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Numero do processo: 13921.000445/2008-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
Embargos de Declaração. Declaração de Voto. Omissão. Cabimento.
Cabem embargos declaratórios para inserir declaração de voto, quando, apesar de enviada tempestivamente, a declaração não seja incluída abaixo do voto do relator.
Numero da decisão: 1301-002.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos para sanar omissão, sem efeitos infringentes, e ratificar o decidido no Acórdão 1803-001.480.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: Roberto Silva Junior
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ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2002, 2003, 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECLARAÇÃO DE VOTO. OMISSÃO. CABIMENTO. Cabem embargos declaratórios para inserir declaração de voto, quando, apesar de enviada tempestivamente, a declaração não seja incluída abaixo do voto do relator. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos para sanar omissão, sem efeitos infringentes, e ratificar o decidido no Acórdão 1803001.480. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Bianca Felícia Rothschild. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 92 1. 00 04 45 /2 00 8- 13 Fl. 132DF CARF MF Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1301002.732 S1C3T1 Fl. 133 2 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos pelo então Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, contra o Acórdão nº 1803001.480 (fls. 68 a 86), que deu parcial provimento ao recurso no qual a autuada se insurgia contra a decisão de primeira instância, que manteve as multas por falta de entrega de DCTF. A 3ª Turma Especial da 4ª Câmara, da Primeira Seção de Julgamento do CARF, excluiu parte das multas. Consta do voto condutor da decisão: Assim sendo, considerando que (o ato) de exclusão foi expedido em agosto de 2004 e a Recorrente teve ciência ao seu conteúdo em setembro de 2004, somente a partir de outubro de 2004 é que ela estaria obrigada ao cumprimento de qualquer obrigação acessória dali decorrente. A inferência denotada pela defendente, nesse caso, não é acertada em parte de modo que se deve excluir a aplicação das multas ofício isoladas relativas ao quarto trimestre do anocalendário de 2002, o primeiro, segundo, terceiro quarto trimestres do anocalendário de 2003 e primeiro e segundo trimestres do anocalendário de 2004. (...) Em assim sucedendo, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir a aplicação das multas ofício isoladas relativas ao quarto trimestre do anocalendário de 2002, o primeiro, segundo, terceiro quarto trimestres do ano calendário de 2003 e primeiro e segundo trimestres do anocalendário de 2004. (fl. 85) Os embargos foram admitidos pelo Presidente da 4ª Câmara, em despacho do qual se extrai o seguinte trecho: Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios de obscuridade ou contradição no julgado ou omissão de algum ponto sobre o qual deveria pronunciarse o colegiado não se prestando, portanto, ao rejulgamento da matéria posta nos autos. Eles estão regulamentados no art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF) 1 e foram opostos no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão e atendem aos pressupostos de tempestividade e legitimidade. Passase a apreciar a admissibilidade. A situação de omissão está apontada objetivamente. Verificase que não houve expressa manifestação do julgado sobre ponto em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória, dentro dos ditames da causa de pedir, qual seja, a declaração de voto. Por todo o exposto, ADMITO os embargos de declaração interpostos. (fl. 131) É o relatório. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1301002.732 S1C3T1 Fl. 134 3 Voto Conselheiro Roberto Silva Junior Relator Conforme consta do despacho de admissibilidade, cabem embargos de declaração nas hipóteses em que o acórdão contenha obscuridade; contradição entre a decisão e seus fundamentos; ou omissão acerca de ponto sobre o qual o órgão julgador deveria pronunciarse. No caso em exame, os embargos se destinam a suprir a omissão que consistiu especificamente na ausência da declaração de voto do Conselheiro que ficou vencido por ocasião do julgamento do recurso voluntário. Efetivamente não consta a declaração de voto do Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, o que, decerto decorreu do fato de a Relatora, a Conselheira Viviani Aparecida Bacchmi, ter deixado o CARF. Por esse motivo se fez necessário designar redator ad hoc para o voto, encargo que coube à Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, que, não estando de posse da declaração de voto do Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, deixou de incluíla no texto final. Portanto, a declaração de voto do embargante deve ser incluída, para fazer parte do texto. Este é o voto do voto do Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes: Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Dispõe o art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nº 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010 (grifouse): Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Relativamente à questão dos efeitos da exclusão do Simples, é o seguinte o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na sistemática de Recursos Repetitivos (art. 543C do CPC): DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. LEI 9.317/96. SIMPLES EXCLUSÃO. ATO DECLARATÓRIO. EFEITOS RETROATIVOS. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART 15, INCISO II, DA LEI 9.317/96. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543C DO CPC. 1. Controvérsia envolvendo a averiguação acerca da data em que começam a ser produzidos os efeitos do ato de exclusão do contribuinte do regime tributário denominado SIMPLES. Discutese se o ato de exclusão tem caráter meramente Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1301002.732 S1C3T1 Fl. 135 4 declaratório, de modo que seus efeitos retroagiriam à data da efetiva ocorrência da situação excludente; ou desconstitutivo, com efeitos gerados apenas após a notificação ao contribuinte a respeito da exclusão. [...] 3. No caso concreto, foi vedada a permanência da recorrida no SIMPLES ao fundamento de que um de seus sócios é titular de outra empresa, com mais de 10 % de participação, cuja receita bruta global ultrapassou o limite legal no ano calendário de 2002 (hipótese prevista no artigo 9º, inciso IX, da Lei 9.317/96), tendo o Ato Declaratório Executivo nº 505.126, de 2/4/2004, da Secretaria da Receita Federal, produzido efeitos a partir de 1º/1/2003. 4. Em se tratando de ato que impede a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES em decorrência da superveniência de situação impeditiva prevista no artigo 9º, incisos III a XIV e XVII a XIX, da Lei 9.317/96, seus efeitos são produzidos a partir do mês subsequente à data da ocorrência da circunstância excludente, nos exatos termos do artigo 15, inciso II, da mesma lei. Precedentes. 5. O ato de exclusão de ofício, nas hipóteses previstas pela lei como impeditivas de ingresso ou permanência no sistema SIMPLES, em verdade, substitui obrigação do próprio contribuinte de comunicar ao fisco a superveniencia de uma das situações excludentes. 6. Por se tratar de situação excludente, que já era ou deveria ser de conhecimento do contribuinte, é que a lei tratou o ato de exclusão como meramente declaratório, permitindo a retroação de seus efeitos à data de um mês após a ocorrência da circunstância ensejadora da exclusão. 7. No momento em que opta pela adesão ao sistema de recolhimento de tributos diferenciado, pressupõese que o contribuinte tenha conhecimento das situações que impedem sua adesão ou permanência nesse regime. Assim, admitirse que o ato de exclusão em razão da ocorrência de uma das hipóteses que poderia ter sido comunicada ao fisco pelo próprio contribuinte apenas produza efeitos após a notificação da pessoa jurídica seria permitir que ela se beneficie da própria torpeza, mormente porque, em nosso ordenamento jurídico, não se admite descumprir o comando legal com base em alegação de seu desconhecimento. 8. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543C do CPC e da Resolução 8/STJ. [...] (REsp 1.124.507/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 06/05/2010) Entendo que a decisão adotada pela maioria da Turma contraria frontalmente o entendimento expresso pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na sistemática de Recursos Repetitivos, e de observância obrigatória por este Colegiado. E que, tendo sido a Recorrente excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) com efeitos a partir de 1º/01/2002, já estaria ela obrigada a apresentar as Declarações de Contribuições e Tributos Federais (DCTFs) correspondentes, a contar dessa data, inclusive as relativas ao período de 01/10/2002 a 31/12/2004, na Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1301002.732 S1C3T1 Fl. 136 5 forma do entendimento vinculante do STJ acima transcrito e, ainda, do disposto no art. 16 da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996: Art 16. A pessoa jurídica excluída do SIMPLES sujeitarseá, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Observo que, no processo de nº 13921.000179/200497, de exclusão do Simples, alegou a ora Recorrente da mesma forma que aqui que "o ato de exclusão não pode ter efeito retroativo", alegação essa que, por unanimidade, não foi acatada pela Primeira Turma Especial do Terceiro Conselho de Contribuintes, em acórdão assim ementado (destaque da transcrição): Acórdão nº 39100.012 Sessão de 23 de setembro de 2008 Recorrente TRANSAR TRANSPORTES LTDA. Recorrida DRJ/CURITIBA/PR ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES ANOCALENDÁRIO: 2002 SIMPLES. EXCLUSÃO. PARTICIPAÇÃO DE SÓCIO EM OUTRA EMPRESA. EFEITOS. Não poderá optar pelo Simples, a pessoa jurídica cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa, quando a receita bruta global ultrapassa o limite legalmente estabelecido. A exclusão de ofício surte efeito a partir do mês subseqüente ao que for incorrida a situação excludente, ficando a pessoa jurídica excluída sujeita às normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Quanto às alegações da Recorrente de que "não há como a contribuinte ser penalizada de algo que deixou de fazer (entregar as DCTFs), se nem ao menos tinha conhecimento da referida exclusão" (fls. 57 numeração digitalND); de que "não sabia da exclusão do SIMPLES ou não, logo não tinha como saber da obrigação de entregar as DCTFs trimestralmente" (fls. 58ND); e de que "não é admissível que o Contribuinte seja penalizado por uma inércia da própria Receita Federal" (fls. 59ND), transcrevo, do referido acórdão, o seguinte trecho (grifouse): Diante da clareza dos dispositivos acima transcritos, concluise que a exclusão da Recorrente do Simples se deu em conformidade com a lei, tendo ocorrido de oficio por falta de comunicação pela própria pessoa jurídica, no momento definido pela lei, da situação excludente, conhecedora que era, muito mais do que qualquer outra pessoa, de sua verdadeira situação. Por fim, menciono os seguintes precedentes administrativos, no mesmo sentido do aqui defendido: Acórdão n 140100.125 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 05 de novembro de 2009 SIMPLES. EXCLUSÃO. DIPJ. APRESENTAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1301002.732 S1C3T1 Fl. 137 6 A pessoa jurídica optante pelo Simples que for excluída dessa sistemática com efeitos retroativos, qualquer que seja o motivo, da mesma forma que está sujeita ao pagamento da totalidade ou diferença dos respectivos impostos e contribuições, devidos de conformidade com as normas gerais de incidência, também está sujeita ao cumprimento das obrigações acessórias daí decorrentes. [...] Acórdão nº 110200.220 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 05 de julho de 2010 [..] Defluise das normas ora analisadas que a exclusão do SIMPLES atinge obrigações principais e acessórias que deveriam ter sido cumpridas a partir do mês subsequente ao que for incorrida a situação excludente, de sorte que a apresentação intempestiva gera consequências, ainda que em discussão se o ato de exclusão está ou não de acordo com a legislação vigente. [...] Acórdão nº 180201.035 2ª Turma Especial Sessão de 22 de novembro de 2011 EXCLUSÃO DO SIMPLES DE OFÍCIO. A exclusão do contribuinte do Simples com data retroativa, quando provado que ele não era elegível à sistemática, produz efeitos retroativos de todas as suas obrigações principais e acessórias, acrescidas das penalidades cabíveis. [...] Acórdão nº 130100.777 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de novembro de 2011 SIMPLES ATRASO NA ENTREGA DA DCTF APÓS A EXCLUSÃO NO SISTEMA. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. 1. A exclusão da empresa do SIMPLES importa, a teor das disposições contidas na Lei 9.317/96, no cumprimento das obrigações regulares já no mês subseqüente ao da exclusão. 2. Apresentação de pedido de revisão do ato de exclusão não afasta o dever de cumprimento das obrigações correspondentes às empresas não optantes. 3. O descumprimento da obrigação acessória acarreta, de plano, a incidência da penalidade pecuniária respectiva, que, no caso, foi aplicada já no valor mínimo, conforme se extrai da leitura do auto de infração. Nego provimento ao Recurso. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 13921.000445/200813 Acórdão n.º 1301002.732 S1C3T1 Fl. 138 7 Conclusão Pelo exposto, voto por acolher os embargos de declaração, para, sem efeitos infringentes, suprir a omissão apontada, incluindo a declaração de voto do Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 138DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.925365/2009-81
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação pleiteada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
PROVAS. INSUFICIÊNCIA.
As provas trazidas aos autos não foram suficientes para comprovar a ocorrência de pagamento indevido ou a maior.
Numero da decisão: 3001-000.217
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação pleiteada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. PROVAS. INSUFICIÊNCIA. As provas trazidas aos autos não foram suficientes para comprovar a ocorrência de pagamento indevido ou a maior.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que não homologou a compensação pleiteada por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. PROVAS. INSUFICIÊNCIA. As provas trazidas aos autos não foram suficientes para comprovar a ocorrência de pagamento indevido ou a maior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 53 65 /2 00 9- 81 Fl. 268DF CARF MF Processo nº 10880.925365/200981 Acórdão n.º 3001000.217 S3C0T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 1ª Turma da DRJ/JFA, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos O Contribuinte, na data de 11/05/2005, transmitiu PER/DCOMP nº 41679.51228.110505.1.3.043485 declarando a compensação de débito de COFINS (cód.5856) do período de apuração 04/2005 no valor de R$ 18.654,29, com crédito de COFINS (cód.2172) recolhido a maior que o devido através de DARF na data de 15/07/2004, da competência 06/2004. Do Despacho Decisório A DERAT da RFB de São Paulo, em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (efls.7), pela não homologação da compensação pretendida, em face de inexistência de crédito disponível, pois o valor do DARF discriminado na PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito de COFINS declarado para a competência 06/2004. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.12), justificando que o valor correto da COFINS do período de apuração 06/2004 é 746.718,71 somados os valores nos regimes cumulativo e nãocumulativo e não o valor informado em DCTF R$ 763.224,01 resultando numa diferença recolhida a maior de R$ 16.505,30. Apresenta demonstrativos contábeis e DIPJ para comprovar os equívocos cometidos e aguarda pela compensação requerida. Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 1ª Turma da DRJ/JFA, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse sintetizados na ementa assim elabora: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/07/2004 COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10880.925365/200981 Acórdão n.º 3001000.217 S3C0T1 Fl. 4 3 Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls. 205) contra a decisão singular, com o intuito de ver seu pedido atendido, apelando pela busca da verdade material no processo administrativo, visto restar comprovado a existência do crédito que comporta a compensação declarada. Faz ainda, os seguinte esclarecimentos: 1. "quando do recolhimento dos valores devidos a título de COFINS, a ora Requerente, por equívoco, deixou de segregar o valor apurado em DARF's distintos (códigos de receita diferentes Cofins Cumulativo e Cofins NãoCumulativo), e efetuou o recolhimento por meio de DARF, no valor total de R$ 763.224,01, informando o código de receita 2172"; 2. "Vale esclarecer, ainda, que a ora Recorrente, por um lapso, deixou de proceder à adequação do débito apurado em sua Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF relativa ao 2º trimestre de 2004"; 3. "Contudo, tal compensação foi devidamente constituída na DCTF relativa ao 1º semestre de 2005, conforme documentos já acostados aos autos"; Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A recorrente buscou através de PER/DCOMP nº 41679.51228.110505.1.3.043485 transmitida na data de 11 de maio de 2005, a compensação de débito de COFINS (cód.5856) do período de apuração 04/2005 no valor de R$ 18.654,29 em razão do recolhimento a maior que o devido de COFINS na data de 15/07/2004 através de DARF da competência 04/2004. O fisco ao analisar o pedido da contribuinte emitiu Despacho Decisório desfavorável ao pleito pela inexistência de crédito, visto que o valor do DARF informado foi integralmente utilizado para pagamento de débito confessado de COFINS do mesmo período de apuração. A recorrente em sua manifestação de inconformidade e no recurso voluntário não afasta as razões e fundamentos contidos no despacho decisório que concluiu pela não homologação da compensação pretendida. Reconhece, inclusive, que incorreu em erros quando do preenchimento e transmissão da DCTF do 2º trimestre de 2004 em não segregar os valores da COFINS apurada nos sistemas cumulativo e nãocumulativo, declarandoa em sua Fl. 270DF CARF MF Processo nº 10880.925365/200981 Acórdão n.º 3001000.217 S3C0T1 Fl. 5 4 totalidade no código 2172, além de atribuirlhe um valor diferente do efetivamente devido, cujo pagamento a maior que o devido deu causa a PER/DCOMP. Com relação a esse erro apontado que teria sido a causa da não homologação da compensação requerida, por não haver crédito disponível, a recorrente procurou esclarecer e comprovar através de demonstrativos contábeis, DIPJ e planilhas de cálculo qual seria o valor efetivamente devido de COFINS para o período de apuração 04/2004. Quanto a necessária retificação da DCTF do 2º trimestre de 2004, pede a recorrente que seja retificada de ofício, transferindo ao fisco ato que a legislação atribui como sendo de sua inteira responsabilidade, com fundamento na IN da RFB nº 1.110/2010. A busca pela verdade real no processo administrativo tributário não se contempla apenas com um simples requerimento da Recorrente, deverá tal pretensão estar suportada em elementos inequívocos de provas capazes de promover a reforma da decisão recorrida. Nesse sentido agiu acertadamente a decisão recorrida dando o devido tratamento a matéria debatida nesses autos. Cabe aqui destacar parte de seu voto: Com efeito, elucido ainda que, nos moldes do art. 214, do Código Civil1, para a desconsideração da confissão de dívida por erro de fato, o equívoco deve ser devidamente comprovado, sendo do sujeito passivo (assim como ocorre em relação à comprovação do indébito) o encargo probante da circunstância, por aplicação do já comentado art. 333, I, do CPC. E isto deve ser feito por intermédio de documentos robustos. Mesmo nos casos de apresentação de DCTF retificadora, se esta se der após a entrega do PER/DCOMP, há que se ter apresentação dos documentos a que já se referiu. As obrigações acessórias que a legislação atribui aos contribuintes, que nesse caso estão representadas pelas declarações DACON e DCTF, a primeira apura a base de cálculo do tributo e a segunda declara os valores devidos e o correspondente pagamento, equivalente a uma confissão de dívida, expressam a realidade dos fatos incorridos em conformidade com a atividade desenvolvida pelo sujeito passiva da obrigação tributária. Havendo erros nos valores declarados, podem e devem ser corrigidos através de declarações retificadoras. Quando essas retificadoras demonstram pagamentos de valor a maior que o devido e sendo o caso de PER/DCOMP, passa a ser de responsabilidade da requerente comprovar com documentos hábeis e idôneos o indébito efetivamente apurado. É necessário a contribuinte apresentar DCTF retificadora sempre que eventual retificação da DACON acarretar na modificação dos valores declarados em DCTF. Para esse caso citase a Instrução Normativa SRF nº 543, de 20/05/2005, “verbis”: Art. 11. Os pedidos de alteração nas informações prestadas no Dacon serão formalizados por meio de Dacon retificador, mediante a apresentação de novo demonstrativo elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10880.925365/200981 Acórdão n.º 3001000.217 S3C0T1 Fl. 6 5 § 4º A pessoa jurídica que entregar o Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados em DCTF, deverá apresentar, também, DCTF retificadora. (destaques não constam do original) A iniciativa de provar a liquidez e certeza ao crédito pretendido em processo de restituição/compensação de tributos federais é do contribuinte. Cabe ao fisco auditar e atestar sua validade para o fim pretendido, respeitando sempre os princípios da verdade real, do contraditório e da ampla defesa. No presente caso nenhuma ação da recorrente foi registrada em todo o decorrer do processo, em termos de retificar as declarações apresentadas (DACON e DCTF), conferindo similitude com os registros contábeis e fiscais, passíveis de modificar o despacho decisório. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, para manter inalterada a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 272DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.720204/2010-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
GLOSA. CUSTOS OU DESPESAS. SOCIEDADE EMPRESÁRIA INAPTA. PAGAMENTO. COMPROVAÇÃO.
Cabível o indeferimento de crédito decorrente de aquisições de mercadorias de empresas declaradas inaptas se inexistir efetiva demonstração, por meio de documentação hábil, de que o adquirente dos bens, direitos, mercadorias ou tomador do serviço efetuou o pagamento e recebeu os respectivos bens.
RECEITA BRUTA. CONCEITO. DESCONTOS OBTIDOS. REDUÇÃO DE PASSIVO.
Os abatimentos sobre compras importam para o devedor acréscimo patrimonial, caracterizando-se como receitas operacionais, cujo valor deve ser computado na base de cálculo do PIS apurado no regime não cumulativo.
CESSÃO DE CRÉDITO. NEGÓCIO JURÍDICO. NÃO COMPROVAÇÃO
Para ter eficácia perante terceiros, a cessão de crédito deve estar embasada em contrato público, ou particular que atenda aos requisitos da legislação civil, em ambos casos devidamente lançado no Registro de Títulos e Documentos.
MÚTUO ENTRE DIRETOR E EMPRESA PARA PAGAMENTO DE TÍTULOS DE CRÉDITO. ENDOSSO DE CHEQUES DO FORNECEDOR PARA TERCEIROS. NECESSIDADE DE PROVA DE PAGAMENTO NO CASO DE FORNECEDOR REGULAR.
Não tendo a Recorrente feito prova das operações financeiras com documentos hábeis, nem demonstrado inequivocamente a origem dos recursos para a quitação das duplicatas, deve ser mantida a glosa das compras.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA/PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Indefere-se o pedido quando não formulado nos termos da legislação ou quando desnecessário e prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou, ainda, se o processo contiver todos os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador.
Numero da decisão: 3402-004.970
Decisão: Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordaram os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto Daniel Neto (Relator), Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), que davam provimento parcial ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Sousa Bispo.
Assinado Digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
Assinado Digitalmente
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Assinado Digitalmente
Pedro Sousa Bispo-Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Pedro Sousa Bispo e Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado). Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 GLOSA. CUSTOS OU DESPESAS. SOCIEDADE EMPRESÁRIA INAPTA. PAGAMENTO. COMPROVAÇÃO. Cabível o indeferimento de crédito decorrente de aquisições de mercadorias de empresas declaradas inaptas se inexistir efetiva demonstração, por meio de documentação hábil, de que o adquirente dos bens, direitos, mercadorias ou tomador do serviço efetuou o pagamento e recebeu os respectivos bens. RECEITA BRUTA. CONCEITO. DESCONTOS OBTIDOS. REDUÇÃO DE PASSIVO. Os abatimentos sobre compras importam para o devedor acréscimo patrimonial, caracterizando-se como receitas operacionais, cujo valor deve ser computado na base de cálculo do PIS apurado no regime não cumulativo. CESSÃO DE CRÉDITO. NEGÓCIO JURÍDICO. NÃO COMPROVAÇÃO Para ter eficácia perante terceiros, a cessão de crédito deve estar embasada em contrato público, ou particular que atenda aos requisitos da legislação civil, em ambos casos devidamente lançado no Registro de Títulos e Documentos. MÚTUO ENTRE DIRETOR E EMPRESA PARA PAGAMENTO DE TÍTULOS DE CRÉDITO. ENDOSSO DE CHEQUES DO FORNECEDOR PARA TERCEIROS. NECESSIDADE DE PROVA DE PAGAMENTO NO CASO DE FORNECEDOR REGULAR. Não tendo a Recorrente feito prova das operações financeiras com documentos hábeis, nem demonstrado inequivocamente a origem dos recursos para a quitação das duplicatas, deve ser mantida a glosa das compras. PEDIDO DE DILIGÊNCIA/PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Indefere-se o pedido quando não formulado nos termos da legislação ou quando desnecessário e prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou, ainda, se o processo contiver todos os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador.
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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordaram os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto Daniel Neto (Relator), Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), que davam provimento parcial ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Sousa Bispo. Assinado Digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. Assinado Digitalmente Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Assinado Digitalmente Pedro Sousa Bispo-Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Pedro Sousa Bispo e Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado). Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 GLOSA. CUSTOS OU DESPESAS. SOCIEDADE EMPRESÁRIA INAPTA. PAGAMENTO. COMPROVAÇÃO. Cabível o indeferimento de crédito decorrente de aquisições de mercadorias de empresas declaradas inaptas se inexistir efetiva demonstração, por meio de documentação hábil, de que o adquirente dos bens, direitos, mercadorias ou tomador do serviço efetuou o pagamento e recebeu os respectivos bens. RECEITA BRUTA. CONCEITO. DESCONTOS OBTIDOS. REDUÇÃO DE PASSIVO. Os abatimentos sobre compras importam para o devedor acréscimo patrimonial, caracterizandose como receitas operacionais, cujo valor deve ser computado na base de cálculo do PIS apurado no regime não cumulativo. CESSÃO DE CRÉDITO. NEGÓCIO JURÍDICO. NÃO COMPROVAÇÃO Para ter eficácia perante terceiros, a cessão de crédito deve estar embasada em contrato público, ou particular que atenda aos requisitos da legislação civil, em ambos casos devidamente lançado no Registro de Títulos e Documentos. MÚTUO ENTRE DIRETOR E EMPRESA PARA PAGAMENTO DE TÍTULOS DE CRÉDITO. ENDOSSO DE CHEQUES DO FORNECEDOR PARA TERCEIROS. NECESSIDADE DE PROVA DE PAGAMENTO NO CASO DE FORNECEDOR REGULAR. Não tendo a Recorrente feito prova das operações financeiras com documentos hábeis, nem demonstrado inequivocamente a origem dos recursos para a quitação das duplicatas, deve ser mantida a glosa das compras. PEDIDO DE DILIGÊNCIA/PERÍCIA. INDEFERIMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 02 04 /2 01 0- 81 Fl. 29758DF CARF MF 2 Indeferese o pedido quando não formulado nos termos da legislação ou quando desnecessário e prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou, ainda, se o processo contiver todos os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordaram os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Carlos Augusto Daniel Neto (Relator), Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), que davam provimento parcial ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Sousa Bispo. Assinado Digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. Assinado Digitalmente Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Assinado Digitalmente Pedro Sousa BispoRedator Designado Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Pedro Sousa Bispo e Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado). Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. Relatório Por bem relatar o feito, utilizarei de trechos do relatório fiscal da decisão recorrida. Tratase de processo formalizado para o tratamento manual do Pedido de Ressarcimento – PER nº 36791.64015.300709.1.1.096360, anexado às fls. 10 a 13, referente a crédito da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) NãoCumulativa Exportação relativo ao 2º trimestre de 2009. Vinculadas ao crédito pleiteado, a interessada transmitiu as Declarações de Compensação – DCOMP abaixo relacionadas, informando a compensação de débitos próprios discriminados em planilha dos autos. O Termo de Verificação e Conclusão Fiscal explicou os procedimentos e critérios adotados para a consideração (ou não) dos créditos objeto deste PER e para a apuração do valor a ser ressarcido, e veio acompanhado dos seguintes anexos: Fl. 29759DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.759 3 ANEXO I: Remissão de dívida referente a aquisição de insumos – descontos obtidos. Este anexo inclui, separada por fornecedor, documentação referente aos descontos aleatórios obtidos. ANEXO II: Glosa efetuada em função da cessão de crédito (fls. 1214/1218). Este anexo inclui, separada por fornecedor, documentação referente aos pagamentos efetuados a terceiros via cessão de crédito. ANEXO III: Operações de mútuo com o diretor administrativo da Vitapelli (fls. 1219/1225). Este anexo inclui, separada por fornecedor, documentação referente aos pagamentos efetuados com suprimento de recursos do diretor administrativo. ANEXO IV: Operações de transporte com veículos incompatíveis ou sem registro. Este anexo inclui, separada por fornecedor, documentação referente às operações não comprovadas. ANEXO V: Glosa situação irregular do fornecedor. Este anexo inclui, separada por fornecedor, documentação referente às operações não comprovadas. Ao final, propôs o reconhecimento parcial do direito creditório pretendido, no que foi acompanhado pelo Despacho decisório exarado pela DRF/Presidente Prudente. Regularmente cientificada do resultado, a interessada protocolou sua Manifestação de Inconformidade, que veio acompanhada dos documentos, alegando em síntese: que quanto ao item “1 – Dos supostos descontos aleatórios obtidos junto aos fornecedores de couros. (item 3.1 – Relatório Fiscal) [...] é comum na atividade da Manifestante a ocorrência de inconformidades relacionadas à sua matéria prima principal, ou seja, o couro verde, salgado ou salmorado” e que “Algumas dessas inconformidades só aparecem após iniciado o processo industrial, sendo um dos motivos pelo qual os descontos não são imediatos ao recebimento da mercadoria [...] somente se resolvendo meses após, de forma cumulativa, resultando nos casos de descontos superiores relatados pela fiscalização”; que “Quanto aos ‘abatimentos s/ compras’, são descontos concedidos após a entrega da mercadoria” e que “embora tenha sido registrado em conta de Receitas Financeiras, não se trata de receitas [...] não podendo servir de base para a exigência de contribuição ao PIS/PASEP e COFINS”; que “não há que se falar em insubsistência passiva, não se aplicando as soluções de consulta colacionadas pela fiscalização” e que “Quanto ao ‘Perguntas e Respostas’ do IRPJ, tratase de questão diversa da aqui tratada, pois se referem a vendas canceladas, enquanto aqui tratamos de descontos ou abatimentos nas compras”; que “tenta a d. fiscalização fazer uso de Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 750/1993, que teve sua redação atualizada pela Resolução nº 1111/2007 e Resolução nº 1282/2010” que “o Apêndice II nada mais é que, uma interpretação do que era veiculado na Resolução nº 750/1993 do CFC, antes das alterações promovidas pela Resolução nº 1282/2010” e que “Com a nova redação [...] já não se pode atribuir validade aquele Apêndice II, pois, se refere a algo que não mais existe”; Fl. 29760DF CARF MF 4 que com relação ao item “2 – Dos Pagamentos Efetuados a Terceiros em Decorrência de Cessão de Crédito. (item 3.2 – Relatório Fiscal) [...] Em que pese todo o zelo do senhor fiscal nessa parte também não merece prosperar o entendimento aqui levado a efeito”; que “A cessão de créditos está disciplinada no art. 286 e 290 do novel Código Civil” e que “partindo do pressuposto de um negócio jurídico perfeito, onde houve o contrato de compra e venda e a tradição da mercadoria, o direito creditício decorrente dessa operação mercantil pode ser transferido pelo credor a quem bem lhes aprouver”; que “A única ressalva que se apresenta, é a necessidade de notificação ao devedor, conforme previsto no art. 290 do Código Civil. Cumprida essa exigência legal, conforme cartas de cessão de crédito apresentadas, juntamente com a quitação das respectivas obrigações, configurase aí o negócio jurídico perfeito e acabado”; que “Nesse entendimento, as cartas de cessão de crédito com firmas reconhecidas em cartório são mais que suficientes para comprovar tal relação jurídica e notificação ao devedor/manifestante, não cabendo ao fisco qualquer questionamento nesse sentido”; que “Portanto, é totalmente descabida a exigência de comprovação da relação jurídica entre o fornecedorcedente e beneficiáriocessionário, porque, aqueles, não estão obrigados a prestar contas de suas atividades comerciais para a ora manifestante”; que quanto ao item “3 – Dos Contratos de Mútuo com o Diretor Administrativo da Vitapelli. (item 3.3 – Relatório Fiscal) [...] é comum o suprimento de recursos financeiros pelos sócios, especialmente no caso do Diretor Administrativo que é sócio majoritário da empresa, nada havendo de anormal nessa situação”; que “... conforme dito pela fiscalização a manifestante apresentou contrato de mútuo e cópia dos cheques endossados, não comprovando o efetivo pagamento dos fornecedores” e que “... se foram apresentados os cheques endossados pelos fornecedores e que estavam em poder de terceiros, é porque a relação jurídica entre Vitapelli x fornecedores estava extinta, ainda que os cheques fossem pósdatados”; que com relação ao item “4 – Dos Veículos Incompatíveis para o Transporte de Carga. (item 3.4 – Relatório Fiscal) [...] Não existem veículos incompatíveis com o transporte das mercadorias como quer fazer crer o fisco, as supostas divergências decorrem de visíveis erros na anotação dos dados dos veículos. Para espancar de vez as dúvidas colacionamos abaixo os dados corretos dos veículos e juntamos consulta ao Sistema Renavam”; que quanto ao item “5 – Empresas cujas Notas Fiscais foram glosadas [...] O fato de essas empresas ter apresentado suas Declarações obrigatórias na condição de Inativa, ou mesmo, não apresentadoas, longe de afastar a veracidade e efetividade das operações entabuladas com esses fornecedores, demonstram a ineficiência do órgão fiscalizador”; que com relação ao item “6 – Da boa fé da Manifestante [...] Nos casos de apropriação de custos de produção acobertado por documentação fiscal considerada inidônea pela fiscalização, o entendimento manifestado pelo Conselho de Contribuintes é que em se tratando de compras efetivamente comprovadas por contribuinte de boafé, descabe a glosa dos respectivos custos”; que “... atestam à ocorrência/veracidade da operação os seguintes documentos, que já foram juntados aos autos pela fiscalização: (a) as cópias dos Fl. 29761DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.760 5 depósitos bancários, que comprovam o pagamento das aquisições das peles de bovinos dos Fornecedores posteriormente declarados inidôneo; (b) ‘tickets de pesagem’ que comprovam o recebimento das mercadorias; e (c) RPAs que comprovam o transporte das mercadorias e; (d) controles de descarregamento”; que quanto ao item “7 – Do Princípio da Verdade Material [...] além de analisar as provas juntadas pelas partes no processo administrativo tributário, o Fisco também tem o dever de buscar elementos que comprovem aquilo que realmente aconteceu”; que com relação ao item “8 – Da Publicidade da Declaração de ‘Inapta’ e ‘não habilitada’ dos Fornecedores [...] somente após a conclusão desses processos pelo Fisco é que a condição de ‘inapta’ ou ‘não habilitada’ desses fornecedores, foi disponibilizada para consulta pública no site da Receita Federal do Brasil e no SINTEGRA, ou seja, até então não era possível que qualquer contribuinte soubesse da inidoneidade da referida Empresa”; que quanto ao item “IV – DA CORREÇÃO PELA TAXA SELIC [...]nas relações com o Fisco, o contribuinte deve dispor tanto de ressarcimentos quanto de restituições atualizadas pelos mesmos índices utilizados pela Receita Federal do Brasil quando da constituição do crédito tributário”; Ao final, requer que sejam acolhidas as razões de fato e de direito apresentadas, e protesta pelo aditamento da manifestação de inconformidade e a realização de perícia contábil. A DRJ julgou sua manifestação de inconformidade parcialmente procedente, revertendo somente a glosa relativa ao ANEXO IV Operações de transporte com veículos incompatíveis ou sem registro. Irresignado, apresentou o Contribuinte Recurso Voluntário, no qual pugna: I) Que se aplique o Acórdão proferido no PAF nº 10835.721527/201254 às glosas relativas às aquisições de insumos de empresas consideradas pela fiscalização como inaptas, relativamente aos fornecedores: a) J A Comércio de Couros Ltda; b) José de Carvalho Lima Júnior e Reginaldo Carvalho Siqueira ME; c) Simental Comércio de Couros; II) Em relação às glosas relativas às fornecedoras Maria Lúcia da Silva Madeireira e Amarildo Gobes dos Santos ME, remete à planilhaguia anexada, que articula as provas documentais presentes no processo e comprova a ocorrência dos negócios. III) Que os descontos glosados são, em rigor, abatimentos sobre as compras, reiterando o que fora dito na manifestação de inconformidade. IV) Que os contratos de mútuo com o Diretor Administrativo da Recorrente não são irregulares, mas sim prática usual e remete ao caso do Frigorífico Angelelli Ltda, para afirmar que as duplicatas fazem prova do efetivo pagamento. V) Que se aplique a taxa SELIC ao crédito objeto do pedido de ressarcimento. VI) Requer a produção de prova pericial. Fl. 29762DF CARF MF 6 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de passar à análise das razões do Recurso Voluntário, na ordem em que foram aduzidas naquela peça, cabe frisar que a Recorrente juntou planilha, construída à partir de documentação acostada ao processo administrativo, que vincula as Notas Fiscais de Entrada ao fornecedor (com número da folha respectiva), indicando a data do registro no Livro Registro de Entrada (LRE, também com a folha em que se encontra), à respectiva entrada no Livro Razão e a forma, data e dados do pagamento (com indicação da folha respectiva). Tal planilha está em fl. 19562 e ss. I) Das glosas de créditos relativos às aquisições de fornecedores considerados inaptos pela fiscalização. Pugna inicialmente, o Contribuinte, pela aplicação do decidido no Acórdão CARF nº 1102001.075, julgado pela 1ª Seção e relativo ao efeito das presentes glosas na apuração do IRPJ e CSLL da Recorrente, nos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009, no qual foi dado parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a validade de certas operações. Conquanto concorde que é incoerente que as mesmas operações possam receber tratamento contraditório ao serem julgadas por turmas em sessões distintas do CARF, o Acórdão que se pretende aplicar sequer é definitivo, pendente atualmente de análise no âmbito da 1ª CSRF, cabendo aqui a análise específica do mérito das glosas. Parte das glosas de créditos pleiteados pelo contribuinte no trimestre respectivo do anocalendário de 2009, referentes à aquisição de couro bovino junto aos diversos fornecedores indicados no termo de verificação fiscal, foi glosada pelo auditor sob o argumento de que essas aquisições efetivamente não ocorreram, conforme, segundo ele, comprovam os elementos acostados aos autos. Em seu recurso voluntário a interessada alega que as operações efetivamente ocorreram e foram pagas, devendo serem mantidos os efeitos tributários dos negócios, conforme decidido pelo STJ nos autos do REsp 1.148.444MG. Sobre a aquisição de empresas declaradas inaptas a lei nº 9.430/96 a partir do art. 80 estabeleceu as diretrizes sobre “empresa inidônea" e define em seu art. 82 “caput” que não produzirá efeitos em favor de terceiros os documentos expedidos por pessoas jurídicas inaptas, in verbis: Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Fl. 29763DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.761 7 Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. Analisemos especificamente os fornecedores, adotando como metodologia o cotejo entre o Anexo 5 do Termo de Verificação Fiscal e a Planilha entregue pelo Contribuinte, articulando as provas dos autos. Além disso, ressaltese que as glosas referentes a todas as fornecedoras, com exceção da Maria Lúcia da Silva Madeireira e Amarildo Gobes dos Santos ME foram revertidas no âmbito do Acórdão CARF nº 1102001.075. a) J A Comércio de Couros Ltda A fiscalização aduziu que esta empresa não se encontra no endereço indicado no sistema da RFB, e que a mesma se encontra como "não habilitado" no SINTEGRA em pesquisa datada de 16/04/2009. Por outro lado, compulsando a planilha juntada pelo contribuinte e as telas de pesquisa junto ao SINTEGRA, se verifica que esta empresa estava "habilitada" em consultas de 29/04/2009 até 08/12/2009, abrangendo todo as operações realizadas durante o período habilitado. Com a devida vênia, tratase apenas de indício de inexistência, que teria de ser melhor depurados e analisados pelo fisco para dar lastro à autuação. Não se pode simplesmente concordar com a alegação fiscal de que o simples fato da empresa não estar localizada no endereço indicado à RFB seria prova de que ela nunca existiu. Verificase nos autos que a empresa era habilitada no SINTEGRA, há provas do transporte e entrega dos bens, há comprovação do pagamento, há registro contábil da entrada dos bens adquiridos, perfazendo todas as condições necessárias para o aproveitamento o crédito de PIS/Cofins. Desse modo, voto por reverter a glosa dos créditos desse fornecedor. b) José de Carvalho Lima Júnior e Reginaldo de Carvalho Siqueira ME O motivo da glosa das aquisições do Sr. José de Carvalho Lima Júnior foi a constatação do seu falecimento em 03/01/2009, e que, por ser este empresário individual, a sua morte acarretaria a extinção da empresa. Por outro lado, a Recorrente alega que não foi lavrado qualquer certidão de óbito, de modo que não há publicidade do falecimento do empresário e, além disso, a própria fiscalização reconhece ser fato comprovado, constatado pelo fisco estadual de Minas Gerais, que o Sr. Reginaldo de Carvalho afigurase como sucessor econômico de fato do Sr. José de Carvalho, prosseguindo nas suas atividades econômicas, tendo em vista: (i) o mesmo endereço e atividade; (ii) os mesmos fornecedores e clientes; (iii) o parentesco entre ambos; (iv) notas fiscais preenchidas pelo mesmo punho: Fl. 29764DF CARF MF 8 Ora, em primeiro lugar, há que se verificar que em tudo o Sr. Reginaldo manteve a aparência de higidez da operação, inclusive da sucessão empresarial, não havendo qualquer prova nos autos de máfé, seja objetiva, seja subjetiva, da Recorrente o que por si já atrai a aplicação da teoria da aparência para a proteção jurídica dos negócios realizados. Todavia, uma vez comprovado a transferência da mercadoria e o pagamento do preço, tornase despicienda a discussão sobre a validade do negócio, como determinado expressamente por art. 118, I do CTN: Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; Novamente, verificase nos autos provas de todos os elementos aptos a autorizar a manutenção do crédito, independentemente da validade jurídica do negócio, visto que se comprovou o pagamento e a transferência dos bens. Frisese: não se está dizendo aqui que as operações eram juridicamente válidas mas da invalidade delas não se pode depreender diretamente a inidoneidade dos documentos emitidos, especialmente para fins de aproveitamento dos créditos. Ao invés de demonstrar que a empresa não vendia couro, a diligência fiscal serviu para deixar absolutamente claro que a empresa trabalhava essencialmente com isso, fornecendo quase 100% do seu estoque de couros à Vitapelli Ltda, e sendo pago através de cheque ou por meio de duplicata descontada em banco. Em relação ao Reginaldo de Carvalho Siqueira ME, a fiscalização glosou os créditos sob os seguintes fundamentos: i) o empresário individual não tinha capacidade econômica para gerir os negócios, conforme DIRPF/2010; ii) a empresa escriturou notas fiscais de entrada emitidas por fornecedores declarados inexistentes pelos Fiscos Estaduais, e há indícios de notas fiscais de entrada frias, pois teriam sido emitidas pelo mesmo punho escritor responsável pelo preenchimento dos documentos fiscais de saída; c) nos extratos bancários da empresa inexistem os depósitos de cheques emitidas pela Vitapelli Ltda. Fl. 29765DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.762 9 Quanto à ausência de depósitos dos cheques emitidos pela Vitapelli Ltda, tal fato é absolutamente cediço, visto que a própria fiscalização reconheceu que é comum nesse ambiente de negócios a cessão de créditos por parte dos fornecedores. O simples fato da inexistência de depósitos dos cheques resta enfraquecido, enquanto indício da ausência de pagamento, em razão dessas circunstâncias específicas. O que há nos autos, isso sim, são cheques correspondente aos valores pagos informados, referentes às notas fiscais de aquisição junto a esse fornecedor. Ora, tampouco há que se imputar à Recorrente qualquer tipo de ônus ou sanção relacionado a irregularidades que a fornecedora possa ter cometido junto àquelas que lhe forneciam bens haja vista que não há efetivamente provas nos autos, mas simplesmente suspeitas do órgão de fiscalização. A relação da fornecedora com a Recorrente é um degrau acima, e não pode ser afetada por esses indícios salvo no caso de se comprovar que esse fornecedor seria uma pessoa jurídica simulada o que não está comprovado nos autos. Além disso, a empresa se encontrava "habilitada" no Sintegra, durante o período dos negócios realizados, o que reforça a boafé da Recorrente nas suas operações e corrobora a manutenção do crédito. Se os fiscos estaduais tinham plena certeza da ocorrência de irregularidades junto a este fornecedor, que tomassem medidas voltadas à declaração de sua inaptidão e sua inabilitação no Sintegra, o que não foi realizado anteriormente às operações analisadas. Ademais, não consta nos autos nenhum indício de que a recorrente tivesse, ou devesse ter, conhecimento da irregular interposição de pessoa/sucessão fraudulenta. Do ponto de vista da recorrente, portanto, entendo que o quanto trazido aos autos a coloca, em relação aos dois citados fornecedores, na condição do adquirente de boafé a que alude a doutrina e a jurisprudência, pelo que não pode ser ela responsabilizada, neste caso, pelas irregularidades praticadas por seus fornecedores. Desse modo, voto por reverter estas glosas.. c) Simental Comércio de Couros A fiscalização glosou as aquisições dessa empresa em razão dos seguintes elementos: i) um dos sócios não tinha capacidade econômica para gerir o negócio e nem conhecimento das operações; ii) divergência entre os pedidos efetuados pela Vitapelli e os pagamentos efetuados ao fornecedor; iii) indícios de interposição entre a Simental e a empresa Império do Boi Indústria e Comércio Ltda. Neste caso, aderimos integralmente às conclusões do relator do Acórdão CARF nº 1102001.075, pelo que reproduzimos abaixo suas considerações: Da análise das peças constantes dos autos, relativas ao processo de inaptidão da empresa Simental, restou claro para este relator que a pessoa jurídica de fato não possuía patrimônio e capacidade operacional condizente com as vendas que disse ter efetuado à recorrente, pelo que são inidôneas as notas fiscais por ele emitidas. Contudo, a mesma diligência apontou indícios de que a empresa atuaria como interposta pessoa do frigorífico que se localizava a menos de 200 metros do local. Nos autos há inclusive fotos do couro no que seriam as instalações da Simental, tiradas pelo fisco. Fl. 29766DF CARF MF 10 A exemplo de outros casos já aqui relatados, a despeito da inidoneidade do fornecedor e da documentação por ele emitida, não consta nos autos nenhum indício de que a recorrente tivesse, ou devesse ter, conhecimento dessas irregularidades. Nos documentos trazidos aos autos pelo fisco, constam conhecimentos de transporte emitidos por terceiros, além de documentos internos da recorrente (relatórios de entrada, ocorrências no recebimento de couros, e “tickets de pesagem”, entre outros). E, com relação aos pagamentos, cópias dos documentos de controle interno da recorrente (“cópias de cheque”, nominais ao fornecedor e aos transportadores), bem como, em alguns casos, cópias efetivas dos cheques emitidos, também nominais ao fornecedor. Diante destes elementos, entendo que o quanto trazido aos autos não afasta a condição da recorrente, em relação ao fornecedor ora em análise, de adquirente de boafé a que alude a doutrina e a jurisprudência, pelo que não pode ser ela responsabilizada, neste caso, pelas irregularidades por ele praticadas. Apesar das irregularidades constatadas na empresa Simental, a documentação referida na planilha apresentada pela Recorrente deixa claro que a operação ocorreu efetivamente, não havendo qualquer indício de que a mesma tivesse ciência dos vícios apontados na empresa que inclusive se encontrava habilitada junto ao SINTEGRA. Quanto às divergências entre os valores das notas e os recebimentos, tal se dá em razão dos abatimentos que já foram elucidados pela Recorrente, não devendo causar espécie tais discrepâncias. Desse modo, voto por reverter a glosa neste ponto. d) Amarildo Gobes dos Santos ME e Maria de Lucia da Silva Madeireira O relatório fiscal destacou as seguintes constatações, em síntese: o empresário individual Amarildo Gobes dos Santos demonstrou não ter conhecimento de aspectos importantes dos negócios da empresa, desconhecendo o valor do seu capital social, os nomes de seus fornecedores de lenha, dos seus prestadores de serviços de transporte e demais ajudantes, bem como os valores mensais de compras e vendas; o endereço da empresa (Rodovia Raposo Tavares s/n, Km 649, Presidente Epitácio/SP), não foi utilizado para o exercício da referida atividade comercial; falta de escrituração dos documentos fiscais de saídas de mercadorias nos livros próprios; falta de lastro de compra de mercadoria em quantidade suficiente para as vendas declaradas, no período de 02/2009 a 03/2010; ausência de conta bancária para um empreendimento que teria realizado vendas de vários milhões; Além disso, este fornecedor se encontrava "não habilitado" no SINTEGRA desde 2004, não estando apto a emitir notas fiscais e realizar operações mercantis normalmente. Mais ainda, se verificou que a empresa tinha montantes de gastos de compra muito inferiores ao valor das vendas, refletindo uma margem de lucro irreal. O Fisco Estadual fez uma elaborada fiscalização para demonstrar que essa pessoa jurídica era simulada, não tinha existência real. Neste caso, há provas contundentes da Fl. 29767DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.763 11 inaptidão da empresa e a inidoneidade dos documentos por ela emitidos, além do fato da inabilitação no Sintegra fazer prova contra a boafé do contribuinte nesse ponto. Frisese também que nos autos não há prova nenhuma do recebimento das mercadorias (com exceção do Livro Registro de Entrada), constando apenas as notas fiscais e a "telas" do sistema de controle de negócios da Vitapelli Ltda., que informariam os pagamentos. Já nos manifestamos em outras oportunidades que a aplicação do regime do art. 82, parágrafo único da Lei 9.430/96 pressupõe, antes de tudo, a efetiva existência da pessoa jurídica que tenha fornecido o bem cuja documentação foi tratada como inidônea para fins fiscais. É dizer, à partir da constatação da existência a despeito de eventual inaptidão que irá se verificar se foi efetivamente realizado o pagamento e a mercadoria recebida. A mesma situação é constatada quanto à Maria Lucia da Silva Madeireira, a qual foi constatada pela fiscalização como pessoa jurídica simulada, interposta pela Madeireira Santo Antônio, do Sr. Daniel Gobes dos Santos, que operava ambas, sendo a que a Sra Maria Lúcia da Silva sequer tinha conhecimento das atividades da empresa, somente assinando a procuração para o Sr. Daniel Gobes. O mesmo raciocínio esgrimido anteriormente se aplica aqui: apesar da existência de entradas no Livro Registro, das notas fiscais e da tela do sistema de controle indicando a emissão de cheques para pagamento, tais elementos só se tornam relevantes à partir do momento que se constate a existência real da empresa, e não mero simulacro. Além disso, a não habilitação desta no SINTEGRA corrobora as razões da fiscalização, pela