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Numero do processo: 10930.901462/2011-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
PERDCOMP. LIVRO APÓS. CRÉDITO INTEGRALMENTE UTILIZADO NA ESCRITA FISCAL ANTES DA TRANSMISSÃO DA PERDCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES DECLARADAS.
Se o saldo credor ressarcível apurado ao final do trimestre calendário foi utilizado integralmente para amortizar débitos de períodos de apuração subsequentes, nada remanescendo para lastrear as compensações objetos de PERDCOMP transmitida posteriormente, cabe não homologar as compensações declaradas.
Numero da decisão: 3402-005.238
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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LIVRO APÓS. CRÉDITO INTEGRALMENTE UTILIZADO NA ESCRITA FISCAL ANTES DA TRANSMISSÃO DA PERDCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES DECLARADAS. Se o saldo credor ressarcível apurado ao final do trimestre calendário foi utilizado integralmente para amortizar débitos de períodos de apuração subsequentes, nada remanescendo para lastrear as compensações objetos de PERDCOMP transmitida posteriormente, cabe não homologar as compensações declaradas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Rodrigo Mineiro Fernandes, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Pedro Sousa Bispo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 14 62 /2 01 1- 60 Fl. 972DF CARF MF 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade apresentada pela empresa em epígrafe contra o Despacho Decisório de fls. 36 que indeferiu o direito creditório pleiteado, referente ao 2º trimestre de 2003, e não homologou as compensações declaradas a ele vinculadas, com demonstrativos de cálculos e documentos às fls. 37 a 40, ao considerar que restou constatado a “utilização integral (...), na escrita fiscal, do saldo credor passível de ressarcimento em períodos subseqüentes ao trimestre em referência, até a data da apresentação do PER/DCOMP”. Cientificado do despacho decisório em 19/05/2011 (fls. 41), a manifestações de inconformidade foi protocolizada em 17/06/2011, por intermédio do arrazoado de fls. 02/05, no qual o contribuinte alega, em síntese, que: O PER/DCOMP n°. 00497.40840.150104.1.1.015406, originalmente transmitido em 15/01/2004, fora retificado através do PER/DCOMP n°. 02297.51173.210606.5.010258, transmitido em 21/06/2006. Em que pese a retificação do PER/DCOMP apresentada, o Honorável Fiscal achou por bem não reconhecer crédito à ser utilizado, entendendo que houve constatação de utilização integral ou parcial, na escrita fiscal, do saldo credor passível de ressarcimento em períodos subseqüentes ao trimestre em referência, até a data da apresentação do PER/DCOMP. Ocorre que referidas informações não refletem a realidade dos fatos, tendo em vista que na análise de crédito do despacho em referência, no campo “demonstrativo do crédito reconhecido para cada PER/DCOMP", que o menor saldo credor referente ao PER/DCOMP 02297.51173.2106061.5.010258 é 0 (zero). Entretanto, ainda na própria análise de crédito embasadora do despacho, no quadro "demonstrativo da apuração após o período do ressarcimento", não existe período de apuração desde após o ressarcimento até o período imediatamente anterior ao PER/DCOMP original (qual seja, o n°.00497.40840.150104.1.1.015406, transmitido em 15/01/2004, posteriormente retificado pelo PER/DCOMP n°. 02297.51173.210606.1.5.010258, transmitido em 21/06/2006), em que houve menor saldo credor inferior ao valor R$ 445.000,00 (quatrocentos e quarenta e cinco mil reais). Ou seja, dentro do período apurado, há um saldo credor suficiente para cobrir o valor do pedido de crédito solicitado. Desta forma, razão não assiste a decisão que deixou de homologar as compensações declaradas no PER/DCOMP n°. 30046.45013.280606.1.7.011816 e PERD/COMP n°. 12664.66853.311006.1.3.017750, bem como indeferiu o pedido de restituição/ressarcimento apresentados no PER/DCOMP 02297.51173.210606.1.5.010258 e no PER/DCOMP 00513.03608.0300608.1.1.012351, haja vista a manifesta existência de salto credor suficiente para referidas operações. III. Dos pedidos Fl. 973DF CARF MF Processo nº 10930.901462/201160 Acórdão n.º 3402005.238 S3C4T2 Fl. 3 3 Ante todo o exposto, requer seja a decisão ora atacada, qual seja, o despacho decisório do dia 04/05/2011, n°. de rastreamento 930837865, REFORMADA, para os fins de: a) Rever e deferir o PER/DCOMP n°. 02297.51173.210606.1.5.010258; b) Rever e homologar as compensações declaradas no PER/DCOMP n°.30046.45013.280606.1.7.011816 e PER/DCOMP n°. 12664.66853.311006.1.3.017750. c) Desconstituir o valor devedor consolidado no importe de R$ 133.483,48 (cento e trinta e três mil, quatrocentos e oitenta e três reais e quarenta e oito centavos), bem como eventuais multas e juros. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, razão pela qual o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando suas razões originais. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de ingressar na análise do direito creditório, importante registrar que o IPI regese pelo princípio da nãocumulatividade, previsto constitucionalmente no art. 153, § 3º, II, da Carta Magna de 1988, normatizado por disposições constantes do art. 49 do Código Tributário Nacional, quando estabelece que referido imposto “será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”. O estabelecimento industrial creditase do IPI destacado das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, utilizados na industrialização, em razão de disposição normativa expressa no art. 163 do RIPI/2002: Art. 163. A nãocumulatividade do imposto é efetivada pelo sistema de crédito, atribuído ao contribuinte, do imposto relativo a produtos entrados no seu estabelecimento, para ser abatido do que for devido pelos produtos dele saídos, num mesmo período, conforme estabelecido neste Capitulo. Assim, dentro de cada período de apuração, dos valores do imposto registrados a débito, atinentes às saídas de produtos tributados do estabelecimento contribuinte, são deduzidos os valores registrados a crédito (créditos básicos), decorrentes das operações de entradas de insumos tributados empregados na produção daqueles produtos saídos. Remanescendo, ao final de cada trimestrecalendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as devidas deduções, o estabelecimento matriz da Fl. 974DF CARF MF 4 pessoa jurídica poderá requerer o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizálos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos administrados pela RFB, nos termos do art. 21, §2º, da IN RFB nº 900/2008, vigente à época: Art. 21 § 2º Remanescendo, ao final de cada trimestre calendário, créditos do IPI passíveis de ressarcimento após efetuadas as deduções de que tratam o caput e o § 1º, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica poderá requerer à RFB o ressarcimento de referidos créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizáos na compensação de débitos próprios relativos aos tributos administrados pela RFB. No caso concreto, o cerne da discussão é decorrente da apresentação de dois Pedidos Eletrônicos de Ressarcimentos, PERDCOMP nº 02297.51173.210606.1.5.010258 (fls. 736/918 – retificadora da PERDCOMP nº 00497.40840.150104.1.1.015406) e nº 00513.03608.300608.1.1.012351 (fls. 500/735), ambos referentes ao 2º trimestre de 2003, com informações idênticas e em duplicidade. O segundo ponto é até que período a fiscalização poderia verificar a utilização ou não do crédito ressarcível o 2º trimestre de 2003, apresentada em 15/01/2004, em vista da retificadora apresentada em 21/06/2006. Ambas as questões foram correta e tecnicamente analisadas pela DRJ, razão pela qual adoto como minhas suas razões de decidir, com fundamento no art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99, reproduzindoas abaixo. No caso concreto, da análise do “Demonstrativo de Apuração após o Período do Ressarcimento”, fl. 37, que acompanha e integra o despacho decisório, notase que o Sistema de Controle de Créditos e Compensação – SCC considerou R$ 0,00 como o “Menor Saldo Credor” para este 2º trimestre de 2003, cuja legenda (g) informa que esta coluna “Corresponde ao menor saldo credor apurado desde o último PA do trimestre de referência até o período de apuração imediatamente anterior” ao trimestre de transmissão da PERDCOMP. Assim, segundo o SCC, os créditos ressarcíveis referentes ao 2º trimestre de 2003 pleiteados pelo contribuinte foram consumidos no abatimento de débitos de IPI em trimestres posteriores, não restando valores passíveis de ressarcimento. Analisando o “Demonstrativo do Crédito Reconhecido para cada PERDCOMP” (fls. 38/39) e consultando os sistemas da RFB, verificase que o impugnante apresentou dois (2) Pedidos Eletrônicos de Ressarcimentos, PERDCOMP nº 02297.51173.210606.1.5.010258 (fls. 736/918 – retificadora da PERDCOMP nº 00497.40840.150104.1.1.015406) e nº 00513.03608.300608.1.1.012351 (fls. 500/735), referentes ao 2º trimestre de 2003, com diversas informações idênticas e em duplicidade, como o mesmo valor pleiteado em ressarcimento (R$ 215.721,67), o mesmo montante de créditos ao final do trimestre (R$ 267.123,14), igual valor de débitos ao final do trimestre (R$ 51.401,47), 1.079 notas fiscais de entrada em ambas com creditamento de IPI no mesmo montante (R$ 601.152,84). Em que pese o valor do crédito solicitado no Despacho Decisório, fl. 29, fazer referência ao montante de R$ 431.443,34, registrese que o contribuinte apura no “Livro Registro de Apuração do IPI no Período do Ressarcimento” (fl. 764), ao final do 2º trimestre de 2003, o valor de R$ 215.721,67 como saldo credor do período, valor este que deveria ser o máximo ressarcível daquele trimestre. Fl. 975DF CARF MF Processo nº 10930.901462/201160 Acórdão n.º 3402005.238 S3C4T2 Fl. 4 5 Outro ponto que merece análise referese ao 4º trimestre de 2003, uma vez que o “Menor Saldo Credor” passa a R$ 0,00 após este período. Mais uma vez podese observar que o contribuinte apresenta pedidos em duplicidade, com a formalização dos Pedidos Eletrônicos de Ressarcimento nº 36007.15827.270204.1.1.010727 e nº 14691.11530.231208.1.1.012688, ambos referentes ao 4º trimestre de 2003, com solicitação de ressarcimento idêntica de R$ 424.081,73. Em razão disso o SCC ao realizar os ajustes do saldo credor no livro após para apuração do real saldo credor do trimestre em análise lançou na coluna débitos ajustados do período [coluna d] o valor duplicado, ou seja, R$ 848.163,46 [fl. 38]. Em que pesem as solicitações em duplicidade formalizadas pelo contribuinte, entendo que o referido valor deve ser ajustado na coluna ‘Débitos Ajustados do Período’ do “DEMONSTRATIVO DA APURAÇÃO APÓS O PERÍODO DO RESSARCIMENTO de R$848.163,46 para R$ 424.081,73, correspondente ao valor do direito creditório reconhecido pelo SCC relativamente ao 4º trimestre/20033, conforme consulta efetivada no sistema SIEF PERDCOMP. Ocorre que, mesmo considerando o valor ajustado do débito e ainda que se mantenha o valor do saldo credor do período em duplicidade (R$ 431.443,34 no lugar do montante de R$ 215.721,67 que é o máximo ressarcível do 2º trimestre de 2003), ainda assim o montante do saldo credor relativo ao 2º trimestre de 2003 [tratado nos autos] restou consumido ao longo do período (01/07/2003 a 31/03/2006), conforme podese constatar pela análise da planilha a seguir: Fl. 976DF CARF MF 6 Portanto, o saldo credor ressarcível apurado ao fim do 2º trimestre de 2003 foi integralmente utilizado no abatimento de débitos de IPI [correspondente ao total dos débitos informados no PERDCOMP, ajustados pela alocação dos estornos de ressarcimento no último período de apuração do trimestre a que se referem] em períodos subseqüentes, restando totalmente consumido ao final do período de apuração mensal março/2004, muito antes da data de transmissão (em 21/06/2006) da PERDCOMP nº 02297.51173.210606.1.5.010258 (fls. 736/918), objeto do Despacho Decisório ora impugnado. O impugnante alega que “não existe período de apuração desde após o ressarcimento até o período imediatamente anterior ao PER/DCOMP original (qual seja, o n°. 00497.40840.150104.1.1.015406, transmitido em 15/01/2004, posteriormente retificado pelo PER/DCOMP n°. 02297.51173.210606.1.5.010258, transmitido em 21/06/2006)”, fazendo crer que a PER/DCOMP retificada, 00497.40840.150104.1.1.015406, transmitida em 15/01/2004, permanece com seus efeitos de validade, mesmo diante da confirmação da transmissão da PER/DCOMP n°. 02297.51173.210606.1.5.010258 retificadora, em 21/06/2006. Ora, por óbvio, a Receita Federal do Brasil assume as novas informações, com a declaração retificadora, como parâmetro para análise. Nada mais correto considerar as informações antigas como retificadas, caso contrário estarseia diante de uma situação sem a segurança jurídica necessária para a prática dos atos administrativos que fundamentam sua competência fiscalizatória. Nesse passo, nos termos dos artigos 604 e 615 da Instrução Normativa RFB nº 600, de 28 de dezembro de 2005, a data da entrega da Declaração de Compensação retificadora marca o inicio da contagem do prazo para homologação das mesmas, permanecendo a data da apresentação da Declaração de Compensação original apenas para valoração de débitos e créditos. Neste raciocínio, a data da DCOMP original é utilizada apenas para valorar os débitos e créditos vinculados à compensação, devendo a análise do saldo considerar o batimento na escrita fiscal dos créditos existentes com os débitos até o período de apuração imediatamente anterior à transmissão do PERDCOMP retificador, confirmando ou não existência do saldo credor apurado ao final do trimestre de referência. Assim, apenas após 21/06/2006 a RFB pôde, com base nas novas informações apresentadas pelo contribuinte, fazer a análise do saldo credor disponível ao contribuinte, com o batimento na escrita fiscal dos créditos do 2º trimestre de 2003 com os débitos até o período imediatamente anterior à transmissão [2º decêndio de junho de 2006], concluindo pela inexistência de saldo credor ressarcível. Ainda sobre a questão, na forma do art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, da mesma forma como incumbe ao autor o ônus da prova quanto aos fatos constitutivos de seu direito, de acordo com o disposto no inciso I do art. 333 do Código de Processo Civil. Nesse contexto, ao se protocolizar um pedido de ressarcimento, incumbe ao requerente a demonstração de que o valor pleiteado goza de liquidez e certeza. A parte que invoca o direito resistido deve produzir as provas necessárias do respectivo fato constitutivo. Em não o fazendo, impossível o acolhimento da pretensão. O contribuinte não apresenta planilha de cálculos ou outros meio de prova para demonstrar seu direito. Ante as razões expostas acima, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 977DF CARF MF Processo nº 10930.901462/201160 Acórdão n.º 3402005.238 S3C4T2 Fl. 5 7 É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 978DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.940293/2011-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.622
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 40 29 3/ 20 11 -9 8 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06046.062. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 5 4 associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 6 5 c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 7 6 CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10980.940293/201198 Resolução nº 3301000.622 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 114DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.912798/2009-22
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/05/2004
PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA.
Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa.
Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento.
Numero da decisão: 9303-006.559
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe negaram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/05/2004 PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento.
