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Numero do processo: 19647.010607/2005-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
IRRF. DEDUÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
A dedução a título de IRRF está condicionada à comprovação da retenção do imposto e de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação na DIRPF.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. (precedente no Acórdão 2202-003.194)
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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DEDUÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A dedução a título de IRRF está condicionada à comprovação da retenção do imposto e de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação na DIRPF. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. (precedente no Acórdão 2202003.194) Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 01 06 07 /2 00 5- 43 Fl. 122DF CARF MF Processo nº 19647.010607/200543 Acórdão n.º 2202003.560 S2C2T2 Fl. 123 2 Relatório Em desfavor do contribuinte acima identificado foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas do exercício de 2003, ano calendário de 2002, no valor de R$ 9.476,02, acrescido de multa proporcional de 75% e mais juros de mora calculados pela taxa Selic. Na descrição dos fatos (fl. 08), narra a Autoridade Fiscal que foi constatada: Dedução indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte.0 contribuinte só comprovou a retenção na fonte de R$ 1.391,58, conforme contracheques mensais apresentados dos meses de janeiro, maio, julho, agosto, outubro e novembro. O contribuinte não apresentou o Comprovante de Rendimento Anual e não existe DIRF para o mesmo. Enquadramento Legal: art. 12. inciso V, da Lei n° 9.250/95. Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação na fl. 03. Ao analisar sua manifestação, a DRJ em Recife entendeu, em resumo, que: a) O contribuinte atendeu a Intimação e apresentou 6 cópias dos contracheques, dos meses de conforme se observa do relatório da fiscalização à fl. 45 e de suas afirmativas à fl. 1, dos meses de janeiro, maio, julho, agosto, outubro e novembro do ano calendário de 2002, como base nos contracheques foram acatado imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 1.391,58, que resulta em média uma retenção mensal de R$ 231,93. Vale ressaltar que o contribuinte informou o valor da dedução de imposto de renda retido na fonte de R$ 12.009,50. b) Com relação a relação ao informado no processo trabalhista impetrado pelo contribuinte contra a empresa IMOBEL Imobiliária Boa Esperança Ltda e outras pessoas jurídicas não pode ser acata como prova no presente processo. c) Restando caracterizada a infração, pode a fiscalização dispensar a intimação, não havendo prejuízos para o contribuinte, que, nestes casos, terá prazo para impugnação d) As informações prestadas na RAIS apresentada ao Ministério do Trabalho e Emprego não faz prova da retenção imposto de renda na fonte no anocalendário de 2002, no total de R$ 12.009,50. e) Em momento algum o contribuinte comprovou que a fonte pagadora IMOBEL Imobilária Boa Esperança Lida, efetuou retenção de imposto de renda na fonte, sobre rendimento mensal de R$ 6.615,00, totalizando o montante de R$ 12.009,50, informado em sua declaração de ajuste anual, ficando comprovado que houve retenção de apenas R$ 1.391,58. Recusouse ainda o pedido para realização de diligências. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 19647.010607/200543 Acórdão n.º 2202003.560 S2C2T2 Fl. 124 3 Assim deuse a decisão de 1ª instância para considerar improcedente a impugnação. Cientificado dessa decisão em 24/03/2008 (AR na folha 57), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 14/04/2008, com protocolo na folha 60. Em sede de recurso, assim, em suma, manifestase: 1 Não era o responsável legal pelo recolhimento do IRfonte, atribuição essa que pertencia a seu antigo empregador IMOBEL. O tributo exigido é decorrente do recebimento de salários cujo pagamento se deu de forma litigiosa, perante a Justiça do Trabalho, sendo feita ao fim uma transação. A sentença ordenou ao reclamado que pagasse os débitos trabalhistas, bem como o imposto de renda, sendo absurdo que tal documento não poderia ser considerado como prova nesses autos. Conclui que a IMOBEL procedeu a retenção na fonte mas deixou de repassar o valor à Receita Federal. 2 Trata longamente de "contribuinte" e "responsável", em matéria tributária. 3 Cita o Parecer Normativo nº 1, de 2002, da Cosit/Receita Federal. 4 Insiste que a Receita Federal deveria proceder a obtenção de informações sobre o alegado junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, especialmente o que consta da RAIS. PEDE que seja cancelada a exigência fiscal, considerando que o tributo só poderia ser exigido da IMOBEL. Na folha 75, mediante a Resolução nº 2202000.276, a Turma julgadora do CARF decidiu pela conversão do julgamento em diligência a fim de que, em suma, fosse intimada a fonte pagadora, na pessoa da Sra. Fernanda Dornelas Câmara Paes, inscrita no CPF sob n° 053.703.10491, para informar quais valores foram pagos a título de remuneração no ano calendário de 2002, ao Recorrente, e quais foram os valores retidos na fonte de imposto de renda e o Recorrente para que se manifestasse sobre a mesma, aproveitando a oportunidade para demonstrar quais foram os valores recebidos da fonte pagadora. Realizada a diligência, conforme relatório de fl. 95, a Turma julgadora entendeu que faltava a intimação do Recorrente, pelo que o julgamento foi convertido em nova diligência (Resolução nº 2202000.581, fl. 98). Veio aos autos o Termo de Conciliação junto à Justiça do Trabalho, nas fls. 117 e seguintes. Assim, o processo retorna à pauta de julgamentos. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 19647.010607/200543 Acórdão n.º 2202003.560 S2C2T2 Fl. 125 4 A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente na seqüência do arquivo digital (arquivo. pdf). A questão se resume a verificar a retenção de imposto de renda na fonte, declarado no ajuste anual do ano de 2002, exercício de 2003. O contribuinte informou como única fonte pagadora a IMOBEL, com rendimentos de R$ 67.380,00 que não foram alterados pela fiscalização , com retenção na fonte de R$ 12.009,50, que foram glosados, aceitandose apenas R$ 1.391,58. Dessa diferença resultou o imposto em exigência. Informa ainda que o valor foilhe pago após "transação" perante a Justiça Trabalhista e se funda na "sentença" que teria sido então proferida, para defender que a responsabilidade seria da fonte pagadora, pelo imposto em questão. O que consta na fl. 12 e seguintes não é sentença judicial, mas a petição feita por seu advogado, em 31 de outubro de 2003 (fl. 17), quando inclusive já havia apresentado a DIRPF/2003, em 29/04/2003 (fl. 42). O processo trabalhista que quer que seja reconhecido como prova de retenção de imposto na fonte, para rendimentos declarados relativos ao ano de 2002, só foi autuado na Vara do Trabalho em 03/11/2003, como demonstra a consulta anexada na fl. 18. Assim, se eventualmente recebeu rendimentos decorrentes de relação trabalhista, em virtude de sentença judicial, eles são outros que não os declarados na DIRPF/2003, ano calendário de 2002, aqui objeto de revisão. Concluise isso observando o pedido de seu advogado, na fl. 16. Após a determinação da diligência relatada, o contribuinte trouxe o Termo de Conciliação perante a 15ª Vara do Trabalho de Recife (fl. 117). Ali podese ler que "aos 11 dias do mês de dezembro de 2006...", a M.M. Juíza determinou o pagamento de R$ 471.553,92 a partir de 12/12/2006. Resta claro que além daqueles salários que foram declarados em 2002/2003, no final de 2003 o contribuinte requereu provimento judicial para obter da empregadora outras verbas de natureza trabalhista, cujo pagamento só foi determinado no final de 2006. Por isso, de fato tal ação judicial não se presta a comprovar retenção de imposto de renda na fonte sobre rendimentos salariais declarados no ano de 2002, na DIRPF/2003. Em relação à RAIS Relação Anual de Informações Sociais, instituída pelo Decreto nº 76.900, de 23/12/75, tem por objetivos: o suprimento às necessidades de controle da atividade trabalhista no País, o provimento de dados para a elaboração de estatísticas do trabalho, a disponibilização de informações do mercado de trabalho às entidades governamentais. Os dados coletados pela RAIS constituem expressivos insumos para atendimento das necessidades: da legislação da nacionalização do trabalho; de controle dos registros do FGTS; dos Sistemas de Arrecadação e de Concessão e Benefícios Previdenciários; de estudos técnicos de natureza estatística e atuarial e de identificação do trabalhador com direito ao abono salarial PIS/PASEP, conforme informação disponível em http://www.rais.gov.br/sitio/sobre.jsf. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 19647.010607/200543 Acórdão n.º 2202003.560 S2C2T2 Fl. 126 5 Observando a fl. 30, se pode constatar que não existe nenhuma informação sobre retenção de imposto de renda, mesmo porque isso não é o escopo da referida Relação Anual. Não se está discutindo se o contribuinte manteve relação de emprego com a IMOBEL, mas qual valor de imposto foi retido por ela sobre seu salário declarado na DIRPF/2003. Nesse sentido, desnecessária qualquer diligência junto ao Ministério do Trabalho e Emprego. Importante deixar claro que não se está exigindo o imposto do contribuinte porque a fonte pagadora não o repassou ao Erário. Se comprovada a retenção, ou seja, que o contribuinte efetivamente arcou com o ônus do tributo, concordaria que a responsabilidade única seria da fonte pagadora. O que se discute é se houve essa retenção. Usando o mesmo Parecer Cosit/RFB nº 1, de 24 de setembro de 2002, que foi transcrito no recurso, temos que ele dispõe que a responsabilidade da fonte pagadora extingue se na data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual da pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte dessa última sujeitaa à exigência do imposto correspondente, em geral acrescido de multa de ofício e juros de mora. Vejamos: “... IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. RESPONSABILIDADE. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, e, no caso de pessoa jurídica, na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual.” (...) Retenção exclusiva na fonte 8. Na retenção exclusiva na fonte, o imposto devido é retido pela fonte pagadora que entrega o valor já líquido ao beneficiário. 9. Nesse regime, a fonte pagadora substitui o contribuinte desde logo, no momento em que surge a obrigação tributária. A sujeição passiva é exclusiva da fonte pagadora, embora quem arque economicamente com o ônus do imposto seja o contribuinte. ... Imposto retido como antecipação 11. Diferentemente do regime anterior, no qual a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é exclusiva da fonte pagadora, no regime de retenção do imposto por antecipação, além da responsabilidade atribuída à fonte pagadora para a retenção e recolhimento do imposto de renda Fl. 126DF CARF MF Processo nº 19647.010607/200543 Acórdão n.º 2202003.560 S2C2T2 Fl. 127 6 na fonte, a legislação determina que a apuração definitiva do imposto de renda seja efetuada pelo contribuinte, pessoa física, na declaração de ajuste anual, ... (destaquei/sublinhei) Assim, o Superior Tribunal de Justiça já entendeu que cabe à fonte pagadora o recolhimento do tributo devido. Porém, sua omissão não exclui a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento do imposto, o qual fica obrigado a declarar o valor recebido em sua declaração de ajuste anual. (REsp 383.309/SC,Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06) As diligências no sentido de obter da fonte pagadora a confirmação da retenção foram improfícuas, conforme relatório que se encontra na fl. 95, do qual o contribuinte foi cientificado (fl. 105): Conforme acima descrito, não houve apresentação de quaisquer documentos/esclarecimentos por parte da IMOBEL. Diante do exposto, proponho a devolução do processo para a 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Chamo a atenção ainda para o seguinte raciocínio, empreendido pelo julgador de 1ª instância: É de se observar que o contribuinte atendeu a Intimação e apresentou 6 cópias dos contracheques, dos meses de conforme se observa do relatório da fiscalização à fl. 45 e de suas afirmativas à fl. 1, dos meses de janeiro, maio, julho, agosto, outubro e novembro do anocalendário de 2002, como base nos contracheques foram acatado imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 1.391,58, que resulta em média uma retenção mensal de R$ 231,93. Tomando como base que os contracheques citados pelo contribuinte e acatados pela fiscalização referese ao período do 1° e 2° semestre (janeiro e novembro) tomandose com base a média dos 6 (seis)a meses o valor do imposto de renda retido na fonte seria de R$ 2.783,16, entretanto, o contribuinte deixou de apresentar os contracheques dos demais meses. (...) Vale ressaltar que o contribuinte informou o valor da dedução de imposto de renda retido na fonte de R$ 12.009,50, ao apresentar os contracheques dos meses de janeiro, maio, julho, agosto, outubro e novembro do anocalendário de 2002, foi apurado pela Fiscalização que o imposto de renda retido na fonte no meses mencionados totalizou em R$ R$ 1.391,58, valor este não contestado pelo contribuinte, conforme se observa dos termos da impugnação. Ele partiu do que está registrado no Auto de Infração (fl. 08): Dedução indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte.0 contribuinte só comprovou a retenção na fonte de R$ 1.391,58, conforme contracheques mensais apresentados dos meses de Fl. 127DF CARF MF Processo nº 19647.010607/200543 Acórdão n.º 2202003.560 S2C2T2 Fl. 128 7 janeiro, maio, julho, agosto, outubro e novembro.0 contribuinte não apresentou o Comprovante de Rendimento Anual e não existe DIRF para o mesmo. E assim, conforme acima destacado, de onde o contribuinte tirou o valor de R$ 12.009,50 a título de retenção de imposto, no preenchimento de sua DIRPF/2003, se afirma não ter os demais contracheques nem o comprovante anual nem foi apresentada DIRF pela fonte? Concluise que a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual. A dedução a título de IRRF está condicionada à comprovação da retenção do imposto e de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação na DIRPF. O contribuinte não comprovou nos autos que sofreu retenção de imposto de renda na fonte, em relação aos salários recebidos em 2002 (não a ação judicial que contém outras verbas e complementos salariais), declarados na DIRPF/2003, além do que consta nos contracheques apresentados e considerados pela fiscalização. Face ao exposto, VOTO por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 128DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.721098/2013-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
Reorganização Societária. Ágio Pago. Partes Independentes. Forma de Contabilização no Lalur.
É admissível a dedutibilidade da amortização com ágio, na incorporação às avessas, quando a fiscalização não subsidia a glosa realizada com elementos que demonstrem ter havido aproveitamento indevido, ou fora das regras estipuladas pelos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, limitando-se a alegar que os registros no "Lalur" da incorporada e incorporadora foram inadequados, mas sem demonstrar qualquer efeito tributário.
Numero da decisão: 1302-002.003
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 Reorganização Societária. Ágio Pago. Partes Independentes. Forma de Contabilização no Lalur. É admissível a dedutibilidade da amortização com ágio, na incorporação às avessas, quando a fiscalização não subsidia a glosa realizada com elementos que demonstrem ter havido aproveitamento indevido, ou fora das regras estipuladas pelos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, limitando-se a alegar que os registros no "Lalur" da incorporada e incorporadora foram inadequados, mas sem demonstrar qualquer efeito tributário.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
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Ágio Pago. Partes Independentes. Forma de Contabilização no Lalur. É admissível a dedutibilidade da amortização com ágio, na incorporação às avessas, quando a fiscalização não subsidia a glosa realizada com elementos que demonstrem ter havido aproveitamento indevido, ou fora das regras estipuladas pelos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, limitandose a alegar que os registros no "Lalur" da incorporada e incorporadora foram inadequados, mas sem demonstrar qualquer efeito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 10 98 /2 01 3- 73 Fl. 4337DF CARF MF 2 Relatório Trata de Recurso de Ofício interposto contra o Acórdão nº 1269.538/14, proferido pela Quinta Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro/RJ, efls. 4268 a 4286, que exonerou a empresa em epígrafe ("IPP") do crédito tributário constituído pela lavratura dos Autos de Infração para exigência de IRPJ e CSLL, relativos aos anoscalendários de 2009, 2010, 2011, efls. 3968 a 4030, no valor total de R$ 122.460.151,04 (incluídos multa de ofício regular e juros de mora). Transcrevo trechos do acórdão vergastado para historiar os fatos, por minucioso e preciso: "[...] De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, fls. 4031/4045, foi constatado indevido aproveitamento fiscal de parte do ágio nas apurações do IRPJ e CSLL, nos períodos de 04/08/2009 a 03/11/2009, e 04/11/2009 a 31/12/2009, e anoscalendário de 2010 e 2011, proveniente de reorganização societária procedida na controladora Ultrapar Participações S.A. (CNPJ. 33.256.439/000139), conforme demonstrado a seguir: a Ipiranga Administração de Bens Móveis (CNPJ. 08.056.984/000134) foi constituída em 28 de julho de 2006, com o capital de R$ 10.000,00, e como objeto social a administração de bens móveis. em 06 de agosto de 2008, houve aumento de capital social para R$ 61.510.000,00, integralizado pela Ultrapar Participações S.A. (CNPJ. 33.256.439/000139); com alteração da denominação para Sociedade Brasileira de Participações LTDA, e objeto social para participação em outras sociedades na qualidade de acionista ou sócio. em 14 de agosto de 2008 foi formalizado compromisso com a assinatura de Contrato de Compra e Venda, celebrado entre Sociedade Brasileira de Participações LTDA (compradora), a Chevron Latin América Marketing LLC, sociedade de responsabilidade limitada de Delaware (CLAM), a Chevron Amazonas LL, sociedade de responsabilidade limitada de Delaware (junto com a CLAM, as vendedoras), referente à aquisição da Chevron Brasil LTDA (atual Ipiranga Produtos de Petróleo S.A – a autuada) e da Sociedade Anônima de Óleo Galena Signal. em 31 de março de 2009, aumento de capital da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, para R$ 1.202.292.638,00, integralizado pela extinta Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CNPJ 33.069.766/000181). registro contábil na conta de ativo nº 131101 – Participações em Empresas Controladas, da aquisição da Chevron Brasil LTDA (atual Ipiranga Produtos de Petróleo S.A – a autuada) e da Sociedade Anônima de Óleo Galena Signal pelo valor de R$ 1.189.645.822,39. em 28 de julho de 2009, foi celebrado Protocolo e Justificação de Incorporação da Sociedade Brasileira de Participações LTDA pela Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada), que foi aprovado em 03/08/2009 pelas sociedades envolvidas, de forma que todo acervo da incorporada foi vertido para a incorporadora. a autuada forneceu laudo de avaliação, datado em 01/04/2009, com o objetivo de “calcular o valor do Patrimônio Líquido por ação da IPP e de Galena, a Fl. 4338DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 3 3 preços de mercado, para avaliar a aplicabilidade do artigo 256, II, b, da Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.), em função da aquisição da totalidade das quotas de Chevron Brasil LTDA – (atual IPP) e das ações da Galena pela ULTRAPAR”. a movimentação contábil obtida na escrituração das contas patrimoniais da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, referente à operação da aquisição da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A e Galena, e as contas de resultado, envolvendo a baixa do ágio e a sua reversão até a incorporação ocorrida em 03/08/2009, está demonstrada a seguir: a Sociedade Brasileira de Participações LTDA apresentou DIPJ/2009 – evento especial – compreendendo o período de 01/01/2009 até 03/08/2009, sem qualquer lançamento destacando a suposta baixa do ágio sobre investimento – rentabilidade futura referente à Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada) – no valor de R$ 376.936.667,23. o prejuízo antes do IRPJ, registrado na Ficha 09 A, no valor de R$ 15.119.860,80, está em conformidade com o resultado constante na escrituração comercial, e não inclui a suposta baixa do ágio sobre investimento – rentabilidade futura da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada), no valor de R$ 376.936.667,23. Fl. 4339DF CARF MF 4 o ágio baseado na rentabilidade futura – Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada), no valor de R$ 253.776.466,32, registrado na linha 54 da Ficha 36 A – Ativo – Balanço Patrimonial, e balancete contábil, todos da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, foi integralmente incorporado pela sucessora Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada), correspondendo o valor original do ágio, classificado no grupo contábil intangível, líquido do correspondente imposto de renda e da contribuição sobre o lucro diferidos lançados no ativo. a prática contábil adotada pela Ultrapar Participações S.A. e suas controladas obtida das demonstrações contábeis publicadas, referente ao grupo intangível, é a seguinte: ágios por rentabilidade futura são demonstrados pelo valor original líquido do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, menos a amortização acumulada até 31 de dezembro de 2008, quando cessou sua amortização. intimada a prestar esclarecimentos acerca de registros contábeis na Sociedade Brasileira de Participações LTDA, a autuada informou que o objetivo dos lançamentos de realização do ágio e sua reversão, no mesmo mês, foi a segregação do ágio entre o seu efeito fiscal e seu saldo líquido remanescente; assim, o montante do ágio foi baixado na conta “541101 – Custo Bx. Realização Ágio/Deságio”, os respectivos tributos foram destacados nas contas “541102 – Imposto de Renda na Realização do Ágio/Deságio na incorporação” e “5411303 – Contribuição Social na Realização do Ágio/Deságio na incorporação”, respectivamente, e o montante do ágio líquido remanescente foi revertido na conta “542101 – Reversão Ágio/Deságio na incorporação; conclui afirmando que o lucro contábil não foi afetado, sendo que, para fins fiscais, o tratamento do ágio foi ajustado no Lalur. abaixo a resposta com os valores envolvidos a fiscalização entende que a autuada, ao registrar a reversão do ágio na incorporação, cujos lançamentos contábeis foram realizados na mesma data, em 03/08/2009, procedeu de fato ao estorno do lançamento de baixa (realização) do ágio registrado no período – Grupo contábil do resultado nº 54000 – Realização e Reversão do ágio, conforme a prática contábil do Grupo Ultrapar, mantendo o ágio por rentabilidade futura escriturada no grupo intangível pelo valor original líquido do efeito do IRPJ e CSLL. baseado nas regras de escrituração do LALUR, a fiscalização concluiu que Sociedade Brasileira de Participações LTDA não atendeu à legislação tributária na preparação da parte A do LALUR, do período encerrado em 03/08/2009, e, portanto, o saldo prejuízo líquido do período base, no valor de R$ 394.704.138,71 e a linha adições – Amortização do Ágio, no valor de R$ 384.529.640,42, estão incorretos. dessa forma, na parte B do LALUR da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, onde está registrada a conta: Amortização Ágio sobre Investimento relativo à autuada, no valor de R$ 376.936.667,23, está inadequado. portanto, não há saldo a ser transferido à sucessora Ipiranga Produtos de Petróleo S.A – a autuada, em função da incorporação ocorrida em 03/08/2009. não há previsão na legislação tributária que corrobore com o tratamento adotado pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA, de registrar um lançamento com histórico “custo baixa realização ágio” na escrituração comercial na data da incorporação e nessa mesma data proceder sua reversão, mesmo assim Fl. 4340DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 4 5 transportar o referido ágio – rentabilidade futura, no valor de R$ 376.936.667,23 para a parte B do LALUR ano 2009, da sucessora Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada), com histórico – amortização de ágio sobre investimento – Chevron Brasil Ltda (Texaco) – antes da incorporação, afirmando que efetivamente ocorreu a amortização contábil do ágio no referido valor. como resultado, foi glosado o ágio – rentabilidade futura transferido e controlado na parte B do LALUR da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (autuada) – anos 2009, 2010 e 2011, correspondendo aos seguintes valores amortizados à razão de 1/60 avos, nos respectivos períodos de apuração e excluídos na apuração do IRPJ e CSLL, conforme demonstrativo a seguir: Enquadramento Legal : artigo 3º da Lei nº 9.249/95 e artigos 247 e 250 do RIR/99. Em função desta glosa da amortização, o saldo acumulado de prejuízo fiscal, e o saldo acumulado da base de cálculo negativa da CSLL, foram reduzidos. Assim, também foram constituídos créditos tributários em decorrência da compensação de prejuízos fiscal e base de cálculo negativa da CSLL em montantes superiores aos saldos retificados, conforme os Demonstrativos de Compensação de fls. 4046/4057. Enquadramento Legal: artigo 3º da Lei nº 9.249/95 e artigos 247, 250, inciso III, 251, 509 e 510 do RIR/99. (grifos não pertencem ao original) Irresignada com a autuação, a empresa "IPP", argumenta, em síntese (trecho retirado novamente do relatório do acórdão recorrido): [...] o ágio decorre de expectativa de rentabilidade futura, devidamente suportada por laudos de avaliação elaborados por empresa especializada, bem como por laudo de avaliação econômica do empreendimento, conforme citados no TVF. Fl. 4341DF CARF MF 6 é desnecessário maior detalhamento acerca da origem, valor e legitimidade do ágio, uma vez que a discussão travada limitase à impossibilidade de aproveitamento do ágio apenas e tão somente pelo fato de que não haveria, em tese, previsão legal para os lançamentos contábeis e fiscais procedidos pela sociedade incorporada (Sociedade Brasileira de Participações LTDA), no registro do ágio na data da sua incorporação pela Ipiranga Produtos de Petróleo S.A (impugnante). no entanto, os registros comerciais e fiscais do ágio em questão foram realizados em consonância com o ordenamento jurídico vigente à época dos fatos, não ocasionando qualquer prejuízo ao Fisco. Exame do Procedimento Adotado pela Impugnante. Insubsistência da Autuação Fiscal. ratifica que o único questionamento decorre de questões procedimentais de registro do ágio pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA, mas que não trouxeram qualquer alteração no saldo do ágio amortizado pela autuada. a incorporação da Sociedade Brasileira de Participações LTDA se deu em 03/08/2009, envolvendo (1) ajustes contábeis para transferência de ativos e passivos para a incorporadora e (2) baixa das contas de patrimônio líquido em contrapartida a “conta de incorporação” na incorporada. como havia o registro na Sociedade Brasileira de Participações LTDA do ágio pago na aquisição da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A, com base na rentabilidade futura (R$ 376.936.667,23), foram realizados lançamentos contábeis na sociedade incorporada visando destacar os impactos tributários em função da incorporação. assim, foram descontados do ágio os valores dos efetivos benefícios econômicos a serem auferidos como decorrência da redução futura de tributos (IRPJ e CSLL). em um primeiro momento, o resultado da autuada foi afetado, mas imediatamente ajustado após a reversão da baixa do ágio líquido de IRPJ e CSLL, chegando assim ao mesmo saldo de ativos e passivos verificados antes dos lançamentos da baixa e reversão do ágio, mas com uma diferença fundamental: as contas contábeis que foram transferidas à sucessora agora destacavam os impostos relativos ao ágio. ou seja, a técnica contábil utilizada foi empregada apenas para segregar, do montante do ágio, os valores do IRPJ e da CSLL diferidos. o exame das demonstrações financeiras da Sociedade Brasileira de Participações LTDA demonstra que o resultado do período permaneceu o mesmo, antes e depois da baixa e reversão do ágio da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A, qual seja, prejuízo de R$ 7.751.386,67. a DIPJ/2009 da Sociedade Brasileira de Participações LTDA está em total sintonia com o resultado contábil, partindo do prejuízo apurado de R$ 7.751.386,67, sendo que a própria fiscalização confirma que a demonstração do lucro real e o cálculo da CSLL estão corretos e de acordo com a escrituração comercial da empresa. ao admitir como corretos os valores constantes na DIPJ não poderia o fiscal, ao final, ter glosado o ágio amortizado corretamente pela autuada, em razão da incorporação da Sociedade Brasileira de Participações LTDA. [...] Fl. 4342DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 5 7 em nenhum momento foi questionado o valor do ágio, pago pela autuada, o que reforça o direito de a Ipiranga Produtos de Petróleo S.A, na qualidade de incorporadora, deduzir a amortização decorrente desse ágio de rentabilidade futura originalmente registrado na e apurado pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA na aquisição da participação societária. a Sociedade Brasileira de Participações LTDA procedeu como descrito por conta de falta de clareza na legislação fiscal após diversas mudanças na legislação contábil, por força da Lei nº 11.638/2007, que eliminou a conta contábil “ativo diferido”, na qual era contabilizado o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura quando da incorporação. o CPC nº 2 deixa claro que, a partir de janeiro de 2009, fica impossibilitada a amortização contábil do ágio para todas as companhias de capital aberto, enquanto a legislação fiscal não sofreu qualquer alteração, em virtude da criação do RTT (Regime Tributário de Transição) pela Lei nº 11.941/09, continuando vigentes os artigos 385 e 386 do RIR/99, que permite a amortização do ágio da rentabilidade futura na incorporação. para que fosse possível controlar a futura amortização do ágio após a sua incorporação e ao mesmo tempo não causar qualquer efeito fiscal, a Sociedade Brasileira de Participações LTDA ajustou a transcrição da DIPJ na Parte A do LALUR, e criou o controle do saldo do ágio na Parte B do LALUR. todo o procedimento adotado não impediu à incorporadora o direito de se utilizar, nos termos da legislação fiscal, da amortização do ágio decorrente da aquisição da Chevron, motivo pelo qual não poderão prevalecer as autuações. [...] Analisado os fatos acima descritos, pautouse o votocondutor na seguinte fundamentação, declarando insubsistentes os lançamentos tributários: [...] O ágio pode ser definido como a diferença entre o valor patrimonial e o valor efetivamente pago, na aquisição de investimento em sociedade coligada ou controlada, avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Uma vez verificado o sobrepreço, o artigo 385 do RIR/99, reproduzindo o artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, determina que, no momento de sua contabilização, devese indicar o fundamento econômico do valor pago a maior, podendo consistir em: 1) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade – chamado ágio mais valia; 2) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros – chamado goodwill; 3) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Até a edição da Lei nº 11.638/2007, a legislação contábil permitia a amortização do ágio, reduzindo o lucro líquido, realizada conforme o fundamento econômico, nos termos da Instrução CVM nº 247, de 1996, e alterações dadas pelas Instruções CVM nº 269, de 1997, e nº 285, de 1998: Fl. 4343DF CARF MF 8 a) maisvalia dos ativos: a amortização da diferença entre o valor de mercado e o valor contábil dos bens do ativo da sociedade investida é feita na proporção em que a realização dos bens ocorrer na sociedade investida, através de depreciação, amortização ou exaustão, ou por baixa em decorrência de alienação ou de perecimento; b) expectativa de rentabilidade futura: a amortização é no prazo e na extensão das projeções que determinaram essa expectativa, ou quando houver baixa em decorrência de alienação ou de perecimento do investimento; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas: a amortização é feita no prazo estimado de utilização, de vigência ou de perda de substância ou quando houver baixa em decorrência de alienação ou de perecimento do investimento. Quanto ao tratamento fiscal do ágio, a regra é a indedutibilidade na apuração do lucro real e da base de cálculo, por força do artigo 391 do RIR/99, seja qual for o fundamento do ágio. Por outro lado, o art. 426 do RIR/1999, cuja base legal é o artigo 34 do DecretoLei nº 1.598/77, permite que o ágio seja deduzido do ganho de capital quando da alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada. Assim, os valores amortizados contabilmente devem ser adicionados ao Lucro Líquido via LALUR, de forma a não influenciar na determinação do Lucro Real. Além disso, também deverá ser mantido o controle destes valores amortizados na parte B do Lalur (§ único do artigo 391 do RIR/99), para efeito de determinação do ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento. A exceção quanto à indedutibilidade ocorre quando há a absorção do patrimônio da investida pela investidora (ou viceversa), em virtude de incorporação, fusão ou cisão. A partir de então, a amortização do ágio, com exceção do ágio relativo ao fundo de comércio, será dedutível para fins de determinação do IRPJ e CSLL, nos termos do artigo 386 do RIR/99, da seguinte forma: 1) ágio mais valia: integrará o custo do bem ou direito, para efeito de apuração do ganho ou perda de capital, e de depreciação, amortização ou exaustão. 2) ágio goodwill: poderá ser amortizado, à razão de 1/60 avos, no mínimo, para cada mês do período a que corresponder o balanço. Quanto ao item 2, esclareço que o objetivo da legislação seria atender ao princípio contábil do confronto das despesas com a receitas, ou seja, as despesas que sejam diretamente relacionadas com as receitas de determinado período devem ser com estas confrontadas. Neste sentido, após a incorporação, tanto a investidora quanto a investida estarão juntas, com a união dos patrimônios líquidos, de forma que a investidora, que teve a despesa com ágio goodwill, deve compensar com os lucros auferidos no decorrer dos exercícios. [...] Passo ao caso concreto. Em 14 de agosto de 2008, foi formalizado compromisso com a assinatura de Contrato de Compra e Venda, celebrado entre Sociedade Brasileira de Participações LTDA (Sociedade Brasileira de Participações LTDA compradora), a Chevron Latin América Marketing LLC, sociedade de responsabilidade limitada de Delaware (CLAM), a Chevron Amazonas LL, sociedade de responsabilidade limitada de Delaware (junto com a CLAM, as vendedoras), referente à aquisição da Chevron Brasil LTDA (CBL atual Ipiranga Produtos de Petróleo S.A – a autuada) e da Sociedade Anônima de Óleo Galena Signal. Importa destacar que a Sociedade Fl. 4344DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 6 9 Brasileira de Participações LTDA era uma das empresas detidas pelo Grupo Ultrapar, e que as partes do negócio eram independentes. De acordo com os Livros Diário e Razão apresentados, a compra da participação na CBL e na Galena ocorreu em 31/03/2009, com lançamento a crédito na Conta Banco, no valor total de R$ 1.209.238.490,48. Abaixo, o lançamento contábil extraído do Livro Diário: [...] Cumpre observar que, em que pese a autuada afirmar que a compra da participação foi com recursos próprios da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, verificase que, no mesmo dia 31/03/2009, houve aumento de capital no valor de R$ 1.202.292.638,00, integralizado pela Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga – CBPI. [...] Desta forma, concluo que o ágio foi efetivamente pago. O próprio auditor fiscal fez esta afirmação no Termo de Intimação nº 2, fls. 185/187 (...) [...] Uma vez pago, cumpre verificar qual o valor do ágio, lembrando que o preço das participações societárias é composto do valor contábil das ações, calculado pela equivalência patrimonial, acrescido do ágio mais valia e do ágio goodwill. Assim, no próprio Termo de Início da Ação Fiscal, fls. 3/9, a autuada foi intimada a apresentar o laudo de avaliação, comprovando os fundamentos econômicos do ágio registrado contabilmente na Sociedade Brasileira de Participações LTDA, e lançado na DIPJ/2009, assim como conciliar com os valores reportados nas notas explicativas apresentadas à Comissão de Valores Mobiliares, na data base de 31/12/2009, informando que o ágio apurado foi desmembrado em R$ 398.985 mil fundamentado pela expectativa de rentabilidade futura e R$ 344.418 mil fundamentado pela diferença entre o valor de mercado e o valor contábil dos bens. Consta no Termo que estes valores estão divergentes da DIPJ/2009 apresentada pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA. De acordo com Termo de Verificação Fiscal, a autuada apresentou laudo de avaliação preparado por empresa especializada, datado de 01/04/2009, com o seguinte objetivo: “calcular o valor do Patrimônio Líquido por ação da IPP e de Galena, a preços de mercado, para avaliar a aplicabilidade do artigo 256, II, b, da Lei nº 6.404/76, em função da aquisição da totalidade da quotas de Chevron Brasil LTDA (atual IPP) e das ações da Galena pela ULTRAPAR”. O laudo encontrase acostado aos autos às fls. 132/166, e serviu para comprovar o valor do ágio mais valia, de R$ 344.418.193,77. (...) [...] Quanto aos valores divergentes, aqueles consignados na DIPJ/2009 da Sociedade Brasileira de Participações LTDA e aqueles apresentados à CVM, a autuada elaborou os seguintes quadros, fazendo a conciliação: Fl. 4345DF CARF MF 10 Apresentados estes esclarecimentos, verifico que os mesmos não foram objeto de contestação por parte do auditor fiscal, em que pese as divergências apontadas dos valores relativos ao ágio goodwill (R$ 381.934.933,18 informado na DIPJ/2009 e R$ 398.899.438,73 apurado no final do período). Também não foi objeto de questionamento pelo auditor fiscal o laudo de avaliação, cuja data base é 01/04/2009, posterior à aquisição da participação societária da autuada, que foi concluída em 31/03/2009. De fato, compulsando os autos, o auditor fiscal acatou como ágio goodwill aquele registrado na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, e transferido para a autuada, no valor de R$ 376.936.667,23. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, este valor foi amortizado pela incorporadora na proporção de 1/60 avos por mês, ou seja, R$ 6.282.277,78, conforme tabela a seguir: [...] Até este ponto do voto, concluo que o pagamento do ágio, bem como a determinação do seu valor, não foram contestados pelo auditor fiscal. [...] No caso dos autos, o próprio auditor fiscal questionou à autuada qual a real função da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, no Termo de Intimação nº 4, fls. 254, esclarecendo que “os conceitos de empresa veículo como sendo uma entidade temporária, desprovida de autonomia e planos de negócios, bem como não muda o negócio da entidade que a incorpora e não capta recursos no mercado e de sociedade efêmera como sendo uma pessoa jurídica de curta duração, constituída para servir de empresa veículo, nasce para ser extinta tão logo cumpra o seu papel em determinada operação, serve apenas de passagem do ágio”. Em resposta, a autuada informou que “Em razão de uma possível exigência pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADÊ) de se realizar um Acordo de Preservação de Reversibilidade de Operação (APRO), com o objetivo de assegurar a reversibilidade da operação a ser implementada, optouse pela eleição da empresa Sociedade Brasileira de Participações LTDA para realizar a aquisição das empresas Chevron Brasil Ltda. e Sociedade Anônima de Óleo Galena Signal, de modo que se pudesse manter a autonomia e independência da estrutura societária adquirida até a determinação, ou não, do APRO pelo referido órgão regulador”. Ciente deste esclarecimento, o auditor fiscal não apresentou qualquer contestação, ou até fundamentou a autuação alegando que a Sociedade Brasileira de Participações LTDA seria uma empresa veículo, e que a verdadeira investidora seria a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga. Destaco que, conforme mencionado no início do voto, a Sociedade Brasileira de Participações LTDA não possuía recursos financeiros para compra da participação societária da Chevron Brasil LTDA e Fl. 4346DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 7 11 Galena. No mesmo dia da transação, houve aumento de capital da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, com a integralização de R$ 1.202.292.638,00 pela Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga. Neste contexto, poderseia concluir estarmos diante de um caso clássico de planejamento tributário, com utilização de empresa veículo. No entanto, já instaurada a lide, e não sendo este aspecto motivo para o lançamento, não caberia a esta autoridade julgadora suscitálo para manutenção da autuação. Se assim procedesse, estaria ocorrendo inovação nos fundamentos do auto de infração, (...) Mas não é só. Ainda que partindo da premissa que a Sociedade Brasileira de Participações LTDA foi utilizada como empresa veículo, a autuada noticiou em sua defesa que, em 04/11/2009, incorporou a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga, que seria considerada a verdadeira investidora nesta hipótese. Neste contexto, seria atendido o requisito necessário para o aproveitamento da amortização do ágio da rentabilidade futura, uma vez que ocorreria a junção do patrimônio da verdadeira investidora com o da investida, o que permitiria a redução das bases de cálculo do IRPJ e CSLL. Além disso, esta situação iria ao encontro da informação prestada pela autuada durante a ação fiscal, de que a Sociedade Brasileira de Participações LTDA atuaria como garantidora da reversibilidade da operação, conforme possível exigência do CADÊ. [...] Então, qual o fundamento da autuação ? De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, a motivação central para esta autuação seria que os lançamentos contábeis efetuados pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA antes da incorporação não encontrariam respaldo na legislação fiscal. [...] Acerca do valor R$ 384.529.640,42 a título de ágio, a autuada esclareceu, na impugnação, que o mesmo seria o somatório do ágio goodwill de R$ 376.936.667,23, e a amortização do ágio mais valia, via depreciação, de R$ 7.592.973,19. Continuando, para melhor compreensão dos lançamentos contábeis efetuados pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA antes da incorporação, e contestados pela autoridade fiscal, elaborei os demonstrativos a seguir com base nos Livros Diário e Razão acostados aos autos. Fl. 4347DF CARF MF 12 Observações: (*a) Reclassificação ágio crédito conta 131101 Participações (*b) Capital de giro da Chevron crédito conta 215405 Outros valores a pagar filial; no Termo de Verificação Fiscal consta que este valor é complemento pago relativo à parcela do capital de giro previsto no Contrato de Compra e Venda, e foi registrado diretamente como ágio goodwill. (*c) Gastos com UBS e Advogados crédito conta 215405 Outros valores a pagar filial (*d) Estorno Capital de Giro Chevron débito conta 215405 Outros valores a pagar filial (*e) Ainda segundo o Termo de Verificação Fiscal, o ágio goodwill no valor de R$ 253.776466,32, foi incorporado pela Ipiranga Produtos de Petróleo S.A. (autuada), classificado no grupo contábil intangível, em função da incorporação, e corresponde ao valor original do ágio, líquido do IR e CSLL diferidos. (*f) As contas de Ativo com os valores destacados do IR e CSLL, que correspondem ao benefício fiscal em função da amortização do ágio goodwill, também foram incorporadas pela autuada, classificado no grupo contábil intangível, em função da incorporação. Da análise dos lançamentos contábeis, concluo que: 1) De fato, não houve alteração no lucro líquido apurado pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA, pois o total de valores a crédito no grupo de resultado 540000 é exatamente o mesmo dos valores a débito, ou seja, R$ 376.936.667,23; o próprio auditor fiscal concluiu que, ao registrar a reversão do ágio, procedeu ao estorno do lançamento da baixa Acerca do resultado da Sociedade Brasileira de Participações LTDA antes da incorporação, o auditor fiscal contestou o prejuízo registrado no Lalur, no valor de R$ 394.704.138,71, que diverge do valor consignado na DIPJ/2009, de R$ 7.751.386,67, pois este último não contempla o custo com a baixa do ágio goodwill, no valor de R$ 376.936.667,23. Ocorre que, em que pese o Lalur, Parte A, constar um prejuízo acrescido do custo com a baixa do ágio goodwill, no valor de R$ 376.936.667,23, a autuada teve a diligência de adicionar este mesmo valor na determinação do lucro real, de forma Fl. 4348DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 8 13 tornar o efeito tributário nulo. Tanto que, ao final período, tanto no Lalur, parte A, quanto na DIPJ/2009 – Ficha 09 A – Demonstração do Lucro Real, foi apurado Lucro Real no valor de R$ 195.018,77. Portanto, para fins tributários e constituição de crédito tributário, não importa um suposto erro no registro do prejuízo apurado contabilmente, se ao final, após todos os ajustes necessários, o Lucro Real estiver corretamente apurado na Parte A do Lalur, e consistente com as informações constantes na DIPJ. Registro que o próprio auditor fiscal consignou que os valores da DIPJ/2009 estavam de acordo com a escrituração comercial da Sociedade Brasileira de Participações LTDA. 2) Ao final dos lançamentos contábeis, e antes da incorporação, restaram os seguintes saldos das contas do Ativo, totalizando R$ 381.934.933,18, que corresponde ao valor original do ágio goodwill, informado na DIPJ/2009 da Sociedade Brasileira de Participações LTDA: 135107 – Ágio Rentabilidade => R$ 253.776.466,32 112522 IR Diferido na Realiz. Agio/Deságio => R$ 18.846.833,36 112523 CSL Diferido na Realiz. Agio/Deságio => R$ 6.784.860,01 124104 IR Dif. na Realiz. Agio/Deságio => R$ 75.387.333,45 124105 CSL Dif. na Realiz. Agio/Deságio => R$ 27.139.440,04 Pelo exposto, a autuada tem razão quando justifica que os lançamentos contábeis tiveram por objetivo atender à prática contábil do Grupo Ultrapar, referente ao grupo intangível, já que o ágio por rentabilidade futura (goodwill) está sendo demonstrado pelo valor original líquido do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro. É lógico que os valores do IR e CSLL também devem ser registrados no grupo intangível, pois fazem parte do sobrepreço pago quando da aquisição da participação da então Chevron Brasil LTDA e Galena pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA, e também devem ser incorporados pela autuada em 03/08/2009. Então, diante destas observações, é cabível afirmar que o registro do ágio na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA está incorreto, em função destes lançamentos contábeis ? Entendo que não. A segregação do valor original do ágio em valor líquido e benefícios tributários não tem o condão de tornar o ágio inexistente, ou incorreto. Ocorreram apenas lançamentos contábeis com efeito permutativo, sem provocar alteração no Patrimônio Líquido, modificando apenas a composição qualitativa dos elementos constantes no Ativo. Portanto, até prova em contrário, o ágio goodwill foi efetivamente pago, com valor determinado, e atende aos requisitos de dedutibilidade. No caso de suposto lançamento contábil irregular, mas com a devida reversão, e sem qualquer efeito tributário, não tem como conseqüência tornar inexistente ou incorreto o ágio registrado na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA. Portanto, não há qualquer óbice legal para que a autuada, no papel de incorporadora, possa reduzir as bases de cálculo do IRPJ e CSLL. Os motivos apontados pelo auditor fiscal não são suficientes para alterar esta conclusão. Saliento que o ágio goodwill lançado na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, transferido e amortizado pela autuada, é no valor de R$ 376.936.667,23, inferior ao valor original de R$ 381.934.933,18. Mas este Fl. 4349DF CARF MF 14 fato não pode servir de motivo para o presente lançamento. Quem pode mais, pode menos. Ademais, também ressalto que trazer a baila qualquer outro motivo para sustentar o auto de infração é prática não acatada pela jurisprudência administrativa, pois acarreta o cerceamento ao direito de defesa, com a supressão de uma instância de julgamento. [...] Houve interposição do recurso de ofício, nos termos da lei, em virtude do valor do crédito tributário exonerado. A empresa foi regularmente cientificada do acórdão e do recurso de ofício (efls. 4330) e não interpôs contrarrazões. A Procuradoria da Fazenda Nacional também devidamente cientificada (efls. 4332) não se manifestou. Em sessão, fez sustentação oral, pela recorrida, Dr. Roberto Quiroga, OAB/SP nº 83.755. É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, Relatora Os fatos que ensejaram a autuação objeto dos presentes autos foram bem relatados no acórdão recorrido. O grupo ULTRAPAR ao adquirir a Chevron Brasil Ltda (Texaco) e a Sociedade Anônima Óleo "Galena" Signal das empresas estrangeiras Chevron Latin América Marlketing LLC (CLAM) e Chevron Amazonas LL, capitalizou a holding Sociedade Brasileira de Participações Ltda SBPar (antiga Ipiranga Administração de Bens Móveis), constituída em julho de 2006, para celebrar o contrato de aquisição, em agosto de 2008, intermediando a transação com o objetivo de atender determinações do CADE. Resumidamente, a venda da Chevron Brasil Ltda atual recorrente, "IPP", e da "Galena" deuse pelo sinal de U$ 38Milhões (ago/08), 1.106Milhões (mar/09) e 162Milhões (ago/09). Duas empresas do grupo "Ultrapar", a ULTRAPAR "Participações" integralizou, em 06/08/08, capital na "SBPar", no valor de R$ 61.510.000,00 (valor relativo ao sinal de U$38Milhões/câmbio aprox. 1,612) e a empresa Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI) procedeu ao aumento de capital na "SBPar" no valor de R$ 1.202.292.638,00, em 31/03/09, possibilitando os pagamentos de duas parcelas. Em agosto de 2009, a recorrida, "IPP" incorporou, às avessas, a "SBPar", consoante Protocolo e Justificação de Incorporação da "SBPar" pela "IPP" e aprovação da referida incorporação. Mais tarde, em novembro de 2009, a "IPP" incorporou também a "CBPI". Fl. 4350DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 9 15 Analisando os documentos dos autos, verificase que houve outras reorganizações societárias realizadas pelo grupo Ultrapar que, pela fiscalização, não teriam repercutido diretamente a autuação objeto dos presentes autos. Por exemplo, o Laudo de Avaliação de fundamentos econômicos de efls. 60 a 82 RJ 0333/0801, de 30 de junho de 2008, realizado por empresa especializada "APSIS" e fundamentado em previsões em EBITDA 1 e outros, analisa as incorporações da "CBPI" realizadas em novembro de 2008 (Ultragaz Participações Ltda. "UGP") e dezembro de 2008 (Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S/A "DPPI"), sendo que a "UGP" já havia incorporado a "SPGás", em outubro de 2007 e conclui : Por outro lado, o próprio grupo "Ultrapar" apresenta um estudo denominado "Laudo de avaliação econômica TEXACO Planejamento Corporativo Material Interno, realizado em 06 de agosto de 2008", com levantamentos EBITIDA e fluxo de caixa do grupo "Texaco", que foi admitido pela fiscalização como laudo hábil para definir, na aquisição da "SBPar" da Chevron Br Ltda e "Galena" o ágio por expectativa de rentabilidade futura. Consta também dos autos, efls. 136 e ss, outro Laudo de Avaliação (efetivamente considerado) , datado de 1º de abril de 2009, do acervo composto pela recorrente "IPP" e pela "Galena", denominados em conjunto "Texaco", nº RJ0096/0901, cujo objetivo foi calcular "o valor do Patrimônio Líquido por ação de IPP e Galena, a preço de mercado, para avaliar a aplicabilidade do artigo 256, II, b, da Lei nº 6.404/762, em função da aquisição da totalidade das quotas de Chevron Brasi Ltda. (IPP) e das ações de GALENA pela ULTRAPAR". (destaques inseridos). A empresa responsável pelo Laudo, "APSIS", conclui que: 1 EBITDA é a sigla de “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, que significa "Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização", em português. O EBITDA é um indicador financeiro, também chamado de Lajida, e representa quanto uma empresa gera de recursos através de suas atividades operacionais, sem contar impostos e outros efeitos financeiros. 2 Art. 256. A compra, por companhia aberta, do controle de qualquer sociedade mercantil, dependerá de deliberação da assembléiageral da compradora, especialmente convocada para conhecer da operação, sempre que: (...) II o preço médio de cada ação ou quota ultrapassar uma vez e meia o maior dos 3 (três) valores a seguir indicados: (...) b) valor de patrimônio líquido (artigo 248) da ação ou quota, avaliado o patrimônio a preços de mercado (artigo 183, § 1º); Fl. 4351DF CARF MF 16 Observase que às efls. 152 dos autos, fls. 17 deste último laudo (RJ 0096/0901), os bens do Ativo Imobilizado da recorrida "IPP" sofreram uma mais valia no valor de R$ 344.418.000,00. No TVF, a fiscalização demonstra que a "SBPar" adquiriu a "IPP" e a "Galena"conforme os já relatados assentamentos contábeis, nos quais: Preço de aquisição Texaco: R$ 1.189.645.822,39 (conta ativo 131101) Ágio mais valia/Ativo imobilizado : R$ 344.418.000,00 ( Destarte, a fiscalização admitiu a título de ágio, na aquisição da "IPP" (Chevron do Brasil Ltda) pela "SBPar", pela mais valia do ativo imobilizado o valor contabilizado da ordem de R$ 344.418.000,00, que constou do referido Laudo de Avaliação datado em 1º de abril de 2009. E, salientou que o valor do ágio pela expectativa de rentabilidade futura é da ordem de R$ 376.936.667,23, consoante registros contábeis efetuados pela SBP, composto por R$ 213.834.933,18 e R$ 168.100.000,00 a título de complemento de preço de aquisição, valores suportados pelo estudo apresentado pela "Ultrapar" acima mencionado (expectativa de rentabilidade às fls. 18 do referido levantamento). Como bem assinalado no acórdão recorrido, os documentos apresentados pela empresa para justificar o valor do ágio pela expectativa de rentabilidade futura não foram questionados pela fiscalização, bem como o valor contabilizado também restou admitido. Não há qualquer possibilidade de abrirse discussão em esfera de julgamento no referente a estes tópicos, mormente após discorridos cinco anos da ocorrência dos fatos geradores. Partindose, portanto, da premissa que o ágio foi efetivamente pago, houve partes independentes na compra e venda da "Texaco" e que o valor foi admitido pela fiscalização, há ainda que observarse que em nenhum momento a fiscalização apontou a "SBPar" como empresa "veículo", em sentido que desabonasse os efeitos do pagamento do ágio ora discutido e a incorporação deste empresa pela ora recorrente. Destaca, ainda, que: Fl. 4352DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 10 17 Após estas análise, a fiscalização envereda por um caminho de rejeição da forma utilizada pela "SBPar" no tratamento deste ágio no Lalur, mas deixa claro que a recorrente, "IPP", incorporou integralmente o ágio gerado na "SBPar" e que esta não incluiu no seu resultado a baixa do ágio sobre o investimento. Entendese que em nenhum momento houve aproveitamento duplo do ágio gerado, mas transferência na incorporação, como de praxe. O acórdão decorrido debruçouse sobre a matéria de forma que outra conclusão não pode ser extraída (transcrevo as razões já relatadas, por mais uma vez): Da análise dos lançamentos contábeis, concluo que: 1) De fato, não houve alteração no lucro líquido apurado pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA, pois o total de valores a crédito no grupo de resultado 540000 é exatamente o mesmo dos valores a débito, ou seja, R$ 376.936.667,23; o próprio auditor fiscal concluiu que, ao registrar a reversão do ágio, procedeu ao estorno do lançamento da baixa Acerca do resultado da Sociedade Brasileira de Participações LTDA antes da incorporação, o auditor fiscal contestou o prejuízo registrado no Lalur, no valor de R$ 394.704.138,71, que diverge do valor consignado na DIPJ/2009, de R$ 7.751.386,67, pois este último não contempla o custo com a baixa do ágio goodwill, no valor de R$ 376.936.667,23. Ocorre que, em que pese o Lalur, Parte A, constar um prejuízo acrescido do custo com a baixa do ágio goodwill, no valor de R$ 376.936.667,23, a autuada teve a diligência de adicionar este mesmo valor na determinação do lucro real, de forma tornar o efeito tributário nulo. Tanto que, ao final período, tanto no Lalur, parte A, quanto na DIPJ/2009 – Ficha 09 A – Demonstração do Lucro Real, foi apurado Lucro Real no valor de R$ 195.018,77. Portanto, para fins tributários e constituição de crédito tributário, não importa um suposto erro no registro do prejuízo apurado contabilmente, se ao final, após todos os ajustes necessários, o Lucro Real estiver corretamente apurado na Parte A Fl. 4353DF CARF MF 18 do Lalur, e consistente com as informações constantes na DIPJ. Registro que o próprio auditor fiscal consignou que os valores da DIPJ/2009 estavam de acordo com a escrituração comercial da Sociedade Brasileira de Participações LTDA. 2) Ao final dos lançamentos contábeis, e antes da incorporação, restaram os seguintes saldos das contas do Ativo, totalizando R$ 381.934.933,18, que corresponde ao valor original do ágio goodwill, informado na DIPJ/2009 da Sociedade Brasileira de Participações LTDA: 135107 – Ágio Rentabilidade => R$ 253.776.466,32 112522 IR Diferido na Realiz. Agio/Deságio => R$ 18.846.833,36 112523 CSL Diferido na Realiz. Agio/Deságio => R$ 6.784.860,01 124104 IR Dif. na Realiz. Agio/Deságio => R$ 75.387.333,45 124105 CSL Dif. na Realiz. Agio/Deságio => R$ 27.139.440,04 Pelo exposto, a autuada tem razão quando justifica que os lançamentos contábeis tiveram por objetivo atender à prática contábil do Grupo Ultrapar, referente ao grupo intangível, já que o ágio por rentabilidade futura (goodwill) está sendo demonstrado pelo valor original líquido do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro. É lógico que os valores do IR e CSLL também devem ser registrados no grupo intangível, pois fazem parte do sobrepreço pago quando da aquisição da participação da então Chevron Brasil LTDA e Galena pela Sociedade Brasileira de Participações LTDA, e também devem ser incorporados pela autuada em 03/08/2009. Então, diante destas observações, é cabível afirmar que o registro do ágio na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA está incorreto, em função destes lançamentos contábeis ? Entendo que não. A segregação do valor original do ágio em valor líquido e benefícios tributários não tem o condão de tornar o ágio inexistente, ou incorreto. Ocorreram apenas lançamentos contábeis com efeito permutativo, sem provocar alteração no Patrimônio Líquido, modificando apenas a composição qualitativa dos elementos constantes no Ativo. Portanto, até prova em contrário, o ágio goodwill foi efetivamente pago, com valor determinado, e atende aos requisitos de dedutibilidade. No caso de suposto lançamento contábil irregular, mas com a devida reversão, e sem qualquer efeito tributário, não tem como conseqüência tornar inexistente ou incorreto o ágio registrado na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA. Portanto, não há qualquer óbice legal para que a autuada, no papel de incorporadora, possa reduzir as bases de cálculo do IRPJ e CSLL. Os motivos apontados pelo auditor fiscal não são suficientes para alterar esta conclusão. Saliento que o ágio goodwill lançado na Parte B do Lalur da Sociedade Brasileira de Participações LTDA, transferido e amortizado pela autuada, é no valor de R$ 376.936.667,23, inferior ao valor original de R$ 381.934.933,18. Mas este fato não pode servir de motivo para o presente lançamento. Quem pode mais, pode menos. Adoto as razões de decidir da turma julgadora de primeira instância. Pelo exposto, voto em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Fl. 4354DF CARF MF Processo nº 16682.721098/201373 Acórdão n.º 1302002.003 S1C3T2 Fl. 11 19 Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 4355DF CARF MF
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Numero do processo: 13161.001782/2008-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.279
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 17 82 /2 00 8- 69 Fl. 323DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 325DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.279. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 326DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 327DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 328DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 329DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 330DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 331DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 332DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 333DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 334DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 335DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 336DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 337DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 338DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 339DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 341DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 342DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 343DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 345DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 346DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 347DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 348DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 349DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 350DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 351DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 352DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 353DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 355DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 357DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 358DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 359DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 360DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 361DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 362DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 363DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 364DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 365DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 367DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 13161.001782/200869 Acórdão n.º 3302003.279 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 369DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 370DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.016885/99-98
Turma: Terceira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Sep 14 00:00:00 UTC 2004
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - Inexiste na decisão, atacada obscuridade, dúvida ou contradição, elementos embasadores dos embargos na conformidade do art. 27 do Regimento Interno deste Conselho.
Embargos conhecidos e negados.
Numero da decisão: 203-08.120
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de
Contribuintes, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração no Acórdão n° 203-08.120, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva
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' , MlNISTERIO DA FAZ£NDtl Segundo ConselM tle Cerllrllulntes Publicado no Oiárto Oficial da UnIAo Qe ia I O fo toos:Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes VISTQ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO ACÓRDÃO NQ 203-0 .120 Processo nQ 10580.016885/99-98 Recurso nQ 118.349 ',~ 1 " Embargante Embargada DRJEMSALVADOR-BA Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - Inexiste na decisão, atacada obscuridade, dúvida ou contradição, elementos embasadores dos embargos na conformidade do art. 27 do Regimento Interno deste Conselho. Embargos conhecidos e negados. Vistos, relatados e discutidos os presentes Embargos de Declaração interpostos por: DRJ EM SALVADOR - BA. ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração no Acórdão n° 203-08.120, nos termos do voto do Relator. Sala das Sessões, em 14 de setembro de 2004 LLL.~tJr Leonardo de Andrtde Couto Presidente 'i il I; Participaram, ainda, do presente julgamento os Conselheiros Maria Cristina Roza da Costa, Maria Teresa Martínez López, Luciana Pato Peçanha Martins, Cesar Piantavigna, Emanuel Carlos Dantas de Assis e Valdemar Ludvig. Eaallmdc MIN DA FAZE;NOA -2. u CC CONFERE COM O ORIGtNAl BRASluA ,Q£/ /.d( • 1 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO ACÓRDÃO Nº 203-08.120 Processo nº 10580.016885/99-98 Recurso nº 118.349 Recorrente Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes DRJ EM SALVADOR - BA RELATÓRIO ~. 2 11 CC-MF . ld ,,. .' Nas fIs. 207/208, o Chefe do SECAT/DRF-SDR interpõe Embargos de Declaração, na condição de autoridade incumbida de executar o Acórdão, nos termos do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, em face, segundo afirma, de contradição na decisão prolatada, posto que, no mérito, por unanimidade de votos, dá provimento ao Recurso, nos termos do voto da nobre e ilustre Relatora Maria Cristina Roza da Costa. Isto porque, a Relatora refere-se (fI. 175) ao Demonstrativo do Saldo Devedor a Lançar de fI. 42, no período abrangido pelo lançamento, que menciona no mês de março de 1995 como o mês relativo ao período de apuração, apoiando-se nos valores constantes da DCTF de fI. 115, também relativa ao mês de março de 1995 e do demonstrativo de Apuração do débito do PIS, de fI. 15, onde é identificado o mês de março de 1995. Continua a Relatora dizendo que no Demonstrativo de Apuração do Programa de Integração Social, o autuante reporta-se ao mês de maio de 1995 para identificar a exação apurada e o cálculo dos respectivos acréscimos legais do período abrangido. . E ainda, diz a Autoridade Embargante, "a Relatora vota pelo reconhecimento do direito da Recorrente de ser efetuada a verificação fiscal da regularidade da extinção do crédito tributário, nos te1(mosda sentença prolatada, ou seja, nos termos do parágrafo único do artigo 6° da Lei Complém~ntar n° 7/70 com observância da apuração da base de cálculo no sexto mês anterior ao seu pagamento, sem aplicação de correção monetária para os meses de janeiro a dezembro de 1992, março ajunho de 1995. " É o relatório. I { MIN UA FAZENOA - 2. l' CC CONFERE COM O Q IGINAL BRASluA.o.S'., ,~ VIS L_' ---- _ 2 Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO ACÓRDÃO Nº 203-08.120 Processo nº 10580.016885/99-98 Recurso nº : 118.349 1 2 'CC.MF IFI. VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA '.'o. QUE SILVAFRANCISCO MA Embargos de Declaração opostos tempestivamente. De fato, constando do demonstrativo de Apuração do Programa de Integração Social de fi. 08, o mês de maio de 1995, entretanto, constato que no documento de fi. 42 denominado demonstrativo do Saldo Devedor do PIS a lançar, os períodos de apuração apontados na primeira coluna, contemplam apenas os meses de março ~ junho, ao invés de marçoª junho como afirma a Autoridade Embargante De fato, a Ilustre relatora Maria Cristina Roza da Costa não poderia inserir os meses de abril e maio por inexistentes. ~ . Assim sendo, conheço dos emfargos, e voto pela sujVipadmissão, posto que, ausentes os pressupostos de obscuridade, d!~da ou omissão, lÍfíico~ fundamentadores de ., /1 ,t acatamento. li ! : I í I: / I I / Sala das Sessões, em 14 de seterP.brod,e2P04 t I I 'I Ii. I ; ...., .. MIN DA FAZENOA - 2." CC CONFERE COM O ORIGINAL BRASfuAQ.S:/ /..a.t{ 3 00000013 00000014 00000015
score : 1.0
Numero do processo: 13306.000013/00-04
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2002
Numero da decisão: 203-00.205
Decisão: RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: Valmar Fonseca de Menezes
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DRJ em Recife - PE RESOLUÇÃO NQ203-00.205 ~bJ Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: PAQUETÁ NORDESTE LTDA. RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Sala das Sessões, em 19 de março de 2002. O""lóO~ =0 Presidente .. --- -- . __ ._ .. I ...._------------ • Ministério da Fazenda .•. Segundo Conselho de Contribuintes Processo n~ 13306.000013/00-04 Recurso n~ 122.298 (, , f I. , . ;i l Recorrente Recorrida PAQUETÁ NORDESTE LTDA. DRJ em Recife - PE RESOLUÇÃO N~ 203-00.206 E,ee.1v.FI.- ) " I Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: PAQUETÁ NORDESTE LTDA. RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Sala das Sessões, em 19 de março de 2002. Otacili~ a axo presid~n~as~ EaaVja/mdc Processo n~ Recurso n~ Recorrente Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes 13306.000014/00-69 122.297 PAQUETÁ NORDESTE LTDA. RELATÓRIO r?lld :r --- Por bem relatar o processo em tela, transcrevo o Relatório da Decisão Delegacia da Receita Federal de Julgamento de origem (fi. 55): "A interessada acima qualijicadaformalizou pedido de ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI (fl. OI), correspondente ao período de apuração de abril ajunho de 1998, no valor de R$ 20.018,79, com fundamento no artigo II da Lei nO 9.779/99. Posteriormente, apresentou pedido de compensação com débitos de tributos apurados em setembro e outubro de 2000 (fls. 27/28). 2. Em Informação defls. 37/38, a autoridadefiscal assinala que o direito à utilização do saldo credor previsto na Lei nO 9.779/99 alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento a partir de 1" de janeiro de 1999, em conformidade com a Instrução Normativa SRF nO33/99. Propõe, assim, o indeferimento do pleito, pois o pedido de ressarcimento refere-se a insumos adquiridos anteriormente àquela data. 3. Através do Despacho Decisório de fls. 40/42, a Delegacia da Receita Federal em Fortaleza indeferiu o pedido, ante a fimdamentação de que a solicitação, inteiramente orientada pelo art. 11 da Lei n° 9.779/99, resultou prejudicada, no mérito, em face da insubsistência da apropriação do IPI anteriomlente à datafixada naquele ato normativo. 4. A interessada apresentou manifestação de inconformidade (fls. 48/49), .. 'M8, em :5lnleS9, quo' .-- - ~._- a) A empresa opera no ramo de industrialização de calçados, com a produção destinada ao mercado externo, o que lhe assegura a manutenção do crédito do IPI prevista no art. 5° do Decreto-Lei nO __ 4~9~.1/69e no art. 1~ inciso lI, da Lei nO8.402/92. b) Tendopromovido o-pedido-de ressarcin1imtosomente no mês de julho- . i£;ozt;=e.q.uiJ':B.661áamellte'n-ªorigem dQS-J:Iéditospela legislação mais recente, qual seja a Lei n° 9. 779}99, que já estava sendo utilizadapara os créditos gerados a partir de l° de janeiro de 1999, quando deveria ter consignado a capitulação adequada no campopróprio doformulário. 2 Não conformada com a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife - PE, a recorrente apresentou Recurso Voluntário a este Conselho, á fi. 62, repisando os argumentos expendidos na peça impugnatória. É o relatório. c) Entende que o pleito formulado não deve ser prejudicado pelo cometimento de um equívoco na capitulação legal do pedido, em razão do que requer a reforma da decisão impugnada e o deferimento do pedido por ela formulado. I "CC~ IFI. 13306.000014/00-69 122.297 5. Consta do processo, ainda, correspondência dirigida à Delegacia da Receita Federal em Fortaleza, juntamente com pedido de ressarcimento (fls. 51/52), atrm'és da qual a interessada, alegando que a impugnação não requer solução de mérito, mas de procedibilidade do pedido de ressarcimento, requer a reapreciação do pleito com vistas a se obter a decisão de mérito. .. Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes Processo nQ Recurso nQ 3 Diante da informação trazida pela reclamante de que os créditos em discussão referem-se a insumos utilizados na industrialização de produtos por ela exportados, e considerando que a repartição fiscal não se manifestou sobre a origem destes, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a autoridade preparadora averigúe a procedência de tais créditos, informando, conclusivamente, se o ressarcimento em questão refere-se a IPI destacado nas Notas Fiscais de aquisição de insumos (matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem) utilizados efetivamente na industrialização de produtos exportados. A questão central posta em debate versa sobre créditos de IPI que a reclamante pretende sejam-lhe ressarcidos. A 5' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife - PE, confirmando decisão da DRF em Fortaleza - CE, denegou o pedido de repetição interposto pela contribuinte, sob o argumento de que o direito ao aproveitamento de créditos, nas condições estabelecidas no art. II da Lei nO9.779/1999, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a industrial a partir de I° de janeiro de 1999. Do outro lado, a Contribuinte insiste no ressarcimento dos créditos, argumentando para tanto que, por utilizar os insumos em produtos exportados, o seu direito funda-se não na lei acima citada, mas no art. 5° do Decreto-Lei n° 491/1969, restabelecido pelo inciso II do art. 1° da Lei n° 8.402/1 992, e que o fato de haver-se equivocado ao informar a base legal de seu pedido, art. II da Lei nO9.779/1999, ao invés do art. 5° do Decreto-Lei nO491/1969 e inciso II do art. 1° da Lei nO8.402/1992, não invalidaria o seu direito de repetição, em virtude da possibilidade de saneamento do processo relativamente à informação equivocada. Aliàs, é de esclarecer-se que a reclamante juntou à sua manifestação de inconformidade apresentada à DRJ em Recife - PE, novo pedido de ressarcimento, onde fez as alterações pertinentes à capitulação legal. O mérito deste não mereceu apreciação pela repartição recorrida. ~bJ VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR VALMAR FONSECA DE MENEZES 13306.000014/00-69 122.297 Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes Processo n~ Recurso n~ eor à-interessada facultando- lhe apresentar, no prazo de trinta dias, as razões que lhe aprouverem. Sala das Sessões, em 19 de março de 2003 4 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005
score : 1.0
Numero do processo: 12269.000387/2010-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2008 a 31/05/2009
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.705
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 9. 00 03 87 /2 01 0- 12 Fl. 311DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 314DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 316DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 318DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 319DF CARF MF Processo nº 12269.000387/201012 Acórdão n.º 9202004.705 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 320DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.005400/2005-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 07/11/2005
NORMAS PROCESSUAIS. MPF-MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRAZOS.AUSÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO.
