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Numero do processo: 16682.720950/2014-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
RECURSO DE OFÍCIO. RECEPÇÃO CONCLUSÕES DE DILIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL.
Nega-se provimento a recurso de ofício quando a decisão que exonerou parte das exigências baseou-se nas conclusões de diligência que concluir pela comprovação de parte das despesas anteriormente glosadas.
IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. APRESENTAÇÃO DE NOVOS DOCUMENTOS EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
As alegações apresentadas na impugnação devem ser acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo, em observância à legislação do processo administrativo fiscal. Descabe apresentação de novos documentos em sede de recurso voluntário sem a justificação da impossibilidade de apresentação anterior e sem a possibilidade de análise pela instância anterior.
NULIDADE DA DECISÃO DE PISO. FALTA E FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA.
Inocorre vício de falta de fundamentação da decisão de Piso quando se comprova que a mesma analisou as provas apresentadas e justificou, fundamentadamente aquelas que foram dispensadas por não cumprirem os requisitos legais.
GLOSA DE DESPESAS. AUSÊNCIA DE NOTAS FISCAIS OU PAGAMENTOS SEM A COMPROVAÇÃO DE SUA EFETIVIDADE.
Ausente a comprovação da efetividade de despesas - ainda que regularmente intimada a contribuinte - e carente dos demais elementos comprobatórios tais como notas fiscais ou contratos entre outros elementos, correta é a glosa correspondente.
GLOSA DE DESPESAS. DUPLICIDADE DE GLOSA. PROCEDÊNCIA.
Verificando-se que nas glosas realizadas pela fiscalização encontra-se despesa glosada em duplicidade, é de se determinar a redução do excesso de glosa.
RATEIO DE DESPESAS INTRAGRUPO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO CONTRATO E CRITÉRIOS. IMPROCEDÊNCIA.
Procede a glosa de despesas oriunda de referido rateio de despesas quando não comprovada a existência de contrato de rateio, juntamente com os critérios para distribuição de custos.
POSTERGAÇÃO DE DESPESAS. IMPROCEDÊNCIA. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA PARA ESCRITURAÇÃO.
As despesas devem ser apropriadas ao exercício em que são realizada. Incabível a postergação da dedução de despesas para exercício seguinte, sem a existência de motivos justificadores da atuação. A escrituração das despesas deve seguir o princípio da Competência.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA
Considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na fase de impugnação.
MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. ABSORÇÃO DA MULTA ISOLADA PELO LIMITE DA MULTA DE OFÍCIO
Incabível a aplicação concomitante da multa isolada e da multa de ofício sobre os mesmos fatos. Aplica-se o Princípio da Consunção, absorvendo-se a multa isolada até o limite do valor da multa de ofício aplicada.
LANÇAMENTO REFLEXO DE CSLL. PROCEDÊNCIA.
Os valores levados a lançamento a título de IRPJ devem, obrigatoriamente, refletir-se nos lançamentos da CSLL em razão da base tributável das contribuições derivar da base do IRPJ.
Numero da decisão: 1401-002.293
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, não conhecer o item 9 do recurso por sua preclusão, já que não foi objeto de impugnação em primeiro grau, nem os documentos carreados apenas por ocasião do recurso voluntário; os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva votaram pelas conclusões quanto ao não conhecimento dos documentos. No mérito, também por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da autuação o montante de R$ 36.237,30, a título de duplicidade de glosa de despesas de aluguel e, por maioria de votos, para excluir a aplicação da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Ailton Neves da Silva que negavam provimento ao recurso para manter as multas isoladas. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Aílton Neves da Silva. Ausente o Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, (Presidente em Exercício), Ailton Neves da Silva, Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 RECURSO DE OFÍCIO. RECEPÇÃO CONCLUSÕES DE DILIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. Negase provimento a recurso de ofício quando a decisão que exonerou parte das exigências baseouse nas conclusões de diligência que concluir pela comprovação de parte das despesas anteriormente glosadas. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. APRESENTAÇÃO DE NOVOS DOCUMENTOS EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. As alegações apresentadas na impugnação devem ser acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo, em observância à legislação do processo administrativo fiscal. Descabe apresentação de novos documentos em sede de recurso voluntário sem a justificação da impossibilidade de apresentação anterior e sem a possibilidade de análise pela instância anterior. NULIDADE DA DECISÃO DE PISO. FALTA E FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Inocorre vício de falta de fundamentação da decisão de Piso quando se comprova que a mesma analisou as provas apresentadas e justificou, fundamentadamente aquelas que foram dispensadas por não cumprirem os requisitos legais. GLOSA DE DESPESAS. AUSÊNCIA DE NOTAS FISCAIS OU PAGAMENTOS SEM A COMPROVAÇÃO DE SUA EFETIVIDADE. Ausente a comprovação da efetividade de despesas ainda que regularmente intimada a contribuinte e carente dos demais elementos comprobatórios tais como notas fiscais ou contratos entre outros elementos, correta é a glosa correspondente. GLOSA DE DESPESAS. DUPLICIDADE DE GLOSA. PROCEDÊNCIA. Verificandose que nas glosas realizadas pela fiscalização encontrase despesa glosada em duplicidade, é de se determinar a redução do excesso de glosa. RATEIO DE DESPESAS INTRAGRUPO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO CONTRATO E CRITÉRIOS. IMPROCEDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 50 /2 01 4- 76 Fl. 2765DF CARF MF 2 Procede a glosa de despesas oriunda de referido rateio de despesas quando não comprovada a existência de contrato de rateio, juntamente com os critérios para distribuição de custos. POSTERGAÇÃO DE DESPESAS. IMPROCEDÊNCIA. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA PARA ESCRITURAÇÃO. As despesas devem ser apropriadas ao exercício em que são realizada. Incabível a postergação da dedução de despesas para exercício seguinte, sem a existência de motivos justificadores da atuação. A escrituração das despesas deve seguir o princípio da Competência. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na fase de impugnação. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. ABSORÇÃO DA MULTA ISOLADA PELO LIMITE DA MULTA DE OFÍCIO Incabível a aplicação concomitante da multa isolada e da multa de ofício sobre os mesmos fatos. Aplicase o Princípio da Consunção, absorvendose a multa isolada até o limite do valor da multa de ofício aplicada. LANÇAMENTO REFLEXO DE CSLL. PROCEDÊNCIA. Os valores levados a lançamento a título de IRPJ devem, obrigatoriamente, refletirse nos lançamentos da CSLL em razão da base tributável das contribuições derivar da base do IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, não conhecer o item 9 do recurso por sua preclusão, já que não foi objeto de impugnação em primeiro grau, nem os documentos carreados apenas por ocasião do recurso voluntário; os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva votaram pelas conclusões quanto ao não conhecimento dos documentos. No mérito, também por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da autuação o montante de R$ 36.237,30, a título de duplicidade de glosa de despesas de aluguel e, por maioria de votos, para excluir a aplicação da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Ailton Neves da Silva que negavam provimento ao recurso para manter as multas isoladas. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Aílton Neves da Silva. Ausente o Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, (Presidente em Exercício), Ailton Neves da Silva, Livia De Carli Fl. 2766DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.766 3 Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Iniciemos com a transcrição do relatório da Decisão de Piso. Tratase de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e lançamentos reflexos, às fls. 550569, lavrados para exigir de CAMBRAIA E ROSA COMÉRCIO DE VEÍCULOS E SERVIÇOS LTDA., pessoa jurídica tributada pelo regime do Lucro Real, crédito tributário de R$ 15.937.006,54, incluídos juros de mora, calculados até dezembro de 2014, cf. Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário acostado à fl. 2, em virtude das seguintes infrações, verificadas no anocalendário de 2009, que se encontram discriminadas no Termo de Verificação Fiscal – TVF – às fls 495525: 1) CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS DESPESAS NÃO DEDUTÍVEIS Despesas não dedutíveis, por não atenderem aos requisitos da necessidade, normalidade e usualidade, no tipo de operações desenvolvidas pela empresa, em desacordo aos preceitos legais, Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009: art. 3° da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Arts. 247, 248, 249, inciso I, 251, 277, 278, 299 e 300 do RIR de1999 2) DESPESAS NÃO COMPROVADAS Glosa de despesas para as quais o contribuinte, devidamente intimado, não apresentou documentos hábeis e idôneos, que comprovassem sua existência e dedutibilidade. Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009: art. 3° da Lei n° 9.249/95. Arts. 247, 248, 249, inciso I, 251, 264, 276, 277, 278, 299 e 300 do RIR/99 3) INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE ESCRITURAÇÃO REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO REAL CAUSADA POR POSTERGAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESAS Postergação no reconhecimento de custos ou despesas dedutíveis, referentes ao anocalendário de 2008, resultando no não recolhimento (ou recolhimento a menor) do IRPJ no(s) período(s) em que reconheceu o custo ou despesa postergada. Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009. art. 3° da Lei n° 9.249/95. Arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 273 e 274 do RIR/99 4) MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução. Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 31/01/2009 e 31/12/2009. Arts. 222 e 843 do RIR/99; art. 44, inciso II, alínea b, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/07 Fl. 2767DF CARF MF 4 2. No referido TVF, a autoridade fiscal informa que o procedimento fiscal em tela – respaldado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 07.1.85.002013002044 – foi instaurado em decorrência de Inferência Fiscal, elaborada pela Demac/RJO, cujo foco era a verificação das receitas não operacionais e grupos de contas de despesas operacionais previamente selecionadas. 3. A ação fiscal teve início em 25/06/2013, quando foi dada ciência à contribuinte do Termo de Início de Fiscalização, às fls. 34; seguiramse, depois disso, 10 intimações entre agosto de 2013 e novembro de 2014, nas quais a autoridade fiscal requereu, sem sucesso em muitas ocasiões, à fiscalizada que apresentasse livros societários e fiscais, além de demonstrações e esclarecimentos sobre despesas e ganhos não operacionais., Despesas não dedutíveis ou não comprovadas 4. A análise da documentação enfim disponibilizada pela contribuinte revelou que grande parte dos documentos comprobatórios apresentados consistia tãosomente de transferências bancárias (DOC, TED) insuficientes para a confirmar a efetiva prestação de serviços ou fornecimento de materiais, nos termos do art. 299 do RIR de 1999 e do Parecer Normativo CST nº 321, de 1981, dado que, verbatim: (...) somente poderá ser considerada operacional e dedutível, para fins do IRPJ e da CSLL, a despesa para qual for demonstrada a estrita conexão do gasto com a atividade explorada, bem como, é condição essencial que esteja revestida de caráter de necessidade, normalidade e usualidade, no tipo de operações desenvolvidas pela empresa. 5. Desse modo – ressaltou a autoridade fiscal – a contribuinte teria deixado de cumprir com sua obrigação de manter em boa ordem livros e documentos relacionado a suas atividades e situação patrimonial, e de apresentálos à fiscalização quando demandada, conforme estabelecem os art. 264, 276 e 923 do RIR de 1999, além de pacífica jurisprudência administrativa. Não foram, portanto, consideradas operacionais – conclui – despesas lastreadas tãosomente em notas fiscais com especificação genérica emitidas pela prestadora dos serviços, ou a demonstração de um pagamento efetuado, sem respaldo em contratos ou notas fiscais. 6. No caso em tela, salienta, a finalidade da interessada, conforme documentação societária é: a) comercialização de veículos nacionais e importados, novos e usados; b) comercialização de auto peças; c) manutenção de veículos em geral; d) locação de veículos em geral; e) exposição de veículos; f) participação em outras sociedades e, por fim, g) intermediação de negócios; não podem se enquadrar na categoria de despesas dedutíveis, pois, despesas que constituem “ato de favor, estranho aos objetivos sociais”. Rateio de despesas entre Pessoas Jurídicas pertencentes a um mesmo grupo econômico 7. No mesmo sentido, a dedutibilidade de despesas rateadas entre sociedades empresárias pertencentes a um mesmo grupo econômico para a apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, encontrase disciplinada no art. 299 do RIR de 1999, segundo o qual devem estar devidamente demonstradas – por meio de escrituração e comprovantes de pagamento – e ser calculadas com base em critérios de rateio objetivos, previamente ajustados e formalizados por instrumento firmado entre os intervenientes, cf. Solução de Consulta COSIT nº 8 de 2012 e, mais recentemente, da Solução de Divergência COSIT nº ° 23 Cosit, de 23 de setembro de 2013. Regime de competência Fl. 2768DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.767 5 8. Em seguida, a autoridade fiscal destaca o descumprimento da obrigação de ser observado o Regime de Competência na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL estatuída nos art. 247 e 273 do RIR de 1999, segundo o qual o lançamento de diferença de imposto apurado em virtude de inexatidão quanto ao período de incidência deve ser feito pelo valor líquido depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito. Lançamentos – Despesas não comprovadas ou não dedutíveis 9. Em face dos eventos apurados, bem assim, do conteúdo da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF referentes ao anocalendário de 2009, a autoridade fiscal decidiu: a) glosar as despesas não comprovadas documentalmente, ou com comprovação deficiente, discriminadas nos Anexo 1 e 2 do TVF às fls. 526532, no total de R$ 5.146.387,29 e R$ 3.839.931,06, respectivamente; b) glosar as despesas cuja efetividade e necessidade não foram demonstradas, dado que diversas notas fiscais ou recibos de honorários apresentados pela contribuinte continham uma descrição genérica do serviço prestado; cf. se encontra discriminado Anexo 3, às fls. 533536 , que totaliza R$ 6.366.365,77; c) glosar despesas rateadas entre pessoas jurídicas do mesmo grupo por falta de demonstração das despesas e de demonstração dos critérios de rateio empregados; – informa a autoridade fiscal que, nesse quesito, a contribuinte apresentou Notas de Débito – ND – emitidas por outras pessoas jurídicas pertencentes ao mesmo grupo empresarial desacompanhadas, porém, de demonstrativos dos critérios de rateio utilizados, de comprovantes do efetivo pagamento e assinadas apenas pelo contador da interessada; outra particularidade – acrescenta – é que ocorrem repetições sistemáticas de débitos das mesmas despesas administrativas simultaneamente por diversas empresas do grupo, embora com valores diferentes, o que não é comum, dado que o normal seria a concentração em uma única empresa, do controle dos gastos referentes aos departamentos de apoio administrativo centralizados e posterior rateio dos custos e despesas administrativas; d) tais despesas, alcançaram R$ 8.526.870,55, cf. vide anexos Anexos 4 e 5, às fls. 536545; 10. Todas as glosas supra referidas foram sintetizadas na tabela à folha 516, reproduzida a seguir. Fl. 2769DF CARF MF 6 11. Notese que as despesas objeto da Infração 1 (Despesas não dedutíveis) está contemplada no Anexo 3, enquanto as Infrações 2 (Despesas não comprovadas) e 3 (Inobservância do Regime de Escrituração) englobadas nos demais anexos. Lançamento – Não adição de despesas não dedutíveis 12. Ato contínuo, a autoridade fiscal aborda no TVF a ausência de adição de despesas não dedutíveis, como o imóvel residencial alugado, em nome da empresa, escriturado como “residência da senhora Beth”, no total de R$ 210.279,31, cf. tabela à fl. 517. 13. Analogamente, os aluguéis discriminados na planilha "Composição alugueis Cambraia 2009" na qual constam os valores de R$ 52.000,00 (entre janeiro e março de 2009) e de R$ 56.087,00 (entre abril e dezembro daqueles anos) para a despesa de aluguel da concessionária MARSEILLE, tendo em vista que, no contrato de aluguel comercial, firmado entre a empresa e a locadora, SRR (pertencente ao mesmo grupo econômico), vigente no período de 01/10/2006 a 30/09/2016, consta o valor inicial de R$ 26.600,00, corrigido anualmente pela variação do IGPM/FGV. 14. Adotando o IGPM da Fundação Getúlio Vargas, para corrigir o valor desse aluguel registrado em contrato, a autoridade fiscal entendeu que a diferença a maior contabilizada como despesas pela contribuinte, sem apresentar motivo justificável, constituía ato de "mera liberalidade", inidôneo, portanto, para permitir a dedução da despesa de R$ 281.440,87, cf. tabela à fl. 518. 15. No mesmo sentido, o sujeito passivo apresentou, em resposta aos Termos de Intimação Fiscal nº 03 a 10, comprovante da despesa de R$ 134.000,00, referente à aquisição de 22 pulseiras de ouro amarelo; dado que a atividade principal da contribuinte é a comercialização de veículos, também essa despesa não atenderia – juízo da autoridade fiscal a quo – aos requisitos da necessidade, normalidade e usualidade. 16. Acrescente que despesas com brindes – caso fosse essa a hipótese – também não seriam dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, devendo, portanto, as bases de cálculo, nos termos do artigo 13, VII, da Lei nº 9.249, de 1995, c/c o art. 249, parágrafo único, VIII, do RIR de 1999. Fl. 2770DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.768 7 17. O somatório dessas despesas constituem o montante da Infração 1 alcançando: R$ 625.720,18, cf. tabela à fl. 519. Postergação de Despesas 18. A autoridade fiscal constatou que notas fiscais e de honorários no total de R$ 178.525,01, referiamse a despesas operacionais do anocalendário de 2008, caracterizando, assim, inobservância do regime de competência, e, consequentemente, postergação de despesas daquele anocalendário para o de 2009, cf. tabela à fl. 520. 19. Tais despesas, ademais, não tinham sido contabilizadas no anocalendário de 2008, o que teria implicado duplicidade de deduções, em face da inexatidão do período de apuração de competência. Procedeu, então, ao lançamento de diferença de imposto com base no valor líquido depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tinha direito. 20. Explica a autoridade fiscal: Como no anocalendário de 2008 o contribuinte apurou prejuízo real e base negativa da CSLL, no valor de R$ 29.535.594,03, conforme se observa em sua Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2009/2008, original, transmitida em 14/10/2009, sob o nº 0001523399, anexa a este processo, a postergação de despesas operacionais do anocalendário de 2008 para 2009 implicou na redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL no anocalendário de 2009, posto que já não havia imposto nenhum a compensar em 2008. Outrossim, a correta apropriação das despesas dedutíveis incorridas no anocalendário de 2008, por esta Fiscalização, ocasionou o aumento do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL, neste período, para o valor de R$ 29.714.119,04. Tais alterações foram consideradas por esta Fiscalização no presente levantamento, como também, foram devidamente registradas em nossos controles. Desta forma, tendo o contribuinte não observado o regime de competência na escrituração de algumas despesas operacionais, ocasionando a redução indevida do lucro real no ano calendário de 2009, cabe à fiscalização apurar estes valores, conforme demonstrado no Anexo 6 a este Termo de Verificação Fiscal, intitulado "Despesas do Anocalendário de 2008 Postergadas para o Anocalendário de 2009", e lançar a respectiva infração. 21. A Tabela 3, à fl. 521, reproduzida abaixo, discrimina os valores a serem adicionados de ofício os referidos às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL (infração reflexa) no anocalendário de 2009, e, os montantes a pagar destes tributos. Fl. 2771DF CARF MF 8 Multas de ofício e isolada aplicadas concomitantemente 22. Por fim, foram aplicadas a multa de ofício e a multa isolada, essa última em virtude da insuficiência ou falta de pagamento, após o término do anocalendário. As sanções foram calculadas sobre as diferenças de IRPJ e CSLL apuradas mensalmente, no período entre 01/2009 e 12/2009, não declaradas em DCTF, com códigos de recolhimento 2362 e 2484, respectivamente, conforme discriminado nos Anexos 7 e 8, às fls. 547548 dos autos. 23. Antecipase a autoridade fiscal em defender a compatibilidade da cobrança cumulativa da multa de ofício e da multa isolada, nos seguintes termos: Da análise do artigo 44 da Lei n° 9.430/1997, combinado com o art. 16 da Instrução Normativa (IN) SRF n° 93/1997, de 24 de dezembro de 1997, (...) verificase que tanto a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) aplicada sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, quanto à multa de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente sobre o valor do pagamento mensal da estimativa não recolhida, estão previstas em hipóteses legais distintas (incisos I e II da Lei n° 9.430/1996), havendo previsão explícita para que sejam cobradas de forma cumulativa, e após o período de apuração (IN SRF n° 93/1997). A multa isolada ainda é devida mesmo que o somatório das estimativas apuradas pela Fiscalização supere a contribuição apurada ao final do anocalendário. Tal entendimento resta evidente da leitura da alínea “b” do art. 44 da Lei n°9.430/1996. 24. Reforça o entendimento com reiterada jurisprudência administrativa. 25. Acrescenta que a comprovação das infrações referentes à CSLL e ao IRPJ são decorrentes dos mesmos elementos de prova, os Autos de infração foram formalizados em um mesmo processo, conforme determina o art. 92, §1º, do Decreto nº 70.235, de 1972. Ciência do auto de infração 26. Devidamente cientificada em 17/12/2014, cf. documento à fl. 594, a contribuinte apresentou, em 15/01/2015, impugnação, coligida às fls. 690722, subscrita por representante com poderes conferidos por procuração e documentos profissionais e societários às fls. 1.149 1.199. Acompanham a peça impugnatória os documentos às fls. 7381.141, 1.2001.390 Fl. 2772DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.769 9 Impugnação Preliminar de Nulidade 27. Em caráter preliminar a contribuinte alega que o lançamento em tela contém vícios em sua fundamentação que não permitiram à Contribuinte identificar as razões específicas pelas quais os comprovantes de despesas apresentados foram desconsiderados pela fiscalização, implicando, assim, cerceamento de seu direito de defesa. 28. Argumenta que, de acordo com o TVF, teria cometido três diferentes infrações: 1) não comprovação de despesas (R$ 23.879.554,67); 2) falta de adição de despesas indedutíveis (R$ 625.720,18) e 3) indevida postergação de despesas (R$ 178.525,01). A motivação do lançamento decorre do fato de que, supostamente, não teria logrado comprovar a existência e a dedutibilidade das despesas mencionadas. 29. Acrescenta que: (...) nas poucas oportunidades em que o TVF se refere, em específico, aos documentos apresentados pela Contribuinte, restam dúvidas sobre os motivos que levaram a fiscalização a desconsiderálos. É o que ocorre, exemplificativamente, quanto às notas fiscais relativas à prestação de serviços jurídicos, de consultoria empresarial e de propaganda e marketing, despesas operacionais cuja documentação foi grosseiramente descartada pela autoridade administrativa. 30. Haveria, pois, ausência de fundamentação legal e de motivação, razões suficientes para provocar a nulidade do auto de infração lavrado. O ato administrativo está, ademais, vinculado aos motivos que o provocaram – cf. a teoria dos motivos determinantes – a portanto, se esses são inexistentes ou falsos, inquinam o ato de nulidade. 31. Reforça seu entendimento com respeitável jurisprudência administrativa. Razões de mérito 32. Em breve resumo alega que: a) todas as despesas deduzidas, além de necessárias às atividades da pessoa jurídica, encontramse devidamente comprovadas pela documentação que instrui a impugnação; b) um simples exame do Anexo 1 revela que as despesas ali glosadas se referem, em sua maioria, a diversos dispêndios legítimos, de tal sorte que o fundamento da autuação, nesse caso, não reside na natureza das despesas glosadas, mas sim na suposta ausência de sua comprovação; por esse motivo, a peça impugnatória foi instruída com documentos que atestam a existência, a natureza, e o efetivo pagamento de tais rubricas; – seguese um detalhamento mensal de algumas dessas despesas, às fls. 698700; Fl. 2773DF CARF MF 10 c) há despesas operacionais que teriam sido triplamente glosadas, quais sejam, as escrituradas na conta contábil 442002 – Despesas Operacionais Diversas, consolidadas na tabela à fl. 700, que totalizam R$ 432.861,12; d) tais despesas, decorrentes de serviços de planejamento tributário e de consultoria, estariam integralmente comprovadas pela documentação que acompanham a impugnação e foram por glosadas pela Fiscalização em três ocasiões: duas no Anexo 1 (meses de janeiro e abril) e uma no Anexo 2 (janeiro); e) cf. consta do próprio Anexo 1 do TVF, no mês de janeiro, as despesas da conta 442002, que se referiam ao pagamento de honorários advocatícios e antes estavam escrituradas na conta 411405, foram reclassificadas por engano como "despesas diversas operacionais"; por esse motivo, consta do campo "histórico" a sigla RECLAS CONTAS, que indica justamente a reclassificação contábil promovida pela contribuinte; em abril de 2009, contudo, a impugnante observou o erro cometido e promoveu reclassificação contábil na qual retornou os mesmos R$ 432.861,12 para a conta 411405, sem, contudo, deduzir novamente a despesa dado que se tratava de mera reclassificação contábil; f) teria ocorrido, porém, um novo equívoco, pois essa mesma despesa foi incluída no Anexo 2 do TVF, que trata de despesas glosadas pela apresentação deficiente de documentos; g) no que se refere às despesas de aluguéis, existem contratos de locação vigentes durante o período fiscalizado que foram acostados ao conjunto probatório que acompanha a impugnação, uma parte dos quais foi paga por meio de cheques, cujas microfilmagens, serão exibidas em momento oportuno; h) referido Anexo 1 glosa em duplicidade o valor de R$ 36.237,30 – cf. tabela à fl. 703 – que envolve, mais uma vez, mera reclassificação de despesa, cf. se observa do histórico do documento; i) constam ainda do Anexo 1 do TVF despesas que não chegaram a ser deduzidas pela contribuinte, vez que foram estornadas antes do procedimento fiscal, é o caso, por exemplo, dos valores de R$ 200.000,00 e R$ 6.690,00 (DOC 100011382), referentes ao mês de janeiro de 2009, contabilmente estornados pelo DOC 100018862 e, portanto, não deduzidos do lucro líquido da contribuinte; todos estes valores – entende – devem ser excluídos da base de cálculo dos presentes lançamentos; j) quanto às despesas para as quais, de acordo com o TVF, os documentos apresentados pela impugnante, serviriam à comprovação do pagamento mas não da efetiva prestação dos serviços ou entrega dos materiais, a interessada vem apresentar, desde já, parte da documentação necessária, a qual, devido ao grande volume, será oportunamente complementada; k) por ora, destaca a comprovação de despesas relativa à prestação de serviços de planejamento tributário, advocatícios e consultoria de viabilidade técnica, bem como de desenvolvimento de programas de computador, aquisição de produtos de limpeza e de placas automotivas, despesas vinculadas à propaganda e marketing, serviços de panfletagem e o fornecimento de buffet para evento de lançamento de novos veículos; l) o art. 366 do RIR de 1999 admite como despesa dedutível gastos com propaganda e publicidade, segundo a fiscalização, porém, os documentos a eles relacionados não foram suficientes para comproválos o que impôs um ônus adicional à interessada, haja vista que não Fl. 2774DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.770 11 dispõe de outros meios de comprovação além das notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas idôneas, e comprovantes das operações bancárias de pagamento; m) as despesas referentes a assessoria advocatícia, prestados por Autos Consultoria e Pesquisa, Terco Grant Thornton Auditoria e Consultoria e CF 2009 Consultoria Empresarial Ltda, podem ser classificadas como operacionais, na forma do art. 47, §2º, da Lei nº 4.506, de 1964, demandando, portanto, sua exclusão dos lançamentos ora atacados; n) a sociedade empresária AUTOS CONSULTORIA prestou à impugnante serviços de desenvolvimento de marketing de venda de veículos novos e usados; TERCO GRANT THORNTON AUDITORIA E CONSULTORIA, empresa idônea e com tradição no mercado, examinou os parcelamentos tributários mantidos pela impugnante e, finalmente, CF 2009 CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA. prestou serviços de levantamento e identificação de créditos de PIS e COFINS na aquisição de veículos novos. Em todos os casos tratase de despesas corretamente classificadas como operacionais e dedutíveis; o) nota fiscal e comprovante bancário, também foram apresentados para comprovar despesa com honorários advocatícios do escritório MATTOS FILHO & ADVOGADOS ASSOCIADOS (NFS 97393, 99283 E 99655); e, contraditoriamente, foram admitidos para a dedução de despesas em relação ao exercício de 2008; p) a glosa das despesas para a contratação de buffet para confraternização de final de ano de seus funcionários – pagos à fornecedora VIA FUNCHAL EMPREENDIMENTOS LTDA. no mês de novembro de 2009 não merece prosperar porque gastos dessa natureza são amplamente aceitos pela jurisprudência administrativa como dedutíveis, devendo, assim, ser excluídos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL; q) na rubrica despesas glosadas pela falta de demonstração da efetividade e dos critérios de rateio empregados, objeto dos Anexos 4 e 5, encontramse os dispêndios realizados em razão de contrato de compartilhamento de custos celebrado com outras empresas pertencentes ao seu mesmo grupo econômico; a ilação da autoridade fiscal segundo a qual a prática adotada pela impugnante era "pouco comum", porque todas as despesas foram concentradas em uma única empresa, não resiste ao argumento de que não existe norma determinando o compartilhamento de custos com todas as empresas do grupo; portanto, a comprovação da existência de critérios objetivos para o rateio é suficiente para afastar a glosa em questão; r) a suposta falta de adição da despesa não dedutível, no montante de R$ 281.440,87, referente à diferença entre o valor do aluguel contratado pela impugnante e aquele que fora efetivamente pago durante o ano de 2009, não merece prosperar, porque o contrato que serviu de fundamento à Fiscalização foi rescindido no ano de 2008, tendo sido substituído por instrumento contratual anexado à impugnação com validade entre 01/03/2008 e 28/02/2018. Tal contrato estipula o aluguel em exatos R$ 52 mil – cf. cláusula terceira – não havendo que se falar, pois, em pagamentos a maior, por "mera liberalidade"; s) do mesmo modo, não há que se falar em postergação de despesas dado que, segundo documentos que acompanham a impugnação referidas despesas “foram incorridas durante o anocalendário de 2009, uma vez que efetivamente pagas neste exercício”; Concomitância das Multas Fl. 2775DF CARF MF 12 33. No que diz respeito à aplicação concomitante de multa de ofício (75%) e de multa isolada (50%) em razão do não recolhimento das estimativas mensais lançadas nos moldes das demais rubricas, a impugnante alega que tais multas devem ser afastadas, em primeiro lugar, em face dos argumentos apresentados anteriormente, que demonstram a legalidade de todos os atos por ela praticados, e adicionalmente porque do contrário, haveria indevido bis in idem, penalizando a contribuinte duas vezes por uma mesma conduta. 34. Argumenta que a matéria é regida pelo art. 44, I e II, da Lei n° 9.430, de 1996, que estabelecem os mesmos critérios pessoal e material da norma de incidência em ambos os casos, nesses termos, se a quantificação da obrigação principal é o valor decorrente da apuração definitiva do tributo, o mesmo tratamento deve ser adotado em relação à aplicação das penalidades, devendo prevalecer, pois, a multa aplicada quando o contribuinte não recolhe o tributo devido em conformidade com a apuração definitiva. 35. Ademais, a conduta: deixar de recolher antecipadamente o tributo, se exaure com o não recolhimento do tributo apurado quando da consolidação da obrigação principal devida ao final do exercício, nessas circunstâncias, se várias normas sancionadoras concorrem entre si, importa identificar o bem jurídico tutelado a fim de solucionar o conflito normativo, devese, então, investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, no caso de o fato tipificado transitar de uma lesão menor, para outra,maior, mas de mesma natureza. No caso em tela – continua – o bem jurídico mais importante é o crédito tributário apurado ao fim do anocalendário, enquanto o secundário é a antecipação do fluxo de caixa associado àquele, portanto, a penalidade da segunda conduta, deve ser absorvida pela penalidade vinculada à obrigação principal. 36. Conclui alegando que a legislação não determina expressamente a concomitância das sanções e traz ao feito, respeitável jurisprudência administrativa sobre a matéria. Lançamentos reflexos 37. As imputações fiscais resultaram no lançamento de auto de infração relativo ao imposto de renda e, reflexamente, também da CSLL, como consequência lógica, de toda as despesas comprovadamente efetivas e necessárias que forem excluídas da base de cálculo do IRPJ também deverão ser expurgadas da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido. 38. Segundo a impugnante, o art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988 c/c art. 13 da lei nº 9.249, de 1995, e também a mais recente jurisprudência administrativa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF – determina que deverão ser excluídas da base de cálculo da CSLL todas as despesas cuja efetividade, na forma da legislação comercial, restarem comprovada, ainda que, por outras razões, sejam consideradas indedutíveis em relação à base de cálculo do imposto de renda. 