas caracterizadas como de preservação permanente e de reserva legal diante das limitações que lhe são impostas, por expressa determinação legal são excluídas do cômputo do VTN – Valor da Terra Nua, montante utilizado para a obtenção da base de cálculo do ITR. Por essa razão, no entendimento desta Relatora, o inciso II acima citado ao conceituar “área tributável” não prevê uma isenção, ele nos traz na verdade uma hipótese de não incidência do ITR. Entretanto, para que a propriedade, o domínio útil ou a posse dessas áreas não caracterize fato gerador do imposto é necessário que o imóvel rural preencha as condições, no presente caso, previstas na então vigente Lei nº 4.771/65. As características da Área de Reserva Legal estavam descritas no art. 16 (com redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) do Código Florestal de 1965: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10183.720337/200774 Acórdão n.º 9202005.355 CSRFT2 Fl. 366 7 científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I o plano de bacia hidrográfica; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II o plano diretor municipal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III o zoneamento ecológicoeconômico; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IV outras categorias de zoneamento ambiental; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166 67, de 2001) § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Fl. 370DF CARF MF 8 § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Interpretando os dispositivos, por força dos §§4º e 8º do art. 16 para caracterização de Área de Reserva Legal, além dos requisitos ecológicos, exigiase i) aprovação prévia do Poder Público quanto a localização da área limitada e ainda ii) que essa área definida fosse devidamente averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel, averbação essa que poderia ser substituída por Termo de Ajustamento de Conduta nos casos em que o Contribuinte fosse apenas possuidor do bem. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10183.720337/200774 Acórdão n.º 9202005.355 CSRFT2 Fl. 367 9 Assim, considerando a redação da Lei nº 4.771/65 afirmase que o ato de averbação era requisito constitutivo da referida área. A averbação é condição imprescindível para a existência da Área de Reserva Legal, sendo que tal fato nos leva a conclusão lógica de que para fins de cálculo do ITR tal averbação deve ser anterior ao fato gerador. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o citado entendimento, valendo citar parte do voto proferido pelo Ministro Benedito Gonçalves, no RESP nº 1.125.632PR: Ao contrário da área de preservação permanente, para as áreas de reserva legal a legislação traz a obrigatoriedade de averbação na matrícula do imóvel. Tal exigência se faz necessária para comprovar a área de preservação destinada à reserva legal. Assim, somente com a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel é que se poderia saber, com certeza, qual parte do imóvel deveria receber a proteção do art. 16, § 8º, do Código Florestal (...) Por fim, por ser pertinente ao tema, vale citar o Parecer PGFN/CRJ/Nº 1329/2016 que atualizou o Item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer prevista no art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Pela relevância, peço vênia para transcreve parte do parecer: a) Área de reserva legal e área de preservação permanente * Data da alteração da redação do resumo e da Observação 1, bem como da inclusão da Observação 2: 05/09/2016 Precedentes: AgRg no Ag 1360788/MG, REsp 1027051/SC, REsp 1060886/PR, REsp 1125632/PR, REsp 969091/SC, REsp 665123/PR e AgRg no REsp 753469/SP. Resumo: O STJ entendeu que, por se tratar de imposto sujeito a lançamento que se dá por homologação, dispensase a averbação da área de preservação permanente no registro de imóveis e a apresentação do Ato Declaratório Ambiental pelo Ibama para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas à concessão de isenção do ITR. Dispensase também, para a área de reserva legal, a prova da sua averbação (mas não a averbação em si) no registro de imóveis, no momento da declaração tributária. Em qualquer desses casos, se comprovada a irregularidade da declaração do contribuinte, ficará este responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa. OBSERVAÇÃO: Caso a matéria discutida nos autos envolva a prescindibilidade de averbação da reserva legal no registro do imóvel para fins de gozo da isenção fiscal, de maneira que este registro seria ou não constitutivo do direito à isenção do ITR, devese continuar a contestar e recorrer. Com feito, o STJ, no EREsp 1.027.051/SC, reconheceu que, para fins tributários, a averbação deve ser condicionante da isenção, tendo eficácia constitutiva. Tal hipótese não se confunde com a necessidade ou não de comprovação do registro, visto que a prova da averbação é dispensada, mas não a existência da averbação em si. OBSERVAÇÃO 2: A dispensa contida neste item não se aplica para as demandas relativas a fatos geradores posteriores à vigência da Lei nº 12.651, de 2012 (novo Código Florestal). Fl. 372DF CARF MF 10 PARECER PGFN/CRJ/No 1329/2016 Documento público. Averbação e prova da Área de Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente. Natureza jurídica do registro. Ato Declaratório Ambiental. Isenção do Imposto Territorial Rural. Item 1.25, “a”, da Lista de dispensa de contestar e recorrer. Art. 10, II, “a”, e § 7º da Lei nº 9.393, de 1996. Lei nº 12.651, de 2012. Lei 10.165, de 2000. (...) II.1 Exame da jurisprudência sobre o questionamento feito à luz da legislação anterior à Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000 que deu nova redação ao art. 17O da Lei nº 6.938, de 27 de dezembro de 2000 e à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal (...) 12. Após as considerações acima, restam incontroversas, no âmbito da Corte de Justiça, à luz da legislação aplicável ao questionamento, as posições abaixo: (i) é indispensável a preexistência de averbação da reserva legal no registro de imóveis como condição para a concessão de isenção do ITR, tendo aquela, para fins tributários, eficácia constitutiva; (ii) a prova da averbação da reserva legal não é condição para a concessão da isenção do ITR, por se tratar de tributo sujeito à lançamento por homologação, sendo, portanto, dispensada no momento de entrega de declaração, bastando apenas que o contribuinte informe a área de reserva legal; (...) II.2 Considerações relacionadas ao questionamento à luz da legislação anterior à Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 Novo Código Florestal. (...) 21. Em que pese tal possibilidade de interpretação, o STJ utilizouse do teor do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, para reforçar a tese de que o ADA é inexigível, tendo, ao que tudo indica, desprezado o conteúdo do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 2000, pois não foram encontradas decisões enfrentando esse regramento. Além disso, registrou que, como o dispositivo é norma interpretativa mais benéfica ao contribuinte, deveria retroagir. 22. Essa argumentação consta no inteiro teor dos acórdãos vencedores que trataram do tema, bem como na ementa do REsp nº 587.429/AL, senão vejamos: Trecho do voto da Ministra Eliana Calmon, Relatora do REsp nº 665.123/PR: Como reforço do meu argumento, destaco que a Medida Provisória 2.166 67, de 24/08/2001, ainda vigente, mas não prequestionada no caso dos autos, fez inserir o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96 para deslindar finalmente a controvérsia, dispensando o Ato Declaratório Ambiental nas hipótese de áreas de preservação permanente e de reserva legal para fins de cálculo do ITR [...] Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10183.720337/200774 Acórdão n.º 9202005.355 CSRFT2 Fl. 368 11 Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.112.283/PB: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. Trecho do voto do Ministro Benedito Gonçalves, Relator do REsp nº 1.108.019/SP: Assim, considerando a superveniência de lei mais benéfica (MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001), que prevê a dispensa de prévia apresentação pelo contribuinte do ato declaratório expedido pelo Ibama, impõese a aplicação do princípio insculpido no art. 106, do CTN. "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.EXCLUSÃO. DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP.2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1. Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex tunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir § 7º ao art.10, da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR as áreas de preservação permanente e de reserva legal, é de cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fator pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante § 7º, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art.106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido." (REsp 587.429/AL, Rel. Ministro Luiz Fux, PRIMEIRA TURMA, DJe de 2/8/2004) 23. A partir das colocações postas, concluise que, mesmo com a vigência do art. 17O, caput e §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com a redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, até a entrada em vigor da Lei nº 12.651, de 2012, o STJ continuou a rechaçar a exigência do ADA com base no teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 24. Consequentemente, caso a ação envolva fato gerador de ITR, ocorrido antes da vigência da Lei nº 12.651, de 2012, não há motivo para discutir em juízo a Fl. 374DF CARF MF 12 obrigação de o contribuinte apresentar o ADA para o gozo de isenção do ITR, diante da pacificação da jurisprudência. (...) Assim, considerando que para maioria deste Colegiado o ato de averbação da Área de Reserva Legal em data anterior a ocorrência do fato gerador do imposto é requisito formal constitutivo que supre a necessidade de apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental, voto por negar provimento ao Recurso do Contribuinte, mantendo a decisão recorrida. (Assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 375DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14098.720007/2014-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL.NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
É competente para lançamento de tributos federais a autoridade fiscal de outra jurisdição, nos termos do § 2º do art. 9° do Decreto 70.235/1972, não padecendo de nulidade o lançamento que tenha sido efetuado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil que esteja lotado em unidade administrativa diversa daquela em que o sujeito passivo encontre-se jurisdicionado.
FUNDAMENTO LEGAL DO DÉBITO. INDICAÇÃO DAS NORMAS QUE RESPALDARAM A AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não se verifica a hipótese de cerceamento do direito de defesa quando encontram-se especificamente indicadas nos documentos que integram os Autos de Infração todas as normas em que se respaldaram as autuações.
RELATÓRIO FISCAL. DESCRIÇÃO SATISFATÓRIA DOS FATOS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Estando o lançamento revestido de todos os requisitos estabelecidos na legislação tributária e tendo o Relatório Fiscal, em conjunto com os demais documentos que acompanham os Autos de Infração, demonstrado o não recolhimento do tributo e a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determinado a matéria tributável, apresentado o cálculo do montante do tributo devido, identificado o sujeito passivo, determinado a penalidade aplicável e indicado os fatos e os fundamentos jurídicos que motivaram o lançamento, não há que se falar em descrição insatisfatória dos fatos que fundamentaram as autuações.
EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE.
De conformidade com decisão tomada no julgamento do Recurso Extraordinário 718.874/RS, com repercussão geral reconhecida, é constitucional a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção.
RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL. EFEITO.
A emissão de Resolução pelo Senado Federal com o fito de suspender a execução de norma declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal - STF confere efeitos erga omnes (para todos) à decisão de alcance originariamente inter partes.
RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 15/2017. INOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
A Resolução do Senado Federal nº 15/2017 não trouxe inovação apta a interferir no desfecho lide haja vista se referir a decisão afeta a situações anteriores à edição da Lei nº 10.256/2001, cuja constitucionalidade foi reconhecida pelo STF.
CONTRIBUIÇÃO PARA O SENAR. INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. LAPSO DE AVALIAÇÃO.
Verificada a aplicação da multa ordinária de 75% em procedimento de ofício, não que se falar em relevação ou sua redução ao patamar de 20%, em virtude de falta de previsão legal.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA EM LEI.
A vedação ao confisco estabelecida pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a penalidade de multa nos moldes da legislação em vigor.
Numero da decisão: 2402-005.994
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL.NULIDADE. INOCORRÊNCIA. É competente para lançamento de tributos federais a autoridade fiscal de outra jurisdição, nos termos do § 2º do art. 9° do Decreto 70.235/1972, não padecendo de nulidade o lançamento que tenha sido efetuado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil que esteja lotado em unidade administrativa diversa daquela em que o sujeito passivo encontre-se jurisdicionado. FUNDAMENTO LEGAL DO DÉBITO. INDICAÇÃO DAS NORMAS QUE RESPALDARAM A AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se verifica a hipótese de cerceamento do direito de defesa quando encontram-se especificamente indicadas nos documentos que integram os Autos de Infração todas as normas em que se respaldaram as autuações. RELATÓRIO FISCAL. DESCRIÇÃO SATISFATÓRIA DOS FATOS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Estando o lançamento revestido de todos os requisitos estabelecidos na legislação tributária e tendo o Relatório Fiscal, em conjunto com os demais documentos que acompanham os Autos de Infração, demonstrado o não recolhimento do tributo e a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determinado a matéria tributável, apresentado o cálculo do montante do tributo devido, identificado o sujeito passivo, determinado a penalidade aplicável e indicado os fatos e os fundamentos jurídicos que motivaram o lançamento, não há que se falar em descrição insatisfatória dos fatos que fundamentaram as autuações. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. De conformidade com decisão tomada no julgamento do Recurso Extraordinário 718.874/RS, com repercussão geral reconhecida, é constitucional a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL. EFEITO. A emissão de Resolução pelo Senado Federal com o fito de suspender a execução de norma declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal - STF confere efeitos erga omnes (para todos) à decisão de alcance originariamente inter partes. RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 15/2017. INOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A Resolução do Senado Federal nº 15/2017 não trouxe inovação apta a interferir no desfecho lide haja vista se referir a decisão afeta a situações anteriores à edição da Lei nº 10.256/2001, cuja constitucionalidade foi reconhecida pelo STF. CONTRIBUIÇÃO PARA O SENAR. INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. LAPSO DE AVALIAÇÃO. Verificada a aplicação da multa ordinária de 75% em procedimento de ofício, não que se falar em relevação ou sua redução ao patamar de 20%, em virtude de falta de previsão legal. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA EM LEI. A vedação ao confisco estabelecida pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a penalidade de multa nos moldes da legislação em vigor.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 14098.720007/2014-28
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5780025
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2402-005.994
nome_arquivo_s : Decisao_14098720007201428.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
nome_arquivo_pdf_s : 14098720007201428_5780025.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
id : 6961403
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468759179264
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2038; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14098.720007/201428 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.994 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de setembro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente ASA ALIMENTOS S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 JURISDIÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL.NULIDADE. INOCORRÊNCIA. É competente para lançamento de tributos federais a autoridade fiscal de outra jurisdição, nos termos do § 2º do art. 9° do Decreto 70.235/1972, não padecendo de nulidade o lançamento que tenha sido efetuado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil que esteja lotado em unidade administrativa diversa daquela em que o sujeito passivo encontrese jurisdicionado. FUNDAMENTO LEGAL DO DÉBITO. INDICAÇÃO DAS NORMAS QUE RESPALDARAM A AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não se verifica a hipótese de cerceamento do direito de defesa quando encontramse especificamente indicadas nos documentos que integram os Autos de Infração todas as normas em que se respaldaram as autuações. RELATÓRIO FISCAL. DESCRIÇÃO SATISFATÓRIA DOS FATOS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Estando o lançamento revestido de todos os requisitos estabelecidos na legislação tributária e tendo o Relatório Fiscal, em conjunto com os demais documentos que acompanham os Autos de Infração, demonstrado o não recolhimento do tributo e a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determinado a matéria tributável, apresentado o cálculo do montante do tributo devido, identificado o sujeito passivo, determinado a penalidade aplicável e indicado os fatos e os fundamentos jurídicos que motivaram o lançamento, não há que se falar em descrição insatisfatória dos fatos que fundamentaram as autuações. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 72 00 07 /2 01 4- 28 Fl. 1568DF CARF MF 2 EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. De conformidade com decisão tomada no julgamento do Recurso Extraordinário 718.874/RS, com repercussão geral reconhecida, é constitucional a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL. EFEITO. A emissão de Resolução pelo Senado Federal com o fito de suspender a execução de norma declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal STF confere efeitos erga omnes (para todos) à decisão de alcance originariamente inter partes. RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL Nº 15/2017. INOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A Resolução do Senado Federal nº 15/2017 não trouxe inovação apta a interferir no desfecho lide haja vista se referir a decisão afeta a situações anteriores à edição da Lei nº 10.256/2001, cuja constitucionalidade foi reconhecida pelo STF. CONTRIBUIÇÃO PARA O SENAR. INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. LAPSO DE AVALIAÇÃO. Verificada a aplicação da multa ordinária de 75% em procedimento de ofício, não que se falar em relevação ou sua redução ao patamar de 20%, em virtude de falta de previsão legal. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA EM LEI. A vedação ao confisco estabelecida pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a penalidade de multa nos moldes da legislação em vigor. Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 3 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 1570DF CARF MF 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba – DRJ/CTA (1467/1490) em face dos autos de infração de obrigação Principal – AIOP a seguir enumerados: 1 AI DEBCAD n°. 51.043.6030 –.Originado do não recolhimento pela Autuada, na condição de adquirente de produtos rurais, da contribuição a cargo dos produtores rurais pessoas físicas, referidos na alínea “a” do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.21291, obrigação que lhe foi atribuída pelo art. 30, inciso III do mesmo diploma legal. O crédito tributário apurado neste auto de infração corresponde a R$ 10.775.878,32; 2 AI DEBCAD nº. 51.057.4432 – Autuação que compreende os valores devidos ao SENAR apurados sobre a mesma base de cálculo do AI DEBCAD 51.043.6030. Total apurado neste auto de infração foi de R$ 1.011.404,59. Por bem retratar as razões trazidas na impugnações (fls. 1337/1383 e 1403/1450), reproduzse os trechos correspondentes do Acórdão nº 0649.163, da 7ª Turma da DRJ/CTA: Auto de Infração nº 51.043.6030 e Auto de Infração nº 51.057.4432 Preliminar Nulidade da Fiscalização Afirma a Impugnante que possui domicílio fiscal em Brasília/DF, eleito na forma do art. 127 do CTN, e que a fiscalização foi efetuada pela RFB de Cuiabá/MT. Alega que o domicílio do sujeito passivo determina a competência da autoridade fiscal para o exercício de suas atividades, devido ao aspecto territorial. Ressalta que apesar da União ter competência funcional em todo o território nacional, uma autoridade tributária pode não ser competente, no aspecto territorial para realizar ação de fiscalização. Cita o art. 985 do Decreto nº 3.000/99 neste sentido. Aponta a Portaria RFB nº 2.466/2010 que estabelece a “jurisdição Fiscal” das Unidades da Receita Federal do Brasil, na qual há delimitação da competência fiscalizatória em razão do domicilio fiscal do sujeito passivo. Entende que como a Impugnante possui domicílio fiscal em Brasília/DF, a fiscalização deveria ter ocorrido pela Unidade da RFB de Brasília/DF, conforme anexo 1. Aduz que não pode ser alegado a aplicação do § 2º, do art. 9º do Decreto nº 70.235/72, pois, para tanto, a autoridade administrativa deveria ser designada em caráter especial ou excepcional para realizar fiscalizações em local diverso de sua jurisdição fiscal. Salienta que seria imprescindível uma designação formal de caráter oficial para tanto, sem a qual os atos realizados pelo Auditor Fiscal da DRF de Cuiabá/MT não podem ser válidos. Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 4 5 Informa que tendo sido a fiscalização realizada por autoridade incompetente, impõese a nulidade do procedimento como um todo. Cita doutrina a respeito da competência administrativa. Alega que mesmo que a competência da RFB para fiscalizar seja partilhada entre seus agentes, não é possível que seja extrapolada a jurisdição fiscal, até mesmo porque a competência administrativa decorre sempre de lei, não podendo o próprio órgão estabelecer, por si só, as suas atribuições. Cita doutrina neste sentido. Afirma que caso a Impugnante na qualidade de sujeito passivo quisesse impetrar mandado de segurança teria de fazer contra a autoridade do seu domicílio fiscal, por ser a autoridade competente. Nulidade do Auto de Infração. Ausência de fundamentação legal. Alega que o anexo FLD é um emaranhado de normas das mais diversas espécies e aplicáveis a várias situações, nada mais representando que uma consolidação de normas, que acompanham toda e qualquer autuação, qualquer que seja a suposta infração. Ressalta que por sua generalidade o auto de infração não possibilita ao “acusado” o exercício pleno ou satisfatório do direito de defesa assegurado pelo inciso LV, do art. 5º da CF. Entende que a falta de indicação clara e precisa dos dispositivos legais tidos como violados acarretaria a nulidade do procedimento, pois o contribuinte tem que tentar descobrir qual o fundamento legal da pretensão. Apresenta jurisprudência de que a falta de menção aos dispositivos legais acarreta prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. Salienta que no “anexo padrão” apresentado pela fiscalização o contribuinte tem que tentar adivinhar o que lhe cobram. Apresenta doutrina sobre diversos princípios administrativos que deixam claro que deve constar no auto de infração quais são especificamente os artigos de lei que a fiscalização entende que foram violados. Aduz que é vedado à administração alterar o fundamento do auto de infração o que acarretaria a desigualdade entre as partes, motivo pelo deveria ser esclarecido no lançamento qual o dispositivo que fundamenta a pretensão. Cita doutrina a respeito. Afirma que o inciso LV do art. 5º da CF/88 confere aos acusados o direito de defesa, e sem a indicação precisão do dispositivo infringido é nula a peça inicial. Alega que o formulário padrão apresentado seria o equivalente a peça acusatória no processo penal descrever a suposta infração citando como fundamento legal toda a parte especial do Código Penal. Informa que além de não haver indicação precisa das disposições legais infringidas, também constam dipositivos legais de períodos anteriores ao período apurado. Ressalta que o FLD aponta dispositivos que se referem à aplicação de multa, porém no relatório fiscal de infrações não há menção aos deveres instrumentais que deixaram de ser cumpridos pelo Contribuinte. Apresenta julgado do CARF que o erro na indicação do enquadramento legal implica nulidade do lançamento. Fl. 1572DF CARF MF 6 Alega que o FLD contêm normas que não se referem aos períodos fiscalizados, bem como não indicam quais os deveres que deixaram de ser cumpridos para a aplicação da multa. Apresenta doutrina do CARF a respeito. Entende que a fundamentação legal dos autos foi defeituosa, o que acarreta a sua nulidade, pois deveria ser apontado de maneira específica quais os dispositivos violados para possibilitar o direito de defesa. Nulidade do Auto de Infração. Ausência de descrição dos fatos, Relatório Fiscal insuficiente. Alega que igual situação ocorre em relação à descrição dos fatos, há ausência de informações necessárias, os autos de infrações não têm motivação suficiente, o que determina nulidade do lançamento, pois não descreve, de maneira clara e precisa, o fato que motivou a lavratura da autuação. Apresenta doutrina e jurisprudência a respeito. Entende que a fundamentação envolve a indicação dos fatos concretos e individualizados que motivam a autuação, e que indicar um fato sem individualizar e apontar concretamente esse fato, atribui ao sujeito passivo muitas vezes a obrigação da produção de prova negativa. Salienta que o Relatório Fiscal é absolutamente insuficiente no que pertine a descrição dos fatos, deveria ser lhe demonstrado de maneira pormenorizada, quais os motivos pelos quais os valores pretendidos seriam devidos, para que a impugnante pudesse se defender pontualmente da imputação. Apresenta julgado do CARF neste sentido. Aponta o art. 37 da lei nº 8.212/91 e art. 50 da Lei nº 9.784/99, que estabelecem que os atos administrativos devem conter motivação clara, explícita e congruente, sob pena de nulidade. Entende que diante destes dispostivos legais deveria a Fiscalização comprovar a ocorrência do fato gerador do tributo, do contrário o auto de infração deve ser nulo. Cita jurisprudência do CARF, na qual seria nulo o auto de infração que não descreve a descrição dos fatos. Solicita a nulidade do auto de infração, por vício material, em observância aos art. 142 do CTN, a Lei nº 9.784/99 e do inciso III do art. 10 do Decreto nº 70.235/72 e demais dispositivos da Lei nº 8.212/91. Mérito Das Notas Fiscais e CFOP´s (Classificação Fiscal de Operações e Prestações). Afirma que os CFOPs 1201, 1556, 1949, 2556, 2910 e 2949, não se tratam de aquisições de produtos rurais, razão pela qual não se sujeitam à incidência da contribuição social, devendose excluilos. Entende que pela própria descrição dos CFOPs fica evidente que são operações distintas de entrada de mercadorias e que, de conseqüência, não se sujeitam à contribuição. Aduz que para os CFOPs 1902 e 2902 devese classificar “o retorno de insumos remetidos para industrialização por encomenda, incorporados ao produto final pelo estabelecimento industrializador”. Aduz que é equivocado o entendimento da Fiscalização ao considerar tais operações como aquisições de produtos de pessoas físicas, baseado no fato de que somente as pessoas jurídicas possuem a prerrogativa de exercerem atividades industriais. Explica que nestas CFOPs os insumos foram remetidos para a impugnante (indústria) e, após, devolvidos aos proprietários, não se sujeitando assim à incidência de contribuição. Fl. 1573DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 5 7 Salienta que no CFOP 1905 classificase as entradas de mercadorias recebidas para depósito em depósito fechado ou armazém geral, nada impedindo que o estabelecimento industrial possa estocar as referidas mercadorais. Do mesmo modo não poderia a Fiscalização simplesmente desconsiderar os registros com base no seu entendimento unilateral sobre as atividades do estabelecimento, que possue local próprio para depositar e armazenar as mercadorias, ainda que tem como objeto social a fabricação de alimentos para animais. Entende que se o CFOP não é de entrada de mercadorias adquiridas de produtores rurais, não pode incidir contribuição. Ressalta que diante da superficialidade, da falta de motivação e fundamentação concreta do Relatório Fiscal ao desconsiderar os CFOPs em questão, bem como da desconsideração de documentos fiscais regulares, que a fiscalização entende como inidôneos, evidencia a nulidade do lançamento. Auto de Infração nº 51.043.6030 Ilegitimidade da contribuição social rural Explica que a impugnante tem como objeto a industrialização de carne de aves e suínos, adquiridos de produtores rurais pessoas físicas, sendo, portanto, obrigada a efetuar a retenção e recolhimento por subrogação da contribuição incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de tais produtos, nos termos do art. 30, III e IV, da lei de custeio. Alega que é produtor rural pessoa jurídica e que estava sujeita ao recolhimento da contribuição definida pelo art. 22, inciso I da Lei nº 8.212/91, incidente sobre a folha de salários, porém com a Lei nº 8.870/94 tal contribuição teve uma radical alteração na base imponível que passou a incidir sobre a receita bruta decorrente da venda da produção rural à alíquota de 2,85%. Afirma que tal modificação violou o inciso I do art. 195 da CF/88, uma vez que substitui a base econômica “folha de salário” pela “receita bruta decorrente da venda da produção rural” o que acabou por criar nova contribução social a cargo da pessoa jurídica dedicada a produção rural, incidente sobre a mesma base de cálculo da COFINS. Informa que até a edição das leis ordinárias que alteraram a sistemática em questão, o produtor rural pessoa jurídica, que contratava terceiros para auxiliálo, deveria apenas contribuir sobre a folha de salários, e não sobre a comercialização, hipótese esta reservada apenas aos segurados especiais conceituados no § 8º, do art. 195 da CF/88. Alega que esta superposição contributiva para as empresas rurais, é fonte de flagrante inconstitucionalidade, conquanto nega vigência a norma inserta no § 4º do art. 195, da CF/88. Salienta que a alteração introduzida pela Lei nº 8.870/94, representa vício formal insanável, já que importa na alteração da própria base de cálculo dessa contribuição, fazendo surgir nova exação, que somente poderia surgir no mundo jurídico por intermédio de Lei complementar. Aponta o julgamento do Recurso Extraordinário nº 363.852 no STF que declarou a inconstitucionalidade da contribuição prevista no art. 25 da Lei nº 8.212/91, com redação alterada pelas leis já referidas, devido pelos empregadores Fl. 1574DF CARF MF 8 rurais pessoas físicas, incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção. Afirma que os Ministro do STF entenderam pela inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação ao art. 12, V e VII ao art. 25, I e II e ao art. 30, IV todos da Lei nº 8.212/91. Informa que com a decisão, os incisos I e II, do art. 25 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92, que prescreviam a incidência da contribuição sobre a receita bruta, foi declarada inconstitucional, pois a única forma de instituição dessa contribuição seria por meio de lei complementar, com base na competência residual prevista no art. 195, § 4º da CF. Cita doutrina sobre os elementos que compõem a base de cálculo dos tributos. Salienta