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Numero do processo: 11040.721831/2015-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
É devida a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, devendo-se calcular o imposto devido a partir das tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do crédito recebido de forma acumulada.
Numero da decisão: 2201-003.767
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2014 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. É devida a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, devendo-se calcular o imposto devido a partir das tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do crédito recebido de forma acumulada.
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É devida a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, devendo se calcular o imposto devido a partir das tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do crédito recebido de forma acumulada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 72 18 31 /2 01 5- 53 Fl. 103DF CARF MF 2 O presente processo trata da Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física do exercício de 2014, fl. 34 a 42, pela qual a Autoridade Fiscal constituiu crédito tributário consolidado em 31/08/2015, no valor total de R$ 78.875,62. Regularmente intimado, o contribuinte prestou os esclarecimentos requeridos pela fiscalização, cuja análise resultou na constatação de omissão de rendimentos trituráveis oferecidos ao Ajuste Anual no valor de R$ 150.831,14, relativo a processo judicial em face da Fundação Banrisul de Seguridade Social. Valores estes que haviam sido declarados como rendimentos sujeito à tributação exclusiva facultada aos Rendimentos Recebidos Acumuladamente RRA. A despeito de se tratar de RRA, entendeu o Agente Fiscal que, por ter sido pago por entidade de previdência complementar, a tributação exclusiva facultada aos RRAs não seria aplicável ao caso, em particular pela expressa vedação contida no § 3º do art. 2º da IN RFB 1.127/11. Cientificado do lançamento em11 de agosto de 2015, fl. 62, inconformado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02 a 04, onde apresentou suas razões para entender que o lançamento fiscal deveria ser considerado insubsistente. No julgamento de 1ª Instância, fl. 74/80, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE julgou improcedente a impugnação nos termos da ementa abaixo transcrita: RENDIMENTOS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR AÇÃO JUDICIAL. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE RRAs. NÃO APLICAÇÃO. O art. 12A da Lei nº 7.713, de 1988, aplicase apenas a rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não alcançando os rendimentos pagos pelas entidades de previdência complementar. INCONSTITUCIONALIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas, não proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade de normas legais, não se constituem em normas gerais e não se aproveitam em julgamento administrativo e a terceiros. Ciente do Acórdão da DRJ em 01 de março de 2016, fl. 86, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 88 a 95, cujas razões será detalhadas no curso do voto a seguir. É o relatório necessário. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 11040.721831/201553 Acórdão n.º 2201003.767 S2C2T1 Fl. 104 3 Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do presente Recurso Voluntário. Inicia o contribuinte sua peça recursal ressaltando que não houve propriamente uma omissão de rendimentos, já que os valores foram declarados como rendimento sujeito à tributação exclusiva. Sobre este teste tema, há que se ressaltar que, como o procedimento em tela objetivou revisar a declaração apresentada, a informação de um rendimento sujeito ao ajuste anual sob qualquer outra natureza (isentos, não tributáveis ou tributável exclusivamente na fonte) é sim considerada uma omissão, pois toma como parâmetro o ajuste e não propriamente a declaração. Sustenta o contribuinte que ao não aplicar aos rendimentos em discussão o preceito do art. 12A da lei 7.713/88 representaria um flagrante desrespeito ao inciso II do art. 150 da Constituição Federal. Afirma que neste ponto estaria abrigada a necessidade de reforma da Decisão recorrida. Citando precedentes judiciais e administrativos, alega a inaplicabilidade do § 3º do art. 2º da IN RFB 1.127/2011, por se tratar de norma infralegal e por afrontar os Princípios da Isonomia e da Capacidade Contributiva. Aduz, a título de argumentação, que, não sendo aplicável a regra prevista no art. 12A da lei 7.713/88, deveriase observar o entendimento consagrado neste Colegiado, pelo Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal sobre a aplicação da alíquota vigentes a cada um dos meses a que se referem os rendimentos. Vejamos, pois, o que previa o art. 12A da lei 7.713/88 na época da ocorrência do fato gerador em lide: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) Já a IN RFB nº 1.127/2011 Art. 2º Os RRA, a partir de 28 de julho de 2010, relativos a anos calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, quando decorrentes de: Fl. 105DF CARF MF 4 I aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; e II rendimentos do trabalho. § 1º Aplicase o disposto no caput, inclusive, aos rendimentos decorrentes de decisões das Justiças do Trabalho, Federal, Estaduais e do Distrito Federal. § 2º Os rendimentos a que se refere o caput abrangem o décimo terceiro salário e quaisquer acréscimos e juros deles decorrentes. § 3º O disposto no caput não se aplica aos rendimentos pagos pelas entidades de previdência complementar. A análise integrada dos textos normativos acima evidencia, com absoluta clareza, que os termos da Instrução Normativa da RFB em nada inovaram os preceitos legais sobre o tema. Ora, se a lei restringe a sistemática de tributação estabelecida para os RRA aos rendimentos pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não resta qualquer dúvida de que não alcança os valores pagos por entidades de previdência privada. Portanto, mesmo que não existisse o § 3º da IN RFB 1.127/2011, o entendimento não poderia ser outro. É certo que, posteriormente, houve significativa alteração no comando legal em questão, flexibilizandose as restrições anteriormente expressas ( MP 670/2015 e Lei nº 13.149/2015). Contudo, como o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (art. 144 da Lei 5.172/66 CTN), as alterações legislativas não emprestam seus efeitos ao contencioso instaurado no presente processo. Não obstante, a tributação dos RRA, foi objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, com decisão de mérito definitiva na sistemática dos art. 543B e 543C da Lei 5.869, de 1973, nos termos abaixo, cuja observância é obrigatória neste julgamento administrativo, por força de disposição regimental: IMPOSTO DE RENDA PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORESALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes,individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 2612014 PUBLIC 27/11/2014) Assim, embora inaplicável ao caso concreto os termos do art. 12A da Lei 7.713/88, o posicionamento do judiciário não assegurou a exclusão dos Rendimentos Recebidos Acumuladamente do campo de incidência do IRPF, mas tão só que, para o cálculo do tributo devido, as alíquotas fixadas devem considerar, individualmente, os exercícios envolvidos. Conclusão: Fl. 106DF CARF MF Processo nº 11040.721831/201553 Acórdão n.º 2201003.767 S2C2T1 Fl. 105 5 Tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, doulhe parcial provimento para determinar que o cálculo do tributo devido relativo aos rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente pelo contribuinte seja realizado levandose em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do pagamento recebido de forma acumulada pelo Recorrente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720193/2008-49
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma.
Numero da decisão: 9202-005.415
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 01 93 /2 00 8- 49 Fl. 248DF CARF MF 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o contribuinte por meio do qual exigese a diferença do Imposto Territorial Rural ITR relativo ao exercício de 2004, referente ao imóvel rural denominado Fazenda Carioca II, localizado no Município de TaióSC. Conforme descrição dos fatos (efl. 03) a autuação foi assim resumida pelo órgão fiscal: Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de reserva legal no imóvel rural. 0 Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Enquadramento Legal ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Complemento da Descrição dos Fatos: Conforme documentação apresentada pelo contribuinte após intimado, só restou compravada(sic) a averbação de 88 hectares do imóvel com sendo Reserva Legal, fr(sic) acordo com a Certidão apresentada, relativa ao registro n°2406, folha 239 do livro 33 de Transcrição de Transmissões do Cartório da Comarca de Taió (SC), sendo glosada a parte cuja averbação não foi comprovada documentalmente. Exercício ARL Declarado ARL Apurado Averbação ADA 2004 368,7ha 88ha 02/06/1987 (apenas dos 88ha) efls. 64/65 2008 (apenas dos 88ha) efls. 63 Irresignado com a autuação o Contribuinte apresentou Impugnação (efls. 73/94), que foi julgada improcedente conforme o acórdão n° 0420.966, proferido pela DRJ em 02/07/2010, possuindo a seguinte ementa (efls. 110/118): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 RESERVA LEGAL. REQUISITOS. AVERBAÇÃO Por exigência de Lei, para ser considerada isenta, a área de reserva legal deve estar averbada na Matricula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis e ser reconhecida mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado dentro do prazo estipulado. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 13971.720193/200849 Acórdão n.º 9202005.415 CSRFT2 Fl. 248 3 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Devidamente intimado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 123/142). Em sessão plenária de 03/12/2014, foi julgado o recurso, prolatandose o Acórdão nº 2102003.208 (efls. 158/166), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. Áreas de reserva legal são aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, de sorte que a falta da averbação, na data da ocorrência do fato gerador, impede sua exclusão para fins de cálculo da área tributável. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO. Compete à autoridade fiscal rever o lançamento realizado pelo contribuinte, revogando de ofício a isenção quando constate a falta de preenchimento dos requisitos para a concessão do favor. MULTA DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DO NÃOCONFISCO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) JUROS MORATÓRIOS SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006). Recurso Voluntário Negado Cientificada do acórdão em 04/02/2015 (efls. 172), o Contribuinte interpôs, no dia 13/02/2015, o Recurso Especial de efls. 174/180, com fundamento no artigo 64, II c/c artigo 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, visando rediscutir o restabelecimento da ARL – Área de Reserva Legal declarado, alegando contrariedade à lei nº 9.636, de 1996 e ao art. 16, § 2º, da Lei nº 4.771, de 1965 (com redação dada pela Lei n° 7.803/89). Em exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao Recurso Especial, conforme o Despacho s/n, de 30/09/2015 (efls. 208/210). O paradigma indicado pela Contribuinte possui a seguinte ementa: Fl. 250DF CARF MF 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2000 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel feita após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965. Reconhecese o direito à subtração do limite mínimo de 20% da área do imóvel, estabelecido pelo artigo 16 da Lei nº 4.771/1965, relativo à área de reserva legal, porquanto, mesmo antes da respectiva averbação, que não é fato constitutivo, mas meramente declaratório, já havia a proteção legal sobre tal área. Recurso especial negado. O contribuinte peticionou reiterando os fundamentos já apresentados em sede do Recurso Especial (efls. 212/214). A Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões, em que pese o nome da peça constar como Memoriais, sustentando que “a Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 disciplinou o instituto da reserva legal e consagrou a exigência de sua averbação ou registro à margem da inscrição da matrícula do imóvel, vedada “a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou desmembramento da área” (Art. 16 § 2°)” considerando, portanto, a averbação da ARL à margem da matricula do imóvel de caráter constitutivo. (efls. 224/239). Ao final, a Fazenda Nacional pede seja negado provimento ao Recurso Especial, mantendose o inteiro teor da decisão recorrida. O Contribuinte, às efls. 242/246, apresenta petição na qual apresenta argumentação de que ocorreu prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, razão pela qual pede o reconhecimento da extinção do crédito fiscal em discussão. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial do Contribuinte, contra decisão por maioria dos votos proferida em 03/12/2014, foi interposto na modalidade de divergência jurisprudencial previsto nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF). Conhecimento do Recurso Fl. 251DF CARF MF Processo nº 13971.720193/200849 Acórdão n.º 9202005.415 CSRFT2 Fl. 249 5 Em pese ser o recurso ser tempestivo, fazse necessário analisar outro requisito, qual seja o da divergência jurisprudencial. Analisando mais detidamente a existência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas, entendo que tal requisito não foi observado. A inexistência de divergência jurisprudencial mostrase na medida em que as situações fáticas do presente caso e do caso do acórdão paradigma são distintas. O acórdão paradigma traz a situação em que a ARL foi desconsiderada pela fiscalização pois a averbação se deu em data posterior ao fato gerador. No presente caso a ARL foi desconsiderada pois não há averbação, bem como não a ADA do quantum declarado pelo contribuinte. Portanto, caso a jurisprudência indicada pelo Contribuinte como paradigma fosse aplicada ao presente processo o Contribuinte não teria benefícios, pois segundo o posicionamento contido no acórdão paradigma a averbação deve ser considera ainda que intempestiva, contudo, na presente situação não há que se falar em intempestividade, afinal não há averbação da ARL declarada. Para que se pudesse conhecer do recurso neste ponto, deveria ter sido indicado como paradigma um acórdão onde o relator também tivesse analisado a possibilidade de isenção de ARL mesmo sem averbação à margem da inscrição do imóvel ou ADA. Importante relembrar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas, obviamente que em face de incidências tributárias da mesma espécie. Não estou aqui adentrando ao mérito de estar ou não correto o entendimento descrito no acórdão recorrido, mas que as situações diversas impendem que se avance no conhecimento da questão por parte desta CSRF. Face o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial do Contribuinte pela ausência de divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e o paradigma apresentado. É como voto. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 252DF CARF MF
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Numero do processo: 12448.732013/2014-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2010
PRODUÇÃO DE PROVAS. PERÍCIA.
No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na defesa, salvo quando comprovado fato superveniente. A produção de prova pericial só é determinada quando imprescindível à solução da lide, constituindo uma faculdade da autoridade julgadora.
ESTORNO DE RECEITA.
O estorno realizado por meio de procedimento que reconhece uma receita em duplicidade, ainda que não reflita a melhor técnica contábil, deve ser reconhecido quando o contribuinte justifica e comprova sua efetiva origem.
DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E DECLARADO EM DIPJ.
Deve ser mantida a exigência em relação às diferenças de receita escrituradas e declaradas em DIPJ, na hipótese do contribuinte não comprovar, com documentação hábil e idônea, o erro alegado.
IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. TRIBUTAÇÃO REFLEXA (CSLL, PIS e COFINS).
Em razão da relação de causa e efeito, aplica-se aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento principal.
Numero da decisão: 1201-001.821
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para afastar a exigência decorrente do item 0001 dos Autos de Infração.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
EDITADO EM: 02/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Anocalendário: 2010 PRODUÇÃO DE PROVAS. PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na defesa, salvo quando comprovado fato superveniente. A produção de prova pericial só é determinada quando imprescindível à solução da lide, constituindo uma faculdade da autoridade julgadora. ESTORNO DE RECEITA. O estorno realizado por meio de procedimento que reconhece uma receita em duplicidade, ainda que não reflita a melhor técnica contábil, deve ser reconhecido quando o contribuinte justifica e comprova sua efetiva origem. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E DECLARADO EM DIPJ. Deve ser mantida a exigência em relação às diferenças de receita escrituradas e declaradas em DIPJ, na hipótese do contribuinte não comprovar, com documentação hábil e idônea, o erro alegado. IRPJ. OMISSÃO DE RECEITAS. TRIBUTAÇÃO REFLEXA (CSLL, PIS e COFINS). Em razão da relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos decorrentes a mesma decisão proferida no lançamento principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para afastar a exigência decorrente do item 0001 dos Autos de Infração. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 20 13 /2 01 4- 85 Fl. 744DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. EDITADO EM: 02/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório O presente processo administrativo é decorrente de Autos de Infração que exigem créditos tributários a título de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, calculados sobre receitas supostamente não oferecidas à tributação, bem como em face de divergência apurada entre as informações prestadas pelo contribuinte através da Escrituração Contábil Digital ("ECD") e a DIPJ. Vejase, nesse sentido, a descrição dos fatos que levaram a emissão dos Autos de Infração constante do TVF (fls. 254/263): DA RECEITA NÃO OFERECIDA À TRIBUTAÇÃO Dos exames e análises levados a efeito na empresa constatouse ainda prática considerada infração à legislação do imposto de renda evidenciada pela falta de oferecimento à tributação dos valores abaixo relacionados: a) Receitas contabilizadas as contas 3.4.19.11.05/06/40não oferecida à tributação Conta Nomenclatura Valor 3.4.19.11.05 REC.PUBLICIDADE/OUTROS PARAMOUNT 774.881,37 C 3.4.19.11.06 REC.PUBLICIDADE/OUTROS UNIVERSAL 223.702,46 C 3.4.19.11.40 RECEITA COMISSÃO FILME UNIVERSAL 2.482.543,47 C A infração decorre do procedimento adotado na escrituração na qual o referido valor originariamente registrado como receita, e posteriormente ter sido desconsiderado, mediante lançamentos de ajustes de idênticos valores registrados a débitos e créditos resultando em não oferecimento à tributação por nulidade da Fl. 745DF CARF MF Processo nº 12448.732013/201485 Acórdão n.º 1201001.821 S1C2T1 Fl. 3 3 receita, sem apresentação de justificativa satisfatória para o fato ocorrido. Através do termo de 03/09/2014, o contribuinte foi intimado a esclarecer e/ou informar as razões determinantes dos lançamentos de ajustes contábeis efetuadas em sua escrituração, os quais implicaram na anulação da tributação dos valores registrados nas contas acima citadas. Em sua resposta de 10/10/2014 informa que o valor de R$2.482.543,47, "se refere a registro efetuado a titulo de compensação e corresponde ao somatório de todas as comissões da Universal..." Por fim, diz que os valores integram o faturamento regular relativo à exibição de filmes, lançados na conta 3.1.11.02 (Rendas de Exploração Por Produto Universal e Paramount), desacompanhados de documentação probante dos fatos relatados. Idênticas argumentações também foram apresentadas em relação aos valores de receitas de publicidades correspondentes a R$ 774.881,37 e R$ 223.702,46. Estes valores, segundo a fiscalizada, "somados, totalizam R$ 998.583,83, ou seja, se anulam e são registros para titulo de compensação em função de estornos de valores de receitas indevidas e cancelamentos ocorridos durante todo o ano de 2010, estornos estes registrados contas 3.4.19.11.05 e 3.4.19.11.16." Não obstante as versões apresentadas permanecem sem comprovação, além do que, sendo os registros efetuados a debito e a crédito concomitantemente na mesma data não demonstram claramente vincularem suas motivações à receita cancelada. Embora a alegação do contribuinte verificamos pela ECD a inexistência de transferências das receitas contabilizadas nas Contas 3.4.19.11.05/06/40 para as contas 3.1.11.02. Contribui ainda para a afirmativa da verificação acima relatada os fatos demonstrados nas planilhas em anexo pelos quais pode se concluir que os valores registrados nas "Contas 3.4.19.11.05 e 3.4.19.11.06 foram estornados na Conta 3.4.19.11.16", e os da "Conta 3.4.19.11.40 estornado na Conta 3.4.19.11.41". Bases de cálculo tributáveis abaixo demonstradas. • Contas 3.4.19.11.05 e 3.4.19.11.06 foram estornadas na Conta 3.4.19.11.16 Período Valor Período Valor jan10 14.542,34 mai10 149.328,33 fev10 136.160,56 jun10 42.987,75 mar10 125.117,15 iul10 88.694,52 abr10 434.007,86 ago10 7.745,32 Total 998.583,83 • Conta 3.4.19.11.40 estornada na Conta 3.4.19.11.41 Fl. 746DF CARF MF 4 Período Valor jan10 334.124,72 fev10 99.127,66 mar10 424.707,21 abr10 123.935,07 mai10 326.127,91 jun10 290.800,57 b) Diferença no valor de R$ 2.098.937,73, apurada entre a receita escriturada nas contas 3.1.11.02. 06 Rendas Exploração Produto Paramount e 3.11.02.03 rendas Exploração Produto Universal e a informada na DIPJ/2011, na forma demonstrada a seguir. Período Rendas Exploração Produto Paramount Rendas Exploração Produto Universal Receita Paramout e Universal da ECD Receita da DIPJ Diferença a Tributar 01/2010 29.322,62 3.341.247,18 3.370.569,80 02/2010 3.197.586,85 1.812.930,49 5.010.517,34 03/2010 4.089.472,55 5.293.415,26 9.382.887,81 04/2010 12.166.436,67 978.635,75 13.145.072,42 05/2010 12.572.811,52 4.038.370,40 16.611.181,92 06/2010 1.804.414,85 2.958.122,01 4.762.536,86 07/2010 21.492.883,75 168.668,50 21.661.552,25 08/2010 13.064.325,06 7.352.657,83 20.416.982,89 09/2010 6.455.809,30 3.465.185,96 9.920.995,26 10/2010 626.195,19 799.599,85 1.425.795,04 11/2010 4.095.460,92 767.120,43 4.862.581,35 12/2010 5.730.030,62 1.042.865,18 6.772.895,80 85.324.749,90 32.018.818,84 117.343.568,74 115.244.631,01 2.098.937,73 Embora intimado em 30/09/2014, a apresentar esclarecimento sobre as diferenças apuradas consoante demonstrativo a ela anexada, dentre as quais o apontada entre as receitas registradas na ECD e as declaradas na DIPJ, o contribuinte limitouse a informar que o valor "corresponde a 84% do total demonstrado no resumo contido" em carta anterior, e que os lançamentos não teriam causado efeito no resultado. Ao analisar a resposta de 03/09/2014, em relação a qual se refere a mencionada carta anterior, não verificamos nenhuma justificativa para tal diferença. Portanto, nas condições em que foram as informações e esclarecimentos prestados temse a considerar insatisfatório o atendimento, posto que, além da ausência de documento probatório dos fatos alegados, não constar com precisão e clareza informações segregadas sobre o motivo da correção, data, valor e localização do lançamento de origem objeto dos ajustes efetuados em relação aos valores estornados na forma Período Valor iul10 28.968,25 ago10 389.150,10 set10 225.703,36 out10 94.576,02 nov10 62.227,29 dez10 83.095,31 Total 2.482.543,47 Fl. 747DF CARF MF Processo nº 12448.732013/201485 Acórdão n.º 1201001.821 S1C2T1 Fl. 4 5 acima. No tocante à diferença demonstrada entre a receita registrada na ECD e a DIPJ, no valor de R$ 2.098.937,73, por absoluta falta de comprovação do fato que deu origem à diferença apurada, sobretudo quando se busca na afirmativa do contribuinte de que "esse valor de R$ 2.098.937,73 corresponde a 84% do total demonstrado no resumo contido na referida carta anterior ...", constante da resposta de 10/10/2014, a relação percentual referenciada não foi identificada nem tampouco o valor dela resultante. A contribuinte apresentou defesa tempestiva (fls. 392/401), alegando, em síntese, que as pretensas divergências apontadas decorrem de procedimento contábil (estornos), que se faz necessário diante das peculiaridades da atividade desenvolvida. Argumenta que, a fim de facilitar o controle quanto à emissão de relatórios que devem ser enviados à sua matriz localizada no exterior, realiza lançamentos contábeis dos valores correspondentes às receitas auferidas e das despesas incorridas. Em resumo, os lançamentos são feitos da seguinte forma: a Impugnante lança o valor da receita/despesa como um crédito, e, em seguida, realiza o estorno do referido valor, de modo que o lançamento anterior seja anulado, e, por conseguinte, não seja produzido nenhum efeito no resultado. Isso significa dizer que os valores apontados pela fiscalização não se tratam de novas receitas que ingressaram no patrimônio da Impugnante. Pelo contrário, os valores em questão correspondem a lançamentos contábeis que não impactaram o resultado, tendo em vista o estorno realizado na mesma data, conforme indica o Razão anexado. Quanto à suposta diferença de receita decorrente das divergências existentes entre as informações contidas na Escrituração Contábil Digital ("ECD") e na DIPJ, alega a contribuinte que esta também é originária do procedimento acima realizado, e se refere justamente ao valor de R$ 2.482.543,47 acima citado. Aduz que, no momento da transmissão da ECD, equivocadamente incluiu o lançamento contábil posteriormente estornado na base de cálculo do IRPJ, o que não poderia ter sido feito. Este montante, porém, foi corretamente excluído da DIPJ, o que ocasionou a referida divergência. Por fim, pede que, na hipótese dos documentos acostados serem considerados insuficientes, o que se admite apenas a título de argumentação, seja determinada a realização de diligência, indicando perito e quesitos em documento anexo à defesa (fl. 402). Tramitado o feito, foi proferida decisão de primeira instância (fls. 634/648), a qual, por unanimidade de votos, julgou a defesa improcedente. Transcrevo a seguir a ementa deste julgado: PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando Fl. 748DF CARF MF 6 entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. ESTORNO DE RECEITA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Deve ser desconsiderado estorno de receita efetuado quando não foi anexado documento comprobatório relativo aos fatos alegados, e quando não houver clareza quanto aos motivos do cancelamento. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E DECLARADO. Deve ser mantida a exigência em relação às diferenças de receita escrituradas e declaradas, quando o contribuinte não logra comprovar com documentação hábil e idônea o erro alegado. Sobreveio recurso voluntário (fls. 661/679), por meio do qual a contribuinte repete os argumentos vertidos na impugnação e rebate determinados pontos da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli A contribuinte foi cientificada da decisão de piso em 16/06/2015 (fl. 657). O recurso voluntário foi interposto em 13/07/2015, logo, é tempestivo e deve ser conhecido e apreciado. Perícia No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, a produção de prova pericial deve ser determinada quando imprescindível à solução da lide. Nesses termos dispõe o artigo 18 do Decreto n. 70.235/1972. Veja: "Artigo 18 A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis [...]". Como se nota, a realização de perícia constitui um expediente do qual as autoridades julgadoras podem se valer em prol de sua livre convicção acerca da lide. Tratase de pleito que se mostra cabível somente quando o Julgador entender essencial para a compreensão correta dos fatos e provas. Fl. 749DF CARF MF Processo nº 12448.732013/201485 Acórdão n.º 1201001.821 S1C2T1 Fl. 5 7 Quando ausente esses requisitos, ou seja, na hipótese de inexistir dúvidas ou necessidade de esclarecimentos da demanda, o pedido deve ser indeferido. Nesse contexto, entendo que as matérias de fato e direito envolvidas no presente caso são suficientes para a resolução da controvérsia instaurada, não geram dúvidas ou necessidade que demandam a realização de uma perícia. É importante frisar que o pedido de realização de perícia não deve ser confundido com o cumprimento do ônus da prova no âmbito do processo administrativo fiscal. Digo isso porque não raramente lidamos com situações nas quais fica evidente que o contribuinte opta pelo caminho simplista de requerer uma perícia, condicionando a prova que lhe compete produzir, a evento futuro e incerto. Com efeito, as autoridades julgadoras devem apreciar as provas conforme produzidas no processo. E, como se sabe, a produção de provas documentais deve ser feita, como regra, em sede de impugnação, a não ser que isto seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. A juntada de “novos documentos” aos autos é medida, portanto, excepcional e permitida nas situações contempladas nos dispositivos citados, os quais, segundo penso, devem ser interpretados de forma flexível em face do princípio da verdade material. As respostas aos quesitos formulados pela Recorrente em sua impugnação (fl. 402), segundo penso, não demandam uma perícia em sentido técnico, mas dependem exclusivamente da análise das provas que foram (ou deveria ter sido) trazidas aos autos pelo contribuinte. A propósito, o contribuinte argumenta que o conjunto de prova por ele trazido, mas refutado pela decisão de piso, é suficiente e, por si só, já teriam o condão de cancelar a exigência. Feitas essas considerações, indefiro o pedido de perícia por entender prescindível para o presente julgamento. item 0001 dos Autos de Infração Omissão de receitas estorno não comprovados Nesse item da Autuação, a autoridade fiscal tributou os valores lançados em contas contábeis de resultado, respectivamente nos montantes de R$ 774.881,37, R$ 223.702,46 e R$ 2.482.543,47, valores estes que, conforme visto, foram objeto de lançamentos contábeis de estornos na mesma data. No entender da fiscalização, tais estornos não foram justificados e comprovados, razão pela qual seus efeitos fiscais foram desconsiderados. Já o contribuinte alega que os referidos valores não correspondem a novas receitas que ingressaram no seu patrimônio; que tais valores já integraram o faturamento com a venda de filmes, o qual foi devidamente oferecido à tributação; e que pratica tal procedimento apenas para fins de controle gerencial das taxas de distribuição (comissão) que lhe faz jus, que Fl. 750DF CARF MF 8 são descontadas por ela por percentuais variáveis (3% a 10%) sobre a receita de exibição de filmes, como exige sua empresa matriz domiciliada no exterior. A DRJ, ao enfrentar a questão, assim se manifestou: "• Os valores registrados nas contas 3.4.19.11.05 e 3.4.19.11.06 foram estornados na conta 3.4.19.11.16, e os da conta 3.4.19.11.40 estornado na conta 3.4.19.11.41. Como a impugnante afirma que as contas mencionadas pela fiscalização são "contas de compensação para fins de prestação de contas com a Matriz", é necessário trazermos as normas contábeis relativas a estes lançamentos. A NBC T 2.5 Das contas de compensação, aprovada pela Resolução CFC n° 612/85, estava em vigor no ano calendário objeto da autuação (foi revogada pela ITG 2000 Escrituração Contábil, aprovada pela Resolução CFC 1.330, de 22/3/2011), e assim dispunha: "2.5.1 As contas de compensação constituem sistema próprio. Nas contas de compensação registrarseão os atos relevantes cujos efeitos possam se traduzir em modificações no patrimônio da entidade." A escrituração das contas de compensação será obrigatória nos casos que se obrigue especificamente." De acordo com esta norma, uma conta de compensação não poderia ser escriturada simplesmente para prestar contas para a Matriz. Ela deve estar relacionada com um ato (comprovado por meio de documentação idônea), que possa gerar modificações futuras no patrimônio da entidade. Além disso, as contas de compensação constituem sistema próprio, não podendo estar misturados com as contas patrimoniais e de resultado. No trecho do Balancete reproduzido na impugnação, verificase que as contas são classificadas como "outras receitas", ou seja, são contas de resultado. Não há como deduzir pelo balancete que estas receitas estariam embutidas nas contas 3.1.11.02 Rendas por produto. [...] Com base nas informações prestadas naquele demonstrativos, verificamos que a comissão corresponderia a R$ 3.520.298,96 e não a R$ 2.482.543,47 (3% sobre as receitas de bilheteria, conforme contrato), conforme tabela abaixo: Receita total informada (R$) Período Universal Paramount Total Comissão (3%) Jan 3.341.247,18 29.322,62 3.370.569,80 101.117,09 Fev 1.812.930,49 3.197.586,85 5.010.517,34 150.315,52 Mar 4.809.678,39 3.260.693,09 8.070.371,48 242.111,14 Abr 1.143.913,71 10.370.682,65 11.514.596,36 345.437,89 Mai 3.537.615,56 14.591.929,41 18.129.544,97 543.886,35 Fl. 751DF CARF MF Processo nº 12448.732013/201485 Acórdão n.º 1201001.821 S1C2T1 Fl. 6 9 Jun 3.629.659,75 2.372.914,12 6.002.573,87 180.077,22 Jul 316.344,51 21.529.530,07 21.845.874,58 655.376,24 Ago 6.586.403,67 11.694.945,02 18.281.348,69 548.440,46 Set 3.760.765,19 7.615.711,41 11.376.476,60 341.294,30 Out 1.270.274,78 835.673,12 2.105.947,90 63.178,44 Nov 767.120,43 4.097.650,90 4.864.771,33 145.943,14 Dez 1.042.865,18 5.727.840,64 6.770.705,82 203.121,17 Total 32.018.818,84 85.324.479,90 117.343.298,74 3.520.298,96 Notase, portanto, que três foram as razões que levaram a DRJ a ratificar o lançamento objeto desse item: (i) a impossibilidade, do ponto de vista contábil, de registro de contas de compensação no resultado; (ii) não restou comprovado que esses valores de fato teriam sido transferidos ou incluídos no cômputo das receitas tributadas registradas na conta 3.1.11.02 Rendas por produto; e (iii) a alegada comissão, segundo cálculo apresentado pela autoridade julgadora de primeira instância, superaria o valor dos estornos, contrariando, assim, a alegação da Recorrente. A respeito do procedimento contábil adotado de efetuar o controle gerencial das taxas de distribuição (comissões sobre as receitas de vendas) por meio de conta gerencial constante do resultado que registra lançamentos de créditos que são neutralizados por débitos na mesma data , ainda que realmente não constitua a melhor técnica, ele não constitui fato gerador de tributo. Eventual erro de procedimento contábil no caso representado pela implementação de um controle gerencial que deveria ter sido feito fora da contabilidade, mas que acabou sendo feito dentro não tem o condão de, por si só, justificar a manutenção das autuações. Nesse sentido, aliás, já se posicionou o antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, conforme atesta a ementa do julgado abaixo. IRPJ. REVISÃO DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS.LUCRO INFLACIONÁRIO DIFERÍVEL A MAIOR. LANÇAMENTO. ARGÜIÇÃO DE ESTORNO DE VARIAÇÃO MONETÁRIA PASSIVA CONSTANTE DO RESULTADO DO EXERCÍCIO. DESPESA DE VARIAÇÃO SOB PARÊNTESES. INCONGRUÊNCIA CONTÁBIL. INOCORRÊNCIA DE OFENSA À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. LANÇAMENTO FISCAL INSUBSISTENTE. As despesas a exemplo das variações monetárias passivas sob parênteses, representam uma adição ao resultado do exercício. Inferese a ocorrência de estorno contábil. A superioridade isolada daquelas frente a outras variáveis de igual jaez de receita, limita o lucro inflacionário diferível do período ao montante do saldo credor da correção monetária. Se a parcela diferível que resulta maior reduz o lucro real, age, entretanto, de forma simétrica ao impor ao lucro líquido, originariamente, efeitos positivos de igual magnitude. A aberração ensejada pela forma como se operou o estorno contábil, ainda que repudiada, por si só não constitui fato gerador de imposto. (Acórdão nº 10320.734. DOU 30/10/2001). grifei. Fl. 752DF CARF MF 10 Com efeito, restou evidenciado que o objeto social da Recorrente consiste na distribuição de obras audiovisuais. A distribuição é feita com base em contratos de licenciamento celebrado com os titulares dos direitos de exploração das obras, representados pela Paramount Pictures Global, divisão da Viacom Global e Universal Studios International, ambas localizadas na Holanda. Como estão domiciliadas no exterior, a Recorrente, na linha do que determina tais contratos, distribui as obras audiovisuais às salas de exibição e, em contrapartida, repassa parte da receita proveniente da venda de ingressos (bilheteria) aos referidos titulares. Assim, do valor total arrecadado com a distribuição das obras audiovisuais, a Recorrente abate o valor dos custos/despesas inerentes à exibição e sua taxa de administração (que corresponde a um percentual sobre a receita de venda dos filmes), transferindo o montante líquido aos detentores do direito de exploração da obra. Do ponto de vista fiscal, restou comprovado também que a receita obtida com a venda de ingressos (bilheteria) de fato é reconhecida em conta contábil específica (3.1.11.02 Rendas por produto), cuja totalidade dos valores foi oferecida à tributação. Após receber e contabilizar os valores das salas de exibição, a Recorrente calcula os respectivos custos e sua taxa de administração, a fim de definir o valor devido a título de repasse aos produtores estrangeiros. Ocorre, porém, que esse controle não foi feito "fora da contabilidade". A Recorrente, alegando maior facilidade de gerenciar os valores envolvidos e por exigência de sua matriz, reconhece os montantes a título de comissão (taxas de administração) em outras duas contas contábeis, cujo saldo sempre é objeto de estorno, no mesmo montante, a fim de neutralizar seus efeitos. Nesses termos, a Recorrente reconhece o valor da taxa de distribuição como um novo crédito (receita), e, em seguida, realiza o estorno deste mesmo valor, de modo que o lançamento inicial seja anulado, não gerando efeitos no resultado. É importante frisar que os valores das taxas de comissão são estabelecidos pelas partes contratualmente. Ou seja, não se tratam de novos valores recebidos pela distribuição ou exibição das obras, mas sim um percentual aplicável sobre as receitas de vendas já auferidas. É justamente por isso que a autoridade fiscalizatória e a DRJ não encontraram a contrapartida destes valores na referida conta contábil (3.1.11.02 Rendas por produto). Nesse contexto, a meu ver as justificativas apresentadas pelo contribuinte seguem uma lógica consistente e a contabilidade, notadamente os estornos, fazem prova em seu favor. A contabilidade cujo estorno se questiona, digase de passagem, é a mesma que a fiscalização se utilizou para promover os demais lançamentos (IRFonte e Condecine) compreendidos na mesma ação fiscal que originou esses lançamentos. Segundo os artigos 923 e 924, ambos do RIR/99 (aprovado pelo Decreto nª 3.000/1999): Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos Fl. 753DF CARF MF Processo nº 12448.732013/201485 Acórdão n.º 1201001.821 S1C2T1 Fl. 7 11 nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. Art. 924. Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior. Nesse caso concreto, a contabilidade reflete as alegações da Recorrente e demonstra que realmente os valores que serviram de base para formular a cobrança do presente item dos autos foram objeto de estorno. E, mais ainda, a contabilidade, conforme quadro resumo de fl. 232 (mais precisamente as colunas ECD – Escrituração Fiscal Digital), registra claramente que as receitas provenientes da distribuição das obras audiovisuais de titularidade da Paramount e Universal foram devidamente oferecidas à tributação. Outro fato relevante é o de que, ao contrário do quanto registrado na decisão de primeiro grau, o total correto autuado neste item monta a quantia de R$ 3.481.127,30 (correspondente à soma de 774.881,37 + 223.702,46 + 2.482.543,47), soma esta que corresponde a 2,97% da receita bruta escriturada (de R$ 117.343.298,74, cf. fl. 232) e 3,02% da receita informada na DIPJ retificadora (de R$ 115.244.631,01, cf. fls. 10). Seguindo, então, o próprio racional que se valeu as autoridades julgadoras que buscaram verificar o quanto corresponderiam os 3% de comissão que faria jus a contribuinte no negócio também este cálculo faz prova em favor da Recorrente. Ainda que os lançamentos das taxas de distribuição (comissões) feitos em duplicidade na contabilidade, pois já computados nas receitas de bilheteria, e anulados em seguida por meio de estornos não reflitam a melhor técnica contábil, a meu ver eles não podem ser objeto de cobrança, uma vez que seus efeitos são neutros no resultado final da Recorrente. Por essas razões, voto no sentido de cancelar as exigências formuladas nesse item da autuação. item 0002 Omissão de receitas diferença entre EFD e DIPJ Este ponto diz respeito à cobrança formulada em face da diferença, no valor de R$ 2.098.937,73, entre a receita escriturada nas contas 3.1.11.02. 06 Rendas Exploração Produto Paramount e 3.11.02.03 Rendas Exploração Produto Universal e a que foi informada em DIPJ. A fiscalização entendeu insuficientes as informações e esclarecimentos prestados em relação à diferença apurada, razão pela qual considerou tributável o valor da divergência apurada. Na impugnação e no recurso voluntário, a contribuinte sustenta que as divergências existentes entre as informações contidas na Escrituração Contábil Digital (ECD) e na DIPJ são originárias do procedimento contábil descrito no item anterior, ou seja, em face do controle gerencial da receita "retida" por parte da empresa, mais precisamente em relação ao montante de comissões (Universal), de R$ 2.482.543,47. Fl. 754DF CARF MF 12 Comprova que apresentou, em 29/06/2011, a DIPJ referente ao ano base de 2010, informando, a título de receita de prestação de serviço no mercado interno, o valor de R$ 117.727.174,48, valor este que supera o valor escriturado, de R$ 117.343.568,74 (diferença a maior de R$ 383.605,74). Esta diferença, ressalta a Recorrente, corresponde exatamente à diferença entre o valor das comissões (Universal), de R$ 2.482.543,47 e o valor de R$ 2.098.937,73, considerado receita omitida neste item da autuação. Tratase, na visão da Recorrente, de um único montante de R$ 2.482.543,47 (objeto do estorno, conforme explicado acima), sendo a diferença decorrente unicamente de erro material cometido pela Recorrente, o que, aliás, a levou a retificar a DIPJ (para informar a receita de R$ 115.244.631,01, e não de R$ 117.727.174,48). Esse erro material alegado, porém, a meu ver não restou comprovado, razão pela qual entendo que a decisão de piso, nesse particular, não merece ser reformada. Isso porque, conforme atestam os próprios resumos dos balancetes constantes do recurso (fls. 672/673), o montante de R$ 2.482.543,47 já teria sido levado em conta por ocasião do "fechamento" do resultado fiscal apurado (R$ 117.727.174,48). Ademais, a Recorrente alega existir uma diferença entre o valor que ela toma como referência (R$ 2.482.543,47) e aquele que foi de fato tomado como parâmetro neste item dos Autos de Infração (R$ 2.098.937,73), por decorrência de erro material, mas sequer indica qual erro seria este. Deve, portanto, ser mantida a exigência em relação às diferenças de receita escrituradas e declaradas em DIPJ, uma vez que o contribuinte não comprovou, com documentação hábil e idônea, o erro alegado. Dos lançamentos reflexos Em razão da relação de causa e efeito, aplicase aos lançamentos reflexos (CSLL, PIS e COFINS) a mesma decisão proferida no lançamento principal (IRPJ). Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso voluntário e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, para afastar a exigência decorrente do item 0001 (Omissão de Receitas de Venda e Serviços – Estornos Não Comprovados de Vendas fl. 265) dos Autos de Infração. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 755DF CARF MF Processo nº 12448.732013/201485 Acórdão n.º 1201001.821 S1C2T1 Fl. 8 13 Fl. 756DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15987.000237/2009-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
FRAUDE NA VENDA DE CAFÉ EM GRÃO. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE COMPRA. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DISSIMULADO. POSSIBILIDADE.