O pleno exercício da atividade fiscal não pode ser obstruído por força de ato administrativo de caráter gerencial. O mandado de procedimento fiscal, por ser medida disciplinadora visando a administração dos trabalhos de fiscalização, não pode sobrepor-se ao que dispõe o CTN acerca do lançamento tributário, bem como aos dispositivos da Lei nº 10.593/2002, que trata da competência funcional para a lavratura do auto de infração.
INFRAÇÃO ADUANEIRA. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. PENALIDADE
A subsunção dos fatos à norma legal determina a caracterização da infração com conseqüente aplicação da penalidade prevista.
IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. NÃO COMPROVAÇÃO DA ORIGEM RECURSOS.
Não comprovada a origem dos recursos utilizados na integralização do capital social da empresa, do fechamento de câmbio das importações e dos recursos oriundos das vendas realizadas às empresas, resta caracterizada a não comprovação da origem dos recursos empregados na execução das importações, como forma de ocultar o real interveniente dessas operações.
DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA CONSUMIDA OU NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR DA MERCADORIA.
Considera-se dano ao Erário a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa igual ao valor da mercadoria importada caso tenha sido entregue a consumo, não seja localizada ou tenha sido revendida.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE. EFEITOS.
Responde pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, por intermédio de pessoa jurídica importadora.
Recursos Voluntários Negado.
Numero da decisão: 3402-003.288
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário.
Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram por dar provimento ao recurso, por entenderem cabível apenas a inflição da multa por cessão do nome, em face do princípio da especialidade.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 07/11/2005 NORMAS PROCESSUAIS. MPFMANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRAZOS.AUSÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O pleno exercício da atividade fiscal não pode ser obstruído por força de ato administrativo de caráter gerencial. O mandado de procedimento fiscal, por ser medida disciplinadora visando a administração dos trabalhos de fiscalização, não pode sobreporse ao que dispõe o CTN acerca do lançamento tributário, bem como aos dispositivos da Lei nº 10.593/2002, que trata da competência funcional para a lavratura do auto de infração. INFRAÇÃO ADUANEIRA. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. PENALIDADE A subsunção dos fatos à norma legal determina a caracterização da infração com conseqüente aplicação da penalidade prevista. IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. NÃO COMPROVAÇÃO DA ORIGEM RECURSOS. Não comprovada a origem dos recursos utilizados na integralização do capital social da empresa, do fechamento de câmbio das importações e dos recursos oriundos das vendas realizadas às empresas, resta caracterizada a não comprovação da origem dos recursos empregados na execução das importações, como forma de ocultar o real interveniente dessas operações. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA CONSUMIDA OU NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa igual ao valor da mercadoria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 54 00 /2 00 5- 87 Fl. 2889DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 importada caso tenha sido entregue a consumo, não seja localizada ou tenha sido revendida. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE. EFEITOS. Responde pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Recursos Voluntários Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto, que votaram por dar provimento ao recurso, por entenderem cabível apenas a inflição da multa por cessão do nome, em face do princípio da especialidade. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata os presentes autos de exigência de crédito tributário decorrente de um procedimento especial de fiscalização levado a efeito pela DRF em Cuiabá (MT), concernente às importações realizadas pela empresa SIENS Importação e Exportação Ltda., que culminou com a lavratura de auto de infração (AI), relativo à conversão da pena de perdimento das mercadorias fruto da ocorrência de interposição fraudulenta de terceiros, conforme art. 618, inciso XXII, do Decreto nº 4.543/2002; art. 73, §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.833/2003 e art. 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do Decreto lei nº 1.455/76, com esteio na redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/2002 em penalidade pecuniária, à vista da impossibilidade de apreensão das mesmas, no importe equivalente ao respectivo valor aduaneiro dos bens. Foram, igualmente, objeto desta autuação, na condição de responsáveis solidários, a empresa YHP Confecções Ltda. e o senhor Yong Ho Park, com base no art. 124, inciso I, do CTN. Fl. 2890DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.890 3 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, de nº 0823.796, prolatada pela 7ª Turma da DRJ em Fortaleza (CE), a seguir transcrito na sua integralidade (fls. 2.813/2.841): Relata a fiscalização que o então procedimento especial de auditoria (MPF nº 01301002005001160) demonstrou a inexistência de fato da empresa Siens Importação e Exportação Ltda., em decorrência da indisponibilidade de patrimônio e incapacidade operacional para a realização de seu objeto e da interposição fraudulenta de pessoas, com enquadramento no art. 29, inciso III, combinado com os incisos I e III, do art. 37, ambos da IN SRF 200/2002 e com o parágrafo único do art. 11 da IN SRF 228/2002, razão pela qual, encaminhouse Representação Fiscal para Inaptidão de CNPJ à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cuiabá (às fls. 11/15). Outrossim, consta como parte integrante dos autos, Relatório de Auditoria (às fls. 16/31), cujo teor traz minucioso relato acerca desse procedimento, tais como: da sua natureza, do seu desenvolvimento, da análise da documentação apresentada, da não comprovação da origem dos recursos empregados e da não condição de real adquirente e vendedor das mercadorias importadas, das operações de comércio exterior, do vínculo com a empresa G. Honey Global Co, dentre outras constatações. Sendo que, ao final, conclui se tratar de um caso de interposição fraudulenta, em que a empresa YHP Confecções Ltda. e o senhor Yong Ho Park, utilizamse da empresa Siens Importação e Exportação Ltda. para realizarem suas próprias operações, com o fito de ofuscar tanto a verificação da origem dos recursos aplicados, quanto os verdadeiros responsáveis por infrações à legislação em vigor, uma vez que a empresa interposta não dispõe de patrimônio e de capacidade operacional hábeis à realização de seu objeto. Em 09/11/2005, foi dada ciência da autuação, pela via pessoal, através de seu representante legal, à Siens Importação e Exportação Ltda. Em relação aos responsáveis solidários: YHP Confecções Ltda. e o senhor Yong Ho Park, após tentativa frustrada de cientificálos por via postal (às fls. 63/115), os mesmos foram comunicados por via editalícia, conforme editais de intimação (às fls. 116/63), ambos afixados em 29/11/2005 e desafixados em 15/12/2005. DA IMPUGNAÇÃO A empresa Siens Importação e Exportação Ltda, inconformada com a autuação, apresentou Peça Impugnativa (às fls. 37/48) e anexos (às fls. 49/61), em 21/11/2005, assinada por representante legal, alegando, em síntese, conforme a seguir: · a ação fiscal foi autorizada através do MPF 01.3.01.00 2005.001160, datado de 10/05/2005 e recebido em 01/06/2005, para fiscalização específica dos impostos: II, IPI,PIS e COFINS, no período de 12/2004 a 05/2005, e que o mesmo deveria ser Fl. 2891DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 cumprido até o dia 07/07/2005, com possibilidade de prorrogação; · não consta dos autos o MPF Complementar, trazendo a inclusão da verificação do Imposto de Renda IR e a alteração do período a ser fiscalizado; · foi emitido Termo de Início de Fiscalização e Intimação Fiscal, datado de 01/06/2005, com o prazo de 20 dias para apresentação de documentos referente ao período de 12/2004 a 05/2005. Entretanto, foram solicitados documentos relativos a fatos e operações da empresa anteriores ao período autorizado pelo MPF, ou seja, anteriores a dezembro de 2004, bem como, em desobediência ao objeto da fiscalização, ao requerer elementos relativos ao IR (cópia da declaração de imposto de renda dos sócios dos exercícios 2003, 2004 e 2005), comprovação de rendimento dos sócios relativos aos exercícios de 2001 a 2004, portanto, fora da competência funcional da autoridade fiscal aduaneira, sendo, assim, ilegais; · o Termo de Início de Fiscalização e Intimação Fiscal de nº 2, datado de 21/07/2005, pede extrato bancário, Livros: Diário e Razão, de 10/2004 a 06/2005, também fora do período do MPF; · é nulo o procedimento fiscal que exige elementos de períodos anteriores ao demarcado no MPF e fora de sua esfera de competência por ofensa ao princípio da atividade plenamente vinculada (arts. 142 e 194 do CTN); · a fiscalização não foi encerrada no prazo demarcado pelo MPF, qual seja, 07/09/2005. São inverídicas as datas apostas pela autoridade lançadora em seu Relatório de Auditoria e neste auto de infração, como se tivesse sido em 07 de setembro (feriado nacional). O objetivo foi somente enquadrar o encerramento da fiscalização com a data fatal prevista no MPF. Como prova, a empresa foi intimada do encerramento da ação fiscal somente em 11/11/2005, o que estaria em desacordo com os 5 (cinco) dias previstos no art. 24 da Lei 9.784/1999; · também teria desrespeitado o prazo de 8 (oito) dias para promover a intimação do contribuinte do ato de encerramento da ação fiscal acarretando a nulidade do processo nos termos dos arts. 59 e 60 do Decreto 70.235/1972; · as DIs constantes da descrição dos fatos, cujo valor da multa amparase nesses elementos, não indicam a data da ocorrência do fato gerador e referemse a operações em períodos não abrangidos pelo MPF, ou seja, de 2003 a 11/2004; · o procedimento fiscal ainda descumpriu o princípio da legalidade e da moralidade administrativa quando, segundo o MPF, a ação fiscal deveria ter sido concluída até 07/09/2005, entretanto, somente em 09/11/2005 foi encaminhada a intimação, com relatório de auditoria datado de 02/09/2005, auto de infração também datado de 07/11/2005, tudo com intuito de se amparar na data prevista no MPF, quando de fato, tratase de uma simulação, vez que, realmente, a fiscalização foi encerrada fora do prazo previsto nesse mandado. E se não houve Fl. 2892DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.891 5 prorrogação oportuna do mandado, vez que este contribuinte não foi notificado, concluise que a fiscalização foi encerrada de fato em 10/11/2005, data em que foi emitido o auto de infração, tornandoo nulo. Logo foram violentados os princípios da legalidade e da moralidade administrativa, visto que os referidos documentos foram datados extemporaneamente, de modo a apresentar uma falsa data de sua emissão, o que é repudiado pela Administração Pública (Lei 9.784/1999) com fundamento no art. 37 da CF/1988; · provará ainda que são inverídicas as suspeitas e as respectivas conclusões quanto à interveniência ou ocultação de sócios da empresa para fins de operação de importação mediante fraude; · requer seja acolhida a impugnação e julgada procedente, bem como seja suspensa a representação para cancelamento da inscrição no CNPJ e demais providências requeridas pela fiscalização. DA IMPUGNAÇÃO COMPLEMENTAR O retromencionado sujeito passivo, também apresentou Peça Impugnativa Complementar (às fls. 132/141) e anexos (às fls. 142/169), datada de 08/11/2007, assinada por procurador constituído, alegando, em resumo, conforme a seguir: · a impugnação complementar é cabível, mesmo apresentada após o prazo de defesa, por conter fatos supervenientes aos contidos nos autos hábeis a justificar a inadequação da exação, conforme arts. 3º, inciso III, 38 e 65 da Lei nº 9.784/1999; · que ratifica o inteiro teor da impugnação original; · a gênese deste auto de infração (processo nº 0130100/00559/05) de 07/11/2005 é o Relatório de Auditoria e Termo de Encerramento de Ação Fiscal, com data de 02/09/2005, relativo ao MPF nº 01.3.01.00.2005001160 de 10/05/2005, mantendose todas as alegações de natureza procedimental aduzidas na impugnação original; · como desdobramentos desse Relatório de Auditoria e Termo de Encerramento de Ação Fiscal com data de 02/09/2005 relativo ao MPF nº 01.3.01.00.2005001160 de 10/05/2005, temse o procedimento de Representação Fiscal para Declaração de Inaptidão do CNPJ da impugnante, o de aplicação da Pena de Perdimento das mercadorias eventualmente retidas por ora da importação, o da aplicação da multa de conversão (caso em tela) e o da Representação Fiscal para Fins Penais; · de todos esses desdobramentos o de Representação de Inaptidão do CNPJ foi o que examinou a fundo todos os apontamentos contidos no mencionado relatório; · do processo de Representação de Inaptidão do CNPJ: (i) houve regular atendimento por meio de juntada de documentos, bem como apresentação de defesa; (ii) houve, em 08/11/2006, Fl. 2893DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Despacho Decisório DRF/CBA nº 1334 que decidiu pela inaptidão por inexistência de fato;(iii) houve pedido de Revisão em 09/11/2006 e sua complementação em 23/11/2006, pelos quais, em 08/06/2007, o Despacho Decisório nº 688, não acatou tais pedidos e manteve a inaptidão do CNPJ; (iv) houve acolhimento das alegações da impugnante quando da fundamentação do Despacho Decisório nº 688, afastando a suspeita de ocultação de reais fornecedores e a existência de dependência relativamente à empresa YHP Confecções Ltda (pedese a exclusão da YHP Confecções da multa de conversão), restando apenas o item de inexistência de fato; (v) ato contínuo, em 20/06/2007, foi interposto recurso com fulcro no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 (aplicação da multa de 10% do valor da operação acobertada a PJ que ceder seu nome); (vi) em 22/06/2007 foi publicado, no DOU, ADE nº 90/2007 relativo ao Despacho Decisório nº 688; (vii) em 15/07/2007, a impugnante complementou suas alegações versando sobre o art. 33 , parágrafo único, da Lei nº 11.488, de 15/06/2007, sobre a publicação obrigatória de ADE no DOU, bem como a IN SRF nº 748/2007, que revogou a IN SRF 568/2005 e redefiniu a inexistência de fato e o procedimento para regularização do CNPJ; (viii) em 23/07/2007, a autoridade julgadora do recurso declarou a nulidade do ADE nº 90/2007, vez que no momento da publicação deste não mais configurava a base legal como fator determinante para inaptidão, sendo que esta decisão se tornou pública por meio de ADE nº 157, de 24/07/2007, pelo qual se restabeleceu o CNPJ; · que após estas decisões, só restou o fato e/ou conduta de “ceder o nome para realização de operações de comércio exterior de terceiros com vista ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários”, conforme visão e conclusão do processo administrativo de Inaptidão do CNPJ e que não há relação de dependência entre a Siens e a YHP Confecções Ltda, bem como não há ocultação de reais fornecedores (exportadores estrangeiros, no caso); · a Lei nº 11.488 de 15/06/2007 disciplina expressamente a aplicação de sanção pecuniária de multa no valor equivalente a 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais); · diante dos fatos expostos, é de se concluir que a autuação não pode mais existir, visto que tem como fundamento legal a inexistência de fato e que a conduta de ceder seu nome a terceiro no comércio exterior não se constitui a “Inexistência de Fato”. Portanto, o corolário desta conclusão lógica é de que não sendo mais considerada a inexistência de fato, não se pode também aplicar a multa de conversão no valor equivalente ao das mercadorias não localizadas, consumidas, devendo o presente AI ser considerado sem efeito por força da norma legal superveniente; · mesmo que não se chegue a conclusão anterior, não se pode perder de vista o claro comando legal previsto no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, que prescreve a aplicação pecuniária de 10% do valor da operação, devendose alterar o valor da exação. Desta Fl. 2894DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.892 7 feita, é de se declarar a nulidade do feito para que a autoridade competente tome a providência devida; · requer seja recebida a impugnação complementar e que se digne decidir pela improcedência deste processo administrativo nº 10183.005400/200587 com a consequente nulidade do AI nº MPF 0130100/00559/05. Em relação aos responsáveis solidários, YHP Confecções Ltda. e Yong Ho Park, estes não apresentaram qualquer impugnação (ver fl. 117), sendo os mesmos declarados revéis, conforme Termos de Revelia, em anexo (às fls. 126/127). Por fim, consta dos autos (à fl. 170), ofício exarado pela douta Procuradoria da República em Mato Grosso, datado de 06/10/2010, solicitando informações acerca do julgamento desse feito administrativo, a fim de instruir autos do inquérito policial nº 019/2009, com vistas a apurar a prática de crimes contra a ordem tributária. DAS DILIGÊNCIAS. DA PRIMEIRA DILIGÊNCIA. Em 26/11/2010, o julgamento do feito foi convertido em diligência fiscal (às fls. 171/177), para que fossem adotadas, pela unidade preparadora, as providências a seguir: Destarte, considerando o princípio da verdade material e com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, bem como, no art. 37 da Lei nº 9.784/1999, VOTO PELA CONVERSÃO DO PRESENTE JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que sejam adotadas, pela unidade preparadora, as providências a seguir: ∙ anexar aos autos cópia da documentação comprobatória embasadora dos Relatórios de Auditoria e de Representação Fiscal de Inaptidão de CNPJ, aqui apresentados; ∙ anexar cópia do processo nº 10183.005401/200521 que embasou o Despacho Decisório DRF/CBA nº 1.334, de 08/11/2006; o Despacho Decisório DRF/CBA nº 688, de 08/06/2007; o Ato Declaratório Executivo nº 90, de 19/06/1997 e o Ato Declaratório Executivo nº 157, de 24/07/2007 , incluindo cópia de toda sua documentação probatória e dos referidos despachos e atos declaratórios exarados; ∙ caso a documentação e ou as informações trazidas ocasionem algum reflexo na apuração do crédito tributário, apresentar o respectivo demonstrativo de cálculo; ∙ anexar aos autos, demais documentos, demonstrativos de cálculo ou esclarecimentos que entenda necessários à instrução e julgamento do feito; ∙ cientificar a impugnante, qual seja: Siens Importação e Exportação Ltda, do teor da presente Resolução e dos seus resultados, assegurandolhe o prazo de trinta dias para sua eventual manifestação acerca das informações e documentos Fl. 2895DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 trazidos aos autos, objetivando, dessa maneira, atender o contraditório e o amplo direito de defesa. DO CUMPRIMENTO DA PRIMEIRA DILIGÊNCIA. Com o retorno dos autos a esta DRJ/FOR, verificouse que: · foi anexada aos autos cópia do processo nº 10183.005401/200521 (Representação para Inaptidão do CNPJ), às fls. 179/1.884; · não constava dos autos a necessária cientificação da empresa Siens Importação e Exportação Ltda, do teor da Resolução nº 2.034, de 26/11/2010, e dos seus resultados, assegurandolhe o prazo de trinta dias para sua eventual manifestação acerca das informações e documentos trazidos ao feito. DA SEGUNDA DILIGÊNCIA. Sendo assim, em 05/04/2011, o julgamento do feito foi convertido em uma nova diligência fiscal (às fls. 1.887/1.893), conforme excerto abaixo transcrito, para que fossem adotadas, pela unidade preparadora, as providências a seguir: Destarte, considerando o princípio do contraditório e o da ampla defesa e com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, bem como, no art. 37 da Lei nº 9.784/1999, VOTO PELA CONVERSÃO DO PRESENTE JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que sejam adotadas, pela unidade preparadora, as providências a seguir: · cientificar a impugnante, qual seja: Siens Importação e Exportação Ltda, do teor da presente Resolução, bem como, da Resolução nº 2.034 e dos seus resultados, assegurandolhe o prazo de trinta dias para eventual manifestação acerca das informações e documentos trazidos aos autos, objetivando, dessa maneira, atender o contraditório e o amplo direito de defesa; · ainda no caso acima, especificamente, quanto à ciência dos documentos trazidos aos autos (contidos às fls. 120/1.813), deverá intimar a Siens Importação e Exportação Ltda, informandolhe que, em prazo determinado por esta unidade, tal documentação se encontrará disponível para vistas, e, caso requeira, lhe serão fornecidas cópias, tudo com a observância da reabertura do prazo de defesa (trinta dias); · anexar documentação comprobatória da cientificação, bem como, prestar os esclarecimentos necessários acerca de seu cumprimento. DO CUMPRIMENTO DA SEGUNDA DILIGÊNCIA. Com o retorno dos autos a esta DRJ/FOR (agora, em meio digital), verificouse que foi cumprida a cientificação da empresa Siens Importação e Exportação Ltda, em Fl. 2896DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.893 9 06/05/2011, na forma acima estipulada (às fls. 1.895/1.897), bem como, assegurado o prazo de trinta dias para eventual manifestação. DA TERCEIRA DILIGÊNCIA. Dando prosseguimento ao exame dos autos, especificamente, na documentação acostada por ocasião da diligência (Pedido de Revisão de Decisão –Complementação face ao Processo de nº 10183.005401/200521 de Representação Fiscal para Inaptidão, às fls. 1.654/1.660), verificouse que o sujeito passivo impugnante fez expressa menção à existência de ações judiciais, fato que, em tese, poderia implicar em renúncia a essa esfera administrativa, consoante o que dispõe o Ato Declaratório Normativo nº 03, de 14/02/1996. A fim de perquirir sobre uma eventual existência de concomitância de pedidos nas instâncias administrativa e judicial, por parte da requerente (empresa Siens Importação Exportação Ltda.), realizouse consulta (telas em anexo, às fls. 1.903/1.954), por CNPJ (matriz), ao sítio eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região (http://www.trf4.jus.br), no qual se constataram as seguintes proposituras com indicativos de possíveis correlações ao presente feito: Mandado de Segurança nº 2005.70.08.0009852 (PR) (Seção Judiciária do Paraná) e o seu correspondente Agravo de Instrumento nº 2005.04.01.0374198 (TRF4). Igualmente, em consulta ao sítio eletrônico da Justiça Federal da 1ª Região (http://www.trf1.jus.br) conforme telas às fls. 1.955/1.969 foram verificadas as seguintes proposituras: (i) procedimento ordinário nº 2005.36.00.0169306, autuado na 1ª Vara Federal da Primeira Região, em 06/12/2005 (Seção Judiciária de Mato Grosso); (ii) procedimento ordinário nº 2006.34.00.0086145, autuado na 16ª Vara Federal da Primeira Região, em 13/03/2006; (iii) procedimento ordinário nº 2007.34.00.0321542 (dependente do processo judicial nº 2006.34.00.0086145), autuado na 16ª Vara Federal da Primeira Região, em 06/09/2007. Todavia, por não se encontrarem disponíveis para visualização nesse meio eletrônico, não foi possível conhecer o inteiro teor de seus petitórios, nem de suas correspondentes decisões/sentenças (salvo, especificamente, em relação ao teor das decisões interlocutórias decorrentes do Agravo de Instrumento nº 2005.04.01.0374198 (TRF4) e de seus Embargos Declaratórios). Assim, em 10/10/2011, o julgamento do feito foi novamente convertido em diligência fiscal (às fls. 1.970/1.973), conforme excerto transcrito a seguir: Destarte, considerando os princípios da unidade da jurisdição, da eficiência, do contraditório e o da ampla defesa, e com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, VOTO PELA CONVERSÃO DO PRESENTE JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que sejam adotadas, pela unidade preparadora, as providências a seguir: Fl. 2897DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 10 ∙ anexar cópia da petição inicial e, caso possível, da correspondente decisão referente ao Mandado de Segurança nº 2005.70.08.0009852 (PR); ∙ anexar cópia da petição inicial referente ao Agravo de Instrumento nº 2005.04.01.0374198 (TRF da 4ª Região); ∙ anexar cópia da petição inicial e, caso possível, da correspondente decisão proferida referente ao processo judicial nº 2005.36.00.0169306, autuado na 1ª Vara Federal da Primeira Região, em 06/12/2005 (Seção Judiciária de Mato Grosso); · anexar cópia da petição inicial e, caso possível, da correspondente decisão já proferida referente ao processo judicial nº 2006.34.00.0086145, autuado na 16ª Vara Federal da Primeira Região, em 13/03/2006; · anexar cópia da petição inicial e, caso possível, da correspondente decisão já proferida referente ao processo judicial nº 2007.34.00.0321542 (dependente do processo judicial nº 2006.34.00.0086145), autuado na 16ª Vara Federal da Primeira Região, em 06/09/2007; · Cientificar a empresa Siens Importação Exportação Ltda. da presente Resolução e de seus consectários, devolvendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para se manifestar quanto à matéria a ela concernente; · anexar documentação comprobatória da cientificação, bem como, demais documentos ou esclarecimentos que entenda necessários à instrução e julgamento do feito; · Acaso o órgão de origem não disponha de cópia dos documentos acima mencionados verificar a possibilidade de obter junto à PFN ou ao contribuinte. DO CUMPRIMENTO DA TERCEIRA DILIGÊNCIA. Foram acostadas aos autos as documentações solicitadas (às fls. 1.974 / 2.562) por ora da diligência. Outrossim, verificouse que foi cumprida a cientificação da empresa Siens Importação e Exportação Ltda, em 27/04/2012, bem como, assegurado o prazo de trinta dias para eventual manifestação (às fls. 2.563/ 2.564). DA MANIFESTAÇÃO DO(S) AUTUADO(S). Em 18/05/2012, acerca da diligência de 10/10/2011, a empresa Siens Importação e Exportação Ltda. apresentou manifestação (às fls. 2.566/2.574), subscrita por procurador habilitado, inclusive, carreou aos autos cópias, que se encontravam sob sua posse, das peças judiciais apontadas na referida diligência (às fls. 2.575/2.787). Em sua manifestação, fez um breve relato dos diversos feitos administrativos envoltos ao caso, bem como das ações judiciais impetradas, cuja gênese se deu com o indeferimento por parte da autoridade aduaneira do Porto Fl. 2898DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.894 11 de Paranaguá (PR) de pedido de registro de suas DTAs com destino ao Porto Seco em Cuiabá (MT), em maio de 2005. E que após, os feitos judiciais se estabeleceram apenas em relação ao procedimento do perdimento. O Mandado de Segurança (MS), nº 2005.70.08.0009852, com pedido de concessão liminar de Registro de Trânsito Aduaneiro, bem como, o agravo de instrumento (AI) de nº 2005.04.01.0374198/PR e o seu embargo de declaração não obtiveram êxito. Posteriormente, diante do fato consumado do perdimento das cargas, a ação do MS perdeu o interesse, sendo o processo extinto e arquivado. Que há ainda duas (02) ações de conhecimento de natureza declaratória de nulidade com relação ao ato e procedimento praticado para o perdimento e de sua destinação posterior. A primeira, de nº 2006.34.00.0086145, distribuída para a 16ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal teve como decisão, sentença de improcedência do pedido de declaração de nulidade do rito e se encontra aguardando julgamento em 2ª instância do recurso de apelação no TRF da 1ª Região. A segunda, de nº 2007.34.00.0321542, foi distribuída em 10/10/2007 para a mesma vara, por dependência, e que embora conexa, há diferença entre as causas de pedir, pois esta visa desconstituir o ato administrativo praticado pela autoridade aduaneira à luz da ausência de pressupostos legais para declaração de medida extrema do perdimento físico, e que também se encontra aguardando julgamento em 2ª instância do recurso de apelação no TRF da 1ª Região. Ao final, expressa que em relação a situação fática do processo administrativo da multa de conversão aqui em debate, não houve propositura de qualquer ação judicial. Que embora tenha havido um protocolo da petição inicial de ação declaratória de nulidade, de nº 2005.36.00.0169306, contra diversos atos do Fisco, distribuído em 12/12/2005, perante a 1ª Vara da Justiça Federal de Cuiabá/MT, tal ação foi extinta sem solução de mérito por desistência da parte autora (Siens), em 19/04/2006, enquanto sequer havia sido citada a parte adversa (União Federal/Fazenda Nacional). O que significa que tal ato isolado não propiciou a formação regular de um processo judicial, justamente, pela ausência da parte adversa em função da falta de citação desta e prévia desistência pela autora, portanto, inexistente no mundo jurídico (embora tenha ganhado uma numeração perante serventuário da Justiça como um dado estatístico). E conclui asseverando que: Não há ação judicial, como pode se verificar em exame das cópias das ações supra mencionadas, que tenha a mesma causa de pedir com a deste processo administrativo em epígrafe. Fl. 2899DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 12 Embora todos os atos e fatos são oriundos e derivados de um único fato –chegada de mercadorias no porto de Paranaguá/PR, isso não significa a identidade de causas de pedir ou objetos das medidas entre as administrativas e judiciais. (...). Por outro lado, ação ordinária declaratória distribuída perante 1ª Vara federal de Cuiabá/MT nem sequer merece os comentários em face de sua extinção sem solução de mérito, na ausência de citação da parte adversa e por desistência da autora. As duas ações em curso perante o poder judiciário, isto é, perante Oitava Turma do TRF, da 1ª Região, de Brasília, discorrem as causas de pedir diversas e distintas do objeto do processo administrativo em epígrafe, inclusive, com fundamentos legais diferentes. Nessas duas versam sobre o rito a ser adotado para o procedimento de perdimento físico das mercadorias e sobre existência ou não de pressupostos, isto é, constatação fática, para tal medida extrema perdimento. No presente processo administrativo, discute ocorrência ou não dos pressupostos da “inexistência de fato da pessoa jurídica” e aplicabilidade da norma legal de Lei nº 11.488/2007 em caso de conversão em multa dos valores aduaneiros de mercadorias importadas por acobertamento fraudulento. Do exposto, vem a esta E. Turma de Julgamento para requerer o deferimento da juntada das cópias de documentos de processos judiciais, para exame das mesmas, e para a final conclusão de ausência de renúncia ao presente processo administrativo em epígrafe. Protesta e requer pela juntada posterior de novos documentos e esclarecimentos, relativos aos processos judiciais em foco, caso assim E. Turma entender necessário, mediante intimação prévia e devido prazo para cumprimento. Reiteramse todos os argumentos, fundamentos e pedidos constantes da impugnação primeira e outros da complementar (...). Por fim, é importante anotar que até o presente momento nenhuma manifestação foi apresentada pela empresa YHP Confecções Ltda. e nem pelo senhor Yong Ho Park, na condição de responsáveis solidários, já tidos como revéis. DO TERMO DE SOLICITAÇÃO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS. Como documentação complementar (às fls. 2.797/2.811), foram trazidos aos autos cópias do processo judicial de nº 2006.34.00.0086145 e decisões, desta vez, enviadas pela Procuradoria Regional da Fazenda Nacional na 1ª Região, conforme Memorando nº 556/2012/PRFN 1ª Região/DIDE, de 06 de junho de 2012. É o relatório. Fl. 2900DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.895 13 Os argumentos aduzidos pelas Recorrentes, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 07/11/2005 AÇÃO JUDICIAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA DE OBJETOS. NÃO EXISTÊNCIA DE RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. Não havendo identidade entre os objetos do processo judicial e do processo administrativo, a propositura de ação judicial, por si só, não importa em renúncia à instância administrativa. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO. A ausência de impugnação por parte de sujeitos passivos solidários acarreta, contra os revéis, a preclusão temporal do direito de praticar o ato impugnatório, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. NORMAS PROCESSUAIS. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. O pleno exercício da atividade fiscal não pode ser obstruído por força de ato administrativo de caráter gerencial. O mandado de procedimento fiscal, por ser medida disciplinadora visando a administração dos trabalhos de fiscalização, não pode sobreporse ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, bem como aos dispositivos da Lei nº 10.593/2002, que trata da competência funcional para a lavratura do auto de infração. INAPTIDÃO DE CNPJ. PROCESSO ADMINISTRATIVO. DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. Falece competência à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento para adentrar no exame de feito relacionado à inaptidão de CNPJ, sob pena de imiscuirse em âmbito de processo administrativo restrito ao titular da unidade local da Receita Federal do Brasil. APRESENTAÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL A POSTERIORI. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo nas Fl. 2901DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 14 hipóteses previstas em lei, ex vi do parágrafo 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, incluído pela Lei nº 9.532/1997. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/11/2005 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. A pena de perdimento, na hipótese de interposição fraudulenta de terceiros, deve ser substituída pela multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta houver sido consumida ou não for localizada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 07/11/2005 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NAS ATIVIDADES DA EMPRESA. Sendo demonstrada a existência de terceiras pessoas físicas ou jurídicas com interesses comuns nas atividades da empresa importadora, responderão as mesmas como responsáveis solidários, cabendo a exigência também contra elas dos tributos incidentes das operações de comércio exterior e das penalidades pertinentes. Impugnação Improcedente . Crédito Tributário Mantido Das Intimações e dos Recursos Voluntários A Recorrente (SIENS) foi regularmente intimada em 25/09/2012, conforme cópia do AR Correios às fl. 2.850. Em 19/10/2012 (fl. 2.859), apresentou seu Recurso Voluntário de fls. 2.859/2.870. Em 19/12/2012, a empresa YHP Gestão Empresarial Ltda, responsável solidária, foi intimada da decisão DRJ, conforme Notificação ARF/TSR/SARAC nº 535/12 (fl. 2.880). Conforme documento AR Correios à fl. 2.881/2.882 e o que consta do Memorando nº 0789/12SECAT DRF Cuiabá/MT, a Intimação nº 828/2012, foi devolvida pelos Correios em 08/01/2013, pelo seguinte motivo: após tentativas "ausente". Foi, então, solicitado que se proceda a ciência por Edital, considerando o domicílio fiscal do contribuinte. Em 27/02/2013, a Agencia da RFB de Taboão da Serra (SP), afixou o EDITAL nº 26/2013, INTIMANDO a Recorrente a tomar ciência, no prazo de 15 dias, da Notificação ARF/TSR/SARAC nº 535/2012 (fl. 2.883). O Edital foi desafixado em 14/03/2013. O Sr. Yong Ho Park, responsável solidário, foi intimado em 26/09/2012, conforme recibo do AR dos Correios à fl. 2.874, no endereço cadastral informado à RFB (fl. 2.848). Não consta dos autos seu Recurso Voluntário. (1) Em seu recurso, a SIENS, em suas alegações, repisa as razões de sua Impugnação e aduz o seguinte, em resumo: seu inconformismo com a conclusão da DRJ, que declarou como "não impugnada a exigência em relação aos sujeitos passivos (responsáveis solidários) YHP CONFECÇÕES LTDA. e YONG HO PARK" e que a presente Impugnação foi iniciativa da recorrente SIENS, não da YHP CONFECÇÕES LTDA, nem do Sr. YONG HO PARK, de Fl. 2902DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.896 15 modo que não há pertinência para se declarar existência ou não da impugnação por parte das pessoas supra por serem estranhas à presente impugnação; da presunção da Intimação ao arrepio da norma legal da Carta Magna, pois verificase, de forma flagrante, que as intimações se revelaram prejudicadas porque suas tentativas não lograram levar ao conhecimento dos intimados, a referida intimação e seu teor, qual seja, o Auto de Infração, datado de 07/11/2005. NO MÉRITO requer a nulidade do Auto de Infração, questionando a veracidade quanto às datas de encerramento do Auto de Infração, visto que tem aparência de prática de ajuste "forçado" aos prazos previsto em norma vigente; ausência de comunicação de prorrogação de prazo (não houve notificação a respeito) permite ilação de que a fiscalização fora concluída, de fato, em 10/11/2005, data em que fora emitido o Auto de Infração, o que o torna completamente nulo; que houve completa violação aos princípios de legalidade e da moralidade administrativa, visto que os referidos documentos foram datados extemporaneamente, de modo a apresentar ao contribuinte uma falsa data de sua emissão. fatos supervenientes: alega que houve o restabelecimento da Inscrição Cadastral no CNPJ da empresa Recorrente quando do advento da Lei n° 11.488, de 15/06/2007; que a autoridade julgadora apresentou dispositivo normativo, §3º do art. 727 do Decreto n° 6.759, de 05/02/2009, como fundamento legal para rejeição aos argumentos da SIENS, especialmente, com relação à eficácia da Lei nº 11.488/2007; que ao tempo de fato gerador, não regia nem a Lei em comento, muito menos o Decreto acima; porém, o advento da lei que veio regulamentar a favor do contribuinte tem sua aplicabilidade retroativa de 'ex tunc', em consonância ao princípio de nãoagravação do contribuintes, razão pela qual houve acolhimento das alegações da SIENS no PAF de Declaração de Inaptidão da Inscrição no CNPJ, assim restabelecendo a inscrição no CNPJ; que o artigo 33, da Lei n°11.488/2007, trata de aplicação de pena em caso de operação de comércio exterior, com o fito de ocultar o real interveniente ou beneficiário, sendo certo que a pena pecuniária passou a ser 10% do valor aduaneiro, e não mais a totalidade do valor aduaneiro das mercadorias transferidas ou consumidas; que o Decreto apontado, trata da aplicabilidade de pena de perdimento das mercadorias retidas pela fiscalização, por motivo de acobertamento de real interveniente da operação do comércio exterior, o que é totalmente diferente do teor do item anterior; tanto é que os dispositivos do mesmo Decreto mantém os mesmos teores do artigo 33, da Lei n° 11.488/2007, no que diz a respeito da aplicação de pena em caso de acobertamento: a multa de 10% sobre o valor de operação com o mínimo de R$5.000,00; deve se atentar para os seguintes fatos: (i) O fato gerador se deu em maio de 2005; (ii) o advento da lei n° 11.488 foi em 15/06/2007; e (iii) o Decreto n° 6.759 é de 05/02/2009, isto é, posteriormente à lei supra. Por fim, pede a reforma da decisão recorrida e o cancelamento do auto de infração. Fl. 2903DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 16 (2) Os responsáveis solidários arrolados aos autos, YHP CONFECÇÕES LTDA e o Sr. YONG HO PARK, não apresentaram os respectivos Recursos Voluntários. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator 1. Da admissibilidade dos recursos A Recorrente (SIENS) foi regularmente intimada em 25/09/2012, cópia do AR Correios às fl. 2.850. Em 19/10/2012 (fl. 2.859), apresentou seu Recurso Voluntário de fls. 2.859/2.870. Portanto, tempestivo e deve ser conhecido o referido recurso. A teor do relatado, o Auto de Infração em discussão possui dois responsáveis solidários: YHP CONFECÇÕES LTDA e o Sr. YONG HO PARK. Os dois responsáveis mencionados não apresentaram seus recursos voluntários. 2. Do objeto dos Autos O procedimento fiscal teve por objeto auditoria (MPF nº 0130100/2005 001160) que demonstrou a inexistência de fato da empresa SIENS Importação e Exportação Ltda., em decorrência da indisponibilidade de patrimônio, incapacidade operacional para a realização de seu objeto e da interposição fraudulenta de pessoas, com enquadramento no art. 29, inciso III, combinado com os incisos I e III, do art. 37, ambos da IN SRF 200/2002 e com o parágrafo único do art. 11 da IN SRF 228/2002, razão pela qual, encaminhouse Representação para Inaptidão de CNPJ à DRF em Cuiabá/MT, às fls. 13/15. 3. Dos efeitos suspensivo dos débitos A recorrente requer que seja revogada a eficácia do débito apontado ao final da intimação da DRF em Cuiabá, em função do presente recurso voluntário interposto. É efeito automático do Recurso Voluntário a suspensão da exigibilidade do crédito lançado, por força do art. 151, inciso III, do CTN. Portanto, descabe qualquer providência desse Órgão Julgador, quanto ao pedido feito pela SIENS, nesse sentido. 4. Das Declarações de Revelia em relação aos Responsáveis Solidários Aduz a recorrente sobre o inconformismo com a conclusão da DRJ, que declarou como "não impugnada a exigência em relação aos sujeitos passivos YHP CONFECÇÕES LTDA. e YONG HO PARK" e que a Impugnação foi e seria, iniciativa da recorrente supra a SIENS, não da YHP CONFECÇÕES LTDA, nem do Sr. YONG HO PARK, de modo que não há pertinência para se declarar existência ou não da impugnação por parte das pessoas supra por serem estranhas à presente impugnação. Em relação aos responsáveis solidários, YHP Confecções Ltda. e Yong Ho Park, é fato que estes não apresentaram qualquer impugnação nem recurso voluntário (ver fl. 118), sendo os mesmos declarados Revéis, conforme Termos de Revelia, constante dos autos às fls. 126 (pessoa física do Sr. Yong) e 127 (da empresa YHP). Fl. 2904DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.897 17 Sendo assim, em relação à empresa YHP Confecções Ltda e ao Sr. Yong Ho Park, incidiu a preclusão temporal do direito de praticar o ato impugnativo, os quais deverão suportar os efeitos da decisão final. Embora os referidos responsáveis solidários tenham sido devidamente cientificados do lançamento, seja por via postal ou por Edital, não constam nos autos, até o presente, quaisquer manifestações das partes. O fato de a SIENS, no bojo de sua impugnação e também no recurso, requerer o afastamento da empresa YHP Confecções Ltda. do pólo passivo desta exação, por si só, não merece guarida, por lhe carecer legitimidade para desta forma proceder (agir). Aliás, tal fato só vem a fortalecer a tese da interposição fraudulenta de terceiros, tema que será melhor apreciado em tópico mais adiante. A ausência de impugnação por parte de sujeitos passivos solidários acarreta, contra os revéis, a preclusão temporal do direito de praticar o ato impugnatório, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. Portanto, prosseguirá o litígio administrativo unicamente em relação à Recorrente, ou seja, a empresa SIENS Importação e Exportação Ltda. 5. Da validade das intimações efetuadas (YHP e Sr. Yong) Alega a Recorrente da "presunção" da Intimação ao arrepio da norma legal da Carta Magna, verificandose que as intimações da YHP e o Sr. Yong Ho Park, se revelaram prejudicadas porque suas tentativas não lograram levar ao conhecimento das intimadas o teor do Auto de Infração (datado de 07/11/2005), uma vez que seus domicílios ou sede, não se encontram em Cuiabá/MT. Destaca o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972. "(...) No caso concreto supra mencionado, não houve o atendimento a esta norma legal vigente. Sendo vinculado o ato administrativo, é de se concluir que neste não há espaço permissivo para "presunção". Alega que não há prova de recebimento da intimação, enviada pelo serviço dos Correios, quer pela empresa YHP, quer pela pessoa de Yong Ho Park. O que se verifica nos autos é que a correspondência fora encaminhada ao endereço no qual não se encontram a sede ou domicílio de supostos intimados. Pois bem. É notório que a intimação do Auto de Infração no âmbito administrativo deve se realizar de forma a garantir a certeza da intimação a pessoa certa e no local certo, no caso do PAF, àquele indicado pelo contribuinte à Administração Tributária. Desta forma, basta o recebimento do AR, no endereço do eleito pelo contribuinte nos cadastros da RFB, para que a ciência da notificação via postal seja oficializada, mesmo que a pessoa quem assinou o recibo dos Correios não seja o próprio. Ademais, como apontado em seu recurso, no âmbito do processo administrativo fiscal federal, a intimação do contribuinte está regulada no art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, diploma normativo com força de Lei. Como já visto nestes autos, vale ressaltar que são três os meios de intimação consagrados na norma em questão: i) pessoal; ii) por via postal ou similar, desde que se Fl. 2905DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 18 obtenha prova de recebimento da cientificação no domicílio tributário do sujeito passivo e iii) por meio eletrônico. Destacase a existência de expresso comando legal definidor da inexistência de ordem de preferência entre os expedientes aludidos. Art. 23. Farseá a intimação: (...). § 1º Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III (...). § 4º Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Como se percebe, o § 1º e o § 4º, I, ambos do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972, não exige diligências exaustivas (por exemplo, três tentativas dos Correios) para efetivação da intimação, sendo suficiente o envio da correspondência ao endereço cadastral fornecido à Administração Tributária, para que seja efetivada a intimação por Edital. Consta dos autos que em 19/12/2012, a empresa YHP Gestão Empresarial Ltda, foi intimada da decisão DRJ, conforme notificação ARF/TSR/SARAC nº 535/12 (fl. 2.880). No entanto conforme documento AR Correios à fl. 2.881/2.882 e o que consta do Memorando nº 0789/12SECATDRFCuiabáMT), a Intimação nº 828/2012, foi devolvida pelos Correiros em 08/01/2013, motivo: após a tentativa "ausente". Com isso, em 27/02/2013, a Agencia da RFB de Taboão da Serra (SP), afixou o EDITAL nº 26/2013, INTIMANDO a Recorrente a tomar ciência, no prazo de 15 dias, da Notificação ARF/TSR/SARAC de nº 535/2012, do processo em referência (fl. 2.883). O referido Edital foi desafixado em 14/03/2013. Já o Sr. Yong Ho Park, responsável solidário, foi intimado em 26/09/2012, conforme recibo do AR dos Correios à fl. 2.874, conforme seu endereço cadastral da RFB (fl. 2.848). Importa destacar que o fato de a Recorrente alegar "(...) que se verifica nos autos é que a carta fora encaminhada ao endereço no qual não se encontram a sede ou domicílio de supostos intimados", nada disto é suficiente para desqualificar a ciência efetuada por Edital, da intimação. Isso porque a intimação foi endereça justamente no endereço cadastral dos responsáveis solidários. Fl. 2906DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.898 19 O procedimento adotado pela repartição fiscal encontrase dentro dos ditames estabelecidos pelo art. 23 do Decreto 70.235, de 1972, uma vez que, tornouse improfícuo a tentativa de intimação pela via postal no endereço informado pelo contribuinte, procedeuse, então, à publicação do Edital mediante afixação nas dependências do órgão encarregado da intimação. Portanto, não se pode cogitar de irregularidade na intimação realizada, porquanto de acordo com a legislação aplicável à matéria. Desta forma, estritamente de acordo com os dispositivos anteriormente reproduzidos, houve a regular intimação, por meio do EDITAL nº 26/2013, de 27 de fevereiro de 2013, sendo o referido Edital desafixado em 14/03/2013 (fl. 2.883). Portanto, como se vê, cumprido os dispositivos legais expostos, não há como aceitar as alegações da Recorrente. 6. Dos prazos do procedimento fiscal e do cerceamento do direito de defesa A Recorrente alega em seu recurso a nulidade do Auto de Infração, questionando a veracidade quanto às datas de encerramento do Auto de Infração, visto que tem aparência de prática de ajuste "forçado" aos prazos previsto em norma vigente e ausência de comunicação de prorrogação de prazo do MPF (não houve notificação a respeito) permite imaginar que a fiscalização fora concluída, de fato, em 10/11/2005, data em que fora emitido o Auto de Infração, o que o torna completamente nulo. Houve completa violação aos princípios de legalidade e da moralidade administrativa, visto que os referidos documentos foram datados extemporaneamente, de modo a apresentar ao contribuinte uma falsa data de sua emissão. No que se refere ao argumento para que se anule acórdão recorrido, por questões de prazos na conclusão do procedimento (MPF) e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa, solicitando a conversão do feito em diligência e baixando os autos à origem, também não procede tal pedido. A recorrente assevera em seu recurso que a gênese deste auto de infração é o Relatório de Auditoria, com data de 02/09/2005, lavrado por ocasião do procedimento especial de fiscalização, sob o Mandado de Procedimento Fiscal MPF nº 01.3.01.00.2005001160, sendo que tal procedimento não atendeu aos prazos e aos objetos de exame contidos no citado MPF, ultrapassando indevidamente o seu foco investigativo ao adentrar em matérias e períodos não albergados pelo mandado, assim como não observou o prazo de seu encerramento. Desse modo, restaria integralmente inquinado de nulidade e, por conseguinte, de igual forma, o lançamento em exame. Também não assiste razão a Recorrente. Explico. Como muito bem pontuado na decisão a quo, interpretar o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) como instrumento concessor de competência ao Auditorfiscal para realizar a fiscalização equivaleria a afirmar que os autos de infração, lavrados por Auditorfiscal que não possuísse tal instrumento, seria ato administrativo lavrado por agente incompetente, o que acarretaria sua nulidade, conforme estatuído pelo inciso I do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. No entanto, uma vez estabelecido que a gênese normativa da competência administrativa é consubstanciada em Lei, afastase, com efeito, tal interpretação. Dessa forma, a meu sentir, o MPF é um importante elemento da administração tributária, entretanto restrito ao campo gerencial e procedimental, ou melhor, é Fl. 2907DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 20 um elemento de controle administrativo da fiscalização, tendo como foco disciplinar a execução dos procedimentos fiscais relativos aos tributos administrados pela RFB. O pleno exercício da atividade fiscal não pode ser obstruído por força de ato administrativo de caráter gerencial. O mandado de procedimento fiscal, por ser medida disciplinadora visando a administração dos trabalhos de fiscalização, não pode sobreporse ao que dispõe o Código Tributário Nacional (CTN) acerca do lançamento tributário, bem como aos dispositivos da Lei nº 10.593/2002, que trata da competência funcional para a lavratura do auto de infração. Observese, ainda, que o demonstrativo contido na descrição dos fatos e enquadramento legal do Auto de Infração, especificamente no Campo “Número da DI” (às fls. 5/6), indica que as DIs em questão foram todas registradas no ano de 2005. Quanto ao suposto descumprimento do prazo de 5 (cinco) dias, previsto no art. 24 da Lei 9.784/1999 (aplicada subsidiariamente ao PAF), e de 8 (oito) dias, previsto no art. 4º do Decreto nº 70.235/1972, para cumprimento de atos processuais pela autoridade administrativa, no caso, a comunicação do encerramento da fiscalização ao contribuinte, inadvertidamente alegado pela Recorrente, não ensejaria qualquer consequência processual, por se tratarem de prazos impróprios para a Administração Tributária; muito menos, seria motivo de nulidade ou de anulabilidade, conforme expressamente previsto, respectivamente, nos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235/1972. Com efeito, a autuação foi efetuada com observância do princípio do devido processo legal, assegurandose ao sujeito passivo o exercício do direito à ampla defesa, havendo sido atendidas todas as garantias processuais, nos termos do art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, art. 142 do CTN e arts. 9º e 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não havendo incidido em quaisquer dos vícios que poderiam retirarlhe a validade. Dessa sorte, não há falar em malferimento dos princípios da legalidade e nem da moralidade administrativa estampados no art. 37 da Carta Maior, sendo descabidas as pechas de simulação e/ou uso de falsas datas inadvertidamente apregoadas pela Recorrente. Em suma, neste auto, não existe vícios ou cerceamento de defesa, uma vez que o Recorrente foi regularmente intimada, oferecido os prazos legais para suas contestações, e demonstra pleno conhecimento dos fatos que lhe foram imputados pela fiscalização e apresenta defesa robusta refutando essas imputações em todas as fases processuais. Portanto, rejeitase também esta preliminar de nulidade. 7. QUANTO AO MÉRITO 7.1 Histórico da legislação e conceitos aduaneiros nas operações de importação. Inicialmente, cabe salientar que a legislação aduaneira vigente admitem a atuação dos importadores em três diferentes modalidades de operações, a saber: 1. Importação Direta; 2. Importação por Conta e Ordem de Terceiros, e 3. Importação para Revenda a Encomendante Prédeterminado. Nesse caminho para melhor esclarecer os fatos, reproduzo um breve relato sobre a legislação e os conceitos aduaneiros envolvidos nas operações de comércio exterior, a ocultação de intervenientes e a interposição fraudulenta, elaborado pelo Conselheiro Winderley Morais Pereira, proferido no Acórdão nº 3201001.852, de 28/01/2015: Fl. 2908DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.899 21 O controle aduaneiro é matéria relevante em todos os países e a comunidade internacional busca de forma incessante o controle das mercadorias importadas, de forma a garantir a segurança e a concorrência leal dentro das regras econômicas e tributárias. Desde da edição do DecretoLei nº 37/66, o Brasil busca coibir as irregularidades na importação. Este diploma legal, determinava a conferência física e documental da totalidade das mercadorias importadas. Com o crescimento da economia nacional, a crescente integração do País no plano internacional e o aumento significativo das operações de comércio exterior, o Estado Brasileiro, decidiu modificar os controles que até então vinha exercendo sobre a importação, desenvolvendo controles específicos que se adequassem ao incremento das operações na área aduaneira. A solução veio com a entrada em produção do SISCOMEX, módulo de Importação em janeiro de 1997. A partir deste Sistema, os controles de despacho aduaneiro de importação passaram a utilizar canais de conferência, que determinaram níveis diferentes de controles aduaneiros. Desde um controle total durante o despacho aduaneiro, com conferência documental, física das mercadorias e avaliação do valor aduaneiro até a um nível mínimo de conferência. Ao modernizar o seu sistema de controle aduaneiro o País flexibilizou o controle individual das mercadorias importadas, mas, dai nasceu a necessidade de também trabalhar o controle em nível de operadores de comércio exterior. A partir desta premissa foram definidos controles aduaneiros em dois momentos distintos. O primeiro, anterior a operação de importação, quando é exigido uma habilitação prévia da empresa interessada em operar no comércio exterior. Este controle busca avaliar a idoneidade daquelas empresas que pretendem operar no comércio, e disciplinado pela Instrução Normativa da SRF nº 228/2002. Apesar deste controle ser preferencialmente em momento anterior as operações, existem situações em que não é suficiente para impedir operações irregulares. Para coibir estas irregularidades a Fiscalização Aduaneira também atua em momento posterior ao desembaraço aduaneiro, buscando identificar irregularidades nas operações realizadas. O caminho adotado vem sendo o de confirmar a idoneidade das empresas envolvidas nas operações e investigar a origem do recursos utilizados. A ocultação dos reais intervenientes ou a falta de comprovação da origem dos recursos configura, por força legal, dano ao erário, punível com a pena de perdimento das mercadorias, nos termos definidos no art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 1.455/76. "Art.23.Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: ... V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº10.637,de30.12.2002). § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, Fl. 2909DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 22 disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). O art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976 trata de duas situações distintas: a primeira de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação e outra a interposição fraudulenta de terceiros que pode ser comprovada ou presumida nos termos previstos no art. 23, § 2º, do Decretolei nº 1.455/76. A existência de uma das duas situações, quando comprovadas pelo Fisco, ensejam a aplicação da penalidade de perdimento. Matéria que suscita controversa é se a comprovação da origem dos recursos, utilizados na operação de comércio exterior, afastaria a aplicação de penalidades. Tal argumento não encontra respaldo na legislação que disciplina a matéria. Nos termos do art. 23, inciso V, do Decreto Lei nº 1.455/76, o Dano ao Erário, punido com a pena de perdimento da mercadoria, ocorre quando a informação sobre os reais responsáveis pela operação de importação é deliberadamente ocultada dos controles fiscais e alfandegários, por meio de fraude ou simulação. A partir da determinação legal é inconteste que se a Fiscalização Aduaneira prova que determinada operação declarada ao Fisco não corresponde a realidade dos fatos, resta evidenciada o Dano ao Erário e o perdimento da mercadoria. A comprovação da origem dos recursos afasta a presunção da interposição fraudulenta, mas de forma alguma é suficiente para afastar as outras previsões da norma que trata da ocultação dos reais intervenientes na operação de importação. Quando a origem dos recursos não esta comprovada presumese a interposição fraudulenta, quando comprovada nos autos, cabe a Fiscalização provar a ocultação dos reais adquirentes da operação de importação, para a aplicação da penalidade de perdimento das mercadorias nos termos do art. 22 do Decreto Lei nº 1.455/76. É mister salientar, que não são todas as operações por conta e ordem de terceiros são consideradas infração aduaneira. O art. 80 da Medida Provisória nº 2.15835/01 estabeleceu a possibilidade de pessoas jurídicas importadoras atuarem em nome de terceiros por conta e ordem destes. Os procedimentos a serem seguidos nestas operações estão atualmente disciplinados na IN SRF nº 225/02. Considerando a possibilidade de importações, com a intervenção de terceiros, fato previsto em lei e disciplinado pela Receita Federal, torna mais forte a pena a ser aplicada quando importador e real adquirente, utilizando de fraude ou simulação oculta esta operação do conhecimento dos órgãos de controle aduaneiro, visto que, o fato de não seguir as determinações normativas para as importações por conta e ordem, acarretam prejuízo aos controles aduaneiros, fiscais e tributários. A par de toda a discussão sobre a aplicação da pena de perdimento da mercadoria por dano ao erário, a matéria ainda não fica totalmente resolvida, visto que em determinadas situações, a pena de perdimento por diversos motivos não pode ser aplicada. Aqui tem os um empecilho ao cumprimento da norma, já que impedida de aplicar o perdimento, se não existir outra pena possível, equivaleria a uma ausência de Fl. 2910DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.900 23 punibilidade, o que poderia além do prejuízo não ser ressarcido, estimular futuros atos ilícitos, diante da não aplicação da pena aos infratores. Tal fato não ficou desconhecido pelo legislador, que de forma lúcida, criou a possibilidade da conversão da pena de perdimento em multa, no valor de 100% do valor da mercadoria, conforme previsto art. 23, § 3º do Decreto Lei nº 1.455, de 1976. Diante do arcabouço legal que trata a matéria, fica cristalino a procedência da aplicação da pena de perdimento, nas situações em que for comprovada a ocultação dos reais adquirentes da operação de importação, bem como a conversão da pena de perdimento em multa.Tal posição já é matéria assentada neste CARF, conforme se verifica nos acórdãos nº 9303001.632, 320100.837 e 310200.792. 7.2 Da Interposição Fraudulenta de terceiros no presente caso Em seu recurso, ao tratar do mérito da questão sob análise, manifesta a Recorrente em corroborar os termos de sua impugnação, afirmando que são inverídicas as informações de que a empresa não dispõe de patrimônio e capacidade operacional, sem buscar, contudo, refutar os pontos consignados no Relatório de Auditoria Fiscal (fls. 16/31). Restanos procedermos a análise do recurso proposto, com base nos documentos e informações colhidos neste autos, cujo objetivo do procedimento foi identificar e coibir a ação fraudulenta de empresas de fachada que ocultam a origem de recursos ou os responsáveis por infração a legislação. Cabenos, então, identificar se a situação em comento se amolda a situação descrita nos instrumentos normativos indicados. Para corroborar a acusação do Fisco (falta de capacidade econômica/ operacional e interposição fraudulenta), foi trazido aos autos, dentre outros, o Relatório de Auditoria às fls. 16/31, bem como o resultado da Representação Fiscal para inaptidão do CNPJ às fls. 13/15 (gerou o PAF nº 10183.005401/200521, cópia apensadas a estes autos), provenientes do procedimento especial de fiscalização, realizado em cumprimento ao disposto no art. 3º da IN SRF nº 228, de 2002, onde ao final concluise tratar de um caso de interposição fraudulenta, em que a empresa YHP Confecções Ltda e o Sr. Yong Ho Park utilizam o nome da SIENS Importação e Exportação Ltda., para realizarem suas próprias operações, com o fito de ofuscar tanto a verificação da origem dos recursos aplicados, quanto os verdadeiros responsáveis por infrações à legislação de regência, uma vez que ficou comprovado que a empresa interposta não dispõe de patrimônio e de capacidade operacional hábeis à realização de seu objeto. Destacase às fls. 1.885/1.886, o Termo de Juntada de Documentos, datado de 25/02/2011, a seguir reproduzido: "Nesta data, procedi a juntada ao presente processo, dos documentos de fls. 120 a 1.813, que referese à copia do processo n° 10183.005401/200521, conforme solicitação feita através da Resolução nº 2.034 7ª Turma da DRJ/FOR, fls. 115 a 118, do processo acima mencionado". Consta dos autos que o crédito tributário ora sob discussão, é decorrente de procedimento especial de fiscalização, concernente às operações de comércio exterior realizadas pela empresa SIENS Importação e Exportação Ltda., com o escopo de identificar e coibir a ação fraudulenta de interpostas pessoas, o que culminou com a lavratura do auto de infração (AI de fls. 03/10), relativo à conversão da pena de perdimento das mercadorias, fruto da ocorrência de interposição fraudulenta de terceiros conforme os arts. 602, 604 e 618, inciso Fl. 2911DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 24 XXII do Decreto nº 4.543/2002; art. 73, §§ 1º e 2º da Lei nº 10.833/2003 e art. 23, inciso V, §§ 1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76, com esteio na redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/2002, em penalidade pecuniária, no importe equivalente ao respectivo valor aduaneiro dos bens, à vista da impossibilidade de apreensão das mesmas. Ressalta a Recorrente em seu recurso, a decisão sobre fatos supervenientes ocorridos após a autuação, como o restabelecimento da inscrição Cadastral no CNPJ da SIENS, considerandose o advento da Lei n° 11.488, de 15/06/2007. Alega que a autoridade julgadora da DRJ, apresentou dispositivo normativo, §3º do art. 727 do Decreto n° 6.759, de 05/02/2009, como fundamento legal para rejeição dos argumentos da SIENS, especialmente, com relação à eficácia da Lei 11.488/2007. Neste aspecto, também concordo com a decisão recorrida de que o fato de a unidade competente DRF em Cuiabá/MT, em sua análise do processo de Inaptidão do CNPJ, haver afastado a suspeita de ocultação dos reais fornecedores (exportadores estrangeiros) e a dependência financeira da SIENS em relação à YHP Confecções Ltda., como também de anular o Ato Declaratório Executivo nº 90, de 19/06/2007 (fl. 1.824), que declarou a inaptidão, por inexistência de fato, do CNPJ da SIENS, o que foi realizado através do Ato Declaratório Executivo nº 157, de 24/07/2007 (fl. 1.875/1.876), por entender que no momento da publicação não mais se configurava a base legal determinante da inaptidão (Lei nº 11.488, de 15/06/2007), em nada abala a caracterização da interposição fraudulenta de terceiros, tão bem fundamentada e demonstrada nos autos. Verificase dos autos que a empresa SIENS foi constituída em 16/09/2003, consoante pesquisa no sistema CNPJ à fl. 54, só vindo registrar a primeira Declaração de Importação (DI) em 17 de janeiro de 2005, como atesta o relatório de auditoria à fl. 17. Por conseguinte, ate o anocalendário 2004 a empresa não apresentou movimento, tendo, inclusive, entregue Declaração de Informações EconômicoFiscais (DIPJ) dos exercícios 2004 e 2005, lucro presumido, sem consignar importância a titulo de receita bruta (fls. 1.605/ 1.610). A situação, no entanto, alterase a partir de 17/01/2005, momento a partir do qual importou mais de US 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil dólares) e os rendimentos informados pelos sócios em suas DIRPF, eram incompatíveis com a movimentação apresentada. No Relatório de Auditoria Fiscal (fls. 16/31), o Fisco relata o seguinte, "(...) Em vista disso, a empresa foi novamente intimada em 21/07/2005 a apresentar a documentação/esclarecimentos faltantes, bem como documentação/esclarecimentos complementares, no prazo de 05 dias úteis, quais sejam: DIRPF Exercício 2005 dos sócios; Notas Fiscais de Saída de mercadorias; O sócio Kyung Dai Min foi intimado a atualizar o endereço no Cadastro de Pessoas Física (CPF), de forma a não dificultar/embaraçar a fiscalização, tendo em vista que na DIRPF de 2005 ainda foi informado endereço diferente dos comprovantes de residência apresentados; Extrato da outra conta corrente da empresa, de outubro/2004 a junho/2005, de onde originou o depósito de R$ 150.000,00 para a conta 371017, agência 1461, Banco Bradesco; Apresentar declaração explicando qual o vinculo entre a empresa G. Honey Global Co. Ltd. e a empresa Siens Importação e Exportação Ltda; Apresentar declaração explicando qual o vinculo da empresa fiscalizada Siens Importação e Exportação Ltda com a YHP Confecções LTDA e os Srs. Yong Ho Park e Ricardo Don Pio Kwak;Apresentar a Demonstração do Resultado do Exercício — DRE de 2004; Livro Diário de Outubro de 2004 a Junho de 2005; Livro Razão de Outubro de 2004 a Junho de 2005; Informar/comprovar o remetente dos seguintes depósitos na conta corrente acima, bem como a natureza da operação: Em 21/01/2005 crédito de R$ 300.000,00; 27/01/2005 houve a transferência de R$ 240.000,00 para a conta corrente da empresa YHP Confecções LTDA. Qual a natureza desta Fl. 2912DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.901 25 operação? em 01/02/2005 crédito de R$ 250.000,00;23/02/2005 crédito de R$ 100.000,00 24/02/2005 crédito de R$ 250.000,00;24/03/2005 crédito de R$ 49.138,07, outro de R$ 132.642,89 e outro de R$ 5.216,54 29/03/2005 créditos de R$ 25.410,07 e R$ 56.551,61;30/03/2005 créditos de R$22.845,95 e R$ 22.524,62;31/03/2005 créditos de R$20.751,62, R$ 28.837,45, R$ 4.183,25, R$12.098,87, R$ 26.722,17, R$ 43.535,71, R$ 37.210,94 (estornado) e R$ 36.939,14;01/04/2005 crédito de R$ 23.429,18;04/04/2005 crédito de R$ 41.662,58;05/04/2004 créditos de R$ 18.121,25, R$ 18.806,57 e R$ 139.348,82; 06/04/2005 crédito de R$ 65.302,76;12/04/2005 crédito de R$ 25.342,54; 14/04/2005 crédito de R$ 16.535,78;15/04/2005 crédito de R$ 22.731,10; 18/04/2005 crédito de R$ 20.123,45; 19/04/2005 créditos de R$ 16.463,14 e R$ 16.953,86;20/04/2005 crédito de R$15.516,99; 25/04/2005 crédito de R$ 23.973,40;26/04/2005 crédito de R$ 52.764,95;27/04/2005 crédito de R$ 34.994,77;28/04/2005 crédito de R$ 23.950,21 e R$ 23.700,00;04/05/2005 créditos de R$ 20.377,77, R$ 20.824,97 e R$ 15.669,09;05/05/2005 crédito de R$ 55.714,04;06/05/2005 crédito de R$ 35.074,18;09/05/2005 crédito de R$ 26.775,14 e R$ 81.161,36; 10/05/2005 créditos de R$ 19.996,73, R$ 21.365,82, R$ 47.037,20 e R$ 49.197,17; 17/06/2005 crédito de R$ 300.000,00. Após analisados todos os documentos e informações apresentados (extratos bancários, câmbios, empréstimos, o Fisco chegou a seguinte conclusão (grifouse): "A empresa não comprovou a condição de real adquirente e vendedor das mercadorias importadas; Ficou comprovado que os recursos empregados nas operações de comércio exterior não são de titularidade dos sócios Kyung Dai Min e Ok Joo Park Lee, nem tampouco gerados pelas operações da SIENS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, conforme será exposto abaixo;Os proprietários de fato dos recursos empregados nas operações de comércio exterior da empresa em tela são: YHP Confecções LTDA, CNPJ 04.805.699/000118 e Yong Ho Park, CPF 215.380.78830". Outro elemento que levaram às conclusões acima, foi a análise do patrimônio dos sócios (Ok Joo Park Lee e Kyung Daí Min), conforme suas Declarações de Imposto de Renda (2001 a 2004), demonstrando incompatibilidade com o volume de operações apresentado pela empresa (demonstrativos à fl. 21). Da mesma forma ocorreu, quando da análise do extrato da Conta Corrente nº 37.1017, do Banco Bradesco (ano de 2004/2005), da titularidade da Recorrente (fls. 23/27) e dos Contratos de Câmbio: "Em resumo, através da declaração assinada pelo indigitado sócio Kyung Dai Min em 26/07/2005, a empresa tenta justificar os elevados créditos ocorridos em sua conta corrente como sendo pagamentos de clientes por compras realizadas". Do Capital Social Quanto aos recursos da empresa, verificase que em 26/01/2005, o Capital Social da Recorrente, conforme Contrato Social apresentado, passou de R$ 150.000,000 para R$ 1.000.000,00, e se encontrava desta forma distribuído: o sócio Kiung Daí Min passou de R$ 135.000,00 para R$ 985.000,00 e o sócio Ok Joo Park Lee continuou com R$ 15.000,00 (demonstrativo à fl. 22). Conforme consignado no Relatório de Auditoria, "da análise do extrato bancário apresentado pela fiscalizada constatamos que o saldo da conta corrente da empresa no dia 20/12/2004 era R$ 0,00 (zero); no dia 12/01/2005 a conta recebeu um crédito de R$ 150.000,00 através de Transferência Eletrônica Disponível (TED). O remetente destes recursos está identificado no extrato bancário apresentado pela própria fiscalizada como sendo YHP Confecções LTDA. O CNPJ da YHP