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Numero do processo: 10283.720009/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO.
O incentivo fiscal de restituição do ICMS, quando não atrelado ao investimento na aquisição de bens ou de direitos referentes à implantação ou expansão do empreendimento projetado, é estímulo fiscal que se reveste das características próprias das subvenções para custeio, não se confundindo com as subvenções para investimento, e deve ser computado no lucro operacional das pessoas jurídicas, sujeitando-se, portanto, à incidência do imposto sobre a renda.
CSLL . LANÇAMENTO REFLEXO.
A decisão de mérito prolatada no lançamento do IRPJ aplica-se à CSLL, pois se trata de exigência reflexa, apoiada nos mesmos fatos que ensejaram o lançamento daquele.
Numero da decisão: 1201-001.556
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos o Relator e os Conselheiros Luiz Paulo e Luis Henrique, que lhe davam provimento. Declarou-se impedido o Conselheiro José Roberto Adelino. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Carlos.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO- Relator.
(assinado digitalmente)
JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva (Suplente).
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. O incentivo fiscal de restituição do ICMS, quando não atrelado ao investimento na aquisição de bens ou de direitos referentes à implantação ou expansão do empreendimento projetado, é estímulo fiscal que se reveste das características próprias das subvenções para custeio, não se confundindo com as subvenções para investimento, e deve ser computado no lucro operacional das pessoas jurídicas, sujeitandose, portanto, à incidência do imposto sobre a renda. CSLL . LANÇAMENTO REFLEXO. A decisão de mérito prolatada no lançamento do IRPJ aplicase à CSLL, pois se trata de exigência reflexa, apoiada nos mesmos fatos que ensejaram o lançamento daquele. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos o Relator e os Conselheiros Luiz Paulo e Luis Henrique, que lhe davam provimento. Declarouse impedido o Conselheiro José Roberto Adelino. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Carlos. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 00 09 /2 00 9- 10 Fl. 302DF CARF MF 2 LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. (assinado digitalmente) JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes, José Carlos de Assis Guimarães e José Roberto Adelino da Silva (Suplente). Relatório Versa o presente processo sobre os Autos de Infração em fls. 27 a 38 relativos ao Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ e Contribuição Social Sobre o Lucro LíquidoCSLL, anocalendário de 2003, com crédito total apurado no valor de R$ 22.775.803,74, incluindo o principal, a multa de ofício e os juros de mora, atualizados até 28/11/2008. De acordo com a Descrição dos Fatos do Auto de Infração, o sujeito passivo incorreu na seguinte infração: Contabilização indevida de subvenções para investimento. A infração tem origem no fato do contribuinte não ter apresentado à fiscalização os documentos comprobatórios da efetiva aplicação desses recursos em investimentos na implantação ou expansão do empreendimento econômico da empresa, conforme interpretação dada pelo Parecer Normativo CST n° 112/78. Sobre a exigência principal foi aplicada a multa de ofício 75 %. Impugnação Da impugnação apresentada pela ora recorrente, merecem destaque e a reprodução de alguns pontos específicos elencados no v. acórdão recorrido, quais sejam: “(...) Da ilegalidade da PN 112 1. Nos termos do art. 38, 2°, da Lei n° 1.598/77, as subvenções para investimentos e as doações feitas pelo poder público não são computadas na apuração do lucro real, desde que registradas na conta de reserva de capital e não distribuídas aos sócios da beneficiária; 2. Dessa forma, o texto legal condiciona a neutralidade do tratamento tributário das subvenções para investimento concedidos como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos unicamente a esse dois requisitos; 3. A exigência imposta pelo PN 112, a fim de tomar obrigatória a destinação dos recursos das subvenções para investimento em contas de ativo permanente e ilegal. Isto porque a implantação ou expansão de uma planta industrial necessita de outros investimentos, tais como despesas de projetos, financiamentos, Fl. 303DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 302 3 energia, transporte, matériaprima, estoques, mercadorias, capital de giro, recursos humanos, etc.; 4. Nesse sentido caminha a jurisprudência administrativa do CSRF e do Conselho de Contribuintes; Da interpretação equivocada do PN 112 5. Que além disso, a autoridade lançadora interpreta equivocadamente o PN 112 ao exigir a concomitância entre a percepção da subvenção e a aplicação na aquisição de bens do ativo fixo. Isto porque é notória a impossibilidade de vinculação do recebimento do incentivo à instalação ou ampliação da planta. Nesse sentido o acórdão CSRF 0l04.475 de 2003; Da comprovação do investimento 6. Pela análise dos documentos de concessão do incentivo fiscal (Laudos de Inspeção e Decretos Concessivos doc 4) com a movimentação do saldo do ativo permanente (doc 5), resta claro que o recurso do benefício do ICMS foi aplicado na expansão da planta da impugnante; 7. Ao longo dos anos de 2002 e 2005 foram investidos R$ l89.426.282,47 em aquisições para bens do ativo permanente; 8. Somente no ano de 2003 essas aquisições foram de R$36.385.009,30; 9. É descabida a exigência de que os recursos recebidos (como subvenção) sejam aplicados em aquisições e investimentos no mesmo anocalendário do gozo do benefício; 10. Caso se entenda que a impugnante não comprovou a aplicação integral dos recursos percebidos, requer a redução proporcional da autuação; Da impossibilidade de tributação de qualquer subvenção 11. As subvenções para investimento equiparamse às doações realizadas pelo poder público, não estando portando sujeitas à tributação na forma do art. 38, §2°, do DecretoLei n° 1.598/77. Nesse sentido o Acórdão CC l0706.266, de 2001; Da taxa SELIC 12. Requer o afastamento da aplicação da Taxa SELIC sobre os débitos do processo; Da provas 13. Requer a ajustada posterior de provas.(...)” Acórdão nº 0117.391 – 1ª Turma da DRJ/BEL Das decisões administrativas Fl. 304DF CARF MF 4 De início firmouse o entendimento de que seriam improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, ora recorrente, uma vez que tais decisões, mesmo que proferidas por órgãos colegiados, sem uma lei que lhes atribua eficácia normativa, não constituem normas complementares do Direito Tributário. Ainda neste sentido, esclareceuse que mesmo o CARF decidindo reiteradas vezes sobre determinada questão, pode a autoridade administrativa da Delegacia de Julgamento ter outro raciocínio/posicionamento acerca da mesma, salvo na hipótese de edição de súmula administrativa, na forma do artigo 26A do Decreto 70.235/I972, incluído pela Lei n° 1l.l96/2005. Da apreciação de ilegalidade de atos normativos Elucidouse que, no caso específico da administração tributária federal, o art. 7º da Portaria MF nº 58/2006 determina que a autoridade julgadora de 1ª instância deve observar o conteúdo das disposições legais, bem como o entendimento da Receita Federal expresso em atos tributários, como é o caso do Parecer Normativo. Decidiu, então, a autoridade julgadora, pela falta de competência para apreciar a arguição de ilegalidade do Parecer Normativo observado no procedimento fiscal. Da caracterização da subvenção Entendeuse que pela leitura dos arts. 443 e 545 do RIR/99, certo é que a subvenção para investimento está condicionada a não distribuição (dos recursos) aos sócios e ao registro como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para o aumento de capital ou amortização de prejuízo. Todavia, quedouse obvio que uma subvenção para investimento deve ter o destino a que se propõe, qual seja, o dispêndio com investimentos na empresa. Explanouse que, do contrário, esta receita perderia sua finalidade e característica peculiar, a subvenção para investimento, para se amoldar ao fim a que fora de fato destinado. Prosseguiuse esclarecendo que o recurso financeiro, decorrente da isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, deve ser, efetiva e necessariamente, aplicado na implantação ou expansão da estrutura econômica da empresa, sem o que perde seu caráter de subvenção para investimento e, consequentemente, o benefício fiscal (isenção do IRPJ e da CSLL). Por fim evidenciouse que não é o caso de deixar de registrar o recurso (da subvenção de investimento) na conta reserva de capital para destinalo às contas do ativo permanente, como quis fazer crer a recorrente. Mas, sim, de destinar o recurso ao efetivo acréscimo da estrutura produtiva da empresa, registrandoo nas contas de investimento do ativo, em contrapartida à conta de reserva de capital. Da interpretação do Parecer Normativo 112/78 Como razão para decidir, a autoridade julgadora aduz que segundo a fiscalização “o contribuinte não apresentou os documentos comprobatórios da efetiva aplicação desses recursos, decorrentes dos incentivos fiscais concedidos pela legislação do ICMS, em investimentos na implantação ou expansão do empreendimento econômico da empresa, indicando as contas contábeis do Ativo Permanente ‘em que foram contabilizados’ esses investimentos.” Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 303 5 Entendeuse que a mera indicação das contas contábeis em que foram destinados os recursos percebidos não comprova a destinação destes. A uma porque não há identifica os fatos contábeis relacionados à aplicação destes recursos. A duas, não comprova a veracidade destes fatos contábeis. Firmouse que deveria o contribuinte ter indicado os registros contábeis que retratam a aplicação dos recursos ao investimento e, ainda, apresentado os documentos de suporte destes lançamentos contábeis. Da comprovação do investimento Evidenciouse que os Laudos de Inspeção e Decretos Concessivos, a que se refere a recorrente (fls. 2229 do Anexo I), concedem o benefício fiscal como incentivo à produção de determinados produtos. Nestes termos, a subvenção proporcionada pela legislação do ICMS do estado do Amazonas à recorrente revelouse como natureza de incentivo fiscal de custeio da produção, e, não, de investimento, pois não faria nenhuma referência à implantação ou ampliação do parque produtivo da recorrente. Concluiuse que os recursos derivados dessa subvenção deveriam integrar a receita bruta operacional da pessoa jurídica, nos termos do art. 392, inciso I, do RIR/99. Da tributação da subvenção Expôs a autoridade julgadora que o impugnante se assenta na tese de que o art. 38, §2°, do DecretoLei n° 1.598/77, haveria revogado o art. 44, IV, da Lei nº 4.506/64. Entendeuse, no entanto, que o argumento não tem razão de ser, pois, quisesse o legislador isentar a subvenção para custeio e produção teria sido expresso ao incluí la no texto permissivo (art. 38, §2°, DecretoLei n° 1.598/77), em consonância com o art. 111, inciso II, do CTN. Acrescentouse que o poder executivo interpretou que o art. 44, IV, da Lei nº 4.506/64 continua vigente quando o inseriu dentre as disposições do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (art. 392, inciso l, Decreto n° 3.000/99), não podendo a autoridade administrativa deixar de aplicálo, nos termos do art. 116, Ill, da Lei n° 8.112/90. Da taxa SELIC Desconhecerase o pedido uma vez não demonstrada a causa petendi. Do pedido de apresentação extemporânea de provas Por fim, a recorrente pede a ajustada posterior de provas. Não obstante as disposições do §4° do art. 15 do Decreto n° 70.235/72, considerouse que o pedido perdeu seu objeto ante o julgamento da lide. Conclusão A Turma da DRJ julgou IMPROCEDENTE a Impugnação da Contribuinte. Recurso Voluntário O recurso voluntário se mantém em idênticos termos aos argumentos trazidos em sede de impugnação. Ressalvase que o ora recorrente não se manifesta quanto a aplicação Fl. 306DF CARF MF 6 da taxa SELIC e tampouco protesta pela juntada posterior de quaisquer documentos que se façam necessários para efetiva demonstração e comprovação das alegações de fato e direito efetuadas, em estrita observância ao Princípio da Verdade Material. Mesmo assim, cabe destaque e reprodução de alguns pontos importantes expostos no Recurso: “(...) 21. Do exposto, verificase que as (i) subvenções para investimento, inclusive concedidas mediante isenção ou redução de impostos, como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos; e (ii) as doações feitas pelo Poder Público terão tratamento fiscal neutro, desde que REGISTRADAS EM CONTA DE RESERVA DE CAPITAL, NÃO PASSÍVEL DE DISTRIBUIÇÃO AOS SÓCIOS DA BENEEICIÁRIA. (...) 27. Contudo, é certo que o próprio PN 112 demonstra, nos termos acima ressaltados, que a ausência de observância dos requisitos do artigo 38, do DecretoLei nº 1.598/77, não modifica a natureza da subvenção, mas apenas demonstra não ter sido destinada à instalação ou expansão de empreendimentos econômicos, ficando, destarte, impedida de fruir do regime tributário previsto no artigo 38, do DecretoLei 1.598/77, nos termos de seu item 2.14 acima referido. (...) 32. Vale aqui notar que a I. Autoridade Fiscal, em nenhum momento, opôs dúvida sobre o atendimento de tal requisito pela Recorrente, reconhecendo que as contrapartidas do benefício de redução de ICMS percebido do Estado do Amazonas foram registradas e mantidas em conta de reserva de capital. (...) 36. Nesse sentido, não obstante a clareza do artigo 38, acima referido, a Receita Federal do Brasil editou o PN 112, no qual estipula requisitos que não guardam amparo na redação do artigo 38, do DecretoLei n° 1.598/77 para que seja verificada a destinação das subvenções para investimento à implantação e expansão de empreendimentos. 37. De fato, pretende tal normativo instituir que a subvenção para investimento apenas terá sido aplicada na implantação ou expansão do empreendimento econômico se houver comprovação documental de utilização dos recursos concedidos pelo Poder Público na aquisição de mercadorias e direitos destinados à instalação ou expansão de empreendimento econômico, ou seja, em bens do ativo permanente. 38. Como visto, tal requisito é descabido e inconsistente ao mecanismo adotado pelo artigo 38, do DecretoLei 1.598/77. 39. Isso porque o Poder Público, ao conceder a subvenção para investimento com o propósito de auxiliar a implantação ou Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 304 7 expansão do empreendimento econômico, não imagina que o beneficiário irá aplicar os recursos apenas na aquisição de bens do ativo permanente, visto que a execução de projeto de tal monta não depende apenas de tais bens, como se pode facilmente imaginar. 40. Uma planta industrial necessita, por óbvio, de bens do ativo permanente, mas também de infraestrutura (fornecimento de energia, água, telefonia, etc.), pessoal treinado e habilitado a operar as máquinas de produção, tecnologia, matériaprima, dentre outros itens. 41. Carece de sentido lógico exigir a comprovação da totalidade da aplicação dos recursos decorrentes da subvenção para investimento na aquisição de ativo permanente. Como poderia uma planta industrial funcionar apenas com máquinas, sem funcionários, energia, matériaprima, etc?!! 42. Visto que é impossível ao Poder Público condicionar a aplicação dos recursos a apenas uma espécie de bens para que se verifique sua aplicação na respectiva instalação/expansão, dada a multiplicidade de itens necessários para o funcionamento de empreendimento econômico, é que o artigo 38, do Decreto Lei 1.598/77, buscou mecanismo que permita assegurar a manutenção dos recursos no patrimônio líquido da pessoa jurídica, garantindo sua utilização no financiamento do empreendimento econômico. 43. Não fosse tal conclusão decorrer da lógica da atividade negocial, é forçosa também em vista do texto do artigo 38, do DecretoLei 1.598/77, dado não haver em sua redação QUALQUER REQUISITO EM SENTIDO DIVERSO, SENDO NECESSÁRIO CONCLUIR PELA ILECALIDADE Do RACIOCÍNIO CONSTRUÍDO PELO PN 112 E ADOTADO PELA I. AUTORIDADE FISCAL AUTUANTE! (...) 45. O doutrinador, em linha com o raciocínio ora sustentado, demonstra que o termo “investimento”, qualificador das subvenções para investimento a que se aplica o artigo 38, do DecretoLei 1.598/77, deve ser adequadamente interpretado a fim de abranger quaisquer formas de aplicação dos recursos advindos do Poder Público. (...) 51. O que não se pode pretender é que a empresa condicione o cronograma de investimentos à percepção do benefício, visto que a execução de obras, contratação e treinamento de funcionários e a aquisição de maquinário de alto valor agregado não podem ser realizadas sem planejamento financeiro e negocial adequado, o qual não poderá ficar completamente vinculado à natural flutuação do montante do Fl. 308DF CARF MF 8 benefício fiscal percebido em cada mês, visto que o ICMS incide sobre as vendas. (...) 64. Especificamente no que tange à Recorrente, da análise dos documentos acostados aos Autos (mormente os Laudos de Inspeção e Decretos Concessivos) (doc. 4 da Impugnação) verificase que, desde o início da concessão dos incentivos fiscais, teve aprovados diversos projetos de implantação e diversificação de linhas de produção no Estado, sendo editados os competentes Decretos Governamentais para a concessão das subvenções de ICMS, bem como emitidos diversos Laudos de Inspeção pela SIC, seguidamente renovados por aquela Secretaria, considerando o constante adimplemento pela Recorrente das condições para a implantação do benefício. (...) 67. De fato, caso a fiscalização tivesse analisado, em mais detalhes os registros contábeis da Recorrente (doc. 5 da Impugnação), teria facilmente constatado, mediante exame do Razão Contábil da conta de ativo permanente, que as aquisições de bens para o ativo, ao longo dos anos de 2002 a 2005, foram de ordem de R$ 189.426.282,47! (...) 69. Especificamente no que tange ao anocalendário de 2003, objeto da autuação, a análise do Razão Contábil demonstra aquisições de bens para a composição do ativo no montante de R$ 36.385.009,30. (...) 72. Ora, ao se analisar as disposições de todo e qualquer projeto técnico de implantação e/ ou diversificação de uma planta ou linha de produção, notase a existência de um rígido cronograma de investimentos, o qual sempre é objeto de estudos de viabilidade econômica, com o intuito de assegurar a exeqüibilidade dos projetos. 73. É absurdo imaginar_ que companhias do porte da Recorrente poderiam, simplesmente, gastar os recursos recebidos do Poder Público, sem qualquer critério, na medida em que esses sejam percebidos. 74. Certo é que para a correta e oportuna aplicação dos recursos é necessária a elaboração de um planejamento a médio e longo prazo, de forma a permitir que os investimentos realizados apresentem os níveis de eficiência, funcionalidade e rentabilidade pretendidos. (...) 76. Por todo o exposto, tendo a Recorrente comprovado a aplicação dos recursos oriundos do incentivo percebido do Estado do Amazonas na aquisição de bens do ativo permanente, restam atendidos os requisitos do PN 112, merecendo, também sob esse prisma, ser cancelada a presente autuação. Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 305 9 (...) 78. Por fim, a Recorrente esclarece que, ainda que prevaleça o absurdo enquadramento das subvenções por ela percebidas no conceito de “subvenções correntes” ou mesmo no conceito de “subvenções para investimento não concedidas como estímulo à implantação/expansão de empreendimentos econômicos”, é de se aplicar o regime tributário neutro introduzido pelo artigo 38, do DecretoLei 1.598/77. (...) 