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Numero do processo: 10820.720442/2011-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925/2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004.
Em conformidade com o disposto no art. 17, III da Lei nº 10.925/2004, aplica-se desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004.
AGROINDÚSTRIA. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE APROVEITAMENTO.
O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para a dedução das próprias contribuições de PIS/Cofins devidas no período de apuração.
PIS/COFINS. RESSARCIMENTO. SELIC. VEDAÇÃO.
Para as contribuições de PIS/Cofins, o ressarcimento de saldos credores admitido pelas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 não se sujeita à remuneração pela taxa Selic em virtude da expressa vedação contida nos arts. 13 e 15 da Lei nº 10.833/03.
Recurso Voluntário provido em parte
Aguardando nova decisão
Numero da decisão: 3402-005.120
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a vigência do benefício de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004 a partir de 1º de agosto de 2004, determinando à Unidade de Origem que analise se a contribuinte faz jus a esse benefício e, sendo o caso, efetue o ajuste do saldo do montante a ressarcir ou a compensar.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Vinícius Guimarães (Suplente convocado) e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Suplente convocado.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ART. 9º DA LEI Nº 10.925/2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Em conformidade com o disposto no art. 17, III da Lei nº 10.925/2004, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004. AGROINDÚSTRIA. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE APROVEITAMENTO. O crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004 não se submete à tríplice forma de aproveitamento, só podendo ser utilizado para a dedução das próprias contribuições de PIS/Cofins devidas no período de apuração. PIS/COFINS. RESSARCIMENTO. SELIC. VEDAÇÃO. Para as contribuições de PIS/Cofins, o ressarcimento de saldos credores admitido pelas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 não se sujeita à remuneração pela taxa Selic em virtude da expressa vedação contida nos arts. 13 e 15 da Lei nº 10.833/03. Recurso Voluntário provido em parte Aguardando nova decisão Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a vigência do benefício de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004 a partir de 1º de agosto de 2004, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 72 04 42 /2 01 1- 37 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 2 determinando à Unidade de Origem que analise se a contribuinte faz jus a esse benefício e, sendo o caso, efetue o ajuste do saldo do montante a ressarcir ou a compensar. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Vinícius Guimarães (Suplente convocado) e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Suplente convocado. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Porto Alegre que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versa o processo sobre PER/DCOMP mediante o qual o contribuinte pleiteia ressarcimento de COFINS não cumulativa vinculada à receita do mercado interno. A autoridade administrativa deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento, homologando as declarações de compensação até o limite dos créditos e determinando a cobrança dos débitos não compensados. Inconformada a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: a) a suspensão do PIS/Cofins nas vendas de leite in natura foi criada pelo art. 29 da Lei n° 11.051/2004, que entrou em vigor na data da publicação da Lei, ou seja, em 30/12/2004; b) nos termos do art. 17 da Lei nº 11.033/2004 e do art. 16 da Lei n° 11.116/2005, tem direito ao ressarcimento de créditos básicos na aquisição no mercado interno vinculados à receita tributada e do crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. O julgador de primeira instância não acatou os argumentos da impugnante, sob os seguintes fundamentos: O art. 9º da Lei nº 10.925/2004, instituiu a suspensão da incidência das contribuições PIS e Cofins não cumulativas sobre diversas operações com produtos agropecuários. A regulamentação desse dispositivo se deu, inicialmente, pela IN SRF nº 636, de 24/03/2006, a qual foi revogada pela vigente IN SRF nº 660, de 17/07/2006, que, por sua vez, determinou a vigência da suspensão a partir de 4 de abril de 2006. Ao contrário do que entende a contribuinte, a Lei nº 10.925/2004 fala apenas em dedução, não mencionando a possibilidade de manutenção ou utilização de eventual saldo, condição indispensável para a subsequente compensação com débitos de outros tributos, ou ressarcimento em dinheiro de valor remanescente. Ademais, o art. 2º do ADI SRF nº 15/2005 refere que não poderão ser objeto de compensação ou ressarcimento eventuais créditos presumidos apurados na forma do art. 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 3 Tratandose de ressarcimento de COFINS não cumulativo, o art. 13 da Lei nº 10.833/2003 combinado com o art. 15 da mesma Lei vedam a atualização monetária no período entre a protocolização do pedido de ressarcimento e o efetivo pagamento. Cabe aos contribuintes, em defesa ao crédito pretendido, provar o teor das alegações contrapostas aos argumentos da autoridade fiscal para não acatar, total ou parcialmente, o alegado crédito. No caso em tela, entendese que a contribuinte não conduziu aos autos elementos necessários à comprovação de suas alegações. Limitouse a afirmar a existência dos pretendidos créditos, nada apresentando de novo. Cientificada da decisão de primeira instância a contribuinte apresentou recurso voluntário tempestivo, mediante o qual repisa as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra , Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.118, de 17 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10820.720440/201148, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.118): "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. O pedido da recorrente para notificação para sustentação oral deve ser indeferido à míngua de previsão legal ou regimental. Ademais, o § 1º do art. 55 do Anexo II do Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2016, determina que a pauta de julgamento deve ser publicada no Diário Oficial da União com dez dias de antecedência, sendo perfeitamente possível ao patrono do autuado acompanhar tais publicações para, caso lhe aprouver, formular sustentação oral na sessão de julgamento, em conformidade com os arts. 58 e 59 do referido Regimento Interno. Em análise de vários pedidos de ressarcimento da contribuinte de PIS/Cofins, constantes em diversos processos administrativos, relativos aos períodos de apuração do primeiro trimestre de 2005 até o último trimestre de 2007, concluiu a fiscalização no Termo de Encerramento de Procedimento Fiscal que: Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 4 a) O sujeito passivo tem direito ao ressarcimento ou compensação de saldos credores de créditos básicos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre aquisições no mercado interno vinculadas à receita tributada à alíquota zero no mercado interno. Os valores desses créditos apurados pela fiscalização estão demonstrados nas planilhas três e quatro; b) O sujeito passivo não tem direito ao ressarcimento de créditos básicos decorrentes de aquisições no mercado interno vinculadas à receita tributada no mercado interno. Os valores apurados pela fiscalização estão demonstrados nas planilhas três e quatro. Tais créditos não são passíveis de ressarcimento ou compensação, por falta de previsão legal, sendo a sua utilização restrita ao abatimento dos débitos da própria contribuição, relativos ao mesmo período ou aos subseqüentes;e, c) O sujeito passivo não tem direito ao ressarcimento de créditos decorrentes de aquisições no mercado interno presumido, relacionados às atividades agroindustriais. Os valores apurados pela fiscalização estão demonstrados nas planilhas três e quatro. Os valores desses créditos não são passíveis de ressarcimento ou compensação, podendo ser utilizados apenas na dedução da própria contribuição devida no mesmo período de apuração ou nos subseqüentes, devendo ser apurados de forma segregada, com o seu saldo controlado durante todo o período de sua utilização. i) Vigência da suspensão: Com relação à suspensão, a fiscalização entendeu que seria aplicável somente a partir de 04.04.2006, com a vigência da Instrução Normativa nº SRF nº 636/2006, posteriormente revogada pela IN SRF nº 660/2006. Sobre a suspensão das contribuições não cumulativas, dispõe o art. 9º da Lei nº 10.925/2004: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1º do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) § 2º A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 5 Conforme expresso no art. 17 da própria Lei nº 10.925/2004, a referida suspensão deveria produzir efeitos a partir de 1º de agosto de 2004: Art. 17. Produz efeitos: (...) III a partir de 1º de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8º e 9º desta Lei; (...) A então Secretaria da Receita Federal veio regulamentar a referida suspensão, nos termos do §2º do art. 9º acima transcrito, com a Instrução Normativa SRF nº 636, de 24/03/2006, que entrou em vigor na data de sua publicação 04/04/2006 , mas produzia efeitos desde 1º de agosto de 2004, em consonância ao disposto no art. 17 da Lei. Ocorre que, posteriormente, essa Instrução Normativa foi revogada pela IN SRF nº 660/2006, a qual veio dispor que a suspensão das contribuições produziria efeitos a partir de 04/04/2006, data da publicação da primeira regulamentação (Instrução Normativa SRF nº 636/2006). Assim, a fiscalização excluiu o benefício da recorrente relativo ao período sob análise, pois anterior a 04/04/2006. A matéria não comporta maiores digressões, eis que a própria Lei nº 10.925/2004 determinou que o referido benefício produziria efeitos a partir de 1º de agosto de 2004. Estando perfeitamente definida a data do início da suspensão pela Lei, é certo que a regulamentação reservada à Secretaria da Receita Federal, nos termos do §2º do art. 9º da referida Lei, não dizia respeito a esse aspecto. Nesse sentido, a primeira regulamentação da suspensão, dada pela Instrução Normativa SRF nº 636/2006, já tinha reconhecido a sua produção de efeitos retroativa, a partir de 1º de agosto de 2004. A matéria já foi objeto de análise por esse CARF no Acórdão nº 3401002.078 da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária desta 3ª Seção, j. 28.11.2012, Relator Emanuel Carlos Dantas de Assis, no qual se fixou o entendimento de que a suspensão das contribuições prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004 aplicase desde 1º de agosto de 2004, conforme trecho da ementa abaixo: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 VENDA DE PRODUTOS IN NATURA. SOJA E CAFÉ. SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 6 Em conformidade com o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004, e a Instrução Normativa nº 636, de 2006, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, que atinge a venda de soja e café in natura efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no Lucro Real. (...) Também no Acórdão nº 3402003.171, 20/07/2016, este Colegiado, por unanimidade de votos, reconheceu o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004, no período de apuração de 01/01/2006 a 31/03/2006. Assim, há de ser considerado vigente o benefício da suspensão pleiteado no período do presente pedido, reformando se a decisão recorrida nesta parte. ii) Créditos básicos: Conforme consignado no PARECER SAORT, as receitas não tributadas no mercado interno foram constituídas de vendas com alíquota zero, isenção, suspensão ou não incidência. Para tais receitas foram apurados os créditos da contribuição não cumulativa na forma dos arts. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, cuja manutenção na escrita contábil pelo estabelecimento vendedor encontrava amparo legal no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, tornandose passíveis de resssarcimento ou compensação com outros tributos administradas pela RFB, com a entrada em vigor, em 19/05/2005, do art. 16, incisos I e II da Lei n° 11.116/2005. A fiscalização considerou a redução a zero das alíquotas do PIS e da Cofins, incidentes sobre a receita bruta de vendas de leite pasteurizado no mercado interno, somente a partir de 30/12/2004. Quanto aos demais produtos fabricados pela contribuinte, a redução da alíquota a zero foi considerada apenas a partir de 1° de março de 2006 (queijos tipo mussarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota e requeijão); e de 15 de junho de 2007 (bebidas e compostos lácteos, queijo provolone, queijo parmesão), conforme disposições contidas, respectivamente, nos incisos II e III do art. 3º do Decreto n° 5.630/051. No que nada há a reparar. 1 Art.1o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta decorrente da venda no mercado interno de: (...) Xleite fluido pasteurizado ou industrializado, na forma de ultrapasteurizado, destinado ao consumo humano; (Vigência) XIleite em pó, integral ou desnatado, destinado ao consumo humano; e (Vigência) Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 7 Com relação à suspensão, a fiscalização entendeu que seria aplicável somente a partir de 04.04.2006, com a vigência da Instrução Normativa nº SRF nº 636/2006, posteriormente revogada pela IN SRF nº 660/2006, o que deverá ser objeto de reforma conforme item precedente deste Voto. A recorrente não contesta que não tem direito ao ressarcimento de créditos básicos decorrentes de aquisições no mercado interno vinculadas à receita tributada no mercado interno, para os quais a utilização é restrita ao abatimento dos débitos da própria contribuição, relativos ao mesmo período ou aos subsequentes. Apenas questiona: "Como poderá restar saldo credor a ser ressarcido se as receitas de venda são tributadas?" Ora, de todo modo, o ressarcimento, quando permitido, só é possível, obviamente, quando houver saldo de créditos remanescente na escrita da contribuinte. iii) Crédito presumido da agroindústria: Acerca do crédito presumido da agroindústria previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, sustenta a recorrente que teria direito ao ressarcimento com relação às vendas efetuadas à alíquota zero, nos termos dos arts. 17 da Lei nº 11.033/2004 e 16 da Lei n° 11.116/2005, que assim dispõem: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação (...) XIIqueijos tipo mussarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota e requeijão. (Vigência) XIIIleite em pó semidesnatado, leite fermentado, bebidas e compostos lácteos e fórmulas infantis, assim definidas conforme previsão legal específica, destinados ao consumo humano ou utilizados na industrialização de produtos que se destinam ao consumo humano; (Incluído pelo Decreto nº 6.461, de 2008). XIVqueijo provolone, queijo parmesão e queijo fresco não maturado; (Incluído pelo Decreto nº 6.461, de 2008). XVsoro de leite fluido a ser empregado na industrialização de produtos destinados ao consumo humano. (Incluído pelo Decreto nº 6.461, de 2008). (...) Art.3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de: I30 de dezembro de 2004, em relação ao disposto nos incisos VIII a X do caput do art. 1º deste Decreto; e II1º de março de 2006, em relação ao disposto nos incisos XI e XII do caput do art. 1º deste Decreto. III15 de junho de 2007, em relação ao disposto nos incisos XIII, XIV e XV do caput do art. 1o e no § 3o do mesmo artigo deste Decreto. (Incluído pelo Decreto nº 6.461, de 2008). Art.4o Fica revogado o Decreto no 5.195, de 26 de agosto de 2004. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 8 II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (...) Como se vê, o ressarcimento permitido pelo art. 16 da Lei nº 11.116/2005 é cabível somente na hipótese de saldos credores decorrentes da apuração na forma: a) dos arts. 3ºs das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 ou b) do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, não havendo qualquer previsão nesse sentido quanto ao crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, para o qual, inclusive, só foi autorizada a dedução dos valores das contribuições devidas em cada período de apuração, nos seguintes termos: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) Conforme já decidido na Apelação Cível Nº 2006.72.00.0078654/SC, do Tribunal Federal da 4ª Região, "as próprias leis instituidoras dos créditos presumidos em questão previram como modo de aproveitamento destes créditos o desconto das contribuições do PIS e COFINS a pagar, limitando a sua utilização, assim, à esfera das próprias contribuições". Nessa esteira, a Receita Federal do Brasil dispôs em normas complementares, mediante a Instrução Normativa SRF nº 660/2006 e o Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005 sobre a impossibilidade de compensação ou ressarcimento dos créditos presumidos apurados a partir de 01/08/2004, permitindo apenas deduzilos das contribuições devidas: IN SRF n° 660/2006 Do Crédito Presumido Do direito ao desconto de créditos presumidos Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 9 Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de não cumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) Do cálculo do crédito presumido Art. 8º Até que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7 º, o crédito presumido da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será apurado com base no seu custo de aquisição. (...) § 3º O valor dos créditos apurados de acordo com este artigo: I não constitui receita bruta da pessoa jurídica agroindustrial, servindo somente para dedução do valor devido de cada contribuição; e II não poderá ser objeto de compensação com outros tributos ou de pedido de ressarcimento. Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005 Art. 1º O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência nãocumulativa. Art. 2º O valor do crédito presumido referido no art. 1º não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, de que trata a Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, § 1º, inciso II, e § 2º, a Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º,§ 1º, inciso II, e § 2º, e a Lei nº 11.116, de 2005, art. 16. O Superior Tribunal de Justiça também já manifestou seu entendimento, no REsp 1240714/PR (Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 10/09/2013), conforme ementa abaixo: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. PRODUTOR RURAL. CRÉDITOS PRESUMIDOS. RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 8º DA LEI 10.925/04. LEGALIDADE DA ADI/SRF 15/05 E DA IN SRF 660/06. PRECEDENTES DO STJ. MORA DO FISCO. Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 10 INEXISTÊNCIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. "A jurisprudência firmada por ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ é no sentido de que inexiste previsão legal para deferir restituição ou compensação (art. 170, do CTN) com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil do crédito presumido de PIS e da COFINS estabelecido na Lei 10.925/2004, considerandose, outrossim, que a ADI/SRF 15/2005 não inovou no plano normativo, mas apenas explicitou vedação já prevista no art. 8º, da lei antes referida" (AgRg no REsp 1.218.923/PR, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, DJe 13/11/12). 2. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido ser legítima a atualização monetária de crédito escritural quando há demora no exame dos pedidos pela autoridade administrativa ou oposição decorrente de ato estatal, administrativo ou normativo, postergando o seu aproveitamento, o que não ocorre na hipótese, em que os atos normativos são legais. 3. "O Fisco deve ser considerado em mora (resistência ilegítima) somente a partir do término do prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias contado da data do protocolo dos pedidos de ressarcimento, aplicandose o art. 24 da Lei 11.457/2007, independentemente da data em que efetuados os pedidos" (AgRg no REsp 1.232.257/SC, Rel. Min.NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, DJe 21/2/13). 4. Recurso especial conhecido e não provido. Nessa linha também foi decidido no Acórdão nº 3401 01.716– 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 15 de fevereiro de 2012, conforme trecho do Voto do Relator Odassi Guerzoni Filho abaixo: (...) Com a devida vênia, não partilho do mesmo entendimento da Recorrente, haja vista a clareza do dispositivo que passou a tratar do crédito presumido do PIS/Pasep e da Cofins, qual seja o artigo 8º da Lei nº 10.925 de 23 de julho de 2004, segundo o qual, “As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, [...], destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30/12/2002, e 10.833, de 29/12/2003, adquiridos de pessoas físicas ou recebidos de cooperado pessoa física.” Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 11 Ora, a menção que referido dispositivo legal faz ao artigo 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003 tem como único objetivo o de identificar os produtos adquiridos que podem gerar o direito ao crédito presumido e não o de estender a este o mesmo direito de aproveitamento [ressarcimento e compensação] que está contemplado, ressaltese, de forma taxativa, nas hipóteses constantes dos incisos do referido artigo 3º. Nem me valerei aqui das regras específicas trazidas pelas instruções normativas que regem os procedimentos de compensação e de ressarcimento, e tampouco discorrerei sobre o argumento de que o crédito presumido seria uma subvenção financeira, porquanto vislumbro na argumentação da Recorrente mero inconformismo com a forma com que o legislador tratou a matéria. Assim, consoante consta de forma clara no art. 8º da Lei nº 10.925 de 23 de julho de 2004, o crédito presumido somente pode ser deduzido da contribuição eventualmente devida, e não ser aproveitado via ressarcimento e/ou compensação. (...) Dessa forma, a decisão recorrida há de ser mantida também nesta parte. iv) Correção monetária Por fim, requer a recorrente a correção monetária do saldo credor a ser ressarcido, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250/1995. No entanto, a pretensão da recorrente encontra obstáculo expresso no art. 13 da Lei nº 10.833/2003, aplicável à Cofins e também ao PIS/Pasep, por força do art. 15 dessa Lei, que assim dispõem: Art. 13 . O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes. (...) Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 12 (...) VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) De outra parte, a previsão legal de atualização do valor pela taxa Selic, nos termos do art. 39, §4º da Lei 9.250/1995, ora transcrito, somente é aplicável para os casos de compensação e restituição, mas não para o ressarcimento: Art. 39. A compensação de que trata o art. 66 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. (...) § 4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (Vide Lei nº 9.532, de 1997) [negrito desta Relatora] Ademais, como bem esclareceu o Conselheiro Relator Bernardo Motta Moreira, em seu Voto no Acórdão nº 3301 002.088, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, em sessão de 23/10/2013, o entendimento veiculado pelo Recurso Especial nº 1.035.847, julgado pela sistemática de recursos repetitivos prevista no artigo 543C do CPC/73, que diz respeito ao ressarcimento de créditos de IPI, não pode ser estendido para o ressarcimento de créditos das contribuições sociais não cumulativas, eis que, para essas, há, na lei, a vedação expressa de atualização monetária, o que não ocorre para o IPI. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a vigência do benefício de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004 a partir de 1º de agosto de 2004, determinando à Unidade de Origem que analise se a contribuinte faz jus a esse benefício e, sendo o caso, efetue o ajuste do saldo do montante a ressarcir ou a compensar. É como voto." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10820.720442/201137 Acórdão n.º 3402005.120 S3C4T2 Fl. 0 13 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, o colegiado deu provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a vigência do benefício de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004 a partir de 1º de agosto de 2004, determinando à Unidade de Origem que analise se a contribuinte faz jus a esse benefício e, sendo o caso, efetue o ajuste do saldo do montante a ressarcir ou a compensar. assinado digitalmente Waldir Navarro Bezerra Fl. 203DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.940297/2011-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.626
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 40 29 7/ 20 11 -7 6 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06046.066. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 5 4 associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 6 5 d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 7 6 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10980.940297/201176 Resolução nº 3301000.626 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 114DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.003145/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009
AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS EMPREGADOS E DOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. DILAÇÃO PROBATÓRIA. PERÍCIA. MULTAS DE MORA E DE OFÍCIO. JUROS.
No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que formal ou documentalmente possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva responsável pelo trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas.
O desconto da contribuição do segurado se presume feito regular e oportunamente pela empresa a isso obrigada.
A prova documental deve ser juntada por ocasião da impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, quando não comprovada nenhuma das hipóteses de exceção previstas na legislação.
A produção da prova pericial é indeferida quando o julgador administrativo a considerar prescindível e a nomeação e indicação de perito não se revestir das formalidades legalmente previstas.
As multas de mora e de ofício definidas na legislação tributária não podem ser reduzidas ou dispensadas.
É legítima a aplicação da taxa SELIC como índice de juros de mora sobre os débitos tributários para com a Fazenda Nacional.
Não há que se falar de ilegitimidade da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTOS. REGIME DE TRIBUTAÇÃO SIMPLES. DEDUÇÃO DO LANÇAMENTO EM FACE DE TERCEIRO. APURAÇÃO DO RESULTADO CONTÁBIL E FISCAL. REPERCUSSÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não há previsão legal para dedução dos valores recolhidos por optantes do Simples a título de contribuições previdenciárias em face de lançamento constituído em desfavor de terceiro (empresa contratante), sujeito passivo da obrigação principal, quando tais recolhimentos dizem respeito a empresas optantes por regime de tributação diverso (no caso concreto, Simples), com repercussão na apuração do resultado contábil e fiscal destas últimas, afastando-se qualquer comunicação entre tais resultados com aquele apurado por terceiro (empresa contratante).
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. FRACIONAMENTO DAS ATIVIDADES. UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS INTERPOSTAS. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA E ATÍPICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. SIMULAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. MULTA QUALIFICADA.
Não é vedado o planejamento tributário, mas a prática abusiva, como a simulação de relações entre empresas com objetivo claro de obter vantagens tributárias.
O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o suposto planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos, com base em sua substância, para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela Recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados.
A simulação pode configurar-se quando as circunstâncias e evidências indicam a coexistência de empresas com regimes tributários favorecidos, perseguindo a mesma atividade econômica, com sócios ou administradores em comum e a utilização dos mesmos empregados, mesmos meios de produção mesmas instalações físicas, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica.
O fracionamento das atividades empresariais, mediante a utilização de mão de obra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional, viola a legislação tributária, cabendo então a partir de inúmeras e sólidas evidências a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída.
Cabível a aplicação da multa qualificada quando constatado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadra-se nas hipóteses previstas nos artigos 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/1964.
Numero da decisão: 2402-006.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitosa, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior, que lhe deram provimento parcial, para abater do lançamento os valores recolhidos nas empresas do Simples relativos à contribuição previdenciária. Votou pelas conclusões o conselheiro Maurício Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS EMPREGADOS E DOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. DILAÇÃO PROBATÓRIA. PERÍCIA. MULTAS DE MORA E DE OFÍCIO. JUROS. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que formal ou documentalmente possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva responsável pelo trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. O desconto da contribuição do segurado se presume feito regular e oportunamente pela empresa a isso obrigada. A prova documental deve ser juntada por ocasião da impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, quando não comprovada nenhuma das hipóteses de exceção previstas na legislação. A produção da prova pericial é indeferida quando o julgador administrativo a considerar prescindível e a nomeação e indicação de perito não se revestir das formalidades legalmente previstas. As multas de mora e de ofício definidas na legislação tributária não podem ser reduzidas ou dispensadas. É legítima a aplicação da taxa SELIC como índice de juros de mora sobre os débitos tributários para com a Fazenda Nacional. Não há que se falar de ilegitimidade da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTOS. REGIME DE TRIBUTAÇÃO SIMPLES. DEDUÇÃO DO LANÇAMENTO EM FACE DE TERCEIRO. APURAÇÃO DO RESULTADO CONTÁBIL E FISCAL. REPERCUSSÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para dedução dos valores recolhidos por optantes do Simples a título de contribuições previdenciárias em face de lançamento constituído em desfavor de terceiro (empresa contratante), sujeito passivo da obrigação principal, quando tais recolhimentos dizem respeito a empresas optantes por regime de tributação diverso (no caso concreto, Simples), com repercussão na apuração do resultado contábil e fiscal destas últimas, afastando-se qualquer comunicação entre tais resultados com aquele apurado por terceiro (empresa contratante). PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. FRACIONAMENTO DAS ATIVIDADES. UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS INTERPOSTAS. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA E ATÍPICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. SIMULAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. Não é vedado o planejamento tributário, mas a prática abusiva, como a simulação de relações entre empresas com objetivo claro de obter vantagens tributárias. O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o suposto planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos, com base em sua substância, para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela Recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados. A simulação pode configurar-se quando as circunstâncias e evidências indicam a coexistência de empresas com regimes tributários favorecidos, perseguindo a mesma atividade econômica, com sócios ou administradores em comum e a utilização dos mesmos empregados, mesmos meios de produção mesmas instalações físicas, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica. O fracionamento das atividades empresariais, mediante a utilização de mão de obra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional, viola a legislação tributária, cabendo então a partir de inúmeras e sólidas evidências a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída. Cabível a aplicação da multa qualificada quando constatado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadra-se nas hipóteses previstas nos artigos 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/1964.
