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Numero do processo: 13884.900863/2008-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.932
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 08 63 /2 00 8- 98 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13884.900863/200898 Acórdão n.º 3401004.932 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.590, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13884.900863/200898 Acórdão n.º 3401004.932 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13884.900863/200898 Acórdão n.º 3401004.932 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13884.900863/200898 Acórdão n.º 3401004.932 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13884.900863/200898 Acórdão n.º 3401004.932 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 88DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.904241/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2010 a 28/02/2010
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.320
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2010 a 28/02/2010 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte
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PIS/COFINS. Recorrente JOÃO ALVES DE ALMEIDA GOIANO EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2010 a 28/02/2010 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 42 41 /2 01 2- 10 Fl. 1152DF CARF MF Processo nº 10746.904241/201210 Acórdão n.º 3301004.320 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 03052.889, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. A 4ª Turma da DRJ/BSB julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório sob o fundamento, em síntese, que não foi comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição. Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte protocolou recurso voluntário e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos documentação comprobatória, e no que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.614. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, em cumprimento ao procedimento de Diligência Fiscal, através da Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, no qual foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente no montante ali expresso. Fl. 1153DF CARF MF Processo nº 10746.904241/201210 Acórdão n.º 3301004.320 S3C3T1 Fl. 4 3 Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte declarou que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO constante nos autos. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.279, de 20 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10746.904178/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.279): "A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Fl. 1154DF CARF MF Processo nº 10746.904241/201210 Acórdão n.º 3301004.320 S3C3T1 Fl. 5 4 Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo "deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.046407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76" (grifos do original), com o que concordo. Fl. 1155DF CARF MF Processo nº 10746.904241/201210 Acórdão n.º 3301004.320 S3C3T1 Fl. 6 5 Assim, por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o deferimento parcial do PER apresentado, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original expresso na Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO constante nos autos, com o que concordo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento parcial ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 1156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002154/2010-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 28/02/1997
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 28/02/1997 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 54 /2 01 0- 44 Fl. 124DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 125DF CARF MF Processo nº 19515.002154/201044 Acórdão n.º 2201004.166 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 126DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 127DF CARF MF Processo nº 19515.002154/201044 Acórdão n.º 2201004.166 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 128DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.003554/2002-50
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1997
Ementa:
DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO.
Na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Assim, a contagem do prazo decadencial de cinco anos, na hipótese de falta de recolhimento da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em consonância com o inciso I do artigo 173 do Código Tributário Nacional - CTN.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9101-001.492
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, recurso provido com retorno à câmara de a quo para exame do mérito. A Conselheira Susy Gomes Hoffmann declarou-se impedida.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo Presidente
(Assinado digitalmente)
Paulo Roberto Cortez Redator Ad Hoc Designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (Suplente Convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (Suplente Convocada), João Carlos de Lima Júnior e Susy Gomes Hoffmann. Ausente, justificadamente, os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes e Plínio Rodrigues de Lima.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Exercício: 1997 Ementa: DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. Na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Assim, a contagem do prazo decadencial de cinco anos, na hipótese de falta de recolhimento da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em consonância com o inciso I do artigo 173 do Código Tributário Nacional - CTN. Recurso Especial do Procurador Provido.
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(ATUAL DENOMINAÇÃO DE REZENDE ÓLEO LTDA.) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1997 Ementa: DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. Na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Assim, a contagem do prazo decadencial de cinco anos, na hipótese de falta de recolhimento da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em consonância com o inciso I do artigo 173 do Código Tributário Nacional CTN. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 35 54 /2 00 2- 50 Fl. 1653DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, recurso provido com retorno à câmara de a quo para exame do mérito. A Conselheira Susy Gomes Hoffmann declarouse impedida. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Paulo Roberto Cortez – Redator Ad Hoc – Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (Suplente Convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (Suplente Convocada), João Carlos de Lima Júnior e Susy Gomes Hoffmann. Ausente, justificadamente, os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes e Plínio Rodrigues de Lima. Relatório Cientificada da decisão de Segunda Instância, em 28/07/2006 (fls. 1445), a Fazenda Nacional, por seu procurador, legalmente habilitado, junto a Turma Julgadora, apresenta, tempestivamente, em 31/07/2006, seu Recurso Especial (fls. 1445/1456), para a 1ª Turma de Julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pleiteando a reforma da decisão proferida pela então Primeira Câmara do primeiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão nº 10195.142, de 11/08/2005 (fls. 1409/1443) cuja decisão, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso interposto pela contribuinte Sadia Industrial Ltda. (atual denominação de Rezende Óleo Ltda.) (fls. 1395/1407). O pleito da Fazenda Nacional busca amparo no então art. 7º, § 1º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998, qual seja, a demonstração da contrariedade à lei ou à evidência da prova. Consta dos autos, que contra a contribuinte, Sadia Industrial Ltda. (atual denominação de Rezende Óleo Ltda.), foi lavrado, em 06/12/2002, pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Uberlândia MG, o Auto de Infração de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (fls. 73/89), com ciência através de AR, em 23/12/2002 (fls. 1242) exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 2.499.864,88, a título de Contribuição Social sobre o Lucro líquido, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e multa de ofício qualificada de 150%, da multa isolada de 75% por falta de recolhimento da estimativa mensal da CSLL e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do tributo referente aos exercícios de 1997 a 2000, correspondente aos anos calendário de 1996 a 1999, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 3 3 1 ADIÇÕES AO LUCRO LÍQUIDO ANTES DA CSLL ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO, EXAUSTÃO E BAIXAS DE BENS – DIFERENÇA IPC/BTNF ART. 3º DA LEI N° 8.200/91. 2 ADIÇÕES AO LUCRO LÍQUIDO ANTES DA CSLL RESERVA ESPECIAL REALIZAÇÃO ART. 2 ° DA LEI N° 8.200/91. 3 EXCLUSÕES AO LUCRO LÍQUIDO ANTES DA CSLL SOBRE O LUCRO REVERSÃO DOS SALDOS DAS PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS PDD CLIENTES. 4 REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LÍQUIDO REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LÍQUIDO OUTRAS EXCLUSÕES. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, através do Relatório de Fiscalização (fls. 91/122), lavrado em 06/12/2002, as irregularidades apuradas. Impugnado, tempestivamente, o lançamento, em 21/01/2003 (fls. 1246/1275, instruído pelos documentos de fls. 1276/1342) e após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora MG, em 10/06/2002, decide julgar procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário lançado (fls. 1348/1362), lastreado, em síntese, nos seguintes argumentos básicos: que a obrigação tributária principal é, via de regra, imputada à contribuinte. Para ser imputada pessoalmente ao representante (art. 135 CTN) ou ao infrator da lei tributária (art. 137 CTN), há que haver prova de sua responsabilidade; que a correção monetária complementar IPC/BTNF não pode influir na determinação da base de cálculo da contribuição social. Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 20/10/2003, conforme Termo constante às fls. 1363/1365, e com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, tempestivamente, em 17/11/2003, o seu Recurso Voluntário (fls. 1366/1394), o qual, ao ser apreciado pela então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão nº 10195.142, de 11/08/2005 (fls. 1409/1443), proferiu, por maioria de votos, a decisão de acolher a preliminar de decadência, relativa ao anocalendário de 1996 e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, conforme se verifica de sua ementa e decisão: CSLL — PRELIMINAR DE DECADÊNCIA – INAPLICABILIDADE DO ART. 45 DA LEI N. 8.212/91 FRENTE ÀS NORMAS DISPOSTAS NO ART. 150, §4°. DO CTN — A partir da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais voltaram a ter natureza jurídicotributária, devendo, portanto, aplicarse a elas todos princípios tributários previstos na Constituição (art. 146, III, "b"), e no Código Tributário Nacional (arts. 150, § 4° e 173). PRELIMINAR — DECADÊNCIA — LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO — OUTRAS EXCLUSÕES O direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário em lançamento Fl. 1655DF CARF MF 4 por homologação decai em cinco anos a contar da data do fato gerador da obrigação tributária. MULTA AGRAVADA — Descabe o agravamento da multa de ofício prevista no inciso II, art. 44, da Lei 9.430/96, quando não devidamente comprovado pela fiscalização o evidente intuito de fraude, mormente quando o contribuinte não ocultou a operação praticada, registrando na sua escrita comercial e fiscal toda a operação. MULTA ISOLADA — Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, cabe o lançamento da multa exigida isoladamente sobre os valores devidos e não recolhidos por estimativa. CSLL — CORREÇÃO COMPLEMENTAR IPC/BTNF — ART. 3°. DA LEI N. 8.200/91 EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO — Possível à exclusão da correção complementar do IPC/BTNF da base de cálculo da CSLL por inexistência de previsão legal para sua adição. CSLL — RESERVA ESPECIAL — ART. 2°. DA LEI N. 8.200/91 — A reserva da correção especial dos bens do ativo permanente deverá ser adicionada na base de cálculo da contribuição social, proporcionalmente à realização dos bens ou direitos mediante alienação, depreciação, amortização, exaustão ou a qualquer título. CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS — PDD CLIENTES ADIANTAMENTOS DE SOJA — O reconhecimento das perdas no recebimento de créditos poderá ser deduzido da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, desde que devidamente comprovado com documentos hábeis e idôneos a efetiva perda, e esteja de acordo com o disposto no art. 340 e seguintes do RIR/99. CSLL — OUTRAS EXCLUSÕES — BASES NEGATIVAS — A compensação de bases negativas da contribuição social sobre o lucro, poderá ser compensada até o limite de 30% dos resultados apurados em períodos subseqüentes, ajustados pelas adições e exclusões previstas na legislação. TAXA SELIC — JUROS DE MORA — Os juros de mora calculados com base na taxa Selic, são aplicáveis por expressa disposição legal. Recurso Parcialmente Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por REZENDE ÓLEO LTDA. ACORDAM os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência em relação ao ano de 1996, vencidos os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Mário Junqueira Franco Júnior e Manoel Antonio Gadelha Dias e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para : 1) cancelar a exigência a título de "diferença IPC/BTNF"; 2) reduzir a multa de ofício para 75% em relação ao item "bases negativas de anos anteriores", nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Valmir Sandri (Relator) que também cancelou as exigências de Fl. 1656DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 4 5 multas isoladas. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Orlando José Gonçalves Bueno. Cientificada, formalmente, da decisão de Segunda Instância, em 28/07/2006, conforme Termo constante às fls. 1445, a Fazenda Nacional, através do seu representante legal, interpôs, de forma tempestiva (31/07/2006), o seu Recurso Especial de fls. 1445/1456, com amparo no então art. 7º, § 1º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998, qual seja, a demonstração da contrariedade à lei ou à evidência da prova, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas seguintes considerações: que de acordo com o art. 32, inciso I do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, caberá, privativamente ao Procurador da Fazenda Nacional, recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, de "decisão não unânime da Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova"; que consta no r. acórdão que os e. conselheiros CAIO MARCOS CÂNDIDO, MÁRIO JUNQUEIRA FRANCO JÚNIOR e MANOEL ANTÔNIO GADELHA DIAS não acolheram a preliminar de decadência em relação à CSSL; que, por outro lado, ao julgar que o auto de infração deveria ser parcialmente anulado em função do decurso do prazo decadencial, a e. Câmara a quo contrariou frontalmente o art. 45 da Lei 8.212/91, como restará demonstrado a seguir; que não cabe ao Conselho de Contribuintes deixar de aplicar o art. 45 da Lei 8.212/91 eis que estaria decretando a sua inconstitucionalidade; que a e. Câmara a quo fundamentou a alegada nulidade do lançamento em um suposto conflito entre o art. 45 da Lei 8.212/91 e o art. 146 da Constituição Federal de 1988; que, contudo, de acordo com o artigo 22A do Regimento Interno da CSRF, com redação dada pela Portaria MF n.° 103/2002, não resta mais dúvida de que o Conselho de Contribuintes não possui competência para apreciar e declarar a inconstitucionalidade de lei; que da constitucionalidade e legalidade do Art. 45 da Lei 8.212/91. O art. 45 da Lei 8.212/91 é norma especial frente ao art. 150, § 4º do CTN, e, como este mesmo diploma admite a edição de normas específicas sobre o prazo decadencial, inexiste qualquer conflito entre essas disposições; que o STJ declarou que se aplica o prazo de dez anos disposto no art. 45 da Lei 8.212/91, e que não poderia concluir que a Lei 8.212/91, por não ser lei complementar, não poderia dispor sobre o prazo decadencial para o lançamento, pois tal decisão caberia ao Tribunal adequado. Após o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional o Presidente da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes exarou o Despacho nº 101091/2006, de 18/08/2006 (fls. 1458/1459), dando seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por satisfazer aos pressupostos regimentais. Ciente, nos termos regimentais, do Acórdão recorrido e do Despacho de Exame de Admissibilidade, em 19/12/2006 (fls. 1459/1460), a contribuinte apresenta, Fl. 1657DF CARF MF 6 tempestivamente, em 02/01/2007, as suas contrarrazões (fls. 1461/1470), baseado, em síntese, nas seguintes considerações: que antes de adentrarmos no mérito da questão, fazse necessário suscitar a preliminar aventada no preâmbulo, haja vista a impossibilidade de admissão do recurso especial protocolizado pela Recorrente pelo fato de não preencher os requisitos legais; que apesar de admitido o recurso especial interposto, a Recorrida demonstrará que o mesmo não merece ser conhecido em face do descumprimento dos requisitos mínimos exigidos pelo artigo 32, § 4°, do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes; que o prequestionamento é requisito essencial ao recurso especial, seja pelo inciso I, seja pelo inciso II da referida norma. Ocorre que, em momento algum a Recorrente demonstra o prequestionamento de forma a especificar quais peças processuais onde constam debatidos os pontos que se pretende analisar; que em seu recurso especial a ora Recorrente se limita a discorrer a respeito da matéria sem sequer demonstrar o prequestionamento da mesma, nem tão pouco indicálo, motivo pelo qual dever ser improvido o presente recurso especial; que a ora Recorrida apenas adentrará na questão alusiva à decadência, vez que a divergência relativamente à legitimidade deste Egrégio Conselho em conhecer de constitucionalidade ou não de lei não fora admitida, vez que inexiste divergência comprovada, assim como os precedentes utilizados não versam sobre a mesma matéria debatida nos presentes autos, motivo pelo qual restou incabível o especial neste ponto; que primeiramente impende refutar os argumentos Fazendários no sentido de que o Egrégio conselho de Contribuintes, por intermédio da decisão ora recorrida, haveria decretado a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.