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Numero do processo: 16682.720950/2014-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009 RECURSO DE OFÍCIO. RECEPÇÃO CONCLUSÕES DE DILIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. Nega-se provimento a recurso de ofício quando a decisão que exonerou parte das exigências baseou-se nas conclusões de diligência que concluir pela comprovação de parte das despesas anteriormente glosadas. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. APRESENTAÇÃO DE NOVOS DOCUMENTOS EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. As alegações apresentadas na impugnação devem ser acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo, em observância à legislação do processo administrativo fiscal. Descabe apresentação de novos documentos em sede de recurso voluntário sem a justificação da impossibilidade de apresentação anterior e sem a possibilidade de análise pela instância anterior. NULIDADE DA DECISÃO DE PISO. FALTA E FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Inocorre vício de falta de fundamentação da decisão de Piso quando se comprova que a mesma analisou as provas apresentadas e justificou, fundamentadamente aquelas que foram dispensadas por não cumprirem os requisitos legais. GLOSA DE DESPESAS. AUSÊNCIA DE NOTAS FISCAIS OU PAGAMENTOS SEM A COMPROVAÇÃO DE SUA EFETIVIDADE. Ausente a comprovação da efetividade de despesas - ainda que regularmente intimada a contribuinte - e carente dos demais elementos comprobatórios tais como notas fiscais ou contratos entre outros elementos, correta é a glosa correspondente. GLOSA DE DESPESAS. DUPLICIDADE DE GLOSA. PROCEDÊNCIA. Verificando-se que nas glosas realizadas pela fiscalização encontra-se despesa glosada em duplicidade, é de se determinar a redução do excesso de glosa. RATEIO DE DESPESAS INTRAGRUPO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO CONTRATO E CRITÉRIOS. IMPROCEDÊNCIA. Procede a glosa de despesas oriunda de referido rateio de despesas quando não comprovada a existência de contrato de rateio, juntamente com os critérios para distribuição de custos. POSTERGAÇÃO DE DESPESAS. IMPROCEDÊNCIA. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA PARA ESCRITURAÇÃO. As despesas devem ser apropriadas ao exercício em que são realizada. Incabível a postergação da dedução de despesas para exercício seguinte, sem a existência de motivos justificadores da atuação. A escrituração das despesas deve seguir o princípio da Competência. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na fase de impugnação. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. ABSORÇÃO DA MULTA ISOLADA PELO LIMITE DA MULTA DE OFÍCIO Incabível a aplicação concomitante da multa isolada e da multa de ofício sobre os mesmos fatos. Aplica-se o Princípio da Consunção, absorvendo-se a multa isolada até o limite do valor da multa de ofício aplicada. LANÇAMENTO REFLEXO DE CSLL. PROCEDÊNCIA. Os valores levados a lançamento a título de IRPJ devem, obrigatoriamente, refletir-se nos lançamentos da CSLL em razão da base tributável das contribuições derivar da base do IRPJ.
Numero da decisão: 1401-002.293
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, não conhecer o item 9 do recurso por sua preclusão, já que não foi objeto de impugnação em primeiro grau, nem os documentos carreados apenas por ocasião do recurso voluntário; os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin e Daniel Ribeiro Silva votaram pelas conclusões quanto ao não conhecimento dos documentos. No mérito, também por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da autuação o montante de R$ 36.237,30, a título de duplicidade de glosa de despesas de aluguel e, por maioria de votos, para excluir a aplicação da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e Ailton Neves da Silva que negavam provimento ao recurso para manter as multas isoladas. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Aílton Neves da Silva. Ausente o Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, (Presidente em Exercício), Ailton Neves da Silva, Livia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO