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DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS EMPREGADOS E DOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. DILAÇÃO PROBATÓRIA. PERÍCIA. MULTAS DE MORA E DE OFÍCIO. JUROS. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que formal ou documentalmente possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva responsável pelo trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. O desconto da contribuição do segurado se presume feito regular e oportunamente pela empresa a isso obrigada. A prova documental deve ser juntada por ocasião da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, quando não comprovada nenhuma das hipóteses de exceção previstas na legislação. A produção da prova pericial é indeferida quando o julgador administrativo a considerar prescindível e a nomeação e indicação de perito não se revestir das formalidades legalmente previstas. As multas de mora e de ofício definidas na legislação tributária não podem ser reduzidas ou dispensadas. É legítima a aplicação da taxa SELIC como índice de juros de mora sobre os débitos tributários para com a Fazenda Nacional. Não há que se falar de ilegitimidade da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 31 45 /2 01 0- 12 Fl. 656DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTOS. REGIME DE TRIBUTAÇÃO SIMPLES. DEDUÇÃO DO LANÇAMENTO EM FACE DE TERCEIRO. APURAÇÃO DO RESULTADO CONTÁBIL E FISCAL. REPERCUSSÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para dedução dos valores recolhidos por optantes do Simples a título de contribuições previdenciárias em face de lançamento constituído em desfavor de terceiro (empresa contratante), sujeito passivo da obrigação principal, quando tais recolhimentos dizem respeito a empresas optantes por regime de tributação diverso (no caso concreto, Simples), com repercussão na apuração do resultado contábil e fiscal destas últimas, afastandose qualquer comunicação entre tais resultados com aquele apurado por terceiro (empresa contratante). PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. FRACIONAMENTO DAS ATIVIDADES. UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS INTERPOSTAS. ABUSO DE FORMA. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA E ATÍPICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. SIMULAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. Não é vedado o planejamento tributário, mas a prática abusiva, como a simulação de relações entre empresas com objetivo claro de obter vantagens tributárias. O abuso de forma viola o direito e a fiscalização deve rejeitar o suposto planejamento tributário que nela se funda, cabendo a requalificação dos atos e fatos ocorridos, com base em sua substância, para a aplicação do dispositivo legal pertinente. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela Recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados. A simulação pode configurarse quando as circunstâncias e evidências indicam a coexistência de empresas com regimes tributários favorecidos, perseguindo a mesma atividade econômica, com sócios ou administradores em comum e a utilização dos mesmos empregados, mesmos meios de produção mesmas instalações físicas, implicando confusão patrimonial e gestão empresarial atípica. O fracionamento das atividades empresariais, mediante a utilização de mão de obra existente em empresas interpostas, sendo estas desprovidas de autonomia operacional, administrativa e financeira, para usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional, viola a legislação tributária, cabendo então a partir de inúmeras e sólidas evidências a desconsideração daquela prestação de serviços formalmente constituída. Cabível a aplicação da multa qualificada quando constatado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadrase nas hipóteses previstas nos artigos 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 657DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 102 3 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitosa, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior, que lhe deram provimento parcial, para abater do lançamento os valores recolhidos nas empresas do Simples relativos à contribuição previdenciária. Votou pelas conclusões o conselheiro Maurício Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luís Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Fl. 658DF CARF MF 4 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de efls. 487/642 em face do Acórdão n. 10 40.978 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) DRJ/POA (efls. 444/482), que julgou improcedente a impugnação de efls. 92/229 e manteve o crédito tributário constituído pelo lançamento consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 37.274.4060 consolidado no valor total de R$ 492.061,92 na data de 09/11/2010 Período de Apuração: 01/2007 a 12/2009 ciência do contribuinte em 18/11/2010 (efls. 02/46) com fulcro em descumprimento de obrigação principal vinculada a contribuições destinadas à Seguridade Social (Segurados TERCEIRIZAÇÃO), no que diz respeito, especificamente, à contribuição previdenciária devida pelos segurados empregados e contribuintes individuais destinada à Seguridade Social, incidente sobre a folha de pagamento de salários e remunerações das empresas interpostas IBS Indústria de Balanças e Serviços Ltda. e IM Indústria Mecânica Ltda., conforme discriminado no Relatório Fiscal de efls. 67/90. A Recorrente foi regularmente cientificada do AI DEBCAD n. 37.274.4060 (efls. 02/46) em 18/11/2010, e, irresignada, apresentou a impugnação de efls. 92/229. O crédito tributário de natureza previdenciária no AI DEBCAD n. 37.274.4060 (efls. 02/46) foi mantido no julgamento de primeiro grau, nos termos do Acórdão n. 1040.978 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) efls. 444/482, que sumarizou seu entendimento conforme ementa abaixo reproduzida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2009 AI Debcad nº 37.274.4060 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS EMPREGADOS E DOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. SIMULAÇÃO. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. DILAÇÃO PROBATÓRIA. PERÍCIA. MULTA DE MORA E DE OFÍCIO. JUROS. O Auto de Infração que observa o regramento administrativo próprio à espécie não gera a nulidade do lançamento. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o procedimento fiscal obedece ao princípio da legalidade, sendo prestadas todas as informações necessárias ao sujeito passivo, possibilitando que este exerça plenamente o seu direito à defesa. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que formal ou documentalmente possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva responsável pelo trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. Fl. 659DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 103 5 Não é vedado o planejamento tributário, mas a prática abusiva, como a simulação de relações entre empresas com objetivo claro de obter vantagens tributárias. O desconto da contribuição do segurado se presume feito regular e oportunamente pela empresa a isso obrigada. A prova documental deve ser juntada por ocasião da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, quando não comprovada nenhuma das hipóteses de exceção previstas na legislação. A produção da prova pericial é indeferida quando o julgador administrativo a considerar prescindível. As multas de mora e de ofício definidas na legislação tributária não podem ser reduzidas ou dispensadas. Cabível a aplicação da multa qualificada quando constatado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadrase nas hipóteses previstas nos artigos 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/1964. A utilização da taxa Selic no cálculo dos juros moratórios encontra respaldo na legislação regente. É legítima a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento. Impugnação Procedente Crédito Tributário Mantido A Recorrente foi cientificada do teor do Acórdão n. 1040.978 (efls. 444/482) em 07/02/2013 (efls. 484/485), e, em 08/03/2013, interpôs o Recurso Voluntário de efls. 487/642, guerreando contra a decisão a quo de forma total, conforme destaca na retrocitada peça recursal, esgrimindo, em linhas gerais, os argumentos apresentados na impugnação de efls. 92/229, abaixo resumidos: i) Inexistência de interposição de sociedades; ii) Inexistência de grupo econômico; iii) Isenção legal da divisão de lucros nos exercícios 2008 e 2009; iv) Inaplicabilidade do art. 201, II, do RPS face a imunidade veiculada no art. 7°., XI, da CF; v) Isenção legal Lei n. 8.212/91; vi) Regularidade da terceirização falta de lei que defina atividadefim; vii) Competência da Justiça do Trabalho não aplicação na matéria fiscal; viii) Competência da Justiça do Trabalho para declarar a existência de vínculo empregatício; ix) Inexistência de pessoalidade na prestação de serviços (terceirização); Fl. 660DF CARF MF 6 x) Inexistência de subordinação; xi) Excesso de cobrança tributária; xii) Despesas consideradas como salário são, de fato, efetivos ressarcimentos; xiii) Inaplicabilidade do Direito do Trabalho na esfera do Direito Tributário; xiv) Inaplicabilidade do princípio da primazia da realidade para constituição de créditos previdenciários; xv) Inaplicabilidade do art. 126, III, do CTN ao caso concreto; xvi) Inaplicabilidade do art. 9°. e 444 da CLT ao caso concreto; xvii) Inversão do ônus da prova; xviii) Dilação probatória (perícia técnica); xix) Inexistência de simulação; xx) Inexistência de fraude; xxi) Inexistência de conluio; xxii) Inaplicabilidade da multa majorada; xxiii) Proibição de confisco e observância ao princípio da capacidade contributiva; xxiv) Não incidência de juros e atualização monetária sobre as multas aplicadas; xxv) Limite dos juros em 1% a.m; xxvi) Inconstitucionalidade na cobrança e exigência das contribuições de fundações e terceiros; xxvii) Inconstitucionalidade da exigência da contribuição denominada atualmente de GIILRAT. Este processo tem como raiz o processo n. 11065.003144/201060, ao qual encontrase apenso, consoante informado à efl. 443. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 661DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 104 7 Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O Recurso Voluntário (efls. 487/642) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Consoante relatado, o Recurso Voluntário de efls. 487/642 guerreia contra o Acórdão n. 1040.978 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) efls. 444/482 , que julgou improcedente a impugnação de efls. 92/229 e manteve o crédito tributário constituído pelo lançamento consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 37.274.4060, que teve como objeto o descumprimento de obrigação principal referente a contribuições destinadas à Seguridade Social (Segurados TERCEIRIZAÇÃO), conforme discriminado no Relatório Fiscal de efls. 67/90. É oportuno esclarecer que o lançamento consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 37.274.4060 (efls. 02/46), em litígio, é parte de uma ação fiscal que deu origem à lavratura dos Autos de Infração infra discriminados: Neste processo a discussão está restrita às contribuições vinculadas às remunerações e folha de pagamentos da Recorrente (contribuinte fiscalizado) referentes aos levantamentos: L6 e L62 REMUNERAÇÃO EMPREGADOS IBS; L7 e L72 REMUNERAÇÃO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL IBS; L8 e L82 REMUNERAÇÃO EMPREGADOS IM; e L9 e L92 REMUNERAÇÃO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL IM, consignados no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 37.274.4060 (efls. 02/46), que dizem respeito à contribuição previdenciária devida pelos segurados empregados e contribuintes individuais destinada à Seguridade Social, incidente sobre a folha de pagamento de salários e remunerações das empresas interpostas IBS Indústria de Balanças e Serviços Ltda. e IM Indústria Mecânica Ltda. Isto posto, passo ao julgamento, adotando a metodologia utilizada pela DRJ/POA quanto à compartimentação dos tópicos, de forma a racionalizar a abordagem dos Fl. 662DF CARF MF 8 questionamentos trazidos pelo Recorrente, tendo em vista a pulverização e amplitude dos pedidos no Recurso Voluntário de efls. 487/642. Inicia a Recorrente, na peça recursal de efls. 487/642, o enfrentamento quanto à inexistência de interposição de sociedades e/ou grupo econômico, bem assim de simulação. Na verdade, a autoridade lançadora não caracterizou grupo econômico, mas, sim, concluiu pela ocorrência de simulação na contratação dos serviços de industrialização por encomenda prestados pelas empresas terceirizadas IBS Indústria de Balanças e Serviços Ltda. e IM Indústria Mecânica Ltda. Com efeito, assim informa a decisão recorrida: "O Relatório Fiscal (fls. 67/90) afirma que os supostos serviços de industrialização por encomenda representam, de fato, os custos relativos à própria folha de pagamento da Saturno e que a IBS e a IM constituemse em empresas interpostas utilizadas pela autuada para contratar segurados com redução de encargos tributários. [...] Cumpre esclarecer que não se trata de caracterização de grupo econômico. Segundo a fiscalização, as três pessoas jurídicas empreenderam verdadeira simulação nacondução de seus negócios. Tratase de uma empresa que obteve a redução da carga tributária,na medida em que as outras IBS e IM encontravam se inseridas no regime de tributação Simples. Não houve a responsabilização solidária das empresas envolvidas. O relatório FLD – Fundamentos Legais do Débito é esclarecedor e atesta neste sentido, na medida em que não faz referência ao fundamento legal que trata da solidariedade art. 30, inciso IX, da Lei nº 8.212/91 (fls. 41/43). Ademais, observase também que o crédito foi lançado somente contra a empresa Saturno, por ser a detentora de fato de toda a mãodeobra." No curso da ação fiscal, a autoridade lançadora constatou diversas situações e circunstâncias fáticas, devidamente consignadas no Relatório Fiscal (efls. 67/90), que respaldam a ocorrência de simulação consubstanciada na utilização, pela empresa Balanças Saturno S/A, das empresas IBS Indústria de Balanças e Serviços Ltda. e IM Indústria Mecânica Ltda. na condição de interpostas, com o fito de reduzir os encargos tributários previdenciários, usufruindo dos benefícios do regime de tributação Simples, mediante vinculação dos segurados empregados e contribuintes individuais destas últimas (IBS e IM) à primeira (Saturno). Nesse sentido, assim esclarece a DRJ/POA, no Acórdão n. 1040.978 (efls. 444/482): "No caso, ocorreu uma "contratação" simulada, pela empresa Balanças Saturno S/A, de serviços de industrialização por encomenda das empresas terceirizadas IBS – Indústria de Balanças e Serviços Ltda e IM – Indústria Mecânica Ltda, em lugar dos seus próprios funcionários. E com a adoção deste procedimento a Saturno estaria obtendo o beneficio do ingresso de sua mãodeobra no sistema de tributação Simples, reduzindo por conseguinte sua carga tributária previdenciária e ainda usufruindo do beneficio do creditamento das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS relativamente a esses serviços de industrialização por encomenda, os quais são insumos que geram direito a crédito quando contratados com pessoa jurídica. (item 3.8.3 do Relatório Fiscal, fls. 81/82). [...] Fl. 663DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 105 9 Os fatos concernentes à relação verificada entre a impugnante (Saturno) e as empresas IBS – Indústria de Balanças e Serviços Ltda, CNPJ n° 88.979.067/0001 60 e IM – Indústria Mecância Ltda, CNPJ N° 93.533.172/000101 estão detalhados no Relatório Fiscal, às fls. 67/90 dos autos, tendo sido apurados a partir da análise dos documentos disponibilizados pelas empresas e visita aos seus estabelecimentos, podendo ser assim sintetizados: • as três empresas – Balanças Saturno S.A, IBS – Indústria de Balanças e Serviços Ltda e IM – Indústria Mecânica Ltda tem objetivos sociais coincidentes, dedicando se à fabricação e assistência técnica de balanças industriais e comerciais, bem como ao comércio de balanças em geral e estão localizadas, de fato, no mesmo endereço Rua Major Sezefredo, 155, prédio 01, Bairro Vila Rosa, Canoas/RS. É lá que se encontra a estrutura administrativa e operacional e onde foram entregues as intimações fiscais e solicitações de documentos das três empresas. Os endereços constantes para as empresas IBS e IM são relativos a duas salas comerciais (Rua Tamoio, 1978, salas 102 e 103, Canoas/RS) que permaneceram fechadas no período de 2006 a 09/2010, sem nenhum movimento de pessoas, segundo afirmou testemunha entrevistada pela fiscalização e identificada no Relatório Fiscal; • através de visita às instalações da empresa a fiscalização constatou que não existe separação física ou distinção entre os empregados da Saturno e os da IBS ou IM. Há um único relógio ponto, onde todos, sem distinção, registram suas entradas e saídas, e cujo controle é realizado pela Saturno; • em termos de cargos, comparativamente – constam empregados exercendo atividades em funções equivalentes e/ou similares nas três empresas; • despesas incorridas por sócios e empregados das empresas IBS e IM foram contabilizadas na Saturno; • despesas e custo de todo o parque fabril e comercial localizado na Rua Major Sezefredo, 155, prédio 1 são suportados integralmente pela empresa Saturno; • as empresas IBS e IM produziram de forma cativa para a Saturno em todo o período auditado, de 01/2007 a 12/2009, ou seja, operaram em regime de exclusividade, participando de uma ou mais fases do processo industrial; • as empresas IBS e IM atuam e fornecem mãodeobra na execução dos serviços essenciais da empresa autuada, ou seja, aquela que constitui o seu objeto principal; • as empresas IBS e IM têm total dependência econômica em relação à Saturno. Executam seus serviços exclusivamente para a tomadora, necessitando de repasses contínuos e permanentes de recursos financeiros; • as empresas IBS e IM apresentam domicílio fiscal diverso mas operam, de fato, em instalações dentro do parque fabril da Saturno. A planta industrial onde estão situadas as empresas não possui separação física; • as empresas IBS e IM são comandadas por pessoas ligadas por laços familiares e/ou antigos funcionários da Saturno; • despesas operacionais (água, luz, telefone, aluguéis de máquinas e equipamentos, aluguel de imóvel, fretes), que seriam de responsabilidade das empresas IBS e IM são suportados integralmente pela Saturno; • a Saturno paga e escritura como suas, despesas incorridas por empregados e sócios das terceirizadas – IBS e IM (Viagens/Representações, Comissões/Representantes); • as empresas IBS e IM utilizam, além das instalações da Saturno, também suas máquinas e equipamentos, sem desembolsarem qualquer pagamento; Fl. 664DF CARF MF 10 • IBS e IM, mesmo não possuindo escrituração relativa a custo com Materiais e/ou Matérias Primas, bem como com estoques, possuem no seu quadro de funcionários, empregados com as funções e cargos de almoxarifes e auxiliares de almoxarifado, empregados estes executando estas atividades no almoxarifado e junto aos empregados da autuada. Materiais e/ou matérias primas, bem como seus estoques, são encontrados na contabilidade da Saturno; • existe uma relação estreita entre os acionistas da Saturno e os sócios da IBS e IM; • Saturno, IBS e IM têm as suas escriturações contábil e fiscal executadas pela mesma empresa, MLC Associados Ltda Contabilidade e Assessoria, sendo o contador, Luiz Carlos Anflor Schmidt, CRCRS 004372/00, sócio da empresa MLC Associados, procurador da empresa IM; • atividades financeiras e administrativas, como por exemplo, o RH Recursos Humanos, são de responsabilidade da Saturno, sendo a Coordenadora de RH, a Sra. Letícia de Moraes, CPF n° 754.717.87072, empregada da Saturno. No período de 04/2009 a 12/2009, a mesma era registrada como empregada da IBS, e realizava lá as mesmas atividades; • a rede mundial de computadores noticia somente o website da Saturno. Em relação às empresas IBS e IM há somente links que direcionam para o sítio da Saturno, ou seja, www.saturno.ind.br. Estes links indicam o endereço e o número de telefone da Saturno; • os empregados das empresas IBS e IM ocupam e exercem suas atividades lado a lado com os empregados da Saturno, sem nenhuma diferenciação. Uniformes quando usados, possuem todos um único logotipo da "Balanças Saturno". O registro de entrada e saída é realizado num único "relógio ponto" e controlado pelo RH da fiscalizada; • a empresa Saturno realiza serviços de assistência técnica a outras empresas, utilizandose de empregados da IM e IBS, fato demonstrado na sua contabilidade." As situações e circunstâncias fáticas supra relatadas, minuciosamente detalhadas e comprovadas nos autos e no Relatório Fiscal (efls. 67/90), bem assim abordadas na decisão recorrida às efls. 446/448, afastam quaisquer dúvidas quanto ao liame que vincula as empresas citadas, que, na verdade, tratamse de uma única empresa e não três como aparentam ser mediante simulação de terceirização que desmembrou atividades. Nesse contexto, resta caracterizada a simulação e não planejamento tributário como pretende a Recorrente, impondose a desconsideração da relação meramente formal constatada pela autoridade lançadora, privilegiandose a real vinculação da Recorrente (Balanças Saturno S/A) com os trabalhadores que lhe prestaram serviços, não obstante o registro laboral junto às empresas aparentemente "terceirizadas". Com efeito, respaldada na legislação, não há óbice para que a autoridade lançadora desconsidere a existência de certos negócios ou situações jurídicas, formalmente existentes entre os trabalhadores das empresas envolvidas, vez que os arts. 114, 116 e 149 do CTN permitem a busca da realidade subjacente a quaisquer formalidades jurídicas, com fulcro na constatação concreta e material da situação legalmente necessária à ocorrência do fato gerador, culminando com o poder de requalificar o negócio aparente entre as três empresas em tela, visando à apuração e cobrança do tributo efetivamente devido. Não há nesse ato nenhuma violação dos princípios da legalidade ou da tipicidade, nem de cerceamento de defesa, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela Recorrente e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 106 11 Fundase a argumentação da Recorrente no fato de a autoridade lançadora ter tratado como ilícitos atos que, no seu entendimento, caracterizamse elisão fiscal e não evasão fiscal. De fato, é cediço que é tênue linha que distingue o direito legítimo do contribuinte de organizar a sua empresa, com base na livre e na autonomia negocial, do poder do EstadoFiscal considerar tais disposições ineficazes, a partir de pressupostos fáticos lastreados em fraude, abuso de forma e simulações. É oportuna a definição de simulação, na seara tributária, conferida pela jurisprudência do TRF4 e do STJ, nos julgados sumarizados nas ementas abaixo reproduzidas: "INCORPORAÇÃO. AUTUAÇÃO. ELISÃO E EVASÃO FISCAL. LIMITES. SIMULAÇÃO.EXIGIBILIDADE DO DÉBITO. 1. Dáse a elisão fiscal quando, por meios lícitos e diretos o contribuinte planeja evitar ou minimizar a tributação. Esse planejamento se fundamenta na liberdade que possui de gerir suas atividades e seus negócios em busca da menor onerosidade tributária possível, dentro da zona de licitude que o ordenamento jurídico lhe assegura. 2. Tal liberdade é possível apenas anteriormente à ocorrência do fato gerador, pois, uma vez ocorrido este, surge a obrigação tributária. 3. A elisão tributária, todavia, não se confunde com a evasão fiscal, na qual o contribuinte utiliza meios ilícitos para reduzir a carga tributária após a ocorrência do fato gerador. 4. Admitese a elisão fiscal quando não houver simulação do contribuinte. Contudo, quando o contribuinte lança mão de meios indiretos para tanto, há simulação. 5. Economicamente inviável a operação de incorporação procedida (da superavitária pela deficitária), é legal a autuação. 6. Tanto em razão social, como em estabelecimento, em funcionários e em conselho de administração, a situação final após a incorporação manteve as condições e a organização anterior da incorporada, restando demonstrado claramente que, de fato, esta "absorveu" a deficitária, e não o contrário, tendose formalizado o inverso apenas a fim de serem aproveitados os prejuízos fiscais da empresa deficitária, que não poderiam ter sido considerados caso tivesse sido ela a incorporada, e não a incorporadora, restando evidenciada, portanto, a simulação. 7. Não há fraude no caso: a incorporação não se deu mediante fraude ao fisco, já que na operação não se pretendeu enganar, ocultar, iludir, dificultando ou mesmo tornando impossível a atuação fiscal, já que houve ampla publicidade dos atos, inclusive com registro nos órgãos competentes. 8. Inviável economicamente a operação de incorporação procedida, tendo em vista que a aludida incorporadora existia apenas juridicamente, mas não mais economicamente, tendo servido apenas de "fachada" para a operação, a fim de serem aproveitados seus prejuízos fiscais cujo aproveitamento a lei expressamente vedava. 