Busca Facetada
Turma- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Segunda Câmara (11,624)
- Segunda Seção de Julgamen (11,624)
- IRPF- auto de infração el (277)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (65)
- ITR - ação fiscal - outro (60)
- ITR - notific./auto de in (41)
- IRPF- ação fiscal - outro (36)
- IRPF- ação fiscal - omis. (35)
- ITR - notific./auto de in (33)
- ITR - ação fiscal (AF) - (25)
- IRPF- ação fiscal - Ac.Pa (23)
- IRF- ação fiscal - outros (16)
- IRPF- restituição - rendi (16)
- IRF- que ñ versem s/ exig (13)
- DCTF_IRF - Auto eletroni (10)
- PIS - ação fiscal (todas) (10)
- Cofins - ação fiscal (tod (7)
- RONNIE SOARES ANDERSON (1,475)
- MARTIN DA SILVA GESTO (1,095)
- LEONAM ROCHA DE MEDEIROS (686)
- ANTONIO LOPO MARTINEZ (675)
- LUDMILA MARA MONTEIRO DE (573)
- MARIO HERMES SOARES CAMPO (437)
- SONIA DE QUEIROZ ACCIOLY (424)
- MARCO AURELIO DE OLIVEIRA (400)
- THIAGO BUSCHINELLI SORREN (386)
- JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAM (304)
- Sara Maria de Almeida Car (288)
- MARCIO HENRIQUE SALES PAR (247)
- Marcelo de Sousa Sáteles (233)
- SARA MARIA DE ALMEIDA CAR (231)
- DILSON JATAHY FONSECA NET (209)
- 2020 (1,939)
- 2021 (1,386)
- 2019 (1,034)
- 2023 (889)
- 2017 (797)
- 2024 (695)
- 2012 (642)
- 2016 (616)
- 2018 (564)
- 2013 (501)
- 2014 (422)
- 2022 (421)
- 2011 (419)
- 2001 (347)
- 2010 (328)
- 2020 (1,887)
- 2021 (1,464)
- 2023 (1,076)
- 2019 (910)
- 2017 (814)
- 2024 (656)
- 2016 (651)
- 2018 (519)
- 2014 (438)
- 2022 (372)
- 2001 (347)
- 2013 (331)
- 2015 (251)
- 2025 (198)
- 2010 (194)
- de (11,596)
- por (11,434)
- do (11,266)
- votos (11,255)
- os (11,222)
- membros (11,158)
- colegiado (10,795)
- recurso (10,511)
- acordam (10,402)
- unanimidade (10,367)
- e (10,294)
- julgamento (9,853)
- conselheiros (9,800)
- provimento (9,685)
- presidente (9,669)
Numero do processo: 10980.009571/2004-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.256
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10980.009571/2004-17
conteudo_id_s : 6385116
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 19 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2202-000.256
nome_arquivo_s : 220200256_10980009571200417_201207.pdf
nome_relator_s : RAFAEL PANDOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 10980009571200417_6385116.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2012
id : 4578260
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041573263966208
conteudo_txt : Metadados => date: 2015-03-24T18:50:12Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2015-03-24T18:50:12Z; Last-Modified: 2015-03-24T18:50:12Z; dcterms:modified: 2015-03-24T18:50:12Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:9ea80159-c230-4c9b-90e5-697d456ffec3; Last-Save-Date: 2015-03-24T18:50:12Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2015-03-24T18:50:12Z; meta:save-date: 2015-03-24T18:50:12Z; pdf:encrypted: true; modified: 2015-03-24T18:50:12Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2015-03-24T18:50:12Z; created: 2015-03-24T18:50:12Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2015-03-24T18:50:12Z; pdf:charsPerPage: 1307; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:created: 2015-03-24T18:50:12Z | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 83 1 82 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.009571/200417 Recurso nº 915.078 Resolução nº 220200.256 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 10 de julho de 2012 Assunto Omissão de rendimentos. Recorrente PAULO ROBERTO DE FREITAS PAULINO Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por JOSE ROBERTO DE FARIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.009571/200417 Resolução n.º 220200.256 S2C2T2 Fl. 84 2 Relatório 1 Pedido de Restituição O recorrente efetuou pedido de restituição de multa de mora (fls. 0410), que considerava ter pagado erroneamente por ocasião do recolhimento do tributo antes do início do procedimento de fiscalização. Como a confissão e o pagamento do tributo devido antes do procedimento de fiscalização implica a aplicação do art. 138 do CTN, o recorrente afirma que a denúncia espontânea importaria a exclusão da multa de mora. O pedido de restituição foi indeferido por despacho decisório (fls. 2930), sob o argumento de que a exclusão da responsabilidade prevista no art. 138 do CTN abarca apenas as multas punitivas do lançamento de ofício. Por este motivo, a multa de mora recolhida seria devida. Ainda, o despacho decretou a decadência do direito de restituir os valores anteriores a 30/04/1999, vez que o prazo decadencial para a restituição de quantias pagas indevidamente é de cinco anos. 2 Manifestação de Inconformidade O recorrente apresentou manifestação de inconformidade (fls. 3342), arguindo o seguinte: a) o prazo decadencial para a restituição de indébito é de 10 anos (5 anos contados da homologação do lançamento, que ocorre 5 anos após o fato gerador); b) o art. 138 do CTN traz norma que incentiva o contribuinte a reconhecer sua irregularidade e resolver as pendências com o fisco, e abarca todos os tipos de multas relativas ao crédito tributário, inclusive a de mora; c) os valores identificados como não recolhidos pelo despacho decisório foram efetivamente pagos, motivo pelo qual colaciona DARF’s (fls. 4347 do processo). 3 Acórdão da DRJ A 1ª Turma da DRJ de Curitiba acordou (fls. 5364), por unanimidade, pelo reconhecimento da decadência do direito à restituição dos pagamentos efetuados nos períodos de 25/08/94 a 30/04/99, e pelo descabimento da restituição das parcelas recolhidas entre 30/04/99 a 29/05/02, vez que o pagamento seria devido. a) de acordo com a doutrina e a jurisprudência mais avalizada, a decadência do direito do contribuinte de restituir o indébito tributário é de cinco anos após o pagamento; b) o art. 138 do CTN exclui as multas de caráter punitivo, não as de caráter indenizatório, como a multa de mora cuja restituição é requisitada pelo contribuinte. A multa moratória tem a finalidade de coibir o descumprimento dos prazos legais, de modo que seria contraditório excluir a sua aplicação àquele que paga fora do prazo; 4 Recurso Voluntário Não satisfeito com o julgamento da DRJ, o recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando os argumentos alinhados na impugnação, acrescentando que: Fl. 84DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por JOSE ROBERTO DE FARIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.009571/200417 Resolução n.º 220200.256 S2C2T2 Fl. 85 3 a) existe jurisprudência do STJ no sentido de que as situações ocorridas antes do advento da Lei Complementar nº 118/05 terão respeitada a regra de prescrição do 5+5, desde que este prazo não ultrapasse 5 anos a partir da vigência da Lei; b) se é penalidade, é punitiva, e enseja a aplicação do art. 138 do CTN, seja ela de mora ou de ofício. A parcela indenizatória corresponde aos juros aplicados. Tal entendimento é corroborado pela melhor doutrina e pela jurisprudência da CSRF. É o relatório. Fl. 85DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por JOSE ROBERTO DE FARIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.009571/200417 Resolução n.º 220200.256 S2C2T2 Fl. 86 4 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo O recurso atende aos requisitos legais do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece ser conhecido. A matéria de fundo, tratada no presente recurso, diz respeito à configuração de denúncia espontânea entabulada no art. 138 do CTN e suas consequências, notadamente, a exclusão de multa moratória. Após amplo debate doutrinário e jurisprudencial, consolidouse, no STJ, o entendimento de que a não incidência de multa depende do momento em que ocorre o pagamento total do crédito tributário, se antes ou depois da constituição da relação jurídica tributária pela Fazenda (lançamento de ofício) ou pelo contribuinte (autolançamento). A ementa abaixo reproduzida (REsp 1.062.139) retrata esse contexto: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFIGURAÇÃO. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento dos recursos repetitivos REsp n. 962.379 e REsp 886.462, reafirmou o entendimento já assentado pela Corte no sentido de que não existe denúncia espontânea quando o pagamento se referir a tributos já noticiados pelo contribuinte por meio de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei e pagos a destempo. Considerase que, nessas hipóteses, a simples declaração é apta a constituir o crédito tributário, sendo desnecessário, para tanto, o lançamento, de modo que, constituído o crédito tributário, o seu recolhimento a destempo, ainda que pelo valor integral, não enseja o benefício do art. 138 do CTN. 2. Contudo, in casu, o acórdão recorrido, com fundamento na prova dos autos, concluiu pela configuração da denúncia espontânea, porquanto não vislumbrou indício algum de que "realmente tenha havido declaração dos tributos anteriormente ao pagamento" ou de que o débito fora objeto de parcelamento. 3. Conclusão baseada em permissa fática cuja revisão é vedada a esta Corte por força do óbice da Súmula 7/STJ. 4. Assim, não havendo comprovação da ocorrência de parcelamento ou prévia declaração pelo contribuinte, configurase a denúncia espontânea, mesmo em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, em razão da confissão da dívida acompanhada de seu pagamento integral ter ocorrido em momento anterior a qualquer ação fiscalizatória ou processo administrativo. 5. No que tange à natureza da multa cujo perdão está previsto no artigo 138 do CTN, a jurisprudência desta Corte já assentou que, não havendo, no dispositivo legal, nenhuma distinção entre multa punitiva e moratória, ambas devem ser excluídas quando do reconhecimento da denúncia espontânea. Precedentes. 6. Recurso especial nãoprovido. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por JOSE ROBERTO DE FARIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.009571/200417 Resolução n.º 220200.256 S2C2T2 Fl. 87 5 (STJ. Primeira Turma. Rel. Min. Benedito Gonçalves. julg. 11 de nov. de 2008) Além do supracitado REsp, que trago à baila por sintetizar a jurisprudência do STJ acerca do assunto, é importante citar os dois REsp’s julgados sob o regime do art. 543C do CPC, aos quais esta Corte está vinculada por força do art. 62A do Regimento Interno deste Conselho: TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543 C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (STJ. Primeira Sessão. REsp 962.379. Rel. Min. Teori Albino Zavascki. julg. 22 de out. de 2008) TRIBUTÁRIO. ICMS. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E NÃO PAGO NO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1 Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido . 2. Recurso especial parcialmente conhecido e, no ponto, improvido Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (STJ. Primeira Sessão. REsp 886.462. Rel. Min. Teori Albino Zavascki. julg. 22 de out. de 2008) Sendo assim, para que se aplique o benefício da denúncia espontânea em relação à multa de mora, o relevante é averiguar se (a) a declaração é retificadora e/ou extemporânea; (b) o pagamento foi efetuado antes ou em conjunto com a declaração; (c) ambos ocorreram antes do início do procedimento fiscal. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por JOSE ROBERTO DE FARIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10980.009571/200417 Resolução n.º 220200.256 S2C2T2 Fl. 88 6 Assim, o correto deslinde do feito demanda a análise das DCTFS enviadas pelo recorrente, documento que apresenta campo próprio no qual está constituída a obrigação relativa ao IRRF. Com base no acima exposto, proponho que o presente julgamento seja CONVERTIDO EM DILIGÊNCIA, para que a autoridade lançadora confirme se os pagamentos realizados pelo recorrente ocorreram antes ou após o envio da DCTF relativa à competência paga, nos seguintes termos: data do pagamento data do envio da DCTF Competência (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 88DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por JOSE ROBERTO DE FARIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 20/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 10640.720845/2009-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2005
RETIFICAÇÃO DAS ÁREAS DISTRIBUÍDAS E UTILIZADAS DO IMÓVEL A alteração da distribuição das áreas do imóvel informadas na DITR, somente é possível quando constatada a ocorrência de erro de fato, comprovado por meio seguros de prova. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. Não tendo sido comprovada, por meio de documentos hábeis, área total diversa da apurada pela fiscalização, resta incabível a pretensão da contribuinte. DO VALOR DA TERRA NUA. Para alteração do VTN/ha arbitrado pela autoridade fiscal, com base no Laudo de Avaliação apresentado pela própria contribuinte, exige-se outra prova demonstrando o erro e desacerto do trabalho apresentado. PROVA PERICIAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA. O Recorrente deve trazer a prova que pretende produzir para comprovar o direito alegado. A conversão dos autos em diligencia ou deferimento da prova pericial somente é necessária se houver duvida na matéria de fato e convicção do julgador. RESERVA LEGAL. DIREITO DE PROPRIEDADE. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO, DOMÍNIO ÚTIL E POSSE. DETENÇÃO. NUA PROPRIEDADE.
O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado de uso e fruição da propriedade. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva com animus domini ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos
da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde à mera detenção. O proprietário, titular do domínio pleno, que se destituir de domínio útil ou da posse passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, sem se sujeitar ao tributo.