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INCIDÊNCIA. FOLHA DE PAGAMENTOS. Recorrente FEDERAÇÃO INTERF. DAS COOP. DE TRABALHO MÉDICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/05/2004 PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. VINCULAÇÃO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Efeitos da Solução de Consulta n.° 412/2004, em que a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe negaram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 98 /2 00 9- 22 Fl. 439DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o acórdão nº 3201001.255, decisão que negou provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem na Declaração de Compensação gerada pelo Contribuinte pelo programa PER/DCOMP, transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a PIS – Folha de Salários e de compensar os débitos discriminados no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada não foi homologada. Inconformado, o Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, o seguinte: registra, inicialmente, a tempestividade da defesa; assevera que, ao contrário do que supõe a fiscalização, não requereu a utilização daquele crédito para a quitação de qualquer outro débito, mas tão somente daquele objeto do ora discutido PER/DCOMP, sendo perfeitamente suficiente para a compensação a ser realizada (documentação anexa); esclarece que o procedimento adotado atendeu regularmente a todos os requisitos da legislação então em vigor, e que a controvérsia que persiste nos autos referese exclusivamente à existência do crédito no equivocado entendimento fiscal de que o contribuinte teria pleiteado a compensação de crédito já compensado em processo administrativo diverso; fazendo menção ao art. 156, II do Código Tributário Nacional (CTN), afirma que resta demonstrado o direito creditório postulado, objeto do despacho decisório ora questionado, devendo ser reconhecida e homologada a compensação procedida, desconstituindose a exigência das diferenças apontadas pelo Fisco Federal. Assim, ao final, requer seja homologado o direito de compensação, por todos fundamentos aqui apresentados. Na hipótese de não se conhecer a referida homologação, garantindolhe o direito constitucional previsto no artigo 5°, LV, de ampla defesa, requer que a Receita Federal do Brasil apresente as supostas duplicações de compensações alegadas no referido despacho decisório. A Segunda Turma da DRJ/BHE julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 4 3 Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou recurso voluntário ao CARF, que teve seu provimento negado pelo Colegiado a quo. Prevaleceu o entendimento de que as sociedades cooperativas estão sujeitas ao PIS sobre o valor da folha mensal de salários, à alíquota de 1,0 %, e sobre as receita operacional bruta, com as exclusões da base de cálculo previstas em lei, à alíquota de 0,65 %., bem como de que a restituição/compensação de indébito tributário está condicionado à certeza e liquidez do valor pleiteado/declarado. O Contribuinte opôs embargos de declaração, sendo que estes foram rejeitados. O Contribuinte interpôs então o Recurso Especial de Divergência ora em apreço, suscitando divergência quanto à incidência da Contribuição PIS sobre a Folha de Salários. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, foi apresentado e apreciado o acórdão 3403002.500, nos termos do § 5º, art. 67 do RICARF. O Recurso Especial do Contribuinte foi admitido e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, manifestando pelo não provimento do Recurso Especial do Contribuinte e que fosse mantido o v. acórdão. É o relatório em síntese. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.545, de 10 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.912761/200902, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.545): Da admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, dele conheço. O acórdão recorrido decidiu por negar provimento ao recurso voluntário, sob o entendimento de que, à época dos fatos, as sociedades cooperativas estavam sujeitas ao PIS sobre o valor da folha mensal de salários, à alíquota de 1,0 %, e sobre as receita operacional bruta, com as exclusões da base de cálculo previstas em lei, à alíquota de 0,65 %. O acórdão paradigma nº 3403002.500 decidiu, em sede de embargos de declaração, que havia omissão no acórdão embargado, passível de integração e com efeitos infringentes, adotando, por derradeiro, o Fl. 441DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 5 4 entendimento de que, com base no que fora expresso na Solução de Consulta 412/2004, a empresa, por não preencher as condições para o tratamento fiscal do art. 13, não estava sujeita à Contribuição sobre a Folha de Salários. Com estas considerações, concluiuse que a divergência jurisprudencial foi comprovada. Do Mérito. Tratase pedido de compensação não homologado por despacho decisório que entendeu que o crédito declarado de PIS/Folha seria inexistente, eis que já teria sido integralmente utilizado para a quitação de débitos do Contribuinte daquela mesma natureza. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte, entendeu, de forma diferente da fiscalização em Despacho Decisório, que, enquanto Federação de Cooperativas, a Federação não estaria dispensada do recolhimento de PIS sobre a folha de salários, em razão do disposto no artigo 32, § 4o, do Decreto n.º 4.524/2002, que determina que a cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões da receita bruta previstas neste artigo contribuirá, cumulativamente, para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. Em face de tal decisão o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, no qual foi demonstrado a existência da Solução de Consulta n.º 412/2004, na qual a própria Receita Federal a afasta do rol de contribuintes do PIS Folha. No entanto, foi negado provimento, mantendo o entendimento exarado pela 2a Turma de Julgamento da DRJ/BHE. No presente caso devemos inicialmente analisar a Solução de Consulta n.º 412/2004, que tem efeito vinculante para o Contribuinte. Verificase que da análise da Solução de Consulta n.° 412/2004, a Receita Federal reconheceu a impossibilidade de exigência da Contribuinte da Contribuição ao PIS com base na folha de salários, por ter sido expressamente excluída do rol de contribuintes do PIS folha enquadrados no artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835/2001, entendendo pela incidência exclusiva sobre o PIS Faturamento. Ou seja, a própria Receita Federal afastou a Contribuinte do rol de contribuintes deste tributo. Vale ressaltar que o Contribuinte quando realizou a Consulta fez o questionamento referente a sua sujeição ou não ao PIS/ Folha, decorrente do entendimento de que estaria enquadrada dentre as entidades que a lei enquadra como contribuintes daquele tributo, no caso o artigo 13 da Medida Provisória n.° 2.15835, quais seja, entidades imunes/isentas ao PIS Faturamento, senão vejamos: Relatório da Superintendência Regional da Receita Federal da 6a Região Fiscal: "Relatório 1. A interessada informa que é uma federação de cooperativas dedicadas à assistência médicohospitalar, na forma da Lei n.° 5.764/71 e de seu estatuto. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 6 5 Diz que, no desenvolvimento de suas atividades, presta serviços às cooperativas suas associadas, recebendo pagamentos mensais, a título de "taxas de manutenção", necessárias à sua sobrevivência e atuação, tratando se também de ato cooperativo, destinado a manter a sociedade cooperativa de segundo grau. 2. Cita o disposto no art. 13 da Medida provisória n" 2.15835, de 24 de agosto de 2001, ao qual faz menção aos sindicados, as federações e confederações, concluindo que são isentas da Coftns as receitas das atividades próprias dessas entidades, as quais contribuem para o PIS com base na folha de salários. 3. Aduz que, aplicandose à consulte tal dispositivo, combinado com o art. 60 da Lei n° 5.764/71, temse que ela está sujeita ao PIS com base unicamente na folha de salários. E, quanto à Cofins, a taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sua sobrevivência e atuação constituem receitas de suas atividades próprias, sendo, portanto, isentos dessa contribuição. 4. Isso posto, pergunta se está correto o seu entendimento quanto à isenção da Cofins sobre as mencionadas receitas e o pagamento do PIS com base na folha de salários, como exposto na consulta." (destaques nossos) Fundamentos Legais (...) 9. No que diz respeito ao PIS e à Cofins, a Medida Provisória n. ° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, tem os seguintes comandos: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IXcondomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § lo da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971 (...) 10. E, por sua vez, o Decreto n." 4.524, de 17 de dezembro de 2002, que regulamentou as contribuições sociais para o PIS e a COFINS, dispõe: Fl. 443DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 7 6 Art. 9o São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, art. 13): I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei n°9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, cientifico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n° 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VIserviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado; X condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e IX Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as organizações estaduais de cooperativas previstas no art. 105 e seu § I o da Lei n° 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (...) Pelos termos expostos na consulta, a interessada se julga enquadrada no inciso V do art. 13 da MP n.° 2.15835, de 2001. Entretanto, ressaltese que as "federações e confederações" referidas no inciso V da Medida Provisória n." 2.15835, de 24 de agosto de 2001 se referem a federações e confederações de sindicatos. Portanto, ao contrário do que expõe da consultente, ela não está entre as entidades referidas no inciso V do art. 13 da MP n."2.15835, de 2001. (...) 14. Pode a consulente estar enquadrada, todavia, no inciso IV do mesmo art. 13 da MP n.° 2.15835, de 2001, que contempla as associações que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n. ° 9.532/1997. 15. Entre esses requisitos, está o de não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados. Todavia, a transcrição da ata da assembleia geral ordinária da consulente, realizada em 08/03/2002 (...), informa que a mesma assembleia fixou o valor dos honorários para os membros da Diretoria Executiva, inclusive reajustando os referidos honorários" (destaques nossos). Ou seja, a resposta dada é que o Contribuinte não é contribuinte do PIS/ Folha, inclusive à luz do mencionado Decreto. Assim, diante da resposta acima, o Contribuinte que havia recolhido indevidamente a contribuição, fez à sua compensação com débitos diversos, conforme determina a Lei n.° 9.430/96 e o Código Tributário Nacional. Portanto, a glosa da compensação do PIS/Folha recolhido indevidamente viola explicitamente seu próprio ato administrativo que entendeu pela sua não incidência. Quanto a aplicação do artigo 2o, § 1o, da Lei nº 9.715/98, que informa que a sociedade cooperativa, estaria sujeita ao recolhimento do Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 8 7 PIS/folha de salário. Entendo que a previsão da contribuição sobre a folha de pagamento mensal das sociedades cooperativas, inicialmente prevista no § 1o, do artigo 2o da Lei 9.715/98, perdeu seu fundamento desde a edição da edição da Lei nº 9.718/98. Com o advento da Lei n.° 9.718/1998 o legislador determinou a exigência do PIS somente sobre faturamento/receita, revogando, portanto, a exigência do PIS/Folha. Essa alteração foi confirmada pela Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, a exigência daquela contribuição em relação às entidades sem fins lucrativos que menciona ficou adstrita ao PIS apurado sobre o faturamento/receita bruta (no caso das sociedades cooperativas, decorrente da prática de atos não cooperativos), afastandose o recolhimento de uma mesma contribuição duplamente, e com duas bases de cálculo distintas (faturamento/receita e folha). Notase que a MP nº 1.8589, de 24 de setembro de 1999 (atual MP n.° 2.15835/01) determinou a incidência do PIS Folha apenas sobre as sociedades cooperativas especificamente relacionadas no inciso X do artigo 13 daquele instrumento, bem como sobre aquelas cooperativas que procedessem às deduções enumeradas no artigo 15 (claramente direcionadas às cooperativas de produção). Vejase: MP n.° 1.8589, de 24/09/99 até MP n.° 2.15835, de 24/08/01 Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (...) Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2° e 3° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: Fl. 445DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 9 8 I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § I o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a Vdo caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, TAMBÉM, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas." Assim, pela leitura do dispositivo acima, fica demonstrado que as exclusões tratadas nos incisos I a V (art. 15 da MP n° 2.15835/2001) não se aplicam às cooperativas médicas de prestação de serviços. Tais exclusões referemse às cooperativas de produção (também chamadas cooperativas de produtores ou cooperativas de vendas em comum), uma vez que aquelas exceções decorrem de atividades típicas desse tipo de cooperativa. Assim, as sociedades cooperativas que não têm um tratamento específico estão impedidas de excluir da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins os valores repassados aos associados a qualquer título. A exclusão prevista no art. 15, I, da MP n° 2.15835, de 2001, refere se a produto (mercadoria) que pode ser entregue à cooperativa para ser comercializado, não abrangendo, portanto, serviços. Portanto, as exclusões e deduções específicas previstas no art. 15 da MP n° 2.15835/2001 (art. 32, incisos Ia V, do Decreto n" 4.524/2002) não se aplicam às cooperativas de trabalho médico. As demais exclusões, previstas no art. 32 do Decreto n° 4.524/202 e no art. 3o, § 2o, da Lei nº 9.718/98, também não respaldam as exclusões pretendidas. Desta forma, a partir de 01/11/1999, a contribuição ao PIS e COFINS das sociedades cooperativas passou a incidir sobre o total da receita bruta, como definido na Lei 9.718/98, não se diferenciando os atos cooperativos dos nãocooperativos, ou seja, as sociedades cooperativas passaram à condição de contribuintes da COFINS e do PIS/FATURAMENTO também sobre as receitas oriundas de atos cooperativos, sendo admitidas, entretanto, além das exclusões comuns a Fl. 446DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 10 9 todas as pessoas jurídicas, a exclusões expressas no artigo 15 da MP 18587/99 e suas reedições. Entretanto, as exclusões expressas no dispositivo legal acima citado não alcançam as atividades cooperativas em geral, tendo em vista que essas exclusões decorrem da atividades típicas das cooperativas de produção agropecuária. Logo, tratandose o Contribuinte em questão de uma sociedade cooperativa de trabalho médico, não fará jus às exclusões expressas no artigo 15 da MP 18587/99 e suas reedições. Assim que, nos termos da legislação retro transcrita, todas as demais cooperativas que não cooperativas de produção, incluídas as de trabalho médico, deveriam recolher, exclusivamente, o PIS sobre faturamento/receita. O entendimento do CARF em situação semelhante: "Período de apuração: 2002, 2003, 2004, 2005 PIS. COOPERATIVAS DE CRÉDITO. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo das Contribuições ao PIS das cooperativas de crédito, a partir da edição da Lei no. 10.637/2002, é a receita total auferida, excluindose as sobras, na forma do par. 2o do art. I o da Lei n° 10.676/2003. PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTOS. COOPERATIVA DE CREDITO. Não se aplica às cooperativas de crédito a incidência cumulativa do PIS sobre a Folha de Pagamentos e o PIS sobre as receitas auferidas, uma vez que as exclusões previstas no art. 15 da MP n" 2.15835/2001 não se referem à atividade dessa espécie de cooperativa. Recurso Voluntário Provido em Parte." (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais 2a Turma Ordinária/ 3a Câmara/ 3a Seção Processo n.° 16327.000.833/200621 Acórdão n.° 330201.449 Relator Gileno Gurjão Barreto Sessão de 15/02/2012) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2003 NULIDADE DO LANÇAMENTO. ARGÜIÇÃO BASEADA EM TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL DE OUTRO LANÇAMENTO. DESCABIMENTO. Cabe rejeitar a nulidade de lançamento da Cofins requerida com base em termo de verificação fiscal que integra lançamentos de outros tributos, embora todos decorrentes de uma única fiscalização, por serem os fundamentos e legislação da autuação da Contribuição distintos daqueles das outras autuações. ATOS COOPERATIVOS. ISENÇÃO. REVOGAÇÃO. PERÍODOS DE APURAÇÃO A PARTIR DE NOVEMBRO DE 1999. INCIDÊNCIA. EXCLUSÕES NA BASE DE CÁLCULO. A partir de novembro de 1999 as receitas dos atos cooperativos compõem a base de cálculo do PIS Faturamento, com as exclusões estabelecidas no art. 15 da Medida Provisória n°2.15835/2001, na Lei n° 10.676/2003 e no art. 17 da Lei n° 10.684/2003. Antes, até os fatos geradores de outubro de Fl. 447DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 11 10 1999, somente as receitas dos atos nãocooperativos se submetiam ao PIS Faturamento, estando as sociedades cooperativas obrigadas apenas ao PIS sobre a folha de salários, caso não auferissem receitas de atos não cooperados. Recurso Negado.” (destaques nossos) (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – 1ª Turma Ordinária/4ª Câmara/ 3ª Seção –Processo n.º 10825.002.833/200588 – Acórdão n.º 340100.680 – Relator Emanuel Carlos Dantas de Assis – Sessão de 29/04/2010) Destaquese segue o trecho do voto do acórdão acima, reconhecendo (i) a revogação do dispositivo que previa a exigência do PIS Folha às cooperativas, e (ii) a necessidade de haver alguma das exclusões permitidas, constantes da Medida Provisória 1.8586/99, atual MP n.º 2.15835/01, para que se possa exigir o PIS Folha das cooperativas: “A MP IV 1.8586 e suas reedições trouxe uma série de alterações na legislação do PIS e Cofins das sociedades cooperativas, a culminarem com a revogação da isenção de forma ampla para o ato cooperativo e a instituição de uma tributação incidente sobre uma base de cálculo reduzida, com diversas exclusões específicas. As modificações, veiculadas pelas medidas provisórias adiante, aconteceram como segue: MP n° 1.8586, de 29/06/99, que no seu art. 23, I, revogou, a partir de 28/09/99, o inc. II do art. 2° da Lei n° 9.715/98 — segundo o qual as "entidades sem fins lucrativos definidas como empregadoras pela legislação trabalhista e as fundações", contribuíam com o PIS sobre a folha de salários , e no inciso II, "a", do mesmo artigo, revogou, a partir de 30/06/99, o inciso I da Lei Complementar n° 70/91, referente à isenção da COFINS. Esclareço que as cooperativas vinham contribuindo com o PIS sobre a folha de salários com base na LC n° 7/70, art. 3°, § 4°, Resolução do Conselho Monetário Nacional n° 174/71, art. 4°, § 6°, e ADN Cosit n° 14/85; (...) MP n° 1.8589, de 24/09/99, que no seu art. 15 passou a mencionar também o PIS/Pasep, acrescentou novas exclusões na base da COFINS e do PIS Faturamento, referindose desta feita às operações com cooperados, e manteve o PIS sobre a folha de salários na hipótese das cooperativas efetuarem tais exclusões (§ 2°, I, do art. 15). Assim, cumulativamente com o PIS Faturamento incidente sobre a base de cálculo reduzida, as cooperativas continuaram a pagar o PIS sobre a folha. Somente na hipótese de não haver exclusão específica, é que inexiste contribuição para o PIS sobre a folha.” Vejase, portanto, que manter a exigência do PIS/Folha para as sociedades cooperativas de trabalho médico pelo Decreto n. 4.524/2002 (reiterado pelas INS n°s 145/99, 247/2002) ofende ao próprio ato realizado pela Solução de consulta 412/2004. Desta maneira, a cooperativa de serviços médicos não tem direito à apuração do PIS sobre a folha de salários, como previsto no art. 15, §2º, I, da MP 2.158/01, uma vez que não se está diante de operações mencionadas nos incisos I a V do "caput" do art. 15 da referida medida provisória. Por fim, transcrevo a seguir o trecho do Acórdão dos Embargos nº 3403002.504 de lavra do ilustre Conselheiro Rosaldo Trevisan, que trata da solução de consulta e de caso semelhante a esse e que adoto, in totum, seus fundamentos como razão de decidir no presente feito. Fl. 448DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 12 11 Em relação à argumentação de que a Solução de Consulta apontada (com conclusão desfavorável à empresa) apresenta excerto (na fundamentação) no qual a “Receita Federal acabou por afastar o enquadramento da embargante como contribuinte do PIS/Folha”, há que se aprofundar a análise, na busca de eventual omissão ou obscuridade. O excerto a que se refere a embargante, que lhe asseguraria o direito a não recolher o “PIS/Folha”, é o seguinte (fls. 176/1771): “Pelos termos expostos na consulta, a interessada se julga enquadrada no inciso V do art. 13 da MP n. 2.15835, de 2001. Entretanto, ressaltase que “as federações e confederações” referidas no inciso V da Medida Provisória n. 2.15835, de 24 de agosto de 2001 se referem a federações e confederações de sindicatos. Portanto, ao contrário do que expõe da (sic) consulente, ela não está entre as entidades referidas no inciso V do art. 13 da MP n. 2.15835, de 2001.” Assim, o fato de não se enquadrar no disposto no art. 13 da referida Medida Provisória traria um efeito contrário à embargante (inexistência de isenção da Contribuição para o PIS/PASEP para receitas relativas a atividades próprias percebido pelo acórdão embargado) e outro favorável (ausência de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários sobre o qual o acórdão teria sido omisso/obscuro). A Solução de Consulta, como destacado na decisão embargada, é no sentido de que a empresa “não preenche as condições para o tratamento fiscal previsto nos arts. 13 e 14 da MP no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável às pessoas jurídicas que não gozam de isenção ou imunidade”. A Solução de Consulta fulcra seus pressupostos na impossibilidade de utilização de “isenção/imunidade” pela embargante, afastandoa do art. 13 (e por consequência do art. 14, X) da Medida Provisória no 2.15835/ 2001. E é imperioso reconhecer que realmente tal exclusão ocasiona a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, ao menos na forma estabelecida no art. 13 da referida MP. Se a empresa não preenche as condições para o tratamento fiscal do art. 13, e tal artigo dispõe que “a contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento”, em relação às entidades que contempla, indevida a contribuição paga sob tal fundamento. Acolhese, assim, a argumentação de omissão no acórdão embargado, reconhecendose que a decisão proferida na Solução de Consulta, em dezembro de 2004 (processo administrativo no 10680.013505/200418), implica, além dos efeitos reconhecidos em tal acórdão, a impossibilidade de exigência da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários, ao menos na forma estabelecida no art. 13 da referida MP (desde que não exista alteração de entendimento comunicada à recorrente, na forma do art. 48, § 12 da Lei no 9.430/1996). Mister se faz, por consequência, analisar o impacto de tal acolhida na decisão inicialmente proferida. A Medida Provisória no 2.15835/ 2001, em seu art. 15 (que não foi objeto de análise na mencionada Solução de Consulta) estabelece exclusões que podem ser efetuadas pelas cooperativas na base de cálculo faturamento das contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS), e que tais exclusões não impedem a exigência da Contribuição para o Fl. 449DF CARF MF Processo nº 10680.912798/200922 Acórdão n.º 9303006.559 CSRFT3 Fl. 13 12 PIS/PASEP com base na folha de salários, na forma do art. 13 (comando materializado no § 4o do art. 32 do Decreto no 4.524/2002). Contudo, entendese não ser oponível tal comando ao presente caso, porque a Solução de Consulta expressamente excluiu a empresa do tratamento tributário do art. 13 (a empresa informa que ainda que houvesse a exigibilidade, continuaria inaplicável a ela, pois não promoveu nenhuma das exclusões referidas no art. 15). Restaria assim derradeiramente avaliar como o aqui exposto (não exigibilidade da Contribuição para o PIS/PASEP com base na folha de salários) afeta a questão probatória, presente nas decisões de primeira e segunda instâncias. A DCOMP transmitida em 18/08/2008 (fls. 9 a 14) objetivava compensar valores pagos a maior ou indevidamente a título da Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários código 8301 (R$ 2.082,56, recolhidos em 15/02/2005) com débitos de IRPJ de outubro de 2005 (no valor de R$ 2.082,56). Assim, após o exposto, e diante da verdade material, menor relevância passa a assumir a questão probatória. Tendo sido objeto da compensação um recolhimento comprovadamente efetuado no código 8301 (referente à Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários) e sendo indevida tal espécie de contribuição pela empresa, irrelevante seria a que título se deu o recolhimento, pois o tributo continuaria indevido. Temse, destarte, que a evidenciação de omissão no acórdão embargado provoca diametral modificação de rumo na decisão, devendo ser integralmente reconhecido o direito creditório da embargante, visto que o pagamento comprovado se refere a espécie de contribuição à qual a empresa não estava sujeita. Diante disto, dou provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido, e, no mérito, o colegiado deulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 450DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.725851/2009-85
