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Numero do processo: 15540.000078/2011-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 1402-000.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência e determinar o encaminhamento dos autos à Unidade de origem para juntada do AR ou outro documento que indique a data na qual o sujeito passivo foi cientificado da decisão de 1ª instância.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Frederico Augusto Gomes de Alencar - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: Não se aplica
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência e determinar o encaminhamento dos autos à Unidade de origem para juntada do AR ou outro documento que indique a data na qual o sujeito passivo foi cientificado da decisão de 1ª instância. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 40 .0 00 07 8/ 20 11 -5 5 Fl. 1221DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000078/201155 Resolução nº 1402000.125 S1C4T2 Fl. 1.222 2 Carta Goiás Indústria e Comércio de Papéis Ltda recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 6ª Turma da DRJ Rio de Janeiro 01/RJ, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o presente processo dos autos de infração de fls 05/21 e 115/134, referentes ao Imposto sobre a Renda (IR) e Contribuição Social (CSLL), lavrados pela Delegacia da Receita Federal em Niterói, por meio dos quais foram consubstanciadas as exigências de R$ 4.119.063,82 e R$ 1.491.502,97, respectivamente, multa de 75% e juros de mora. Os fatos e bases de cálculo tributados no auto de infração referente ao IRPJ foram também objeto da autuação reflexa, referente à CSLL. O crédito tributário foi formalizado, segundo relato de fls 21/114, com base em três (03) infrações, todas fundamentadas nos artigos 249, I, 251, parágrafo único, 299 e 300 do RIR/1999. Tais infrações foram assim descritas: 1. Glosa de custos por falta de comprovação 1.1 Intimada (fls 141/142) a comprovar com documentos hábeis custos no valor de R$ 20.556.864,36, lançados na DIPJ 2007 (AC 2006), na ficha 4A, linha 16 “outros custos”, a interessada solicitou dilação de prazo (fls 145); 1.2 reintimada, às fls 153, foi formalizada a resposta de fls 157, com atendimento parcial das solicitações. Nesta ocasião foi feita referência à entrega, a autoridade fiscal, dos seguintes documentos : protocolos de solicitação de extratos bancários, Livros Diário 25 e 27, de 2005, e 31 e 33, de 2006, Livros Razão 20 e 21, de 2005, e 58 e 59, de 2006; 1.3 na ausência de quaisquer esclarecimentos e/ou comprovações acerca do valor de R$ 20.556.864,36, lançado na DIPJ 2007 ( AC 2006), na ficha 4A, linha 16 “outros custos”, mais uma vez a interessada foi instada, às fls 234, a justificálo; 1.4 às fls 235 solicitou nova dilação de prazo e formalizou, ainda, a entrega de 18 caixas contendo Livros Diário e Razão auxiliar de ano 2006 (fls 237). Tendo em vista a não apresentação da escrituração em meio magnético, foi formalizado auto de infração que é objeto do PA 15540.000169/200976; 1.5 em 16/07/2010 foi formalizada a resposta de fls 241/244, na qual a interessada apresentou a composição da ficha 4A, linha 16 “outros custos”. No demonstrativo apresentado foram indicadas rubricas diversas totalizando R$ 3.418.617,39. A diferença (R$ 17.154.656,07) entre este valor e o total informado na DIPJ para o item em apreço (R$ 20.556.864,36) foi assim justificada (fls 243): “A contribuinte aproveita a oportunidade para esclarecer que o valor de R$ 17.154.656,07, por equívoco, foi alocado na linha 16 – outros custos, uma vez que o mesmo corresponde a outras rubricas, como por exemplo a rubrica “ Linha 03 – compra de insumos à prazo”, razão pela qual já providenciou a necessária retificação...” 1.6 conforme fls 594, em 02/09/2010 a interessada foi mais uma vez intimada a comprovar a efetividade e/ou a necessidade de itens específicos, que segundo demonstrativos e a contabilidade, estariam englobados da ficha 4A, linha 16 “outros Fl. 1222DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000078/201155 Resolução nº 1402000.125 S1C4T2 Fl. 1.223 3 custos” da DIPJ 2007; 1.7 no termo datado de 13/10/2010 (fls 644/646) foram reiteradas as solicitações fiscais anteriores; 1.8 diante da falta de comprovação da efetiva realização de valores contabilizados como custos, objeto das intimações realizadas ao longo da auditoria, foram efetivadas as glosas respectivas. 1.9 O detalhamento dos valores lançados neste item da autuação, totalizados às fls 41/42, consta das tabelas de fls 56 a 115. Tais valores foram assim referidos pelo autuante (fls 42 e seguintes): “1.52 As planilhas I, II, III, V, VII, VIII, IX e X a este termo anexadas demonstram as contas auditadas e os lançamentos relacionados aos custos declarados na Ficha 04A – Linha 16 – outros custos da DIPJ 2007/2006, que foram razão de glosa, por ausência de comprovação através de documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores ...” .............................................. 1.54 Também as planilhas XI, XII, XIII e XIV demonstram as contas e respectivos valores que, segundo o contribuinte, foram equivocadamente declarados na Ficha 04 A – linha 16 – outros custos da DIPJ 2007/2006, mas que não foram comprovados por documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, pelo que são objeto de desconsideração pela autoridade fiscal. 1.55 Para melhor compreensão, registrase que as planilhas XI, XII, XIII e XIV guardam relação com as informações contidas na resposta datada de 21/10/2010, estando os seus lançamentos e valores, como pelo contribuinte informado, relacionados à linha 03 compras de insumos a prazo, da Ficha 04A, apesar de terem sido declarados como componentes da Linha 16 – outros custos da DIPJ. 1.56 Já a planilha XV relacionase, conforme informação da fiscalizada, com a linha 08 – Manutenção e reparos de Bens aplicados na produção da Ficha 04A, apesar de terem sido declarados como componentes da linha 16 – outros custos da DIPJ. 1.57 E, ainda, as planilhas XVI, XVII, XVIII, XIX e XX, vinculadas estão, também de acordo com as informações do contribuinte em sua (37.)resposta datada de 21/10/2010, à linha 13 Serviços prestados por pessoa jurídica da Ficha 04 A, apesar de terem sido declarados como componentes da linha 16 “outros custos” (sic) 2. Glosa de despesas por falta de comprovação 2.1 Em 20/05/2009 (fls 176) a interessada foi intimada a apresentar “planilha contendo relação, com a respectiva especificação dos documentos que ancoram os lançamentos realizados constantes da tabela a seguir apresentada, e que foram declaradas na DIPJ 2006 – ficha 05 – pág 04 – linha 31 – outras despesas operacionais” Tabela 01 Conta Descrição Valor 3.3.2.56.003 Locomoção 295.081,38 3.3.2.58.010 Eventos Gerais 19.629,50 3.3.2.59.099 Outras despesas promocionais 640.327,74 3.4.2.58.010 Eventos gerais 176.597,84 3.5.2.56.001 Passagens 308.310,44 3.5.2.58.004 Refeições 109.282,67 3.5.2.58.010 Eventos gerais 74.531,82 Fl. 1223DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000078/201155 Resolução nº 1402000.125 S1C4T2 Fl. 1.224 4 2.2 após análise da documentação apresentada pela interessada, relata a autoridade autuante em termo datado de 09/08/2010 (fls 245/247) que: 2.2.1 não teriam sido apresentados documentos referentes as seguintes despesas: Tabela 02 Locomoção cta – 3.3.2.56.003 295.081,38 Passagens cta – 3.5.2.56.001 308.310,44 Refeições cta – 3.5.2.58.004 109.282,67 2..2.2 – não teriam sido apresentados comprovantes da realização e nem da essencialidade das seguintes despesas escrituradas à conta 3.4.2.58.010 (eventos gerais): Tabela 03 Data Histórico Valor (R$) 01/01/2006 Verdana Grill 3.300,00 01/01/2006 Churrascaria Querenc 2.800,00 07/11/2006 Sítio Cuca Legal 1.000,00 09/11/2006 Sítio Cuca Legal 15.000,00 11/12/2006 Buffe las Vegas 8.980,00 15/12/2006 Tele Rio 5.164,00 15/12/2006 Tele Rio 4.950,00 2.3 – em virtude do atendimento parcial da intimação, no mesmo termo datado de 09/08/2010 (fls 245/247) o contribuinte foi reintimado a comprovar a realização e a essencialidade dos gastos então especificados. Em resposta, apresentou documentos diversos (fls 248 a 593) não acatados pela fiscalização que assim se justificou: (fls 47) “os documentos apresentados como comprovantes das despesas escrituradas na conta 3.5.2.56.001 – passagens são, em quase sua totalidade, cópias de cheques a determinadas pessoas jurídicas (MML Turismo ou Tour House) juntadas a uma, se assim pode ser chamada, espécie de boleto (???) de controle interno do contribuinte auditado.” 2.4 Prossegue o autuante afirmando que os documentos apresentados não mencionam “ ...o beneficiário dos serviços e, quando o fazem, não há comprovação, mínima, sequer, da relação de tal pessoa com a atividade produtiva ou administrativa da fiscalizada....”. Afirma, ainda, que “Não há um só recibo, uma nota fiscal, nada que vincule a alegada despesa ao contribuinte sob ação fiscal”. 2.5 Pelos motivos expostos, conclui a autoridade administrativa pela glosa da integralidade das despesas referentes a passagens (cta 3.5.2.56.001) e parte das despesas associadas a lanches e refeições (cta 3.5.2.58.004). 2.6 Aduz, ainda, que também foram integralmente glosadas as despesas referentes à cta 3.5.2.56.003 – “Locomoção” e as discriminadas na intitulada “tabela 03” (fls 246) já que para estas não foram apresentados quaisquer comprovantes de sua efetiva realização; 2.7 Os valores das despesas glosadas neste item da autuação foram discriminados por conta e data às fls 94 a 115 e totalizados por mês às fls 52. 3. Glosa de custos/ despesas por falta de comprovação da sua necessidade para o desenvolvimento da atividade operacional da interessada 3.1 Apesar de intimada (fls 594), em 02/09/2010, e reintimada (fls 644), em 13/10/2010, a comprovar a necessidade dos custos discriminados na intitulada “Tabela Fl. 1224DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000078/201155 Resolução nº 1402000.125 S1C4T2 Fl. 1.225 5 A” , anexada às intimações referidas, a interessada não se manifestou, fato este que ensejou a glosa dos respectivos valores; 3.2 Os valores glosados foram totalizados por mês às fls 54, e discriminados, por conta e data, nas tabelas IV e VI (fls 60 e 65/69). De tais tabelas consta a informação de que os valores em referência, escriturados como custo, seriam referentes a “despesas com viagens”, “passagens” e “hospedagem”. Cientificado da autuação em 22/02/2011 (fls 06), foi apresentada a impugnação de fls 954, protocolada em 18/03/2011 na qual a interessada, preliminarmente, requer perícia. Quanto ao mérito, alega a seu favor que: • conforme autuação formalizada no processo 15540.000056/201012, foi rejeitada sua opção pelo lucro real para os anos de 2005 e 2006. Neste processo a autoridade administrativa entendeu que a alteração, em 2005, do lucro presumido para o lucro real somente poderia ocorrer caso, em 2004, houvesse sido ultrapassado o limite estabelecido pelo art 13 da Lei 9.718/98, hipótese esta que foi afastada; • mantido tal posicionamento, o presente lançamento perde seu objeto, já que não há que se falar em glosa de custos/despesas quando adotado o lucro presumido; • prosseguindo a exigência consubstanciada no PA 15540.000056/201012, este lançamento se torna nulo. Deve, portanto, ser sobrestado o julgamento do presente até decisão final daquele processo; • de acordo com a norma contida no art 150, § 4º do CTN, havendo a interessada sido cientificada do lançamento em 22/02/2011, decaiu o direito da Fazenda de constituir créditos relativos a fatos geradores ocorridos em janeiro de 2006; • ao longo da auditoria a interessada esclareceu que o valor de R$ 17.154.656,07 foi equivocadamente lançado na linha Ficha 04 – A, linha 16 – “outros custos”. Tal valor corresponde a rubricas, como, por exemplo, compra de insumos a prazo; • apesar da explicação, a fiscalização optou por desconsiderar os documentos apresentados sob o argumento de que não seriam suficientes; • se apresentadas justificativas e documentos e se ambos foram ignorados, a conclusão é a de que o lançamento foi efetuado com base em uma ilegítima inversão do ônus da prova; • em nenhum momento os documentos e esclarecimentos apresentados foram desqualificados, razão pela qual não poderiam ter sido desconsiderados, conforme determinação do art 845, parágrafo primeiro do RIR/99; • dispõe o art 923 do RIR/1999 que a escrituração faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e o art 924 do mesmo Regulamento determina que cabe a autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos nela registrados; • o lançamento foi pautado em indícios e não em provas efetivas; • não foram esclarecidos quais documentos foram rejeitados e nem o motivo da rejeição; • na comprovação dos gastos com prestação de serviços, deve ser levada em conta, pelo fisco, a complexidade das atividades empresariais e a dificuldade da prova. Por este motivo, as investigações devem ser aprofundadas Fl. 1225DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000078/201155 Resolução nº 1402000.125 S1C4T2 Fl. 1.226 6 • a documentação comprobatória dos custos glosados foi juntada aos autos às fls 236 e seguintes É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 1238.381 (fls. 1.0706) de 07/07/2011, por maioria de votos, negou provimento à impugnação apresentada. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006 DESPESAS. DEDUTIBILIDADE. A dedutibilidade de despesas impõe a prova de sua efetiva ocorrência, normalidade, usualidade e necessidade à atividade da empresa. CSLL. DECORRÊNCIA. Julgado procedente o lançamento principal, igual sorte colhe o que tenha sido formalizado por mera decorrência daquele.” Contra a aludida decisão a interessada interpôs recurso voluntário em 19/08/2011 (fls. 1.0931.125) onde repisa os argumentos apresentados em sua Impugnação. É o relatório. Fl. 1226DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 15540.000078/201155 Resolução nº 1402000.125 S1C4T2 Fl. 1.227 7 Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. De se ressaltar, de plano, que não encontrei nos autos o Aviso de Recebimento ou qualquer outro documento que ateste a data de ciência, por parte da Interessada, da Impugnação de fls. 1.0701.086. Tendo em vista que essa data é de fundamental importância para o ateste da tempestividade do Recurso Voluntário apresentada, não vejo outra opção senão o envio dos autos à Unidade de Origem para que se anexe ao presente processo a comprovação da data de ciência por parte da Interessada, da Impugnação mencionada. É como voto. Sala das Sessões, em 3 de julho de 2012. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator. Fl. 1227DF CARF MF Impresso em 17/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/03/2013 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 15504.003812/2008-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 22 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 2302-000.201
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Liege Lacroix Thomasi - Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), André Luis Marsico Lombardi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato, Manoel Coelho Arruda Júnior e Juliana Campos de Carvalho Cruz (relatora).
Nome do relator: JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Liege Lacroix Thomasi Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente), André Luis Marsico Lombardi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato, Manoel Coelho Arruda Júnior e Juliana Campos de Carvalho Cruz (relatora). Relatório Tratase o Auto de Infração de penalidade aplicada em face do contribuinte em decorrência da inobservância, no período de 2004, às normas dispostas no art. 30, inciso I, aliena “a” da Lei nº 8.212/91 e alterações posteriores pelo art. 4º, caput, da Lei nº 10.666/03, c/c art. 216, inciso I, alínea “a”, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.3048/99, as quais impõem à empresa a obrigatoriedade de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos e do contribuinte individual a seu serviço. Na ocasião, foi aplicada a multa estabelecida nos arts. 92 e 102 da Lei nº 8.212/91 c/c art. 283, inciso I, alínea “g” e art. 373 todos do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, cujos conteúdos normativos impõem um valor variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 03 81 2/ 20 08 -7 9 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por LIEGE LACRO IX THOMASI Processo nº 15504.003812/200879 Resolução nº 2302000.201 S2C3T2 Fl. 256 2 No relatório do auto de infração (DEBCAD nº 37.160.0804), às fls. 15/17, afirmou o agente fazendário que a empresa deixou de comprovar, no ano de 2004, a Adesão ao Programa de Alimentação ao Trabalhador – PAT, motivo pelo qual os valores contabilizados nas contas de alimentação, cesta básica e lanches e refeições foram considerados como salários in natura, portanto, saláriosdecontribuição incidentes de contribuições previdenciárias. A ação foi precedida de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 0610100.2008.00381, Termo de Início de Ação Fiscal – TIAF (fl. 08/09), Termo de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD (fls. 10), relação de notas fiscais relativas aos pagamentos de despesas de alimentação ao trabalhador, quais sejam: alimentação, cesta básica, lanches e refeições (fls. 11/12), assim como, Termo de Encerramento da Ação Fiscal – TEAF (fl. 14). Cientificada da autuação (fl. 02), em 17.03.2008, a empresa apresentou impugnação (fls. 20/66), tempestivamente (fl. 72), alegando que por força da NFLD DEBCAD nº 37.160.0790 o auditor fiscal demonstrou a existência de diferenças durante todo o ano de 2004 de recolhimento das verbas previdenciárias não recolhidas, contribuição para o financiamento de benefícios por incapacidade laborativa, salário educação, e INCRA, de parcela que considerou como salário in natura, alimentação cesta básica, lanches e refeições. Por via de conseqüência, declarando as diferenças no NFLD citado, entendeu o Sr. Auditor que a empresa deixando de recolher as contribuições do segurando (empregado) relativas ao apontado salário “in natura” estaria, no seu entendimento, incorrendo na previsão da multa contida na Lei nº 8.212/91. Na decisão de 1º grau (fls. 73/77), foi dito que de acordo com o art. 28 da Lei nº 8.212/91, todas as parcelas que fazem parte da folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, aos segurados que prestem serviços às empresas formam a base de incidência constitucional das contribuições em questão. Além disso, foi citado o art. 123 do CTN cuja norma estabelece que as convenções particulares não poderiam ser opostas à Fazenda Pública. Desta forma, foram os autos julgados procedentes. Intimada do julgado (fl. 80/81), interpôs recurso voluntário (fls. 83/125) repetindo todos os termos dispostos na impugnação. Encaminhados os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, segue o julgamento. É o relatório. O recurso é tempestivo, por isso, passo à análise das questões suscitadas. Tratase o Auto de Infração de penalidade aplicada em face do contribuinte em decorrência da inobservância, no período de 2004, às normas dispostas no art. 30, inciso I, aliena “a” da Lei nº 8.212/91 e alterações posteriores pelo art. 4º, caput, da Lei nº 10.666/03, c/c art. 216, inciso I, alínea “a”, do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.3048/99, as quais impõem à empresa a obrigatoriedade de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos e do contribuinte individual a seu serviço. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por LIEGE LACRO IX THOMASI Processo nº 15504.003812/200879 Resolução nº 2302000.201 S2C3T2 Fl. 257 3 O julgamento do recurso voluntário traz em seu bojo uma questão prejudicial. A decisão de procedência ou não da presente ação está intimamente ligada à análise da NFLD conexa, qual seja, a nº 37.160.0790 a qual está exigindo do contribuinte o pagamento das diferenças levantadas em razão da ausência de pagamento das contribuições previdenciárias incidente sobre o salário in natura. Tendo em vista que, na hipótese, a empresa está sendo cobrada por ter deixado de arrecadar as contribuições citadas no parágrafo anterior, entendo que deve ser apensada, aos presentes autos, a NFLD nº 37.160.0790 de modo que ocorra o julgamento simultâneo das respectivas ações fiscais. Por todo o exposto Voto pela CONVERSÃO do julgamento EM DILIGÊNCIA. Do resultado, seja o contribuinte intimado para que possa se manifestar, se for do seu interesse, retornando, posteriormente, os autos a este Colegiado para julgamento. É como voto. Sala das Sessões, em 23 de Janeiro de 2013. Juliana Campos de Carvalho Cruz, Relatora Fl. 132DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/04/2013 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, Assinado digitalmente em 16/04/2013 por LIEGE LACRO IX THOMASI
score : 1.0
Numero do processo: 13884.000574/2009-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Sat Mar 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2005
DECLARAÇÃO DE SAÍDA DEFINITIVA DO PAÍS. APRESENTAÇÃO NA DATA DE SAÍDA DE DEFINITIVA DO BRASIL.
O art. 17 da Lei nº 3.470/58 obriga a pessoa física residente do Brasil que se retirar em caráter permanente do território nacional no curso do ano-calendário à apresentação imediata da nova declaração dos rendimentos do período de 1º de janeiro até o momento anterior à saída do país, sendo que o art. 9º, I, da IN SRF 208/2002, com a redação vigente na época do fato gerador destes autos, deu concretude a tal dispositivo legal, definindo a data de saída do Brasil como o termo para cumprimento da obrigação, estando tal comando infralegal em harmonia com art. 17 da Lei nº 3.470/58.
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DO AFASTAMENTO NA VIA ADMINISTRATIVA.
Em relação ao caráter confiscatório da multa de ofício, deve-se
anotar que este colegiado administrativo não pode acatar tal tese defensiva, pois isto implicaria na decretação da inconstitucionalidade do art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 c/c o art. 17 da Lei nº 3.470/58, base legal da multa lançada. Ora, é
cediço que as Turmas deste CARF não podem decretar a inconstitucionalidade da lei tributária, entendimento que restou
consubstanciado na Súmula CARF nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária).
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO.
EXONERAÇÃO PELA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DESCABIMENTO.
A entrega da declaração de ajuste anual do Imposto de Renda fora do prazo previsto na lei constitui infração formal, não podendo ser tida como pura infração de natureza tributária, apta a atrair o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional.
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. IMPOSTO DEVIDO.
Apesar de, no passado, ter havido alguma discussão sobre a pertinência do imposto devido como base de cálculo para a multa por atraso na entrega de declaração, com defesa por alguns do imposto a pagar, a jurisprudência administrativa chancelou a base de cálculo em referência como descrita no art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 (imposto devido), como se vê na Súmula CARF nº 69 (A falta de apresentação da declaração de rendimentos ou a sua
apresentação fora do prazo fixado sujeitará a pessoa física à multa de um por cento ao mês ou fração, limitada a vinte por cento, sobre o Imposto de Renda devido, ainda que integralmente pago, respeitado o valor mínimo).
Recurso negado.
Numero da decisão: 2102-002.056
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso.
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 DECLARAÇÃO DE SAÍDA DEFINITIVA DO PAÍS. APRESENTAÇÃO NA DATA DE SAÍDA DE DEFINITIVA DO BRASIL. O art. 17 da Lei nº 3.470/58 obriga a pessoa física residente do Brasil que se retirar em caráter permanente do território nacional no curso do ano-calendário à apresentação imediata da nova declaração dos rendimentos do período de 1º de janeiro até o momento anterior à saída do país, sendo que o art. 9º, I, da IN SRF 208/2002, com a redação vigente na época do fato gerador destes autos, deu concretude a tal dispositivo legal, definindo a data de saída do Brasil como o termo para cumprimento da obrigação, estando tal comando infralegal em harmonia com art. 17 da Lei nº 3.470/58. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DO AFASTAMENTO NA VIA ADMINISTRATIVA. Em relação ao caráter confiscatório da multa de ofício, deve-se anotar que este colegiado administrativo não pode acatar tal tese defensiva, pois isto implicaria na decretação da inconstitucionalidade do art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 c/c o art. 17 da Lei nº 3.470/58, base legal da multa lançada. Ora, é cediço que as Turmas deste CARF não podem decretar a inconstitucionalidade da lei tributária, entendimento que restou consubstanciado na Súmula CARF nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. EXONERAÇÃO PELA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DESCABIMENTO. A entrega da declaração de ajuste anual do Imposto de Renda fora do prazo previsto na lei constitui infração formal, não podendo ser tida como pura infração de natureza tributária, apta a atrair o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. IMPOSTO DEVIDO. Apesar de, no passado, ter havido alguma discussão sobre a pertinência do imposto devido como base de cálculo para a multa por atraso na entrega de declaração, com defesa por alguns do imposto a pagar, a jurisprudência administrativa chancelou a base de cálculo em referência como descrita no art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 (imposto devido), como se vê na Súmula CARF nº 69 (A falta de apresentação da declaração de rendimentos ou a sua apresentação fora do prazo fixado sujeitará a pessoa física à multa de um por cento ao mês ou fração, limitada a vinte por cento, sobre o Imposto de Renda devido, ainda que integralmente pago, respeitado o valor mínimo). Recurso negado.