Uma vez comprovada, com provas robustas colacionadas aos autos, a existência da fraude nas operações de aquisição de café em grão mediante simulação de compra realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (pseudoatacadistas ou noteiras) e a dissimulação da real operação de compra do produtor rural, pessoa física, com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsidera-se operação de compra simulada e mantém-se a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma.
REGIME NÃO CUMULATIVO. REAL AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA INIDÔNEA. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO. GLOSA DA PARCELA DO CRÉDITO NORMAL EXCEDENTE AO CRÉDITO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE.
Não é admissível a apropriação do valor integral do crédito normal da Contribuição para o PIS/Pasep, mas apenas da parcela do crédito presumido agropecuário, se comprovado nos autos que o negócio jurídico real de aquisição do café em grão foi celebrado entre o produtor rural, pessoa física, e a contribuinte e que as operações de compra entre as pessoas jurídicas inidôneas e a contribuinte, acobertadas por notas fiscais compradas no mercado negro do referido documento, foram simuladas com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa.
REGIME DE SUSPENSÃO. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA POR ESTABELECIMENTO AGROINDUSTRIAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE.
As aquisições de café in natura de cooperativas de produção agropecuária por estabelecimento agroindustrial estão submetidas ao regime suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e asseguram apenas o direito de apropriação de crédito presumido, nos termos da legislação vigente.
AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
É permitida a apropriação do valor do crédito integral da Contribuição para o PIS/Pasep nas aquisições de café em grão de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, ainda que as deduções da base cálculo não resultem receita tributável pela referida contribuição.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
RESSARCIMENTO. CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP NÃO CUMULATIVA. PARCELA DO CRÉDITO A SER DEVOLVIDA. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa vedação legal, não estão sujeitos à atualização pela taxa Selic a parcela dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa a ser ressarcida ao contribuinte em dinheiro ou mediante compensação.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
REVISÃO DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA. PODER-DEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DE REVER OS SEUS PRÓPRIOS ATOS. NULIDADE DE DESPACHO DECISÓRIO EIVADO DE VÍCIO DE LEGALIDADE. POSSIBILIDADE.
Antes de expirado o prazo decadencial, a Administração Tributária tem o poder-dever de anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, porque deles não se originam direitos.
DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que apresentado pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça defensiva e a recorrente demonstrou pleno conhecimento dos fundamentos da decisão.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reverter a glosa relativa ao valor integral dos créditos calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária, submetidas ao regime de tributação normal da Contribuição para o PIS/Pasep, relacionadas nos subitens 8.2.1, 8.2.3 e 8.2.4 do TVF (fls. 19928/19931 do processo nº 15983.720078/2012-47, que se encontra a este apenso).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 FRAUDE NA VENDA DE CAFÉ EM GRÃO. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE COMPRA. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DISSIMULADO. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada, com provas robustas colacionadas aos autos, a existência da fraude nas operações de aquisição de café em grão mediante simulação de compra realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (pseudoatacadistas ou noteiras) e a dissimulação da real operação de compra do produtor rural, pessoa física, com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsidera-se operação de compra simulada e mantém-se a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma. REGIME NÃO CUMULATIVO. REAL AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA INIDÔNEA. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO. GLOSA DA PARCELA DO CRÉDITO NORMAL EXCEDENTE AO CRÉDITO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE. Não é admissível a apropriação do valor integral do crédito normal da Contribuição para o PIS/Pasep, mas apenas da parcela do crédito presumido agropecuário, se comprovado nos autos que o negócio jurídico real de aquisição do café em grão foi celebrado entre o produtor rural, pessoa física, e a contribuinte e que as operações de compra entre as pessoas jurídicas inidôneas e a contribuinte, acobertadas por notas fiscais compradas no mercado negro do referido documento, foram simuladas com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa. REGIME DE SUSPENSÃO. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA POR ESTABELECIMENTO AGROINDUSTRIAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE. As aquisições de café in natura de cooperativas de produção agropecuária por estabelecimento agroindustrial estão submetidas ao regime suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e asseguram apenas o direito de apropriação de crédito presumido, nos termos da legislação vigente. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE. É permitida a apropriação do valor do crédito integral da Contribuição para o PIS/Pasep nas aquisições de café em grão de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, ainda que as deduções da base cálculo não resultem receita tributável pela referida contribuição. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 RESSARCIMENTO. CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP NÃO CUMULATIVA. PARCELA DO CRÉDITO A SER DEVOLVIDA. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não estão sujeitos à atualização pela taxa Selic a parcela dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa a ser ressarcida ao contribuinte em dinheiro ou mediante compensação. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 REVISÃO DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA. PODER-DEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DE REVER OS SEUS PRÓPRIOS ATOS. NULIDADE DE DESPACHO DECISÓRIO EIVADO DE VÍCIO DE LEGALIDADE. POSSIBILIDADE. Antes de expirado o prazo decadencial, a Administração Tributária tem o poder-dever de anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, porque deles não se originam direitos. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que apresentado pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça defensiva e a recorrente demonstrou pleno conhecimento dos fundamentos da decisão. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reverter a glosa relativa ao valor integral dos créditos calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária, submetidas ao regime de tributação normal da Contribuição para o PIS/Pasep, relacionadas nos subitens 8.2.1, 8.2.3 e 8.2.4 do TVF (fls. 19928/19931 do processo nº 15983.720078/2012-47, que se encontra a este apenso). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 FRAUDE NA VENDA DE CAFÉ EM GRÃO. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE COMPRA. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO. MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DISSIMULADO. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada, com provas robustas colacionadas aos autos, a existência da fraude nas operações de aquisição de café em grão mediante simulação de compra realizadas de pessoas jurídicas inexistentes de fato (“pseudoatacadistas” ou “noteiras”) e a dissimulação da real operação de compra do produtor rural, pessoa física, com o fim exclusivo de se apropriar do valor integral do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, desconsidera se operação de compra simulada e mantémse a operação de compra dissimulada, por ser válida na substância e na forma. REGIME NÃO CUMULATIVO. REAL AQUISIÇÃO DE CAFÉ EM GRÃO DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA INIDÔNEA. COMPROVADA A SIMULAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERMEDIAÇÃO. GLOSA DA PARCELA DO CRÉDITO NORMAL EXCEDENTE AO CRÉDITO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE. Não é admissível a apropriação do valor integral do crédito normal da Contribuição para o PIS/Pasep, mas apenas da parcela do crédito presumido agropecuário, se comprovado nos autos que o negócio jurídico real de aquisição do café em grão foi celebrado entre o produtor rural, pessoa física, e a contribuinte e que as operações de compra entre as pessoas jurídicas inidôneas e a contribuinte, acobertadas por notas fiscais “compradas” no mercado negro do referido documento, foram simuladas com a finalidade exclusiva de gerar crédito da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 7. 00 02 37 /2 00 9- 58 Fl. 1623DF CARF MF 2 REGIME DE SUSPENSÃO. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA POR ESTABELECIMENTO AGROINDUSTRIAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE. As aquisições de café in natura de cooperativas de produção agropecuária por estabelecimento agroindustrial estão submetidas ao regime suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e asseguram apenas o direito de apropriação de crédito presumido, nos termos da legislação vigente. AQUISIÇÃO DE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. OPERAÇÃO COM TRIBUTAÇÃO NORMAL. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO INTEGRAL. POSSIBILIDADE. É permitida a apropriação do valor do crédito integral da Contribuição para o PIS/Pasep nas aquisições de café em grão de cooperativas de produção agropecuária, sujeitas ao regime de tributação normal, ainda que as deduções da base cálculo não resultem receita tributável pela referida contribuição. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 RESSARCIMENTO. CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP NÃO CUMULATIVA. PARCELA DO CRÉDITO A SER DEVOLVIDA. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não estão sujeitos à atualização pela taxa Selic a parcela dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa a ser ressarcida ao contribuinte em dinheiro ou mediante compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 REVISÃO DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA. PODERDEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DE REVER OS SEUS PRÓPRIOS ATOS. NULIDADE DE DESPACHO DECISÓRIO EIVADO DE VÍCIO DE LEGALIDADE. POSSIBILIDADE. Antes de expirado o prazo decadencial, a Administração Tributária tem o poderdever de anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, porque deles não se originam direitos. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. INOCORRÊNCIA DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que apresentado pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça defensiva e a recorrente demonstrou pleno conhecimento dos fundamentos da decisão. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1624DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.624 3 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para reverter a glosa relativa ao valor integral dos créditos calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária, submetidas ao regime de tributação normal da Contribuição para o PIS/Pasep, relacionadas nos subitens 8.2.1, 8.2.3 e 8.2.4 do TVF (fls. 19928/19931 do processo nº 15983.720078/201247, que se encontra a este apenso). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de pedido de ressarcimento (fls. 654/656) de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa exportação do 1º trimestre de 2007, no valor total de R$ 413.941,93, parcialmente utilizado na compensação dos débitos discriminados nas Declarações de Compensação (DComp) de fls. 639/642 e 648/651. Por meio do Despacho Decisório de fls. 972/982, o titular da unidade da Receita Federal de origem reconheceu parte do crédito pleiteado, no valor de R$ 64.380,34, e homologou parcialmente as compensações declaradas até o limite do valor do crédito deferido, apoiado nas conclusões exaradas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 19743/19942 e nos Demonstrativos de fls. 20015/20330, que integram o processo nº 15983.720078/201247, que se encontra a este apensado. A parcela dos créditos glosada pela fiscalização referese à aquisição de café em grãos de pessoas jurídicas inexistente de fato e de cooperativas de produção com suspensão do pagamento das referidas contribuições. Tais irregularidades foram apuradas no âmbito das Operação Tempo de Colheita, Operação Broca e Operação Robusta, realizadas pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e pela Polícia Federal, com a participação do Ministério Público Federal (MPF), e consistiram na participação da interessada nas fraudes, mediante compra notas fiscais de pessoas jurídicas inexistentes de fato, para acobertar as operações reais de compras de café em grãos dos produtores rurais pessoas físicas, com a finalidade de gerar ilicitamente créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, em vez de tão somente crédito presumido, bem como a apropriação indevida de créditos nas compras de café em grãos de cooperativas de produtores, sem incidência das referidas contribuições, situação que não admitia apropriação de créditos, nos termos do art. 3°, § 2°, II, da Lei 10.637/2002, e da Lei 10.833/2003. Em sede de Manifestação de Inconformidade (fls. 1004/1033), em preliminar, a interessada requereu o imediato ressarcimento do crédito reconhecido no despacho decisório Fl. 1625DF CARF MF 4 atacado, remanescendo o contraditório administrativo apenas em relação à diferença de 6% entre o crédito presumido de 3,25% decorrente de compras de pessoas físicas e o percentual de 9,25% decorrente de aquisições de pessoas jurídicas, percentual esse glosado no despacho decisório. Em relação ao mérito das glosas dos créditos apurados sobre as compras de café de pessoas jurídicas de “fachada”, argumenta que, apesar da provável ocorrência de atividade criminosa na cadeia do café, não praticara crime algum, afirmando seu interesse no esclarecimento dos fatos. Lembra que o preço pago pelo café era o de mercado e que nunca cogitou em repassar os lucros obtidos por estas empresas referidas como de fachada, no qual estava embutida a contribuição, de forma que houve despesa que legitima o crédito à adquirente, sem benefício algum com a alegada ilicitude de terceiros. Aduziu ainda que a falta de pagamento das contribuições por parte de seus fornecedores não implicava ausência do seu direito de apropriarse dos créditos sobre às aquisições do produto, uma vez que a RFB e a PGFN dispunham de meios próprios para cobrança de tais tributos. Discorreu sobre as peculiaridades do mercado cafeeiro. Rechaçou a extensão das conclusões apresentadas nas referidas operações ao pedido de ressarcimento em tela. Reafirmou sua condição de adquirente de boafé, sob o argumento de que não tinha conhecimento das irregularidades societárias dos seus fornecedores. Entendia ser legítima a tomada de crédito, porquanto ao pagar pelo café ao valor de mercado, cobrado mediante nota fiscal fatura de pessoa jurídica, estava embutido o valor das referidas contribuições. Quanto à anotação, nas notas fiscais, de suspensão das referidas contribuições na operação de venda, o que vedaria a apuração de créditos não cumulativos para o adquirente, adiciona que de acordo com o art. 9º, §1º, II da Lei 10.925/2004, teria havido erro por parte das cooperativas na medida em que tais operações não se poderiam cursar com suspensão das contribuições tendo em vista o disposto no inciso II do citado artigo. Ainda pleiteou que os valores a serem ressarcidos fossem acrescidos da taxa Selic. No final, postulou a reforma integral do questionado Despacho Decisório. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 1247/1295), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CRÉDITOS NÃO CUMULATIVOS. GLOSA. FRAUDE. Comprovada a existência de fraude por meio de interposição de pessoas jurídicas de fachada, com o fim exclusivo de se obter créditos do regime não cumulativos em valores maiores que os admitidos de aquisições feitas de pessoas físicas, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos. CRÉDITOS NÃO CUMULATIVOS. GLOSA. BENS NÃO SUJEITOS À CONTRIBUIÇÃO. Correta a glosa de créditos não cumulativos calculados sobre bens não sujeitos à contribuição na aquisição. Fl. 1626DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.625 5 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 29/4/2013, a recorrente foi cientificada da decisão de primeira instância (fl. 1352). Em 28/5/2013, protocolou o recurso voluntário de fls. 1354/1406, em que reafirmou as razões de defesa apresentadas na peça impugnatória, bem como os pedidos de ressarcimento imediato da parcela do crédito presumido já reconhecida e de atualização dos créditos pela taxa Selic. Em aditamento, a recorrente alegou nulidade do acórdão recorrido, sob o argumento de que houve cerceamento do direito de defesa, baseada no argumento de que não foram cotejados “um a um os bons argumentos da defesa. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Inicialmente, cabe esclarecer que não procede o pedido de pagamento/ressarcimento imediato da parcela do crédito presumido incontroversa, no valor de R$ 64.380,34, reconhecida pela titular da unidade da Receita Federal de origem, por meio do questionado Despacho Decisório, uma vez que a referida parcela já foi integralmente utilizada na compensação de parte dos débitos declarados pela recorrente, conforme comprovam os extratos de fl. 1345. Além disso, como o valor do crédito compensado foi insuficiente para quitação da totalidade dos débitos informados pela recorrente nas DComp) de fls. 639/642 e 648/651, foi realizada a cobrança do valor dos débitos remanescentes por meio da Carta Cobrança de fls. 1347/1348. No recurso colacionado aos autos, a interessada suscitou questões preliminares e de mérito, que serão a seguir analisadas. I DAS PRELIMINARES DE NULIDADE No recurso em apreço, a recorrente suscitou preliminar de nulidade do acórdão recorrido. Em sede de memorial, a recorrente alegou nulidade do despacho decisório em questão. I.2 Da Preliminar de Nulidade do Despacho Decisório Em sede de memorial, a recorrente alegou que a nulidade do despacho decisório de fls. 972/982, objeto da presente lide, sob o argumento de que as compensações já havia sido expressamente homologadas por meio do despacho decisório de fls. 658/662, logo, não seria válida qualquer exigência decorrente do despacho em questão. Embora suscitada após a fase recursal, por ser matéria de ordem pública, tomase conhecimento da questão de nulidade do vergastado despacho decisório. Fl. 1627DF CARF MF 6 Nos presentes autos foram proferidos dois despachos decisórios. No primeiro (fls. 658/662), proferido em 14/5/2010, o crédito pleiteado foi parcialmente reconhecido e as compensações homologadas até o limite do valor do crédito reconhecido. No seu último parágrafo foi feita expressa menção de que, respeitado o prazo decadencial fixado em lei, “na hipótese de serem descobertos fatos e informações, não conhecidas” até a data da sua prolação, o referido despacho poderia ser revisto de ofício. E como antes de completado o prazo decadencial surgiram fatos novos, apurados no âmbito das operações “Tempo de Colheita”, “Broca” e “Robusta”, por meio do despacho de fls. 961/962, o titular da unidade da RFB de origem anulou o citado despacho decisório e determinou (i) a imediata reabertura da ação fiscal tendente a apurar o correto valor do ressarcimento e (ii) a expedição de comunicado à PSFN/Santos dando notícia deste Despacho, a fim de que fossem ultimadas as providências necessárias junto ao Juízo. Após o término da ação fiscal, em que apurada valor menor crédito passível de ressarcimento, o titular da unidade da RFB de origem proferiu o segundo despacho decisório (fls. 972/982), objeto da presente controvérsia. Com base nesse breve relato, fica demonstrado que, diferentemente do alegado pela recorrente, o segundo despacho decisório foi proferido antes da conclusão do prazo decadencial e os fatos supervenientes demonstraram que, no despacho decisório anterior, foram reconhecido crédito tributário indevido. E diante da demonstração de que o despacho decisório anterior continha evidente vício de ilegalidade, no uso de suas atribuições, a autoridade fiscal, acertadamente, anulou de ofício o referido ato. No caso, tratase de poderdever da autoridade administrativa assegurado pelo princípio da autotutela, que se encontra reconhecido e consolidado na jurisprudência do STF por meio das Súmulas de nºs 346 e 473, que tem o seguinte teor, in verbis: Súmula nº 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula nº 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogálos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. No mesmo sentido, dispõem os arts. 53 e 54 da Lei 9.784/1999, que se aplica subsidiariamente ao processo administrativo fiscal. Eis teor dos referidos preceitos, que seguem transcritos: Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogáos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.626 7 destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé. Portanto, de acordo com a jurisprudência firme do STF, positiva nos referidos preceitos legais, a autoridade fiscal da unidade da RFB de origem não só podia como devia proceder anulação do primeiro despacho decisório, porque eivado de evidente vício de ilegalidade. Esse mesmo entendimento foi sufragado, por unanimidade, pelos integrantes da anterior composição desta Turma Ordinária, por meio do acórdão de nº 3302002.645, cujo voto condutor do julgado foi da lavra do brilhante e competente Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O enunciado da ementa do referido julgado ficou assim redigido: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004 Ementa: REVISÃO DE DESPACHO DECISÓRIO. PODERDEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA. A Administração Pública possui o poderdever de anular de ofício os próprios atos eivados de ilegalidade, decorrente do princípio da autotutela, nos termos das Súmulas nº 346 e 473 do STF. Este poderdever decai em cinco anos contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé, conforme preceito dos artigos 53 e 54 da Lei nº 9.784, de 1999. ARTIGO 21 DA LEI Nº 10.865, DE 2004. VIGÊNCIA DA ALTERAÇÃO PROMOVIDA NO INCISO V DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.833, DE 2003. A alteração do inciso V do artigo 3º da Lei nº 10.833, de 2003, promovida pelo artigo 21 da Lei nº 10.865, de 2004, extinguindo a possibilidade de creditamento da nãocumulatividade de Cofins, relativa às despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos, aplicase aos fatos geradores a partir de 1º/08/2004. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Com base nessas considerações, rejeitase a presente preliminar de nulidade do despacho decisório em questão. I.2 Da Preliminar de Nulidade do Acórdão Recorrido. Em preliminar, a recorrente alegou nulidade do acórdão recorrido, sob o argumento de que houve cerceamento do direito de defesa, baseada no argumento de que não foram cotejados “um a um os bons argumentos da defesa” apresentados na manifestação de inconformidade. Fl. 1629DF CARF MF 8 Sem razão a recorrente, uma vez que a decisão de primeiro grau abordou todas as questões objeto da lide e apresento fundamentação adequada, conforme exige o art. 31 do Decreto 70.235/1972. Sabidamente, não é exigível que o julgador enfrente, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência mansa e pacífica do e. Superior Tribunal de Justiça (STJ), a exemplo do entendimento exarado no julgamento do AgRg no RE nos EDcl no AgRg no AREsp 268.238/SP, cujo enunciado da ementa segue transcrito: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INCIDÊNCIA DO ISSQN. REGISTRO PÚBLICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS. ADI 3.089/DF. POSSIBILIDADE. BASE DE CÁLCULO DO ISSQN DEVIDO PELOS TABELIÃES. PREÇO FIXO OU PREÇO DO SERVIÇO. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. INDEFERIMENTO LIMINAR. ART. 543A, § 5º, DO CPC. ART 5º, XXXV E ART. 93, IX, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO PREJUDICADO. AGRAVO DESPROVIDO. [...] III. A Corte Suprema, nos autos do AIRGQO 791.292/PE, julgado sob o regime da repercussão geral, reafirmou a sua jurisprudência no sentido de que o art. 93, IX, da Constituição Federal exigem que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. IV Agravo regimental desprovido. (AgRg no RE nos EDcl no AgRg no AREsp 268.238/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/12/2013, DJe 03/02/2014) A jurisprudência consolidada do c. Supremo Tribunal Federal (STF) também segue o mesmo entendimento, conforme julgamento realizado sob regime de repercussão geral, cujo enunciado da ementa segue transcrito: Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral.(AI 791292 QORG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 23/06/2010, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe149 DIVULG 12082010 PUBLIC 13 082010 EMENT VOL0241006 PP01289 RDECTRAB v. 18, n. 203, 2011, p. 113118 ) grifos não originais. Fl. 1630DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.627 9 Por essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade da decisão primeiro grau suscitada pela recorrente. II DAS QUESTÕES DE MÉRITO No mérito, a lide cingese a glosa de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, apurados no 1º trimestre de 2007 e calculados sobre a aquisição de café em grão (i) de pessoas jurídicas consideradas inidôneas (pessoa jurídicas de “fachada”) e (ii) de cooperativas de produção agropecuária. Como as motivações da glosa foram distintas para os créditos provenientes das aquisições das referidas pessoas jurídicas e cooperativas, a análise será feita em tópicos distintos. II.1 Da Glosa dos Créditos das Aquisições de Pessoas Jurídicas Inidôneas No presente tópico serão analisadas apenas a glosa parcial dos créditos apropriados pela recorrente sobre as aquisições de café em grão de pessoas jurídicas inidôneas (inexistes de fato ou de “fachada”). Em relação às referidas operações, a fiscalização procedeu a glosa parcial dos créditos, baseada na constatação de que houve fraude na operação de compra do café em grão, caracterizada pela interposição fraudulenta das referidas “empresas de fachada ou laranja” entre o real comprador (a recorrente) e o real vendedor (o produtor rural ou maquinista, pessoa física). Segundo a fiscalização, a atividade das referidas pessoas jurídicas de “fachada”, denominadas de “noteiras”, restringiase a emissão de notas fiscais para acobertar operação de venda de grão de café, com o nítido objetivo de gerar créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, para as pessoas jurídicas adquirentes das respectivas notas fiscais, dentre as quais se inclui a recorrente. Para se ter uma percepção da dimensão da fraude em questão e do tamanho do prejuízo que ela causou ou poderia causar à arrecadação tributária da União, nos anos de 2005 a 2009, a movimentação financeira das denominadas “noteiras” foi da ordem de bilhões de reais, enquanto os valores dos tributos por elas recolhidos no período foram insignificantes. No caso, a fiscalização demonstrou com provas cabais que a real operação de compra e venda do café em grão fora realizada diretamente entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente. E esta operação, nos termos do art. 8°, § 3º, III, da Lei 10.925/2004, assegurava ao comprador o direito de apropriação apenas da parcela do crédito presumido agropecuário, no valor equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) do valor crédito integral normal, previsto no art. 3º, I e II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Do contexto legal que deu origem à fraude em destaque. Sob o aspecto legal, com a introdução do regime não cumulativo, por intermédio das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, os contribuintes, sujeito ao citado regime, adquirentes de bens de pessoas jurídicas passaram a gozar do direito de crédito sobre o valor das compras, no valor equivalente ao percentual de 9,25% da operação de aquisição. O referido percentual corresponde ao somatório das alíquotas normais fixadas para o cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep (1,65%) e Cofins (7,6%), incidentes sobre o valor da receita bruta mensal. Fl. 1631DF CARF MF 10 No caso do mercado de café em grão, uma particularidade deve ser ressaltada: se a empresa comprar o produto diretamente do produtor rural ou maquinista, pessoa física, desde que atendido os requisitos legais, a ela é assegurado o direito de apropriar se de um valor de crédito presumido equivalente a apenas ao percentual de 35% (trinta e cinco por cento) do crédito integral normal passível de apropriação nas aquisições realizada de uma pessoa jurídica produtora ou atacadista. Essa permissão de apropriação de créditos entrou em vigor a partir 1/2/2004, na forma e segundo os termos do art. 8º, § 3º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: [...] III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) [...] (grifos não originais). Antes da vigência do citado preceito legal, prevalecia a regra geral, que vedava a apropriação de créditos sobre as aquisições do café em grão de pessoa física, na forma do § 3º do art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; Fl. 1632DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.628 11 [...] (grifos não originais) Dado esse contexto legal, fica evidenciado que, para os contribuintes, submetidos ao regime não cumulativo das citadas contribuições, sob o ponto de vista tributário, passou a ser vantajoso adquirir o café em grão diretamente da pessoa jurídica, sem a participação do produtor rural, pessoa física, pois a aquisição direta de pessoa jurídica asseguravalhes o valor integral do crédito calculado sobre valor da operação de compra, em vez de apenas o valor equivalente a 35% (trinta e cinco por cento) do preço de aquisição, a título de crédito presumido. Da fraude praticada contra a Fazenda Nacional. Previamente, cabe esclarecer que a demonstração da frauda em referência foi feita com base nos fartos elementos probatórios colhidos no âmbito das denominadas operações “Tempo de Colheita”, “Broca” e “Robusta”. Tais provas, que comprovam a participação proativa da recorrente no referido esquema de fraude, constam dos autos do processo nº 15983.720078/2012471, que se encontra a este apenso. A operação denominada “Tempo de Colheita” foi deflagrada pela fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória, em 22/10/2007, para investigar a existência do referido esquema de venda de nota fiscal para empresas compradoras de café em grão (torrefadoras e exportadoras) com o único propósito de assegurar a apropriação integral dos créditos das referidas contribuições, ou seja, créditos equivalentes ao percentual de 9,25% sobre o valor indicado na nota fiscal. Em face dos graves delitos apurados na operação “Tempo de Colheita”, e tendo em conta que as pessoas jurídicas autoras e beneficiárias do esquema continuavam delinquir de forma mais sofisticada, em 1/6/2010, foi deflagrada a operação “Broca”, para aprofundar a investigação do esquema fraudulento em destaque, que contou com a participação da Secretaria da Receita Federal, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, em que foram presos os principais diretores/prepostos das referidas pessoas jurídicas e efetuadas diversas apreensões de equipamentos e documentos, dentre os quais merece especial destaque, a apreensão de um “notebook” de propriedade da recorrente, que se encontrava em poder de seu Diretor Fabrício Tristão. Segundo o “Relatório de Análise de Mídia Apreendida” (fls. 1174/1192), havia no interior do referido equipamento vários diálogos do Sr. Fabrício Tristão, mensagens eletrônicas e planilhas de controle (fls. 19761/19773), que comprovavam, cabalmente, que a recorrente estava envolvida no citado esquema de fraude e tinha plena consciência que as empresas “noteiras” inexistiam de fato e não recolhiam ou recolhiam valores ínfimos de tributo. Por fim, foi deflagrada a operação “Robusta”, com o intuito de continuar e ampliar as investigações, especificamente, com o objetivo de analisar o fluxo financeiro das empresas inexistentes de fato (“noteiras”), mediante afastamento do sigilo bancário, que foi determinado por decisão judicial, no âmbito do o inquérito nº 506/2010, instaurado em 27/08/2010. Com base nos extratos bancários das empresas investigadas, foi constatado que uma situação peculiar, a saber, depósitos efetuados pelas indústrias e exportadoras de café, de forma identificada, para as empresas sob investigação (as empresas “noteiras”) e saídas dos recursos das contas bancárias dessas empresas, logo em seguida, por meio de transferências 1 Doravante, sempre que mencionada folhas dos autos, sem qualquer menção, elas referemse aos autos do citado processo administrativo. Fl. 1633DF CARF MF 12 (TED) e cheques, muitos desses emitidos ao próprio titular da conta bancária. Dessa forma, ficou demonstrado que as contas bancárias movimentadas pelas empresas “noteiras” serviam apenas de “passagem” dos recursos transferidos dos compradores (exportadores/indústrias) para os vendedores de café (produtores rurais, maquinistas e cerealistas, todos pessoas físicas), mediante interposição fraudulenta, visando induzir a administração tributária em erro, bem como para futura alegação de “boa fé” por parte dos compradores. Além das citadas provas, nos referidos autos constam os demonstrativos dos créditos glosados do período de 04/2005 a 12/2007 (fls. 20015/20330) e o Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 19743/19942), em que relatado, em pormenor, os fatos que, segundo a fiscalização, comprovam a participação da recorrente no referenciado esquema fraudulento. De acordo com o referido TVF, as pessoas jurídicas da atividade de exportação e de torrefação, envolvidas na citada fraude, utilizavam empresas “fachada”, que serviam de intermediárias nas fictícias operações de compra e de venda do café em grão, de fato, realizada entre os produtores rurais ou maquinistas, pessoas físicas, e as empresas exportadoras e industriais, com a finalidade de gerar indevidamente créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. A fraude teve início a partir do ano 2003, quando foi introduzido os regimes não cumulativo de apuração das referidas contribuições, causando prejuízo de bilhões de reais aos cofres públicos federais. No conjunto, as supostas “fornecedoras” da recorrente movimentaram, nos anos de 2005 a 2009, cifras na casa dos bilhões reais, mas praticamente nada recolheram, no período, a título de Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Além disso, sequer apresentaram declaração informando os valores das receitas auferidas e os valores dos débitos apurados e a recolher. Há provas nos autos que comprovam que a maior parte dos “fornecedores” da recorrente foram constituídos a partir do ano de 2002, e que, geralmente, estiveram em situação irregular no período em que foram fiscalizadas, seja por omissão em relação as suas obrigações acessórias, seja em relação ao pagamento de tributos. A este quadro de graves irregularidades, somase ainda o fato, demonstrado no referido TVF, que nenhuma das empresas diligenciadas possuíam armazéns ou depósitos nem funcionários contratados (ou um funcionário, no máximo), o que, em condições normais de operação, contrariava as tradicionais empresas atacadistas de café estabelecidas na região, detentoras de grande estrutura operacional e administrativa necessária para armazenar, beneficiar e movimentar o grande volume de café transacionado. Assim, sem a existência de depósitos, funcionários, maquinário e qualquer logística, fica cabalmente evidenciado que tais empresas não