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1)
Numero da decisão: 9202-006.418
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, em razão de concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora) e Patrícia da Silva, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, em razão de concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora) e Patrícia da Silva, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Redatora Designada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 58 51 /2 00 9- 85 Fl. 226DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício). Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2802001.601, proferido pela 2ª Turma Ordinária / 1ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 127.602,02, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. A autuação decorreu de omissão de rendimentos recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual n° 8.730, de 08 de setembro de 2003. O Contribuinte apresentou impugnação, às fls. 45/91. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, fls. 84/89, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, fls. 92/128, repisando as alegações da peça impugnatória e ressaltando os seguintes pontos: a) inexistência de conduta hábil à aplicação de multa de ofício, face à responsabilidade exclusiva da fonte pagadora e diante do efeito vinculante de Consulta Administrativa realizada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia; b) nulidade do lançamento, motivada pela forma inadequada de apuração da base de calculo do tributo lançado; c) não incidência do Imposto de Renda sobre os juros moratórios e/ou compensatórios; d) natureza indenizatória dos valores (diferenças de URV) pagos em atraso; e) da ilegitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado; f) violação ao princípio constitucional da isonomia (art. 150, inciso II, da Constituição Federal). A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 133/139, DEU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Ordinário. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 ILEGITIMIDADE PASSIVA. SÚMULA CARF Nº 12 Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10580.725851/200985 Acórdão n.º 9202006.418 CSRFT2 Fl. 10 3 tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. IRPF. ABONO PERCEBIDO PELOS INTEGRANTES DA MAGISTRATURA DO ESTADO DA BAHIA (LEI ESTADUAL nº 8.730, de 08 de setembro de 2003) As verbas percebidas pelos Magistrados do Estado da Bahia, resultantes da diferença apurada na conversão de suas remunerações da URV para o Real, ainda que recebidas em virtude de decisão judicial, têm natureza salarial e, portanto, estão sujeitas à incidência de Imposto de Renda. Precedentes do C. STJ e deste E. Sodalício. JUROS MORATÓRIOS. NÃO INCIDÊNCIA DE IR. RECURSO REPETITIVO Por ocasião do julgamento do recurso representativo da controvérsia REsp. n.º 1.227.133 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel. para acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011, não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Recurso provido em parte. Às fls. 142/146, a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração, alegando omissão e obscuridade ao afastar a incidência do imposto de renda sobre os juros de mora com amparo em precedente do STJ que, em verdade, não se aplica à espécie; porém, restaram rejeitados, conforme fls. 149/155 e 156/158. Às fls. 160/174, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência, alegando, preliminarmente, não se aplicar à espécie o REsp nº 1.227.133/RS, proferido pelo STJ sob o rito do art. 543C do CPC. No mérito, arguiu divergência jurisprudencial em relação à Incidência de IR sobre os Juros Moratórios/Compensatórios. Enquanto a Turma “a quo” concluiu pela não incidência do IRPF sobre os valores correspondentes aos juros de mora aplicáveis sobre as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios URV” com amparo no REsp. Repetitivo n. 1.227.133, os acórdãos paradigmas entenderam diversamente, especificamente o segundo apresentado afirmou que esse recurso repetitivo que excluiu a exigência do IRPF sobre os juros de mora se aplica tão somente aos pagamentos efetuados em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista – devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho –, sendo, por conseguinte, perfeitamente cabível o IRPF sobre os juros devidos em virtude do pagamento em atraso das diferenças de remuneração ocorridas em razão da conversão de Cruzeiro Real para a URV. Fl. 228DF CARF MF 4 Às fls. 176/179, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso em relação à incidência de Imposto de Renda sobre juros de mora, sem, entretanto, analisar a preliminar suscitada pela União. Intimado à fl. 182, o Contribuinte apresentou Manifestação de Incorformidade, às fls. 200/201, para informar que não concorda com a compensação noticiada, tendo em vista a patente ilegalidade do débito. À fl. 207, o Ministério da Fazenda informou nos autos que, como não houve interposição de Recurso Especial, pelo contribuinte, tornouse definitivo o julgamento, na esfera administrativa, em relação à parte mantida do débito. A fim de apurar o débito a ser exigido, foi elaborado pelo SECAT/SDR a Minuta de Cálculo nº 04/2017. Foi então formalizado o processo de representação nº 18050.720131/201733, para desmembramento da parte mantida e definitiva do crédito tributário. A parte questionada pela Fazenda será enviada para julgamento, neste processo, conforme termo de recepção e extrato do processo anexo. Às fls. 211/216, foi juntada decisão judicial de Mandado de Segurança impetrado pelo Contribuinte contra ato atribuído ao Delegado da Receita Federal do Brasil e à ProcuradoraChefe da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a qual deferiu o pedido de liminar formulado, para determinar que as Autoridades Coatoras se abstenham de exigir do Impetrante/Contribuinte, o imposto de renda referente às diferenças de URV recebidas, bem como absterse de efetuar a inscrição no CADIN em razão deste crédito ou de proceder a compensação de ofício com a sua restituição de Imposto de Renda, até ulterior deliberação daquele Juízo Federal. Os autos vieram conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Embora informação constante dos autos acerca do ajuizamento de Mandado de Segurança impetrado pelo Contribuinte contra ato atribuído ao Delegado da Receita Federal do Brasil e à ProcuradoraChefe da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a qual deferiu o pedido de liminar formulado, para determinar que as Autoridades Coatoras se abstenham de exigir do Impetrante/Contribuinte, o imposto de renda referente às diferenças de URV recebidas, bem como absterse de efetuar a inscrição no CADIN em razão deste crédito ou de proceder a compensação de ofício com a sua restituição de Imposto de Renda, até ulterior deliberação do Juízo Federal, não considero aplicável ao caso a súmula 01 – CARF. Isso por que a ação judicial proposta se refere tão somente a parte que o contribuinte perdeu, a discussão de juros continua em tramite no âmbito administrativo, o que a meu ver possibilita que este colegiado se manifeste sobre a parte que não foi judicializada. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10580.725851/200985 Acórdão n.º 9202006.418 CSRFT2 Fl. 11 5 Observo ainda que se trata de recurso especial interposto pela Fazenda nacional, a qual possui interesse no deslinde da demanda. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Discordo do voto da Ilustre Conselheira Relatora, no que tange aos efeitos da concomitância entre processo administrativo e ação judicial. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003. A matéria que restou em litígio no presente Recurso Especial é a incidência de Imposto de Renda sobre a verba de juros de mora, recebida juntamente com o valor do principal (diferenças salariais). Entretanto, conforme os documentos de fls. 211 a 216, constatase que o Contribuinte ajuizou Mandado de Segurança, com o mesmo objeto do presente processo. A questão da concomitância entre ação judicial e processo administrativo, versando sobre o mesmo objeto já se encontra sumulada: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Por oportuno, esclareçase ser irrelevante, para a caracterização da concomitância, o fato de o presente Recurso Especial tratar da verba acessória, já que esta acompanhará a verba principal, relativamente ao que for decidido no processo judicial. Fl. 230DF CARF MF 6 Diante do exposto, nada resta a esta Segunda Turma senão dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, declarando a definitividade do lançamento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 231DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.723854/2015-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.652
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
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Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 55 .7 23 85 4/ 20 15 -5 5 Fl. 592DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 593 2 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Tratase do lançamento de ofício do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, no valor de R$ 93.967.683,16 (incluindo principal, multa proporcional e juros), referente ao período de apuração de 01/01/2011 a 30/06/2011, conforme se vê no auto de infração de fls. 285/291. Consta do Relatório Fiscal de fls. 275/282: “A presente ação fiscal é a sequência do MPF 08.1.10.002012000670 (Processo nº 10855.722.479/201364) e tem por objeto o exame da regularidade do cumprimento das obrigações tributárias relativas ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI no período compreendido entre janeiro/2011 e dezembro/2012. (...) Antes da nova recomposição da escrituração do IPI até 31/12/2010 determinada pelo CARF no processo administrativo nº 10855.722.479/201364, a reconstituição de escrituração original juntada ao mencionado processo não apontava saldo credor de IPI para aproveitamento em períodos posteriores e, dessa forma, foi o contribuinte intimado, em 13/04/2015, a esclarecer se as divergências entre os saldos devedores de IPI apurados na Escrituração Fiscal Digital – EFD e os valores de débitos de IPI declarados em DCTF encontradas nos meses de 01/2011 a 08/2011 e relacionadas na tabela que se segue, haviam sido objeto de regularização junto à Receita Federal do Brasil, conforme o demonstrativo a seguir: (...) Em 11/08/2015, o processo nº 10855.722.479/201364 foi distribuído a esta fiscalização para reconstituição da escrituração fiscal, conforme o Acórdão 3403003.538, de 24/02/2015, da 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária do CARF, resultando na Informação Fiscal, com cópia juntada ao presente processo, abaixo transcrita: (...) No atual procedimento fiscal foi respeitada a decisão do CARF proferida no Acórdão nº 3403003.538, de 24/02/2015, da 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária – Processo nº 10855.722.479/201364, a qual determinou que deixassem de ser considerados como débito na escrituração fiscal do contribuinte, no período de 01/01/2009 a 11/01/2010, os valores de IPI não destacados nas saídas para adistribuidora LEYROZ DE CAXIAS DISTRIBUIDORA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS LTDA. – CNPJ nº 06.958.578/000131; Após a recomposição da escrita fiscal de Janeiro/2009 a Dezembro/2010 mencionada no item 3.1, contrariamente à apuração EFD efetuada pelo contribuinte no ANEXO 1 do presente relatório, restou configurada a inexistência de créditos a serem transferidos para os meses de janeiro a junho/2011, dado que foi apurado IPI a pagar no mês de Dezembro/2010, vide o item 2.4; Dessa forma, temse por resultado da reconstituição da escrita para 2011 os valores de IPI a pagar detalhados na tabela resumo que se segue, apurados a título de Fl. 593DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 594 3 falta/insuficiência de recolhimento de IPI, conforme detalhado no ANEXO 2 deste relatório: (...) Na apuração do tributo devido, foram considerados os valores declarados em DCTF como débito de IPI para o período em questão; Também foram considerados os valores apurados como complemento de débito de IPI nas saídas dos períodos de apuração de abril a junho/2011, detalhados na Resposta ao Termo de Intimação – TI 002, a saber R$ 544.041,07 (abril/11), R$ 726.712,46 (maio/11) e R$ 371.996,86 (junho/11), vide o ANEXO 2.” Cientificado em 07/12/2015 (fl. 296), o contribuinte apresentou, em 05/01/2016 (fl. 300) a impugnação de fls. 301/346, da qual consta: “I – DA NULIDADE DO PROCESSO POR IMPOSSIBILIDADE DE SE REFAZER A ESCRITA FISCAL CUJO OBJETO DA RECONSTITUIÇÃO AINDA NÃO FOI DEFINITIVAMENTE JULGADO NA ESFERA ADMINISTRATIVA (...) Não se pode, portanto, se considerar como cabível a reconstituição de escrita que se refira a créditos de outro processo administrativo, como no presente lançamento, relativa ao Processo Administrativo nº 10855.722.479/201364, que ainda não foi julgado definitivamente na esfera administrativa, ou seja, definitivamente constituído e, assim, ainda possui incerteza e iliquidez em relação ao lançamento. A Terceira Seção do CARF, em acórdão que analisou a questão do momento do reconhecimento do saldo em reconstituição da escrita, considerou ser esta possível apenas quando o procedimento administrativo tiver sido julgado definitivamente na esfera administrativa desfavoravelmente ao contribuinte, senão, vejase: (...) Neste out ro julgado do CARF que trata da matéria, houve a reforma do auto de infração dandose provimento em parte ao recurso voluntário, cujo lançamento acarretou em reconstituição da escrita por supostos erros o que se considerou irregular, pois, o lançamento deve se revestir de liquidez e certeza, conforme ementa a seguir transcrita: (...) Assim, imprescindível a decretação de nulidade do presente auto de infração, haja vista a ausência de certeza e liquidez do crédito tributário são condições essenciais para a sua constituição e para a prática do ato de lançamento, ato este ao qual o agente fiscal se encontra vinculado e subserviente ao art. 142, do CTN, não lhecabendo fazer apreciações subjetivas nem atribui r efeitos não existentes nos lançamentos que efetua. Ressalta que, o fato de não ter sido constituído o lançamento dos valores que se pretende considerar na reconstituição da escrita, traz graves consequências à impugnante, antecipando exigências tributárias pendentes de julgamentos, e cuja lei atribui a suspensão da exigibilidade do crédito tributário que lhe assegura não poderem ser exigidos os tributos ainda pendentes de julgamento na esfera administrativa. Esse açodamento da autoridade fiscal afigurase desrespeito tanto ao devido processo legal (não se pode instaurar diversos procedimentos sobre o mesmo fato e Fl. 594DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 595 4 permitir conflito de decisões) , como à competência da própria autoridade autora do lançamento, pois, se a questão está submetida à autoridade superior, seguese, que a autoridade inferior deve respeitar a hierarquia e aguardar a decisão daquela autoridade superior. (...) II – DA NULIDADE DO PROCESSO POR AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO AO LANÇAMENTO (...) Ora Senhores Julgadores, estamos falando de um auto de infração de mais de R$ 93 milhões de reais que não possui o fundamento jurídico para a sua lavratura, não se explica porque se reconstituiu a escrita, já que a decisão proferida no Acórdão é de exoneração do crédito tributário exigido. Assim, como apresentar defesa à tal exigência exorbitante se não se sabe o que está errado em relação à sua apuração do imposto já que desconsiderou o saldo credor , e vincula a reconstituição do IPI a um processo em que a impugnante foi vencedora. Qual o fundamento para isto??? A impugnante precisa saber, mas, não encontra qualquer esclarecimento no auto. (...) Como visto, a única parcela que o acórdão autoriza seja eventualmente exigida em possível reconstituição da escrita é a do período compreendido entre 11/01/2010 e 31/01/2010, assim, todo lançamento que extrapolar tais valores, excede o mencionado comando do CARF e, por tanto, carece de fundamento jurídico para que ocorra. Desta forma, o agente fiscal desconsiderou o saldo credor do imposto informado pela impugnante e efetuou a reconstituição de escrita lançando valores a débito, repita se sem apontar qualquer motivo para tal . (...) A impugnante não sabe o motivo e desafia aos julgadores esclarecerem qual o motivo de tais valores terem sido relançados na reconstituição da escrita? Pois, nos autos não será encontrada uma resposta. (...) Tal ausência de informações essenciais para a compreensão da impugnante sobre o que lhe está sendo exigido implica em evidente cerceamento de defesa, sendo de rigor a anulação do processo. (...) III DA CONTRARIEDADE À DECISÃO DO CARF – DA INTERPRETAÇÃO INCORRETA E LANÇAMENTO INDEVIDO DE DÉBITOS NA RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA (...)Verificase, que restou estabelecido no Acórdão do CARF o afastamento de todo o valor exigido no lançamento, mantendose apenas o lançamento em relação ao período compreendido entre 11/01/2010 e 31/01/2010 (...). Com relação à “reconstituição dos saldos da escrita fiscal” o Acórdão estabelece que eventual imposto não recolhido será recomposto com base no critério estabelecido Fl. 595DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 596 5 no parágrafo anterior (...), ou seja, com referência expressa, tão somente ao período compreendido entre 11/01/2010 e 31/01/2010. Equivocase, portanto, o auditor fiscal que lavrou o presente auto de infração que, ao recompor a escrita fiscal , desconsiderou os saldos credores anteriormente apurados pela impugnante, desrespeitando a decisão do CARF acima, que estabeleceu apenas a manutenção do período de 11/01/2010 a 31/01/2010, inclusive para fins de reconstituição da escrita. Ocorre que tal equívoco não pode implicar em autuação da impugnante de valores não previstos no referido Acórdão do CARF, sob pena de desrespeito à hierarquia da Administração Pública, afrontando, destarte, a legalidade do lançamento. Assim, uma vez que o presente auto de infração (...) valese, de ordem para recomposição da escrita em decorrência do Acórdão 3403003.538 do CARF, deve se atentar exclusivamente ao seus comandos, de forma a não majorar o tributo sem o estrito comando do referido acórdão, sob pena de cometer o excesso de exação, tipo penal previsto no art . 314, § único do Código Penal . (...) Importante destacar que, mesmo em relação ao período de 11/01/2010 a 31/01/2010, a impugnante apresentou Recurso Especial requerendo a exoneração do referido período, tendo em vista a data da ciência da ordem judicial não ter ocorrido na data da expedição do ofício, isto porque, como não é parte do processo judicial , a esta somente se considera ciente da decisão após o recebimento do ofício. Desta forma, com o protocolo do Recurso Especial (doc. 05) a exigibilidade do referido crédito tributário se encontra suspensa, nos termos do art. 151, inciso III, do CTN, não podendo ser exigida, como já se demonstrou em tópico específico. IV DA DESCONSIDERAÇÃO DO SALDO CREDOR ANTERIOR O ERRO DE CÁLCULO DO VALOR DE PARTIDA DA RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO OU GLOSA De acordo com as memórias de cálculo apresentadas nos autos o agente fiscal iniciou a reconstituição da escrita do IPI desconsiderando o saldo credor apontado no Livro de Apuração do IPI , DCTF, resposta à fiscalização ( fls. 06/11) , como já mencionado sem qualquer justificativa ou motivação no presente lançamento. Isto, por si só, macula e invalida os cálculos apresentados pelo agente fiscal, de forma que devem ser desconsiderados para o fim de reconhecer a improcedência do auto de infração. (...) Ocorre que, de acordo com a decisão do CARF os valores relativos ao IPI decorrentes das saídas à empresa Leyroz não deviam ser destacadas, portanto, a impugnante acumulou créditos das entradas de insumos, os quais foram devidamente lançados no Livro de Apurações do IPI, DCTF’s (doc. 06) e, foram informados na resposta à fiscalização de fls. 06/11 dos autos. Desta forma, em Janeiro de 2011 a impugnante tinha saldo credor de períodos anteriores no valor de R$ 42.464.798,27 que corresponde exatamente ao imposto isolado exigido neste auto (...) , mas que foram completamente desconsiderados pela agente fiscal (...): Fl. 596DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 597 6 (...)Importante destacar que, se o CARF decidiu que as saídas destinadas à empresa Leyroz, sem destaque do IPI, não podem ser exigidas da impugnante, qual o motivo da reconstituição da escrita para exigirlhe o IPI lançado??? E de out ro ponto, porque o cálculo deste auto de infração desconsidera o saldo credor de IPI do período anterior??? Não há qualquer justificativa ou motivação no auto de infração. Assim, não havendo qualquer razão para o saldo credor ser desconsiderado, o presente lançamento é totalmente indevido, devendo, portanto, ser cancelado o auto de infração. (...) Como não há qualquer fundamento para a desconsideração do valor do saldo credor de IPI apurado nos livros apresentados à fiscalização fls . 06/11, o valor de R$ 93 milhões não poderia ser lançado, e ainda (???) que o valor de IPI do período de 11/01/2010 à 31/01/2010, no total de R$ 3.269.385,47, pudesse ser exigido o valor da reconstituição ficaria assim: (...) Ocorre que, nem mesmo este valor de R$ 3.269.385,47, pode ser lançado, pois , no tópico seguinte restará demonstrado que o mesmo já foi objeto do outro auto de infração (Proc. 10855.722479/201364), o que implicaria em duplicidade de lançamento e, por ter sido apresentado recurso no CSRF, o referido valor está com a exigibilidade suspensa. Deste ponto o Auto de Infração já seria ilíquido. (...) Desta forma, o lançamento deve ser considerado totalmente improcedente, também por iliquidez dos cálculos . V DA EXIGÊNCIA DO PERÍODO DE JANEIRO/2010 EM DUPLICIDADE E DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DESTE REFERIDO PERÍODO POR INTERPOSIÇÃO DO RECURSO ESPECIAL No Anexo II, fls . 47/69 do auto, o auditor compõe o valor total do período de 11/01/2010 à 31/01/2010, com o total de R$ 3.269.385,47: (...) Desta forma, deve também ser afastada a exigência do referido valor do presente auto de infração, uma vez que já é objeto do auto de infração, Processo nº 10855.722479/201364, conforme documento anexo (doc. 07) . (...) Desta forma, deve ser afastada a exigência do mesmo período em um segundo auto de infração, sob pena de se exigir duas vezes o mesmo valor , o que não encontra qualquer respaldo jurídico para que ocorra. VI DO INDEVIDO LANÇAMENTO DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS DE IPI SUSPENSOS POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL Restará demonstrado neste tópico que (...) não deve persistir o lançamento do IPI ora exigido, (...) por estas outras três razões: Fl. 597DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 598 7 1) A impugnante é terceira não participante do processo judicial nº200451100064866 e de acordo com os artigos 472 e 811 do CPC, não responde por eventual insucesso desta demanda judicial ; 2) Em vista da existência do processo citado acima (item 1) a impugnante formulou consulta à Receita Federal, visando obter da própria Administração Pública o entendimento sobre a aplicação dos artigos 472 e 811 do CPC em relação a sua responsabilidade sobre o objeto da ação interposta pelo contribuinte de fato, de bebidas, obtendo, ao final, solução de consulta afastando a responsabilidade da impugnante (doc. 08) ; 3) O Sr. AFR não tem poder e nem competência para se insurgir e desconsiderar decisão judicial com seus efeitos reflexos (arts . 