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Numero do processo: 11080.102817/2003-46
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ
Ano calendário: 2003
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Incabível embargos de
declaração quando inexiste omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado
Numero da decisão: 1802-001.166
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar os embargos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Interessado FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Incabível embargos de declaração quando inexiste omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar os embargos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Gilberto Baptista, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão e Marco Antonio Nunes Castilho. Fl. 768DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pelo sujeito passivo com base no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF n. 256, de 22/06/2009 e alterações posteriores). O acórdão embargado, nº 180200.769 de 25/01/2011, foi recepcionado pela empresa em 19/09/2011 (Aviso de Recebimento – AR), e, os embargos foram protocolizados em 26/09/2011. A embargante alega que o voto condutor do acórdão embargado, não está consentâneo com a matéria do presente processo, eis que não logrou, em seus argumentos e disposições legais, comprovar a indispensável legalidade de uma definição onde reste determinado que permuta de bens deva ser considerada como receita bruta para fins de tributação pelo lucro presumido, em especial, ao estabelecido pelo RIR/1999, art. 224. A embargante aduz que a conselheira relatora invoca dispositivos da Lei n.° 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro), onde não há quaisquer alusões quanto aos aspectos tributários em operações de permuta e que, entre outras impropriedades, cita a IN SRF n.° 93/1997, art. 36, § 3.°, sem sequer comentar a sua aplicação no tema ora tratado. A Embargante alega que há contradição no voto condutor do acórdão embargado quando a conselheira em seu próprio voto, assim se manifesta à fl. 680, do processo: "Entendo que as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, poderão considerar como receita bruta o montante recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas. " E logo após a manifestação acima reproduzida, ao aludir que as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias, ao adotar o REGIME DE CAIXA de que trata a IN SRF n.° 104/1998, devem considerar como recebimento do preço os valores recebidos, a qualquer título, nos termos do § 3.°, art. 1.° da mencionada Instrução Normativa, deixa de esmiuçar com a necessária clareza e pertinência para sustentação de seu voto, a razão pela qual a permuta possa ser enquadrada como valor recebido a qualquer título. Enfim conclui que as expressões adotadas no voto condutor do acórdão embargado, nada mais são do que meras alegações, sem fundamento expresso na legislação, para induzir a pretensa tributação sobre as operações de permuta de bens. Traz à colação excertos da "Declaração de Voto" do Conselheiro, João Francisco Bianco e reproduz textos de lavra do eminente Pontes de Miranda (fls.3 e 4). A Embargante sustenta que de conformidade com a legislação aplicável (IN SRF n.° 104/1998, art. 1.°), na condição de optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido, adotou o critério de reconhecimento de suas receitas de venda de imóveis na medida do recebimento de cada parcela. Fl. 769DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.102817/200346 Acórdão n.º 1802001.166 S1TE02 Fl. 2 3 A seguir transcreve o inciso II, art. 1.°, da IN SRF n.° 104/1998: (...) II indicar, no livro Caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada recebimento. Sobre a IN SRF acima afirma que, mencionado ato normativo ao determinar que seja indicado no livro Caixa, cada recebimento, resta cristalino que esse registro deva se referir a dinheiro ou equivalente (cheque, ou outro documento conversível em espécie). Assim, afasta, de pleno, qualquer hipótese de que a permuta seja recepcionada no REGIME DE CAIXA adotado pela Embargante. Diz que, o Autuante, acompanhado pelo Julgador da Instância Singular e, surpreendentemente, fortalecido pela decisão de 2.a Instância, com a decisão de pretender tributar a permuta de imóveis, institui uma FICÇÃO, ou seja, um imaginário para penalizar a Embargante”. Destaca que, “o denominado REGIME DE CAIXA representa um método contábil no qual os recebimentos e pagamentos são reconhecidos unicamente quando se recebe ou se paga mediante dinheiro ou equivalente, não se admitindo, até por falta de previsão legal, que a expressão "equivalente" possa representar bens que, em razão da sua liquidez, não possam ser imediatamente convertidos em moeda”. Por fim a Embargante requer sejam acolhidos os embargos com efeitos infringentes no sentido de que o acórdão embargado seja reformulado e, por conseqüência, seja determinado o cancelamento do crédito tributário a que se reporta. É o relatório. Fl. 770DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Os Embargos de declaração foram apresentados em 26/09/2011, no prazo regulamentar, portanto, tempestivos, deles conheço. A Recorrente no recurso voluntário alegara em seu prol que as unidades imobiliárias recebidas decorrem da permuta de imóveis no ano calendário de 2003 e por haver adotado o regime de caixa somente será tributada a receita efetivamente recebida em dinheiro ou cheque. A Embargante alega que há contradição no voto condutor do acórdão embargado quando a conselheira relatora em seu próprio voto, à fl. 680, admite que as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, poderão considerar como receita bruta o montante recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas. Entretanto devem considerar como recebimento do preço os valores recebidos, a qualquer título. É óbvio e ululante que adotar o regime de caixa não significa que os valores recebidos em bens (que não sejam dinheiro) pela venda de unidades imobiliárias, deixam de ter a natureza de receitas, eis a razão do § 3.°, art. 1.° da Instrução Normativa nº 104/98 a seguir transcrito: Art. 1º A pessoa jurídica, optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido, que adotar o critério de reconhecimento de suas receitas de venda de bens ou direitos ou de prestação de serviços com pagamento a prazo ou em parcelas na medida do recebimento e mantiver a escrituração do livro Caixa, deverá: (...) II indicar, no livro Caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada recebimento. (...) § 3° Na hipótese deste artigo, os valores recebidos, a qualquer titulo do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços serão considerados como recebimento do preço ou de parte deste, até o seu limite. Na linha desse entendimento, destacouse no acórdão embargado as Soluções de Consulta nº 142/2005 e nº 68/2009, proferidas pela Superintendência Regional da Receita Federal da 10ª Região Fiscal que concluem de modo claro que: Na operação de permuta de imóveis com ou sem recebimento de torna, realizada por pessoa jurídica tributada pela CSLL com base no lucro presumido, dedicada à atividade imobiliária, constitui receita bruta o preço do imóvel recebido em permuta. Consta do voto condutor do acórdão embargado que: Fl. 771DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.102817/200346 Acórdão n.º 1802001.166 S1TE02 Fl. 3 5 a) A Instrução Normativa SRF nº 107/1988 disciplina a apuração de resultados, assim como a determinação dos valores de baixa e de aquisição de bens, nas operações de permuta de unidades imobiliárias, realizadas entre pessoas jurídicas ou entre pessoas jurídicas e pessoas físicas. b) A permuta deve constar de escritura pública e, não constam dos autos documentos desse quilate, logo não há que se falar de permuta ou dação em pagamento e sim, troca de bens. c) As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados a venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda ao adotar o regime de caixa de que trata a Instrução Normativa 104/98, deve considerar como recebimento do preço os valores recebidos, a qualquer título, do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços, nos exatos termos do § 3º do art.1º da mencionada Instrução Normativa acima transcrito. Conforme relatado a Embargante alega que o voto condutor do acórdão embargado não está consentâneo com a matéria do presente processo, eis que não logrou, em seus argumentos e disposições legais, comprovar a indispensável legalidade de uma definição onde reste determinado que permuta de bens deva ser considerada como receita bruta para fins de tributação pelo lucro presumido, em especial, ao estabelecido pelo RIR/1999, art. 224. O acórdão embargado possui a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003 Ementa: LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS. RECEITA BRUTA. DAÇÃO EM PAGAMENTO/PERMUTA OU TROCA DE IMÓVEIS. Para fins do disposto no artigo do 224 do RIR/99, as pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados a venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, tributadas com base no lucro presumido deverão considerar como receita bruta o montante recebido, a qualquer título, relativo às unidades imobiliárias vendidas. No regime do lucro presumido tributase a receita bruta sem dedução de custos e despesas. Não é possível à empresa optante pelo lucro presumido adotar procedimento com as vantagens a que teria direito pelo lucro real, mesclando os regimes de apuração. A sistemática do lucro presumido tem como base uma presunção de lucro, calculada pela aplicação de um percentual sobre a receita. Assim, devese entender que a receita bruta a ser considerada para fins de tributação com base no lucro presumido é a soma do preço do imóvel recebido a qualquer título (dinheiro, cheque, dação em pagamento, permuta ou troca de imóveis etc) com o eventual valor em dinheiro recebido. Fl. 772DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 Indubitavelmente a Embargante apurou o IRPJ no ano calendário de 2003 com base no lucro presumido, e o conceito de receita bruta para fins de apuração do lucro presumido ou real, compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (RIR/1999, art. 224). Na receita bruta se inclui o ICMS e deverão ser excluídas: as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador, dos quais o vendedor ou prestador é mero depositário, como é o caso do IPI incidente sobre as vendas e do ICMS devido por substituição tributária (RIR/1999, art. 224, parágrafo único; IN SRF no 93, de 1997, art. 36, § 3o). A IN SRF nº 93, de 1997 bem como o artigo 224 do RIR/99 tem supedâneo no artigo 31 da Lei nº 8981, de 1995. A Embargante alega que a relatora deixa de esmiuçar com a necessária clareza e pertinência para sustentação de seu voto, a razão pela qual a permuta possa ser enquadrada como valor recebido a qualquer título. E que, a conselheira relatora invoca dispositivos da Lei n.° 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro), onde não há quaisquer alusões quanto aos aspectos tributários em operações de permuta. Conforme dito acima, a permuta deve constar de escritura pública e, não constam dos autos documentos desse quilate, logo não há que se falar de permuta ou dação em pagamento e sim, troca de bens. Ora, a citação do artigo 533 da Lei no 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 ( Código Civil Brasileiro)a que alude a Embargante é no sentido de esclarecer que à troca aplicamse as disposições referentes à compra e venda. Por óbvio os aspectos tributários encontramse situados na legislação tributária em que se fundamenta o acórdão embargado. Não há previsão legal para a pessoa jurídica que tem como atividade a venda de imóveis, tributada com base no lucro presumido, excluir da receita bruta de que trata o artigo 31 da Lei nº 8981, de 1995, a parte da venda que fora recebida em bens que não seja “dinheiro”, como pretende a embargante. Conforme explicado no acórdão embargado, no sistema do lucro real tributase apenas o valor da torna, e, mesmo assim, a permuta que se beneficiar da torna pode deduzir dessa receita a parcela do custo da unidade dada em permuta que corresponder à torna recebida ou a receber. Nessa sistemática do lucro real, no caso de permuta sem pagamento de torna a permutante não tem resultado a apurar, uma vez que deverá atribuir ao bem que receber o mesmo valor contábil do bem baixado em sua escrituração. Também restou explicitado no acórdão embargado que no regime do lucro presumido se tributa a receita bruta sem dedução de custos e despesas. A sistemática do lucro presumido é diferente da sistemática do lucro real, pois, tem como base uma presunção legal de lucro, calculada pela aplicação de um percentual sobre a receita. E, como é sabido, não se pode mesclar os regimes de apuração, de sorte a deduzir do valor da venda o imóvel recebido. Toda a fundamentação do acórdão embargado e conclusão também constante da ementa é que a receita bruta a ser considerada para fins de tributação com base no lucro presumido é a soma do preço do imóvel recebido a qualquer título (dinheiro, cheque, dação em pagamento, permuta ou troca de imóveis etc) com o eventual valor em dinheiro recebido. Fl. 773DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 11080.102817/200346 Acórdão n.º 1802001.166 S1TE02 Fl. 4 7 A Embargante faz alegações mas não demonstra a obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos no que restam improcedentes as alegações suscitadas pela Embargante Essencialmente, a Embargante pretende rediscutir a matéria litigada insistindo em que deva ser considerada como receita bruta para fins de tributação pelo lucro presumido apenas os valores recebidos em dinheiro, afastando aqueles representados por imóveis recebidos. Nos termos do art. 65 do RICARF, com a redação dada pela Portaria MF nº 586, de 21.12.2010, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, não se prestando o instrumento processual (embargos de declaração) para instigar à nova apreciação e julgamento. Com as considerações acima, entendo não estar presente no acórdão embargado qualquer das situações previstas no mencionado dispositivo regimental (obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos), razão pela qual voto no sentido de que sejam REJEITADOS os embargos de declaração. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 774DF CARF MF Impresso em 25/04/2012 por GILDA ALEIXO DOS SANTOS CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 22/ 04/2012 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 11020.721352/2015-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DESCRIÇÃO DOS FATOS. LANÇAMENTO INSUBSISTENTE.
Comprovado nos autos que não procedem os argumentos que levaram ao lançamento, é devido o reconhecimento de sua insubsistência. Não sendo possível inovar os motivos apontados pela Autoridade Fiscal no curso do julgamento de 1ª Instância.