39. Portanto, no que tange à CSLL, a comprovação de que a pessoa jurídica incorreu na despesa na forma prevista pela legislação comercial, é suficiente para a sua dedução da base de cálculo da contribuição, ainda que, eventualmente, seja mantida na base de cálculo do IRPJ. Pedido 40. Requer, por fim, que a impugnação seja conhecida e integralmente provida. Fl. 2776DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.771 13 Da análise da impugnação e das razões da autuação a Delegacia de Julgamento entendeu pelo cancelamento parcial das glosas realizadas e julgou procedente em parte a impugnação, reduzindo parcialmente o auto de infração. Desta redução, que montou em valores originais de R$ 1.028.675,14 a própria Delegacia recorreu de ofício a esta CARF, na forma das normas regulamentares em vigor à época da decisão. Cientificado da autuação o contribuinte apresentou Recurso Voluntário no qual aduziu as seguintes alegações: 1 Nulidade Vício na Fundamentação Alega que não restou claro nem na fiscalização e nem na decisão da DRJ o porque de parte dos documentos apresentados pela empresa como comprovantes de suas despesas não ter sido considerado. Alega que não foi apresentada fundamentação para não aceitação das despesas com contratos de planejamento tributário, consultoria empresarial, propaganda e marketing, transporte, valetransporte, outras despesas operacionais e rateio de despesas com as demais empresas do grupo econômico. Alega citações da doutrina e a teoria dos motivos determinantes como essenciais para caracterizar o vício da autuação. 2 Mérito Despesas não Comprovadas Alega que tanto na impugnação, quanto agora no recurso voluntário, apresentam não só os comprovantes de sua existência, como de seu pagamento e efetividade de acordo com os documentos acostados junto com suas peças recursais. Apresenta, em sua defesa, a contestação de algumas despesas específicas com a exemplificação de sua efetividade e essencialidade, como consultoria tributária, vale transporte, SERASA, pagamento de honorários advocatícios, frete para o transporte de veículos. 3 Mérito Receitas Triplamente Glosadas Argumenta, neste ponto que embora o acórdão tenha reconhecido parcialmente a duplicidade de glosa das despesas da conta 442002, alega que estas foram glosadas em triplicidade e que, mais ainda, estas estariam devidamente comprovadas. Alega que estas despesas foram classificadas incorretamente na conta 411405, depois foi reclassificada para a conta 442002, tendo sido glosadas duas vezes. Tais despesas de referiam a honorários advocatícios. Assim alega que a glosa deve ser excluída tanto em janeiro, quanto em abril/2009. 4 Mérito Glosa de Despesa de Aluguel Duplicidade Alega que na tabela abaixo está demonstrada que a despesa de aluguel foi indevidamente glosada duas vezes. Alega ainda que a glosa deve ser cancelada porque durante o procedimento foi apresentado comprovante bancário de valor menor em razão da dedução do IR não retido em meses anteriores e mesmo assim a despesa foi glosada sem qualquer justificativa. Fl. 2777DF CARF MF 14 5 Mérito Despesas Posteriormente Estornadas Alega que determinadas despesas incluídas no mês de janeiro/2009 como por exemplo de R$ 200.000,00 e R$ 6.690,00, foram posteriormente estornadas e, assim, não influíram no resultado líquido da empresa. 6 Mérito Despesas Glosadas Documentação deficiente II Item da infração I Este ponto se refere às despesas que teriam sido comprovadas como pagas, mas que não consta comprovação da efetividade dos serviços. Alega que nem a fiscalização, nem a Decisão de Piso apresentaram os motivos pelos quais consideraram que as despesas não estavam devidamente comprovadas. 7 Mérito Despesas Glosadas Não demonstrada Efetividade e Necessidade dos Serviços III Item da infração I Propaganda e Publicidade => A glosa foi mantida em razão de a empresa não ter demonstrado a efetividade na prestação dos serviços. A recorrente entende que sendo despesas operacionais e rotineiras a simples apresentação das notas fiscais e comprovantes de pagamento é suficiente para demonstrar sua efetividade. Honorários advocatícios, Assessoria e Consultoria => Alega neste item que o contrato firmado com a empresa Autos se refere a serviços de consultoria operacional e de marketing. Que se tratam de despesas operacionais. Que o valor dispendido no ano de R$ 1.328.000,00 é plenamente compatível com o valor ajustado entre as partes. Os serviços da Empresa Terco Grant se referiam a exames dos parcelamentos tributários a fim de verificar a existência de duplicidades e, sendo necessárias, devem ser mantidas. A empresa CF 2009 Consultoria realizou serviços de levantamento de créditos de PIS/COFINS na aquisição de veículos novos. Alega que em relação a estes itens não foi apresentada justificativa para a manutenção das glosas, apesar de ter sido comprovado o efetivo pagamento dos serviços. 8 Mérito Despesas Glosadas Falta de demonstração da efetividade e dos Critérios de Rateio Empregados Alega a existência de contrato de compartilhamento de custos entre as empresas do grupo. Que o contrato em questão determina a repartição dos custos em razão do faturamento de cada empresa do grupo e que inexiste previsão legal a impedir a utilização destes contratos. 9 Mérito Contradição nos Lançamentos Entende ter havido contradição no lançamento tendo em vista que, desconsiderando o contrato de compartilhamento a fiscalização glosou os lançamentos de débito referentes ao contrato, no entanto, manteve os lançamentos a crédito da empresa baseados no mesmo contrato. Pleiteia, assim, que caso seja mantida a desconsideração do rateio de despesas, que seja feito com todas as suas consequências também em relação aos lançamentos a crédito. 10 Mérito Infração 03 Postergação de Despesas Alega a empresa que as despesas glosadas referemse efetivamente ao ano de 2009 vez que foram pagas neste ano. 11 Concomitância das Multas Isoladas e de Ofício Protesta pela impossibilidade de manutenção das aplicação das duas multas em conjunto sobre os mesmos fatos. Fl. 2778DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.772 15 12 Lançamentos Reflexos de CSLL Alega que devem ser cancelados os lançamentos de CSLL para as despesas que, sendo glosadas na apuração do lucro real, sejam dedutíveis na apuração do lucro líquido, tendo em vista que as normas que regulam os tributos são diversas. Apresenta precedentes do próprio CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, assim dele tomo conhecimento. Do Recurso de Ofício Na análise do recurso de ofício, fazse mister verificar se a soma dos valores atualizados do principal, multa e juros reduzidos pela decisão de primeira instância monta em mais de R$ 2.500.000,00 conforme valor de alçada modificado após a prolação da Decisão de Piso. Realizando a atualização do montante excluído, R$ 1.028.675,14, resultou em multa de R$ 771.506,35 e juros de R$ 1.111.612,06, totalizando R$ 2.911.763, 55, razão pela qual deverá ser objeto de análise o recurso de ofício. Com relação ao recurso de ofício manejado pelos julgadores a quo, verificamos que o julgamento de primeira instância já aprofundou a análise realizada pela fiscalização e admitiu diversas despesas que teriam sido comprovadas pela documentação apresentada juntamente com a impugnação. Assim, tendo em vista que a decisão a quo limitouse apenas a reconhecer as despesas que foram comprovadas, de acordo com a sua apreciação, a partir da nova documentação entendemos não haver ressalvas a realizar, devendo ser negado provimento ao recurso de ofício manejado pela Decisão de Piso. Do Recurso Voluntário Com relação à análise do recurso voluntário verificamos, inicialmente, que junto com a apresentação deste o recorrente trouxe à colação diversos documentos que, em tese, comprovariam a realização das despesas cuja validade é alegada no recurso. Ocorre, no entanto, que ao realizarmos a verificação da documentação apresentada junto ao recurso constatamos que os documentos são novos e distintos dos documentos apresentados na impugnação, ou seja, em verdade o contribuinte está, em sede de recurso voluntário, complementando a prova apresentada anteriormente durante o procedimento fiscal e na impugnação. Fl. 2779DF CARF MF 16 Constatamos que, durante o procedimento fiscal o contribuinte foi intimado por dez vezes a apresentar a documentação comprobatória de suas despesas, referido procedimento fiscalizatório perdurou por cerca de um ano e meio, tempo que considero mais do que suficiente para a pesquisa e juntada da documentação necessária. Na sua impugnação o contribuinte apresentou mais documentos, entretanto nem todos eram prova material da efetivação das despesas, muitos eram apenas ordens de compra de emissão da própria empresa, sem a apresentação das notas fiscais e comprovantes de pagamento. Em razão disto é que a Delegacia de Julgamento aceitou apenas os comprovantes de despesas que demonstravam a efetividade dos serviços e o seu pagamento. Quando da apresentação do recurso voluntário o contribuinte apresenta nova documentação, agora na tentativa de comprovar a realização das despesas cuja documentação apresentada no recurso não tenha sido suficiente. O problema da apresentação da documentação comprobatória em sede de recurso voluntário é que transforma o julgamento recursal em fase de praticamente instrução processual, desvirtuando o curso normal do processo administrativo. Neste sentido, aos que possam reclamar do cerceamento do direito de defesa, uma coisa é, na fase recursal, o colegiado resolver pela realização de diligência para esclarecer fatos e análise de documentos já anteriormente apresentados. Esta tarefa faz parte da análise das alegações do recurso. Diferente é, no julgamento de recurso, voltar à fase de instrução probatória com a apresentação de novos documentos que não antes tenham sido apresentados no processo. Por isso é que existe a norma do art. 15, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrita, na qual existe a determinação de que a documentação comprobatória das alegações seja apresentada juntamente com a impugnação. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados Fl. 2780DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.773 17 pela autoridade julgadora de segunda instância. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Por isso é que, neste julgamento, com relação à análise da nova documentação apresentada pelo contribuinte, voto por considerar preclusa a juntada desta nova documentação, devendo a análise recursal realizarse apenas com a documentação que foi objeto de análise na impugnação e a partir do que foi decidido pela Delegacia de Julgamento com relação a esta. Vejamos os pontos levantados pelo recorrente e nossa análise sobre os mesmos. 1 Nulidade Vício na Fundamentação Com relação à primeira nulidade apontada, que se refere a possível vício na fundamentação tanto do auto de infração quanto da decisão da DRJ, a alegação do recorrente referese ao fato de parte da documentação apresentada não ter sido considerada segundo o mesmo. Inobstante a apresentação desta alegação, entendo não existirem motivos para a declaração da nulidade requerida. Em consulta aos elementos de fundamentação apresentados pela fiscalização e pela DRJ, podemos verificar, conforme abaixo, a existência de fatos e fundamentos suficientes para o esclarecimento dos motivos que levaram à não aceitação da documentação e à glosa das despesas. No TVF O contribuinte continuou a apresentar apenas algumas poucas notas fiscais comprobatórias. Desta forma, tendo em vista o atendimento, até então, extremamente deficitário do contribuinte às solicitações da fiscalização, foi agendado uma reunião com representante da Cambraia, sr. Marcos Donizetti da Silveira, em 09/09/2014, onde se questionou as injustificáveis faltas de apresentação de documentos e esclarecimentos por parte da empresa, e se esclareceu as implicações que tal procedimento acarretaria. O contribuinte se desculpou pela demora no atendimento da fiscalização, alegando dificuldades diversas, e se comprometeu em apresentar a documentação pendente no prazo máximo de 10 (dez) dias. Sendo assim, o contribuinte foi novamente intimado, pessoalmente, por meio do Termo de Intimação Fiscal No 10, concedendo um prazo adicional de mais 10 (dez) dias para atendimento das solicitações contidas nos termos anteriores, e ainda pendentes. Fl. 2781DF CARF MF 18 Finalmente, em correspondência datada de 19/09/2014, a empresa apresentou boa parte da documentação anteriormente solicitada. Após análise da documentação disponibilizada pela empresa, em sua resposta ao TIF no 10, constatamos que para grande parte dos documentos comprobatórios solicitados pela fiscalização, a empresa apenas apresentou o comprovante do efetivo pagamento (TED, DOC, transferência bancária etc.), sendo este insuficiente para a comprovação da efetiva prestação de serviços ou fornecimento de materiais. Portanto, intimamos novamente o contribuinte, pessoalmente, por meio do Termo de Intimação Fiscal No 11, onde solicitamos novos esclarecimentos e ratificamos a solicitação para apresentar cópias digitalizadas dos documentos comprobatórios (notas fiscais, faturas, contratos etc.), referentes aos lançamentos contábeis, selecionados por amostragem, obtidos da escrituração contábil digital do contribuinte – SPED, sendo que no Anexo 1 do TIF foram relacionados os documentos ainda pendentes de apresentação e no Anexo 2 os documentos apresentados de forma deficiente. Nesta mesma data, a empresa apresentou mais algumas poucas notas fiscais comprobatórias, anteriormente solicitadas. Por último, na data de 05/11/2014, a empresa continuou a atender a fiscalização de forma parcial, apresentando mais alguns esclarecimentos e documentos comprobatórios, quando, então, foi derradeiramente reintimada, de forma pessoal, a apresentar, por meio do Termo de Intimação Fiscal No 12, datado de 04/11/2014, a documentação e esclarecimentos anteriormente solicitados, e ainda pendentes de resposta. Novamente a empresa não se pronunciou e, também, não apresentou mais algum novo documento. Na Decisão de Piso Preliminar de Nulidade 45. Não merece prosperar a preliminar de nulidade, dada a ausência dos requisitos legais para a sua declaração, estipulados pelo artigo 59 do Decreto nº 70.235 de 1972, reproduzido abaixo: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. Fl. 2782DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.774 19 § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) 46. A contribuinte argumenta que viu o seu direito de defesa ser limitado em razão da obscuridade dos autos de infração impugnados, tal raciocínio é autocontraditório haja vista que, malgrado eventual falta de clareza de algum elemento tópico dos referidos autos, a interessada apresentou impugnação consistente questionando todas infrações apuradas. Apresentação posterior de provas documentais 47. A contribuinte afirma que apresentará, em momento oportuno, elementos comprobatórios outros que darão suporte material a seus argumentos. Tal pretensão não merece acolhida, em face da disposição expressa no art. 15 do Decreto nº 70.235, de 1972, reproduzido abaixo. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 48. A disposição legal resguarda o processo administrativo fiscal que, do contrário, ficaria impedido de cumprir seu propósito – produzir um acórdão – em virtude de um ato de vontade do impugnante. No caso em tela, há a agravante de se tratar de matéria reiteradamente arguida pela autoridade fiscal em pelo menos uma dezena de ocasiões. 49. Superada a preliminar e a questão genérica sobre prova, passase à análise do mérito da lide. Ora, conforme tivemos de apresentar trechos do relatado no TVF e na Decisão da DRJ, a fundamentação relativa à análise dos documentos apresentados pela empresa foi corretamente apresentada. Foram analisados os documentos que comprovavam não só o pagamento de despesas, como o tipo de serviço prestados e a certeza de sua realização. Por isso, antes do julgamento de primeira instância foi determinada a realização de diligência na qual, não somente foi analisada a documentação apresentada, como foi informado os documentos que foram considerados e, na Decisão da DRJ, foram informados os documentos aceitos e as revisões realizadas, sendo que, quanto aos documentos não aceitos, estes, ao contrário do que entende o contribuinte, deixaram de ser considerados porque não constituíam uma prova completa da efetivação de despesas por parte da empresa e não por má vontade ou inépcia dos responsáveis pelo procedimento de fiscalização. Sendo assim, entendo que foi apresentada a fundamentação acerca da análise documental, consoante o acima demonstrado e, neste ponto voto por rejeitar a preliminar levantada. Fl. 2783DF CARF MF 20 2 Mérito Despesas não Comprovadas Neste ponto o recorrente argumenta que teria apresentado tanto na impugnação, quanto no recurso voluntário os comprovantes da existência e da efetividade do pagamento das despesas. Conforme já narrado acima, os documentos apresentados pela empresa na impugnação e no recurso voluntário são diversos. A documentação apresentada no recurso voluntário é, em verdade, complementar à apresentada na impugnação, tendo em vista que a que foi apresentada na impugnação não apresentava a maioria dos comprovantes de pagamentos, notas de serviço ou comprovantes do tipo de serviço prestado. Infelizmente, conforme indicamos no início deste voto, não é possível demonstrarse a comprovação da efetividade do pagamento e da realização das despesas por meio dos documentos apresentados em sede de recurso voluntário em face de ter precluído o direito da empresa de apresentálos após a fase impugnatória, sem a demonstração da impossibilidade anterior. Por isso, e levando em consideração que a Delegacia de julgamento já realizou a análise desta documentação tendo considerado que parte da mesma foi suficiente para a comprovação parcial das despesas glosadas inicialmente, entendo não mais haver como se apurar novas as despesas a serem consideradas como legítimas haja vista a inexistência de prova a este respeito que possa ser considerada em face da preclusão já analisada acima. Pelo exposto, em relação a este item entendo por negar provimento ao recurso em face da preclusão do direito da empresa de apresentar novos documentos para apresentar suas despesas, na forma do estatuído pelo art. 15, § 4º, do DecretoLei Nº 70.235/72. 3 Mérito Despesas Triplamente Glosadas Argumenta, neste ponto que embora o acórdão tenha reconhecido parcialmente a duplicidade de glosa das despesas da conta 442002, alega que estas foram glosadas em triplicidade e que, mais ainda, estas estariam devidamente comprovadas. Alega que estas despesas foram classificadas incorretamente na conta 411405, depois foi reclassificada para a conta 442002, tendo sido glosadas duas vezes. Tais despesas de referiam a honorários advocatícios. Assim alega que a glosa deve ser excluída tanto em janeiro, quanto em abril/2009. Em relação a este tema e consoante análise das observações apresentadas pela Delegacia de Julgamento, já foram objeto de exclusão da autuação, do montante alegado pelo recorrente de R$ 432.861,12, o valor de R$ 404.079,83 que a Delegacia de Julgamento conseguiu comprovar que estava glosado em duplicidade. Vejamos a narrativa da Delegacia de Julgamento quanto à análise destas glosas, aos quais anuímos integralmente. 65. A tabela abaixo, retirada da fl. 700, reproduz o conjunto dessas despesas sintetizado pela contribuinte em sua peça impugnatória. Fl. 2784DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.775 21 66. Tais despesas encontramse mais bem discriminadas na tabela à fl. 843, reproduzida abaixo: Fl. 2785DF CARF MF 22 67. Confrontando, os dois anexos verificase que, de fato, dos R$ 432,861,12, reclamados, as despesas associada a Spart Participações e Gilberto Álvares, totalizando R$ 404.079,83, encontramse duplicadas e, por esse motivo, as glosas respectivas devem ser canceladas. Não foram encontradas no Anexo 2 referências à despesa da Nota Fiscal nº 80 no total de R$ 3.634,89 de Gilberto Álvares. 68. Não constam, tampouco, dos anexos referidos, duplicatas relacionadas aos três outros fornecedores, ficando prejudicada, assim, a alegação da interessada nesse sentido. Resulta do exposto que, em verdade a maior parte do pleito do recorrente já foi objeto de análise e cancelamento por meio da decisão de Piso, não o sendo por completo em razão de não constarem no anexo referido ou inexistirem os comprovantes das despesas. Neste sentido voto por negar provimento ao recurso quanto a este item. 4 Mérito Glosa de Despesa de Aluguel Duplicidade Alega que na tabela abaixo está demonstrada que a despesa de aluguel foi indevidamente glosada duas vezes. Alega ainda que a glosa deve ser cancelada porque durante o procedimento foi apresentado comprovante bancário de valor menor em razão da dedução do IR não retido em meses anteriores e mesmo assim a despesa foi glosada sem qualquer justificativa. Neste ponto, em relação à duplicidade da glosa apontada pelo recorrente entendemos assistir razão ao mesmo. Efetivamente comprovase por meio de consulta aos registros contábeis juntados ao processo que a classificação correta da conta deveria ter sido a 411501 – Alugueis PJ e não 411415 – Aluguéis PF. Fl. 2786DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.776 23 Por esta razão é que a empresa realizou a reclassificação da despesa relativa ao mesmo período e, assim, a fiscalização ao realizar a glosa, o fez duplamente com relação a esta mesma despesa. Desta forma, em relação a esta item deve ser excluída da infração o valor da glosa no montante de R$ 36.237,30 relativo à conta 411415. Assim, neste ponto, voto por considerar parcialmente procedente o recurso para excluir da autuação o valor da glosa no montante de R$ 36.237,30 relativo à conta 411415. 5 Mérito Despesas Posteriormente Estornadas Alega que determinadas despesas incluídas no mês de janeiro/2009 como por exemplo de R$ 200.000,00 e R$ 6.690,00, foram posteriormente estornadas e, assim, não influíram no resultado líquido da empresa. Quanto a este item, consultando a Decisão de Piso constatamos que nela a Delegacia de Julgamento manteve a glosa por entender que não houve a comprovação, na documentação apresentada juntamente com a impugnação, do documento alegado que levou ao estorno das despesas que teriam sido glosadas. Conforme alegação do contribuinte o estorno das despesas teria sido realizado por meio do documento nº 100018862 que teria sido anexado à impugnação. Tendo em vista a firmeza das alegações do recorrente neste ponto, realizamos exaustiva busca nos documentos apresentados junto com a impugnação e conseguimos localizar um único documento, abaixo transcrito, no qual aparece um lançamento, datado de 31/01/2009, onde as contas de débito e de crédito são de despesas, ou seja, houve, como já afirmado pela DRJ, houve apenas uma modificação das contas de despesas e não o estorno destas. Mais ainda, o único documento apresentado é datado de 31/01/2009 e não de abril/2009 como alegou o recorrente. A título de exemplo, apresentamos lançamento realizado em outra conta onde identificase, perfeitamente, o lançamento a título de estorno de outra despesa realizada. Fl. 2787DF CARF MF 24 Assim, corroborando o que já foi analisado e decidido pela Delegacia de Julgamento, entendo que inexiste a comprovação da realização do estorno das despesas que foram objeto de glosa e, assim, voto por negar provimento ao recurso neste ponto. 6 Mérito Despesas Glosadas Documentação deficiente II Item da infração I Este ponto se refere às despesas que teriam sido comprovadas como pagas, mas que não consta comprovação da efetividade dos serviços. Alega que nem a fiscalização, nem a Decisão de Piso apresentaram os motivos pelos quais consideraram que as despesas não estavam devidamente comprovadas. Com relação a esta contestação, em verdade o assunto já foi objeto de tratamento na preliminar de nulidade apresentada pelo recorrente, razão pela qual não mais é necessária sua análise, posto que não foi aceita a apresentação de nova documentação comprobatória das despesas. Assim, conforme já analisado em sede de preliminar rejeitase o recurso apresentado. 7 Mérito Despesas Glosadas Não demonstrada Efetividade e Necessidade dos Serviços III Item da infração I Propaganda e Publicidade => A glosa foi mantida em razão de a empresa não ter demonstrado a efetividade na prestação dos serviços. A recorrente entende que sendo despesas operacionais e rotineiras a simples apresentação das notas fiscais e comprovantes de pagamento é suficiente para demonstrar sua efetividade. Honorários advocatícios, Assessoria e Consultoria => Alega neste item que o contrato firmado com a empresa Autos se refere a serviços de consultoria operacional e de marketing. Que se tratam de despesas operacionais. Que o valor dispendido no ano de R$ 1.328.000,00 é plenamente compatível com o valor ajustado entre as partes. Os serviços da Empresa Terco Grant se referiam a exames dos parcelamentos tributários a fim de verificar a existência de duplicidades e, sendo necessárias, devem ser mantidas. A empresa CF 2009 Consultoria realizou serviços de levantamento de créditos de PIS/COFINS na aquisição de veículos novos. Alega que em relação a estes itens não foi apresentada justificativa para a manutenção das glosas, apesar de ter sido comprovado o efetivo pagamento dos serviços. Fl. 2788DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.777 25 Com relação a estes itens de contestação acima apresentados, reportamonos, novamente, à análise da nulidade empreendida no início deste voto, onde restaram demonstrados os argumentos da fiscalização e da Delegacia de Julgamento para desconsiderar os elementos de prova apresentados. Ante a ausência da documentação comprobatória apresentada à época da fiscalização e da impugnação, não pode este colegiado considerar a documentação apresentada em fase recursal para comprovar fatos que já deveriam ter sido comprovados anteriormente e submetidos ao crivo do julgamento da impugnação. Assim, não nos resta outra opção senão a de negar provimento ao recurso neste ponto. 8 Mérito Despesas Glosadas Falta de demonstração da efetividade e dos Critérios de Rateio Empregados Alega a existência de contrato de compartilhamento de custos entre as empresas do grupo. Que o contrato em questão determina a repartição dos custos em razão do faturamento de cada empresa do grupo e que inexiste previsão legal a impedir a utilização destes contratos. Neste ponto assim se pronunciou a decisão de Piso: Anexos 4 e 5 – Rateios de Despesas 78. Ainda uma vez a impugnante confunde a faculdade de ratear despesas, admitida pela legislação tributária, com a sua comprovação. Não constam dos autos documentos que comprovem os critérios adotados para tal rateio, mesmo que incomuns. 79. Em face da ausência de comprovação idônea da repartição pretendida, devese manter integralmente as glosas consolidadas nos anexos 4 e 5. Em que pese bastante singela a alegação, consultamos o que foi relatado pela fiscalização no mesmo procedimento. Vejamos: VI.1.4. Despesas Glosadas pela Falta de Demonstração da Efetividade das Despesas Rateadas entre empresas do Grupo e dos Critérios de Rateio Empregados: Por meio dos Termos de Intimação Fiscal No 03, 04, 05 e 06, o contribuinte foi intimado nas datas de 27/12/2013, 07/02/2014, 14/03/2014 e 15/04/2014, respectivamente, a apresentar, entre outras solicitações, cópias digitalizadas dos documentos comprobatórios do efetivo pagamento das despesas rateadas entre empresas do grupo e respectivos demonstrativos de rateio, referentes aos lançamentos contábeis, selecionados por amostragem, obtidos da escrituração contábil digital do contribuinte – SPED, conforme relação constante do anexo 2 daquele Termo de Intimação. Foi solicitado que fosse apresentado ainda os critérios de rateio utilizados pelas empresas intervenientes. Fl. 2789DF CARF MF 26 Em resposta datada de 12/05/2014, o contribuinte apresentou Notas de Débito ND emitidas por outras empresas pertencentes ao grupo empresarial em desfavor da Cambraia referentes ao rateio de despesas, as quais foram anexadas ao presente processo administrativo. Entretanto o contribuinte não apresentou os critérios de rateio utilizados e, também não comprovou o efetivo pagamento das despesas rateadas. Observase, ainda, que as Notas de Débito apresentadas encontramse todas assinadas somente pelo contador da Cambraia, sr. Ricardo César Zolesi. Outra particularidade observada nas Notas de Débito apresentadas pela Cambraia é que ocorrem repetições sistemáticas de débitos das mesmas despesas administrativas simultaneamente por diversas empresas do grupo, embora com valores diferentes. Assim, por exemplo, despesas com “salário e encargos”, “assistência médica e social”, “telefones / comunicação”, “consultoria / auditoria / assessoria”, entre outras, são debitadas contra a Cambraia, nas mesmas competências, pelas empresas Carfrance, Francecar, Saint Germain e Saint Michel. Tal procedimento não é comum. O usual seria a concentração em uma única empresa, do controle dos gastos referentes aos departamentos de apoio administrativo centralizados, para posterior rateio dos custos e despesas administrativas comuns entre as empresas que não a mantenedora da estrutura administrativa concentrada. Sendo assim, esta fiscalização reintimou a empresa, por meio do Termo de Intimação Fiscal No 07, em 06/06/2014, para que fosse disponibilizado os documentos anteriormente solicitados ainda pendentes de apresentação. Neste mesmo termo, foi requisitado que fossem apresentadas cópias digitalizadas dos documentos comprobatórios do efetivo pagamento das despesas rateadas entre empresas do grupo e respectivos demonstrativos de rateio, referentes a novos lançamentos contábeis, selecionados por amostragem da escrituração contábil digital do contribuinte – SPED, conforme relação constante do Anexo 3 daquele Termo de Intimação, como também, os critérios de rateio utilizados pelas empresas intervenientes. Embora sistematicamente reintimado, por meio dos Termos de Intimação Fiscal No 08, 09, 10, 11 e 12, nas datas de 31/07/2014, 20/08/2014, 09/09/2014, 14/10/2104 e 05/11/2014, o contribuinte não se pronunciou mais sobre este tema e, tampouco, apresentou mais nenhum novo elemento. Embora o rateio de custos entre empresas do mesmo grupo possa ser prática usual no mercado, visando a otimização dos recursos disponíveis, tanto de pessoal como de equipamentos ou sistemas, tal fato não dispensa os contribuintes de provarem, se intimados pelo fisco, que a despesa a título de rateio existiu e que é dedutível na formação do lucro real. A Tabela abaixo sintetiza os montantes de Notas de Débito ND emitidas por outras empresas pertencentes ao grupo empresarial em desfavor da Cambraia, conforme dados obtidos de sua contabilidade. Fl. 2790DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.778 27 Conforme detalhado no tópico V.4, para que despesas rateadas entre empresas pertencentes ao mesmo grupo empresarial sejam dedutíveis do IRPJ e da CSLL, é imprescindível que essas despesas sejam devidamente comprovadas, pagas e escrituradas e que sejam calculadas com base em critérios de rateio razoáveis e objetivos, previamente ajustados, formalizados por instrumento firmado entre os intervenientes. Como a empresa nada comprovou a este respeito, não resta outra alternativa à fiscalização senão efetuar a glosa dessas despesas, de acordo com a legislação de regência, anteriormente descrita nos tópicos V.2 e V.4 deste termo, e conforme relacionado nos Anexos 4 e 5 a este Termo de Verificação Fiscal, intitulados, respectivamente, “Notas de Débito Selecionadas da Contabilidade” e “Despesas Glosadas pela Falta de Demonstração da Efetividade das Despesas Rateadas entre empresas do Grupo e dos Critérios de Rateio Empregados”. Portanto, concluindo, diante de tudo o que foi exposto no presente relatório, e tendo em vista a existência de despesas não devidamente comprovadas na TABELA 1 abaixo, cabe adicionar de ofício os referidos valores às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL (infração reflexa) do anocalendário de 2009, e, uma vez recalculado os montantes a pagar destes tributos, lançar os créditos tributários correspondentes. Realizamos a transcrição do relatado pelo fiscal a fim de demonstrar que a empresa foi por diversas vezes instada a demonstrar a existência do contrato de compartilhamento de custos e a efetividade da realização das despesas. Apesar de diversas vezes intimado não cuidou de apresentar os contratos e documentações que assegurassem a legitimidade das despesas. Mais ainda, mesmo em sua impugnação, já com o lançamento realizado, pude constatar que o contribuinte não apresentou referido contrato de compartilhamento de custos. Em outro julgado já me manifestei que a existência de contrato de compartilhamento de custos como medida de racionalidade administrativa é perfeitamente legítima. Acontece que para tanto, há de se estabelecerem controles mínimos que garantam a possibilidade de se aferir o total efetivamente dispendido pelas empresas contratantes do compartilhamento e o seu critério de rateio a cada uma das empresas envolvidas no contrato. Do exposto, inexistindo a comprovação solicitada, voto por negar provimento ao recurso neste ponto. Fl. 2791DF CARF MF 28 9 Mérito Contradição nos Lançamentos Entende ter havido contradição no lançamento tendo em vista que, desconsiderando o contrato de compartilhamento a fiscalização glosou os lançamentos de débito referentes ao contrato, no entanto, manteve os lançamentos a crédito da empresa baseados no mesmo contrato. Pleiteia, assim, que caso seja mantida a desconsideração do rateio de despesas, que seja feito com todas as suas consequências também em relação aos lançamentos a crédito. Quanto a este ponto, verificamos que, em sua impugnação a recorrente não apresentou pedido semelhante, razão pela qual este ponto não foi objeto de análise pela Delegacia de Julgamento. Assim, não havendo impugnação quanto à necessidade de se excluírem as receitas possivelmente vinculadas ao contrato de compartilhamento de custos, não se pode, em sede de juízo recursal, realizar discussão sobre assunto não tratado da decisão de primeira instância em face de sua não apresentação pelo impugnante. Desta forma, não sendo estabelecido o contraditório pela falta de impugnação deste ponto, não se conhece do recurso voluntário interposto a tal título, razão pela qual entendemos por negar provimento ao recurso. 