83. Ora, na medida em que as subvenções são tidas como uma forma de doação e as doações realizadas pelo Poder Público estão sujeitas ao regime tributário do artigo 38, do DecretoLei 1.598/77, é de se concluir que, desde a edição do normativo em questão, quaisquer transferências de recursos pelo Poder Público mantidas em reserva de capital no patrimônio líquido da pessoa jurídica não estarão sujeitas ao IRPJ e à CSLL, encontrandose derrogado o art. 44 da Lei 4.506/64, anteriormente transcrito, dada sua incompatibilidade com o disposto no artigo 38 ora mencionado! (...)” É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. Mérito Definição de Subvenção Em suma, o cerne da discussão atinge a tributação de recursos oriundos do benefício fiscal de restituição do ICMS, conferidos pelo Estado do Amazonas ao recorrente como subvenção para investimentos. A grande controvérsia daí decorrente insurgese da destinação destes recursos e do devido permissivo legal que a respalda, delimitando seu alcance e abrangência. Tratase, a subvenção, de um auxílio, uma ajuda pecuniária, dada a alguma instituição, com o claro intuito de que realize ou cumpra seus objetivos. É um instrumento comumente utilizado pelo Poder Público, dirigido às instituições que de alguma forma contribuem para a consecução de interesses públicos. Fl. 310DF CARF MF 10 Em suma, a relação que se estabelece é de reciprocidade, na qual a instituição particular está fazendo às vezes do Estado indiretamente, simplesmente através da realização de seu objeto social, e o Poder Público, em contrapartida, a socorre na otimização de sua finalidade operacional a partir do momento em que esta norteia um interesse da coletividade. A subvenção pode ter destinações distintas. São duas as possibilidades: i) subvenções para investimentos, que, em linhas gerais, devem ser destinadas a criação de bens de produção e de aplicação financeira ou, de outro modo, a implantação ou expansão de determinados empreendimentos econômicos; ii) subvenções correntes, para custeio ou operação, que estão ligadas ao suporte direto dos gastos ligados à atividade da empresa, fazendo frente aos seus custos e despesas operacionais. Afirmando tais definições, cumpre colacionar os ensinamentos brilhantemente apontados por Reinaldo Pizolio: “(...) No que tange à sua conceituação, a palavra subvenção encontra sua origem etimológica no latim, em subventio, de subvenire, que significa socorrer, ajudar, auxiliar. (...) a subvenção não apresenta nada de extraordinário, constituindose, antes, em relevante instrumento à disposição do Poder Público, para que este possa estimular determinadas atividades, operações e empreendimentos que encontram sua razão de ser na satisfação de determinados interesses públicos. Dessa forma, a subvenção, na qualidade de instrumento viabilizador de interesses públicos, submetese a regime jurídico próprio e pode comportar variados critérios de eleição para sua efetivação, sem que isto implique o desvirtuamento do instituto jurídico. Com efeito, a subvenção, que pode ser concedida pela União, pelos Estados e pelos Municípios, atende à necessidade de se fomentar o desenvolvimento de determinados setores econômicos ou regiões nos quais haja o interesse público especial. As subvenções correntes, que a lei tributária trata como direcionadas para o custeio ou para a operação, são aquelas concedidas à pessoa jurídica para que esta possa fazer frente aos seus custos, por assim dizer, comuns ordinários, como, por exemplo, necessidades de caixa ou determinados déficits operacionais. As subvenções para investimentos, por sua vez, caracterizamse pela destinação dos recursos à empresa para que sejam aplicados em sua expansão, em alocação de valores para implementação de seu parque industrial, ou ainda, por exemplo, para que desenvolva novas atividades econômicas. (...)” (Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Subvenções para Investimento. Artigo in Revista Dialética de Direito Tributário, v. 52. São Paulo: Dialética, 2002, p. 149.) Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 306 11 Ressaltese, neste momento, que a posição do presente julgador se afasta completamente da aproximação ordinariamente feita por parte da doutrina e jurisprudência entre o conceito de subvenção e o de doação. Enquanto este último perfaz um contrato de gratuidade/liberalidade, em que se pesa a inexistência de qualquer ônus ou encargo por parte do donatário, e, assim, a prevalência de uma vontade unilateral, o primeiro pressupõe uma contraprestação por parte do subvencionado (beneficiário), que em reação aos recursos a ele destinados, deve minimamente se comprometer a otimizar a concretização de seu objeto social. Por óbvio, a subvenção instala um regime jurídico específico, que, desta forma, guarda certas particularidades, o distanciando de um contrato bilateral típico, em que há um acordo de vontades entre as partes regido por certa proporcionalidade. O que se vê é uma obrigação prevalecente, a consecução do interesse público, e por isso a necessidade de que ambas as partes a esta se submetam, ainda que em graus diferentes de comprometimento. Em suma, o interesse público tem a força de ditar a vontade das partes, afastandoo da caracterização tanto de um contrato unilateral de doação, quanto o de um contrato bilateral ordinário. Vigora intocável o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado neste caso. No entanto é possível firmarse o entendimento inequívoco de que existem duas vontades e obrigações no contrato de subscrição, uma por parte do Poder Público, a fonte dos recursos e veículo de seu interesse, e outra por parte do subvencionado, o receptor dos recursos e o concretizador do mesmo interesse público. O Estado encontrou no objeto social de certas instituições privadas a materialização fática de seus interesses maiores. Há, então, na figura do beneficiário a responsabilidade de concretização do interesse público, sob pena de perda do auxílio do Estado via subvenção. Adiantouse anteriormente que rege o caso em tela uma suposta subvenção para investimento, cujos recursos são oriundos da redução de ICMS (benefício fiscal) concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Da forma como este contrato se estabelece, por exemplo, se confundem as repercussões econômicas da subscrição, da contraprestação do subvencionado e da atividade deste último, entre as vontades e obrigações das duas partes contratantes. Firmase uma relação cíclica que evidencia tal confusão: quanto melhor o desempenho operacional da instituição (quanto mais vendas), maior a monta proveniente da redução de ICMS, maior os recursos da subvenção para investimento, maior o estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, maior o fluxo de benefícios econômicos futuros e, assim, finalmente, melhor o desempenho operacional para os próximos períodos. E assim sucessivamente. O benefício está, portanto, condicionado às vendas e, assim, à otimização das vendas indiretamente. Neste contexto, quanto melhor o desempenho da entidade, maior o atendimento ao interesse público e a sociedade. Ambas as partes visam o mesmo fim e colhem Fl. 312DF CARF MF 12 dos mesmos frutos, sendo que a idealização e surgimento partem do Poder Público e os meios cabem a instituição privada. Tornase cristalino que há uma certa complexidade na forma como este contrato se constrói, em que se dificulta a separação exata entre a esfera pública e a esfera privada e o atendimento específico dos interesses de cada uma. Deve, conquanto, restar demonstrado de forma irretorquível que existem duas vontades e duas obrigações, o que de pronto descaracteriza um contrato de doação. Esperase uma reação do contribuinte no sentido de ao menos visar benefícios econômicos futuros (subvenção para investimento) ou otimizar seus resultados (subvenção corrente), sob pena de comprometer de maneira direta sua própria atividade, e consequentemente, seu dever de atendimento ao interesse público. Tratamento legal Superado este ponto, passase a analisar o tratamento legal expresso conferido a cada espécie de subvenção, especialmente no que concerne ao seu reconhecimento contábil e, consequentemente, ao cômputo ou não dos recursos na determinação do lucro real. Quanto a subvenção para investimento, a redação do art. 443 do RIR/99 e do §2º do art. 38 do DecretoLei nº 1598/77 tornam patente a obrigatoriedade de exclusão desta do lucro real, para fins de incidência do IRPJ e da CSLL: “Art. 443. Não serão computadas na determinação do lucro real as subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e as doações, feitas pelo Poder Público, desde que (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 38. §2º e DecretoLei nº 1. 730, de 1979, art. 1º, inciso VIII): I registradas como reserva de capital que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no art. 545 e seus parágrafos; ou II feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. (...) Art. 545. O valor do imposto que deixar de ser pago em virtude das isenções e reduções de que tratam os arts. 546, 547, 551, 554, 555, 559, 564 e 567 não poderá ser distribuído aos sócios e constituirá reserva de capital da pessoa jurídica, que somente poderá ser utilizada para absorção de prejuízos ou aumento do capital social (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 19, § 3º, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso I ). § 1º Consideramse distribuição do valor do imposto (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 19, § 4º, e DecretoLei nº 1.825, de 22 de dezembro de 1980, art. 2º, § 3º ): I a restituição de capital aos sócios, em casos de redução do capital social, até o montante do aumento com incorporação da reserva; Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 307 13 II a partilha do acervo líquido da sociedade dissolvida, até o valor do saldo da reserva de capital. § 2º A inobservância do disposto neste artigo importa perda da isenção e obrigação de recolher, com relação à importância distribuída, o imposto que a pessoa jurídica tiver deixado de pagar, sem prejuízo da incidência do imposto sobre o lucro distribuído, quando for o caso, como rendimento do beneficiário, e das penalidades cabíveis (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 19, § 5º, DecretoLei nº 1.825, de 1980, art. 2º, § 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 10 ). § 3º O valor da isenção ou redução, lançado em contrapartida à conta de reserva de capital nos termos deste artigo, não será dedutível na determinação do lucro real. (...)” “Art 38 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: (...) § 2º As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos concedida como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações não serão computadas na determinação do lucro real, desde que: a) registradas como reserva de capital, que somente poderá ser utilizada para absorver prejuízos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto no artigo 36 e seus parágrafos; ou b) feitas em cumprimento de obrigação de garantir a exatidão do balanço do contribuinte e utilizadas para absorver superveniências passivas ou insuficiências ativas. (...)” De modo oposto, as subvenções correntes são computadas no lucro real, integrando a receita bruta operacional, de acordo com inciso IV, do art. 44 da Lei nº 4506/64 e inciso I, do art. 392 do RIR/99, in verbis: “Art. 44. Integram a receita bruta operacional: I – O produto da venda dos bens e serviços nas transações ou operações de conta própria; II – O resultado auferido nas operações de conta alheia; III – As recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões; Fl. 314DF CARF MF 14 IV – As subvenções correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais.” “Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: I as subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de pessoas naturais (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, inciso IV ); Há nitidamente uma diferenciação quanto ao tratamento fiscal conferido as duas espécies de subvenção, que acabam por refletir a destinação específica conferida aos recursos na entidade e o consequente reconhecimento contábil exigido pelo legislador. Inversamente, a relação que se impõe, então, é no sentido de que a destinação dos recursos dentro da entidade ditará o tratamento contábil e, assim, o fim tributário dado a cada subvenção. O legislador claramente condiciona o cômputo ou não no lucro real a uma contabilização específica. Tratamento contábil Analisando as exigências e condicionantes do legislador no que concerne a seara contábil, escancarase a mens legis, a verdadeira essência de uma subvenção: sua natureza de auxílio e uma contraprestação direta ao interesse público. Devese deixar claro, incialmente, que a subvenção para investimento não enseja uma isenção fiscal, mas seu reconhecimento contábil é que naturalmente exclui os recursos do cômputo no lucro real. Ora, isenção fiscal pressupõe a ocorrência do fato gerador, o nascimento da obrigação tributária e somente depois a dispensa legalmente estabelecida do pagamento do tributo. No caso da sistemática que permeia a subvenção para investimento sequer ocorre o fato gerador, os recursos devem ser contabilizados em conta de reserva de capital e não devem transitar pelo resultado. Há uma transferência de capital. À título elucidativo, professora Eliseu Martins acerca da definição da conta em que devem ser alocados os referidos recursos: “As reservas de capital são constituídas de valores recebidos pela companhia e que não transitam pelo resultado como receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de seu capital, sem terem como contrapartidas qualquer esforço da empresa em termos de entrega de bens ou prestação de serviços. (...)” (Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010. P. 349). Veja que tratase de um reconhecimento que necessariamente não está atrelado diretamente a atividade operacional da empresa. Sua contrapartida, portanto, não deve ter qualquer relação direta com a atividade core da empresa, mas sim com a estrutura econômica e financeira que garantirá o fluxo de benefícios econômicos futuros. De outro modo, o reconhecimento contábil do débito correspondente deve ser alocado em um ativo que não impactará no resultado naquele momento, vedando qualquer possibilidade de caracterizálo como uma receita operacional. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 308 15 As definições contidas no CPC 00 são essenciais neste contexto. O ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade. As receitas, por sua vez, são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido. A assertiva que se atinge é no sentido de que os recursos da subvenção para investimento devem ser creditados em conta do patrimônio líquido específica, qual seja, reserva de capital, e assim debitados em conta do ativo, de modo que este último não reflita diretamente qualquer aumento de benefícios econômicos no período contábil equivalente, ou seja, não provoque qualquer impacto no resultado da empresa. Veja que o reconhecimento contábil estabelecido pela lei naturalmente impossibilita o trânsito dos recursos da subvenção do investimento pelo resultado, o que automaticamente excluios do cômputo no lucro real e, assim, da incidência do IRPJ e CSLL. O que o legislador fez foi exatamente adequar as melhores práticas contábeis à finalidade essencial que intentava. O próprio signo “investimento”, definindo uma destinação específica à subvenção, já daria conta de conduzir e compulsionar tal reconhecimento contábil. Mas o legislador foi além, para minar as possibilidades de uma destinação diversa, ao firmar a necessidade de contabilização em conta de reserva de capital, que, como visto, não pode ter como contrapartida qualquer esforço visando a otimização da atividade operacional da entidade. Portanto não há como se supor uma isenção fiscal, mas apenas uma adequação das práticas contábeis a destinação conferida pelo legislador, que naturalmente impactam na não incidência tributária. Neste sentido, cumpre colacionar passagem do Acórdão nº 1101000.901 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, do Ilustre relator José Ricardo da Silva: “(...) Com efeito, Souto Maior Borges (...) salienta que: "A subvenção é um ato translativo de domínio, que implica sempre um "dare", enquanto a isenção não implica aquisição alguma, implicando, ao contrário, um "non dare" (ob. cit.). Subsequentemente, explica: "Nesse ponto da exposição, a análise jurídica adentrase na radical distinção entre isenção tributária e subvenção financeira. Com efeito, enquanto a isenção tributária opera dentro do campo material do princípio de legalidade tributária.... explicitado pelo Código Tributário Nacional (art. 97, VI, e 175, II), a subvenção financeira está claramente excluída desse âmbito. Tanto que dela não cogita o Código Tributário Nacional" 4142/4454).(...)” A lei ainda impõe alguns condicionantes para o tratamento contábil a ser conferido, uma vez registradas como reserva de capital: i) não distribuição aos sócios; ii) utilização para absorção de prejuízos ou incorporação ao capital social; iii) absorção de superveniências passivas ou insuficiências ativas. Fl. 316DF CARF MF 16 Quanto a subvenção corrente, o cenário contábil é diametralmente oposto. O legislador é certeiro ao estabelecer que a destinação dos recursos impactará diretamente no resultado da empresa e, assim, deve ser reconhecido como receita bruta operacional. Há a imposição legal de reconhecimento contábil destas subvenções como receita operacional. O confrontamento é dirigido aos custos e despesas operacionais e, portanto, guarda relação frontal com a atividade da entidade. Em suma, os recursos públicos são destinados a financiar a otimização dos resultados da instituição privada. Perfazem aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos. Nítida se torna, então, uma transferência de renda. Desta forma, a subvenção corrente deve ser reconhecida como receita ao longo do período, confrontada com as despesas e custos operacionais que intenta compensar. Assim, é fundamental, pelo regime de competência, que a receita seja reconhecida em bases sistemáticas e racionais, no decorrer do período contábil e confrontando com as despesas correspondentes. Logicamente estas receitas serão computadas no lucro real e são passíveis de incidência do IRPJ e da CSLL. De todo o exposto, resta claro e evidente que o legislador apenas confirma o tratamento contábil que aos recursos seria logicamente conferido diante da específica destinação que a estes fora atribuída. O reconhecimento contábil imposto pelo legislador evidencia e reforça a destinação que este buscava no momento de criação da lei. Positiva, portanto, a mens legis. O tratamento fiscal é uma mera consequência lógica à destinação específica da subvenção e a definição das melhores práticas contábeis. Há perfeita harmonia e sincronia entre as searas tributária e contábil na concretização da mens legis e nos efeitos da lei na sociedade, tendo como norte o interesse público, conforme se verá em tópico imediatamente posterior deste voto. A lógica do sistema A análise do caso concreto em muito nos auxiliará no entendimento acerca da intenção essencial do legislador e na lógica sistemática por este construída no afã de atingila de modo integral. A origem dos recursos da subvenção de investimentos advém de um benefício fiscal concedido à ora recorrente, respaldado pelas Leis Estaduais n°s 1.939/89 e 2.390/96. A Lei nº 1939/89 regulamenta a política de incentivos fiscais e extrafiscais nos termos da Constituição do Estado do Amazonas. O art. 2º, § 1º e §2º c/c o art. 6º, caput e § 1º, do referido normativo dispõem especificamente sobre a possibilidade de gozo da restituição do ICMS à empresas industriais, condicionando a concessão do incentivo ao pressuposto de essencialidade da empresa no desenvolvimento do Estado e a certos princípios como a reciprocidade (contrapartida a ser oferecida pela beneficiária) e a transitoriedade (prazo certo). Cabe ressaltar a aplicação do art. 8º, parágrafo único, que impõe a exigência de apresentação de requerimento por parte da instituição privada, respaldado por projeto de viabilidade técnicoeconômico, para o aproveitamento do benefício fiscal. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 309 17 Já a Lei nº 2.390/96 institui regimes especiais de tributação como mecanismos para interiorizar o desenvolvimento, incrementar as atividades industriais e revitalizar o comércio. Complementa o disposto na lei nº 1939/89 ressalvando a necessidade de atendimento a certos requisitos para o gozo do benefício: “Art. 6º As empresas industriais instaladas na Zona Franca de Manaus, fabricantes dos produtos atualmente incentivados com restituição do ICMS poderão requerer a aprovação de projeto especial de expansão ou diversificação, observados, cumulativamente aos previstos na Lei nº 1.939, de 27 de dezembro de 1989, os seguintes requisitos: I – geração de novos empregos diretos ou indiretos e investimentos em ativo fixo, compatíveis com as atividades objeto da diversificação ou implantação; II – estabelecimento de níveis de remuneração idênticos aos das linhas de produção existentes, para projetos técnicoeconômicos de diversificação, conforme dispuser o regulamento; III – recolhimento, durante todo o período de fruição dos incentivos, em favor da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, na forma e prazo estabelecidos em regulamento, de contribuição financeira em importância correspondente a dez por cento sobre o crédito presumido de que trata o inciso V, do artigo 7o desta Lei.” Sem dúvidas estáse diante de uma medida extrafiscal adotada por parte do Estado do Amazonas: deixase de arrecadar para estimularse uma determinada área de maneira indireta, de modo que a auto regulação desta poupará a defasagem econômica sentida. Segundo Geraldo Ataliba “consiste a extrafiscalidade no uso de instrumentos tributários para a obtenção de finalidades não arrecadatórias, mas estimulantes, indutoras ou coibidoras de comportamentos, tendo em vista outros fins, a realização de outros valores constitucionais consagrados.” (ATALIBA, Geraldo. IPTUProgressividade. Revista de Direito Público (RPD) 93/233). Quanto à concretude aqui analisada, o Estado do Amazonas visa especificamente o estímulo a ampliação da planta da ora recorrente para a manufatura de telefones celulares, telefones fixos e disjuntores naquela região. Buscase a concretização do interesse público, manifestado na intenção de promoção de direitos sociais, através do particular, que possui a eficiência, knowhow e expertise suficientes para atender tal demanda. Em contrapartida, a restituição de ICMS significa desonerar o contribuinte em certa medida para que este possa otimizar sua produção e assim favorecer a coletividade/sociedade gradativamente. Conquanto surge, neste contexto, mas não especificamente neste caso, a iminência de ferimento a certos preceitos basilares do ordenamento jurídico, especialmente o princípio da livre concorrência e o princípio da livre iniciativa. Criase, de pronto, um cenário de desequilíbrio em que a empresa favorecida pelo incentivo fiscal parte de uma situação de favorecimento em relação a outras do mesmo segmento de mercado. Fl. 318DF CARF MF 18 A competição tornase desleal e a livre inciativa é relativizada quando parte se do pressuposto de que as empresas do mesmo nicho mercadológico não terão direito a restituição de ICMS (se assim não requererem, ou se seu requerimento for indeferido). Veja, a livre concorrência possibilita a descentralização do mercado e a apropriação privada dos bens de produção. É uma forma de garantir oportunidades iguais a todos, impossibilitando, pois, o monopólio do poder e buscando a defesa de uma sociedade mais equilibrada. A livre iniciativa é uma manifestação dos direitos fundamentais que efetiva a afirmação de que o homem não pode realizarse plenamente enquanto não lhe for dado o direito de projetarse através de uma realização transpessoal. Aqui a liberdade de iniciativa tem conotação econômica. Equivale ao direito de que todos têm de lançaremse ao mercado da produção de bens e serviços por sua conta e risco. O incentivo fiscal implementado garante e efetiva parte dos direitos consagrados na Carta Magna de 88, no mesmo passo em que mitiga e relativiza tantos outros. O interesse público é atendido e ferido em um mesmo ato do Estado. A esfera pública invade a esfera privada ofendendo princípios constitucionais. Devese deixar claro, no entanto, que os efeitos percebidos consideram o benefício fiscal analisado de forma isolada. A situação muda, no entanto, quando o legislador caracteriza esta restituição de ICMS como uma subvenção de investimento, dando uma conotação diferente a este benefício fiscal, agora sob um novo regime jurídico. A destinação específica que o legislador atribui aos recursos advindos destes benefícios e o tratamento contábil e tributário consequentes, eliminam tais ferimentos e positivam a neutralidade e equilíbrio da medida perante a sociedade, se levarmos em conta os efeitos pretendidos. As leis instituidoras do benefício notadamente adotam como premissa para a concessão do benefício a realização de projetos de expansão ou diversificação. Inclusive há referência direta a geração de novos empregos diretos ou indiretos e investimentos em ativo fixo como requisitos para a efetivação concreta destes projetos. Neste momento é essencial que se estabeleça o preenchimento exato do art. 38, § 2º, caracterizando esta restituição de ICMS como uma subvenção para investimento diretamente destinada a ora recorrente. A condição para existência do benefício fiscal e, assim, para a concretização do interesse público, é a implementação de projetos de expansão ou diversificação, estando em total alinho com a condição de existência de uma subvenção para investimento, qual seja, o estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. O restabelecimento da situação de desequilíbrio gerado pela concessão do benefício fiscal perante as demais instituições privadas, se dá no momento de caracterização dos recursos dali advindos como uma subvenção para investimento. A partir daí estabelecese a relação em que o beneficiário deve se aliar ao Estado de maneira direta na busca pelo interesse público. A relação jurídica que se inaugura coloca o beneficiário em situação diversa da do mercado, com ônus de ter que cumprir com o interesse público, quando o restante das empresas privadas não o tem. Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 310 19 Portanto, os benefícios fiscais exclusivamente concedidos são confrontados com a obrigação também exclusiva de concretizar o interesse público. Estabelecese aí situação em que não há vantagem alguma por parte do beneficiário (subvencionado) em relação a outras empresas do mesmo nicho mercadológico. No entanto, a subvenção (auxílio), no caso como ora se delineia (para investimento), não pode ser diretamente vinculada a atividade da empresa, o que cria um novo desequilíbrio. O retorno que o Estado espera na concretização de sua medida extrafiscal deve provir de um reflexo direto da atividade operacional da empresa; mas o primeiro (Estado) não pode fornecer recursos que impactem diretamente nos resultados da última (a empresa beneficiária), sob pena de ofensa à livre concorrência e a livre inciativa. Ora o Estado estaria contribuindo diretamente com a lucratividade de uma empresa privada, de modo individualizado. Como o Estado espera uma melhora na atividade operacional, mas não pode atuar diretamente sobre esta, atua indiretamente, através dos investimentos. Mas isso acaba por gerar um desequilíbrio financeiro/econômico para o contribuinte, que recebe recursos somente para a implementação de seu ativo permanente, mas deve necessariamente apresentar resultados bons, ou seja otimizar a sua atividade operacional, para fazer sentido o benefício e a intenção do legislador na busca pelo atendimento ao interesse público. O que irá mitigar este desequilíbrio prejudicial ao contribuinte, então, será o reconhecimento contábil e o consequente tratamento tributário conferido às subvenções para investimento, que notadamente desoneram o contribuinte através do não pagamento de IRPJ e CSLL. Restabelecese assim o equilíbrio e suavizase o impacto da vigência plena do princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Desta feita, o que o legislador busca, ao determinar a contabilização como reserva de capital, é reforçar a obrigatoriedade de uma contrapartida que não esteja diretamente vinculada a atividade operacional da empresa, para não impactar no resultado da empresa e assim desonerar o contribuinte de pagar os impostos que incidem sobre o lucro. Somente desta forma a mens legis será efetivada concretamente, ou seja, se estabelecerá o equilíbrio entre as partes envolvidas na incumbência de atender os interesses da coletividade. De outro modo, quando estamos a falar das subvenções correntes, o auxílio é direto na atividade da empresa, o que contribui para a formação de seus resultados e de seu lucro. Aquela situação de desequilíbrio que coloca em xeque o princípio da livre inciativa e da livre concorrência volta à tona. O Estado está contribuindo diretamente para o resultado de um particular, o que revela uma desigualdade de tratamento e assim a ofensa a referidos princípios. Para tanto, novamente o reconhecimento contábil e consequentemente o tratamento fiscal garantem o restabelecimento do equilíbrio. Desta forma a subvenção corrente deve ser contabilizada no resultado, pois confrontará diretamente custos e despesas que estão diretamente ligados a atividade da empresa. O que trará de volta o equilíbrio financeiro, então, será a oneração do contribuinte no pagamento dos impostos sobre o lucro. Veja, são caminhos opostos, mas ambos contam com o cuidado do legislador em atender sua intenção essencial: sem onerar excessivamente nenhuma das partes. Fl. 320DF CARF MF 20 Engessando a arbitrariedade da destinação das receitas a belprazer do beneficiário; e visando o atendimento ao interesse público alicerçado pela harmonia entre as melhores práticas contábeis e o ordenamento jurídico com um todo. Desenhase um sistema de maneira sincrônica e perfeita para consagrar preceitos constitucionais instrumentalizadores da justiça, paz e bemestar social. Qualquer interferência neste sistema gera um desequilíbrio que o desnatura por completo. O PN CST nº 112/78 e o caso concreto O Parecer Normativo CST nº 112/78 visa tão somente elucidar a harmonia deste sistema, evidenciando especificamente a aresta contábil e desta extraindo o melhor entendimento quanto ao reconhecimento dos recursos destinados ao contribuinte sob o pressuposto de aplicação destes em finalidade previamente delimitada. Tal normativo institui que a subvenção para investimento apenas terá sido aplicada na implantação ou expansão do empreendimento econômico se houver comprovação documental de utilização dos recursos concedidos pelo Poder Público na aquisição de mercadorias e direitos destinados à instalação ou expansão de empreendimento econômico, ou seja, em bens do ativo permanente. A conta de ativo permanente representa bens e direitos que dificilmente serão transformados em dinheiro, que não serão vendidos, mas serão utilizados como meio de consecução indireta dos objetivos operacionais da empresa. Tratamse, portanto, de ativos realizáveis a longo prazo, recursos aplicados em todos os bens ou direitos de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal da sociedade e do seu empreendimento. O Ativo Permanente era composto de subgrupos: Investimentos, Imobilizado, Intangível e Diferido. A partir de 04.12.2008 tal terminologia foi extinta pela MP 449/2008, passando a integrar o Ativo Não Circulante. Ora, diante de todo o exposto em parte precedente deste voto, o parecer normativo apenas busca determinar expressamente um reconhecimento contábil iminente e óbvio. Quando tratamos de subvenção para investimento há a necessidade de um lançamento em reserva de capital e, assim, como contrapartida a inequívoca destinação a conta do ativo que não impacte diretamente no resultado da empresa naquele período contábil. O signo que demarca a espécie de subvenção em tela, “investimento”, e sua destinação específica delimitada apenas reforçam um dever inconteste de contabilização dos recursos na Conta do Ativo Permanente. Ainda há que se mencionar a própria essência do benefício em tela, que expressamente traz como requisito para a concessão e gozo, a remessa dos valores equivalentes a restituição do ICMS para projetos de expansão ou diversificação, concretizados por investimentos em ativo fixo. Portanto as delimitações do Parecer Normativo e da própria legislação veiculadora do benefício fiscal engessam parte dos recursos recebidos pelo beneficiário ao destino especifico que o legislador a estes conferiu, para fazer valer o interesse público e o bemestar da sociedade. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 311 21 Como dito, a desarmonia entre a destinação e o reconhecimento contábil desta iria desnaturar o benefício. Ocorre que, a par de algumas interpretações a meu ver equivocadas delineadas pelo ora recorrente, não houve, por parte do mesmo, qualquer ato que colocasse em xeque tal sincronicidade do sistema. Pelo contrário, a autuação apoiouse, em parte, por definições do PN nº 112/78 que me parecem descabidas se analisarmos a sua aplicação fática e concreta. Neste ato a fiscalização desafiou a harmonia perpetrada pelo legislador quanto a sistemática de uma subvenção para investimento. A exigência de concomitância entre a percepção da subvenção e a aquisição de bens do ativo fixo é o propulsor da controvérsia. O entendimento, então, do presente julgador, é o de que não soa harmônico exigir a concomitância, mas apenas uma vinculação total e absoluta entre o montante recebido (restituição de ICMS – subvenção para investimento) e o montante destinado a expansão e diversificação do empreendimento econômico (Conta de Ativo Permanente – investimentos de fato) ao final do prazo de concessão do benefício. Vinculação esta não dos recursos recebidos propriamente ditos, mas do dever do beneficiário em investir em projetos de implantação ou expansão de empreendimentos econômicos em idêntica medida aos benefícios a ele concedidos. O objetivo do benefício fiscal é exatamente o de proporcionar o atendimento ao interesse público e, neste caso específico, de interiorizar o desenvolvimento, incrementar as atividades industriais e revitalizar o comércio no Estado do Amazonas. O beneficiário, subvencionado, está, então, vinculado a este interesse do Estado e da coletividade, representado, em valores monetários, pelo montante de ICMS a este restituído. O que deve se exigir do contribuinte é que este destine recursos ao ativo imobilizado e a expansão de sua planta exatamente nos limites dos recursos recebidos. A tredestinação dos valores individualmente restituídos de ICMS não o faz perder o benefício, mas sim a ausência de atendimento a finalidade do legislador, qual seja, a não concretização do interesse público uma vez estando a este vinculado. Em outras palavras, a origem dos recursos destinados a expansão do empreendimento pode ser diversa da subvenção para investimento, da mesma forma que os recursos da subvenção para investimento podem ser destinados a outra finalidade na entidade. O que se impõe, indiscutivelmente, é a necessidade de alimentação do ativo permanente exatamente no montante referente ao valor recebido de subvenção para investimento, independente da origem desta alimentação. A harmonia do sistema restará mantida se, ao final do prazo de concessão do benefício a conta de subvenção para investimentos bater com a conta do ativo permanente. A intenção do legislador será concretizada. Até a data limite de aplicação dessas verbas, não há como imputar qualquer tipo de responsabilidade sobre o contribuinte, uma vez devidamente cumpridos os requisitos legais. Fl. 322DF CARF MF 22 Esse prazo é concedido e deve ser respeitado justamente pelo fato de que seria impossível realizar qualquer tipo de investimento fazendose o confrontamento de contas imediato e individualizado entre os créditos da subvenção recebidos e eventuais investimentos. De fato, seja qual for o destino a ser dado nas verbas decorrente do benefício, é necessário passar por um período de “acumulação” dos benefícios decorrentes das subvenções para que se possa levantar recursos para fazer qualquer tipo de ampliação ou investimento na indústria. O contribuinte comprovou em fls. 16 a 19 a devida aplicação dos recursos advindos da restituição de ICMS em conta de reserva de capital (especificamente através do RAZÃO DA CONTA 3270200000 RESERVA DE SUBVENCOES). Também comprova a aplicação de recursos no ativo imobilizado através dos razões da conta dos anos de 2002 a 2005. Há de fato uma discrepância entre o valor relativo a restituição do ICMS (subvenção para investimento) recebido em 2003 (R$ 116.911.471,48) e o total de recursos dispendidos na constituição do ativo imobilizado no mesmo anocalendário (R$ 36.385.009,30). No entanto, tal fato, que inclusive permeou a presente autuação, não é suficiente para evidenciar o desvio de finalidade das subvenções, que podem ter sido utilizadas no financiamento do ativo imobilizado em anos subsequentes. De fato o contribuinte comprovou que as aquisições de bens para o ativo permanente, entre 2002 e 2005, atingiram o valor de R$189.426.282,47. É óbvio que no ano seguinte a 2003 houve outra injeção dos valores restituídos de ICMS e assim se deu e se dará até o final do prazo do benefício desde que o contribuinte vá dando sinais de que de fato está investindo em projetos de expansão e diversificação, sob pena de perda da concessão do benefício. É necessário, então, que haja um controle dos recursos recebidos e dos valores dispendidos no ativo imobilizado, para se apurar ao final do prazo de concessão do benefício se as contas batem. Logicamente o contribuinte não pode acumular todos os valores recebidos para somente ao final do prazo de concessão do benefício resolver realizar os investimentos. No entanto deve haver uma proporcionalidade temporal e material regida sempre pelas diretrizes da mens legis. Explicase. A intenção essencial do legislador é o interesse público, manifestado especialmente no desenvolvimento socioeconômico do Estado do Amazonas neste caso. Deste modo, se o contribuinte está minimamente garantindo o desenvolvimento a cada ano e comprovadamente está desenvolvendo projetos e dispendendo recursos na implantação de seu imobilizado a mens legis está sendo atendida, ou seja, o legislador vê a concretização fática de sua intenção. A exigência que se faz, reafirmase, é que ao final do prazo concessivo a conta de reserva de capital (subvenção para investimentos) não seja de forma alguma mais expressiva do que a conta do ativo permanente. A recíproca pode ser verdadeira, mas não interessa para a presente discussão. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 312 23 O CARF vem decidindo neste sentido em julgados recentes: SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. ACUSAÇÃO FISCAL DEFICIENTE. No presente caso, ao invés de aprofundar a investigação sobre a ação do subvencionado, a fiscalização preferiu desqualificar a natureza do incentivo fiscal apenas com base na sua configuração legal. Contudo, a lei estadual promotora do incentivo sob análise foi textual na sua intenção de ampliação e/ou modernização de parque industrial incentivado numa etapa anterior do programa de incentivos. Portanto, o requisito da intenção do subvencionador foi cumprido. Faltou verificar o requisito da ação do subordinado. Não é necessário o casamento entre o momento da aplicação do recurso e o gozo do benefício, ou seja, o dinheiro não precisa ser carimbado. Entretanto, algum controle precisa ser feito porque se ao final do prazo concedido ficar comprovado que nem todo o montante recebido foi aplicado em investimento destinado à consecução do objetivo final do programa, ficará caracterizada a natureza de subvenção para custeio do excesso não utilizado e, neste momento, ficará consubstanciada a disponibilidade da renda para efeitos da sua tributação. Destarte, é possível que a empresa autuada não esteja mesmo fazendo o devido controle dos recursos obtidos. Mas, isso não foi devidamente investigado nem se configurou como o objeto da acusação fiscal. (Acórdão nº 1102001.203 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 24 de setembro de 2014) e (Acórdão nº 1102001.318 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária – Sessão de 24 de março de 2015) Apenas como reforço ao posicionamento defendido, segue trecho do acórdão nº 1102001.203: “(...) Os recursos transferidos podem até, num primeiro momento, oxigenar o capital de giro da empresa. Contudo, em algum momento futuro, o investimento para a implantação ou expansão dos empreendimentos econômicos terá que ser efetuado.(...)” A flexibilidade e proporcionalidade que se espera da destinação dos recursos, voltando o olhar especialmente ao prisma do contribuinte, está ligada a estruturação e planejamento de investimentos a longo prazo. O que se visa com esse planejamento é a otimização do atendimento à intenção do legislador. As palavras do contribuinte são pontuais neste albor: “(...) 72. Ora, ao se analisar as disposições de todo e qualquer projeto técnico de implantação e/ ou diversificação de uma planta ou Fl. 324DF CARF MF 24 linha de produção, notase a existência de um rígido cronograma de investimentos, o qual sempre é objeto de estudos de viabilidade econômica, com o intuito de assegurar a exequibilidade dos projetos. 73. É absurdo imaginar que companhias do porte da Recorrente poderiam, simplesmente, gastar os recursos recebidos do Poder Público, sem qualquer critério, na medida em que esses sejam percebidos. 74. Certo é que para a correta e oportuna aplicação dos recursos é necessária a elaboração de um planejamento a médio e longo prazo, de forma a permitir que os investimentos realizados apresentem os níveis de eficiência, funcionalidade e rentabilidade pretendidos. 75. Sem uma política séria nesse sentido, correrseia o risco da realização de investimentos que não trariam qualquer benefício/retorno tanto ao contribuinte quanto, o que é muito pior, ao próprio Estado, impedindo de plano a concretização dos objetivos que cercam a concessão de incentivos fiscais. (...)” Não é possível, portanto, atribuir ao período de 2003 a ausência de atendimento a mens legis a ponto de descaracterizar a subvenção para investimento para aloca la como uma subvenção corrente, e a partir disto autuar o contribuinte sobre a ausência de pagamento de IRPJ e CSLL. Tal autuação não guarda a referida proporcionalidade. Houve uma contraprestação do contribuinte no sentido de atender ao interesse público. Cumpriu com todos os requisitos legais para caracterizar a restituição do ICMS como uma subvenção para investimento e assim afirmar a impossibilidade de incidência dos impostos incidentes sobre o lucro, quais sejam, IRPJ e CSLL. Enquanto não comprovado o contrário ou finalizado o prazo legal para aplicação da subvenção, não é possível a autuação do contribuinte, uma vez que ainda estão devidamente cumpridos os requisitos legalmente estabelecidos. Em raciocínio inverso, uma autuação de IRPJ e CSLL neste contexto deve pressupor ou a perda do benefício durante o seu gozo ou uma análise em fase final da concessão do benefício, notadamente quando houver uma discrepância entre todos os valores recebidos e os valores destinados pela entidade privada. O enfoque em um ano específico não é suficiente para embasar a autuação e eivála de veracidade e certeza. Conclusão Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO – Relator Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 313 25 Voto Vencedor Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, redator designado. Inobstantes as valiosas considerações do ilustre conselheiro relator, o colegiado, por maioria de votos, divergiu do entendimento de que os recursos oriundos do benefício fiscal da restituição de ICMS contabilizados na conta de reserva de subvenções caracterizaria subvenções para investimento. Para o relator, a recorrente cumpriu com todos os requisitos legais para caracterizar a restituição do ICMS como uma subvenção para investimento. Não foi essa, contudo, a conclusão a que chegou esta Turma Ordinária. Com efeito, predominou o entendimento de que a contribuinte não se desincumbiu do mister de comprovar por meios hábeis e idôneos a vinculação efetiva e necessária dos recursos da subvenção ao investimento realizado ou a se realizar, conforme definido pelo órgão concessor do benefício, prevalecendo a tese de que os benefícios fiscais recebidos não se enquadram como subvenções para investimento, como abaixo conduzo o meu voto. A subvenção em apreço foi concedida à recorrente sob a modalidade de incentivo fiscal de restituição de ICMS, com fundamento no Decreto nº 16.259, de 04 de outubro de 1994, do Governador do Estado do Amazonas (efls. 224). Esse Decreto como o Decreto nº 18.554, de 10 de fevereiro de 1998 (efls. 227) e os Laudos de Inspeção (efls. 225/231) são atos que concedem o benefício fiscal como incentivo à produção de determinados produtos. Sobre o tema das subvenções, em 1978, o então Coordenação do Sistema de Tributação da Secretaria da Receita Federal editou o Parecer Normativo CST nº 112, de 29 de dezembro de 1978, visando consolidar entendimento acerca do tratamento a ser dado às subvenções recebidas por pessoas jurídicas para os fins de tributação do imposto sobre a renda. O citado parecer caracterizou as subvenções como sendo um auxílio que não importa qualquer exigibilidade para o seu recebedor. Ou seja, o patrimônio da empresa beneficiária é enriquecido com recursos vindos de fora sem que isto importe na assunção de uma dívida ou obrigação. O mesmo parecer estabelece a diferenciação entre as subvenções para custeio ou operação e as subvenções para investimento. Enquanto as primeiras referemse a transferências de recursos com a finalidade de auxiliar a empresa a fazer face ao seu conjunto de despesas ou na consecução de seus objetivos sociais, as últimas se destinam à aplicação específica em bens ou direitos. Além disso, as subvenções de investimento apresentam “características bem marcantes”, quais sejam: (a) ser o beneficiário da subvenção sempre aquele que vai suportar o ônus de implantar ou expandir o empreendimento econômico; e (b) a efetiva e específica aplicação da subvenção, pelo beneficiário, em bens ou direitos específicos para implantar ou expandir empreendimento econômico, havendo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Fl. 326DF CARF MF 26 Transcrevemse trechos relevantes do retrocitado Parecer Normativo CST nº 112, de 29 de dezembro de 1978, verbis (grifado): 2.11 – Uma das fontes para se pesquisar o adequado conceito de SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO é o Parecer Normativo CST nº 2/78 (DOU de 16.01.78). No item 5.1 do Parecer encontramos, por exemplo, menção de que a SUBVENÇÃO para INVESTIMENTO seria a destinada à aplicação em bens ou direitos. Já no item 7, subentendese um confronto entre as SUBVENÇÕES PARA CUSTEIO ou OPERAÇÃO e as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, tendo sido caracterizadas as primeiras pela não vinculação a aplicações específicas. Já o Parecer Normativo CST nº 143/73 (DOU de 16.10.73), sempre que se refere a investimento complementa o com a expressão em ativo fixo. Desses subsídios podemos inferir que SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá la, não nas suas despesas, mas sim, na aplicação específica em bens ou direitos para implantar ou expandir empreendimentos econômicos. Essa concepção está inteiramente de acordo com o próprio § 2º do art. 38 do DL 1.598/77. 2.12 – Observase que a SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO apresenta características bem marcantes, exigindo até mesmo perfeita sincronia da intenção do subvencionador com a ação do subvencionado. Não basta apenas o “animus” de subvencionar para investimento. Impõese, também, a efetiva e específica aplicação da subvenção, por parte do beneficiário, nos investimentos previstos na implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. Por outro lado, a simples aplicação dos recursos decorrentes da subvenção em investimento não autoriza a sua classificação como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. (...) 3.6 Há, também, uma modalidade de redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), utilizada por vários Estados da Federação como incentivo fiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. A mecânica do benefício fiscal consiste no depósito, em conta vinculada, de parte do ICM devido em cada mês. Os depósitos mensais, obedecidas as condições estabelecidas, retornam à empresa para serem aplicados na implantação ou expansão de empreendimento econômico. Em alguns casos que tivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subvenção é sempre previsto em lei, da qual consta expressamente a sua destinação para o investimento; o retorno das parcelas depositadas só se efetiva após comprovadas as aplicações no empreendimento econômico; e o titular do empreendimento é o beneficiário da subvenção. (...) I – As SUBVENÇÕES CORRENTES PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO integram o resultado operacional da pessoa jurídica; as SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO, o resultado não operacional. Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10283.720009/200910 Acórdão n.º 1201001.556 S1C2T1 Fl. 314 27 Podese afirmar, portanto, que as subvenções têm natureza de receita e são tributáveis pelo IRPJ, tanto que foram classificadas pela legislação deste imposto como "Outros Resultados Operacionais", na modalidade “subvenções correntes para custeio ou operação” (art. 392, inciso I, do RIR/1999), ou como "Resultados não Operacionais", na modalidade “subvenção para investimento”. No que se refere à ultima modalidade, no entanto, o art. 443 do RIR/1999 estabeleceu a possibilidade de retirar as subvenções para investimento do alcance do IRPJ, desde que cumpridas as condições que fixa. Vejase que esse dispositivo faz referência expressa à apuração do IRPJ pelo lucro real, como é o caso da fiscalizada. Com base no que foi até aqui exposto, temse que para que uma subvenção possa ser considerada como de investimento no que se refere à legislação do IRPJ deve apresentar as características elencadas no Parecer Normativo CST nº 112, de 1978. Passando à análise do caso concreto, vejome forçado a concluir que não se vislumbram nos referidos dispositivos da legislação do estado do Amazonas a vinculação e a estrita correspondência entre os benefícios financeiros concedidos e o destino desses recursos. Ao contrário, os decretos concessivos concedem o benefício fiscal como incentivo á produção de determinados produtos e não faz referência à implantação ou expansão do empreendimento econômico projetado. A comprovação de aquisição de bens do ativo permanente no anocalendário de 2003 não são suficientes para caracterizar a subvenção recebida como de investimento à luz da legislação do IRPJ, haja vista que a subvenção aqui tratada tem natureza de custeio. Sobre o tema, posicionouse com muita clareza a decisão de piso, fls. 164: 2.3 DA COMPROVAÇÃO DO INVESTIMENTO Nesse contexto, a recorrente alega que, pela análise dos documentos de concessão do incentivo fiscal (Laudos de Inspeção e Decretos Concessivos doc 4) com a movimentação do saldo do ativo permanente (doc 5), resta claro que os recursos do benefício do ICMS foram aplicados na expansão da planta da impugnante. Ocorre que os Laudos de Inspeção e Decretos Concessivos, a que se refere a recorrente (fls. 2229 do Anexo I), concedem o benefício fiscal como incentivo á produção de determinados produtos. Nestes termos, a subvenção proporcionada pela legislação do ICMS do estado do Amazonas à recorrente revela se ter natureza de incentivo fiscal de custeio da produção, e, não, de investimento, pois não faz nenhuma referência á implantação ou ampliação do parque produtivo da recorrente. Logo, os recursos derivados dessa subvenção devem integrar a receita bruta operacional da pessoa jurídica, nos termos do art. 392, inciso I, do RIR/99. Art. 392. Serão computadas na determinação do lucro operacional: Fl. 328DF CARF MF 28 Ias subvenções correntes para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado. ou de pessoas naturais (Lei nº 4.506, de1964. art. 14. inciso IV); Outrossim, como já assinalado anteriormente, o mero incremento das contas do ativo permanente não assegura a vinculação desses recursos à subvenção fiscal. O que é até despiciendo, no caso concreto, visto que a subvenção aqui tratada tem natureza de custeio de produção. Considerando que a contribuinte, em sua peça recursal, não trouxe quaisquer elementos de prova adicionais, considero plenamente válida a conclusão constante da decisão de piso, no sentido de que as subvenções recebidas pela contribuinte constituem subvenções para custeio e, como tal, devem se sujeitar à tributação pelo IRPJ e CSLL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Os mesmos fundamentos aqui expostos aplicamse no tocante ao auto de infração da CSLL que consta do presente processo administrativo, tendo em vista que a referida infração também é reflexa dos mesmos fatos. Por todo o exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Carlos de Assis Guimarães Redator designado Fl. 329DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18239.002848/2008-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
RECURSO VOLUNTÁRIO. PEDIDO NÃO CONHECIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Tendo sido declarado não conhecido o pedido feito na impugnação em vista da concomitância com a ação judicial, não há que se conhecer do recurso voluntário.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-004.561
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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PEDIDO NÃO CONHECIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Tendo sido declarado não conhecido o pedido feito na impugnação em vista da concomitância com a ação judicial, não há que se conhecer do recurso voluntário. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 23 9. 00 28 48 /2 00 8- 19 Fl. 204DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente Maria Cleci Coti Martins Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 18239.002848/200819 Acórdão n.º 2401004.561 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Recurso voluntário interposto em 08/05/2013, em face do acórdão 1246.366 19a. Turma da DRJ/RJI, do qual teve conhecimento em 10/04/2013. O processo administrativo referese ao lançamento de ofício do imposto sobre a renda da pessoa física para o anocalendário 2003. A decisão a quo está assim ementada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 IRPF. AÇÃO JUDICIAL. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. RENÚNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. A propositura de ação judicial pelo contribuinte com o mesmo objeto de pleito administrativo importa renúncia deste, em razão do princípio constitucional da unidade da jurisdição. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. Uma vez comprovadas as deduções informadas pelo contribuinte na declaração de rendimentos, conforme previsão contida na legislação pertinente, há de se restabelecer os respectivos valores. O recorrente aduz as seguintes razões. A Receita Federal lançou de ofício os rendimentos recebidos da Fundação Petrobrás de Seguridade Social PETROS. Considera que tais rendimentos são isentos de tributação desde 1995. Entende que, mesmo em 2003, tais valores não poderiam ser considerados como rendimentos tributáveis, sobretudo porque estariam abrangidos pela decisão judicial já transitada em julgado e que lhe garantiu a isenção tributária para tais rendimentos. Informa que a decisão a quo não conheceu dessa parte do recurso por entender que haveria concomitância com o processo judicial, o qual o recorrente discorda. Afirma que, como entende que não há identidade de objetos entre a ação judicial e o processo administrativo, a impugnação deveria ter sido conhecida e julgada normalmente. Reforça que o objeto do recurso voluntário deste processo administrativo é o reconhecimento da validade da decisão judicial transitada em julgado sobre o imposto de renda indevidamente recolhido sobre parte dos rendimentos auferidos pelo contribuinte da PETROS, no ano calendário 2003. Pretende com este recurso que a Receita Federal dê cumprimento à decisão judicial transitada em julgado e reconheça a natureza de benefício isento e não tributável. É o relatório. Fl. 206DF CARF MF 4 Voto Conselheira Maria Cleci Coti Martins Relatora O recurso foi interposto no prazo e passo a analisar. A decisão a quo não conheceu da parte do recurso relativo à incidência de imposto de renda sobre as prestações de complementação de aposentadoria, tendo em vista ter entendido haver concomitância com a ação judicial processo nº 2000.51.01.0127810, da Justiça Federal do Rio de Janeiro, já transitada em julgado. Correto o entendimento da primeira instância quanto à concomitância de ação judicial, pois ficou claro na decisão da Justiça Federal que a União fora condenada a devolver os valores recolhidos a título de imposto de renda, a partir dos cinco anos anteriores à propositura da ação, ocorrida em 29/05/2000(efl. 38). Assim, judicialmente ficou reconhecida a exoneração de imposto de renda sobre os rendimentos da aposentadoria a partir de 29/05/1995. No caso dos autos estáse cobrando crédito tributário relativo ao ano calendário 2003, exercício 2004, abrangido, portanto, pela decisão judicial do processo 2000.51.01.0127810 da Justiça Federal do Rio de Janeiro. O contribuinte pretende fazer a execução da decisão judicial através deste processo administrativo. Entendo que são procedimentos diferenciados e que não se confundem. A execução da decisão judicial deve ser peticionada junto ao cartório da jurisdição em que foi proferida a referida sentença. Voto por não conhecer do recurso voluntário, vez que já não fora conhecido na primeira instância, tendo em vista a concomitância entre os processos administrativo e judicial. (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins. Fl. 207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11052.720033/2014-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
Ementa:
RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO.