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1401­002.293  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  13 de março de 2018  Matéria  IRPJ ­ GLOSA DE DESPESAS  Recorrente  CAMBRAIA E ROSA COMÉRCIO DE VEÍCULOS E SERVIÇOS LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2009  RECURSO DE OFÍCIO.  RECEPÇÃO CONCLUSÕES DE DILIGÊNCIA.  COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL.  Nega­se provimento a recurso de ofício quando a decisão que exonerou parte  das  exigências  baseou­se  nas  conclusões  de  diligência  que  concluir  pela  comprovação de parte das despesas anteriormente glosadas.  IMPUGNAÇÃO.  ÔNUS  DA  PROVA.  APRESENTAÇÃO  DE  NOVOS  DOCUMENTOS EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.  As alegações apresentadas na impugnação devem ser acompanhadas das provas  documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador  administrativo,  em  observância  à  legislação  do  processo  administrativo  fiscal.  Descabe apresentação de novos documentos em sede de recurso voluntário sem  a justificação da impossibilidade de apresentação anterior e sem a possibilidade  de análise pela instância anterior.  NULIDADE  DA  DECISÃO  DE  PISO.  FALTA  E  FUNDAMENTAÇÃO.  INEXISTÊNCIA.   Inocorre  vício  de  falta  de  fundamentação  da  decisão  de  Piso  quando  se  comprova  que  a  mesma  analisou  as  provas  apresentadas  e  justificou,  fundamentadamente  aquelas  que  foram  dispensadas  por  não  cumprirem  os  requisitos legais.  GLOSA  DE  DESPESAS.  AUSÊNCIA  DE  NOTAS  FISCAIS  OU  PAGAMENTOS SEM A COMPROVAÇÃO DE SUA EFETIVIDADE.   Ausente  a  comprovação  da  efetividade  de  despesas  ­  ainda  que  regularmente  intimada  a  contribuinte  ­  e  carente  dos  demais  elementos  comprobatórios  tais  como  notas  fiscais  ou  contratos  entre  outros  elementos,  correta  é  a  glosa  correspondente.  GLOSA DE DESPESAS. DUPLICIDADE DE GLOSA. PROCEDÊNCIA.   Verificando­se  que  nas  glosas  realizadas  pela  fiscalização  encontra­se  despesa  glosada em duplicidade, é de se determinar a redução do excesso de glosa.  RATEIO  DE  DESPESAS  INTRAGRUPO.  AUSÊNCIA  DE  DEMONSTRAÇÃO DO CONTRATO E CRITÉRIOS. IMPROCEDÊNCIA.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 50 /2 01 4- 76 Fl. 2765DF CARF MF     2 Procede a glosa de despesas oriunda de referido rateio de despesas quando não  comprovada a existência de contrato de rateio, juntamente com os critérios para  distribuição de custos.  POSTERGAÇÃO  DE  DESPESAS.  IMPROCEDÊNCIA.  PRINCÍPIO  DA  COMPETÊNCIA PARA ESCRITURAÇÃO.  As despesas devem ser apropriadas ao exercício em que são realizada. Incabível  a postergação da dedução de despesas para exercício seguinte, sem a existência  de motivos justificadores da atuação. A escrituração das despesas deve seguir o  princípio da Competência.  MATÉRIA NÃO IMPUGNADA   Considera­se  não  impugnada  a  matéria  que  não  tenha  sido  expressamente  contestada na fase de impugnação.   MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. ABSORÇÃO  DA MULTA ISOLADA PELO LIMITE DA MULTA DE OFÍCIO   Incabível a aplicação concomitante da multa isolada e da multa de ofício sobre  os mesmos  fatos. Aplica­se  o  Princípio  da Consunção,  absorvendo­se  a multa  isolada até o limite do valor da multa de ofício aplicada.  LANÇAMENTO REFLEXO DE CSLL. PROCEDÊNCIA.  Os  valores  levados  a  lançamento  a  título  de  IRPJ  devem,  obrigatoriamente,  refletir­se  nos  lançamentos  da  CSLL  em  razão  da  base  tributável  das  contribuições derivar da base do IRPJ.        Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  rejeitar  as  preliminares,  não  conhecer  o  item  9  do  recurso  por  sua  preclusão,  já  que  não  foi  objeto  de  impugnação  em  primeiro  grau,  nem  os  documentos  carreados  apenas  por  ocasião  do  recurso  voluntário;  os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin  e Daniel Ribeiro Silva  votaram  pelas  conclusões  quanto  ao  não  conhecimento  dos  documentos.  No  mérito,  também  por  unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da autuação o montante de  R$ 36.237,30, a título de duplicidade de glosa de despesas de aluguel e, por maioria de votos, para  excluir a aplicação da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa e  Ailton  Neves  da  Silva  que  negavam  provimento  ao  recurso  para  manter  as  multas  isoladas.  Participou  do  julgamento  o Conselheiro  Suplente Aílton Neves  da Silva. Ausente  o Conselheiro  Luiz  Augusto  de  Souza  Gonçalves.  Ausente  momentaneamente  a  Conselheira  Lívia  De  Carli  Germano.  (assinado digitalmente)   Guilherme Adolfo dos Santos Mendes ­ Presidente em Exercício.   (assinado digitalmente)  Abel Nunes de Oliveira Neto ­ Relator.    Participaram  da  presente  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Guilherme  Adolfo  dos  Santos  Mendes,  (Presidente  em  Exercício),  Ailton  Neves  da  Silva,  Livia  De  Carli  Fl. 2766DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.766          3 Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Leticia Domingues  Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.    Relatório  Iniciemos com a transcrição do relatório da Decisão de Piso.  Trata­se  de  autos  de  infração  de  Imposto  de  Renda  Pessoa  Jurídica  –  IRPJ  e  lançamentos reflexos, às fls. 550­569, lavrados para exigir de CAMBRAIA E ROSA COMÉRCIO  DE  VEÍCULOS  E  SERVIÇOS  LTDA.,  pessoa  jurídica  tributada  pelo  regime  do  Lucro  Real,  crédito tributário de R$ 15.937.006,54, incluídos juros de mora, calculados até dezembro de 2014,  cf.  Demonstrativo Consolidado  do Crédito  Tributário  acostado  à  fl.  2,  em  virtude  das  seguintes  infrações,  verificadas  no  ano­calendário  de  2009,  que  se  encontram  discriminadas  no Termo  de  Verificação Fiscal – TVF – às fls 495­525:  1) CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS DESPESAS NÃO DEDUTÍVEIS   Despesas  não  dedutíveis,  por  não  atenderem  aos  requisitos  da  necessidade,  normalidade  e  usualidade, no tipo de operações desenvolvidas pela empresa, em desacordo aos preceitos legais,     Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009: art. 3° da Lei  n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Arts. 247, 248, 249, inciso I, 251, 277, 278, 299 e 300 do  RIR de1999     2) DESPESAS NÃO COMPROVADAS   Glosa de despesas para as quais o contribuinte, devidamente intimado, não apresentou documentos  hábeis e idôneos, que comprovassem sua existência e dedutibilidade.     Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009: art. 3° da Lei  n° 9.249/95. Arts. 247, 248, 249, inciso I, 251, 264, 276, 277, 278, 299 e 300 do RIR/99     3)  INOBSERVÂNCIA  DO  REGIME  DE  ESCRITURAÇÃO  REDUÇÃO  INDEVIDA  DO  LUCRO REAL CAUSADA POR POSTERGAÇÃO DE CUSTOS OU DESPESAS   Postergação no reconhecimento de custos ou despesas dedutíveis, referentes ao ano­calendário de  2008, resultando no não recolhimento (ou recolhimento a menor) do IRPJ no(s) período(s) em que  reconheceu o custo ou despesa postergada.    Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2009 e 31/12/2009. art. 3° da Lei n°  9.249/95. Arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 273 e 274 do RIR/99     4) MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE  CÁLCULO ESTIMADA   Falta  de  pagamento  do  Imposto  de  Renda  Pessoa  Jurídica,  incidente  sobre  a  base  de  cálculo  estimada em função de balanços de suspensão ou redução.   Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos entre 31/01/2009 e 31/12/2009. Arts. 222 e 843  do RIR/99; art. 44, inciso II, alínea b, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei  n° 11.488/07    Fl. 2767DF CARF MF     4 2. No referido TVF, a autoridade fiscal informa que o procedimento fiscal em tela – respaldado  pelo  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  n°  07.1.85.00­2013­00204­4  –  foi  instaurado  em  decorrência de  Inferência Fiscal,  elaborada pela Demac/RJO, cujo  foco era a verificação das  receitas  não  operacionais  e  grupos  de  contas  de  despesas  operacionais  previamente  selecionadas.   3. A ação fiscal teve início em 25/06/2013, quando foi dada ciência à contribuinte do Termo de  Início  de  Fiscalização,  às  fls.  3­4;  seguiram­se,  depois  disso,  10  intimações  entre  agosto  de  2013  e  novembro  de  2014,  nas  quais  a  autoridade  fiscal  requereu,  sem  sucesso  em  muitas  ocasiões,  à  fiscalizada que apresentasse  livros  societários  e  fiscais,  além de demonstrações  e  esclarecimentos sobre despesas e ganhos não operacionais.,   Despesas não dedutíveis ou não comprovadas     4. A análise da documentação enfim disponibilizada pela contribuinte revelou que grande parte  dos  documentos  comprobatórios  apresentados  consistia  tão­somente  de  transferências  bancárias  (DOC,  TED)  insuficientes  para  a  confirmar  a  efetiva  prestação  de  serviços  ou  fornecimento  de materiais,  nos  termos  do  art.  299  do RIR  de  1999  e  do  Parecer Normativo  CST nº 321, de 1981, dado que, verbatim:     (...) somente poderá ser considerada operacional e dedutível, para fins do IRPJ e da CSLL, a  despesa para qual for demonstrada a estrita conexão do gasto com a atividade explorada, bem  como,  é  condição  essencial  que  esteja  revestida  de  caráter  de  necessidade,  normalidade  e  usualidade, no tipo de operações desenvolvidas pela empresa.     5. Desse modo – ressaltou a autoridade fiscal – a contribuinte teria deixado de cumprir com sua  obrigação  de  manter  em  boa  ordem  livros  e  documentos  relacionado  a  suas  atividades  e  situação  patrimonial,  e  de  apresentá­los  à  fiscalização  quando  demandada,  conforme  estabelecem  os  art.  264,  276  e  923  do  RIR  de  1999,  além  de  pacífica  jurisprudência  administrativa. Não foram, portanto, consideradas operacionais – conclui – despesas lastreadas  tão­somente em notas fiscais com especificação genérica emitidas pela prestadora dos serviços,  ou a demonstração de um pagamento efetuado, sem respaldo em contratos ou notas fiscais.   6. No caso em tela, salienta, a finalidade da interessada, conforme documentação societária é:  a) comercialização de veículos nacionais e importados, novos e usados; b) comercialização de  auto peças; c) manutenção de veículos em geral; d) locação de veículos em geral; e) exposição  de veículos; f) participação em outras sociedades e, por fim, g) intermediação de negócios; não  podem se enquadrar na categoria de despesas dedutíveis, pois, despesas que constituem “ato de  favor, estranho aos objetivos sociais”.     Rateio de despesas entre Pessoas Jurídicas pertencentes a um mesmo grupo econômico     7.  No  mesmo  sentido,  a  dedutibilidade  de  despesas  rateadas  entre  sociedades  empresárias  pertencentes a um mesmo grupo econômico para a apuração do lucro real e da base de cálculo  da CSLL,  encontra­se disciplinada no art. 299 do RIR de 1999,  segundo o qual devem estar  devidamente demonstradas – por meio de escrituração e comprovantes de pagamento – e ser  calculadas com base em critérios de rateio objetivos, previamente ajustados e formalizados por  instrumento  firmado entre os  intervenientes,  cf. Solução de Consulta COSIT nº 8 de 2012 e,  mais  recentemente, da Solução de Divergência COSIT nº ° 23 ­ Cosit, de 23 de setembro de  2013.     Regime de competência   Fl. 2768DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.767          5   8. Em seguida, a autoridade fiscal destaca o descumprimento da obrigação de ser observado o  Regime de Competência na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL estatuída nos  art. 247 e 273 do RIR de 1999, segundo o qual o lançamento de diferença de imposto apurado  em  virtude  de  inexatidão  quanto  ao  período  de  incidência  deve  ser  feito  pelo  valor  líquido  depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o  contribuinte tiver direito.     Lançamentos – Despesas não comprovadas ou não dedutíveis     9.  Em  face  dos  eventos  apurados,  bem  assim,  do  conteúdo  da  Declaração  de  Informações  Econômico  Fiscais  da  Pessoa  Jurídica  ­  DIPJ  e  das  Declarações  de  Débitos  e  Créditos  Tributários Federais ­ DCTF referentes ao ano­calendário de 2009, a autoridade fiscal decidiu:   a)  glosar  as  despesas  não  comprovadas  documentalmente,  ou  com  comprovação  deficiente,  discriminadas  nos  Anexo  1  e  2  do  TVF  às  fls.  526­532,  no  total  de  R$  5.146.387,29  e  R$  3.839.931,06, respectivamente;   b)  glosar  as  despesas  cuja  efetividade  e  necessidade  não  foram  demonstradas,  dado  que  diversas notas fiscais ou recibos de honorários apresentados pela contribuinte continham uma  descrição genérica do serviço prestado; cf. se encontra discriminado Anexo 3, às fls. 533­536 ,  que totaliza R$ 6.366.365,77;   c) glosar despesas rateadas entre pessoas jurídicas do mesmo grupo por falta de demonstração  das  despesas  e  de  demonstração  dos  critérios  de  rateio  empregados;  –  informa  a  autoridade  fiscal que, nesse quesito, a contribuinte apresentou Notas de Débito – ND – emitidas por outras  pessoas  jurídicas  pertencentes  ao  mesmo  grupo  empresarial  desacompanhadas,  porém,  de  demonstrativos  dos  critérios  de  rateio  utilizados,  de  comprovantes  do  efetivo  pagamento  e  assinadas  apenas  pelo  contador  da  interessada;  outra  particularidade  –  acrescenta  –  é  que  ocorrem  repetições  sistemáticas  de  débitos  das  mesmas  despesas  administrativas  simultaneamente por diversas empresas do grupo, embora com valores diferentes, o que não é  comum, dado que o normal seria a concentração em uma única empresa, do controle dos gastos  referentes aos departamentos de apoio administrativo centralizados e posterior rateio dos custos  e despesas administrativas;   d) tais despesas, alcançaram R$ 8.526.870,55, cf. vide anexos Anexos 4 e 5, às fls. 536­545;     10.  Todas  as  glosas  supra  referidas  foram  sintetizadas  na  tabela  à  folha  516,  reproduzida  a  seguir.   Fl. 2769DF CARF MF     6     11. Note­se que as despesas objeto da Infração 1 (Despesas não dedutíveis) está contemplada  no  Anexo  3,  enquanto  as  Infrações  2  (Despesas  não  comprovadas)  e  3  (Inobservância  do  Regime de Escrituração) englobadas nos demais anexos.     Lançamento – Não adição de despesas não dedutíveis     12. Ato  contínuo,  a  autoridade  fiscal  aborda  no  TVF  a  ausência  de  adição  de  despesas  não  dedutíveis,  como  o  imóvel  residencial  alugado,  em  nome  da  empresa,  escriturado  como  “residência da senhora Beth”, no total de R$ 210.279,31, cf. tabela à fl. 517.   13.  Analogamente,  os  aluguéis  discriminados  na  planilha  "Composição  alugueis  Cambraia  2009" na qual constam os valores de R$ 52.000,00  (entre  janeiro e março de 2009) e de R$  56.087,00 (entre abril e dezembro daqueles anos) para a despesa de aluguel da concessionária  MARSEILLE, tendo em vista que, no contrato de aluguel comercial, firmado entre a empresa e  a locadora, SRR (pertencente ao mesmo grupo econômico), vigente no período de 01/10/2006  a 30/09/2016, consta o valor  inicial de R$ 26.600,00, corrigido  anualmente pela variação do  IGPM/FGV.   14.  Adotando  o  IGPM  da  Fundação  Getúlio  Vargas,  para  corrigir  o  valor  desse  aluguel  registrado  em  contrato,  a  autoridade  fiscal  entendeu  que  a  diferença  a  maior  contabilizada  como despesas pela  contribuinte,  sem apresentar motivo  justificável,  constituía  ato de  "mera  liberalidade",  inidôneo,  portanto,  para  permitir  a  dedução  da  despesa  de R$  281.440,87,  cf.  tabela à fl. 518.   15. No mesmo  sentido,  o  sujeito  passivo  apresentou,  em  resposta  aos  Termos  de  Intimação  Fiscal  nº  03  a  10,  comprovante  da  despesa  de  R$  134.000,00,  referente  à  aquisição  de  22  pulseiras de ouro amarelo; dado que a atividade principal da contribuinte é a comercialização  de  veículos,  também  essa  despesa  não  atenderia  –  juízo  da  autoridade  fiscal  a  quo  –  aos  requisitos da necessidade, normalidade e usualidade.   16. Acrescente que despesas com brindes – caso  fosse essa a hipótese –  também não seriam  dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, devendo, portanto,   as  bases  de  cálculo,  nos  termos  do  artigo  13, VII,  da  Lei  nº  9.249,  de  1995,  c/c  o  art.  249,  parágrafo único, VIII, do RIR de 1999.   Fl. 2770DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.768          7 17.  O  somatório  dessas  despesas  constituem  o  montante  da  Infração  1  alcançando:  R$  625.720,18, cf. tabela à fl. 519.     Postergação de Despesas     18. A autoridade fiscal constatou que notas fiscais e de honorários no total de R$ 178.525,01,  referiam­se  a  despesas  operacionais  do  ano­calendário  de  2008,  caracterizando,  assim,  inobservância  do  regime  de  competência,  e,  consequentemente,  postergação  de  despesas  daquele ano­calendário para o de 2009, cf. tabela à fl. 520.   19. Tais despesas, ademais, não tinham sido contabilizadas no ano­calendário de 2008, o que  teria  implicado  duplicidade  de  deduções,  em  face  da  inexatidão  do  período  de  apuração  de  competência.  Procedeu,  então,  ao  lançamento  de  diferença  de  imposto  com  base  no  valor  líquido depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração  a que o contribuinte tinha direito.   20. Explica a autoridade fiscal:     Como  no  ano­calendário  de  2008  o  contribuinte  apurou  prejuízo  real  e  base  negativa  da  CSLL, no valor de R$ 29.535.594,03, conforme se observa em sua Declaração de Informações  Econômico  Fiscais  da  Pessoa  Jurídica  ­  DIPJ  2009/2008,  original,  transmitida  em  14/10/2009,  sob  o  nº  0001523399,  anexa  a  este  processo,  a  postergação  de  despesas  operacionais  do  ano­calendário  de  2008  para  2009  implicou  na  redução  indevida  do  lucro  real e da base de cálculo da CSLL no ano­calendário de 2009, posto que já não havia imposto  nenhum a compensar em 2008.   Outrossim,  a  correta  apropriação  das  despesas  dedutíveis  incorridas  no  ano­calendário  de  2008,  por  esta Fiscalização,  ocasionou  o  aumento  do  prejuízo  fiscal  e  da  base  negativa  da  CSLL, neste período, para o valor de R$ 29.714.119,04. Tais alterações  foram consideradas  por esta Fiscalização no presente levantamento, como também, foram devidamente registradas  em nossos controles.   Desta forma, tendo o contribuinte não observado o regime de competência na escrituração de  algumas  despesas  operacionais,  ocasionando  a  redução  indevida  do  lucro  real  no  ano­ calendário de 2009, cabe à fiscalização apurar estes valores, conforme demonstrado no Anexo  6  a  este  Termo  de  Verificação  Fiscal,  intitulado  "Despesas  do  Ano­calendário  de  2008  Postergadas para o Ano­calendário de 2009", e lançar a respectiva infração.   21. A Tabela 3,  à  fl.  521,  reproduzida abaixo, discrimina os valores  a  serem  adicionados de  ofício os referidos às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL (infração reflexa) no ano­calendário  de 2009, e, os montantes a pagar destes tributos.     Fl. 2771DF CARF MF     8   Multas de ofício e isolada aplicadas concomitantemente     22.  Por  fim,  foram  aplicadas  a multa  de  ofício  e  a multa  isolada,  essa  última  em virtude  da  insuficiência  ou  falta  de  pagamento,  após  o  término  do  ano­calendário.  As  sanções  foram  calculadas  sobre  as  diferenças  de  IRPJ  e  CSLL  apuradas  mensalmente,  no  período  entre  01/2009  e  12/2009,  não  declaradas  em  DCTF,  com  códigos  de  recolhimento  2362  e  2484,  respectivamente, conforme discriminado nos Anexos 7 e 8, às fls. 547­548 dos autos.   23. Antecipa­se a autoridade fiscal em defender a compatibilidade da cobrança cumulativa da  multa de ofício e da multa isolada, nos seguintes termos:     Da  análise  do  artigo  44  da  Lei  n°  9.430/1997,  combinado  com  o  art.  16  da  Instrução  Normativa (IN) SRF n° 93/1997, de 24 de dezembro de 1997, (...) verifica­se que tanto a multa  de  ofício  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  aplicada  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração e nos de declaração inexata, quanto à multa de 50% (cinquenta por cento), exigida  isoladamente sobre o valor do pagamento mensal da estimativa não recolhida, estão previstas  em hipóteses legais distintas (incisos I e II da Lei n° 9.430/1996), havendo previsão explícita  para  que  sejam  cobradas  de  forma  cumulativa,  e  após  o  período  de  apuração  (IN  SRF  n°  93/1997). A multa  isolada ainda é devida mesmo que o  somatório das  estimativas apuradas  pela Fiscalização supere a contribuição apurada ao final do ano­calendário. Tal entendimento  resta evidente da leitura da alínea “b” do art. 44 da Lei n°9.430/1996.   24. Reforça o entendimento com reiterada jurisprudência administrativa.   25. Acrescenta que a comprovação das infrações referentes à CSLL e ao IRPJ são decorrentes  dos  mesmos  elementos  de  prova,  os  Autos  de  infração  foram  formalizados  em  um mesmo  processo, conforme determina o art. 92, §1º, do Decreto nº 70.235, de 1972.     Ciência do auto de infração     26.  Devidamente  cientificada  em  17/12/2014,  cf.  documento  à  fl.  594,  a  contribuinte  apresentou, em 15/01/2015,  impugnação, coligida às fls. 690­722, subscrita por representante  com poderes conferidos por procuração e documentos profissionais e societários às fls. 1.149­ 1.199. Acompanham a peça impugnatória os documentos às fls. 738­1.141, 1.200­1.390   Fl. 2772DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.769          9   Impugnação   Preliminar de Nulidade     27. Em caráter preliminar a contribuinte alega que o lançamento em tela contém vícios em sua  fundamentação que não permitiram à Contribuinte identificar as razões específicas pelas quais  os  comprovantes  de  despesas  apresentados  foram  desconsiderados  pela  fiscalização,  implicando, assim, cerceamento de seu direito de defesa.   28.  Argumenta  que,  de  acordo  com  o  TVF,  teria  cometido  três  diferentes  infrações:  1)  não  comprovação de despesas (R$ 23.879.554,67); 2) falta de adição de despesas indedutíveis (R$  625.720,18)  e  3)  indevida  postergação  de  despesas  (R$  178.525,01).  A  motivação  do  lançamento decorre do fato de que, supostamente, não teria logrado comprovar a existência e a  dedutibilidade das despesas mencionadas.   29. Acrescenta que:     (...)  nas  poucas  oportunidades  em  que  o  TVF  se  refere,  em  específico,  aos  documentos  apresentados pela Contribuinte, restam dúvidas sobre os motivos que levaram a fiscalização a  desconsiderá­los.  É  o  que  ocorre,  exemplificativamente,  quanto  às  notas  fiscais  relativas  à  prestação  de  serviços  jurídicos,  de  consultoria  empresarial  e  de  propaganda  e  marketing,  despesas  operacionais  cuja  documentação  foi  grosseiramente  descartada  pela  autoridade  administrativa.     30.  Haveria,  pois,  ausência  de  fundamentação  legal  e  de motivação,  razões  suficientes  para  provocar a nulidade do auto de infração lavrado. O ato administrativo está, ademais, vinculado  aos motivos que o provocaram – cf. a teoria dos motivos determinantes – a portanto, se esses  são inexistentes ou falsos, inquinam o ato de nulidade.   31. Reforça seu entendimento com respeitável jurisprudência administrativa.     Razões de mérito     32. Em breve resumo alega que:     a)  todas  as  despesas  deduzidas,  além  de  necessárias  às  atividades  da  pessoa  jurídica,  encontram­se devidamente comprovadas pela documentação que instrui a impugnação;   b)  um  simples  exame  do  Anexo  1  revela  que  as  despesas  ali  glosadas  se  referem,  em  sua  maioria,  a  diversos  dispêndios  legítimos,  de  tal  sorte  que  o  fundamento  da  autuação,  nesse  caso,  não  reside  na  natureza  das  despesas  glosadas,  mas  sim  na  suposta  ausência  de  sua  comprovação; por esse motivo, a peça impugnatória foi instruída com documentos que atestam  a existência, a natureza, e o efetivo pagamento de  tais  rubricas; – segue­se um detalhamento  mensal de algumas dessas despesas, às fls. 698­700;     Fl. 2773DF CARF MF     10 c) há despesas operacionais que teriam sido triplamente glosadas, quais sejam, as escrituradas  na conta contábil 442002 – Despesas Operacionais Diversas, consolidadas na tabela à fl. 700,  que totalizam R$ 432.861,12;   d) tais despesas, decorrentes de serviços de planejamento tributário e de consultoria, estariam  integralmente  comprovadas pela documentação  que  acompanham a  impugnação e  foram por  glosadas pela Fiscalização em três ocasiões: duas no Anexo 1 (meses de janeiro e abril) e uma  no Anexo 2 (janeiro);   e) cf. consta do próprio Anexo 1 do TVF, no mês de janeiro, as despesas da conta 442002, que  se  referiam  ao  pagamento  de  honorários  advocatícios  e  antes  estavam  escrituradas  na  conta  411405,  foram  reclassificadas  por  engano  como  "despesas  diversas  operacionais";  por  esse  motivo,  consta  do  campo  "histórico"  a  sigla  RECLAS  CONTAS,  que  indica  justamente  a  reclassificação contábil promovida pela contribuinte; em abril de 2009, contudo, a impugnante  observou o erro cometido e promoveu reclassificação contábil na qual retornou os mesmos R$  432.861,12  para  a  conta  411405,  sem,  contudo,  deduzir  novamente  a  despesa  dado  que  se  tratava de mera reclassificação contábil;   f) teria ocorrido, porém, um novo equívoco, pois essa mesma despesa foi incluída no Anexo 2  do TVF, que trata de despesas glosadas pela apresentação deficiente de documentos;   g) no que se  refere  às despesas de aluguéis,  existem contratos de  locação vigentes durante o  período fiscalizado que foram acostados ao conjunto probatório que acompanha a impugnação,  uma parte dos quais  foi  paga por meio de  cheques, cujas microfilmagens,  serão  exibidas em  momento oportuno;   h) referido Anexo 1 glosa em duplicidade o valor de R$ 36.237,30 – cf. tabela à fl. 703 – que  envolve,  mais  uma  vez,  mera  reclassificação  de  despesa,  cf.  se  observa  do  histórico  do  documento;   i)  constam  ainda  do  Anexo  1  do  TVF  despesas  que  não  chegaram  a  ser  deduzidas  pela  contribuinte,  vez que  foram estornadas  antes do procedimento  fiscal,  é o  caso, por  exemplo,  dos valores de R$ 200.000,00 e R$ 6.690,00 (DOC 100011382), referentes ao mês de janeiro  de 2009, contabilmente estornados pelo DOC 100018862 e, portanto, não deduzidos do lucro  líquido da contribuinte; todos estes valores – entende – devem ser excluídos da base de cálculo  dos presentes lançamentos;   j) quanto às despesas para as quais, de acordo com o TVF, os documentos apresentados pela  impugnante, serviriam à comprovação do pagamento mas não da efetiva prestação dos serviços  ou  entrega  dos  materiais,  a  interessada  vem  apresentar,  desde  já,  parte  da  documentação  necessária, a qual, devido ao grande volume, será oportunamente complementada;     k) por ora, destaca a comprovação de despesas relativa à prestação de serviços de planejamento  tributário, advocatícios e consultoria de viabilidade técnica, bem como de desenvolvimento de  programas de computador, aquisição de produtos de limpeza e de placas automotivas, despesas  vinculadas à propaganda e marketing, serviços de panfletagem e o fornecimento de buffet para  evento de lançamento de novos veículos;   l)  o  art.  366  do  RIR  de  1999  admite  como  despesa  dedutível  gastos  com  propaganda  e  publicidade,  segundo  a  fiscalização,  porém,  os  documentos  a  eles  relacionados  não  foram  suficientes para comprová­los o que impôs um ônus adicional à interessada, haja vista que não  Fl. 2774DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.770          11 dispõe de outros meios de comprovação além das notas fiscais emitidas por pessoas jurídicas  idôneas, e comprovantes das operações bancárias de pagamento;   m) as despesas referentes a assessoria advocatícia, prestados por Autos Consultoria e Pesquisa,  Terco Grant Thornton Auditoria e Consultoria e CF 2009 Consultoria Empresarial Ltda, podem  ser  classificadas  como  operacionais,  na  forma  do  art.  47,  §2º,  da  Lei  nº  4.506,  de  1964,  demandando, portanto, sua exclusão dos lançamentos ora atacados;   n)  a  sociedade  empresária  AUTOS  CONSULTORIA  prestou  à  impugnante  serviços  de  desenvolvimento  de  marketing  de  venda  de  veículos  novos  e  usados;  TERCO  GRANT  THORNTON AUDITORIA E CONSULTORIA, empresa idônea e com tradição no mercado,  examinou  os  parcelamentos  tributários  mantidos  pela  impugnante  e,  finalmente,  CF  2009  CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA. prestou serviços de levantamento e identificação de  créditos  de  PIS  e  COFINS  na  aquisição  de  veículos  novos.  Em  todos  os  casos  trata­se  de  despesas corretamente classificadas como operacionais e dedutíveis;   o)  nota  fiscal  e  comprovante  bancário,  também  foram  apresentados  para  comprovar  despesa  com  honorários  advocatícios  do  escritório  MATTOS  FILHO  &  ADVOGADOS  ASSOCIADOS (NFS 97393, 99283 E 99655); e, contraditoriamente,  foram admitidos para a  dedução de despesas em relação ao exercício de 2008;   p) a glosa das despesas para a contratação de buffet para confraternização de final de ano de  seus funcionários – pagos à fornecedora VIA FUNCHAL EMPREENDIMENTOS LTDA. no  mês de novembro de 2009 não merece prosperar porque gastos dessa natureza são amplamente  aceitos pela  jurisprudência  administrativa como dedutíveis,  devendo,  assim,  ser  excluídos da  base de cálculo do IRPJ e da CSLL;   q) na rubrica despesas glosadas pela  falta de demonstração da efetividade e dos critérios de  rateio empregados, objeto dos Anexos 4 e 5, encontram­se os dispêndios realizados em razão  de contrato de compartilhamento de custos celebrado com outras empresas pertencentes ao seu  mesmo grupo econômico; a ilação da autoridade fiscal segundo a qual a prática adotada   pela  impugnante  era  "pouco comum",  porque  todas  as despesas  foram  concentradas  em uma  única  empresa,  não  resiste  ao  argumento  de  que  não  existe  norma  determinando  o  compartilhamento  de  custos  com  todas  as  empresas  do  grupo;  portanto,  a  comprovação  da  existência de critérios objetivos para o rateio é suficiente para afastar a glosa em questão;   r) a suposta falta de adição da despesa não dedutível, no montante de R$ 281.440,87, referente  à diferença entre o valor do aluguel contratado pela impugnante e aquele que fora efetivamente  pago  durante  o  ano  de  2009,  não  merece  prosperar,  porque  o  contrato  que  serviu  de  fundamento  à  Fiscalização  foi  rescindido  no  ano  de  2008,  tendo  sido  substituído  por  instrumento  contratual  anexado  à  impugnação  com  validade  entre  01/03/2008  e  28/02/2018.  Tal contrato estipula o aluguel em exatos R$ 52 mil – cf. cláusula terceira – não havendo que  se falar, pois, em pagamentos a maior, por "mera liberalidade";   s)  do  mesmo  modo,  não  há  que  se  falar  em  postergação  de  despesas  dado  que,  segundo  documentos que  acompanham a  impugnação  referidas despesas  “foram  incorridas durante o  ano­calendário de 2009, uma vez que efetivamente pagas neste exercício”;     Concomitância das Multas     Fl. 2775DF CARF MF     12 33. No que diz respeito à aplicação concomitante de multa de ofício (75%) e de multa isolada  (50%) em razão do não recolhimento das estimativas mensais lançadas nos moldes das demais  rubricas, a impugnante alega que tais multas devem ser afastadas, em primeiro lugar, em face  dos argumentos apresentados anteriormente, que demonstram a legalidade de todos os atos por  ela praticados, e adicionalmente porque do contrário, haveria indevido bis in idem, penalizando  a contribuinte duas vezes por uma mesma conduta.   34.  Argumenta  que  a  matéria  é  regida  pelo  art.  44,  I  e  II,  da  Lei  n°  9.430,  de  1996,  que  estabelecem os mesmos critérios pessoal e material da norma de incidência em ambos os casos,  nesses  termos,  se  a  quantificação  da  obrigação  principal  é  o  valor  decorrente  da  apuração  definitiva  do  tributo,  o  mesmo  tratamento  deve  ser  adotado  em  relação  à  aplicação  das  penalidades, devendo prevalecer, pois,  a multa aplicada quando o  contribuinte não  recolhe o  tributo devido em conformidade com a apuração definitiva.   35. Ademais,  a conduta: deixar de recolher antecipadamente o  tributo,  se exaure com o não  recolhimento do tributo apurado quando da consolidação da obrigação principal devida ao final  do exercício, nessas circunstâncias, se várias normas sancionadoras concorrem entre si, importa  identificar  o  bem  jurídico  tutelado  a  fim de  solucionar o  conflito  normativo,  deve­se,  então,  investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra,  no  caso  de  o  fato  tipificado  transitar  de  uma  lesão menor,  para  outra,maior, mas  de mesma  natureza. No caso em tela – continua – o bem jurídico mais  importante é o crédito  tributário  apurado  ao  fim do  ano­calendário,  enquanto  o  secundário  é  a  antecipação  do  fluxo  de  caixa  associado  àquele,  portanto,  a  penalidade  da  segunda  conduta,  deve  ser  absorvida  pela  penalidade vinculada à obrigação principal.   36.  Conclui  alegando  que  a  legislação  não  determina  expressamente  a  concomitância  das  sanções e traz ao feito, respeitável jurisprudência administrativa sobre a matéria.     Lançamentos reflexos     37. As imputações fiscais resultaram no lançamento de auto de infração relativo ao imposto de  renda  e,  reflexamente,  também  da  CSLL,  como  consequência  lógica,  de  toda  as  despesas  comprovadamente  efetivas  e  necessárias  que  forem  excluídas  da  base  de  cálculo  do  IRPJ  também deverão ser expurgadas da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.   38. Segundo a  impugnante, o  art. 2º da Lei nº 7.689, de 1988 c/c art. 13 da  lei nº 9.249, de  1995, e  também a mais  recente  jurisprudência administrativa do Conselho Administrativo de  Recursos Fiscais – CARF – determina que deverão ser excluídas da base de cálculo da CSLL  todas  as  despesas  cuja  efetividade,  na  forma  da  legislação  comercial,  restarem  comprovada,  ainda que, por outras razões, sejam consideradas indedutíveis em relação à base de cálculo do  imposto de renda.   39.  Portanto,  no  que  tange  à  CSLL,  a  comprovação  de  que  a  pessoa  jurídica  incorreu  na  despesa na forma prevista pela legislação comercial, é suficiente para a sua dedução da base de  cálculo da contribuição, ainda que, eventualmente, seja mantida na base de cálculo do IRPJ.     Pedido     40. Requer, por fim, que a impugnação seja conhecida e integralmente provida.     Fl. 2776DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.771          13 Da  análise  da  impugnação  e  das  razões  da  autuação  a  Delegacia  de  Julgamento entendeu pelo cancelamento parcial das glosas realizadas e julgou procedente em  parte a impugnação, reduzindo parcialmente o auto de infração.  Desta  redução,  que  montou  em  valores  originais  de  R$  1.028.675,14  a  própria Delegacia  recorreu  de ofício  a  esta CARF,  na  forma das  normas  regulamentares  em  vigor à época da decisão.  Cientificado  da  autuação  o  contribuinte  apresentou  Recurso  Voluntário  no  qual aduziu as seguintes alegações:  1 ­ Nulidade ­ Vício na Fundamentação ­ Alega que não restou claro nem na  fiscalização  e  nem  na  decisão  da DRJ  o  porque  de  parte  dos  documentos  apresentados  pela  empresa  como  comprovantes  de  suas  despesas  não  ter  sido  considerado.  Alega  que  não  foi  apresentada  fundamentação  para  não  aceitação  das  despesas  com  contratos  de  planejamento  tributário, consultoria empresarial, propaganda e marketing, transporte, vale­transporte, outras  despesas  operacionais  e  rateio  de  despesas  com  as  demais  empresas  do  grupo  econômico.  Alega  citações  da  doutrina  e  a  teoria  dos  motivos  determinantes  como  essenciais  para  caracterizar o vício da autuação.  2  ­ Mérito  ­ Despesas não Comprovadas  ­ Alega que  tanto na  impugnação,  quanto  agora  no  recurso  voluntário,  apresentam  não  só  os  comprovantes  de  sua  existência,  como de seu pagamento e efetividade de acordo com os documentos acostados junto com suas  peças recursais. Apresenta, em sua defesa, a contestação de algumas despesas específicas com  a  exemplificação  de  sua  efetividade  e  essencialidade,  como  consultoria  tributária,  vale­ transporte,  SERASA,  pagamento  de  honorários  advocatícios,  frete  para  o  transporte  de  veículos.  3  ­ Mérito  ­  Receitas  Triplamente  Glosadas  ­  Argumenta,  neste  ponto  que  embora o acórdão tenha reconhecido parcialmente a duplicidade de glosa das despesas da conta  442002,  alega  que  estas  foram  glosadas  em  triplicidade  e  que,  mais  ainda,  estas  estariam  devidamente  comprovadas.  Alega  que  estas  despesas  foram  classificadas  incorretamente  na  conta 411405, depois foi reclassificada para a conta 442002,  tendo sido glosadas duas vezes.  Tais despesas de referiam a honorários advocatícios. Assim alega que a glosa deve ser excluída  tanto em janeiro, quanto em abril/2009.  4 ­ Mérito ­ Glosa de Despesa de Aluguel ­ Duplicidade ­ Alega que na tabela  abaixo está demonstrada que a despesa de aluguel foi indevidamente glosada duas vezes.    Alega ainda que a glosa deve ser cancelada porque durante o procedimento  foi apresentado comprovante bancário de valor menor em razão da dedução do IR não retido  em meses anteriores e mesmo assim a despesa foi glosada sem qualquer justificativa.  Fl. 2777DF CARF MF     14 5  ­ Mérito  ­ Despesas Posteriormente Estornadas  ­ Alega que determinadas  despesas incluídas no mês de janeiro/2009 como por exemplo de R$ 200.000,00 e R$ 6.690,00,  foram posteriormente estornadas e, assim, não influíram no resultado líquido da empresa.  6  ­  Mérito  ­  Despesas  Glosadas  ­  Documentação  deficiente  ­  II  Item  da  infração I­ Este ponto se refere às despesas que teriam sido comprovadas como pagas, mas que  não  consta  comprovação  da  efetividade  dos  serviços.  Alega  que  nem  a  fiscalização,  nem  a  Decisão  de  Piso  apresentaram  os  motivos  pelos  quais  consideraram  que  as  despesas  não  estavam devidamente comprovadas.   7 ­ Mérito ­ Despesas Glosadas ­ Não demonstrada Efetividade e Necessidade  dos Serviços ­ III Item da infração I ­   Propaganda e Publicidade => A glosa foi mantida em razão de a empresa não  ter  demonstrado  a  efetividade  na  prestação  dos  serviços.  A  recorrente  entende  que  sendo  despesas operacionais e rotineiras a simples apresentação das notas fiscais e comprovantes de  pagamento é suficiente para demonstrar sua efetividade.  Honorários advocatícios, Assessoria e Consultoria => Alega neste item que o  contrato  firmado  com  a  empresa  Autos  se  refere  a  serviços  de  consultoria  operacional  e  de  marketing.  Que  se  tratam  de  despesas  operacionais.  Que  o  valor  dispendido  no  ano  de  R$  1.328.000,00 é plenamente compatível com o valor ajustado entre as partes.  Os serviços da Empresa Terco Grant se referiam a exames dos parcelamentos  tributários  a  fim  de  verificar  a  existência  de  duplicidades  e,  sendo  necessárias,  devem  ser  mantidas.  A  empresa  CF  2009  Consultoria  realizou  serviços  de  levantamento  de  créditos de PIS/COFINS na aquisição de veículos novos.  Alega  que  em  relação  a  estes  itens  não  foi  apresentada  justificativa  para  a  manutenção das glosas, apesar de ter sido comprovado o efetivo pagamento dos serviços.  8 ­ Mérito ­ Despesas Glosadas ­ Falta de demonstração da efetividade e dos  Critérios  de  Rateio  Empregados  ­  Alega  a  existência  de  contrato  de  compartilhamento  de  custos  entre  as  empresas  do  grupo.  Que  o  contrato  em  questão  determina  a  repartição  dos  custos  em  razão  do  faturamento  de  cada  empresa  do  grupo  e  que  inexiste  previsão  legal  a  impedir a utilização destes contratos.  9 ­ Mérito ­ Contradição nos Lançamentos ­ Entende ter havido contradição  no  lançamento  tendo  em  vista  que,  desconsiderando  o  contrato  de  compartilhamento  a  fiscalização  glosou  os  lançamentos  de  débito  referentes  ao  contrato,  no  entanto, manteve  os  lançamentos a crédito da empresa baseados no mesmo contrato. Pleiteia, assim, que caso seja  mantida  a  desconsideração  do  rateio  de  despesas,  que  seja  feito  com  todas  as  suas  consequências também em relação aos lançamentos a crédito.  10 ­ Mérito ­ Infração 03 ­ Postergação de Despesas ­ Alega a empresa que as  despesas glosadas referem­se efetivamente ao ano de 2009 vez que foram pagas neste ano.  11  ­  Concomitância  das  Multas  Isoladas  e  de  Ofício  ­  Protesta  pela  impossibilidade de manutenção das aplicação das duas multas em conjunto sobre os mesmos  fatos.  Fl. 2778DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.772          15 12  ­ Lançamentos Reflexos de CSLL ­ Alega que devem ser  cancelados os  lançamentos de CSLL para as despesas que, sendo glosadas na apuração do lucro real, sejam  dedutíveis na apuração do lucro líquido, tendo em vista que as normas que regulam os tributos  são diversas. Apresenta precedentes do próprio CARF.  É o relatório.    Voto             Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto ­ Relator  O  recurso  é  tempestivo  e  preenche  os  requisitos  legais,  assim  dele  tomo  conhecimento.  Do Recurso de Ofício  Na análise do recurso de ofício, faz­se mister verificar se a soma dos valores  atualizados do principal, multa e juros reduzidos pela decisão de primeira instância monta em  mais de R$ 2.500.000,00 conforme valor de alçada modificado após a prolação da Decisão de  Piso.   Realizando  a  atualização  do  montante  excluído,  R$  1.028.675,14,  resultou  em multa de R$ 771.506,35 e  juros de R$ 1.111.612,06,  totalizando R$ 2.911.763, 55,  razão  pela qual deverá ser objeto de análise o recurso de ofício.  Com  relação  ao  recurso  de  ofício  manejado  pelos  julgadores  a  quo,  verificamos  que  o  julgamento  de  primeira  instância  já  aprofundou  a  análise  realizada  pela  fiscalização  e  admitiu  diversas  despesas  que  teriam  sido  comprovadas  pela  documentação  apresentada juntamente com a impugnação.  Assim, tendo em vista que a decisão a quo limitou­se apenas a reconhecer as  despesas  que  foram  comprovadas,  de  acordo  com  a  sua  apreciação,  a  partir  da  nova  documentação entendemos não haver ressalvas a realizar, devendo ser negado provimento ao  recurso de ofício manejado pela Decisão de Piso.    Do Recurso Voluntário  Com  relação  à  análise  do  recurso  voluntário  verificamos,  inicialmente,  que  junto  com  a  apresentação  deste  o  recorrente  trouxe  à  colação  diversos  documentos  que,  em  tese, comprovariam a realização das despesas cuja validade é alegada no recurso.  Ocorre,  no  entanto,  que  ao  realizarmos  a  verificação  da  documentação  apresentada  junto  ao  recurso  constatamos  que  os  documentos  são  novos  e  distintos  dos  documentos apresentados na impugnação, ou seja, em verdade o contribuinte está, em sede de  recurso  voluntário,  complementando  a  prova  apresentada  anteriormente  durante  o  procedimento fiscal e na impugnação.  Fl. 2779DF CARF MF     16 Constatamos que, durante o procedimento fiscal o contribuinte  foi  intimado  por  dez  vezes  a  apresentar  a  documentação  comprobatória  de  suas  despesas,  referido  procedimento fiscalizatório perdurou por cerca de um ano e meio,  tempo que considero mais  do que suficiente para a pesquisa e juntada da documentação necessária.  Na  sua  impugnação  o  contribuinte  apresentou mais  documentos,  entretanto  nem  todos  eram  prova  material  da  efetivação  das  despesas,  muitos  eram  apenas  ordens  de  compra de emissão da própria empresa, sem a apresentação das notas fiscais e comprovantes  de  pagamento.  Em  razão  disto  é  que  a  Delegacia  de  Julgamento  aceitou  apenas  os  comprovantes de despesas que demonstravam a efetividade dos serviços e o seu pagamento.  Quando da apresentação do recurso voluntário o contribuinte apresenta nova  documentação, agora na tentativa de comprovar a realização das despesas cuja documentação  apresentada no recurso não tenha sido suficiente.  O  problema  da  apresentação  da  documentação  comprobatória  em  sede  de  recurso voluntário é que  transforma o  julgamento recursal em fase de praticamente  instrução  processual,  desvirtuando  o  curso  normal  do  processo  administrativo. Neste  sentido,  aos  que  possam  reclamar  do  cerceamento  do  direito  de  defesa,  uma  coisa  é,  na  fase  recursal,  o  colegiado resolver pela realização de diligência para esclarecer fatos e análise de documentos  já anteriormente apresentados. Esta tarefa faz parte da análise das alegações do recurso.  Diferente é, no  julgamento de  recurso, voltar  à  fase de  instrução probatória  com a apresentação de novos documentos que não antes tenham sido apresentados no processo.  Por isso é que existe a norma do art. 15, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrita, na  qual  existe  a  determinação  de  que  a  documentação  comprobatória  das  alegações  seja  apresentada juntamente com a impugnação.   Art.  15.  A  impugnação,  formalizada  por  escrito  e  instruída  com  os  documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador  no  prazo  de  trinta  dias,  contados  da  data  em que  for  feita  a  intimação da  exigência.  §  4º  A  prova  documental  será  apresentada  na  impugnação,  precluindo  o  direito  de  o  impugnante  fazê­lo  em  outro  momento  processual,  a  menos  que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)  a)  fique demonstrada a  impossibilidade de  sua apresentação oportuna, por  motivo  de  força  maior;  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.532,  de  1997)  (Produção de efeito)  b)  refira­se  a  fato  ou  a  direito  superveniente;  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.532, de 1997) (Produção de efeito)  c) destine­se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.  (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito)  §  5º  A  juntada  de  documentos  após  a  impugnação  deverá  ser  requerida  à  autoridade  julgadora,  mediante  petição  em  que  se  demonstre,  com  fundamentos,  a  ocorrência  de  uma  das  condições  previstas  nas  alíneas  do  parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de  efeito)  §  6º  Caso  já  tenha  sido  proferida  a  decisão,  os  documentos  apresentados  permanecerão  nos  autos  para,  se  for  interposto  recurso,  serem apreciados  Fl. 2780DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.773          17 pela autoridade julgadora de segunda instância. (Redação dada pela Lei nº  9.532, de 1997) (Produção de efeito)    Por  isso  é  que,  neste  julgamento,  com  relação  à  análise  da  nova  documentação apresentada pelo contribuinte, voto por considerar preclusa a juntada desta nova  documentação,  devendo  a  análise  recursal  realizar­se  apenas  com  a  documentação  que  foi  objeto de análise na impugnação e a partir do que foi decidido pela Delegacia de Julgamento  com relação a esta.    Vejamos  os  pontos  levantados  pelo  recorrente  e  nossa  análise  sobre  os  mesmos.  1 ­ Nulidade ­ Vício na Fundamentação  Com relação à primeira nulidade apontada, que se refere a possível vício na  fundamentação tanto do auto de infração quanto da decisão da DRJ, a alegação do recorrente  refere­se  ao  fato  de  parte  da  documentação  apresentada  não  ter  sido  considerada  segundo  o  mesmo.  Inobstante  a  apresentação  desta  alegação,  entendo  não  existirem  motivos  para  a  declaração da nulidade requerida.  Em consulta aos elementos de fundamentação apresentados pela fiscalização  e  pela  DRJ,  podemos  verificar,  conforme  abaixo,  a  existência  de  fatos  e  fundamentos  suficientes para o esclarecimento dos motivos que levaram à não aceitação da documentação e  à glosa das despesas.  No TVF  O contribuinte continuou a apresentar apenas algumas poucas notas fiscais  comprobatórias.      Desta  forma,  tendo  em  vista  o  atendimento,  até  então,  extremamente  deficitário do contribuinte às solicitações da fiscalização, foi agendado uma  reunião com representante da Cambraia, sr. Marcos Donizetti da Silveira,  em 09/09/2014, onde se questionou as injustificáveis faltas de apresentação  de documentos e esclarecimentos por parte da empresa, e  se esclareceu as  implicações  que  tal  procedimento  acarretaria. O  contribuinte  se  desculpou  pela demora no atendimento da fiscalização, alegando dificuldades diversas,  e se comprometeu em apresentar a documentação pendente no prazo máximo  de 10 (dez) dias.    Sendo assim, o contribuinte foi novamente intimado, pessoalmente, por meio  do  Termo  de  Intimação  Fiscal  No  10,  concedendo  um  prazo  adicional  de  mais  10  (dez)  dias  para  atendimento  das  solicitações  contidas  nos  termos  anteriores, e ainda pendentes.   Fl. 2781DF CARF MF     18  Finalmente,  em  correspondência  datada  de  19/09/2014,  a  empresa  apresentou boa parte da documentação anteriormente solicitada.    Após  análise  da  documentação  disponibilizada  pela  empresa,  em  sua  resposta ao TIF no 10, constatamos que para grande parte dos documentos  comprobatórios solicitados pela fiscalização, a empresa apenas apresentou o  comprovante do efetivo pagamento (TED, DOC, transferência bancária etc.),  sendo este insuficiente para a comprovação da efetiva prestação de serviços  ou fornecimento de materiais.    Portanto,  intimamos  novamente  o  contribuinte,  pessoalmente,  por meio  do  Termo de Intimação Fiscal No 11, onde solicitamos novos esclarecimentos e  ratificamos  a  solicitação  para  apresentar  cópias  digitalizadas  dos  documentos comprobatórios (notas fiscais, faturas, contratos etc.), referentes  aos  lançamentos  contábeis,  selecionados  por  amostragem,  obtidos  da  escrituração contábil digital do contribuinte – SPED, sendo que no Anexo 1  do TIF foram relacionados os documentos ainda pendentes de apresentação  e no Anexo 2 os documentos apresentados de forma deficiente.    Nesta mesma data, a empresa apresentou mais algumas poucas notas fiscais  comprobatórias, anteriormente solicitadas.    Por  último,  na  data  de  05/11/2014,  a  empresa  continuou  a  atender  a  fiscalização de  forma parcial,  apresentando mais  alguns  esclarecimentos  e  documentos comprobatórios, quando, então, foi derradeiramente reintimada,  de forma pessoal, a apresentar, por meio do Termo de Intimação Fiscal No  12, datado de 04/11/2014, a documentação e esclarecimentos anteriormente  solicitados, e ainda pendentes de resposta.    Novamente a  empresa  não  se pronunciou e,  também, não apresentou mais  algum novo documento.    Na Decisão de Piso  Preliminar de Nulidade   45.  Não merece  prosperar  a  preliminar  de  nulidade,  dada  a  ausência  dos  requisitos  legais  para  a  sua  declaração,  estipulados  pelo  artigo  59  do  Decreto nº 70.235 de 1972, reproduzido abaixo:   Art. 59. São nulos:   I­ os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;   II ­ os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com  preterição do direito de defesa.   §  1º  A  nulidade  de  qualquer  ato  só  prejudica  os  posteriores  que  dele  diretamente dependam ou sejam conseqüência.   Fl. 2782DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.774          19 §  2º  Na  declaração  de  nulidade,  a  autoridade  dirá  os  atos  alcançados,  e  determinará  as  providências  necessárias  ao  prosseguimento  ou  solução  do  processo.   §  3º  Quando  puder  decidir  do  mérito  a  favor  do  sujeito  passivo  a  quem  aproveitaria  a  declaração  de  nulidade,  a  autoridade  julgadora  não  a  pronunciará  nem mandará  repetir  o  ato  ou  suprir­lhe  a  falta.  (Incluído  pela  Lei nº 8.748, de 1993)   46. A contribuinte argumenta que viu o seu direito de defesa ser limitado em  razão  da  obscuridade  dos  autos  de  infração  impugnados,  tal  raciocínio  é  autocontraditório  haja  vista  que,  malgrado  eventual  falta  de  clareza  de  algum  elemento  tópico  dos  referidos  autos,  a  interessada  apresentou  impugnação consistente questionando todas infrações apuradas.   Apresentação posterior de provas documentais   47. A contribuinte afirma que apresentará, em momento oportuno, elementos  comprobatórios  outros  que  darão  suporte material  a  seus  argumentos.  Tal  pretensão não merece acolhida, em face da disposição expressa no art. 15 do  Decreto nº 70.235, de 1972, reproduzido abaixo.   Art.  15.  A  impugnação,  formalizada  por  escrito  e  instruída  com  os  documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no  prazo  de  trinta  dias,  contados  da  data  em  que  for  feita  a  intimação  da  exigência.   48.  A  disposição  legal  resguarda  o  processo  administrativo  fiscal  que,  do  contrário, ficaria impedido de cumprir seu propósito – produzir um acórdão  –  em  virtude de  um ato  de  vontade do  impugnante. No  caso  em  tela,  há  a  agravante  de  se  tratar  de matéria  reiteradamente  arguida  pela  autoridade  fiscal em pelo menos uma dezena de ocasiões.   49.  Superada  a  preliminar  e  a  questão  genérica  sobre  prova,  passa­se  à  análise do mérito da lide.  Ora,  conforme  tivemos  de  apresentar  trechos  do  relatado  no  TVF  e  na  Decisão  da  DRJ,  a  fundamentação  relativa  à  análise  dos  documentos  apresentados  pela  empresa foi corretamente apresentada. Foram analisados os documentos que comprovavam não  só o pagamento de despesas, como o  tipo de serviço prestados e a certeza de sua realização.  Por isso, antes do julgamento de primeira instância foi determinada a realização de diligência  na  qual,  não  somente  foi  analisada  a  documentação  apresentada,  como  foi  informado  os  documentos que foram considerados e, na Decisão da DRJ, foram informados os documentos  aceitos  e  as  revisões  realizadas,  sendo  que,  quanto  aos  documentos  não  aceitos,  estes,  ao  contrário do que entende o contribuinte, deixaram de ser considerados porque não constituíam  uma prova completa da efetivação de despesas por parte da empresa e não por má vontade ou  inépcia dos responsáveis pelo procedimento de fiscalização.  Sendo assim, entendo que foi apresentada a fundamentação acerca da análise  documental,  consoante  o  acima  demonstrado  e,  neste  ponto  voto  por  rejeitar  a  preliminar  levantada.  Fl. 2783DF CARF MF     20   2 ­ Mérito ­ Despesas não Comprovadas   Neste  ponto  o  recorrente  argumenta  que  teria  apresentado  tanto  na  impugnação, quanto no recurso voluntário os comprovantes da existência e da efetividade do  pagamento das despesas.  Conforme  já  narrado  acima,  os  documentos  apresentados  pela  empresa  na  impugnação  e  no  recurso  voluntário  são  diversos.  A  documentação  apresentada  no  recurso  voluntário é,  em verdade, complementar à apresentada na  impugnação,  tendo em vista que a  que  foi  apresentada  na  impugnação  não  apresentava  a  maioria  dos  comprovantes  de  pagamentos, notas de serviço ou comprovantes do tipo de serviço prestado.  Infelizmente,  conforme  indicamos  no  início  deste  voto,  não  é  possível  demonstrar­se  a comprovação da  efetividade do  pagamento  e da  realização das despesas por  meio dos documentos apresentados em sede de recurso voluntário em face de ter precluído o  direito  da  empresa  de  apresentá­los  após  a  fase  impugnatória,  sem  a  demonstração  da  impossibilidade anterior.  Por  isso,  e  levando  em  consideração  que  a  Delegacia  de  julgamento  já  realizou  a  análise  desta  documentação  tendo  considerado  que  parte  da mesma  foi  suficiente  para a comprovação parcial das despesas glosadas inicialmente, entendo não mais haver como  se apurar novas as despesas a serem consideradas como legítimas haja vista a inexistência de  prova a este respeito que possa ser considerada em face da preclusão já analisada acima.  Pelo  exposto,  em  relação  a  este  item  entendo  por  negar  provimento  ao  recurso  em  face  da  preclusão  do  direito  da  empresa  de  apresentar  novos  documentos  para  apresentar suas despesas, na forma do estatuído pelo art. 15, § 4º, do Decreto­Lei Nº 70.235/72.    3 ­ Mérito ­ Despesas Triplamente Glosadas ­ Argumenta, neste ponto que  embora o acórdão tenha reconhecido parcialmente a duplicidade de glosa das despesas da conta  442002,  alega  que  estas  foram  glosadas  em  triplicidade  e  que,  mais  ainda,  estas  estariam  devidamente  comprovadas.  Alega  que  estas  despesas  foram  classificadas  incorretamente  na  conta 411405, depois foi reclassificada para a conta 442002,  tendo sido glosadas duas vezes.  Tais despesas de referiam a honorários advocatícios. Assim alega que a glosa deve ser excluída  tanto em janeiro, quanto em abril/2009.  Em relação a este tema e consoante análise das observações apresentadas pela  Delegacia de Julgamento, já foram objeto de exclusão da autuação, do montante alegado pelo  recorrente  de  R$  432.861,12,  o  valor  de  R$  404.079,83  que  a  Delegacia  de  Julgamento  conseguiu comprovar que estava glosado em duplicidade. Vejamos a narrativa da Delegacia de  Julgamento quanto à análise destas glosas, aos quais anuímos integralmente.  65. A tabela abaixo, retirada da fl. 700, reproduz o conjunto dessas despesas  sintetizado pela contribuinte em sua peça impugnatória.  Fl. 2784DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.775          21   66. Tais despesas encontram­se mais bem discriminadas na tabela à fl. 843,  reproduzida abaixo:    Fl. 2785DF CARF MF     22   67. Confrontando, os dois anexos verifica­se que, de fato, dos R$ 432,861,12,  reclamados, as despesas associada a Spart Participações e Gilberto Álvares,  totalizando R$ 404.079,83,  encontram­se duplicadas  e,  por  esse motivo,  as  glosas respectivas devem ser canceladas. Não foram encontradas no Anexo 2  referências  à  despesa  da  Nota  Fiscal  nº  80  no  total  de  R$  3.634,89  de  Gilberto Álvares.  68. Não  constam,  tampouco,  dos  anexos  referidos,  duplicatas  relacionadas  aos  três  outros  fornecedores,  ficando  prejudicada,  assim,  a  alegação  da  interessada nesse sentido.  Resulta do exposto que, em verdade a maior parte do pleito do recorrente já  foi objeto de análise e cancelamento por meio da decisão de Piso, não o sendo por completo em  razão de não constarem no anexo referido ou inexistirem os comprovantes das despesas.  Neste sentido voto por negar provimento ao recurso quanto a este item.    4 ­ Mérito ­ Glosa de Despesa de Aluguel ­ Duplicidade   Alega  que  na  tabela  abaixo  está  demonstrada  que  a  despesa  de  aluguel  foi  indevidamente glosada duas vezes.    Alega ainda que a glosa deve ser cancelada porque durante o procedimento  foi apresentado comprovante bancário de valor menor em razão da dedução do IR não retido  em meses anteriores e mesmo assim a despesa foi glosada sem qualquer justificativa.  Neste  ponto,  em  relação  à  duplicidade  da  glosa  apontada  pelo  recorrente  entendemos  assistir  razão  ao  mesmo.  Efetivamente  comprova­se  por  meio  de  consulta  aos  registros contábeis juntados ao processo que a classificação correta da conta deveria ter sido a  411501 – Alugueis PJ e não 411415 – Aluguéis PF.   Fl. 2786DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.776          23 Por esta razão é que a empresa realizou a reclassificação da despesa relativa  ao mesmo período e, assim, a fiscalização ao realizar a glosa, o fez duplamente com relação a  esta mesma despesa. Desta forma, em relação a esta item deve ser excluída da infração o valor  da glosa no montante de R$ 36.237,30 relativo à conta 411415.  Assim,  neste  ponto,  voto  por  considerar  parcialmente  procedente  o  recurso  para  excluir  da  autuação  o  valor  da  glosa  no  montante  de  R$  36.237,30  relativo  à  conta  411415.    5  ­  Mérito  ­  Despesas  Posteriormente  Estornadas  ­  Alega  que  determinadas despesas incluídas no mês de janeiro/2009 como por exemplo de R$ 200.000,00  e R$ 6.690,00, foram posteriormente estornadas e, assim, não influíram no resultado líquido da  empresa.      Quanto  a  este  item,  consultando  a  Decisão  de  Piso  constatamos  que  nela  a  Delegacia  de  Julgamento  manteve  a  glosa  por  entender  que  não  houve  a  comprovação,  na  documentação apresentada juntamente com a impugnação, do documento alegado que levou ao  estorno das despesas que  teriam sido glosadas. Conforme alegação do contribuinte o estorno  das despesas teria sido realizado por meio do documento nº 100018862 que teria sido anexado  à impugnação.      Tendo em vista a firmeza das alegações do recorrente neste ponto, realizamos  exaustiva  busca  nos  documentos  apresentados  junto  com  a  impugnação  e  conseguimos  localizar um único documento,  abaixo  transcrito,  no qual  aparece um  lançamento,  datado de  31/01/2009,  onde  as  contas  de débito  e  de  crédito  são  de  despesas,  ou  seja,  houve,  como  já  afirmado  pela DRJ,  houve  apenas  uma modificação  das  contas  de  despesas  e  não  o  estorno  destas.    Mais ainda, o único documento apresentado é datado de 31/01/2009 e não de  abril/2009 como alegou o recorrente. A título de exemplo, apresentamos lançamento realizado  em  outra  conta  onde  identifica­se,  perfeitamente,  o  lançamento  a  título  de  estorno  de  outra  despesa realizada.  Fl. 2787DF CARF MF     24     Assim,  corroborando  o  que  já  foi  analisado  e  decidido  pela  Delegacia  de  Julgamento,  entendo  que  inexiste  a  comprovação  da  realização  do  estorno  das  despesas  que  foram objeto de glosa e, assim, voto por negar provimento ao recurso neste ponto.    6  ­ Mérito  ­ Despesas Glosadas  ­ Documentação deficiente  ­  II  Item da  infração I  Este ponto se  refere às despesas que  teriam sido comprovadas como pagas,  mas que não consta comprovação da efetividade dos serviços. Alega que nem a fiscalização,  nem a Decisão de Piso apresentaram os motivos pelos quais consideraram que as despesas não  estavam devidamente comprovadas.   Com  relação  a  esta  contestação,  em  verdade  o  assunto  já  foi  objeto  de  tratamento na preliminar de nulidade apresentada pelo recorrente, razão pela qual não mais é  necessária  sua  análise,  posto  que  não  foi  aceita  a  apresentação  de  nova  documentação  comprobatória das despesas.  Assim,  conforme  já  analisado  em  sede  de  preliminar  rejeita­se  o  recurso  apresentado.    7  ­  Mérito  ­  Despesas  Glosadas  ­  Não  demonstrada  Efetividade  e  Necessidade dos Serviços ­ III Item da infração I   Propaganda e Publicidade => A glosa foi mantida em razão de a empresa  não ter demonstrado a efetividade na prestação dos serviços. A recorrente entende que sendo  despesas operacionais e rotineiras a simples apresentação das notas fiscais e comprovantes de  pagamento é suficiente para demonstrar sua efetividade.  Honorários advocatícios, Assessoria e Consultoria => Alega neste item que o  contrato  firmado  com  a  empresa  Autos  se  refere  a  serviços  de  consultoria  operacional  e  de  marketing.  Que  se  tratam  de  despesas  operacionais.  Que  o  valor  dispendido  no  ano  de  R$  1.328.000,00 é plenamente compatível com o valor ajustado entre as partes.  Os serviços da Empresa Terco Grant se referiam a exames dos parcelamentos  tributários  a  fim  de  verificar  a  existência  de  duplicidades  e,  sendo  necessárias,  devem  ser  mantidas.  A  empresa  CF  2009  Consultoria  realizou  serviços  de  levantamento  de  créditos de PIS/COFINS na aquisição de veículos novos.  Alega  que  em  relação  a  estes  itens  não  foi  apresentada  justificativa  para  a  manutenção das glosas, apesar de ter sido comprovado o efetivo pagamento dos serviços.  Fl. 2788DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.777          25 Com relação a estes itens de contestação acima apresentados, reportamo­nos,  novamente,  à  análise  da  nulidade  empreendida  no  início  deste  voto,  onde  restaram  demonstrados os argumentos da fiscalização e da Delegacia de Julgamento para desconsiderar  os elementos de prova apresentados.   Ante  a  ausência  da  documentação  comprobatória  apresentada  à  época  da  fiscalização e da impugnação, não pode este colegiado considerar a documentação apresentada  em fase recursal para comprovar fatos que já deveriam ter sido comprovados anteriormente e  submetidos ao crivo do julgamento da impugnação.  Assim,  não  nos  resta  outra  opção  senão  a  de  negar  provimento  ao  recurso  neste ponto.    8 ­ Mérito ­ Despesas Glosadas ­ Falta de demonstração da efetividade e  dos Critérios de Rateio Empregados ­ Alega a existência de contrato de compartilhamento de  custos  entre  as  empresas  do  grupo.  Que  o  contrato  em  questão  determina  a  repartição  dos  custos  em  razão  do  faturamento  de  cada  empresa  do  grupo  e  que  inexiste  previsão  legal  a  impedir a utilização destes contratos.  Neste ponto assim se pronunciou a decisão de Piso:  Anexos 4 e 5 – Rateios de Despesas   78. Ainda uma vez a  impugnante confunde a  faculdade de  ratear despesas,  admitida  pela  legislação  tributária,  com a  sua  comprovação. Não  constam  dos autos documentos que comprovem os critérios adotados para tal rateio,  mesmo que incomuns.   79. Em face da ausência de comprovação  idônea da repartição pretendida,  deve­se manter integralmente as glosas consolidadas nos anexos 4 e 5.  Em que pese bastante singela a alegação, consultamos o que foi relatado pela  fiscalização no mesmo procedimento. Vejamos:  VI.1.4. Despesas Glosadas pela Falta de Demonstração da Efetividade das  Despesas  Rateadas  entre  empresas  do  Grupo  e  dos  Critérios  de  Rateio  Empregados:    Por meio dos Termos de Intimação Fiscal No 03, 04, 05 e 06, o contribuinte  foi intimado nas datas de 27/12/2013, 07/02/2014, 14/03/2014 e 15/04/2014,  respectivamente, a apresentar, entre outras solicitações, cópias digitalizadas  dos documentos comprobatórios do efetivo pagamento das despesas rateadas  entre  empresas do grupo e  respectivos demonstrativos de  rateio,  referentes  aos  lançamentos  contábeis,  selecionados  por  amostragem,  obtidos  da  escrituração  contábil  digital  do  contribuinte  –  SPED,  conforme  relação  constante do anexo 2 daquele Termo de Intimação. Foi solicitado que fosse  apresentado  ainda  os  critérios  de  rateio  utilizados  pelas  empresas  intervenientes.   Fl. 2789DF CARF MF     26  Em  resposta  datada  de  12/05/2014,  o  contribuinte  apresentou  Notas  de  Débito  ­  ND  emitidas  por  outras  empresas  pertencentes  ao  grupo  empresarial  em desfavor da Cambraia referentes ao  rateio de despesas, as  quais  foram  anexadas  ao  presente  processo  administrativo.  Entretanto  o  contribuinte não apresentou os critérios de rateio utilizados e,  também não  comprovou o  efetivo  pagamento  das  despesas  rateadas. Observa­se,  ainda,  que as Notas de Débito apresentadas encontram­se todas assinadas somente  pelo contador da Cambraia, sr. Ricardo César Zolesi.    Outra  particularidade  observada  nas  Notas  de  Débito  apresentadas  pela  Cambraia  é  que  ocorrem  repetições  sistemáticas  de  débitos  das  mesmas  despesas administrativas  simultaneamente por diversas empresas do grupo,  embora com valores diferentes. Assim, por exemplo, despesas com “salário e  encargos”,  “assistência  médica  e  social”,  “telefones  /  comunicação”,  “consultoria  / auditoria  / assessoria”, entre outras,  são debitadas contra a  Cambraia, nas mesmas competências, pelas empresas Carfrance, Francecar,  Saint Germain e Saint Michel.    Tal procedimento não é comum. O usual seria a concentração em uma única  empresa,  do  controle  dos  gastos  referentes  aos  departamentos  de  apoio  administrativo  centralizados,  para  posterior  rateio  dos  custos  e  despesas  administrativas  comuns  entre  as  empresas  que  não  a  mantenedora  da  estrutura administrativa concentrada.  Sendo assim, esta  fiscalização reintimou a empresa, por meio do Termo de  Intimação Fiscal No  07,  em 06/06/2014,  para  que  fosse  disponibilizado  os  documentos anteriormente solicitados ainda pendentes de apresentação.       Neste  mesmo  termo,  foi  requisitado  que  fossem  apresentadas  cópias  digitalizadas  dos  documentos  comprobatórios  do  efetivo  pagamento  das  despesas rateadas entre empresas do grupo e respectivos demonstrativos de  rateio,  referentes  a  novos  lançamentos  contábeis,  selecionados  por  amostragem  da  escrituração  contábil  digital  do  contribuinte  –  SPED,  conforme relação constante do Anexo 3 daquele Termo de Intimação, como  também, os critérios de rateio utilizados pelas empresas intervenientes.   Embora  sistematicamente  reintimado,  por  meio  dos  Termos  de  Intimação  Fiscal  No  08,  09,  10,  11  e  12,  nas  datas  de  31/07/2014,  20/08/2014,  09/09/2014, 14/10/2104 e 05/11/2014, o contribuinte não se pronunciou mais  sobre este tema e, tampouco, apresentou mais nenhum novo elemento.   Embora o rateio de custos entre empresas do mesmo grupo possa ser prática  usual no mercado,  visando a otimização dos  recursos disponíveis,  tanto de  pessoal  como  de  equipamentos  ou  sistemas,  tal  fato  não  dispensa  os  contribuintes de provarem, se intimados pelo fisco, que a despesa a título de  rateio existiu e que é dedutível na formação do lucro real.   A Tabela abaixo sintetiza os montantes de Notas de Débito ­ ND emitidas por  outras  empresas  pertencentes  ao  grupo  empresarial  em  desfavor  da  Cambraia, conforme dados obtidos de sua contabilidade.   Fl. 2790DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.778          27   Conforme  detalhado  no  tópico  V.4,  para  que  despesas  rateadas  entre  empresas  pertencentes  ao  mesmo  grupo  empresarial  sejam  dedutíveis  do  IRPJ  e  da  CSLL,  é  imprescindível  que  essas  despesas  sejam  devidamente  comprovadas,  pagas  e  escrituradas  e  que  sejam  calculadas  com  base  em  critérios de rateio razoáveis e objetivos, previamente ajustados, formalizados  por instrumento firmado entre os intervenientes.   Como a empresa nada comprovou a este respeito, não resta outra alternativa  à  fiscalização  senão  efetuar  a  glosa  dessas  despesas,  de  acordo  com  a  legislação  de  regência,  anteriormente  descrita  nos  tópicos  V.2  e  V.4  deste  termo, e conforme relacionado nos Anexos 4 e 5 a este Termo de Verificação  Fiscal,  intitulados,  respectivamente,  “Notas  de  Débito  Selecionadas  da  Contabilidade”  e  “Despesas  Glosadas  pela  Falta  de  Demonstração  da  Efetividade das Despesas Rateadas entre empresas do Grupo e dos Critérios  de Rateio Empregados”.   Portanto, concluindo, diante de tudo o que foi exposto no presente relatório,  e tendo em vista a existência de despesas não devidamente comprovadas na  TABELA 1 abaixo, cabe adicionar de ofício os referidos valores às bases de  cálculo do IRPJ e da CSLL (infração reflexa) do ano­calendário de 2009, e,  uma vez recalculado os montantes a pagar destes tributos, lançar os créditos  tributários correspondentes.  Realizamos a  transcrição do  relatado pelo  fiscal  a  fim de demonstrar que  a  empresa  foi  por  diversas  vezes  instada  a  demonstrar  a  existência  do  contrato  de  compartilhamento  de  custos  e  a  efetividade  da  realização  das  despesas.  Apesar  de  diversas  vezes  intimado  não  cuidou  de  apresentar  os  contratos  e  documentações  que  assegurassem  a  legitimidade das despesas.  Mais ainda, mesmo em sua impugnação, já com o lançamento realizado, pude  constatar que o contribuinte não apresentou referido contrato de compartilhamento de custos.  Em  outro  julgado  já  me  manifestei  que  a  existência  de  contrato  de  compartilhamento  de  custos  como  medida  de  racionalidade  administrativa  é  perfeitamente  legítima. Acontece que para tanto, há de se estabelecerem controles mínimos que garantam a  possibilidade  de  se  aferir  o  total  efetivamente  dispendido  pelas  empresas  contratantes  do  compartilhamento e o seu critério de rateio a cada uma das empresas envolvidas no contrato.  Do exposto, inexistindo a comprovação solicitada, voto por negar provimento  ao recurso neste ponto.    Fl. 2791DF CARF MF     28 9  ­  Mérito  ­  Contradição  nos  Lançamentos  ­  Entende  ter  havido  contradição  no  lançamento  tendo  em  vista  que,  desconsiderando  o  contrato  de  compartilhamento  a  fiscalização  glosou  os  lançamentos  de  débito  referentes  ao  contrato,  no  entanto, manteve os lançamentos a crédito da empresa baseados no mesmo contrato. Pleiteia,  assim, que caso seja mantida a desconsideração do rateio de despesas, que seja feito com todas  as suas consequências também em relação aos lançamentos a crédito.  Quanto a este ponto, verificamos que, em sua  impugnação a  recorrente não  apresentou  pedido  semelhante,  razão  pela  qual  este  ponto  não  foi  objeto  de  análise  pela  Delegacia  de  Julgamento.  Assim,  não  havendo  impugnação  quanto  à  necessidade  de  se  excluírem as receitas possivelmente vinculadas ao contrato de compartilhamento de custos, não  se pode, em sede de juízo recursal, realizar discussão sobre assunto não tratado da decisão de  primeira instância em face de sua não apresentação pelo impugnante.  Desta forma, não sendo estabelecido o contraditório pela falta de impugnação  deste  ponto,  não  se  conhece  do  recurso  voluntário  interposto  a  tal  título,  razão  pela  qual  entendemos por negar provimento ao recurso.    10 ­ Mérito ­ Infração 03 ­ Postergação de Despesas ­ Alega a empresa que  as despesas glosadas referem­se efetivamente ao ano de 2009 vez que foram pagas neste ano.  Quando da realização da autuação assim se pronunciou a fiscalização quanto  a este ponto:  VI.3.  Infração  03:  Da  Redução  Indevida  do  Lucro  Real  Causada  por  Postergação de Despesas – IRPJ e CSLL:   Por  meio  do  Termo  de  Intimação  Fiscal  No  03,  na  data  de  27/12/2013,  intimamos o contribuinte a apresentar  cópias digitalizadas dos documentos  comprobatórios  (notas  fiscais,  faturas,  comprovantes  fiscais  do  efetivo  pagamento  etc.),  referentes  aos  lançamentos  contábeis,  selecionados  por  amostragem,  obtidos  da  escrituração  contábil  digital  do  contribuinte  –  SPED, conforme relação constante do Anexo 1 daquele Termo de Intimação.    Pela  análise  da  documentação  comprobatória  dos  lançamentos  contábeis  selecionados,  apresentados  pelo  contribuinte  ao  longo  do  procedimento  fiscal,  constatamos  que  algumas  notas  fiscais  ou  notas  de  honorários  se  referiam a despesas operacionais do ano­calendário de 2008, caracterizando  assim,  inobservância  do  regime  de  competência,  e,  consequentemente,  postergação de despesas do ano­calendário de 2008 para o ano­calendário  de 2009.   A tabela a seguir relaciona as notas fiscais e notas de honorários referentes  a  despesas  do  período  de  apuração  de  2008,  indevidamente  postergadas  para  2009.  Estes  comprovantes  de  despesas  foram  anexados  ao  presente  processo administrativo­fiscal.  Fl. 2792DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.779          29   Convém ressaltar, neste ponto, que essas despesas não foram contabilizadas  no ano­calendário de 2008, o que  implicaria neste caso  em duplicidade de  deduções,  conforme  constatação  realizada  por  esta  fiscalização  na  contabilidade  da  empresa  deste  período,  obtida  via  escrituração  contábil  digital do contribuinte – SPED.  Como no ano­calendário de 2008 o contribuinte apurou prejuízo real e base  negativa da CSLL, no  valor de R$ 29.535.594,03,  conforme  se observa  em  sua  Declaração  de  Informações  Econômica­Fiscais  da  Pessoa  Jurídica  –  DIPJ 2009/2008, original, transmitida em 14/10/2009, sob o no 0001523399,  anexa  a  este  processo,  a  postergação  de  despesas  operacionais  do  ano­ calendário de 2008 para 2009 implicou na redução indevida do lucro real e  da  base  de  cálculo  da CSLL no  ano­calendário  de 2009,  posto  que  já  não  havia imposto nenhum a compensar em 2008    Outrossim,  a  correta  apropriação  das  despesas  dedutíveis  incorridas  no  ano­calendário  de  2008,  por  esta  Fiscalização,  ocasionou  o  aumento  do  prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL, neste período, para o valor de R$  29.714.119,04. Tais alterações foram consideradas por esta Fiscalização no  presente  levantamento,  como  também,  foram  devidamente  registradas  em  nossos controles.  Desta forma tendo o contribuinte não observado o regime de competência na  escrituração  de  algumas  despesas  operacionais,  ocasionando  a  redução  indevida  do  lucro  real  no  ano­calendário  de  2009,  cabe  à  fiscalização  apurar  estes  valores,  conforme  demonstrado  no  Anexo  6  a  este  Termo  de  Verificação  Fiscal,  intitulado  “Despesas  do  Ano­calendário  de  2008  Postergadas  para  o  Ano­calendário  de  2009”,  e  lançar  a  respectiva  infração.    Portanto, diante de tudo o que foi exposto no presente relatório, e tendo em  vista  a  demonstração  de  diferenças  não  tributadas  na  TABELA  3  abaixo,  cabe adicionar de ofício os referidos valores às bases de cálculo do IRPJ e  da  CSLL  (infração  reflexa)  do  ano­calendário  de  2009,  e,  uma  vez  recalculado  os  montantes  a  pagar  destes  tributos,  lançar  os  créditos  tributários correspondentes.    As alegações do contribuinte não condizem com a forma de apuração de seus  lucros.  Inobstante  as  despesas  terem  sido  pagas  em  2009,  pelo  regime  de  competência,  obrigatório às empresas tributadas com base no lucro real, as despesas devem ser reconhecidas  Fl. 2793DF CARF MF     30 desde  a  data  da  emissão  do  respectivo  documento  comprobatório. Assim,  se  as  despesas  se  referem ao ano de 2008, conforme ratificado pelo próprio contribuinte, neste ano deveriam ter  sido reconhecidas e utilizadas na dedução do lucro tributável.   Assim não procedendo, tal procedimento implica na postergação de despesas  pela  inobservância  do  regime  de  escrituração,  razão  pela  qual  procedentes  as  razões  do  lançamento neste ponto. Colecionamos, abaixo, alguns precedentes deste CARF que ratificam  o entendimento.  IRPJ  ­  INOBSERVANCIA  DO  REGIME  DE  COMPETÊNCIA.  0  registro  contábil,  em data errônea, de custo, despesa ou receita, quer no resultado,  quer  no  patrimônio  líquido  como  ajuste  de  exercícios  anteriores,  se  enquadra  perfeitamente  nas  disposições  de  inobservância  do  regime  de  competência, que, conforme dispõe o PN CST n° 2/96, que interpreta o § 5"  do art. 6° do Decreto­Lei n° 1.598/77, só po de gerar lançamento se houver  prejuízo ao fisco. Acórdão n° 1803­00.017, de 18/03/2009, da 5ª Câmara / 1º  Conselho de Contribuintes.   IRPJ  ­  ESCRITURAÇÃO  DE  DESPESA.  REGIME  DE  COMPETÊNCIA.  INOBSERVÂNCIA. EFEITOS. A inexatidão quanto ao período de apuração  de escrituração de despesa constitui fundamento para lançamento de ofício,  quando dela resultar postergação do pagamento do imposto para período de  apuração posterior ao em que seria devido, ou a redução indevida do lucro  real  em qualquer  período  de  apuração. CSLL – TRIBUTAÇÃO REFLEXA.  Sempre que o fato se enquadrar ao mesmo tempo na hipótese de incidência  de mais de um tributo ou contribuição, as conclusões quanto a ele aplicar­ se­ão igualmente no julgamento de todas as exações. Acórdão n° 07­15.670,  de 13/04/2009, da 3ª Turma da DRJ/FNS.   IRPJ  ­  INOBSERVÂNCIA  DO  REGIME  DE  COMPETÊNCIA  EM  ESCRITURAÇÃO  DE  DESPESA.  A  inexatidão,  quanto  ao  período  de  apuração,  na  escrituração  de  receita,  custo  ou  despesa,  somente  constitui  fundamento  para  lançamento  de  imposto  ou  diferença  de  imposto,  se  dela  resultar a postergação do pagamento do imposto para período de apuração  posterior  ao  em que  seria  devido,  ou  a  redução  indevida  do  lucro  real  em  qualquer período de apuração. Acórdão n° 1102­000.463, de 30/06/2011, da  1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária do CARF    Do  exposto,  confirmando­se  a  irregularidade  do  procedimento  do  contribuinte no que toca ao reconhecimento, em 2009, de despesas  relativas ao ano de 2008,  voto por julgar improcedente o recurso neste ponto.    11  ­  Concomitância  das  Multas  Isoladas  e  de  Ofício  ­  Protesta  pela  impossibilidade  de manutenção  da  aplicação  das  duas multas  em  conjunto  sobre  os mesmos  fatos.  Com  relação ao  auto de  infração  relativo  a  aplicação de multa  isolada pela  falta de recolhimento por estimativa, por diversas vezes este tema foi objeto de discussão nesta  Câmara, existindo três diferentes vertentes de opinião:  Fl. 2794DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.780          31 1) A primeira segue no sentido de que a aplicação de multa de ofício relativo  ao  período  de  apuração  anual  do  imposto  impede  a  aplicação  da multa  isolada  pela  falta  de  recolhimento por estimativa em função de tratar­se, em essência do mesmo tributo exigido no  exercício e, assim, o contribuinte estaria sendo penalizado em duplicidade.  2) A segunda corrente advoga no sentido de que as multas de ofício e isolada  punem  condutas  distintas  e  assim,  podem  subsistir  concomitantemente  sem  qualquer  empecilho, visto que os fatos geradores são distintos e também distintas as bases de cálculo.  3)  A  terceira  posição  interpretativa  segue  no  sentido  de  que  os  fatos  geradores sendo complementares as sanções, visto que uma pune a falta de antecipação durante  o  exercício  e  a  outra  pune  a  falta  do  pagamento  no  ajuste  anual,  a  maior  penalidade  deve  prevalecer até o montante em que consuma integralmente a punição pela falta de antecipação,  somente subsistindo esta se comportar montante maior do que a multa de ofício.  Pessoalmente  sou  adepto  da  terceira  corrente  e  da  adoção  do  princípio  da  consunção.  Por  isso,  transcrevo  os  valiosos  fundamentos  do  Conselheiro  Guilherme  Adolfo Mendes no Acórdão 1201­000.235:  As  regras  sancionatórias  são  em  múltiplos  aspectos  totalmente  diferentes  das  normas  de  imposição  tributária,  a  começar  pela  circunstância essencial de que o antecedente das primeiras é composto por  uma  conduta  antijurídica,  ao  passo  que  das  segundas  se  trata  de  conduta  lícita.  Dessarte,  em múltiplas  facetas o  regime das  sanções pelo  descumprimento de obrigações tributárias mais se aproxima do penal que do  tributário.  Pois bem, a Doutrina do Direito Penal afirma que, dentre  as  funções  da  pena,  há  a  PREVENÇÃO  GERAL  e  a  PREVENÇÃO  ESPECIAL.   A primeira é dirigida à sociedade como um todo. Diante da  prescrição da nonna punitiva,  inibe­se o comportamento da coletividade de  cometer  o  ato  infracional.  Já  a  segunda  é  dirigida  especificamente  ao  infrator para que ele não mais cometa o delito.  É,  por  isso,  que  a  revogação  de  penas  implica  a  sua  retroatividade, ao contrário do que ocorre com tributos. Uma vez que uma  conduta  não mais  é  tipificada  como  delitiva,  não  faz  mais  sentido  aplicar  pena se ela deixa de cumprir as funções preventivas.  Essa  discussão  se  torna  mais  complexa  no  caso  de  descumprimento de deveres provisórios ou excepcionais.  Hector Villegas,  (em Direito Penal Tributário. São Paulo,  Resenha Tributária, EDUC, 1994), por exemplo, nos noticia o intenso debate  Fl. 2795DF CARF MF     32 da Doutrina Argentina acerca da aplicação da retroatividade benigna às leis  temporárias e excepcionais.  No direito brasileiro, porém, essa discussão passa ao largo  há muitas décadas, em razão de expressa disposição em nosso Código Penal,  no caso, o art. 3°:  Art.  3"  ­  A  lei  excepcional  ou  temporária,  embora  decorrido  o  período  de  sua  duração  ou  cessadas  as  circunstâncias  que  a  determinaram, aplica­se ao fato praticado durante sua vigência.  O legislador penal impediu expressamente a retroatividade  benigna nesses casos, pois, do contrário, estariam comprometidas as funções  de prevenção. Explico e exemplifico.  Como  é  previsível  a  cessação  da  vigência  de  leis  extraordinárias e certo,  em relação às  temporárias, a exclusão da punição  implicaria  a  perda  de  eficácia  de  suas  determinações,  uma  vez  que  todos  teriam a garantia prévia de, em breve, deixarem de ser punidos. É o caso de  uma  lei  que  impõe  a  punição  pelo  descumprimento  de  tabelamento  temporário  de  preços.  Se  após  o  período  de  tabelamento,  aqueles  que  o  descumpriram não  fossem punidos e eles tivessem a garantia prévia disso, por  que então cumprir a lei no período em que estava vigente?  Ora, essa situação já regrada pela nossa codificação penal  é absolutamente análoga à questão ora sob exame, pois, apesar de a regra  que  estabelece  o  dever  de  antecipar  não  ser  temporária,  cada  dever  individualmente considerado é provisório e diverso do dever de recolhimento  definitivo que se caracterizará no ano seguinte.  Nada  obstante,  também  entendo  que  as  duas  sanções  (a  decorrente do descumprimento do dever de antecipar e a do dever de pagar  em definitivo) não devam ser aplicadas conjuntamente pelas mesmas razões  de me valer, por terem a mesma função, dos institutos do Direito Penal.  Nesta  seara  mais  desenvolvida  da  Dogmática  Jurídica,  aplica­se  o  Princípio  da  Consunção.  Na  lição  de  Oscar  Stevenson,  "pelo  princípio da consunção ou absorção, a norma definidora de um crime, cuja  execução  atravessa  fases  em  si  representativas  desta,  bem  como  de  outras  que  incriminem  fatos  anteriores  e  posteriores  do  agente,  efetuados  pelo  mesmo fim prático". Para Delmanto, "a norma incriminadora de fato que é  meio  necessário,  fase  normal  de  preparação  ou  execução,  ou  conduta  anterior  ou  posterior  de  outro  crime,  é  excluída  pela  norma  deste". Como  exemplo, os crimes de dano, absorvem os de perigo. De igual sorte, o crime  de estelionato absorve o de  falso. Nada obstante, se o crime de estelionato  não chega a ser executado, pune­se o falso.  É  o  que  ocorre  em  relação  às  sanções  decorrentes  do  descumprimento de antecipação e de pagamento definitivo. Uma omissão de  receita,  que  enseja  o  descumprimento  de  pagar  definitivamente,  também  acarreta  a  violação  do  dever  de  antecipar.  Assim,  pune­se  com  multa  Fl. 2796DF CARF MF Processo nº 16682.720950/2014­76  Acórdão n.º 1401­002.293  S1­C4T1  Fl. 2.781          33 proporcional. Todavia, se há uma mera omissão do dever de antecipar, mas  não do de pagar, pune­se a não antecipação com multa isolada.  No presente caso, percebe­se que a multa de ofício excede o valor da multa  isolada pelo não recolhimento da estimativa, absorvendo­a integralmente. Desta forma entendo  por dar provimento ao recurso a fim de excluir a aplicação da multa isolada em razão desta ter  sido integralmente abrangida pela multa de ofício.    12 ­ Lançamentos Reflexos de CSLL ­ Alega que devem ser cancelados os  lançamentos de CSLL para as despesas que, sendo glosadas na apuração do lucro real, sejam  dedutíveis na apuração do lucro líquido, tendo em vista que as normas que regulam os tributos  são diversas. Apresenta precedentes do próprio CARF.  Ao  contrário  do  que  pretende  o  recorrente  a  glosa  das  despesas  realizadas  pela fiscalização provocou alterações na apuração do  lucro  líquido da empresa e não em seu  lucro  real,  vez  que  se  referiam  a  despesas  consideradas  na  dedução  do  lucro  bruto.  Assim,  qualquer  alteração  nestas  despesas,  conforme  realizado  no  procedimento  de  fiscalização  em  análise,  provoca  alterações  no  lucro  líquido  da  empresa  e,  em  consequência,  reflete  na  apuração da CSSL, vez que a base de cálculo original desta é o lucro líquido.  Assim, referindo­se os lançamentos à apuração do lucro líquido da empresa,  devem obrigatoriamente  refletir­se na apuração da CSLL como consequência obrigatória dos  lançamentos de IRPJ.  Do exposto, neste ponto entendo por negar provimento ao recurso voluntário.    CONCLUSÃO  À  vista  de  todo  o  exposto  e  demonstrado  voto  do  sentido  de  rejeitar  as  preliminares  suscitadas,  não  conhecer  dos  documentos  apresentados  com  o  recurso  e  não  conhecer do recurso em relação ao  Item 9 ­ Contradição do Lançamento em face de sua não  impugnação  e,  no  mérito,  dar  parcial  provimento  ao  recurso  para  excluir  da  autuação  o  montante de R$ 36.237,30, a título de duplicidade de glosa de despesas de aluguel e de excluir  a  aplicação  de  multa  isolada  concomitantemente  à  multa  de  ofício  em  razão  desta  ter  sido  integralmente abrangida por àquela.    Abel Nunes de Oliveira Neto ­ Relator                           Fl. 2797DF CARF MF     34     Fl. 2798DF CARF MF