Confecções LTDA é 04.805.699/000118. São sócios da YHP: Sr. Min Suk Lee e Yong Ho Park, CPF 215.380.78830". Fl. 2913DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 26 E o Fisco continua informando que, à fl. 22, (...) Este valor corresponde ao primeiro crédito na conta corrente da empresa e é igual ao valor do capital social em 25/10/2004, momento da entrada dos sócios atuais e a partir do qual a empresa saiu da inatividade. Conforme extrato bancário estes R$ 150.000,00 foram utilizados para o pagamento dos tributos incidentes nas primeiras importações da SIENS, bem como de outras despesas, demonstrando que esta não dispunha dos recursos necessários à realização de suas atividades, que os recursos que mantiveram a empresa são da YHP Confecções LTDA (identificada no extrato bancário como depositante), e que a SIENS está cedendo seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais beneficiários. Fato grave que confirma a tese acima foi encontrada nos documentos contábeis apresentados pela empresa Siens. O livro diário n° 004 relativo ao ano de 2005, em sua folha 03, assim registra a operação relativa a entrada dos R$ 150.000,00 em tela: CONTA DEVEDORA: Banco Bradesco; C/C CONTA CREDORA Diversos 150.000,00 HISTÓRICO: Valor injetado pelos sócios para pagamento de despesas. Com isso, concluise que, se o valor de R$ 150.000,00, foi enviado pela YHP Confecões Ltda, e os registros contábeis afirma que se trata de valor injetado pelos sócios, não resta dúvidas que se está reconhecendo que a YHP Confeções Ltda é "sócia" da SIENS, portanto, estamos diante de uma situação que configura interposição fraudulenta, uma vez que a primeira não consta do quadro societário da segunda. Examinandose o contido nos Relatórios dos Despachos Decisórios exarados pela ocasião do exame da inaptidão do CNPJ, sendo eles o DD DRF/CBA nº 1.334, de 2006 (fls. 1.611 e sgts) e o DD DRF/CBA nº 688, de 2007 (fl. 1.806 e sgts), podese chegar as seguintes conclusões: De inicio, entendo incabível a aceitação da tese apresentada pela defesa de que a integralização do capital no valor de R$ 150.000,00, ocorrida em 12 de janeiro de 2005, originouse de empréstimo entre o sócio Kyung Dai Min, CPF 212.900.04870 e o Sr. Yong Ho Park CPF, 215.380.78830, pois a própria manifestante ratifica o que se consignou no relatório de auditoria no sentido de que esse valor lhe foi transmitido diretamente pela empresa YHP Confecções Ltda, CNPJ 04.805.699/000118, cujo quadro societário é integrado justamente pelo Sr. Yong Ho Park, ambos indicados no procedimento de fiscalização como os reais proprietários dos recursos empregados nas operações de comércio exterior, conforme descrito no Relatório de Auditoria (fl. 21). No que toca à segunda integralização no montante de RS 850.000,00, conforme extrato fl. 300, a Recorrente afirma ser oriundo do contrato de "mutuo feneratício" (um contrato de mútuo com incidência de juros), firmado entre o sócio, o Sr. Kyung Dai Min, e o Sr. Yong Ho Park, em 26 de janeiro de 2005, conforme copia juntada às fls. 298/299, sem o oferecimento de qualquer espécie de garantias. No entanto, a mera apresentação do contrato não é elemento bastante comprovação da efetiva realização da operação de empréstimo. Para tal, a Recorrente teria de provar que o contraente da obrigação quitou o valor avençado, fato que não ficou comprovado nos autos, uma vez que o referido contrato estipula em seu item '2', que "a quantia pecuária supra emprestada deve ser devolvida pelo mutuário ao mutuante, no local a ser determinado por este, até 31.12.2005, acrescido de correção monetária definida pelo IGP ou pelo outro equivalente". E não havendo a quitação, ao menos em parte, no decorrer do anocalendário 2005, essa operação deveria vir consignada na Declaração de Rendimentos da Pessoa Física (DIRPF) simplificada do exercício 2006 do Sr. Kyuag Dai Min CPF 212.900.04870. Fl. 2914DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.902 27 Todavia, reportandonos a essa declaração, mais exatamente à ficha relativa a "divida e ônus reais" (fl. 1.586), temse que nenhum empréstimo foi declarado, muito menos no valor correspondente ao aporte de RS 850.000,00. Outra constatação que merece ser delineada indicando que a operação de empréstimo não se realizou de fato é que ao examinarmos a DIRPF simplificada relativa ao anocalendário 2004 apresentada pelo Sr. Kyun Dai Min (fls. 1.594 a 1.597), notase que o total de rendimentos, bens e direitos declarados importam em RS 308.245,00, ou seja, ainda que o mutuário se desfizesse de todos os seus bens, a renda dai obtida adicionada dos rendimentos declarados, jamais seria suficiente a quitação do empréstimo no prazo estipulado. Assim, temse que na realidade, o "contrato de mutuo" foi formalizado unicamente com o intuito de cercar a fictícia operação de empréstimo com uma aura de credibilidade, o que não se sustenta diante de tudo que até aqui foi exposto. Desta forma, concluise que a totalidade do capital social da representada na realidade não foi integralizada pelas pessoas físicas integrantes do quadro societário, e sim pela empresa YHP Confecções Ltda, relativamente ao valor de RS 150.000,00 e pelo Sr. Yong Ho Park, no que pertine ao montante de R$ 850.000,00, de modo a formar um capital de R$ 1.000.000,00, o que denota claramente a interposição de pessoas. Em resumo temos que todo o capital social da SIENS foi integralizado com recursos provenientes de conta da YHP Confecções LTDA, de propriedade do Sr. Yong Ho Park, e de conta do próprio Sr.Yong Ho Park. Ressaltase que não apenas a efetividade da transferência, mas também a origem dos recursos aplicados pelo sócio cotista são requisitos cumulativos e essenciais à comprovação de regularidade dos recursos envolvidos no financiamento das atividades de uma empresa, aspectos intrinsecamente relacionados aos reais intervenientes envolvidos na execução de suas atividades operacionais, em conformidade às conclusões previstas no art. 23, do DL nº 1.455, de 1976, bem como o disposto na IN SRF n° 228, de 2002. Examinandose os autos, entendo que restou claramente demonstrado, que a empresa SIENS foi criada principalmente para promover operações de comércio exterior com o propósito maior de ocultar seus reais beneficiários e também proprietários de fato, quais sejam: a YHP Confecções Ltda. e o Sr. Yong Ho Park, sendo estes comprovadamente os verdadeiros integralizadores de seu capital social, como também financiadores e gestores de toda a operação, ofuscando dessa forma a verdadeira origem dos recursos aplicados, bem como, os genuínos responsáveis por tais operações. Quanto à Procuração concedida aos Srs. Yong Ho Park e Ricardo Don Pio Kwak (doc. fls. 301/302), é certo que para facilitar a gerência dos seus negócios é comum que uma determinada pessoa (física ou jurídica) delegue poderes a terceiros de maneira a propiciar uma melhor administração da empresa. Entretanto, na situação em pauta, causa espécie que o mandatário dos poderes "amplos, gerais e ilimitados", ao Sr. Yong Ho Park, isto é, exatamente a mesma pessoa que ingressou com o montante de R$ 850.000,00 no capital social da representada por intermédio do "empréstimo" acima comentado, o que vem tãosomente reforçar a interposição de pessoas, como registrado no Relatório de Auditoria fiscal. Como se vê, também não procede a alegação da Recorrente ao afirmar que segundo a visão e conclusão do PAF de inaptidão do CNPJ, só restou pendente o fato e ou Fl. 2915DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 28 conduta de ceder o nome para realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários. 7.3 Da eficácia da Lei nº 11.488/2007 e do art. 727 do Decreto n° 6.759, de 2009 Alega a Recorrente em seu recurso que a autoridade julgadora apresentou dispositivo normativo, §3º do art. 727 do Decreto n° 6.759, de 2009, como fundamento legal para rejeição aos argumentos da SIENS, especialmente, com relação à eficácia da Lei nº 11.488/2007. Que ao tempo do fato gerador, não regia nem a Lei em comento, muito menos o Decreto acima; porém, o advento da lei que veio regulamentar a favor do contribuinte tem sua aplicabilidade retroativa, em consonância ao princípio de nãoagravação do contribuintes, razão pela qual houve o acolhimento das alegações da SIENS no processo administrativo de Declaração de Inaptidão da Inscrição no CNPJ, assim restabelecendo a inscrição no CNPJ. Assim, continua a Recorrente, é de se notar que o Julgador comete equívoco ao trazer a tal norma legal contida em Decreto mencionado, qual seja: (a) que o artigo 33, da Lei n°11.488/2007 trata de aplicação de pena em caso de operação de comércio exterior, com o fito de ocultar o real interveniente ou beneficiário, sendo certo que a pena pecuniária passou a ser 10% do valor aduaneiro; (b) que o Decreto apontado, trata da aplicabilidade de pena de perdimento das mercadorias retidas pela fiscalização, por motivo de acobertamento de real interveniente da operação do comércio exterior, o que é totalmente diferente do teor do item anterior; e (c) tanto isso é verdadeiro que os dispositivos do mesmo Decreto mantém os mesmos teores do artigo 33, da Lei n° 11.488/2007, no que diz a respeito da aplicação de pena em caso de acobertamento: a multa de 10% sobre o valor de operação. E termina afirmando que deve se atentar para o seguinte: (i) o fato gerador se deu em maio de 2005; (ii) o advento da Lei n° 11.488, foi em 15/06/2007; e (iii). o Decreto n° 6.759, é de 05/02/2009, isto é, posteriormente à lei supra. Pelo que se nota, a Recorrente se insurge contra a fundamentação dada pela decisão recorrida, afirmando que, para o litígio em questão (caso julgado pertinente o teor fático do lançamento), darseia a aplicação da penalidade contida no art. 33 da Lei nº 11.488, de 15/06/2007, por acreditar que o citado dispositivo afastou a aplicação da tipificação utilizada pelo Fisco, decorrendo daí, a seu modo de ver, a nulidade da exação. Primeiramente, é importante de se ressaltar que, conforme se depreende dos autos, aqui não se está cuidando da tipificação averbada pela Recorrente, ou seja, da cessão do nome, mas, sim, de interposição fraudulenta de terceiros. A pena de perdimento por ocultação do real adquirente ou interposição fraudulenta, capitulada como infração no artigo 23, V, do DecretoLei n° 1.455/1976, deixou de ser imputável ao importador ostensivo, em coautoria com o real encomendante/adquirente, a partir da entrada em vigor do art. 33 da Lei n° 11.488/2007, assim disposto, in verbis: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (grifouse). Fl. 2916DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.903 29 O § 1º do artigo 81 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, por sua vez, estabelece o que segue, in verbis: Art. 81. Poderá, ainda, ser declarada inapta, nos termos e condições definidos em ato do Ministro da Fazenda, a inscrição da pessoa jurídica que deixar de apresentar a declaração anual de imposto de renda em um ou mais exercícios e não for localizada no endereço informado à Secretaria da Receita Federal, bem como daquela que não exista de fato. § 1º Será também declarada inapta a inscrição da pessoa jurídica que não comprove a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se for o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior. Observese que o parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, supratranscrito, dispõe que, para o caso previsto no caput do artigo, qual seja, a exigência da multa de 10% do valor da operação acobertada da pessoa jurídica pela irregular cessão do nome em operações de comércio exterior, não se aplica o artigo 81 da Lei nº 9.430/1996, que determina a declaração de inaptidão do CNPJ nos casos de não comprovação da origem, disponibilidade e efetiva transferência de recursos empregados em operações de comércio exterior. Verificase que antes da edição da Lei nº 11.488/2007, nos casos em que não se comprovasse a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência, se fosse o caso, dos recursos empregados em operações de comércio exterior, haveria que se declarar a pessoa jurídica inapta. Essa previsão incluía, inclusive, a hipótese do § 2º do artigo 23 do Decreto lei nº 1.455/1976, como disposto no § 4º do artigo 81 da Lei nº 9.430/1996. Com a edição da Lei nº 11.488/2007, em razão do contido no parágrafo único de seu artigo 33, não mais se aplica o disposto no artigo 81 da Lei nº 9.430/1996, ou seja, não mais se declara inapta a pessoa jurídica naquelas situações, exatamente como ocorreu no caso da Recorrente, qual seja, o acolhimento das alegações da SIENS no processo administrativo de Declaração de Inaptidão da Inscrição no CNPJ, restabelecendo a sua inscrição no CNPJ. Como se vê, a Lei nº 11.488/2007, trouxe nova previsão relativamente à penalidade que possui feição de descumprimento de obrigação tributária acessória, para não mais se declarar a infratora inapta e sim, dela exigir multa equivalente a dez por cento do valor da operação acobertada. A multa capitulada no § 3º do, inciso V, artigo 23 do Decreto lei nº 1.455, de 1976, por sua vez, é exigida quando as mercadorias sujeitas à pena de perdimento, prevista em seu § 1º, em virtude da caracterização de dano ao Erário, não mais estarem disponíveis, por não serem localizadas, terem sido consumidas ou revendidas. É de se notar que a pena de perdimento tem natureza diversa da declaração de inaptidão antes prevista. Enquanto aquela tem como objeto a pessoa jurídica, esta é de controle (administrativo) aduaneiro, incidindo sobre as mercadorias importadas em situação irregular, e seriam, portanto, perfeitamente aplicáveis simultaneamente. O que a decisão recorrida argumentou foi que a Lei nº 11.488/2007, ao mesmo tempo em que determinou a não aplicação da inaptidão à pessoa jurídica infratora, Fl. 2917DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 30 previu a exigência de multa pecuniária. Essa substituição de penalidade em nada altera sua natureza e, portanto, fica mantida a possibilidade de sua exigência simultânea com a pena de perdimento, que, notese, não foi revogada em nenhum momento, ainda que essa pena tenha sido convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. E é nesse sentido, que prevê o 3º do artigo 727 do Decreto nº 6.759/2009, Regulamento Aduaneiro, com a redação dada pelo Decreto nº 7.213/2010, in verbis: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3º A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (destaquei) E, portanto, o procedimento feito pela fiscalização está correto, pois como é consabido, não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar textos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico, em observância ao art. 142, parágrafo único, da Lei nº 5.172, de 1966, Código Tributário Nacional CTN: Parágrafo único – A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Verificase a perfeita independência entre as infrações em comento, não cabendo se falar no afastamento da pena de perdimento, ou sua substitutiva, em face da cominação exclusiva contida no art. 33 da Lei nº 11.488/2007. Não vislumbro acolhimento à tese da defendente acerca da eventual substituição da multa ora exigida pela multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007. Entendo que, na verdade, a referida propositura da Recorrente não ocasiona a nulidade deste feito, ao contrário, o robustece. Portanto, não há que se falar em qualquer nulidade do presente feito, uma vez que a impugnante não foi acusada de explicitamente ceder seu nome empresarial a eventual cessionário, mas, sim, efetivamente, de cometer infração administrativa capitulada como Dano ao Erário, por interposição fraudulenta, restando escorreita, portanto, a tipificação dada pela fiscalização. 8. Da Responsabilidade Solidária (YHP e Sr. Yong) Conforme já analisado em tópico anterior, muito embora os referidos responsáveis solidários tenham sido devidamente cientificados do lançamento, não constam nos autos, até o presente, quaisquer manifestações das partes. Em seu recurso, a SIENS Importação Exportação Ltda., requer o afastamento da empresa YHP Confecções Ltda. do pólo passivo desta exação, no entanto, por si só, não merece guarida, por lhe carecer legitimidade para assim proceder. Aliás, esse fato, também robustece a tese de interposição fraudulenta de terceiros. Fl. 2918DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.904 31 No tocante à responsabilidade solidária da empresa YHP Confecções Ltda. e do Sr. Yong Ho Park, a fiscalização trouxe aos autos elementos e fundamentos suficientes a ensejar a conclusão pela efetiva participação de ambos para o concurso dos eventos em exame. Vejase o trecho reproduzido do corpo do Auto de Infração (fl. 4): "O Sr. Yong Ho Park e a empresa YHP Confecções Ltda são apontados no Relatório de Auditoria da fiscalização já citada (anexo a este Auto de Infração) como proprietários de fato da Siens Importação e Exportação Ltda, como os reais mantenedores e beneficiários das operações da Siens, portanto, responsáveis solidários pelas obrigações decorrentes das atividades da empresa fiscalizada, conforme previsão no Código Tributário Nacional: Art. 124. são solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal" (...). Na decisão recorrida, observase que também foi reproduzido o art. 95 do DecretoLei nº 37/1966, que trata desse tema nos seguintes termos: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; (...). Desta forma, a empresa YHP e o Sr. Yong Ho Park, como amplamente debatido nos autos, por haverem participado ativamente nos negócios que culminaram com a formalização do crédito tributário em desfavor da autuada, devem figurar solidariamente no pólo passivo da relação jurídica tributária objeto desta lide, haja vista a subsunção hialina dos fatos à norma. 9. Do processo de Inaptidão do CNPJ Em primeiro plano, releva dizer que o procedimento fiscal previsto na IN SRF n° 228, de 2002, não tem os contornos de um processo fiscal, uma vez que é fase inquisitória e precedente a possível lavratura de auto de infração e/ou declaração de inaptidão de CNPJ, estes dois atos administrativos sim, diversos e autônomos, cada qual possibilitando a existência de um processo administrativo stricto sensu, na medida em que contêm sanções, e como tal, devem seguir ritos próprios, que observem os postulados do contraditório e da ampla defesa. Quanto às questões abordadas sobre a declaração de inaptidão do CNPJ da empresa, não cabe a este Conselho (CARF) manifestarse, uma vez que não existe tal competência determinada pelo RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Entretanto, cumpre, apenas como medida de boa ordem, transcrever o que preceitua o art. 11 da Instrução Normativa (IN) SRF nº 228/2002: "Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Fl. 2919DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 32 Decretolei n° 1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: 1 ocultação do verdadeiro responsável pelas operações, caso descaracterizada a condição de real adquirente ou vendedor das mercadorias; II interposição fraudulenta, nos termos do § 2a do art. 23 do Decretolei n° 1.455, de 1976, com a redação dada pela Medida Provisória n° 66, de 29 de agosto de 2002, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, inclusive na hipótese do art. 10. Parágrafo único. Nas hipóteses previstas nos incisos I e II do caput, será ainda instaurado procedimento para declaração de inaptidão da inscrição da empresa no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)." Sobre o dispositivo reproduzido, duas observações são necessárias. Primeira: "concluído" o procedimento "aplicarseá" a pena de perdimento nas hipóteses citadas (incisos I e II). Isto quer dizer que aplicação do perdimento (e a sua eventual conversão em multa, na hipótese de mercadoria não localizada ou que tenha sido consumida) prescinde de qualquer outro ato além da conclusão do procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas, instituído pela IN SRF nº 228/2002. Segunda: será instaurado "ainda", também, o procedimento com vistas à inaptidão da inscrição da empresa no CNPJ (à época dos fatos, nos termos dos art. 37 a 39, da IN SRF n° 200, de 13 de setembro de 2002). A expressão "ainda" não está ali por acaso. Ela significa que, além do processo de perdimento, será promovido igualmente o processo de Inaptidão. Logo, o processo de inaptidão é paralelo ao processo de perdimento e não fundamento deste último. Resumindo, os processos de Perdimento e de Declaração de Inaptidão do CNPJ têm uma origem comum, qual seja o procedimento especial no qual se constata a ocultação do verdadeiro responsável pelas operações ou a interposição fraudulenta, em decorrência da não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados, todavia são autônomos entre si. Enfim, o término do processo de inaptidão não é pressuposto para o início do processo de perdimento. Um independe do outro. 10. Conclusão Diante do conjunto de fatos e documentos trazidos aos autos, concluise que estamos diante de um caso de interposição fraudulenta, ou seja, a empresa YHP Confecções Ltda e o Sr. Yong Ho Park, utilizaramse do nome da empresa SIENS Importação e Exportação Ltda., para realizar suas operações de importação, com a finalidade de dificultar a verificação da origem dos recursos aplicados e dos responsáveis por infração a legislação, uma vez que restou comprovado que a SIENS não dispõe de patrimônio e capacidade operacional necessários a realização de seu objeto. E importante ressaltar que a penalidade que esta sendo imputada à Recorrente diz respeito a interposição fraudulenta de terceiros, e não a da cessão do nome. Posto isto, conheço do recurso voluntário apresentado, para negarlhe provimento, MANTENDOSE a multa objeto da presente lide à SIENS Importação e Fl. 2920DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10183.005400/200587 Acórdão n.º 3402003.288 S3C4T2 Fl. 2.905 33 Exportação Ltda., bem como, a condição de responsáveis solidários da YHP Confecções Ltda e do Sr. Yong Ho Park. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 2921DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 10980.905614/2008-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS.
Ano-calendário: 2003
REGRAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE OS VALORES INDICADOS NA DCOMP E OS DECLARADOS EM DIPJ. EXISTÊNCIA DO CRÉDITO.
Mero erro de fato ou diferença no valor indicado na DCOMP com aqueles declarados em DIPJ, se comprovada a existência do crédito, não afasta os requisitos de certeza e liquidez.
Numero da decisão: 1301-000.641
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira
Seção de Julgamento, por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário.
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS. Anocalendário: 2003 REGRAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE OS VALORES INDICADOS NA DCOMP E OS DECLARADOS EM DIPJ. EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Mero erro de fato ou diferença no valor indicado na DCOMP com aqueles declarados em DIPJ, se comprovada a existência do crédito, não afasta os requisitos de certeza e liquidez. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada contra decisão proferida pela 1ª Turma da DRJ de Curitiba/PR. Cuidase no presente processo de declaração de compensação apresentada pela recorrente cujo direito creditório não foi reconhecido e, por conseguinte, não fora homologada a compensação. Depreendese do feito em análise que foi proferido Despacho Decisório pelo qual não se homologou a compensação intentada nos PER/DCOMP nº 33824.84321.251006.1.7.029202 (fls. 0509), e 30366.70433.260704.1.3.027000, assentando que analisadas as informações prestadas, não foi possível confirmar a apuração do crédito, pois o valor informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) não corresponderia ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP. O valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito seria de RS 71.369,96 e o valor do saldo negativo informado na DIPJ de RS 77.883,91. Devidamente notificada (fl. 02) a recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 10 – 24), aduzindo em síntese que no ano calendário de 2003, sofreu retenções de IRRF no importe total de R$ 73.977,60, e que desse total utilizou a importância de R$ 14.265,08 para quitar estimativa devida, remanescendo, portanto, o saldo de IRRF no montante de R$ 59.712,52, razão pela qual, seu saldo negativo seria composto pelo somatório desse IRRF (R$ 59.712,52), mais o valor de R$ 18.171,39 pago a título de estimativas, sendo a importância de R$ 14.265,08 quitada por compensação, e a importância de R$ 3.906,31, por pagamento. Relatou ainda, que por equívoco, informou nos PER/DCOMP que o saldo a restituir era de apenas R$ 71.369,96, mas que seria uma afronta a todo o ordenamento jurídico admitir que seu equívoco de informar apenas parte do saldo negativo de IRPJ possa aniquilar o seu direito material da totalidade do saldo negativo, enfatizando que, independentemente do equívoco de informar erroneamente o saldo nos PER/DCOMP, possuiria o direito à restituição do valor de R$ 77.883,91 e que seus créditos possuíam a liquidez e a certeza necessárias ao seu reconhecimento. Argumentou no mais, que em decorrência de expressa vedação contida no artigo 57 da IN n° 600, de 2005, não poderia retificar os PER/DCOMP anteriormente transmitidos para informar o saldo correto de R$ 77.883,91, e que restaria demonstrar que o crédito informado (R$ 71.369,96) era suficiente para homologar parcialmente as compensações efetuadas. Esclarecendo que não obstante os débitos objetos dos PER/DCOMP estivessem em atraso no momento da transmissão dos pedidos, não foram considerados a multa e os juros incidentes sobre os débitos e que diante da insuficiência de pagamentos, realizou a imputação proporcional "dos pagamentos efetuados através dos PER/DCOMPS aos valores devidos" e verificou o residual do principal ser pago e efetuou, mediante DARF, o recolhimento dos tributos que não foram compensados, acrescidos de multa de 20% e de juros de mora calculados da data do vencimento dos débitos até o dia 29/08/2008, data da apresentação da manifestação de inconformidade, conforme tabela espelhada à folha 22. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 10980.905614/200811 Acórdão n.º 1301000.641 S1C3T1 Fl. 2 3 A 1ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, nos termos do acórdão e voto de folhas 108 a 110, indeferiu a solicitação da contribuinte, fundamentando que a recorrente foi cientificada de que, na hipótese de não serem sanadas as irregularidades apontadas, o PER/DCOMP poderia ser indeferido/nãohomologado e que o crédito que a contribuinte apresenta no encontro de contas tem natureza de saldo negativo do IRPJ, significando que a contribuinte pretende utilizar na compensação o saldo resultante do confronto de seu IRPJ devido no ano — que no caso concreto corresponde a zero , com todos os seus créditos relativos àquele ano (imposto retido na fonte, estimativas pagas, etc). Destacouse na sequência, que esse saldo negativo deveria estar apurado de forma confiável na Ficha 12A de sua DIPJ, que se encontra espelhada às folhas 47, sendo certo que para a apuração do saldo negativo de R$ 77.883,91, a contribuinte computou apenas a importância de R$ 77.883,91, que teria quitado a título de estimativas, ocorrendo que, conforme já havia sido advertida, o saldo apurado no ajuste de sua ficha 12A não seria consistente, existindo evidências de que valores substanciais deixaram de ser incluídos naquele ajuste. Ressaltouse no mais, que as estimativas cuja existência foram levadas ao conhecimento da contribuinte na intimação não foram apenas confessadas em DCTF. Pelo contrário, foram efetivamente recolhidas, conforme se vê nos comprovantes anexados às fls. 104 a 107, no importe total de R$ 697.042,65, de sorte que se o saldo negativo da contribuinte é inconsistente e esta, intimada, não adota as providências para tornálo liquido e certo, outra solução não resta que não seja a não homologação da compensação, porquanto não faria sentido homologar compensação com saldo negativo que, sabidamente, não correspondente à realidade, e que fatalmente será questionado em pedidos posteriores. Assentou a decisão recorrida que para que se proceda à homologação, necessário se faz, pelo menos, a crença de que o saldo negativo utilizado corresponde à realidade, existindo a certeza em contrário, ou seja, sabendose que o saldo negativo, será objeto de questionamentos e alterações futuras, não se pode considerálo idôneo para fins de compensação. Diante dessas considerações, não se homologou as compensações ausentes os requisitos de certeza e liquidez. Cientificada da decisão desfavorável (fl. 114) a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 116 – 124) alegando em síntese que ao apreciar a manifestação de inconformidade e analisar a existência do saldo negativo de IRPJ da recorrente, a decisão recorrida apegouse a duas suposições que implicariam na inconsistência do crédito, a primeira delas relacionada à falta de retificação de DIPJ e/ou DCTF após o Termo de Intimação n° 697516958 e a segunda atrelada à existência de "evidências inequívocas de que valores substanciais deixaram de ser incluídos na apuração do ajuste anual do ano calendário de 2003”. Dito isso, destacou a recorrente que as supostas "evidências" referidas na decisão decorreriam do fato de não terem sido consideradas na DIPJ da empresa, para fins de apuração de saldo negativo, débitos de estimativa que haviam constado em DCTF, mas que as tais divergências perfaziam o valor de R$ 697.042,65, no período de janeiro a junho de 2003 (estimativa recolhida e declarada em DCTF, e não informada em DIPJ) e que a decisão recorrida indicou que em 12/09/2007, a recorrente foi intimada (intimação n° 697516958) a retificar suas DIPJ e DCTF, em virtude da existência das aludidas divergências. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 4 No intuito de infirmar as conclusões da decisão recorrida, mencionou a contribuinte que a DRJ partiu de premissas equivocadas e inconsistentes para realizar o raciocínio acima, tendo chegado à conclusão que não teria o menor cabimento, porquanto no ano calendário 2003, a recorrente realizou operação de incorporação, fato este considerado como evento especial' para fins de entrega de DIPJ. Nessa contextura, a Recorrente teria transmitido à RFB DIPJ relativa ao período de 10 de janeiro a 02 de julho de 2003, encerrando a apuração do IRPJ neste período (recibo de transmissão da declaração retificadora no Doc. 03) e que via de consequência, após o final do ano calendário 2003, foi entregue nova DIPJ à RFB, relativa apenas ao período de 03 de julho de 2003 a 31 de dezembro de 2003, conforme determina a legislação do IRPJ. Argumentou ainda, que tal fato poderia ser facilmente observado da mera análise dos sistemas da RFB, de sorte que ao efetuar o cálculo do ajuste anual do IRPJ relativo ao período de julho a dezembro de 2003, a recorrente teria apurado prejuízo, não havendo, portanto IRPJ a recolher. Ademais, sustentou a recorrente que muito embora não tenha apurado Imposto de Renda a recolher ao final do aludido período, considerando o valor de R$ 73.977,60 recolhido em seu favor a titulo de IRRF entre julho e dezembro de 2003, o que pode ser verificado nos sistemas da RFB, e o valor de R$ 3.906,31, recolhido a titulo de estimativa de IRPJ neste período, foi apurado Saldo Negativo de I RPJ no valor de R$ 77.883,91, sendo certo que ao contrário do que afirmou a DRJ, constatase que o crédito pleiteado é liquido e certo e o fato de informar apenas parte do saldo nos PER/DCOMP's, em evidente equívoco formal de preenchimento, não teria o condão de invalidar o crédito indicado. Por fim, aduziu que demonstrada a inequívoca existência e procedência do crédito de Saldo Negativo de IRPJ de 2004 (período de julho a dezembro de 2003), suficiente para realizar as compensação em comento, em que pese o equívoco formal cometido pela Recorrente, há que se dar provimento ao presente Recurso Voluntário, para o fim de homologar as compensações declaradas nos PER/DCOMP n° 33824.84321.251006.1.7.02.9202 e 30366.70433.260704.1.3.027000. É o relatório. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 10980.905614/200811 Acórdão n.º 1301000.641 S1C3T1 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. O recurso é tempestivo e dotado dos demais pressupostos de recorribilidade. Admitoo para julgamento. Temse na espécie situação em que as declarações de compensação apresentadas pela recorrente não foram homologadas ante a verificada contradição entre o saldo indicado na DIPJ e aquele declinado para compensação. A decisão recorrida, como observado no relatório acima minudenciado, considerou ausentes os pressupostos autorizadores da compensação na medida em que haveria substanciosas razões a indicar que alguns valores deixaram de ser incluídos no ajuste anual do ano calendário 2003. Nesse contexto, importa considerar se de fato a recorrente demonstrou a existência do crédito indicado ou ao menos parcela deste, porquanto o cotejo realizado pela decisão recorrida, com todas as venias, pareceme que não superou a questão a contento, ausentes as justificativas para não se homologar, ainda que parcialmente, as compensações. Como registrado nesses autos, a recorrente pretendeu restituirse de saldo negativo do IRPJ pago a maior no ano de 2003, e por motivo que ela própria chamou de “equívoco”, teria informado nas DCOMPs n° 33824.84321.251006.1.7.029202 e 30366.70433.260704.1.3.027000, que o saldo a restituir era de apenas R$ 71.369,96, quando a DIPJ em sua Ficha 12A estamparia valor correspondente a R$ 77.883,91. Como bem se observa na DIPJ da contribuinte (vide fl. 47) de fato a contribuinte indicou saldo negativo de R$ 77.883,91, ou seja, o valor considerado a menor na DCOMP decorra de mero equívoco no preenchimento ou de circunstância qualquer que se queira, não tendo o condão de obstar a homologação da compensação. A recorrente comprovou devidamente que muito embora não tenha apurado Imposto de Renda a recolher ao final do período, ao considerar o valor de R$ 73.977,60 recolhido em seu favor a título de IRRF entre julho e dezembro de 2003 e o valor de R$ 3.906,31, recolhido a título de estimativa de IRPJ neste período, foi apurado Saldo Negativo de IRPJ no valor de R$ 77.883,91, exatamente como descrito em sua DIPJ (fl. 47). Ao observar os autos, portanto, concluise que a despeito de a DCOMP indicar como saldo negativo de IRPJ a recuperar, valor inferior aquele contido na DIPJ a existência do crédito é ponto pacífico a revelar certeza e liquidez, situação que cotejada à luz do princípio da verdade material resultam na inarredável homologação da compensação declarada. Com essas considerações encaminho meu voto no sentido de DAR provimento ao Recuso Voluntário. Sala das Sessões, em 04 de agosto de 2011 Fl. 153DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 6 (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Fl. 154DF CARF MF Impresso em 02/03/2012 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/10/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 27/09/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE
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Numero do processo: 11075.720099/2013-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/08/2011 a 31/10/2011
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA EM MATÉRIA ADUANEIRA. INEXISTÊNCIA DE PROVA DE DANO AO ERÁRIO E DOLO ESPECÍFICO PARA ESSE FIM. É DESNECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DE DANO.