10 Mérito Infração 03 Postergação de Despesas Alega a empresa que as despesas glosadas referemse efetivamente ao ano de 2009 vez que foram pagas neste ano. Quando da realização da autuação assim se pronunciou a fiscalização quanto a este ponto: VI.3. Infração 03: Da Redução Indevida do Lucro Real Causada por Postergação de Despesas – IRPJ e CSLL: Por meio do Termo de Intimação Fiscal No 03, na data de 27/12/2013, intimamos o contribuinte a apresentar cópias digitalizadas dos documentos comprobatórios (notas fiscais, faturas, comprovantes fiscais do efetivo pagamento etc.), referentes aos lançamentos contábeis, selecionados por amostragem, obtidos da escrituração contábil digital do contribuinte – SPED, conforme relação constante do Anexo 1 daquele Termo de Intimação. Pela análise da documentação comprobatória dos lançamentos contábeis selecionados, apresentados pelo contribuinte ao longo do procedimento fiscal, constatamos que algumas notas fiscais ou notas de honorários se referiam a despesas operacionais do anocalendário de 2008, caracterizando assim, inobservância do regime de competência, e, consequentemente, postergação de despesas do anocalendário de 2008 para o anocalendário de 2009. A tabela a seguir relaciona as notas fiscais e notas de honorários referentes a despesas do período de apuração de 2008, indevidamente postergadas para 2009. Estes comprovantes de despesas foram anexados ao presente processo administrativofiscal. Fl. 2792DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.779 29 Convém ressaltar, neste ponto, que essas despesas não foram contabilizadas no anocalendário de 2008, o que implicaria neste caso em duplicidade de deduções, conforme constatação realizada por esta fiscalização na contabilidade da empresa deste período, obtida via escrituração contábil digital do contribuinte – SPED. Como no anocalendário de 2008 o contribuinte apurou prejuízo real e base negativa da CSLL, no valor de R$ 29.535.594,03, conforme se observa em sua Declaração de Informações EconômicaFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ 2009/2008, original, transmitida em 14/10/2009, sob o no 0001523399, anexa a este processo, a postergação de despesas operacionais do ano calendário de 2008 para 2009 implicou na redução indevida do lucro real e da base de cálculo da CSLL no anocalendário de 2009, posto que já não havia imposto nenhum a compensar em 2008 Outrossim, a correta apropriação das despesas dedutíveis incorridas no anocalendário de 2008, por esta Fiscalização, ocasionou o aumento do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL, neste período, para o valor de R$ 29.714.119,04. Tais alterações foram consideradas por esta Fiscalização no presente levantamento, como também, foram devidamente registradas em nossos controles. Desta forma tendo o contribuinte não observado o regime de competência na escrituração de algumas despesas operacionais, ocasionando a redução indevida do lucro real no anocalendário de 2009, cabe à fiscalização apurar estes valores, conforme demonstrado no Anexo 6 a este Termo de Verificação Fiscal, intitulado “Despesas do Anocalendário de 2008 Postergadas para o Anocalendário de 2009”, e lançar a respectiva infração. Portanto, diante de tudo o que foi exposto no presente relatório, e tendo em vista a demonstração de diferenças não tributadas na TABELA 3 abaixo, cabe adicionar de ofício os referidos valores às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL (infração reflexa) do anocalendário de 2009, e, uma vez recalculado os montantes a pagar destes tributos, lançar os créditos tributários correspondentes. As alegações do contribuinte não condizem com a forma de apuração de seus lucros. Inobstante as despesas terem sido pagas em 2009, pelo regime de competência, obrigatório às empresas tributadas com base no lucro real, as despesas devem ser reconhecidas Fl. 2793DF CARF MF 30 desde a data da emissão do respectivo documento comprobatório. Assim, se as despesas se referem ao ano de 2008, conforme ratificado pelo próprio contribuinte, neste ano deveriam ter sido reconhecidas e utilizadas na dedução do lucro tributável. Assim não procedendo, tal procedimento implica na postergação de despesas pela inobservância do regime de escrituração, razão pela qual procedentes as razões do lançamento neste ponto. Colecionamos, abaixo, alguns precedentes deste CARF que ratificam o entendimento. IRPJ INOBSERVANCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. 0 registro contábil, em data errônea, de custo, despesa ou receita, quer no resultado, quer no patrimônio líquido como ajuste de exercícios anteriores, se enquadra perfeitamente nas disposições de inobservância do regime de competência, que, conforme dispõe o PN CST n° 2/96, que interpreta o § 5" do art. 6° do DecretoLei n° 1.598/77, só po de gerar lançamento se houver prejuízo ao fisco. Acórdão n° 180300.017, de 18/03/2009, da 5ª Câmara / 1º Conselho de Contribuintes. IRPJ ESCRITURAÇÃO DE DESPESA. REGIME DE COMPETÊNCIA. INOBSERVÂNCIA. EFEITOS. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de despesa constitui fundamento para lançamento de ofício, quando dela resultar postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido, ou a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. CSLL – TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Sempre que o fato se enquadrar ao mesmo tempo na hipótese de incidência de mais de um tributo ou contribuição, as conclusões quanto a ele aplicar seão igualmente no julgamento de todas as exações. Acórdão n° 0715.670, de 13/04/2009, da 3ª Turma da DRJ/FNS. IRPJ INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA EM ESCRITURAÇÃO DE DESPESA. A inexatidão, quanto ao período de apuração, na escrituração de receita, custo ou despesa, somente constitui fundamento para lançamento de imposto ou diferença de imposto, se dela resultar a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido, ou a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. Acórdão n° 1102000.463, de 30/06/2011, da 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária do CARF Do exposto, confirmandose a irregularidade do procedimento do contribuinte no que toca ao reconhecimento, em 2009, de despesas relativas ao ano de 2008, voto por julgar improcedente o recurso neste ponto. 11 Concomitância das Multas Isoladas e de Ofício Protesta pela impossibilidade de manutenção da aplicação das duas multas em conjunto sobre os mesmos fatos. Com relação ao auto de infração relativo a aplicação de multa isolada pela falta de recolhimento por estimativa, por diversas vezes este tema foi objeto de discussão nesta Câmara, existindo três diferentes vertentes de opinião: Fl. 2794DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.780 31 1) A primeira segue no sentido de que a aplicação de multa de ofício relativo ao período de apuração anual do imposto impede a aplicação da multa isolada pela falta de recolhimento por estimativa em função de tratarse, em essência do mesmo tributo exigido no exercício e, assim, o contribuinte estaria sendo penalizado em duplicidade. 2) A segunda corrente advoga no sentido de que as multas de ofício e isolada punem condutas distintas e assim, podem subsistir concomitantemente sem qualquer empecilho, visto que os fatos geradores são distintos e também distintas as bases de cálculo. 3) A terceira posição interpretativa segue no sentido de que os fatos geradores sendo complementares as sanções, visto que uma pune a falta de antecipação durante o exercício e a outra pune a falta do pagamento no ajuste anual, a maior penalidade deve prevalecer até o montante em que consuma integralmente a punição pela falta de antecipação, somente subsistindo esta se comportar montante maior do que a multa de ofício. Pessoalmente sou adepto da terceira corrente e da adoção do princípio da consunção. Por isso, transcrevo os valiosos fundamentos do Conselheiro Guilherme Adolfo Mendes no Acórdão 1201000.235: As regras sancionatórias são em múltiplos aspectos totalmente diferentes das normas de imposição tributária, a começar pela circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por uma conduta antijurídica, ao passo que das segundas se trata de conduta lícita. Dessarte, em múltiplas facetas o regime das sanções pelo descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do tributário. Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre as funções da pena, há a PREVENÇÃO GERAL e a PREVENÇÃO ESPECIAL. A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da prescrição da nonna punitiva, inibese o comportamento da coletividade de cometer o ato infracional. Já a segunda é dirigida especificamente ao infrator para que ele não mais cometa o delito. É, por isso, que a revogação de penas implica a sua retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma conduta não mais é tipificada como delitiva, não faz mais sentido aplicar pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas. Essa discussão se torna mais complexa no caso de descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais. Hector Villegas, (em Direito Penal Tributário. São Paulo, Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate Fl. 2795DF CARF MF 32 da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis temporárias e excepcionais. No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal, no caso, o art. 3°: Art. 3" A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplicase ao fato praticado durante sua vigência. O legislador penal impediu expressamente a retroatividade benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções de prevenção. Explico e exemplifico. Como é previsível a cessação da vigência de leis extraordinárias e certo, em relação às temporárias, a exclusão da punição implicaria a perda de eficácia de suas determinações, uma vez que todos teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de uma lei que impõe a punição pelo descumprimento de tabelamento temporário de preços. Se após o período de tabelamento, aqueles que o descumpriram não fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por que então cumprir a lei no período em que estava vigente? Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra que estabelece o dever de antecipar não ser temporária, cada dever individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento definitivo que se caracterizará no ano seguinte. Nada obstante, também entendo que as duas sanções (a decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal. Nesta seara mais desenvolvida da Dogmática Jurídica, aplicase o Princípio da Consunção. Na lição de Oscar Stevenson, "pelo princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases em si representativas desta, bem como de outras que incriminem fatos anteriores e posteriores do agente, efetuados pelo mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é meio necessário, fase normal de preparação ou execução, ou conduta anterior ou posterior de outro crime, é excluída pela norma deste". Como exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime de estelionato absorve o de falso. Nada obstante, se o crime de estelionato não chega a ser executado, punese o falso. É o que ocorre em relação às sanções decorrentes do descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de receita, que enseja o descumprimento de pagar definitivamente, também acarreta a violação do dever de antecipar. Assim, punese com multa Fl. 2796DF CARF MF Processo nº 16682.720950/201476 Acórdão n.º 1401002.293 S1C4T1 Fl. 2.781 33 proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas não do de pagar, punese a não antecipação com multa isolada. No presente caso, percebese que a multa de ofício excede o valor da multa isolada pelo não recolhimento da estimativa, absorvendoa integralmente. Desta forma entendo por dar provimento ao recurso a fim de excluir a aplicação da multa isolada em razão desta ter sido integralmente abrangida pela multa de ofício. 12 Lançamentos Reflexos de CSLL Alega que devem ser cancelados os lançamentos de CSLL para as despesas que, sendo glosadas na apuração do lucro real, sejam dedutíveis na apuração do lucro líquido, tendo em vista que as normas que regulam os tributos são diversas. Apresenta precedentes do próprio CARF. Ao contrário do que pretende o recorrente a glosa das despesas realizadas pela fiscalização provocou alterações na apuração do lucro líquido da empresa e não em seu lucro real, vez que se referiam a despesas consideradas na dedução do lucro bruto. Assim, qualquer alteração nestas despesas, conforme realizado no procedimento de fiscalização em análise, provoca alterações no lucro líquido da empresa e, em consequência, reflete na apuração da CSSL, vez que a base de cálculo original desta é o lucro líquido. Assim, referindose os lançamentos à apuração do lucro líquido da empresa, devem obrigatoriamente refletirse na apuração da CSLL como consequência obrigatória dos lançamentos de IRPJ. Do exposto, neste ponto entendo por negar provimento ao recurso voluntário. CONCLUSÃO À vista de todo o exposto e demonstrado voto do sentido de rejeitar as preliminares suscitadas, não conhecer dos documentos apresentados com o recurso e não conhecer do recurso em relação ao Item 9 Contradição do Lançamento em face de sua não impugnação e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso para excluir da autuação o montante de R$ 36.237,30, a título de duplicidade de glosa de despesas de aluguel e de excluir a aplicação de multa isolada concomitantemente à multa de ofício em razão desta ter sido integralmente abrangida por àquela. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 2797DF CARF MF 34 Fl. 2798DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.722941/2013-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA.
Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada.
VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo.
EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS.
CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.
Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS.
PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE.
O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais.
PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO.
O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004.
CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO.
Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre.
AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO
No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.
Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA.
Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada.
VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo.
EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS.
CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.
Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS.
PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.
Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE.
O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais.
PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO.
O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004.
CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO.
Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre.
AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO
No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.
Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
Recurso de Ofício Não conhecido e Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-003.455
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso de ofício, por não alcançar o valor de alçada. Por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar as glosas referentes as despesas de uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção e higienização, pallets, frete no transporte de matéria-prima e de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa, aluguel de granjas. Aquisições de soda cáustica, amônia NH3, óleo diesel e água utilizada na linha de produção. Permitir o utilização dos créditos extemporâneos e aplicar o percentual de 60% aos créditos presumidos referente aos insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Vencidos quanto a possibilidade de auferir créditos referentes a despesas aduaneiras, os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Vencidos quanto ao aluguel de granja os Conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira e Winderley Morais Pereira. Designada para o voto vencedor quanto ao aluguel de granja a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Fez sustentação oral o patrono Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP 222.503, escritório Scheneider, Pugliese, Sztokfisz, Figueiredo e Carvalho Advogados.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator.
Tatiana Josefovicz Belisário - Redatora Designada
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Marcelo Giovani Vieira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Recurso de Ofício Não conhecido e Recurso Voluntário Provido em Parte
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CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 29 41 /2 01 3- 37 Fl. 10682DF CARF MF 2 PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 10683DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.683 3 Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. Fl. 10684DF CARF MF 4 O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Recurso de Ofício Não conhecido e Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso de ofício, por não alcançar o valor de alçada. Por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar as glosas referentes as despesas de uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção e higienização, pallets, frete no transporte de matériaprima e de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa, aluguel de granjas. Aquisições de soda cáustica, amônia NH3, óleo diesel e água utilizada na linha de produção. Permitir o utilização dos créditos extemporâneos e aplicar o percentual de 60% aos créditos presumidos referente aos insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Vencidos quanto a possibilidade de auferir créditos referentes a despesas aduaneiras, os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Vencidos quanto ao aluguel de granja os Conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira e Winderley Morais Pereira. Designada para o voto vencedor quanto ao aluguel de granja a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Fez sustentação oral o patrono Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP 222.503, escritório Scheneider, Pugliese, Sztokfisz, Figueiredo e Carvalho Advogados. Fl. 10685DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.684 5 Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. Tatiana Josefovicz Belisário Redatora Designada Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Marcelo Giovani Vieira. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 17.064.924,26 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 78.602.075,36 relativo ao ano de 2008 (fls. 5.943/5.961), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 5.963/5.969;. A empresa apresenta impugnação na qual faz uma breve descrição de suas atividades e alega, em síntese: a) preliminarmente – da superficialidade do trabalho fiscal / ofensa ao princípio da verdade material; b) da sistemática nãocumulativa da contribuição ao PIS e da Cofins / da legitimidade dos créditos apropriados pela impugnante; c) do conceito de insumo; d) dos bens e serviços utilizados como insumos (linhas 02 e 03 da DACON); e) dos bens e serviços utilizados como insumos – não se enquadram no conceito de insumos; e.1) indumentária e itens de uso obrigatório; e.2) pallets; e.3) materiais e ferramentas; f) dos bens e serviços utilizados como insumos – contabilizados em contas contábeis que não geram crédito; g) dos bens e serviços utilizados como insumos aquisições de pessoas físicas; h) dos serviços utilizados como insumos – aquisições sob CFOP que não geram créditos; Fl. 10686DF CARF MF 6 i) dos bens utilizados como insumos – fretes de produtos acabados e/ou fretes de matéria prima; j) dos bens utilizados como insumos – bens sujeitos à alíquota zero; k) dos bens utilizados como insumos – vendas com suspensão de contribuição ao PIS e de Cofins; l) das despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica (linha 05 da DACON); m) das despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (linha 06 da DACON); n) das despesas com armazenagem frete nas operações de venda (linha 07 da DACON); o) das despesas de depreciação sobre o ativo imobilizado – encargos de depreciação (linha 09 da DACON); p) das despesas de depreciação sobre o ativo imobilizado – valor de aquisição ou de construção (linha 10 da DACON); q) dos créditos presumidos – atividades agroindustriais; r) da ilegalidade da aplicação das multas – impossibilidade de sucessão da responsabilidade por infrações; s) do pedido de perícia e diligência; A Delegacia da Receita Federal do Brasil de manteve o lançamento. A decisão da DRJ foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Incabível anular decisão sem que haja fatos ofensivos ao direito de ampla defesa, ao contraditório ou às normas que definem competência. INSUMOS O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. CRÉDITOS. PARTES E PEÇAS DE REPOSIÇÃO E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO. As peças e partes de reposição de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda são considerados insumos para fim de creditamento no regime de apuração não cumulativa da Cofins, com a condição de que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação e não repercutam no aumento da vida útil da máquina ou equipamento superior a um ano. Os serviços de manutenção de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda são considerados insumos para fim de creditamento no regime de apuração não cumulativa da Cofins, desde que não resultem em aumento de vida útil do bem superior a um ano. AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO. Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas Fl. 10687DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.685 7 à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos. PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Sendo o lançamento exonerada superado limite de alçada vigente na data da decisão da DRJ, foi apresentado pela turma julgadora, o competente recurso de ofício. Cientificada, a empresa interpôs recurso voluntário, repisando as alegações apresentadas em sede de impugnação. É o Relatório. Voto Vencido Voto vencedor parcialmente vencido Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Inicialmente é necessário verificar os pressupostos de admissibilidade do recurso de ofício, que esta previsto no art. 34, inciso I, do Decreto n" 70.235/72. Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. Fl. 10688DF CARF MF 8 O valor a ser fixado para o recurso de oficio está previsto no art 1º da Portaria MF n° 63/2017. Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Apesar da Portaria MF 63/2017, ter sido editada em 10 de fevereiro de 2017. Por tratarse de matéria processual, entendo ser a regra de aplicação para todos os casos ainda pendentes de .julgamento. No caso em tela, o valor exonerado pela autoridade a quo, atingiu a soma de R$ 2.186.342,80, inferior ao limite previsto na Portaria MF 63/2017, destarte, não se conhece do recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, deve ser conhecido na sua integralidade por ser tempestivo e atender os demais requisitos de admissibilidade. Nulidade do lançamento Em sede preliminar existem questionamentos sobre a constitucionalidade da exigência fiscal, que não serão objeto de análise neste julgamento, em razão da incompetência deste colegiado para decidir sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conforme a súmula CARF nº 2, publicada no DOU de 22/12/2009. “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Ainda em sede preliminar, alegase a existência de vícios no ato administrativo que não teria atendido aos requisitos de motivação e finalidade ofendendo o principio da verdade material. Não vislumbro assistir razão ao recursos. O auto de infração teve origem em auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federa, fartamente detalhada em relatório fiscal, onde consta a motivação para o lançamento e as provas que conduziram a autoridade autuante a lavratura do auto de infração. A Recorrente foi cientificada da exigência fiscal e apresentou impugnação que foi apreciado em julgamento realizado na primeira instância. Irresignado com o resultado do julgamento da autoridade a quo, protocolou recurso voluntário, rebatendo as posições adotadas pela primeira instância, combatendo as razões de decidir daquela autoridade, portanto, as motivações para o lançamento, bem como, as do julgamento na primeira instância foram claramente identificadas. Com todo este histórico de discussão administrativa, não se pode falar em cerceamento de direito de defesa ou quaisquer outros vícios no lançamento ou no julgamento da primeira instância, todo o procedimento previsto no Decreto 70.235/72 foi observado, tanto quanto ao lançamento tributário, bem como, o devido processo administrativo fiscal. Fl. 10689DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.686 9 O conceito de insumo a ser utilizado na apuração dos créditos do PIS e da COFINS não cumulativos A teor do relatado a Recorrente pretende modificar o entendimento adotado pela autoridade fiscal com a aplicação de um conceito amplo de insumo, onde os custos e despesas suportados pela empresa necessários a suas atividades, estariam incluídos nas operações possíveis de gerar créditos do PIS e da COFINS não cumulativa. Ao definir a não cumulatividade do PIS e da COFINS a Emenda Constitucional nº 42/2002. incluiu o § 12º no art. 195 da CF. verbis: “§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas.” As alterações promovidas pela EC nº 42 deixou à legislação infraconstitucional definir quais setores econômicos poderiam utilizar a forma de apuração não cumulativa das contribuições. A regulamentação efetiva da utilização da não cumulatividade veio com a edição da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, convertida posteriormente na Lei nº 10.637/2002 para o PIS e tratando da COFINS foi editado a Medida Provisória 135, de 30 de outubro de 2003, posteriormente convertida na Lei nº 10.833/2003. O § 12º do art. 195 da CF atribui a legislação infraconstitucional determinar quais setores econômicos poderiam utilizar a não cumulatividade. Destarte, a própria norma constitucional definiu a existência de limites e restrições para a utilização da não cumulatividade. A possibilidade de utilização de créditos para redução da contribuição devida das aquisições de bens e serviços utilizados como insumo, foi prevista no art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.833/2003. Verbis: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; “ O conceito de insumo, constante da Lei nº 10.833/2003, não foi perfeitamente delimitado, surgindo desta indeterminação, uma grande discussão sobre o Fl. 10690DF CARF MF 10 alcance da palavra “insumo” inserida no texto legal, gerando diversos entendimentos sobre a matéria. As interpretações adotadas ocupam um vasto campo entre duas posições extremas. A primeira defendida em normas da Receita Federal, criando posições restritivas a utilização do conceito de insumo, conforme previsto no § 4º, do art. 8º, da Instrução Normativa SRF nº 404/2004. “§ 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço.” Outra linha de pensamento trata o conceito de insumo da forma mais abrangente possível, estendendo o seu conceito a toda e qualquer despesa realizada pela empresa para realização do suas atividades. A Recorrente alega que o conceito da palavra insumo contida no inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/2003 teria este caráter geral e extensivo, onde os custos e despesas incorridos pela empresa ensejariam a possibilidade de utilização de créditos. A posição que vem sendo adotada nas turmas do CARF vai no sentido da análise restritiva do conceito de insumo, como pode ser visto na decisão adotada no Acórdão nº 330100.423, que foi assim ementado: Acórdão n° 330100.423 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 03 de fevereiro de 2010 Matéria Cofins NãoCumulativa ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Período de apuração: 01/02/2004 a 31/03/2004 INSUMOS. CRÉDITOS NA INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA Fl. 10691DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.687 11 O conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3° da Lei n° 10.637/02 e normalizado pela IN SRF n° 247/02, art. 66, § 5°, inciso I, na apuração de créditos a descontar do PIS não cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa, mas tão somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. AQUISIÇÃO DE PESSOA FÍSICA. CRÉDITOS NA INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. IMPOSSIBILIDADE. A Lei n° 10.637102 que instituiu o PIS nãocumulativo, em seu art. 3°, § 3°, inciso I, de modo expresso, como regra geral, vedou o aproveitamento de créditos decorrentes de aquisições de pessoas físicas. FRETE INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CUSTO DE PRODUÇÃO. Gera direito a créditos do PIS e da Cofins nãocumulativos o dispêndio com o frete pago pelo adquirente à pessoa jurídica domiciliada no País, para transportar bens adquiridos para serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda, bem assim o transporte de bens entre os estabelecimentos industriais da pessoa jurídica, desde que estejam estes em fase de industrialização, vez que compõe o custo do bem. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. IMPOSSIBILIDADE. São incabíveis alegações genéricas. Os argumentos aduzidos deverão ser acompanhados de demonstrativos e provas suficientes que os confirmem.” Neste sentido tem caminhado diversos julgados do CARF, ao se ater essencialmente aos conceitos definidos na norma ordinária para definir a procedência do crédito alegado pelos contribuintes, de outra forma não há o que trabalhar, pois se identificássemos a existência da não cumulatividade integral ao PIS e COFINS todo e qualquer despesa, sendo de serviço ou aquisição de insumos comporiam o quadro de créditos possíveis de redução da contribuição devida e não é o que observamos em todo arcabouço de legislação ordinária que lista uma série de definições e regras para fruição dos créditos. Afastar por completo as restrições legais não é possível. De outra banda utilizar o conceito restritivo previsto na IN SRF 404/2004, ao meu sentir, também não é melhor solução para a questão, visto o conceito da Instrução Normativa, copiar o conceito do insumo do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, entretanto, as contribuições incidem sobre o faturamento, gerando uma distorção na utilização daquele conceito para a não cumulatividade do PIS e da COFINS. Fl. 10692DF CARF MF 12 O conceito de insumo previsto no art. 3º da Lei nº 10.833/2003, esclarece que são possíveis de gerar créditos as aquisições de bens e serviços a serem utilizados na prestação de serviços ou na produção de bens. Acredito que o caminho para delimitar se as despesas incorridas geram ou não o crédito passa pela definição da atividade que gerou a despesas e sua interferência na prestação de serviços ou produção de bens. O ônus que se apresenta ao julgador será para cada caso, delimitar o serviço prestado ou o processo produtivo do contribuinte e dele extrair as atividades essenciais e necessárias a sua realização e partindo deste universo, identificar os custos e despesas que possibilitariam a utilização do crédito. Com base nestas premissas passemos a análise dos produtos e serviços que a Recorrente pretende aproveitar como créditos na apuração das contribuições que foram glosados pela Fiscalização. Uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção e higienização Entendo que todos estes produtos e serviços estão diretamente ligados ao processo produtivo da Recorrente e por diversas normas tantos sanitárias quanto trabalhistas são de uso obrigatório para o seguimento onde atua a empresa. Assim, entendo que assiste razão ao recurso para estes produtos e serviços devendo ser afastadas as glosas referentes uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção e higienização. Produtos para movimentação de cargas e embalagens, pallets utilizados no transporte interno de produtos e/ ou como embalagem de proteção, no transporte dos produtos vendidos A Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais debateu a matéria em recente decisão prolatada na sessão de 12/12/2017 no Acórdão 9303006.068, que decidiu pela possibilidade de creditamento das operações referentes a movimentação de carga, pallets e embalagens. Por concordar com a posição adotada na Terceira Turma, peço vênia para adotar quanto a esta matéria o voto do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas e fazer dele as minhas razões de decidir quanto a esta matéria. A Contribuinte é pessoa jurídica que, nos termos do art. 2º do seu Estatuto Social (fls. 41 a 63), exerce atividade econômica na área de alimentos e tem por objetivos sociais: Art. 2º A Sociedade objetiva, com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados, promover: I o estímulo, o desenvolvimento e a defesa de suas atividades econômicas de caráter comum; II A importação, a exportação, a industrialização e a comercialização em comum de sua produção agrícola, produção Fl. 10693DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.688 13 animal em geral, pecuária e de hortifrutigranjeiros, industrializada ou em espécie, tais como carnes, ovos, peixes, frutas, cereais, verduras, legumes, gorduras, condimentos em geral; café e ervas para infusão, laticínios, margarinas e derivados de soja, massas alimentícias, farinhas e fermentos em geral; doces, pós para fabricação de doces, açúcar e adoçantes em geral, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, xaropes e sucos em geral; animais vivos e ovos para incubação; alimentos para animais; plantas e flores naturais, etc, nos mercados locais, nacionais ou internacionais; Em razão de sua atividade econômica, sujeitase a controles e exigências de diversos órgãos públicos, exemplificativamente: Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, Ministério da Agricultura, Serviço de Inspeção Federal, Ministério da Saúde. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. No que concerne às embalagens utilizadas para transporte no processo produtivo da Contribuinte, uma vez essenciais, pertinentes e relevantes para obtenção do produto final, há de se considerarem as mesmas como insumos. As embalagens são realmente necessárias à armazenagem/conservação do produto nas diversas fases do processo produtivo. Considerandose a atividade própria da Contribuinte, temse que os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, também devem ser considerados como insumos. Para atendimento das exigências sanitárias impostas pelos órgãos públicos responsáveis pelo controle e fiscalização, na movimentação e na armazenagem das matériasprimas e dos bens a serem utilizados na fabricação do produto final, e dos produtos finais em si, não pode haver contato com o chão, justamente para se evitar a contaminação por microorganismos, constituindose em mais uma das razões pelas quais é imprescindível a utilização dos “pallets” na cadeia produtiva. Levandose em conta a significativa quantidade de matérias primas e produtos que serão empregados no processo produtivo e que precisam ser armazenados e transportados no ambiente fabril, é indispensável à Contribuinte utilizarse de mecanismos e ferramentas que, além de garantirem a observância das normas de higiene e limpeza, impostas pela ANVISA, otimizem o seu processo produtivo. Há de ser destacada, nesse aspecto, a desnecessidade do consumo do produto em contato direto com o bem produzido, admitindose o emprego indireto no processo de produção para caracterizarse determinado bem como insumo. Fl. 10694DF CARF MF 14 Assim, os pallets guardam nítida relação de pertinência, relevância e essencialidade com a atividade produtiva do Sujeito Passivo, constituindose em insumos do processo produtivo e da fase de comercialização passíveis de creditamento de PIS e COFINS nãocumulativos. Com relação a esse item, essa 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu decisão em casos análogos, nos processos administrativos nºs 10925.720046/201212 e 10925.720686/201222, na sessão realizada, em que receberam a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito DO PIS/COFINS. PIS/COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. ALÍQUOTA. Após a alteração veiculada pela Lei nº 12.865, de 2013, expressamente interpretativa, indiscutivelmente, os insumos da indústria alimentícia que processem produtos de origem animal classificados Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18, adquiridos de não contribuintes farão jus ao crédito presumido no percentual no percentual de 60% do que seria apurado em uma operação tributada. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS As leis instituidoras da sistemática nãocumulativa das contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de bens, não condicionam a tomada de créditos ao "consumo" no processo produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato físico com os bens em elaboração. Comprovado que o bem foi empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens do ativo permanente, válido o crédito sobre o valor de sua aquisição. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. Nos termos do § 4º do art. 3º das Leis 10.637 e 10.833 "o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes". Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Fl. 10695DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.689 15 Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 TAXA SELIC. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. REP Provido em Parte e REC Provido em Parte Acordam os membros do Colegiado, por maioria, em dar provimento parcial aos recursos especiais da Fazenda Nacional e do sujeito passivo, nos seguintes termos: I) recurso especial da Fazenda Nacional: a) limpeza e desinfecção: por maioria, em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto; b) embalagens utilizadas para transporte: por maioria em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres e Carlos Alberto Freitas Barreto; c) despesas de períodos anteriores: por maioria, em negar provimento. Vencido o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres; d) serviços de lavagem de uniformes: pelo voto de qualidade, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e) percentual de crédito presumido: por unanimidade, em negar provimento; f) juros sobre multa de ofício: por maioria, em dar provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e II) recurso especial do sujeito passivo: a) indumentária: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator), Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas Barreto; e b) pallets: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Designados para redigir os votos vencedores o Conselheiro Júlio César Alves Ramos em relação às letras "a", “b” e “c” do item I e letra “b” do item II; e o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho em relação à letra a do item II. (grifouse) Há, ainda, de se examinar a caracterização dos materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch” – como insumos passíveis de gerar crédito de PIS/Pasep. Na linha relacional traçada no presente voto, considerandose que as mercadorias para serem devidamente armazenadas e transportadas após a produção, até chegarem ao consumidor final, exigem a utilização do plástico de coberto e do filme plástico do tipo “stretch”, é nítida a relação de pertinência, relevância e essencialidade com o Fl. 10696DF CARF MF 16 processo produtivo, sendo imprescindível o seu reconhecimento como insumo. Por fim, cumpre consignar que os itens, analisados no presente recurso especial, são empregados na “palletização” dos produtos a serem estocados e transportados pela Contribuinte, procedimento indispensável à correta armazenagem dos produtos face ao tamanho reduzido das embalagens individuais e, mais ainda, ao atendimento de exigências das normas de controle sanitário da área de alimentos, consoante Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) nº 326/1997. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose o reconhecimento ao direito creditório da Contribuinte. " Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. Dos bens e serviços utilizados como insumos Contabilizados em contas contábeis que não geram créditos Para este item tanto o relatório fiscal que serviu de base para a exigência, quanto a decisão da primeira instância deixaram claro que as contas contábeis apresentadas pela Recorrente não correspondem a bens aptos a gerar créditos e caso a recorrente tenha cometido equívocos em alocar despesas nestas contas contábeis deveria deixar claro tais equívocos comprovados por meio de documentos fiscais e contábeis. No recurso voluntário a Recorrente volta a defender que as contas contábeis glosadas pela Fiscalização corresponderiam a produtos que possibilitassem o direito creditório e cita especificamente duas contas "3350576 PRD DIFERENÇAS DE PREÇOS MATERIAL IMPRODUTIVO" e "1970674 TRANSITÓRIA TIVO PERMANENTE DESEMB DE IMPORTAÇÃO". Para a primeira conta contábil afirma que podem existir equívocos e como tal situação foi aventada pela Fiscalização e também pela decisão da DRJ caberia a Autoridade Fiscal verificar tais equívocos, entendo que não pode prosperar o pleito da Recorrente, conforme bem detalhado no relatório fiscal e na decisão da primeira instância a obrigação de justificar os créditos é da Recorrente e caso existam equívocos na alocação de despesas em contas contábeis cabe a Recorrente demonstrar de forma clara e comprovada tais equívocos para fazer jus a tais créditos. Como tal procedimento não foi adotado pela Recorrente, não existe reparo a ser feito na decisão da DRJ. Quanto a segunda conta a Recorrente pede que seja permitida a utilização de créditos referentes a despesas aduaneiras de desembaraço de importação, entendo que tais despesas não estão vinculadas ao processo produtivo da Recorrente, tratamse de despesas referentes a trâmites necessário para a importação de produtos e não estão vinculadas ao processo produtivo, portanto não podem ser utilizadas para auferir créditos na apuração das contribuições. Fl. 10697DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.690 17 Dos bens e serviços utilizados como insumos aquisição de pessoas físicas A Recorrente pede que seja afastada todas as glosas referentes as aquisições de pessoas físicas. Neste ponto é mister ressaltar que a legislação veda o aproveitamento de crédito referente a aquisição de pessoas físicas, nos termos do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. A Recorrente pede subsidiariamente, para que caso não seja considerada a integralidade dos créditos referentes a aquisição de pessoas físicas, seja considerado o crédito presumido referente as estas operações, nos termos previstos no art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Entretanto, pelo que se apresenta nos autos a Recorrente apresentou discussão quanto a aplicação de alíquotas referentes ao crédito presumido, que serão enfrentados em momento posterior deste voto. Dos serviços utilizados como insumos aquisições sob CFOP que não geram créditos A Fiscalização glosou despesas referentes a aquisições referente a sete CFOP que não dariam direito ao crédito: CFOP 1407 (Compra de mercadoria para uso ou consumo cuja mercadoria esta sujeita ao regime de substituição tributária), CFOP 1551 (Compra de bem para o ativo imobilizado), CFOP 1556 (Compra de material para uso ou consumo), CFOP 1949 (Outra entrada de mercadoria ou prestação de serviço não especificada), CFOP 2303 (Aquisição de serviço de comunicação por estabelecimento comercial), CFOP 2407 (Compra de mercadoria para uso ou consumo cuja mercadoria está sujeita ao regime de substituição tributária) e CFOP 2556 (Compra de material para uso ou consumo). Entendo que a glosa baseada unicamente nos códigos de CFOP não pode ser utilizada unicamente como razão para glosa é preciso analisar as operações realizadas para verificar a possibilidade dos créditos. Neste caminho o recurso lista produtos que entende que seriam insumo possíveis de gerar créditos: (i) Soda Cáustica; (ii) Amônia NH3, (iii) óleo diesel; (iv) água; (v) facas. Fl. 10698DF CARF MF 18 Para os itens listados pela Recorrente, a partir do conceito de insumo utilizado neste voto, conforme detalhado alhures, entendo que são aptos a gerar créditos as despesas referentes a Soda Cáustica, Amônia NH3, óleo diesel e água utilizada na linha de produção exclusivamente, cabendo a Recorrente fazer as provas necessárias para comprovar os gastos com água utilizada na linha de produção. Quanto as facas, entendo que por tratarse de aquisições para o ativo imobilizado correta a glosa realizada pela Fiscalização. Dos fretes de produtos acabados e/ou fretes de matéria prima Quanto as glosas de frete, a Recorrente afirma como possíveis de gerar créditos, as despesas de frete para transporte de matérias primas e de produtos acabados entre seus estabelecimentos. As diversas situações em que o custo de frete é utilizado nas atividades empresariais demonstra a dificuldade em definir quando estes custos são possíveis de gerar créditos na apuração do PIS e da Cofins. Intensa tem sido a discussão neste Conselho sobre a matéria, exigindo a manifestação para cada um dos tipos de frentes pleiteados no recurso pela Recorrente. Quanto a primeira hipótese de frete pretendida pela Recorrente, entendo que o transporte de matérias primas compõe o custo destas mercadorias e sendo suportado pela Recorrente podem ser utilizados para auferir créditos. Quanto a segunda hipótese do transporte de produtos acabados entre estabelecimentos. Segundo a Recorrente estão associados ao transporte de produtos entre as unidades fabris e os centros de distribuição. Para está matéria, a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho, em recente julgado, entendeu por considerar como possíveis de gerar créditos as despesas de frente de produtos acabados entre estabelecimentos da empresas. A decisão da CSRF no Acórdão 9303005.15 foi assim ementada. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2008 CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. Cabe a constituição de crédito de PIS/Pasep sobre os valores relativos a fretes de produtos acabados realizados entre estabelecimentos da mesma empresa, considerando sua essencialidade à atividade do sujeito passivo. Não obstante à observância do critério da essencialidade, é de se considerar ainda tal possibilidade, invocando o art. 3º, inciso IX, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei 10.637/02 eis que a inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição de crédito os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda quais sejam, os fretes na “operação” de venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento se harmoniza com a intenção do legislador ao trazer o termo Fl. 10699DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.691 19 “frete na operação de venda”, e não “frete de venda” quando impôs dispositivo tratando da constituição de crédito das r. contribuições. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIAS PRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS Os fretes na transferência de matériasprimas entre estabelecimentos, essenciais para a atividade do sujeito passivo, eis que vinculados com as etapas de industrialização do produto e seu objeto social, devem ser enquadrados como insumos, nos termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02. Cabe ainda refletir que tais custos nada diferem daqueles relacionados às máquinas de esteiras que levam a matériaprima de um lado para o outro na fábrica para a continuidade da produção/industrialização/beneficiamento de determinada mercadoria/produto. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. Transcrevo a seguir trecho do voto condutor do Acórdão da CSRF referente aos frete de produtos acabados entre estabelecimentos que peço vênia para incluir no meu voto e fazer dele minhas razões de decidir. Em relação ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que ressurgiu com a discussão acerca do direito ao crédito de PIS e de Cofins sobre as despesas com fretes de transferência de produtos acabados entre os seus estabelecimentos, entendo que lhe assiste razão. Eis que os fretes de produtos acabados em discussão, para sua atividade de comercialização, são essenciais para a sua atividade de “comercialização”, eis que: ∙ Sua atividade impõe a transferência de seus produtos para Centros de Distribuição de sua propriedade; caso contrário, tornarseia inviável a venda de seus produtos para compradores das Regiões Sudeste, CentroOeste e Nordeste do país; ∙ Os grandes consumidores dos produtos industrializados e comercializados pelo sujeito passivo, possuem uma logística que não mais comporta grandes estoques, devido à extensa diversidade de produtos necessários para abastecer suas unidades, bem como devido ao custo que lhes geraria a manutenção de locais com o fito exclusivo de estocagem, visto a Fl. 10700DF CARF MF 20 alta rotatividade dos produtos em seus estabelecimentos; O que, impõese para fins de comercialização e sobrevivência da empresa, os Centros de Distribuição; ∙ O sujeito passivo, que possui sede em Porto Alegre, se viu obrigada a manter Centros de Distribuição em pontos estratégicos do país, considerando a localidade dos maiores demandantes de seus produtos. Considerando, então, a atividade do sujeito passivo, devese considerar os fretes como essenciais e, aplicandose o critério da essencialidade, é de se dar provimento ao recurso interposto pelo sujeito passivo. Não obstante à essa fundamentação e ignorandoa, cabe trazer que, tendo em vista que: ∙ A maioria dos fretes são destinados ao Centro de Distribuição da empresa, para que se torne viável a remessa dos produtos e são realizados com a demora usual de 15 dias até a chegada do produto, para conseguir atender a sua demanda de pedidos, o sujeito passivo, devido à demora no trânsito das mercadorias, já transacionou as mercadorias, sendo que ao chegarem as mercadorias ao destino muitas já se encontram vendidas; ∙ A mercadoria já é vendida em trânsito, para quando chegar ao Centro de Distribuição já sair para a pronta entrega ao adquirente, descaracterizando, assim, um frete para mero estoque com venda posterior. É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda, passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos do art. 3º, inciso IX, das Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02 – pois a inteligência desse dispositivo considera o frete na “operação” de venda. A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete de venda. Inclui, portanto, nesse dispositivo os serviços intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as quais o frete ora em discussão. Dessa forma, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. Portanto, quanto a discussão sobre frente, assiste razão à Recorrente no direito creditório referente as despesas de frete no transporte de matériaprima e de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa. Das aquisições sujeitas à alíquota zero ou com tributação suspensa Quanto as aquisições sujeitas à suspensão ou alíquota zero, a legislação é clara em vedar a apropriação de créditos, cujas operações anteriores não sofreram a incidência Fl. 10701DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.692 21 das contribuições. O art. 3º, § 2º, II da Lei nº 10.833/2003, traz o diploma que veda tais créditos. Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: ... § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)(grifo nosso) Assim, correta a glosa realizada pela Fiscalização. Das despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica A discussão neste item restringese ao aluguel de granjas em área rural. A Fiscalização entendeu que a previsão legal para créditos nas despesas de aluguel restringese a prédios e máquinas e o aluguel de áreas rurais não estão previstas na legislação. A Recorrente pede a aplicação de um conceito mais extensivo da legislação abarcando também o aluguel de granjas que estariam ligadas ao processo produtivo da Recorrente. Entendo como correta a posição da Fiscalização, não vejo possibilidade de estender a previsão legal para os créditos referentes as despesas com aluguel de prédios e máquinas não estando incluídas nesta previsão legal o aluguel de granjas. Assim correta a glosa realizada. Crédito extemporâneo referente a despesas de armazenagem e frete nas operações de venda. A decisão da DRJ quanto a está matéria manteve a posição da Fiscalização que entendeu ser possível a utilização de créditos extemporâneo desde que exista a informação dos créditos na DACON correspondente ao período em que os créditos foram apurados. A Recorrente defende que tal exigência não seria necessária para utilização dos créditos. Fl. 10702DF CARF MF 22 A matéria foi enfrentada pela Terceira Turma da Câmara Superior no Acórdão 9303004.562, onde foi decidido pela possibilidade da utilização dos créditos extemporâneos. O voto vencedor do Acórdão da lavra do Conselheiro Charles Mayer de Castro detalha a posição adotada pela maioria da turma e por concordar com a posição adotada pela Câmara Superior, peço vênia para incluir o voto condutor do Acórdão e fazer dele as minhas razões de decidir quanto a esta matéria. Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator. Com a devida vênia, discordamos do il. Relator. Já defendíamos na Câmara baixa, nada obsta que o contribuinte possa, em determinado trimestrecalendário, aproveitarse de crédito de PIS/Cofins não aproveitado em trimestrescalendários anteriores. Como as razões do nosso convencimento coincidem com o adotado no Acórdão nº 3202001.617, de 19/03/2014, proferido pela 2ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF, em julgamento do qual participamos, passamos a transcrever o voto do seu relator, o Conselheiro Thiago Moura de Albuquerque Alves, adotandoo como o fundamento da nossa divergência: "Para a DRJ, o entendimento da fiscalização foi correto, pois na sua ótica era inadmissível apurar créditos extemporâneos sem retificar os DACONs e DCTFs anteriores. Eis suas palavras: CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. AUSÊNCIA DE APROPRIAÇÃO NA DACON. A apuração extemporânea de créditos só admitida mediante retificação das declarações e demonstrativos correspondentes, em especial as DCTF e os Dacon. No entanto, em janeiro de 2015, nossa Turma julgou que é possível, sim, o desconto de créditos extemporâneos de PIS/COFINS nãocumulativos, no julgamento do PAF nº 12585.000064/200911 (somente ficou vencida a douta ConselheiraPresidente, Irene Souza da Trindade Torres Oliveira). Com efeito, as Linhas 06/30 e 06/31 do DACON, denominadas respectivamente de “Ajustes Positivos de Créditos” e de “Ajustes Negativos de Créditos”, contemplam a hipótese de o contribuinte lançar ou subtrair outros créditos, além daqueles contemporâneos à declaração. Igualmente, no “Manual de Orientação do Leiaute da Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) – (EFDPIS/ Cofins)”, constante do Anexo Único do Ato Declaratório Executivo COFIS nº 34/2010, há previsão expressa de o contribuinte lançar créditos extemporâneos, nos registros 1101/1102 (PIS) e 1501/1502 (COFINS). Observese: 2.5 BLOCOS DO ARQUIVO Fl. 10703DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.693 23 Entre o registro inicial e o registro final, o arquivo digital é constituído de blocos, referindose cada um deles a um agrupamento de documentos e outras informações. 2.5.1 Tabela de Blocos BlocoDescrição 0Abertura, Identificação e Referências ADocumentos Fiscais Serviços (ISS) CDocumentos Fiscais I – Mercadorias (ICMS/IPI) DDocumentos Fiscais II – Serviços (ICMS) F Demais Documentos e Operações M Apuração da Contribuição e Crédito de PIS/PASEP e da COFINS 1Complemento da Escrituração – Controle de Saldos de Créditos e de Retenções, Operações Extemporâneas e Outras Informações 9Controle e Encerramento do Arquivo Digital [...] As sobreditas previsões no DACON e na EFD buscam cumprir o disposto no art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003, segundo o qual “o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes”. Fl. 10704DF CARF MF 24 Além disso, é preciso frisar que a única consequência legal para o preenchimento incorreto do DACON são as multas previstas no art. 7º Lei nº 10.426/2002. Confirase: Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo; e IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: Fl. 10705DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.694 25 I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 1996; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. § 4º Considerarseá não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita Federal. § 5º Na hipótese do § 4º, o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação, e sujeitarseá à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º. § 6º No caso de a obrigação acessória referente ao Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON ter periodicidade semestral, a multa de que trata o inciso III do caput deste artigo será calculada com base nos valores da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS ou da Contribuição para o PIS/Pasep, informados nos demonstrativos mensais entregues após o prazo." Como se vê, o art. 7º Lei nº 10.426/2002 prevê, apenas, multa em caso de incorreções no DACON e a intimação do contribuinte para corrigilas, de modo a reduzir tais sanções. Não há, por conseguinte, previsão legal para glosar os créditos da não cumulatividade por eventuais equívocos no DACON. Pelo mesmo raciocínio, não é possível indeferir o PER pelo simples fato deste abranger mais de um trimestre, em decorrência da apuração extemporânea, permitida, dos créditos pelo contribuinte. Acrescentese, ainda, que o referido crédito tem por fundamento o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 c/c art. 16 da Lei n° 11.116/2005, podendo ser utilizado tanto na dedução da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno, quanto na compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela RFB, observada a legislação específica. Eis os seus termos: (Lei n° 11.033/2004) Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. (Lei n° 11.116/2005) Fl. 10706DF CARF MF 26 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. Em tais créditos, colhase os seguintes precedentes do CARF julgados à unanimidade: Processo nº 16349.000033/200814 Relator JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA Sessão de 24/07/2014 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 CRÉDITO PRESUMIDO DA COFINS NÃOCUMULATIVA. ART. 8º, DA LEI Nº 10.925/04. AGROINDÚSTRIA. IMPOSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DO CRÉDITO PARA COMPENSAR COM OUTRO TRIBUTO. O aproveitamento de crédito presumido da COFINS, de que trata o Art. 8º, da lei nº 10.925/04, para compensar com outros tributos, não é permitido para as agroindústrias, ainda que eles se acumulem em razão de vendas com tributação suspensa, não tributadas, tributadas à alíquota zero ou isentas. COFINS NÃOCUMULATIVA. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. O art. 16, da Lei nº 11.116/2005, autoriza a utilização dos créditos do PIS e COFINS nãocumulativos se eles tiverem sido acumulados em razão das vendas dos produtos com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência do PIS/COFINS. [Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Jean Cleuter Simões Mendonça, Eloy Eros da Silva Nogueira, Ângela Sartori e Cláudio Monroe Massetti (Suplente)]. *** Fl. 10707DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.695 27 Processo 15586.001201/201048 Relator JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 30/09/2008 CUSTOS DE PRODUÇÃO. CRÉDITOS. Os custos incorridos com serviços de desestiva/produção (descarregamento, movimentação, acondicionamento e armazenagem das matériasprimas no armazém alfandengado), geram créditos dedutíveis da contribuição apurada sobre o faturamento mensal e/ ou passíveis de ressarcimento. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. SALDO TRIMESTRAL. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. De acordo com o art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833, de 2003, o crédito de um determinado mês pode ser utilizado nos meses subsequentes, e o fato da Lei nº 11.116/2005, autorizar o ressarcimento do saldo de créditos somente no término do trimestre, não quer dizer que não poderão ser aproveitados créditos apurados em outros trimestres. Recurso Voluntário Provido [Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Andrada Márcio Canuto Natal e Bernardo Motta Moreira.] Ademais, é dever da fiscalização apurar os créditos e os débitos nos tributos nãocumulativos, refazendo se for o caso cálculos efetuados pelo contribuinte, na forma da legislação tributária. Não pode a fiscalização indeferir o ressarcimento ou glosar os créditos nãocumulativos, por alegado vício formal no preenchimento das obrigações acessórias, sem sequer intimar o contribuinte para retificar os supostos equívocos nem examinar se os créditos procedem ou não, deixando indevidamente de corrigir, de ofício, os erros eventualmente cometidos pelo contribuinte. Acolho, nessa linha, o mesmo entendimento firmado sobre a matéria pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, em 01/09/2011, no PAF. nº 13981.000184/200495, cujo Voto da lavra do Ilmo. Conselheiro EMANUEL ASSIS transcrevo abaixo, integrandoo a minha fundamentação: Para mim, na situação em tela não há necessidade de a contribuinte retificar o Dacon antes, para somente após aproveitar os créditos em período seguinte. No curso de uma fiscalização ou diligência, constatado incongruência nos dados do Dacon (ou de outra declaração entregue pelos contribuintes, inclusive a DCTF), os cálculos do tributo devido devem ser refeitos de modo a resultar em lançamento de ofício ou em Fl. 10708DF CARF MF 28 proveito do sujeito passivo. Na hipótese de incongruência favorável ao contribuinte nada impede que a administração tributária adote as providências cabíveis, dispensandose exigências que podem ser supridas por ato da própria administração. É o que se dá no caso sob análise, já que o processamento do Dacon pode ser refeito pela RFB. Para tanto basta instituir controles nos sistemas eletrônicos, a registrar a alteração feita. Não me parece razoável que, após a contribuinte explicar a apuração do crédito em período seguinte e requerer o aproveitamento extemporâneo, dentro do prazo decadencial, sem que haja dúvida sobre o direito alegado este lhe seja negado sob a justificativa de não ter sido retificada previamente uma obrigação acessória. O fato de o Dacon não ter sido retificado há de ser relevado, por não haver dúvida quanto ao crédito correspondente às aquisições das notas fiscais acima mencionadas. Na linha da interpretação ora adotada, já existe, inclusive, decisão de Superintendência da RFB dizendo da desnecessidade de retificação de DCTF, em hipótese que se afigura semelhante à presente situação. Refirome à Solução de Consulta da Disit da 3ª RF nº 35, de 30/08/2005, com o seguinte teor, verbis: ASSUNTO: Obrigações Acessórias EMENTA: COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. A compensação de créditos tributários declarados como saldos a pagar na DCTF com créditos apurados em eventos supervenientes ao período de apuração daqueles créditos tributários obriga o sujeito passivo à entrega de Declaração de Compensação, sendo desnecessária a entrega de DCTF retificadora que tenha por fim informar a compensação efetuada. DCTF é confissão relativa e que a RFB não pode têla como definitiva, omitindose de realizar a diligências necessárias à apuração na contabilidade e escrita fiscal. Pelos fundamentos acima, e levando em conta o § 4º do art. 3º, tanto da Lei nº 10.637/2002 (PIS) quanto da Lei nº 10.833/2003 (Cofins), segundo o qual o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, dou provimento parcial para admitir os créditos relativos às aquisições das notas fiscais de fornecedores anexadas à Manifestação de Inconformidade e aproveitadas no mês seguinte ao de emissão." Forte nessas razões, entendo que ao recurso especial interposto pela Procuradoria devese negar provimento. Portanto, assiste razão à Recorrente quanto ao aproveitamento dos créditos extemporâneos. Fl. 10709DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.696 29 Dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado adquiridos em data anterior a 01/05/2004. O art. 31 da Lei nº 10.685/2004 veda de forma expressa o desconto de créditos referentes a depreciação ou amortização de bens e direitos do ativo imobilizado adquiridos em data anterior a 30 de abril de 2004. Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. A Recorrente alega que a matéria foi objeto de julgamento pelo Poder Judiciário em que teria sido decidido pela inconstitucionalidade da vedação prevista no art. 31 da Lei nº 10.685/2004. Entretanto, a decisão esta submetida a repercussão geral e não possui um posicionamento definitivo que possa afetar os julgamento deste colegiado, visto a impossibilidade no âmbito do CARF de discutir constitucionalidade de lei tributária. Diante da vedação legal, não pode prosperar a pretensão da Recorrente em aproveitar créditos referentes a depreciação de bens do ativo imobilizado que foram adquiridos em data anterior a 30/04/2004. Dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado A Fiscalização realizou glosas referentes a depreciação de bens do ativo imobilizado, utilizando duas situações distintas. A primeira diz respeito a impossibilidade, segundo a Fiscalização, da Recorrente utilizar a depreciação no prazo de 48 meses para edificações e benfeitorias, sendo necessário que o prazo seja de 300 meses conforme normas da Receita Federal. O segundo motivo para parte das glosas, diz respeito a falta de identificação das máquinas e equipamento, impossibilitando a identificação dos bens submetidos a depreciação. As motivações para as glosas deste tópico, foram assim descritas no Relatório Fiscal. A planilha de memória de cálculo denominada “MÁQUINAS 1”, apresentada pelo contribuinte, relacionou itens relativos a edificações e benfeitorias de seu ativo imobilizado (Fab Óleo Soja Toledo, Fabr.Linguiças Duque, GJ Matr Fgo Prod CV, entre outros) e que foram depreciadas em 48 meses para fins de crédito de PIS/COFINS. Nesses casos, foram apuradas as Fl. 10710DF CARF MF 30 diferenças entre as depreciações calculadas pelo contribuinte (em 48 meses) e a depreciação correta, conforme o disposto na IN SRF nº 162/1998 (prazo de 300 meses para edificações e benfeitorias) e foram glosadas as diferenças. A planilha de memória de cálculo denominada “MÁQUINAS 2”, apresentada pelo contribuinte, relacionou diversos outros bens, máquinas e equipamentos incorporados ao seu ativo imobilizado e depreciados em 48 meses. Nesta planilha foram identificados diversos itens relacionados a materiais de construção utilizados em edificações e benfeitorias (TIJOLO FURADO 6 FUROS, Telha P.P. G. 0,5 7800mm Ral 9003, CIMENTO CP II 32, entre outros) e que também foram depreciados pelo contribuinte à razão de 1/48 avos para cada mês, em desacordo com a legislação. As diferenças em relação à depreciação normal de 300 meses para estes itens foram glosadas. Já, a planilha de memória de cálculo denominada “MÁQUINAS 3”, apresentada pelo contribuinte, relacionou diversos itens de seu ativo imobilizado também depreciados em 48 meses. Porém, nessa planilha não há nenhuma descrição ou identificação dos bens que estão sendo depreciados à razão de 1/48 (um quarenta e oito avos) por mês. Assim, foi o contribuinte novamente ntimado, através do Termo de Constatação e de Intimação Fiscal nº 005/00555 (fls. 2388 e seguintes) a informar a descrição detalhada desses bens que estão sendo depreciados, sob pena de glosa dos créditos associados.. No recurso voluntário, a Recorrente alega que a legislação não determina que a depreciação ocorra no prazo de 48 meses, sendo uma faculdade a ser utilizada pelo Contribuinte e não faz nenhuma alegação quanto a ausência de descrição das máquinas e equipamentos. A possibilidade de utilização de um prazo menor para depreciação foi prevista no art. 3º, § 14º da Lei nº 10.833/2003 § 14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1º deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)(grifo nosso) A lei de forma clara permite a depreciação no prazo menor, somente as aquisições de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado. As glosas promovidas pela Fiscalização tratam da aplicação do prazo menor de depreciação relativos a edificações e benfeitorias, que não estão previstas na legislação. Assim, correta a glosa realizada pela Autoridade Fiscal. Fl. 10711DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.697 31 Em relação a segunda motivação para as glosas de depreciação. A Recorrente não questionam o entendimento adotado pela Fiscalização, não sendo apresentado nenhum documento ou informação que pudesse levar a efetiva individualização e identificação de parte dos bens que a Recorrente pretende auferir créditos. Portanto, nesta matéria não existindo uma alegação especifica contra o trabalho fiscal, as glosas devem ser mantidas nos termos apurados pela Fiscalização. Dos créditos presumidos Quanto a esta matéria a Recorrente pede que seja utilizado as alíquotas de que trata a Lei 10.925/2004, em relação aos bens produzidos e não aos adquiridos. A matéria foi resolvida com a redação adotada no § 10º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, que ficou assim redigido. " Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide Lei nº 12.599, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013 (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013 (Vide Lei nº 12.839, de 2013) (Vide Lei nº 12.865, de 2013) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e Fl. 10712DF CARF MF 32 III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: (Vide Medida Provisória nº 582, de 2012) (Vide Medida Provisória nº 609, de 2013) (Vide Lei nº 12.839, de 2013) I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (Revogado pela Lei nº 12.865, de 2013) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1o deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5o Relativamente ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo, o valor das aquisições não poderá ser superior ao que vier a ser fixado, por espécie de bem, pela Secretaria da Receita Federal. ... § 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos. (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013)"(grifo nosso) Fl. 10713DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.698 33 A observação do texto legal deixa sedimentado que o percentual a ser aplicado é de 60% (sessenta por cento) aos insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Multa de ofício Quanto a multa de ofício no valor de 75% (setenta e cinco por cento), a sua exigência está prevista no inciso I, do art. 44, da Lei 9.430/96, sendo aplicada nos lançamentos de ofício para cobrança de débitos tributários. “Art.44 Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I – de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;” No caso em tela foi realizado o lançamento de ofício, formalizado por meio do Auto de Infração e, portanto, tornase obrigatória a exigência da multa de ofício no valor de 75% (setenta e cinco por cento) aplicada sobre o valor do tributo exigido. Quanto a alegação da Recorrente que não poderia ser aplicada a penalidade sobre a empresa sucessora, tal argumento não resiste a determinação legal prevista no art. 129 do Código Tributário Nacional. SEÇÃO II Responsabilidade dos Sucessores Art. 129. O disposto nesta Seção aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. O CTN deixa cristalino a responsabilidade dos sucessores sobre os lançamento fiscais já constituídos ou aqueles que porventura sejam constituídos posteriormente aos atos da sucedida. Assim, não assiste razão à Recorrente quanto a esta matéria. Por fim, consta do recurso, diversas alegações de ofensa a princípios constitucionais. Quanto a esta matéria, este colegiado esta impedido de se manifestar, diante da Fl. 10714DF CARF MF 34 emissão da súmula nº 2 do CARF, publicada no DOU de 22/12/2009, que veda o pronunciamento sobre constitucionalidade de lei tributária. “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário, para acatar a possibilidade de se apurar créditos de PIS e da COFINS não cumulativos referente as despesas: i) uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção e higienização; ii) Pallets utilizados no transporte interno de produtos e/ ou como embalagem de proteção, no transporte dos produtos vendidos; iii) referentes a Soda Cáustica, Amônia NH3, óleo diesel e água utilizada na linha de produção exclusivamente, cabendo a Recorrente fazer as provas necessárias para comprovar os gastos com água utilizada na linha de produção; iv) frete no transporte de matériaprima e de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa; v) aproveitamento dos créditos extemporâneos; E, por fim aplicar o percentual de 60% aos créditos presumidos referente aos insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Winderley Morais Pereira Voto Vencedor Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Na condição de Redatora Designada para o Voto Vencedor, no que se refere exclusivamente à possibilidade de apropriação de créditos decorrentes do aluguel de granja na sistemática não cumulativa de apuração do PIS e da COFINS, passo a expor a fundamentação pertinente. Nos termos do inciso IV do art. 3º da Lei nº 10.833/03 (mesma redação na Lei nº 10.637/02), é autorizada a apropriação de créditos sobre alugueis de prédios utilizados nas atividades da empresa: Fl. 10715DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.699 35 Art. 3oDo valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Em que pese o entendimento do nobre Relator no sentido de que o aluguel de áreas rurais não estão previstas na legislação, discordo de tal fundamentação por entender que as granjas devem ser entendidas no conceito de prédio adotado pela legislação. Não obstante, é possível identificar o conceito de "prédio rural" trazido pelo Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.): Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definemse: I "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada; Por pertinente, trago a Solução de Consulta COSIT nº 331, de 21 de junho de 2017, que aborda tanto a questão do bem imóvel, compreendido além da definição leiga de prédio edificado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEPEMENTA: REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. CRÉDITO. ARRENDAMENTO AGRÍCOLA. A pessoa jurídica submetida ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição ao PIS/Pasep pode descontar créditos sobre aluguéis de prédios pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, desde que obedecidos todos os requisitos e as condições previstos na legislação. A remuneração paga pelo arrendatário em relação ao bem arrendado é denominada de aluguel, representando a retribuição pelo uso e gozo do bem imóvel. A Lei nº4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), e a Lei nº8.629, de 25 de fevereiro de 1993, definem "imóvel rural" como sendo o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada. É princípio geral de hermenêutica que onde a lei não distingue não cabe ao intérprete distinguir. Desta forma, o conceito de prédio contido no inciso IV do art. 3ºda Lei nº10.637, de 2002, engloba tanto o prédio urbano construído como o prédio rústico não edificado. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº10.637, de 2002, art. 3º, inciso IV; Lei nº4.504, de 1964 (Estatuto da Terra); Lei nº8.629, de Fl. 10716DF CARF MF 36 1993; Decreto nº59.566, de 1966, art. 3º; e Decreto nº4.382, de 2002, art. 9º. (...) Transcrevo, ainda, trechos da referida Solução de Consulta, inicialmente no que diz respeito ao termo "prédio": 18. Também a doutrina não destoa desse entendimento. Por exemplo, Nelson Nery Junior e Rosa Maria de A. Nery (Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 2014, 11ª. Edição, p. 414), ao comentar o art. 79 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil Brasileiro CCB), transcrevem ensinamento de Pontes de Miranda: “Prédio é parte da crosta terrestre, determinada ou determinável por seus limites bidimensionais (terreno)” (Pontes de Miranda, Tratado, v.II, § 123, p.33). 19. E no Vocabulário Jurídico de De Plácido e Silva, atualizado por Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho (Forense, 2004, 24ª. Edição, pp. 1076 e 1077), de forma mais didática, encontramse as seguintes definições: PRÉDIO. Do latim praedium, de praeda (presa, tomadia, despojo), na linguagem jurídica, e, em sentido amplo, significa toda porção de terra ou do solo, constituída em propriedade de alguém, haja nele, ou não, construções (edifícios). (...) PRÉDIO RÚSTICO. É o prédio ou a propriedade imobiliária, situada no campo ou mesmo na cidade, que se destina à agricultura ou exploração agrícola, de qualquer natureza. (...) Nesta razão, o prédio rústico caracterizase pela natureza de seu uso ou utilização, não importando o local, em que se encontra. É rústico quando se destina à plantação ou a qualquer espécie de exploração agrícola. Assim, é rústico o prédio ou o terreno situado no perímetro urbano de uma cidade, vila ou povoação, desde que seja destinado à cultura agrícola ou à plantação de qualquer coisa, como hortaliças, árvores frutíferas, etc. Uma chácara ou um sítio, dentro da cidade, caracterizase ou se mostra prédio rústico, enquanto uma casa de moradia, somente para moradia, fora do perímetro urbano ou no campo, é prédio rural pois que não se destina à lavoura. Vulgarmente, prédio rústico é identificado como o próprio solo, ou seja, o terreno sem qualquer benfeitoria ou edificação. 20. O inciso IV do artigo 3º da Lei nº 10.637, de 2002 e seu correspondente da Lei nº 10.833, de 2003, ao tratarem da possibilidade de cálculo de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre aluguéis de prédios não fez qualquer restrição a que o prédio fosse construído (edificado) ou quanto à sua destinação ou utilização. Sendo princípio geral de hermenêutica que onde a lei não distingue não cabe ao intérprete distinguir, concluise que o conceito de prédio trazido no inciso citado engloba tanto o prédio urbano construído como Fl. 10717DF CARF MF Processo nº 11516.722941/201337 Acórdão n.º 3201003.455 S3C2T1 Fl. 10.700 37 o prédio rústico, isto é, aquele destinado à agricultura ou exploração agrícola de qualquer natureza. Notase que é sólida e bastante a fundamentação doutrinária exposada ao demonstrar que o conceito de prédio albergado pela legislação tributária vai muito além do edifício, abrangendo tudo aquilo que, por natureza ou por acessão, seja bem imóvel destinado às atividades do locatário, inclusive o chamado bem imóvel rural rústico. Pelo exposto, entendo que as granjas locadas pela Recorrente, evidentemente utilizadas no seu processo produtivo, são considerados prédios para fins de apuração do crédito do PIS e da COFINS não cumulativos, nos exatos termos dos incisos IV dos arts. 3º das Leis nº 10.833/03 e Lei nº 10.637/02, uma vez que a legislação não faz qualquer distinção quanto à serem tais prédios urbanos ou rurais. É como voto, acompanhando, nos demais aspectos, integralmente, o voto do D. Relator, para dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para acatar também a possibilidade de se apurar créditos de PIS e da COFINS não cumulativos referente as despesas de aluguel de granjas. Tatiana Josefovicz Belisário Redatora designada. Fl. 10718DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12897.000264/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006
AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei.
GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA.
A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta.
MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 2202-004.427
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
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FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 7. 00 02 64 /2 00 9- 41 Fl. 218DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 1255.181, proferido pela 7a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), que julgou procedente o lançamento, mantendo a cobrança do crédito tributário. Consta no Termo de Verificação Fiscal: Como resultado da análise das informações e documentos apresentados, verificamos: Verificação 1 A aquisição de 630 quotas de TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA, de Eugênio Pacelli Marques Almeida Holanda, por R$ 630,00 conforme esclarecimentos de 08/12/2008, fls. e apresentados em atendimento à intimação de fls. : [...] Segundo ainda a documentação apresentada, a formalização do ingresso na sociedade é contemplada na 6a alteração contratual de 04/ago/2006 (fls. ), que denota, entretanto, o valor nominal das 630 quotas em R$ 6.784.413,30, sendo a mesma importância objeto de mútuo, conforme contrato de 08/ago/2006, estando o contribuinte na condição de mutuário. A 7a alteração contratual de 13/nov/2006 (fls. ) registra redução do capital social da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA com a devolução da participação no capital, efetuadas com ativos representados por créditos da Sociedade contra o contribuinte em R$ 6.784.413,30. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 219 3 Em sua DIRPF (fls. ), o contribuinte classifica a diferença entre o valor de aquisição e o valor da devolução de capital, R$ 6.783.783,30, como nãotributáveis, sem observar o fato que suas quotas não sofreram nenhuma valorização no capital da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA, haja vista o valor contábil das quotas no ingresso do contribuinte na sociedade (vide acima), ser o mesmo da devolução de capital, denotando que a devolução de capital se deu por valor contábil (não onerando a pessoa jurídica do ganho de capital previsto no § único do art. 419 do RIR/99). O contribuinte não observou ainda a norma contida na Instrução Normativa SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996: [...] Em suma, o contribuinte obteve ganho de capital tributável ao adquirir quotas por R$ 630,00, e no mesmo ano receber em devolução, direitos no valor de R$ 6.784.413,30, sobre os quais o próprio foi o beneficiário da importância, anteriormente recebida a título de mútuo e cometeu o erro de classificar, em sua declaração de rendimentos, a diferença como não tributável. Verificação 2 Depósito bancário sem comprovação da natureza ou origem, na forma solicitada nas intimações de fls. , . , e , da importância de R$ 21.000.00, em 23/06/2004, junto ao Banco Sudameris, conforme extrato bancário de fls. , apresentado em atendimento às intimações de fls. Após cientificado do Auto de Infração, o recorrente apresentou impugnação (fls. 81/100), que foi julgada improcedente pela DRJ/RJ1, de cujo acórdão se extrai a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Consolidase administrativamente o crédito tributário relativo à matéria não impugnada. DEVOLUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL. GANHO DE CAPITAL. EXCLUSÃO. CONDICIONANTES LEGAIS NÃO COMPROVADOS. Não comprovado que a devolução de capital se deu de acordo com as exigências legais, impossível transferir a responsabilidade para a pessoa jurídica. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença Fl. 220DF CARF MF 4 entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com a decisão da DRJ/RJ1, cuja ciência se deu em 03/07/2013, o recorrente apresentou Recurso Voluntário, em 02/08/2013, repisando os argumentos da impugnação, que em síntese foram por ela assim resumidos: (i) Não se pode cogitar de ganho de capital em operações de devolução de participação no capital social; (ii) no período compreendido entre o ingresso e a saída do ora RECORRENTE, da TETTO, não houve variação positiva do valor de sua participação societária; e, principalmente (iii) os valores percebidos por pessoa física a título de devolução de participação no capital social pelo valor de mercado estão isentos de IRPF, por força do art. 22. § 4º, da Lei nº 9.249/95; ou Acrescentou que, a multa aplicada é desproporcional à gravidade da conduta do recorrente, e possui cunho confiscatório. Dos pedidos O recorrente requer o provimento do Recurso para anular o auto de infração, e se não provido nesse requisito, que seja afastada a multa de ofício. É o relatório Voto Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo, e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço Preliminar. Nulidade Antes de entrar no mérito, o recorrente observa que não arguiu preliminar de nulidade, como afirmou a relatora no acórdão recorrido, diz ter alegado que a aplicação da teoria da motivação consiste em que a subsistência do lançamento depende da procedência da afirmação do Auditor Fiscal de que houve ganho de capital declarado e não pago. Diante dessa alegação, lembro que, nos termos do art. 31 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, o julgador deve referirse a todas as razões de defesa alegadas pelo Recorrente. Assim sendo, agiu bem o julgador de primeira instância, uma vez que o recorrente naquela ocasião referiuse à obrigatoriedade de motivação do ato administrativo de lançamento, citando o art. 10 do referido Decreto, incluindo destaques para os incisos III e IV, Fl. 221DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 220 5 que tratam da "descrição do fato", e "disposição legal infringida e a penalidade aplicável", respectivamente. Além disso, no item 24 da impugnação assevera: 24. Como, in casu o ilmo. Sr. Fiscal motivou a lavratura do Auto de Infração, [...] alegando ganho de capital supostamente registrado e não declarado pelo IMPUGNANTE, a aplicação da Teoria em questão faz com que a subsistência do lançamento, após o controle da legalidade a ser exercido nos autos do presente processo, dependa diretamente da procedência daquele argumento. Entendo que, em referido trecho, o recorrente diz que se não for reconhecido que ocorreu ganho de capital, o auto de infração não teria validade, porque não estaria motivado. Isso é ainda visto no seguinte trecho da impugnação: "23. Seja como for, uma vez motivado, a validade do ato administrativo estará vinculada à existência, à veracidade e à pertinência dos motivos apontados como fundamento para a sua prática, pela consagrada Teoria dos Motivos Determinantes.". Outra razão que teria levado a autoridade julgadora a citar o conteúdo do art. 59 do Decreto nº 70.235/72 em seu voto, foi o fato de o Recorrente ao final da impugnação pedir a nulidade do Auto de Infração. Dessa forma, o julgador agiu corretamente ao conversar textualmente com o recorrente, apresentando a este os casos em que caberia a nulidade do lançamento: I) os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; e II) os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Situações estas que, assim como o julgador a quo, considero não estarem presentes no lançamento a ponto de leválo à nulidade. Como os mesmos argumentos apresentados na impugnação foram trazidos ao recurso voluntário, com os mesmos trechos sobre a teoria dos motivos determinantes, e ao final, nos pedidos, também pugna pela nulidade do Auto de Infração, ratifico meu entendimento de que o Auto de Infração contém todos os elementos e requisitos necessários de formação válida, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, art. 10 do Decreto nº 70.235/72, observado o art. 142 e seu parágrafo único, da Lei nº 5.172, de 26 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), não havendo, portanto, que se falar de nulidade do lançamento. Do mérito A impossibilidade de caracterização de ganho de capital na operação de devolução de participação societária Alega o recorrente ser pressuposto para o ganho de capital a alienação de bens e direitos, sendo que a figura da devolução de capital social, não está entre as espécies de alienação previstas no rol numerus clausus do art. 3º, § 3º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Acrescenta que, o recebimento de valores na qualidade de mutuário da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA (TETTO) não gerou acréscimo patrimonial, que ensejasse incidência de IRPF, e quanto à devolução das participações societárias, as quotas não sofreram variação positiva durante o período que lhe pertencia, e não houve alienação como disse o autuante, porque com a redução do capital social promovida pela 7ª Alteração Contratual da TETTO, as quotas de sua titularidade deixaram de existir. Fl. 222DF CARF MF 6 Arrazoa que, a analogia feita pela DRJ/RJ1, entre as operações de devolução de participação societária e o resgate de ações pelas sociedades anônimas é descabida, porque busca justificar incidência tributária por meio de analogia, que se presta a resolver lacuna do sistema jurídico, sendo a tributação com base nela rechaçada pelo § 1º do art. 108 do CTN. Cita jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesse sentido. Entende que as operações no caso dos autos têm como regramento específico o art. 1.031, caput e § 1º, da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Transcreve acórdão do Carf que afastou a equiparação de devolução de capital social com respectiva redução à alienação acionária e à distribuição de lucros para fins de incidência do Imposto de Renda. Não vejo razão nos argumentos do recorrente. Neste ponto, são importantes alguns conceitos básicos para a solução da controvérsia. Então vamos a eles: Alienação: ato ou efeito de alienar, cessão de bens (Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004). Alienação: É forma voluntária de perda da propriedade. É o ato pelo qual o titular transfere sua propriedade a outro interessado. Dáse a alienação de forma voluntária ou compulsória, sendo exemplo de alienação voluntária a dação em pagamento, e de alienação compulsória a arrematação. Ela ainda pode ser a título oneroso ou gratuito, configurandose alienação a título oneroso a compra e venda, e a título gratuito a doação. Cumpre ressaltar que a transferência do bem alienado só poderá ocorrer por meio de contrato, isto é, por meio de negócio jurídico bilateral que expresse a transmissão do bem a outra pessoa. (http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/869/Alienacao). Sinônimos de alienação: cessão, transmissão, transferência, passagem, cedência, doação, venda. (https://www.sinonimos.com.br/alienacao/); Devolução: [...] S.f. 1. ato ou efeito de devolver. 2. Aquisição de propriedade por transferência. 3. Restituição ao primeiro possuidor. 4. Com. Retorno (6). [Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004] Devolver: [...] 7. Transferir (a outrem, um direito ou propriedade); Reenviar, recambiar. 9. Entregar; dar, conceder. 10. Transferir; transmitir. [...]. [Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004]. Pelos conceitos acima expostos, percebese que a alienação é um termo genérico, onde se enquadram várias espécies, tais como cessão, doação e venda; que carregam entre si o termo "transferência". Analisando o conceito de "devolução", em que também ocorre transferência, entendo que ela é uma espécie de alienação, que se processa de forma reversa, ou seja, no primeiro momento, um bem é transferido para a propriedade do Indivíduo X, e no segundo momento, o Indivíduo X transfere o mesmo bem a seu possuidor anterior. Nesse sentido, pode ser que o Indivíduo X tenha comprado esse bem por R$ 1.000,00, mas quando resolva devolvê Fl. 223DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 221 7 lo, este esteja valendo no mercado R$ 1.500,00. Nesse caso, o Indivíduo X pode vender (trocar) o bem pelo mesmo valor de compra, ou a valor de mercado; depende do que ele acordar com o interessado. Outra situação, é que o bem tenha valor patrimonial de R$ 1.000,00, mas o Indivíduo X o tenha adquirido por R$ 500,00, e decida devolvêlo apenas pelo valor patrimonial. Pergunto: qual seria o ganho de capital, em cada operação? Para a estipulação desse ganho precisamos analisar mais dois conceitos trazidos pela legislação: custo de aquisição, e valor da alienação (valor da transmissão). Lei. nº 7.713, de 1988 Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: [...] Art. 19. Valor da transmissão é o preço efetivo de operação de venda ou da cessão de direitos, ressalvado o disposto no art. 20 desta Lei. Esses conceitos estão expressos da mesma forma no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR): Art.123.Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): Io preço efetivo da operação, nos termos do §4º do art. 117; [...] Art.128.O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, será o valor de aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, §4º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 22, inciso I). [...] Art.131. Não será atribuída qualquer atualização monetária ao custo dos bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de 1995 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 17, inciso II). (Grifei) Então, valor da alienação é o preço efetivo da operação de venda ou da cessão de direitos, e custo de aquisição o preço efetivamente pago. Em uma primeira análise parece haver uma convergência nos conceitos. Para quem vende o custo de alienação será o valor recebido, e para quem compra o custo de aquisição será o valor pago. Entretanto, depende de quem está na posição de vendedor e comprador, em relação a despesas com impostos, corretagem, etc. Diante dos dispositivos legais e entendimento dos conceitos, voltemos aos exemplos acima: · Hipótese 1: Comprou por R$ 1.000,00; vendeu por R$ 1.500,00 (ganho de capital = R$ 500,00). Fl. 224DF CARF MF 8 · Hipótese 2: Comprou a R$ 500,00; o valor patrimonial do bem era R$ 1.000,00; devolveu o bem pelo valor patrimonial (ganho de capital = R$ 500,00). Por que na segunda hipótese o ganho de capital não foi igual a zero, se o bem foi devolvido pelo seu valor patrimonial? Em função do que dispõem os artigos 16 e 19 da Lei. 7.713/88: o valor da alienação é o valor efetivo da operação de venda, e o valor da aquisição o preço pago. Esse entendimento já foi exarado em acórdão do antigo Conselho de Contribuintes: ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA – VALOR DE ALIENAÇÃO – Para efeito de apuração de eventual ganho de capital na alienação de participação societária constitui valor de alienação aquele da operação e não o valor patrimonial da participação alienada. (1º Conselho de Contribuintes/4ª Câmara/ACÓRDÃO 10418.701 em 18.04.2002. Publicado no DOU em: 03.09.2002.). Agora, vamos entender o que ocorreu no caso dos autos: Data Evento Valor Pago Valor Nominal Valor emprestado Capital antes Capital depois Documento fls. 04/08/2006 Transferência das quotas de Eugênio para Olimpio (recorrente) 6.784.413,30 6ª Alteração contratual da TETTO 39 04/08/2006 Pagamento a Eugênio pelas quotas recebidas deste 630,00 6.784.413,30 Recibo 28 08/08/2006 TETTO empresta dinheiro para Olimpio 6.784.413,30 Contrato de mútuo 37 13/11/2006 Redução do capital social da TETTO 53.844.550,00 31.789.822,32 7ª alteração contratual 36 O fato importante é que, o recorrente supostamente devia à TETTO R$ 6.784.413,30, por meio de contrato de mútuo, e quando devolveu as participações societárias (13/11/2006), recebeu a quitação da suposta dívida, que iria vencer em 14/11/2006. Entendo que, no caso, a devolução das quotas à sociedade TETTO é alienação, cuja forma de pagamento foi a extinção da suposta dívida no valor de R$ 6.784.413,30, e o custo de aquisição das quotas foi o valor de R$ 630,00 efetivamente pago por Olímpio a Eugênio. A alegação do recorrente de que não houve alienação porque as quotas deixaram de existir com a redução de capital efetuada pela TETTO, não se sustenta, principalmente, porque a transmissão das quotas se deu em 13/11/2006, pela 7ª alteração contratual, com a quitação da suposta dívida. Em sequência aos argumentos do recorrente, entendo que não houve utilização de analogia pelo julgador a quo, para atribuir tributação; pois, no Termo de Verificação Fiscal, os fatos estão bem delineados e fundamentados com os dispositivos normativos que disciplinam a apuração do ganho de capital, para fins de tributação. A meu ver Fl. 225DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 222 9 o julgador de primeira instância, com o termo analogia, quis apenas mostrar ao recorrente, que a redução de capital, com a compra de quotas/ações dos sócios/acionistas pelas sociedades, pode se dar tanto em sociedades limitadas quanto em sociedades anônimas. Ora, a redução de capital pode ocorrer em qualquer sociedade, quanto a isso não há dúvidas, a questão é saber se nessa operação houve ou não ganho de capital. Se a redução do capital se deu no mesmo valor nominal das quotas/ações, e pelo mesmo custo de aquisição, não haverá, pois não ocorreu acréscimo patrimonial do sócio retirante. Outra situação em que não haveria ganho de capital seria quando a investidora devolve o bem da investida, em caso de controladas, onde ocorre a equiparação patrimonial, e onde o patrimônio da investida é reflexo da investidora, pois se trata apenas de uma devolução do bem, pelo mesmo valor que estava refletido na investida. E parece ser esse o caso enfrentado pelo acórdão nº 110300.207, transcrito pelo recorrente. No caso dos autos ocorreu efetiva alienação, com a devolução das participações societárias pelo recorrente, e sobre a diferença entre o valor dessa alienação e o custo de aquisição delas há incidência de imposto de renda. A isenção de IRPF na operação de devolução do capital social pelo valor de mercado das quotas O recorrente aduz que a operação de devolução do capital social pelo valor de mercado é isenta, conforme § 4º do art. 22 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Infirma que pelo §1º desse artigo, o imposto sobre a variação positiva entre o valor devolvido ao sócio baseado em avaliação de mercado e o valor contábil registrado no Contrato Social da empresa é de responsabilidade desta, e o § 4º diz que a diferença positiva entre o valor de mercado e o valor das quotas que consta na Declaração de bens não entra na base do cálculo do IRPF. Nesse sentido, transcreve inciso XLVI do art 39 do RIR, e § 5º do art. 60 da Instrução Normativa SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996 (IN SRF nº 11/96), e jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes (Acórdão nº 10615.131). Entende ser equivocada a autuação com base no art. 61 dessa Instrução Normativa, porque esse artigo se refere à devolução de participação societária pelo valor contábil. Para compreender o que alega o recorrente vamos transcrever os dispositivos legais citados por ele: Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. § 1º No caso de a devolução realizarse pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos entregues será considerada ganho de capital, que será computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base no lucro real ou na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido devidos pela pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. Fl. 226DF CARF MF 10 § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa jurídica, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica que esteja devolvendo capital. § 3º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão informados, na declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do respectivo anobase, pelo valor contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica. § 4º A diferença entre o valor de mercado e o valor constante da declaração de bens, no caso de pessoa física, ou o valor contábil, no caso de pessoa jurídica, não será computada, pelo titular, sócio ou acionista, na base de cálculo do imposto de renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido. (Grifei) Decreto nº 3.000, de 16 de março de 1999 Art.39.Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: [...] XLVI a diferença a maior entre o valor de mercado de bens e direitos, recebidos em devolução do capital social e o valor destes constantes da declaração de bens do titular, sócio ou acionista, quando a devolução for realizada pelo valor de mercado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 22, §4º); IN SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996 Art. 60. Os bens ou direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. § 1º No caso de a devolução realizarse pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos entregues será considerada ganho de capital, que será computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base no lucro real ou na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro devidos pela pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado. § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa jurídica, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica que esteja devolvendo capital. [...] § 4ºPara o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital Fl. 227DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 223 11 serão informados, na declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do respectivo anobase, pelo valor contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica. § 5ºA diferença entre o valor de mercado e o valor constante da declaração de bens não será computada na base de cálculo do imposto de renda devido pela pessoa física, sendo considerada rendimento isento. Art. 61. No caso de participação societária adquirida por valor inferior ao patrimonial, em que a pessoa jurídica que estiver devolvendo capital tenha optado pela avaliação a valor contábil, a pessoa física ou jurídica que estiver recebendo os bens ou direitos deverá proceder da seguinte forma: I se pessoa física, à sua opção: a) incluir, em sua declaração de bens, os bens ou direitos pelo valor pelo qual houverem sido recebidos, tributando como ganho de capital a diferença entre este e o valor declarado da participação extinta; ou b) incluir, em sua declaração de bens, os bens e direitos pelo mesmo valor da participação extinta. II se pessoa jurídica, registrar os bens ou direitos pelo valor pelo qual houverem sido recebidos, reconhecendo, como ganho de capital, sujeito à incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, a diferença entre este e o valor contábil da participação extinta. Diante desses dispositivos, vamos fazer algumas considerações sobre o caso em análise: 1. as participações societárias foram adquiridas de outro sócio pessoa física por valor inferior ao valor contábil. 2. a devolução das quotas se deu para a pessoa jurídica e pelo valor contábil/nominal. 