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Numero do processo: 11516.722941/2013-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Recurso de Ofício Não conhecido e Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-003.455
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso de ofício, por não alcançar o valor de alçada. Por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar as glosas referentes as despesas de uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza, desinfecção e higienização, pallets, frete no transporte de matéria-prima e de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa, aluguel de granjas. Aquisições de soda cáustica, amônia NH3, óleo diesel e água utilizada na linha de produção. Permitir o utilização dos créditos extemporâneos e aplicar o percentual de 60% aos créditos presumidos referente aos insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Vencidos quanto a possibilidade de auferir créditos referentes a despesas aduaneiras, os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Vencidos quanto ao aluguel de granja os Conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira e Winderley Morais Pereira. Designada para o voto vencedor quanto ao aluguel de granja a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Fez sustentação oral o patrono Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP 222.503, escritório Scheneider, Pugliese, Sztokfisz, Figueiredo e Carvalho Advogados. Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator. Tatiana Josefovicz Belisário - Redatora Designada Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Marcelo Giovani Vieira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA

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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. Não deve ser conhecido o recurso de oficio em que o crédito tributário exonerado não atinge o limite de alçada. VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. EMBALAGEM. TRANSPORTE. PALLET. CRÉDITO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. As despesas com materiais de embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados e/ ou para embalagem de proteção, no transporte externo dos produtos vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS. CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Os gastos com serviços de manutenção e a troca de partes e peças de máquinas e equipamentos utilizados diretamente no processo produtivo geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS. PIS. COFINS. CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE. FRETES NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU ADQUIRIDOS COM SUSPENSÃO DO PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM ALUGUEL DE GRANJAS. POSSIBILIDADE. O aluguel de granjas, utilizadas no processo produtivo da empresa, gera direito ao crédito nos termos dos arts. 3º, IV, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60% (sessenta por cento) aplicado a todos os insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004. CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não-cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da apresentação de PER único para cada trimestre. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício de 75 % (setenta e cinco por cento) aplicada nos lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende o valor do tributo e da multa por lançamento de ofício. Sobre a multa por lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Recurso de Ofício Não conhecido e Recurso Voluntário Provido em Parte