que o art. 195, §4º da CF/88 estabelece que outras fontes de custeio da Seguridade Social poderão ser intituídas, desde que observem o art. 154, inciso I, da CF/88. Alega que agregandose à inconstitucionalidade apontada, a nova contribuição fez com que o produtor rural pessoa jurídica passasse a contribuir duas vezes sobre a mesma base imponível, hipótese que configura bis in idem, situação vedada pela CF/88. Apresenta doutrina e jurisprudência sobre a impossibilidade de existir bis in idem. Entende que é inegável que a norma seja taxada de inconstitucional, pois atribui ao produtor rural pessoa jurídica o dever de recolher dois tributos sobre a mesma hipótese – faturamento – perpetrando violação ao princípio da isonomia. Ressalta que não se pode admitir como isonômica a norma que determina ao empregador rural que contribua sobre uma base de cálculo econômica, enquanto o empregador urbano recolha apenas sobre sua folha de salários. Aduz que também não se pode admitir que ao produtor rural pessoa jurídica recaiam dois tributos (COFINS e FUNRURAL), enquanto o empregador pessoa jurídica urbano contribui apenas para a COFINS. Apresenta doutrina e jurisprudência sobre o princípio da isonomia. Aduz que o STF afastou o recolhimento do Funrural, na forma dos incisos I e II do art. 25 e do art. 30, inciso IV, ambos da Lei nº 8.212/91, que estabelece a hipótese de responsabilidade tributária, cuja redação, dada pela Lei nº 8.540/92, também foi declarada inconstitucional. Afirma que a Lei nº 9.528/97, referida no julgamento do STF, é o instrumento normativo que dá a atual redação aos incisos I e II do art. 25 e ao art. 30, inciso IV, ambos da Lei nº 8.212/91 e que foi declarada inconstitucional, até que nova lei, com base na EC 20/98, venha a instituir a contribuição. Anota que o caput do art 25 da Lei nº 8.212/91 foi alterado pela Lei nº 10.256/01, para estabelecer que, no caso da incidência prevista nos incisos I e II do referido art 25, não haverá a incidência da contribuição sobre a folha de salários. Apresenta jurisprudência do TRF 3ª Região relativo as inconstitucionalidades mencionadas. Informa que o STF já decidiu que existindo contribuição sobre receita, não é possível instituir outra exação com a mesma hipótese de incidência e base de cálculo, pois seria uma duplicação da contribuição. Aponta novamente o RE nº 363.852/MG. Fl. 1575DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 6 9 Alega que não bastassem todos os fundamentos até aqui expostos as alterações nas Lei nº 8.540/92, 9.528/97 e 10.256/01, também afrontam o texto constitucional no que se refere ao regime de custeio. Entende que ao alterar a base tributável do produtor rural o legislador acrescentou uma base imponível somente adotada para aqueles contribuintes definidos no § 8º do art. 195 da CF/88, o que acarretou ampliar o rol dos sujeitos passivos da exação que a Constituição reserva apenas aos segurados especiais. Cita jurisprudência do TRF 4ª Região. Auto de Infração nº 51.057.4432 Ilegitimidade da contribuição ao SENAR Alega que para evitar transcrições e repetições, reportase aos termos da impugnação apresentada no Debcad nº 51.043.6030 e que pelo fato do SENAR se tratar de contribuição diretamente relacionada à matriz normativa das contribuições criadas pelos incisos I e II, do Art. 25 da Lei nº 8.870/94, uma vez reconhecida a inconstitucionalidade desta, outra sorte não poderá se estender à contribuição destinada ao Sistema “S”. Salienta que deve ser reconhecida a ilegitimidade do § 1º, do art. 25 da Lei nº 8.212/91 que modificou a base imponível da contribuição ao SENAR, pois o regramento é incompatível com os princípios de superposição de contribuições e isonomia tributária, nos termos dos §§ 4º e 8º, do art. 195, inciso II, do art. 150 ambos da CF/88. Afirma que o STF estabeleceu que as contribuições do Sistema “S”, possuem natureza jurídica de contribuição social geral. Ressalta que a Lei nº 8.870/94 alterou a Lei nº 8.212/91, no que tange a contribuição devida pelo empregador rural pessoa jurídica, que até então se enquadrava no art. 22 e incisos. Aduz que tal alteração modificou a forma de tributação do empregador rural, que não teria mais contribuição calculada sobre a folha de salários, mas sobre o “valor estimado da produção agrícola própria, considerado seu preço de mercado” (conforme art. 25, §2º, da Lei nº 8.870/1994). Entende que tal dispositivo padecia de inconstitucionalidade, por não estar previsto na Constituição Federal a incidência de contribuições sociais sobre a receita bruta, nem sequer, sobre , em se tratando de agroindústria, do “valor estimado da produção agrícola própria”, aliado, ainda, ao fato que foi criada nova espécie de contribuição, sem obedecer ao previsto no art. 154, Inciso I, da CF/88. Esclarece que por essas razões foi proposta a ADIN nº 1.103/DF, a qual foi julgada procedente pelo STF, julgando inconstitucional o art. 25, §2º, da Lei nº 8.870/94, devido a base de cálculo “valor estimando da produção agrícola própria, considerado seu preço de mercado” não estar incluído no conceito de faturamento e pelo fato de impor nova base de cálculo sem a observância de Lei Complementar. Alega que com a EC nº 20/98 e devido a Lei nº 10.256/01 que alterou a Lei nº 8.212/91, inserindo o art. 22A, obrigou a agroindústria a contribuir em percentual sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção. Entende que as citadas normas continuam sendo contestadas judicialmente pelo fato de que incide contribuição sobre a base de cálculo da COFINS fazendo Fl. 1576DF CARF MF 10 com que haja mais de uma contribuição social incidente sobre a mesma base (faturamento/receita) o que é bitributação. Cita os art. 195, §4º combinado com o art. 154, I ambos da CF/88, nos quais constam que não podem haver duas ou mais contribuições incidindo, ao mesmo tempo, sobre a mesma base de cálculo, restando esgotados as competências tributárias para incidir sobre as base descritas constitucionalmente. Cita o RE nº 363.852/MG que julgou impossível a cumulação da contribuição do art. 25, incisos I e II da Lei nº 8.212/9 e da COFINS sobre a mesma base de cálculo, bem como jurisprudência do TRF 4ª Região neste sentido. Informa que a interpretação sistemática do §13º do art. 195 c/c com o art. 146, III ambos da Constituição Federal, que para operar a referida substituição, deveria ser utilizada lei complementar, e não ordinária, como a Lei nº 10.256/01. Afirma que a Lei nº 10.256/01 criou uma nova contribuição por meio de um processo legislativo incorreto, uma vez que a contribuição devida pela agroindústria deixou de ter o fato gerador pagar salário e base cálculo folha de salário, e passou a ter novo fato gerador e base de cálculo, o que nos termos do art. 4º do CTN, criaria uma nova contribuição. Apresenta doutrina neste sentido. Salienta novamente que para instituição de nova modalidade de tributo requerse lei complementar, nos termos do art. 195, §4º e 154, I, ambos da CF/88. Apresenta entendimento do TRF 1ª Região este respeito. Ressalta que a Lei nº 10.256/01 é inconstitucional por ter pretendido instituir novo tributo por meio de lei ordinária. Cita julgado do STF no qual foi declarado a inconstitucionalidade da contribuição devido pelos empregadores pessoas físicas ao FUNRURAL, prevista no art. 1º da Lei nº 8.540/92. Alega que o entendimento do STF é no sentido de a contribuião sobre a receita bruta de venda dos produtos da agroindústria que tornaram o FUNRURAL indevido, pelos seguintes motivos: a) bitributação, b) esgotamento da competência tributária e c) necessidade de Lei Complementar para veicular novo tributo. Salienta que uma vez reconhecida a inexigibilidade do FUNRURAL, a decorrência lógica é de qualquer contribuição sobre a “receita bruta da comercialização da produção” da industrialização de produção rural é igualmente indevida, como a do SENAR. Auto de Infração nº 51.043.6030 e Auto de Infração nº 51.057.4432 Inexigibilidade da Multa Alega que o relatório fiscal não revela quais os motivos pelos quais foi aplicada a multa de 75%, sendo assim, a penalidade não pode ser aplicada. Entende que o percentual da multa aplicada tem efeito confiscatório, para tanto apresenta julgado do TRF 5ª Região, neste sentido. Afirma que não restou demonstrado qualquer intenção da Impugnante em omitir ou distorcer informações, pelo contrário colaborou com a fiscalização, o que impediria de aplicar a multa de 75%. Apresenta a súmula nº 14 do CARF, no qual a simples omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício. Aponta, ainda, o RE nº 374.981/RS, que decidiu pela impossibilidade de que haja excessos no poder de tributar. Solicita que caso não se entenda pelo afastamento, que lhe seja reduzida a multa no patamar de 20%, conforme entendimento do TRF 4ª Região. Requerimento Fl. 1577DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 7 11 a) receber a presente defesa, vez que a apresentada no prazo legal, e determinar seu regular processamento, inclusive para fins de suspensão da exigibilidade do crédito dos valores, na forma artigo 151, inciso III do Código Tributário Nacional, para, ao final; b) reconhecer as nulidades apontadas, para o efeito de anular o procedimento de fiscalização e o auto de infração lavrado e; c) caso não seja este o entendimento, o que se admite apenas por hipótese, desconstituir o crédito tributário, diante da inexigibilidade dos valores, tudo conforme os fundamentos antes expostos, ou; d) alternativamente, desqualificar a multa aplicada, com a redução do percentual. Requer, ainda, a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a juntada de novos documentos e pericial, caso a autoridade julgadora entenda que os fundamentos apresentados não são suficientes para desconstituir a exigência. A DRJ/CTA considerou a impugnação procedente em parte, conforme se extrai da ementa da decisão fustigada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. COMPETÊNCIA. É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RELATÓRIO DE FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. O anexo do Auto de Infração denominado FLD Fundamentos Legais do Débito indica os dispositivos legais que autorizam o lançamento e a cobrança das contribuições exigidas, de acordo com a legislação vigente à época dos respectivos fatos geradores, possibilitando o pleno exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidas na legislação previdenciária vigente. MULTA DE OFÍCIO. INCONSTITUCIONALIDADE. Fl. 1578DF CARF MF 12 É defeso à autoridade julgadora afastar a multa de ofício lançada conforme manda a lei, sob fundamento de inconstitucionalidade. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntário no qual repisa as razões trazidas na peça impugnatória. Por fim, reitera pedidos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 1579DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 8 13 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Conforme já relatado, temse no presente processo os Autos de Infração nº 51.043.6030 e nº 51.057.4432, os quais foram lavrados com base nos mesmos elementos, diferenciandose tãosomente por tratarem, o primeiro, de contribuição devida à Previdência Social; e, o segundo, de contribuição devida ao SENAR. Nesse contexto, tendose em conta que as matérias, assim como as razões de defesa, são, em quase sua totalidade, semelhantes, essas serão tratadas conjuntamente na presente análise, sendo que somente nos itens “Ilegitimidade da Contribuição Social Rural (AI nº 51.043.6030)” e “Ilegitimidade da contribuição ao SENAR (AI nº 51.057.4432)” será realizado um exame voltado especificamente para cada um dos autos. AUTO DE INFRAÇÃO Nº 51.043.6030 E AUTO DE INFRAÇÃO Nº 51.057.4432 Preliminares Nulidade da Fiscalização em Razão de Incompetência Jurisdicional da Autoridade Autante Nos termos do recurso voluntário, os autos de infração seriam nulos, pois o contribuinte tem domicílio fiscal em Brasília e a Fiscalização fora realizada por AuditorFiscal lotado em Cuiabá/MT, ou seja, por autoridade tida por incompetente. A matéria em questão encontrase há muito pacificada no âmbito deste Conselho, sendo impassível de discussão que, observadas as formalidades legais, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é competente para efetuar o lançamento de crédito tributário mesmo estando lotado em unidade administrativa diversa daquela em que o contribuinte encontrese jurisdicionado. A premissa urdida pelo sujeito passivo de que para a aplicação do § 2º do art. 9º do Decreto nº 70.235/1972 a autoridade administrativa deveria “ser designada em caráter especial ou excepcional para exercer suas atribuições em local diverso do de sua jurisdição fiscal”não encontra amparo na legislação de regência, não o acudindo em suas pretensões. De modo semelhante, a Portaria RFB nº 2.466/2010 em nenhum momento estabelece qualquer limitação quanto a atuação do AuditorFiscal para restringila aos contribuintes jurisdicionados em sua unidade de lotação. Ainda sobre esse assunto, a Súmula CARF nº 27, de observância obrigatória no âmbito deste Conselho, estabelece: Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Fl. 1580DF CARF MF 14 Sem maiores tergiversações, reafirmase o entendimento esposado na decisão recorrida, afastandose essa preliminar. Nulidade do Auto de Infração. Ausência de fundamentação legal. Outra contenda ostentada pela recorrente diz respeito a pretensa nulidade em razão da ausência de fundamentação legal apta a respaldar a autuação. A falta de indicação clara e precisa dos dispositivos legais tidos como violados acarretaria a nulidade do procedimento, pois o contribuinte teria de tentar descobrir qual o fundamento legal da pretensão fiscal, o que não lhe possibilitaria o pleno e satisfatório exercício do direito de defesa assegurado pelo inciso LV do art. 5º da CF. Analisandose os relatórios denominados “FLD – Fundamento Legal do Débito” (fls. 44/45 e fls. 84/85), verificase que tais documentos relacionam todos os dispositivos infringidos indicando, de forma pormenorizada, as normas afetas: à competência para fiscalizar, arrecadar e cobrar os tributos objeto das autuações; à contribuição sobre a comercialização da produção rural de produtor pessoa física; à contribuição para o financiamento dos benefícios em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (Gilrat), incidente sobre a mesma base de cáculo; à contribuição para o SENAR; à obrigação legalmente imposta à pessoa jurídica adquirente de produção rural de pessoa física para arrecadar e recolher as contribuições incidentes sobre a receita bruta proveniente da produção rural; aos prazos de recolhimento das contribuições; à multa de ofício; e aos acréscimos legais. Vejase que, diferentemente do que quer fazer crê a recorrente, não se trata de um emaranhado de normas que acompanham toda e qualquer autuação. Tratase da indicação individualizada do arcabouço normativo aplicável exclusivamente ao auto de infração a que se refere, propiciando o pleno exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, os quais foram exercidos de forma plena pelo sujeito passivo. Nesse sentido, não merecem reparos a asserções contidas na decisão fustigada as quais se reproduz a seguir: Em conseqüência, contrariamente ao alegado pela Impugnante, o anexo “FLD – Fundamentos Legais do Débito” propicia, sim, o pleno exercício do direito do contraditório e da ampla defesa constitucionalmente assegurado aos litigantes em processo administrativo. Ademais, os termos da defesa apresentada demonstram que o sujeito passivo tem pleno conhecimento da origem e natureza do Fl. 1581DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 9 15 crédito previdenciário ora exigido, tendo se defendido contra o mesmo tanto nas preliminares quanto no mérito, destacandose que, no caso, que foram aqui lançadas contribuições por sub rogação no adquirente relativo a aquisição por parte da empresa de produtos rurais tendo como incidência a receita bruta de vendas. Não houve, no caso, qualquer cerceamento de defesa, tendo sido os dispositivos legais que fundamentam o presente lançamento indicados, com clareza e objetividade no anexo “FLD – Fundamentos Legais do Débito”, e, tendo sido oportunizado ao contribuinte apresentar defesa após a lavratura destes AI, constatase que foram respeitados os princípios do contraditório, da ampla defesa e da tipicidade, não havendo que se falar em nulidade do presente lançamento. Em vista do exposto, afastase a presente preliminar. Nulidade do Auto de Infração. Ausência de descrição dos fatos, Relatório Fiscal insuficiente Com relação ao Relatório Fiscal (fls. 88/91), infere a contribuinte que a descrição dos fatos não contém as informações necessárias, não descrevendo de forma clara e precisa o que teria motivado a lavratura dos autos de infração, em afronta ao art. art. 37 da Lei nº 8.212/1991 e art. 50 da Lei nº 9.784/1999. Em razão disso, roga pela nulidade da autuação por virtude de vício material. Da análise do Relatório Fiscal constatase que de referido documento constam informações de que o lançamento do crédito tributário se deu em razão de o autuado, na condição de adquirente de produtos rurais, não ter recolhido a contribuição a cargo dos produtores rurais pessoas físicas referidos na alínea “a” do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/1991, consoante determina o inciso III do art. 30 da mesma Lei. O Relatório Fiscal faz menção ainda ao inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/1991, c/c o inciso I do § 7º do art. 200 do Regulamento da Previdência Social, os quais tratam da atribuição legalmente outorgada às empresas adquirentes de produção rural quanto ao cumprimento das obrigações dos produtores rurais pessoas físicas, a denominada “sub rogação”, para, em seguida, apontar cada um dos levantamentos resultantes dos autos de infração, quais sejam: a) SR entradas de mercadorias adquiridas de produtores rurais pessoas físicas, constantes dos CFOP’s Código Fiscal de Operações e Prestações nº 1101, 1201, 1556, 1949, 2101, 2556, 2910 e 2949; b) SI entradas de mercadorias remetidas por pessoas físicas, lançadas nos CFOP’s 1902 e 2902 (Retorno de mercadoria remetida para industrialização por encomenda); e c) SD entradas de mercadorias encaminhadas por pessoa física ao estabelecimento 72.600.190/001160, e registradas no CFOP 1905 (Entrada de Mercadoria recebida para depósito em depósito fechado ou armazém geral). Fl. 1582DF CARF MF 16 Ainda segundo o Relatório Fiscal, as contribuições devidas ao SENAR, apuradas sobre essas mesmas bases foram lançadas em separado, exclusivamente para fins de adequação aos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Mais adiante, consta do Relatório Fiscal, em relação tanto ao AI DEBCAD n° 51.043.6030 quanto ao AI DEBCAD n° 51.057.4432 o que segue: Integram este AI Auto de Infração, além do presente relatório fiscal, outros relatórios e documentos, conforme discriminado abaixo: Discriminativo do Débito DD (Informa ao contribuinte, por estabelecimento, competência e levantamento, as bases de cálculo, as contribuições correspondentes, o valor dos juros SELIC, da multa e do total cobrado); Relatório de Lançamentos RL; Fundamentos Legais do Débito FLD (Informa ao contribuinte os fundamentos legais que respaldam a constituição do presente crédito, abrangendo todos os fatos geradores e acréscimos legais); Por certo, o Relatório Fiscal não pode ser analisado de forma isolada, cabendo ao sujeito passivo considerar todos os documentos nele indicados (Discriminativo do Débito – DD, Relatório de Lançamentos – RL e Fundamentos Legais do Débito – FLD, insertos às fls. 4/44, 47/85, 94/1319). Referidos documentos, reiterese, informam ao recorrente: a) por estabelecimento, competência e levantamento: as bases de cálculo, as contribuições correspondentes, o valor dos juros SELIC, da multa e do total cobrado; cada um dos produtores pessoas físicas dos quais foram adquiridos os produtos rurais, além do valor decorrente dessas aquisições; e b) os fundamentos legais: relativos à competência legal da autoridade autuante; e que respaldaram a constituição do presente crédito, abrangendo todos os fatos geradores e acréscimos legais. Resta claro, portanto, que não houve qualquer afronta ao art. 10 do Decreto nº 70.235/1972, tendo em vista que o auto de infração foi lavrado por servidor competente (AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil devidamente investido no cargo), contém o local da verificação da falta, e ainda: i) a qualificação do autuado; ii) o local, a data e a hora da lavratura; iii) a correta descrição dos fatos; IV) as disposições legais infringidas e a penalidade aplicável; V) a determinação da exigência e a intimação do autuado para cumprila ou impugnála; e VI) a assinatura do autuante com a indicação de seu cargo e função e seu número de matrícula. Além disso, as asserções extraídas do Relatório Fiscal e dos demais demonstrativos que integram os Autos de Infração mostramse suficientes para infirmar as Fl. 1583DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 10 17 demais alegações apresentadas no recurso voluntário em relação à presente matéria, eis que i) corroboram a inexistência do recolhimento das contribuições abrangidas no lançamento ii) apontam claramente a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária; iii) espelham a determinação da matéria tributável; iii) apresentam o cálculo do montante do tributo devido; iv) identificam adequadamente o sujeito passivo; v) exteriorizam a penalidade aplicável; e vi) indicam os fatos e os fundamentos jurídicos que motivaram o lançamento. Por tudo isso, não se verifica descumprido nenhum dos requisitos do art. 142 do CTN, da Lei nº 8.212/1991, da Lei nº 9.784/1999 ou do Decreto nº 70.235/1972 tendentes a macular o feito fiscal, sendo completamente descabidos os argumentos fabulados pela recorrente. Preliminar rejeitada. Mérito Das Notas Fiscais e CFOP (Classificação Fiscal de Operações e Prestações) De acordo com a peça recursal, os produtos registrados nos CFOP 1201, 1556, 1949, 2556, 2910 e 2949, não se tratam de aquisições de produtos rurais, razão pela qual não se sujeitam à incidência da contribuição previdenciária ou ao SENAR, devendose exclui los da autuação. Impende ressaltar, de início, que, com base nas notas fiscais apresentadas pelo recorrente (na forma de arquivos digitais), resta inequivocamente comprovado que as mercadorias identificadas pelos códigos CFOP acima referidos foram adquiridas de produtores rurais pessoas físicas. Aludido fato pode ser confirmado a parir do Relatório De Lançamentos – RL. Vejase que referido relatório, conforme já se afirmou acima, identifica, individualizadamente, o produtor rural pessoa física de quem foi adquirida a mercadoria, além de seu valor e do número da nota fiscal a que se refere. Assim, a mera afirmação feita pela recorrente, com base exclusivamente na descrição do código da operação e, em contraposição à todos os elementos de prova que ensejaram as autuações, não se mostra suficientemente apta desconstituir os crédito lançados. Na mesma esteira, não vejo como reputar válidas as alegações de que as mercadorias registradas sob os CFOP 1902 e 2902 tratemse de “retorno de insumos remetidos para industrialização por encomenda, incorporados ao produto final pelo estabelecimento industrializador”. É certo que um dos fundamentos utilizados pela Fiscalização foi o de que, não obstante as descrições relacionadas a essas operações, segundo o Regulamento do IPI, somente as pessoas jurídicas têm a prerrogativa de exercerem atividades industriais, mas não foi somente por esse fundamento que procedeu à autuação. Asseverese que, assim como com relação às entradas das mercadorias registradas nos demais códigos, as relacionadas aos CFOP 1902 e 2902 também deram entrada em estabelecimentos da autuada, mediante registro de nota fiscal com a identificação do produtor rural que comercializou a mercadoria, bem assim seu respectivo valor. Decerto, para fazer prova de suas alegações, bastaria ao sujeito passivo apresentar as respectivas notas fiscais Fl. 1584DF CARF MF 18 de saída. Entretanto, não se tem notícia da exibição de qualquer elemento de prova que pudesse dar suporte às argumentações prenunciadas. Com relação com relação às mercadorias adquiridas ao abrigo do código CFOP 1905, não colhe melhor sorte a contribuinte. É inconteste que, a despeito de a codificação se referir a “Entrada de Mercadoria para depósito em depósito fechado ou armazém geral”, o estabelecimento a que se destinaram os produtos registrados nesse código tem por objeto social a “fabricação de alimentos para animais”. Com efeito, não vejo como discordar da autoridade autuante quando essa afirma que o fato de tais produtos terem se destinado a estabelecimento industrial desabona referidos registros. De mais a mais, também com relação às mercadorias adquiridas sob esse último código, a recorrente não apresenta qualquer prova de suas alegações. Apercebase que, caso se estivesse diante de prestação de serviços de depósito de mercadoria recebida de terceiros, seguramente não teria essa atividade sido desempenhada a título gratuito, ou seja, poderia se fazer prova do alegado tanto a partir da apresentação de comprovantes de recebimento de numerários para esse fim quanto da apresentação de notas fiscais de saída quando da restituição das mercadorias a seus proprietários. Importa salientar ainda que, nos termos do inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/1991, a subrogação (substituição tributária) alcança não somente a empresa adquirente, mas também a consignatária, quer dizer, mesmo que restassem comprovadas as considerações apresentadas com relação às mercadorias concernentes ao CFOP 1905, a contribuição seria igualmente devida. Mantido o lançamento das rubricas mencionadas. AUTO DE INFRAÇÃO Nº 51.043.6030 Ilegitimidade da Contribuição Social Rural (inclusive SAT/RAT) No que se refere à presente matéria, os fundamentos erigidos no recurso voluntário estão voltados para hipotética inconstitucionalidade dos incisos I e II do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, em face da declaração de inconstitucionalidade de tais dispositivo no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 363.852/MG. Consta do apelo do contribuinte: No julgamento do Recurso Extraordinário n° 363.852, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do FUNRURAL (contribuição à Seguridade Social prevista no artigo 25 da Lei n° 8.212/1991, com redação alterada pelas leis já referidas), devido pelos empregadores rurais pessoas físicas, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal entenderam pela inconstitucionalidade do artigo 1o da Lei n° 8.540/1992, que deu nova redação ao artigo 12, V e VII, ao artigo 25, I e II e ao artigo 30, IV, todos da Lei n° 8.212/1991. Nos termos da ementa do RE nº 363.852/MG: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade e nos termos do Fl. 1585DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 11 19 voto do relator, em conhecer e dar provimento ao recurso extraordinário para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do recolhimento por sub rogação sobre a "receita bruta proveniente da comercialização da produção rural" de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência. Em seguida, o relator apresentou petição da União no sentido de modular os efeitos da decisão, que foi rejeitada por maioria, vencida a Ministra Ellen Gracie, em sessão presidida pelo Ministro Gilmar Mendes, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. (Grifamos) De início, convém ressalvar que os lançamentos aqui discutidos referemse a período de apuração que vão de 01/01/2009 a 31/12/2010, o que significa dizer que os fatos geradores que o integram perfectibilizaramse com esteio na Lei nº 10.256/2001. Da leitura superficial do acórdão relativo ao RE 363.852 é possível que se chegue ao entendimento de que todos os dispositivos inseridos na Lei nº 8.212/1991 pelas Leis nº 8.540/1992 e nº 9.528/1997 teriam sido fulminados com a decisão tomada pelo STF, entretanto, esse entendimento não resiste a uma análise mais detida da decisão. Aliás, examinandose o decisum em conjunto com as normas a que ela se refere, constatase que sequer os incisos I e II do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 8.540/1992, foram extirpados do mundo jurídico. Apercebase que a base em que se encontra acostada a decisão tomada no RE 363.852 reportase à inconstitucionalidade da contribuição previdenciária incidente sobre a “receita bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores rurais pessoas naturais por virtude de sua desconformidade com a alínea “a” do inciso I do art. 195 da Constituição Federal em período anterior ao da edição da Emenda Constitucional nº 20/1998, em vista de não se ter observado o § 4º de referido art. 195, que somente permitia a instituição de novas fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, mediante lei complementar. Ainda segundo a decisão da Suprema Corte, a inconstitucionalidade somente perdura “até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição”. Para se dar prosseguimento à presente análise, mister se faz reproduzir o art. 25 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.528/1997: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Fl. 1586DF CARF MF 20 II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). De se notar que, além do empregador rural pessoa natural, o caput do art. 25 da Lei nº 8.212/1991 trata também do denominado “segurado especial” (produtor rural que labora em regime de economia familiar, sem o auxílio de empregados), ou seja, a despeito da inconstitucionalidade declarada pelo STF, o indigitado art. 25 não perdeu a higidez em relação aos segurados especiais, em vista de a matriz constitucional para a criação da exação previdenciária exigida dessa espécie de segurado ser o § 8º do art. 195 da CF/1988, que estabelece expressamente que tais produtores rurais “contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção”. De igual modo, permaneceram válidos os incisos V, alínea “a”, e VII do art. 12 os quais se limitam a i) definir que o empregador rural pessoa física encontrase abrangido no conceito de “contribuinte individual”; e ii) conceituar o contribuinte denominado “segurado especial”. Citados dispositivos não têm nenhuma relação com a contribuição objeto da declaração de inconstitucionalidade. No tocante o inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/1991, temse que aludido preceito limitase a dispor sobre a subrogação das empresas adquirentes de produtos rurais nas obrigações de empregadores rurais pessoas físicas e segurados especiais, o que representa mera responsabilização tributária que, nos termos do art. 128 do CTN, tratase de matéria reservada a lei ordinária, do que se infere que essa disposição normativa não foi afetada pela decisão do Pretório Excelso. Ademais, mesmo após o julgamento do RE em tela, referido inciso permaneceu válido, aplicandose plenamente ao segurado especial. Retomandose a discussão acerca do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, como dito alhures, ao declarar a inconstitucionalidade das Leis nº 8.540/1992 e 9.528/1997, o RE nº 363.852 o fez somente em relação ao empregador rural pessoa física, visto que o § 8º do art. 195 da Constituição é expresso no sentido de que a contribuição do segurado especial incide sobre o resultado da comercialização de sua produção. Com isso, permaneceram válidos em relação ao segurado especial tanto o caput do art. 25 quantos seus incisos I e II. Repisese que, consoante decidiu o STF, a inconstitucionalidade somente persistiria “até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, (viesse) a instituir a contribuição”. Consequentemente, com a edição da Lei nº 10.256/2001, ao abrigo da EC nº 20/1998 (a qual inseriu no texto constitucional a hipótese de se instituir validamente contribuição para a Seguridade Social tendo por base a receita ou faturamento), não há que se falar em ausência de qualquer requisito de validade capaz de aniquilar a exação. Asseverese que, tendo os incisos I e II do art. 25 e o inciso IV do art. 30 da Lei nº 8.212/1991 permanecido incólumes, o fato de a Lei nº 10.256/2001 ter alterado somente o caput do art. 25 da Lei de Custeio, nele reinserido o empregador rural pessoa física, após o advento da EC nº 20/1998, mostrouse suficiente para conferir validade ao tributo em relação a esses contribuintes. Para