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APRESENTAÇÃO NA DATA DE SAÍDA DE DEFINITIVA DO BRASIL. O art. 17 da Lei nº 3.470/58 obriga a pessoa física residente do Brasil que se retirar em caráter permanente do território nacional no curso do ano calendário à apresentação imediata da nova declaração dos rendimentos do período de 1º de janeiro até o momento anterior à saída do país, sendo que o art. 9º, I, da IN SRF 208/2002, com a redação vigente na época do fato gerador destes autos, deu concretude a tal dispositivo legal, definindo a data de saída do Brasil como o termo para cumprimento da obrigação, estando tal comando infralegal em harmonia com art. 17 da Lei nº 3.470/58. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DO AFASTAMENTO NA VIA ADMINISTRATIVA. Em relação ao caráter confiscatório da multa de ofício, devese anotar que este colegiado administrativo não pode acatar tal tese defensiva, pois isto implicaria na decretação da inconstitucionalidade do art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 c/c o art. 17 da Lei nº 3.470/58, base legal da multa lançada. Ora, é cediço que as Turmas deste CARF não podem decretar a inconstitucionalidade da lei tributária, entendimento que restou consubstanciado na Súmula CARF nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. EXONERAÇÃO PELA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DESCABIMENTO. A entrega da declaração de ajuste anual do Imposto de Renda fora do prazo previsto na lei constitui infração formal, não podendo ser tida como pura Fl. 76DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 infração de natureza tributária, apta a atrair o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. IMPOSTO DEVIDO. Apesar de, no passado, ter havido alguma discussão sobre a pertinência do imposto devido como base de cálculo para a multa por atraso na entrega de declaração, com defesa por alguns do imposto a pagar, a jurisprudência administrativa chancelou a base de cálculo em referência como descrita no art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 (imposto devido), como se vê na Súmula CARF nº 69 (A falta de apresentação da declaração de rendimentos ou a sua apresentação fora do prazo fixado sujeitará a pessoa física à multa de um por cento ao mês ou fração, limitada a vinte por cento, sobre o Imposto de Renda devido, ainda que integralmente pago, respeitado o valor mínimo). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 25/05/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Acácia Sayuri Wakasugi, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Francisco Marconi de Oliveira. Ausente justificadamente o Conselheiro Atilio Pitarelli. Relatório Abaixo se transcreve o sucinto e claro relatório da decisão aqui recorrida, que bem denuncia a imputação feita ao contribuinte, bem como as razões deduzidas por ele na impugnação: Fl. 77DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 13884.000574/200978 Acórdão n.º 210202.056 S2C1T2 Fl. 2 3 A 11ª Turma da DRJSP2, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1747.898, de 31 de janeiro de 2011 (fls. 26 e seguintes). O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 21/02/2011. Irresignado, interpôs recurso voluntário em 10/03/2011. No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: I. a multa aplicada tem caráter nitidamente confiscatório, punindo sem qualquer proporcionalidade um fato destituído de dolo, fraude ou simulação; II. apesar da previsão da entrega imediata da declaração de saída definitiva do país, na forma do art. 17 da Lei nº 3.470/58 (art. 16 do Decreto nº 3.000/99), não houve a definição de prazo certo, o que não pode ser corrigido pelos comandos infralegais da Receita Federal. Ademais, a exigência para a entrega imediata à saída do país da declaração de ajuste pode levar o contribuinte a erros e tanto assim o é que a IN RFB nº 897, de 29 de dezembro de 2008, passou a outorgar um prazo mínimo de até 30 dias da saída do país para cumprimento dessa obrigação; III. indo mais além, houve a entrega da declaração de saída do país logo que possível pelo contribuinte, de forma espontânea, o que afastaria por si só qualquer penalidade, na forma do art. 138 do CTN; IV. subsidiariamente, caso não acatado a linha defensiva acima, pugna pela aplicação da multa sobre a base de cálculo consubstanciada no imposto a pagar, conforme jurisprudência do CARF, o que implicará Fl. 78DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 na imputação da multa mínima de R$ 165,74, já que o imposto a pagar resumiuse ao montante de R$ 7,84. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 21/02/2011, segundafeira, e interpôs o recurso voluntário em 10/03/2011, dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 23/03/2011, quartafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Conforme se apreende dos autos, o contribuinte enviou sua declaração de saída definitiva do país à Receita Federal do Brasil em 21/09/2005, onde comunicou a aquisição da condição de não residente em 30/04/2004. Como propriamente reconhecido pelo recorrente, o art. 17 da Lei nº 3.470/58 (Os residentes eu domiciliados no Brasil que se retirarem em caráter definitivo do território nacional no correr de um exercício financeiro, além do imposto calculado na declaração correspondente aos rendimentos do ano civil imediatamente anterior, ficam sujeitos à apresentação imediata da nova declaração dos rendimentos do período de 1 de janeiro até a data em que for requerida às repartições do imposto de renda a certidão para visto no passaporte, ficando, ainda, obrigados ao pagamento, no ato da entrega dessa declaração, do imposto que nela for apurado) obriga a pessoa física residente no Brasil que se retirar em caráter permanente do território nacional no curso do anocalendário à apresentação imediata da nova declaração dos rendimentos do período de 1º de janeiro até o momento anterior à saída do país, sendo que o art. 9º, I, da IN SRF 208/2002, com a redação vigente na época do fato gerador, deu concretude a tal dispositivo legal, definindo a data de saída do Brasil como o termo para cumprimento da obrigação, como se vê abaixo: Art. 9ºA pessoa física residente no Brasil que se retirar em caráter permanente do território nacional no curso do ano calendário deve: I apresentar, até a data da saída do Brasil, a Declaração de Saída Definitiva do País, relativa ao período em tenha permanecido na condição de residente no Brasil no ano calendário da saída, bem assim as declarações correspondentes a anoscalendário anteriores, se obrigatórias e ainda não entregues; Ora, no momento em que o contribuinte apresentou sua declaração de saída definitiva 16 meses após a saída do país, por óbvio vulnerou o art. 17 da Lei nº 3.470/58, pois não se pode dizer que cumpriu o “imediato” do comando legal, devendo sofrer a cominação prevista na lei tributária, conforme previsto no art. 88, I, da Lei nº 8.981/95. Se a Lei fala em apresentação imediata, não se pode considerar o interregno de 16 meses como cumpridor da norma legal. Ademais, repisese, a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal veio simplesmente definir um termo dentro da moldura legal, qual seja, a data da saída do país. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 13884.000574/200978 Acórdão n.º 210202.056 S2C1T2 Fl. 3 5 Quanto às alterações perpetradas pela IN RFB nº 897/2008, que elasteceu o prazo de entrega da declaração de saída do país, passandoo para o último dia útil do mês de abril do anocalendário da saída definitiva, caso esta ocorra até 31 de março do referido ano calendário, ou até 30 (trinta) dias contados da data da saída definitiva, nas demais hipóteses, somente podem ser aplicadas para os períodos posteriores a 2009, inclusive, como previsto no art. 3º, II, da IN RFB nº 897/2008, sendo certo também que tal comando está dentro da moldura da imediatidade prevista no art. 17 da Lei nº 3.470/58, pois, como regra, foi ofertado um prazo de 30 dias para cumprimento da obrigação legal (para os rendimentos do 1º trimestre do ano da saída, o prazo vai até o final de abril, isso com o fito de aproveitar o mesmo programa da declaração do anocalendário anterior, para todo o ano posterior, da saída). Em relação ao caráter confiscatório da multa de ofício, devese anotar que este colegiado administrativo não pode acatar tal tese defensiva, pois isto implicaria na decretação da inconstitucionalidade do art. 88, I, da Lei nº 8.981/95 c/c o art. 17 da Lei nº 3.470/58, base legal da multa lançada. Ora, é cediço que as Turmas deste CARF não podem decretar a inconstitucionalidade da lei tributária, entendimento que restou consubstanciado na Súmula CARF nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Superados os pontos acima, vêse que o recorrente buscou ainda se amparar no instituto da denúncia espontânea para rechaçar a multa lançada (descumprimento de obrigação acessória). Essa questão já foi pacificada no âmbito da 4a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, quando se prolatou o Acórdão n° CSRF/0400.003, de 15 de março de 2005, tendo como relatora do voto vencedor a conselheira Leila Maria Scherrer Leitão. Considerando que este julgado da CSRF se amolda com perfeição ao caso em debate, utilizamolo como fundamento para nossa decisão, verbis: Exsurge do relatório que a lide restringese à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN ao sujeito passivo que cumpre a obrigação de apresentar a DIRPF, espontaneamente, antes de qualquer procedimento fiscal, mas a destempo. Permitame a ilustre ConselheiraRelatora Maria Goretti de Bulhões Carvalho, a quem aprendi a admirar pelos brilhantes posicionamentos jurídicos e enfático senso de justiça fiscal, discordar de seu posicionado, quanto ao entendimento de se aplicar o instituto da denúncia espontânea (CTN, art. 138), para dispensar a multa lançada no caso de apresentação espontânea de declaração de rendimentos após o prazo fixado em lei para sua entrega. A matéria já foi objeto de contradições e controvérsias junto aos Conselhos de Contribuintes e na Primeira Turma da CSRF firmandose, num primeiro momento, à maioria, o entendimento de se aplicar o disposto no art. 138 do CTN, inclusive aos casos de cumprimento a destempo de obrigações acessórias (formais). No julgado em lide, acompanhei o voto vencedor em face dos julgados proferidos pela Primeira Turma do STF e Segunda Turma do STJ. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 Não obstante, em sessões subseqüentes, esta Conselheira tomou conhecimento de novo posicionamento do STJ, quando, então, retornei ao posicionamento anterior no sentido de que o art. 138 do CTN não alberga obrigações formais. Feitas tais considerações, adoto os seguintes argumentos condutores do voto vencedor constante em Acórdão da lavra da i. Conselheira Maria Teresa Martínez López, a seguir transcritos: “Ressalvado o meu ponto de vista pessoal (1), cumpre noticiar que o Superior Tribunal de Justiça, cuja missão precípua é uniformizar a interpretação das leis federais, vem se pronunciando de maneira uniforme – por intermédio de suas 1ª a 2ª Turmas, formadoras de 1ª Seção e regimentalmente competentes para o deslinde de matérias relativas a “tributos de modo geral, impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios” (Regimento Interno do STJ, art. 9º, § 1º, IX) , no sentido de que não há de se aplicar o benefício da denúncia espontânea nos termos do artigo 138, do CTN, quando se referir a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração de contribuições e tributos federais – DCTFs. Decidiu a Egrégia 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, através do Recurso Especial nº 195161/GO (98/008490050), em que foi relator o Ministro José Delgado (DJ de 26.04.99), por unanimidadede votos, que: TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA COMATRASO DA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. MULTA. INCIDÊNCIA. ART. 88 DA LEI 8.981/95. 1 A entidade “denúncia espontânea” não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração do imposto de renda. 2 As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direito com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. 3 Há de se acolher a incidência do art. 88, da Lei nº 8.981/95, por não entrar em conflito com o art. 138, do CTN. Os referidos dispositivos tratam de entidades jurídicas diferentes.” O STJ pacificou a questão mediante o ERESP 208097/PR, publicado no DJ de 15 de outubro de 2001, in verbis: “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ENTREGA EXTEMPORÂNEA DA DECLARAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO INFRAÇÃO FORMAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. I. A entrega da declaração do Imposto de Renda fora do prazo previsto na lei constitui infração formal, não podendo Fl. 81DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 13884.000574/200978 Acórdão n.º 210202.056 S2C1T2 Fl. 4 7 ser tida como pura infração de natureza tributária, apta a atrair o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional. II. Ademais, “a par de existir expressa previsão legal para punir o contribuinte desidioso (art. 88 da Lei n° 8.981/95), é de fácil inferência que a Fazenda não pode ficar à disposição do contribuinte, não fazendo sentido que a declaração possa ser entregue a qualquer tempo, segundo o arbítrio de cada um”. (Resp n° 243.241RS, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 21.08.2000). III. Embargos de divergência rejeitados.” Pacificada, pois, a jurisprudência no Superior Tribunal de Justiça no sentido de não se estender às obrigações formais (acessórias) o instituto da denúncia espontânea. Assim, a intempestividade na entrega de declaração, seja a declaração de imposto de renda, ora em lide, declaração sobre operações imobiliárias ou mesmo a declaração de imposto retido na fonte, acarreta a aplicação de multa específica ao caso, nos termos da lei vigente. Em face do exposto, NEGO provimento ao recurso especial interposto pela interessada, mantendo a decisão recorrida. Com as considerações acima, rejeito a aplicação do instituto da denúncia espontânea para afastar a multa isolada pela apresentação a destempo da declaração de saída definitiva do país. Concluindo, busca o contribuinte alterar a base de cálculo do lançamento, passandoo do imposto devido para o imposto a pagar, o que, no caso vertente, implicaria na aplicação da penalidade mínima de R$ 165,74, pois a alíquota aplicada ao imposto a pagar não excederia a cominação mínima. Vejase a base legal da cominação: Art. 88 da Lei nº 8.981/95. A falta de apresentação da declaração de rendimentos ou a sua apresentação fora do prazo fixado, sujeitará a pessoa física ou jurídica: I à multa de mora de um por cento ao mês ou fração sobre o Imposto de Renda devido, ainda que integralmente pago;(Vide Lei nº 9.532, de 1997) II à multa de duzentas Ufirs a oito mil Ufirs, no caso de declaração de que não resulte imposto devido. § 1º O valor mínimo a ser aplicado será: a) de duzentas Ufirs, para as pessoas físicas; b) de quinhentas Ufirs, para as pessoas jurídicas. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 8 § 2º A não regularização no prazo previsto na intimação, ou em caso de reincidência, acarretará o agravamento da multa em cem por cento sobre o valor anteriormente aplicado. § 3º As reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991eart. 60 da Lei nº 8.383, de 1991não se aplicam às multas previstas neste artigo. (grifouse) Não há qualquer dúvida que a Lei, como se vê pelo excerto destacado acima, fala em imposto devido e não em imposto a pagar. Apesar de, no passado, ter havido alguma discussão sobre a pertinência da base de cálculo, como utilizado pela autoridade fiscal no caso ora em debate, na linha defendida pelo contribuinte, a jurisprudência administrativa chancelou a base de cálculo em referência como a descrita na Lei nº 8.981/95, como se vê no enunciado sumular abaixo: Súmula CARF nº 69: A falta de apresentação da declaração de rendimentos ou a sua apresentação fora do prazo fixado sujeitará a pessoa física à multa de um por cento ao mês ou fração, limitada a vinte por cento, sobre o Imposto de Renda devido, ainda que integralmente pago, respeitado o valor mínimo. (grifouse) Firme na inteligência sumular acima, rejeito, no ponto, a pretensão recursal. Em face do exposto, VOTO por NEGAR provimento ao recurso voluntário interposto. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 83DF CARF MF Impresso em 06/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 25/05/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
score : 1.0
Numero do processo: 10469.002255/98-96
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/02/1993 a 31/12/1994
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO-CSLL. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. DIFERENÇAS AJUSTE ANUAL. ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. OCORRÊNCIA.
Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, é entendimento uníssono deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62-A, o qual impõe à observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos - Resp n° 973.733/SC.
Recurso Extraordinário Negado.
Numero da decisão: 9900-000.261
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. DIFERENÇAS AJUSTE ANUAL. ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. OCORRÊNCIA. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, é entendimento uníssono deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62A, o qual impõe à observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos Resp n° 973.733/SC. Recurso Extraordinário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 2 Assinado digitalmente Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Assinado digitalmente Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator EDITADO EM: 31/01/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffman, Manoel Coelho Arruda Junior, Maria Teresa Martinez Lopez, Claudemir Rodrigues Malaquias, Nanci Gama, Marcelo Oliveira, Karem Jureidini Dias, Julio César Alves Ramos, João Carlos de Lima Junior, Jose Ricardo da Silva, Alberto Pinto Souza Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Elias Sampaio Freire, Valmir Sandri, Henrique Pinheiro Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rodrigo da Costa Possas, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Francisco Assis de Oliveira Junior, Marcos Aurélio Pereira Valadão e Pedro Anan Junior. Relatório DISTRIBUIDORA DE BOVINOS NORTERIOGRANDENSE LTDA., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já devidamente qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 26/06/1998 (Extrato de Processo de fl. 223), exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ e Reflexos (PIS, COFINS e CSLL), em relação aos anos calendário de 1993 a 1994, conforme peça inaugural do feito, às fls. 167/222, e demais documentos que instruem o processo. De conformidade com a Descrição dos Fatos, a presente autuação decorreu da constatação das seguintes incorreções: a) contabilização do ICMS sobre vendas em valores superiores aos efetivamente incorridos; (b) abatimento do lucro líquido de impostos e taxas não dedutíveis, (c) declaração de saldos devedores de correção monetária quando apurou, em verdade, saldos credores; e (d) ter procedido à correção monetária do seu ativo permanente em desacordo com a legislação pertinente. Após regular processamento, interposto Recurso Especial pela Procuradoria contra Acórdão nº 10708.676, da então 7a Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, que deu provimento parcial ao recurso voluntário da contribuinte, acolhendo de ofício a decadência de parte da exigência fiscal, a Egrégia 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 09/03/2009, por unanimidade de votos, achou por bem NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 910100.088, sintetizados na seguinte ementa: “Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO DECADÊNCIA CSLL SUA NATUREZA TRIBUTÁRIA – APLICAÇÃO DO ARTIGO 150 DO CTN A Contribuição social Fl. 517DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10469.002255/9896 Acórdão n.º 9900000.261 CSRFPL Fl. 491 3 sobre o lucro líquido, instituída pela Lei n° 7.689/88, em conformidade com os arts. 149 e 195, § 40, da Constituição Federal, tem a natureza tributária, consoante decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, por unanimidade de votos, no RE N° 146.7339SÃO PAULO, o que implica na observância, dentre outras, das regas do art. 146, III, da Constituição Federal de 1988. Desta forma, a contagem do prazo decadencial da CSLL se faz de acordo com o artigo 150, § 4° do C'TN. Súmula Vinculante do STF n° 08. Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e improvido.” Ainda irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário ao Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, às fls. 459/467, com arrimo no artigo 9º do Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Inicialmente, pretende seja conhecido seu Recurso Extraordinário, uma vez observados os requisitos para tanto, eis que o Acórdão atacado, ao aplicar ao caso a decadência insculpida no artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, independentemente da ocorrência de antecipação de pagamento, divergiu de outras decisões exaradas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se extrai do Acórdão nº CSRF/0203.331, ora adotado como paradigma. Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, ressaltando que somente se discute a CSLL, insurgese contra o Acórdão guerreado, sustentando que a jurisprudência deste Colegiado, corroborada pelo entendimento adotado no Superior Tribunal de Justiça, estabelece que a aplicação do prazo decadencial inserido no artigo 150, § 4º, do CTN, pressupõe a antecipação de pagamento, ainda que parcialmente. Contrapõese ao Acórdão recorrido, por entender que o artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, estaria dispondo sobre prazo para o ato de “homologação” de um procedimento do contribuinte, e não sobre o prazo para lançamento. No caso vertente, assevera que inexistindo recolhimento, ou seja, antecipação de pagamento não há o que se homologar, não estando o lançamento de ofício previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, mas, sim, no artigo 173, inciso I, daquele Diploma legal, conforme doutrina transcrita na peça recursal. Em defesa de sua pretensão, infere que adotandose o artigo 173, inciso I, do CTN, o prazo decadencial começaria a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento, não se cogitando em decadência no caso sub examine. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Extraordinário, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, entendeu por bem admitir o Recurso Extraordinário do Procurador, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido Fl. 518DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 4 divergiu do entendimento consubstanciado no decisum paradigma, Acórdão nº CSRF/02 03.331, consoante se positiva do Despacho CSRF nº 223/2009, às fls. 471/473. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Extraordinário do Procurador, a contribuinte apresentou suas contrarrazões, às fls. 478/480, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção, ressaltando ter havido antecipação de pagamento no caso dos autos, reforçando a tese da aplicabilidade do artigo 150, § 4°, do CTN. É o Relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da CSRF, a divergência suscitada pela Procuradoria da Fazenda Nacional, conheço do Recurso Extraordinário e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso, pretende a recorrente a reforma do Acórdão recorrido, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram outra decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Acórdão nº CSRF/02 03.331, ora adotado como paradigma, em relação à contagem do prazo decadencial, mormente quando não se constata a ocorrência da antecipação de pagamento. A fazer prevalecer seu entendimento, aduz, em síntese, que as razões de decidir do Acórdão recorrido contrariaram a legislação de regência, notadamente os artigos 150, § 4°, e 173, inciso I, do Código Tributário Nacional e, bem assim a jurisprudência deste Colegiado e do Superior Tribunal de Justiça a propósito da matéria, a qual exige a existência de recolhimentos, ou seja, a antecipação de pagamento para que se aplique o prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, impondo sejam levados a efeito os ditames do artigo 173, inciso I, uma vez que inexistindo autolançamento do contribuinte, com antecipação de pagamento, não há o que se homologar. Não obstante as substanciosas razões da recorrente, seu insurgimento, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições destinadas a Seguridade Social, como segue: “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Fl. 519DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10469.002255/9896 Acórdão n.º 9900000.261 CSRFPL Fl. 492 5 Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Inicialmente, o núcleo da questão residia exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deveria prevalecer para as contribuições destinadas a Seguridade Social, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 6 Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições destinadas a Seguridade Social, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições destinadas a Seguridade Social sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs Fl. 521DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10469.002255/9896 Acórdão n.º 9900000.261 CSRFPL Fl. 493 7 expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente à apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Esta, aliás, é a tese que prevaleceu na última reunião do Conselho Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em dezembro de 2009. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições destinada a Seguridade Social devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro Fl. 522DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 8 dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de Fl. 523DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10469.002255/9896 Acórdão n.º 9900000.261 CSRFPL Fl. 494 9 pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento nas contribuições previdenciárias, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento, consoante se infere das Descrições dos Fatos, às fls. 167/222, de onde se extrai que a presente exigência fiscal decorre da constatação das seguintes infrações: a) contabilização do ICMS sobre vendas em valores superiores aos efetivamente incorridos; (b) abatimento do lucro líquido de impostos e taxas não dedutíveis, (c) declaração de saldos devedores de correção monetária quando apurou, em verdade, saldos credores; e (d) ter procedido à correção monetária do seu ativo permanente em desacordo com a legislação pertinente. Constam, ainda, dos extratos da própria RFB, às fls. 85, recolhimentos de IRRF sobre a remuneração de serviços prestados por pessoa jurídica em relação ao período objeto do lançamento, inclusive os reconhecidos como decadentes (01 a 05/1993), bem como pagamentos de CSLL, às fls. 86 (04 e 05/1993) e, da CSLL – Demais estimativas, de fls. 92, relativamente ao período de 01/1993 a 03/1993. Observase, portanto, a existência de recolhimentos, alem de tratarse de antecipações compensáveis ao final do período de apuração, no ajuste anual, caracterizandose os impostos pagos como antecipação do pagamento, ou seja, lançamento de diferenças de tributos, fato relevante para a aplicação do instituto da decadência, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar. Assim, é de se manter a ordem legal no sentido de acolher o prazo decadencial de 05 (cinco) anos, na forma do artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 26/06/1998 (Extrato de Processo de fl. 223), a exigência fiscal resta parcialmente fulminada pela decadência, em relação aos fatos geradores ocorridos no período de 01/1993 a 05/1993, os quais se encontram fora do prazo decadencial inscrito no dispositivo legal supra, impondo seja decretada a improcedência parcial do feito. Dessa forma, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário da contribuinte, na forma decidida pela então 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, ratificado pela 1ª Turma da CSRF, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Assinado digitalmente Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 524DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 10 Fl. 525DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 22/10/2012 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 05/02/2012 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 10283.720852/2010-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 PREJUÍZOS FISCAIS. BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL. PERÍODOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. Verificada a existência de saldos de prejuízos fiscais ou de bases negativas da CSLL de períodos anteriores ainda não utilizados pela contribuinte, admite-se a sua utilização para fins de compensação com a matéria tributável apurada em procedimento de oficio, respeitado o limite de trinta por cento. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Ano-calendário: 2005 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODOS. Após o início do processo de fiscalização, não cabe mais ao contribuinte alterar o método utilizado na DIPJ para determinação dos ajustes decorrentes da legislação dos preços de transferência. Ademais, a fiscalização não esta obrigada a testar todos os métodos facultados ao contribuinte se incomprovada a utilização espontânea de mais de um método para o cálculo dos preços-parâmetro. MÉTODO PRL60. CÁLCULOS SEGUNDO INSTRUÇÃO NORMATIVA. ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE ENTRE A LEI Nº. 9.959/2000 E A INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº. 243/2002. A normatização do denominado método “PRL60”, empreendida no art. 12 da IN SRF nº. 243/2002, se analisada sob o prisma de uma interpretação gramatical, lógica, finalística e sistemática se mostra em perfeita consonância com as normas veiculadas no art. 18 da Lei nº. 9.430/97, com a redação estatuída pelo art. 2º da Lei nº. 9.959/2000. MÉTODO PRL60. IN 243/2002. PONDERAÇÃO DE CUSTOS. ISOLAMENTO. EFEITO BENÉFICO.
A roupagem da fórmula adotada pela IN 243/2002 (PPn=%nPL –
60%x(%nPL)) se modifica em relação à sua formulação genérica prevista na
literalidade da Lei (PP= PLV – 60%PLV – VA) ao incorporar a técnica da
ponderação, contudo esse aspecto específico visto de forma isolada, ao
contrário do apregoado diminui os ajustes se comparado com a sua
formulação genérica, além do que essa nova “roupagem” também não macula
sua essência que é provocar o surgimento do “preço parâmetro de
comparação” a partir do expurgo do Valor Agregado e assim, manter a
técnica do máximo isolamento para cada um dos insumos importados que
fazem parte do produto final a ser revendido, o que não acontece na fórmula
da IN 32/2001 (((PP= PLV – 60%(PLV – VA ) nem na formulação genérica
encontrada da literalidade Lei ((PP= PLV – 60%PLV – VA)).
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTES. LUCRO DA EXPLORAÇÃO.
RECÁLCULO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VEDAÇÃO. No caso de
lançamento de ofício, não é admitida a recomposição do lucro da exploração
referente ao período abrangido pelo lançamento para fins de novo cálculo do
benefício fiscal.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É cabível
a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do
Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros
de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre
ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que
também não é paga no vencimento.
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. Estendese
ao lançamento
decorrente (CSLL), no que couber, a decisão prolatada no IRPJ, em razão da
íntima ação de causa e efeito que os vincula. Anocalendário:
2005
Numero da decisão: 1401-000.800