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NECESSIDADE  DE  COMPROVAÇÃO.  A  motivação  e  finalidade  do  ato  administrativo  são  supridas  quando  da  elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e  as  provas  dos  fatos  constatados. As  discordâncias  quanto  às  conclusões  do  trabalho  fiscal  são matérias  inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a  existência  de  vícios  no  auto  de  infração  deve  apresentar­se  comprovada  no  processo.   EMBALAGEM.  TRANSPORTE.  PALLET.  CRÉDITO.  APROVEITAMENTO.  POSSIBILIDADE.  As  despesas  com  materiais  de  embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados  e/  ou  para  embalagem  de  proteção,  no  transporte  externo  dos  produtos  vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS.  CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.  Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados  na  apuração  do  PIS  e  da  COFINS,  nos  termos  do  art.  3º,  II  da  Lei  nº  10.833/2003.  SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.  Os  gastos  com  serviços  de  manutenção  e  a  troca  de  partes  e  peças  de  máquinas  e  equipamentos  utilizados  diretamente  no  processo  produtivo  geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 29 41 /2 01 3- 37 Fl. 10682DF CARF MF   2 PIS.  COFINS.  CRÉDITO.  NÃO  CUMULATIVIDADE.  FRETES  NA  AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU  ADQUIRIDOS  COM  SUSPENSÃO  DO  PIS  E  DA  COFINS.  IMPOSSIBILIDADE.  Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de  fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao  PIS e a Cofins.  REGIME  NÃO  CUMULATIVO.  DESPESAS  COM  ALUGUEL  DE  MAQUINAS  E  EQUIPAMENTOS.  DESCONTO  DE  CRÉDITOS.  POSSIBILIDADE.  Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de  créditos  da  Cofins  apenas  às  despesas  de  aluguéis  de  máquinas  e  equipamentos  ao  processo  produtivo  da  empresa,  não  cabe  ao  intérprete  restringir  a  utilização  de  créditos  somente  aos  alugueis  de  máquinas  e  equipamentos utilizados no processo produtivo.  REGIME  NÃO  CUMULATIVO.  DESPESAS  COM  ALUGUEL  DE  GRANJAS. POSSIBILIDADE.  O  aluguel  de  granjas,  utilizadas  no  processo  produtivo  da  empresa,  gera  direito  ao  crédito  nos  termos  dos  arts.  3º,  IV,  das  Leis  nº  10.637/2002  e  10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a  legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais.  PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO.   O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60%  (sessenta  por  cento)  aplicado  a  todos  os  insumos  utilizados  nos  produtos  referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004.  CRÉDITOS  DA  CONTRIBUIÇÃO  NÃO  CUMULATIVA.  RESSARCIMENTO.  CRÉDITOS  EXTEMPORÂNEOS.  PEDIDO  DE  RESSARCIMENTO.  Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo  de  cinco  anos  a  contar  da  aquisição  do  insumo,  o  crédito  apurado  não­ cumulatividade  do PIS  e Cofins  pode  ser  aproveitado  nos meses  seguintes,  sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da  apresentação de PER único para cada trimestre.  AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.  A  multa  de  ofício  de  75  %  (setenta  e  cinco  por  cento)  aplicada  nos  lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96.  JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO   No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende  o  valor  do  tributo  e  da multa  por  lançamento  de  ofício.  Sobre  a multa  por  lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora.  INCONSTITUCIONALIDADE  DE  NORMAS  TRIBUTÁRIAS.  INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.  Este  Colegiado  é  incompetente  para  apreciar  questões  que  versem  sobre  constitucionalidade das leis tributárias.   ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Fl. 10683DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.683          3 Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007  RECURSO DE OFICIO. CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA.  Não  deve  ser  conhecido  o  recurso  de  oficio  em  que  o  crédito  tributário  exonerado não atinge o limite de alçada.  VÍCIO  NO  ATO  ADMINISTRATIVO.  NECESSIDADE  DE  COMPROVAÇÃO.  A  motivação  e  finalidade  do  ato  administrativo  são  supridas  quando  da  elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e  as  provas  dos  fatos  constatados. As  discordâncias  quanto  às  conclusões  do  trabalho  fiscal  são matérias  inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a  existência  de  vícios  no  auto  de  infração  deve  apresentar­se  comprovada  no  processo.   EMBALAGEM.  TRANSPORTE.  PALLET.  CRÉDITO.  APROVEITAMENTO.  POSSIBILIDADE.  As  despesas  com  materiais  de  embalagens (pallets) utilizados para transporte interno de produtos fabricados  e/  ou  para  embalagem  de  proteção,  no  transporte  externo  dos  produtos  vendidos geram direito a créditos do PIS e da COFINS.  CONBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.  Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados  na  apuração  do  PIS  e  da  COFINS,  nos  termos  do  art.  3º,  II  da  Lei  nº  10.833/2003.  SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.  Os  gastos  com  serviços  de  manutenção  e  a  troca  de  partes  e  peças  de  máquinas  e  equipamentos  utilizados  diretamente  no  processo  produtivo  geram direito ao crédito das contribuições de PIS e da COFINS.  PIS.  COFINS.  CRÉDITO.  NÃO  CUMULATIVIDADE.  FRETES  NA  AQUISIÇÃO DE INSUMOS TRIBUTADOS COM ALÍQUOTA ZERO OU  ADQUIRIDOS  COM  SUSPENSÃO  DO  PIS  E  DA  COFINS.  IMPOSSIBILIDADE.  Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os serviços de  fretes utilizados na aquisição de insumos não onerados pelas contribuições ao  PIS e a Cofins.  REGIME  NÃO  CUMULATIVO.  DESPESAS  COM  ALUGUEL  DE  MAQUINAS  E  EQUIPAMENTOS.  DESCONTO  DE  CRÉDITOS.  POSSIBILIDADE.  Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de  créditos  da  Cofins  apenas  às  despesas  de  aluguéis  de  máquinas  e  equipamentos  ao  processo  produtivo  da  empresa,  não  cabe  ao  intérprete  restringir  a  utilização  de  créditos  somente  aos  alugueis  de  máquinas  e  equipamentos utilizados no processo produtivo.  REGIME  NÃO  CUMULATIVO.  DESPESAS  COM  ALUGUEL  DE  GRANJAS. POSSIBILIDADE.  Fl. 10684DF CARF MF   4 O  aluguel  de  granjas,  utilizadas  no  processo  produtivo  da  empresa,  gera  direito  ao  crédito  nos  termos  dos  arts.  3º,  IV,  das  Leis  nº  10.637/2002  e  10.833/03, uma vez que se enquadram no conceito de prédio, não fazendo a  legislação qualquer distinção quanto a prédios urbanos ou rurais.  PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO PRESUMIDO.   O percentual a ser utilizado para apuração dos créditos presumidos é de 60%  (sessenta  por  cento)  aplicado  a  todos  os  insumos  utilizados  nos  produtos  referidos no inciso I, do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004.  CRÉDITOS  DA  CONTRIBUIÇÃO  NÃO  CUMULATIVA.  RESSARCIMENTO.  CRÉDITOS  EXTEMPORÂNEOS.  PEDIDO  DE  RESSARCIMENTO.  Na forma do art. 3º, § 4º, da Lei nº 10.833/2003, desde que respeitado o prazo  de  cinco  anos  a  contar  da  aquisição  do  insumo,  o  crédito  apurado  não­ cumulatividade  do PIS  e Cofins  pode  ser  aproveitado  nos meses  seguintes,  sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte ou da  apresentação de PER único para cada trimestre.  AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.  A  multa  de  ofício  de  75  %  (setenta  e  cinco  por  cento)  aplicada  nos  lançamentos de ofício esta prevista no inciso I, do art. 44 da Lei nº 9.430/96.  JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO   No lançamento de ofício, o valor originário do crédito tributário compreende  o  valor  do  tributo  e  da multa  por  lançamento  de  ofício.  Sobre  a multa  por  lançamento de oficio não paga no vencimento incidem juros de mora.  INCONSTITUCIONALIDADE  DE  NORMAS  TRIBUTÁRIAS.  INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.  Este  Colegiado  é  incompetente  para  apreciar  questões  que  versem  sobre  constitucionalidade das leis tributárias.   Recurso de Ofício Não conhecido e Recurso Voluntário Provido em Parte      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer  do  recurso  de  ofício,  por  não  alcançar  o  valor  de  alçada.  Por  maioria  de  votos  dar  parcial  provimento  ao  recurso voluntário para afastar  as glosas  referentes  as despesas de uniformes,  vestuários,  equipamentos  de  proteção,  uso  pessoal,  materiais  de  limpeza,  desinfecção  e  higienização,  pallets,  frete  no  transporte  de  matéria­prima  e  de  produtos  acabados  entre  estabelecimentos da empresa, aluguel de granjas. Aquisições de soda cáustica, amônia NH3, óleo  diesel e  água utilizada na  linha  de produção. Permitir  o  utilização dos  créditos  extemporâneos  e  aplicar o percentual de 60% aos créditos presumidos referente aos insumos utilizados nos produtos  referidos  no  inciso  I  do  §  3º  art.  8º  da Lei  nº  10.925/2004. Vencidos  quanto  a  possibilidade  de  auferir  créditos  referentes  a  despesas  aduaneiras,  os Conselheiros Tatiana  Josefovicz Belisário  e  Leonardo  Vinicius  Toledo  de  Andrade.  Vencidos  quanto  ao  aluguel  de  granja  os  Conselheiros  Paulo Roberto Duarte Moreira e Winderley Morais Pereira. Designada para o voto vencedor quanto  ao aluguel de granja a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Fez sustentação oral o patrono Dr.  Diogo  de  Andrade  Figueiredo,  OAB/SP  222.503,  escritório  Scheneider,  Pugliese,  Sztokfisz,  Figueiredo e Carvalho Advogados.  Fl. 10685DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.684          5   Winderley Morais Pereira ­ Presidente Substituto e Relator.  Tatiana Josefovicz Belisário ­ Redatora Designada    Participaram  do  presente  julgamento,  os  Conselheiros:  Winderley  Morais  Pereira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira  Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Marcelo Giovani Vieira.    Relatório    Por  bem  descrever  os  fatos  adoto,  com  as  devidas  adições,  o  relatório  da  primeira instância que passo a transcrever.    Contra  o  interessado  foram  lavrados  autos  de  infração  de  PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 17.064.924,26 e  de  Cofins  não  cumulativa  no  valor  total  de  R$  78.602.075,36  relativo  ao  ano  de  2008  (fls.  5.943/5.961),  em  função  das  irregularidades  que  se  encontram  descritas  no  Termo  de  Verificação Fiscal (TVF) de fls. 5.963/5.969;.      A  empresa  apresenta  impugnação  na  qual  faz  uma  breve  descrição de suas atividades e alega, em síntese:  a)  preliminarmente  –  da  superficialidade  do  trabalho  fiscal  /  ofensa ao princípio da verdade material;  b)  da  sistemática  não­cumulativa  da  contribuição  ao  PIS  e  da  Cofins  /  da  legitimidade  dos  créditos  apropriados  pela  impugnante;  c) do conceito de insumo;  d) dos bens e  serviços utilizados como insumos  (linhas 02 e 03  da DACON);  e)  dos  bens  e  serviços  utilizados  como  insumos  –  não  se  enquadram no conceito de insumos;  e.1) indumentária e itens de uso obrigatório;  e.2) pallets;  e.3) materiais e ferramentas;  f) dos bens e serviços utilizados como insumos – contabilizados  em contas contábeis que não geram crédito;  g)  dos  bens  e  serviços  utilizados  como  insumos  aquisições  de  pessoas físicas;  h) dos serviços utilizados como insumos – aquisições sob CFOP  que não geram créditos;  Fl. 10686DF CARF MF   6 i)  dos  bens  utilizados  como  insumos  –  fretes  de  produtos  acabados e/ou fretes de matéria prima;  j)  dos  bens  utilizados  como  insumos  –  bens  sujeitos  à  alíquota  zero;  k) dos bens utilizados como insumos – vendas com suspensão de  contribuição ao PIS e de Cofins;  l) das despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica  (linha 05 da DACON);  m)  das  despesas  de  aluguéis  de  máquinas  e  equipamentos  locados de pessoa jurídica (linha 06 da DACON);  n) das despesas com armazenagem frete nas operações de venda  (linha 07 da DACON);  o)  das  despesas  de  depreciação  sobre  o  ativo  imobilizado  –  encargos de depreciação (linha 09 da DACON);  p) das despesas de depreciação sobre o ativo imobilizado – valor  de aquisição ou de construção (linha 10 da DACON);  q) dos créditos presumidos – atividades agroindustriais;  r) da  ilegalidade da aplicação das multas –  impossibilidade de  sucessão da responsabilidade por infrações;  s) do pedido de perícia e diligência;    A  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  manteve  o  lançamento.  A  decisão da DRJ foi assim ementada:    ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA  Ano­calendário: 2008  NULIDADE. INOCORRÊNCIA.  Incabível anular decisão sem que haja fatos ofensivos ao direito  de  ampla  defesa,  ao  contraditório  ou  às  normas  que  definem  competência.  INSUMOS  O  conceito  de  insumos  para  fins  de  crédito  de  PIS/Pasep  e  COFINS  é  o  previsto  no  §  5º  do  artigo  66  da  Instrução  Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004.  CRÉDITOS. PARTES E PEÇAS DE REPOSIÇÃO E SERVIÇOS  DE MANUTENÇÃO.  As  peças  e  partes  de  reposição  de  máquinas  e  equipamentos  utilizados  diretamente  na  fabricação  de  produtos  destinados  à  venda  são  considerados  insumos  para  fim  de  creditamento  no  regime de apuração não cumulativa da Cofins, com a condição  de que sofram alterações, tais como o desgaste,  o  dano  ou  a  perda  de  propriedades  físicas  ou  químicas,  em  função  da  ação  diretamente  exercida  sobre  o  produto  em  fabricação  e  não  repercutam  no  aumento  da  vida  útil  da  máquina ou equipamento superior a um ano.  Os  serviços  de  manutenção  de  máquinas  e  equipamentos  utilizados  diretamente  na  fabricação  de  produtos  destinados  à  venda  são  considerados  insumos  para  fim  de  creditamento  no  regime  de  apuração  não  cumulativa  da  Cofins,  desde  que  não  resultem em aumento de vida útil do bem superior a um ano.  AGROINDÚSTRIA.  AQUISIÇÕES  DE  INSUMOS.  CRÉDITO  PRESUMIDO. APURAÇÃO.  Nos  termos da  legislação de  regência, as pessoas  jurídicas que  produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas  Fl. 10687DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.685          7 à  alimentação  humana  ou  animal,  podem  descontar  créditos  presumidos  relativos  às  aquisições  feitas  de  pessoas  físicas,  considerados  os  percentuais  de  redução  da  alíquota  básica  de  acordo  com  a  classificação  dos  insumos  adquiridos  e  não  dos  produtos produzidos.  PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE  Somente  os  valores  das  despesas  realizadas  com  fretes  contratados  para  a  entrega  de  mercadorias  diretamente  aos  clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela  pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos  a serem descontados das Contribuições.  MULTA  DE  OFÍCIO.  INCORPORAÇÃO.  RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR.  A  incorporadora  responde  pelo  pagamento  da  multa  de  ofício  decorrente de operações da sucedida.  Impugnação Procedente em Parte  Crédito Tributário Mantido em Parte    Sendo o lançamento exonerada superado limite de alçada vigente na data da  decisão da DRJ, foi apresentado pela turma julgadora, o competente recurso de ofício.  Cientificada,  a  empresa  interpôs  recurso  voluntário,  repisando  as  alegações  apresentadas em sede de impugnação.    É o Relatório.  Voto Vencido  Voto vencedor parcialmente vencido    Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator.    Inicialmente  é  necessário  verificar  os  pressupostos  de  admissibilidade  do  recurso de ofício, que esta previsto no art. 34, inciso I, do Decreto n" 70.235/72.    Art. 34. A autoridade de primeira  instância  recorrerá de ofício  sempre que a decisão:  I  ­  exonerar  o  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa  de  valor  total  (lançamento  principal  e  decorrentes)  a  ser  fixado  em  ato  do  Ministro  de  Estado  da  Fazenda.    Fl. 10688DF CARF MF   8 O valor a ser fixado para o recurso de oficio está previsto no art 1º da Portaria  MF n° 63/2017.    Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  (DRJ)  recorrerá  de  ofício  sempre  que  a  decisão  exonerar  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa,  em  valor  total  superior  a  R$  2.500.000,00  (dois  milhões  e  quinhentos  mil  reais).      Apesar  da Portaria MF  63/2017,  ter  sido  editada  em 10  de  fevereiro  de  2017.  Por tratar­se de matéria processual, entendo ser a regra de aplicação para todos os casos ainda  pendentes de .julgamento. No caso em tela, o valor exonerado pela autoridade a quo, atingiu a  soma de R$ 2.186.342,80, inferior ao limite previsto na Portaria MF 63/2017, destarte, não se  conhece do recurso de ofício.  Quanto ao recurso voluntário, deve ser conhecido na sua integralidade por ser  tempestivo e atender os demais requisitos de admissibilidade.    Nulidade do lançamento    Em sede preliminar existem questionamentos sobre a constitucionalidade da  exigência fiscal, que não serão objeto de análise neste julgamento, em razão da incompetência  deste colegiado para decidir sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conforme a súmula  CARF nº 2, publicada no DOU de 22/12/2009.   “Súmula CARF nº 2   O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária”    Ainda  em  sede  preliminar,  alega­se  a  existência  de  vícios  no  ato  administrativo  que  não  teria  atendido  aos  requisitos  de motivação  e  finalidade  ofendendo  o  principio da verdade material. Não vislumbro assistir razão ao recursos. O auto de infração teve  origem em auditoria  realizada pela Fiscalização  da Receita Federa,  fartamente  detalhada  em  relatório  fiscal,  onde  consta  a  motivação  para  o  lançamento  e  as  provas  que  conduziram  a  autoridade autuante a lavratura do auto de infração.   A  Recorrente  foi  cientificada  da  exigência  fiscal  e  apresentou  impugnação  que foi apreciado em julgamento realizado na primeira instância. Irresignado com o resultado  do  julgamento  da  autoridade  a  quo,  protocolou  recurso  voluntário,  rebatendo  as  posições  adotadas pela primeira instância, combatendo as razões de decidir daquela autoridade, portanto,  as motivações  para  o  lançamento,  bem  como,  as  do  julgamento  na  primeira  instância  foram  claramente  identificadas.  Com  todo  este  histórico  de  discussão  administrativa,  não  se  pode  falar  em  cerceamento  de  direito  de  defesa  ou  quaisquer  outros  vícios  no  lançamento  ou  no  julgamento  da  primeira  instância,  todo  o  procedimento  previsto  no  Decreto  70.235/72  foi  observado, tanto quanto ao lançamento tributário, bem como, o devido processo administrativo  fiscal.  Fl. 10689DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.686          9   O conceito de insumo a ser utilizado na apuração dos créditos do PIS e da COFINS não  cumulativos    A teor do relatado a Recorrente pretende modificar o entendimento adotado  pela  autoridade  fiscal  com  a  aplicação  de  um  conceito  amplo  de  insumo,  onde  os  custos  e  despesas  suportados  pela  empresa  necessários  a  suas  atividades,  estariam  incluídos  nas  operações possíveis de gerar créditos do PIS e da COFINS não cumulativa.    Ao  definir  a  não  cumulatividade  do  PIS  e  da  COFINS  a  Emenda  Constitucional nº 42/2002. incluiu o § 12º no art. 195 da CF. verbis:    “§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os  quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV  do caput, serão não­cumulativas.”    As  alterações  promovidas  pela  EC  nº  42  deixou  à  legislação  infraconstitucional definir quais setores econômicos poderiam utilizar a forma de apuração não  cumulativa das contribuições.   A  regulamentação  efetiva  da  utilização  da  não  cumulatividade  veio  com  a  edição da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, convertida posteriormente na Lei  nº 10.637/2002 para o PIS e tratando da COFINS foi editado a Medida Provisória 135, de 30  de outubro de 2003, posteriormente convertida na Lei nº 10.833/2003. O § 12º do art. 195 da  CF  atribui  a  legislação  infraconstitucional  determinar  quais  setores  econômicos  poderiam  utilizar a não cumulatividade. Destarte, a própria norma constitucional definiu a existência de  limites e restrições para a utilização da não cumulatividade.  A possibilidade de utilização de créditos para redução da contribuição devida  das aquisições de bens e serviços utilizados como insumo, foi prevista no art. 3º, inciso II, da  Lei nº 10.833/2003. Verbis:    “II  ­  bens  e  serviços,  utilizados  como  insumo  na  prestação  de  serviços  e  na  produção  ou  fabricação  de  bens  ou  produtos  destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto  em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485,  de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao  concessionário,  pela  intermediação  ou  entrega  dos  veículos  classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; “    O  conceito  de  insumo,  constante  da  Lei  nº  10.833/2003,  não  foi  perfeitamente  delimitado,  surgindo  desta  indeterminação,  uma  grande  discussão  sobre  o  Fl. 10690DF CARF MF   10 alcance da palavra “insumo” inserida no  texto  legal, gerando diversos entendimentos sobre a  matéria. As interpretações adotadas ocupam um vasto campo entre duas posições extremas. A  primeira defendida em normas da Receita Federal, criando posições restritivas a utilização do  conceito  de  insumo,  conforme  previsto  no  §  4º,  do  art.  8º,  da  Instrução  Normativa  SRF  nº  404/2004.     “§ 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende­ se como insumos:  I  ­  utilizados  na  fabricação  ou  produção  de  bens  destinados  à  venda:  a)  a  matéria­prima,  o  produto  intermediário,  o  material  de  embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações,  tais  como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou  químicas,  em  função  da  ação  diretamente  exercida  sobre  o  produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo  imobilizado;  b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País,  aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto;  II ­ utilizados na prestação de serviços:  a)  os  bens  aplicados  ou  consumidos  na  prestação  de  serviços,  desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e  b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País,  aplicados ou consumidos na prestação do serviço.”      Outra  linha  de  pensamento  trata  o  conceito  de  insumo  da  forma  mais  abrangente  possível,  estendendo  o  seu  conceito  a  toda  e  qualquer  despesa  realizada  pela  empresa para realização do suas atividades.  A Recorrente alega que o conceito da palavra insumo contida no inciso II, do  art.  3º,  da Lei nº 10.833/2003  teria  este  caráter  geral  e  extensivo, onde  os  custos  e despesas  incorridos pela empresa ensejariam a possibilidade de utilização de créditos.   A  posição  que  vem  sendo  adotada  nas  turmas  do CARF  vai  no  sentido  da  análise restritiva do conceito de insumo, como pode ser visto na decisão adotada no Acórdão nº  3301­00.423, que foi assim ementado:      Acórdão n° 3301­00.423 ­ 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Sessão de 03 de fevereiro de 2010  Matéria Cofins Não­Cumulativa  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA O  FINANCIAMENTO DA  SEGURIDADE SOCIAL – COFINS  Período de apuração: 01/02/2004 a 31/03/2004  INSUMOS. CRÉDITOS NA INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA  Fl. 10691DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.687          11 O conceito de insumo previsto no  inciso II do art. 3° da Lei n°  10.637/02 e normalizado pela  IN SRF n° 247/02, art.  66,  § 5°,  inciso  I,  na  apuração  de  créditos  a  descontar  do  PIS  não­ cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem  ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa,  mas  tão  somente  aqueles  adquiridos  de  pessoa  jurídica,  intrínsecos  à  atividade,  que  efetivamente  sejam  aplicados  ou  consumidos  na  produção  de  bens  destinados  à  venda  ou  na  prestação do serviço, desde que não estejam  incluídos no ativo  imobilizado.  AQUISIÇÃO  DE  PESSOA  FÍSICA.  CRÉDITOS  NA  INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. IMPOSSIBILIDADE.  A Lei n° 10.637102 que  instituiu o PIS não­cumulativo, em seu  art. 3°, § 3°, inciso I, de modo expresso, como regra geral, vedou  o  aproveitamento  de  créditos  decorrentes  de  aquisições  de  pessoas  físicas.  FRETE  INCIDÊNCIA  NÃO  CUMULATIVA.  CUSTO  DE  PRODUÇÃO.  Gera  direito  a  créditos  do  PIS  e  da  Cofins  não­cumulativos  o  dispêndio  com  o  frete  pago  pelo  adquirente  à  pessoa  jurídica  domiciliada  no  País,  para  transportar  bens  adquiridos  para  serem  utilizados  como  insumo  na  fabricação  de  produtos  destinados  à  venda,  bem  assim  o  transporte  de  bens  entre  os  estabelecimentos  industriais  da  pessoa  jurídica,  desde  que  estejam  estes  em  fase  de  industrialização,  vez  que  compõe  o  custo do bem.  ALEGAÇÕES GENÉRICAS. IMPOSSIBILIDADE.  São  incabíveis  alegações  genéricas.  Os  argumentos  aduzidos  deverão  ser  acompanhados  de  demonstrativos  e  provas  suficientes que os confirmem.”    Neste  sentido  tem  caminhado  diversos  julgados  do  CARF,  ao  se  ater  essencialmente  aos  conceitos  definidos  na  norma  ordinária  para  definir  a  procedência  do  crédito  alegado  pelos  contribuintes,  de  outra  forma  não  há  o  que  trabalhar,  pois  se  identificássemos a existência da não cumulatividade integral ao PIS e COFINS todo e qualquer  despesa, sendo de serviço ou aquisição de insumos comporiam o quadro de créditos possíveis  de redução da contribuição devida e não é o que observamos em todo arcabouço de legislação  ordinária que lista uma série de definições e regras para fruição dos créditos.  Afastar  por  completo  as  restrições  legais  não  é  possível.  De  outra  banda  utilizar o conceito restritivo previsto na IN SRF 404/2004, ao meu sentir, também não é melhor  solução para a questão, visto o conceito da Instrução Normativa, copiar o conceito do insumo  do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, entretanto, as contribuições incidem sobre o  faturamento, gerando uma distorção na utilização daquele conceito para a não cumulatividade  do PIS e da COFINS.  Fl. 10692DF CARF MF   12 O conceito de insumo previsto no art. 3º da Lei nº 10.833/2003, esclarece que  são possíveis de gerar créditos as aquisições de bens e serviços a serem utilizados na prestação  de  serviços  ou  na  produção  de  bens. Acredito  que  o  caminho  para  delimitar  se  as  despesas  incorridas geram ou não o crédito passa pela definição da atividade que gerou a despesas e sua  interferência  na  prestação  de  serviços  ou  produção  de  bens.  O  ônus  que  se  apresenta  ao  julgador  será  para  cada  caso,  delimitar  o  serviço  prestado  ou  o  processo  produtivo  do  contribuinte  e  dele  extrair  as  atividades  essenciais  e  necessárias  a  sua  realização  e  partindo  deste universo, identificar os custos e despesas que possibilitariam a utilização do crédito.  Com base nestas premissas passemos a análise dos produtos e serviços que a  Recorrente  pretende  aproveitar  como  créditos  na  apuração  das  contribuições  que  foram  glosados pela Fiscalização.    Uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de limpeza,  desinfecção e higienização    Entendo  que  todos  estes  produtos  e  serviços  estão  diretamente  ligados  ao  processo produtivo da Recorrente  e por diversas normas  tantos  sanitárias quanto  trabalhistas  são  de  uso  obrigatório  para  o  seguimento  onde  atua  a  empresa.  Assim,  entendo  que  assiste  razão  ao  recurso  para  estes  produtos  e  serviços  devendo  ser  afastadas  as  glosas  referentes  uniformes,  vestuários,  equipamentos  de  proteção,  uso  pessoal,  materiais  de  limpeza,  desinfecção e higienização.    Produtos para movimentação de cargas e embalagens, pallets utilizados no transporte  interno de produtos e/ ou como embalagem de proteção, no transporte dos produtos  vendidos    A Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais debateu a matéria  em recente decisão prolatada na sessão de 12/12/2017 no Acórdão 9303­006.068, que decidiu  pela possibilidade de creditamento das operações referentes a movimentação de carga, pallets e  embalagens. Por concordar com a posição adotada na Terceira Turma, peço vênia para adotar  quanto a esta matéria o voto do Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas e fazer dele as minhas  razões de decidir quanto a esta matéria.    A Contribuinte  é  pessoa  jurídica  que,  nos  termos  do  art.  2º  do  seu Estatuto Social (fls. 41 a 63), exerce atividade econômica na  área de alimentos e tem por objetivos sociais:    Art. 2º A Sociedade objetiva, com base na colaboração recíproca  a que se obrigam seus associados, promover:  I  ­ o estímulo, o desenvolvimento e a defesa de  suas atividades  econômicas de caráter comum;  II  ­  A  importação,  a  exportação,  a  industrialização  e  a  comercialização em comum de sua produção agrícola, produção  Fl. 10693DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.688          13 animal  em  geral,  pecuária  e  de  hortifrutigranjeiros,  industrializada  ou  em  espécie,  tais  como  carnes,  ovos,  peixes,  frutas,  cereais,  verduras,  legumes,  gorduras,  condimentos  em  geral;  café  e  ervas  para  infusão,  laticínios,  margarinas  e  derivados de soja, massas alimentícias, farinhas e fermentos em  geral; doces, pós para fabricação de doces, açúcar e adoçantes  em geral,  bebidas alcoólicas  e não  alcoólicas,  xaropes  e  sucos  em geral; animais vivos e ovos para incubação; alimentos para  animais;  plantas  e  flores  naturais,  etc,  nos  mercados  locais,  nacionais ou internacionais;    Em  razão  de  sua  atividade  econômica,  sujeita­se  a  controles  e  exigências  de  diversos  órgãos  públicos,  exemplificativamente:  Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, Ministério da  Agricultura, Serviço de Inspeção Federal, Ministério da Saúde.  Pela  peculiaridade  da  atividade  econômica  que  exerce,  fica  obrigada a atender rígidas normas de higiene e  limpeza, sendo  que  eventual  não  atendimento  das  exigências  de  condições  sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção  ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado.  No  que  concerne  às  embalagens  utilizadas  para  transporte  no  processo  produtivo  da  Contribuinte,  uma  vez  essenciais,  pertinentes e relevantes para obtenção do produto final, há de se  considerarem  as  mesmas  como  insumos.  As  embalagens  são  realmente  necessárias  à  armazenagem/conservação  do  produto  nas diversas fases do processo produtivo.  Considerando­se a atividade própria da Contribuinte, tem­se que  os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das  matérias­primas  e  produtos  na  etapa  da  industrialização  e  na  sua  destinação  para  venda,  também  devem  ser  considerados  como insumos.  Para  atendimento  das  exigências  sanitárias  impostas  pelos  órgãos  públicos  responsáveis  pelo  controle  e  fiscalização,  na  movimentação  e  na  armazenagem  das  matérias­primas  e  dos  bens  a  serem  utilizados  na  fabricação  do  produto  final,  e  dos  produtos  finais  em  si,  não  pode  haver  contato  com  o  chão,  justamente para se evitar a contaminação por microorganismos,  constituindo­se  em  mais  uma  das  razões  pelas  quais  é  imprescindível a utilização dos “pallets” na cadeia produtiva.  Levando­se  em  conta  a  significativa  quantidade  de  matérias­ primas e produtos que serão empregados no processo produtivo  e  que  precisam  ser  armazenados  e  transportados  no  ambiente  fabril, é  indispensável à Contribuinte utilizar­se de mecanismos  e  ferramentas  que,  além  de  garantirem  a  observância  das  normas de higiene e limpeza, impostas pela ANVISA, otimizem o  seu  processo  produtivo. Há  de  ser  destacada,  nesse  aspecto,  a  desnecessidade do consumo do produto em contato direto com o  bem produzido, admitindo­se o emprego indireto no processo de  produção para caracterizar­se determinado bem como insumo.  Fl. 10694DF CARF MF   14 Assim,  os  pallets  guardam  nítida  relação  de  pertinência,  relevância e essencialidade com a atividade produtiva do Sujeito  Passivo, constituindo­se em insumos do processo produtivo e da  fase  de  comercialização  passíveis  de  creditamento  de  PIS  e  COFINS não­cumulativos.  Com relação a esse item, essa 3ª Turma da Câmara Superior de  Recursos  Fiscais  proferiu  decisão  em  casos  análogos,  nos  processos  administrativos  nºs  10925.720046/201212  e  10925.720686/201222, na sessão realizada, em que receberam a  seguinte ementa:    Assunto:  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social ­ Cofins  Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007  NÃO­CUMULATIVIDADE. CRÉDITO.  INDÚSTRIA AVÍCOLA.  INDUMENTÁRIA.  A  indumentária  de  uso  obrigatório  na  indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao  processo  produtivo  e,  como  tal,  gera  direito  a  crédito  DO  PIS/COFINS.  PIS/COFINS.  REGIME  NÃOCUMULATIVO.  CRÉDITO  PRESUMIDO  DA  ATIVIDADE  AGROINDUSTRIAL.  ALÍQUOTA.  Após  a  alteração  veiculada  pela  Lei  nº  12.865,  de  2013,  expressamente  interpretativa,  indiscutivelmente,  os  insumos  da  indústria alimentícia que processem produtos de origem animal  classificados Capítulos 2 a 4, 16,  e nos códigos 15.01 a 15.06,  1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos  animais  dos  códigos  15.17  e  15.18,  adquiridos  de  não  contribuintes  farão  jus  ao  crédito  presumido  no  percentual  no  percentual  de  60%  do  que  seria  apurado  em  uma  operação  tributada.  PIS/COFINS  NÃOCUMULATIVOS.  APROPRIAÇÃO  DE  CRÉDITOS  As  leis  instituidoras  da  sistemática  não­cumulativa  das  contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos  sejam  utilizados  na  produção  ou  fabricação  de  bens,  não  condicionam  a  tomada  de  créditos  ao  "consumo"  no  processo  produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato  físico  com  os  bens  em  elaboração. Comprovado  que  o  bem  foi  empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens  do  ativo  permanente,  válido  o  crédito  sobre  o  valor  de  sua  aquisição.  PIS/COFINS  NÃOCUMULATIVOS.  CRÉDITOS  EXTEMPORÂNEOS.  Nos termos do § 4º do art. 3º das Leis 10.637 e 10.833 "o crédito  não  aproveitado  em  determinado  mês  poderá  sê­lo  nos  meses  subsequentes".  Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário  Fl. 10695DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.689          15 Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007  TAXA SELIC. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.  INCIDÊNCIA.   O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à  penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está  sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até  o  mês  anterior  ao  pagamento,  e  de  um  por  cento  no  mês  de  pagamento.  REP Provido em Parte e REC Provido em Parte   Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  maioria,  em  dar  provimento parcial aos recursos especiais da Fazenda Nacional  e do sujeito passivo, nos seguintes termos: I) recurso especial da  Fazenda  Nacional:  a)  limpeza  e  desinfecção:  por  maioria,  em  negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro  Torres  (Relator)  e  Carlos  Alberto  Freitas  Barreto;  b)  embalagens  utilizadas  para  transporte:  por  maioria  em  negar  provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres  e  Carlos  Alberto  Freitas  Barreto;  c)  despesas  de  períodos  anteriores:  por  maioria,  em  negar  provimento.  Vencido  o  Conselheiro Henrique Pinheiro  Torres;  d)  serviços de  lavagem  de  uniformes:  pelo  voto  de  qualidade,  em  dar  provimento.  Vencidos  os  Conselheiros  Tatiana  Midori  Migiyama,  Demes  Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa  Martinez  López;  e)  percentual  de  crédito  presumido:  por  unanimidade,  em  negar  provimento;  f)  juros  sobre  multa  de  ofício:  por  maioria,  em  dar  provimento.  Vencidas  as  Conselheiras  Tatiana  Midori  Migiyama,  Vanessa  Marini  Cecconello  e  Maria  Teresa  Martinez  López;  e  II)  recurso  especial do sujeito passivo:  a)  indumentária:  por maioria,  em  dar  provimento. Vencidos os  Conselheiros  Henrique  Pinheiro  Torres  (Relator),  Júlio  César  Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas  Barreto; e b) pallets: por maioria, em dar provimento. Vencidos  os  Conselheiros  Henrique  Pinheiro  Torres  (Relator)  e  Carlos  Alberto  Freitas  Barreto.  Designados  para  redigir  os  votos  vencedores o Conselheiro Júlio César Alves Ramos em relação  às  letras  "a",  “b”  e  “c” do  item  I  e  letra  “b”  do  item  II;  e  o  Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho em relação à letra  a do item II. (grifou­se)    Há,  ainda,  de  se  examinar  a  caracterização  dos  materiais  de  acondicionamento  e  transporte  plástico  de  coberto  e  filme  plástico  do  tipo  “stretch”  –  como  insumos  passíveis  de  gerar  crédito  de  PIS/Pasep.  Na  linha  relacional  traçada  no  presente  voto,  considerando­se  que  as  mercadorias  para  serem  devidamente armazenadas e transportadas após a produção, até  chegarem  ao  consumidor  final,  exigem  a  utilização  do  plástico  de  coberto  e  do  filme  plástico  do  tipo  “stretch”,  é  nítida  a  relação  de  pertinência,  relevância  e  essencialidade  com  o  Fl. 10696DF CARF MF   16 processo produtivo,  sendo  imprescindível o  seu reconhecimento  como insumo.  Por fim, cumpre consignar que os itens, analisados no presente  recurso  especial,  são  empregados  na  “palletização”  dos  produtos  a  serem  estocados  e  transportados  pela Contribuinte,  procedimento  indispensável  à  correta  armazenagem  dos  produtos  face ao tamanho reduzido das embalagens individuais  e,  mais  ainda,  ao  atendimento  de  exigências  das  normas  de  controle  sanitário  da  área  de  alimentos,  consoante  Portaria  SVS/MS  (Secretaria  de  Vigilância  Sanitária  do  Ministério  da  Saúde) nº 326/1997.  Diante  do  exposto,  nega­se  provimento  ao  recurso  especial  da  Fazenda  Nacional,  mantendo­se  o  reconhecimento  ao  direito  creditório da Contribuinte. "  Aplicando­se a decisão do paradigma ao presente processo, em  razão  da  sistemática  prevista  nos  §§  1º  e  2º  do  art.  47  do  RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido  e, no mérito, o colegiado negou­lhe provimento.      Dos bens e serviços utilizados como insumos ­ Contabilizados em contas contábeis que  não geram créditos      Para  este  item  tanto  o  relatório  fiscal  que  serviu  de  base  para  a  exigência,  quanto  a  decisão  da  primeira  instância  deixaram  claro  que  as  contas  contábeis  apresentadas  pela  Recorrente  não  correspondem  a  bens  aptos  a  gerar  créditos  e  caso  a  recorrente  tenha  cometido  equívocos  em  alocar  despesas  nestas  contas  contábeis  deveria  deixar  claro  tais  equívocos comprovados por meio de documentos fiscais e contábeis.  No recurso voluntário a Recorrente volta a defender que as contas contábeis  glosadas pela Fiscalização corresponderiam a produtos que possibilitassem o direito creditório  e cita especificamente duas contas "3350576 PRD DIFERENÇAS DE PREÇOS MATERIAL  IMPRODUTIVO"  e  "1970674  TRANSITÓRIA  TIVO  PERMANENTE  ­  DESEMB  DE  IMPORTAÇÃO".  Para a primeira conta contábil afirma que podem existir equívocos e como tal  situação  foi  aventada pela Fiscalização e  também pela decisão da DRJ caberia a Autoridade  Fiscal  verificar  tais  equívocos,  entendo  que  não  pode  prosperar  o  pleito  da  Recorrente,  conforme bem detalhado no relatório fiscal e na decisão da primeira instância a obrigação de  justificar  os  créditos  é  da Recorrente  e  caso  existam  equívocos  na  alocação  de  despesas  em  contas  contábeis  cabe  a  Recorrente  demonstrar  de  forma  clara  e  comprovada  tais  equívocos  para  fazer  jus  a  tais  créditos.  Como  tal  procedimento  não  foi  adotado  pela  Recorrente,  não  existe reparo a ser feito na decisão da DRJ.  Quanto a segunda conta a Recorrente pede que seja permitida a utilização de  créditos  referentes  a  despesas  aduaneiras  de  desembaraço  de  importação,  entendo  que  tais  despesas  não  estão  vinculadas  ao  processo  produtivo  da  Recorrente,  tratam­se  de  despesas  referentes  a  trâmites  necessário  para  a  importação  de  produtos  e  não  estão  vinculadas  ao  processo  produtivo,  portanto  não  podem  ser  utilizadas  para  auferir  créditos  na  apuração  das  contribuições.  Fl. 10697DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.690          17   Dos bens e serviços utilizados como insumos ­ aquisição de pessoas físicas    A Recorrente pede que seja afastada todas as glosas referentes as aquisições  de pessoas  físicas. Neste ponto  é mister  ressaltar que  a  legislação veda o  aproveitamento de  crédito referente a aquisição de pessoas físicas, nos termos do art. 3º da Lei nº 10.833/2003,  Art. 3º Do valor apurado na  forma do art. 2º a pessoa  jurídica  poderá descontar créditos calculados em relação a:   ...  § 3º O direito ao crédito aplica­se, exclusivamente, em relação:   I  ­  aos  bens  e  serviços  adquiridos  de  pessoa  jurídica  domiciliada no País;   II  ­  aos  custos  e  despesas  incorridos,  pagos  ou  creditados  a  pessoa jurídica domiciliada no País;   III  ­  aos  bens  e  serviços  adquiridos  e  aos  custos  e  despesas  incorridos  a  partir  do  mês  em  que  se  iniciar  a  aplicação  do  disposto nesta Lei.    A Recorrente  pede  subsidiariamente,  para  que  caso  não  seja  considerada  a  integralidade dos créditos referentes a aquisição de pessoas físicas, seja considerado o crédito  presumido referente as estas operações, nos termos previstos no art. 8º da Lei nº 10.925/2004.  Entretanto,  pelo  que  se  apresenta  nos  autos  a  Recorrente  apresentou  discussão  quanto  a  aplicação  de  alíquotas  referentes  ao  crédito  presumido,  que  serão  enfrentados  em momento  posterior deste voto.     Dos serviços utilizados como insumos ­ aquisições sob CFOP que não geram créditos    A Fiscalização glosou despesas referentes a aquisições referente a sete CFOP  que não dariam direito ao crédito: CFOP 1407 (Compra de mercadoria para uso ou consumo  cuja mercadoria esta sujeita ao regime de substituição tributária), CFOP 1551 (Compra de bem  para o ativo imobilizado), CFOP 1556 (Compra de material para uso ou consumo), CFOP 1949  (Outra  entrada  de  mercadoria  ou  prestação  de  serviço  não  especificada),  CFOP  2303  (Aquisição de serviço de comunicação por estabelecimento comercial), CFOP 2407 (Compra  de mercadoria  para  uso  ou  consumo  cuja mercadoria  está  sujeita  ao  regime  de  substituição  tributária) e CFOP 2556 (Compra de material para uso ou consumo).  Entendo que a glosa baseada unicamente nos códigos de CFOP não pode ser  utilizada  unicamente  como  razão  para  glosa  é  preciso  analisar  as  operações  realizadas  para  verificar a possibilidade dos créditos. Neste caminho o recurso lista produtos que entende que  seriam  insumo  possíveis  de  gerar  créditos:  (i)  Soda  Cáustica;  (ii)  Amônia  NH3,  (iii)  óleo  diesel; (iv) água; (v) facas.  Fl. 10698DF CARF MF   18 Para  os  itens  listados  pela  Recorrente,  a  partir  do  conceito  de  insumo  utilizado  neste  voto,  conforme  detalhado  alhures,  entendo  que  são  aptos  a  gerar  créditos  as  despesas  referentes  a  Soda Cáustica, Amônia NH3,  óleo  diesel  e  água  utilizada  na  linha  de  produção exclusivamente, cabendo a Recorrente fazer as provas necessárias para comprovar os  gastos com água utilizada na linha de produção.  Quanto  as  facas,  entendo  que  por  tratar­se  de  aquisições  para  o  ativo  imobilizado correta a glosa realizada pela Fiscalização.    Dos fretes de produtos acabados e/ou fretes de matéria prima    Quanto  as  glosas  de  frete,  a  Recorrente  afirma  como  possíveis  de  gerar  créditos, as despesas de frete para transporte de matérias primas e de produtos acabados entre  seus estabelecimentos.  As  diversas  situações  em  que  o  custo  de  frete  é  utilizado  nas  atividades  empresariais  demonstra  a  dificuldade  em  definir  quando  estes  custos  são  possíveis  de  gerar  créditos na apuração do PIS e da Cofins. Intensa tem sido a discussão neste Conselho sobre a  matéria, exigindo a manifestação para cada um dos tipos de frentes pleiteados no recurso pela  Recorrente.  Quanto a primeira hipótese de frete pretendida pela Recorrente, entendo que  o  transporte  de matérias  primas  compõe  o  custo  destas mercadorias  e  sendo  suportado  pela  Recorrente podem ser utilizados para auferir créditos.  Quanto  a  segunda  hipótese  do  transporte  de  produtos  acabados  entre  estabelecimentos.  Segundo  a Recorrente  estão  associados  ao  transporte  de  produtos  entre  as  unidades fabris e os centros de distribuição. Para está matéria, a Câmara Superior de Recursos  Fiscais deste Conselho, em recente julgado, entendeu por considerar como possíveis de gerar  créditos  as  despesas  de  frente  de  produtos  acabados  entre  estabelecimentos  da  empresas.  A  decisão da CSRF no Acórdão 9303­005.15 foi assim ementada.    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2008  CRÉDITO.  FRETES  NA  TRANSFERÊNCIA  DE  PRODUTOS  ACABADOS  ENTRE  ESTABELECIMENTOS  DA  MESMA  EMPRESA.  Cabe  a  constituição  de  crédito  de  PIS/Pasep  sobre  os  valores  relativos  a  fretes  de  produtos  acabados  realizados  entre  estabelecimentos  da  mesma  empresa,  considerando  sua  essencialidade  à  atividade  do  sujeito  passivo.  Não  obstante  à  observância  do  critério  da  essencialidade,  é  de  se  considerar  ainda  tal  possibilidade,  invocando  o  art.  3º,  inciso  IX,  da  Lei  10.833/03  e  art.  3º,  inciso  IX,  da  Lei  10.637/02  eis  que  a  inteligência desses dispositivos considera para a r. constituição  de  crédito  os  serviços  intermediários  necessários  para  a  efetivação  da  venda  quais  sejam,  os  fretes  na  “operação”  de  venda. O que, por conseguinte, cabe refletir que tal entendimento  se  harmoniza  com  a  intenção  do  legislador  ao  trazer  o  termo  Fl. 10699DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.691          19 “frete na  operação de  venda”,  e  não  “frete  de  venda” quando  impôs  dispositivo  tratando  da  constituição  de  crédito  das  r.  contribuições.  CRÉDITO.  FRETES  NA  TRANSFERÊNCIA  DE  MATÉRIAS­ PRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS  Os  fretes  na  transferência  de  matérias­primas  entre  estabelecimentos, essenciais para a atividade do sujeito passivo,  eis que vinculados com as etapas de industrialização do produto  e  seu objeto  social,  devem ser  enquadrados  como  insumos, nos  termos do art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03 e art. 3º, inciso II,  da  Lei  10.637/02.  Cabe  ainda  refletir  que  tais  custos  nada  diferem  daqueles  relacionados  às  máquinas  de  esteiras  que  levam a matéria­prima de um lado para o outro na fábrica para  a  continuidade  da  produção/industrialização/beneficiamento  de  determinada mercadoria/produto.  PIS.  COFINS.  CRÉDITO. NÃO CUMULATIVIDADE.  FRETES  NA  AQUISIÇÃO  DE  INSUMOS  TRIBUTADOS  COM  ALÍQUOTA  ZERO OU ADQUIRIDOS COM  SUSPENSÃO DO  PIS E DA COFINS. IMPOSSIBILIDADE.  Não há previsão legal para aproveitamento dos créditos sobre os  serviços  de  fretes  utilizados  na  aquisição  de  insumos  não  onerados pelas contribuições ao PIS e a Cofins.    Transcrevo a seguir trecho do voto condutor do Acórdão da CSRF referente  aos frete de produtos acabados entre estabelecimentos que peço vênia para incluir no meu voto  e fazer dele minhas razões de decidir.    Em relação ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo,  que  ressurgiu  com a  discussão  acerca  do  direito  ao  crédito  de  PIS e de Cofins sobre as despesas com fretes de transferência de  produtos acabados entre os  seus estabelecimentos, entendo que  lhe assiste razão.  Eis que os  fretes de produtos acabados em discussão, para sua  atividade  de  comercialização,  são  essenciais  para  a  sua  atividade de “comercialização”, eis que:  ∙  Sua  atividade  impõe  a  transferência  de  seus  produtos  para  Centros  de  Distribuição  de  sua  propriedade;  caso  contrário,  tornar­se­ia inviável a venda de seus produtos para compradores  das Regiões Sudeste, Centro­Oeste e Nordeste do país;  ∙  Os  grandes  consumidores  dos  produtos  industrializados  e  comercializados pelo sujeito passivo, possuem uma logística que  não  mais  comporta  grandes  estoques,  devido  à  extensa  diversidade  de  produtos  necessários  para  abastecer  suas  unidades,  bem  como  devido  ao  custo  que  lhes  geraria  a  manutenção de locais com o fito exclusivo de estocagem, visto a  Fl. 10700DF CARF MF   20 alta rotatividade dos produtos em seus estabelecimentos; O que,  impõe­se  para  fins  de  comercialização  e  sobrevivência  da  empresa, os Centros de Distribuição;  ∙  O  sujeito  passivo,  que  possui  sede  em  Porto  Alegre,  se  viu  obrigada  a  manter  Centros  de  Distribuição  em  pontos  estratégicos  do  país,  considerando  a  localidade  dos  maiores  demandantes de seus produtos.  Considerando,  então,  a  atividade  do  sujeito  passivo,  deve­se  considerar os fretes como essenciais e, aplicando­se o critério da  essencialidade,  é  de  se  dar  provimento  ao  recurso  interposto  pelo sujeito passivo.  Não obstante à essa  fundamentação e  ignorando­a, cabe  trazer  que, tendo em vista que:  ∙ A maioria dos fretes são destinados ao Centro de Distribuição  da empresa, para que se torne viável a remessa dos produtos e  são realizados com a demora usual de 15 dias até a chegada do  produto,  para  conseguir  atender  a  sua  demanda  de  pedidos,  o  sujeito passivo, devido à demora no trânsito das mercadorias, já  transacionou  as  mercadorias,  sendo  que  ao  chegarem  as  mercadorias  ao  destino  muitas  já  se  encontram  vendidas;  ∙  A  mercadoria  já  é  vendida  em  trânsito,  para  quando  chegar  ao  Centro  de  Distribuição  já  sair  para  a  pronta  entrega  ao  adquirente,  descaracterizando,  assim,  um  frete  para  mero  estoque com venda posterior.  É de se entender que, em verdade, se trata de frete para a venda,  passível de constituição de crédito das contribuições, nos termos  do art. 3º, inciso IX, das Lei 10.833/03 e Lei 10.637/02 – pois a  inteligência  desse  dispositivo  considera  o  frete  na  “operação”  de venda.  A venda de per si para ser efetuada envolve vários eventos. Por  isso, que a norma traz o termo “operação” de venda, e não frete  de  venda.  Inclui,  portanto,  nesse  dispositivo  os  serviços  intermediários necessários para a efetivação da venda, dentre as  quais o frete ora em discussão.  Dessa  forma,  voto  por  conhecer  o Recurso Especial  interposto  pelo sujeito passivo, dando­lhe provimento.    Portanto,  quanto  a  discussão  sobre  frente,  assiste  razão  à  Recorrente  no  direito creditório  referente as despesas de  frete no  transporte de matéria­prima e de produtos  acabados entre estabelecimentos da empresa.    Das aquisições sujeitas à alíquota zero ou com tributação suspensa    Quanto  as  aquisições  sujeitas  à  suspensão  ou  alíquota  zero,  a  legislação  é  clara em vedar a apropriação de créditos, cujas operações anteriores não sofreram a incidência  Fl. 10701DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.692          21 das  contribuições.  O  art.  3º,  §  2º,  II  da  Lei  nº  10.833/2003,  traz  o  diploma  que  veda  tais  créditos.    Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica  poderá descontar créditos calculados em relação a:   ...   § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei  nº 10.865, de 2004)   I ­ de mão­de­obra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº  10.865, de 2004)   II  ­  da  aquisição  de  bens  ou  serviços  não  sujeitos  ao  pagamento da contribuição,  inclusive no caso de isenção, esse  último  quando  revendidos  ou  utilizados  como  insumo  em  produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não  alcançados pela contribuição.  (Incluído pela Lei nº 10.865, de  2004)(grifo nosso)    Assim, correta a glosa realizada pela Fiscalização.    Das despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica     A discussão  neste  item  restringe­se  ao  aluguel  de  granjas  em  área  rural. A  Fiscalização entendeu que a previsão legal para créditos nas despesas de aluguel restringe­se a  prédios e máquinas e o aluguel de áreas rurais não estão previstas na legislação.  A Recorrente pede a aplicação de um conceito mais extensivo da legislação  abarcando  também  o  aluguel  de  granjas  que  estariam  ligadas  ao  processo  produtivo  da  Recorrente.   Entendo  como  correta  a  posição  da Fiscalização,  não  vejo  possibilidade  de  estender  a  previsão  legal  para  os  créditos  referentes  as  despesas  com  aluguel  de  prédios  e  máquinas não estando incluídas nesta previsão legal o aluguel de granjas. Assim correta a glosa  realizada.    Crédito extemporâneo referente a despesas de armazenagem e frete nas operações de  venda.        A  decisão  da  DRJ  quanto  a  está matéria manteve  a  posição  da  Fiscalização que entendeu ser possível a utilização de créditos extemporâneo desde que exista  a  informação  dos  créditos  na DACON  correspondente  ao  período  em  que  os  créditos  foram  apurados.  A  Recorrente  defende  que  tal  exigência  não  seria  necessária  para  utilização  dos  créditos.   Fl. 10702DF CARF MF   22     A matéria foi enfrentada pela Terceira Turma da Câmara Superior  no  Acórdão  9303­004.562,  onde  foi  decidido  pela  possibilidade  da  utilização  dos  créditos  extemporâneos. O voto vencedor do Acórdão da lavra do Conselheiro Charles Mayer de Castro  detalha a posição adotada pela maioria da turma e por concordar com a posição adotada pela  Câmara Superior, peço vênia para incluir o voto condutor do Acórdão e fazer dele as minhas  razões de decidir quanto a esta matéria.    Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator.  Com a devida vênia, discordamos do il. Relator.  Já defendíamos na Câmara baixa, nada obsta que o contribuinte  possa,  em  determinado  trimestre­calendário,  aproveitar­se  de  crédito de PIS/Cofins não aproveitado em trimestres­calendários  anteriores.  Como  as  razões  do  nosso  convencimento  coincidem  com  o  adotado  no Acórdão  nº  3202001.617,  de  19/03/2014,  proferido  pela  2ª  Turma  da  2ª  Câmara  da  3ª  Seção  do  CARF,  em  julgamento do qual participamos, passamos a transcrever o voto  do  seu  relator,  o  Conselheiro  Thiago  Moura  de  Albuquerque  Alves, adotando­o como o fundamento da nossa divergência:  "Para a DRJ, o entendimento da fiscalização foi correto, pois na  sua  ótica  era  inadmissível  apurar  créditos  extemporâneos  sem  retificar os DACONs e DCTFs anteriores. Eis suas palavras:  CRÉDITOS  EXTEMPORÂNEOS.  AUSÊNCIA  DE  APROPRIAÇÃO NA DACON.  A  apuração  extemporânea  de  créditos  só  admitida  mediante  retificação  das  declarações  e  demonstrativos  correspondentes,  em especial as DCTF e os Dacon.  No  entanto,  em  janeiro  de  2015,  nossa  Turma  julgou  que  é  possível,  sim,  o  desconto  de  créditos  extemporâneos  de  PIS/COFINS  não­cumulativos,  no  julgamento  do  PAF  nº  12585.000064/200911  (somente  ficou  vencida  a  douta  Conselheira­Presidente,  Irene  Souza  da  Trindade  Torres  Oliveira).  Com efeito,  as Linhas 06/30 e 06/31 do DACON, denominadas  respectivamente  de  “Ajustes  Positivos  de  Créditos”  e  de  “Ajustes  Negativos  de  Créditos”,  contemplam  a  hipótese  de  o  contribuinte  lançar  ou  subtrair  outros  créditos,  além  daqueles  contemporâneos à declaração.  Igualmente,  no  “Manual  de  Orientação  do  Leiaute  da  Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/Pasep e  da  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  (Cofins) – (EFDPIS/ Cofins)”, constante do Anexo Único do Ato  Declaratório Executivo COFIS nº 34/2010, há previsão expressa  de  o  contribuinte  lançar  créditos  extemporâneos,  nos  registros  1101/1102 (PIS) e 1501/1502 (COFINS). Observe­se:  2.5 ­ BLOCOS DO ARQUIVO  Fl. 10703DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.693          23 Entre  o  registro  inicial  e  o  registro  final,  o  arquivo  digital  é  constituído  de  blocos,  referindo­se  cada  um  deles  a  um  agrupamento de documentos e outras informações.  2.5.1­ Tabela de Blocos  Bloco­Descrição  0­Abertura, Identificação e Referências  A­Documentos Fiscais Serviços (ISS)  C­Documentos Fiscais I – Mercadorias (ICMS/IPI)  D­Documentos Fiscais II – Serviços (ICMS)  F­ Demais Documentos e Operações  M­  Apuração  da  Contribuição  e  Crédito  de  PIS/PASEP  e  da  COFINS  1­Complemento  da  Escrituração  –  Controle  de  Saldos  de  Créditos  e  de  Retenções,  Operações  Extemporâneas  e  Outras  Informações  9­Controle e Encerramento do Arquivo Digital  [...]     As sobreditas previsões no DACON e na EFD buscam cumprir o  disposto no art.  3º,  § 4º, da Lei  nº 10.637/2002 e 10.833/2003,  segundo o qual “o crédito não aproveitado em determinado mês  poderá sê­lo nos meses subseqüentes”.  Fl. 10704DF CARF MF   24 Além disso, é preciso frisar que a única consequência legal para  o  preenchimento  incorreto  do DACON  são  as multas  previstas  no art. 7º Lei nº 10.426/2002.  Confira­se:  Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de  Informações  Econômico­Fiscais  da  Pessoa  Jurídica  DIPJ,  Declaração de Débitos  e Créditos Tributários Federais DCTF,  Declaração  Simplificada  da  Pessoa  Jurídica,  Declaração  de  Imposto  de  Renda  Retido  na  Fonte  DIRF  e  Demonstrativo  de  Apuração  de Contribuições  Sociais Dacon,  nos  prazos  fixados,  ou  que  as  apresentar  com  incorreções  ou  omissões,  será  intimado  a  apresentar  declaração  original,  no  caso  de  não­ apresentação,  ou  a  prestar  esclarecimentos,  nos  demais  casos,  no prazo  estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF,  e  sujeitar­se­á às seguintes multas:  I  ­  de  dois  por  cento  ao  mês­calendário  ou  fração,  incidente  sobre  o  montante  do  imposto  de  renda  da  pessoa  jurídica  informado na DIPJ,  ainda  que  integralmente  pago, no  caso  de  falta  de  entrega  desta  Declaração  ou  entrega  após  o  prazo,  limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º;   II  ­  de  dois  por  cento  ao  mês­calendário  ou  fração,  incidente  sobre  o  montante  dos  tributos  e  contribuições  informados  na  DCTF,  na  Declaração  Simplificada  da  Pessoa  Jurídica  ou  na  Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega  destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por  cento, observado o disposto no § 3º;  III  ­  de  2%  (dois  por  cento)  ao  mês­calendário  ou  fração,  incidente  sobre  o  montante  da  Cofins,  ou,  na  sua  falta,  da  contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que  integralmente  pago,  no  caso  de  falta  de  entrega  desta  Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por  cento), observado o disposto no § 3º deste artigo; e  IV  ­  de  R$  20,00  (vinte  reais)  para  cada  grupo  de  10  (dez)  informações incorretas ou omitidas.  § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I,  II  e  III  do  caput  deste  artigo,  será  considerado  como  termo  inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado  para  a  entrega  da  declaração  e  como  termo  final  a  data  da  efetiva entrega ou, no caso de não­apresentação, da lavratura do  auto de infração.  § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas:  I ­ à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo,  mas antes de qualquer procedimento de ofício;  II  ­  a  setenta  e  cinco  por  cento,  se  houver  a  apresentação  da  declaração no prazo fixado em intimação.  § 3º A multa mínima a ser aplicada será de:  Fl. 10705DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.694          25 I­  R$  200,00  (duzentos  reais),  tratando­se  de  pessoa  física,  pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de  tributação previsto na Lei nº 9.317, de 1996;  II ­ R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos.  § 4º Considerar­se­á não entregue a declaração que não atender  às especificações  técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita  Federal.  §  5º  Na  hipótese  do  §  4º,  o  sujeito  passivo  será  intimado  a  apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da  ciência à intimação, e sujeitar­se­á à multa prevista no inciso I  do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º.  §  6º  No  caso  de  a  obrigação  acessória  referente  ao  Demonstrativo  de  Apuração  de  Contribuições  Sociais  DACON  ter periodicidade semestral, a multa de que trata o inciso III do  caput  deste  artigo  será  calculada  com  base  nos  valores  da  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  COFINS ou da Contribuição para o PIS/Pasep, informados nos  demonstrativos mensais entregues após o prazo."    Como se vê, o art. 7º Lei nº 10.426/2002 prevê, apenas, multa em  caso  de  incorreções  no DACON  e  a  intimação  do  contribuinte  para  corrigi­las,  de  modo  a  reduzir  tais  sanções.  Não  há,  por  conseguinte,  previsão  legal  para  glosar  os  créditos  da  não­ cumulatividade por eventuais equívocos no DACON.  Pelo  mesmo  raciocínio,  não  é  possível  indeferir  o  PER  pelo  simples  fato  deste  abranger  mais  de  um  trimestre,  em  decorrência da apuração extemporânea, permitida, dos créditos  pelo contribuinte.  Acrescente­se, ainda, que o referido crédito tem por fundamento  o  art.  17  da  Lei  n°  11.033/2004  c/c  art.  16  da  Lei  n°  11.116/2005,  podendo  ser  utilizado  tanto  na  dedução  da  contribuição  a  recolher,  decorrente  das  demais  operações  no  mercado interno, quanto na compensação com débitos próprios,  vencidos  ou  vincendos,  relativos  a  tributos  e  contribuições  administrados pela RFB, observada a  legislação específica. Eis  os seus termos:    (Lei n° 11.033/2004)  Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0  (zero)  ou  não  incidência  da Contribuição  para  o PIS/PASEP e  da  COFINS  não  impedem  a  manutenção,  pelo  vendedor,  dos  créditos vinculados a essas operações.  (Lei n° 11.116/2005)  Fl. 10706DF CARF MF   26 Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da  Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nos 10.637, de 30 de  dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do  art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao  final de cada trimestre do ano­calendário em virtude do disposto  no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá  ser objeto de:  I  ­  compensação  com  débitos  próprios,  vencidos  ou  vincendos,  relativos  a  tributos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica  aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro,  observada a legislação específica aplicável à matéria.  Parágrafo  único.  Relativamente  ao  saldo  credor  acumulado  a  partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestre­calendário  anterior ao de publicação desta Lei,  a  compensação ou pedido  de  ressarcimento  poderá  ser  efetuado a partir  da  promulgação  desta Lei.  Em  tais  créditos,  colha­se  os  seguintes  precedentes  do  CARF  julgados à unanimidade:    Processo nº 16349.000033/200814  Relator JEAN CLEUTER SIMOES MENDONCA  Sessão de 24/07/2014  Assunto:  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social ­ Cofins  Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006  CRÉDITO  PRESUMIDO  DA  COFINS  NÃOCUMULATIVA.  ART.  8º,  DA  LEI  Nº  10.925/04.  AGROINDÚSTRIA.  IMPOSSIBILIDADE  DE  APROVEITAMENTO  DO  CRÉDITO  PARA COMPENSAR COM OUTRO TRIBUTO.  O  aproveitamento  de  crédito  presumido  da  COFINS,  de  que  trata o Art. 8º, da lei nº 10.925/04, para compensar com outros  tributos, não é permitido para as agroindústrias, ainda que eles  se acumulem em razão de vendas com tributação suspensa, não  tributadas, tributadas à alíquota zero ou isentas.  COFINS NÃOCUMULATIVA. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO.  O  art.  16,  da  Lei  nº  11.116/2005,  autoriza  a  utilização  dos  créditos do PIS e COFINS não­cumulativos se eles tiverem sido  acumulados em razão das vendas dos produtos com suspensão,  isenção, alíquota zero ou não incidência do PIS/COFINS.  [Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Júlio  César  Alves  Ramos  (Presidente),  Robson  José  Bayerl,  Jean  Cleuter Simões Mendonça, Eloy Eros da Silva Nogueira, Ângela  Sartori e Cláudio Monroe Massetti (Suplente)].  ***  Fl. 10707DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.695          27 Processo 15586.001201/201048  Relator JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS  Assunto:  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social ­ Cofins  Data do fato gerador: 30/09/2008   CUSTOS DE PRODUÇÃO. CRÉDITOS.   Os  custos  incorridos  com  serviços  de  desestiva/produção  (descarregamento,  movimentação,  acondicionamento  e  armazenagem das matérias­primas  no  armazém alfandengado),  geram  créditos  dedutíveis  da  contribuição  apurada  sobre  o  faturamento mensal e/ ou passíveis de ressarcimento.  CRÉDITOS  EXTEMPORÂNEOS.  SALDO  TRIMESTRAL.  PEDIDO DE RESSARCIMENTO. De acordo com o art. 3º, § 4º,  da  Lei  nº  10.833,  de  2003,  o  crédito  de  um  determinado  mês  pode  ser  utilizado  nos  meses  subsequentes,  e  o  fato  da  Lei  nº  11.116/2005,  autorizar  o  ressarcimento  do  saldo  de  créditos  somente  no  término  do  trimestre,  não  quer  dizer  que  não  poderão  ser  aproveitados  créditos  apurados  em  outros  trimestres. Recurso Voluntário Provido  [Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo  da  Costa  Pôssas,  Maria  Teresa  Martínez  López,  José  Adão  Vitorino  de Morais,  Antônio  Lisboa Cardoso,  Andrada Márcio  Canuto Natal e Bernardo Motta Moreira.]  Ademais, é dever da fiscalização apurar os créditos e os débitos  nos  tributos  não­cumulativos,  refazendo  se  for  o  caso  cálculos  efetuados  pelo  contribuinte,  na  forma  da  legislação  tributária.  Não pode a  fiscalização  indeferir o  ressarcimento ou glosar os  créditos  não­cumulativos,  por  alegado  vício  formal  no  preenchimento das obrigações acessórias, sem sequer intimar o  contribuinte para retificar os supostos equívocos nem examinar  se  os  créditos  procedem  ou  não,  deixando  indevidamente  de  corrigir,  de  ofício,  os  erros  eventualmente  cometidos  pelo  contribuinte.  Acolho,  nessa  linha,  o  mesmo  entendimento  firmado  sobre  a  matéria pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção do  CARF,  em 01/09/2011,  no PAF.  nº  13981.000184/200495,  cujo  Voto  da  lavra  do  Ilmo.  Conselheiro  EMANUEL  ASSIS  transcrevo abaixo, integrando­o a minha fundamentação:    Para  mim,  na  situação  em  tela  não  há  necessidade  de  a  contribuinte  retificar  o  Dacon  antes,  para  somente  após  aproveitar  os  créditos  em  período  seguinte.  No  curso  de  uma  fiscalização ou  diligência,  constatado  incongruência  nos  dados  do Dacon (ou de outra declaração entregue pelos contribuintes,  inclusive  a  DCTF),  os  cálculos  do  tributo  devido  devem  ser  refeitos  de  modo  a  resultar  em  lançamento  de  ofício  ou  em  Fl. 10708DF CARF MF   28 proveito  do  sujeito  passivo.  Na  hipótese  de  incongruência  favorável  ao  contribuinte  nada  impede  que  a  administração  tributária  adote  as  providências  cabíveis,  dispensando­se  exigências  que  podem  ser  supridas  por  ato  da  própria  administração.  É  o  que  se  dá  no  caso  sob  análise,  já  que  o  processamento do Dacon pode ser refeito pela RFB. Para tanto  basta  instituir  controles  nos  sistemas  eletrônicos,  a  registrar  a  alteração feita.  Não  me  parece  razoável  que,  após  a  contribuinte  explicar  a  apuração  do  crédito  em  período  seguinte  e  requerer  o  aproveitamento extemporâneo, dentro do prazo decadencial, sem  que haja dúvida sobre o direito alegado este lhe seja negado sob  a  justificativa  de  não  ter  sido  retificada  previamente  uma  obrigação acessória.  O fato de o Dacon não ter sido retificado há de ser relevado, por  não  haver  dúvida  quanto  ao  crédito  correspondente  às  aquisições das notas fiscais acima mencionadas.  Na  linha  da  interpretação  ora  adotada,  já  existe,  inclusive,  decisão de Superintendência da RFB dizendo da desnecessidade  de retificação de DCTF, em hipótese que se afigura semelhante à  presente situação. Refiro­me à Solução de Consulta da Disit da  3ª RF nº 35, de 30/08/2005, com o seguinte teor, verbis:  ASSUNTO: Obrigações Acessórias   EMENTA:  COMPENSAÇÃO.  DCTF  RETIFICADORA.  A  compensação  de  créditos  tributários  declarados  como  saldos  a  pagar  na  DCTF  com  créditos  apurados  em  eventos  supervenientes  ao  período  de  apuração  daqueles  créditos  tributários obriga o sujeito passivo à entrega de Declaração de  Compensação,  sendo  desnecessária  a  entrega  de  DCTF  retificadora  que  tenha  por  fim  informar  a  compensação  efetuada. DCTF é confissão relativa e que a RFB não pode têla  como  definitiva,  omitindo­se  de  realizar  a  diligências  necessárias à apuração na contabilidade e escrita fiscal.  Pelos fundamentos acima, e levando em conta o § 4º do art. 3º,  tanto da Lei nº 10.637/2002 (PIS) quanto da Lei nº 10.833/2003  (Cofins),  segundo  o  qual  o  crédito  não  aproveitado  em  determinado  mês  poderá  sê­lo  nos  meses  subseqüentes,  dou  provimento  parcial  para  admitir  os  créditos  relativos  às  aquisições  das  notas  fiscais  de  fornecedores  anexadas  à  Manifestação de Inconformidade e aproveitadas no mês seguinte  ao de emissão."  Forte nessas razões, entendo que ao recurso especial interposto  pela Procuradoria deve­se negar provimento.  Portanto,  assiste  razão  à Recorrente  quanto  ao  aproveitamento  dos  créditos  extemporâneos.      Fl. 10709DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.696          29 Dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado adquiridos em data anterior a  01/05/2004.    O  art.  31  da  Lei  nº  10.685/2004  veda  de  forma  expressa  o  desconto  de  créditos  referentes  a  depreciação  ou  amortização  de  bens  e  direitos  do  ativo  imobilizado  adquiridos em data anterior a 30 de abril de 2004.    Art.  31.  É  vedado,  a  partir  do  último  dia  do  terceiro  mês  subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos  apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis nos  10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro  de  2003,  relativos  à  depreciação  ou  amortização  de  bens  e  direitos  de  ativos  imobilizados  adquiridos  até  30  de  abril  de  2004.    A  Recorrente  alega  que  a  matéria  foi  objeto  de  julgamento  pelo  Poder  Judiciário em que teria sido decidido pela inconstitucionalidade da vedação prevista no art. 31  da Lei nº 10.685/2004. Entretanto, a decisão esta submetida a  repercussão geral e não possui  um  posicionamento  definitivo  que  possa  afetar  os  julgamento  deste  colegiado,  visto  a  impossibilidade no âmbito do CARF de discutir constitucionalidade de lei tributária.  Diante da vedação  legal,  não pode prosperar  a pretensão da Recorrente  em  aproveitar créditos referentes a depreciação de bens do ativo imobilizado que foram adquiridos  em data anterior a 30/04/2004.    Dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado     A  Fiscalização  realizou  glosas  referentes  a  depreciação  de  bens  do  ativo  imobilizado,  utilizando  duas  situações  distintas.  A  primeira  diz  respeito  a  impossibilidade,  segundo  a  Fiscalização,  da  Recorrente  utilizar  a  depreciação  no  prazo  de  48  meses  para  edificações e benfeitorias, sendo necessário que o prazo seja de 300 meses conforme normas da  Receita Federal. O segundo motivo para parte das glosas, diz respeito a falta de identificação  das  máquinas  e  equipamento,  impossibilitando  a  identificação  dos  bens  submetidos  a  depreciação. As motivações  para  as  glosas  deste  tópico,  foram  assim  descritas  no Relatório  Fiscal.    A planilha de memória de cálculo denominada “MÁQUINAS 1”,  apresentada  pelo  contribuinte,  relacionou  itens  relativos  a  edificações  e  benfeitorias  de  seu  ativo  imobilizado  (Fab  Óleo  Soja  Toledo,  Fabr.Linguiças  Duque,  GJ  Matr  Fgo  Prod  CV,  entre outros) e que foram depreciadas em 48 meses para fins de  crédito  de  PIS/COFINS.  Nesses  casos,  foram  apuradas  as  Fl. 10710DF CARF MF   30 diferenças  entre  as  depreciações  calculadas  pelo  contribuinte  (em 48 meses) e a depreciação correta, conforme o disposto na  IN  SRF  nº  162/1998  (prazo  de  300  meses  para  edificações  e  benfeitorias) e foram glosadas as diferenças.  A planilha de memória de cálculo denominada “MÁQUINAS 2”,  apresentada pelo contribuinte,  relacionou diversos outros bens,  máquinas e equipamentos incorporados ao seu ativo imobilizado  e depreciados  em 48 meses. Nesta planilha  foram identificados  diversos itens relacionados a materiais de construção utilizados  em  edificações  e  benfeitorias  (TIJOLO  FURADO  6  FUROS,  Telha P.P. G. 0,5 7800mm Ral 9003, CIMENTO CP II 32, entre  outros)  e  que  também  foram  depreciados  pelo  contribuinte  à  razão  de  1/48  avos  para  cada  mês,  em  desacordo  com  a  legislação.  As  diferenças  em  relação  à  depreciação  normal  de  300 meses para estes itens foram glosadas.  Já, a planilha de memória de cálculo denominada “MÁQUINAS  3”,  apresentada pelo  contribuinte,  relacionou diversos  itens  de  seu ativo imobilizado também depreciados em 48 meses. Porém,  nessa  planilha  não  há  nenhuma descrição  ou  identificação dos  bens que estão sendo depreciados à razão de 1/48 (um quarenta  e  oito  avos)  por  mês.  Assim,  foi  o  contribuinte  novamente  ntimado, através do Termo de Constatação e de Intimação Fiscal  nº  005/00555  (fls.  2388  e  seguintes)  a  informar  a  descrição  detalhada desses bens que estão sendo depreciados, sob pena de  glosa dos créditos associados..    No recurso voluntário, a Recorrente alega que a legislação não determina que  a  depreciação  ocorra  no  prazo  de  48  meses,  sendo  uma  faculdade  a  ser  utilizada  pelo  Contribuinte  e  não  faz  nenhuma  alegação  quanto  a  ausência  de  descrição  das  máquinas  e  equipamentos.   A  possibilidade  de  utilização  de  um  prazo  menor  para  depreciação  foi  prevista no art. 3º, § 14º da Lei nº 10.833/2003    § 14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de  que trata o inciso III do § 1º deste artigo, relativo à aquisição de  máquinas  e  equipamentos  destinados  ao  ativo  imobilizado,  no  prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das  alíquotas  referidas  no  caput  do  art.  2º  desta  Lei  sobre  o  valor  correspondente  a  1/48  (um  quarenta  e  oito  avos)  do  valor  de  aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria  da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)(grifo  nosso)  A  lei  de  forma  clara  permite  a  depreciação  no  prazo  menor,  somente  as  aquisições de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado. As glosas promovidas  pela Fiscalização tratam da aplicação do prazo menor de depreciação relativos a edificações e  benfeitorias,  que  não  estão  previstas  na  legislação.  Assim,  correta  a  glosa  realizada  pela  Autoridade Fiscal.  Fl. 10711DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.697          31 Em relação a segunda motivação para as glosas de depreciação. A Recorrente  não  questionam  o  entendimento  adotado  pela  Fiscalização,  não  sendo  apresentado  nenhum  documento ou informação que pudesse levar a efetiva individualização e identificação de parte  dos bens que a Recorrente pretende auferir créditos. Portanto, nesta matéria não existindo uma  alegação especifica contra o trabalho fiscal, as glosas devem ser mantidas nos termos apurados  pela Fiscalização.    Dos créditos presumidos            Quanto  a  esta matéria  a Recorrente  pede  que  seja  utilizado  as  alíquotas  de  que trata a Lei 10.925/2004, em relação aos bens produzidos e não aos adquiridos.  A matéria foi resolvida com a redação adotada no § 10º do art. 8º da Lei nº  10.925/2004, que ficou assim redigido.  " Art.  8º As  pessoas  jurídicas,  inclusive  cooperativas,  que  produzam  mercadorias  de  origem  animal  ou  vegetal,  classificadas nos  capítulos 2,  3,  exceto os produtos vivos desse  capítulo,  e  4,  8  a  12,  15,  16  e  23,  e  nos  códigos  03.02,  03.03,  03.04,  03.05,  0504.00,  0701.90.00,  0702.00.00,  0706.10.00,  07.08,  0709.90,  07.10,  07.12  a  07.14,  exceto  os  códigos  0713.33.19,  0713.33.29  e  0713.33.99,  1701.11.00,  1701.99.00,  1702.90.00,  18.01,  18.03,  1804.00.00,  1805.00.00,  20.09,  2101.11.10  e  2209.00.00,  todos  da  NCM,  destinadas  à  alimentação  humana  ou  animal,  poderão  deduzir  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep  e  da  Cofins,  devidas  em  cada  período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor  dos bens  referidos no inciso  II  do caput do art.  3º  das Leis nºs  10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro  de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado  pessoa  física.  (Redação  dada  pela  Lei  nº  11.051,  de  2004) (Vigência)  (Vide  Lei  nº  12.058,  de  2009)  (Vide  Lei  nº  12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide  Lei  nº  12.599,  de  2012)  (Vide  Medida  Provisória  nº  582,  de  2012)  (Vide Medida  Provisória  nº  609,  de  2013  (Vide Medida  Provisória nº 609, de 2013  (Vide Lei nº 12.839, de 2013) (Vide  Lei nº 12.865, de 2013)   §  1º  O  disposto  no  caput  deste  artigo  aplica­se  também  às  aquisições efetuadas de:  I  ­  cerealista  que  exerça  cumulativamente  as  atividades  de  limpar,  padronizar,  armazenar  e  comercializar  os  produtos in  natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01  a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos  da Nomenclatura Comum do Mercosul  (NCM);  (Redação dada  pela Lei nº 12.865, de 2013)   II ­ pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de  transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e  Fl. 10712DF CARF MF   32  III  ­  pessoa  jurídica  que  exerça  atividade  agropecuária  e  cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei  nº 11.051, de 2004)   § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o §  1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no  mesmo  período  de  apuração,  de  pessoa  física  ou  jurídica  residente  ou  domiciliada  no  País,  observado  o  disposto  no §  4o do art.  3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002,  e10.833, de 29 de dezembro de 2003.   §  3o O  montante  do  crédito  a  que  se  referem  o caput e  o  §  1o deste  artigo  será  determinado  mediante  aplicação,  sobre  o  valor  das  mencionadas  aquisições,  de  alíquota  correspondente  a:  (Vide  Medida  Provisória  nº  582,  de  2012)  (Vide  Medida  Provisória nº 609, de 2013) (Vide Lei nº 12.839, de 2013)   I ­ 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis  nos 10.637,  de  30  de  dezembro  de  2002,  e 10.833,  de  29  de  dezembro  de  2003,  para  os  produtos  de  origem  animal  classificados  nos  Capítulos  2  a  4,  16,  e  nos  códigos  15.01  a  15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de  óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e   II  ­  35%  (trinta  e  cinco  por  cento)  daquela  prevista  no art.  2o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de  29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.   II  ­  50%  (cinqüenta por  cento) daquela prevista no art.  2º  das  Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de  dezembro  de  2003,  para  a  soja  e  seus  derivados  classificados  nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela  Lei nº 11.488, de 2007) (Revogado pela Lei nº 12.865, de 2013)   III  ­ 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º  das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29  de  dezembro  de  2003,  para  os  demais  produtos. (Incluído  pela  Lei nº 11.488, de 2007)   § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a  III do § 1o deste artigo o aproveitamento:   I ­ do crédito presumido de que trata o caput deste artigo;   II ­ de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com  suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo.   §  5o Relativamente  ao  crédito  presumido  de  que  tratam  o caput e o § 1o deste artigo, o valor das aquisições não poderá  ser  superior ao que vier a  ser  fixado, por espécie de bem, pela  Secretaria da Receita Federal.  ...  § 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3º, o direito  ao  crédito  na  alíquota  de  60%  (sessenta  por  cento)  abrange  todos  os  insumos  utilizados  nos  produtos  ali  referidos.  (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013)"(grifo nosso)    Fl. 10713DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.698          33 A  observação  do  texto  legal  deixa  sedimentado  que  o  percentual  a  ser  aplicado é de 60% (sessenta por cento) aos insumos utilizados nos produtos referidos no inciso  I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004.      Multa de ofício    Quanto a multa de ofício no valor de 75% (setenta e cinco por cento), a sua  exigência está prevista no inciso I, do art. 44, da Lei 9.430/96, sendo aplicada nos lançamentos  de ofício para cobrança de débitos tributários.     “Art.44 Nos  casos de  lançamento de ofício,  serão aplicadas as  seguintes multas:  I  –  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração  e  nos  de  declaração inexata;”    No caso em tela foi realizado o lançamento de ofício, formalizado por meio  do Auto de Infração e, portanto, torna­se obrigatória a exigência da multa de ofício no valor de  75% (setenta e cinco por cento) aplicada sobre o valor do tributo exigido.  Quanto a alegação da Recorrente que não poderia ser aplicada a penalidade  sobre a empresa sucessora, tal argumento não resiste a determinação legal prevista no art. 129  do Código Tributário Nacional.  SEÇÃO II  Responsabilidade dos Sucessores   Art.  129.  O  disposto  nesta  Seção  aplica­se  por  igual  aos  créditos  tributários definitivamente constituídos ou em curso de  constituição  à  data  dos  atos  nela  referidos,  e  aos  constituídos  posteriormente  aos  mesmos  atos,  desde  que  relativos  a  obrigações tributárias surgidas até a referida data.    O  CTN  deixa  cristalino  a  responsabilidade  dos  sucessores  sobre  os  lançamento fiscais já constituídos ou aqueles que porventura sejam constituídos posteriormente  aos atos da sucedida. Assim, não assiste razão à Recorrente quanto a esta matéria.  Por  fim,  consta  do  recurso,  diversas  alegações  de  ofensa  a  princípios  constitucionais. Quanto a esta matéria, este colegiado esta impedido de se manifestar, diante da  Fl. 10714DF CARF MF   34 emissão  da  súmula  nº  2  do  CARF,  publicada  no  DOU  de  22/12/2009,  que  veda  o  pronunciamento sobre constitucionalidade de lei tributária.    “Súmula CARF nº 2   O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária”    Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício e dar  parcial provimento ao recurso voluntário, para acatar a possibilidade de se apurar créditos de  PIS e da COFINS não cumulativos referente as despesas:  i) uniformes, vestuários, equipamentos de proteção, uso pessoal, materiais de  limpeza, desinfecção e higienização;  ii) Pallets utilizados no transporte interno de produtos e/ ou como embalagem  de proteção, no transporte dos produtos vendidos;  iii) referentes a Soda Cáustica, Amônia NH3, óleo diesel e água utilizada na  linha  de  produção  exclusivamente,  cabendo  a  Recorrente  fazer  as  provas  necessárias  para  comprovar os gastos com água utilizada na linha de produção;  iv)  frete  no  transporte  de  matéria­prima  e  de  produtos  acabados  entre  estabelecimentos da empresa;  v) aproveitamento dos créditos extemporâneos;  E, por fim aplicar o percentual de 60% aos créditos presumidos referente aos  insumos utilizados nos produtos referidos no inciso I do § 3º art. 8º da Lei nº 10.925/2004.    Winderley Morais Pereira Voto Vencedor  Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário    Na condição de Redatora Designada para o Voto Vencedor, no que se refere  exclusivamente à possibilidade de apropriação de créditos decorrentes do aluguel de granja na  sistemática não cumulativa de apuração do PIS e da COFINS, passo a expor a fundamentação  pertinente.  Nos  termos do  inciso  IV do art. 3º da Lei nº 10.833/03 (mesma  redação na  Lei nº 10.637/02), é autorizada a apropriação de créditos sobre alugueis de prédios utilizados  nas atividades da empresa:  Fl. 10715DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.699          35 Art.  3oDo  valor  apurado  na  forma  do  art.  2oa  pessoa  jurídica  poderá descontar créditos calculados em relação a:  (...)  IV  ­  aluguéis  de  prédios,  máquinas  e  equipamentos,  pagos  a  pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa;  Em que pese o entendimento do nobre Relator no sentido de que o aluguel de  áreas rurais não estão previstas na legislação, discordo de tal fundamentação por entender que  as granjas devem ser entendidas no conceito de prédio adotado pela legislação.  Não obstante, é possível identificar o conceito de "prédio rural" trazido pelo  Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.):  Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem­se:  I ­ "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer  que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa  agrícola,  pecuária  ou  agro­industrial,  quer  através  de  planos  públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;  Por pertinente, trago a Solução de Consulta COSIT nº 331, de 21 de junho de  2017,  que  aborda  tanto  a  questão  do  bem  imóvel,  compreendido  além  da  definição  leiga  de  prédio edificado:  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  PIS/PASEPEMENTA:  REGIME  DE  APURAÇÃO  NÃO  CUMULATIVA.  CRÉDITO.  ARRENDAMENTO AGRÍCOLA.  A  pessoa  jurídica  submetida  ao  regime  de  apuração  não  cumulativa  da  Contribuição  ao  PIS/Pasep  pode  descontar  créditos  sobre  aluguéis  de  prédios  pagos  a  pessoa  jurídica,  utilizados  nas  atividades  da  empresa,  desde  que  obedecidos  todos os requisitos e as condições previstos na legislação.  A  remuneração  paga  pelo  arrendatário  em  relação  ao  bem  arrendado  é  denominada  de  aluguel,  representando  a  retribuição pelo uso e gozo do bem imóvel.  A Lei nº4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), e  a Lei nº8.629, de 25 de fevereiro de 1993, definem "imóvel rural"  como sendo o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja  a  sua  localização,  que  se  destine  ou  possa  se  destinar  à  exploração  agrícola,  pecuária,  extrativa  vegetal,  florestal  ou  agroindustrial,  quer através de planos públicos de  valorização,  quer através de iniciativa privada.  É princípio geral de hermenêutica que onde a lei não distingue  não  cabe  ao  intérprete  distinguir. Desta  forma,  o  conceito  de  prédio contido no inciso IV do art. 3ºda Lei nº10.637, de 2002,  engloba  tanto  o  prédio  urbano  construído  como  o  prédio  rústico não edificado.  DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei  nº10.637,  de  2002,  art.  3º,  inciso  IV;  Lei  nº4.504,  de  1964  (Estatuto  da  Terra);  Lei  nº8.629,  de  Fl. 10716DF CARF MF   36 1993; Decreto nº59.566, de 1966, art. 3º; e Decreto nº4.382, de  2002, art. 9º.  (...)  Transcrevo, ainda,  trechos da referida Solução de Consulta,  inicialmente no  que diz respeito ao termo "prédio":  18.  Também  a  doutrina  não  destoa  desse  entendimento.  Por  exemplo, Nelson Nery Junior e Rosa Maria de A. Nery (Código  Civil  Comentado,  Revista  dos  Tribunais,  2014,  11ª.  Edição,  p.  414), ao comentar o art. 79 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de  2002 (Código Civil Brasileiro ­ CCB), transcrevem ensinamento  de Pontes de Miranda:   “Prédio  é  parte  da  crosta  terrestre,  determinada  ou  determinável por seus limites bidimensionais (terreno)” (Pontes  de Miranda, Tratado, v.II, § 123, p.33).   19. E no Vocabulário Jurídico de De Plácido e Silva, atualizado  por Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho (Forense, 2004, 24ª.  Edição, pp. 1076 e 1077), de forma mais didática, encontram­se  as seguintes definições:   PRÉDIO.  Do  latim  praedium,  de  praeda  (presa,  tomadia,  despojo),  na  linguagem  jurídica,  e,  em  sentido  amplo,  significa  toda porção de terra ou do solo, constituída em propriedade de  alguém, haja nele, ou não, construções (edifícios).   (...)   PRÉDIO RÚSTICO.   É  o  prédio  ou  a  propriedade  imobiliária,  situada no campo ou  mesmo  na  cidade,  que  se  destina  à  agricultura  ou  exploração  agrícola,  de  qualquer  natureza.  (...)  Nesta  razão,  o  prédio  rústico  caracteriza­se  pela  natureza  de  seu  uso  ou  utilização,  não importando o local, em que se encontra. É rústico quando se  destina  à  plantação  ou  a  qualquer  espécie  de  exploração  agrícola.  Assim,  é  rústico  o  prédio  ou  o  terreno  situado  no  perímetro  urbano  de  uma  cidade,  vila  ou  povoação,  desde  que  seja  destinado  à  cultura  agrícola  ou  à  plantação  de  qualquer  coisa, como hortaliças, árvores frutíferas, etc. Uma chácara ou  um  sítio,  dentro  da  cidade,  caracteriza­se  ou  se mostra  prédio  rústico, enquanto uma casa de moradia, somente para moradia,  fora do perímetro urbano ou no campo, é prédio rural pois que  não  se  destina  à  lavoura.  Vulgarmente,  prédio  rústico  é  identificado  como  o  próprio  solo,  ou  seja,  o  terreno  sem  qualquer benfeitoria ou edificação.  20.  O  inciso  IV  do  artigo  3º  da  Lei  nº  10.637,  de  2002  e  seu  correspondente  da  Lei  nº  10.833,  de  2003,  ao  tratarem  da  possibilidade  de  cálculo  de  crédito  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep  e  da  Cofins  sobre  aluguéis  de  prédios  não  fez  qualquer restrição a que o prédio fosse construído (edificado) ou  quanto à sua destinação ou utilização. Sendo princípio geral de  hermenêutica  que  onde  a  lei  não  distingue  não  cabe  ao  intérprete distinguir, conclui­se que o conceito de prédio trazido  no inciso citado engloba tanto o prédio urbano construído como  Fl. 10717DF CARF MF Processo nº 11516.722941/2013­37  Acórdão n.º 3201­003.455  S3­C2T1  Fl. 10.700          37 o  prédio  rústico,  isto  é,  aquele  destinado  à  agricultura  ou  exploração agrícola de qualquer natureza.   Nota­se  que  é  sólida  e  bastante  a  fundamentação  doutrinária  exposada  ao  demonstrar  que  o  conceito  de  prédio  albergado  pela  legislação  tributária  vai muito  além  do  edifício, abrangendo tudo aquilo que, por natureza ou por acessão, seja bem imóvel destinado  às atividades do locatário, inclusive o chamado bem imóvel rural rústico.  Pelo exposto, entendo que as granjas locadas pela Recorrente, evidentemente  utilizadas no seu processo produtivo, são considerados prédios para fins de apuração do crédito  do PIS e da COFINS não cumulativos, nos exatos termos dos incisos IV dos arts. 3º das Leis nº  10.833/03 e Lei nº 10.637/02, uma vez que  a  legislação não  faz qualquer distinção quanto à  serem tais prédios urbanos ou rurais.  É como voto, acompanhando, nos demais aspectos, integralmente, o voto do  D. Relator, para dar PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, para acatar também a  possibilidade de se apurar créditos de PIS e da COFINS não cumulativos referente as despesas  de aluguel de granjas.    Tatiana Josefovicz Belisário ­ Redatora designada.                Fl. 10718DF CARF MF