tinham a menor condição de transacionar tão grande quantidade de café em grão. Com tal estrutura, a única atividade que era passível de ser realizada pelas pessoas jurídicas investigadas, certamente, era a venda e emissão de notas fiscais inidôneas, conforme sobejamente comprovado no curso do processo investigativo efetivado no âmbito das citadas operações. As provas colacionadas aos autos do citado processo nº 15983.720078/2012 47, colhidas no curso das citadas operações, evidenciam que as denominadas empresas “noteiras” eram empresas de “fachada ou laranja”, utilizadas apenas para simular operações fictícias de compra e venda de café em grão com os produtores rurais e empresas exportadoras e industriais. Em outras palavras, a fraude consistia na simulação simultânea de uma operação Fl. 1634DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.629 13 de compra dos produtores rurais, pessoas físicas, e outra de venda para as empresas exportadoras e industriais. A recorrente foi uma das principais beneficiárias desse esquema fraudulento, haja vista a grande quantidade de operações e as elevadas cifras envolvendo as aquisições do café em grão no período fiscalizado, conforme evidenciam a grande quantidade de notas fiscais “compradas” das citadas pessoas jurídicas, que se encontram relacionadas no Relatório de fls. 20022 e ss. do processo. As informações fiscais, respaldadas em fartos documentos obtidos e apreendidos durante as citadas operações, e os depoimentos de representantes de direito (“laranjas”), procuradores e de pessoas ligadas às empresas “noteiras”, colhidos durante a operação “Tempo de Colheita”, confirmam a participação dos compradores na fraude, dentre os quais a recorrente. Além dos trechos de depoimentos reproduzidos no citado TVF (fls. 19662 e ss.) merecem destaque alguns fatos apurados através de depoimentos nos diversos processos de inaptidão abertos contra as pessoas jurídicas fornecedoras de notas fiscais, que participaram da fraude. No citado TVF, de forma exaustiva e criteriosa, dentre os inúmeros depoimentos prestados pelos envolvidos no esquema, a fiscalização transcreveu aqueles mais relevantes, que, de forma congruente, confirmam o modus operandi, os mentores, os executores e os reais beneficiários da gigantesca fraude praticada contra Fazenda Nacional. O citado esquema de fraude também foi amplamente divulgada na grande imprensa do Estado do Espírito Santo. A título de exemplo, cabe citar a reportagem que se encontra colacionada aos autos deste processo (fls. 846/847), na qual, chamou a atenção deste Relator, a notícia da prisão de várias pessoas, dentre as quais, o representante da recorrente, o Sr. Fabrício Tristão. Assim, apresentado o contexto legal, o modus operandi e os intervenientes, participantes e mentores do esquema de fraude para apropriação ilícita de créditos das referidas contribuições, passase a analisar as alegações da recorrente. Da condição de adquirente de boafé. Na peça recursal em apreço, a recorrente alegou que não procedia a glosa parcial realizada pela fiscalização, sob o argumento de que era compradora de boa fé, com base em dois argumentos: a) não tinha conhecimento e nem participara do referido esquema de fraude; e b) desconhecia a situação de inidoneidade das denominadas empresas “noteiras” e havia comprovado a efetivação do pagamento do preço e o recebimento das mercadorias, em conformidade com disposto no parágrafo único do art. 82 da Lei 9.430/1996, a seguir transcrito: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do Fl. 1635DF CARF MF 14 preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Inicialmente, esclareçase que, no caso em tela, não há controvérsia em relação ao preço nem quanto ao pagamento e recebimento das mercadorias pela recorrente, uma vez que a própria fiscalização utilizou, como base de cálculo do crédito presumido, o preço consignado nas correspondentes notas fiscais emitidas pelas empresas denominadas “noteiras”, bem como informou que a recorrente havia comprovado os pagamentos e os recebimentos dos produtos. No caso em apreço, a glosa dos créditos deuse pela interposição fraudulenta de empresas de “fachada” ou empresas “laranjas”, utilizadas como intermediárias fictícias na compra de café em grão de pessoas físicas (produtores/maquinistas) e não pela falta de comprovação do pagamento e da efetiva entrega da mercadoria, como alegado pela recorrente. Portanto, a questão relevante para o deslinde da controvérsia não é a falta de comprovação do pagamento e da efetiva entrega das mercadorias, mas, em saber qual a real operação de compra e venda foi realizada pela recorrente, diante da referida fraude cometida e devidamente comprovada nos autos. Nesse sentido, as provas colhidas no âmbito das citadas operações, tais como os depoimentos prestados pelos corretores e produtores de café e maquinistas, corroborados pelas transferências eletrônicas de depósitos TED (fls. 19664 e ss.), evidenciam que a real operação de compra e venda foi a realizada entre o produtor rural, pessoa física, e a recorrente, que fora dissimulada com a intermediação das interpostas “pseudoatacadistas”. Da análise dos comprovantes de depósitos realizados pelos compradores finais do café em grão (indústria e exportadores) em favor das empresas “noteiras” verificase, como procedimento padrão, o depósito seguido da saída imediata dos recursos das contas bancárias, por meio de TED e cheques, muitos desses emitidos ao próprio titular da conta bancária, os produtores rurais. Esse procedimento comprova que as contas bancárias das empresas “noteiras” serviam apenas como estação de passagem dos recursos transferidos dos compradores (exportadores/indústrias) para os reais vendedores de café em grão, ou seja, produtor rural, pessoa física. Também cabe ressaltar o correto procedimento adotado pela fiscalização ao desconsiderar a operação simulada (aparente) e reconhecer a existência da operação dissimulada (camuflada), o que está em perfeita consonância o ordenamento jurídico do País, que reputa “nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma”, conforme expresso no art. 167 do Código Civil, a seguir transcrito: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. Fl. 1636DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.630 15 § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. (grifos não originais) Cabe ainda ressaltar que os documentos apresentados pela recorrente, para fim de comprovar o recebimento das mercadorias e efetivação do pagamento do preço do produto adquirido, revela a existência um procedimento padrão adotado por todas as pessoas jurídicas fraudadores, em que, para cada nota fiscal de compra, foram anexados cópias de (i) extratos de consulta ao CNPJ e SINTEGRA, realizada na mesma ou em data próxima a da compra, (ii) de fichas de compra e nota de cálculo e liquidação da operação, (iii) romaneio da carga; e (iv) aviso de débito em conta corrente ou cheque nominal em nome da emitente da nota fiscal. Esse procedimento uniforme dos fraudadores revela que se tratava de um esquema de fraude planejado e executado com esmero. Em outras palavras, conhecedora da legislação e orientada para dar a aparência da boa fé, as indústrias e exportadoras, em todas as operações de aquisição de café em grão guiado com nota fiscal de pessoa jurídica “noteira”, procediam (todas elas) da seguinte forma: a) verificava a situação cadastral da “noteira” perante a Receita Federal do Brasil, imprimindo a certidão negativa de débito expedida por este órgão; b) imprimia a situação cadastral da empresa perante o ICMS SINTEGRA; e b) efetuava o pagamento identificando a remetente dos recursos (indústrias/exportadoras) na conta bancária das “noteiras”. Nos presentes autos, não há dissenso em relação aos documentos colacionados aos autos pela recorrente, mas sobre o conteúdo que eles ostentam. Não se pode olvidar que as notas fiscais coligidas aos autos representam a verdade formal da operação de venda (a mera existência do documento). Do mesmo modo, a consulta aos cadastros do CNPJ e SINTEGRA prova apenas que a empresa estava cadastrada. Sabidamente, a inscrição regular em tais cadastros prova apenas a existência formal da pessoa jurídica. Também por essas razões, fica evidenciada ser desnecessária a realização de diligência, sugerida pela recorrente. Em relação a tais provas, cabe as seguintes indagações: no exercício da atividade de compra e venda de café em grão é prática normal que, em cada operação de compra, a compradora realize uma consulta prévia sobre a situação dos vendedores nos citados cadastros? Ademais, porque a recorrente somente muniuse das provas formais, que, aparentemente, comprovavam apenas a regularidade formal das supostas empresas fornecedoras perante os citados cadastros? No caso, embora tenha se revelado diligente com a obtenção de documentos que certificavam a regularidade formal da existência dos seus fornecedores, a mesma diligência não foi direcionada para fim de verificação da existência de fato, da idoneidade empresarial, da capacidade operacional e patrimonial das denominadas “pseudoatacadistas”. Nesse sentido, se a recorrente tivesse solicitado cópia dos contratos de constituição dos referidos fornecedores, prática normal no meio comercial quando há transações envolvendo altas cifras, induvidosamente, teria verificado que os sócios dos seus maiores fornecedores eram pessoas humildes, sem instrução, sem patrimônio e sem condições financeiras e conhecimento técnico para dirigir uma empresa atacadistas de café realizadora de milhares de operações de compra e venda do produto, com movimentação financeira, envolvendo milhões de reais. Pela mesma razão, se tivesse tido a precaução de pedir cópia dos demonstrativos contábeis dos referidos fornecedores, certamente teria constatado que todas elas não tinham patrimônio, funcionários e o mínimo de estrutura operacional para vender uma quantidade tão grande de café. Enfim, se tivesse solicitado as cópias da DIPJ dos seus grandes Fl. 1637DF CARF MF 16 fornecedores também teria confirmado que eles não tinham idoneidade fiscal para atuar no mercado atacadista do café e não passava de meras empresas de “fachada ou laranja”, cuja atividade restringiase a vender notas fiscais em troca de ínfimas quantias em dinheiro, que não passava míseros centavos. Entretanto, nada disso foi feito pela recorrente, que se contentou com a mera confirmação de que tais fornecedores tinham inscrição ativa no CNPJ e no SINTEGRA. E a obtenção de tais informações revelavamse por demais necessárias, dada a circunstância de que, em 22/10/2007, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória (DRF/VIT), havia dado início a denominada “Operação Tempo de Colheita”, para averiguar se as supostas pessoas jurídicas arroladas no processo investigatório atuavam efetivamente como empresas comerciais atacadistas de café. E o resultado final das investigações foi a descoberta de um grandioso esquema de venda de notas fiscais criado para possibilitar a apropriação ilícita de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, no montante de 9,25% sobre o valor indicado nas notas fiscais. Para comprovar que tais operações registradas nas citadas notas fiscais não passavam de mera simulação, a fiscalização colacionou aos autos do referido processo apenso fartas provas documentais e informações colhidas em depoimentos prestados por produtores rurais, corretores de café, representante legais (formais) das “pseudoatacadistas”, participantes do esquema de fraude, que demonstram que as aquisições do café não foram realizadas das denominadas “pseudoatacadistas”. Na verdade, tais empresas apenas forneciam as notas fiscais, para simular uma operação de compra e venda que, de fato, foi realizada entre os produtores rurais, pessoas físicas, não contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com o único e intencional propósito de gerar crédito integral das referidas contribuições em favor da recorrente. Além disso, a partir da leitura dos diversos depoimentos prestados pelos representante legais (formais) das “pseudoatacadistas” extraise que a recorrente não só sabia da fraude em comento, com se revela uma das beneficiárias do esquema, pois, segundo os citados depoimentos, condicionava a compra do café a intermediação e emissão das notas fiscais pelas “pseudoatacadistas”, o que deu origem a um mercado paralelo de venda de notas fiscais, em que era negociada ao preço variável de R$ 0,15 a R$ 0,30. Com base nessas constatações, fica evidenciado que não tem qualquer relevância se a inaptidão, o cancelamento ou a suspensão dos registros nos cadastras fiscais das referidas pessoas jurídicas inidôneas ocorreram antes ou após o período da apuração dos créditos, conforme alegou a recorrente, pois, restou demonstrado nos autos que todas as operações de aquisição do café em grão das citadas pessoas jurídicas foram feitas de forma fraudulenta, com único objetivo de apropriarse, ilicitamente, do valor integral dos créditos tributários das referidas contribuições. No recurso em apreço, apesar reconhecer a inidoneidade dos seus supostos fornecedores, a recorrente tenta assumir a posição de vítima do citado esquema fraudulento, conforme se extrai do excerto a seguir transcrito: Toda a demonstração de inidoneidade contida nos autos soa como um desvirtuamento da questão. Parece óbvio agora para a Recorrente que vários de seus fornecedores agiam ilegalmente. Ocorre que na época não era possível saber, até porque não fazia parte daquelas empresas, e nem mesmo a polícia ou a Receita Federal foram capazes de suspender ou desativar tais organizações, infelizmente, pois do contrário a Recorrente não teria sido vítima desta terrível situação. (grifo do original). Fl. 1638DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.631 17 Porém, ao contrário do alegado pela recorrente, as robustas provas coligidas aos autos comprovam que, em vez de vítima, ela foi ou poderia ter sido uma das compradoras beneficiada com o citado esquema de fraude, posto que, se não fosse pronta e eficiente intervenção da fiscalização da RFB, da Polícia Federal e do MPF, certamente, ela teria se apropriado ilicitamente de créditos fiscais nas cifras dos milhões de reais. A grande vítima desse esquema, certamente, foi a Fazenda Nacional, pois, além do prejuízo com o não recolhimento das contribuições devidas nas correspondentes operações de compra e venda fictícias, se não desbaratada a tempo a fraude em destaque, certamente, a União seria obrigada a ressarcir em dinheiro bilhões reais em créditos gerados ilicitamente. Outras vítimas desse malsinado esquema fraudulento foram os produtores rurais, que foram obrigadas a se submeter as determinações das poucas, mas poderosas empresas compradoras. Nos depoimentos prestados, eles revelaram desconhecimento da existência das empresas “pseudoatacadistas” (pessoas jurídicas “noteiras”), “usadas para guiar o café vendido” (expressão comumente usada para designar a empresa de fachada emitente da nota fiscal). De acordo com tais depoimentos, eles negociavam com uma determinada pessoa (corretor/corretora, maquinista ou até mesmo a empresa adquirente), porém, no momento da retirada do café, surgiam nomes desconhecidos de “empresas” para serem inseridos na nota fiscal do produtor. Os depoimentos prestados pelos corretores (fls. 19663 e ss.) e produtores de café e maquinistas (fls. 19676 e ss.) revelam que as empresas compradoras (exportadoras e indústrias de torrefação), dentre as quais a recorrente, não só tinha conhecimento da fraude, como foram as idealizadoras e incentivadoras da criação das empresas denominadas “noteiras”, constituídas por sócios “laranjas”, mas de fato administradas por procuradores da confiança das poderosas compradoras, detentores de amplos poderes de administração e controle total da movimentação financeira das empresas “laranjas”, usada apenas para dissimular os pagamentos aos produtores rurais e maquinistas, pessoas físicas. Em suma, há nos autos farta comprovação do esquema de interposição fraudulenta de empresas de “fachada”, utilizadas como intermediárias fictícias na compra de café de pessoas físicas (produtores/ maquinistas), com o evidente objetivo de se apropriar ilicitamente do valor integral dos créditos em questão. Dado esse contexto fáticoprobatório, chegase a conclusão que a recorrente não agiu como compradora de boa fé em todas as aquisições realizadas de pessoas jurídicas inidôneas. Ao contrário, os fatos relatados nos autos, respaldados no amplo acervo probatório colhido no âmbito das citadas operações, demonstram que a recorrente não só tinha conhecimento, como contribuiu, de forma efetiva, para criação e funcionamento do citado esquema de fraude, tendo dele se beneficiado ou tentado se beneficiar, mediante a apropriação indevida de créditos integrais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre aquisições simuladas das “pseudoatacadistas” de café em grão. Por todas essas razões, deve ser mantida a glosa integral da parcela dos créditos excedente ao valor do crédito presumido agropecuário, conforme determinado pela fiscalização e mantido nos julgamentos anteriores. Da utilização de presunções e provas produzidas no âmbito das operações “Tempo de Colheita”, “Broca” e “Robusta”. Fl. 1639DF CARF MF 18 A recorrente alegou que a fiscalização se baseara em meras presunções para negar o seu direito subjetivo de apropriarse do valor integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep. Sem a razão a recorrente. A glosa realizada pela fiscalização foi fundamentada no fato de que as notas fiscais de aquisição de café em grão, emitidas pelas denominadas empresas “noteiras”, representavam mera dissimulação da operação de compra do café em grão dos produtores rurais ou maquinistas, pessoas físicas, não contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep. E nesta condição, tais operações fazia jus apenas a parcela do crédito presumido agropecuário, previsto no art. 8º, § 3º, III, da Lei 10.925/2004. Esse procedimento fiscal encontrase respaldo em sólidos elementos de provas colhidos no âmbito das referidas operações, conforme anteriormente demonstrado. Logo, diferentemente do que alegou a recorrente, há sim provas robustas e idôneas, colacionadas aos autos, que comprovam que as notas fiscais apresentadas pela recorrente, para comprovar do aquisição do café em grão, diretamente das empresas “pseudoatacadistas”, na verdade, representam a real operação de compra do produto. Com efeito, tais provas demonstram que as referidas notas fiscais foram compradas no mercado negro de compra e venda do referido documento, artificialmente criado a partir do ano de 2002, com o único propósito de gerar ilicitamente crédito das citadas contribuições e fraudar o pagamento do Funrural. Também não procede a alegação da recorrente de que não há nos autos nenhuma prova idônea da sua participação no esquema de fraude em referência, pois, as próprias notas fiscais por ela colacionadas aos autos representam a prova cabal da sua participação no esquema e que, certamente, seria uma das principais beneficiárias, se não fosse revelada e comprovada a fraude, antes de proferida a decisão definitiva sobre os seus pedidos de ressarcimento. Além das referidas notas fiscais, as planilhas, mensagens eletrônicas e os diálogos do seu preposto, o Sr. Fabrício Tristão (fls. 19761 e ss.), reproduzidos no “Relatório de Análise de Mídia Apreendida” colacionados aos autos (fls. 1174/1192), extraído do computador da recorrente apreendido no curso da operação “Broca”, revelam que a recorrente tinha pleno conhecimento e participava, de forma efetiva, do citado esquema de fraude, bem como sabia que as empresas “noteiras” inexistiam de fato e não recolhiam ou recolhiam valores ínfimos de tributos. Por essas razões, rejeitase todas as alegações suscitadas pela recorrente, para manter a glosa integral da parcela dos créditos glosada pela fiscalização, calculada sobre as operações de aquisição de café em grão das denomindas pessoas jurídicas inidôneas ou “noteiras”. II.2 Da Glosa Parcial Dos Créditos Calculados Sobre as Aquisições de Café em Grão das Cooperativas de Produção Agropecuária. O motivo da glosa em apreço foi a falta de amparo legal para a recorrente apropriarse dos créditos calculados sobre o preço do café em grão adquirido das cooperativas de produção agropecuária ou agroindustrial. Independente do regime de apuração (se cumulativo ou não), as cooperativas de produção são detentoras de regra especial de apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Para tais pessoas jurídicas, há previsão legal de deduções específicas, tais como a previsão de excluir da receita bruta de venda os valores repassados aos Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.632 19 associados decorrentes da comercialização dos produtos por estes entregues à cooperativa, nos termos do art. 15, I, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir transcrito: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; [...] Em razão dessa previsão de dedução exclusiva das cooperativas de produção, com respaldo no art. 3º2, § 2º, II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que veda a apropriação de créditos nas aquisições de bens para revenda não sujeitas ao pagamento das referidas contribuições, entendeu a fiscalização que a recorrente não fazia jus aos créditos, totais ou parciais, relativos às operações de aquisição das cooperativas de produção, pelas razões relatadas no subitem 8.2 do citado TVF (fls. 19927/19928 do processo nº 15983.720078/2012 47), a seguir transcritas: 8.2 – ANÁLISE DAS COOPERATIVAS FORNECEDORAS DA OUTSPAN Foram encaminhadas intimações a inúmeras cooperativas, dentre as quais uma série delas fornecedoras da Outspan. Foi solicitado informações relativas à natureza de suas operações e aos procedimentos adotados na apuração das contribuições. Especificamente com relação às operações que deram origem aos créditos pleiteados pelo requerente. Como resultado, dessa análise, verificouse que diversas cooperativas só revenderam produtos adquiridos de cooperados e se valeram da faculdade de excluir da base de cálculo os valores repassados aos cooperados (“Documentos diversos – Outros – Respostas das Cooperativas”) – Nesse caso, inexiste direito ao crédito integral. Outras cooperativas informaram que venderam toda a sua produção com “suspensão do PIS e COFINS” – Aqui não existe o crédito integral, mas somente o crédito presumido calculado à razão de 35% da base de cálculo integral. Também não há direito à ressarcimento. 2 "Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 2º Não dará direito a crédito o valor:(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) [...]" Fl. 1641DF CARF MF 20 Um terceiro grupo de cooperativas informaram que parte pequena de suas aquisições são de não cooperados, mas que excluem da base de cálculo os repasses efetuados a seus cooperados. Nesse caso, analisamos as DACON dos períodos de interesse da presente fiscalização e calculamos um índice (Base de Cálculo das contribuições informada na DACON / Receita de vendas de mercadorias no mercado interno informada na DACON. Esse índice permite verificar o porcentual das receitas oferecido a tributação que que dá direito ao crédito de PIS/COFINS. Por exemplo, se determinada cooperativa informa uma base de cálculo correspondente a 10% de sua receita bruta no mercado interno, então somente 10% de suas vendas dão direito ao crédito integral, já que o restante da receita foi excluída da base de cálculo. Como resultado dessa análise, anexamos ao presente o Demonstrativo “Análise das Cooperativas” com o porcentual dos valores aproveitáves de diversas cooperativas fornecedoras da Outspan. Com base nesses esclarecimentos, verificase que a fiscalização atribuiu tratamento diferente aos créditos apropriados sobre as aquisições de grãos de café das cooperativas de produção, a saber: a) para as cooperativas que só revenderam grãos de café adquiridos dos seus cooperados, a totalidade dos créditos apropriados foi glosada, sob argumento de que não houve pagamento das contribuições, porque os valores repassados aos cooperados foram excluídos da base de cálculo; b) para as cooperativas que venderam toda a sua produção com suspensão das referidas contribuições, apenas a parcela do valor do crédito presumido (não passível de ressarcimento) foi reconhecido e a parcela excedente foi glosada; e e) para as cooperativas que tributaram parte de suas receitas correspondentes às aquisições de não cooperados, foi reconhecido o crédito integral em relação apenas às aquisições correspondentes ao percentual das receitas tributadas e os créditos remanescentes foram glosados. Previamente, cabe esclarecer que, no âmbito do regime não cumulativo, apropriação de créditos normais ou ordinários da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins restringese às situações e condições estabelecidas no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que não veda o aproveitamento de créditos pelo simples fato de o produto ou serviço ser adquirido de cooperativa, seja ela de produção ou não. Entretanto, há no art. 3º, § 2º, II, das referidas leis, expressa vedação a dedução de créditos nos casos de aquisição (i) de bens ou serviços não alcançados pela incidência das referidas contribuições ou sujeitos à alíquota 0 (zero) e (ii) de bens ou serviços isentos, neste caso, quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela incidência das citadas contribuições. Em regra, as receitas auferidas pelas cooperativas estão sujeitas ao pagamento das referidas contribuições. Dessa forma, o fato de as cooperativas serem contempladas com exclusões específicas da base de cálculo das referidas contribuições não Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.633 21 significa que as receitas por elas auferidas estejam fora do campo incidência ou beneficiadas com a isenção, suspensão ou redução de alíquota a 0 (zero) das referidas contribuições, o que impediria o aproveitamento de crédito por parte dos compradores de seus produtos, nos termos do art. 3º, § 2º, II, dos citados diplomas legais. Portanto, somente nos casos expressamente determinados em lei as receitas das cooperativas não estão sujeitas ao pagamento das referidas contribuições, em razão da não incidência, isenção, suspensão ou redução de alíquota a 0 (zero). O fato de as referidas pessoas jurídicas serem beneficiárias de determinadas exclusões da base cálculo das ditas contribuições, não previstas para as demais pessoas jurídicas, não implica que as receitas por elas auferidas estejam excluídas do campo de incidência ou não sujeitas ao pagamento dos referidos gravames. Até o final do anocalendário de 2011, enquanto vigentes os arts. 8º e 9º da Lei 10.925/2004, com a redação dada pela Lei 11.051/2004, as receitas de venda de café em grão para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real pelas cooperativas de produção agropecuária estavam, obrigatoriamente, submetidas ao regime de suspensão, nos termos do inciso III do referido art. 9º, combinado com disposto no art. 4º da Instrução Normativa 660/2006. E em relação a essas aquisições, as pessoas jurídicas compradores não estavam autorizadas a descontar créditos integrais calculados sobre as aquisições dos referidos produtos, mas apenas a parcela do valor do crédito presumido agropecuário, conforme previsto no art. 7º3 da referida Instrução Normativa. Para melhor compreensão do regime de tributação em comento, transcrevese a seguir o referido preceito legal: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1º do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) 3 Art. 7º Geram direito ao desconto de créditos presumidos na forma do art. 5º, os produtos agropecuários: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) I adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, com suspensão da exigibilidade das contribuições na forma do art. 2º; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) [...] Fl. 1643DF CARF MF 22 I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6º e 7º do art. 8º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) De outra parte, até o final do anocalendário de 2011, o disposto no art. 9º, § 1º, II, da Lei 10.925/2004, estabeleceu uma exceção para as receitas de venda de café em grão, submetido ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei 10.925/2004, pelas cooperativas de produção agroindustrial. Para essas operações, as receitas de venda auferidas pelas cooperativas estavam sujeitas a tributação normal ou ao pagamento das referidas contribuições. Em decorrência, as pessoas jurídicas adquirentes dos referidos produtos, submetidas ao regime não cumulativo, faziam jus ao valor do crédito integral das referidas contribuições, calculado sobre o preço das respectivas operações de aquisição. No mesmo sentido o entendimento apresentado no item 11 da Solução de Consulta Cosit 65/2014, a seguir parcialmente reproduzido: 11. Até o anocalendário de 2011, enquanto vigiam para o café os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925, de 2004, os exportadores de café não podiam descontar créditos em relação às aquisições do produto com as suspensões previstas nos incisos I e III do art. 9º. [...]. Por outro lado, havia direito ao creditamento nas aquisições de café já submetido ao processo de produção descrito nos §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, tendo em vista que sobre a receita de venda do café submetido a esta operação não se aplicava a suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art.9º, §1º, II, da Lei nº10.925, de 2004). Em suma, até o final do ano calendário de 2011, somente as receitas auferidas pelas cooperativas de produção agroindustrial, provenientes das operações de venda de café em grão, submetido ao processo de produção definido nos então vigentes §§ 6º e 7º do art. 8º da Lei 10.925/2004, estavam sujeitos a cobrança das referidas contribuições. A contrario sensu, as receitas das cooperativas de produção agropecuária decorrentes das operações de venda do café em grão, não submetidos ao referido processo de produção, para pessoas jurídicas do regime não cumulativo, obrigatoriamente, estavam submetidas ao regime de suspensão da cobrança das referidas contribuições, nos termos do caput do art. 9º da Lei 10.925/2004, portanto, não sujeitas ao pagamento das referidas contribuições. Cabe ressaltar ainda que o fato de as cooperativas de produção, em especial as de produção agropecuária, serem beneficiárias de deduções específicas, previstas no art. 15, I, da Medida Provisória 2.15835/2001, não significa que a receita bruta por elas auferidas na revenda dos produtos entreguemlhes pelos produtores associados não esteja submetida ao regime de tributação normal das referidas contribuições, ainda que, após o cômputo das referidas deduções, a base de cálculo não tenha valor positivo. Dito de outra forma, as deduções ou exclusões, ainda que tornem a base de cálculo zerada ou negativa, certamente, não têm o condão de transformar a correspondente receita bruta em receita não sujeita ao regime de tributação normal (ou ao pagamento) das referidas contribuições, que somente ocorre nos casos Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 15987.000237/200958 Acórdão n.º 3302004.617 S3C3T2 Fl. 1.634 23 de não incidência, isenção, suspensão ou redução de alíquota a 0 (zero), expressamente determinados em lei. Assim, diferentemente do entendimento da fiscalização, fica demonstrado que somente as operações de aquisição de café em grão das cooperativas de produção agropecuária, submetidas ao regime suspensão, mencionada alínea “b” acima, não era permitido às pessoas jurídicas compradoras, incluindo a recorrente, apropriaremse dos créditos integrais das referidas contribuições. De outra parte, como a própria fiscalização asseverou que as operações de aquisição de café em grão das demais cooperativas de produção agropecuária, mencionadas nas alíneas “a” e “c” acima, não foram feitas com a suspensão das cobranças das referidas contribuições, em consonância com o entendimento aqui esposado, a recorrente era assegurado o direito de apropriarse do valor integral dos créditos calculados sobre as respectivas operações de aquisição. Aqui será levado em conta, exclusivamente, as razões aduzidas pela fiscalização, sem adentrar no mérito se tais operações estavam ou não sujeitas ao regime suspensivo de cobrança das referidas contribuições. De todo modo, como não cabe a este Colegiado alterar os fundamentos da glosa apresentados pela fiscalização, em relação a essas operações de compra deve ser restabelecida a totalidade ou a parcela, conforme o caso, dos créditos glosados. Em relação às aquisições do “café cru em grão” das cooperativas de produção com suspensão da cobrança das referidas contribuições, a recorrente limitouse em alegar que se tratava de erro a ser apurado perante as respectivas cooperativas, que não podia ser oponível ao seu direito de apropriação do crédito integral. Não procede a alegação da recorrente, uma vez que as informações sobre a forma de tributação das receitas auferidas na venda do café em grão foram prestadas pelas próprias cooperativas, em resposta, ao pedido de esclarecimento da fiscalização. Além disso, se houve erro na prestação da referida informação, cabia a recorrente trazer aos autos a documentação adequada a comprovar a forma de tributação correta e não simplesmente alegar a ocorrência do erro, sem apresentar qualquer elemento probatório idôneo que infirmassem as informações prestadas pelas cooperativas à fiscalização. Com base nessas considerações, fica mantida a glosa da parcela dos créditos calculadas sobre as aquisições com suspensão das cooperativas de produção, relacionadas no subitem 8.2.2 do TVF (fl. 19929 do processo nº 15983.720078/201247). II.2 Da Atualização dos Créditos pela Taxa Selic Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. Fl. 1645DF CARF MF 24 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, fica demonstrada a improcedência da pretensão da recorrente no sentido de que a parcela do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep a lhe ser ressarcida fosse atualizada com base na variação da taxa Selic. III DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, votase por rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para restabelecer o direito de a recorrente apropriarse do valor integral dos créditos calculados sobre as aquisições do café em grão das cooperativas de produção agropecuária, submetidas ao regime de tributação normal da Contribuição para o PIS/Pasep, relacionadas nos subitens 8.2.1, 8.2.3 e 8.2.4 do TVF (fls. 19928/19931 do processo nº 15983.720078/201247, que se encontra a este apenso). (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1646DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912126/2012-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.840
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-08-11T20:30:05Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-08-11T20:30:05Z; Last-Modified: 2017-08-11T20:30:05Z; dcterms:modified: 2017-08-11T20:30:05Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-08-11T20:30:05Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-08-11T20:30:05Z; meta:save-date: 2017-08-11T20:30:05Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-08-11T20:30:05Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-08-11T20:30:05Z; created: 2017-08-11T20:30:05Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2017-08-11T20:30:05Z; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-08-11T20:30:05Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.912126/201251 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.840 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria Restituição. Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 26 /2 01 2- 51 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.867, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912126/201251 Acórdão n.º 3301003.840 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11762.720024/2015-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 13/02/2012
DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA E IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIROS.