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao RECURSO DE OFÍCIO. Em relação ao Recurso voluntário, NEGAR provimento, nos seguintes termos: i) Pelo voto de qualidade negar provimento em relação em relação à legalidade da IN. Vencidos os Conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. ii) Por maioria de votos, NEGAR provimento em relação aos juros sobre a multa de oficio, vencidos os Conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. iii) Por unanimidade de votos, NEGAR provimento em relação às demais alegações.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL. PERÍODOS ANTERIORES. COMPENSAÇÃO. Verificada a existência de saldos de prejuízos fiscais ou de bases negativas da CSLL de períodos anteriores ainda não utilizados pela contribuinte, admitese a sua utilização para fins de compensação com a matéria tributável apurada em procedimento de oficio, respeitado o limite de trinta por cento. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2005 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODOS. Após o início do processo de fiscalização, não cabe mais ao contribuinte alterar o método utilizado na DIPJ para determinação dos ajustes decorrentes da legislação dos preços de transferência. Ademais, a fiscalização não esta obrigada a testar todos os métodos facultados ao contribuinte se incomprovada a utilização espontânea de mais de um método para o cálculo dos preçosparâmetro. MÉTODO PRL60. CÁLCULOS SEGUNDO INSTRUÇÃO NORMATIVA. ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE ENTRE A LEI Nº. 9.959/2000 E A INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº. 243/2002. A normatização do denominado método “PRL60”, empreendida no art. 12 da IN SRF nº. 243/2002, se analisada sob o prisma de uma interpretação gramatical, lógica, finalística e sistemática se mostra em perfeita consonância com as normas veiculadas no art. 18 da Lei nº. 9.430/97, com a redação estatuída pelo art. 2º da Lei nº. 9.959/2000. MÉTODO PRL60. IN 243/2002. PONDERAÇÃO DE CUSTOS. ISOLAMENTO. EFEITO BENÉFICO. Fl. 622DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 623 2 A roupagem da fórmula adotada pela IN 243/2002 (PPn=%nPL – 60%x(%nPL)) se modifica em relação à sua formulação genérica prevista na literalidade da Lei (PP= PLV – 60%PLV – VA) ao incorporar a técnica da ponderação, contudo esse aspecto específico visto de forma isolada, ao contrário do apregoado diminui os ajustes se comparado com a sua formulação genérica, além do que essa nova “roupagem” também não macula sua essência que é provocar o surgimento do “preço parâmetro de comparação” a partir do expurgo do Valor Agregado e assim, manter a técnica do máximo isolamento para cada um dos insumos importados que fazem parte do produto final a ser revendido, o que não acontece na fórmula da IN 32/2001 (((PP= PLV – 60%(PLV – VA ) nem na formulação genérica encontrada da literalidade Lei ((PP= PLV – 60%PLV – VA)). PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. AJUSTES. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. RECÁLCULO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. VEDAÇÃO. No caso de lançamento de ofício, não é admitida a recomposição do lucro da exploração referente ao período abrangido pelo lançamento para fins de novo cálculo do benefício fiscal. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. Estendese ao lançamento decorrente (CSLL), no que couber, a decisão prolatada no IRPJ, em razão da íntima ação de causa e efeito que os vincula. Anocalendário: 2005 Ementa: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao RECURSO DE OFÍCIO. Em relação ao Recurso voluntário, NEGAR provimento, nos seguintes termos: i) Pelo voto de qualidade negar provimento em relação em relação à legalidade da IN. Vencidos os Conselheiros Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. ii) Por maioria de votos, NEGAR provimento em relação aos juros sobre a multa de oficio, vencidos os Conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. iii) Por unanimidade de votos, NEGAR provimento em relação às demais alegações. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente Fl. 623DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 624 3 (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Karem Jureidini Dias e Jorge Celso Freire da Silva. Fl. 624DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 625 4 Relatório Trata o presente processo de exigências de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, relativas ao anocalendário de 2005, formalizadas a partir da imputação da seguinte infração: falta de adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social, de ajustes decorrentes de preços de transferência, segundo o método denominado PRL 60. A 1ª Turma Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém, Pará, tendo exonerado parte do crédito tributário constituído, recorre de ofício a este Colegiado administrativo, amparada nas disposições do art. 34 do Decreto n° 70.235, de 1972, e da Portaria MF n°. 3, de 2008. A DRJ manteve então em parte o lançamento, nos termos da ementa abaixo: DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas em casos concretos não se constituem em normas gerais. Inaplicável, portanto, a extensão de seus efeitos, de forma genérica, a outros casos. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. As autoridades julgadoras de 1a instância não possuem competência para apreciar a ilegalidade da Instrução Normativa expedida por autoridade hierárquica superior. INSTRUÇÃO NORMATIVA. OBSERVÂNCIA. As Instruções Normativas gozam de presunção de legalidade e são de observância obrigatória pelos servidores subordinados à autoridade que expediu o ato normativo. LUCRO DA EXPLORAÇÃO. No caso de lançamento de ofício, não é admitida a recomposição do lucro da exploração referente ao período abrangido pelo lançamento. PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO. Comprovado que a pessoa jurídica, optante pelo lucro real, possui saldo de prejuízos fiscais de períodos anteriores, legítima a compensação deste saldo na base de cálculo do lançamento, na forma definida pelo art. 15 da lei n° 9.065/95, mediante manifestação do sujeito passivo neste sentido. PREJUÍZOS FISCAIS NÃO OPERACIONAIS. COMPENSAÇÃO. Os prejuízos nãooperacionais somente podem ser compensados com os lucros não operacionais. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, apresentase regular a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de ofício não pagos, a partir de seu vencimento. BASE NEGATIVA. COMPENSAÇÃO. Comprovado que a pessoa jurídica, Fl. 625DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 626 5 optante pelo lucro real, possui saldo de base negativa de períodos anteriores, legítima a compensação deste saldo na base de cálculo do lançamento, na forma definida pelo art. 16 da lei n° 9.065/95, mediante manifestação do sujeito passivo neste sentido. Por relevante, transcrevo, abaixo, excertos do voto condutor da decisão em referência. 2.3 DA COMPENSAÇÃO DOS PREJUÍZOS ACUMULADOS No que tange a compensação de prejuízos fiscais, a solicitação tem guarida no art. 15 da Lei n° 9.065/95, infra. Tratase de uma faculdade concedida ao sujeito passivo que mantém os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação, limitada a trinta por cento do lucro líquido ajustado. Diante do acolhimento parcial, em primeira instância, das razões trazidas por meio de peça impugnatória, a Recorrente interpôs o recurso de fls. 273/342, por meio do qual sustenta: a ilegalidade da metodologia de cálculo do preço parâmetro prevista no artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002, vez que esta inovou no plano normativo, criando fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" absolutamente diversa da fórmula prevista no artigo 18 da Lei n° 9.430/1996, implicando sua aplicação indevida majoração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, afrontando, assim, o disposto no inciso II e no §1° do artigo 97 do Código Tributário Nacional; a competência dos Órgãos Administrativos de Julgamento, notadamente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para afastar, no caso concreto, as ilegalidades cometidas pelo Poder Executivo ao expedir Instruções Normativas, como, para ela, é o caso do artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002; a ilegalidade do artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002, configurada, basicamente, pelas seguintes questões: i) instituição, pelo Poder Executivo, de fórmula de cálculo do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" absolutamente diversa da fórmula estabelecida pelo Poder Legislativo (artigo 18 da Lei n° 9.430/1996); e ii) majoração (indevida) da base de cálculo do IRPJ e da CSLL mediante aplicação de critérios de apuração previstos, única e exclusivamente, no texto de uma Instrução Normativa; que, na fórmula prevista no artigo 18 da Lei n° 9.430/1996, o legislador ordinário determinou que, para efeito de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%", a margem de lucro corresponde a 60% do preço líquido de revenda diminuído do valor agregado no País; que o legislador ordinário estabeleceu uma margem de lucro altíssima (60%), mas, por outro lado, autorizou a diminuição do valor agregado no País; que, de acordo com a metodologia (fórmula) de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" introduzida pela Instrução Normativa SRF n° 243/2002, no cálculo deverá ser excluído o valor agregado no País e a margem de lucro de 60%, anteriormente calculada sobre o preço líquido de revenda diminuído do valor agregado no País; Fl. 626DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 627 6 que foi incluída na fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" prevista na Instrução Normativa SRF n° 243/2002 o percentual de participação dos bens importados no custo total do bem produzido e a participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido como fatores determinantes da margem de lucro e do preço parâmetro; que, com a proporcionalização do preço de venda, indiretamente está sendo deduzido o valor agregado no País no cálculo do preço parâmetro, em flagrante violação ao inciso II do artigo 18 da Lei n° 9.430/1996; que a introdução na fórmula prevista na Instrução Normativa SRF n° 243/2002 do percentual de participação dos bens importados no custo total do bem produzido e da participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido como fatores determinantes da margem de lucro e do preço parâmetro altera, substancialmente, os critérios de cálculo previstos no artigo 18 da Lei n° 9.430/1996; que não há previsão legal para excluir o valor agregado no cálculo do preço parâmetro (o valor agregado deve ser excluído do preço líquido de venda apenas para fins de cálculo da margem de lucro corresponde a 60%); que, com a proporcionalização do preço líquido de venda, o valor é reduzido na exata proporção do percentual de participação do valor de aquisição do insumo no custo total, reduzindo o preço parâmetro e, por conseguinte, aumentando a base de cálculo do IRPJ e da CSLL; que a apuração de ajuste em situação na qual não haveria ajuste caso observada a fórmula da Lei ou, então, a apuração de ajuste em valor superior ao que seria apurado caso fosse observada a fórmula da lei representam (em ambas as hipóteses) majoração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL por meio da aplicação de disposições contidas, única e exclusivamente, no texto de Instrução Normativa, o que é absolutamente vedado pelo inciso II e pelo § 1° do artigo 97 do Código Tributário Nacional; que a Medida Provisória n° 478/2009 foi publicada com o evidente objetivo de, se convertida em Lei, corrigir as ilegalidades perpetradas pelo artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002 quanto à fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método PRL 60%; que a Medida Provisória n° 478/2009 representa o reconhecimento expresso de membros do Poder Legislativo e do Poder Executivo, e, também, do Advogado Geral da União (a exposição de motivos também foi assinada pelo Dr. Luís Inácio Lucena Adams), de que a fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" prevista na Instrução Normativa n° 243/2002 não encontra fundamento na Lei n° 9.430/1996 e, portanto, é ilegal; que o artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002 também viola o princípio "arm's lenght"; que, ao determinar a comparação do preço praticado com preço parâmetro distante da realidade de mercado, o artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002 ignorou, solenemente, o princípio "arms lenght", de modo que, por mais esse motivo, devem ser cancelados os autos de infração; Fl. 627DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 628 7 que a simples discordância da Fazenda Nacional quanto ao disposto na Lei n° 9.430/1996 não legitima a aplicação de fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" não prevista em Lei; que ainda que fosse possível sustentar o entendimento da Fazenda Nacional de que a interpretação literal do artigo 18 da Lei n° 9.430/1996 poderia resultar em diferentes fórmulas de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%", o § 4° do artigo 18 da Lei n° 9.430/1996 confere ao contribuinte o direito de aplicação do método mais favorável; que a fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" pode ser considerada mais "benéfica" porque, corretamente, parte da premissa de que realmente uma empresa brasileira, em operações regulares de mercado, não atinge a elevadíssima margem de lucro de 60% e, por esse motivo, a fórmula da lei não excluiu o valor agregado no cálculo do preço parâmetro. que, caso se optasse por excluir o valor agregado do preço parâmetro, o percentual da margem de lucro de 60% deveria ser reduzido, inclusive, como se pretendeu com a Medida Provisória n° 478/2009, não convertida em Lei Ordinária; que, pela fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" prevista no artigo 18 da Lei n° 9.430/1996, o valor agregado no País ao bem importado reflete na apuração da margem de lucro de 60% e, também, no valor do ajuste no lucro tributável, de modo que, quanto maior o valor agregado no País, menor será o ajuste a título de preço de transferência; que é possível comprovar, matematicamente, que a aplicação da fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" da Instrução Normativa SRF n° 243/2002 mais do que dobra a tributação que seria obtida com a aplicação do método "PRL 20%", influenciando, inevitavelmente, a opção de importar para revender em vez de importar para produzir e posteriormente revender; que, ainda que se argumentasse que o método "PRL 60%" da Lei n° 9.430/1996 poderia incentivar a produção nacional, fato é que tal estímulo parece, por razões óbvias, muito mais razoável do que o estímulo para o desinvestimento no Brasil decorrente do aumento das importações para revenda direta, como parece pretender a Instrução Normativa SRF n° 243/2002; que, diferentemente do alegado pela Fazenda Nacional, a fórmula de apuração do preço parâmetro pelo método "PRL 60%" prevista no artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002 não é adequada, não permite apurar o preço justo em decorrência do "efeito circular", como também não evita a transferência de lucros entre empresas vinculadas, uma vez que, na maioria das vezes, premia o contribuinte que não cumpre a legislação de preços de transferência e transfere lucros para o exterior (afirma que essa situação pode ser identificada nos casos em que o contribuinte não efetuar qualquer controle e tiver o seu lucro arbitrado); que, de forma absolutamente autônoma à ilegalidade do artigo 12 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002, demonstrou na impugnação apresentada que o método "PRL 60%" não seria aplicável no anocalendário de 2005, nos termos do artigo 31 da Fl. 628DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 629 8 Instrução Normativa SRF n° 243/2002, tendo em vista que as vendas realizadas foram atípicas em virtude do encerramento de suas atividades operacionais no Estado do Amazonas; que, em que pese o entendimento manifestado na decisão recorrida, fato é que os argumentos e documentos trazidos aos autos para contextualizar a decisão de encerramento das atividades operacionais no anocalendário de 2005 não foram devidamente valorados pela Turma da DRJ/BEL; que, diante da decisão de encerrar as atividades no Estado do Amazonas, e considerando que os produtos importados estavam "mais baratos", no anocalendário de 2005, viuse obrigada a vender os seus produtos industrializados abaixo do preço de mercado para liquidar os estoques, apurando prejuízo operacional; que, tendo em vista que as operações de venda foram realizadas abaixo do preço de mercado para liquidar os estoques em virtude do encerramento das suas atividades no Estado do Amazonas, o artigo 31 da Instrução Normativa SRF n° 243/2002 as qualifica como "atípicas", não podendo ser utilizadas para o cálculo do preço parâmetro; que a documentação juntada aos autos representa a comunicação aos funcionários, aos clientes e aos demais colaborares do encerramento das suas atividades no Estado do Amazonas, cuja decisão foi tomada no anocalendário de 2004, influenciando, por conseguinte, todas as vendas realizadas no anocalendário de 2005; que a autenticidade da documentação apresentada jamais poderia ser objeto de questionamento, pois foi utilizada por ela para contextualizar a decisão de encerramento de suas atividades operacionais no anocalendário de 2005 e propiciar o convencimento do julgador administrativo quanto à atipicidade das vendas realizadas; que, com o objetivo de afastar ponto levantado apenas pela decisão recorrida, requer a juntada da tradução juramentada para o português dos documentos em inglês que instruíram a impugnação, nos termos da alínea "c" do § 4° do artigo 16 do Decreto n° 70.235/72 ; que, considerando que faz jus ao benefício do "Lucro da Exploração", o ajuste a título de "Preço de Transferência" efetuado pela fiscalização deveria integrar o cálculo do "Lucro da Exploração"; que a vedação prevista no artigo 66 da Instrução Normativa SRF n° 267/2002 não está prevista em Lei e, portanto, não deve prevalecer; que, na remota hipótese de se entender que a vedação prevista no artigo 66 da Instrução Normativa SRF n° 267/2002 seria legal, fato é que tal dispositivo não se aplica na hipótese dos autos, pois ela não está pleiteando a recomposição do "Lucro da Exploração" para fins de novo cálculo do incentivo; que o pedido formulado por ela não foi para recomposição do Lucro da Exploração e novo cálculo do incentivo, mas, sim, para que este incentivo seja considerado na apuração do IRPJ efetuada, de ofício, pela Fiscalização; que a redução de 75% do Imposto de Renda é um incentivo fiscal previsto em Lei e foi reconhecido por meio de Atos Declaratórios emitidos pela própria Receita Fl. 629DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 630 9 Federal do Brasil, não havendo, portanto, qualquer justificativa razoável para afastar a sua aplicação no caso concreto; que não tem fundamento legal a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício, quando esta for exigida em conjunto com o tributo supostamente devido (e não isoladamente), conforme, inclusive, reconhecido pela 1ª Turma da CSRF; que admitir a cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício, quando exigida em conjunto com o tributo (e não isoladamente), seria impingir irremediável contradição aos próprios termos do art. 161 do CTN, pois este dispositivo, em sua parte final, além da cobrança dos juros de mora sobre o crédito inadimplido, resguarda a "imposição das penalidades cabíveis'" sobre este crédito inadimplido; que a "penalidade cabível" mencionada na parte final do art. 161 do CTN é a própria multa de ofício, o que demonstra, cabalmente, que este montante não se confunde com o crédito tributário sobre o qual incidirá os juros de mora e as penalidades cabíveis (multa de ofício). A 2a Turma ordinária da Terceira Câmara da 1a Seção do CARF através da Resolução n. 921.367, Resolveu converter o julgamento em diligência para que o presente processo fosse enviado à esta 1a TURMA da QUARTA CÂMARA desta Primeira Seção de Julgamento, para que fosse julgado de forma conjunta com o processo n°. 10283.721271/2008 92, este da minha relatoria. O motivo dessa Resolução foi a constatação de conexão entre processos, nos seguintes termos, naquilo que é de relevante: (...)Observase, pois, que a apreciação do RECURSO DE OFÍCIO depende dos seguintes fatores: i) da confirmação dos saldos de períodos anteriores de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL, que, por sua vez, depende do julgamento acerca da procedência dos lançamentos tributários objeto do processo administrativo n° 10283.721271/200892; ii) da procedência da infração tratada no presente processo. Diante dos fatos esposados, conduzo meu voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que o presente processo seja enviado à 1a TURMA da QUARTA CÂMARA desta Primeira Seção de Julgamento, para que seja julgado de forma conjunta com o processo n°. 10283.721271/200892. É o Relatório. Fl. 630DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 631 10 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator O recurso reúne as condições de admissibilidade tanto do recurso de ofício quanto do recurso voluntário, deles tomo conhecimento. RECURSO DE OFÍCIO A matéria submetida a recurso de ofício relacionase ao aproveitamento de pela DRJ e solicitado pelo Contribuinte dos prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL no limite de 30%, nos seguintes termos: No que tange a compensação de prejuízos fiscais, a solicitação tem guarida no art. 15 da Lei n° 9.065/95, infra. Tratase de uma faculdade concedida ao sujeito passivo que mantém os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação, limitada a trinta por cento do lucro líquido ajustado. Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. O mesmo se diga compensação da base negativa da CSLL de exercícios anteriores, por sua vez fundamentada no art. 16 do mesmo diploma legal, in verbis: Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei n" 8.981, de 1995. Todavia, a legislação do Imposto de Renda, em especial o art. 31 da Lei n° 9.249/95, acrescenta uma peculiaridade à compensação do prejuízo fiscal, não aplicável à compensação da base negativa da CSLL, segundo a qual o prejuízo fiscal não operacional somente podem ser compensado com lucro não operacional. Art. 31. Os prejuízos não operacionais, apurados peias pessoas jurídicas, a partir de Iode janeiro de 1996, somente poderão ser compensados com lucros de mesma natureza, observado o limite previsto no art. 15 da Lei n" 9.065, de 20 de junho de 1995. Fl. 631DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 632 11 Como prova da existência de saldo de prejuízo fiscal e base negativa da CSLL, de exercícios anteriores, a recorrente juntou o Livro de Registro de Apuração do Lucro Real (fls. 184212 do Anexo I), bem como a folha 157 do Acórdão n° 01 531 exarado no processo n° 10283.721271/200892 (fls. 213214 do Anexo I). Por meio destes documentos, extraíse que o saldo de prejuízos fiscais existentes até o anocalendário 2003 foi compensado com os ajustes relativos ao preço de transferência de que trata o processo n° 10283.721271/200892 (fl. 213 214). Pelo que, restou no início do anocalendário 2005, um saldo de prejuízos fiscais, referentes ao ano anterior (2004), nos valores indicados na Tabela 1. Informações estas ratificadas por meio de consulta aos sistemas internos da RFB (fls. 218222). Tabela 1 Saldo de Prejuízos Fiscais em 01/01/2005 Natureza do prejuízo fiscal AC Valor (R$) Não operacional 2004 2.703.111,99 Operacional 2004 3.023.183,27 Total 5.726.295,26 Extraise ainda dos documentos apresentados, que a recorrente apresentava um saldo negativo da CSLL, em 01/01/2005, no valor de R$ 5.726.295,26. Compulsando o lançamento, vêse que autoridade lançadora não considerou os saldos de prejuízos fiscais e de base negativa da CSLL, de períodos anteriores, no lançamento. De efeito, considerando a manifestação da recorrente no sentido de exigir, no caso concreto, o direito assegurado pelos art. 15 e 16 da Lei n° 9.065/95, acolhese parcialmente o pleito, no sentido de permitir o uso dos saldos de prejuízos fiscais operacionais e de base negativa da CSLL, de períodos anteriores, para reduzir a base de cálculo do lançamento, obstando o uso do saldo do prejuízo não operacional, uma vez que os ajustes do lançamento se referem ao resultado operacional. Assim, irreparável a decisão piso nesse aspecto, pois nada mais fez do que acolher jurisprudência administrativa pacífica de aproveitamento de ofício, se houver, de saldo de prejuízos fiscais ou bases de cálculo negativas. É que a lei não distingue entre o lucro tributável declarado e o apurado em lançamento suplementar, podendo ambos, portanto, serem alvos da compensação de prejuízos fiscais, caso o contribuinte aceite. Neste sentido há ampla jurisprudência administrativa, a exemplo das ementas a seguir trasladadas: COMPENSAÇÃO DE MATÉRIA TRIBUTADA PELA FISCALIZAÇÃO A ação fiscal deve levar em conta, ao proceder o lançamento de ofício, os prejuízos declarados pelo contribuinte, compensandoos. A compensação independe de opção na declaração de rendimentos." (Ac. 1° CC 10177.400/87 Resenha Tributária, Jurisprudência do IR, Vol. 1.21, pág. 50) "PREJUÍZO FISCAL COMPENSAÇÃO DE MATÉRIA TRIBUTADA PELA FISCALIZAÇÃO A determinação de matéria tributável, em procedimento de ofício, impõe, também, o direito ao contribuinte de compensar prejuízos fiscais, de exercícios anteriores, ainda pendentes de compensação na escrituração fiscal." (Ac. 1º CC 10319820/98) Fl. 632DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 633 12 Outrossim, o quantum dos prejuízos fiscais e das bases negativas da CSLL foram identificadas através do meio correto, Sistema Sapli cujos saldos são convergentes com o constante no LALUR da Recorrente. Bem assim, o aproveitamento se deu com as limitações previstas a partir do anocalendário de 1995 sob a égide da Lei 8.981/95 e posteriormente da Lei n° 9.065, de 1995, arts. 15 e 16, que comandam o respeito ao limite de 30% do valor do lucro real apurado no períodobase ou do lucro líquido ajustado, o que foi o caso. Também agiu acertadamente a decisão de piso na medida em que seguiu os preceitos da legislação do Imposto de Renda, o art. 31 da Lei n° 9.249/95, que acrescentou uma peculiaridade à compensação do prejuízo fiscal, não aplicável à compensação da base negativa da CSLL. É que o prejuízo fiscal não operacional somente pode ser compensado com lucro não operacional. Por todo o exposto, nego provimento ao RECURSO DE OFÍCIO. RECURSO VOLUNTÁRIO A recorrente questiona a utilização do método de cálculo do PRL60, em face da atipicidade de suas operações de venda provocada pela liquidação do estoque e encerramento de sua atividade, nos termos do art. 31 da IN SRF 243/2002, in verbis; Art. 31. Em nenhuma hipótese será admitido o uso, como parâmetro, de preços de bens, serviços e direitos praticados em operações de compra e venda atípicas, tais como nas liquidações de estoque, nos encerramentos de atividades ou nas vendas com subsídios governamentais. A DRJ assim afastou o seu pleito: O preceito normativo tem por objetivo evitar quer preços atípicos, comuns às hipóteses de liquidação de estoque, encerramento de atividade e venda com subsídio, venham a distorcer o resultado do cálculo do preço parâmetro de transferência. No caso concreto, a recorrente, sem sucesso, tenta comprovar a atipicidade de suas operações de venda ocorridas no anocalendário 2005 e, por conseguinte, a inaplicabilidade do método de cálculo PRL60 mediante a apresentação de supostas comunicações a seus funcionários, clientes e colaboradores (fls. 59106). Ocorre que os documentos apresentados não são hábeis para a finalidade a que se propõem. A uma, não asseguram sua autenticidade. Os documentos apresentados são meras cópias de supostas apresentações ou mensagens internas. Não há como saber se os referidos documentos são reais e/ou provêm da época dos fatos. A duas, boa parte dos documentos está escrita em língua estrangeira, sem a devida tradução para o vernáculo nacional. A três, não gozam de legitimidade para o fim proposto. Nos termos do art. 16 do contrato social da empresa (fl. 205), a decisão de encerramento das atividades da empresa deve ser decidida por deliberação da maioria absoluta do capital social. O que não Fl. 633DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 634 13 restou comprovado. Mesmo em casos de mera liquidação de estoques (não seguido de encerramento das atividades), fato não suscitado pela recorrente, a decisão deveria ser comprovada mediante documentos hábeis, tais como o ato de deliberação do corpo administrativo. O que também não ocorreu. Outrossim, o extrato da entrega das DIPJ (fl. 217) demonstra a continuidade das atividades da empresa. A Recorrente, em seu Recurso, se indispõe contra a decisão de piso, naquilo que é relevante, nos seguintes termos: 140. Os documentos em questão foram subscritos pelos representantes da Recorrente que participaram (direta ou indiretamente) do processo de encerramento de suas atividades e, por serem documentos particulares, a Lei não exige qualquer formalidade para garantir a sua autenticidade e, principalmente, para servir de elemento de prova para a formação do convencimento do Julgador Administrativo. 141. Dessa forma, a autenticidade da documentação apresentada jamais poderia ser objeto de questionamento, pois foi utilizada pela Recorrente para contextualizar a decisão de encerramento de suas atividades operacionais no ano calendário de 2005 e propiciar o convencimento do Julgador Administrativo quanto à atipicidade das vendas realizadas. (...) requer a juntada da tradução juramentada para o português dos documentos em inglês que instruíram a impugnação, nos termos da alínea "c" do §4° do artigo 16 do Decreto n° 70.235/72 (doe. 02). 143. Ademais, e diferentemente do alegado na r. decisão recorrida, o artigo 16 do Contrato Social da Requerente estabelece expressamente que a sua liquidação (realização do ativo, pagamento do passivo e destinação do acervo líquido) deverá ser deliberada por maioria absoluta do capital social, e não a decisão de encerramento das atividades operacionais. A Recorrente não consegue demonstrar a atipicidade de suas operações de venda. Tergiversa quando diz que se contrato social estabelece que a liquidação é que deverá ser deliberada por maioria absoluta do capital social e não a decisão de encerramento das atividades operacionais. Ora, uma decisão pressupõe a outra e como tal, deveria ter sido assentada em Assembléia. Outrossim, não trouxe elementos concretos no sentido de demonstrar que o seu preço estava aviltado em função de uma situação atípica, algo que poderia têlo feito apenas comparando com preços praticados em anos anteriores. Também não conseguiu rechaçar o argumento da DRJ, ou seja, o extrato da entrega das DIPJ (fl. 217) que demonstraria categoricamente a continuidade das atividades da empresa. Afinal, contra fatos não há mesmo argumentos. Por fim, mas quem sabe mais importante ainda, uma vez afastada a espontaneidade do contribuinte pelo início da ação fiscal é certo que os dados informados se tornam definitivos. Logo, é indubitável que. em decorrência da cessação da espontaneidade, não cabe mais ao contribuinte rever as opções levadas a efeito na DIPJ apresentada. O autuante respeitou as opções manifestadas pelo contribuinte na DIPJ/2005 acerca dos métodos legalmente estatuídos para a definição dos preços parâmetros. Fl. 634DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 635 14 Portanto, considero o pleito improcedente por falta de provas mais robustas. Da possibilidade de alteração de critério jurídico em função de mudança de interpretação da Lei O ponto relevante da principal polêmica trazida pela Recorrente referese à questionamento relacionado à legalidade da IN SRF 243/2002. Tratase de Instrução Normativa que veio regulamentar as determinações da Lei 9.430/96, alterada pelo artigo 2º da Lei 9.959/00, no que tange ao cálculo do método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL (60%) para determinação do Preço Parâmetro. O preço parâmetro (PP) por sua vez é o preço limite apurado “de cima para baixo”, a partir do Preço de Revenda Líquido (PRL) visando estimar a dedutibilidade dos custos e margem de lucro relativos aos bens importado por pessoas vinculadas localizadas no exterior. O produto importado cujo preço ultrapassar esse preço parâmetro calculado, sofrerá ajustes tornando essa parcela excedente indedutível para efeito de tributação. Em primeiro há que se confirmar a existência de uma Instrução Normativa anterior, a IN 32/2001, que dava uma interpretação da Lei divergente da IN 243/2002. Ora, é sabido hodiernamente que não existe uma única interpretação correta para um texto de Lei. Isso porque toda lei é feita de texto, e texto tem suas idiossincrasias que independem da nossa vontade de perseguir o máximo de objetividade e univocidade. É uma pena que essa mesma cantilena é repetida infinitamente pelos doutrinadores e o que é pior, é absorvida sem resistência pela grande maioria dos operadores de direito. Pensar assim, data máxima venia, passa desapercebido de questões epistemológicas essenciais, tais como os limites da linguagem. Desconhece que os conceitos possuem uma textura aberta, como muito bem demonstrou Hart ainda no seu clássico. O conceito de Direito e Alf Ross em seu insuperável livro Justiça e Direito, através dos quais trouxeram, para arejar o Direito, as novidades da revolução linguísticopragmática instalada principalmente pelo “Segundo Wittgenstein” (Investigações Filosóficas). Nessa mesma linha, temos Ronald Dworkin. A doutrina e a jurisprudência têm se enredado nessa difícil missão de extrair “definibilidade” e “precisão” das regras e dos conceitos jurídicos, em “casos fronteiriços”, ou seja em casos tais em que ocorre uma indeterminação semântica no uso de termos gerais inerente a toda e qualquer linguagem, justamente em função do fenômeno da “textura aberta” da linguagem. Essas chamadas “lacunas de reconhecimento” podem representar tanto uma “vaguidade de grau” quanto uma “vaguidade combinatória”. A primeira se refere a dúvidas quanto à quantidade ou grau de presença de uma das propriedades constitutivas de um conceito que deve estar presente no caso particular para que a aplicação do conceito seja possível. A segunda lacuna, a de “vaguidade combinatória”, referirseia à imprecisão a respeito de quais são as propriedades constitutivas de um conceito e a maneira pela qual elas devem estar combinadas para que o uso do termo geral possa ser empregado de forma legítima. Afora isso, paira na interpretação de qualquer texto o “mal” da ambigüidade, dando margem mais de uma interpretação, como parece ser o caso concreto e que se demonstrará mais adiante com mais vagar. Fl. 635DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 636 15 Em resumo, por trás de uma interpretação da norma não existe uma realidade objetiva com o qual pudesse ser confrontado diretamente a validez do seu resultado. Nesse sentido, o princípio basilar da legalidade não pode ser usado como escudo para persuadir que a “ferro e fogo” existe uma única interpretação correta de uma texto de Lei. Nesse diapasão, soa peremptório a utilidade dos atos infralegais que visam aclarar a norma e lhes dar concretude. É preciso não cair na ilusão de achar que todo o sentido da norma deva estar registrado literalmente com todas as palavras, como se o legislador fosse um demiurgo todo poderoso que conseguisse prever todas as situações fáticas e complexas que envolvem a realidade a ser coberta por uma determinada norma jurídica. Outrossim, causa espécie quando no trato dessa matéria, não