Numero da decisão: 2202-001.774
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: ODMIR FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2005 RETIFICAÇÃO DAS ÁREAS DISTRIBUÍDAS E UTILIZADAS DO IMÓVEL A alteração da distribuição das áreas do imóvel informadas na DITR, somente é possível quando constatada a ocorrência de erro de fato, comprovado por meio seguros de prova. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. Não tendo sido comprovada, por meio de documentos hábeis, área total diversa da apurada pela fiscalização, resta incabível a pretensão da contribuinte. DO VALOR DA TERRA NUA. Para alteração do VTN/ha arbitrado pela autoridade fiscal, com base no Laudo de Avaliação apresentado pela própria contribuinte, exige-se outra prova demonstrando o erro e desacerto do trabalho apresentado. PROVA PERICIAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA. O Recorrente deve trazer a prova que pretende produzir para comprovar o direito alegado. A conversão dos autos em diligencia ou deferimento da prova pericial somente é necessária se houver duvida na matéria de fato e convicção do julgador. RESERVA LEGAL. DIREITO DE PROPRIEDADE. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO, DOMÍNIO ÚTIL E POSSE. DETENÇÃO. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado de uso e fruição da propriedade. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva com animus domini ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde à mera detenção. O proprietário, titular do domínio pleno, que se destituir de domínio útil ou da posse passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, sem se sujeitar ao tributo.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10640.720845/2009-80
conteudo_id_s : 5234163
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.774
nome_arquivo_s : Decisao_10640720845200980.pdf
nome_relator_s : ODMIR FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 10640720845200980_5234163.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
id : 4594241
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041574523305984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2108; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10640.720845/200980 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 220201.774 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de maio de 2012 Matéria ITR Recorrente ORANIDES CARVALHO DE FARIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 RETIFICAÇÃO DAS ÁREAS DISTRIBUÍDAS E UTILIZADAS DO IMÓVEL A alteração da distribuição das áreas do imóvel informadas na DITR, somente é possível quando constatada a ocorrência de erro de fato, comprovado por meio seguros de prova. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. Não tendo sido comprovada, por meio de documentos hábeis, área total diversa da apurada pela fiscalização, resta incabível a pretensão da contribuinte. DO VALOR DA TERRA NUA. Para alteração do VTN/ha arbitrado pela autoridade fiscal, com base no Laudo de Avaliação apresentado pela própria contribuinte, exigese outra prova demonstrando o erro e desacerto do trabalho apresentado. PROVA PERICIAL. CONVERSÃO DOS AUTOS EM DILIGENCIA. O Recorrente deve trazer a prova que pretende produzir para comprovar o direito alegado. A conversão dos autos em diligencia ou deferimento da prova pericial somente é necessária se houver duvida na matéria de fato e convicção do julgador. RESERVA LEGAL. DIREITO DE PROPRIEDADE. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO, DOMÍNIO ÚTIL E POSSE. DETENÇÃO. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado de uso e fruição da propriedade. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva Fl. 147DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES 2 com animus domini ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde à mera detenção. O proprietário, titular do domínio pleno, que se destituir de domínio útil ou da posse passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, sem se sujeitar ao tributo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Nelson Mallmann – Presidente. Odmir Fernandes – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Lopo Martinez, Eivanice Canário da Silva, Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Nelson Mallmann (Presidente), Odmir Fernandes e Pedro Anan Junior. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Relatório Fl. 148DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10640.720845/200980 Acórdão n.º 220201.774 S2C2T2 Fl. 3 3 Tratase de Recurso Voluntário da decisão da 1ª Turma de Julgamento da DRJ/Brasília/DF que manteve a autuação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, do exercício de 2005, acrescido de multa de oficio de 75,0% e juros, do móvel rural denominado "Fazenda Santa Helena", com área declarada de 410,2 ha, localizado no Município de Simão Pereira/MG. O lançamento (fls. 2 a 4) decorre da alteração da área do imóvel e do VTN: VTN Valor da Terra Nua declarado Intimado, o sujeito passivo apresentou Laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi alterado, tendo como base os valores informados pelo contribuinte no atendimento a intimação. Em conformidade com o Laudo de Avaliação elaborado pelo Engenheiro Agrônomo Severino Rodrigues Costa, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica ART registrada no CREA, o valor da terra nua do imóvel, para o exercício de 2005, foi alterado para R$ 313.900,00. Área total do imóvel Conforme a Matricula do Registro de Imóveis, a área total do imóvel foi alterada de R$ 410,2 ha para R$ 546,9 ha. A decisão recorrida, de fls. 97/145, com ciência do contribuinte em 15/01/2010 (AR de fls. 113), manteve a autuação pela falta de comprovação das informações prestadas na DITR/2005 – VTN, grau de utilização e a área do imóvel. Recurso Voluntário, de fls. 114/140, sustentando nulidade do Laudo de Avaliação, por não obedecer às normas da ABNT, com superavaliação e inexistência de levantamento de outros imóveis semelhantes, para apuração dos preços médios de terras comercializados no município e região. Pede, assim, nova avaliação do imóvel. Caso mantido o Laudo pede a alteração do grau de utilização da propriedade por ultrapassar a 80%, com alíquota de 0,10 e não de 4,70. Pede, ainda, seja mantida a área declarada do imóvel de 410,2 ha, porque parte pertencente a outra pessoa, que declarou o imóvel e pagou o imposto. É o breve relatório. Voto. Voto Fl. 149DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES 4 Conselheiro Odmir Fernandes, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Tratase de revisão do lançamento do ITR do ano de 2004, com alteração da área do imóvel e do Valor da Terra Nua VTN. A Recorrente é usufrutuária vitalícia do imóvel, objeto do lançamento, possuidora, portanto, do domínio útil de uso e fruição da propriedade. VTN Valor da terra Nua Nas razões de recurso pede o Recorrente seja desconsiderado o Laudo de Avaliação que ele mesmo apresentou e foi acolhido pela fiscalização, por não refletir a realidade e não obedecer às normas da ABNT na sua elaboração. Pede também nova avaliação do imóvel, alteração do grau de utilização e manutenção da área declarada, porque a diferença acrescida pela autuação pertence a outro contribuinte, que declarou e pagou o imposto. Sem razão, contudo. O Laudo técnico de avaliação pode não ser dos melhores ou não obedecer às normas técnicas, mas é o único que existe nos autos e foi apresentado pelo próprio autuado. Se lhe foi prejudicial, fez prova contra si, agora não pode alegar esse fato em sua defesa. Sustentar a imprestabilidade do Laudo que o próprio Recorrente trouxe aos autos é admitir a sua própria torpeza. Não há cabimento e razão plausível para desconsiderar o Laudo se não existe nos autos outra prova técnica para infirmálo ou contrariálo. Dessa forma, o Valor da Terra Nua – VTN, objeto da autuação, deve ser mantido, diante do laudo apresentado pelo próprio contribuinte, e sem outra prova para infirmálo. Grau de utilização da terra Sustenta também que o grau de utilização do imóvel ultrapassa a 80%, mas o laudo não traz essa informação. Não basta alegar, precisa provar. O laudo traz apenas percentuais diferenciados, com áreas aproximadas, com mata de preservação permanente, pastagens, culturas, benfeitorias, área imprestável, tudo repetimos, com áreas aproximadas, sem nada concreto, certo, determinado. Com isso, vemos que a redução da alíquota, pelo grau de utilização da terra, não pode ser acolhida pela precariedade do Laudo ao descrever as medidas do imóvel como sendo “aproximadas”, sem trazer qualquer especificação e caracterização das áreas exatas do aproveitamento de cada uma delas. Pode parecer certa incoerência em acolher o VTN do laudo e não acolher o grau de utilização. A avaliação foi questionada pela fiscalização e o próprio contribuinte trouxe a prova, que foi aceita pelo fisco. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10640.720845/200980 Acórdão n.º 220201.774 S2C2T2 Fl. 4 5 No grau de utilização da terra é necessária prova mais firme e contundente, Laudo mais elaborado da descrição das áreas utilizadas, sob pena incidir na tabela de alíquotas, integral do imóvel. Por falta de provas, não há como acolher esse pedido da Recorrente. Nova avaliação. Diligencias. Prova pericial Não é hipótese de se deferir a prova pericial, fazer nova avaliação ou converter os autos em diligência. Cabe ao autuado trazer a prova desejada para comprovar o direito que alega possuir. Se não faz essa prova, e não há dúvida do julgador na solução do conflito, não é hipótese de nova avaliação ou conversão dos autos em diligência. Área acrescida. Domínio pleno. Domínio útil. Nua propriedade No tocante à área acrescida pela fiscalização, de 410,2 ha. para 546,9 ha., que a Recorrente diz pertencer a Fernando Carvalho de Faria, também não lhe assiste razão. A matrícula do Registro de Imóveis, foi retificada em 23.10.2008, para averbar a área acrescida pela autuação, com o seguinte registro: Av 09 273. Em 23/outubro/2008. CONSIGNAÇÃO "EXOFFICIO" A MATRÍCULA. Com fulcro no artigo 213 inciso I alínea "a" da L.F. 6.015/73 e no titulo anterior n° 3.360 fls. 166 do livro 3A, fica consignado "ex officio" à matricula que a Fazenda Santa Helena possui a totalidade de 580 0800 hectares, sendo que não se constou quando da abertura da mesma a área de 145200 hectares de propriedade de FERNANDO DE CARVALHO FARIA menor, brasileiro proprietário, residente em Juiz de Fora que fica incluída doravante PASSANDO A ÁREA REMANESCENTE A SER DE 561 4400 HECTARES, sendo 546,92ha. gravado com a cláusula de usufruto vitalício e, os restantes, 145200 HECTARES de propriedade plena de Fernando de Carvalho Faria, já qualificado, advindo pela partilha, de 02.01.1996, expedida pelo escrivão de Mercês/MG, do Espólio de Luis Homem de Faria. Dou fé. 0 Oficial Substituto. A Recorrente é usufrutuária vitalícia do imóvel, com área de 546,92 ha. Fernando de Carvalho Faria é um dos instituidores desse usufruto vitalício e detentor da nua propriedade, que voltará a ser plena com a revogação do usufruto ou o falecimento da usufrutuária. Consta da averbação retificadora que Fernando possui 14,52ha de propriedade plena do mesmo imóvel, vale dizer, possui o domínio pleno e exclusivo, sem a limitação pelo domínio útil cedido à Recorrente na área de 546,9ha., objeto da exigência, e do qual Fernando é detentor, em condomínio, da nua propriedade. O fato de Fernando eventualmente ter declarado e pago o imposto do imóvel do qual não detinha o domínio útil, não dispensa a Recorrente de declarar e pagar o tributo devido do imóvel da qual é detentora e titular do domínio útil. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES 6 O proprietário do imóvel, ao instituir o usufruto, destituise da maioria dos poderes dominiais, passando a deter o domínio direito ou a nua propriedade, e, nessa qualidade, não reúne a materialidade e a sujeição passiva para se sujeitar ao ITR. Apenas aos detentores do domínio pleno (proprietário), do domínio útil (usufrutuário, enfiteuta) e da posse aquisitiva, com animus domini, com os poderes e atributos da propriedade, se sujeitam ao ITR. É certo que a retificação da matricula somente ocorreu em 23.10.2008, mas o imóvel existia. Era usado e usufruído pela Recorrente, a exemplo da posse aquisitiva ou ad usucapionem ao seu possuidor, que detém o imóvel pelo poder de fato e se sujeita ao tributo, sem qualquer reflexo pelo fato de inexistir o registro dominial, ou de existir, mas em nome de outrem. Em outras palavras, não é o registro dominial que faz nascer a obrigação tributária do ITR, ela decorre também da posse ao seu possuidor. A retificação do registro não criou nenhum direito novo para a Recorrente ou para o ITR, apenas reconheceu o domínio útil da área que a Recorrente detinha, sem a retificação da figura da posse pacifica sem oposição. Assim, o fato de a retificação ocorrer após o nascimento da obrigação tributária, não beneficia nem dispensa a Recorrente da obrigação de conhecer e declarar corretamente a área do imóvel ao ITR. Cabe aqui exame sobre os três Recursos Repetitivos do C. Superior Tribunal de Justiça de n°s. 1.111.202/SP, 1.110.551/SP e 1.073.846/SP e da Sumula 399 ao estabelecer competir à lei a escolha do sujeito passivo da obrigação, entre o detentor propriedade (domínio pleno), domínio útil ou a posse. Não cremos seja assim. O titular do domínio pleno, por reunir nele todos os poderes da propriedade, elimina, naturalmente, as demais possibilidades de sujeição passiva aos impostos sobre a propriedade eleitas pelo CTN. No momento em que o CTN e a lei ordinária elegem o titular do domínio útil para sujeição passiva acaba por exclui, naturalmente, o titular do domínio direto ou da nua propriedade, por se destituir o proprietário dos poderes de usar e gozar da propriedade. O mesmo ocorre com a posse aquisitiva, com animus domini ou ad usucapionem. Se a posse aquisitiva é elemento material e pessoal do fato gerador, o titular da propriedade que não detiver a posse como atributo do direito de propriedade não pode se sujeitar ao imposto. Por essas razões, somente podermos entender e compreender os recursos repetitivos do C. STJ e a Súmula 339, pelo desconhecimento do sujeito ativo da obrigação do efetivo titular da posse aquisitiva, exatamente por esta ser um poder de fato e de direito sobre a coisa. Nesta situação, em que se desconheça o possuidor, a evidência, a tributação deve ser na pessoa que domínio (propriedade) registrado no Cartório Imobiliário. Nestes autos, a autuada detinha a posse com o poder dominial, regularizada após pela retificação da matricula e não há qualquer prova ou mesmo alegação a que titulo Fernando teria declarado o imóvel ao ITR. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10640.720845/200980 Acórdão n.º 220201.774 S2C2T2 Fl. 5 7 Ante o exposto, pelo meu voto, rejeito a preliminar de conversão dos autos em diligencia, conheço e nego provimento ao recurso para manter a decisão recorrida e a autuação. (Assinado digitalmente) Odmir Fernandes Relator Fl. 153DF CARF MF Impresso em 14/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 05/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 04/06/2012 por ODMIR FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 11516.001934/2006-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.273
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução, o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11516.001934/2006-79
conteudo_id_s : 6385256
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 19 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2202-000.273
nome_arquivo_s : 220200273_11516001934200679_201208.pdf
nome_relator_s : RAFAEL PANDOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 11516001934200679_6385256.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução, o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
id : 4577365
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041574778109952
conteudo_txt : Metadados => date: 2020-03-11T14:52:24Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2020-03-11T14:52:24Z; Last-Modified: 2020-03-11T14:52:24Z; dcterms:modified: 2020-03-11T14:52:24Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:06eda4f3-a376-4eea-9538-434dec1d9425; Last-Save-Date: 2020-03-11T14:52:24Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2020-03-11T14:52:24Z; meta:save-date: 2020-03-11T14:52:24Z; pdf:encrypted: true; modified: 2020-03-11T14:52:24Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2020-03-11T14:52:24Z; created: 2020-03-11T14:52:24Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2020-03-11T14:52:24Z; pdf:charsPerPage: 1612; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:created: 2020-03-11T14:52:24Z | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 50 1 49 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.001934/200679 Recurso nº 918.694 Resolução nº 220200.273 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 14 de agosto de 2012 Assunto Verbas indenizatórias Recorrente ANTÔNIO GUIDO AMBONI Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução, o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. Fl. 50DF CARF MF Impresso em 05/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 11516.001934/200679 Resolução n.º 220200.273 S2C2T2 Fl. 51 2 Relatório 1. Auto de Infração Em revisão da declaração anual de ajuste referente ao exercício 2003, ano calendário de 2002, a fiscalização lavrou, em 26/04/06, auto de infração para reclassificar os rendimentos decorrentes de acordo em ação trabalhista (Reclamatória Trabalhista nº 5.157/94, que tramitou na 4ª Vara do Trabalho de Florianópolis) como rendimentos tributáveis. De acordo com a fiscalização, as verbas recebidas em ação trabalhista não constituem rendimentos isentos, pois se referem a diferenças salariais de períodos anteriores a 24/11/98, data de início da moléstia, não constituindo também proventos de pensão ou aposentadoria, o que seria condição fundamental estabelecida em lei para o gozo da isenção. Desta forma, com base na omissão, foi apurado crédito tributário no valor de R$ 11.324,22, incluídos imposto de renda, multa de ofício de 75% e juros de mora. Nos termos do Auto de Infração: “O contribuinte recebeu em 2002, 02 (duas) parcelas de R$ 15.535,47, das quais, descontados os Honorários Advocatícios, (R$ 2.165,00 por parcela) restaram como Rendimentos Tributáveis que são, R$ 26.740,94. Cabe informar que os mesmos não se constituem em proventos de PENSÃO OU APOSENTADORIA, condição fundamental estabelecida em Lei para gozo da Isenção. Alterei, portanto, os Rendimentos Tributáveis para R$ 41.184,49.” 2. Impugnação O contribuinte apresentou, tempestivamente, impugnação (fls. 15) esgrimindo os seguintes argumentos: a) os valores são isentos por se tratarem de diferenças salariais recebidas acumuladamente em razão de decisão da Justiça do Trabalho; b) no processo judicial protocolizado sob o nº 35600.000433/9911, em 26/05/99, o INSS, após análise dos documentos apresentados, concluiu que o requerente, em razão de ser portador de patologia grave, está isento do imposto de renda (não junta cópia do referido processo); c) a incidência do imposto ocorreu quando o recorrente já era portador de grave moléstia; d) a responsabilidade pela retenção e recolhimento não era do recorrente, mas da parte ré no referido processo trabalhista – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de Santa Catarina – EPAGRI; e e) colaciona julgado do TRF4 no sentido da inadmissibilidade de incidência de imposto de renda sobre diferenças salariais recebidas acumuladamente. Em anexo à impugnação estão: a) auto de infração; b) cópia do requerimento de homologação de acordo em processo trabalhista; c) cópia do despacho que homologou o acordo; d) requerimento perante o juízo trabalhista para que intime a parte sucumbente a deixar de reter o IRRF em relação ao recorrente tendo em vista a isenção Fl. 51DF CARF MF Impresso em 05/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 11516.001934/200679 Resolução n.º 220200.273 S2C2T2 Fl. 52 3 reconhecida pelo INSS nos autos do processo nº 35600.000433/9911, de 26/05/99 (não junta cópia do referido processo); e e) declaração de ajuste anual de 2003. 