Por disposição do § 2º, do artigo 11 da Lei 11.281/2006, a operação de importação feita por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado, realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na IN SRF Nº 634/2006, presume-se por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.158-35, de 2001.
DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA.
Conforme previsão legal contida no § 3º do artigo 23, V, do Decreto 1.455/1976, considera-se dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE. EFEITOS. Conforme o art. 95, do Decreto-lei nº 37/66, responde pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, por intermédio de pessoa jurídica importadora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.355
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Por disposição do § 2º, do artigo 11 da Lei 11.281/2006, a operação de importação feita por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado, realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na IN SRF Nº 634/2006, presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 2001. DANO AO ERÁRIO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. NÃO LOCALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS. CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO EM MULTA. Conforme previsão legal contida no § 3º do artigo 23, V, do Decreto 1.455/1976, considerase dano ao Erário a ocultação do real adquirente da mercadoria, sujeito passivo na operação de importação, infrações puníveis com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE. EFEITOS. Conforme o art. 95, do Decretolei nº 37/66, responde pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 00 24 /2 01 5- 78 Fl. 663DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata o presente processo de crédito tributário lançado através de Auto de Infração, lavrado em 08/04/2015, em face da Recorrente em epígrafe, formalizando a exigência de multa equivalente ao valor aduaneiro (100% do valor aduaneiro) e duas multas regulamentares, totalizando o valor de R$ 490.339,97, em virtude dos fatos a seguir descritos. As Declarações de Importação (DI) nº 12/02728091 e 12/09743460, objeto do presente Auto de Infração, foram registradas em nome da empresa BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA. O procedimento fiscal n.° 0715400/2013/002110, referente à pessoa jurídica BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA., CNPJ n.° 10.627.051/000100, que resultou no PAF n.° 11762720054/201401, demonstrou que aquela empresa efetuou operações de comércio exterior em nome próprio, com recursos de terceiros, ocultando estes ao Fisco, caracterizando assim a típica interposição fraudulenta de pessoas (auto de infração e termo de verificação do PAF nº 11762720054/201401, e anexos 01, 02, 03, 06 e 07 do citado PAF). Naqueles autos, restou comprovado que, embora BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA., doravante denominada BRASALES, promovesse a importação de produtos em nome próprio, efetivamente registrando as declarações de importação (DI) e aparentando legalidade em suas operações, agia para ocultar do Fisco os reais adquirentes das mercadorias, dentre os quais ZHOU LIFEN EPP, CNPJ n.° 06.244.223/000180. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, nº 16057.298, de 15/12/2015, prolatada pela 11ª Turma da DRJ em São Paulo (SP), a seguir transcrito (fls. 562/610): "(...) A ação fiscal n.° 0715400/2013/002110, que culminou no PAF n.° 11762720054/201401, englobou a fiscalização não somente da própria empresa, mas também diligências a seus principais clientes. Ao longo de quase seis meses, a BRASALES apresentou documentação pertinente e prestou, ainda, depoimento em Fl. 664DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 664 3 entrevista (DOCs 01 a 03 originários do PAF 11762.720054/201401). Duas constatações destacaramse como resultado da ação fiscal n.° 0715400/2013/002110: a) BRASALES não conseguiu comprovar a origem dos recursos que utilizou em suas operações de comércio exterior. Por este motivo, foi feita representação fiscal para fins de inaptidão de seu CNPJ, com fundamento no artigo 81 da Lei n.° 9.430/96; e b) BRASALES operou ocultando reais adquirentes das mercadorias que importava, por isso sujeitouse quanto aos adquirentes identificados, tal como é o presente caso à multa prevista no art. 33 da Lei n.° 11. 488/07, formalizada no processo n.° 11762 720054/201401. Competindo à presente ação fiscal verificar a interposição fraudulenta envolvendo ZHOU LIFEN EPP, CNPJ n.° 06.244.223/000180. Foi autuado pelo presente Auto de Infração como Responsável Solidário a empresa BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA, CNPJ n.° 10.627.051/000100. A empresa ZHOU LIFEN EPP foi cientificada do auto de infração, por edital, em 04/05/2015 (fls. 514). A empresa BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA foi cientificada do auto de infração, via Aviso de Recebimento, em 04/05/2015 (fls. 520). A empresa BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA protocolizou impugnação, tempestivamente em 21/05/2015, na forma do artigo 56 do Decreto nº 7.574/2011, de fls. 525 à 538, instaurando assim a fase litigiosa do procedimento. O impugnante alegou que: PRELIMINARMENTE ⊙ A NULIDADE DO MPF n° 07154 2013002110 De início cabe destacar que a BRASALES sofreu severa fiscalização, com base no MPF n° 071542013002110, que culminou em lavratura de elevado auto de infração contra si. Com base nas conclusões obtidas naquele MPF, foram iniciados outros procedimentos de fiscalização nos clientes da ora impugnante, dos quais se lavraram autos de infração indicando a BRASALES como coresponsável, sendo o presente auto um deles. Ocorre que, tendo em vista que o MPF n° 071542013002110 não possuía a motivação necessária à inclusão da Impugnante no procedimento especial de fiscalização a que fora submetida, a BRASALES teve de socorrerse ao Poder Judiciário para que fossem respeitados seus direitos. Isso posto, foi prolatada sentença nos autos do processo n° 005104509.2013.4.01.3400, em trâmite perante a Justiça Fl. 665DF CARF MF 4 Federal do Distrito Federal, na qual declarouse “a nulidade do procedimento administrativo especial contra BRASALES COMERCIO EXTERIOR LTDA (MPF n° 071542013002110)”. Portanto, tendo em vista que a motivação do presente auto de infração é justamente o MPF supracitado, em atenção à teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual a existência de vício em uma prova contamina todas as outras que dela se originaram, deve ser declarada a nulidade da presente autuação. NO MÉRITO Conforme exposto acima, a Impugnante foi autuada por supostamente ter sido interposta de maneira fraudulenta em suposta importação realizada por encomenda. De acordo com o Relatório do Auto de Infração, um dos indícios que apontam para a prática da suposta fraude é o fato de que as mercadorias importadas e desembaraçadas pela Impugnante nas Dl’s relacionadas foram integralmente transferidas para a ZHOU, o que indicaria, em tese, acordo prédeterminado entre as duas empresas. Alega, também, o curto espaço de tempo entre o desembaraço das mercadorias e sua efetiva transferência para a ZHOU. Pois bem. Com a devida vênia, através da descrição do modus operandi da Impugnante; demonstraremos ser perfeitamente possível a transferência dos produtos importados em curto espaço de tempo, sem que isto descaracterize a importação por conta própria. O que caracteriza e diferencia a importação por conta própria das demais espécies é o fato de que, enquanto na primeira a operação é feita por iniciativa do importador, nas duas últimas a importação é realizada a pedido de terceiro, na condição de adquirente ou encomendante. Entretanto, nada impede que as mercadorias importadas por conta própria sejam comercializadas. A lei não proíbe que as tratativas relacionadas à alienação das mercadorias nacionalizadas sejam feitas a partir do momento em que é realizada a operação de comércio internacional. E isto é o que corriqueiramente se verifica na prática. Durante o período de tempo relativo ao transporte das mercadorias para o Brasil, as importadoras buscam possíveis compradores para bens importados, de forma que, uma vez em solo brasileiro e devidamente desembaraçados, seguem ato contínuo para seus adquirentes. Conforme afirmou o administrador da empresa Impugnante, Sr. Paulo Sales, em interrogatório realizado nos autos do MPF n° 071542013002110, o tempo médio entre a aquisição das mercadorias no exterior e sua efetiva entrada em território nacional era de, aproximadamente, 60 dias, tempo este mais que suficiente para se ofertar os produtos no mercado nacional e identificar potenciais compradores. Fl. 666DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 665 5 Neste lapso temporal, o importador, que realizou a referida operação com seus recursos, assumindo todo o risco da negociação, vai ao mercado buscar compradores que se interessem em adquirir as mercadorias ao tempo estas cheguem em nossos portos. Ora, tal fato em nada desnatura a importação por conta própria, pois, somente se verificaria fraude na importação se, desde a data da compra das mercadorias no exterior, já houvesse destinatário final prédeterminado no Brasil, o que não ocorreu no caso em tela. A questão, assim, fica reduzida ao momento em que ocorre a encomenda: a) na compra de mercadorias no exterior, o que caracterizaria importação por conta e ordem de terceiro ou por encomenda; ou b) no desembaraço das mercadorias no Brasil. Transcreve trecho extraído do sitio da internet da Receita Federal do Brasil. http://www.receita.fazenda.gov.br/TextConcat/Default.asp?Pos= 2&Div= Aduana/ContaOrdemEncomenda/Encomenda/, consulta realizada em 21/11/2014 as 17:54. Transcreve o artigo 1º da Instrução Normativa SRF n° 634/06. Assim, com certeza absoluta, concluise que a encomenda ocorre quando uma empresa adquire mercadorias no exterior para atender conhecido encomendante, é o que diz a Receita Federal e a norma legal que regula essa modalidade de importação. Não há, em todo aparato probatório juntado aos autos, qualquer prova ou indício que indique que a ZHOU realizou a encomenda previamente à Impugnante, pelo que qualquer suposição neste sentido revelase não somente leviana, mas principalmente falsa, por não condizer com a verdade dos fatos. Não há qualquer prova, sequer indícios, que apontem para uma importação por encomenda, sendo que, para afirmar tal prática, a Receita deveria ter juntado provas de que as mercadorias foram negociadas em momento anterior à sua compra no exterior, e não em relação ao desembaraço aduaneiro, como o fez no presente auto de infração. Isto porque a Impugnante negocia os produtos que importa por meio de venda, preferencialmente, de lotes fechados, com vistas a baratear o preço final da operação, uma vez que, naturalmente, bens comprados em grandes quantidades são negociados por valores menores. Esta, inclusive, é a estratégia comercial adotada pela Impugnante, com vistas a oferecer preços mais atrativos e conquistar fatia do mercado. Portanto, o fato de as mercadorias terem sido vendidas, em lote fechado, um ou dois dias após serem desembaraçadas, e a ZHOU ter comprado a totalidade das mercadorias nacionalizadas Fl. 667DF CARF MF 6 através das referidas Dl’s, em nada comprovam a existência de qualquer ilegalidade na referida operação de compra e venda, apenas o bom desempenho de seu mister. Junta textos da jurisprudência administrativa: (ACÓRDÃO N° 1752151 de 07 de Julho de 2011); (ACÓRDÃO N° 1754134 de 22 de Setembro de 2011). A autoridade fiscal aponta ainda como suposto indício, o fato de a Impugnante não possuir local para depósito das mercadorias por ela importadas. Por derradeiro, a autoridade fiscal alega ainda que a Impugnante não logrou êxito em comprovar a origem dos recursos utilizados em suas operações de comércio exterior. No que diz respeito aos recursos empregados, estes foram devidamente relacionados quando da fiscalização sofrida pela BRASALES (MPF n° 071542013 002110), a qual foi declarada NULA por decisão judicial, conforme destacado em preliminar, de forma que, por não haver qualquer prova que embase a alegação de interposição fraudulenta de terceiros, a presente fiscalização desconsiderou a contabilidade da Impugnante, com vistas a imputála a presunção da referida prática, sem o devido embasamento. Feitos os esclarecimentos acima, é imperioso ressaltar que não houve, bem como não há nos autos, qualquer prova da alegada prática de simulação, fato este imprescindível para a configuração da interposição fraudulenta de terceiros, punível com pena de perdimento. Junta textos da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: (ACÓRDÃO: 3402002.275 Data de publicação: 23/07/2014); Logo, resta clara a impropriedade da presente autuação, motivo pelo qual deve ser desconstituído o presente auto de infração. DO PEDIDO Em vista do acima exposto, REQUER a esta colenda turma que acate a preliminar para anular o auto de infração, haja vista que assim decidiu o Poder Judiciário, tendo tornado sem efeito o MPF que acobertou o procedimento fiscal originário desta autuação. No mérito, REQUER seja julgada PROCEDENTE sua peça de defesa, desconstituindose o Auto de Infração ora combatido e exonerada a totalidade do crédito lançado em face da Contribuinte, haja vista que de fato não houve qualquer encomenda prévia à compra. É o Relatório. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: Fl. 668DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 666 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 13/02/2012 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. O objetivo pretendido pelos interessados atentou contra a legislação do comércio exterior por ocultar o real adquirente das mercadorias estrangeiras e consequentemente afastálo de toda e qualquer obrigação cível ou penal decorrente do ingresso de tais mercadorias no país. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. A aplicação da pena de perdimento não deriva da sonegação de tributos, muito embora tal fato possa se constatar como efeito subsidiário, mas da burla aos controles aduaneiros, já que é o objetivo traçado pela Receita Federal do Brasil possuir controle absoluto sobre o destino de todos os bens importados por empresas nacionais. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte A empresa ZHOU LIFEN EPP, foi cientificada da decisão DRJ, por Edital, que foi publicado no DOU em 25/02//2016 (cópia fls. 615). Vejase: "(...) CIENTIFICA o contribuinte abaixo identificado do Acórdão n.º 16 070.676, da 23ª Turma DRJ/ SPO, que manteve em parte o lançamento efetuado através do auto de infração n.º de controle 0816500/01333/14". A empresa BRASALES Comércio Exterior Ltda, da mesma forma foi cientificada da decisão DRJ, por Edital, que foi publicado no DOU nº 37, quinta feira, em 25/02//2016 (cópia fls. 616). Não consta dos autos a interposição de Recurso Voluntário por parte da empresa ZHOU LIFEN EPP. A Recorrente BRASALES, autuada como responsável solidária, apresentou seu recurso em 12/04/2016, conforme a data da assinatura do RV e também no carimbo de postagem via Sedex/Correios (doc. fls. 641/643 e 658) Fl. 669DF CARF MF 8 Quanto a Recorrente BRASALES, em seu recurso, reforça os argumentos de sua impugnação, com as seguintes razões, em resumo: (i) PRELIMINARMENTE, alega a NULIDADE do MPF. Tendo em vista a declaração, pela Justiça Federal do Distrito Federal, de nulidade do MPF n° 07154201300211 0, em virtude de não possuir a motivação necessária à inclusão da recorrente no procedimento especial de fiscalização, e mediante a utilização da teoria dos frutos da árvore envenenada, o presente processo é ilegal por derivação, uma vez que sem a fiscalização (com destaque para a presunção de interposição fraudulenta supracitada) a que fora submetida a BRASALES, o presente processo jamais teria se iniciado. Portanto, tendo em vista que a motivação para o início do presente auto de infração é justamente o MPF supracitado, em atenção à teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous free), segundo a qual a existência de vício em uma prova contamina todas as outras que dela se originaram, deve ser declarada a nulidade da presente autuação. (ii) No MÉRITO, aduz que deve ser novamente ressaltado, neste ponto, o fato de a suposta interposição fraudulenta ter sido "comprovada", em sua forma presumida, no PA n° 11762720054/201401, ainda pendente de julgamento (conforme andamento processual; (iii) por uma questão de lógica, qual seria a necessidade de realizar uma importação mediante interposição fraudulenta para se adquirir cargas de canetas esferográficas, que são encontradas com extrema facilidade no mercado nacional; (iv) destacase que não há, em todo aparato probatório juntado aos autos, qualquer prova ou indicio que indique que a ZHOU realizou a encomenda previamente à recorrente, pelo que qualquer suposição neste sentido revelase não somente leviana, mas principalmente falsa, por não condizer com a verdade dos fatos. (v) não há qualquer prova, sequer indícios, que apontem para uma importação por encomenda, sendo que, para afirmar tal prática, a Receita deveria ter juntado provas de que as mercadorias foram negociadas em momento anterior à sua compra no exterior, e não em relação ao desembaraço aduaneiro, como o fez no presente auto de infração. (vi) resta clara a impropriedade da presente autuação, uma vez que se está diante de uma compra e venda realizada no mercado interno e sem qualquer relação com a operação de importação ("mero comprador"), motivo pelo qual deve ser desconstituído o presente auto de infração. Em vista do exposto, REQUER que acate a preliminar para anular o auto de infração, haja vista que assim decidiu o Poder Judiciário, tendo tornado sem efeito o MPF que acobertou o procedimento fiscal originário desta autuação e no mérito, seja julgada PROCEDENTE sua peça de defesa, desconstituindose o Auto de Infração e exonerada a totalidade do crédito lançado. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra – Relator 1. Da admissibilidade dos recursos Fl. 670DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 667 9 Dada a hipótese de solidariedade na responsabilidade por infração à legislação aduaneira apontada na autuação fiscal, as razões de contestação apresentadas por um dos acusados em princípio aproveitam ao outro autuado, com exceção de eventuais alegações de caráter pessoal que possam importar na caracterização de dolo específico. Conforme relatado, o Edital de notificação da Recorrente BRASALES foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) nº 37 Seção 3, em uma quinta feira, data de 25/02/2016, conforme se verifica na cópia do DOU à fl. 616. O art. 23, IV, do Decreto nº 70.235/72, estabelece que se considera efetuada a intimação 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. Portanto, o décimo quinto dia contado da publicação do Edital (data de 25/02/2016) foi 11/03/2016 (uma sexta feira); desta forma, devese contar o prazo a partir de segunda feira (14/03/2016) primeiro dia útil, data na qual se deve considerar o contribuinte intimado do acórdão de primeira instância (considerandose que o mês de fevereiro de 2016 teve 29 dias). Desta forma, o prazo de 30 dias para apresentação de recurso começou a fluir em 14/03/2016, expirando em 12/04/2016. Tendo em vista que o recurso foi apresentado em 12/04/2016 (fl. 641 e assinatura do recurso fl. 658), ele deve, portanto, ser tomado como TEMPESTIVO e dele tomase conhecimento. Posto isto, passo ao exame de admissibilidade do recurso voluntário apresentado pela BRASALES, uma vez que a autuada ZHOU LIFEN EPP, apesar de ter sido regularmente intimada por Edital, não apresentou seu recurso voluntário (já não havia apresentado sua impugnação). 2. Objeto da lide A ação fiscal, teve por objeto a apuração de ilícitos tributários praticados pela empresa BRASALES, sendo, para tanto, realizadas diligências em seus principais clientes no Estado do Rio de Janeiro. Naquela ocasião apresentou documentos e registros contábeis, cópias das declarações de importações (DI), extratos bancários, demonstrativos de quitações de vendas, bem como prestou depoimentos atendendo a intimações. No caso sob exame, foi lançado, com amparo no MPF n.º 0816500/2014/013335, referente a ZHOU LIFEN EPP o crédito tributário decorrente das seguintes penalidades: a) prevista no artigo 689, inciso XXII, parágrafo 1.º, do Decreto n.º 6.759/09, que corresponde à conversão em multa do valor aduaneiro declarado das mercadorias importadas pelas referidas DIs, as quais não foram localizadas (Decretolei n.º 1.455/76, artigo 23, inciso V, parágrafos 1.º, 2.º e 3.º), no valor de R$ 300.339,96; b) prevista no artigo 728, inciso IV, alínea 'b', do Decreto n.º 6.759/09, o que resulta em R$ 185.000,00, considerando o descumprimento da obrigação de guardar a escrita fiscal a partir da data de registro da DI n.º 12/02728091 (fevereiro de 2012) até o vencimento da intimação regularmente feita, março de 2015; c) prevista no artigo 728, inciso IV, alínea 'c' do Decreto n.º 6.759/09, o que resulta no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais). Fl. 671DF CARF MF 10 A DRJ/SPO, afastou a multa de R$ 5.000,00. tipificada no artigo 728, inciso IV, alínea 'c' do Decreto n.º 6.759/09 de ambas as empresas autuadas e afastou também a multa de R$ 185.000,00, tipificada no artigo 728, inciso IV, alínea 'd' do Decreto n.º 6.759/09 da empresa BRASALES, mantendo o Crédito Tributário aqui discutido no valor de R$ 485.339,97. No caso dos autos, é ponto incontroverso que as Declarações de Importação nº 12/02728091 e 12/09743460, objeto do presente Auto de Infração, foram registradas em nome da empresa BRASALES. No entanto, restam dois pontos sob discussão neste recurso: (i) quanto a nulidade do Mandado de Procedimento Fiscal n° 071542013 002110, e (ii) a prática de interposição fraudulenta de terceiros na operação de importação em análise daquelas DIs. 3. Preliminar de nulidade do MPF n° 071542013 002110 Alega a BRASALES em seu recurso que, "(...) Tendo em vista a declaração, pela Justiça Federal do Distrito Federal, de nulidade do MPF n° 071542013002110, em virtude de não possuir a motivação necessária à inclusão da recorrente no procedimento especial de fiscalização, e mediante a utilização da teoria dos frutos da árvore envenenada, o presente processo é ilegal por derivação, uma vez que sem a fiscalização (com destaque para a presunção de interposição fraudulenta supracitada) a que fora submetida a BRASALES, o presente processo jamais teria se iniciado". "Portanto, tendo em vista que a motivação para o início do presente auto de infração é justamente o MPF supracitado, em atenção à teoria dos frutos da árvore envenenada (...), segundo a qual a existência de vício em uma prova contamina todas as outras que dela se originaram, deve ser declarada a nulidade da presente autuação". Consta dos autos, a prolatada sentença no processo judicial n° 0051045 09.2013.4.01.3400, tramitada perante a 22ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, na qual declarouse “a nulidade do procedimento administrativo especial contra BRASALES COMERCIO EXTERIOR LTDA (MPF n° 071542013002110)”, conforme se denota de decisão em anexo. Abaixo transcrevese o Dispositivo da Sentença: "III DISPOSITIVO Ex positis, com supedâneo nas razões e fatos suso colacionados, resolvo o mérito, com base no art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil e julgo PROCEDENTE o pedido formulado na inicial para declarar a nulidade do procedimento administrativo especial contra BRASALES COMERCIO EXTERIOR LTDA (MPF n° 07142013002110), de maneira que a fiscalização siga nos moldes ordinários, sem a automática seleção das cargas importadas para o “canal cinza” nem a irrestrita exigência de depósito garantia". (Grifo e negrito nossos) Como se vê, o pleito da BRASALES era o de obstaculizar os efeitos da ação fiscal sob a alegação de que a empresa importadora já havia sido submetida a um procedimento especial de fiscalização anterior, com base na mesma Instrução Normativa n° 228, de 2002. Percebese que o pedido da Recorrente ao Juízo foi plenamente satisfeito, haja vista que tal se restringia, consoante relatório da Sentença, ao prosseguimento da fiscalização em curso contra a autora, MPF nº 07142013002110, em moldes ordinários, ou seja, sem a irrestrita exigência de depósito garantia e sem a automática seleção de cargas importadas para o canal cinza. Ora, não é difícil concluir que a matéria decidida em âmbito judicial não tem qualquer relação com a ação fiscal da qual são decorrentes os lançamentos Fl. 672DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 668 11 tributários ora em julgamento, fato que nos permite concluir que aquela sentença em nada obsta à continuação do julgamento em questão, nem criva a respectiva ação fiscal de nulidade. O objeto do procedimento especial de fiscalização estipulado na Instrução Normativa n° 228/02, são para averiguar indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira da empresa importadora (art. 1º); já o objeto da presente ação fiscal é a ocultação do sujeito passivo pelo importador em relação aos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros. Ou seja, o dispositivo da sentença exarada no processo n° 0051045 09.2013.4.01.3400, faz a seguinte observação: "(...) de maneira que a fiscalização siga nos moldes ordinários". O objeto do presente Auto de Infração não diz respeito à procedimentos atinentes ao desembaraço aduaneiro entrega das mercadorias na importação condicionada à prestação de garantia, mas sim, diz respeito à: (i) constatação pela fiscalização de uma conduta ilícita por parte do importador a ocultação do sujeito passivo conduta tipificada no inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76 e (ii) aplicação de uma sanção a multa equivalente ao valor aduaneiro (100% do valor aduaneiro) em substituição à pena de perdimento (§3º, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76). Por fim, também se verifica que o processo n° 0051045 09.2013.4.01.3400, em trâmite na 22ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, faz referência ao MPF n° 0714 2013002110, enquanto que o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) que embasa o presente ação fiscal é o MPF n.º 0816500/2014/013335. Portanto, os efeitos da respeitável sentença exarada (Ação Judicial n° 0051045 09.2013.4.01.3400), em nada obsta a exigência do presente Auto de Infração, não havendo que se falar em nulidade. 4. Da prática de interposição fraudulenta de terceiros importação O ato jurídico, objeto da presente análise, é justamente a operação de importação maculada pela prática de interposição fraudulenta de terceiros. Portanto, tratase de um ilícito aduaneiro. O ato de se interpor em operação de importação, pressupõe necessariamente a existência de dois participes: 1. O importador, que é aquele que se apresenta às autoridades aduaneiras como responsável pela nacionalização da mercadoria (deve estar devidamente HABILITADO no Sistema SISCOMEX e o RADAR, e é aquele que efetua o registro da Declaração de Importação em seu nome); e 2. O sujeito passivo oculto, ou responsável pela operação de importação (aquele que se vale do importador para obter a nacionalização da mercadoria à margem dos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros). O sujeito passivo oculto é aquele que não pode ou não quer promover a operação de importação em seu próprio nome. Por isso se vale outro (o importador ) para obter produto importado no mercado interno. A legislação aduaneira prevê duas formas de identificar o terceiro (REAL COMPRADOR no mercado interno) responsável pela importação: (i). modalidade de Fl. 673DF CARF MF 12 "importação por conta e ordem de terceiros"; e (ii). modalidade de "importação por encomenda". Não se valendo dessas duas modalidades de importação, fica caracterizada a situação em que o REAL COMPRADOR no mercado interno (sujeito passivo oculto) obtém a nacionalização do bem importado, por intermédio do importador interposto, sem a adoção formas previstas na legislação aplicável, permanecendo à margem dos órgãos responsáveis pelos controles aduaneiros. Há duas formas de constatação da prática de interposição fraudulenta de terceiros: 1. Prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros (Ocultação), mediante a demonstração por parte da fiscalização, de quem é de fato o real sujeito passivo beneficiado, e 2. a Prática presumida da interposição fraudulenta de terceiros. A caracterização da prática efetiva de interposição fraudulenta de terceiros pode ocorrer através de diversos elementos, tais como: (a) a destinação integral e imediata das mercadorias importadas; (b) o conhecimento prévio ao registro da DI do destinatário das mercadorias importadas; (c) rotulagem das mercadorias importadas com sinais de identificação do adquirente (logotipo, marcas etc.); (d) especificidade das mercadorias que são importadas para um único adquirente, ou conjunto restrito de adquirentes, de tal forma que a importação não poderia ser realizada para posterior comercialização no mercado interno. Tornase importante que se compreenda um ponto chave na consolidação da legislação de combate a interposição fraudulenta de terceiros em operações de comércio exterior e que servirá para o adequado deslinde do caso ora em análise: o artigo 27 da Lei n° 10.637/02 e a IN SRF nº 225, de 18 de outubro de 2002, responsáveis pela definição, previsão e regulamentação da modalidade de Importação por “conta e ordem”, assim como o artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 e a IN SRF nº 634/2006, responsáveis pela definição, previsão e regulamentação da modalidade de Importação por “encomenda” (não criam qualquer conduta infracional). Caracterizada a prática de qualquer uma dessas duas modalidades de Importação, sem a adoção dos respectivos procedimentos previstos para a adequada identificação do adquirente ou do encomendante no mercado interno, resta configurada a ocultação do sujeito passivo (real beneficiário da importação) pelo importador interposto. Coube ao artigo 59 da Lei n° 10.637/02, normatizar o conceito de interposição fictícia de pessoas para a área aduaneira, denominandoo de interposição fraudulenta de terceiros. O referido artigo alterou a redação do artigo 23, do DecretoLei nº 1.455, de 07 de Abril de 1976, que define as infrações que causam dano ao Erário, acrescentandolhe o inciso V, além de quatro novos parágrafos. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Fl. 674DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 669 13 § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Para uma adequada análise, partese do conceito normativo da importação por conta e ordem de terceiros, que foi disciplinada pelos artigos 80, 81 da Medida Provisória n° 2.158/0135 e artigo 29 da Medida Provisória n° 66/2002, regulamentada pela Instrução Normativa SRF nº 225, de 18 de outubro de 2002, com definição jurídica dada pelo artigo 27 da Lei n° 10.637/02, que autoriza a seguinte presunção: denominar de importação por conta e ordem de terceiros a importação realizada mediante utilização de recursos de terceiros. Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2 001. Por outro giro, a Recorrente (BRASALES) alega em seu recurso, indagando as seguintes questões: "(...) por uma questão de lógica, qual seria a necessidade de realizar uma importação mediante interposição fraudulenta para se adquirir cargas de canetas esferográficas, que são encontradas com extrema facilidade no mercado nacional"; "(...) destacase que não há, em todo aparato probatório juntado aos autos, qualquer prova ou indicio que indique que a ZHOU realizou a encomenda previamente à recorrente, pelo que qualquer suposição neste sentido revelase não somente leviana, mas principalmente falsa, por não condizer com a verdade dos fatos". "(...) não há qualquer prova, sequer indícios, que apontem para uma importação por encomenda, sendo que, para afirmar tal prática, a Receita deveria ter juntado provas de que as mercadorias foram negociadas em momento anterior à sua compra no exterior, e não em relação ao desembaraço aduaneiro, como o fez no presente auto de infração". "(...) resta clara a impropriedade da presente autuação, uma vez que se está diante de uma compra e venda realizada no mercado interno e sem qualquer relação com a operação de importação ("mero comprador"), motivo pelo qual deve ser desconstituído o presente auto de infração". Pois bem. No Relatório de Fiscalização (fls. 12/48), restou consignado que a ação fiscal n.º 0715400/2013/002110, referente à pessoa jurídica BRASALES, resultou no PAF n.