sei se por ingenuidade ou sagacidade, se compara a interpretação da Lei com a Interpretação da IN . Ou por outras palavras, quando se compara a interpretação da Lei n. 9.959/2000 com a interpretação trazida pela IN SRF nº 243/2002. Ora, mas não se pode fazer tal comparação uma vez que a interpretação mais adequada da Lei é o que se está em jogo, é o que se pretende provar. Nesse passo, quem usa desse artifício comete a chamada petição de princípio, que é a falácia utilizada por aqueles que dão por provado aquilo que pretendem ou deveriam pretender provar. Quando se usa açodadamente o princípio da legalidade para dizer que uma determinada interpretação da Lei é a mais adequada, nada mais faz o postulante do que reconhecer que não está fazendo o seu serviço direito, indo para o caminho mais fácil de dar por provado aquilo que deveria tentar provar. O presente voto vai se valer então de todos os tipos de interpretação tradicionais para tentar provar se a IN 243/2002 é legal ou não, justamente por submetêla à toda prova. O que garante que uma interpretação é mais adequada do que outra é verificar como essa interpretação se sai ao se submeter aos mais variados testes de resistência. Antes de fazer isso, nenhuma valia tem se agarrar em uma determinada interpretação e dizêla que tal ou qual seria a interpretação legal. O art. 146 do CTN, embora trata de questão mais específica envolvendo um mesmo sujeito passivo que foi submetido temporalmente pela Administração Pública a dois critérios jurídicos distintos, na verdade vem amparar a Administração Pública da possibilidade de se fazer uma mudança de critério jurídico, seja porque a interpretação anterior estava visivelmente equivocada, seja porque a Lei sendo interpretada, comportava claramente mais de uma interpretação jurídica. Nesse passo, não há dúvidas que a IN 243/2002, se comparada com a IN 32/2001 implementou mudanças de critério jurídico que passam a valer apenas a partir de 2003. A IN 32/2001 foi, sim, uma interpretação abraçada pela SRF até 2001 e como tal deve ser aplicada até esse limite de tempo. Embora as mudanças de critérios jurídicos não sejam salutares para a segurança jurídica, a Administração Pública não pode ficar “engessada” indefinidamente a uma interpretação equivocada feita por ela mesma. Fl. 636DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 637 16 LEGALIDADE DA IN 2432002 Posta essas questões preambulares passemos ao enfrentamento direto da questão da legalidade da IN 243/2002, começando obviamente por uma interpretação gramatical que é o ponto de partida de qualquer interpretação. Depois, exploraremos aspectos matemáticos relacionados à simplicidade de cada uma das fórmulas em questionamento. A seguir faremos uma interpretação sistemática e finalística buscando pela racionalidade das fórmulas. Demonstraremos matematicamente alguns “mitos” que giram em torno da proporcionalização efetivada pela IN 243/2002. Por fim, submeteremos a um “teste de resistência” os mais fortes argumentos utilizados pelos doutrinadores no que tange a colocar à prova a legalidade da IN 243/2002. A grosso modo a Recorrente se insurge contra a metodologia de cálculo aplicada pela fiscalização com lastro na IN SRF nº 243/2002. Segundo ela, a metodologia de cálculo da Lei nº 9.430/96 não deixaria margens para qualquer mudança por meio de ato infralegal, onde modifica completamente o texto da norma com a inserção inclusive de conceitos de participação de bens importados no preço de revenda final, majorando assim a sua carga tributária em relação a IN anterior. A princípio esclareçase, por importante, que a Lei nº 9.430/96 em sua redação original somente previa para o cálculo da margem de lucro um percentual de 20% a ser aplicado sobre o preço de revenda dos bens ou direitos. Uma interpretação apenas gramatical da referida norma apontava então para a impossibilidade de aplicação do referido método a situações que não fossem simples revenda de produtos importados sem a agregação de custos por meio de produção local. Nesse sentido, a Lei foi disciplinada pela IN SRF nº 38/97, que claramente vedava a utilização do PRL nessa situação específica, restando apenas como opção os métodos PIC (Preços Independentes Comparados) do CPL (Custo de Produção mais Lucro). Tal fato foi questionado pelos Contribuintes e o então “Conselho de Contribuintes”, atual CARF, produziu jurisprudência contra essa interpretação meramente gramatical. No caso a jurisprudência passou a afirmar a possibilidade aplicação do método PRL aos casos em que se agrega valor no país e não somente para os casos de simples revenda. É nesse contexto e vindo dar guarida às pretensões dos contribuintes é que foi editada a Lei nº 9.959/00, que alterou o art.18, inciso II, da Lei nº 9.430/96, cuja interpretação passou também a ser a base da presente controvérsia. No caso, criouse também a margem de lucro de sessenta por cento, dessa feita para os casos em que sobre a importação se agrega valor no país para subseqüente revenda. Mas, a lide circunscrevese não sobre esse percentual, mas sobre a base de cálculo sobre a qual ela incide. Eis os seus exatos termos do referido preceptivo legal: Art.18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) Fl. 637DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 638 17 II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (destaquei) A interpretação gramatical é a primeira interpretação que se faz e é muito importante, pois apesar de não conseguir no mais das vezes definir univocamente uma determinada interpretação, ela serve sobretudo para eliminar inúmeras outras interpretações. Esse é o ponto! Dessa forma, essa etapa sempre será seguida por outros métodos de interpretação que possuem o fim de submeter à teste de adequação as hipóteses concorrentes elencadas na etapa anterior. Somente a partir do resultado final desse processo é que poderemos nos referir a uma interpretação adequada para determinada norma. Antes disso, como já se colocou, se referir a uma interpretação legal a partir da semântica apenas do texto da norma ou afirmar que a carga tributária seria maior ou menor é cair na falácia da petição de princípio, dando por provado aquilo que se quer provar. Outrossim, o efeito tributário também é uma consequência da interpretação mais adequada que se dê ao texto da norma, nunca podendo ser a causa ou justificativa para uma interpretação. Interpretação Gramatical Fórmula adotada pela IN 32/2001 e pela Recorrente A Recorrente faz a seguinte leitura gramatical do texto acima da Lei: “60% sobre o valor integral do preço líquido de revenda do produto menos o valor agregado no País”, representando a seguinte fórmula: PP1= PLV – 60%(PLV – VA) ou PP1= 40% PLV + 60% VA PP1=Preço parãmetro PLV=Preço líquido de Revenda VA =Valor agregado Fl. 638DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 639 18 Fórmula adotada pela IN 243/2002 Fórmula geral analítica: PP2= PLV – 60%PLV – VA1 Fórmula sintética: PP2=40%PLV VA A diferença entre elas, matematicamente falando é apenas os parêntesis, denotando de plano um problema comum na linguagem, que é o da ambigüidade no plano semântico. Uma outro aspecto que transparece da fórmula é da IN 32/2001 em contraponto com a da IN 243/2002 é da feiúra da primeira e falta de simplicidade. O famoso físico Richard Feynman expressou essa verdade intuitiva quando disse: “Você pode reconhecer a verdade por sua beleza e simplicidade. Quando você a apreende corretamente, é óbvio que ela é correta – pelo menos se você tem alguma experiência... Os inexperientes, os birutas e pessoas assim, fazem suposições simples, mas você pode perceber imediatamente que eles estão errados, de modo que isso não conta. Outros, os estudantes inexperientes, fazem suposições que são muito complicadas, e de certo modo parece que está tudo certo, mas sei que não é verdade porque a verdade sempre se revela mais simples do que pensava.” 2 Apenas olhando para as duas fórmulas meu senso matemático indica que a fórmula da IN 243/2002 é mais simples e bonita. Mas, vamos avante. No plano gramatical e semântico, a favor da interpretação da IN 243/2002 temos que a expressão “diminuídos” concorda gramaticalmente em um primeiro momento com “sessenta por cento sobre o valor líquido de revenda” e a seguir com a expressão “... do valor agregado no país”. Outro ponto a favor dessa interpretação gramatical, está no fato de que teria optado em manter a expressão “e do valor agregado” junto no mesmo item porque caso se criasse um terceiro item isso ficaria incompatível com a existência de apenas duas metodologias de cálculo e não três, afinal o item estava sendo utilizado para representar de forma autônoma cada uma das metodologias: PRL 60 e PRL 20. 1 A fórmulação exata constante na IN 243/2002 (PPn=%nPL –60%(%nPL) ), onde se incorpora efetivamente o fator ponderação de custos para fazer face à produto final revendido que incorpora mais de um insumo importado, será analisada em tópico à parte mais adiante no voto. 2 Richard Feynman, citado em Hiperespaço, Rocco, página 149. Fl. 639DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 640 19 De outra banda, em favor da interpretação conduzida pela Recorrente teríamos a ausência de uma vírgula antes da expressão “e do valor agregado” para ficar bem caracterizado ai a ausência dos parêntesis. Ora, mas se o objetivo do legislador fosse este mesmo de diminuir o valor agregado da margem de lucro por meio de parêntesis: PP= PLV – 60%(PLV – VA), por óbvio que o seu esforço de bem representar essa situação mais específica deveria ser seguida de uma redação mais robusta que contemplasse essa peculiaridade. Não se desincumbido bem dessa carga de prova, seja através da explicitação da fórmula matemática propriamente dita, como fazemos neste voto, seja através de uma formulação lingüística que ficasse mais claro isso, só se pode interpretar a formulação sem a existência dos parêntesis, ou seja, o valor agregado diminuindo diretamente o PLV para se chegar ao isolamento do preço parâmetro do produto importado (PP). Como se vê, ambas as interpretações poderiam ser possíveis a nível gramatical ou semântico, muito embora num cotejo raso entre as duas, existam mais pontos a favor da interpretação da IN 243/2002. Outrossim, se sopesarmos o valor de um erro de concordância nominal contra um erro de vírgula, pareceme cristalino que pressupor um erro de concordância nominal seria mais grave do que um mero erro de vírgula. Nesse sentido, no nível sintático/gramatical, parece mais razoável que a norma esteja a prescrever no cálculo da margem bruta de lucro, que seja considerado 60% sobre o valor líquido de revenda, portanto, daquela parcela que foi importada e, posteriormente, revendida diminuídos depois do valor agregado no país. Mas, por amor ao debate avancemos nos próximos métodos de interpretação. Interpretação lógica e matemática Uma outro aspecto que transparece da fórmula é da IN 32/2001 em contraponto com a da IN 243/2002 é da “feiúra” da primeira e falta de simplicidade. Como já se colocou retro, mas não custa repetir, o famoso físico Richard Feynman expressou essa verdade intuitiva quando disse: “Você pode reconhecer a verdade por sua beleza e simplicidade. Quando você a apreende corretamente, é óbvio que ela é correta – pelo menos se você tem alguma experiência... Os inexperientes, os birutas e pessoas assim, fazem suposições simples, mas você pode perceber imediatamente que eles estão errados, de modo que isso não conta. Outros, os estudantes inexperientes, fazem suposições que são muito complicadas, e de certo modo parece que está tudo certo, mas sei que não é verdade porque a verdade sempre se revela mais simples do que pensava.” 3 3 Op. Cit. Fl. 640DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 641 20 Essa mesma intuição não passou despercebida de Polizelli4: A aceitação da fórmula 60% sobre ( o valor integral do preço líquido de venda do produto menos o valor agregado no País) implicaria em se vencer um verdadeiro desafio interpretativo, pois cria um novo método de determinação de preço parâmetro distinto do método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL, cuja previsão legal determina que as margens de lucro sejam sempre sobre o produto ou parcela importada ou revendida. Por outras palavras, com essa interpretação perdese uma característica básica do método que é o “isolamento”. O método de cálculo é feito de “frente para trás”. Intuitivamente partimos do Preço de Revenda e vamos retirando tudo aquilo que seja possível até chegarmos, até isolarmos o preço parâmetro de importação para subseqüente comparação com o preço real importado. Uma vez isolado o preço de importação é que sobre ele deve incidir a margem bruta de lucro de 60%. Somente a fórmula da IN 243/2002 persegue esse desiderato e faz o isolamento de forma perfeita, pois ela retira todo o valor agregado, que é uma variável complicadora e muito peculiar do caso concreto e como tal deve ser expurgada, mesmo porque a margem bruta de 60% vem justamente substituíla. A fórmula da IN 32/2001 ela não expurga o valor agregado, ela faz algo diferente, ela adiciona 60% do valor agregado! PP1= PLV – 60%(PLV – VA) ou PP1= 40% PLV + 60% VA Como se vê ela falha em simplicidade, na medida em que a referida fórmula contempla a subtração do Valor Agregado que por sua vez diminui o Preço de Revenda isso tudo no contexto de uma outra diminuição realizada sobre o Preço de Revenda, o que redunda em uma adição “disfarçada” do Valor Agregado para a formação do Preço Parâmetro. Ora, afora a questão de falta de simplicidade da fórmula, por que motivo adicionar e não subtrair, e apenas parte do valor agregado e por que nesse percentual de sessenta por cento? Afinal o percentual de 60% seria apenas para cobrir a margem de lucro bruta? Todos os termos de uma fórmula matemática tem que ter uma razão de ser bem objetiva e explicável. Não há razão lógica alguma para esse fato, a não ser admitirmos que essa interpretação é produto de um erro dando origem a essa fórmula por acaso. Interpretação finalística A fórmula da IN 32/2001 ao deixar de subtrair o valor agregado como era de se esperar para atingir o isolamento do valor importado a ser comparado, e ir pelo caminho ilógico de adicionar 60% do valor agregado para apurar o preço parâmetro, faz com que a fórmula deixe de funcionar adequadamente, deixando de fazer os ajustes necessários nos casos de manipulação de preços importados entre partes relacionadas, objetivo maior do Preço de Transferência. 4 “Parâmetros para a definição de valor agregado e interpretações possíveis da Lei nº 9.959/2000 quanto ao método PRL de preços de transferência”. Revista de Direito Tributário Internacional. Ano 1, nº 2. São Paulo: Quartier Latin, 2006. Fl. 641DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 642 21 E essa distorção acontece, justamente porque a variável independente Preço Parâmetro ((PP) a ser calculada aumenta diretamente proporcional a 60% do Valor agregado (VA). Ou seja, quanto maior o valor agregado no país maior se torna o PP e consequentemente menores vão ficando os ajustes até o ponto de não ter mais ajuste nenhum, independente de se fazer manipulação no Preço de importação. Um comportamento absurdo. Nunca esperado para essa fórmula. Outrossim, os Preços Parâmetros calculados com base nessa metodologia distorcida não guarda a mínima correspondência com o valor do bem importado, o que é outro absurdo e precisaria ser explicado. Apesar de taxar de ilegal a IN SRF nº 243/02 o tributarista Schoueri, termina por concordar com a distorção acima apresentada: “7.6.1.3.1 Segundo tais autores, a fórmula acima seria criticável, já que, ao incluir o valor agregado na parcela da margem, surge um encontro de subtrações, o que implica uma adição. Em outras palavras, quanto maior o valor agregado, maior seria o preço parâmetro e, portanto, menor a necessidade de ajuste fiscal. 7.6.1.3.2 Essa observação leva a uma aparente incongruência na aplicação do método. Afinal, se a margem de lucro deve ser suficiente para cobrir todos os custos locais, então lógico seria que quanto maior fosse o volume dos custos locais, tanto maior fosse a margem; aplicandose a fórmula acima, chegase ao contrário: a margem de lucro diminui conforme se agrega valor no País. No limite, caso se agregasse enorme valor no País (e, portanto, caso se necessitasse de uma margem de lucro suficiente para remunerar tal agregação de valor), a margem resultante da aplicação da fórmula acima seria negativa. 7.6.1.3.3 O argumento é forte e coerente e, de fato, não parece passível de contestação a partir da lógica dos preços de transferência. Seria de se esperar que tivesse o legislador cuidado de ampliar a margem de lucro conforme houvesse maior agregação de valor, nunca o contrário.5 Porém, o mesmo renomado autor objeta que isso seria um efeito indutor positivo previsto pelo legislador para favorecer a agregação de valor no país e que não poderia ser desprezado. Ora, mas o objetivo do mecanismo de preço de transferência é outro completamente diferente não podendo se amoldar a tal desiderato. Na verdade o que se tenta justificar é um efeito errático da fórmula, se seguida uma interpretação errônea, que coincidentemente dá ensejo a um efeito indutor, mas que por óbvio não pode ser considerado um objetivo maior do Preço de Transferência, mormente quando esse efeito indutor torna a fórmula inútil para evitarse manipulação de preços importados advindos de aquisições entre partes relacionadas, finalidade maior desse instituto. Outro aspecto da fórmula não explicado pelos defensores da lógica da IN 32 2001 seria o porquê do legislador se utilizar da expressão matemática (PLVA) na fórmula PP=PLV 60%(PL – VA). Ora, (PL – VA) nada mais é do que Preço do Produto Importado (PPI) +Lucro. Então a margem bruta é uma expressão que faz incidir o percentual de 60% não sobre o valor agregado, mas sobre o próprio preço do produto importado mais o lucro. Ora, por que então não se fez referência direta a essas variáveis. E outra coisa, como explicar que a Margem Bruta seja uma grandeza que dependa do “Preço do bem importado”, se o Preço 5 Preços de transferência no direito tributário brasileiro, 2ª ed. São Paulo: Dialética, 2006, pp.159160. Fl. 642DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 643 22 Parâmetro, que tem paralelismo com o Preço do bem importado, é justamente o que se pretende encontrar? Questão prenhe de questões, todas elas não elucidadas. Por que? Porque é produto da escolha por acaso da interpretação literal equivocada que só pode redundar em irracionalidade na fórmula produzida. Interpretação Sistemática Uma interpretação sistemática da referida fórmula envolve a análise dela a partir dos parâmetros da OCDE. Nesse passo, Victor Borges Polizelli em excelente artigo aponta que a fórmula da IN 243/2002 com a estrutura explícita de “Preço menos Margem de Lucro menos Valor Agregado” apesar de aparentar mudar a estrutura convencional dessa metodologia (“Preço menos Margem de Lucro” apenas) indica que as diretrizes da OCDE longe de vedar essa estrutura até a recomenda quando se é possível adotála. E não poderia ser diferente uma vez que essa nova estrutura é a que melhor se amolda ao conceito de isolamento dos produtos importados, conforme já tratado em outro tópico. Eis a doutrina de Polizelli: Em socorro dessa proposta de interpretação, convém indicar que as diretrizes da OCDE, enquanto orientações gerais, não vedam expressamente a exclusão do valor agregado paralelamente à exclusão da margem de lucro. Pelo contrário, como já adiantado, a OCDE reconhece que é mais difícil determinar uma margem de lucro adequada para as situações em que há grande agregação de valor ao produto (item 2.22). Mais ainda, as diretrizes da OCDE (item 2.19) sugerem que seja conferido maior peso a outros atributos de comparabilidade (funções realizadas, circunstâncias econômicas etc.) quando a margem de lucro disser mais respeito a esses atributos do que ao próprio componente importado. Colocamse assim algumas questões: será que a legislação brasileira não veio a atender exatamente a essas recomendações da OCDE, quando previu a exclusão individualizada do “valor agregado no País”? Seria essa uma forma adequada de se atribuir maior peso à função de produção e à circunstância econômica de alta agregação de valor? 6 E na seqüência o autor indiretamente toca no ponto da falta de simplicidade que por sua vez se liga na falta do “isolamento”, questões já sublinhadas alhures: Fato é que, com a formulação proposta PP=PL –60%x PL – VA é muito mais fácil encontraremse definições apropriadas para os elementos “Valor agregado” e “margem de lucro” de modo a resultar em um preço parâmetro plenamente comparável com o preço praticado na importação. 7 6 "Parâmetros para a definição de valor agregado e interpretações possíveis da Lei nº 9.959/2000 quanto ao método PRL de preços de transferência". Revista de Direito Tributário Internacional. Ano 1, nº 2. São Paulo: Quartier Latin, 2006. 7 Ibdem Fl. 643DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 644 23 Argumento equivocado de que a mudança de redação para fazer face apenas à ponderação aumentaria os ajustes tributários Não se venha alegar que a redação da IN 2322002 diverge muito da Lei no que tange a incorporação da ponderação e que isso aumentaria a carga tributária da Recorrente através de atos infralegais. Conforme tabelas abaixo, fica bem claro que a ponderação não é o fator que faz aumentar os ajustes, ao contrário, é sempre mais favorável ao contribuinte (vide Tabela III). Outrossim, essa sistemática apenas incorpora uma “lei lógica” adequando melhor a fórmula para situações em que o que está sendo revendido é um produto em que se encontram incorporados vários insumos, no preço de revenda do produto estão compreendidos os preços de venda dos vários insumos que o integram. A ponderação é apenas uma “lei lógica” para fazer essa segregação dos diversos preços de revendas individuais a partir do peso valorativo do produto importado no custo total do produto. Nesse ponto, cabe um parêntese. É que a roupagem da fórmula adotada pela IN 243/2002 se modifica ao incorporar a técnica da ponderação, mas sem macular a" sua essência que é provocar o surgimento do “preço parâmetro de comparação” a partir do expurgo do Valor Agregado e assim, manter a técnica do máximo isolamento. Não se pode olvidar da ideia de que de certa forma o insumo foi também foi revendido. Nesse caso, apurase por proporcionalidade a parcela do preço líquido de venda (PLn) do bem produzido que diz respeito ao insumo importado (PPn). Fórmula adotada pela IN 243/2002 em sua essência Fórmula analítica: PP= PLV – 60%PLV – VA Fórmula EXPRESSAMENTE adotada pela IN 243/2002 PPn=%nPL –60%(%nPL) Os mais desavisados observam logo que a fórmula é completamente diferente uma da outra, pois a variável VA (Valor agregado) existente na primeira formulação desaparece na segunda. Ora, mas %n=VI8/(VI+VA), ou seja, o percentual de participação do valor do bem importado sobre os custos totais é uma forma lógica de isolar o valor agregado do bem importado, afinal a variável “Total dos custos” é a soma do Valor Importado mais todo o Valor Agregado a esse insumo. No caso da participação de um único insumo importado, significa apenas a diminuição(subtração) por si só do valor agregado, não necessitando do 8 Valor declarado do bem importado Fl. 644DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 645 24 artifício do rateio proporcional, repartindo o “bolo” em seus pedaços supostamente revendidos (PLVn, PPn). Por outras palavras, a participação do componente importado no preço de revenda líquido (%n x PL) é igual ao preço de revenda líquido do produto final (PLV) subtraído do valor agregado: (%n x PL) = PLVA Nesse passo, Victor Borges Polizelli no seu excelente artigo muito bem divisou essa identidade entre a fórmula genérica da IN 243/2002 (PP= PLV – 60%PLV – VA) e a fórmula derivada, verdadeiramente expressa na IN 243/2002 que contém a técnica da ponderação de custos (PPn=%nPL –60%(%nPL)). Eis abaixo a prova matemática estabelecida pelo referido autor entre a variável Valor Agregado e tudo aquilo que não representa a participação do componente importado “n” no preço de revenda líquido: Neste sentido, o valor agregado poderia então ser identificado como tudo o que não representar a participação do componente importado "n" no preço de revenda líquido ([1 %n] x PL). Aplicando esta identidade à proposição supra: (%n x PL) + ([1 %n] x PL) = PL %n x PL + PL %n x PL = PL PL = PL * Proposição Verdadeira O sentido aqui identificado para o valor agregado é perfeitamente admissível na medida em que reflete a evolução histórica do método PRL (grifei). 9 Segue a seguir um exemplo bem simples de como esse mecanismo de substituição da operação de subtração pelo rateio funciona: Ex.: Dados hipotéticos: PLV=250, VA=40, 40%PLV=100, VI=60, LUCRO=150 PP=PLV –60%PLVVA (fórmula analítica) = 40%PLV – VA (fórmula reduzida) PP=10040=60 Aplicandose agora a fórmula EXPRESSA da IN 243: PPn=%nPL –60%(%nPL) %n=VI/(VI+VA)=60/(60+40)=0,6=60% PPn=60%x250 60%(60%x250)=15090=60 9 Op.cit. Fl. 645DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 646 25 É claro que as fórmulas não são idênticas, pois variandose as variáveis (lucratividade, VA etc), como se verá mais adiante nas simulações, a fórmula expressa da IN 243 que contém a ponderação (PPn=%nPL –60%(%nPL)) tende a ter PP diferentes , mas observem, sempre mais favoráveis ao Contribuinte do que a formulação abstrata e que serve apenas para um produto revendido que contenha apenas um único insumo importado (PP=PLV –60%PLVVA). Vide comparação, então, da Tabela 3 com a Tabela 2, respectivamente. Essa lógica foi inclusive construída a partir da jurisprudência do CARF, mais precisamente a partir do brilhante voto proferido pela exConselheira Sandra Maria Faroni, relatora do Acórdão nº 10194.888, de 17 de março de 2005. No caso ela passa em revista as alterações produzidas no art.18 da Lei nº 9.430/96 pela Lei nº 9.959/2000. É o famoso caso de Revenda de Párabrisa com preço parâmetro de R$ 32.000,00 para um produto que valeria R$ 10,00. Essa é a distorção causada pela fórmula da IN 32/2001 sem a utilização da ponderação. Outrossim, vêse, ainda, que a questão não é somente de lógica jurídica, mas também de bom senso e de razoabilidade. De importante que se deve ter em mente, para a análise da interpretação de uma norma e seu correspondente ato regulamentar infralegal, é que “Nem sempre lei lógica precisa norma para estar no interior do sistema”, é o que nos ensina o saudoso Jusfilósofo Lourival Vilanova em sua obra “As Estruturas Lógicas e o Sistema de Direito Positivo”, São Paulo, Editora Max Limonad, 1997, pg.26. Portanto, apesar de tal previsão não estar literalmente explícita na Lei, vêse que sua sustentação encontra guarida quando posta em confronto com questões de fronteira, como fez a ilustre Conselheira Sandra Faroni no referido Acórdão. Além do que, como se demonstra a seguir, essa ponderação tem apenas o efeito benéfico de reduzir os ajustes se comparado a interpretação da IN 243/2002 sem a referida ponderação. É de se ver. TABELA 1 – “TESE DO CONTRIBUINTE” IN 32/2001 INTERPRETAÇÃO DA LEI COM VALOR AGREGADO DENTRO DA MARGEM DE LUCRO – S E M PROPORCIONALIZAÇÃO DOS CUSTOS FÓRMULA: PP= PLV – 60%(PLV – VA) Variáveis Simula 1 Simula 2 Simula 3 Simula 4 Simula 5 Simula 6 PP 155,4 150 138 124 102 96,6 PL 240 240 240 250 240 240 lucro 140 140 140 150 140 140 VA 99 90 70 40 10 1 VI 1 10 30 60 90 99 MARGEM de PL sobre (VI + VA) 140,00% 140,00% 140,00% 150,00% 140,00% 140,00% Fl. 646DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 647 26 por fora AJUSTES 0 0 0 0 0 2,4 OBSERVAÇÕES Aqui só há ajustes quando o Valor agregado é ínfimo, fazendo com que a fórmula não funcione para os demais casos! Fl. 647DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 648 27 TABELA 2 – “TESE DO FISCO – PRIMEIRO PASSO INTERPRETAÇÃO DA LEI COM VALOR AGREGADO, MAS FORA DA MARGEM DE LUCRO – SEM PROPORCIONALIZAÇÃO DOS CUSTOS FÓRMULA: PP= PLV – 60%PLV – VA Variáveis Simula 1 Simula 2 Simula 3 Simula 4 Simula 5 Simula 6 PP 3 6 26 60 86 95 PL 240 240 240 250 240 240 lucro 140 140 140 150 140 140 VA 99 90 70 40 10 1 VI 1 10 30 60 90 99 MARGEM de PL sobre (VI + VA) por fora 140,00% 140,00% 140,00% 150,00% 140,00% 140,00% AJUSTES – IN 243 – SEM proporcionalização 4,00 4,00 4,00 0,00 4,00 4,00 OBSERVAÇÕES *Margem bruta maior de 60%(por dentro) ou 150% por fora não tem ajustes! Fl. 648DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 649 28 TABELA 3 – “TESE DO FISCO – ÚLTIMO PASSO INTERPRETAÇÃO DA LEI COM VALOR AGREGADO, MAS FORA DA MARGEM DE LUCRO – C O M PROPORCIONALIZAÇÃO DOS CUSTOS FÓRMULA: PPn=%nPL –60%(%nPL) Variáveis Simula 1 Simula 2 Simula 3 Simula 4 Simula 5 Simula 6 PP 0,96 9,60 13,20 60,00 86,40 95,04 PL 240 240 110 250 240 240 lucro 140 140 140 150 140 140 VA 99 90 70 40 10 1 VI 1 10 30 60 90 99 Proporção do VI sobre Custo total (VI+VA) %=> 1,00% 10,00% 30,00% 60,00% 90,00% 99,00% MARGEM de PL sobre (PBI + VA) Por fora 140,00% 140,00% 10,00% 150,00% 140,00% 140,00% AJUSTES – IN 243 – COM proporcionalização 0,04 0,40 16,80 0,00 3,60 3,96 OBSERVAÇÕES Valor agregado não afeta ajustes, a não ser que a margem bruta ultrapasse 60% (por dentro) ou 150% (por fora). Observar que não há ajustes aqui no ponto em que a proporcionalização do VI (Valor Importado) sobre os custos totais iguala a 60% (por dentro) e em que a Margem Bruta também alcança 150% (por fora) e 60% (por dentro), demonstrando a coerência da formulação. A partir das simulações acima, fica patente a conclusão peremptória de que a ponderação, quando isolada (eu disse quando isolada!) não produz ajustes desfavoráveis ao contribuinte, recaindo em falácia todos os argumentos em contrário. O que gera ajustes mais desfavoráveis ao contribuinte se comparado com a IN 32/2001 é apenas a questão de o Valor Agregado compor ou não a margem bruta, questão essa que não está clara na literalidade da Lei e que só pode ser deslindada a partir da utilização de um vasto conjunto de métodos interpretativos. Fl. 649DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 650 29 Observar como esse erro é reiteradamente difundido inclusive por doutrinadores de renome. Higuchi, citado no Recurso, assim critica a IN 243/2002: O art. 12 da IN 243/2002 não consignou nos cálculos a totalidade do preço líquido de venda e nem a totalidade do valor agregado no País como determina a lei. A instrução, sem base legal, apurou o percentual de participação dos bens importados na formação do custo total do bem produzido e aplicou esse percentual no preço líquido de venda e no valor agregado no País. 10 Em primeiro lugar, como já se disse a Lei não precisa consignar lei lógica básica para trazer razoabilidade e evitar absurdos, como seria o caso de não se aplicar a ponderação e, por último, como já demonstrado, a ponderação não aumenta os ajustes, pelo contrário, diminui. A questão é outra, o que causa o efeito de aumento dos ajustes é a consideração do Valor Agregado no seio da margem bruta de lucro ou fora dela. E isso, como já se viu, não está literalmente claro na Lei. Nesse passo, cai por terra também o argumento muito utilizado de que a tentativa do executivo de emplacar, mas sem sucesso, a Medida Provisória nº 478, de 29 de dezembro de 2009, restou configurada que a IN 2432001 que teria a mesma redação dessa Medida Provisória, tenha extrapolado a Lei nº 9.430/96. Isso porque em sua redação saltaria aos olhos que a referida Lei teria abarcado em seus dispositivos a variável “participação dos bens, direitos ou serviços importados no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido”, ou seja, a ponderação. Mas, ora, essa variável quando isolada (eu disse quando isolada) não implica em fazer com que os ajustes aumentem desfavoravelmente aos contribuintes, pelo contrário, os ajustes diminuem, conforme já foi sobejamente demonstrado nas tabelas acima. Outro autor de renome, O Dr. Eurico M D. Di Santi escreveu um artigo muito erudito a respeito da questão, disponível na internet: “Preços de transferência: Fraude à lei e abuso de poder na pretensa regulamentação das Leis 9.430 e 9.959 pela IN 243” 11. O seu mérito é que não ataca em hipótese alguma a ponderação. Vai direto ao ponto nevrálgico da discussão: o papel desempenhado pelo Valor Agregado dentro da fórmula do preço de transferência. Nesse ponto, ele ataca ferrenhamente a desconsideração do Valor Agregado tal qual posta na IN 2432002.Utilizase de argumento já tratado alhures, qual seja, do efeito indutor provocado pela sistemática da legalidade anterior (IN 322001). Ou seja, o efeito extrafiscal da IN 32 foi “incrementar o valor agregado dos produtos finais sujeitos vendidos no País. (...) Ou seja, o método PRL 60 estimulava os contribuintes a agregar tangíveis e intangíveis ao bem importado, atendendo à lógica da Lei 9.959 e da IN 32.” O mérito do seu argumento é indicar um efeito indutor que embora se argumente, como o fiz alhures, que não tenha sido previsto pelo Legislador, é bem provável que de fato tenha acontecido no mundo empírico. O problema é minimizado na medida em que a eficácia e legalidade da IN 32 é garantida pelo Fisco no período em que norteou esse comportamento. Entretanto, tal argumento extrajurídico não é suficiente para se permanecer 10 Imposto de renda das empresas. Interpretação e prática. 36ª ed. São Paulo:IR Publicações, 2011, p.158. 11 Disponível em http://www.fiscosoft.com.br/a/5jrd/precosdetransferenciafraudealeieabusodepoderna pretensaregulamentacaodasleis9430e9959pelain243euricomarcosdinizdesanti. Acessado em 04 de junho de 2012. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 651 30 com uma interpretação que sustenta a referida fórmula, como já demonstrado, que chega a resultados absurdos e, em determinado ponto, deixa inclusive de funcionar e produzir o seu efeito e finalidade maior, qual seja, evitar a manipulação de preços entre empresas interrelacionadas e evitar a transferência de lucros entre os respectivos países. Outro ponto atacado pelo Dr. Eurico de Santi diz respeito à tentativa de destrinchar a fórmula da IN 243/2002 provocando o que ele chama de “Adultério” na medida em que “distorce o sentido e a intenção originária da Lei 9.959 e da IN 32”: A IN 243 muda completamente a orientação que havia sido dada pela IN 32, mediante a alteração do cálculo do PRL60: (i) a Lei 9.959 e a IN 32 consideravam o valor agregado como pressuposto para aplicação do PRL 60 e, obviamente, o incluíam como variável na forma de cálculo desse método; (ii) a IN 243 inovou ao desconsiderar o valor agregado como variável no cálculo do PRL60, neutralizando o, e dando outra interpretação à palavra "bem". A IN 243, embora assuma o pressuposto da agregação de valor como diferencial para aplicação do PRL60 (hipótese), desconsiderao na solução normativa (consequência), pretendendo considerar a palavra "bem" não na acepção de produto final (após a agregação de valor no País, sentido prescrito pela Lei 9.959 pela IN 32), mas como o próprio insumo importado. Ou seja, a IN 243 passou a entender a palavra "bem" na acepção de insumo, completamente dissociada do "valor agregado no País".12 O argumento é inteligente, bem elaborado e merece ser respondido. Em primeiro lugar, notase uma certa precipitação em afirmar de plano que a intenção da Lei 9.9959 é tal e qual, colocando isso já como uma premissa verdadeira, quando na verdade é isso que se tenta provar. É a chamada petição de princípio. Em segundo lugar, observase em uma leitura atenta de todo o artigo que o autor intencionalmente não enfrenta a questão em seu ponto de partida inicial: a interpretação gramática e semântica. E por que penso que não o faz? Porque ficaria cristalino que a atribuição de estratagemas ardilosos ao conteúdo da IN 243, segundo ele, intencionalmente perpetrados pelo Fisco, não vingaria tão facilmente. O artigo tenta passar a ideia da existência de um plano conspiratório, ardiloso e maquiavélico plantado no seio da IN 243/2002 quando manipula a variável valor agregado. Ora, a variável “Valor agregado” está na literalidade da Lei 9.959, isso não se discute. O que se discute é sua posição matemática dentro da fórmula. A literalidade da Lei dá margem as duas interpretações, logo onde está o ardil da Receita Federal, que apenas se utiliza da opção mais racional e também prevista na literalidade da Lei? O que se tem que provar e o debate deve se instalar é em torno de qual das duas é a mais racional matematicamente! E isso o renomado autor não o fez. Ele em momento algum defende ou tenta explicar a racionalidade da sua hipótese, centrando forças apenas na tentativa de mostrar que a IN 2432002 “muda completamente a orientação que havia sido dada pela IN 32”, mas isso não se discute. O que se discute é qual a “legalidade” correta, afinal se é dado à Administração revogar ou anular os seus próprios atos, impingida que está do Interesse Público, por que não poderia mudar sua interpretação da Lei, resguardando os atos colhidos pelo entendimento anterior, quando ela afere cristalinamente que cometera um erro na interpretação anterior? O renomado autor ainda sob esse mesmo aspecto tenta demonstrar a obscuridade da fórmula, na forma de “artimanha”, qual seja, “manter o Valor Agregado como critério normativo relevante da hipótese (critério normativo), mas desconsiderálo como critério quantitativo relevante na solução normativa (consequência)”: 12 Ibdem Fl. 651DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 652 31 A artimanha da "Legalidade" 5 está em manter o valor agregado como critério normativo relevante da hipótese (critério normativo), mas desconsiderálo como critério quantitativo relevante na solução normativa (consequência): com isso, aparentemente, a IN 243 alinhase à Lei 9.430 com a redação dada pela Lei 9.959, pois mantém o valor agregado como critério relevante da hipótese normativa, contudo, o exclui como critério quantitativo relevante na solução normativa. Em cotejo com o ADULTÉRIO PARTE I, perpetrado pela IN 38, a diferença específica entre a IN 38 (julgada ilegal pelo CARF) e a IN 243 (ainda sob julgamento no CARF) é que no ADULTÉRIO PARTE I, a autoridade administrativa criou expressamente nova hipótese normativa introduzindo uma distinção legal (Caso 1 x Caso 2) que não havia na Lei 9.430; agora, no ADULTÉRIO PARTE II, de modo mais dissimulado, a IN 243 mantém a mesma hipótese normativa da Lei 9.430 (após a alteração pela Lei 9.959), confirma a distinção entre Caso 1 e Caso 2, mas elimina os efeitos jurídicos da dessa distinção legal quando não considera o valor agregado na solução normativa. E o faz mediante a obscura alteração da forma de cálculo do preço parâmetro. Ou seja, em termos bem objetivos: a IN 38 foi considerada ilegal porque criou nova hipótese normativa; a IN 243 é ilegal porque parte de uma distinção legal imposta pela Lei 9.959 (mantendo o valor agregado como hipótese para aplicação do PRL60), mas elimina os efeitos dessa distinção, mediante alteração da solução normativa específica para o Caso 1 (desconsiderando o valor agregado na fórmula). Tratase de exemplo clássico de fraude à lei: a única justificativa para o regime do PRL 60 instaurado pela Lei 9.959 é a existência de valor agregado tanto no critério normativo como no critério quantitativo da solução normativa que define o cálculo do preço parâmetro. A IN 243 manteve o critério normativo do valor agregado (na hipótese) sem considerálo na consequência normativa, justamente e não por acaso, na parte mais obscura e nãotransparente desse dispositivo normativo: a fórmula! 13 Esse ponto de sua inteligente argumentação também merece ser respondido. Aqui a inteligência do raciocínio do ilustre doutrinador reside em primeiro lugar reconhecer que a IN 2432002 não inova em relação à Lei 9.959 no que tange a utilização da variável Valor Agregado. Afinal isso foi a inovação justamente prevista na Lei 9.959 quando criou o PRL 60 e como já visto no tópico ligado à interpretação sistemática, uma possibilidade aventada pela OCDE. O autor chama essa previsão de “critério normativo” ou “critério relevante da hipótese normativa”. Porém, aponta um suposto ardil: concomitantemente o desconsidera da consequência normativo em seu chamado “critério quantitativo”. O que de importante tem se a dizer é que de fato a variável “Valor Agregado” constante na Lei como “critério normativo” RELEVANTE foi preservada. E foi preservada da forma mais racional possível, que é expurgando essa variável do Preço Líquido de Revenda para daí encontrar uma base pura sobre a qual aplicar a margem bruta e fixa de 60%, isto é fazer jus a característica mais essencial do cálculo do preço de transferência, o chamado “isolamento”.O que o douto doutrinador chama de desconsiderar o seu efeito da consequência normativo, podemos simplificar tudo com um “sinal negativo” aposto à variável “Valor Agregado” (PP= PLV – 60% PLV VA). É a própria semântica da fórmula que está justamente em discussão em função da interpretação gramatical e de todas as outras formas de interpretações que possam indicar qual a semântica matemática mais adequada que irá dar racionalidade na fórmula. Não há ardil algum aqui, há apenas interpretações mais ou menos razoáveis. E como já se demonstrou sobejamente nesse voto, a desconsideração do VA em sua totalidade seria a fórmula mais racional, pois só ela produz o isolamento necessário para se chegar em uma adequado Preço Parâmetro. 13 Ibdem Fl. 652DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 653 32 Por fim, o ilustre autor traz novamente um outro substancial argumento que merece ser enfrentado: Ocorre que o sistema normativo inaugurado pela Lei 9.959 já ofereceu uma solução normativa LEGAL para os casos em que não se considera o valor agregado: o método PRL20. Excluir o valor agregado para calcular o preço parâmetro é LEGALMENTE possível, mas desde que seja aplicada a margem de lucro de 20%: ignorar o valor agregado ao bem importado e, ainda, aplicar a margem de lucro de 60% implica abuso de direito da autoridade que manipula o sentido das Leis 9.430 / 9.959 por meio de uma nova fórmula, ao mesmo tempo em que trai a intenção patente do legislador, que só justificou a margem diferenciada do PRL60 em razão de considerar o valor agregado. 14 Notase, mais uma vez, que nesse ponto o autor contentase em atacar a fórmula da IN 2432002, mas nunca defende a outra opção matemática. Aliás, defende apenas em um único ponto e já muito aqui discutido, a questão extrafiscal do efeito indutor provocado pela fórmula da IN 322001. Novamente se diga, que uma fórmula de preço de transferência não pode se escorar apenas em efeitos extrafiscais, deve ter um mínimo de racionalidade interna para ser adotada e que racionalidade é essa para se evitar a manipulação dos produtos importados não se esclarece. Outrossim, o que se verifica é que a Recorrente nesse ponto ataca na verdade o percentual previsto de 60% previsto, esse sim, indubitavelmente, sem sombra de dúvidas, presente na Lei 9.959 e como tal qualquer falha do legislador em superdimensionálo refoge dessa instância julgadora e muito menos da IN 2432002. Esse ponto abre inclusive brecha para criticar a lógica da IN 32 e elogiar a lógica simples e direta da IN 2432002. É que esta última foi a única que preservou para todos os efeitos a Margem Bruta de Lucro prevista em Lei de 60%, trazendo mais previsibilidade e simplicidade para o importador, pois qualquer que seja o caso concreto essa é a margem bruta e fixa a ser aplicada sobre o valor importado mais o valor agregado para que não seja necessário se fazer ajustes. Explicando matematicamente, se fizermos um gráfico onde no eixo do “X” colocarmos a variável “Valor Agregado” – VA, variandoa paulatinamente e no eixo vertical do “Y” confrontála com a variável “Margem de Lucro” obteremos uma simples linha reta paralela ao eixo do “X” na altura de 60% por dentro ou 150% calculado por fora, indicando o limite a partir do qual não se terá nunca ajustes. Abaixo dessa reta (abaixo de 60% ou 150%) estariam todas as hipóteses onde os ajustes ocorreriam. Vêse aqui novamente o aspecto “beleza” e simplicidade presentes nessa fórmula. Se traçarmos o mesmo esquema gráfico para a fórmula da IN 322001, não obteremos essa mesma simplicidade, muito menos se preservaria o limite de 60% da margem de lucro como parâmetro de ajuste. Ela variaria de 60% até 0% de margem quando atingir um Valor de agregação de 60%. E a partir desse nível de agregação a fórmula provoca Margens negativas, ou seja, a fórmula para de funcionar. Então agora fica fácil de entender porque não se aprofunda nessa discussão, pois a fórmula produz resultados absurdos. Em primeiro lugar, não mantém a Margem de Lucro de 60% prevista em Lei e, por último, deixa de funcionar para nível de agregação maior de 60%, permitindo a partir desse nível a total manipulação de preços, diferente do objetivo maior do instituto do Preço de Transferência. Reitero o que o foi colocado pelo especialista em Direito Econômico Victor Polizelli: : 14 Ibdem Fl. 653DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 654 33 A aceitação da fórmula 60% sobre ( o valor integral do preço líquido de venda do produto menos o valor agregado no País) implicaria em se vencer um verdadeiro desafio interpretativo, pois cria um novo método de determinação de preço parâmetro distinto do método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL, cuja previsão legal determina que as margens de lucro sejam sempre sobre o produto ou parcela importada ou revendida. Mas, ainda uma última questão colocado pelo Doutor Eurico de Santi que merece nossa atenção. Segundo o renomado doutrinador: Excluir o valor agregado para calcular o preço parâmetro é LEGALMENTE possível, mas desde que seja aplicada a margem de lucro de 20%: ignorar o valor agregado ao bem importado e, ainda, aplicar a margem de lucro de 60% implica abuso de direito da autoridade que manipula o sentido das Leis 9.430 / 9.959 por meio de uma nova fórmula. 15 Conquanto já esclarecido que o referido percentual de 60%, adequado ou não, foi estabelecido explicitamente pelo legislador, cabe justificar o por quê de um aumento do seu patamar de 20% quando já se desconsidera o Valor Agregado. É como se houvesse uma anulação total do mesmo e como tal a fórmula deveria se comportar como se PRL 20 o fosse. Porém, esquecem os defensores dessa tese aquilo que foi muito bem sublinhado pelo Doutorando pela USP, Ricardo Marozzi Gregório, ao analisar o PRL 60 pela ótica da IN 2432002.: Portanto, a margem de lucro – ML – não precisará mais suportar o custo do valor agregado no País. Entretanto, continuará suportando os custos, despesas e remuneração da atividade comercial, bem como a remuneração da própria atividade de agregação de valor no País. E esta seria uma possível razão de a margem percentual de 60% sobre o preço de revenda líquido ser superior aos 20% sobre o preço de revenda menos os descontos incondicionais concedidos previstos para a hipótese em que não há produção local. (destaquei). 16 É que esquecem que com a agregação de valor há justificativa lógica para uma margem diferenciada porque existem outros componentes envolvidos que não se restringem apenas ao próprio valor agregado. Se retiramos determinados custos na forma de valor agregado não estou necessariamente anulando a lucratividade sobre essa agregação. É claro que o ideal seria o estabelecimento de mais de uma margem de lucro para se evitar os extremos, mas tal expediente não foi previsto por Lei. Nesse ponto, entre os próprios doutrinadores há uma certa discrepância na linha de raciocínio. No caso o Dr. Marcelo Natale, economista e advogado, que participou de um debate com o Dr. Natanael Martins (exConselheiro do CARF), com o Dr. Shoueri, entre outros, se vê uma suposta inadequação entre o PRL 60 e a ponderação. Dr. Marcelo Natale (economista e advogado): Ora, no PRL 20, eu compro e revendo sem fazer uma alteração física naquele produto. No PRL 60 eu teria uma justificativa lógica para uma margem diferenciada porque eu tenho outros componentes, i.e. o valor agregado que foi o tópico anterior. E ele é o cerne dessa discussão. Não é possível discutir o PRL 60 sem discutir o valor agregado. Aí nós vamos para a IN 243 e procuramos com microscópio onde 15 Ibdem 16 Preços de transferência:uma avaliação da sistemática do método PRL. Tributos e preços de transferência. 3º vol. Coordenador Luís Eduardo Schoueri. São Paulo: Dialética, 2009, p.189) Fl. 654DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 655 34 está o valor agregado e simplesmente não o encontramos, ele é ignorado solenemente no texto da IN 243, porque foi feito uma proporcionalização linear do cálculo. Reconheço que ele guarda certa lógica, porém ele nada mais é do que o método PRL 20 proporcionalizado. Ora, ele ratifica que deve ser feito uma proporcionalização, portanto, 20% me parece totalmente cabível também nesses casos. E com isso, se por um lado, na introdução do PRL 60, uma margem maior seria justificável, entre aspas, porque eu introduzi o valor agregado, se eu tiro o valor agregado eu tiro a base também que sustenta os 60% ou qualquer uma margem diferenciada daquela dos 20%. Dr. Natanael Martins: Quer dizer, como um bom advogado você estaria a dizer que o PRL a 60 estaria a justificar a aplicabilidade do PRL a 20 com proporção, mas o PRL 60 se desmonta porque a IN tirou da base dele o valor agregado. Dr. Marcelo Natale: Brilhante conclusão. Nesse ponto, ouso discordar dos nobres doutrinadores. A proporcionalização em princípio não deve afetar a margem bruta de lucro a ser aplicado sobre os bens importados, uma vez que ela nada mais faz do que melhor distribuir o valor agregado total para cada um dos seus respectivos componentes importados, quando esse for o caso, isto é, quando o importador não opera com um único bem, produto ou serviço importado.Por outras palavras, a proporcionalização é um método de procura da verdade real, no caso de haver produção local com importação de mais de um bem, no que tange a fazer o isolamento do componente importado de tudo quanto mais aparece no produto final. É, portanto, uma metodologia neutra não afetando o quantum de percentual de margem bruta a ser aplicado. Alegado problema do “efeito circular”na formulação expressa da IN 243/2002 Alegase como falha da IN 243/2002 o fato de que cada vez que o contribuinte busca se aproximar do “preço parâmetro” obtido pela fórmula, ou seja, passando a adquirir o bem pelo valor equivalente ao “preço parâmetro”PP, poderá ficar sujeito a novo ajuste a título de Preço de Transferência. É o seu efeito circular. Tentase provar isso através de tabelas contendo exemplos hipotéticos. O que se observa é que de fato a fórmula se comporta não de forma errática, mas de forma previsível. Só haverá ajustes no momento em que o PL dividido pelo somatório do Valor Importado mais o Valor Agregado (PL/(VI+VA)), for inferior a 60%, se calculado por dentro ou a 150%, se calculado por fora. Exatamente o que a fórmula se propõe a fazer, manter uma margem bruta de 60%, como está previsto na Lei. É claro que o exemplo dado pelo contribuinte não é só hipotético, mas irreal, pois as variáveis são interligadas, não se podendo conceber que a variação aleatória do VI não reflita também em um aumento correlacionado do Valor Agregado. No caso as simulações sempre mantém constante o Valor Agregado. Outrossim, ninguém disse que a referida fórmula da IN 243/2002 é a fórmula perfeita, mas é a mais adequada se comparada com a formulação da IN 32/2011. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 656 35 Decisões Judiciais Na seara judicial observase que o caminho trilhado foi o mesmo do assumido neste voto. Temse notícias que em 10/02/2011 (DJF3 CJ1 de 18/02/2011, p.596), a justiça passou a ter um entendimento convergente ao do Fisco, quando do julgamento da AMS 200361000173814. Por unanimidade, trilhouse caminho oposto, pela legalidade da IN 243/2002, tendo assim sido ementado: APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO – PRL. LEI Nº 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/02. APLICABILIDADE. 1. Caso em que a impetrante pretende apurar o Método de Preço de Revenda menos Lucro – PRL, estabelecido na Lei nº 9.430/96, sem se submeter às disposições da IN/SRF nº 243/02. 2. Em que pese sejam menos vantajosos para a impetrante, os critérios da Instrução Normativa nº 243/02 para a aplicação do método do Preço de Revenda Menos Lucro (PRL) não subvertem os paradigmas do art.18 da Lei nº 9.430/1996. 3. Ao considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, a IN 243/2002 nada mais está fazendo do que levar em conta o efetivo custo daqueles bens, serviços e direitos na produção do bem, que justificariam a dedução para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL. 4. Apelação improvida. (destaquei) No mesmo sentido, pode ser mencionada a recente decisão proferida no mês de março pela Segunda Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento deste Conselho (processo nº 10283.721285/200814), Considerações finais Como se percebe, apesar de ser controverso a conclusão aqui chegada de que mesmo a partir de uma análise gramatical/semântica a interpretação da Lei feita pela IN 243 20002 seja a mais favorável, por todos os outros ângulos que se analisa a questão (interpretação lógica, finalística e sistemática) de fato chegase à conclusão peremptória de que a IN 243/2002 é legal. Outrossim, A roupagem da fórmula adotada pela IN 243/2002 (PPn=%nPL – 60%x(%nPL)) se modifica, sim, em relação à sua formulação genérica prevista na literalidade da Lei (PP= PLV – 60%PLV – VA) ao incorporar a técnica da ponderação, contudo esse aspecto específico visto de forma isolada, ao contrário do apregoado diminui os ajustes se comparado com a sua formulação genérica, além do que essa nova “roupagem” também não macula sua essência que é provocar o surgimento do “preço parâmetro de comparação” a partir do expurgo do Valor Agregado e assim, manter a técnica do máximo isolamento para cada um dos insumos importados que fazem parte do produto final a ser revendido, o que não acontece na fórmula da IN 32/2001 (((PP= PLV – 60%(PLV – VA ) nem na formulação genérica encontrada da literalidade Lei ((PP= PLV – 60%PLV – VA)). Encerrado o processo interpretativo feito de forma exaustiva, não mais se pode alegar que a IN 243/2002 é ilegal pelo simples fato de divergir da IN 32/2001. A IN Fl. 656DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 657 36 32/2001 é apenas uma versão mal sucedida da interpretação da Lei e como foi consolidada em um determinado lapso de tempo, será acatada para os fatos geradores abarcados pelo referido período em que ela estava em vigor. LUCRO DA EXPLORAÇÃO Alega que nos termos do art. 544 do RIR/99 e da Lei nº 10.637/2002, os ajustes realizados nos valores dos custos dos bens importados deveria se refletir no lucro da exploração e consequentemente no imposto devido. A legislação de regência assim dispõe: RIR 99 Art.544. Considerase lucro da exploração o lucro líquido do período de apuração, antes de deduzida a provisão para o imposto de renda, ajustado pela exclusão dos seguintes valores (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art.19, e Lei nº 7.959, de 1989, art.2º): I – a parte das receitas financeiras que exceder às despesas financeiras, observado o disposto no parágrafo único do art.375; II – os rendimentos e prejuízos das participações societárias; e III – os resultados não operacionais. §1º No cálculo do lucro da exploração, a pessoa jurídica deverá tomar por base o lucro líquido apurado, depois de ter sido deduzida a contribuição social instituída pela Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988. §2º O lucro da exploração poderá ser ajustado mediante adição ao lucro líquido de valor igual ao baixado de reserva de reavaliação, nos casos em que o valor realizado dos bens objeto da reavaliação tenha sido registrado como custo ou despesa operacional e a baixa da reserva tenha sido efetuada em contrapartida à conta de: I – receita não operacional; ou II – patrimônio líquido, não computada no resultado do mesmo período de apuração. Lei nº 10.637/02 Art. 45. Nos casos de apuração de excesso de custo de aquisição de bens, direitos e serviços, importados de empresas vinculadas e que sejam considerados indedutíveis na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurados na forma do art. 18 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado por um dos métodos previstos na legislação, no encerramento do período de apuração, contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de: Fl. 657DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 658 37 I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de esses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. § 1o No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no anocalendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição na importação deverá ser creditado na conta de ativo em cujas quotas tenham sido debitadas, em contrapartida à conta de resultados acumulados a que se refere o caput. § 2o Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9o da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, alterada pela Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 3o Na hipótese do § 2o, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirido no exterior. Como se vê, de fato a partir da Lei 10.637/2002 o ajuste deixou de ser um ajuste extrafiscal no lucro real para ser um ajuste contábil do lucro líquido, que por sua vez é a base do lucro exploração sobre o qual se calcula o imposto devido em empresas que possuem receitas submetidas a incentivos fiscais, como é o caso da Recorrente. Porém, a pretensão da Recorrente não pode ser acolhida, pois a recomposição do lucro da exploração diante do lançamento de ofício não encontra guarida na jurisprudência ADMINISTRATIVA nem no ordenamento jurídico. Ainda que com essa nova regulamentação, possa haver reflexo no lucro contábil do período de apuração em razão do ajuste do valor do excesso não dedutível, não cabe a pretensão por 4(quatro) motivos: Os ajustes no lucro contábil é cabível quando feito pelo contribuinte/Pessoa Jurídica espontaneamente e aí sim tendo reflexo no lucro líquido e no lucro da exploração. Feito de ofício pelo Fisco através de lançamento de ofício, por óbvio que o ajuste sai da órbita do contábil, mais se equiparando ao extracontábil: “(...) a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, (...), contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de (...)”(art. 45 da Lei n. 10.637/2002). Há ainda um grande obstáculo operacional para a própria fiscalização fazer tal ajuste contábil em função do descumprimento de norma tributária dado causa pelo Contribuinte. É que o ajuste contábil não se concretiza totalmente no lucro contábil, diminuindoo, pois há que se verificar, conforme determina a norma jurídica, se é o caso de contabilizar como custo, se o insumo importado já foi utilizado, ou de simples baixa do ativo e Fl. 658DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 659 38 nesse caso não interferiria no lucro da exploração. É o que determina os incisos II do art. 45 da Lei n. 10.637/2002: “(...) a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, (...), contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de: (...) I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de esses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. Portanto, não faz sentido atribuir à fiscalização o ônus de refazer a contabilidade da Recorrente. Por fim, o sistema de benefícios fiscais não pode compactuar com o recálculo de benefício de forma retroativa em função da descoberta de ilícitos tributários, pelo contrário, o sistema jurídico se inclina à situação até de perda dos referidos benefícios. Vide art. 64 da Instrução Normativa SRF nº 267, de 23 de dezembro de 2002, que dispõe sobre os incentivos fiscais decorrentes do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas: Art. 64. Constatado o descumprimento de qualquer das condições ou requisitos para usufruto dos incentivos fiscais previstos neste Capítulo, bem assim do disposto no art. 1º da Lei nº 7.134, de 26 de outubro de 1983, o titular da unidade da SRF da jurisdição do contribuinte: I no caso de redução, revogará o ato que tenha reconhecido o incentivo e comunicará ao órgão competente do MI a ocorrência desses fatos, para que sejam adotadas as providências cabíveis; II no caso de isenção, comunicará ao órgão competente do MI a ocorrência desses fatos para que seja providenciada a revogação do ato que tenha reconhecido o benefício fiscal e demais providências cabíveis. Nesse contexto, fica bastante claro a vedação explícita constante no artigo seguinte do mesmo diploma infralegal: Art. 66. No caso de lançamento de ofício, não será admitida a recomposição do lucro da exploração referente ao período abrangido pelo lançamento para fins de novo cálculo dos incentivos de que trata este Capítulo Por todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso para NÃO reconhecer os ajustes contábeis no lucro da exploração para efeito cálculo do imposto devido, em sede de LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Juros de mora sobre Multa de Ofício Insurgese a Recorrente contra a cobrança de juros de mora sobre multa de ofício, utilizandose do argumento a contrario sensu. Ou seja, como a única hipótese de incidência de juros sobre multa está consignada no parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96, deve, por exclusão, nas demais hipóteses, ser expurgada a aplicação dos juros sobre a multa aplicada, que só passará a incidir nos termos do § 1º do art. 161 do CTN. Fl. 659DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 660 39 Ora, como todo argumento a contrario sensu, devese usálo com muita cautela, pois é inseto a ele a chamada “falácia do falso antecedente”. Pois, se uma regra “p” implica “q”. Não se pode concluir com todo o rigor lógico que “não p” implique também em “não q”. Isso porque pode existir outras forma de chegarse a “q”. Por outras palavras, Se “p” (em havendo multa de ofício isolada) > (implica) “q” (implica o cálculo de juros de mora sobre ela). Isso não que dizer que se negarmos “p” (no caso da multa de ofício sobre tributo, pois não se trata de multa isolada) estaremos negando necessariamente a existência de “q” (cálculo de juros de mora sobre essa multa). Pois, obviamente, outros antecedentes podem existir, como de fato existem na legislação, “r”, “s” etc que impliquem também em “q”. Ora, a multa de ofício, ex vi art. 44 da Lei nº 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago (diferença entre o tributo devido e o recolhido). A partir da leitura do Código Tributário Nacional, concluise que a multa, apesar de não ter a natureza de tributo, faz parte do crédito tributário. É a inteligência dos artigos 3º e 113 do CTN, conjugado com art. 139 que assim dispõe “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta” Ou seja, enquanto o art. 3° exclui as multas da definição de tributo, os dispositivos seguintes (art. 113, §1°, e art. 139) trazemnas para compor o crédito tributário. Por conseguinte, a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Por sua vez, o art. 161 do Código Tributário Nacional dispõe que os juros de mora passam a integrar o crédito tributário não pago, de forma a que a incidência da multa alcança tanto o crédito tributário principal quanto os juros de mora sobre ele incidentes. Em resumo, é cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. Assim, não procede o argumento da Recorrente no sentido de afirmar que apenas a partir da existência do parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Ora, tal previsão diz respeito à aplicação de multa isolada sem crédito tributário. Assim, a teleologia de tal dispositivo legal vem a reboque de se ratificar a incidência dos juros sobre a multa que não toma como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa de ofício. O Conselheiro Alkmim foi muito feliz em sua explicação por ocasião do Acórdão 140100.155 no qual a referida matéria também foi enfrentada: (...) Seria o óbvio não conter referida previsão quando a multa é aplicada sobre crédito tributário não pago. Isso porque, ao contrário do que afirma a Recorrente, caso existisse tal previsão – de incidência de juros sobre multa , poder seia imaginar a dupla incidência dos juros, é dizer, uma sobre o crédito tributário e outra sobre a multa depois de formalizada. Em se tratando de tributo não pago, a multa deve incidir sobre a totalidade do crédito tributário que deixou de ser recolhido, incluindose nele a correção monetária e os juros. Assim, na verdade, não é o juros que incide sobre a multa, mas sim a multa que incide sobre o crédito tributário com juros e correção monetária. Fl. 660DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 661 40 Diante do exposto, mantenho os juros de mora sobre a multa de ofício. LANÇAMENTO CSLL Por fim, o que foi decidido com relação ao lançamento do IRPJ estendese ao lançamento reflexo de CSLL, no que couber, em virtude da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Por todo o exposto, VOTO no sentido de NEGAR provimento ao RECURSO DE OFÍCIO e ao RECURSO VOLUNTÁRIO. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator Fl. 661DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 662 41 Declaração de Voto Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Na sessão ocorrida 08 de maio de 2012, essa 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF iniciou o julgamento do processo nº 16643.000098/200916, do qual sou Relator, oportunidade em que proferi o meu voto sobre a mesma matéria, mas em sentido contrário ao do que ora é adotado pelo ilustre Conselheiro Relator. Agora conhecendo o seu posicionamento, e apesar do rigor com que a tese oposta é tratada no voto, não me convenci de seus argumentos, certo de que a questão, muito antes de passar pelas várias possibilidades de interpretação do texto legal, esbarra no princípio da legalidade. Diante disso, adoto, como razões de declaração de voto, o entendimento que proferi em referido processo, nos termos que abaixo transcrevo: São duas as questões postas em julgamento perante esta Corte Administrativa: 1º) saber se, no curso do processo administrativo tributário, pode ser reconhecida a ilegalidade da instrução normativa editada pela Receita Federal do Brasil; 2º) em caso positivo, se existe compatibilidade entre o regime de apuração do método PRL60 adotado pela instrução normativa RFB nº 243/2002, com o regime adotado pela lei nº 9.430/96, com a alteração da lei nº 9.959/00. As demais questões constantes do relatório da DRJ e da peça de recurso, referentes às divergências entre valores declarados na DIPJ e aqueles reconhecidos durante o procedimento de fiscalização, boafé da Recorrente, pagamentos realizados e aplicação do PRL20 não são objeto de julgamento no presente recurso. Feita essa delimitação, passo a decidir. INSTRUÇÃO NORMATIVA. RECONHECIMENTO DE ILEGALIDADE. Inicialmente, cabe saber se pode, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, deixar de aplicar uma instrução normativa editada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por entender que a mesma não se coaduna com o dispositivo legal que lhe dá fundamento. Fl. 662DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 663 42 Isso porque a decisão proferida pela Delegacia Regional de Julgamento deixou de apreciar as razões de mérito apresentadas pela Recorrente, por entender que não cabe ao julgador, no curso do processo administrativo tributário, afastar a aplicação de instrução normativa sob o fundamento de ilegalidade. A questão não possui o sabor da novidade. Este Conselho, desde os tempos do 1º Conselho de Contribuinte, tem entendimento assente de que as instruções normativas não se equiparam à lei, e podem ser afastadas quando a elas não se ajustarem. O Código Tributário Nacional, em seu art. 96, define que “A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. Disso se extrai que, na ordem jurídica devidamente estruturada, impõese a coordenação dos atos normativos através da verificação das competências decorrentes da Constituição da República e do fundamento de validade dos atos expedidos pelas respectivas autoridades. Leiase o escólio de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, in verbis: Na dogmática analítica contemporânea, tem relevância especial, no que concerne às fontes, a noção de legislação. Isso ocorre sobretudo no direito de origem romanística, como é o caso do direito europeu continental e dos países latinoamericanos de modo geral. Legislação, lato sensu, é modo de formação de normas jurídicas por meio de atos competentes. Esses atos são sacionadores no sentido de estabelecedores de normas soberanas (vejase a expressão: a lei foi sancionada pelo Presidente da República). Sendo a sanção um exercício de competência, a legislação é fonte de inúmeras normas que requerem procedimentos regulados por outras normas que, por sua vez, são também produto de atos competentes. Essa regressão tem um fim: a primeira competência estabelecida conforme normas primeiras, as normas constitucionais. Ou seja, o reconhecimento da legislação como fonte do direito baseiase necessariamente numa hipótese racionalizadora: um ato fundante que produz um conjunto de normas primárias, a Constituição17. Dentro dessa sistemática, cada ato normativo exerce uma função normativa, de acordo com a competência de quem a expede e o fundamento de validade para sua edição. Invocando Hans Kelsen, alguns incautos chamam essa relação de “hierarquia”, pelo que uma norma estaria “submetida” à outra, de nível superior, de onde extrai seu fundamento de validade. 