Numero da decisão: 2201-003.925
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 25/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 DESCRIÇÃO DOS FATOS. LANÇAMENTO INSUBSISTENTE. Comprovado nos autos que não procedem os argumentos que levaram ao lançamento, é devido o reconhecimento de sua insubsistência. Não sendo possível inovar os motivos apontados pela Autoridade Fiscal no curso do julgamento de 1ª Instância.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 25/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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LANÇAMENTO INSUBSISTENTE. Comprovado nos autos que não procedem os argumentos que levaram ao lançamento, é devido o reconhecimento de sua insubsistência. Não sendo possível inovar os motivos apontados pela Autoridade Fiscal no curso do julgamento de 1ª Instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 25/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 13 52 /2 01 5- 75 Fl. 81DF CARF MF 2 Trata o presente da Notificação de Lançamento de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativa ao exercício de 2013, fl. 35/39, pela qual a Autoridade Administrativa, em sede de Malha Fiscal, identificou a infração à legislação tributária abaixo descrita (fl. 37): a) Omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, no valor de R$ 36.674,20. informados na Declaração de Informações sobre Atividades imobiliárias (DIMOB). Complementação da descrição dos fatos: Omissão relativa à rendimentos de Pensão Alimentícia Judicial. Rendimentos de pensão alimentícia não dão direito a isenção por moléstia grave. Inconformado com a imputação fiscal, o contribuinte apresentou a Impugnação de fl. 03 a 06, com a ressalva de que, a despeito da inexistência de comprovante de ciência do lançamento inserido nos autos, há que se considerar tempestiva a impugnação, já que formalizada antes de 30 dias da expedição da notificação, conforme fl. 41. Em síntese, são os seguintes os argumentos do contribuinte: Alega, preliminarmente, a nulidade do lançamento, já que sua descrição dos fatos não corresponde com verdade, pois os rendimentos foram declarados como isentos por moléstia grave e decorrem de pensão alimentícia e não rendimentos de aluguéis. No mérito, sustenta que os valores em questão são isentos por ser a contribuinte portadora de doença grave e junta elementos que entende provar tal alegação, com destaque para o Laudo de fl. 13, emitido pelo Departamento de Transito do Estado do Rio Grande do Sul. No julgamento de 1ª Instância, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA julgou improcedente a impugnação, fl. 46/49, pelas razões abaixo destacadas: O auto de infração contém descrição clara e suficiente da irregularidade cometida. A classificação dos rendimentos omitidos como rendimentos recebidos de pessoas físicas, aluguel e outros, inclui evidentemente as pensões alimentícias judiciais pagas por pessoas físicas. A descrição da irregularidade no relatório fiscal menciona expressamente que se trata de pensão alimentícia judicial. Não se constata, portanto, cerceamento do direito de defesa. (...) A isenção dos proventos de pensão dos portadores de moléstias graves está prevista no art. 39, XXXI, do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda, RIR): (...) O conceito de pensão, neste contexto, inclui também a pensão alimentícia judicial, conforme entendimento expresso no Manual de Perguntas e Respostas publicado pela Receita Federal (IRPF 2010): 217 — São tributáveis os rendimentos recebidos por pessoa física portadora de doença grave? São isentos apenas os rendimentos recebidos por pessoa física residente no Brasil, portador de doença grave, relativos a Fl. 82DF CARF MF Processo nº 11020.721352/201575 Acórdão n.º 2201003.925 S2C2T1 Fl. 82 3 proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, e suas respectivas complementações, ainda que de fonte situada no exterior. Tributamse os demais rendimentos de outra natureza recebidos pelo contribuinte. Atenção: Também é isenta a pensão judicial, inclusive alimentos provisionais, recebida por beneficiário portador de doença grave. (...) A impugnante apresenta laudo pericial emitido pelo serviço médico do Detran/RS em 09/01/2013 (fls. 13), sem informar data anterior de diagnóstico da doença. Não serve, assim, para estabelecer a isenção para o ano de 2012. Ademais, o laudo atesta que a interessada sofre de paraparesia, que não está incluída entre as doenças enumeradas na norma de isenção, conforme art. 39, inciso XXXIII do RIR Ciente do Acórdão da DRJ em 23 de novembro de 2015, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 54/57, no qual apresenta os motivos que entende lastrear sua convicção sobre a isenção dos rendimentos recebidos a título de Pensão, os quais será enumerados no curso do voto a seguir. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. PRELIMINAR O recorrente reitera o pedido de nulidade da autuação em razão da descrição dos fatos ter feito menção a omissão de rendimentos considerados omitidos não se referem a valores recebidos de pessoa física a título de alugueis. Claramente evidenciada no relatório acima, os motivos que levaram ao lançamento, de fato, não foram devidamente apontados pela autoridade lançadora, não sendo devida sua correção ou complementação posterior à ciência do lançamento se tais alterações resultarem na inovação da autuação. Sobre o tema, assim dispõe o Decreto nº 70.235/1972: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 83DF CARF MF 4 Notase que, embora a questão tenha sido amenizada pela a Autoridade a quo, o lançamento foi pontual ao destacar que a omissão identificada seria decorrente de informações prestadas em DIMOB, é certo que, logo abaixo, em complementação, houve a correta descrição da infração, relacionandoa a pensão alimentícia recebida. Por outro lado, pelo Princípio da instrumentalidade das formas, temos que a existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade. Assim, ainda que com vício, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo às partes, não se declara sua nulidade. Assim, considerando que mesmo com esse equívoco da Autoridade Lançadora, não vislumbro a ocorrência de qualquer prejuízo ao recorrente, que, como se viu, sempre teve a correta noção de que omissão estaria relacionada a rendimento recebido de pensão alimentícia, exercendo com plenitude seu direito de defesa. Portanto, rejeito a preliminar de nulidade suscitada. MÉRITO Sustenta o recorrente que são isentos do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física as pensões judiciais, inclusive alimentos provisórios, recebida por portador de doença grave. Traz à balha considerações sobre a enfermidade que lhe acomete e afirma que o julgador de 1ª Instância, ao alegar que o laudo emitido pelo Detran/RS não teria informado data de diagnóstico anterior a sua emissão (09/01/2013), não considerou esclarecimento inserido na Impugnação sobre benefício de aposentadoria por invalidez deferido pelo INSS. Alega que o benefício previdenciário concedido tevê lastro em Relatórios Médios emitidos pela Rede Sarah de Hospitais do Locomotor de Brasília., lavrados em 2000 e 2002. Alega que a enfermidade em tela, paraparesia, estaria plenamente alcançada pela lei isentiva, sob a forma de paralisia irreversível e incapacitante. A seguir, colaciona outras considerações conceituais sobre o tema. Inicialmente, ainda que os elementos constantes corroborem os argumentos recursais, relevante tratarmos dos motivos que levaram ao lançamento. Superada a questão do erro escusável da Autoridade Lançadora ao indicar que a omissão identificada teria origem em informações prestadas em Dimob, restam os argumentos trazidos da complementação da descrição dos fatos, os quais merecem ser rememorados: Complementação da descrição dos fatos: Omissão relativa à rendimentos de Pensão Alimentícia Judicial. Rendimentos de pensão alimentícia não dão direito a isenção por moléstia grave. Portanto, alega a Autoridade lançadora que a omissão decorre de sua convicção de que a isenção por moléstia grave não alcança rendimentos recebidos de pensão alimentícia. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 11020.721352/201575 Acórdão n.º 2201003.925 S2C2T1 Fl. 83 5 A Lei nº 9.784/99 estabelece, em seu artigo 2º, que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, o princípio da motivação e, em seu art. 38, prevê que os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. A questão da motivação toma caráter de tamanha importância que a lei citada no parágrafo precedente dedica ao tema um capítulo exclusivo (XII), determinando, em seu art. 50, inciso V, que os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos. No caso em questão, os motivos que foram considerados para o lançamento acabaram por ser inovados no curso do julgamento de 1ª instância, pois, embora tenha reconhecido, expressamente, que o conceito de pensão, para fins de isenção por moléstia grave, inclui também a pensão alimentícia judicial, a Autoridade Julgadora manteve o lançamento agora por entender que o laudo apresentado não indicava data anterior a sua emissão e que a moléstia em tela (paraparesia) não estaria entre as elencadas pela Lei isentiva. Como se vê nos autos, o contribuinte instaurou o contencioso administrativo precisando, no mérito, basicamente, contrapor a questão da inaplicabilidade da isenção por moléstia grave sobre rendimentos de pensão alimentícia. E assim o fez. Já para recorrer da Decisão de 2ª instância, precisou adentrar em outras questões estranhas ao lançamento em discussão, tudo para contrapor agora não mais as razões do lançamento, mas as razões do julgador de 1ª instância. Desta forma, considerando absolutamente indevida a inovação do lançamento na fase de julgamento da impugnação, há que se considerar improcedente o lançamento fiscal, já que os motivos que lhe deram causa não subsistem. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, doulhe provimento, devendose restabelecer o resultado apurado na declaração alterada em sede de Malha Fiscal. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 85DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15165.720293/2015-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 12/02/2010 a 03/04/2012
OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. ORIGEM DOS RECURSOS. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PRESUNÇÃO.
Nos termos do art. 23, V e §2º do Decreto-Lei nº 1.455/76, é do próprio importador, e não da fiscalização, o ônus da prova da licitude dos recursos empregados na operação. Se o importador, embora regularmente intimado, não obtém êxito em comprovar a origem, disponibilidade e transferência desses recursos, forma-se em favor do Fisco a presunção de interposição fraudulenta na importação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.310
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Waldir Navarro Bezerra declarou-se impedido, sendo substituído pelo Conselheiro suplente Carlos Alberto da Silva Esteves.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 12/02/2010 a 03/04/2012 OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR. ORIGEM DOS RECURSOS. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PRESUNÇÃO. Nos termos do art. 23, V e §2º do DecretoLei nº 1.455/76, é do próprio importador, e não da fiscalização, o ônus da prova da licitude dos recursos empregados na operação. Se o importador, embora regularmente intimado, não obtém êxito em comprovar a origem, disponibilidade e transferência desses recursos, formase em favor do Fisco a presunção de interposição fraudulenta na importação. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Waldir Navarro Bezerra declarouse impedido, sendo substituído pelo Conselheiro suplente Carlos Alberto da Silva Esteves. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 72 02 93 /2 01 5- 24 Fl. 228DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Fortaleza que julgou improcedente a impugnação da contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 12/02/2010 a 03/04/2012 INTIMAÇÃO. ARGUIÇÃO DE OFENSA À AMPLA DEFESA.DESCABIMENTO. Tendo sido regularmente intimado o sujeito passivo, na forma prevista no art. 23 do Decreto nº 70.235/1972, não há falar em ofensa ao princípio da ampla defesa. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 12/02/2010 a 03/04/2012 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL. MULTA. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consiste em infração punível com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. Presumese interposição fraudulenta em comércio exterior no caso de não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na operação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Versa o processo sobre a exigência de multa equivalente ao valor aduaneiro, prevista no artigo 23, inciso V e §§ 1º e 2º do Decretolei nº 1.455/1976, com base nos seguintes fatos e fundamentos: (...) Tendo em vista a comprovação da interposição fraudulenta de terceiros apurada no Processo 10907.720710/201322, conforme descrito, deuse início ao atual Procedimento Especial de Revisão Aduaneira, a fim de se verificar a regularidade das importações realizadas pela empresa entre os anos de 2010 e 2012. (...) DA INTIMAÇÃO n° 166/2014 — SAPEA/IRF/CTA: A fim de se verificar sua capacidade operacional, econômica e financeira para realização operações de importação realizadas pela empresa entre os anos de 2010 a 2012, a empresa foi intimada a apresentar os seguintes documentos e esclarecimentos: (...) Fl. 229DF CARF MF Processo nº 15165.720293/201524 Acórdão n.º 3402004.310 S3C4T2 Fl. 229 3 Os Termos foram recebidos por ADEMIR GASPER, conforme Aviso de Recebimento dos Correios datado de 14/12/14: (...) Em pesquisas realizadas no sistema ReceitanetBX1 verificouse a emissão de apenas uma Nota Fiscal no ano de 2014, n° 1556 cuja data de emissão foi 17/12/2014 (doc. 04), que comprova que a empresa continua a utilizar o endereço constante do Cadastro de Pessoas Jurídicas da Receita Federal. Sendo assim, devese considerar que a empresa foi devidamente intimada e cientificada do Procedimento Fiscal a que está submetida. O prazo para cumprimento da intimação encerrouse em 03 de janeiro de 2014, sem que a empresa apresentasse qualquer documento. Ao não apresentar qualquer resposta à intimação, a empresa também deixou de comprovar a regular aquisição das mercadorias importadas, subsumindose o caso perfeitamente à presunção legal de interposição fraudulenta , descrita no artigo 23, inciso V e parágrafos 10 e 2° do DecretoLei no 1.455: Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2002) § 2° Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2002). (...) Considerandose que a empresa, ao tomar ciência do Procedimento Especial a que estava sendo submetida, escolheu permanecer em silêncio, não se manifestando, ou respondendo à intimação, e sendo impossível localizála em outro endereço que não o fornecido à Receita Federal, devese considerar a impossibilidade de localização das mercadorias importadas entre o período de 2010 a 2012, data da última Declaração de Importação registrada pela empresa. Dessa maneira, a aplicação da pena de perdimento das mercadorias deve ser convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, conforme descrito no parágrafo 1° do artigo 689 do Regulamento Aduaneiro: (...) Cientificada, a contribuinte apresentou sua defesa, alegando, em síntese: 1 ReceitanetBX é um sistema capaz de transmitir arquivos da base da Secretaria da Receita Federal do Brasil para contribuintes, representantes legais de empresas, procuradores autorizados por procuração eletrônica, servidores da Receita Federal ou entidades conveniadas. Fl. 230DF CARF MF 4 a) preliminar de nulidade da intimação do termo de início por violação ao princípio da ampla defesa; b) ausência de provas que fundamentem a autuação; c) ausência de produção de prova (positiva) acerca dos fatos indiciários para a aplicação da presunção legal de interposição fraudulenta (Art. 23, §2º do Decretolei nº 1.455); d) não configuração da omissão deliberada como condição de aplicabilidade da presunção contida no Art. 23, §2º do Decretolei nº 1.455; e) impossibilidade de provar por "arrasto" necessidade de demonstrar a ocorrência da infração de forma individualizada para cada importação; O julgador de primeira instância não acatou as razões de defesa da impugnante, sob os seguintes fundamentos: Tendo sido a impugnante regularmente intimada, não cabe falar prejuízo à ampla defesa, ou em nulidade por cerceamento de defesa. Mesmo porquê, nada impedia que a Impugnante, após tomar ciência do Auto de Infração e, consequentemente, do conteúdo do Termo de Intimação Fiscal nº 166/2014, tivesse apresentado a comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações de importação nele citadas, na própria impugnação. O efeito prático da presunção legal relativa é inverter o ônus da prova, ou seja, acaso existentes os elementos descritos na lei, temse como provado o fato nela indicado, cabendo à parte interessada, para afastar a presunção, provar que tal fato não existe. Por ocasião da impugnação, além desta, a empresa apenas apresentou procuração (fls. 132), contrato social e alterações (fls. 134146), e Registro de Empregados (fls. 148158). Ou seja, a litigante persiste na omissão, deixando de trazer aos autos documentos que comprovassem a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de importação. A respeito disso, não chegou a ser exibido documento algum. Enfim, a defesa não apresentou nenhuma prova que atestasse a regularidade da importação e destituísse a conclusão do relatório fiscal. É o quanto basta para fazer incidir a presunção legal de interposição fraudulenta na importação, por força do § 2º do art. 23 do Decretolei nº 1.455/1976, com redação dada pela Lei nº 10.637/2002. A contribuinte acessou o teor dos documentos relacionados à decisão recorrida na data 20/04/2016, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), data em que se considera feita a intimação nos termos do art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72. Em 17/05/2016, a contribuinte apresentou recurso voluntário, repisando as alegações da impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Alega a recorrente que a pessoa que recebeu o Termo de Intimação n° 166/2014 no procedimento fiscal é pessoa completamente desconhecida da Impugnante, que nunca figurou no quadro de funcionários ou foi sócio da empresa e sequer manteve qualquer Fl. 231DF CARF MF Processo nº 15165.720293/201524 Acórdão n.