472 e 811 do CPC) e solução de consulta, conforme acórdão anexo ( fls. 13/43). (...) VI I DA REGULARIDADE DO ESTORNO EFETUADO NA APURAÇÃO DO IMPOSTO Consoante se verifica da autuação e dos lançamentos efetuados na reconstituição da escrita fiscal e ainda, no Anexo II do Relatório Fiscal , especificamente às fls. 284 dos autos, denotase que os valores estornados estão sendo relançados nos meses de abril, maio e junho de 2011, conforme podese observar no quadro a seguir: (...) Ressaltase que, sem qualquer justificativa ou motivação nos autos, houve a inclusão dos valores estornados na reconstituição da escrita. (...) Desta forma, a maneira utilizada pela impugnante para efetuar o pagamento das diferenças de pauta, antes de emitir as notas fiscais complementares, configura denúncia espontânea, a qual afasta do sujeito passivo a aplicação de qualquer penalidade, pois, antes de qualquer fiscalização a impugnante recolheu o valor devido e, posteriormente, emitiu os complementos das notas f iscais, o que encontra esteio no disposto no art . 138, do CTN (…): (...) Assim, uma vez que sanouse a irregularidade e a i legalidade e deuse correto cumprimento à lei tributária e liquidação dos tributos decorrentes dos fatos geradores correspondentes, com impacto zero na apuração do imposto, devendose afastar a imputação de tais valores na recomposição da escrita.” É o relatório." A DRJ em Belém (PA) julgou a impugnação improcedente e o Acórdão n° 01 33.346, de 27/09/16, foi assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 30/06/2011 PAF. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VÍCIO. INEXISTÊNCIA. Fl. 598DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 599 8 Inexiste nulidade no lançamento de ofício que se tenha revestido das formalidades previstas no art. 10 do Decreto nº 70.235/1972, com as alterações da Lei nº 8.748/1993, e que exiba os demais requisitos de validade que lhe são inerentes. IPI. SALDO DEVEDOR ESCRITURADO. RECOMPOSIÇÃO DA ESCRITA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A falta de declaração/recolhimento do saldo devedor do IPI escriturado, decorrente da recomposição da respectiva escrita fiscal, sujeita o contribuinte à exigência de ofício do imposto. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, contendo os seguintes tópicos: "PRELIMINARMENTE A DAS NULIDADES DO ACÓRDÃO PROFERIDO A.1 DA NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO POR NÃO ENFRENTAR OS ARGUMENTOS TRAZIDOS PELA RECORRENTE EM SUA IMPUGNAÇÃO – OMISSÃO CERCEAMENTO DE DEFESA E SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA B – DAS NULIDADES DO PROCESSO (LANÇAMENTO) B.1 – DA NULIDADE DO PROCESSO POR IMPOSSIBILIDADE DE SE REFAZER A ESCRITA FISCAL CUJO OBJETO DA RECONSTITUIÇÃO AINDA NÃO FOI DEFINITIVAMENTE JULGADO NA ESFERA ADMINISTRATIVA DO MÉRITO I DA CONTRARIEDADE À DECISÃO DO CARF – DA INTERPRETAÇÃO INCORRETA E LANÇAMENTO INDEVIDO DE DÉBITOS NA RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA II DA DESCONSIDERAÇÃO DO SALDO CREDOR ANTERIOR – PARA FINS DE FIXAÇÃO DO VALOR DE PARTIDA NA RECONSTITUIÇÃO DA ESCRITA FISCAL DE IPI DA RECORRIDA – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO OU GLOSA III – DA ILIQUIDEZ DO LANÇAMENTO IV DA EXIGÊNCIA DO PERÍODO DE JANEIRO/2010 EM DUPLICIDADE V DO INDEVIDO LANÇAMENTO DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS DE IPI DO PERÍODO EM QUE SE ENCONTRAVAM SUSPENSOS POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL NA AÇÃO AJUIZADA PELA EMPRESA LEYROZ – DO MÉRITO PROPRIAMENTE DITO SOBRE OS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS EXIGIDOS VI DA REGULARIDADE DO ESTORNO EFETUADO NA APURAÇÃO DO IMPOSTO Fl. 599DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 600 9 VII – DA INEXISTÊNCIA DE LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA" É o relatório. Fl. 600DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 601 10 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. RESUMO DO PROCESSO Foi lavrado auto de infração para cobrança de saldos devedores de IPI dos meses de janeiro a junho de 2011, surgidos com a reconstituição de escrita fiscal de IPI ocorrida no processo n° 10855.722479/201364 (PA de 01/01/2009 a 31/12/2010). Com efeito, este processo se encontra no CARF e o respectivo recurso voluntário já foi julgado. Foi dado parcial provimento, com edição do Acórdão n° 3403003.538, datado de 25/02/17. O argumento central da defesa é o de que o Fisco não teria computado os saldos credores de IPI derivados da decisão favorável proferida em seu favor, mencionada no parágrafo anterior, bem como teria antecipado os efeitos decorrentes dos refazimentos de escrita fiscal que sofreu, no âmbito dos processos n° 10855.720713/201076 (períodos de apuração PA de 01/01/2005 a 31/05/2007) e 10855.724963/201247 (PA de 01/01/2008 a 31/12/2008), ainda não concluídos na esfera administrativa. No dia 18/5/18, os citados processos estavam nas seguintes situações (informações obtidas no sítio virtual do CARF): processo n° 10855.720713/201076: em 25/02/14, foi proferida decisão, por meio do Acórdão n° 3102002.142, tendo sido negado provimento ao recurso voluntário. Estão pendentes de julgamento embargos de declaração e recurso especial, ambos interpostos pelo contribuinte. processo n° 10855.724963/201247: em 21/02/17, foi negado provimento ao recurso voluntário (Acórdão n° 3301003.201). Estão pendentes de julgamento embargos de declaração, em face do Acórdão n° 3301003.201, e agravo de despacho que negou seguimento a recurso especial, ambos interpostos pelo contribuinte. processo n° 10855.722479/201364: em 25/02/17, foi dado parcial provimento ao recurso voluntário (Acórdão n° 3403003.538). Contra esta decisão, a PGFN interpôs recurso especial, que foi negado (Acórdão n° 9303004.625, de 14/02/17). Aguardase julgamento de embargos de declaração. Sobre estes processos, provenho informações que constam nos relatórios dos Acórdãos até o momento proferidos e, no caso do processo n° 10855.722479/201364, no Relatório Fiscal (fls. 275 a 282) do processo em julgamento: Acórdão n° 3102002.142 (Processo n° 10855.720713/201076) Houve glosa de créditos e cobrança de IPI, em razão das seguintes infrações: "(. . .) a) escriturou créditos de IPI indevidamente, quer por absoluta falta de comprovação de sua origem, quer por se tratar de créditos decorrentes da aquisição de Fl. 601DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 602 11 produtos oriundos da ZFM com suspensão de IPI, destinados a comercialização e não utilizados no processo produtivo; b) deixou de destacar nas notas fiscais o IPI devido na saída de mercadorias destinadas às empresas JM Industria e Comercio Ltda. – CNPJ 04.660.550/000198; e LEYROZ de Caxias Industria Comercio & Logística Ltda. – CNPJ 06.958.578/000565 (. . .)” Acórdão n° 3301003.201 (processo n° 10855.724963/201247) Houve cobrança de IPI, em razão da seguinte infração: "(. . .) Consoante a descrição dos fatos às fls. 865/872 que remete ao relatório fiscal às fls. 831/842, houve as saídas de cervejas de malte, nos decêndios de janeiro a agosto de 2008 e nos meses de agosto a dezembro de 2008, e de águas (águas minerais e águas gaseificadas, adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes ou aromatizadas), nos decêndios de janeiro a agosto de 2008 e nos meses de agosto a novembro de 2008, sem o lançamento de IPI em virtude da utilização incorreta de suspensão de exigibilidade do IPI por força de medida judicial concedida em 28/10/2004 (antecipação de tutela) no âmbito de Ação de Procedimento Ordinário com Pedido de Antecipação de Tutela (Processo nº 200451100064866) e cassada em 11/01/2010. A ação ordinária foi impetrada pela empresa Leyroz de Caxias Distribuidora de Gêneros Alimentícios Ltda. (CNPJ nº 06.958.578/000131), cliente do sujeito passivo, doravante referida como LEYROZ. As notas fiscais de saída sem destaque do imposto têm como destinatário a sobredita empresa. (. . .)" Acórdão n° 3403003.538 (processo n° 10855.722479/201364) No curso da respectiva ação fiscal, houve uma primeira reconstituição da escrita fiscal dos meses de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, para lançamento de IPI não destacado em vendas realizadas no período de janeiro de 2009 a 11/01/10 para a empresa Leyroz de Caxias Distribuidora de Gêneros Alimentícios Ltda. ("Leyroz"). Com efeito, a falta de destaque foi motivada por Ação de Procedimento Ordinário com Pedido de Antecipação de Tutela (processo nº 200451100064866), a qual foi concedida em 28/10/2004, e cassada em 11/01/2010. Ademais, foi lançado o IPI relativo aos período de 12/01/10 a 31/01/10, em que já não vigia a antecipação de tutela, porém o IPI continuou a não ser destacado. E, por fim, em relação aos PA de 01/02/10 a 31/12/10, foi cobrado o IPI lançado nas notas fiscais de venda, porém não recolhido. O acima mencionado Acórdão n° 3403003.538 deu provimento ao recurso voluntário, na parte em que foi sustentado que o ônus do IPI relativo ao período em que a antecipação de tutela esteve em vigor deveria ser suportado pela compradora e não pela recorrente. Foram então cancelados os débitos de IPI relativos ao período de 01/01/09 a 11/01/10. Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 603 12 Por outro lado, foram mantidas as exigências relacionadas ao restante do período autuado 12/01/10 a 31/12/10. Também consta nos presentes autos "Informação Fiscal" (fls. 44 a 69), dando conta de que, para fins da liquidação do Acórdão n° 3403003.538, fora efetuada nova reconstituição da escrita fiscal do IPI, nos termos desta decisão, tendo sido apurados débitos relativos ao período de 12/01/10 a 31/12/10 e para os meses de junho a dezembro de 2010. Conforme consta no recurso voluntário do presente processo, deuse a cobrança judicial da dívida fiscal relativa ao processo administrativo n° 10855.722479/201364 (PA de 12/01/10 a 31/12/10 e de junho a dezembro de 2010), por meio da execução fiscal n° 0003351 03.2016.4.03.6110. Defendeuse a recorrente, por meio de "exceção de préexecutividade". Obteve "tutela provisória de urgência", que suspendeu a execução judicial da dívida, até a prolação de decisão definitiva dos processos administrativos n° 10855.720713/201076 (períodos de apuração PA de 01/01/2005 a 31/05/2007) e 10855.724963/201247 (PA de 01/01/2008 a 31/12/2008). Em consulta ao sítio virtual da Justiça Federal de São Paulo, consta a seguinte informação: "Consulta da Movimentação Número : 80 PROCESSO 000335103.2016.4.03.6110 Autos com (Conclusão) ao Juiz em 28/11/2017 p/ Despacho/Decisão Sentença/Despacho/Decisão/Ato Ordinátorio Tendo em vista o parcelamento noticiado pelo exequente suspenda(m)se a(s) presente(s) execução(ões) aguardandose em arquivo o seu cumprimento. Às partes incumbem a obrigação de noticiar a este Juízo qualquer alteração fática da situação ora verificada. Int. Disponibilização D.Eletrônico de despacho em 30/11/2017 ,pag 400/401" (g.n.) PROPOSTA DE CONVERSÃO EM DILIGÊNCIA Em síntese, temse que: A recorrente tem como principal argumento de defesa o de que o Fisco não computou os créditos de IPI, surgidos da decisão favorável proferida nos autos do processo n° 10855.722479/201364 (PA de 01/01/09 a 31/12/10), com o Acórdão n° 3403003.538. Ademais, alegou que o Fisco teria glosado créditos, por força dos processos n° 10855.720713/201076 (períodos de apuração PA de 01/01/2005 a 31/05/2007) e 10855.724963/201247 (PA de 01/01/2008 a 31/12/2008), os quais, todavia, ainda não haviam sido concluídos, na esfera administrativa. Fl. 603DF CARF MF Processo nº 10855.723854/201555 Resolução nº 3301000.652 S3C3T1 Fl. 604 13 Consta no sítio virtual da Justiça Federal de São Paulo que a execução dos débitos do período de 12/01/10 a 31/12/10 (processo n°10855.722479/201364) teria sido suspensa, por conta de parcelamento de débito. Em razão da carência de informações acerca dos processos que abrangem os PA de 01/ a 05/07 e 01/08 a 12/08, neste momento, não sabemos se uma eventual decisão favorável nos recursos interpostos pela recorrente impactarão ou não a cobrança realizada por meio da lide em discussão (PA de 01/11 a 06/11), tal qual afirma a recorrente em seu recurso voluntário. Na hipótese de a resposta à questão acima suscitada ser positiva, a conclusão da presente lide dependerá do desfecho dos citados processos. Adicionalmente, também não dispomos de informações acerca do parcelamento noticiado no sítio virtual da Justiça Federal de São Paulo (processo judicial de cobrança do IPI lançado em sede do processo administrativo n° 10855.722479/201364), notadamente acerca dos débitos que nele foram incluídos. Cumpre lembrar que parcelamento consiste em confissão irretratável de dívida. Assim, caso tenha sido parcelado o débito relativo ao PA 12/10, em princípio, estaria também confirmada a inexistência de créditos de IPI a serem compensados com os débitos discutidos na presente contenda (PA 01/11 a 06/11), caindo por terra parte de seus argumentos de defesa. Isto posto, proponho a conversão do presente processo em diligência, para os seguintes fins: 1°) Remeter o presente processo à unidade de origem, para que sejam juntados os documentos relacionados ao parcelamento noticiado no sítio virtual da Justiça Federal de São Paulo, em sede do processo judicial de cobrança do IPI, lançado por meio do processo administrativo n° 10855.722479/201364. 2°) Após o retorno dos autos ao CARF, nos termos do § 5° do art. 6° do Anexo II do RICARF, determinar que sejam vinculados aos dos processos 10855.720713/201076, 10855.724963/201247 e 10855.722479/201364 e sobrestados nesta Câmara, até a conclusão dos mesmos. 3°) Juntada aos autos de cópias dos processos citados no item anterior. 4°) Concluídos os procedimentos indicados nos itens anteriores, que seja dada ciência ao contribuinte e à PGFN. 5°) Por fim, que retornem para este relator, conclusos para julgamento. É como voto. Marcelo Costa Marques d'Oliveira (assinado digitalmente) Fl. 604DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.900595/2011-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.594
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Tratase de Recurso interposto em relação ao Acórdão nº 0350.439, de 31 de janeiro de 2013, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF (fls. 93 a 100), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. O presente processo cuida da Declaração de Compensação (DCOMP) nº 41790.55274.200907.1.3.045153 (fls. 24 a 29), por meio da qual a contribuinte compensou débito de sua responsabilidade referente à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), relativo ao período de apuração de agosto de 2007, no valor total de R$ RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 46 .9 00 59 5/ 20 11 -0 4 Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10746.900595/201104 Resolução nº 1302000.594 S1C3T2 Fl. 213 2 1.006,87, com crédito decorrente de suposto pagamento indevido ou a maior relativo a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O crédito em questão, no valor de R$ 772,20, originarseia de pagamento efetuado em 28/07/2005, no montante de R$ 2.839,65; e não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 16, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Cientificado, o sujeito passivo apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 2 a 15, na qual sustentou que, por equívoco, na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), relativa ao anocalendário de 2005, e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), referente ao segundo trimestre do citado ano calendário, informou débito a título de CSLL, regime de apuração baseado no Lucro Presumido, calculado a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta. Contudo, em decorrência da sua atividade, estaria sujeito à CSLL, sobre o Lucro Presumido, calculada com base na aplicação da alíquota de 12% sobre a sua receita bruta. Invocou o princípio da verdade material e apresentou elementos que, no seu entender, comprovariam o erro de fato e o indébito em questão (DIPJ retificadora, cópias parciais dos livros Diário, Razão e Registro de notas fiscais de serviços prestados, bem como cópias das notas fiscais do período). Relatou, ainda, haver procedido à retificação da DIPJ referente ao ano calendário de 2005, e apresentou diversas decisões de Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento que respaldariam o crédito pleiteado. Em dezembro de 2012, o sujeito passivo apresentou o documento de fls. 91 e 92, intitulado "Resumo do Manifesto de Inconformidade P.J.", no qual, além de reiterar os termos da sua Manifestação Inconformidade, esclarece que deixou de retificar a DCTF do 2º trimestre de 2005, uma vez que, no momento em que constatou a necessidade de tal retificação, já se teria operado a decadência do seu direito de alterar o referido documento. A decisão de primeira instância (fls. 93 a 100) considerou que a Recorrente não havia apresentado documentação suficiente capaz de "demonstrar a natureza das atividades a que se referiram os rendimentos declarados e que poderia esclarecer qual(is) o(s) correto(s) percentual(is) aplicável(is), se de 12%, tal como pretendido, se de 32%, ou mesmo de percentuais diversificados, conforme § 2º do artigo 15 da Lei nº 9.249/95", de modo que o alegado indébito não se revestiria da liquidez e certeza necessárias ao reconhecimento do direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN. Registrou, ainda, que as decisões administrativas colecionadas pela pessoa jurídica não possuíam caráter de normas complementares, nem efeitos vinculantes. Deste modo, não reconheceu o direito creditório do sujeito passivo. Após a ciência, comprovada às fls. 101/102, foi interposto o Recurso de fls. 104 a 114, por meio do qual a Recorrente, após reiterar as razões contidas na Manifestação de Inconformidade, sustenta que tem como cliente contratante, na maioria dos serviços prestados, o Poder Público, sendo a prática e costume os contratos de obras públicas serem formalizados sob a sistemática da empreitada global. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10746.900595/201104 Resolução nº 1302000.594 S1C3T2 Fl. 214 3 Aduz que os documentos já apresentados, em especial as notas fiscais de serviço, são elementos hábeis a demonstrar se tratar de serviços prestados com fornecimento de material. Invoca a aplicação do princípio in dúbio pro contribuinte (calcado no art. 112, inciso II, do CTN) ou, ainda, a realização de diligência para juntada aos autos dos contratos de prestação de serviço. Contudo, com base no art. 16, §4º, alínea c, do Decreto nº 70.235, de 1972, combinado com o §5º do referido dispositivo, já traz aos autos os mencionados contratos de prestação de serviço, que comprovariam o direito pleiteado. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator Como já relatado, tratase de Declaração de Compensação (DComp) referente a pagamento efetuado, em 28/07/2005, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 2ª trimestre do anocalendário de 2005. O crédito compensado decorreria do fato de a Recorrente haver confessado na DCTF e recolhido a CSLL, apurada sob o regime de apuração baseado no Lucro Presumido, a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta, quando, em decorrência da receita se referir à atividade de construção civil com fornecimento de material, o percentual aplicável para a determinação do Lucro Presumido ser o de 12%, conforme art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995. O direito creditório invocado não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 16, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Por outro lado, a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo foi julgada improcedente por se considerar que os elementos juntados aos autos não são suficientes para comprovar que os serviços prestados pela Recorrente incluem o fornecimento de todo o material necessário à sua realização. Nos termos do art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, a base de cálculo da CSLL devida pelas pessoas jurídicas que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido, corresponderá a doze por cento da receita bruta, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15 daquele diploma legal, dentre as quais se inclui a prestação de serviços em geral, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. O citado art. 15 foi interpretado pelo Ato Declaratório Normativo Cosit nº 6, de 1997, que esclareceu que, para a determinação da base de cálculo do IRPJ mensal, a construção por empreitada com emprego de qualquer quantidade de materiais se sujeitaria ao percentual de 8% (oito por cento), enquanto incidiria o percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita das atividades de construção por empreitada unicamente de mãodeobra. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10746.900595/201104 Resolução nº 1302000.594 S1C3T2 Fl. 215 4 A Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997, tratava do assunto, nos mesmos moldes do ADN mencionado. Aquele entendimento vigorou até a edição da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004, que definiu como "construção por empreitada com emprego de materiais, a contratação por empreitada de construção civil, na modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra". (Destacouse) No caso sob exame, tratandose do anocalendário de 2005, aplicase, portanto, o entendimento que exige o fornecimento de todos os materiais, para a aplicação do percentual favorecido na determinação da base de cálculo da CSLL. A questão que se põe, portanto, é saber se as provas documentais apresentadas pelo sujeito passivo são (ou não) suficientes para comprovar que as receitas tributadas no trimestre em questão se referem a serviços de construção civil prestados com o fornecimento de material. Ocorre que, previamente à apreciação do Recurso, fazse necessário esclarecimento. É que, dentre os contratos apensados ao Recurso, constatase a existência de instrumentos firmados com a mesma Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178 (fls. 153/159, 163/168, 188/197 e 201/206). Por outro lado, os Aditivos de fls. 160/161, 198/199 e 207/208, aos contratos de fls. 153/159, 188/197 e 201/206, respectivamente, são firmados com a própria Recorrente. Do mesmo modo, vêse que notas fiscais são emitidas pela Recorrente, em relação aos contratos firmados com a Construtora Monte do Carmo Ltda, e que os valores das referidas receitas estão contabilizadas nos Livros contábeis e fiscais juntados pela Recorrente, e foram considerados na apuração da CSLL devida no período em questão. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/PalmasTO), para que: a) intime o sujeito passivo a esclarecer a existência de notas fiscais e contratos referentes à Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178, na base de cálculo utilizada para a determinação da CSLL relativa ao 2º trimestre do anocalendário de 2005 e do indébito de que trata o presente processo; b) informe os valores efetivamente recolhidos pela Recorrente, a título de CSLL, em relação ao referido período de apuração, detalhando a eventual utilização/disponibilidade dos pagamentos efetuados; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, bem como se manifestando em relação aos esclarecimentos prestados pelo sujeito passo, que deve ser cientificado do resultado, com a concessão de prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10746.900595/201104 Resolução nº 1302000.594 S1C3T2 Fl. 216 5 (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 216DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10814.725129/2015-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Data do fato gerador: 08/02/2011
LANÇAMENTO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL.