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Numero do processo: 12897.000264/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 2202-004.427
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.

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2202­004.427  –  2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  08 de maio de 2018  Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA  Recorrente  OLIMPIO UCHOA VIANNA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006  AUTO  DE  INFRAÇÃO.  FORMALIDADES  LEGAIS.  NULIDADE.  INOCORRÊNCIA.  Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos  que  disciplinam  o  assunto,  apresentando  adequada  motivação  jurídica  e  fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos  termos da lei.  GANHO  DE  CAPITAL.  DEVOLUÇÃO  DE  PARTICIPAÇÃO  SOCIETÁRIA.  A  pessoa  física  que  receber  bens  ou  direitos  em  devolução  de  participação  societária,  adquirida por valor  inferior  ao patrimonial,  deverá  tributar  como  ganho  de  capital  a  diferença  entre  o  valor  recebido  e  o  valor  declarado  da  participação extinta.  MULTA  DE  OFÍCIO.  NÃO  CONFISCO.  INCONSTITUCIONALIDADE.  ILEGALIDADE  O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade  de lei tributária (Súmula CARF nº 2).        Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade,  em  rejeitar  as  preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo  II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou  nesse  julgamento,  por  se  tratar  de  questão  já  votada  pelo  conselheiro  Paulo  Sergio Miranda  Gabriel na reunião anterior.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 7. 00 02 64 /2 00 9- 41 Fl. 218DF CARF MF     2   (assinado digitalmente)  Ronnie Soares Anderson ­ Presidente.    (assinado digitalmente)  Rosy Adriane da Silva Dias ­ Relatora.    Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva  Dias,  Martin  da  Silva  Gesto,  Waltir  de  Carvalho,  Junia  Roberta  Gouveia  Sampaio,  Fabia  Marcilia  Ferreira  Campelo  (suplente  convocada),  Dilson  Jatahy  Fonseca  Neto,  Virgilio  Cansino  Gil  (suplente  convocado),  Ronnie  Soares  Anderson  (Presidente).  Ausente,  justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.    Relatório  Trata­se  de  recurso  voluntário  interposto  contra  o  acórdão  nº  12­55.181,  proferido pela 7a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de  Janeiro  I  (DRJ/RJ1),  que  julgou  procedente  o  lançamento,  mantendo  a  cobrança  do  crédito  tributário.  Consta no Termo de Verificação Fiscal:  Como  resultado  da  análise  das  informações  e  documentos  apresentados, verificamos:  Verificação  1  ­  A  aquisição  de  630  quotas  de  TETTO  SPE  1  GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA, de Eugênio Pacelli Marques  Almeida Holanda,  por  R$  630,00  conforme  esclarecimentos  de  08/12/2008,  fls.  e apresentados  em atendimento à  intimação de  fls. :  [...]  Segundo ainda a documentação apresentada, a formalização do  ingresso na sociedade é contemplada na 6a alteração contratual  de  04/ago/2006  (fls.  ),  que  denota,  entretanto,  o  valor  nominal  das 630 quotas em R$ 6.784.413,30, sendo a mesma importância  objeto  de mútuo,  conforme contrato  de  08/ago/2006,  estando o  contribuinte na condição de mutuário.  A 7a alteração contratual de 13/nov/2006 (fls. ) registra redução  do capital  social da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS  LTDA  com  a  devolução  da  participação  no  capital,  efetuadas  com  ativos  representados  por  créditos  da  Sociedade  contra  o  contribuinte em R$ 6.784.413,30.  Fl. 219DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 219          3 Em sua DIRPF (fls. ), o contribuinte classifica a diferença entre  o  valor  de  aquisição  e  o  valor  da  devolução  de  capital,  R$  6.783.783,30,  como  não­tributáveis,  sem  observar  o  fato  que  suas  quotas  não  sofreram  nenhuma  valorização  no  capital  da  TETTO  SPE  1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS  LTDA,  haja  vista  o  valor  contábil  das  quotas  no  ingresso  do  contribuinte  na  sociedade  (vide  acima),  ser  o  mesmo  da  devolução  de  capital,  denotando que a devolução de capital se deu por valor contábil  (não onerando a pessoa jurídica do ganho de capital previsto no  § único do art. 419 do RIR/99).  O contribuinte não observou ainda a norma contida na Instrução  Normativa SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996:  [...]  Em  suma,  o  contribuinte  obteve  ganho de  capital  tributável  ao  adquirir  quotas  por  R$  630,00,  e  no  mesmo  ano  receber  em  devolução, direitos no valor de R$ 6.784.413,30, sobre os quais  o  próprio  foi  o  beneficiário  da  importância,  anteriormente  recebida  a  título  de mútuo  e  cometeu  o  erro  de  classificar,  em  sua declaração de rendimentos, a diferença como não tributável.  Verificação 2 ­ Depósito bancário sem comprovação da natureza  ou origem, na forma solicitada nas intimações de fls. ,  .  , e , da  importância  de  R$  21.000.00,  em  23/06/2004,  junto  ao  Banco  Sudameris,  conforme  extrato  bancário  de  fls.  ,  apresentado  em  atendimento às intimações de fls.  Após cientificado do Auto de Infração, o  recorrente apresentou impugnação  (fls. 81/100), que foi julgada improcedente pela DRJ/RJ1, de cujo acórdão se extrai a seguinte  ementa:  Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física ­ IRPF  Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006  DEPÓSITO  BANCÁRIO  DE  ORIGEM  NÃO  COMPROVADA.  MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.  Consolida­se administrativamente o crédito tributário relativo à  matéria não impugnada.  DEVOLUÇÃO DO CAPITAL  SOCIAL. GANHO DE CAPITAL.  EXCLUSÃO.  CONDICIONANTES  LEGAIS  NÃO  COMPROVADOS.  Não  comprovado que  a devolução de  capital  se  deu de  acordo  com  as  exigências  legais,  impossível  transferir  a  responsabilidade para a pessoa jurídica.  GANHO  DE  CAPITAL.  DEVOLUÇÃO  DE  PARTICIPAÇÃO  SOCIETÁRIA.  A  pessoa  física  que  receber  bens  ou  direitos  em  devolução  de  participação  societária,  adquirida  por  valor  inferior  ao  patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença  Fl. 220DF CARF MF     4 entre  o  valor  recebido  e  o  valor  declarado  da  participação  extinta.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  Inconformado com a decisão da DRJ/RJ1, cuja ciência se deu em 03/07/2013,  o  recorrente  apresentou  Recurso  Voluntário,  em  02/08/2013,  repisando  os  argumentos  da  impugnação, que em síntese foram por ela assim resumidos:  (i)  Não  se  pode  cogitar  de  ganho  de  capital  em  operações  de  devolução de participação no capital social;  (ii) no período compreendido entre o ingresso e a saída do ora  RECORRENTE,  da  TETTO,  não  houve  variação  positiva  do  valor de sua participação societária; e, principalmente  (iii)  os  valores  percebidos  por  pessoa  física  a  título  de  devolução  de  participação  no  capital  social  pelo  valor  de  mercado estão  isentos de  IRPF, por  força do art.  22.  § 4º,  da  Lei nº 9.249/95; ou  Acrescentou que, a multa aplicada é desproporcional à gravidade da conduta  do recorrente, e possui cunho confiscatório.  Dos pedidos  O recorrente requer o provimento do Recurso para anular o auto de infração,  e se não provido nesse requisito, que seja afastada a multa de ofício.  É o relatório    Voto             Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, Relatora  O  Recurso  Voluntário  é  tempestivo,  e  preenche  os  demais  requisitos  de  admissibilidade, portanto, dele conheço  Preliminar. Nulidade  Antes de entrar no mérito, o recorrente observa que não arguiu preliminar de  nulidade,  como  afirmou  a  relatora  no  acórdão  recorrido,  diz  ter  alegado  que  a  aplicação  da  teoria da motivação consiste em que a subsistência do lançamento depende da procedência da  afirmação do Auditor Fiscal de que houve ganho de capital declarado e não pago.  Diante  dessa  alegação,  lembro  que,  nos  termos  do  art.  31  do  Decreto  nº  70.235, de 6 de março de 1972, o julgador deve referir­se a todas as razões de defesa alegadas  pelo  Recorrente.  Assim  sendo,  agiu  bem  o  julgador  de  primeira  instância,  uma  vez  que  o  recorrente naquela ocasião referiu­se à obrigatoriedade de motivação do ato administrativo de  lançamento, citando o art. 10 do referido Decreto, incluindo destaques para os incisos III e IV,  Fl. 221DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 220          5 que  tratam da  "descrição  do  fato",  e  "disposição  legal  infringida  e a  penalidade  aplicável",  respectivamente. Além disso, no item 24 da impugnação assevera:  24. Como, in casu o ilmo. Sr. Fiscal motivou a lavratura do Auto  de  Infração,  [...]  alegando  ganho  de  capital  supostamente  registrado e não declarado pelo IMPUGNANTE, a aplicação da  Teoria  em  questão  faz  com  que  a  subsistência  do  lançamento,  após  o  controle  da  legalidade  a  ser  exercido  nos  autos  do  presente processo, dependa diretamente da procedência daquele  argumento.  Entendo que, em referido trecho, o recorrente diz que se não for reconhecido  que  ocorreu  ganho  de  capital,  o  auto  de  infração  não  teria  validade,  porque  não  estaria  motivado.  Isso é ainda visto no seguinte trecho da impugnação: "23. Seja como for, uma vez  motivado,  a  validade  do  ato  administrativo  estará  vinculada  à  existência,  à  veracidade  e  à  pertinência  dos  motivos  apontados  como  fundamento  para  a  sua  prática,  pela  consagrada  Teoria dos Motivos Determinantes.".  Outra razão que teria levado a autoridade julgadora a citar o conteúdo do art.  59 do Decreto nº 70.235/72 em seu voto,  foi o  fato de o Recorrente ao  final da  impugnação  pedir a nulidade do Auto de Infração. Dessa forma, o julgador agiu corretamente ao conversar  textualmente  com  o  recorrente,  apresentando  a  este  os  casos  em  que  caberia  a  nulidade  do  lançamento:  I)  os  atos  e  termos  lavrados  por  pessoa  incompetente;  e  II)  os  despachos  e  decisões  proferidos  por  autoridade  incompetente  ou  com  preterição  do  direito  de  defesa.  Situações  estas  que,  assim  como  o  julgador  a  quo,  considero  não  estarem  presentes  no  lançamento a ponto de levá­lo à nulidade.  Como os mesmos argumentos apresentados na impugnação foram trazidos ao  recurso  voluntário,  com  os  mesmos  trechos  sobre  a  teoria  dos  motivos  determinantes,  e  ao  final,  nos  pedidos,  também  pugna  pela  nulidade  do  Auto  de  Infração,  ratifico  meu  entendimento de que o Auto de Infração contém todos os elementos e requisitos necessários de  formação  válida,  tendo  sido  lavrado  de  acordo  com  os  dispositivos  legais  e  normativos  que  disciplinam o assunto, art. 10 do Decreto nº 70.235/72, observado o art. 142 e seu parágrafo  único, da Lei  nº 5.172,  de 26 de outubro de 1966  (Código Tributário Nacional  ­ CTN), não  havendo, portanto, que se falar de nulidade do lançamento.  Do mérito  A  impossibilidade  de  caracterização  de  ganho  de  capital  na  operação  de  devolução de participação societária  Alega  o  recorrente  ser  pressuposto  para  o  ganho  de  capital  a  alienação  de  bens e direitos, sendo que a figura da devolução de capital social, não está entre as espécies de  alienação previstas no rol numerus clausus do art. 3º, § 3º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro  de 1988.   Acrescenta  que,  o  recebimento  de  valores  na  qualidade  de  mutuário  da  TETTO  SPE  1  GESTÃO  DE  RECEBÍVEIS  LTDA  (TETTO)  não  gerou  acréscimo  patrimonial,  que  ensejasse  incidência  de  IRPF,  e  quanto  à  devolução  das  participações  societárias, as quotas não sofreram variação positiva durante o período que lhe pertencia, e não  houve alienação como disse o autuante, porque com a redução do capital social promovida pela  7ª Alteração Contratual da TETTO, as quotas de sua titularidade deixaram de existir.  Fl. 222DF CARF MF     6 Arrazoa que, a analogia feita pela DRJ/RJ1, entre as operações de devolução  de participação societária e o resgate de ações pelas sociedades anônimas é descabida, porque  busca justificar incidência tributária por meio de analogia, que se presta a resolver lacuna do  sistema  jurídico,  sendo a  tributação com base nela  rechaçada pelo § 1º  do  art.  108 do CTN.  Cita jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesse sentido.  Entende que as operações no caso dos autos têm como regramento específico  o  art.  1.031,  caput  e  §  1º,  da  Lei  nº  10.406,  de  10  de  janeiro  de  2002  (Código  Civil).  Transcreve  acórdão  do  Carf  que  afastou  a  equiparação  de  devolução  de  capital  social  com  respectiva  redução à alienação acionária e à distribuição de  lucros para  fins de  incidência do  Imposto de Renda.  Não vejo razão nos argumentos do recorrente. Neste ponto, são importantes  alguns conceitos básicos para a solução da controvérsia. Então vamos a eles:  Alienação:  ato  ou  efeito  de  alienar,  cessão  de  bens  (Ferreira,  Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua  Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004).  Alienação: É forma voluntária de perda da propriedade. É o ato  pelo qual o titular transfere sua propriedade a outro interessado.  Dá­se  a  alienação  de  forma  voluntária  ou  compulsória,  sendo  exemplo  de  alienação  voluntária  a  dação  em  pagamento,  e  de  alienação  compulsória  a  arrematação.  Ela  ainda  pode  ser  a  título  oneroso  ou  gratuito,  configurando­se  alienação  a  título  oneroso a compra e venda, e a título gratuito a doação. Cumpre  ressaltar que a transferência do bem alienado só poderá ocorrer  por  meio  de  contrato,  isto  é,  por  meio  de  negócio  jurídico  bilateral  que  expresse  a  transmissão  do  bem  a  outra  pessoa.  (http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/869/Alienacao).  Sinônimos  de  alienação:  cessão,  transmissão,  transferência,  passagem,  cedência,  doação,  venda.  (https://www.sinonimos.com.br/alienacao/);  Devolução: [...] S.f. 1. ato ou efeito de devolver. 2. Aquisição de  propriedade  por  transferência.  3.  Restituição  ao  primeiro  possuidor.  4. Com. Retorno  (6).  [Ferreira,  Aurélio Buarque  de  Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed.  Curitiba: Positivo, 2004]  Devolver:  [...]  7.  Transferir  (a  outrem,  um  direito  ou  propriedade); Reenviar,  recambiar. 9. Entregar; dar, conceder.  10.  Transferir;  transmitir.  [...].  [Ferreira,  Aurélio  Buarque  de  Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua portuguesa. 3. ed.  Curitiba: Positivo, 2004].  Pelos  conceitos  acima  expostos,  percebe­se  que  a  alienação  é  um  termo  genérico, onde se enquadram várias espécies, tais como cessão, doação e venda; que carregam  entre si o termo "transferência".  Analisando o conceito de "devolução", em que também ocorre transferência,  entendo  que  ela  é  uma  espécie  de  alienação,  que  se  processa  de  forma  reversa,  ou  seja,  no  primeiro momento,  um  bem  é  transferido  para  a  propriedade  do  Indivíduo X,  e  no  segundo  momento, o Indivíduo X transfere o mesmo bem a seu possuidor anterior. Nesse sentido, pode  ser que o Indivíduo X tenha comprado esse bem por R$ 1.000,00, mas quando resolva devolvê­ Fl. 223DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 221          7 lo,  este  esteja  valendo  no  mercado  R$  1.500,00.  Nesse  caso,  o  Indivíduo  X  pode  vender  (trocar)  o  bem  pelo  mesmo  valor  de  compra,  ou  a  valor  de  mercado;  depende  do  que  ele  acordar  com  o  interessado.  Outra  situação,  é  que  o  bem  tenha  valor  patrimonial  de  R$  1.000,00, mas o Indivíduo X o tenha adquirido por R$ 500,00, e decida devolvê­lo apenas pelo  valor patrimonial. Pergunto: qual seria o ganho de capital, em cada operação?  Para  a  estipulação  desse  ganho  precisamos  analisar  mais  dois  conceitos  trazidos pela legislação: custo de aquisição, e valor da alienação (valor da transmissão).  Lei. nº 7.713, de 1988  Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou  valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso:  [...]  Art. 19. Valor da  transmissão é o preço efetivo de operação de  venda ou da cessão de direitos, ressalvado o disposto no art. 20  desta Lei.  Esses conceitos estão expressos da mesma forma no Decreto nº 3.000, de 26  de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda ­ RIR):  Art.123.Considera­se valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988,  art. 19 e parágrafo único):  I­o preço efetivo da operação, nos termos do §4º do art. 117;  [...]  Art.128.O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de  janeiro  de  1992  até  31  de  dezembro  de  1995,  será  o  valor  de  aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, §4º, e Lei nº 8.981, de  1995, art. 22, inciso I).  [...]  Art.131. Não será atribuída qualquer atualização monetária ao  custo  dos  bens  e  direitos  adquiridos  após  31  de  dezembro  de  1995 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 17, inciso II). (Grifei)  Então,  valor  da  alienação  é  o  preço  efetivo  da  operação  de  venda  ou  da  cessão de direitos, e custo de aquisição o preço efetivamente pago. Em uma primeira análise  parece haver uma convergência nos  conceitos. Para quem vende o  custo de  alienação  será  o  valor  recebido,  e  para  quem  compra  o  custo  de  aquisição  será  o  valor  pago.  Entretanto,  depende  de  quem  está  na  posição  de  vendedor  e  comprador,  em  relação  a  despesas  com  impostos, corretagem, etc.  Diante  dos  dispositivos  legais  e  entendimento  dos  conceitos,  voltemos  aos  exemplos acima:  · Hipótese  1:  Comprou  por  R$  1.000,00;  vendeu  por  R$  1.500,00  (ganho de capital = R$ 500,00).  Fl. 224DF CARF MF     8 · Hipótese 2: Comprou a R$ 500,00; o valor patrimonial do bem era R$  1.000,00; devolveu o bem pelo valor patrimonial (ganho de capital =  R$ 500,00).  Por que na segunda hipótese o ganho de capital não foi igual a zero, se o bem  foi devolvido pelo seu valor patrimonial? Em função do que dispõem os artigos 16 e 19 da Lei.  7.713/88: o valor da alienação é o valor efetivo da operação de venda, e o valor da aquisição o  preço pago. Esse entendimento já foi exarado em acórdão do antigo Conselho de Contribuintes:  ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA – VALOR DE  ALIENAÇÃO  –  Para  efeito  de  apuração  de  eventual  ganho  de  capital na alienação de participação societária constitui valor de  alienação  aquele  da  operação  e  não  o  valor  patrimonial  da  participação  alienada.  (1º  Conselho  de  Contribuintes/4ª  Câmara/ACÓRDÃO  104­18.701  em  18.04.2002.  Publicado  no  DOU em: 03.09.2002.).  Agora, vamos entender o que ocorreu no caso dos autos:  Data  Evento  Valor  Pago  Valor  Nominal  Valor  emprestado  Capital antes  Capital  depois  Documento  fls.  04/08/2006  Transferência  das quotas de  Eugênio para  Olimpio  (recorrente)    6.784.413,30       6ª Alteração  contratual da  TETTO  39  04/08/2006  Pagamento a  Eugênio  pelas quotas  recebidas  deste  630,00 6.784.413,30       Recibo  28  08/08/2006  TETTO  empresta  dinheiro para  Olimpio      6.784.413,30     Contrato de  mútuo  37  13/11/2006  Redução do  capital social  da TETTO        53.844.550,00  31.789.822,32  7ª alteração  contratual  36  O  fato  importante  é  que,  o  recorrente  supostamente  devia  à  TETTO  R$  6.784.413,30, por meio de contrato de mútuo, e quando devolveu as participações societárias  (13/11/2006), recebeu a quitação da suposta dívida, que iria vencer em 14/11/2006.  Entendo  que,  no  caso,  a  devolução  das  quotas  à  sociedade  TETTO  é  alienação,  cuja  forma  de  pagamento  foi  a  extinção  da  suposta  dívida  no  valor  de  R$  6.784.413,30, e o custo de aquisição das quotas foi o valor de R$ 630,00 efetivamente pago por  Olímpio a Eugênio.  A  alegação  do  recorrente  de  que  não  houve  alienação  porque  as  quotas  deixaram  de  existir  com  a  redução  de  capital  efetuada  pela  TETTO,  não  se  sustenta,  principalmente,  porque  a  transmissão  das  quotas  se  deu  em  13/11/2006,  pela  7ª  alteração  contratual, com a quitação da suposta dívida.  Em  sequência  aos  argumentos  do  recorrente,  entendo  que  não  houve  utilização  de  analogia  pelo  julgador  a  quo,  para  atribuir  tributação;  pois,  no  Termo  de  Verificação  Fiscal,  os  fatos  estão  bem  delineados  e  fundamentados  com  os  dispositivos  normativos que disciplinam a apuração do ganho de capital, para fins de tributação. A meu ver  Fl. 225DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 222          9 o julgador de primeira instância, com o termo analogia, quis apenas mostrar ao recorrente, que  a  redução  de  capital,  com  a  compra  de  quotas/ações  dos  sócios/acionistas  pelas  sociedades,  pode se dar tanto em sociedades limitadas quanto em sociedades anônimas.  Ora, a redução de capital pode ocorrer em qualquer sociedade, quanto a isso  não  há  dúvidas,  a  questão  é  saber  se  nessa  operação  houve  ou  não  ganho  de  capital.  Se  a  redução do capital se deu no mesmo valor nominal das quotas/ações, e pelo mesmo custo de  aquisição, não haverá, pois não ocorreu acréscimo patrimonial do sócio retirante.  Outra  situação  em  que  não  haveria  ganho  de  capital  seria  quando  a  investidora  devolve  o  bem  da  investida,  em  caso  de  controladas,  onde  ocorre  a  equiparação  patrimonial, e onde o patrimônio da investida é reflexo da investidora, pois se trata apenas de  uma devolução do bem, pelo mesmo valor que estava refletido na investida. E parece ser esse o  caso enfrentado pelo acórdão nº 1103­00.207, transcrito pelo recorrente.  No  caso  dos  autos  ocorreu  efetiva  alienação,  com  a  devolução  das  participações societárias pelo recorrente, e sobre a diferença entre o valor dessa alienação e o  custo de aquisição delas há incidência de imposto de renda.  A isenção de IRPF na operação de devolução do capital social pelo valor  de mercado das quotas  O recorrente aduz que a operação de devolução do capital social pelo valor de  mercado é isenta, conforme § 4º do art. 22 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Infirma  que pelo §1º desse artigo, o imposto sobre a variação positiva entre o valor devolvido ao sócio  baseado em avaliação de mercado e o valor contábil registrado no Contrato Social da empresa  é de responsabilidade desta, e o § 4º diz que a diferença positiva entre o valor de mercado e o  valor das quotas que consta na Declaração de bens não entra na base do cálculo do IRPF. Nesse  sentido, transcreve inciso XLVI do art 39 do RIR, e § 5º do art. 60 da Instrução Normativa SRF  nº 11, de 21 de fevereiro de 1996 (IN SRF nº 11/96), e jurisprudência do antigo Conselho de  Contribuintes (Acórdão nº 106­15.131). Entende ser equivocada a autuação com base no art. 61  dessa Instrução Normativa, porque esse artigo se refere à devolução de participação societária  pelo valor contábil.  Para compreender o que alega o recorrente vamos transcrever os dispositivos  legais citados por ele:  Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995  Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem  entregues  ao  titular  ou  a  sócio  ou  acionista,  a  título  de  devolução  de  sua  participação  no  capital  social,  poderão  ser  avaliados pelo valor contábil ou de mercado.  § 1º No caso de a devolução realizar­se pelo valor de mercado, a  diferença  entre  este  e  o  valor  contábil  dos  bens  ou  direitos  entregues  será  considerada  ganho  de  capital,  que  será  computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base  no  lucro  real  ou  na  base de  cálculo  do  imposto  de  renda  e da  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido  devidos  pela  pessoa  jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado.  Fl. 226DF CARF MF     10 § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa  jurídica, os bens  ou  direitos  recebidos  em  devolução  de  sua  participação  no  capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou  pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa  jurídica  que esteja devolvendo capital.  § 3º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou  direitos recebidos em devolução de sua participação no capital  serão  informados,  na  declaração  de  bens  correspondente  à  declaração  de  rendimentos  do  respectivo  ano­base,  pelo  valor  contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica.  § 4º A diferença entre o valor de mercado e o valor constante da  declaração  de  bens,  no  caso  de  pessoa  física,  ou  o  valor  contábil, no caso de pessoa  jurídica, não será computada, pelo  titular,  sócio  ou  acionista,  na  base  de  cálculo  do  imposto  de  renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido. (Grifei)    Decreto nº 3.000, de 16 de março de 1999  Art.39.Não entrarão no cômputo do rendimento bruto:  [...]  XLVI ­ a diferença a maior entre o valor de mercado de bens e  direitos,  recebidos  em  devolução  do  capital  social  e  o  valor  destes  constantes  da  declaração  de  bens  do  titular,  sócio  ou  acionista,  quando  a  devolução  for  realizada  pelo  valor  de  mercado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 22, §4º);    IN SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996  Art.  60.  Os  bens  ou  direitos  do  ativo  da  pessoa  jurídica,  que  forem  entregues  ao  titular  ou  a  sócio  ou  acionista,  a  título  de  devolução  de  sua  participação  no  capital  social,  poderão  ser  avaliados pelo valor contábil ou de mercado.  § 1º No caso de a devolução realizar­se pelo valor de mercado, a  diferença  entre  este  e  o  valor  contábil  dos  bens  ou  direitos  entregues  será  considerada  ganho  de  capital,  que  será  computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base  no  lucro  real  ou  na  base de  cálculo  do  imposto  de  renda  e da  contribuição  social  sobre  o  lucro  devidos  pela  pessoa  jurídica  submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido  ou arbitrado.  § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa  jurídica, os bens  ou  direitos  recebidos  em  devolução  de  sua  participação  no  capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou  pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa  jurídica  que esteja devolvendo capital.  [...]  § 4ºPara o  titular, sócio ou acionista, pessoa  física, os bens ou  direitos recebidos em devolução de sua participação no capital  Fl. 227DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 223          11 serão  informados,  na  declaração  de  bens  correspondente  à  declaração  de  rendimentos  do  respectivo  ano­base,  pelo  valor  contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica.  § 5ºA diferença entre o valor de mercado e o valor constante da  declaração de bens não será computada na base de cálculo do  imposto  de  renda devido pela  pessoa  física,  sendo  considerada  rendimento isento.  Art. 61. No caso de participação societária adquirida por valor  inferior  ao  patrimonial,  em  que  a  pessoa  jurídica  que  estiver  devolvendo capital tenha optado pela avaliação a valor contábil,  a  pessoa  física  ou  jurídica  que  estiver  recebendo  os  bens  ou  direitos deverá proceder da seguinte forma:  I ­ se pessoa física, à sua opção:  a)  incluir, em sua declaração de bens, os bens ou direitos pelo  valor pelo qual houverem sido recebidos, tributando como ganho  de  capital  a  diferença  entre  este  e  o  valor  declarado  da  participação extinta; ou  b)  incluir,  em  sua  declaração  de  bens,  os  bens  e  direitos  pelo  mesmo valor da participação extinta.  II  ­  se  pessoa  jurídica,  registrar  os  bens  ou  direitos  pelo  valor  pelo qual houverem sido recebidos, reconhecendo, como ganho  de  capital,  sujeito  à  incidência  do  imposto  de  renda  e  da  contribuição social sobre o lucro, a diferença entre este e o valor  contábil da participação extinta.  Diante desses dispositivos, vamos fazer algumas considerações sobre o caso  em análise:  1.  as  participações  societárias  foram  adquiridas  de  outro  sócio  pessoa  física por valor inferior ao valor contábil.  2.  a  devolução  das  quotas  se  deu  para  a  pessoa  jurídica  e  pelo  valor  contábil/nominal.  3.  na  DIRPF  2007,  ano­calendário  2006,  fls.  11,  as  participações  societárias estavam declaradas na Declaração de Bens e Direitos, da  seguinte forma:     [...]    Fl. 228DF CARF MF     12 Com essas observações, interpreto que a responsabilidade da pessoa jurídica  pela  tributação,  conforme  disposto  no  §  1º  do  art.  22,  ocorre  porque  é  como  se  ela  tivesse  “alienando” os bens e direitos à pessoa física. Por isso que, se esses bens forem “alienados” a  valor de mercado e houver diferença entre este e o valor contábil, essa diferença é considerada  como ganho de capital da pessoa jurídica. Por exemplo, se os bens que ela "alienou" estavam  avaliados a valor de mercado por R$ 1.000,00, e  registrados contabilmente por R$ 700,00, é  como  se  ela  os  tivesse  "vendendo"  por  R$  1.000,00,  obtendo  um  ganho  de R$  300,00.  Por  outro lado, quando a pessoa física devolve as participações societárias, é como se ela as tivesse  "alienando", e para apurar  se houve ou não ganho de capital,  será  imprescindível determinar  qual  o  custo  de  aquisição  delas,  que  nem  sempre  será  o  mesmo  valor  registrado  na  contabilidade da pessoa jurídica à época da aquisição.  No  presente  caso,  ao  que  tudo  indica,  o  valor  das  participações  societárias  que pertenciam a Eugênio estavam registradas ao valor contábil de R$ 6.784.413,30, conforme  se  observa  no  trecho  da  6ª  Alteração  Contratual  da  TETTO  abaixo  transcrito  (fls.  39),  mas  foram  adquiridas  pelo  recorrente  a  um  valor  bem  inferior  (R$  630,00),  ou  seja,  custo  de  aquisição das quotas para o recorrente foi de R$ 630,00:  (b) Eugênio,  neste ato,  cede  e  transfere 1.767  (mil  setecentas e  sessenta  e  sete)  quotas  sociais,  totalmente  subscritas  e  integralizadas,  para  Fernando,  José  e  Olímpio,  acima  qualificados,  nas  seguintes  proporções:  (i)  Fernando,  que  ora  ingressa na Sociedade, recebe 570 (quinhentas e setenta) quotas,  no valor nominal  total de R$6.138.278,70  (seis milhões cento e  trinta  e  oito  mil  duzentos  e  setenta  e  oito  reais  e  setenta  centavos); (ii) José, que ora ingressa na Sociedade, recebe 567  (quinhentas e sessenta e sete) quotas, no valor nominal  total de  R$6.105.971,97  (seis  milhões  cento  e  cinco  mil  novecentos  e  setenta e um reais e noventa e sete centavos); e (iii) Olímpio, que  ora  ingressa  na  Sociedade,  recebe  630  (seiscentas  e  trinta)  quotas, no valor nominal  total  de R$6.784.413,30 (seis milhões  setecentos  e  oitenta  e  quatro  mil  quatrocentos  e  treze  reais  e  trinta centavos). Os demais quotistas da Sociedade, presentes a  tudo, neste ato declaram expressamente sua concordância com a  cessão  e  transferência  de  quotas  ora  aprovada,  bem  como  renunciam a qualquer direito de preferência que poderiam ter na  aquisição das mesmas. (Grifei)  Quando  o  recorrente  as  devolveu  à  Sociedade  TETTO,  e  recebeu  bens  e  direitos (liquidação de contrato de mútuo de R$ 6.784.413,30), não houve qualquer ganho de  capital para a pessoa jurídica que pudesse ser computado como resultado, pois a devolução das  participações  se  deu  pelo mesmo  valor  que  já  constava  em  contrato  social  (valor  nominal),  conforme se observa às fls. 30, comparada ao trecho transcrito acima:  I.  Consoante  deliberação  da  Reunião  de  Sócios  ocorrida  em  08.08.06,  cuja  ata  compõe  o  Anexo  I  ao  presente  Instrumento,  neste  ato  reduz­se  o  capital  social  da  Sociedade  em  R$22.054.727,68  (vinte  e  dois  milhões  cinqüenta  e  quatro  mil  setecentos  e  vinte  e  sete  reais  e  sessenta  e  oito  centavos),  mediante a transferência aos quotistas Fernando Salles Teixeira  de Mello, Olímpio Uchoa Vianna, José de Vasconcellos e Silva e  Eugênio  Pacelli  Marques  de  Almeida  Holanda,  a  título  de  devolução de sua participação no capital social, nos  termos do  artigo  22  da  Lei  nº  9.249/95,  de  ativos  representados  por  créditos da Sociedade contra esses mesmos quotistas, avaliados  pelo seu valor de mercado conforme laudo de avaliação anexo à  Fl. 229DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 224          13 ata  da  mencionada  Reunião  de  Sócios,  com  o  consequente  resgate  de  2.048  (duas mil  e  quarenta  e  oito)  quotas  no  valor  nominal  de R$ 10.768,91  (dez mil,  setecentos  e  sessenta  e  oito  reais  e  noventa  e  um  centavos),  representativas  do  capital  da  Sociedade, pelo preço de resgate total de R$22.054.727,66 (vinte  e  dois milhões  cinquenta  e quatro mil  setecentos  e  vinte  e  sete  reais e sessenta e oito centavos), com a correspondente redução  do capital social. (Grifei)  Por seu turno, o recorrente afirma que os bens e direitos foram devolvidos a  valor de mercado, conforme laudo. Entretanto, o laudo de avaliação é de 08/08/2006 (fls. 130),  mesma  data  em  que  foi  efetuado  o  empréstimo  ao  recorrente.  Por  lógica,  se  o  laudo  foi  efetuado na data em que firmado o contrato de mútuo, o resultado do laudo só poderia coincidir  com o valor constante nesse contrato. Ocorre que, a devolução das participações societárias se  deu  três  meses  depois  desse  laudo.  Além  disso,  ele  apresenta  algumas  peculiaridades,  pois  antes  da  assinatura  do  contrato  de  mútuo  (08/08/2017),  o  laudo  já  avaliava  o  crédito  da  empresa contra o recorrente no mesmo valor desse contrato, em 07/08/2017 (fls. 131), ou seja,  o crédito foi avaliado antes de sua existência:  3.  Após  examinarmos  os  contratos  de  direitos  de  crédito,  suas  cláusulas  e  condições,  bem  como  os  livros  contábeis  da  Sociedade, concluímos que os ativos a serem devolvidos aos seus  quotistas montam,  em 7 de agosto de 2006, a R$22.054.727,68  (vinte e dois milhões cinqüenta e quatro mil setecentos e vinte e  sete reais e sessenta e oito centavos), sendo:  [...]  3.2.  Ativos  a  serem  devolvidos  ao  quotista  Olímpio  Uchôa  Vianna  em  devolução  de  sua  participação  no  capital  social,  avaliados  pelo  seu  valor  de  mercado  em  R$6.784.413,30  (seis  milhões  setecentos  e  oitenta  e  quatro  mil  quatrocentos  e  treze  reais  e  trinta  centavos),  representados  por  créditos  do  mesmo  valor detidos pela Sociedade contra o próprio quotista; (Grifei).  Acrescente­se que no laudo é informado apenas o valor do ativo da empresa,  e menciona que os livros contábeis estão organizados e de forma ordenada (fls. 131):  2. Na sede da Sociedade nos foram apresentados para exame os  seus livros e documentos contábeis.  2.1.  Verificamos  que  os  critérios  contábeis  adotados  para  registro  dos  créditos  da  Sociedade  observaram  os  requisitos  legais e os princípios de contabilidade geralmente aceitos, e que  a  documentação  da  Sociedade,  como  diários  e  demais  livros  auxiliares, inclusive toda a escrituração fiscal, está organizada e  mantida de forma ordenada.  2.2.  Nosso  exame  indicou  não  serem  necessários  ajustes  aos  registros contábeis dos créditos da Sociedade.  Além  dessas  peculiaridades,  falta  ao  laudo  elementos  que  suportem  a  avaliação,  muito  menos  é  mencionado  o  critério  de  avaliação  utilizado,  ou  qualquer  outro  aspecto que se aproxime do que está disposto no  inciso I, alínea "b", do art. 183, e seu § 1º,  Fl. 230DF CARF MF     14 alínea "d" da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, modificada pela Lei nº 11.638, de 28 de  dezembro de 2007:  Critérios de Avaliação do Ativo  Art.  183.  No  balanço,  os  elementos  do  ativo  serão  avaliados  segundo os seguintes critérios:  I  ­  as  aplicações  em  instrumentos  financeiros,  inclusive  derivativos,  e  em direitos  e  títulos  de  créditos,  classificados no  ativo  circulante  ou  no  realizável  a  longo prazo:(Redação dada  pela Lei nº 11.638,de 2007)  [...]  b)  pelo  valor  de  custo  de  aquisição  ou  valor  de  emissão,  atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado  ao  valor  provável  de  realização,  quando  este  for  inferior,  no  caso  das  demais  aplicações  e  os  direitos  e  títulos  de  crédito;(Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007)  [...]  §  1o  Para  efeitos  do  disposto  neste  artigo,  considera­se  valor  justo:(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)  [...]  d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um  mercado  ativo,  decorrente  de  transação  não  compulsória  realizada  entre  partes  independentes;  e,  na  ausência  de  um  mercado  ativo  para  um  determinado  instrumento  financeiro:(Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007)  1)  o  valor  que  se  pode  obter  em  um  mercado  ativo  com  a  negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e  risco similares;(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)  2)  o  valor  presente  líquido  dos  fluxos  de  caixa  futuros  para  instrumentos  financeiros  de  natureza,  prazo  e  risco  similares;  ou(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)  3) o valor obtido por meio de modelos matemático­estatísticos de  precificação  de  instrumentos  financeiros.(Incluído  pela  Lei  nº  11.638,de 2007) (Grifei)  A Lei nº 6.404/76  também estabelece algumas formalidades que o  laudo de  avaliação de bens deve apresentar:  Avaliação  Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por  empresa  especializada,  nomeados  em  assembléia­geral  dos  subscritores,  convocada  pela  imprensa  e  presidida  por  um  dos  fundadores,  instalando­se  em  primeira  convocação  com  a  presença  de  subscritores  que  representem metade,  pelo menos,  do  capital  social,  e  em  segunda  convocação  com  qualquer  número.  Fl. 231DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 225          15 §  1º  Os  peritos  ou  a  empresa  avaliadora  deverão  apresentar  laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação  e  dos  elementos  de  comparação  adotados  e  instruído  com  os  documentos  relativos aos bens avaliados, e  estarão presentes à  assembléia  que  conhecer  do  laudo,  a  fim  de  prestarem  as  informações que lhes forem solicitadas. (Grifei)  O Decreto nº 3.000/99 ao dispor sobre laudo de reavaliação também remete  às formalidades do laudo nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976:  Decreto nº 3.000/99  Art.434.A  contrapartida  do  aumento  de  valor  de  bens  do  ativo  permanente, em virtude de nova avaliação baseada em laudo nos  termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976, não será computada  no  lucro  real  enquanto  mantida  em  conta  de  reserva  de  reavaliação (Decreto­Lei nº 1.598, de 1977, art. 35, e Decreto­ Lei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso VI).  Cabe ainda mencionar que o § 4º do art. 60 do Decreto­lei nº 1.598, de 26 de  dezembro de 1977, e os §§ 1º, 2º e 3º do art. 465 do Decreto nº 3.000/99 tratam do valor de  mercado da seguinte forma:  Decreto­lei nº 1.598/77  Art. 60 ­ [...]  §  4º  ­  Valor  de  mercado  é  a  importância  em  dinheiro  que  o  vendedor pode obter mediante negociação do bem no mercado.  (Grifei).  Decreto nº 3.000/99  Art.465.[...]  §1º  Valor  de  mercado  é  a  importância  em  dinheiro  que  o  vendedor  pode  obter mediante  negociação do  bem no mercado  (Decreto­Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, §4º).  §2º O valor  do  bem negociado  freqüentemente  no mercado,  ou  em bolsa, é o preço das vendas efetuadas em condições normais  de  mercado,  que  tenham  por  objeto  bens  em  quantidade  e  em  qualidade  semelhantes  (Decreto­Lei  nº  1.598,  de  1977,  art.  60,  §5º).  §3º  O  valor  dos  bens  para  os  quais  não  haja  mercado  ativo  poderá  ser  determinado  com base  em negociações anteriores  e  recentes do mesmo bem, ou em negociações contemporâneas de  bens  semelhantes,  entre  pessoas  não  compelidas  a  comprar  ou  vender  e  que  tenham  conhecimento  das  circunstâncias  que  influam de modo relevante na determinação do preço (Decreto­ Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, §6º). (Grifei).  Como  se percebe  a determinação  do  valor  de mercado de bens  ou  direitos,  segue  alguns  critérios,  a  depender  da  característica  de  cada  um.  Além  disso,  é  importante  ressaltar que antes de dispor sobre o valor de mercado em seus parágrafos, o art. 465 trata de  Fl. 232DF CARF MF     16 definir o que seriam pessoas ligadas, em uma perfeita sinergia, ao deixar claro que o valor de  mercado deve ser determinado de acordo a negociação do bem no mercado, e não entre pessoas  ligadas, cujos interesses outros poderiam desvirtuar esse valor.  Ocorre que, no caso, o "crédito a receber" que estaria registrado no ativo da  TETTO  (em  função  do  contrato  de  mútuo)  foi  entregue  ao  recorrente,  em  contrapartida  da  devolução de suas participações societárias, sendo que esse crédito era uma obrigação a pagar  do próprio recorrente para com a TETTO. Em realidade, a TETTO desembolsou em favor do  recorrente  R$  6.784.413,30  (por  meio  do  contrato  de  mútuo),  tendo  este  desembolsado  R$  630,00 na compra das participações  societárias,  cuja devolução ensejou  a  liquidação daquele  contrato de mútuo.  Assim, entendo correto o julgamento de primeira instância no sentido de que  a avaliação se deu a preço contábil, pois o recorrente não trouxe aos autos provas suficientes  para suportar sua alegação de que a avaliação se deu a preço de mercado. Com a observação de  que os direitos foram devolvidos ao mesmo valor constante no contrato de mútuo firmado entre  o  recorrente e  a TETTO;  e,  apesar de constar nesse  contrato de mútuo a  incidência de  juros  mensal de 1% (um por cento), a dívida do recorrente com a TETTO foi  liquidada pelo valor  original do contrato, sem menção a qualquer pagamento de juros.  Ressalto que, pelo § 3º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, o recorrente teria que  declarar  os  bens  e  direitos  recebidos  da  pessoa  jurídica  em  devolução  de  sua  participação  societária, a valor de mercado ou contábil, conforme avaliado por aquela. Entretanto, conforme  se vê na DIRPF do recorrente (fls. 11), ele não declarou os bens recebidos pelo valor contábil  (ou  conforme  diz  o  recorrente,  pelo  valor  de  mercado),  apenas  descreveu  as  participações  adquiridas  de Eugênio  pelo  valor  pago  a  este,  assim  como,  não  consta  qualquer  informação  sobre a dívida contraída com a Sociedade TETTO (fls. 12).    De  acordo  com  o  §  3º  do  art.  22  da  Lei  nº  9.249/95,  em  um  primeiro  momento  tem­se  o  valor  da  participação  declarada  na DIRPF  da  pessoa  física. Quando  esta  recebe  em devolução bens e direitos,  estes  são  registrados em sua DIRPF pelo mesmo valor  que  foi  avaliado  pela  pessoa  jurídica  (a  valor  de  mercado  ou  contábil),  ocasião  em  que  a  participação é baixada da DIRPF da pessoa física.  Pois  bem,  na  hipótese  de  uma  participação  societária  ter  sido  adquirida  de  terceiros por uma pessoa física a R$ 600,00, esse é o efetivo custo daquela para a pessoa física,  pois foi esse o valor que esta desembolsou, independente de a pessoa jurídica ter registrado em  sua contabilidade essa participação por R$ 6.000.000,00.  Caso a pessoa jurídica devolvesse bens no valor R$ 6.000.000,00 em troca da  participação da pessoa física, como esse fato seria registrado DIRPF desta? Os bens recebidos  seriam  informados  em  DIRPF  por  R$  6.000.000,00,  e  a  participação  seria  baixada  de  sua  DIRPF pelo valor de R$ 600,00.  E como a pessoa jurídica registraria essa operação? Ela daria baixa nos bens  devolvidos  no  valor  de  R$  6.000.000,00,  e  registraria  a  participação  em  tesouraria  (por  exemplo)  também no valor de R$ 6.000.000,00. Qual o ganho de capital da Pessoa Jurídica?  Nenhum.  Nessa operação, houve ganho de capital para a pessoa física, porque adquiriu  um bem por R$ 600,00 e recebeu em troca dele direitos no valor de R$ 6.000.000,00. Para se  Fl. 233DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 226          17 concluir que ocorreu ganho de capital, aplicou­se o conceito de custo de aquisição do art. 16 da  Lei nº 7.713/88.  O recorrente invoca em sua defesa o art. 22 da Lei nº 9.249/95. Contudo, esse  dispositivo veio para evitar que  a  entrega de bens  a  sócios  em devolução de  capital,  a valor  inferior ao de mercado, fosse considerada distribuição disfarçada de lucros, nos termos do art.  60 do Decreto­Lei nº 1.598/77:  Art 60 ­ Presume­se distribuição disfarçada de lucros no negócio  pelo qual a pessoa jurídica:(Vigência)  I  ­ aliena, por valor notoriamente  inferior ao de mercado, bem  do seu ativo a pessoa ligada;  II  ­  adquire,  por  valor  notoriamente  superior  ao  de  mercado,  bem de pessoa ligada;  III  ­  perde,  em  decorrência  do  não  exercício  de  direito  à  aquisição  de  bem  e  em  benefício  de  pessoa  ligada,  sinal,  depósito em garantia ou importância paga para obter opção de  aquisição;  IV ­ a parte das variações monetárias ativas (art.18) que exceder  as  variações  monetárias  passivas  (art.  18,  parágrafo  único).(Redação dada pelo Decreto­lei nº 2.064, de 1983)  V  ­  empresta  dinheiro  a  pessoa  ligada  se,  na  data  do  empréstimo, possui lucros acumulados ou reservas de lucros;  VI  ­  paga  a  pessoa  ligada  aluguéis,  royaltiesou  assistência  técnica  em  montante  que  excede  notoriamente  do  valor  de  mercado.  VII  ­  realiza  com  pessoa  ligada  qualquer  outro  negócio  em  condições  de  favorecimento,  assim  entendidas  condições  mais  vantajosas  para  a  pessoa  ligada  do  que  as  que  prevaleçam no  mercado  ou  em  que  a  pessoa  jurídica  contrataria  com  terceiros;(Redação dada pelo Decreto­lei nº 2.065, de 1983)  Por isso que, nos casos de devolução de bens, em que há diferença positiva  entre  o  valor  de mercado  e  contábil,  a  Lei  atribui  que  a  tributação  seja  na  pessoa  jurídica:  Portanto, o art. 22 da Lei nº 9.249/95 teve uma finalidade.  Pois bem, diante dessa informação, pensemos na hipótese em que o próprio  Sr.  Eugênio  recebesse  bens  da  empresa,  pela  devolução  de  suas  participações  societárias.  É  certo que, pelo citado art. 22 não haveria ganho de capital, pois os bens seriam devolvidos a  valor contábil, pelo mesmo valor das participações societárias declaradas na DIRPF (isso seria  o esperado, porque o valor nominal que constaria nas alterações contratuais corresponderia ao  mesmo  valor  do  bem  devolvido). Do  contrário,  se  esses  bens  fossem  devolvidos  a  valor  de  mercado, a diferença positiva entre este e aquele, seria ganho de capital, cuja responsabilidade  pelo  recolhimento  do  imposto  seria  da  pessoa  jurídica. Esse  é o  sentido  da  norma,  a  pessoa  jurídica avaliou a valor de mercado, criando o ganho de capital, tornando­se responsável pela  tributação.  Fl. 234DF CARF MF     18 Ocorre que, no caso dos autos, a diferença positiva entre o custo de aquisição  das participações societárias e o valor dos bens recebidos em função da devolução destas, não  foi  criada  pela  pessoa  jurídica,  entre  um  negócio  dela  com  o  Sr.  Eugênio;  mas  pelos  Srs.  Eugênio  e  Olímpio,  que  estipularam  um  negócio  em  que  foram  vendidas  participações  societárias a um valor abaixo do valor nominal.  A meu ver, mesmo que os bens tivessem sido entregues a valor de mercado,  persistiria  a  questão  do  custo  de  aquisição  para  determinação  do  ganho  de  capital  do  Sr.  Olímpio, pois conforme § 4º do citado art. 22, a responsabilidade do imposto sobre o ganho de  capital só será da pessoa jurídica, quando ocorrer diferença positiva entre o valor de mercado e  o valor  contábil  dos bens. No caso dos  autos  essa diferença  se processaria  entre o valor de  mercado  e  o  valor  de  aquisição  do  bem.  Portanto,  aplicando  o  citado  parágrafo,  a  pessoa  jurídica seria responsável pelo recolhimento do imposto sobre a diferença positiva entre o valor  de mercado e o valor contábil, e a pessoa física entre o valor de contábil e o efetivo preço de  aquisição das participações societárias.  Portanto,  vejo  que  agiu  corretamente  a  fiscalização,  porque  não  resta  qualquer dúvida que o recorrente teve um ganho de capital na devolução dessas participações,  e um acréscimo patrimonial, nos termos do §1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88.  O  recorrente  colaciona  jurisprudência  sobre  a  prevalência  do  valor  de  marcado,  nos  casos  em  que  há  coincidência  entre  este  e  o  valor  contábil  (Acórdão  nº  106­ 15.131). Ocorre que tal  jurisprudência não se aplica aos autos; primeiro, porque o recorrente  não  comprovou  que  os  bens  estavam  avaliados  a  valor  de  mercado;  segundo,  porque  a  responsabilidade do recolhimento do imposto só será sobre a diferença positiva que se firmar  entre o valor de mercado e o valor contábil,  se a pessoa  jurídica avaliar a valor de mercado.  Ocorre que, como vimos, a diferença se processou entre o valor contábil (ou de mercado como  pensa a recorrente) e o valor de aquisição das participações societárias.  Nesse  sentido, ouso discordar dos argumentos do acórdão colacionado pelo  recorrente,  para  sustentar  sua  tese  de  prevalência  do  valor  de  mercado.  Ora,  a  atribuição  à  pessoa  jurídica  pela  responsabilidade  do  recolhimento  do  imposto  sobre  a  diferença  entre  o  valor de mercado e o contábil, quando os bens ou direitos são devolvidos a valor de mercado, é  coerente, porque houve um ganho de  capital  foi criado na empresa,  então o  imposto  recairia  sobre ela, e não sobre a pessoa física. Agora, se há coincidência entre valor contábil e valor de  mercado,  nenhum  ganho  de  capital  foi  criado  nela,  aplicando­se  a  regra  geral  do  ganho  de  capital, e o imposto incide nos termos do caput e § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, ou seja,  tributa­se aquele que obteve o acréscimo patrimonial.  É certo que a Administração Pública pauta­se por vários princípios, expressos  no  art.  2º  da  Lei  nº  9.784/99,  de  29  de  janeiro  de  1999,  conforme  citado  no  acórdão  colacionado. Quanto a isso, em uma primeira análise, poder­se­ia dizer que pelo princípio da  razoabilidade,  ampla  defesa  e  contraditório,  não  se  poderia  invocar  regra  geral  do  ganho  de  capital, por ser mais gravosa ao contribuinte. Entretanto, especificamente no caso dos autos, a  regra geral se aplica, porque foge à finalidade do art. 22 da Lei nº 9.249/95, qual seja, tributar o  ganho de capital  criado  na pessoa  jurídica,  evitando que  a operação  seja  caracterizada  como  distribuição disfarçada de lucro.  O recorrente afirma que os fatos não estão enquadrados no art. 61 da IN SRF  nº 11/96. Entretanto, a concomitância desse dispositivo com o §1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88,  faz­me entender de forma diversa, pois as participações  foram adquiridas de um  terceiro por  valor inferior ao patrimonial (contábil/nominal), e foram alienadas pelo valor patrimonial, que,  Fl. 235DF CARF MF Processo nº 12897.000264/2009­41  Acórdão n.º 2202­004.427  S2­C2T2  Fl. 227          19 por coincidência, era o valor de mercado (pelo menos de acordo com um laudo que não atende  às formalidades do art. 8º da Lei nº 6.404/76).  Nesse  aspecto,  pelo  princípio  da  razoabilidade,  do  interesse  público,  e  da  proporcionalidade,  a  tributação  sobre  o  ganho  de  capital  é  daquele  que  teve  acréscimo  patrimonial,  nos  termos  do  §  1º  do  art.  3º  da  Lei  nº  7.713/88.  Então,  seria  razoável,  proporcional  e  legal,  que  diante  da  existência  de  um  ganho  de  capital  tributável  ninguém  pagasse imposto sobre ele?  Os  argumentos  do  recorrente  desejam  uma  resposta  positiva  a  esse  questionamento,  porque  se  alegar  que  a  avaliação  se  deu  a  valor  de  mercado,  a  responsabilidade pelo  imposto é da pessoa  jurídica; entretanto,  esta nada pagaria porque não  houve  ganho  de  capital  para  ela,  uma  vez  que  o  valor  de  mercado  coincidiu  com  o  valor  contábil dos bens devolvidos. De seu lado, o recorrente também nada pagaria, pois a avaliação  se daria a valor de mercado. Ou seja, ninguém pagaria tributo sobre o ganho de capital auferido  pelo recorrente.  Ocorre  que,  a  intenção  do  art.  §§  1º  e  4º  do  art.  22  da  Lei  nº  9.249/95,  conforme visto  neste  voto,  não  foi  eximir  ambas  as  pessoas  do  pagamento  do  imposto, mas  atribuir  a  um  ou  a  outro  esse  pagamento.  Assim,  a  Lei  atribuiu  à  pessoa  jurídica  a  responsabilidade pelo pagamento do imposto (§ 1º), retirando­a da pessoa física (§ 4º). Ou seja,  a intenção da lei, não foi deixar o Fisco sem a tributação, como quer o recorrente, mas evitar  que ambas as pessoas acabem pagando o mesmo imposto.  Por  essa mesma  razão,  não  se  sustenta  a  alegação  do  recorrente  de  que  ao  caso  se  aplica  o  inciso  XLVI  do  art.  39  do  Decreto  nº  3.000/99,  em  que  no  cômputo  do  rendimento bruto não entra "a diferença a maior entre o valor de mercado de bens e direitos  recebidos em devolução do capital social e o valor destes" (bens e direitos); porque parte de  uma  leitura  isolada  do  dispositivo,  que  deve  guardar  consonância  com  todos  os  dispositivos  legais sobre ganho de capital discutidos ao longo deste voto.  Por  todo  o  exposto,  entendo  que  a  fiscalização  agiu  corretamente,  ao  considerar como ganho de capital a diferença entre o valor efetivamente pago pelo recorrente  pelas participações societárias adquiridas do Sr. Eugênio, e o valor recebido em bens e direitos  da  Sociedade  TETTO,  em  forma  de  contrato  de  mútuo,  cuja  devolução  das  participações  societárias do recorrente no capital social, provocou a liquidação da dívida assumida por meio  desse contrato. Assim, não vejo razão para reforma do acórdão recorrido.  Da multa de ofício  O recorrente assevera que a multa aplicada é desproporcional à gravidade da  conduta do recorrente, e possui cunho confiscatório.  Ocorre que, a multa foi aplicada por exigência do inciso I do art. 44 da Lei nº  9.430,  de  27  de  dezembro  de  1996,  e  a  este  Conselho  não  é  dado  se  pronunciar  sobre  ilegalidade e inconstitucionalidade de Lei em plena vigência, ou deixar de aplicá­la, nos termos  do art. 26­A do Decreto nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 2:  Art.  26­A.  No  âmbito  do  processo  administrativo  fiscal,  fica  vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar  Fl. 236DF CARF MF     20 de  observar  tratado,  acordo  internacional,  lei  ou  decreto,  sob  fundamento de inconstitucionalidade.  Súmula  CARF  nº  2:  O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.  Conclusão  Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar a preliminar, e  no mérito, negar­lhe provimento.  (assinado digitalmente)  Rosy Adriane da Silva Dias                                Fl. 237DF CARF MF