º 3402004.310 S3C4T2 Fl. 230 5 tipo de contato ou ligação com a Impugnante. Sustenta que o Sr. Ademir não lhe entregou o termo de intimação, de forma que desconhece o paradeiro dos termos encaminhados pela fiscalização. Conforme dispõe o art. 23, II e §2º, II do Decreto nº 70.235/72, é válida a intimação feita por via postal com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Não consta no dispositivo legal acima, ou em qualquer outro, a exigência de que para ser válida a intimação por via postal a pessoa que recebeu a correspondência deveria ser preposto, representante legal ou funcionário da pessoa jurídica intimada. Nesse sentido dispõe a Súmula CARF nº 9: "É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário". Dessa forma, presumese notificado o sujeito passivo quando houver prova de recebimento da correspondência no seu endereço cadastrado nos sistemas da Receita Federal como seu domicílio fiscal. Essa presunção somente poderia, conforme entendimento jurisprudencial, ser afastada pela comprovação inequívoca de que a pessoa que recebeu a correspondência não a repassou para o seu real destinatário. No presente caso, diante do Aviso de Recebimento cuja cópia consta na efl. 21 e do endereço cadastral da empresa (cópias abaixo), não há dúvidas de que a correspondência, com o Termo de Início de Procedimento Fiscal e o Termo de Intimação nº 166/14, foi entregue no domicílio fiscal da contribuinte: Fl. 232DF CARF MF 6 Não obstante alegue a recorrente que não teria recebido tal correspondência, não apresenta qualquer comprovação ou indício nesse sentido, de forma que não há qualquer elemento hábil para afastar a presunção de que a contribuinte foi devidamente cientificada do início do procedimento fiscal e da intimação para apresentar os documentos para comprovar a legitimidade dos recursos empregados nas operações de comércio exterior. No mais, aproveito os fundamentos de decidir da decisão recorrida, nos termos do art. 50,§1º da Lei nº 9.784/99, abaixo transcritos, para concluir que não houve o cerceamento do direito de defesa alegado pela recorrente: (...) Conforme fl. 21, o Aviso de Recebimento correspondente ao Termo de Intimação nº 166/2014, devidamente assinado, cuja entrega consta como tendo sido feita em 18/12/2014, foi enviado para o endereço Rua Professor João Soares Barcelos, 2962, CJ 13, Boqueirão, CuritibaParaná, que é mesmo endereço que a empresa menciona, à fl. 107, em sua impugnação, sendo também o que consta no cadastro do sistema RADAR, à fl. 13, que, por sua vez, é retirado do cadastro do CNPJ. Assim, não há como ser considerada irregular a ciência ao Termo de Intimação. Vejase que a empresa não alega erro no endereço para o qual foi enviada a correspondência, nem que este não é o seu domicílio tributário, mas apenas que a pessoa que recebeu não era da empresa, o que não tem o condão de tornar sem efeito a ciência efetuada. Apesar de, conforme fl. 12, a empresa ter ficado com o CNPJ suspenso por meio do Ato Declaratório Executivo n° 113, de 14 de março de 2013, esta requereu na Justiça que os efeitos da decisão administrativa de suspensão do CNPJ fossem suspensos por meio do MANDADO DE SEGURANÇA n° 5000110 96.2014.404.7008/PR e obteve liminar concedendo a reativação de seu CNPJ, e determinando que assim se mantivesse, até que Fl. 233DF CARF MF Processo nº 15165.720293/201524 Acórdão n.º 3402004.310 S3C4T2 Fl. 231 7 fosse proferida decisão definitiva no bojo do procedimento administrativo de representação para fins de inaptidão do CNPJ da empresa, e após oportunizada a ampla defesa e o contraditório. Conforme o extrato do referido processo judicial, que anexei às fls. 164165, podese verificar que a concessão da citada liminar (evento 11) ocorreu em 29/01/2014, e a sentença favorável à Impugnante (evento 35) ocorreu em 24/12/2015; ou seja quando da ciência do Termo de Intimação, em 18/12/2014, (fl. 21), o CNPJ da empresa estava regular. Além disso, consta, às fls. 9395, que a empresa emitiu, em 17/12/2014, um dia antes da ciência ao Termo de Intimação, a Nota Fiscal n° 1556, na qual é citado, como sendo da Impugnante, o mesmo endereço para o qual foi enviado o referido Termo, o que comprova que, quando do envio da intimação, a empresa continuava a utilizar o endereço constante do Cadastro de Pessoas Jurídicas da Receita Federal. Sendo assim, tem razão a fiscalização ao afirmar que se deve considerar que a empresa foi devidamente intimada e cientificada do Procedimento Fiscal a que estava submetida. Cabe ressaltar que o fato de a fiscalização ter enviado o Auto de Infração para o endereço das sócias em nada interfere na validade da ciência ao Termo de Intimação Fiscal nº 166/2014. Apesar de não haver impedimento, nada há na legislação de regência que obrigue a fiscalização a enviar o citado Termo aos sócios, ou efetuar reintimações. Assim, no caso concreto, não cabe falar prejuízo à ampla defesa, ou em nulidade por cerceamento de defesa. Mesmo porquê, nada impedia que a Impugnante, após tomar ciência do Auto de Infração e, consequentemente, do conteúdo do Termo de Intimação Fiscal nº 166/2014, tivesse apresentado a comprovação da origem dos recursos utilizados nas operações de importação nele citadas, na própria impugnação. (...) No mérito, com relação à alegação da recorrente de ausência de provas para fundamentar a autuação, é de se destacar que o fundamento da autuação é exatamente a falta de comprovação pelo importador, da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior. Como se sabe, nos termos do art. 23, V e §2º do DecretoLei nº 1.455/76, é do próprio importador, e não da fiscalização, o ônus da prova da licitude dos recursos empregados na operação de comércio exterior, sendo que, se ele não obtém êxito nesse intento, formase em favor do Fisco a presunção de interposição fraudulenta na importação. Dessa forma, no presente caso, tendo sido a contribuinte regularmente intimada no procedimento fiscal para realizar a comprovação da origem dos recursos empregados nas importações, não o fez, restando caracterizada a presunção de interposição fraudulenta a que se refere o art. 23, V e §2º do Decretolei nº 1.455/76, punível com a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias correspondentes objeto da autuação sob análise, nos termos do §3º desse dispositivo. Ademais, por ocasião da impugnação, que é o momento adequado para a contribuinte apresentar os elementos modificativos ou extintivos da Fl. 234DF CARF MF 8 autuação, a contribuinte não apresentou qualquer elemento que pudesse afastar a presunção relativa de interposição fraudulenta caracterizada no auto de infração. Aduz a recorrente que a mera falta de atendimento da intimação não poderia caracterizar a presunção de interposição fraudulenta, entretanto, a prosperar tal tese, a presunção do art. 23, V e §2º do Decretolei nº 1.455/76 não teria qualquer serventia à fiscalização, pois bastaria que o fiscalizado não respondesse à intimação que o ônus de comprovar a eventual ilegitimidade dos recursos empregados nas operações de comércio exterior se reverteria à fiscalização. Por fim, quanto ao argumento da recorrente de que deveria ter sido provada a infração para cada importação individualmente, seria da contribuinte o ônus probatório, como dito acima, e ela foi expressamente intimada a fazêlo, relativamente a cada importação, conforme item 08) do Termo Intimação 166/2014 – SAPEA/IRF/CTA2, que restou sem resposta por parte da recorrente. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora 2 (...) 08) Comprovar a origem lícita, a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos necessários à prática de todas as operações de comércio exterior realizadas entre os anos de 2010 a 2012, com a apresentação de: a) extratos bancários referentes aos 3 meses anteriores à cada importação realizada; b) Notas fiscais de venda e correspondentes pagamentos; b) quaisquer outros documentos hábeis e idôneos que comprovem a origem dos recursos para pagamento de tributos e demais despesas aduaneiras, bem com para fechamento de câmbio de cada uma das operações de importação; [grifei] (...) Fl. 235DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17613.721818/2011-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
PROVENTOS RECEBIDOS PELO MILITAR NA RESERVA REMUNERADA. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. RECONHECIMENTO.
São isentos do IRPF os proventos recebidos pelo militar em decorrência de transferência para a reserva remunerada, Sumula Carf Nº 43.
Numero da decisão: 2402-005.926
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho (Presidente), Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luiz Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Bianca Felícia Rothschild e Jamed Abdul Nasser Feitoza.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. RECONHECIMENTO. São isentos do IRPF os proventos recebidos pelo militar em decorrência de transferência para a reserva remunerada, Sumula Carf Nº 43. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 61 3. 72 18 18 /2 01 1- 15 Fl. 62DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho (Presidente), Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luiz Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Bianca Felícia Rothschild e Jamed Abdul Nasser Feitoza. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 17613.721818/201115 Acórdão n.º 2402005.926 S2C4T2 Fl. 63 3 Relatório Tratase Recurso Voluntário de fls. 52/53, lançado contra Acórdão de fls. 41/45, proferido pela 18ª Turma de Julgamento, que julgou improcedente a impugnação, mantendo, assim, os créditos lançados. Assim está lançado o relatório da decisão recorrida: “Contra o contribuinte foi lavrada notificação (fls.4 a 8) relativa ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, anocalendário 2006, para apurar imposto suplementar de R$3.936,46 com aplicação de multa de ofício e juros de mora. De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal foi apurada omissão de rendimentos no valor de R$44.709,62. Inconformado com o indeferimento da SRL, na qual menciona que o interessado só foi reformado ex officio em 2010, contribuinte alega que os rendimentos são isentos por ser portador de moléstia grave desde agosto de 2005.” Em sua peça recursal, aduz o recorrente ser militar estadual reformado da Polícia Militar do Espírito Santo, e portador de moléstia (cardiopatia grave) desde agosto de 2005, dessa forma, estaria isento ao pagamento do imposto de renda. No mesmo passo, registra que houve equívoco no acórdão guerreado, posto que a decisão colegiada não teria entendido que “no caso do militar estadual, ao completar 30 (trinta) anos de serviços, o mesmo é transferido ‘exofficio’ para a reserva remunerada, que na prática equivale a aposentadoria” (fls. 53). Assim, assevera que, independentemente da intepretação formal dada pela i. Delegacia de Julgamento, estaria comprovado, pela documentação acostada, que faria jus à isenção desde o início dos sintomas de sua doença. No mais, são reprisados os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 64DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1. Admissibilidade. O recurso é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade dispostas no Decreto 70.235 de 06 de março de 1972, razão pela qual voto por conhecêlo. 2. Mérito Na presente lide não há controvérsia quanto ao fato do Recorrente ser portador de moléstia grave descritas dentre aquelas geradoras do direito a isenção do Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza, eis que comprova por meio de documentação hábil e idônea emitida por serviço médico oficial onde registra ser portador de cardiopatia grave. (|Fls 55). A Lei nº 7.713/1988, Art. 6º, inciso XIV, com a redação dada pela Lei nº 11.052, de 29 de dezembr 2004 assim disciplina o assunto: "Art. 6º ....................................................................................................................... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;” Do exposto, verificase que um dos requisitos para o gozo de tal benefício está preenchido, restando analisar a questão da natureza dos rendimentos para os quais o recorrente busca reconhecimento de isenção. Registrase que a controvérsia está centrada no fato dos rendimentos em questão terem natureza de Reserva Remunerada e, no entender dos ilustres membros da DRJ, não teriam equivalência a proventos de aposentadoria ou reforma, por não constarem de modo objeto na lei, eis que para os casos de isenção aplicase interpretação literal as disposições legais referentes. O CARF tem entendimento pacificado sobre o tema e vinculativo aos membros desse colegiado, entendendo que a Reserva Remunerada equivale a reforma ou aposentadoria para os fins de reconhecimento de isenção por moléstia grave, nos termos da Sumula 43: "Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda." Fl. 65DF CARF MF Processo nº 17613.721818/201115 Acórdão n.º 2402005.926 S2C4T2 Fl. 64 5 Dada a comprovação da moléstia grave e o posicionamento já consolidado neste Conselho, não há maiores digressões a serem feitas quanto a direito do Recorrente, que não seja o seu pleno reconhecimento. Conclusão Por todo exposto voto por conhecer do recurso e darlhe provimento. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912060/2012-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/09/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.774
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-08-11T19:29:23Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-08-11T19:29:23Z; Last-Modified: 2017-08-11T19:29:23Z; dcterms:modified: 2017-08-11T19:29:23Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-08-11T19:29:23Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-08-11T19:29:23Z; meta:save-date: 2017-08-11T19:29:23Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-08-11T19:29:23Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-08-11T19:29:23Z; created: 2017-08-11T19:29:23Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2017-08-11T19:29:23Z; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-08-11T19:29:23Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.912060/201208 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.774 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria Restituição. Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 60 /2 01 2- 08 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.801, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912060/201208 Acórdão n.º 3301003.774 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14485.002996/2007-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 13/12/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. RELEVAÇÃO DA MULTA.
Acolhem-se os embargos declaratórios, sem atribuir-lhes efeitos modificativos, para o fim de sanar a omissão/contradição no acórdão embargado. Em juízo de mérito, o acórdão do recurso voluntário decidiu que a correção da infração tão somente poderia ocorrer no curso do procedimento fiscal, de maneira que a apresentação tardia dos documentos e/ou esclarecimentos, mesmo que dentro do prazo de impugnação, não corrigia a falta cometida.