17 FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, decisão, dominação. Atlas, São Paulo, 2001. 3 ed. p. 224. Fl. 663DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 664 43 Para um enunciado ser considerado norma jurídica, devem ser obedecidos certos requisitos para sua criação. As normas não são postas de forma livre e desordenada no ordenamento jurídico. Ao contrário, devem as mesmas estar ligadas umas as outras, pelo que cada norma deve buscar o seu fundamento de validade em outra norma jurídica que confira o seu poder normativo. Um enunciado normativo, para ser considerado norma jurídica perante o sistema, deve estar sempre sustentado por uma outra norma que lhe confira validade. Apenas assim se tem formado um sistema jurídico na acepção própria da palavra. Segundo Diego Martin Farrell, in verbis: as normas jurídicas se consideram válidas quando concordam com o critério adotado pelo jurista. Podese dizer, então, que a validade não é uma propriedade das normas, senão uma relação entre a norma e o critério eleito quando a norma se ajusta ao critério, consolidasse a mesma válida18 Ressaltamos, todavia, que diante da vinculação entre uma norma a outra, não temos propriamente uma hierarquia normativa. Hierarquia normativa pede estruturação ordenada das normas, em que as normas constitucionais constituiriam fundamento de validade das normas complementares; e as normas complementares constituiriam fundamento de validade das normas ordinárias. Ao contrário, na ordem jurídica, a fundamentação buscada por uma norma jurídica em outra funciona como escalonamento, pelo que o enunciado irá buscar a sua fundamentação em outra norma, de acordo com a competência afeta ao conteúdo de sua disposição. A leitura da doutrina de Kelsen é didática ao afastar a hierarquização da lógica organizacional do sistema jurídico, pela qual cada norma jurídica tem fundamento de validade em uma outra norma, sem juízos de subordinação. Tratase, em verdade, de estruturação material do tratamento normativo a cada um dos veículos normativamente previstos, pelo que o fundamento de validade decorre da competência para o tratamento da matéria. O sistema jurídico é, assim, para Kelsen, escalonado, pelo qual uma norma busca o seu fundamento de validade em outra norma; mas não, necessariamente, hierarquizado. Disso decorre o conceito de validade como relação de competência existente entre uma norma e outra. No direito tributário, o fundamento de toda a imposição obrigacional está estabelecido na Constituição da República. Cabe à lei complementar de normas gerais de direito tributário definir as estruturas de cada uma das espécies tributárias, assim como dirimir conflitos de competência impositiva; e às leis ordinárias, cabe a instituição dos tributos (na maioria dos casos). Aos atos executivos, apesar do seu poder normativo, atribuise o poder de regulamentar a funcionalidade na cobrança dos tributos – mas nunca, em momento algum, estabelecer obrigações tributárias novas ou alterar o comando na lei no que toca aos elementos essenciais da norma de tributação. De fato, segundo Misabel de Abreu Machado Derzi, “os tributos são objeto de enumeração legal exaustiva, de modo que aquilo que não está na lei, inexiste juridicamente. A diferenciação entre um tributo e outro se dá através de uma classificação legal, esgotante do conceito de tributo. Criamse, a rigor, espécies tributárias como conceitos determinados e 18 Apud CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário. Fundamentos Jurídicos da Incidência. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1998. p. 49. Fl. 664DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 665 44 fechados que se distinguem umas das outras por notas fixas irrenunciáveis. Não se admitem as ordens de estrutura flexível, graduável e de características renunciáveis que são os tipos. Esses, por sua vez, levariam à aceitação de formas mistas ou novas, deduzidas e descobertas, implicitamente, no ordenamento ou criadas, no tráfego jurídico, pela prática administrativa, segundo as necessidades do Tesouro, o que se chocaria com os princípios vigorantes no sistema tributário”19 Por certo, pois, que, apenas diante da prescrição exata de todos os critérios formadores da norma tributária, como bem demonstra Paulo Barros Carvalho20, é que se estará diante de uma norma jurídica tributária apta à instituição e cobrança de tributos. Essa função, na ordem jurídica brasileira, não pode ser exercida por meio de atos da Administração Pública, por força do disposto no art. 150, inciso I da Constituição da República. É o que diz, também, o art. 97 do Código Tributário Nacional, norma geral de direito tributário, in litteris: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades Quanto às instruções normativas, genericamente previstas no inciso I, art. 100 do CTN, as mesmas têm função de “normas complementares das leis”. E, especificamente no que toca às instruções, Tércio Sampaio Ferraz Júnior às classificam como “atos administrativos internos que vinculam no âmbito de órgãos”21. As instruções normativas da Receita Federal do Brasil, neste sentido, são atos normativos de interpretação e aplicação da lei tributária, vinculando a sua observância no âmbito da própria secretaria. Este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, in verbis: As instruções normativas, editadas por órgão competente da administração tributária, constituem espécies jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam, imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos 19 DERZI, Misabel de Abreu Machado. Direito Tributário, Direito Penal e Tipo. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1988. p. 248. 20 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário. Saraiva, São Paulo, 1995. 7 ed. 21 FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, decisão, dominação. Atlas, São Paulo, 2001. 3 ed. p. 232. Fl. 665DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 666 45 pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos presidenciais, de que devem constituir normas complementares. Essas instruções nada mais são, em sua configuração jurídico formal, do que provimentos executivos cuja normatividade está diretamente subordinada aos atos de natureza primária, como as leis e as medidas provisórias, a que se vinculam por um claro nexo de acessoriedade e de dependência. Se a instrução normativa, aditada com fundamento no art. 100, I, do Código Tributário Nacional, vem a positivar em seu texto, em decorrência de má interpretação da lei ou medida provisória, uma exegese que possa romper a hierarquia normativa que deve manter com estes atos primários, viciarseá por ilegalidade e não por inconstitucionalidade Por fim, Tércio Sampaio Ferraz Júnior, explica que, apesar de não existir a chamada hierarquia normativa no sistema jurídico, por vezes existem distinções verticais que induzem à hierarquização: “Não obstante, é preciso reconhecer que, ao lado dos limites horizontais (...) aparecem distinções verticais, pois, em alguns casos, nada obsta que a matéria própria para uma competência seja objeto de uma outra. Nesse momento, a maiore ad minus: um decreto pode fazer as vezes de uma portaria, mas a recíproca não é verdadeira, um lei complementar por fazer as vezes de uma lei ordinária, mas a recíproca não é verdadeira” De todo o exposto, fixo duas premissas relevantes para o julgamento do presente feito: 1ª) as instruções normativas são atos normativos da administração que não podem instituir, alterar ou extinguir qualquer dos elementos constantes da norma tributária cuja competência seja atribuída à lei e que promova o aumento ou cobrança de tributo. Nesse particular, salvo quando a Constituição da República excepcionou, todos os elementos da regra matriz de incidência devem constar da lei, com relevo para a base de cálculo do tributo. 2ª) O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, por força do decreto nº 70.235, recepcionado na ordem jurídica de 1988 com força de lei, tem, por competência, “julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial” (art. 25, inciso II), sendolhe vedado, no entanto, “afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade” (art. 26A). Não existe, assim, por força competência outorgada ao CARF, vedação para reconhecer a ilegalidade de instrução normativa editada pela Receita Federal do Brasil. Ressaltese que como visto, a possibilidade de o CARF afastar a aplicação de uma instrução normativa da Receita Federal do Brasil NÃO decorre de o CARF ser hierarquicamente superior à Secretaria da Receita Federal do Brasil, ambos órgão do Ministério da Fazenda; mas sim da competência legalmente deferida a cada um desses órgão. Tratase de relação de escalonamento, e não de hierarquia. Fl. 666DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 667 46 Diante do exposto, reconheço a competência do CARF para julgar os efeitos da aplicação IN RFB nº 243/2002, tendo em vista a alegação de sua ilegalidade. MÉRITO. INRFB Nº 243/2002 E LEI Nº 9.430 Trata, a questão em voga, das normas antielisivas instituídas pela lei nº 9.430/96, que tem por objetivo restringir os efeitos tributários da utilização dos preços de transferência como instrumento de economia fiscal. Segundo o International Tax Glossary, “o preço de transferência se refere à determinação dos preços a serem cobrados entre empresas relacionadas – particularmente pelas companhias multinacionais – relativamente a transações entre vários membros de seus grupo (venda de bens, prestação de serviços, transferência e uso de tecnologias e patentes, mútuos etc.). Como tais preços não são livremente negociados, os mesmos podem ser eventualmente diferentes daqueles determinados pelas forças livres de mercado, nas negociações entre partes não relacionadas”. Temse, assim, que o controle do preço de transferência objetiva evitar manipulação de preços, aplacando a elisão fiscal. Em uma definição mais ampla, o termo preço de transferência é freqüentemente utilizado, principalmente no direito norte americano22, para se referir a fixação de preços em todos os tipos de transações entre partes relacionadas. De uma maneira geral o preço de transferência é conceituado como o preço utilizado em operações comerciais envolvendo partes relacionadas, localizadas em jurisdições tributárias diversas, responsáveis pela percepção de renda. A manipulação dos preços de transferência pode ser benéfica às empresas relacionadas na medida em que permite a alocação da renda ou do patrimônio de maneira mais favorável ao contribuinte, de acordo com as pressões tributárias ou necessidades do mercado. Assim é que uma empresa produtora localizada em um pais com alta pressão tributária poderá exportar seus produtos por baixo preço para uma empresa coligada localizada em país de baixa pressão tributária, transferindolhe renda e evitando o imposto respectivo no país de origem. Ou então, pode uma empresa localizada em um país com baixa tributação prestar serviço superfaturado a uma empresa coligada localizada em um país com alta pressão tributária, causando uma ficção de perda de rendimento nesta empresa e, por conseguinte, ocasionando a redução da base imponível do imposto reditório, enquanto a renda é transferida para a empresa localizada naquele primeiro país, que possui tributação mais favorável. Ressaltese que tal mecanismo não é tido como um ilícito praticado pelas empresas. Assim, o direito que se relaciona ao preço de transferência, de um modo geral, não busca traçar métodos de coação sobre as empresas que o praticam. Muito ao contrário, o direito busca conferir ao país prejudicado na alocação da renda a capacidade de determinar (authority to adjust) qual teria sido o preço utilizado na transação em mercado livre (arm’s lenth), obedecendo a determinados parâmetros préfixados pela lei, e cobrar os tributos sobre renda a eles correspondente. 22 “The term “transfer pricing” is often used to refer to the setting of the prices on all types of transactions betwee related parties.” GUSTAFSON, Charles H., PERONI, Robert J., PUGH, Richard Crawford. Taxation of International Transactions. Materials, text and problems. West Publishing: St. Paul, 1.997. p. 499. Fl. 667DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 668 47 Preocupados com os efeitos que a livre fixação dos preços de transferência pode ter no poder de tributar dos estados de economia de mercado e de tributação normal (não considerados países com regime de tributação favorecida), a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE23 desenvolveu um modelo de legislação a ser adotado pelos estados membros e não membros, como forma de restringir os efeitos tributários dessa prática. Nesse modelo de legislação, a OCDE apresentou métodos que podem ser aplicados pelos Estados para restringir os efeitos dos planejamentos tributários realizados pelos contribuintes. A legislação brasileira passou a tratar da matéria a partir da edição da lei nº 9.430/96, não tendo adotado integralmente as orientações da OCDE quanto à fixação dos métodos. No entanto, dentre os métodos adotados pelo Brasil, encontrase o Resale Price Method, constante do modelo OCDE. Por meio do método de revenda, no direito brasileiro chamado de Preço de Revenda Menos Lucro PRL, o preço parâmetro deve ser encontrado pela decomposição do preço de venda do bem importado. Tomase o valor final de venda e promovese a sua decomposição, nos termos em que previsto na lei, até se aplicar a margem de lucro prevista na lei. Segundo a redação original da lei nº 9.430/96, o PRL regiase da seguinte forma: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda;(sem grifos no original). Nesses termos, a lei, na fixação do método PRL, não fazia diferenciação entre os bens importados aplicados à produção, daqueles bens importados que eram revendidos diretamente no mercado interno. 23 OECD – ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT. OECD Transfer Price Guidelines for Multinational Enterprises and Tax Administrations. OECD, Paris, 2010. 371 pp. Fl. 668DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 669 48 Diante dessa situação, a Secretaria da Receita Federal entendeu que seria inviável aplicarse o método PRL quando o bem integrasse ou fosse consumido no processo produtivo no Brasil. Isso porque, sem a dedução dos demais valores que integraram a produção do bem, ao lado do produto importado, não se teria um valor razoável para funcionar como parâmetro de preço de livre mercado. Com isso, a então SRF editou a instrução normativa nº 38/1997, que proibia a utilização do PRL quando o produto importado tivesse sido integrado em processo produtivo no Brasil. A questão suscitou inúmeros debates, tendo prevalecido entendimento de que a instrução normativa não poderia restringir a priori a utilização do método PRL. Esse foi o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais do então Conselho de Contribuintes, de relatoria do Conselheiro José Clóvis Alves, in verbis: PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA — Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos métodos descritos no artigo 18 da Lei n°9.430/96. Não pode haver restrição a utilização de qualquer um dos métodos pois tal imposição vai de encontro à previsão contida no caput do artigo 18 "POR UM DOS SEGUINTES MÉTODOS" e à alternativa dada no § 40, do mesmo artigo.(processo nº 16327.004322/200255. Diante dessa situação, foi editada a lei nº 9.959, de 2000, que alterou o art. 18 da lei nº 9.430, passando a prever duas hipóteses de aplicação do PRL, de acordo com a destinação do bem importado: quando se tratar de mera revenda do bem importado, aplicase margem de lucro de 20% e quando o bem importado for utilizado como insumo na produção do bem final, aplicase margem de lucro de 60%. O cerne da divergência ora em julgamento diz respeito à aplicação do método PRL 60. Vejase o art. 18 da lei nº 9.430/96, in litteris: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: Fl. 669DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 670 49 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; A divergência em julgamento referese ao disposto na IN 243/2002, que assim definiu a aplicação do método PRL 60, a saber: Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos; b) sessenta por cento, na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. (...) § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção. § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a Fl. 670DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 671 50 relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. A questão em apreço é saber se a metodologia de cálculo descrita no parágrafo 11 do art. 12 da IN nº 243/2006 se adequa ao disposto no art. 18 da lei nº 9.430/96. Segundo a contribuinte, a sistemática adotada pela IN nº 243/2006 é mais onerosa que aquela adotada pelo lei nº 9.430/96, posto que na lei não estaria prevista a adoção de critério proporcional, ao passo que na instrução normativa, adotouse um critério de proporcionalidade não previsto na lei. A Recorrente aponta as divergências entre os dois instrumentos normativos da seguinte forma: (i) Cálculo da margem de lucro: A divergência decorre, em parte, porque a Lei 9.959/00, ao prescrever a fórmula de cálculo da margem de lucro, determina que o percentual de 60% incida sobre o valor integral do preço liquido de venda do produto, diminuído do valor agregado no pais. Já a IN 243/02, para o calculo da mesma margem de lucro, determina que o percentual de 60% seja calculado apenas sobre a parcela do preço liquido de venda do produto referente participação dos bens importados, atingindo um resultado invariavelmente menor. (ii) Cálculo do preço parâmetro: A expressão preçoparâmetro é utilizada pela legislação dos preços de transferência para denominar o valor obtido através do calculo de um dos métodos prescritos e com o qual se devera Fl. 671DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 672 51 comparar o preço efetivamente praticado entre as partes relacionadas. Enquanto na Lei 9.959/00 o preço é estabelecido tomandose por base a totalidade do preço liquido de venda, a IN 243/02 pretende que o limite seja estabelecido a partir, apenas, do percentual da parcela dos insumos importados no preço liquido de venda, o que claramente acaba por restringir o resultado almejado pelo legislador. A exemplificação da diferença entre as duas sistemáticas de cálculo foi assim apresentada pela Recorrente: Fl. 672DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 673 52 Em sede de memorial, a Fazenda Nacional contrapõe os argumentos da Recorrente, e fundamenta que existe “falta de clareza na redação do texto legal, o que possibilita a construção de diferentes interpretações. A falta de clareza reside, especificamente, no art. 18, II, item 1, da Lei nº 9.430/96, que versa sobre o cálculo da margem de lucro de sessenta por cento” cuja interpretação pode albergar tanto a fórmula de cálculo adotada pela IN nº 32/2001 quanto pela IN nº 243/2002 Assim, segundo Fazenda Nacional, na leitura do art. 18 da lei nº 9.430/96, “a expressão “do valor agregado no País” não está em concordância com o termo “deduzidos” (deduzidos os valores... e do valor agregado no País)”. Isso porque, segunda a Fazenda Nacional, “valor agregado”, precedido da preposição + artigo “do”, não se pode referir à “deduzidos”. Com isso, “Assim, uma possível interpretação consiste em entender que houve um mero erro gramatical na redação legal, e que o legislador quis dizer “o valor agregado”. Nessa ótica, o valor agregado deve integrar apenas o cálculo da margem de lucro, não representando mais uma parcela a ser diminuída do preço de revenda do produto”. No entanto, ressalva que essa não seria a única interpretação possível do dispositivo: É possível, de outro lado, assumir que a aludida falta de concordância não traduz um simples erro gramatical, mas técnica redacional inapropriada, voltada a evitar a inclusão de Fl. 673DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 674 53 mais uma alínea no inciso II do art. 18. Nessa linha de raciocínio, a expressão “do valor agregado” se refere ao termo “diminuídos” (caput do inciso II), e não à palavra “deduzidos” (item 1 da alínea d), como identificado por Victor Polizelli24: Quanto à primeira investigação, já se mencionou que uma possível premissa para a interpretação da falta de clareza do texto introduzido no item “1” da nova alínea “d” do artigo 18, inciso II, da Lei nº 9.430/96, é a aceitação de que houve um erro gramatical na utilização da preposição “de” juntamente com o artigo “o” antes da expressão “valor agregado”. Pois bem, uma outra possível premissa é a que sustenta que não houve erro gramatical, mas técnica redacional inapropriada. Para melhor esclarecimento, vale a pena reproduzir a íntegra do novo texto do artigo 18, inciso II, depois da alteração introduzida pela Lei nº 9.959/00: [...] A técnica redacional inapropriada, identificada por Victor Polizelli, decorre da percepção de que a expressão “do valor agregado” não se refere à palavra “deduzidos”, presente no mesmo item “1” da alínea “d”, mas sim à palavra “diminuídos”, que consta no caput do próprio inciso II. Esta técnica seria justificada pela intenção de se evitar a inserção de uma alínea “e”, pois a exclusão do valor agregado só se aplicaria na hipótese de bens aplicados à produção. [...] Assumindo essa premissa para as hipóteses de produção local, uma outra fórmula de apuração do preço parâmetro pode ser identificada: PP = PL – 0,6 x PL – VA25 Nessa “segunda leitura” do texto legal, o valor agregado no País não é computado no cálculo da margem de lucro, consubstanciandose em mais uma parcela a ser subtraída do preço de revenda. Logo, o preço parâmetro seria obtido a partir da média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos (i) dos descontos incondicionais concedidos, (ii) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, (iii) das comissões e corretagens pagas, (iv) da margem de lucro de sessenta por cento, e (v) do valor agregado no País. A margem de lucro de sessenta por cento, por sua vez, seria calculada exclusivamente “sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores”. Superada a questão lingüística, aduz, a Fazenda Nacional, que a sistemática adotada pela IN nº 32/01 estava distorcida, pois o preço parâmetro variava de acordo com o nível de agregação de valor ocorrida no Brasil. Essa situação teria sido corrigida pela IN nº 243/2002, pois “mantém o preço parâmetro constante, independentemente do nível de agregação de valor ao bem importado”, atendendo aos propósitos específicos do controle de 24 Apud GREGORIO, Ricardo Marozzi. Op. cit. p. 187188. 25 Onde: PL = Preço líquido de revenda do produto; VA = valor agregado no País; PP = preço parâmetro. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 675 54 preços de transferência. Faz a demonstração dessa qualidade da IN nº 243/2002 por meio da seguinte tabela: Preço líquido de venda do bem produzido26 Valor do bem importado Valor agregado no País Custo total do bem produzido Percentual de participação do bem importado no custo total do bem produzido Participação do bem importado no preço líquido de venda do bem produzido Preço parâmetro 162,50 60 5 65 92,31% 150 60 187,50 60 15 75 80% 150 60 212,50 60 25 85 70,59% 150 60 237,50 60 35 95 63,16% 150 60 262,50 60 45 105 57,14% 150 60 287,50 60 55 115 52,17% 150 60 312,50 60 65 125 48% 150 60 Contrapostos os argumentos, vejamos: Ambas as partes concordam que a sistemática de apuração do método PRL 60 definidos na IN nº 32/2001 (defendida pela Contribuinte) e IN nº 243/2002, defendida pela Fazenda, conduzem a resultados diversos. Segundo se extrai do memorial da Fazenda Nacional, o método PRL 60, aceito pela Recorrente, pode ser descrito pela seguinte fórmula: Fórmula de cálculo do PRL 60, na interpretação da contribuinte (IN SRF nº 32/01): Preço Parâmetro = PLV – ML 60% (PLV – VA) Onde: PLV = preço líquido de revenda (preço de revenda após as deduções dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas); ML 60% = margem de lucro de sessenta por cento; VA = valor agregado no País. 26 Observandose a margem bruta de lucro de 60% sobre o preço líquido de venda. Fl. 675DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 676 55 Por outro lado, o método PRL 60 extraído da sistemática de cálculo da IN nº 243/2002, pode ser descrito pela seguinte fórmula: Preço parâmetro = PBI no PLV – ML 60% (PBI no PLV) ou Preço parâmetro = 40% (PBI no PLV) Onde: PBI no PLV = participação do bem, serviço ou direito importado no preço líquido de venda do bem produzido, obtida a partir da aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II do § 11 do art. 12 da IN SRF nº 243/02, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I do § 11 do art. 12; ML 60% = margem de lucro de sessenta por cento. Não existem, pois, dúvidas de que a sistemática defendida pela Recorrente diverge da sistemática sustentada pela Fazenda Nacional. Por outro lado, também não há duvidas de que a aplicação da IN SRF nº 32/2001 é mais favorável ao importador do que a IN SRF nº 243/2002. Vejase a explicação do prof. Luis Eduardo Schoueri, extraído do memorial da Fazenda Nacional, ao discorrer sobre a IN nº 32/2001, in verbis: [...] a fórmula acima é contestada por quem entende que a parcela do valor agregado, no lugar de compor o cálculo da margem de lucro, deveria ser deduzida em separado [...] Segundo tais autores, a fórmula acima seria criticável, já que, ao incluir o valor agregado na parcela da margem, surge um encontro de subtrações, o que implica uma adição. Em outras palavras, quanto maior o valor agregado, maior será o preço parâmetro e, portanto, menor a necessidade de ajuste fiscal. Essa observação leva a uma aparente incongruência na aplicação do método. Afinal, se a margem de lucro deve ser suficiente para cobrir todos os custos locais, então lógico seria que quanto maior fosse o volume de custos locais, tanto maior fosse a margem; aplicandose a fórmula acima, chegase ao contrário: a margem de lucro diminui conforme se agrega valor no País. No limite, caso se agregasse enorme valor no País (e, portanto, caso se necessitasse de uma margem de lucro suficiente para remunerar tal agregação de valor), a margem resultante da aplicação da fórmula seria negativa. O argumento é forte e coerente e, de fato, não parece passível de contestação a partir da lógica dos preços de transferência. Seria de se esperar que tivesse o legislador o cuidado de ampliar a Fl. 676DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 677 56 margem de lucro conforme houvesse maior agregação de valor, nunca o contrário. Entretanto, não se pode deixar de lado o argumento de que a fórmula acima, conquanto se afaste da lógica dos preços de transferência, acaba por premiar as empresas que agregam valor, no País, aos bens importados. Aqueles que agregam muito valor não sofrem qualquer ajuste. 27 [...] Sem dúvida alguma, a sistemática da IN nº 32/2001 favorece as empresas no Brasil que importam insumos e agregam grande valor à mercadoria antes de vendêla; ao passo que a IN SRF nº 243/2002 não possibilita esse incentivo. No entanto, a princípio, tenho entendimento sedimentado de que não cabe à este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF fazer política fiscal ou política industrial, posto que o Governo Federal possui os instrumentos e mecanismos corretos e eficazes para tanto. A tributação sempre impacta no setor produtivo, em especial quando se trata da aplicação de uma norma antielisiva ligada à importação de insumos do exterior. Todavia, o fio condutor da decisão não pode se atrelar aos efeitos positivos ou negativos que a tributação tem na vida econômica das empresas, posto que referida medida não está afeta aos estritos princípios que informam a aplicação da legislação tributária, forte no princípio da legalidade. Demais disso, conforme bem assevera a Fazenda Nacional, a sistemática da IN nº 243/2002 veio justamente expurgar referido efeito da IN SRF nº 32/2001, considerada como uma distorção enquanto norma antielisiva de combate ao preço de transferência. A demonstração, feita pela Fazenda Nacional, da funcionalidade da IN SRF nº 243/2002, como norma antielisiva, tornando estável o preço parâmetro é inegável. Reproduzo, novamente, o seu quadro explicativo, in litteris: Preço líquido de venda do bem produzido28 Valor do bem importado Valor agregado no País Custo total do bem produzido Percentual de participação do bem importado no custo total do bem produzido Participação do bem importado no preço líquido de venda do bem produzido Preço parâmetro 162,50 60 5 65 92,31% 150 60 187,50 60 15 75 80% 150 60 212,50 60 25 85 70,59% 150 60 237,50 60 35 95 63,16% 150 60 27 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de Transferência no Direito Tributário Brasileiro. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Dialética, 2006. p.159160. 28 Observandose a margem bruta de lucro de 60% sobre o preço líquido de venda. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 678 57 262,50 60 45 105 57,14% 150 60 287,50 60 55 115 52,17% 150 60 312,50 60 65 125 48% 150 60 Nessa sistemática, não importa qual o montante ou percentual do valor agregado no país. Em qualquer caso, o preço parâmetro será o mesmo. Enquanto norma de controle ao preço de transferência, a sistemática de cálculo da IN SRF nº 243/2002 parece ser, de fato, mais eficiente do que a sistemática de cálculo da IN SRF nº 32/2001. No entanto, pelo mesmo fundamento supra apontado, entendo que a IN SRF nº 243/2002, apesar de sua inegável qualidade enquanto método perene de fixação do preço parâmetro, somente poderá ser aceito se estiver respaldada na lei – questão essa que será tratada adiante. Por fim, argumenta, a Fazenda Nacional, que a sistemática da IN nº 32/2001 também não está totalmente de acordo com a fórmula legalmente prevista na lei nº 9.430, posto que permitiria a sua manipulação pelos contribuintes, ajustando o valor segundo a maior ou menor integração de bens, no Brasil, ao produto importado, sendo que “a inadequação entre a metodologia da IN SRF nº 32/01 e a finalidade da Lei nº 9.430/96 foi reconhecida pela Sexta Turma do TRF da 3ª Região, no julgamento do processo nº 2003.61.00.0061258/SP” Permissa venia, entendo que não está em julgamento, no presente processo, a legalidade da IN SRF nº 32/2001, mas apenas e tão somente a legalidade da IN SRF nº 243/2002. Isso porque é a IN SRF nº 243/2002 que fundamenta a lavratura do lançamento, cuja procedência é objeto de julgamento no presente feito, e não a IN SRF nº 32/2001. Demais disso, a IN SRF nº 32/2001 foi editada pela Secretaria da Receita Federal, não sendo razoável supor que a Fazenda Nacional venha contraporse à aplicação de uma instrução normativa editada pela própria Receita Federal. Aplicável, aqui, o princípio do non venire contra factum proprio, assim como o princípio da confiança legítima, que impede que o Estado sancione o contribuinte pela aplicação das normas administrativas por ele mesmo editadas, ainda que eivadas de ilegalidade. Postas essas considerações, resta saber se a sistemática da IN SRF nº 243 encontra respaldo na lei nº 9.430/96. Segundo a Recorrente, a sistemática pretendida pela IN nº 243/2002 impõe restrições não previstas na lei nº 9.430/96, razão pela qual a mesma deve ser considerada ilegal. Lado reverso, argumenta a Fazenda Nacional que, por ocasião de um erro gramatical existente no art. 18 da lei nº 9.430/96, a sua leitura permitiria dupla interpretação: a expressão “do valor agregado” seria um erro gramatical, podendo (1) referirse ao termo “deduzidos”, se considerado o termo “do valor agregado” como “o valor agregado” para corrigir a sentença gramatical, como (2) poderia referirse ao termo “diminuídos”, constante do Fl. 678DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 679 58 inciso II do art. 18, consistindo em “técnica redacional inapropriada, voltada a evitar a inclusão de mais uma alínea no inciso II do art. 18”. No presente caso, a lei nº 9.959, de 2000, decorreu da conversão da medida provisória nº 2.01304, originada da MP nº 1924, de 07 de outubro de 1999, pelo que é possível saber, da exposição de motivos da referida medida provisória, se tratase, realmente, de técnica redacional inapropriada. Isso porque, se a mens legislatoris ratificar a adoção de um método proporcional do preço líquido de venda para encontrase o preço parâmetro, a interpretação, nesse formato será possível. Consultando a exposição de motivos da MP nº 1924/99, publicada no Diário do Congresso Nacional em 29 de outubro de 1999, no que se refere à alteração do art. 18 da lei n 9.430/96, temos o seguinte: O artigo 2º admite, para fins de controle de preços de transferência, a utilização do método Preço de Revenda menos Lucro – PRL, nos casos de importação de bens, serviços ou direitos empregados, utilizados ou aplicados na produção de outros bens, serviços ou direitos, estabelecendose, para tanto, uma margem de lucro de sessenta por cento. Não se pode, pois, afirmar tratarse de técnica redacional inapropriada, posto que não existiu a intenção do legislador em atrelar o termo “do valor agregado” ao inciso II do art. 18 da lei nº 9.430/96. Saber a intenção do legislador, sem a referência expressa de sua pretensão na exposição de motivos, é mera especulação. De toda sorte, não sou adepto da doutrina subjetivista da interpretação jurídica, segundo a qual “sendo a ciência jurídica um saber dogmático (a noção de dogma enquanto um princípio arbitrário, derivado de vontade do emissor da norma que lhe é fundamental), é, basicamente, um compreensão do pensamento do legislador; portanto interpretação ex tunc (desde então, isto é, desde o aparecimento da norma pela positivação da vontade legislativa), ressaltando, em consonância, o papel preponderante do aspecto genético e das técnicas que lhe são apropriadas (método histórico)”29. Com relação ao argumento gramatical, confesso que tenho grande resistência à interpretação exclusivamente literal dos textos normativos. Estando a norma inserida em um sistema, procuro sempre por meio da lógica e numa leitura sistemática, buscar o sentido lógico e sistêmico de norma aplicável ao caso concreto. Resisto a aceitar que uma letra seja suficiente para alterar completamente uma norma jurídica, de forma a permitir o que, numa outra interpretação, não seria permitido. Isso porque a lei não se origina de um órgão técnico jurídico, mas sim de órgãos políticos, onde nem sempre estão presentes os elementos essenciais da boa técnica. E isso é reflexo de um Estado democrático, onde as pessoas elegem os seus representantes pelo voto direto. 