º 11762720054/201401, e demonstrou que aquela empresa efetuou operações de comércio exterior em nome próprio, com recursos de terceiros, ocultando estes ao Fisco Federal, caracterizando assim a típica interposição fraudulenta de pessoas (Anexos 01 e 02, respectivamente auto de infração e termo de verificação do PAF 11762720054/201401,e documentos 01, 02, 03, 06 e 07 do citado PAF). Informa que, naqueles autos, restou Fl. 675DF CARF MF 14 comprovado que, embora a BRASALES promovesse a importação de produtos em nome próprio, efetivamente registrando as declarações de importação e aparentando legalidade em suas operações, em verdade assim agia para ocultar ao Fisco os reais adquirentes daqueles produtos, dentre os quais ZHOU LIFEN EPP, CNPJ n.º 06.244.223/000180. Verificase ainda que, em decorrência do julgado do PAF nº 11762.720055/201448 (representação efetuada pelo Fisco), foi publicado no Diário Oficial da União em 06/11/2014, o Ato Declaratório Executivo nº 182, de 04 de novembro de 2014, da Inspetoria da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro, o qual declarou a inaptidão do CNPJ da BRASALES, considerando que esta não comprovou a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência de recursos empregados em operações de comércio exterior, nos termos do artigo 37, inciso III da IN RFB nº 1.470/2014, e, a inidoneidade dos documentos fiscais por ela emitidos, os quais não produzirão efeitos tributários a favor de terceiros interessados, a partir de 03/12/2009. No caso sob análise, foram identificadas as seguintes DI e NFe, correspondentes as operações de importações realizadas em nome da BRASALES: Nfe Data emissão Movimento Operação 1425 16/02/2012 Entrada DI 12/02728091 1430 16/02/2012 Saída DI 12/02728091 1727 29/05/2012 Entrada DI 12/09743460 1728 29/05/2012 Saída DI 12/09743460 Observase que elas representam, tomadas em pares, nos dias 16/02 e 29/05, a importação e o imediato repasse das mercadorias descritas nas referidas DIs, com elementos determinantes de ocultação (conhecimento prévio do adquirente e destinação integral e imediata das mercadorias). Ou seja, os pedidos possuem simetria em sua destinação, o que implica em acordos prévios. Não resultam sobras das mercadorias importadas, apesar de algumas operações envolverem milhões de unidades trazidas, como no caso, das canetas esferográficas (NCM 9608.1000), foram integralmente repassadas a ZHOU LIFEN, destacandose o peso líquido de cada operação: 23.400 kg (com 2.730.000 e 2.448.000 unidades de CANETAS ESFEROGRÁFICAS, respectivamente). O Fisco informa que a ZHOU LIFEN, foi constituída em 26/04/2004, e não está habilitada a operar no SISCOMEX; é optante pelo Simples e seu quadro societário é composto pela única sócia Sra. Zhou Lifen, CPF n.º 230.948.23823, a qual não participa em nenhuma outra pessoa jurídica e possui histórico de rendimentos em nível de isenção. A fiscalização expõe no Relatório Fiscal a evolução de faturamento referente aos meses do anocalendário de 2011. Naquele ano, os rendimentos tributáveis pagos ao sócio pela empresa atingiram cerca de 6,4 mil reais (registrados também na DIRPF Ex. 2012). Os estoques iniciais e finais, os saldos iniciais e finais de caixa, os totais de aquisições, de entradas e saídas, são todos zerados. A DIRPF 2012 expõe recebimentos de pessoa física de 3 mil reais mensais e, como patrimônio pessoal as cotas da empresa, no valor de 10 mil reais e 97 mil reais em espécie. Então, o ano de 2012 começou a partir destes patamares. Estoques e caixa totalmente zerados, cotas de capital no valor de 10 mil reais, e 97 mil reais em espécie. Fl. 676DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 670 15 A DIPJ 2013 apresenta total de aquisições para comercialização em R$ 623.461,68, exatamente o valor dos repasses de BRASALES (filial de Maceió, 000444, que é a importadora), referente aos valores das duas DI sob análise. Na DIRPF 2013 consta o registro do recebimento de cerca de 7 mil reais da pessoa jurídica e os recebimentos mensais de 3 mil reais, de pessoa física, enquanto a disponibilidade em moeda nacional saltou de 97 mil para 139 mil reais. A DIPJ 2014 registra a extinção da empresa. Na DIRPF Ex2014, os recebimentos de pessoa física são de 2,8 mil reais mensais, enquanto o patrimônio pessoal tem reduzidas a zero as cotas da empresa por encerramento, e a disponibilidade em moeda passa de 129 mil para 165.541,00 reais. Isto posto, concluiu o Fisco que, "(...) Se o ano de 2012 começou a partir com estoques e caixa totalmente zerados, cotas de capital no valor de 10 mil reais, e 97 mil reais em espécie, e se no curso daquele ano foram adquiridos mais de 600 mil reais em mercadorias originados da BRASALES (filial 000444, em Maceió, importadora), então, em princípio, não somente havia incompatibilidade entre os recursos disponíveis e o valor das aquisições em mercadorias estrangeiras como todas as aquisições de ZHOU LIFEN foram feitas por meio da BRASALES, exclusivamente mercadorias estrangeiras". (Grifei) Por fim, informa o Fisco que seu CNPJ atualmente consta como 'suspenso'. É bom frisar que além de definir o procedimento especial de fiscalização a que se sujeitariam as empresas com capacidade econômica e financeira incompatíveis com as importações realizadas, a Receita Federal cuidou também de evitar que novas empresas sejam constituídas para atuar como interpostas fraudulentas. Por meio da IN SRF n.º 229/2002 foi criado o procedimento de habilitação ao SISCOMEX permitindo que somente as empresas comprovadamente capazes em termos econômicos, financeiros e operacionais sejam autorizadas a realizar operações de comércio exterior. E certamente por estas restrições é que a empresa ZHOU não tinha habilitação no SISCOMEX/RADAR. Recordemos que BRASALES trouxe, em cada operação, 23,4 mil quilos de mercadorias, centenas de milhares de canetas, e as mesmas foram imediatamente revendidas após o desembaraço. Embora se possa admitir que tais mercadorias sejam de baixo custo e que sua revenda é uma questão de tempo, tanto ZHOU LIFEN como sua única sócia (pessoa física de mesmo nome) não apresentam disponibilidade numerária suficiente para garantir a segurança financeira da negociação, a não ser que se tenha previamente reservado economias com o fim específico de lastrear esta aquisição, o que implica em encomenda, mas implica também um grande risco financeiro, dados os níveis econômicos da empresa e de sua sócia. Ressaltase que as EPP optantes pelo SIMPLES, como é o caso da ZHOU, devem escriturar livro Diário e Caixa, entre outros, de acordo com a Resolução CGSN n.º 10/2007. Informa a fiscalização em seu Relatório que o termo de Intimação nº 109 (fl. 339), cientificado à sócia em 03/03/2015, não foi respondido. Diante da ausência da sócia em sua declarada residência, por ocasião dos Termos de Intimação nº 139 e 151 de 2015, bem como a ausência da empresa no endereço declarado, (Anexos 5 a 8), "restam não contraditas as constatações da Fiscalização, restando a fraude nas operações de comércio exterior consubstanciadas nas DI n.º 12/02728091 e 12/09743460". Fl. 677DF CARF MF 16 Para caracterizar a ocultação, é imprescindível apontar a pessoa que fora ocultada. No caso, a ZHOU não possuía recursos próprios para suportar as remessas realizadas ao exterior, e apesar da tentativa do Fisco (via as intimações não atendidas), não conseguiu comprovar que ela mesmo fizera o pagamento recebido pelo exportador estrangeiro. Como já abordado, a empresa BRASALES serviu como importador interposto para a empresa ZHOU LIFEN EPP obter produtos importados no mercado interno, já que esta estava impossibilitada de importar, dada a ausência/impossibilidade de sua habilitação no SISCOMEX e RADAR. No caso em análise, o bem jurídico tutelado é o controle aduaneiro e esse controle foi violado, mediante a prática de fraude ou simulação tendente a burlar a Administração Aduaneira. Ressaltase que a operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1º do artigo 11 da Lei n.º 11.281/06, a qual dispõe sobre importação para revenda a encomendante predeterminado, presumese por conta e ordem de terceiros somente para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835. E mesmo que se alegue que a exação tributária foi paga pela interposta pessoa, portanto o Erário não deixou de efetuar o recolhimento que lhe cabia, a burla dos controles aduaneiros ocorreu, pois não é o real importador que se apresenta perante à fiscalização com o seu nome no despacho aduaneiro. Neste diapasão, foi criada a figura da interposição fraudulenta por presunção em que o importador (real comprador, sujeito passivo oculto) passaria a ser caracterizado como interposto fraudulento pelo fato de não ter conseguido comprovar a origem, disponibilidade e efetiva transferência dos recursos empregados no comércio exterior (DL n.º 1.455/76, art. 23, § 2º, com a redação dada pelo art. 59 da MP n.º 66/2002). A importação fraudulenta significa importação com fraude ao controle aduaneiro, mitigandose a feição estritamente tributária de “reduzir ou evitar o pagamento do imposto” ocorrendo nos casos em que a falsificação ou a adulteração de documentos acarrete dano ao citado controle, mesmo que não haja repercussão no tratamento tributário. A burla aos controles aduaneiros pode causar várias consequencias, dentre as quais citamos: impedir que uma determinada empresa (adquirente) seja submetida ao procedimento de habilitação; impedir a equiparação, do real adquirente, à condição de estabelecimento industrial, contribuinte do IPI; impedir a aplicação das restrições e determinações previstas na legislação de "valor aduaneiro" e de "preços de transferência"; impedir o conhecimento da verdadeira origem dos recursos; impedir atribuir ao adquirente a condição de responsável solidário pelos tributos incidentes na importação; impedir o devido registro contábil da propriedade dos bens, incluindo a composição de custos destes bens; blindar o patrimônio de real adquirente; em fim, impedir o efetivo controle aduaneiro e fiscal. Assim, considerando que as DI's nº 12/02728091 e 12/09743460 foram registradas em nome de BRASALES tão somente para ocultar operação determinada por ZHOU LIFEN EPP (que não comprovou deter recursos disponíveis para as aquisições de mercadorias estrangeiras), conforme restou caracterizado nos autos, sendo efetuado o lançamento do crédito tributário, decorrente da penalidade prevista no artigo 689, inciso XXII, parágrafo 1.º, do Decreto n.º 6.759/09, que corresponde à conversão em multa do valor aduaneiro declarado das mercadorias importadas pelas referidas DIs, as quais não foram localizadas Tudo com lastro no Decretolei nº 1.455/76, artigo 23, inciso V e seus parágrafos. Fl. 678DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 671 17 5. Da penalidade aplicada Conforme mencionado acima, a sanção foi aplicada com base na presunção legal de que a importação amparada pelas DI's nº 12/02728091 e 12/09743460, foi realizada por conta e ordem de terceiros, com base no parágrafo 2º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006. Tratandose de importação por conta e ordem de terceiros e tendo sido omitido o fato ao Fisco, a mesma foi enquadrada como interposição fraudulenta de terceiros. Desta forma, caracterizada a pratica da Interposição Fraudulenta, com a ocultação do real adquirente das mercadorias, comprador e principal interessado nas operações de importação das mercadorias, é cabível a pena de perdimento das mercadorias, consoante o disposto no art. 689, inciso XXII, do Regulamento Aduaneiro (Decreto n° 6.759/2009). Para essa infração, considerada dano ao Erário, nos termos do art. 23, V, §3º, do Decreto Lei nº 1.455, de 1976. Como restou evidente que as mercadorias foram remetidos a consumo, aplica se a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...). V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (...). § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. 6. Da responsabilidade solidária Termo de Sujeição Passiva da BRASALES Aduz a fiscalização em seu Relatório de Fiscalização que restando comprovada a ocultação de ZHOU LIFEN EPP, como a real adquirente dos produtos importados por BRASALES, ambas são responsáveis solidárias pelo dano ao Erário verificado na presente fiscalização que, conforme já demonstrado, é punido com a pena de perdimento das mercadorias importadas. Assim, foi formalizado Termo de Sujeição Passiva em nome de BRASALES. O Fisco relata que, "(...) Assim, em inteiro compasso com as disposições insertas no Código Tributário Nacional, o Regulamento Aduaneiro (RA) incorporou em seus artigos 104, 106 e 674 os dispositivos do DecretoLei nº 37/66 (e alterações) que tratam da matéria em comento" (...). Como pode ser visto, o art. 674 do Regulamento Aduaneiro, aduz que respondem pela Infração, conforme base legal no art. 95 do Decreto lei nº 37, de 1966: Art. 674. Respondem pela infração (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95): I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; Fl. 679DF CARF MF 18 II ...; III ..;. IV ...; V conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora (DecretoLei n o 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada pela Medida Provisória n o 2.15835, de 2001, art. 78); e VI conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (DecretoLei no 37, de 1966, art. 95, inciso VI, com a redação dada pela Lei no 11.281, de 2006, art. 12). Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no inciso V, presumese por conta e ordem de terceiro a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos deste, ou em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma da alínea "b" do inciso I do § 1o do art. 106 (Lei no 10.637, de 2002, art.27; e Lei no 11.281, de 2006, art. 11, § 2º). A fiscalização decidiu que a luz do art. 95, do Decretolei nº 37, de 1966, restando comprovado que outra pessoa participou ou se beneficiou da infração, a fiscalização não pode escolher apenas uma delas para autuar. A solidariedade entre os agentes ou beneficiários da infração decorre da Lei e tem como objetivo proporcionar maior segurança aos interesses públicos, inclusive no tocante à eficácia da norma punitiva. Nesse passo, o artigo 94 e 95 do DecretoLei nº 37/66 é taxativo no sentido de que a responsabilidade por infração aduaneira é objetiva. Ainda agindo de boafé, cercado das cautelas de praxe, com razões suficientes para acreditar que está praticando um ato em conformidade com o direito, ainda que ignore o fato de seu ato ou de seus representantes estar em descompasso com a legislação, a Recorrente não pode se furtar de sua responsabilidade. Observese que, ao criar as modalidades de importação por encomenda, a novel legislação estendeu a condição de sujeição passiva e responsabilidade tributária ao adquirente, sendo esta mais uma razão pela qual a identificação destes é imprescindível na declaração de importação. No entanto, ressaltamos que a operação analisada (encomenda), tratase na verdade, de importação por conta e ordem de terceiro, por presunção legal prevista no artigo 11, da Lei 11.281/2006. A lei nº 11.281/2006 é clara quando estabelece no seu parágrafo 2º do artigo 11, a presunção legal, de que se tratam de operações por conta e ordem terceiros as importações por encomenda que não obedeçam os requisitos e condições fixados pela RFB, requisitos estes estabelecidos nos artigos 2º e 3º da IN SRF 634, de 2006. Os dispositivos acima, recaem na perfeita tipificação do caso em tela, pois as operações de importação de BRASALES, restaram ser comprovadamente realizadas por encomenda prévia de ZHOU LIFEN EPP. Comprovada a ocultação de ZHOU LIFEN EPP, real adquirente dos produtos importados por BRASALES, ambas são responsáveis solidárias pelo dano ao erário verificado na presente fiscalização que, conforme já demonstrado, é punido com a pena de perdimento das mercadorias importadas. Portanto, a Recorrente (BRASALES) deve responder solidariamente pela infração. Fl. 680DF CARF MF Processo nº 11762.720024/201578 Acórdão n.º 3402004.355 S3C4T2 Fl. 672 19 7. Conclusão Posto isto, conheço do recurso voluntário interposto, para negarlhe provimento, mantendose a multa objeto da presente lide à empresa ZHOU LIFEN EPP. e como responsável solidário a empresa BRASALES COMÉRCIO EXTERIOR LTDA. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 681DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720092/2013-55
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. AJUSTE. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA.
Descabe a arguição de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência.
Numero da decisão: 9101-002.938
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio (relatora), Luís Flávio Neto e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. O conselheiro Gerson Macedo Guerra acompanhou a relatora pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Redator Designado
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL 60. AJUSTE. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Descabe a arguição de ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio (relatora), Luís Flávio Neto e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. O conselheiro Gerson Macedo Guerra acompanhou a relatora pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Redator Designado (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 92 /2 01 3- 55 Fl. 3433DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.434 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1201001.426, em que se discutia, na temática de preços de transferência, a ilegalidade da IN SRF 243/2002, que por maioria de votos negou provimento ao recurso voluntário, restando assim ementado: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 ANÁLISE DE LEGALIDADE. POSSIBILIDADE. Cabe aos órgãos julgadores, em sede administrativa, analisar a legalidade dos atos praticados pela Fazenda Pública. Neste sentido, tanto o CARF quanto a DRJ podem afastar a incidência de ato infralegal que atente contra a lei tributária. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL60. IN SRF Nº 243/2002. LEGALIDADE. A Instrução Normativa SRF nº 243/02 não viola o princípio da legalidade tributária, estando em consonância com o que preconiza o art. 18 da Lei nº 9.430/96, na redação dada pela Lei nº 9.959/00. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Anocalendário: 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tendo o auto de infração referente à CSLL sido lançado com base nas mesmas infrações, então aplicamse as mesmas conclusões alcançadas com relação ao IRPJ.” Do voto condutor, quanto à matéria IN SRF 243/2002 x Lei, foi dito, em síntese, que: (i) As fórmulas, seja a porventura trazida pelo contribuinte, sejam as previstas em atos normativos editados pela Receita Federal (Instruções Normativas nºs 113/2000; 32/2001; e 243/2002), representam expressões matemáticas do exercício interpretativo feito pelo aplicador da lei, às disposições do art. 18 da Lei nº 9.430/96; (ii) Vejamos, então, o disposto em cada um dos atos antes referenciados relativamente ao caso em debate (art. 18 da Lei nº 9.430/96 e art. 12 da Instrução Normativa nº 243/2002): Lei nº 9.430/96 Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de Fl. 3434DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.435 3 aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda; d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.0134, de 1999) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.0134, de 1999) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.0134, de 1999) d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) III Método do Custo de Produção mais Lucro CPL: definido como o custo médio de produção de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no país onde tiverem sido originariamente produzidos, acrescido dos impostos e taxas cobrados pelo referido país na exportação e de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o custo apurado. § 1º As médias aritméticas dos preços de que tratam os incisos I e II e o custo médio de produção de que trata o inciso III serão calculados considerando os preços praticados e os custos incorridos durante todo o período de apuração da base de cálculo do imposto de renda a que se referirem os custos, despesas ou encargos. Fl. 3435DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.436 4 § 2º Para efeito do disposto no inciso I, somente serão consideradas as operações de compra e venda praticadas entre compradores e vendedores não vinculados. § 3º Para efeito do disposto no inciso II, somente serão considerados os preços praticados pela empresa com compradores não vinculados. § 4º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. § 5º Se os valores apurados segundo os métodos mencionados neste artigo forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último. § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. § 7º A parcela dos custos que exceder ao valor determinado de conformidade com este artigo deverá ser adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real. § 8º A dedutibilidade dos encargos de depreciação ou amortização dos bens e direitos fica limitada, em cada período de apuração, ao montante calculado com base no preço determinado na forma deste artigo. § 9º O disposto neste artigo não se aplica aos casos de royalties e assistência técnica, científica, administrativa ou assemelhada, os quais permanecem subordinados às condições de dedutibilidade constantes da legislação vigente. IN SRF nº 243/2002 Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos; b) sessenta por cento, na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. § 1º Os preços de revenda, a serem considerados, serão os praticados pela própria empresa importadora, em operações de venda a varejo e no atacado, com compradores, pessoas físicas ou jurídicas, que não sejam a ela vinculados. § 2º Os preços médios de aquisição e revenda serão ponderados em função das quantidades negociadas. Fl. 3436DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.437 5 § 3º Na determinação da média ponderada dos preços, serão computados os valores e as quantidades relativos aos estoques existentes no início do período de apuração. § 4º Para efeito desse método, a média aritmética ponderada do preço será determinada computandose as operações de revenda praticadas desde a data da aquisição até a data do encerramento do período de apuração. § 5º Se as operações consideradas para determinação do preço médio contiverem vendas à vista e a prazo, os preços relativos a estas últimas deverão ser escoimados dos juros neles incluídos, calculados à taxa praticada pela própria empresa, quando comprovada a sua aplicação em todas as vendas a prazo, durante o prazo concedido para o pagamento. § 6º Na hipótese do § 5º, não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base na taxa: I referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), para títulos federais, proporcionalizada para o intervalo, quando comprador e vendedor forem domiciliados no Brasil; II Libor, para depósitos em dólares americanos pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizada para o intervalo, quando uma das partes for domiciliada no exterior. § 7º Para efeito deste artigo, serão considerados como: I incondicionais, os descontos concedidos que não dependam de eventos futuros, ou seja, os que forem concedidos no ato de cada revenda e constar da respectiva nota fiscal; II impostos, contribuições e outros encargos cobrados pelo Poder Público, incidentes sobre vendas, aqueles integrantes do preço, tais como ICMS, ISS, PIS/Pasep e Cofins; III comissões e corretagens, os valores pagos e os que constituírem obrigação a pagar, a esse título, relativamente às vendas dos bens, serviços ou direitos objeto de análise. § 8º A margem de lucro a que se refere a alínea "a" do inciso IV do caput será aplicada sobre o preço de revenda, constante da nota fiscal, excluídos, exclusivamente, os descontos incondicionais concedidos. § 9º O método do Preço de Revenda menos Lucro mediante a utilização da margem de lucro de vinte por cento somente será aplicado nas hipóteses em que, no País, não haja agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados, configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos bens, serviços ou direitos importados. § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção. § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor Fl. 3437DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.438 6 agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. (iii) Para fins de solução da controvérsia, cabe verificar se a “interpretação oficial” promovida pela Receita Federal e esposada na Instrução Normativa nº 243, reflete o comando da lei; (iv) As regras de preços de transferência, introduzidas no ordenamento jurídico por meio da já citada Lei nº 9.430, de 1996, objetivam impedir que, por meio de artifícios, rendas que deveriam permanecer no país sejam transferidas para o exterior; (v) O que a legislação de preços de transferência objetiva, portanto, é identificar, por meio de métodos matemáticos, o custo (no caso da importação) efetivo de determinado bem, serviço ou direito, caso a operação não seja realizada com pessoa vinculada ou com pessoa situada em país ou dependência com tributação favorecida ou cuja legislação interna oponha sigilo à divulgação de informações referentes à sua constituição societária ou titularidade; (vi) No método em debate (PRL60), o legislador partiu do preço de revenda para chegar ao custo. Assim, parece razoável que se possa buscar a expressão matemática do preço parâmetro por meio do caminho inverso, isto é, através dos elementos formadores do preço; (vii) Em elevada sintetização, a formação de preços consiste em um processo de acumulação de custos, acrescida de uma margem de lucro. Admitida uma liberdade terminológica, isto é, abandonando o rigor dos conceitos próprios da teoria econômica, podese afirmar que o preço praticado por determinada unidade Fl. 3438DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.439 7 produtiva resulta da soma dos custos totais incorridos no processo produtivo, incluídos aí a remuneração dos fatores de produção (valor agregado), acrescidos de uma margem de lucro; (viii) Não resta dúvida de que a Instrução Normativa 243/2002 revela interpretação distinta da que foi feita a que lhe antecedeu (Instrução Normativa nº 32, de 2001), mas isso não autoriza a conclusão de que a interpretação anterior estava em conformidade com a lei e a atual representou inovação. Ao contrário, a interpretação trazida pela Instrução Normativa SRF nº 243, de 2002, é a que melhor traduz os comandos estampados no art. 18 da Lei nº 9.430/96, vez que revela com maior precisão o objetivo almejado pelo referido diploma legal; (ix) Por fim, a proporcionalização é questão de ordem puramente matemática e não jurídica, que empresta maior exatidão na determinação do preço parâmetro. Tratandose de comparação de custos, resta evidente que não se pode confrontar o custo do insumo com o custo total do produto. A proporcionalização produz a exclusão, in totum do valor agregado, permitindo, assim a explicitação mais adequada do preço parâmetro. O Presidente da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF, em face do recurso especial interposto pela contribuinte, fez o exame de admissibilidade às fls. 3410/3413 do eprocesso, dando seguimento ao RESP da contribuinte, como pode se observar do seguinte trecho: “O acórdão 130200.915 foi objeto de embargos pela Fazenda Nacional, contudo, os mesmos foram rejeitados pelo colegiado, conforme acórdão 1302001.192. Demonstrado, também, o prequestionamento da matéria objeto do presente recurso especial. Cumpridos, portanto, os requisitos formais, transcrevese, a seguir, excerto contendo a exposição da recorrente acerca da divergência arguida: “(...) no presente lançamento fiscal estão sob discussão os ajustes de preço de transferência realizadas pela Recorrente no anocalendário de 2008, mediante a utilização do método PRL60. (...) a Recorrente entende que há de ser aplicada a metodologia de cálculo prevista na Instrução Normativa nº 32/01, uma vez que esta está em consonância comas regras de preço de transferência previstas na Lei nº 9.430/96. Diferentemente, as dd. autoridades fiscais entendem que o cálculo de preço de transferência deve ser realizado de acordo com as diretrizes previstas na Instrução Normativa nº 243/02, pois esta vigia à época dos fatos e regulamenta as regras de preço de transferência estabelecidas na Lei nº 9.430/96. (...) é importante mencionar, de forma expressa, que a legislação interpretada de forma divergente consiste no art. 18 da Lei nº 9.430/96 e na Instrução Normativa nº 243/02. Para demonstrar a aludida divergência a Recorrente apresenta o acórdão nº 1202000.835 (Doc. 01), proferido em 07 de agosto Fl. 3439DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.440 8 de 2012, pela Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Confirase a ementa do aludido julgado: (...) CÁLCULO DO PREÇO PARÂMETRO. MÉTODO PRL60 PREVISTO EM INSTRUÇÃO NORMATIVA. INAPLICABILIDADE. A função da instrução normativa é de interpretar o dispositivo legal,encontrandose diretamente subordinada ao texto nele contido, não podendo inovar para exigir tributos não previstos em lei. Somente a lei pode estabelecer a incidência ou majoração de tributos. A IN SRF nº 243, de 2002, trouxe inovações na forma do cálculo do preçoparâmetro segundo o método PRL60%, ao criar variáveis na composição da fórmula que a lei não previu, concorrendo para a apuração de valores que excederam ao valor do preço parâmetro estabelecido pelo texto legal, o que se conclui pela ilegalidade da respectiva forma de cálculo. No referido paradigma a situação fática é idêntica à do presente caso, uma vez que as dd. autoridades fiscais formalizaram o lançamento fiscal porque o contribuinte teria adotado a sistemática prevista na Instrução Normativa nº 32/2001 para o cálculo do PRL60, sendo que a d. fiscalização considerava correta a aplicação da metodologia prevista na Instrução Normativa nº 243/02. Leiase o seguinte trecho do relatório: (...) É nítida a semelhança fática existente entre o acórdão paradigma e o acórdão recorrido, pois, em ambos os casos, as dd. autoridades fiscais consideraram que os ajustes de preço de transferência deveriam ter sido calculados em consonância com as regras previstas na Instrução Normativa nº 243/02. Contudo, no acórdão paradigma a metodologia prevista na referida Instrução Normativa foi afastada por ser ilegal, porque trouxe inovações na forma do cálculo do preço parâmetro segundo o método PRL60, ao criar variáveis na composição da fórmula que a lei não previu. (...) A divergência de interpretação é observada, também, em relação ao acórdão nº 130200.915 (Doc. 02), da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, cuja ementa é transcrita a seguir: (...) PREÇO DE TRANSFERÊNCIA PRL 60% IN SRF 243/02 – ILEGALIDADE A IN 243/02 buscou interpretar a Lei, porém excedeu seus limites ao presumir, sem autorização legal ou suporte fático, o valor agregado no Brasil por uma regra de proporcionalidade. Para não resultar em ajuste, tal valor teria que ser no mínimo custo incorrido no Brasil agregado à margem de 150% (60% do preço). As margens fixas determinadas pela Lei 9.430/96 aplicamse apenas aos custos importados de determinadas partes Fl. 3440DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.441 9 ou aos respectivos preços de revenda, não aos custos ou preços de itens nacionais e nem à margem ou ao valor agregado no Brasil. A IN 243/02 não está de acordo nem com o texto ou com o contexto da Lei. (...) A dissonância entre a decisão recorrida e acórdão paradigma é demonstrada pela transcrição dos respectivos votos: (...)” Passo à análise. A divergência jurisprudencial encontrase suficientemente demonstrada pela recorrente. Todos os casos trazidos a confronto (acórdão recorrido e os dois paradigmas) versam sobre a mesma matéria (preços de transferência com base no método PRL60, nos termos do art. 18 da Lei 9.430/96 e da IN SRF 243/2002, em período de apuração anterior à Lei 12.715/2012). E, enquanto o acórdão recorrido negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte, por considerar que a Instrução Normativa SRF nº 243/02 não violaria o princípio da legalidade tributária, estando em consonância com o disposto no art. 18 da Lei nº 9.430/96, os paradigmas chegaram a conclusões em sentido diverso, entendendo serem ilegais as disposições da Instrução Normativa SRF nº 243/02 anteriormente à edição da Lei 12.715/2012. É o que se constata, não somente pelas