manutenção da glosa. Assim, voto por manter estas glosas. e) Conclusão Parcial Desse modo, voto por reverter as glosas relativas às aquisições das fornecedoras indicadas, com exceção das aquisições das empresas Amarildo Gobes dos Santos ME e Maria de Lucia da Silva Madeireira. II) Da inclusão na base de cálculo dos abatimentos sobre as compras conceito de receita tributável para PIS/Cofins A fiscalização apurou diferenças entre os valores efetivamente pagos aos fornecedores e os valores constantes nas Notas Fiscais apresentadas, o que foi justificado pelo Recorrente como abatimentos sobre as compras, concedidos pelos fornecedores em razão de inconformidades relacionadas ao couro verde, salgado ou salmorado. Em razão dessas inconformidades, às vezes, serem constatadas apenas durante o processo industrial, os descontos são concedidos posteriormente à operação comercial, de forma cumulativa relativamente às diversas aquisições de períodos anteriores. A fiscalização, por sua vez, reconhece em tais descontos "um ato liberatório da credora em relação à devedora, que se coaduna com descontos independentes de qualquer condição", não devendo ser tratado como "receita financeira", mas como "receita outros Fl. 29768DF CARF MF 12 resultados operacionais". Em razão disso, deu aos abatimentos o tratamento de perdão de dívida, para fins de inclusão desses valores na base de cálculo das contribuições sociais. Sobre a possibilidade de inclusão ou não de valores relativos a perdão de dívida na base de cálculo do PIS/Cofins, este Colegiado se manifestou no Acórdão CARF nº 3402004.002, no qual fui designado redator do voto vencedor, nos termos que serão reproduzidos abaixo. Antes disso, todavia, é preciso fazer algumas colocações acerca dos fundamento invocados no Termo de Verificação Fiscal e no Despacho Decisório. Em primeiro lugar, fundamenta o tratamento jurídico do perdão de dívida com base na Decisão SRRF/6ª RF/DISIT Nº 297, de 21 de dezembro de 2000, cuja ementa é a seguinte: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ementa: INSUBSISTÊNCIA PASSIVA. À baixa de valor registrado no passivo, por insubsistência da obrigação de pagar (insubsistência passiva) corresponde uma receita tributável, no momento desta baixa. Dispositivos Legais: Lei nº 6.404/1976, art. 186, § 1º; IR/1999, art. 273, caput; Lei nº 7.689/1988, art. 2º; Lei Complementar nº 7/1970, art. 3º. Sobre isto, três óbices distintos: i) em primeiro lugar, a presente decisão não se refere às contribuições sociais não cumulativas, mas sim a IRPJ, CSLL e PISRepique, não tendo aplicabilidade direta ao caso em tela; ii) em segundo lugar, o conceito de insubsistência passiva utilizada na decisão é absolutamente impróprio, pois em rigor ela se refere à variação negativa da Situação Líquida Patrimonial (SLP) em razão da diminuição do ativo da empresa provavelmente a decisão quis se referir à insubsistência do passivo, figura diametralmente diversa; e iii) ainda que se refira à insubsistência do passivo o que não o fez, pelo menos no jargão técnicocontábil , essa variação afeta a SLP, daí a pertinência de tal dado para fins de IRPJ e CSLL, mas não necessariamente para as contribuições sociais sobre a receita. A fiscalização tributária adotou, para fins de incidência tributária, o conceito contábil de receita veiculado, por exemplo, na Resolução CFC nº 1.374/2011, que qualificaria o "perdão de dívidas" como espécie de receita: Reconhecimento de receitas 4.47. A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos ativos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga). De fato, a fiscalização apontou precisamente um dispositivo de pronunciamento do Conselho Federal de Contabilidade que se presta a definir a receita, mas olvidou em distinguir que se trata de um reconhecimento de receita "na demonstração do Fl. 29769DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.764 13 resultado". Tratase de um escopo específico e distinto do reconhecimento de receita para fins de tributação, como expressamente reconhecimento no item 8A do Pronunciamento CPC nº 30, verbis: 8A. A divulgação da receita na demonstração do resultado deve ser feita a partir das receitas conforme conceituadas neste Pronunciamento. A entidade deve fazer uso de outras contas de controle interno, como “Receita Bruta Tributável”, para fins fiscais e outros. Como se vê, cai por terra o fundamento contábil da autuação a partir do reconhecimento, pela própria contabilidade, da diversidade entre o conceito de receita para fins de demonstração de resultado e para fins de cálculo das contribuições sociais devidas tratam se de finalidades absolutamente distintas que demandam registros coerentes com seus próprios escopos. Resta, ultrapassada a fronteira de um conceito contábil de receita, o enfrentamento de um conceito constitucional e legal de receita para fins de determinação da hipótese de incidência das contribuições sociais, bem como a delimitação de sua base de cálculo. Em se tratando de um conceito utilizado pela Constituição Federal e com reflexos nos textos do artigo 1º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, que determinam a incidência do PIS/Cofins não cumulativo sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, "independentemente de sua denominação ou classificação contábil". Tal redação do dispositivo, como explica o Professor Marco Aurélio Greco, tem o condão de desatrelar da contabilidade o conceito de receita gerando dois efeitos opostos, mas complementares: de um lado, se contabilmente algo não está registrado como receita, mas tem essa natureza, as contribuições devem incidir; de outro lado, se algo está registrado contabilmente como receita, mas não tem essa natureza, não há incidência das contribuições. Outro não foi o entendimento do Órgão Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, sujeito à sistemática de repercussão geral: O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. Como não poderia deixar de ser, não cabe nem deve caber ao Conselho Federal de Contabilidade ou aos demais órgãos definidores de regras contábeis a definição da hipótese de incidência dos tributos brasileiro, sob pena de subversão da sistemática normativa de delimitação de competência pela Constituição e definição da incidência pelas leis. Fl. 29770DF CARF MF 14 Sob uma perspectiva histórica, o que se pode constatar é a tentativa constante de União de estender a hipótese de incidência das contribuições sociais, esbarrando sempre no conceito constitucional de receita tributável e nas limitações legais. Tal levantamento é feito de forma extremamente competente pelo Conselheiro Antonio Carlos Atulim, em declaração de voto apresentada no Acórdão nº 3402003.071, julgado em Maio de 2016, cujo conteúdo reproduzo abaixo: Historicamente essas contribuições sempre incidiram sobre o faturamento, entendido como o produto da venda de mercadorias e da prestação de serviços. A tentativa de a União incluir no rol de incidência das contribuições todas as receitas operacionais da pessoa jurídica tornouse uma odisseia que teve início em julho de 1988, quando se pretendeu alterar a base de cálculo do PIS por meio da edição de dois decretosleis. O PIS foi instituído por meio da Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, a qual previa que as empresas privadas passariam a contribuir para o fundo com duas parcelas, sendo uma com base na dedução do imposto de renda devido e outra com base no faturamento (arts. 1º e 3º). Esse quadro legislativo se manteve até julho de 1988, quando foram editados os DecretosLeis nº 2.445, de 29 de junho de 1988, e nº 2.449, de 21 de julho de 1988, por meio dos quais as contribuições mensais até então devidas sobre o faturamento, passariam a incidir sobre a receita operacional bruta (art. 1º, V, do DecretoLei nº 2.445/88). A tentativa de a União ampliar a base de cálculo do PIS por essa via foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 148.754, por meio do qual o Tribunal declarou a inconstitucionalidade formal dos DecretosLeis nº 2.445 e 2.449, ambos de 1988. Relativamente ao financiamento da Seguridade Social, a odisseia teve início com a instituição do Fundo de Investimento Social FINSOCIAL, por meio da edição do DecretoLei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, quando foi criada uma contribuição devida pelas empresas equivalente a 0,5% (cinco décimos por cento) do faturamento (art 1º, § 1º). Sobreveio então a Constituição Federal de 1988 e com o passar dos anos a alíquota inicial de 0,5% do FINSOCIAL foi sendo elevada ao mesmo tempo em que foi criada a Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988). Houve contestação judicial por parte dos contribuintes e o Supremo Tribunal Federal mais uma vez foi chamado a intervir. No julgamento do RE nº 150.764, o Tribunal manteve a cobrança do FINSOCIAL com a configuração existente na data da promulgação da CF/88, declarando inconstitucionais as majorações procedidas em sua alíquota após o advento da nova ordem constitucional. Diante da inviabilidade do aumento da contribuição ao FINSOCIAL, foi editada a Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, por meio da qual foi revogado o FINSOCIAL, instituindose a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com alíquota de 2% incidente sobre o faturamento (art. 2º). Esse quadro legislativo se manteve até a edição da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, por meio da qual a União mais uma vez tentou ampliar as bases de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS redefinindo o conceito de faturamento (art. 3º, § 1º). Fl. 29771DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.765 15 E mais uma vez a União viu sua tentativa frustrada, pois por meio do RE nº 390.840 o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Desse breve retrospecto legislativo, resulta a comprovação da assertiva inicial deste voto, no sentido de que historicamente essas contribuições sempre incidiram sobre o faturamento e que a intenção da União, pelo menos a partir de 1988, sempre foi ampliar o campo de incidência para abarcar a receita operacional. Todas as vezes em que a União tentou ampliar as bases de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS para alcançar as receitas operacionais das empresas, houve declaração de inconstitucionalidade da norma infraconstitucional. Esse quadro mudou com o advento da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, por meio do qual foi alterado o texto do art. 195, I, "b" da CF/88, que passou a prever a incidência das contribuições destinadas ao custeio da seguridade social sobre a "receita ou o faturamento". A partir dessa alteração constitucional, passou a existir permissão para que o legislador incluísse nas bases de cálculo das contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social qualquer receita auferida pela pessoa jurídica, pois o texto constitucional utilizou o vocábulo "receita" sem nenhuma qualificação ou limitação. Com lastro nessa alteração constitucional, foram editadas as Medidas Provisórias nº 66, de 2002 e 135, de 2003, que resultaram na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e na Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, respectivamente, que nas suas redações originais definiram as bases de cálculo das contribuições nos seguintes termos: Lei nº 10.637: " Art. 1oA contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. 1oPara efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2oA base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o valor do faturamento, conforme definido no caput. (...)" Lei nº 10.833 "Art. 1oA Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1oPara efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Fl. 29772DF CARF MF 16 § 2oA base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. (...)" A primeira leitura desses dispositivos legais aparentemente autoriza a pretensão fiscal de incluir a na base de cálculo das contribuições qualquer tipo de receita, seja ela operacional ou não operacional. Mas embora exista autorização na constituição para a tributação da "receita" em geral, o legislador não se valeu dessa faculdade, pois não só vinculou "a totalidade das receitas" ao termo "faturamento", mas também excluiu expressamente da incidência as receitas não operacionais nos parágrafos 3º dos arts. 1º dessas duas leis. Nas cabeças dos arts. 1º de ambas as leis, a menção ao termo "faturamento", limita a amplitude do "total das receitas auferidas" ao total das receitas operacionais, uma vez que as receitas nãooperacionais não se identificam com faturamento, já que não decorrem da execução do objeto social da pessoa jurídica. Tal afirmação parece ser confirmada pelos parágrafos 3º dos dois dispositivos citados, que se encarregaram de excluir da incidência das contribuições as receitas não operacionais, nos seguintes termos: Lei 10.637/2002: § 3oNão integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: I a IV omissis... V referentes a: a) vendas canceladas ou aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita. VI–não operacionais, decorrentes da venda de ativo imobilizado. (incluído pela Lei nº 10.684/2003) Lei nº 10.833/2003: § 3oNão integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I omissis II nãooperacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; III e IV omissis V referentes a: a) omissis b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e Fl. 29773DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.766 17 dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita. (...)" Ao contrário do entendimento de alguns, esse rol de exclusões das receitas não operacionais não é exaustivo, pois o legislador, no momento da elaboração da norma, não tem condições de prever todas as hipóteses de receitas não operacionais que podem se apresentar no mundo real. Tanto isso é verdade que com o advento da Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014, houve alteração na técnica de redação dos artigos 1º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, pois ao mesmo tempo em que o legislador especificou e limitou a incidência às receitas estabelecidas no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/77 e no art. 183, VIII da Lei nº 6.404/76, houve ampliação do rol de exclusões de receitas não operacionais das bases de cálculo, fato que comprova que o rol de exclusões anteriormente existente não era exaustivo. Se fosse exaustivo, não seria necessário e nem logicamente possível que uma lei posterior viesse a ampliálo. Assim, se historicamente o legislador nunca pretendeu incluir as receitas não operacionais nas bases de cálculo do PIS e COFINS e se existe previsão expressa de exclusão dessas receitas nas leis que instituíram as contribuições não cumulativas, é incabível a pretensão da fiscalização tributálas. Com razão o Ilustre Conselheiro retrocitado. A legislação do PIS/Cofins não cumulativo vigente à época da concessão dos abatimentos previa em seu artigo 1º o seguinte: Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Tal dispositivo enseja uma leitura conjunta com o art. 12 do DecretoLei 1.598/77, que definia expressamente o conceito de faturamento mensal e receita bruta, nos seguintes termos: Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Não se está diante, no presente caso, de receita bruta decorrente da venda de bens e serviços, caracterizado pela legislação de regência como o conjunto de fatos aptos a configurar a incidência do PIS e da Cofins. É preciso mais do que simples "ganho" para que se configura receita tributável, como também consignou o STF, no mesmo REx 606.107/RS: Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. (grifo nosso) Fl. 29774DF CARF MF 18 No caso em tela, resta claro que o perdão de dívida considerando aqui o fundamento da fiscalização nunca poderia ser tratado como receita para fins de tributação (apenas para fins de demonstração de resultado da empresa), por não configurar ingresso. Ele não se integra ao patrimônio de forma inaugural não há aquisição de disponibilidade nova, mas apenas eliminação de um comprometimento patrimonial existente. E mais, não se trata de uma distinção que estamos inaugurando aqui, mas sim de elemento de discrímen não apenas consagrado jurisprudencialmente como também pela própria legislação, que não se furtou, em diversas oportunidades, em deixar claro que a eliminação de um passivo, conquanto represente um ganho, não deve ingressar na base de cálculo do PIS e Cofins, como no artigo 1º, §3º, incisos V, "b", X e XII da Lei nº 10637/02: Art. 1º (...) § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: V referentes a: b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, QUE NÃO REPRESENTEM INGRESSO DE NOVAS RECEITAS, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações societárias, que tenham sido computados como receita; X de subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e de doações feitas pelo poder público; XII relativas ao valor do imposto que deixar de ser pago em virtude das isenções e reduções de que tratam as alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do § 1o do art. 19 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977; A lei é categórica: sempre que estiver ausente o elemento de ingresso financeiro, o "ganho" não pode se enquadrar na categoria de "receita tributável" quando muito, no conceito de receita contábil para fins de demonstração do resultado. Desse modo, não podem os valores reputados como "perdão de dívida" ou mesmo que sejam abatimentos s/ compras serem incluídos na base de cálculo do PIS/Cofins não cumulativo. Assim, voto pela exclusão de tais valores da apuração. III) Da validade da cessão de créditos A fiscalização entendeu por desconsiderar os pagamentos feitos pelo Recorrente a terceiros que não correspondiam aos fornecedores, em razão da existência de contratos de "cessão de crédito a terceiros com autorização do fornecedor", para desconsiderar os pagamentos feitos em relação aos negócios jurídicos realizados com os fornecedores. O equívoco é total, neste ponto. A cessão de créditos é operação típica, descrita no art. 286 do Código Civil: Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o Fl. 29775DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.767 19 devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boafé, se não constar do instrumento da obrigação. Em primeiro lugar, o titular, proprietário, dos créditos que serão cedidos NÃO é a Vitapelli, mas sim os FORNECEDORES que se tornaram credores do Recorrente após o fornecimento de matériasprimas mediante contraprestação (ou promessa de contraprestação). Portanto, que cede o crédito não é a Vitapelli, mas sim o fornecedor. Assim, a cessão de crédito, como já foi dito anteriormente, é uma relação negocial entre o fornecedor credor da Vitapelli e uma terceira pessoa que não tem qualquer relação necessária com a Vitapelli , cujos efeitos somente poderão ser opostos ao devedor (o Recorrente) mediante notificação deste, nos termos do art. 290 do CC/02 (Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.). O que a cessão de crédito opera é apenas o efeito translativo na posição creditória da relação jurídica decorrente do negócio realizado originalmente entre a Vitapelli e seus fornecedores. Ora, se é reconhecido pela própria fiscalização que os pagamentos foram feitos aos terceiros cessionários dos créditos dos fornecedores, a relação jurídica creditória decorrente dos negócios jurídicos de aquisição de matériasprimas que estarão sendo extintas por esses pagamentos pois o cessionário subrogase na posição do fornecedor, como credor da Vitapelli. Como bem colocado pela Recorrente, não há que se confundir a cessão de créditos relativos à operação de compra e venda, com a operação de compra e venda em si, pois é nesta que se funda o direito aos créditos, conforme a legislação. São três momentos distintos: i) a compra e venda (Vitapelli e fornecedor); ii) a cessão dos créditos (fornecedor e terceiros); e iii) o pagamento das compras (Vitapelli e terceiros). Ainda se aduziu, na decisão recorrida, que segundo o art. 288 do CC/02, "É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrarse mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654". Ora, o Fisco não é terceiro interessado na cessão de créditos, mas apenas na ocorrência do pagamento relativo ao negócio jurídico, de modo que o negócio foi celebrado mediante instrumento particular com assinaturas devidamente reconhecidas em cartórios, garantindo a validade da operação de cessão e a sua oponibilidade ao devedor (Vitapelli). O terceiros a que se refere a legislação são aqueles que tenham interesses patrimoniais em bens e direitos dos envolvidos na operação de cessão de crédito especificamente o cedente e o cessionário como forma de proteger terceiros, por exemplo, da dilapidação patrimonial para frustrar obrigações privadas existentes absolutamente nada tem a ver com a verificação da ocorrência ou não dos negócios jurídicos de aquisição de matérias primas entre os fornecedores e o Recorrente. Pelo contrário, ao atestar a ocorrência dos pagamentos feitos pela Vitapelli aos cessionários, a Fiscalização confirma a ocorrência da condição necessária para afastar a inidoneidade dos documentos, conforme art. 82, parágrafo único da Lei 9.430/96: Fl. 29776DF CARF MF 20 Art. 82. Além das demais hipóteses de inidoneidade de documentos previstos na legislação, não produzirá efeitos tributários em favor de terceiros interessados, o documento emitido por pessoa jurídica cuja inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes tenha sido considerada ou declarada inapta. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços comprovarem a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos e mercadorias ou utilização dos serviços. É dizer, a própria Fiscalização confirmou o pagamento as obrigações oriundas do fornecimento de matériaprima. Desse modo, há que se reconhecer a validade das operações de cessão de crédito realizadas pelos fornecedores, que impactaram na comprovação do pagamento do preço respectivo das matériasprimas adquiridas, o que, conjuntamente ao Livro de Registro de Entradas do período analisado, bem como os tickets de pesagem e demais documentos que atestem o transporte e recebimento das mercadorias, servem para comprovar a ocorrência do negócio e para afastar a inidoneidade das notas fiscais. Assim, voto por reverter as glosas referentes aos pagamentos de terceiros cessionários de créditos que a Vitapelli tinha perante seus fornecedores. IV) Das glosas em razão do contrato de mútuo com o Diretor da Recorrente A fiscalização constatou que parte dos cheques utilizados para o pagamento dos fornecedores estava em poder do Diretor Administrativo da Vitapelli, o Sr. Nilson Riga Vitale, em face de contrato de mútuo. Em rigor, o motivo da glosa foi o fato do Diretor Administrativo ter apresentado cópia dos cheques endossados pelos fornecedores, e que isso não teria comprovado o efetivo pagamento dos fornecedores. Em relação à empresa Frigorífico Angelelli (CNPJ 44.802.528/000150), a fiscalização aduz que não teria sido comprovado a quitação da compra de matériaprima com recursos do Diretor Administrativo, em razão de ter sido apresentado apenas cópia do contrato de mútuo e das duplicatas. Em primeiro lugar, é preciso frisar aqui que a lógica é distinta daquela utilizada em relação às empresas cuja glosa se fundou na inidoneidade das notas fiscais em razão da inaptidão da empresa, ou mesmo na sua simulação. No presente caso, tratamse de empresas cuja existência e operação não foram contestadas pela fiscalização, de modo que o gozo do crédito não fica condicionado ao efetivo pagamento do montante da operação, mas simplesmente o registro fiscal da ocorrência dela, através da nota fiscal. Isso se dá em razão da apuração de créditos de PIS/Cofins obedecer ao regime de competência, fazendo jus o Recorrente ao crédito no período em que foi realizado o negócio e nascida a relação jurídica, e não em um eventual momento posterior de recebimento da mercadoria (exemplo disso são os casos de venda para entrega futura de produto já existente). Portanto, se exigir a comprovação dos pagamentos para se conceder o crédito da operação é criar condição não prevista pela legislação para os casos ordinários, mas somente Fl. 29777DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.768 21 para aqueles em que a presunção de boafé do adquirente é colocada em xeque em razão da inaptidão do seu fornecedor, demandando o escorço probatório específico previsto na Lei nº 9.430/96. Então, novamente, é preciso frisar que a respeito destas glosas não foi feita qualquer acusação fiscal quanto à inaptidão das empresas, razão pela qual o fundamento da autuação, qual seja, a não comprovação do efetivo pagamento, não pode ser mantida. Além disso, verificase que a fiscalização insiste em glosar os créditos em razão do endosso dos cheques, por entender que não haveria prova de pagamento aos fornecedores. Causa espécie, a este relator, esse argumento. O endosso de título de crédito tem o condão de transferir o direito de recepção do valor nominal do respectivo título do endossante para o endossatário. Os títulos endossados são os cheques emitidos pela Vitapelli Ltda (cf. consta nos autos cópias deles), mas na operação de endosso que também envolve a cessão de um crédito, razão pela qual o que foi aduzido anteriormente aqui também se aplica esta não tem nenhuma participação. Em rigor, o endossante é o fornecedor e o endossatário é o terceiro que passou a ter direito ao recebimento do valor do título de crédito a única peculiaridade nesse caso é que o pagamento desses valores, aos terceiros endossatários, seria feito com recursos do Diretor Administrativo, em razão de contrato de mútuo estabelecido entre este e a Recorrente, para fins de suprimento de recursos financeiros algo absolutamente cediço no meio comercial. O fato dos recursos advirem do contrato de mútuo para o pagamento dos cheques endossados é juridicamente irrelevante para fins de concessão ou não do direito ao crédito, seja porque tratase de um negócio não relacionado à operação comercial em si, mas simplesmente ao suprimento de recursos à Recorrente, seja porque não é necessária a comprovação do efetivo pagamento para que se tenha direito ao crédito, salvo nos casos de fornecedor inapto. Em relação ao Frigorídico Angelelli, a apresentação das duplicatas quitadas é documento suficiente para demonstrar o direito ao crédito. Ora, o devedor emitiu um título de crédito se obrigando a pagar o valor da fatura num determinado prazo, e tal valor foi pago ainda que com recursos do Diretor, auferidos através de mútuo contratado entre eles. Não consigo ver qual o problema neste caso, pois não há um ônus probatório específico quanto ao pagamento, como comprovação da origem dos recursos, comprovantes de depósitos etc.; além do fato reconhecido pela fiscalização da quitação da duplicata deixar claro o efetivo pagamento da obrigação nascida da relação comercial entre a Recorrente e este fornecedor. Desse modo, voto pela reversão também destas glosas. V) Correção monetária do ressarcimento pela SELIC. Fl. 29778DF CARF MF 22 Requer o contribuinte o reconhecimento do direito à correção monetária pela SELIC. Sobre o tema, aduziu o Cons. Waldir Navarro no julgamento do PAF nº 10835.002183/200471, nos seguintes termos: Pois bem. O art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991, e o art. 39, caput e § 4º , da Lei nº 9.250, de 1995, autorizavam a compensação ou a restituição, corrigida monetariamente, com base na variação da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou o abono de juros calculados pela taxa Selic, de pagamentos indevidos ou a maior de tributos e contribuições, o que não é o caso de ressarcimento de créditos, oriundos de receitas de exportação, de PIS/COFINS não absorvidos pelos débitos do mesmo imposto ou compensados com os demais tributos federais. Cabe ressaltar que ressarcimento e restituição são institutos distintos, porquanto o primeiro é modalidade de aproveitamento de incentivo fiscal (um benefício), ao passo que a restituição, ou repetição de indébito é a devolução, ao contribuinte que tenha suportado o ônus do tributo ou contribuição pagos indevidamente, ou em valor maior do que o devido, ou seja, de receita tributária que ingressou indevidamente nos cofres da Fazenda Pública. E mais. Entendo que essa matéria prescinde de maiores digressões, pois a pretensão da Recorrente correção do ressarcimento da COFINS pela incidência da taxa SELIC, encontrase cabal e expressamente vedada pela legislação de regência, disposta no art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, aplicável também ao ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS não cumulativa pela norma de extensão do inciso VI do art. 15: “Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. (....). Assim, contra disposição expressa da lei não é cabível aplicar analogias com decisões judiciais não aplicáveis ao caso concreto, como pretende a Recorrente. E é desta forma que vem reiteradamente sendo decidido pela CSRF. Por fim, sobre a alegação de inconstitucionalidade, deste outro lado, pela aplicação da Súmula CARF nº 2, fica impedido o Colegiado deste CARF de apreciar a Constitucionalidade da lei. Vejase: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. À vista disso, o pleito feito pela Recorrente de atualização monetária e incidência de juros pela SELIC dos valores dos créditos a serem ressarcidos não pode ser acolhido. Aderindo às razões acima, há que se negar o direito do contribuinte à atualização dos créditos pleiteados, pela SELIC. VI) Da boafé do contribuinte, da verdade material, da publicidade da inaptidão ou inabilitação do fornecedor, da realização de perícia. Fl. 29779DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.769 23 A Recorrente aduz sua boafé através da apresentação das pesquisas à habilitação de seus fornecedores, e pela apresentação de documentação comprobatória das operações. Tais pontos já foram levados em conta na análise das glosas perpetradas, razão pela qual não cabe manifestação específica sobre este ponto aqui. Quanto à realização de perícia, este relator entende ser despicienda em razão do farto acervo probatório e das diversas planilhas apresentadas, que facilitam a compreensão de tudo. Desse, modo, nego a realização de perícia com fundamento no art. 18 do Decreto 70.235/72. VII) Conclusão Ante o exposto, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário nos seguintes termos: I) para reverter todas as glosas de crédito, com exceção das glosas relativas às aquisições dos fornecedores Amarildo Gobes dos Santos ME e Maria de Lucia da Silva Madeireira; II) excluir da base de cálculo da contribuição os valores reputados como "perdão de dívida" pela fiscalização; III) reverter as glosas referentes aos pagamentos a terceiros cessionários de créditos que a Vitapelli tinha perante seus fornecedores, e aos pagamentos feitos pelo Diretor Administrativo a endossatários de cheques emitidos pela Vitapelli, em razão de operação de mútuo. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Voto Vencedor Com a devida vênia, fui designado a redigir o presente voto vencedor, uma vez que o Colegiado, por voto de qualidade, não acompanhou o entendimento do eminente Relator quanto aos seguintes itens do seu voto: I) Das glosas de créditos relativos às aquisições de fornecedores considerados inaptos pela fiscalização ( relativos às empresas J.A Comércio de Couros Ltda, José de Carvalho Lima Júnior, Reginaldo de Carvalho Siqueira ME e Simental Comércio de Couros); II) Da inclusão na base de cálculo dos abatimentos sobre as compras conceito de receita tributável para PIS/Cofins; Fl. 29780DF CARF MF 24 III) Da validade da cessão de créditos; e IV) Das glosas em razão do contrato de mútuo com o Diretor da Recorrente. Das glosas de créditos relativos às aquisições de fornecedores considerados inaptos pela fiscalização Conforme informa o ilustre Relator, parte das glosas de créditos pleiteados pelo contribuinte no trimestre respectivo do anocalendário de 2009, referentes à aquisição de couro bovino junto aos diversos fornecedores indicados no termo de verificação fiscal, foi glosada pelo Auditor sob o argumento de que essas aquisições efetivamente não ocorreram, conforme, segundo ele, comprovam os elementos acostados aos autos. A Recorrente pugna, inicialmente, pela aplicação do decidido no Acórdão CARF nº 1102001.075 julgado pela 1ª Seção e relativo ao efeito das presentes glosas na apuração do IRPJ e CSLL da Recorrente, nos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009, no qual foi dado parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a validade de certas operações. Compartilho das mesma conclusões do Relator, que se manifestou sobre o tema da seguinte forma: Conquanto concorde que é incoerente que as mesmas operações possam receber tratamento contraditório ao serem julgadas por turmas em sessões distintas do CARF, o Acórdão que se pretende aplicar sequer é definitivo, pendente atualmente de análise no âmbito da 1ª CSRF, cabendo aqui a análise específica do mérito das glosas. Acrescento ainda que o processo citado pela Recorrente trata de auto de infração, enquanto o processo ora analisado trata de pedido de ressarcimento no qual cabe à Recorrente o ônus da prova de seu direito creditório. Em seu recurso voluntário a interessada alega que as operações efetivamente ocorreram e foram pagas, devendo ser mantidos os efeitos tributários dos negócios. É entendimento pacificado neste Colegiado que cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, conforme consignado no Código de Processo Civil (Lei nº5.869/73), vigente à época, e adotado de forma subsidiária na esfera administrativa tributária: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; A obrigação de provar o seu direito decorre do fato de que a iniciativa para o pedido de ressarcimento ser do contribuinte, cabendo à fiscalização a verificação da certeza e liquidez de tal pedido, por meio da realização de diligências, se entender necessárias, e análise da documentação comprobatória apresentada. O art. 65 da revogada IN RFB nº 900/2008 esclarecia: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a Fl. 29781DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.770 25 realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. A busca da verdade material deve nortear toda a fase inquisitorial e o contencioso administrativo. A comprovação de uma dada situação fática pode se dar com uma única prova, que por si só é suficiente para se concluir pela ocorrência do fato, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente não garantem a ocorrência do fato, mas agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. Nesse sentido, a Autoridade Tributária realizou, por meio de auditoria, a análise do direito creditório do contribuinte e concluiu que, pelo conjunto de provas obtidas, eram insubsistentes os créditos pleiteados sobre as aquisições realizadas das empresas J.A Comércio de Couros Ltda, José de Carvalho Lima Júnior, Reginaldo de Carvalho Siqueira ME e Simental Comércio de Couros, haja vista que as operações não teriam efetivamente ocorrido no plano fático. O Termo de Verificação e Conclusão Fiscal expõe em seus subitens 3.5 a 3.10 e também no ANEXO V as glosas decorrentes de situação irregular de cada fornecedor (fl. 1211/1225). Este anexo inclui, separada por fornecedor, documentação referente às operações não comprovadas (fls. 9750/13153). As irregularidades apuradas nas empresas diligenciadas foram fartamente documentadas (fls. 1211/1225 e 9750/13153) pela Fiscalização. Várias irregularidades que levaram a desconsideração das compras dessas empresas foram identificadas, tais como falta de habilitação junto ao sistema Sintegra, inaptidão do CNPJ, inexistência de fato do empreendimento, desconhecimento do negócio pelo responsável legal (empresa fornecedora operada por terceiros), valores de aquisições incompatíveis com os declarados pelos fornecedores, etc. No presente Recurso, caberia então à Interessada trazer aos autos elementos de prova inequívocos que comprovassem a efetividade das operações, principalmente quanto ao pagamento das notas fiscais e o recebimento das mercadorias, tudo isso visando infirmar as conclusões levadas a efeito pela Fiscalização. Nesse sentido, a empresa juntou aos autos planilha com a relação dos documentos que entendeu necessários à comprovação da efetividade das operações com as citadas empresas. O ilustre Relator, da mesma forma, entendeu que a documentação acostada aos autos comprovariam a ocorrência das ditas operações objetos de glosas. Durante a sessão de julgamento, pedi vistas do processo a fim de analisar a documentação juntada e avaliar a sua potencialidade de infirmar as conclusões da fiscalização pelas glosas dos créditos relativos as aquisições das empresas citadas. A seguir, são expostas as conclusões obtidas após a análise realizada. Na tentativa de comprovar a efetividade das operações com as empresas citadas, A Recorrente apresentou planilha, junto com o seu recurso, na qual relaciona todos os documentos comprobatórios anexados aos autos. Fl. 29782DF CARF MF 26 Conforme consta na planilha de fls.29.305 a 29.310, a empresa juntou aos autos cópias das notas fiscais de compras, cópias dos conhecimentos de transportes, RPAs, cópias e espelhos de cheques, alguns recibos de prestadores de serviços e tickets de pesagem, tudo com o fim de comprovar o pagamento das compras e respectivo recebimento da mercadorias originadas das empresas em epígrafe. A documentação apresentada para comprovação de pagamentos das compras e fretes juntadas, por si só, não se mostrou hábil para comprovar de forma inequívoca a realização das operações quanto ao pagamento e recebimento das mercadorias. OsTickets de pesagem. recibos de autônomos, registros contábeis, cópias e espelhos de cheques não são documentos hábeis para comprovar a efetividade da ocorrência das operações com as empresa em situação irregular quanto a ocorrência do efetivo pagamento e recebimento das mercadorias adquiridas. Deveria a empresa ter trazido aos autos extratos bancários que demonstrassem as movimentações entre as empresas ou mesmo os comprovantes de depósitos referentes aos pagamentos. Ademais, não constam nos autos, como comprovação do efetivo ingresso dos bens, com registros individualizados, cópias do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou o controle quantitativo, como preceituam os arts. 383 e 388 do Decreto n. 4.544, de 2002. Mesmo naqueles casos em que a empresa apresentou comprovantes de depósitos do pagamento das mercadorias adquiridas, a exemplo do que se deu em algumas notas fiscais da empresa Reginaldo de Carvalho Siqueira ME, a Recorrente deixou de apresentar os comprovantes de depósitos em relação ao pagamento dos respectivos fretes contratados, limitandose também a juntar cópias de cheques. Noticiase nos autos que nos extratos bancários dessa empresa não constam cheques compensados da Vitapelli, tampouco foram apresentados contratos de operações de créditos envolvendo os supostos cheques. Nesse sentido, não deve ser reconhecido o direito creditório quanto às aquisições de mercadorias das empresas J.A Comércio de Couros Ltda, José de Carvalho Lima Júnior, Reginaldo de Carvalho Siqueira ME e Simental Comércio de Couros, por falta de comprovação inequívoca da realização das operações, nos termo do art. 82, parágrafo único, da Lei nº 9.430/96. Da inclusão na base de cálculo dos abatimentos sobre as compras conceito de receita tributável para PIS/Cofins. A Autoridade Tributária apurou diferenças entre os valores efetivamente pagos aos fornecedores e os valores constantes nas Notas Fiscais apresentadas. Tal fato foi justificado pelo Recorrente como abatimentos sobre as compras, concedidos pelos fornecedores em razão de inconformidades relacionadas ao couro verde, salgado ou salmorado. A fiscalização entendeu que tais descontos se constituem em "um ato liberatório da credora (fornecedor) em relação à devedora, que se coaduna com descontos independentes de qualquer condição", não devendo ser tratado como "receita financeira", mas como "receita outros resultados operacionais". Em razão disso, deu aos abatimentos o tratamento de perdão de dívida, para fins de inclusão desses valores na base de cálculo das contribuições sociais. O tema envolvido em questão diz respeito principalmente ao conceito de receita para a legislação do PIS/Pasep e da Cofins não cumulativos. O Relator defendeu que os valores contabilizados relativos aos abatimentos sobre compras concedidos por fornecedores não possuem a natureza de receita. Segundo o seu entendimento, somente ocorre a caracterização de receita quando há ingresso financeiro de recursos que se integre ao Fl. 29783DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.771 27 patrimônio na condição de elemento novo e positivo, fato que não ocorreu no caso.ora analisado. A turma colegiada, por voto de qualidade, entretanto, concordou com o entendimento da Autoridade Tributária ao atribuir natureza jurídica de receitas operacionais as parcelas em discussão, mantendo a sua inclusão na base de cálculo do PIS e da COFINS, conforme fundamentos a seguir expostos. Percebese pela leitura dos autos que a recorrente é sujeita ao regime não cumulativo das contribuições e aos comandos do artigo 1º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, cujas redações em 2009 eram as abaixo transcritas: Lei nº 10.637/2002: Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Produção de efeito § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2o A base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: I decorrentes de saídas isentas da contribuição ou sujeitas à alíquota zero; II (VETADO) III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; V referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita. VI – não operacionais, decorrentes da venda de ativo imobilizado. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (a Lei nº 10.833/2003 ampliou a exclusão para "não operacionais, decorrentes da venda do ativo permanente", aplicandose ao PIS/Pasep, de acordo com o artigo 15 da referida lei) Lei nº 10.833/2003: Fl. 29784DF CARF MF 28 Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. § 2o A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: I isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero); II nãooperacionais, decorrentes da venda de ativo permanente; III auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária; V referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita. VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeito). Constatase pela legislação transcrita que a base de cálculo das contribuições na sistemática não cumulativa é bem ampla, incluindo todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Além disso, a legislação também prevê as exclusões desta base de cálculo. No entanto, não se identifica no dispositivo legal legal transcrito previsão para a exclusão da remissão de dívidas da incidência do PIS e da COFINS não cumulativos. Assim, resta verificar se esses valores se subsumem ao conceito de receita. Fl. 29785DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.772 29 O Relator, em seu voto, insistiu na tese da necessidade de ingresso positivo de recurso que implique repercussão patrimonial positiva para que o evento seja caracterizado como receita para quem aufere. O Colegiado, por voto de qualidade, discordou dessa assertiva por entender que não apenas o ingresso de recursos na entidade com aumento do seu ativo (sem contrapartida no passivo) representa receita, mas também aqueles benefícios econômicos decorrentes de diminuição de passivo, sem contrapartida diminutiva no ativo, têm efeito positivo patrimônio líquido da entidade, da mesma forma se caracterizando como receita. O Pronunciamento Técnico CPC 30 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis confirma esse entendimento na sua definição de receita: Objetivo A receita é definida no Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis como aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. As receitas englobam tanto as receitas propriamente ditas como os ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos e royalties. O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil de receitas provenientes de certos tipos de transações e eventos. (negritos nossos) Concluise que receita é o ingresso econômico representado por um aumento de ativo ou diminuição de passivo que resulta em aumento de patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. Nesse sentido, os abatimentos sobre compras possuem natureza jurídica de remissões de dívidas, caracterizadas por um ingresso econômico decorrente da redução de um passivo sem a redução cocomitante de um ativo, resultando, desta forma, em um acréscimo de riqueza refletida no patrimônio da entidade.. A não inclusão desses eventos na base de cálculo do PIS e da COFINS somente seria possível por meio de previsão em lei. Não havendo previsão legal para tanto, correto está a tributação dessas receitas pelas contribuições em comento. Este colegiado também já se pronunciou em outras oportunidades sobre a matéria, a teor dos Acórdãos nº 1401001.114 e 3201002.117, cujas ementas parciais transcrevemse, respectivamente: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 29786DF CARF MF 30 Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 PERDÃO DE JUROS DE MORA. NORMAS GERAIS DE DIREITO O valor relativo à redução de dívida decorrente de remissão não tem natureza de receita financeira, devendo ser registrada como "outras receitas operacionais". PERDÃO DE JUROS DE MORA. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. A remissão de dívida importa para o devedor (remitido) acréscimo patrimonial (receita operacional diversa da receita financeira), por ser uma insubsistência do passivo, cujo fato imponível se concretiza no momento do ato remitente. Recurso Voluntário Negado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2002 PERDÃO DE DÍVIDA. PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. O perdão de dívida importa para o devedor acréscimo patrimonial, caracterizandose como receita operacional, cujo valor deve ser computado na base de cálculo do PIS apurado no regime não cumulativo. Recurso Voluntário negado Assim, os abatimentos sobre compras se constituem em receitas tributáveis, decorrentes de um acréscimo patrimonial para o devedor, pela redução de um passivo, sem correspondente redução do ativo, que não se qualificam como receitas financeiras, estando corretamente classificadas como “Outras Receitas Operacionais”, conforme restou comprovado nos autos. Da validade da cessão de créditos Conforme relatado nos autos, a Autoridade Tributária desconsiderou os pagamentos feitos pela Recorrente a terceiros que não correspondiam aos fornecedores, em razão da existência de contratos de "cessão de crédito a terceiros com autorização do fornecedor". A Recorrente, por sua vez, afirma que não seriam necessárias maiores formalidades, bastando apenas a comunicação ao devedor nos termos dos art. 107 e 108 do Código Civil (Lei nº 10.406, de 2002). No entanto, ao contrário do que aduz a Recorrente, o Código Civil em seu art. 288 define que a cessão de crédito é ineficaz quando a transmissão de um crédito não for celebrada por meio de instrumento público, ou em caso de instrumento particular, que sejam atendidos os requisitos constantes no art. 654 do mesmo diploma legal, o qual ao estabelecer as condições de validade da procuração particular define em seu § 1ª que a mesma deve conter a indicação do lugar onde ocorre a outorga, a qualificação das partes, e discriminação dos poderes conferidos. Código Civil Fl. 29787DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.773 31 Art. 288: É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrarse mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 12 do art. 654. (...) Art. 654: Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. § 1ºO instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. § 22 O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. Vale ressaltar, ainda, que a Lei de Registros Públicos nº 6.015, de 1973, que estabelece em seu art. 130, § 9º que para os instrumentos de cessão de direitos e de créditos surtirem efeitos perante terceiros devem ser registrados no Registro de Títulos e Documentos. Art.130. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: (Renumerado do art. 130 pela Lei nº 6.216, de 1975). §9º os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de subrogação e de dação em pagamento. No caso concreto, percebese que as referidas exigências legais não foram obedecidas pela empresa. Constatase que não constam nos autos os instrumentos referentes às diversas cessões de crédito que os fornecedores da requerente teriam feito com vários cessionários, apenas há cartas de alguns fornecedores (denominado Notificação de Cessão de Crédito), comunicando a Recorrente que o pagamento deveria ser feito para um terceiro por eles escolhidos. Por essas razões não há como reconhecer a eficácia das cessões de créditos desprovidas das formalidades legais. Das glosas em razão do contrato de mútuo com o Diretor da Recorrente Os motivos alegados pela Fiscalização para efetuar a glosa quanto a esse item foram assim resumidos no voto do ilustre Relator: A fiscalização constatou que parte dos cheques utilizados para o pagamento dos fornecedores estava em poder do Diretor Administrativo da Vitapelli, o Sr. Nilson Riga Vitale, em face de contrato de mútuo. Em rigor, o motivo da glosa foi o fato do Diretor Administrativo ter apresentado cópia dos cheques endossados pelos fornecedores, e que isso não teria comprovado o efetivo pagamento dos fornecedores. Fl. 29788DF CARF MF 32 Em relação à empresa Frigorífico Angelelli (CNPJ 44.802.528/000150), a fiscalização aduz que não teria sido comprovado a quitação da compra de matériaprima com recursos do Diretor Administrativo, em razão de ter sido apresentado apenas cópia do contrato de mútuo e das duplicatas. A Recorrente, por sua vez, alega que deve ser dada validade as operações pois foram apresentados o contrato de mútuo e cópia dos cheques endossados, sendo tais documentos suficientes para comprovar a efetividade das operações. Justificou, ainda, que se foram apresentados os cheques endossados pelos fornecedores e que estes estavam em poder de terceiros, é porque a relação jurídica entre Vitapelli x fornecedores estava extinta, ainda que os cheques fossem pósdatados. Conforme já registrado, os documentos comprobatórios de ocorrência das compras, apresentados pela empresa, resumiramse aos contratos de mútuo e os cheques do Diretor endossados pelos fornecedores. Ambos documentos não são hábeis para comprovar o efetivo pagamento das compras, pelo que está correta a glosa operada pela Fiscalização. O contrato de mútuo, por si só, é insuficiente para comprovar o suprimento de recursos pelo sóciodiretor, necessitaria o Contribuinte apresentar documentação que de fato demonstrasse a efetiva transferência do recurso para a empresa. Cheque endossado por fornecedor também não se mostra hábil para comprovar essa transferência, tampouco para o efetivo pagamento da mercadoria junto aos fornecedores. É entendimento pacificado neste Colegiado que cabe à Recorrente o ônus de provar o direito creditório alegado perante a Administração Tributária, conforme consignado no Código de Processo Civil (Lei nº5.869/73), vigente à época, e adotado de forma subsidiária na esfera administrativa tributária: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; A obrigação de provar o seu direito decorre do fato de que a iniciativa para o pedido de ressarcimento ser do contribuinte, cabendo à fiscalização a verificação da certeza e liquidez de tal pedido, por meio da realização de diligências, se entender necessárias, e análise da documentação comprobatória apresentada. O art. 65 da revogada IN RFB nº 900/2008 esclarecia: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. No presente Recurso, caberia então à Interessada trazer aos autos elementos de prova inequívocos que comprovassem a efetividade das operações principalmente quanto ao pagamento das notas fiscais de aquisição das mercadorias, tudo isso visando infirmar as conclusões levadas a efeito pela Fiscalização. Fl. 29789DF CARF MF Processo nº 10835.720204/201081 Acórdão n.º 3402004.970 S3C4T2 Fl. 29.774 33 Em situação semelhante, com relação as compras do Frigorífico Angelelli Ltda., a Recorrente alega que a simples apresentação das duplicatas quitadas pelo seu emitente ou endossatário é suficiente para comprovar a efetividade da operação. Em posição divergente, entendo que a documentação apresentada é insuficiente para comprovar a efetividade das operações com o referido frigorífico. Da mesma forma que o caso anterior, a documentação apresentada pelo Contribuinte não conseguiu comprovar a origem dos recursos, tampouco o efetivo pagamento das aquisições das mercadorias. Dessa forma, uma vez que a Recorrente não logrou êxito na comprovação de ocorrência das referidas operações financeiras com o sóciodiretor e os fornecedores, também devem ser mantidas as glosas operadas pela Fiscalização nesse item. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. Assinado Digitalmente Pedro Sousa BispoRedator Designado Fl. 29790DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.017012/2002-70
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Apr 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 9900-000.003
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, retirar o processo de pauta, nos termos do art. 49, §5o do RICARF, vencidos os conselheiros Rodrigo da Costa Po^ssas, Andrada Ma´rcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Carlos Alberto Freitas Barreto, que votaram pela permane^ncia do processo em pauta e continuidade de seu julgamento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Flávio Neto Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Andre´ Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Arau´jo, Lui´s Fla´vio Neto, Fla´vio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patri´cia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Ceci´lia Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Rodrigo da Costa Po^ssas, Andrada Ma´rcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Ausentes, justificadamente, as conselheiras Adriana Gomes Rego e E´rika Costa Camargos Autran.