Numero da decisão: 2401-004.945
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer dos embargos declaratórios. No mérito, por voto de qualidade, acolhê-los, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão/contradição apontada. Vencidos o relator e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam efeitos infringentes aos embargos. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 13/12/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. RELEVAÇÃO DA MULTA. Acolhem-se os embargos declaratórios, sem atribuir-lhes efeitos modificativos, para o fim de sanar a omissão/contradição no acórdão embargado. Em juízo de mérito, o acórdão do recurso voluntário decidiu que a correção da infração tão somente poderia ocorrer no curso do procedimento fiscal, de maneira que a apresentação tardia dos documentos e/ou esclarecimentos, mesmo que dentro do prazo de impugnação, não corrigia a falta cometida.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 13/12/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. RELEVAÇÃO DA MULTA. Acolhemse os embargos declaratórios, sem atribuirlhes efeitos modificativos, para o fim de sanar a omissão/contradição no acórdão embargado. Em juízo de mérito, o acórdão do recurso voluntário decidiu que a correção da infração tão somente poderia ocorrer no curso do procedimento fiscal, de maneira que a apresentação tardia dos documentos e/ou esclarecimentos, mesmo que dentro do prazo de impugnação, não corrigia a falta cometida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 5. 00 29 96 /2 00 7- 81 Fl. 191DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer dos embargos declaratórios. No mérito, por voto de qualidade, acolhêlos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão/contradição apontada. Vencidos o relator e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam efeitos infringentes aos embargos. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 14485.002996/200781 Acórdão n.º 2401004.945 S2C4T1 Fl. 192 3 Relatório BANCO BARCLAYS S.A., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, a autuação lavrada em face da recorrente tem por objeto a obrigação acessória por ter a empresa deixado de prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da mesma, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização no período compreendido entre 01/2006 a 05/2009. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à 2ª Seção de Julgamento do CARF, contra decisão de primeira instância, a egrégia 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em 13/08/2013, achou por bem conhecer do Recurso da contribuinte e NEGARLHE PROVIMENTO, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão nº 2401003.144, com sua ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 13/12/2007 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA ARTIGO 32, III DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 283, II, “b” DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 NÃO APRESENTAÇÃO DOS MÉTODOS DE AFERIÇÃO DURANTE O PROCEDIMENTO FISCAL. A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do autodeinfração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do artigo 32, III da Lei n.º 8.212/91 c/c artigo 283, II, “b” do RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99. Constitui infração deixar de prestar ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e ao Departamento da Receita FederalDRF todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. As informações solicitados pelo auditor possuem relação direta com o cumprimento da legislação referente ao pagamento do PLR, assim, pertinente a solicitação, estando dentro da competência da autoridade fiscal. O afastamento de uma falta que respaldou o lançamento, não cancela a multa aplicada quando o valor da mesma é único. Constatada a ocorrência de infração a dispositivo deste Regulamento, será lavrado autodeinfração com discriminação clara e precisa da infração e das circunstâncias em que foi Fl. 193DF CARF MF 4 praticada, contendo o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os critérios de gradação, e indicando local, dia e hora de sua lavratura, observadas as normas fixadas pelos órgãos competentes. Recurso Voluntário Negado Irresignada, a Contribuinte opôs Embargos de Declaração, à efls. 152/162, com fulcro no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pugnando pela sua reforma em virtude das contradições e omissões a seguir exposta. a) Análise da possibilidade de aplicação do artigo 291, § 1°, do Decreto n° 3.048/99. Aponta o embargante omissão quanto às suas alegações sobre o direito de relevação da multa. Vejamos (fls. 156): Com efeito, da análise do acórdão embargado, verificase que o voto condutor da decisão sustenta a possibilidade de manutenção do lançamento fiscal, entretanto, sem enfrentar diretamente a alegação da Embargante em relação ao preenchimento dos requisitos para aplicação do disposto no artigo 291, § 1o, do Decreto n° 3.048/99, 'verbis': "Por outro lado o presente auto foi lavrado tendo como fundamento a não apresentação de todos os documentos e esclarecimentos para que se pudesse identificar o cumprimento da legislação em relação ao pagamento de PLR durante o procedimento fiscal. Portanto, não se tratava de mera solicitação ilegal ou infundada, mas documentos cujo conteúdo poderia melhor esclarecer o cumprimento dos termos da lei 10.101 Ademais, a maneira genérica descrita na norma "deixar de prestar todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do mesmo", se aplica ao caso concreto, tendo em vista a relevâncias das informações solicitadas em relação aos métodos de aferição, documentos que apresentou o recorrente em sua impugnação." (fl. 6 do acórdão embargado) Com efeito, a decisão embargada, em momento algum, vem tratar expressamente acerca da possibilidade ou não de aplicação do disposto no artigo 291, § 1º, do Decreto n° 3.048/99 no caso ora em voga, sem declinar qualquer fundamentação que sustentasse a inaplicabilidade do dispositivo legal ou, ainda, a ausência de apreciação deste. (grifamos) Explicitando para que seja analisado o argumento da contribuinte quanto ao preenchimento dos requisitos do artigo encimado e a possibilidade de relevação da multa aplicada. b) Da contradição com o Artigo 291, § 1°, do Decreto n° 3.048/99. Alega a embargante que a decisão incorreu em contradição em relação ao mencionado § 1º do artigo 291 do Decreto nº 3.048/99. São seus argumentos: Confirase o trecho a seguir do acórdão embargado: Fl. 194DF CARF MF Processo nº 14485.002996/200781 Acórdão n.º 2401004.945 S2C4T1 Fl. 193 5 Todavia, entendo que o momento para que os esclarecimentos fossem prestados era durante a realização do procedimento fiscal. A apresentação tardia, não afasta a falta cometida, razão pela qual em relação a não apresentação de esclarecimentos na época oportuna sobre os mecanismos de aferição deve ser mantido o lançamento. Assim, no entender desta C. Turma Julgadora, a apresentação dos esclarecimentos após o encerramento do procedimento fiscal não afastaria a suposta "falta cometida". No entanto, há que se consignar que o artigo 291, § I°, do Decreto n° 3.048/99 prevê que a relevação da multa ocorrerá mediante pedido do contribuinte dentro do prazo de defesa.(...) Como acima mencionado, há tal contradição na decisão embargada, pois o Regulamento da Previdência Social prevê que a relevação da multa ocorrerá mediante correção da falta dentro do prazo da impugnação. c) Da Contradição quanto à relevância da "Memória de Cálculo dos Pagamentos a Título de PLR" Vislumbra o embargante que a decisão apresenta contradição quanto à ausência de memória de cálculo relativa aos pagamentos à título de PLR, pois a Turma decidiu por afastar a aplicação da multa pela não apresentação da memória de cálculo em face da mesma já ter embasado o crédito tributário referente à PLR. Por fim, pugna pelo recebimento e acolhimento dos presentes Embargos de Declaração, para que a Turma recorrida se pronuncie a respeito da omissão e contradições suscitadas, modificando o resultado da decisão guerreada. Submetido à análise de admissibilidade, por parte da nobre Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, esta entendeu por bem acolher em parte o pleito da Contribuinte inscrito nos Embargos de Declaração, apenas o admitindo em relação aos "itens a e b", conhecendo destes dois itens, propondo inclusão em nova pauta de julgamento para sanear a omissão e a contradição apontadas, nos termos do Despacho de efls. 186/189. Distribuídos os presentes Embargos, ad hoc, a este Relator já com Despacho de acolhimento e determinação de inclusão em pauta, consoante Despacho encimado, assim o faço. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, por ser tempestivo e comprovada a omissão e contradição apontadas pela contribuinte, acolho os Embargos de Declaração, pelas razões de fato e de direito a seguir esposadas. Como já devidamente lançado no Despacho que propôs o acolhimento dos presentes Embargos, constatase que, de fato, há uma omissão quando o Acórdão embargado não trata da relevação da multa nos termos do §1° do art. 291 do Decreto 3.048/91, conforme pugnado no Recurso Voluntário. Já a contradição diz respeito a fundamentação e o texto do dispositivo retro mencionado. Nesse sentido, procedem os Embargos de Declaração opostos pela Contribuinte, impondo seja acolhida sua pretensão para que aludida omissão seja devidamente saneada, por íntima conexão, restará solucionada a contradição apontada. Verificamos no relatório do acórdão, efls. 144, o relato quanto ao pedido de relevação da multa de acordo com o §1° do art. 291 do Decreto 3.048/91, transcrevo: (...) Ao tomar ciência da infração apurada pela Auditoria Fiscal, a Impugnante entendeu por formalizar nesta oportunidade a entrega, por amostragem, (sendo que a documentação completa está disponível na empresa para consulta), das denominadas "avaliações de desempenho profissional e programa de metas" (cópias anexas), por meio das quais se verificam quais eram as metas e objetivos relacionados ao PLR, bem como aferição do seu atingimento por cada um de seus empregados. (...) Requer a relevação da multa nos termos do § 1º do art. 291 do Decreto n° 3.048/99. Requer ajuntada da documentação, seja determinada a realização de diligência complementar, caso se entenda necessária, a fim de comprovar a correção da infração e a relevação da multa. (destacamos) Ao perquirirmos a decisão não encontramos nenhuma menção ao pedido de relevação da multa, quando tangencia a questão da correção da falta, a relatora menciona prazo distinto daquele previsto no dispositivo legal constante do recurso (efls 145): Todavia, entendo que o momento para que os esclarecimentos fossem prestados era durante a realização do procedimento fiscal. A apresentação tardia, não afasta a falta cometida, razão pela qual em relação a não apresentação de esclarecimentos na época oportuna sobre os mecanismos de aferição deve ser mantido o lançamento. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 14485.002996/200781 Acórdão n.º 2401004.945 S2C4T1 Fl. 194 7 Como se trata de auto com multa única, mesmo que afastada a falta em relação as memórias de cálculo, deve ser mantido a multa aplicada. (sublinhamos) Como é de conhecimento de todos, este Conselheiro é bastante sistemático quando há o interesse em analisar matéria de mérito em fase de Embargos, no entanto, conforme ficou claramente configurado na explanação acima, bem como no despacho de acolhimento, não há outra solução para o deslinde da controvérsia, senão o debate meritório. Diante dos fatos narrados, passamos a análise das razões e da documentação acostada aos autos, de onde se extrai que a contribuinte sempre defendeu fazer jus a relevação da multa nos moldes da legislação de regência por: ter sanado a ausência da entrega de documentos relativos ao pagamento "PLR" que poderiam ser requeridos pelo Fiscal, ser primária, ou seja, não tem contra si nenhuma decisão condenatória, e não incorrer em qualquer circunstância agravante. Antes de adentrar ao mérito da questão, é de bom alvitre trazer à baila o dispositivo legal que regulamentam o tema, senão vejamos: Decreto n° 3.048/91 Art. 291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 2007). § 1º A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 2007). § 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica à multa prevista no art. 286 e nos casos em que a multa decorrer de falta ou insuficiência de recolhimento tempestivo de contribuições ou outras importâncias devidas nos termos deste Regulamento. § 3º Da decisão que atenuar ou relevar multa cabe recurso de ofício, de acordo com o disposto no art. 366. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 2007) Conforme se depreende da norma legal encimada, a hipótese de relevação contemplada nos autos está condicionada à formular pedido e corrigir a falta no prazo de defesa, seja primário e não ter ocorrido em nenhuma circunstância agravante. In casu, o ponto nodal da demanda se fixa em definir se a contribuinte preenche os requisitos para fazer jus ao benefício de que trata o dispositivo encimado. Quanto a primariedade da contribuinte, bem como as circunstâncias agravantes, não há no processo qualquer informação de que a recorrente tenha contra si alguma decisão condenatória relativa a uma infração anteriormente praticada, assim como o auto e o relatório não trazem nenhuma circunstância agravante, motivo pelo qual estão obedecidos esses dois requisitos. Fl. 197DF CARF MF 8 Já em relação a ter a embargante formulado o pedido e corrigido a falta dentro do prazo de defesa, o próprio voto condutor do Acórdão guerreado é claro quanto a este aspecto, senão vejamos: (...) Todavia, um ponto crucial precisa ser apreciado. A falta imputada ao recorrente, diz respeito Em relação à "memória de cálculo dos pagamentos efetuados a título de Participação nos Lucro ou Resultados — PLR", cumpre esclarecer que tal documento não existe, seja porque nunca foi elaborado pela recorrente, seja porque a sua elaboração ou arquivo nunca constituíram uma obrigação legal (nos termos da Lei n° 10.101/2000).” A ausência do referido documento, foi um dos pilares para manutenção do crédito em relação ao fornecimento de PLR, razão pela qual não há como prosperar o presente lançamento em relação a essa imputação, constituindo verdadeiro bis in idem. A inexistência da memória de cálculo, serviu de fundamente fático para a lavratura do AI de obrigação principal, razão pela qual, por esse fundamento não deve ser mantido a autuação. Por outro lado o presente auto foi lavrado tendo como fundamento a não apresentação de todos os documentos e esclarecimentos para que se pudesse identificar o cumprimento da legislação em relação ao pagamento de PLR durante o procedimento fiscal. Portanto, não se tratava de mero solicitação ilegal ou infundada, mas documentos cujo conteúdo poderia melhor esclarecer o cumprimento dos termos da lei 10.101 Ademais, a maneira genérica descrita na norma “deixar de prestar todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do mesmo”, se aplica ao caso concreto, tendo em vista a relevâncias das informações solicitadas em relação aos métodos de aferição, documentos que apresentou o recorrente em sua impugnação. Todavia, entendo que o momento para que os esclarecimentos fossem prestados era durante a realização do procedimento fiscal. A apresentação tardia, não afasta a falta cometida, razão pela qual em relação a não apresentação de esclarecimentos na época oportuna sobre os mecanismos de aferição deve ser mantido o lançamento. Como se trata de auto com multa única, mesmo que afastada a falta em relação as memórias de cálculo, deve ser mantido a multa aplicada.(...) (grifamos) Observase do excerto encimado, especialmente dos destaques, que a contribuinte foi autuada por não apresentar a "memória de cálculo dos pagamentos efetuados a título de Participação nos Lucros ou Resultados PLR", no entanto, verificase que tal documento não é uma obrigação legal nos termos da Lei n° 10.101/2000. Não sendo uma obrigação legal, não há necessidade de manter em sua contabilidade tal documento, o que por si só, fulmina o lançamento. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 14485.002996/200781 Acórdão n.