É desnecessário comprovar a efetiva ocorrência de dano ao erário (dano patrimonial decorrente da evasão de tributos) e dolo específico para esse fim para a configuração da interposição fraudulenta capitulada no art. 23, inciso V, §§1º e 3º, do Decreto-lei 1.455/76, uma vez que para a existência desta prática infracional basta a ocorrência de prejuízos ao controle administrativo-aduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA.
Provado nos autos por diferentes circunstâncias fático-jurídicas que o importador de direito interpôs fraudulentamente um terceiro (importador de fato), é cabível a incidência da pena de perdimento, passível de conversão em multa caso a mercadoria importada não seja apreendida.
MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME.
A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto-lei nº 1.455/76.
Numero da decisão: 3402-003.146
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que deu provimento parcial para excluir a multa por acobertamento, por aplicação do princípio da absorção. Vencidas as Conselheiras Thais de Laurentiis Galkowicz e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que deram provimento parcial para afastar a multa equivalente a 100% do valor aduaneiro, por aplicação do princípio da especialidade. Vencido o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, que deu provimento integral por entender que houve ocultação, mas não mediante simulação ou fraude. A Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz apresentou declaração de voto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro - Relator
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida União ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2011 a 31/10/2011 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA EM MATÉRIA ADUANEIRA. INEXISTÊNCIA DE PROVA DE DANO AO ERÁRIO E DOLO ESPECÍFICO PARA ESSE FIM. É DESNECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DE DANO. É desnecessário comprovar a efetiva ocorrência de dano ao erário (dano patrimonial decorrente da evasão de tributos) e dolo específico para esse fim para a configuração da interposição fraudulenta capitulada no art. 23, inciso V, §§1º e 3º, do Decretolei 1.455/76, uma vez que para a existência desta prática infracional basta a ocorrência de prejuízos ao controle administrativo aduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO CONVERTIDA EM MULTA. Provado nos autos por diferentes circunstâncias fáticojurídicas que o importador de direito interpôs fraudulentamente um terceiro (importador de fato), é cabível a incidência da pena de perdimento, passível de conversão em multa caso a mercadoria importada não seja apreendida. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 5. 72 00 99 /2 01 3- 35 Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, que deu provimento parcial para excluir a multa por acobertamento, por aplicação do princípio da absorção. Vencidas as Conselheiras Thais de Laurentiis Galkowicz e Maysa de Sá Pittondo Deligne, que deram provimento parcial para afastar a multa equivalente a 100% do valor aduaneiro, por aplicação do princípio da especialidade. Vencido o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, que deu provimento integral por entender que houve ocultação, mas não mediante simulação ou fraude. A Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz apresentou declaração de voto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula – Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de auto de infração lavrado em face do Recorrente para fins de exigência de (i) Imposto de Importação, (ii) Imposto sobre Produtos Industrializados na importação, (iii) PIS/COFINS, sendo todas essas exações acrescidas de multa de ofício e juros de mora. Não obstante, sob a acusação de interposição fraudulenta, também foi imposto em desfavor da Recorrente pena de perdimento de mercadorias importadas, convertida em multa, nos termos do art. 23, inciso V, §§ 1o. e 3o. do Decretolei n. 1.455/76, bem como a multa de 10% do valor aduaneiro das mercadorias pela suposta cessão de nome da Recorrente para acobertar real importador da mercadoria estrangeira. 2. Segundo a acusação fiscal a Recorrente teria promovido, em nome próprio, a importação de equipamentos de segurança e proteção individual da Argentina, importação esta retratada pelas DI's n.s 11/15890400 e 11/20149179. Acontece que, segundo a fiscalização, a Recorrente não seria a real importadora de tais mercadorias, papel este atribuído à empresa Mazola Importação e Exportação Ltda. ("Mazola"). 3. Os fatos e provas invocados pela fiscalização que atestariam a infração alhures detalhada seriam os seguintes: (i) a Mazola seria a distribuidora no Brasil dos produtos destinados a segurança no trabalho e produzidos pela exportadora (Libus Argentina); (ii) a Recorrente não possuía como objeto social a importação dos produtos aqui detalhados, mas apenas a importação de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumarias; Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.019 3 (iii) a Mazola detinha um RADAR simplificado no momento em que ocorridas as importações aqui retratadas, cujo limite semestral de importação estava próximo do fim, o que motivou procurar a Recorrente para fazer as importações em seu nome; (iv) as notas fiscais de entrada apontavam que as mercadorias importadas seriam destinadas à fabricação, mas as notas de saída, emitidas no dia imediatamente seguinte ao da entrada, apontavam a saída de mercadorias com o mesmo peso da entrada. Tais fatos (peso e curto espaço de tempo entre entrada e saída) seriam provas de que tais mercadorias não foram objeto de industrialização e que eram previamente destinadas à Mazola; (v) as margens de lucro obtidas pela Recorrente com a operação de importação seriam ínfimas e, portanto, não condizentes com o risco da operação, o que só reforçaria a existência da prática infracional em análise; e, por fim (vi) a estratégia comercial explicada pela Recorrente ao longo do procedimento fiscalizatório seria apenas um subterfúgio retórico para dar uma aparência de legalidade à operação fraudulenta. 4. Uma vez notificado da autuação, o contribuinte apresentou Impugnação alegando, em suma: (i) para que houvesse a configuração da interposição fraudulenta seria imprescindível a presença de efetivo dano ao erário público e dolo específico nesse sentido; (ii) que de fato houve importação em nome próprio da Recorrente, o que seria corroborado pelos seguintes fatos: (ii.a) que toda a negociação perpetrada para a importação dos bens aqui mencionados teria sido diretamente realizada pela Recorrente com a exportadora da Argentina, o que teria ocorrido mediante contatos telefônicos (via Skype) e pessoais, sendo que, para provar esta última assertiva juntou comprovante de despesas com viagens do seu diretor para a Argentina (fls. 638/641); (ii.b) alega, ainda, possuir capacidade financeira mais do que suficiente para arcar com tais operações de importação, uma vez que no ano de 2011 declarou para a Receita Federal do Brasil uma receita bruta operacional de aproximadamente R$ 50.000.000,00; (ii.c) quanto a ser ínfima a margem de lucro na operação, a Recorrente alega, primeiramente, que tal assertiva foi desenvolvida pela fiscalização sem qualquer referencial, uma vez que a fiscalização não comparou a margem da Recorrente com a de outras empresas em situações análogas. Não obstante, que a margem de lucro está equivocada, já que a fiscalização apurou indevidamente os custos, uma vez que não considerou possíveis deduções e créditos fiscais admitidos pela legislação. Ainda em relação a este tópico, afirma que a margem praticada fazia parte de uma estratégia comercial da Recorrente, que estava ingressando no mercado de vendas de equipamentos de segurança e proteção individual; (ii.d) que a Recorrente sempre atuou no ramo de fabricação e venda de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal, mas que no ano de 2011 traçou uma estratégia comercial para atuar na importação e venda de equipamentos de segurança e proteção individual. Para tanto, se valeu de sua parceira comercial na Argentina, a empresa Argul y Cia. S/A, detentora da marca Libus de equipamentos de segurança. Que o Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 4 relacionamento com a empresa Argul já era existente, na medida em que a empresa argentina é a responsável pela fabricação das embalagens dos produtos cosméticos comercializados pela Recorrente. Firme neste propósito, a Recorrente firmou com a Argul um contrato de cessão de direitos do uso da marca e das licenças da empresa no Brasil (fls. 632/637). Que para desenvolver esse nicho preparou "folders" com propaganda deste produtos, bem como participou de feiras do setor (fls. 621/627), além de registrar o domínio "libus.com.br" no país (fls. 628/629); (ii.e) alega, ainda, que após a autuação aqui tratada continuou importando as mercadorias em apreço (fls. 920/965), bem como angariou novos clientes, conforme atesta as notas fiscais de fls. 966/1.003; (ii.f) aduz também que foi o responsável por fechar o contrato de câmbio e efetuar os pagamentos dos tributos incidentes na operação; (iii) subsidiariamente, protesta pelo reconhecimento da consunção, afastando se, por conseguinte, a multa 10% (dez por cento) pela cessão do nome, já que esta infração seria meio para a realização da infração mais gravosa (interposição fraudulenta). 5. Devidamente processada, a Impugnação foi julgada parcialmente procedente para afastar a incidência das exações tributárias alhures mencionadas, permanecendo, portanto, apenas as exigências das sanções de caráter aduaneiro. Este é o teor da ementa do acórdão proferido pela DRJSP: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 23/08/2011 Dano ao Erário por infração de ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. Pena de perdimento das mercadorias, comutada em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria. O objetivo pretendido pelos interessados atentou contra a legislação do comércio exterior por ocultar o real adquirente das mercadorias estrangeiras e consequentemente afastálo de toda e qualquer obrigação cível ou penal decorrente do ingresso de tais mercadorias no país. A atuação da empresa interposta em importação tem regramento próprio, devendo observar os ditames da legislação sob o risco de configuração de prática efetiva da interposição fraudulenta de terceiros. A aplicação da pena de perdimento não deriva da sonegação de tributos, muito embora tal fato possa se constatar como efeito subsidiário, mas da burla aos controles aduaneiros, já que é o objetivo traçado pela Receita Federal do Brasil possuir controle absoluto sobre o destino de todos os bens importados por empresas nacionais. Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.020 5 Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte. 6. Diante deste quadro, a Recorrente interpôs o Recurso Voluntário de fls. 788/807, oportunidade em que repisou os fundamentos aduzidos em sua Impugnação e referentes às infrações remanescentes. 7. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 8. O Recurso Voluntário preenche os pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. I. Do dano ao erário para fins de interposição fraudulenta 09. Ao se analisar o Recurso Voluntário interposto é possível constatar que um dos fundamentos desenvolvidos pela Recorrente é de que a configuração do dano ao erário a justificar a pena de perdimento pressupõe a existência de efetiva lesão aos cofres públicos, o que seria sinônimo de supressão de tributos. Logo, para a configuração desta infração, seria indispensável a existência de dolo específico neste sentido. 10. A referida interpretação parte da premissa, a nosso ver equivocada, de que o art. 23, inciso V, §§ 1o e 3o do Decretolei n. 1.455/76 tem por escopo punir infrações de caráter tributário, enquanto que, em verdade, seu escopo é de punir infrações de natureza aduaneira. 11. É verdade que a expressão "dano ao erário" empregada no tipo legal pode induzir a tal equívoco, na medida em que poderia redundar em uma conclusão açodada (e calcada na literalidade do texto) de que as infrações ali previstas só se realizariam quando provado o prejuízo financeiro causado aos cofres públicos, o que, como dito alhures, seria sinônimo de supressão de tributos. 12. Ocorre que, ao analisar o tipo infracional em sua inteireza, em especial o disposto nos parágrafos do art. 23 do Decretolei n. 1.455/76, concluise que o principal escopo da norma não é punir a evasão tributária, mas sim aquela conduta que redunda em prejuízos ao controle administrativoaduaneiro, seja por criar obstáculos seja por de fato impedir que este controle seja realizado na prática, controle este que, aliás, não está necessariamente associado ao pagamento de tributo, exatamente conforme prevê o disposto no art. 543 do Regulamento Aduaneiro1. 1 "Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação, deverá ser submetida a despacho de importação, que será realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria." Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 6 13. Por outro giro verbal, o bem jurídico da vida tutelado não é o dinheiro público, mas sim a administração pública quando especificamente desenvolve uma atividade de fiscalização aduaneira. Nas palavras do Conselheiro Rosaldo Trevisan, a temática afeta à ocultação é predominantemente aduaneira, ligada à gestão de risco nas operações de comércio exterior. (trecho do Acórdão n. 3401003.092). 14. Assim, o que resta analisar no presente caso não é saber se eventual prática infracional (ocultação de terceiro) ocasionou ou não dano ao patrimônio público decorrente de uma eventual evasão tributária, mas sim apurar se de fato houve a conduta imputada ao Recorrente, qual seja, a ocultação de terceiro. Neste mesmo sentido são as decisões deste Tribunal Administrativo, inclusive desta Turma julgadora: Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Importação II Período de apuração: 19/03/2004 a 18/04/2006 Ementa: DANO AO ERÁRIO. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS. OCULTAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. MULTA NO VALOR EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. Configurase a ocultação do responsável pela operação mediante simulação, a informação na Declaração de Importação de que se trata de uma operação por conta própria, quando, na realidade, é por conta e ordem de terceiro. A importação de mercadorias com a utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem desse para fins de sua responsabilização pela infração e do atendimento aos requisitos estabelecidos pela Receita Federal em ato normativo para atuação por conta e ordem. DANO AO ERÁRIO. OCULTAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PREJUÍZO AO ERÁRIO. O dano ao Erário é presumido quando se configura as infrações tipificadas no art. 23 do Decretolei nº 1.455/76, não havendo necessidade de se comprovar o efetivo prejuízo ao Erário. Tendo ocorrido o cometimento da infração de "ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros" na importação, veiculada pelo art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, está caracterizado o dano ao Erário. OCULTAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. DANO AO ERÁRIO. MULTA CESSÃO DE NOME. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE Não se aplica a retroatividade benigna para a redução da multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, pelo cometimento da infração por dano ao erário veiculada pelo artigo 23, V do DecretoLei 1.455/76, ao montante da multa cominada no artigo 33 da Lei 11.488/2007, que é substitutiva da Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.021 7 declaração de inaptidão do CNPJ de sociedades empresárias inidôneas. (Processo n. 10830.720137/200821; Acórdão n. 3402002.802; Relator: Maria Aparecida Martins de Paula; Recurso Voluntário; Sessão de 09/12/2015; Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro, que votou por dar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Eduardo de Carvalho Borges, OAB/SP 153.881.). 15. Neste sentido, refuto o primeiro fundamento fáticojurídico desenvolvido pela Recorrente em suas razões recursais. II. Da acusação de interposição fraudulenta no caso em concreto 16. Consoante exposto no relatório do presente voto, a acusação aduaneira apresenta como fundamento o disposto no art. 23, inciso V, §§1º e 3º, do DecretoLei n.º 1.455/76, ou seja, aduz que formalmente a Recorrente teria realizado importação de mercadorias em nome próprio, enquanto que, em verdade, tal operação teria sido perpetrada em benefício de terceiro, o importador de fato da mercadoria estrangeira (a empresa Mazola). 17. Registrese, desde já, que no presente caso não se discute a existência de interposição fraudulenta presumida, hipótese esta capitulada no §2º do inciso V do art. 23 do DecretoLei n.º 1.455/76. Assim, as assertivas desenvolvidas pela Recorrente no sentido de ser dotada de aptidão financeira para suportar as operações aqui tratadas não tem o condão de afastar a acusação aduaneira em apreço. Da mesma forma, o fato de a Recorrente ter fechado o câmbio para tais operações e arcado com as correlatas exações tributárias não contribuem em favor da Recorrente, já que não se esperava nada diferente disso, uma vez que, sob uma perspectiva formal (aparência do negócio para a administração aduaneira) era a Recorrente a pretensa importadora das mercadorias. 18. Dito isso, convém registrar que para corroborar a acusação aduaneira aqui tratada a fiscalização promoveu um grande esforço investigativo, coletando inúmeras provas indiciárias que, analisadas em conjunto, comprovam a acusação. 19. O primeiro elemento de prova apontado é fato de, no período das importações retratadas, ser a empresa Mazola a responsável pela distribuição no Brasil dos produtos destinados a segurança no trabalho e produzidos pela exportadora (Libus Argentina). 20. Em contraposição a tal fato, a Recorrente aduz que a marca Libus é detida pela empresa Argul y Cia. S/A, sua parceira comercial de longa data, já que referida empresa estrangeira também é a responsável pela fabricação das embalagens dos produtos cosméticos comercializados pela Recorrente. Neste esteio, alega que firmou com a empresa argentina um contrato de cessão de direitos do uso da marca e das licenças da empresa no Brasil (fls. 632/637), o que comprovaria ser a Recorrente a responsável pela venda dos produtos Libus no Brasil. 21. Acontece que, ao se analisar o referido contrato, é possível observar que tal instrumento é datado de 20 de fevereiro de 2013, o que denota ter sido celebrado depois das importações aqui fiscalizadas, as quais se dirigem aos meses de agosto e outubro de 2011. Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 8 22. Diante deste quadro, é possível afirmar que à época dos fatos a empresa autorizada a realizar no Brasil as vendas dos produtos retratados nas DIs fiscalizadas era a empresa Mazola, o que leva a conclusão que, efetivamente, tais produtos se destinavam a tal empresa. Mais do que isso, das circunstâncias fáticas aqui provadas, é possível concluir que a aproximação e o vínculo entre a Recorrente e a empresa Mazola teria sido promovido pela exportadora argentina, ponto inicialmente em comum entre as empresas nacionais. 23. As conclusões alhures desenvolvidas são reforçadas pelos comprovantes de despesas com viagens para a Argentina e pagos em favor do diretor da Recorrente (fls. 638/641). Vejamos. 24. Segundo a Recorrente os supra citados documentos comprovariam que as importações aqui tratadas teriam sido negociadas e celebradas diretamente entre o Recorrente e a empresa estrangeira, não havendo, portanto, qualquer interferência da empresa Mazola neste negócio jurídico. Todavia, ao se analisar tais comprovantes de gastos, é possível verificar que tais documentos reportam viagens feitas nos anos de 2012 e 2013, i.e., em período posterior a internação das mercadorias retratadas nas DI's n.s 11/15890400 e 11/20149179. O mesmo vale para os gastos provados pela Recorrente para a participação em feiras do setor de segurança do trabalho e com o registro do domínio "libus.com.br" no país (fls. 628/629), todos posteriores às importações aqui tratadas. 25. Tais circunstâncias fáticoprobatórias levam a conclusão que a história narrada pela Recorrente, de que ela seria a representante da marca Libus no Brasil, de fato ocorreu, mas depois das importações aqui celebradas e previamente destinadas à empresa Mazola. 26. Em reforço a tais conclusões, a fiscalização também provou que, à época dos fatos, a Recorrente não possuía como objeto social a importação dos produtos aqui detalhados, mas apenas a importação de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumarias. A Recorrente só agregou ao seu objeto social o "comércio atacadista de roupas e acessórios para uso profissional e de segurança do trabalho" na sua 13a. alteração, a qual só foi registrada em março de 2013. No mesmo sentido são os comprovantes de outras importações do mesmo produtos (fls. 920/965) e correlatas notas fiscais de venda para o mercado interno (fls. 966/1.003), documentos estes que, em sua grande maioria, dizem respeito à operações perpetradas após a referida alteração do objeto social da Recorrente. 27. Tas elementos de prova são suficientes para atestar a interposição fraudulenta apurada pela fiscalização em concreto, razão pela qual a discussão quanto à adequação ou não da margem de lucro perpetrada pela Recorrente nas operações de venda dos produtos importados para a empresa Mazola tornase despicienda, já que incapaz de abalar tais conclusões servindo, eventualmente, apenas como reforço para o trabalho fiscalizatório. 28. Diante deste acervo fáticoprobatório, resta claro que, em relação às DI's n.s 11/15890400 e 11/20149179, de fato a Recorrente ocultou, indevidamente, a real importadora dos bens internados no país, a empresa Mazola, razão pela qual se faz necessária a manutenção da sanção aduaneira que lhe foi imposta pela fiscalização. III. Da inaplicabilidade cumulativa das sanções de perdimento e decorrente da indevida cessão de nome: a incidência do princípio da consunção 29. Subsidiariamente, uma das teses desenvolvidas pela Recorrente é a impossibilidade de cumular a sanção pela interposição fraudulenta acima detalhada (art. 23, inciso V, §§1º e 3º, do DecretoLei n.º 1.455/76) com aquela estabelecida pelo art. 33 da lei n. Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.022 9 11.488/072, a qual prevê multa de 10% sobre o valor da operação de comércio exterior na hipótese de cessão de nome do real importador com o fito acobertar terceiro. Tratase de convocação do consagrado princípio penal da consunção ou da absorção. 30. Primeiramente, insta registrar que a convocação de um princípio afeto ao direito penal para a resolução de uma questão administrativoaduaneira é perfeitamente possível, o que se deve não só pela secular ideia de unidade do direito3 mas, no presente caso, pela especial aproximação analógicoproblemática4 existente entre o caso decidendo (infração aduaneira) e a intencionalidade problemática decorrente do aludido princípio. Não é demais repisar: no presente caso a Recorrente é acusada de realizar práticas infracionais, tal como ocorre, por excelência, no âmbito problemático do direito penal. 31. Fixada tal premissa, o princípio da consunção é tratado pela doutrina e pela jurisprudência como uma norma jurídica de forte carga valorativa que tem por escopo, em última análise, evitar o bis in idem infracional. Em outros termos e de forma até simplória, o que referido princípio visa evitar é que um único fato social (devidamente juridicizado) atentatório contra único bem jurídico da vida seja sancionado negativamente repetidas vezes. 32. Percebese, portanto, que são requisitos para a configuração da consunção: (i) a existência de um único fato albergado no antecedente normativo de plúrimas normas infracionais; (ii) unidade quanto ao bem jurídico da vida tutelado pelas diferentes normas jurídicas; e, ainda, que (iii) um dos fatos tidos como delituosos seja meio obrigatório (condição necessária) para se alcançar o outro fato infracional. 33. Dissecados os requisitos necessários para a conformação do princípio da consunção, convém agora novamente voltarse ao caso em concreto para verificar se sobreditos requisitos estão lá presentes. 34. Como visto ao longo do voto a acusação imputada à Recorrente é de, em duas oportunidades distintas, ter formalmente importado mercadorias do exterior em nome próprio, mas tendo como real destinatário um terceiro (a empresa Mazola). Referido fato repetidamente ocorrido está retratado nas DI's n.s 11/15890400 e 11/20149179. Percebese, portanto, que no presente caso se apurou um único fato (importar formalmente em favor de interposta pessoa). Este único fato, por sua vez, é tipificado em dois diferentes tipos aduaneiros, quais sejam, o disposto no art. 23, inciso V, §§1º e 3º, do DecretoLei n.º 1.455/76, bem como o estatuído no art. 33 da lei n. 11.488/075. Na primeira disposição citada um dos fatos puníveis é interposição fraudulenta em operações de comércio exterior. Da mesma forma prevê o segundo prescritivo legal, tendo em vista que também sanciona a interposição 2 "Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)." 3 O Direito é um todo único, harmônico e divisível apenas para fins didáticos. 4 A analogia aqui referida tem por objetivo ‘trazeràcorrespondência’ o mérito problemático de um concreto caso decidendo e a intencionalidade também problemática de um constituído ou constituendo(...)apoio de um critério e/ou de um fundamento jurídico, repetimos, circunstancialmente pertinente para a almejada decisão judicativa. (BRONZE, Fernando P. 'Lições de introdução ao direito'. p. 952). 5 "Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)." Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 10 fraudulenta em comércio exterior decorrente da cessão de nome, restando, pois, preenchido o primeiro requisito exigido para a configuração do princípio da absorção 35. O segundo requisito para a consunção é que as diferentes normas incidentes sobre o mesmo fato tutelem um mesmíssimo bem jurídico da vida. Como já desenvolvido no tópico "I" do presente voto, o tipo previsto no art. 23 do Decretolei n. 1.455/76 tem por escopo preservar a Administração Pública em sua faceta aduaneira, de modo a permitir que ela (Administração Pública) possa exercer pleno controle das pessoas e bens que ingressam e deixam o país. O mesmo se dá na hipótese do tipo capitulado no art. 33 da lei n. 11.488/07. Para que haja referida infração, basta a criação de óbices (o que se materializa pela cessão de nome) para o exercício do controle aduaneiro pela Administração Pública, uma vez que o bem tutelado é exatamente preservar referida atividade de caráter público. Caso contrário, só haveria infração de cessão de nome na hipótese de efetivo dano patrimonial aos cofres públicos e dolo específico com esse fim, o que, como já desenvolvido anteriormente, não é a interpretação mais adequada também para esta infração. 36. Por fim, o último requisito para a incidência do princípio da absorção é de que um dos fatos tidos como delituosos seja meio obrigatório (condição necessária) para se alcançar o outro fato infracional, por haver uma relação lógica de continência6. Dessa feita, a pergunta a ser respondida no presente caso é uma só: seria possível que a Recorrente interpusesse fraudulentamente a empresa Mazola sem que, necessariamente, cedesse formalmente seu nome (indicação em DIs) em favor deste terceiro interposto? A única resposta que vislumbro para tal questionamento é não. A interposição fraudulenta só foi possível porque a Recorrente necessariamente cedeu seu nome para a real importadora. Era, pois, o nome da Recorrente que constava nas DI's fiscalizadas para acobertar, fraudulentamente, a empresa Mazola. Percebese, pois, que a infração de cessão de nome é meio para a consecução da interposição fraudulenta. 38. Patente está, portanto, que no presente caso a infração do art. 33 da lei n. 11.488/07 fica absorvida por aquela prescrita no art. 23 do Decretolei n. 1.455/76 o que, diga se de passagem, está em compasso com inúmeros precedentes (judiciais e administrativos) veiculados em casos análogos ao aqui tratado. Nesse sentido, convém destacar a súmula n. 105 deste Tribunal Administrativo: Súmula CARF nº 105 A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. 39. Nem se alegue a inaplicabilidade da referida súmula, por tratar de questão afeta a descumprimento de obrigação acessória em sede IRPJ e CSLL, ou seja, por inexistir identidade (simetria matemática) entre o caso lá tratado com o aqui submetido a julgamento. E 6 Neste esteio, Cezar Roberto Bitencourt professa que: "Pelo princípio da consunção, ou absorção, a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. Em termos bem esquemáticos, há 'consunção' quando o fato previsto em determinada norma é compreendido em outra, mais abrangente, aplicandose somente esta. Na relação consuntiva, os fatos não se apresentam em relação de gênero e espécie, mas de 'minus' e 'plus', de continente e conteúdo, de todo e parte, de inteiro e fração." ('in' "Tratado de direito penal vol I. 10a. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 250.). Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.023 11 isso porque, em uma cultura de precedentes e prestigiar súmulas no Brazilian (Macunaíma7?) Law é sinonímia de prestígio a precedentes8 quando se convoca um caso pretérito para resolver um caso presente o método a ser empregado não é o silogismo lógicosubsuntivo, típico das leis, mas sim uma racionalidade analógicoproblemática, ou seja, que promova uma comparação entre as intencionalidades problematizantes dos casos em comparação (precedente e decidendo) para, havendo mais pontos de encontros do que de desencontros, convocar a ratio decidendi do caso precedente para resolver o caso decidendo. Em suma, em um modelo sério de precedentes, o método jurídico por excelência é o analógicoproblemático, o que invariavelmente vai ocorrer no âmbito do heterogêneo e não do homogêneo ou, por outro giro verbal, oriunda de uma ponderação sempre atenta à identidadediversidade própria do analógico e que, como tal, só pode considerarse em concreto9. 40. Empreendendo esse mister e buscando os precedentes que redundaram na aludida súmula, exatamente como determina o art. 489, §1o. do novo CPC10, sob pena de nulidade da decisão proferida, é possível constatar que as mesmas questões aqui ponderadas para fins de emprego da consunção foram desenvolvidas nos votos que originaram a sobredita súmula. Nesse esteio, transcrevemos abaixo trecho do voto proferido no acórdão n. 9101 001.261, da lavra do Conselheiro Valmir Sandri, em que cita o Conselheiro Marcus Vinicius Neder: (...). Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinada conduta, é importante identificar o bem jurídico tutelado pelo Direito. Nesse sentido, para a solução do conflito normativo, devese investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, desde que o fato tipificado constitui passagem obrigatória de lesão, menor, de um bem de mesma natureza para a prática da infração maior. No caso sob exame, o não recolhimento da estimativa mensal pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. 7 RIBEIRO, Diego Diniz. "O Incidente derResolução de demandas repetitivas: uma busca pelo “Common Law” ou mais um instituto para a codificação das decisões judiciais?" . 'in' "O novo CPC e seu impacto no direito tributário". São Paulo: FISCOSOFT, 2015. 8 Vide, por exemplo, o disposto no art. 927, inciso II e IV do novo CPC, "in verbis": "Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: (...). II os enunciados de súmula vinculante; (...). IV os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; (...)." 9 NEVES, A. Castanheira. "Instituto dos assentos". Coimbra: Coimbra Editora 1983. p. 74. 10 "Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...). § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...). V se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (...)." Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 12 (...). 41. Percebese, pois, que o caso lá julgado assim o foi levando em consideração o mesmo problema aqui enfrentando, i.e., como agir diante de um mesmo fato capitulado infracionalmente por diferentes normas quando um desses fatos for passagem para a consecução de outro. Logo, a ratio decidendi lá alcançada é plenamente convocável para a resolução do caso decidendo. Mais do que isso, a ratio lá extraída deve ser obrigatoriamente aqui seguida, nos termos do art. 45, inciso VI do RICARF11. 42. Não obstante, na esteira da sobredita ratio, destacamos ainda os seguintes julgados do STJ e do STF, respectivamente: EMENTA PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. FALSIDADE IDEOLÓGICA E USO DE DOCUMENTO FALSO. CRIMES MEIOS PARA A PRÁTICA DO DELITO PREVISTO NO ART. 1º, INCISO I, DA LEI 8.137/90. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. APLICABILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior orientase no sentido de que o crime de falso, quando cometido única e exclusivamente para consumar a sonegação de tributos, é absorvido por este último delito, em observância ao princípio da consunção. 2. Agravo regimental improvido. (STJ; AgRg no AREsp 350.211/PE, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe 25/05/2016) (grifos nosso). EMENTA: EXTRADIÇÃO SUPLETIVA – PEDIDO DE EXTENSÃO OU DE AMPLIAÇÃO FORMULADO POR ESTADO ESTRANGEIRO – POSSIBILIDADE JURÍDICA – CONSEQUENTE ADMISSIBILIDADE DO PLEITO DE EXTENSÃO EM MATÉRIA EXTRADICIONAL (LEI Nº 6.815/80, ART. 91, I) – FORMALIDADES A SEREM OBSERVADAS EM RESPEITO AO DIREITO DE DEFESA DO SÚDITO ESTRANGEIRO – PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE – SIGNIFICAÇÃO POLÍTICOJURÍDICA DESSE POSTULADO – INOCORRÊNCIA, NO CASO, DE SUA VULNERAÇÃO – SÚDITO ESTRANGEIRO ACUSADO DA PRÁTICA DO CRIME DE “BURLA QUALIFICADA” E DO DELITO DE FALSIDADE DOCUMENTAL – CONCORDÂNCIA DO EXTRADITANDO – DADO JURIDICAMENTE IRRELEVANTE – NECESSIDADE DE RESPEITO AOS DIREITOS BÁSICOS DOS SÚDITOS ESTRANGEIROS – ALEGAÇÃO DE DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO DOCUMENTAL DO PEDIDO 11 "Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: (...). VI deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; (...)." Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.024 13 DE EXTENSÃO – SUPOSTA AUSÊNCIA DE CÓPIA DOS DISPOSITIVOS LEGAIS ESTRANGEIROS – INOCORRÊNCIA – REGULARIDADE FORMAL DO PEDIDO DE EXTENSÃO – OBSERVÂNCIA, NA ESPÉCIE, DOS CRITÉRIOS DA DUPLA TIPICIDADE E DA DUPLA PUNIBILIDADE QUANTO AOS DELITOS DE “BURLA” (ESTELIONATO) E DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO – INCIDÊNCIA, NO ENTANTO, DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO – CONSEQUENTE ABSORÇÃO DO DELITOMEIO (FALSIDADE DOCUMENTAL) PELO CRIMEFIM (ESTELIONATO) – DOUTRINA – PRECEDENTES – SATISFAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS E ATENDIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS AO ACOLHIMENTO, EM PARTE, DO PEDIDO DE EXTENSÃO – EXTRADIÇÃO SUPLETIVA PARCIALMENTE DEFERIDA. (STF; Ext 977 extensão, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 26/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe113 DIVULG 12062015 PUBLIC 1506 2015) (g.n.). Ementa 1. Habeas corpus. 2. Código de Trânsito Brasileiro. 2. Direção sem habilitação, art. 309; e, lesão corporal, art. 303. 3. Incidência do princípio da consunção. O crime de dirigir sem habilitação é absorvido pelo delito de lesão corporal. 4. Precedentes de ambas as turmas. 5. Falta de representação da vítima 6. Ordem concedida para restabelecer a decisão de primeiro grau, que rejeitou a denúncia. (STF; HC 128.921, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 25/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe180 DIVULG 10092015 PUBLIC 1109 2015) (g.n.). 43. Preenchidos, portanto, todos os requisitos necessários para a incidência do princípio da consunção no caso em concreto, reconheço a absorção do tipo previsto no art. 33 da lei n. 11.488/07 por aquele previsto no art. 23 do Decretolei n. 1.455/76. Dispositivo 44. Ex positis, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário interposto pela Recorrente no sentido de afastar a multa de 10% capitulada no art. 33 da lei n. 11.488/07, mantendose apenas a pena de perdimento, convertida em multa, prevista no art. 23, inciso V, §§1º e 3º do Decretolei n. 1.455/76. 45. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 14 Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Na sessão de julgamento do presente processo ousei divergir do posicionamento do Ilustre Relator apenas no que concerne à questão da cumulação da multa substitutiva da pena de perdimento com a multa por cessão de nome, no tópico de seu voto "III. Da inaplicabilidade cumulativa das sanções de perdimento e decorrente da indevida cessão de nome: a incidência do princípio da consunção", tendo prevalecido o entendimento divergente no Colegiado por Voto de Qualidade. Em matéria de infrações administrativas no âmbito aduaneiro, a pessoa física ou jurídica pode ser punida como agente direto da infração, que praticou a ação ilícita ou incorreu na omissão ilícita, nos termos do art. 94 do Decretolei nº 37/66, ou como "responsável" pela infração, em conformidade com o disposto no art. 95 desse Decretolei: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; II conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que decorrer do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III o comandante ou condutor de veículo nos casos do inciso anterior, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignada a pessoa natural ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006) No caso dos autos, tratase da possibilidade de cumulação da multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, com a multa equivalente ao Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.025 15 valor aduaneiro da mercadoria em face da ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2 002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) No caso da infração por ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, como não está expresso no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, o agente direto da infração deve ser deduzido da conduta coibida por esse dispositivo, qual seja, a ocultação do sujeito passivo, daí se concluindo que o agente direto dessa infração é o importador ostensivo, que é quem efetivamente pratica a ação de "ocultar" o verdadeiro sujeito passivo na importação, sem prejuízo de outras pessoas poderem também responder por essa infração com fundamento do art. 95 do Decretolei nº 37/66, em especial, o adquirente da mercadoria na importação por sua conta e ordem ou o encomendante predeterminado, se for o caso. Ocorre, no entanto, que na hipótese da aplicação da pena de perdimento às mercadorias, em que a fiscalização logra êxito em encontrálas, não obstante o agente direto da infração prevista no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76 seja mesmo o importador ostensivo, como se disse acima, sendo a ele aplicada a penalidade, quem pode acabar ao final suportando o efeito dessa penalidade é o importador oculto real adquirente da mercadoria no exterior, que será privado do seu uso e gozo. Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 16 Nessa esteira, é que o legislador ordinário optou por inserir no ordenamento jurídico a multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007 com intuito de penalizar concretamente a conduta irregular do importador ostensivo, que cedeu seu nome a outrem, eis que ele poderia restar sem punição na hipótese de aplicação da pena de perdimento às mercadorias. Com efeito, no caso da infração por cessão de nome, consta consignado no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 que o agente direto da infração é a "A pessoa jurídica que ceder seu nome (...)", que é o importador ostensivo, sem prejuízo, obviamente, de outras pessoas poderem figurar no polo passivo do auto de infração com base no disposto no art. 95 do Decretolei nº 37/66, se for o caso. Assim, independentemente de qualquer juízo de valor acerca de o importador ostensivo ser duplamente penalizado, entendo que a segunda multa, por cessão de nome, foi criada pelo legislador ordinário para conviver com a pena de perdimento das mercadorias e, em consequência, também a multa que lhe substitui, o que se confirma com o disposto no art. 727, §3o do Regulamento Aduaneiro/2009: Art.727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §1oA multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)(Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §2oEntendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. §3oA multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). No Acórdão n° 310100.431 1ª Camara / 1ª Turma Ordinária, de 25 de maio de 2010, Redator designadoTarásio Campelo Borges, foi decidido que "O dano ao erário nas infrações enumeradas no caput do artigo 23 do Decretolei 1.455, de 1976, com as modificações introduzidas pela Lei 10.637, de 2002, não é fato típico para a exigência da multa cominada no artigo 33 da Lei 11.488, de 2007". Também este Colegiado decidiu recentemente, por unanimidade, no Acórdão nº 3402003.008– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de abril de 2016, Relator: Antonio Carlos Atulim, no sentido de que a multa por cessão de nome não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva ao perdimento. Assim, por todo o exposto acima, configuradas a autoria e materialidade das duas infrações aduaneiras acima, não há como este Conselho Administrativo afastar as penalidades respectivas, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.026 17 (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 18 Declaração de Voto A multa de 10% pela cessão de nome Com relação à impossibilidade de ser atribuída à Recorrente a multa equivalente ao perdimento da mercadoria importada, uma vez que o artigo 33 da Lei n. 11.488/2007 trouxe, ao mesmo tipo infracional, penalidade diversa (10% dez por cento do valor da operação acobertada), ouso apresentar entendimento diverso daquele esposado pelo ilustre Relator. Este tema, que vem dividindo o entendimento dos conselheiros da Terceira Seção de Julgamento do CARF, foi, a meu ver, impecavelmente enfrentado pelo Conselheiro Fernando Luiz Da Gama D’Eça, no Processo n. 10314.724447/201230, Acórdão n. 3402002.362, razão pela qual tomo emprestadas suas palavras: Por derradeiro, entendo que com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07 aplicável à hipótese de pessoa jurídica que ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários – não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, somente aplicável ao real comprador, interveniente ou responsável pela operação de importação, oculto “mediante fraude ou simulação”. A aplicação cumulativa dessas sanções sobre a importadora ostensiva não somente viola o princípio da especialidade, como constitui um ilegal bis in idem. Realmente, tratandose de dispositivos legais que tipificam uma única conduta “acobertamento” ou “ocultação” dos reais intervenientes ou beneficiários das operações de comércio exterior, evidenciase o conflito aparente de normas, que impõe a observância do princípio da especialidade que por sua vez determina a prevalência da norma especial, não sendo lícito ao fisco cumulála ou agravála sequer pela via transversa de suposta solidariedade em penalidade aplicada a outro infrator, pois como expressamente determina o art. 100 do Decretolei nº 37/66, “in verbis”: “Art. 100 – Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido.” Considerando que para a caracterização dos atos típicos de interposição fraudulenta “há necessidade de dois sujeitos de direito distintos” (cf. Acórdão nº 320100398 da 1ª TO da 2ª Turma da 3ª Seção do CARF, Rec. nº 140.698, Proc. nº 12466 004068/200673, em sessão de 08/12/10, Rel. Cons. Alfredo Ribeiro Nogueira; cf. tb. Acórdão nº 320100.515 da 1ª TO da 2ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Rec. n° 344.701, Proc. n° 10936.000499/200813, em sessão de 01/07/10, Rel. Cons. Luciano Lopes de Almeida Moraes), parece evidente que a única multa aplicável à Recorrente seria a de 10% instituída pelo art. Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ Processo nº 11075.720099/201335 Acórdão n.º 3402003.146 S3C4T2 Fl. 1.027 19 33 da Lei nº 11.488/07, prevista para quem ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, caso não fosse elidida a presunção de interposição fraudulenta de terceiros pela suposta “não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados” (art. 23, § 2º do Decretolei nº 1455/76, na redação da Lei nº 10.637, de 30.12.2002). Nesse sentido já decidiu esta C. Turma como se pode ver da seguinte e elucidativa ementa: “ (...). IMPORTAÇÃO – INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA – MULTA APLICÁVEL AO IMPORTADOR OSTENSIVO CESSÃO DE NOME PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DA SANÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. Com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, em face do princípio da especialidade da sanção, não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, sob pena de ilegal bis in idem.” (cf. Acórdão nº 3402002.262 da 2ª TO da 4ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Proc. nº 10314.724447/201230, em sessão de 23/04/14, Rel. Gilson Macedo Rosenburg Filho) Ressalto ainda que tal entendimento em nada contradiz o quanto disposto no artigo 727, §3º do Regulamento Aduaneiro, cujo conteúdo estabelece que: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (grifei) Ora, como destacado acima, com o advento da multa 10% do valor da operação pela cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07) esta passou a ser a penalidade aplicável ao importador ostensivo. Todavia, permanece existindo e sendo aplicável a perda de perdimento como penalidade atribuída ao importador oculto, nos exatos termos do artigo 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76. Vale dizer, a multa de 10% do valor da operação pela cessão de nome não prejudica a pena de perdimento das mercadorias na importação ou exportação, justamente como impõe do §3º do artigo 727 do Regulamento Aduaneiro. De fato, ambas as penalidades serão aplicáveis em caso de constatação de interposição fraudulenta, contudo sendo cada qual imposta para o respectivo infrator das normas aduaneiras, e não conjuntamente para um único sujeito passivo. Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ 20 Dessarte, concluo que à Recorrente, importadora ostensiva, não se aplica a penalidade imposta pelo artigo 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76, mas sim aquela de 10% do valor da operação pela cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07), devendo, portanto, ser cancelada a presente autuação fiscal enquanto lhe imputa a multa equivalente à pena de perdimento das mercadorias importadas. Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 26/08/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 09/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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Numero do processo: 16327.001478/2005-27
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2000
LUCROS NO EXTERIOR. LEI 9.532 DE 1997. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. ASPECTOS.