sepultar toda essa discussão, o STF decidiu pela legitimidade da exação impelida ao empregador rural pessoa física em decisão tomada no julgamento do Recurso Extraordinário 718.874/RS, com repercussão geral reconhecida, entendendo ser constitucional, formal e materialmente, a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. Fl. 1587DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 12 21 Por fim, há que se fazer menção à Resolução do Senado Federal nº 15/2017, a qual, com base no RE nº 363.852/MG: Suspende, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e a execução do art. 1º da Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992, que deu nova redação ao art. 12, inciso V, ao art. 25, incisos I e II, e ao art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, todos com a redação atualizada até a Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997. As resoluções do Senado Federal a que se refere o inciso X do art. 52 da Constituição têm por finalidade suspender a execução de leis federais declaradas inconstitucionais por decisão STF pela via do controle incidental ou difuso, quando a Corte é chamada a julgar recursos extraordinários relacionados a casos concretos. Convém ressalvar que sentença do STF que venham a considerar inconstitucional determinada norma em controle difuso possuirá efeitos tão somente inter partes e ex tunc, isto é, se a inconstitucionalidade foi verificada na via incidental, a decisão Suprema Corte alcançará tãosomente as partes interessadas do processo. De outro modo, o inciso X do art. 52 da CF/88 instituiu a possibilidade de esse tipo de decisão surtir efeitos erga omnes (para todos) ao atribuir ao Senado Federal a possibilidade de, por juízo de relevância, editar resolução suspendendo a execução da norma declarada inconstitucional. Contudo, a resolução da Casa Legislativa não pode extrapolar os limites da decisão judicial, pois isso implicaria invadir competência precípua da Corte Suprema, conferida pela alínea “b” do inciso III do art. 102 da Carta da República. Dito isso, constatase que a Resolução do Senado Federal nº 15/2017 não trouxe qualquer inovação que possa interferir no desfecho da situação aqui analisada, visto que se refere a decisão afeta a situações anteriores à edição da Lei nº 10.256/2001 que, como dito acima, teve sua constitucionalidade reconhecida pelo STF. Desse modo, neste ponto, não merecem prosperar as razões recursais. AUTO DE INFRAÇÃO Nº 51.057.4432 Ilegitimidade da contribuição ao SENAR Infere o sujeito passivo que, pelo fato de a contribuição destinada ao SENAR tratarse de contribuição diretamente relacionada à matriz normativa das contribuições criadas pelos incisos I e II do art. 25 da Lei nº 8.870/1994, uma vez reconhecida a inconstitucionalidade destas, outra sorte não poderá se estender à contribuição devida à entidade do Sistema “S”. Prossegue suscitando a existência de discussão judicial quanto a validade da contribuição destinada à seguridade social exigida de pessoas jurídicas, inclusive agroindústrias, mesmo após a edição da Lei nº 10.256/2001. Faz referência à decisão tomada em relação à ADI nº 1.103/DF e aponta aspectos que julga corroborar a inconstitucionalidade da exigência. Diferentemente do que aduz a recorrente, a contribuição de empregadores rurais pessoas naturais destinada ao Senar encontra previsão no art. 6º da Lei nº 9.528/1997, na redação dada pela Lei nº 10.256/2001. Confirase Fl. 1588DF CARF MF 22 Art. 6º A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) Frisese que a contribuição em análise não foi objeto declaração de inconstitucionalidade seja em decorrência do RE 363.852/MG ou da ADI nº 1.103/DF. Sobre as considerações trazidas na peça recursal de que essa contribuição teria sido instituída em desacordo com a Constituição, a teor do disposto no 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, recepcionado pela ordem constitucional vigente com força de lei, aos órgãos de julgamento administrativo é vedado afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, excetuando apenas os casos relacionados no próprio Decreto, os quais não têm relação com o objeto da presente lide. Vejamos: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. No mesmo sentido, Desse modo, não é lícito a este Colegiado a análise da constitucionalidade de normativos legais, mediante afastamento de sua aplicação. Além disso, de conformidade com a Súmula CARF nº 2, de aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, é vedado a esta Corte Administrativa pronunciarse sobre constitucionalidade de lei. In verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 1589DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 13 23 Desta feita, temse como não sendo possível aos órgãos de julgamento administrativos afastarem lançamento de crédito tributário sob o fundamento de que as normas legais que lhe dão suporte ferem princípios consagrados na Carta da República, pois, admitir ao julgador administrativo tal análise equivaleria invadir competência exclusiva do Poder Judiciário. AUTO DE INFRAÇÃO Nº 51.043.6030 E AUTO DE INFRAÇÃO Nº 51.057.4432 Inexigibilidade da Multa Com relação à multa de ofício de 75%, o sujeito passiva alega basicamente ter essa efeito confiscatório e suscita a Súmula CARF nº 14 segundo a qual a simples omissão de receita não autoriza a qualificação da multa. Sobre esse assunto é preciso informar que não se está diante de omissão de receita, tampouco de multa imposta com qualquer tipo de qualificadora, sendo inaplicável ao caso a Súmula CARF nº 14. Conquanto essas questões tenham restado satisfatoriamente esclarecidas na decisão de piso, ao que tudo indica, será necessário esmiuçála ainda mais para que a recorrente possa finalmente compreender a situação. Nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/1991: Art. 35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O art. 44 da Lei nº 9.430/1996, estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. De se esclarecer que a multa no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), referida no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1996, incidente sobre a totalidade ou diferença da contribuição não recolhida é aplicável em decorrência de lançamento de ofício, isto é, não se trata, repitase, de multa aplicada com qualquer tipo de qualificadora, mas de multa ordinária, motivada pelo fato de contribuinte ter deixado de cumprir espontaneamente o dever legal de recolher o tributo devido. Fl. 1590DF CARF MF 24 Repare que a multa qualificada é aquela prevista no § 1º do art. 44 do mesmo diploma legal. Essa, somente seria imponível ao caso ora analisado se a autoridade autuante tivesse se deparado com alguma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964 e seu percentual seria não de 75%, mas de 150%. Destarte, desprovida de razão a inquietação trazida em sede recursal no que tange à aplicação de multa qualificada ou à inobservância da Súmula CARF nº 44. Com relação ao argumento do contribuinte de que o percentual da multa aplicada teria efeito confiscatório, compete acentuar que lançamento foi efetuado de conformidade com a legislação que rege a matéria, conferir legitimidade a tal argumento equivaleria a reconhecer a inconstitucionalidade das normas que fundamentaram a imposição da multa de ofício. Não se olvide que o princípio de vedação ao confisco consagrado na Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a penalidade de multa nos moldes da legislação em vigor. Cabe aqui reafirmar que aos órgãos de julgamento administrativos é vedado afastar lançamento de crédito tributário sob o fundamento de inconstitucionalidade de lei, cabendo tal análise ao do Poder Judiciário. Por fim, a respeito da redução da multa ao patamar de 20%, o art. 35 da Lei nº 8.212/1991 prescreve: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a,b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Grifamos) O art. 61 da Lei nº 9.430/1996, estabelece: Art.61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. (Grifamos) O dispositivos encimados, esclareçase, referemse a juros de mora e são aplicáveis a tributos recolhidos em atraso, mas espontaneamente. In casu, como se está diante de lançamento de ofício, correta a Fiscalização por ter estabelecido o percentual da multa em 75%. Fl. 1591DF CARF MF Processo nº 14098.720007/201428 Acórdão n.º 2402005.994 S2C4T2 Fl. 14 25 Doutrina e Jurisprudência Quanto à doutrina e jurisprudência propagada ao longo do recurso voluntário, além de não vincularem o julgador administrativo, não têm relação com o contexto fático retratado nos autos. Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1592DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720195/2012-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
FALTA DE INDICAÇÃO DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
A fundamentação legal não se estabelece somente pela indicação do dispositivo legal a que se refere. Ela também compreende a descrição do fato imponível, daquele que retrata a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, que, a meu ver, é de mais alto relevo do que a própria descrição legal, pois permite à outra parte o perfeito conhecimento do que lhe está sendo arrogado.
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. OUTRAS HIPÓTESES. INOCORRÊNCIA.
A nulidade somente se apresenta quando os atos e termos são lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões são proferidos por autoridade incompetente ou quando há preterição do direito de defesa.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
DECADÊNCIA. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO. RETROAÇÃO A FATOS OCORRIDOS ANTERIORMENTE. POSSIBILIDADE.
A decadência se conta a partir da ocorrência do fato gerador, não havendo base legal para contagem do prazo a partir de fatos ocorridos anteriormente à sua ocorrência, mesmo que repercutam no cálculo do tributo devido.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DO § 4º DO ART. 150 DO CTN A PARTIR DE RECOLHIMENTO DO IRRF. IMPOSSIBILIDADE.
O recolhimento do IRRF independe da espontaneidade do contribuinte, pois ele decorre de uma imposição a um terceiro (sujeito passivo responsável). Assim, a relação jurídico-tributária mantida entre o fisco e o responsável tributário é diversa daquela mantida entre o fisco e o contribuinte do IRPJ, razão pela qual o pagamento de IRRF não pode ser considerado para a contagem do prazo decadencial nos termos do § 4º do art. 150 do CTN.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
ÁGIO GERADO EM OPERAÇÃO ENVOLVENDO EMPRESA DO EXTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE AMORTIZAÇÃO.
A legislação que permite a amortização fiscal do ágio decorrente de expectativa de rentabilidade futura é nacional, devendo ser aplicada tão somente às empresas nacionais que adquirem investimentos com ágio. A extensão ao alcance das regras fiscais a reais adquirentes domiciliados no exterior, deve ser afastado pela fiscalização e o ágio amortizado deve ser objeto de glosa fiscal, justificada também em razão do desconhecimento do tratamento fiscal dispensado ao ágio no país de domicílio do real adquirente.
ÁGIO. INEXISTÊNCIA DE CONFUSÃO PATRIMONIAL.
A amortização fiscal do ágio somente tem amparo legal quando as empresas adquirente e adquirida se emaranham entre si, a partir de um dos institutos elencados no art. 7º da Lei 9.532/1997 (fusão, cisão ou incorporação), resultando dessa operação a confusão patrimonial entre ambas. Não se permite, em regra, a dedução do ágio se ambas as empresas permanecem ativas após todo o processo de reorganização societária.
PREJUÍZO FISCAL. APROVEITAMENTO JÁ EFETUADO NO LANÇAMENTO.
O controle dos prejuízos fiscais existentes pertence à RFB, mas é alimentado a partir de informações prestadas pelos contribuintes. Se todo o prejuízo fiscal passível de compensação já foi utilizado no lançamento fiscal, e uma vez que o Lalur da recorrente não infirma os saldos existentes nos controles da RFB, não há que se alegar erro no aproveitamento de prejuízo fiscal.
MULTA QUALIFICADA. NÃO OCORRÊNCIA DE SIMULAÇÃO FRAUDULENTA. DESCABIMENTO.
A aplicação da multa de ofício qualificada em razão de sonegação, fraude ou conluio não deve ser mantida quando as razões que a motivaram não tiveram o condão de afrontar lei, a qual permitia interpretação diversa da que entendeu a autoridade fiscal. O ágio internalizado é instituto que gera muitas controvérsias em razão de carência de dispositivo inequívoco na legislação. A proibição de sua amortização decorre de interpretação da regra fiscal, de que o referido benefício somente pode ser aplicado às empresas nacionais. Além disso, a avaliação do propósito negocial da operação de geração e de amortização do ágio é exercício cuja conclusão não apresenta qualquer sincronismo por parte dos avaliadores. Somando-se a isso a publicidade dada aos instrumentos que deram azo à operação que gerou o ágio e sua amortização fiscal, tem-se que a suposta conduta simulatória fraudulenta não restou caracterizada, razão pela qual a multa qualificada deve ser afastada.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
De acordo com art. 161 do CTN, sobre o crédito tributário incidem juros de mora. Como a multa de ofício integra o crédito tributário, também sobre ela devem incidir juros de mora.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Numero da decisão: 1401-001.900
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e de decadência. Com relação à decadência, votaram pelas conclusões os Conselheiros Livia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. No mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário: i) em relação à glosa de amortização de ágio; neste ponto votaram pelas conclusões os Conselheiros Livia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. A Conselheira Livia De Carli Germano apresentará declaração de voto; ii) no que pertine à glosa da compensação de prejuízos; iii) no que se refere à alegação de improcedência da multa de ofício. Também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para afastar a incidência da multa de ofício qualificada. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário no que diz respeito aos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Declarou-se impedido o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16561.720195/2012-34
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5753913
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1401-001.900
nome_arquivo_s : Decisao_16561720195201234.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 16561720195201234_5753913.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e de decadência. Com relação à decadência, votaram pelas conclusões os Conselheiros Livia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. No mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário: i) em relação à glosa de amortização de ágio; neste ponto votaram pelas conclusões os Conselheiros Livia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. A Conselheira Livia De Carli Germano apresentará declaração de voto; ii) no que pertine à glosa da compensação de prejuízos; iii) no que se refere à alegação de improcedência da multa de ofício. Também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para afastar a incidência da multa de ofício qualificada. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário no que diz respeito aos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Declarou-se impedido o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
id : 6880030
ano_sessao_s : 2017
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 FALTA DE INDICAÇÃO DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. A fundamentação legal não se estabelece somente pela indicação do dispositivo legal a que se refere. Ela também compreende a descrição do fato imponível, daquele que retrata a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, que, a meu ver, é de mais alto relevo do que a própria descrição legal, pois permite à outra parte o perfeito conhecimento do que lhe está sendo arrogado. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. OUTRAS HIPÓTESES. INOCORRÊNCIA. A nulidade somente se apresenta quando os atos e termos são lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões são proferidos por autoridade incompetente ou quando há preterição do direito de defesa. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO. RETROAÇÃO A FATOS OCORRIDOS ANTERIORMENTE. POSSIBILIDADE. A decadência se conta a partir da ocorrência do fato gerador, não havendo base legal para contagem do prazo a partir de fatos ocorridos anteriormente à sua ocorrência, mesmo que repercutam no cálculo do tributo devido. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DO § 4º DO ART. 150 DO CTN A PARTIR DE RECOLHIMENTO DO IRRF. IMPOSSIBILIDADE. O recolhimento do IRRF independe da espontaneidade do contribuinte, pois ele decorre de uma imposição a um terceiro (sujeito passivo responsável). Assim, a relação jurídico-tributária mantida entre o fisco e o responsável tributário é diversa daquela mantida entre o fisco e o contribuinte do IRPJ, razão pela qual o pagamento de IRRF não pode ser considerado para a contagem do prazo decadencial nos termos do § 4º do art. 150 do CTN. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO GERADO EM OPERAÇÃO ENVOLVENDO EMPRESA DO EXTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE AMORTIZAÇÃO. A legislação que permite a amortização fiscal do ágio decorrente de expectativa de rentabilidade futura é nacional, devendo ser aplicada tão somente às empresas nacionais que adquirem investimentos com ágio. A extensão ao alcance das regras fiscais a reais adquirentes domiciliados no exterior, deve ser afastado pela fiscalização e o ágio amortizado deve ser objeto de glosa fiscal, justificada também em razão do desconhecimento do tratamento fiscal dispensado ao ágio no país de domicílio do real adquirente. ÁGIO. INEXISTÊNCIA DE CONFUSÃO PATRIMONIAL. A amortização fiscal do ágio somente tem amparo legal quando as empresas adquirente e adquirida se emaranham entre si, a partir de um dos institutos elencados no art. 7º da Lei 9.532/1997 (fusão, cisão ou incorporação), resultando dessa operação a confusão patrimonial entre ambas. Não se permite, em regra, a dedução do ágio se ambas as empresas permanecem ativas após todo o processo de reorganização societária. PREJUÍZO FISCAL. APROVEITAMENTO JÁ EFETUADO NO LANÇAMENTO. O controle dos prejuízos fiscais existentes pertence à RFB, mas é alimentado a partir de informações prestadas pelos contribuintes. Se todo o prejuízo fiscal passível de compensação já foi utilizado no lançamento fiscal, e uma vez que o Lalur da recorrente não infirma os saldos existentes nos controles da RFB, não há que se alegar erro no aproveitamento de prejuízo fiscal. MULTA QUALIFICADA. NÃO OCORRÊNCIA DE SIMULAÇÃO FRAUDULENTA. DESCABIMENTO. A aplicação da multa de ofício qualificada em razão de sonegação, fraude ou conluio não deve ser mantida quando as razões que a motivaram não tiveram o condão de afrontar lei, a qual permitia interpretação diversa da que entendeu a autoridade fiscal. O ágio internalizado é instituto que gera muitas controvérsias em razão de carência de dispositivo inequívoco na legislação. A proibição de sua amortização decorre de interpretação da regra fiscal, de que o referido benefício somente pode ser aplicado às empresas nacionais. Além disso, a avaliação do propósito negocial da operação de geração e de amortização do ágio é exercício cuja conclusão não apresenta qualquer sincronismo por parte dos avaliadores. Somando-se a isso a publicidade dada aos instrumentos que deram azo à operação que gerou o ágio e sua amortização fiscal, tem-se que a suposta conduta simulatória fraudulenta não restou caracterizada, razão pela qual a multa qualificada deve ser afastada. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. De acordo com art. 161 do CTN, sobre o crédito tributário incidem juros de mora. Como a multa de ofício integra o crédito tributário, também sobre ela devem incidir juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:24 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468774907904
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 40; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1808; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 5.569 1 5.568 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16561.720195/201234 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.900 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de junho de 2017 Matéria ÁGIO Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 FALTA DE INDICAÇÃO DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. A fundamentação legal não se estabelece somente pela indicação do dispositivo legal a que se refere. Ela também compreende a descrição do fato imponível, daquele que retrata a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, que, a meu ver, é de mais alto relevo do que a própria descrição legal, pois permite à outra parte o perfeito conhecimento do que lhe está sendo arrogado. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. OUTRAS HIPÓTESES. INOCORRÊNCIA. A nulidade somente se apresenta quando os atos e termos são lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões são proferidos por autoridade incompetente ou quando há preterição do direito de defesa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO. RETROAÇÃO A FATOS OCORRIDOS ANTERIORMENTE. POSSIBILIDADE. A decadência se conta a partir da ocorrência do fato gerador, não havendo base legal para contagem do prazo a partir de fatos ocorridos anteriormente à sua ocorrência, mesmo que repercutam no cálculo do tributo devido. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DO § 4º DO ART. 150 DO CTN A PARTIR DE RECOLHIMENTO DO IRRF. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 95 /2 01 2- 34 Fl. 5569DF CARF MF 2 O recolhimento do IRRF independe da espontaneidade do contribuinte, pois ele decorre de uma imposição a um terceiro (sujeito passivo responsável). Assim, a relação jurídicotributária mantida entre o fisco e o responsável tributário é diversa daquela mantida entre o fisco e o contribuinte do IRPJ, razão pela qual o pagamento de IRRF não pode ser considerado para a contagem do prazo decadencial nos termos do § 4º do art. 150 do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO GERADO EM OPERAÇÃO ENVOLVENDO EMPRESA DO EXTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE AMORTIZAÇÃO. A legislação que permite a amortização fiscal do ágio decorrente de expectativa de rentabilidade futura é nacional, devendo ser aplicada tão somente às empresas nacionais que adquirem investimentos com ágio. A extensão ao alcance das regras fiscais a reais adquirentes domiciliados no exterior, deve ser afastado pela fiscalização e o ágio amortizado deve ser objeto de glosa fiscal, justificada também em razão do desconhecimento do tratamento fiscal dispensado ao ágio no país de domicílio do real adquirente. ÁGIO. INEXISTÊNCIA DE CONFUSÃO PATRIMONIAL. A amortização fiscal do ágio somente tem amparo legal quando as empresas adquirente e adquirida se emaranham entre si, a partir de um dos institutos elencados no art. 7º da Lei 9.532/1997 (fusão, cisão ou incorporação), resultando dessa operação a confusão patrimonial entre ambas. Não se permite, em regra, a dedução do ágio se ambas as empresas permanecem ativas após todo o processo de reorganização societária. PREJUÍZO FISCAL. APROVEITAMENTO JÁ EFETUADO NO LANÇAMENTO. O controle dos prejuízos fiscais existentes pertence à RFB, mas é alimentado a partir de informações prestadas pelos contribuintes. Se todo o prejuízo fiscal passível de compensação já foi utilizado no lançamento fiscal, e uma vez que o Lalur da recorrente não infirma os saldos existentes nos controles da RFB, não há que se alegar erro no aproveitamento de prejuízo fiscal. MULTA QUALIFICADA. NÃO OCORRÊNCIA DE SIMULAÇÃO FRAUDULENTA. DESCABIMENTO. A aplicação da multa de ofício qualificada em razão de sonegação, fraude ou conluio não deve ser mantida quando as razões que a motivaram não tiveram o condão de afrontar lei, a qual permitia interpretação diversa da que entendeu a autoridade fiscal. O ágio internalizado é instituto que gera muitas controvérsias em razão de carência de dispositivo inequívoco na legislação. A proibição de sua amortização decorre de interpretação da regra fiscal, de que o referido benefício somente pode ser aplicado às empresas nacionais. Além disso, a avaliação do propósito negocial da operação de geração e de amortização do ágio é exercício cuja conclusão não apresenta qualquer sincronismo por parte dos avaliadores. Somandose a isso a publicidade dada aos instrumentos que deram azo à operação que gerou o ágio e sua amortização fiscal, temse que a suposta conduta simulatória fraudulenta não restou caracterizada, razão pela qual a multa qualificada deve ser afastada. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Fl. 5570DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.570 3 De acordo com art. 161 do CTN, sobre o crédito tributário incidem juros de mora. Como a multa de ofício integra o crédito tributário, também sobre ela devem incidir juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e de decadência. Com relação à decadência, votaram pelas conclusões os Conselheiros Livia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. No mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário: i) em relação à glosa de amortização de ágio; neste ponto votaram pelas conclusões os Conselheiros Livia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. A Conselheira Livia De Carli Germano apresentará declaração de voto; ii) no que pertine à glosa da compensação de prejuízos; iii) no que se refere à alegação de improcedência da multa de ofício. Também por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para afastar a incidência da multa de ofício qualificada. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário no que diz respeito aos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Declarouse impedido o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro 1 (DRJ/RJ1), que, por meio do Acórdão 1257.534, de 04 de julho de 2013, manteve a autuação fiscal. O crédito tributário lançado se refere à exigência do IRPJ devido nos anos calendário 2007, 2008 e 2009, decorrentes de glosa de amortização indevida de ágio, baseado em expectativa de rentabilidade futura da recorrente. O referido ágio decorre da operação de Fl. 5571DF CARF MF 4 venda da Companhia Brasileira de Distribuição (doravante denominada CBD), pertencente ao grupo brasileiro Pão de Açúcar, para o grupo supermercadista francês Casino Guichard Perachon S.A. (doravante denominado Casino). Outrossim, foi lançado auto de infração que trata dos mesmos fatos aqui narrados, mas referente aos períodos de 2010 e 2011, e que constam no processo 16561.720059/201325. Por bem delineado, transcrevo o relatório proferido pela turma da DRJ/RJ1 referente a este processo. (Início da transcrição do acórdão da DRJ/RJ1) Trata o presente processo do auto de infração de fls. 4804 a 4831, lavrado pela DEMAC/SPO, no qual consta o ajuste de base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ), no valor de R$ 103.097.537,76, e a exigência de IRPJ, cód. 2917, no valor de R$ 141.172.938,07, multa de ofício qualificada no percentual de 150% e juros de mora. De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 4822 e 4823 e do termo de verificação fiscal de fls. 4772 a 4803, os lançamentos se devem a apuração da amortização indevida de ágio na aquisição do controle acionário da autuada pelo grupo supermercadista francês Casino Guichard Perachon S.A. com a base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica dos anoscalendário de 2007 a 2009, por ter sido considerado artificial o conjunto de atos societários que culminaram com a amortização tributária dos intangíveis efetuada pela fiscalizada, bem como de compensações indevidas de prejuízos fiscais, tendo em vista as reversões de prejuízos após as glosas de amortizações do ágio. A autuação apresenta como fundamento legal os artigos, 247, 248, 251, 324 e 386, do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), e os artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, em relação aos valores não amortizáveis, e os artigos 247, 250, inciso III, 251, parágrafo único, 509 e 510, do RIR/99, em relação a glosa de prejuízos compensados indevidamente. Cientificada pessoalmente em 21/12/2012, por meio de procurador regularmente constituído, a interessado apresentou em 21/01/2013 impugnação de fls. 4879 a 4988, acompanhada dos documentos de fls. 4989 a 5293, nas quais, alega, preliminarmente, em síntese: 1. a nulidade da autuação por cerceamento do direito de defesa, na medida que a autoridade fiscal deixou de apontar o dispositivo legal infringindo, em virtude de suposta simulação dos negócios jurídicos celebrados pela impugnante que dessem azo a autuação, conforme estabelece o art. 12, do Decreto nº 7.574/2011; 2. a decadência do direito da Fazenda de questionar a dedutibilidade das amortizações do ágio gerado em decorrência das operações societárias realizadas em 08/07/2005, 22/06/2005, 30/06/2006 e 20/12/2006, e de constituir o crédito tributário, tendo em vista que a lavratura dos autos de infração ora impugnados se deu em 21/12/2012, ante ao disposto no art. 150, § 4º, do CTN, haja vista que o IRPJ é tributo sujeito ao lançamento por homologação; 3. alternativamente, a decadência dos lançamentos relativos aos períodos de apuração encerrados no 1º, 2º e 3º trimestres de 2007, tendo em vista que naquele anocalendário a impugnante era optante pelo lucro real trimestral, e teria efetuado pagamentos antecipados a título de IRPJ, na medida que sofreu retenção em todos os períodos encerrados; Fl. 5572DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.571 5 E no mérito, que: 1. atendeu a todos os requisitos legais para aplicar a dedução fiscal do ágil pago na aquisição de participação societária em coligada ou controlada, registrando tais fatos em sua escrituração em conformidade com o disposto no art. 386, do RIR/99, nos arts. 13 e 14 da Instrução CVM nº 247/96, nos arts 1º e 3º, da Instrução Normativa SRF nº 11/99, e no art. 6º da Instrução CVM nº 319/99, pois efetuou o que se convencionou chamar de incorporação invertida, quando a impugnante incorporou sua controladora (Vieri), citando em seu favor precedentes administrativos do então Conselho de Contribuintes; 2. o mais lógico, natural e adequado à realidade fática do caso seria a incorporação da Vieri pela impugnante, haja vista que esta última é a empresa operacional com inúmeras filiais; 3. o ágio nada mais é do que parte do custo de aquisição desdobrado na forma imposta pela legislação, como conseqüência da adoção do Método de Equivalência Patrimonial, e que após a extinção da participação societária que lhe deu origem, por incorporação, deve ser considerado como despesa sui generis decorrente da baixa como custo de aquisição do investimento extinto; 4. o conjunto de operações societárias implementado teve como escopo viabilizar a aquisição inicial de participação, pelo Grupo Casino, no capital social da impugnante, e assim, a entrada no mercado brasileiro, que possuía alto valor estratégico para o Grupo Casino, contribuindo para a consolidação da impugnante como líder do setor de supermercados no País, superando seu maior rival, o Carrefour, e, posteriormente, decorrido um prazo para que o Grupo Casino pudesse conhecer os negócios da impugnante e avaliar o retorno dos investimentos e a perspectiva de crescimento da impugnante e do próprio País, possibilitar a aquisição do controle compartilhado da impugnante pelos Grupos AD e Casino, além de reduzir ainda mais o endividamento e possibilitar a continuidade de expansão da impugnante, possuindo, portanto, propósitos negociais, realizado entre partes não relacionadas, com efetivo aporte de recursos por parte do Grupo Casino, e efetuados com transparência e pautados na boafé de todos os envolvidos, em total consonância com o ordenamento jurídico brasileiro, não tendo havido nenhuma ocultação, artificialidade ou premeditação, como tenta fazer crer a Fiscalização; 5. que a operação teve como objetivo a aquisição do cocontrole da impugnante, não o de gerar ágio, pois para o Grupo Casino, quanto menor fosse o preço, maior “apetite” teria para efetuar a aquisição, pois seria melhor para a adquirente pagar $1.000, do que pagar $1.500 para recuperar $125 (= 25% de $500), correspondente ao ágio da aquisição, pois o ágio gerado, é apenas conseqüência e implica numa recuperação do preço pago apenas parcial, na ordem de 25%, diluída em no mínimo cinco anos e sem sujeição de qualquer indexação monetária; 6. defende a legalidade da opção de constituição e utilização de holdings nacionais para se fazer aquisição de participação societária de empresas nacionais por grupos estrangeiros, inclusive com vistas na fruição de benefícios fiscais, com fulcro no § 3º do art. 2º, da Lei nº 6.404/76, e afirma que a não utilização desse tipo de sociedade por grupos estrangeiros, com exigência de realização de investimentos diretos, inviabilizaria a fruição do benefício fiscal de que trata o presente processo, em afronta aos princípios da isonomia e não discriminação, este último positivado no art. 24 do Tratado para Evitar dupla Tributação, celebrado entre o Brasil e a França, promulgado pelo Decreto nº 70.506/72; Fl. 5573DF CARF MF 6 7. contrapõese a afirmação do Fisco de que as holdings Masmanidis e Vieri atuaram como empresasveículo, revestidas de artificialidade em sua constituição, afirmando que as mesmas atuaram efetivamente como holdings durante suas existências, participando de assembléias estatutárias, recebendo e distribuindo dividendos e efetuando o recolhimento dos tributos incidentes sobre sua atividade, dentre outros atos próprios de holdings; 8. afirma a impertinência da alegação do fisco do aproveitamento em duplicidade da amortização de ágio por utilização de “empresaveículo”, uma vez que incorreta e não guarda relação com a matéria objeto dos autos; 9. procura demonstrar através da jurisprudência administrativa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), a correção da geração e aproveitamento fiscal de ágios no contexto de reorganizações societárias complexas, mesmo com a utilização de “empresasveículo”. 