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Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida BEACH PARK HOTEIS E TURISMO S/A Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, retirar o processo de pauta, nos termos do art. 49, §5o do RICARF, vencidos os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Carlos Alberto Freitas Barreto, que votaram pela permanência do processo em pauta e continuidade de seu julgamento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (assinado digitalmente) Luis Flávio Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 17 01 2/ 20 02 -7 0 Fl. 520DF CARF MF Processo nº 10380.017012/200270 Resolução nº 9900000.003 CSRFPL Fl. 520 2 (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Ausentes, justificadamente, as conselheiras Adriana Gomes Rego e Érika Costa Camargos Autran. Relatório O presente processo tem origem com a lavratura de Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS (efls. 236 e seg.). Após a impugnação administrativa (fls. 333/342 e seg.), o lançamento foi julgado parcialmente procedente (efls. 366 e seg.), acatandose a preliminar de decadência do IRPJ, conforme decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1998 Ementa: Processo Administrativo Fiscal. Normas Gerais de Direito Tributário. Decadência. Tributos Sujeitos ao Regime de Lançamento por Homologação Tratandose de período de apuração em que a lei atribui defmitividade ao pagamento do imposto apurado trimestralmente pelo sujeito passivo, a contagem do prazo decadencial do direito de constituir o crédito tributário relativamente ao IRPJ, deve observar o disposto no artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional. Tributação Reflexa. Contribuição para o PIS/Pasep, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Omissão de Receitas. Depósitos Bancários de Origem não Comprovada. Prova do Fato Eleito pelo Legislador para a Presunção Caracteriza omissão de receita, não elidida pela defesa, a existência de valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Lançamento Procedente em Parte O contribuinte interpôs recurso voluntário (efls. 379 e seg.), o qual foi acolhido pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, em acórdão assim ementado (fls. 394/): DECADÊNCIA CSLL PIS COFINS DECADÊNCIA LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO A Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, a partir do anocalendário de 1992, exercício de 1993, por força das inovações da Lei n° 8.383/91, deixou de ser lançada por declaração e Ingressou no rol dos tributos sujeitos a lançamento por homologação. Passou ao contribuinte o dever de, independentemente de qualquer ação da autoridade administrativa, verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular e, por fim, pagar o montante dda . contribuição devida, se desse procedimento houver contribuição a ser paga. E isso porque ao cabo dessa apuração o resultado pode ser deficitário, nulo ou superavitário (CTN., art. 150). Amoldouse, assim, à natureza dos impostos sujeitos a lançamento por homologação a ser feita, expressamente ou por decurso do prazo decadencial estabelecido no art. 150, § 4o , do Código Tributário Nacional. CSSL PIS e COFINS DECADÊNCIA A Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, em conformidade com os arts. 149 e 195, § 4º , da Constituição Federal, tem natureza tributária, consoante decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, por unanimidade de votos, no RE N° 146.7339 SÃO PAULO, o que implica na observância, dentre outras, às regras do art. 146, III, da Constituição Federal de 1988. Desta forma, a.contagem do prazo decadencial da CSLL se faz de acordo com o Código Tributário Nacional no Fl. 521DF CARF MF Processo nº 10380.017012/200270 Resolução nº 9900000.003 CSRFPL Fl. 521 3 que se refere decadência, mais precisamente no art. 150, § 4º . No caso concreto, a obrigação tributária ocorreu em 30/06/97. Como, o lançamento foi feito em 19/12/02, decaiu o direito da Fazenda Nacional. E o mesmo tratamento se reserva à Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), e à Contribuição para a Seguridade Social (COFINS). A PFN interpôs recurso especial (efls. 408 e seg.), sustentando que não teria se operado a decadência, especialmente por força do artigo 45, da Lei nº 8.212/1991. A 1ª Turma da CSRF negou provimento ao recurso especial, verbis: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício:1998 DECADÊNCIA. Nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o termo inicial para a contagem do prazo quinquenal de decadência para constituição do crédito é a ocorrência do respectivo fato gerador, a teor do art. 150, §4º do CTN. Precedentes da CSRF. Recurso especial não provido. A PFN, então, interpôs recurso extraordinário, que foi admitido (efls. 469 e seg.) e julgado (efls. 493 e seg.) pelo Pleno deste Tribunal, que proferiu decisão assim ementada: Assunto: IRPJ Anocalendário: 1998 DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. EXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO, AO RESPECTIVO PRAZO DECADENCIAL, DO ARTIGO 150, PARÁGRAFO 4º. DO CTN. OBSERVÂNCIA DA DECISÃO DO STJ PROFERIDA EM JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO. Nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, se houve pagamento antecipado, o respectivo prazo decadencial é regido pelo artigo 150, parágrafo 4º. do CTN, nos termos do entendimento pacificado pelo STJ, em julgamento de recurso especial, sob o rito de recurso repetitivo, tendo em vista o previsto no artigo 62 –A do Regimento Interno do CARF. O referido acórdão apresenta, ainda, o seguinte resultado de julgamento: Acordam os membros do colegiado, Recurso Extraordinário da Procuradoria da Fazenda Nacional negado provimento por maioria. Vencidos os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão e Marcelo Oliveira. A PFN, então, opôs embargos de declaração, nos quais alega contradição entre a ementa e o do voto vencedor do referido acórdão julgado pelo Pleno, in verbis: “Vêse claramente que o voto, seguido por unanimidade, foi no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, e NÃO o contrário. Portanto, diante da contradica̧õ destacada, requer, a União (Fazenda Nacional), o conhecimento e o provimento dos presentes embargos de declaração para que esta e. Turma, sanando a contradição retratada na presente peça, empreste ao recurso ora interposto efeitos infringentes no sentido de dar provimento ao Recurso Especial interposto pela União.” Os embargos foram admitidos por despacho (efls. 509 e seg.). Diante da falta de intimação do contribuinte quanto ao acórdão do Pleno e quanto aos embargos de declaração opostos pela PFN, a i. Conselheira Cristiane Silva Costa, para a qual os autos foram distribuídos por sorteio na ocasião do Pleno de 2016, compreendeu necessário o saneamento processual (efls. 510). Nesse seguir, houve o necessário saneamento Fl. 522DF CARF MF Processo nº 10380.017012/200270 Resolução nº 9900000.003 CSRFPL Fl. 522 4 processual, com a intimação do contribuinte nesses termos (efls. 519). O contribuinte, contudo, não se manifestou. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Flávio Neto, Relator Compulsando os autos, verificase que esse mesmo processo foi distribuído à i. Conselheira Cristiane Silva Costa, na condição de relatora dos embargos de declaração para a reunião do Pleno de 2016. Ocorre que, naquela oportunidade, a i. Conselheira verificou a necessidade de diligência (intimações do contribuinte) antes de submeter o caso ao Colegiado do Pleno (efl. 510). Contudo, após a realização das diligências em questão, o processo não retornou à referida Conselheira, que permanece neste Colegiado, sendo sorteado a mim. O art. 49, §5o, Anexo II, do RICARF, assim dispõe: Art. 49. O presidente da Câmara participará do planejamento da quantidade de lotes a ser sorteada aos conselheiros dos colegiados vinculados à Câmara e dos recursos repetitivos. (...) §5o Os processos que retornarem de diligência, os conexos, decorrentes ou reflexos e os com embargos de declaracã̧o opostos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, mediante sorteio para qualquer conselheiro da turma. É necessário, portanto, suscitar a incompetência deste Conselheiro para a relatoria do presente processo, tendo em vista que os autos devem retornar à i. Conselheira que originalmente foi sorteada como relatora. Não há regra distinta na Portaria MF n. 147/2007, a exemplo dos arts. 23, par. §5o, art. 24 §1o. Nesse cenário, compreendo necessário saneamento processual, com a retirada autos dos autos da pauta de julgamento, para que os autos sejam devolvidos à original Relatora dos embargos de declaração, para prosseguimento dos atos processuais. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Fl. 523DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.001259/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
REGIME NÃO CUMULATIVO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA À CONFIRMAÇÃO DOS CRÉDITOS DECLARADOS. NÃO COMPROVADA A EXISTÊNCIA DOS CRÉDITOS. GLOSA INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
Para fim de confirmação dos créditos informados no Dacon, quando intimado, o declarante está obrigado a apresentar os arquivos digitais, os documentos fiscais e contábeis e demais esclarecimentos necessários à comprovação dos créditos declarados. A falta de apresentação dos citados documentos implica impossibilidade de confirmação dos valores dos créditos declarados e sua glosa integral.
REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITOS INEXISTENTES. DÉBITOS NÃO PAGOS OU CONFESSADOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
Se não comprovada a existência dos créditos informados no Dacon passa a ser passível de lançamento de ofício os débitos da contribuição indevidamente descontados e não pagos ou confessados pelo contribuinte.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
REGIME NÃO CUMULATIVO. NÃO APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA À COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CRÉDITOS NÃO COMPROVADOS. GLOSA INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
Para fim de confirmação dos créditos informados no Dacon, quando intimado, o declarante está obrigado a apresentar os arquivos digitais, os documentos fiscais e contábeis e demais esclarecimentos necessários à comprovação dos créditos declarados. A falta de apresentação dos citados documentos implica impossibilidade de confirmação dos valores dos créditos declarados e sua glosa integral.
REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITOS INEXISTENTES. DÉBITOS NÃO PAGOS OU CONFESSADOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
Se não comprovada a existência dos créditos informados no Dacon passa a ser passível de lançamento de ofício os débitos da contribuição indevidamente descontados e não pagos ou confessados pelo contribuinte.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL DO PRAZO DE DECADÊNCIA.
Nos casos em que não houve pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo quinquenal de decadência do direito de constituir o crédito tributário conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que não houve pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE NÃO DEMONSTRADA. INDEFERIMENTO.
Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado.
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. IMPOSSIBILIDADE.
1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica.
2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia.
DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO.
Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omite-se de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans).
AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade fiscal competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
MANADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). EVENTUAL DE DESCUMPRIMENTO DE ASPECTOS FORMAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o auto de infração que atende todos os requisitos legais, ainda que descumprida, durante o procedimento fiscal, alguma formalidade relativa à emissão do MPF tenha sido descumprida.
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-005.291
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
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Se não comprovada a existência dos créditos informados no Dacon passa a ser passível de lançamento de ofício os débitos da contribuição indevidamente descontados e não pagos ou confessados pelo contribuinte. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 REGIME NÃO CUMULATIVO. NÃO APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA À COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CRÉDITOS NÃO COMPROVADOS. GLOSA INTEGRAL. POSSIBILIDADE. Para fim de confirmação dos créditos informados no Dacon, quando intimado, o declarante está obrigado a apresentar os arquivos digitais, os documentos fiscais e contábeis e demais esclarecimentos necessários à comprovação dos créditos declarados. A falta de apresentação dos citados documentos implica impossibilidade de confirmação dos valores dos créditos declarados e sua glosa integral. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITOS INEXISTENTES. DÉBITOS NÃO PAGOS OU CONFESSADOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Se não comprovada a existência dos créditos informados no Dacon passa a ser passível de lançamento de ofício os débitos da contribuição indevidamente descontados e não pagos ou confessados pelo contribuinte. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL DO PRAZO DE DECADÊNCIA. Nos casos em que não houve pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo quinquenal de decadência do direito de constituir o crédito tributário conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que não houve pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE NÃO DEMONSTRADA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omite-se de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade fiscal competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. MANADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). EVENTUAL DE DESCUMPRIMENTO DE ASPECTOS FORMAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o auto de infração que atende todos os requisitos legais, ainda que descumprida, durante o procedimento fiscal, alguma formalidade relativa à emissão do MPF tenha sido descumprida. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 REGIME NÃO CUMULATIVO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA À CONFIRMAÇÃO DOS CRÉDITOS DECLARADOS. NÃO COMPROVADA A EXISTÊNCIA DOS CRÉDITOS. GLOSA INTEGRAL. POSSIBILIDADE. Para fim de confirmação dos créditos informados no Dacon, quando intimado, o declarante está obrigado a apresentar os arquivos digitais, os documentos fiscais e contábeis e demais esclarecimentos necessários à comprovação dos créditos declarados. A falta de apresentação dos citados documentos implica impossibilidade de confirmação dos valores dos créditos declarados e sua glosa integral. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITOS INEXISTENTES. DÉBITOS NÃO PAGOS OU CONFESSADOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Se não comprovada a existência dos créditos informados no Dacon passa a ser passível de lançamento de ofício os débitos da contribuição indevidamente descontados e não pagos ou confessados pelo contribuinte. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 REGIME NÃO CUMULATIVO. NÃO APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA À COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. CRÉDITOS NÃO COMPROVADOS. GLOSA INTEGRAL. POSSIBILIDADE. Para fim de confirmação dos créditos informados no Dacon, quando intimado, o declarante está obrigado a apresentar os arquivos digitais, os documentos fiscais e contábeis e demais esclarecimentos necessários à AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 00 12 59 /2 00 9- 91 Fl. 393DF CARF MF 2 comprovação dos créditos declarados. A falta de apresentação dos citados documentos implica impossibilidade de confirmação dos valores dos créditos declarados e sua glosa integral. REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITOS INEXISTENTES. DÉBITOS NÃO PAGOS OU CONFESSADOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Se não comprovada a existência dos créditos informados no Dacon passa a ser passível de lançamento de ofício os débitos da contribuição indevidamente descontados e não pagos ou confessados pelo contribuinte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL DO PRAZO DE DECADÊNCIA. Nos casos em que não houve pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo quinquenal de decadência do direito de constituir o crédito tributário contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que não houve pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE NÃO DEMONSTRADA. INDEFERIMENTO. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM Fl. 394DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 394 3 ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, inequivocamente, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o auto de infração lavrado por autoridade fiscal competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. MANADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). EVENTUAL DE DESCUMPRIMENTO DE ASPECTOS FORMAIS. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o auto de infração que atende todos os requisitos legais, ainda que descumprida, durante o procedimento fiscal, alguma formalidade relativa à emissão do MPF tenha sido descumprida. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus. Fl. 395DF CARF MF 4 Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório integrante do acórdão recorrido, que segue transcrito: Tratase da lavratura de autos de infração, contra a empresa qualificada em epígrafe, que constituíram créditos tributários referentes à contribuição ao Programa de Integração Social (PIS), no valor total de R$ 8.017.389,14, e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), no valor total de R$ 37.069.336,28, apurados no regime de incidência não cumulativa, referentes ao terceiro trimestre de 2004. Relativamente a esse mesmo trimestre também foram protocolizados pedidos de ressarcimento dos saldos credores das contribuições, relativos a receita de exportações, formalizados por meio dos processos nºs 13804.000535/200590 (PIS) e 13804.000533/200509 (Cofins), que tiveram seus pleitos indeferidos. Tais processos de ressarcimento foram objeto de manifestação de inconformidade, que também estão sendo analisadas nesta sessão de julgamento. Também foram lavrado autos de infração referentes às glosas do créditos do trimestre, formalizados no processo n° 15868.001186/200938. Assim, como os créditos do referido trimestre foram glosados, a fiscalização lançou de ofício as contribuições que deixaram de ser recolhidas após o aproveitamento dos créditos do trimestre. Segundo os autos, os pedidos foram protocolizados junto à Delegacia de Administração Tributária em São PauloSP (Derat), mas a análise do pleito foi transferida à DRF/AraçatubaSP por ordem do SuperintendenteSubstituto da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal, conforme portaria de fls. 4 a 6. Ainda segundo os autos, a interessada, em 04/05/2009 (fls. 18 a 20), foi intimada, para subsidiar a análise do pleito, a apresentar diversos documentos e os arquivos contábeis digitais na forma especificada pela fiscalização. Como não atendeu, foi reintimada em 15/06/2009. Como também não houve resposta, os AFRFB responsáveis pela análise se dirigiram à sede da empresa, em 02/07/2009, para cobrar o atendimento das intimação, onde o advogado da empresa, que não possuía procuração da sociedade, informou que não tinha os elementos solicitados, conforme termo de constatação de fls. 26 e 27. Em 30/07/2009, novamente os AFRFB estiveram na sede da empresa, onde, desta vez, foram recebidos pelo seu procurador, que alegou ainda não dispor da documentação requerida. Na oportunidade, foi lavrado auto de embaraço à fiscalização, de fls. 30 a 32. Fl. 396DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 395 5 Portanto, a fiscalização glosou os créditos do período em virtude da não apresentação dos documentos e esclarecimentos na forma solicitada, conforme relatórios de fls. 46 a 51 e 54 a 59, e foram lavrados os autos de infração de fls. 61 a 73, exigindo as contribuições, relativas ao trimestre, que deixaram de ser recolhidas em função do desconto dos pretendidos créditos. Inconformada, a interessada apresentou as impugnações de fls. 77 a 99 (PIS) e de 152 a 175 (Cofins) onde, preliminarmente, requer o cancelamento do lançamento pelo fato de a fiscalização não haver aguardado o julgamento da impugnação apresentada no processo n e 15868.001186/200938, que formalizou as glosas dos créditos no trimestre em questão, pois sem essas glosas não haveria o lançamento. Assim, tratarseia de questão prejudicial. Ainda em preliminar, postula a anulação do lançamento, a teor art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Processo Administrativo Fiscal PAF), porquanto os auditoresfiscais da DRF/Araçatuba não teriam competência para não reconhecer a existência dos direitos creditórios do PIS e da Cofins, tampouco para lavrar auto de infração contra a impugnante, pois o seu domicílio fiscal é São Paulo, capital. Assim, o lançamento somente poderia ser efetuado pelos servidores da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat), em São Paulo, especialmente pelo fato de estar vinculado aos pedidos de ressarcimento das contribuições, haja vista que o seu recolhimento é centralizado na capital. Ainda segundo a autuada, o lançamento também seria nulo porque não foi observado pela fiscalização o local indicado no Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) para realização dos trabalhos, que seria no endereço da empresa, em São Paulo, e não em Araçatuba. Ressalta também a impugnante que o fato de várias intimações terem sido assinadas apenas por um dos AFRFB também desobedeceria ao MPF, que não permite atuação individual de um dos auditoresfiscais nele contidos. Quanto à transferência de competência interdelegacias, alega que esta também deveria estar contemplada no MPF e que o próprio superintendente da Receita Federal deveria ter emitido o mandado, a teor do art. 6º da Portaria RFB n° 11.371, de 2007. Alega ainda que a impossibilidade de delegação de poderes também está prevista na Lei nº 9.784, de 1999, arte. 13 e 100. Assinala que o termo de início perdeu a eficácia porquanto extrapolou o prazo de sessenta dias, previsto no art. 7 o , § 2 o , do PAF, sem que fosse prorrogado por ato escrito. Aduz que a falta do termo de encerramento e do demonstrativo consolidado do crédito tributário levaria à improcedência do lançamento. Fl. 397DF CARF MF 6 Também reclama que não foi cumprida a formalidade prevista no art. 44 da citada Lei n° 9.784, de 1999, que garante à recorrente o direito de se manifestar no prazo de dez dias após o encerramento da fase de instrução do processo. Afirma que o auto de infração lavrado no processo nº 15868.001186/200938, que formalizou a glosa dos créditos, é nulo porque não constituiu crédito tributário tampouco aplicou penalidade, indo de encontro ao art. 10 do PAF. Aduz também que o auto ofenderia, além do PAF, o art. 10 da Instrução Normativa (IN) RFB n° 940, de 2009, que prevê as penalidades nos casos de nãoapresentação ou de apresentação incompleta do Dacon. Expõe ainda que houve erro e falta de motivação e de legislação para o indeferimento do pleito da recorrente, pois isso só seria possível caso a contribuinte não possuísse efetivamente o direito ao ressarcimento. Mas, segundo ela, a negativa ocorreu porque houve falta de razoabilidade por parte dos AFRFB, que consideraram que ela não tinha nenhum direito, o que não pode ser admitido, pois que não poderia exercer sua atividade sem adquirir insumos, já que é uma das maiores empresas do seu ramo de atividade. Assim, a fiscalização deveria ter continuado as diligências no estabelecimento da contribuinte e não ter realizado um levantamento fiscal precário, que não levou em consideração todos os seus documentos. Aduz também que houve cerceamento do direito de defesa, pois não foram apresentados os motivos do indeferimento do pedido, haja vista que os auditores contestaram apenas pequenos elementos componentes do seu direito creditório, não contestando os demais, prejudicando a ampla defesa. Argumenta que a fiscalização deveria ter concedido prazos razoáveis para apreciação dos documentos e realizado todos os atos necessários para apurar o direito creditório da postulante, haja vista que ela não teria justificativas para não os apresentar. Desta forma, em cumprimento ao princípio da verdade material o lançamento deve ser cancelado. Em relação ao que ela denomina mérito, argumenta que o lançamento já teria sido fulminado pela decadência, a teor do art. 150 do CTN. Argumenta também que o Dacon foi elaborado conforme suas operações geradoras dos créditos e a indicação pelos autuantes de valor zero de crédito seria o mesmo que admitir que a autuada realizaria suas operações sem adquirir insumos e outros bens e serviços essenciais a sua atividade. Alega ainda que a fiscalização deveria ter apurado o saldo de crédito para os períodos posteriores uma vez que ela possui em sua escrita fiscal altíssimo saldo credor. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 396 7 Conclui, solicitando o reconhecimento da questão prejudicial para somente julgar o presente após o julgamento final do processo nº 15868.001186/200938, ou ao menos simultaneamente, e o cancelamento dos autos de infração. Por fim, requer que o seu patrono também seja intimado de todas as decisões proferidas nestes autos. Conforme despacho de fls. 232 ,e 233, o presente foi baixado em diligência para que se apensasse a ele os processos nºs 13804.0.00533/200509, 13804.000535/200590 e 15868.001186/200938, por possuírem o mesmo objeto. Também foi solicitada manifestação dos autuantes quanto à utilização do saldo credor da impugnante nos períodos lançados e reabertura do prazo de impugnação. Por meio do termo de fls. 238 e 239, os autuantes informam que não havia saldo anterior a ser aproveitado pela fiscalização, pois os créditos de períodos anteriores também foram glosados por falta de comprovação. Após ciência do termo acima citado, a contribuinte apresentou novas impugnações, a fls. 241 a 264 (Cofins) e 282 a 306 (PIS), onde repete as alegações contidas nas impugnações originais. Posteriormente, os processos nºs 13804.000533/200509 e 15868.001186/200938 foram apensos ao presente. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 329/346), em que, por unanimidade de votos, a impugnação foi julgada improcedente e o crédito tributário mantido, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PIS NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. NÃOCOMPROVAÇÃO. GLOSA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A nãocomprovação dos créditos, referentes ao PIS não cumulativo, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização e no lançamento de ofício da contribuição indevidamente descontada no período em questão. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 COFINS NÃOCUMULATIVA. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A nãocomprovação dos créditos, referentes à Cofins não cumulativa, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização e no lançamento de ofício da contribuição indevidamente descontada no período em questão. Fl. 399DF CARF MF 8 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 MPF. LANÇAMENTO. PRESCINDIBILIDADE. Irregularidades no MPF ou a sua ausência não são condições suficientes para anular auto de infração. SÚMULA VINCULANTE Nº 8 DO STF. Em razão da Súmula Vinculante n° 8, do STF, o prazo para o lançamento das contribuições sociais deve ser contado segundo os critérios estabelecidos no Código Tributário Nacional. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo autuado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em 13/03/2011, a recorrente a foi cientificada da referida decisão. Em 10/06/2011, protocolou o recurso voluntário de fls. 350/374, por meio do qual reapresentou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, alegou que alegou nulidade por cerceamento do direito de defesa, porque negou a realização da perícia e diligência formulados na peça impugnatória e não apreciou argumentos imprescindíveis para a justa solução deste processo, a saber: a) falta de competência para os Auditores tratarem de ressarcimento de créditos da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep; b) estarem os documentos à disposição da fiscalização, aplicação do Princípio da Verdade Material e impossibilidade do ressarcimento ser indeferido; c) levantamento fiscal precário; e d) cerceamento do direito de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Previamente, cabe esclarecer que o presente processo trata da cobrança dos valores da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins Incidência NãoCumulativa Alíquotas Diferenciadas e Por Unidade de Produto, relativos ao 3º trimestre de 2004, informado pela recorrente na linha 27, respectivamente, das fichas 05 e 07 do Dacon, tendo em vista a inexistência de créditos das referidas contribuições em razão da lavratura dos Autos de Infração Glosa de Créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, integrantes do processo administrativo nº 15868.001186/200938, cujas cópias encontramse colacionadas aos presentes autos (fls. 46/61). Fl. 400DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 397 9 A recorrente suscitou como questão prejudicial a impossibilidade da lavratura dos presentes autos de infração, com base no argumento de que eles não poderiam ser lavrados antes do julgamento final na esfera administrativa dos Autos de Infração da Glosa de Créditos, objeto do citado processo n° 15868.001186/200938. Para a recorrente, os presentes autos somente poderiam ser lavrados após o julgamento final do citado processo. Sem razão à recorrente. Uma vez apurada a irregularidade e constatada a falta de pagamento ou confissão do débito tributário, sob pena de decadência do direito de constituir o crédito e de afronta ao art. 142 do CTN, acertadamente, os lançamentos foram realizados. A necessidade de aguardar o julgamento final do citado processo também não se revela necessária, especialmente, haja vista que os dois processos estão apensos e tramitando com o processo principal nº 13804.000533/200509 e todos eles serão julgados em conjunto e simultaneamente por este Colegiado na mesma Sessão de julgamento. Dada essa particularidade e tendo em vista que a maior parte das razões de defesa suscitadas pela recorrente nos presentes autos são coincidentes com as apresentadas no citado processo principal, com respaldo no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999, no que for compatível, aqui serão reproduzidos e adotados como razão de decidir os argumentos e fundamentos apresentados no voto prolatado no âmbito do citado processo principal. Assim como no referido processo principal, nos presentes autos a recorrente apresentou questões preliminares, prejudiciais de mérito e de mérito a seguir analisadas. I Das Questões Prelinares Em sede de preliminar a recorrente alegou nulidade da decisão recorrida e auto de infração. I.1 Da nulidade da decisão recorrida No recurso em apreço, a recorrente alegou nulidade do acórdão recorrido por cerceamento do direito de defesa, baseada em dois argumentos: a) indeferimento dos pedidos de perícia e diligência formulados; e b) não apreciação de parte dos argumentos de defesa. Em relação ao primeiro argumento, a recorrente alegou que, por serem importantes, os procedimentos de perícia e diligência formulados na peça impugnatória deveriam ser realizados, conforme defendido na impugnação. Acontece que, na nova peça impugnatória (fls. 284/308), a recorrente não reapresentou os referidos pedidos apresentados na primeira impugnação. O deferimento do pedido ou determinação de ofício de produção da prova pericial ou de realização de diligência somente se justifica quando a autoridade julgadora entender e se convencer de que tais providências são necessárias para o deslinde da controvérsia. Portanto, tratase de uma prerrogativa da autoridade julgadora, consoante se extrai da leitura combinada dos arts. 18 e 29 do Decreto 70.235/1972, que seguem transcritos: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Fl. 401DF CARF MF 10 [...] Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. No caso, se a Turma de Julgamento a quo entendeu que não se encontrava presente as condições para o deferimento dos pedidos de diligência e produção pericial formulados, não cabe a esta instância recursal adentrar no mérito desta decisão, mas, se convencer de que seria necessário, determinar a realização do procedimento demandado. Não se pode olvidar que a realização de perícia somente se justifica se a análise do acervo probatório exige conhecimento técnico especializado. E essa condição, inequivocamente, não se vislumbra no caso em tela, uma vez que as provas necessárias à comprovação do direito creditório pleiteado cingemse a documentos fiscais e contábeis, cuja análise prescinde do parecer de especialista. O deferimento do pedido de diligência também não se justificava, porque a recorrente não se dignou apresentar, com a peça impugnatória, nenhum documento comprobatório do crédito pleiteado a que estava obrigada, por força do disposto no art. 15 do Decreto 70.235/1972. Além disso, embora tenha sido intimada e reintimada, no curso do procedimento de análise do direito creditório, a recorrente não apresentou os arquivos contábeis e fiscais digitais imprescindíveis para apuração dos créditos apropriados, bem como não disponibilizou os livros e documentos contábeis e fiscais comprobatórios dos dados registrados nos correspondentes arquivos digitais. Aliás, noticiam os autos que a recorrente não só não atendeu as intimações que lhe foram endereçadas, como não apresentou qualquer justificativa para tal omissão, o que motivou, inclusive, a lavratura de auto de embaraço à fiscalização, conforme noticia os autos. Também não procede alegação de que não foram apreciados argumentos imprescindíveis ao julgamento da demanda, haja vista que, embora algum argumento não tenha sido, diretamente, analisado no voto condutor presente julgado recorrido, eles foram abrodados no âmbito dos processos principais, para os quais foi feita remissão expressa, conforme se lê no excerto que segue transcrito: Quanto às demais alegações, como são relativas aos indeferimentos dos direitos creditórios pleiteados nos processos nºs 13804.000533/200509, (Cofins), apenso a este, e 13804.000535/200590 (PIS), a ser apenso a este, e já foram neles analisadas, adotase, o voto proferido nesses processos nos pontos em que em que as alegações neles contidas coincidirem com as formuladas no presente. Por todas essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade/cancelamento do acórdão recorrido. I.2 Da nulidade do auto de infração A recorrente alegou nulidade das autuações por incompetência das autoridade fiscais lançadoras vinculadas à DRF/Araçatuba. Para a recorrente somente os auditoresfiscais vinculados à Derat/SP tinham competência para lançar as referidas contribuições, uma vez que se trava de tributos cujos controle da arrecadação era centralizado no estabelecimento matriz da recorrente, que se localiza na jurisdição do citada órgão. Fl. 402DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 398 11 Diferentemente do alegado, embora a recorrente estivesse vinculada à jurisdição da Derat/SP, os auditoresfiscais da DRF/Araçatuba tinham sim competência para realizar as autuações em questão, por expressa previsão do art. 9º, § 2º, do Decreto 70.235/1972, que segue transcrito: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] § 2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º, serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] (grifos não originais) O referido preceito legal não exige que o auto de infração ou a notificação de lançamento seja lavrado por pessoa competente do domicílio tributário do sujeito, mas por pessoa que detenha a competência. Logo, nos termos do art. 6º1, I, “a”, da Lei 10.593/2002, com redação dada pela Lei 11.457/2007, os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil (AFRFB) da DRF/Araçatuba tinham competência para lavratura dos autos de infração em apreço. A recorrente alegou que os autos de infração deveriam ser cancelados, porque não foram respeitados os termos do MPFF que lhe deu origem. Em outras oportunidades, este Conselheiro manifestou o atendimento de que o MPF tratase de instrumento de cunho gerencial, com o nítido objetivo de controlar e dar transparência a atividade de fiscalização externa da RFB, especialmente, para informar ao fiscalizado sobre a instauração e alcance do procedimento de fiscalização ou diligência, situação que foi devidamente atendida no procedimento fiscal em apreço. Entretanto, ainda que assim não fosse, eventuais irregularidades na emissão do MPF, o que não se vislumbra no caso em tela, não têm o condão de macular a higidez do lançamento realizado por autoridade fiscal competente, na forma e segundo os termos estabelecidos no art. 142 do CTN e no art. 10 do Decreto 70.235/1972, o que ocorreu nas autuações coligidas aos autos. 1 "Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) I no exercício da competência da Secretariada Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) [...]" Fl. 403DF CARF MF 12 No mesmo sentido, o entendimento esposado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), por meio do acórdão CSRF/0105.558, cuja ementa segue transcrita: MPF – DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 3007/2001 – NULIDADE – O desrespeito à previsão de indicação no MPFF de período fiscalizado e autuado não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o descumprimento de algum item do art. 7 da Portaria SRF 3007/2001 não traz como conseqüência a nulidade do ato. CARF, CSRF. 1ª Turma. Ac. CSRF/0105.558, de 4/12/2006, Rel. Cons. José Henrique Longo) Também não procede a alegação da recorrente de que “a fiscalização deveria ter sido realizada no seu estabelecimento matriz, localizado no Município de São Paulo, Capital e por AFRF com jurisdição sobre tal localidade vinculados a DERAT/SP”. De fato, não há obrigatoriedade para que o procedimento fiscal, incluído a lavratura do auto de infração, seja realizada no estabelecimento do contribuinte. Aliás, no âmbito deste Conselho, a matéria foi objeto do enunciado da Súmula CARF nº 6, que segue transcrito: “É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte.” A recorrente alegou ainda que, por força do art. 6º, § 4º, da Portaria RFB 11.371/2007, no caso em tela, a realização dos trabalhos fiscais pela DRF/Araçatubanecessitava da emissão de MPFF emitido exclusivamente pelo próprio Superintendente. Sem a razão à recorrente, porque, tal exigência somente é cabível nos casos em que não há transferência de competência para o titular da unidade da RFB, situação que não se aplica ao caso em tela, haja vista que o titular da DRF/Araçatuba detinha, temporariamente, competência para designar auditores para realizar os trabalhos fiscais relacionados com o assunto que lhe fora expressamente delegado pela Portaria 34/2008 do Superintendentes Adjunto da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal (fls. 5/7). A recorrente alegou nulidade do despacho decisório, por ausência de intimação da recorrente para se manifestar, no prazo de dez dias após o encerramento da fase de instrução, prevista no art. 44 da Lei 9.784/1999. Tratase alegação fora de contexto. A referida exigência, sabidamente, não se aplica ao processo administrativo fiscal, que tem norma específica no Decreto 70.235/1972, que disciplina o assunto. A recorrente alegou que os autos de infração também mereciam ser cancelados, porque a glosa dos créditos realizada nos autos de infração integrantes do processo n° 15868.001186/200938 eram totalmente nulos, uma que neles não houve constituição de crédito tributário e muito menos aplicou penalidade contra a recorrente. De fato, nos referidos autos de infração não houve lançamento de crédito tributário ou aplicação de penalidade, mas apenas glosa integral dos créditos do 3º trimestre de 2004 das referidas contribuições. Entretanto, o procedimento adotado está em consonância com o disposto no art. 9º, § 4º, do Decreto 70.235/1972, a seguir transcrito: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova Fl. 404DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 399 13 indispensáveis à comprovação do ilícito.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] § 4o O disposto no caput deste artigo aplicase também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] (grifos não originais) A recorrente alegou que os questionados autos de infração mereciam ser cancelados, por ser flagrantemente improcedente a motivação jurídica baseada na glosa de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, realizada nos autos de infração contidos no processo n° 15868.001186/200938, cujo fundamento principal foram supostas inconsistências sobre os valores informados nas linhas 02, 04, 05, 09, 11, 13, 14, 15, 19, 23, 27, 28, 29, 30 e 33 do Dacon e a falta da apresentação de documentos pela impugnante. Para a recorrente, somente competia a fiscalização aplicar contra a recorrente penalidades pela falta de entrega do Dacon ou eventuais incorreções ou omissões. Mais uma vez, não procede a alegação da recorrente, pois, conforme já mencionado, uma vez apurada a irregularidade e constatada a falta de pagamento ou confissão do débito tributário, sob pena de decadência do direito de constituir o crédito e de afronta ao art. 142 do CTN, acertadamente, os lançamentos foram realizados. Em relação a procedência ou não da motivação jurídica dos referidos autos de infração atinentes à glosa dos créditos, inequivocamente, tratase de questão meritória a ser apreciada no julgamento do recurso voluntário interposto no âmbito do processo n° 15868.001186/200938. Também não tem procedência a alegação da recorrente de que os autos de infração ora recorridos eram nulos, porque as autuações objeto do processo n° 15868.001186/200938 jamais poderiam ter sido realizadas, uma vez que os auditoresfiscais autuantes não possuíam competência para não reconhecer a existência do direito da recorrente ao ressarcimento do crédito das referidas contribuições. A uma, porque os referidos auditores tinham sim competência para lavratura dos questionados autos de infração, conforme anteriormente demonstrado. A duas, porque o fato de as referidas autoridades fiscais não dispor de competência para o reconhecimento ou não do direito creditório em nada afeta a competência atribuídalhes para proceder o lançamento do crédito tributário, quando caracterizadas as situações previstas na legislação. A recorrente ainda alegou que os auto de infração eram nulos, porque não existia legislação possibilitasse o indeferimento dos pedidos de ressarcimento de créditos das contribuições pelos motivos apresentados pelas autoridades fiscais. Mais uma questão atinente ao mérito não da presente lide, mas do litígio concernente ao indeferimento dos pedidos de ressarcimento da contribuição, que foi abordado no voto do julgado prolatado no âmbito do processo principal. Na sequência, a recorrente alegou que os auditoresfiscais autuantes defenderam supostas inconsistências em algumas fichas do Dacon, todavia não contestaram a consistência de todos os demais documentos da empresa que demonstravam a existência do direito creditório, especialmente, porque indicaram nas suas linhas valores de crédito zerados Fl. 405DF CARF MF 14 ("0") como se fosse possível a recorrente realizar suas atividades sem adquirir insumos, serviços e outros bens necessários para a sua atividade empresarial. A recorrente falta com a verdade. Os termos de intimação e constatação fiscal, em conjunto, compõem um robusto acervo probatório que evidencia a evidente intenção da recorrente de não apresentar e exibir a fiscalização os arquivos digitais, os documentos contábeis e fiscais e esclarecimentos indispensáveis à confirmação da existência dos créditos declarados no Dacon. Diante dessa planejada omissão, não restou outra alternativa aos auditoresfiscais que não fosse de proceder a glosa integral dos créditos declarados e, na ausência de crédito, proceder a cobrança das contribuições devidas, sob pena de responsabilidade funcional, por descumprimento do dever funcional que lhes impões a legislação, especialmente, o art. 142 do CTN. Ainda sobre a nulidade dos autos de infração, a recorrente alegou que, não obstante a vontade em fornecer os documentos solicitados, a fiscalização agira sem razoabilidade e contrariou os diversos dispositivos legais, dentre os quais destacou os arts. 2º2, parágrafo único, VI e X, e 3º, I, da Lei 9.784/1999, que tratam, respectivamente, de princípios e critérios jurídicos aplicáveis ao processo administrativo federal e direitos do administrado perante Administração. Obviamente, tratase de mais uma de alegação genérica, posto que não foi demonstrado, especificamente, quais os atos que afrontaram os princípios e critérios jurídicos ou direitos previstos nos citados preceitos legais. Deveras, ao contrário do que alegou a recorrente, por meio idôneo, ela foi intimada e reintimada a apresentar os arquivos digitais, bem como a disponibilizar os livros e demonstrativos contábeis e fiscais pertinentes, assim como os originais das notas fiscais, recibos, faturas etc., relativos ao período de julho a setembro de 2004. No final do termo de reintimação, as autoridades fiscais deixaram consignado o seguinte aviso: Desta forma, fica o sujeito passivo novamente cientificado de que a não apresentação dos elementos exigidos pela fiscalização, no prazo acima consignado, implicará na proposta de indeferimento do valor dos créditos pleiteados nos pedidos de ressarcimento que estão consubstanciados nos referidos processos. E na ausência de resposta e qualquer justificativa, as autoridades fiscais foram ao endereço da recorrente e lavraram o Termo de Constatação Fiscal de fls. 27/28, no qual foi relatado o seguinte: 2 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: [...] VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; [...] X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; [...] Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; [...] Fl. 406DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 400 15 1. O sujeito passivo foi intimado por via postal por meio do Termo de Intimação Fiscal, de 04/05/2009, para, no prazo de vinte dias, apresentar os arquivos digitais exigidos nos itens 1 e 2 daquele termo. A ciência se deu em 08/05/2009 e o prazo para atendimento encerrouse em 01/06/2009. Até aquela data nenhum dos arquivos digitais exigidos pela fiscalização foi apresentado pelo sujeito passivo. 2. O sujeito passivo foi novamente intimado por via postal por meio do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal, de 15/06/2009, para, no prazo de dez dias, apresentar os arquivos digitais já mencionados no item anterior. A ciência se deu em 19/06/2009 e o prazo para atendimento encerrouse em 01/07/2009. Até aquela data nenhum dos arquivos digitais exigidos pela fiscalização foi apresentado pelo sujeito passivo. 3. Nesta data (02/07/2009) nos dirigimos até São Paulo, no endereço acima mencionado, sendo atendidos às 08:30 pelo Advogado Sr. Tiago Dias de Amorim, que declarou não possuir procuração do sujeito passivo, mas que iniciaria o atendimento. Acrescentou ainda que o Sr. Vagner Aparecido da Cruz, procurador do sujeito passivo, chegaria dentro de quarenta minutos para finalizar o atendimento e assinar os Termos ora lavrados. Em seguida apresentamos ao Sr. Tiago cópia do Termo de Intimação Fiscal, de 04/05/2009 e do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal, de 15/06/2009, pendentes de atendimento; e, dele exigimos a apresentação de todos os arquivos digitais ali mencionados. Em resposta o Sr. Tiago afirmou que não possuía nenhum dos arquivos digitais exigidos nestes Termos e acrescentou que estes estariam sendo preparados pelo sujeito passivo. (grifos dos originais) E diante da impossibilidade de verificação dos créditos apropriados e informados pela recorrente no Dacon, em face da não apresentação dos arquivos digitais e dos documentos contábeis e fiscais solicitados, não restou outra alternativa à fiscalização que não a proposição da glosa integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins do 3º trimestre de 2004, pelas razões expostas na descrição dos fatos do Autos de Infração da glosa dos créditos da Cofins, que integra o processo nº 15868.001186/200938 (fls. 54/62), que se encontra a este apenso. Das cópias do Auto de Infração da Glosa dos Créditos da Cofins, colacionadas aos presentes autos (fls. 54/61), merece destaque os seguintes relevantes trechos: Mais uma vez ficou muito claro para esta fiscalização que a intenção do sujeito passivo continua sendo a de não apresentar os elementos e informações solicitados pela fiscalização, imprescindíveis para a análise dos pedidos de ressarcimento. O descaso do sujeito passivo para com a fiscalização é absoluto. Decorridos mais de três meses desde a primeira intimação datada de 04/05/2009, o sujeito passivo não apresentou nenhum dos elementos exigidos pela fiscalização. Desta vez, diferentemente do procedimento adotado pelo sujeito passivo por ocasião da análise dos trimestres anteriores, nem mesmo a escrituração contábil em arquivos digitais foi por ele apresentada. Fl. 407DF CARF MF 16 A apresentação da escrituração contábil e fiscal, bem como de planilhas ou qualquer outro documento equivalente que demonstrem a forma de apuração dos valores informados no DACON; bem como a apresentação dos documentos comprobatórios exigidos pela fiscalização, são imprescindíveis para a verificação da legitimidade e materialidade do crédito pleiteado. A legislação obriga o xsujeito passivo a manter tais controles. (grifos dos originais) Em relação a esses fatos, devidamente comprovados nos autos, nada foi dito pela recorrente, que continuou a sua saga de apresentar apenas alegações evasivas e genéricas, desprovidas de qualquer suporte probatório. Também não procede a alegação da recorrente de que o presente recurso merecia ser provido porque os autos de infração recorridos continham erro e falta de motivação necessária para a sua validade jurídica, porque, diferentemente do alegado, a simples leitura dos excertos acima transcritos e do teor da descrição dos fatos contida nos questionados autos de infração não deixa qualquer dúvida de que as questionadas autuações foram adequada e suficientemente motivadas, o que afasta a pretensa nulidade por erro ou inexistência de motivação. Reafirmase, novamente, a glosa integral somente ocorreu porque a recorrente negouse a apresentar qualquer documento comprobatório do crédito pleiteado, o que impossibilitou a confirmação dos créditos informados. Essa questão como está relacionada diretamente com mérito da controvérsia, ela será analisado em detalhe a seguir. A recorrente alegou ainda que os autos de infração deveriam ser cancelados, porque foram lavrados com base em levantamento fiscal precário. Ora, se houve levantamento fiscal precário, essa deficiência, certamente, não pode ser atribuída a fiscalização, mas ao claro propósito da recorrente de não fornecer os arquivos, documentos e prestar os esclarecimentos necessários à confirmação da legitimidade do direito creditório informado e pleiteado, que foram regularmente solicitados pela fiscalização no curso do procedimento fiscal. Enfim, em sede de preliminar, a recorrente alegou que os autos de infração deveriam ser cancelados, porque houve cerceamento do seu direito de defesa, porque em nenhum momento foram apresentados motivos que justificassem o posicionamento fiscal de indeferir totalmente o direito creditório pleiteado. Na mesma linha de raciocínio, a recorrente alegou que não houve cumprimento do princípio da verdade material, porque competia aos auditores fiscais “realizarem os atos necessários para garantir esta análise, realizando novas diligências com a intimação da Recorrente apresentar seus documentos fiscais no seu estabelecimento de São Paulo, Capital, com a sucessiva concessão de prazo razoável para o fornecimento.” A recorrente repete as mesmas alegações evasivas e genéricas com expressões diferentes, inclusive com menção a institutos e princípios relevantes para o processo administrativo fiscal, tais como “não preterição do direito de defesa” e “princípio da verdade material”, com o claro propósito de conferir alguma robustez argumentativa a sua retórica vazia de conteúdo relevante para o deslinde da presente lide, mas não apresenta qualquer fundamento fático, corroborado por provas, que dê suporte a tais argumentos ou que infirmem os sólidos fundamentos fáticos e jurídicos apresentados no questionado Despacho Decisório. Por todas essas razões, rejeitase todas as preliminares de nulidade dos autos de infração suscitadas pela recorrente. II Da Questão Prejudicial de Mérito Fl. 408DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 401 17 A recorrente alegou os presentes lançamentos estavam atingidos pela decadência, com base no argumento de que o prazo decadencial deveria ser contado com base no art. 150, § 4º, do CTN e não com base no art. 173, I, do CTN, com entendera o órgão julgado de primeiro grau, haja vista que não houve pagamento, porque não houve o pagamento das contribuições em razão de ser titular de saldo credor de créditos. Em razão da jurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede de julgamento pelo regime dos recursos repetitivos, este Conselheiro tem adotado o entendimento de que o critério de contagem do prazo decadencial depende da existência ou não do pagamento do tributo. Havendo antecipação do pagamento, aplicase o critério do art. 150, § 4º, do CTN; não havendo, aplicase o critério do art. 173, I, do CTN. Sabese que as contribuições são tributos submetidos ao regime de lançamento por homologação e que, em regra, o prazo de decadência tem início na data da ocorrência do fato gerador, nos termos do § 4o do art. 150 do CTN, que segue transcrito: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Porém, como já mencionado, essa regra geral só será aplicada se houver o pagamento antecipado do tributo. Logo, sem a existência do pagamento prévio do tributo, o termo a quo do prazo decadencial do lançamento passa a ser regido pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, ou seja, o termo inicial passa a ser o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Esse entendimento foi pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial no 973.733/SC, sob regime do recurso repetitivo, disciplinado no art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), conforme exposto no enunciado da ementa que segue transcrito: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 409DF CARF MF 18 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). [...] 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) – Grifos não originais. Desse modo, em cumprimento ao disposto no art. 62 do Regimento Interno deste Conselho, aplicase o entendimento explicitado no âmbito do referido julgado, de que sem a realização do pagamento antecipado, o dies a quo do prazo quinquenal de decadência, regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, e passa a ser o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador. Fl. 410DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 402 19 No caso, é incontroverso que não pagamento, haja vista que a própria a recorrente afirmou na peça recursal que não houve pagamento, em face da existência de saldo credor apurado em todos os meses do trimestre. Assim, se não houve pagamento antecipado, ao lançamento em questão aplicase a regra de contagem do prazo decadencial estabelecida no art. 173, I, do CTN. Dessa forma, como o lançamento mais antigo referese a fato gerador ocorrido no mês de julho de 2004, consequentemente, o termo inicial do prazo decadencial teve início em 1/1/2005, consumandose a decadência em 31/12/2009, portanto, após a conclusão do lançamento, que ocorreu em 20/8/2009, data em que a recorrente foi cientificada das presente autuações. Com base nessas considerações, resta demonstrado que não ocorreu a alegada a decadência do direito de constituir o crédito tributário objeto das presentes autuações. III Dos Pedidos de Diligência e Perícia. No presente recurso, a recorrente não apresentou de forma explícita pedidos de perícia e diligência, apenas reiterou de forma genérica tais pedidos, logo, por não atender os requisitos estabelecidos no art. 16, IV, do Decreto 70.235/1972, tal circunstância revelase suficiente para o indeferimento do citados pedidos. De qualquer sorte, adotase e transcrevese a seguir os argumentos apresentados no voto proferido no julgamento do processo principal, onde foram analisadas, minuciosamente, as razões apresentadas pela recorrente no âmbito do citado processo. No caso, a realização de perícia revelase prescindível. A uma, porque as respostas aos requisitos formulados pela recorrente prescinde da participação de especialista. Tratase de questões facilmente respondíveis, mediante análise dos documentos da escrituração contábil e fiscal da recorrente. A duas, porque as respostas aos referidos quesitos seriam facilmente respondíveis, com mera análise da documentação contábil e fiscal solicitada pela fiscalização. O que teria certamente ocorrido, se a recorrente tivesse cumprido a sua obrigação e, em atendimento aos pedidos de intimação e reintimação da fiscalização, tivesse apresentado os arquivos digitais e os documentos contábeis e fiscais indispensáveis para a confirmação dos créditos declarados/pleiteados, ou ao menos tivesse apresentado um justificativa plausível para tal omissão, o que não existiu, no presente caso. A realização de diligência também revelase impraticável, uma vez que a recorrente não trouxe à colação dos autos os arquivos digitais e a documentação solicitada. E por força da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/1972, não há como mais apresentála, a menos que tivesse comprovado uma das condições excepcionais especificadas nas alíneas do citado § 4º, o que não ocorreu no caso em tela. A alegação da recorrente de que os documentos que serviram de base para a apuração do direito creditório eram inúmeros para serem juntados aos autos, “prejudicando até a sua análise por perfazer vários volumes de documentos, estando todos no seu Fl. 411DF CARF MF 20 estabelecimento”, não se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais mencionadas. A grande quantidade de documentos não serve de justificativa para a recorrente não apresentar a necessária e indispensável documentação comprobatório dos créditos pleiteados, especialmente, tendo em conta que, por expressa determinação do art. 195 do CTN e do caput art. 113 da Lei 8.218/1991, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158/2001, enquanto não transcorrido o prazo prescricional, ela estava obrigada a manter à disposição da fiscalização da RFB os documentos e livros contábeis e fiscais e os arquivos digitais. Cabe ressaltar, entretanto, que com a manifestação de inconformidade, a recorrente limitouse a apresentar uma planilha de “apuração de créditos” (fl. 228) e cópias das folhas “resumo para apuração de ICMS Entradas” (fls. 229/239), ou seja, documentos por ela própria elaborados, em vez dos arquivos digitais e da documentação fiscal e contábil a que ela estava obrigada a manter a disposição da fiscalização, que se revela notoriamente insuficiente para justificar qualquer análise mediante diligência ou perícia. Além disso, se a recorrente dispunha dos referidos documentos no seu estabelecimento, conforme alegado, porque não os exibiu aos auditores fiscais, que lá compareceram, exclusivamente, com o propósito de analisálos? Como não há nas duas defesas apresentadas pela recorrente resposta ou justificativa plausível para essa pergunta, este julgador ficou desprovido de qualquer fundamento razoável, para deferir os pedidos de diligência e perícia em apreço. A propósito da atitude omissa da recorrente, merece destaque o fato de a recorrente, no presente recurso, em vez de aproveitar a oportunidade e apresentar justificativas convincentes para a sua deliberada e intencional omissão de apresentar/exibir para a fiscalização os arquivos digitais e os documentos contábeis e fiscais imprescindíveis à análise do direito creditório pleiteado, a recorrente esbanjouse na apresentação de alegações genéricas e evasivas, o que é um forte indício de que a sua defesa não teve o propósito de esclarecer as injustificáveis omissões de atendimento às intimações e reintimações da fiscalização, mas de suscitar questões formais ou meramente jurídicas sem relação direta com o motivo do indeferimento dos créditos e a consequente não homologação das compensações declaradas, ou seja, a ausência total de comprovação do crédito declarado. E não foi só isso! Em vez de apresentar os arquivos e documentos comprobatórios dos fatos alegados, a que estava obrigada, nas duas oportunidades que compareceu aos autos, a recorrente limitouse a apresentar alegações evasivas e genéricas restrita a aspectos meramente formais atinentes ao 3 Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária..(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158 35, de 2001) Fl. 412DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 403 21 procedimento fiscal e ao correspondente despacho decisório em apreço. Quando o relevante era apresentar justificativas para o não cumprimento da sua obrigação de apresentar os arquivos digitais e toda documentação necessária a confirmação dos créditos apropriados e pleiteados. E ao optar pela estratégia da omissão, a recorrente deve arcar com os ônus dela resultante. Enfim, não é demais ressaltar que não é função da autoridade julgadora suprir omissão probatória, seja da fiscalização, seja do contribuinte, especialmente, quando a omissão aparenta ser uma intencional estratégia de defesa, como no caso em tela. Por todas essas razões, os pedidos de diligência e perícia implicitamente formulados nos presentes autos devem ser indeferidos. IV Do Mérito No mérito, o cerne da presente controvérsia cingese à ausência dos créditos informados pela recorrente no Dacon e utilizados na dedução dos débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins do 3º trimestre de 2004 objeto dos lançamentos formalizados nas presentes autuações. Com efeito, segundo a descrição dos fatos que integram os questionados autos de infração, o motivo dos lançamentos em questão foi a inexistência dos supostos créditos utilizados na dedução dos débitos lançados, em razão da glosa integral dos créditos, motivada pela impossibilidade de a fiscalização quantificar os eventuais valores declarados nas respectivas fichas do Dacon do citado trimestre, em razão da deliberada e intencional conduta omissa do sujeito passivo no sentido de não apresentar à fiscalização quaisquer elementos probatórios ou esclarecimentos necessários à confirmação da existência dos supostos créditos. No recurso em apreço, a recorrente limitouse em alegar que não havia motivação para a autuação e que os documentos comprobatórios do direito creditório estava “à disposição da fiscalização na sua sede e somente não está anexando os mesmos por serem em grande quantidade gerando o pedido de diligência e perícia.” Como essas questões foram, exaustivamente, analisadas no voto proferido no julgado do processo principal, aqui adotase como razão decidir os mesmos fundamentos lá apresentados, que seguem transcritos: Não basta a alegar que dispõe dos documentos necessários à comprovação dos créditos! Se a recorrente tinha tais documentos, porque não os exibiu a fiscalização quando esta compareceu no seu estabelecimento? E porque trouxe aos autos, na fase de manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 15 do Decreto 70.235/1972? A simples apresentação da referida planilha de apuração dos créditos, acompanhada apenas das cópias folhas do resumo do Livro de Entradas, sabidamente, não representam elementos probatórios suficientes para fim de comprovação dos créditos da Cofins em apreço. A apresentação da escrituração contábil e fiscal, bem como das planilhas ou qualquer outro documento equivalente que corroborassem a apuração dos valores dos créditos informados Fl. 413DF CARF MF 22 no Dacon, bem como a apresentação dos documentos comprobatórios exigidos pela fiscalização, constituem elementos imprescindíveis para a verificação da legitimidade e confirmação dos valores dos créditos pleiteados/compensados, conforme estabelecido no art. 3º da Instrução Normativa SRF 387/2004, a seguir reproduzido: Art. 3º O sujeito passivo deverá manter controle de todas operações que influenciem a apuração do valor devido das contribuições referidas no art. 2º e dos respectivos créditos a serem descontados, deduzidos, compensados ou ressarcidos, na forma dos arts. 2º, 3º, 5º, 5ºA, 7º e 11 da Lei nº 10.637, de 2002, dos arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 9º e 12 da Lei nº 10.833, de 2003, especialmente quanto: I às receitas sujeitas à apuração da contribuição em conformidade com o art 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e com o art. 2º da Lei nº 10.833, de 2003; II às aquisições e aos pagamentos efetuados a pessoas jurídicas domiciliadas no País; III aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no inciso I; IV aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação e de vendas a empresas comerciais exportadoras com fim especifico de exportação, que estariam sujeitas à apuração das contribuições em conformidade com o art. 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e com o art. 2º da Lei nº 10.833, de 2003, caso as vendas fossem destinadas ao mercado interno; e V ao estoque de abertura, nas hipóteses previstas no art. 11 da Lei nº 10.637, de 2002, e no art. 12 da Lei nº 10.833, de 2003. Parágrafo único. O controle a que se refere o caput deverá abranger as informações necessárias para a segregação de receitas referida no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, observado o disposto no art. 100 da Instrução Normativa nº 247, de 21 de novembro de 2002. (grifos não originais) No mesmo sentido, determinava o art. 24 da Instrução Normativa SRF 460/2004, vigente à época da protocolização do pedido, que a autoridade da RFB competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderia condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, nos termos a seguir transcritos: Art. 24. A autoridade da SRF competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos da pessoa jurídica a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. (grifos não originais) Fl. 414DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 404 23 Ciente dessas obrigatoriedades, porque a recorrente, desde o início do procedimento fiscal até a apresentação do recurso em apreço, insistiu com estratégia da omissão? As explicações foram apresentadas pelas autoridades fiscais nos excertos da descrição dos fatos integrante do Auto de Infração da glosa dos créditos da Cofins do 3º trimestre de 2004, a seguir reproduzidos: Por que, o sujeito passivo, apesar de insistentemente intimado e reintimado, não quer detalhar a forma de apuração dos valores informados no DACON? Não quer detalhar porque ou constituiu créditos sobre valores que não estão descritos no artigo 3º da Lei n.° 10.637 de 2002 e da Lei n.° 10.833 de 2003, ou porque fez á apuração dos créditos de maneira incorreta, ou porque não tem os documentos comprobatórios dos valores informados como base de cálculo para apuração dos créditos, ou, ainda, porque "fabricou" créditos. Para comprovar o que afirmamos no parágrafo anterior vamos citar apenas dois exemplos. Vejamos a seguir. Consultamos a DIPJ/2005 do sujeito passivo e verificamos que o mesmo informou na ficha 32 (Remetentes de insumos/mercadorias), para seu estabelecimento filial de CNPJ 01.597.168/000270, diversos CPFs. Comprovase então que o sujeito passivo adquiriu gado de pessoas físicas e que, muito provavelmente, informou os valores correspondentes a estas aquisições incorretamente na linha 02 (bens utilizados como insumos) das fichas 04 e 06 do DACON, pois não há nenhum valor informado na linha 18 (crédito presumido atividades agroindustriais) das fichas 04 e 06 do DACON. A consulta foi juntada às fls. 32. Na mesma ficha 32 (Remetentes de insumos/mercadorias) da DIPJ/2005 o sujeito passivo informou, para seu estabelecimento filial de CNPJ 01.597.168/000601, a empresa Agroindustrial Rena Ltda CNPJ 03.352.718/000135 como seu segundo suposto maior fornecedor (R$ 107.132.624,60 no ano de 2004). Consultamos os sistemas da Receita Federal e verificamos que os sócios atuais da referida empresa são pessoas de patrimônio irrisório, residentes em Lins e Sabino (SP), muito provavelmente, "laranjas". Vamos supor que esta empresa, que em 2004 tinha como seu maior sócio a Bracol Holding, não seja de fachada e que realmente tenha fornecido insumos ao sujeito passivo. A partir de agosto de 2004 os insumos de origem vegetal e animal (definidos na IN SRF 660/2006) podiam, ser vendidos com suspensão da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins para empresas fabricantes de produtos destinados à alimentação humana ou animal. Neste caso, quem adquirisse insumos com a suspensão poderia se creditar nos mesmos moldes das aquisições feitasjunto à pessoas físicas (crédito presumido). Aqui mais um erro cometido pelo sujeito passivo no preenchimento do DACON, pois se o tivesse preenchido de forma correta teria apurado créditos (crédito presumido) em valores muito menores, isto considerando se realmente ocorreram as aquisições de tais insumos. Portanto, eis mais um motivo porque o sujeito passivo não quer apresentar documentos comprobatórios. De qualquer forma, gostaríamos de acreditar que o sujeito passivo possua documentos IDÔNEOS comprobatórios dos efetivos pagamentos realizados para esta empresa (Aqroindustrial Rena Ltda) no ano Fl. 415DF CARF MF 24 de 2004 correspondentes ao valor total de R$ 107.132.624,60, valor este por ele considerado como base de cálculo para apuração de créditos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Quem sabe possa ele apresentar tais documentos em impugnação ou recurso, que certamente serão apresentados. No entanto, diante do descaso do sujeito passivo, temos quase certeza de que tais documentos, neste procedimento administrativo, não serão apresentados. As consultas foram juntadas às fls. 33 a 37. Mais uma vez registramos que esta fiscalização buscou comprovar a liquidez e certeza dos créditos pleiteados e solicitou do sujeito passivo a apresentação da escrituração contábil e fiscal, livros, documentos, planilhas e informações complementares necessárias e imprescindíveis ao exame, por meio de intimações e reintimações. Como já dissemos o descaso do sujeito passivo'para com a fiscalização foi absoluto. Em relação aos valores informados nas linhas 02, 04, 05, 09, 11,.13, 14, 15, 19, 23, 27, 28, 29, 30 e 33 das fichas 04 e 06 do DACON, diante de todo o acima já exposto, ficou claro para esta fiscalização que a apuração dos créditos foi realizada de forma totalmente incorreta pelo sujeito passivo e é impossível para esta fiscalização quantificar eventuais créditos existentes, pois o sujeito passivo não apresentou os elementos necessários para que o fizéssemos. Registrese, ainda, que o sujeito passivo foi intimado e reintimado por mais de uma vez para apresentar os elementos necessários e imprescindíveis para a realização da análise, inclusive sendo cientificado de que a não apresentação dos mesmos, implicariam na proposta de indeferimento do valor do crédito pleiteado. Desta forma, utilizamos o próprio programa disponibilizado pela Receita Federal e elaboramos as fichas 04 e 06 do DACON para demonstrar a inexistência dos créditos. Estes demonstrativos (fichas 04 e 06 do DACON) acompanham1 o presente auto de infração e também foram juntados por cópia às fls. 38 a 43. (grifos dos originais) O teor desse relato esclarece as razões da omissão da recorrente, ou seja, que a apresentação dos citados documentos, naquela oportunidade, poderiam servir de provas não só de irregularidades tributárias mais gravosas para as recorrentes, mas, provavelmente, da prática, em tese, de fraude e sonegação fiscal, com possíveis implicações na seara criminal. Dada essa circunstância, reabrir a fase de instrução probatória no atual estágio probatório, quando o direito de constituição dos créditos decorrente de graves tributária já estariam alcançados pela decadência, os possíveis crimes, em tese, contra a ordem tributária prescritos, certamente, coroaria de pleno êxito a estratégia omissa da recorrente, com evidente triunfo da astúcia sobre franqueza, da torpeza sobre moralidade. Enfim, seria a consagração do princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). Não se pode olvidar, ademais, que como os presentes autos tratam de pedido de ressarcimento, o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito pleiteado, inequivocamente, recai sobre a pessoa do contribuinte formulador do pedido de ressarcimento, segundo dispõe o art. 373 do CPC, a seguir transcrito, que se aplica supletiva e subsidiariamente ao processo administrativo, por força do art. 15 do CPC: Fl. 416DF CARF MF Processo nº 15868.001259/200991 Acórdão n.º 3302005.291 S3C3T2 Fl. 405 25 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou, à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. [...] (grifos não originais) Da mesma forma, o art. 36 da Lei 9.784/1999, que se aplica supletiva e subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, também atribui ao autor do feito ou do pedido o ônus da produção da prova constitutiva do seu direito. Com base nessas considerações, tendo em conta que a recorrente não apresentou a documentação necessária à confirmação do direito creditório pleiteado/compensado, deve ser mantido o indeferimento integral do valor crédito pleiteado e a não homologação de todas as compensações vinculadas ao referido crédito. Com base nessas considerações, a cobrança dos débitos deve ser integralmente mantida. V Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar as preliminares e prejudiciais de mérito suscitadas e, no mérito, por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 417DF CARF MF 26 Fl. 418DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10600.720007/2015-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1201-000.382
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
EDITADO EM: 13/03/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. EDITADO EM: 13/03/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório O presente processo administrativo é decorrente de Autos de Infração (fls. 2/61) de IRPJ e Reflexos (CSLL, PIS e COFINS), relativos aos anos base de 2010, 2011 e 2012, acrescidos parte de multa de ofício (de 75% Infração 0002) e parte de multa qualificada (150% Infração 0001), de multa isolada em razão das estimativas apuradas e juros Selic, em razão das seguintes infrações: "0001 OMISSÃO DE RECEITAS DE VENDA E SERVIÇOS RECEITAS NÃO ESCRITURADAS SOCIEDADE EM CONTA DE RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 00 .7 20 00 7/ 20 15 -2 1 Fl. 3145DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 3 2 PARTICIPAÇÃO. Omissão de receita caracterizada pela fragmentação ilícita de atividades/receitas do contribuinte, mediante a criação de Sociedades em Conta de Participação sem propósito negocial e com vícios formais em suas constituições, conforme detalhadamente descrito no relatório fiscal em anexo, parte integrante do presente Auto de Infração. 0002 AJUSTES DO LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. Valores contabilizados na conta de receita 13191 Incentivos Fiscais SEFAZ/GO, excluídos do Lalur sem cumprimento ao disposto no Artigo 18, III da Lei 11.941/09, conforme relatório fiscal em anexo. 0003 MULTA OU JUROS ISOLADOS. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada em função de balanços de suspensão ou redução, conforme relatório fiscal e demonstrativo em anexo. " Abaixo reproduzo os principais pontos abordados pelo auditor fiscal responsável no Termo de Verificação Fiscal TVF de fls. 62/105 e que motivam os lançamentos: 2.HISTÓRICO DA EMPRESA FISCALIZADA [...]Em 02/01/2010 ocorre a transformação da sociedade de limitada para sociedade anônima, que passa a se denominar Rede Eletrosom S/A, tendo por objeto "o comércio atacadista e varejista de máquinas, móveis e aparelhos de uso doméstico, equipamentos eletroeletrônicos, produtos para informática, artigos para presentes, como brinquedos e utilidades domésticas." As quotas representativas do capital social são convertidas em igual n° de ações ordinárias nominativas e sem valor nominal, assim distribuídas entre os acionistas: Natal Acir Rosa, 7.200.000 ações, no valor de R$7.200.000,00; Antônio Acir Rosa, 800.000 ações, no valor de R$800.000,00. A administração da sociedade passa a ser exercida por uma Diretoria, composta por dois membros: Natal Acir Rosa, no cargo de DiretorPresidente; e Antônio Acir Rosa, no cargo de Diretor VicePresidente. No mesmo ato é ratificada a existência de 127 filiais da sociedade, abertas e em funcionamento. Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 01/07/2010, deliberou e aprovou sobre: a alteração da denominação social de Rede Eletrom S/A para Eletrom S/A; a abertura do capital social da Companhia e a submissão à CVM de pedido de registro de emissor de valores mobiliários admitidos à Fl. 3146DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 4 3 negociação em mercados regulamentados de valores mobiliários, categoria B, nos termos da Instrução CVM 480/2009; a criação do Conselho de Administração que, juntamente com a Diretoria, será responsável pela administração da Companhia, com mandato de dois anos, sendo admitida a reeleição; a eleição de Natal Acir Rosa para o cargo de Presidente do Conselho de Administração. 3. INFRAÇÕES APURADAS No período fiscalizado, o contribuinte apurou o IRPJ e CSLL com base no Lucro Real, apuração anual, sendo as estimativas mensais apuradas com base em balancetes de suspensão/redução, conforme Lalur e DIPJ 2011 a 2013 apresentados. Quanto ao PIS e COFINS, estava submetido à incidência não cumulativa. Já as Sociedades em Conta de Participação, nas quais o contribuinte fiscalizado figura como sócio ostensivo, apuraram o IRPJ e CSLL com base no lucro presumido, e o PIS e COFINS, incidência cumulativa. 3.1. SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO/SCP SCP Rede Eletrosom Recebíveis Foram apresentados o contrato de constituição, datado de 01/01/2007 e as 1a e 2a alterações, datadas de 01/01/2009 e 02/01/2010, respectivamente. O contrato dispõe sobre a constituição de uma sociedade não personificada que se regerá pelos artigos 991 a 996 da Lei 10.406/2002, tendo como objetivo os serviços de consultoria, negociação, apoio administrativo e gestão dos recebíveis do sócio ostensivo, bem como a elaboração da estratégia e gestão de vendas do mesmo. Para a consecução de suas atividades a SCP utilizará o sócio ostensivo REDE ELETROSOM LTDA (antiga razão social do contribuinte), com o nome empresarial sociedade em Conta de Participação Rede Eletrosom Recebíveis. Os sócios participantes são: Maria Selvina Rosa e Natal Acir Rosa. A sociedade iniciará suas atividades em 01/01/2007 com prazo de duração de 5 (cinco) anos (cláusula 5a) e a administração da sociedade caberá a Srta. Maria Selvina Rosa com os poderes e atribuições de administrar e gerenciar os contratos e recursos advindos do objeto da SCP, autorizado o uso do nome empresarial (cláusula 8a). A cláusula 9ª dispõe sobre a remuneração pelos procedimentos objeto do referido contrato da seguinte forma: a) Somente os recebíveis gerados pelo próprio sócio ostensivo podem ser inseridos no objeto desta SCP; b) As vendas serão realizadas pelo sócio ostensivo sempre devidamente formalizada pelas respectivas notas fiscais de venda e contratos de financiamento; Fl. 3147DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 5 4 c) A SCP será responsável pelo cálculo e cobrança dos recebíveis gerados pelas vendas e contratos de financiamento; d) Os valores recebidos acima da respectiva nota fiscal serão registrados como receita da SCP; e) As comissões decorrentes do processo de cobrança e gestão de recebíveis negociados com terceiros também serão registrados na SCP. [...] A 2a alteração da SCP, vigente no período fiscalizado, dispõe sobre a saída da sócia participante Maria Selvina Rosa; a prorrogação da duração da sociedade por mais cinco anos; e a administração da sociedade pelo Sr. Natal Acir Rosa. SCP Rede Eletrosom Seguros Foram apresentados o contrato de constituição, datado de 01/01/2007 e as 1ª e 2ª alterações, datadas de 01/01/2009 e 02/01/2010, respectivamente. O contrato de constituição dispõe sobre a constituição de uma sociedade não personificada que se regerá pelos artigos 991 a 996 da Lei 10.406/2002, tendo como objetivo os serviços de consultoria, apoio administrativo e gestão dos contratos de seguro firmados pelo sócio ostensivo, bem como a elaboração da estratégia e gestão de vendas do mesmo. Para a consecução de suas atividades a SCP utilizará o sócio ostensivo REDE ELETROSOM LTDA (antiga razão social do contribuinte), com o nome empresarial sociedade em Conta de Participação Rede Eletrosom Seguros. O sócio participante é Maria Selvina Rosa. A sociedade iniciará suas atividades em 01/01/2007 com prazo de duração de 5 (cinco) anos e a administração caberá à Maria Selvina Rosa. A cláusula 9a dispõe sobre a remuneração pelos procedimentos objeto do referido contrato da seguinte forma: a) Somente contratos firmados com terceiros pelo próprio sócio ostensivo podem ser inseridos no objeto desta SCP; b )As vendas serão realizadas pelo sócio ostensivo sempre devidamente formalizadas pelos respectivos contratos; c) A SCP será responsável pelo cálculo e cobrança dos recebíveis gerados pelos contratos de seguros. [...]A 2a alteração da SCP dispõe sobre a saída da sócia participante Maria Selvina Rosa, que cede e transfere o total de sua participação para Natal Acir Rosa; a prorrogação da duração da sociedade por mais cinco anos; e a administração da sociedade pelo Sr. Natal Acir Rosa. SCP Rede Eletrosom Cobrança Foram apresentados o contrato de constituição, datado de 01/01/2009 e a 1a alteração, datada de 02/01/2010. Fl. 3148DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 6 5 O contrato dispõe sobre a constituição de uma sociedade não personificada que se regerá pelos artigos 991 a 996 da Lei 10.406/2002, tendo como objetivo os serviços de consultoria, negociação, apoio administrativo, gestão dos recebíveis do sócio ostensivo, e em especial a cobrança dos recebíveis vencidos. Para a consecução de suas atividades a SCP utilizará o sócio ostensivo REDE ELETROSOM LTDA (antiga razão social do contribuinte), com o nome empresarial sociedade em Conta de Participação Rede Eletrosom Cobrança. Os sócios participantes são Maria Selvina Rosa e Natal Acir Rosa. A sociedade iniciará suas atividades em 01/01/2009 com prazo de duração de 5 (cinco) anos (cláusula 5a) e a administração da sociedade caberá a Srta. Maria Selvina Rosa com os poderes e atribuições de administrar e gerenciar os contratos e recursos advindos do objeto da SCP, autorizado o uso do nome empresarial (cláusula 8a). A cláusula 9a dispõe sobre a remuneração pelos procedimentos objeto do referido contrato da seguinte forma: a)Somente os recebíveis gerados pelo próprio sócio ostensivo podem ser inseridos ao objeto desta SCP; b)As vendas serão realizadas pelo sócio ostensivo sempre devidamente formalizada pelas respectivas notas fiscais de venda e contratos de financiamento; c)A SCP será responsável pelo cálculo e cobrança dos recebíveis gerados pelas vendas e contratos de financiamento; d) Os valores recebidos acima da respectiva nota fiscal serão registrados como receita da SCP; e) As comissões decorrentes do processo de cobrança e gestão de recebíveis negociados com terceiros também serão registrados na SCP. A 1a alteração da SCP dispõe sobre a saída da sócia participante Maria Selvina Rosa; a prorrogação da duração da sociedade por mais cinco anos; e a administração da sociedade pelo Sr. Natal Acir Rosa. [...]3.1.2. Vícios encontrados na constituição das SCPs em comento. Infração à Lei 10.406/2002. De acordo com os conceitos legais e doutrinários acima explanados, verificamos os seguintes fatores que descaracterizam a formação das SCP em comento: Segundo a cláusula 8a das alterações contratuais das referidas SCPs, datadas de 02/01/2010, a administração das SCPs é exercida pelo sócio participante, o Sr. Natal Acir Rosa, o que infringe o artigo 991 da Lei n. 10.406/2002 que dispõe que o sócio participante entra com os recursos para a sociedade, participando apenas dos resultados das SCPs, ou seja, o sócio participante não pode exercer poder de gerência na SCP nem participar nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este, cabendo a ele apenas fiscalizar a gestão do sócio ostensivo; Fl. 3149DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 7 6 O Sócio participante, Sr. Natal Acir Rosa, é acionista majoritário do sócio ostensivo, detentor de 90% de suas ações e de cargo na sua administração: quando da criação das SCPs Recebíveis e Seguros (Janeiro/2007) era sócioadministrador do sócioostensivo; em Janeiro/2010 tornouse Diretor Presidente e em Julho do mesmo ano, Presidente do Conselho de Administração, que juntamente com a Diretoria, responde pela administração do sócio ostensivo (vide histórico da empresa fiscalizada). Sendo assim, o Sr. Natal Acir Rosa confundese nas figuras de sócio participante e acionista/administrador do sócio ostensivo. Ressaltese que no curso do procedimento fiscal, foram apresentados vários documentos que comprovam o efetivo exercício da administração da Eletrosom (sócio ostensivo das SCPs) pelo Sr. Natal Acir Rosa (sócio participante das SCPs). [...]junta exemplos Na causa típica de uma SCP está presente o fortalecimento do empreendimento do sócio ostensivo com os investimentos feitos pelo sócio participante, o que leva alguns doutrinadores a definila como um "contrato de investimento". Dados os ínfimos valores investidos pelo sócio participante nas referidas SCPs não se vislumbra qualquer finalidade econômica ou negocial na criação das mesmas que não a economia de tributos, propiciada pelo desmembramento de atividades operacionais que se complementam, para que parte dela fosse tributada pelo Lucro Presumido, na forma de receita das SCPs. [...]Escrituração das SCPs livros próprios apresentados em atendimento ao TIAF [...]Conforme acima demonstrado, 99% do lucro das SCPs retornou à ELETROSOM na forma de resultado de equivalência patrimonial (receita não tributável), conseqüência do insignificante investimento do sócio participante nas referidas sociedades. Concluindo, constatouse no presente caso, o desmembramento de atividades operacionais complementares do contribuinte fiscalizado, com o intuito de tributar parte delas pelo Lucro Presumido, mediante a criação de sociedades em conta de participação com vícios formais que as descaracterizam como tal, uma vez que ferem seu próprio propósito de criação, face ao insignificante investimento do sócio participante, sócio este que toma parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, uma vez ser o administrador e acionista controlador do sócio ostensivo. Logo, tais sociedades em conta de participação foram criadas sem qualquer propósito negocial/finalidade econômica que não a economia de tributos, uma vez que não se prestam para a causa verdadeira de uma SCP, qual seja o fortalecimento do empreendimento do sócio ostensivo com os investimentos feitos pelo sócio participante, que, segundo os preceitos legais, deverá ser um terceiro, sem qualquer participação nos negócios praticados, participando apenas dos resultados do empreendimento. Deste modo, a inexistência de propósito negocial na constituição dessas sociedades em conta de participação, torna ilícita a fragmentação das atividades do contribuinte fiscalizado. [...]3.1.3. Demais vícios encontrados Além de ferir frontalmente o artigo 991 da Fl. 3150DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 8 7 Lei 10.406/2001 e de inexistir propósito negocial na criação das referidas sociedades, foram encontrados outros vícios, que demonstram o artificialismo na criação das mesmas: As SCPs não possuem estrutura operacional nem despesas próprias. Intimado a comprovar as despesas escrituradas pelas SCPs, o contribuinte fiscalizado informou que as SCPs não possuem despesas próprias, sendo suas despesas oriundas do rateio das despesas do sócio ostensivo (resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 05). Seus endereços coincidem com o do contribuinte fiscalizado (sócio ostensivo). As mesmas exercem atividades complementares do sócio ostensivo, ou seja, seus objetos não abrangem um empreendimento específico, temporário e de risco, características comumente verificadas nesse tipo de sociedade. Os contratos sociais das mesmas até tentaram "aparentar" um empreendimento temporário, instituindo um prazo de cinco anos para sua duração, prazo esse prorrogado por mais cinco anos em alteração contratual posterior. Notase que as três sociedades desempenham as mesmas atividades: consultoria, negociação, apoio administrativo e gestão de recebíveis (oriundos de contratos de financiamentos e seguros firmados com terceiros pelo próprio sócio ostensivo). Tendo as referidas SCPs os mesmos sócios (ostensivo e participante) e a mesma atividade (consultoria, negociação, apoio administrativo e gestão de recebíveis), surge a indagação: qual o propósito da criação de várias sociedades em conta de participação, inclusive duas delas sendo criadas na mesma data? A resposta é evidente: para não extrapolar o limite estabelecido do Lucro Presumido, de receita bruta anual do anocalendário anterior de R$48.000.000,00 (artigo 14 da Lei 9.718/98, com redação dada pela Lei n° 10.637/2002), conforme abaixo discriminado: [...]A criação de uma única SCP tornaria inviável o planejamento do contribuinte, pois o único objetivo da criação das referidas sociedades foi o de tributar parte de suas receitas pelo Lucro Presumido. Conforme já mencionado, a escrituração das SCPs Cobrança, Recebíveis e Seguros foi feita em livros próprios, apresentados em atendimento ao Termo de Início do Procedimento Fiscal. [...]No entanto, verificouse na escrituração do sócio ostensivo, bem como nas notas explicativas às demonstrações financeiras de 2010 a 2012 do mesmo, publicadas na imprensa oficial de Minas Gerais, a ausência de lançamentos nas contas pertinentes à SCP Eletrosom Cobrança. [...]Ou seja, a escrituração do sócio ostensivo não contempla lançamentos na SCP Cobrança, estando os resultados desta incluídos no resultado da SCP Recebíveis, o que se depreende que a escrituração das SCPs apresentadas no curso do procedimento fiscal foi feita extemporaneamente. Quanto às notas fiscais escrituradas pelas SCPs, apresentadas por amostragem em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal n° 05, não consta nos referidos documentos qualquer indicação de modo a permitir identificar sua vinculação com a referida sociedade, contrariando o disposto no art. 254, III, do RIR/1999: [...]Logo, inaceitáveis as Sociedades em Conta de Participação por todos os Fl. 3151DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 9 8 motivos expostos ao longo do presente item, procedemos à recomposição dos resultados no contribuinte fiscalizado, retornando tanto as receitas escrituradas pelas SCPs, quanto as despesas a elas rateadas (originalmente do contribuinte fiscalizado) e, dos tributos apurados de ofício, deduzimos os tributos declarados/pagos pelo Lucro Presumido (DCTFs apresentadas antes do início do procedimento fiscal), conforme demonstrativos anexos: Anexo I A: Receitas escrituradas pelas SCPs; Anexo I B: Despesas SCPs (oriundas do rateio de despesas do sócio ostensivo), lançamentos extraídos do razão do contribuinte fiscalizado (sócio ostensivo) lançamentos a créditos em contas de despesas; Anexo I C: demonstrativo da base de cálculo tributável Resultado SCPs, IRPJ e CSLL; Anexo I D: demonstrativo da base de cálculo PIS/COFINS incidência não cumulativa; Anexo I E: tributação das SCPs valores apurados e declarados. 