° 8.212/91, pois, como é cediço, não cabe ao Órgão Administrativo decretar a inconstitucionalidade das Normas Legais, sendo que a r. decisão recorrida observou escorreitamente tal assertiva e não decretou, em momento algum, a inconstitucionalidade de qualquer dispositivo legal, como quer fazer crer o Nobre Procurador da Recorrente; que afastado o sofisma acima, a CSSL, como sabido, encontrase inserta entre aqueles tributos sujeitos ao lançamento por homologação ou autolançamento, visto que o contribuinte antecipa o pagamento à Administração Pública ficando tal pagamento sujeito à ulterior homologação por parte desta; que o critério da decadência qüinqüenal do Fisco constituir os referidos créditos acima indicados deve ser respeitado, tendo em vista o disposto na legislação de regência, confirmada pelos inúmeros julgados retrocitados, que dão guarida às considerações da Recorrida, devendo o v. acórdão ser mantido integralmente na linha dos precedentes exarado por esta Egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais, posto que, no caso concreto, ultrapassado fora o prazo qüinqüenal decadencial. É o relatório. Voto Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 5 7 Conselheiro Paulo Roberto Cortez, Redator Ad Hoc Designado Inicialmente é de se ressaltar, que em face da necessidade da formalização da decisão proferida no acórdão nº 9101001.492, de 24 de outubro de 2012, processo de competência da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e, tendo em vista que o Conselheiro José Ricardo da Silva, relator do processo, não mais faz parte de nenhum dos colegiados que integram o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Presidente da 1ª Turma da CSRF resolveu designar este conselheiro como redator ad hoc, para formalizar o acórdão já proferido, nos termos do item III do art. 17 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF). Tendo a Fazenda Nacional tomado ciência do decisório recorrido em 28/07/2006 (fls. 1445) e tendo protocolizado o presente apelo em 31/07/2006 (fls. 1445/1456), isto é, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, evidenciase a tempestividade do mesmo nos termos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Da análise dos autos verificase, que após o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional o presidente da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes exarou o Despacho nº 101091/2006, de 18/08/2006 (fls. 1458), dando seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por satisfazer aos pressupostos regimentais. É de se observar, que a Fazenda Nacional cumpriu a condição estabelecida no então art. 7º, § 1º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998, qual seja, a demonstração da contrariedade à lei ou à evidência da prova, visto que a recorrente, em tese, fundamentou, à saciedade, a alegada contrariedade à lei no que tange ao prazo decadencial para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, em relação ao ano de 1996. Assim sendo, o Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, preenche os requisitos legais de admissibilidade merecendo ser conhecido pela turma julgadora. Depreendese do relatado que a Fazenda Nacional ingressou com Recurso Especial Privativo do Procurador, com amparo no art. 5º, inciso I, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998. Observando, que tal previsão foi extinta pelo atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pelas Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010. Resta claro, no Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, que a mesma esta insurgindose contra decisão da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, exarado pelo Acórdão 10195.142, de 11/08/2005, que, por maioria de votos, acolheu a preliminar de decadência da CSLL em relação ao anocalendário de 1996, baseado no argumento de que a partir da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais voltaram a ter natureza jurídicotributária, devendo, portanto, aplicaremse a elas todos os princípios tributários previstos na Constituição (art. 146, III, "b"), e no Código Tributário Nacional (arts. 150, § 4°. e 173). Fl. 1659DF CARF MF 8 Como visto do relatório, o ponto nodal da presente discussão diz respeito tão somente no que se refere ao termo inicial da contagem do prazo decadencial dos tributos considerados lançamento por homologação. Quando se fala em decadência do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, é preciso admitir, antes de mais nada, que se está diante de uma das mais polêmicas questões embutidas em nosso direito tributário. Entretanto, entendo, que nos dias atuais, no que diz respeito à discussão sobre o termo inicial da contagem do prazo decadencial, tornouse pacifica, já que em 21/12/2010, houve a edição da Portaria MF nº. 586, que alterou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009. Dispôs o art.62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Diante disso, resta claro que os julgados proferidos pelas turmas integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) devem se adaptar, nos casos de decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 6 9 Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, a estes julgados. A contagem do prazo decadencial é um destes temas. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº. 973.733 – SC (2007/01769940), que a contagem do prazo decadencial dos tributos ou contribuições, cujo lançamento é por homologação, deveria seguir o rito do julgamento do recurso especial representativo de controvérsia, cuja ementa é a seguinte: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose Documento: 6162167 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado Fl. 1661DF CARF MF 10 DJe: 18/09/2009 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Nos julgados posteriores, sobre o mesmo assunto (contagem do prazo decadencial), o Superior Tribunal de Justiça aplicou a mesma decisão acima transcrita, conforme se constata no julgado do AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº. 1.203.986 MG (2010/01395597), verbis: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. MATÉRIA DECIDIDA NO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA N° 973.733/SC. ARTIGO 543C, DO CPC. PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE COBRANÇA JUDICIAL PELO FISCO. PRAZO QÜINQÜENAL. TRIBUTO SUJEITO À LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados:I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 7 11 2. A decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, quais sejam: (i) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado; (ii) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado; (iii) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida; (iv) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória; e (v) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior (In: Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad, págs. 163/210). Documento: 12878841 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado DJe: 24/11/2010 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça 3. A Primeira Seção, quando do julgamento do REsp 973.733/SC, sujeito ao regime dos recursos repetitivos, reafirmou o entendimento de que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em FALTA O JULGAMENTO AGUARDAR) 4. À luz da novel metodologia legal, publicado o acórdão do julgamento do recurso especial, submetido ao regime previsto no artigo 534C, do CPC, os demais recursos já distribuídos, fundados em idêntica controvérsia, deverão ser julgados pelo relator, nos termos do artigo 557, CPC (artigo 5º, I, da Res. STJ 8/2008). 5. In casu: (a) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (b) a obrigação ex lege de pagamento antecipado de contribuição social foi omitida pelo contribuinte concernente Fl. 1663DF CARF MF 12 ao fato gerador compreendido a partir de 1995, consoante consignado pelo Tribunal a quo; (c) o prazo do fisco para lançar iniciou a partir de 01.01.1996 com término em 01.01.2001; (d) a constituição do crédito tributário pertinente ocorreu em 15.07.2004, data da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito que formalizou os créditos tributários em questão, sendo a execução ajuizada tão somente em 21.03.2005. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Agravo regimental desprovido. É de se esclarecer, que na solução dos Embargos de Declaração impetrado pela Fazenda Nacional no Recurso Especial nº. 674.497 PR (2004/01099782), houve o acolhimento em parte do embargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para modificar o entendimento sobre os fatos geradores ocorridos em dezembro cuja exação só poderia ser exigida a partir de janeiro do ano seguinte, verbis: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. O ministro Mauro Campbell Marques, relator do processo, em síntese, assim se manifestou em seu voto: Sobre o tema, a Primeira Seção desta Corte, utilizandose da sistemática prevista no art. 543C do CPC, introduzido no ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei dos Recursos Repetitivos, ao julgar o REsp 973.733/SC, Rel Min. Luiz Fux (j. 12.8.2009), reiterou o entendimento no sentido de que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação não declarado e inadimplido, como o caso dos autos, o Fisco dispõe de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para a constituição do crédito tributário, nos termos do art. 173, I, do CTN. Somente nos casos em que o pagamento foi feito Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 8 13 antecipadamente, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN) (...) Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. Desta forma, para lançamentos em que não houve pagamento antecipado, é de se observar que os julgados do Superior Tribunal de Justiça firmaram posição no sentido de que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado corresponde, de fato, ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Código Tributário Nacional. Por outro lado, para os lançamentos em que houve pagamento antecipado a contagem do prazo decadencial tem início na data do fato gerador da obrigação tributária discutida. O caso em questão trata de cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ocorrido em 31/12/1996. Sob o meu ponto de vista o maior obstáculo neste tipo de interpretação dada pelo Superior Tribunal de justiça está em definir o que seria considerado “pagamento antecipado” nos futuros julgados por este Tribunal Administrativo. Ora, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o escoamento do prazo do art. 150, § 4º, sem manifestação do Fisco, significa a aquiescência implícita aos valores declarados pelo contribuinte, porque o silêncio, neste caso, é qualificado pela lei, trazendo efeitos. A única diferença de regime está consubstanciada na hipótese em que não há pagamento antecipado, que de acordo com Superior Tribunal de Justiça, se aplicaria, para efeitos de marco inicial do prazo decadencial, o art. 173, I, do Código Tributário Nacional (regra geral, que deverá ser seguido conforme a interpretação dada pelo STJ), por força do que dispõe o parágrafo único deste mesmo preceptivo. Exaurido o prazo, o Fisco não poderá manifestar qualquer intenção de cobrar os valores. Há, pois, falarse em decadência nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. No presente caso se torna irrelevante continuar a discussão sobre qual seria o significado de “pagamento antecipado”, já que não houve recolhimento antecipado de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, como restou consignado na Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica, relativa ao anocalendário de 1996 (fls. 760/774). Notase, que tanto nos cálculos da CSLL mensais (janeiro a dezembro de 1997), bem como o ajuste pelo lucro real, no anocalendário de 1996, não houve nenhum recolhimento da contribuição. Fl. 1665DF CARF MF 14 Assim sendo, no ponto de vista dos julgados do Superior Tribunal de Justiça, o termo inicial da contagem do prazo decadencial é 01/01/1998, já que o fato gerador ocorreu em 31/12/1996. Ou seja, de acordo com a linguagem do Superior Tribunal de Justiça “o termo inicial para contagem do prazo decadencial, nos casos em que não houve pagamento antecipado, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de oficio poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. O prazo fatal para a constituição do lançamento ocorreria em 31/12/2002, tendo ocorrido a ciência do lançamento em 23/12/2002, não está decadente o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário questionado. Assim sendo, considero que em relação à exigência da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, sem pagamento antecipado, aplicase a regra geral de decadência enunciada no artigo 173, I do Código Tributário Nacional, tendo a Fazenda o prazo de cincos anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para constituir o crédito tributário. Nestas condições, entendo que se faz necessários adaptar a decisão recorrida aos julgados do Superior Tribunal de Justiça, razão pela qual conheço do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, por tempestivo, preenchendo as demais questões de admissibilidade e, no mérito, doulhe provimento para declarar que o lançamento, relativo ao anocalendário de 1996, não foi alcançado pelo prazo decadencial. (Assinado digitalmente) Paulo Roberto Cortez Fl. 1666DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.904180/2012-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2007 a 31/03/2007
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.332
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2007 a 31/03/2007 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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PIS/COFINS. Recorrente JOÃO ALVES DE ALMEIDA GOIANO EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2007 a 31/03/2007 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 41 80 /2 01 2- 82 Fl. 1047DF CARF MF Processo nº 10746.904180/201282 Acórdão n.º 3301004.332 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 03052.829, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. A 4ª Turma da DRJ/BSB julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório sob o fundamento, em síntese, que não foi comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição. Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte protocolou recurso voluntário e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos documentação comprobatória, e no que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.554. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, em cumprimento ao procedimento de Diligência Fiscal, através da Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, no qual foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), onde propôs o indeferimento total do Pedido de Restituição. Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte veio "declarar que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 10746.904180/201282 Acórdão n.º 3301004.332 S3C3T1 Fl. 4 3 Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente"(sic). É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.331, de 20 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10746.904181/201227, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.331): "A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 10746.904180/201282 Acórdão n.º 3301004.332 S3C3T1 Fl. 5 4 idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Fl. 1050DF CARF MF Processo nº 10746.904180/201282 Acórdão n.º 3301004.332 S3C3T1 Fl. 6 5 Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o desacerto das valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o "indeferimento total do PER sob nº 01296.07698.291210.1.2.049025" (grifos do original), com o que concordo. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o resultado da diligência demonstrou o desacerto dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo o indeferimento total do PER apresentado, com o que concordo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 1051DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16306.720234/2013-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica(DIPJ).
Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do ano-calendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas.
SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
Numero da decisão: 1401-002.370
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedida a Conselheira Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica(DIPJ). Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Declarouse impedida a Conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 30 6. 72 02 34 /2 01 3- 03 Fl. 1559DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Fl. 1560DF CARF MF Processo nº 16306.720234/201303 Acórdão n.º 1401002.370 S1C4T1 Fl. 1.560 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão n. 1668.102 4ª Turma da DRJ/SPO, que, por unanimidade de votos, não homologou a compensação correlata ao crédito de IRPJ não reconhecido. A Interessada transmitiu vários PER/DCOMP em que apontado crédito referente ao Saldo Negativo de IRPJ (SNIRPJ), relativo ao anocalendário (AC) de 2007, no montante de R$5.477.242,42. O PER/DCOMP com demonstrativo de crédito foi o de número 07780.83367.260811.1.6.025033 (fls. 02 a 12). O Despacho Decisório reconheceu apenas parcialmente o direito creditório da Recorrente, no montante de R$ 1.696.117,82. Após a apresentação de Manifestação de Inconformidade e a juntada de documentos comprobatórios a DRJ reconheceu mais uma parcela do saldo negativo, no montante de R$ 2.096.317,27. Sendo assim, do total de R$ 5.477.242,72 pleiteados pela Recorrente, já foi reconhecido o montante de R$ 3.792.435,09. Inconformada, a Recorrente interpôs Voluntário com vistas a obter a reforma do julgado defendendo a necessidade de se reconhecer as estimativas mensais compensadas para o computo do saldo negativo de IRPJ, tendo em vista que o valor remanescente de R$ 1.684.987,33, não reconhecido no acórdão recorrido diz respeito a (i) IRRF decorrente da receita de juros do contrato de mútuo celebrado entre a Recorrente e a empresa Agromen Tecnologia Ltda (CNPJ 08.636.452/000176) no importe de R$ 78.610,75, e (ii) estimativas mensais compensadas e não consideradas pela autoridade administrativa na composição do saldo negativo de 2007. Era o essencial a ser relatado. Passo a decidir Fl. 1561DF CARF MF 4 Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O Recurso apresenta os requisitos essenciais para sua admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, a decisão de piso manifestase no sentido de que pode a Fiscalização, após o encerramento do ano calendário, exigir estimativas eventualmente não recolhidas durante o anocalendário, por expressa previsão legal e que a falta de recolhimento de estimativas. Segundo o Acórdão recorrido, descabe a alegação da contribuinte no sentido de que a glosa de estimativas da apuração de saldo negativo representa dupla exigência à Recorrente decorrente do mesmo fato, pois o pagamento de estimativas deveria ter sido feito dentro do prazo legal, o que não teria ocorrido no presente caso, assim como não houve o adimplemento dos débitos confessados, a glosa do saldo negativo é consequência deste fato. Por isso, no entendimento da decisão de piso, não haveria como se manter o saldo negativo de parcelas constituintes que não estariam satisfeitas, porque a cobrança dos valores não pagos decorre de determinação legal, de forma que não haveria que se falar em dupla cobrança, já que uma vez adimplido o débito, este procedimento reflete na apuração do saldo negativo. Contudo, tal entendimento não prospera, posto que, a partir da edição da Medida Provisória nº 135 de 30/10/2003 DOU de 31/10/2003, a estimativa mensal compensada em DCOMP deve integrar o saldo negativo, porque será cobrada, ainda que a compensação seja não homologada. Com relação ao valor, não confirmado a título de ESTIMATIVAS COMPENSADAS, temos que a Recorrente comprovou, de forma detalhada, que a estimativa mensal de outubro de 2007 merece ser considerada na apuração do saldo negativo pleiteado, já que o PER/DCOMP nº 01714.47076.291107.1.3.015000 que compensou tal estimativa foi integralmente homologado pela RFB. Quanto ao crédito de IRRF Mútuo não Considerado pela Autoridade Fiscal – Valor doc. IRRF glosado R$ 78.610,75, observo que referido montante de IRRF retido em novembro de 2007 pela Empresa Agromen Tecnologia Ltda. (CNPJ nº 08.636.452/000176), incidente sobre a receita de juros decorrentes de contrato de mútuo celebrado com a Recorrente, não reconhecido pela autoridade fiscal e pela DRJ sob o fundamento de que referido valor não constou na DIRF da fonte pagadora e a suposição de que a Recorrente teria deixado de incluir no resultado tributável anual a receita financeira que deu origem ao referido IRRF. Contudo, a Recorrente apresentou DCTF e comprovante de recolhimento DARF da fonte pagadora fls. 557/596 , assim como todos os documentos fiscais e contábeis que demonstram que a receita financeira que deu origem ao IRRF devido foi oferecida à tributação, quais sejam: Fl. 1562DF CARF MF Processo nº 16306.720234/201303 Acórdão n.º 1401002.370 S1C4T1 Fl. 1.561 5 · Contrato de Mutuo entre a Recorrente e a Empresa Agromen Tecnologia Ltda. – Doc. 3 do RV · Planilha de controle do mútuo da Recorrente que demonstra a apropriação dos juros pelo regime de competência – Valores a Receber da empresa Agromen Tecnologia Ltda, comprobatórios da receita de juros e IRRF devido – Doc. 4 · Razão Contábil do Empréstimo – Doc. 4 do RV · Extrato Bancário: comprovante de pagamento do valor de R$ 78.610,75 em 05/12 realizado pela Agromen Tecnologia – Doc. 5 do RV · Tela de Cadastro da Empresa no Sistema Interno da Recorrente (SAP) que comprova o código 1253 para a Empresa Dow Agrosciences Sementes e Biotecnologia Brasil Ltda, atual denominação de Agromen Tecnologia Ltda. – Doc. 6 do RV 3) Das Estimativas Mensais Liquidadas Mediante Compensação – Valor Glosado Mantido pela DRJ: R$ 1.810.998,71 3.1) Dos PER/DCOMPs Cancelados – estimativa mensal de outubro de R$ 526.813,75. A Recorrente transmitiu os PER/DCOMPs nº 23786.50323.290107.1.3.01 7791 e 08674.60961.291107.1.3.017270 objetivando compensar a estimativa mensal de IRPJ devida em outubro de 2007, no montante de R$ 526.813,75 (R$ 306.919,21 + 219.894,54, respectivamente). Ao constatar equívocos no preenchimento dos referidos PER/DCOMPs, a Recorrente optou em cancelálos e, no mesmo dia, transmitiu um único PED/DCOMP nº 01714.47076.291107.1.3.015000 para compensar o débito de estimativa mensal de IRPJ de outubro de 2007 no valor de 526.813,75 (fls. 605/610). Este PER/DCOMP, inclusive, já foi analisado pela RFB e integralmente homologado, liquidandose, assim, de forma definitiva, a estimativa mensal de outubro de 2007 (fls. 611/612). Quando da entrega do PER/DCOMP relativo ao saldo negativo de 2007, analisado nos autos do presente processo administrativo, a Recorrente, por um lapso, indicou o número dos PER/DCOMPs cancelados para liquidar a estimativa de outubro de 2007, quando deveria ter indicado o PER/DCOMP 01714.47076.291107.1.3.015000, já homologado pela RFB. Tratase, portanto, de erro de fato no preenchimento do PER aqui analisado, que não pode, sob hipótese alguma, refletir na glosa de estimativas já liquidadas, computadas na apuração do saldo negativo do IRPJ do período. 3.2) Confirmação das Estimativas Liquidadas via Compensação – R$ 1.284.184,96. Fl. 1563DF CARF MF 6 A Recorrente, diante do não reconhecimento de parte do crédito utilizado nas compensações da estimativa do mês de novembro de 2007, incluiu os débitos remanescentes de todos os processos abaixo listados no Programa de Parcelamento instituído pela Lei nº 11.941/2009, através da reabertura pela Lei nº 12.996/2014. (Doc. 7 do RV). A DRJ, todavia, manteve a glosa das estimativas listadas no quadro acima por entender, de maneira equivocada, que “parcelamento e cobrança não se confundem com pagamento” (fls. 26 do Acórdão recorrido). Contudo, tendo a Recorrente comprovado de maneira incontroversa que as estimativas mensais de novembro de 2007 foram liquidadas através da quitação antecipada autorizada pela Lei nº 13.043/2014 (Doc. 7 do RV), não pode ser mantida a redução do saldo negativo de 2007. Além disso, ainda que as estimativas não estivessem extintas pela quitação no parcelamento, elas deveriam ser reconhecidas como passíveis de comporem o saldo negativo, independentemente de decisão final nos respectivos processos de compensação. Isso porque, o reconhecimento da estimativa compensada encontra respaldo na própria lógica do procedimento de compensação e cobrança realizada pelo Fisco, pois ainda que a compensação não seja homologada, os débitos indicados como compensados serão imediatamente exigidos pelo Fisco através do lançamento desta pendência no conta corrente da Recorrente, impedindo a renovação de Certidão de Regularidade Fiscal, podendo, inclusive, ser inscrito em DAU e cobrado judicialmente através de execução fiscal. Isso porque, a PER/DCOMP constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos não homologados. Sendo assim, as estimativas compensadas, uma vez não homologadas, serão cobradas em processo administrativo próprio, motivo pelo qual o saldo negativo apurado no anobase de 2007 deve ser integralmente reconhecido. O despacho decisório pretende exigir a estimativa quitada por compensação que compôs o referido saldo negativo se encontra em discussão em outros processos administrativos, conforme documentação anexada aos autos, ainda que já encerrado o respectivo anocalendário, o que não se pode admitir, conforme pacífica jurisprudência do próprio CARF. Desta forma, assiste razão à Recorrente quando defende que o entendimento que deve prevalecer é que a Dcomp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos, ainda que não homologados, estão as estimativas mensais compensadas e não homologadas devem ser reconhecidas e computadas no saldo negativo de IRPJ 2008 (AC 2007). Fl. 1564DF CARF MF Processo nº 16306.720234/201303 Acórdão n.º 1401002.370 S1C4T1 Fl. 1.562 7 Verificase, portanto, que homologadas ou não as compensações realizadas para quitação dos débitos de estimativas mensais de IRPJ, a composição do saldo negativo de IRPJ, a composição do saldo negativo de IRPJ 2008 (AC 2007) não será alterada. Neste sentido, fora proferido em 23 de novembro de 2016, Acórdão recebeu o nº 9101002.493, e tem origem na CSRF, de relatoria do Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, que esclarece: Acórdãonº 9101002.493: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário:2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica(DIPJ). Vistos,relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito,em negarlhe provimento. Deste segundo Acórdão, extraio a parte do voto que trata da aplicação da Solução de Consulta Interna nº18/2006, da COSIT, e do Parecer PGFN/CAT/nº88/2014: A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese ao cabimento, ou não, da glosa de estimativas cobradas em Declaração de Compensação na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado em Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Tratase de matéria atualmente pacificada tanto no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), quanto da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN),como segue: Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. PARECERPGFN/CAT/Nº88/2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido –CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei nº 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. Assim, não procedem eventuais insurgências da recorrente contra o teor do contido na Solução de Consulta Interna (SCI) Cositnº18,de2006. Fl. 1565DF CARF MF 8 Damesmaforma,éesteoentendimentodestaCSRF,conformeseobservaaseguir: Acórdão CSRF nº 9101002.093, de 21 de janeiro de 2015: IRPJ SALDO NEGATIVO ESTIMATIVA APURADA PARCELAMENTOCOMPENSAÇÃOCABIMENTO. Descabe a glosa na composição do saldo negativo de IRPJ de estimativa mensal quitada por compensação, posteriormente não homologada e cujo valor foi incluído em parcelamento especial. Do referido aresto, transcrevo o trecho a seguir (destaque do original): A situação é análoga à das estimativas quitadas por compensação declarada após a vigência da MP135/2003 (com caráter de confissão de dívida) e não homologadas. Para esses casos, exatamente em razão de as estimativas quitadas por compensações não homologadas estarem confessadas, a Secretaria da Receita Federal expediu orientação no sentido de não caber a glosa na apuração do saldo negativo apurado na DIPJ. Esclarece a Solução de Consulta Interna nº18/2006: “(...) Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” A incerteza sobre essa orientação, gerada pelos pronunciamentos da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio dos Pareceres PGFN/CATnº1658/2011e193/2013, no sentido de impossibilidade de inscrição na dívida ativa dos débitos correspondentes às estimativas não pagas, foi superada com o Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014, no sentido de: “(...) legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo a substituição da estimativa pelo imposto de renda.” Portanto, é induvidoso que, em se tratando de estimativas objeto de compensação não homologada, mas que se encontram confessadas, quer por Declarações de Compensação efetuadas a partir da vigência da Medida Provisória nº 135/2003 (31/10/2003), quer por parcelamento, os respectivos valores devem ser computados no saldo negativo do anocalendário, porque serão cobrados através do instrumento de confissão de dívida. Ademais, consolidando este entendimento, temos: Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. SÚMULA CARF Nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Fl. 1566DF CARF MF Processo nº 16306.720234/201303 Acórdão n.º 1401002.370 S1C4T1 Fl. 1.563 9 Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa das estimativas referentes aos meses de outubro e novembro de 2007. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 1567DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720749/2016-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
AQUISIÇÃO DE INSUMOS. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. CUSTOS E CRÉDITOS. INDEDUTIBILIDADE. GLOSA.
Deve ser glosada a dedução de despesas e o aproveitamento de créditos gerados a partir da utilização de notas fiscais inidôneas, emitidas por empresas inexistentes de fato ou inativas e sem a comprovação da efetiva ocorrência da operação de aquisição dos produtos.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ADMINISTRADOR. INFRAÇÃO À LEI. SOLIDARIEDADE.
O administrador que realiza atos de gestão contrários à legislação tributária, utilizando-se de meios fraudulentos para reduzir tributos, responde pela obrigação solidariamente com a pessoa jurídica.
SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. EXCLUSÃO.
A responsabilidade tributária solidária ou pessoal exige que o interesse comum e os atos praticados com infração à lei ou excesso de poderes sejam cabalmente comprovados pela fiscalização, sem o que se deve excluir a sujeição passiva.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Constatado que o contribuinte atendeu às intimações, ainda que não respondidas nos termos solicitados, de se afastar o agravamento da multa, baseado no inciso I do parágrafo 2º do art. 44 da Lei 9.430/96.
MULTA QUALIFICADA. LEGALIDADE. LANÇAMENTO.
Cabível a multa qualificada quando constatado que a empresa realizou operações de aquisição com empresas inexistentes de fato e utilização de notas fiscais inidôneas, restando evidenciado o emprego de meios fraudulentos.
INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 02.
O órgão de julgamento administrativo é incompetente para apreciar argumentos de inconstitucionalidade da lei ou decreto que regem o tributo.
TRIBUTOS REFLEXOS
Aplicam-se, no julgamento dos autos de tributos reflexos, as mesmas razões de decidir utilizadas na fundamentação da decisão acerca da impugnação ao lançamento do IRPJ, nos pontos em que não tenha havido argumentação específica em relação aos tributos reflexos.