O recurso deve ser conhecido apenas em relação a parte que tratou da tempestividade. Como restou comprovado nos autos sua intempestividade; nego provimento.
Numero da decisão: 1402-002.398
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso apenas na parte que se refere à tempestividade e negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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Recorrida FAZENDA PÚBLICA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010, 2011 Ementa: RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. O recurso deve ser conhecido apenas em relação a parte que tratou da tempestividade. Como restou comprovado nos autos sua intempestividade; nego provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso apenas na parte que se refere à tempestividade e negarlhe provimento, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Luiz Augusto de Souza Goncalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 72 00 33 /2 01 4- 94 Fl. 8157DF CARF MF Processo nº 11052.720033/201494 Acórdão n.º 1402002.398 S1C4T2 Fl. 8.158 2 Relatório Adoto o relatório do v. acórdão recorrido, abaixo colacionado. Tratase da impugnação apresentada contra autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o PIS/Pasep (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), os quais impõem uma exigência fiscal, calculada até novembro de 2014, no montante de R$ 21.575.535,90. As autuações se referem a fatos geradores ocorridos no anocalendário 2011, período para o qual a contribuinte havia optado pela tributação do IRPJ e CSLL com base no lucro real anual, com apuração de estimativas mensais. As contribuições para o PIS e Cofins foram realizadas pelo regime não cumulativo. A fiscalizada deixou de apresentar os livros da escrituração comercial ou fiscal que lhe foram demandados pelos auditoresfiscais, mesmo tendo sido intimada por diversas vezes, em um período de oito meses. Tal omissão ensejou o arbitramento do lucro, conforme o art. 530, III, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99). O cálculo da exigência valeuse da receita bruta de vendas extraída do Sped, deduzida dos impostos não cumulativos cobrados, dos quais a contribuinte seria mera depositária (art. 279, parágrafo único, do RIR/99). A fiscalização desclassificou o enquadramento das contribuições sociais relativas ao PIS e à Cofins no regime não cumulativo, realizado pela contribuinte. De acordo com o art. 10, II, da Lei 10.833/03 e o art. 8º, II, da Lei 10.637/03, as pessoas jurídicas tributadas no imposto de renda pelo lucro arbitrado somente podem valerse da tributação de PIS e Cofins pelo regime cumulativo. Os autuantes registram que o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) de 2011 somente demonstrou valores relativamente ao mês de dezembro, e ainda assim com o saldo de crédito igual ao saldo de débito. A interessada foi cientificada dos autos de infração em 26/11/14 e apresentou impugnação em 19/12/14. A impugnante diz que não se furtou de apresentar os documentos solicitados pelo fisco – tão somente seu representante não teve o cuidado de formalizar diversas solicitações de prazo. Para ela, a autuação foi uma surpresa, já que o levantamento das informações solicitadas, que ora seguem anexas, estaria em fase final de produção. A impugnante requer, em preliminar, a anulação dos autos de infração por vício formal, já que a tributação de IRPJ e CSLL pelo lucro arbitrado se deu ao arrepio da lei e, por conseguinte, a aplicação do regime cumulativo para PIS e Cofins estaria em desacordo com o sistema jurídico. Detalha que o mandado de procedimento fiscal (MPF) estaria jungido exclusivamente às contribuições de PIS e Cofins e que o IRPJ foi inserido no MPF apenas seis dias antes da lavratura do auto de infração, sem que fosse solicitado, nesse período, qualquer Fl. 8158DF CARF MF Processo nº 11052.720033/201494 Acórdão n.º 1402002.398 S1C4T2 Fl. 8.159 3 documento relativo à tributação sobre a renda ou questionada a escrituração ofertada via Sped. Acrescenta ser insanável o vício da motivação. No mérito, a contribuinte pede a improcedência dos autos de IRPJ e CSLL, tendo em vista a ausência dos requisitos para o arbitramento, já que a fiscalização tinha em mãos toda sua escrituração (Sped contábil), a qual não foi declarada imprestável para a apuração do lucro real. A improcedência também deveria ser aplicável aos autos de PIS e Cofins, uma vez que essas contribuições não poderiam ser quantificadas pela sistemática cumulativa: o arbitramento, dado ao arrepio da lei, foi a única motivação para a mudança do regime das contribuições – o agente fiscal tinha elementos suficientes à quantificação de PIS e Cofins sem alterar o regime. A defendente acentua que os documentos não apresentados referiamse exclusivamente à fiscalização jungida a PIS e Cofins e que o fisco não fez solicitação de documentos ligados aos tributos que oneram o lucro/renda; portanto, não seria cabível a autuação de IRPJ e CSLL. Diz que a intimação de 4/9/14, em vez de reiterar a solicitação de documentos genéricos, substituiu as anteriores, fazendo exigências exclusivas de PIS e Cofins. Além do mais, somente a indicação de vícios, falhas, omissões ou inidoneidade de informações da escrita poderiam justificar o arbitramento do lucro. A impugnante insiste na inexistência de omissão documental para constituição dos autos de IRPJ e CSLL. Afirma que o agente lançador confundiu o instituto do “lançamento via arbitramento” com o do “arbitramento do lucro”, os quais são independentes: o primeiro ocorre nas condições do art. 148 do CTN e o segundo, nas do art. 530 do RIR/99. Subsidiariamente, a contribuinte pede que sejam acolhidos e utilizados os documentos que anexa para adequar os tributos exigidos, em homenagem ao princípio da verdade material. Eles respaldariam o existente na escrituração contábil (Sped). Supletivamente, solicita que seja adequado o cálculo da CSLL, eis que não foram consideradas, em nenhum dos meses, as deduções da contribuição retidas pelas fontes pagadoras, cujo ocorrência era do conhecimento do autuante, já que as informações constavam da DIPJ. A impugnante pede ainda que a autoridade julgadora não se pronuncie, não mande repetir ou suprir a falta de ato se for decidido o mérito em seu favor (art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/72). Protesta, por fim, pela produção de todos os meios de prova, oitiva de testemunhas, depoimentos pessoais, perícias e outros. O v. acórdão (fls. 8096/8104) decidiu manter parcialmente as exigências perpetradas nos Autos de Infração, excluindo apenas a parte da CSLL cuja exigência resulta da dedução das retenções efetivadas pelas fontes pagadoras, conforme tabela de folhas 9 do acórdão, registrando a seguinte ementa. Fl. 8159DF CARF MF Processo nº 11052.720033/201494 Acórdão n.º 1402002.398 S1C4T2 Fl. 8.160 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. A nulidade do auto de infração somente se justifica diante de atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou de despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O mandado de procedimento fiscal é instrumento de planejamento, controle interno da atividade de fiscalização e informação ao contribuinte fiscalizado. Suas eventuais omissões ou incorreções não dão causa à nulidade do auto de infração. ARBITRAMENTO DO LUCRO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS DA ESCRITA COMERCIAL E FISCAL. CONTRIBUINTE INTIMADO. A pessoa jurídica optante pela sistemática do lucro real que deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal fica sujeito ao arbitramento do lucro. CSLL. COMPENSAÇÃO DE RETENÇÕES NA FONTE. O lançamento deve considerar os valores retidos pelas fontes pagadoras cujo direito de compensar a contribuinte exerceu na DIPJ. PIS E COFINS. INCIDÊNCIA CUMULATIVA. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro arbitrado estão sujeitas à incidência cumulativa das contribuições de PIS e Cofins. TRIBUTAÇÃO REFLEXA: CSLL, PIS E COFINS. A decisão adotada para a imposição principal estendese às demais, relativamente às mesmas causas. Impugnação Procedente em Parte Em seguida, a Recorrente foi notificada por meio de seu domicílio eletrônico em 19/11/2015 (fls. 8117) e interpôs Recurso Voluntário em 12/02/2016. (fls. 8119 e 8145). É o relatório. Fl. 8160DF CARF MF Processo nº 11052.720033/201494 Acórdão n.º 1402002.398 S1C4T2 Fl. 8.161 5 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator Conheço do Recurso Voluntário, apenas na parte relativa a tempestividade recursal. Conforme acima relatado, o contribuinte tomou ciência por meio de seu domicílio eletrônico em 19/11/2015 (fls. 8117) e interpôs Recurso Voluntário em 12/02/2016 (fls. 8119). Insta esclarecer que a intimação do v. acórdão foi encaminhada para o Domicilio Eletrônico da Recorrente me 17/11/2015. (fl.8116). A Recorrente alega que esta aguardando a ciência do v. acórdão por meio de carta com aviso de recebimento, o que não ocorreu. Alegou também que tomou ciência do acórdão recorrido apenas em 05/02/2016, e por isso o recurso seria tempestivo. Ao compulsar os autos, entendo que não assiste razão a Recorrente. Vejamos. Primeiramente, a partir do momento em que a contribuinte é incluída no Domicílio Eletrônico, está só poderá receber intimações das decisão do processo, por meio eletrônico. Em segundo, a Recorrente não tomou ciência do v. acórdão em 05/02/2016, conforme pode se verificar do Termo de Ciência de Abertura da Mensagem de fls. 8117, com o seguinte teor: TERMO DE CIÊNCIA POR ABERTURA DE MENSAGEM O destinatário teve ciência dos documentos relacionados abaixo por meio de sua Caixa Postal, considerada seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) perante a RFB, ciência esta realizada por seu representante legal 082.309.87882 MARCELO MORAES DA CUNHA BUENO, na data de 19/11/2015 16:22:48, data em que se considera feita a intimação nos termos do art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72. Data do registro do documento na Caixa Postal: 17/11/2015 09:55:06 Intimação de Resultado de Julgamento Documentos Diversos Outros Demonstrativo de Débito Darf Acórdão de Impugnação Fl. 8161DF CARF MF Processo nº 11052.720033/201494 Acórdão n.º 1402002.398 S1C4T2 Fl. 8.162 6 E mesmo na hipótese alegada pela Recorrente, de ter aberto a mensagem eletrônica em 05/02/2016, tal ato não teria efeitos para alterar a intempestividade do recurso, eis que o artigo 23, parágrafo segundo e seus incisos I e II, determinam que a data da ciência, para fins de prazos processuais, será a data em que o destinatário efetuar consulta à mensagem na sua Caixa Postal ou, não o fazendo, o 15º (décimo quinto) dia após a data de entrega acima informada. Assim, como a mensagem foi entregue na Caixa Postal Eletrônica da Recorrente em 17/11/2015, na hipótese de não ter sido consultada, o prazo começaria a contar quinze dias após o recebimento, ou seja, em 02/12/2015. A Recorrente interpôs o Recurso Voluntário em 12/02/2016, muito tempo depois de ter expirado o prazo recursal de 30 dias, restando assim, intempestivo. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço parcialmente do Recurso Voluntário e nego provimento por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Fl. 8162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000522/2010-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL.
O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido.
ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA.
É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil (CPC), que A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.
Dessa forma, considerando o disposto no art. 62-A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão.
Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir:
Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico.
CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS
Toda empresa está obrigada a reter e recolher a contribuição dos segurados empregados a seu serviço, quando do pagamento de sua remuneração
REMUNERAÇÃO - CONCEITO
Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS
Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria.
Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, à incidência da contribuição previdenciária.
O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição.
INDENIZAÇÃO
As rubricas intituladas Indenização e Indenização Especial, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial
ABONO - NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS.
A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão
Numero da decisão: 2301-003.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso, na questão do chamado abono indenizatório, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em conhecer da questão sobre ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em não conhecer do recurso nesta questão; III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da Participação dos Lucros e Resultados, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Wilson Antônio de Souza Correa e Manoel Coelho Arruda Júnior, que davam provimento ao recurso nesta questão; b) em não conhecer da questão sobre a retificação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior, que conheciam da questão
João Bellini Júnior Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão.