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Numero do processo: 16327.004074/2003-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 1998 Embargos Declaratórios. Omissão. Cabimento. Cabem embargos declaratórios para que seja examinado ponto acerca do qual o colegiado deveria ter se manifestado, e não o fez, bem como para fins de prequestionamento. Fundamentos. Eficácia de Decisão. Ausência. Os motivos adotados como fundamentos da decisão não têm eficácia decisória.
Numero da decisão: 1301-002.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos declaratórios, para, sem efeitos infringentes, suprir a segunda omissão apontada pela embargante. Ausência momentânea e justificada do Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Breno do Carmo Moreira Vieira. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR

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1301­002.937  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  10 de abril de 2018  Matéria  IOF ­ LANÇAMENTO DE OFÍCIO  Embargante  PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL  Interessado  BANCO BMC S/A    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS  OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS ­ IOF  Ano­calendário: 1998  EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. CABIMENTO.  Cabem embargos declaratórios para que seja examinado ponto acerca do qual  o colegiado deveria  ter se manifestado, e não o fez, bem como para fins de  prequestionamento.  FUNDAMENTOS. EFICÁCIA DE DECISÃO. AUSÊNCIA.  Os  motivos  adotados  como  fundamentos  da  decisão  não  têm  eficácia  decisória.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher  parcialmente  os  embargos  declaratórios,  para,  sem  efeitos  infringentes,  suprir  a  segunda  omissão apontada pela embargante. Ausência momentânea e justificada do Conselheiro Marcos  Paulo  Leme  Brisola  Caseiro.  Participou  do  julgamento  o  Conselheiro  Suplente  Breno  do  Carmo Moreira Vieira.    (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto ­ Presidente    (assinado digitalmente)  Roberto Silva Junior ­ Relator       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 40 74 /2 00 3- 23 Fl. 188DF CARF MF Processo nº 16327.004074/2003­23  Acórdão n.º 1301­002.937  S1­C3T1  Fl. 189          2 Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Fernando  Brasil  de  Oliveira  Pinto,  Roberto  Silva  Junior,  José  Eduardo  Dornelas  Souza,  Nelso  Kichel,  Marcos  Paulo Leme Brisola Caseiro, Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade  do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Leonam Rocha de Medeiros (suplente  convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild). Ausência  justificada da  Conselheira Bianca Felícia Rothschild.    Relatório  Trata­se  de  embargos  declaratórios  opostos  pela  PROCURADORIA  DA  FAZENDA NACIONAL ­ PFN, para suprir omissões existentes no Acórdão nº 1101­00.454,  da extinta 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara.  A  decisão  embargada  deu  provimento  ao  recurso  voluntário,  julgando  improcedente o lançamento, no qual a Fiscalização formalizara exigência de IOF. A infração  foi assim descrita:  FALTA DE RECOLHIMENTO DO  IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE  CRÉDITO,  CÂMBIO  E  SEGURO,  OU  RELATIVAS  A  TÍTULOS / VALORES  MOBILIÁRIOS  Falta de recolhimento do IOF apurado em conformidade com a representação  efetuada  pela  Divisão  de  Orientação  e  Análise  Tributária  da  Deinf / SPO,  em  19/09/2003, no processo  administrativo 16327.003329/2003­31,  em  função da não  homologação do pedido de  compensação,  efetuado pelo  contribuinte,  constante no  processo  16327.000245/98­44.  O  lançamento  é  efetuado  face  ao  comando  legal  previsto no artigo 90 da MP 2.158­35 de 24/08/2001 e no disposto no artigo 23 da  IN SRF nº 210 de 30/09/2002. É parte  integrante deste Auto de  Infração cópia da  representação  formulada  pela  Divisão  de  Orientação  e  Análise  Tributária  da  Deinf / SPO (14 folhas).  O  lançamento  foi  impugnado.  A  DRJ ­ Campinas  negou  provimento  à  impugnação.  Melhor  sorte  teve  o  recurso,  que  foi  integralmente  provido  pelo  CARF,  em  decisão que se apoiou em dois fundamentos distintos: o primeiro, a decadência; o segundo, o  efeito  de  confissão  de  dívida  produzido  pela  declaração  de  compensação,  tornando  desnecessário o lançamento para constituir crédito já confessado.  A PFN opôs embargos declaratórios, que foram admitidos pelo despacho de  fls. 180 a 187, nos seguintes termos:  A  situação  de  omissão  está  apontada  objetivamente.  Verifica­se  que  não  houve expressa manifestação do julgado sobre pontos em que se impunha o seu  pronunciamento  de  forma  obrigatória,  dentro  dos  ditames  da  causa  de  pedir,  quais sejam:  (a)  que  prazo  decadencial  quinquenal  para  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  (lançamento  de  ofício)  conta­se  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele em que o lançamento poderia  ter sido efetuado, nos casos em que a lei não  prevê o pagamento antecipado da exação.  Fl. 189DF CARF MF Processo nº 16327.004074/2003­23  Acórdão n.º 1301­002.937  S1­C3T1  Fl. 190          3 (b) não foram fundamentadas as razões pelas quais foi analisada a matéria  afeta  a  outro  processo  administrativo  que  não  está  submetida  à  sua  apreciação,  sem  indicar  quaisquer  razões  de  ordem  pública  para  tal,  incorrendo,  portanto,  em  vício de incompetência.  (c)  houve  análise  de matéria  preclusa,  ou  seja, ausência  de  impugnação  especifica  da  matéria  relativa  à  conversão  do  pedido  de  restituição/compensação  n° 16327.000245/98­44  em  declaração  de  compensação  como prejudicial ao presente lançamento de oficio, bem como a admissão expressa e  explícita  pelo  próprio  contribuinte  de  que  a  referida  matéria  está  submetida  à  competência de outra autoridade administrativa, o que caracteriza julgamento extra  e ultra petita.  (d) em virtude dos limites da competência da autoridade julgadora ou mesmo  da impossibilidade de reforma de decisão administrativa da qual  já não caiba mais  recurso na esfera administrativa, pela ocorrência do fenômeno preclusivo;  Por todo o exposto, ADMITO os embargos de declaração interpostos. (fl. 187)  É o que basta relatar.    Voto             Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator  Cabem  embargos  declaratórios  nas  hipóteses  em  que  o  acórdão  contenha  obscuridade;  contradição  entre  a  decisão  e  seus  fundamentos;  ou  omissão  acerca  de  ponto  sobre o qual o órgão julgador deveria pronunciar­se.  No caso em exame, os embargos têm por fundamento omissões existentes no  acórdão  embargando;  ademais,  têm  a  finalidade  declarada  de  prequestionar  a  matéria,  viabilizando a interposição de recurso especial.  O acórdão embargado julgou insubsistente o lançamento, respaldado em dois  fundamentos distintos e autônomos: 1º) decadência; e 2°) a  impropriedade do  lançamento de  ofício. Os  embargos,  tal  como  acolhidos  pelo  despacho do Presidente  da  1ª Câmara,  suscita  quatro omissões. A primeira (letra "a") se refere à decadência; as outras três (letras "b", "c" e  "d") aludem à falta de cabimento do auto de infração.  Quanto à decadência, o voto condutor da decisão se pronunciou nos seguintes  termos:  O crivo na  aplicação do  instituto da decadência  alegada pelo  recorrente  é o  dies a quo para contagem do prazo de cinco anos, se a partir da ocorrência do fato  gerador, como previsto no § 4º do art. 150, do CTN, ou se a contar do primeiro dia  do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, como  estabelece o inciso I do art. 173, do CTN.  O exame da matéria passa necessariamente pela leitura da legislação tributária  inerente à compensação de débitos tributários e do Decreto nº 4.494, de 2002, que  Fl. 190DF CARF MF Processo nº 16327.004074/2003­23  Acórdão n.º 1301­002.937  S1­C3T1  Fl. 191          4 regulamentava  o  IOF  na  data  da  lavratura  do  Auto  de  Infração.  Relativamente  à  cobrança e ao recolhimento do imposto, a previsão legal era a seguinte:  (...)  De acordo com a norma  ínsita no  citado dispositivo,  o  IOF,  fatos geradores  agosto  e  setembro/1998,  deveria  ter  sido  recolhido,  respectivamente,  até  o  dia  02/09/1998  e  09/09/1998. A  época,  a  legislação  tributária  admitia  a  compensação  dos débitos com créditos de titularidade de terceiros (parágrafo único, art. 30, da IN  SRF  nº  210,  de  2002),  estando  a  solicitação  de  compensação  pelo  recorrente  perfeitamente  amparada,  inclusive  porque  formulada  no  prazo  fixado  para  recolhimento  do  imposto  (fls.  19  e  21),  dependendo  tão  somente  da  ulterior  homologação  da  Administração  Tributária,  conforme  dispõe  o  art.  74,  da  Lei  n°  9.430, de 1996, verbis:  (...)  Se  ao  contrário,  o  recorrente  tivesse  efetuado  o  recolhimento  do  IOF  nos  mesmos  prazos  em  que  solicitou  a  compensação,  o  tratamento  tributário  seria  o  mesmo, i.e. o pagamento dependeria também da ulterior homologação da autoridade  administrativa, nos termos do art. 150 do CTN, a saber:  (...)  Como  visto,  tanto  a  compensação  como  o  pagamento  extingue  a  obrigação  tributária  sob  condição  resolutória  da  ulterior  homologação  pela  autoridade  administrativa,  fixando  a  legislação  o  prazo  de  cinco  anos  para  fazê­la.  No  caso  destes  autos,  o  referido  prazo  seria  conta  da  entrega  na  repartição  das  respectivas  declarações de compensação ocorrida em dois momentos: 02/09/1998 e 10/09/1998,  conforme estabelecido no citado art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996:  (...)  Tempestivamente,  a  autoridade  administrativa  procedeu  ao  exame  da  regularidade da compensação dos débitos do IOF com os créditos de titularidade da  Leasing BMC S/A Arrendamento Mercantil, sendo indeferido o pedido, nos termos  do  citado  Despacho  Decisório  e  da  Decisão  e  Ordem  de  Intimação  (fls.  10/17),  ambos datados de 02/04/2003.  Em  não  tendo  sido  homologada  a  compensação,  competia  a  Administração  Tributária promover a cobrança dos referidos débitos, porém, no caso dos autos, a  exigência tributária está sendo feita por meio de Auto de Infração com imposição de  multa de oficio de 75% e demais encargos legais. A discussão, portanto, é sobre se  está  ou  não  decaído  o  direito  de  a  Fazenda  Pública  constituir  o  correspondente  crédito tributário.  Por  se  tratar,  como  visto,  de  tributo  lançado  por  homologação,  não  se  pode  negar  aplicação  ao  § 4º  do  art.  150  do  CTN.  A  norma  legal  que  rege  a  matéria é muito clara ao prever que:  (...)  Os  fatos  geradores  ocorreram  em  29/08/1998  e  05/09/1998  (fls.  03),  e  aplicando­se a regra do § 4º do art. 150 do CTN, a Administração Tributária  poderia constituir o crédito tributário até 05/09/2003. A ciência do lançamento  de  oficio  se  deu  em  24/12/2003,  donde  se  conclui  que  nesta  data  não  mais  Fl. 191DF CARF MF Processo nº 16327.004074/2003­23  Acórdão n.º 1301­002.937  S1­C3T1  Fl. 192          5 poderia ser formalizado o Auto de Infração, para exigência do IOF.  (g.n.) (fls.  155 a 157)  Como  se vê  do  trecho  acima  reproduzido  (em  especial  da  parte  grifada),  o  voto tratou da matéria com clareza, sem omitir nada que fosse essencial à compreensão do que  se  havida  decidido.  O  voto  definiu  o  dispositivo  aplicável  ao  caso  concreto,  bem  como  os  termos inicial e final do prazo de decadência.  É possível que a decisão tenha se afastado do entendimento dominante no E.  Superior  Tribunal  de  Justiça ­ STJ,  acerca  da  matéria.  É  certo  também  que  o  voto  não  mencionou  a  jurisprudência  daquela  corte.  Isso,  todavia,  não  pode  ser  tido  como  omissão.  Talvez tenha havido erro na aplicação do direito, mas esse fato não rende ensejo a embargos  declaratórios.  Quanto  ao  segundo ponto,  que  envolve  a  impropriedade do  lançamento  em  razão  da  conversão  do  pedido  de  compensação  em  declaração  de  compensação,  e  a  possibilidade de exigência direta do débito, é necessário frisar que, no voto, o relator chama a  atenção para o escopo do processo administrativo que é o controle de legalidade. Confira­se:  Examinando  a  legalidade  do  lançamento  de  oficio,  por  ser  função  de  controle  deste  Colegiado,  não  se  pode  deixar  de  levar  em  conta  neste  julgamento  as  profundas  modificações  no  regime  de  compensação  tributária  produzidas pela Medida Provisória nº 66, de 2002, convertida na Lei 10.637, de  2002, e Medida Provisória nº 135, de 2003, convertida na Lei n° 10.833, de 2003,  adequando a compensação do  IOF As alterações  introduzidas no  art.  74 da Lei nº  9.430, de 1996, a saber:  O controle de legalidade do ato administrativo permite que o órgão julgador  examine  alguns  aspectos  inerentes  ao  lançamento, mesmo que não  suscitados  expressamente  no recurso. Ainda assim, a decisão ficou contida nos limites daquilo que a recorrente pedia, que  era a insubsistência do lançamento.  Por outro lado, as referências à matéria do processo 16327.000245/98­44 (já  arquivado) decorrem da conexão entre o que se discutia naquele processo e o que se discute  neste.  São  distintos,  entretanto,  os  objetos. No processo  16327.000245/98­44,  a  controvérsia  girava em torno da validade da compensação; neste, gira em torno da validade do lançamento  de ofício.  O acórdão embargado, ao considerar insubsistente o lançamento, não alterou  a decisão proferida no processo que versava  sobre  a  compensação. No mais,  a  afirmação de  que o pedido de compensação foi automaticamente convertido em declaração de compensação  não tem eficácia decisória, servindo apenas de fundamento para a decisão prolatada. Cabe aqui  regra  semelhante  a  do  processo  civil,  ou  seja,  os  motivos,  ainda  que  importantes  para  determinar o alcance da parte dispositiva da sentença, não fazem coisa julgada (art. 504, inciso  I, do CPC).  Nesse ponto, como bem demonstra a declaração de voto da Conselheira Edeli  Pereira  Bessa  (fls.  163  a  165),  houve  erro  na  aplicação  do  direito,  pois,  a  despeito  da  transformação do pedido de compensação em declaração, a eficácia de confissão de dívida só  mais tarde veio a ser atribuída por lei.  Fl. 192DF CARF MF Processo nº 16327.004074/2003­23  Acórdão n.º 1301­002.937  S1­C3T1  Fl. 193          6 O erro na aplicação do direito é mais grave do que a própria omissão, embora  esta também tenha existido e deva ser eliminada mediante embargos.  Conclusão  Com essas razões, voto por acolher parcialmente os embargos declaratórios,  para, sem efeitos infringentes, suprir a segunda omissão apontada pela embargante.    (assinado digitalmente)  Roberto Silva Junior                                Fl. 193DF CARF MF

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Numero do processo: 13609.902382/2013-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.399
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado), Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, José Carlos de Assis Guimarães e Luis Fabiano Alves Penteado. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Rafael Gasparello Lima. Relatório
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA

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1201­000.399  –  2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  10 de abril de 2018  Assunto  IRPJ  Recorrente  EXPRESSO UNIR LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o  julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.   (assinado digitalmente)  Ester Marques Lins de Sousa ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Gisele Barra Bossa ­ Relatora   Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Ester Marques  Lins  de  Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente convocado), Paulo  Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, José Carlos de  Assis  Guimarães  e  Luis  Fabiano  Alves  Penteado.  Ausente,  justificadamente,  o  Conselheiro  Rafael Gasparello Lima.    Relatório 1.  Por  economia  processual  e  por  bem  descrever  os  fatos,  adoto  como  parte  deste, o relatório constante da decisão de primeira instância:  “A  Interessada  transmitiu  o  PER/DCOMP  nº  32305.11026.280406.1.3.04­1092  no  qual  requer  a  compensação  de  débito com crédito referente a Pagamento Indevido ou a Maior de IRPJ  (código 5993: IRPJ – Apuração com base no Lucro Real – Estimativa     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 09 .9 02 38 2/ 20 13 -3 3 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13609.902382/2013­33  Resolução nº  1201­000.399  S1­C2T1  Fl. 3          2 Mensal; período de apuração 31/08/2010; crédito original na data da  transmissão igual a R$ 41.825,02; fls. 50 a 54).  2.  A  DRF  Sete  Lagoas  emitiu  Despacho  Decisório  (fl.  56)  NÃO  HOMOLOGANDO  a  compensação  declarada,  visto  que  foram  localizados  um  ou  mais  pagamentos,  abaixo  relacionados,  mas  integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não  restando crédito disponível para compensação dos débitos informados  no PER/DCOMP.  CARACTERÍSTICAS DO DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP      3. O contribuinte teve ciência do Despacho Decisório em 13/08/2013  (AR; fl. 2), e dele recorreu a esta DRJ, em 12/09/2013 (fls. 3 e 4). Fez,  resumidamente, as seguintes alegações.  3.1.  Recolheu,  no  código  5993,  o  valor  de  R$  107.366,77.  O  valor  devido era de R$ 65.525,58. Assim, houve um pagamento a maior de  R$  41.841,19.  Utilizou  crédito  original  de  R$  36.987,03  no  PER/DCOMP  00719.17331.301210.1.3.04­0188,  e  R$  4.837,99  no  PER/DCOMP  22588.46640.310111.1.3.04­9875,  tendo  restado  saldo  não aproveitado de R$ 16,17.  3.2. Procedeu à retificação da DCTF relativa ao período de apuração  agosto  de  2010,  alterando  o  valor  do  débito  declarado  de  R$  107.366,77 para R$ 65.525,58 apurado na DIPJ AC 2010.  3.3.  Assim,  não  fica  nenhuma  dúvida  quanto  ao  mérito  do  crédito  constituído,  conforme  documentos  anexos.  Requer  seja  acolhida  a  presente Manifestação de Inconformidade."  2.  Em  sessão  de  30  de  janeiro  de  2015,  a  4ª  Turma  da  DRJ/SPO,  por  unanimidade  de  votos,  considerou  improcedente  a  Manifestação  de  Inconformidade  (fls.  03/04),  conforme  Acórdão  nº  16­65.167  (fls.  61/70  ),  cuja  ementa  recebeu  o  seguinte  descritivo:  “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do  fato gerador: 31/08/2010 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA.  Os  débitos  informados  pelo  contribuinte  em  DCTF  constituem  confissão de dívida, prescindem de  lançamento para serem cobrados,  Fl. 132DF CARF MF Processo nº 13609.902382/2013­33  Resolução nº  1201­000.399  S1­C2T1  Fl. 4          3 tornando­se instrumento hábil por meio do qual o Fisco pode promover  a cobrança.”  “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA –  IRPJ  Data  do  fato  gerador:  31/08/2010  IRPJ.  ESTIMATIVA.  PAGAMENTO  MAIOR  QUE  O  DEVIDO.  DIREITO  CREDITÓRIO.  COMPENSAÇÃO.  A Recorrente informou débito em DCTF, referente ao mês de agosto de  2003,  e  efetuou  recolhimento  no  valor  nela  indicado,  integralmente  utilizado  para  quitar  o  débito  confessado.  Não  comprovado,  com  documentação  hábil  e  idônea,  o  erro  simplesmente  alegado,  não  há  direito  creditório  a  ser  reconhecido,  nem  há  como  se  homologar  as  compensações  declaradas,  razão  pela  qual  mantém­se  a  decisão  recorrida.  Manifestação de Inconformidade Improcedente.  Direito Creditório Não Reconhecido."  3.  A DRJ/SPO  não  acatou  os  argumentos  da  Recorrente,  em  síntese,  sob  os  seguintes fundamentos:  3.1. Todos os tributos informados em DCTF são objeto de imediata confissão de  dívida,  dispensando­se  o  lançamento  de  ofício  para  a  constituição  dos  respectivos  créditos  tributários.  3.2. A Declaração de Compensação  (DCOMP) entregue constitui confissão de  dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos  não  homologados  (indevidamente compensados).  3.3.  Considera  que,  diante  do  indeferimento  do  crédito  pleiteado,  caberia  à  Recorrente o ônus  de provar  sua existência. Para  tanto,  não bastam simplesmente  alegações,  desacompanhadas  de  provas  que  demonstrem  a  incorreção  do  recolhimento  inicial  e,  em  decorrência, a existência de recolhimento a maior. Para ser possível a compensação, o crédito  há que ser líquido e certo.  3.4. A Recorrente deveria ter juntado aos autos cópia das folhas do Livro Diário  e  do  LALUR  e  de  outros  documentos  comprobatórios  capazes  de  esclarecer  o  motivo  que  ensejou o indébito pleiteado. No mais, o balanço/balancete de suspensão ou redução deveria ter  sido transcrito no livro Diário.   3.5. Sustenta que,  a prova documental  deve ser  apresentada  juntamente  com a  Manifestação de Inconformidade, sob pena de precluir o direito da Recorrente fazê­lo em outro  momento processual.  4.  Cientificada  da  decisão  (AR  de  19/02/2015,  fl.  74),  a Recorrente  interpôs  Recurso Voluntário  em 23/03/2015  (fls.  76/83),  reiterando  as  razões  já  expostas  em sede  de  Manifestação de Inconformidade (fls. 02/06) e reforçando que: (i) houve recolhimento a maior  de IRPJ no mês de agosto/2010; (ii) diante das provas trazidas aos autos (LALUR, balancete e  balanço patrimonial  referentes ao período e a DIPJ/2011) não há dúvidas acerca da certeza e  liquidez do crédito pleiteado.   Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13609.902382/2013­33  Resolução nº  1201­000.399  S1­C2T1  Fl. 5          4  É o relatório.   Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora   5.  O  recurso  é  tempestivo  e  cumpre  os  demais  requisitos  legais  de  admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar.   6.  Em primeiro  lugar, há de  se  ressaltar a plausibilidade  jurídica do pleito da  Recorrente, haja vista o tema ser alvo de súmula no âmbito desta Corte Administrativa, a saber:  Súmula  CARF  nº  84:  Pagamento  indevido  ou  a  maior  a  título  de  estimativa  caracteriza  indébito  na  data  de  seu  recolhimento,  sendo  passível de restituição ou compensação A questão controvertida é se há  ou não prova de alegado pagamento a maior de estimativa mensal de  IRPJ em agosto de 2010.   7.  De  acordo  com  a  jurisprudência  deste  Egrégio  Conselho,  em  caso  de  recolhimento  a  maior  de  estimativa  mensal  de  IRPJ  na  situação  em  que  trata  de  débito  declarado em DCTF não retificada ou retificada após a ciência do Despacho Decisório, cabe ao  contribuinte comprovar a ocorrência do suposto erro na apuração da base de cálculo.   8.  É  certo  que,  o  descumprimento  da  obrigação  de  retificar  a  DCTF  ou  a  retificação  em  momento  posterior  ao  Despacho  Decisório  não  enseja  a  perda  do  direito  creditório,  desde  que  o  verdadeiro  valor  devido  possa  ser  confirmado  pela  autoridade  fiscal  através  da  DIPJ  e  elementos  da  escrituração  fiscal  e  contábil  que  corroborem  o  valor  declarado/confessado.  9.  E,  por mais  que a DIPJ não constitua  confissão  de dívida,  nem  represente  instrumento hábil para a exigência do crédito tributário nela informado (Súmula CARF nº 82),  deve ser considerada instrumento probatório legítimo, juntamente com outros elementos, para  fins  de  demonstrar  a  ocorrência  de  suposto  erro  no  preenchimento  de  outras  obrigações  acessórias, como é o caso da DCTF.  10.  Reforçando essas diretrizes, transcrevo as seguintes ementas:  "COMPENSAÇÃO.  ESTIMATIVA  DE  IRPJ.  FALTA  DE  COMPROVAÇÃO.  Não  se  há  de  reconhecer  direito  creditório  decorrente  de  alegado  pagamento  a  maior  de  estimativa  mensal  de  IRPJ na situação em que se trata de débito declarado e confessado em  DCTF  e  em  DIPJ,  não  retificadas,  e  a  interessada  não  comprova  cabalmente  a  ocorrência  do  suposto  erro  na  apuração  da  base  de  cálculo."  (Processo  nº  16327.901219/2009­21,  Acórdão  nº  1301­ 002.241,  3ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  /  1ª  Seção,  Sessão  de  23.03.2017, Relator: Waldir Veiga Rocha)  "ERRO  DE  FATO  NO  PREENCHIMENTO  DCTF.  DECLARAÇÕES  RETIFICADORAS.  COMPROVAÇÃO.  CRÉDITO  RECONHECIDO.  Comprovado que o débito confessado em estava equivocado mediante  apresentação  de  declaração  retificadora,  DIPJ  e  elementos  da  escrituração  contábil  que  corroboram  o  valor  declarado/confessado  nessa  declaração  retificadora,  reconhece­se  o  direito  de  crédito  homologando­se  as  compensações  pleiteadas  até  esse  limite."  (Processo  nº  13971.901692/2011­31,  Acórdão  nº  1402002.379,  4ª  Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13609.902382/2013­33  Resolução nº  1201­000.399  S1­C2T1  Fl. 6          5 Câmara  /  2ª  Turma  Ordinária  /  1ª  Seção,  Sessão  de  26.01.2017,  Relator: Fernando Brasil de Oliveira Pinto)  "ERRO  DE  FATO  NO  PREENCHIMENTO  DA  DCTF.  VALOR  CORRETO DECLARADO EM DIPJ. INTIMAÇÃO. OCORRÊNCIA. O  descumprimento da obrigação de retificar a DCTF não enseja a perda  do  direito  creditório,  desde  que  o  verdadeiro  valor  devido  possa  ser  confirmado pela fiscalização através de outros meios que estivessem à  disposição  da  Fiscalização  e  após  intimação  regular  da  interessada  para realizar retificação de suas declarações. O não­atendimento pelo  contribuinte  desta  intimação,  gera  a  não­homologação  da  compensação declarada.   DILIGÊNCIA.  DESNECESSIDADE.  Ao  indicar  como  crédito  um  pagamento indevido, destacando,  inclusive, as informações constantes  do  DARF  pleiteado,  sem  proceder  a  qualquer  retificação,  embora  intimada  a  fazer,  não  há  como  transmudar  a  vontade  expressa  na  Dcomp  transmitida,  sendo  desnecessária  a  diligência.”  (Processo  nº  10860.903213/2009­65,  Acórdão  nº  1301002.410,  3ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  /  1ª  Seção,  Sessão  de  15.05.2017,  Relator:  José  Eduardo Dornelas Souza)  11. Tendo essas premissas em mente, passamos à análise do caso concreto.  12. A  Recorrente  apresentou  três  DCTF  relativas  a  agosto  de  2010:  (i)  a  original,  em  21/10/2010,  (ii)  a  primeira  retificadora,  em  13/09/2011,  e  (iii)  a  segunda  retificadora,  em  06/09/2013  (ou  seja,  após  a  ciência  do  Despacho  Decisório).  Nas  duas  primeiras, foi informado débito de R$ 107.366,77. Na última, débito de R$ 65.525,58.  13. Foi confirmado o recolhimento de R$107.366,77, referente ao código 5993,  período de apuração agosto de 2010, efetuado em 30/09/2010.  14. A  Recorrente,  em  sua  DIPJ/2011  (AC  2010),  entregue  em  30/06/2011,  efetuou  balancete  de  suspensão/redução  em  todos  os  meses  do  AC  2010,  tendo  informado  débito de R$ 65.525,58 de IRPJ apurado por estimativa, em relação ao mês de agosto (fls. 22).  15. A  partir  da  análise  da  Parte  A  do  LALUR  (fls.  105/113),  no  período  de  agosto  de  2010,  o  lucro  real  foi  exatamente  de  R$  977.952,24,  ou  seja,  a  mesma  base  de  cálculo informada na DIPJ/2011 (fls. 22).   16. A priori, a documentação fiscal e contábil trazida pela Recorrente cumpre o  disposto no artigo 923 do RIR1 e é capaz de viabilizar o reconhecimento do direito creditório  do contribuinte.  17.  Contudo,  há que  se  proceder  à verificação  quanto  à  liquidez  e  certeza  do  crédito, no que se refere aos demais períodos não incluídos nos presentes autos, considerando­ se, mutatis mutandis, o contido nas conclusões do Parecer Normativo Cosit nº 2/2015:  a)  as  informações  declaradas  em DCTF  –  original  ou  retificadora  –  que  confirmam  disponibilidade  de  direito  creditório  utilizado  em                                                              1 "Art. 923.  A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos  fatos  nela  registrados  e  comprovados  por  documentos  hábeis,  segundo  sua  natureza,  ou  assim  definidos  em  preceitos legais."  Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13609.902382/2013­33  Resolução nº  1201­000.399  S1­C2T1  Fl. 7          6 PER/DCOMP,  podem  tornar  o  crédito  apto  a  ser  objeto  de  PER/DCOMP  desde  que  não  sejam  diferentes  das  informações  prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por  força do disposto no § 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem  prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para  analisar outras questões ou documentos com o  fim de decidir sobre o  indébito tributário;  b)  não  há  impedimento  para  que  a  DCTF  seja  retificada  depois  de  apresentado  o  PER/DCOMP  que  utiliza  como  crédito  pagamento  inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê  depois  do  indeferimento  do  pedido  ou  da  não  homologação  da  compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110,  de 2010;  c)  retificada  a  DCTF  depois  do  despacho  decisório,  e  apresentada  manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do  PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar  em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão  do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito  (ou homologação  integral da DCOMP),  cabe à DRF assim proceder.  Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial,  compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo  de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo;  18. Em  face  do  exposto,  voto  pela  conversão  do  presente  julgamento  em  diligência, para que a unidade da Receita Federal da circunscrição da contribuinte:  (i)  verifique  as  DCTFs  retificadoras  apresentadas,  efetuando  a  apuração  do  crédito relativo a cada um dos meses, observando­se, no que couber, as disposições da IN RFB  nº 1.110/2010;  (ii) faça o cotejamento desses créditos com as Dcomps relativas a pagamento a  maior de estimativa de IRPJ do ano­calendário em questão, procedendo à valoração para fins  de verificação de suficiência destes, considerando­se,  inclusive, alguma Dcomp porventura já  homologada;  (iii)  se  refaçam  as  apurações  das  estimativas mensais  dos  anos­calendário  em  pauta,  para  verificar  se  as  estimativas  quitadas  foram ou  não  computadas  nas  apurações  dos  meses subsequentes e na apuração anual;  19. Para fins dessa verificação, a contribuinte poderá ser  intimada a apresentar  livros e documentos.  20. Após  a  conclusão  da  diligência,  a  autoridade  fiscal  responsável  deverá  elaborar Relatório Conclusivo, com posterior ciência à Recorrente, para que, se assim desejar,  se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias e na seqüência retornem os autos ao E. CARF para  julgamento.  É como voto.    Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13609.902382/2013­33  Resolução nº  1201­000.399  S1­C2T1  Fl. 8          7 (assinado digitalmente)  Gisele Barra Bossa    Fl. 137DF CARF MF