29 FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, decisão, dominação. Atlas, São Paulo, 2001. 3 ed. p. 262/263. Fl. 679DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 680 59 De fato, podem existir problemas hermenêuticos posto que,”ao valerse da língua natural, o legislador está sujeito a equivocidades que, por não existirem nessas línguas regras de rigor (como na ciência), produzem perplexidades”30. Todavia, “a chamada interpretação gramatical tem na análise léxica apenas um instrumento para mostrar e demonstrar o problema, não para resolvêlo. A letra da norma, assim, é apensa o ponto de partida da atividade hermenêutica. Como interpretar juridicamente é produzir uma paráfrase, a interpretação gramatical obriga o jurista a tomar consciência da letra da lei e estar atento às equivocidades proporcionadas pelo uso das línguas naturais e suas imperfeitas regras de conexão léxica”. No caso em apreço, acusa, a Fazenda Nacional, que o erro gramatical constante da redação do item 1 do inciso II do art. 18 da lei nº 9.430/96 estaria inserido nessa imperfeição léxica, permitindo a dupla interpretação do dispositivo. Leiase o dispositivo em debate: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; Segundo as regras gramaticais31, no item 1, o do só pode se referir a preço: preço de revenda e preço do valor agregado no país. É um princípio do paralelismo gramatical. Esse princípio prevê que termos coordenados devem manter estruturas sintáticas semelhantes. De fato, segundo Othon Garcia, in verbis: 30 FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, decisão, dominação. Atlas, São Paulo, 2001. 3 ed. p. 283. 31 Orientações gramaticais por Anya Campos. Fl. 680DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 681 60 “Se coordenação é um processo de encadeamento de valores sintáticos idênticos, é justo presumir que quaisquer elementos da frase –sejam orações, sejam termos dela , coordenados entre si, devam, em princípio pelo menos – apresentar estrutura gramatical idêntica, pois não se pode coordenar frases (ou termos) que não comportem constituintes do mesmo tipo. Isso é o que se costuma chamar paralelismo ou simetria de construção.” Ainda na leitura gramatical, diante da presença de um termo precedido da preposição de + artigo o, para sabermos a qual outro termo ele se refere (está coordenado) basta procurar qual expressão pede a preposição de e a única possibilidade em toda a expressão entre vírgulas é a palavra preço. O princípio do paralelismo, já explicado acima, justifica o fato de ser gramaticalmente incorreto ler o dispositivo como “deduzido do valor agregado” porque, se assim fosse, deveria ser “deduzidos dos valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção”. A se considerar do valor agregado, considerase, ao mesmo tempo, que há erro na lei quanto “deduzidos os valores referidos”. Existe, assim, de fato, um erro gramatical quando o item 1 diz “do valor agregado”, pois a expressão “preço do valor agregado” não conduz a uma leitura lógica do dispositivo, nem a um expressão passível de descrição de uma fórmula suficiente para o cálculo do preço parâmetro. Ressalto que, gramaticalmente, não existe outra interpretação possível. Isso porque, quanto à interpretação gramatical pretendida pela Fazenda Nacional, temse que o fato de a expressão “calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País” estar entre vírgulas é bastante significativo porque faz com que ela seja um bloco único e a coordenação esperada para do valor agregado deva estar presente dentro da expressão entre vírgulas e não fora dela. E não se diga, sob pena de absoluto desconhecimento do vernáculo, que referida constatação é irrelevante, principalmente quando, no texto legal, está inserido em um subitem específico, no caso, o item 1 da aliena ‘d’ do inciso II do art. 18. Para que fique clara a função sintática da oração entre vírgulas, é necessário que se faça uma decomposição do período em questão evidenciando os termos oracionais que foram omitidos. Decomposto, o período ficaria assim: “ O Método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL é definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos da margem de lucro de sessenta por cento, que é calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção;” A oração que é calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País referese ao antecedente, de sentido amplo e genérico, margem de lucro e tem a função de explicálo, trazendo uma informação adicional que pode ser retirada sem que se comprometa o entendimento do restante do período. Notese que a informação é importante, mas, sintaticamente, forma um bloco único que pode ser transformado em uma oração independente, sendo que essa transformação não altera a compreensão do que restou do período. Observe: “O Método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL é definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos da margem de lucro de sessenta por cento na hipótese de bens importados aplicados à produção. A margem de lucro é calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País.” Fl. 681DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 682 61 Essas características fazem com que a oração que é calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País seja classificada como uma oração subordinada adjetiva explicativa, assim definida por grandes linguistas brasileiros, in verbis: “a [oração subordinada] adjetiva explicativa alude a uma particularidade que não modifica a referência do antecedente e que, por ser mero apêndice, pode ser dispensada sem prejuízo total da mensagem. Na língua falada, aparece marcada por pausa em relação ao antecedente e, na escrita, é assinalada por adequado sinal de pontuação, em geral, entre vírgulas”32 “Orações adjetivas restritivas explicativas modificam um termo de sentido amplo e genérico, enfatizando a sua maior característica ou uma de suas características. Vêm sempre entre vírgulas, que marcam a necessidade de pausa respiratória entre o termo modificado e o restante da oração principal”33. É muito importante deixar claro, no entanto, que, quando se diz que a oração explicativa é mero apêndice e pode ser dispensada, estáse falando de uma dispensabilidade apenas sintática, pois, em termos de semântica (sentido, significado) podese dizer que tem sim relevância e muitas vezes relevância crucial para a boa compreensão do enunciado, como é o caso da oração em comento. Superada, pois a interpretação gramatical, imprestável para a solução da controvérsia posta em julgamento, passo à interpretação sistemática da norma, em sua correlação com o ordenamento jurídico, mas com olhos atentos ao princípio da legalidade estrita. Isso porque, em se tratando de norma que tem por objetivo criar um sistema antielisivo para os preços de transferência, inegavelmente que a questão está afeta à composição da base de cálculo do imposto de renda apurado pelas empresas, no que toca à (hipótese I) formação da receita tributável (solucionada pelos métodos PVEx, PVA, PVV ou CAP), ou de dedução de despesas e/ou custos incorridos na formação da renda tributável (solucionada pelos métodos PIC, PRL ou CPL). A base de cálculo é um dos elementos essenciais da relação jurídico tributária, pois compõe o critério quantitativo constante do mandamento da norma, que descreve, hipoteticamente, os elementos que deverão formar o quantum do tributo devido na relação obrigacional concreta de tributação. Neste sentido, apenas e tão somente a lei pode definir os elementos formadores dessa relação, não se deferindo aos atos administrativos, inovar naquilo que a lei não previu – ainda que essa inovação seja indispensável para a funcionalidade da norma. Esse ponto é delicado e essencial para o julgamento do feito. 32 BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da Língua Portuguesa. Lucerna. Rio de Janeiro. 2006. 715p. 33 SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática Completa. 30 ed. Nova Geração. São Paulo. 2010. p. 406. Fl. 682DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 683 62 Tomando por referência a redação original da lei nº 9.430/96 – em que não estava prevista a dedução dos valores agregados ao produto importado na aplicação do método PRL, o próprio Fisco entendeu pela inaplicabilidade do método aos casos de utilização do bem importado na produção nacional. Isso porque não havia, na lei, a previsão dessa dedutibilidade. A lógica então adota foi correta em um sentido: se a lei não prevê a dedução de valores da base de formação do imposto de renda, no caso, os valores agregados ao bem importado na produção do produto final, não poderia referida dedução ser realizada, invalidando o método PRL. Puro princípio da legalidade. Noutro sentido, no entanto, como não havia restrição a priori para utilização do método PRL, esta restrição não poderia ser imposta por meio de instrução normativa. Nessas situações, o julgador fica na situação de “dizer o que não pode”, mas não de dizer “como fazer corretamente”. A Conselheira Sandra Maria Faroni, no entanto, na sapiência que lhe é peculiar, reconhecida em tantos anos dedicados a esse Conselho, deixou registrado seu entendimento de que, na redação original da lei nº 9.430/96, poderia a instrução normativa completar a lei, e RETIRAR da tributação aquilo que não havia sido previsto pela norma legal de controle dos preços de transferência. E, ao fazêlo, sugeriu a adoção do método que somente veio a ser adotado pela IN nº 243/2002. Vejase seu entendimento, proferido no julgamento do processo nº 16327.004012/200231, in verbis: Na peça apresentada a título de contrarazões e recebida como memorial, o ilustre Procurador da Fazenda Nacional tece considerações relevantíssimas em torno dos precedentes da Câmara, que passo a abordar. Inicialmente, faz referência a exemplo numérico adotado por ilustres Auditores Fiscais da Receita Federal em estudo intitulado “ Nota preços de transferência. Posicionamento do Conselho de Contribuintes”, em que, a importação do insumo limpador de párabrisa, cujo preço no mercado atacadista seja da ordem de R$10,00, aplicado na produção de automóvel Honda Civic, com preço por volta de R$ 40.000,00, redundaria na admissibilidade de preçoparâmetro de R$32.000,00 para produto que vale R$10,00. Observo, de pronto, que o exemplo não é apropriado para evidenciar qualquer desvio em relação aos casos concretos analisados pela Câmara, que tratam de importação de princípios ativos para a indústria farmacêutica, em que o valor agregado ao insumo importado é relativamente insignificante. Por outro lado, a distorção apontada não decorre da interpretação, adotada pelo Conselho, de que a lei não veda a aplicação de qualquer dos métodos, mas sim, da determinação da base de cálculo para a aplicação do PRL. Nos casos em que o produto é revendido sem ser na forma em que foi adquirido, seu preço de revenda é aquele líquido dos valores agregados. Melhor dizendo, se o que está sendo revendido é um produto em que se encontram incorporados vários insumos, no preço de venda do produto estão compreendidos os preços de revenda dos vários insumos que o integram. A lei fala em preço de revenda, e, no exemplo erigido pelo Auditor e mencionado pelo Fl. 683DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 684 63 Procurador, não se pode dizer que o limpador de párabrisa importado esteja sendo revendido por R$ 40.000,00. O que está sendo vendido por esse preço é o automóvel. Um ato normativo que estabelecesse a forma de apurar o preço de revenda, nos casos de o produto ser revendido com agregação de outrosinsumos, estaria cumprindo seu papel de regulamentar a lei, não padecendo de qualquer ilegalidade, pois não estaria limitando onde a lei não limitou. Na falta de ato normativo nesse sentido, caberia ao contribuinte demonstrar, segundo um critério razoável, a ser analisado pela fiscalização, que o preço de revenda por ele adotado para aplicação do método PRL corresponde ao do insumo importado aplicado no produto industrializado. A meu ver, a única forma possível de determinar o preço de revenda de qualquer insumo é aplicando, sobre o preço de venda do produto final, a mesma proporção que o custo do insumo representa no custo total do produto. A utilização desse critério independe da existência de ato normativo prevendoo, porque está rigorosamente dentro da lei. A lei determina a aplicação de margem de lucro sobre o preço de revenda do produto importado. Inexistindo preço de revenda determinado sobre cada elemento integrante do produto final, cabe determinálo, a partir dos elementos conhecidos. Ora, os elementos conhecidos são os custos individuais dos insumos (inclusive mão de obra) aplicados na produção, o custo do produto final (somatório dos custos dos insumos) e o preço de venda do produto final. É elementar que a única forma de isolar o valor de venda de cada componente é ratear o valor total de venda entre todos os componentes do custo total do produto na mesma proporção em que participam desse custo. Existindo ou não ato normativo nesse sentido, se o contribuinte faz essa segregação, a fiscalização não tem como rejeitar o cálculo pelo PRL. Por outro lado, não feita a segregação, cabe à fiscalização intimar o contribuinte a refazer o cálculo a partir do valor assim segregado. Concordo plenamente com a Conselheira Sandra Maria Faroni: na ausência da lei, e por uma questão sistemática, lógica e até mesmo teleológica da lei, é dado ao Fisco, por instrução normativa, RETIRAR elementos da base de cálculo do tributo. Isso não ofende o princípio da legalidade, que veda, na ausência da lei, “instituir ou aumentar tributo”. Demais disso, a decisão comentada decidiu questão formal, qual seja, a impossibilidade imposta pela IN SRF nº 32/97 de se adotar o método PRL no caso de utilização do bem importado na formação de um produto final, no Brasil, com agregação de valor. No entanto, não é esta a hipótese dos autos: com a lei nº 9.959, de 2000, alterou se a redação da lei nº 9.430/96, para prever expressamente a possibilidade de o método PRL ser utilizado quando o bem importado for consumido na produção de um produto no Brasil. E a lei nº 9.959/00, bem ou mal, definiu a fórmula de cálculo do método PRL. Quero deixar bem claro: nenhuma das interpretações pretendidas, nem a do Fisco, nem a do Contribuinte, são gramaticalmente possíveis. Em ambos os casos, para se chegar a uma leitura lógica, impõese a consideração de um erro gramatical. Todavia, a leitura pretendida pelo Fisco, além de incorrer em erros gramaticais, impõe a consideração de elementos de cálculo que não estão previstos na lei. E Fl. 684DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 685 64 causame grande preocupação aqueles que se utilizam de retórica para dizer o que a lei não disse. A questão fica nítida quando contrapostos o texto da IN nº 243 e o texto da lei nº 9.430/96. Particularmente, lendo a lei nº 9.430, não consigo identificar a previsão “percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido” ou a “participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido”, com forma de composição da base de incidência da margem de lucro de 60%. Ora, instrução normativa não pode criar uma sistemática não prevista na lei.Se a sistemática da lei não é boa, ou suficiente, que se mude a lei. O que não se admite é colocar palavras onde elas não existem. A clareza é solar: Lei nº 9.430/96 IN nº 243 Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1) sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. Fl. 685DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 686 65 Permissa venia, não há como se dizer que a lei previu a sistemática constante da IN nº 243. Tanto que, aqueles que defendem a legalidade da IN 243, se valem de argumentos pouco convencionais, para ler o que não está escrito na lei. Diante disso, entre duas interpretações gramaticalmente IMPOSSÍVEIS, ou seja, entre cometer um erro gramatical para aplicar um método falho em seus objetivos ou cometer um erro gramatical para dizer o que a lei não disse, inovando, por ato administrativo, os elementos de composição da base de cálculo do tributo, permissa venia, por viver em um Estado Democrático de Direito, sujeito ao princípio da legalidade formal e material, fico com a primeira opção. E não se diga, por retórico, que um erro gramatical é mais forte do que outro. Mesmo porque, se se tomar como referência a “gravidade” do erro gramatical, entendo que o fato de a expressão “calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País” estar entre virgulas significa que, na tradução para a fórmula matemática, os seus elementos devem estar entre parênteses. Além disso, segundo a técnica redacional das leis, constantes da lei complementar nº 95, devese “para obtenção de ordem lógica: (...) d) promover as discriminações e enumerações por meio dos incisos, alienas e itens” (art. 11, inciso III aliena ‘d’). Ou seja, por imposição legal, os itens se remetem às alíneas; e as alíneas se remetem aos incisos. Com isso, no art. 18 da lei nº 9.430, o item 1 se remete à alínea ‘d’ e a alínea ‘d’ se remete ao inciso I. Na interpretação pretendida pelo Fisco, o item 1 deveria se remeter diretamente ao inciso II, o que novamente demonstra o contrasenso desmedido de referida interpretação. Com estes argumento, entendo que a sistemática de apuração da IN 243 é ilegal, por extrapolar o disposto no art. 18 da lei nº 9.430, inserindo elementos não constantes da lei e ferindo de morte o princípio da legalidade insculpido na Constituição da República. É dizer, a sistemática da IN nº 243, apesar de mais inteligente no comando de controlar os preços de transferência, não foi legalmente prevista, não podendo ser aceita no ordenamento jurídico brasileiro. Não se trata, na hipótese, de teleologia, mas sim de legalidade. Por fim, dois outros fundamentos, sistemáticos e lógicos, reforçam essa convicção. PRIMEIRO FUNDAMENTO: da leitura da IN SRF nº 243/2002, a única hipótese de admitirse a sua conformação ao art. 18 da lei nº 9.430/96, é entender que o disposto no item 1, do inciso II de referido artigo é um “tipo” tributário, nos exatos termos em que rechaçado por Misabel de Abreu Machado Derzi, entendido como “ordem fluida que aceita transições continuas e graduais (que) opõese a conceito determinado classificatório”, e não no sentido de tatbestand, entendidos como “conceitos rígidos ou somatórios, padrões numericamente definidos, com o que se almeja alcançar ora a segurança jurídica, ora a uniformidade ou a praticidade na aplicação da lei em massa” (p. 367), própria do direito tributário. No direito tributário, não se admitem, na formação dos elementos essenciais da norma tributária – também chamados de mínimo irredutível do deôntico por Paulo de Barros Carvalho – , conceitos abertos, que permitam a inserção ou retirada de elementos, de forma a exonerarse ou aplicarse a tributação. Diferentemente de outros países, o princípio da legalidade, no Brasil, foi estrita e precisamente disposto na Constituição da República, justamente como forma de resguardar o direito do contribuinte – e não o direito do Estado. Supor o contrário atenta à própria noção de República, inadmissível em tempos contemporâneos. Fl. 686DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10283720.852/201021 Acórdão n.º 1401000.800 S1C4T1 Fl. 687 66 Esse argumento me conduz diretamente ao SEGUNDO FUNDAMENTO: a União, sabedora da ilegalidade da instrução normativa que ela própria editou, tem tentado, por meio de medidas provisórias, legalizar o que a IN SRF nº 243/2002 antecipadamente previu. De fato, a MP 478/2009 e a MP 563/2012, em suas essências, legalizam a base de cálculo pretendida pela IN SRF nº 243/2002. Lamentase que não o tenha feito antes da instrução normativa, pois, como bem demonstrado pelo competente Procurador da Fazenda Nacional, traria estabilidade na aplicação do método PRL. E, neste particular, cumpre ressaltar que a MP 562/2012 promoveu e redução dos percentuais de lucro aplicáveis aos métodos PRL, o que reforça a maior onerosidade do sistema adotado pela IN 243/2002. E mais: fosse a sistemática da IN 243/2002 mais benéfica ao Contribuinte, permissa venia, não se estaria julgamento um auto de infração para glosa de valores deduzidos como preço de transferência superior ao preço parâmetro adotado, qual seja o PRL. Dizer o contrário é mera suposição, que não tem cabida no julgamento do caso concreto. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para, reconhecendo a ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, cancelar o auto de infração que a toma como fundamento. É como voto. Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 687DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assi nado digitalmente em 19/07/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR
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Numero do processo: 10783.724810/2011-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 19 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
LANÇAMENTO QUE CONTEMPLA A DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES, A QUANTIFICAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL E OS FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA OU DE FALTA DE MOTIVAÇÃO.
O fisco, ao narrar os fatos geradores e as circunstâncias de sua ocorrência, a base tributável e a fundamentação legal do lançamento, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício da ampla defesa, não havendo o que se falar em nulidade ocasionada por prejuízo ao direito de defesa ou falta de motivação do ato.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-002.944
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 LANÇAMENTO QUE CONTEMPLA A DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES, A QUANTIFICAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL E OS FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA OU DE FALTA DE MOTIVAÇÃO. O fisco, ao narrar os fatos geradores e as circunstâncias de sua ocorrência, a base tributável e a fundamentação legal do lançamento, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício da ampla defesa, não havendo o que se falar em nulidade ocasionada por prejuízo ao direito de defesa ou falta de motivação do ato. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Kleber Ferreira de Araújo Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 48 10 /2 01 1- 18 Fl. 349DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 350DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10783.724810/201118 Acórdão n.º 2401002.944 S2C4T1 Fl. 350 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo acima identificado contra o Acórdão n.º 1243.587 da 11.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ no Rio de Janeiro I, que declarou improcedentes as impugnações em face de três Autos de Infração – AI, aos quais passamos a nos reportar: a) AI n.º 37.328.1587: contribuições para a Seguridade Social, inclusive aquela destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – RAT; b) AI n.º 37.328.1560: contribuições dos segurados empregados; c) AI n.º 37.328.1595: contribuições destinadas a outras entidades ou fundos (Salário Educação, SESI, SENAI, INCRA e SEBRAE). De acordo com o relatório fiscal, fls. 35/42, os fatos geradores que ensejaram o lançamento foram as remunerações pagas a segurados empregados constantes nas folhas de pagamento exibidas pela autuada. Informase que a empresa teve a sua inclusão no SIMPLES indeferida em 01/10/2007, porém, a despeito disso, declarou na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP a condição de optante do SIMPLES NACIONAL, para todo o exercício de 2008. A multa, ressaltase no relatório fiscal, foi imposta, para as competências de 01 a 11/2008, levandose em consideração as alterações promovida s pela Lei n.º 11.941/2009, optandose pelo valor mais favorável ao sujeito passivo, quando se comparou a multa aplicada com base na legislação vigente no momento da ocorrência dos fatos geradores e aquela calculada com esteio na norma atual. Foram lavradas Representações Fiscais para Fins Penais – RFFP em razão da falta de declaração de contribuições na GFIP e pelo não recolhimento integral da contribuição descontada dos segurados. Na decisão recorrida, fls. 325/332, afastouse a alegação de nulidade dos lançamentos, uma vez que, segundo a DRJ, os fatos geradores foram suficientemente caracterizados pelo fisco, que tomou como base as folhas de pagamento apresentadas pelo sujeito passivo. No recurso de fls. 337/344, a autuada, após breve relato do transcurso processual do AI n.º 37.328.1595, alegou que os atos administrativos devem respeito ao princípio da legalidade para que possam produzir seus efeitos. Alega que, nos termos do art. 114 do CTN, o fato gerador decorre da lei e que somente há a incidência tributária quando a norma que define a hipótese do fato gerador se concretiza no mundo fenomênico. Fl. 351DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Assevera que o lançamento guerreado não trouxe carreado em seu bojo nenhuma prova que sustente a imputação, posto que não foram analisados elementos essenciais, a exemplo do Livro de Registro de Empregados e folhas de pagamento, carteira de trabalho. Assim, afirma, não foi caracterizado o nexo de casualidade entre a infração imputada e o fato concreto. A recorrente aduz ainda ser do fisco o dever de provar a ocorrência do fato gerador, o que não ocorreu no caso sob enfoque, devendo ser anulada a decisão recorrida e a autuação. É relatório. Fl. 352DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10783.724810/201118 Acórdão n.º 2401002.944 S2C4T1 Fl. 351 5 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. A suscitada nulidade A questão trazida ao recurso diz respeito à nulidade decorrente da falta de clareza e precisão no relatório de trabalho do fisco. Asseverase que o fisco não desvencilhou se do ônus de provar a ocorrência do fato gerador, por esse motivo o lançamento estaria irremediavelmente marcado com a pecha da nulidade. Embora o recurso se refira apenas à lavratura relativa à exigência das contribuições destinadas aos terceiros, trataremos da alegação como se fora direcionada para todos os AI, haja a vista a conexão existente. A princípio cabe verificar se os presentes lançamentos foram confeccionados em consonância com as normas que regem a matéria. Iniciemos pela análise do art. 142 do CTN, in verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Do dispositivo transcrito verificase que um dos requisitos indispensáveis ao lançamento é a verificação da ocorrência do fato gerador. De fato, tem razão a recorrente ao mencionar que, se o fisco não se desincumbir do ônus de demonstrar que efetivamente a hipótese de incidência tributária se concretizou no mundo fático, o lançamento é imprestável. Todavia, não é essa situação que os autos revelam. O relato da auditoria aponta que os fatos geradores das contribuições lançadas foram as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados Na seqüência, indica expressamente as evidências que culminaram com a conclusão acerca da ocorrência dos mesmos. Nas palavras da Autoridade Fiscal, a comprovação do pagamento de remuneração por serviços prestados à empresa, que é o fato gerador dos tributos lançados, foi obtida com esteio nas folhas de pagamento fornecidas pela autuada no decorrer da auditoria Fl. 353DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 Nesse sentido, vejo que os AI e seus anexos demonstram a contento a situação fática que deu ensejo à exigência fiscal, inclusive os elementos que foram analisados para se chegar a reconstituição dos fatos geradores praticados pela empresa. As bases de cálculo também encontramse bem apresentadas, tanto nos anexos colacionados, quanto nos Relatórios de Lançamentos. As alíquotas podem ser visualizadas sem dificuldades pela leitura dos Discriminativos dos Débitos – DD. O relatório Fundamentos Legais do Débito traz a discriminação, por período, da base legal utilizada para constituição do crédito previdenciário. Não deve ser dada razão ao sujeito passivo quando alega que o fisco deixou de analisar os Livros de Registro de Empregados LRE, as folhas de pagamento e as Carteiras de Trabalho e Previdência Social CTPS. É que, conforme já afirmamos, os fatos geradores foram visualizados nas folhas de pagamento exibidas e, com base nestas, o fisco indicou a fonte de dados que o levou a concluir pela ocorrência dos fatos geradores e discriminou todos os valores envolvidos no procedimento de apuração. Não haveria necessidade de análise do LRE e da CTS, posto que as folhas de pagamento, que inclusive foram acostadas por amostragem, já evidenciam o pagamento das remunerações. Notase ainda que a empresa em nenhum momento questionou os valores que foram calculados pelo fisco ou mesmo que tivesse havido erros nos documentos exibidos. Vejamos o que falou o Relator do processo no julgamento de primeira instância: “14. Ao relacionar os segurados nos anexos 1 e 2, a autoridade fiscal detalha informações de cada segurado, por competência, tais como NIT/PIS/PASEP, Nome do Trabalhador, Data de Admissão, Data de Demissão, Base de Cálculo, Valor da Remuneração e Contribuição do Segurado.” Esta afirmação não foi contestada no recurso, o que demonstra que o fisco apresentou em anexo discriminativos das remunerações para cada um dos segurados a serviço da empresa, descabendo o argumento de falta de individualização dos saláriosdecontribuição. Quanto à juntada de provas ao autos, tenho a afirmar que é certo que a auditoria tem o dever de juntar as provas das suas afirmações, todavia essa assertiva não é aplicável quando esses os elementos probatórios consistem na própria documentação exibida pelo sujeito passivo. Na espécie, o trabalho teve como lastro papéis apresentados pela própria empresa, não havendo de se querer que o fisco devesse juntar aos autos cópia de toda a documentação analisada, ressaltandose que a juntada por amostragem foi efetuada. É certo que a empresa, sendo possuidora da documentação mencionada, teria ao seu dispor todos os elementos para se contrapor a peça de acusação. Poderia a recorrente apontar falha nas conclusões do fisco ou mesmo erros quanto aos valores lançados. Todavia, o que se colhe da recursal são alegações genéricas, sem a indicação precisa de qual ponto do procedimento de confecção do AI está em descompasso com a documentação apresentada ou com as normas que regem a matéria. Fl. 354DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 10783.724810/201118 Acórdão n.º 2401002.944 S2C4T1 Fl. 352 7 Também não há o que se falar em nulidade da decisão da DRJ, uma vez que as motivações nela expressas estão em perfeita consonância com as provas do autos e com o direito aplicável. Assim, por entender que o fisco demonstrou a contento os elementos essências do lançamento, possibilitando à empresa o exercício do seu amplo direito de defesa e que a alegação de nulidade não se funda em dados e fatos, afasto a suscitada nulidade do lançamento, não merecendo também acolhida o requerimento para nulificação da decisão recorrida. Conclusão Voto por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Fl. 355DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 11/04 /2013 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/04/2013 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 11610.006952/2003-26
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2002 COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. PROVA. NECESSIDADE. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Decorre daí que o pedido seja, necessariamente, instruído com as provas do indébito tributário do qual se pretende o aproveitamento, sob pena de pronto indeferimento do pleito.