3. na DIRPF 2007, anocalendário 2006, fls. 11, as participações societárias estavam declaradas na Declaração de Bens e Direitos, da seguinte forma: [...] Fl. 228DF CARF MF 12 Com essas observações, interpreto que a responsabilidade da pessoa jurídica pela tributação, conforme disposto no § 1º do art. 22, ocorre porque é como se ela tivesse “alienando” os bens e direitos à pessoa física. Por isso que, se esses bens forem “alienados” a valor de mercado e houver diferença entre este e o valor contábil, essa diferença é considerada como ganho de capital da pessoa jurídica. Por exemplo, se os bens que ela "alienou" estavam avaliados a valor de mercado por R$ 1.000,00, e registrados contabilmente por R$ 700,00, é como se ela os tivesse "vendendo" por R$ 1.000,00, obtendo um ganho de R$ 300,00. Por outro lado, quando a pessoa física devolve as participações societárias, é como se ela as tivesse "alienando", e para apurar se houve ou não ganho de capital, será imprescindível determinar qual o custo de aquisição delas, que nem sempre será o mesmo valor registrado na contabilidade da pessoa jurídica à época da aquisição. No presente caso, ao que tudo indica, o valor das participações societárias que pertenciam a Eugênio estavam registradas ao valor contábil de R$ 6.784.413,30, conforme se observa no trecho da 6ª Alteração Contratual da TETTO abaixo transcrito (fls. 39), mas foram adquiridas pelo recorrente a um valor bem inferior (R$ 630,00), ou seja, custo de aquisição das quotas para o recorrente foi de R$ 630,00: (b) Eugênio, neste ato, cede e transfere 1.767 (mil setecentas e sessenta e sete) quotas sociais, totalmente subscritas e integralizadas, para Fernando, José e Olímpio, acima qualificados, nas seguintes proporções: (i) Fernando, que ora ingressa na Sociedade, recebe 570 (quinhentas e setenta) quotas, no valor nominal total de R$6.138.278,70 (seis milhões cento e trinta e oito mil duzentos e setenta e oito reais e setenta centavos); (ii) José, que ora ingressa na Sociedade, recebe 567 (quinhentas e sessenta e sete) quotas, no valor nominal total de R$6.105.971,97 (seis milhões cento e cinco mil novecentos e setenta e um reais e noventa e sete centavos); e (iii) Olímpio, que ora ingressa na Sociedade, recebe 630 (seiscentas e trinta) quotas, no valor nominal total de R$6.784.413,30 (seis milhões setecentos e oitenta e quatro mil quatrocentos e treze reais e trinta centavos). Os demais quotistas da Sociedade, presentes a tudo, neste ato declaram expressamente sua concordância com a cessão e transferência de quotas ora aprovada, bem como renunciam a qualquer direito de preferência que poderiam ter na aquisição das mesmas. (Grifei) Quando o recorrente as devolveu à Sociedade TETTO, e recebeu bens e direitos (liquidação de contrato de mútuo de R$ 6.784.413,30), não houve qualquer ganho de capital para a pessoa jurídica que pudesse ser computado como resultado, pois a devolução das participações se deu pelo mesmo valor que já constava em contrato social (valor nominal), conforme se observa às fls. 30, comparada ao trecho transcrito acima: I. Consoante deliberação da Reunião de Sócios ocorrida em 08.08.06, cuja ata compõe o Anexo I ao presente Instrumento, neste ato reduzse o capital social da Sociedade em R$22.054.727,68 (vinte e dois milhões cinqüenta e quatro mil setecentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos), mediante a transferência aos quotistas Fernando Salles Teixeira de Mello, Olímpio Uchoa Vianna, José de Vasconcellos e Silva e Eugênio Pacelli Marques de Almeida Holanda, a título de devolução de sua participação no capital social, nos termos do artigo 22 da Lei nº 9.249/95, de ativos representados por créditos da Sociedade contra esses mesmos quotistas, avaliados pelo seu valor de mercado conforme laudo de avaliação anexo à Fl. 229DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 224 13 ata da mencionada Reunião de Sócios, com o consequente resgate de 2.048 (duas mil e quarenta e oito) quotas no valor nominal de R$ 10.768,91 (dez mil, setecentos e sessenta e oito reais e noventa e um centavos), representativas do capital da Sociedade, pelo preço de resgate total de R$22.054.727,66 (vinte e dois milhões cinquenta e quatro mil setecentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos), com a correspondente redução do capital social. (Grifei) Por seu turno, o recorrente afirma que os bens e direitos foram devolvidos a valor de mercado, conforme laudo. Entretanto, o laudo de avaliação é de 08/08/2006 (fls. 130), mesma data em que foi efetuado o empréstimo ao recorrente. Por lógica, se o laudo foi efetuado na data em que firmado o contrato de mútuo, o resultado do laudo só poderia coincidir com o valor constante nesse contrato. Ocorre que, a devolução das participações societárias se deu três meses depois desse laudo. Além disso, ele apresenta algumas peculiaridades, pois antes da assinatura do contrato de mútuo (08/08/2017), o laudo já avaliava o crédito da empresa contra o recorrente no mesmo valor desse contrato, em 07/08/2017 (fls. 131), ou seja, o crédito foi avaliado antes de sua existência: 3. Após examinarmos os contratos de direitos de crédito, suas cláusulas e condições, bem como os livros contábeis da Sociedade, concluímos que os ativos a serem devolvidos aos seus quotistas montam, em 7 de agosto de 2006, a R$22.054.727,68 (vinte e dois milhões cinqüenta e quatro mil setecentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos), sendo: [...] 3.2. Ativos a serem devolvidos ao quotista Olímpio Uchôa Vianna em devolução de sua participação no capital social, avaliados pelo seu valor de mercado em R$6.784.413,30 (seis milhões setecentos e oitenta e quatro mil quatrocentos e treze reais e trinta centavos), representados por créditos do mesmo valor detidos pela Sociedade contra o próprio quotista; (Grifei). Acrescentese que no laudo é informado apenas o valor do ativo da empresa, e menciona que os livros contábeis estão organizados e de forma ordenada (fls. 131): 2. Na sede da Sociedade nos foram apresentados para exame os seus livros e documentos contábeis. 2.1. Verificamos que os critérios contábeis adotados para registro dos créditos da Sociedade observaram os requisitos legais e os princípios de contabilidade geralmente aceitos, e que a documentação da Sociedade, como diários e demais livros auxiliares, inclusive toda a escrituração fiscal, está organizada e mantida de forma ordenada. 2.2. Nosso exame indicou não serem necessários ajustes aos registros contábeis dos créditos da Sociedade. Além dessas peculiaridades, falta ao laudo elementos que suportem a avaliação, muito menos é mencionado o critério de avaliação utilizado, ou qualquer outro aspecto que se aproxime do que está disposto no inciso I, alínea "b", do art. 183, e seu § 1º, Fl. 230DF CARF MF 14 alínea "d" da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, modificada pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007: Critérios de Avaliação do Ativo Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo:(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) [...] b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito;(Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007) [...] § 1o Para efeitos do disposto neste artigo, considerase valor justo:(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro:(Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007) 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares;(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 3) o valor obtido por meio de modelos matemáticoestatísticos de precificação de instrumentos financeiros.(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) (Grifei) A Lei nº 6.404/76 também estabelece algumas formalidades que o laudo de avaliação de bens deve apresentar: Avaliação Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléiageral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalandose em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 225 15 § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. (Grifei) O Decreto nº 3.000/99 ao dispor sobre laudo de reavaliação também remete às formalidades do laudo nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976: Decreto nº 3.000/99 Art.434.A contrapartida do aumento de valor de bens do ativo permanente, em virtude de nova avaliação baseada em laudo nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976, não será computada no lucro real enquanto mantida em conta de reserva de reavaliação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 35, e Decreto Lei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso VI). Cabe ainda mencionar que o § 4º do art. 60 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e os §§ 1º, 2º e 3º do art. 465 do Decreto nº 3.000/99 tratam do valor de mercado da seguinte forma: Decretolei nº 1.598/77 Art. 60 [...] § 4º Valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter mediante negociação do bem no mercado. (Grifei). Decreto nº 3.000/99 Art.465.[...] §1º Valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter mediante negociação do bem no mercado (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, §4º). §2º O valor do bem negociado freqüentemente no mercado, ou em bolsa, é o preço das vendas efetuadas em condições normais de mercado, que tenham por objeto bens em quantidade e em qualidade semelhantes (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, §5º). §3º O valor dos bens para os quais não haja mercado ativo poderá ser determinado com base em negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações contemporâneas de bens semelhantes, entre pessoas não compelidas a comprar ou vender e que tenham conhecimento das circunstâncias que influam de modo relevante na determinação do preço (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, §6º). (Grifei). Como se percebe a determinação do valor de mercado de bens ou direitos, segue alguns critérios, a depender da característica de cada um. Além disso, é importante ressaltar que antes de dispor sobre o valor de mercado em seus parágrafos, o art. 465 trata de Fl. 232DF CARF MF 16 definir o que seriam pessoas ligadas, em uma perfeita sinergia, ao deixar claro que o valor de mercado deve ser determinado de acordo a negociação do bem no mercado, e não entre pessoas ligadas, cujos interesses outros poderiam desvirtuar esse valor. Ocorre que, no caso, o "crédito a receber" que estaria registrado no ativo da TETTO (em função do contrato de mútuo) foi entregue ao recorrente, em contrapartida da devolução de suas participações societárias, sendo que esse crédito era uma obrigação a pagar do próprio recorrente para com a TETTO. Em realidade, a TETTO desembolsou em favor do recorrente R$ 6.784.413,30 (por meio do contrato de mútuo), tendo este desembolsado R$ 630,00 na compra das participações societárias, cuja devolução ensejou a liquidação daquele contrato de mútuo. Assim, entendo correto o julgamento de primeira instância no sentido de que a avaliação se deu a preço contábil, pois o recorrente não trouxe aos autos provas suficientes para suportar sua alegação de que a avaliação se deu a preço de mercado. Com a observação de que os direitos foram devolvidos ao mesmo valor constante no contrato de mútuo firmado entre o recorrente e a TETTO; e, apesar de constar nesse contrato de mútuo a incidência de juros mensal de 1% (um por cento), a dívida do recorrente com a TETTO foi liquidada pelo valor original do contrato, sem menção a qualquer pagamento de juros. Ressalto que, pelo § 3º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, o recorrente teria que declarar os bens e direitos recebidos da pessoa jurídica em devolução de sua participação societária, a valor de mercado ou contábil, conforme avaliado por aquela. Entretanto, conforme se vê na DIRPF do recorrente (fls. 11), ele não declarou os bens recebidos pelo valor contábil (ou conforme diz o recorrente, pelo valor de mercado), apenas descreveu as participações adquiridas de Eugênio pelo valor pago a este, assim como, não consta qualquer informação sobre a dívida contraída com a Sociedade TETTO (fls. 12). De acordo com o § 3º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, em um primeiro momento temse o valor da participação declarada na DIRPF da pessoa física. Quando esta recebe em devolução bens e direitos, estes são registrados em sua DIRPF pelo mesmo valor que foi avaliado pela pessoa jurídica (a valor de mercado ou contábil), ocasião em que a participação é baixada da DIRPF da pessoa física. Pois bem, na hipótese de uma participação societária ter sido adquirida de terceiros por uma pessoa física a R$ 600,00, esse é o efetivo custo daquela para a pessoa física, pois foi esse o valor que esta desembolsou, independente de a pessoa jurídica ter registrado em sua contabilidade essa participação por R$ 6.000.000,00. Caso a pessoa jurídica devolvesse bens no valor R$ 6.000.000,00 em troca da participação da pessoa física, como esse fato seria registrado DIRPF desta? Os bens recebidos seriam informados em DIRPF por R$ 6.000.000,00, e a participação seria baixada de sua DIRPF pelo valor de R$ 600,00. E como a pessoa jurídica registraria essa operação? Ela daria baixa nos bens devolvidos no valor de R$ 6.000.000,00, e registraria a participação em tesouraria (por exemplo) também no valor de R$ 6.000.000,00. Qual o ganho de capital da Pessoa Jurídica? Nenhum. Nessa operação, houve ganho de capital para a pessoa física, porque adquiriu um bem por R$ 600,00 e recebeu em troca dele direitos no valor de R$ 6.000.000,00. Para se Fl. 233DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 226 17 concluir que ocorreu ganho de capital, aplicouse o conceito de custo de aquisição do art. 16 da Lei nº 7.713/88. O recorrente invoca em sua defesa o art. 22 da Lei nº 9.249/95. Contudo, esse dispositivo veio para evitar que a entrega de bens a sócios em devolução de capital, a valor inferior ao de mercado, fosse considerada distribuição disfarçada de lucros, nos termos do art. 60 do DecretoLei nº 1.598/77: Art 60 Presumese distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica:(Vigência) I aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa ligada; II adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada; III perde, em decorrência do não exercício de direito à aquisição de bem e em benefício de pessoa ligada, sinal, depósito em garantia ou importância paga para obter opção de aquisição; IV a parte das variações monetárias ativas (art.18) que exceder as variações monetárias passivas (art. 18, parágrafo único).(Redação dada pelo Decretolei nº 2.064, de 1983) V empresta dinheiro a pessoa ligada se, na data do empréstimo, possui lucros acumulados ou reservas de lucros; VI paga a pessoa ligada aluguéis, royaltiesou assistência técnica em montante que excede notoriamente do valor de mercado. VII realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros;(Redação dada pelo Decretolei nº 2.065, de 1983) Por isso que, nos casos de devolução de bens, em que há diferença positiva entre o valor de mercado e contábil, a Lei atribui que a tributação seja na pessoa jurídica: Portanto, o art. 22 da Lei nº 9.249/95 teve uma finalidade. Pois bem, diante dessa informação, pensemos na hipótese em que o próprio Sr. Eugênio recebesse bens da empresa, pela devolução de suas participações societárias. É certo que, pelo citado art. 22 não haveria ganho de capital, pois os bens seriam devolvidos a valor contábil, pelo mesmo valor das participações societárias declaradas na DIRPF (isso seria o esperado, porque o valor nominal que constaria nas alterações contratuais corresponderia ao mesmo valor do bem devolvido). Do contrário, se esses bens fossem devolvidos a valor de mercado, a diferença positiva entre este e aquele, seria ganho de capital, cuja responsabilidade pelo recolhimento do imposto seria da pessoa jurídica. Esse é o sentido da norma, a pessoa jurídica avaliou a valor de mercado, criando o ganho de capital, tornandose responsável pela tributação. Fl. 234DF CARF MF 18 Ocorre que, no caso dos autos, a diferença positiva entre o custo de aquisição das participações societárias e o valor dos bens recebidos em função da devolução destas, não foi criada pela pessoa jurídica, entre um negócio dela com o Sr. Eugênio; mas pelos Srs. Eugênio e Olímpio, que estipularam um negócio em que foram vendidas participações societárias a um valor abaixo do valor nominal. A meu ver, mesmo que os bens tivessem sido entregues a valor de mercado, persistiria a questão do custo de aquisição para determinação do ganho de capital do Sr. Olímpio, pois conforme § 4º do citado art. 22, a responsabilidade do imposto sobre o ganho de capital só será da pessoa jurídica, quando ocorrer diferença positiva entre o valor de mercado e o valor contábil dos bens. No caso dos autos essa diferença se processaria entre o valor de mercado e o valor de aquisição do bem. Portanto, aplicando o citado parágrafo, a pessoa jurídica seria responsável pelo recolhimento do imposto sobre a diferença positiva entre o valor de mercado e o valor contábil, e a pessoa física entre o valor de contábil e o efetivo preço de aquisição das participações societárias. Portanto, vejo que agiu corretamente a fiscalização, porque não resta qualquer dúvida que o recorrente teve um ganho de capital na devolução dessas participações, e um acréscimo patrimonial, nos termos do §1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88. O recorrente colaciona jurisprudência sobre a prevalência do valor de marcado, nos casos em que há coincidência entre este e o valor contábil (Acórdão nº 106 15.131). Ocorre que tal jurisprudência não se aplica aos autos; primeiro, porque o recorrente não comprovou que os bens estavam avaliados a valor de mercado; segundo, porque a responsabilidade do recolhimento do imposto só será sobre a diferença positiva que se firmar entre o valor de mercado e o valor contábil, se a pessoa jurídica avaliar a valor de mercado. Ocorre que, como vimos, a diferença se processou entre o valor contábil (ou de mercado como pensa a recorrente) e o valor de aquisição das participações societárias. Nesse sentido, ouso discordar dos argumentos do acórdão colacionado pelo recorrente, para sustentar sua tese de prevalência do valor de mercado. Ora, a atribuição à pessoa jurídica pela responsabilidade do recolhimento do imposto sobre a diferença entre o valor de mercado e o contábil, quando os bens ou direitos são devolvidos a valor de mercado, é coerente, porque houve um ganho de capital foi criado na empresa, então o imposto recairia sobre ela, e não sobre a pessoa física. Agora, se há coincidência entre valor contábil e valor de mercado, nenhum ganho de capital foi criado nela, aplicandose a regra geral do ganho de capital, e o imposto incide nos termos do caput e § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, ou seja, tributase aquele que obteve o acréscimo patrimonial. É certo que a Administração Pública pautase por vários princípios, expressos no art. 2º da Lei nº 9.784/99, de 29 de janeiro de 1999, conforme citado no acórdão colacionado. Quanto a isso, em uma primeira análise, poderseia dizer que pelo princípio da razoabilidade, ampla defesa e contraditório, não se poderia invocar regra geral do ganho de capital, por ser mais gravosa ao contribuinte. Entretanto, especificamente no caso dos autos, a regra geral se aplica, porque foge à finalidade do art. 22 da Lei nº 9.249/95, qual seja, tributar o ganho de capital criado na pessoa jurídica, evitando que a operação seja caracterizada como distribuição disfarçada de lucro. O recorrente afirma que os fatos não estão enquadrados no art. 61 da IN SRF nº 11/96. Entretanto, a concomitância desse dispositivo com o §1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, fazme entender de forma diversa, pois as participações foram adquiridas de um terceiro por valor inferior ao patrimonial (contábil/nominal), e foram alienadas pelo valor patrimonial, que, Fl. 235DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 227 19 por coincidência, era o valor de mercado (pelo menos de acordo com um laudo que não atende às formalidades do art. 8º da Lei nº 6.404/76). Nesse aspecto, pelo princípio da razoabilidade, do interesse público, e da proporcionalidade, a tributação sobre o ganho de capital é daquele que teve acréscimo patrimonial, nos termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88. Então, seria razoável, proporcional e legal, que diante da existência de um ganho de capital tributável ninguém pagasse imposto sobre ele? Os argumentos do recorrente desejam uma resposta positiva a esse questionamento, porque se alegar que a avaliação se deu a valor de mercado, a responsabilidade pelo imposto é da pessoa jurídica; entretanto, esta nada pagaria porque não houve ganho de capital para ela, uma vez que o valor de mercado coincidiu com o valor contábil dos bens devolvidos. De seu lado, o recorrente também nada pagaria, pois a avaliação se daria a valor de mercado. Ou seja, ninguém pagaria tributo sobre o ganho de capital auferido pelo recorrente. Ocorre que, a intenção do art. §§ 1º e 4º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, conforme visto neste voto, não foi eximir ambas as pessoas do pagamento do imposto, mas atribuir a um ou a outro esse pagamento. Assim, a Lei atribuiu à pessoa jurídica a responsabilidade pelo pagamento do imposto (§ 1º), retirandoa da pessoa física (§ 4º). Ou seja, a intenção da lei, não foi deixar o Fisco sem a tributação, como quer o recorrente, mas evitar que ambas as pessoas acabem pagando o mesmo imposto. Por essa mesma razão, não se sustenta a alegação do recorrente de que ao caso se aplica o inciso XLVI do art. 39 do Decreto nº 3.000/99, em que no cômputo do rendimento bruto não entra "a diferença a maior entre o valor de mercado de bens e direitos recebidos em devolução do capital social e o valor destes" (bens e direitos); porque parte de uma leitura isolada do dispositivo, que deve guardar consonância com todos os dispositivos legais sobre ganho de capital discutidos ao longo deste voto. Por todo o exposto, entendo que a fiscalização agiu corretamente, ao considerar como ganho de capital a diferença entre o valor efetivamente pago pelo recorrente pelas participações societárias adquiridas do Sr. Eugênio, e o valor recebido em bens e direitos da Sociedade TETTO, em forma de contrato de mútuo, cuja devolução das participações societárias do recorrente no capital social, provocou a liquidação da dívida assumida por meio desse contrato. Assim, não vejo razão para reforma do acórdão recorrido. Da multa de ofício O recorrente assevera que a multa aplicada é desproporcional à gravidade da conduta do recorrente, e possui cunho confiscatório. Ocorre que, a multa foi aplicada por exigência do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e a este Conselho não é dado se pronunciar sobre ilegalidade e inconstitucionalidade de Lei em plena vigência, ou deixar de aplicála, nos termos do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 2: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar Fl. 236DF CARF MF 20 de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar a preliminar, e no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Fl. 237DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.004074/2003-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 1998
Embargos Declaratórios. Omissão. Cabimento.
Cabem embargos declaratórios para que seja examinado ponto acerca do qual o colegiado deveria ter se manifestado, e não o fez, bem como para fins de prequestionamento.
Fundamentos. Eficácia de Decisão. Ausência.
Os motivos adotados como fundamentos da decisão não têm eficácia decisória.
Numero da decisão: 1301-002.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos declaratórios, para, sem efeitos infringentes, suprir a segunda omissão apontada pela embargante. Ausência momentânea e justificada do Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Breno do Carmo Moreira Vieira.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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OMISSÃO. CABIMENTO. Cabem embargos declaratórios para que seja examinado ponto acerca do qual o colegiado deveria ter se manifestado, e não o fez, bem como para fins de prequestionamento. FUNDAMENTOS. EFICÁCIA DE DECISÃO. AUSÊNCIA. Os motivos adotados como fundamentos da decisão não têm eficácia decisória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos declaratórios, para, sem efeitos infringentes, suprir a segunda omissão apontada pela embargante. Ausência momentânea e justificada do Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Breno do Carmo Moreira Vieira. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 40 74 /2 00 3- 23 Fl. 188DF CARF MF Processo nº 16327.004074/200323 Acórdão n.º 1301002.937 S1C3T1 Fl. 189 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de embargos declaratórios opostos pela PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL PFN, para suprir omissões existentes no Acórdão nº 110100.454, da extinta 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara. A decisão embargada deu provimento ao recurso voluntário, julgando improcedente o lançamento, no qual a Fiscalização formalizara exigência de IOF. A infração foi assim descrita: FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, OU RELATIVAS A TÍTULOS / VALORES MOBILIÁRIOS Falta de recolhimento do IOF apurado em conformidade com a representação efetuada pela Divisão de Orientação e Análise Tributária da Deinf / SPO, em 19/09/2003, no processo administrativo 16327.003329/200331, em função da não homologação do pedido de compensação, efetuado pelo contribuinte, constante no processo 16327.000245/9844. O lançamento é efetuado face ao comando legal previsto no artigo 90 da MP 2.15835 de 24/08/2001 e no disposto no artigo 23 da IN SRF nº 210 de 30/09/2002. É parte integrante deste Auto de Infração cópia da representação formulada pela Divisão de Orientação e Análise Tributária da Deinf / SPO (14 folhas). O lançamento foi impugnado. A DRJ Campinas negou provimento à impugnação. Melhor sorte teve o recurso, que foi integralmente provido pelo CARF, em decisão que se apoiou em dois fundamentos distintos: o primeiro, a decadência; o segundo, o efeito de confissão de dívida produzido pela declaração de compensação, tornando desnecessário o lançamento para constituir crédito já confessado. A PFN opôs embargos declaratórios, que foram admitidos pelo despacho de fls. 180 a 187, nos seguintes termos: A situação de omissão está apontada objetivamente. Verificase que não houve expressa manifestação do julgado sobre pontos em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória, dentro dos ditames da causa de pedir, quais sejam: (a) que prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação. Fl. 189DF CARF MF Processo nº 16327.004074/200323 Acórdão n.º 1301002.937 S1C3T1 Fl. 190 3 (b) não foram fundamentadas as razões pelas quais foi analisada a matéria afeta a outro processo administrativo que não está submetida à sua apreciação, sem indicar quaisquer razões de ordem pública para tal, incorrendo, portanto, em vício de incompetência. (c) houve análise de matéria preclusa, ou seja, ausência de impugnação especifica da matéria relativa à conversão do pedido de restituição/compensação n° 16327.000245/9844 em declaração de compensação como prejudicial ao presente lançamento de oficio, bem como a admissão expressa e explícita pelo próprio contribuinte de que a referida matéria está submetida à competência de outra autoridade administrativa, o que caracteriza julgamento extra e ultra petita. (d) em virtude dos limites da competência da autoridade julgadora ou mesmo da impossibilidade de reforma de decisão administrativa da qual já não caiba mais recurso na esfera administrativa, pela ocorrência do fenômeno preclusivo; Por todo o exposto, ADMITO os embargos de declaração interpostos. (fl. 187) É o que basta relatar. Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator Cabem embargos declaratórios nas hipóteses em que o acórdão contenha obscuridade; contradição entre a decisão e seus fundamentos; ou omissão acerca de ponto sobre o qual o órgão julgador deveria pronunciarse. No caso em exame, os embargos têm por fundamento omissões existentes no acórdão embargando; ademais, têm a finalidade declarada de prequestionar a matéria, viabilizando a interposição de recurso especial. O acórdão embargado julgou insubsistente o lançamento, respaldado em dois fundamentos distintos e autônomos: 1º) decadência; e 2°) a impropriedade do lançamento de ofício. Os embargos, tal como acolhidos pelo despacho do Presidente da 1ª Câmara, suscita quatro omissões. A primeira (letra "a") se refere à decadência; as outras três (letras "b", "c" e "d") aludem à falta de cabimento do auto de infração. Quanto à decadência, o voto condutor da decisão se pronunciou nos seguintes termos: O crivo na aplicação do instituto da decadência alegada pelo recorrente é o dies a quo para contagem do prazo de cinco anos, se a partir da ocorrência do fato gerador, como previsto no § 4º do art. 150, do CTN, ou se a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, como estabelece o inciso I do art. 173, do CTN. O exame da matéria passa necessariamente pela leitura da legislação tributária inerente à compensação de débitos tributários e do Decreto nº 4.494, de 2002, que Fl. 190DF CARF MF Processo nº 16327.004074/200323 Acórdão n.º 1301002.937 S1C3T1 Fl. 191 4 regulamentava o IOF na data da lavratura do Auto de Infração. Relativamente à cobrança e ao recolhimento do imposto, a previsão legal era a seguinte: (...) De acordo com a norma ínsita no citado dispositivo, o IOF, fatos geradores agosto e setembro/1998, deveria ter sido recolhido, respectivamente, até o dia 02/09/1998 e 09/09/1998. A época, a legislação tributária admitia a compensação dos débitos com créditos de titularidade de terceiros (parágrafo único, art. 30, da IN SRF nº 210, de 2002), estando a solicitação de compensação pelo recorrente perfeitamente amparada, inclusive porque formulada no prazo fixado para recolhimento do imposto (fls. 19 e 21), dependendo tão somente da ulterior homologação da Administração Tributária, conforme dispõe o art. 74, da Lei n° 9.430, de 1996, verbis: (...) Se ao contrário, o recorrente tivesse efetuado o recolhimento do IOF nos mesmos prazos em que solicitou a compensação, o tratamento tributário seria o mesmo, i.e. o pagamento dependeria também da ulterior homologação da autoridade administrativa, nos termos do art. 150 do CTN, a saber: (...) Como visto, tanto a compensação como o pagamento extingue a obrigação tributária sob condição resolutória da ulterior homologação pela autoridade administrativa, fixando a legislação o prazo de cinco anos para fazêla. No caso destes autos, o referido prazo seria conta da entrega na repartição das respectivas declarações de compensação ocorrida em dois momentos: 02/09/1998 e 10/09/1998, conforme estabelecido no citado art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996: (...) Tempestivamente, a autoridade administrativa procedeu ao exame da regularidade da compensação dos débitos do IOF com os créditos de titularidade da Leasing BMC S/A Arrendamento Mercantil, sendo indeferido o pedido, nos termos do citado Despacho Decisório e da Decisão e Ordem de Intimação (fls. 10/17), ambos datados de 02/04/2003. Em não tendo sido homologada a compensação, competia a Administração Tributária promover a cobrança dos referidos débitos, porém, no caso dos autos, a exigência tributária está sendo feita por meio de Auto de Infração com imposição de multa de oficio de 75% e demais encargos legais. A discussão, portanto, é sobre se está ou não decaído o direito de a Fazenda Pública constituir o correspondente crédito tributário. Por se tratar, como visto, de tributo lançado por homologação, não se pode negar aplicação ao § 4º do art. 150 do CTN. A norma legal que rege a matéria é muito clara ao prever que: (...) Os fatos geradores ocorreram em 29/08/1998 e 05/09/1998 (fls. 03), e aplicandose a regra do § 4º do art. 150 do CTN, a Administração Tributária poderia constituir o crédito tributário até 05/09/2003. A ciência do lançamento de oficio se deu em 24/12/2003, donde se conclui que nesta data não mais Fl. 191DF CARF MF Processo nº 16327.004074/200323 Acórdão n.º 1301002.937 S1C3T1 Fl. 192 5 poderia ser formalizado o Auto de Infração, para exigência do IOF. (g.n.) (fls. 155 a 157) Como se vê do trecho acima reproduzido (em especial da parte grifada), o voto tratou da matéria com clareza, sem omitir nada que fosse essencial à compreensão do que se havida decidido. O voto definiu o dispositivo aplicável ao caso concreto, bem como os termos inicial e final do prazo de decadência. É possível que a decisão tenha se afastado do entendimento dominante no E. Superior Tribunal de Justiça STJ, acerca da matéria. É certo também que o voto não mencionou a jurisprudência daquela corte. Isso, todavia, não pode ser tido como omissão. Talvez tenha havido erro na aplicação do direito, mas esse fato não rende ensejo a embargos declaratórios. Quanto ao segundo ponto, que envolve a impropriedade do lançamento em razão da conversão do pedido de compensação em declaração de compensação, e a possibilidade de exigência direta do débito, é necessário frisar que, no voto, o relator chama a atenção para o escopo do processo administrativo que é o controle de legalidade. Confirase: Examinando a legalidade do lançamento de oficio, por ser função de controle deste Colegiado, não se pode deixar de levar em conta neste julgamento as profundas modificações no regime de compensação tributária produzidas pela Medida Provisória nº 66, de 2002, convertida na Lei 10.637, de 2002, e Medida Provisória nº 135, de 2003, convertida na Lei n° 10.833, de 2003, adequando a compensação do IOF As alterações introduzidas no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, a saber: O controle de legalidade do ato administrativo permite que o órgão julgador examine alguns aspectos inerentes ao lançamento, mesmo que não suscitados expressamente no recurso. Ainda assim, a decisão ficou contida nos limites daquilo que a recorrente pedia, que era a insubsistência do lançamento. Por outro lado, as referências à matéria do processo 16327.000245/9844 (já arquivado) decorrem da conexão entre o que se discutia naquele processo e o que se discute neste. São distintos, entretanto, os objetos. No processo 16327.000245/9844, a controvérsia girava em torno da validade da compensação; neste, gira em torno da validade do lançamento de ofício. O acórdão embargado, ao considerar insubsistente o lançamento, não alterou a decisão proferida no processo que versava sobre a compensação. No mais, a afirmação de que o pedido de compensação foi automaticamente convertido em declaração de compensação não tem eficácia decisória, servindo apenas de fundamento para a decisão prolatada. Cabe aqui regra semelhante a do processo civil, ou seja, os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença, não fazem coisa julgada (art. 504, inciso I, do CPC). Nesse ponto, como bem demonstra a declaração de voto da Conselheira Edeli Pereira Bessa (fls. 163 a 165), houve erro na aplicação do direito, pois, a despeito da transformação do pedido de compensação em declaração, a eficácia de confissão de dívida só mais tarde veio a ser atribuída por lei. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 16327.004074/200323 Acórdão n.º 1301002.937 S1C3T1 Fl. 193 6 O erro na aplicação do direito é mais grave do que a própria omissão, embora esta também tenha existido e deva ser eliminada mediante embargos. Conclusão Com essas razões, voto por acolher parcialmente os embargos declaratórios, para, sem efeitos infringentes, suprir a segunda omissão apontada pela embargante. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 193DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13609.902382/2013-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.399
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães e Luis Fabiano Alves Penteado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Gasparello Lima.