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7323944 #
Numero do processo: 16004.720001/2017-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2013, 2014 LAVOURA CANAVIEIRA. BENEFÍCIO FISCAL. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada. ATIVIDADE RURAL INTEGRADA COM ATIVIDADE INDUSTRIAL DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA Produzir de forma integrada pelo acoplamento, numa única pessoa jurídica e num único modo de produção, da atividade rural de plantar e colher com a atividade fabril de transformar o insumo rural em produto industrializado não desnatura cada uma dessas etapas e não inviabiliza o seu reconhecimento econômico, jurídico e contábil em separado, o que possibilita a dedução da depreciação acelerada incentivada dos bens empregados no cultivo da canadeaçúcar.
Numero da decisão: 1401-002.388
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin- Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN

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PPRRIIMMEEIIRRAA  SSEEÇÇÃÃOO  DDEE  JJUULLGGAAMMEENNTTOO      PPrroocceessssoo  nnºº   16004.720001/2017­21  RReeccuurrssoo  nnºº                Voluntário  AAccóórrddããoo  nnºº   1401­002.388  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   SSeessssããoo  ddee   12 de abril de 2018  MMaattéérriiaa   IRPJ   RReeccoorrrreennttee   SANTA LUIZA AGROPECUÁRIA LTDA  RReeccoorrrriiddaa   FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2013, 2014  LAVOURA  CANAVIEIRA.  BENEFÍCIO  FISCAL.  DEPRECIAÇÃO  ACELERADA.  Os recursos aplicados na formação da lavoura canavieira, integrados ao ativo  imobilizado, estão sujeitos à depreciação e, não, à exaustão, portanto podem  integrar o benefício da depreciação acelerada incentivada.  ATIVIDADE  RURAL  INTEGRADA  COM  ATIVIDADE  INDUSTRIAL  DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA  Produzir de forma integrada pelo acoplamento, numa única pessoa jurídica e  num único modo de produção, da atividade  rural de plantar e  colher com a  atividade fabril de transformar o insumo rural em produto industrializado não  desnatura  cada  uma  dessas  etapas  e  não  inviabiliza  o  seu  reconhecimento  econômico,  jurídico e contábil  em separado, o que possibilita a dedução da  depreciação  acelerada  incentivada  dos  bens  empregados  no  cultivo  da  canadeaçúcar.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.    Acordam os membros do colegiado, em por maioria de votos, dar provimento  ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.  (assinado digitalmente)  Luiz Augusto de Souza Gonçalves ­ Presidente.     (assinado digitalmente)     AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 72 00 01 /2 01 7- 21 Fl. 1120DF CARF MF     2 Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin­ Relatora.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Luiz  Augusto  de  Souza Gonçalves (Presidente), Lívia de Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin,  Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa  Braga, Daniel Ribeiro Silva e Luiz Rodrigo De Oliveira Barbosa.  Fl. 1121DF CARF MF Processo nº 16004.720001/2017­21  Acórdão n.º 1401­002.388  S1­C4T1  Fl. 1121          3   Relatório  Trata­se de Recurso Voluntário  interposto em face do Acórdão 02­73.215  ­  10ª  Turma  da  DRJ/BHE  que  por  unanimidade  de,  julgou  PROCEDENTE  EM  PARTE  a  impugnação para MANTER,  integralmente as  exigências do  IRPJ  e CSLL devidas no  ajuste  anual,  consubstanciadas  nos  respectivos Autos  de  Infração,  acrescidas  de multa  de  ofício  de  75%  e  dos  juros  de  mora  cabíveis  e  MANTER,  parcialmente,  as  multas  isoladas  sobre  as  estimativas devidas e não recolhidas a título de IRPJ e CSLL.  As  infrações  tributárias  que  ensejaram  os  lançamentos  relativo  aos  tributos  IRPJ e CSLL apurados nos anos calendário 2013 e 2014, imputados ao contribuinte decorrem  de  redução  indevida  do  Lucro  líquido  naqueles  anos­calendário,  em  virtude  da  utilização  indevida  do  benefício  da  depreciação  acelerada  incentivada,  conforme  disposto  no Relatório  Fiscal.  Além  dos  tributos  apurados  e  lançados  no  ajuste  anual  –  IRPJ  e  CSLL  decorrente  da  correção  do  lucro  líquido,  foram  lançadas  também  multas  isoladas  pelo  não  recolhimento de estimativas mensais devidas de ambos os tributos.  Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório do acórdão recorrido, naquilo  que interessa a solução da lide:    Da Infração tributária  As  infrações  tributárias  estão  minuciosamente  descritas  no  Relatório  Fiscal  acostado às folhas 735 a 756, sendo abaixo resumidas.  Pela análise das DIPJ dos anos­calendário 2013 e 2014, a fiscalização apurou  que  o  contribuinte  deduziu  do  lucro  líquido,  a  título  de  depreciação  incentivada  acelerada,  além  dos  bens  do  ativo  permanente  (caminhões,  tratores,  máquinas  e  equipamentos agrícolas), custos incorridos com a formação das lavouras de cana­de­ açúcar registrados em suas contas do ativo, conforme tabela abaixo (fl. 749):        Fl. 1122DF CARF MF     4     Entretanto, a autoridade fiscal  identificou  infração ao artigo 314 do RIR/99,  combinado com os  conceitos  fiscais  e  contábeis de depreciação  /  exaustão,  e  com  Parecer Normativo Cosit nº 18 de 1979 que enfrentou o tema, qual seja, a submissão  das lavouras de corte ao processo de exaustão, e não de depreciação:  Depreciação de bens do Ativo Imobilizado  Art.  305.  Poderá  ser  computada,  como  custo  ou  encargo,  em  cada  período  de  apuração,  a  importância  correspondente  à  diminuição  do  valor  dos  bens  do  ativo  resultante  do  desgaste  pelo uso, ação da natureza e obsolescência normal (Lei nº 4.506,  de 1964, art. 57).  Exaustão de Recursos Florestais  Art.  334.  Poderá  ser  computada,  como  custo  ou  encargo,  em  cada  período  de  apuração,  a  importância  correspondente  à  diminuição  do  valor  de  recursos  florestais,  resultante  de  sua  exploração  (Lei  nº  4.506,  de  1964,  art.  59,  e  Decreto­Lei  nº  1.483, de 1976, art. 4º).  Atividade Rural  Art.  314.  Os  bens  do  ativo  permanente  imobilizado,  exceto  a  terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade  rural  (art.  58),  para  uso  nessa  atividade,  poderão  ser  depreciados integralmente no próprio ano de aquisição (Medida  Provisória nº 1.749­37, de 1999, art. 5º).  O Parecer Normativo CST nº 18/79, versando sobre quotas de exaustão dos  recursos florestais, mormente em seus itens 5 e 6, assim define:  5.  Colocado  o  assunto  nestes  termos,  não  é  difícil  concluir­se  que o custo de formação de florestas ou de plantações de certas  espécies  vegetais  que  não  se  extinguem  com  o  primeiro  corte,  voltando,  depois  deste,  a  produzir  novos  troncos  ou  ramos,  permitindo um segundo, ou até um terceiro corte, deve ser objeto  de quotas de exaustão, ao longo do período total de vida útil do  empreendimento, efetuando­se os cálculos em função do volume  extraído  em  cada  período,  em  confronto  com  a  produção  total  esperada,  englobando  os  diversos  cortes.  Obviamente,  as  empresas  que  tiverem  situações  deste  tipo  devem  munir­se  de  elementos  hábeis  às  demonstrações  exigíveis  pelo Fisco,  como,  entre  outros,  laudos  de  profissionais  qualificados  no  ramo  (engenheiros­florestais,  engenheiros  agrônomos),  que  possam  seguramente  servir  de  base  aos  cálculos  referidos  no  item  3,  tomando  em  consideração  o  eventual  decréscimo  de  produção  Fl. 1123DF CARF MF Processo nº 16004.720001/2017­21  Acórdão n.º 1401­002.388  S1­C4T1  Fl. 1122          5 após  sucessivos  cortes.  O  contribuinte  que  tiver  assim  agido,  mesmo antes da vigência do Decreto­Lei nº 1.483/76, sem dúvida  terá  cumprido  os  mandamentos  legais  pertinentes  (Lei  nº  4.506/64,  artigo  59,  §1º  e  2º;  RIR/66,  artigo  189,  §  1º  E  2º,  RIR/75, art. 199 e 200).  6. Não obstante a legislação que trata do assunto aqui enfocado  referir­se  a  recursos  florestais,  hão  de  se  aplicar  os  mesmos  princípios e critérios também a empreendimentos que envolvam  espécies vegetais de menor porte, não abrangidos no conceito de  floresta, à vista da semelhança que aí se afigura e também por se  verificar,  neste  caso,  uma  perfeita  adequação  em  função  da  filosofia da legislação fiscal e do tratamento contábil­tributário  mais recomendável.  Referido entendimento foi externado aos contribuintes também por meio das  Perguntas e Respostas à apuração do IRPJ e CSLL dos anos calendário 2013 e 2014,  onde  a  Receita  Federal  do  Brasil  assim  orientava  os  contribuintes:   Cita  ainda  a  autoridade  fiscal  Acórdãos  do  CARF  que  corroboram  este  entendimento  (fls. 752/753),  concluindo que os custos de aquisição e  formação de  cultura  de  cana­de­açúcar  devem  ser  objeto  de  quotas  de  exaustão,  e  não  de  depreciação,  não  estando,  portanto,  sujeitos  à  depreciação  incentivada  acelerada  prevista na legislação tributária.  Cita  ainda  a  autoridade  fiscal  Acórdãos  do  CARF  que  corroboram  este  entendimento  (fls. 752/753),  concluindo que os custos de aquisição e  formação de  cultura  de  cana­de­açúcar  devem  ser  objeto  de  quotas  de  exaustão,  e  não  de  depreciação,  não  estando,  portanto,  sujeitos  à  depreciação  incentivada  acelerada  prevista na legislação tributária.  Cientificado  dos  Autos  de  Infração,  o  contribuinte  apresentou  impugnação,  disposta às folhas 804 a 815 do processo, que pode ser assim resumida:  1. A jurisprudência do CARF permite a possibilidade da depreciação integral,  no  próprio  ano  de  aquisição,  dos  custos  com  a  formação  da  lavoura  de  cana  de  açúcar, sob dois fundamentos: interpretação literal dos artigos 305 e 334 do RIR/99,  classificando  os  custos  na  formação  da  lavoura  como  sujeitos  à  depreciação;  e  interpretação  teleológica  do  artigo  6º  da  MP  2.159­7/2001,  entendendo  que  não  importa a denominação contábil dada à apropriação das despesas efetuadas com os  investimentos  incentivados,  se  depreciação,  ou  exaustão,  mas  sim  a  efetiva  realização do investimento destinado à atividade que se deseja fomentar.  2.  Não  pode  ser  aplicada  Multa  isolada  cumulada  com  multa  de  ofício,  conforme prevê a Súmula 105 do CARF;  3. Para fins do cálculo das antecipações mensais do ano calendário de 2014, o  valor desconsiderado pela fiscalização a título de reversão das lavouras incentivadas,  não contempla seu efeito acumulado, mas apenas o valor do próprio mês, resultando  em aumento indevido da multa isolada imposta à Santa Luiza;  Fl. 1124DF CARF MF     6 Cita também diversos Acórdãos do CARF que corroboram seu entendimento,  bem como Parecer MF/SRF/Cosit/DITIR nº 1.383/1995, anexo à impugnação, cuja  ementa  dispõe  que  os  dispêndios  aplicados  na  formação  de  canaviais  poderão  ser  depreciados integralmente no próprio período­base da aquisição.  Anexa,  ainda, Laudo  técnico  elaborado  pelo Departamento  de Economia  da  Universidade de São Paulo – USP que conclui:    Por fim, cita procedimento fiscal anterior com as mesmas infrações, relativas  aos  anos­calendário  2010  e  2011  (processo  16004.720221/2014­10),  onde  o  impugnante  obteve  êxito  em  julgamento  de  2ª  instância  pelo  Acórdão  nº  1402­ 002.372,  da  4ª Câmara  /  2ª Turma ordinária,  que  deu  provimento unânime  ao  seu  Recurso Voluntário.  Apreciada a impugnação, o lançamento foi mantido integralmente quanto as  exigências do IRPJ e CSLL devidas no ajuste anual, consubstanciadas nos respectivos Autos de  Infração, acrescidas de multa de ofício de 75% e dos juros de mora cabíveis, sob o argumento  de  que  gastos  específicos  na  formação  de  lavouras  não  atraem  o  benefício  fiscal  da  Depreciação Acelerada Incentivada para pessoas jurídicas. Isto porque não contribuem para os  fins de modernização de atividades econômicas que  justificaram a  inserção deste  instituto no  ordenamento jurídico (art. 313 do RIR/99), observados em todas as demais hipóteses em que  tal  benefício  é  aplicável.  Além  disso,  benefícios  fiscais  interpretam­se  restritivamente  conforme exegese do art. 111 do CTN. Assim, a expressão contábil Bens do Ativo Permanente  Imobilizado,  reproduzida  no  art.  314  do  RIR/99,  interpreta­se,  a  princípio,  como máquinas,  equipamentos  e  instalações  e  não  engloba,  portanto,  gastos  com  formação  de  lavouras.  A  aplicação de recursos na formação de lavoura canavieira, por não se extinguir com o primeiro  corte,  e  por  voltarem  a  produzir,  permitindo  um  segundo  ou  terceiro  corte,  deverá  ser  classificada  no  grupo  do  ativo  imobilizado  da  pessoa  jurídica,  para  que  seus  custos  sejam  absorvidos através de quotas de exaustão.  Foram  também  mantidas  parcialmente,  as  multas  isoladas  sobre  as  estimativas devidas  e não  recolhidas  a  título de  IRPJ  e CSLL, pois  reduzidos  os valores das  multas  isoladas pelo não recolhimento de  IRPJ e CSLL devidos por estimativa nos meses de  junho/2014 a outubro/2014.  Inconformada  apresentou  Recurso  Voluntário  aduzindo  a  ilegalidade  da  cumulação das multas isoladas e de ofício, a teor da Súm. CARF n. 105 e a improcedência do  lançamento  pela  autorização  legal  da  pessoa  jurídica  que  explore  atividade  rural  de  poder  depreciar integralmente, no próprio ano de aquisição, os custos com a formação da lavoura de  cana de açúcar em 2010 (R$ 24.901.303,54) por força do artigo 6° da Medida Provisória n.o  2.159­70/2001 e do artigo 314 do RIR/99.  É o relatório do essencial.  Fl. 1125DF CARF MF Processo nº 16004.720001/2017­21  Acórdão n.º 1401­002.388  S1­C4T1  Fl. 1123          7 abela  do  plano  Voto             Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin ­ Relatora.  O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade,  por isso, dele conheço.  Segundo aponta a autoridade fiscal autuante, a  lavoura canavieira, enquanto  ativo permanente, está sujeita à exaustão e, não, depreciação, logo, não estaria alcançada pelo  beneficio fiscal da depreciação acelerada incentivada já mencionado.  A seguir, demonstraremos que são procedentes os argumentos  trazidos pela  recorrente em sua  Impugnação e  também em seu Recurso Voluntário uma vez que a lavoura  canavieira  se  sujeita  sim  à  depreciação.  Foi  essa  a  convicção  formada  pela  maioria  dessa  Turma de julgamento, quando enfrentou a questão, embora com outra composição, conforme  se depreende do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes.    ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA IRPJ  Ano calendário: 2005  LAVOURA  CANAVIEIRA.  BENEFÍCIO  FISCAL.  DEPRECIAÇÃO ACELERADA.  Os  recursos  aplicados  na  formação  da  lavoura  canavieira,  integrados ao ativo imobilizado, estão sujeitos à depreciação e,  não,  à  exaustão,  portanto  podem  integrar  o  benefício  da  depreciação acelerada incentivada.  ATIVIDADE  RURAL  INTEGRADA  COM  ATIVIDADE  INDUSTRIAL DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA  Produzir  de  forma  integrada  pelo  acoplamento,  numa  única  pessoa  jurídica  e  num  único  modo  de  produção,  da  atividade  rural de plantar e colher com a atividade fabril de transformar o  insumo  rural  em  produto  industrializado  não  desnatura  cada  uma  dessas  etapas  e  não  inviabiliza  o  seu  reconhecimento  econômico,  jurídico e contábil em separado, o que possibilita a  dedução  da  depreciação  acelerada  incentivada  dos  bens  empregados no cultivo da canadeaçúcar.  Acórdão  nº  1401001.524  –  4ª  Câmara  /  1ª  Turma  Ordinária  Sessão de 01 de fevereiro de 2016.    Conforme entendimento que prevaleceu durante a votação:  Em resumo, temos que a depreciação ocorre quando o bem está  sujeito  a  desgaste  ou  perda  pelo  uso  na  atividade  da  empresa,  enquanto  que  a  exaustão  se  dá  quando,  durante  o  processo,  o  próprio  bem  é  extinto.  Repetimos,  a  depreciação  se  aplica  quando  há  desgaste  de  uso,  enquanto  que  a  exaustão  se  dá  quando os próprios bens se esgotam no tempo e, portanto, o bem  Fl. 1126DF CARF MF     8 desaparece. O esgotamento ou desaparecimento físico do ativo é  o elemento que distingue a exaustão da depreciação.  Como  bem  ficou  demonstrado  nas  sustentações  orais  e  nos  memoriais,  os  cortes  feitos  na  canadeaçúcar  não  extinguem  a  planta,  portanto,  o  bem  não  se  esgota,  logo  não  se  aplica  a  exaustão. Todavia, o bem é desgastado pelo uso ou emprego na  atividade da  fonte produtora, perdendo seu valor a  cada corte,  através da depreciação.  Tenho  para mim  que  a  posição  adotada  é  a  correta.  Exaustão  vem de exaurir, de esgotar, ou seja, o bem é extinto, eliminado,  integralmente  consumido.  É  essa  a  razão  pela  qual  tanto  uma  floresta, como uma mina de ouro se exaurem. Tanto o ouro como  as  árvores  se  esgotam  com  a  extração.  Não  é  o  caso  da  canadeaçúcar.  A  exploração é promovida como uma colheita não extintiva da  planta.  Esta  volta  e  crescer  e  a  proporcionar  novas  colheitas.  Todavia, a qualidade do que é colhido a cada corte se reduz. Por  isso,  essa  cultura  perde  valor  por  obsolescência  em  relação  a  uma  nova  plantação.  Essa  perda  de  valor  é,  pois,  tipicamente  reconhecida por meio da depreciação.    Nos  termos  do  artigo  179,  IV,  da  Lei  n°  6404/1976,  com  alterações  introduzidas  pela  Lei  no  11.638/2007,  a  sociedade  deve  registrar  no  ativo  imobilizado  os  direitos representados por bens destinados à manutenção de suas atividades:  Art. 179 ­ As contas serão classificadas do seguinte modo:   IV ­ no ativo  imobilizado: os direitos que  tenham por objeto os  bens  corpóreos  destinados  a  manutenção  das  atividades  da  companhia  e  da  empresa,  ou  exercidos  corn  essa  finalidade,  inclusive  os  decorrentes  de  operações  que  transfiram   companhia os benefícios, riscos e controles desses bens."  Nesse mesmo sentido, o Pronunciamento VII do IBRACON afirma que:  "Classificam­se  no  imobilizado  os  direitos  representados  por  bens tangiveis ou intangíveis utilizados ou a serem utilizados na  manutenção  das  atividades  da  entidade,  cuja  vida  útil  econômica,  em  praticamente  todos  os  casos,  seja  igual  ou  superior  a  um  ano  e  que  não  estejam  destinados  a  venda  ou  transformação  em  numerários"  ("Princípios  Contábeis",  1BRACON, 2" Edição, Editora Atlas, p.877).    A  lavoura  de  cana­de­açúcar  se  estende  por  duração  superior  a  um  ano,  portanto,  deve  ser classificada no  ativo permanente  ao  longo de sua vida útil  –  a  lavoura de  cana­de­açúcar sofre perda de produtividade devido à sua utilização, em razão da compactação  do solo e retirada de parte da planta a cada corte, sem que ocorra sua eliminação, até que ocorra  a  renovação da  lavoura. A cana­de­açúcar em ambiente natural,  isto é, quando não cultivada  pelo  homem,  não  apresenta  essas  características.  Assim,  o  conceito  correto  que  se  aplica  à  cana­de­açúcar, quando cultivada, é a depreciação.  Conforme evidenciado no Laudo Técnico sobre a depreciação da lavoura de  cana­de­açúcar, anexados aos autos, do qual transcrevo o seguinte trecho:  Ainda  com  relação  ao  corte  da  cana­de­açúcar,  ele  é  realizado  na  parte  aérea da planta (colmos), permanecendo a parte agregada ao solo, que é o rizoma e  Fl. 1127DF CARF MF Processo nº 16004.720001/2017­21  Acórdão n.º 1401­002.388  S1­C4T1  Fl. 1124          9 as raízes. Assim, a planta permanece no solo e não é extinta com a colheita. Nem  mesmo  o  caule  é  retirado  integralmente.  O  rizoma,  que  é  também  caule,  não  é  extraído na colheita.  Ponto primordial é que a cana cortada brota novamente e após vários cortes,  por  tudo  que  foi  comentado,  perde  a  produtividade,  mas,  mesmo  assim,  não  se  extingue. Para  se  extinguir  tem que ser  retirada do solo ou dessecada através da  utilização de veneno ou destruída através dos processos de gradeação e aração no  solo,  podendo  após  esse  processo,  ser  novamente  plantada  para  novo  ciclo  de  desgaste ou depreciação.    Dessa  forma,  resta  comprovada  a  possibilidade  da  recorrente  realizar  a  depreciação  integral  incentivada  (pelo  artigo  6°  da  Medida  Provisória  nO  2.159­70/2001  e  artigo  314  do RIR/99)  dos  recursos  aplicados  na  formação  da  lavoura  de  cana de  açúcar  no  próprio ano de aquisição.  Temos  decisões  nesse  sentido  neste  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  a  saber:  Acórdãos  n°  103­18.812  (Processo  1046900442892­98)  e  n°  104­19.138  (Processo 108650004159817).  Ante o exposto DOU provimento ao Recuso Voluntário.    (assinado digitalmente)  Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin.                              Fl. 1128DF CARF MF

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Numero do processo: 19515.000100/2002-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/2001 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N.8/STF. Aplica-se ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante no 8 do STF, que estabeleceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212(1991. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543-C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015.
Numero da decisão: 3401-004.472
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN

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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/2001 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N.8/STF. Aplica-se ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante no 8 do STF, que estabeleceu a inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei no 8.212(1991. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173, I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC, na sistemática do artigo 543-C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo em vista o artigo 62, § 2º do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).

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3401­004.472  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  17 de abril de 2018  Matéria  AI ­ COFINS  Recorrente  ASSOCIAÇÃO CULTURAL NOSSA SENHORA MENINA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE  SOCIAL ­ COFINS  Período de apuração: 01/03/1996 a 28/02/2001  DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N.8/STF.  Aplica­se ao processo administrativo fiscal a Súmula Vinculante no 8 do STF,  que  estabeleceu  a  inconstitucionalidade  dos  arts.  45  e  46  da  Lei  no  8.212/1991.  DECADÊNCIA.  AUSÊNCIA  DE  PAGAMENTO.  ART.  173,  I  DO  CTN.  RESP N. 973.733/SC.  Na ausência de pagamento, a regra decadencial aplicável é a do artigo 173, I  do CTN, conforme entendimento do STJ expresso no REsp no 973.733/SC,  na  sistemática  do  artigo  543­C  do  antigo  CPC  (atual  artigo  1036  do  novo  CPC,  veiculado  pela  Lei  no  13.105/2015),  e,  portanto,  de  observância  obrigatória por este  tribunal administrativo,  tendo em vista o artigo 62, § 2º  do Anexo II do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF  no 343/2015.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário apresentado.  (assinado digitalmente)  Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator.       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 01 00 /2 00 2- 34 Fl. 546DF CARF MF     2 Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Rosaldo  Trevisan  (presidente),  Robson  José  Bayerl,  André  Henrique  Lemos,  Mara  Cristina  Sifuentes,  Tiago  Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice­presidente).    Relatório  Versa  o  presente  sobre  o Auto  de  Infração  de  fls.  258  a  2741,  datado  de  25/06/2002  (com ciência  em 26/06/2002 –  fl.  269),  para  exigência de COFINS,  referente  ao  período de março de 1996 a fevereiro de 2001, no valor original de R$ 332.436,77, acrescido  de juros de mora e de multa de ofício (75 %), pelo não recolhimento de contribuição declarada  em sua escrita fiscal.  Em 16/08/2002 foi apresentada Impugnação (fls. 282 a 308), argumentando­ se,  em  síntese,  que:  (a)  a  autuação  trata  de  matéria  já  apreciada  e  decidida  em  esfera  administrativa,  pela  própria RFB  (isenção  de COFINS  para  atividades  próprias  de  entidades  sem  fins  lucrativos);  (b)  a  entidade  é  imune  a  qualquer  contribuição  social  devida  à  União  (conforme artigo 195, § 7o da CF/1988);  (c) é  inconstitucional qualquer dispositivo ordinário  que  pretende  exigir  o  que  a  Constituição  e  o  artigo  14  do  Código  Tributário  Nacional  não  exigem  para  a  fruição  da  imunidade;  (d)  as  entidades  de  assistência  social  abrangem  as  atividades educacionais, não cabendo à fiscalização classificar qual entidade presta assistência  social ou não, pois tal classificação decorre de lei; e (e) há precedentes judiciais no sentido do  cabimento da imunidade de COFINS para atividades próprias de entidades sem fins lucrativos.  A decisão de primeira instância, proferida em 10/11/2004 (fls. 331 a 341)  foi,  unanimemente,  pela  procedência  do  lançamento,  sob  os  fundamentos  de  que:  (a)  a  COFINS incide sobre a receita das mensalidades cobradas pelas instituições de ensino, sendo a  imunidade prevista no artigo 150, VI, "c", da CF restrita a impostos, e a prevista no artigo 195,  §  7o,  a  entidades  beneficentes  de  assistência  social;  (b)  as  instituições  de  educação  são  prestadoras de serviço e, quando recebem a correspondente contraprestação, não se encontram  abrangidas pelo conceito de assistência social; e (c) a isenção prevista na Medida Provisória no  2.158, de 2001, atinge tão­somente as receitas relativas às atividades próprias, não incluindo as  receitas de caráter contraprestacional auferidas pelas instituições de educação.  Após  ciência  da  decisão  da  DRJ,  em  26/08/2006  (AR  de  fl.  351),  a  associação  apresenta  o  Recurso  Voluntário  de  fls.  360  a  392,  em  25/09/2006  (fl.  360),  reiterando os argumentos expostos na impugnação (principalmente no que se  refere ao artigo  195, § 7o,  da CF/1988 dispor  sobre  imunidade, matéria que demanda  lei  complementar para  regulação, conforme entende majoritariamente  a doutrina e conforme consagram precedentes  judiciais),  e  acrescentando  que  basta,  para  a  fruição  da  imunidade,  que  a  instituição  aplique  seus resultados em suas finalidades institucionais, conforme preceito da lei complementar.  No  então  Segundo  Conselho  de  Contribuintes,  por  meio  da Resolução  no  204­00.632, de 08/10/2008  (fls.  467 e 468),  o  julgamento  foi  convertido  em diligência,  para  que “... a  fiscalização aponte com clareza a natureza de cada conta componente da base de  cálculo”, e “... demonstre se a entidade cumpre os requisitos dos artigos 14 do CTN e 55 da  Lei n° 8.212/91 para fruição da imunidade deferida às instituição de assistência social, visto  que a maioria do colegiado a entende aplicável também às instituições de educação” (fl. 468).                                                              1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do  processo (e­processos).  Fl. 547DF CARF MF Processo nº 19515.000100/2002­34  Acórdão n.º 3401­004.472  S3­C4T1  Fl. 547          3 Em  31/01/2014,  a  instituição  informa  desistência  recursal  parcial  em  relação à COFINS em relação aos fatos geradores de 06/1997 a 01/1999, apenas e tão somente  em relação ao “faturamento bruto” decorrente da atividade de educação, no sentido estrito da  palavra (sem alargamento da base de cálculo), nos montantes originais de R$ 56.094,79 (1997),  R$ 101.559,33 (1988) e R$ 9.252,93 (janeiro de 1999), em razão de adesão parcial à reabertura  do parcelamento da Lei no 11.941/2009. Informa ainda que insiste no afastamento da autuação  de COFINS no que se refere a “exclusão da base de cálculo” de “outras receitas” (decorrentes  do  alargamento  da  base  de  cálculo  da  receita  bruta  para  os  fatos  geradores  de  03/1996  a  02/2001, e no cancelamento do lançamento em relação ao período de 03/1996 a 06/1997, em  virtude  de  decadência  quinquenal,  conforme  Súmula  Vinculante  no  8,  do  STF.  Discerne  os  montantes referentes à rubrica “outras receitas” nas planilhas de fls. 524 a 529.  No Relatório de Diligência Fiscal de fls. 534/535, informa­se: (a) a natureza  das  contas  denominadas  “outras  receitas”  para  o  período  de  03/1996  a  01/1999;  (b)  que  a  entidade  cumpre  os  requisitos  do  artigo  14  do  CTN;  e  (c)  que  a  entidade  não  cumpre  os  requisitos  do  artigo  55  da  Lei  no  8.212/1991.  Do  resultado  da  diligência,  deu­se  ciência  à  entidade em 26/02/2014 (fl. 538).  No despacho de fl. 544, proferido em 29/08/2014, a fiscalização informa que,  em  razão  da  adesão  do  contribuinte  à  reabertura  do  parcelamento  instituído  pela  Lei  no  11.941/2009,  foram  transferidos  para  o  processo  no  16151.720­080/2014­33  os  débitos  discriminados nas planilhas de fls. 524 a 529 do requerimento de desistência parcial do recurso  voluntário.  Em  setembro  de  2016,  o  processo  foi  a mim  distribuído,  por  novo  sorteio,  visto que o relator original não mais compunha o colegiado. O processo não foi indicado para  pauta  nos  meses  novembro  e  dezembro  de  2016,  por  estarem  as  sessões  suspensas  por  determinação do CARF. O processo, derradeiramente, não foi indicado para o mês de janeiro  de 2017, por ser a pauta mera reprodução da referente ao mês de outubro de 2016, que também  teve a sessão suspensa por determinação do CARF. Em fevereiro, março e abril o processo foi  indicado para pauta, mas não pautado, em função do excesso de número de processos a julgar.  Em maio  de  2017,  por  fim,  o  processo  foi  retirado  de  pauta  por  falta  de  tempo  hábil  para  julgamento. Em julho o processo foi pautado, e retirado de pauta por falta de tempo hábil para  julgamento,  não  tendo  sido  incluído  em  pauta  em  agosto  por  não  estar  presente  o  relator,  justificadamente, na sessão de julgamento. Em setembro e outubro, o processo foi incluído em  pauta e retirado por falta de tempo hábil para julgamento. Não houve sessões de julgamento em  novembro e dezembro de 2017. Em janeiro, fevereiro e março de 2018, o processo também foi  pautado e retirado de pauta por falta de tempo hábil para julgamento.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator  O  recurso  voluntário  apresentado  preenche  os  requisitos  formais  de  admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento.    Fl. 548DF CARF MF     4 É preciso esclarecer, de início, que a própria unidade preparadora da RFB já  apartou  deste  processo  os  débitos  incluídos  em  parcelamento,  em  virtude  de  desistência  recursal  parcial.  No  “termo  de  transferência”  de  fls.  542/543,  informa­se  a  transferência  de  débitos para outro processo nos seguintes valores:      Apresentam­se, assim, os seguintes totais, em relação ao período (apenas com  menção aos montantes originais):  Ano  Montante lançado  Montante transferido  Montante restante  1997  R$ 63.103,53  R$ 56.094,79  R$ 7.008,74  1998  R$ 112.333,01  R$ 101.559,33  R$ 10.773,68  1999  R$ 9.881,78  R$ 9.252,93  R$ 628,85    Remanescem contenciosos, nestes autos, em relação aos períodos de junho de  1997 a janeiro de 1999, assim, somente os montantes restantes, a serem acrescidos dos devidos  consectários,  basicamente  sob  duas  alegações  de  defesa,  sequer  suscitadas  no  recurso  voluntário:  (a)  de  que  restariam  maculados  pela  decadência  os  lançamentos  referentes  ao  período  de  03/1996  a  06/1997,  conforme  Súmula  Vinculante  no  8,  do  STF;  e  (b)  e  que  deveriam  ser  excluídos  da  base  de  cálculo  “outras  receitas”  (decorrentes  do  alargamento  da  base de cálculo da receita bruta para os fatos geradores de 03/1996 a 02/2001).  O  segundo  tema,  afeto  a  “outras  receitas”,  apesar  de  constar  no  voto  pela  conversão  em  diligência,  não  se  apresenta,  na  visão  deste  relator,  como  matéria  de  ordem  pública,  sendo  preclusa  a  alegação,  não  estando  regimentalmente  o  julgador  vinculado  às  convicções que ensejaram a conversão em diligência.  Quanto ao primeiro tema (decadência), invocando a Súmula Vinculante STF  no 8, é de se verificar que a autuação foi cientificada ao sujeito passivo em 26/06/2002, e versa  sobre COFINS referente ao período de março de 1996 a fevereiro de 2001.  De  acordo  com  a  referida  Súmula  no  8,  publicada  em  12/09/2008,  são  inconstitucionais os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência  decenal do crédito tributário, para contribuições sociais.  Fl. 549DF CARF MF Processo nº 19515.000100/2002­34  Acórdão n.º 3401­004.472  S3­C4T1  Fl. 548          5 E dispõe o caput do art. 103­A da Constituição Federal de 1988 que:  “Art. 103­A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou  por  provocação,  mediante  decisão  de  dois  terços  dos  seus  membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,  aprovar  súmula  que,  a  partir  de  sua  publicação  na  imprensa  oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do  Poder  Judiciário  e  à  administração  pública  direta  e  indireta,  nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à  sua  revisão  ou  cancelamento,  na  forma  estabelecida  em  lei.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  45,  de  2004)”  (grifo  nosso)  Aplica­se  ao  caso,  assim,  a  Súmula  no  8,  do  STF,  sendo  a  decadência  de  contagem quinquenal. No entanto, cabe verificar se houve pagamento antecipado, para fins de  aplicação  do  artigo  150,  §  4o,  do  Código  Tributário  Nacional,  ou  não,  o  que  culmina  na  aplicação do artigo 173, I da mesma codificação.  E, na autuação, verifica­se que não houve pagamento da COFINS, justamente  por entender a recorrente ser indevido qualquer valor a título da contribuição.  Diante  da  ausência  de  pagamento  antecipado,  aplicável  é  a  regra  do  artigo  173  do  CTN,  conforme  entendimento  expresso  pelo  STJ  no  REsp  no  973.733/SC,  na  sistemática do artigo 543­C do antigo CPC (atual artigo 1036 do novo CPC, veiculado pela Lei  no 13.105/2015), e, portanto, de observância obrigatória por este tribunal administrativo, tendo  em  vista  o  artigo  62,  §  2º  do  Anexo  II  do  Regimento  Interno  deste  CARF,  aprovado  pela  Portaria MF no 343/2015:  “PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL  REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543­C, DO  CPC.  TRIBUTÁRIO. TRIBUTO  SUJEITO A LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  INEXISTÊNCIA  DE  PAGAMENTO  ANTECIPADO. DECADÊNCIA  DO  DIREITO  DE  O  FISCO  CONSTITUIR  O  CRÉDITO  TRIBUTÁRIO.  TERMO  INICIAL.  ARTIGO  173,  I,  DO  CTN.  APLICAÇÃO  CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150,  § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE.  1.  O  prazo  decadencial  quinquenal  para  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  (lançamento  de  ofício)  conta­se  do  primeiro  dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia  ter  sido  efetuado,  nos  casos  em  que  a  lei  não  prevê  o  pagamento  antecipado  da  exação  ou  quando,  a  despeito  da  previsão  legal,  o mesmo  inocorre,  sem  a  constatação  de  dolo,  fraude  ou  simulação  do  contribuinte,  inexistindo  declaração  prévia  do  débito  (Precedentes  da  Primeira  Seção:  REsp  766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ  25.02.2008;  AgRg  nos  EREsp  216.758/SP,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.03.2006,  DJ  10.04.2006;  e  EREsp  276.142/SP,  Rel.  Ministro  Luiz  Fux,  julgado  em  13.12.2004, DJ 28.02.2005).  Fl. 550DF CARF MF     6 2.  É  que  a  decadência  ou  caducidade,  no  âmbito  do  Direito  Tributário,  importa  no  perecimento  do  direito  potestativo  de  o  Fisco  constituir  o  crédito  tributário  pelo  lançamento,  e,  consoante  doutrina  abalizada,  encontra­se  regulada  por  cinco  regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra  da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos  ao  lançamento  de  ofício,  ou  nos  casos  dos  tributos  sujeitos  ao  lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o  pagamento  antecipado  (Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e  Prescrição  no  Direito  Tributário",  3ª  ed.,  Max  Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210).  3.  O  dies  a  quo  do  prazo  quinquenal  da  aludida  regra  decadencial  rege­se  pelo  disposto  no  artigo  173,  I,  do  CTN,  sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado"  corresponde,  iniludivelmente,  ao  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  à  ocorrência  do  fato  imponível,  ainda  que  se  trate  de  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação,  revelando­se  inadmissível  a  aplicação  cumulativa/concorrente  dos  prazos  previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante  a  configuração  de  desarrazoado  prazo  decadencial  decenal  (Alberto  Xavier,  "Do  Lançamento  no  Direito  Tributário  Brasileiro",  3ª  ed.,  Ed.  Forense,  Rio  de  Janeiro,  2005,  págs..  91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed.,  Ed.  Saraiva,  2004,  págs..  396/400;  e  Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e Prescrição  no Direito Tributário",  3ª  ed.,  Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199).  5.  In casu, consoante assente na origem: (i) cuida­se de tributo  sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege  de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não  restou  adimplida  pelo  contribuinte,  no  que  concerne  aos  fatos  imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro  de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos  deu­se em 26.03.2001.  6.  Destarte,  revelam­se  caducos  os  créditos  tributários  executados,  tendo  em  vista  o  decurso  do  prazo  decadencial  quinquenal  para  que  o  Fisco  efetuasse  o  lançamento  de  ofício  substitutivo.  7.  Recurso  especial  desprovido.  Acórdão  submetido  ao  regime  do  artigo  543­C,  do CPC,  e  da Resolução STJ  08/2008.  (REsp  973733/SC,  Rel.  Ministro  LUIZ  FUX,  PRIMEIRA  SEÇÃO,  julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (grifo nosso)  Nesse sentido já decidiu, reiteradamente, este CARF:  “(...) DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ART. 173,  I DO CTN. RESP N. 973.733/SC. Na ausência de pagamento, a  regra decadencial aplicável é a do art. 173, I do CTN, conforme  entendimento  do  STJ  expresso  no  REsp  no  973.733/SC,  na  sistemática  do  art.  543­C do CPC,  e,  portanto,  de  observância  obrigatória  por  este  tribunal  administrativo,  tendo  em  vista  o  art. 62­A do Anexo II do RICARF.” (Acórdão no 3403­002.298,  Rel.  Cons.  Rosaldo  Trevisan,  unânime  em  relação  à  matéria,  sessão de 25.jun.2013) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403­ Fl. 551DF CARF MF Processo nº 19515.000100/2002­34  Acórdão n.º 3401­004.472  S3­C4T1  Fl. 549          7 003.106  e  107,  no  3403­003.305,  no  3101­001.267,  no  3302­ 002.589,  no  3403­002.767,  no  9202­003.060, no  9303­002.849 e  no 9303­002.857).  Sendo os débitos mais remotos da autuação correspondentes ao fato gerador  de  31/03/1996  (que  poderia  ter  sido  lançado  em  01/01/1997,  primeiro  dia  do  exercício  seguinte, marco inicial para a contagem decadencial), e tendo sido o lançamento regularmente  notificado  ao  sujeito  passivo  em  26/06/2002,  há  configuração  de  decadência,  no  presente  processo, apenas em relação aos fatos geradores de 1996.  No entanto, cabe ressaltar que após a inclusão em parcelamento, já não resta  débito de 1996 contencioso, no presente processo, pelo que, ainda que acolhida a tese esposada  na a Súmula Vinculante STF no 8, do STF, remanesce hígido o montante lançado que está sob  apreciação deste colegiado.    Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado.  Rosaldo Trevisan                                Fl. 552DF CARF MF