9. Uma vez reconhecida a simulação deve o juiz fazer prevalecer as conseqüências do ato simulado no caso, a incorporação da superavitária pela deficitária, conseqüentemente incidindo o tributo na forma do regulamento não havendo falar em inexigibilidade do crédito, razão pela qual a manutenção da decisão que denegou a antecipação de tutela pretendida se impõe. (grifei) (TRF4 AG: 44424 RS 2004.04.01.0444240, Relator: DIRCEU DE ALMEIDA SOARES, Data de Julgamento: 30/11/2004, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 26/01/2005 PÁGINA: 430)" "PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MULTA DO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INAPLICABILIDADE. Fl. 666DF CARF MF 12 INCORPORAÇÃO. APROVEITAMENTO DE PREJUÍZOS. REDUÇÃO DA CSSL DEVIDA. SIMULAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 98/STJ. 1. Hipótese em que se discute compensação de prejuízos para fins de redução da Contribuição Social sobre Lucro Líquido CSSL devida pela contribuinte. 2. A empresa Supremo Industrial e Comercial Ltda. formalmente incorporou Suprarroz S/A (posteriormente incorporada pela Recorrente). Aquela acumulava prejuízos (era deficitária, segundo o TRF), enquanto esta era empresa financeiramente saudável. 3. O Tribunal de origem entendeu que houve simulação, pois, em realidade, foi a Suprarroz que incorporou a Supremo. A distinção é relevante, pois, neste caso (incorporação da Supremo pela Suprarroz), seria impossível a compensação de prejuízos realizada, nos termos do art. 33 do DL 2.341/1987. 4. A solução integral da lide, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 5. Não há controvérsia quanto à legislação federal. 6. A contribuinte concorda que a incorporadora não pode compensar prejuízos acumulados pela incorporada, para reduzir a base de cálculo da CSSL, nos termos do art. 33 do DL 2.341/1987. Defende que a empresa com prejuízos acumulados (Supremo) é, efetivamente, a incorporadora. 7. O Tribunal de origem, por seu turno, não afasta a possibilidade, em tese, de uma empresa deficitária incorporar entidade financeiramente sólida. Apenas, ao apreciar as peculiaridades do caso concreto, entendeu que isso não ocorreu. 8. Tampouco se discute que, em caso de simulação, "é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma" (art. 167, caput, do CC). 9. A regularidade formal da incorporação também é reconhecida pelo TRF. 10. A controvérsia é estritamente fática: a Recorrente defende que houve, efetivamente, a incorporação da Suprarroz (empresa financeiramente sólida) pela Supremo (empresa deficitária); o TRF, entretanto, entendeu que houve simulação, pois, de fato, foi a Suprarroz que incorporou a Supremo. 11. Para chegar à conclusão de que houve simulação, o Tribunal de origem apreciou cuidadosa e aprofundadamente os balanços e demonstrativos de Supremo e Suprarroz, a configuração societária superveniente, a composição do conselho de administração e as operações comerciais realizadas pela empresa resultante da incorporação. Concluiu, peremptoriamente, pela inviabilidade econômica da operação simulada. 12. Rever esse entendimento exigiria a análise de todo o arcabouço fático apreciado pelo Tribunal de origem e adotado no acórdão recorrido, o que é inviável em Recurso Especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 13. Aclaratórios opostos com o expresso intuito de prequestionamento não dão ensejo à aplicação da multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC, que deve ser afastada (Súmula 98/STJ). 14. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (grifei) (STJ REsp: 946707 RS 2007/00926564, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 25/08/2009, T2 SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: > DJe 31/08/2009)" No caso concreto, a autoridade lançadora, para fins tributários, deu prevalência à essência sobre a forma, em razão da utilização dos trabalhadores das empresas IBS e IM de forma interposta, com vistas ao fracionamento dos respectivos faturamentos e consequente redução das contribuições previdenciárias a recolher, haja vista a opção das empresas IBS e IM pelo regime de tributação Simples. A valoração jurídica das situações e circunstâncias fáticas efetuada pela Fiscalização da RFB, e corroborada pela decisão recorrida, revela posição avançada sobre o conteúdo do conceito jurídico de simulação previsto no art. 167 do Código Civil Lei n. 10.406/2002. Fl. 667DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 107 13 Restou evidenciado, no caso em tela, o confronto da visão globalizante, material e causalista em face da tradicional visão formalista e voluntarista de simulação sustentada pelo Recorrente. Nessa perspectiva, prevaleceu o conceito amplo de simulação, que, na sua essência, privilegia aspectos econômicos e operacionais, na medida em que a autoridade lançadora examinou, no caso em apreço, a causa concreta dos negócios, comparandoa com a causa típica ou a finalidade prática para a qual os negócios jurídicos foram engendrados pelo ordenamento jurídico, avaliando as operações em sua totalidade com o fito de aferir o quanto artificiosos e ausentes de substrato jurídico efetivo podem ter sido os atos e os negócios jurídicos praticados pelas empresas Saturno, IBS e IM. É oportuno repisar que a Recorrente não faz acompanhar do Recurso Voluntário de efls. 487/642 conjunto probatório suficiente a ilidir as situações e circunstâncias fáticas que caracterizam a simulação em apreço, instituto previsto no art. 167 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002). Por sua vez, o Direito Tributário, apesar de constituirse microssistema formado por um complexo conjunto de normas, não é hermético, nem indiferente aos demais ramos do Direito. Assim, nenhum óbice se opõe à autoridade lançadora buscar conceitos, definições e conteúdos em outros ramos do Direito visando a fortalecer a sua argumentação para fins da constituição do crédito tributário, com mais razão ainda quando o Direito em questão é fundamental à compreensão do suporte fático da hipótese de incidência tributária, conforme evidenciase nos autos o Enunciado TST 331 e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) DecretoLei n. 5.452/1943. No caso concreto, os dispositivos legais que respaldam o lançamento do crédito tributário consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 37.274.4060 (efls. 02/46) encontramse discriminados no Anexo FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO (FLD) efls. 41/43, com fulcro na Lei n. 8.212/91. Outrossim, o princípio da primazia da realidade ou da verdade real, não obstante a sua ampla aplicação na seara justrabalhista, não é incompatível com o Direito Tributário, como sugere a Recorrente. Bem ao contrário, mantém estreita vinculação com o princípio da verdade material, tão festejado na seara tributária. Com efeito, o princípio da primazia da realidade ou da realidade dos fatos visa à priorização da verdade real em face da verdade formal, enquanto que o princípio da verdade material busca a realidade dos fatos, conforme ocorrida. Como se observa, a proximidade conceitual e teleológica é óbvia, o que dispensa maiores ponderações. Não há previsão legal para apropriação dos valores recolhidos pelas empresas IBS e IM para fins de abatimento do crédito tributário em apreço, vez que o sujeito passivo da obrigação principal é a empresa Balanças Saturno S/A CNPJ 02.169.172/000119 e os recolhimentos em apreço não só dizem respeito a terceiros , empresas optantes por regime de tributação diverso (no caso concreto, Simples) , bem como repercutiram na apuração do resultado contábil e fiscal destas últimas, afastandose qualquer comunicação entre tais resultados com aquele apurado pela Recorrente. Fl. 668DF CARF MF 14 Quanto à dilação probatória e perícia técnica arguidas pela Recorrente na peça recursal de efls. 487/642, cabe destacar que: i) o prazo para interposição de recurso voluntário, acompanhado do conjunto probatório, é de 30 (trinta) dias, conforme disposto no art. 15 do Decreto n. 70.235/72, que disciplina o processo administrativo fiscal. Tratase de prazo peremptório; ii) inexiste previsão legal para dilatação do prazo consoante solicitado pelo Recorrente; iii) a prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, ressalvados os casos em que seja demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna por motivo de força maior, ou refirase a fato ou direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, pressupostos não demonstrados. Não sendo o caso dos autos, indeferese o pedido. É o que dispõe o art. 16, § 4°., do Decreto n. 70.235/72; iv) o pedido de perícia, conforme o art. 16, IV, do Decreto n. 70.235/72, é facultado ao Recorrente, mas fica sujeito ao juízo do julgador decidir sobre a sua realização, podendo ser indeferidas as que considerarem prescindíveis ou impraticáveis (art. 18, caput, do Decreto n. 70.235/1972). No caso concreto, a instância de piso entendeu por indeferir, vez que não atende aos pressupostos do art. 16, IV, do Decreto n. 70.235/72, pois a impugnante deixou de apresentar os quesitos referentes aos exames desejados, o que resulta no seu indeferimento, e, além disso, não foram apresentados dados concretos que indicassem possíveis erros na apuração das contribuições lançadas; v) a indicação e nomeação de perito, apresentada em 07/02/2011, consubstanciada às efls. 437/440 não se amolda aos pressupostos do art. 16, IV, do Decreto n. 70.235/72, bem assim visa à verificação de documentos probatórios já apreciados pela Fiscalização, no que se torna despiciendo, e documentos que serão juntados, já alcançados pela preclusão, vez que todas as provas deveriam acompanhar o Recurso Voluntário de efls. 487/642. Isto posto, sigo o entendimento da DRJ/POA no sentido de considerar prescindível a perícia solicitada e indeferir o pedido da Recorrente neste ponto, a teor do art. 57, § 3°., do Anexo II do RICARF. É cediço que o ônus da prova no processo administrativo fiscal é regulado pelos princípios fundamentais da teoria da prova, abrigados, inclusive, no Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015), que àquele se aplica, ainda que subsidiariamente. Destarte, não resta dúvida de que no processo administrativo fiscal, para apuração e exigência do crédito tributário, inclusive em sede de lançamento de ofício, o autor é o Fisco e é deste o ônus de provar a ocorrência da hipótese de incidência tributária (fato gerador). No tocante à inversão do ônus da prova, suscitada pela Recorrente na peça recursal de efls. 487/642, é oportuno destacar a presunção de legitimidade do ato administrativo, que tem natureza relativa. Essa presunção, como não poderia deixar de ser, não elide o dever do Fisco de comprovar a ocorrência do fato gerador, da incidência da hipótese tributária em face do caso concreto, bem assim das circunstâncias em que esta ocorreu, concretizouse. O lançamento do Fl. 669DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 108 15 crédito tributário é ato administrativo vinculado e regido, dentre outros, pelos princípios da estrita legalidade e da tipicidade cerrada, do que decorre a necessária e cabal demonstração da ocorrência dos fatos e motivos que àquele deram suporte, forte no art. 9°. do Decreto n. 70.235/72. Assim, da falta de comprovação do fato gerador deflui a invalidade do lançamento tributário, vez que não há no ordenamento jurídico pátrio norma jurídica que lhe imponha a presunção de legitimidade. No caso em tela, é farta a documentação acostada aos autos pela autoridade lançadora no sentido de fundamentar o lançamento em litígio, colhidas no curso da ação fiscal, oportunidade em que, frisese, foi concedido amplo direito de defesa e contraditório ao Recorrente, consubstanciados nos termos de intimação fiscal, consoante registrado às efls. 56/64 e 243/431. Em sede de impugnação (efls. 92/229), a Recorrente trouxe ainda aos autos diversos documentos de efls. 243/431, inclusive solicitação de perícia (efls. 437/440), que foram devidamente apreciados pelo órgão julgador de primeira instância de forma exaustiva e minuciosa, nos termos do Acórdão n. 1040.978 (efls. 444/482). Todavia, todo o conjunto probatório ao qual a Recorrente se socorreu não se mostrou com força suficiente para elidir a existência dos fatos geradores de contribuições sociais para os quais não foram efetuados os recolhimentos devidos, conforme previsto na legislação previdenciária. Destarte, o lançamento consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 37.274.4060 (efls. 02/46) tem suporte em provas suficientes da ocorrência da hipótese de incidência tributária, o que lhe confere muito mais do que apenas presunção de legitimidade, vez que os elementos probatórios opostos pela Recorrente não têm força bastante a ilidilo. Com relação à alegação da Recorrente em face da multa aplicada, é bastante elucidativo e suficiente o posicionamento da decisão recorrida, mais precisamente no tópico específico "Da Multa aplicada" efls. 476/479 do Acórdão n. 1040.978, verbis: "Da Multa aplicada A impugnante insurgese ainda contra as multas aplicadas ao lançamento. Ora pede a aplicação da multa máxima de 75%. Ora alega que este percentual caracteriza confisco. Aos fatos geradores ocorridos até a competência 11/2008 a multa moratória era disciplinada pelo artigo 35, incisos I, II e III da Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 9.876, de 26/11/1999, em percentuais que aumentavam conforme o momento do pagamento. Em 04/12/2008 foi publicada a Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27/05/2009, que alterou a legislação e acrescentou o artigo 35 A à Lei nº 8.212/1991, disciplinando as multas no lançamento de ofício, as quais então passaram a ser aplicadas nos termos do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, nas situações que envolvam falta de pagamento ou recolhimento e ausência ou inexatidão da declaração. Em razão da alteração na legislação previdenciária devem ser observados os termos do artigo 106, inciso II, alínea “c” da Lei nº 5.172, de 25/10/1966 Código Tributário Nacional (CTN), que determina a aplicação da legislação menos severa ao contribuinte, comparandose a penalidade imposta pela legislação vigente à Fl. 670DF CARF MF 16 época da ocorrência dos fatos geradores (multa de mora de 24% somada à multa do AI 68 – apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores) e a imposta pela legislação superveniente (multa de ofício de 75%). O exame comparativo do valor das multas foi feito mês a mês pela fiscalização, aferindose matematicamente os valores por uma ou outra metodologia, contemplando, por competência, a penalidade mais branda. Portanto, a autoridade fiscal aplicou a legislação, respeitando o disposto na alínea “c”, inciso II, do art. 106 do CTN, ou seja, a multa mais benéfica ao contribuinte no período de 01/2007 a 11/2008. No período de 01/2007 a 11/2008 foi aplicada a multa de 24%, prevista na legislação vigente à época dos fatos geradores e disciplinada no inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.876/1999. No período de 12/2008 a 12/2009 foi aplicada a multa com base na legislação atual, ou seja, a multa no percentual de 75%, agravada, totalizando 150%, com suporte no artigo 35A da Lei nº 8.212/1991, incluído pela Medida Provisória nº 449, de 04 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, combinado com o artigo 44, inciso I, e seu parágrafo 1º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, na redação dada pela Lei n.º 11.488, de 15 de junho de 2007. O artigo 44, inciso I, e seu parágrafo 1º da Lei nº 9.430/96 rezam, “in verbis”: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1.º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Os artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, supra referidos, estabelecem, “in verbis”: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Fl. 671DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 109 17 O conceito de dolo encontrase estabelecido no artigo 18, inciso I, do DecretoLei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940 Código Penal, que define o crime doloso como aquele “em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo”. Em relação ao crime em que o agente quis o resultado, dizse que houve dolo direto; no tocante àquele em que o agente assumiu o risco de produzilo, dolo eventual. Na lição de Julio Fabbrini Mirabete (in Manual de direito penal. São Paulo, Atlas, 1990. 5ª edição. Vol. 1, págs. 138/139), “o Código Penal Brasileiro adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto e a teoria do assentimento ao conceituar o dolo eventual”. Pela teoria da vontade, concernente ao dolo direto, “age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. É necessário para a sua existência, portanto, a consciência da conduta e do resultado e que o agente a pratique voluntariamente”; pela teoria do assentimento, ou do consentimento, relativa ao dolo eventual, “faz parte do dolo a previsão do resultado a que o agente adere, não sendo necessário que ele o queira. Para a teoria em apreço, portanto, existe dolo simplesmente quando o agente consente em causar o resultado ao praticar a conduta”. No caso em tela, restou constatado que a impugnante utilizouse das empresas IBS e IM com a finalidade (dolo direto) de evitar ou reduzir o pagamento de tributos por meio da utilização de empresas interpostas. É o que se pode concluir à vista de todo o procedimento adotado pela impugnante, aqui considerado não só o estabelecimento de todas no mesmo local; a prestação de serviços de forma exclusiva da IBS e IM à Saturno (processo de industrialização); o pagamento de despesas da IBS e IM pela Saturno; o envio de aporte financeiro que a autuada fazia para a IBS e a IM além de todos os demais fatos amplamente noticiados. Há que se considerar também todos os procedimentos e informações prestados perante órgãos públicos – enquadramento cadastral adotado, contratos sociais, contrato de prestação de serviços, cadastros em órgãos públicos, folhas de salários, escrituração contábil independente, contratação de segurados feitas por cada uma das empresas – com vistas a manter a aparência de empresas independentes. Vislumbrase, no caso, a ocorrência de conluio (previsto no artigo 73 da Lei n.º 4.502/1964) entre as empresas Saturno, IBS e IM para a prática de fraude (definida no artigo 72 da Lei n.º 4.502/1964), consistente na contratação e pagamento de remuneração de trabalhadores através de empresas interpostas, com o objetivo de evitar o pagamento das contribuições devidas sobre a remuneração dos trabalhadores assim contratados; e de sonegação (definida no artigo 71, inciso I, da Lei n.º 4.502/1964), na medida em que todo o procedimento adotado pela impugnante e pelas empresas IBS e IM, inclusive no que respeita às informações prestadas pelo contribuinte, levou a Secretaria da Receita Federal do Brasil a acreditar que a impugnante estava em dia com suas obrigações tributárias, mascarando a situação irregular em que se encontrava, somente identificada após o trabalho de fiscalização. Uma vez preenchidos os requisitos estabelecidos no parágrafo 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, cabe o aumento de multa previsto, razão pela qual mantémse a multa qualificada de 150% no lançamento, que não poderá ser reduzida, como quer a impugnante. Observese que não se está julgando se houve, ou não, a prática de crime, competência essa atribuída ao Poder Judiciário, mas tãosomente se foram preenchidos os requisitos estabelecidos em Lei, para a qualificação da multa. Fl. 672DF CARF MF 18 A conduta da impugnante, ao simular a contratação de trabalhadores por meio de empresas interpostas, considerando o conjunto de elementos trazidos aos autos, justifica a aplicação da multa de ofício qualificada. A multa, nos moldes exigidos no presente lançamento, foi calculada em consonância com a legislação que rege a matéria, não podendo a Administração Pública deixar de aplicála, por se tratar de ato vinculado e obrigatório. A aplicação da multa de mora calculada por atraso à taxa de 0,33% ao dia, limitada a 20% (artigo 61, §§1º e 2º da Lei nº 9.430, de 1996), como solicita a autuada, só deve incidir para os tributos vencidos e pagos antes do início do procedimento fiscal, hipótese que não se aplica aos autos. A legislação citada anteriormente também afasta a aplicação do percentual de 2% (dois por cento) previsto no Código de Defesa do Consumidor CDC (Lei nº 8.078, de 1990, alterada pela Lei 9.298, de 1996). Não são aplicáveis as disposições do Código do Consumidor às relações jurídicotributárias, que têm natureza pública. Por todo o exposto e considerando o caráter irrelevável da multa e ainda, que não foi demonstrada pela autuada a existência de qualquer inconsistência na sua aplicação, mantémse as multas, nos percentuais aplicados. Os argumentos de que a multa aplicada fere os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e que tem caráter confiscatório não são passíveis de reconhecimento na esfera administrativa, eis que o que determina a aplicação da multa é a legislação pertinente. A vedação constitucional ao confisco dirigese ao legislador, devendo este observá la no momento da elaboração da lei. À autoridade administrativa cabe apenas aplicar a multa nos moldes da legislação que a instituiu, em razão de sua atividade vinculada e obrigatória, sendolhe defeso reduzila ou dispensála. A multa aplicada nos estritos limites previstos na legislação não caracteriza confisco e não ofende os princípios constitucionais invocados pela autuada, não sendo competência funcional do órgão julgador administrativo apreciar alegações de inconstitucionalidade da legislação vigente. Sendo fixada em lei, deve ser exigida sob pena de responsabilidade funcional." É relevante destacar que a autoridade lançadora procedeu ao comparativo de multas (sistemática atual e anterior) previsto na Instrução Normativa RFB n. 971/2009 e na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009, conforme informa a decisão recorrida, bem assim do Relatório Fiscal de efls. 67/90. A despeito da acusação da Recorrente, não houve aplicação de juros sobre as multas aplicadas, conforme bem destacado na decisão a quo com base no Discriminativo de Débitos (DD) efls. 05/23 e sim sobre o valor principal apurado. No tocante à aplicação do art. 161, 1°., do CTN que impõe a limitação dos juros em 1% ao mês , bem assim a exclusão da taxa SELIC, ambos alvo da irresignação do Recorrente, cabem as seguintes considerações: i) O art. 161, § 1°., do CTN não exclui a capitalização dos juros de mora; ii) A capitalização dos juros não é vedada em matéria tributária, bem como é legal a utilização da taxa SELIC; iii) O art. 161, § 1°., do CTN estabelece taxa de juros em caráter supletivo tão somente "se a lei não dispuser de modo diverso". Ocorre que, relativamente Fl. 673DF CARF MF Processo nº 11065.003145/201012 Acórdão n.º 2402006.180 S2C4T2 Fl. 110 19 aos tributos federais, há lei tratando da matéria, de modo que não se aplica taxa de 1% a.m, mas, sim, a taxa SELIC; iv) Existe legislação específica fixando a taxa de juros a ser observada, tanto para todos os tributos, inclusive as contribuições sociais, conforme disposto no art. 84 da Lei n. 8.981/95; art. 13 da Lei n. 9.065/95; art. 61, § 3°., da Lei n. 9.430/96, através da remissão ao seu art. 5°. É nesse sentido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ): "TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MASSA FALIDA. JUROS MORATÓRIOS. ATIVO SUFICIENTE PARA PAGAMENTO DO PRINCIPAL. 1. Está firmado no âmbito da 1ª Seção o entendimento da legitimidade da aplicação da taxa SELIC como índice de juros de mora sobre os débitos tributários para com a Fazenda Nacional, bem como, havendo lei estadual nesse sentido, também em relação a tributos cobrados pelos Estados [...]". (STJ, 1ª. Turma, REsp 1048710/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, julgamento 12/08/2008 DJe 21/08/2008). Não é diferente o posicionamento do CARF consolidado nos enunciados de Súmula CARF n. 4 e n. 5, verbis: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Com relação à correção monetária sobre o valor da multa, verificase, da análise dos autos, que esta incidiu sobre o principal , conforme denunciado no Discriminativo do Débito (DD) efls. 05/23, destacandose que a atualização monetária para fins de correção de créditos tributários foi extinta a partir de janeiro de 1995. No tocante à cumulação de multa moratória e juros de mora, consoante questionamento da Recorrente, cabem as seguintes ponderações: i) a multa de mora encontra abrigo no art. 161 do CTN e tem como infração pressuposta , pura e simplesmente, o não pagamento do débito no respectivo vencimento; ii) os juros moratórios têm como objetivo a recomposição do valor do débito devido e não pago no vencimento, e são expressamente previstos no art. 61, § 3°., da Lei n. 9.430/96; iii) a multa de mora e os juros moratórios têm natureza e finalidades distintas, o que possibilita a cumulação e afasta a incidência de bis in idem. Fl. 674DF CARF MF 20 Nessa perspectiva, não merece reparo a decisão recorrida. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 487/642), e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 675DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.726138/2013-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008
NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
Não acarreta nulidade do processo o fato de os pagamentos que lhe deram origem terem sido indevidamente incluídos também em outro processo, já que o vício, se existente, estaria naquele em que o lançamento foi realizado sobre base erroneamente majorada.
Também não constitui vício o fato de o lançamento não incluir todos os meses do ano-calendário, eis que cada um deles compõe um diferente fato gerador.
AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. ENUNCIADO Nº 1 DA SÚMULA CARF.
O CARF não deve se pronunciar sobre matéria previamente submetida ao crivo do poder judiciário.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. BASE LEGAL. DISCUSSÃO. ENUNCIADO Nº 2 DA SÚMULA CARF.
O CARF não deve se pronunciar sobre argumentos baseados na inconstitucionalidade da lei tributária.