10. insurgese contra a aplicação da multa de oficio, pois teria agido conforme a jurisprudência administrativa anteriormente mencionada, causa excludente da aplicação da penalidade, com fundamento no art. 76, da Lei nº 4.502/64; e em relação a majoração desta em 150 %, por inexistência de simulação e por ausência de comprovação do evidente intuito de fraude por parte da fiscalizada nas operações societárias realizadas com a devida publicidade, tendo inclusive a fiscalização em diversas passagens do termo de verificação fiscal explicitado que a impugnante teria realizado “uma interpretação equivocada da legislação tributária”, o que demonstra o reconhecimento de inexistência de intenção em fraudar, motivo de qualificação da multa; 11. insurgese quanto a cobrança de juros moratórios aplicados sobre a multa de ofício, sob a alegação de vício de legalidade dos art. 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002. Por fim, requer que seja conhecida e provida sua impugnação, para o fim de ser a exigência fiscal cancelada na sua totalidade, restabelecendo o saldo do prejuízo fiscal glosado e o arquivamento do processo administrativo instaurado. (Término da transcrição do acórdão da DRJ/RJ1) O processo foi distribuído para a 5ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento no Rio de Janeiro 1 (DRJ/RJ1), que julgou o lançamento procedente, proferindo o Acórdão nº 1257.534, de 04 de julho de 2013, cuja ementa transcrevo a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ERRO DE CAPITULAÇÃO LEGAL DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de direito de defesa, por suposto erro de capitulação legal da infração, quando a descrição dos fatos na autuação permite a impugnante conhecer das condutas que lhe são atribuídas, e esta se defende de todos fatos na sua impugnação. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DECADÊNCIA. EFEITOS. Fl. 5574DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.572 7 O transcurso do prazo decadencial impede a fazenda pública de constituir o crédito tributário mediante a atividade administrativa do lançamento, não impedindo, contudo, a fiscalização de considerar fatos anteriores a ocorrência do fato gerador que tragam repercussões no cálculo do montante de tributo devido. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. INOCORRÊNCIA. Começa a fluir o prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser lançado, quanto aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando verificada a ausência de antecipação de pagamento pelo sujeito passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO. REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA SEM MUDANÇA DE CONTROLE ACIONÁRIO. FUNDAMENTO ECONÔMICO. INEXISTÊNCIA. O ágio na aquisição de participação da sociedade nacional por sociedade estrangeira, mediante interposição de holdings que foram sucessivamente incorporadas pelas autuada, sem alteração da composição do controle acionário da mesma, não tem fundamento econômico, logo é indedutível. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO. VEDAÇÃO. Não compete à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade ou ilegalidade das leis, por ser essa prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INCORPORAÇÃO REVERSA. DOLO. CABIMENTO. A conduta planejada consubstanciada na incorporação reversa com o único propósito de gerar ágio artificial por meio da utilização de empresa veículo, adquirida tãosomente para este fim, opera no sentido de se concluir que existiram atos preparatórios e de execução que analisados objetivamente, compõem percurso notoriamente utilizado para lesar o Erário Público, devendo a autuação ser realizada com multa agravada. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. O crédito tributário não pago integralmente no vencimento é acrescido de juros de mora, qualquer que seja o motivo determinante. Por ser parte integrante do crédito tributário, a multa de ofício também se submete à incidência dos juros nas situações de inadimplência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 5575DF CARF MF 8 Após julgamento na instância a quo, a outrora impugnante foi cientificada da decisão por meio da Intimação DERAT/EQCOB nº 1.989/2013 na data de 18/07/2013 (AR de fl. 5359); assim como tomou ciência pessoal do Termo de Ciência e Recebimento de Intimação na data de 19/07/2013 (fl. 5358). Insatisfeita com a decisão da DRJ/RJ 1, a empresa apresentou tempestivamente (em 15/08/2013) Recurso Voluntário (fls. 5360 a 5478), em que apresentou basicamente os mesmos argumentos trazidos na impugnação, alterados parcialmente para combater razões de decidir da delegacia de julgamento, os quais passo a resumir abaixo: (i) O fato de a Recorrente ter compreendido a acusação e ter contestado as alegações da D. Fiscalização, não afasta a nulidade decorrente da falta de indicação clara e precisa do fundamento legal do lançamento. Tratandose de acusação de simulação e desconsideração dos atos e negócios jurídicos formalmente realizados (incorporação da Vieri), o Agente Fiscal indiretamente utilizouse do disposto no art. 116, parágrafo único, do CTN, que sequer foi regulamentado por lei ordinária; (ii) Efetivamente transcorreu o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário, pois o ágio foi gerado e a incorporação realizada mais de 5 (cinco) anos antes da data da lavratura dos Autos de Infração; (iii) Ainda que o prazo decadencial fosse contado apenas a partir das amortizações, ao menos em relação aos três primeiros trimestres de 2007, teria transcorrido o prazo decadencial, haja vista que, quanto a tais períodos, o ágio foi amortizado mais de 5 (cinco) anos antes da data da lavratura dos Autos de Infração (lembrese, em 2007 a Recorrente apurava Lucro Real trimestralmente); (iv) A Recorrente efetivamente sofreu retenções na fonte a título de antecipação do Imposto de Renda devido, o que caracteriza recolhimento antecipado, para efeitos de aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, conforme já reiteradamente decidido pela CSRF e pelo Pleno desse E. CARF; (v) A afirmação do Acórdão de que as operações foram realizadas entre empresas do mesmo grupo econômico é totalmente desvinculada da realidade dos fatos, tanto é assim que a própria Fiscalização reconhece que a aquisição originariamente se deu entre partes não relacionadas, com efetivo pagamento de ágio; (vi) Houve mudança gradual no percentual de participação societária dos acionistas na Recorrente; (vii) A utilização de holdings para exercício do cocontrole da Recorrente se justifica por questões totalmente negociais e extra fiscais; (viii) Ao contrário do que restou afirmado pela Decisão recorrida, as holdings Masmanidis e Vieri, posteriormente incorporadas, não tiveram existência efêmera e não há identidade absoluta no papel desempenhado pelas holdings criadas após as incorporações (Sudaco e Wilkes); (ix) A incorporação das sociedades investidoras (Masmanidis e Vieri) era condição essencial para a fruição do "benefício fiscal" concedido pela legislação, que tem objetivo de incentivar a realização de operações de fusões e aquisições; (x) A exigência de "junção" por incorporação entre a empresa controladora, financiadora da aquisição, e a adquirida, para fruição do benefício, implica inviabilidade de fruição do "benefício" por estrangeiros, em afronta à igualdade de tratamento que deve ser praticada em relação ao investimento estrangeiro, Fl. 5576DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.573 9 assegurada de forma expressa pela Constituição, pela legislação interna e pela Convenção BrasilFrança para evitar a dupla tributação; (xi) Em todo e qualquer caso em que ocorre a dedução fiscal da amortização de ágio, independentemente da utilização de "empresaveículo", o custo de aquisição do acionista resta sempre preservado, pelo que a afirmação de que a utilização de "empresaveículo" gere duplicação do ágio no âmbito do investidor decorre de uma incompreensão do disposto nos artigos 386, 391 e 426 do RIR/99, do método de equivalência patrimonial e da referência do que vem a ser "custo" para fins de cálculo de ganho de capital; (xii) Houve erro na Apuração do Lucro Real, visto que os Prejuízos Fiscais compensados no 1º e 2º Trimestres de 2009 têm origem no saldo acumulado até 31/12/2006 e não no período fiscalizado, em que houve glosa das amortizações de ágio; (xiii) Ainda que o lançamento não tivesse que ser integralmente cancelado, a penalidade não pode ser mantida, especialmente em percentual agravado, tendo em vista que a Recorrente agiu em consonância com a jurisprudência vigente à época dos fatos bem como com o atual entendimento desse E. CARF, que já convalidou operações semelhantes de aquisição por meio de holdings além disso, jamais houve ação dolosa, por parte da Recorrente, tendente a reduzir o tributo devido, tampouco simulação na constituição das empresas e ocultação das operações realizadas. A Procuradoria da Fazenda apresentou contrarrazões ao Recuso Voluntário (efls. 5513 a 5556) em que traçou as linhas com que a fiscalização motivou seu lançamento tributário, fincando seu principal argumento, para manutenção do auto de infração, no fato do ágio ter sido gerado no exterior. O presente processo foi distribuído para julgamento, cabendo a mim sua Relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Entendo que devo enfrentar as questões mais importantes para o deslinde da causa, as quais foram postas no termo de verificação fiscal e no recurso voluntário: i) Caracterização de lançamento por homologação a partir de recolhimento de IRRF e aplicação do §4º do art. 150 do CTN para contagem do prazo decadencial. ii) Definição de grupo econômico e empresas ligadas para fins de caracterização de ágio interno. Fl. 5577DF CARF MF 10 iii) Amortização de ágio decorrente de aquisição de participação por empresa originária em outro país, embora finalizada por empresa (veículo) constituída no Brasil. Violação do princípio da isonomia, ao eventualmente atribuir efeito tributário distinto entre empresas domiciliadas no Brasil e no exterior. Necessidade, ou não, da confusão patrimonial entre a empresa originariamente adquirente e a empresa adquirida. iv) Fraude (simulação) em operação cujo ágio foi gerado em venda de ações (ou incorporação de ações, ou permuta de ações/ativos) entre partes independentes e a cujos documentos foram dados publicidade como registros nos órgãos competentes. Procurarei abordar todos os temas acima ventilados, a partir da disposição cronológica contida na peça de Recurso Voluntário: NULIDADE DO LANÇAMENTO Segundo a recorrente, a fiscalização deixou de trazer no auto de infração a indicação clara e precisa da fundamentação legal contida no art. 167 do Código Civil (Lei 10.406/2002), que trata de atos simulatórios, cerceando seu direito de defesa. Veja o trecho legal: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2o Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Além disso, aduz que o simples argumento de que a parte autuada entendeu plenamente o que lhe fora imputado não é suficiente para convalidar o lançamento tributário, pois calcado pelo vício de nulidade. Pois bem. Ab initio, observo que o lançamento tributário em comento foi efetuado em obediência ao disposto no artigo 142, do CTN, e somente se materializou após a autoridade fiscal estar convicta da ocorrência do fato gerador do tributo aqui discutido: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Fl. 5578DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.574 11 O artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972, por sua vez, somente admite como hipótese de nulidade do lançamento o seguinte: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.(gn) O argumento da recorrente de que não foi citado o art. 167 do CC/2002 não merece ser acolhido para fins de reconhecimento do cerceamento de defesa. A fundamentação legal não se estabelece somente pela indicação do dispositivo legal a que se refere. Ela também compreende a descrição do fato imponível, daquele que retrata a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, que, a meu ver, é de mais alto relevo do que a própria descrição legal, pois permite à outra parte o perfeito conhecimento do que lhe está sendo arrogado. Entender que a falta de dispositivo legal, não obstante a descrição pormenorizada dos fatos apurados, pode ocasionar prima facie o cerceamento do direito de defesa, nos levaria a padecer a um retrocesso que tanto se combate ao buscarmos o enriquecimento da hermenêutica jurídica. É óbvio que não se está aqui a militar em favor da completa falta de fundamentação legal de um ato jurídico, o que não se pode admitir, mas tão somente tenho em mente que deve ser sopesada tal ausência com o prejuízo causado à parte que a alega. No caso concreto, não vislumbro prejuízo à recorrente, uma vez que a recorrente entendeu perfeitamente o que lhe fora imputado, conforme se observa em suas peças recursais de impugnação e recurso voluntário. Por conseguinte, entendeu que a fiscalização fundamentou seu lançamento com base no parágrafo único do artigo 116 do CTN, o qual, para sua aplicação, necessitaria de norma reguladora ainda inexistente, o que ensejaria a nulidade do lançamento tributário. Observese a redação legal: Art. 116 (CTN) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Primeiramente, entendo que a conclusão da recorrente é equivocada, pois em momento algum a fiscalização citou o dispositivo legal em referência. A fiscalização reproduziu no TVF que os atos meramente formais estabelecidos entre as empresas tiveram motivação exclusivamente tributária, não necessitando lançar mão do parágrafo único do artigo 116 do CTN para fundamentar o lançamento fiscal. E mesmo que a fiscalização tivesse realmente se utilizado da referida norma, ao contrário do que prega a recorrente, entendo que o referido dispositivo legal é norma plenamente vigente em nosso ordenamento jurídico, pois se trata de norma de eficácia plena. O que vejo da leitura do diploma legal é que os procedimentos a serem estabelecidos em lei Fl. 5579DF CARF MF 12 ordinária apenas servirão para determinar a forma como a autoridade tributária deverá desconsiderar os atos dissimulados, mas sua não regulação não proíbe as ações perpetradas pela fiscalização no intuito de coibir planejamentos tributários abusivos. Aliás, entender ao revés somente convalida um retrocesso que vai de encontro ao que se apregoa em relação à evolução sociológica1 da aplicação das normas ao dinamismo das alterações fáticas. Por fim, convém mencionar que o disposto no artigo 10 do mesmo Decreto nº 70.235/1972 foi estritamente obedecido pela autoridade fiscal no lançamento aqui debatido: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Desta forma, entendo que o alegado cerceamento de defesa, tampouco outra hipótese de nulidade, não se perfizeram no lançamento deste auto de infração. Assim, voto por rejeitar a preliminar de nulidade. PREJUDICIAL DE MÉRITO Decadência contada a partir da geração do ágio ou do evento de incorporação A recorrente alega que o prazo decadencial do direito de a fazenda pública efetuar o lançamento tributário decorrente do ágio deve ser contado a partir de sua geração (ágio) ou, no máximo, do evento de incorporação. Como no caso concreto as operações que geraram o ágio amortizado foram realizadas em 08/07/2005, 22/06/2005 e 30/06/2006, e a ciência, pela empresa, do lançamento tributário se deu em 20/12/2012, o lançamento estaria alcançado pela decadência. Alega ainda que, na melhor das hipóteses para o reconhecimento da decadência, como a incorporação da holding Vieri ocorreu em 20/12/2006, o lançamento também estaria alcançado pela decadência Entendo que não tem razão a recorrente. 1 A interpretação sociológica, por seu turno, assemelhase à busca da vontade da lei. Focando o presente, tenta verificar o sentido das palavras imprecisas analisandose os costumes e os valores atuais da sociedade. Fonte:http://introducaoaodireito.info/wp/?p=615 Fl. 5580DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.575 13 O prazo decadencial deve ser contado a partir do fato gerador do tributo (§4º do art. 150 do CTN) lançamento por homologação ou do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (inc. I do art. 173 do CTN) lançamento direto . Ou seja, a contagem do prazo decadencial tem pertinência com o fato gerador do tributo, com o fato que reduziu a base de cálculo do tributo, não cabendo interpretar que os eventos de geração do ágio e de incorporação têm seus efeitos diferidos no tempo para fins do pagamento do IRPJ decorrente da amortização de ágio, como quer fazer crer a recorrente. Conforme bem concluiu a decisão de piso, a decadência impede o fisco tão somente de constituir o crédito tributário após o transcurso do prazo decadencial, que no caso do lançamento por homologação tem início na data da ocorrência do fato gerador do tributo, e não de examinar fatos ocorridos anteriormente a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária que tragam repercussões para o cálculo do montante devido, como no caso presente. Pensar dessa maneira seria criar uma nova forma de contagem do prazo decadencial sem previsão legal para tanto. Assim, nego provimento quanto a este ponto. Decadência do 1º, 2º e 3º T de 2007 aplicação do §4º do art. 150 do CTN Se vencida na proposição da decadência da geração do ágio ou do evento de incorporação, a recorrente pugna pelo reconhecimento da decadência relativa ao 1º, 2º e 3º Trimestres de 2007, nos termos do §4º do art. 150 do CTN, uma vez que a ciência do auto de infração se deu em 21/12/2012, ou seja, após 5 (anos) da ocorrência do fato gerador do IRPJ. Como a empresa efetuou a apuração do IRPJ pelo lucro real trimestral, o fato gerador nos 3 (três) primeiros trimestres de 2007 ocorreria em 31/03/2007, 30/06/2007 e 30/09/2007, respectivamente. Em sendo assim, o prazo final para ciência do lançamento referente a estes períodos seria em 31/03/2012, 30/06/2012 e 30/09/2012, respectivamente. Logo, o lançamento referente a estes períodos já havia sido alcançado pela decadência. Para a contagem com base no §4º do art. 150 do CTN, a recorrente alega que há recolhimento de IRRF, que permite que o prazo decadencial seja contado a partir da ocorrência do fato gerador (§4º do art. 150 do CTN). Outrossim, aduz que não restou caracterizada fraude ou simulação no ato jurídico que gerou o ágio, razão pela qual o prazo não deveria ser deslocado para o inciso I, do art. 173, do CTN. Esta preliminar de decadência confundese em parte2 com a aplicação da multa qualificada de 150%, que será mais detalhada adiante. 2 A fiscalização aplicou o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, também pelo fato de não haver pagamento antecipado dos tributos lançados no auto de infração. Fl. 5581DF CARF MF 14 Antes de adentrarmos no caso em comento, cabe tecer breves considerações acerca da contagem do prazo decadencial e de sua aplicação. É cediço que o IRPJ, tributo objeto do auto de infração está sujeito ao lançamento por homologação, conforme dita o caput art. 150 do CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Exsurge da interpretação do caput do artigo a 1ª condição mas não a única para que o lançamento por homologação ocorra: o efetivo pagamento do tributo, pelo sujeito passivo, sem o prévio exame da autoridade administrativa. Posteriormente, para que o lançamento seja homologado, a autoridade administrativa deve validar o pagamento antecipadamente efetuado pelo contribuinte. Mesmo que a autoridade administrativa não homologue expressamente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo, o §4º do mesmo dispositivo legal constituiu um prazo (decadencial) para que o pagamento seja homologado tacitamente: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (destaquei) Ou seja, na hipótese de lançamento por homologação, a data inicial da contagem do prazo decadencial está condicionada ao pagamento antecipado do tributo e à constatação (mesmo que tácita) da antecipação deste pagamento, pela autoridade administrativa. Logo, em havendo pagamento antecipado, aplicase a contagem do prazo decadencial conforme disposto no artigo 150, §4º, do CTN. Por outro lado, não existindo o pagamento, a contagem do prazo decadencial deslocase para o prazo contido no artigo 173, I do mesmo diploma: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; O próprio STJ já se manifestou quanto à necessidade de pagamento antecipado do tributo para que o prazo decadencial seja contado com base no art. 150, §4º, proferindo o Acórdão no REsp 973.733/SC, que foi submetido à sistemática dos recursos repetitivos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Fl. 5582DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.576 15 DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Mas não é só! Mesmo que haja pagamento antecipado do tributo pelo sujeito passivo, há outra possibilidade de aplicação do art. 173, I, do CTN, na contagem do prazo decadencial: quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme se depreende da leitura da parte final do §4º, do art. 150 do CTN. Fl. 5583DF CARF MF 16 Quer dizer, o prazo decadencial do art. 150, §4º do CTN é deslocado para o art. 173, I do mesmo diploma legal em duas situações distintas, as quais não são condicionadas: 1) não há pagamento antecipado do tributo por parte do sujeito passivo; e/ou 2) independentemente de pagamento, constatase a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No caso concreto, a exigência do tributo foi fundamentada com base no art. 173, I, do CTN, a partir das duas situações acima descritas: Primeiramente, a fiscalização aplicou o art. 173, I, do CTN, para fins de apuração da contagem do prazo decadencial, visto que a Recorrente deixou de apresentar comprovação de pagamento antecipado do tributo aqui lançado, não cabendo fundamentar o alcance da decadência com a justificativa de que o lançamento havia se concretizado em cada período de apuração do tributo, quais sejam 1º, 2º e 3º Trimestres de 2007. Além disso, mesmo que vencida tal proposição, a fiscalização caracterizou a conduta da recorrente como fraudulenta, a partir de constatação de uma sucessão de atos simulatórios que a permitiram se beneficiar da redução do pagamento do IRPJ, ao trazer do exterior um ágio que era atribuído a uma empresa domiciliada na França, aplicando a parte final do 150, §4º, "... salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação", para o deslocamento do início da contagem do prazo decadencial para o "primeiro dia do exercício seguinte ..." Quanto ao pedido pelo reconhecimento de "pagamento antecipado", e, por conseguinte, contagem do prazo decadencial nos termos do §4º do art. 150 CTN, baseado no IRRF recolhido pelas fontes pagadoras, entendo que não cabe razão à recorrente. O dispositivo legal acima (§4º, do art. 150 do CTN) tem como propósito atribuir tratamento diferenciado aos contribuintes que, ao menos, recolhem parte dos tributos, a que tem obrigação, ao fisco. Temse como premissa, assim por dizer, conceder um benefício àqueles que espontaneamente demonstram interesse em regularizar seus deveres fiscais. O recolhimento do IRRF, por sua vez, independe da espontaneidade do contribuinte, pois ele decorre de uma imposição a um terceiro (sujeito passivo responsável), que carrega o ônus de reter e repassar aos cofres públicos uma parte do que o contribuinte (sujeito passivo principal) fará posteriormente, ao apurar seus tributos com base em seus livros. Como bem descrito no acórdão da DRJ, "O recolhimento efetuado por terceiro, em virtude de responsabilidade tributária, com fulcro no parágrafo único do art. 45, do CTN, ainda que realizado em proveito do contribuinte, desloca a condição de sujeito passivo da obrigação principal do imposto de renda retido na fonte para a fonte pagadora, razão pela qual a relação jurídicotributária mantida entre o fisco e o responsável tributário, nesta situação, é diversa da mantida entre o Fisco e o contribuinte do IRPJ, de modo que o pagamento efetuado a título de IRRF não pode influir na fluição do prazo decadencial daquele tributo." Assim, deve ser afastada a alegação da recorrente de que o recolhimento do IRRF permite a contagem do prazo decadencial nos termos do §4º do art. 150 CTN. Desta feita, em razão da não comprovação do pagamento antecipado pelo sujeito passivo sem adentrar nesse momento sobre a constatação de dolo, fraude ou simulação , e tendo em vista que o lançamento ocorreu em dezembro de 2012, deve ser afastada a arguição de que parte do lançamento esteja alcançado pela decadência. Vejase na tabela a Fl. 5584DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.577 17 seguir que a pleiteada decadência dos 1º, 2 e 3º Trimestres de 2007 somente se operaria em 01/01/2013: Tributo Fato Gerador (2007) (A) Mês do Lançamento (B) Início da contagem do prazo decadencial (C) Último dia para ciência do auto de infração Decadência (D) IRPJ 31/03, 30/06, 30/09 04, 07 e 10/2007 01/01/2008 31/12/2012 01/01/2013 IRPJ 31/12 01/2008 01/01/2009 31/12/2013 01/01/2014 (A) Data do período trimestral de apuração do IRPJ. (B) Período em que deveria ocorrer o lançamento por homologação. (C) Prazo cf. art. 173 I do CTN: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. (D) Um dia após o prazo contado de 5 anos do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Se for vencido neste ponto, entendo que devo adentrar na verificação do dolo, fraude ou simulação, tratados mais à frente, nas questões de mérito. MÉRITO Disciplina do Ágio e o Direito à Amortização A recorrente traça considerações sobre o ágio decorrente de expectativa de rentabilidade futura e o direito à sua amortização fiscal: Que a fiscalização se equivoca ao utilizar o termo investimento como sinônimo de patrimônio, e não de participação societária, bem como atribuiu ao ágio a denominação de intangível, quando na verdade ele é custo de aquisição de participação societária. Que a regra geral abstraída dos artigos 391 e 426 do RIR/1999 estabelece que a dedução integral fiscal do ágio pode se materializar quando a participação societária a que ele estiver atrelado for objeto de alienação ou baixa. Que a fiscalização cometeu um equívoco ao não considerar a subscrição de capital de participação societária em outra sociedade como uma hipótese de alienação. Que o ágio em questão nada mais é do que uma despesa sui generis decorrente da baixa como custo de aquisição do investimento extinto, com regras próprias e específicas de dedutibilidade, reconhecendo o acerto da fiscalização ao interpretar que o ágio representa um "benefício" conferido pelo legislador. Feitas tais considerações, completa que os requisitos legais para a fruição da dedutibilidade do ágio são: (i) que o ágio seja justificado pela rentabilidade futura do investimento; (ii) que haja uma incorporação da controlada pela controladora, ou viceversa; e (iii) que seja respeitado o limite de amortização de 1/60 por mês (20% ao ano). Fl. 5585DF CARF MF 18 Com base no TVF, alega que a fiscalização não questionou os itens (i) e (iii) acima, bem como não traçou uma linha sequer sobre a solenidade e observância às regras de regência das citadas incorporações. Da mesma forma, procedeu a turma julgadora. Assim, conclui que atendeu todas as condições impostas por lei, uma vez que não há nenhuma outra restrição legal ao direito à amortização fiscal do ágio. Por fim, não obstante a DRJ ter adotado a mesma linha da fiscalização, de que são artificiais as operações societárias consistentes na criação de holdings para aquisição do investimento na recorrente, constituídas apenas para posteriormente serem incorporadas, permitindose assim a amortização do ágio, reafirma o propósito negocial de toda a operação, assegurando ainda que tal operação não foi realizada dentro do mesmo grupo econômico. Pois bem. Relato dos Fatos Antes de trazer aqui comentários a respeito do instituto do ágio e do direito de sua amortização fiscal, cumpre descrever as operações societárias que geraram o ágio e sua posterior amortização fiscal. Peço licença à Procuradoria da Fazenda Nacional para me servir de trecho das contrarrazões de recurso voluntário juntada ao processo (efls. 5529 a 5533): (início de trecho das contrarrazões ao recurso voluntário) (...) • 03/05/2005 o Grupo AD e o Grupo Casino celebram um Acordo de Associação pelo qual ajustam o exercício do controle compartilhado da COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO (CBD) através da holding brasileira VIERI PARTICIPAÇÕES S.A.. • 08/07/2005 em face da formalização do Acordo de Associação acima citado, a empresa francesa SEGISOR (controladora do Grupo Casino) transfere a sua subsidiária brasileira MASMANIDIS PARTICIPAÇÕES LTDA as empresas ZABALETA, ONYX 2007, GEANT FIN e ONYX 2006 (empresas cujo patrimônio fora formado apenas com recursos depositados em contas bancárias). Em seguida, a MASMANIDIS transfere ao Grupo AD essas quatro empresas e 2.236.310 mil ADR's da CBD, e, em troca, recebe 62,2% da VIERI pelo valor de 2.105.268.103,00. Em razão dessa operação, a MASMANIDIS registra um ágio relativo a VIERI no valor de R$ 1.300.619.420,00 (Ágio I). • 22/06/2005 utilizando ações da CBD que foram adquiridas ao longo dos anos de 1999 a 2002, a SEGISOR integraliza o capital da VIERI com 6,6% das ações que representam o capital social da CBD pelo valor de R$ 199.364.000,00. Em face dessa operação, a VIERI registra um ágio relativo a CBD no valor de R$ 119.746.000,00 (Ágio II). • 30/06/2006 utilizando mais uma vez as ações adquiridas durante o período de 1999 a 2002, a SEGISOR integraliza o capital da MASMANIDIS com 12,5% das ações que representam o capital social da CBD pelo valor de R$ 1.197.283.263,00. Em razão dessa operação, a MASMANIDIS registra um ágio relativo a CBD no valor de R$ 648.809.436,77 (Ágio III). Ao final das operações até aqui citadas, a estrutura do controle acionário da CBD pode ser assim resumida: Fl. 5586DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.578 19 • 14/08/2006 a SEGISOR adquire participação na pessoa jurídica SUDACO PARTICIPAÇÕES LTDA e integraliza o seu capital com a totalidade do investimento que detinha na MASMANIDIS. Fl. 5587DF CARF MF 20 • 28/09/2006 a VIERI incorpora a MASMANIDIS e absorve o ágio relativo a suas próprias ações no valor de R$ 119 milhões (Ágio I) e aquele relativo a CBD no valor de R$ 649 milhões (Ágio III). Fl. 5588DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.579 21 • 27/11/2006 a SUDACO e o Grupo AD constituem a pessoa jurídica WILKES PARITICIPAÇÕES S.A. e integralizam o seu capital com os investimentos totais que detinham na VIERI. • 20/12/2006 a CBD incorpora a VIERI, absorve os três ágios registrados e passa a deduzilos fiscalmente. A partir dessa data o controle acionário da CBD passou a ser o seguinte: Fl. 5589DF CARF MF 22 (término de trecho das contrarrazões ao recurso voluntário) Agora, trarei alguns comentários a respeito do instituto do ágio e seus efeitos contábeis e fiscais: O ágio, segundo Heleno Torres3, representa o preço adicional, quando participações societárias ou ativos de uma empresa são adquiridas por um custo de aquisição superior ao valor contábil registrado nas demonstrações financeiras. O preço do custo adicional é a sua causa jurídica. O ágio só surge porque houve disposição de pagar um maior preço, a título de custo de aquisição, superior ao valor contábil do empreendimento. Até a edição da Lei nº 9.532/1997 (popularmente conhecida como Lei das Privatizações), o tratamento fiscal do ágio tinha como fundamento o art. 20 do DecretoLei nº 1.598/77: Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. 