3. Acórdão de Impugnação Acordaram os membros da 6ª Turma da DRJ/FNS, por unanimidade, pela improcedência da impugnação (fls. 3739), mantido integralmente o lançamento sob a justificativa de que o recebimento de diferenças salariais acumuladas não atende ao requisito para concessão da isenção no que tange à natureza dos valores recebidos, que devem ser proventos de aposentadoria ou reforma e pensão, de acordo com a Lei nº 7.713/88 e Instrução Normativa SRF nº 15, de 06/02/2001. 4. Recurso Voluntário Não satisfeito com o resultado do acórdão de impugnação, o contribuinte interpôs, tempestivamente, recurso voluntário (fls. 4243), repisando os argumentos da impugnação e acrescentando que, mesmo que os valores sejam referentes a diferenças salariais de 1994 a 1998, estes devem ser considerados como provenientes de aposentadoria por terem sido recebidos após sua aposentadoria e a concessão da isenção. Nenhuma nova prova foi juntada ao processo. É o relatório. Fl. 52DF CARF MF Impresso em 05/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 11516.001934/200679 Resolução n.º 220200.273 S2C2T2 Fl. 53 4 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo 1 MÉRITO: Da Isenção Pleiteada O recorrente reclama o reconhecimento da isenção prevista pelo art. 6º, XII da Lei nº 7.713/88, abaixo transcrito: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte (sic) rendimentos percebidos por pessoas físicas: XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; Conforme se verifica, a Lei prevê duas hipóteses de isenção do imposto de renda, uma relacionada a proventos de aposentadoria, ou de reforma motivada por acidente em serviço, e outra relacionada a proventos de aposentadoria ou reforma percebidos por portador de moléstia elencada no inciso XIV. Tratando o presente caso da segunda hipótese, resta analisar os requisitos para a concessão da isenção. O primeiro requisito diz respeito à natureza dos proventos, exigindo que sejam recebidos a título de aposentadoria. No presente caso, verificase o não atendimento a este requisito, uma vez que os rendimentos recebidos decorreram de diferenças salariais de períodos anteriores à aposentadoria, sendo, portanto, de natureza diversa daquela prevista para a concessão do benefício. Quanto ao segundo requisito, exige o referido comando legal que os proventos sejam recebidos por portador de uma das moléstias elencadas no inciso XIV. No caso em tela, o recorrente informa ser portador de patologia grave, mas não acosta qualquer documento capaz de comprovar sua condição, prejudicando a subsunção à hipótese de isenção. Desta forma, ausentes os requisitos legalmente estabelecidos, não deve ser reconhecido o direito à isenção postulado pelo recorrente. 2 Do Sobrestamento O presente recurso trata sobre a tributação de rendimentos recebidos acumuladamente – RRA. Ocorre que a maneira como estes rendimentos devem ser tributados está sendo julgada no STF em sede de recurso extraordinário que tramita em regime de repercussão geral. É o Recurso Extraordinário nº 614.406, que se encontra em julgamento no presente momento. Conforme disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos dirigidos ao CARF que versarem matéria constitucional cuja repercussão geral tenha sido reconhecida, nos termos do art. 543B do CPC. Fl. 53DF CARF MF Impresso em 05/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 11516.001934/200679 Resolução n.º 220200.273 S2C2T2 Fl. 54 5 Através da decisão proferida no âmbito do RE 614406, o STF reconheceu a repercussão geral do tema, como revela a ementa abaixo reproduzida: TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados se por regime de caixa ou de competência vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC. (RE 614406 AgRQORG, Relator(a): Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, publicado em DJe035 DIVULG 03/03/2011 PUBLIC 04/03/2011) Estando presentes os pressupostos normativos regimentais, voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente recurso até que seja proferida decisão definitiva no referido Recurso Extraordinário em tramitação no STF. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 54DF CARF MF Impresso em 05/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 11065.001419/2005-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000
IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. BENEFÍCIOS E VANTAGENS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS INDIRETOS “FRINGE BENEFITS. BENEFÍCIOS INDIRETOS NÃO ADICIONADOS ÀS RESPECTIVAS REMUNERAÇÕES. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento de despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores. A efetuação do pagamento é pressuposto material para a ocorrência da incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme o disposto no artigo 61, da Lei n° 8.981, de 1995. Assim, nos casos em que a empresa não identifique e/ou não adicione os benefícios indiretos às respectivas remunerações, os valores pagos não integram os rendimentos tributáveis da pessoa física e o imposto será pago na fonte pela pessoa jurídica, à alíquota de 35%, o qual será considerado exclusivo na fonte. REMUNERAÇÃO INDIRETA. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeita-se à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.884
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: NELSON MALLMANN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201206
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. BENEFÍCIOS E VANTAGENS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS INDIRETOS “FRINGE BENEFITS. BENEFÍCIOS INDIRETOS NÃO ADICIONADOS ÀS RESPECTIVAS REMUNERAÇÕES. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento de despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores. A efetuação do pagamento é pressuposto material para a ocorrência da incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme o disposto no artigo 61, da Lei n° 8.981, de 1995. Assim, nos casos em que a empresa não identifique e/ou não adicione os benefícios indiretos às respectivas remunerações, os valores pagos não integram os rendimentos tributáveis da pessoa física e o imposto será pago na fonte pela pessoa jurídica, à alíquota de 35%, o qual será considerado exclusivo na fonte. REMUNERAÇÃO INDIRETA. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeita-se à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo. Recurso negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11065.001419/2005-63
conteudo_id_s : 5231750
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 03 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.884
nome_arquivo_s : Decisao_11065001419200563.pdf
nome_relator_s : NELSON MALLMANN
nome_arquivo_pdf_s : 11065001419200563_5231750.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
id : 4579718
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041575000408064
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2110; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 128 1 127 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.001419/200563 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 220201.884 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de junho de 2012 Matéria IRRF Recorrente ARTECOLA INDÚSTRIAS QUÍMICAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. BENEFÍCIOS E VANTAGENS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS INDIRETOS “FRINGE BENEFITS. BENEFÍCIOS INDIRETOS NÃO ADICIONADOS ÀS RESPECTIVAS REMUNERAÇÕES. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento de despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores. A efetuação do pagamento é pressuposto material para a ocorrência da incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme o disposto no artigo 61, da Lei n° 8.981, de 1995. Assim, nos casos em que a empresa não identifique e/ou não adicione os benefícios indiretos às respectivas remunerações, os valores pagos não integram os rendimentos tributáveis da pessoa física e o imposto será pago na fonte pela pessoa jurídica, à alíquota de 35%, o qual será considerado exclusivo na fonte. REMUNERAÇÃO INDIRETA. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeitase à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 2 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes justificadamente, os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 129 3 Relatório ARTECOLA INDÚSTRIA QUIMICAS LTDA., contribuinte inscrita no CPF/MF 458.166.38904, com domicílio fiscal na cidade de Campo Bom, Estado do Rio Grande do Sul, à Estrada RS 239, nº 5801, Bairro Industrial, jurisdicionada a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Novo Hamburgo RS, inconformada com a decisão de Primeira Instância (fls. 258/259), prolatada pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre RS, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 263/271. Contra a contribuinte acima mencionada foi lavrado, em 29/04/2005, Auto de Infração de Imposto de Renda Retido na Fonte (fls. 201/208), com ciência pessoal, em 29/04/2005 (fls. 201), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 743.094,15 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Retido na Fonte, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto de renda, relativo aos período de apuração 01/01/2000 a 28/11/2000. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização externa, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver falta de recolhimento do Imposto de Renda na Fonte sobre remuneração indireta, relativo pagamentos efetuados a titulo de remunera indireta, aos sócios, administradores, diretores, gerentes e seus assessores. Infração capitulada nos arts. 358, 622 e 675 do RIR/1999. A AuditoraFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Relatório do Trabalho Fiscal, datado de 28/04/2005 (fls. 189/198), entre outros, os seguintes aspectos: que a fiscalizada é uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada que tem por atividade principal a indústria, comercio, importação e exportação de adesivos, colas, tintas, solventes, elastfteros, calçados, equipamentos de proteção individual, materiais tintoriais produtos químicos, produtos de limpeza em geral, borracha, matéria plástica em geral, dentre outras, conforme consta na Consolidação do Contrato Social Artecola Indústrias Químicas Ltda. arquivado na Junta Comercial do Estado de São Paulo, sob o n ° 270.197/047; que examinando a escrituração contábil da fiscalizada, verificamos que a mesma registrou despesas realizadas com a empresa Incentive House S/A que caracteriza remuneração indireta de diretores, gerentes e seus assessores; que diante da constatação das diversas despesas correspondente aos pagamentos a Incentive House S/A, escrituradas em sua grande maioria a débito da conta de resultado Promoções e Marketing a fiscalizada foi intimada a disponibilizar os documentos comprobatórios dos respectivos lançamentos; que em análise as notas fiscais apresentadas, tendo como emitente a Incentive House S/A, verificamos que no corpo de algumas constava a informação "carga nos cartões Flexcard" (ex. fls. 124) em outras "recarga de Cartões Flexcard" (ex. fls. 139), sendo Fl. 304DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 4 que em uma' também constava a informação "programa de estimulo ao aumento da produtividade” (ex. fls. 128); que, desta forma, a Artecola foi intimada a esclarecer de forma pormenorizada o que seriam os cartões Flexcard (fls. 129 a 131), a informar a totalidade dos valores pagos a Incentive House S/A no decorrer do anocalendário de 2000, bem como, relacionar os beneficiários dos cartões Flexcard, informando o nome, CPF e cargo/função que exerciam no Artecola. Foi solicitado, ainda, relativamente ao anocalendário de 2000, que apresentasse, individualizadamente para cada beneficiário, relação dos benefícios concedidos, data do pagamento/crédito e o valor do beneficio; que em resposta a fiscalizada informou que o serviço descrito como carga o suprimento de numerário dos cartões pelo valor correspondente ao incentivo da produção face à existência do "PPR" Programa de participação dos empregados nos resultados das empresas (fls. 132); que a fiscalizada informou, ainda, que os cartões Flexcard constituíam um beneficio a titulo de prêmio como incentivo A produtividade sendo que a Incentive House tem por objeto a prestação de serviços de desenvolvimento de programas de marketing de relacionamento, motivação, incentivo e fidelidade. A contratação desta empresa foi com o fulcro da aplicação desta tecnologia como incentivo A produtividade mediante pagamento de prêmio; que foi fornecida pela fiscalizada a relação dos beneficiários dos cartões Flexcard com informação do cargo/função por eles ocupados na Artecola (fls. 134). Foi, também, fornecida a relação dos valores pagos como prêmio individualizadamente para cada beneficiário (fls. 160 a 167) onde consta a data do pagamento e a nota fiscal a que se referem; que, em 13/04/2005, foi lavrado o Termo Solicitação de Informações e Documentos N ° 05 (fls. 174 a 176) perguntando a fiscalizada se benefícios pagos através dos cartões FLEXCARD foram adicionados aos salários/remuneração dos beneficiários identificados no termo; que, na mesma oportunidade, indagouse a fiscalizada se os valores correspondentes As notas fiscais/faturas emitidas pela Incentive House foram integralmente pagos pela Artecola Indústrias Químicas Ltda. ou se ocorreu algum rateio, com as demais empresas do grupo, quando dos pagamentos; que a Artecola em resposta ao Termo de Solicitação de Informações e Documentos N ° 05 informou que não adicionou aos salários/remuneração dos respectivos beneficiários os valores pagos através dos cartões FLEXCARD (fls. 178); que segundo informações da própria fiscalizada os beneficiários recebiam os cartões e faziam seu uso na forma de cartões de crédito que serviam para a aquisição de bens (fls. 178); que na mesma data informou que o sacado das notas fiscais/faturas foi sempre a Artecola Indústrias Químicas Ltda. sendo que posteriormente efetuava o rateio As demais empresas do grupo, tendo entregue uma planilha onde consta o nome do beneficiário, o valor do beneficio, nota fiscal, data do pagamento e a empresa responsável pelo pagamento daquele beneficiário; que de acordo com o Art. 358 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3.000/98, integrarão a remuneração dos beneficiários as despesas com Fl. 305DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 130 5 benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, pagas diretamente ou através da contratação de terceiros, tais como a aquisição de alimentos ou quaisquer outros bens para utilização pelo beneficiário fora do estabelecimento da empresa; que, ainda, de acordo com o art. 358 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3.000/98 a empresa deverá identificar os beneficiários dos rendimentos e adicionará aos respectivos salários os valores a elas correspondentes. Caso os valores não tenham sido adicionados da forma descrita haverá a tributação dos respectivos valores, exclusivamente na fonte, observado o disposto no art. 675 do RIR/99; que conforme resposta da própria fiscalizada ela não adicionou os valores dos prêmios de produtividade aos salários/remuneração dos beneficiários, o que implica a tributação exclusiva na fonte dos respectivos valores, à alíquota de trinta e cinco por cento (35%), nos termos do art. 675 do RIR/99. O art. 61 da Lei n ° 8981/95 estabelece que rendimento será considerado liquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto. Em sua peça impugnatória de fls. 210/215, instruída pelos documentos de fls. 216/250, apresentada, tempestivamente, em 27/05/2005, a contribuinte, se indispõe, de forma parcial, contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Auto de Infração, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: que o valor do imposto efetivamente devido de R$ 379.508,97, considerando ainda a redução da multa em 50%, correspondente aplicação da alíquota de 27,5% sobre os valores dos prêmios atribuídos a cada um dos beneficiários foi devidamente recolhido. 0 valor do imposto foi registrado contabilmente na forma de crédito da Empresa perante cada um dos beneficiários em vista do pagamento ter sido efetuado a maior, ou seja, sem a dedução do imposto; que no anobase de 2000 foram realizados pagamentos em favor dos gerentes e administradores em forma de prêmio produtividade. Os benefícios a titulo de prêmio foram realizados através de uma empresa terceirizada, mediante a prestação de serviços tecnologicamente desenvolvidos de programas de marketing de relacionamento, motivação, incentivo e fidelidade; que os pagamentos dos prêmios foram realizados por intermédio da Incentive House, mediante apresentação de Notas Fiscais Faturas contemplando os valores do incentivo produção por funcionário e o valor correspondente a comissão desta Empresa pelos serviços prestados. Ainda com relação às Notas Fiscais, foram prestadas todas as informações necessárias a perfeita identificação de todos os beneficiários dos prêmios inclusive com a indicação do cargo/função por estes exercidos; que diante da análise realizada pela fiscalização sobre todas as informações e documentos apresentados, entendeu a autoridade fiscal tratarse de remuneração indireta, prevista no art. 358 do RIR/99; que em face da não inclusão dos rendimentos nos salários, incide a tributação na fonte a alíquota de 35%, de forma exclusiva; que o rendimento foi classificado como remuneração indireta, como beneficio e vantagem concedida em favor de administradores, diretores, gerentes e seus assessores. Outrossim, equivocadamente foi atribuída ao referido rendimento a titulo de prêmio Fl. 306DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 6 a tributação a alíquota de 35%, de forma exclusiva, com o reajustamento da base de cálculo sobre o valor efetivamente recebido, considerado como liquido; que ocorre que este tratamento só é aplicável nas hipóteses de os rendimentos não terem sido agregados ao salário e não identificados os beneficiários, situação esta que não ocorreu. Em todos os pagamentos efetuados os funcionários foram devidamente identificados, inclusive com a indicação das atribuições exercidas na Empresa. Oportunamente destacamos a redação dos arts. 358 e 622 do RIR/99; que em todos os dispositivos mencionados verificase que a condição para a aplicação da alíquota majorada e ao reajustamento da base de cálculo é a falta de identificação dos beneficiários e a falta da adição ao salário. Caso o legislador quisesse dar o mesmo tratamento aos rendimentos somente pela não inclusão aos salários teria utilizado a conjunção "ou"; que verificase que o simples fato de na época tais valores não terem sido incorporados aos salários não impede que seja agora reconhecido, pois neste momento também é que está sendo oferecido A tributação, onde deverá ser calculada mediante a aplicação da tabela. Não há que se falar em tributação exclusiva com majoração da alíquota para 35% em vista de que os dois requisitos para a aplicabilidade nesta forma de tributação não foram satisfeitos, pois todos os beneficiários foram identificados; que tendo em vista a falha cometida pela Empresa, agora corrigida pelo recolhimento efetuado nos termos do item 02 anterior, sem dúvida o fisco recebeu o imposto de renda correspondente As vantagens pagas aos colaboradores da Empresa. Em face da não retenção, cabe a Empresa recuperar o valor do imposto de renda junto a cada um dos que receberam valores com vista a refazerse do prejuízo decorrente do erro em que incidiu; que, ante o exposto, pelas razões de fato e de direito, requer a impugnante seja cancelado o lançamento com a tributação à alíquota de 35% sobre uma base reajustada, limitandose ao cálculo mediante a aplicação da tabela progressiva, qual seja, a 27,5% sobre os valores efetivamente pagos. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante, os membros da Primeira Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Porto Alegre RS, concluíram pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que a contribuinte não tem razão. 