Impugnação Procedente em Parte
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 1301-002.871
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida, e, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial aos recursos voluntários para reduzir a multa de ofício para o percentual de 150%.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: AMELIA WAKAKO MORISHITA YAMAMOTO
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NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. CUSTOS E CRÉDITOS. INDEDUTIBILIDADE. GLOSA. Deve ser glosada a dedução de despesas e o aproveitamento de créditos gerados a partir da utilização de notas fiscais inidôneas, emitidas por empresas inexistentes de fato ou inativas e sem a comprovação da efetiva ocorrência da operação de aquisição dos produtos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ADMINISTRADOR. INFRAÇÃO À LEI. SOLIDARIEDADE. O administrador que realiza atos de gestão contrários à legislação tributária, utilizandose de meios fraudulentos para reduzir tributos, responde pela obrigação solidariamente com a pessoa jurídica. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. EXCLUSÃO. A responsabilidade tributária solidária ou pessoal exige que o interesse comum e os atos praticados com infração à lei ou excesso de poderes sejam cabalmente comprovados pela fiscalização, sem o que se deve excluir a sujeição passiva. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. INOCORRÊNCIA. Constatado que o contribuinte atendeu às intimações, ainda que não respondidas nos termos solicitados, de se afastar o agravamento da multa, baseado no inciso I do parágrafo 2º do art. 44 da Lei 9.430/96. MULTA QUALIFICADA. LEGALIDADE. LANÇAMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 07 49 /2 01 6- 71 Fl. 3566DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.567 2 Cabível a multa qualificada quando constatado que a empresa realizou operações de aquisição com empresas inexistentes de fato e utilização de notas fiscais inidôneas, restando evidenciado o emprego de meios fraudulentos. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 02. O órgão de julgamento administrativo é incompetente para apreciar argumentos de inconstitucionalidade da lei ou decreto que regem o tributo. TRIBUTOS REFLEXOS Aplicamse, no julgamento dos autos de tributos reflexos, as mesmas razões de decidir utilizadas na fundamentação da decisão acerca da impugnação ao lançamento do IRPJ, nos pontos em que não tenha havido argumentação específica em relação aos tributos reflexos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida, e, no mérito, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial aos recursos voluntários para reduzir a multa de ofício para o percentual de 150%. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 3567DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.568 3 Relatório IPCE FIOS E CABOS ELÉTRICOS EIRELI, já qualificado nos autos, recorre da decisão proferida pela 12a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO (fls. 3.474/3.491), que, por unanimidade de votos, decidiu: a) NEGAR PROVIMENTO às impugnações do contribuinte (IPCE) e do sujeito passivo solidário, Adhemar Camardella Sant’Anna, MANTENDO os créditos de IRPJ, CSLL, COFINS, PIS, integralmente, nos valores abaixo relacionados, acrescidos de multa e juros de mora: IRPJ R$ 29.763.546,43 CSLL R$ 10.723.516,70 PIS R$ 1.967.030,34 COFINS R$ 9.060.261,21 b) DAR PROVIMENTO PARCIAL às impugnações apresentadas por Ademar Camardella Sant’Anna Filho, Adelvi Administração e Participações Ltda, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna, Ademir Montmann Sant’Anna e Willy Marcondes Montmann Sant’Anna, no sentido de excluílos da sujeição passiva solidária. Do Lançamento Segundo o Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, (fls. 3.077/3.100), e Relatório do acórdão recorrido, as razões de autuação foram: Trata o presente processo de créditos constituídos pela fiscalização, mediante a lavratura de autos de infrações, para lançamento de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, no anocalendário 2011, com os seguintes valores originais: IRPJ R$ 29.763.546,43 CSLL R$ 10.723.516,70 PIS R$ 1.967.030,34 COFINS R$ 9.060.261,21 No termo de verificação de fls. 3.077/3.100 as Autoridades Tributárias relataram, em síntese, que: 1) A empresa autuada alterou o tipo societário para EIRELI em 10/05/2016, mas, no período fiscalizado (AC 2011), era sociedade empresária limitada, tendo como sócios os Srs. Adhemar Camardella Sant’Anna e Ademar Camardella Sant’Anna Filho; 2) Lavrou termo de constatação em que registrou a paralisação das atividades produtivas da empresa na sede de fato, em endereço diverso do indicado no contrato social, funcionando apenas com o escritório do sócio Adhemar Camardella Sant’Anna; 3) Em depoimento, o sócio Adhemar Camardella Sant’Anna informou que as atividades da empresa na sede e filiais estavam paralisadas desde 2014, devido a Fl. 3568DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.569 4 questões trabalhistas, e que o endereço constante do contrato social nunca foi a sede administrativa da empresa; 4) No anocalendário de 2011 a autuada optou pela apuração trimestral do Lucro Real e apresentou DIPJ elaborada pela empresa Relan Assessoria Contábil Ltda, também responsável pela contabilidade da empresa Nutrizinco Comércio de Metais Ltda, uma de suas fornecedoras, que teve declarada a inidoneidade de suas operações comerciais; 5) A empresa IPCE já foi fiscalizada anteriormente quanto aos mesmos tributos, no AC 2010, ocasião em que foi constatada a utilização de notas fiscais inidôneas de empresas fornecedoras irregulares, inclusive a Nutrizinco, de modo que continuou a utilizar no AC 2011 as práticas fraudulentas detectadas para o AC 2010; 6) A fiscalização na autuada ocorreu após diligência para subsidiar ação fiscal na Nutrizinco, pois, instada a apresentar comprovantes de pagamentos à fornecedora, a IPCE entregou planilha com a relação de operações de compras, extratos bancários e cópias de cheques, os quais revelaram o esquema fraudulento; 7) Os cheques foram copiados antes da compensação, não estavam nominais à Nutrizinco, nem apareceram nos extratos bancários a crédito da fornecedora, deixando de comprovar o efetivo pagamento das compras; 8) Na tentativa de iniciar ação fiscal na Nutrizinco a fiscalização realizou diligências e entrevistou pessoas (item 6.2.1.2 do TVF), incluindo uma sócia constante do contrato social, que permitiram a constatação da sua inexistência de fato; 9) A empresa Nutrizinco foi concebida somente para a emissão de notas fiscais para a IPCE, não havia estrutura física e capacidade econômica da empresa ou dos representantes legais para justificar as alegadas operações de vendas de mercadorias; 10) Nos cadastros do SINTEGRA e ICMS a Nutrizinco constava como “inapta” pela inexistência de fato e foi representada para baixa de ofício do CNPJ em 16/12/2014; 11) Entendendo que a Nutrizinco era empresa interposta para acobertar operações engendradas pela IPCE, iniciou fiscalização nesta, solicitando livros contábeis, fiscais, documentos e informações que foram atendidas completamente, sonegando aqueles que permitiriam a identificação de reais fornecedores e comprovação da efetividade das operações e pagamentos; 12) O primeiro contato da fiscalização na IPCE foi com o Sr. Willy, neto do sócio Sr. Adhemar, que apresentou as dependências da filial (0005), onde, verdadeiramente, ficava a administração, mas todas as atividades estavam paralisadas. Ao término da diligência lavrou termo de constatação e enviou por via postal juntamente com o TIAF; 13) Com o início da ação fiscal na IPCE o sócio Sr. Adhemar compareceu à DEFIS/SPO, prestou esclarecimentos, mas não entregou os documentos solicitados. Reintimado para apresentação de documentos relacionados às compras de mercadorias das empresas MENINGER IND E COM DE METAIS LTDA, NUTRIZINCO COMÉRCIO DE MATAIS LTDA, FUNDIÇÃO DE RESÍDUOS AGULHA LTDA, B&N METAIS E PLÁSTICOS LTDA, COMERCIAL FIRENZE Fl. 3569DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.570 5 INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICOS LTDA e GONZAPLAS METAIS E PLÁSTICOS LTDA, não atendeu à intimação; 14) Inobstante a recusa da IPCE na apresentação de documentos e esclarecimentos, bem como a ausência de comprovação da efetividade das suas operações de compra, a fiscalização procedeu minuciosa investigação e análise de cada um dos fornecedores indicados no termo de intimação, o que foi relatado no item 6.3.2 e 6.3.3 do TVF; 15) As constatações realizadas permitiram concluir pela inexistência de fato das empresas fornecedoras utilizadas fraudulentamente, com o único propósito de fabricar créditos e despesas, a fim de anular o lucro e reduzir contribuições devidas, a partir da utilização de operações não comprovadas de compra de mercadorias com notas fiscais inidôneas; 16) Diante das constatações realizadas e da recusa da autuada na apresentação dos documentos que embasaram a apuração, declaração e recolhimento de tributos no AC 2011, realizou o levantamento com base na DIPJ retificadora do exercício 2012, apresentada em 15/07/2014; 17) Apesar da expressiva receita de vendas de produtos de fabricação própria declarada pela IPCE no AC 2011, a utilização de custos e créditos inexistentes conduziu à total ausência de recolhimento de tributos sobre lucro e faturamento, conforme DCTF mensais “zeradas”; 18) Elaborou planilha demonstrando a totalização dos valores das operações inidôneas e apuração dos créditos lançados; 19) Em virtude das irregularidades e fraudes perpetradas pela IPCE com utilização de empresas inexistentes de fato e emissão de notas fiscais para operações não efetivadas, somada a recusa na apresentação de documentos e esclarecimentos, aplicou multa de ofício qualificada e agravada no percentual de 225%; 20) Lavrou termo de sujeição passiva solidária dos sócios da IPCE, no AC 2011, Adhemar Camardella Sant’Anna e Ademar Camardella Sant’Anna Filho, com base no artigo 135, III do CTN, haja vista que detinham amplos poderes de administração e de decisão dos procedimentos e práticas da empresa, inclusive nas áreas de compras, contabilidade e tributação, ocultando fatos geradores da obrigação principal; 21) Lavrou termo de sujeição passiva solidária da empresa Adelvi Administração e Participações Ltda, e de seus sócios, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna, Ademir Montmann Sant’Anna e Willy Marcondes Montmann Sant’Anna, com base no artigo 124, I do CTN, dado o interesse comum no fato gerador da obrigação tributária; 22) A empresa Adelvi foi considerada responsável solidária por pertencer ao mesmo grupo econômico, armazenando bens adquiridos com os rendimentos oriundos dos ganhos dos sócios da IPCE, além de proporcionar blindagem patrimonial contra credores. A Adelvi utilizava seus imóveis como garantia nas operações de crédito e antecipação de recebíveis da IPCE. Os sócios da Adelvi têm amplos poderes para dispor de seus bens, alienar e prestar garantia em nome da empresa, também têm interesse nos bens adquiridos com os ganhos ocultados do Fisco; Fl. 3570DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.571 6 23) A Srª. Elvira Angélica Montmann Sant’Anna era esposa do Sr. Adhemar e detinha procuração individual com poderes de representação da empresa IPCE, inclusive para movimentação financeira; 24) O Sr. Willy, era neto do Sr. Adhemar, recém ingressou no quadro societário, tornando clara a tentativa de criar mais uma blindagem patrimonial, ao incluir um membro de confiança da família com amplos poderes de administração; 25) Lavrou representação fiscal para fins penais. Da Impugnação Nos termos da decisão da DRJ, segue o relato da Impugnação do contribuinte e dos demais sujeitos passivos, de fls. 3.249/3.262, 3.270/3.305, 3.308/3.332, 3.362/3.386, 3.408/3.428, que aduziu os seguintes argumentos: Impugnação do contribuinte, IPCE FIOS E CABOS ELÉTRICOS LTDA (ciência via postal c/ AR em 16/12/2016/impugnação em 13/01/2017), alegando, em síntese, que: 1) A impugnação é tempestiva; 2) O auto de infração é nulo por ter sido lavrado por autoridade incompetente, haja vista que não foi assinada pelo delegado da DEFIS/SPO; 3) Em momento algum deixou de comprovar as transações comerciais, que se consumaram de fato e de direito, com circulação de mercadorias acompanhadas de notas fiscais, registro nos livros de entrada e inventário, bem como o pagamento pelas aquisições; 4) Todas as constatações sobre os fornecedores referemse a momento posterior ao das transações comerciais, quando estavam em situação regular, com emissão de documentos fiscais validos; 5) A Defendente adotou medidas ao seu alcance para verificar a idoneidade dos documentos, sendo certo que o STJ já se pronunciou no sentido de que os efeitos da declaração de inidoneidade se projeta para frente, ressalvado o direito do adquirente de boafé; 6) O Fisco não provou e de certo não provará a inexistência das transações comerciais e das empresas fornecedoras, agiu por presunção com base em indícios, incapazes de caracterizar as infrações apontadas devendo ser cancelados os autos de infração; 7) Quanto ao levantamento fiscal, falta embasamento que somente seria obtido com o exame pormenorizado do setor contábil da empresa, analisando livros e documentos apresentados pela Defendente, a fim de conferir certeza e liquidez para posterior execução; 8) No que se refere à multa de ofício agravada e qualificada, é indevida, porque o principal não é devido, e também porque não deixou de atender às intimações, além de que o percentual de 225% é inconstitucional; 9) Requer a conversão do julgamento em diligência para sanar irregularidades cometidas pelo Fisco, caso negativo, protesta pela apresentação de laudo pericial. Fl. 3571DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.572 7 10) Requer a improcedência dos autos de infração. Impugnação dos sujeitos passivos solidários, Adhemar Camardella Sant’Anna e Ademar Camardella Sant’Anna Filho (ciência via postal c/ AR em 16/12/2016/impugnação em 13/01/2017), alegando, além dos argumentos comuns já relatados acima na impugnação do contribuinte IPCE, o que segue: 1) O Fisco atribuiu responsabilidade solidária com base nos artigos 135 e 137 do CTN, pela prática da empresa utilizar documentos inidôneos no intuito de suprimir o pagamento de tributos, agindo com excesso de poderes e infração a lei; 2) O Fisco aplicou o embasamento legal incorreto pois a solidariedade encontra fundamento no artigo 124 do CTN e os administradores não incidiram nas hipóteses dos seus incisos I e II; 3) Os artigos 134 e 137 do CTN devem ser interpretados em conjunto com o 124 do mesmo Código, condicionando à impossibilidade de o contribuinte satisfazer o débito e o responsável praticar o ato omissivo ou comissivo no tocante ao fato jurídico tributário; 4) A empresa IPCE tem condições de garantir o débito não podendo a responsabilidade ser estendida aos sócios da época dos fatos; 5) Ressalta que no Termo de Declaração do sócio Adhemar constou que a administração era exercida exclusivamente por este, o sócio Ademar não exercia administração da empresa autuada. Impugnação do sujeito passivo solidário, Adelvi Administração e Participações Ltda. (ciência por Edital em 30/12/2016/impugnação em 13/01/2017), alegando, além dos argumentos comuns já relatados acima na impugnação do contribuinte IPCE, o que segue: 1) Não foi demonstrada ou comprovada a combinação de esforços e recursos financeiros da Adelvi com a IPCE para a consecução de objetivos a fim de caracterizar a formação de grupo econômico e justificar a sujeição passiva solidária; 2) A Defendente Adelvi não participa de grupo