º 2401004.945 S2C4T1 Fl. 195 9 Ainda de acordo com o trecho acima, tal documentação foi o motivo para manutenção da infração principal, ao meu ver, a inexistência de regras claras, no entanto, não justifica a infração em comento, pois como já mencionado, não é um documento exigível por Lei. Se não fosse o bastante, a contribuinte dentro do prazo para impugnação, apresentou o método de aferição dos pagamentos efetuados a título de PLR, a saber: "avaliações de desempenho profissional e programas de metas", ou seja, documentação equivalente a requerida pelo Sr. Fiscal, mesmo que não esteja nos moldes requeridos ou atendesse as expectativas, volto a repetir, motivo pelo qual foi lavrada e mantida a infração principal, porém sanada a falta imputada. Como se observa dos autos, está mais que provado ter a recorrente sanado a falta imputada dentro do prazo da impugnação, bem como ser primária e não ter circunstâncias agravantes, cumulando assim os requisitos legais para fazer jus a relevação da multa nos termos estampados no §1° do art. 291 do Decreto 3.048/91. Por todo o exposto, VOTO NO SENTIDO DE ACOLHER OS EMBARGOS OPOSTOS PELA CONTRIBUINTE COM EFEITOS INFRINGENTES, para sanear a omissão e contradição apontadas, alterando o resultado do julgamento levado a efeito no Acórdão nº 2401003.144, de maneira a CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para relevação da multa, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 199DF CARF MF 10 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia ao I. Relator para discordar da atribuição de efeitos infringentes aos embargos de declaração, adentrando no exame de questões de direito. Tratase, na origem, do Auto de Infração nº 37.015.5920 lavrado por descumprimento de obrigação acessória, com base no inciso III do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Devidamente intimada, a empresa deixou de apresentar os seguintes documentos e/ou esclarecimentos à fiscalização, conforme Relatório Fiscal da Infração (fls. 16): (...) Métodos de aferição e memórias de cálculo dos pagamentos efetuados a título de Participação nos Lucros ou Resultados PLR do período de 02/2002 a 02/2006. (...) Ao contrário do I. Relator, entendo que o votocondutor enfrentou a questão do pedido de relevação da multa, ainda que reconheça a existência de incompletude quanto à explicitação das razões pelas quais não restaram atendidos todos os requisitos para aplicação do § 1º do art. 291 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Por isso, longe de autorizar o reexame de mérito, tal situação apenas caracteriza vício de forma no acórdão questionado, de maneira que se agrega na sequência fundamentos adicionais à decisão embargada, mantidas, todavia, as conclusões do julgado na parte dispositiva. Dizia o § 1º do art. 291 do RPS: Art. 291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. § 1º A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (...) Ao apreciar a questão controvertida, o votocondutor do acórdão embargado assim se manifestou (fls. 145): Fl. 200DF CARF MF Processo nº 14485.002996/200781 Acórdão n.º 2401004.945 S2C4T1 Fl. 196 11 (...) Todavia, um ponto crucial precisa ser apreciado. A falta imputada ao recorrente, diz respeito Em relação à "memória de cálculo dos pagamentos efetuados a título de Participação nos Lucro ou Resultados — PLR", cumpre esclarecer que tal documento não existe, seja porque nunca foi elaborado pela recorrente, seja porque a sua elaboração ou arquivo nunca constituíram uma obrigação legal (nos termos da Lei n° 10.101/2000).” A ausência do referido documento, foi um dos pilares para manutenção do crédito em relação ao fornecimento de PLR, razão pela qual não há como prosperar o presente lançamento em relação a essa imputação, constituindo verdadeiro bis in idem. A inexistência da memória de cálculo, serviu de fundamente fático para a lavratura do AI de obrigação principal, razão pela qual, por esse fundamento não deve ser mantido a autuação. Por outro lado o presente auto foi lavrado tendo como fundamento a não apresentação de todos os documentos e esclarecimentos para que se pudesse identificar o cumprimento da legislação em relação ao pagamento de PLR durante o procedimento fiscal. Portanto, não se tratava de mero solicitação ilegal ou infundada, mas documentos cujo conteúdo poderia melhor esclarecer o cumprimento dos termos da lei 10.101 Ademais, a maneira genérica descrita na norma “deixar de prestar todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse do mesmo”, se aplica ao caso concreto, tendo em vista a relevâncias das informações solicitadas em relação aos métodos de aferição, documentos que apresentou o recorrente em sua impugnação. Todavia, entendo que o momento para que os esclarecimentos fossem prestados era durante a realização do procedimento fiscal. A apresentação tardia, não afasta a falta cometida, razão pela qual em relação a não apresentação de esclarecimentos na época oportuna sobre os mecanismos de aferição deve ser mantido o lançamento. (...) (GRIFEI) Como se percebe, é explícito o ponto de vista do relator do acordão embargado, que foi acompanhado pelos demais integrantes da Turma, a respeito da ausência de correção da falta cometida pela empresa fiscalizada. A apresentação dos documentos e/ou esclarecimentos na fase de impugnação não supria a falta, cujo momento para a reparação era durante a realização do procedimento fiscal. Embora o § 1º do art. 291 do RPS faça alusão à correção da falta, dentro do prazo de impugnação, não significa que toda infração é passível de correção no prazo de Fl. 201DF CARF MF 12 defesa. De fato, um dos requisitos para a relevação da multa era a correção da infração até o término do prazo para apresentação da impugnação, desde que, evidentemente, fosse viável a correção da falta. Porém, o acórdão recorrido foi inequívoco no sentido da impossibilidade de correção da falta após a finalização do procedimento fiscal, tendo em vista a infração cometida no caso concreto. Encerrada a fiscalização, a apresentação dos documentos e/ou esclarecimentos, mesmo que dentro do prazo de impugnação, não afastava a falta cometida, isto é, as providências adotadas pelo impugnante não tinham o condão de implicar o saneamento da falta. Em consequência, segundo o acórdão embargado, não estavam atendidos todos os requisitos para a relevação da multa, previstos no § 1º do art. 291 do RPS, devendose manter a multa aplicada. Não custa lembrar que eventual tentativa de rediscussão da matéria de mérito é impraticável pela via estreita dos aclaratórios, cabendo ao interessado manejar o recurso próprio a tal fim. À vista disso, cumpre acolher os declaratórios para correção dos vícios apontados pela embargante, na forma alhures explicitada, porém sem atribuirlhes efeito modificativo, mantendose, por conseguinte, a penalidade imposta pelo agente lançador no auto de infração. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO dos embargos declaratórios e, no mérito, DOU PROVIMENTO aos aclaratórios, sem efeitos modificativos, para sanar a omissão/contradição existente no Acórdão nº 240103.144. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 202DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15940.000074/2006-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/05/2004
DEPÓSITO JUDICIAL NO MONTANTE INTEGRAL. PAGAMENTO. EQUIPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INSTITUTOS DISTINTOS. DEDUÇÃO CIDE-COMBUSTÍVEIS. EXIGÊNCIA DE EFETIVO PAGAMENTO.
O instituto do depósito judicial, hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário prevista no inciso II do art. 151, não se confunde com o do pagamento, previsto no inciso I do art. 156, e tampouco é uma das suas modalidades previstas no art. 162, todos do Código Tributário Nacional. A dedução da Cide-Combustíveis do valor devido da Cofins, portanto, somente é permitida na hipótese de efetivo pagamento, não sendo possível diante de mero depósito judicial.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Não se configura cerceamento de defesa por ausência de fundamentação do auto de infração lavrado quando corretamente indicada a descrição dos fatos e seu respectivo enquadramento legal.
FALTA DE RECOLHIMENTO.
A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins, apurada em procedimento fiscal, enseja o lançamento de ofício com os acréscimos legais.
MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. APLICAÇÃO.
Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 4. APLICAÇÃO.
Em conformidade com a Súmula CARF nº 4, deve ser aplicada a taxa do Selic para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso, a partir de abril de 1995.
Numero da decisão: 3401-003.856
Decisão: Acordam os membros do colegiado da Primeira Turma da Quarta Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Mara Cristina Sifuentes, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos.
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/05/2004 DEPÓSITO JUDICIAL NO MONTANTE INTEGRAL. PAGAMENTO. EQUIPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INSTITUTOS DISTINTOS. DEDUÇÃO CIDECOMBUSTÍVEIS. EXIGÊNCIA DE EFETIVO PAGAMENTO. O instituto do depósito judicial, hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário prevista no inciso II do art. 151, não se confunde com o do pagamento, previsto no inciso I do art. 156, e tampouco é uma das suas modalidades previstas no art. 162, todos do Código Tributário Nacional. A dedução da CideCombustíveis do valor devido da Cofins, portanto, somente é permitida na hipótese de efetivo pagamento, não sendo possível diante de mero depósito judicial. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não se configura cerceamento de defesa por ausência de fundamentação do auto de infração lavrado quando corretamente indicada a descrição dos fatos e seu respectivo enquadramento legal. FALTA DE RECOLHIMENTO. A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins, apurada em procedimento fiscal, enseja o lançamento de ofício com os acréscimos legais. MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. SÚMULA CARF Nº 2. APLICAÇÃO. Em conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. SÚMULA CARF Nº 4. APLICAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 94 0. 00 00 74 /2 00 6- 05 Fl. 538DF CARF MF 2 Em conformidade com a Súmula CARF nº 4, deve ser aplicada a taxa do Selic para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso, a partir de abril de 1995. Acordam os membros do colegiado da Primeira Turma da Quarta Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. ROSALDO TREVISAN Presidente. LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente), Fenelon Moscoso de Almeida, Mara Cristina Sifuentes, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos. Relatório 1. Tratase auto de infração, situado à fls. 218 a 222, lavrado em 06/09/2006, com a finalidade de formalizar a cobrança de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), referente ao período de apuração de janeiro de 2003 a maio de 2004, no valor histórico de R$ 3.743.193,61. 2. Depreendese da descrição dos fatos e enquadramentos legais, situado às fls. 219 a 220, que se constatou: (i) falta de recolhimento de Cofins pelo regime cumulativo, pois a contribuinte realizou compensação com CIDECombustível depositada judicialmente, e não com tributo pago, conforme determina a legislação aplicável à espécie; (ii) diferença entre o valor escriturado e o valor pago e declarado de Cofins pelo regime cumulativo. 3. A contribuinte, intimada em 11/09/2006, por meio de ciência pessoal do termo lavrado, apresentou, em 11/10/2006, impugnação, situada às fls. 226 a 252, argumentando, em síntese: (i) cerceamento de defesa, devido à ausência de fundamentação legal do auto de infração; (ii) ser autora da ação declaratória n° 94.00045670, com decisão judicial transitada em julgado em 15/09/1997, que confirmou a imunidade com relação à COFINS nas operações sobre combustíveis, salvo ICMS e Imposto sobre Importação e Exportação; (iii) ter impetrado o mandado de segurança nº 2002.61.12.0015181 para que a autoridade coatora promovesse os meios necessários para a contribuinte informar, como obrigação acessória, as deduções da CIDE sobre a COFINS, para que não acabasse recolhendo, por via indireta, a COFINS a que está imune o art. 8° da Lei 10.336/01, uma vez que o dispositivo em referência só permite a dedução do valor da CIDE dos valores da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidos na comercialização, no mercado interno, dos produtos referidos no art. 50 álcool carburante; (iv) que, no curso da tramitação do mandado de segurança nº 2002.61.12.0015181, passou a depositar as parcelas da CIDECombustível incidente sobre a COFINS, objeto do litígio judicial, tendo recebido autorização judicial para Fl. 539DF CARF MF Processo nº 15940.000074/200605 Acórdão n.º 3401003.856 S3C4T1 Fl. 539 3 desta forma proceder; (v) que a autoridade fiscal, ao realizar o lançamento de ofício, age em desconformidade com a lei e com a coisa julgada obtida na ação declaratória em referência com fundamento no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição da República conjugado com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; (vi) que a aplicação da multa fere o princípio constitucional da proporcionalidade; (vii) que a aplicação dos juros baseados na taxa Selic é ilegal e inconstitucional, além de ter natureza eminentemente remuneratória. 4. Em sessão de 09/10/2009, foi proferido o Acórdão DRJ nº 14 26.399, situado às fls. 367 a 376, e proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), sob a relatoria do AuditorFiscal Heitor Chaud, que decidiu, por votação unânime, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/05/2004 FALTA DE RECOLHIMENTO. A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins, apurada em procedimento fiscal, enseja o lançamento de ofício com os acréscimos legais. CIDE. DEDUÇÃO. EFETIVO PAGAMENTO. A dedução da CideCombustíveis, do valor devido da Cofins só é permitida quando efetivamente paga. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Legal a aplicação da taxa do Selic para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso, a partir de abril de 1995. SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indeferese pedido de perícia que não apresente seus motivos e não contenha indicação de quesitos e do perito. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 5. A contribuinte, intimada em 20/11/2009, mediante aviso postal, em conformidade com aviso de recebimento situado à fl. 383, interpôs, em 21/12/2009, recurso Fl. 540DF CARF MF 4 voluntário, situado às fls. 384 a 411, no qual reiterou as razões defendidas em sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco 6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 7. Alega a contribuinte que o auto de infração estaria maculado de nulidade, em virtude de cerceamento de sua defesa decorrente de ausência de fundamentação, uma vez que a autoridade fiscal apontou unicamente legislação referente à COFINS, mas se esquivou em apontar "(...) as capitulações referentes à suposta falta levada a cabo pela recorrente, seja compensação indevida ou discrepâncias na contabilidade". Ocorre, no entanto, que a tipificação do auto é a falta de recolhimento da contribuição, e corretamente se refere ao Decreto nº 4.524/2002, não devendo, portanto, a alegação prosperar. 8. Quanto ao mérito, transcrevese, por pertinente, o seguinte trecho da decisão recorrida: "(...) a impugnante alega que detém sentença judicial transitada em julgado declarando a imunidade da Cofins sobre as receitas decorrentes de álcool combustível. No entanto, a sentença anexada aos autos a fls. 203 a 208, declara "improcedente o pedido". Ademais, no acórdão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, anexado a fls. 245 e 246, referente à ação onde a impugnante discute a possibilidade de deduzir da Cofins valores da Cide, a douta desembargadora relatora afirma que a decisão judicial relativa à Cofins foi concedida sob a égide da Lei Complementar (LC) n° 70/1991, e que, com a edição da Lei n' 9.718, de 1998, os efeitos de tal decisão não mais prevalecem, porquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) já firmou jurisprudência sobre a constitucionalidade da exigência da Cofins sobre combustíveis. Assim, não restou comprovada tal alegação" (seleção e grifos nossos). 9. No caso em apreço, discutese o período de apuração compreendido entre 01/01/2003 e 31/05/2004, tendo o lançamento decorrido da impossibilidade da dedução, Fl. 541DF CARF MF Processo nº 15940.000074/200605 Acórdão n.º 3401003.856 S3C4T1 Fl. 540 5 sob o pálio do art. 8° da Lei n° 10.336/01, do valor devido de Cofins, do valor da Cide Combustíveis objeto de depósito judicial, vez que o preceptivo normativo autoriza a dedução dos valores da Cide pagos e não depositados. 