O lançamento fiscal, espécie de ato administrativo, goza da presunção de legitimidade. Todavia, essa circunstância não dispensa o Fisco de demonstrar, no correspondente auto de infração, a metodologia seguida para o arbitramento/exigência de tributos, exigência, essa, que nada tem a ver com a inversão do ônus da prova, resultando da natureza do lançamento fiscal, que deve ser motivado.
Numero da decisão: 3302-005.484
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencidos os Conselheiros Maria do Socorro F. Aguiar e José Fernandes do Nascimento, que afastavam a declaração de nulidade. Os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Vinícius Guimarães não participaram da votação em razão dos votos definitivamente proferidos pelos Conselheiros José Fernandes do Nascimento e Maria do Socorro F. Aguiar na sessão de 19/04/2018, às 9:00h.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencidos os Conselheiros Maria do Socorro F. Aguiar e José Fernandes do Nascimento, que afastavam a declaração de nulidade. Os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Vinícius Guimarães não participaram da votação em razão dos votos definitivamente proferidos pelos Conselheiros José Fernandes do Nascimento e Maria do Socorro F. Aguiar na sessão de 19/04/2018, às 9:00h. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 08/02/2011 LANÇAMENTO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O lançamento fiscal, espécie de ato administrativo, goza da presunção de legitimidade. Todavia, essa circunstância não dispensa o Fisco de demonstrar, no correspondente auto de infração, a metodologia seguida para o arbitramento/exigência de tributos, exigência, essa, que nada tem a ver com a inversão do ônus da prova, resultando da natureza do lançamento fiscal, que deve ser motivado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade do lançamento por vício material, vencidos os Conselheiros Maria do Socorro F. Aguiar e José Fernandes do Nascimento, que afastavam a declaração de nulidade. Os Conselheiros Fenelon Moscoso de Almeida e Vinícius Guimarães não participaram da votação em razão dos votos definitivamente proferidos pelos Conselheiros José Fernandes do Nascimento e Maria do Socorro F. Aguiar na sessão de 19/04/2018, às 9:00h. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 72 51 29 /2 01 5- 06 Fl. 549DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. Relatório Tratase de Auto de Infração para exigência de diferença de tributos (Imposto de (Imposto de Importação II, Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, PISImportação e COFINSImportação), além de multa agravada (150%) e juros moratórios, no montante originário de R$ 7.885,80, sendo que a motivação para o lançamento fiscal foi justificada pela fiscalização da seguinte forma: Fls.20 I CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente Auto de Infração versa sobre o lançamento da diferença dos tributos e multa devidos das mercadorias albergadas pela Declaração de Importação (DI) nº 11/02408559, registrada em 08/02/2011, consignadas à empresa MOBICAR COMÉRCIO DE AUTO PEÇAS LTDA. EPP (CNPJ Nº 08.902.676/000182). A DI foi encaminhada à Seção de Procedimentos Especiais sob suspeitas de subfaturamento em 24/03/2011. Em 19/05/2011, foi lavrado o Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal nº 08176/00092/11 (processo administrativo 10814.722218/201169), o qual alegava a ocorrência de documento instrutivo da DI contendo declaração falsa (fatura nº 240). Com respaldo no art. 86 do Decreto 6.759/2009, não sendo possível realizar a apuração do preço efetivamente praticado na importação, realizouse o arbitramento dos respectivos preços das mercadorias. Em 12/03/2013, por decisão judicial (6731749.2011.4.01.3400), foi realizada conversão em multa do auto de infração da pena de perdimento das mercadorias que estavam retidas (tais créditos tributários permanecem com exigibilidade suspensa). Em tempo, o importador efetuou o depósito judicial exigido e, assim, foi feita a entrega das mercadorias. Porém, o Auto competente a lançar as diferenças de tributos e multa devidos não foi lavrado à época. (...) Intimada do Auto de Infração, a Recorrente apresentou sua impugnação (fls.4152), alegando, em síntese: (i) impossibilidade de alteração do lançamento anteriormente efetuado: as diferenças de tributos aduaneiros já haviam sido definidas pelo próprio Fisco no bojo do Processo Administrativo nº 10814.722218/201169 (neste tópico a Recorrente alegou ausência de motivação quanto ao arbitramento suscitado pela fiscalização que embasou o lançamento fiscal; (ii) suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, ii, do CTN); (iii) descabimento da multa de ofício e dos juros; e (iv) inexistência de fundamento para alteração do valor aduaneiro. Em 16 de dezembro de 2015, a Turma de origem converteu o processo em diligência (fls. 208211) para: 1. Anexar a este processo a cópia integral do processo administrativo nº 10814.722218/201169; Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10814.725129/201506 Acórdão n.º 3302005.484 S3C3T2 Fl. 3 3 2. Da forma mais detalhada possível, com auxílio de tabelas, gráficos e planilhas, explicar por que os preços declarados pela importadora não foram aceitos, quais foram os critérios adotados para o arbitramento realizado, quais foram os preços encontrados em outras importações para os diversos produtos de interesse, quais as conclusões firmadas e quais foram os novos valores definidos como base de cálculo das adições nº 001 e nº 002; 3. Da mesma forma, explicar por que no presente auto de infração foram utilizadas alíquotas de 2,30% e 10,80%, respectivamente, para cálculo do PIS Importação e da COFINSImportação devidos na operação de importação (fls. 26 e 27), diferentemente do que havia ocorrido no processo administrativo nº 10814.722218/201169, no qual foram utilizadas, respectivamente, alíquotas de 1,65% e 7,60%, para cálculo dos mesmos tributos (fls. 149 e 150)? A fiscalização, por sua vez, apresentou as seguintes considerações (fls.461): Em resposta ao quesito 1 formulado pela DRJ foi anexado cópia integral do eprocesso nº 10814.722218/201169. O auto de infração consignado no processo anexado atende na íntegra o quesito 2, em especial, as fls 4/5 (caracterização do subfaturamento), fls 6/7 (demonstrativo do cálculo de tributos iludidos) e fls 42/61 (pesquisas DW). Vale destacar que a mercadoria objeto da pena de perdimento aplicada pelo auto de infração citado foi liberada mediante ordem judicial (fls. 190/215), sendo lavrado auto de infração de conversão da pena de perdimento em multa (eprocessonº 10814.721924/201355, também em anexo). A leitura das páginas 10 a 12 deste complementam a resposta ao quesito 2. Em relação ao quesito 3, a Auditora Fiscal responsável pela lavratura deste auto de infração utilizou as alíquotas (PIS/COFINS) conforme constam na declaração de importação 11/0240855 9 (fls. 14/22). No entanto, o Auditor Fiscal responsável pela lavratura do auto de infração original de perdimento, ao realizar a estimativa dos tributos iludidos, não se ateve, aparentemente por engano, às alíquotas constantes na DI. Intimada do resultado da diligência, a Recorrente apresentou manifestação tecendo os seguintes comentários quanto ao resultado da diligência: (i) não esclarece qual foi o critério legal observado para o arbitramento dos preços das mercadorias importada; e (ii) confirma ter havido majoração das alíquotas de PIS/COFINS. Encerrada a diligência, a Turma "a quo" julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário exigido nestes autos (fls.472494), conforme se verifica na ementa sintetizada abaixo: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 08/02/2011 FRAUDE DE VALOR. ARBITRAMENTO. No caso de caracterização de fraude, o arbitramento dos preços das mercadorias deve ser realizado observando se as determinações contidas no artigo 88 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, para exigência da diferença de imposto que deixou de ser recolhida, acrescida das multas aplicáveis e dos juros de mora. Fl. 551DF CARF MF 4 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. ATIVIDADE DE LANÇAMENTO. MULTA DE OFÍCIO. A existência de medida judicial, mesmo acompanhada de depósito judicial relativo à multa administrativa, não impede a constituição de crédito tributário para exigência de diferenças de tributos acrescido das respectivas multas de ofício. INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO. JUROS DE MORA. O crédito tributário não pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. Intimada da decisão de piso em 09.05.2016 (fls.503), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 07.06.2016 (fls.508525), requerendo, preliminarmente (i) cancelamento do Auto de Infração por ausência de motivação quanto à revisão do valor aduaneiro; meritoriamente (ii) impossibilidade de alteração do lançamento anteriormente efetuado: as diferenças de tributos aduaneiros já haviam sido definidas pelo próprio Fisco no bojo do Processo Administrativo nº 10814.722218/201169; (iii) suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, ii, do CTN); (iv) descabimento da multa de ofício e dos juros; (v) inexistência de fundamento para alteração do valor aduaneiro; e (vi) ausência de comprovação de declaração falsa. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 09.05.2016 (fls.503) e protocolou Recurso Voluntário em 07.06.2016 (fls.508525), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Preliminar II.1 Cancelamento do lançamento fiscal ausência de motivação Em linhas gerais, a Recorrente requer o cancelamento do Auto de Infração por ausência de motivação quanto a à revisão do valor aduaneiro, na medida em que: (i) não consta, quer do Auto de Infração, quer de sua "folha de continuação", qual teria sido o critério constante do art. 86 do DL 6.759/09 adotado no referido "arbitramento" de preços das mercadorias que constituem o objeto da DI nº 11/02408559; (ii) a própria DRJ determinou a realização de diligência para que fosse esclarecido o critério adotado para a revisão aduaneira e a consequente exigência das diferenças de tributos objeto deste processo; (iii) houve infringência ao artigo 9º, do Dec. nº 70.235/72; (iv) toda argumentação da decisão recorrida acerca da suposta legitimidade do arbitramento do valor aduaneiro baseiase nos elementos e conclusões constantes no PA nº 10814.722218/201169; e (v) o resultado da diligência foi admitido pela DRJ como complemento da motivação do lançamento. Juntou jurisprudência deste Conselho. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 552DF CARF MF Processo nº 10814.725129/201506 Acórdão n.º 3302005.484 S3C3T2 Fl. 4 5 Pois bem. Nos termos do art. 29 do Decreto 70.235/72, a autoridade julgadora, poderá determinar diligência para formar sua convicção e não para complementar motivação do lançamento, in verbis; "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." No presente caso, o julgador de origem ao determinar a realização de diligência nos termos abaixo citado, nada mais fez do que determinar o aperfeiçoamento do lançamento, para que fosse feito o complemento com elementos essenciais que já deveriam dele constar. Isso se deu, exclusivamente, pelo fato de a fiscalização deixar de explicitar corretamente qual o critério adotado para revisão aduaneira, bem como de juntar cópia do processo administrativo (a qual houve referência no AI) que apurou a acusação de declaração falsa e subfaturamento. 1. Anexar a este processo a cópia integral do processo administrativo nº 10814.722218/201169; 2. Da forma mais detalhada possível, com auxílio de tabelas, gráficos e planilhas, explicar por que os preços declarados pela importadora não foram aceitos, quais foram os critérios adotados para o arbitramento realizado, quais foram os preços encontrados em outras importações para os diversos produtos de interesse, quais as conclusões firmadas e quais foram os novos valores definidos como base de cálculo das adições nº 001 e nº 002; 3. Da mesma forma, explicar por que no presente auto de infração foram utilizadas alíquotas de 2,30% e 10,80%, respectivamente, para cálculo do PIS Importação e da COFINSImportação devidos na operação de importação (fls. 26 e 27), diferentemente do que havia ocorrido no processo administrativo nº 10814.722218/201169, no qual foram utilizadas, respectivamente, alíquotas de 1,65% e 7,60%, para cálculo dos mesmos tributos (fls. 149 e 150)?(grifado) Com efeito, a diligência realizada nestes autos, foi feita porque no Auto de Infração não existia a menor demonstração de como a autoridade fiscal chegou na base de cálculo para apuração dos tributos exigidos, sendo, então, incabível que as instâncias julgadoras promovam a atividade de fiscalização que a autoridade lançadora devia ter executado. Deste modo, entendo que houve total inobservância aos ditames legais previstos no artigo 9º, do Decreto nº 70.235/72, o qual prevê que o Auto de Infração deverá ser instruído com todos os termos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Vale ressaltar, que o lançamento fiscal, espécie de ato administrativo, goza da presunção de legitimidade. Todavia, essa circunstância não dispensa o Fisco de demonstrar, no correspondente auto de infração, a metodologia seguida para o arbitramento/exigência de tributos, exigência, essa, que nada tem a ver com a inversão do ônus da prova, resultando da natureza do lançamento fiscal, que deve ser motivado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 553DF CARF MF 6 Período de apuração: 31/01/1998 a 31/12/1998 LANÇAMENTO. ERRO NA MOTIVAÇÃO DE SUA LAVRATURA. VÍCIO DE FORMA. CONFIGURAÇÃO. O lançamento, como espécie de ato administrativo, deve observar a regularidade de seus elementos constitutivos (sujeito, forma, objeto, motivo e finalidade), de tal maneira que os defeitos existentes na motivação de sua lavratura, quando não refletem a adequada razão de sua realização, configuram vício de forma por prejudicar o contraditório e a ampla defesa, impondo sua nulidade. (Acórdão 340300.269, Processo 10855.003221/200393, Rel. Cons. Robson José Bayerl, j. 18/03/2010) É justamente disso que se trata no presente julgamento, pois, quando a Recorrente foi cientificada do Auto de Infração, não havia, nos autos, a demonstração de como a autoridade fiscal chegou na base de cálculo para apuração dos tributos exigidos, tampouco o critério constante do artigo 86 do DL 6.759/09, adotado no referido "arbitramento" de preços das mercadorias que constituem o objeto da DI nº 11/02408559. Neste cenário, deveria a DRJ, ao contrário do que fez, determinar a lavratura de novo Auto de Infração e, não complementálo com a realização de diligência, conforme determina o §3º, do artigo 18, do Decreto nº 70.235.72, a saber: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício, sua realização, a autoridade designará servidor para, como perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem executados.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º Os prazos para realização de diligência ou perícia poderão ser prorrogados, a juízo da autoridade. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) No mais, para este relator, a ausência de motivação anteriormente tratada, implica inobservância de requisito essencial estabelecido no artigo 142, do Código Tributário Nacional e, por conseguinte, nulidade do lançamento por vício material. Neste sentido: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 LANÇAMENTO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. Acréscimo de motivação à acusação fiscal para retificação de erros na apuração do crédito tributário, cujos demonstrativos não foram cientificados ao sujeito passivo por ocasião da lavratura do lançamento, demandam correção por meio de lançamento complementar sob pena nulidade do lançamento original por vício material. (Acórdão 1302001.748) Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10814.725129/201506 Acórdão n.º 3302005.484 S3C3T2 Fl. 5 7 III. Conclusão Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para declarar nulo o lançamento por vício material. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 555DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.903526/2008-38
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO.
Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL.
Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral.
Numero da decisão: 9101-003.526
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros).
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO. Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004 IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL. Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1561; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15374.903526/200838 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101003.526 – 1ª Turma Sessão de 4 de abril de 2018 Matéria COMPENSAÇÃO COISA JULGADA Recorrente FUNDACAO DE SEGURIDADE SOCIAL BRASLIGHT Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. PAGAMENTO DEVIDO. Não há pagamento indevido quando efetivado nos termos da legislação vigente editada em momento posterior ao trânsito em julgado de decisão judicial. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 IMUNIDADE RECONHECIDA POR DECISÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA MATERIAL. Em se tratando de relação jurídica continuada, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, cessam automaticamente os efeitos vinculantes da coisa julgada. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus, subjacente às decisões de mérito em geral. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que lhe deram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 35 26 /2 00 8- 38 Fl. 431DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente) e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado para os impedimentos de conselheiros). Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte, em face de acórdão onde se analisou pedido de restituição/compensação de IRPJ pago, porém sob os efeitos de decisão judicial transitada em julgado que reconhecia o direito à imunidade dos impostos ao Contribuinte Decidiu a Turma a quo que "o óbice encontrado pela decisão recorrida consiste no fato de o Supremo Tribunal Federal, em caso alheio ao processo da ora recorrente, ter decidido que as entidades de previdência privada não gozavam da imunidade de impostos de que trata a alínea "c" do inciso VI do art. 150 da CF (sendo este o fundamento da imunidade da recorrente), e que a lei inovadora não encontra limites na sua eficácia em razão de decisão judicial anterior, evitando eternizarse os efeitos da coisa julgada". Desse modo, por entender assistir razão à decisão recorrida, negou provimento ao recurso voluntário. Na origem, tratase de PER/DECOMP apresentado pelo contribuinte, para compensação de tributos com crédito oriundo de IRPJ pago. Para o Contribuinte, o imposto pago o foi por equívoco, na medida em que possuía decisão judicial transitada em julgado reconhecendo sua imunidade da cobrança de todos os impostos, de forma ampla e irrestrita, independente de mudança da legislação infraconstitucional, já que a decisão transitada em julgado no MS n° 90.100712 se fundava em regras constitucionais. No decorrer do processo administrativo, sua pretensão não foi acolhida. Na decisão proferida pelos componentes da Turma a quo, os argumentos da recorrente foram rejeitados sob os seguintes fundamentos: (i) a recorrente gozou da imunidade reconhecida pelo Poder Judiciário, todavia, com a alteração legislativa do art. 1º da Medida Provisória nº 2.222/01, convertida na Lei nº 11.053/04, ficou obrigada ao pagamento do imposto recolhido; (ii) a coisa julgada não obsta que lei nova possa reger a matéria em termos diversos. Irresignado, tempestivamente o Contribuinte apresentou recurso especial de divergência, demonstrando que em casos similares, mais especificamente, casos em que Fl. 432DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 4 3 contribuintes que possuíam decisão judicial reconhecendolhes o direito de não recolher a CSLL, por tratarse de tributo cobrado com base em leis inconstitucionais, mesmo havendo decisão do STF e alteração da legislação do tributo posteriores ao trânsito em julgado da respectiva ação, este Tribunal reconheceu eficácia às decisões judiciais. No mérito, contribuinte traz ao julgamento entendimento sobre ser aplicável ao caso o RESP 1.118.893, proferido com base no regime do artigo 543C do antigo CPC, onde restou decidido que: (i) o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade; e (ii) declarada a inexistência de relação jurídicotributária entre o contribuinte e o fisco, mediante declaração de inconstitucionalidade da Lei 7.689/88, que instituiu a CSLL, afastase a possibilidade de sua cobrança com base nesse diploma legal, ainda não revogado ou modificado em sua essência. O recurso do Contribuinte foi admitido pelo Presidente da câmara. A Fazenda apresenta contrarrazões, pugnando pela manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 9101003.521, de 04/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 15374.901199/2008 80, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Sobre a admissibilidade do Recurso, entendo não haver reparos a serem feitos no despacho de admissibilidade, portanto, dele conheço. Nos presentes autos o contribuinte solicita a restituição do pagamento a maior de IRPJ efetuado em 30/01/2004, relativo ao período de apuração de 31/12/2003. Fl. 433DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 5 4 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento, contido no voto vencedor, que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 9101 003.521): "A contribuinte defende que possui imunidade tributária ampla e irrestrita a todo e qualquer imposto, em razão do MS 90.00100712 e dos AG n.1999.02.01.0320250 e n. 2002.02.01.0425528, que por conseqüência, o pagamento de IRPJ realizado em 31/01/2002 foi indevido, resultando no crédito a compensar. Inicialmente, cabe um breve resumo acerca da ação judicial citada. O mandado de segurança nº 90.00100712 foi impetrado contra ato do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, no sentido de não sofrer a incidência do IOF, instituído pela Lei nº 8.033/90. Alegou a impetrante ser imune ao referido imposto em razão de decisão judicial proferida ainda na vigência da Emenda Constitucional nº1, de 17 de outubro de 1969. A segurança foi concedida em 1ª instância, já sob a égide da Constituição Federal de 1988, em sentença proferida em 31 de agosto de 1990, e ratificada no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A União agravou da decisão (AG 1999.02.01.0320250) e o Tribunal negou provimento ao agravo de instrumento e julgou prejudicado o agravo regimental. Transcrevo ementa do voto: EMENTA: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANÇA IMUNIDADE TRIBUTARIA COISA JULGADA. 1. Reconhecida a imunidade tributária da recorrida por sentença transitada em julgada, proferida em mandado de segurança, com base em dispositivo constitucional, não pode a Fazenda Nacional exigir o recolhimento de IOF com base em legislação infraconstitucional superveniente. 2. Inalterada a finalidade para a qual foi constituida e que conduziu ao reconhecimento de sua imunidade tributária, permanece a recorrente ao abrigo da coisa julgada. 3. Agravo de instrumento desprovido e agravo regimental prejudicado. (grifo nosso) Houve ainda outro agravo de instrumento, de nº 2002.02.01.0425528, por parte da Fundação de Seguridade e embargos de declaração no agravo. A União ainda apelou contra essa decisão, porém em 15 de maio de 1991, o tribunal negou provimento ao recurso de apelação. Assim, de fato, não há como se negar que durante um determinado período a recorrente gozou de imunidade tributária reconhecida por força de decisão judicial transitada em julgado. Fl. 434DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 6 5 É que há situações que fazem cessar os efeitos da coisa julgada material, como a superveniência de legislação ou as decisões do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso, com eficácia erga omnes. É nesse sentido que se manifesta o Parecer PGFN/CRJ/n. 492/2011 que trata de decisão transitada em julgado relativa à relação jurídica tributária continuativa, conforme se pode depreender: 1. A alteração das circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes ao tempo da prolação de decisão judicial voltada à disciplina de uma dada relação jurídica tributária de trato sucessivo faz surgir uma relação jurídica tributária nova, que, por isso, não é alcançada pelos limites objetivos que balizam a eficácia vinculante da referida decisão judicial. Daí por que se diz que, alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, esta naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente, dada a sua natural inaptidão de alcançar a nova relação jurídica tributária. (...) 10. Ocorre que a imutabilidade e a eficácia vinculante da decisão transitada em julgado apenas recairá sobre os desdobramentos futuros da declaração, nela contida, de existência ou inexistência da relação jurídica de direito material sucessiva deduzida em juízo, se e enquanto permanecerem inalterados os suportes fático e jurídico existentes ao tempo da sua prolação, ou seja, se e enquanto continuarem ocorrendo aqueles mesmos fatos e continuar a incidir (ou a não incidir) aquela mesma norma sob os quais o juízo de certeza se formou. Alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, o que se faz possível em face da natureza conhecidamente dinâmica dos fatos e do direito, essa decisão naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente; tratase da cláusula rebus sic stantibus subjacente às sentenças em geral, com especial destaque àquelas que se voltam à disciplina de relações jurídicas de trato continuado.(Grifei) Aplicase, portanto, a cláusula rebus sic stantibus, onde se conserva o instituto da coisa julgada com seu caráter de imutabilidade até que sobrevenham mudanças fáticas e jurídicas, que tornam imperativo o devido ajuste às relações tributárias de trato sucessivo. Ademais, é preciso ter em conta o aspecto de a imunidade ser matéria constitucional e sendo o STF o “Guardião da Constituição”, seu pronunciamento em caráter definitivo afasta qualquer dúvida sobre a constitucionalidade/inconstitucionalidade de uma norma. Fl. 435DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 7 6 Como bem observado no citado Parecer PGFN/CRJ nº 492/2011, após 3 de maio de 2007 (data da alteração regimental do STF, introduzindo as disposições da Lei nº 11.418, de 2006), possuem essa característica de alterar o sistema jurídico pátrio declarando a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma norma, os precedentes do STF formados: iii) quando anteriores a 3 de maio de 2007, aqueles formados em sede de controle difuso de constitucionalidade, seguidos, ou não, de Resolução Senatorial, desde que, nesse último caso, tenham sido oriundos do Plenário do STF e sejam confirmados em julgamentos posteriores da Suprema Corte. Ainda, de acordo com as conclusões do Parecer, após vasto estudo pautado na doutrina e regimento interno do STF: (iii) o advento de precedente objetivo e definitivo do STF configura circunstância jurídica nova apta a fazer cessar a eficácia vinculante das anteriores decisões tributárias transitadas em julgado que lhe forem contrárias; De acordo com o vasto estudo reproduzido nesse Parecer, antes de março de 2007, as decisões proferidas pelo STF em controle difuso sobre uma determinada questão constitucional, mesmo que não submetidas a Resolução Senatorial, se proferidas pelo Plenário, e cujo entendimento tenha sido reafirmado em diversos julgados posteriores, também têm esse efeito. No caso em apreço, como bem reconheceu tanto a decisão de 1ª instância, quanto a de 2ª instância, a despeito das decisões judiciais que haviam a favor da contribuinte, em sessão de 08/11/2001, portanto após essas decisões judiciais citadas, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu (RE 202700/DF) que as entidades que as entidades de previdência privada não gozavam da imunidade de impostos de que trata a alínea “c” do inciso VI do art. 150 da CF, que foi a mesma base legal citada pelas decisões judiciais transitadas em julgado. Por oportuno, reproduzo ementa do acórdão: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA. 1. Entidade fechada de previdência privada. Concessão de benefícios aos filiados mediante recolhimento das contribuições pactuadas. Imunidade tributária. Inexistência, dada a ausência das características de universalidade e generalidade da prestação, próprias dos órgãos de assistência social. 2. As instituições de assistência social, que trazem ínsito em suas finalidades a observância ao princípio da universalidade, da generalidade e concede benefícios a toda coletividade, independentemente de contraprestação, não se confundem e não podem ser comparadas com as entidades fechadas de previdência privada que, em decorrência da relação contratual Fl. 436DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 8 7 firmada, apenas contempla uma categoria específica, ficando o gozo dos benefícios previstos em seu estatuto social dependente do recolhimento das contribuições avençadas, conditio sine qua non para a respectiva integração no sistema. Recurso extraordinário conhecido e provido. (Grifei) Acerca dos julgados posteriores que corroboram esse entendimento, nada mais flagrante do que a Sumula STF n. 730, que assim dispõe: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. No caso em comento, a própria recorrente declara ser mantida pelas contribuições da sua patrocinadora e dos seus participantes (conforme se pode depreender do item 2 do seu recurso especial), sendo assim não atenderia aos requisitos para imunidade. Aliás, o próprio Tribunal Regional Federal da 2ª Região, quando negou provimento ao recurso de apelação no Mandado de Segurança em apreço, proferiu decisão que, após a manifestação do STF, é flagrantemente contrária a essa. Por oportuno, transcrevo a ementa: ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADAS As entidades fechadas de previdência privada, embora cobrando das seus associados contribuições mensais, a título de remuneração pelos serviços prestadas, gozam de imunidade tributária. Basta que atendam aos requisitos do artigo 14 do Código Tributário Nacional, nao se restringindo o benefício à entidades beneficentes. (Negritei) Logo, somente essa decisão do Plenário do STF e a jurisprudência reiterada já seriam suficientes para alterar os efeitos da coisa julgada material relativa às decisões transitadas em julgado a favor da contribuinte. A recorrente argumenta, a partir da decisão nos autos do REsp nº 1.118.893MG, de 23/3/2011, que a mudança de entendimento do STF nada poderia alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada. Contudo, é preciso esclarecer que esse entendimento do Ministro Arnaldo Esteves Lima é no sentido de que o pronunciamento do STF não pode retroagir. Não tratou o STJ, naquele caso, dos efeitos prospectivos da decisão do STF. É flagrante no voto do Ministro que o valor perquirido foi a segurança jurídica daqueles que se comportaram segundo uma decisão transitada Fl. 437DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 9 8 em julgado em controle difuso, consoante trecho que ora transcrevo: “Outrossim, o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestarse em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade à própria existência do controle difuso de constitucionalidade, fragilizando, sobremodo, a res judicata, com imensurável repercussão negativa no seio social.” Da mesma forma, analisandose o RE 730.462/SP, julgado sob o rito da Repercussão Geral, podese verificar que o bem tutelado foi a segurança jurídica e que na dicção do Relator, Min. Teori Zavascki, em relação aos fatos geradores ocorridos após a publicação de pronunciamento do STF em sede de controle concentrado, não há que se falar em eficácia da sentença judicial contrária a esse pronunciamento. Ou seja, para fatos geradores anteriores, seria necessária uma ação rescisória para fazer cessar os efeitos da coisa julgada material; contudo, para o futuro, tal ação é prescindível. Por oportuno, transcrevo trechos do voto para demonstrar essa conclusão, fazendo grifos das partes que considero importantes: 4. É importante distinguir essas duas espécies de eficácia (a normativa e a executiva), pelas consequências que operam em face das situações concretas. A eficácia normativa (= declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade) se opera ex tunc, porque o juízo de validade ou nulidade, por sua natureza, dirigese ao próprio nascimento da norma questionada. Todavia, quando se trata da eficácia executiva, não é correto afirmar que ele tem eficácia desde a origem da norma. É que o efeito vinculante, que lhe dá suporte, não decorre da validade ou invalidade da norma examinada, mas, sim, da sentença que a examina. Derivando, a eficácia executiva, da sentença (e não da vigência da norma examinada), seu termo inicial é a data da publicação do acórdão do Supremo no Diário Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999). É, consequentemente, eficácia que atinge atos administrativos e decisões judiciais supervenientes a essa publicação, não atos pretéritos. Os atos anteriores, mesmo quando formados com base em norma inconstitucional, somente poderão ser desfeitos ou rescindidos, se for o caso, em processo próprio. Justamente por não estarem submetidos ao efeito vinculante da sentença, não podem ser atacados por simples via de reclamação. É firme nesse sentido a jurisprudência do Tribunal: “Inexiste ofensa à autoridade de pronunciamento do Supremo Tribunal Federal se o ato de que se reclama é anterior à decisão emanada da Corte Suprema. A ausência de qualquer parâmetro decisório, previamente fixado pelo Supremo Tribunal Federal, torna Fl. 438DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 10 9 inviável a instauração de processo de reclamação, notadamente porque inexiste o requisito necessário do interesse de agir” (Rcl 1723 AgRQO, Min. Celso de Mello, Pleno, DJ de 6.4.2001). No mesmo sentido: Rcl 5388 AgR, Min. Roberto Barroso, 1ª Turma, DJe de 23.10.14; Rcl. 12741 AgR, 2ª Turma, Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 18.9.201; Rcl 4962, Min. Cármen Lúcia, 2ª Turma, DJe 25.6.2014). 5. Isso se aplica também às sentenças judiciais anteriores. Sobrevindo decisão em ação de controle concentrado declarando a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo, nem por isso se opera a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Conforme asseverado, o efeito executivo da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade deriva da decisão do STF, não atingindo, consequentemente, atos ou sentenças anteriores, ainda que inconstitucionais. Para desfazer as sentenças anteriores será indispensável ou a interposição de recurso próprio (se cabível), ou, tendo ocorrido o trânsito em julgado, a propositura da ação rescisória, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Ressalva se desse entendimento, quanto à indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto, notadamente quando decide sobre relações jurídicas de trato continuado, tema de que aqui não se cogita. Interessante notar que o novo Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 16.3.2015), com vigência a partir de um ano de sua publicação, traz disposição explícita afirmando que, em hipóteses como a aqui focada, “caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal” (art. 525, § 12 e art. 535, § 8º). No regime atual, não há, para essa rescisória, termo inicial especial, o qual, portanto, se dá com o trânsito em julgado da decisão a ser rescindida (CPC, art. 495). No caso dos autos, a decisão Plenária do STF é de 2001 e a contribuinte passou a recolher em 2002! Daí porque descabe falar em ofensa ao princípio da segurança jurídica. É importante registrar, portanto, que sequer se pode cogitar em ofensa ao art. 62 do RICARF, como quer entender a recorrente, porque aquela decisão do STJ decidiu outra lide (CSLL), em outro contexto (analisou apenas os dispositivos então vigentes naquele processo) e ainda assim, não emana entendimento divergente do que estou adotando, porque tutela a conduta do contribuinte relativa a fatos anteriores à mudança de entendimento do STF. Mas além disso, é importante destacar que a ação judicial era de natureza mandamental, ou seja, não propriamente uma ação de Fl. 439DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 11 10 conhecimento, e que por meio desta foi concedida a segurança para garantir a imunidade da contribuinte em relação ao IOF. Ou seja, o pedido inicial nos autos do MS n.90. 00100712 foi no sentido de não ser impelida ao pagamento do IOF pelo Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, logo não caberia a ampliação dos efeitos da coisa julgada para além do que foi demandado. A recorrente argumenta que obteve decisões de agravo e trechos de ofício, os quais conferem imunidade a todo e qualquer imposto. No entanto, no que diz respeito ao conteúdo dos ofícios, convém registrar que sequer são decisões judiciais. Quanto às decisões proferidas em sede dos recursos de agravo de instrumento e agravo regimental, tratamse de decisões interlocutórias no processo. E, a respeito da coisa julgada, que é tratada na seção V, do capítulo XIII do livro I da parte especial no Novo Código de Processo Civil – NCPC, cumpre observar: Seção V Da Coisa Julgada Art. 502. Denominase coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (Destaquei) Portanto, a coisa julgada se dá nas decisões de mérito proferidas no processo e não nas decisões interlocutórias. Por conseguinte, não há que se falar em efeitos da coisa julgada em relação a decisões interlocutórias, muito menos em relação ao conteúdo dos ofícios emitidos pelas autoridades judiciais. Ainda em relação à coisa julgada, merecem destaque os arts. 503 e 505, do NCPC: Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. (...) Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I se, tratandose de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II nos demais casos prescritos em lei. Ou seja, conforme o citado art. 503, a decisão judicial de mérito tem força de lei, jamais de norma constitucional. Por conseguinte, a lei nova ou uma medida provisória podem fazer cessar os efeitos da coisa julgada, ainda que o objeto da Fl. 440DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 12 11 demanda judicial tenha interpretado matéria constitucional. E, à luz do art. 505, sobrevindo modificação de direito, descabe falar de eficácia da coisa julgada. Na esteira, então da legislação superveniente, temse a MP nº 2.222/01, convertida posteriormente na Lei nº 11.053/2004, que inovou o estado de direito e fez cessar quaisquer efeitos da coisa julgada porventura existentes em relação ao IRPJ. Nesse sentido, transcrevo o art. 1º da referida MP: Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 2002, os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de entidades abertas de previdência complementar e de sociedades seguradoras que operam planos de benefícios de caráter previdenciário, ficam sujeitos à incidência do imposto de renda de acordo com as normas de tributação aplicáveis às pessoas físicas e às pessoas jurídicas não financeiras. Parágrafo único. O imposto correspondente à parcela do rendimento ou ganho apropriada ao participante ou assistido pelo plano não pode ser compensado com qualquer imposto ou contribuição devido pelas pessoas jurídicas referidas neste artigo ou pela pessoa física participante ou assistida. Logo, ainda que se entendesse que a decisão transitada em julgado nos autos do MS n. 90. 00100712 abrangeria outros impostos, como o imposto de renda, a coisa julgada encontra outros limites para o IRPJ, dada a edição da MP nº 2.222/01, como bem compreendera a contribuinte, quando passou a recolher o tributo que depois entendeu ser indevido e que é objeto da presente lide. Relativamente à afirmação do acórdão recorrido de que, nos termos da LC nº 73/93, o CARF estaria vinculado ao entendimento exarado no Parecer PGFN/CRJ/nº 492/2011, alega a recorrente que, de acordo como art. 18, inciso XXII do Regimento Interno do CARF (Portaria nº 256/2009), somente há obrigatoriedade de observância a parecer quando este for emitido pela Advocacia Geral da União e aprovado pela Presidência da República, nos termos do art. 40, combinado com o art. 41 da referida LC nº 73/93. De fato, entendo que o CARF não está vinculado a referido parecer; entretanto, por concordar com as conclusões nele exaradas quanto à cessação dos efeitos da coisa julgada material nas relações jurídicas tributárias continuativas é que o utilizo na fundamentação do presente acórdão. Quanto ao fato de a contribuinte ter se declarado isenta e não imune, penso que esse argumento utilizado pelas decisões anteriores é irrelevante ao deslinde da matéria. Pelo exposto, entendo que o pagamento do IRPJ era devido nos termos do art.1º da MP n.2222/01, posto que editada posteriormente ao trânsito em julgado do mandamus, e que, Fl. 441DF CARF MF Processo nº 15374.903526/200838 Acórdão n.º 9101003.526 CSRFT1 Fl. 13 12 portanto, não há pagamento indevido a justificar o pedido de compensação objeto do presente processo. Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de compensação objeto da presente lide. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de compensação objeto da presente lide. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 442DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.001586/2003-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 31/12/1999 a 31/12/2000
COMPENSAÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO.