econômico com a IPCE, reitera que não houve transferência de recursos, nem confusão patrimonial, que o caracterizasse, bem assim, não houve interesse comum nos fatos geradores da obrigação principal, sendo indevida e de todo impertinente a responsabilidade solidária que lhe foi atribuída; 3) O procedimento fiscal não demonstrou, nem comprovou o interesse econômico e muito menos jurídico sendo indevida a atribuição da responsabilidade solidária; 4) Os artigos 134 e 137 do CTN devem ser interpretados em conjunto com o 124 do mesmo Código, condicionando à impossibilidade de o contribuinte satisfazer o débito e o responsável praticar o ato omissivo ou comissivo no tocante ao fato jurídico tributário; 5) O Fisco aplicou o embasamento legal incorreto pois a solidariedade encontra fundamento no artigo 124 do CTN e a empresa Adelvi não incidiu nas hipóteses dos seus incisos I e II; Fl. 3572DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.573 8 6) A empresa IPCE tem condições de garantir o débito não podendo a responsabilidade ser estendida à Defendente Adelvi; 7) Requer a improcedência dos autos de infração e a exclusão da Defendente da responsabilidade solidária passiva. Impugnação dos sujeitos passivos solidários, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna (ciência via postal c/ AR em 16/12/2016/impugnação em 13/01/2017) e Ademir Montmann Sant’Anna, (ciência por Edital em 30/12/2016/impugnação em 13/01/2017) alegando, além dos argumentos comuns já relatados acima na impugnação do contribuinte IPCE, o que segue: 1) Não foi demonstrada ou comprovada a combinação de esforços e recursos financeiros para a consecução de objetivos a fim de caracterizar a formação de grupo econômico e justificar a sujeição passiva solidária da Adelvi; 2) A empresa Adelvi não participa de grupo econômico com a IPCE, reitera que não houve transferência de recursos, nem confusão patrimonial, que o caracterizasse, bem assim, não houve interesse comum dos sócios Defendentes nos fatos geradores da obrigação principal, sendo indevida e de todo impertinente a responsabilidade solidária que lhe foi atribuída; 3) O procedimento fiscal não demonstrou, nem comprovou o interesse econômico e muito menos jurídico sendo indevida a atribuição da responsabilidade solidária; 4) Os artigos 134 e 137 do CTN devem ser interpretados em conjunto com o 124 do mesmo Código, condicionando à impossibilidade de o contribuinte satisfazer o débito e o responsável praticar o ato omissivo ou comissivo no tocante ao fato jurídico tributário; 5) O Fisco aplicou o embasamento legal incorreto pois a solidariedade encontra fundamento no artigo 124 do CTN e os administradores da Adelvi não incidiram nas hipóteses dos seus incisos I e II; 6) A empresa IPCE tem condições de garantir o débito não podendo a responsabilidade ser estendida aos sócios da Adelvi; 7) Requer a improcedência dos autos de infração e a exclusão da impugnante da responsabilidade solidária passiva. Impugnação do sujeito passivo solidário, Willy Marcondes Montmann Sant’Anna (ciência via postal c/ AR em 16/12/2016/impugnação em 13/01/2017), alegando, além dos argumentos comuns já relatados acima na impugnação do contribuinte IPCE, o que segue: 1) A única imputação confirmada pelo Defendente é ser neto do Sr. Adhemar. Todas as demais, impugna e refuta, pois não condizem com a realidade; 2) O Defendente não possui amplos poderes de administração, mas funcionário do sujeito passivo IPCE, com carteira assinada desde 2007. Assim como os demais funcionários seguiu a orientação do Sindicato e ajuizou reclamatória trabalhista, em que aguarda o cumprimento do acordo; 3) Quanto à sua inclusão no quadro societário da Adelvi, assinou a alteração contratual mediante coação do Sr. Adhemar. Informou tal fato aos demais sócios da Fl. 3573DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.574 9 Adelvi e registrou ocorrência na 17ª Delegacia Seccional de Polícia, ainda em tramitação. Também notificou extrajudicialmente a JUCESP requerendo a averiguação do ocorrido e desconsideração da alteração em razão da fraude em sua confecção; 4) Além disso, não foi demonstrada ou comprovada a combinação de esforços e recursos financeiros para a consecução de objetivos a fim de caracterizar a formação de grupo econômico e justificar a sujeição passiva solidária da Adelvi; 5) A empresa Adelvi não participa de grupo econômico com a IPCE, reitera que não houve transferência de recursos, nem confusão patrimonial, que o caracterizasse, bem assim, não houve interesse comum do sócio Defendente nos fatos geradores da obrigação principal, sendo indevida e de todo impertinente a responsabilidade solidária que lhe foi atribuída; 6) O procedimento fiscal não demonstrou, nem comprovou o interesse econômico e muito menos jurídico sendo indevida a atribuição da responsabilidade solidária; 7) Os artigos 134 e 137 do CTN devem ser interpretados em conjunto com o 124 do mesmo Código, condicionando à impossibilidade de o contribuinte satisfazer o débito e o responsável praticar o ato omissivo ou comissivo no tocante ao fato jurídico tributário; 8) O Fisco aplicou o embasamento legal incorreto pois a solidariedade encontra fundamento no artigo 124 do CTN e o Defendente não incidiu nas hipóteses dos seus incisos I e II; 9) A empresa IPCE tem condições de garantir o débito não podendo a responsabilidade ser estendida ao sócio da Adelvi; 10) Requer a improcedência dos autos de infração e a exclusão do Defendente da responsabilidade solidária passiva. Em julgamento realizado em 17 de maio de 2017, 12ª Turma da DRJ/RJO, considerou improcedente a impugnação da contribuinte e do responsável tributário Sr. Adhemar Camardella Sant’Anna e deu parcial provimento às impugnações apresentadas pelos responsáveis : Ademar Camardella Sant’Anna Filho, Adelvi Administração e Participações Ltda, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna, Ademir Montmann Sant’Anna e Willy Marcondes Montmann Sant’Anna, excluindoos da sujeição passiva e prolatou o acórdão 12 87649, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 AQUISIÇÃO DE INSUMOS. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. CUSTOS E CRÉDITOS. INDEDUTIBILIDADE. GLOSA. Deve ser glosada a dedução de despesas e o aproveitamento de créditos gerados a partir da utilização de notas fiscais inidôneas, emitidas por empresas inexistentes de fato ou inativas e sem a comprovação da efetiva ocorrência da operação de aquisição dos produtos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 3574DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.575 10 Anocalendário: 2011 SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ADMINISTRADOR. INFRAÇÃO À LEI. SOLIDARIEDADE. O administrador que realiza atos de gestão contrários à legislação tributária, utilizandose de meios fraudulentos para reduzir tributos, responde pela obrigação solidariamente com a pessoa jurídica. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. EXCLUSÃO. A responsabilidade tributária solidária ou pessoal exige que o interesse comum e os atos praticados com infração à lei ou excesso de poderes sejam cabalmente comprovados pela fiscalização, sem o que se deve excluir a sujeição passiva. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO E QUALIFICAÇÃO. LEGALIDADE. LANÇAMENTO. Impõese a aplicação da multa de ofício diante da constatação da falta de recolhimento e de declaração inexata dos tributos devidos, com agravamento e qualificação, em razão da falta de atendimento à intimação para prestar esclarecimentos sobre as operações de aquisição com empresas inexistentes de fato e notas fiscais inidôneas, onde restou evidenciado o emprego de meios fraudulentos. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 02. O órgão de julgamento administrativo é incompetente para apreciar argumentos de inconstitucionalidade da lei ou decreto que regem o tributo. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. A diligência não se presta para refazimento do trabalho de auditoria, por mero inconformismo dos impugnantes, que devem apresentar na impugnação suas razões de fato e de direito, com as provas que produzir, indicando os pontos de discordância. TRIBUTOS REFLEXOS Aplicamse, no julgamento dos autos de tributos reflexos, as mesmas razões de decidir utilizadas na fundamentação da decisão acerca da impugnação ao lançamento do IRPJ, nos pontos em que não tenha havido argumentação específica em relação aos tributos reflexos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido Do Recurso Voluntário A contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 3.522/3.537, onde reforça os argumentos já apresentados em sede de impugnação, atendose aos seguintes pontos: Fl. 3575DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.576 11 Da preliminar de nulidade do Auto de Infração por contrariar o art. 11 do Decreto 70.235/72; Das transações comerciais; Do levantamento fiscal; Dos acréscimos devidos pelo Fisco; Já o responsável solidário Sr. Adhemar Camardella Sant´Anna apresentou recurso voluntário às fls. 3.541/3.563, onde aduz os mesmos pontos levantados pelo contribuinte, acrescendose o seguinte: Da Nulidade da responsabilidade tributária; Recebi os autos por sorteio em 29/11/2017. É o relatório. Fl. 3576DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.577 12 Voto Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Relatora. A contribuinte foi autuada, para pagamento de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, no regime de lucro presumido em 2004 e no lucro real trimestral em 2011, por ter se utilizado de valores de compras não comprovadas e que foram caracterizadas como operações inidôneas, totalizando R$196.094.056,80, incluindo multa de ofício qualificada e agravada de 225% e juros de mora. Bem como foi lavrado termo de sujeição passiva contra as seguintes pessoas: Sr. Adhemar Camardella Sant' Anna e Sr. Ademar Camardella Sant' Anna Filho, por excesso de poderes, infração à lei e Contrato Social, art. 135, III, do CTN, assim como contra a empresa Adelvi Administração e Participações Ltda, e de seus sócios, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna, Ademir Montmann Sant’Anna e Willy Marcondes Montmann Sant’Anna, com base no artigo 124, I do CTN. A DRJ/RJO julgou a impugnação parcialmente procedente, excluindo a sujeição passiva de Ademar Camardella Sant’Anna Filho, Adelvi Administração e Participações Ltda, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna, Ademir Montmann Sant’Anna e Willy Marcondes Montmann Sant’Anna e negou provimento à impugnação do contribuinte e do Sr. Adhemar Camardella Sant' Anna, mantendo o lançamento. Contra essa decisão foi interposto recurso de ofício e voluntário, os quais passo a analisar. RECURSO DE OFÍCIO No que tange à admissibilidade do recurso de ofício, ressalto o determinado no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, publicada no DOU de 10/02/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). No caso em referência, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância, verifico que superam o limite de dois milhões e quinhentos mil reais, estabelecido pela norma em referência. Dessa forma, o recurso de ofício é cabível, e dele conheço. A DRJ entendeu que não restou caracterizada a participação das pessoas arroladas como responsáveis tributárias, com exceção do Sr. Adhemar, e os excluiu do pólo passivo da obrigação tributária. Fl. 3577DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.578 13 Segundo sua análise, no que se refere ao Sr. Ademar Camardella Sant' Anna Filho, que foi indicado como administrador pela autoridade fiscal, mostrou ser apenas sócio cotista, sendo que o outro sócio e pai admitiu que administrava a empresa sozinho, era quem detinha de fato e de direito o comando das operações da empresa, afastando a participação de seu filho. Com relação aos demais responsáveis também excluídos, a decisão recorrida entendeu o seguinte: tratamse da empresa Adelvi Administração e Participações Ltda e seus sócios, não restou configurada o interesse jurídico nos fatos geradores da obrigação tributária nos termos do art. 124, I, do CTN. Segundo a fiscalização haveria um grupo econômico, sendo que a Adelvi funcionaria como objeto de blindagem patrimonial e garantidora de operações de crédito da IPCE. Tal fato isoladamente não serviria de fundamento a responsabilização solidária, de tal forma que a participação individual não foi comprovada. Nem da empresa, e nem mesmo dos seus sócios. Alguns deles sequer tiveram seus nomes citados, figurando tão somente como administradores da empresa. Uma delas de fato possuía procuração, tratase da esposa do Sr. Adhemar, porém, não restou demonstrada qual teria sido a sua participação na ocorrência dos fatos geradores. Assim, já que não restou provada a participação de cada uma das pessoas indicadas como responsáveis solidárias, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, mantendose a exclusão dos Srs. Ademar Camardella Sant’Anna Filho, Adelvi Administração e Participações Ltda, Elvira Angélica Montmann Sant’Anna, Ademir Montmann Sant’Anna e Willy Marcondes Montmann Sant’Anna. RECURSO VOLUNTÁRIO A contribuinte e o responsável solidário Sr. Adhemar Camardella Sant'Anna foram cientificados do teor do acórdão da DRJ/RJO e intimados aos recolhimento dos débitos de IRPJ e reflexos em 06/06/2017 (Termo de abertura de fl. 3.515), e em 25/05/2017 (AR de fls. 3.507), respectivamente, e apresentaram, ambos, em 20/06/2017, recursos voluntários, juntados às fls. 3.522/3.537 e 3.541/3.563. Já que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, e tempestivo, dele conheço. 1) Preliminares de nulidades da autuação por contrariar o art. 11 do Decreto 70.235/72 Alegam, o contribuinte e o responsável tributário, a nulidade do auto de infração, já que contraria o art. 11 do Decreto 70.235/72, pois em seu entendimento quem deveria ter assinado o auto de infração era o Sr. Delegado da Secretaria da Receita Federal do Brasil não o fez, nem autorizou seus subordinados e muito menos autorizou o Sr. Fiscal, deixando de observado o determinado em norma. Vejamos o que diz o art. 11 do referido decreto: Fl. 3578DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.579 14 Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. Esse artigo trata da notificação de lançamento. O art. 10 é que trata do auto de infração: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O auto de infração é assinado por servidores competentes, com informações de cargo e matrícula, conforme fls. 3.123, 3.143, 3.159 e 3.170, assim, não vejo qualquer um dos requisitos que dariam ensejo a declaração de nulidade do auto de infração. Ademais, este contém, dentre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicaria na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Assim, deixo de conhecer da preliminar argüida. 