3 TORRES, Heleno Taveira. O ágio fundamentado por rentabilidade futura e suas repercussões tributárias. Fl. 5590DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.580 23 § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Assim, o ágio deveria ser fundamentado em uma (ou mais de uma) das hipóteses elencadas no seu § 2º. Digo "mais de uma" porque entendo, ao contrário de alguns militantes do direito tributário, que o ágio poderia ter como parte de seu fundamento econômico, por exemplo, a diferença de valor de mercado superior ao custo registrado na contabilidade e como parte remanescente do custo de aquisição o fundamento na expectativa de rentabilidade futura. Tanto o é que a partir da Lei nº 11.638/2007 e os pronunciamentos editados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi esclarecido que, antes de se calcular do ágio por rentabilidade futura (hoje denominado goodwill), devese verificar o valor da maisvalia4 dos ativos e passivos adquiridos. Posteriormente, com a edição da Lei nº 12.973/2014, atribuiuse efeito fiscal5 aos atos normativos contábeis referentes ao ágio. Como não havia previsão explícita sobre o tratamento do ágio na baixa da empresa adquirida, entendiase que, na hipótese de sua baixa ou realização (por alienação, por exemplo), o ágio surgido na operação era baixado integralmente. Assim, durante a vigência isolada do art. 20 supra, empresas lucrativas se aproveitaram de sua interpretação para desenvolver planejamentos tributários com o fito de adquirir empresas deficitárias, desembolsando valores exorbitantes como custo de aquisição e contabilizando, com isso, valor relevante de ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura. Assim, ao baixar o investimento adquirido com ágio, a empresa serviase do benefício fiscal de baixar integralmente o valor do ágio, reduzindo como isso a base de cálculo do IRPJ. Com a edição da Lei nº 9.532/1997, à figura do ágio despenderam tratamento distinto àquele permitido pelo art. 20 do Decretolei supra, justamente com objetivo de obstaculizar os planejamentos abusivos acima destacados. Deste modo, a Lei nº 9.532/1997 postergou o prazo de amortização do ágio surgido em decorrência de rentabilidade futura, permitindo sua amortização, no caso de evento de incorporação, fusão e cisão, no máximo, em 1/60 (um sessenta avos)6, quer dizer, no máximo em 20% ao ano do valor pago pelo ágio. Veja a redação: 4 Segundo a Interpretação Técnica ICPC 09 (R2), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a maisvalia é a diferença entre o valor justo dos bens e o seu valor contábil. 5 A partir da vigência da lei nº 12.973/2014, a maisvalia será realizada na medida da realização do bem a que estava atrelada, como, por exemplo, a depreciação fiscal do bem. 6 Na redação original da Lei 9.532/1997, a empresa tinha um prazo máximo para início da amortização fiscal do ágio, que era de 10 (dez) anos do evento de incorporação, fusão ou cisão, sendo também estabelecido um prazo Fl. 5591DF CARF MF 24 Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (Vide Medida Provisória nº 135, de 30.10.203) I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do §2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do §2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do §2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados em até dez anoscalendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no máximo, para cada mês do período de apuração; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do §2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do §2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anoscalendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão. § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar: a) o ágio, em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; b) o deságio, em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II do caput: máximo de 20% ao ano de amortização fiscal. Após alteração promovida pela Lei 9.718/1998, restou estabelecido somente o piso máximo de 20% ao ano de amortização fiscal. Fl. 5592DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.581 25 a) será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; b) poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese da alínea "b" do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente. § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. Art. 8º O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. Como faz parte do custo de aquisição, em investimentos avaliados pelo MEP, o ágio deve ter o mesmo tratamento fiscal de anulação dos efeitos decorrentes da variação patrimonial na investida. Assim, para fins fiscais, a amortização contábil do ágio, deve ser anulada na parte A do livro fiscal de apuração do lucro real (Lalur), e controlada, na parte B do Lalur, para posteriormente ser incorporada ao custo de aquisição do investimento. O ágio, por sua vez, vai sendo amortizado contabilmente em razão da apuração do resultado que o gerou. Na medida em que a investida apresenta o lucro, a investidora vai amortizando contabilmente o ágio, porque pagou por aquela mais valia7 justamente por ter uma expectativa de que aquele investimento iria gerar um retorno positivo. Veja trecho no item 84 do Termo de Verificação Fiscal (efl. 4792 e 4793): 7 A mais valia aqui trazida tem a acepção de ágio, e não da mais valia decorrente da diferença entre o valor justo e o valor contábil do bem, trazida pelas alterações promovidas pela Lei 11.638/2007 e Lei 12.973/2014. Fl. 5593DF CARF MF 26 Tecidas essas considerações, devo enfrentar os pontos trazidos pela recorrente: Não concordo com alegações de que o direito à amortização do ágio não seria um benefício fiscal, em razão da Lei nº 9.532/1997 ter supostamente ampliado o prazo de amortização do ágio para 20% ao ano, reduzindo, com isso, um direito que se perfazia imediatamente no evento de baixa do patrimônio adquirido. Mesmo que se entendesse que houve mitigação do direito à amortização, isto não altera a natureza jurídica do direito à amortização do ágio. Ora, não é porque se altera o direito à utilização de um benefício que se pode concluir que tal benefício deixa de ter essa natureza (ou que, ainda, nunca teve). Em uma situação hipotética, é como se uma lei, que alterasse a base de redução do cálculo do lucro da exploração, impondo uma porcentagem de redução menor, desnaturasse o enquadramento do lucro da exploração como beneficio fiscal. O que deve ser cotejado é o tratamento dispensado ao instituto que se quer aferir com os demais institutos similares e verificar se os entes sujeitos à regra geral aproveitam em menor escala de vantagem fiscal, ou não têm benefício algum. Trazendo essa premissa para um plano de concretude, e aplicando o mesmo exemplo acima, basta verificar se o tratamento dispensado às empresas que calculam o lucro da exploração, mesmo tendo sua base de cálculo de benefício reduzida em virtude de alteração legal, ainda assim se servem de vantagem fiscal sobre as empresas que calculam o lucro real nos termos da regra geral da legislação fiscal, ou seja, sem a possibilidade de cálculo pelo lucro da exploração. Assim caminha o ágio. O ágio deveria apenas fazer parte do custo de aquisição da participação adquirida e somente ensejar efeitos fiscais no momento da baixa (por alienação) do bem adquirido. Permitida a amortização fiscal do ágio, nas hipóteses previstas no art. 7º da Lei 9.532/1997, o direito à amortização transmutouse em um benefício fiscal, o qual somente é atribuído às empresas que ali se enquadram. Caso não se encaixe assim, ressurge a regra geral de que o ágio não é amortizável fiscalmente, tão somente fazendo parte do custo de aquisição e, desta forma, deve ser tratado como tal. Fl. 5594DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.582 27 Por um lado, tenho que concordar com a recorrente que o ágio foi gerado entre partes independentes. Não é porque são empresas que já possuíam participação conjunta em uma investida devem se tornar dependentes entre si, ou pertencentes a um mesmo grupo econômico. O grupo Casino não tem os mesmos controladores do grupo Pão de Açúcar, razão pela qual não há que se falar em ágio surgido dentro de um mesmo grupo econômico. A relação de dependência entre empresas é bem definida pela Lei 12.973/2014 que, apesar de ter sido editada após os fatos geradores aqui tratados, pode ser utilizada como paradigma para a questão lançada pela fiscalização: Art. 25. Para fins do disposto nos arts. 20 e 22, consideramse partes dependentes quando: (Vigência) I o adquirente e o alienante são controlados, direta ou indiretamente, pela mesma parte ou partes; II existir relação de controle entre o adquirente e o alienante; III o alienante for sócio, titular, conselheiro ou administrador da pessoa jurídica adquirente; IV o alienante for parente ou afim até o terceiro grau, cônjuge ou companheiro das pessoas relacionadas no inciso III; ou V em decorrência de outras relações não descritas nos incisos I a IV, em que fique comprovada a dependência societária. Parágrafo único. No caso de participação societária adquirida em estágios, a relação de dependência entre o(s) alienante(s) e o(s) adquirente(s) de que trata este artigo deve ser verificada no ato da primeira aquisição, desde que as condições do negócio estejam previstas no instrumento negocial. Da leitura do art. 25 acima, somente a situação descrita no parágrafo único poderia dar guarida a uma relação de dependência entre as empresas. Porém, no ato da primeira aquisição do grupo Casino por ações da CBD, tal relação era inexistente, o que afasta a pretensão da fiscalização de enquadrar a operação como decorrente de empresas de um mesmo grupo econômico. Quanto ao argumento da recorrente de que houve propósito negocial na operação que gerou o ágio e deu o direito à sua amortização, tenho a dizer que o referido propósito negocial deve estar presente em duas etapas do processo de utilização fiscal do ágio: 1º) Geração do ágio Na aquisição do investimento com ágio, o propósito negocial se faz presente quando o ágio é gerado entre partes independentes e há pagamento de preço pelo investimento adquirido. 2º) Amortização fiscal do ágio Além das condições acima, o propósito se faz presente quando ocorre a confusão patrimonial entre adquirida e adquirente, sendo a empresa que suportou o ônus domiciliada no Brasil. Entendo que houve fundamento econômico na operação de aquisição de participação da CBD por parte do Casino, veja: Fl. 5595DF CARF MF 28 Fato Relevante8 Renovando a confiança que sempre teve no Brasil, nas suas instituições e na sua economia, o Grupo Pão de Açúcar decidiu dar mais um passo importante para ampliar ainda mais sua presença no mercado nacional. O Grupo Pão de Açúcar e o Grupo Casino da França resolvem consolidar as suas bemsucedidas relações comerciais já em curso há seis anos, fazendo uma operação em que todos saem fortalecidos. O objetivo básico desta transação é dar liquidez a uma parte do imobilizado do Grupo Pão de Açúcar e com esses recursos reduzir o endividamento de curto e longo prazo e dar continuidade ao plano de expansão do Grupo Pão de Açúcar. Isto significa crescimento, ganhos de produtividade, geração de emprego e reforço no compromisso de atender bem o consumidor brasileiro. Entendo também que houve propósito negocial na geração do ágio. As empresas eram independentes, houve pagamento de preço pela aquisição do investimento e houve elaboração de laudo de avaliação do investimento não questionado pela fiscalização. Entretanto, quanto ao propósito das operações engendradas com o fito de amortizar o ágio fiscal aqui no Brasil, entendo que não tem razão a recorrente: O ágio, como já destacado aqui, é um benefício fiscal que necessita, assim como todo benefício, de preenchimento de condições para seu usufruto. Como visto, uma das condições essenciais para o direito à amortização do ágio, é que o real adquirente do investimento seja empresa domiciliada no Brasil. É esta condição que percebo não ter sido preenchida no caso vertente, pois o real adquirente do negócio é domiciliado na França (empresa Segisor). Logo, o ágio pertence a empresa não residente no Brasil. O que deduzo é que a recorrente intentou apenas estabelecer o requisito formal do ágio, para aproveitálo fiscalmente. Assim, encadeou uma série de operações que tinham objetivo meramente tributário. A Segisor é a real adquirente do investimento, pois foi ela quem transferiu todos os recursos necessários para que suas holdings adquirissem ações da CBD (dinheiro, ações da própria CBD, ADR's da CBD). As holdings criadas após o processo de reorganização societária Sudaco e Wilkes não possuíam propósito operacional nenhum, como toda holding é, mas se demonstrou que somente foram criadas para internalizar o ágio e amortizálo. A falta de propósito nas operações que internalizaram o ágio tornase mais patente em relação aos ágios II e III, gerados no exterior para serem aproveitados no Brasil. A formação destes ágios já havia se dado há pelo menos 4 anos antes das operações societárias, sendo que os ágios pertenciam à empresa Segisor, na França. No entanto, após todo esse período em que os ágios estava na empresa no exterior é que resolveram internalizálos, com o único objetivo fiscal de amortizálos. Além disso, não se sabe se o ágio que foi transferido para o Brasil realmente foi contabilizado corretamente pela real adquirente, pois se sujeita às normas contábeis do país de seu domicílio (França). Desta forma, como o ágio original, que se pretendeu internalizar, não se sujeitou às regras brasileiras, não se pode aceitar a operação de internalização do ágio para fins fiscais. A Procuradoria da Fazenda Nacional também se manifestou a esse respeito, nas contrarrazões apresentadas (efl. 5539): 8 Extraído do site: http://www.gpari.com.br/arquivos/GPA_FR_20050504_port.pdf Fl. 5596DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.583 29 Desta feita, pelo exposto, demonstrase que a dedutibilidade dos ágios em questão é indevida, antes de tudo, pela impossibilidade de se analisar a sua validade com base nas verdadeiras operações de aquisição de investimento. Como as verdadeiras operações foram realizadas pela SEGISOR, a qual é residente na França, não há como aferir se houve o cumprimento dos requisitos exigidos pela legislação brasileira. Não há como autorizar a dedução no Brasil de uma despesa que foi realizada no exterior. Quanto à confusão patrimonial a que se refere a lei que concede o benefício de amortização fiscal do ágio, a fiscalização bem fundamentou seu auto de infração, ao trazer informação de que não houve a referida confusão patrimonial entre adquirente e adquirida, conclusão com a qual compartilho (efls. 4793 e 4798). Além disso, a PFN alega que a real adquirente é quem tem direito à amortização do ágio, revelando que empresas veículos não poderiam amortizar o ágio, pois não se sacrificaram financeiramente para aquisição do investimento com ágio. A Lei nº 9.532/1997 somente permite a amortização fiscal do ágio (que deve ser interpretada restritivamente, por se tratar de um benefício que decorre de renúncia de receita por parte do Estado) por quem suportou o ônus de adquirir investimento com ágio, não cabendo a amortização a quem recebeu investimento com ágio suportado por terceiros. Não entendo dessa forma. Acho que as situações devem ser analisadas caso a caso. Nem sempre empresas veículos são criadas com objetivo tão somente de permitir o aproveitamento indevido do ágio. Empresas que se revestem de formalidades, e que têm propósito em período consideravelmente superior à operação societária, eventualmente podem ser aceitas como empresas veículos. Por outro lado, no caso presente, a utilização deste artifício pela recorrente somente teve intenção de trazer o ágio que foi gerado no exterior. Apesar de terem ocorrido de fato, todas as criações e incorporações das empresas utilizadas para transferir o ágio internamente somente convalidaram o interesse meramente fiscal da real adquirente do negócio. Afronta ao tratamento isonômico entre empresas brasileiras e estrangeiras Fl. 5597DF CARF MF 30 Quanto à alegação de que houve violação ao tratamento isonômico dispensado ao capital estrangeiro, entendo que não se aplica ao caso em discussão. O direito à amortização fiscal do ágio é um benefício fiscal, que, por sua vez, é aplicável às empresas que se submetem à legislação pátria. Assim, empresas domiciliadas fora do Brasil não podem usufruir de tal benefício. Duplicidade do ágio Quanto à duplicidade do ágio, entendo que tal discussão deve ser superada, pois minhas razões de decidir perpassam por este ponto. Glosa indevida de prejuízos fiscais A empresa alega que os prejuízos fiscais compensados por ela no 1º e 2º Trimestres de 2009, ao contrário do que supôs a D. Fiscalização, não se referem ao ano calendário de 2007, nem tampouco ao anocalendário de 2008, mas sim se referem ao prejuízo constante no 4º Trimestre de 2006, no montante de R$ 51.448.094,36. Assim, cita que não há justificativa fundamentada no direito para glosar os prejuízos fiscais compensados tempestivamente pela recorrente no 1º e 2º Trimestres do anocalendário de 2009, uma vez que têm origem no 4º Trimestre do anocalendário de 2006, período que não tem qualquer relação com as amortizações de ágio iniciadas a partir do anocalendário de 2007, estando, inclusive, atingido pela decadência. Desta forma, pede o cancelamento do IRPJ decorrente dos prejuízos fiscais gerados em 2006 e compensados no 1º e 2º Trimestres do anocalendário de 2009, respectivamente nos valores de R$ 2.801.034,41 e R$ 15.860.675,08, juntamente com multa e juros. Entretanto, tenho que a fiscalização efetuou corretamente a glosa. Os valores de prejuízo fiscal constam dos sistemas da RFB, mas são alimentados a partir das informações prestadas pelas empresas, na DIPJ. Consta no Lalur do 4º Trimestre de 2006 (efl. 256) que a empresa apurou lucro real e não se compensou de prejuízo fiscal. Também, na parte B do Lalur de 2006 (efl. 257 a 276), não há conta de prejuízo fiscal a compensar. Logo, entendese que a empresa não apresentou saldo de prejuízo fiscal em 31/12/2006. Fl. 5598DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.584 31 Entretanto, o saldo inicial do prejuízo fiscal contido em janeiro do ano de 2007, nos sistemas da RFB, era de R$ 37.820.507,62, cf. efl. 4809 do processo. Vejase a tela do processo: A partir desse prejuízo fiscal, a fiscalização efetuou os lançamentos referentes aos fatos geradores apurados nos anos de 2007 a 2009, conforme se pode observar no auto de infração anexo, compensando dos valores a lançar os prejuízos apurados dentro do respectivos períodos de apuração. Assim sendo, a fiscalização glosou corretamente os prejuízos do 1º e do 2º Trimestres de 2009, em razão de sua utilização nos períodos anteriores. Desta forma, afasto o pedido de manutenção de utilização do prejuízo fiscal dos 1º e 2º Trimestres de 2009. Improcedência da Multa de Ofício A empresa alega improcedência da aplicação da multa de ofício, pois, à época da utilização do benefício fiscal do ágio, a jurisprudência do CARF favorecia a amortização fiscal conforme efetuou a recorrente. Cita, para isso, permissivo legal contido no art. 76 da Lei 4.502/1964: Art . 76. Não serão aplicadas penalidades: I aos que, antes de qualquer procedimento fiscal, procurarem espontâneamente, a repartição fazendária competente, para denunciar a falta e sanar a irregularidade, ressalvados os casos previstos no art. 81, nos incisos I e II do art. 83 e nos incisos I, Il e III do art. 87; II enquanto prevalecer o entendimento aos que tiverem agido ou pago o impôsto: a) de acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado; Fl. 5599DF CARF MF 32 b) de acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira instância, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em que o interessado fôr parte; c) de acôrdo com interpretação fiscal constante de circulares instruções, portarias, ordens de serviço e outros atos interpretativos baixados pelas autoridades fazendárias competentes. De início, convém observar que o julgador do CARF deve se basear no seu livre convencimento para emitir opiniões sobre dadas matérias. Desta forma, mesmo que a recorrente tenha colacionado jurisprudência favorável ao seu pleito, ressalto que este julgador não é obrigado a seguir orientação dada por turma ordinária desta 2ª instância. A jurisprudência apenas serve como bússola aos julgadores, para que formem sua convicção sobre determinada matéria, mas não é dado a ela o status de norma cogente. O artigo 100 do CTN é quem define quais são as normas complementares da legislação tributária: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;(negrejei) III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Entretanto, o citado dispositivo legal, mais precisamente o inciso II acima, não pode ser aplicado ao presente caso, por inexistência de lei que atribua eficácia normativa à referida norma aqui colacionada. Exceções a esta regra estão elencadas nas Súmulas do CARF, que devem ser seguidas com rigor pelos órgãos de julgamento administrativo. Entretanto, no presente caso, também não há orientação sumulada no sentido de aceitar o pedido da recorrente. Assim também caminha o entendimento proferido no Parecer Normativo CST nº 390/1971, que posteriormente foi atualizado pelo Parecer Normativo Cosit nº 23/2013, o qual manteve o mesmo entendimento: Assunto: Decisões de Conselho de Contribuintes não constituem normas complementares da legislação tributária porquanto não existe lei que lhes confira efetividade de caráter normativo. (...) Fl. 5600DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.585 33 4. Entendase aí que, não se constituindo em norma legal geral a decisão em processo fiscal proferida por Conselho de Contribuintes, não aproveitará seu acórdão em relação a qualquer outra ocorrência senão aquela objeto da decisão, ainda que de idêntica natureza, seja ou não interessado na nova relação o contribuinte parte no processo de que decorreu a decisão daquele colegiado. (...) Além disso, a multa de ofício é estabelecida pelo art. 44 da Lei nº 9.430/1996 e não contempla norma de exceção quanto ao IRPJ. A legislação em que consta o dispositivo legal trazido pela recorrente para pugnar pela exoneração da multa de ofício (art. 100 da Lei 4.502/1964) é específica do IPI (antigo Imposto sobre Consumo), portanto em nada se aplica ao IRPJ objeto desta autuação. E, mesmo que se venha argumentar que a referida norma se aplica ao IRPJ, pois no caso de qualificação de multa de ofício a base legal consta nos artigos 71, 72 e 73 da mesma lei, que se aplica ao IRPJ, convém afastar tal pleito, pois referidos artigos somente são aplicados aos demais tributos além do IPI por expressa disposição das leis que os regem no caso do IRPJ, é o § 1º do art. 44, da Lei nº 9.430/1996. Por fim, o Acórdão nº 10609.343, da 6ª C, do 1º CC, trazido pela Recorrente: "Para que se possa caracterizar simulação é necessário que o ato não pudesse ser realizado, fosse por vedação legal ou por qualquer outra razão. Se não houve isso, não há como qualificarse a operação de simulada. Os objetivos visados com a prática do ato não interferem na qualificação dos atos praticados, portanto, se os atos praticados eram lícitos, as eventuais consequências contrárias ao fisco devem ser qualificadas como casos de elisão fiscal e não de evasão ilícita..." não se enquadra ao presente caso, para fins de exoneração da multa de ofício de 75%. Poderia, talvez, ser analisado em relação à multa qualificada de 150%, o que será discutido mais adiante. Desta feita, afasto o pedido de exoneração da multa de ofício de 75%. Multa Qualificada A recorrente invoca a exoneração da multa qualificada em razão da "...inexistência de simulação e por ausência de comprovação do evidente intuito de fraude por parte da fiscalizada nas operações societárias realizadas com a devida publicidade, tendo inclusive a fiscalização em diversas passagens do termo de verificação fiscal explicitado que a impugnante teria realizado “uma interpretação equivocada da legislação tributária”, o que demonstra o reconhecimento de inexistência de intenção em fraudar, motivo de qualificação da multa." Entendo que assiste razão à recorrente. O direito à amortização fiscal do ágio é assunto que traz bastante controvérsia no âmbito administrativo e judicial. A legislação anterior à vigência da Lei 12.973/2014 (conversão da MP 627/2013), no que se refere ao tratamento do ágio, não trazia regras muito claras quanto à sua aplicação, principalmente quanto ao ágio decorrente de aquisição efetuada Fl. 5601DF CARF MF 34 com pagamento de preço e exercida entre partes independentes, em que a empresa adquirente estivesse domiciliada no exterior. Na maioria dos casos de ágio, as empresas serviamse de brecha legal para poder reduzir a carga tributária do IRPJ, como é o caso aqui em comento. Esta premissa, por si só, já nos induz a aplicar o benefício da dúvida, afastando a aplicação da referida multa. Mas não é só! A aplicação da multa qualificada pressupõe a prática da conduta ilícita e a intenção em lesar o fisco. É uma exceção às condutas praticadas pelos contribuintes. Não pode a exceção virar a regra. No caso concreto, não há nenhum fato indicador da intenção em fraudar o fisco. A empresa utilizouse de instrumentos legais de operação de reorganização societária com objetivo de reduzir a carga tributária. Não é porque o objetivo, como já visto alhures neste voto, era meramente fiscal, que se deve travestir como conduta fraudulenta. Os atos societários foram todos publicados, a fiscalização teve acesso aos documentos que surgiram na operação societária, não há documentos que se revestem de uma formalidade que se contradiz ao que foi praticado. Não quero aqui tornar a mera publicidade dos atos norma imperativa no intuito de descaracterizar a fraude ou simulação decorrentes de ações perpetradas pelas empresas envolvidas em processo de reorganização societária com objetivo de reduzir sua carga tributária, e, com isso, tornála suficiente (publicidade) para afastar a aplicação da multa qualificada. Entretanto, no caso concreto, tanto a publicidade dos atos o fisco teve (ou poderia ter) acesso às informações contidas nos documentos societários e fiscais , quanto à origem do ágio decorrente de operação entre partes independentes e com pagamento de preço , afastam uma possível constatação de conduta fraudulenta por parte da recorrente. Desta feita, não presentes nenhuma das características que pudessem imputar uma conduta fraudulenta à recorrente, voto por afastar a multa qualificada. Juros sobre Multa de Ofício A recorrente alega vício de legalidade dos art. 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002 e pede pelo afastamento da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício. Não entendo possuir amparo a alegação da recorrente. O art. 161 do CTN determina que ao crédito vencido e não pago acrescese de juros de mora: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Fl. 5602DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.586 35 Já a parte final da redação do supra dispositivo legal define que a incidência de juros de mora não prejudica a imposição de penalidades. O art. 142 do CTN, por sua vez, apresenta a definição de crédito tributário: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Conforme se extrai da cláusula legal, o crédito tributário é composto pelo montante do tributo devido e pela penalidade cabível. Da intersecção dos dois dispositivos acima, concluise que ao tributo e à multa de ofício (crédito tributário) incidem os juros de mora. Desta forma, aplicase o art. 30 da Lei 10.522/2002, que determina a incidência da Selic como taxa referencial para a atualização do crédito tributário. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. Desta forma, nego o pedido quanto ao afastamento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Conclusão Diante do exposto, voto por AFASTAR a preliminar de nulidade, e, no mérito, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para exonerar a multa qualificada, mantendo a multa de ofício no patamar de 75%. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 5603DF CARF MF 36 Declaração de Voto Conselheira Livia De Carli Germano Solicitei expressar meu voto neste acórdão tendo em vista que, na votação ocorrida no Colegiado, acompanhei o ilustre relator em suas conclusões, mas por outros fundamentos, no que fui acompanhada pela maioria. Concordo com o relator que está correta a glosa da despesa com amortização de ágio no caso em questão. Entretanto, entendo que não há provas suficientes a corroborar a afirmação de que a Sergisor é a verdadeira adquirente do investimento na CBD, até porque, no meu entender, isso necessariamente envolveria admitir que as holdings Masmanidis e Vieri nunca existiram e não passaram de empresas "veículo", meramente simuladas (simulação absoluta). Pelo contrário, entendo que as provas dos autos levam à conclusão de que, como holdings, tais pessoas jurídicas parecem ter cumprido o seu papel de adquirentes do investimento da CBD. Tanto tais empresas foram necessárias à estrutura que, após a sua suposta extinção via incorporação, foram imediatamente substituídas por sociedades holdings que passaram a ocupar o mesmo papel societário e negocial que elas antes exerciam. E aí está o cerne da questão. Quando se analisam as operações de incorporação praticadas (as quais supostamente dariam ensejo ao início da amortização dos ágios ora contestados), percebese que não há substancial diferença entre a situação final e o status inicial a não ser pelo nome e número de CNPJ das holdings, que de Masmanidis e Vieri passaram a respectivamente Sudaco e Wilkes. Em outras palavras, o caso aqui não foi de simulação da existência das holdings, mas de simulação de sua extinção via incorporação. O Termo de Verificação Fiscal trilha esse caminho e traz provas dessa circunstância em diversas de suas passagens, valendo destacar as seguintes: Fl. 5604DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.587 37 (...) (...) (...) (...) (...) Fl. 5605DF CARF MF 38 (...) Fl. 5606DF CARF MF Processo nº 16561.720195/201234 Acórdão n.º 1401001.900 S1C4T1 Fl. 5.588 39 (...) 117. (...) (...) Não obstante as afirmações acima transcritas, em sua conclusão o Termo de Verificação Fiscal acaba por desconsiderar toda a estrutura de aquisição ocorrida no Brasil, em especial quando afirma que "A condição de dedutibilidade do ágio só seria atendida, no caso, se a CBD incorporasse a Sergisor" (item 115). É dessa conclusão que este voto discorda. Isso porque, vale repetir, nos autos há provas apenas de que a extinção de Masmanidis e Vieri ocorreu meramente em termos formais e de que tais sociedades permaneceram "vivas" e atuantes sob os prismas societário e negocial, sob outros nome e CNPJ. E, se permaneceram vivas, é porque continuaram cumprindo o seu papel de holdings adquirentes dos investimentos com os ágios ora contestados. (assinado digitalmente) Livia de Carli Germano Fl. 5607DF CARF MF 40 Fl. 5608DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.004058/00-67
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN.
Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão- somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4°, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador).
Recurso Extraordinário Negado.
Numero da decisão: 9900-000.870
Decisão: Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário da Fazenda Nacional.
Nome do relator: Valmar Fonsêca de Menezes
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Pleno
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplica-se ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerando-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão- somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4°, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional dar-se-á a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). Recurso Extraordinário Negado.
turma_s : PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 10580.004058/00-67
conteudo_id_s : 5772672
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9900-000.870
nome_arquivo_s : Decisao_105800040580067.pdf
nome_relator_s : Valmar Fonsêca de Menezes
nome_arquivo_pdf_s : 105800040580067_5772672.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso extraordinário da Fazenda Nacional.
dt_sessao_tdt : Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
id : 6937409
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468819996672
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2420; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFPL Fl. 941 1 940 CSRFPL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.004058/0067 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9100000.870 – Pleno Sessão de 8 de dezembro de 2014 Matéria FINSOCIAL Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida DIBEPI DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS PIRAJÁ LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/05/1990 a 31/03/1992 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. Quando do julgamento do RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, momento em que estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. Diante das decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores a respeito da matéria, aplicase ao caso os estritos termos em que foram prolatadas, considerandose o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tão somente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 09 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), vale o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4°, com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional darseá a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). Recurso Extraordinário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso Extraordinário da Fazenda Nacional. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 40 58 /0 0- 67 Fl. 257DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 942 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (VicePresidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (VicePresidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (VicePresidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (VicePresidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (VicePresidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (VicePresidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Ivacir Júlio de Souza (conselheiro convocado) substituiu circunstancialmente (até a votação do item 7 da pauta) o conselheiro Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (VicePresidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (VicePresidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (VicePresidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (VicePresidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (VicePresidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (VicePresidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF), bem assim também foi convocado o conselheiro Antônio Lisboa Cardoso (substituição da conselheira Susy Gomes Hoffman, no dia 8/12/2014) e o Conselheiro Paulo Cortez (em substituição à conselheira Karem Jureidini Dias, no dia 09/12/2014) e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento). Relatório Trata o presente processo de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional, conforme despacho de admissibilidade, no autos, tratando exclusivamente do prazo prescricional para restituição de tributos recolhidos a maior. Adoto, por oportuno e suficiente, o voto do eminente conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, ao qual quero registrar as minhas homenagens, como razões de decidir. Passa a fazer parte do presente voto, pois, a transcrição literal do acórdão deste Colegiado (13891.000074/0000). “Conselheiro Francisco Sales Ribeiro de Queiroz Relator Fl. 258DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 943 3 0 recurso extraordinário interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN preenche os requisitos necessários à sua admissibilidade, consoante atesta o despacho competente, devendo ser conhecido. Conforme relatado, a questão que se põe à apreciação deste Colegiado diz respeito exclusivamente à preliminar de prescrição do direito à repetição de indébitos fiscais, merecendo ressaltar que o acórdão paradigma considerou irrelevante que o indébito tenha por fundamento a declaração de inconstitucionalidade ou simples erro, aplicando o prazo quinquenal a partir da extinção do crédito tributário, conforme se extrai da leitura da ementa transcrita no recurso extraordinário, a seguir: ACÓRDÃO PARADIGMA "Ementa: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO ILL O direito de pleitear a restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. 165, incisos I e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido." (grifo nosso). (Recurso n° 102147786. Processo n° 10183.003219/200293. Acórdão CSRF/0400.810. Quarta Turma. Relatora Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo). Os dispositivos da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional CTN, citados na ementa acima transcrita, estão assim redigidos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4°do artigo 162, nos seguintes casos: 1 cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (vide art. 3° da LC. n° 118, de 2005) II na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado Fl. 259DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 944 4 a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. A modalidade de extinção do crédito tributário a que se refere o supra transcrito dispositivo do inciso I, do art. 168 é o definido no inciso I, do art. 156, também do CTN, a seguir: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; (...). Assim, contado da data da extinção do crédito tributário, pelo pagamento, teria o contribuinte cinco anos para fazer valer o seu direito à restituição, entendimento que mereceu intermináveis discussões no âmbito do contencioso administrativo tributário e nos Tribunais Superiores do Poder Judiciário pátrio. Dessa forma, em face da interminável batalha judicial estabelecida sobre o tema, e com a pretensão de pacificar e tornar definitivo um entendimento a respeito, sobreveio a Lei Complementar LC n° 118/2005, cujos artigos 3° e 4° alteraram e acrescentaram dispositivos ao Código Tributário Nacional CTN, dispondo ainda sobre a interpretação a ser dada ao inciso I do art. 168 da mesma Lei, nos termos a seguir reproduzidos: Art. 3° Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150 da referida Lei. Art. 4° Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3°, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional. Por seu turno, o mencionado inciso I, do art. 106, do CTN, estabelece que: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; (...). Assim, a questão já teria sido definitivamente resolvida com a edição dos suso transcritos dispositivos da LC n° 118/2005, segundo o qual a interpretação a ser dada ao inciso I, do art.168, do CTN, é a de que "a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150 da referida Lei." (Lei n° 5.172/1966 CTN) Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça STJ declarou a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4° da LC n° 118/2005, ao entender que não se trata de lei meramente interpretativa, já que inova o ordenamento jurídico no tocante ao momento em que o crédito tornase extinto, e que, portanto, Fl. 260DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 945 5 não pode retroagir nos moldes do artigo 106, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN, sob pena de ofender o princípio da segurança jurídica, de respeitável proteção em nosso ordenamento. Referida matéria, até a sessão de 04/08/2011 do Supremo Tribunal Federal STF, encontravase submetida ao regime de repercussão geral, oportunidade em que foi negado provimento ao RE n° 566.621/RS, interposto pela Fazenda Nacional, sendo relatora a Ministra Ellen Gracie, declarando a inconstitucionalidade do acima transcrito art. 4°, segunda parte, da Lei Complementar n° 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 (cinco) anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09/06/2005, tendo referida decisão Suprema sido assim ementada: DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/2005, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts . 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. Fl. 261DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 946 6 O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4°, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3°, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido Por seu turno, o Superior Tribunal de Justiça STJ, em recentíssima decisão (sessão de 02/08/2012), ao julgar o recurso representativo de controvérsia REsp n° 1.269.570MG, entre muitas outras mais antigas, seguiu a referida posição jurisprudencial proferida do Tribunal Maior, consoante se extrai da leitura da ementa do REsp 1089356/PR, assim disposta: REsp 1089356 /PR RECURSO ESPECIAL 2008/02103521 Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 02/08/2012 Data da Publicação/Fonte DJe 09/08/2012 Ementa TRIBUTÁRIO. RECURSOS ESPECIAIS. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543B, § 3°, DO CPC. MANDADO DE SEGURANÇA QUE ATACA INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE SALDOS NEGATIVOS DA CSLL REFERENTES AO EXERCÍCIO DE 1996. PEDIDO ADMINISTRATIVO PROTOCOLADO ANTES DE 09/06/2005. INAPLICABILIDADE DA LEI COMPLEMENTAR N°. 118/2005 E DO ART. 16 DA LEI N°. 9.065/95. 1. Tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributos sujeitos a lançamento por homologação ajuizadas de 09/06/2005 em diante, deve ser aplicado o prazo prescricional quinquenal previsto no art. 3° da Lei Complementar n° 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data do pagamento. Já para as ações ajuizadas antes de 09/06/2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, §4° com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5). Precedente do STJ: recurso representativo da controvérsia REsp n. 1.269.570MG, 1a Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23.05.2012. Precedente do STF (repercussão geral): recurso representativo da controvérsia RE n. 566.621/RS, Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011. 2. No caso, embora se trate de mandado de segurança ajuizado no ano de 2007, houve observância do prazo do art. 18 da Lei n°. 1.533/51 e a impetrante impugna o ato administrativo que decretou a prescrição do seu direito de pleitear a restituição Fl. 262DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 947 7 dos saldos negativos da CSLL referentes ao anocalendário de 1995, exercício de 1996, cujo pedido de restituição foi protocolado administrativamente em 05.07.2002, antes, portanto, da Lei Complementar n. 118/2005. Diante das peculiaridades dos autos, o Tribunal de origem decidiu que o prazo prescricional deve ser contado da data de protocolo do pedido administrativo de restituição. Em assim decidindo, a Turma Regional não negou vigência ao art. 168, I, do CTN; muito pelo contrário, observou entendimento já endossado pela Primeira Turma do STJ (REsp 963.352/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 13.11.2008). 3. No tocante ao recurso da impetrante, deve ser mantido o acórdão do Tribunal de origem, embora por outro fundamento, pois, ainda que o art. 16 da Lei n. 9.065/95 não se aplique nas hipóteses de restituição, via compensação, de saldos negativos da CSLL, no caso a impetrante formulou administrativamente simples pedido de restituição. Na espécie, ao adotar a data de homologação do lançamento como termo inicial do prazo prescricional quinquenal para se pleitear a restituição do tributo supostamente pago a maior, o Tribunal de origem considerou tempestivo o pedido de restituição, o qual, por conseguinte, deverá ter curso regular na instância administrativa. Mesmo que a decisão emanada do Poder Judiciário não contemple a possibilidade de compensação dos saldos negativos da CSLL com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, nada obsta que a impetrante efetue a compensação sob a regência da legislação tributária posteriormente concebida. 4. Recurso especial da Fazenda Nacional parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido, e recurso especial da impetrante não provido, em juízo de retratação. Nessa mesma linha, transcrevo ementa de outros julgados do STJ, nos quais o prazo prescricional é contado, em se tratando de pagamentos indevidos cuja repetição fora requerida anteriormente à vigência da LC n° 118/2005 (09/06/2005), da data do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita ou expressa: "TRIBUTÁRIO TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL EM CONTROLE CONCENTRADO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REGRA DOS "CINCO MAIS CINCO". PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. A Primeira Seção desta Corte firmou entendimento de que, "mesmo em caso de exação tida por inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, seja em controle concentrado, seja em difuso, ainda que tenha sido publicada Resolução do Senado Federal (art. 52, X, da Carta Magna), a prescrição do direito de pleitear a restituição, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, ocorre após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita ou expressa." 2. O entendimento jurisprudencial é a síntese da melhor exegese da legislação no momento da aplicação do direito, por Fl. 263DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 948 8 isso é aceitável a sua mudança para o devido aprimoramento da prestação jurisdicional. Agravo regimental improvido." (AgRg no Ag 1406333 / PE, Relator: Ministro Humberto Martins) "PROCESSUAL CIVI E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA O SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (ILL). PRESCRIÇÃO. TESE DOS "CINCO MAIS CINCO". RESP 1.002.932/SP (ART.543C DO CPC). COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. DATA DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. RESP 1.137.738/SP (ART. 543C DO CPC). POSSIBILIDADE, IN CASU, DE COMPENSAÇÃO COM TRIBUTO DA MESMA ESPÉCIE. CORREÇÃO MONETÁRIA. FEV/1991. IPC. 21,87%. 1. Agravos regimentais interpostos pelos contribuintes e pela Fazenda Nacional contra decisão que negou seguimento aos seus recursos especiais. 2. A Primeira Seção adota o entendimento sufragado no julgamento dos REsp 435.835/SCpara aplicar a tese dos "cinco mais cinco" à contagem do prazo prescricional, inclusive para a repetição de tributos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes: EREsp 507.466/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em 25/3/2009, DJe 6/4/2009; AgRg nos EAg 779581/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 9/5/2007, DJe 1/9/2008; EREsp 653.748/CE, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 23/11/2005, DJ 27/3/2006. 3. O Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso especial representativo de controvérsia (REsp 1.002.932/SP), ratificou orientação no sentido de que o princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC n. 118/05 aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, porquanto é norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação respectiva. 4. Em sede de compensação tributária, deve ser aplicada a legislação vigente por ocasião do ajuizamento da demanda. "[A] autorização da Secretaria da Receita Federal constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte, sob a égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei 9.430/96, em se tratando de tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si". (REsp 1.137.738/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 1°/2/2010, julgado sob o rito do art. 543C do CPC). 5. Na correção de indébito tributário incide o índice de 21,87% em fevereiro de 1991 (expurgo inflacionário, IPC/IBGE em substituição à INPC do mês). Precedentes: REsp 968.949/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/3/2011; EDcl no AgRg nos EDcl no REsp 871.152/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 19/8/2010; AgRg no REsp 945.285/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Fl. 264DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 949 9 Turma, DJe 7/6/2010; REsp 1.124.456/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/4/2010. 6. Agravo regimental das contribuintes parcialmente provido para assegurar a correção monetária no mês de fevereiro de 1991 pelo índice de 21,87%. 7. Agravo regimental da Fazenda Nacional não provido." (AgRg no REsp 1131971 / RJ, Relator: Ministro Benedito Gonçalves) Através da Portaria MF n° 586, de 21/12/2010DOU de 22/12/2010, foram introduzidas alterações no Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF n° 256, DOU de 23/06/2009, sobrevindo o art. 62A, que assim dispõe: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Sendo assim, diante dessas decisões proferidas pelos nossos Tribunais Superiores, outra não poderia ser minha posição a respeito da matéria, senão a de aplicar ao caso os estritos termos das sobreditas decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, considerandose o prazo prescricional de 5 (cinco) anos aplicável tãosomente aos pedidos formalizados após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir dos pedidos protocolados nas repartições da Receita Federal do Brasil do dia 9 de junho de 2005 em diante. Para os pedidos protocolados anteriormente a essa data (09/06/2005), valeria o entendimento anterior que permitia a cumulação do prazo do art. 150, § 4° com o do art. 168, I, do CTN (tese dos 5+5), ou seja, a contagem do prazo prescricional darseia a partir do fato gerador, devendo o pedido ter sido protocolado no máximo após o transcurso de 10 (dez) anos a partir dessa data (do fato gerador). No presente caso, a data de protocolo do pedido de restituição/compensação foi formalizado em 30/06/2000, e se refere a fatos geradores ocorridos entre 05/90 e 03/92. Sendo assim, o direito à repetição não foi alcançado pela prescrição. Isto posto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso, devendo o processo retornar à repartição de origem para que seja analisada a viabilidade do pedido quanto às questões de mérito, sua liquidez, demais matérias não examinadas e adoção das providências que considerar cabíveis, devendo o processo, posteriormente, seguir seu trâmite de acordo com o Decreto n° 70.235/1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal PAF. É assim que voto. (assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz” É o relatório. Fl. 265DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10580.004058/0067 Acórdão n.º 9100000.870 CSRFPL Fl. 950 10 Voto Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes, Relator O despacho da repartição de origem, a DRF, assim se pronunciou: “A análise da documentação que instrui o processo revelou que os recolhimentos dos valores objeto do presente pedido de compensação foram efetuados entre 01/03/93 ( fl. 11 ) e 27/06/94 ( fl. 16 ), tendo sido o processo de compensação formalizado em 08/05/2000” Da mesma forma, dispõe o relatório da decisão DRJ, à fl. 88: “O órgão de origem indeferiu o pedido através do Parecer n° 188/01 PJ (fls. 41/42), por julgar extinto o direito de o contribuinte pleitear a restituição ou compensação do crédito com o transcurso do prazo fixado no artigo 168 do Código Tributário Nacional, e com base na disposto no Ato Declaratório SRF n° 096, de 26 de novembro de 1999, tendo em vista que a extinção dos créditos tributários referentes ao Finsocial ocorreu no período de 01/03/1993 (fl.11) e 27/06/1994 (fl.16), nas datas dos respectivos pagamentos das parcelas do parcelamento concedido, tendo a interessada formalizado o pedido de restituição tão somente em 08/05/2000., " Assim, o pedido foi protocolizado em 08/05/2000, ou seja, anterior à data de 09/06/2005, e os fatos geradores ocorreram em março de 1993 e junho de 1994, ou seja, dentro dos dez anos a que se refere a decisão do STJ. Logo, diante do exposto, nego provimento ao recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (Assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Fl. 266DF CARF MF Documento de 10 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP22.0917.10303.FKGS. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por MOEMA NOGUEIRA SOUZA em 31/07/2015 18:12:00. Documento autenticado digitalmente por MOEMA NOGUEIRA SOUZA em 31/07/2015. Documento assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO em 03/08/2015 e VALMAR FONSECA DE MENEZES em 31/07/2015. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 22/09/2017. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP22.0917.10303.FKGS Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: E6168F81ED65EB5C4811EF05ED3137CB5C6B68F0 Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 105800040580067. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 10925.900322/2012-24
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
RECURSO ESPECIAL. AUSENTE A DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL E A SIMILITUDE FÁTICA. NÃO CONHECIDO.
Para que seja conhecido o recurso especial, imprescindível é a comprovação do dissenso interpretativo mediante a juntada de acórdão paradigma em que, na mesma situação fática, sobrevieram soluções jurídicas distintas, nos termos do art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria nº 343/2015.
No caso dos autos, não se verifica a divergência jurisprudencial, pois há convergência de entendimentos entre os acórdãos recorrido e aqueles indicados como paradigmas. Além disso, nos acórdãos paradigmas há substrato fático distinto daquele existente no caso em análise, razão pela qual não é possível estabelecer-se a comparação necessária para fins de comprovação do dissenso interpretativo.
Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-005.222
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 RECURSO ESPECIAL. AUSENTE A DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL E A SIMILITUDE FÁTICA. NÃO CONHECIDO. Para que seja conhecido o recurso especial, imprescindível é a comprovação do dissenso interpretativo mediante a juntada de acórdão paradigma em que, na mesma situação fática, sobrevieram soluções jurídicas distintas, nos termos do art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria nº 343/2015. No caso dos autos, não se verifica a divergência jurisprudencial, pois há convergência de entendimentos entre os acórdãos recorrido e aqueles indicados como paradigmas. Além disso, nos acórdãos paradigmas há substrato fático distinto daquele existente no caso em análise, razão pela qual não é possível estabelecer-se a comparação necessária para fins de comprovação do dissenso interpretativo. Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10925.900322/2012-24
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5766652
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-005.222
nome_arquivo_s : Decisao_10925900322201224.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10925900322201224_5766652.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
id : 6923767
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468825239552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1914; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10925.900322/201224 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303005.222 – 3ª Turma Sessão de 20 de junho de 2017 Matéria PAF. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. COMPROVAÇÃO. Recorrente APC DO BRASIL LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 RECURSO ESPECIAL. AUSENTE A DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL E A SIMILITUDE FÁTICA. NÃO CONHECIDO. Para que seja conhecido o recurso especial, imprescindível é a comprovação do dissenso interpretativo mediante a juntada de acórdão paradigma em que, na mesma situação fática, sobrevieram soluções jurídicas distintas, nos termos do art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria nº 343/2015. No caso dos autos, não se verifica a divergência jurisprudencial, pois há convergência de entendimentos entre os acórdãos recorrido e aqueles indicados como paradigmas. Além disso, nos acórdãos paradigmas há substrato fático distinto daquele existente no caso em análise, razão pela qual não é possível estabelecerse a comparação necessária para fins de comprovação do dissenso interpretativo. Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 03 22 /2 01 2- 24 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte APC DO BRASIL LTDA. com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do então vigente Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 3802003.327 proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção de julgamento, em 22/07/2014, que negou provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF. Em face da referida decisão, a Contribuinte interpôs recurso especial alegando divergência jurisprudencial quanto à obrigatoriedade de retificação da DCTF para compensação de pagamento indevido ou a maior. Para comprovar o dissenso interpretativo, colacionou os acórdãos paradigmas nºs 3302002.226 e 3102001.790. Nas razões recursais, o Sujeito Passivo sustenta, em síntese, que: (a) no ano de 2009, procedeu à revisão de seus livros de apuração do PIS e da COFINS, verificando pagamentos a maior no ano de 2006. Para aproveitar referido crédito, formalizou requerimento de compensação, procedendo à retificação dos Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais DACON. No entanto, não procedeu à alteração das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, pois transcorrido o prazo de 05 (cinco) anos, tendo requisitado a alteração de ofício; Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 4 3 (b) o acórdão recorrido reputa imprescindível a retificação da DCTF para análise do pedido de compensação, bem como entende que no caso dos autos houve omissão da Contribuinte na apresentação de provas demonstrando o erro nas informações prestadas na DCTF, sendo o ônus de prova quanto a tal fato inteiramente do Sujeito Passivo; (c) quanto à necessidade de retificação na DCTF para homologação do pedido de compensação, não há óbice legal à apuração do crédito do Contribuinte, mesmo que a DCTF retificadora não tenha sido transmitida e/ou seja adotada a providência após o despacho decisório; (d) o entendimento da decisão recorrida privilegia a forma em detrimento do conteúdo, objetivo contrário ao do processo administrativo e que viola o princípio do formalismo moderado insculpido no art. 2º, §único, inciso IX, da Lei nº 9.784/99; (e) no que tange à comprovação da certeza e liquidez do crédito tributário pretendido restituir pela Contribuinte, aduz que, diversamente do processo judicial, na esfera do contencioso administrativo federal, a prova, em princípio, é de iniciativa do julgador, consoante art. 29 da Lei nº 9.784/99. Assim, a Contribuinte juntou aos autos os documentos que considerava hábeis para comprovar a certeza e liquidez do indébito tributário; nesse caso, entendendo o órgão julgador serem os mesmos insuficientes, providência que se impunha era a intimação da parte para apresentar outros documentos, de modo a apurar o crédito em discussão, e não simplesmente negar o pedido de compensação; (f) por fim, requer o provimento do recurso especial, determinandose o retorno dos autos à origem para apuração da liquidez e certeza do crédito do Contribuinte. Foi admitido o recurso especial do Sujeito Passivo por meio do despacho S/Nº, de 29 de junho de 2015, proferido pelo ilustre Presidente da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial com relação à possibilidade de homologação do pedido de compensação sem a prévia retificação da DCTF e de o órgão julgador solicitar outros documentos que entendia necessários para comprovar a certeza e liquidez do crédito tributário. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões postulando, preliminarmente, o não conhecimento do recurso especial e, no mérito, a sua negativa de provimento. É o Relatório. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.213, de 20/06/2017, proferido no julgamento do processo 10925.900311/201244, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.213): "Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte é tempestivo, restando analisarse o atendimento dos demais pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. O acórdão recorrido negou provimento ao recurso voluntário com base nos seguintes fundamentos: (a) a Contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório para demonstrar a certeza e liquidez do indébito tributário, pois ausente a comprovação de erro ou pagamento a maior que teriam originado o indébito pretendido compensar; (b) embora não tenha transmitido a DCTF retificadora, por força do princípio da verdade material, a empresa teria direito à compensação se demonstrados os atributos de certeza e liquidez do crédito tributário, não tendo se limitado a indeferir o pedido tão somente pela inexistência da DCTF retificadora. Para elucidar a assertiva, segue a transcrição de trechos do voto proferido pelo Colegiado a quo para manter o indeferimento do pedido de compensação, in verbis: [...] Ocorre que, como já assentado pela autoridade julgadora a quo, insatisfeito, o contribuinte instaurou o presente processo com o fundamento de que o valor informado por ele em DCTF é maior do que o valor devido. Aponta a origem do erro, que como já frisado, seria a revisão de seus débitos fiscais do PIS e da COFINS no anocalendário de 2006. Porém não demonstra a sua existência, ou seja, a forma como isso foi apurado. Apenas noticia que o valor correto é aquele constante no DACON retificador transmitido em 2009 (fls. 32/51) do respectivo período e não junta cópia de documentos aos autos atestando com isso comprovar o pagamento a maior, a não ser a cópia do despacho decisório, do DARF pago, do Dacon retificador e a DCTF. (fls. 30/94). Afirma em seu recurso que “ (...) pois a certeza e a liquidez estão devidamente demonstrados através do DACON que demonstra que nada tem a pagar das guias pagas indevidamente a maior” pois com isso considera ser suficientes elementos para demonstrar os créditos apurados. O DACON trazido aos autos é retificador e verificase que foi entregue antes da ciência do despacho decisório. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 6 5 Muito embora o DACON seja uma fonte válida de informações para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF. Quando muito, a incoerência do contribuinte macula de dúvida as informações por ele prestadas, o que afasta a certeza do crédito pleiteado. Verificase, ainda, que o contribuinte tentou retificar a supracitada DCTF para adequála ao pedido em tela e aos dados do Dacon. Contudo, não obteve sucesso (a transmissão não foi concluída), uma vez que havia se esgotado o prazo (05 anos) para que a recorrente tivesse o direito de apresentar ou retificar a DCTF (fl. 48). Ressaltamos que à época vigorava a IN RFB no 1.110/2010, cujo artigo 9, § 1º, embora ressaltasse, quanto à DCTF retificadora, sua condição de “(...) mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente (...)”, prescrevia que a apresentação de retificação, dentre outras hipóteses, que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, não produziria qualquer efeito (art. 9, § 2º, I, “c”). A mesma instrução normativa exigia também que a retificação da DCTF viesse acompanhada de retificação da DIPJ e do DACON (este efetivado) do período, conforme artigo 9, § 6º, da citada Instrução Normativa. De fato, detectado qualquer erro no preenchimento da referida declaração, o sujeito passivo tem a possibilidade de retificar sua DCTF antes que seja iniciado qualquer procedimento de fiscalização ou que decorra o prazo para a homologação do “lançamento” por ela praticado. Sendo a correção destinada a reduzir ou excluir tributo, a retificação somente será admitida se houver comprovação do erro e realizada antes da notificação do lançamento, conforme preceituado no art. 147, §1º, do Código Tributário Nacional – CTN: Art. 147 O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. §1º A retificação da declaração por iniciativa da própria declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento (grifo nosso). Resta claro, portanto, que acarretando a redução de tributo, a admissão da retificação é condicionada à comprovação do erro cometido, cujo ônus incumbe ao interessado na aludida redução (o contribuinte que promove a retificação), sendo, no entanto, excepcionalmente admitida sua retificação após o início do procedimento revisional em privilégio ao princípio da verdade material, conforme decidido já reiteradamente por esta Eg. Turma Especial, em consonância com todo o CARF. Nesse sentido, imprescindível analisar se o contribuinte recompôs nos autos o crédito alegado, a fim de se confirmar a materialidade do crédito que ele alega ser habilitado para compensação. Visando verificar o seu direito, ao apreciar o material probante juntado pelo sujeito passivo, notase que o Recorrente, à época de sua manifestação de inconformidade, não apresentou documentação hábil a comprovar a legitimidade dos dados declarados na DCTF retificadora. Embora tenha juntado naquela Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 7 6 oportunidade documentos intitulados “Cópia do Despacho Decisório, DARF pago, Dacon Retificador e DCTF (retificadora não processada)”. Todavia, neste recurso nenhum novo documento foi juntado ao processo, ou seja, não foi anexado aos autos documentos comprobatórios, tais como demonstrativos de cálculos, a DIPJ retificada, cópia de Livros Fiscais, notas fiscais e dos documentos contábeis como os Livros Diário e Razão, balancete, etc). Ora, não pode ser atribuída ao julgador – até pelo momento processual, em que apenas excepcionalmente seria aceita a juntada de prova, por haver comprovação de plano da materialidade do crédito – a tarefa de conferir e comprovar à diferença desses montantes para fins da recomposição do faturamento do Recorrente. Ou seja, a recorrente não apresentou nenhuma explicação a respeito do suposto erro incorrido para justificar a recomposição de seu faturamento. Vêse que o contribuinte teve a oportunidade de juntar os documentos que julgasse relevantes e não o fez de forma satisfatória. Dessa forma, fica afastada a possibilidade de utilização da referida DCTF (retificadora) como prova no presente processo. Insta salientar que a simples tentativa de transmissão de declaração retificadora com redução do valor do débito anteriormente confessado, não é documentação hábil a legitimar a compensação efetuada, sendo necessária a juntada de prova inquestionável de que houve erro no preenchimento da DCTF e de que o valor do PIS e da COFINS era efetivamente devido. Tal se dá pelo simples fato de que o processo administrativo de revisão da compensação não faz – como não o poderia – às vezes de mero retificador de DCTF após o prazo ordinário. A retificação da DCTF pode até ser acatada pelo revisor; todavia, para que tal aconteça, é cabal que o contribuinte demonstre que faz jus a essa excepcionalidade. Vale frisar, sem embargo, que no que tange ao instituto da compensação é ônus do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza, na forma do art. 170 do CTN. Salientamos que o ônus da prova do direito é da Recorrente, a teor do disposto no artigo 333, inciso I, do CPC. Vêse que o contribuinte teve a oportunidade de juntar os documentos que julgasse relevantes e não o fez de forma satisfatória. Neste espeque, repisese que a Recorrente não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que houve erro na composição da base de cálculo do PIS e da COFINS declarado na DCTF originária. Por consequência, tampouco restou comprovado o direito creditório pleiteado, posto que supostamente decorrente do erro cometido na apuração do tributo, que reduziu sua base de cálculo, nos termos da DCTF que a recorrente pretende retificar. Assim sendo, não há fundamentos para que se aceite agora a retificação extemporânea da DCTF e a homologação da compensação promovida pela Recorrente. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 8 7 Logo, tendo disposto de todas as oportunidades para comprovar seu direito creditório, e não o fazendo no momento devido, limitandose a Recorrente em trazer arguições perfunctórias e destituídas de validade jurídica para fins de apuração da liquidez e certeza do direito creditório pleiteado, e, por conseguinte, da compensação declarada, deve ser negado provimento ao Recurso Voluntário ora analisado. [...] (grifouse) Depreendese da análise do julgado, portanto, que o indeferimento do pedido de compensação não se embasou exclusivamente na ausência de transmissão de DCTF retificadora, mas também por não ter o Contribuinte provado a certeza e liquidez do indébito tributário pretendido restituir. Inclusive, destacou o Colegiado a quo ser possível a aceitação da compensação independente da retificação da DCTF, em hipóteses excepcionais, quando devidamente comprovado o crédito alegado, em vista do princípio da verdade material. Nessa esteira, o confronto do acórdão recorrido com os acórdãos paradigmas revela a inexistência de dissenso interpretativo, requisito indispensável à interposição do recurso especial de divergência. Verificase existir, entre os julgados, convergência de entendimentos, na medida em que os paradigmas apresentados compartilham do entendimento explicitado na decisão recorrida no sentido de ser imprescindível, para ser deferido o pedido de compensação, a comprovação da certeza e liquidez do crédito tributário, devendo ser apreciadas as provas trazidas aos autos e, se necessário, solicitadas outras. Além disso, em todos os julgados, paradigmas e recorrido, foi consignado que a DCTF e a DACON, retificadoras ou originais, embora sejam fontes de informação válida para o Fisco, não são documentos hábeis para comprovar por si só a certeza e liquidez do indébito pretendido ressarcir. Para elucidar a assertiva, seguem transcritas as ementas dos acórdãos paradigmas: Acórdão nº 3302002.226 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2007 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF E DACON. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF ou da DACON, que contenham erro material. A DCTF (retificadora ou original) e a DACON não fazem prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas trazidas pelo contribuinte e solicitar outras sempre que necessário. Recurso Voluntário Provido em Parte. Acórdão nº 3102001.790 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 30/11/2003 COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. EXIGÊNCIA DE CRÉDITO LIQUÍDO E CERTO. NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL INDEPENDENTE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF. O crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior somente pode ser objeto de indébito tributário, quando comprovado a sua certeza e liquidez. Caso exista a apresentação de documentos que possam comprovar o direito creditório, estes Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 9 8 deverão ser analisados pelas instâncias julgadoras, independente da existência de retificação da DCTF. Recurso Voluntário Provido em Parte Inexistente, portanto, a divergência jurisprudencial a justificar a interposição e o prosseguimento do recurso especial. Além disso, conforme se verifica dos acórdãos paradigmas, naqueles autos houve a juntada de documentação comprobatória da certeza e liquidez do crédito tributário pelo contribuinte, a qual, entretanto, não foi analisada pela DRJ no julgamento das manifestações de inconformidade, tendo se embasado unicamente nos dados constantes em DCTF. Também por esta razão é que no acórdão paradigma nº 3302002.226 foi consignado competir ao julgador analisar a prova trazida aos autos pelo Sujeito Passivo e, se entender necessário outros elementos para o seu convencimento, intimálo a apresentar no processo. Seguem excertos dos acórdãos paradigmas para ilustrar a assertiva: Acórdão nº 3302002.226 [...] Considerado cientificado dessa decisão em 22/10/2009, bem como da cobrança dos débitos confessados na Dcomp, o sujeito passivo apresentou em 23/11/2009, manifestação de inconformidade à fl. 2 a 6, acrescida de documentação anexa. A contribuinte alega que houve inúmeros erros na consolidação dos dados da apuração da contribuição, o que teria originado o crédito pleiteado. Retificou a Dacon do período para demonstrar o valor que seria realmente devido. Anexa cópias das declarações retificadas. Ao final, requer: a) Caso não haja satisfeita com as provas juntadas a esta, solicitar procedimento fiscalizatório para confirmalas, voltando a vosso crivo com o objetivo de confirmar as compensações e cassando o despacho decisório; b) Ou satisfeito com os documentos ora anexados confirmar as compensações cassando o despacho decisório. [...] Ora, como tenho me manifestado em diversas ocasiões, no âmbito do processo administrativo impera o princípio da verdade material, que obriga a autoridade administrativa a analisar exaustivamente os fatos alegados pelos contribuintes, solicitando inclusive diligencias e apresentação de novas provas das alegações existentes no processo administrativo fiscal. A existência de informação na DCTF ou na DACON, em nada altera a existência ou não do pagamento a maior, ainda mais quando se tratarem a DCTF e a DACON, de instrumentos de controle da própria Receita Federal. [...] Acórdão nº 3102001.790 [...] Cientificada da decisão, a empresa interpôs recurso voluntário, repisando as alegações apresentadas na impugnação, reafirmando que não utilizou o seu direito de crédito quando da apuração do PIS, estando correto os valores informados na declaração de compensação, anexando ao recurso, cópias do livro Razão, Livro Diário e planilha de cálculo. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10925.900322/201224 Acórdão n.º 9303005.222 CSRFT3 Fl. 10 9 [...] Ressalto que a apresentação genérica de argumentos, alegando simplesmente ilegalidade no procedimento fiscal, sem apontar fatos concretos ou quaisquer provas que indiquem erro na decisão prolatada pelo Fisco, não pode prosperar, visto que, a produção de provas é obrigação de quem contesta e não da autoridade julgadora. O fato que estamos discutindo na presente lide é se foram apresentadas provas e se estas são suficientes para a comprovação das alegações constantes do Recurso. [...] Diante do exposto, entendo que o mérito do direito creditório deva ser analisado e tendo em vista que a autoridade de piso não se manifestou sobre esta matéria, voto no sentido de determinar o retorno dos autos a autoridade a quo para que seja realizado novo julgamento apreciando o mérito do direito creditório pleiteado pela Recorrente a luz dos documentos apresentados. No caso dos autos, por sua vez, a Recorrente não logrou êxito em demonstrar, mediante a devida produção de provas nas oportunidades que teve para se manifestar no processo, a certeza e liquidez do indébito tributário, o que resultou no indeferimento de sua pretensão pelos julgadores. Portanto, não foi apenas o fato de não ter apresentado a DCTF retificadora que fulminou a sua pretensão, mas também não ter se desincumbido da apresentação de provas, as quais seriam consideradas à luz do princípio da verdade material, norteadora do processo administrativo fiscal. Assim, não merece ter prosseguimento o recurso especial da Contribuinte, tendo em vista: a ausência de divergência jurisprudencial e a inexistência de similitude fática entre os julgados paradigmas e o acórdão recorrido. Diante do exposto, não se conhece do recurso especial da Contribuinte. " Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso especial da Contribuinte. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.726068/2009-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA.
A previsão Constitucional de que pertence aos Estados o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os pagamentos que efetuarem, não afasta a competência tributária ativa da união para arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. ALÍQUOTAS. DEDUÇÕES. PARCELAS ISENTAS
É correta e não altera a capacidade contributiva do contribuinte a tributação de rendimentos em momento posterior, considerando-se as mesmas isenções, deduções e alíquotas que seriam devidas se tais rendimentos fossem submetidos à tributação nos períodos a que são relativos.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. BOA FÉ.
A falta de retenção do tributo pelo responsável tributário não exclui a obrigação do beneficiário de oferecê-los à tributação. Contudo, constatado que o contribuinte elaborou sua declaração observando informações contidas no comprovante de rendimentos fornecido pela sua fonte pagadora, afasta-se a cobrança de multa punitiva decorrente do lançamento de ofício.
LANÇAMENTO. TRIBUTAÇÃO DE JUROS E CORREÇÃO.
O lançamento reporta-se à legislação vigente à época do fato gerador, sendo devida a tributação de juros moratórios se estes incidem sobre rendimentos tributáveis.
Numero da decisão: 2201-003.749
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento o valor relativo à multa de ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. A previsão Constitucional de que pertence aos Estados o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os pagamentos que efetuarem, não afasta a competência tributária ativa da união para arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. ALÍQUOTAS. DEDUÇÕES. PARCELAS ISENTAS É correta e não altera a capacidade contributiva do contribuinte a tributação de rendimentos em momento posterior, considerando-se as mesmas isenções, deduções e alíquotas que seriam devidas se tais rendimentos fossem submetidos à tributação nos períodos a que são relativos. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. BOA FÉ. A falta de retenção do tributo pelo responsável tributário não exclui a obrigação do beneficiário de oferecê-los à tributação. Contudo, constatado que o contribuinte elaborou sua declaração observando informações contidas no comprovante de rendimentos fornecido pela sua fonte pagadora, afasta-se a cobrança de multa punitiva decorrente do lançamento de ofício. LANÇAMENTO. TRIBUTAÇÃO DE JUROS E CORREÇÃO. O lançamento reporta-se à legislação vigente à época do fato gerador, sendo devida a tributação de juros moratórios se estes incidem sobre rendimentos tributáveis.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10580.726068/2009-39
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5749505
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.749
nome_arquivo_s : Decisao_10580726068200939.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
nome_arquivo_pdf_s : 10580726068200939_5749505.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento o valor relativo à multa de ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
id : 6877320
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468842016768
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1814; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 364 1 363 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.726068/200939 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.749 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de julho de 2017 Matéria IRPF Recorrente LUIZ JOSE DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. A previsão Constitucional de que pertence aos Estados o produto da arrecadação do IRRF incidente sobre os pagamentos que efetuarem, não afasta a competência tributária ativa da união para arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. ALÍQUOTAS. DEDUÇÕES. PARCELAS ISENTAS É correta e não altera a capacidade contributiva do contribuinte a tributação de rendimentos em momento posterior, considerandose as mesmas isenções, deduções e alíquotas que seriam devidas se tais rendimentos fossem submetidos à tributação nos períodos a que são relativos. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. BOA FÉ. A falta de retenção do tributo pelo responsável tributário não exclui a obrigação do beneficiário de oferecêlos à tributação. Contudo, constatado que o contribuinte elaborou sua declaração observando informações contidas no comprovante de rendimentos fornecido pela sua fonte pagadora, afastase a cobrança de multa punitiva decorrente do lançamento de ofício. LANÇAMENTO. TRIBUTAÇÃO DE JUROS E CORREÇÃO. O lançamento reportase à legislação vigente à época do fato gerador, sendo devida a tributação de juros moratórios se estes incidem sobre rendimentos tributáveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 60 68 /2 00 9- 39 Fl. 364DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento o valor relativo à multa de ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente de Auto de Infração pelo qual a Autoridade Fiscal constituiu crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, IRPF, por ter apurado infrações à legislação tributária nos anos calendários de 2004 a 2006, exercícios de 2005 a 2007. Na descrição dos fatos contida em fls. 5 e 6, é possível identificar os motivos que deram causa ao lançamento, merecendo destaque as seguintes constatações do Auditor Fiscal: O Sujeito passivo classificou indevidamente como Rendimentos Isentos e Não Tributáveis os rendimentos auferidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de "Valores Indenizatórios de URV", a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora. Tais rendimentos decorrem de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Preceitua a referida Lei Estadual, dentre outras coisas, que a verba em questão é de natureza indenizatória. A única interpretação em harmonia com o ordenamento jurídico nacional, em especial com o sistema tributário, é a de que esta lei disciplina aquilo que é pertinente à competência do Estado, em nada alterando a legislação do Imposto de Renda, de competência da União. Não poderiam os Estados Federados versarem sobre o que não se lhes foi constitucionalmente outorgado, seja para criar, seja para isentar tributo, em respeito aos limites impostos às competências tributárias dispostas na Carta Magna de 1988. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 365 3 As diferenças recebidas pelo sujeito passivo têm natureza eminentemente salarial, e consequentemente são tributadas pelo Imposto de Renda, conforme disposto nos arts. 43 e 114 da leu nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN), sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento para sujeitálo ou não à incidência do Imposto. (...) O Cálculo do Imposto de Renda devido está demonstrado no anexo I, composto de folha única, parte integrante e indissociável de Auto de Infração, elaborado em obediência ao despacho do Ministro da Fazenda de 11 de maio de 2009, que aprova o PARECER PGFN/CRJ/Nº 287/2009, de 12 de fevereiro de 2009, que dispõe que, no cálculo do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global. Para apuração do Imposto devido, consideramos os valores das diferenças salariais devidas (URV), incluindo a atualização e os juros, mensalmente distribuídas no período abril de 1994 a agosto de 2001, conforme planilha de cálculo apresenta pelo sujeito passivo, denominada "Cálculo da diferenças de URV Abril de 1994 a Agosto de 2001", levandonos à tributação com base na alíquota vigente à época, cujo valor total apurado de imposto devido foi dividido pelos três anos em que ocorreu o recebimento, janeiro de 2004 a dezembro de 2006, já que toda a diferença salarial devida a título de URV foi efetivamente recebida ao longo desses três anos. Não foram considerados para apuração do imposto devido, as diferenças salariais como o 13º salário, por serem de tributação e responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, e as diferenças salariais com origem no abono férias (conversão de férias), que apesar de tributáveis, não poderão ter seu crédito tributário correspondente, constituído por força do art. 19 da Lei nº 10.522, de julho de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.033, de 21 de setembro de 2004, combinado com o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprova o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2140/2006. Aplicouse ao lançamento a multa básica determinada pelo art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 27 de novembro de 1996, de caráter objetivo, em face da ausência de dolo. Ciente do Lançamento em 09 de novembro de 2009, conforme AR de fl. 44, o contribuinte apresentou a impugnação de fl. 48 a 114, na qual apresentou suas considerações para lastrear o pedido para que seja declarada sua ilegitimidade passiva em face da responsabilidade pelo pagamento do Estado da Bahia e acatado o caráter indenizatório das diferenças recebidas, com a sua consequente exclusão da base de cálculo do IRPF. Subsidiariamente, pleiteou a exclusão da multa de ofício de 75% sobre a totalidade do Imposto e dos juros de mora imputados na autuação, bem assim o recálculo do imposto com exclusão dos valores referentes a 13º salários (tributação exclusiva), abono de férias (isento), juros e correção monetária aplicados sobre as diferenças devidas. Fl. 366DF CARF MF 4 Debruçada sobre a impugnação, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA, por unanimidade de votos, considerou improcedente os argumentos do contribuinte, mantendo integralmente o lançamento, com destaque para os seguintes excertos: Primeiramente, cabe observar que os rendimentos objeto do lançamento fiscal foram recebidos em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de 2003, que em seu art. 2º dispõe sobre “diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. A referida conversão era realizada mês a mês no período de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e visava a manutenção do valor real do salário. Verificase, portanto, que as diferenças reconhecidas através da citada lei tinham, em sua origem, natureza eminentemente salarial, por se incorporarem à remuneração dos membros do Ministério Público Estadual. Tanto é assim, que as parcelas recebidas no devido tempo foram espontaneamente oferecidas à tributação pelo contribuinte, que reconhecia a ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do art. 43, inciso I, do CTN. O recebimento extemporâneo de tais diferenças não altera sua natureza, mesmo que o beneficiário tenha sido obrigado a recorrer à justiça, e que o acordo tenha sido implementado mediante lei complementar. Tal entendimento está disciplinado no art. 56 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99, abaixo transcrito: Rendimentos Recebidos Acumuladamente Art.56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (Lei nº 7.713, de 1988, art. 12). Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, poderá ser deduzido o valor das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, inclusive com advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização (Lei nº 7.713, de 1988, art. 12). Observese, ainda, que a tributação não se restringe ao valor do principal, mas, também, aos juros e atualização monetária. Em razão das citadas diferenças terem sido recebidas acumuladamente, o imposto de renda devido foi apurado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referiam tais rendimentos, conforme dispõe o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009. O impugnante alegou que foram aplicadas alíquotas incorretas relativas aos anos calendário 1994 e 1998, exercícios 1995 e 1999, respectivamente. Entretanto, não se constata tal erro no demonstrativo de cálculo elaborado pela fiscalização, às fls. 10, pois as alíquotas que foram aplicadas nos exercícios em questão foram as que estavam em vigor, conforme previsto no art 2º da Lei nº 8.848, de 28 de janeiro de 1994, e no art. 21 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, respectivamente. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 366 5 Alegouse, também, que as diferenças foram tributadas isoladamente, sem que fossem considerados os rendimentos e deduções já declarados, o que resultou em um imposto lançado a maior. Entretanto, nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas em tabela progressiva. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão. Foi alegado, ainda, que parcelas dos valores recebidos a título de URV se referiam à correção incidente sobre férias indenizadas e 13º salário, e que tais parcelas foram indevidamente tributadas, pois seriam respectivamente isentas e sujeitas à tributação exclusiva. Entretanto, confrontando as planilhas de cálculo da diferença de URV emitida pelo Ministério Público, às fls. 20/23, com o demonstrativo de apuração do imposto de renda elaborado pela fiscalização, às fls. 10, verificase que tais parcelas não foram inclusas no lançamento fiscal. Quanto ao art. 3º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, que dispõe expressamente que as diferenças em questão são de natureza indenizatória, cabe lembrar que o imposto de renda é regido por legislação federal, portanto, tal dispositivo não tem qualquer efeito tributário. Além disso, devese observar que a incidência do imposto independe da denominação do rendimento, e que as indenizações não gozam de isenção indistintamente, mas tão somente as previstas em lei específica que conceda a isenção, conforme previsto no art. 150, § 6º, da Constituição Federal. O art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis(...) Foi alegado, também, que caberia o reconhecimento da isenção com base na Resolução do STF nº 245, de 2002, que reconheceu a isenção do abono vinculado a diferenças de URV conferido aos magistrados federais. Entretanto, tal resolução não pode ser estendida às verbas pagas aos membros do Ministério Público Estadual, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. Não se poderia, também, recorrer à analogia em matéria que trate de isenção, que está sujeita a interpretação literal, conforme preconiza o art. 111, inciso II, do CTN. Fl. 368DF CARF MF 6 O impugnante reclama isonomia de tratamento frente aos membros da esfera federal, entretanto, tratase de funcionários públicos sujeitos a leis específicas distintas, cada um com suas peculiaridades. Observese, ainda, que o reconhecimento da isenção na esfera federal decorreu de resolução no âmbito do poder judiciário federal, cujo alcance não pode ser ampliado mediante a aplicação da analogia. Quanto à alegação de que o responsável pela retenção do imposto era a fonte pagadora, cabe observar o Parecer Normativo SRF nº 1, de 24 de setembro de 2002, que dispõe que a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF extinguese no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora, (...) Além disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União Quanto à alegação de que não caberia a imposição de multa de ofício em razão do impugnante ter agido de boa fé, seguindo informação prestada pela fonte pagadora, cabe observar que a aplicação desta multa no percentual de 75% independe da intenção do agente, conforme estabelecido no art. 136, do CTN. Não se trata da multa qualificada no percentual de 150%, que depende da ocorrência de evidente intuito de fraude, conforme previsto no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O impugnante recorreu também ao disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN, que prevê exclusão da imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo, quando o contribuinte agiu em conformidade com atos normativos expedidos por autoridade administrativa. Entretanto, os informes de rendimentos fornecidos pelo Ministério Público Estadual não têm caráter normativo, nem a autoridade administrativa emitente tem competência para tratar de matéria tributária federal. Ciente do Acórdão da DRJ em 31 de maio de 2010, tempestivamente, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fl. 158 a 241, complementado pela petição de fl. 248/249. Submetido ao Colegiado de 2ª Instância, foi exarado o Acórdão nº 2102 001.670, fl. 251 a 259, que assim relatou as razões do recurso: No voluntário, a recorrente alega, em síntese, que: Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 367 7 I. a decisão recorrida não se pronunciou sobre a falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda pertencente, constitucionalmente, aos Estados, nem tampouco sobre a quebra da capacidade contributiva da recorrente, levando a supressão de instância, sendo de rigor reabrila, sob pena de vulneração dos princípios da ampla defesa e do contraditório. No caso em debate, não houve, à época oportuna, a retenção do IRRF relativo às parcelas de URV pagas pelo Estado da Bahia, que deixou de exercer seu poder jurídico de cobrar o imposto na forma do art. 157, I, da Constituição da República, não tendo a União competência para fazêlo. Ademais, se tivesse havido a retenção à época certa, a contribuinte faria jus aos limites de isenção, não sendo plausível agora o estado moroso cobrar o imposto com juros e multa, que provavelmente excederá o valor outrora recebido, com vulneração do princípio da capacidade contributiva; II. as diferenças da conversão de Cruzeiro Real para URV têm nítido caráter indenizatório, tratandose de mera correção monetária, isenta do imposto de renda, declarada como tal, inclusive em decorrência das informações prestadas pela fonte pagadora. Ademais, não se deve esquecer que o Supremo Tribunal Federal, quando fez editar a Resolução administrativa nº 245/2002, expressamente consignou que diversas verbas (diferenças de URV de 11,98%, PAE, 10,87% e recálculo de representação) tinham a mesma natureza do abono variável pago a magistratura da União, não incidindo sobre tais verbas o imposto de renda e a contribuição previdenciária, entendimento que foi ratificado pelo Ministro da Fazenda. Ainda, devese anotar que a Lei complementar da Bahia nº 20/2003, que determinou o pagamento da vantagem, expressamente em seu art. 3º asseverou que se tratava de verba indenizatória; III. “Não há qualquer lei que diga que os membros do Ministério Público Federal, não devam ser alcançados pelo suposto imposto devido sobre uma determinada verba [benefício auferido com a Lei nº 10.477/2002, que deferiu o abono variável da Lei nº 9.655/98 aos membros do Ministério Público Federal, que culminou com a isenção sobre a diferença de URV e outras verbas], no caso diferenças de parcelas relativas à URV, e que a esfera estadual da mesma instituição deva ser alcançada por suporto imposto sobre A MESMA VERBA – DIFERENÇAS NA CONVERSÃO PARA URV. Isso se configuraria em gritante inconstitucionalidade por violação ao princípio da isonomia”. Ademais, “Embora a resolução 245 do STF já transcrita, volte se para a magistratura federal e, como exposto, para o Ministério Público Federal, a equiparação do tema é impositiva e legítima, para o caso em tela, em obediência ao princípio da isonomia, além de firmar o entendimento do STF acerca do assunto, ou seja, como está previsto na Resolução nº 245/02 do STF, as parcelas recebidas por diferenças de URV, entre outras, são de natureza indenizatória e dessa forma descabe a cobrança de imposto de renda sobre elas”. Por fim, “... a única maneira de a Receita Federal poder autuar os promotores de justiça e magistrados das unidades da federação, será com a Fl. 370DF CARF MF 8 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA RESOLUÇÃO DO SUPREMO, ou, quiçá, se algum magistrado, incidenter tantum, declarar no caso concreto a inconstitucionalidade da Resolução 245/2002 do Supremo Tribunal Federal” (excertos do recurso voluntário); IV. mesmo que superado os pontos acima, devese anotar que a autoridade fiscal utilizou as alíquotas do IR indevidas, nos anos calendário 1994 (utilizou a alíquota de 26,6%, ao invés de 25%) e 1998 (utilizou a alíquota de 27,5%, ao invés de 25%), devendo ser reparado esse erro; V. para apurar o eventual imposto não pago, necessariamente a autoridade deveria ter considerado todas as rendas e despesas dedutíveis da contribuinte, ano a ano, o que não ocorreu no caso em apreço, majorando o imposto imputado à recorrente, devendo esse equívoco, igualmente, ser reparado; VI. as parcelas referentes ao 13º e férias indenizadas fizeram parte do rendimento pretensamente omitido, sendo indevidamente tributadas; VII. não se deve afastar a responsabilidade da fonte pagadora para o caso em debate, que não reteve o IRRF que o fisco federal entende devido, devendo, assim, suportar o ônus do imposto apurado. Ademais, mesmo que se considere a responsabilidade supletiva da contribuinte, essa agiu de boa fé, informando os rendimentos na forma expressa nos comprovantes emitidos pela fonte pagadora, não podendo ser apenado com juros de mora e multa de ofício, já que, inclusive, o art. 3º da Lei complementar nº 20/2003 do Estado da Bahia, que declarou indenizatórias tais verbas, deve ser enquadrada nos permissivos do art. 100, I e § único, do CTN; VIII. por fim, a fiscalização utilizou como base de cálculo todo o valor percebido a título de diferença de URV (principal, correção monetária e juros de mora), quando é cediço na jurisprudência pátria que os juros de mora e a correção monetária não estão submetidos ao campo de incidência do imposto de renda, por terem caráter indenizatório. Em 25/03/2011, o patrono da recorrente protocolizou petição, pugnando, caso mantido o lançamento, pela aplicação do art. 12A da Lei nº 7.713/88, regulamentado pela IN RFB nº 1.127/2010. As conclusões do voto condutor, seguidas por unanimidade pelos demais membros do Colegiado, analisando apenas o mérito do lançamento, deu provimento ao Recurso, conforme ementa abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 Ementa: RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AO MINISTÉRIO Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 368 9 PÚBLICO DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei complementar baiana nº 20/2003 pagou as diferenças de URV aos membros do Ministério Público local, as quais, no caso dos membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2ª da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos membros do Ministério Público da Bahia, na forma da Lei complementar estadual nº 20/2003. Ciente do Acórdão, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpor o Recurso Especial de fl. 263 a 270, o qual teve o seguimento deferido (fl. 272/273), com ciência ao Recorrente em 08 de março de 2013 (fl. 340) e apresentação de contrarrazões às fl. 277/279. O julgamento levado a termo na Câmara Superior de Recurso Fiscais deu origem ao Acórdão de fl. 342 a 354, que deu provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e determinou o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Segue a ementa do Acórdão da CSRF: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido É o relatório necessário. Fl. 372DF CARF MF 10 Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Inicialmente destaco que o presente julgamento não trata de questões relacionadas ao mérito da natureza tributável ou não do rendimento que deu origem à autuação objeto da presente lide administrativa, estando restrito às questões suscitadas no Recurso Voluntário que não foram tratadas no julgamento originário, as quais serão tratadas na sequência apresentada na peça Recursal: O contribuinte requer o retorno dos autos à 1ª Instância Administrativa, por considerar que parte de seus argumentos não foram devidamente enfrentados, o que importaria em supressão de instância e violação ao devido processo legal, afirmando ficaram sem respostas as seguintes alegações: ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA COBRAR O VALOR DO IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE NA FONTE QUE NÃO FOI OBJETO DE RETENÇÃO PELO ESTADO MEMBRO. Amparado em extensa argumentação, o contribuinte busca demonstrar seu entendimento de que, por conta da previsão contida no inciso I do art. 157 da Constituição Federal, segundo a qual pertencem aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação sobre a renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem, a falta de retenção do tributo pelo Estado, não atribui à União os valores que a constituição afirma pertencerem ao Estado. Alega que, no mesmo instante em que ocorre fato gerador do desconto do IR na fonte, dáse sua incorporação ao patrimônio do Estado. A partir daí, a Unidade Federada pode dispor de suas receitas não gozando a União de legitimidade para efetuar sua cobrança. A tese encampada pelo recorrente não faz qualquer sentido lógico ou jurídico. O Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer é competência da União, nos termos do art. 153 da CF/88, sendo certo que parte do produto de sua arrecadação é entregue aos Estados, Distrito Federal e Municípios (159, I CF/88), com a ressalva de que, para o cálculo do montante a ser entregue, excluise a parcela da arrecadação do IR pertencente ao Entes Federados de que tratam os artigos 157 e 158, tudo do texto Constitucional. É cristalino que ao Estado pertence o produto da arrecadação (efetiva e não potencial) e não a titularidade da competência tributária ativa do IR incidente na fonte sobre os rendimentos pagos a qualquer título por eles. Decerto que, arrecadado, compete ao Estado dar o destino que entender devido ao recurso, mas não havendo arrecadação a competência tributária, neste caso, é da União. Dando a devida atenção às argumentações sobre esse tema contidas na peça impugnatória, a Autoridade Julgadora de 1ª Instância pontuou: Quanto à alegação de que o responsável pela retenção do imposto era a fonte pagadora, cabe observar o Parecer Normativo SRF nº 1, de 24 de setembro de 2002, que dispõe que Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 369 11 a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF extinguese no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora, (...) Além disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União Embora sintéticas, são absolutamente corretas as conclusões da Delegacia de Julgamento. Afinal, não estamos tratando no presente processo de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte, mas de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Tratase de procedimento fiscal em que se objetiva a aplicação da legislação tributária federal relativa ao tributo lançado, para que os valores considerados devidos a este título sejam efetivamente arrecadados, de modo a para prover o Estado (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) de recursos necessários aos seu mister. Não há identidade do caso em tela com os tratados na jurisprudência citada no Recurso, já que estas expressam entendimento do Judiciário sobre a competência da Justiça Estadual para processar e julgar demanda em que se discuta a incidência do IR da Fonte sobre vencimento de servidor público Estadual. Assim, quanto a este tema, não procedem os argumentos recursais de supressão de instância, violação ao devido processo legal e ilegitimidade ativa da União. QUEBRA DO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E APROPRIAÇÃO DE VANTAGEM. A ILEGALIDADE E TORPEZA. fl. 173 Alega o recorrente que o Estado da Bahia não pagou adequadamente suas obrigações quando da conversão da URV, obrigandoo a buscar, junto ao Judiciário, a reparação ao dano. Afirma que tal reparação não aumentou sua capacidade contributiva, trazendo à balha manifestação doutrinária objetivando demonstrar que, já tendo sofrido o detrimento decorrente do atraso no pagamento dos seus rendimentos, estaria sofrendo, mais uma vez, o detrimento consubstanciado na incidência ou no agravamento do Imposto que implica redução do valor do que tem a receber. Sustenta que, embora não se possa afirmar que houve uma ação orquestrada entre Estado e União, a omissão do Estado acabou resultando em cobrança maior que, ao fim, acabaria beneficiando o Estado omisso. As considerações do contribuinte, pelo menos em relação o imposto devido, não se aplicam ao caso em tela. Fl. 374DF CARF MF 12 É verdade que, nos casos de percepção de rendimentos de forma acumulada, poderia haver a incidência ou agravamento de imposto se comparado com o que seria devido caso os rendimentos fossem pagos nas épocas próprias. Contudo, tal situação só se identifica nos casos em que o beneficiário do rendimento não estivesse obrigado ao pagamento do imposto ou caso seus rendimentos não alcançassem as alíquotas máximas do IRPF. Na situação posta, o recorrente já estava submetido à alíquota máxima da tabela progressiva, mensal ou anual. Assim, se o rendimento recebido acumuladamente ficasse fora da incidência tributária, haveria, na verdade, um efeito inverso, em que o contribuinte teria deixado de pagar aquilo que seria devido mesmo se o recebesse na época própria. A tributação dos rendimentos em discussão, em particular neste lançamento em que a fiscalização calculou mensalmente o crédito tributário devido, só fez restabelecer o tributo que deixou de ser pago, cuja apuração considerou os preceitos legais e normativos vigentes à época dos diversos fatos geradores. A Autoridade Julgadora manifestouse sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, é o que se depreende do excerto abaixo (fl. 152): O recebimento extemporâneo de tais diferenças não altera sua natureza, mesmo que o beneficiário tenha sido obrigado a recorrer à justiça, e que o acordo tenha sido implementado mediante lei complementar. Tal entendimento está disciplinado no art. 56 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99, abaixo transcrito: Rendimentos Recebidos Acumuladamente Art.56. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária (Lei nº 7.713, de 1988, art. 12). Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, poderá ser deduzido o valor das despesas com ação judicial necessárias ao recebimento dos rendimentos, inclusive com advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização (Lei nº 7.713, de 1988, art. 12). Observese, ainda, que a tributação não se restringe ao valor do principal, mas, também, aos juros e atualização monetária. Em razão das citadas diferenças terem sido recebidas acumuladamente, o imposto de renda devido foi apurado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referiam tais rendimentos, conforme dispõe o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009. Assim, considerando que a DRJ tratou da tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, apontando a fundamentação legal para a incidência tributária, inclusive sobre os valores recebidos a título juros e correção monetária, não identifico omissão que justifique o retorno dos autos à segunda instância. Afinal, o argumento do contribuinte sobre o fato de que a omissão do responsável tributário pela retenção, neste caso, poderia beneficiar o ente omisso, não tem Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 370 13 espaço para discussão em sede administrativa, já que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do § único do art. 142 da lei 5.172/66 (CTN). Com isso, pelo menos em tese, foram observados os critérios de generalidade, universalidade e progressividade contidos no inciso I do § 2º do art. 153 da CF/88. Desta forma, neste tema, não procedem os argumentos recursais de supressão de instância, violação ao devido processo legal, quebra do Princípio da capacidade contributiva ou apropriação de vantagem pelo Estado beneficiandose da própria torpeza. DO MÉRITO Na sequência, o contribuinte trata do mérito do presente processo a partir dos temas abaixo: NATUREZA INDENIZATÓRIA DAS DIFERENÇAS DA URV. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA; QUEBRA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA; SE FOI DECIDO QUE A VERBA TEM NATUREZA INDENIZATÓRIA PARA OS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, A MESMA RAZÃO DEVE SER USADA NA ESFERA ESTADUAL; DA LEI 10.470/2002, DA LEI 10.477/2002 ABONO VARIÁVEL PROVISÓRIO. DA ISENÇÃO PELA RESOLUÇÃO DO STF E A LEI ESTADUAL NO EXERCÍCIO DE SUA COMPETÊNCIA RESIDUAL Quanto aos temas acima, deixo de apresentar qualquer manifestação, já que objetivam desconstituir as conclusões da fiscalização sobre a natureza tributária dos rendimentos recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de "Valores Indenizatórios de URV", questão já superada com a decisão exarada pelo Câmara Superior de Recursos Fiscais. ALÍQUOTAS INCORRETAS USADAS PELA AUTORIDADE FISCAL Sustenta o contribuinte que, embora tenha sido considerada correta pela Decisão recorrido, há erros nas alíquotas aplicadas pela fiscalização. Alega que, em 1994, foi utilizada a alíquota de 26,6%, quando o correto seria 25%. Já em 1998, foi utilizada a alíquota de 27,5% quando o correto seria 25%. Aponta o sítio da Receita Federal do Brasil na Internet como sua fonte de consultas, onde podemos consultar a seguinte tabela: Fl. 376DF CARF MF 14 . Aparentemente, a questão suscitada pelo recorrente tem origem na confusão entre os termos período de apuração e exercício. Como se constata em fl. 10, para o anocalendário de 1994, foi utilizada a alíquota de 26,6% e para o anocalendário de 1998 foi utilizada a alíquota de 27,5. Portanto, considerando que os anos de 1994 e de 1998 correspondem aos exercícios de 1995 e 1999, respectivamente, não há qualquer dúvida da correção da alíquotas aplicadas pela fiscalização, razão pela qual nego provimento ao Recurso neste tema. DESCONSIDERAÇÃO PELA AUTORIDADE FISCAL DAS DEDUÇÕES CABÍVEIS NO CÁLCULO DO SUPOSTO IMPOSTO Alega o recorrente que o valor expresso no Auto de Infração está maior que aquele que, em tese, seria devido, pelo fato da autoridade fiscal não ter levado em conta as deduções a que tinha direito. Informa que encontrou resultado "enormemente diferente" dos valores constantes do auto de infração ao simular o refazimento das suas declarações nos anos e exercícios referentes ao recebimento das verbas da URV considerando tudo que recebeu, pagou e pode deduzir. Aduz que. em razão de ter declarado o numerário como rendimentos isentos e não tributáveis, a Receita deveria ter corrigido sua declaração e não efetuado o lançamento de ofício. Embora o lançamento tenha partido da apuração do imposto devido de fl. 10, onde se nota claramente que a Autoridade Fiscal apenas aplicou a alíquota devida sobre o montante da omissão identificada em cada mês, tal procedimento não traz resultado diferente do que seria obtido se fôssemos recalcular todo o ajuste do exercício, já que o contribuinte efetuou sua declaração regularmente em todos os períodos, onde apresentou todos as deduções à base de cálculo a que teria direito. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 371 15 O litígio administrativo em questão está restrito à omissão de rendimentos apurada pela autoridade lançadora que, nos termos do art. 142 do CTN tem o dever de constituir o crédito tributário pelo lançamento. Ainda que na atividade de fiscalização ou de arrecadação de tributos exista o caráter educativo, as orientações do Fisco Federal são levadas ao contribuinte por meio da publicação de atos normativos e orientativos, além de uma significativa gama de informações disponibilizadas nas unidades de atendimento, no sítio da Receita Federal do Brasil e nos programas utilizados para preenchimento de declarações de rendimentos. Portanto, sempre que a Autoridade Fiscal de depara com uma infração à legislação tributária, emite o documento adequado, a Notificação de Lançamento ou o Auto de Infração. Não há amparo legal para que, neste momento da lide tributária, o contribuinte pretender refazer sua declaração de rendimentos, a menos que ficasse evidenciado claro erro de fato no preenchimento da declaração original, o que não consta dos autos, já que não identifiquei documentação relativa a eventuais deduções que, por equívoco, deixaram de ser declaradas ou o foram em valores inferiores aos reais. Assim, nada a prover no presente tema. DA EXCLUSÃO DE PARCELAS ISENTAS E DE TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA DOS VALORES RELATIVOS A 13º SALÁRIOS E FÉRIAS INDENIZADAS O recorrente alega que não merece prosperar a decisão recorrida que concluiu que os valores relativos ao 13º salários e férias indenizadas foram excluídos da tributação, já que o Ministério Público do Estado da Bahia tratou todos os valores como rendimentos isentos, não especificando os valores em tela em campos específicos. Ora, conforme já expresso no Relatório, a própria Autoridade Lançadora, valendose de planilha fornecida pelo contribuinte e acostada às fls. 30 e seguintes, afirma que excluiu do lançamento os valores relativos a férias e 13º salários, nos seguintes termos: Não foram considerados para apuração do imposto devido, as diferenças salariais como o 13º salário, por serem de tributação e responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, e as diferenças salariais com origem no abono férias (conversão de férias), que apesar de tributáveis, não poderão ter seu crédito tributário correspondente, constituído por força do art. 19 da Lei nº 10.522, de julho de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.033, de 21 de setembro de 2004, combinado com o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprova o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2140/2006. Desta forma, ainda que, nos comprovantes de rendimentos, os valores tenham sido fornecidos para o Recorrente de forma consolidada por sua fonte pagadora, o lançamento fiscal considerou os valores segregados. Naturalmente, poderia até ter ocorrido algum equívoco nos cálculos efetuados, mas nada foi apontado que maculasse a correção dos cálculos efetuados. Fl. 378DF CARF MF 16 Assim, não merece retoque a decisão recorrida, pelo quê, nesta parte, nego provimento ao recurso voluntário. DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DA FONTE PAGADORA. DA BOAFÉ DO CONTRIBUINTE Quanto aos reflexos da alegada boa fé do recorrente, estes serão tratados no tópico seguinte, já que envolve diretamente o assunto lá tratado. A multa de ofício. O contribuinte alega que apresentou sua declaração a partir das informações prestadas por sua fonte pagadora, que foi a responsável pela classificação dos rendimentos quanto à natureza declaradas de não tributável. Importante ressaltar que o termo omissão de rendimentos para fins de lançamento, no caso da pessoa física, corresponde ao não oferecimento ao ajuste anual de valores que deveriam compor tal acerto de contas, restando absolutamente irrelevante se tal valor foi declarado sob outra natureza, tampouco a intenção do sujeito passivo, conforme bem pontuou e fundamentou o Julgador de 1ª Instância. A situação em tela não comporta maiores discussões, pois é uma questão sobre a qual este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou uniforme e reiteradamente, tendo emitido Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 12: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção Portanto, nego provimento ao Recurso em tela. EXCLUSÃO DA MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA CONSTANTES DO AUTO DE INFRAÇÃO Insurgese o contribuinte contra a cobrança de multa de ofício e de juros de mora, sob o argumento de que informou seus rendimentos à Receita Federal com base nas informações fornecidas pela fonte pagadora, que teve como suporte uma Lei Complementar do Estado da Bahia. Há nos autos os comprovantes de rendimentos emitidos pelo Ministério Público da Bahia que confirma os argumentos do contribuinte, fl. 16, 18 e 22. Tratase de tema sobre a qual este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou uniforme e reiteradamente, tendo emitido Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10580.726068/200939 Acórdão n.º 2201003.749 S2C2T1 Fl. 372 17 Assim, neste tema, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário para afastar a exigência da multa de ofício, com a ressalva de que a exclusão da penalidade não resulta em exigência substitutiva, já que, neste caso, homenageiase a boafé do recorrente e mesmo a multa de mora teria o mesmo caráter de penalidade. Não obstante, em relação ao juros de mora, temos que se trata de exigência de natureza meramente compensatória, prevista no art. 63 da Lei 9.430/66. Embora oficial, o comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora não configura norma complementar de que trata o art. 100 da lei 5.172/66 (CTN). Da mesma forma, não tem tal natureza a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2006, seja por se tratar de ato originário de ente incompetente pra legislar sobre Imposto sobre a Renda, seja por não ter, efetivamente, classificado o rendimento como isento, mas apenas fixando sua denominação de indenização, o que se mostra irrelevante, já que, nos termos do §1º do art. 43 da mesma Lei 5.172/66, a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento. Desta forma não há que se falar em aplicação do § único do art. 100 do CTN. DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO MONETÁRIA NO CÁLCULO DA DIFERENÇA DE URV Neste tópico, embora a peça recursal apresente alguma impropriedade por misturar seus argumentos com os do tema anterior, fica evidente que a insurgência do contribuinte decorre do seu entendimento de que os valores recebidos que correspondam a juros e a atualização monetária sobre as diferenças da conversão da URV não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial. Considerando que, nos termos do art. 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada, não merece reparos a decisão recorrida, que fundamentou o indeferimento do pleito no texto então vigente do art. 12 da Lei 7.713/88, o qual previa expressamente que, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária. Portanto, nego provimento ao Recurso neste tema. DA APLICAÇÃO DA IN RFB 1.127/2010 Em fl. 248/249, o recorrente apresenta petição em que, subsidiariamente, solicita para o caso em tela o mesmo tratamento dispensado pela IN RFB 1.127/2010 aos Rendimentos Recebidos Acumuladamente. Ocorre que tal instrução, em todos os seus termos, alcança rendimentos recebidos apenas a partir de 01 de janeiro de 2010, pois não criou nem poderia ter criado qualquer isenção tributária, mas tão só promoveu a regulamentação do art. 12A da Lei 7.713/98, incluído pela Medida Provisória nº 497/2010. Assim considerando que, no caso ora sob análise, os valores acumulados foram recebidos nos anos de 2004 a 2006, não há como atender o requerido. Fl. 380DF CARF MF 18 Contudo, tratase de tema que já foi objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, com decisão definitiva de mérito na sistemática dos art. 543B e 543C da Lei 5.869, de 1973, nos seguintes termos: IMPOSTO DE RENDA PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORESALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes ,individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 2612014 PUBLIC 27/11/2014) Vêse, portanto, que o posicionamento do judiciário não assegurou exclusão de tais rendimentos do campo de incidência do IRPF, mas tão só que, para o cálculo do tributo devido, as alíquotas fixadas devem considerar, individualmente, os exercícios envolvidos. Ocorre que foi exatamente o que fez a Autoridade lançadora quando da aplicação da alíquota mês a mês, o que denota que não há reparos a serem feitos na decisão recorrida ou no lançamento, razão pela qual nego provimento ao Recurso neste tema. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais acima expressos, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, darlhe parcial provimento para excluir a multa de ofício. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 381DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15578.720051/2013-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 21 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1302-000.519
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que os autos retornem à DRF de origem, de modo a que seja esclarecido o montante efetivamente extinto a título de estimativas de CSLL, em relação ao ano-calendário de 2010, até a data de apresentação da DComp nº 09098.94230.201211.1.3.03-0186, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente Substituta.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Júlio Lima Souza Martins (suplente convocado), Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 21 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15578.720051/2013-17
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5772441
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 21 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1302-000.519
nome_arquivo_s : Decisao_15578720051201317.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
nome_arquivo_pdf_s : 15578720051201317_5772441.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que os autos retornem à DRF de origem, de modo a que seja esclarecido o montante efetivamente extinto a título de estimativas de CSLL, em relação ao ano-calendário de 2010, até a data de apresentação da DComp nº 09098.94230.201211.1.3.03-0186, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente Substituta. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Júlio Lima Souza Martins (suplente convocado), Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca e Ester Marques Lins de Sousa.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
id : 6937397
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468853551104
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1620; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 1.389 1 1.388 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15578.720051/201317 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1302000.519 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 16 de agosto de 2017 Assunto DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente BRAZIL TRADING Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que os autos retornem à DRF de origem, de modo a que seja esclarecido o montante efetivamente extinto a título de estimativas de CSLL, em relação ao anocalendário de 2010, até a data de apresentação da DComp nº 09098.94230.201211.1.3.03 0186, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente Substituta. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Henrique Silva Figueiredo, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Júlio Lima Souza Martins (suplente convocado), Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 1.253 a 1.274) interposto contra o Acórdão nº 1271.927, proferido pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ (fls. 1.237 a 1.242), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 78 .7 20 05 1/ 20 13 -1 7 Fl. 1389DF CARF MF Processo nº 15578.720051/201317 Resolução nº 1302000.519 S1C3T2 Fl. 1.390 2 A Manifestação de Inconformidade (fls. 883 a 981) foi apresentada contra o Parecer Seort nº 425/2014 e Despacho Decisório nele embasado (fls. 861 a 869) e nº 405/2014 e Despacho Decisório nele embasado (fls. 874 a 876), que não homologaram as compensações de que tratam as Declarações de Compensação (DComp) n° 10981.12172.160812.1.7.033627 e 05217.05177.200314.1.3.030486, respectivamente. O crédito envolvido nas referidas DComp tem por origem saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), apurado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) relativa ao anocalendário de 2010 (fls. 208 a 269) e alterado por meio de lançamento de ofício de que trata o processo administrativo nº 15578.720163/201378. Previamente à apreciação dos Recursos, fazse necessário esclarecimento, de modo que deixo de detalhar as razões recursais e passo à elucidação dos pontos a serem esclarecidos. Voto Como dito, contra o Recorrente, foi lavrado Auto de Infração que alterou o crédito que deu suporte à apresentação das DComp de que trata o presente processo. Contudo, tanto o Auto de Infração lavrado contra o sujeito passivo, quanto o Acórdão que tratou da impugnação a ele e o Parecer Seort nº 425/2014 consideraram como pagos apenas os valores retidos na fonte e os recolhimentos realizados até o encerramento do exercício. Ocorre que o sujeito passivo sustenta, na DComp que discrimina o crédito (DComp nº 10981.12172.160812.1.7.033627, que retificou a de nº 09098.94230.201211.1.3.030186) e no Recurso Voluntário, a existência de parcelamentos de valores de estimativas do CSLL. O Parecer Seort nº 425/2014 reconhece a existência de parcelamentos, desconsiderando os pagamentos a eles vinculados por terem sido realizados após o encerramento do exercício. A par disso, o mesmo Parecer afirma que todas as DComp apresentadas pelo Recorrente para compensar estimativas de CSLL no anocalendário de 2010 foram consideradas como não declaradas, mas, contraditoriamente, relata que os débitos foram inscritos em Dívida Ativa da União. A quantificação correta dos valores extintos pelo sujeito passivo, a título de estimativas de CSLL, tem efeito direto na análise das DComp de que trata o presente processo. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/Vitória/ES), para que: a) informese, dos totais de estimativas de CSLL que compuseram o crédito informado na DComp nº 10981.12172.160812.1.7.033627, quais os montantes que efetivamente foram objeto de pagamento, Dcomp e/ou de parcelamento até a data de apresentação da DComp nº 09098.94230.201211.1.3.030186; Fl. 1390DF CARF MF Processo nº 15578.720051/201317 Resolução nº 1302000.519 S1C3T2 Fl. 1.391 3 b) detalhese, para cada mês do referido anocalendário, o desfecho de cada uma das DComp eventualmente apresentadas e/ou parcelamentos eventualmente formalizados referentes a estimativas de CSLL, com indicação do número do processo administrativo correspondente; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, dando ciência do resultado ao sujeito passivo e concedendolhe prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. Chamo a atenção para a relação de decorrência existente entre este processo e o de nº 15578.720163/201378, no âmbito de qual foi solicitada diligência de teor similar à Unidade de origem, os quais deverão ser julgados conjuntamente por este CARF. Destaco, por fim, para a relação de decorrência deste processo com os de nº 15578.720080/201460 e 15578.720067/201419, referentes a multas pela nãohomologação das DComp aqui tratadas, de modo que o julgamento daqueles deverá ser realizado após o julgamento de mesma instância deste ou ser realizado conjuntamente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 1391DF CARF MF
score : 1.0