0 lançamento baseouse nos arts. 622 e 675 do RIR/99, os quais encontram suas fontes no art. 74 da Lei n° 8.383/91 e no art. 61 da Lei 8.981/95, adiante transcritos; que o silogismo estabelecido pela legislação é o seguinte: (a) premissa maior: em caso de remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, diretamente ou através da contratação de terceiros, se não houver identificação dos beneficiários e adição dos valores correspondentes aos respectivos salários, os rendimentos devem ser tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% e com reajustamento do respectivo valor bruto; (b) premissa menor: a autuada identificou os beneficiários, mas não adicionou os valores correspondentes aos salários (cumpriu apenas uma das exigências legais); (c) conclusão: os rendimentos são tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% e com reajustamento do respectivo valor bruto; Fl. 307DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 131 7 que a tese exposta pela impugnante altera a lógica da lei, instituindo silogismo equivocado: (a) premissa maior: a tributação exclusiva na fonte da remuneração indireta, à alíquota de 35% e com reajuste da base de cálculo, depende da ocorrência conjunta de duas condições: os rendimentos não terem sido agregados aos salários e os beneficiários não terem sido identificados; (b) premissa menor: os beneficiários foram identificados (apesar de os rendimentos não terem sido agregados aos salários); (c) conclusão: não deve haver a tributação exclusiva na fonte. A ementa que consubstancia a presente decisão é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000 REMUNERAÇÃO INDIRETA. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeitase à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo. Lançamento Procedente Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 09/04/2009, conforme Termo constante às fls. 260/262, e, com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, em tempo hábil (06/05/2009), o recurso voluntário de fls. 263/271, instruído pelos documentos de fls. 272/284, no qual demonstra irresignação parcial contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 8 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Não há argüição de qualquer preliminar. Da análise da matéria contida nos autos, verificase que a autoridade lançadora entendeu haver falta de recolhimento de Imposto de Renda na Fonte sobre remuneração indireta. Ou seja, não houve recolhimento de imposto sobre o valor de pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a titulo de remuneração indireta, aos sócios, administradores, diretores, gerentes e seus assessores. Observase que a própria fiscalizada concorda de que ela não adicionou os valores dos prêmios de produtividade aos salários/remuneração dos beneficiários, o que, a princípio, implica a tributação exclusiva na fonte dos respectivos valores, a alíquota de trinta e cinco por cento (35%), nos termos do art. 675 do RIR/99. O art. 61 da Lei n° 8.981, de 1995 estabelece que o rendimento será considerado liquido, cabendo o reajustamento o respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto. Inconformada, inicialmente, apresenta a sua peça impugnatória de forma parcial, alegando que o valor do imposto efetivamente devido de R$ 379.508,97, considerando ainda a redução da multa em 50%, correspondente aplicação da alíquota de 27,5% sobre os valores dos prêmios atribuídos a cada um dos beneficiários foi devidamente recolhido. O valor do imposto foi registrado contabilmente na forma de crédito da Empresa perante cada um dos beneficiários em vista do pagamento ter sido efetuado a maior, ou seja, sem a dedução do imposto e requer que seja cancelado o lançamento com a tributação à alíquota de 35% sobre uma base reajustada, limitandose ao cálculo mediante a aplicação da tabela progressiva, qual seja, a 27,5% sobre os valores efetivamente pagos. Agora em virtude de não ter logrando êxito na instância inicial, a contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho de Contribuintes pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde, argúi a improcedência parcial da autuação com base, em síntese, nos mesmos argumentos apresentados na fase impugnatória. Desta forma, a discussão neste colegiado se restringe sobre a interpretação do art. 74 da Lei 8.383, de 1991, combinado com o art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995: Diz a Lei n° 8.383, de 1991: Art. 74 – Integrarão a remuneração dos beneficiários: I – a contraprestação de arrendamento mercantil ou o aluguel ou, quando for o caso, os respectivos encargos de depreciação, atualizados monetariamente até a data do balanço: Fl. 309DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 132 9 a) de veículo utilizado no transporte de administradores, diretores, gerentes e seus assessores ou de terceiros em relação à pessoa jurídica; b) de imóvel cedido para uso de qualquer pessoa dentre as referidas na alínea precedente; II – as despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, pagos diretamente ou através da contratação de terceiros, tais como: a) a aquisição de alimentos ou quaisquer outros bens para utilização pelo beneficiário fora do estabelecimento da empresa; b) os pagamentos relativos a clubes e assemelhados; c) o salário e respectivos encargos sociais de empregados postos à disposição ou cedidos, pela empresa, a administradores, diretores, gerentes e seus assessores ou de terceiros; d) a conservação, o custeio e a manutenção dos bens no item I. § 1° A empresa identificará os beneficiários das despesas e adicionará aos respectivos salários os valores a elas correspondentes. Diz a Lei n° 8.981, de 1995: Art. 61 Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1° A incidência prevista no caput aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2°, do art. 74, da Lei n° 8.383, de 1991. § 2° Considerase vencido o imposto de renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3° O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. No passado, em razão de dúvidas suscitadas pelos contribuintes do imposto de renda acerca do tratamento tributário dos salários indiretos, também chamados “fringe benefits”, concedidos pelas empresas a administradores, diretores, gerentes ou seus assessores, ou a terceiros que a Coordenação do Sistema de Tributação emitiu o Parecer Normativo n° 11, de 30 de setembro de 1992, que em suma diz sobre o assunto em questão: Os salários indiretos concedidos pelas empresas e pagos a administradores, diretores, gerentes e seus assessores como benefícios e vantagens adicionais, decorrentes de cargos, Fl. 310DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 10 funções ou empregos, serão considerados como custos ou despesas operacionais, dedutíveis para efeito de apuração do lucro real, se atenderem as condições e limites previstos na legislação do imposto de renda. O valor do imposto pago nas condições previstas no § 2° do art. 74 da Lei n° 8.383, de 1991, poderá ser considerado custo ou despesa operacional caso os salários indiretos pagos também o sejam. (...). 7 – Preliminarmente, cumpre esclarecer que apenas são tributáveis, na forma do art. 74, da Lei n° 8.383, de 1991, os benefícios e vantagens concedidos a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, ou a terceiros em relação à pessoa jurídica, sendo excluídos deste regime de tributação os benefícios e vantagens quando concedidos a empregados não integrantes das categorias funcionais referidas expressamente no dispositivo legal citado. 8 – É no Parecer Normativo CST n° 48/72 e na Instrução Normativa SRF n° 2/69 que vamos encontrar o conceito de administradores, diretores e sócios, cuja remuneração sujeitase aos limites e condições estabelecidos na legislação do imposto de renda para efeito de dedutibilidade de tais dispêndios como despesa operacional: 8.1 – Administradores – Pessoas que praticam, com habitualidade, atos privativos de gerência ou de administração de negócios da empresa, e o fazem por delegação ou designação de assembléia, de diretoria ou de diretor. São excluídos desta conceituação, os empregados que trabalham com exclusividade, em caráter permanente, para uma empresa, subordinada hierárquica e juridicamente e, como meros prepostos ou procuradores, mediante outorga de instrumento de mandato, exercem essa função cumulativamente com as de seus cargos efetivos e percebem remuneração ou salário constante do respectivo contrato de trabalho, provado com carteira profissional. 8.2 – Diretores – Denominação dada a toda pessoa que dirige ou administra um negócio ou uma soma determinada de serviços. Exercem a direção mais elevada de um instituição ou associação civil, de uma companhia ou sociedade comercial, podendo ou não ser acionistas ou associados. Os diretores são, em princípio, escolhidos por eleição de assembléia, aos períodos assinalados nos estatutos ou nos contratos sociais. 8.3 – Sócio, Diretor ou AdministradorEmpregado. Nos casos de sócio, diretor ou administrador que sejam, concomitantemente, empregados da empresa, os rendimentos auferidos, seja a título de remuneração como dirigente, seja como retribuição do trabalho assalariado, estão sujeitos, no seu total, aos limites e condições estabelecidos pela lei. (...). Fl. 311DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 133 11 12 – A despeito de os salários indiretos abrangerem as despesas particulares dos administradores, diretores, gerentes e seus assessores, nela incluídas despesas de supermercado e cartões de crédito, pagamento de anuidade de colégios, clubes, associações, etc., julgamos despiciendo tecer maiores considerações acerca da indedutibilidade de tais gastos para fins de apuração do lucro real, face à sua obviedade. Uma vez adicionados às remunerações dos beneficiários, os salários indiretos serão tratados como despesas operacionais dedutíveis, observadas as condições previstas na legislação tributária.” Segundo se infere da legislação mencionada, é cristalino que procede o argumento da fiscalização que no caso em pauta, qual seja da autuada propiciar o pagamento de prêmios para os funcionários graduados da empresa (diretores, gerentes, assessores, etc.), caracteriza salários indiretos e se sujeitam as normas do art. 74, da Lei n° 8.383, de 1991, combinado com o art. 61, da Lei n° 8.981, de 1995. De acordo com as normas, acima reproduzidas, a lei estabelece 3 (três) hipóteses distintas de incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, a saber: a) – Pagamentos efetuados a beneficiários não identificados – quando a Pessoa Jurídica, devidamente intimada, não logra êxito em identificar para quem efetuou o pagamento, ou se o Fisco fizer prova de que o beneficiário que a Pessoa Jurídica registrou e aponta como recebedor do pagamento, de fato, nada tenha recebido; b) – Pagamentos sem causa – a Pessoa Jurídica não logra êxito em comprovar a efetividade da operação relacionada ao pagamento, ou se o Fisco fizer prova de sua inidoneidade, ou seja, de que a operação não se realizou. No caso de pagamentos efetivos de operações inexistentes, lastreados em documentação inidônea, além do lançamento do IRF, é cabível a glosa dos custos/despesas, tratandose de Pessoa Jurídica optante pelo lucro real; c) – Concessão de benefícios indiretos de que tratam o artigo 74 da Lei nº 8.383, de 1991 – se o valor correspondente ao benefício for tratado como remuneração dos beneficiários para fins de incidência do imposto de renda. Em relação às hipóteses “a” e “b” cabe ao fisco, antes de qualquer coisa, assegurarse de que os pagamentos foram realizados, pois o fato gerador ocorre justamente pela percepção desses valores pelos beneficiários. A ocorrência do pagamento deve estar provada. Todavia, essa prova pode ser feita com a própria contabilidade da empresa. Nesse caso, se houver erro nos registros contábeis, o ônus da prova é do interessado. No que tange ao item “c”, cabe ao fisco fazer prova da ocorrência dos benefícios indiretos. É de se frisar, que o que está sendo tributado, exclusivamente na fonte, são os rendimentos recebidos pelos terceiros, sócios ou pessoas não identificadas. O interessado é o sujeito passivo da obrigação tributária por ter realizado o pagamento irregular. Não se trata de tributação dos recursos utilizados nos pagamentos, até porque, em princípio, o ingresso de tais recursos se deu de forma regular. Todavia, em que pese tudo isso, data máxima vênia, entendo que ficou perfeitamente definido o fato gerador do Imposto de Renda na Fonte com base no artigo 61 da Fl. 312DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 12 Lei n.º 8.981, de 1995. Já que o seu aparente nó górdio situase na fronteira entre a ocorrência ou não da efetuação do pagamento dos valores lançados, pressupostos materiais para o necessário enquadramento naquele tipo legal. Nos autos, restou devidamente comprovado que os pagamentos existiram. Como visto na legislação de regência, nos casos em que for confirmado o pagamento dos salários indiretos, também chamados “fringe benefits”, concedidos pelas empresas a administradores, diretores, gerentes ou seus assessores, cujos valores não foram adicionados as respectivas remunerações, na época própria, serão considerados como valores líquidos recebidos cabendo o reajustamento da base de cálculo, cujo imposto será calculado a uma alíquota de 35%, como sendo exclusivo de fonte. No presente caso, os rendimentos pagos serão considerados líquidos, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto a alíquota de 35%. Assim sendo, improcedente o pedido da recorrente para que seja cancelado o lançamento com a tributação à alíquota de 35% sobre a base de cálculo reajustada, limitandose ao cálculo mediante a aplicação da tabela progressiva, qual seja, a 27,5% sobre os valores efetivamente pagos. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 313DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 134 13 Declaração de Voto Fl. 314DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN
score : 1.0
Numero do processo: 10280.002620/2005-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO
Não reconhecido o direito creditório em favor da contribuinte, impõe se, por decorrência, a não homologação das compensações pleiteadas.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.800
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
Matéria: IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRF- que ñ versem s/ exigência de cred. trib. (ex.:restit.)
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201205
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Ano-calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO Não reconhecido o direito creditório em favor da contribuinte, impõe se, por decorrência, a não homologação das compensações pleiteadas. Recurso negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10280.002620/2005-51
conteudo_id_s : 5231245
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.800
nome_arquivo_s : Decisao_10280002620200551.pdf
nome_relator_s : ANTONIO LOPO MARTINEZ
nome_arquivo_pdf_s : 10280002620200551_5231245.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
dt_sessao_tdt : Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
id : 4579526
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041575983972352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1593; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.002620/200551 Recurso nº 164.535 Voluntário Acórdão nº 220201.800 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 16 de maio de 2012 Matéria IRF Recorrente ALBRAS ALUMINIO BRASILEIRO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO Não reconhecido o direito creditório em favor da contribuinte, impõe se, por decorrência, a não homologação das compensações pleiteadas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição de créditos de IRRF, no valor de R$ 35,10, combinado com declaração de compensação de débitos de IRRF. Instruem o processo o pedido de restituição de fls. 15 e 18, referente a 2 a semana de outubro de 2003, a declaração de compensação de fls. 17 e 18 e a guia de recolhimento de fl. 09. A DRF de Belém/PA, por meio do despacho decisório de fls. 25 a 29, indeferiu a solicitação do sujeito passivo pela inexistência de direito creditório, visto que o DARF informado, apesar de devidamente localizado e confirmado, foi totalmente utilizado para quitar o débito de IRRF referente a 2° semana de outubro de 2003. A vinculação e utilização do pagamento para a quitação do débito de IRRF foram feitas pelo próprio contribuinte na DCTF trimestral referente ao 4° trimestre de 2003, conforme fl. 23. Cientificado do despacho e inconformado com o indeferimento de seu pedido, o interessado apresentou manifestação de inconformidade às fls. 31 a 35, requerendo a esta DRJ a reforma da decisão proferida pela DRF, para que seja autorizada a restituição do IRRF, cumulada com a compensação de débitos de IRRF, alegando, em resumo, o seguinte: * Que houve recolhimento a maior na apuração do IRRF referente a 2a semana de outubro de 2003; * Que constatado este recolhimento a maior foi feita a devida PER/DCOMP que compensou tais valores na apuração do IRRF da 5a semana de novembro de 2003 e que, portanto, não houve duplicidade no aproveitamento deste crédito. Solicita, por fim, prova pericial, considerandose a incompatibilidade entre a sua escrita contábil e as razões de "glosa" suscitadas pela "N. Fiscalização", juntando cópia de parte da DCTF retificadora de fls. 85 e 86, entregue em 30/11/2006. A DRJ – Belém ao apreciar as razões do contribuinte, indefere o pedido de restituição e compensação nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. RESTITUIÇÃO. Não deve ser homologada a compensação quando a correspondente restituição é indeferida, pois esta versa sobre questão prejudicial daquela. SOLICITAÇÃO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indeferese pedido de perícia que não apresente seus motivos e não contenha indicação de quesitos e do perito. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10280.002620/200551 Acórdão n.º 220201.800 S2C2T2 Fl. 2 3 Rest/Ress. Indeferido Comp. não homologada Insatisfeito, o contribuinte interpõe recurso voluntário, reiterando as razões da impugnação, argumentando que não é possível acolher a decisão da DRJ diante das provas incontestes apresentadas. Enfatizando o seguinte ponto, para reforçar os seus argumentos: A partir da verificação da DCTF trimestral referente ao 4° trimestre de 2003, que segue em anexo, notase que na mesma há vinculação do crédito no valor de R$ 35,10, com débito de IRRF do período de apuração da 5 a semana de novembro de 2003 e não 0210/2003, como alega a N. Fiscalização, o que é comprovado documentalmente pela sociedade empresária contribuinte, também, quando da apresentação de manifestação de inconformidade. A 4a. Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em acórdão de 09/08/2011, por unanimidade de votos, decidiu não conhecer do recurso em razão de a competência ser da Segunda Seção do CARF. É o relatório. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário é tempestivo, reunindo os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Na Declaração de Compensação somente podem ser utilizados os créditos comprovadamente existentes, respeitadas as demais regras determinadas pela legislação vigente para a sua utilização. Analisando detidamente o processo, verificase que a Unidade de origem negou o pleito porque a interessada vinculou o pagamento tido como indevido a uma outra obrigação. Esse fato encontrase evidenciado com documentos e extratos trazidos aos autos sobre os quais são irrefutáveis, e evidenciam compensações já realizadas. Assim, se não existe nenhum comprovante de que a obrigação vinculada ao DARF foi indevida, não haveria como desvinculálo do recolhimento. Neste particular, deve ser ressaltado que caberia à impugnante comprovar o recolhimento indevido, não sendo suficiente apenas o argumento de que houve o cumprimento integral dos procedimentos para a formalização do Pedido de Compensação. De igual modo não socorre ao recorrente apresentar DCTF indicando que haveria vinculação, pois nos sistemas da Receita Federal o credito objeto da lide já teria sido aproveitado. No contexto concreto, o não reconhecido o direito creditório em favor da contribuinte, impõe se, por decorrência, a não homologação das compensações pleiteadas. Ante ao exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 132DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10384.720720/2011-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2006
DA REVISÃO DO LANÇAMENTO - ERRO DE FATO. O lançamento deverá ser revisto, de ofício, quando caracterizada a ocorrência de erro de fato na área total do imóvel, informada na declaração anual do ITR Recurso provido.