2) Da inexistência de transações comerciais e notas fiscais inidôneas Alegam tanto o contribuinte quanto o responsável solidário que todas as transações comerciais com seus fornecedores se consumaram de fato e de direito, com circulação de mercadorias acompanhadas com a respectiva nota fiscal e demais documentos devidamente escriturados e pagos, de tal forma que a glosa e os lançamentos seria indevidos. Que o Fisco concluiu pela inexistência da empresa fornecedora Nutrizinco em outubro de 2014, quando iniciouse a fiscalização, e que quando dos fatos, a empresa existia de fato e de direito. Fl. 3579DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.580 15 Com relação às demais empresas, de igual forma, alega que as diligências foram realizadas após a consumação das transações comerciais, e que tudo ocorreu nos moldes da legislação em vigor. No que tange à inidoneidade das notas fiscais, informam os recorrentes que sempre se ativeram à todas as formas de precaução no que se refere à documentação exigida. E que tais documentações apresentadas ao Fisco encontravamse em ordem, demonstrando a verdadeira entrada de mercadorias no estabelecimento da autuada. E que faltou à fiscalização a prova da inexistência das transações comerciais ou da inexistência das empresas vendedoras. Ora, vamos à análise dos fatos contidos no TVF e na decisão recorrida: É de se verificar que os fatos que ensejaram as lavraturas dos autos de infração referentes ao AC 2011 também foram constatados no AC 2010 e são objeto do processo nº 10.830.727572/201513, referente à PIS e COFINS, em que foram examinadas as compras da recorrente junto a diversas empresas fornecedoras, tendo sido constatada que parte delas encontravamse em situação irregulares. No TVF a fiscalização fez extenso relatório, descrevendo as diligências iniciais, entrevistas com sócio, circularização de fornecedores, órgãos públicos e instituições financeiras, exfuncionários, prestadores de serviços e vizinhos, a fim de demonstrar a inexistência de fato das empresas fornecedoras e das operações de compra, que conduziram à inidoneidade das despesas e créditos utilizados pelo contribuinte IPCE, com intuito de afastar a obrigação tributária. Em seu relatório, a fiscalização demonstrou que realizou buscas pelas sedes das empresas fornecedoras, sócios, estruturas físicas, também procurou verificar a existência capacidade econômica e operacional que permitissem a concretização das operações comerciais acobertadas pelas notas fiscais inidôneas que foram informadas pela IPCE no livro de registro de entradas e em suas declarações ao Fisco, a fim de reduzir os lucros e apurar créditos. Nos itens 6.3.2 e 6.3.3, às fls. 3.084/3.092, a fiscalização apresentou provas que evidenciam a inexistência de fato das empresas e das transações comerciais, por exemplo, pela inexistência de empregados, ou de veículos para entrega das mercadorias, ou da estrutura física para produção, endereços inexistentes, e a reutilização de empresas inativas para emissão de notas fiscais inidôneas. Fl. 3580DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.581 16 Nada obstante as constatações realizadas, a fiscalização tomou esclarecimentos do sócio administrador da IPCE, Sr. Adhemar, e intimou a apresentação das informações e documentos, às fls. 06, que poderiam comprovar a efetividade das operações, mediante comprovação da efetiva entrega das mercadorias e dos pagamentos aos fornecedores. Diante da recusa a empresa IPCE foi reintimada pelo termo de fls. 18, mas não apresentou as informações ou documentos até o término do procedimento fiscal, bem assim, não os apresentou com sua impugnação. Tem razão da DRJ ao dizer que é dever da Impugnante manter em boa guarda, pelo prazo estipulado na legislação tributária, os documentos que suportam as informações registradas nos livros contábeis e fiscais e declarados ao Fisco. O livro de registro de entradas do AC 2011, às fls. 250/299, assinado pelo seu sócio administrador, indica aquisições em montante superior a cem milhões de reais, no entanto, a empresa não foi capaz de apresentar informações e documentos que permitissem comprovar o fornecedor, a mercadoria, o efetivo pagamento e o seu beneficiário, conforme solicitado e reiterado pela fiscalização. Ao contrário do que alegaram os impugnantes, o Fisco cumpriu com sua obrigação e se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia, ao apontar os fatos geradores com todos os seus elementos e ao demonstrar com vasta documentação juntada ao processo os motivos pelos quais houve o lançamento. Mas, é também obrigação da empresa IPCE guardar os documentos e livros capazes de demonstrarem a efetiva realização das despesas deduzidas e os créditos gerados, bem como o efetivo pagamento aos fornecedores, apresentandoos à fiscalização quando intimado a fazêlo, nos exatos termos da intimação, ao que se recusou. Mesmo agora, em sede de contencioso, a Impugnante IPCE não juntou qualquer elemento de prova para sustentar suas Fl. 3581DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.582 17 alegações, nem trouxe argumento que vá além da negativa geral ou da crítica infundada ao procedimento fiscal, a fim de afastar a exação. A inexistência de fato e a utilização de empresas inativas para emissão de notas fiscais inidôneas, posto que não representam uma efetiva operação de aquisição de mercadorias, evidenciam o estratagema fraudulento empregado pela Recorrente a fim de reduzir ou suprimir o pagamento de tributos, ampliando seus lucros. No entanto, ainda que se retirasse a fraude engendrada, o lançamento restaria hígido, pelo simples fato de a Impugnante não comprovar a efetividade das despesas e créditos gerados pelas aquisições declaradas ao Fisco. In casu, a Impugnante não fez prova da efetividade das operações que geraram despesas e créditos declarados e o Fisco apontou e comprovou a fraude com os elementos carreados ao processo, de maneira que deve ser mantido o lançamento realizado. Posta em dúvida a idoneidade de notas fiscais apresentadas como comprovantes de custos, e não tendo o contribuinte demonstrado a efetiva existência das operações respectivas por outros meios usuais da praxe comercial, é perfeitamente cabível a glosa dos custos e despesas nelas fundamentados, em face do evidente intuito de fraude. Nesse sentido, transcrevo passagem da decisão recorrida: Conforme decidiu a DRJ, os recorrentes não apresentaram nenhuma documentação para o alegado. Fl. 3582DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.583 18 Assim, a simples alegação do contribuinte, sem a devida comprovação, neste caso, não basta para a idoneidade das notas fiscais. Devese, manter a decisão recorrida. Da multa qualificada e agravada De todo o exposto acima, ficou claro o intuito fraudulento através da utilização de notas fiscais de empresas inidôneas, o que gerou custos indevidos que diminuíram o devido de IRPJ, CSLL e créditos indevidos de PIS e COFINS. Nos termos do art. 44 da Lei 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) Fl. 3583DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.584 19 § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; Aqui, vejo que a motivação da multa agravada foi o inciso I, do parágrafo 2º ou seja a não prestação de esclarecimentos no prazo marcado, conforme TVF de não ter esclarecido o que foi solicitado acerca das suas operações de compras, correspondentes pagamentos e cálculos e métodos de apuração. Vejo que a empresa, na pessoal do responsável solidário atendeu às intimações, talvez não tenha esclarecido ou comprovado o que alegou, pois que foi autuado, porém não deixou de atender às intimações, assim, entendo que o agravamento da multa não seja cabível. Da responsabilidade solidária Conforme TVF: Fl. 3584DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.585 20 O que disse a DRJ: No ano calendário 2011 o Sr. Adhemar Camardella Sant’Anna era o sócio majoritário e administrador da empresa IPCE, como também da empresa Adelvi comandando o grupo econômico de fato existente. A documentação carreada ao processo pela fiscalização não deixa qualquer dúvida da liderança exercida pelo Sr. Adhemar Camardella Sant’Anna, não somente na IPCE como também na Adelvi. Ele próprio declarou à fiscalização que administrava sozinho a empresa IPCE, conforme fls. 12/17. O acervo probatório também evidencia a participação direta do Sr. Adhemar Camardella Sant’Anna no esquema fraudulento, utilizandose de empresas inexistentes e notas fiscais inidôneas, como se verifica pela sua assinatura em diversos documentos fiscais, livro de entradas e cheques, dentre outros, o que torna impossível qualquer alegação de desconhecimento ou ausência de atos de gestão relacionados diretamente aos fatos geradores da obrigação e com infração à lei. A fiscalização atribuiu corretamente a responsabilidade solidária ao Sr. Adhemar Camardella Sant’Anna, pois praticou atos com infração à lei, nos termos do artigo 135, III do CTN, mas também poderia ser enquadrado pelo Fl. 3585DF CARF MF Processo nº 19515.720749/201671 Acórdão n.º 1301002.871 S1C3T1 Fl. 3.586 21 artigo 124, I, haja vista que ficou demonstrado o interesse jurídico na ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária. De fato, caracterizada está a responsabilidade do sócio Sr. Adhemar Camardella Sant'Anna, que era a pessoa que assinava os documentos, diretor com poderes amplos de administração. Assim, de se manter sua responsabilidade. CONCLUSÃO Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer dos Recursos de Ofício e Voluntários, para afastar a preliminar, e no mérito, NEGAR provimento ao Recurso de Oficio e no DAR PARCIAL PROVIMENTO aos Recurso Voluntários, para afastar o agravamento da multa, mantendose a qualificadora. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 3586DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15165.002914/2008-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2007
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. CARTUCHOS DE TONER.
As mercadorias descritas como cartucho de toner, com as características expostas no presente processo, no período mencionado no lançamento, e à luz das Regras do Sistema Harmonizado, complementadas por regras regionais (MERCOSUL), encontram correta classificação fiscal na NCM 8443.99.39.
Numero da decisão: 3401-004.445
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos o relator, Conselheiro André Henrique Lemos, e os Conselheiros Robson José Bayerl, Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida (Designado, a posteriori, ad hoc, o Conselheiro Rosaldo Trevisan, tendo em vista ter o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida deixado o colegiado antes de concluir o voto vencedor).
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Redator Designado Ad hoc
(assinado digitalmente)
André Henrique Lemos - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Robson José Bayerl, Tiago Guerra Machado, Renato Vieira de Avila (Suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição à Conselheira Mara Cristina Sifuentes), e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente, justificadamente, a Conselheira Mara Cristina Sifuentes.
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos o relator, Conselheiro André Henrique Lemos, e os Conselheiros Robson José Bayerl, Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida (Designado, a posteriori, ad hoc, o Conselheiro Rosaldo Trevisan, tendo em vista ter o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida deixado o colegiado antes de concluir o voto vencedor). (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Redator Designado Ad hoc (assinado digitalmente) André Henrique Lemos - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Robson José Bayerl, Tiago Guerra Machado, Renato Vieira de Avila (Suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição à Conselheira Mara Cristina Sifuentes), e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente, justificadamente, a Conselheira Mara Cristina Sifuentes.
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CARTUCHOS DE TONER. As mercadorias descritas como “cartucho de toner”, com as características expostas no presente processo, no período mencionado no lançamento, e à luz das Regras do Sistema Harmonizado, complementadas por regras regionais (MERCOSUL), encontram correta classificação fiscal na NCM 8443.99.39. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos o relator, Conselheiro André Henrique Lemos, e os Conselheiros Robson José Bayerl, Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida (Designado, a posteriori, ad hoc, o Conselheiro Rosaldo Trevisan, tendo em vista ter o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida deixado o colegiado antes de concluir o voto vencedor). (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Redator Designado Ad hoc (assinado digitalmente) André Henrique Lemos Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Robson José Bayerl, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 00 29 14 /2 00 8- 65 Fl. 375DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 376 2 Tiago Guerra Machado, Renato Vieira de Avila (Suplente convocado), Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição à Conselheira Mara Cristina Sifuentes), e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Ausente, justificadamente, a Conselheira Mara Cristina Sifuentes. Relatório Tratase de auto de infração lavrado por falta de recolhimento do Imposto de Produtos Industrializados IPI, Imposto de Importação II, Programa de Integração Social PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, multa de 75% e juros de mora, referente a várias Declarações de Importação, referente à cartuchos de impressão a laser, marcas Hewlett Packard HP e Lexamark. À efl. 6, menciona o lançamento: Falta de recolhimento dos tributos em tempo legal devido na importação, tendo em vista o procedimento de Revisão Aduaneira relativo a reclassificação das mercadorias importadas pela filial da empresa GOLDEN estabelecida na jurisdição desta repartição, no período de 2007 à junho de 2008. A Revisão Aduaneira teve como base o dossiê enviado pela Seção de Pesquisa e Seleção da IRF/CTA em razão de classificação fiscal equivocada. Já à efl. 7, informa: A Classificação Fiscal utilizada nas adições para os cartuchos de Toners foi : 8443.99.29 (II : 8,0% e IPI : 10,0%). "Cartucho cuja estrutura é de plástico com dispositivos mecânicos e eletrônicos, contendo toner em seu interior, utilizado exclusivamente como parte de maquinas e impressoras que operam por processo de reprodução eletrostática do tipo indireto( impressoras a laser)" Ocorre que: em várias das descrições dos produtos/mercadorias importadas trazem : cartuchos para impressoras com características MULTIFUNCIONAIS. Neste caso a classificação correta é : 8443.99.39 ( II :14,0% e IPI: 20,0%) "Cartucho cuja estrutura é de plástico com dispositivos mecânicos e eletrônicos, contendo "toner" em seu interior, utilizado como parte de máquinas que operam por processo de Fl. 376DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 377 3 reprodução eletrostática do tipo indireto e que são capazes de efetuar MÚLTIPLAS FUNCOES: cópia, impressão, transmissão de fax simile etc. , classificadas na subposição 8443.31, apresentado isoladamente em embalagem própria para venda a consumidor final." Desafiando os referidos lançamentos, a Recorrente apresentou impugnação (efl. 170 e seguintes), defendendo em síntese: (1) não há prova ou qualquer argumento que venha confirmar o entendimento da fiscalização, voltado à caracterização das mercadorias como sendo "partes e acessórios de copiadora", redundando em nulidade da autuação; (2) o MPF e o auto de infração resultaram de Solução de Consulta, referente à classificação da mercadoria "cartuchos de toner", da fabricante SHARP; (3) as mercadorias importadas têm a condição de parte, acessório ou dispositivo, tudo a ver com a função de imprimir, portanto, devem ser classificados na NCM 8443.99.29, por força da aplicação da RGI 1 (texto da posição 8443), RGI 6(texto da subposição 8443.99) e RGC 1 (texto do código tarifário 8443.99.29). À efl. 262 e ss., a DRJ/SP manteve o lançamento, por unanimidade de votos, por meio da seguinte ementa: As mercadorias descritas como “cartucho de toner”, com as características expostas neste processo, encontram correta classificação fiscal na NCM 8443.99.39. Irresignada com o referido acórdão, a Recorrente, à efl. 286, interpôs recurso voluntário, praticamente repisando o que fora articulado anteriormente. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro André Henrique Lemos, Relator O recurso voluntário é tempestivo, vez que a Recorrente fora cientificada da decisão da DRJ em 10/08/2015 (efl. 283, Portal eCAC), interpondo seu recurso voluntário em 03/09/2015 (efl. 285). Assim, preenchidos os requisitos formais de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Como se viu, o contencioso se deu em razão, de o contribuinte classificar a mercadoria importada "cartuchos para impressoras" no código NCM 8443.99.29, ao passo que a Administração Pública entende correta, a classificação 8443.99.39. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 378 4 Entendese que o ponto central é saber se os ditos cartuchos de impressão são uma parte a ser colocada em um reservatório específico nas impressoras a laser; identificar a mercadoria, suas características, função principal e aplicação. Demais disso, no acórdão 3401002.863, em recurso de ofício da DRJ/SP II, tendo como recorrida a HP do Brasil, decidiuse à unanimidade que as impressoras multifuncionais devem receber a classificação NCM de acordo com sua função principal, portanto, mutatis mutandis, este o critério a ser perseguido no caso concreto. No mesmo sentido, vários precedentes, dentre outros, ac. 3401002.865 e 3401002.864. Constada esta premissa, sobrevém o consequente, qual seja, o correto código de classificação. Viuse que houve consenso entre o sujeito passivo e a fiscalização nos 6 (seis) primeiros dígitos da classificação (internacional) Posição 8443, Subposição 8443.90 , estabelecendose dissenso no tocante ao 7o e 8o dígitos, que tratam da classificação no âmbito do Mercosul. O importador classificou o produto “cartucho de toner” na NCM 8443.99.29. A fiscalização defende que o produto se classifica na NCM 8443.99.39: “8443 MÁQUINAS E APARELHOS DE IMPRESSÃO POR MEIO DE BLOCOS, CILINDROS E OUTROS ELEMENTOS DE IMPRESSÃO DA POSIÇÃO 84.42; OUTRAS IMPRESSORAS, MÁQUINAS COPIADORAS E TELECOPIADORES (FAX), MESMO COMBINADOS ENTRE SI; PARTES E ACESSÓRIOS. 8443.9 Partes e acessórios; 8443.91 Partes e acessórios de máquinas e aparelhos de impressão que operem por meio de blocos, cilindros e outros elementos de impressão da posição 84.42 8443.99 Outros 8443.99.1 De telecopiadores (fax) 8443.99.2 De impressoras ou traçadores gráficos ("plotters") 8443.99.21 Mecanismos completos de impressoras matriciais (por pontos) ou de impressoras ou traçadores gráficos ("plotters"), a jato de tinta, montados 8443.99.22 Mecanismos completos de impressoras a "laser", LED (Diodos Emissores de Luz) ou LCS (Sistema de Cristal Líquido), montados 8443.99.23 Martelo de impressão e bancos de martelos 8443.99.24 Cabeças de impressão, exceto as térmicas ou as de jato de tinta 8443.99.25 Cabeças de impressão térmicas ou de jato de tinta, mesmo com depósito de tinta incorporado 8443.99.26 Cintas de caracteres Fl. 378DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 379 5 8443.99.27 Cartuchos de tinta 8443.99.29 Outros 8443.99.3 De máquinas copiadoras 8443.99.31 Cilindros recobertos de matéria semicondutora fotoelétrica de selênio ou suas ligas, para os aparelhos de fotocópia eletrostático por processo indireto 8443.99.39 Outras” O acórdão da DRJ/SP II, bem resumiu o assunto, razão que o adoto para fins de contextualizar o caso concreto: É fato incontroverso tanto para fiscalização como para impugnante que os produtos importados encontram correto enquadramento na subposição 8443.99. A divergência entre a fiscalização e a impugnante encontrase no item a ser utilizado. Reproduzimos então as possibilidades em nível de item na estrutura da TEC vigente na época dos fatos: 8443.99.1 De telecopiadores (fax) 8443.99.2 De impressoras ou traçadores gráficos ("plotters") 8443.99.3 De máquinas copiadoras A interpretação adotada pela impugnante é a de que os produtos importados são partes de impressoras, visto que a função principal das cabeças de impressão e cartuchos de toner seria a impressão de textos e imagens. Dessa forma, pela aplicação da Regra 1 de Classificação, os produtos se enquadrariam no item 8443.99.2, como partes de impressoras. Como consequência imediata, os cartuchos de toner se enquadrariam no subitem 8443.99.29 (Outros). Esse entendimento é corroborado pelas Soluções de Consulta apresentadas pela importadora em sua impugnação de 07/10/08 e posteriormente na petição de 17/09/14. Cabe destacar que os produtos reclassificados pela fiscalização neste auto de infração são apenas aqueles utilizados em multifuncionais. Logo, das Soluções de Consulta apresentadas pela impugnante, apenas 15 referemse a partes de multifuncionais. As demais se referem a partes de impressoras. Nenhuma delas referese a produtos idênticos em termos de marca e modelo aos importados neste processo, pelo que se afasta de pronto o disposto no art. 15 da IN SRF n° 1.464 de 08/05/2014. Essas 15 Soluções de Consulta foram emitidas pela SRRF/7ª RF/DIANA e seguem o raciocínio da impugnante, exposto acima. A fiscalização, por seu turno, desenvolve interpretação distinta ao determinar o item a ser utilizado. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 380 6 Segundo a fiscalização, não é possível se determinar a função principal das multifuncionais, sendo que estas desempenham tanto a função de impressora como de copiadora. Entre os itens disponíveis na subposição 8443.99, nenhum descreve as partes de multifuncionais. Assim, inaplicável a utilização da Regra 1 para determinar o item a ser aplicado. Para determinar o item aplicável, entre partes de impressoras – 8443.99.2, e partes de copiadoras – 8443.99.3, a fiscalização aplica a Regra 3: “3. Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3 a), classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3 a) e 3 b) não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração.” A Regra 3 a) é afastada pela fiscalização pois as duas funções são consideradas igualmente específicas, impressora e copiadora. A Regra 3 b) aplicase para: produtos misturados obras compostas de matérias diferentes obras compostas pela reunião de artigos diferentes sortidos acondicionados para venda a retalho As multifuncionais não são produtos misturados e não são classificados em função da matéria constitutiva. Também não são sortidos acondicionados para venda a retalho. Assim, afastou a fiscalização a Regra 3 b). Por fim, aplicou a fiscalização a Regra 3 c), enquadrando os produtos no item situado em último lugar em ordem numérica. Assim, adotou a fiscalização o item 8443.99.3. Não havendo subitem mais específico, adotouse a NCM 8443.99.39. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 381 7 Os ditos "cartuchos de toner de impressão a laser", servem para imprimir textos e imagens com alta precisão na superfície de uma mídia de impressão (transparência, papel, papel fotográfico, etc), a partir de tecnologia vinda da impressora. Pelas fotografias contidas nos autos e pela popularidade destas impressoras (HP e Lexmark), sabese também que tais cartuchos são descartáveis, sendo adquiridos em peça única e instalado em reservatório próprio no interior das aludidas impressoras, por meio mecânico e com conexão elétrica para seu funcionamento. Diante das alegações da Recorrente, das manifestações da Administração Pública, seja por meio da autuação, bem como pelo acórdão da DRJ, viuse que há posicionamentos divergentes dentro da própria Administração com relação à classificação fiscal da mercadoria importada, ora pela NCM 8443.99.29, ora pela NCM 8443.99.39. Entendese que a classificada pelo item 8443.99.2 de impressoras , atende a Regra 3a do que o item 8443.99.3 máquinas copiadoras. Dispositivo Com essas considerações, voto em conhecer do recurso voluntário e lhe dar provimento. André Henrique Lemos Fl. 381DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 382 8 Voto Vencedor Conselheiro Rosaldo Trevisan, Redator Designado Ad hoc, Na Ata de julgamento, datada de 21/03/2018, restou designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida. Ocorre que o referido conselheiro passou a não mais compor esta turma ordinária em abril de 2018, ensejando minha designação ad hoc para a tarefa, na forma prevista no art. 17, III do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF no 343/2015. Externo, em função disso, no presente voto, as razões divergência em relação ao voto do relator que prevaleceram majoritariamente, no colegiado. Como relatado, o importador classificou o produto “cartucho de toner” na NCM 8443.99.29, e a fiscalização, na autuação, defende ser correta a classificação no código NCM 8443.99.39. Há consenso, portanto, na posição (8443), e nos desdobramentos em subposição de primeiro (9) e segundo nível (9). A divergência surge apenas nos desdobramentos regionais (MERCOSUL), em item (enquanto a recorrente entende correto o item 2 o fisco aponta como adequado o item 3). Recapitulando: há consenso, então, sobre a posição 8443, cujo texto é: “8443 MÁQUINAS E APARELHOS DE IMPRESSÃO POR MEIO DE BLOCOS, CILINDROS E OUTROS ELEMENTOS DE IMPRESSÃO DA POSIÇÃO 84.42; OUTRAS IMPRESSORAS, MÁQUINAS COPIADORAS E TELECOPIADORES (FAX), MESMO COMBINADOS ENTRE SI; PARTES E ACESSÓRIOS.” E sobre a subposição de primeiro nível, cujo texto é: “8443.9 Partes e acessórios;”. Ou seja, não há dúvida de que os “cartuchos de toner” são partes e acessórios. Recorrente e fisco o reconhecem, nas classificações adotadas. Em relação à subposição de segundo nível, haveria duas alternativas, mas novamente não há controvérsia, sendo uníssonos contribuinte e fisco em informar que os “cartuchos de toner” não são Partes e acessórios de máquinas e aparelhos de impressão que operem por meio de blocos, cilindros e outros elementos de impressão da posição 84.42, enquadrando as mercadorias na subposição residual (outros): “8443.91 Partes e acessórios de máquinas e aparelhos de impressão que operem por meio de blocos, cilindros e outros elementos de impressão da posição 84.42 8443.99 Outros” Analisandose os desdobramentos regionais, no nível de item, temos as seguintes possibilidades: “8443.99.1 De telecopiadores (fax) Fl. 382DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 383 9 8443.99.2 De impressoras ou traçadores gráficos ("plotters") 8443.99.3 De máquinas copiadoras” Nem o fisco nem a recorrente parecem ter dúvidas de que os “cartuchos de toner” podem ser utilizados em aparelhos multifuncionais que reúnem as funções de fax, impressoras e copiadoras. E não faz nenhum sentido solicitar laudo técnico para atestar tal possiblidade, que é de conhecimento universal. Também não há dissonância no sentido de que a regra a ser adotada para classificação das mercadorias (visto se estar tratando de item – regional), é a RGC1 do MERCOSUL, que determina: “As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível.” E, dentro das regras do Sistema Harmonizado, tanto fisco quanto recorrente invocam a RG3, embora a recorrente aponte escorreita a letra “a” (que trata da posição mais específica) e o fisco aponte a letra “c” (último lugar na ordem numérica, diante da impossibilidade de aplicação das letras “a” e “b”): “3. Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3 a), classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3 a) e 3 b) não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração.” Resta perguntar, então, se os “cartuchos de toner” (mercadoria a ser classificada) são mais especificamente destinados a fax, impressoras ou copiadoras. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 384 10 Não nos parece que essa pergunta possa ser respondida em um laudo técnico (genericamente demandado pela recorrente, imaginando erroneamente que o fisco estava a afirmar que os cartuchos se destinavam a copiadoras, e não a impressoras). É óbvio e cediço que a função a que se referem as regras de classificação não possui qualquer relação com o uso efetivo que o comprador vá dar ao produto. Qualquer um poderia comprar um “cartucho de toner” e dar a ele a destinação que quisesse, e isso, indubitavelmente, não afetaria a classificação fiscal do produto. Para usar um exemplo extremo, que apresento recorrentemente neste colegiado: o fato de importar um automóvel Ferrari e colocálo na sala de casa, imóvel, como uma obra de arte (e, estranhamente, há quem o faça), não o torna classificável como uma obra de arte. Todos sabem a função principal de um automóvel Ferrari. Não se pode, no entanto, afirmar que todos saibam (ou que alguém possa tecnicamente afirmar) qual a função principal de um aparelho multifuncional como o que contém fax, impressora e copiadora, ou de um cartucho a ele destinado. As três funcionalidades convivem perfeitamente, sem que se possa afirmar, com convicção, que a função principal do aparelho seja uma ou outra. Também não procede nem encontra guarida no Sistema Harmonizado a classificação fiscal a partir de estatísticas, afirmandose que “a função mais comumente utilizada é...”. Admitir isso seria contingenciar as regras do Sistema Harmonizado, que foram criadas para uniformizar a classificação de mercadorias mundialmente, a usos locais/regionais de determinados produtos. A classificação das mercadorias, para que seja coerente com as regras do Sistema Harmonizado, deve a elas respeito. Ultrapassada a impossibilidade de classificação a partir da Regra 3“a”, seguese para a Regra 3“b”, que é inaplicável ao caso, que não trata de produtos misturados, obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes ou de mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho. Seguese, então, para a Regra 3“c”, que adota a posição (no caso, item, em função da RGC1) situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. Foi o que concluiu, a nosso ver, corretamente, a fiscalização. E isso, esclareçase, não significa que a fiscalização afirmou que os “cartuchos de toner” serão (ou são) utilizados em máquinas copiadoras, como erroneamente entende a recorrente, mas, simplesmente, que se prestam às três funções (uso em fax, impressoras e copiadoras) e que, pelas regras do SH, devem ser classificados na última em ordem numérica (seja ela qual for – e, no caso, é a referente a máquinas copiadoras). E, ao contrário do que também defende a recorrente em sua peça recursal (desejando encaminhar, alternativamente, a classificação a outra posição residual, diferente da que ela própria adota), deve ser adotada a última em ordem numérica entre as posições susceptíveis de validamente se tomarem em consideração (no caso, itens 1, 2 e 3). Confunde, assim, a recorrente, a nosso ver, as razões de autuação, como já havia destacado o julgador de piso, e resta claro pelo pedido infundado de perícia (que parece equivocadamente entender que o fisco afirmou que os cartuchos são “partes e peças de copiadora”, quando este afirmou que são partes e peças que se prestam a mais de uma função, Fl. 384DF CARF MF Processo nº 15165.002914/200865 Acórdão n.º 3401004.455 S3C4T1 Fl. 385 11 aplicando as regras do SH para classificálos, e obtendo como resultado, corretamente, o código NCM 8443.99.39). Por fim, o dígito referente ao subitem é igualmente residual, não se tratando de cilindros: “8443.99.31 Cilindros recobertos de matéria semicondutora fotoelétrica de selênio ou suas ligas, para os aparelhos de fotocópia eletrostático por processo indireto 8443.99.39 Outras” Assim, sendo correta a classificação adotada pelo fisco, pois obtida pela aplicação das regras do Sistema Harmonizado, complementadas por regras regionais (MERCOSUL), deve ser negado provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Fl. 385DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.904315/2011-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
COMPENSAÇÃO - SALDO NEGATIVO DE IRPJ.
Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição.