Constatado que o crédito não é suficiente para compensar integralmente o débito, a compensação não deve ser homologada.
CRÉDITO DE IPI. LEI Nº 9779/99.
O direito ao aproveitamento dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos cuja saída seja com isenção ou alíquota zero, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos pelo estabelecimento do contribuinte a partir de 1º de janeiro de 1999.
Numero da decisão: 1201-001.942
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO. Constatado que o crédito não é suficiente para compensar integralmente o débito, a compensação não deve ser homologada. CRÉDITO DE IPI. LEI Nº 9779/99. O direito ao aproveitamento dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos cuja saída seja com isenção ou alíquota zero, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos pelo estabelecimento do contribuinte a partir de 1º de janeiro de 1999. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 15 86 /2 00 3- 16 Fl. 1590DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. Relatório O presente processo já retornara de diligência em duas oportunidades. Na primeira ocasião, decorrente do determinado na Resolução nº 10700722, de 15 de Outubro de 2008 (fls. 646), sendo relator originário do processo o i. conselheiro Hugo Correia Sotero. No segundo ensejo, aqui analisado, posteriormente ao decidido na Resolução nº 1201000.179 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, relatada pelo i. conselheiro João Otávio Oppermann Thomé. Reproduzo a seguir os trechos essenciais do relatório desta última resolução, a qual, por sua vez, reproduz os fatos relatados de forma sucinta pela primeira resolução supracitada: “(...) A Recorrente impetrou Ação de Mandado de Segurança (Proc. n°1999.61.14.0047289) buscando lograr prestação jurisdicional que lhe garantisse o direito de se apropriar de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) decorrentes do pagamento do imposto nas operações de aquisição de insumos empregado na industrialização de bens tributados por alíquota zero no período de junho de 1994 a dezembro de 1998, antes, portanto, da vigência da Lei Federal n°. 9.779/99. A sentença exarada na referida Ação de Mandado de Segurança, submetida a duplo grau de jurisdição obrigatório e sem trânsito em julgado, tem o seguinte dispositivo: "Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido deduzido e extingo o processo com exame do mérito, nos termos do art. 269, 1, do Código de Processo Civil; para reconhecer o direito da impetrante de refazer sua escrita fiscal desde junho de 1994 a dezembro de 1998, e permitir o creditamento do IPI incidentes sobre as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados em produtos tributados à alíquota zero e que sejam utilizados no processo de industrialização, permitindose sua manutenção pelo valor nominal sem correção monetária conforme fundamentação." Utilizandose da determinação judicial, formulou a Recorrente pedidos de ressarcimento/compensação (Processos Administrativos nºs. 13819.000568/200147, Fl. 1591DF CARF MF Processo nº 13819.001586/200316 Acórdão n.º 1201001.942 S1C2T1 Fl. 3 3 13819.000562/200170 e 13819.000495/0022), postulando utilizar os créditos acumulados de IPI para quitação dos valores devidos à guisa de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Os aludidos pedidos de restituição/compensação foram indeferidos pela Delegacia da Receita Federal competente, apresentando a Recorrente, em face das decisões de indeferimento, manifestação de inconformidade. Ato continuo ao indeferimento do pedido de restituição e à glosa das compensações requeridas, formalizou a Delegacia da Receita Federal de São Bernardo do Campo lançamento de oficio (Proc. Administrativo n°. 13819.001586/200316), exigindo, independentemente do desfecho da manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, as parcelas dos tributos e contribuições objeto das compensações. Este Colendo Conselho de Contribuintes, analisando recurso voluntário aviado pelo contribuinte, decidiu a questão nos termos seguintes: “PAF – NORMAS PROCESSUAIS – IRPJ/CSLL/PIS/COFINS – JULGAMENTO CONJUNTO – INDEPENDÊNCIA DOS LANÇAMENTOS – NULIDADE – Nos termos do art. 9°, c.c seu § 1°, lançamentos derivados de negativa a pleito de restituição/compensação de IPI, são autônomos em relação ao lançamento de imposto de renda, devendo, pois, ser preparados e julgados isoladamente, pelo que é nula a decisão proferida em um único processo versando sobre todos os lançamentos. PAF – NORMAS PROCESSUAIS – RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO – QUESTÃO JUDICIAL – SOBRESTAMENTO DO FEITO – O julgamento de lançamentos de oficio derivados de negativa a pleito de restituição/compensação, por dependerem da solução que afinal venha se dar no julgamento do direito creditório, não pode ser levado a termo senão após a solução dada ao direito creditório controvertido". Remetidos os autos à autoridade preparadora, foram deslindadas as manifestações de inconformidade apresentadas pelo contribuinte, assim: a) Proc. n°. 13819/000568/200147: "RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. LIMITES ESTABELECIDOS PELA COISA JULGADA. O direito de restituição ou compensação, obtido judicialmente, deve se adequar ao decidido no processo judicial, inclusive com as limitações nele estabelecidas. Fl. 1592DF CARF MF 4 IPI. SALDO CREDOR EM 31/12/98. O direito ao aproveitamento do saldo credor do IPI, decorrente da aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, só pode ser invocado nas condições estabelecidas pelo art. 11 da Lei n°. 9.779/1999 e na IN SRF n°. 33/99" b) Proc. n°. 13819.000562/200170: "RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. LIMITES ESTABELECIDOS PELA COISA JULGADA. O direito de restituição ou compensação, obtido judicialmente, deve se adequar ao decidido no processo judicial, inclusive com as limitações nele estabelecidas. RESTITUIÇÃO. IPI. É imperativo, no caso do IPI, que o contribuinte faça prova do não repasse do pagamento de tributo indevido ao custo do bem ou do serviço. Solicitação Indeferida" c) Proc. n°. 13819.000495/0022: "RESSARCIMENTO. PENDÊNCIA JUDICIAL. É vedado o ressarcimento a Pessoa jurídica com processo judicial em que a decisão definitiva a ser proferida pelo Poder Judiciário possa alterar o valor do ressarcimento solicitado. IPI. SALDO CREDOR EM 31/12/98. O direito ao aproveitamento do saldo credor do IPI, decorrente da aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, só pode ser invocado nas condições estabelecidas pelo art. 11 da Lei n°. 9.779/1999 e na IN SRF n°. 33/99" Em decorrência do indeferimento dos pedidos de compensação, o lançamento de ofício foi julgado parcialmente procedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas (SP), por decisão assim ementada: "NULIDADE — Não se configura cerceamento do direito de defesa se a contribuinte foi regularmente cientificado dos autos de infração e seus anexos e se lhe foi assegurado o direito de questionar as exigências nos termos das normas que regulam o processo administrativo fiscal. Inexistente qualquer indicio de violação as determinações contidas no art.142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972, não há que se cogitar de nulidade da autuação. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO — Apreciados pela DRF, anteriormente a edição da MP 66, de 2002, pedidos de ressarcimento de IPI e de restituição cumulados com compensação, as manifestações de inconformidade e os recursos apresentados contra indeferimento de tais pedidos, ainda que pendentes de apreciação, não impedem a constituição do crédito tributário, por meio de auto de infração, e não suspendem a exigibilidade. Fl. 1593DF CARF MF Processo nº 13819.001586/200316 Acórdão n.º 1201001.942 S1C2T1 Fl. 4 5 FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. Encerrado o anocalendário, a falta de recolhimento das estimativas, por contribuinte optante pelo lucro real anual, somente se sujeita a multa isolada prevista no art. 44, inciso I c/c §1°, inciso IV da Lei n°. 9.430/96. Lançamento Procedente em Parte" (...) Recurso voluntário do contribuinte ás fls. 592/604, insurgindose contra o indeferimento dos pedidos de restituição/compensação e da consequente manutenção do lançamento de oficio. Para além dos pedidos de restituição vinculados à Ação de Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289, que se referiam aos créditos de IPI acumulados no período de junho de 1994 a dezembro de 1998, formulou a Recorrente pedidos de compensação já na vigência da Lei n°. 9.779/1999, referindose a pagamento do IPI realizados para aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos tributados por alíquota zero nos períodos de 01/10/1999 a 31/12/1999 (PA if. 13819.000495/0022), de 01/01/2000 a 31/03/2000 (13819.001109/0092), de 01/04/2000 a 30/06/2000 (13819.001447/0015). Nos termos das disposições insertas na Instrução Normativa SRF n°. 33/1999, a apuração “do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999”, sendo o referido direito creditório apurado em cada trimestre calendário. Apesar de não ter se manifestado a sentença exarada no Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289 sobre pedidos de restituição/compensação posteriores à vigência da Lei n°. 9.779/1999, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas (SP) indeferiu os pedidos sob a alegação de que o resultado da referida ação judicial poderia alterar o valor do ressarcimento solicitado. Tendo o lançamento de oficio corporificado no PA n°. 13819.001586/200316 exigido o adimplemento de tributos e contribuições compensados com os créditos postulados nos pedidos de restituição/compensação posteriores à vigência da Lei n° 9.799/99, proponho a conversão do julgamento em diligencia para que a autoridade preparadora esclareça os seguintes pontos: a) Se os pedidos de restituição/compensação nos. 13819.000495/0022, 13819.001109/0092 e 13819.001447/0015, referemse apenas a pagamentos do IPI realizados após a vigência da Lei n°. 9.799/1999; Fl. 1594DF CARF MF 6 b) analisados os limites da sentença pronunciada no Mandado de Segurança n°. 1999.61.14.0047289, quais os reflexos da decisão judicial na apuração do saldo credor de IPI concernentes a períodos de apuração posteriores a dezembro de 1998. Cumprimento a presente solicitação, dêse vistas ao contribuinte para, querendo, se manifestar acerca das conclusões da diligência. Após o prazo de vistas, com ou sem manifestação do contribuinte, retornem os autos a esse Conselho para julgamento.” De se observar que, após a anulação do primeiro acórdão originário da 1ª Turma da DRJ/CAMPINAS/SP, e tendo sido os lançamentos apartados, o presente processo passou a dizer respeito exclusivamente ao lançamento de ofício do IRPJ, abrangendo os anoscalendário de 1999 a 2001, para os quais foi lançado o ajuste anual não informado em DCTF, e o ano de 2002, para o qual foram lançados os valores de estimativas devidas relativas aos meses de fevereiro e abril de 2002 que já se encontravam informados em DCTF. A DRJ, no novo acórdão proferido, afastou a exigência das estimativas pertinentes ao anocalendário 2002 (e correspondentes multas de ofício proporcionais), sob o fundamento de que, para estas, caberia apenas a exigência de multa isolada, e recorreu de ofício desta decisão. Restaram mantidas pela DRJ as seguintes exigências de IRPJ (valores relativos ao principal, sobre os quais aplicada a multa de 75%): No recurso, a recorrente argumentou, em síntese, o seguinte: a) uma vez que obteve decisão favorável no Mandado de Segurança Preventivo (Processo n° 1999.61.14.0047289), e então pleiteou o Ressarcimento do crédito de IPI nos Processos Administrativos n°s 13819.000495/0022, 13819.001109/0092, 13819.001447/0015, 13819.002172/9959, 13819.002629/9952, 13819.000562/0170 e 13819.000568/0147, seguidos dos respectivos Pedidos de Compensação; b) que os pedidos de compensação efetuados pela Recorrente nada mais são que declarações de compensação, as quais, enquanto não apreciadas pelas autoridades administrativas, extinguem o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Assim, não poderia a autoridade fiscal desconsiderar as compensações efetuadas pela Recorrente e constituir o crédito tributário de IRPJ sem antes proceder à análise dos pedidos de compensação; c) nesses termos, caberia a autoridade fiscal apenas efetuar o lançamento com o objetivo de prevenir a decadência, com a exigibilidade do crédito de IRPJ suspensa até o resultado final do Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289; Fl. 1595DF CARF MF Processo nº 13819.001586/200316 Acórdão n.º 1201001.942 S1C2T1 Fl. 5 7 d) em suma, resta claro que as compensações de débitos de IRPJ efetuadas pela Recorrente com créditos de IPI estão vinculadas ao resultado do Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289, em que se discute o direito ao creditamento do IPI; e) a autoridade administrativa aplicou retroativamente dispositivos da Instrução Normativa SRF n° 210/02 (arts. 23 e 35, § 2°) para ignorar as impugnações apresentadas pela ora Recorrente nos processos de ressarcimento de IPI e promover o lançamento de oficio do crédito tributário objeto daqueles pedidos, feitos ainda sob a égide da Instrução Normativa SRF n° 21/97, pelo que deveria ser exonerada a multa de ofício aplicada. f) finaliza requerendo o cancelamento integral do auto de infração, ou, no mínimo, o sobrestamento do mesmo até o término do processo judicial em que se discute o direito ao crédito de IPI. Em atenção ao quanto solicitado pela Resolução nº 10700722, a autoridade administrativa informou o seguinte (fls. 674): Item a da Resolução: se os pedidos de restituição/compensação nºs 13819.000495/0022, 13819.001109/0092 e 13819.001447/0015, referemse apenas a pagamentos do IPI realizados após a vigência da Lei n°. 9.799/1999. Resposta: “os processos citados referem se a Pedidos de Ressarcimento, relativos ao 4°. trimestre/99; 1o. trimestre/2000 e 2°. trimestre/2000, respectivamente, nos quais foram apresentados Pedidos de Compensação com débitos de outros tributos/contribuições, apurados em 31/12/99, 30/04/00, 31/05/00, 30/06/00 e 31/07/00, sendo os mesmos indeferidos (ressarcimento e compensação) por não estarem sob tutela jurisdicional e terem sido pleiteados sem atendimento das determinações legais vigentes;” Item b da Resolução: analisados os limites da sentença pronunciada no Mandado de Segurança n°. 1999.61.14.0047289, quais os reflexos da decisão judicial na apuração do saldo credor de IPI concernentes a períodos de apuração posteriores a dezembro de 1998. Resposta: “com relação a esse item, é de se ressaltar que quanto à apuração do saldo credor de IPI concernentes a períodos posteriores a dezembro/98, os reflexos da decisão judicial seria o aproveitamento dos créditos apurados com o IPI devido na escrita fiscal, sendo todavia, improcedente o ressarcimento/compensação, antes de ser esgotado o saldo credor acumulado em 31/12/98, conforme preceitua o §3°. do art. 5 ° da IN SRF33/99. Cientificada da diligência, a contribuinte aduziu, em 25/06/2009, em síntese, que: Fl. 1596DF CARF MF 8 os Pedidos de Ressarcimento que geraram o crédito de IPI utilizado para compensar os débitos apurados em 31/12/99, 30/04/00, 31/05/00, 30/06/00 e 31/07/00 objetos dos Autos de Infração nos 13819.001586/200316 e 10943.000032/200531 referemse única e exclusivamente ao 4° trimestre de 1999, 1° trimestre de 2000 e 2° trimestre de 2002; (obs.: processo para o qual foram transferidos os lançamentos de CSLL ajuste e multa isolada) sendo operações realizadas após o advento da Lei n°. 9.779/99, a utilização do respectivo crédito para compensação com outros tributos é assegurada pelo art. 11 da referida lei, não tendo nenhuma relação desses créditos com o Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289; equivocase a autoridade fiscal ao vincular os Pedidos de Ressarcimento em questão à existência do Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289, pois neste a empresa pleiteia (i) o direito de refazer a sua escrita fiscal, desde junho de 1994 a dezembro de 1998, para o fim de efetuar o lançamento a crédito dos valores correspondentes ao IPI incidentes sobre as matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados em seus produtos tributados a alíquota zero; (ii) o direito de proceder à correção monetária integral desses créditos, e; (iii) o direito de utilização desses créditos corrigidos para a compensação com quaisquer tributos ou contribuições federais administrados pela Receita Federal; esses créditos de IPI, objeto do Mandado de Segurança, são anteriores a dezembro de 1998, e foram objeto dos Pedidos de Ressarcimento nºs 13819.000568/0147 e 13819.000562/0170, nos quais já foram esgotados, e, se foram indeferidos pelas autoridades, em razão da existência do Mandado de Segurança, e os respectivos débitos já estão sendo cobrados, esta é outra discussão, que em nada afeta a legitimidade das operações realizadas após o advento da Lei n°. 9.779/99. dessa forma, não podem as autoridades fiscais entender que tais créditos foram compensados sem atendimento das determinações legais vigentes, e muito menos, que tais Pedidos de Ressarcimentos encontram relação com o Mandado de Segurança. Posteriormente, conforme fls. 676 e seguintes, informa que protocolou junto à repartição fiscal desistência parcial do recurso, para fins de adesão ao parcelamento da Lei n° 11.941/09. A desistência abrange os débitos (principal e multa) a seguir descritos: Por fim, esclarece que “o presente Processo Administrativo deverá prosseguir com relação aos demais débitos cobrados, tendo em vista que a empresa não pretende incluílos no mencionado parcelamento, na medida em que tais débitos foram compensados com créditos de IPI gerados a partir de 1999; em estrita obediência aos termos do artigo 11 da Lei n° 9.779/99”. (...)” Fl. 1597DF CARF MF Processo nº 13819.001586/200316 Acórdão n.º 1201001.942 S1C2T1 Fl. 6 9 Resolução nº 1201000.179 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Recurso de Ofício Partese do entendimento de que apesar do registro feito pelo relator originário da Resolução nº 10700722 de que o recurso de oficio “atende aos requisitos legais”, viuse pelo seu relatório e voto que, para chegar a tal conclusão, teria partido de premissa equivocada, pois entendera que o acórdão recorrido teria exonerado integralmente a aplicação da multa de ofício aos débitos constantes do processo. Entretanto, constatou este Conselho que o acórdão recorrido deixou bem claro que o entendimento referido pelo i. conselheiro relator originário aplicavase tão somente aos débitos relativos ao lançamento das estimativas devidas nos meses de fevereiro e abril de 2002, informados em DCTF, mas não aos demais débitos lançados, que dizem respeito ao IRPJ devido no ajuste anual, e não informado em DCTF, dos anoscalendário de 1999 a 2001. Ocorre que, segundo o posicionamento deste Conselho, tais valores, somados, não atingiram o limite de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) fixado pela Portaria MF nº 3 de 03.01.2008. Não fora conhecido, portanto, o recurso de ofício. Recurso Voluntário Inicialmente constatouse que são diversos os processos em que foram efetuadas compensações com débitos de estimativas de IRPJ, a saber: 13819.000495/0022, 13819.001109/0092, 13819.001447/0015, 13819.002172/9959, 13819.002629/9952, 13819.000562/0170 e 13819.000568/0147. Em seguida indicouse que, embora a diligência solicitada pela extinta 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes tenha feito referência tão somente aos três primeiros processos acima referidos, seria possível verificar, pela análise de algumas peças contidas nos autos, que os processos 13819.002172/9959 e 13819.002629/9952 também dizem respeito a períodos de apuração do IPI já sob a vigência da Lei n°. 