Relatório
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães e Luis Fabiano Alves Penteado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Gasparello Lima. Relatório 1. Por economia processual e por bem descrever os fatos, adoto como parte deste, o relatório constante da decisão de primeira instância: “A Interessada transmitiu o PER/DCOMP nº 32305.11026.280406.1.3.041092 no qual requer a compensação de débito com crédito referente a Pagamento Indevido ou a Maior de IRPJ (código 5993: IRPJ – Apuração com base no Lucro Real – Estimativa RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 09 .9 02 38 2/ 20 13 -3 3 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13609.902382/201333 Resolução nº 1201000.399 S1C2T1 Fl. 3 2 Mensal; período de apuração 31/08/2010; crédito original na data da transmissão igual a R$ 41.825,02; fls. 50 a 54). 2. A DRF Sete Lagoas emitiu Despacho Decisório (fl. 56) NÃO HOMOLOGANDO a compensação declarada, visto que foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. CARACTERÍSTICAS DO DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP 3. O contribuinte teve ciência do Despacho Decisório em 13/08/2013 (AR; fl. 2), e dele recorreu a esta DRJ, em 12/09/2013 (fls. 3 e 4). Fez, resumidamente, as seguintes alegações. 3.1. Recolheu, no código 5993, o valor de R$ 107.366,77. O valor devido era de R$ 65.525,58. Assim, houve um pagamento a maior de R$ 41.841,19. Utilizou crédito original de R$ 36.987,03 no PER/DCOMP 00719.17331.301210.1.3.040188, e R$ 4.837,99 no PER/DCOMP 22588.46640.310111.1.3.049875, tendo restado saldo não aproveitado de R$ 16,17. 3.2. Procedeu à retificação da DCTF relativa ao período de apuração agosto de 2010, alterando o valor do débito declarado de R$ 107.366,77 para R$ 65.525,58 apurado na DIPJ AC 2010. 3.3. Assim, não fica nenhuma dúvida quanto ao mérito do crédito constituído, conforme documentos anexos. Requer seja acolhida a presente Manifestação de Inconformidade." 2. Em sessão de 30 de janeiro de 2015, a 4ª Turma da DRJ/SPO, por unanimidade de votos, considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade (fls. 03/04), conforme Acórdão nº 1665.167 (fls. 61/70 ), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 31/08/2010 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. Os débitos informados pelo contribuinte em DCTF constituem confissão de dívida, prescindem de lançamento para serem cobrados, Fl. 132DF CARF MF Processo nº 13609.902382/201333 Resolução nº 1201000.399 S1C2T1 Fl. 4 3 tornandose instrumento hábil por meio do qual o Fisco pode promover a cobrança.” “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Data do fato gerador: 31/08/2010 IRPJ. ESTIMATIVA. PAGAMENTO MAIOR QUE O DEVIDO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO. A Recorrente informou débito em DCTF, referente ao mês de agosto de 2003, e efetuou recolhimento no valor nela indicado, integralmente utilizado para quitar o débito confessado. Não comprovado, com documentação hábil e idônea, o erro simplesmente alegado, não há direito creditório a ser reconhecido, nem há como se homologar as compensações declaradas, razão pela qual mantémse a decisão recorrida. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido." 3. A DRJ/SPO não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: 3.1. Todos os tributos informados em DCTF são objeto de imediata confissão de dívida, dispensandose o lançamento de ofício para a constituição dos respectivos créditos tributários. 3.2. A Declaração de Compensação (DCOMP) entregue constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos não homologados (indevidamente compensados). 3.3. Considera que, diante do indeferimento do crédito pleiteado, caberia à Recorrente o ônus de provar sua existência. Para tanto, não bastam simplesmente alegações, desacompanhadas de provas que demonstrem a incorreção do recolhimento inicial e, em decorrência, a existência de recolhimento a maior. Para ser possível a compensação, o crédito há que ser líquido e certo. 3.4. A Recorrente deveria ter juntado aos autos cópia das folhas do Livro Diário e do LALUR e de outros documentos comprobatórios capazes de esclarecer o motivo que ensejou o indébito pleiteado. No mais, o balanço/balancete de suspensão ou redução deveria ter sido transcrito no livro Diário. 3.5. Sustenta que, a prova documental deve ser apresentada juntamente com a Manifestação de Inconformidade, sob pena de precluir o direito da Recorrente fazêlo em outro momento processual. 4. Cientificada da decisão (AR de 19/02/2015, fl. 74), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 23/03/2015 (fls. 76/83), reiterando as razões já expostas em sede de Manifestação de Inconformidade (fls. 02/06) e reforçando que: (i) houve recolhimento a maior de IRPJ no mês de agosto/2010; (ii) diante das provas trazidas aos autos (LALUR, balancete e balanço patrimonial referentes ao período e a DIPJ/2011) não há dúvidas acerca da certeza e liquidez do crédito pleiteado. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13609.902382/201333 Resolução nº 1201000.399 S1C2T1 Fl. 5 4 É o relatório. Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora 5. O recurso é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. 6. Em primeiro lugar, há de se ressaltar a plausibilidade jurídica do pleito da Recorrente, haja vista o tema ser alvo de súmula no âmbito desta Corte Administrativa, a saber: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação A questão controvertida é se há ou não prova de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ em agosto de 2010. 7. De acordo com a jurisprudência deste Egrégio Conselho, em caso de recolhimento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que trata de débito declarado em DCTF não retificada ou retificada após a ciência do Despacho Decisório, cabe ao contribuinte comprovar a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo. 8. É certo que, o descumprimento da obrigação de retificar a DCTF ou a retificação em momento posterior ao Despacho Decisório não enseja a perda do direito creditório, desde que o verdadeiro valor devido possa ser confirmado pela autoridade fiscal através da DIPJ e elementos da escrituração fiscal e contábil que corroborem o valor declarado/confessado. 9. E, por mais que a DIPJ não constitua confissão de dívida, nem represente instrumento hábil para a exigência do crédito tributário nela informado (Súmula CARF nº 82), deve ser considerada instrumento probatório legítimo, juntamente com outros elementos, para fins de demonstrar a ocorrência de suposto erro no preenchimento de outras obrigações acessórias, como é o caso da DCTF. 10. Reforçando essas diretrizes, transcrevo as seguintes ementas: "COMPENSAÇÃO. ESTIMATIVA DE IRPJ. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não se há de reconhecer direito creditório decorrente de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ na situação em que se trata de débito declarado e confessado em DCTF e em DIPJ, não retificadas, e a interessada não comprova cabalmente a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo." (Processo nº 16327.901219/200921, Acórdão nº 1301 002.241, 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária / 1ª Seção, Sessão de 23.03.2017, Relator: Waldir Veiga Rocha) "ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DCTF. DECLARAÇÕES RETIFICADORAS. COMPROVAÇÃO. CRÉDITO RECONHECIDO. Comprovado que o débito confessado em estava equivocado mediante apresentação de declaração retificadora, DIPJ e elementos da escrituração contábil que corroboram o valor declarado/confessado nessa declaração retificadora, reconhecese o direito de crédito homologandose as compensações pleiteadas até esse limite." (Processo nº 13971.901692/201131, Acórdão nº 1402002.379, 4ª Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13609.902382/201333 Resolução nº 1201000.399 S1C2T1 Fl. 6 5 Câmara / 2ª Turma Ordinária / 1ª Seção, Sessão de 26.01.2017, Relator: Fernando Brasil de Oliveira Pinto) "ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. VALOR CORRETO DECLARADO EM DIPJ. INTIMAÇÃO. OCORRÊNCIA. O descumprimento da obrigação de retificar a DCTF não enseja a perda do direito creditório, desde que o verdadeiro valor devido possa ser confirmado pela fiscalização através de outros meios que estivessem à disposição da Fiscalização e após intimação regular da interessada para realizar retificação de suas declarações. O nãoatendimento pelo contribuinte desta intimação, gera a nãohomologação da compensação declarada. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. Ao indicar como crédito um pagamento indevido, destacando, inclusive, as informações constantes do DARF pleiteado, sem proceder a qualquer retificação, embora intimada a fazer, não há como transmudar a vontade expressa na Dcomp transmitida, sendo desnecessária a diligência.” (Processo nº 10860.903213/200965, Acórdão nº 1301002.410, 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária / 1ª Seção, Sessão de 15.05.2017, Relator: José Eduardo Dornelas Souza) 11. Tendo essas premissas em mente, passamos à análise do caso concreto. 12. A Recorrente apresentou três DCTF relativas a agosto de 2010: (i) a original, em 21/10/2010, (ii) a primeira retificadora, em 13/09/2011, e (iii) a segunda retificadora, em 06/09/2013 (ou seja, após a ciência do Despacho Decisório). Nas duas primeiras, foi informado débito de R$ 107.366,77. Na última, débito de R$ 65.525,58. 13. Foi confirmado o recolhimento de R$107.366,77, referente ao código 5993, período de apuração agosto de 2010, efetuado em 30/09/2010. 14. A Recorrente, em sua DIPJ/2011 (AC 2010), entregue em 30/06/2011, efetuou balancete de suspensão/redução em todos os meses do AC 2010, tendo informado débito de R$ 65.525,58 de IRPJ apurado por estimativa, em relação ao mês de agosto (fls. 22). 15. A partir da análise da Parte A do LALUR (fls. 105/113), no período de agosto de 2010, o lucro real foi exatamente de R$ 977.952,24, ou seja, a mesma base de cálculo informada na DIPJ/2011 (fls. 22). 16. A priori, a documentação fiscal e contábil trazida pela Recorrente cumpre o disposto no artigo 923 do RIR1 e é capaz de viabilizar o reconhecimento do direito creditório do contribuinte. 17. Contudo, há que se proceder à verificação quanto à liquidez e certeza do crédito, no que se refere aos demais períodos não incluídos nos presentes autos, considerando se, mutatis mutandis, o contido nas conclusões do Parecer Normativo Cosit nº 2/2015: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em 1 "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais." Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13609.902382/201333 Resolução nº 1201000.399 S1C2T1 Fl. 7 6 PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no § 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; 18. Em face do exposto, voto pela conversão do presente julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal da circunscrição da contribuinte: (i) verifique as DCTFs retificadoras apresentadas, efetuando a apuração do crédito relativo a cada um dos meses, observandose, no que couber, as disposições da IN RFB nº 1.110/2010; (ii) faça o cotejamento desses créditos com as Dcomps relativas a pagamento a maior de estimativa de IRPJ do anocalendário em questão, procedendo à valoração para fins de verificação de suficiência destes, considerandose, inclusive, alguma Dcomp porventura já homologada; (iii) se refaçam as apurações das estimativas mensais dos anoscalendário em pauta, para verificar se as estimativas quitadas foram ou não computadas nas apurações dos meses subsequentes e na apuração anual; 19. Para fins dessa verificação, a contribuinte poderá ser intimada a apresentar livros e documentos. 20. Após a conclusão da diligência, a autoridade fiscal responsável deverá elaborar Relatório Conclusivo, com posterior ciência à Recorrente, para que, se assim desejar, se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias e na seqüência retornem os autos ao E. CARF para julgamento. É como voto. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13609.902382/201333 Resolução nº 1201000.399 S1C2T1 Fl. 8 7 (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 137DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16004.720001/2017-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2013, 2014
LAVOURA CANAVIEIRA. BENEFÍCIO FISCAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA.
Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada.
ATIVIDADE RURAL INTEGRADA COM ATIVIDADE INDUSTRIAL DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA
Produzir de forma integrada pelo acoplamento, numa única pessoa jurídica e num único modo de produção, da atividade rural de plantar e colher com a atividade fabril de transformar o insumo rural em produto industrializado não desnatura cada uma dessas etapas e não inviabiliza o seu reconhecimento econômico, jurídico e contábil em separado, o que possibilita a dedução da depreciação acelerada incentivada dos bens empregados no cultivo da canadeaçúcar.
Numero da decisão: 1401-002.388
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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BENEFÍCIO FISCAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada. ATIVIDADE RURAL INTEGRADA COM ATIVIDADE INDUSTRIAL DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA Produzir de forma integrada pelo acoplamento, numa única pessoa jurídica e num único modo de produção, da atividade rural de plantar e colher com a atividade fabril de transformar o insumo rural em produto industrializado não desnatura cada uma dessas etapas e não inviabiliza o seu reconhecimento econômico, jurídico e contábil em separado, o que possibilita a dedução da depreciação acelerada incentivada dos bens empregados no cultivo da canadeaçúcar. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 72 00 01 /2 01 7- 21 Fl. 1120DF CARF MF 2 Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa. Fl. 1121DF CARF MF Processo nº 16004.720001/201721 Acórdão n.º 1401002.388 S1C4T1 Fl. 1121 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão 0273.215 10ª Turma da DRJ/BHE que por unanimidade de, julgou PROCEDENTE EM PARTE a impugnação para MANTER, integralmente as exigências do IRPJ e CSLL devidas no ajuste anual, consubstanciadas nos respectivos Autos de Infração, acrescidas de multa de ofício de 75% e dos juros de mora cabíveis e MANTER, parcialmente, as multas isoladas sobre as estimativas devidas e não recolhidas a título de IRPJ e CSLL. As infrações tributárias que ensejaram os lançamentos relativo aos tributos IRPJ e CSLL apurados nos anos calendário 2013 e 2014, imputados ao contribuinte decorrem de redução indevida do Lucro líquido naqueles anoscalendário, em virtude da utilização indevida do benefício da depreciação acelerada incentivada, conforme disposto no Relatório Fiscal. Além dos tributos apurados e lançados no ajuste anual – IRPJ e CSLL decorrente da correção do lucro líquido, foram lançadas também multas isoladas pelo não recolhimento de estimativas mensais devidas de ambos os tributos. Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório do acórdão recorrido, naquilo que interessa a solução da lide: Da Infração tributária As infrações tributárias estão minuciosamente descritas no Relatório Fiscal acostado às folhas 735 a 756, sendo abaixo resumidas. Pela análise das DIPJ dos anoscalendário 2013 e 2014, a fiscalização apurou que o contribuinte deduziu do lucro líquido, a título de depreciação incentivada acelerada, além dos bens do ativo permanente (caminhões, tratores, máquinas e equipamentos agrícolas), custos incorridos com a formação das lavouras de canade açúcar registrados em suas contas do ativo, conforme tabela abaixo (fl. 749): Fl. 1122DF CARF MF 4 Entretanto, a autoridade fiscal identificou infração ao artigo 314 do RIR/99, combinado com os conceitos fiscais e contábeis de depreciação / exaustão, e com Parecer Normativo Cosit nº 18 de 1979 que enfrentou o tema, qual seja, a submissão das lavouras de corte ao processo de exaustão, e não de depreciação: Depreciação de bens do Ativo Imobilizado Art. 305. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à diminuição do valor dos bens do ativo resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza e obsolescência normal (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57). Exaustão de Recursos Florestais Art. 334. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos florestais, resultante de sua exploração (Lei nº 4.506, de 1964, art. 59, e DecretoLei nº 1.483, de 1976, art. 4º). Atividade Rural Art. 314. Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural (art. 58), para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano de aquisição (Medida Provisória nº 1.74937, de 1999, art. 5º). O Parecer Normativo CST nº 18/79, versando sobre quotas de exaustão dos recursos florestais, mormente em seus itens 5 e 6, assim define: 5. Colocado o assunto nestes termos, não é difícil concluirse que o custo de formação de florestas ou de plantações de certas espécies vegetais que não se extinguem com o primeiro corte, voltando, depois deste, a produzir novos troncos ou ramos, permitindo um segundo, ou até um terceiro corte, deve ser objeto de quotas de exaustão, ao longo do período total de vida útil do empreendimento, efetuandose os cálculos em função do volume extraído em cada período, em confronto com a produção total esperada, englobando os diversos cortes. Obviamente, as empresas que tiverem situações deste tipo devem munirse de elementos hábeis às demonstrações exigíveis pelo Fisco, como, entre outros, laudos de profissionais qualificados no ramo (engenheirosflorestais, engenheiros agrônomos), que possam seguramente servir de base aos cálculos referidos no item 3, tomando em consideração o eventual decréscimo de produção Fl. 1123DF CARF MF Processo nº 16004.720001/201721 Acórdão n.º 1401002.388 S1C4T1 Fl. 1122 5 após sucessivos cortes. O contribuinte que tiver assim agido, mesmo antes da vigência do DecretoLei nº 1.483/76, sem dúvida terá cumprido os mandamentos legais pertinentes (Lei nº 4.506/64, artigo 59, §1º e 2º; RIR/66, artigo 189, § 1º E 2º, RIR/75, art. 199 e 200). 6. Não obstante a legislação que trata do assunto aqui enfocado referirse a recursos florestais, hão de se aplicar os mesmos princípios e critérios também a empreendimentos que envolvam espécies vegetais de menor porte, não abrangidos no conceito de floresta, à vista da semelhança que aí se afigura e também por se verificar, neste caso, uma perfeita adequação em função da filosofia da legislação fiscal e do tratamento contábiltributário mais recomendável. Referido entendimento foi externado aos contribuintes também por meio das Perguntas e Respostas à apuração do IRPJ e CSLL dos anos calendário 2013 e 2014, onde a Receita Federal do Brasil assim orientava os contribuintes: Cita ainda a autoridade fiscal Acórdãos do CARF que corroboram este entendimento (fls. 752/753), concluindo que os custos de aquisição e formação de cultura de canadeaçúcar devem ser objeto de quotas de exaustão, e não de depreciação, não estando, portanto, sujeitos à depreciação incentivada acelerada prevista na legislação tributária. Cita ainda a autoridade fiscal Acórdãos do CARF que corroboram este entendimento (fls. 752/753), concluindo que os custos de aquisição e formação de cultura de canadeaçúcar devem ser objeto de quotas de exaustão, e não de depreciação, não estando, portanto, sujeitos à depreciação incentivada acelerada prevista na legislação tributária. Cientificado dos Autos de Infração, o contribuinte apresentou impugnação, disposta às folhas 804 a 815 do processo, que pode ser assim resumida: 1. A jurisprudência do CARF permite a possibilidade da depreciação integral, no próprio ano de aquisição, dos custos com a formação da lavoura de cana de açúcar, sob dois fundamentos: interpretação literal dos artigos 305 e 334 do RIR/99, classificando os custos na formação da lavoura como sujeitos à depreciação; e interpretação teleológica do artigo 6º da MP 2.1597/2001, entendendo que não importa a denominação contábil dada à apropriação das despesas efetuadas com os investimentos incentivados, se depreciação, ou exaustão, mas sim a efetiva realização do investimento destinado à atividade que se deseja fomentar. 2. Não pode ser aplicada Multa isolada cumulada com multa de ofício, conforme prevê a Súmula 105 do CARF; 3. Para fins do cálculo das antecipações mensais do ano calendário de 2014, o valor desconsiderado pela fiscalização a título de reversão das lavouras incentivadas, não contempla seu efeito acumulado, mas apenas o valor do próprio mês, resultando em aumento indevido da multa isolada imposta à Santa Luiza; Fl. 1124DF CARF MF 6 Cita também diversos Acórdãos do CARF que corroboram seu entendimento, bem como Parecer MF/SRF/Cosit/DITIR nº 1.383/1995, anexo à impugnação, cuja ementa dispõe que os dispêndios aplicados na formação de canaviais poderão ser depreciados integralmente no próprio períodobase da aquisição. Anexa, ainda, Laudo técnico elaborado pelo Departamento de Economia da Universidade de São Paulo – USP que conclui: Por fim, cita procedimento fiscal anterior com as mesmas infrações, relativas aos anoscalendário 2010 e 2011 (processo 16004.720221/201410), onde o impugnante obteve êxito em julgamento de 2ª instância pelo Acórdão nº 1402 002.372, da 4ª Câmara / 2ª Turma ordinária, que deu provimento unânime ao seu Recurso Voluntário. Apreciada a impugnação, o lançamento foi mantido integralmente quanto as exigências do IRPJ e CSLL devidas no ajuste anual, consubstanciadas nos respectivos Autos de Infração, acrescidas de multa de ofício de 75% e dos juros de mora cabíveis, sob o argumento de que gastos específicos na formação de lavouras não atraem o benefício fiscal da Depreciação Acelerada Incentivada para pessoas jurídicas. Isto porque não contribuem para os fins de modernização de atividades econômicas que justificaram a inserção deste instituto no ordenamento jurídico (art. 313 do RIR/99), observados em todas as demais hipóteses em que tal benefício é aplicável. Além disso, benefícios fiscais interpretamse restritivamente conforme exegese do art. 111 do CTN. Assim, a expressão contábil Bens do Ativo Permanente Imobilizado, reproduzida no art. 314 do RIR/99, interpretase, a princípio, como máquinas, equipamentos e instalações e não engloba, portanto, gastos com formação de lavouras. A aplicação de recursos na formação de lavoura canavieira, por não se extinguir com o primeiro corte, e por voltarem a produzir, permitindo um segundo ou terceiro corte, deverá ser classificada no grupo do ativo imobilizado da pessoa jurídica, para que seus custos sejam absorvidos através de quotas de exaustão. Foram também mantidas parcialmente, as multas isoladas sobre as estimativas devidas e não recolhidas a título de IRPJ e CSLL, pois reduzidos os valores das multas isoladas pelo não recolhimento de IRPJ e CSLL devidos por estimativa nos meses de junho/2014 a outubro/2014. Inconformada apresentou Recurso Voluntário aduzindo a ilegalidade da cumulação das multas isoladas e de ofício, a teor da Súm. CARF n. 105 e a improcedência do lançamento pela autorização legal da pessoa jurídica que explore atividade rural de poder depreciar integralmente, no próprio ano de aquisição, os custos com a formação da lavoura de cana de açúcar em 2010 (R$ 24.901.303,54) por força do artigo 6° da Medida Provisória n.o 2.15970/2001 e do artigo 314 do RIR/99. É o relatório do essencial. Fl. 1125DF CARF MF Processo nº 16004.720001/201721 Acórdão n.º 1401002.388 S1C4T1 Fl. 1123 7 abela do plano Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele conheço. Segundo aponta a autoridade fiscal autuante, a lavoura canavieira, enquanto ativo permanente, está sujeita à exaustão e, não, depreciação, logo, não estaria alcançada pelo beneficio fiscal da depreciação acelerada incentivada já mencionado. A seguir, demonstraremos que são procedentes os argumentos trazidos pela recorrente em sua Impugnação e também em seu Recurso Voluntário uma vez que a lavoura canavieira se sujeita sim à depreciação. Foi essa a convicção formada pela maioria dessa Turma de julgamento, quando enfrentou a questão, embora com outra composição, conforme se depreende do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2005 LAVOURA CANAVIEIRA. BENEFÍCIO FISCAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada. ATIVIDADE RURAL INTEGRADA COM ATIVIDADE INDUSTRIAL DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA Produzir de forma integrada pelo acoplamento, numa única pessoa jurídica e num único modo de produção, da atividade rural de plantar e colher com a atividade fabril de transformar o insumo rural em produto industrializado não desnatura cada uma dessas etapas e não inviabiliza o seu reconhecimento econômico, jurídico e contábil em separado, o que possibilita a dedução da depreciação acelerada incentivada dos bens empregados no cultivo da canadeaçúcar. Acórdão nº 1401001.524 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 01 de fevereiro de 2016. Conforme entendimento que prevaleceu durante a votação: Em resumo, temos que a depreciação ocorre quando o bem está sujeito a desgaste ou perda pelo uso na atividade da empresa, enquanto que a exaustão se dá quando, durante o processo, o próprio bem é extinto. Repetimos, a depreciação se aplica quando há desgaste de uso, enquanto que a exaustão se dá quando os próprios bens se esgotam no tempo e, portanto, o bem Fl. 1126DF CARF MF 8 desaparece. O esgotamento ou desaparecimento físico do ativo é o elemento que distingue a exaustão da depreciação. Como bem ficou demonstrado nas sustentações orais e nos memoriais, os cortes feitos na canadeaçúcar não extinguem a planta, portanto, o bem não se esgota, logo não se aplica a exaustão. Todavia, o bem é desgastado pelo uso ou emprego na atividade da fonte produtora, perdendo seu valor a cada corte, através da depreciação. Tenho para mim que a posição adotada é a correta. Exaustão vem de exaurir, de esgotar, ou seja, o bem é extinto, eliminado, integralmente consumido. É essa a razão pela qual tanto uma floresta, como uma mina de ouro se exaurem. Tanto o ouro como as árvores se esgotam com a extração. Não é o caso da canadeaçúcar. A exploração é promovida como uma colheita não extintiva da planta. Esta volta e crescer e a proporcionar novas colheitas. Todavia, a qualidade do que é colhido a cada corte se reduz. Por isso, essa cultura perde valor por obsolescência em relação a uma nova plantação. Essa perda de valor é, pois, tipicamente reconhecida por meio da depreciação. Nos termos do artigo 179, IV, da Lei n° 6404/1976, com alterações introduzidas pela Lei no 11.638/2007, a sociedade deve registrar no ativo imobilizado os direitos representados por bens destinados à manutenção de suas atividades: Art. 179 As contas serão classificadas do seguinte modo: IV no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto os bens corpóreos destinados a manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos corn essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram companhia os benefícios, riscos e controles desses bens." Nesse mesmo sentido, o Pronunciamento VII do IBRACON afirma que: "Classificamse no imobilizado os direitos representados por bens tangiveis ou intangíveis utilizados ou a serem utilizados na manutenção das atividades da entidade, cuja vida útil econômica, em praticamente todos os casos, seja igual ou superior a um ano e que não estejam destinados a venda ou transformação em numerários" ("Princípios Contábeis", 1BRACON, 2" Edição, Editora Atlas, p.877). A lavoura de canadeaçúcar se estende por duração superior a um ano, portanto, deve ser classificada no ativo permanente ao longo de sua vida útil – a lavoura de canadeaçúcar sofre perda de produtividade devido à sua utilização, em razão da compactação do solo e retirada de parte da planta a cada corte, sem que ocorra sua eliminação, até que ocorra a renovação da lavoura. A canadeaçúcar em ambiente natural, isto é, quando não cultivada pelo homem, não apresenta essas características. Assim, o conceito correto que se aplica à canadeaçúcar, quando cultivada, é a depreciação. Conforme evidenciado no Laudo Técnico sobre a depreciação da lavoura de canadeaçúcar, anexados aos autos, do qual transcrevo o seguinte trecho: Ainda com relação ao corte da canadeaçúcar, ele é realizado na parte aérea da planta (colmos), permanecendo a parte agregada ao solo, que é o rizoma e Fl. 1127DF CARF MF Processo nº 16004.720001/201721 Acórdão n.º 1401002.388 S1C4T1 Fl. 1124 9 as raízes. Assim, a planta permanece no solo e não é extinta com a colheita. Nem mesmo o caule é retirado integralmente. O rizoma, que é também caule, não é extraído na colheita. Ponto primordial é que a cana cortada brota novamente e após vários cortes, por tudo que foi comentado, perde a produtividade, mas, mesmo assim, não se extingue. Para se extinguir tem que ser retirada do solo ou dessecada através da utilização de veneno ou destruída através dos processos de gradeação e aração no solo, podendo após esse processo, ser novamente plantada para novo ciclo de desgaste ou depreciação. Dessa forma, resta comprovada a possibilidade da recorrente realizar a depreciação integral incentivada (pelo artigo 6° da Medida Provisória nO 2.15970/2001 e artigo 314 do RIR/99) dos recursos aplicados na formação da lavoura de cana de açúcar no próprio ano de aquisição. Temos decisões nesse sentido neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a saber: Acórdãos n° 10318.812 (Processo 104690044289298) e n° 10419.138 (Processo 108650004159817). Ante o exposto DOU provimento ao Recuso Voluntário. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin. Fl. 1128DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000100/2002-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/2001
DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N.8/STF.
Aplica-se ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante no 8 do STF, que estabeleceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212(1991.
DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC.
Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543-C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015.