Numero da decisão: 2202-001.915
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2006 DA REVISÃO DO LANÇAMENTO - ERRO DE FATO. O lançamento deverá ser revisto, de ofício, quando caracterizada a ocorrência de erro de fato na área total do imóvel, informada na declaração anual do ITR Recurso provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10384.720720/2011-42
conteudo_id_s : 5231275
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 03 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.915
nome_arquivo_s : Decisao_10384720720201142.pdf
nome_relator_s : ANTONIO LOPO MARTINEZ
nome_arquivo_pdf_s : 10384720720201142_5231275.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
id : 4579563
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577103851520
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1600; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10384.720720/201142 Recurso nº 942.284 Voluntário Acórdão nº 220201.915 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de julho de 2012 Matéria ITR Recorrente ÂNGELA MARIA DE CARVALHO MELO CAVALCANTI SILVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 DA REVISÃO DO LANÇAMENTO ERRO DE FATO. O lançamento deverá ser revisto, de ofício, quando caracterizada a ocorrência de erro de fato na área total do imóvel, informada na declaração anual do ITR Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Relatório Em desfavor do contribuinte, ÂNGELA MARIA DE CARVALHO MELO CAVALCANTI SILVA, foi lavrada Notificação de Lançamento de fls. 01/06, mediante a qual se exige a diferença de Imposto Territorial Rural — ITR, no montante de R$10.153.015,80, referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), exercício de 2006, acrescido de multa lançada (75%) e juros de mora, tendo como objeto o imóvel denominado “Santa Rita Data Santa Isabel” cadastrado na RFB sob o nº 5.309.5669, com área declarada de 24.884,8 ha, localizado no Município de Teresina/PI. Por não ter sido apresentado qualquer documento de prova, e procedendose a análise e verificação dos dados constantes da DITR/2006, a fiscalização resolveu alterar o VTN declarado de R$0,00, em face da ausência de avaliação, arbitrando o valor de R$22.513.278,56 (R$904,70/ha), com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), instituído pela Receita Federal, com consequente aumento do VTN tributável, e disto resultando imposto suplementar de R$4.502.645,71, conforme demonstrado às fls. 07. Cientificada do lançamento, em 01.11.2011, às fls. 12, ingressou a contribuinte com sua impugnação de fls. 13/26, instruída com os documentos de fls. 27/46, alegando e solicitando o seguinte, em síntese: afirma que o imóvel, na época da autuação, não tem qualquer benfeitoria, e que foi vendido em 20.02.1999, ao Srº Pedro Rocha Portela, CPF 227.578.80349, conforme contrato anexo, em processo de transferência; afirma, também, que não recebeu notificação da Receita dando ciência da necessidade de apresentar comprovação do VTN declarado, presumindo eventual extravio no serviço de correios, pois não recebeu a correspondência indicada pela autoridade fiscal em seu endereço; esclarece que a intimação para comprovar o VTN também não consta da caixa de mensagens constante no sítio da Receita Federal, conforme documento em anexo; salienta que, independentemente da expedição da intimação ou mesmo do seu efetivo recebimento, resta absolutamente injusto e exorbitante o arbitramento realizado, por se apresentar fora da realidade do preço normal de mercado e em manifesta ofensa ao princípio da capacidade contributiva e se mantido o lançamento, resta absolutamente impossível de ser adimplido; informa que houve lançamento em três exercícios (2006, 2007 e 2008) e que somados teria uma dívida com o fisco da ordem de mais de R$30.000.000,00 em relação a um imóvel que não vale R$100.000,00 e que essa circunstância fática, vinculada a verdade real, impõe revisão do lançamento; registra lição de doutrinador de que a faculdade de arbitramento outorgada pela lei “não se confunde com a pura e simples arbitrariedade, incompatível com os critérios que presidem a atuação dos órgãos da Administração fazendária”, sendo certo que o sujeito passivo poderá contestar o arbitramento e realizar avaliação contraditória tanto no âmbito administrativo quanto no âmbito judicial; Fl. 125DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10384.720720/201142 Acórdão n.º 220201.915 S2C2T2 Fl. 2 3 discorre sobre o devido processo legal, registrando que o art. 148 do CTN deixa expresso que a autoridade lançadora realizará o arbitramento em um processo regular, que compreende um procedimento disciplinado em lei, com as garantias inerentes ao contraditório: direito de defesa, com a possibilidade de ser feita prova do alegado; considera que o arbitramento, sob pena de nulidade, precisa respeitar todos os princípios constitucionais que asseguram a tributação de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, não podendo ser realizado sob o prisma da conveniência e oportunidade da autoridade administrativa, inviabilizando o regular adimplemento da obrigação do contribuinte; cita doutrinadores e conclui que existe uma discricionariedade muito reduzida nas escolhas das bases de cálculo, uma vez que tais escolhas estarão necessariamente vinculadas ao princípio da capacidade contributiva e ao valor real do fato gerador, no caso o VTN; salienta que em atenção ao fato vinculado de que o arbitramento não é absoluto e permite, em respeito ao “processo regular” a comprovação do valor real do bem, apresenta 03 (três) Laudos de Avaliação do Imóvel, comprovando o valor real de mercado nos dias de hoje, que apresenta perfeita consonância com o valor declarado, o que impõe a reformulação do arbitramento realizado, para manter o valor declarado; menciona que, em caráter ilustrativo e exemplificativo, a Lei Ordinária nº 5.966, de 13 de janeiro de 2010, do Estado do Piauí, conforme cópia em anexo, que dispo sobre a regularização fundiária do Cerrado Piauiense, a área rural de maior valor econômico das terras no Estado, em seu art. 9º, fixa o preço da terra nua no valor de R$250,00/ha, e atribui 80% de desconto para pagamento à vista; considera que o fato de existir omissão do contribuinte, nem sempre justifica a realização do lançamento por arbitramento, que deve apenas ocorrer quando, dento do “processo regular”, não existirem elementos capazes de quantificar o valor exato do crédito, e cita e transcreve ementa de Decisão Judicial para referendar seus argumentos; considera, ainda, que o processo administrativo tributário é regido pelo princípio da verdade real, devendo a autoridade fiscal buscar todas as provas e circunstâncias para, sem apego a formalidades excessivas, estabelecer a verdade material e o interesse públic definido em lei e, no caso, atendendo o valor real do bem ora comprovado e em respeito à capacidade contributiva, citando doutrina e jurisprudência sobre o tema; entende que a DRF/Teresina possuía condições materiais de proceder à aferição do crédito ora em apreço, fazendo o por meio das informações prestadas em demonstrativo da impugnante, das declarações fiscais já transmitidas (ITR) ou dos Laudos de Avaliações ora apresentados, os quais demonstram o valor real do bem, em dias atuais; pelo exposto e argumentado suplica para que seja conhecida e provida a impugnação, reformando se o arbitramento atacado,para, com supedâneo no princípio da verdade real e da capacidade contributiva, manter o valor da terra nua declarado, ou, em pedido sucessivo, proceda com arbitramento em valor não superior a 50% da média das avaliações apresentadas, considerando sua contemporaneidade e eventual valorização do período que vai do exercício declarado e data da avaliação. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 A DRJ Brasilia ao apreciar as razões do contribuinte, julgou a impugnação improcedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 DO PROCEDIMENTO FISCAL Contendo a Notificação de Lançamento todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal (PAF) e tendo sido o procedimento fiscal instaurado em conformidade com as normas e os princípios constitucionais vigentes, possibilitando a contribuinte exercer plenamente o seu direito de defesa, não há que se falar em qualquer irregularidade que macule o lançamento (Nulidade). DO VALOR DA TERRA NUA (VTN) SUBAVALIAÇÃO Deve ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, com base no SIPT, por falta de documentação hábil (Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT NB 14.6533), demonstrando, de maneira convincente, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, à época do fato gerador do imposto, e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do VTN em questão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a interessada interpõe recurso voluntário, onde indica que teria ocorrido um erro de fato que deu causa no que se refere ao valores lançados. O referido erro consubstanciouse na área tributária do imóvel, no lugar de 24.884,8 hectares, o correto seria 24.88.48 hectares (vinte e quatro hectares, oitenta e oito ares e quarenta e oito containers). É o relatório. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10384.720720/201142 Acórdão n.º 220201.915 S2C2T2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Em seu recurso a contribuinte aponta que teria cometido um erro no preenchimento da DITR. Em face dos elementos presentes nos autos não resta dúvida que o erro está demonstrado. O contribuinte alega que a área total correta da propriedade de 24.88.48 hectares (vinte e quatro hectares, oitenta e oito ares e quarenta e oito containers) foi informada erroneamente na DITR como 24.884,8 hectares, por erro de digitação. Em princípio, a aceitação da pretendida área total de 24.88.48 ha estaria prejudicada pela modalidade de lançamento do ITR, autolançamento, e por ter sido apresentada somente após o início do procedimento de ofício. Entretanto, quando argüida pelo contribuinte na fase de recurso, a hipótese de erro de fato deve ser analisada, observando se aspectos de ordem legal. Caso fosse negada essa oportunidade ao contribuinte, estaria sendo ignorado um dos princípios fundamentais do Sistema Tributário Nacional, qual seja, o da estrita legalidade e, como decorrência, o da verdade material. Porém, na hipótese levantada, o lançamento regularmente impugnado somente poderá ser alterado, nos termos do art. 145, inciso I, do CTN, em caso de evidente erro de fato, devidamente comprovado através de provas documentais hábeis e idôneas, previstas na Norma de Execução Cofis nº 003/2006. No presente caso, o contribuinte também anexou aos autos cópia da escritura, declaração de adquirente e contrato de venda Diante dos elementos de prova apresentado, firmase neste julgador a convicção que efetivamente ocorreu um erro do preenchimento da declaração, cabendo reconhecer as sua alteração. Com a mudança da área total de 24.884,8 há para 24.88.48 ha (vinte e quatro hectares, oitenta e oito ares e quarenta e oito containers), o lançamento é prejudicado, afastando qualquer imputação a recorrente. Ante ao exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 128DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10830.015361/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 2005
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova
da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos
patrimoniais.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00
No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n°
9.481, de 1997).
JUROS TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais. (Súmula CARF nº 4).
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 2202-001.908
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Gustavo Froner Minatel, inscrito na OAB/SP sob o nº 210.198.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA - NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10830.015361/2009-88
conteudo_id_s : 5232048
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 03 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.908
nome_arquivo_s : Decisao_10830015361200988.pdf
nome_relator_s : ANTONIO LOPO MARTINEZ
nome_arquivo_pdf_s : 10830015361200988_5232048.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Gustavo Froner Minatel, inscrito na OAB/SP sob o nº 210.198.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
id : 4588459
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577261137920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2287; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.015361/200988 Recurso nº 940.062 Voluntário Acórdão nº 220201.908 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de julho de 2012 Matéria IRPF Recorrente OSMAR VILELA JUNIOR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58, nos termos do voto do Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Gustavo Froner Minatel, inscrito na OAB/SP sob o nº 210.198. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, OSMAR VILELA JUNIOR, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 83/90, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – Omissão de Rendimentos caracterizada por Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada, Exercício 2006, correspondente ao AnoCalendário 2005, por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 1.057.987,78, dos quais R$ 491.561,49 correspondem a imposto, R$ 368.671,11 a multa proporcional, e R$ 197.755,18 a juros de mora, calculados até 30/10/2009. A infração apurada, que resultou na constituição do crédito tributário referido, encontrase relatada no Termo de Verificação de Infração Fiscal e Demonstrativo, às fls. 74/82 e nos dá conta de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimentos, mantidas em Instituições Financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. O enquadramento legal está previsto na seguinte legislação: art. 42, da Lei nº 9.430/96, art. 1º da Lei nº 11.119/2005 e art. 849, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99. Os valores que efetivamente ingressaram na conta corrente do contribuinte, a título de depósitos e/ou créditos, mantidos em instituições financeiras, que não se fez prova da origem dos recursos, encontramse especificados no Demonstrativo do Termo de Verificação de Infração Fiscal e decorrem de procedimento fiscal, amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 08104002009007866, em face das divergências havidas entre os valores de receita informados na Declaração de Imposto de Renda pessoa Física – DIRPF do anocalendário de 2005 e a sua movimentação financeira informada pelas instituições financeiras à Receita Federal do Brasil, nos termos do art. 11, § 2º, da Lei nº 9.311/1996. Intimado a apresentar os extratos bancários relativos às movimentações financeiras realizadas no anocalendário em questão, no Banco Citibank S/A e no Banco Itaú S/A e justificar a origem dos recursos ingressos através do Termo de Início de Ação Fiscal, às fls. 03/04, o contribuinte apresentou os extratos bancários de fls.07/22, insurgindose pelo sigilo bancário, invasão de privacidade e que não estava de acordo com a entrega dos extratos bancários. A partir dos extratos bancários em cópia e posteriormente originais, elaborou se planilha relacionando todas as operações de depósitos/créditos efetuados em favor do contribuinte. A fiscalização intimou novamente o contribuinte para comprovação das origens dos recursos, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores. Concedidas várias prorrogações de prazo, o contribuinte argumenta incorreções relativas a algumas solicitações fiscais, as quais foram consideradas procedentes, conforme item 14 do Termo de Verificação Fiscal, às fls. 79. Por não apresentação de documentos que comprovassem as origens dos valores depositados/creditados em contas bancárias de titularidade do contribuinte, a fiscalização elaborou planilhas demonstrando os valores mensalmente, consolidando os por Fl. 171DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 instituição financeira e por totalização, às fls. 74/77, constituindo o crédito tributário em apreço. O Contribuinte foi cientificado do Auto de Infração em 17/11/2009, às fls. 91, tendo ingressado com a impugnação de fls. 93/112, alegando, em síntese: 1) Prestou todas as informações solicitadas pelo agente fiscal, cópia dos extratos bancários e justificativas acerca da origem dos valores movimentados em sua contacorrente; 2) Os fundamentos da exigência fiscal não traduzem a correta interpretação e aplicação da legislação pertinente e deve ser cancelada; 3) Citando o item 18 do Termo de Verificação Fiscal que acompanha o lançamento, requer nulidade por cerceamento ao direito de defesa por ausência de demonstrativo discriminando individualizadamente os supostos depósitos de origem não comprovada, não juntado ao demonstrativo e não sendo possível identificar quais depósitos compuseram a base de cálculo. Cita decisão administrativa; 4) Imprestável o lançamento por considerar apenas um único fato gerador ao final do anocalendário, equivocando se quanto ao momento exato da ocorrência do fato gerador do crédito tributário, o qual deve conter 12 obrigações tributárias para cada ano fiscalizado, com 12 vencimentos diferentes. Nem se alegue que isso seria mais gravoso ao contribuinte; 5) Falta de exclusão de valores que representam apenas registros escriturais efetuados pela instituição financeira os quais não representam depósitos/créditos na conta do impugnante; 6) Esclarece que a conta mantida no Banco Itaú além de ser conta–corrente era conta de investimentos, sendo que na mesma data em que aparecem valores debitados na conta investimento, aparecem os créditos na contacorrente, bem como há valores lançados a crédito cujo histórico é elucidativo demonstrando resgates da conta investimentos que jamais poderiam compor a base da tributação; 7) A fiscalização não se pautou pelo princípio da razoabilidade vez que ora considerou a declaração como parâmetro válido e ora considerou imprestável para efeito de justificativa de valores; 8) Os valores dos rendimentos declarados não foram considerados para fins de redução da apuração de eventual base de cálculo da exigência, esperando sua exclusão; 9) Os depósitos bancários não sustentam a presunção legal de omissão de rendimento por não haver correlação lógica direta e segura entre o montante de depósitos e a omissão de rendimentos, não estar calcada em experiência anterior e ainda transferindo oencargo probatório para o contribuinte que não está obrigado a manter registro individualizado de suas operações ou guardar comprovantes de seus depósitos. Cita a Súmula nº 182 do TRF; 10) Inadequação da presunção estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96, a prova da movimentação bancária não materializa o fato gerador do imposto de renda, pois juridicamente o Fl. 172DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 3 5 depósito bancário não corresponde a acréscimo patrimonial e não traz informações indispensáveis para caracterização de sinais exteriores de riqueza. Cita doutrina; 11) A movimentação financeira não representa ingresso de novas receitas e a tributação de seus valores fere o conceito de renda estampado no art. 43, I e II, do CTN, sendo que sem acréscimo patrimonial não há nem renda, nem proventos. Cita doutrina; 12) Impraticável falar em aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica sem a comprovação da natureza dos valores que compuseram a base de cálculo da exigência tributária e mesmo diante de presunção legal, cabe ao fisco a prova da natureza dos rendimentos indevidamente atribuídos ao impugnante; 13) O acesso às informações bancárias do contribuinte estava condicionado à autorização do Poder Judiciário, ressaltandose que a entrega dos extratos bancários pelo impugnante não foi feita de forma espontânea, mas apenas para evitar a acusação de embaraço à fiscalização. Cita doutrina; 14) Ausência de motivação para uso dos extratos bancários, ignorando as regras fixadas pelo Decreto nº 3.724/2001, na forma disciplinada pela Lei Complementar nº 105/2001, bem como as restrições estabelecidas pelo próprio Poder Executivo, tornando insustentável o indigitado lançamento de ofício; 15) Apesar do impugnante desconhecer individualizadamente os depósitos/créditos considerados pela fiscalização, indignase pela inclusão de valores inferiores a R$ 12.000,00, não se coadunando com a Lei nº 9.430/96, art. 42, § 3º, II; 16) Se excluídos os valores apontados como indevidos e somados os depósitos de valor individual inferior a R$ 12.000,00 em cada conta bancária, constatase que a soma global não ultrapassa os R$ 80.000,00, sendo necessária a exclusão de tais valores; 17) Protesta por tratamento isonômico não sendo aplicados juros pela taxa Selic sobre a multa lançada de ofício, por absoluta impropriedade e falta de amparo legal; 18) Requer reconhecimento da total improcedência do questionado lançamento de ofício. A DRJ Rio de Janeiro II julga a impugnação improcedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário:2005 NULIDADE Constatado que o procedimento fiscal foi realizado com estrita observância das normas de regência, tendo sido os atos e termos lavrados por servidor competente e respeitado o direito de defesa do contribuinte, fica afastada a hipótese de nulidade do lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular das contas bancárias, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos, sujeitando se à apuração por presunção da disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos sem origem justificada, cabendo lhe o ônus da prova em contrário. A omissão de rendimentos exteriorizada por depósitos bancários não justificados deve ser apurada no mês em que forem considerados recebidos, sem prejuízo, do ajuste anual. RENDIMENTOS OMITIDOS. Restando comprovado nos autos a percepção de rendimentos não devidamente declarados pelo interessado, a autoridade administrativa tem o poder dever de efetuar o lançamento de ofício do imposto de renda sobre a parcela de rendimentos omitidos e excluir a parcela dos rendimentos tributáveis já declarados. BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos omitidos na declaração de ajuste, apurados em procedimento de ofício, serão adicionados à base de cálculo declarada para efeito de apuração do imposto devido. Comprovada a ocorrência de erro na base de cálculo apurada, excluemse os valores correspondentes do lançamento. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. JUROS. SELIC. Os créditos tributários vencidos e não pagos sofrem a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, por expressa disposição legal. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. DOUTRINA. EFEITOS. As decisões administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela, objeto da decisão. A doutrina não pode ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. ILEGALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe a discussão de ilegalidade ou inconstitucionalidade de legislação vigente, na esfera administrativa. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 174DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 4 7 A autoridade de primeira instância reconheceu que no que toca registros escriturais efetuados pela instituição financeira, assiste razão ao contribuinte. Do mesmo modo quando o histórico for elucidativo demonstrando que a origem dos créditos provém de resgates da conta investimentos e que jamais poderiam compor a base de cálculo, referindose aos valores de R$ 3.100,00, R$ 4.000,00, R$ 25.000,00, R$ 5.900,00, R$ 54.153,66 e R$ 41.029,61, creditados, respectivamente, nas datas de 11/01, 13/01, 11/05, 01/07 e 28/12/2005, foram reconhecidos como créditos justificados e não foram lançados pela fiscalização Insatisfeito, a contribuinte apresenta o recurso voluntário de fls.608, onde reitera os argumentos da impugnação. No recurso os seguintes pontos são destacados: Preliminarmente, do vício matéria pela falta de individualização da base de cálculo; Do erro na determinação do momento de ocorrência do fato gerador; Da falta de exclusão de valores que representam apenas registros escriturais efetuados pela instituição financeira; Da falta de exclusão dos valores declarados; Os depósitos bancários não sustentam a presunção legal de omissão de rendimentos; Do conceito de renda e da necessidade de prova do fisco da natureza do rendimento; Do sigilo bancário sob reserva do judiciário; Da ausência de motivação para uso dos extratos; Da dispensa de comprovação de pequenos depósitos; Do juros selic sobre a multa de ofício. É o relatório. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da Nulidade do Auto de Infração – Cerceamento do Direito de Defesa Formula o contribuinte preliminar de nulidade alegando que a autoridade administrativa promoveu um desvio de finalidade no seus atos administrativos, eivando de vício de nulidade o auto de infração por cerceamento do direito de defesa. Ocorre que, nos presentes autos, não ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. Suscitou a autuada, o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal não lhe propiciou a oportunidade para uma defesa plena. Entretanto no caso concreto, não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Muito pelo contrário. A defesa foi exercida de forma absolutamente ampla. Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. Não há que se falar em preterição do direito de defesa se o contribuinte não faz prova dos fatos que o impediram de contestar as acusações que lhe foram imputadas. Uma vez que também não se vislumbrando nenhuma das hipóteses do artigo 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do auto de infração e do procedimento administrativo. No que toca ao argumento de que os depósitos não estavam individualizadamente identificados, a alegação não procede, pois os documentos de fls. 74 a 77 descriminam individualizadamente os depósitos bancários que foram considerados no lançamento original Posto isso, rejeito tal preliminar de nulidade por cerceamento de defesa. Da Impossibilidade de Quebra do Sigilo Bancário O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, inserese na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 5 9 Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5º da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: “Ementa: Inquérito. Agravo regimental. Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5º, X e XII, da CF: Inexistência. (...). I A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5º, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (...). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ 897/DF, rel. Min. Francisco Rezek, em 23.11.94).” Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. Diz a Lei n° 4.595, de 1964: “Art. 38 As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legítimas na causa, que deles não poderão servirse para fins estranhos à mesma. § 2° O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições Fl. 177DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 financeiras, inclusive através do Banco Central da República do Brasil. § 4° Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2° e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5° Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6° O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente.” Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximirse de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou seja, Poder Judiciário (§ 1°); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão “processo instaurado” se refere ao “processo administrativo fiscal”, já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 5º e 6º do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas físicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei nº. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: Fl. 178DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 6 11 “Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: ... II os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras.” Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto nº. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2º daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização.” Já no comando da Lei nº. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: “Art. 7° A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8º Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei nº. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicandose, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no § 1º do art. 7º.” Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontrase legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeitase o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei nº. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei nº. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 5º e 6º que: “5º Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6º O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente.” Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. Agora sob o comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; Fl. 180DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 7 13 VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em face de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou assentado que o termo “processo”, empregado no artigo 38 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativofiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei nº 4.595, de 1964 , de chancelar uma exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leiase a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, 1a. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em Fl. 181DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis.” Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamentase em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, temse a autorização para considerar ocorrido o “fato gerador” quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de “fato gerador”, a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do “fato gerador” (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tãosomente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de “Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas” (JustecRJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei nº 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza nãotributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte Fl. 182DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 8 15 poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.º 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n.º 9.430/1996). Dos Rendimentos Declarados No que toca aos argumentos usados pelo recorrente para comprovar os depósitos bancários, acompanho o entendimento da autoridade recorrida, no sentido de que cada um dos depósitos individualmente considerados, como fato de natureza econômica, deve ser embasado em documentos, pois assim está expressamente preceituado no próprio art. 42 da Lei n° 9.430/96, em seu parágrafo 3°: "os créditos serão analisados individualizadamente". O dever de comprovação é por operação em termos qualitativos (a que se refere a operação), mas também quantitativos (qual o valor de cada operação). Em suma, para perfeita comprovação deve haver coincidência de valor entre a documentação apresentada pela defesa e o depósito que pretende justificar. Não é, porém, o que ocorre nos argumentos do recorrente impossibilitando o seu acolhimento. No caso concreto, a fiscalização deduziu dos valores apurados àqueles identificados como fonte pagadora Vilela & Castro Ltda, Transfluid Transportes Ltda e Atlântica Hotéis Internacional Brasil Ltda, declarados pelo contribuinte. Assim, contrariamente ao que o impugnante alega, a fiscalização considerou os rendimentos declarados na parte comprovada. Deste modo, não se aceita o argumento do recorrente. Dos Itens Mantidos pela DRJ A autoridade de primeira instância exclui vários itens do auto de infração pelo fato dos mesmos se tratar como de transações exclusivamente escriturais, O recorrente questiona adicionalmente os itens a seguir mantidos pela DRJ, nas seguintes razões: Da revisão dos extrato de fls, 70, e comparando com os extratos, não se consegue aceitar os arguementos do recorrente. O referidos lançamentos são créditos específicos para os quais o recorrente não apresentou uma resposta satisfatória. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 Dos Limites previstos no Art. 42 da Lei. 9.430/96 No que toca aos limites percebese da analise dos autos, após já excluído o que foi afastado pelo DRJ que os valores movimentados na conta bancária da recorrente, e que embasaram o lançamento, foi de R$ 1.061.632,08. Desta forma, resta verificar se o procedimento fiscal atentou ao limites disposto na legislação vigente. Para uma correta elucidação acerca deste ponto cabe transcrever os excertos legais pertinentes: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Alterado pela Lei nº 9.481, de 13.8.97) (grifos postos) Depreendese do excerto transcrito que não se pode considerar, para efeitos de determinação da receita omitida, os depósitos individuais iguais e inferiores a quantia de R$ 12.000,00, desde que o somatório destes não ultrapassem o valor de R$ 80.000,00. Com base no quadro de fls. 70, excluindose o valores que a autoridade de primeira instância considerou comprovados, apurase os valores lançados como omissão depósitos bancários por ano, segregando entre aqueles quais são iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 e os que são superiores. Fl. 184DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 220201.908 S2C2T2 Fl. 9 17 2005 >R$ 12.000 <= R12.000 Total Jan 88.000,00 1.950,95 89.950,95 fev 30.000,00 941,55 30.941,55 mar ‐ 4.571,95 4.571,95 Abr ‐ 7.209,00 7.209,00 Mai 637.471,50 20.175,60 657.647,10 Jun 24.250,00 1.900,50 26.150,50 Jul 60.050,00 9.668,60 69.718,60 Ago 60.265,00 1.524,45 61.789,45 Set ‐ 6.883,39 6.883,39 Out ‐ 1.605,40 1.605,40 Nov ‐ 2.578,88 2.578,88 Dez 90.460,00 12.125,31 102.585,31 Total 990.496,50 71.135,58 1.061.632,08 Pelo que se nota, o depósitos com valores inferiores a R$12.000,00 não totalizam R$ 80.000,00. Deste modo é de de excluir do lançamento o montante de R$.71.135,58. Da Inconstitucionalidade das Normas No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, que determinariam a aplicação de multas e juros de natureza confiscatória, acompanho a posição sumulada pelo CARF de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). Cabe esclarecer o contribuinte que a falta de recolhimento do tributo ou declaração inexata, apurada em lançamento de ofício, enseja o lançamento da multa de 75%, prevista no art. 44, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não podendo a autoridade lançadora deixar de aplicála ou reduzir seu percentual ao seu livre arbítrio.Nestes termos, como a multa de ofício está prevista em disposições literais de lei e como as instâncias julgadoras não podem negar validade a estas disposições, não se pode aqui acatar a alegação da contribuinte. É de se manter, assim, a penalidade de 75%. Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Fl. 185DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 18 Ante ao exposto, voto rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência o valor de R$ 71.135,58. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 186DF CARF MF Impresso em 15/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10882.003925/2002-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.275
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201208
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 10882.003925/2002-58
conteudo_id_s : 6385312
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 19 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2202-000.275
nome_arquivo_s : 220200275_10882003925200258_201208.pdf
nome_relator_s : RAFAEL PANDOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 10882003925200258_6385312.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
id : 4577383
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:00:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577406889984
conteudo_txt : Metadados => date: 2020-03-11T14:53:17Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2020-03-11T14:53:17Z; Last-Modified: 2020-03-11T14:53:17Z; dcterms:modified: 2020-03-11T14:53:17Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:c0fb0846-c060-42f0-899a-98cb346599ad; Last-Save-Date: 2020-03-11T14:53:17Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2020-03-11T14:53:17Z; meta:save-date: 2020-03-11T14:53:17Z; pdf:encrypted: true; modified: 2020-03-11T14:53:17Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2020-03-11T14:53:17Z; created: 2020-03-11T14:53:17Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2020-03-11T14:53:17Z; pdf:charsPerPage: 1657; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:created: 2020-03-11T14:53:17Z | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 179 1 178 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10882.003925/200258 Recurso nº 918.497 Resolução nº 220200.275 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 14 de agosto de 2012 Assunto Omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem origem Recorrente JOSÉ AKIRA ISHIKAWA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, o Conselheiro Helenilson Cunha Pontes. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 180 2 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização A partir de registros de movimentação financeira, obtidos através do sistema de fiscalização da arrecadação da CPMF, foram iniciados, em 27/08/2002, os trabalhos de fiscalização (Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.1.13.002002004135). O recorrente foi intimado, em 14/10/2002, a preencher formulário de demonstrativo de fluxo financeiro mensal, relativo ao ano calendário de 1997. Em resposta, o recorrente informou a dificuldade de prestar as informações devido ao extravio de documentos, solicitando prorrogação de prazo. Posteriormente, apresentou planilha demonstrativa da evolução patrimonial relativa ao ano base de 1997 (fl. 2224), sem, entretanto, apontar a evolução em valores mensais. Diante da insuficiência das informações prestadas pelo recorrente, o Fisco intimou os bancos Bradesco S/A e Itaú S/A mediante RMF’s (fls. 23, 24). Após receber os extratos demonstrando a movimentação bancária do recorrente ao longo do anocalendário, foi preenchida planilha de fluxo financeiro apurando omissão de rendimento (fl. 112115). Além disso, em Termo de Verificação (fl. 117118), a fiscalização aponta que, juntamente com a RPF, recebeu a representação fiscal n. 882/00 datada de 28/07/2000 (fl. 96), oriunda de trabalho efetuado por Grupo Especial de Fiscalização — Portaria COFIS 06/2000 na cidade de Foz do Iguaçu, tratando de investigação por evasão de divisas para o exterior — relativo a operações de 1997 — sendo que o mencionado trabalho constatou a existência de créditos efetuados pelo fiscalizado em três contas bancárias de terceiros, conforme especificado à fl. 118. Tais valores foram incluídos no fluxo financeiro mensal como aplicações realizadas pelo recorrente. 2 Auto de Infração Foi lavrado, em 18/12/2002, Auto de Infração (fls. 121123), com crédito tributário apurado de R$ 99.830,93, incluídos imposto, juros de mora e multa de 75%, imputando infração por acréscimo patrimonial a descoberto. O recorrente tomou ciência do auto em 18/12/2002. 3 Impugnação Indignado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fls.126137), esgrimindo os seguintes argumentos: a) houve cerceamento de defesa, vez que o recorrente não recebeu cópia de todos os documentos que embasaram a ação fiscal; b) a quebra do sigilo bancário por meio de RMF’s invalida o auto de infração; c) os valores que transitaram na sua conta corrente não foram rendimentos, o que afasta a sua tributação. O contribuinte não pôde apresentar provas nesse sentido devido ao extravio dos documentos; d) a fiscalização procedeu com arbitramento de rendimentos em excesso; Fl. 180DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 181 3 e) ao proceder com base na presunção legal, o fisco está se apegando à forma e não à verdade material, devendo ser respeitado o princípio do “in dubio pro reo”; f) a multa de ofício aplicada tem caráter confiscatório; e g) cabe à Fiscalização o ônus de comprovar a efetiva auferição de renda. 4 Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada pela 5ª Turma da DRJ/SP2, por unanimidade, por sua improcedência (fls. 139154), mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos foram os seguintes: a) não houve nulidade por cerceamento ao direito de defesa uma vez que não houve circunstância que impedisse o recorrente de conhecer os dados ou fatos que, notoriamente, impossibilitassem o exercício de sua defesa; b) a RMF encontra amparo legal, não implicando quebra de sigilo bancário, uma vez que resguardadas as informações pelo sigilo fiscal; c) a faculdade do recorrente de apresentar provas documentais em momentos posteriores à impugnação ao lançamento não impede que o processo administrativofiscal seja de pronto julgado; d) por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar as origens dos recursos que justifiquem o acréscimo patrimonial; e e) a multa de ofício é de aplicação obrigatória, e encontra amparo legal. 5 Recurso Voluntário O contribuinte interpôs, tempestivamente, recurso voluntário (fls. 159173), repisando os argumentos da impugnação, aos quais acrescentou que: a) a pretensão do Fisco prescreveu, uma vez que a impugnação foi julgada somente 6 anos após sua apresentação; b) a decisão da DRJ não atacou frontalmente os argumentos expostos da impugnação, restringindose a uma análise genérica. É o relatório. Fl. 181DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 182 4 Voto Conselheiro Relator Rafael Pandolfo O recurso ora analisado foi interposto no âmbito de procedimento administrativo no qual foi constituído, contra o recorrente, crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda. A autuação utilizou como fundamento o acréscimo patrimonial a descoberto. Para alcançar seu desiderato, a Fiscalização utilizou requisição de movimentação financeira (RMF) (fls. 23, 24), após apresentação de documentação considerada insatisfatória. A constitucionalidade das prerrogativas estendidas à autoridade fiscal através de instrumentos infraconstitucionais obtenção de informações junto às instituições através da RMF está sendo analisada pelo STF no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, que tramita em regime de repercussão geral, reconhecida em 22/10/09, conforme ementa abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL Conforme disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256/09, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos que versarem sobre matéria cuja repercussão geral tenha sido admitida pelo STF. O dispositivo há pouco referido vai ao encontro da segurança jurídica, da estabilidade e da eficiência, pois ao tempo em que assegura a coerência do ordenamento, confere utilidade à atividade judicante exercida no âmbito do CARF. Assim, reconhecida, pelo STF, a relevância constitucional de tema prejudicial à validade do procedimento utilizado na constituição do crédito tributário, deve ser sobrestado o julgamento do recurso no CARF. Não se desconhece a decisão Plenária do STF no âmbito do RE nº 389.808, que acolheu o recurso extraordinário interposto pelos contribuintes. O Recurso foi pautado pelo Ministro Marco Aurélio (i) poucos dias antes da publicação da Emenda Regimental nº 42, do RISTF, que determina que todos os recursos relacionados ao tema do caso admitido como paradigma, em repercussão geral, devam ser distribuídos ao respectivo Relator, e (ii) quase um ano após o reconhecimento da repercussão geral no RE 601.314, o que gerou confusão quanto à mecânica processual de julgamento dos recursos extraordinários anteriores à Emenda Constitucional nº 45/04. Uma leitura atenta do acórdão revela que o julgamento, inicialmente adstrito à reanálise da medida cautelar requerida pela parte recorrente, desbordou para enfrentamento do mérito a partir da contrariedade manifestada pela Min. Ellen Gracie centrada, sobretudo, na ausência do Min. Joaquim Barbosa e sua consequência à apuração do quorum de votação. A atipicidade do caso, entretanto, não indica posicionamento da Corte afastando as Fl. 182DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 183 5 consequências imediatas da repercussão geral, como o sobrestamento dos processos que veiculam o tema da violação de sigilo pela Fazenda. O fato é que, com exceção do inusitado julgamento ocorrido no âmbito do RE 389.808, o posicionamento do STF tem sido uníssono no sentido de sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários que veiculam a mesma matéria objeto do Recurso Extraordinário nº 601.314. As decisões abaixo transcritas são elucidativas: DESPACHO: Vistos. O presente apelo discute a violação da garantia do sigilo fiscal em face do inciso II do artigo 17 da Lei n° 9.393/96, que possibilitou a celebração de convênios entre a Secretaria da Receita Federal e a Confederação Nacional da Agricultura CNA e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, a fim de viabilizar o fornecimento de dados cadastrais de imóveis rurais para possibilitar cobranças tributárias. Verificase que no exame do RE n° 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, foi reconhecida a repercussão geral de matéria análoga à da presente lide, e terá seu mérito julgado no Plenário deste Supremo Tribunal Federal Destarte, determino o sobrestamento do feito até a conclusão do julgamento do mencionado RE nº 601.314/SP. Devem os autos permanecer na Secretaria Judiciária até a conclusão do referido julgamento. Publiquese. Brasília, 9 de fevereiro de 2011. Ministro DIAS TOFFOLI Relator Documento assinado digitalmente (RE 488993, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 09/02/2011, publicado em DJe035 DIVULG 21/02/2011 PUBLIC 22/02/2011) DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – SOBRESTAMENTO. 1. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 2. Ante o quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, tendo a intimação do acórdão da Corte de origem ocorrido anteriormente à vigência do sistema da repercussão geral, determino o sobrestamento destes autos. 3. À Assessoria, para o acompanhamento devido. 4. Publiquem. Brasília, 04 de outubro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (AI 691349 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 04/10/2011, publicado em DJe213 DIVULG 08/11/2011 PUBLIC 09/11/2011) REPERCUSSÃO GERAL. LC 105/01. CONSTITUCIONALIDADE. LEI 10.174/01. APLICAÇÃO PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES À EXERCÍCOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA UNIÃO PREJUDICADO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DO PROCESSO AO TRIBUNAL DE ORIGEM (ART. 328, PARÁGRAFO ÚNICO, DO RISTF ). Decisão: Discutese nestes recursos extraordinários a constitucionalidade, ou não, do artigo 6º da LC 105/01, que permitiu o Fl. 183DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 184 6 fornecimento de informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial; bem como a possibilidade, ou não, da aplicação da Lei 10.174/01 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou seguimento à remessa oficial e à apelação da União, reconhecendo a impossibilidade da aplicação retroativa da LC 105/01 e da Lei 10.174/01. Contra essa decisão, a União interpôs, simultaneamente, recursos especial e extraordinário, ambos admitidos na Corte de origem. Verificase que o Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial em decisão assim ementada (fl. 281): “ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO – UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS – IMPOSTO DE RENDA – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO – PERÍODO ANTERIOR À LC 105/2001 – APLICAÇÃO IMEDIATA – RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, § 1º, DO CTN – PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO – RECURSO ESPECIAL PROVIDO.” Irresignado, Gildo Edgar Wendt interpôs novo recurso extraordinário, alegando, em suma, a inconstitucionalidade da LC 105/01 e a impossibilidade da aplicação retroativa da Lei 10.174/01 . O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral da controvérsia objeto destes autos, que será submetida à apreciação do Pleno desta Corte, nos autos do RE 601.314, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Pelo exposto, declaro a prejudicialidade do recurso extraordinário interposto pela União, com fundamento no disposto no artigo 21, inciso IX, do RISTF. Com relação ao apelo extremo interposto por Gildo Edgar Wendt, revejo o sobrestamento anteriormente determinado pelo Min. Eros Grau, e, aplicando a decisão Plenária no RE n. 579.431, secundada, a posteriori pelo AI n. 503.064AgRAgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO; AI n. 811.626AgR AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, e RE n. 513.473ED, Rel. Min CÉZAR PELUSO, determino a devolução dos autos ao Tribunal de origem (art. 328, parágrafo único, do RISTF c.c. artigo 543B e seus parágrafos do Código de Processo Civil). Publiquese. Brasília, 1º de agosto de 2011. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente (RE 602945, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 01/08/2011, publicado em DJe158 DIVULG 17/08/2011 PUBLIC 18/08/2011) DECISÃO: A matéria veiculada na presente sede recursal –discussão em torno da suposta transgressão à garantia constitucional de inviolabilidade do sigilo de dados e da intimidade das pessoas em geral, naqueles casos em que a administração tributária, sem prévia autorização judicial, recebe, diretamente, das instituições financeiras, informações sobre as operações bancárias ativas e passivas dos contribuintes será apreciada no recurso extraordinário representativo da controvérsia jurídica suscitada no RE 601.314/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, em cujo âmbito o Plenário desta Corte reconheceu existente a repercussão geral da questão constitucional. Sendo assim, impõese o sobrestamento dos presentes autos, que permanecerão na Secretaria desta Corte até final julgamento do mencionado recurso extraordinário. Publiquese. Brasília, 21 de maio de 2010. Ministro CELSO DE MELLO Relator Fl. 184DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 10882.003925/200258 Resolução n.º 220200.275 S2C2T2 Fl. 185 7 (RE 479841, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 21/05/2010, publicado em DJe100 DIVULG 02/06/2010 PUBLIC 04/06/2010) Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presento feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publiquese. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012) Sendo assim, tenho como inquestionável o enquadramento do presente caso ao art. 26A, §1º, da Portaria 256/09, ratificado pelas decisões acima transcritas, que retratam o quadro descrito pela Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único). Nesses termos, voto para que seja sobrestado o presente recurso, até o julgamento definitivo do Recurso Extraordinário nº 601.314, pelo STF. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 185DF CARF MF Impresso em 04/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 03/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 31/08/2012 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 13161.720147/2007-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Acolhem-se os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado de segundo grau, procedendo-se o devido saneamento.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2004
ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO.