10. Observese, ademais, que o depósito judicial, previsto no inciso II do art. 151 do Código Tributário Nacional não se confunde com o pagamento. Tratase de uma entrega de valores a título precário, cuja conversão em renda desloca o lastro jurídico ao inciso VI do art. 156, como modalidade de extinção do crédito tributário, fazendo questão o legislador, portanto, de realizar a expressa dissensão desta figura com aquela contemplada pelo inciso I, tema que retoma no art. 162 ao detalhar a forma pela qual é feito o pagamento: (i) em moeda corrente, cheque ou valor postal, ou (ii) em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico naqueles casos previstos em lei. Não se encontra, desta feita, o depósito judicial entre as modalidades possíveis previstas pela norma de estatura complementar, o que, digase, já seria de se esperar, sob pena de incoerência com os dispositivos acima especificados. 11. Equivocase a contribuinte, ademais, ao cogitar identidade entre tais institutos, ao alegar que, como os depósitos são repassados para a conta única do Tesouro Nacional, em conformidade com o § 2º do art. 1º da Lei nº 9.703/1998, não haveria, para os cofres públicos, diferença entre recolher ou depositar determinado tributo. Na verdade, ainda que não se cogite de distinção do ponto de vista financeiro, ou mesmo econômico, o que discrepa é a natureza jurídica. O repasse de tais valores ao Tesouro não configura antecipação, aproximandose, na verdade, muito mais do mútuo sob condição: recordese que, na acepção do art. 645 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), o depósito de coisa fungível "(...) em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade" tem, como repertório normativo de regência, o disposto acerca do mútuo. Respeitante à aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para o cálculo da remuneração dos depósitos judiciais, na forma estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, nos termos da Lei nº 9.703/1998 com as alterações promovidas pela Lei nº 12.099/2009, digase que tal desígnio legislativo teve por supedâneo corrigir e fazer desaparecer o descompasso antes existente entre o depósito e o crédito tributário. 12. Sobre tal matéria, ademais, imprescindível a transcrição de trecho do encomioso escólio de Luís Eduardo Schoueri: "O depósito judicial é uma garantia oferecida ao juízo. O sujeito passivo não está obrigado a fazêlo, mas, concretizandoo, obtém a imediata suspensão da exigibilidade do crédito tributário correspondente (...). Acerta o legislador em falar em suspensão, e não extinção, já que o depósito não é um pagamento. O valor permanece nas mãos de depositário a título precário. Se, mais tarde, houver decisão no sentido de que o valor é devido aos cofres públicos, então dirseá haver a conversão do depósito em renda e, essa sim, nos termos do inciso VI do artigo 156 do Código Tributário Nacional, extinguirá o crédito tributário (...). Uma vez efetuado o depósito, passa ele a ser remunerado por juros. Se o sujeito passivo for vencedor na demanda, receberá o valor depositado, com aquele acréscimo. Se perder a questão, o valor é convertido em renda, mas nenhum outro valor será exigido do sujeito passivo. Ou seja: se o contribuinte efetuou o depósito antes do vencimento, não estará sujeito a qualquer acréscimo, ainda que venha a ver frustrada a sua pretensão em juízo. Fl. 542DF CARF MF 6 Na esfera federal, merece atenção a Lei nº 9.703, de 17 de novembro de 1998, em virtude da qual foi determinado que os depósitos 'serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a conta única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no mesmo prazo fixado para recolhimento dos tributos e das contribuições federais'. Esta esdrúxula medida torna duvidosa a própria natureza do ingresso, chegandose a sustentar que já não há mais depósito, mas mero pagamento antecipado. A seguir tal entendimento, então terseia inconstitucional a previsão da mesma lei de que os valores 'antecipados' sejam imediatamente restituídos, já que se contrariaria o art. 100 da Constituição que privilegia a ordem cronológica nos pagamentos efetuados pelo Poder Público, ali incluída a repetição do indébito tributário. Não parece, entretanto, que o fato de os recursos serem transferidos à Conta Única federal seja suficiente para converter em pagamento antecipado o depósito. Afinal, por sua própria natureza, o pagamento é modo de extinção da obrigação. Quem paga o faz para que se encerre uma obrigação antes incorrida; o depósito, ao contrário, não tem por finalidade a extinção da obrigação, mas mera suspensão da exigibilidade de um crédito cuja validade se questiona. Ou seja: o depósito não serve para extinguir a obrigação. Não é, pois, pagamento. A extinção da obrigação, se vier a ocorrer, darseá em momento posterior, com a decisão de mérito favorável à Fazenda Pública. Daí por que a transferência de recursos não retira a natureza do depósito. Simplesmente, a instituição depositária passa a ser a própria União que, entretanto, não tem os recursos como próprios. Sendo o depósito em dinheiro, vale como todo depósito de bem fungível, a regra do art. 645 do Código Civil, que impõe a aplicação subsidiária das regras concernentes ao mútuo. Por tal razão, nada impede que a União venha a se utilizar dos valores assim recebidos a título de depósito, sem prejuízo de sua obrigação de devolver igual quantia. Não se trata notese de repetição de indébito, mas de restituição de depósito a quem o confiou. Por isso mesmo, não é o caso de exigir aplicação da regra do precatório. Esta apenas caberia se, antes, houvesse pagamento e, portanto, ingresso dos recursos nos cofres públicos a título de tributo. Não é esse, como visto, o caso do depósito. Aliás, a mera previsão de depósitos administrativos prática comum no passado evidencia que nada exige seja o depósito feito junto a uma instituição financeira. Por outro lado, a mesma Lei nº 9.703/98 assegurou que os depósitos judiciais sejam remunerados pela taxa Selic a mesma aplicada sobre os débitos tributários. Daí que, pelo menos na esfera federal, desaparece a possibilidade de haver descompasso entre o montante do depósito e aquele do crédito tributário: se o depósito se fez do montante integral, o valor a ser convertido haverá de corresponder ao débito"1 (seleção e grifos nossos). 13. Neste passo, consentâneo com as afirmações acima, o inciso VIII do art. 52 da Lei n° 10.366/2001, com as alterações promovidas pela Lei nº 10.636/2002, dispõe que o álcool etílico combustível será oferecido à tributação, pela Cide, na importação e na 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. São Paulo: Editora Saraiva, 7ª edição, 2017, pp. 666668. Fl. 543DF CARF MF Processo nº 15940.000074/200605 Acórdão n.º 3401003.856 S3C4T1 Fl. 541 7 comercialização no mercado interno, sob o regime de alíquotas específicas ou ad rem (R$ 37,20 por m3), dispondo o art. 8º que a contribuinte poderá "(...) deduzir o valor da Cide, pago na importação ou na comercialização, no mercado interno, dos valores da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidos". Por seu turno, o Decreto n° 4.524/2002, que regulamenta o PIS e a Cofins, determina, em seu art. 77, que a contribuinte poderá deduzir do valor da Cide paga o valor do PIS/Pasep e da Cofins devidos. Por derradeiro, o art. 76 da Instrução Normativa SRF n° 247/2002, que abaixo se transcreve: Instrução Normativa SRF n° 247/2002 Art. 76. A pessoa jurídica sujeita à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico instituída pela Lei n° 10.336, de 28 de dezembro de 2001, Cidecombustíveis, poderá deduzir do valor da Cide paga, até o limite estabelecido no art. 8° da referida Lei, observado o disposto no art. 2° do Decreto n°4.066, de 27 de dezembro de 2001, o valor do PIS/Pasep e da Cofins devidos em relação à receita da comercialização, no mercado interno, dos seguintes produtos: (...) § 2° Somente poderão ser deduzidos os valores efetivamente pagos a título de Cidecombustíveis. 14. Assim, não tendo as partes apresentado novos argumentos ou razões de defesa perante esta segunda instância administrativa, propõese a confirmação e adoção da decisão recorrida, nos termos da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), com a alteração da Portaria MF nº 329, de 04/06/2017, que acrescentou o § 3º ao art. 57 da norma regimental: Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (RICARF) Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quorum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida" (seleção e grifos nossos). Fl. 544DF CARF MF 8 15. Transcrevese, sob tal fundamento, o seguinte trecho pertinente da decisão a quo sobre a matéria, ao qual acrescemos os argumentos expendidos ao longo do presente voto, bem como o teor das Súmulas CARF nº 2 (incompetência deste Conselho para se pronunciar a respeito de constitucionalidade de lei tributária) e nº 4 (aplicação da taxa do Selic para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso, a partir de abril de 1995): "(...) o valor pago da CideCombustíveis poder ser deduzido da Cofins devida sobre as receitas provenientes de vendas de combustíveis, no caso concreto o álcool, não estando abrangida a Cofins relativa às demais receitas, como quer a impugnante. Assim mesmo que, por hipótese, a impugnante pudesse deduzir a Cide depositada em juízo, somente seria sobre a Cofins referente à venda de álcool combustível e não sobre as demais receitas, a não ser que houvesse decisão judicial autorizando esse procedimento, o que não é o caso. Pelo contrário, pois o citado acórdão do TRF, de fls. 245 e 246, determina que a autuada "não proceda à dedução dos valores da COFINS sobre a comercialização no mercado interno, das operações sobre álcool etílico combustível de sua fabricação através da Declaração de Dedução da Parcela da CIDE" (grifei). Ou seja, a sentença proíbe até mesmo a dedução da Cide paga sobre os valores da Cofins, assim concluise que muito menos direito de deduzir da Cofins a Cide depositada em juízo ela possui. Digase ainda, em adendo, quanto à possibilidade de se deduzir valores depositados em juízo, e não pagos, em que pese a impropriedade do caput dos arts. 76 e 77 dos atos acima, que falam em deduzir o valor do PIS e Cofins "do valor da Cide paga", quando o correto é o contrário, como estabelecido na Lei n° 10.336, art. 8° retro, o importante é que todos os atos que se referem a dedução da CideCombustíveis usam o termo 'pago'. (...) Não se trata de interpretar a lei restritivamente, mas simplesmente de obedecer a seu comando, que é cristalino ao dispor sobre a possibilidade de dedução apenas da Cide paga. E não faltam motivos para que seja assim. Em relação ao depósito judicial da obrigação, este não conduz a uma situação líquida e certa, como é o caso do pagamento. Se, por exemplo, um contribuinte promovesse o 'pagamento' da CideCombustíveis por meio de depósito judicial e abatesse tal valor da exigência da Cofins, como fez a autuada, esse depósito se, por algum motivo viesse, posteriormente, a ser por ele levantado resultaria no inadimplemento da obrigação tributária referente à Cofins. Assim, dependendo do momento em que o levantamento do depósito ocorresse, haveria a possibilidade de o crédito tributário relativo à Cofins já estar decaído ou prescrito e não haver possibilidade de a Fazenda Nacional reavêlo. Ademais, se autuada está depositando judicialmente o valor relativo à Cide Combustíveis é porque está discutindo sua exigência na Justiça e tem esperanças de não ter que pagála 'efetivamente', para utilizar o termo por Fl. 545DF CARF MF Processo nº 15940.000074/200605 Acórdão n.º 3401003.856 S3C4T1 Fl. 542 9 ela citado na impugnação, e poder levantar os depósitos efetuados, materializando a situação acima descrita. Essa é uma forte razão a justificar a condição exigida pela legislação, para que apenas a Cide paga, isto é, recolhida, possa ser objeto de dedução do PIS e Cofins devidos. Destarte, também por esse motivo não há como aceitar a dedução de valores da Cide depositados judicialmente da Cofins devida sobre outras receitas. No que tange ao suposto depósito indevido de valores do PIS, primeiramente a impugnante não comprova a sua conversão em renda. Mesmo que houvesse a comprovação, tal fato não influiria no lançamento, pois, como visto acima, a impugnante não obteve sucesso em seu pleito judicial de abater o valor da Cide da Cofins incidente sobre as demais receitas. Não procede a alegação relativa à Cofins nãocumulativa, visto que o lançamento somente foi relativo à contribuição devida no regime cumulativo, corno se pode constatar no auto de infração de fls. 126 a 130. Quanto ao suposto parcelamento da Cide, vale lembrar que o presente tratase de constituição de ofício da Cofins e não da Cide, portanto a suspensão da exigibilidade, caso confirmada, referese a esta contribuição e não atinge o crédito tributário ora discutido. Ademais, o documento que a impugnante anexa (fl. 252) não comprova parcelamento algum, porquanto tratase de mero extrato de um processo de auto de infração da Cide. Em relação à multa de ofício, há que esclarecer que ela é devida nos casos de falta de pagamento e/ou declaração inexata, independentemente da existência de intenção, dolo ou fraude do sujeito passivo, conforme art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (...). De acordo com o artigo acima, a aplicação da multa de oficio conformase ao caso em análise, pois seus percentuais estão definidos em lei, não cabendo à autoridade administrativa questionálos, apenas aplicálos, nem levar em conta outros fatores. Ademais, a vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador. Tal principio orienta a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Uma vez positivada a norma, é dever da autoridade fiscal aplicála, sem perquirir acerca da justiça ou injustiça dos efeitos que gerou. O lançamento é uma atividade vinculada. Assim, não há que se falar em confisco com relação à multa aplicada de 75% prevista no artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O fato de a contribuinte haver depositado os valores da Cide em juizo não interfere na multa lançada no presente, que, como acima exposto, tratase de lançamento da Cofins. Fl. 546DF CARF MF 10 Quanto à existência de sentença com trânsito em julgado, como já explicitado, a sentença, além de não comprovada, não atinge o presente lançamento. Em relação à argumentação de que a contribuinte não cometeu infração, apenas equivocouse quanto ao preenchimento dos códigos, tratase de novo equivoco, pois o lançamento em questão trata de compensações indevidas da Cide com a Cofins e de diferenças apuradas entre os valores desta calculados pela fiscalização e os recolhidos e/ou pagos pela contribuinte. Em relação aos juros moratórios, há que se citar primeiramente; o Código Tributário Nacional (CTN), que em seu art. 161 determina (...) A Lei n° 8.981, de 1995, que trata dos pagamentos de tributos e contribuições arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária, assim dispõe:(...). Da análise dos artigos citados, inferese que a utilização dos percentuais equivalentes à taxa referencial do Selic para fixação dos juros moratórios está em conformidade pelo CTN, art. com a legislação vigente, pois existe a autorização legal específica preconizada 161, § 1°. Nesse mesmo sentido decidiu o Egrégio Primeiro Conselho de número do recurso 127628. (...). Ainda quanto às alegações de inconstitucionalidade da multa e juros, esclarecese que, administrativamente, não se analisa a legalidade ou constitucionalidade dos atos normativos, mas sim velase pela sua fiel aplicação, conforme art. 26A do Decreto nº 70.235, de 1972 (Processo Administrativo Fiscal PAF), introduzido pela Lei n 2 11.941, de 2009.Finalmente, no tocante ao pedido de perícia, cumpre assinalar queo PAF, em seu art. 16, § 1° (com a redação dada pela Lei n° 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1°) estabelece que se considera não formulado o pedido de perícia que não nomear perito e indicar os seus motivos e os quesitos requeridos. No caso, a contribuinte não indicou perito, tampouco apresentou os motivos e quesitos, sendo o seu pleito, portanto, inepto. Indeferese também o pedido de produção de prova testemunhal, por absoluta falta de previsão legal." (seleção e grifos nossos). Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, devendo a unidade prosseguir na cobrança dos créditos tributários correspondentes. Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 547DF CARF MF Processo nº 15940.000074/200605 Acórdão n.º 3401003.856 S3C4T1 Fl. 543 11 Fl. 548DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.101289/2006-49
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
PIS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO.
Os créditos presumidos de ICMS concedidos pelos Governos Estaduais ao Contribuinte não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência do PIS e da COFINS do regime não-cumulativo sobre os mesmos.