9.799/99. Disto, concluiuse que somente os dois últimos processos citados no parágrafo imediatamente acima (13819.000562/0170 e 13819.000568/0147) se referiam aos pedidos de apuração do IPI anteriores à vigência da referida lei. No caso destes dois processos relativos aos períodos anteriores à Lei n°. 9.799/99, a sua conexão com o Mandado de Segurança n° 1999.61.14.0047289 seria direta e notória. Quanto ao referido processo judicial, apurouse na página do TRF da 3ª Região, que a sentença que originalmente conferia a segurança ao contribuinte, foi inteiramente reformada em segunda instância (o Tribunal deu provimento à apelação da União Federal e negou provimento à apelação da impetrante), e que o contribuinte desistiu da referida ação em 25/02/2010, tendo o acórdão transitado em julgado em 19/04/2010. Fl. 1598DF CARF MF 10 Deste modo, foram desconsiderados referidos processos administrativos para fins da compensação dos débitos de IRPJ alvos desta presente demanda. Pelo exposto, propôsse nova conversão do julgamento em diligência para que a autoridade administrativa de jurisdição do contribuinte informasse, após a prolação de decisão administrativa final e irrecorrível no âmbito dos processos 13819.000495/0022, 13819.001109/0092, 13819.001447/0015, 13819.002172/9959, e 13819.002629/9952, quais os valores de estimativas de IRPJ relativas aos anos calendários 1999 e 2000 (que ainda não haviam sido consideradas no cálculo do IRPJ ajuste lançado no presente processo) tiveram a sua compensação, afinal, homologada. Informação Fiscal Em resposta à diligência concluiu a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinville (SC) que todos os PAFs citados estão arquivados e, em nenhum caso, houve homologação das compensações pretendidas. Contrarazões Em suma o ora recorrente alega que, apesar da existência de processos administrativos instaurados para a análise do crédito de IPI já arquivados, a possibilidade de discussão da inexigibilidade dos débitos de IRPJ estaria condicionada à certeza e liquidez dos créditos, circunstancia até o momento não exaurida. Logo, afirma tratarse de uma consequência lógica: não há como se afastar a origem do crédito glosado que originou o auto de infração ora guerreado. Em razão dos argumentos apontados pugna pelo julgamento do mérito do recurso voluntário e que seja procedida a análise das razões recursais juntamente com a origem do crédito (art. 11 da lei 9.799/99) para o fim de confirmar a inexigibilidade da cobrança dos débitos de IRPJ remanescentes na discussão administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis, merecendo ser apreciado. Fl. 1599DF CARF MF Processo nº 13819.001586/200316 Acórdão n.º 1201001.942 S1C2T1 Fl. 7 11 Mérito A análise destes autos guarda relação direta com a verificação de saldo credor de IPI, decorrente de aquisição de insumos (matériaprima, produto intermediário e material de embalagem) empregados na industrialização de bens tributados por alíquota zero. Para fins da apreciação aqui pendente, tal direito creditório fora materializado para a compensação de estimativas de IRPJ dos anoscalendário de 1999 e 2000 e impactam na averiguação correta do ajuste anual de IRPJ devido. Ocorre que a instituição da Lei nº 9.799/99 e da IN nº 33/1999 demarcam o elemento temporal autorizador do aproveitamento de crédito de MP, PI e ME adquiridos quando o produto industrializado é isento de pagamento do IPI (saída). Tais normativos positivaram a formação do referido direito creditório somente a partir de 01.01.1999. Anteriormente à vigência da Lei (regulamentada pela Instrução Normativa), pois, no período de junho de 1994 a dezembro de 1998, não há que se falar em aproveitamento de créditos de IPI nestas condições. Deste modo restou instalado nos autos total incerteza quanto à suficiência do direito creditório do recorrente, a depender da data exata em que os respectivos créditos foram apurados. Os pedidos de restituição e os conseqüentes pedidos de compensação foram instrumentalizados em processos específicos e servem para, então, validar aqui o real montante apurado no ajuste anual, norteando, assim, o IRPJ devido. A presente demanda atinge, neste momento, um nível probante maduro e robusto, que indica documentos e alegações hábeis e idôneas a demonstrar a verdade da controvérsia instalada. Já identificouse parcialmente o montante do crédito tributário, apontando e deduzindo todos os pagamentos de estimativas efetivamente feitos, restando pendente a validação de parte das compensações intentadas. Também depurouse que o Mandado de Segurança nº 1999.61.14.0047289 transitou em julgado em 19/04/2010, autos nos quais se decidiu pela impossibilidade de aplicação retroativa da Lei nº 9.779/99, conferindose provimento à apelação da União. O contribuinte desistiu da ação em 25/02/2010. Deste modo foram desconsiderados aqui os créditos pleiteados nas compensações veiculadas pelos processos nºs 13819.000562/0170 e 13819.000568/0147, uma vez oriundos daquele mandamus. Além disso, especificamente quanto ao ano de 2001, consta nestes autos a desistência integral do litígio, posto que os débitos deste período foram alvo de parcelamento por parte do recorrente. Por fim, constatase que a multa de ofício fora proporcionalmente excluída da cobrança das estimativas devidas nos meses de fevereiro e abril de 2002, entendendo a DRJ Fl. 1600DF CARF MF 12 que não houve imputação objetiva das hipóteses de fraude ou dolo previstas no art. 74, §12, d, da Lei nº 9.430/96. Nesta fase final e conclusiva, então, o que restou irresoluto de evidenciação fora a suficiência dos créditos pleiteados nos autos dos processos nºs 13819.000495/0022, 13819.001109/0092, 13819.001447/0015, 13819.002172/9959, e 13819.002629/9952, que supostamente abarcavam o aproveitamento de IPI em períodos subseqüentes à data de vigência e plena eficácia da Lei nº 9.779/99. Ocorre que, em resposta a diligência solicitada neste sentido, a fiscalização firmou a insuficiência dos créditos em todos os processos listados acima. Vejamos as considerações dispostas na Informação Fiscal 166/2016, em fls. 1561 a 1563. O recorrente alega que creditouse do IPI contabilizado mediante a aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos tributados por alíquota zero nos períodos de 01/10/1999 a 31/12/1999 (PA n. 13819.000495/0022), de 01/01/2000 a 31/03/2000 (13819.001109/0092), de 01/04/2000 a 30/06/2000 (13819.001447/0015). Quanto aos citados processos administrativos demonstrou a fiscalização que as compensações foram indeferidas, bem como as conseqüentes manifestações de inconformidade. Posteriormente, o contribuinte não apresentou os respectivos recursos voluntários, razão pela qual as demandas foram arquivadas. Na análise dos dois outros processos, acabouse por apensar o processo 13819.002629/9952 ao 13819.002172/9959. O despacho decisório proferido houve por bem indeferir os pedidos de ressarcimento e o contribuinte não apresentou manifestação de inconformidade, levando ao encerramento da lide e posterior arquivamento. Desta forma concluiu a fiscalização: “(...) 10.Concluiuse, para atendimento da Resolução 1201000.179 do Carf, que todos os PAFs citados estão arquivados e, em nenhum caso, houve homologação das compensações pretendidas. (...)” O contribuinte apresentou suas contrarazões, confrontando as informações ultimadas na Informação Fiscal nº 166/2016, em suma impulsionando a análise da origem de seu direito creditório, pugnando pela desconsideração de qualquer inobservância de ordem formal que a comprometesse. Ocorre que, primeiramente, não é alçada desta Turma julgadora, tampouco desta Seção ou desta demanda, a análise da origem e formação do direito creditório do recorrente, pois o que discutese aqui é o IRPJ devido no ajuste anual dos anos de 1999 e 2000. Depois, cabe ressaltar, apenas à título elucidativo, que o direito ao aproveitamento do crédito nos termos e condições aqui especificadas é impossível, quando considerada a patente irretroatividade da eficácia da Lei nº 9.779/99. Fl. 1601DF CARF MF Processo nº 13819.001586/200316 Acórdão n.º 1201001.942 S1C2T1 Fl. 8 13 Ora, restou exposto que o indeferimento das compensações procedeu, essencialmente, a pendência de discussão judicial ainda não transitada em julgado e ainda o obrigatório atendimento ao disposto na lei supracitada, uma vez que os créditos discutidos teriam sido originados em período anteriores. Desta feita é de se pesar que, por óbvio, o direito creditório não existia antes da lei que o criou. Os contribuintes passaram a ter oportunidade de creditarse do IPI apenas posteriormente à vigência da Lei nº 9.779/99, descartando aqui qualquer possibilidade de efeitos retroativos, no afã de se resguardar a segurança jurídica desta relação jurídicotributária. Ademais, este é o entendimento consolidado perante este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF): “Súmula CARF nº 16: O direito ao aproveitamento dos créditos de IPI decorrentes da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos cuja saída seja com isenção ou alíquota zero, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos pelo estabelecimento do contribuinte a partir de 1º de janeiro de 1999.” Uma vez constatado o indeferimento definitivo e irreversível das compensações, resta inequívoca a inexistência do direito creditório do contribuinte, razão pela qual tais valores não devem ser considerados para fins de cálculo do devido em ajuste anual. Conclusão Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 1602DF CARF MF 14 Fl. 1603DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11474.000162/2007-72
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1997 a 31/07/2005
CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. AGROINDÚSTRIA. NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
Não se vislumbra a existência de divergência jurisprudencial, quando o acórdão paradigma se utiliza da aplicação de norma tributária diversa da constante do acórdão recorrido, inclusive tratando-se de tributo distinto.
Numero da decisão: 9202-006.676
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício)
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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AGROINDÚSTRIA. NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Não se vislumbra a existência de divergência jurisprudencial, quando o acórdão paradigma se utiliza da aplicação de norma tributária diversa da constante do acórdão recorrido, inclusive tratandose de tributo distinto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 47 4. 00 01 62 /2 00 7- 72 Fl. 2748DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Contribuinte contra o Acórdão n.º 2401001.629 proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 10 de fevereiro de 2011, no qual restou consignada a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1997 a 31/07/2005 CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. AGROINDÚSTRIA NÃO ENQUADRADA NO ARTIGO 2° DO DECRETOLEI N° 1.146/1970. As agroindústrias não enquadradas no artigo 2°, do DecretoLei n° 1.146/1970, o qual se refere apenas as que possuem processo produtivo rudimentar, eram obrigadas a recolher, no período de 02/2001 a 10/2001, sobre a folha de pagamento de seus setores industriais/comerciais as contribuições destinadas ao SalárioEducação, INCRA, SENAI e SESI. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/1997 a 31/07/2005 AÇÕES FISCAIS INICIADAS ANTES DE 08/2005. IMPOSSIBILIDADE DE TÉRMINO ATÉ 31/12/2005. POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO. O Decreto n. 5.614/2005, previa a possibilidade de prorrogação para além de 31/12/2005 das ações fiscais iniciadas antes de 08/2005, quando não se pudesse encerrálas naquela data. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 31/07/2005 ALEGAÇÕES GENÉRICAS E DESPROVIDAS DE PROVAS. NÃO CONHECIMENTO. Não merecem conhecimento as alegações que não se refiram à situação ou fato específico e/ou que não indiquem as provas em que se funda. Recurso Voluntário Negado Conforme descrito pela Decisão de Origem, foram lançadas: contribuições previdenciárias da empresa sobre remuneração paga a segurados empregados; contribuições previdenciárias da empresa sobre remuneração paga a segurados contribuintes individuais; contribuições para o financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho (até 06/1997) e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho — RAT (a partir de 07/1997); contribuições do salárioeducação; contribuições para o INCRA; contribuições para o SENAI; contribuições para o SESI; e contribuições para o SEBRAE. Fl. 2749DF CARF MF Processo nº 11474.000162/200772 Acórdão n.º 9202006.676 CSRFT2 Fl. 3 3 Conforme o relatório fiscal de fls. 185/186, os fatos geradores das contribuições lançadas foram remunerações pagas a segurados empregados e a segurados contribuintes individuais. Ainda de acordo com o citado relatório, essas remunerações foram apuradas com base em folhas de pagamento e Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP's) apresentados pela Notificada. Além desse lançamento, foram lavrados os discriminados a seguir: NFLD 37.002.2912, NFLD 37.002.2904, NFLD 37.002.2920, AI 37.002.2947, AI 37.002.2882, AI 37.002.2939 e AI 37.002.2874. Irresignada a contribuinte apresentou impugnação, contudo, por meio do Acórdão n.º 0710.083 5ª Turma da DRJ/FNS, a Delegacia de Origem entendeu pela procedência do lançamento. Posteriormente, a Sexta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, ao proferir o Acórdão n.º 20601.251, fls. 2134 e seguintes, entendeu pela nulidade da decisão a quo, tendo em vista a ausência de intimação da contribuinte para manifestação acerca dos atos processuais/diligência requeridos antes da decisão de primeira instância. Ao tomar conhecimento da Informação Fiscal, a empresa apresentou as alegações de fls. 1172/1176. Após, a DRJ em Florianópolis (SC) declarou o crédito parcialmente procedente, reconhecendo a decadência para as contribuições relativas ao período de 04/1997 a 01/2001, fls. 1201/1213. Com a análise do Recurso Voluntário interposto pela Contribuinte, restou mantida a decisão recorrida. Posteriormente, foi interposto Recurso Especial pela Contribuinte, fls. 2.672 e seguintes, com o fito de rediscutir o seu enquadramento no conceito legal de agroindústria, no qual, acerca da divergência, a Recorrente Sustenta que o Acórdão vergastado adotou entendimento distinto do posicionamento adotado no Acórdão nº 1402000.271. Foi realizado exame de admissibilidade, fls. 2.737 a 2.740, sendo dado seguimento ao citado Recurso para a rediscussão da questão suscitada, com as seguintes considerações: Mediante análise dos autos, vislumbro a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigma. Interessa notar que tanto o aresto atacado quanto o paradigma tratam de lançamentos referentes ao anocalendário 2001 e que ambas as decisões referemse à mesma empresa. Enquanto o acórdão recorrido conclui que a recorrente não pode ser enquadrada no conceito legal de agroindústria (...). No que se refere ao mérito, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) se a atividade desenvolvida pela recorrente é única, não se pode acatar que para determinado aspecto é tida como atividade rural e para outra não seja como atividade rural, ou seja, há Fl. 2750DF CARF MF 4 uma interpretação divergente à lei tributária, merecendo reforma o acórdão ora recorrido; b) o paradigma serve como mérito do recurso, que, por si apresenta as razões recursais de identificação da atividade rural. Por meio de contrarrazões, fls. 2.742 a 2.744, a Procuradoria da Fazenda não se insurgiu relativamente ao conhecimento do recurso, sustentando, em síntese, quanto ao mérito, que: a) preciso entender que agroindústria é o produtor rural que industrializa, e não o contrário, ou seja, a indústria que mantém uma pequena produção agrícola ou pecuária; b) a empresa em comento, até 10/2001, uma vez que possuía equipamentos de alta tecnologia se caracterizava como indústria, uma vez que não há como ser considerada atividade rural no estrito senso da denominação; c) no período a que se refere a recorrente, ou seja, de 02 a 10/2001 o recolhimento das contribuições das agroindústrias era regulamentado pela Ordem de Serviço INSS/DAF n.159, de 02/05/1997; d) temos que o art. 2. º do Decreto 1.146/1970 tem por escopo proporcionar uma desoneração fiscal para as indústrias destinadas à produção de bens simples para industrialização ou consumo, para os quais se emprega processo produtivo de baixa complexidade; e) considerando‑ se que as atividades desenvolvidas pela recorrente não se referem apenas ao tratamento rudimentar da matéria prima, tenho que agiu correto a Auditoria Fiscal, quando aplicou a alíquota de 5,8% sobre a remuneração dos trabalhadores do setor industrial para obter a contribuição devida aos terceiros. É o relatório Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora 1. Do conhecimento do recurso Cumpre destacar que não foi suscitada a questão do conhecimento pela Recorrida. Assim, passo a apreciar a matéria de ofício, tendo em vista que o acórdão paradigma trata de IRPJ (aplicação da Lei 8.023/90) e o acórdão recorrido dispõe sobre Contribuições Sociais previdenciárias (aplicação do art. 2º do Decreto 1.146/1970). Embora a discussão seja o enquadramento da contribuinte na atividade de agroindústria, entendo que a discussão travada no acórdão paradigma tem como fundamento de suporte legislação distinta não aplicável ao caso em comento, razão pela qual não se poderia Fl. 2751DF CARF MF Processo nº 11474.000162/200772 Acórdão n.º 9202006.676 CSRFT2 Fl. 4 5 afirmar que a presente lide, caso apreciada por Turma que analisou o Paradigma, teria a mesma solução. Portanto, restam descumpridos os requisitos de admissibilidade do Recurso Especial, consoante o art 67 do Regimento Interno do CARF abaixo transcrito: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do Recurso Especial interposto pela Contribuinte. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Fl. 2752DF CARF MF
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