VISTORIA DO ÓRGÃO AMBIENTAL x LAUDO TÉCNICO.
As florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o Código Florestal constituem áreas de preservação permanente, considerando-se, para fins de tributação, a área apurada em vistoria do órgão ambiental, ainda que menor que a área indicada em Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado.
Numero da decisão: 2202-001.912
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos interpostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão nº 2202-01.623, de 08/02/2012, para negar provimento ao recurso de ofício
Nome do relator: MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Acolhem-se os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado de segundo grau, procedendo-se o devido saneamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. VISTORIA DO ÓRGÃO AMBIENTAL x LAUDO TÉCNICO. As florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o Código Florestal constituem áreas de preservação permanente, considerando-se, para fins de tributação, a área apurada em vistoria do órgão ambiental, ainda que menor que a área indicada em Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 13161.720147/2007-01
conteudo_id_s : 5238211
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 26 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.912
nome_arquivo_s : Decisao_13161720147200701.pdf
nome_relator_s : MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
nome_arquivo_pdf_s : 13161720147200701_5238211.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos interpostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão nº 2202-01.623, de 08/02/2012, para negar provimento ao recurso de ofício
dt_sessao_tdt : Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2012
id : 4599361
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:02:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577415278592
conteudo_txt : Metadados => date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Microsoft Word - APV2202_13161720147200701_IreneMariaCoimbra-Embargos.doc; xmp:CreatorTool: PScript5.dll Version 5.2.2; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dc:creator: 80298141787; dcterms:created: 2012-07-18T07:51:10Z; Last-Modified: 2012-07-18T07:51:10Z; dcterms:modified: 2012-07-18T07:51:10Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Microsoft Word - APV2202_13161720147200701_IreneMariaCoimbra-Embargos.doc; Last-Save-Date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:docinfo:creator_tool: PScript5.dll Version 5.2.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2012-07-18T07:51:10Z; meta:save-date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Microsoft Word - APV2202_13161720147200701_IreneMariaCoimbra-Embargos.doc; modified: 2012-07-18T07:51:10Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: 80298141787; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: 80298141787; meta:author: 80298141787; meta:creation-date: 2012-07-18T07:51:10Z; created: 2012-07-18T07:51:10Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2012-07-18T07:51:10Z; pdf:charsPerPage: 2006; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; Author: 80298141787; producer: AFPL Ghostscript 8.11; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: AFPL Ghostscript 8.11; pdf:docinfo:created: 2012-07-18T07:51:10Z | Conteúdo => S2-C2T2 Fl. 1 1 S2-C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13161.720147/2007-01 Recurso nº 921.521 Embargos Acórdão nº 2202-01.912 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de julho de 2012 Matéria Área de preservação permanente Embargante AUTORIDADE EXECUTORA DO ACÓRDÃO Interessado IRENE MARIA COIMBRA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Acolhem-se os embargos declaratórios quando demonstrado que no acórdão vergastado houve omissão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se o Colegiado de segundo grau, procedendo-se o devido saneamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2004 ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. VISTORIA DO ÓRGÃO AMBIENTAL x LAUDO TÉCNICO. As florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o Código Florestal constituem áreas de preservação permanente, considerando-se, para fins de tributação, a área apurada em vistoria do órgão ambiental, ainda que menor que a área indicada em Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos interpostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão nº 2202-01.623, de 08/02/2012, para negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga - Relatora Fl. 155DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 2 Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO Processo nº 13161.720147/2007-01 Acórdão n.º 2202-01.912 S2-C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em sessão plenária de 08/02/2012, foi julgado por esta Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF o recurso no 921.521, proferindo-se a decisão consubstanciada no Acórdão no 2202-01.623 (fls. 137 a 148), assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2004 OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. EFEITOS Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial, conforme Súmula no 1 do Primeiro Conselho de Contribuintes. MATÉRIA NÃO QUESTIONADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. PRECLUSÃO. Matéria não questionada na impugnação, momento em que se instaura o litígio, e somente suscitada na fase recursal constitui matéria preclusa e como tal não se conhece. A decisão foi assim resumida: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso tendo em vista a opção pela via judicial e em razão de matéria preclusa. DOS EMBARGOS Conforme despacho de fl. 149, foram os autos encaminhados à repartição de origem para as providências de sua alçada. Em 26/04/2012, por meio do despacho de fl. 150, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Dourados/MS, propôs o retorno do presente processo ao CARF para o julgamento do Recurso de Ofício, conforme anteriormente informado em despacho de fl. 123. DA DISTRIBUIÇÃO O despacho da autoridade executora foi recepcionado como Embargos de Declaração, nos termos do art. 65, §1o, inciso V, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF no 586, de 21 de dezembro de 2010), e Fl. 157DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 4 encaminhado a esta Conselheira para manifestação, tendo em vista o disposto no §2o do mesmo artigo, vindo digitalizado até à fl. 1501. Por meio da Informação em Embargos, de 20 de junho de 2012, foi proposto o acolhimento dos embargos para que o processo fosse novamente submetido à apreciação dos membros da Segunda Turma da Segunda Câmara da Segunda Seção do CARF, o que foi acatado pelo Presidente daquele Colegiado, determinando sua inclusão em pauta para julgamento. 1 Processo digital. Numeração do e-processo. Fl. 158DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO Processo nº 13161.720147/2007-01 Acórdão n.º 2202-01.912 S2-C2T2 Fl. 3 5 Voto Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. 1 Apreciação dos embargos De acordo com o art. 65 do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 (publicada no DOU de 23/ 06/2009): “Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.” A autoridade executora alegou que o acórdão guerreado teria sido omisso quanto ao julgamento do recurso de ofício. Conforme consignado à fl. 98, a Presidente do Colegiado de Primeiro Grau, recorreu de ofício, nos termos do art. 34, do Decreto no 70.235, de 1972, e da Portaria MF no 3, de 3 de janeiro de 2008, em razão de o valor exonerado ter ultrapassado o limite de alçada. Observa-se que a relatora, ao delimitar o litígio submetido ao Colegiado de Segundo Grau, assim se pronunciou(fls. 143 e 144): Inicialmente, importa delimitar a matéria sujeita à apreciação deste Colegiado. Conforme relatado, o lançamento decorre de duas infrações: (a) glosa total da área de preservação permanente declarada, por falta de comprovação da isenção da área declarada, e (b) arbitramento do VTN, pela ausência de laudo técnico que ratificasse o valor declarado. A decisão recorrida acolheu em parte os argumentos da interessada, restabelecendo uma área de preservação permanente equivalente 1.115,30ha e, dessa forma, reduziu o imposto a pagar de R$845.487,90 para R$154.368,73. Como se sabe, contra as decisões de primeira instância cabem três tipos de recursos: • recurso voluntário do contribuinte, caso a decisão lhe seja parcial ou integralmente desfavorável, interposto junto Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (art. 33 do Decreto no 70.235, de 26 de março de 1972 e art. 1 e 7o do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009); Fl. 159DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 6 • recurso de ofício, sempre que houver a exoneração de pagamento de tributo e multa de ofício em valor superior ao limite de alçada, que atualmente é de R$1.000.000,00, nos termos da Portaria MF no 3, de 3 de janeiro de 2008; • pedido de correção de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e a erros de escrita ou de cálculo existentes no acórdão, requerido pela autoridade incumbida da execução do acórdão ou pelo sujeito passivo, devendo para tanto, ser proferido novo acórdão (art. 22, §1o, e art. 27 da Portaria MF no 58, de 17 de março de 2006). Visto que o valor exonerado pelo julgador a quo está abaixo do limite do recurso de ofício (imposto + multa), sobre esta parte do crédito tributário não cabe mais qualquer manifestação deste órgão. Do lançamento original, resta, portanto, a glosa parcial da área de preservação permanente (diferença entre a área declarada e a restabelecida pela decisão recorrida) e o arbitramento do VTN. (grifos nossos) De pronto verifica-se a existência de contradição nos fundamentos da decisão, uma vez que o valor do imposto exonerado (R$691.119,17 = R$845.487,90 - R$154.368,73), acrescido da multa de ofício de 75%, é superior ao limite de alçada estabelecido na Portaria MF no 3, de 2008, e, a decisão deveria ter se pronunciado também quanto ao recurso de ofício. Assim, resta demonstrada a omissão do julgado e, por conseguinte, com fulcro no art. 65 do RICARF, acolhem-se os presentes embargos, para sanar o vício apontado pelo embargante. Convém lembrar que o acolhimento dos presentes embargos não significa o reexame de matéria já devidamente apreciada pelo Colegiado de Segundo Grau, restringindo-se apenas à omissão em relação ao julgamento do recurso de ofício, mantendo-se a decisão embargada no que diz respeito ao recurso voluntário. 2 Recurso de Ofício Trata o recurso de ofício de glosa da área de preservação permanente declarada pela recorrente. Considera-se área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação situadas nas regiões definidas no art. 2o da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), assim como aquelas florestas e demais formas de vegetação natural previstas no art. 3o da mesma lei, para as quais exista ato do Poder Público declarando-as como de preservação permanente. As áreas de preservação permanentes descritas no art. 2o do Código Florestal podem ser comprovadas por meio de Laudo de Constatação (ou Vistoria), elaborado por profissional habilitado ou documento de igual valor probatório. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO Processo nº 13161.720147/2007-01 Acórdão n.º 2202-01.912 S2-C2T2 Fl. 4 7 A isenção para fins de ITR das áreas de preservação permanente está condicionada, além da existência de tais áreas, a apresentação do ADA (art. 17-O, §1o, da Lei no 6.938, de 1981). As vistorias, perícias, avaliações e arbitramentos relativos a imóveis rurais são atividades de competência dos engenheiros agrônomos e florestais, que devem ser objeto de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART para sua plena validade (Arts. 7o e 13 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966, c/c o disposto na Resolução no 345, de 27 de junho de 1990, e na Resolução no 218, de 29 de junho de 1973, ambas do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA). De acordo com a Resolução CONFEA no 345, de 1990, que dispõe sobre as atividades de Engenharia de Avaliações e Perícias de Engenharia, a vistoria consiste na “constatação de um fato, mediante o exame circunstanciado e descrição minuciosa dos elementos que o constituem” e o laudo “é a peça na qual o perito, profissional habitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia o valor de coisas ou direitos, fundamentadamente”(art. 1o, alíneas “a” e “e”). Na elaboração dos Laudos Técnicos, os profissionais devem observar, ainda, os requisitos das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT que regem a matéria (no caso da avaliação dos imóveis rurais, a NBR 14653-3). A partir dos requisitos previstos na NBR 14653-3 pode-se inferir que, no caso de Laudos de Constatação, cujo objetivo seja comprovar a existência das áreas de preservação permanente, a atividade de vistoria deve observar, principalmente, os aspectos físicos e condicionantes legais do imóvel na caracterização das terras, ou seja, não basta indicar apenas a extensão da área de preservação permanente, deve descrever e quantificar objetivamente as áreas de acordo com a classificação estabelecida no Código Florestal. Conforme consignado no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido (fl. 46), a área de preservação permanente declarada pela contribuinte para o ano-calendário fiscalizado (2004) foi de 1.855,0 ha. Essa área foi integralmente glosada pois a fiscalização entendeu que o laudo técnico apresentado pela contribuinte (fls. 14 a 19) não demonstrava a área de preservação permanente existente em 1o de janeiro do exercício autuado, uma vez que o referido laudo fora emitido anteriormente, em 01/12/1997. Importa ressaltar que não existe litígio quanto à apresentação do Ato Declaratório Ambiente – ADA. Foi apresentado à fiscalização o ADA referente ao exercício 1997 (fl. 12), no qual a área de preservação permanente informada coincide com a área declarada pela contribuinte. O relator a quo, entretanto, restabeleceu apenas parte da área de preservação permanente (1.115,30ha), assim fundamentando sua decisão (fl. 88): Quanto à comprovação das áreas de preservação permanente, se o IBAMA efetuou a vistoria na área após a apresentação do ADA, a apresentação do termo de vistoria ou o ADA de oficio do IBAMA é suficiente para comprovação. Caso contrário, há necessidade de apresentação de um laudo que especifique cada área que é de preservação permanente e em qual artigo da legislação a área se enquadra, além do protocolo do ADA. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO 8 Não obstante, o contribuinte trouxe aos autos um oficío do INCRA/SR- 16/T/GAB/208/2002(folha 22) de 28 de fevereiro de 2002, assinado por Nélson José Pauletto, Superintendente Regional Substituto, onde diz que: Com base no levantamento de dados realizado em 12 a 15/12/2001, no imóvel rural denominado Fazenda Santa Angélica, localizado no município de Rio Brilhante, cadastrado neste Órgão sob o no 911070.001058-1, com área levantada pelo INCRA com GPS topográfico de 4.362,3ha, a comissão criada pela Ordem de Serviço 150 de 11/12/2001, promoveu à atualização cadastral, "EX-OFICIO", do referido imóvel, retratando a sua real e atual situação, através das condições de exploração verificadas. Porém, não havida trazido a Declaração para Cadastro de Imóvel Rural DP, EX-OFÍCIO. Na impugnação, trouxe aos autos ofício do INCRA/SR- 16/T/GAB/1775/2004 (folha 57) de 16 de novembro de 2004, assinado por Luiz Carlos Bonelli, Superintendente Regional, onde diz que: Comunicamos que, com base no levantamento de dados realizado em 10 a 14/5/2004, no imóvel rural denominado Fazenda Santa Angélica, localizado no município de Rio Brilhante, cadastrado neste Órgão sob o no 911070.001058-1, com área total registrada de 4.536ha, foi efetuada a atualização cadastral, "EX-OFÍCIO", retratando a sua real e atual situação, através das condições de exploração verificadas. A interessada, desta vez, trouxe aos autos a Declaração para Cadastro de Imóvel Rural DP, EX-OFÍCIO, onde consta que a área de preservação permanente é de 1.115,3ha (folha 59-verso). A interessada diz que as áreas apontadas nas duas ocasiões são distintas. 1.217,3 na primeira vistoria e 1.115,3 na segunda vistoria, em razão de variações em virtude de secas ou enchentes. Porém, consta dos autos apenas a DP da segunda vistoria. Com os elementos constantes dos autos, DP associado ao ADA de 1997 (folha 12), é possível considerar a área de 1.115,3 como área de preservação permanente por conter ADA e vistoria do INCRA. Não obstante a contribuinte tenha apresentado Laudo Técnico (fls. 15 a 19), elaborado por engenheiro agrônomo, acompanhado da devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (fl. 20), atestando a existência de uma área de preservação permanente de 1.855,0 ha, situada em toda a extensão do rio que margeia a fazenda, e também em locais que adentram pela propriedade em relação as suas margens, descrevendo com detalhes os limites dessa área, agiu com acerto o relator de primeira instância em reconhecer apenas parte desta área (1.115,3 ha), conforme vistoria do INCRA posterior ao referido laudo. 3 Conclusão Diante do exposto, voto por ACOLHER os embargos opostos pela autoridade executora para, sanando a omissão apontada, re-ratificar o Acórdão no 2202-01.623, de 08/02/2012, para NEGAR provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 162DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 18/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 18/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGA O CALO
score : 1.0
Numero do processo: 11080.720218/2007-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2004
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. INTERESSE ECOLÓGICO. TRIBUTAÇÃO. ADA.
Comprovado por meios firmes de provas, não contrariados de imóvel possuir restrição de uso pela instituição de Parque Nacional, com exigência da preservação permanente ou mesmo de utilização limitada, reserva legal e de interesse ecológico, assim declarado por ato do Poder Público Federal ou Estadual, deve haver exclusão do ITR. O Ato Declaratório Ambiental – ADA comprova a exclusão das referidas áreas da tributação, mas sua exigência não é condição para essa exclusão, podendo a comprovação ser realizada outros meios de prova, notadamente laudo técnico elaborado por profissional habilitado e não contrariado nos autos. A tributação incide sobre o aspecto material, fatos reais praticados ou realizados pelo sujeito passivo, ou presuntivos, quando a lei assim determinar. A exigência do ADA constitui-se em ato meramente declaratório ao direito a isenção do ITR, jamais em ato constitutivos do direito, para permitir à exclusão das referidas áreas da tributação do ITR. DETENÇÃO. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. NUA PROPRIEDADE.