Numero da decisão: 3401-004.472
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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SÚMULA VINCULANTE N.8/STF. Aplicase ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante no 8 do STF, que estabeleceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/1991. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 01 00 /2 00 2- 34 Fl. 546DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 258 a 2741, datado de 25/06/2002 (com ciência em 26/06/2002 – fl. 269), para exigência de COFINS, referente ao período de março de 1996 a fevereiro de 2001, no valor original de R$ 332.436,77, acrescido de juros de mora e de multa de ofício (75 %), pelo não recolhimento de contribuição declarada em sua escrita fiscal. Em 16/08/2002 foi apresentada Impugnação (fls. 282 a 308), argumentando se, em síntese, que: (a) a autuação trata de matéria já apreciada e decidida em esfera administrativa, pela própria RFB (isenção de COFINS para atividades próprias de entidades sem fins lucrativos); (b) a entidade é imune a qualquer contribuição social devida à União (conforme artigo 195, § 7o da CF/1988); (c) é inconstitucional qualquer dispositivo ordinário que pretende exigir o que a Constituição e o artigo 14 do Código Tributário Nacional não exigem para a fruição da imunidade; (d) as entidades de assistência social abrangem as atividades educacionais, não cabendo à fiscalização classificar qual entidade presta assistência social ou não, pois tal classificação decorre de lei; e (e) há precedentes judiciais no sentido do cabimento da imunidade de COFINS para atividades próprias de entidades sem fins lucrativos. A decisão de primeira instância, proferida em 10/11/2004 (fls. 331 a 341) foi, unanimemente, pela procedência do lançamento, sob os fundamentos de que: (a) a COFINS incide sobre a receita das mensalidades cobradas pelas instituições de ensino, sendo a imunidade prevista no artigo 150, VI, "c", da CF restrita a impostos, e a prevista no artigo 195, § 7o, a entidades beneficentes de assistência social; (b) as instituições de educação são prestadoras de serviço e, quando recebem a correspondente contraprestação, não se encontram abrangidas pelo conceito de assistência social; e (c) a isenção prevista na Medida Provisória no 2.158, de 2001, atinge tãosomente as receitas relativas às atividades próprias, não incluindo as receitas de caráter contraprestacional auferidas pelas instituições de educação. Após ciência da decisão da DRJ, em 26/08/2006 (AR de fl. 351), a associação apresenta o Recurso Voluntário de fls. 360 a 392, em 25/09/2006 (fl. 360), reiterando os argumentos expostos na impugnação (principalmente no que se refere ao artigo 195, § 7o, da CF/1988 dispor sobre imunidade, matéria que demanda lei complementar para regulação, conforme entende majoritariamente a doutrina e conforme consagram precedentes judiciais), e acrescentando que basta, para a fruição da imunidade, que a instituição aplique seus resultados em suas finalidades institucionais, conforme preceito da lei complementar. No então Segundo Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução no 20400.632, de 08/10/2008 (fls. 467 e 468), o julgamento foi convertido em diligência, para que “... a fiscalização aponte com clareza a natureza de cada conta componente da base de cálculo”, e “... demonstre se a entidade cumpre os requisitos dos artigos 14 do CTN e 55 da Lei n° 8.212/91 para fruição da imunidade deferida às instituição de assistência social, visto que a maioria do colegiado a entende aplicável também às instituições de educação” (fl. 468). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 547DF CARF MF Processo nº 19515.000100/200234 Acórdão n.º 3401004.472 S3C4T1 Fl. 547 3 Em 31/01/2014, a instituição informa desistência recursal parcial em relação à COFINS em relação aos fatos geradores de 06/1997 a 01/1999, apenas e tão somente em relação ao “faturamento bruto” decorrente da atividade de educação, no sentido estrito da palavra (sem alargamento da base de cálculo), nos montantes originais de R$ 56.094,79 (1997), R$ 101.559,33 (1988) e R$ 9.252,93 (janeiro de 1999), em razão de adesão parcial à reabertura do parcelamento da Lei no 11.941/2009. Informa ainda que insiste no afastamento da autuação de COFINS no que se refere a “exclusão da base de cálculo” de “outras receitas” (decorrentes do alargamento da base de cálculo da receita bruta para os fatos geradores de 03/1996 a 02/2001, e no cancelamento do lançamento em relação ao período de 03/1996 a 06/1997, em virtude de decadência quinquenal, conforme Súmula Vinculante no 8, do STF. Discerne os montantes referentes à rubrica “outras receitas” nas planilhas de fls. 524 a 529. No Relatório de Diligência Fiscal de fls. 534/535, informase: (a) a natureza das contas denominadas “outras receitas” para o período de 03/1996 a 01/1999; (b) que a entidade cumpre os requisitos do artigo 14 do CTN; e (c) que a entidade não cumpre os requisitos do artigo 55 da Lei no 8.212/1991. Do resultado da diligência, deuse ciência à entidade em 26/02/2014 (fl. 538). No despacho de fl. 544, proferido em 29/08/2014, a fiscalização informa que, em razão da adesão do contribuinte à reabertura do parcelamento instituído pela Lei no 11.941/2009, foram transferidos para o processo no 16151.720080/201433 os débitos discriminados nas planilhas de fls. 524 a 529 do requerimento de desistência parcial do recurso voluntário. Em setembro de 2016, o processo foi a mim distribuído, por novo sorteio, visto que o relator original não mais compunha o colegiado. O processo não foi indicado para pauta nos meses novembro e dezembro de 2016, por estarem as sessões suspensas por determinação do CARF. O processo, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também teve a sessão suspensa por determinação do CARF. Em fevereiro, março e abril o processo foi indicado para pauta, mas não pautado, em função do excesso de número de processos a julgar. Em maio de 2017, por fim, o processo foi retirado de pauta por falta de tempo hábil para julgamento. Em julho o processo foi pautado, e retirado de pauta por falta de tempo hábil para julgamento, não tendo sido incluído em pauta em agosto por não estar presente o relator, justificadamente, na sessão de julgamento. Em setembro e outubro, o processo foi incluído em pauta e retirado por falta de tempo hábil para julgamento. Não houve sessões de julgamento em novembro e dezembro de 2017. Em janeiro, fevereiro e março de 2018, o processo também foi pautado e retirado de pauta por falta de tempo hábil para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 548DF CARF MF 4 É preciso esclarecer, de início, que a própria unidade preparadora da RFB já apartou deste processo os débitos incluídos em parcelamento, em virtude de desistência recursal parcial. No “termo de transferência” de fls. 542/543, informase a transferência de débitos para outro processo nos seguintes valores: Apresentamse, assim, os seguintes totais, em relação ao período (apenas com menção aos montantes originais): Ano Montante lançado Montante transferido Montante restante 1997 R$ 63.103,53 R$ 56.094,79 R$ 7.008,74 1998 R$ 112.333,01 R$ 101.559,33 R$ 10.773,68 1999 R$ 9.881,78 R$ 9.252,93 R$ 628,85 Remanescem contenciosos, nestes autos, em relação aos períodos de junho de 1997 a janeiro de 1999, assim, somente os montantes restantes, a serem acrescidos dos devidos consectários, basicamente sob duas alegações de defesa, sequer suscitadas no recurso voluntário: (a) de que restariam maculados pela decadência os lançamentos referentes ao período de 03/1996 a 06/1997, conforme Súmula Vinculante no 8, do STF; e (b) e que deveriam ser excluídos da base de cálculo “outras receitas” (decorrentes do alargamento da base de cálculo da receita bruta para os fatos geradores de 03/1996 a 02/2001). O segundo tema, afeto a “outras receitas”, apesar de constar no voto pela conversão em diligência, não se apresenta, na visão deste relator, como matéria de ordem pública, sendo preclusa a alegação, não estando regimentalmente o julgador vinculado às convicções que ensejaram a conversão em diligência. Quanto ao primeiro tema (decadência), invocando a Súmula Vinculante STF no 8, é de se verificar que a autuação foi cientificada ao sujeito passivo em 26/06/2002, e versa sobre COFINS referente ao período de março de 1996 a fevereiro de 2001. De acordo com a referida Súmula no 8, publicada em 12/09/2008, são inconstitucionais os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência decenal do crédito tributário, para contribuições sociais. Fl. 549DF CARF MF Processo nº 19515.000100/200234 Acórdão n.º 3401004.472 S3C4T1 Fl. 548 5 E dispõe o caput do art. 103A da Constituição Federal de 1988 que: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” (grifo nosso) Aplicase ao caso, assim, a Súmula no 8, do STF, sendo a decadência de contagem quinquenal. No entanto, cabe verificar se houve pagamento antecipado, para fins de aplicação do artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional, ou não, o que culmina na aplicação do artigo 173, I da mesma codificação. E, na autuação, verificase que não houve pagamento da COFINS, justamente por entender a recorrente ser indevido qualquer valor a título da contribuição. Diante da ausência de pagamento antecipado, aplicável é a regra do artigo 173 do CTN, conforme entendimento expresso pelo STJ no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). Fl. 550DF CARF MF 6 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (grifo nosso) Nesse sentido já decidiu, reiteradamente, este CARF: “(...) DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do art. 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do art. 543C do CPC, e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o art. 62A do Anexo II do RICARF.” (Acórdão no 3403002.298, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 25.jun.2013) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403 Fl. 551DF CARF MF Processo nº 19515.000100/200234 Acórdão n.º 3401004.472 S3C4T1 Fl. 549 7 003.106 e 107, no 3403003.305, no 3101001.267, no 3302 002.589, no 3403002.767, no 9202003.060, no 9303002.849 e no 9303002.857). Sendo os débitos mais remotos da autuação correspondentes ao fato gerador de 31/03/1996 (que poderia ter sido lançado em 01/01/1997, primeiro dia do exercício seguinte, marco inicial para a contagem decadencial), e tendo sido o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo em 26/06/2002, há configuração de decadência, no presente processo, apenas em relação aos fatos geradores de 1996. No entanto, cabe ressaltar que após a inclusão em parcelamento, já não resta débito de 1996 contencioso, no presente processo, pelo que, ainda que acolhida a tese esposada na a Súmula Vinculante STF no 8, do STF, remanesce hígido o montante lançado que está sob apreciação deste colegiado. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 552DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.722429/2013-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE ALUGUÉIS. DIMOB. DECLARAÇÃO APRESENTADA APÓS O INÍCIO DA AÇÃO FISCAL
A declaração do cônjuge somente foi transmitida após o início da ação fiscal, e quando já existia inclusive decisão proferida pela Delegacia de Julgamento. Não há que se falar em espontaneidade para efetuar retificação da declaração (art. 138 do CTN).
O art. 7º, § 1º do Decreto 70.235 estabelece que o início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.
Numero da decisão: 2401-005.499
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE ALUGUÉIS. DIMOB. DECLARAÇÃO APRESENTADA APÓS O INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A declaração do cônjuge somente foi transmitida após o início da ação fiscal, e quando já existia inclusive decisão proferida pela Delegacia de Julgamento. Não há que se falar em espontaneidade para efetuar retificação da declaração (art. 138 do CTN). O art. 7º, § 1º do Decreto 70.235 estabelece que o início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 72 24 29 /2 01 3- 46 Fl. 176DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10840.722429/201346 Acórdão n.º 2401005.499 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 18ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro RJ (DRJ/RJ1), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos do voto do Relator, conforme ementa do Acórdão nº 1262.061 (fls. 72/73): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 OMISSÃO DE RENDIMENTOS A TÍTULO DE ALUGUÉIS RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. Não tendo sido comprovado pelo interessado que os aluguéis teriam sido declarados por seu cônjuge, como alegado, resta manter a autuação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O presente processo trata da Notificação de Lançamento – Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 04/09), lavrado contra o Contribuinte em 02/09/2013, onde foi apurado Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar, relativo aos anocalendário 2011, no valor de R$ 3.432,19, acrescido de Juros de Mora, calculados até 30/08/2013, no valor de R$ 349,39 e Multa de Ofício, passível de redução, no valor de R$ 2.574,14, perfazendo um total de Crédito Tributário Apurado de R$ 6.355,72. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 05), verificase que a autuação decorre de omissão de rendimentos recebidos de Pessoa Física, no valor de R$ 12.480,68, informados na Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (Dimob) pelas administradoras. O Contribuinte cientificado da Notificação em 11/09/2013 apresentou, tempestivamente, sua impugnação de fl. 02 onde alega que os rendimentos se referem a receita de aluguel produzida por bem comum ao casal e oferecida à tributação na declaração do cônjuge e que estes rendimentos foram incluídos em sua declaração no formulário Informação do Cônjuge. Para corroborar suas afirmações junta os documentos de fls. 10 a 65. O processo foi encaminhado à DRJ/RJ1 para julgamento, que, através do Acórdão nº 1262.061, julgou Improcedente a Impugnação, mantendo o Crédito Tributário. Em 23/12/2013 o Contribuinte foi intimado do Acórdão da DRJ/RJ1 (AR – fl. 77) e tempestivamente, em 16/01/2014 interpôs seu RECURSO VOLUNTÁRIO de fls. 79 a 82, instruído com os documentos anexados nas fls. 83 a 149. Em seu Recurso Voluntário faz um breve relato dos fatos para em seguida: Fl. 178DF CARF MF 4 1. Reiterar a informação anterior que consta de sua declaração de ajuste, no campo " Informações do Cônjuge", os rendimentos de aluguéis recebidos por seu Cônjuge, a Sr.ª Marlene Tostes Bonato; 2. Informar que a declaração de ajuste do anocalendário 2011 do seu Cônjuge (fls. 85/90), foi transmitida em 27/12/2013, e nela foram declarados os rendimentos recebidos de pessoas físicas, a título de alugueis; 3. Aduzir que a retificação da Dimob feita pela Imobiliária afasta o equívoco cometido e regulariza a declaração, de forma a comprovar que nunca houve intenção de máfé ou sonegação. Finaliza seu Recurso pedindo que seja acolhido o RV a fim de ser cancelado o débito fiscal reclamado. O Processo foi encaminhado ao CARF onde a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em 18/01/2017, através da Resolução nº 2401000.540 (fls. 155/158), resolveu, por unanimidade, converter o julgamento em diligência para a juntada dos seguintes documentos: 1. Declarações de ajuste anual da contribuinte Marlene Tostes Bonato, CPF 051.638.16870, exercício 2012, tanto a original quanto a(s) retificadora(s); e 2. Declarações de ajuste anual do contribuinte José Ademir Bonato, CPF 164.225.46815, exercício 2012, tanto a original quanto a(s) retificadora(s). Os documentos solicitados foram juntados aos autos pela DRF nas folhas 160 a 171 e, em seguida, o Processo encaminhado ao CARF para julgamento. É o relatório. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10840.722429/201346 Acórdão n.º 2401005.499 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Juízo de admissibilidade O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito O presente Processo Administrativo trata da exigência de IRPF decorrente da omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas, durante o ano calendário de 2011, no valor de R$12.408,68, informados na Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (Dimob). A totalidade dos rendimentos decorrentes de aluguéis perfazem o montante de R$ 18.030,68 e se referem tanto aos imóveis administrados pela imobiliária e que foram objeto de notificação por omissão no valor de R$12.408,68, quanto aos imóveis com administração própria (fls. 8/9). Em razões recursais o Recorrente assevera que não ocorreu omissão de rendimentos e que a totalidade da receita de aluguel foi oferecida à tributação na declaração de ajuste da sua esposa, por opção do contribuinte. Ocorre que a declaração do cônjuge somente foi transmitida em 27/12/2013 (fl. 85/90), após o início da ação fiscal, e quando já existia inclusive decisão proferida pela Delegacia de Julgamento. Com efeito, é cediço que, após o início da ação fiscal, não há que se falar em espontaneidade para efetuar retificação da declaração (art. 138 do CTN). Ademais, o art. 7º, § 1º do Decreto 70.235 estabelece que o início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Destarte, a apresentação ou retificação da declaração feita pelo contribuinte que vise à redução ou a exclusão de tributo, somente poderá ser admitida se comprovado erro nela contida, e antes da notificação do lançamento, conforme preceitua o Código Tributário Nacional: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. Fl. 180DF CARF MF 6 § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Dessa forma, a declaração dos rendimentos recebidos de pessoa física, após notificado o contribuinte, não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento. Essa linha de entendimento já esta pacificada neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, consoante enunciado da Súmula nº 33, verbis: Súmula CARF nº 33: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. Assim, não merece prosperar os argumento apresentados pelo Recorrente, devendo ser mantida incólume a decisão proferia em primeira instância. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 181DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.916741/2011-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.590
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 16 74 1/ 20 11 -3 2 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06041.977. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 4 3 É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 5 4 II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 6 5 § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 7 6 prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 8 7 flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 9 8 No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10980.916741/201132 Resolução nº 3301000.590 S3C3T1 Fl. 10 9 Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 110DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002302/2009-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
OMISSÃO DE RECEITAS.
Caracterizam omissões de receitas os valores não contabilizados na escrita fiscal bem como os não informados em DIPJ.
TRANSFERÊNCIAS INTERCONTAS.
Comprovadas mediante extratos bancários as transferências intercontas devem ser excluídas do lançamento.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS., COFINS e CSLL.
Aplica-se aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum.
Numero da decisão: 1301-002.850
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base tributável os valores referentes a transferências entre contas bancárias do sujeito passivo, nos termos da tabela contido no bojo do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissões de receitas os valores não contabilizados na escrita fiscal bem como os não informados em DIPJ. TRANSFERÊNCIAS INTERCONTAS. Comprovadas mediante extratos bancários as transferências intercontas devem ser excluídas do lançamento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS., COFINS e CSLL. Aplica-se aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum.
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Caracterizam omissões de receitas os valores não contabilizados na escrita fiscal bem como os não informados em DIPJ. TRANSFERÊNCIAS INTERCONTAS. Comprovadas mediante extratos bancários as transferências intercontas devem ser excluídas do lançamento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS., COFINS e CSLL. Aplicase aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 23 02 /2 00 9- 97 Fl. 5261DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.262 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base tributável os valores referentes a transferências entre contas bancárias do sujeito passivo, nos termos da tabela contido no bojo do voto da relatora. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 5262DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.263 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos ocorridos e os fundamentos adotados até então: SODESP ORGANIZAÇÃO DE DESPACHOS S/C LTDA, empresa acima identificada, foi submetida a procedimento fiscal tendo sido verificado irregularidade em sua escrituração fiscal em confronto com os dados constantes nos extratos bancários, conforme descrição contida no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 720/726, relativa a Omissão de receitas no ano calendário de 2005: não lançamento de valores auferidos como receitas nos livros contábeis (Diário e Razão), cujos montantes encontramse discriminados em extratos bancários no total de R$ 49.306.320,11. Em decorrência das faltas apuradas, foram lavrados em 25/06/2009, os seguintes autos de infração, cientificados na mesma data: O Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (fls. 732/735): Total do crédito tributário, R$ 27.072.403,07, incluídos o tributo, multa e juros de mora, fundamento legal citado à fl. 735; Contribuição para o Programa de Integração Social PIS (fls. 740/743): Total do crédito tributário, R$ 1.808.541,76, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, fundamento legal citado à fl. 743; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls. 748/751): Total do crédito tributário, R$ 8.330.253,93, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, fundamento legal citado à fl.751. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (fls. 8): Total do crédito tributário, R$ 9.758.992,34, incluído o tributo, multa e os juros de mora. Fundamento legal citado à fl.758. A contribuinte cientificada em 25/06/2009 apresentou defesa alegando, em síntese, que: A interessada presta serviços de despachante, cujos valores dos serviços incluindose taxas, impostos e a remuneração da contribuinte são creditados diretamente em conta corrente bancária pelos usuários, ou seja, apenas parte desta corresponde a receitas efetivamente auferidas; A autoridade fiscal considerou, como receita tributável, a totalidade dos valores creditados em conta bancária, o que é um equívoco, tendo em vista que somente parte dela é receita da impugnante (fl.791/802); Fl. 5263DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.264 4 Grande parte dos valores creditados em conta bancária (R$ 46.304.321,60 fl. 803) representam passivos transitórios, ou seja, apenas transitaram nela, pois representam despesas dos clientes com impostos, taxas, multas entre outras; Os contratos com clientes, anexos aos autos, comprovam a natureza dos serviços prestados pela impugnante bem como justificam os montantes ingressos em suas contas bancárias; Não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos; Cita jurisprudência administrativa a respeito do tema, ora discutido, nos presentes autos; A contribuinte entende que o regime de tributação a ser aplicado ao presente caso deveria ser o da modalidade de “Lucro Arbitrado”, visto que a enorme discrepância entre a receita escriturada e a apurada tomaria a sua escrita imprestável; Solicita diligência fiscal e a possibilidade de sustentação oral com o objetivo de apurar a verdade dos fatos. A DRJ/SÃO PAULO decidiu a matéria através do Acórdão 1624.998, de 19/04/2010 (fls. 3681), julgando improcedente a manifestação de inconformidade, tendo sido lavrada a seguinte ementa: Assumo: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissões de receitas os valores não contabilizados na escrita fiscal bem como os não informados em DIPJ. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS e CSLL. Aplicase aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em sessão de 26 de novembro de 2014, decidiu esta mesma turma converter o processo em diligencia, através da Resolução nº 1301000.244, para que para que a unidade de origem exclua da base tributável os valores referentes as transferências intercontas da pessoa jurídica autuada identificadas nos extratos bancários analisados. Em observância à Resolução CARF nº 1301000.244, foi apresentado Relatório de Diligencia (fl. 5.247). O contribuinte, apesar de devidamente cientificado (AR fl. 5.254), não se manifestou em relação ao referido relatório. É o relatório. Fl. 5264DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.265 5 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora A admissibilidade do Recurso Voluntário já foi apreciada por este colegiado, motivo pelo qual passase a analise do mesmo. Verificase pela leitura do voto condutor da Resolução CARF 1301000.244 que a turma já conduziu o julgamento no sentido de dar provimento parcial ao recurso para fins de exonerar o lançamento no que diz respeito as transferências intercontas da pessoa jurídica autuada identificadas nos extratos bancários analisados e que a diligencia foi requerida apenas para apurar tal valor a ser excluído, vejamos (fl. 4.044 e segs.): Do relatório extraise que a acusação fiscal diz respeito a omissão de receitas operacionais caracterizada pela falta de contabilização de depósitos bancários (e DIPJ) cujos montantes encontramse discriminados com base em extratos bancários no total de R$ 49.306.320,11. A recorrente repete as argumentações iniciais (impugnação) alegando, em síntese, que: l) a autoridade fiscal considerou como receita tributável. a totalidade dos valores creditados em conta bancária; 2) Grande parte dos valores creditados em conta bancária (R$ 46.304.321,60 fl. 803) representam passivos transitórios/adiantamentos; 3) Os contratos com clientes, anexos aos autos, comprovam a natureza dos serviços prestados pela impugnante; 4) Não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos; 5) A contribuinte entende que o regime de tributação a ser aplicado ao presente caso deveria ser o da modalidade de “Lucro Arbitrado”. Em contraponto transcrevese os seguinte fragmentos do voto recorrido: Na questão sob exame, não prevaleceria a presunção de omissão de receita, se a contribuinte comprovasse a origem dos recursos respaldada em documentos hábeis e idôneos, conforme requisitados pela autoridade fiscal em seu Termo de Início de Fiscalização e reintimações posteriores. Observase que a contribuinte não traz aos autos nenhuma prova inequívoca da origem dos recursos depositados em sua conta bancária. Sob esse aspecto, aliás, é de se estranhar que a impugnante não tenha apresentado a documentação requerida nos Termo de Intimação, quando sua veracidade ou não poderia ter sido facilmente aferida por meio da apresentação de comprovantes de pagamentos e outros documentos hábeis para elucidar as operações efetuadas no período fiscalizado. Quanto ao valor tributável apurado pela autoridade fiscal, a contribuinte apresentou a documentação de fls.8l1/3.672 visando comprovar a composição de sua receita tributável. Os documentos basicamente constituemse de demonstrativos de débitos, crédito bancário por cliente, notas fiscais, contratos de financiamento (fl.8l1) e outros, conforme listados pela impugnante, os quais não comprovam a origem dos depósitos em contas correntes de sua titularidade pelos seguintes motivos: Fl. 5265DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.266 6 1) os extratos bancários, por si só, nada comprovam as operações efetuadas pela contribuinte por estarem desprovidos de documentação comprobatória; 2) As notas fiscais ora apresentadas não discriminam quais parcelas se referem à receita da contribuinte, por exemplo, na nota fiscal de fl. 2.920 os valores aparecem agrupados por tipo de serviço sem a descrição das espécies de operações a que se referem. Como as notas fiscais apresentam rubricas genéricas, sem identificação precisa dos clientes usuários dos serviços, não é possível a conciliação dos referidos valores com os demonstrativos apresentados pela impugnante; 3) Todos os valores mencionados bem como os montantes constantes das notas fiscais, já citadas, não estão respaldados em escrita fiscal, o que lhe retira qualquer credibilidade; 4) Não foi apresentado nenhuma documentação comprobatória das operações da contribuinte, frisese que apenas as notas fiscais cópia de contratos com clientes, da maneira como foram emitidas apresentadas, não possibilita qualquer comprovação da origem dos recursos ingressos nas contas bancárias; e, 5) Como não houve a apresentação de documentação comprobatória das operações da contribuinte bem como as mesmas não foram escrituradas nos livros contábeis, impossível tomase o afastamento da presunção legal de omissão de receitas dos montantes auferidos nas contas correntes, conforme apurado no presente Auto de Infração. No que respeita à afirmação da inconformada, de que não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos, não houve a demonstração de quais seriam os referidos valores bem como nada foi apresentado de documentação comprobatória visando elucidar as mencionadas inconsistências. Apenas alegar e não provar é o mesmo que não alegar, pois, nas infrações por presunção legal de omissão de receitas por falta de comprovação de sua origem, a ausência de comprovação dos recursos com documentação hábil e idônea em nada beneficiará a impugnante assim como não afasta a infração que lhe foi imputada. Quanto à questão das escrituração contábil, a pessoa jurídica, tributada pelo regime do Lucro Real, deverá manter a escrituração obedecendose às leis comerciais e fiscais, conforme determina o art.251 do RIR/99. A conservação da escrituração é obrigatória, até que se opere a decadência dos créditos da União, ou, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, conforme art.264 do RIR/99: No presente caso, há a obrigatoriedade de conservação da escrituração para a comprovação das operações efetuadas pela interessada bem como documentação comprobatória a qual respalde os respectivos lançamentos contábeis, o que não foi feito pela impugnante. No presente caso, a autoridade fiscal não desqualificou a escrituração apresentada e, portanto, a alegação da requerente no sentido de tentar desqualificar a sua própria escrituração não merece prosperar. Apenas o que faltou à contribuinte é a. escrituração das receitas apuradas pela autoridade fiscal, provenientes de ingressos de recursos em conta bancária, motivo, este, insuficiente para tomar a escrita fiscal imprestável. Fl. 5266DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.267 7 O art. 288 do RIR/99 determina que a tributação, na hipótese de verificação de omissão de receitas, deve seguir o regime a que estiver submetida a contribuinte no período ora analisado. De fato, compulsando os autos do presente processo constatase que a recorrente após reiteradas intimações deixou de apresentar a comprovação dos depósitos efetuados em suas contas bancárias com documentação de suporte, além do que, sequer contabilizou os depósitos relacionados pela autoridade fiscal. Nos livros Diário e Razão apresentados e cujas cópias encontramse em anexo ao TVF, não há nenhuma conta contábil indicando a contabilização dos valores constantes dos extratos bancários. O contribuinte nem mesmo fez uso da conta caixa para registrar esses valores. Em que pese as considerações retro, o artigo 42 da Lei n◦ 9.430/96, fundamento das exações, expressamente determina (§ 3◦, I): Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Ora, no caso, a autoridade fiscal confirma no TVF (fls. 721): "Em razão do exposto, e devido à inexistência das comprovações acima relacionadas com documentação hábil da origem dos valores depositados nas referidas contascorrentes no anocalendário de 2005, caracterizouse o somatório destes valores, discriminados mensalmente através de planilha anexa e embasados pelas cópias dos extratos bancários, como omissão de receitas por presunção legal, conforme art. 42 da Lei 9.430/96, lavrandose o competente Auto de Infração." Como visto, o texto legal estabeleceu uma presunção legal de omissão de receitas que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Com isso, basta à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram na conta corrente do contribuinte para que haja a presunção de omissão de receitas tributáveis. Assim, a Lei n° 9.430, de 1996, art. 42, estabelece a presunção de que ocorreu o fato gerador, sempre que o contribuinte não conseguir comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária. Desse modo, havendo indícios de depósitos bancários não comprovados, cabe a autoridade fazendária intimar o sujeito passivo para que demonstre sua origem, sob pena de caracterização de omissão de receitas com o lançamento dos créditos tributários. Fl. 5267DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.268 8 É a lei que reconhece esse vínculo e elege os fatos indiciários, os quais, devidamente provados pelo Fisco, permitem a presunção da ocorrência de omissão de receitas. A mesma lei reconhece que pode haver algumas situações em que o fato indiciário não esteja associado à omissão de receitas. Mas, nesses casos, o ônus da prova recai sobre o contribuinte. No caso em concreto, de posse dos demonstrativos elaborados com base nos extratos bancários e, na ausência de comprovação por parte da empresa titular dos depósitos (empresa autuada), a autoridade fiscal apurou a base tributável da infração, qual seja, a soma dos depósitos/créditos relacionados nos extratos bancários e demonstrativo (no valor de R$ 49.306.320,11), receita essa não contabilizada nem declarada em DIPJ. No entanto, ao meu ver, faltou a análise individualizada de que expressamente impõe o § 3º, inciso I do art. 42, da Lei 9430, de 1996, acima transcrito, ou seja, faltou excluir os valores referentes as transferências intercontas da mesma pessoa jurídica identificadas nos extratos bancários. Também, os valores mensais dos créditos não comprovados foram objeto de lançamento de ofício do PIS, da Cofins e da CSLL, pois ficou caracterizada a omissão de receita à qual não há contestação cabal. Nesse passo, a exigência do PIS e da Cofins se dá em consonância com a Lei n° 9.249, de 1995, artigo 24, § 2°, que assim dispõe: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. ... § 2° O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para a seguridade social COFINS e da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP. Com base nas razões expostas, conduzo meu voto no sentido de CONVERTER o julgamento em DILIGÊNCIA para que a unidade de origem exclua da base tributável os valores referentes as transferências intercontas da pessoa jurídica autuada identificadas nos extratos bancários analisados. Tendo em vista o trecho acima transcrito e o sentido do voto condutor, mister se faz analisarse o resultado da diligencia (fl. 5.251 e segs): Após análise das informações prestadas pelo contribuinte esta fiscalização entende que devem ser excluídos da base tributável os valores referentes às transferências entre contas de mesma titularidade constantes do item 8, totalizadas nos meses de ocorrência, novembro e dezembro de 2005. (...) Dessa forma, a base tributável deve ser retificada somente nos meses mencionados, passando a apresentar os valores abaixo relacionados: Fl. 5268DF CARF MF Processo nº 19515.002302/200997 Acórdão n.º 1301002.850 S1C3T1 Fl. 5.269 9 Tendo em vista a fundamentação da Resolução CARF 1301000.244, que coincide com meu convencimento, entendo que deve ser exonerado do lançamento, apenas, os valores correspondentes aos depósitos bancários referentes as transferências intercontas, dando provimento parcial do recurso voluntário. Por fim, importante salientar que aplicase aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum. Conclusão Diante de todo o acima exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para excluir da base tributável os valores referentes a transferências entre contas bancárias do sujeito passivo conforme tabela acima. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 5269DF CARF MF
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