Segundo melhor doutrina a hipótese de incidência se apresenta sob variados aspectos, cuja reunião lhe dá entidade. Análise do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997 e parágrafos permite constatar que a norma, sob aspecto pessoal, dirige-se à pessoa jurídica domiciliada no Brasil que possui participação societária de coligada ou controlada sediada no exterior. Sob aspecto material, predica que os lucros auferidos no exterior por meio das investidas deverão ser adicionados ao lucro líquido, mediante ocorrência de hipóteses, dentre as quais, mediante disponibilização para a empresa no Brasil, no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento (aspecto temporal), considerando-se pago o lucro quando ocorrer o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça (aspecto territorial), inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior.
PAGAMENTO DO LUCRO. ATOS DA INVESTIDA E DA INVESTIDORA.
As hipóteses de pagamento do lucro abrangem tanto atos de iniciativa da empresa investida quanto da investidora. O crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil, a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária e a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça, pressupõem ato da investida. Por sua vez, o emprego de valor abrange ato da investidora, que, naturalmente, sendo detentora de participação da investida, pode, a qualquer momento, dispor de suas ações, da melhor maneira que lhe convier, como, por exemplo, por meio de alienação, transferência, conferência para integralizar capital em outras empresas, dentre outros.
EMPREGO DE VALOR. CONDIÇÃO PARA CONSUMAÇÃO DO ASPECTO TEMPORAL.
O emprego de valor consolida precisamente a valorização do investimento, refletivo no balanço da investidora por meio do método da equivalência patrimonial, e não tributado enquanto não ocorrer a disponibilização dos lucros porque o lucro já é tributado na investida. A partir do momento em que a investidora decide alienar as ações da investida, e se beneficia da valorização do investimento para efetuar a operação, valorização essa que se viabilizou a partir dos lucros auferidos pela coligada refletidos no investimento por meio da equivalência patrimonial, resta evidente a consumação do emprego de valor, e por consequência o momento do pagamento do lucro, aspecto temporal da norma.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, e 61, § 3º, da Lei 9.430/96.
Numero da decisão: 9101-002.465
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito: 1) quanto ao emprego de valor, por voto de qualidade, acordam em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos ao colegiado a quo, vencidos Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento; e 2) quanto aos juros sobre a multa, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Rafael Vidal de Araújo.
A conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio votou apenas quanto ao mérito, pois o conhecimento já havia sido decidido na reunião anterior, na qual foi substituída pelo conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Nathália Correia Pompeu).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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LEI 9.532 DE 1997. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. ASPECTOS. Segundo melhor doutrina a hipótese de incidência se apresenta sob variados aspectos, cuja reunião lhe dá entidade. Análise do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997 e parágrafos permite constatar que a norma, sob aspecto pessoal, dirige se à pessoa jurídica domiciliada no Brasil que possui participação societária de coligada ou controlada sediada no exterior. Sob aspecto material, predica que os lucros auferidos no exterior por meio das investidas deverão ser adicionados ao lucro líquido, mediante ocorrência de hipóteses, dentre as quais, mediante disponibilização para a empresa no Brasil, no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento (aspecto temporal), considerandose pago o lucro quando ocorrer o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça (aspecto territorial), inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior. PAGAMENTO DO LUCRO. ATOS DA INVESTIDA E DA INVESTIDORA. As hipóteses de pagamento do lucro abrangem tanto atos de iniciativa da empresa investida quanto da investidora. O crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil, a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária e a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça, pressupõem ato da investida. Por sua vez, o emprego de valor abrange ato da investidora, que, naturalmente, sendo detentora de participação da investida, pode, a qualquer momento, dispor de suas ações, da melhor maneira que lhe convier, como, por exemplo, por meio de alienação, transferência, conferência para integralizar capital em outras empresas, dentre outros. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 78 /2 00 5- 27 Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.068 2 EMPREGO DE VALOR. CONDIÇÃO PARA CONSUMAÇÃO DO ASPECTO TEMPORAL. O emprego de valor consolida precisamente a valorização do investimento, refletivo no balanço da investidora por meio do método da equivalência patrimonial, e não tributado enquanto não ocorrer a disponibilização dos lucros porque o lucro já é tributado na investida. A partir do momento em que a investidora decide alienar as ações da investida, e se beneficia da valorização do investimento para efetuar a operação, valorização essa que se viabilizou a partir dos lucros auferidos pela coligada refletidos no investimento por meio da equivalência patrimonial, resta evidente a consumação do emprego de valor, e por consequência o momento do pagamento do lucro, aspecto temporal da norma. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, e 61, § 3º, da Lei 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito: 1) quanto ao emprego de valor, por voto de qualidade, acordam em dar provimento ao recurso, com retorno dos autos ao colegiado a quo, vencidos Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento; e 2) quanto aos juros sobre a multa, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento, vencidos Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Daniele Souto Rodrigues Amadio. Solicitaram apresentar declaração de voto os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Rafael Vidal de Araújo. A conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio votou apenas quanto ao mérito, pois o conhecimento já havia sido decidido na reunião anterior, na qual foi substituída pelo conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Fl. 1068DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.069 3 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Nathália Correia Pompeu). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN (efls. 869/889) em face da decisão proferida no Acórdão nº 110300.193 (e fls. 848/865), pela 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 18/05/2010, no qual foi dado provimento parcial ao recurso voluntário da Contribuinte e negado provimento ao recurso de ofício. Resumo Processual A autuação fiscal, relativa ao anocalendário de 2000, tratou das infrações tributárias: (1) lucros disponibilizados no exterior em razão de alienação de participação societária; (2) glosa de despesas de juros com empresas no exterior. A primeira instância (DRJ) julgou o lançamento fiscal procedente em parte, para afastar parcialmente a infração (2), no sentido de restabelecer as despesas de juros relativas a março de 2000 com empresa coligada. Em razão do crédito tributário exonerado foi efetuada remessa necessária (recurso de ofício). A segunda instância (Turma Ordinária do CARF) negou provimento ao recurso de ofício (manteve o afastamento parcial da infração 2) e deu provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar a infração (1) e a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, e manter a tributação da parcela vinculada á glosa de despesas de juros referentes á emissão de Fixed Rate Notes (FRN). Ambas as partes interpuseram recursos especiais relativos ás matérias no qual tiveram a pretensão resistida. Os despachos de exame de admissibilidade foram no sentido de negar seguimento ao recurso interposto pela Contribuinte, e foi dar seguimento ao recurso interposto pela PGFN. Foram apresentadas contrarrazões pela Contribuinte. A seguir, maiores detalhes sobre a autuação fiscal e a fase contenciosa. Da Autuação Fiscal A autuação fiscal (efls. 183/193), relativa ao anocalendário de 2000, discorre sobre (1) a alienação das quotas que a Contribuinte (CRBS S/A, "CRBS") detinha na JALUA (Uruguai), para a Eagle Distribuidora de Bebidas S/A (EAGLE), e (2) a emissão de títulos pela Contribuinte para captar recursos financeiros que foram adquiridos pela JALUA. Na primeira infração, relata a autoridade autuante que a JALUA obteve lucros nos anoscalendário de 1997 a 1999, que não foram oferecidos à tributação pela Contribuinte porque não havia se consumado nenhuma hipótese de disponibilização de lucros Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.070 4 conforme legislação vigente. Contudo, tal situação teria sofrido alteração no período compreendido entre janeiro e abril de 2000, quando a Contribuinte alienou as ações da JALUA para a Eagle Distribuidora de Bebidas S/A, momento em que entendeu a autoridade autuante que se ocorreu a efetiva a disponibilização dos lucros, por emprego de valor, conforme art. 1º, § 2º, "b", "4", da Lei nº 9.532, de 1997, razão pela qual efetuou os lançamentos fiscais. Na segunda infração, relata a autoridade fiscal que a Contribuinte, para captar recursos financeiros emitiu em 1999, Fixed Rate Notes (FRN) em três lotes, no total de US$300 milhões (trezentos milhões de dólares, que foram adquiridos pela JALUA. Entendeu a autoridade autuante que a operação teria sido na realidade um mútuo, e por isso glosou a despesa de juros relativos ao período de janeiro a abril de 2000 (quando se consumou a transferência das ações da JALUA para outra empresa), amparandose no § 3º do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997. Foram lavrados autos de infração de IRPJ e CSLL. Da Fase Contenciosa A Contribuinte apresentou impugnação (efls. 210 e segs), que foi apreciada pela 5ª Turma da DRJ/São Paulo I e julgou o lançamento fiscal procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 1610.056 (efls. 295 e segs.), para afastar a exação relativa às despesas de juros relativas a março de 2000 decorrente de mútuo celebrado com a coligada, conforme a ementa da decisão: Ementa: ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA. HIPÓTESE DE DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS. Na alienação de participação em empresa sediada no exterior há o emprego de lucros (inclusive da reserva legal) da coligada exterior, em favor da coligada no Brasil, o que configura hipótese de disponibilização. IMPOSTO SOBRE O PATRIMÔNIO. COMPENSAÇÃO. É passível de compensação apenas o tributo que incida sobre lucros, e não sobre o patrimônio. MÚTUO ENTRE COLIGADAS. DESPESAS DE JUROS. Até a edição da MP n° 1.99115/2000, são indedutíveis os juros, pagos ou creditados, incidentes sobre o valor equivalente aos lucros não disponibilizados por empresa coligadas ou controladas, domiciliadas no exterior, quando estas forem as beneficiárias do pagamento ou crédito. Restabelecemse os valores glosados relativos a período posterior à edição de supracitada norma. JUROS DE MORA À TAXA SELIC. O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC têm previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Fl. 1070DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.071 5 Anocalendário: 2000 Ementa: CSLL. DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior sujeitamse à incidência da CSLL, observadas as normas de tributação universal. Em razão do crédito tributário exonerado pela DRJ, foi interposto recurso de ofício. Também foi interposto recurso voluntário (efls. 582 e segs) pela Contribuinte. A 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção do CARF, na sessão de 18/05/2010, por meio do Acórdão nº 110300.193 (efls. 848 e segs), decidiu no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar a tributação de lucros disponibilizados no exterior em razão da alienação da coligada e a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, e manter a tributação relativa á despesa de juros remanescente relativa à emissão dos FRN, conforme ementa a seguir. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: LUCROS NO EXTERIOR. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A alienação de participação societária não caracteriza disponibilização de lucros por coligada ou controlada no exterior. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: EMISSÃO DE FIXED RATE NOTES COM NATUREZA DE MUTUO. A emissão de FRN (Fixed Rate Notes) adquiridas integralmente por uma única pessoa jurídica, ligada à emitente, tem natureza de mútuo. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A Lei 9.430/96 não prevê a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. O art. 161, § 1º, que se subordina ao caput, prevê supletivamente a aplicabilidade de juros de mora à taxa de 1% ao mês. O art. 161, caput, do CTN prevê a incidência de juros de mora antes de imposição das penalidades cabíveis. Sobre a multa de ofício são inaplicáveis juros de mora. A PGFN interpôs recurso especial (efls. 869/889), protestando que a alienação da participação societária consuma hipótese de disponibilização de lucros, nos termos do art. 1º, § 2º, alínea B, item 4 da Lei nº 9.532, de 1997, e que é indevida a exclusão de juros de mora sobre a multa de ofício. O Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 899/9028 deu seguimento ao recurso da PGFN. Cientificada, a Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 974 e segs). Discorre que a situação tratada nos autos, de alienação de participação acionária da coligada Fl. 1071DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.072 6 geradora dos lucros para outra sociedade, não caracteriza o emprego de valor previsto na Lei nº 9.532, de 1997, e que o dispositivo do art. 2º da IN SRF nº 38,de 1996, não tem base legal. Aduz que, caso o recurso da PGFN seja provido, os autos devem retornar para a turma a quo, para que se pronuncie a respeito de matérias que, em razão do resultado do julgamento, tiveram sua apreciação prejudicada, quais sejam, (1) a impossibilidade da exigência da CSLL sobre lucros apurados antes de 01/01/1999 por falta de previsão legal, (2) a inclusão da reserva legal na base de cálculo do lançamento fiscal, (3) e a impossibilidade de coexistirem a "infração 1" (não oferecimento à tributação de lucros disponibilizados pela coligada no exterior) e "infração 2" (glosa de despesas de juros de mútuo), vez que a segunda infração tem como premissa a não disponibilização dos lucros. E, como no julgamento da turma a quo, a "infração 1" foi afastada, a matéria não foi apreciada. Enfim, entende que a legislação tributária somente autoriza a incidência de multa e juros sobre o valor atualizado do tributo ou da contribuição. Ou seja, não haveria previsão para a incidência de juros sobre o valor da multa. A Contribuinte também apresentou recurso especial (efls. 937 e segs), cujo seguimento foi negado pelo Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 1018/1023 e Despacho de Reexame de efls. 1024/1025. Consta ainda nos autos decisão em pedido de liminar (efls. 1059/1061), relativa a mandado de segurança impetrado pela Contribuinte, no sentido de determinar a suspensão da exigibilidade do crédito tributário relativa à exação fiscal da despesa de juros remanescente relativa à emissão dos FRN (que em tese estaria transitada em julgado administrativamente, vez que a autuação fiscal nesse ponto foi mantida pela decisão de segunda instância e teve seu seguimento negado para a Câmara Superior de Recursos Fiscais), até definitivamente concluído o julgamento do presente Colegiado, em razão da alegada prejudicialidade de coexistência entre a "infração 1" e a "infração 2". É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura Em relação à admissibilidade, adoto as razões do Despacho de Admissibilidade de efls. 899/902, com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 1999 1, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer do Recurso Especial da PGFN. As matérias da autuação fiscal trataram de duas infrações previstas no art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, cada qual com um dispositivo específico: a primeira, do conceito de 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 1072DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.073 7 "emprego de valor" previsto nos §§ 1º e 2º, "a", "4", e a segunda de glosa de juros decorrentes de captação de Fixed Rate Notes (FRN), que foram equiparados a uma operação de mútuo, com base no § 3º. Sobre o emprego de valor, a redação vigente à época da autuação era a seguinte: Art. 1º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: a) no caso de filial ou sucursal, na data do balanço no qual tiverem sido apurados; b) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. § 2º Para efeito do disposto na alínea "b" do parágrafo anterior, considerase: a) creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da controlada ou coligada domiciliada no exterior; b) pago o lucro, quando ocorrer: 1. o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2. a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; 3. a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; 4. o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior. (grifei) Em relação à despesa de juros, a infração foi lançada para os meses de janeiro, fevereiro e março de 2000, período em que a redação sofreu alteração, como se pode observar a seguir. Redação dada pelo art. 3º da Lei nº 9.959, de 27/01/2000, aplicável os fatos geradores janeiro e fevereiro de 2000: § 3º Não serão dedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido os juros, pagos ou creditados, incidentes sobre o valor equivalente aos lucros não disponibilizados por empresas: Fl. 1073DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.074 8 I coligadas ou controladas, domiciliadas no exterior, quando estas forem as beneficiárias do pagamento ou crédito; II controladas, domiciliadas no exterior, independente do beneficiário. Redação dada pelo art. 35 da MP nº 1.99115, de 15/03/2000, aplicável os fatos geradores de março de 2000: § 3º Não serão dedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido os juros, relativos a empréstimos, pagos ou creditados a empresa controlada ou coligada, independente do local de seu domicílio, incidentes sobre valor equivalente aos lucros não disponibilizados por empresas controladas, domiciliadas no exterior. (grifei) A decisão recorrida afastou a primeira infração (emprego de valor), e, quanto a segunda, (1) deu provimento ao recurso de ofício, para manter a decisão da DRJ, que foi no sentido de afastar a tributação para o mês de março de 2000, por entender que a indedutibilidade da despesa de juros, a partir da redação dada pelo art. 35 da MP nº 1.99115, de 15/03/2000, para o § 3º do art.1º da Lei nº 9.532, de 1997, aplicarseia apenas para lucros não disponibilizados por empresas controladas, situação diferente do caso concreto, vez que o empréstimo foi celebrado com empresa coligada. Por sua vez, foram devolvidas no recurso especial da PGFN a primeira infração (emprego de valor) e a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Sobre o emprego de valor, tratase de matéria já bastante discutida, tanto pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, quanto pelo CARF. No caso em tela, a CRBS (Contribuinte) detinha participação societária na JALUA (exterior). A JALUA era coligada da CRBS. No decorrer dos anoscalendário de 1997, 1998 e 1999 a JALUA auferiu lucros. Contudo, os lucros no exterior auferidos pela coligada JALUA, até aquele momento, não foram considerados disponibilizados para a empresa no Brasil, CRBS, conforme legislação de regência. Cenário que mudou entre janeiro a abril de 2000, quando a CRBS alienou as quotas de participação da JALUA para a Eagle Distribuidora de Bebidas S/A, evento que, no entendimento da autoridade autuante, teria caracterizado a disponibilização de lucros, por meio do emprego de valor (§ 2º, "b", "4", do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997). Entendo que não há reparos em tal interpretação. Peço vênia para apreciar a norma em debate sob a perspectiva da hipótese de incidência tributária delineada pela doutrina de GERALDO ATALIBA 2. Esclarece o doutrinador que a hipótese de incidência se apresenta sob variados aspectos, cuja reunião lhe dá entidade. Os aspectos analisados no presente voto são o 2 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária, 6ª ed. São Paulo : Malheiros Editores, 2010, p. 51 e segs. Fl. 1074DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.075 9 material, pessoal, territorial e temporal. Ou seja, para se consumar a hipótese de incidência, há que se concretizar a ocorrência de todos os aspectos previstos na norma. A empresa investidora (CRBS) passou a auferir lucros no exterior, a partir do anocalendário de 1996, na proporção de sua participação na sua investida. Isso porque a sua investida, empresa coligada JALUA com sede no exterior, auferiu lucros. Entendo ser o aspecto material de hipótese de incidência prevista no caput do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997. Transcrevo novamente o caput: Art. 1º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. Ocorre que a consumação do aspecto material, por si só, não é suficiente para a concretização da hipótese de incidência. Passemos adiante. Quanto ao aspecto pessoal, a redação do caput não deixa dúvidas de que a norma estabelece, no pólo ativo, a presença de pessoa jurídica domiciliada no Brasil, e no passivo, empresa com sede no exterior. A empresa no Brasil atua no exterior por meio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas. No caso em tela, a JALUA (pólo passivo, empresa com sede no exterior) é coligada da CRBS (pólo ativo, empresa com sede no Brasil). Portanto, percebese que o aspecto pessoal encontrase atendido. Por sua vez, o diploma, ao tratar do aspecto temporal, discorre sobre o balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados, momento em que optou por positivar uma série de hipóteses, relacionadas nos §§ 1º e 2º do artigo em estudo. No caso de coligadas, a disponibilização ocorre na data (1) do pagamento ou (2) do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. Observase, portanto, que enquanto os lucros permanecerem na investida, sem utilização, não há que se falar em disponibilização. Utilizo o termo "utilização", vez que restou clara, pela redação dada pela norma, que a disponibilização não se restringe à remessa dos lucros para o Brasil, stricto sensu. Os termos "pagamento" ou "crédito" não foram adotados por acaso. A disponibilização, a realização do lucro, pode ser operacionalizar mediante diferentes situações. Precisamente nessa perspectiva, é fundamentar constatar que a quota ou ação da investidora (CRBS) na investida (JALUA) percebe uma valorização, auferida mediante o método de equivalência patrimonial (MEP), em razão do lucro auferido pela investida. E, em se tratando da data do pagamento, optou o legislador em positivar quatro hipóteses, do qual transcrevo na sequência: Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.076 10 1ª) o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2ª) a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; 3ª) a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; 4ª) o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior. As hipóteses de pagamento do lucro abrangem tanto atos de iniciativa da empresa investida quanto da investidora. As três primeiras, (1) o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil, (2) entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária e (3) a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça, pressupõem ato da investida. Na terceira, ampliase o aspecto territorial, ao dizer que a remessa em favor da beneficiária pode ser para o Brasil ou para qualquer outra praça. Já a quarta, precisamente o emprego de valor, pressupõe um ato que pode ser tanto da investida, quanto da investidora, que, sendo detentora de participação da investida, pode, a qualquer momento, dispor de suas ações ou quotas, da melhor maneira que lhe convier, como, por exemplo, por meio de alienação, transferência, conferência para integralizar capital em outras empresas, dentre outros. E também, na quarta hipótese, não por acaso dispôs o legislador que a negociação pode ocorrer em qualquer praça. Ora, ao dispor do investimento, a investidora tem liberdade para negociar com qualquer outra empresa, independente de sua localização. Pode alienar sua participação societária de uma empresa no exterior tanto para uma empresa localizada no exterior quanto para uma empresa localizada no Brasil. Não subsiste argumento apresentado pela Contribuinte de que, como as três primeiras hipóteses dispõem de atos exclusivamente da investida, a quarta hipótese (emprego de valor) não poderia ter a investidora como beneficiária. Pelo contrário. O pagamento do lucro pressupõe a autonomia da investida, no sentido de decidir a conveniência disponibilizar os lucros para a investidora (itens 1, 2 e 3, alínea "b", § 2º, art. 1º) e também consagra a autonomia da investidora, que pode, a qualquer momento, dispor do seu investimento (itens 4, alínea "b", § 2º, art. 1º), para quem quiser (empresa no Brasil ou no exterior) e da maneira que lhe parecer mais conveniente. E, em se tratando de investimento em coligada ou controlada, o valor das ações é avaliado pelo método de equivalência patrimonial (MEP), que permite refletir, na proporção da participação societária do investidor, os lucros auferidos pela investida. Enquanto o lucro estava sendo auferido na investida, e refletido via MEP na investidora, não havia que se falar em disponibilização para a investidora. Por sua vez, sendo tal investimento alienado para outra empresa, entendeu o legislador que seria hipótese no qual o lucro, até então não disponibilizado pela investida, passaria a ser disponibilizado, porque serviu para valorizar a participação alienada. Ou seja, o lucro auferido pela investida foi empregado, quando as ações ou quotas valorizadas por esse lucro foram vendidas. Portanto, no caso em análise, a partir do momento em que a investidora (CRBS) decidiu alienar as ações da investida (JALUA) para a EAGLE, e se beneficiou da Fl. 1076DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.077 11 valorização do ativo (ações) para efetuar a operação, valorização essa que se viabilizou a partir dos lucros auferidos pela coligada refletidos no investimento por meio da equivalência patrimonial, restou evidente a consumação do emprego de valor. Enfim, aduz a Contribuinte em contrarrazões que, como o § 9º do art. 2º da IN/SRF nº 38, de 1996, não foi sido reproduzido no art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, por consequência a hipótese de alienação de participação, estaria fora do alcance do conceito de emprego de valor. Vale transcrever a redação do dispositivo: § 9º Na hipótese de alienação do patrimônio da filial ou sucursal, ou da participação societária em controlada ou coligada, no exterior, os lucros ainda não tributados no Brasil deverão ser adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real da alienante no Brasil. Em brevíssima síntese, a IN/SRF nº 38, de 1996 foi editada após publicado o art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995 3, que não previa nenhum evento de disponibilização dos lucros para consumar a incidência da tributação, ou seja, o auferimento dos lucros seria automático ao final do anocalendário. Tendo recebido várias críticas, até porque à época ainda não havia sido editado o § 2º do art. 43 do CTN 4, a Receita Federal editou a instrução normativa dispondo 3 Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. (...) § 2º Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: I as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; II os lucros a que se refere o inciso I serão adicionados ao lucro líquido da matriz ou controladora, na proporção de sua participação acionária, para apuração do lucro real; III se a pessoa jurídica se extinguir no curso do exercício, deverá adicionar ao seu lucro líquido os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, até a data do balanço de encerramento; IV as demonstrações financeiras das filiais, sucursais e controladas que embasarem as demonstrações em Reais deverão ser mantidas no Brasil pelo prazo previsto no art. 173 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. § 3º Os lucros auferidos no exterior por coligadas de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: I os lucros realizados pela coligada serão adicionados ao lucro líquido, na proporção da participação da pessoa jurídica no capital da coligada; II os lucros a serem computados na apuração do lucro real são os apurados no balanço ou balanços levantados pela coligada no curso do períodobase da pessoa jurídica; III se a pessoa jurídica se extinguir no curso do exercício, deverá adicionar ao seu lucro líquido, para apuração do lucro real, sua participação nos lucros da coligada apurados por esta em balanços levantados até a data do balanço de encerramento da pessoa jurídica; 4 Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Fl. 1077DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.078 12 sobre as hipóteses de disponibilização. Contudo, emergiuse nova crítica no sentido de que as hipóteses de disponibilização apresentadas pela instrução normativa não teriam base legal. Nesse contexto, surgiu o art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997 (precisamente o objeto da análise dos presentes autos), tratando das hipóteses de disponibilização dos lucros. Ocorre que a redação do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997 não reproduziu na integralidade vários dispositivos do art. 2º da IN/SRF nº 38, de 1996. Apenas o essencial, o necessário, de acordo com a natureza da lei. Como exaustivamente apresentado no presente voto, a redação do § 2º, "b", "4", do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, que trata do emprego de valor, por si só, já se mostra suficiente para abranger todas as situações em que o lucro foi realizado e que não estão previstas nos itens "1", "2" e "3" do mesmo § 2º, "b", do artigo em análise. A instrução normativa tem natureza de norma complementar, e por isso apresenta uma redação mais detalhada, buscando identificar hipóteses que, apesar de previstas em lei, não teriam sido expressamente positivadas, mas estariam em conformidade com a norma. Assim, o fato de a lei posterior não ter reproduzido dispositivo empregado em instrução normativa anterior não implica, automaticamente, em inferir que a situação tratada no dispositivo teria sido descartada pela lei. O cotejo a ser realizado é entre a redação do art. 25 da Lei nº 9.249, de 1995, e o art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, este que se prestou para estabelecer as hipóteses de disponibilização dos lucros em debate, de maneira precisa e objetiva. Portanto, mediante análise da norma, sobre a ocorrência do emprego de valor), em relação aos aspectos material, pessoal, territorial e temporal, deve ser restabelecida a autuação fiscal relativa à primeira infração. Em relação à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, vale transcrever, inicialmente, o artigo 113, do CTN, que predica que o objeto da obrigação tributária principal é o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (grifei) § 2º (...) Por sua vez, o crédito tributário decorre da obrigação principal, conforme o artigo 139 do CTN: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. § 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) (grifei) Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.079 13 A penalidade pecuniária tem base no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, materializada na multa de ofício aplicada sobre o tributo. E, como se pode observar a penalidade pecuniária, decorrente da infração, compõe a obrigação tributária principal e, por conseguinte, integra o crédito tributário. Doutrina de Ives Gandra Martins ratifica o entendimento: A obrigação tributária abrange tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária. O pagamento, seja do tributo, seja da penalidade pecuniária que são duas espécies do gênero obrigação tributária , extingue o crédito tributário. A obrigação principal é efetivamente uma obrigação tributária. A obrigação acessória é uma obrigação administrativa, porque, quando ela passa a ser tributária, deixa de ser acessória e passa a ser principal. Há que se observar que não é toda penalidade tributária que se constitui em sanção com conformação de obrigação tributária. A penalidade que implica a perda de liberdade, que é ínsita ao campo do Direito Tributário, essa, evidentemente, não é uma obrigação tributária. A obrigação tributária é, como vimos, gênero do qual são espécies o tributo e a penalidade. Entretanto, esta só compreende a penalidade pecuniária. Se a penalidade for de outra natureza, tributária não é. As obrigações acessórias, aquelas que os contribuintes são obrigados a fazer em nome do fisco e para o fisco, como a escrituração dos seus livros, a manutenção dos seus documentos, a emissão de notas fiscais, essas obrigações acessórias, na verdade, não são obrigações tributárias, são obrigações administrativas. O contribuinte se transforma numa longa manus da Administração, e é evidente que essas obrigações acessórias, quando descumpridas, merecem uma penalidade, e sempre que merecerem uma penalidade pecuniária passam a ser obrigações principais e entram naquela conformação do art. 113 (Curso de direito tributário, Col. AudioJuris,, fita n. 6, lado A)." (grifei)” Por sua vez, o CTN, ao discorrer sobre o pagamento, informa que devem incidir juros sobre o crédito tributário não integralmente adimplido no vencimento, verbis: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (grifei) § 1º (...) E a correção estipulada pelo mencionado art. 161, a partir da Lei nº 9.065, de 1995, segue a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, questão já pacificada pela Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.080 14 taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Verificase, assim que tanto tributo quanto penalidade estão sujeitos à atualização prevista no art. 161 do CTN, mediante aplicação da taxa SELIC. Portanto, deve ser mantida a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício. Em contrarrazões, aduz a Contribuinte que, caso restabelecida a primeira infração (emprego de valor), caberia o retorno dos autos para a turma a quo. Isso porque, como a decisão recorrida afastou a primeira infração, restou prejudicada a apreciação de outras matérias que, caso fossem analisadas pelo presente Colegiado, poderia caracterizar supressão de instância. De fato, foram suscitadas pela Contribuinte três matérias, desde a impugnação, e que não foram apreciadas pela turma a quo em razão do afastamento da primeira infração. A primeira dispõe sobre a impossibilidade de exigência da CSLL sobre lucros apurados antes de 01/10/1999, por falta de previsão legal. Isso porque a previsão para incidência da contribuição teria surgido com o art. 19 da MP nº 1.858, de 1999, publicada em 30/06/1999, que só passou a surtir efeitos a partir de outubro do mesmo ano, em razão do princípio da anterioridade nonagesimal. A segunda matéria protesta sobre a inclusão do valor da reserva legal aos lucros auferidos pela coligada. A terceira matéria discorre sobre a impossibilidade de coexistência entre primeira infração (emprego de valor) e segunda infração (glosa dos juros de mútuo). Entende que a redação do § 3º do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, dispõe claramente que a glosa da despesas relativas a juros pagos decorrente do mútuo ocorreria apenas quando a empresa coligada beneficiária dos juros não tiver recebido os lucros disponibilizados. E, se a primeira infração foi no sentido de que promover a disponibilização dos lucros, então não haveria que se falar em glosa de despesas de juros, que só ocorre quando os lucros não forem disponibilizados. Entendo que assiste razão à Contribuinte nesse ponto, razão pela qual devem ser devolvidos os autos para a turma a quo para apreciação das três matérias. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso da PGFN, e determinar o retorno dos autos para a turma a quo, para apreciar estritamente as matérias (1) impossibilidade de exigência da CSLL sobre lucros apurados antes de 01/10/1999, (2) inclusão do valor da reserva legal aos lucros auferidos pela coligada e (3) impossibilidade de coexistência entre a primeira infração (emprego de valor) e segunda infração (glosa dos juros de mútuo). (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.081 15 Declaração de Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araújo. A alínea "b", § 2º, do art. 1º da Lei nº 9.532, de 1997, em cada um de seus itens, utilizase de quatro substantivos "o crédito", "a entrega", "a remessa", "o emprego", que correspondem, respectivamente, aos verbos creditar, entregar, remeter e empregar. Cada um desses verbos admitem sujeito e, em sendo, além de transitivos diretos, transitivos indiretos, admitem objeto indireto. A defesa sustenta que como os verbos creditar, entregar e remeter somente admitem como sujeito a controlada no exterior e como objeto indireto a controladora no Brasil, então a mesma lógica deve ser aplicável ao verbo empregar. Não me parece a melhor aplicação do vernáculo, o fato de os outros três verbos não admitirem como sujeito a controladora no Brasil e o verbo empregar admitir, demonstra que, quando o legislador optou por escolher um verbo com característica diferente dos outros três já utilizados, tinha em mente exatamente permitir essa situação. Isso, pois o legislador é conhecedor tanto da língua nacional quanto do princípio geral de Direito de que não deve o intérprete diferenciar quando o legislador não o fez. E se são os três verbos iniciais que trazem em sua natureza o discrímen, e não a especificação expressa de determinado sujeitos e objetos indiretos, não havendo, portanto, na natureza do último verbo esse discriminante, devese respeitar a sua natureza e não impor as limitações dos outros verbos a este último. Pelo contrário, o só fato do legislador utilizarse de um substantivo ligado a um verbo mais rico e com possibilidades de aplicação mais amplas é mais um indicativo de que o legislador estava tratando no último item de um regra de aplicação subsidiária que "entra em campo" exatamente quando as outras hipóteses da norma não são suficientes para conduzir ao desejado enquadramento. Empregar é exatamente uma forma de dispor, ainda que indiretamente, de algo que não se detêm diretamente. Assim, em harmonia com o princípio basilar (ubi lex non distinguir, nec nos distinguere debemus), observando e respeitando a vontade do legislador que não diferenciou não porque seja displicente, mas sim porque efetivamente não quis diferenciar, não se deve restringir o item 4 da alínea "b" ao emprego pela controlada no exterior. Ademais, o importante na expressão "inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior" é a sinalização de que este dispositivo admite caso de emprego a partir da decisão da sociedade controladora no Brasil de aumentar capital na controlada do exterior, independentemente de haverem casos em que essa decisão de aumentar o capital não seja tomada pela pessoa jurídica domiciliada no Brasil (como os que podem ocorrer com coligadas). Ou seja, a só existência fática de uma hipótese expressa ratifica o acerto por se entender que a norma comporta essa amplitude, não podendo ser restringida. Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.082 16 Considero importante apreciar uma jurisprudência recente que vêm ganhando ressonância. Sabese que "pagamento" nada mais é do que a extinção de uma obrigação que o devedor possui junto ao credor. Realizado o "pagamento" extinguese a relação jurídica obrigacional, nada mais podendo o credor exigir do devedor. Há os que defendem que, nesse caso, não teria se extinguido essa relação jurídica obrigacional, pois a operação em tela não significa que as controladas estejam desobrigadas de, no futuro, disponibilizar o lucro por elas auferido. Essa parte da jurisprudência incorre numa impropriedade jurídica e adota uma confusão patrimonial, que fere o princípio da entidade. Vejamos. A impropriedade jurídica consiste em considerar que a relação jurídica obrigacional não se teria extinto pelo seu objeto, ocorre que essa relação também se extingue pela alteração dos pólos da relação, ou seja, a modificação do credor, com a alienação, estáse frente a uma nova relação jurídica obrigacional. E, embora se possa defender que o objeto continua válido, o que motivou a extinção da relação obrigacional anterior e a constituição de uma nova foi exatamente o fato de terse dado uma operação que o objeto atingiu todos os seus fins. E ao considerar que a relação obrigacional não seja outra, e sim a mesma, estáse implicitamente dizendo que o ocupante do pólo ativo da relação anterior se confunde com o da nova relação, o que não está de acordo com o fato de que são entidades distintas. Ademais, ainda essa teoria ignora o fato de que se trata de uma presunção: considerase pagamento e não que se esteja adotando as características do instituto do pagamento. Por fim, quanto ao parágrafo 9º do art. 2º da IN 38/96, há que se ressaltar que a IN é uma norma interpretativa. O fato do restante do artigo vir a se tornar lei e não esse parágrafo não pode ser entendido como entendimento expresso de que o que consta no parágrafo 9º seja incompatível com a atual redação da lei. Pelo contrário, quando o legislador infralegal trouxe toda uma matéria para a IN tinha a concepção de que tudo aquilo era interpretativo, refletiu melhor e entendeu que alguns dispositivos eram inovadores do ordenamento jurídico, de certa forma confessou que os novos dispositivos não tinham base legal. Entretanto, com relação ao parágrafo 9º, passou a entender que este era desnecessário ser legislado, pois seria apenas mero desdobramento do emprego de valor. Não deve causar espanto a seqüência dos fatos, embora tenha se dado de uma forma inusitada, trata se apenas de uma manifestação da administração de que o que constava no parágrafo 9º do art. 2º é apenas meramente interpretativo do art. 2º, parágrafo 2º, II, "d", que trata do emprego de valor. O fato dessa "confissão" da ausência da base legal para o parágrafo 2º do artigo 2º da IN 38/96 não ter sido feita para o parágrafo 9º do mesmo artigo 2º não quer dizer que a administração tenha esquecido desta parte da confissão e que este tribunal tenha agora que complementála. A inexistência de um dispositivo expresso com o conteúdo do parágrafo 9º do artigo 2º, mais uma vez, reflete apenas que a administração entenda que o seu conteúdo seja interpretativo dos dispositivos que vieram a ser introduzidos por lei no ordenamento jurídico. A situação é semelhante ao caso de uma IN, posterior à vigência do art. 1º da Lei nº 9.532/97, que trouxesse um parágrafo expresso com o conteúdo do parágrafo 2º do Fl. 1082DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.083 17 artigo 2º da IN 38/96. Se fosse isso o que tivesse acontecido, estaríamos discutindo a legalidade do referido parágrafo, ao que, nessa situação hipotética, eu me posicionaria pela legalidade do mesmo, por ser essencialmente interpretativo da regra subsidiária do emprego de valor. Ademais, é conceitualmente equivocado pensar que o legislador tenha desejado que essa operação não seja tributada (o legislador teria atuado para não incluir este dispositivo); essa concepção só teria algum peso se a Medida Provisória que veiculou esses dispositivos viesse acompanhada de dispositivo com o teor do referido parágrafo 9º e esse tivesse sido suprimido no Processo Legislativo, mas não foi o que ocorreu. A Medida Provisória nº 1.602, de 14 de novembro de 1997, não propôs dispositivo com esse conteúdo, isso significa que o Poder Executivo abraçou o entendimento da Administração Tributária de que aquele entendimento está contemplado na expressão do emprego de valor. Portanto, somente se tivesse havido supressão de texto com a redação do citado parágrafo 9º na Medida Provisória ou em eventual Projeto de Lei que legalizou os parágrafo 2º do art. 2º da IN 38/96, é que teria algum peso a tese de que o parágrafo 9º não é interpretativo do emprego de valor. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.084 18 Declaração de Voto Conselheiro Luís Flávio Neto. Na reunião de outubro de 2016, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN”) em face da CRBS S/A (doravante “CRBS”, “contribuinte”, “recorrido”), no processo n. 16327.001478/200527. Em tal recurso, a recorrente requer a reforma do acórdão n. 110300.193 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela então 3a Turma, 1a Câmara deste Tribunal (doravante “Turma a quo”). O acórdão recorrido restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: LUCROS NO EXTERIOR. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A alienação de participação societária não caracteriza disponibilização de lucros por coligada ou controlada no exterior. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: EMISSÃO DE FIXED RATE NOTES COM NATUREZA DE MÚTUO. A emissão de FRN (Fixed Rate Notes) adquiridas integralmente por uma única pessoa jurídica, ligada à emitente, tem natureza de mútuo. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Juridica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A Lei 9.430/96 não prevê incidência dc juros de mora sobre a multa de oficio. O art. 161, § 1º, que se subordina ao caput, prevê supletivamente a aplicabilidade de juros de mora ir taxa de 1% ao mês. O art,161, caput, do CTN prevê a incidência de juros de mora antes de imposição das penalidades cabiveis . Sobre a multa de oficio são inaplicáveis juros de mora. No julgamento do recurso especial interposto, a CSRF, por voto de qualidade, decidiu reformar o acórdão da Turma a quo. Nesta declaração de voto, permissa venia, apresento os fundamentos que me fizeram votar pelo NÃO PROVIMENTO do recurso especial interposto pela PFN, por compreender que a “alienação de participação societária em controlada ou coligada no exterior” não configura a hipótese de incidência dos tributos sob exame, notadamente no período em tela. O núcleo da discussão instaurada no presente processo administrativo reside no art. 1o, par. 2o, “b”, item 4, da Lei 9.532/97: Art. 1º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: a) no caso de filial ou sucursal, na data do balanço no qual tiverem sido apurados; Fl. 1084DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.085 19 b) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. § 2º Para efeito do disposto na alínea "b" do parágrafo anterior, considera se: a) creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da controlada ou coligada domiciliada no exterior; b) pago o lucro, quando ocorrer: 1. o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil; 2. a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; 3. a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; 4. o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior. A interpretação do dispositivo é controversa, de forma que a presente decisão deve conter em seu fundamento a explicitação da norma nele veiculada. O conteúdo normativo dos enunciados em questão pode ser explicitado tanto de forma positiva (o que está compreendido na hipótese de incidência da norma) quanto negativa (o que não está compreendido na hipótese de incidência da norma). De forma positiva, o referido enunciado prescritivo requer, como requisito de incidência, que ocorra disponibilidade econômica ou jurídica dos lucros da empresa estrangeira, empregados por esta em benefício de sua coligada ou controlada brasileira. Considerase ocorrido o aludido emprego se presentes alguns elementos que se sucedem, em especial: 1. a prática de ato da sociedade estrangeira vocacionado à disponibilização de seus lucro aos acionistas; 2. realização do rendimento, em que o contribuinte, residente no Brasil, deve beneficiarse do valor dos lucros (disponibilização da renda); 2.1. considerase auferido o rendimento se o lucro for utilizado para aumento de capital da própria empresa estrangeira controlada ou coligada que os produziu ou para creditamento, entrega, emprego de outras maneiras. É relevante constatar que, na hipótese de não haver a distribuição direta dos lucros da empresa estrangeira à sua acionista brasileira na forma de dividendos, o legislador prescreveu, como condição para a incidência tributária, a presença de um elemento principal e outro acessório: o principal, de competência da empresa estrangeira, que deve deliberar a disponibilização de seus lucros aos acionistas; o acessório, de competência do acionista brasileiro (empresa coligada ou controladora), com o propósito de creditálos, entregálos, empregálos de determinada maneira. Ocorre que a entrega, o emprego ou o crédito de tais valores em favor de terceiros, ultimado pela empresa empresa estrangeira e dependente de requerimento da coligada ou controladora, apenas tem ensejo em face da existência de um ato antecendente e, por isso, principal: a constituição da obrigação de disponibilização dos lucros, que compete à empresa estrangeira. Fl. 1085DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.086 20 A delimitação do fato gerador do tributo, prescrito pela Lei n. 9.532/97, também pode ser realizada de forma negativa. Assim, cogitandose hipóteses que não dariam ensejo à incidência tributária, é possível citar: a) inexistência de obrigação constituída atinente à disponibilização dos lucros empresa estrangeira em benefício da coligada ou controladora brasileira; b) atos da coligada ou controladora brasileira desconectados de precedente decisão da empresa estrangeira quanto à distribuição de seus respectivos lucros; É possível aferirse, por essa segunda perspectiva, que, inexistente o ato principal de competência da empresa estrangeira (disponibilização de seus lucros), deixa de ter relevância jurídicotributária qualquer ato praticado por sua acionista brasileira. Os atos da coligada ou controladora brasileira, dada a sua natureza acessória, apresentam relevância apenas parcial e não determinante. A exigência deste ato principal é comum em ambas as perspectivas por força da Lei n. 9.532/97 que, ao tutelar os atos praticados pela empresa estrangeira, lhes atribui o status de um gatilho: o dispositivo demarcou o momento em que tem início o desencadeamento da incidência normativa, com a relevância apenas parcial e não determinante de atos da empresa controlada ou coligada brasileira. A análise acurada do texto legal demonstra que tais assertativas são corretas. Assim, o art. 1o, par. 2, “b”, item 1, da Lei n. 9.532/97, tem em sua hipótese “o crédito do valor em conta bancária, em favor da controladora ou coligada no Brasil”. O sujeito da ação de creditar, eleito pelo legislador competente, foi a empresa estrangeira, enquanto a controladora ou coligada no Brasil seria justamente beneficiária da ação. O beneficiário de tais rendimentos (acionista brasileiro) pode indicar um terceiro destinatário para o referido creditamento. Naturalmente o ato da controladora ou coligada brasileira atinente à indicação desse terceiro destinatário seria necessário para que o crédito pudesse ser realizado em benefício deste. No entanto, para a incidência tributária, a relevância desse ato da acionista brasileira seria apenas acessória e, portanto, de parcial relevância: não fossem os atos principais, de competência da controlada ou coligada estrangeira, de gerar à sua acionista brasileira o direito aos seus lucros, sequer haveria crédito a ser direcionados a terceiros ou empregado de qualquer maneira. Não difere o art. 1, par. 2, “b”, item 2, da Lei n. 9.532/97, cuja hipótese consiste na “entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária”. O agente da ação de entregar os seus lucros seria a empresa estrangeira, enquanto quem se beneficiaria seria a controladora ou coligada no Brasil. A existência de ato da empresa acionista brasileira, que indica algum representante para o recebimento dos lucros, apresenta igualmente relevância apenas parcial e não determinante. Principal e determinante é o ato da empresa estrangeira. Da mesma forma, o art. 1, par. 2, “b”, item 3, da Lei n. 9.532/97, cuja hipótese é “a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça”. O enunciado é igualmente claro, com a indicação de ato (“remessa”) realizada pela empresa estrangeira. Fl. 1086DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.087 21 De forma harmoniosa, o item 4 do art. 1, par. 2, “b”, da Lei n. 9.532/97, que serviu de fundamento para o auto de infração objeto deste julgamento, é expresso ao prescrever, como elemento da hipótese de incidência, “o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior”. A competência para a pratica do ato determinante para a incidência tributária, por decisão do legislador, seria detida pela empresa estrangeira. Se a acionista brasileira solicitar à sua coligada ou controlada que empregue a determinada finalidade os dividendos que lhe seriam atribuíveis, este ato seria naturalmente relevante para a incidência do o item 4 do art. 1, par. 2, “b”, da Lei n. 9.532/97. Relevante, mas secundário e não determinante, pois necessariamente sucederia o ato praticado pela controlada ou coligada estrangeira que decidiu distribuir seus lucros, bem como antecederia o efetivo emprego levado a termo pela aludida empresa estrangeira. Nesse cenário, a controladora ou coligada residente no Brasil não possui competência para praticar o ato determinante para incidência tributária. Com isso, tornase impertinente supor que atos praticados pelo acionista no Brasil teriam eficácia para desencadear, por si só, a referida incidência normativa, à revelia de qualquer participação das controladas ou coligadas estrangeiras. No caso concreto, essa questão fulmina a autuação fiscal promovida contra a contribuinte. Ocorre que os fatos descritos demonstram que são imputados pela fiscalização apenas atos emanados pela acionista brasileira, sem qualquer atuação da empresa estrangeira. De forma mais objetiva: a transferência de participação societária foi realizada no âmbito exclusivo da acionista brasileira, não demandando qualquer ato de competência da empresa estrangeira de creditamento, entrega ou emprego de seus lucros, cuja distribuição foi deliberada. Esse vício não foi ignorado pela Turma a quo, como se observa do seguinte trecho, presente no voto do i. Conselheiro Aloysio José Percínio da Silva, in verbis: “A redação do dispositivo revela o pressuposto de existência de ato da sociedade estrangeira para que se possa considerar disponibilizado o lucro. Afinal, quem pode deliberar o emprego do valor em favor da beneficiária? Pareceme que tãosomente a sociedade estrangeira poderia fazêlo, nunca a controladora (coligada) no Brasil. A própria hipótese prevista no dispositivo legal, dada como situação equiparada à de emprego de lucros em favor da beneficiária, de “assunto de capital da controlada ou coligada”, também pressupõe ato prévio no sentido de pôr o lucro à disposição da pessoa jurídica no Brasil. Com efeito, todas as hipóteses listadas nos itens “a” e “b”, do § 2º, acima transcrito, pressupõem prévia decisão da empresa no exterior no sentido de pôr os lucros apurados à disposição da beneficiária brasileira, além do que, na ocorrência de qualquer uma delas (hipóteses), dáse efetiva disponibilidade dos lucros à pessoa jurídica no Brasil. No exame do tema, tenho em mente a definição do fato gerador do imposto de renda como aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza, dada pelo art. 43 do CTN.” Fl. 1087DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.088 22 Não há elementos nos autos que evidenciem a prática de quaisquer dos atos determinantes para a ocorrência do fato gerador, qual seja, a deliberação para distribuição de lucros à controladora ou coligada brasileira. Se após as reestruturações societárias realizadas em questão viesse a ocorrer a prática do ato de competência da empresa estrangeira apto a desencadear a incidência tributária, este sim seria o ensejo para atuação da administração fiscal de garantia da arrecadação tributária. No entanto, o caso sob julgamento revela que a atuação fiscal desconsiderou tais critérios legais, padecendo, portanto, de ilegalidade. Notese que não havia decisão do legislador, à época dos fatos, para a tributação da simples transferência de participação societária. Isso pode ser evidenciado por uma rápida digressão quanto à evolução legislativa pertinente à matéria. De início, é esclarecedor observar a IN 38/96, que previa algumas hipóteses de incidência com controvertida base legal: LUCROS, RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL AUFERIDOS NO EXTERIOR Art. 1º A partir de 1º de janeiro de 1996 os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, por pessoa jurídica domiciliada no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, observadas as disposições desta Instrução Normativa. § 1º Os lucros referidos neste artigo são os apurados por filiais e sucursais da pessoa jurídica e os decorrentes de participações societárias, inclusive em controladas e coligadas. § 2º Os rendimentos e ganhos de capital a que se refere este artigo são os auferidos no exterior, diretamente pela pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 3º Os lucros de que trata este artigo serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real da pessoa jurídica no Brasil, integralmente, quando se tratar de filial ou sucursal, ou proporcionalmente à sua participação no capital social, quando se tratar de controlada ou coligada. § 4º Para efeito da incidência do imposto de renda no Brasil, os lucros serão computados na determinação do lucro real, de forma individualizada, por controlada ou coligada, vedada a consolidação dos valores, ainda que todas as entidades estejam localizadas em um mesmo país. § 5º Tratandose de filiais e sucursais, os resultados poderão ser consolidados por país, desde que a matriz, no Brasil, indique uma filial ou sucursal como entidade lider no referido país. § 6º Os rendimentos e os ganhos de capital integrarão os resultados da pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 7º As perdas reconhecidas nos resultados da pessoa jurídica deverão ser adicionadas ao lucro líquido, para determinação do lucro real. § 8º Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoa jurídica, na qual a filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior, mantenha qualquer tipo de participação societária, ainda que indiretamente, serão consolidados no balanço da filial, sucursal, controlada ou coligada para efeito de determinação do lucro real da beneficiária, no Brasil. § 9º Os lucros, rendimentos e ganhos de capital de que trata este artigo, a serem adicionados ao lucro líquido ou nele computados, serão considerados pelos seus valores antes de descontado o tributo pago no país de origem. Art. 2º Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido do períodobase, para efeito de determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados. Fl. 1088DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.089 23 § 1º Consideramse disponibilizados os lucros pagos ou creditados à matriz, controladora ou coligada, no Brasil, pela filial, sucursal, controlada ou coligada no exterior. § 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, considerase: I creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da filial, sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior; II pago o lucro, quando ocorrer: a) o crédito do valor em conta bancária em favor da matriz, controladora ou coligada, domiciliada no Brasil; b) a entrega, a qualquer título, a representante da beneficiária; c) a remessa, em favor da beneficiária, para o Brasil ou para qualquer outra praça; d) o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da filial, sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior. § 3º Os rendimentos e ganhos de capital decorrentes de aplicações ou operações efetuadas no exterior serão computados nos resultados da pessoa jurídica, correspondentes ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do anocalendário em que auferidos. § 4º No caso de encerramento do processo de liquidação da empresa no Brasil, por extinção da empresa, os recursos correspondentes aos lucros auferidos no exterior, por intermédio de suas filiais, sucursais, controladas e coligadas, ainda não tributados no Brasil, serão considerados disponibilizados na data do balanço de encerramento, devendo, nessa mesma data, serem adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real. § 5º No caso de encerramento de atividades no exterior da filial, sucursal, controlada ou coligada, os lucros, auferidos por seu intermédio, ainda não tributados no Brasil, serão considerados disponibilizados, devendo serem adicionados ao lucro líquido para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do respectivo anocalendário ou da data do encerramento das atividades da empresa no Brasil. § 6º Os lucros ainda não tributados no Brasil, auferidos por filial, sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior, cujo patrimônio for absorvido por empresa sediada no Brasil, em virtude de incorporação fusão ou cisão, serão adicionados ao lucro líquido desta, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário do evento, observado o disposto nos §§ 1º e 2º. § 7º No caso de cisão, total ou parcial, a responsabilidade da cindida e de cada sucessora será proporcional aos valores do patrimônio líquido remanescente e absorvidos. § 8º Ocorrendo a absorção do patrimônio da filial, sucursal, controlada ou coligada por empresa sediada no exterior, os lucros ainda não tributados no Brasil, apurados até a data da transferência do referido patrimônio, serão considerados disponibilizados, devendo ser adicionados ao lucro líquido da beneficiária no Brasil, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário do evento. § 9º Na hipótese de alienação do patrimônio da filial ou sucursal, ou da participação societária em controlada ou coligada, no exterior, os lucros ainda não tributados no Brasil deverão ser adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real da alienante no Brasil. Fl. 1089DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.090 24 Como se constata imediatamente do texto desses enunciados infralegais, foi a clara segregação, pela administração tributária, das hipóteses de (i) alienação de participação societária em controlada ou coligada no exterior (IN 38/96, art. 1o, §2o, “d”) e de (ii) emprego do valor em favor da controladora ou coligada brasileira (IN 38/96, art. 2o, § 9o). A segregação das aludidas hipóteses corrobora com as constatações acima expostas, quanto à distinção entre atos de competência exclusiva da acionista brasileira (“alienação de participação societária em controlada ou coligada no exterior”) de atos complexos, cuja participação da coligada ou controladora brasileira é meramente acessória aos atos da empresa estrangeira, que detém a competência para a prática dos atos principais e determinantes (crédito, emprego ou entrega dos lucros distribuídos). Pelo texto da IN 38/96, tratarseiam de situações distintas, mas que configurariam, ambas, hipóteses de incidência tributária. A Lei n. 9.532/97 veio ao socorro das controvérsias geradas em torno da IN 38/96, flagrantemente inapta, por reserva de legalidade, para tutelar o sistema brasileiro de tributação de controladas e coligadas no exterior. Ocorre que a Lei n. 9.532/97 deixou de reproduzir algumas de suas hipóteses, entre as quais se destaca, neste caso, a contida no art. 2o, § 9o da IN 38/96, qual seja, “alienação de participação societária em controlada ou coligada no exterior”. Isso evidencia que: (i) “alienação de participação societária em controlada ou coligada no exterior” não equivale ou se confunde com emprego, entrega ou crédito de lucros de controlada ou coligada no exterior, bem como que; (ii) o legislador, com a edição da Lei n. 9.532/97, confirmou sua decisão de até então, no sentido de não prescrever a “alienação de participação societária em controlada ou coligada no exterior” como uma hipótese de incidência tributária. A Turma a quo também atribuiu relevância a algumas dessas constatações, como se observa do voto do i. Conselheiro Aloysio José Percínio da Silva, in verbis: “Conforme expus no início deste voto, não identifico na alienação de participação societária de coligada ou controlada no exterior “emprego de valor, em favor da beneficiária” para fins da incidência tributária sob o regime de tributação instituído pela Lei 9.249/95, com as alterações introduzidas pela Lei 9.532/97, anteriormente à vigência do art. 74 da MP 2.15835/2001. Nesse particular, chamo atenção para o entendimento da Administração Tributária contido no próprio art. 2º da IN SRF 38/96, que a meu ver, coincide com o meu, acima exposto. Observese que a hipótese de “emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praça, inclusive no aumento de capital da filial, sucursal, controlada ou coligada, domiciliada no exterior” se encontra inserida no § 2º, II, “d”, do referido art. 2º da IN SRF 38/96. Entretanto, por outro lado, a hipótese de alienação de participação societária em controlada ou coligada está contemplada em item diverso, no § 9º do mesmo artigo. Ora, se a hipótese de alienação, estivesse entendida pelo Fisco como “emprego de valor em favor da beneficiária, em qualquer praça...” (§ 2º, II, “d”, do art. 2º), seria desnecessária a sua inclusão em item específico (§ 9º do art. 2º). Fl. 1090DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.091 25 Assim, pareceme sensato concluir que, também para a Administração Tributária, a alienação de participação societária nunca foi integrada como emprego de valor em favor da beneficiária, uma vez que foi inserida em item específico na IN 38/96, diverso daquele que tratou do emprego de valor.” Por fim, suscita a PFN que os lucros acumulados na empresa estrangeira teriam valorizado as suas ações, que vieram a ser transferidas na reorganização societária em questão, o que seria suficiente para a incidência tributária. No entanto, para que esse argumento se confirmasse, seria necessário que a legislação aplicável ao caso prescrevesse a possibilidade da tributação dos resultados apurados pelo método da equivalência patrimonial (“MEP”), o que não ocorre. Quando uma pessoa jurídica possui participação societária relevante em outra pessoa jurídica (controlada ou coligada), deve refletir em sua contabilidade tal investimento, avaliandoo conforme o MEP. A Lei 6.404/1976 regulou a adoção do MEP, especialmente em seu art. 248. Essas receitas, evidenciadas para fins contábeis pelo MEP, contudo, não deveriam gerar consequências tributárias à controladora ou coligada brasileira, o que restou confirmado pelo art. 25, par. 6o, da Lei 9.249/95. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial interposto pela PFN quanto à matéria analisada nesta declaração de voto. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 1091DF CARF MF Processo nº 16327.001478/200527 Acórdão n.º 9101002.465 CSRFT1 Fl. 1.092 26 Declaração de Voto Tendo em vista que não foi apresentada no prazo regimental, considerase não formulada a declaração de voto da Conselheira Cristiane Silva Costa5. 5 Conforme Regimento Interno do CARF (RICARF), Anexo II, art. 63, §§ 6º e 7º: Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. (...) § 6º As declarações de voto somente integrarão o acórdão ou resolução quando formalizadas no prazo de 15 (quinze) dias do julgamento. § 7º Descumprido o prazo previsto no § 6º, considerase não formulada a declaração de voto. Fl. 1092DF CARF MF
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