Numero da decisão: 2201-004.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que deram provimento parcial para excluir a responsabilização solidária.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 23/04/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Não acarreta nulidade do processo o fato de os pagamentos que lhe deram origem terem sido indevidamente incluídos também em outro processo, já que o vício, se existente, estaria naquele em que o lançamento foi realizado sobre base erroneamente majorada. Também não constitui vício o fato de o lançamento não incluir todos os meses do anocalendário, eis que cada um deles compõe um diferente fato gerador. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. ENUNCIADO Nº 1 DA SÚMULA CARF. O CARF não deve se pronunciar sobre matéria previamente submetida ao crivo do poder judiciário. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. BASE LEGAL. DISCUSSÃO. ENUNCIADO Nº 2 DA SÚMULA CARF. O CARF não deve se pronunciar sobre argumentos baseados na inconstitucionalidade da lei tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que deram provimento parcial para excluir a responsabilização solidária. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 61 38 /2 01 3- 61 Fl. 1941DF CARF MF 2 Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 23/04/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recursos voluntários (fls. 1707/1741 e 1790/1803) apresentados em face do Acórdão nº 1657.294, da 12ª Turma da DRJ/SPO (fls. 1629/1673), que negou provimento às impugnações formuladas ao auto de infração (fl.3) pela qual foi constituído crédito tributário relativo à Contribuição Previdenciária da empresa, inclusive a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa resultantes dos riscos ambientais do trabalho – Gilrat. Segundo o relatório fiscal, o auto de infração (Debcad nº 37.397.3543) teve por base valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados PLR nas competências 11/2008 e 12/2008 e foi realizado neste processo em apartado para prevenir a decadência, considerando a existência de decisão proferida pelo TRF da 1ª Região, em sede liminar, suspendendo a exigibilidade das contribuições incidentes sobre as parcelas pagas aos empregados da fiscalizada com base na Cláusula Décima do Acordo Coletivo de Trabalho. Depreendese desse documento, que a sede da empresa (CNPJ 17.469.701/000177) firmou em 30/04/2008 um Acordo Coletivo de Trabalho relativo ao período de apuração janeiro a outubro de 2008, com efeitos financeiros em 2008 e 2009, e que a cláusula décima desse acordo conteria a seguinte previsão: CLÁUSULA DÉCIMA DOS EMPREGADOS PERTENCENTES À CATEGORIA DE CARGOS DE NÍVEL TÉCNICO/SUPERIOR/EXECUTIVOS Fica garantido aos empregados pertencentes à categoria de cargos de nível técnico, superior e executivos o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados e garantido a eles o mínimo aqui pactuado, desde que seja pago em conformidade com as metas previamente estabelecidas. A empresa adotará uma antecipação da PLR em novembro de 2008 e o fechamento em maio de 2009. Com base nessa previsão, a Empresa instituiu um plano espontâneo de PLR em benefício de empregados pertencentes à categoria de cargos de nível técnico, superior e executivos, que garantiria a eles um pagamento superior ao estabelecido no Acordo. Fl. 1942DF CARF MF Processo nº 15504.726138/201361 Acórdão n.º 2201004.372 S2C2T1 Fl. 1.941 3 A fiscalização então lançou neste processo os valores que excederam o pago com base no acordo coletivo, R$ 5.495,00, para fins de controle do crédito tributário. Em relação ao acordo apresentado, argumenta a autoridade fiscal que ele não foi prévio ao período de apuração dos lucros/resultados e que a cláusula acima transcrita teria autorizado apenas um cronograma diferenciado para as categorias ali identificadas. O raciocínio é concluído com a seguinte afirmação: 2.1.1.6 – Por todo o exposto, temse configurado que, os benefícios concedidos aos seus trabalhadores, por estar em desacordo com a legislação pertinente, integram os saláriode contribuição para todos os fins e efeitos, conforme art. 214, § 10 do já citado Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048 de 06/05/1999, não havendo motivos que justifiquem a não incidência das contribuições sociais sobre os mesmos. Como não houve depósito judicial, foram lançados os juros moratórios. Não houve lançamento de multa de mora ou de ofício por se tratar de levantamento com exigibilidade suspensa. Grupo econômico A fiscalização arrolou as seguintes empresas como componentes do grupo econômico para fins da responsabilidade solidária de que trata o art. 30, IX, da Lei nº 8.212, de 1991: EMPRESA CNPJ PARTICIPAÇÃO % TRANSPORTE DE PRODUTOS SIDERÚGICOS LTDA. 23.158.504/000130 99,00 ITAUNA SIDERÚRGICA LTDA. 04.005.928/000110 99,99 BMB BELGO MINEIRA BEKAERT ARTEFATOS DE ARAME LTDA. 18.786.988/000121 55,50 ARCELORMITTAL SISTEMAS S/A 25.549.361/000112 100 BELGO MINEIRA COMERCIAL EXPORTADORA S/A 17.633.108/000114 99,99 BELGO BEKAERT ARAMES LTDA 61.074.506/000130 55,00 ARCELORMITTAL TUBARÃO COMERCIAL S/A 27.251.974/000102 100,00 Foi também formalizado processo de Representação Fiscal para Fins Penais uma vez que teriam sido identificados "outros fatos que, "em tese", configuram crimes contra a Seguridade Social e contra a ordem tributária". Impugnado o lançamento, foi proferido Acórdão nº 1657.294, 12ª Turma da DRJ/SPO (fls. 1629/1673), que negou provimento às impugnações apresentadas. Fl. 1943DF CARF MF 4 Da decisão de primeira instância tomou ciência a contribuinte em 20/05/2014 (fl. 1690) e as responsáveis solidárias em 23 e 26/05/2014 (fls. 1683/1705). Os recursos voluntários foram apresentados tempestivamente em 16/06/2014 (fls. 1707/1741 e 1790/1803). Em suas razões de recorrer, a contribuinte alega, em síntese, que: 1. Esse processo deve ser julgado em conjunto com os que lhe são conexos. 2. Inexistência de sujeição passiva solidária: solicita a decretação da nulidade dos termos de sujeição passiva lavrados, pois não haveria previsão no CTN de pessoas solidariamente obrigadas que não possuam qualquer relação com a prática do fato imponível que ensejou a cobrança do tributo. 3. Não há justificativa para a atribuição de responsabilidade às pessoas arroladas no relatório de vínculos. 4. A Representação Fiscal para Fins Penais é nula em virtude da ausência de conduta típica. 5. No mérito, o lançamento é nulo eis que houve cobrança em duplicidade, já que parte dos valores pagos de PLR ensejaram lançamento também no AI Debcad nº 37.397.3527 (processo 15504.726132/201394) sem suspensão da exigibilidade e há contribuições lançadas naquele Debcad que deveriam estar neste (fatos geradores de junho a outubro de 2008). 6. Quanto ao mérito, argumenta que a matéria levada ao judiciário se restringiria à possibilidade de o plano de metas vir apartado do Acordo Coletivo de Trabalho. Assim, não estariam compreendidos na discussão judicial outros argumentos utilizados pela fiscalização, como a necessidade de que o plano de metas fosse prévio ao período de apuração do lucro, questão que deveria ser enfrentada neste CARF. Reforça também a necessidade de avaliação de seu pedido de perícia. 7. A previsão constitucional relativa ao PLR seria autoaplicável e não poderia ser restringida pela Lei nº 10.101, de 2000. 8. Como a fiscalização autuou os empregados de nível técnico, superior e executivos apenas no valor que excedeu aquele fixado no acordo coletivo, acabou por convalidar as regras instituídas nesse acordo. 9. Os mecanismos de aferição também são mera sugestão legal, não sendo de adoção obrigatória. 10. Embora reconheça que se trata de matéria já submetida ao poder judiciário, defende que os valores que deram origem ao presente lançamento foram pagos com base em instrumento de negociação que atende às exigências legais. 11. Há comprovação no terceiro anexo do programa de como se dão as avaliações de desempenho individual. 12. A própria lei convalida a existência de planos espontâneos. Fl. 1944DF CARF MF Processo nº 15504.726138/201361 Acórdão n.º 2201004.372 S2C2T1 Fl. 1.942 5 Com base no exposto, pede a reforma da decisão recorrida para que seja julgado nulo o lançamento com base nas preliminares ou, no mérito, seja julgada ilegal a exigência fiscal. As empresas a quem foi imputada responsabilidade solidária, por sua vez, argumentam que: 1. A empresa ARCELORMITTAL SISTEMAS S/A deve ser excluída da relação de sujeitos passivos solidários eis que o termo de sujeição passiva solidária dessa empresa não inclui este processo. 2. A atribuição de responsabilidade solidária não poderia se dar através de norma ordinária como a Lei nº 8.212, de 1991, sendo necessária a edição de lei complementar para tanto; 3. Não existe relação jurídica entre o fato gerador da obrigação tributária e as empresas enquadradas como solidariamente obrigadas, por isso não há interesse comum exigido pelo CTN; 4. A autuação já foi realizada em relação à Empresa Líder do suposto grupo econômico, que é a real detentora de capacidade econômica. Pedem, assim, o cancelamento dos termos de sujeição passiva solidária e sua exclusão do pólo passivo da obrigação tributária discutida nesse processo. Neste Conselho, o processo foi distribuído a esta Conselheira em função de conexão (fls. 1932/1939). É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Os recursos voluntários apresentados preenchem os requisitos de validade e deles conheço. Recurso Voluntário Contribuinte Conexão A empresa autuada pede que esse processo seja julgado em conjunto com os que lhe são conexos. Esta providência foi adotada conforme evidenciam os documentos de fls. 1932/1939. Sujeição passiva solidária Fl. 1945DF CARF MF 6 Alega a recorrente a inexistência de sujeição passiva solidária das empresas que compõem o grupo econômico e a ausência de justificativa para a atribuição de responsabilidade às pessoas arroladas no relatório de vínculos. Quanto à primeira matéria, sujeição passiva solidária, está a defender em nome próprio direito alheio, para o que não está legitimada. A despeito disso, os argumentos de defesa relativos a essa matéria serão tratados mais adiante, quando se tratar das impugnações apresentadas por quem tem legitimidade e interesse para tanto: as responsáveis solidárias. No que tange ao arrolamento dos diretores e contadores no Relatório de Vínculos do Auto de Infração, cumpre mencionar que este relatório não tem como escopo incluir as pessoas nele identificadas no pólo passivo da obrigação tributária, mas sim relacionar as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período de atuação correspondente. Não há, nesse momento, que se falar, em coresponsabilidade dos diretores e contadores pelo crédito constituído por meio deste AI. Representação Fiscal para Fins Penais Quanto a essa matéria, cumpre registrar que o relatório fiscal afirma que a representação tem por objeto fatos estranhos a este processo. Além disso, incide, na espécie, o seguinte enunciado com caráter vinculante: Súmula CARF nº 28 (VINCULANTE): O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Nulidade Aduz a defesa a nulidade do lançamento eis que houve cobrança em duplicidade, já que parte dos valores pagos a título de PLR ensejaram lançamento também no AI Debcad nº 37.397.3527 (processo 15504.726132/201394) sem suspensão da exigibilidade, bem como porque haveria contribuições lançadas naquele Debcad que deveriam estar neste (fatos geradores de junho a outubro de 2008). Quanto a essa matéria a duplicidade foi identificada e corrigida pela DRJ no âmbito do processo 15504.726132/201394, onde os valores incorretamente lançados foram excluídos. Neste caso, se esse vício fosse suficiente para macular o lançamento, como pretende a defesa, nulo seria aquele auto de infração e não este. Por outro lado, os valores que a empresa entende deveriam ter sido lançados neste processo e não naquele são referentes a meses anteriores, ou seja, constituem outros fatos geradores. Não há qualquer regra que determine a obrigatoriedade de que fatos geradores distintos dentro do mesmo anocalendário sejam controlados no mesmo processo. E se essa regra existisse teria natureza procedimental e não material. Deve ser considerado ainda, que os argumentos apresentados no processo 15504.726132/201394 não foram acatados por falta de comprovação, o mesmo acontecendo neste. Fl. 1946DF CARF MF Processo nº 15504.726138/201361 Acórdão n.º 2201004.372 S2C2T1 Fl. 1.943 7 Analisandose os documentos juntados na impugnação do processo 15504.726136/201372 (doc. 6 fls. 1209/1217), vêse que a maioria das rescisões é de data anterior ao acordo coletivo, que foi firmado em 30 de abril, e não há qualquer demonstrativo de cálculo que evidencie como foram apurados os valores pagos de forma a efetivamente vincular esses pagamentos àquele acordo e à matéria em discussão na ação judicial. Portanto, nesse tópico, preciso concordar com a DRJ de que não houve comprovação do quanto alegado. Por outro lado, o fato de o lançamento com e sem exigibilidade suspensa ser realizado em processos separados constitui medida para facilitar o controle do crédito tributário. Assim, se fosse efetivamente demonstrado que aqueles pagamentos estão inseridos na discussão judicial, bastaria a suspensão dos créditos correspondentes, não havendo razão para se falar em nulidade do lançamento, uma vez que o plano de PLR foi, como um todo, considerado inadequado pela fiscalização com base em argumentos que estão sendo mantidos nesta esfera recursal. Pelas razões expostas, considero improcedente a alegação de nulidade do lançamento. Mérito Quanto ao mérito, argumenta que a matéria levada ao judiciário se restringiria à possibilidade de o plano de metas vir apartado do Acordo Coletivo de Trabalho. Assim, não estariam compreendidos na discussão judicial outros argumentos utilizados pela fiscalização, como a necessidade de que o plano de metas fosse prévio ao período de apuração do lucro, questão que deveria ser enfrentada neste CARF. Em relação à ação proposta, as informações fornecidas pela autoridade fiscal são as que seguem: 2.1.1.5.2.2 – Complementando, noticiou a existência de uma ação declaratória, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, em face da União Federal para que o Poder Judiciário declarasse a inexistência de relação jurídica que obrigasse a Autora ao recolhimento de contribuições previdenciárias sobre as parcelas pagas aos seus empregados com base na Cláusula Décima do Acordo Coletivo de Trabalho, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e Material Elétrico de BH e Contagem, uma vez que tal parcela, no seu entendimento, preencheria os requisitos legais e constitucionais para a não incidência das contribuições, nos termos do art. 7º, XI, da CF/88. Destacou ainda que o objeto da ação declaratória tinha como objeto a Cláusula Décima do Acordo Coletivo firmado pela empresa para o pagamento de Participação nos Lucros ou Resultados para o ano de 2008/2009 e referente ao estabelecimento inscrito no CNPJ 17.469.701/000177. 2.1.1.5.2.2.1 – Sendo assim, face à decisão proferida pelo TRF da 1ª Região – Processo AI 2009.01.00.0030644, em sede liminar, suspendendo a exigibilidade das contribuições previdenciárias incidentes sobre as parcelas pagas pela Autora aos seus empregados com base na Cláusula 10ª do referido Fl. 1947DF CARF MF 8 Acordo Coletivo de Trabalho, este Auto de Infração tem o objetivo de prevenir a decadência na constituição do crédito. De acordo com esse texto, que é corroborado pelo documento apresentado pela empresa (fls. 239/245), a ação pretende discutir se as parcelas pagas supostamente com base no artigo 10 do Acordo Coletivo "preencheria os requisitos legais e constitucionais para a não incidência das contribuições, nos termos do art. 7º, XI, da CF/88". Ou seja, o escopo do processo judicial mostrase mais amplo do que alega a recorrente, compreendendo a verificação da adequação entre o procedimento que foi por ela adotado e as regras que dão eficácia ao comando constitucional. Por outro lado, para que fosse observada qualquer limitação quanto à matéria em que haveria concomitância, seria necessário que a empresa demonstrasse documentalmente os contornos do escopo do processo judicial o que não foi feito. Nesse caso, o processo administrativo deve se restringir a discutir questões decorrentes do procedimento realizado, ou seja, fatos surgidos com a efetiva atuação da administração pública no caso concreto. Nesse caso, essa matéria ficaria fora do âmbito de competência desse conselho por aplicação do seguinte enunciado da Súmula CARF: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por essa razão, deixo de enfrentar os argumentos relativos à observância das regras estabelecidas pela legislação de regência quanto ao pagamento de PLR para os empregados de nível técnico, superior e executivos lançados nesse processo que não sejam decorrência direta do procedimento realizado. Um argumento que decorre diretamente do procedimento realizado e, por isso, deve ser enfrentado, diz respeito ao fato de o lançamento, em relação aos empregados de nível técnico, superior e executivos ter sido realizado apenas no valor que excedeu aquele fixado no acordo coletivo, o que teria acabado por convalidar o valor pago com base nesse acordo. Com efeito, analisandose os autos do processo nº 15504.726132/201394, no qual foram lançadas as contribuições patronal e Gilrat relativas às competências 01/2008 a 12/2008 incidentes sobre os valores pagos nos limites previstos no acordo coletivo, percebo que, em relação ao estabelecimento de fim 000177 (planilha às fls. 52/79), não há nos meses de novembro e dezembro de 2008 o lançamento sobre a parcela que foi excluída nos cálculos deste processo, o que corrobora a alegação da recorrente. Este fato, entretanto, evidencia um erro de fato na apuração da base de cálculo naquele processo. Não entendo isso como ausência de quantificação da base tributável, como alegado pela recorrente, eis que estes erros seriam pertinentes ao critério jurídico adotado e não a erros procedimentais. Com efeito, analisandose os dois processos em conjunto, vêse que foi intenção da autoridade fiscal efetuar o lançamento de todo o valor, segregando neste processo apenas aquilo que estaria com a exigibilidade suspensa. Portanto, houve identificação da Fl. 1948DF CARF MF Processo nº 15504.726138/201361 Acórdão n.º 2201004.372 S2C2T1 Fl. 1.944 9 matéria tributável e dos critérios adequados para sua quantificação, sendo o erro apontado meramente procedimental. Por outro lado, não entendo demonstrada a necessidade de realização de perícia, eis que esse instrumento tem por finalidade munir o julgador de elementos necessário à formação de sua convicção, não havendo, no processo em análise, qualquer lacuna a ser preenchida por essa via. Em conclusão, rejeito o pedido de perícia e nego provimento ao recurso voluntário apresentado pela contribuinte. Responsáveis solidárias Inicialmente, deve ser enfrentada a alegação da empresa Arcelormittal Sistemas S/A, que pede sua exclusão do rol de sujeitos passivos solidários eis que seu termo de sujeição passiva solidária não mencionaria este processo. Quanto a este argumento, adoto as razões expendidas pela decisão de piso, de onde transcrevo: É de se salientar, aqui, que, ao contrário do que entendem as impugnantes,a ARCELORMITTAL SISTEMAS S/A. (CNPJ 25.549.361/000112) foi incluída como devedora solidária, com relação ao AI DEBCAD n.º 37.397.3543 (COMPROT 15504.726138/201361). Conforme se pode verificar, à fl. 04 (identificada como folha de continuação do Auto de Infração DEBCAD n.º 37.397.3543), a empresa retro mencionada consta expressamente na relação dos sujeitos passivos solidários ao AI em tela. Cumpre reproduzir, no caso, também, alguns trechos do campo “Contexto” do Termo de Sujeição Passiva Solidária n.º 05, de fls. 1.144 a 1.145, relativo à ARCELORMITTAL SISTEMAS S/A. (CNPJ 25.549.361/000112): (...) A sujeição passiva solidária aplicada, descrita no presente Termo, encontrase detalhada nos Relatórios Fiscais partes integrantes dos Autos de Infração Debcad de nº 37.349.3527 (Processo 15504.726132/201394) ; 51.041.0561 (Processo 15504.726133/201339) ; 37.349.3543 (Processo 15504.726138/201361) e 51.041.0545 (Processo 15504.726139/201314). (...) Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária sobrestada de que tratam os Autos de Infração lavrados na data de 27/06/2013, contra o sujeito passivo acima identificado, relativamente às Contribuições Previdenciárias, cujas cópias estão sendo Fl. 1949DF CARF MF 10 entregues neste ato, juntamente com o presente Termo. (grifos nossos) Cabe destacar, ainda, que constam no Relatório Fiscal do presente Auto de Infração, de fls. 14 a 30, as informações a seguir transcritas. (...) 3.8 Estão sendo arroladas as empresas, abaixo identificadas, componentes do grupo econômico identificado, à vista do disposto no “art. 30, inciso IX, da Lei nº. 8.212/91"... (...) 3.8.1 PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA DA ARCELORMITTAL BRASIL S/A. (Investidora) (...) Por fim, notese que a pessoa que assina o recebimento do AI em tela, pelo contribuinte ARCELORMITTAL BRASIL S.A., à fl. 03, é a mesma que assina o recebimento do Termo de Sujeição Passiva Solidária n.º 05, pela ARCERLORMITTAL SISTEMAS S.A., à fl. 1.145: o procurador Bruno Magno Carvalho da Silva. E, assim, temse que a ARCERLORMITTAL SISTEMAS S.A. foi devidamente cientificada de sua inclusão como devedora solidária no que diz respeito ao Auto de Infração em tela, pela fiscalização. Em relação ao mérito, a fiscalização afirma a existência de grupo econômico tendo em vista o grau de participação societária verificada. As recorrentes não contestam a existência desse grupo, na verdade, chegam a afirmálo ao defender que quem detém o controle sobre as empresas arroladas como solidárias é a empresa autuada (fl. 2968). Os argumentos de defesa são centrados na impossibilidade de que responsabilidade tributária seja tratada por norma que não tenha a envergadura de Lei Complementar. Aduzse que a responsabilidade só pode ser atribuída para as pessoas que tenham interesse comum na ocorrência do fato gerador da respectiva obrigação (art. 124, I, do CTN) ou que tenham vinculação direta com esse fato (art. 128 do CTN). Com essa linha de argumentação, vêse que as responsáveis solidárias procuram negar validade a texto de lei que se encontra em vigor e produzindo todos os seus efeitos (artigo 30, IX da Lei nº 8.212, de 1991), o que equivale à declaração de sua inconstitucionalidade. A análise dessa linha de argumentação é vedada aos componentes desse colegiado, conforme evidencia o seguinte enunciado da Súmula CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 1950DF CARF MF Processo nº 15504.726138/201361 Acórdão n.º 2201004.372 S2C2T1 Fl. 1.945 11 Pelas razões acima, nego provimento ao recurso voluntário apresentado pelas responsáveis solidárias. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer dos recursos voluntários apresentados para, rejeitadas as preliminares arguídas, no mérito, negar lhes provimento. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 1951DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004294/2007-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
Ementa:
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Não tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado procedente.
EXCLUSÃO RETROATIVA DO SIMPLES. INTERPOSTAS PESSOAS. A opção pela sistemática do Simples é ato do contribuinte sujeito a condições e passível de fiscalização posterior, prevendo a legislação a exclusão retroativa, quando verificado que o contribuinte incluiu-se indevidamente no sistema.
O ato de exclusão ex officio do Simples constitui procedimento destinado a alterar o regime tributário a que se submete o contribuinte, medida esta que deverá ser implementada pela autoridade fiscal, no momento em que verificar quaisquer das condições impeditivas previstas no art. 14 da Lei nº 9.317/1996. Os efeitos serão retroativos, observadas as hipóteses previstas no art.15 desta mesma lei.
MULTA. APLICAÇÃO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF).
Numero da decisão: 1301-002.910
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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DESCARTAVEIS HIGIENE E LIMPEZA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Não tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado procedente. EXCLUSÃO RETROATIVA DO SIMPLES. INTERPOSTAS PESSOAS. A opção pela sistemática do Simples é ato do contribuinte sujeito a condições e passível de fiscalização posterior, prevendo a legislação a exclusão retroativa, quando verificado que o contribuinte incluiuse indevidamente no sistema. O ato de exclusão ex officio do Simples constitui procedimento destinado a alterar o regime tributário a que se submete o contribuinte, medida esta que deverá ser implementada pela autoridade fiscal, no momento em que verificar quaisquer das condições impeditivas previstas no art. 14 da Lei nº 9.317/1996. Os efeitos serão retroativos, observadas as hipóteses previstas no art.15 desta mesma lei. MULTA. APLICAÇÃO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 42 94 /2 00 7- 51 Fl. 950DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 951 2 (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase o presente processo de autuação fiscal decorrente omissão de receitas no anocalendário de 2003, o que culminou com a lavratura dos autos de infração (fls. 754/789) exigindo os créditos tributários relativos ao Simples. Vejamos as descrições dos fatos do auto de infração e seus desdobramentos, conforme se extrai do relatório constante no Acórdão nº 1626.150 prolatado pela 1ª Turma da DRJ/SP1(fls. 913/915): As infrações apuradas correspondem a: 1 Omissão de Receitas — Depósitos bancários não escriturados, e 2 Insuficiência de recolhimento. A apuração detalhada dos fatos e da base de cálculo constam do Termo de Verificação Fiscal de fls. 730 a 737, que faz parte integrante dos autos de infração. O contribuinte foi cientificado do Termo de Verificação Fiscal e dos Autos de Infração em 16/01/2008 e apresentou em 14/02/2008, a impugnação de fls. 794 a 806 contra os autos de infração. Tendo em vista o procedimento fiscal, a autoridade autuante protocolou a Representação Fiscal para Exclusão de Oficio do Simples do contribuinte do regime de tributação Simples, cujo o processo n° 19515.004295/200704 foi anexado aos presentes autos, As fls. 828 a 891. Como conseqüência, foi expedido o Ato Declaratório Executivo Dicat/Derat/SPO n° 310, de 22/02/2008 (fl. 850). Notificado da decisão que o excluiu do Simples em 06/03/2008 (fl. 851 verso), o interessado apresentou, a manifestação de inconformidade de fls. 853 a 855, recebida em 03/04/2008, em que alega, resumidamente que: A requerente tomou ciência do Ato Declaratório Executivo pelo qual foi excluída do Simples a partir do dia 01/01/2004; Alega a fiscalização que a receita bruta da impugnante, no anocalendário 2003, ultrapassou o limite legal. Ocorre que a exclusão da requerente do Simples a partir do dia 01/01/2004 vem sendo discutida administrativamente no processo n° 19515.004294/200751; Diante da lavratura do auto de infração n° 1 .9515.004294/200751, a requerente apresentou sua impugnação suscitando que a sua exclusão do Simples, Fl. 951DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 952 3 com o conseqüente lançamento de oficio de valores de IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e contribuições ao INSS, afronta o principio da irretroatividade da lei tributária, preconizado no art. 150, III , "a" da CF/88, bem como no art. 106 do CTN; A impugnação apresentada está pendente de julgamento, situação que leva à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Desta forma, o processo n° 19515.004294/200751 e o Ato Declaratório Executivo Derat/SPO n° 310/2008 devem ter o tramite suspenso, haja vista que a exclusão da requerente do Simples a partir do dia 01/01/2004 está sendo discutida administrativamente, diante da apresentação de impugnação administrativa no processo n° 19515.004294/200751, situação que instaurou a fase litigiosa, nos termos do art. 14 e seguintes do Decreto n° 70.235/72; Requer a suspensão do processo n° 19515.004294/200751 e do Ato Declaratório Executivo Derat/SPO no 310/2008 até decisão definitiva a ser proferida no processo n° 19515.004294/200751. A DRJ, ao analisar a impugnação de fls 915/923, julgou improcedente, mantendo na integra a exigência fiscal. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (933/942), no qual repisa os argumentos da Impugnação e contesta os motivos que levaram à DRJ a julgar seu pedido improcedente. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator. O recurso voluntário foi tempestivamente interposto e atende os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Cuida o presente processo de auto de infração referente à créditos tributários relativo ao Simples Nacional no valor R$ 377.746,55 (fls. 754 a 757); à Contribuição para o Programa de Integração Social — PISSimples, crédito tributário de R$ 377.746,55 (fls. 762 a 765); à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLLSimples, crédito tributário de R$ 581.148,61 (fls. 770 a 773); à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINSSimples, crédito tributário de R$ 1.1162.297,29 (fls. 778 a 781) e à Contribuição para Seguridade Social — INSSSimples, crédito tributário de R$ 2.498.939,20 (fls. 786 a 789), referentes aos fatos geradores ocorridos no ano de 2003, acrescidos de multa e juros de mora. As infrações cometidas são decorrentes de: (i) Omissão de Receita Depósitos bancários não escriturados; (ii) Insuficiência de recolhimento. Conforme TVF (fls. 730/737), a fiscalização constatou divergência entre a movimentação financeira não comprovada pelo contribuinte e sua escrituração, bem como com a receita declarada em sua PJSI/2004, de modo que foi efetuado o lançamento fiscal, com base no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Fl. 952DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 953 4 A verificações ficais se deu de forma individualizadas por instituição financeira, abaixo relacionadas, confrontando os valores da sua movimentação financeira constantes do extratos apresentados e sua escrituração: Tendo em vista que a Recorrente foi regularmente intimada e não comprovou, por meio de documentação hábil e idônea, a origem dos creditados/débitos em contasbancárias no anocalendário de 2004, a fiscalização entendeu ser tributáveis os seguintes valores: Diante do exposto, foi constituído o respectivo crédito tributário, perfazendo o montante total de R$ 4.997.878,20. Em face do procedimento fiscal, a autoridade autuante protocolou a Representação Fiscal para a Exclusão de Ofício do Simples do contribuinte do regime de tributação Simples, cujo processo nº 19515.004295/200704 foi anexado aos presentes autos, As fls. 828 a 891. Como conseqüência, foi expedido o Ato Declaratório Executivo Dicat/Derat/SPO n° 310, de 22/02/2008 (fl. 850). Isso porque, de acordo com a legislação atinente ao Simples à epoca dos fatos geradores, a empresa de pequeno porte (EPP) que ultrapassar a receita bruta de R$ 1.200.000,00, deverá ser excluída do Simples, a partir do anocalendário seguinte. Como a contribuinte acabou passando o referido limite no anocalendário de 2003, esta acabou sendo desenquadrada do Simples. Fl. 953DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 954 5 Em sua defesa, a Recorrente alega que a exclusão do Simples, com o conseqüente lançamento de ofício afronta princípio da irretroatividade da lei tributaria, nos termos do art. 106 do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática Isso porque o referido princípio deflui da necessidade de assegurarse às pessoas da segurança e certeza quanto a seus atos pretéritos em face da lei. Assim, quando a lei pretender agravar encargos, só poderá atingir situações futuras. Assim, a Recorrente entende que somente a lei benéfica pode retroagir, o que não se aplica ao caso em comento, tendo em vista que a exclusão com efeito retroativo desestrutura a contabilidade da empresa, de formar a atingir o patrimônio da empresa, o que fere a constituição, conforme a vedação ao confisco (art. 150, VI, CF). Desse modo, a desconstituição de ato ou situação jurídica seria mais prejudicial do que benéfica. Assim, a Recorrente requer seja reconhecida a inexistência da infração imputada, declarando a autuação nula. Com relação aos percentuais da multa aplicada em 75%, a Recorrente alega que teria o viés confiscatório, tendo em vista não guardar proporcionalidade com realidade dos fatos, desrespeitando os princípios constitucionais do não confisco, da proporcionalidades. Igualmente questiona inconstitucionalidade da Taxa Selic. A decisão da DRJ destaca o fato que a Recorrente foi desenquadrada do regime Simples como conseqüência das irregularidade fiscais no anocalendário 2003 (omissão de receita e insuficiência recolhimento) que resultaram nos lançamentos fiscais, objeto do presente processo. Adiante transcreveu os artigos em que pontuam as situações de ingresso, permanência ou exclusão do regime simplificado, contidos na Lei nº 9.317/96. Confirase: Art. 2° Para os fins do disposto nesta Lei, considerase: I microempresa, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais); Fl. 954DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 955 6 II empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferida no anocalendário, receita bruta superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). (Re dada pela Lei n°9.732, de 11.12.1998) § 1° No caso de inicio de atividade no próprio anocalendário, os limites de que tratam os incisos I e II serão proporcionais ao número de meses em que a pessoa jurídica houver exercido atividade, desconsideradas as frações de meses. § 2° Para os fins do disposto neste artigo, considerase receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: Ina condição de microempresa, que tenha auferido, no ano calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais); (Redação dada pela Medida Provisória n°2.18949, de 2001) II na condição de empresa de pequeno porte, que tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais); (Redação dada pela Medida Provisória n° 2.189 49, de 2001) Art. 12. A exclusão do SIMPLES será feita mediante comunicação pela pessoa jurídica ou de oficio. Art. 13. A exclusão mediante comunicação da pessoa jurídica darseá: I por opção; II obrigatoriamente, quando: a) incorrer em qualquer das situações excludentes constantes do art. 9'; b) ultrapassado, no anocalendário de inicio de atividades, o limite de receita bruta correspondente a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) multiplicados pelo número de meses de funcionamento nesse período. § 1° A exclusão na forma deste artigo será formalizada mediante alteração cadastral. § 2° A microempresa que ultrapassar, no anocalendário imediatamente anterior, o limite de receita bruta correspondente a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), estará excluída do SIMPLES nessa condição, podendo mediante alteração Fl. 955DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 956 7 cadastral, inscreverse na condição de empresa de pequeno porte. § 3° No caso do inciso II e do parágrafo anterior, a comunicação deverá ser efetuada: a) até o último dia útil do mês de janeiro do anocalendário subseqüente àquele em que se deu o excesso de receita bruta, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 90 • b) até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que houver ocorrido o fato que deu ensejo à exclusão, nas hipóteses dos demais incisos do art. 9° e da alínea "h" do inciso II deste artigo. Art. 14. A exclusão darseá de oficio quando a pessoa jurídica incorrer em quaisquer das seguintes hipóteses: I exclusão obrigatória, nas formas do inciso II e § 2 0 do artigo anterior, quando não realizada por comunicação da pessoa jurídica; II embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que estiver obrigada, bem assim pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição de auxilio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Sistema Tributário Nacional); III resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicilio fiscal ou a qualquer outro local onde se desenvolvam as atividades da pessoa jurídica ou se encontrem bens de sua posse ou propriedade; IV constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios ou acionista, ou o titular, no caso de firma individual; V prática reiterada de infração à legislação tributária; VI comercialização de mercadorias objeto de contrabando ou descaminho; VII incidência em crimes contra a ordem tributária, com decisão definitiva. Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: I a partir do anocalendário subseqüente, na hipótese de que trata o inciso I do art. 13; II a partir do mês subseqüente àquele em que se proceder à exclusão, ainda que de oficio, em virtude de constatação de situação excludente prevista nos incisos III a XVIII do art. g'; (Redação dada pela Lei n° 9.732, de 11.12.1998) Fl. 956DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 957 8 III a partir do inicio de atividade da pessoa jurídica, sujeitandoa ao pagamento da totalidade ou diferença dos respectivos impostos e contribuições, devidos de conformidade com as normas gerais de incidência, acrescidos, apenas, de juros de mora quando efetuado antes do inicio de procedimento de oficio, na hipótese do inciso II, "b", do art. 13 IV a partir do anocalendário subseqüente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido, nas hipóteses dos incisos I e lido art. 9'; V a partir, inclusive, do mês de ocorrência de qualquer dos fatos mencionados nos incisos II a VII do artigo anterior. § 1 0 A pessoa jurídica que, por qualquer razão, for excluída do SIMPLES deverá apurar o estoque de produtos, matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem existente no último dia do último mês em que houver apurado o IPI ou o ICMS de conformidade com aquele sistema e determinar, a partir da respectiva documentação de aquisição, o montante dos créditos que serão passíveis de aproveitamento nos períodos de apuração subseqüentes. §2° O convênio poderá estabelecer outra forma de determinação dos créditos relativos ao ICMS, passíveis de aproveitamento, na hipótese de que trata o parágrafo anterior. § 3º A exclusão de oficio darse6 mediante ato declaratório da autoridade fiscal da Secretaria da Receita Federal que jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo. (Incluído pela Lei n°9.732, de 11.12.1998) §4º Os órgãos de fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social ou de qualquer entidade conveniente deverão representar à Secretaria da Receita Federal se, no exercício de suas atividades fiscalizadoras, constatarem hipótese de exclusão obrigatória do SIMPLES, em conformidade com o disposto no inciso II do art. 13. (Incluído pela Lei n°9.732, de 11.12.1998) Art. 16. A pessoa jurídica excluída do SIMPLES sujeitarse6, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Portanto, inferese que , de acordo com a legislação vigente à época dos fatos geradores, a empresa de pequeno porte — EPP (enquadramento da Recorrente) que ultrapassar no anocalendário a receita bruta de R$ 1.200.000,00, deverá ser excluída do Simples, a partir do anocalendário seguinte em que ultrapassado o limite estabelecido, no presente caso, 2004. Esta situação foi deflagrada pela autoridade fiscal ao término do procedimento fiscal realizado para o anocalendário de 2003, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal, o que culminou na sua exclusão. Fl. 957DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 958 9 Assim, a decisão concluiu que não assiste razão à tese da irretroatividade da legislação tributário, tendo em vista que não foi apresentada qualquer alegação pertinente aos autos de infração. Concordo, com a decisão de primeira instância. De fato, a Recorrente não combate o objeto da atuação fiscal, qual seja, a omissão de receitas que o fez ultrapassar o limite em relação a receita bruta prevista para permanência no sistema simples, apesar se limitou sua alegação no que cinge a irretroatividade da lei tributária, nos termos do art. 106 do CTN. Isso porque, o presente caso, ocorreu a causa de exclusão do simples pelo fato do contribuinte ter despeitado o critério objeto disposto na Lei que versa sobre o simples, e não a instituição ou majoração de tributos, e como conseqüência a mudança da forma pretérita de quantificação do tributo a pagar, bem como e não a inalcançabilidade dos fatos geradores passados. Portanto, o presente caso não guarda qualquer relação com a finalidade do princípio da retroatividade. Esse colegiado já se manifestou sobre a questão, conforme ementa seguir: EXCLUSÃO RETROATIVA DO SIMPLES. INTERPOSTAS PESSOAS. A opção pela sistemática do Simples é ato do contribuinte sujeito a condições e passível de fiscalização posterior, prevendo a legislação a exclusão retroativa, quando verificado que o contribuinte incluiuse indevidamente no sistema. O ato de exclusão ex officio do Simples constitui procedimento destinado a alterar o regime tributário a que se submete o contribuinte, medida esta que deverá ser implementada pela autoridade fiscal, no momento em que verificar quaisquer das condições impeditivas previstas no art. 14 da Lei nº 9.317/1996. Os efeitos serão retroativos, observadas as hipóteses previstas no art.15 desta mesma lei. (Acórdão nº 1302002.070 – 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária –Sessão de 21 de Março de 2017) Assim, não faço reparos ao quanto decidido em primeira instância, pois de fato houve exclusão do Simples, sendo descabido o quanto alegado pela Recorrente nesse tocante. Multa de Ofício O Recorrente alega que a multa aplicada de 75% é desproporcional, desarrazoada e possui efeito confiscatório por corresponder ao valor do imposto cobrado, razão pela qual deve ser reconhecida a improcedência da multa aplicada. Em relação a este argumento, cumpre relembrar que o CARF não é competente para se manifestar quanto à inconstitucionalidade de lei tributária, razão pela qual as alegações de ofensa a princípios constitucionais não possui o condão de afastar a penalidade aplicada ao contribuinte. Da incidência dos juros SELIC sobre o crédito tributário Fl. 958DF CARF MF Processo nº 19515.004294/200751 Acórdão n.º 1301002.910 S1C3T1 Fl. 959 10 Igualmente, Recorrente alega que a cobrança de juros de mora com a aplicação da taxa selic, levada a efeito pela fiscalização é ilegal, tendo em vista sua natureza remuneratória Sobre a aplicação dos juros SELIC sobre o crédito tributário, já foi sumulada por este colegiado, a sabe: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros oratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Fl. 959DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000627/2005-31
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000
AUTO DE INFRAÇÃO. ADESÃO A PROGRAMA DE PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA.
A adesão a programa de parcelamento importa a desistência do recurso, tornando-se insubsistentes todas as decisões que forem favoráveis ao desistente.
Não se conhece de recurso que perdeu seu objeto, em decorrência da desistência da parte.
Numero da decisão: 9303-005.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial em virtude de desistência do recurso, por adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária - PERT, instituído pela MP 783, de 2017. Declarou-se impedida de participar do julgamento a Conselheira Tatiana Midori Migiyama, sem convocação de suplente para substituí-la.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ADESÃO A PROGRAMA DE PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA. A adesão a programa de parcelamento importa a desistência do recurso, tornandose insubsistentes todas as decisões que forem favoráveis ao desistente. Não se conhece de recurso que perdeu seu objeto, em decorrência da desistência da parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial em virtude de desistência do recurso, por adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária PERT, instituído pela MP 783, de 2017. Declarouse impedida de participar do julgamento a Conselheira Tatiana Midori Migiyama, sem convocação de suplente para substituíla. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 06 27 /2 00 5- 31 Fl. 828DF CARF MF Processo nº 16327.000627/200531 Acórdão n.º 9303005.578 CSRFT3 Fl. 829 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do acórdão 340300.264, de 17 de março de 2010, da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2003 DECADÊNCIA. DEPÓSITO. Depositado o valor da exação tributária com o objetivo de afastar a exigibilidade imediata, não há que se reconhecer decadência em relação aos períodos apurados por meio de lançamento de ofício. EXIGÊNCIA DE CONSECTARIOS LEGAIS. Não cabe a exigência de juros moratórios em razão de depósito judicial ou administrativo, quando integral e tempestivo. Recurso Provido em Parte. O presente processo referese a lançamento de ofício de Contribuição para o PIS, relativo aos períodos de apuração de 01/2000 a 12/2003, discutidos na Ação Ordinária nº 1999.70.00.0282817, com exigibilidade suspensa e sem aplicação da multa de ofício, mantido integralmente em julgamento administrativo de primeira instância. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em sessão de julgamento realizada em 17 de março de 2010, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso, para reconhecer a decadência do direito de constituição de crédito tributário relativo a fatos geradores ocorridos em janeiro, fevereiro e março de 2000 e para excluir os juros de mora em relação aos valores garantidos por depósito judicial, tudo nos termos do já referido Acórdão nº 340300.264. Posteriormente, em 28/04/2010, sobreveio novo acórdão (340300.290), que deu provimento integral ao recurso, mantendo os mesmos fundamentos, relatório e ementa anterior. A Fazenda Nacional apresentou petição requerendo o desentranhamento dos autos do acórdão 340300.290, alegando erro material, tendo em vista que o seu teor seria idêntico ao do Acórdão 340300.264. Também interpôs Recurso Especial (fls. 632 a 649), suscitando divergência jurisprudencial em relação à decadência, alegando que deveria ser aplicada a regra de contagem do inciso I do art. 173 do CTN, e não a do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966) – CTN. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, conforme despacho de admissibilidade à fl. 670. Fl. 829DF CARF MF Processo nº 16327.000627/200531 Acórdão n.º 9303005.578 CSRFT3 Fl. 830 3 O sujeito passivo apresentou suas contrarrazões às fls. 679 a 686. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Conforme relatado, o tempestivo recurso foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, conforme despacho de admissibilidade à fl. 670. Enquanto o Acórdão recorrido aplicou a regra do art. 150, § 4º, do CTN, para reconhecer a decadência em relação a fatos geradores em relação aos quais não houve pagamento antecipado do tributo, mas depósito de seu montante integral, o paradigma colacionado (Acórdão nº 201 80.517), em situação semelhante, aplicou a regra prevista no art. 173, I, do CTN. Segundo o acórdão paradigma, o depósito judicial não se equipara ao pagamento antecipado, em cuja ausência a regra para determinação do termo inicial para contagem do prazo decadencial, relativamente aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, deslocase para o previsto no art. 173, I, do CTN. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado, e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a controvérsia suscitada cingese à questão da regra aplicável para contagem da decadência quando houver o depósito do montante integral. Preliminarmente devemos apreciar a esdrúxula situação posta nos autos: a existência de dois acórdãos de julgamento do mesmo recurso voluntário (Acórdão nº 3403 00.264, de 17/03/2010 e Acórdão nº 340300.290, de 28/04/2010), com o mesmo teor, distintos apenas na parte dispositiva. Por economia processual, reconhecemos a existência de erro material passível de saneamento, com o reconhecimento da nulidade do segundo julgado (Acórdão nº 340300.290) e procedemos à alteração da parte dispositiva do primeiro julgado: ao invés de provimento parcial, como consta no Acórdão nº 340300.264, considerase o provimento integral, conforme reconhecido no Acórdão nº 340300.290. Tal providência em nada prejudicará as partes envolvidas na lide e a apreciação do Recurso Especial interposto. Passo a análise do mérito. No caso em análise, o auto de infração foi lavrado para prevenir o crédito tributário dos efeitos da decadência, eis que foi impetrada a ação judicial nº 1999.70.00.0282817, perante a 6ª Vara Federal de Curitiba, com depósito judicial do montante discutido. A Fazenda Nacional alega que os depósitos judiciais integrais, efetuados com o fito de suspender a exigibilidade do crédito tributário, de obstar a fluência de juros de mora e de impedir a aplicação de multa mora, nos termos do art. 63, § 2°, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se equiparam a pagamento antecipado, a ensejar a contagem do prazo Fl. 830DF CARF MF Processo nº 16327.000627/200531 Acórdão n.º 9303005.578 CSRFT3 Fl. 831 4 decadencial nos termos do art. 150, § 4° do CTN. Segundo seu entendimento, diante da ausência de pagamento antecipado, devese aplicar a regra do art. 173, inciso I, do CTN, que, no caso concreto, levaria à inocorrência da decadência, indevidamente decretada pela decisão recorrida em relação aos fatos geradores ocorridos entre 01/2000 a 03/2000. A jurisprudência do STJ é assente no sentido de que o depósito judicial, com a finalidade de suspender a exigibilidade do crédito tributário, provoca a constituição do crédito tributário, sendo desnecessário o ato formal de lançamento por parte da autoridade administrativa em relação ao valor depositado: STJ. REsp 1.008.788/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07/10/2010, DJe 25.10.2010: “no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com vistas à suspensão da exigibilidade do crédito tributário, promove a constituição deste nos moldes do que dispõe o art. 150 e parágrafos do CTN, não havendo que se falar em decadência do direito do Fisco de lançar.” STJ. AgRg no REsp 1.213.319/SP. Relator: Ministro Castro Meira. DJe 28/05/2012: “Com o depósito do montante integral, temse verdadeiro lançamento por homologação. O contribuinte calcula o valor do tributo e substitui o pagamento antecipado pelo depósito, por entender indevida a cobrança. Se a Fazenda aceita como integral o depósito, para fins de suspensão da exigibilidade do crédito, aquiesceu expressa ou tacitamente com o valor indicado pelo contribuinte, o que equivale à homologação fiscal prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Uma vez ocorrido o lançamento tácito, encontrase constituído o crédito tributário, razão pela qual não há mais falar no transcurso do prazo decadencial nem na necessidade de lançamento de ofício das importâncias depositadas. Precedentes da Primeira Seção.” STJ. REsp 1.637.092/RS. Relator: Ministro Herman Benjamin. DJe 19/12/2016 “TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DA DÍVIDA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART. 151, II, DO CTN. PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL. DISPENSA DO ATO FORMAL DE LANÇAMENTO. DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA. SUMULA 83/STJ. [...]. 2. É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, promove a constituição deste; como resultado, tornase desnecessário o ato Fl. 831DF CARF MF Processo nº 16327.000627/200531 Acórdão n.º 9303005.578 CSRFT3 Fl. 832 5 formal de lançamento pela autoridade administrativa no que se refere aos valores depositados.” Destacase que o depósito do montante integral em ações que discutam a cobrança de crédito tributário não impede o lançamento, mas apenas o torna desnecessário. Quanto à aplicação da decadência pela regra do art. 150, § 4°, do CTN, o STJ em julgamento cursado pela sistemática dos recursos repetitivos (REsp 973.733/SC), pacificou o entendimento de que, em não se verificando recolhimento de exação e montante a homologar, o prazo decadencial para o lançamento dos tributos sujeitos a lançamento por homologação segue a disciplina normativa do art. 173 do CTN. Quanto à equiparação dos depósitos judiciais ao pagamento antecipado, acompanho a jurisprudência do STJ que veda tal procedimento para fins de decadência: REsp 464.343/DF, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02.02.2006, DJ 30.03.2006 "O depósito do montante integral suspende a exigibilidade do crédito tributário impugnado, nos termos do art. 151, II, do CTN, mas não impede que a Fazenda proceda ao lançamento e, muito menos, que se abstenha de lavrar novas autuações sob o mesmo fundamento, paralisando apenas a execução do crédito controvertido". STJ. REsp 522.898/RS. Relator: Ministro Herman Benjamin. DJe 03/09/2008 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ICMS. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DOS ARTS. 142 E 173, DO CTN. O DEPÓSITO JUDICIAL NÃO IMPEDE QUE A FAZENDA PÚBLICA PROCEDA AO LANÇAMENTO PARA EVITAR A DECADÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Suspensão de exigibilidade não se confunde com o direito da Fazenda Pública em constituir o crédito tributário. 2. O depósito do montante integral suspende a exigibilidade do crédito tributário impugnado, nos termos do art. 151, II, do CTN, mas não impede que a Fazenda proceda ao lançamento, paralisando apenas a execução do crédito controvertido. 3. Inteligência dos arts. 142 e 173, I, do CTN. A atividade administrativa de lançamento é poder/dever, vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 4. Recurso Especial provido.” Aplicase, portanto, o prazo decadencial previsto no Código Tributário Nacional, conforme definiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede de recurso repetitivo, de observância obrigatória por este Conselho: no caso de tributos lançados por homologação, o prazo para restituição de indébito é de 5 anos, contados da data de ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento, aplicando o disposto no § 4° do art. 150 do Código Fl. 832DF CARF MF Processo nº 16327.000627/200531 Acórdão n.º 9303005.578 CSRFT3 Fl. 833 6 Tributário Nacional. Como no caso dos autos não houve pagamento antecipado, uma vez que os depósitos judiciais não se equiparam a tanto, aplicase o disposto no art. 173, I, do CTN. Com essas considerações, meu voto seria no sentido de dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, afastando a decadência declarada para os fatos geradores ocorridos entre 01/2000 a 03/2000. Todavia, em 4 de agosto último, o contribuinte juntou aos autos arquivo não paginável (Termo de Anexação à fl. 827), por meio do qual dá conta de que peticionou, nos autos da Ação Judicial nº 1999.70.00.0282817, informando que: a) aderiu à anistia instituída pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, nos termos de seus artigos 1o, 7o, 10; b) requereu, nos termos dos artigos 7o e 10 da Lei nº 11.941, de 2009, a conversão em renda da União dos depósitos judiciais realizados até o montante necessário para a integral extinção da obrigação tributária; c) quanto ao mérito da discussão, desistiu e renunciou ao direito em que se funda a ação, para a finalidade prevista no artigo 13 da Portaria Conjunta PGFN/RFB 06/09, em consonância com os artigos 269, inc.,V e 501 do Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC); d) relativamente à parte em relação à qual obteve êxito (conforme acórdão proferido pelo Eg. TRF/4ª, na parte transitada em julgado), não apresentou desistência ou renúncia, nem incluindo estes períodos no Refis IV (Lei nº 11.941, de 2009), sendo que, em relação a eles, promoverá execução na forma da lei, quando da baixa dos autos à origem. Acerca da desistência do processo, estabelece o art. 78 do Anexo II à Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Fl. 833DF CARF MF Processo nº 16327.000627/200531 Acórdão n.º 9303005.578 CSRFT3 Fl. 834 7 § 4º Havendo desistência parcial do sujeito passivo e, ao mesmo tempo, decisão favorável a ele, total ou parcial, com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para que, depois de apartados, se for o caso, retornem ao CARF para seguimento dos trâmites processuais. § 5º Se a desistência do sujeito passivo for total, ainda que haja decisão favorável a ele com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para procedimentos de cobrança, tornandose insubsistentes todas as decisões que lhe forem favoráveis Diante da desistência do processo, o recurso especial fazendário perdeu seu objeto. Desta forma, em face do que dispõe o § 5°, não se aplica a decisão do Acórdão nº 340300.264, de 17/03/2010 (muito menos a do Acórdão nº 340300.290, de 28/04/2010). (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 834DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923839/2011-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/06/2003
VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA.
De acordo com a Súmula CARF nº 9 considera-se válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/06/2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.
Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.372
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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PIS/COFINS. ÔNUS DA PROVA. Recorrente PLÁSTICOS MACHINI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/06/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO. DOMICÍLIO FISCAL. CIÊNCIA. De acordo com a Súmula CARF nº 9 considerase válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/06/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 38 39 /2 01 1- 74 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 02052.711, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Manifestação de Inconformidade, não conhecendo do direito creditório postulado e não homologando a compensação em litígio. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresentou manifestação de inconformidade, tendo indicado endereço para onde deverão ser enviadas todas as notificações e intimações referentes ao presente processo. Também aduziu que o débito decorrente da não homologação da compensação está com a sua exigibilidade suspensa, consoante legislação especificada, alegando ainda, em síntese: "Em preliminar, argumenta que recebeu o despacho decisório questionado, mas o Aviso de Recebimento (AR) não foi juntado aos autos, como instrumento de prova, pelo fato de a Receita Federal não entregar cópia do documento em tempo hábil, apesar de solicitado pelo manifestante. Requer a anexação do termo de assinatura do AR pelos motivos que passa a discorrer. Alega que o despacho decisório teria sido recebido por pessoa não autorizada para recebimento da sua correspondência e que apenas o sócio, o representante legal da empresa ou qualquer pessoa legitimada poderiam ter recebido a correspondência que trata de intimação com aviso de recebimento. Transcreve doutrina relativa ao Código de Processo Civil que sustenta que as citações de pessoas jurídicas devem ser feitas aos seus representantes designados nos estatutos. No processo administrativo, expõe, as intimações devem ser realizadas de modo a garantir a ciência do interessado. Dada a importância da citação inicial e das repercussões de tal ato na lide e com vistas a garantir o pleno exercício do direito ao contraditório, conclui que, no caso de pessoas jurídicas, ela seja feita ao representante legal. Em não sendo observada a formalidade defendida, pugna pela nulidade dos atos processuais por cerceamento ao direito de defesa. Defende que os princípios da verdade material e da legalidade impõem à Administração rever seus atos contrários ao ordenamento jurídico, o que a leva a requerer a anulação da notificação do despacho decisório. Na possibilidade de que não ser acolhida a preliminar suscitada, passa a discorrer sobre o mérito da compensação. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 4 3 Nas questões de fato, alega que efetuou compensação em conformidade com o disposto no artigo 66 da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991, tendo feito menção ainda ao Código Tributário Nacional (CTN) e às instruções normativas que regularam a matéria. O sistema, na hipótese de crédito proveniente de decisão judicial, apenas aceita a compensação se corretamente informada a data do trânsito em julgado da decisão judicial que reconheceu o direito creditório. Entende ser descabida tal exigência, na medida em que as compensações são realizadas dentro da sistemática do lançamento por homologação, na qual o contribuinte apura por sua conta e risco o valor devido ao Fisco. Argui que o processo eletrônico a impede de esclarecer a origem do crédito (“declaração expressa de inconstitucionalidade do STF”) e de exercer seu direito constitucional de petição, a qual somente pode ser providenciada com a interposição da manifestação de inconformidade. Na parte que trata dos fundamentos legais, assevera que recolheu a Cofins na forma prevista pela Lei no 9.718, de 1998, a qual majorou a alíquota do tributo de 2% para 3%, inconstitucionalmente a seu ver, pois a Lei Complementar no 70, de 1991, previa a alíquota de 2%. Assim, se viu obrigado a recuperar os valores indevidamente recolhidos por meio da compensação. Destaca que o legislador editou a Lei Complementar 70, de 1991, que descreveu minuciosamente a regra matriz da hipótese de incidência da Cofins, sendo sua base de cálculo o faturamento. Em seguida, o Poder Executivo, por meio da Medida Provisória no 1.724, de 1998, teria alterado a base de cálculo da Cofins para receita bruta e majorado a alíquota para 3%, em afronta ao disposto no artigo 155 da Magna Carta, pois a tributação deveria recair apenas sobre o “faturamento”. Argumenta ainda que a inclusão das receitas financeiras no cálculo da Cofins somente foi permitida com a edição da Emenda Constitucional no 20, de 1998. Contudo, a Lei no 9.718, de 1998 foi editada em data anterior à emenda, e deveria ter respeitado o antigo texto do art. 195 da Constituição Federal, que não previa a cobrança de contribuições à seguridade social sobre receitas financeiras. Portanto, totalmente inconstitucional a alteração da base de cálculo da Cofins por lei ordinária, que não se convalida com a superveniência da Emenda Constitucional. Alega que a MP no 1.724, de 1998, convertida na Lei no 9.718, de 1998, que dispõe sobre a cobrança adicional de 1% da Cofins, fere o princípio da equidade na participação do custeio da seguridade social, tendo a Lei estabelecido que o acréscimo de 1% da Cofins deveria ser pago por todas as empresas, mas poderia ser compensado com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com isso, as empresas altamente lucrativas não sofreram os efeitos do aumento da carga tributária; somente as empresas que tiveram prejuízos ou lucro baixo, como o manifestante, é que arcaram com a majoração da Cofins. Passa, na continuação, a tratar do prazo prescricional para a repetição do indébito tributário. Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 5 4 Defende que, para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário se dá com a homologação, expressa ou tácita, do Fisco. Adotada esta premissa, o prazo prescricional para a recuperação de valores indevidamente recolhidos deveria ter início cinco anos após a data do efetivo pagamento (a chamada tese dos cinco mais cinco). Salienta que a empresa “efetuou a restituição do COFINS dentro do prazo prescricional” (sic), em conformidade com as jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho de Contribuintes, tendo o manifestante dez anos para pedir de volta o que foi pago indevidamente. Assevera que, para fundamentar sua decisão, o julgador monocrático aduziu que a Lei Complementar 118/05, dispondo sobre a interpretação do inciso I do art. 168, descreveu que a extinção do credito tributário nos tributos com lançamento por homologação ocorre no pagamento, entendimento que considera equivocado, uma vez que a lei interpretativa deve esclarecer o significado de texto legal controverso, o que não foi o caso, posto que a interpretação posta foi inovadora e contrária à jurisprudência. Ao final, requer o provimento da presente manifestação de inconformidade, para o fim de reformar o Despacho Decisório. Pede ainda que seja mantida vinculada a compensação ao processo, nos moldes da MP 135/03 transformada na Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, em seu art 17, § 11, e deste modo os valores compensados estarão suspensos conforme legislação pertinente." Tendo em vista a decisão consubstanciada no Acórdão ora recorrido, o Contribuinte ingressou com Recurso Voluntário para que seja reformada a referida decisão. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.364, de 21 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.675899/200951, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.364): "O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0252.701, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 6 5 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2003 VALIDADE DA INTIMAÇÃO É válida a ciência do Despacho Decisório por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O Contribuinte, por meio do ora analisado Recurso Voluntário, visa reformar o Acórdão referido por compreender que (i) há liquidez e certeza do crédito discutido; (ii) não foi respeitado o devido processo legal, no que diz respeito ao contraditório, uma vez que a notificação não foi feita na pessoa de seus sócios ou administradores; e (iii) deve ser excluído o valor devido de ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS. Como a questão da (i) liquidez e certeza do crédito tributário tem reflexos na discussão acerca (iii) da exclusão ou não do ICMS da base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, enfrentarseá primeiro a discussão do ponto sobre o (ii) devido processo legal e a ofensa ao contraditório no que tange a notificação, para posteriormente em conjunto tratar dos dois outros pontos. Do devido processo legal e contraditório O Contribuinte alega que houve violação ao devido processo legal, mais especificamente no seu direito ao contraditório, uma vez que a notificação não se deu na pessoa de seus sócios ou administradores, o que segundo ele, acaba por trazer a nulidade ao Despacho Decisório (fl. 2) em questão. Acerca deste argumento percebese, por meio do voto no Acórdão ora recorrido, que o Contribuinte, ciente do referido Despacho, foi capaz de apresentar sua Manifestação de Inconformidade (fls. 12 a 29) de forma tempestiva para questionar o objeto da Intimação. Cito a seguir trecho do voto do acórdão recorrido, como razões para decidir, que bem esclarece os fatos acerca da notificação e da alegada nulidade do Despacho Decisório por não respeitar o devido processo legal e contraditório (fls. 71 a 73): Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 7 6 Quanto à arguição de nulidade do Despacho Decisório, uma vez que teria sido recebido por pessoa não autorizada pela empresa, cumpre destacar o que prescreve o inciso II do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: Art. 23. Farseá a intimação: [...] II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; Exige a norma legal que a entrega da intimação seja efetuada no domicílio eleito pelo sujeito passivo. Não se impõe que o sócio ou representante legal do sujeito passivo pessoa jurídica tenha diretamente recebido a intimação cientificada por via postal. Acerca do assunto em pauta, vale ressaltar também o entendimento expresso na Súmula nº 9 editada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), nos seguintes termos: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Em consulta aos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), foi possível extrair o AR correspondente à ciência do Despacho Decisório ora contestado, que comprova que o documento foi entregue no domicílio tributário do sujeito passivo à época da intimação: (...) Conforme se vê, o contribuinte, ciente do Despacho Decisório, foi capaz de apresentar, tempestivamente, sua manifestação de inconformidade, questionando o ato administrativo objeto da intimação. As argumentações apresentadas pelo manifestante demonstram que a intimação cumpriu sua finalidade de cientificálo acerca da não homologação da compensação e consequente exigência do débito que não foi extinto, concedendolhe prazo para apresentar sua contestação. Tendo sido válida a intimação e analisada a manifestação de inconformidade no presente ato, não ficou configurada nenhuma hipótese de cerceamento do direito de defesa, devendo ser afastada a tese de nulidade do Despacho Decisório. Nesse sentido, considerando que a notificação sobre o Despacho Decisório se deu de forma legal, de acordo inclusive com o previsto na Súmula CARF nº 9, sem prejuízo ao direito ao contraditório, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário neste ponto. Da liquidez e certeza do crédito discutido e do ICMS integrar a base de cálculo de PIS/COFINS Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 8 7 O Contribuinte aduz que não é pressuposto para admissão da ação a definição sobre a liquidez e certeza do crédito discutido. Para tanto o Contribuinte cita o art. 170 do CTN, que, segundo ele e a doutrina colada aos autos, estabelece como requisito de liquidez e certeza se referem apenas a créditos da União e não do Contribuinte. Alega também que o valor de ICMS na sua nota fiscal é simplesmente para fins contábeis e que não devem ser incluídos na base de cálculo das contribuições PIS/COFINS, uma vez que não configura faturamento e que se caso assim fosse feriria o princípio da capacidade contributiva e teria como efeito o confisco. Em que pese os argumentos trazidos pelo Contribuinte acerca destas duas matérias, resta prejudicada a discussão acerca do ICMS integrar ou não a base de cálculo das contribuições, se não ficar demonstrado a liquidez e certeza do crédito discutido. Nesse sentido cito trechos do voto do acórdão recorrido que bem elucidam a discussão, bem como, as razões para decidir (fl. 74): (...) Para as pessoas jurídicas que se sujeitam ao regime cumulativo e apuram as contribuições com base na Lei nº 9.718, de 1998, o conceito de receita bruta deve ser entendido como proveniente das receitas oriundas da venda de mercadorias, de serviços ou da venda de mercadorias e prestação de serviços. Porém, cabe salientar que, no Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria relativamente aos processos de restituição ou compensação, por isso utilizase a existente no CPC. Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que, se a RFB resistir à pretensão do interessado, indeferindo o pedido ou não homologando a compensação, incumbirá a ele – o contribuinte –, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Na situação dos autos, o contribuinte não apresentou nenhuma prova de que, na apuração da Cofins do período analisado, incluiu receitas financeiras na base de cálculo, de forma a caracterizar o pagamento indevido ou a maior de tributo. É bom lembrar ainda que a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170), princípio este que também se aplica a pedido de restituição. Concluise, portanto, que deve a RFB indeferir o pedido ou não homologar a compensação, se ficar configurada a falta de certeza e liquidez, como evidenciado no caso em comento. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 9 8 (...) (Grifouse) Com o intuito de verificar a miúde se o Contribuinte fez prova em seu Recurso Voluntário, de que tenha feito o recolhimento a maior, cabe citar suas alegações (fls. 84 e 85): Portanto, constatase que como não foi comprovado a liquidez e certeza do crédito alegado, tanto na Impugnação, quanto no Recurso Voluntário, sendo Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10880.923839/201174 Acórdão n.º 3301004.372 S3C3T1 Fl. 10 9 requisito legal para a concessão da compensação e restituição, fica prejudicada a discussão e análise acerca do ICMS integrar ou não a base de cálculo das contribuições. Assim voto por negar provimento ao Recurso Voluntário no que tange a comprovação da liquidez e certeza do crédito e restando prejudicado a questão concernente a composição da base de cálculo da Cofins. Conclusão De acordo com os autos do processo e da legislação vigente, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar a liquidez e certeza do direito creditório pleiteado, restando prejudicada a questão concernente a composição da base de cálculo do PIS/COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.722512/2011-53
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2008
SAÍDAS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. SIMPLES REVENDA. INAPLICABILIDADE DO BENEFÍCIO.
O benefício estabelecido pelo art. 5º da Lei nº 9.826/99, alterado pelo art. 4º da Lei nº 10.485 de 2002, que suspende o IPI nas saídas de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças de produtos autopropulsados não se aplica na simples revenda, mesmo quando quem dá saída é estabelecimento industrial que não seja comercial atacadista.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento, tendo como termo inicial a data do vencimento do respectivo débito.
Recursos Especial da Fazenda Nacional provido e Recurso Especial do Contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-006.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Tatiana Midori Migyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente
(Assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Interessado FAZENDA NACIONAL e INTERNATIONAL INDÚSTRIA AUTOMOTIVA DA AMÉRICA DO SUL LTDA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2008 SAÍDAS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. SIMPLES REVENDA. INAPLICABILIDADE DO BENEFÍCIO. O benefício estabelecido pelo art. 5º da Lei nº 9.826/99, alterado pelo art. 4º da Lei nº 10.485 de 2002, que suspende o IPI nas saídas de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças de produtos autopropulsados não se aplica na simples revenda, mesmo quando quem dá saída é estabelecimento industrial que não seja comercial atacadista. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento, tendo como termo inicial a data do vencimento do respectivo débito. Recursos Especial da Fazenda Nacional provido e Recurso Especial do Contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negarlhe AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 25 12 /2 01 1- 53 Fl. 858DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 3 2 provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Tatiana Midori Migyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de recurso especial da Fazenda Nacional e do contribuinte contra o Acórdão nº 3403003.271 (fls. 647/655), prolatado em 17/09/2014, cuja ementa transcrevo: LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE APLICÁVEL. MODUÇÃO DO PERCENTUAL. IMPOSSIBILIDADE. A multa a ser aplicada em procedimento ex officio é aquela prevista nas normas válidas e vigentes à época de constituição do respectivo crédito tributário. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS DE MORA À TAXA SELIC. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. (Súmula CARF nº 4) MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre a multa de lançamento de ofício. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2007 a 31/12/2008 MERCADORIAS IMPORTADAS. REVENDA SAÍDAS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. SUSPENSÃO. INAPLICABILIDADE. Fl. 859DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 4 3 Só fazem jus ao benefício da suspensão ao componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11, nas respectivas saídas promovidas por estabelecimento industrial ou por comerciais atacadistas, quando adquirem produtos resultantes da industrialização por sua encomenda, àquele equiparado. RECURSO DA PFN A Fazenda insurgese contra a parte do acórdão que excluiu os juros de mora sobre a multa de ofício, nos termos do arrazoado de fls. 658/673, admitido pelo despacho às fls. 697/699. Em suas contrarrazões (fls. 708/719), o contribuinte pede que o recurso seja denegado. RECURSO DO CONTRIBUINTE O contribuinte manejou recurso especial (fls. 759/779) na parte que sucumbiu, sendo o mesmo processado nos termos do despacho de fls. 827/833. A PFN contraarrozoouo (fls. 835/840), pugnando pela sua improcedência. Entendeu o aresto recorrido que a saída com suspensão de IPI prevista no art. 5º da Lei 9.826/99, com as alterações da Lei 10.485/2002, só é aplicável àquele que na operação que antecede a saída do produto do estabelecimento, atua como industrial ou que o equiparado seja uma sociedade comercial atacadista. Assim, não foi reconhecido o direito à suspensão quando a equiparação à industrial seja por importadorrevendor, caso da recorrente. De sua feita, entende o sujeito passivo que o benefício da saída com suspensão também deve ser estendido a qualquer estabelecimento equiparado à industrial, já que, afirma, "não há nenhuma norma específica que faça tal restrição", quer dizer, que alcance somente os fabricantes em detrimento dos comerciantes, hipótese vertente. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire Relator RECURSO DA FAZENDA NACIONAL Preenchidas as formalidades regimentais, conheço do recurso. Quanto ao recurso da Fazenda, é de ser provido, pois a matéria se encontra assaz sedimentada na jurisprudência desta Turma da CSRF. Como exemplo, podemos citar os recentes Acórdãos 9303006.239, 9303006.008 e 9303006.007, dentre outros, todos julgados neste ano. Transcrevo a ementa abaixo de julgado que participei, em 25/01/2018, relatado pelo i. Conselheiro Demes Brito, no Acórdão 9303006.238: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.TERMO INICIAL.DATA DE VENCIMENTO DO RESPECTIVO DÉBITO. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 5 4 O crédito tributário, quer se refira atributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento, tendo como termo inicial a data de vencimento do respectivo débito. Também as demais Turmas têm tal entendimento. Vejase a ementa do Acórdão 9101000.539, que transcrevo: Acórdão n° 910100.539 “Assunto: Juros Sobre Multa de Ofício Exercícios: 1996 a 1998 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Recurso da Fazenda Nacional Provido. Recurso da Contribuinte Improvido.” Para eliminar quaisquer dúvidas que ainda restassem, o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento sobre a matéria, conforme AgRg no REsp 1.335.688PR, julgado em 04/12/2012: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Embora esse aresto tratasse de exação de tributo estadual, asseverou o Ministro relator do Agravo: Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Em remate, dou provimento ao recurso especial da Fazenda. RECURSO DO CONTRIBUINTE Presentes os pressupostos recursais, deve o recurso ser conhecido. Fl. 861DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 6 5 Igualmente o recurso do contribuinte não merece maiores digressões. O relato fiscal (fls. 246/261) foi objetivo ao apontar a infração: "Revenda de produtos destinados à fabricação de veículos, sem a devida apuração do IPI nas saídas". E, na sequência, explica que ao analisar o LRAIPI do sujeito passivo na rubrica "outros créditos" constatou que no ano de 2007 o valor escriturado foi de R$ 31.437,00, ao passo que em 2008 saltou para R$ 2.284.214,18. Ao ser intimado para identificar qual a base legal para não tributação das vendas com CFOP 6102 (venda de mercadoria adquirida ou recebida para revenda) para a empresa MWM International Indústria, a então fiscalizada asseverou que tais saídas estariam amparadas pelo art. 5º da Lei 9.826/99 e art. 5º da IN SRF 296/2003. As mercadorias objeto dessas saídas, partes e peças automotivas, foram importadas (CFOP 3.102 compra para comercialização) dos fornecedores estrangeiros que o Fisco arrola à fl. 249. E, inconteste, esses itens foram revendidos sem sofrerem qualquer processo de industrialização. Portanto, a lide restringese à interpretação da norma vazada no art. 5º da Lei 9.826/99. A imputação fiscal é que nas operações sob comento a recorrente atuou como mero revendedor de mercadorias importadas, sem que sobre essas fosse realizada qualquer etapa de industrialização. A impossibilidade de suspensão, nessas operações, decorre da interpretação sistemática da legislação. O benefício da suspensão foi instituído pelo art. 5º da Lei 9.826, de 1999: Art. 5º Os componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11, da TIPI, sairão com suspensão do IPI do estabelecimento industrial. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) § 1º Os componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças, referidos no caput, de origem estrangeira, serão desembaraçados com suspensão do IPI quando importados diretamente por estabelecimento industrial. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) § 2º A suspensão de que trata este artigo é condicionada a que o produto, inclusive importado, seja destinado a emprego, pelo estabelecimento industrial adquirente: (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) I na produção de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes ou peças dos produtos autopropulsados; (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) II na montagem dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01, 87.02, 87.03, 87.05, 87.06 e 87.11, e nos códigos 8704.10.00, 8704.2 e 8704.3, da TIPI. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) Fl. 862DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 7 6 § 3º A suspensão do imposto não impede a manutenção e a utilização dos créditos do IPI pelo respectivo estabelecimento industrial. (Redação dada pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) § 4º Nas notas fiscais relativas às saídas referidas no caput deverá constar a expressão ‘Saída com suspensão do IPI’ com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. (Incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) § 5º Na hipótese de destinação dos produtos adquiridos ou importados com suspensão do IPI, distinta da prevista no § 2º deste artigo, a saída dos mesmos do estabelecimento industrial adquirente ou importador darseá com a incidência do imposto. (Incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) § 6º O disposto neste artigo aplicase, também, a estabelecimento filial ou a pessoa jurídica controlada de pessoas jurídicas fabricantes ou de suas controladoras, que opere na comercialização dos produtos referidos no caput e de suas partes, peças e componentes para reposição, adquiridos no mercado interno, recebidos em transferência de estabelecimento industrial, ou importados. (Incluído pela Lei nº 10.485, de 3.7.2002) § 6º O disposto neste artigo aplicase, também, ao estabelecimento equiparado a industrial, de que trata o § 5º do art. 17 da Medida Provisória nº 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Da leitura da cabeça do art. 5º concluise que só fazem jus ao benefício da suspensão componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11, e que saem de estabelecimento industrial. O benefício também é estendido a estabelecimentos equiparados a industrial pelo seu § 6º, mas somente no caso de sociedades comerciais atacadistas que adquirem produtos resultantes da industrialização por sua encomenda. Assim, sendo a norma concessiva de benefício fiscal, a qual, cediço, deve ser interpretada restritivamente, e não de forma ampliativa/extensiva como pugna a recorrente, a mim resta evidente que ela não alcança o contribuinte que não seja industrial ou a ele equiparado, mas somente no caso de comerciais atacadistas. Portanto, fora do campo de incidência da norma aqueles contribuintes que atuam como mero comerciantes ou outra forma de equiparação à industrial, como a recorrente, que não é comercial atacadista. Corroboram esse entendimento as soluções de consultas colacionadas pelo agente fiscal na motivação do lançamento. E, gizese, embora a recorrente possa ser um estabelecimento industrial, em relação às mercadorias para revenda ela é mera comerciante. Por tal, deve ser negado provimento ao recurso do contribuinte. DISPOSITIVO Fl. 863DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 8 7 Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e nego provimento ao recurso do contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 864DF CARF MF Processo nº 11065.722512/201153 Acórdão n.º 9303006.791 CSRFT3 Fl. 9 8 Fl. 865DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720462/2016-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2011 a 30/12/2013
PIS/COFINS. REGIME CUMULATIVO. SEGURADORAS. RECEITAS FINANCEIRAS. INVESTIMENTOS COMPULSÓRIOS. RESERVAS TÉCNICAS. INCIDÊNCIA.
Integram a base de cálculo das contribuições de PIS/Cofins no regime cumulativo as receitas financeiras auferidas pelas seguradoras em investimentos compulsórios dos recursos das reservas técnicas, nos termos do Decreto-Lei nº 73/66.
A realização desses investimentos compulsórios, tipificada como inerente ao desenvolvimento do objeto social das seguradoras, inclui-se no conceito de faturamento, assim entendido como a soma das receitas oriundas do exercício da atividade empresarial da pessoa jurídica.
MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APÓS VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05.
Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplica-se ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo.
Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3402-005.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Renato Vieira de Avila, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que davam provimento ao Recurso sob o fundamento de que o investimento compulsório não poderia ser considerado faturamento da pessoa jurídica seguradora. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarou-se impedido, sendo substituído pelo Conselheiro suplente Renato Vieira de Avila.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Renato Vieira de Avila (Suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Vinicius Guimarães (Suplente convocado) e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Suplente convocado Vinicius Guimarães.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/06/2011 a 30/12/2013 PIS/COFINS. REGIME CUMULATIVO. SEGURADORAS. RECEITAS FINANCEIRAS. INVESTIMENTOS COMPULSÓRIOS. RESERVAS TÉCNICAS. INCIDÊNCIA. Integram a base de cálculo das contribuições de PIS/Cofins no regime cumulativo as receitas financeiras auferidas pelas seguradoras em investimentos compulsórios dos recursos das reservas técnicas, nos termos do Decreto-Lei nº 73/66. A realização desses investimentos compulsórios, tipificada como inerente ao desenvolvimento do objeto social das seguradoras, inclui-se no conceito de faturamento, assim entendido como a soma das receitas oriundas do exercício da atividade empresarial da pessoa jurídica. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APÓS VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05. Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplica-se ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Recurso Voluntário negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2011 a 30/12/2013 PIS/COFINS. REGIME CUMULATIVO. SEGURADORAS. RECEITAS FINANCEIRAS. INVESTIMENTOS COMPULSÓRIOS. RESERVAS TÉCNICAS. INCIDÊNCIA. Integram a base de cálculo das contribuições de PIS/Cofins no regime cumulativo as receitas financeiras auferidas pelas seguradoras em investimentos compulsórios dos recursos das reservas técnicas, nos termos do DecretoLei nº 73/66. A realização desses investimentos compulsórios, tipificada como inerente ao desenvolvimento do objeto social das seguradoras, incluise no conceito de faturamento, assim entendido como a soma das receitas oriundas do exercício da atividade empresarial da pessoa jurídica. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APÓS VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05. Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplicase ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Recurso Voluntário negado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 04 62 /2 01 6- 70 Fl. 949DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Renato Vieira de Avila, Thais De Laurentiis Galkowicz, Carlos Augusto Daniel Neto e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que davam provimento ao Recurso sob o fundamento de que o investimento compulsório não poderia ser considerado faturamento da pessoa jurídica seguradora. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarouse impedido, sendo substituído pelo Conselheiro suplente Renato Vieira de Avila. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Renato Vieira de Avila (Suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Vinicius Guimarães (Suplente convocado) e Carlos Augusto Daniel Neto. Ausente justificadamente o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que foi substituído pelo Suplente convocado Vinicius Guimarães. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Fortaleza que julgou improcedente a impugnação da contribuinte. Versa o processo sobre autos de infração para exigência de PIS/Pasep e Cofins no regime cumulativo, no valor total de R$ 20.613.299,61, já incluídos multas e juros moratórios, referentes aos períodos de apuração entre 06/2011 a 12/2013. Conforme consta no Termo de Verificação Fiscal, entendeu a fiscalização que "as reservas técnicas obrigatórias são inerentes e estão integradas ao negócio das sociedades seguradoras, pelo que sua aplicação constitui atividade típica de tais empresas. Portanto, as receitas financeiras decorrentes da referida aplicação são operacionais". Segundo a fiscalização, a Procuradoria da Fazenda Nacional, em 13/12/2007, por meio do Parecer PGFN/CAT Nº 2.773/2007, firmou o seguinte entendimento: c) relativamente ao PIS e ao COFINS, a partir da entrada em vigor da Lei nº 9.718, de 1998, as instituições financeiras e as seguradoras passaram a ser tributadas com base no art 2º da citada Lei, o qual estabelece como base de cálculo dessas contribuições o faturamento, conceituado pelo caput do art 3º como sendo “a receita bruta da pessoa jurídica”; d) o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, que ampliou o conceito de receita bruta para abarcar as receitas não operacionais foi considerado inconstitucional pelo STF nos RREE nº 346.084, 357.950, 358273, 390.840; Fl. 950DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 950 3 e) a declaração de inconstitucionalidade citada na letra “d” não tem o condão de modificar a realidade de que para as instituições financeiras e seguradoras a base de cálculo da COFINS e do PIS continua sendo a receita bruta da pessoa jurídica, com as exclusões contidas nos §§ 5º e 6º do mesmo art. 3º, sem abarcar, todavia as receitas não operacionais, eis que o art 2º e o caput do art. 3º não foram declarados inconstitucionais; (...) A autuação também se sustenta nos entendimentos exarados nas Soluções de Consulta RFB nº 91/2012 e nº 249/2012. Cientificada da autuação, a interessada apresentou impugnação, na qual alegou, em síntese por ela efetuada, o que se segue: i. A ausência de fato gerador do PIS e da COFINS no auferimento das receitas financeiras autuadas, mormente em razão da atividade empresarial exercida pela Recorrente, da obrigatoriedade legal dos Investimentos Compulsórios e, subsidiariamente, da mera natureza de juros dos Investimentos Compulsórios; ii. A impossibilidade de alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, sendo que tal entendimento afrontaria a Lei n° 9.718/98, em sua redação vigente à época dos fatos, isto é, com o seu art. 3o, §1°, já revogado pela Lei n°11.941/09, bem como violaria o art. 110 do CTN, dada a alteração do conceito de faturamento para fins de incidência do PIS e da COFINS sob o regime cumulativo, nos termos do caput art. 3o da Lei n° 9.718/98; iii. Subsidiariamente, o descabimento da multa punitiva in casu, eis que, no momento do lançamento, os pretensos débitos lançados encontravamse coma exigibilidade suspensa e os MSs PIS/COFINS encontravamse sobrestadosem função do RE 609.096/RS em que se discute a não incidência de PIS e COFINS sobre receitas financeiras; e iv. Ainda, subsidiariamente, a inaplicabilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício, na hipótese de ser mantida. O julgador de primeira instância não acatou os argumentos da impugnante, sob os seguintes fundamentos: A Solução de Consulta nº 83 – Cosit, de 24 de janeiro de 2017, exarada no processo nº 16327.721207/201211, em resposta à consulta formulada pela XL Seguros Brasil S/A, concluiu que as receitas financeiras auferidas pelas companhias seguradoras a partir dos investimentos compulsórios subsumemse ao conceito de faturamento, porquanto típica daquilo que representa seu objeto social, razão pela qual devem integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins. As Soluções de Consulta expedidas pela Cosit vinculam os julgadores das DRJ. Assim, com base na fundamentação da Solução de Consulta nº 83/2017 – Cosit, afastase as alegações Fl. 951DF CARF MF 4 da Impugnante quanto à exclusão das receitas dos investimentos compulsórios da base de cálculo do PIS e da Cofins, mantendo, por conseguinte, as contribuições lançadas. No caso do MS do PIS verificase que a Impetrante solicita a apuração da contribuição mediante a aplicação da alíquota de 5% sobre o Lucro Liquido (sistemática do PIS Repique) e a não incidência da contribuição sobre as receitas de prêmios. Já aqui se discute a incidência do PIS sobre as receitas das aplicações compulsórias. No caso do MS relativo à Cofins, há um pedido genérico para adoção de um conceito restrito de faturamento para fins de definição da base de cálculo da Cofins, bem como um pedido de compensação de valores pagos indevidamente segundo os critérios da Lei 9.718/98, matéria esta cujos limites se diferenciam claramente dos de que trata o presente processo, que, repitase, cuida exclusivamente da incidência do PIS e Cofins sobre as receitas dos investimentos compulsórios. Logo, afastase, desde já, a hipótese de renúncia à instância administrativa prevista no art. 87 do Decreto nº 7574/2011 e a consequente extinção do presente processo administrativo. Analisando as peças do MS relativo ao PIS anexas aos presentes autos (fls. 514/550), constatase que em nenhum momento a Impetrante obteve medida judicial suspensiva da exigibilidade de créditos tributários. Além de não ter obtido liminar, o mandado foi negado no mérito, tanto na sentença de primeiro grau, quanto no Acórdão do TRF. O efeito suspensivo dos recursos Especial e Extraordinário tem como consequência tão somente a suspensão dos efeitos da decisão recorrida. Se em nenhum momento ao longo do MS a impetrante obteve a suspensão da exigibilidade dos tributos, não há como a suspensão dos efeitos do acórdão do TRF gerar, por mera conseqüência direta, a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários. Importante observar que a Medida Cautelar foi deferida “em parte” e “tão somente para atribuir efeito suspensivo aos Recursos Especial e Extraordinário”. Em nenhum momento a decisão judicial fala em “suspensão da exigibilidade dos créditos tributários”, mesmo tendo essa suspensão sido pedida expressamente na cautelar. Pretendesse o magistrado suspender a exigibilidade dos créditos tributários teria sido expresso nesse sentido. Assim, os créditos tributários do PIS de que trata este processo não se encontravam com a exigibilidade suspensa quando dos lançamentos em causas, razão porque deve ser mantida a multa de lançamento de ofício. Também no MS da Cofins, jamais a Impetrante solicitou ou teve deferido em seu favor medida liminar ou de mérito expressa suspendendo a exigibilidade de créditos tributários. A sentença concessiva da segurança limitase a reconhecer a exigibilidade da Cofins com o afastamento dos termos da Lei nº 9.718/93, porém, em nada se manifesta quanto ao tratamento das receitas financeiras, tampouco concede medida suspensiva da exigibilidade de créditos tributários. Ao apreciar o Recurso de Apelação, o TRF confirmou os termos da decisão dos Embargos de Declaração. Vale dizer: ratificou o entendimento de que receitas de prêmios integram a base de cálculo da Cofins das seguradoras, assim como as demais receitas típicas do seu objeto social. Apesar de não constituir litígio no presente processo, entendese como correta a exigência de juros sobre a multa de ofício lançada, quando vierem a ser aplicados, nos termos do art. 161 do CTN e do art. 61 da Lei nº 9.430/96. Cientificada da decisão de primeira instância em 10/04/2017, a contribuinte apresentou o recurso voluntário em 09/05/2017, mediante o qual repisa as alegações de primeira instância e acrescenta outras, sob os seguinte tópicos: III.1 da improcedência do lançamento em função da ausência de Fato Gerador do PIS e da COFINS no Auferimento das receitas Financeiras Autuadas i.Definição de atividade empresarial, notadamente aquela exercida pela Recorrente; ii.Obrigatoriedade legal dos Investimentos Compulsórios; e Fl. 952DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 951 5 iii.Subsidiariamente, a ausência de natureza operacional das receitas financeiras decorrentes de Investimentos Compulsórios; III.2 Da Improcedência do Lançamento em Função da Impossibilidade de Alargamento da Base de Cálculo do PIS e da COFINS III.3 Subsidiariamente: da suspensão da exigibilidade dos pretensos Débitos Lançados e Do Descabimento da Multa Punitiva in casu III.4 Subsidiariamente: necessário afastamento da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, sustentando, em síntese: a) O alcance das decisões judiciais obtidas pela recorrente não abordaram a temática das receitas financeiras e tampouco determinaram a suspensão de exigibilidade do crédito tributário. b) O STF nos Res nº 357.950 9/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR (leading cases), que examinaram os arts. 2º e 3º da Lei nº. 9.718, de 1998, considerou inconstitucional apenas o § 1º do art. 3º da referida Lei, enquanto os demais artigos citados foram reputados constitucionais, expurgandose do ordenamento jurídico a expansão da base de cálculo das contribuições em causa para aquelas receitas não operacionais. Nos referidos recursos extraordinários o Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. A Lei nº 12.973/2014 reafirmou a orientação jurisprudencial assimilando de forma idêntica o entendimento do STF para incorporálo ao texto legal do DecretoLei 1598/77, art. 12, inciso IV, e da Lei 9718/98, art. 3º. A própria Constituição Federal, no inciso V, do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), já previa como base de cálculo das contribuições sociais para os contribuintes enquadrados como instituições financeiras ou assemelhadas (§ 1º do art. 22 da Lei nº 8.212/91), mencionando expressamente a “receita operacional bruta”. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Com a revogação do §1º do art. 3º da Lei n° 9.718/98 pela Lei n° 11.941/2009, a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, no regime de apuração cumulativo, passou a ser definida como a receita bruta disciplinada na forma do art. 2º e do art. 3º, caput da Lei n° 9.718/98; do art. 2º, caput da Lei Complementar n° 70/91; do art. Fl. 953DF CARF MF 6 2º, inciso I e do art. 3º, caput da Lei n° 9.715/98, abaixo transcritos com suas redações alteradas no decorrer do tempo: Lei n° 9.718/98: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2º compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Lei Complementar n° 70/9: Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. (...) Lei n° 9.715/98 Art. 2o A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: I pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias, com base no faturamento do mês; (...) Art. 3o Para os efeitos do inciso I do artigo anterior considerase faturamento a receita bruta, como definida pela legislação do imposto de renda, proveniente da venda de bens nas operações de conta própria, do preço dos serviços prestados e do resultado auferido nas operações de conta alheia. (...) Dessa forma, para a apuração da base de cálculo, no regime cumulativo, da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devem ser consideradas as receitas decorrentes do exercício do objeto social da pessoa jurídica, ou seja, todas as receitas resultantes das cotidianas atividades empresariais do sujeito passivo. Esse raciocínio baseiase no fato de que o conceito de "receita bruta" para as referidas contribuições deve ser buscado na legislação do imposto de renda, como esclarecido na Solução de Consulta nº 91 SRRF08/Disit, de 2 de abril de 2012: (...) 19 Ressaltese que o art. 3° da Lei n° 9.715, de 1998, remete expressamente à legislação do imposto de renda a busca da definição de receita bruta; ao passo que a LC n° 70, de 1991, embora não o faça de forma expressa, traz, em seu art. 10, Fl. 954DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 952 7 parágrafo único, comando segundo o qual aplicase à Cofins “subsidiariamente e no que couber, as disposições referentes ao imposto de renda”. Da leitura conjunta dos arts. 278 a 280 do Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999), concluise que compreendem a receita bruta da empresa todas as receitas de venda de bens ou serviços que constituam objeto da pessoa jurídica. Para melhor clareza, reproduzemse os dispositivos pertinentes: “Art. 278. Será classificado como lucro bruto o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua objeto da pessoa jurídica (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 11, § 2º). Parágrafo único. O lucro bruto corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços (art. 280) e o custo dos bens e serviços vendidos Subseção III (Lei nº 6.404, de 1976, art. 187, inciso II). Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12). Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário. Art. 280. A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 1º).” 20 Convém esclarecer que por objeto da pessoa jurídica entendese aquele constante de seu contrato social ou o que na prática seja verificado, pelas atividades habitualmente por ela exercidas, quando estas se afastam do objeto presente no contrato social ou estatuto da companhia. (...) Esse entendimento também não destoa da acepção do termo "faturamento" dada Ministro Cezar Peluso, no RE nº 346.084/PR, nos seguintes termos: (...) A fatura, emitida pelo vendedor, sempre representou a compra e venda mercantil, que, no contexto da legislação comercial então vigente, era a expressão genérica das vendas inerentes ao exercício da atividade do comerciante. Com a deslocação histórica do foco sobre a importância econômica e a tipificação dogmática da atividade negocial, do conceito de comerciante para o de empresa, justificavase rever a noção de faturamento para que passasse a denotar agora as vendas realizadas pela empresa e relacionadas à sua ‘atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços’, como consta hoje do art. 966 do Código Civil. Essa interpretação já era preconizada por GERALDO ATALIBA e CLEBER GIARDINO, em artigo publicado em 1986: (...) Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base Fl. 955DF CARF MF 8 de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao ato de emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação. (...) Nessa linha, também decidiu o STF1, sob a relatoria do Ministro Peluso, que "O conceito de receita bruta sujeita à exação tributária envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais". Assim, a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da lei 9.718/98, com a posterior revogação expressa do dispositivo, não implica que as receitas financeiras, as rendas de operações de crédito com empréstimos e financiamentos e de aplicação de depósitos interfinanceiros, das instituições financeiras ou equiparadas, não estão sujeitas ao PIS e Cofins quando estejam compreendidas no conceito de faturamento. O faturamento corresponde, dessa forma, à receita bruta da pessoa jurídica, assim considerada como a soma das receitas decorrentes da atividade típica da empresa, correspondente ao seu objeto social ou rotineiramente efetuada, quando esta não corresponda aos objetivos expressos em seu ato constitutivo O entendimento acima é independente do fato de que a Medida Provisória nº 627, convertida na Lei nº 12.973/2014, alterou o art. 3º da Lei nº 9.718/98, para fazer constar expressamente que o faturamento compreenderia também a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei nº 7.598/77. Podese dizer que o dispositivo teve sua redação aperfeiçoada, mas nada impede que a redação original do art. 3º da Lei nº 9.718/98 ("O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica"), seja interpretada na forma efetuada pela fiscalização. A determinação do significado e alcance do termo "faturamento" constante na lei, no contexto da realidade social vigente, é legítima atividade de interpretação da norma pelo agente administrativo que não se enquadra na conduta vedada ao legislador ordinário pelo art. 110 do CTN. Diante da identidade entre a receita bruta e a atividade empresarial desenvolvida pela pessoa jurídica, dentro da acepção adotada para o termo "faturamento", há de ser rejeitada a tese da recorrente de que a atividade empresarial deveria ter o propósito de entregar utilidade, conveniência, valores e benefícios a terceiros. O faturamento não pressupõe a relação contraprestacional. As receitas auferidas pela pessoa jurídica, ainda que não decorram da ação de "faturar", quando tenham origem em atividade relacionada ao seu objeto social, integram o seu faturamento. No caso, tratando a recorrente de uma empresa de seguros, não existe controvérsia acerca da obrigatoriedade de investimento de capital para a formação de reservas obrigatórias, compostas de reservas técnicas, fundos especiais e provisões, nos termos do Decretolei nº 73/66. 1 RE 371258 AgR, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 03/10/2006, DJ 27102006 PP00059 EMENT VOL0225304 PP00722. Fl. 956DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 953 9 Dessa forma, em consonância com o conceito de faturamento acima delineado, afigurase correto o entendimento de que, para as instituições financeiras e equiparadas, dentre as quais se encontram as sociedades seguradoras, a lei estabelece certas atividades a serem por elas exercidas, caracterizando a existência de um objeto social legalmente tipificado. Assim, as receitas decorrentes de tais atividades legalmente compulsórias integram o faturamento dessas instituições. O Tribunal Regional da 3ª Região já decidiu no mesmo sentido acerca das receitas financeiras oriundas de reservas técnicas, conforme ementas abaixo: TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. LEI Nº 9.718/98. FATURAMENTO. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. RESSEGURADORA. PRÊMIO E RECEITAS FINANCEIRAS. 1 Resseguradoras são empresas que cobrem parte dos riscos de uma empresa de seguros através de tratados de resseguro, nos quais o ressegurador assume o compromisso de indenizar a companhia seguradora pelos danos que possam vir a acontecer em decorrência de suas apólices de seguro. 2 Como bem consignado na r. sentença, "as atividades típicas das seguradoras e resseguradoras não compreendem somente a prestação de serviço de seguro ou resseguro", mas também a operação no mercado financeiro, "inclusive por força de norma expressa no artigo 84 do Decretolei n.º 73/66, que estabelece a obrigatoriedade de constituição de reservas técnicas, fundos especiais e provisões, para a garantia de todas as suas obrigações". 3 Cumpre observar que o "Agenciamento, corretagem ou intermediação de (...) de seguros (...)" já constava do item 45 da lista de serviços anexa à LC nº 56/87, bem como consta do item 10.01 da LC nº 116/2003, que a revogou. 4 Ademais, os "serviços de seguros e os relacionados com seguros" tais como seguros diretos (incluindo cosseguros), resseguros e retrocessão, atividades de intermediação de seguro (corretagem, agência), serviços auxiliares aos seguros (consultoria, atuária, avaliação de riscos e indenização de sinistros) estão inclusos no serviço financeiro, nos termos do item 5 do Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS), firmado na Rodada Uruguai do GATT (1994) e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994, caracterizandose como serviços típicos das instituições financeiras, de modo que as receitas financeiras e as receitas de prêmio devem integrar a noção de faturamento ou de receita bruta da Lei nº 9.718/98. 5 Por se tratar de pessoa jurídica a que se refere o § 1º do artigo 22 da Lei nº 8.212/91, a impetrante não se beneficiou da declaração de inconstitucionalidade da base de cálculo da contribuição ao PIS proferida nos Recursos Extraordinários 357.950, 390.840, 358.273 e 346.084. 6 Com efeito, por se sujeitarem a regramento próprio, para as seguradoras a base de cálculo do PIS e da COFINS continuou sendo o faturamento (art. 2º), assim entendido como "a receita bruta da pessoa jurídica" (caput, art. 3º), com as exclusões contidas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. 7 Ressaltese que o critério definidor da base de incidência do PIS como o resultado econômico da atividade empresarial vinculada aos seus Fl. 957DF CARF MF 10 objetivos sociais não foi alterado com a declaração de inconstitucionalidade supracitada. 8 Quanto ao tema, o Ministro Cezar Peluso, no julgamento do RE 400.479AgR/RJ, de sua relatoria, assim se manifestou: "Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominadas prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, (...), o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais". 9 Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 pelo Pleno do STF (RE 357.950), em relação à base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS no que tange às instituições financeiras e seguradoras também foi objeto do Parecer PGFN/CAT Nº 2773/2007, datado de 28 de março de 2007, que concluiu: "(...) que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao "plus" contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/RS e dos demais recursos que foram julgados na mesma assentada". 10 Não há que se falar, pois, no caso vertente, em exclusão das receitas financeiras (oriundas de reservas técnicas e aplicações livres de recursos), tampouco das receitas de prêmio, da base de cálculo do PIS e da COFINS. 11 Apelação não provida. (AMS 00083437120154036100, DESEMBARGADOR FEDERAL NERY JUNIOR, TRF3 TERCEIRA TURMA, eDJF3 Judicial DATA:24/03/2017) [negritei] TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. PIS E COFINS. LEI Nº 9.718/98. SEGURADORA. ART. 22, § 1º, LEI 8.212/91. BASE DE CÁLCULO. ATIVOS GARANTIDORES DE RESERVA TÉCNICA. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. INCIDÊNCIA. SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 91 DA SRF EM SÃO PAULO. 1. Em relação à aplicação da Lei nº 9.718/98 às empresas de seguros privados, como é o caso da impetrante, o C. STF manteve incólume o caput do art. 3º, nos termos do RE 357.950. 2. Em suma, as seguradoras não são beneficiadas pela declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal, por se sujeitarem a regramento próprio (arts. 2º e 3º, caput e parágrafos 5º e 6º, da Lei 9.718/98). 3. Especificamente no caso de empresas de seguros privados, cumpre ressaltar, que a própria Lei nº 9.718/98, em seu art. 3º, § 6º, II, prevê quais são as deduções e exclusões possíveis na determinação da base de cálculo do PIS e da Cofins, a saber: o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos. 4. na hipótese dos autos, a incidência das contribuições ao PIS Fl. 958DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 954 11 e à Cofins sobre as receitas financeiras oriundas dos Ativos Garantidores de Reservas Técnicas é medida que se impõe, pois tais valores resultam da atividade empresarial típica da seguradora, resultantes de parte dos prêmios captados de seus clientes e investidos no mercado financeiro, integrando, desta feita, o seu faturamento. 5. Tal entendimento restou consignado na Solução de Consulta nº 91, publicada pela Superintendência da Receita Federal em São Paulo, segundo a qual as receitas de seguradoras geradas com a aplicação de valores reservados ao pagamento de sinistros são tributadas pelo PIS e pela Cofins. 6. Segundo interpretação dada pela Receita Federal, o rendimento proveniente das reservas técnicas é resultado de uma obrigação inerente ao negócio das seguradoras e, portanto, faz parte das receitas operacionais, sobre as quais incide PIS e Cofins. 7. Resta, portanto, prejudicado o pedido de restituição/compensação, face à inexistência do indébito. 8. Apelação improvida. (AMS 00195390920134036100, DESEMBARGADORA FEDERAL CONSUELO YOSHIDA, TRF3 SEXTA TURMA, e DJF3 Judicial DATA:06/03/2015) [negritei] A Câmara Superior de Recursos Fiscais também se pronunciou recentemente sobre a matéria de forma desfavorável à tese da recorrente, conforme Voto do Conselheiro Relator Charles Mayer de Castro Souza abaixo transcrito: Acórdão nº 9303006.236 – 3ª Turma Sessão de 24 de janeiro de 2018 (...) VOTO (...) A solução do litígio passa pela determinação do conceito de faturamento, que o Supremo Tribunal Federal STF, como se sabe, tem entendido, atualmente, como o que decorre da realização das atividades que compõem o objeto social do contribuinte, ou seja, a sua receita operacional. Notese que, quando o STF considerou incompatível com o então Texto Constitucional a ampliação da base de cálculo do PIS/Cofins (§ 1º do art. 3º da Lei n.º 9.718, de 1998), pacificou o entendimento de que o faturamento de fato correspondia apenas à receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços (Rel. p/ Acórdão Min. Marco Aurélio Mello, RE 346.084, DJ de 1/09/2006). Contudo, alguns votos dos ministros que participaram do julgamento indicaram – e não como obiter dictum – o verdadeiro sentido que a esta expressão deve ser conferido. Segundo o Min. Cezar Peluso, que foi acompanhado pelo Min. Sepúlveda Pertence: Faturamento nesse sentido, isto é, entendido como resultado econômico das operações empresariais típicas, constitui a base de cálculo da contribuição, enquanto representação quantitativa do fato econômico tributado. Noutras palavras, o fato gerador constitucional da COFINS são as operações econômicas que se exteriorizam no faturamento (sua base de cálculo), porque não poderia nunca corresponder ao ato de Fl. 959DF CARF MF 12 emitir faturas, coisa que, como alternativa semântica possível, seria de todo absurda, pois bastaria à empresa não emitir faturas para se furtar à tributação. (g.n.). E, concluindo, asseverou: Por todo o exposto, julgo inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita”, cujo sentido afronta a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, da Constituição da República, e, ainda, o art. 195, § 4º, se considerado para efeito de nova fonte de custeio da seguridade social. Quanto ao caput do art. 3º, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. (g.n.). Ainda mais preciso, o Min. Ayres Britto, a partir da redação original do art. 195 da Constituição Federal (anterior à promulgação da Emenda Constitucional – EC n.º 20, de 1998), claramente identificou o conceito de faturamento com equivalente à receita operacional: A Constituição de 88, pelo seu art. 195, I, redação originária, usou do substantivo “faturamento”, sem a conjunção disjuntiva “ou” receita”. Em que sentido separou as coisas? No sentido de que faturamento é receita operacional, e não receita total da empresa. Receita operacional consiste naquilo que já estava definido pelo Decretolei 2.397, de 1987, art. 22, § 1º, “a”, assim redigido – parece que o Ministro Velloso acabou de fazer também essa remissão à lei: Art. 22 [...] § 1º [...] a) a receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e serviços, de qualquer natureza, das empresas públicas ou privadas definidas como pessoa jurídica ou a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda;” Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente àqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional, do seu ramo de negócio, enfim. Logo, receita operacional é receita bruta de tais vendas ou negócios, mas não incorpora outras modalidades de ingresso financeiro: royalties, aluguéis, rendimentos de aplicações financeiras, indenizações etc. (g.n.). E isso porque o inciso I do art. 195 da CF, na redação anterior à EC n.º 20, de receita não falava, mas apenas de faturamento e lucro, como que a abraçar todas as dimensões de riqueza geradas pela pessoa jurídica a partir da realização de seu objeto social – a receita operacional. Pois bem. No caso das seguradoras, as receitas provenientes da aplicação dos bens garantidores de provisões técnicas integram, a nosso juízo, a receita operacional da seguradora. As razões do nosso convencimento estão delineadas, em poucas linhas, no voto condutor do Acórdão nº 9303003.863, de 18/05/2016, proferido por esta mesma Turma de CSRF, relatado Fl. 960DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 955 13 pelo il. Conselheiro Valcir Gassen, que assim discorreu sobre a matéria: Em que pese o disposto no art. 73 do DecretoLei n° 73, de 21 de novembro de 1966, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, que as Sociedades Seguradoras não poderão explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria, e que é típico e da essência das instituições financeiras a “coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros” (art. 17 da Lei 4.595/1964), resta claro que as receitas financeiras advindas de rendimentos financeiros dos bens garantidores de provisões técnicas devem ser computadas nas bases de cálculo do PIS e da COFINS das sociedades seguradoras, pois essas receitas são oriundas do exercício das atividades empresariais das seguradoras. Senão vejamos, no mesmo diploma legal, DecretoLei n° 73, nos arts. 28, 29 e 84, dispõese sobre a obrigatoriedade do investimento de capital para a formação das reservas técnicas, fundos especiais e provisões, desta forma: (...) Entendese assim que as receitas financeiras decorrentes de investimentos compulsórios relativamente às reservas técnicas, fundos especiais e provisões, além das reservas e fundos determinados em leis especiais, constituídos para garantia de todas as obrigações das empresas de seguro, não são receitas estranhas ao faturamento dessas empresas no desenvolvimento de suas atividades empresariais, pelo contrário, essas receitas legalmente integram as atividades típicas das sociedades seguradoras. (grifos do original) Quanto à multa de ofício, sustenta a recorrente que ela deveria ser exonerada pois os pretensos débitos de PIS/Cofins encontrarseiam com a exigibilidade suspensa, nos temos do art. 151, IV, do CTN, c/c art. 63 da Lei nº 9.430 /96. Dispõe o art. 63 da Lei nº 9.430 /96 sobre o não cabimento da multa de ofício na seguinte hipótese: Art.63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. [negritei] Fl. 961DF CARF MF 14 Ao que se observa da redação do dispositivo, duas condições devem ter ocorrer simultaneamente para dispensa da multa de ofício, quais sejam: a) No momento da lavratura do auto de infração pela autoridade fiscal a exigibilidade do crédito tributário deve estar suspensa, valendo dizer, o auto de infração seria lavrado somente para "prevenir a decadência". b) A suspensão da exigibilidade ocorreu "antes do início de qualquer do procedimento de ofício a ele relativo", cabendo a ressalva de que tal procedimento de ofício não se trata do próprio lançamento, mas do procedimento fiscal de lhe deu origem, referido no art. 7º do Decreto nº 70.235/722. No presente caso, relativamente à Cofins, a contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 003368735.2007.4.03.6100, distribuído na 9ª Vara Federal de São Paulo, visando o afastamento da Cofins nos moldes prescritos pela Lei nº 9.718/98. Em 13/12/2007 foi deferida parcialmente a liminar para afastar o alargamento da base de cálculo da COFINS introduzida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº. 9.718/98, permitindo à impetrante o recolhimento do referido tributo nos termos da Lei Complementar nº. 70/91. A sentença concedeu parcialmente a segurança, tendo sido complementada pelos embargos de declaração determinando a incidência da Cofins sobre as atividades típicas da empresa. Na Apelação, a contribuinte requereu a reforma parcial da sentença para o reconhecimento da incidência da contribuição sobre o faturamento, considerado exclusivamente pelas receitas sobre as vendas de mercadorias e sobre as prestações de serviços. No entanto, em 23/08/2013, foi negado provimento à Apelação da contribuinte; não conhecida a Apelação da União; bem como dado provimento parcial à remessa oficial para determinar a incidência da Cofins sobre as receitas oriundas do exercício das operações empresarias típicas do sujeito passivo, incluindo aí as receitas advindas dos prêmios. Sustenta a recorrente que a sentença de primeiro grau e do TRF 3ª Região, cujos trechos são colacionados abaixo, trariam causa suspensiva da exigibilidade da Cofins objeto do presente processo: 2 Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Fl. 962DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 956 15 No entanto, as decisões acima ou a liminar parcial, não têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário relativamente às receitas financeiras que se incluam na atividade típica da contribuinte, como é a hipótese dos autos, não havendo que se falar em exoneração da multa de ofício de que trata o art. 63 da Lei nº 9.430/96. Com relação ao PIS, a contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 003368820.2007.4.03.6100, obtendo liminar em 24 de janeiro de 2008 no agravo de instrumento nº 2008.03.000013842, no entanto, ela foi revogada por sentença que julgou improcedente o pedido da impetrante em 04/08/2008. Somente em decisão de 6 de junho de 2013, na medida cautelar nº 2013.03.00.0132267, foi dado efeito suspensivo aos recursos especial e extraordinário interpostos pela contribuinte. No entanto, como bem analisou o julgador a quo, em nenhum momento a Impetrante obteve medida judicial suspensiva da exigibilidade de créditos tributários, sendo que o mandado foi negado no mérito, tanto na sentença de primeiro grau, quanto no Acórdão do TRF, logo, o efeito suspensivo dos recursos Especial e Extraordinário, que tem como consequência tão somente a suspensão dos efeitos da decisão recorrida, não é hábil a gerar a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, sem o