Andréa Brose Adolfo redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Manoel Coelho Arruda Junior
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA. É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil (CPC), que A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62-A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS Toda empresa está obrigada a reter e recolher a contribuição dos segurados empregados a seu serviço, quando do pagamento de sua remuneração REMUNERAÇÃO - CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria. Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, à incidência da contribuição previdenciária. O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição. INDENIZAÇÃO As rubricas intituladas Indenização e Indenização Especial, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial ABONO - NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão
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NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA. É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 05 22 /2 01 0- 73 Fl. 344DF CARF MF 2 Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS Toda empresa está obrigada a reter e recolher a contribuição dos segurados empregados a seu serviço, quando do pagamento de sua remuneração REMUNERAÇÃO CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria. Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, à incidência da contribuição previdenciária. O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição. INDENIZAÇÃO As rubricas intituladas “Indenização” e “Indenização Especial”, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial ABONO NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso, na questão do chamado abono indenizatório, nos termos do voto da Fl. 345DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 3 3 Relatora. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em conhecer da questão sobre ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em não conhecer do recurso nesta questão; III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da Participação dos Lucros e Resultados, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Wilson Antônio de Souza Correa e Manoel Coelho Arruda Júnior, que davam provimento ao recurso nesta questão; b) em não conhecer da questão sobre a retificação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior, que conheciam da questão João Bellini Júnior – Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão. Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 346DF CARF MF 4 Relatório Conselheiro João Bellini Júnior Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Bernadete de Oliveira Barros, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte dos segurados, não arrecadadas pela empresa e não recolhidas.. Conforme Relatório Fiscal (fls. 57), o fato gerador das contribuições lançadas é o pagamento, pela empresa a seus empregados, de verbas intituladas “Indenizações” e “Indenização Especial” (levantamentos I1, P e P1), “Abono Indenizatório” (lev H), “PLR” (lev T) e “Insuficiência de Saldo” (levantamentos C eC1). Integram ainda o AI as contribuições dos segurados incidentes sobre pagamentos realizados a pessoas físicas enquadradas como empregados pela fiscalização (levantamentos E e E1). O agente autuante informa que a empresa pagou valores a título de PLR em desacordo com a Lei 10.101/2000, pois inexistiram regras claras e objetivas, mecanismos de aferição, periodicidade e período de vigência, entre outros listados. A autoridade autuante explica que, em respeito ao art 106, inciso II, alínea"c" do CTN, da confrontação da aplicação da legislação da época dos fatos geradores com as alterações sofridas através da MP 449/2008, convertida na Lei n° 11.941/2009, verificouse que a legislação vigente à época é mais benéfica à empresa nos meses de 05/2007 e 11/2007, tendo sido lavrado AI 68 e, para as demais competências, aplicouse a multa atual, mais benéfica, de 75%. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0533.968, da 7a Turma da DRJ/CPS (fls. 917, vol. V, do processo 13864.000536/201097), julgou a impugnação procedente em parte, mantendo, em parte, o crédito tributário, excluindo os levantamentos C, C1, por entender tratarse de parcelas isentas, e levantamentos E e E1, ao argumento de que não restou caracterizado o vínculo empregatício entre a empresa e os seguranças que lhe prestaram serviços. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 1.307, vol. XXI do processo 13864.000536/201097), alegando, em apertada síntese, o que se segue. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 4 5 Preliminarmente, requer o julgamento conjunto de todos os Autos de Infração lavrados contra a recorrente na mesma ação fiscal, para se evitar decisões divergentes sobre o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. No mérito, faz breve síntese da legislação que rege a matéria, frisando que nem todo valor pago ao trabalhador integra a base de cálculo do tributo, mas apenas as remunerações destinadas a retribuir o trabalho, não se constituindo em remuneração valores pagos pela empresa que ostentem natureza indenizatória, ou verbas que apresentem um caráter assistencial. Sustenta que qualquer importância recebida pelo trabalhador que não encontre uma vinculação direta com o trabalho prestado não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Entende que a NFLD é nula em razão da não comprovação da efetiva ocorrência dos fatos geradores da contribuição, e que a decisão recorrida pretendeu justificar a ação ilegal em dispositivos não aplicáveis ao caso, que não justificam a inversão pretendida de ônus da prova. Assevera que a simples identificação de rubricas em folha de pagamento como “férias indenizadas” e “abono indenizatório” não justifica a imposição tributária , sendo o lançamento discutido temerário e desprovido de fundamento legal, e lista princípios jurídicos envolvidos na matéria procedimental administrativa. Aduz que a Auditora Fiscal buscou constituir o crédito pelo critério arbitrário da exclusão, presumindo simplesmente que como os valores não foram lançados sob a rubrica “Férias Indenizadas” então teriam natureza salarial, e insiste na assertiva de que caberia à autoridade autuante o exame da natureza dos lançamentos efetuados, sendo descabida a presunção de que todos os pagamentos efetuados aos empregados listados nas planilhas “Indenização” e “Indenização Especial” corresponderiam à remuneração.. Entende que caberia à fiscalização comprovar a ocorrência do fato gerador, mediante demonstração clara e objetiva de que tais verbas se enquadram no conceito de salário de contribuição, caracterizada pela habitualidade do seu pagamento, destacando que não há qualquer indício de habitualidade na concessão dos valores pagos pela recorrente, sendo que os pagamentos em tela configuramse em verdadeiras gratificações/indenizações eventuais dos seus beneficiários. Conclui que, não havendo previsão contratual e/ou habitualidade no pagamento de determinado valor ou na concessão de determinada utilidade ao empregado, não restará configurada a natureza salarial dessa prestação, e transcreve o item “7”, da alínea “d”, do § 9o, do art. 28, da Lei 8.212/91, para tentar demonstrar a não incidência de contribuições sobre verbas recebidas a título de gratificações não eventuais. Insiste na ausência de caráter remuneratório da PLR, e reitera que as determinações legais foram regulamente atendidas pela recorrente, firmando em acordo coletivo os critérios, valores e forma de pagamento, com a devida participação do sindicato, e que a decisão recorrida inova quanto aos requisitos de dedutibilidade de PLR, indo além do quanto previsto na Lei 10.101/2000. Fl. 348DF CARF MF 6 Alega natureza indenizatória do abono pago aos empregados, que foi concedido como compensação pela alteração nos critérios de concessão de outros benefícios, em uma única parcela, em um valor fixo indiscriminadamente a todos os empregados. Inova em relação à defesa, alegando a ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida, destacando a inocorrência de preclusão e a necessária avaliação do tema, diante do princípio da verdade material que rege o processo administrativo. Finaliza requerendo que sejam acolhidas as suas razões, para dar integral provimento ao recurso voluntário, a fim de que seja cancelado integralmente o Auto de Infração que originou o presente processo. É o relatório. O processo foi distribuído para este redator ad hoc em 15/03/2017. Fl. 349DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 5 7 Voto Vencido Conselheiro João Bellini Júnior, redator ad hoc na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Bernadete de Oliveira Barros, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Preliminarmente, a autuada requer o julgamento conjunto de todos os Autos de Infração listados, a fim de se evitar decisões divergentes sobre o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. Porém, os autos cujos objetos tratam de matérias conexas foram apensados, e serão julgados conjuntamente. Contudo, os processos que tratam de matéria cuja análise independe da apreciação do mérito do presente recurso, podem ser julgados em separado, pois o resultado de um não interfere no outro. É o caso, por exemplo, dos lançamentos da retenção de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviços, ou da contribuição incidente sobre fretes e serviços prestados por contribuintes individuais. Tais matérias não tem relação com os presentes autos, que tratam de contribuição incidente sobre verbas pagas pela empresa a segurados empregados, consideradas remuneratórias pela fiscalização. Portanto, apenas as matérias conexas serão analisadas em conjunto. Dessa forma, passo à análise do mérito, registrando o que se segue. Verificase que a recorrente não nega que tenha realizado os pagamentos apontados pela fiscalização. Ela apenas tenta demonstrar que as verbas pagas não possuem natureza salarial e não integram o salário de contribuição. Porém, a condição de se tratar ou não de salário não está vinculada ao interesse da fonte pagadora em, com aquele pagamento, assalariar ou não seu empregado. Fl. 350DF CARF MF 8 Ou seja, não é o nome do pagamento ou a vontade da empresa em si que vai determinar sua natureza jurídica. O que irá afastar as verbas pagas da incidência tributária é a estreita observância à legislação específica que trata da matéria. Cumpre observar que o conceito de salário de contribuição expresso no art. 28 inciso I da Lei 8.212/91 é “...a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês...” (grifei). A própria Constituição Federal, preceitua, no § 4º do art. 201, renumerado para o § 11, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98, o seguinte: § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüentemente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (grifei) Nem toda utilidade fornecida ao trabalhador tem caráter contraprestacional, sendo necessário distinguir a utilidade fornecida como retribuição pelo trabalho, que se caracteriza “salárioutilidade” e que deve ser incluída na base de cálculo da contribuição previdenciária, daquela fornecida como instrumento de trabalho, ou para o trabalho, que não se caracteriza salárioutilidade, eis que meramente instrumental para o desempenho das funções do trabalhador. Na doutrina, há várias correntes; porém, a que tem maior aplicação determina que a regra geral é que, se o trabalhador paga pela utilidade, essa não constitui salário. Se, por outro lado, aumentar seu patrimônio ou for fornecida gratuitamente, então integrará o salário para todos os efeitos legais. A CF menciona “os ganhos habituais”, ou seja, todos os ganhos de cunho remuneratório, sejam eles em dinheiro ou utilidades. E a CLT discrimina as parcelas que compõem a remuneração do empregado, conforme seu art. 457: Art. 457. Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador. Portanto, as gratificações e comissões, que podem ser eventuais, integram a remuneração do empregado por expressa previsão legal. A fiscalização constatou o pagamento de verbas denominadas “Indenização” e “Indenização Especial”. Apesar de intimada por meio de TIF, a recorrente não esclareceu a origem de tais pagamentos, se limitando a informar que tratamse de férias indenizadas. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 6 9 Ocorre que a autoridade lançadora verificou, e comprovou nos autos, que as férias indenizadas são pagas em título próprio, sob rubrica de mesmo nome, constante das folhas de pagamento. Ademais, a empresa não comprovou suas afirmações. Não apresentou, à fiscalização, elementos que demonstrassem que os pagamentos em comento se referiam a férias indenizadas. Assim, constatase que a empresa paga verbas intituladas “Indenização” e “Indenização Especial”, não esclarece a que se refere tais pagamentos, e defende que cabe à fiscalização comprovar que tais verbas não seriam indenizatórias. Porém, entendo que cabe à recorrente, e não à fiscalização, comprovar suas alegações, ou seja, que as rubricas em tela são de cunho indenizatório. Contudo, não o fez, insistindo em afirmar apenas que não há habitualidade no pagamento, e que esses pagamentos se configuram em gratificações/indenizações. Todavia, conforme exposto acima, gratificação é remuneração, e deve integrar o salário de contribuição. Cumpre ressaltar que o conceito de indenização pressupõe a reparação de um dano sofrido pelo trabalhador. No caso em tela, a recorrente não comprovou a existência desse dano. Assim, resta claro que o pagamento feito pela recorrente a título de “Indenização” e “Indenização Especial” em favor dos seus segurados empregados não se trata de reparação de um dano, ou de fornecimento de meio para que esses trabalhadores possam exercer suas funções, e sim uma vantagem que representa um acréscimo indireto à sua remuneração, devendo, portanto, sofrer incidência de contribuição previdenciária. É inegável, no caso presente, o acréscimo patrimonial do segurado ao receber tais quantias. Em que pese o esforço argumentativo da recorrente, verificase que os pagamentos em tela realmente se a amoldam ao figurino legal que delimita a basedecálculo da contribuição previdenciária, como bem entendeu a fiscalização e os julgadores de primeira instância. A recorrente cita o art 28, § 9o, “e”, “7”, para tentar demonstrar que tais valores não podem integrar a base cálculo da contribuição previdenciária, por serem pagamentos eventuais. Contudo, constatase que a recorrente não comprovou que estamos diante de um pagamento eventual, já que não esclareceu a origem desses pagamentos. Ela precisaria demonstrar a que se referem essas rubricas, uma vez que o ganho habitual passível de exação não é necessariamente aquele valor auferido mês a mês, trimestralmente ou mesmo bimestralmente etc. Há verbas pagas no decorrer do contrato de trabalho, ainda que não sejam auferidas nessas condições, e que não podem ser vistas como meramente eventuais. Fl. 352DF CARF MF 10 Por todo o exposto, e como a recorrente não comprovou tratarse de ganho eventual, entendo que tais rubricas devam integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Quanto ao PLR, a recorrente tenta demonstrar ausência de caráter remuneratório da referida verba, alegando que as determinações legais foram regulamente atendidas pela recorrente, firmando em acordo coletivo os critérios, valores e forma de pagamento, com a devida participação do sindicato, e que a decisão recorrida inova quanto aos requisitos de dedutibilidade de PLR, indo além do quanto previsto na Lei 10.101/2000. Porém, a fiscalização verificou que o PLR da empresa não estabelece critérios a serem cumpridos, como também observou a ausência de regras claras e objetivas na fixação dos direitos da participação. De fato, da leitura do acordo coletivo (fls. 558), verificase que não há estabelecimento de critérios ou metas a serem cumpridas, sendo que os valores pagos a título de PLR foram previamente estabelecidos. A Lei 10.101/00 estabelece que: Art.2º (...) § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente . (grifei) Dessa forma, a empresa descumpriu o disposto no parágrafo primeiro do citado dispositivo legal, ao deixar de fazer constar, no acordo pactuado, regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação, bem como os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. Portanto, ao contrário do que afirma a recorrente, a decisão recorrida não inovou quanto aos critérios estabelecidos na lei, pois o Relator do acórdão combatido deixou claro que o débito seria mantido pois a empresa não observou o § 1º, transcrito acima. Por tudo que foi exposto acima, concluo que a verba intitulada Participação nos Resultados foi paga em desconformidade com a legislação que rege a matéria. E, como a alínea “j”, do § 9º, do art. 28 da Lei 8.212/91, isenta de contribuição previdenciária apenas a participação nos lucros ou resultados da empresa quando paga ou creditada de acordo com a lei específica, no caso a Lei nº 10.101/99, a referida verba, paga pela autuada em desacordo com o mencionado diploma legal, integra o salário de contribuição. A recorrente alega, ainda, natureza indenizatória do abono pago aos empregados, que foi concedido como compensação pela alteração nos critérios de concessão de Fl. 353DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 7 11 outros benefícios, em uma única parcela, em um valor fixo indiscriminadamente a todos os empregados. Em relação a essa matéria, é oportuno observar que a ProcuradoriaGeral da Fazenda NacionalPGFN emitiu o Ato Declaratório nº 16/2011, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114 /2011, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 09/12/2011, autorizando a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária”, Assim, como o pagamento em tela se enquadra no conceito de abono único, pois era pago apenas uma vez, e estava previsto em acordo coletivo, entendo que devam ser excluídos do débito, por provimento, a contribuição lançada incidente sobre o pagamento da verba intitulada “Abono Indenizatório”, por não integrar o salário de contribuição, uma vez que foi pago sem habitualidade. Diante do citado Ato, e considerando que o Decreto 70.235/72 estabelece que o disposto no caput do art. 26A não se aplica aos casos de lei ou ato normativo que fundamente crédito tributário objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, e que a Lei 10.522/2002, citada no art. 26A, determina que os créditos tributários já constituídos relativos à matéria de que trata o seu artigo 19 devem ser revistos de ofício pela autoridade lançadora, entendo que deva ser dado provimento ao recurso, pelo fato de o Seguro de Vida em Grupo não integrar o salário de contribuição. A recorrente inova em relação à defesa, alegando a ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida, destacando a inocorrência de preclusão e a necessária avaliação do tema, diante do princípio da verdade material que rege o processo administrativo. Contudo, tal questionamento não foi trazido perante a primeira instância administrativa, tendo sido feito somente em sede recursal. O Decreto 70.235/72 é claro ao estabelecer que “Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante” E a recorrente não comprovou a ocorrência das hipóteses contidas no § 4º, do art. 16, do mesmo normativo legal, que determina que: Art. 16 (...) § 4o A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente Fl. 354DF CARF MF 12 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Dessa forma, considerando que encontrase precluído o direito à discussão de matéria trazida de forma inovadora na segunda instância administrativa, em razão do que dispõe o art. 17 do referido Decreto, transcrito acima, entendo que não deva ser conhecida a parte do recurso que trata de tal matéria. Porém, caso assim não entenda a maioria do colegiado, e ainda que não se considere ocorrida a preclusão, é oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Com relação à multa, esta Relatora não desconhece que a maioria dos membros deste Colegiado retroagem a norma para aplicar a multa de mora mais benéfica, observando o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Contudo, tal matéria não foi trazida no recurso voluntário e, por entender que não se trata de matéria de ordem pública, não há que conhecêla de ofício. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta; VOTO por CONHECER PARCIALMENTE DO RECURSO e, na parte conhecida, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, no mérito, para excluir do débito, por improcedência, os valores relativos ao ABONO INDENIZATÓRIO. É como voto. ASSIM VOTOU A CONSELHEIRA NA SESSÃO DE JULGAMENTO. João Bellini Júnior Redator ad hoc na data da formalização do acórdão. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 8 13 Voto Vencedor Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato do conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, redator original para o voto vencedor, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o voto deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Peço vênia a i. Conselheira Relatora, mas divirjo quanto ao não conhecimento da matéria suscitada pela Recorrente, qual seja, ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida. Em contraponto ao decidido pela i. Relatora, entendo que o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. Dito isso, conheço da matéria suscitada. Quanto ao mérito da questão, acompanho o entendimento da i. Relatora: [...] Porém, caso assim não entenda a maioria do colegiado, e ainda que não se considere ocorrida a preclusão, é oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Fl. 356DF CARF MF 14 Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. É como voto. ASSIM VOTOU O CONSELHEIRO NA SESSÃO DE JULGAMENTO. Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Fl. 357DF CARF MF
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Numero do processo: 13839.905509/2009-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 19/11/2003
RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido.
Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 19/11/2003
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS.
O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como pára-brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classifica-se na posição 7007 da TIPI.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 19/11/2003
NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA
Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.185
Decisão:
ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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COMPENSAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Recorrente VITROTEC VIDROS DE SEGURANÇA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 19/11/2003 RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 19/11/2003 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. O produto denominado vidros de segurança não emoldurados utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificase na posição 7007 da TIPI. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 19/11/2003 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 55 09 /2 00 9- 86 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 3 2 ACORDAM os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário contra o Acórdão 1429.663, exarado pela 2ª Turma da DRJ/RPO em face de Despacho Decisório que denegou restituição pleiteada e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. A recorrente formalizou PER/DComp objetivando a compensação de pretensa diferença recolhida a maior relativa ao IPI. A fiscalização, a partir das características do DARF discriminado no PER/DComp, constatou que o crédito alegado como indevidamente pago foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, onde alegou, em sede preliminar, que a fundamentação legal genérica do Despacho Decisório implicou cerceamento do seu direito de defesa. No mérito, sustentou que o direito à restituição decorre de recolhimento a maior de IPI face a erro de classificação de seus produtos (vidros não emoldurados destinados exclusivamente para serem utilizados no párabrisas e nas janelas dos veículos automotores das posições 8701 a 8705). Os mesmos foram classificados na posição 7007 (Vidros de Segurança), com alíquota de 15% de IPI, quando o correto, segundo motivos, julgados e princípio da seletividade, deveria ser na posição 8708 da TIPI (partes e acessórios dos veículos automóveis das posições 8701 a 8705), com alíquota de 5%. Ao analisar a Manifestação de Inconformidade, a DRJ/RPO julgoua IMPROCEDENTE, nos termos do Acórdão 1429.663, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 19/11/2003 NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Somente são nulos os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com comprovada preterição do direito de defesa. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 4 3 RESTITUIÇÃO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. VIDROS DE SEGURANÇA APLICADOS EM VEÍCULOS AUTOMÓVEIS. Inexiste erro de classificação fiscal se contribuinte lançou nos documentos fiscais e recolheu com a respectiva alíquota os vidros, utilizados como pára brisas e nas janelas dos veículos automóveis, classificados na posição 7007 da TIPI. Conseqüentemente, inexiste recolhimento indevido ou maior que o devido que se enquadre como crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado o contribuinte apresentou Recurso Voluntário replicando as alegações da Manifestação de Inconformidade. É o relatório, em sua essência. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.171, de 20 de fevereiro de 2017, proferido no julgamento do processo 13839.904308/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.171): "O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. As indicações de folhas no presente voto, não havendo informação contrária, referemse à numeração constante no eprocesso. 1 Da Preliminar de Nulidade A recorrente alega que houve preterição do direito de defesa, ensejando a nulidade do despacho Decisório, por indicação inespecífica de dispositivo legal, nos seguintes termos: No despacho decisório que não homologou a compensação em tela constam como enquadramento legal: "Artigo 165 e 170, da Lei n°5.172 (CTN); Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. " Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 5 4 Ocorre que os artigos contém parágrafos e incisos QUE NÃO FORAM DEVIDAMENTE ESPECIFICADOS, o que resultou na impossibilidade de a recorrente identificar qual deles fundamenta a decisão não homologatória da compensação, ou seja, EVIDENCIASE INDICAÇÃO INESPECÍFICA QUE CARACTERIZA FORMALIZAÇÃO INCORRETA, em flagrante contrariedade ao que dispõe a legislação que rege a matéria e que prevê a indicação clara e precisa dos dispositivos legais supostamente infringidos , o que não ocorreu no caso. Tal fato resulta em flagrante prejuízo à defesa do contribuinte, resultando em vício insanável que enseja a nulidade do despacho decisório". Não vislumbro nos autos qualquer preterição do direito de defesa. O Acórdão recorrido não merece reparos, nesse pormenor. O despacho Decisório encontrase suficientemente fundamentado e o enquadramento legal está adequado aos fatos apurados. Não há, na espécie, motivo para que a autoridade fiscal indicasse os incisos ou alíneas em que se subdividiam os artigos elencados. Andou bem o julgador de primeira instância, vejamos parte dos fundamentos de seu voto que: [...] "Contudo, o que constato é que, para um pedido genérico lastreado num DARF, regularmente utilizado, para a integral quitação de débitos, mormente por inexistir qualquer retificação do DARF e da DCTF, nenhuma outra capitulação legal seria possível, aliás, creio que foi até exaustiva no caso, pois, bastaria citar o artigo 171 do CTN, ou seja, que a compensação só se faz com créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional." [...] O excerto acima transcrito é suficientemente didático. Não há coerência lógica nos argumentos trazidos pela recorrente, senão o intuito de dar sobrevida ao litígio. Com o exposto, não se verifica qualquer cerceamento do direito de defesa, tampouco algum ato ou fato que ampare, ainda que de longe, a nulidade do Despacho Decisório. 2 Do Mérito O cerne do litígio está centrado da [in]existência do crédito disponível para restituição, submetido à PER/DComp, i.é., [in]existência de pagamento a maior de IPI por parte do contribuinte. A fiscalização, em procedimento de análise de PER/DComp, detectou que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. O recorrente, por sua vez, alega que efetuou recolhimento de IPI a maior em face de equívoco na classificação fiscal de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores das posições 8701 a 8705 da Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 6 5 TIPI. Originariamente efetuou os recolhimento do IPI com base na posição da TIPI 7007, alíquota de 15%, conquanto, no seu entender, deveria ter recolhido com base na posição 8708, alíquota de 5%. Sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. Em resumo temos que o recorrente sustenta que cometeu erro na classificação de vidros não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores, de sua fabricação e, como conseqüência, recolheu IPI a maior. É nessa matéria, classificação fiscal, que se limita a peça recursal. Outrossim, a exigência fiscal emerge da constatação por parte da fiscalização de que o crédito alegado como indevidamente pago fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pretendida. Essa é a matéria posta originariamente pela fiscalização. Sobre ela nada falou o recorrente. Apressome a afirmar: ainda que o recorrente tenha êxito quanto a classificação por ele pretendida, fazse necessária a comprovação de que eventual pagamento a maior do IPI fora devidamente escriturado, bem assim que as obrigações acessórias tenham sido alteradas para contemplar os valores efetivamente devido do tributo, tornadoo liquido e certo. Portanto temos dois pontos a serem apreciados: (i) a liquidez e certeza do crédito alegadamente pago a maior e (ii) a correta classificação do produto. 2.1 A LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ALEGADAMENTE PAGO A MAIOR É notoriamente sabido que, nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. Essa é a dicção do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Disso não se desincumbiu o contribuinte. Do compulsar dos autos não se vislumbra nenhum elemento apresentado pela recorrente que tenha o condão de afastar as alegações da fiscalização que alicerçaram a negativa relativa ao pedido de restituição. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 7 6 Noutra esteira, a fiscalização demonstrou que, relativamente ao crédito que se pretende ser indevido, há débitos a ele originariamente vinculados, portanto não disponíveis para restituição e, conseqüentemente, não servindo para custear compensação. Dessarte, depreendese que os valores de IPI que o recorrente pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez. 2.2 A CORRETA CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO Passo a apreciar a classificação fiscal adotada pelo contribuinte para o produto vidro não emoldurados destinados para uso nos párabrisas e janelas de veículos automotores. Ressaltese que a classificação fiscal, no caso concreto, não influenciará diretamente na decisão quanto ao direito à restituição, posto que, isoladamente, eventual erro na classificação não é suficiente para dotar de liquidez e certeza o crédito pago a maior,. O recorrente sustenta que tem o direito de classificar os vidros não emoldurados nas subposições 8708.29.19 ou 8708.29.99 da TIPI. Tece comentários sobre a metodologia do sistema de classificação fiscal e procura demonstrar a correção da classificação utilizada. Adentra em comentários acerca do princípio da seletividade do IPI sustentando que os princípios constitucionais devem ser considerados prioritariamente para fim de classificar um produto na TIPI, em detrimento às regras do Sistema harmonizado. O Julgador a quo, em seu voto, constante do Acórdão recorrido, fundamenta exaustivamente as razões para descaracterizar a pretensa classificação dos vidros na posição 8708 e a necessária e correta classificação na posição 7007. vejamos excerto do voto: [...] Quanto ao mérito, nenhuma razão assiste ao interessado, sendo que a classificação fiscal do produto em questão já é pacificada na Receita Federal do Brasil desde 1998, quando, mediante o DEC SRRF 8ª RF nº 155/98, publicado no DOU em 06/08/98, classificou na posição 7007 da TIPI os vidros a serem utilizados como párabrisas e nas janelas dos veículos automóveis. [...] Não vislumbro razão para o aprofundamento da análise da presente matéria, a uma, pelo brilhante voto constante do Acórdão recorrido, não merecendo reparos, a duas, em face da publicação da Solução de Consulta do Centro de Classificação de Mercadorias da RFB, SC 56/2014, 1ª Turma, com a qual concordo e a utilizo como fundamento de minha decisão. Sua ementa é suficientemente esclarecedora: 7007.21.00 Vidro de segurança não emoldurado, formado por folhas contracoladas (vidro laminado), de espessuras que variam de 1 mm até mais de 6,5 mm, acompanhado de guarnição de borracha para vedação, destinado a uso como parabrisa de automóveis SC 296/2015 1ª Turma Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13839.905509/200986 Acórdão n.º 3301003.185 S3C3T1 Fl. 8 7 Como se vê o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis tem definida e consolidada sua classificação fiscal na posição 7007. Dispositivo Ante o exposto, considerando que (i) os créditos de IPI que se pretende considerar indevidamente recolhidos para fins de fruição de restituição, não se encontram devidamente comprovados, portanto não revestidos de certeza e liquidez e que (ii) o produto denominado vidro de segurança não emoldurado, destinado a uso como parabrisa de automóveis deve ser classificado fiscal na posição 7007, da TIPI, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.000134/2007-68
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Data do fato gerador: 01/01/2007 INCLUSÃO RETROATIVA. SIMPLES FEDERAL. É vedada a inclusão retroativa na sistemática do SIMPLES FEDERAL (Lei nº 9.317/96), havendo débitos cuja exigibilidade não esteja suspensa. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2007 LITÍGIO. MATÉRIA POSTA EM DISCUSSÃO. A solução do litígio é limitada à matéria posta em discussão desde o início do processo administrativo fiscal, sendo vedada a apreciação de questões que extrapolem os limites da lide.
Numero da decisão: 1803-001.347
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Walter Adolfo Maresch
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SIMPLES FEDERAL. É vedada a inclusão retroativa na sistemática do SIMPLES FEDERAL (Lei nº 9.317/96), havendo débitos cuja exigibilidade não esteja suspensa. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 LITÍGIO. MATÉRIA POSTA EM DISCUSSÃO. A solução do litígio é limitada à matéria posta em discussão desde o início do processo administrativo fiscal, sendo vedada a apreciação de questões que extrapolem os limites da lide. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Relator. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 07/08/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10930.000134/200768 Acórdão n.º 180301.347 S1TE03 Fl. 112 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (presidente), Walter Adolfo Maresch, Sergio Rodrigues Mendes, Victor Humberto Da Silva Maizman, Viviani Aparecida Bacchmi e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Relatório ROLVAMA ROLAMENTOS LTDA, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ CURITIBA (PR), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ por bem retratar os fatos. Trata o presente processo de manifestação de inconformidade ao conteúdo do Despacho Decisório DRF/LON n° 10930/031/2007 (fls. 68/69), que indeferiu o pedido de ingresso no Simples com data retroativa a 01/01/2007. A autoridade fiscal indeferiu o pleito em face de a pessoa jurídica possuir débitos inscritos em Dívida Ativa da União, cuja exigibilidade não está suspensa. 2. Na manifestação de inconformidade de fl.73, a contribuinte afirma que o MM Juiz determinou a penhora sobre os bens que indicou, em 14/06/2007, garantindo o juízo, como demonstram as Certidões Narrativas de n° 10190 e 10189, bem como a cópia de Auto de Penhora, Avaliação e Depósito efetuada na mesma data. Sustenta que nada obsta o deferimento do pedido. Juntou documentos. A DRJ CURITIBA (PR), através do acórdão nº 0623.644, de 03 de setembro de 2009 (fls. 85/86), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2007 PEDIDO DE INCLUSÃO RETROATIVA. IMPROPRIEDADE. A adesão ao Simples ocorre por ato volitivo do interessado, sendo dispensável qualquer manifestação do fisco. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. Tendo a Lei Complementar n° 123, de 2006, revogado a Lei n° 9.317 de 1996, a partir de 07/2007, com outras regras para a adesão, resta prejudicada a análise do pleito, cabendo ao sujeito passivo promover seu ingresso ao Simples Nacional, na forma prevista no comando legal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 241DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 07/08/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10930.000134/200768 Acórdão n.º 180301.347 S1TE03 Fl. 113 3 Ciente da decisão em 23/09/2009, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 89), apresentou o recurso voluntário em 08/10/2009 fls. 90/94, onde afirma que o pleito deve ser deferido pois a execução estava garantida, nada havendo que impeça a manutenção no SIMPLES NACIONAL (sic). É o relatório. Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de pedido de inclusão retroativa a 01/01/2007 na sistemática do SIMPLES FEDERAL (Lei nº 9.317/96), formulado em 26/01/2007, que foi indeferido tendo em vista a existência de débitos cuja exigibilidade não estava suspensa. Alega a recorrente em síntese: a) Que em 2008 recebeu uma correspondência da DRF Londrina (PR) informando que havia débitos cuja exigibilidade não estava suspensa o que ocasionaria a sua exclusão do SIMPLES NACIONAL; b) Que os débitos que constavam em aberto eram 03 inscrições em Dívida Ativa objeto de execução fiscal garantida, conforme listagem da Procuradoria da Fazenda Nacional; c) Que por ocasião do julgamento da manifestação de inconformidade apontou a DRJ que os débitos não estavam suspensos pois a penhora somente teria sido efetivada em 14/06/2007; e) Que aponta que se está falando da inclusão no SIMPLES NACIONAL (Lei Complementar nº 123/2006), com vigência a partir de 07/2007, ocasião em que os débitos já estavam com exigibilidade suspensa; f) Que no momento que a contribuinte foi intimada (setembro/2008), a situação já se encontrava regularizada, com penhora efetivada e os débitos garantidos; g) Que não é possível afirmar em 2008, que os débitos não estavam garantidos e com exigibilidade suspensa, se a efetivação da penhora ocorreu em Junho/2007; h) Que não há nenhum óbice na manutenção na sistemática do SIMPLES NACIONAL, sendo que no momento da intimação já estavam os débitos garantidos não havendo que se falar em reinclusão retroativa a 01/01/2007. Não assiste razão à interessada. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 07/08/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10930.000134/200768 Acórdão n.º 180301.347 S1TE03 Fl. 114 4 Com efeito, não tratam os presentes autos de qualquer litígio acerca do SIMPLES NACIONAL (Lei Complementar nº 123/2006) e sim de pedido de inclusão retroativa a 01/01/2007 na sistemática do SIMPLES FEDERAL (Lei nº 9.317/96). Assim, o litígio é restrito ao pedido de inclusão ao SIMPLES FEDERAL (Lei 9.317/96), devendo a discussão sobre a manutenção ou não no SIMPLES NACIONAL (Lei Complementar nº 123/2006), ser levada a efeito no foro competente em processo distinto. No tocante ao pedido de inclusão ao SIMPLES FEDERAL, não assiste razão à recorrente. Conforme se depreende das certidões da Justiça Federal (fls. 10, 15, 78 e 79) e Auto de Penhora (fls. 80/83), os débitos inscritos em Dívida Ativa e objeto de execução fiscal somente tiveram sua exigibilidade suspensa no momento da perfectibilização da penhora, evento que somente ocorreu em 14/06/2007, conforme reconhece a própria recorrente. Diante desta constatação, é inegável que em Janeiro/2007, momento do pedido formulado pela requerente e também até a prolação do despacho decisório que indeferiu o pedido manual (fls. 68/70) realizada em 17/05/2007, os débitos inscritos em Dívida Ativa e objeto de execução fiscal não estavam com sua exigibilidade suspensa. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinatura digital) Walter Adolfo Maresch Relator Fl. 243DF CARF MF Impresso em 07/08/2012 por SELENE FERREIRA DE MORAES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 07/08/201 2 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 02/07/2012 por WALTER ADOLFO MARESCH
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Numero do processo: 13502.900798/2009-29
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2005
DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO.