Numero da decisão: 1401-002.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 COMPENSAÇÃO - SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 COMPENSAÇÃO SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 90 43 15 /2 01 1- 41 Fl. 515DF CARF MF Processo nº 13603.904315/201141 Acórdão n.º 1401002.480 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte (MG) que manteve o crédito tributário decorrente da não homologação de pedido de compensação apresentado pelo contribuinte. 2. Foi emitido despacho decisório, por meio do qual foi parcialmente homologada a compensação declarada no PER/DCOMP objeto do presente lançamento. 3. O crédito transmitido pela via da compensação foi reconhecido como insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual se homologou o débito parcialmente. 4. O interessado apresentou MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE, na qual alegou: · Que "houve um equívoco, por parte da RFB, na apuração dos valores relativos aos créditos compensados, já que foi considerado indevidamente como valor original utilizado na Declaração de Compensação"; · Diz que, “com as devidas correções, o valor do crédito utilizado na data da transmissão da Declaração de Compensação, ora parcialmente homologada, se faz perfeitamente justificável e suficiente, conforme atestam as tabelas anexas. As tabelas que seguem anexas trazem a discriminação de todas as notas fiscais e respectivas retenções efetuadas O total de retenções é superior aos valores compensados. O valor do crédito informado se fazia suficiente para compensação dos débitos relacionados na declaração parcialmente homologada”; · Requereu o acolhimento da presente Manifestação de Inconformidade para homologar a compensação declarada no PER/DCOMP, com o reconhecimento da extinção do crédito tributário objeto da compensação. Protestando, pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, destacando que não juntou cópia de cada nota fiscal em virtude do volume de documentos. 5. O Acórdão ora Recorrido recebeu a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO SALDO NEGATIVO DE IRPJ. Não se admite a compensação de débito com crédito que se comprova inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 5. Isto porque, segundo entendimento da Turma, no Despacho Decisório considerouse confirmado o IRRF em valor inferior ao declarado, não tendo sido considerada a Fl. 516DF CARF MF Processo nº 13603.904315/201141 Acórdão n.º 1401002.480 S1C4T1 Fl. 4 3 totalidade das retenções informadas no PER/DCOMP em virtude da não confirmação em DIRF. 6. Por isso, “na falta da confirmação por DIRF, o documento hábil para comprovar a retenção, a ser apresentado pelo beneficiário dos pagamentos é o previsto no art. 86 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, disciplinado pela Instrução Normativa SRF nº 119, de 28 de dezembro de 2000, e alterações posteriores. É requisito para dedução do imposto retido a sua comprovação mediante comprovante de rendimento regularmente emitido pela fonte pagadora, consoante expressa disposição legal contida nos seguintes dispositivos: art. 55 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985; art. 815 do RIR de 1999; art. 4º da Instrução Normativa SRF nº. 119, de 2000”. 7. Considerou, que “não há crédito de saldo negativo de IRPJ do trimestre objeto de compensação, além do já reconhecido no despacho decisório”. 8. Ciente da decisão do Acórdão que julgou improcedente a manifestação apresentada, o contribuinte interpõe Recurso Voluntário, alegando as seguintes razões: · DO INDEFERIMENTO DE PROVAS: alega que “destacou em sua Manifestação de Inconformidade que não juntou cópia de cada nota fiscal objeto do pedido de compensação, pois o volume de documentos inviabilizaria o manuseio da mesma”. Mas, os livros de Notas Fiscais estariam à disposição; · NO MÉRITO, destaca que houve equívoco por parte da RFB na apuração dos valores relativos aos créditos compensados; · Argumenta que “o valor do crédito utilizado na data da transmissão da Declaração de Compensação se faz perfeitamente justificável e suficiente, conforme as tabelas anexadas”, destacando, que o total de retenções é superior aos valores compensados pela Recorrente. · Afirma que conforme os documentos e tabelas anexas ao presente recurso voluntário, demonstra a insubsistência e improcedência da homologação parcial da compensação declarada, com isso, requereu a extinção do crédito tributário com a consequente homologação da compensação declarada no PER/DCOMP em sua integralidade. 9. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.331, de 16.03.2018, proferido no julgamento do Processo nº 13603.904309/201194, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 13603.904315/201141 Acórdão n.º 1401002.480 S1C4T1 Fl. 5 4 Nos presentes autos o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de saldo negativo de IRPJ apurado no período de 01/01/2007 a 31/03/2007, concorrendo para a formação do saldo negativo parcela referente à dedução de imposto de renda retido na fonte. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.331): "Sendo tempestivo, passo a analisar o Recurso Voluntário. No que se refere à preliminar de nulidade em razão do indeferimento da produção de provas entendo que a mesma não merece ser acolhida. Em regra geral, o momento oportuno para a juntada de provas em que se fundamentam as alegações é quando da apresentação da impugnação (art. 15 do Dec. n.º 70.235, de 1972). A impugnação, deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, constituindose ônus do contribuinte apresentar as provas de suas alegações. No caso concreto, até o presente momento, o contribuinte não traz aos autos, nem exemplificativamente ou por amostragem, parte das provas que amparam seu direito, simplesmente aduz que em razão do grande volume as mesmas encontramse à disposição. Tratamse de documentos que deveriam estar em posse do contribuinte e, mesmo tendo a sua manifestação de inconformidade indeferida, permanece sem fazer prova do que alega. Daí que não se admite que o pedido de realização de diligência seja usado como instrumento de coleta de provas que cabiam à parte interessada produzir, e muito menos transferir esse ônus à autoridade administrativa. Outrossim, o deferimento de diligência cabe à análise do julgador, de acordo com as razões e fundamentos apresentados nos autos. No caso concreto, diante da inexistência de contexto probatório hábil a dar suporte às razões do contribuinte, o julgador optou por indeferir a diligência, decisão com a qual me coaduno. Assim, não há o que se falar em desrespeito ao princípio da verdade material quando a parte interessada não demonstra, nem de forma exemplificativa, que há alguma verdade, diferente da dos autos, que deva ser alcançada. Face o exposto, deixo de acolher a preliminar de nulidade. Como visto, o crédito utilizado na compensação é de saldo negativo de IRPJ, concorrendo para a formação do saldo negativo parcela referente à dedução de imposto de renda retido na fonte. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 13603.904315/201141 Acórdão n.º 1401002.480 S1C4T1 Fl. 6 5 Portanto, o crédito utilizado nas compensações analisadas tem origem na dedução efetuada, de cuja confirmação depende a homologação pretendida. Na falta da confirmação por DIRF, o documento hábil para comprovar a retenção, a ser apresentado pelo beneficiário dos pagamentos é o previsto no art. 86 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, disciplinado pela Instrução Normativa SRF nº 119, de 28 de dezembro de 2000, e alterações posteriores. É requisito para dedução do imposto retido a sua comprovação mediante comprovante de rendimento regularmente emitido pela fonte pagadora, consoante expressa disposição legal contida nos seguintes dispositivos: art. 55 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985; art. 815 do RIR de 1999; art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 119, de 2000. O contribuinte deve munir a contabilidade de documentos e elementos que comprovem a efetiva realização dos fatos nela registrados. No caso, o contribuinte não traz os documentos que a lei define como hábeis para provar as retenções que teria contabilizado, insistindo em aduzir que os possui e estão à disposição. Assim, diante da inexistência de comprovação do saldo negativo, não dou provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 519DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13433.000233/2006-68
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência), não constituindo nulidade o fato de ter sido anteriormente calculado com base no regime de caixa.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9202-006.698
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, para afastar a nulidade declarada, com retorno dos autos ao colegiado de origem para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002 IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência), não constituindo nulidade o fato de ter sido anteriormente calculado com base no regime de caixa. Recurso Especial do Procurador Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, para afastar a nulidade declarada, com retorno dos autos ao colegiado de origem para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência), não constituindo nulidade o fato de ter sido anteriormente calculado com base no regime de caixa. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, para afastar a nulidade declarada, com retorno dos autos ao colegiado de origem para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 43 3. 00 02 33 /2 00 6- 68 Fl. 310DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 13 ), relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente ao exercício 2002, anocalendário 2001, para exigência do seguinte crédito tributário: IRPF – R$ 35.498,50; multa de ofício (passível de redução) – R$ 26.623,87; juros de mora (calculados até 31/03/2006) – R$ 24.809,90, totalizando um crédito tributário apurado no valor de R$ 86.932,27 (oitenta e seis mil, novecentos e trinta e dois reais, noventa centavos). A autuação é decorrente da apuração de classificação indevida de rendimentos, pois o Contribuinte declarou como isentos e não tributáveis rendimentos tributáveis recebidos da Caixa Econômica Federal em face de ação trabalhista (nº 11.3373/91), relativa a expurgos inflacionários da URP (Unidade de Referência de Preços) do mês de fevereiro de 1989. O autuado apresentou impugnação, tendo Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE julgado o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Apresentado Recurso Voluntário pelo autuado, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 10/09/2014, foi dado provimento ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2801003.712 (fls. 279/287), com o seguinte resultado: " Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada. Vencido o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida que negava provimento ao recurso”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos, o imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado pelo regime de competência, tendo em vista que o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 disciplina o momento da incidência, e não a forma de calcular o imposto. Recurso Voluntário Provido. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 13433.000233/200668 Acórdão n.º 9202006.698 CSRFT2 Fl. 3 3 O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 02/10/2014 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional opôs em 12/11/2014, portanto, tempestivamente, Recurso Especial (fls. 289/295). Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº da 1ª Câmara, de 30/06/2015 ( fls. 297/299), consubstanciado no paradigma 2201002.386. · Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido a fim de seja mantida a autuação, determinando o colegiado o retorno dos autos à DRF apenas para a retificação contábil relativa à alíquota incidente sobre os rendimentos recebidos a destempo. · Argumenta que tal alteração não acarreta qualquer prejuízo ao contribuinte ou mácula ao lançamento, na medida em que impõe tão somente o recálculo do montante devido, sem majoração da exigência tributária. · Transcreve trecho do voto do acórdão 2802002.864, que segundo ela, muito bem esclarece a questão e acrescenta que inexiste irregularidade que fundamente o cancelamento do auto de infração, mostrandose adequada sua manutenção com a realização das retificações cabíveis. Cientificado do Acórdão nº 2801003.712, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 01/09/2015, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 312DF CARF MF 4 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, fls. 297. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão Do Mérito Em face dos pontos trazidos no Recurso especial da Fazenda Nacional e do conteúdo do acórdão recorrido entendo que a apreciação do presente recurso cingise a discussão em relação a nulidade do lançamento, em consonância com a interpretação adotada pelo STJ no REsp Resp 1.118.429/SP, o qual firmou entendimento de que, no caso de recebimento acumulado no caso de recebimento acumulado de valores, decorrente de ações trabalhistas, revisionais, e etc., o Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF não deve ser calculado por regime de caixa, mas sim por competência; obedecendose as tabelas, as alíquotas, e os limites de isenção de cada competência (mês a mês). Um questão importante que ajudanos a delimitar o alcance da lide, referese ao fato de o relator do acórdão da Câmara a quo descrever em seu voto, mesmo que implicitamente, que o fundamento da declaração de nulidade diz respeito a jurisprudência do STJ a quem compete promover a interpretação ultima da lei federal, já ter se posicionado pela forma como deve ser interpretado o art. 12 da Lei 7.713/88, o que enseja um erro de cunho material na apuração do montante devido, porém em momento algum, o relator, deixa de reconhecer a incidência do tributo, nem faz qualquer referência ao caráter salarial ou indenizatório da verba. Podemos chegar a essa conclusão ao lermos os termos do voto abaixo transcrito: Deixo de apreciar as questões preliminares suscitadas pelo Recorrente, pois, conforme se verá a seguir, o resultado lhe será favorável. O presente lançamento referese à apuração de classificação indevida de rendimentos que foram recebidos em razão de Ação Trabalhista em que os funcionários pleitearam o pagamento do índice de 26,05% fixado para a URP relativa ao mês de fevereiro de 1989 e a integração desses valores às verbas salariais vencidas/vincendas, além de seus consequentes: FGTS, férias, gratificação de natal e anuênios; mas que , em virtude de acordo homologado pela justiça do trabalho, os reclamantes renunciaram expressamente ao direito de incorporação das diferenças e reajustes salariais e seus acessórios aos salários. Como se vê, tratase, na espécie, de rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente cuja tributação ocorreu sob a regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 13433.000233/200668 Acórdão n.º 9202006.698 CSRFT2 Fl. 4 5 Em relação aos rendimentos recebido acumuladamente, cabe registrar que a Procuradoria da Fazenda Nacional – PGFN, diante da jurisprudência do STJ sobre rendimentos recebidos acumuladamente e com base no Parecer PGFN/CRJ/nº 287/2009, editou o Ato Declaratório nº 1/2009 publicado no Diário Oficial da União de 14/05/2009 e aprovado conforme despacho do Ministro da Fazenda publicado em 13/05/2009, e que teve efeito vinculante sobre o Fisco, com determinação para o cálculo do imposto ser mensal e não global, tanto para rendimentos de aposentaria quanto para rendimentos do trabalho. O referido Ato Declaratório teve sua eficácia suspensa pelo Parecer PGFN/CRJ/nº 2.331/2010, em razão de o Supremo Tribunal Federal, em 20/10/2010, reconhecer repercussão geral aos Recursos Extraordinários nº 614232 e 614406 que versam sobre a tributação de rendimentos recebidos acumuladamente e cujos julgamentos ainda não foram concluídos. [...] Verificase, em julgados recentes, que o STJ tem adotado a orientação firmada pela Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP para também afastar a tributação dos rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente pelo regime de caixa, determinando que o imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquota próprias a que se referem tais rendimentos, haja vista a ementa da seguinte Decisão: [...] É de se concluir, portanto, que, na espécie, existe erro de cunho material na apuração do imposto devido, por aplicação incorreta do art. 12 da Lei nº 7.713/1988, consoante interpretação dada pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de Recurso Especial com a atribuição da sistemática do artigo 543– C do CPC, e que deve ser de aplicação obrigatória pelos Conselheiros do CARF, conforme disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010, in verbis: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal. Fl. 314DF CARF MF 6 A base do fundamento do acórdão recorrido encontrase na própria ementa do acórdão, fls. 279 e seguintes, assim descrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos, o imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado pelo regime de competência, tendo em vista que o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 disciplina o momento da incidência, e não a forma de calcular o imposto. Recurso Voluntário Provido. " Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada. Vencido o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida que negava provimento ao recurso”. Ou seja, o cerne da questão referese ao questionamento se as decisões reiteradas do STJ, como mencionado pelo relator do acórdão recorrido, que acabaram por ensejar julgamento no âmbito do STJ em sede de repetitivos e, posteriormente pelo STF que declarou a inconstitucionalidade parcial do art. 12 da 7.713/1988, em sede de repercussão geral, seria capaz de eivar de vício material o lançamento? Entendo que não! Ao apreciarmos o inteiro teor da decisão do STF, e mais, baseado na decisão do STJ, que ensejou o pronunciamento daquela corte máxima, observamos que toda a discussão cingee sobre o regime de tributação aplicável aos RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE RRA, se regime de caixa (como originalmente lançado no dispositivo legal), ou o regime de competência (forma adotada posteriormente pela própria Receita Federal calcada em pareceres, decisões do STJ que ensejaram inclusive alteração legislativa art. 12A da 12.530/2010. Entendo que a decisão do STJ descrita no Resp 1.118.429/SP, se coaduna com a do caso ora apreciado já que, em ambas, discutise a sistemática de cálculo aplicável na apuração do imposto devido: caixa ou competência. Dessa forma, entendo que a aplicação do repetitivo se amolda a questão trazida nos autos, já que a mesma apresentase em estrita consonância com a matéria objeto de repercussão geral no RE 614.406/RS. Na verdade a posição do STF, nada mais fez do que pacificar a questão que já vinha sendo observada pelo STJ em seus julgados e pela própria Receita Federal e PGFN, por meio de seus pareceres. Vale destacar que no âmbito deste Conselho não é a primeira vez que essa questão é enfrentada por essa Câmara Superior. No Recurso Especial da PGFN processo nº 11040.001165/200561, julgado na 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, encontramos situação similar, cujo voto vencedor, do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior trata da matéria ora sob apreciação. Vejamos a ementa do acórdão nº 9202003.695: Fl. 315DF CARF MF Processo nº 13433.000233/200668 Acórdão n.º 9202006.698 CSRFT2 Fl. 5 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Ainda, como o objetivo de esclarecer a tese esposada no referido acórdão, transcrevo a parte do voto vencedor na parte pertinente ao tema: Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento Fl. 316DF CARF MF 8 da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Com base nas questões levantadas pelo ilustre conselheiro Heitor de Souza Lima Junior aqui transcritas, e as quais uso como fundamento de razões para decidir, entendo que a posição tanto do STJ no REsp nº 1.118.429/SP como do STF no RE 614.406/RS não foi no sentido de inexistência ou inconstitucionalidade do dispositivo que definia os valores dos rendimentos recebidos acumuladamente como fato gerador de IR, mas tão somente no sentido de que a apuração da base de cálculo do imposto devido não seria pelo regime de caixa (na forma como descrito originalmente na lei, art. 12 da Lei 7783/88) já que conferiria tratamento diferenciado e prejudicial ao contribuinte, já definindo o novo regime a ser aplicável para apuração do montante devido. Não se trata de alteração de critério jurídico aplicado pela fiscalização, mas de aplicação dos termos de lei, que posteriormente por decisão judicial deixa claro qual a melhor interpretação acerca do regime aplicável. Dessa forma, considerando os termos do acórdão proferido, bem como a delimitação da lide objeto deste Recurso Especial ser tão somente sobre a nulidade do lançamento, encaminho pelo provimento do Resp da Fazenda Nacional, para afastar a nulidade, determinando o retorno dos autos à turma a quo para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte, diante restar consignado no próprio voto: " Deixo de apreciar as questões preliminares suscitadas pelo Recorrente, pois, conforme se verá a seguir, o resultado lhe será favorável." Fl. 317DF CARF MF Processo nº 13433.000233/200668 Acórdão n.º 9202006.698 CSRFT2 Fl. 6 9 Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO para afastar a nulidade declarada, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 318DF CARF MF
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