próprias ementas dos julgados, acima parcialmente transcritas, quanto pelo inteiro teor dos acórdãos paradigmas trazidos pela recorrente e pela exposição feita no recurso. Pelo exposto, opino no sentido de que se deva DAR SEGUIMENTO ao recurso especial do sujeito passivo (art. 68 do RICARF).” É o relatório. Voto Vencido Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora O recurso é tempestivo e, em conformidade com o despacho de juízo de admissibilidade, merece ser conhecido, valendo destacar que a única matéria em causa diz respeito à alegação de ilegalidade da IN 243/2002, quanto ao método de cálculo do PRL 60. A ementa do acórdão recorrido bem demonstra as razões pelas quais o Relator negou provimento ao recurso do contribuinte: “PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL60. VALOR AGREGADO. LEGALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. Considerando que o método PRL não foi desenvolvido para lidar com situações nas quais a parte controlada realiza funções, emprega ativos e assume riscos muito mais elevados do que Fl. 3441DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.442 10 numa empresa tipicamente revendedora, o conceito de valor agregado introduzido pela Lei nº 9.959/00 deve ser entendido como algo que permite a reconfiguração da noção de “revenda” no sentido da proporcionalização evidenciada pela IN/SRF nº 243/02.” Tratandose, pois, de discussão a propósito da ilegalidade da IN SRF 243/2002 no que tange à aplicação do método PRL60, tomo a liberdade de reproduzir excertos do voto por mim exarado no processo 16561.720037/201101, onde, em sede de Recurso Especial do contribuinte, a mesma matéria foi por mim examinada. “Pois bem. As afirmações feitas no voto condutor do acórdão recorrido, de que a matéria em causa seria de ordem puramente matemática e não jurídica, e que a alteração da lei teria sido apenas para “reduzir a litigiosidade que a matéria suscitava”, data máxima vênia, não se sustenta. Em primeiro lugar, não obstante a questão envolva uma fórmula matemática, é sim matéria de ordem eminentemente jurídica, eis que a fórmula em questão está reduzida em um texto de lei, cuja interpretação, obviamente, deve ser feita segundo as boas regras de hermenêutica vigentes em nosso ordenamento e ordenadas pelo direito. E, tendo em conta tratarse de matéria tributária, a Constituição e o CTN predicam, necessariamente, a lei como objeto de interpretação, não admitindo, na construção do objeto de tributação, o emprego da analogia (CTN, Art. 107. “A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste capítulo”; § 1º “O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei”). Ora, a leitura do artigo 18 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, de modo algum, pode conduzir à formula matemática na IN 243/2002 na aplicação do método PRL60, senão à fórmula da IN SRF 32/2001. Ainda que se possa alegar que a interpretação literal feita pelas IN SRF 113/2000 e IN SRF 32/2001, em determinadas situações, possa levar a um pequeno ajuste ou a ajuste nenhum, isso não significa que, via IN, o Poder Executivo, ao largo da Lei, venha a corrigir o defeito nela contido, sob pena de violação ao princípio da legalidade. E, mesmo sob a perspectiva puramente matemática, vejase o estudo do Professor Vladimir Belitsky, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, anexado aos autos do processo, em que examina a matéria, comparando as três formulas existentes para cálculo do PRL60 com a fórmula verbalizada na Lei 9.430/1996, quais sejam: (i) A fórmula da Lei 9.430/96, segundo interpretada pela IN 113/2000 e pela IN 32/2001, ambas já revogadas; (ii) A fórmula introduzida pela IN 243/2002; (iii) A fórmula hipotética apresentada pela PGFN em suas defesas, apurada a partir de uma suposta interpretação gramatical da Lei 9.430/1996. Dessa análise, o Professor extrai a seguinte conclusão: (i) Todas as fórmulas são diferentes entre si; e (ii) A fórmula da IN 243/02 difere das outras duas não exclusivamente pela sua estrutura, mas também pelo conjunto dos parâmetros envolvidos. Especificamente, a fórmula da IN 243/02 envolve o VDBI (isto é, valor declarado do bem importado), enquanto que nem a fórmula da Lei 9.430/96, Fl. 3442DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.443 11 tampouco a fórmula hipotética, envolvem o VDBI em suas estruturas. A propósito, vale destacar as seguintes passagens do estudo do Professor Vladimir Belitsky: “Constatação 3. A IN não pode seguir como uma direta interpretação da Lei 9.430/96: é inevitável o acréscimo de alguns postulados, pressupostos ou comandos à lei para que desta possa ser derivada a IN 243. Do ponto de vista da lógica matemática esta constatação é a consequência da combinação de dois fatos já provados acima: de um lado, sabemos (cf. Constatação 2) que a fórmula da IN 243 é diferente da Lei 9.430/96, de outro lado, sabemos (cf. Constatação 1 e sua demonstração) que cada fórmula é expressão algébrica, única e fiel do respectivo normativo. Logo, nenhum dos normativos pode ser derivado de outro”. “3. Quesito. A Procuradoria da Fazenda Nacional argumenta que a fórmula da Lei 9.430 é plurívoca e sugere que a IN 243 apenas decorre de uma das interpretações possíveis da Lei 9.430. Do ponto de vista da matemática, é possível afirmar que a IN 243 apenas interpreta a Lei 9.430?. É possível deduzir a fórmula da IN 243 dos comandos contidos na Lei 9.430? Conforme já afirmamos na Constatação 3, não é verdade que a IN 243 é uma interpretação possível da Lei 9.430. Em sua defesa, a Fazenda Nacional emprega a fórmula em situações hipotéticas e dessas situações extrai conclusões genéricas. Essas conclusões são incorretas do ponto de vista matemático”. Ou seja, mesmo sob a óptica puramente matemática, prova o eminente Professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP, Ph.D em Matemática Aplicada pelo Instituto Tecnológico de Israel, que a IN SRF 243/2002, no cálculo do método PRL60 era flagrantemente ilegal, bem como que a Lei 9.430/1996, em sua redação original, não comportava variadas interpretações de fórmulas matemáticas. A doutrina, citando por todos Luís Eduardo Schoueri1, também aponta, sob perspectiva unicamente do direito, o desacerto na malfadada IN SRF 243/2002: 7.8.2.2. A diferença pode ser explicada pelos seguintes motivos: Cálculo da ‘margem de lucro’: a divergência dos resultados da Lei n. 9.959/00 e da IN n. 243/02 decorre, em parte, porque a Lei, ao prescrever a fórmula de cálculo ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% incida sobre o valor integral do preço líquido de venda do produto diminuído do valor agregado no país. Já a Instrução Normativa, para o cálculo da mesma ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% seja calculado apenas sobre a parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados. Atua assim a IN n. 243/02 de forma inovadora e em flagrante excesso à Lei. ‘Cálculo do preço parâmetro’: a expressão ‘preço parâmetro’ é utilizada na legislação dos preços de transferência para 1 Preços de Transferência no Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Dialética, 2006, p. 169. Fl. 3443DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.444 12 denominar o preço obtido através do cálculo de um dos métodos prescritos e com o qual se deverá comparar o preço efetivamente praticado entre as partes relacionadas, na transação denominada ‘controlada’. O ‘preço parâmetro’ é obtido de forma diversa na Lei n. 9.959/00 e na IN n. 243/02. Enquanto na Lei o limite do preço é estabelecido tomandose por base a totalidade do preço líquido de venda, a Instrução Normativa pretende que o limite seja estabelecido a partir, apenas, do percentual da parcela dos insumos importados no preço líquido de venda, o que claramente acaba por restringir o resultado almejado pelo legislador. Em segundo lugar, também não tem nenhum cabimento a afirmação de que a MP 478/2009 (posteriormente substituída pela MP 563/2012, convertida na Lei 12.715/2012) fora editada apenas para “reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado”, como se lei interpretativa fosse, bastando que se leia a Exposição de Motivos preparada pelo ministério da Fazenda e subscrita por Luis Inácio Adams, então Advogado Geral da União: 20. No tocante às regras de preços de transferência a atual legislação, em grande parte baseada em Instrução Normativa expedida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, vem sofrendo crescentes questionamentos na esfera administrativa, razão pela qual se faz necessária a adoção de medidas voltadas a propiciar maior eficácia ao controle de preços de transferência, tendo em vista a importância da matéria para a proteção da base tributária brasileira. 20.1. Visando instituir, em dispositivo legal, essas medidas que hoje constam apenas em Instrução Normativa, propõese a alteração da redação do art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com intuito de reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado, garantindo maior eficácia aos controles de preços de transferência. (...) 20.3. Nesse sentido, o art. 9º altera o art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, de forma a instituir, em dispositivo com força de lei, a metodologia de cálculo que permitirá às pessoas jurídicas sujeitas aos controles de preços de transferência e ao Fisco reconstituírem, com maior precisão, o valor pelo qual o bem, direito ou serviço importado de pessoas vinculadas, aplicados ou não à produção, teriam sido comercializados em condições de livre concorrência, tanto no caso de revenda quanto para as situações em que haja agregação de valor. (Grifamos) Alberto Xavier2, em sua obra sobre direito tributário internacional, confirma a finalidade da MP 478/2009: Muitas das disposições introduzidas pela Medida Provisória nº 478/09 já constavam da Instrução Normativa n. 243/02, mas foram convertidas em disposições legais com o evidente intuito de afastar discussões acerca da sua legalidade. 2Direito Tributário Internacional do Brasil. Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 321. Fl. 3444DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.445 13 O objetivo do Poder Executivo, como bem revela a exposição de motivos da MP 478/2009, a toda evidência, foi predicar na Lei, quanto à metodologia do PRL60, o que estava apenas predicado na malfadada ilegal IN 243/2002, e é justamente nesse contexto que se deve ter em mente o pretendido “intuito de reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado”. Aliás, fosse a questão mera interpretação de texto, o Poder Executivo poderia ter se valido de Lei interpretativa, tantas vezes usadas para eliminar litígios variados em matéria tributária. Certamente se a matéria foi veiculada por Lei sem o caráter de lei interpretativa é porque o legislador legislador racional que é, na linguagem de Tércio Sampaio Ferraz , sabia que as medidas que iria implementar implicariam modificação no ordenamento legal então vigente. E vejase que o legislador, no cumprimento desse mister, fez muito mais do levar à Lei a fórmula da ilegal IN SRF 243/2002. Isto é, ao trazer para a lei tais regras, consciente do total absurdo da manutenção da margem de 60% na formula que estava dando foros de juridicidade, o legislador atribuiu margens variadas de lucro por setores mais adequadas às variáveis que na lei implementou para a busca do preço parâmetro para cálculo do ajuste de preços de preferência”. Por essas razões, VOTASE POR DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 3445DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.446 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, Redator Designado Analisando os fatos constantes dos autos, e as razões pelas quais a I. Conselheira Relatora decidiu por dar provimento ao recurso do contribuinte, ouso discordar dos seus fundamentos e das conclusões, pelas razões que seguem adiante. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese à legalidade ou não das disposições contidas na Instrução Normativa SRF nº 243/2002, no que se refere, mais especificamente, ao denominado método PRL 60. Na realidade, o cálculo proposto pela IN SRF nº 243/2002, veio corrigir uma imprecisão metodológica no cálculo anteriormente previsto na Instrução Normativa que a antecedeu (IN SRF nº 32/2001, que teve curta vigência), que, porém, não a invalidava do ponto de vista legal. Vejase, para comprovação do afirmado, a tabela abaixo: INS. ESTRANG. INS. NACIONAL VALOR TOTAL PREÇO DE REVENDA (1) 100 Desc. incond. concedidos (2) 5 Imp. e contr. s/ vendas (2) 30 Com. e corretagens (2) 0 PREÇO LÍQ. REVENDA [(1) – (2)] = (3) 65 Valor dos insumos (4) 60 30 90 (Pr. líq. revenda – ins. nac.) [(3) – (4)] = (5) 35 Margem de lucro [60% x (5)] = (6) 21 PREÇO PARÂMETRO [(3) (6)] = (7) 44 Nesse primeiro cálculo, o preço líquido de revenda, de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o insumo nacional , é deduzido do valor de custo do insumo nacional (R$ 30,00), resultando em R$ 35,00, sobre o qual se calcula a margem de lucro de 60%, encontrandose R$ 21,00. Após isso, o preço parâmetro do insumo estrangeiro é apurado pela dedução dessa margem de lucro, de R$ 21,00, do preço líquido de revenda de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional , resultando em R$ 44,00. Ou seja, incluiuse, indevidamente, o preço líquido de revenda do insumo nacional, tanto para efeito de se calcular a margem de lucro de 60% (esta, tomandose como base o preço líquido de revenda de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional com a dedução do valor de custo do insumo nacional, de R$ 30,00), quanto, posteriormente, para se calcular o preço parâmetro do insumo estrangeiro (este, tomandose como base aquele mesmo preço líquido de revenda, de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional com a dedução da margem de lucro, de R$ 21,00). Vejase, agora, esta outra tabela, também construída a partir dos mesmos dados: Fl. 3446DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.447 15 INS. ESTRANG. INS. NACIONAL VALOR TOTAL PREÇO DE REVENDA (1) 66,66666667 33,33333333 100 Desc. incond. concedidos (2) 3,333333333 1,666666667 5 Imp. e contr. s/ vendas (2) 20 10 30 Com. e corretagens (2) 0 0 0 PREÇO LÍQ. REVENDA [(1) – (2)] = (3) 43,33333333 21,66666667 65 Valor dos insumos (4) 60 30 90 Percentuais dos insumos (5)% 66,66666667 33,33333333 100 Margem de lucro [60% x (3)] = (6) 26 PREÇO PARÂMETRO [(3) – (6)] = (7) 17,33333333 Com a proporcionalização devidamente procedida pela IN SRF nº 243, de 2002, temse que, tanto a margem de lucro de 60%, quando o preço parâmetro que se referem, ambos, ao insumo estrangeiro , estão calculados sobre o valor de R$ 43,33, que é o preço líquido de revenda, de R$ 65,00 que obviamente abrange tanto o insumo estrangeiro quanto o nacional , devidamente escoimado do preço líquido de revenda do insumo nacional, de R$ 21,67, em tamanho destacado na tabela. Outro não foi o objetivo da Lei, ao dispor que a margem de lucro de 60% é “calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção” (grifei). Ora, o “valor agregado no País” corresponde, iniludivelmente, em última análise, à participação do insumo nacional na formação do preço de revenda. Afinal de contas, o que interessa, na realidade, é o valor efetivo do bem importado, obtido por meio do expurgo de todos os acréscimos a ele imputados no País. Vejase que a metodologia do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), universalmente utilizada, indica que se deve ter como base o preço de revenda do bem importado, para se calcular o preço parâmetro, pois é a margem de lucro (de operações entre partes não relacionadas) que é tida como parâmetro para servir de comparação, mas se houver outros custos ou riscos (que corresponde ao valor agregado), isto deve ser considerado devidamente e segregado. Portanto, quando o bem importado sofre agregação de valor, transformandose num outro produto, o valor agregado deve ser diminuído ou deduzido do valor de venda do produto para se encontrar o valor de venda individual do bem importado, sobre o qual se aplica uma margem de lucro para se encontrar o valor que se deseja comparar com o custo do bem importado, conforme estipula a metodologia da IN 243/2002 que, porém, usa margens fixas ao invés de usar margens de lucro comparadas, como é caso do Manual da OCDE. Esta metodologia é corroborada no Manual de Preços de Transferência para Países em Desenvolvimento da ONU que, inclusive, traz especificamente a metodologia brasileira, com as margens fixas para o PRL.3 De lembrar que, embora o Brasil não seja membro da OCDE, é membro da ONU. Vejase que, se os outros custos não forem devidamente isolados no cálculo do preço parâmetro, podese chegar a números absurdos (e esta segregação é feita por meio da proporcionalização do custo). Ora, como vimos acima, valor agregado é aquilo que, mensurado economicamente, é adicionado a um bem existente (custo adicionado). O método de Preço de 3 A metodologia brasileira de margens fixas para o método PLR está às paginas 359 a 366 (Cap. 10.1), do Manual de Preços de Transferência para Países em Desenvolvimento da ONU, disponível em http://www.un.org/esa/ffd/documents/UN_Manual_TransferPricing.pdf. Fl. 3447DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.448 16 Revenda menos Lucro (PRL) deve ter como base o preço de revenda do bem importado pois é a margem de lucro que é tida como parâmetro para servir de comparação. Se o bem importado teve valor agregado no país transformandoo num outro produto, tal valor deve ser diminuído ou deduzido do valor de venda do produto, para se encontrar o valor de venda individual do bem importado, o que é feito pela proporcionalização de sua participação no custo do bem, sobre o qual se aplica uma margem de lucro (no caso definida em lei ordinária) para se encontrar o valor que se deseja comparar com o custo do bem importado. Pelo exposto até aqui, todos os argumentos da recorrente para inquinar de ilegalidade a IN SRF 243/2002 não se sustentaram sob uma análise interpretativa. Mas há mais argumentos. Pela lógica dos Preços de Transferência, o Método de Preço de Revenda menos Lucro (PRL) deve ter por base o preço de revenda do bem importado, o qual sofreu agregação de valor no país, para então, sobre este preço de revenda expurgado do valor agregado no país, aplicarse a margem de preço de revenda legal de 60% para se encontrar o preço parâmetro do custo do bem importado. Corrigindo a distorção inicialmente implementada com a edição da IN 32/2001, a metodologia veiculada no § 11 do art. 12 da IN SRF nº 243/2002 não mais determinou a incidência da margem de lucro de 60% sobre o preço líquido de venda do produto acabado, mas sobre a parcela desse valor que corresponde ao bem importado, i.e., a chamada “participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido”, o que viabiliza a apuração do preçoparâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância com o objetivo do método PRL 60 e a finalidade do controle dos preços de transferência. Ou seja, o método de Preço de Revenda menos Lucro deve ter como base o preço de revenda do bem importado, pois é a margem de lucro que é tida como parâmetro para servir de comparação. Portanto, quando o bem importado sofre agregação de valor, transformandoo num outro produto, o valor agregado deve ser diminuído ou deduzido do valor de venda do produto para se encontrar o valor de venda individual do bem importado, sobre o qual se aplica uma margem de lucro (no caso definida em lei ordinária) para se encontrar o valor que se deseja comparar com o custo do bem importado. Insta observar, ainda, que as interpretações sistemática, lógica e finalística, aqui empregadas, prevalecem sobre eventuais interpretações gramatical e histórica que se pretenda empreender, com o fito de inquinar de ilegal a IN SRF nº 243/2002. Por fim, cumpre mencionar que o Tribunal Regional Federal da Terceira Região possui o mesmo entendimento, desde 2011, conforme Apelação Cível nº 0028594 62.2005.4.03.6100/SP, de 2 de outubro de 2014, que menciona diversos outros precedentes no mesmo sentido: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. LEIS 9.430/1996 E 9.959/2000. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/2002. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL 60. PREÇO PARÂMETRO. VALOR AGREGADO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO E IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA. LEGALIDADE. AGRAVO RETIDO. FALTA DE REITERAÇÃO. 1. Não se conhece do agravo retido, não reiterado na forma do artigo 523, CPC. Fl. 3448DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.449 17 2. A IN 243/2002 foi editada na vigência da Lei 9.959/2000, que alterou a redação da Lei 9.430/1996, para distinguir a hipótese de revenda do próprio direito ou bem, tratada no item 2, da hipótese de revenda de direito ou bem com valor agregado em razão de processo produtivo realizado no país, tratada no item 1, ambos da alínea d do inciso II do artigo 18 da lei. 3. O cálculo do preço de transferência, pelo Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL, no caso de direitos, bens ou serviços, oriundos do exterior e adquiridos de pessoa jurídica vinculada, passou, na vigência da Lei 9.959/2000, a considerar a margem de lucro de 60% "sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção" (artigo 18, II, "d", 1). 4. A adoção, na técnica legal, do critério do valor agregado objetivou conferir adequada eficácia ao modelo de controle de preços de transferência, em cumprimento às obrigações assumidas pelo Brasil na Convenção Modelo da OCDE, evitando distorções e, particularmente, redução da carga fiscal diante da insuficiência das normas originariamente contidas na Lei 9.430/1996 e refletidas na IN/SRF 32/2001. 5. Com efeito, o cálculo do preço de transferência a partir da margem de lucro sobre o preço de revenda é eficaz, no atingimento da finalidade legal e convencional, quando se trate de importação de bens, direitos ou serviços finais para revenda interna, não, porém, no caso de importação de matériasprimas, insumos, bens, serviços ou direitos que não são objeto de revenda direta, mas são incorporados em processo produtivo de industrialização, resultando em distintos bens, direitos ou serviços, agregando valor ao produto final, com participações variáveis na formação do preço de revenda, que devem ser apuradas para que seja alcançado corretamente o preço de transferência, de que trata a legislação federal. 6. Assim, a IN 243/2002, ao tratar, nos §§ 10 e 11 do artigo 12, do Método do Preço de Revenda Menos Lucro , para bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção, com exclusão do valor agregado e da margem de lucro de 60%, para tanto com a apuração da participação de tais bens, serviços ou direitos no custo e preço de revenda do produto final industrializado no país, não inovou nem violou o artigo 18, II, d, item 1, da Lei 9.430/1996 com a redação dada pela Lei 9.959/2000. 7. Contrariamente ao postulado na inicial, o que se verificou foi a necessária e adequada explicitação, pela instrução normativa impugnada, do conteúdo legal para permitir a sua aplicação, considerando que o conceito legal de valor agregado, conducente ao conceito normativo de preço parâmetro, leva à necessidade de apurar a sua formação por decomposição dos respectivos fatores, abrangendo bens, serviços e direitos importados, sujeitos à análise do valor da respectiva participação proporcional ou ponderada no preço final do produto. Fl. 3449DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.450 18 8. O artigo 18, II, da Lei 9.430/1996, alterada pela Lei 9.959/2000, prevê que o preço de transferência, no caso de bens e direitos importados para a aplicação no processo produtivo, calculado pelo método de preço de revenda menos lucros PRL 60, é a média aritmética dos preços de revenda de bens ou direitos, apurada mediante a exclusão dos descontos incondicionados, tributos, comissões, corretagens e margem de lucro de 60%, esta calculada sobre o preço de revenda depois de deduzidos os custos de produção citados e ainda o valor agregado calculado a partir do valor de participação proporcional de cada bem, serviço ou direito importado na formação do preço final, conforme previsto em lei e detalhado na instrução normativa. 9. O preço de transferência, assim apurado e não de outra forma como pretendido neste feito, é que pode ser deduzido na determinação do lucro real para efeito de cálculo do IRPJ/CSL. Há que se considerar, assim, a ponderação ou participação dos bens, serviços ou direitos, importados da empresa vinculada, no preço final do produto acabado, conforme planilha de custos de produção, mas sem deixar de considerar os preços livres do mercado concorrencial, ou seja os praticados para produtos idênticos ou similares entre empresas independentes. A aplicação do método de cálculo com base no valor do bem, serviço ou direito em si, sujeito à livre fixação de preço entre as partes vinculadas, geraria distorção no valor agregado, majorando indevidamente o custo de produção a ser deduzido na determinação do lucro real e, portanto, reduzindo ilegalmente a base de cálculo do IRPJ/CSL. 10. Para dar eficácia ao método de cálculo do preço de revenda menos lucro, previsto na Lei 9.430/1996 alterada pela Lei 9.959/2000, é que foi editada a IN/SRF 243/2002, em substituição à IN/SRF 32/2001, não se tratando, pois, de ato normativo inovador ou ilegal, mas de explicitação de regras concretas para a execução do conteúdo normativo abstrato e genérico da lei, prejudicando, pois, a alegação de violação ao princípio da legalidade. 11. Precedentes. Ainda, em recentíssima decisão, aquele mesmo Tribunal Regional Federal da Terceira Região expendeu o seguinte entendimento (Agravo Legal em Apelação Cível nº 002983651.2008.4.03.6100/SP, de 18 de março de 2016, publicado em 31 de março de 2016): 1. O Preço de Transferência, em suma, é o valor definido para registrar as operações de venda ou transferência de bens, serviços ou propriedade intangível entre partes vinculadas, cujo controle é obtido mediante a comparação com preços praticados pelo mercado, por partes individuadas, em negócios semelhantes. Esse processo, do qual o Brasil adotou as regras, deriva das disposições da Convenção Modelo Fiscal da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pretende, dentre outros aspectos, consolidar a tributação igualitária das operações entre as empresas vinculadas, impedindo a manipulação de transações a fim de diminuir os encargos fiscais e, por consequência, preservando as operações similares praticadas pelas empresas independentes e Fl. 3450DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.451 19 a concorrência, inibindo a perda de receitas pelo Fisco. Encontrase abrigado na Lei nº 9.430/1996 e denominase Arm's length principle (Princípio da Neutralidade ou do Preço sem Interferência ou, ainda, Princípio dos Preços Independentes Comparados). No caso de empresas vinculadas, objetiva coibir tanto a dupla tributação como a ocorrência de evasão fiscal, determinandose uma margem de lucro sobre o valor do preço líquido de revenda da mercadoria ou insumo importado. 2. A sistemática prevista pela Lei nº 9.430/96, posteriormente modificada pela Lei nº 9.959/2000, e as INs/SRF nºs. 32/2001 e 243/2002, busca, em última análise, corrigir distorção em relação à margem de lucro, a qual, segundo o ordenamento jurídico modificado, resultaria da aplicação do percentual de 60% sobre os preços de venda do bem produzido. Com a modificação introduzida, passouse a considerar, para a apuração do preço parâmetro, a participação dos bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção, tanto no preço de venda do produto, quanto no custo total do bem acabado, já com valor agregado no país, o qual, juntamente com a margem de lucro de 60%, são eliminados na apuração do preço parâmetro, segundo a metodologia prevista no art. 12, §§ 10, e 11 e seus incisos, da mencionada IN/SRF nº 243/2002, a qual regulamentou a Lei nº 9.430/1996, com a redação veiculada pela Lei nº 9.959/2000. 3. O cálculo do preço de transferência, pelo Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL passou, na vigência da Lei nº 9.959/2000, a considerar a margem de lucro de 60% "sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção" (artigo 18, II, "d", 1). A adoção, na técnica legal, do critério do valor agregado objetivou conferir adequada eficácia ao modelo de controle de preços de transferência, em cumprimento às obrigações internacionais assumidas pelo Brasil na Convenção Modelo da OCDE, evitando distorções e, particularmente, redução da carga fiscal diante da insuficiência das normas originariamente contidas na Lei nº 9.430/1996 e refletidas na IN/SRF nº 32/2001. 4. Com efeito, o cálculo do preço de transferência a partir da margem de lucro sobre o preço de revenda é eficaz no sentido de atingir a finalidade legal nos casos de importação para revenda interna, não, porém, no caso de importação de insumos que não são objeto de revenda direta, mas são incorporados em processo produtivo de industrialização, resultando em distintos bens, direitos ou serviços, agregando valor ao produto final, com participações variáveis na formação do preço de revenda, que devem ser apuradas para que seja alcançado corretamente o preço de transferência, de que trata a legislação federal. 5. Assim, nesse aspecto, a IN nº 243/2002 não violou o artigo 18, II, "d", item 1, da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 9.959/2000, ao tratar, nos §§ 10 e 11 do artigo 12, do Método do Preço de Revenda Menos Lucro, para bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção, com exclusão do valor agregado e da margem de lucro de 60%, para tanto com a apuração da participação de tais bens, serviços ou direitos no Fl. 3451DF CARF MF Processo nº 16561.720092/201355 Acórdão n.º 9101002.938 CSRFT1 Fl. 3.452 20 custo e preço de revenda do produto final industrializado no país. O conceito legal de valor agregado, que conduz ao conceito normativo de preço parâmetro, leva à necessidade de apurar a sua formação por decomposição dos respectivos fatores, abrangendo bens, serviços e direitos importados, sujeitos à análise do valor da respectiva participação proporcional ou ponderada no preço final do bem. O art. 18, II, da supracitada legislação prevê que o preço de transferência, no caso de bens e direitos importados para a aplicação no processo produtivo, calculado pelo método de preço de revenda menos lucros PRL 60, é a média aritmética dos preços de revenda de bens ou direitos, apurada mediante a exclusão dos descontos incondicionados, tributos, comissões, corretagens e margem de lucro de 60%, esta calculada sobre o preço de revenda depois de deduzidos os custos de produção citados e ainda o valor agregado calculado a partir do valor de participação proporcional de cada bem, serviço ou direito importado na formação do preço final, conforme previsto em lei e detalhado na instrução normativa. O preço de transferência assim apurado é que pode ser deduzido na determinação do lucro real para efeito de cálculo do IRPJ/CSL. Há que se considerar, assim, a ponderação ou participação dos bens, serviços ou direitos, importados da empresa vinculada, no preço final do produto acabado, conforme planilha de custos de produção, mas sem deixar de considerar os preços livres do mercado, praticados para produtos idênticos ou similares entre empresas independentes. 6. A aplicação do método de cálculo com base no valor do bem, serviço ou direito em si, sujeito à livre fixação de preço entre as partes vinculadas, geraria distorção no valor agregado, majorando indevidamente o custo de produção a ser deduzido na determinação do lucro real e, portanto, reduzindo ilegalmente a base de cálculo do IRPJ/CSL. Para dar eficácia ao método de cálculo do preço de revenda menos lucro, previsto na Lei nº 9.430/1996 alterada pela Lei nº 9.959/2000, é que foi editada a IN/SRF nº 243/2002, em substituição à IN/SRF 32/2001, não se tratando, pois, de ato normativo inovador ou ilegal, mas de explicitação de regras concretas para a execução do conteúdo normativo abstrato e genérico da lei, prejudicando, pois, a alegação de violação ao princípio da legalidade. Pelo exposto, discordo da I. Conselheira Relatora, e voto no sentido de negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Fl. 3452DF CARF MF
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Numero do processo: 13971.001693/2004-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002
COISA JULGADA. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 5º, XXXVI. INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 1998.