3.1.4. Multa de ofício aplicada A criação de uma ou mais empresas com a mesma atividade econômica ou desmembramento das atividades operacionais (fragmentação de empresas) quando tiver como único objetivo a realização de economia tributária é artificiosa, ilícita e evasiva, uma vez que as próprias circunstâncias que as envolvem são apenas formais. Ficou caracterizado o dolo e o evidente intuito de fraude na conduta do contribuinte, por seu comportamento intencional e reiterado de causar prejuízos à Fazenda Pública, ao criar artificialmente várias sociedades em conta de participação para usufruir de um regime de tributação mais benéfico, e, mesmo nesse regime (Lucro Presumido), ainda declarou e recolheu os tributos devidos pelas SCPs em valores significantemente inferiores ao longo de todos os meses do período fiscalizado (2010 a 2012), conforme abaixo demonstrado (vide Anexo IE): Tributo Montante apurado pelo contribuinte (p.a. 2010 a 2012) Montante declarado/pago (p.a. 2010 A 2012) IPPJcódigo 2089 16.740.501,66 7.333.736,45 CSLLcódigo 2372 6.124.587,01 2.687.893,94 COFINScódigo 2172 5.135.488,20 1.746.074,82 PIScódigo 8109 1.112.689,10 378.293,81 Logo, comprovado o artificialismo na criação das sociedades em conta de participação, uma vez inexistente o aporte de capital de terceiros, sociedades estas criadas sem qualquer propósito negocial que não a economia de tributos, bem como a prática reiterada de declarar tributos inferiores aos apurados, estando presentes, portanto, o dolo e fraude, efetuamos o lançamento de ofício com imposição de multa de ofício qualificada (150%), nos termos do art. 44, § 1° da Lei 9.430/96. 3.1.5 Decadência PIS/COFINS Comprovada a ocorrência de dolo/fraude/simulação na constituição das sociedades em conta de participação, aplicase o disposto no art. 173, I, do CTN aos Fl. 3152DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 10 9 lançamentos por homologação. [...]3.1.6. Ações judiciais existentes Em atendimento à intimação fiscal, o contribuinte apresentou cópia da Decisão proferida em 17/08/2007 no Processo n° 2007.38.03.005558 3, impetrado na 2a Vara da Justiça Federal em Uberlândia/MG, deferindo liminar em Mandado de segurança para que o contribuinte proceda à exclusão do ICMS incidente sobre o faturamento da base de cálculo do PIS e COFINS, com exceção do ICMS incidente sobre os produtos ou serviços adquiridos pela impetrante como consumidora final. [...]Como os valores de PIS e COFINS lançados de ofício no presente Auto são provenientes de receitas de prestação de serviços escrituradas pelas sociedades em conta de Participação/SCP, não há parcela de ICMS a ser excluída da base de cálculo das referidas contribuições. 3.2. INCENTIVOS FISCAIS 3.2.1. IRPJ e CSLL [...]Ou seja, no período fiscalizado não houve a destinação da parcela decorrente da subvenção governamental para investimento para a conta de reserva de incentivos Fiscais (conta 1301), que se manteve sem lançamentos no período em questão. Na verdade, após a destinação de 5% do lucro líquido do exercício à reserva legal, o mesmo foi destinado ao pagamento de dividendos (conta 8059) e à reserva de lucros a distribuir (conta 80081), para posterior distribuição de dividendos obrigatórios. Logo, os incentivos fiscais em questão não foram creditados em conta de reserva de incentivos fiscais, contrariando o disposto no art. 18, III, da Lei 11.941/09, motivo pelo qual adicionamos ao Lucro Real e à base de cálculo da CSLL os valores excluídos indevidamente pelo contribuinte, com fulcro no art. 18, IV, da referida Lei. 3.3.FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS DE IRPJ E CSLL As infrações apuradas ocasionaram falta de recolhimento de estimativas mensais, gerando multa de 50% sobre os valores não recolhidos, conforme demonstrativo em anexo (Anexo II), com fulcro no art. 44, II, "b" da Lei 9.430/96. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 1.595/1.647), alegando, no que diz respeito ao tópico das SCP: ausência de fundamento legal para a desconstituição das operações praticadas; que, conforme se verifica nos contratos de constituição das SCPs: a sociedade Rede Eletrosom Cobrança foi criada exclusivamente para cálculo e cobrança dos recebíveis gerados pelas vendas e contratos de financiamento da sócia ostensiva, atividade acessória ao objeto principal da Impugnante, qual seja, a venda de produtos no mercado varejista; a SCP Eletrosom Recebíveis tem como objeto os serviços de consultoria, negociação, apoio administrativo e gestão de recebíveis, bem como a elaboração da estratégia e gestão de vendas do sócio ostensivo. Frisese que o objeto da referida sociedade é totalmente distinto do da SCP Rede Cobrança; e que a SCP Eletrosom Seguros tem como objeto os serviços de consultoria, apoio administrativo e gestão de contratos de seguro firmados pelo sócio ostensivo. Essas atividades não fazem parte do objeto principal da sócia ostensiva, o que revela que não se está Fl. 3153DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 11 10 diante de um caso de simples repartição de receitas da Impugnante. Com efeito, a constituição de 3 (três) sociedades reguladas pelos arts. 991 a 996 do CC/2002 foram, na verdade, criadas para segregar os riscos de atividades secundárias desenvolvidas pela Impugnante (predominantemente financeiras), que não se confundem com a sua atividade principal, que é a venda de eletrodomésticos e afins no mercado varejista. não há na legislação qualquer impedimento de que uma pessoa física seja concomitantemente sócia participante da SCP e indiretamente sócia ostensiva da referida sociedade. A constituição das SCP’s, pois, é fruto do exercício do seu direito de reorganização das atividades e está amparado pelo Princípio da Autonomia da Vontade e Livre Iniciativa que regem o direito privado. a Fiscalização afirma que não teriam sido registradas despesas na SCP o que denotaria a simulação na constituição de tais sociedades , mas se contradiz, pois ao recompor a base de cálculo do PIS e da COFINS foram levadas em conta as receitas líquidas descontadas das despesas de energia, comunicação e aluguel de imóvel. se analisado o histórico dos resultados auferidos pela Impugnante ao longo do período autuado (situação de prejuízo ao invés de lucro operacional), verificase que, efetivamente, houve aumento em sua carga tributária, já que foram recolhidos tributos na SCP, ainda que sob o regime do lucro presumido, quando tais receitas, se incorporadas ao lucro real da Impugnante, seriam absorvidas pelos prejuízos acumulados no período. com relação à multa qualificada de 150%, aduz que os motivos acima despendidos já seriam plenamente suficientes, por si só, para afastar sua aplicação. Ademais, ainda que assim não se entenda, a aplicação da referida multa viola o artigo 112 do CTN e se apresenta totalmente descabida, uma vez ausente qualquer prova de circunstâncias agravantes aptas a ensejar sua aplicação. além da multa de 150% ter feição confiscatória e ser totalmente agressiva aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e do nãoconfisco, não há que se falar em evidente dolo ou fraude a ensejar a qualificação da penalidade no caso concreto. que deve ser afastada a premissa de que a Impugnante não efetuou o recolhimento dos tributos devidos nas SCPs. A Fiscalização, no momento da lavratura dos Autos de Infração, detinha pleno conhecimento de que os débitos supostamente "em aberto" nas SCPs haviam sido incluídos no parcelamento federal, sobretudo porque a Impugnante retificou todas as suas DCTFs para confessar esses débitos, conforme determinado pela IN/RFB 1.491/2014, como condição para a inclusão dos valores no REFIS. com base no art. 150, §4° do CTN, ocorreu a decadência dos valores exigidos a título de PIS e COFINS nos meses de janeiro e fevereiro de 2010, bem como das multas isoladas exigidas no mês de fevereiro de 2010. ocorreu também ilegal mudança de critério jurídico. Subsidiariamente, invoca a impossibilidade de inclusão de receitas financeiras na base de cálculo do PIS/COFINS nãocumulativo; pede a exclusão dos valores pagos no REFIS; e o reconhecimento de créditos de IRRF para fins de abatimento do eventual saldo devido e dos efetivos pagamentos de IRPJ e CSLL feitos no lucro presumido. Fl. 3154DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 12 11 Quanto ao tópico do incentivo fiscal, aduz que: apesar das conclusões apresentadas no trabalho fiscal, foi demonstrado que, não obstante ter incorrido em equívocos no registro dos valores recebidos a título de subvenção, sob o ponto de vista de uma interpretação econômica e mais condizente com a legislação tributária aplicável a benefícios fiscais, a Impugnante não foi contra o objetivo principal da norma inserta no art. 18 da Lei 11.941/2009. a acusação fiscal se refere exclusivamente à destinação contábil: a empresa tirou recursos da subvenção para distribuir dividendos, mas esses recursos poderiam perfeitamente ter saído, ainda que parcialmente, dos lucros acumulados que ela detinha. é inegável que não ocorreu no caso concreto a situação que a lei tributária visa evitar, em se tratando de incentivos fiscais enquadráveis como subvenção para investimento, pois, ao fim e ao cabo, os recursos decorrentes dos incentivos fiscais acabaram, ainda que parcialmente, permanecendo no patrimônio líquido da Impugnante, dando à autuação um caráter absolutamente formal. ainda que o erro não seja admitido, que seja aos menos reduzida a base de cálculo do IRPJ autuado, para refletir o valor líquido que, ao final, teria sido destinado aos sócios, considerando os lucros acumulados existentes na Companhia e que embasariam a distribuição de dividendos. Finalmente, a contribuinte também pleiteia o cancelamento da multa isolada, ainda mais considerando sua concomitância com a multa de ofício. Por meio da Resolução n° 2.001.946 (fls. 2.423/2.426), o julgamento da defesa foi convertido em diligência, no intuito de: (i) determinar se as receitas ou rendimentos correspondentes às retenções sofridas na fonte pelo contribuinte constantes das DIRFs relativas aos períodos autuados foram ou não efetivamente oferecidos à tributação ou em qual medida o foram ou ainda se correspondem às infrações aqui apuradas; (ii) apurar dentre as receitas levantadas, notadamente, na infração capitulada no item "001" do Auto de Infração do IRPJ qual montante mensal referese às receitas financeiras (recebimentos de juros por inadimplências dos clientes do contribuinte); (iii) verificar se houve divergência no aproveitamento dos valores efetivamente pagos a título de IRPJ e CSLL no lucro presumido, indicando, se for o caso, o verdadeiro valor a ser deduzido das exigências apuradas. Em atendimento, a fiscalização elaborou Relatório Fiscal (fls. 2.516/2.531), por meio do qual propõe determinadas alterações a serem promovidas no lançamento, em conformidade com o quadro resumo de fls. 2.530/2.531. A contribuinte se manifestou (fls. 2.628/2.640). Ressalta que o pedido de abatimento dos valores pagos no REFIS pelas SCPs, no montante de R$26.418.118,22, estranhamente não foi objeto da diligência e que, por equívoco, o Relatório Fiscal deixou de somar o montante de R$ 4.781.616,51, relativo às retenções na fonte sofridas pelas SCPs, Fl. 3155DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 13 12 mesmo tendo a autoridade fiscal expressamente acatado este pleito. Questionou, ainda, o fato do relatório ter mantido a tributação sobre as receitas financeiras. Em Sessão de 26 de setembro de 2016, a 10a Turma da DRJ/BHE julgou os lançamentos parcialmente procedentes. O Acórdão (fls. 2.704/2.760) n. 02.69.937, que foi objeto de recurso de ofício em razão do valor do crédito tributário excluído, recebeu a seguinte ementa: PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. DESCONSIDERAÇÃO DE SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. Revestese de legalidade a ação do Fisco, sendo cabível o lançamento do imposto que deixou de ser recolhido, uma vez evidenciado robustamente em procedimento fiscal a existência de planejamento tributário com fraude à lei fiscal, visando diminuir ou suprimir o recolhimento do imposto de renda, na medida em que foi ferido o limite legal de receita que deve ser observado para determinação do imposto e contribuição social no regime do lucro presumido, via criação artificial de Sociedade em Conta de Partição SCP, gerada formalmente, com a aparente ocorrência de sociedade. Tendo por base o regime do lucro real, é procedente a recomposição do resultado do contribuinte, adicionandose ao seu lucro o das SCP, considerados os prejuízos fiscais e bases negativas por ele declarados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Por decorrência, o mesmo procedimento aplicase à CSLL. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. Para determinação do PIS e da COFINS, pelo regime nãocumulativo, procede a tributação das receitas de prestação de serviços auferidas pelas SCP, descontados os créditos levantados. MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício será qualificada, no percentual de 150%, conforme estabelece a lei, sempre que houver o intuito de fraude, devidamente caracterizado em procedimento fiscal, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. DILIGÊNCIAS REALIZADAS. São cabíveis ajustes nos valores exigidos dos tributos lançados, em função das retenções na fonte sofridas, cujas receitas foram oferecidas à tributação, e dos pagamentos efetuados pelo contribuinte, consoante DIRF e DARF constantes dos sistemas da Receita Federal do Brasil, como devidamente confirmado em relatório fiscal de diligências efetuadas. SUBVENÇÕES GOVERNAMENTAIS. REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO RTT. Na vigência do RTT, as subvenções governamentais para investimento só poderiam ser excluídas na apuração do Lucro Real, desde que (a) mantidas na conta de reserva de incentivos fiscais a parcela da subvenção apurada até o limite do lucro líquido do exercício, não podendo ser distribuída aos sócios/acionistas; e (b) caso no período o contribuinte apure prejuízo contábil ou lucro líquido contábil inferior à parcela da subvenção governamental, e neste caso, não puder ser constituída como parcela Fl. 3156DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 14 13 de lucros, a parcela não destinada à reserva de incentivos fiscais deverá ser destinada nos exercícios subseqüentes. No caso concreto, no período fiscalizado, não houve destinação da parcela da subvenção governamental para investimento para a conta de reserva de Incentivos Fiscais. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte Mais precisamente, a decisão de piso ajustou os "valores exigidos dos tributos lançados, em função das retenções na fonte sofridas, cujas receitas foram oferecidas à tributação, e dos pagamentos efetuados pelo contribuinte, consoante DIRF e DARF constantes dos sistemas da Receita Federal do Brasil, como devidamente confirmado em relatório fiscal de diligências efetuadas." Cientificada da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 2.839/2.982) onde basicamente reitera os argumentos de defesa. A Fazenda Nacional apresentou Contrarrazões ao recurso voluntário (fls. 2.938/2.982). Sustenta que não houve qualquer mudança de critério jurídico por parte do fisco. Aduz que o caso concreto revela um planejamento tributário sem propósito negocial, afinal as SCPs são apenas aparente e desrespeitam sua função típica. Pede a manutenção da multa qualificada, por entender presente a intenção de mascarar o que de fato se pretendia e que a multa isolada possui previsão legal. Manifestase em sentido oposto ao da decadência e afirma que a infração relativa à subvenção para investimento restou bem caracterizada. Quanto ao pedido de abatimento de valores pagos no Refis, esclarece que não há base legal e que as SCPs seriam contribuintes diversos. Posteriormente, em petição datada de 29 de maio de 2017, o Recorrente apresenta sua desistência parcial do recurso voluntário, em razão da inclusão de parte do débito objeto do presente processo, correspondente aos valores decorrentes da Infração nº 0002, no Programa de Regularização Tributária – PRT, instituído pela MP nº 766/2017. O julgamento do recurso voluntário foi convertido em diligência por meio de voto de minha relatoria (fls. 3.019/3.033), para que a unidade de origem apure se as SCP de fato incluíram valores objeto de cobrança no presente processo administrativo no REFIS da Lei nº 12.996/2014 ou outro parcelamento. Caso positivo, indicar os correspondentes montantes, segregando os valores a título de principal, multa e juros por tributo e competência e apresentar justificativa acerca da necessidade de abatimento destes valores em relação aos créditos tributários ora exigidos. Com base nas informações constantes dos documentos de fls. 3.038/3.049, a autoridade fiscal, por meio do despacho de fls. 3.050, conclui que: Em atendimento ao despacho de fls.3035, informamos que o processo nº 10600.720007/201521 não foi consolidado no parcelamento especial, instituído pela Lei nº 12.996, de 2014, conforme fls.3037 a 3047. Fl. 3157DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 15 14 Chamada a se manifestar, a contribuinte apresentou resposta (fls. 3.060/3.063), instruída de documentos de fls. 3.064/3.140, esclarecendo que a análise da autoridade diligência teria sido incompleta, uma vez que parte dos débitos exigidos foi incluída no Refis antes de sua constituição, mais precisamente na modalidade de "débito não agrupados em processo". Formula, no final, pedido nos seguintes termos: Em vista de todo o exposto, a Requerente requer seja renovada a diligência, nos exatos termos em que determinado pelo E. CARF na resolução nº 1201000.272, levando em consideração as informações e documentos ora apresentados, para que, ao final, seja decotado parte do crédito tributário exigido ou, quando menos, suspensa a sua exigibilidade dessa parcela em razão do parcelamento ainda em curso. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli O recurso voluntário atende os pressupostos formais e materiais, razão pela qual dele tomo conhecimento. Já na fase de impugnação a Recorrente requereu expressamente a baixa do processo ao Fiscal Autuante para que possam ser decotados os valores que indica do crédito tributário exigido ou, quando menos, suspensa a sua exigibilidade em razão de parcelamento ainda em curso, ressaltando que eventual diferença no recebimento deveria ser discutido no âmbito do REFIS, conforme legislação específica, e não nos autos do presente processo. Elaborou quadro resumo na peça de defesa (fl. 1.619) e anexou, como Doc. 06 (fls. 1.993/2.012), documentos que consistem em uma planilha resumo de parcelamento, protocolo de três pedidos de adesão ao Refis, tabelas de abatimento de valores e guias Darfs de pagamentos. Considerando que a autoridade fiscal diligenciante não teceu nenhum comentário sobre esse pedido, a contribuinte reiterou a necessidade de "abatimento" dos valores incluídos no Refis na sua manifestação (fls. 2.630). A DRJ indeferiu o pedido sob a seguinte justificativa (cf. Acórdão de fls. 2.750/2.751): 4.1.5 – PAGAMENTOS. REFIS A defesa, mencionando o “doc. 6”, postulou pela reformulação do credito tributário exigido em razão de valores pagos pelas SCPs no REFIS da Lei 12.996/2014. Todavia, de pronto, digase que a autoridade julgadora não é competente para dirimir questões afetas ao parcelamento indicado pelo contribuinte. Fl. 3158DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 16 15 Cabe, pois, à Impugnante dirigirse à autoridade competente responsável pelas questões afetas ao mencionado parcelamento na repartição de origem e apontar objetivamente quais seriam os valores lançados (segregados por tributo e período de apuração) e que foram lá incluídos, para que sejam adotadas as providências cabíveis, notadamente, a transferência dos correspondentes valores do auto de infração para o processo de cobrança que controla o alegado parcelamento. No recurso voluntário, porém, a Recorrente esclarece que: O que a Recorrente requereu foi que fosse determinada a baixa do processo ao Fiscal Autuante para que fosse analisado os argumentos apresentados pela Recorrente e decotado os valores que foram parcelados, os quais totalizam o montante de R$26.418.118,22 (incentivado), que compreende os valores devidos no período de 2010 a 2013, portanto englobando o período objeto da presente autuação fiscal. Vejamse: [...]Em vista disso, a Recorrente requer a reforma do r. acórdão para que seja determinada a baixa do processo ao Fiscal Autuante para que possa ser decotado os valores acima do crédito tributário exigido ou, quando menos, suspensa a sua exigibilidade em razão do parcelamento ainda em curso, ressaltando que eventual diferença no recolhimento deverá ser discutido no âmbito do REFIS, conforme legislação específica, e não nos autos do presente processo. A Procuradoria questiona o direito desse abatimento, mas não nega existir pedido de parcelamento formulado pelo contribuinte e pendente de análise (fls. 2.980). Diante da dúvida quanto à inclusão ou não de valores de IRPJ e Reflexos constituídos neste processo no Refis, ainda que em nome das SCP, o julgamento do recurso voluntário foi convertido em diligência, para que a unidade de origem apure se as SCP de fato incluíram valores objeto de cobrança no presente processo administrativo no REFIS da Lei nº 12.996/2014 ou outro parcelamento. Em atendimento à diligência requerida, a autoridade fiscal emitiu o despacho de fls. 3.050, concluindo que : Em atendimento ao despacho de fls.3035, informamos que o processo nº 10600.720007/201521 não foi consolidado no parcelamento especial, instituído pela Lei nº 12.996, de 2014, conforme fls.3037 a 3047. Cabe comunicar que, no dia 07/02/2017, o contribuinte desistiu do parcelamento especial, instituído pela Lei nº 12.996, de 2014, para aderir ao Programa de Recuperação Tributária (PRT), instituído pela MP nº 766, de 04/01/2017. O pedido foi validado em 03/03/2017, conforme fls.3.048 a 3.049. Esta é a primeira fase do parcelamento, em que é feita adesão ao PRT e pagamento das parcelas. Fl. 3159DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 17 16 Podem ser quitados, na forma do PRT, débitos de natureza tributária ou não tributária, débitos que estão em discussão administrativa ou judicial, vencidos até 30 de novembro de 2016, inclusive objeto de parcelamentos anteriores rescindidos ou ativos. Deve ser informado, ainda, que o contribuinte também aderiu ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), instituído pela MP nº 783, de 31/05/2017. O pedido foi validado em 19/08/2017, conforme fls.3048 a 3049. Esta é a primeira fase do parcelamento, em que é feita adesão ao PERT e pagamento das parcelas. Nesse parcelamento especial podem ser liquidados débitos de PF e PJ de direito privado (inclusive a que se encontrar em recuperação judicial) ou público constituídos ou não, provenientes de parcelamento anteriores rescindidos ou ativos, em discussão administrativa ou judicial, vencidos até 30 de abril de 2017. Por fim, cabe informar, ainda, que na próxima e última fase, denominada "consolidação", que será em momento posterior, a ser divulgado pela Receita Federal do Brasil (RFB), o contribuinte deve prestar informações como: número de parcelas e débitos que comporão os parcelamentos citados acima (PRT e PERT). Como se percebe, a autoridade fiscal limitouse a analisar a inclusão do presente processo no Refis, mas não analisou a inclusão ou não dos tributos nele constituídos no Refis (durante o procedimento fiscalizatório), conforme foi solicitado por este Colegiado. O que precisa ficar claro, nesse contexto, é que restou comprovada que a adesão do parcelamento de débitos tributários de IRPJ e Reflexos pela contribuinte, relativos ao mesmo período objeto da autuação, ocorreu em 20/08/2014 (fls. 3.038), ou seja, durante o procedimento de fiscalização (que se iniciou em 24/03/2014 fl. 345 e terminou em 19/03/2015 fl. 1.586), o que significa dizer que seria impossível a inclusão do presente processo naquela oportunidade, afinal ele sequer existia. O mesmo, porém, não ocorre com a inclusão dos valores de tributos. É possível, assim, que o contribuinte inclua determinado tributo no Refis durante uma fiscalização, sem prejuízo do fisco, ao encerrar a fiscalização, constituir esse mesmo tributo com multa e juros. Isso porque a legislação do Refis (art. 2 o da Lei n. 12.996/20141 e § 2o do art. 1o da Lei no 11.941/20092) conferiu o direito do contribuinte de parcelar débitos tributários vencidos até 31/12/2003, ainda que não constituídos. 1 Lei no 12.996/2014 Art. 2o Fica reaberto, até o 15o (décimo quinto) dia após a publicação da Lei decorrente da conversão da Medida Provisória no 651, de 9 de julho de 2014, o prazo previsto no § 12 do art. 1o e no art. 7o da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, bem como o prazo previsto no § 18 do art. 65 da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, atendidas as condições estabelecidas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014) § 1o Poderão ser pagas ou parceladas na forma deste artigo as dívidas de que tratam o § 2o do art. 1o da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2009, e o § 2o do art. 65 da Lei no 12.249, de 11 de junho de 2010, vencidas até 31 de dezembro de 2013 . 2 Art. 1 o [...] § 2o Para os fins do disposto no caput deste artigo, poderão ser pagas ou parceladas as dívidas vencidas até 30 de novembro de 2008, de pessoas físicas ou jurídicas, consolidadas pelo sujeito passivo, com exigibilidade suspensa ou não, inscritas ou não em dívida ativa, consideradas isoladamente, mesmo em fase de execução fiscal já Fl. 3160DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 18 17 Especificamente em relação a contribuintes que se encontravam durante ação fiscal no período de adesão como é o caso a Receita Federal publicou a seguinte orientação3: 3. Débitos que podem ser incluído 3.1. Estou em Procedimento Fiscal que não foi ainda encerrado, mas já tenho conhecimento do valor devido. Posso recolher os valores com o beneficio da reabertura da Lei nº 11.941/2009, instituída pela Lei nº 12.996/2014? R.: Sim. O Darf deve ser preenchido com o código de lançamento de ofício correspondente. No caso de parcelamento, o contribuinte deverá escolher a modalidade de parcelamento e efetuar o pagamento das prestações até o dia 25/08/2014, e na etapa de consolidação, desde que requerido até 25/08/2014, proceder da seguinte forma: a) se ocorrer o lançamento até o momento da consolidação, o respectivo débito deverá ser indicado, pelo sujeito passivo para inclusão na consolidação dos débitos a serem parcelados; ou b) tratandose de ação fiscal iniciada até 25 de agosto de 2014 e não concluída até o momento da consolidação, o sujeito passivo deverá prestar, neste momento, informações relativas aos respectivos débitos, independentemente de estar ou não obrigado à entrega de declaração específica. Verificase, a partir das regras do Refis, que é perfeitamente possível a inclusão de débitos tributários não constituídos, ainda que o contribuinte esteja sob fiscalização. Em uma situação como essa, o débito deve ser incluído não na rubrica "débito constituído" este sim objeto de processo , mas sim como débito não constituído, ou seja, não agrupado em processo. Foi esse o fato que aparentemente passou despercebido pela autoridade diligenciante, prejudicando a diligência. Tratandose de ação fiscal iniciada até 25 de agosto de 2.014, mas não concluída até o momento da consolidação caso da situação ora em exame , e ainda que o contribuinte perca a espontaneidade, permanece, segundo a lei, o direito de incluir o débito no Refis, devendo os ajustes daí decorrente serem feitos no momento da consolidação. A diligência, portanto, não deveria ter focado na inclusão do presente processo no Refis, mas sim deveria ter reunido esforços para apurar se algum valor cobrado neste ajuizada, ou que tenham sido objeto de parcelamento anterior, não integralmente quitado, ainda que cancelado por falta de pagamento, assim considerados: I – os débitos inscritos em Dívida Ativa da União, no âmbito da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional; II – os débitos relativos ao aproveitamento indevido de crédito de IPI referido no caput deste artigo; III – os débitos decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; e IV – os demais débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. 3 Extraído do sítio da Receita Federal: http://receita.fazenda.gov.br (Página Inicial > Orientação > Tributária > Pagamentos e Parcelamentos > Parcelamentos Especiais > Pagamento/Parcelamento Lei nº 12.996/2014débitos até 31/12/2013 (acesso via Portal eCAC) > Perguntas e Respostas. Fl. 3161DF CARF MF Processo nº 10600.720007/201521 Resolução nº 1201000.382 S1C2T1 Fl. 19 18 processo foi incluído no rol dos débitos não agrupados em processo (fls. 3.039/3.042), a fim de evitar potenciais cobranças em duplicidade. Finalmente, cumpre observar que a Recorrente, embora tenha comprovado a adesão das SCP no Refis, indicou os valores que pretende ver deduzidos de forma consolidada, o que dificulta a apuração analítica da alegada duplicidade. Dessa forma, determino a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM NOVA DILIGÊNCIA, para que a unidade de origem ou outro órgão que venha a ser designado: (i) intime a contribuinte a apresentar: (i.i) planilha analítica e respectiva documentação contábil de suporte, que indique, para cada SCP, mensalmente, o total das receitas que teriam sido consideradas no cálculo dos tributos pagos no Refis e que também teriam sido considerados na base de cálculo dos Autos de Infração. Nesta planilha também deverá constar o valor do principal, valor dos juros e o valor da multa, por tributo e competência, que afirma ter incluído no Refis e que ora está sendo cobrada em suposta duplicidade; e (i.ii) justificativa e comprovação acerca da prestação de informações mencionadas no item "b" da Resposta 3.1 acima; (ii) apure se os valores informados pela contribuinte na referida planilha, ou eventual outro montante cobrado neste processo, de fato foram incluídos no Refis da Lei n. 12.996/2014 ou outro parcelamento como débito não constituído; (iii) após cumpridas as duas providências, justifique sobre a necessidade ou não de abatimento de algum valor objeto de parcelamento do montante lançado por meio desse processo administrativo. O resultado da diligência deverá constar de relatório conclusivo, do qual a contribuinte deverá ser intimada para se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. Após isso devem os autos retornar ao CARF para julgamento dos recursos. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 3162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10814.000515/93-43
Turma: Primeira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Aug 25 00:00:00 UTC 1998
Ementa: IMUNIDADE - FUNDAÇÃO PÚBLICA - A imunidade do artigo 150, inciso VI, letra "a" e § 2° da Constituição Federal, alcança os Impostos de Importação e sobre Produtos Industrializados, vez que a significação do termo "patrimônio", não é o contido na classificação dos impostos adotada pelo CTN, mas sim a do art.
57 do Código Civil, que congrega o conjunto de todos os bens e
direitos, a guisa do comando normativo do art. 110 do próprio
CTN.
Numero da decisão: CSRF/03-02.941
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, vencidos os Conselheiros Henrique Prado Megda e João Holanda Costa.
Nome do relator: Henrique Prado Megda
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PADRE ANCHIETA CENTRO PAUL. DE RÁDIO E TV EDUC. Interessada : FAZENDA NACIONAL Recorrida : 1 a CÂMARA DO TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Sessão de : 25 DE AGOSTO DE 1998 Acórdão n.° : CSRF/03-02.941 IMUNIDADE - FUNDAÇÃO PÚBLICA - A imunidade do artigo 150, inciso VI, letra "a" e § 2° da Constituição Federal, alcança os Impostos de Importação e sobre Produtos Industrializados, vez que a significação do termo "patrimônio", não é o contido na classificação dos impostos adotada pelo CTN, mas sim a do art. 57 do Código Civil, que congrega o conjunto de todos os bens e direitos, a guisa do comando normativo do art. 110 do próprio CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA CENTRO PAUL. DE RÁDIO E TV EDUCATIVA. ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, vencidos os Conselheiros Henrique Prado Megda e João Holanda Costa _,--- fEyrg ON PW, - • ' - e LN -IGUES PRESIDENTE ---- NIETON IZ B;?0LI RELATOR DESI NADO FORMALIZADO EM:' ''. ' ', 1999 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, FAUSTO DE FREITAS E CASTRO NETO e UBALDO CAMPELLO NETO. Processo N°. : 10814.000515193-43 Acórdão N° CSRF/03-02.941 Recurso N°. : RD/301-0.248 Recorrente FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA CENTRO PAULISTA DE RÁDIO TV EDUCATIVA Interessada . FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO Recorre a esta CSRF a FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVA, com fundamento no art. 40, II, do Regimento Interno aprovado pela Portaria n° 540/92, do Ministro de Estado da Economia, Fazenda e Planejamento, do Acórdão n° 301-27.529, proferido pela Egrégia Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, em 11/11/93, assim ementado. "IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, parágrafo 2 da Constituição Federal, não abrange o 1.1. e o I.P.I. Negado provimento ao recurso" O Presidente da Câmara recorrida, entendendo configurada a divergência apontada pela recorrente com os acórdãos 302-32.539, 302-32.540 e 302-32.542, que, versando sobre o mesmo assunto, decidem-no de modo diverso do que consta do acórdão recorrido, e, ademais, satisfeitos os demais pressupostos para admissibilidade, acolheu o recurso interposto remetendo-o a esta Câmara Superior. Após esclarecer que o reconhecimento da imunidade tributária foi-lhe negado sob o argumento de que as disposições do art. 150, VI da Constituição Federal só alcança os impostos que tenham como fato gerador o patrimônio, a renda ou os serviços do sujeito passivo descritos no Capítulo III do Código Tributário Nacional, não incluindo, portanto os Impostos sobre o Comércio Exterior (Capítulo II) e os Impostos sobre a Produção e a Circulação (Capítulo IV), a recorrente fundamentou seu apelo a esta Câmara, em síntese, com os seguintes argumentos: 4\ is --- u\j/ 2 Processo N° :10814.000515/93-43 Acórdão N° . CSRF/03-02.941 - o entendimento que embasou o aresto recorrido não encontra guarida nas lições legadas pelo doutos que discorreram sobre a imunidade, especialmente a recíproca, tendo sido, já, cabalmente rejeitado pelos pretórios, inclusive pela Suprema Corte - a imunidade reciproca, típica do Estado Federal, impediria a tributação mútua entre os entes políticos e suas extensões, sem, naturalmente, as restrições defendidas pelo acórdão recorrido, constituindo-se, dentre outros, em alicerce do próprio princípio federativo - amparando esta tese transcreve trechos de obras dos Mestres Paulo de Barros Carvalho, Aliomar Baleeiro, Roque Antônio Carrazza e Ruy Barbosa Nogueira, que leio em Plenário. - em objeção ao raciocínio de que as pessoas políticas não gozam de imunidade, relativamente aos impostos de importação e sobre produtos industrializados, vinculado, por gozarem, na verdade, de isenção, concedida pelo art. 15, I, do Decreto-lei 37/66, antes da atual Constituição, assinala que as imunidades tornam inconstitucionais as leis ordinárias que as desafiam e não se confundem com isenções derivadas da lei ordinária ou da complementar. - antes de finalizar o apelo requerendo a integral reforma do acórdão recorrido, elencou jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que passo a ler para os Srs. Conselheiros. Presente aos autos a D. Procuradoria da Fazenda Nacional, incorporando "in totum", em suas contra-razões recursais, a fundamentação expendida pelo digno relator do acórdão citado, pugnando pela sua manutenção, posto que em consonância com a legislação de regência, mormente a Constituição Federal. É o relatório \II \‘‘ \-4 3 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 VOTO VENCEDOR Conselheiro Relator Designado NILTON LUIZ BARTOLI O Recurso Especial foi devidamente aparelhado por decisões que tratam da mesma matéria e que são de Câmara distinta da qual provem este feito, justificando a procedência da admissibilidade. Como vimos, trata-se de exigência tributária constituída por Auto de Infração que entendeu devidos o Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados pela Recorrente, fundação pública Estadual, que realizou importação de mercadorias destinadas à operação de suas emissoras de radiodifusão educativa, Rádio e Televisão Cultura, ou seja, para a consecução de seus objetivos institucionais legais, pleiteando a exoneração da aplicação da legislação tributária com fundamento na imunidade recíproca com fundamento no artigo 150, item VI, Letra "a" e § 2 a da Constituição Federal. Antes de adentrarmos ao mérito, entendo conveniente ressaltar que o presente recurso proporcionou-me oportunidade ímpar para analisar a questão com maior profundidade e refletir a respeito da correta interpretação do artigo 150, item VI, Letra "a" e § 2a da Constituição Federal, que será desmontado, para que seja analisado cada termo relevante a deslinde da questão, ainda, muito polêmica dentre nossas Casas Julgadoras. Imprescindível firmar-se uma posição definitiva, que, para minha surpresa, é contrária ao meu entendimento anterior. Preliminarmente, necessário localizar a norma imunizante dentro do sistema jurídico brasileiro, vez que sem esse juízo espacial e do alcance d conteúdo da imunidade, seremos incapazes de por fim à celeuma criada nest 4 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 processo e às diversas posições antagônicas que reinam nas diversas Câmaras deste Egrégio Conselho de Contribuintes. A imunidade pleiteada é assim colocada na Constituição Federal, art. 150, inciso IV, alínea "a", c/c o parágrafo 2° do mesmo artigo: "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Parágrafo 2° - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, ã renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes." Inicialmente, é necessário deixar claro que, a Imunidade tratada pela Constituição Federal de 1988, tem o mesmo conteúdo e abrangência da imunidade disposta na Constituição Federal de 1967, alterada substancialmente pela Emenda Constitucional n.° 1 de 1969. Assim, quando se falar em Imunidade Constitucional, entenda-se a abrangida pelas duas constituições. Em seqüência, salienta-se que a hermenêutica jurídica admite vários métodos de interpretação da norma legal, sendo certo que o bom intérprete da norma constitucional não pode olvidar que a Lei Magna tem supremacia sobre as demais e que não tem por escopo regular a conduta humana. Na verdade, a Constituição de um estado democrático "contém em seu bojo uma filosofia, ou melhor uma orientação ética e moral, baseada no princípio de que os homens não são meios, mas fins em si mesmo..." e "sem dúvida, a Constituição não é mera estrutura normativa, mas um texto que alberga no seu todo conteúdos sociológicos, jurídicos, políticos, culturais, sendo o seu campo ilimitado, do qual a imunidade tributária faz parte desse todo". (BERNARDO RIBEIRO DE MORAES, doutrina publicada da Rev. Dialética de Direito Tributário n.° 34, ps. 20 e 21). 5 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Cônscio que a Carta Maior tem apoio ético e ideológico, onde o homem é um fim em si mesmo, assegurando-lhe os meios para atingir este fim, verifico que a imunidade tributária é instituída em função de considerações de interesse geral, políticos, religiosos, sociais ou econômicos e que deve ser interpretada segundo essa orientação. ' Com efeito, A.A. Contreiras de Carvalho afirma que a imunidade tributária baseia-se "em razões políticas, senão também, religiosas, morais e culturais" (In "Doutrina e Aplicação do Direito tributário", Ed. Freitas Bastos, p. 153). !yes Gandra, citado por Bernardo Ribeiro de Moraes, na doutrina citada, foi feliz em sua síntese sobre a matéria: "As imunidades tributárias foram criadas, estribadas em considerações extrajudiciais, atendendo à orientação do Poder Constituinte em função das idéias políticas vigentes, preservando determinados valores políticos, religiosos, educacionais, sociais, culturais e econômicos, todos eles fundamentais à sociedade brasileira". ( "Comentários à Constituição do Brasil", vol. VI, pags. 170/171, nota 1) Assim é que o intérprete da Constituição tem que buscar a origem e o escopo maior da norma imunizadora, as exigências sociais que originaram a imunidade tributária. É o método teleológico, hoje, sabidamente, mais relevante que o gramatical. O PRINCÍPIO DA IMUNIDADE RECÍPROCA A Constituição Federal promulgada em 1988 consagrou como um dos pilares da sociedade brasileira o princípio do Federalismo, outorgando independência política e econômica aos Estados Membros e Distrito Federal, bem como aos municípios brasileiros, pela autonomia municipal. Essa independência e autonomia econômica, financeira e política estão diretamente relacionadas à desvinculação com o Poder da União, que até então era controlador das finanças públicas e dos direcionamentos políticos dos 6 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 outros entes públicos, face à centralização do poder autoritário das décadas de 60 a meados da década de 80, inspirados no regime de controle do Estado e do cidadão. Note-se que, a dependência econômica traz, inexoravelmente, a dependência política, e, assim, a Constituição Federal outorga a cada ente político da Federação a Competência Tributária, ou seja, o poder de instituir tributos destinados à sua manutenção, na forma do art. 145 in verbis: "Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:" O tratamento reservado pela Constituição Federal ao Sistema Tributário Nacional é um dos mais completos e detalhistas dentre todas as constituições do mundo contemporâneo. Ora, indubitavelmente há, no mundo capitalista, relevante importância o Poder exercido pelos Entes Políticos, face a carga de recursos que arrecada pela tributação, o que reforça o requisito da autonomia contido no princípio do federalismo. Dentre os tributos que estão sujeitos às respectivas competências tributárias, está o "Imposto", espécie do gênero "tributo", que é mais especificamente tratado pela Constituição, para cada ente, nos artigos 153, para a União, 155, para os Estados e o Distrito Federal, e 156, para os Municípios. Percebe-se que o detalhe do regramento constitucional para o Sistema Tributário Nacional, visa, principalmente delinear os contornos das competências tributárias dos entes políticos, com o fim de evitar-se, de um lado, invasões de competências e, de outro, abuso do poder de tributar, que já fora preocupação de grandes juristas como Rubens Gomes de Souza, Aleomar Baleeiro, Rui Barbosa Nogueira e tantos outros. 