O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio ao pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado pelo uso. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde a mera detenção de coisa alheia. A área de preservação permanente ao restringir e limitar o direito de propriedade, causa a expropriação indireta do imóvel. O titular do domínio pleno detém ou passa a passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, que não se sujeita ao tributo.
VALOR DA TERRA NUA VTN
O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, é passível de modificação, se forem oferecidos elementos firmes de convicção notadamente Laudo Técnico, com observância das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT.
Numero da decisão: 2202-001.742
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Nelson Mallmann e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso.
Nome do relator: ODMIR FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201204
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2004 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. INTERESSE ECOLÓGICO. TRIBUTAÇÃO. ADA. Comprovado por meios firmes de provas, não contrariados de imóvel possuir restrição de uso pela instituição de Parque Nacional, com exigência da preservação permanente ou mesmo de utilização limitada, reserva legal e de interesse ecológico, assim declarado por ato do Poder Público Federal ou Estadual, deve haver exclusão do ITR. O Ato Declaratório Ambiental – ADA comprova a exclusão das referidas áreas da tributação, mas sua exigência não é condição para essa exclusão, podendo a comprovação ser realizada outros meios de prova, notadamente laudo técnico elaborado por profissional habilitado e não contrariado nos autos. A tributação incide sobre o aspecto material, fatos reais praticados ou realizados pelo sujeito passivo, ou presuntivos, quando a lei assim determinar. A exigência do ADA constitui-se em ato meramente declaratório ao direito a isenção do ITR, jamais em ato constitutivos do direito, para permitir à exclusão das referidas áreas da tributação do ITR. DETENÇÃO. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio ao pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado pelo uso. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde a mera detenção de coisa alheia. A área de preservação permanente ao restringir e limitar o direito de propriedade, causa a expropriação indireta do imóvel. O titular do domínio pleno detém ou passa a passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, que não se sujeita ao tributo. VALOR DA TERRA NUA VTN O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, é passível de modificação, se forem oferecidos elementos firmes de convicção notadamente Laudo Técnico, com observância das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
numero_processo_s : 11080.720218/2007-32
conteudo_id_s : 5230371
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2020
numero_decisao_s : 2202-001.742
nome_arquivo_s : Decisao_11080720218200732.pdf
nome_relator_s : ODMIR FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 11080720218200732_5230371.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Nelson Mallmann e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2012
id : 4579234
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 09:01:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713041577515941888
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2391; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.720218/200732 Recurso nº 999.999 Voluntário Acórdão nº 220201.742 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de abril de 2012 Matéria ITR Recorrente SÉRGIO SANTOS DE PAULA COUTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. UTILIZAÇÃO LIMITADA. RESERVA LEGAL. INTERESSE ECOLÓGICO. TRIBUTAÇÃO. ADA. Comprovado por meios firmes de provas, não contrariados de imóvel possuir restrição de uso pela instituição de Parque Nacional, com exigência da preservação permanente ou mesmo de utilização limitada, reserva legal e de interesse ecológico, assim declarado por ato do Poder Público Federal ou Estadual, deve haver exclusão do ITR. O Ato Declaratório Ambiental – ADA comprova a exclusão das referidas áreas da tributação, mas sua exigência não é condição para essa exclusão, podendo a comprovação ser realizada outros meios de prova, notadamente laudo técnico elaborado por profissional habilitado e não contrariado nos autos. A tributação incide sobre o aspecto material, fatos reais praticados ou realizados pelo sujeito passivo, ou presuntivos, quando a lei assim determinar. A exigência do ADA constituise em ato meramente declaratório ao direito a isenção do ITR, jamais em ato constitutivos do direito, para permitir à exclusão das referidas áreas da tributação do ITR. PROPRIEDADE. DOMÍNIO PLENO. DOMÍNIO ÚTIL. POSSE. DETENÇÃO. LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE. NUA PROPRIEDADE. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil e a posse. Propriedade corresponde ao domínio ao pleno de usar, gozar, dispor e reivindicar a propriedade. Domínio útil corresponde ao domínio limitado pelo uso. A posse sujeita ao imposto corresponde à posse aquisitiva ou ad usucapionem, posse com os poderes e os atributos da propriedade. Posse sem os poderes e atributos da propriedade corresponde a mera detenção de coisa alheia. A área Fl. 121DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 2 de preservação permanente ao restringir e limitar o direito de propriedade, causa a expropriação indireta do imóvel. O titular do domínio pleno detém ou passa a passa a deter apenas a nua propriedade ou o domínio direito, que não se sujeita ao tributo. VALOR DA TERRA NUA VTN O lançamento que tenha alterado o VTN declarado, utilizando valores de terras constantes do Sistema de Pregos de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, é passível de modificação, se forem oferecidos elementos firmes de convicção notadamente Laudo Técnico, com observância das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Nelson Mallmann e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso. Nelson Mallmann – Presidente. Odmir Fernandes – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Nelson Mallmann (Presidente), Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Rafael Pandolfo. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 11080.720218/200732 Acórdão n.º 220201.742 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário da decisão proferida pela 1ª Turma de Julgamento da DRJ/Campo GrandeMS, que manteve o lançamento do crédito tributário de R$ 72.936,54, sendo R$ 32.973,12 de imposto suplementar apurado, R$ 24.729,84 a título de multa de ofício e R$ 15.233,58 de juros de mora, conforme demonstrativo de fls. 4/5. Notificação de Lançamento a fls. 01/04, através da qual se exige o Imposto Territorial Rural — ITR, relativo ao exercício de 2004, acrescido de juros moratórios e multa de oficio, totalizando o crédito tributário de R$ 72.936,54, incidente sobre o imóvel rural, com NIRF — Número do Imóvel na Receita Federal — 4.291.8871, de área 581,7 ha, localizado no município de Mostardas/RS. As alterações no cálculo do imposto estão demonstradas às fls. 03 e 04. 0 fiscal autuante relata que em procedimento fiscal do cumprimento das obrigações tributárias relativas ao ITR, do exercício de 2004, foram feitas duas tentativas de intimar o contribuinte para que comprovasse o valor da terra nua e área de preservação permanente declarados. Não tendo sido localizado, foi lavrado Edital 156/2007, afixado publicamente em 16/10/2007, sendo considerada a ciência em 31/10/2007, porém transcorreu o prazo, sem que o interessado se manifestasse, razão pela qual esses itens da declaração foram alterados para cobrança do imposto suplementar conforme previsto em lei. Na descrição dos fatos, às fls. 3, apurouse que, com relação à comprovação de área de preservação permanente no imóvel rural, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada sob este título, mesmo tendo sido regularmente intimado. O Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido – o enquadramento legal se dá no art. 10, par.1º, inciso II e alínea “a” da Lei nº 9.393/96. Na mesma descrição dos fatos (fls. 3), o contribuinte não comprovou o valor da terra nua declarado, mesmo após intimado através do Edital 156/2007, afixado publicamente em 16102007, por ocasião da frustração das duas tentativas de intimação do mesmo. Ressaltese que a aludida comprovação deveria ter sido feita por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT enquadramento legal aplicado com base no art. 10, §1º e inciso I, e art. 14 da Lei nº 9.393/96. Considerouse dada a ciência 31102007. Transcorrido o prazo legal e não tendo o contribuinte se manifestado, o valor da terra nua foi arbitrado pelo valor informado pelo SIFT (Sistema de Informação de Pregos de Terra), para o exercício de 2004, município de Mostardas RS, R$1.206,41/ha. Assim, o valor total da terra nua arbitrado é de R$701.768,70. Cientificado do lançamento, em 19/12/2007, conforme AR de fls. 52, o interessado apresentou impugnação em 15/0112008. Decisão recorrida a fls. 67/74, com ciência do contribuinte em 03/02/2010 (AR fls. 81). Fl. 123DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 4 Recurso Voluntário a fls. 82/93, protocolado em 04/03/2010, onde o recorrente aduz, em e síntese: a) Nos anos anteriores a Receita Federal reconheceu a restrição ambiental, tanto que não cobrou ITR, vindo a constituir o referido crédito tributário somente após o silêncio do recorrente causado pela sua ausência (comprovante anexo). Quando instado a comprovar que a sua área de fato estaria inserida no perímetro do Parque da Lagoa do Peixe; b) O imóvel, objeto do lançamento, encontrase situado dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, criado pelo Decreto nº 93.546, de 06/11/1986, constituindose, assim, área de preservação ambiental, impedido de utilização das terras nas atividades agro silvopastoril ou para moradia. Junta declaração do engenheiro florestal do IBAMA da impossibilidade da implantação de um projeto de reflorestamento de "pinus elliottii" sobre as terras; c) Conforme entendimento pacificado pelo STJ não há necessidade do fornecimento do “ADA”, para fins de exclusão do ITR, quando a área é de preservação permanente não pode ser utilizada pelo proprietário; d) Efetuou a confecção do Ato Declaratório Ambiental, junto ao site do IBAMA; e) Pede a procedência do recurso para declarar a sua propriedade situada dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, como área de interesse ecológico, e por conseqüência, indevido o lançamento. É o relatório. Voto. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 11080.720218/200732 Acórdão n.º 220201.742 S2C2T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Odmir Fernandes, Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Tratase da exigência do ITR do exercício de 2004 do imóvel, localizado no Parque Nacional Lagoa do Peixe, Município de Mostardas/RS, com área de 481,7ha com alteração do valor da terra nua – VTN e a área de preservação permanente – APP, pela autuação levada a efeito. Sustenta o Recorrente que a Receita Federal, em anos anteriores, admitiu a isenção dessa área por se encontrar dentro do Parque Nacional Lagoa do Peixe, área de preservação permanente, criado pelo Decreto n° 93.546, de 06.11.1986. A decisão recorrida manteve a autuação pela inexistência da desapropriação do imóvel, falta da efetiva implantação do Parque Nacional e pela falta do ADA Ato Declaratório Ambiental (fls. 59). O IBAMA a fls. 39 confirma que o imóvel, objeto da autuação, localizase dentro do Parque Nacional Lagoa do Peixe, conforme sustenta o Recorrente, enquanto que o Laudo de vistoria de fls. 40, sem contrariedade, também confirma a localização do imóvel no Parque e a impossibilidade da utilização econômica. A Receita Federal confirma a isenção concedida nos exercícios anteriores de 1987 a 1991 ao imóvel objeto da exigência, a sua localização no Parque Nacional Lagoa do Peixe e a impossibilidade da utilização econômica (fls. 40). Estes fatos são suficientes para se aferir o aspecto material do imóvel, a sua finalidade e destinação. No exercício de 2010, o Recorrente comprovou pelo ADA Ato Declaratório Ambiental, que a totalidade do imóvel, com 581,7ha, encontrase dentro do referido Parque, área de interesse ecológico. O Parque, onde se localiza o imóvel, foi criado pelo Decreto n° 93.546, de 06.11.1986 e conforme estabelece o Decreto n° 84.017, de 21.09.1979, que regulamenta a criação dos parques, é expressamente proibida à coleta de frutos, sementes e raízes (art. 10), e de residir no Parque (art. 27). Cuidase, conforme expõe o Recorrente, confirmada pelas provas constantes dos autos, de área de preservação permanente, que não admite exploração econômica. Com a criação do Parque, o proprietário, titular do domínio, perdeu o domínio útil de usar o gozar a propriedade, ficou apenas com o domínio direito ou a nua propriedade. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 6 É fato que no período da exigência – exercício de 2004 – não existe ou não foi apresentado o ADA – Ato Declaratório Ambiental. Temos entendimento fixado no sentido de que a isenção do ITR das áreas de preservação permanente pode ser comprovada por outros meios seguros prova e não apenas pelo ADA. A tributação, qualquer que ela seja, busca o aspecto material, os fatos reais praticados ou realizados pelo contribuinte para a tributação. A exigência do ADA constituise em ato meramente declaratório à exclusão da base de cálculo ou a isenção do ITR, não se constitui ato constitutivo da exclusão da tributária. Essa exclusão ou a isenção jamais pode ficar condicionada à formalidade “da apresentação do ADA tempestivo”. A única condição, salvo fato presuntivo, é existência do aspecto material, o fato real comprovado por meios seguros de prova e não contrariados de a área ser de preservação permanente e sem possibilidade de utilização econômica. O ADA não é condição da exclusão do imóvel da base de cálculo do ITR, se existem outras provas capazes de comprovar de forma extreme de dúvidas a restrição ambiental, notadamente o laudo técnico, firmado por profissional habilitado e não contrariado, o reconhecimento da Receita Federal e do Ibama, como é a hipótese dos autos. O ADA é mera obrigação acessória, deveres administrativos do contribuinte. A falta da sua apresentação pode sujeitar o contribuinte a penalidades, se prevista em lei, jamais alcançar a obrigação principal para sujeitar o imóvel à tributação pela falta da apresentação tempestiva. Contudo, feita a comprovação da restrição ambiental com esse Ato, temos a dispensa da produção de outras provas. É certo que o imóvel não foi desapropriado, conforme destacou a decisão recorrida, mas isto não impede a exclusão da área ambiental diante da comprovação da obrigatoriedade de preservação do imóvel com a criação do Parque Nacional. Com a criação do Parque houve restrição do direito de propriedade, verdadeira expropriação indireta do imóvel, com a limitação do domínio útil e da posse. O proprietário o passou a deter apenas o domínio direto ou a nuapropriedade, foi destituído de parte do domínio pleno, perdeu os poderes de usar e gozar a propriedade. Não se realizando a desapropriação direta e voluntária, cabe ao proprietário, se desejar, ajuizar judicial de desapropriação indireta (se detentor do domínio antes da criação do Parque), para ser indenizado da restrição imposta à sua propriedade. O conflito do ITR entre fisco e contribuinte com a exclusão da base de cálculo ou isenção das áreas de preservação permanente, utilização limitada, reserva legal, interesse ecológico e outras, desperta situação curiosa. De um lado a fiscalização exigindo o ADA, tempestivo, ou o registro na matricula imobiliária para excluir o imóvel da tributação; de outro o contribuinte, no mais das vezes comprovando que o imóvel é de preservação permanente, possui interesse ecológico, restrição de uso, reserva legal e mesmo assim, sem ADA tempestivo ou matrícula contemporânea ao fato, exige a tributação da nua propriedade. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES Processo nº 11080.720218/200732 Acórdão n.º 220201.742 S2C2T2 Fl. 5 7 Nua propriedade ou domínio direito não é propriedade integral, com os poderes e atributos da propriedade ou do domínio pleno. O ITR tem como fato gerador na expressão constitucional, a propriedade em seu sentido amplo na clássica definição do art. 1.228, do Código Civil de usar, gozar, dispor e reivindicar, do direito real, mas o Código Tributário Nacional estendeu a tributação ao titular do domínio útil e à posse, ao seu possuidor (art. 29). Domínio exige registro dominial dessa condição no registro imobiliário. Posse ou possuidor, no alcance da tributação ao ITR corresponde à posse aquisitiva ou à posse ad usucapionen; posse com os poderes e atributos da propriedade. No momento em que o poder público restringe ou limita o direito à propriedade, não permitido seu uso integral, esta se apropriando ou expropriando de parte do domínio pleno do seu titular, cuja utilização – com a restrição de uso se tonou limitada. É certo que o titular do domínio continua a deter a posse, mas esta posse, com a restrição de uso, não é aquela do possuidor com os poderes e atributos da propriedade da materialidade e sujeição passiva do ITR. Esta posse com a restrição é posse precária, posse própria do detentor de coisa alheia, embora possuidor do domínio direito, mas destituído dos poderes plenos da propriedade. Nas áreas de restrição, não se cuida de domínio útil, pois este se constitui pelo registro imobiliário e o poder da posse, mas com os atributos do domínio, embora limitado pela impossibilidade da livre disposição da propriedade. É esta a situação de fato do imóvel (não de direito, por não existir a expropriação e o registro do domínio útil especifico) ao imóvel, diante da restrição imposta da preservação permanente. Nas áreas de restrição, seja de reserva legal, preservação permanente, interesse ecológico, existindo domínio ao titular, com a restrição, este titular passa a ser mero detentor do domínio direito ou da nua propriedade, deixa de possuir os poderes e atributos da propriedade ou do domínio pleno. Seu titular foi destituído do domínio útil, da posse e da propriedade plena, na expressão das três figuras da sujeição passiva e materialidade do ITR. Ao excluir as áreas com restrição de uso, o ITR reconhece a ausência da propriedade, do domínio útil e da posse aquisitiva ao seu titular para não permitir a tributação. Nada mais. Não podemos assim falar em tributação da área de preservação, pela ausência do aspecto material e da sujeição passiva do imposto. Está comprovado nos autos, de forma firme e segura, que o imóvel é de preservação permanente, reconhecido pelo Ibama, pelo Laudo técnico não contrariado e pela Receita Federal ao dispensar a tributação do imóvel nos exercícios anteriores e posteriores pelo ADA do ano de 2010 juntado aos autos. Assim, não há o que tributar, pois a totalidade do imóvel está localizada em área de preservação permanente, excluída da base de cálculo do ITR. Em face desta conclusão, com exclusão de toda área do imóvel, não se examina o VTN – Valor da Terra Nua para efeito da base de cálculo do imposto. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES 8 Ante o exposto, pelo meu voto, conheço e dou provimento ao recurso para reformar a decisão recorrida e cancelar a autuação. Odmir Fernandes Relator (Assinado digitalmente) Fl. 128DF CARF MF Impresso em 24/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 14/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 13/05/2012 por ODMIR FERNANDES
score : 1.0