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7337461 #
Numero do processo: 10840.722429/2013-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE ALUGUÉIS. DIMOB. DECLARAÇÃO APRESENTADA APÓS O INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A declaração do cônjuge somente foi transmitida após o início da ação fiscal, e quando já existia inclusive decisão proferida pela Delegacia de Julgamento. Não há que se falar em espontaneidade para efetuar retificação da declaração (art. 138 do CTN). O art. 7º, § 1º do Decreto 70.235 estabelece que o início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.
Numero da decisão: 2401-005.499
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO

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2401­005.499  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  9 de maio de 2018  Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Recorrente  JOSE ADEMIR BONATO  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2011  IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTES DE ALUGUÉIS.  DIMOB. DECLARAÇÃO APRESENTADA APÓS O  INÍCIO DA AÇÃO  FISCAL  A declaração do cônjuge somente foi transmitida após o início da ação fiscal,  e quando já existia inclusive decisão proferida pela Delegacia de Julgamento.  Não há que se falar em espontaneidade para efetuar retificação da declaração  (art. 138 do CTN).   O  art.  7º,  §  1º  do Decreto  70.235  estabelece  que  o  início  do  procedimento  exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e,  independentemente  de  intimação  a  dos  demais  envolvidos  nas  infrações  verificadas.          Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.               AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 72 24 29 /2 01 3- 46 Fl. 176DF CARF MF   2   Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do recurso voluntário, e, no mérito, negar­lhe provimento.      (Assinado digitalmente)  Miriam Denise Xavier ­ Presidente.       (Assinado digitalmente)  Andréa Viana Arrais Egypto ­ Relatora.      Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess,  Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira,  Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Matheus Soares Leite  e  Miriam Denise Xavier.  Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10840.722429/2013­46  Acórdão n.º 2401­005.499  S2­C4T1  Fl. 3          3 Relatório  Trata­se de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 18ª Turma  da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro ­ RJ (DRJ/RJ1),  que,  por  unanimidade  de  votos,  julgou  improcedente  a  impugnação,  nos  termos  do  voto  do  Relator, conforme ementa do Acórdão nº 12­62.061 (fls. 72/73):  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­  IRPF  Ano­calendário: 2011  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  A  TÍTULO  DE  ALUGUÉIS  RECEBIDOS DE PESSOAS FÍSICAS.  Não  tendo  sido  comprovado  pelo  interessado  que  os  aluguéis  teriam  sido  declarados  por  seu  cônjuge,  como  alegado,  resta  manter a autuação.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  O presente processo trata da Notificação de Lançamento – Imposto de Renda  Pessoa  Física  (fls.  04/09),  lavrado  contra  o  Contribuinte  em  02/09/2013,  onde  foi  apurado  Imposto de Renda Pessoa Física ­ Suplementar, relativo aos ano­calendário 2011, no valor de  R$ 3.432,19, acrescido de Juros de Mora, calculados até 30/08/2013, no valor de R$ 349,39 e  Multa de Ofício, passível de redução, no valor de R$ 2.574,14, perfazendo um total de Crédito  Tributário Apurado de R$ 6.355,72.  De  acordo  com  a  Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal  (fl.  05),  verifica­se que a autuação decorre de omissão de rendimentos recebidos de Pessoa Física, no  valor  de  R$  12.480,68,  informados  na  Declaração  de  Informações  sobre  Atividades  Imobiliárias (Dimob) pelas administradoras.  O  Contribuinte  cientificado  da  Notificação  em  11/09/2013  apresentou,  tempestivamente, sua impugnação de fl. 02 onde alega que os rendimentos se referem a receita  de  aluguel  produzida  por  bem  comum  ao  casal  e  oferecida  à  tributação  na  declaração  do  cônjuge e que estes rendimentos foram incluídos em sua declaração no formulário Informação  do Cônjuge. Para corroborar suas afirmações junta os documentos de fls. 10 a 65.  O  processo  foi  encaminhado  à  DRJ/RJ1  para  julgamento,  que,  através  do  Acórdão nº 12­62.061, julgou Improcedente a Impugnação, mantendo o Crédito Tributário.  Em 23/12/2013 o Contribuinte  foi  intimado do Acórdão da DRJ/RJ1 (AR –  fl. 77) e tempestivamente, em 16/01/2014 interpôs seu RECURSO VOLUNTÁRIO de fls. 79 a  82, instruído com os documentos anexados nas fls. 83 a 149.   Em seu Recurso Voluntário faz um breve relato dos fatos para em seguida:  Fl. 178DF CARF MF   4 1.  Reiterar a informação anterior que consta de sua declaração de ajuste,  no  campo  "  Informações  do  Cônjuge",  os  rendimentos  de  aluguéis  recebidos por seu Cônjuge, a Sr.ª Marlene Tostes Bonato;  2.  Informar  que  a  declaração  de  ajuste  do  ano­calendário  2011  do  seu  Cônjuge  (fls.  85/90),  foi  transmitida  em  27/12/2013,  e  nela  foram  declarados  os  rendimentos  recebidos  de  pessoas  físicas,  a  título  de  alugueis;  3.  Aduzir  que  a  retificação  da  Dimob  feita  pela  Imobiliária  afasta  o  equívoco cometido  e  regulariza  a declaração, de  forma a  comprovar  que nunca houve intenção de má­fé ou sonegação.  Finaliza seu Recurso pedindo que seja acolhido o RV a fim de ser cancelado  o débito fiscal reclamado.  O  Processo  foi  encaminhado  ao  CARF  onde  a  1ª  Turma  Ordinária  da  4ª  Câmara da 2ª Seção de Julgamento, em 18/01/2017, através da Resolução nº 2401­000.540 (fls.  155/158), resolveu, por unanimidade, converter o julgamento em diligência para a juntada dos  seguintes documentos:  1.  Declarações  de  ajuste  anual  da  contribuinte Marlene Tostes Bonato,  CPF  051.638.16870,  exercício  2012,  tanto  a  original  quanto  a(s)  retificadora(s); e  2.  Declarações de ajuste anual do contribuinte José Ademir Bonato, CPF  164.225.46815,  exercício  2012,  tanto  a  original  quanto  a(s)  retificadora(s).  Os documentos solicitados foram juntados aos autos pela DRF nas folhas 160  a 171 e, em seguida, o Processo encaminhado ao CARF para julgamento.    É o relatório.  Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10840.722429/2013­46  Acórdão n.º 2401­005.499  S2­C4T1  Fl. 4          5 Voto             Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto ­ Relatora.  Juízo de admissibilidade  O  recurso  voluntário  foi  apresentado  dentro  do  prazo  legal  e  atende  aos  requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento.    Mérito  O presente Processo Administrativo trata da exigência de IRPF decorrente da  omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas, durante o ano calendário de  2011,  no  valor  de R$12.408,68,  informados  na Declaração  de  Informações  sobre Atividades  Imobiliárias (Dimob).  A  totalidade dos  rendimentos decorrentes de  aluguéis  perfazem o montante  de R$ 18.030,68  e  se  referem  tanto  aos  imóveis  administrados  pela  imobiliária  e  que  foram  objeto  de  notificação  por  omissão  no  valor  de  R$12.408,68,  quanto  aos  imóveis  com  administração própria (fls. 8/9).  Em  razões  recursais  o  Recorrente  assevera  que  não  ocorreu  omissão  de  rendimentos e que a totalidade da receita de aluguel foi oferecida à tributação na declaração de  ajuste da sua esposa, por opção do contribuinte.  Ocorre que a declaração do cônjuge somente foi  transmitida em 27/12/2013  (fl.  85/90),  após  o  início  da  ação  fiscal,  e  quando  já  existia  inclusive  decisão  proferida  pela  Delegacia de Julgamento.  Com efeito, é cediço que, após o início da ação fiscal, não há que se falar em  espontaneidade para efetuar retificação da declaração (art. 138 do CTN).   Ademais,  o  art.  7º,  §  1º  do  Decreto  70.235  estabelece  que  o  início  do  procedimento  exclui  a  espontaneidade  do  sujeito  passivo  em  relação  aos  atos  anteriores  e,  independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.  Destarte,  a  apresentação ou  retificação da declaração  feita pelo contribuinte  que vise à redução ou a exclusão de tributo, somente poderá ser admitida se comprovado erro  nela  contida,  e  antes  da  notificação  do  lançamento,  conforme  preceitua  o Código Tributário  Nacional:  Art.  147. O  lançamento  é  efetuado com base na declaração do  sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da  legislação  tributária,  presta  à  autoridade  administrativa  informações  sobre  matéria  de  fato,  indispensáveis  à  sua  efetivação.  Fl. 180DF CARF MF   6 §  1º  A  retificação  da  declaração  por  iniciativa  do  próprio  declarante,  quando  vise  a  reduzir  ou  a  excluir  tributo,  só  é  admissível  mediante  comprovação  do  erro  em  que  se  funde,  e  antes de notificado o lançamento.  Dessa forma, a declaração dos rendimentos  recebidos de pessoa física, após  notificado o contribuinte, não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento.  Essa linha de entendimento já esta pacificada neste Conselho Administrativo  de Recursos Fiscais, consoante enunciado da Súmula nº 33, verbis:  Súmula  CARF  nº  33:  A  declaração  entregue  após  o  início  do  procedimento  fiscal  não  produz  quaisquer  efeitos  sobre  o  lançamento de ofício.  Assim,  não  merece  prosperar  os  argumento  apresentados  pelo  Recorrente,  devendo ser mantida incólume a decisão proferia em primeira instância.    Conclusão  Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, NEGAR­ LHE PROVIMENTO.    (Assinado digitalmente)  Andréa Viana Arrais Egypto.                              Fl. 181DF CARF MF

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7326683 #
Numero do processo: 10980.916741/2011-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.590
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI

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3301­000.590  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Data  19 de abril de 2018  Assunto  PERDCOMP. COFINS.   Recorrente  Sociedade Paranaense de Ensino e Informática­SPEI  Recorrida  Fazenda Nacional    Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o  julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.  (assinado digitalmente)  José Henrique Mauri ­ Presidente e Relator.  Participaram  da  presente  sessão  de  julgamento  os  conselheiros  José  Henrique  Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado),  Valcir  Gassen,  Marcos  Roberto  da  Silva  (Suplente  convocado),  Antonio  Carlos  da  Costa  Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.   Relatório   Trata  o  presente  processo  administrativo  de  PER/DCOMP  para  obter  reconhecimento  de  direito  creditório  do  tributo  por  suposto  pagamento  a maior  e  aproveitar  esse crédito com débito de outro tributo.  A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento  indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado  pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos  informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição  foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso.  Cientificada,  a  interessada  apresentou  manifestação  de  inconformidade  cuja  argumentação é a seguir resumida.  Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do  art.  14,  X  da  MP  nº  2.158­35,  de  2001,  estaria  isenta  da  COFINS.  Argumenta  que  tal     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 16 74 1/ 20 11 -3 2 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 3            2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às  atividades  próprias  das  entidades  a  que  se  refere  o  art.  13,  o  qual,  por  sua  vez,  refere­se  às  “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de  dezembro de 1997.  Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por  qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos  na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu  patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção.  Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado.  Relativamente  à  expressão  “atividade  própria”  (art.  14,  X,  da  MP  2.158/35),  argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial  da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que  conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade  lucrativa  não  devia  ser  vinculada  à  gratuidade  ou  não  dos  serviços  prestados  ou  à  forma  de  obtenção  da  receita,  nas,  sim,  à  forma  como  ela  é  aplicada.  Caso  constitua  objetivo  da  instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado  mediante o pagamento de mensalidade ou  retribuições, a  receita obtida com as mensalidades  constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.”  Afirma,  outrossim,  que  os  princípios  da  legalidade  e  da  legalidade  tributária  impede o Fisco de exigir  tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse  caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para  que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios  ou  declaratórios  criem  qualquer  redução  ou  limitação  à  isenção  de  COFINS  prevista  nos  artigos 13 e 14 da MP 2.158­35/01”.  No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar  que  “tendo  a  instituição  recolhido  o  tributo  de  forma  indevida  tem  direito  à  restituição/compensação”.  Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada.  A 3ª Turma da DRJ/CTA  indeferiu  a manifestação  de  inconformidade,  nos  termos do Acórdão 06­041.977.  Em seu recurso voluntário, a empresa:  § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade;  § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.158­35;  § Aduz  que  “todos  os  valores  que  são  aplicados  no  desenvolvimento  da  atividade  da  entidade  sem  fins  lucrativos  são  receitas  decorrentes  de  atividades próprias”.  § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002;  § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta.  Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 4            3 É o relatório.       Voto   Conselheiro José Henrique Mauri, Relator.  O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo  II do RICARF, aprovado pela Portaria MF  343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido na Resolução  3301­000.589,  de  19  de  abril  de  2018,  proferido  no  julgamento  do  processo  10980.934789/2009­16, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301­000.589):  "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade,  portanto dele tomo conhecimento.  Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram:  I.  Na  interpretação  do  art.  14,  X  da  MP,  entendeu  o  voto  condutor  que  seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da  Lei nº 9.532/97, apenas as receitas  típicas dessas entidades, como as decorrentes  de  contribuições,  doações  e  subvenções  por  elas  recebidas,  bem  assim  mensalidades ou anuidades pagas por  seus associados,  destinadas à manutenção  da  instituição  e  consecução  de  seus  objetivos  sociais,  sem  caráter  contraprestacional.  A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002:    Art.  47.  As  entidades  relacionadas  no  art.  9º  desta  Instrução  Normativa:  I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e  II  –  são  isentas  da  Cofins  em  relação  às  receitas  derivadas  de  suas  atividades próprias.  § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo,  as entidades de educação, assistência  social e de caráter  filantrópico  devem  possuir  o  Certificado  de  Entidade  Beneficente  de  Assistência  Social  expedido  pelo  Conselho  Nacional  de  Assistência  Social,  renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei  nº 8.212, de 1991.  § 2º Consideram­se receitas derivadas das atividades próprias somente  aquelas  decorrentes  de  contribuições,  doações,  anuidades  ou  mensalidades  fixadas  por  lei,  assembléia  ou  estatuto,  recebidas  de  associados  ou mantenedores,  sem  caráter  contraprestacional  direto,  destinadas  ao  seu  custeio  e  ao  desenvolvimento  dos  seus  objetivos  sociais.    Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 5            4 II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se  sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às  dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação  de  serviços,  inclusive  as  receitas  de  matrículas  e  mensalidades  dos  cursos  ministrados  pelas  entidades  educacionais,  ainda  que  exclusivamente  a  seus  associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que  estão  sujeitas  à  COFINS,  por  força  da  Lei  nº  9.718/98,  as  receitas  de  caráter  contraprestacional,  inclusive  as  mensalidades  cobradas  por  instituições  de  educação e as receitas financeiras auferidas.  A revisão dos dois pontos será feita a seguir.    Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.158­35, de 2001    Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.158­35:    Art.  14.  Em  relação  aos  fatos  geradores  ocorridos  a  partir  de  1o  de  fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas:  (...)  X­ relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art.  13.  Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe:  Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base  na  folha  de  salários,  à  alíquota  de  um  por  cento,  pelas  seguintes  entidades:  III­ instituições de educação e de assistência social a que se refere o  art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997;    Note­se que o art. 13, III da MP nº 2.158­35/2001 ao fazer remissão  ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento  das exigências impostas por esta Lei.  O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia:  Art.  12. Para efeito do disposto no art.  150,  inciso VI,  alínea  "c",  da  Constituição,  considera­se  imune  a  instituição  de  educação  ou  de  assistência  social  que  preste  os  serviços  para  os  quais  houver  sido  instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter  complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos.   § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de  capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda  variável.  Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 6            5 §  2º  Para  o  gozo  da  imunidade,  as  instituições  a  que  se  refere  este  artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos:  a)  não  remunerar,  por  qualquer  forma,  seus  dirigentes  pelos  serviços prestados;   b)  aplicar  integralmente  seus  recursos  na  manutenção  e  desenvolvimento dos seus objetivos sociais;  c)  manter  escrituração  completa  de  suas  receitas  e  despesas  em  livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva  exatidão;  d)  conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da  data da emissão, os documentos que comprovem a origem de  suas  receitas  e  a  efetivação  de  suas  despesas,  bem  assim  a  realização de quaisquer outros atos ou operações que venham  a modificar sua situação patrimonial;  e)  apresentar,  anualmente,  Declaração  de  Rendimentos,  em  conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita  Federal;  f)  recolher  os  tributos  retidos  sobre  os  rendimentos  por  elas  pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social  relativa  aos  empregados,  bem  assim  cumprir  as  obrigações  acessórias daí decorrentes;  g)  assegurar  a  destinação  de  seu  patrimônio  a  outra  instituição  que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de  incorporação,  fusão,  cisão  ou  de  encerramento  de  suas  atividades, ou a órgão público;  h)  outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados  com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo.  §  3º  Considera­se  entidade  sem  fins  lucrativos  a  que  não  apresente superávit em  suas  contas  ou,  caso  o  apresente  em  determinando  exercício,  destine  referido  resultado  integralmente  ao  incremento de seu ativo imobilizado.    Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao  abrigo da norma  isentiva, como  já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo  REsp 1.353.111 ­ RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado  em julgado desde 02/03/2016, verbis:    Súmula CARF nº 107    A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no  art.  14,  X,  c/c  art.  13,  III,  da MP  nº  2.158­35,  de  2001,  alcança  as  receitas  obtidas  em  contraprestação  de  serviços  educacionais  Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 7            6 prestados  pelas  entidades  de  educação  sem  fins  lucrativos  a  que  se  refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997.    REsp 1.353.111 – RS    PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO  DA  CONTROVÉRSIA.  ART.  543­C,  DO  CPC.  COFINS.  CONCEITO  DE  RECEITAS  RELATIVAS  ÀS  ATIVIDADES  PRÓPRIAS  DAS  ENTIDADES  SEM  FINS  LUCRATIVOS  PARA  FINS  DE  GOZO  DA  ISENÇÃO  PREVISTA  NO  ART.  14,  X,  DA  MP  N.  2.158­35/2001.  ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA  SRF  N.  247/2002.  SOCIEDADE  CIVIL  EDUCACIONAL  OU  DE  CARÁTER  CULTURAL  E  CIENTÍFICO.  MENSALIDADES  DE  ALUNOS.   1.  A  questão  central  dos  autos  se  refere  ao  exame  da  isenção  da  COFINS,  contida  no  art.  14,  X,  da  Medida  Provisória  n.  1.858/99  (atual MP n. 2.158­35/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos,  a  fim de verificar  se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de  instituição  de  ensino  como  contraprestação  desses  serviços  educacionais.  O  presente  recurso  representativo  da  controvérsia  não  discute  quaisquer  outras  receitas  que  não  as  mensalidades,  não  havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras  ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos  pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões,  auditórios,  quadras,  campos  esportivos,  dependências  e  instalações,  venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de  formaturas,  excursões,  etc.)  prestados  por  essas  entidades  que  não  sejam exclusivamente os de educação.   2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita  Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.158­35/01 ao excluir  do  conceito  de  "receitas  relativas  às  atividades  próprias  das  entidades",  as  contraprestações  pelos  serviços  próprios  de  educação,  que são as mensalidades escolares recebidas de alunos.   3.  Isto  porque  a  entidade  de  ensino  tem  por  finalidade  precípua  a  prestação  de  serviços  educacionais.  Trata­se  da  sua  razão de  existir,  do  núcleo  de  suas  atividades,  do  próprio  serviço  para  o  qual  foi  instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa  toada,  não  há  como  compreender  que  as  receitas  auferidas  nessa  condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de  "atividades  próprias  da  entidade",  conforme  o  exige  a  isenção  estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP  n. 2.158­35/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º,  da  IN/SRF  n.  247/2002,  nessa  extensão.  4.  Precedentes  do  Conselho  Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...)  6.  Tese  julgada  para  efeito  do  art.  543­C,  do  CPC:  as  receitas  auferidas  a  título  de  mensalidades  dos  alunos  de  instituições  de  ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da  entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da  Medida  Provisória  n.  1.858/99  (atual  MP  n.  2.158­35/2001),  sendo  Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 8            7 flagrante  a  ilicitude  do  art.  47,  §2º,  da  IN/SRF  n.  247/2002,  nessa  extensão.   7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art.  543­C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.      Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto.  A  respeito  do  cumprimento  dos  requisitos  do  art.  12  da  lei  n°  9.532/97,  aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente  o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que  sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue:      Entendo  que  a  prova  do  cumprimento  dos  requisitos  é  da  Recorrente,  contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório.   No  recurso  voluntário,  acostou  documentos  que  merecem  a  análise  da  Delegacia de Origem.    Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG  Resta  pacificado  no  STF  o  entendimento  sobre  a  inconstitucionalidade  do  art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98.   Dessa  forma,  considera­se  receita  bruta  ou  faturamento  o  que  decorre  da  venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se  considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações  empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS.  O alcance  do  termo  faturamento  abarcando a atividade  empresarial  típica  restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral  do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do  art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF:  RECURSO.  Extraordinário.  Tributo.  Contribuição  social.  PIS.  COFINS.  Alargamento  da  base  de  cálculo.  Art.  3º,  §1º  da  Lei  nº  9.718/98.  Inconstitucionalidade.  Precedentes  do  Plenário  (RE  nº  346.084/PR, Rel. orig. Min.  ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs  nº  357.950/RS,  358.273/RS  e  390.840/MG,  Rel.  Min.  MARCO  AURÉLIO,  DJ  de  15.8.2006).  Repercussão  Geral  do  tema.  Reconhecimento pelo Plenário. Recurso  improvido. É  inconstitucional  a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art.  3º, §1º, da Lei nº 9.718/98.  Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 9            8 No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou:  O  recurso  extraordinário  está  submetido  ao  regime  de  repercussão  geral  e  versa  sobre  tema  cuja  jurisprudência  é  consolidada  nesta  Corte,  qual  seja,  a  inconstitucionalidade  do  §1º  do  art.  3º  da  Lei  nº  9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a  noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b,  da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita  bruta  das  vendas  de  mercadorias  e  da  prestação  de  serviços  de  qualquer  natureza,  ou  seja,  soma  das  receitas  oriundas  do  exercício  das atividades empresariais...  Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e  da  venda  de  mercadorias  (não  se  podendo  incluir  outras  receitas,  tais  como  aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS.  Logo, assiste  razão à Recorrente quando alega que as  receitas  financeiras  não podem compor a base de cálculo da COFINS.  Conclusão  Diante  da  plausibilidade  do  pleito  da  Recorrente,  entendo  necessária  a  conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida  pela  COFINS  sobre  as  receitas  operacionais  (“próprias”),  bem  como  sobre  as  receitas financeiras.   Isso  porque  a  tributação  sobre  as  “receitas  próprias”,  incluídas  as  mensalidades pagas por alunos,  são  isentas, nos  termos do art. 14, X da Medida  Provisória.  Ao passo  que a  exclusão  das  receitas  financeiras  se  dá  com base na  inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º,  §1º, da Lei n.º 9.718/1998.  Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que  seja solicitado à unidade de origem que:  a)  Examine  a  documentação  juntada  pela  Recorrente  no  recurso  voluntário;  b)  Verifique,  com  base  nessa  documentação,  se  houve  a  indevida  inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo  da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver;  c) Verifique o  cumprimento pela Recorrente dos  requisitos do art.  12  da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar  outros esclarecimentos, caso necessário;   d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se  a utilização deste foi efetivamente realizada;   e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendo­lhe  prazo para manifestação;   f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento.  É como voto."  Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10980.916741/2011­32  Resolução nº  3301­000.590  S3­C3T1  Fl. 10            9 Importante  frisar  que  os  documentos  juntados  pela  contribuinte  no  processo  paradigma,  como  prova  do  direito  creditório,  encontram  correspondência  nos  autos  ora  em  análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência  no caso do paradigma também a justificam no presente caso.  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo  II do RICARF, o Colegiado decidiu  converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que:  a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário;  b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das  receitas próprias e  receitas  financeiras na base de cálculo da COFINS,  fazendo a  segregação  entre as receitas, se houver;  c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei  n° 9.532/1997. Para  tanto,  intime o  sujeito passivo para prestar outros  esclarecimentos,  caso  necessário;   d)  Aponte  a  exatidão  do  valor  pleiteado  pelo  Recorrente,  bem  como  se  a  utilização deste foi efetivamente realizada;   e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendo­lhe prazo  para manifestação;   f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento.    (assinado digitalmente)  José Henrique Mauri    Fl. 110DF CARF MF

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Numero do processo: 19515.002302/2009-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissões de receitas os valores não contabilizados na escrita fiscal bem como os não informados em DIPJ. TRANSFERÊNCIAS INTERCONTAS. Comprovadas mediante extratos bancários as transferências intercontas devem ser excluídas do lançamento. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS., COFINS e CSLL. Aplica-se aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum.
Numero da decisão: 1301-002.850
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base tributável os valores referentes a transferências entre contas bancárias do sujeito passivo, nos termos da tabela contido no bojo do voto da relatora. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD

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extratos  bancários  as  transferências  intercontas  devem ser excluídas do lançamento.  TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS., COFINS e CSLL.  Aplica­se  aos  lançamentos  decorrentes  ou  reflexos  o  decidido  sobre  o  lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 23 02 /2 00 9- 97 Fl. 5261DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.262          2 Acordam  os  membros  do  colegiado,    por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base tributável os valores referentes a  transferências entre contas bancárias do sujeito passivo, nos termos da tabela contido no bojo  do voto da relatora.    (assinado digitalmente)  Fernando Brasil de Oliveira Pinto ­ Presidente    (assinado digitalmente)  Bianca Felícia Rothschild ­ Relatora      Participaram do  presente  julgamento  os  conselheiros: Roberto Silva  Júnior,  José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de  Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto,  Fernando Brasil  de Oliveira Pinto  e  Bianca Felícia Rothschild.  Fl. 5262DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.263          3 Relatório  Inicialmente, adota­se o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os  fatos ocorridos e os fundamentos adotados até então:  SODESP  ORGANIZAÇÃO  DE  DESPACHOS  S/C  LTDA,  empresa acima identificada, foi submetida a procedimento fiscal  tendo  sido  verificado  irregularidade  em  sua  escrituração  fiscal  em  confronto  com  os  dados  constantes  nos  extratos  bancários,  conforme descrição contida no Termo de Verificação Fiscal, de  fls. 720/726, relativa a Omissão de receitas no ano calendário de  2005:  não  lançamento  de  valores  auferidos  como  receitas  nos  livros contábeis (Diário e Razão), cujos montantes encontram­se  discriminados  em  extratos  bancários  no  total  de  R$  49.306.320,11.  Em  decorrência  das  faltas  apuradas,  foram  lavrados  em  25/06/2009,  os  seguintes  autos  de  infração,  cientificados  na  mesma data:  O Imposto de Renda Pessoa Jurídica ­ IRPJ (fls. 732/735): Total  do  crédito  tributário,  R$  27.072.403,07,  incluídos  o  tributo,  multa e juros de mora, fundamento legal citado à fl. 735;  Contribuição  para  o  Programa  de  Integração  Social  PIS  (fls.  740/743): Total do crédito tributário, R$ 1.808.541,76, incluídos  o tributo, multa e os juros de mora, fundamento legal citado à fl.  743;  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  COFINS  (fls.  748/751):  Total  do  crédito  tributário,  R$  8.330.253,93,  incluídos  o  tributo,  multa  e  os  juros  de  mora,  fundamento legal citado à fl.751.  Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (fls. 8): Total  do crédito tributário, R$ 9.758.992,34, incluído o tributo, multa  e os juros de mora. Fundamento legal citado à fl.758.  A  contribuinte  cientificada  em  25/06/2009  apresentou  defesa  alegando, em síntese, que:  A interessada presta serviços de despachante, cujos valores dos  serviços  incluindo­se  taxas,  impostos  e  a  remuneração  da  contribuinte  são  creditados  diretamente  em  conta  corrente  bancária  pelos  usuários,  ou  seja,  apenas  parte  desta  corresponde a receitas efetivamente auferidas;  A  autoridade  fiscal  considerou,  como  receita  tributável,  a  totalidade dos valores creditados em conta bancária, o que é um  equívoco,  tendo  em  vista  que  somente  parte  dela  é  receita  da  impugnante (fl.791/802);  Fl. 5263DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.264          4 Grande  parte  dos  valores  creditados  em  conta  bancária  (R$  46.304.321,60  fl.  803)  representam  passivos  transitórios,  ou  seja,  apenas  transitaram  nela,  pois  representam  despesas  dos  clientes com impostos, taxas, multas entre outras;  Os  contratos  com  clientes,  anexos  aos  autos,  comprovam  a  natureza  dos  serviços  prestados  pela  impugnante  bem  como  justificam os montantes ingressos em suas contas bancárias;  Não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias,  depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos;  Cita  jurisprudência  administrativa  a  respeito  do  tema,  ora  discutido, nos presentes autos;  A contribuinte entende que o regime de tributação a ser aplicado  ao  presente  caso  deveria  ser  o  da  modalidade  de  “Lucro  Arbitrado”,  visto  que  a  enorme  discrepância  entre  a  receita  escriturada e a apurada tomaria a sua escrita imprestável;  Solicita  diligência  fiscal  e  a  possibilidade  de  sustentação  oral  com o objetivo de apurar a verdade dos fatos.  A  DRJ/SÃO  PAULO  decidiu  a  matéria  através  do  Acórdão  1624.998,  de  19/04/2010  (fls.  3681),  julgando  improcedente  a  manifestação de  inconformidade,  tendo  sido  lavrada a  seguinte  ementa:  Assumo: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA  IRPJ.  Ano­calendário: 2005  OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissões de receitas os  valores  não  contabilizados  na  escrita  fiscal  bem  como  os  não  informados em DIPJ.  TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS e CSLL. Aplica­se aos  lançamentos  decorrentes  ou  reflexos  o  decidido  sobre  o  lançamento  que  lhes  deu  origem,  por  terem  suporte  fático  comum.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  Em sessão de 26 de novembro de 2014, decidiu esta mesma turma converter  o processo em diligencia, através da Resolução nº 1301­000.244, para que para que a unidade  de  origem  exclua  da  base  tributável  os  valores  referentes  as  transferências  intercontas  da  pessoa jurídica autuada identificadas nos extratos bancários analisados.  Em  observância  à  Resolução  CARF  nº  1301­000.244,  foi  apresentado  Relatório de Diligencia (fl. 5.247). O contribuinte, apesar de devidamente cientificado (AR fl.  5.254), não se manifestou em relação ao referido relatório.  É o relatório.  Fl. 5264DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.265          5   Voto             Conselheira Bianca Felícia Rothschild ­ Relatora  A admissibilidade do Recurso Voluntário já foi apreciada por este colegiado,  motivo pelo qual passa­se a analise do mesmo.  Verifica­se pela leitura do voto condutor da Resolução CARF 1301­000.244  que a turma já conduziu o julgamento no sentido de dar provimento parcial ao recurso para fins  de exonerar o lançamento no que diz respeito as  transferências  intercontas da pessoa jurídica  autuada identificadas nos extratos bancários analisados e que a diligencia foi requerida apenas  para apurar tal valor a ser excluído, vejamos (fl. 4.044 e segs.):  Do relatório extrai­se que a acusação fiscal diz respeito a omissão de receitas  operacionais  caracterizada  pela  falta  de  contabilização  de  depósitos  bancários  (e  DIPJ) cujos montantes encontram­se discriminados com base em extratos bancários  no total de R$ 49.306.320,11.  A  recorrente  repete  as  argumentações  iniciais  (impugnação)  alegando,  em  síntese,  que:  l)  a  autoridade  fiscal  considerou  como  receita  tributável.  a  totalidade  dos valores creditados em conta bancária; 2) Grande parte dos valores creditados em  conta  bancária  (R$  46.304.321,60  fl.  803)  representam  passivos  transitórios/adiantamentos;  3)  Os  contratos  com  clientes,  anexos  aos  autos,  comprovam  a  natureza  dos  serviços  prestados  pela  impugnante;  4)  Não  foram  eliminadas  as  transferências  entre  contas  bancárias,  depósitos  devolvidos  e  os  financiamentos  juntos  aos  bancos;  5)  A  contribuinte  entende  que  o  regime  de  tributação a  ser  aplicado  ao  presente  caso  deveria  ser  o  da modalidade  de  “Lucro  Arbitrado”.  Em contraponto transcreve­se os seguinte fragmentos do voto recorrido:  Na questão sob exame, não prevaleceria a presunção de omissão de receita, se  a contribuinte comprovasse a origem dos recursos respaldada em documentos hábeis  e idôneos, conforme requisitados pela autoridade fiscal em seu Termo de Início de  Fiscalização e reintimações posteriores.  Observa­se que a contribuinte não traz aos autos nenhuma prova inequívoca  da origem dos recursos depositados em sua conta bancária. Sob esse aspecto, aliás, é  de se estranhar que a impugnante não tenha apresentado a documentação requerida  nos Termo de Intimação, quando sua veracidade ou não poderia ter sido facilmente  aferida  por  meio  da  apresentação  de  comprovantes  de  pagamentos  e  outros  documentos hábeis para elucidar as operações efetuadas no período fiscalizado.  Quanto  ao  valor  tributável  apurado  pela  autoridade  fiscal,  a  contribuinte  apresentou a documentação de fls.8l1/3.672 visando comprovar a composição de sua  receita  tributável. Os documentos basicamente constituem­se de demonstrativos de  débitos,  crédito  bancário  por  cliente,  notas  fiscais,  contratos  de  financiamento  (fl.8l1)  e  outros,  conforme  listados  pela  impugnante,  os  quais  não  comprovam  a  origem  dos  depósitos  em  contas  correntes  de  sua  titularidade  pelos  seguintes  motivos:  Fl. 5265DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.266          6 1) os extratos bancários, por si só, nada comprovam as operações efetuadas  pela contribuinte por estarem desprovidos de documentação comprobatória;   2)  As  notas  fiscais  ora  apresentadas  não  discriminam  quais  parcelas  se  referem à receita da contribuinte, por exemplo, na nota fiscal de fl. 2.920 os valores  aparecem agrupados por tipo de serviço sem a descrição das espécies de operações  a  que  se  referem.  Como  as  notas  fiscais  apresentam  rubricas  genéricas,  sem  identificação  precisa  dos  clientes  usuários  dos  serviços,  não  é  possível  a  conciliação  dos  referidos  valores  com  os  demonstrativos  apresentados  pela  impugnante;   3)  Todos  os  valores  mencionados  bem  como  os  montantes  constantes  das  notas  fiscais,  já  citadas,  não estão  respaldados em escrita  fiscal,  o que  lhe  retira  qualquer credibilidade;   4)  Não  foi  apresentado  nenhuma  documentação  comprobatória  das  operações da contribuinte,  frise­se que apenas as notas  fiscais cópia de contratos  com  clientes,  da  maneira  como  foram  emitidas  apresentadas,  não  possibilita  qualquer comprovação da origem dos recursos ingressos nas contas bancárias; e,   5)  Como  não  houve  a  apresentação  de  documentação  comprobatória  das  operações da contribuinte bem como as mesmas não foram escrituradas nos livros  contábeis,  impossível  toma­se  o  afastamento  da  presunção  legal  de  omissão  de  receitas  dos  montantes  auferidos  nas  contas  correntes,  conforme  apurado  no  presente Auto de Infração.  No que respeita à afirmação da inconformada, de que não foram eliminadas  as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos  juntos aos bancos, não houve a demonstração de quais seriam os referidos valores  bem como nada foi apresentado de documentação comprobatória visando elucidar  as mencionadas  inconsistências. Apenas  alegar  e  não  provar  é  o mesmo que não  alegar, pois, nas infrações por presunção legal de omissão de receitas por falta de  comprovação  de  sua  origem,  a  ausência  de  comprovação  dos  recursos  com  documentação hábil  e  idônea em nada beneficiará a  impugnante assim como não  afasta a infração que lhe foi imputada.  Quanto à questão das escrituração contábil, a pessoa jurídica, tributada pelo  regime  do  Lucro  Real,  deverá  manter  a  escrituração  obedecendo­se  às  leis  comerciais e fiscais, conforme determina o art.251 do RIR/99.  A conservação da escrituração é obrigatória, até que se opere a decadência  dos créditos da União, ou, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam  pertinentes, conforme art.264 do RIR/99:  No presente caso, há a obrigatoriedade de conservação da escrituração para  a comprovação das operações efetuadas pela interessada bem como documentação  comprobatória a qual respalde os respectivos lançamentos contábeis, o que não foi  feito pela impugnante.   No  presente  caso,  a  autoridade  fiscal  não  desqualificou  a  escrituração  apresentada  e,  portanto,  a  alegação  da  requerente  no  sentido  de  tentar  desqualificar a sua própria escrituração não merece prosperar. Apenas o que faltou  à  contribuinte  é  a.  escrituração  das  receitas  apuradas  pela  autoridade  fiscal,  provenientes de ingressos de recursos em conta bancária, motivo, este, insuficiente  para tomar a escrita fiscal imprestável.  Fl. 5266DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.267          7 O art. 288 do RIR/99 determina que a tributação, na hipótese de verificação  de omissão de receitas, deve seguir o regime a que estiver submetida a contribuinte  no período ora analisado.  De  fato,  compulsando  os  autos  do  presente  processo  constata­se  que  a  recorrente  após  reiteradas  intimações  deixou  de  apresentar  a  comprovação  dos  depósitos efetuados em suas contas bancárias com documentação de  suporte, além  do  que,  sequer  contabilizou  os  depósitos  relacionados  pela  autoridade  fiscal.  Nos  livros Diário e Razão apresentados e cujas cópias encontram­se em anexo ao TVF,  não  há  nenhuma  conta  contábil  indicando  a  contabilização  dos  valores  constantes  dos  extratos  bancários.  O  contribuinte  nem  mesmo  fez  uso  da  conta  caixa  para  registrar esses valores.  Em  que  pese  as  considerações  retro,  o  artigo  42  da  Lei  n◦  9.430/96,  fundamento das exações, expressamente determina (§ 3◦, I):  Art.  42.  Caracterizam­se  também  omissão  de  receita  ou  de  rendimento  os  valores  creditados  em  conta  de  depósito  ou  de  investimento  mantida  junto  a  instituição  financeira,  em  relação  aos  quais  o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado,  não  comprove, mediante  documentação  hábil  e  idônea,  a  origem dos recursos utilizados nessas operações.  §  3º  Para  efeito  de  determinação  da  receita  omitida,  os  créditos  serão  analisados individualizadamente, observado que não serão considerados:  I ­ os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física  ou jurídica;  Ora, no caso, a autoridade fiscal confirma no TVF (fls. 721):  "Em  razão  do  exposto,  e  devido  à  inexistência  das  comprovações  acima  relacionadas  com  documentação  hábil  da  origem  dos  valores  depositados  nas  referidas contas­correntes no ano­calendário de 2005, caracterizou­se o somatório  destes valores, discriminados mensalmente através de planilha anexa e embasados  pelas cópias dos extratos bancários, como omissão de receitas por presunção legal,  conforme art. 42 da Lei 9.430/96, lavrando­se o competente Auto de Infração."  Como  visto,  o  texto  legal  estabeleceu  uma  presunção  legal  de  omissão  de  receitas que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular  da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove,  mediante  documentação  hábil  e  idônea,  a  origem  dos  recursos  creditados  em  sua  conta de depósito ou de investimento.  Com  isso,  basta  à  falta  de  comprovação  da  origem  dos  recursos  que  transitaram na conta corrente do contribuinte para que haja a presunção de omissão  de receitas tributáveis.  Assim, a Lei n° 9.430, de 1996, art. 42, estabelece a presunção de que ocorreu  o  fato  gerador,  sempre  que  o  contribuinte  não  conseguir  comprovar  a  origem  dos  créditos efetuados em sua conta bancária.  Desse modo, havendo indícios de depósitos bancários não comprovados, cabe  a autoridade fazendária intimar o sujeito passivo para que demonstre sua origem, sob  pena  de  caracterização  de  omissão  de  receitas  com  o  lançamento  dos  créditos  tributários.  Fl. 5267DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.268          8 É  a  lei  que  reconhece  esse  vínculo  e  elege  os  fatos  indiciários,  os  quais,  devidamente provados pelo Fisco, permitem a presunção da ocorrência de omissão  de receitas.  A  mesma  lei  reconhece  que  pode  haver  algumas  situações  em  que  o  fato  indiciário não esteja associado à omissão de receitas. Mas, nesses casos, o ônus da  prova recai sobre o contribuinte.  No caso em concreto, de posse dos demonstrativos elaborados com base nos  extratos bancários e, na ausência de comprovação por parte da empresa titular dos  depósitos (empresa autuada), a autoridade fiscal apurou a base tributável da infração,  qual  seja,  a  soma  dos  depósitos/créditos  relacionados  nos  extratos  bancários  e  demonstrativo (no valor de R$ 49.306.320,11),  receita essa não contabilizada nem  declarada em DIPJ.  No entanto, ao meu ver, faltou a análise individualizada de que expressamente  impõe o § 3º,  inciso  I  do art.  42, da Lei 9430, de 1996,  acima  transcrito,  ou  seja,  faltou  excluir  os  valores  referentes  as  transferências  intercontas  da mesma  pessoa  jurídica identificadas nos extratos bancários.  Também, os valores mensais dos créditos não comprovados foram objeto de  lançamento  de  ofício  do  PIS,  da  Cofins  e  da  CSLL,  pois  ficou  caracterizada  a  omissão de receita à qual não há contestação cabal. Nesse passo, a exigência do PIS  e da Cofins se dá em consonância com a Lei n° 9.249, de 1995, artigo 24, § 2°, que  assim dispõe:  Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará  o  valor  do  imposto  e  do  adicional  a  serem  lançados  de  acordo  com o  regime de  tributação  a  que  estiver  submetida  a  pessoa  jurídica  no  período  base  a  que  corresponder a omissão.  ... § 2° O valor da receita omitida será considerado na determinação da base  de  cálculo  para  o  lançamento  da  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  da  contribuição  para  a  seguridade  social  COFINS  e  da  contribuição  para  os  Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público  PIS/PASEP.  Com  base  nas  razões  expostas,  conduzo  meu  voto  no  sentido  de  CONVERTER o julgamento em DILIGÊNCIA para que a unidade de origem exclua  da  base  tributável  os  valores  referentes  as  transferências  intercontas  da  pessoa  jurídica autuada identificadas nos extratos bancários analisados.    Tendo em vista o trecho acima transcrito e o sentido do voto condutor, mister  se faz analisar­se o resultado da diligencia (fl. 5.251 e segs):  Após  análise  das  informações  prestadas  pelo  contribuinte  esta  fiscalização  entende  que  devem  ser  excluídos  da  base  tributável  os  valores  referentes  às  transferências entre contas de mesma  titularidade constantes do  item 8,  totalizadas  nos meses de ocorrência, novembro e dezembro de 2005.  (...)  Dessa  forma,  a  base  tributável  deve  ser  retificada  somente  nos  meses  mencionados, passando a apresentar os valores abaixo relacionados:  Fl. 5268DF CARF MF Processo nº 19515.002302/2009­97  Acórdão n.º 1301­002.850  S1­C3T1  Fl. 5.269          9   Tendo  em  vista  a  fundamentação  da  Resolução  CARF  1301­000.244,  que  coincide com meu convencimento, entendo que deve ser exonerado do lançamento, apenas, os  valores correspondentes aos depósitos bancários referentes as transferências intercontas, dando  provimento parcial do recurso voluntário.  Por  fim,  importante  salientar  que  aplica­se  aos  lançamentos  decorrentes  ou  reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum.  Conclusão  Diante de todo o acima exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO  PARCIAL  ao  recurso  voluntário,  para  excluir  da  base  tributável  os  valores  referentes  a  transferências entre contas bancárias do sujeito passivo conforme tabela acima.    (assinado digitalmente)  Bianca Felícia Rothschild.                              Fl. 5269DF CARF MF

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