7 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Pautada nos princípios do federalismo e da autonomia, com vistas também no controle da Competência Tributária, a Constituição Federal contemplou o art. 150, na Seção II - Das Limitações ao Poder de Tributar, que açambarcou, dentre os limites, o princípio da imunidade recíproca, ou seja, a vedação de os entes políticos instituírem impostos uns dos outros. Note-se que o limite do poder de tributar está adstrito à espécie "Imposto" do gênero "Tributo", vez que os recursos arrecadados dessa tributação é não vinculado à atividade estatal, conforme a classificação dos tributos consagrada pelo Prof. Geraldo Ataliba. CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS SEGUNDO GERALDO ATALIBA Segundo o Mestre de Direito Tributário, Prof. Geraldo Ataliba, os tributos classificam-se em "vinculados" e "não vinculados", ou seja: I - Vinculados são os tributos cuja hipótese de incidência consiste numa atuação estatal (ou numa repercussão desta), incluem-se aí as TAXAS e as CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA. II - Não Vinculados são os tributos cuja hipótese de incidência consiste num fato ou ato qualquer que não uma atuação estatal, ou seja, um ato praticado no exercício dos direitos civis, incluem-se aí tão somente os IMPOSTOS. Há inquestionável correlação entre o fato de a imunidade alcançar os limites da competência tributária tão somente dos imposto, uma vez que independem do ato do estado, ou seja, o estado não necessitaria lançar mão do imposto para ressarcir a prestação de uma atividade estatal ou propagar a equidade como ocorre no caso da contribuição de melhoria. Como visto, o ente político pode ser, sim, sujeito passivo de uma relação jurídica tributária, desde que há, para o ente tributante, competência para instituir determinado tributo. 8 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 O CONCEITO CONSTITUCIONAL DE "PATRIMÔNIO" Como vimos, o art. 150, VI, "a" estabelece a imunidade recíproca e define, para tanto, seu alcance tão somente aos impostos, da seguinte forma: "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ••• VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Mas o que significa o termo "Impostos sobre o Patrimônio", dentre os impostos previstos na Constituição sob a tutela da Competência Tributária outorgada aos Entes Políticos? Pode efectivamente o conceito de patrimônio - um tanto deturpado no art. 150 da Lei Maior - ser reduzido ao bel prazer das conveniências da arrecadação? Eis o cerne central da questão, saber se os Impostos incidentes sobre a importação de bens estão ou não sob o termo "Impostos sobre o Patrimônio" a que se refere o art. 150, VI, "a", da Constituição Federal de 1988. Primeiramente necessário conceituar, dentro do direito o termo "patrimônio", vez que o termo "imposto", prescinde, no caso de conceito. O Código Civil, em seu art. 57, trata "patrimônio" como o coletivo de coisas: "Art. 57. O patrimônio e a herança consistem coisas universais, ou universidades, e como tais subsistem, embora não constem de objetos materiais." Considerando que as coisas coletivas, ou universais, são verificadas quando se encaram agregadas em todo, temos que, o patrimônio é um coletivo de coisas é uma universalidade dentro do mundo das coisas. 9 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Em verdade o Código Civil, ao tratar das diferentes classes de bens, ora atribui a denominação de coisa, ora atribui a denominação de bem, sendo que se entende por coisa, o conceito mais abrangente dentre ambos. Mas para adequar o vocabulário aos Impostos em discussão, adotaremos o termo "bens". O dicionário "Vocabulário Jurídico" de De Plácido e Silva (3a Edição, 1973, Editora Forense, Rio de Janeiro) define assim patrimônio: PATRIMÔNIO - Derivado do latim patrimonium, de pater, originariamente quer o vocábulo significar os bens da família ou os bens herdados dos pais. Nesse restrito sentido, tinham-no, primitivamente, os romanos, que chegavam, mesmo, a distingui-lo sob a denominação de família, simplesmente, ou de família pecúnia, conforme se registra nos fragmentos da XII Tábuas, a respeito do Direito das Sucessões. Aliás, aludindo ao patrimônio, primitivamente, os romanos chamavam-no de res. Foi esta a denominação mais antiga. Patrimônio. No sentido jurídico, seja civil ou comercial, ou mesmo no sentido do Direito Público, patrimônio entende-se o conjunto de bens, de direitos e obrigações, apreciáveis economicamente, isto é, em dinheiro, pertencentes a uma pessoa, natural ou jurídica, e constituindo uma universalidade. O patrimônio, assim, integra o sentido de um complexo de direitos e de relações jurídicas, apreciáveis em dinheiro ou som um valor econômico, em qualquer aspecto em que seja tido, isto é, como valor de troca, valor de uso ou como um interesse, de que possa resultar um fato econômico. Nessa acepção, o patrimônio é considerado uma universalidade de direito, constituindo, assim, uma unidade jurídica, abstrata e distinta dos elementos materiais que o compõem, de modo que podem estes ser alterados, pela diminuição ou aumento, ou mesmo desaparecerem, sem que seja afetada sua existência, que io Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 se apresenta juridicamente a mesma durante a vida do titular dos direitos ou relações jurídicas que o formam. A idéia de patrimônio está intimamente ligada à de pessoa, de modo que chegam a considerá-lo como "prolongamento da personalidade" (RAOUL DE LA GRASSERIE). Nesta razão é que PLANIOL assentou que: I. As pessoas somente podem ter um patrimônio. II. Toda pessoa tem necessariamente um patrimônio. III.Cada pessoa pode ter, unicamente, um patrimônio. IV.0 patrimônio é inseparável da pessoa. Destas regras se infere que o patrimônio: a) Assenta na própria natureza da pessoa, considerada como capaz de ser sujeito, ativo ou passivo, de direitos e obrigações, somente tendo aptidão para possuir bens ou assumir obrigações. b) Que o patrimônio não significa simplesmente riqueza, pois que pode ser constituído por direitos, que não se mostrem de valor positivo, embora apreciáveis economicamente, ou possam resultar num valor econômico positivo. c) Que o patrimônio, desde que se apresenta como uma universalidade, tem que ser único, embora, por uma ficção jurídica, se permita seu fracionamento, como nos casos dos benefícios de inventário e na sucessão dos bens do ausente. d) Somente, assim, excepcionalmente, poderá o patrimônio ser dividido em massas distintas. e) Quer então significar que a totalidade do patrimônio somente se separa da pessoa quando esta morre, porque nas alienações de bens que formam seu conteúdo não há transferência de patrimônio, mas de parcelas dele. "(Nota: que são substituídas pelo dinheiro que também constitui patrimônio). (grifos e nota acrescidos ao original) 11 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Observa-se, portanto, que o patrimônio é uma universalidade composta de bens e direitos, e que, independentemente da natureza dos elementos, forma um todo abstrato, indivisível e inseparável da pessoa. Patrimônio, quanto à sua essência ("conjunto de determinações que fazem que uma coisa seja o que é e se distinga de outra qualquer", Vocabulário de Filosofia, de R. Jolivet, 1975, Agir, Rio, pág. 83), é, segundo, os juristas, "um conjunto de direitos e obrigações" ou, como o definem os contabilistas, "o patrimônio compreende tanto os valores que se possui ou tenha a receber como os que se tem de dar ou restituir." (Contabilidade Superior, de FREDERICO HERRMANN JR., 5a edição, Editora Atlas S.A., SP, páginas 114 e 116, respectivamente.) Não é por outra razão, aliás, que o saldo patrimonial tanto pode ser positivo como negativo, sendo negativo naturalmente o "valor dos empenhos que sobram depois de exaurido o ativo." (Obra de FREDERICO HERRMANN JR. citada, pág. 124) Outro aspecto a considerar pertinente à matéria é que a palavra "patrimônio", no art. 150, VI, da vigente Constituição, sucedâneo do art. 19, III, da Emenda Constitucional n.° 1/69, palavra essa que foi reproduzida nos arts. 29 e 32 do Código Tributário Nacional, tem mais conotação de ativo ou de bens do que propriamente de patrimônio. Explicando claramente o sentido desta última palavra, dizem DOMINGOS D'AMORE e ADAUCTO DE SOUZA CASTRO, no seu "Curso de Contabilidade", 1° volume, Edição Saraiva, SP, 1964: "Seguindo a técnica jurídica, patrimônio é o 'conjunto de direitos e obriaacões, suscetíveis de apreciação econômica, pertencentes a uma pessoa natural ou jurídica". (Pág. 58). "No sentido econômico, é o "complexo de elementos materiais e imateriais, ativos e passivos, submetidos a uma administração. (Pág. 59)." (grifei). "O patrimônio pode ser estudado sob o tríplice aspecto: jurídico, econômico e específico. 12 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Qualquer que seja, contudo, o aspecto que se tenha em vista, evidencia-se a dúplice natureza dos elementos que o compõem: de uma parte, apresentam-se os valores positivos e, de outra, os valores negativos, que correspondem, sob o ponto de vista contábil, ao ativo e ao passivo do patrimônio". (Pág. 67). (grifei). Na mesma linha, o FREDERICO HERRMANN JR. na obra, edição e editora acima mencionadas, págs. 110/111: "Os bens atuais e os que tem a receber de terceiros representam os elementos positivos, e os que devem ser restituídos em espécie ou em moeda são negativos na equação patrimonial. Os primeiros constituem o ativo e os outros formam o passivo." Em seguida, refere-se às considerações de FABIO BESTA: "Sob o aspecto econômico, o ativo é um conjunto de bens que a pessoa de fato possui, sozinha ou em conjunto com terceiros. O passivo representa os bens que devem ser deduzidos para ser entregues aos terceiros que haviam cedido temporariamente bens equivalentes. Sob o aspecto jurídico, o ativo é a soma dos bens sobre os quais a pessoa tem direito de posse ou domínio. (Pág. 111)." E ainda: "ATIVO (s.m.). Diz-se do conjunto de bens e de créditos que constituem patrimônio de uma pessoa jurídica." (IÊDO BATISTA NEVES, "Vocabulário Enciclopédico de Tecnologia Jurídica", vol. I, Forense, pág. 257). Nenhuma referência a qualquer elemento negativo. Do exposto, não é difícil concluir que ativo é a totalidade dos bens e direitos de uma pessoa física ou jurídica ou, como o definem ainda mais rigorosamente DOMINGOS D'AMORE e ADAUCTO DE SOUZA CASTRO, in obra, volume, edição, editora, e ano supra referidos, pág. 68: "Dessa forma, o ativo apresenta-se como um conjunto de direitos reais e pessoais (bens e créditos)," ao passo que "o passivo representa o conjunto de obrigações a favor de terceiros." 13 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 E, por fim, à pág. 105, os mesmos autores incluem, no ativo, justamente os "imóveis, móveis e utensílios, mercadorias, matéria-prima, títulos de renda, bancos caixa, títulos a receber, clientes, devedores, etc." (Nossos os grifos). Ainda aqui, nenhum elemento negativo. A propósito não percamos de vista a lição de CARLOS MAXIMILIANO : "Embora seja verdadeira a máxima atribuída ao apóstolo São Paulo - a letra mata, o espírito vivifica -, nem por isso é menos certo caber ao juiz afastar-se das expressões claras da lei, somente quando ficar evidenciado ser isso indispensável para atingir a verdade em sua plenitude. O abandono da fórmula explícita constitui um perigo para a certeza do Direito, a segurança jurídica; por isso é só justificável em face de mal maior, comprovado: o de uma solução contrária ao espírito dos dispositivos, examinados em conjunto. As audácias do hermeneuta não podem ir a ponto de substituir, de fato, a norma por outra. k) Entretanto, o maior perigo, fonte perene de erros, acha-se no extremo oposto, no apego às palavras. Atenda-se à letra do dispositivo; porém com a maior cautela e justo receio de 'sacrificar as realidades morais, econômicas, sociais. que constituem o fundo material e como o conteúdo efetivo da vida jurídica, a sinais, puramente lógicos, que da mesma não revelam senão um aspecto, de todo formal.' Cumpre tirar da fórmula tudo o que na mesma se contém, implícita e explicitamente, o que, em regra, só é possível alcançar com experimentar os vários recursos da Hermenêutica." ( in "Hermenêutica e Aplicação do Direito", 9a edição/ 3a tiragem, Forense, Rio, 1984, pág. 111). Aproveitando o conceito ora detalhadamente estudado e o Código Civil, verifica-se que, no caso, a Recorrente é pessoa jurídica, fundação pública, cuja constituição é, primordialmente, a destinação de um patrimônio à consecução de certos objetivos. Ao transportarmos o conceito de "patrimônio" do Código Civil para a regra imunizante do art. 150, VI, "a", da Constituição Federal, verificamos que os "Impostos sobre o Patrimônio" alcançam a universalidade de coisas (móveis, imóveis, fungíveis, infungíveis, consumíveis, divisíveis e indivisíveis) sujeitas às mais diversas ações da pessoa segundo as atividades lícitas que venha 14 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 praticar. Ou, no caso, é a universalidade de coisas que ingressam ou saem da esfera da propriedade da fundação pública, segundo os ditames da lei que a instituiu ou segundo os seus objetivos estatutários. O CONCEITO CONSTITUCIONAIS EA ESTRUTURA DE CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS DO CTN. A contrariedade surgida a partir da diferença entre o conceito de patrimônio desenvolvido segundo as regras basilares do Código Civil Brasileiro e o conceito dado ao termo patrimônio pela classificação dos Impostos adotada pelo Código Tributário Nacional tem sua razão. O Cientista do Direito Paulo de Barros Carvalho, em parecer publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, n.° 33, pág. 147, ensina: "As coisas não mudam de nome, nós é que mudamos o modo de nomear as coisas. Portanto, não existem nomes verdadeiros ou falsos das coisas. Apenas existem nomes aceitos, nomes rejeitados e nomes menos aceitos que outros, como nos ensina Ricardo Guibourg. Esta possibilidade de inventar nomes para as coisas chama-se liberdade de estipulação. Ao inventar nomes (ou ao aceitar os já inventados) traçamos limites na realidade, como se a cortássemos idealmente em pedaços e, ao assinalar cada nome, identificássemos o pedaço que, segundo nossa decisão, corresponderia a esse nome. Um nome geral denota uma classe de objetos que apresentam o mesmo atributo. Nesse sentido, atributo significa a propriedade que manifesta dado objeto. Todo nome cuja significação está constituída de atributos é, em potencial, o nome de um número indefinido de objetos. Desse modo, todo nome geral cria uma classe de objetos. Ordinariamente, um nome geral é introduzido porque temos a necessidade de uma palavra que denote determinada classe de objetos e seus atributos peculiares. Entretanto, menos freqüentemente, — .e_introduz-se um nome para designar uma classe por 15 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 mera questão de utilidade: é imprescindível para o direcionamento de certas operações mentais que alguns sejam agrupados segundo critérios específicos." Assim, segundo a origem do nome "patrimônio" do Código Civil, outros objetos receberam esse nome com o fim de atribuir-lhe o conceito de coletividade de coisas, mas, nem sempre o coletivo universal que trata o Código Civil. O Código Comercial atribui ao nome "patrimônio" o conjunto de bens de propriedade do comércio e dos sócios, para distingui-los. A Lei de Sociedades Anônimas, antes da recente alteração, dava ao patrimônio o conceito de conjunto de bens, direito e deveres que deveriam ser dimensionados no balanço patrimonial, ou seja, incluía no conjunto do "patrimônio" deveres ou dívidas, criando a figura do patrimônio negativo, ou até, abusando da lógica formal, do patrimônio inexistente ou o não patrimônio. A Lei das Sociedades Anônimas adotou do nome "patrimônio" a nomenclatura do "patrimônio líquido", como se pudesse imaginar um patrimônio bruto cujo conjunto, em si mesmo contém coisas que não são patrimônio, mas a ele não pertencem. No Código Tributário Nacional o nome "patrimônio" teve uma ligação direta com o conceito "propriedade imobiliária", única e exclusivamente. Como poderia o CTN distinguir ou interpretar o conteúdo e alcance do conceito de "patrimônio", se a Constituição atual, e mesmo a vigente à época da edição da Lei n.° 5.172, de 25.10.66, não distinguia. Ora, comparando-se a significação do termo "patrimônio" dada pelo art. 57 do Código Civil e a estrutura de classificação adotada pelo Código Tributário Nacional, do Título III, verifica-se que o conteúdo e alcances dos termos são distintos, apesar de serem expressos pela mesma nomenclatura, razão indiscutível da contrariedade. Contudo, se adotarmos o conceito da classificação dos impostos do Código Tributário Nacional, fatalmente estaremos limitando o alcance da 16 44211b Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 significação do conceito. Aliás, deveremos rediscutir a significação do termo "patrimônio", contido no art. 178, da Lei n.° 6.404/76: "Art. 178. (Grupo de Contas) - No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise financeira da companhia. § 1° (Ativo) - No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de graus de liquidez dos elementos (do patrimônio) nele registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; b) ativo realizável a longo prazo; c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido." Verifica-se que essa norma jurídica congrega sob a mesma sigla de patrimônio as mercadorias em estoques, as matérias-primas, as máquinas, os móveis, os veículos, os imóveis, ou seja, o conjunto de coisas de valor positivo que sejam na data do balanço de propriedade da sociedade. Aliás, o conceito de patrimônio, até esse ponto do art. 178, está correto, pois não discrimina os bens segundo sua destinação final se para vendar se para usar ou qualquer que seja. Desta forma, não é cabível atribuir ao conceito constitucional de "patrimônio" restrição de abrangência que ele não tem, ex vi mera classificação, inadequada contida no Código Tributário Nacional, como se dele fosse a origem do conceito de patrimônio. Aliás, o Código Tributário Nacional não estabelece conceito de patrimônio, o que é plenamente preenchido pelo Código Civil. A propósito, o art. 110 do CTN assim dispõe, no mesmo sentido, conforme abaixo descrito: 17 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 "A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance dos institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pela Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competências tributárias." DA IMUNIDADE CONSTITUCIONAL SOBRE O PATRIMÔNIO Diante da fixação de conceito, retomemos a questão da Imunidade Constitucional sobre o Patrimônio instituída pela norma contida no art. 150, inciso IV, alínea "a", abordando o conceito de imunidade e de sua aplicação no caso em tela. O Professor Paulo de Barros Carvalho, que já foi membro deste Egrégio Conselho, ensina em seu livro "Curso de Direito Tributário", Ed. Saraiva, 7a Edição, 1995, pág. 113, que o termo impostos, tributos não vinculados, na verdade deve ter interpretação mais abrangente, contemplando, inclusive as taxas de poder de polícia e afirma "a proposição de que a imunidade é instituto que só se refere aos impostos carece de consistência veritativa." Ou seja, se para o mestre, o conceito de imposto do art. 150, VI, analisado segundo uma interpretação sistêmica da Constituição Federal é deveras limitando, devendo contemplar dentro da nomenclatura "imposto" taxas e contribuições de melhoria (que afeta diretamente a propriedade), o que diria, então quanto à cobrança de impostos sobre a importação? O conceito delineado em seu livro (cit. retro) deixa a questão clara: "Ao coordenar as ponderações que até aqui expusemos, começa a aparecer o vulto jurídico da entidade. É mister, agora, demarcá-lo, delimitá-lo, defini-lo, atento, porém, às próprias críticas que aduzimos páginas atrás, a fim de que não venhamos, por um tropeço metodológico, nelas nos enredar. Recortamos o conceito com auxílio de elementos jurídicos substanciais à natureza, pelo que podemos exibi-la como A CLASSE FINITA E IMEDIATAMENTE DETERMINÁVEL DE NORMA JURÍDICA, 18 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 CONTIDAS NO TEXTO CONSTITUCIONAL FEDERAL, E QUE ESTABELECEM, DE MODO EXPRESSO, A INCOMPETÊNCIA DAS PESSOAS POLÍTICAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNO PARA EXPEDIR REGRAS INSTITUIDORAS DE TRIBUTOS QUE ALCANCEM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS E SUFICIENTEMENTE CARACTERIZADAS." "O impedimento se refere apenas à instituição de tributos, com o que se evita sejam aquelas situações oneradas por via desse instrumento jurídico-impositivo." (grifos nossos) As situações de que fala o mestre são: a tributação recíproca em prol da manutenção da autonomia das pessoas políticas e garantia do princípio do federalismo, e da própria competência constitucional tributária. Deve-se lembrar que a Primeira Constituição da República, em 1891, previa que "É proibido aos Estados tributar bens e rendas federais ou serviços a cargo da União, e reciprocamente.", o que confirma a tese do Prof. Paulo e dá maior abrangência ao conceito de patrimônio, a partir da constatação de sua origem. A tese de doutorado do Professor e Desembargador do Tribunal Regional Federal da 3a Região, Américo Masset Lacombe, ao tratar do tema "Normas Imunizante e Isentivas" - Capítulo 5 da Tese - salienta: "A imunidade constitui, um bloqueio a uma das previsões abstratas futuras que poderão figurar na composição da norma tributária. O que distingue a imunidade da isenção é o veículo normativo. Enquanto a isenção é veiculada por lei, a imunidade é veiculada pela Constituição, e, assim sendo, só poderá ser um bloqueio a uma previsão futura. O art. 19, III, da Carta vigente, institui a imunidade em relação aos diversos impostos, inclusive, é óbvio, ao imposto de importação." Não bastassem estes argumentos jurídicos esboçados nesta peça, conveniente ressaltar os julgados do Supremo Tribunal Federal que, em síntese, — sustenta serem imunes do imposto de importação e do imposto sobre produtos 19 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 industrializados as instituições de assistência social, desde que não se restrinja, como de modo algum se deve restringir, o conceito da palavra "patrimônio"; e, de fato, é praticamente unânime o entendimento do E. Supremo Tribunal Federal no sentido de não se limitar tal conceito. Eis alguns dos acórdãos que interpretam impecavelmente a acepção da palavra em causa: (a) IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DAS INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CONSTITUIÇÃO, ART. 19, III, LETRA C). Não há razão jurídica para dela se excluírem o imposto de importação e o imposto sobre produtos industrializados, pois a tanto não leva o significado da palavra "patrimônio", empregada pela norma constitucional. Segurança restabelecida. Recurso Extraordinário conhecido e provido, por decisão unânime. - Relator: Min.Xavier de Albuquerque (RE 88.671 - RJ, R.T.J. 90, ps. 263/5). (b) INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL DE FINS FILANTRÓPICOS. IMPORTAÇÃO DE BENS DESTINADOS A OBJETIVOS INSTITUCIONAIS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA (C.F., ART. 19, III, C). Recurso Extraordinário conhecido e provido, por decisão unânime. Relator: Min. Oscar Corrêa (RE 93.729 - SP , R.T.J. 104, ps. 248/250). (c) IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. IMUNIDADE. A imunidade a que se refere a letra c do inciso III do artigo 19 da Emenda Constitucional n. 1/69 abrange o imposto de importação, quando o bem importado pertencer a entidade de assistência social que faça jus ao benefício por observar os requisitos do art. 14 do CTN. Precedente do STF. Recurso Extraordinário conhecido e provido, por maioria. Relator: Min. Moreira Alves.(RE. 89.173 - SP, R.T.J. 92, ps. 321/6). PARTE DO VOTO DO EXMO. SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES: "Pela finalidade a que alude o artigo 19, III, c da Constituição Federal, como bem salienta Baleeiro, em passagem transcrita no voto acima referido, "deve abranger os impostos que, por seus efeitos econômicos, segundo as circunstâncias, desfalcariam o patrimônio, diminuiriam a eficácia dos serviços ou a integral aplicação das rendas aos objetivos específicos daquelas entidades presumidamente desinteressadas, por sua própria natureza". Entre esses impostos está o imposto de importação, que incide sobre bem da recorrente a ser aplicado em objetivo específico da entidade, onerando-a, consequentemente, em razão de seu patrimônio. 20 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Não há, pois, que aplicar critérios de classificação de impostos adotados por leis inferiores à Constituição, para restringir a finalidade a que esta visa com a concessão da imunidade. Nem se pretenda que a cláusula final - "observados os requisitos da lei"- da letra c do inciso III do artigo 19 da Constituição permita à legislação complementar ou ordinária estabelecer, direta ou indiretamente, quais os impostos abarcados pela imunidade, e quais os que estão fora de seu âmbito. Essa cláusula diz respeito, não a isso, mas, apenas, aos requisitos que as instituições de educação ou de assistência social devem preencher para que mereçam o benefício constitucional . Por isso mesmo, o artigo 14 do CTN, ao se referir a tais requisitos, se limita a determiná-los em relação ao que deve observar a instituição para gozar da vantagem constitucional." (d) IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. Bem pertencente a patrimônio de entidade de assistência social beneficiada pela imunidade prevista na Constituição Federal. Não incidência do tributo. Recurso Extraordinário não conhecido. - Relator: Min. Rodrigues Alckmin (STF, Processo: 87.913 - SP). (e) Irmandade da Santa Casa da Misericórdia. Importação de equipamento hospitalar destinado ao uso dessa instituição de assistência social. Imunidade tributária. Recurso Extraordinário conhecido e provido, para deferir o mandado de segurança. - Relator: Min. Soarez Munoz (STF, n. do processo: 92.423, DJ de 16.05.80, p. 03488). (f) IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. SESI: - Imunidade tributária das instituições de assistência social (Constituição Federal, art. 19, III, letra c). A palavra "patrimônio" empregada na norma constitucional não leva ao entendimento de excetuar o imposto de importação e o imposto sobre produtos industrializados. - Recurso Extraordinário conhecido e provido. (Nossos os grifos). (RE 89.590 - RJ - Rel. Min. Rafael Mayer). Decisão: Conhecido e provido, decisão unânime. (g) IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. IMUNIDADE. O artigo 19, III, "c", da Constituição Federal não trata de isenção mas de imunidade. A configuração desta está na Lei Maior. Os requisitos da lei ordinária, que o mencionado dispositivo manda observar, não dizem respeito aos lindes da imunidade, mas àquelas normas reguladoras de constituição e funcionamento da entidade imune. Inaplicação do art. 17 do Decreto-Lei n.° 37/66. Recurso Extraordinário conhecido e provido. PARTE DO VOTO DO EXMO. SENHOR MINISTRO SOARES MUNOZ: Nenhuma dúvida foi suscitada quanto a ser o recorrente 21 , Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 instituição de assistência social e fazer jus, nessa qualidade e em princípio, à imunidade prevista no art. 19, III, c, da Constituição Federal. (RE 93.770 - RJ - Rel. Min. Soares Mutioz. Recte.: SESI. Recdo.: União Federal). Decisão: Conheceu-se do recurso e a ele se deu provimento, nos termos do voto do Ministro Relator. Votação uniforme. (R.T.J. 102, ps. 304/7). (h) RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL. - RECORRIDO: SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA (SESI). Importação de aparelhos médicos, para equipar o Serviço Médico de sua Delegacia Regional de Amapá. Incidência do art. 19, III, "c", da Constituição da República. Recurso Extraordinário não conhecido. (RE 93.543- 6 - RJ - Rel. Min. Soares Murioz, Recte. : União Federal. Recdo.: Serviço Social da Indústria (SESI) - LEX, JSTF, vol. 30, pág. 268). Pelas decisões da nossa Suprema Corte à vedação ao poder de tributar patrimônio, vê-se que o referido Tribunal deu à palavra "patrimônio" sentido mais amplo do que o que lhe emprestaram as nossas instâncias administrativas. A este respeito, vale a pena destacar o trecho seguinte do voto proferido no Ac. 301-26.663 do então Conselheiro Wlademir Clóvis Moreira: "Em nenhum lugar, a atual Constituição ou a anterior deixou sequer implícito que o termo "Patrimônio" tem a limitação que lhe dá o CTN para alcançar exclusivamente a propriedade imobiliária urbana ou ruraL Se a Constituição não distingue, não pode a lei ou o intérprete desta distinguir. Patrimônio público, segundo Pedro Nunes (in Dicionário de tecnologia Jurídica) "é o conjunto de bens próprios de uma entidade pública que os organiza e disciplina para atender a sua função e produzir utilidades públicas que satisfaçam às necessidades coletivas". Em se tratando pois, do poder público, cuja função essencial é prestar serviços à coletividade, em nome e por conta desta mesma coletividade, é inconcebível que o seu patrimônio, no sentido mais amplo, possa vir a ser onerado por encargo tributário imposto pelo próprio poder público. E indubitavelmente, o Imposto de Importação afeta o patrimônio do importador. Não há justificativa de natureza lógica, econômica, jurídica ou mesmo filosófica que sancione esta vincula ção do conceito de . ,patrimônio à forma como estão distribuídos os impostos no Código Tributário NacionaL Ademais, os julgados do Egrégio 22 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 Supremo Tribunal Federal, citados pela recorrente, enfaticamente confirmam que os impostos de importação e sobre produtos industrializados, este último quando vinculado ao primeiro, não estão excluídos do conceito de patrimônio para efeito da imunidade tributária. É importante ressaltar que as fundações aqui mencionadas passaram, com o advento da nova Constituição (art. 37), a integrar a administração pública. É de se somar ao presente voto, o prolatado pelo Eminente Conselheiro Wlademir Clóvis Moreira (Acórdãos n°s 302-32.485, 301-26.667), cujo teor corrobora com a posição atual. Como se não bastassem os argumentos retro expostos, é de se pensar, ainda, o critério temporal da ocorrência dos fatos, para verificarmos que, ainda que não estivesse alcançado pela imunidade, o Imposto de Importação não poderia incidir sobre a mercadoria importada pela Recorrente. Note-se que, no caso de importação, a mercadoria importada ao chegar ao País, já é de propriedade da pessoa que a importou e já compõe o seu "patrimônio". Tanto que o Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n.° 91.030/85, em seu art. 514, prevê as situações em que a mercadoria importada, ainda que antes do despacho aduaneiro, são retiradas da esfera da propriedade do importador, ou àquele que se assemelhe a figura de importador, pela pena de perdimento. Se assim, indiscutível que a mercadoria, mesmo antes de desembaraçada já pertença ao importador, fazendo parte de seu patrimônio, sendo que, no caso em que se discute, amparado pela imunidade constitucional. Diante do exposto, considerando que o termo patrimônio contido no art. 150, inciso VI, alínea "a", e no respectivo parágrafo 2°, da Constituição Federal, e considerando que a norma imunizante tem por objetivo preservar o princípio da imunidade recíproca e o princípio do federalismo, e que é inaplicável a multa de ofício ao caso, acolhemos o Recurso Especial de Divergência para 23 Processo n° 10814.000515/93-43 Acórdão n° CSRF/03-02.941 dar-lhe provimento, julgando improcedente o auto de infração para torná-lo insubsistente. Sala das Sessões, DF, 25 de agosto de 1998 N1L32N LU BAR:1:01 24 Processo N°. : 10814.000515/93-43 Acórdão N° CSRF103-02.941 VOTO VENCIDO Conselheiro Relator HENRIQUE PRADO MEGDA. No recurso em pauta, adoto o voto da ilustre Conselheira Sandra Maria Faroni, no acórdão n° 303-28.079, referente à mesma matéria em litígio. "A questão que ora se submete à apreciação deste Colegiado se restringe a definir o real alcance da expressão "imposto sobre o patrimônio", inserida no texto constitucional. E nesse sentido, nada melhor que socorrermo-nos da lição do Professor Sacha Calmon Navarro Coelho no seu "Comentários à Constituição de 1988: Sistema Tributário", 4a . edição - 1992 - Forense - Rio de Janeiro, a seguir transcrita. "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. Por primeiro, anote-se que a imunidade não tem atuação sobre tributos, mas apenas sobre impostos, uma espécie do gênero. E não atua em relação a todos os impostos, aplicando-se apenas aos que incidirem em renda, patrimônio ou serviços. Do exposto, conclui-se que a regra constitucional da imunidade intergovernamental recíproca tem campo de atuação delimitado: a) não atua sobre taxas e contribuições de melhoria que, aliás, incidem sobre imóveis particulares; b) não atua sobre as chamadas contribuições parafiscais, especiais ou sociais, salvo se os referidos tributos assumirem juridicamente a feição de impostos suplementares sobre a renda, o patrimônio ou os serviços; 25 Processo N°. : 10814000515/93-43 Acórdão N°. : CSRF/03-02.941 c) não atua sobre empréstimos compulsórios, salvo se o "fato gerador" desse tributo for serviço, patrimônio ou renda, passível de ser tributariamente explorado pela União Federal (se o patrimônio ou serviço já estiver sob incidência de imposto estadual ou municipal, o campo está, "ipso facto", vedado à competência da União para impor empréstimo compulsório sob a forma de imposto restituível); d) não atua, finalmente, em relação a imposto cujo "fato gerador" seja fato diverso de renda, patrimônio ou serviços Esta visualização lógica e sistemática da imunidade em tela no Direito positivo brasileiro. Todavia o afirmado na letra "d" obriga necessariamente a definir e delimitar os conceitos de renda, patrimônio e serviços, sem o que não será possível prever com eficiência o campo jurídico-operacional da imunidade intergovernamental recíproca. A questão exige uma colocação prévia. A linguagem do Direito positivo, isto é, a linguagem utilizada para a feitura das leis é do tipo natural, contendo palavras vagas, equívocas, de textura aberta. Este tipo de linguagem contém - - e trata-se de um constatação inequívoca — elevado teor de imprecisão; caracteriza-se pela polissemia. À linguagem natural se opõem as "linguagens formalizada", que se caracterizam pela exatidão de seus termos, precisos e inequívocos, casos da lógica simbólica e da geometria pura. Como o direito é uma técnica de controle social --- a mais efetiva de todas — suas regras são utilizadas para dirigir comportamentos, julgar ações humanas e atribuir potestades. Em conseqüência, por imposição da comunicação grupai, suas regras são necessariamente vazadas em linguagem natural. Neste momento, estamos diante de um caso desses: definir, precisar, para fins normativos, objetivando colher resultados pragmáticos, três palavras- chaves, ou seja, renda, patrimônio e serviços. Nesse ponto, é absolutamente imprescindível dar um salto qualitativo na análise dos vocábulos, deixando de lado os múltiplos significados de que se revestem ordinariamente, para fixar os que interessam ao direito, certo que dita interpretação não pode restar ao alvedrio dos órgãos aplicadores das regras jurídicas, casuisticamente, como queriam os epígonos da "escola realista". Seria a ausência de normatividade prévia, transferida para o momento da aplicação do direito, que não passaria de uma pauta com elevado teor de indeterminação normativa. Nesse caso a experiência judicial acabaria por fixar o significado da linguagem legal. Este sistema é incompatível com o nosso Direito, embora tenha alguma aplicação no "common law". É só ler e reler a obra de Aliomar Baleeiro, na área da intergovernamental, para verificar que o \ 26 / \\, Processo N° 10814.000515/93-43 Acórdão N°. : CSRF/03-02 .941 preconizado por ele com base na experiência estadunidense não pode ter cabida entre nós, mormente no campo do Direito Constitucional Tributário. Nossa discriminação de competências tributárias bem como as limitações ao poder de tributar estão encartadas numa Constituição rígida, base a ápice do Sistema Jurídico. A indeterminação conceituai (e aí se integram as imunidades) arruinaria a técnica de contenção do poder de tributar, propiciando, demais, uma casuística desencontrada, onde justamente devem prevalecer a segurança e a certeza. A questão, portanto, logo centra-se na técnica a ser seguida para dar-se o "salto analítico qualitativo" que a matéria sugere e exige, de modo a justificar o posicionamento quanto aos limites e à atuação da imunidade intergovernamental recíproca. Esta técnica, vale a pena repetir, é lógica e sistemática. Tudo há de começar com a Emenda Constitucional n° 18, de 1 de dezembro de 1965, à Constituição de 1946 que inaugurou no Brasil o atual sistema tributário. Embora revogada, não se pode duvidar que a Constituição de 1967, com a redação da Emenda n° 1 de 1969, incorporou a técnica e a ideologia ínsitas naquela Emenda, produto de uma plêiade de juristas que utilizaram, na sua elaboração, tanto os antecedentes históricos como os precedentes judiciais, à luz de uma nova concepção lógica e sistemática. Ora, as três palavras — renda, patrimônio e serviços — foram utilizadas na emenda n° 18 ou desde a emenda n° 18. a) para caracterizar fatos jurígenos tributários; b) para, com base neles, atribuir competências impositivas; c) para limitar essas mesmas competências. Destarte, a Emenda n° 18, e também o Código Tributário Nacional, que logo se lhe seguiu, assim como as Constituições de 1967 e 1988, ao tratarem de um plexo de normas de mesma natureza, normas tributárias, competências impositivas e exonerativas, necessariamente utilizaram os vocábulos com um mesmo sentido. Se assim é, já podemos extrair algumas conclusões: a) o exercício da competência tributária entre nós está submetido ao princípio da legalidade que não só reparte impostos como lhes determina fatos geradores; (7/ 27 Processo N° 10814000515/93-43 Acórdão N° CSRF/03-02.941 b) de acordo com este princípio, a exigência de tributo só pode advir de uma regra legislada que subordine o dever de pagar à ocorrência de um fato gerador nela previsto e recortado (princípio da tipicidade) em favor de pessoa política predeterminada; c) em conseqüência, é vedado tributar por analogia ou extensão; que a obrigação tributária decorre de fato jurígeno tipificado em lei, assim como não tributar sem previsão expressa de exclusão (imunidade ou isenção) De intuir que os vocábulos renda, patrimônio e serviços foram utilizados para estipular regras de competência, definir fatos geradores e excluir incidências. Noutro giro, foram utilizados para fixar a tributação e a exceção. A lógica intrínseca do sistema tributário leva inexoravelmente a esta conclusão. Ao tracejar o espaço fático sobre o qual pode o legislador infraconstitucional atuar, o constituinte previamente o delimita, separando as áreas de incidência e as que lhe são vedadas. O espaço fático posto à disposição do legislador infraconstitucional resulta das determinações genéricas dos fatos jurígenos (áreas de incidência). As áreas vedadas à tributação decorrem de proibições constitucionais expressas (imunidades) ou de implícitas exclusões (toda porção fática que não se contiver nos lindes da descrição legislativa do "fato gerador" é intributável à falta de previsão legal). As imunidades alcançam as situações que normalmente — não fosse a previsão expressa de intributabilidade — estariam conceitualmente incluídas no desenho do fato jurígeno tributário. Por isso mesmo são vistas e confundidas as imunidades com um dos seus efeitos o de limitar o poder de tributar. O legislador constituinte autorizou ao Município criar o ITB1, proibindo, no entanto, sua incidência sobre a transmissão desses bens ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital (colação de bens imóveis ao capital de sociedade) Nesse mesmo passo, deu à União competência para instituir o ITR e aos Estados a faculdade de criar impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias Proibiu à União, todavia, tributar com o ITR as glebas rurais de área mínima e vedou aos Estados fazer incidir o ICMS sobre produtos industrializados remetidos ao exterior. Os prédios urbanos estão sujeitos ao IPTU de competência municipal, mas esta exação sobre o patrimônio não pode incidir sobre os "templos de qualquer culto" em virtude de imunidade expressa. 28 Processo N° 10814000515/93-43 Acórdão N° CSRF/03-02.941 Nos exemplos figurados, constata-se que o constituinte, ao mesmo tempo que concedeu poder e competência às pessoas políticas para a instituição de imposto sobre a transmissão de bens imóveis, sobre a propriedade predial urbana, sobre a propriedade territorial rural e sobre operações relativas à circulação de mercadorias, vedou o exercício dessas mesmas competências sobre certas transmissões imobiliárias, sobre determinado tipo de propriedade rural, sobre certas operações de circulação de mercadorias (as que destinam ao exterior produtos industrializados) e sobre a propriedade predial de algumas pessoas jurídicas, expressamente nominadas. Inquestionavelmente, não fossem as imunidades — restrições à competência impositiva — e tais situações seriam perfeitamente tributáveis. Pode-se extrair o seguinte enunciado a situação/base que serve de suporte à regra de tributação deve ter o mesmo sentido para a regra de exclusão (imunidade). Dessarte — e agora voltamos à imunidade intergovernamental recíproca — quando o constituinte determina que o patrimônio, a renda e os serviços são fatos tributáveis, mas que as pessoas políticas não podem tributar o patrimônio, a renda e os serviços, umas das outras, tais palavras possuem o mesmo significado normativo quer para autorizar a tributação, quer para vedá-la. Nem poderia ser de outra forma Patrimônio, renda e serviços são vocábulos deônticos Possuem um único sentido, quer para configurar situações expressamente tributáveis, quer para desenhar situações expressamente intributáveis. Não se discute que são vocábulos polissêmicos, capazes de comportar variados significados, mais amplos e mais restritos Certamente a ciência contábil os utiliza com significação diversa. A Ciência das Finanças e os escaninhos do Direito Comercial terão para eles outros significados. Nada disso importa. Importa, ao revés, o caráter sistêmico com que tais palavras foram utilizadas para pôr e tirar a tributação, ao nível da Constituição. Então, o básico na espécie é a delimitação dos conceitos de renda, patrimônio e serviços no Direito Tributário Brasileiro (Direito positivo). 29 Processo N° 10814.000515/93-43 Acórdão N° CSRF/03-02.941 O conceito de renda está na Constituição de 88; combinado com o art. 43 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). O conceito de patrimônio, para fins tributários, reside nesses mesmos diplomas legais e serve de suporte para a incidência ou exclusão dos seguintes impostos: a) impostos sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos, exceto os de garantia entre vivos e mortos: b) imposto sobre a propriedade territorial e predial urbana; c) imposto sobre a propriedade territorial rural, d) imposto sobre propriedade de veículos automotivos; O conceito de serviços, outro tanto, está na Carta Política e no Código Tributário, servindo de suporte para a incidência e exclusão de dois impostos, um estadual, outro municipal, a saber: a) imposto sobre serviços de transporte e comunicações, subsumidos no ICMS; b) imposto sobre serviços de qualquer natureza Considero que a brilhante análise do Professor Sacha Calmon esgotou o assunto. Não há como atribuir à imunidade recíproca tratada no art. 150, VI, "a", de Constituição Federal a amplitude que pretende a recorrente." Nego provimento ao recurso. Sala das Sessões (DF), em 25 de agosto de 1998 ‘f- - HENRIQUE PRADO MEGDA. 30 4 Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1 _0000600.PDF Page 1 _0000700.PDF Page 1 _0000800.PDF Page 1 _0000900.PDF Page 1 _0001000.PDF Page 1 _0001100.PDF Page 1 _0001200.PDF Page 1 _0001300.PDF Page 1 _0001400.PDF Page 1 _0001500.PDF Page 1 _0001600.PDF Page 1 _0001700.PDF Page 1 _0001800.PDF Page 1 _0001900.PDF Page 1 _0002000.PDF Page 1 _0002100.PDF Page 1 _0002200.PDF Page 1 _0002300.PDF Page 1 _0002400.PDF Page 1 _0002500.PDF Page 1 _0002600.PDF Page 1 _0002700.PDF Page 1 _0002800.PDF Page 1 _0002900.PDF Page 1 _0003000.PDF Page 1
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Numero do processo: 10783.900956/2012-49
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Sat Mar 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/03/2011
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). IMPOSSIBILIDADE.
Não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO EM RECURSO REPETITIVO. ART. 62-A DO RICARF.
Não há previsão legal para aplicação dos juros Selic nos valores decorrentes de ressarcimento de crédito presumido do IPI. Nos termos do julgamento do REsp nº 1.035.847/RS pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, a atualização monetária somente é possível sobre os valores indevidamente indeferidos pela autoridade administrativa, posteriormente revertidos pelas instâncias julgadoras. Não havendo crédito a ser ressarcido, reconhecido no curso do processo administrativo, não existe objeto para a correção pela taxa Selic.