Numero da decisão: 9303-005.398
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO Recorrente VIA UNO S/A CALÇADOS E ACESSÓRIOS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO. Os créditos presumidos de ICMS concedidos pelos Governos Estaduais ao Contribuinte não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência do PIS e da COFINS do regime nãocumulativo sobre os mesmos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 12 89 /2 00 6- 49 Fl. 482DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 483 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto por VIA UNO S/A CALÇADOS E ACESSÓRIOS (fls. 378 a 445) com fulcro no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3202000.452 (fls. 356 a 379) proferido pela 2ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, da Terceira Seção de julgamento, em 20 de março de 2012, no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, tendo restado assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 SUBVENÇÕES GOVERNAMENTAIS. BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP. A subvenções governamentais consistentes em incentivos fiscais, tais como o chamado “crédito presumido de ICMS”, devem ser considerados como receita e, como tal, integram a base de cálculo da COFINS. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. Não se subsumindo a decisão da DRJ aos casos previstos no art. 59 do Decreto nº. 70.235/1976, não há que falar em nulidade da decisão administrativa de primeira instância. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. Nos termos do § 6º do art. 74 da Lei nº. 9.430/1996, a Declaração de Compensação equivale a confissão de dívida e constituise em instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Recurso Voluntário Negado A fim de se contextualizar a questão posta nos autos, adotase em parte o relatório do voto proferido no recurso voluntário, com os devidos acréscimos, que bem descreve os fatos ocorridos nos seguintes termos: [...] Fl. 483DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 484 3 O presente litígio decorre de Pedido de Ressarcimento/Declaração de Compensação do PIS – Não Cumulativo (fls. 1/ss), referente ao 1º trimestre de 2006, em decorrência de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep Exportação (§1 ° do art. 5° da Lei n° 10.637/2002). A DRF – Novo Hamburgo (RS), por meio do Despacho Decisório (fls. 216) reconheceu parcialmente o direito creditório em favor da Requerente, no valor de R$121.422,16, restando indeferido um saldo no valor de R$ 15.096,45 (fls. 213). A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 244/ss) contra a decisão proferida nos autos do processo administrativo em epígrafe que reconheceu parcialmente o direito creditório. Por bem retratar os fatos ocorridos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: A contribuinte supracitada solicitou ressarcimento de PIS não cumulativo dos meses de janeiro a março de 2006 para fins de ressarcimento/compensação, conforme consta nos autos. A DRF de origem analisou o pleito da contribuinte, tendo deferido parcialmente o ressarcimento, conforme Relatório Fiscal e Despacho Decisório, de fls.202 a 216. A glosa parcial do ressarcimento ocorre porque a contribuinte não ofereceu à tributação as subvenções recebidas do Poder Público Estadual sob a forma de crédito presumido de ICMS. Irresignada, apresenta manifestação de inconformidade, de fls.244 a 256. Nesta, alega que os benefícios fiscais estaduais recebidos (valores de ICMS a serem utilizados na compensação com débitos do mesmo imposto), sob a forma de subvenção para investimento, não são receita bruta, pois estas são somente as receitas operacionais. As subvenções são classificadas como reserva de capital e não passam pela apuração do resultado do exercício, nos termos da Lei 6.404/1976, não sendo passível a tributação de contas do Patrimônio Liquido pela contribuição. Traz jurisprudência favorável a sua tese de defesa. Para fins de argumentação, alega que os créditos de ICMS presumidos, decorrentes da aplicação de um percentual sobre as vendas efetuadas, são abarcados pelo principio da nãocumulatividade (art.155,§2°, inciso I, da Constituição), devendo ter o mesmo tratamento, haja vista que não se constituem em receita, mas em diminuição do custo dos produtos fabricados. Caso ainda seja aceita a tributação sobre as subvenções recebidas do Poder Público Estadual sob a forma de crédito presumido de ICM, requer que os valores que lhe dariam crédito de ICMS na entrada dos produtos, mas não lhe deram, pois pela sistemática do beneficio fiscal fica impedido o creditamento na entrada, somente permitindo na saída, através de um percentual sobre o ICMS devido. Isto porque estes valores serviriam de crédito da contribuição e não foram considerados pela DRF de origem na apuração dos valores do ressarcimento. Ainda requer que a correção monetária do crédito já reconhecido e o requerido na manifestação de inconformidade do período existente entre a Fl. 484DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 485 4 requisição do crédito e o efetivo ressarcimento/compensação, através da taxa SELIC (art.39 da Lei 9.250/1995),conforme jurisprudência. Por fim, solicita a suspensão da exigibilidade dos débitos que estão vinculados ao créditos complementar não deferido e requerido na manifestação de inconformidade, nos termos do art.74, §11°, da Lei 9.430/1996, com redação dada pela Lei 10.833/2003. A 2ª. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre RS julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, proferindo o Acórdão nº 1027.403 (fls. 270/ss), o qual recebeu a seguinte ementa: SUBVENÇÕES INCIDÊNCIA. Sendo as subvenções, tanto as para investimento quanto as correntes para custeio, integrantes, respectivamente, dos resultados nãooperacionais e operacionais das pessoas jurídicas, resulta que, em qualquer das situações, comporão a base de cálculo do PIS e da COFINS. TAXA SELIC FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não incidem correção monetária e juros sobre os créditos de PIS e de COFINS objetos de ressarcimento. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A Recorrente foi cientificada do Acórdão em 25/11/2010 (fl. 275/276). Inconformada com a decisão da autoridade julgadora de primeira instância administrativa, interpôs Recurso Voluntário em 14/12/2010 (fls. 277/ss) onde repisa os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, além de suscitar a nulidade da decisão da DRJPorto Alegre em razão de alegada exigência de crédito tributário sem o competente procedimento de lançamento. O processo digitalizado foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. [...] Da análise do recurso voluntário pelo Colegiado a quo, resultou o acórdão ora recorrido (fls. 364 a 378) negando provimento ao recurso interposto pela Contribuinte por entender: (a) serem as receitas de subvenções integrantes da base de cálculo da COFINS com incidência não cumulativa; e (b) equivaler à confissão de dívida a apresentação de Declaração de Compensação, nos termos do art. 74, §6º da Lei nº 9.430/96, constituindose em instrumento hábil e suficiente para exigência dos débitos indevidamente compensados, sendo dispensado, nesse caso, a realização de lançamento de ofício. Fl. 485DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 486 5 Não resignada com a decisão, a Contribuinte interpôs recurso especial (fls. 388 a 408) apontando divergência quanto a dois pontos: (a) à impossibilidade de exigência da COFINS nãocumulativa, decorrente dos débitos indevidamente compensados, sem a realização do lançamento de ofício; e (b) à tributação pela COFINS nãocumulativa das subvenções representadas pelo incentivo estadual de crédito presumido de ICMS. Indicou como paradigmas os acórdãos nºs 204 03.363 e 20313.634, respectivamente. A Recorrente postula seja provido o recurso argumentando, em síntese, que: (i) é nulo o despacho decisório proferido pela DRF/Novo Hamburgo, tendo em vista a glosa do crédito afrontar o art. 142 do Código Tributário Nacional CTN, o qual prevê o lançamento como forma de constituição do crédito tributário; (ii) a Contribuinte declarou em obrigações acessórias, como DACON e DCOMP, os débitos da empresa, não estando incluídos dentre os mesmos o PIS/COFINS sobre as verbas relativas a ingressos provenientes do incentivo fiscal do PROBAHIA. Não há de se falar em confissão de débito; (iii) o deferimento parcial do pedido de compensação ocasionou a devolução a menor do crédito de COFINS nãocumulativo, acarretando verdadeira exigência do crédito tributário sem a realização do devido lançamento, razão pela qual há nulidade do despacho decisório; (iv) com relação à natureza jurídica das subvenções estaduais, aduz ser irrelevante a forma de contabilizar a verba recebida a título de PROBAHIA, porque não se trata de receita para fins de incidência de PIS/COFINS não cumulativos, nos termos do art. 1º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03; (v) consoante disposição contida no art. 195, inciso I, da CF/88, receita é o ingresso de recursos decorrente tão somente da atividade fim desenvolvida pela empresa, sendo exigível, ainda, que tenha vinculação com o resultado dessa atividade. Não se pode afirmar ser receita quaisquer valores que ingressarem na Recorrente; (vi) assim como o crédito de IPI ressarcido pela União e os créditos de PIS e COFINS (via ressarcimento) não são considerados como receita da pessoa jurídica, não o podem ser os créditos presumidos de ICMS decorrentes de incentivos estaduais; (vii) o PROBAHIA é operacionalizado através de créditos presumidos de ICMS, que tem por objetivo permitir que a Contribuinte recolha o ICMS de forma nãocumulativa e com benefícios, desde que atendidas as condições do programa; (viii) na hipótese de serem os valores do crédito presumido de ICMS considerados como receita, requer a adequação da base de cálculo do PIS/COFINS lançado, pois a Contribuinte deixou de se creditar do ICMS sobre as entradas de produtos, montante a ser excluído da incidência das contribuições. Fl. 486DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 487 6 O recurso foi admitido em sua íntegra, conforme Despacho de Admissibilidade nº 3200197 (fls. 458 a 463), de 20 de dezembro de 2012, proferido pelo Presidente da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF em exercício à época. A Fazenda Nacional teve ciência da apresentação de recurso especial e do despacho nº 3200197, conforme termo de ciência à fl. 465, e informou a não apresentação de contrarrazões. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello O recurso especial da Contribuinte preenche os requisitos de admissibilidade do art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, devendo, portanto, ter prosseguimento. No mérito, cingese a controvérsia: à impossibilidade de cobrança da contribuição para o PIS/Pasep sem o devido lançamento de ofício; e à inclusão ou não das receitas de subvenção (benefícios fiscais de créditos presumidos de ICMS) na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep apurada pela sistemática da nãocumulatividade. Em razão do entendimento de que não devem ser incluídos na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep na sistemática nãocumulativa os valores relativos aos créditos presumidos de ICMS, auferidos em razão do programa de incentivo fiscal PROBAHIA, iniciar se a análise do recurso especial por este tema, passandose à necessidade de lançamento de ofício na hipótese de restar vencido na votação pelo Colegiado. Natureza jurídica do incentivo fiscal (crédito presumido de ICMS) e não incidência do PIS nãocumulativo Ponto crucial na análise do presente tema é perquirirse se o valor que se pretende tributar pode ser conceituado como receita, pois esse o critério que definirá a incidência das contribuições para o PIS e a COFINS, nos termos do que dispôs o legislador nos artigos 1º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Assim, mais importante que a classificação contábil do incentivo em tela, é a definição de sua natureza jurídica, pois dela dependerá o seu regime jurídico de tributação. Fl. 487DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 488 7 Deixou claro o legislador que a essência assume maior relevância que a forma, indicando que a tributação não dependerá de o valor estar registrado como receita, mas sim que o mesmo seja efetivamente uma receita. Visando à melhor compreensão da natureza dos valores objeto do litígio, importa tecer algumas considerações sobre as características singulares dos benefícios fiscais concedidos pelos Governos Estaduais na forma de subvenções de ICMS. Conforme consignado no acórdão recorrido, o incentivo fiscal em análise foi concedido pelo Estado da Bahia, com fulcro na Lei Estadual nº 7.025/1997, alterada pela Lei Estadual nº 7.138/1997 e regulamentado pelo Decreto Estadual nº 6.734/1997, cujo artigo 1º dispõe sobre a concessão do benefício, e as condições para a obtenção e fruição do mesmo: Art. 1º Fica concedido crédito presumido nas operações de saídas dos seguintes produtos montados ou fabricados neste Estado e nos percentuais a saber: I veículos automotores, bicicletas e triciclos, inclusive seus componentes, partes, peças, conjuntos e subconjuntos acabados e semiacabados pneumáticos e acessórios: a) 75% (setenta e cinco por cento) do imposto incidente, nos 5 (cinco) primeiros anos de produção; b) 37,5% (trinta e sete inteiros e cinco décimos por cento) do imposto incidente, do sexto ao décimo ano de produção; II calçados e seus componentes, bolsas, cintos e artigos de malharia: até 99% (noventa e nove por cento) do imposto incidente durante o período de até 20 (vinte) anos de produção; III móveis: 75% (setenta e cinco por cento) do imposto incidente durante o período de até 15 (quinze) anos de produção. § 1° Somente estabelecimentos industriais, dos segmentos descritos neste artigo, inscritos no Cadastro de Contribuintes do ICMS do Estado da Bahia (CAD/ICMS) a partir da vigência da Lei 7.025/97, poderão utilizar o tratamento tributário previsto nesta Seção. § 2° O crédito presumido de que trata este Decreto só se aplica às operações próprias do estabelecimento não alcançando às operações relativas à substituição tributária. § 3° A utilização do tratamento tributário previsto neste artigo constitui opção do estabelecimento em substituição a utilização de quaisquer créditos decorrentes de aquisição de mercadorias ou utilização de serviços nas etapas anteriores. Fl. 488DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 489 8 Para a Recorrente, deuse a concessão do crédito presumido no percentual de 90% (noventa por cento), conforme Resolução nº 50/99 do Conselho Deliberativo do PROBAHIA (fls. 193 e 194), sendolhe deferido o benefício inicialmente pelo prazo de 15 (quinze) anos, contados a partir da emissão da primeira nota fiscal, posteriormente alterado para 20 (vinte) anos por meio da Resolução nº 45/2006 (fl. 195). Na leitura dos dispositivos do Decreto Estadual, inferese que os créditos de ICMS, para serem concedidos, exigem uma contraprestação por parte da Contribuinte, que deve cumprir as determinações contidas na legislação estadual para a obtenção e fruição do benefício. Ainda, não se tratam de simples obrigações acessórias, mas sim implicam verdadeiros desembolsos realizados pelo Sujeito Passivo, na medida em que deixa de se creditar do ICMS da aquisição de mercadorias ou da prestação de serviços em etapas anteriores à saída da mercadoria do seu estabelecimento. Além disso, para que ocorra a implantação do empreendimento da Contribuinte em território do Ente subvencionador, necessariamente haverá investimento de recursos próprios da empresa para a construção e início das atividades econômicas. Só posteriormente é que serão geradas as receitas, fruto do investimento, e por conseguinte transferidos para a pessoa jurídica como subvenção. Assim, os benefícios de ICMS concedidos podem ser conceituados como ingressos condicionados, restando inequivocamente afastados da definição de receita. A afirmação encontra lastro no entendimento do Supremo Tribunal Federal consignado em julgamento proferido nos autos do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que tratou da incidência de PIS e COFINS sobre a transferência de saldos credores de ICMS, no sentido de que o conceito constitucional de receita bruta implica em um "ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições". Em razão do entendimento externado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, esvaziase a discussão sobre a correta classificação contábil do referido crédito de ICMS (subvenção para custeio, para investimento, recuperação de custo ou de despesa). Ao trazer o conceito constitucional de receita bruta, definiu a Suprema Corte como cerne verificar se a existência de condicionantes ou contraprestação para o ingresso patrimonial da pessoa que o recebe. Importa a transcrição da ementa do julgado: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o Fl. 489DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 490 9 acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (RE 606107, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe231 DIVULG 22112013 PUBLIC 25112013) (grifouse) Fl. 490DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 491 10 No caso em análise, portanto, os créditos de ICMS concedidos pelos Governos Estaduais não constituem receita bruta em virtude de não serem concedidos sem reservas ou condições e por não se constituírem em elemento novo e positivo. Assim, inequivocamente afastada hipótese de incidência das contribuições para o PIS e para a COFINS na sistemática nãocumulativa. Confirmando a não inclusão dos créditos presumidos de ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS nãocumulativo, o Superior Tribunal de Justiça manifestouse no sentido de que o crédito presumido deve ser sempre entendido como redutor de custos e não como efetivo ingressos de receitas. Ilustram precedentes da Primeira e da Segunda Turmas da Primeira Seção daquela Corte: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. PRECEDENTES. 