Há a presença da coisa julgada material para afastar o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, que, por sua vez, alargava a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Em relação à coisa julgada, a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XXXVI, anuncia: "A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". Ademais, o Supremo Tribunal Federal considerou o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, como inconstitucional.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002
VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. RECEITAS FINANCEIRAS.
As variações cambiais ativas configuram-se como receitas financeiras e não compõe a base de cálculo, considerada como faturamento/receita bruta, do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998.
CRÉDITO PRÊMIO DE IPI. RECEITAS DE CRÉDITO PRESUMIDO. IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA COFINS E DO PIS.
O crédito prêmio de IPI e suas receitas são parcelas relacionadas à redução de custos e não à obtenção de receita nova, oriunda do exercício da atividade empresarial. A noção de faturamento, identificada com a base de cálculo do PIS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços.
JUROS DECORRENTES DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS RECUPERADOS JUDICIALMENTE. RECEITAS FINANCEIRAS.
Os juros, decorrentes de recuperação de créditos recuperados judicialmente, apresentam-se como receitas financeiras e não compõe a base de cálculo, considerada como faturamento/receita bruta, do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998.
Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 3302-004.799
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Maria do Socorro F. Aguiar, José Fernandes do Nascimento e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões por entender que os créditos prêmios de IPI possuem natureza de receita.
(assinatura digital)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinatura digital)
Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza - Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo.
Nome do relator: SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 COISA JULGADA. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 5º, XXXVI. INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 1998. Há a presença da coisa julgada material para afastar o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, que, por sua vez, alargava a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Em relação à coisa julgada, a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XXXVI, anuncia: "A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". Ademais, o Supremo Tribunal Federal considerou o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, como inconstitucional. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. RECEITAS FINANCEIRAS. As variações cambiais ativas configuram-se como receitas financeiras e não compõe a base de cálculo, considerada como faturamento/receita bruta, do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998. CRÉDITO PRÊMIO DE IPI. RECEITAS DE CRÉDITO PRESUMIDO. IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA COFINS E DO PIS. O crédito prêmio de IPI e suas receitas são parcelas relacionadas à redução de custos e não à obtenção de receita nova, oriunda do exercício da atividade empresarial. A noção de faturamento, identificada com a base de cálculo do PIS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. JUROS DECORRENTES DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS RECUPERADOS JUDICIALMENTE. RECEITAS FINANCEIRAS. Os juros, decorrentes de recuperação de créditos recuperados judicialmente, apresentam-se como receitas financeiras e não compõe a base de cálculo, considerada como faturamento/receita bruta, do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado.
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 5º, XXXVI. INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 1998. Há a presença da coisa julgada material para afastar o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, que, por sua vez, alargava a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Em relação à coisa julgada, a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XXXVI, anuncia: "A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". Ademais, o Supremo Tribunal Federal considerou o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, como inconstitucional. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2000, 2001, 2002 VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS. RECEITAS FINANCEIRAS. As variações cambiais ativas configuramse como receitas financeiras e não compõe a base de cálculo, considerada como faturamento/receita bruta, do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998. CRÉDITO PRÊMIO DE IPI. RECEITAS DE CRÉDITO PRESUMIDO. IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA COFINS E DO PIS. O crédito prêmio de IPI e suas receitas são parcelas relacionadas à redução de custos e não à obtenção de receita nova, oriunda do exercício da atividade empresarial. A noção de faturamento, identificada com a base de cálculo do PIS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. JUROS DECORRENTES DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS RECUPERADOS JUDICIALMENTE. RECEITAS FINANCEIRAS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 16 93 /2 00 4- 54 Fl. 700DF CARF MF 2 Os juros, decorrentes de recuperação de créditos recuperados judicialmente, apresentamse como receitas financeiras e não compõe a base de cálculo, considerada como faturamento/receita bruta, do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Maria do Socorro F. Aguiar, José Fernandes do Nascimento e Paulo Guilherme Déroulède votaram pelas conclusões por entender que os créditos prêmios de IPI possuem natureza de receita. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinatura digital) Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Cássio Schappo, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araujo. Relatório Tratase de retorno de diligência, sendo que o presente processo administrativo é um auto de infração para lançamento da contribuição para o PIS/Pasep por omissão de receitas. Do Termo de Verificação Fiscal, extraemse as seguintes informações, fls. 300/316, quanto às receitas não incluídas na base de cálculo da contribuição e que foram consideradas omitidas pela fiscalização: 02. Receitas Não Incluídas na Base de Cálculo da Contribuição Analisandose as apurações do PIS espelhadas nas DIPJ apresentadas, e confrontandoas com os livros contábeis apresentados, verificase que diversas receitas não foram consideradas pela contribuinte para a obtenção da base de cálculo desta contribuição. (...) Vejamos então, no caso concreto, quais receitas não foram consideradas pela empresa na apuração da contribuição em tela, contrariando os dispositivos legais mencionados e, inclusive, as decisões judiciais proferidas na ação por ela própria patrocinada. 02.01 Variações Cambiais Ativas Fl. 701DF CARF MF Processo nº 13971.001693/200454 Acórdão n.º 3302004.799 S3C3T2 Fl. 3 3 Conforme se vislumbra na contabilidade da empresa, especificamente na conta contábil 34010700027 — Variações Cambiais Líquidas (relatório do Livro Razão às fls. 187 a 219), a empresa optou por reconhecer tais variações pelo regime de competência para apuração de seus resultados, e, portanto, na apuração do Imposto de Renda e da Contribuição Social. (...) 02.02 Outras Receitas Financeiras Conforme já relatado, através do Termo de Intimação Fiscal 2004/05405, a empresa sob fiscalização foi intimada a apresentar demonstrativo informando, de forma mensal, os valores de todas as receitas auferidas mas não consideradas para a apuração do PIS. Instruindo sua resposta, a empresa apresentou o demonstrativo de fl. 272, relacionando receitas financeiras por ela contabilizada nas seguintes contas contábeis: 34010800035 — Variação Monetária Ativa: conforme legislação aqui transcrita, tratase de receita integrante da base de cálculo do PIS, valendo o que foi disposto neste termo no item anterior relativo à Variação Cambial Ativa; 34010800044— Juros Ativos; 34010800053 — Descontos Obtidos; 34010800062 — Receitas de Aplicações Financeiras, e; 34010800071 — Outras receitas financeiras. Todas as receitas citadas, a despeito do procedimento adotado pela contribuinte, devem incluir a base de cálculo do PIS, conforme artigo 3° da Lei 9.718/98, e estão relacionadas na tabela 4 deste termo. Cabe frisar, que conforme alegado pela contribuinte em sua resposta (observação de n° 3 ao final do documento à fl. 272), nos meses de janeiro a março de 2000 tais receitas foram normalmente oferecidas à tributação do PIS, sendo que apenas a partir de abril daquele ano a empresa deixou de inserilas na base de cálculo desta contribuição. De forma semelhante, no fato gerador 12/2002 (já sob o comando da Lei 10.637/2002), a contribuinte incluiu tais receitas na base de cálculo da contribuição para o PIS, conforme demonstrativo de apuração de fl. 298. (...) 02.03 Crédito Prêmio de IPI Conforme resposta ao sexto quesito do termo de intimação fiscal 2004/05405 (fls. 231 e 232), a empresa impetrou ações judiciais visando o aproveitamento de créditoprêmio do IPI, em conformidade com o DecretoLei n° 491/69, relativo ao período de 07/12/79 a 30/04/1985. Em virtude de tais ações, a empresa Fl. 702DF CARF MF 4 contabilizou em seu ativo, especificamente na conta contábil "12040100035 — IPI" os seguintes valores em 30/09/2000 (relatório do razão às fls. 180 a 183): R$ 11.723.098,19 CREDITO PREMIO IPI PROC.87543 8400201060 R$ 3.604.716,94 COMPL.CREDITO PREMIO IPI PROC. 8400201060 Tais valores foram também contabilizados na conta de resultado "34010800071 — Outras Receitas Financeiras", sendo que a cópia do relatório que reproduz o razão que a contempla está anexada à fl. 221. Esta conta contábil foi considerada pela empresa para elaboração do demonstrativo de receitas não incluídas pela empresa na apuração do PIS (fls. 272), mas não integralmente, uma vez que justamente os valores de crédito prêmio de IPI não foram relacionados. (...) 02.04 Receitas de Crédito Presumido de IPI Em relação às receitas relativas ao crédito presumido do IPI, tornase imperioso concluir pela sua tributação, frente à legislação aqui comentada. (...) 02.05 Receitas de Juros sobre Créditos Recuperados Judicialmente Ainda a partir da contabilidade da empresa, foi localizado o seguinte lançamento, efetuado a crédito na conta contábil 34010700170 — Recuperação de Valores (relatório do razão à fl. 220): 31/12/2002: Crédito PIS Semestralidade R$ 2.851.837,70 A contribuinte, então, apresentou impugnação, fls. 347/376, onde alegou em síntese que: 1. Há nulidade no procedimento, pois ele não está instruído com todos os documentos, utilizados pela fiscalização, e foi impossibilitada a retirada em carga dos autos em desrespeito ao artigo 7º, XV, da Lei n° 8.906/94; 2. Alega que as respectivas fotocópias somente foram fornecidas no dia 08/11/2004, quando já havia decorrido praticamente metade do prazo para a apresentação de impugnação ao lançamento e às infrações, em evidente prejuízo à Impugnante, pois os documentos que amparam o lançamento não lhe foram entregues com a notificação, consoante determina o art. 9°, do Decreto n° 70.235/72, violando o princípio do contraditório e da ampla defesa; 3. Além disso, elucida que no que tange ao seu mérito referidos lançamentos são viciados por importarem na ilegal tributação de valores que não se enquadram no conceito de faturamento, ao arrepio do art. 110 do CTN, decorrendo, igualmente daí, a sua nulidade; Preliminarmente: Fl. 703DF CARF MF Processo nº 13971.001693/200454 Acórdão n.º 3302004.799 S3C3T2 Fl. 4 5 4. Alega cerceamento de defesa, fundamentando que os documentos que fundamentam a pretensão do Fisco, em um primeiro momento, não foram disponibilizados no tempo hábil à empresa para que ela pudesse se defender e elaborar a competente impugnação. Ademais, afirma que fere o contraditório e a ampla defesa a produção por parte da Administração Pública de argumentos ou elementos de fato ou de direito, sem que seja concedida ao contribuinte a oportunidade de se manifestar; No mérito: 5. A contribuinte insurgese contra a ampliação da base de cálculo pela Lei nº 9.718, de 1998, e, ao assim proceder, a referida lei incluiu na base de cálculo do PIS valores que, como tal, não são enquadráveis no conceito de faturamento ou receita adotados pela sua matriz constitucional como hipótese de incidência dos referidos tributos, tais como as receitas financeiras não operacionais, sendo justamente estas as quantias que foram consideradas para a constituição do crédito tributário lançado contra a contribuinte; 6. Afirma que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente pela Constituição Federal para definir ou limitar competências tributárias, consoante preconiza o art. 110 do CTN; 7. Quanto à incidência da contribuição social sobre os créditos prêmio e presumido de IPI, a contribuinte afirma se tratar de uma política fiscal de incentivo à exportação e que a tendência de se conceder os créditos "presumido" e prêmio de IPI, desta feita, aparece como forma de "eliminar" a incidência de PIS e COFINS e outros tributos acumulada ao longo da cadeia produtiva e, em conseqüência, dar plena efetividade à norma legal isentiva. Afirma que a incidência do PIS sobre os créditos prêmio e presumido de IPI é absolutamente ilegal; 8. Quanto à tributação incidente sobre as variações monetárias ativas e a taxa SELIC apurada sobre créditos tributários recuperados judicialmente, a Impugnante afirma que também, neste ponto, o auto de lançamento deturpa totalmente o conceito de receita, qualquer que seja a amplitude pretendida, ao lançar a contribuição sobre a variação monetária. Isso porque variação monetária significa exclusivamente a recomposição de determinado valor no tempo de modo a expurgar a inflação apurada no período, e nada mais; 9. No que concerne ao lançamento sobre as variações cambiais ativas, fundamenta que nos termos da LC n° 70/91 (art. 70, I) e da MP 1.8586/99 (art. 14, II) e suas sucessivas reedições até o advento da MP n 2.15835/01 (perenizada pela EC n° 32/01), a receita decorrente destas operações é isenta das contribuições sociais em questão, isenção posteriormente alçada à condição de imunidade por força da EC n° 33/01. E no caso, as variações cambiais contabilizadas na conta em questão são decorrentes, justamente, destas operações de exportação e respectivos contratos de câmbio; 10. Ainda argumenta que mesmo que ilegal o lançamento da contribuição sobre as variações cambiais ativas — as quais não se enquadram no conceito de faturamento, do que decorre a violação ao art. 110 do CTN, verificase ainda que ele é totalmente irregular, na medida em que desconsiderado, pelos auditores fiscais, os períodos em ditas variações foram negativas, com evidente reflexos sobre a base de cálculo apurada durante a fiscalização; Fl. 704DF CARF MF 6 11. Afirma que houve ofensa ao princípio da legalidade em função da margem de discricionariedade do agente fiscal na lavratura do auto de infração, diz que a multa confiscatória é inconstitucional e que a adoção da Taxa Selic como juros moratórios é impossível. Sobreveio, então, julgamento da DRJ/Florianópolis, fls. 581/592, cuja ementa é descrita abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2002 PIS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. LEI N° 9.718/98. Todas as receitas da pessoa jurídica integram a base de cálculo da contribuição, nos moldes previstos pela Lei ri 9.718, de 1998. PIS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRÊMIO DE IPI. Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Não havendo expressa previsão, não há de admitir a exclusão de receitas relativas ao crédito prêmio de IPI da base de cálculo da contribuição. PIS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. A receita relativa ao crédito presumido do IPI de que trata a Lei n° 9.363/96 deverá ser apurada em função da ocorrência de exportação ou venda a empresa comercial exportadora com fim específico de exportação, e contabilizada como receita operacional, devendo ser oferecida à tributação da contribuição para o PIS. PIS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS E PASSIVAS. As variações monetárias ativas deverão ser computadas, na condição de receitas financeiras, na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS. As variações cambiais passivas refletem despesas financeiras, e não há previsão legal para sua dedução. PIS. BASE DE CÁLCULO. VARIAÇÕES CAMBIAIS. As diferenças decorrentes de alteração na taxa câmbio ocorridas entre a data do fechamento do contrato de câmbio e a data do embarque devem ser consideradas como variações monetárias ativas ou passivas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2002 ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Fl. 705DF CARF MF Processo nº 13971.001693/200454 Acórdão n.º 3302004.799 S3C3T2 Fl. 5 7 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. A contribuinte irresignada apresentou Recurso Voluntário, fls. 600/607, repisando os argumentos da impugnação de uma forma mais sintética. Os autos subiram a este Egrégio Tribunal Administrativo, onde foi convertido em diligência pela Resolução nº 3202000.289, Conselheiro Thiago Moura de Albuquerque Alves, fls. 612, nos seguintes termos: Forte nessas razões, voto para CONVERTER o julgamento em diligência para que a autoridade preparadora intime a empresa, de modo a que esta junte nos autos todas as decisões proferidas no Mandado de segurança nº 2000.72.05.0021923 e no RE 370.542/SC, com respectiva certidão narrativa de pé e objeto. A Recorrente atendeu ao pleito, fls. 690, juntando ao presente processo administrativo certidão de inteiro teor dos autos do Mandado de Segurança nº 2000.72.05.0021923. É o relatório. Voto 1. Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, tratase, portanto, de recurso tempestivo e de matéria que pertence a este colegiado. 2. No mérito 2.1. Da coisa julgada A partir da certidão narratória, fls.691, extraise o seguinte: CERTIFICA, a pedido da parte interessada, que tramitam nesta Vara Federal os autos do Mandado de Segurança n° 2000.72.05.0021923, ajuizado em 15/05/2000, em que é impetrante BUETTNER SOCIEDADE ANÔNIMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO e autoridade impetrada, o DELEGADO DA RECEITA FEDERAL EM BLUMENAU, visando afastar a exigência da COFINS e do PIS nos moldes da lei n.° 9.718/98, Fl. 706DF CARF MF 8 com pedido liminar, o qual foi indeferido em decisão de 16/05/2000. (...) Certifica que, interposto Recurso Extraordinário pela Impetrante, o STF deu parcial provimento ao referido recurso, em decisão de 16/11/2005, para afastar a aplicação do § 1o do art. 3o da Lei 9.718/98, com trânsito em julgado em 19/12/2005. (grifos não constam do original) Observase a partir da certidão, acima descrita, que a Recorrente possui coisa julgada material para afastar o § 1º do artigo 3º, da Lei nº 9.718, de 1998, que, por sua vez, alargava a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Em relação à coisa julgada, a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XXXVI, anuncia: "A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". A partir de tal premissa, então, temse que a base de cálculo do tributo em apreço é o faturamento/receita bruta. Lei nº 9.718/1998 Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Redação original Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. O artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718, de 1998, que foi o fundamento para incluir as receitas financeiras no conceito de receita bruta, foi posteriormente revogado pela Lei nº 11.491, de 2009, e declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, no RE 585.235/MG com repercussão geral: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF; Relator: Ministro Cezar Peluzo; Data da sessão: 10.09.2008) (grifos não constam no original) Fl. 707DF CARF MF Processo nº 13971.001693/200454 Acórdão n.º 3302004.799 S3C3T2 Fl. 6 9 No caso em análise, além da consideração do STF que teve efeitos erga omnes e é de observância obrigatória por este Conselho1, a Recorrente possui coisa julgada material quanto à consideração da base de cálculo como faturamento/receita bruta. Do contrato social da Recorrente, fls. 379, extraise a sua atividade empresarial: A sociedade tem por objeto a indústria têxtil, compreendendo todos os ramos complementares, comercialização e exportação de seus produtos, importação, podendo ainda participar de outras sociedades de igual ou diversa finalidade, como acionista ou quotista, a critério do Conselho de Administração. A Recorrente, em seu recurso voluntário, faz uma impugnação genérica em relação às receitas, que foram glosadas, pela fiscalização, dizendo que elas se enquadram no conceito de receita financeira e que, portanto, não compõe o conceito de faturamento para a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Passase, então, à análise de cada item glosado pela fiscalização. 2.2. Das Receitas incluídas pela fiscalização 2.2.1. Variações cambiais ativas A fiscalização considerou que as variações cambiais ativas faziam parte do conceito de faturamento pela ampliação da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. Já se sabe que a premissa deve ser que o faturamento é considerado receita bruta, que, no caso em análise, temse por premissa a atividade empresarial da Recorrente, que é a indústria têxtil. O Das lições de ELISEU MARTINS2, retirase: O mesmo CPC no item 8 menciona que 'a receita inclui somente os ingressos brutos de benefícios econômicos recebidos e a receber pela entidade quando originários de suas próprias atividades. As quantias cobradas por conta de terceiros tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor adicionado não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não resultam em aumento do patrimônio líquido. Portanto, são excluídos da receita'. 1 RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 2 MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo; IUDÍCIBIUS, Sérgio. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 568. Fl. 708DF CARF MF 10 Ultrapassado este conceito, importante trazer a legislação tributária, importante observar o artigo 375 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR /99, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999: Decreto nº 3.000/1999 Art. 375. Na determinação do lucro operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como os ganhos cambiais e monetários realizados no pagamento das obrigações. Parágrafo único. As variações monetárias de que trata este artigo serão consideradas, para efeito da legislação do imposto, como receitas ou despesas financeiras , conforme o caso." (Os grifos são nossos) Importante também transcrever o seguinte artigo da Lei nº 9.718/1998: Lei nº 9.718/1998 Art. 9° As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas, para efeitos da legislação do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição PIS/PASEP e da COFINS, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso. (grifos não constam no original) Tratase, portanto, de uma receita financeira, que somente deveria ser considerada, quando houve a ampliação da base de cálculo por parte do legislador e que, no caso em análise, tal ampliação foi desconsiderada por meio da coisa julgada material e da inconstitucionalidade do § 1º, do artigo 3º, da Lei nº 9.718/1998, que acabou por considerar a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep a receita bruta operacional. Portanto, desfaz se a glosa realizada pela fiscalização. 2.2.2. Outras receitas financeiras A fiscalização também incluiu na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep as seguintes receitas financeiras, retiradas as seguintes contas: 34010800035 — Variação Monetária Ativa: conforme legislação aqui transcrita, tratase de receita integrante da base de cálculo do PIS, valendo o que foi disposto neste termo no item anterior relativo à Variação Cambial Ativa; 34010800044— Juros Ativos; 34010800053 — Descontos Obtidos; 34010800062 — Receitas de Aplicações Financeiras, e; 34010800071 — Outras receitas financeiras. Fl. 709DF CARF MF Processo nº 13971.001693/200454 Acórdão n.º 3302004.799 S3C3T2 Fl. 7 11 Todas as receitas, acima descritas, são receitas financeiras, e pelas razões já expostas no item 2.2.1. devem ser retiradas da base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep. 2.2.3. Crédito prêmio de IPI e suas receitas Quanto ao crédito prêmio de IPI, importante analisar qual a sua natureza jurídica, para, então, poder concluir se ele compõe ou não a base de cálculo faturamento/receita bruta da contribuição para o PIS/Pasep. Quanto à base de cálculo das contribuições em apreço, importante lição de MARCO AURÉLIO GRECO3: Ao atribuir competência para alcançar receitas, a CF/88 automaticamente excluiu do campo da tributação as 'despesas' (= feição negativa) (em sentido lato, abrangendo custos, dívidas etc.) realizadas pela pessoa jurídica. Assim, o universo das receitas se opõe ao universo das despesas e este último não foi qualificado pela norma constitucional. Por esta razão, somente vicissitudes que digam respeito a receitas é que poderão estar alcançadas pela norma de incidência da contribuição em exame, delas não participando as que digam respeito às despesas. Isto implica reconhecer que as vicissitudes das despesas não compõem a base de cálculo da contribuição, nem mesmo quando, por via inversa, tenham algum reflexo no seu dimensionamento, reduzindoas. A título meramente exemplificativo de uma eventualidade desta natureza, pode ser mencionado o perdão de uma dívida. Para o devedor que se viu liberado daquele compromisso, o efeito será não estar mais obrigado a proceder ao respectivo dispêndio. O total de suas dívidas será menor. Em termos patrimoniais globais, até poderá haver um 'ganho', mas o perdão da dívida, em nenhum momento corresponde a uma 'receita', pela singela razão que não implica ingresso de recursos. Um menor dispêndio não equivale, juridicamente, a uma receita. Em suma, os conceitos de receita e faturamento têm em comum abrangerem figuras positivas e não vicissitudes das despesas. Eventos que reduzam despesas, embora repercutam patrimonialmente, não configuram receitas e, portanto, não integram a respectiva base de cálculo da contribuição ao PIS e a Cofins. No caso do crédito prêmio de IPI, a sua natureza jurídica apresentase como redução de custos, portanto, não pode compor a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep, por não representar faturamento ou receita bruta operacional. Nesse sentido, já decidiu este Egrégio Tribunal Administrativo: 3 GRECO, Marco Aurélio. Cofins na Lei 9.718/98 — variações cambiais e regime da aliquota acrescida. In RDDT 50/1301. Fl. 710DF CARF MF 12 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI — IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA COFINS E DO PIS O crédito presumido de IPI é parcela relacionada à redução de custos e não à obtenção de receita nova, oriunda do exercício da atividade empresarial. A noção de faturamento, identificada com as bases de cálculo do PIS e da COFINS, corresponde à receita bruta derivada da venda de mercadorias, de serviços e de mercadorias e serviços. (Acórdão nº 3401002.608; Relator: Fernando Marques Cleto Duarte; Data da sessão: 28.05.2014) Por tal motivação, excluise a glosa em relação ao crédito prêmio de IPI e suas receitas. 2.2.4. Receitas de Juros sobre Créditos Recuperados Judicialmente Quanto às receitas de juros sobre créditos recuperados, entendese que tais receitas têm a natureza de receitas financeiras e pela motivação apresentada no item 2.2.1. não podem compor a base de cálculo das contribuições em apreço, pois não se trata de receita bruta operacional, portanto, se desfaz a glosa efetuada. 3. Conclusão Por todo o exposto, conheço o recurso voluntário e concedo provimento integral. Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza Fl. 711DF CARF MF
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Numero do processo: 12466.000547/2010-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INEXISTÊNCIA DE MEDIDA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COBRANÇA DE JUROS MORATÓRIOS E DA MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
É devida a cobrança dos juros moratórios e da multa de ofício se não houve a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por medida liminar em mandado de segurança nem a comprovação da realização do depósito judicial do montante integral do crédito tributário lançado.
DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. ATO DE LIBERAÇÃO DA MERCADORIA. INOCORRÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA DO LANÇAMENTO. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do despacho aduaneiro de importação, o desembaraço aduaneiro é o ato de liberação da mercadoria importada e não tem natureza de ato de homologação expressa do lançamento por homologação. Assim, não implica mudança de critério jurídico o lançamento de ofício de diferença de tributo apurada após o ato de desembaraço aduaneiro.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009
REVISÃO ADUANEIRA. DIFERENÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
Enquanto não decaído o direito de constituir o crédito tributário, na eventual apuração, na fase revisão aduaneira do despacho, de pagamento a menor de tributo ou irregularidade na aplicação de benefício fiscal, a autoridade fiscal tem o poder-dever de proceder o lançamento da diferença de crédito tributário apurada e, se for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
AÇÃO JUDICIAL COM OBJETO IDÊNTICO AO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. OCORRÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CABIMENTO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.688
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcial o recurso voluntário e, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de alteração de critério jurídico e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INEXISTÊNCIA DE MEDIDA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COBRANÇA DE JUROS MORATÓRIOS E DA MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. É devida a cobrança dos juros moratórios e da multa de ofício se não houve a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por medida liminar em mandado de segurança nem a comprovação da realização do depósito judicial do montante integral do crédito tributário lançado. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. ATO DE LIBERAÇÃO DA MERCADORIA. INOCORRÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA DO LANÇAMENTO. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do despacho aduaneiro de importação, o desembaraço aduaneiro é o ato de liberação da mercadoria importada e não tem natureza de ato de homologação expressa do lançamento por homologação. Assim, não implica mudança de critério jurídico o lançamento de ofício de diferença de tributo apurada após o ato de desembaraço aduaneiro. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009 REVISÃO ADUANEIRA. DIFERENÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Enquanto não decaído o direito de constituir o crédito tributário, na eventual apuração, na fase revisão aduaneira do despacho, de pagamento a menor de tributo ou irregularidade na aplicação de benefício fiscal, a autoridade fiscal tem o poder-dever de proceder o lançamento da diferença de crédito tributário apurada e, se for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. AÇÃO JUDICIAL COM OBJETO IDÊNTICO AO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. OCORRÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CABIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcial o recurso voluntário e, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de alteração de critério jurídico e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INEXISTÊNCIA DE MEDIDA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COBRANÇA DE JUROS MORATÓRIOS E DA MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. É devida a cobrança dos juros moratórios e da multa de ofício se não houve a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por medida liminar em mandado de segurança nem a comprovação da realização do depósito judicial do montante integral do crédito tributário lançado. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. NATUREZA JURÍDICA. ATO DE LIBERAÇÃO DA MERCADORIA. INOCORRÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA DO LANÇAMENTO. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do despacho aduaneiro de importação, o desembaraço aduaneiro é o ato de liberação da mercadoria importada e não tem natureza de ato de homologação expressa do lançamento por homologação. Assim, não implica mudança de critério jurídico o lançamento de ofício de diferença de tributo apurada após o ato de desembaraço aduaneiro. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009 REVISÃO ADUANEIRA. DIFERENÇA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Enquanto não decaído o direito de constituir o crédito tributário, na eventual apuração, na fase revisão aduaneira do despacho, de pagamento a menor de tributo ou irregularidade na aplicação de benefício fiscal, a autoridade fiscal tem o poderdever de proceder o lançamento da diferença de crédito tributário apurada e, se for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 05 47 /2 01 0- 05 Fl. 379DF CARF MF 2 AÇÃO JUDICIAL COM OBJETO IDÊNTICO AO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. OCORRÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. CABIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcial o recurso voluntário e, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de alteração de critério jurídico e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório encartado no acórdão recorrido, que segue transcrito: Versa o presente processo sobre os Autos de Infração lavrados (fls. 03/28) para a exigência do crédito tributário relativo às diferenças de recolhimento do Imposto de Importação II (R$ 187.053,04), COFINS – Importação (R$ 2.119,25) e PIS/PASEP – Importação (R$ 460,14), acrescidos dos juros de mora e da multa de ofício. Relata a auditoria que o importador realizou importações, por conta e ordem da empresa Carbono Química Ltda., CNPJ 50.611.433/000747, de produtos químicos denominados comercialmente NPEL 128 e NPEL 134 (Nan Ya Plastics Corp.), classificandoos na posição NCM 2910.90.90 (Composto Epóxi Fenólico). Tal procedimento encontrava respaldo na Solução de Consulta SRRF/7a. RF/DIANA nº 291, de 29/09/2006 cuja empresa consulente é a própria CISA TRADING. No entanto, ato administrativo superveniente Solução de Divergência COANA nº 17 (publicação no DOU em 26/10/2007) modificou o entendimento anterior, passando a determinar a classificação do Fl. 380DF CARF MF Processo nº 12466.000547/201005 Acórdão n.º 3302004.688 S3C3T2 Fl. 322 3 produto acima citado na posição NCM 3907.30.29. Contra este ato, a interessada impetrou, no TRF da 1a. Região, o Mandado de Segurança nº 2008.34.00.0029650. Diante do indeferimento liminar e do pedido de antecipação de tutela ter sido provido parcialmente, com o objetivo de determinar a suspensão dos efeitos da citada Solução de Divergência, a empresa interpôs o Agravo de Instrumento nº 2008.01.00.0706389, distribuído para a 8a. Turma do Tribunal Regional Federal da 1a. Região. A decisão ora vigente restabeleceu os efeitos devolutivo e suspensivo mediante depósito judicial da diferença relativa aos efeitos tributários das classificações fiscais objeto da lide (NCMs 2910.90.90 e 3907.30.29). Assim, a exigência dos respectivos créditos tributários encontrase suspensa nos termos do art.151, inc.IV do CTN. Presumemse idênticas para fins de determinação do tratamento tributário ou aduaneiro as mercadorias descritas de forma semelhante, em diferentes declarações aduaneiras (Lei nº 10833/03, art. 68, caput e Decreto nº 6.759/09, art.667, caput). Regularmente cientificada, a interessada apresentou impugnação tempestiva, às fls. 58/78, na qual, em síntese: Alega duplicidade de lançamentos dos fatos geradores relativos às DI nº 07/17817045, 07/17817053 e 08/00905401, pois, para estas, já houve a autuação realizada em 03/11/2008, relativa aos Processos Administrativos nº 12466.004072/2008 01 e 12466.004073/200848, os quais exigem valores a título de II, IPI, PIS e COFINS Importação, além da multa regulamentar e juros. Argui acerca da necessidade de cancelamento do AI no que se refere à exigência de juros de mora e multa de ofício de 75%, relativos às DI nº 07.16681042, 09/10084259, 09/12032060 e 09/12032183, tendo em vista a vigência de liminar que suspende a exigibilidade do crédito tributário (art. 151, IV, do CTN), bem como a realização de depósitos judiciais realizados nos autos dos Mandados de Segurança n° 2007.50.01.0140593 e 2008.34.00.0029650 (art. 151, II, do CTN Doc. 03). Esclarece que, de fato, existe uma Resina Epóxida NPEL 128 e uma Resina Epóxida NPEL 134. Ocorre que estas resinas não são importadas pela impugnante, sendo fabricadas no Brasil a partir das matériasprimas importadas (Composto Epóxi Fenólico NPEL 128 e Composto Epóxi Fenólico NPEL 134), pela polimerização e adição de outros compostos, como solventes e cargas. Os Laudos Técnicos formulados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT e pela Engenheira cadastrada pela Receita Federal do Brasil, Sra. Maria Cristina Helene Tcharbadjian (Doc. 07), atestam que o Composto Epóxi Fenólico é uma matériaprima utilizada na fabricação de Resina Epóxi (produto final). Fl. 381DF CARF MF 4 Logo, não há que se falar em qualquer outra classificação tarifária que não seja a utilizada pela impugnante, que está conforme a Solução de Consulta SRRF/7a. RF/DIANA n° 291, de 29/09/2006, que entendeu como correta a classificação do Composto Epóxi Fenólico na posição 2910.90.90. Aduz que a classificação que a auditoria entende como correta é inaplicável ao produto importado, pois tal código referese à Resina Epóxida que é o produto final. Destaca que o produto importado é um tetrâmero e que se presta somente à fabricação de resinas epóxidas, por polimerização ulterior. Este fato, considerado isoladamente, já é suficiente para desqualificar a classificação no capítulo 39, posto que a nota 3 "c" do referido capítulo admite como polímeros somente os produtos que contenham pelo menos cinco repetições. Junta um exemplar do Boletim Técnico N° 08 PVC Revisão O — jul/02 Glossário de Termos Aplicados aos Polímeros, editado pela Braskem maior empresa petroquímica da América Latina que versa sobre um glossário de termos aplicados aos polímeros (Doc. 08). Afirma que tais mercadorias foram devidamente desembaraçadas, razão pela qual não pode concordar com a revisão do critério jurídico adotado para classificação fiscal, relativamente a operações pretéritas, nas quais houve a anuência da autoridade fiscalizatória que liberou suas importações e aceitou a classificação fiscal dos produtos como Composto Epóxi Fenólico NPEL 128 e NPEL 134. Aduz que, em cumprimento ao art. 146, do CTN, bem como em respeito ao princípio constitucional da segurança jurídica, o lançamento, como ato vinculado da autoridade administrativa, possui caráter definitivo, não podendo ser alterado de ofício, salvo nas hipóteses expressamente previstas no art. 149, do CTN, razão pela qual, no caso em tela, as homologações dos lançamentos se deram com os respectivos desembaraços aduaneiros e com a concordância da classificação fiscal adotada pela impugnante. Informa que o laudo pericial elaborado a pedido da própria RFB (Doc. 09) corrobora o seu entendimento cerca da classificação fiscal dos produtos por ela importados, pois o perito técnico, ao responder as indagações formuladas pela impugnada, é expresso ao afirmar que o produto importado não é uma Resina Epóxida, sendo utilizado apenas como matériaprima na produção de Resinas Epóxidas, como transcrito. Além disso, o E. TRF da 1a. Região reconheceu a plausibilidade jurídica da tese ora defendida e concedeu efeito suspensivo ao Recurso de Apelação interposto pela impugnante. Diante disso, a tutela anteriormente concedida, que determinou a suspensão da Solução de Divergência COANA n° 17/2007, mediante depósito judicial das diferenças de tributos, voltou a surtir efeitos. Assim, em cumprimento à ordem judicial expedida, as importações deverão ser desembaraçadas pela posição NCM 2910.90.90, com o depósito judicial das diferenças apuradas. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 12466.000547/201005 Acórdão n.º 3302004.688 S3C3T2 Fl. 323 5 Portanto, a reclassificação fiscal no código 3907.30.29 não se aplica ao presente caso, vez que a descrição do produto na DI está adequada (Composto Epóxi Fenólico NPEL 128 — código 2910.90.90), conforme comprovado por meio do recente laudo pericial e do posicionamento do TRF/1a. Região, o que torna evidente a sua boa fé. Requer, preliminarmente, o cancelamento da exigência relativa às DI n° 07/17817045, 07/17817053 e 08/00905401, pela duplicidade de lançamentos; cancelar a exigência de juros de mora e multa de oficio em vista da vigência de liminar que suspende a exigibilidade do crédito tributário, bem como a realização de depósitos judiciais relativos às DI nº 07/1668104 2, 09/10084259, 09/12032060 e 09/12032183; e, no mérito, cancelar integralmente as exigências pelos motivos expostos. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 268/280), em que, por unanimidade de votos, não foi conhecida parte da impugnação por concomitância e, quanto ao restante, a impugnação foi considerada procedente em parte, com base no fundamento resumido no enunciado da ementa que segue transcrito: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009 REVISÃO ADUANEIRA. A Fazenda Nacional tem o direito de efetuar a revisão aduaneira no período de cinco anos a contar do registro da Declaração de Importação, sem que este procedimento importe em mudança de critério jurídico. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 04/12/2007 a 10/09/2009 ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA. A propositura pelo contribuinte de ação judicial contra a Fazenda Nacional, com o mesmo objeto do auto de infração, configura renúncia às instâncias administrativas no tocante a mesma matéria. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA São inexigíveis os juros de mora e a multa de ofício quando efetuado depósito do montante integral, dentro do respectivo prazo de recolhimento do tributo e antes do início do procedimento fiscal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 383DF CARF MF 6 Em 26/04/2013, a recorrente foi cientificada da referida decisão. Irresignada, em 10/05/2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 287/308, em que reafirmou a preliminar de nulidade da autuação por mudança de critério jurídico e no mérito, em relação a parcela remanescente da autuação, reprisou os argumentos de defesa suscitados na peça impugnatória. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Conselheiro Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No recurso em apreço, a recorrente suscita alegações de defesa sobre questões preliminares e de mérito, a seguir analisadas. Da preliminar de nulidade por mudança de critério jurídico. Em preliminar, a recorrente alegou nulidade da autuação por mudança de critério jurídico, sob o argumento de que, em respeito ao princípio constitucional da segurança jurídica e em cumprimento ao disposto no art. 146 do CTN, o lançamento, como ato vinculado, possuía caráter definitivo, não podendo ser alterado de ofício, salvo nas hipóteses expressamente previstas no art. 149 do CTN, razão pela qual, no caso em tela, as homologações dos lançamentos se deram com os respectivos desembaraços aduaneiros e com a concordância da classificação fiscal adotada pela impugnante. A restrição da realização de novo lançamento de ofício, por mudança de critério jurídico, encontrase prevista no art. 146 do CTN, que tem o seguinte teor, ipsis litteris: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (grifos não originais) De acordo com o referido preceito legal, verificase que, para a configuração da mudança do critério jurídico, três condições cumulativas devem estar presentes: a) a primeira: haja um prévio ato de lançamento de ofício, em que a autoridade administrativa tenha fixado um determinado critério jurídico; b) a segunda: a modificação do critério jurídico anterior seja introduzida pela autoridade administrativa (mediante ato de ofício) ou pelo órgão julgador administrativo ou judicial (por meio de decisão administrativa ou judicial); e c) a terceira: tanto o ato de lançamento quanto o ato de ofício e as decisões administrativa e judicial refiramse a um mesmo sujeito passivo. A primeira condição é imprescindível, para fim de configuração da alteração no critério jurídico. Sem o prévio ato de lançamento de ofício, a análise das demais condições, Fl. 384DF CARF MF Processo nº 12466.000547/201005 Acórdão n.º 3302004.688 S3C3T2 Fl. 324 7 obviamente, revelase dispensável. E o lançamento de ofício é aquele realizado pela autoridade administrativa, segundo os procedimentos estabelecidos no art. 142 do CTN e desde que presentes as situações elencadas no art. 149 do CTN. No caso em tela, não há notícia de que tenha havido lançamento ofício, mas lançamento por homologação (ou autolançamento, segundo parte relevante da doutrina), conforme previsto no art. 150 do CTN, uma vez que a autuada foi quem apurou e recolheu antecipadamente o valor dos tributos informados nas respectivas DI, documento base do despacho aduaneiro de importação, que é o procedimento realizado com o objetivo de liberar (ou desembaraçar) a mercadoria importada e, simultaneamente, a apurar o crédito tributário devido na operação de importação. Tratase de procedimento de natureza mista, destinado à verificação do cumprimento das normas de controle aduaneiro e tributárias, incidentes sobre a operação de importação. O despacho aduaneiro processase em duas etapas sequenciais: a primeira é denominada de fase de conferência aduaneira e a segunda de fase de revisão aduaneira. A fase de conferência aduaneira iniciase com o registro da DI e se encerra com o ato de desembaraço aduaneiro (liberação da mercadoria), proferido pela autoridade fiscal. Nessa fase é feita (i) a identificação do importador, (ii) a verificação da mercadoria e da correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e (iii) a confirmação o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. Por sua vez, a fase de revisão aduaneira iniciase com o ato de desembaraço aduaneiro e se encerra (i) com ato de ciência do autuado da exigência do crédito tributário lançado, ou (ii) com o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da DI. Nesta fase e feita apuração da regularidade do pagamento dos tributos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação. A principal justificativa para adoção das referidas fases no âmbito do procedimento de despacho aduaneiro de importação está relacionada com a premente necessidade de celeridade dos atos de liberação da imensa quantidade de mercadorias importadas e que são estocadas, diariamente, nos diversos recintos alfandegados brasileiros, situação que, certamente, impossibilita a fiscalização aduaneira de, na fase de conferência aduaneira do despacho, realizar um exame minucioso de todos os aspectos do controle aduaneiro e tributário atinentes aos inúmeros e diversificados despachos aduaneiros de importação que ingressam e se processam todos os dias nas inúmeras unidades aduaneiras da RFB. Dada essa circunstância, o processamento do despacho aduaneiro em duas fases tem por objetivo, de um lado, evitar ônus financeiro adicional aos importadores, em decorrência da demora na liberação das mercadoria, e de outro, permitir que a fiscalização aduaneira, após a liberação da mercadoria e enquanto não concluído o prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário e/ou aplicar penalidades pecuniárias, proceda análise pormenorizada das informações prestadas pelo importador, com o objetivo de verificar se as obrigações aduaneiras e tributárias foram corretamente cumpridas. Com base nessa breve explicação, fica evidenciado que o ato de desembaraço aduaneiro, que põe termo à fase de conferência aduaneira, não tem natureza de ato de lançamento de ofício e tampouco ato de homologação expressa do autolançamento, por não atender os requisitos fixados no art. 150 do CTN. O referido o ato, enfatizase novamente, tem o efeito jurídico de autorizar a liberação ou desembaraço da mercadoria, conforme expressamente estabelecido no art. 51 Fl. 385DF CARF MF 8 do Decretolei 37/1966. E como todas as informações sobre a operação de importação consignadas na DI foram prestadas pelo próprio importador, previamente ao início do despacho aduaneiro, se algum critério jurídico foi definido até o ato de desembaraço aduaneiro, certamente, essa definição deve ser atribuída ao importador e não a autoridade fiscal, que, até então, limitouse apenas em liberar a mercadoria, sem ou com superficial análise dos dados e informações declarados importador. Não se pode olvidar, que, por expressa determinação constitucional (art. 146, III, “b”, da CF/1988), somente a lei complementar tem a função de especificar qual o ato administrativo tem o efeito de extinguir o crédito tributário. E o ato de desembaraço aduaneiro, inequivocamente, não se encontra mencionado no rol taxativo dos atos extintivos do crédito tributário, elencados no art. 156 do CTN. Em razão dessas características, em consonância com o disposto no art. 1491, I, do CTN, há expressa previsão no art. 542 do Decretolei 37/1966, que a assegura a revisão do despacho aduaneiro de importação. No Regulamento Aduaneiro de 2002 (RA/2002), o procedimento estava disciplinado no art. 570. No vigente RA/2009, o procedimento encontra se regulamentado no art. 638, que tem o seguinte teor: Art. 638. Revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2º; e DecretoLei nº 1.578, de 1977, art. 8º). § 1º Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 752 e 753. § 2º A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contados da data: I do registro da declaração de importação correspondente (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, art. 2o); e II do registro de exportação. § 3º Considerase concluída a revisão aduaneira na data da ciência, ao interessado, da exigência do crédito tributário apurado. Assim, fica demonstrado que, diferentemente do alegado pela recorrente, o procedimento de revisão aduaneiro em apreço tinha expressa previsão legal e foi realizado em conformidade com os preceitos normativos que disciplinam o assunto, portanto, não merece qualquer reparo a decisão recorrida. 1 Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; [...]. 2 Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste DecretoLei. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 386DF CARF MF Processo nº 12466.000547/201005 Acórdão n.º 3302004.688 S3C3T2 Fl. 325 9 Das questões de mérito. Previamente, cabe esclarecer que, no acórdão recorrido, foi determinado o cancelamento da cobrança: a) do crédito tributário integral, relativos às DI nºs 07/17817045, 07/17817053 e 08/00905401, sob o fundamento de o crédito tributário lançado já havia sido objeto de autuação no âmbito dos processos nºs 12466.004072/200801 e 12466.004073/2008 48; e b) dos juros e da multa de ofício, relativos às DI nºs 07/16681042, 09/10084259 e 09/12032060, sob o argumento de que as diferenças dos valores dos tributos lançados objeto deposito judicial, realizado antes do prazo de vencimento dos tributos no âmbito dos Mandados de Segurança nºs 2007.50.01.0140593 e 2008.34.00.0029650. E por não comprovação da realização do depósito judicial, foi mantida a cobrança dos tributos e consectários legais relativos à DI nº 09/12032183. Como não houve interposição de recurso de ofício em relação a parcela dos créditos exonerados, por falta de atendimento dos pressupostos recursais, nessa parte, a referida decisão tornouse definitiva na esfera administrativa. Assim, a controvérsia remanescente cingese à cobrança dos tributos e consectários legais referente à DI nº 09/12032183 e apenas dos tributos relativos às DI nº DI nºs 07/16681042, 09/10084259 e 09/12032060. Em relação à manutenção da cobrança dos juros moratórios e da multa de ofício, por ausência de comprovação do depósito judicial, a recorrente alegou que era improcedente, haja vista que os débitos encontravamse com a exigibilidade suspensa em razão de decisão judicial (art. 151, IV, do CTN), proferida no âmbito dos autos do MS nº 2008.34.00.0029650, e depósito judicial (art. 151, II, do CTN), conforme comprovante juntado ao citado MS e ao presente recurso voluntário. Embora tenha alegado a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em razão da concessão de medida de liminar em mandado de segurança, nos termos do art. 151, IV, do CTN, a decisão judicial proferida pelo TRF da 1ª Região, no âmbito no âmbito do Agravo de Instrumento nº 2008.01.00.0706389/DF (fls. 43/45), informa que não houve a concessão da referida medida judicial. Ao contrário do alegado pela recorrente, consta da referida decisão que Juizo Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, nos autos do Mandado de Segurança 2008.34.00.0029650, fora denegada a segurança. E no sítio do TRF da 1ª Região consta decisão proferida, por unanimidade, pela 8ª Turma, no âmbito Ação de Apelação de nº 000295021.2008.4.01.3400, em que fora negada provimento ao recurso de apelação oposto pela recorrente contra a sentença denegatória da segurança, cuja enunciado da ementa restou assim redigido: TRIBUTÁRIO. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIA IMPORTADA. REVISÃO DE OFÍCIO PELA COANA. POSSIBILIDADE. QUESTÃO DE FUNDO QUE DEPENDE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. INVIABILIDADE DE REALIZAÇÃO NO RITO DO MANDADO DE SEGURANÇA. APELAÇÃO DENEGADA. 1. Preliminarmente, é de se ratificar a sentença na parte em que se afastou a alegação de perda de objeto, pois não houve retratação da CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira COANA quanto à decisão que motivou a impetração do Fl. 387DF CARF MF 10 mandado de segurança. Como bem ressaltado pelo magistrado de primeiro grau, a impetrante apenas obteve um laudo favorável à sua tese, o que não significa que a autoridade impetrada tenha modificado o entendimento esposado na decisão administrativa. 2. Quanto à competência da COANA para rever a decisão da Divisão de Administração Aduaneira da 7ª Região Fiscal, decorre da norma do artigo 50, § 1º, da Lei 9.430/1996, que autoriza o órgão nacional da Secretaria da Receita Federal a que está afetada a matéria a reformar, de ofício, as decisões proferidas pelos órgãos regionais. 3. Acerca da correta classificação dos produtos importados pela apelante, a resolução da discussão não pode ser feita no âmbito do mandado de segurança, pois pressupõe a realização de investigação técnica acerca da constituição química deles, o que demandaria a realização de perícia, incompatível com rito procedimental da ação proposta. Sem a produção da prova técnica por auxiliar do juízo é impossível qualquer tipo de avaliação sobre o ato impugnado. 4. No tocante à utilização pela COANA de literatura na língua inglesa, devem ser adotados os mesmos fundamentos da sentença recorrida, visto que o processo administrativo de classificação de mercadoria não é regido pelo Código de Processo Civil, não sendo exigida a tradução de documentos por tradutor juramentado. 5. Apelação a que se nega provimento. 3 grifos não originais. No que tange ao depósito judicial dos valores complementares dos tributos vinculados à DI nº 09/12032183, embora a recorrente tenha informado que havia apresentado o documento comprobatório do referido depósito junto com o recurso em apreço, após exaustiva pesquisa nos autos deste processo, este Relator não localizou documento algum. Assim, se não houve a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por medida liminar em mandado de segurança e tampouco a comprovação da efetivação do depósito judicial do montante integral do crédito tributário cobrado, a cobrança dos juros moratórios e da multa de ofício, referente à DI nº 09/1203218, deve ser mantida. No que tange à cobrança da diferença dos tributos incidentes na operação de importação, em decorrência da reclassificação fiscal realizada pela fiscalização do código NCM 2910.90.90 para o código NCM 3907.30.29 dos produtos químicos, denominados comercialmente “NPEL 128” e “NPEL 134”, objeto das DI nºs 07/16681042, 09/10084259, 09/12032060 e 09/12032183, a controvérsia cingese à questão atinente à correta classificação dos referidos produtos na NCM. E de acordo com o teor do enunciado da ementa do julgado anteriormente transcrito, não resta qualquer dúvida de que a referida matéria foi sim submetida ao crivo do Poder Judiciário, por meio do MS 2008.34.00.0029650. E para espancar qualquer dúvida a respeito, segue transcrito o pequeno fragmento extraído do voto condutor do referido julgado: 3 BRASIL. TRF1. Ac. 000295021.2008.4.01.3400 / DF, Rel. Des. Fed. MARIA DO CARMO CARDOSO, Rel. Conv. JUIZ FEDERAL BRUNO CÉSAR BANDEIRA APOLINÁRIO (CONV.), OITAVA TURMA, eDJF1 de 07/04/2017 Fl. 388DF CARF MF Processo nº 12466.000547/201005 Acórdão n.º 3302004.688 S3C3T2 Fl. 326 11 No tocante à questão de fundo, acerca da correta classificação dos produtos importados pela apelante, a resolução da discussão não pode ser feita no âmbito do mandado de segurança, pois pressupõe a realização de investigação técnica acerca da constituição química deles, o que demandaria a realização de perícia, incompatível com rito procedimental da ação proposta. Sem a produção da prova técnica por auxiliar do juízo é impossível qualquer avaliação sobre o ato impugnado. (grifos não originais) Assim, resta demonstrado que não é verossímil a informação da recorrente de que a única questão suscitada no referido MS foi a análise da ilegalidade da Solução de Divergência Coana nº 17, de 24/10/2017 (fls. 219/228), que reformou o entendimento exarado na Solução de Consulta SRRF/7ª RF/Diana nº 291, de 29/09/2006 (fls. 213/217), e determinou a alteração da classificação fiscal dos referidos produtos do código NCM 2910.90.90 para o código NCM 3907.30.29. Dessa forma, como a questão sobre a correta classificação fiscal dos produtos foi expressamente submetida à apreciação do Poder Judiciário, tal circunstância implica renúncia tácita à instância administrativa de julgamento, em face da mera decorrência da aplicação do princípio do monopólio do exercício da jurisdição pelo Poder Judiciário, inscrito no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal de 1988 (CF/88), que assegura aos referidos órgãos de julgamento do citado Poder o pronunciamento definitivo sobre os conflitos originários da aplicação da legislação tributária. Em consonância com o referido princípio, há na legislação infraconstitucional preceito legal que, expressamente, determina a proeminência do julgamento proferido no âmbito do Poder Judiciário, a exemplo do artigo 1º, § 2º, do Decretolei 1.737/79, e do art. 38, parágrafo único, da Lei 6.830/80. De acordo com os referidos comandos legais, a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou após à autuação, com o mesmo objeto, implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto. No mesmo sentido, consolidouse a jurisprudência deste Conselho, a partir da edição da Súmula CARF nº 1, de adoção obrigatória por todos os Conselheiros deste Órgão de julgamento, cujo enunciado segue transcrito: SÚMULA Nº 1 do CARF: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por todas essas razões, não se toma conhecimento da questão atinente à classificação fiscal dos produtos na NCM, por se tratar de matéria idêntica a que foi submetida à apreciação do Poder Judiciário, no âmbito do citado MS. Da conclusão. Fl. 389DF CARF MF 12 Por todo o exposto, votase pela rejeição da preliminar de nulidade da autuação e, no mérito, por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 390DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13942.000005/99-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.177
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que a unidade local verifique, em face do teor dos REsp. no 993.164 e no 1035847/RS, do STJ, os montantes exatos de créditos referentes a aquisições de pessoas físicas e cooperativas, destacando se no pedido complementar existem demandas de crédito que já foram objeto de análise no primeiro despacho decisório. Sustentou novamente, pela recorrente, em função de alteração no colegiado, a advogada Edlamar de Oliveira Acloque, OAB/PR no 34.300.
Rosaldo Trevisan - Presidente
André Henrique Lemos Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que a unidade local verifique, em face do teor dos REsp. no 993.164 e no 1035847/RS, do STJ, os montantes exatos de créditos referentes a aquisições de pessoas físicas e cooperativas, destacando se no pedido complementar existem demandas de crédito que já foram objeto de análise no primeiro despacho decisório. Sustentou novamente, pela recorrente, em função de alteração no colegiado, a advogada Edlamar de Oliveira Acloque, OAB/PR no 34.300. Rosaldo Trevisan Presidente André Henrique Lemos – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 42 .0 00 00 5/ 99 -7 6 Fl. 790DF CARF MF Processo nº 13942.000005/9976 Resolução nº 3401001.177 S3C4T1 Fl. 788 2 Versam os autos do sobre pedido de ressarcimento do crédito presumido de IPI, protocolado em 12/01/1999. O referido Pedido baseouse na Medida Provisória n.° 948, de 23 de março de 1995, depois convertida na Lei n.° 9.363, de 13 de dezembro de 1996, para ressarcir o valor das contribuições para o PIS e Cofins incidentes nas aquisições de insumos empregados na industrialização de produtos exportados, no ano de 1998, no montante de R$ 286.995,63 (fl. 01). À fl. 532, disse a Delegacia da Receita Federal em Foz do Iguaçu que a empresa industrializa e exporta soja, farelo de soja peletizado e óleo de soja refinado. A Verificação Fiscal de fls. 532 a 538 e a Informação Fiscal de fls. 539 a 541, concluiu que a Contribuinte teria direito ao ressarcimento, no período em referência, de apenas R$ 138.061,96 e se glosou a diferença de R$ 148.933,67, por tais motivos: a) exclusão do IPI pago na aquisição de insumos; b) exclusão do valor da venda para o exterior de produtos adquiridos de terceiros, destinados à exportação, incluídos como custos; c) exclusão do valor das aquisições de combustíveis e energia elétrica, que não se subsumem ao conceito de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem esposado pela legislação do IPI; d) exclusão do valor dos produtos não acabados e dos produtos acabados mas não vendidos, em estoque em 31/12/1998. O direito ao crédito, no valor de R$ 138.061,96, foi reconhecido por meio do Despacho Decisório de fls. 541542, o qual transcorreu in albis, portanto, sem apresentação de manifestação de inconformidade, havendo o arquivamento do processo em 13/09/2000. Em 18/12/2002, a Contribuinte apresentou pedido de Complementação de ressarcimento (fls. 584 a 588 e documentos nas folhas 589 a 604), incluindo créditos provenientes da aquisição de produtos de pessoas físicas e cooperativas, no valor de R$ 40.725.476,10. Defendeu às fls, 587588 que os critérios a serem adotados no presente Pedido de Complementação, deveria ser o utilizado na decisão de fl. 537, da seguinte forma: "C) Valor percentual: 22,38%; Alíquota: 5,37% Para o presente caso concreto, as matériasprimas correspondem a R$ 40.725.476,10, conforme demonstrativo, em anexo. A base de cálculo é de R$ 9.114.361,55. Crédito presumido em seu valor original de R$ 489.441,22." Fl. 791DF CARF MF Processo nº 13942.000005/9976 Resolução nº 3401001.177 S3C4T1 Fl. 789 3 Além disso, advogou que o ressarcimento deve ser feito com a atualização monetária e juros SELIC, de acordo com os índices legais, a partir de janeiro de 1999 até a data do efetivo pagamento. A DRFFoz do Iguaçu indeferiu o pedido de ressarcimento complementar, por considerar que os insumos adquiridos de pessoas físicas e cooperativas não sofrem a incidência das contribuições que o beneficio visa a ressarcir (fls. 606609). Da referida decisão, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 611614), aduzindo: 1) que as IN/SRF 23/97 e 103/97, não poderiam introduzir restrições que a própria Lei não fez e que o crédito presumido de IPI referese a todas as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, sem limitações. 2) o direito à correção monetária do crédito presumido, vez que o Decreto n.° 2.138/97, deu tratamento jurídico idêntico aos institutos do ressarcimento e da restituição de tributos, o que autorizaria a correção monetária com base na aplicação da Lei n.° 9.250, de 26 de dezembro de 1995, portanto, legítima a correção pela Taxa Selic. Às fls. 621625 sobreveio acórdão da DRJ de POA/RS, no qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, entendendo basicamente que (i) não se incluem na base de cálculo do crédito presumido as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem a pessoas físicas e a cooperativas de produtores, por não terem sofrido a incidência da COFINS e do PIS e (ii) que não existe previsão legal para abonar juros no ressarcimento de crédito presumido do IPI. A Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 627631), repisando seus argumentos. Às fls. 635640, a Resolução 30101.374, à unanimidade de votos declinou a competência em favor do então Segundo Conselho de Contribuintes, o qual também em votação unânime, não conheceu do recurso voluntário, face à preclusão, pois o pedido original já havia se encerrado, ensejando oposição de embargos de declaração (fls. 651660), onde requereu: Fl. 792DF CARF MF Processo nº 13942.000005/9976 Resolução nº 3401001.177 S3C4T1 Fl. 790 4 Os embargos não foram acolhidos (fls. 665666), motivando a interposição de recurso especial (fls. 672687), o qual fora provido em parte, por maioria de votos, admitindo se o pedido complementar de ressarcimento do crédito presumido do IPI, na medida em que fora feito antes de expirado o prazo quinquenal, cabendo à autoridade administrativa refazer os cálculos para definir o valor total dos créditos pleiteado. Assim, determinandose o retorno dos autos à este Colegiado, a fim de que sejam analisadas as demais questões trazidas no recurso voluntário. É o relatório. Fl. 793DF CARF MF Processo nº 13942.000005/9976 Resolução nº 3401001.177 S3C4T1 Fl. 791 5 Voto Conselheiro André Henrique Lemos Como se viu, tratase de recurso voluntário, onde o contencioso abrange, apenas e tão somente, de Pedido Complementar de Ressarcimento de Crédito Presumido de IPI, nas seguintes hipóteses: i) direito ao crédito referentes as aquisições de matériaprima (MT), produtos intermediários (PI) ou materiais de embalagens (ME) adquiridos de pessoas físicas ou cooperativas (fls. 584588, 602 e 608); e, ii) atualização de tais crédito por meio da Taxa Selic. Respeitante ao direito de crédito presumido sobre aquisições de pessoas físicas e cooperativas, o Superior Tribunal de Justiça, através do REsp 993.164, em sede de recursos representativos de controvérsias ("recursos repetitivos"), entendeu indevida a restrição veiculada no artigo 2o, § 2° da IN/SRF 23/97. Esse entendimento, atualmente, encontrase plasmado na Súmula nº 494., daquela Corte: "O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matériasprimas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP." Por força da previsão regimental inserta no art. 62, § 2° do RICARF/15 (Portaria MF 343/2015), as turmas julgadoras deste sodalício vêm aplicando reiteradamente esse entendimento, valendo remissão, a título exemplificativo, aos Acórdãos 9303004.576, 3402 003771 e 3402003.848. Nesse diapasão, após compulsar os autos, dúvidas surgiram quanto ao efetivo caráter complementar do pleito formulado, nesses autos, em 18/12/2002. Nas planilhas juntadas inicialmente ao processo, para instrução do pedido original, e no relatório fiscal de diligência (efls. 577/583) não foi detectado o cômputo de qualquer aquisição de pessoa física, mas apenas compras de pessoas jurídicas, tanto que a razão para o deferimento parcial se fundou principalmente na equivocada inclusão, na apuração do crédito presumido de IPI, de produtos adquiridos de terceiros e revendidos, para o exterior, nesse mesmo estado: “6 Examinando o demonstrativo de aquisições de insumos e notas fiscais, acima referidos, constatamos incluídos como insumos utilizados em produtos exportados, produtos adquiridos de terceiros destinados diretamente à exportação para o exterior, conforme observações no corpo das referidas notas fiscais, demonstradas (fls. 522 a 531). 7 Diante dessas constatações, procedemos a exclusão dos valores daqueles insumos utilizados nos produtos exportados na composição de custo utilizado na base de cálculo do Crédito Fl. 794DF CARF MF Processo nº 13942.000005/9976 Resolução nº 3401001.177 S3C4T1 Fl. 792 6 Presumido, excluímos também os mesmos valores na composição da receita de exportação, pois são valores resultantes da venda paraoexterior de produtos adquiridos de terceiros, que não mtegra receita de exportação. (...) 10 Assim, excluimos da base de cálculo do Crédito Presumido, conforme demonstrativo, (fls. 514 a 531). a) IPI destacado nas notas fiscais; b) O valor resultante da venda para o exterior de produtos adquiridos de terceiros destinados à exportação, incluídos como custos; c) O valor das notas fiscais de combustíveis (Óleo diesel) e Energia elétrica, utilizados como fonte de energia motriz, eletromagnética ou térmica, pois não se enquadra no conceito de MP, PI ou ME (PN. CST. n° 65/79); d) Do estoque de produto em elaboração e acabados e não vendidos em 31/12/1998.” Entretanto, às efls. 579/583 consta planilha com a demonstração dos ajustes promovidos pela fiscalização, mensalmente, com a especificação das glosas realizadas, dentre elas não figurando, de fato, aquisição de pessoas físicas, porém existem registros de glosas de compras de cooperativas agrícolas, que, por seu turno, são também incluídas no sobredito pedido de ressarcimento complementar. Em que pese a tentativa de averiguação, a partir dos elementos disponíveis nos autos, de inclusão no pedido complementar de aquisições de cooperativas glosadas no exame do pedido original, que não foi objeto de contestação, não logrei êxito na empreitada. Como não bastasse, as aquisições em comento – pessoas físicas e cooperativas – não foram submetidas a análise de sua legitimidade perante a legislação de regência, conforme se extrai do despacho de efls. 652/655. Assim, justificase a conversão do julgamento em diligência para que seja aferido e providenciado o seguinte: i) Legitimidade e quantificação das aquisições de pessoas físicas e cooperativas; ii) Especificamente sobre as aquisições de cooperativas, se se tratam de compras não incluídas na apuração original ou, ao contrário, se correspondem a aquisições já glosadas e que não foram objeto de contestação específica, no momento oportuno; iii) Elaboração de relatório circunstanciado sobre o levantamento realizado; iv) Concessão de vista ao recorrente dos exames e relatórios produzidos, para, querendo, manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias. Fl. 795DF CARF MF Processo nº 13942.000005/9976 Resolução nº 3401001.177 S3C4T1 Fl. 793 7 Findo o procedimento, devolvamse os autos ao CARF para prosseguimento. André Henrique Lemos Fl. 796DF CARF MF
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