pronunciamento judicial expresso nesse sentido. Merecem ser transcritos os fundamentos da decisão recorrida nesta parte: (...) Analisando as peças daquele MS anexas aos presentes autos (fls. 514/550), constatase que em nenhum momento a Impetrante obteve medida judicial suspensiva da exigibilidade de créditos tributários. Além de não ter obtido liminar, o mandado foi negado no mérito, tanto na sentença de primeiro grau, quanto no Acórdão do TRF. Seguemse os teores do pedido, da sentença de primeiro grau e do Acórdão do Recurso de Apelação: PEDIDO De todo o exposto, a Impetrante requer dignese Vossa Excelência de conceder a medida liminar, inaudita altera pars, a Fl. 963DF CARF MF 16 fim de assegurar seu direito líquido e certo de não serem penalizadas por apurar e recolher a contribuição ao PIS, relativamente aos fatos geradores ocorridos a partir da presente impetração, nos termos da Lei Complementar n° 7/70, vale dizer, calculada à alíquota de 5% (cinco por cento) sobre o valor do imposto de renda devido. SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU Em síntese, a impetrante está sujeita ao recolhimento da contribuição ao PIS, a ser calculada sobre sua receita bruta, em especial sobre a receita decorrente do recebimento de prêmios de seguros, mediante a aplicação da alíquota própria dos contribuintes sujeitos ao regime cumulativo, não procedendo a sua pretensão de recolher esta contribuição pela alíquota de 5% sobre o valor do imposto de renda devido, como previa a Lei Complementar 7/70, a qual neste ponto foi revogada pelo disposto no artigo 3o "caput" e seu § 6o, inciso I, da Lei 9718/98. Isto posto, julgo improcedente o pedido e DENEGO A SEGURANÇA. ACÓRDÃO DO TRF EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS. LEI 9.718/98. CONCEITO DE FATURAMENTO. RECEITAS DE PRÊMIOS DE SEGUROS. A contribuição para o PIS devida pela impetrante a partir da Lei n° 9.718/98 passou a ser calculada com base no faturamento, este correspondendo à receita bruta das pessoas jurídicas (art. 2° e 3° caput). A expressão "receita bruta de venda de mercadorias e de prestação de serviço" deve ser interpretada em consonância com a idéia de soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais, nela se incluindo todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se o faturamento de determinada empresa consiste em receitas de prêmios de seguros, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de "receita bruta igual a faturamento". Como se vê, em nenhum momento o MS trata de medida suspensiva da exigibilidade das contribuições. Ademais, os créditos ali discutidos não se confundem com os de que aqui se trata. Como vimos, lá o impetrante busca a vedação da cobrança dos créditos no que excederem o cálculo das contribuições do PIS segundo a sistemática do "PIS Repique" (5% do Lucro Líquido) e a não inclusão das receitas de prêmios na base de cálculo, enquanto que aqui, os autos dizem respeito a lançamentos de PIS e Cofins no regime cumulativo e sobre as receitas das aplicações compulsórias. É certo, todavia, que a Impugnante obteve medida cautelar atribuindo efeitos suspensivos aos recursos por ela interpostos junto ao STF e STJ, somente a partir desse momento, questionando a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo do PIS. A questão é saber se a concessão dessa medida cautelar tem o condão de suspender a exigibilidade dos créditos tributários em discussão no presente processo. Entendo que não. O efeito suspensivo dos recursos Especial e Extraordinário tem como conseqüência tãosomente a suspensão dos efeitos da Fl. 964DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 957 17 decisão recorrida. Se em nenhum momento ao longo do MS a impetrante obteve a suspensão da exigibilidade dos tributos, não há como a suspensão dos efeitos do acórdão do TRF gerar, por mera conseqüência direta, a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários. A esse respeito, trago à colação trecho de artigo de autoria do Juiz Federal Eustáquio Nunes Silveira, publicado na Internet (http://www.silveiraribeiro.adv.br/efeitosuspensivo/), o qual corrobora a conclusão acima. (...) Importante observar que a Medida Cautelar foi deferida "emparte" e "tão somente para atribuir efeito suspensivo aos Recursos Especial e Extraordinário". Em nenhum momento a decisão judicial fala em "suspensão da exigibilidade dos créditos tributários", mesmo tendo essa suspensão sido pedida expressamente na cautelar. Pretendesse o magistrado suspender a exigibilidade dos créditos tributários teria sido expresso nesse sentido. Diante dessa análise, entendo que os créditos tributários do PIS de que trata este processo não se encontravam com a exigibilidade suspensa quando dos lançamentos em causas, razão porque deve ser mantida a multa de lançamento de ofício. (...) Por fim, quanto à insurgência relativa a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, entendo que os juros de mora são devidos, nos termos do art. 61, caput e §3° da Lei nº 9.430/96, sobre os "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal" não pagos no prazo previsto, incidindo, portanto, também sobre a multa de ofício, após o respectivo vencimento: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. Ademais, a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício após o respectivo vencimento encontra fundamento também no Decretolei nº 1.736/793, cujos dispositivos abaixo transcritos dispõem sobre a incidência dos juros de mora sobre os débitos 3 Solução de Consulta Cosit nº 47,de 04 de maio de 2016 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO EMENTA: OS JUROS DE MORA INCIDEM SOBRE A TOTALIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, DO QUAL FAZ PARTE A MULTA LANÇADA DE OFÍCIO.DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), arts. 113, § 1º, 139 e 161; Lei nº 9.430, de 1996, arts. 44 e 61, § 3º; DecretoLei nº 1.736, de 1979, arts. 2º e 3º. Fl. 965DF CARF MF 18 tributários para com a Fazenda Nacional, inclusive durante o prazo em que a cobrança estiver suspensa em face da interposição de recurso administrativo ou de decisão judicial, cuja regra não se aplicaria somente na hipótese de depósito administrativo ou judicial do montante integral4: Art. 1º Os débitos para com a Fazenda Nacional, de natureza tributária, não pagos no vencimento, serão acrescidos de multa de mora, consoante o previsto neste decretolei. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.287, de 1986) Parágrafo único. A multa de mora será de 20% (vinte por cento), reduzida a 10% (dez por cento) se o pagamento for efetuado no prazo de 90 (noventa) dias, contado a partir da data em que o tributo for devido. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.287, de 1986) Art 2º Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional serão acrescidos, na via administrativa ou judicial, de juros de mora, contados do dia seguinte ao do vencimento e à razão de 1% (um por cento) ao mês calendário, ou fração, e calculados sobre o valor originário. Parágrafo único. Os juros de mora não são passíveis de correção monetária e não incidem sobre o valor da multa de mora de que trata o artigo 1º. Art 3º Entendese por valor originário o que corresponda ao débito, excluídas as parcelas relativas à correção monetária, juros de mora, multa de mora e ao encargo previsto no artigo 1º do Decretolei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, com a redação dada pelos Decretosleis nº 1.569, de 8 de agosto de 1977, e nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. Art 4º A correção monetária continuará a ser aplicada nos termos do artigo 5º do Decretolei nº 1.704, de 23 de outubro de 1979, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 2º deste Decretolei. Art 5º A correção monetária e os juros de mora serão devidos inclusive durante o período em que a respectiva cobrança houver sido suspensa por decisão administrativa ou judicial. (...) [negritos da relatora] 4 Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. [Perguntas e Respostas no sítio da RFB: http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoese demonstrativos/dipjdeclaracaodeinformacoeseconomicofiscaisdapj/respostas2012/caputuloxviii acruscimoslegaisrevisada2012.pdf, acesso em 08/09/2016] (...) 004 Haverá a incidência de juros de mora durante o período em que a cobrança do débito estiver pendente de decisão administrativa? Sim. De acordo com a legislação tributária, há incidência de juros de mora sobre o valor dos tributos ou contribuições devidos e não pagos nos respectivos vencimentos, independentemente da época em que ocorra o posterior pagamento e de se encontrar o crédito tributário na pendência de decisão administrativa ou judicial. A única hipótese em que se suspenderá a fluência dos juros de mora é aquela em que houver o depósito do montante integral do crédito tributário considerado como devido, desde a data do depósito, quer seja este administrativo ou judicial. Se o valor depositado for inferior àquele necessário à liquidação do débito considerado como devido, sobre a parcela não depositada incidirão normalmente os juros de mora por todo o período transcorrido entre o vencimento e o pagamento. Normativo: RIR/1999, art. 953, § 3º, e DecretoLei nº 1.736, de 1979, art. 5º. (...) Fl. 966DF CARF MF Processo nº 16327.720462/201670 Acórdão n.º 3402005.226 S3C4T2 Fl. 958 19 Conforme assentado no Apelação Cível nº 2005.72.01.0000311/SC (TRF4, rel. Vânia Hack de Almeida)5, "Por força do artigo 113, § 3º, do CTN, tanto à multa quanto ao tributo são aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. E não poderia ser diferente, porquanto ambos compõe o crédito tributário e devem sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Não haveria porque o valor relativo à multa permanecer congelado no tempo". A fluência dos juros de mora sobre a multa de ofício durante o curso do processo administrativo fiscal não representa afronta ao art. 161 do CTN, eis que, no próprio CTN, o termo "crédito tributário" não é utilizado somente para se referir à obrigação tributária principal. Conforme se depreende da leitura do art. 142 e do art. 113 do CTN, abaixo transcritos, o lançamento constitui o "crédito tributário", que por sua vez pode ser decorrente tanto do tributo como de eventuais penalidades pecuniárias: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. 6 5 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005.72.01.0000311/SC RELATORA:Juíza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA EMENTA TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. REPETIÇÃO. JUROS SOBRE A MULTA. POSSIBILIDADE. ART. 113, § 3º, CTN. LEI Nº 9.430/96. PREVISÃO LEGAL. 1. Por força do artigo 113, § 3º, do CTN, tanto à multa quanto ao tributo são aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. E não poderia ser diferente, porquanto ambos compõe o crédito tributário e devem sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Não haveria porque o valor relativo à multa permanecer congelado no tempo. 2. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa, que pode, inclusive, ser lançada isoladamente. 3. Segundo o Enunciado nº 45 da Súmula do extinto TFR "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." 4. Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justificase a sua aplicação sobre a multa. 6 "(...) É que resulta claro que o que o legislador quis deixar certo é que a multa tributária, embora não sendo, em razão da sua origem, equiparável ao tributo, há de merecer o mesmo regime jurídico previsto para sua cobrança. O Fl. 967DF CARF MF 20 Dessa forma, não havendo qualquer incompatibilidade dos dispositivos legais acima com o CTN, no que concerne à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, eles devem ser aplicados ao presente caso concreto com base na taxa Selic, cuja legitimidade já é matéria já sumulada neste CARF, conforme abaixo: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora direito tem estas liberdades, que não precisam ser objeto de escândalo." (BASTOS, Celso Ribeiro. In MARTINS, Ives Gandra da Silva. Comentários ao Código tributário Nacional, vol. 2. Ed. Saraiva, 1998, p. 148. Fl. 968DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.003038/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
PIS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO.
Para fins de apuração de crédito do PIS/Pasep e da Cofins não-cumulativos, há de se observar o rol de deduções previstos no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, adotando-se, no que tange ao seu inciso II, a interpretação intermediária construída no CARF quanto ao conceito de insumo, tornando-se imperativa para o reconhecimento do direito ao crédito a análise acerca da sua essencialidade.
No caso concreto analisado, há de ser reconhecido o direito ao crédito relativo às despesas com embalagens, fretes das embalagens, e gás combustível para empilhadeira e mantida a glosa no que tange à despesa com condomínio.
Recurso Voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3301-004.515
Decisão: Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: por unanimidade de votos, em dar provimento para admitir o creditamento de embalagens e fretes das embalagens e, por maioria de votos, em negar provimento para manter a glosa relativa à despesa com condomínio, vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada) e Semíramis de Oliveira Duro.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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Recorrente POMAGRI FRUTAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 PIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. Para fins de apuração de crédito do PIS/Pasep e da Cofins nãocumulativos, há de se observar o rol de deduções previstos no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, adotandose, no que tange ao seu inciso II, a interpretação intermediária construída no CARF quanto ao conceito de insumo, tornandose imperativa para o reconhecimento do direito ao crédito a análise acerca da sua essencialidade. No caso concreto analisado, há de ser reconhecido o direito ao crédito relativo às despesas com embalagens, fretes das embalagens, e gás combustível para empilhadeira e mantida a glosa no que tange à despesa com condomínio. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: por unanimidade de votos, em dar provimento para admitir o creditamento de embalagens e fretes das embalagens e, por maioria de votos, em negar provimento para manter a glosa relativa à despesa com condomínio, vencidos os Conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada) e Semíramis de Oliveira Duro. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 30 38 /2 00 9- 11 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 4 3 Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento, cumulado com declarações de compensação, relativo a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep Não Cumulativa, vinculado a receitas de vendas submetidas à alíquota zero (produção e comercialização de maçãs), deferido parcialmente por Despacho Decisório exarado pela unidade de origem. Dessa forma, apenas parte das compensações declaradas foi homologada. Conforme Termo de Verificação e Encerramento da Análise Fiscal constante nos autos, o reconhecimento parcial do crédito decorreu de glosas efetuadas em itens diversos de custo e despesa que compunham o crédito demonstrado pelo contribuinte no Dacon. Cientificado do decisório, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual pede o reconhecimento integral do crédito de ressarcimento, com base nas seguintes razões: (i) Os materiais de embalagens (cantoneiras, bandejas, fitas adesivas, pallets, papelseda, plástico bolha, tampas, fundos, caixas de papelão etc) são indispensáveis ao acondicionamento do produto, não exclusivamente com o fim de transporte, porquanto utilizados para assegurar a integridade da fruta até o seu destino; (ii) O papelseda, fita, cantoneira e outros são insumos na produção da maçã, conforme item acima, de modo que gera creditamento a despesa com o serviço de transporte para adquirilos; (iii) A despesa com condomínio deve ser creditada da mesma forma que a despesa com aluguel, pois o acessório segue o principal; (iv) O GLP relacionado à glosa foi empregado nas empilhadeiras destinadas à movimentação das maçãs, de modo que o combustível está diretamente ligado ao processo produtivo; (v) Não existe lei formal determinando a aplicação do conceito de insumo do IPI à apuração das contribuições nãocumulativas; (vi) O critério de insumo utilizado na decisão recorrida não está em conformidade com Soluções de Consulta emanadas das Superintendências da Receita Federal do Brasil (Processo de Consulta nº 99/09 da SRRF6ªRF), com decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Recurso Voluntário nº 146.778) e com a jurisprudência judicial (Acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de 26 de março de 2009; Agravo Regimental no REsp nº 1.125.253/SC, de 15 de abril de 2010). Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte, nos termos do Acórdão nº 08033.951. O contribuinte foi intimado acerca desta decisão e, insatisfeito com o seu teor, interpôs Recurso Voluntário, através do qual requereu: (i) recebimento do recurso voluntário; ii) procedência do recurso para reformar o acórdão recorrido, com o reconhecimento do direito ao crédito de PIS requerido no pedido de ressarcimento. É o breve relatório. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.509, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10925.003017/200997, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.509): "Voto Vencido O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. 1) Do direito ao creditamento de COFINS linhas gerais Consoante acima indicado, a presente demanda versa sobre o direito ao creditamento de COFINS em razão da análise do conceito de insumos disposto na legislação de regência. A DRJ seguiu a legislação do IPI, entendendo que, para que fosse concedido o crédito, seria essencial o desgaste físico no produto no processo produtivo da empresa. Esse entendimento, contudo, encontrase superado por este Conselho, que construiu uma corrente intermediária própria, fugindo tanto às normas atinentes ao IPI quanto às normas atinentes ao IRPJ. E é com base nesta corrente intermediária, com a qual me alinho, que serão analisados a seguir os itens que foram objeto de glosa por parte da fiscalização. Importante destacar que o embasamento da glosa realizada pela fiscalização foi a ausência de previsão legal para autorização do creditamento realizado, e não a falta de comprovação da sua origem. Logo, a questão deve ser apreciada sobre o aspecto de direito. Sobre o creditamento, o art. 3º da Lei nº 10.833/2003 assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 6 5 em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. No que tange à alínea II acima, embora ciente que alguns julgadores deste Conselho adotam interpretação restritiva do conceito de insumos para fins de admissão do crédito, inclusive acolhendo em alguns casos o conceito de insumos inserto na legislação do IPI, tem prevalecido nas decisões proferidas por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais uma posição menos engessada, por meio da análise dos créditos aplicáveis em cada caso concreto, em razão da atividade desempenhada pela empresa. A análise do presente caso, portanto, em determinadas situações, perpassa pela definição do conceito de insumos para o PIS e a COFINS. Nos termos dos recentes julgados proferidos por este Conselho, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 7 6 essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Logo, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade à atividade desempenhada pela empresa, direta ou indiretamente. Esta, inclusive, também é a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento daquela Corte pode ser visualizado no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques, proferido nos autos do Recurso Especial nº 1.246.317MG: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 8 7 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifouse) Quanto ao tema, filiome à corrente intermediária acima indicada, pelo que entendo merecer reforma a decisão recorrida quanto aos seus fundamentos, uma vez que, para a compreensão do direito à apuração de créditos de PIS e COFINS no sistema da nãocumulatividade, não deve ser adotado o conceito estrito de insumos constante da decisão recorrida. 2) Dos itens em que o direito ao creditamento restou afastado pela DRJ A empresa em questão planta, produz e comercializa frutas. O recorrente se insurge contra o entendimento da DRJ, argumentando que as despesas com aquisições de embalagens, frete das embalagens, gás combustível para empilhadeiras e condomínio devem gerar crédito de COFINS por serem todas diretamente necessárias à comercialização do produto. Afirma que tais despesas se relacionam diretamente com a preservação da integridade do produto, transporte de insumos e armazenamento. Com relação ao condomínio, afirma que este é acessório que deve seguir a sorte do principal, que é o aluguel, devendo todas essas despesas gerar créditos de COFINS. A decisão da primeira instância analisou a legislação que trata do conceito de insumo para fins de creditamento da COFINS, e concluiu que o caso dos presentes autos não se enquadra no conceito legal, visto que as embalagens utilizadas pelo contribuinte têm a finalidade única de servir ao transporte das frutas, não havendo comprovação de que acompanham o Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 9 8 produto em sua apresentação final ao consumidor, de modo a agregarlhe valor. Manteve a glosa do crédito referente ao frete das embalagens por terem sido desconsideradas como insumo. Quanto aos gastos com condomínio, rejeitou o argumento de que o acessório segue o principal em razão de não haver a alegada relação de acessoriedade, visto que o pagamento do condomínio independe da existência de relação locatícia, e que o acolhimento de um brocardo para alargar a hipótese de creditamento iria de encontro ao princípio da legalidade. Além disso, a utilidade decorrente do condomínio é deslocada espaçotemporalmente do processo produtivo da maçã. Por fim, manteve as glosas dos créditos sobre as despesas com gás combustível para as empilhadeiras, por não ter havido a desconstituição pelo contribuinte da constatação de que as empilhadeiras possuem uso geral para transporte de objetos, não estando sua utilidade adstrita à produção das maçãs. Entendo que assiste razão ao contribuinte em seus argumentos, consoante restará devidamente demonstrado nos tópicos a seguir. 2.1. Das embalagens As embalagens aqui analisadas são as seguintes: bandejas (utilizadas nas caixas de papelão para separar e acondicionar as maçãs), cantoneiras (utilizadas nas caixas de papelão, para proteger o produto, durante o transporte até o cliente, evitando o amassamento da caixa e das maçãs), fitas adesivas (para lacrar o fundo das caixas), pallets e seus acessórios (tais como pregos e etiquetas, utilizados no armazenamento e transporte das caixas de maçãs), papelseda (utilizado para embrulhar a maçã), plástico bolha (empregado para envolver a maçãs, evitando o atrito entre elas), caixa e fundos (usados no acondicionamento das frutas), tampas (utilizadas para proteger a fruta do contato com o ambiente externo), cola (utilizada para colar os rótulos nas caixas de madeira), filme PVC (usado para segurar as caixas nos pallets), termógrafo (usado para controlar a temperatura das caixas quando transportadas). Quanto às embalagens, entendo que a legislação admite o direito ao crédito no caso concreto ora analisado, ainda que as embalagens utilizadas. Isso porque, em razão da especificidade dos produtos produzidos pela Recorrente, é inconteste que as embalagens servem não apenas para o mero transporte, mas também para o seu acondicionamento, apresentandose essenciais à conservação da integridade e qualidade do produto. Conforme fundamentos constantes do tópico anterior, entendo desnecessário que as embalagens sejam incorporadas ao produto durante o processo de industrialização para que seja reconhecido o seu direito ao crédito. É imprescindível, na verdade, identificar se o insumo em questão é essencial à atividade produtiva desempenhada pela empresa, direta ou indiretamente, tendo concluído no caso dos presentes autos que sim. Até porque, ainda que se entendesse que as embalagens em questão seriam destinadas apenas ao transporte, o que não é o caso, a legislação Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 10 9 atinente à COFINS não acoberta a restrição realizada pela fiscalização para fins de tomada de crédito, a qual levou em consideração a legislação do IPI, cuja aplicável há de ser afastada. Estes custos com embalagens para acondicionamento e transporte, em razão da especificidade dos produtos que a Recorrente comercializa, são essenciais a que o produto produzido pela empresa seja colocado à venda, pelo que se insere no conceito de insumo que adoto, nos termos acima analisados. Entendo, ainda, que este item específico também se insere no inciso IX, que expressamente autoriza o creditamento relativo à armazenagem de mercadoria e frete na importação de vendas, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Isso porque, verificase que a adoção da embalagem em questão é necessária tanto para a armazenagem quanto para o transporte dos produtos que a recorrente industrializa e comercializa, em razão das suas especificidades. Há de se destacar, inclusive, que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, em caso análogo, já se manifestou pelo direito ao crédito em tal caso. É o que se infere da decisão a seguir transcrita: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CREDITAMENTO. Para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS/PASEP, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido) TAMBORES UTILIZADOS COMO EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito da contribuição ao PIS/PASEP nãocumulativo em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, tendo em vista a relação de pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CREDITAMENTO. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 11 10 Para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido) TAMBORES UTILIZADOS COMO EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito da contribuição à COFINS nãocumulativa em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, tendo em vista a relação de pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo. (Acórdão n. 9303004.192, de 04/08/2016). Logo, entendo que a decisão recorrida também deverá ser reformada neste ponto, para fins de admitir o direito ao crédito também no que concerne aos tambores utilizados para acondicionamento e transporte. Sendo assim, entendo que deverá ser reconhecido o direito ao crédito no que concerne às embalagens. 2.2. Dos fretes das embalagens A segunda glosa objeto da presente demanda incidiu sobre o serviço de transporte de material não considerado insumo na produção da maçã, tais como papelseda, fitas, filmes, cantoneira, cola, termógrafo etc. O contribuinte defende que, uma vez considerado insumo o material de embalagem utilizado, a despesa com frete na sua aquisição é capaz de gerar creditamento. No que tange aos fretes das embalagens, uma vez admitido o crédito no que concerne às embalagens, entendo que há de ser admitido o direito ao crédito também no que tange aos fretes das referidas embalagens. Até porque, penso que o gasto com frete pago ou creditado pelo comprador à pessoa jurídica domiciliada no País incorporase ao custo de aquisição do insumo, além de encontrar previsão de desconto de crédito no artigo 3º, inciso IV da Lei nº 10.833/2003, cumulado com o inciso II deste mesmo dispositivo legal. (...) 2.3. Do gás combustível para empilhadeira Por fim, no que tange ao gás combustível para empilhadeira, concordo com os fundamentos do Recorrente neste ponto. Isso porque, não resta dúvidas que este item é essencial ao próprio processo produtivo da recorrente, integrando o custo de produção dos produtos em tela. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 12 11 Nesse mesmo sentido, inclusive, já se manifestou este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ao julgar processo análogo ao presente (Proc. nº 18088.720677/201252, Acórdão n. 3403002.648): Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2008 REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo das contribuições o conteúdo semântico de insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços” que integram o custo de produção. EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito das contribuições em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, por integrarem o custo de produção dos produtos. Afasto, portanto, a glosa realizada pela fiscalização quanto ao combustível para empilhadeiras. 3. Da conclusão Diante do acima exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte no presente caso, para fins de reconhecer o direito ao crédito no que tange aos seguintes itens: (a) embalagens; (b) fretes das embalagens; (c) gás combustível para empilhadeiras e (d) condomínio. É como voto. (...) Voto Vencedor (...) Quanto às despesas com condomínio, é de se concluir que não assiste razão ao contribuinte em seu pleito, em razão da ausência de respaldo legal para o creditamento de tal despesa. Por concordar com os fundamentos constantes da decisão recorrida no que concerne a tal despesa, transcrevoo a seguir: 42. Em contraparte, o manifestante sustenta a possibilidade de creditamento com base nas despesas de condomínio, à semelhança do que sucede em relação às despesas de aluguel, invocado o velho brocardo de que o acessório segue o principal (accessorium seguitur principale). Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 13 12 43. De fato, o inciso IV do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, prevê a possibilidade de as despesas incorridas com aluguel gerarem crédito na apuração nãocumulativa das contribuições. Entretanto, a máxima não se aplica à espécie, por dois motivos básicos. 44. Em primeiro lugar, não há acessoriedade entre aluguel e encargo de condomínio, uma vez ausente vínculo de causalidade entre eles. Com efeito, pagase condomínio não porque o imóvel é alugado, mas porque se usufrui de utilidades compartilhadas pelos proprietários ou usuários de prédios. 45. Pelo contrato de locação, uma das partes se obriga a ceder o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. As despesas de condomínio, por sua vez, são destinadas a gastos relativos ao imóvel respectivo como, por exemplo, salários de empregados, materiais de consumo, equipamentos, serviços prestados ao condomínio, podendo, até mesmo, haver sobra em um mês determinado. Dessa forma, percebese que despesas de condomínio não se relacionam com aluguel. 46. Em segundo lugar, a aplicação de um brocardo não pode resultar na ampliação, por analogia, de hipóteses de creditamento que interferem na determinação da base de cálculo da contribuição, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade tributária. 47. Resta verificar se os gastos com condomínio podem ser considerados insumo. 48. Dado que deles resultam utilidades imateriais para o contribuinte, seriam insumos se assim caracterizados sob o aspecto funcional. Entretanto, os serviços de condomínio são completamente deslocados espaçotemporalmente do processo produtivo da maçã. 49. Por essa razão, correta está a glosa das despesas de condomínio. Nesse mesmo sentido, já se manifestou este Conselho, consoante se extrai do Acórdão nº 3302.001.491, a seguir colacionado: (...). COFINS NÃO CUMULATIVA. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMO. CONCEITO. Os bens e serviços que geram direito a crédito da contribuição são aqueles conceituados como insumos, assim entendidos os que sejam diretamente utilizados ou consumidos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Despesa de condomínio incorrida por indústria de beneficiamento de carnes não enquadra neste conceito. Nego, portanto, o direito creditório quanto a tal item." Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10925.003038/200911 Acórdão n.º 3301004.515 S3C3T1 Fl. 14 13 Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado tanto à COFINS quanto à Contribuição para o PIS/Pasep. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento parcial ao recurso voluntário, para admitir o creditamento de embalagens, fretes das embalagens e gás combustível para empilhadeira, e para manter a glosa relativa à despesa com condomínio. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 170DF CARF MF
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