Numero da decisão: 3002-000.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Diego Weis Junior e Maria Eduarda Simões, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Maria Eduarda Simões.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior, Larissa Nunes Girard e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 31/03/2011 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). IMPOSSIBILIDADE. Não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO EM RECURSO REPETITIVO. ART. 62-A DO RICARF. Não há previsão legal para aplicação dos juros Selic nos valores decorrentes de ressarcimento de crédito presumido do IPI. Nos termos do julgamento do REsp nº 1.035.847/RS pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, a atualização monetária somente é possível sobre os valores indevidamente indeferidos pela autoridade administrativa, posteriormente revertidos pelas instâncias julgadoras. Não havendo crédito a ser ressarcido, reconhecido no curso do processo administrativo, não existe objeto para a correção pela taxa Selic.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2005; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 2 1 1 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.900956/201249 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3002000.005 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 20 de fevereiro de 2018 Matéria RESSARCIMENTO DE IPI Recorrente ROCHA BRANCA MINERAÇÃO COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 31/03/2011 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). IMPOSSIBILIDADE. Não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a exportação de produtos que não sofreram operação de industrialização prevista na legislação do IPI e recebem a notação NT na Tabela do IPI por estarem fora do campo de incidência do imposto. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO EM RECURSO REPETITIVO. ART. 62A DO RICARF. Não há previsão legal para aplicação dos juros Selic nos valores decorrentes de ressarcimento de crédito presumido do IPI. Nos termos do julgamento do REsp nº 1.035.847/RS pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, a atualização monetária somente é possível sobre os valores indevidamente indeferidos pela autoridade administrativa, posteriormente revertidos pelas instâncias julgadoras. Não havendo crédito a ser ressarcido, reconhecido no curso do processo administrativo, não existe objeto para a correção pela taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Diego Weis Junior e Maria Eduarda Simões, que lhe deram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Maria Eduarda Simões. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 09 56 /2 01 2- 49 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 3 2 Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior, Larissa Nunes Girard e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, no valor de R$ 3.749,89, referente ao 1º trimestre de 2011, efetuado por meio de Per/Dcomp apresentado em maio/2011 (fls. 37 a 41). Por meio de despacho decisório à fl. 17, a unidade de origem indeferiu o pedido em razão da ocorrência de glosa de crédito presumido considerado indevido, em procedimento fiscal, integrando o despacho decisório as informações complementares da análise de crédito disponíveis na página internet da Receita Federal, acessáveis pelo contribuinte por meio do Centro Virtual de Atendimento (eCAC). Tais informações complementares não estão disponíveis no processo. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alega que a Lei nº 9.363, de 1996, não restringe a concessão de crédito presumido do IPI apenas aos produtos tributados, não podendo a Fiscalização o fazer em detrimento da Lei (fls. 2 a 16). Ao final, requer a correção do crédito pela taxa Selic, contada a partir da data de protocolo do pedido de ressarcimento. A Delegacia de Julgamento proferiu o Acórdão nº 0130.786 (fls. 46 a 50), por meio do qual decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade, tendo em vista que o crédito presumido somente pode ser concedido em relação a produtos sobre os quais o IPI incida, mas admitiu a correção do crédito pela taxa Selic, com o termo inicial após decorridos 360 dias do protocolo do pedido, em cumprimento da Nota PGFN/CRJ nº 775, de 2014. Segue a ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITO PRESUMIDO. EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS NT. O direito ao crédito presumido do IPI é condicionado a que os produtos estejam dentro do campo de incidência do imposto. Por conseguinte, não estão alcançados pelo benefício os produtos por ele nãotributados (NT). Manifestação de Inconformidade Improcedente. Cientificada da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 58 a 72), que não passa de cópia de sua manifestação de inconformidade, da qual se alterou apenas campos como o endereçamento e o nome da peça recursal, sem qualquer consideração específica quanto à fundamentação da decisão de primeira instância. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 4 3 No recurso voluntário alegase, em síntese, que a Lei não fez qualquer distinção entre produção e exportação de produtos nãotributados, tributados ou com alíquota zero; que a fiscalização força a utilização da legislação do IPI para interpretar o dispositivo legal; que se trata de uma presunção a ser acatada tal como está; que a fiscalização não pode inovar e que o benefício, instituído para desonerar as exportações, "deve ter interpretação em prol do escopo para o qual foi criado". Para sustentar sua alegação, apresenta decisões do CARF, do TRF4 e do STJ, das quais se transcreve apenas a parte de interesse para o julgamento: CARF Acórdão nº 20218.297 O art. 1º da Lei nº 9.363/96 não exige para o gozo do incentivo que o produto exportado seja tributado pelo IPI ou que a empresa seja contribuinte do IPI. Referindose a lei a "mercadorias", foi dado o benefício fiscal do gênero, não cabendo ao intérprete restringilo apenas aos "produtos industrializados", que são espécie do gênero "mercadorias". TRF4 Apel 2007.70.01.0072727 (...) 7. Também é ilegal a restrição imposta com base no art. 17 da IN/SRF 419/04, relativamente à inclusão na receita de exportação, para efeito de crédito presumido, do valor resultante das vendas para o exterior de produtos nãotributados. A Lei 9.363/96, determinando expressamente o cálculo do benefício sobre o total das aquisições de matériasprimas, material intermediário e material de embalagem, sequer cogita de qualquer restrição ou exclusão, não sendo ela passível de ser inferida pelo intérprete. Essa regulamentação infralegal estabelece restrição que a lei não faz, descaracteriza, aliás, a finalidade do incentivo fiscal criado pelo legislador. STJ REsp 617.733/CE, Min. Teori Zavascki TRIBUTÁRIO. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. IN/SRF 29/97. ILEGALIDADE. (...) 2. O crédito presumido do IPI instituído pela Lei 9.363/96 teve por objetivo desonerar as exportações do valor do PIS/PASEP e da COFINS incidentes ao longo de toda a cadeia produtiva, independentemente de estar ou não o fornecedor direto do exportador sujeito ao pagamento dessas contribuições. Por isso mesmo, é ilegítima a limitação constante do art. 2º, § 2º da IN SRF 23/97, segundo o qual o crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem,na produção de bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS. Por fim, solicita novamente a correção do crédito pela taxa Selic, desconsiderando que a DRJ havia provido essa parte, embora com termo inicial diferente do pretendido pela recorrente. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 5 4 É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard O recurso é tempestivo, atende aos demais pressupostos de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias, e dele tomo conhecimento. Crédito presumido do IPI O ponto que se discute neste processo é se o crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363, de 1996, pode ser concedido em relação a exportações de produto com notação nãotributado (NT) da tabela do IPI. A recorrente é uma empresa que se dedica à exploração de jazidas minerais, beneficiamento (corte em chapas e polimento) e comercialização no mercado interno e externo de pedras tais como mármore, granito e ardósia, segundo informações constantes em seu recurso voluntário e em seu contrato social. Exporta, especificamente, blocos de granito que se classificam no código NCM 2516.12.00, cujo texto diz: granito simplesmente cortado a serra ou por outro meio, em blocos ou placas de forma quadrada ou retangular. A Lei nº 9.363, de 1996, assim dispõe sobre o que interessa a esta discussão: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3o Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1o, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. (grifado) Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 6 5 Os artigos, considerados conjuntamente, determinam que o benefício aplica se às empresas e produtos que atendam aos conceitos de estabelecimento produtor, de produção, de matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI, ou seja, na Lei nº 4.502, de 1964, e no Decreto nº 4.544, de 2002 (RIPI/2002), vigente à época dos fatos. Da leitura dos dispositivos legais pertinentes, a seguir transcritos, inferese que, para fins de IPI, estabelecimento produtor equivale a estabelecimento industrial, definido como aquele que executa alguma operação de industrialização da qual resulte produto tributado pelo imposto, ainda que de alíquota zero ou isento. Lei nº 4.502, de 1964 Art. 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considerase industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo: (...) RIPI/2002 Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: (...) II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento. (grifado) No presente caso, no que diz respeito a suas operações de exportação, a recorrente não se enquadra como estabelecimento industrial do RIPI e nem produz produto tributável pelo IPI. A exigência de a industrialização resultar em produto tributado pelo IPI não é fortuita, mas expressa o alcance do tributo, aponta para as suas hipóteses de incidência. Inicialmente, quando da publicação da Lei nº 4.502, de 1964, constava no Anexo à Lei uma relação que continha apenas os produtos sobre os quais incidia o IPI. Nessa relação não existe a notação NT e não existe a posição 2516, pois a atividade de extração mineral, com o mero corte da pedra, não foi considerado operação de industrialização para fins de tributação pelo IPI. A pedra que tenha sofrido algum trabalho, que pressuponha o aperfeiçoamento de que trata o RIPI, classificase no capítulo 68 ou posterior, esses sim tributados. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 7 6 Posteriormente, quando se decidiu por adotar a relação completa de bens sujeitos ao imposto de importação para fins de construção da TIPI, houve a necessidade de marcar quais bens estavam fora do campo de incidência do IPI, que passaram a ter a notação NT (nãotributados). Tal entendimento é confirmado pelo art. 2º do RIPI/2002, que assim dispõe: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI. Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado). (grifado) A notação NT inclui os produtos com imunidade pela Constituição Federal, como livro e jornal, mas o caso analisado, pedra simplesmente cortada, recebe a notação NT por não sofrer uma operação de industrialização. Assim, o que resta claro é que, uma vez que o art. 3º da Lei nº 9.363, de 1996, determina que se utilize os conceitos de produção/industrialização da legislação do IPI, o crédito presumido por ela instituído somente pode ser concedido quando houver exportação de produtos que estejam sob a incidência desse imposto. A Lei nº 9.363/96 adota a lógica do próprio tributo, inclusive aquela utilizada para a concessão dos créditos básicos e incentivados: a venda de mercadoria NT não gera saldo devedor. Se essa saída não gera saldo devedor para o contribuinte, também não pode gerar saldo credor. Essa limitação não alcança os produtos isentos ou com alíquota 0% porque esses estão dentro do campo de incidência do IPI. Os artigos do RIPI/2002 relativos à escrituração dos créditos básicos demonstram a coerência da interpretação adotada, a ver: Art. 190. Os créditos serão escriturados pelo beneficiário, em seus livros fiscais, à vista do documento que lhes confira legitimidade: (...) § 1º Não deverão ser escriturados créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, ou saídos com suspensão cujo estorno seja determinado por disposição legal . (...) Art. 193. Será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto: I relativo a MP, PI e ME , que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos nãotributados; (grifado) Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 8 7 Contraria qualquer lógica interpretativa defender que um tributo que não incide sobre determinado produto passe a incidir sobre esse mesmo produto somente quando for para gerar crédito. Pior ainda, não incide nem na geração de créditos básicos e incentivados, mas incide apenas quando se tratar do crédito presumido para ressarcimento das contribuições. A Lei nº 9.363, de 1996, em momento algum determinou que se desconsiderasse as hipóteses de incidência ou o fato gerador do IPI. Ao contrário, apontou em seu art. 3º que os conceitos fundamentais do imposto deveriam ser seguidos. Não vislumbro qualquer extrapolação ou restrição indevida na aplicação da lei na interpretação exposta, como alega a recorrente. Tratase apenas de interpretação sistemática, que traz coerência para a aplicação da legislação do IPI. Quanto às decisões transcritas pela recorrente, as turmas de julgamento somente estão obrigadas a aplicar aquelas que atendam ao prescrito no art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, o que não é o caso das decisões de outras turmas do CARF e de decisões do TRF4. Quanto à decisão do STJ, trata de tema diverso (compra de insumos de pessoas físicas), não se aplicando ao presente caso. Atualização monetária pela taxa Selic A recorrente solicita novamente a correção do crédito, aplicandose a taxa Selic a partir da data de protocolo do pedido de ressarcimento. Desconsiderou que a DRJ havia reconhecido o direito à atualização monetária, embora com termo inicial após decorridos 360 dias da data do protocolo. Entretanto, entendo que a decisão de primeira instância reconheceu o direito apenas em tese, uma vez que, como o crédito não foi reconhecido, tal decisão tornouse inócua. O STJ pacificou entendimento de que é devida a atualização monetária dos créditos escriturais de IPI nos casos em que o direito ao creditamento não foi exercido no momento oportuno, em razão da oposição de ato administrativo ou normativo reiterado, por meio do julgamento em rito de recursos repetitivos do REsp nº 1.035.847/RS, a seguir transcrito, conjuntamente com a súmula dele decorrente: REsp 1.035.847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 9 8 oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco. SÚMULA nº 411/STJ É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. (grifado) É importante ressaltar dois pontos da jurisprudência transcrita: 1) não há previsão legal para a atualização monetária de crédito escritural e 2) cabe a atualização quando constatada a oposição ilegítima e constante da Administração, seja por ato administrativo ou normativo. Para a aplicação dessa decisão do STJ, seria necessário encontrar no caso presente a condição apontada no item 2 acima, o que não ocorre, já que o indeferimento foi legítimo e fundamentado, não tendo o despacho decisório da unidade de origem sofrido revisão ao longo deste processo. Logo, concluo não estar atendido requisito para aplicação da atualização monetária do crédito pleiteado. Com essas considerações, voto por conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Relatora Declaração de Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Dada a devida vênia aos fundamentos constantes do voto da eminente Relatora, ouso discordar das conclusões ali apresentadas, conforme fundamentos a seguir indicados. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 10 9 Embora reconheça que esta matéria seja bastante controvertida na jurisprudência deste Conselho, alinhome à corrente que entende que as exportações de produto com notação nãotributado (NT) da tabela do IPI deve integrar a base de cálculo do crédito presumido de IPI instituído pela Lei nº 9.363, de 1996. Para que melhor se compreenda as razões aqui expostas, transcrevo a seguir o conteúdo do referido artigo 1º: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Notese que o caput do art. 1º acima transcrito, de fato, aponta como beneficiária do crédito presumido do IPI com ressarcimento do PIS e da COFINS a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Ou seja, os requisitos expostos na legislação são no sentido de que a empresa seja produtora e exportadora de mercadorias nacionais e que as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam adquiridos para utilização no processo produtivo. Não há, em contrapartida, qualquer exigência de que tais produtos sejam efetivamente tributados pelo IPI, para que possa a empresa fazer jus ao crédito presumido de IPI. Entendo, portanto, que ao fazer menção à garantia do crédito sobre mercadorias nacionais, a Lei n.º 9.363/1996 englobou todas as mercadorias nacionais produzidas, sejam elas tributadas ou não pelo IPI, não tendo vinculado o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída. Até porque, penso que a intenção do legislador, na verdade, não foi de restringir a concessão do crédito presumido aos produtos que estejam efetivamente sujeitos ao recolhimento do IPI, mas sim incentivar as exportações, concedendo tal benefício às empresas produtoras e exportadoras de mercadorias nacionais. Logo, penso que não caberia ao intérprete administrativo incluir requisito para fins de concessão do crédito presumido do IPI que não consta da própria lei que o instituiu. No meu entender, a interpretação sistemática da legislação defendida para fins de se negar a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de qualquer mercadoria gravada como "NT", de forma genérica, vai muito além do que nos cabe no papel de Conselheiro/Julgador na esfera administrativa. E, ao assim proceder, invadese a seara legislativa, em prejuízo da segurança jurídica que deve reger a relação entre Fisco e contribuinte, já tão prejudicada pela complexidade da nossa confusa legislação tributária. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 11 10 Nesse mesmo sentido, vide Acórdão n. 9303001.469, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, e Acórdão n. 3402004.778, da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, respectivamente: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS EXPORTADOS CLASSIFICADOS NA TIPI COMO NÃO TRIBUTADOS. O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. FRETES. VINCULAÇÃO AOS INSUMOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. APROVEITAMENTO. De se permitir na formação do cálculo presumido de IPI a inclusão dos gastos com fretes pagos e destacados nas notas fiscais por ocasião de insumos utilizados no processo produtivo. TAXA SELIC. SÚMULA nº 411STJ. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. Rel. Min. Luiz Fux, em 25/11/2009. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo art. 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Recurso Especial do Procurador Negado. *** ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 IPI. RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO AO PIS/COFINS. DESPESAS COM INSUMOS. COMBUSTÍVEIS, ENERGIA ELÉTRICA, MATERIAL LABORATORIAL. Somente podem ser incluídos na base de cálculo do crédito presumido as aquisições de matériaprima de produto intermediário ou de material de embalagem. Os combustíveis, energia elétrica e materiais laboratoriais não caracterizam matériaprima, produto intermediário ou material de Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 12 11 embalagem, pois não se integram ao produto final, nem foram consumidos, no processo de fabricação, em decorrência de ação direta sobre o produto final (Súmula CARF n.º 19 e Parecer Normativo n.º 65/1979). CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÃO DE INSUMOS PERANTE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVA. POSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO DO CRÉDITO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ. A restrição imposta pela IN/SRF n. 23/97 para fins de fruição de crédito presumido do IPI é indevida, sendo admissível o creditamento também na hipótese de aquisição de insumos de pessoas físicas e/ou cooperativas. Precedente do STJ retratado no Resp n.º 993.164, julgado sob o rito de recursos repetitivos, apto, portanto, para vincular este Tribunal Administrativo, nos termos do art. 62, §2° do RICARF. CRÉDITO PRESUMIDO IPI. RECEITAS DE VENDAS DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS. O artigo 1º da lei nº 9.363/96, ao instituir o benefício do crédito presumido de IPI à empresa produtora e exportadora de “mercadorias nacionais”, não o restringe apenas aos produtos industrializados, não cabendo ao intérprete administrativo fazer distinção onde a própria lei não o fez. A Lei n.º 9.363/1996 não vincula o cálculo do crédito presumido à efetiva tributação pelo IPI na entrada ou na saída. CRÉDITO PRESUMIDO IPI. RECEITAS DE REVENDA. A receita auferida na revenda de mercadorias ao exterior deve ser adicionada à receita de exportação para o fim de apurarse o coeficiente de exportação. CRÉDITO PRESUMIDO IPI. COMPROVAÇÃO EXPORTAÇÃO. Necessário reconhecer o crédito para a qual houve a comprovação da exportação, confirmada na diligência realizada. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA SELIC. É legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco, no pedido de ressarcimento contra o qual houve a oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). Recurso Voluntário Provido em Parte. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 13 12 Uma vez afastada a interpretação de que os produtos gravados como "NT" deveriam, por esta razão, ser excluídos da base de cálculo do crédito presumido, passase, então, à análise dos demais requisitos dispostos na legislação. Conforme acima indicado, verificase que a legislação exige que a empresa seja produtora e exportadora de mercadorias nacionais e que as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam adquiridos para utilização no processo produtivo. No caso concreto aqui analisado, ao contrário do que entendeu a ilustre Relatora, entendo que tais requisitos restaram observados pela Recorrente, inclusive em observância ao disposto no art. 4º do RIPI 2002, a seguir transcrito: Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: (...) II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); (...) Isso porque, consoante acima relatado, verificase que a recorrente é uma empresa que se dedica à exploração de jazidas minerais, beneficiamento (corte em chapas e polimento) e comercialização no mercado interno e externo de pedras tais como mármore, granito e ardósia, segundo informações constantes em seu recurso voluntário e em seu contrato social. Exporta, especificamente, blocos de granito que se classificam no código NCM 2516.12.00, cujo texto diz: granito simplesmente cortado a serra ou por outro meio, em blocos ou placas de forma quadrada ou retangular. Entendo, portanto, que a atividade de corte em chapas e polimento se enquadra no conceito de produção para fins de usufruto do crédito presumido do IPI, visto que altera, sem sombra de dúvidas, o acabamento (polimento), a aparência (cortes em diversos tamanhos e formatos) ou até a finalidade do produto (os cortes específicos de cada produto poderão diferenciar a finalidade de cada produto). Ademais, entendo que o art. 2º do RIPI/2002 abaixo transcrito trata apenas da incidência ou não do IPI, dispondo que os produtos "NT" estão excluídos do campo de incidência daquele imposto: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI. Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado). (grifado) Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 14 13 Ou seja, este dispositivo legal não possui o condão de fazer concluir que os produtos "NT" não sofrem processo de industrialização. A legislação optou como selecionar os produtos que seriam gravados como "NT" por diversas razões, inclusive para casos em que há processo de industrialização. É o caso, por exemplo, dos produtos com imunidade tributária determinada pela Constituição Federal, que são gravados como "NT" e, em relação aos quais não há discussão acerca de eventual existência de processo de industrialização. Nesse viés, penso que a conclusão de que o produto aqui analisado teria recebido a notação "NT" por não sofrer processo de industrialização não possui embasamento normativo. Para fins de identificação da melhor solução para a presente demanda, portanto, imprescindível que se analise a atividade específica desempenhada pela Recorrente, e, ao analisála, entendo que assiste razão ao contribuinte, conforme razões acima apresentadas. Por fim, entendo que a menção aos artigos 190 e 193 do RIPI/2002 não possui relevância à solução da presente contenda, visto que versam sobre créditos básicos de IPI, cuja análise não guarda, no meu entender, qualquer relação com a hipótese aqui analisada. Consoante visto acima, a presente contenda versa sobre crédito presumido do IPI, o qual possui particularidades atinentes às razões que levaram à sua concessão (incentivo à exportação) que decerto não se relacionam com as razões atinentes ao crédito básico deste mesmo tributo. Nesse contexto, por entender ter sido ilegítima a recusa realizada pela fiscalização, penso que faz jus a Recorrente à inclusão da SELIC a partir da data do protocolo do Pedido de Ressarcimento. Até porque, como é cediço, este entendimento já restou sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.035.847/RS, em sede de recursos repetitivos, ao assim dispor: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10783.900956/201249 Acórdão n.º 3002000.005 S3C0T2 Fl. 15 14 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009) Ou seja, fixou o STJ que é devida a correção monetária sobre o valor referente a créditos de IPI admitidos extemporaneamente pelo Fisco. E, uma vez constatada a ilegitimidade da recusa realizada pela fiscalização, este entendimento deve ser aplicado por este CARF na forma do art. 62, §2º, do Regimento Interno, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Voto, portanto, no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É como voto. Fl. 88DF CARF MF
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Numero do processo: 13804.000533/2005-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO DE COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO.
O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios.
COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE.
Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE.
Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado.
PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNICA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica.
2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia.
DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO.
Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omite-se de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans).
DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-005.289
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DE COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNICA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omite-se de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DE COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 05 33 /2 00 5- 09 Fl. 335DF CARF MF 2 Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNICA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Cofins pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 336 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório integrante do acórdão recorrido, que segue transcrito: Trata o presente processo de pedido de ressarcimento do saldo credor da Cofins, relativo a receitas de exportações, apurado no regime de incidência nãocumulativa, no valor de R$ 27.637.260,53, referente ao terceiro trimestre de 2004, conforme pedido de fl. 1. Com relação ao crédito postulado, foram apresentadas posteriormente várias Declarações de Compensação (DCOMP) informando diversas compensações desse crédito com débitos de vários tributos, conforme processos anexados a este. Segundo os autos, o pedido foi protocolizado junto à Delegacia de Administração Tributária em São PauloSP (Derat), mas a análise do pleito foi transferida à DRF/AraçatubaSP por ordem do SuperintendenteSubstituto da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal, conforme portaria de fls. 28 a 30. Ainda segundo os autos, a interessada, em 04/05/2009 (fls. 40 a 42), foi intimada, para subsidiar a análise do pleito, a apresentar diversos documentos e os arquivos contábeis digitais, na forma especificada pela fiscalização. Como não atendeu, foi reintimada em 15/06/2009. Como também não houve resposta, os AFRFB responsáveis pela análise se dirigiram à sede da empresa, em 02/07/2009, para cobrar o atendimento das intimação, onde o advogado da empresa, que não possuía procuração da sociedade, que não tinha os elementos solicitado, conforme termo de constatação de fls. 47 e 48. Fl. 337DF CARF MF 4 Em 30/07/2009, novamente os AFRFB estiveram na sede da empresa, onde, desta vez, foram recebidos pelo seu procurador, que alegou ainda não dispor da documentação requerida. Na oportunidade, foi lavrado auto de embaraço à fiscalização, de fls. 51 a 53. Portanto, a fiscalização não reconheceu os créditos do período em virtude da nãoapresentação dos documentos e esclarecimentos na forma solicitada, conforme informação fiscal de fls. 58 a 63. Sendo assim, a DRF/AraçatubaSP, por meio do despacho decisório de fls. 172/174, indeferiu o pedido de ressarcimento e não homologou as compensações vinculadas ao pedido. A fiscalização, além do despacho decisório acima, houve por bem lavrar autos de infração das glosas, consubstanciados no processo nº 15868.001186/200938. Foram também lavrados autos de infração constituindo o crédito tributário relativo às contribuições não recolhidas em virtude da glosa dos créditos descontados pela contribuinte no trimestre em questão, formalizados no processo nº 15868.001259/200991. Inconformada, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade, de fls. 180 a 201, onde, preliminarmente, requer a anulação do despacho decisório, por quanto não foi observado pela fiscalização o local indicado no Mandado de Procedimento Fiscal(MPF) para realização dos trabalhos, que seria no endereço da empresa, em São Paulo, e não em Araçatuba. Ressalta também a impugnante que o fato de várias intimações terem sido assinadas apenas por um dos AFRFB também desobedeceria ao MPF, que não permite atuação individual de um dos auditoresfiscais nele contidos. Quanto à transferência de competência interdelegacias, alega que esta também deveria estar contemplada no MPF e que o próprio superintendente da Receita Federal deveria ter emitido o mandado, a teor do art. 6º da Portaria RFB no 11.371, de 2007. Argumenta que o despacho decisório também seria nulo porquanto somente o Delegado da Derat teria competência para prolatar decisão relativa à requerente, conforme disposto no art. 57 da Instrução Normativa (IN) RFB no 900, de 2008, que não autoriza a modificação da competência para emissão de despacho decisório relativo a reconhecimento de direito creditório. Alega ainda que a impossibilidade de delegação de poderes também está prevista na Lei no 9.784, de 1999, arts. 13 e 100. Também reclama que não foi cumprida a formalidade prevista no art. 44 da citada Lei no 9.784, de 1999, que garante à recorrente o direito de se manifestar no prazo de dez dias após o encerramento da fase de instrução do processo. Afirma que os próprios auditores reconheceram a entrega dos documentos e arquivos digitais, mas em vez de analisarem o Fl. 338DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 337 5 material e solicitarem eventuais esclarecimentos em prazo razoável, simplesmente emitiram um parecer negando o pleito Sendo assim, confirma sua intenção de apresentar todos os documentos fiscais, que estão à disposição da fiscalização em seu estabelecimento. Afirma ainda que houve erro e falta de motivação e de legislação para o indeferimento do pleito da recorrente, pois isso só seria possível caso a contribuinte não possuísse efetivamente o direito ao ressarcimento. Mas, segundo ela, a negativa ocorreu porque houve falta de razoabilidade por parte dos AFRFB, que consideraram que ela não tinha nenhum direito, o que não pode ser admitido, pois que não poderia exercer sua atividade sem adquirir insumos, já que é uma das maiores empresas do seu ramo de atividade. Assim, a fiscalização deveria ter continuado as diligências no estabelecimento da contribuinte e não ter realizado um levantamento fiscal precário, que não levou em consideração todos os seus documentos. Aduz também que houve cerceamento do direito de defesa, pois não foram apresentados os motivos do indeferimento do pedido, haja vista que os auditores contestaram apenas pequenos elementos componentes do seu direito creditório, não contestando os demais, prejudicando a ampla defesa. Desta forma, em cumprimento ao princípio da verdade material o despacho decisório deve ser cancelado. Em relação ao que ela denomina mérito, argúi que o despacho em análise deve ser reformado porquanto a postulante possui o direito ao ressarcimento dos créditos da Cofins reclamados, como comprovam os documentos existentes em seu estabelecimento, mas que não os está anexando ao presente "por serem em grande quantidade", e anexa uma planilha e alguns documentos que demonstrariam as aquisições ocorridas e o direito ao crédito postulado. Alega que o seu direito ao ressarcimento não pode ser contestado porque já teria transcorrido o prazo qüinqüenal de homologação do direito, de cinco anos, previsto no art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN) e no art. 74 da Lei ne 9.430, de 1996. Postula também a aplicação da taxa do Selic ao crédito, como juros moratórios, a teor do art. 39, § 4o, da Lei ns 9.250, de 1995. Reclama também que o despacho decisório não deferiu as compensação já homologadas tacitamente, conforme previsão do art. 74, § 5o, da Lei nº 9.430, de 1996. Requer a realização de perícia e diligência para se constatar a existência do direito creditório, nomeando perito e listando os quesitos que deseja ser respondidos, à fl. 199. Haja vista a Fl. 339DF CARF MF 6 existência de grande quantidade de documentos, esclarece que a perícia deverá ser feita no estabelecimento da contribuinte. Solicita o cancelamento do despacho decisório combatido e o reconhecimento do direito creditório por esta DRJ ou, alternativamente, a prolação de nova decisão pela DeratSP ou ainda, caso se considere que a autoridade contestada seja competente para tanto, que esta prolate novo despacho decisório após novas verificações fiscais. Requer ainda a suspensão da exigibilidade dos débitos objeto das compensações informadas em DCOMP. Por fim, solicita que o patrono da requerente também seja intimado de todas as decisões referentes ao presente. Como possuem o mesmo objeto que o presente os processos n9s 15868.001186/200938 e 15868.001259/200991 foram a ele apensados Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 256/269), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DOCUMENTOS. NÃO APRESENTAÇÃO. INDEFERIMENTO. O postulante de direito creditório deve apresentar todos os livros fiscais e contábeis, arquivos digitais e demais documentos ou esclarecimentos solicitados pelo Fisco, necessários à análise do direito creditório postulado, sob pena de indeferimento do pleito. MPF. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PRESCINDIBILIDADE. Irregularidades no MPF ou a sua ausência não são condições suficientes para anular despacho decisório referente a pedido de ressarcimento. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo contribuinte e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 338 7 Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários adequada solução da lide, indefere se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 17/3/2011, a recorrente a foi cientificada da referida decisão. Em 15/4/2011, protocolou o recurso voluntário de fls. 285/308, por meio do qual reiterou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, alegou nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa, por ter indeferido indevidamente o pedido de perícia e diligência formulados e ter negadolhe o direito de demonstrar documentalmente o crédito da Cofins pleiteado, bem como por não ter apreciado as razões defendidas na manifestação de inconformidade relacionadas a (i) nulidade do despacho decisório, por não ter sido a recorrente intimada, nos termos do art. 44 da Lei 9.784/1999, e (ii) a falta de motivação. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A lide envolve questões preliminares, prejudiciais de mérito e de mérito, bem como pedidos de diligência e perícia. I Das Questões Preliminares Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade do despacho decisório e decisão recorrida. I.1 Da nulidade da decisão recorrida No recurso em apreço, a recorrente alegou nulidade do acórdão recorrido por cerceamento do direito de defesa, baseada em dois argumentos: a) indeferimento dos pedidos de perícia e diligência formulados; e b) não apreciação das razões de defesa sobre a nulidade do despacho decisório e a falta de motivação do indeferimento do direito creditório pleiteado. Em relação ao primeiro argumento, a recorrente asseverou que o indeferimento dos pedidos de perícia e diligência formulados na manifestação de inconformidade havia impossibilitadolhe de demonstrar, documentalmente, o crédito da Cofins pleiteado. As razões para o indeferimento dos pedidos de perícia e diligência suscitados pela recorrente na fase manifestação de inconformidade foram adequadamente analisados no voto condutor julgado recorrido e o indeferimento de ambos os pedidos foi devidamente a motivado. Segundo o referido voto, o pedido de perícia foi indeferido porque não atendera os Fl. 341DF CARF MF 8 requisitos legais, enquanto que a realização da diligência foi indeferida porque se revelara desnecessária ou dispensável para o deslinde da controvérsia. A análise dos elementos coligidos aos autos revela que o Colegiado julgador de primeiro grau decidiu com acerto, pois a realização de perícia somente se justifica se a análise do acervo probatório exige conhecimento técnico especializado de modo a demandar o concurso de especialista. E essa condição, inequivocamente, não se vislumbra no caso em tela, uma vez que as provas necessárias à comprovação do direito creditório pleiteado consistem em meros documentos fiscais e contábeis, cuja análise prescinde da participação do parecer de especialista. O pedido de diligência também foi corretamente indeferido. A uma, porque a recorrente não se dignou apresentar, com a manifestação de inconformidade, nenhum documento comprobatório do crédito pleiteado a que estava obrigada, por força do disposto no art. 15 do Decreto 70.235/1972. A duas, porque no curso do procedimento de análise do direito creditório, embora tenha sido intimada e reintimada pela fiscalização a apresentar os arquivos contábeis e fiscais digitais, imprescindíveis para apuração dos créditos apropriados, bem como a disponibilizar os livros e documentos contábeis e fiscais comprobatórios dos dados registrados nos correspondentes arquivos digitais, a recorrente não só não atendeu as intimações que lhe endereçadas, como não apresentou qualquer justificativa para tal omissão, o que motivou, inclusive, a lavratura de auto de embaraço à fiscalização, conforme noticia os autos. A grande quantidade de documentos não serve de justificativa para a recorrente não apresentar a necessária e indispensável documentação comprobatório dos créditos pleiteados, especialmente, tendo em conta que, por expressa determinação do caput art. 111 da Lei 8.218/1991, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158/2001, ela estava obrigada a manter, à disposição da fiscalização da RFB, os respectivos arquivos digitais. Não se pode olvidar ademais que a decisão sobre o deferimento ou não de produção de prova pericial ou de realização diligência é uma prerrogativa da autoridade julgadora, que integra o seu poder discricionário, consoante se extrai da leitura combinada dos arts. 18, 28 e 29 do Decreto 70.235/1972 e alterações posteriores, que seguem transcritos: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. [...] Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso. Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. 1 Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária..(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158 35, de 2001) Fl. 342DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 339 9 Assim, uma vez devidamente motivado o indeferimento dos referidos pedidos de perícia e diligência, resta evidenciada a improcedência do alegado cerceamento do direito de defesa da recorrente, especialmente, tendo em conta que, em momento algum, a recorrente não apresentou qualquer evidência de que dispunha das provas que alegou possuir. Também não procede alegação de que houve cerceamento do direito de defesa porque não foram apreciadas as alegações sobre a nulidade do despacho decisório nem apresentada a motivação para o indeferimento do direito creditório pleiteado. A simples leitura do voto condutor julgado infirma tais argumentos. Com efeito, diferentemente do asseverado pela recorrente, a alegada falta de cumprimento do disposto no art. 442 da Lei 9.784/1999, que assegura ao interessado, após o término da instrução do processo, o direito de manifestarse no prazo de dez dias, foi expressamente analisada no trecho do voto que segue reproduzido: Quanto a possíveis descumprimentos da Lei nº 9.784, de 1999, vale esclarecer que tal lei regula o processo administrativo no âmbito da Administração federal e se aplica apenas subsidiariamente àqueles regidos por lei própria, como o Processo Administrativo Fiscal (PAF), que é regulado pelo Decreto nº 70.235, de 1972. Assim, não procedem tais alegações, porquanto o presente foi formalizado em obediência ao PAF, não restando brechas para a aplicação subsidiária da Lei nº 9.784, de 1999, nos pontos indicados pela requerente. E esse fundamento não merece qualquer reparo, porque está em perfeita consonância com determina o art. 693 da Lei 9.784/1999, que exclui da regência da referida lei os processos administrativos específicos regulados por lei própria, a exemplo do processo administrativo fiscal, disciplinado pela Decreto 70.235/1972, que, materialmente, tem status de lei ordinária. Aliás, os preceitos da referida lei aplicamse apenas subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, logo, apenas às matérias não disciplinadas no citado decreto, o que não é o caso da intimação do contribuinte, assunto que se encontra expressamente regulado no citado diploma normativo. A propósito, cabe consignar que curso da fase instrutória do procedimento fiscal, de cunho inquisitorial, não há previsão para o contraditório, mas apenas para esclarecimentos. No âmbito do processo administrativo fiscal, o contraditório é plenamente assegurado ao contribuinte na fase litigiosa, que se inicia com a apresentação da impugnação ou da manifestação de inconformidade, como no caso em tela, segundo o disposto no art. 14 do do Decreto 70.235/1972, que tem a seguinte redação: “Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento.” E o referido preceito legal, está em perfeita sintonia com disposto no art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), que assegura a ampla defesa e o contraditório no processo judicial e administrativo. Também não é verdade que o julgado recorrido não apreciou às alegações sobre a motivação do indeferimento do direito creditório apresentada no despacho decisório. 2 Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestarse no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. 3 Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a regerse por lei própria, aplicandoselhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. Fl. 343DF CARF MF 10 Diferentemente do alegado, tal questão foi expressamente abordada no voto condutor julgado, conforme exposto nos trechos relevantes que seguem transcritos: Quanto ao mérito, a postulante alega que apresentou os arquivos e documentos solicitados, mas, em vez de analisar a documentação e solicitar novos esclarecimentos, a fiscalização apenas proferiu o despacho indeferindo o pleito, sem demonstrar as razões do indeferimento, o que caracterizaria a falta de motivação do lançamento e o cerceamento do direito de defesa. Tais alegações não procedem, pois a contribuinte foi intimada e reintimada a apresentar os elementos necessários à análise do pleito, conforme documentos de fls. 40 a 42 e 43 a 45, que sequer foram respondidas. Em duas oportunidades os auditoresfiscais realizaram diligências na sede da empresa, em São Paulo, com o fito de obter os documentos/esclarecimentos necessários, sendo que o representante da postulante alegava que não dispunha dos elementos requeridos. Também foi lavrado auto de embaraço à fiscalização, conforme documentos de fls. 51 a 53. Também carece de fundamentos as alegações de que os fiscais não foram razoáveis, que se furtaram a analisar os documentos e que contestaram apenas pequenos elementos componentes do crédito, mas não os demais, e ainda que deveriam continuar com as diligências, pois diante da negativa da postulante em apresentar os documentos solicitados não há o que se analisar. No que concerne à alegação de que seria impossível exercer suas atividades sem adquirir insumos, cumpre esclarecer que o indeferimento do pleito não foi devido ao fato de que a empresa não adquiriu insumos no período, mas sim porque as aquisições não foram comprovadas na forma e no valor em que foram consideradas pela contribuinte no Dacon, ou seja, pode haver aquisições que não gerem créditos, como as havidas de pessoas físicas, ou que gerem crédito parcial, ou ainda que para gerar crédito dependam da forma de utilização do bem ou serviço, e ainda outras situações específicas que somente podem ser esclarecidas se as operações forem detalhadas e, para isso, é preciso que a postulante forneça todos os elementos e esclarecimentos à fiscalização. Portanto, o fato de os créditos não terem sido atestados pela fiscalização não implica a conclusão de que as operações não aconteceram, mas sim que a requerente não logrou comprovar que as operações ocorreram da forma por ela declarada no Dacon e se deram origem a créditos da contribuição na forma por ela considerada. [...] No que tange à alegação de falta de motivação para o indeferimento pois este somente seria possível caso a interessada não possuísse efetivamente o direito ao crédito, cumpre esclarecer que o mérito do pedido não chegou a ser analisado pelos motivos acima expostos e que quem deu causa a essa Fl. 344DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 340 11 situação foi a própria requerente ao se recusar a colaborar com a análise. A simples leitura dos trechos transcritos evidencia que a motivação do indeferimento do direito creditório, ou seja, a falta de comprovação dos créditos apurados e pleiteados, foi devidamente analisada no julgado recorrido, porém, rejeitada a pretensão da recorrente ante a notória falta de consistência dos evasivos e genéricos argumentos por ela apresentados. Por todas essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, por não restar configurado o alegado cerceamento do direito de defesa e demonstrada a evidente improcedência dos argumentos suscitados pela recorrente. I.2 Da nulidade do despacho decisório No presente recurso, a recorrente reapresentou os mesmos argumentos sobre a nulidade do despacho decisório aduzidos na manifestação de inconformidade. E como tais argumentos foram apreciados de forma escorreita no voto condutor do julgado recorrido, com respaldo no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999, aqui adotase como razão de decidir e parte integrante deste voto os bem postos fundamentos fáticos e jurídicos apresentados no citado voto, como se transcritos neste estivessem. Em reforço aos irreparáveis fundamentos aduzidos no referenciado voto, no presente, cabe a este Relator analisar apenas as novas alegações suscitadas pela recorrente, especialmente, aqueles atinentes ao julgado recorrido. A recorrente alegou que não merecia acatamento o posicionamento adotado pela Turma de Julgamento a quo sobre a validade dos trabalhos fiscais, porque ofendia as regras administrativas aplicáveis e faria do MPF um instrumento inócuo e sem a validade que merece serlhe garantida. No que tange ao assunto, em outras oportunidades, este Conselheiro manifestou o atendimento de que o MPF tratase de instrumento de cunho gerencial, com o nítido objetivo de controlar e dar transparência a atividade de fiscalização externa da RFB, especialmente, para informar ao fiscalizado sobre a instauração e alcance do procedimento de fiscalização ou diligência, situação que foi devidamente atendida no caso em tela. No mesmo sentido, o entendimento esposado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), por meio do acórdão CSRF/0105.558, cuja ementa segue transcrita: MPF – DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 3007/2001 – NULIDADE – O desrespeito à previsão de indicação no MPFF de período fiscalizado e autuado não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o descumprimento de algum item do art. 7 da Portaria SRF 3007/2001 não traz como conseqüência a nulidade do ato. CARF, CSRF. 1ª Turma. Ac. CSRF/0105.558, de 4/12/2006, Rel. Cons. José Henrique Longo) Entretanto, ainda que assim não fosse, certamente, por falta de previsão legal, eventuais irregularidades na edição do MPF, o que não se vislumbra no caso em tela, não tem o Fl. 345DF CARF MF 12 condão de acarretar a nulidade do procedimento fiscal de apuração da certeza e liquidez do crédito pleteado em apreço, haja vista que as supostas irregularidades apontadas pela recorrente, admitidas para fim de exercício de argumentativo, inequivocamente, não causaram em nenhuma das hipóteses de nulidade do atacado despacho decisório, seja por incompetência da autoridade prolatora, seja por preterição de direito defesa, respectivamente, previstas nos incisos I e II do art. 59 do Decreto 70.235/1972. E no caso em tela, não ocorreu nenhuma das hipóteses. A uma, porque o procedimento foi realizado por autoridades fiscais competentes, nos termos do art. 6º da Lei 10.593/2002, com redação dada pela Lei 11.457/2007, e o despacho decisório proferido por autoridade competente, conforme a seguir demonstrado. A duas, porque não restou configurado o alegado cerceamento do seu direito de defesa, haja vista que a recorrente fora regularmente intimada de todos os atos praticados no curso do procedimento fiscal e conferido prazo adequado para se manifestar a respeito, e foi cientificada regularmente do despacho decisório, inclusive, apresentou duas robustas peças defensivas, em que demonstrou pleno conhecimento dos motivos pelos quais o pedido de ressarcimento em apreço foi integralmente indeferido e as compensações vinculadas ao crédito nele pleiteado não homologadas. Também não procede a alegação da recorrente de que “a fiscalização deveria ter sido realizada no seu estabelecimento, localizado no Município de São Paulo, Capital e por AFRF com jurisdição sobre tal localidade vinculados a DERAT/SP”. Diferentemente do alegado, não há obrigatoriedade para que a realização do procedimento de diligência ou do procedimento fiscal, incluindo a verificação ou apuração dos fatos, seja realizada no estabelecimento do contribuinte. Aliás, no âmbito deste Conselho, a matéria foi objeto do enunciado da Súmula CARF nº 6, que segue transcrito: “É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte.” O fato de as intimações terem sido assinadas por apenas um dos Auditores Fiscais também não implica qualquer mácula ao procedimento fiscal. Da mesma forma, também não há impedimento para delegação de competência, para fim de emissão de MPF, especialmente, para fim de análise de direito creditório formalizado por meio de pedido de ressarcimento. Com efeito, nos termos da Portaria RFB 11.371/2007, na época vigente, só havia previsão para emissão de três tipos de MPF, a saber: “F” (fiscalização), “D” (diligência) e “E” (especial). Este último emitido para os casos de flagrante constatação de infração a legislação tributária. Assim, a dispensa de emissão do MPF, no âmbito do procedimento fiscal de análise de direito creditório/compensação, justificase pelo fato de o despacho decisório, ato final do referido procedimento, ser proferido pelo próprio titular da unidade da RFB, logo, não faz o menor sentido o Delegado Receita Federal expedir MPF para ele mesmo. Em relação a esses pontos, merece destaque as pertinentes razões apresentadas nos excertos do voto condutor do julgado recorrido que seguem transcritos: O fato de os trabalhos de verificação e comprovação do direito creditório estarem sendo conduzidos pela setor de fiscalização da DRF devese ao tipo de trabalho a ser efetuado e não que se trata efetivamente de um procedimento típico de fiscalização tendente a apurar irregularidades ou infrações à legislação tributária, que, em tese, deveria ser precedido da emissão de um MPFF. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 341 13 Desta forma, diante do exposto, eventuais irregularidades no MPF de modo algum podem levar à anulação do despacho decisório, como quer a requerente, primeiramente porquanto esse documento, criado e regulamentado por norma infralegal, constituise em mero instrumento de gerenciamento da atividade fiscal, e, em segundo lugar, porque, para o pedido de ressarcimento, não há previsão explícita para a emissão desse tipo de documento. Digase em adendo que não há nas normas reguladoras do MPF a exigência de que todas as intimações sejam assinadas por todos os auditoresfiscais discriminados no mandado, como quer a interessada. Também não procede a alegação da recorrente de que o despacho decisório era nulo porque proferido por autoridade incompetente. Para a recorrente, por força do disposto no art. 57, caput, da Instrução Normativa SRF 900/2008, somente o Delegado da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo (Derat/SP) possuía competência para emitir o questionado despacho decisório, uma vez que a recorrente encontravase na jurisdição da citada Delegacia. Sem razão a recorrente, porque, embora o citado preceito normativo conferisse ao titular da DRF, Derat ou Deinf da jurisdição sobre o domicílio do contribuinte a competência para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, por meio da Portaria 34/2008 (fls. 37/39), tal competência foi temporariamente transferida pelo Superintendentes Adjunto da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal da Derat/São Paulo para DRF/Araçatuba, para fim de análise do pedido ressarcimento objeto dos presentes autos, ou seja, as atribuições insertas no art. 160 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF 95/2007, especialmente as previstas nos incisos V, VI e X. E essa transferência temporária de competência foi feita com respaldo no art. 249 do citado Regimento Interno da RFB, vigente à época, a seguir transcrito: Art. 249. Aos Superintendentes da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil de Julgamento e InspetoresChefes da Receita Federal do Brasil das ALF e IRF de Classe Especial A, Especial B e Especial C incumbe ainda, no âmbito da respectiva jurisdição: [...] VII transferir, temporariamente, competências e atribuições entre unidades, subunidades e dirigentes subordinados, no interesse da administração. [...] (grifos não originais) Assim, resta demonstrado que, por força da referida transferência temporária de competência, o titular do DRF/Araçatuba, ou a quem delegada tal competência, inequivocamente, possuía sim competência para prolatar o Despacho Decisório de fls. 182/184, com suporte nos fundamentos e conclusões exaradas no Parecer Saort nº 10820/827/2009 (fls. 173/181. Fl. 347DF CARF MF 14 Ainda sobre esse ponto, a recorrente alegou que a referida delegação de poderes/competência, para a emissão do citado Despacho Decisório, não era possível, por força das restrições previstas no art. 13, I e III, da Lei 9.784/1999, que tem o seguinte teor, in verbis: Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I a edição de atos de caráter normativo; [...] III as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Mais uma vez, não assiste razão à recorrente, porque, a toda evidência, as vedações contidas nos incisos do preceito legal em referência, induvidosamente, não se aplica ao caso em tela. A uma, porque o despacho decisório não é ato de caráter normativo, mas de evidente natureza decisória. A duas, porque a matéria delegada não é da competência exclusiva da Derat/São Paulo, mas de todas as DRF, Derat ou Deinf integrantes da estrutura administrativa da RFB. Não é demais ressaltar que, diferentemente do que alegou a recorrente, somente as decisões de órgão singulares da administração tributária, a que a lei atribua eficácia normativa, nos termos do art. 100, II, do CTN, tem status de ato normativa e são considerados “normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos”, o que, sabidamente, não ocorre com os despachos decisórios proferidos pelos titulares das referidas unidades administrativas da RFB, por uma razão óbvia: não existe lei que lhe atribua tal eficácia. Aliás, por ausência da referida atribuição legal, sequer as decisões desse Conselho ostentam o status de ato normativo. Logo, assim como o despacho decisório, tais decisões têm caráter meramente decisório e, como tal, efeito apenas interpartes, ou seja, restrito apenas as partes interessadas. A recorrente alegou nulidade do despacho decisório, por ausência de intimação da recorrente para se manifestar, no prazo de dez dias após o encerramento da fase de instrução, prevista no art. 44 da Lei 9.784/1999. Tratase alegação fora de contexto. A referida exigência, sabidamente, não se aplica ao processo administrativo fiscal, que tem norma específica no Decreto 70.235/1972, que disciplina o assunto. Também contraria os fatos provados nos atos, a alegação de nulidade do despacho decisório, baseada no argumento de que, nos termos do art. 928 do Decreto 3.000/1999 (RIR/1999), a recorrente deveria ter sido concedido prazo para a recorrente apresentar documentos. As provas coligidas aos autos, especialmente o conteúdo dos relatos contidos nos documentos de fls. 66/73, comprovam que a recorrente, embora regularmente intimida e reintimada a apresentar, nos prazos estabelecidos, arquivos digitais e documentos necessários à confirmação da apuração dos créditos, sempre tratou com descaso e desdém as referidas intimações e, de forma deliberada e intencional, omitiuse de apresentar os arquivos digitais e os documentos a que estava obrigada a apresentar, por força do disposto no art. 11 da Lei 8.218/1991, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158/2001, no art. 928 do RIR/1999 e no art. 3º da Instrução Normativa SRF 387/2004. Ao contrário do que alegou a recorrente, ao dispor que nenhuma “pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não poderá eximirse de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal”, o referido preceito regulamenar obriga a recorrente a apresentar os arquivos e documentos solicitados. E as provas coligidas aos autos demonstram cabalmente que, diferentemente do Fl. 348DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 342 15 alegado, a recorrente procedeu de forma contrária ao que dispõe o citado preceito regulamentar. Por isso, ela foi corretamente sancionada pela prática da infração de embaraço à fiscalização. A recorrente também falta com a verdade ao asseverar que “próprios AFRFs reconheceram a entrega de documentos a DEFIC e de diversos arquivos digitais e, ao invés de terem analisados os materiais e solicitarem eventualmente novos esclarecimentos se fosse necessário, simplesmente emitiram um Parecer totalmente acatado pelo Chefe da SAORT da DRF/Araçatuba”. A uma, porque não provou o alegado. A duas, porque os fatos noticiados e devidamente comprovados nos autos demonstram o contrário, ou seja, que a recorrente tratou com absoluto descaso as intimações e reintimações formuladas no curso procedimento fiscal e não apresentou ou disponibilizou nenhum documento nem apresentou qualquer justificativa para a sua deliberada e intencional omissão. Ainda sobre a nulidade do despacho decisório, a recorrente alegou que, não obstante a vontade em fornecer os documentos solicitados, a fiscalização agira sem razoabilidade e contrariou os diversos dispositivos legais, dentre os quais destacou os arts. 2º4, parágrafo único, VI e X, e 3º, I, da Lei 9.784/1999, que tratam, respectivamente, de princípios e critérios jurídicos aplicáveis ao processo administrativo federal e direitos do administrado perante Administração. Obviamente, tratase de mais uma de alegação genérica, posto que não foi demonstrado, especificamente, quais os atos que afrontaram os princípios e critérios jurídicos ou direitos previstos nos citados preceitos legais. Deveras, ao contrário do que alegou a recorrente, por meio dos Termos de fls. 49/54, ela foi intimada e reintimada a apresentar os arquivos digitais, bem como a disponibilizar os livros e demonstrativos contábeis e fiscais pertinentes, assim como os originais das notas fiscais, recibos, faturas etc., relativos ao período de julho a setembro de 2004. No final do termo de reintimação, as autoridades fiscais deixaram consignado o seguinte aviso: Desta forma, fica o sujeito passivo novamente cientificado de que a não apresentação dos elementos exigidos pela fiscalização, no prazo acima consignado, implicará na proposta de indeferimento do valor dos créditos pleiteados nos pedidos de ressarcimento que estão consubstanciados nos referidos processos. 4 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: [...] VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; [...] X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; [...] Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; [...] Fl. 349DF CARF MF 16 Na ausência de resposta e qualquer justificativa, as autoridades fiscais foram ao endereço da recorrente e lavraram o Termo de Constatação Fiscal de fls. 56/57, no qual foi relatado o seguinte: 1. O sujeito passivo foi intimado por via postal por meio do Termo de Intimação Fiscal, de 04/05/2009, para, no prazo de vinte dias, apresentar os arquivos digitais exigidos nos itens 1 e 2 daquele termo. A ciência se deu em 08/05/2009 e o prazo para atendimento encerrouse em 01/06/2009. Até aquela data nenhum dos arquivos digitais exigidos pela fiscalização foi apresentado pelo sujeito passivo. 2. O sujeito passivo foi novamente intimado por via postal por meio do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal, de 15/06/2009, para, no prazo de dez dias, apresentar os arquivos digitais já mencionados no item anterior. A ciência se deu em 19/06/2009 e o prazo para atendimento encerrouse em 01/07/2009. Até aquela data nenhum dos arquivos digitais exigidos pela fiscalização foi apresentado pelo sujeito passivo. 3. Nesta data (02/07/2009) nos dirigimos até São Paulo, no endereço acima mencionado, sendo atendidos às 08:30 pelo Advogado Sr. Tiago Dias de Amorim, que declarou não possuir procuração do sujeito passivo, mas que iniciaria o atendimento. Acrescentou ainda que o Sr. Vagner Aparecido da Cruz, procurador do sujeito passivo, chegaria dentro de quarenta minutos para finalizar o atendimento e assinar os Termos ora lavrados. Em seguida apresentamos ao Sr. Tiago cópia do Termo de Intimação Fiscal, de 04/05/2009 e do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal, de 15/06/2009, pendentes de atendimento; e, dele exigimos a apresentação de todos os arquivos digitais ali mencionados. Em resposta o Sr. Tiago afirmou que não possuía nenhum dos arquivos digitais exigidos nestes Termos e acrescentou que estes estariam sendo preparados pelo sujeito passivo. (grifos dos originais) E diante da impossibilidade de verificação dos créditos apropriados e informados pela recorrente no Dacon, em face da não apresentação dos arquivos digitais e dos documentos contábeis e fiscais solicitados, não restou outra alternativa à fiscalização que não a proposição da glosa integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins do 3º trimestre de 2004, pelas razões expostas na descrição dos fatos do Autos de Infração da glosa dos créditos da Cofins, que integra o processo nº 15868.001186/200938 (fls. 54/62), que se encontra a este apenso. Das cópias do Auto de Infração da Glosa dos Créditos da Cofins, colacionadas aos presentes autos (fls. 66/73), merece destaque os seguintes relevantes trechos: Mais uma vez ficou muito claro para esta fiscalização que a intenção do sujeito passivo continua sendo a de não apresentar os elementos e informações solicitados pela fiscalização, imprescindíveis para a análise dos pedidos de ressarcimento. O descaso do sujeito passivo para com a fiscalização é absoluto. Decorridos mais de três meses desde a primeira intimação datada de 04/05/2009, o sujeito passivo não apresentou nenhum dos elementos exigidos pela fiscalização. Desta vez, diferentemente do procedimento adotado pelo sujeito passivo por ocasião da análise dos trimestres anteriores, nem mesmo a Fl. 350DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 343 17 escrituração contábil em arquivos digitais foi por ele apresentada. A apresentação da escrituração contábil e fiscal, bem como de planilhas ou qualquer outro documento equivalente que demonstrem a forma de apuração dos valores informados no DACON; bem como a apresentação dos documentos comprobatórios exigidos pela fiscalização, são imprescindíveis para a verificação da legitimidade e materialidade do crédito pleiteado. A legislação obriga o xsujeito passivo a manter tais controles. (grifos dos originais) Em relação a esses fatos, devidamente comprovados nos autos, nada foi dito pela recorrente, que continuou a sua saga de apresentar apenas alegações evasivas e genéricas, desprovidas de qualquer suporte probatório. Com total fidelidade a tal estratégia de defesa, a recorrente alegou que o Despacho Decisório era nulo, porque não existia “legislação garantindo a possibilidade do indeferimento do Pedido de Ressarcimento pelo motivo descrito no seu texto”. Ora, o motivo da glosa integral dos créditos não foi motivada por ausência de amparo legal, mas por falta de total comprovação dos créditos informados nos Dacon, por meio dos arquivos e documentação exigidos pela legislação. A recorrente alegou que o Despacho Decisório era nulo, porque houve erro e falta de motivação para sua validade jurídica. Para a recorrente, os fundamentação apresentados não eram adequados, para ocasionar o indeferimento da totalidade do pedido de ressarcimento pleiteado, “porque, na realidade, negaram totalmente um crédito como se a empresa não adguirisse [sic] insumos para a sua produção.” Sem razão a recorrente. Reafirmase, novamente, a glosa integral somente ocorreu porque a recorrente negouse a apresentar qualquer documento comprobatório do crédito pleiteado, o que impossibilitou a confirmação dos créditos informados. Essa questão como está relacionada diretamente com mérito da controvérsia, ela será analisado em detalhe a seguir. A recorrente alegou que o Despacho Decisório deveria ser cancelado, porque foi lavrado com base em levantamento fiscal precário. Ora, se houve levantamento fiscal fiscal precário, essa deficiência, certamente, não pode ser atribuída a fiscalização, mas ao claro propósito da recorrente de não fornecer os arquivos, documentos e prestar os esclarecimentos necessários à confirmação da legitimidade do direito creditório informado e pleiteado, que foram regularmente solicitados pela fiscalização no curso do procedimento fiscal. Enfim, em sede de preliminar, a recorrente alegou que o Despacho Decisório deveria ser cancelado, porque houve cerceamento do seu direito de defesa, porque em nenhum momento foram apresentados motivos que justificassem o posicionamento fiscal de indeferir totalmente o direito creditório pleiteado. Na mesma linha de raciocínio, a recorrente alegou que não houve cumprimento do princípio da verdade material, porque competia aos auditores fiscais “realizarem os atos necessários para garantir esta análise, realizando novas diligências com a intimação da Recorrente apresentar seus documentos fiscais no seu estabelecimento de São Paulo, Capital, com a sucessiva concessão de prazo razoável para o fornecimento.” Fl. 351DF CARF MF 18 A recorrente repete as mesmas alegações evasivas e genéricas com expressões diferentes, inclusive com menção a institutos e princípios relevantes para o processo administrativo fiscal, tais como “não preterição do direito de defesa” e “princípio da verdade material”, com o claro propósito de conferir alguma robustez argumentativa a sua retórica vazia de conteúdo relevante para o deslinde da presente lide, mas não apresenta qualquer fundamento fático, corroborado por provas, que dê suporte a tais argumentos ou que infirmem os sólidos fundamentos fáticos e jurídicos apresentados no questionado Despacho Decisório. Por todas essas razões, rejeitase todas as preliminares de nulidade do Despacho Decisório suscitadas pela recorrente. II Das Questões Prejudiciais de Mérito As questões prejudiciais de mérito suscitadas pela recorrente foram a homologação tácita do direito ao ressarcimento e das compensações declaradas. Em relação ao direito ao ressarcimento, a recorrente alegou que o pedido formulado não podia ser mais indeferido, porque consumarase o prazo quinquenal da homologação tácita do direito ao ressarcimento, previsto no art. 150, § 4°, do CTN e no art. 74, § 5º, da Lei 9.430/1996. Diferentemente do alegado pela recorrente, sabese que o prazo quinquenal, fixado no art. 150, § 4º, do CTN, diz respeito à homologação tácita estabelecido para o lançamento por homologação, situação estranha aos presentes autos, que trata de pedido de ressarcimento e declaração de compensação. Enquanto que o prazo quinquenal, fixado no art. 74, § 5º, da Lei 9.430/1996, cingese à homologação tácita da compensação declarada. Não há na legislação do País prazo fixado para a homologação tácita do pedido de ressarcimento. Em decorrência, não há que se falar em homologação tácito do pedido de ressarcimento até que tal prazo seja estabelecido em lei. A propósito, cabe consignar que a autoridade julgadora, especialmente na esfera administrativa não pode superar, por meio da analogia, a omissão do legislador e reconhecer direito creditório em favor do contribuinte sem suporte em norma legal vigente, sob pena de usurpação da função legislativa, atribuída ao Poder Legislativo em caráter exclusivo. E conforme já mencionado, o prazo quinquenal de homologação tácita, instituído no art. 74, § 5o, da Lei 9.430/1996, com a redação dada pela Lei 10.833/2003, aplica se apenas a Declaração de Compensação (DComp), em relação às quais o recorrente alegou também a ocorrência de homologação tácita. Porém, diferentemente do que alegou a recorrente, a análise da documentação coligida aos autos revela que não ocorreu a homologação a tácita de nenhuma das DComp apresentadas para fim de compensação com crédito pleiteado nos presentes autos, que se encontram relacionadas na planilha colacionada aos autos. Com efeito, de acordo com os dados da referida planilha, a DComp mais antiga foi apresentada/protocolada no dia 9/8/2005. Assim, como a recorrente foi cientificada do despacho decisório em apreço no dia 29/9/2009 (fl. 186), logo, nenhuma das DComp vinculada ao presente pedido de ressarcimento foi tacitamente homologada. Com base nessas considerações, resta demonstrada a improcedência das alegações de decadência ou homologação tácita suscitadas pela recorrente. III Dos Pedidos de Diligência e Perícia. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 344 19 No recurso em apreço, a recorrente reapresentou os mesmos pedidos de perícia e diligência apresentados na fase de manifestação de inconformidade. A realização de perícia revelase totalmente prescindível. A uma, porque as respostas aos requisitos formulados pela recorrente prescinde da participação de especialista. Tratase de questões facilmente respondíveis, mediante análise dos documentos da escrituração contábil e fiscal da recorrente. A duas, porque as respostas aos referidos quesitos seriam facilmente respondíveis, com mera análise da documentação contábil e fiscal solicitada pela fiscalização. O que teria certamente ocorrido, se a recorrente tivesse cumprido a sua obrigação e, em atendimento aos pedidos de intimação e reintimação da fiscalização, tivesse apresentado os arquivos digitais e os documentos contábeis e fiscais indispensáveis para a confirmação dos créditos declarados/pleiteados, ou ao menos tivesse apresentado um justificativa plausível para tal omissão, o que não existiu, no presente caso. A realização de diligência também revelase impraticável, uma vez que a recorrente não trouxe à colação dos autos os arquivos digitais e a documentação solicitada. E por força da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/1972, não há como mais apresentála, a menos que tivesse comprovado uma das condições excepcionais especificadas nas alíneas do citado § 4º, o que não ocorreu no caso em tela. A alegação da recorrente de que os documentos que serviram de base para a apuração do direito creditório eram inúmeros para serem juntados aos autos, “prejudicando até a sua análise por perfazer vários volumes de documentos, estando todos no seu estabelecimento”, não se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais mencionadas. A grande quantidade de documentos não é justificativa idônea para que tais arquivos/documentos não fossem carreados aos autos, ou apenas parte deles. No caso, pelo menos os arquivos digitais obrigatórios deveriam ter sido carreados aos autos, o que também não ocorreu. Cabe ressaltar, entretanto, que com a manifestação de inconformidade, a recorrente limitouse a apresentar uma planilha de “apuração de créditos” (fl. 228) e cópias das folhas “resumo para apuração de ICMS Entradas” (fls. 229/239), ou seja, documentos por ela própria elaborados, em vez dos arquivos digitais e da documentação fiscal e contábil a que ela estava obrigada a manter a disposição da fiscalização, que se revela notoriamente insuficiente para justificar qualquer análise mediante diligência ou perícia. Além disso, se a recorrente dispunha dos referidos documentos no seu estabelecimento, conforme alegado, porque não os exibiu aos auditores fiscais, que lá compareceram, exclusivamente, com o propósito de analisálos? Como não há nas duas defesas apresentadas pela recorrente resposta ou justificativa plausível para essa pergunta, este julgador ficou desprovido de qualquer fundamento razoável, para deferir os pedidos de diligência e perícia em apreço. A propósito da atitude omissa da recorrente, merece destaque o fato de a recorrente, no presente recurso, em vez de aproveitar a oportunidade e apresentar justificativas convincentes para a sua deliberada e intencional omissão de apresentar/exibir para a fiscalização os arquivos digitais e os documentos contábeis e fiscais imprescindíveis à análise do direito creditório pleiteado, a recorrente esbanjouse na apresentação de alegações genéricas e evasivas, o que é um forte indício de que a sua defesa não teve o propósito de esclarecer as injustificáveis omissões de atendimento às intimações e reintimações da fiscalização, mas de Fl. 353DF CARF MF 20 suscitar questões formais ou meramente jurídicas sem relação direta com o motivo do indeferimento dos créditos e a consequente não homologação das compensações declaradas, ou seja, a ausência total de comprovação do crédito declarado. E não foi só isso! Em vez de apresentar os arquivos e documentos comprobatórios dos fatos alegados, a que estava obrigada, nas duas oportunidades que compareceu aos autos, a recorrente limitouse a apresentar alegações evasivas e genéricas restrita a aspectos meramente formais atinentes ao procedimento fiscal e ao correspondente despacho decisório em apreço. Quando o relevante era apresentar justificativas para o não cumprimento da sua obrigação de apresentar os arquivos digitais e toda documentação necessária a confirmação dos créditos apropriados e pleiteados. E ao optar pela estratégia da omissão, a recorrente deve arcar com os ônus dela resultante. Enfim, não é demais ressaltar que não é função da autoridade julgadora suprir omissão probatória, seja da fiscalização, seja do contribuinte, especialmente, quando a omissão aparenta ser uma intencional estratégia de defesa, como no caso em tela. Por todas essas razões, os pedidos de diligência e perícia devem ser indeferidos. IV Das Questões de Mérito No mérito, o cerne da controvérsia cingese à comprovação do valor crédito da Cofins do 3º trimestre de 2004 pleiteado/compensado nos presentes autos. De acordo com o questionado Despacho Decisório o motivo para o não reconhecimento do valor integral do crédito pleiteado/compensado foi a “não apresentação dos livros contábeis requisitados e dos documentos comprobatórios originais dos créditos alegados”. No recurso em apreço, a recorrente limitouse em alegar que possuía “o direito ao ressarcimento dos Créditos da COFINS como comprovam os documentos existentes no seu estabelecimento e disponíveis para a verificação fiscal.” (destaques do original) Não basta alegar que dispõe dos documentos necessários à comprovação dos créditos! Se a recorrente tinha tais documentos, porque não os exibiu a fiscalização quando esta compareceu no seu estabelecimento? E porque não trouxe aos autos, na fase de manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 15 do Decreto 70.235/1972? A simples apresentação da referida planilha de apuração dos créditos, acompanhada apenas das cópias folhas do resumo do Livro de Entradas, sabidamente, não representam elementos probatórios suficientes para fim de comprovação dos créditos da Cofins em apreço. A apresentação da escrituração contábil e fiscal, bem como das planilhas ou qualquer outro documento equivalente que corroborassem a apuração dos valores dos créditos informados no Dacon, bem como a apresentação dos documentos comprobatórios exigidos pela fiscalização, constituem elementos imprescindíveis para a verificação da legitimidade e confirmação dos valores dos créditos pleiteados/compensados, conforme estabelecido no art. 3º da Instrução Normativa SRF 387/2004, a seguir reproduzido: Art. 3º O sujeito passivo deverá manter controle de todas operações que influenciem a apuração do valor devido das contribuições referidas no art. 2º e dos respectivos créditos a serem descontados, deduzidos, compensados ou ressarcidos, na forma dos arts. 2º, 3º, 5º, 5ºA, 7º e 11 da Lei nº 10.637, de 2002, Fl. 354DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 345 21 dos arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 9º e 12 da Lei nº 10.833, de 2003, especialmente quanto: I às receitas sujeitas à apuração da contribuição em conformidade com o art 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e com o art. 2º da Lei nº 10.833, de 2003; II às aquisições e aos pagamentos efetuados a pessoas jurídicas domiciliadas no País; III aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no inciso I; IV aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação e de vendas a empresas comerciais exportadoras com fim especifico de exportação, que estariam sujeitas à apuração das contribuições em conformidade com o art. 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e com o art. 2º da Lei nº 10.833, de 2003, caso as vendas fossem destinadas ao mercado interno; e V ao estoque de abertura, nas hipóteses previstas no art. 11 da Lei nº 10.637, de 2002, e no art. 12 da Lei nº 10.833, de 2003. Parágrafo único. O controle a que se refere o caput deverá abranger as informações necessárias para a segregação de receitas referida no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, observado o disposto no art. 100 da Instrução Normativa nº 247, de 21 de novembro de 2002. (grifos não originais) No mesmo sentido, determinava o art. 24 da Instrução Normativa SRF 460/2004, vigente à época da protocolização do pedido, que a autoridade da RFB competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderia condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, nos termos a seguir transcritos: Art. 24. A autoridade da SRF competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos da pessoa jurídica a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. (grifos não originais) Ciente dessas obrigatoriedades, porque a recorrente, desde o início do procedimento fiscal até a apresentação do recurso em apreço, insistiu com a estratégia da omissão? As explicações foram apresentadas pelas autoridades fiscais nos excertos da descrição dos fatos integrante do Auto de Infração da glosa dos créditos da Cofins do 3º trimestre de 2004, a seguir reproduzidos: Por que, o sujeito passivo, apesar de insistentemente intimado e reintimado, não quer detalhar a forma de apuração dos valores informados no DACON? Não quer detalhar porque ou constituiu Fl. 355DF CARF MF 22 créditos sobre valores que não estão descritos no artigo 3º da Lei n.° 10.637 de 2002 e da Lei n.° 10.833 de 2003, ou porque fez á apuração dos créditos de maneira incorreta, ou porque não tem os documentos comprobatórios dos valores informados como base de cálculo para apuração dos créditos, ou, ainda, porque "fabricou" créditos. Para comprovar o que afirmamos no parágrafo anterior vamos citar apenas dois exemplos. Vejamos a seguir. Consultamos a DIPJ/2005 do sujeito passivo e verificamos que o mesmo informou na ficha 32 (Remetentes de insumos/mercadorias), para seu estabelecimento filial de CNPJ 01.597.168/000270, diversos CPFs. Comprovase então que o sujeito passivo adquiriu gado de pessoas físicas e que, muito provavelmente, informou os valores correspondentes a estas aquisições incorretamente na linha 02 (bens utilizados como insumos) das fichas 04 e 06 do DACON, pois não há nenhum valor informado na linha 18 (crédito presumido atividades agroindustriais) das fichas 04 e 06 do DACON. A consulta foi juntada às fls. 32. Na mesma ficha 32 (Remetentes de insumos/mercadorias) da DIPJ/2005 o sujeito passivo informou, para seu estabelecimento filial de CNPJ 01.597.168/000601, a empresa Agroindustrial Rena Ltda CNPJ 03.352.718/000135 como seu segundo suposto maior fornecedor (R$ 107.132.624,60 no ano de 2004). Consultamos os sistemas da Receita Federal e verificamos que os sócios atuais da referida empresa são pessoas de patrimônio irrisório, residentes em Lins e Sabino (SP), muito provavelmente, "laranjas". Vamos supor que esta empresa, que em 2004 tinha como seu maior sócio a Bracol Holding, não seja de fachada e que realmente tenha fornecido insumos ao sujeito passivo. A partir de agosto de 2004 os insumos de origem vegetal e animal (definidos na IN SRF 660/2006) podiam, ser vendidos com suspensão da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins para empresas fabricantes de produtos destinados à alimentação humana ou animal. Neste caso, quem adquirisse insumos com a suspensão poderia se creditar nos mesmos moldes das aquisições feitasjunto à pessoas físicas (crédito presumido). Aqui mais um erro cometido pelo sujeito passivo no preenchimento do DACON, pois se o tivesse preenchido de forma correta teria apurado créditos (crédito presumido) em valores muito menores, isto considerando se realmente ocorreram as aquisições de tais insumos. Portanto, eis mais um motivo porque o sujeito passivo não quer apresentar documentos comprobatórios. De qualquer forma, gostaríamos de acreditar que o sujeito passivo possua documentos IDÔNEOS comprobatórios dos efetivos pagamentos realizados para esta empresa (Aqroindustrial Rena Ltda) no ano de 2004 correspondentes ao valor total de R$ 107.132.624,60, valor este por ele considerado como base de cálculo para apuração de créditos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Quem sabe possa ele apresentar tais documentos em impugnação ou recurso, que certamente serão apresentados. No entanto, diante do descaso do sujeito passivo, temos quase certeza de que tais documentos, neste procedimento administrativo, não serão apresentados. As consultas foram juntadas às fls. 33 a 37. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 346 23 Mais uma vez registramos que esta fiscalização buscou comprovar a liquidez e certeza dos créditos pleiteados e solicitou do sujeito passivo a apresentação da escrituração contábil e fiscal, livros, documentos, planilhas e informações complementares necessárias e imprescindíveis ao exame, por meio de intimações e reintimações. Como já dissemos o descaso do sujeito passivo'para com a fiscalização foi absoluto. Em relação aos valores informados nas linhas 02, 04, 05, 09, 11,.13, 14, 15, 19, 23, 27, 28, 29, 30 e 33 das fichas 04 e 06 do DACON, diante de todo o acima já exposto, ficou claro para esta fiscalização que a apuração dos créditos foi realizada de forma totalmente incorreta pelo sujeito passivo e é impossível para esta fiscalização quantificar eventuais créditos existentes, pois o sujeito passivo não apresentou os elementos necessários para que o fizéssemos. Registrese, ainda, que o sujeito passivo foi intimado e reintimado por mais de uma vez para apresentar os elementos necessários e imprescindíveis para a realização da análise, inclusive sendo cientificado de que a não apresentação dos mesmos, implicariam na proposta de indeferimento do valor do crédito pleiteado. Desta forma, utilizamos o próprio programa disponibilizado pela Receita Federal e elaboramos as fichas 04 e 06 do DACON para demonstrar a inexistência dos créditos. Estes demonstrativos (fichas 04 e 06 do DACON) acompanham1 o presente auto de infração e também foram juntados por cópia às fls. 38 a 43. (grifos dos originais) O teor desse relato esclarece as razões da omissão da recorrente, ou seja, que a apresentação dos citados documentos, naquela oportunidade, poderiam servir de provas não só de irregularidades tributárias mais gravosas para as recorrentes, mas, provavelmente, da prática, em tese, de fraude e sonegação fiscal, com possíveis implicações na seara criminal. Dada essa circunstância, reabrir a fase de instrução probatória no atual estágio processual, quando o direito de constituição dos créditos decorrente de graves irregularidades tributária já estariam alcançados pela decadência, os possíveis crimes, em tese, contra a ordem tributária prescritos, certamente, coroaria de pleno êxito a estratégia omissa da recorrente, com evidente triunfo da astúcia sobre franqueza, da torpeza sobre moralidade. Enfim, seria a consagração do princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). Não se pode olvidar, ademais, que como os presentes autos tratam de pedido de ressarcimento, o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito pleiteado, inequivocamente, recai sobre a pessoa do contribuinte formulador do pedido de ressarcimento, segundo dispõe o art. 373 do CPC, a seguir transcrito, que se aplica supletiva e subsidiariamente ao processo administrativo, por força do art. 15 do CPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva Fl. 357DF CARF MF 24 dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou, à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. [...] (grifos não originais) Da mesma forma, o art. 36 da Lei 9.784/1999, que se aplica supletiva e subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, também atribui ao autor do feito ou do pedido o ônus da produção da prova constitutiva do seu direito. Com base nessas considerações, tendo em conta que a recorrente não apresentou a documentação necessária à confirmação do direito creditório pleiteado/compensado, deve ser mantido o indeferimento integral do valor crédito pleiteado e a não homologação de todas as compensações vinculadas ao referido crédito. Da incidência da taxa Selic No recurso em apreço, a recorrente alegou o direito ao ressarcimento com a incidência da Selic sobre os valores aproveitados contados da data do protocolo do pedido de ressarcimento até o seu efetivo ressarcimento e/ou compensação, por ser um índice de atualização monetária. Porém, se a referida taxa não pudesse ser aplicada como atualização monetária, o que admita apenas para argumentar, por ser o ressarcimento uma espécie de restituição a mesma deve ser considerada como garante o artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/1995. No caso, embora não tenha sido reconhecido crédito, o que dispensaria análise dessa questão, para evitar que, em caso de reforma deste julgado pela CSRF, os autos retornem a este Colegiado para análise apenas dessa questão, passase analisála. Para os créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe expressa vedação a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II Fl. 358DF CARF MF Processo nº 13804.000533/200509 Acórdão n.º 3302005.289 S3C3T2 Fl. 347 25 RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). Fl. 359DF CARF MF 26 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.5 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. V Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar as preliminares e prejudiciais de mérito suscitadas e, no mérito, por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 5 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 360DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15169.000139/2015-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 01 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF
Período de apuração: 04/01/2007 a 30/06/2007
AUTO DE INFRAÇÃO. INCORREÇÃO NA BASE DE CÁLCULO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Eventual incorreção na apuração da base de cálculo não macula a validade do auto de infração, mormente se a apontada imprecisão resta incomprovada.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 04/01/2007 a 30/06/2007
CPMF. ALÍQUOTA ZERO. ENTIDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. COISA JULGADA MATERIAL.
Deve-se cumprir a decisão judicial transitada em julgado, que reconheceu a redução da alíquota à zero da CPMF, sobre as operações vinculadas à qualidade de arrendadora da entidade.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3401-004.376
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, que buscava unicamente suscitar nulidade da autuação, devendo a autoridade executora do presente julgado, cumprir a decisão judicial (MS n° 2004.61.00.027667-0/SP, AMS nº 283363 e REsp nº 1307739/SP), transitada em julgado, em 18/11/2014, promovendo a liquidação e cobrança do presente processo administrativo em consonância com o decidido judicialmente.
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, Renato Vieira de Ávila (Suplente), Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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ARRENDAMENTO MERCANTIL (Antigo Real Leasing S.A. Arrendamento Mercantil) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 04/01/2007 a 30/06/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. INCORREÇÃO NA BASE DE CÁLCULO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Eventual incorreção na apuração da base de cálculo não macula a validade do auto de infração, mormente se a apontada imprecisão resta incomprovada. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 04/01/2007 a 30/06/2007 CPMF. ALÍQUOTA ZERO. ENTIDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. COISA JULGADA MATERIAL. Devese cumprir a decisão judicial transitada em julgado, que reconheceu a redução da alíquota à zero da CPMF, sobre as operações vinculadas à qualidade de arrendadora da entidade. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, que buscava unicamente suscitar nulidade da autuação, devendo a autoridade executora do presente julgado, cumprir a decisão judicial (MS n° 2004.61.00.0276670/SP, AMS nº 283363 e REsp nº 1307739/SP), transitada em julgado, em 18/11/2014, promovendo a liquidação e cobrança do presente processo administrativo em consonância com o decidido judicialmente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 9. 00 01 39 /2 01 5- 01 Fl. 575DF CARF MF Processo nº 15169.000139/201501 Acórdão n.º 3401004.376 S3C4T1 Fl. 576 2 ROSALDO TREVISAN Presidente. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, Renato Vieira de Ávila (Suplente), Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório (fls.1 184/186) da decisão recorrida, o qual passo a transcrever: “Tratase de impugnação a exigência fiscal relativa à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e Créditos e Direitos de. Natureza Financeira CPMF, formalizada no auto de infração de fls. 277/293: O feito, relativo a fatos geradores ocorridos entre janeiro:de 2006 e junho de 2007, constituiu crédito tributário no montante de R$3.334.895,21, incluídos principal e juros de mora. Não houve imposição de multa de ofício. A motivação do lançamento está detalhada no TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL de fls. 274/275: DOS FATOS No curso da ação fiscal, verificamos que o Contribuinte ingressou com Mandado de Segurança, autuado sob n° 2004.61:00.0276670 (..), objetivando a concessão de liminar, e segurança, para garantir a incidência da CPMF na forma prevista no artigo 8°, inciso III; da Lei n° 9.311/96, nas operações praticadas pelo contribuinte e relacionadas na Portaria n° 244/2004, e suspensão da exigibilidade da exação até julgamento do mérito da ação mandamental. Consta que a liminar foi deferida para desobrigar. o contribuinte do recolhimento da contribuição até decisão final do mandamus, quanto às .operações de arrendamento mercantil praticadas na qualidade de arrendador, conforme artigo 8°, incisos III e IV, §3º, da Lei n° 9.311/96, e artigo 3º, inciso XXII, das Portarias MF n° 227/2002 e 244/2004. Em sentença foi concedida a segurança para desobrigar o contribuinte de recolher a indigitada contribuição nos termos em que concedida a liminar. Em face desta sentença, a União Federal ingressou com Recurso de Apelação, tendo sido recebido no efeito devolutivo, encontrandose o feito concluso para Julgamento. Em atendimento a intimações da fiscalização, o contribuinte presentou extratos de suas contas bancárias (...), com movimentação financeira sem retenção e recolhimento da CPMF devida. Relativamente a essas contas, o contribuinte apresentou planilhas discriminando bases de cálculo e CPMF calculada à alíquota de 0,38% para os fatos geradores compreendidos no período de 01.01.2006 a 30:06.206. 1 Todos os números de folhas indicados neste documento referemse à numeração eletrônica do eprocesso. Fl. 576DF CARF MF Processo nº 15169.000139/201501 Acórdão n.º 3401004.376 S3C4T1 Fl. 577 3 DA ANÁLISE DOS FATOS E DO DIREITO. A fiscalização verificou por amostragem as bases de cálculo apresentadas e apurou valores diversos para as fatos geradores de 04.01.2006 (R$ 15.641.723,94), 20.08.2006 (R$ 11.605.377,81) e 31.05.2007 (R$ 91.193.721,18). As duas primeiras divergências foram constatadas na conta n° 8.704.3366 e a terceira na conta n° 4.706.7533. As demais bases de cálculo apresentadas foram consideradas pela fiscalização para quantificação da CPMF devida, conforme valores apurados no demonstrativo titulado 'CPMF Sub Judice', que é parte deste termo. A falta de retenção e recolhimento da contribuição incidente à alíquota de 0,38% sobre os lançamentos a débito nas referidas contas bancárias, embora em afronta à legislação da CPMF, está amparada em liminar e sentença concedidas no mandado de segurança impetrado pelo contribuinte (Processo n° 2004.61.00.0276670), que determinaram a suspensão da exigibilidade da contribuição incidente sobre as operações de arrendamento mercantil praticadas pelo contribuinte na qualidade de arrendador, conforme artigo 80, incisos III e IV, §3°, da Lei n° 9.311/96. e artigo 3º, inciso XXVI, da Portaria MF n°244/2004. Ao fim do mencionado TERMO, a autoridade fiscal noticia a constituição do crédito tributário por meio de auto de infração, sem a imposição da multa de oficio e com a exigibilidade suspensa, por força do disposto no artigo 151,IV, do Código Tributário Nacional. Cientificada da exigência em 12/05/2008, em 10/06/2008, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 296/303, na qual argúi a nulidade do auto de infração porque a base de cálculo sobre a qual incidiu a CPMF exigida no lançamento de ofício incluiu movimentações ocorridas entre contas de mesma titularidade, movimentações essas que estariam sujeitas à alíquota zero nos termos do inciso II, do artigo 8° da Lei n° 9.311, de 1996. As movimentações financeiras ocorridas entre contas de mesma titularidade (n° 8.706278 e n° 47067533), estariam comprovadas pelos correspondentes extratos bancários, anexados às fls. 383/396 e alcançariam a cifra de R$ 8.617.000,00. Por expressa determinação legal, diz a autuada, não haveria incidência de CPMF sobre tal montante. Continua a impugnante: Desta feita, resta evidente que a D. Autoridade Fiscal não efetua corretamente o cálculo do montante devido, eis que inclui na base de cálculo da contribuição valores que não devem sofrer sua incidência tornando nulo o lançamento realizado. Deveras, a nulidade do lançamento realizado decorre da sua imprecisão, uma vez que não contém um de seus requisitas formais, qual seja, correto e fundamentado cálculo do montante devido. Fl. 577DF CARF MF Processo nº 15169.000139/201501 Acórdão n.º 3401004.376 S3C4T1 Fl. 578 4 Com isso, verificase que o presente auto de infração deve ser cancelado, tendo em vista a infringência do artigo 142 do Código Tributário Nacional, e dos princípios da reserva legal e da segurança jurídica, previstos nos artigos 5°, inciso II e 150, inciso I da Constituição da República. Nesse sentido, postula a decretação da nulidade do auto de infração.” (grifei) A decisão de primeira instância, proferida em 07/07/2008 (fls. 183/187), foi pela improcedência da impugnação, em decisão cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 04/01/2006 a 30/06/2007 AUTO DE INFRAÇÃO. INCORREÇÃO NA BASE DE CÁLCULO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Eventual incorreção na apuração da base de cálculo não macula a validade do auto de infração, mormente se a apontada imprecisão resta incomprovada. Lançamento Procedente Após ciência ao acórdão de primeira instância (TERMO à fl. 574), em 19/08/2008, apresentou o recurso voluntário de fls. 188/198, em 17/09/2008, em essência, reiterando a argumentação expressa na impugnação. Voto Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Alegase vicio do auto de infração, em razão do equívoco no montante tributável. Destacase que a recorrente propôs o MS n° 2004.61.00.0276670/SP, visando a garantir o direito de recolher a CPMF na forma prevista pelo artigo 8°, inciso III, da Lei n° 9.311/96, nas operações praticadas e relacionadas na Portaria MF n° 244/2004, entretanto, afirmase que não há que se falar em renúncia à esfera administrativa, nos termos do DecretoLei n.° 1.737/79 e do artigo 38, parágrafo único, da Lei n° 6.830/80, visto que o presente recurso versaria somente sobre a nulidade do auto de infração ora combatido. Fl. 578DF CARF MF Processo nº 15169.000139/201501 Acórdão n.º 3401004.376 S3C4T1 Fl. 579 5 A decisão recorrida concluiu que não restou demonstrado lançamento da CPMF erroneamente incluído na base de cálculo de operações sujeitas à alíquota zero, não comprovado que os valores das transferências de recursos, entre contas de mesma titularidade, tenham sido incluídos na base utilizada pela autoridade autuante. Nesse sentido, entendeu o órgão recorrido ter restado comprovado que as citadas movimentações financeiras (R$ 8.167.000,00 de R$ 91.193.721,18 9%) teriam natureza de transferências realizadas para contas correntes de mesma titularidade (débito na conta nº 47067533 e crédito na conta nº 8706278, fl. 398), sofrendo a incidência da CPMF à alíquota zero, de que trata o inc. II, art. 8°, da Lei n° 9.311/96, no decêndio de apuração do período de 21 a 31/05/2007, porém, decidiu o órgão a quo, pela ausência de demonstração e provas de que os valores das transferências de recursos, entre contas de mesma titularidade, teriam sido incluídos na base utilizada na autuação. No recurso voluntário, a recorrente afirma ter restado comprovado o excesso de base tributável, pela juntada aos autos dos extratos de ambas as contas, aduzindo que se foram computadas na base de cálculo da CPMF, o valor de todas as movimentações financeiras da contacorrente n.° 4.706.7533, no período de 21 a 31/05/2007, por óbvio a referida quantia foi utilizada para o cálculo do montante tributável, visto que o maior (R$91.193.721,18) englobaria o menor (R$ 8.167.000,00), concluindo ser ônus do Fisco comprovar que os valores lançados estão corretos, vez que, já demonstrara que a base de cálculo utilizada no auto de infração está equivocada, sendo o presente lançamento impreciso, uma vez que não contém o correto e fundamentado cálculo do montante devido e, em face do indiscutível equívoco maculado no cálculo do montante tributável, requer a decretação de nulidade do auto de infração, por afronta ao art. 142, do CTN. Diante do exposto, não é preciso muito esforço para perceber que não estamos diante de uma causa preliminar de nulidade, transbordando a discussão para o conteúdo necessário e respectivas provas do auto de infração, questões à serem analisadas junto com o próprio mérito da tributação. Como ato administrativo, o auto de infração deve respeitar os requisitos mínimos do artigo 10, do Decreto nº 70.235/72, não havendo nulidade quando suficientemente demonstrado e fundamentado os motivos pelos quais foi lavrado, indicada a base de cálculo, a alíquota e o valor originário da obrigação, suficientes à cumprir o mandamento do art. 142, do CTN, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, nos termos do art. 5º, inc. LV, da CF/88, retratado nas alegações aduzidas nas peças impugnativa e recursal. Especificamente quanto à base de cálculo tributável, não pode a autoridade lançadora deixar de indicála ou indicar de forma incorreta, v.g., no IRPJ/CSLL, constituir crédito sob lucro real em optante pelo lucro presumido; no PIS/COFINS, constituir crédito sob base nãocumulativa em operações sujeitas à incidência cumulativa; situações que poderiam levar a anulação do auto de infração por erro na sua formulação, porém, verificadas simples incorreções, omissões ou inexatidões, a solução legislativa não foi pela nulidade do ato. Prevalece o entendimento comum de que, no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as hipóteses de nulidade são tratadas de forma específica no artigo 59, do PAF, Decreto nº 70.235/72: Fl. 579DF CARF MF Processo nº 15169.000139/201501 Acórdão n.º 3401004.376 S3C4T1 Fl. 580 6 Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. [...] Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. A leitura do artigo supracitado leva ao entendimento de que, no caso de auto de infração, ato administrativo formalizado por termo próprio e resultante do conjunto de outros atos e termos fiscais, só há nulidade se for lavrado por pessoa incompetente (art. 59, I), falandose em defesa cerceada somente quanto aos despachos e decisões (art. 59, II), não importando em nulidade, as irregularidades, incorreções e omissões sanáveis (art. 60). Nessa linha de entendimento, estabelece o artigo 41, §1º, inciso I, alínea 'a', do Decreto nº 7.574/11 (Regulamento do PAF), que verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será efetuado lançamento complementar, nos casos em que seja aferível, que o autuante, no momento da formalização da exigência apurou incorretamente a base de cálculo do crédito tributário. Por outro lado, estabelece o §3º, do artigo 59, do Decreto nº 70.235/72 (PAF), que quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Vejase, portanto, que a opção legislativa é pela nulidade como exceção. Apurada incorretamente a base de cálculo do crédito tributário, à menor, aplicase o artigo 41, §1º, inciso I, alínea 'a', do Decreto nº 7.574/11, procedendo ao lançamento complementar; apurada à maior, quando possível, aplicase o §3º, do art. 59, do Decreto nº 70.235/72, decidindo o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade. No que se refere à possibilidade de decidir o mérito, da exclusão do valor (R$8.167.000,00) da base autuada, a favor do sujeito passivo, entendo, no mesmo sentido da decisão recorrida, pela ausência de provas de que os valores das transferências de recursos entre contas de mesma titularidade tenham sido incluídos na base utilizada na autuação, entendendo necessária uma consolidação dos valores autuados com os valores alegados indevidos, demonstrando que estariam inclusos na base de cálculo do auto de infração, não tendo a recorrente trazido nenhuma prova adicional nesse sentido. Notar que não se trata de inversão do ônus da prova. Ao alegar fatos que impediriam o direito do autor da acusação fiscal, a ora recorrente, atraiu para si, o ônus da prova em relação a tais fatos, a respeito do valor alegado está indevidamente incluso na base de cálculo do auto de infração, submetendose à regra original de distribuição do ônus probatório, nos termos do inciso II, do artigo 373, da Lei nº 13.105/15 (CPC/15)2. 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 580DF CARF MF Processo nº 15169.000139/201501 Acórdão n.º 3401004.376 S3C4T1 Fl. 581 7 Por tudo exposto, não acolho a nulidade suscitada, negando provimento ao recurso voluntário, devendo a autoridade executora do presente julgado, cumprir a decisão judicial (MS n° 2004.61.00.0276670/SP, AMS nº 283363 e REsp nº 1307739/SP), transitada em julgado, em 18/11/2014, promovendo a liquidação e cobrança do presente processo administrativo em consonância com o decidido judicialmente. Fenelon Moscoso de Almeida Relator Fl. 581DF CARF MF
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