1. As Turmas da Primeira Seção desta Corte firmaram entendimento no sentido de que os valores provenientes do crédito do ICMS não ostentam natureza de receita ou faturamento, mas de recuperação de custos na forma de incentivo fiscal concedido pelo governo para desoneração das operações, de forma que não integram a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Precedentes: AgRg no REsp 1.363.902/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe 19/08/2014 e AgRg no AREsp 509.246/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 10/10/2014. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 596.212/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014) (grifouse) TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. BENEFÍCIO FISCAL. RESSARCIMENTO DE CUSTOS. 1. A controvérsia dos autos diz respeito à inexigibilidade do PIS e da COFINS sobre o crédito presumido do ICMS decorrente do Decreto n. 2.810/01. 2. O crédito presumido do ICMS consubstanciase em parcelas relativas à redução de custos, e não à obtenção de receita nova oriunda do exercício da atividade empresarial como, verbi gratia, venda de mercadorias ou de serviços. 3. "Não se tratando de receita, não há que se falar em incidência dos aludidos créditos presumidos do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS." (REsp 1.025.833/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 6.11.2008, DJe 17.11.2008.) Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1229134/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 03/05/2011) (grifou se) Fl. 491DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 492 11 Ainda que se entenda importar ao deslinde do feito adentrarse na classificação contábil dos créditos presumidos de ICMS, é possível atribuir aos mesmos natureza jurídica de subvenção financeira ou de investimento, uma vez que se trata de auxílio ou doação que só pode ser concretizada se atendidos os requisitos estabelecidos na respectiva legislação de regência. Nesse sentido, pronunciouse o Ilustre Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis ao proferir Voto Vencedor no acórdão nº 3401001976, de 26/09/2012, que também consignou entender de menor relevância a classificação contábil, em face da predominância natureza jurídica do incentivo. Além disso, de acordo com o art. 182, §1º, alínea "d" da Lei nº. 6.404/76, vigente à época do período lançado, as subvenções para investimento eram classificadas como reservas de capital, não interferindo na apuração do lucro líquido da Empresa, de que a receita faz parte, e se destinando a incrementar o Ativo Permanente. Também por esse prisma, não há de se entender subvenção como receita. Nessa linha relacional, considerando que os créditos decorrentes de subvenção não integram o conceito de receita, afastando a incidência do PIS e da COFINS na sistemática da nãocumulatividade, pronunciouse a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento em acórdão assim ementado, cujos fundamentos passam a integrar a presente fundamentação: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Ano Calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A obstrução à defesa, motivadora de nulidade do ato administrativo de referência, deve apresentarse comprovada no processo. PIS. DECADÊNCIA. PRAZO O prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário da contribuição para o PIS/PASEP extinguese em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador. PIS. CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições para o PIS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PIS. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS DO ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide PIS sobre os valores de créditos de ICMS, obtidos em razão de subvenção estadual. PIS. RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRSUMIDO DO IPI. NÃO INCIDÊNCIA. Não incide PIS sobre os valores de créditos presumido do IPI, previsto na Lei nº 9.336/96. PIS NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS DO ICMS. BASE DE CÁLCULO. Não incide PIS sobre os valores de créditos de ICMS, obtidos em razão de subvenção estadual, uma vez sua natureza jurídica não se revestir de receita. Recurso Voluntário Provido. (Acórdão nº 340300.799, P.A. 10283.000091/200521, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, julgado em 03.02.2011) (grifouse) Corrobora o entendimento deste voto, as recentes decisões proferidas por esta 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no sentido de que as subvenções de Fl. 492DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 493 12 investimento recebidas dos Estados da Federação não se constituem em receita e, portanto, estão fora da incidência das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativas. Para elucidar a assertiva, são transcritas ementas de votos prolatados por este Colegiado, in verbis: Acórdão nº 9303004.312 Voto vencedor do Ilustre Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza Sessão de 15/09/2016 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo do PIS. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. O valor apurado do crédito presumido do ICMS concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal não integra a base de cálculo da Cofins. Recurso Especial do Contribuinte provido. Acórdão nº 9303004.674 Voto vencedor da Ilustre Conselheira Tatiana Midori Migiyama Sessão de 16/02/2017 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/02/1999 a 30/09/2003 REGIME NÃOCUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS INCENTIVADOS DE ICMS. Os créditos incentivados de ICMS, concedidos pelos Estados a setores econômicos ou regiões em que haja interesse especial, não se encartam no conceito e natureza de “receita” para fins de incidência das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, pois não constituem entrada de recursos que refletem aumento de riqueza em seu patrimônio, não podendo, serem assim considerados e, por conseguinte, não compõem a base de cálculo do PIS. Ademais, é de se trazer que, caso não se observe somente a discussão acerca do conceito e essência de receita para fins de afastálos da Fl. 493DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 494 13 tributação das contribuições, temse que, como tais incentivos se enquadram como subvenções para investimento, vez que, por óbvio, são concedidos para se estimular a expansão de empreendimentos econômicos, as r. subvenções não devem ser tributadas pelo PIS, em respeito às mudanças normativas que envolveram tal evento ao longo do tempo Lei 6.404/76, PN CST 112/78, ICVM 59/86, DecretoLei 1.598/77, PN 2/78, Lei 11.941/09 e Lei 12.973/14 que, mantendo respeito à Primazia da Essência sobre a Forma e à segurança jurídica, trouxeram explicitamente que, para fins tributários, tais subvenções não seriam tributadas pelas contribuições, eis que consideraram que não possuem em sua essência "natureza" de receita, não devendo sofrer os efeitos tributários como tal, ainda que na forma fossem registradas como receita. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/09/2003 REGIME NÃOCUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS INCENTIVADOS DE ICMS. Os créditos incentivados de ICMS, concedidos pelos Estados a setores econômicos ou regiões em que haja interesse especial, não se encartam no conceito e natureza de “receita” para fins de incidência das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, pois não constituem entrada de recursos que refletem aumento de riqueza em seu patrimônio, não podendo, serem assim considerados e, por conseguinte, não compõem a base de cálculo da COFINS. Ademais, é de se trazer que, caso não se observe somente a discussão acerca do conceito e essência de receita para fins de afastálos da tributação das contribuições, temse que, como tais incentivos se enquadram como subvenções para investimento, vez que, por óbvio, são concedidos para se estimular a expansão de empreendimentos econômicos, as r. subvenções não devem ser tributadas pela COFINS, em respeito às mudanças normativas que envolveram tal evento ao longo do tempo Lei 6.404/76, PN CST 112/78, ICVM 59/86, Decreto Lei 1.598/77, PN 2/78, Lei 11.941/09 e Lei 12.973/14 que, mantendo respeito à Primazia da Essência sobre a Forma e à segurança jurídica, trouxeram explicitamente que, para fins tributários, tais subvenções não seriam tributadas pelas contribuições, eis que consideraram que não possuem em sua essência "natureza" de receita, não devendo sofrer os efeitos tributários como tal, ainda que na forma fossem registradas como receita. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Fl. 494DF CARF MF Processo nº 11065.101289/200649 Acórdão n.º 9303005.398 CSRFT3 Fl. 495 14 Necessário registrarse que a decretação de inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal, do §1º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 346.084 PR, não aproveita ao presente caso, tendo em vista que lá se tratou da base de cálculo do PIS e COFINS do regime da cumulatividade e aqui analisase a tributação das referidas contribuições já na sistemática da nãocumulatividade instituída pelas Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente. Esclareçase, ainda, que não se está diante de hipótese de aplicação do art. 62A do RICARF, pois, embora aplicáveis a este caso os fundamentos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral no que tange ao conceito de insumos, a matéria tratada no RE nº 606.107RS não é idêntica ao caso em exame. Portanto, reconhecese que os créditos presumidos de ICMS concedidos pelos Governos Estaduais ao Sujeito Passivo não se constituem em receita bruta, restando afastada a incidência do PIS e da COFINS do regime nãocumulativo sobre os mesmos. Em razão da procedência das alegações da Contribuinte em relação à não incidência do PIS sobre os créditos presumidos de ICMS, a discussão acerca da impossibilidade de exigência do crédito sem o respectivo lançamento restou prejudicada, uma vez extinto o crédito tributário em exigência em sua totalidade. Diante do exposto, dáse provimento ao recurso especial da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 495DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.720533/2010-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
EMBARGOS INOMINADOS. LAPSO MANIFESTO. INDUÇÃO A ERRO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA.
Tendo o contribuinte desistido do processo administrativo fiscal para inclusão do débito em discussão em programa de parcelamento, sem trazer referida informação ao presente processo, o acórdão que julga o recurso voluntário em momento posterior à desistência do processo, por ausência de informação da desistência, deve ser anulado.
Numero da decisão: 2401-005.048
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer dos embargos inonimados e dar-lhes provimento, com efeitos infringentes, para: a) anular o Acórdão nº 2403-002.406, pois o sujeito passivo desistiu do processo administrativo fiscal antes do julgamento; e b) não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 EMBARGOS INOMINADOS. LAPSO MANIFESTO. INDUÇÃO A ERRO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA. Tendo o contribuinte desistido do processo administrativo fiscal para inclusão do débito em discussão em programa de parcelamento, sem trazer referida informação ao presente processo, o acórdão que julga o recurso voluntário em momento posterior à desistência do processo, por ausência de informação da desistência, deve ser anulado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1110; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 119 1 118 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10384.720533/201088 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2401005.048 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 12 de setembro de 2017 Matéria Contribuições Previdenciárias Embargante AGÊNCIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM CAMPO MAIOR/PI Interessado MUNICÍPIO DE PORTO PREFEITURA MUNICIPAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 EMBARGOS INOMINADOS. LAPSO MANIFESTO. INDUÇÃO A ERRO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA. Tendo o contribuinte desistido do processo administrativo fiscal para inclusão do débito em discussão em programa de parcelamento, sem trazer referida informação ao presente processo, o acórdão que julga o recurso voluntário em momento posterior à desistência do processo, por ausência de informação da desistência, deve ser anulado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 72 05 33 /2 01 0- 88 Fl. 119DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer dos embargos inonimados e darlhes provimento, com efeitos infringentes, para: a) anular o Acórdão nº 2403002.406, pois o sujeito passivo desistiu do processo administrativo fiscal antes do julgamento; e b) não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10384.720533/201088 Acórdão n.º 2401005.048 S2C4T1 Fl. 120 3 Relatório Tratase de embargos inominados (fl. 115) opostos pela Agência da Receita Federal do Brasil em Campo Maior/PI, que requereu o retorno do presente processo administrativo a este Conselho ante a existência de pedido de parcelamento (fls. 112/114) e consequente desistência do recurso voluntário (fls. 79/82) em momento anterior ao do julgamento do acórdão ora embargado (fls. 88/95). O acórdão embargado nº. 2403002.406 (fls. 88/95) julgou parcialmente procedente o Recurso Voluntário da ora embargada para o fim de aplicar a retroatividade benigna e reduzir a multa aplicada, nos seguintes termos: PREVIDENCIÁRIO. OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS.REMUNERAÇÕES DE TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS.TERCEIROS. Constituem fatos geradores de obrigações tributárias destinadas a terceiros (SEST c SENAT) as remunerações pagas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais transportadores autônomos. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. MULTA MENOS SEVERA. .CAPITULAÇÃO NOVA.. Tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, o artigo 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional CTN, observando princípio da retroatividade benigna, determina a aplicação retroativa da lei. É pertinente o recálculo se as circunstâncias motivarem verificar o resultado da aplicação do revogado art. 35 da Lei n° 8.212/91 no qual se baseou o lançamento; o resultado do preceituado na nova redação dada ao art. 35 da sobredita lei pela Lei n° 11.941 e finalmente comparálos com os valores obtidos nos termos do novo art. 35A para então fazer prevalecer o menos gravoso .A Fazenda Nacional apresenta os embargos de declaração alegando que a turma julgadora, embora tenha afastado a multa de 150% prevista no art. 89, § 10, da Lei nº. 8.212/91, não teria se manifestado sobre a aplicação da multa de 75% prevista no art. 44, I, da Lei nº. 9.430/96. Ocorre que à fl. 115 a Agência da Receita Federal do Brasil em Campo Maior/PI informa a existência de pedido de parcelamento em momento anterior ao julgamento do recurso voluntário, conforme documentos de fls. 112/114. É o relatório. Fl. 121DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Pressupostos de Admissibilidade Os embargos inominados não se sujeitam à análise da tempestividade, por força do art. 66 do RICARF (Portaria nº. 343/2015). O acórdão embargado, nº. 2403002.406 (fls. 88/95), data da sessão de 22 de janeiro de 2014. Segundo o despacho admitido como embargo inominado, de fl. 115, há pedido de parcelamento por parte do contribuinte, o que enseja a desistência do recurso voluntário e do processo administrativo fiscal, em data anterior ao julgamento do recurso voluntário. Pois bem. Analisando os documentos de fls. 112/114, vêse que estes foram assinados digitalmente na data de 26/03/2013, informação que se corrobora com o prazo para adesão ao parcelamento da Medida Provisória nº. 589/2012: Art. 8º Os pedidos de parcelamento deverão ser efetuados até o dia 29 de março de 2013. Assim, resta inconteste o pedido de parcelamento por parte do município recorrente, o qual optou por apresentar o Anexo I do referido programa, denominado "ATO TERMO DE DESISTÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO OU RECURSO ADMINISTRATIVO", onde declarou a intenção de desistir de todos os seus processos administrativos. Isto posto, havendo pedido de desistência do processo administrativo em momento anterior ao julgamento do recurso voluntário, o acórdão nº. 2403002.406 não deveria ter apreciado o mérito do mesmo. Ademais, foi a própria turma julgadora e o presente órgão induzido a erro, ante a falta de informação por parte da recorrente, ora embargada, acerca da desistência do processo administrativo. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por conhecer dos embargos inominados dandolhe provimento com efeitos infringentes, para o fim de: Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10384.720533/201088 Acórdão n.º 2401005.048 S2C4T1 Fl. 121 5 a) anular acórdão nº 2403002.406; b) não conhecer do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 123DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.900294/2013-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/09/2012
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.718
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 02 94 /2 01 3- 85 Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.752, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10830.900294/201385 Acórdão n.º 3301003.718 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 180DF CARF MF
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