Só se pode cogitar de declaração de nulidade de despacho decisório quando for, esse despacho, proferido por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2005
SALDO NEGATIVO DE CSLL. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS.
O valor recolhido a título de estimativas de IRPJ ou CSLL integra o saldo negativo do período de apuração e, como tal, é passível de restituição e compensação com outros tributos.
Numero da decisão: 1803-000.849
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar
provimento parcial ao recurso para que o direito creditório pleiteado seja apreciado como saldo negativo, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o
Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, relator, que dava provimento parcial para reconhecer a possibilidade de formação de indébitos em recolhimentos por estimativa, mas sem homologar a
compensação, por ausência de análise do mérito pela autoridade preparadora, com o consequente retorno dos autos ao órgão de origem, para verificação da existência, suficiência e
disponibilidade do crédito pretendido em compensação.
Matéria: CSL- que não versem sobre exigência de cred. trib. (ex.:restituição.)
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de despacho decisório quando for, esse despacho, proferido por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2005 SALDO NEGATIVO DE CSLL. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS. O valor recolhido a título de estimativas de IRPJ ou CSLL integra o saldo negativo do período de apuração e, como tal, é passível de restituição e compensação com outros tributos.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que o direito creditório pleiteado seja apreciado como saldo negativo, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, relator, que dava provimento parcial para reconhecer a possibilidade de formação de indébitos em recolhimentos por estimativa, mas sem homologar a compensação, por ausência de análise do mérito pela autoridade preparadora, com o consequente retorno dos autos ao órgão de origem, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de despacho decisório quando for, esse despacho, proferido por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2005 SALDO NEGATIVO DE CSLL. COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVAS. O valor recolhido a título de estimativas de IRPJ ou CSLL integra o saldo negativo do período de apuração e, como tal, é passível de restituição e compensação com outros tributos. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 86 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que o direito creditório pleiteado seja apreciado como saldo negativo, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, relator, que dava provimento parcial para reconhecer a possibilidade de formação de indébitos em recolhimentos por estimativa, mas sem homologar a compensação, por ausência de análise do mérito pela autoridade preparadora, com o consequente retorno dos autos ao órgão de origem, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Walter Adolfo Maresch, Marcelo Fonseca Vicentini, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 87 3 Relatório Adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 54verso e 55): Trata o presente de Manifestação de Inconformidade apresentada contra decisão proferida pela DRF de Camaçari, que através de Despacho Decisório Eletrônico nº 824958694 emitido pelo seu titular, indeferiu o pedido de compensação declarado através do PER/DCOMP nº 34950.78144.200206.1.3.04 3063, transmitido em 20/02/2006. O citado pedido de compensação objetivava quitar os débitos relacionados nas fls. 38 do PAF, com o saldo da restituição decorrente do pagamento a maior da estimativa mensal da CSLL, do período de apuração 12/2004, código 2484, recolhida em 31/01/2005. A impugnante teria recolhido o valor de R$ 676.193,44, para um valor devido de R$ 115.835,21 referente à estimativa da CSLL, período de apuração 12/2004, o que resultaria em pagamento a maior no montante de R$ 560.358,23. O pedido foi negado pela DRF Camaçari sob a seguinte fundamentação: Limite de crédito analisado correspondente ao valor original na data de transmissão informado no PER/DCOMP (R$ 560.358,23). Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP, por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica — IRPJ ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. O Despacho Decisório indica, como enquadramento legal, os arts. 165 a 170 da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e art. 10 da Instrução Normativa nº 600, de 2005, art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Tempestivamente, o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, apresentando os seguintes argumentos: 01 Nulidade do Despacho Decisório Alega a impugnante, “que o Despacho Decisório deve ser motivado de modo articulado, para que haja convencimento em relação aos motivos de fato e de direito que levaram, nesse caso, à não homologação das compensações, sob pena de se inviabilizar a ampla defesa do Contribuinte, assegurada constitucionalmente no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal vigente”. Com base em posicionamentos doutrinários, aduz que “conforme disposto na Lei 9.784/99, art. 2º, parágrafo único VII, prevalece a exigência de indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a decisão. Além disso, o art. 50, I, do mesmo diploma legal estabelece obrigatoriedade de motivação, com indicação Fl. 3DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 88 4 dos fatos e fundamentos jurídicos quando neguem, limitem ou afetem interesses, isto é, em que os atos, de alguma forma, afetem interesses individuais”. “No caso em tela, a descrição dos fatos é genérica e deficiente, não havendo sequer menção ao saldo negativo ou estimativa mensal apurada pela impugnante, ou seja, não há informação básica em relação ao caso concreto. Portanto, o vício apresentado deve ensejar o reconhecimento da nulidade do despacho decisório recorrido, determinandose que a autoridade administrativa proceda a nova análise do PER/DCOMP transmitido pela Impugnante”. [...]. 2. Consta, ainda, da impugnação apresentada, o seguinte (fls. 4 e 5): Como visto, tratase de despacho decisório que não homologou as compensações vinculadas ao PER/DCOMP nº 34950.78144.200606.1.3.043063, sob o fundamento de que o crédito informado somente poderia ser utilizado para compor o saldo negativo de CSLL. Nesse caso, a Impugnante indicou no PER/DCOMP o crédito decorrente do pagamento a maior de CSLL (código: 2484), relativo ao período de apuração de 31/12/2004, no valor de R$ 676.193,44 (seiscentos e setenta e seis mil, cento e noventa e três reais e quarenta e quatro centavos), conforme DARF em anexo (Doc. 04). Entretanto, conforme se verifica da DIPJ 2005, anocalendário 2004, a CSLL apurada no período em questão era de apenas R$ 115.835,21 (cento e quinze mil, oitocentos e trinta e cinco reais e vinte e um centavos), ensejando o pagamento a maior de R$ 560.358,23 (quinhentos e sessenta mil, trezentos e cinquenta e oito reais e vinte e três centavos), valor efetivamente indicado no PER/DCOMP transmitido (Doc. 05). 3. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 54): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. Tendo o despacho decisório preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de impugnar a matéria indeferida, descabe a alegação de nulidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004 ESTIMATIVA MENSAL. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. O recolhimento das estimativas não configura pagamento extintivo de crédito tributário, mas mera antecipação do tributo devido a ser apurado definitivamente ao término do período definido na legislação. Em consequência, passível de restituição e compensação é o saldo negativo de IRPJ (sic) apurado na Declaração de Ajuste Anual. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 89 5 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. LIQUIDEZ E CERTEZA. Incabível a restituição de crédito tributário por pagamento a maior se ausentes a liquidez e a certeza do valor pleiteado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 4. Cientificada da referida decisão em 31/08/2009 (fls. 60), a tempo, em 24/09/2009, apresenta a interessada Recurso de fls. 61 a 73, instruído com os documentos de fls. 74 a 83, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos. Em mesa para julgamento. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 90 6 Voto Vencido Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Preliminar de nulidade do Despacho Decisório Argui a Recorrente, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório por falta de motivação. Sucede que referido Despacho Decisório encontrase devidamente motivado, conforme se observa a seguir (fls. 24): Limite de crédito analisado correspondente ao valor original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: R$ 74.424,20. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP, por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica — IRPJ ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Rejeito a preliminar arguida, de nulidade do Despacho Decisório por falta de motivação. Mérito 5. Conforme se observa do presente processo, para um débito de estimativa, no mês de dezembro de 2004, de R$ 115.835,21 (DIPJ de fls. 42), recolheu a Recorrente um montante de R$ 676.193,44 (Darf de fls. 28), dos quais pretendeu compensar R$ 74.424,20 (Dcomp de fls. 29 a 33). 6. A própria decisão recorrida não se opõe a essa conclusão (fls. 56verso): Portanto, não se nega que a impugnante possa ter crédito em relação ao anocalendário de 2004, decorrente do recolhimento por estimativa em valor superior ao imposto (sic) apurado como devido ao final do exercício, [...]. 7. Entendeu, porém, aquela decisão que “o crédito passível de ser restituído é aquele apurado no ajuste anual e demonstrado na declaração de rendimentos, na qual são considerados os valores devidos por estimativa, assim como o imposto (sic) devido em relação ao ano todo” (fls. 56). Fl. 6DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 91 7 8. Não posso menos do que discordar desse entendimento. 9. Ora, se na DIPJ são considerados os valores devidos por estimativa, este, no mês de dezembro de 2004, corresponde a R$ 115.835,21 (DIPJ de fls. 42), e não a R$ 676.193,44. 10. Se “tributo”, na forma do art. 3º do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), corresponde a uma “prestação pecuniária compulsória”, e mais, “instituída por lei”, tudo o que é recolhido pelo sujeito passivo e que venha a extrapolar o “devido em face da legislação tributária aplicável” (art. 165, I, do CTN), tributo não é, configurandose meramente como um pagamento indevido. 11. Igual raciocínio é válido para a sistemática de recolhimento por estimativas: estas apenas podem ser consideradas a esse título se limitadas ao legalmente previsto na norma específica (art. 2º da Lei nº 9.430, de 1996). 12. Dito de outro modo: não é porque o sujeito passivo optou pela sistemática de apuração anual com antecipações mensais calculadas de forma estimada que qualquer valor que este venha a recolher passará, inexoravelmente, a ser considerado como se fora estimativa. 13. É bem de se ver que, somente as estimativas devidas na forma do art. 2º da Lei nº 9.430, de 1996, são passíveis de dedução na apuração anual do IRPJ ou da CSLL. 14. A esse mesmo entendimento, aliás, chegou a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), ao suprimir em boa hora do art. 11 da Instrução Normativa SRF nº 900, de 30 de dezembro de 2008, restrição que existia nesse sentido, oriunda do art. 10 das Instruções Normativas SRF nºs 460, de 18 de outubro de 2004, e 600, de 28 de dezembro de 2005. 15. Sendo esse ato meramente interpretativo (interpretação das normas materiais que definem a formação e a constituição do indébito na apuração anual do IRPJ ou da CSLL), retroage ele para atingir as situações anteriores à sua edição. 16. De se recordar, por oportuno, que a própria RFB reconhece a possibilidade de restituição de pagamento indevido ou a maior a título de estimativa mensal antes da vigência da IN SRF nº 460, de 2004, conforme se verifica pela leitura de observação presente no Ajuda do programa gerador do Per/Dcomp 4.3: OBS.: Anteriormente à IN SRF nº 460/2004, não era obrigatória a utilização de pagamento indevido ou a maior de CSLL a título de estimativa mensal na dedução da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve o pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de CSLL do período. Assim, o valor pago a maior a título de estimativa de CSLL de janeiro/2004 (R$ 400,00) poderá ser objeto de Pedido de Restituição ou de Declaração de Compensação, pois não foi lançado na DIPJ. 17. Mencionase, a respeito, o seguinte precedente administrativo: ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 92 8 Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas em conformidade com a lei. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acréscimo de juros à taxa SELIC, acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP. Eficácia retroativa da Instrução Normativa RFB nº 900/2008. (Acórdão nº 110100.330, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção Sessão de 9 de julho de 2010) 18. Cumpre ressaltar, porém, que a interpretação aqui exposta tem por pressuposto a ocorrência de erro no cálculo ou no recolhimento da estimativa, não abrangendo a mera mudança de opção (com base na receita bruta e acréscimos ou em balanços ou balancetes de suspensão ou redução). 19. Claro está, também, que o sujeito passivo, quando do encerramento do ano calendário, deve confrontar, apenas, as estimativas que considerou devidas, sob pena de duplo aproveitamento do mesmo crédito. 20. Dessa forma, a homologação expressa exige que o sujeito passivo comprove, perante a autoridade administrativa que o jurisdiciona: (a) o erro cometido no cálculo ou no recolhimento da estimativa; (b) a sua adequação para a formação do indébito; e (c) a correspondente disponibilidade, mediante prova de que já não se valeu desse indébito para liquidação da CSLL devida no ajuste anual ou para formação do correspondente saldo negativo. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para reconhecer a possibilidade de formação de indébitos em recolhimentos por estimativa, mas sem homologar a compensação, por ausência de análise do mérito pela autoridade preparadora, com o consequente retorno dos autos ao órgão de origem, para verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 8DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 13502.900798/200929 Acórdão n.º 180300.849 S1TE03 Fl. 93 9 Voto Vencedor Conselheiro Walter Adolfo Maresch, Redator Designado Não obstante o tradicional brilhantismo do ilustre conselheiro relator, seu voto não foi acompanhado pelos demais conselheiros desta Terceira Turma Especial. Com efeito, embora a matéria comporte interpretações variadas no âmbito deste colegiado julgador administrativo, resta evidente que afastadas as possíveis utilizações indevidas de valores recolhidos à título de estimativa, considerando a fungibilidade do direito de repetição de valores recolhidos indevidamente ao longo do ano calendário, é de se acolher o pedido da requerente desde que comprovado efetivo saldo negativo ao final do período de apuração do imposto ou contribuição social. Ou seja, havendo efetivo recolhimento a maior no período evidenciado por saldo negativo de IRPJ ou CSLL (já computado o suposto recolhimento a maior) deve ser reconhecido o direito creditório correspondente e homologadas as compensações realizadas. No caso em tela, tratase de estimativa de CSLL referente ao período de apuração 12/2004 cujo recolhimento ocorreu somente em Janeiro de 2005. Neste sentido, não há dúvidas que conforme a DIPJ do Ano Calendário 2004 (fl. 43) a recorrente apurou saldo negativo de CSLL no valor de R$ 631.113,85 e que conforme a própria contribuinte reconhece, neste saldo negativo se encontra computado o valor do DARF recolhido à título de estimativa no valor de R$ 676.193,44 (fl. 28) e decorrente da estimativa apurada no mês de dezembro de 2004 (fl. 42) cujo valor devido é inferior ao efetivamente recolhido. Destarte, impende reconhecer que a recorrente efetivamente dispõe de saldo negativo de CSLL no ano calendário 2004, em princípio bem superior aos débitos, que poderá ser utilizado para as compensações requeridas neste processo, computandose no entanto quaisquer outras compensações realizadas à este ou outro título (saldo negativo ou recolhimento indevido de CSLL). Diante do exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso para que o direito creditório seja analisado pela unidade de origem à título de saldo negativo de CSLL. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Fl. 9DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 01/04/2011 por SERGIO RODRIGUES M ENDES, 30/03/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH
score : 1.0
Numero do processo: 11176.000306/2007-55
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.885
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 17 6. 00 03 06 /2 00 7- 55 Fl. 240DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 244DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 245DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 247DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 248DF CARF MF Processo nº 11176.000306/200755 Acórdão n.º 9202004.885 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 249DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.721760/2011-07
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.850
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 17 60 /2 01 1- 07 Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 208DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10865.721760/201107 Acórdão n.º 9202004.850 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 214DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.724198/2009-24
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 41 98 /2 00 9- 24 Fl. 232DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10980.724198/200924 Acórdão n.º 9202004.870 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 241DF CARF MF
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