Numero da decisão: 1801-001.090
Decisão: Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: MARIA DE LOURDES RAMIREZ
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2002 COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. PROVA. NECESSIDADE. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Decorre daí que o pedido seja, necessariamente, instruído com as provas do indébito tributário do qual se pretende o aproveitamento, sob pena de pronto indeferimento do pleito.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1816; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE01 Fl. 463 1 462 S1TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11610.006952/200326 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 180101.090 – 1ª Turma Especial Sessão de 7 de agosto de 2012 Matéria Compensação Recorrente LUZ PUBLICIDADE DE SÃO PAULO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. PROVA. NECESSIDADE. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Decorre daí que o pedido seja, necessariamente, instruído com as provas do indébito tributário do qual se pretende o aproveitamento, sob pena de pronto indeferimento do pleito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, Guilherme Pollastri Gomes da Silva e Ana de Barros Fernandes. Fl. 491DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 09/08/ 2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra o acórdão n º 1621.650, de 03/06/2009, da 7a. Turma da DRJ em São Paulo/SP (fls. 261 e ss.) que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada contra o Despacho Decisório da DERAT/SP (fls. 59 e ss.), que não homologou as compensações declaradas em Declaração de Compensação. Histórico Trata o presente processo de Declaração de Compensação apresentada em 13/05/2003 (fls. 01/02) que informa direito creditório relativo a saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2002, no valor de R$ 335.124,43, para ser utilizado na compensação de débitos de estimativa de IRPJ dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2003. Na análise do pedido a DERAT de São Paulo teria verificado que o direito creditório reivindicado já havia sido parcialmente utilizado em outras compensações declaradas em PERDCOMP. Intimada, a interessada teria logrado comprovar o recolhimento de apenas parte das estimativas informadas na DIPJ como composição do saldo negativo pleiteado. Por essa razão a apuração final do IRPJ do anocalendário 2002 foi determinado em saldo de imposto a pagar de R$ 25.591,51, não tendo sido reconhecido qualquer direito creditório nem tampouco foram homologadas as compensações. Na manifestação de inconformidade tempestivamente apresentada (fls. 53/58) a interessada pretendeu demonstrar a composição de créditos provenientes dos saldos negativos dos anoscalendário 1995, 1999, 2000 e 2001 que teriam sido parcialmente aproveitados na compensação de valores dos anoscalendário 1999, 2000, 2001 e 2002, respectivamente, e demonstra, ao final, a composição do saldo negativo do anocalendário 2002. A Turma Julgadora de 1a. instância considerou que a interessada não apresentou documentos que comprovassem a existência – composição e possível utilização em outras compensações do direito creditório invocado, limitandose a apresentar demonstrativos pelos quais pretendeu elucidar a origem e formação do crédito, razão pela qual o pedido foi indeferido. Notificada da decisão, em 30/06/2009, como demonstra a cópia do AR à fl. 269, verso, apresentou, a interessada, em 28/07/2009 o recurso voluntário de fls. 270/277, no qual, em síntese, reclama que o direito creditório invocado restou comprovado pelos documentos que alegou ter juntado aos autos. Ao final pugna pelo acolhimento do recurso. É o relatório. Voto Fl. 492DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 09/08/ 2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11610.006952/200326 Acórdão n.º 180101.090 S1TE01 Fl. 464 3 Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora. O recurso é tempestivo. Dele tomo conhecimento. A recorrente pugna pelo reconhecimento do direito creditório relativo a saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2002 no valor de RR$ 335.124,43, para ser utilizado na compensação de débitos de estimativa de IRPJ dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2003. Para confirmar a existência e suficiência do indébito pleiteado é necessária a análise da composição do saldo negativo. Consta da DIPJ do exercício 2003, anocalendário 2002, a seguinte apuração final do IRPJ: Imposto Devido 550.752,59 () IRRF 37.816,41 () IRRF por Órgãos Públicos 2.432,72 () Pagamentos por Estimativa 847.779,61 Total deduções 888.028,74 Saldo Negativo de IRPJ 337.276,15 De acordo com as informações dos autos, no anocalendário 2002 houve, comprovadamente, o recolhimento dos seguintes valores a título de estimativas mensais de IPRJ (fls. 29/37): Mês Recolhimento Valor Pago Valor Utilizado na Composição do SN 04/2002 31/05/2002 129.771,55 129.771,55 05/2002 28/06/2002 88.277,42 88.277,42 06/2002 31/07/2002 46.218,88 46.218,88 07/2002 30/08/2002 41.718,80 41.718,80 08/2002 30/09/2002 89.929,94 89.929,94 09/2002 31/10/2002 32.105,29 32.105,29 10/2002 29/11/2002 40.106,10 40.106,10 11/2002 30/12/2002 16.783,97 16.783,97 Totais 484.911,95 484.911,95 Assim, a composição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2002 resta assim demonstrada: Imposto Devido 550.752,59 Fl. 493DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 09/08/ 2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 () IRRF 37.816,41 () IRRF por Órgãos Públicos 2.432,72 () Pagamentos por Estimativa 484.911,95 Total deduções 525.161,08 Saldo de IRPJ A PAGAR 25.591,51 Observo que a recorrente foi intimada, em 10/03/2008 (fls. 17), a apresentar documentos que comprovassem a composição do saldo negativo como informado na DIPJ. Nesse sentido, constou da intimação: 1) Demonstrativo comprovando a origem do saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2002, discriminando os débitos por estimativa que o compõe e a forma de quitação de cada um desses débitos, seja por meio de pagamento ou por compensação com outros créditos. Os pagamentos alegados deverão ser acompanhados de comprovantes de recolhimento, assim como as compensações deverão discriminar o (s) crédito (s) utilizado (s). Por sua vez, esse crédito deverá ter sua origem justificada, até que se identifique o pagamento que o originou. 2) Relação de todos os débitos que foram compensados pela interessada, inclusive os débitos de terceiros (em uma planilha elencando tributo, código, valor original, período de apuração e vencimento) com o crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2002 e demais créditos que, porventura, tenham sido utilizados na composição desse crédito. Em resposta limitouse a recorrente a apresentar: (i) a cópia da DIPJ do exercício 2003 – anocalendário 2002 (fls. 19/28) e; (ii) comprovantes de recolhimento das estimativas de abril a novembro de 2002, discriminadas no demonstrativo acima (fls. 29/37). Na manifestação de inconformidade a recorrente apresentou demonstrativos nos quais discriminou a composição do saldo negativo do anocalendário 1995, alegando têlo utilizado no pagamento de estimativas dos anos de 1999 e 2000, assim como teria ocorrido com o saldo negativo do anocalendário 1999, também utilizado na compensação de estimativas de 2000 e 2001, o mesmo ocorrendo com o saldo negativo do ano de 2000 – utilizado na compensação de estimativas de 2001 e 2002 e, finalmente, com o saldo negativo de 2001, que teria sido utilizado na compensação de estimativas do ano de 2002. Entretanto, não juntou um único documento que comprovasse suas alegações, sejam comprovantes de recolhimento de estimativas, de retenções na fonte ou registros contábeis comprovando as alegadas compensações. No recurso voluntário, limitouse a alegações de teses doutrinárias e a afirmar que o saldo negativo reivindicado teria sido comprovado. É fato que até outubro de 2002 a compensação entre tributos de mesma espécie prescindia de autorização administrativa e poderia ser efetuada apenas na contabilidade das empresas. Mas isto não leva, necessariamente, a reconhecer a sua validade, mormente quando se verifica que os registros contábeis pertinentes a demonstrar a veracidade dessas compensações, prova minimamente necessária, não foram trazidos aos autos. Nesse sentido as cópias do livro razão acostadas às fls. 407 a 460 não demonstram qualquer composição de estimativas de IRPJ com saldo negativo de IRPJ. Dito de forma direta: não há um único registro sequer de compensação de estimativa de IRPJ. Fl. 494DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 09/08/ 2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 11610.006952/200326 Acórdão n.º 180101.090 S1TE01 Fl. 465 5 Nos termos da legislação processual em vigor o ônus da prova incumbe ao autor, quanto a fato constitutivo de seu direito; e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333 do Código de Processo Civil). A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. Decorre daí que, se tratando o presente processo de Declaração de Compensação, este haveria, necessariamente, de estar instruído com as provas do indébito tributário do qual a interessada pretende o aproveitamento, sob pena de pronto indeferimento do pleito. Não havendo prova da existência do saldo negativo de IRPJ do ano calendário 2002 pleiteado pela interessada, não há como ser concedido o pedido, motivo pelo qual deve ser ratificado o ato de indeferimento do direito creditório e a conseqüente não homologação das compensações a ele vinculadas. Por todo o exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 495DF CARF MF Impresso em 28/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/08/2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 09/08/ 2012 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, Assinado digitalmente em 14/08/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 11030.905004/2009-91
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Apr 19 00:00:00 UTC 2013
Numero da decisão: 3801-000.461
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Flávio De Castro Pontes, Presidente,.José Luiz Bordignon, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl, Relator
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Flávio De Castro Pontes, Presidente,.José Luiz Bordignon, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl, Relator
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Flávio De Castro Pontes, Presidente,.José Luiz Bordignon, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e eu, Sidney Eduardo Stahl, Relator RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 30 .9 05 00 4/ 20 09 -9 1 Fl. 40DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11030.905004/200991 Resolução nº 3801000.461 S3TE01 Fl. 41 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de Salvador/BA, abaixo transcrito: Tratase de Manifestação de Inconformidade, fls. 10 a 12, contra despacho decisório eletrônico da DRF/Passo Fundo, nº. 842600909, fl. 06, que não homologou a compensação declarada no Per/Dcomp nº 01887.57801.100406.1.3.041058, em virtude do crédito apontado ter sido utilizado integralmente para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no Per/Dcomp.. Cientificada do despacho decisório, em 29/06/2009, a interessada apresentou, em 28/07/2009, manifestação de inconformidade, fls. 10 a 12, alegando, em síntese, que: efetuou a opção pelo regime não cumulativo e refez a apuração da Cofins faturamento, referente ao mês de mai/2004, em função da lei no 10.892/2004, que, no seu art. 4o, facultava às cooperativas de produção agropecuária adotarem antecipadamente o regime de incidência não cumulativo da COFINS, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de maio de 2004, e no parágrafo único do art. 4o, que deu o prazo de até o décimo dia do mês subseqüente ao da publicação da referida lei; após a retificação da apuração do referido mês, o débito que havia sido apurado deixou de existir. A DCTF do período foi retificada; requer o recebimento da manifestação de inconformidade e homologação Per/Dcomp n° 01887.57801.100406.1.3.041058. A DRJ em Salvador (BA) julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/05/2004 COMPENSAÇÃO. DISPONIBILIDADE DO CRÉDITO. O crédito usado em compensação tem que estar disponível na data da transmissão do PER/DCOMP. RESTITUIÇÃO. RECOLHIMENTOS INDEVIDOS. COMPROVAÇÃO. A insuficiência da apresentação de prova inequívoca mediante documentação hábil e idônea acarreta a negação de reconhecimento do direito creditório, em face da impossibilidade da autoridade administrativa aferir a liquidez e certeza do pretenso crédito. Fl. 41DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11030.905004/200991 Resolução nº 3801000.461 S3TE01 Fl. 42 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com a decisão da DRJ a contribuinte apresenta o presente Recurso Voluntário utilizandose dos mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório, Fl. 42DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11030.905004/200991 Resolução nº 3801000.461 S3TE01 Fl. 43 4 Voto Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, Relator O recurso é tempestivo e reúne os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele se conhece. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre da apuração da Cofins faturamento, referente ao mês de maio/2004, em função da lei nº 10.892/2004, que, no seu art. 4º, facultava às cooperativas de produção agropecuária adotarem antecipadamente o regime de incidência não cumulativo da COFINS, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de maio de 2004, e no parágrafo único do art. 4º, que deu o prazo de até o décimo dia do mês subseqüente ao da publicação da referida lei para que fosse feita a opção pelo regime não cumulativo. Do exame do despacho decisório que indeferiu a compensação, verificase que essa matéria não foi apreciada. A autoridade fiscal, em síntese, apenas considerou os dados apresentados na DCTF original. Tal fundamentação, por certo, decorre de análise superficial, realizada nos limites de sistema informatizado de informações (batimento entre o pagamento informado como indevido e sua situação no conta corrente – disponível ou não), no qual não se está analisando efetivamente o mérito da questão, cuja análise somente será viável a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Registrese, por oportuno, que a DCTF retificadora foi apresentada antes da ciência do despacho decisório. Assim, a interessada não foi intimada a justificar a origem de seu crédito, o que de fato lhe trouxe prejuízo. Convém ressaltar que o simples erro de preenchimento da DCTF não pode resultar em enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional. Ademais, não há óbice legal para a apresentação de DCTF retificadora antes da emissão do despacho decisório. De sorte que o mero erro de fato no preenchimento da DCTF não é elemento suficiente para afastar o direito à restituição de tributo pago a maior indevidamente. No mérito, analisemos os arts. 4º e 5º da lei nº 10.892/2004: Art. 4oAs sociedades cooperativas de produção agropecuária e as de consumo poderão adotar antecipadamente o regime de incidência não cumulativo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. Parágrafo único. A opção será exercida até o 10o(décimo) dia do mês subseqüente ao da data de publicação desta Lei, de acordo com as normas e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, produzindo efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1ode maio de 2004. Art. 5oEsta Lei entra em vigor em 1ode outubro de 2004, exceto em relação ao seu art. 4o, que entra em vigor na data da sua publicação. Fl. 43DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11030.905004/200991 Resolução nº 3801000.461 S3TE01 Fl. 44 5 A recorrente, por se tratar de sociedade cooperativa de produção agropecuária, tendo efetuado a opção de antecipação do regime de nãocumulatividade de que trata o art. 4º da Lei nº 10.892, de 2004, deveria apurar as contribuições nesse regime a partir de 1º de maio de 2004. Como a publicação da Lei nº 10.892 ocorreu em 14.7.2004, essa opção deuse de forma retroativa em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de maio de 2004, o que poderia ocasionar divergências em relação às contribuições apuradas pelo regime de incidência cumulativo Neste sentido, os dados da DCTF retificadora apontados no acórdão recorrido e os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constata se que, no caso vertente, os documentos apresentados são insuficientes para se apurar o valor correto da contribuição para a COFINS referente ao período de apuração em discussão. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: a) Intime a contribuinte para no prazo de 30 dias apresentar a cópia do documento comprobatório da adesão antecipada a que aduz o § único do artigo 4º da Lei nº 10.892/2004, ou confirme a DRF a realização da opção por parte da contribuinte; b) anexe cópia da DCTF retificadora ativa referente ao 2º trimestre de 2004; c) apure o valor devido a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidente sobre o faturamento com base na escrituração fiscal e contábil, período de apuração de maio/2004, segundo o regime de incidência não cumulativo, nos termos do art. 4º da Lei nº 10.892/2004; d) cientifique a interessada quanto ao teor dos cálculos para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. É assim que voto. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 44DF CARF MF Impresso em 22/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 15/04/2013 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 18/04/2013 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10120.904473/2008-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Data do fato gerador: 15/10/2002
DÉBITO FISCAL DECLARADO A MAIOR. PAGAMENTO INDEVIDO.
REPETIÇÃO.
O pagamento indevido decorrente de débito fiscal declarado a maior e
comprovado, mediante documentos contábeis e darf, constitui indébito
tributário, passível de repetição/compensação.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 15/10/2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO
Provada a certeza e liquidez do crédito financeiro declarado na Declaração de
Compensação (Dcomp) transmitida, homologase
a compensação do débito
fiscal nela declarado.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO
Numero da decisão: 3301-001.508
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/10/2002 DÉBITO FISCAL DECLARADO A MAIOR. PAGAMENTO INDEVIDO. REPETIÇÃO. O pagamento indevido decorrente de débito fiscal declarado a maior e comprovado, mediante documentos contábeis e darf, constitui indébito tributário, passível de repetição/compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/10/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO Provada a certeza e liquidez do crédito financeiro declarado na Declaração de Compensação (Dcomp) transmitida, homologase a compensação do débito fiscal nela declarado. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (Assinado Digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado Digitalmente) Jose Adão Vitorino de Morais – Relator Fl. 109DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Amauri Amora Câmara Júnior, Andréa Medrado Darzé, Maria Teresa Martinez López e Rodrigo da Costa Possas. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ Brasília que julgou improcedente a manifestação de inconformidade interposta contra despacho decisório que não homologou a compensação do débito de IRPJ vencido na data de 15/10/2004, declarado na Declaração de Compensação (Dcomp) às fls. 42/46, com crédito financeiro decorrente de pagamento a maior da contribuição para o PIS referente à competência de setembro de 2002, recolhida em 15/10/2002. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Goiânia não homologou a compensação do débito fiscal declarado sob o argumento de que o crédito declarado já havia sido utilizado integralmente para quitar o débito do PIS referente ao mês de competência de setembro de 2002, declarado na respectiva DCTF, conforme Despacho Decisório às fls. 12. Inconformada com aquele despacho, a recorrente interpôs manifestação de inconformidade (fls. 01/03), insistindo na homologação da compensação do débito tributário declarado, alegando razões assim resumidas por aquela DRJ: “Preliminarmente, que o direito de defesa estaria prejudicado por falta de informações, na medida em que o único pagamento apresentado na decisão teria se referido ao DARF, onde foi feito o pagamento a maior, e nenhum outro débito teria sido informado para justificar a utilização do crédito solicitado na compensação, e que em nenhum momento teria sido mencionado no despacho decisório a inexistência de crédito, mas sim que o valor pago no DARF teria sido efetuado para quitar o débito do contribuinte. No mérito, alega que teria informado o valor correto em setembro de 2002, no montante de R$897,93, apenas na DIPJ, ou seja, acreditava não ser necessário retificar o montante em DCTF. Por sua vez, como efetuou recolhimento por meio de DARF no valor de R$915,00, teria restado caracterizado pagamento a maior e o crédito de R$17,07.” Analisada a manifestação de inconformidade, aquela DRJ julgoua improcedente, sob o argumento de que o pagamento indevido e/ a maior não foi comprovado, mantendo a nãohomologação da compensação do débito declarado, conforme Acórdão nº 03 43.727, datado de 27/06/2011, às fls. 58/62, sob a seguinte ementa: “DÉBITOS CONFESSADOS. RETIFICAÇÃO. NECESSIDADE DE ESCRITA FISCAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Eventual retificação dos valores confessados em DCTF devem ter por fundamento os dados da escrita fiscal do contribuinte.” Cientificada dessa decisão, a recorrente interpôs recurso voluntário (71/73), requerendo a sua reforma a fim de se homologue a compensação do débito fiscal declarado, alegando, em síntese, erro no preenchimento da DCTF na qual informou débito de PIS para o mês de setembro de 2002, no valor de R$915,00, que foi recolhido tempestivamente. Contudo, o valor correto da contribuição devida, naquele mês, é de R$897,93, conforme provam os documentos, ora anexados, demonstrativo de impostos apurados em 2002, cópia de do Livro Diário e do Livro de Registro de Serviços Prestados. É o relatório. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 10120.904473/200831 Acórdão n.º 330101.508 S3C3T1 Fl. 104 3 Voto Conselheiro José Adão Vitorino de Morais O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. A questão de mérito se restringe à comprovação de erro no valor da contribuição para o PIS, declarada para o mês de setembro de 2002. Para comprovar o erro na apuração e no valor declarado na respectiva DCTF, a recorrente anexou ao seu recurso o demonstrativo de apuração de impostos em 2002 às fls. 82, discriminado: a) as competências mensais; b) a numeração do Livro Diário; c) as folhas do Diário; d) as receitas operacionais mensais; e) o valor da contribuição para o PIS, devida mensalmente; f) o valor pago; e, g) o valor a recuperar (saldo credor); bem como as cópias do Diário às fls. 90, 91 e 92; e do Livro Registro de Prestação de Serviços às fls. 95/96. Do exame daqueles documentos, verificase que realmente houve erro na apuração e no valor da contribuição para o PIS declarada na DCTF, para o mês de competência de setembro de 2002. No referido demonstrativo de apuração da contribuição devida, consta receita operacional bruta, no valor de R$138.143,66 e, no livro Diário às fls. 90, 91 e 92, estão registradas receitas de R$138.143,16. Aplicandose a alíquota do PIS de 0,65 % resulta contribuição devida, no valor de R$897,94. Como a recorrente pagou tempestivamente o valor de R$915,00, conforme prova a cópia do darf às fls. 79, resultou um indébito tributário de R$17,06, passível de repetição/compensação. A compensação de débito fiscal, mediante a transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp) e sua extinção por homologação, segundo o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro declarado. No presente caso, a documentação apresentada pela recorrente comprovou a certeza e liquidez do crédito financeiro declarado na Dcomp em discussão. Também, segundo a Dcomp, o valor original acrescido dos juros compensatórios é suficiente para compensar o débito tributário declarado. Em face do exposto, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer à certeza e liquidez do crédito financeiro declarado, na Dcomp em discussão, no valor original de R$17,06 (dezessete reais e seis centavos), cabendo à autoridade administrativa competente homologar a compensação do débito tributário declarado. (Assinado Digitalmente) José Adão Vitorino de Morais Relator Fl. 111DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 Fl. 112DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09 /07/2012 por JOSE ADAO VITORINO DE MORAIS, Assinado digitalmente em 09/08/2012 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
score : 1.0
Numero do processo: 10920.006683/2007-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF
Ano-calendário: 2004
IRRF. FALTA DE RETENÇÃO SOBRE PAGAMENTOS EFETUADOS A PESSOAS FÍSICAS. MULTA E JUROS ISOLADOS.
Quanto efetuado após o término do prazo para a entrega da Declaração de Ajuste Anual das pessoas físicas, está correto o lançamento em face da fonte pagadora, pessoa jurídica para
exigência de multa e juros de forma isolada, em razão da falta de retenção e recolhimento do IRRF incidente sobre os pagamentos efetuados às pessoas físicas que eram seus empregados.
PAGAMENTO DE PRÊMIOS A EMPREGADOS ATRAVÉS DE EMPRESA CONTRATADA ESPECIALMENTE PARA ESTE FIM (INCENTIVE HOUSE). PREVISÃO LEGAL PARA A EXIGÊNCIA DO IRRF.
Deve ser exigido o pagamento do imposto sobre a renda incidente sobre valores pagos a título de prêmio, calculado através de programa instituído pela empregadora para estimular seus empregados ainda que tal pagamento seja efetivado através de uma empresa especialmente contratada para este fim, a qual efetuava os pagamentos por conta e ordem da contribuinte.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EMPRESA DE MARKETING DE INCENTIVO. MANOBRA PARA OCULTAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. SONEGAÇÃO. HIGIDEZ DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA LANÇADA.
Os pagamentos feitos por intermédio do cartão de incentivo, com a utilização de empresa de marketing como intermediária, são, na verdade, uma grosseira manobra diversionista com o fito de ocultar do fisco a tributação que deveria incidir sobre tais pagamentos. Hígida a qualificação da multa de ofício, já que
se demonstrou à saciedade a manobra perpetrada pelo fiscalizado para simular situações não existentes, ocultando da fiscalização o conhecimento da ocorrência do fato gerador, que é o conhecido legalmente como sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64).
Recurso negado.
Numero da decisão: 2102-001.800
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em NEGAR
provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Rubens Maurício Carvalho e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti (relatora). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos. Fez sustentação oral a advogada do Contribuinte, Dra. Camila Gonçalves de Oliveira, OAB-DF nº 15.791.
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
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camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Ano-calendário: 2004 IRRF. FALTA DE RETENÇÃO SOBRE PAGAMENTOS EFETUADOS A PESSOAS FÍSICAS. MULTA E JUROS ISOLADOS. Quanto efetuado após o término do prazo para a entrega da Declaração de Ajuste Anual das pessoas físicas, está correto o lançamento em face da fonte pagadora, pessoa jurídica para exigência de multa e juros de forma isolada, em razão da falta de retenção e recolhimento do IRRF incidente sobre os pagamentos efetuados às pessoas físicas que eram seus empregados. PAGAMENTO DE PRÊMIOS A EMPREGADOS ATRAVÉS DE EMPRESA CONTRATADA ESPECIALMENTE PARA ESTE FIM (INCENTIVE HOUSE). PREVISÃO LEGAL PARA A EXIGÊNCIA DO IRRF. Deve ser exigido o pagamento do imposto sobre a renda incidente sobre valores pagos a título de prêmio, calculado através de programa instituído pela empregadora para estimular seus empregados ainda que tal pagamento seja efetivado através de uma empresa especialmente contratada para este fim, a qual efetuava os pagamentos por conta e ordem da contribuinte. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EMPRESA DE MARKETING DE INCENTIVO. MANOBRA PARA OCULTAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. SONEGAÇÃO. HIGIDEZ DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA LANÇADA. Os pagamentos feitos por intermédio do cartão de incentivo, com a utilização de empresa de marketing como intermediária, são, na verdade, uma grosseira manobra diversionista com o fito de ocultar do fisco a tributação que deveria incidir sobre tais pagamentos. Hígida a qualificação da multa de ofício, já que se demonstrou à saciedade a manobra perpetrada pelo fiscalizado para simular situações não existentes, ocultando da fiscalização o conhecimento da ocorrência do fato gerador, que é o conhecido legalmente como sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64). Recurso negado.
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FALTA DE RETENÇÃO SOBRE PAGAMENTOS EFETUADOS A PESSOAS FÍSICAS. MULTA E JUROS ISOLADOS. Quanto efetuado após o término do prazo para a entrega da Declaração de Ajuste Anual das pessoas físicas, está correto o lançamento em face da fonte pagadora, pessoa jurídica para exigência de multa e juros de forma isolada, em razão da falta de retenção e recolhimento do IRRF incidente sobre os pagamentos efetuados às pessoas físicas que eram seus empregados. PAGAMENTO DE PRÊMIOS A EMPREGADOS ATRAVÉS DE EMPRESA CONTRATADA ESPECIALMENTE PARA ESTE FIM (INCENTIVE HOUSE). PREVISÃO LEGAL PARA A EXIGÊNCIA DO IRRF. Deve ser exigido o pagamento do imposto sobre a renda incidente sobre valores pagos a título de prêmio, calculado através de programa instituído pela empregadora para estimular seus empregados ainda que tal pagamento seja efetivado através de uma empresa especialmente contratada para este fim, a qual efetuava os pagamentos por conta e ordem da contribuinte. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EMPRESA DE MARKETING DE INCENTIVO. MANOBRA PARA OCULTAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. SONEGAÇÃO. HIGIDEZ DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA LANÇADA. Os pagamentos feitos por intermédio do cartão de incentivo, com a utilização de empresa de marketing como intermediária, são, na verdade, uma grosseira manobra diversionista com o fito de ocultar do fisco a tributação que deveria incidir sobre tais pagamentos. Hígida a qualificação da multa de ofício, já que se demonstrou à saciedade a manobra perpetrada pelo fiscalizado para simular situações não existentes, ocultando da fiscalização o conhecimento Fl. 1128DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 da ocorrência do fato gerador, que é o conhecido legalmente como sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Rubens Maurício Carvalho e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti (relatora). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos. Fez sustentação oral a advogada do Contribuinte, Dra. Camila Gonçalves de Oliveira, OABDF nº 15.791. Assinado Digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Presidente Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Relatora EDITADO EM: 09/02/2012 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos (Presidente), Rubens Mauricio Carvalho, Nubia Matos Moura, Atilio Pitarelli, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Relatório Em face da empresa Datasul S/A foi lavrado o Auto de Infração de fls. 864 870, para exigência de multa e juros isolados, este calculados até 29.04.2005 (data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual das pessoas físicas, relativos ao anocalendário de 2004). O que motivou o lançamento foi a falta de retenção e recolhimento de Imposto de Renda na Fonte sobre rendimentos pagos a pessoas físicas através de uma empresa contratada para este fim (INCENTIVE HOUSE). Entendeu a autoridade autuante que a conduta da empresa contribuinte teve a a intenção de ocultar, omitir o fato gerador do imposto de renda, evitando o seu recolhimento, razão pela qual aplicou ao lançamento a multa de oficio qualificada, no percentual de 150%. Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 873895, por meio da qual alegou, em síntese, que: no intuito de fomentar suas vendas, firmou contrato de prestação de serviço com a empresa Incentive House S/A, que promove programas de incentivo consistentes em ação planejada e orientada para motivar todo e qualquer funcionário de uma determinada empresa, oferecendo reconhecimento e recompensa por meio de prêmios àqueles que atingirem as metas estabelecidas no programa; Fl. 1129DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10920.006683/200765 Acórdão n.º 210201.800 S2C1T2 Fl. 1.071 3 elaborada a lista dos funcionários que haviam atingido a meta estabelecida, os prêmios eram distribuídos diretamente aos beneficiários; os pagamentos efetuados no âmbito do programa de incentivo não correspondem a rendimentos de trabalho assalariado, e sim a prêmios devidos por cumprimento das metas estabelecidas no programa de marketing de incentivo, que não estão sujeitos à retenção do IRRF; não é ela a fonte pagadora dos rendimentos e que a relação jurídica que deriva do contrato tem natureza de prestação de serviços e foi mantida entre ela e a empresa Incentive House; os valores não materializam rendimentos de trabalho assalariado, e sim prêmios, razão pela qual o cerne da questão diz respeito à incidência ou não do IRRF sobre estes prêmios; não se pode falar em pagamento por sua conta e ordem, através da Incentive House, empresa que distribuía recursos próprios, decorrentes de suas próprias atividades operacionais; e não poderia ter sido imposta a multa qualificada, pois em momento algum objetivou o nãopagamento do tributo e que sua conduta teve respaldo em renomada doutrina que sustenta, de forma clara e veemente, que os prêmios não estão sujeitos à retenção na fonte. Questiona ainda a incidência da taxa SELIC como juros. Na análise de suas alegações, os membros da DRJ em Curitiba entenderam pela integral manutenção do lançamento, inclusive com a qualificação da multa. Inconformada, a contribuinte interpôs o recurso Voluntário de fls. 978 e seguintes – agora por meio de sua sucessora TOTVS S/A, por meio do qual repisa os fatos envolvidos na autuação e defendeu: a) não estar obrigada à retenção na fonte sobre os pagamentos efetuados aos seus funcionários a título de prêmios, diante da falta de previsão legal específica para tanto, e por ser parte ilegítima, já que a fonte pagadora seria a Incentive House; e b) não haver justificativa para a qualificação da multa. Os autos foram então remetidos a este Conselho para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora Fl. 1130DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 A Recorrente teve ciência da decisão recorrida em 28.08.2009, como atesta o AR de fls. 976. O Recurso Voluntário foi interposto em 24.09.2009 (dentro do prazo legal para tanto), e preenche os requisitos legais por isso dele conheço. Conforme relatado, tratase de Recurso Voluntário em processo no qual se discute lançamento para exigência de multa e juros isolados em razão da falta de retenção do IRRF por ocasião de pagamentos efetuados a empregados da Recorrente, pagamentos estes que foram efetuados por meio de uma empresa especialmente contratada para este fim (Incentive House). Os pagamentos eram efetuados a título de prêmios, em valores variáveis, aos funcionários que atingissem determinadas metas previamente estabelecidas pela Recorrente. Eis o que consta do Termo de Verificação Fiscal para esclarecer melhor a relação contratual existente entre a Recorrente e a empresa Incentive House: As obrigações da INCENTIVE HOUSE constam na cláusula 2 do contrato, no quail está previsto no item 2.1.2: "Colocar à disposição do CLIENTE, por meio próprio ou de terceiros, os cartões FLEXCARD, PREMIUM CARD e PRESENTE PERFEITO no prazo de 5 dias úteis, contados da data do recebimento do pedido, salvo motivo de caso fortuito ou força maior, alheio à vontade da INCENTIVE HOUSE." E, no item 2.13: "Disponibilizar os recursos alocados pelo CLIENTE, para pagamento dos prêmios por ele concedidos quando da utilização dos cartões FLEXCARD, PREMIUM CARD E PRESENTE PERFEITO, assim como os bônus TOP PREMIUM e TOP PREMIUM TRAVEL, no prazo de 2 dias úteis contados da data da comprovação do pagamento pelo CLIENTE, desses recursos, bônus e comissão da INCENTIVE HOUSE." Dentre as obrigações do cliente, prevê o item 3.1.1. do contrato: "Requisitar INCENTIVE HOUSE, os bônus e/ou cartões eletrônicos, por meio de formulário de pedido a ser disponibilizado pela INCENTIVE HOUSE, preenchendo todos os seus campos;" E, no item 3.1.2 e 3.1.2.1: " 3.1.2: "Pagar à INCENTIVE HOUSE : 3.1.2.1 — Os valores a serem disponibilizados nos cartões e/ou impressos • nos bônus, bem como a respectiva comissão de serviços;". (...) Em resumo, a administradora Incentive House S/A disponibiliza recursos alocados por seus clientes, no caso presente, a Datasul S/A, a pessoas previamente por esta indicadas, por meio de cartões eletrônicos. Em contrapartida, a administradora recebe uma comissão, calculada sobre o valor total dos créditos disponibilizados. A decisão recorrida deixou de acolher os argumentos expostos em sede de Impugnação, ao entendimento de que o lançamento estaria correto. Por seu turno, a Recorrente insiste na tese de que não se poderia falar na incidência na fonte do IRRF sobre os valores pagos a seus funcionários a título de prêmios (nos termos do contrato acima descrito), tendo em vista que a legislação tributária pátria não Fl. 1131DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10920.006683/200765 Acórdão n.º 210201.800 S2C1T2 Fl. 1.072 5 contempla esta específica previsão, sendo certo que apenas existe a obrigação da retenção do imposto nos casos de prêmios pagos através de loterias e sorteios. Afirma ainda que se houvesse a obrigação de reter o imposto, esta não seria dela, mas sim da Incentive House, e ainda que não poderia ter sido qualificada a multa exigida. Passase à análise de seus argumentos. Da falta de previsão legal para a incidência do imposto Com efeito, apesar da respeitável Doutrina colacionada ao Recurso Voluntário, e dos bem elaborados argumentos utilizados, a tese da Recorrente de falta de previsão legal para a exigência do IR sobre os prêmios em questão não merece prosperar. É que o entendimento por ela defendido parte de um formalismo exagerado, pois busca excluir da incidência do Imposto de Renda um pagamento efetuado a seus funcionários pelo simples fato de que o nome dado a ele foi de “prêmio”, e não salário, ou bônus, ou coisa que o valha. No entanto, o simples fato de que a nomenclatura dada a este pagamento conforme acordado entre as partes contratantes (Recorrente e Incentive House) não tenha exata correlação na legislação tributária, não desnatura a sua natureza e também não impede a incidência do imposto sobre tais pagamentos. Ora, o pagamento deste “prêmio” em nada difere dos pagamentos efetuados por quaisquer outras pessoas jurídicas a seus funcionários a título de bônus, por exemplo. Aliás, o bônus não deixa de ser um prêmio (pelo bom desempenho do funcionário que o recebe). Por isso, não merece acolhida a tese formalista da Recorrente de que não existe previsão legal para a obrigatoriedade da retenção na fonte para pagamentos desta natureza. Esta obrigação está devidamente prevista no art. 3º, §4º da Lei nº 7.713/88, combinado com o art. 7º, inc. II da mesma norma, verbis: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...) Art. 7º Ficam sujeito à incidência do imposto de renda na fonte, calculado de acordo com o disposto no art. 25 desta Lei: (Vide: Lei nº 8.134, de 1990, Lei nº 8.383, de 1991, Lei nº 8.848, de 1994, Lei nº 9.250, de 1995 ) Fl. 1132DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 (...) II os demais rendimentos percebidos por pessoas físicas, que não estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte, pagos ou creditados por pessoas jurídicas. Assim, resta claro que a defesa da Recorrente no sentido de que os prêmios pagos a seus funcionários não estariam sujeitos à incidência do imposto não merece guarida. Considerando então como inquestionável a incidência do imposto em tela, assim como a obrigatoriedade de sua retenção na fonte, resta agora analisar a possibilidade de exigência da multa imposta à Recorrente. A multa exigida da Recorrente – incidente de forma isolada sobre a falta de retenção do IRRF – teve previsão na Medida Provisória nº 16, de 27.12.2001. Referida MP foi convertida na Lei nº 10.426/02, cujo art. 9º repetiu aquela mesma redação. Tal norma, por seu turno, foi posteriormente alterada pela Lei nº 11.488, de 15.06.2007, passando a dispor que: Art. 9o Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1o, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafoúnico.As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado. Assim sendo, a multa imposta à Recorrente somente passou a ser exigível após a entrada em vigor da referida norma, ou seja, após 27.12.2001. Havendo previsão legal, não há que se afastar a sua aplicação. Da legitimidade da Recorrente Quanto à alegação da Recorrente de que não teria legitimidade para se sujeitar ao lançamento em tela, entendo também que não lhe assiste razão. Isto porque, o fato do pagamento ter sido feito por um “terceiro” (Incentive House) não descaracteriza o fato de que a Recorrente era a própria fonte pagadora, no sentido de que os recursos para este pagamento eram transferidos dela para a Incentive House e em seguida da Incentive House para os beneficiários (empregados da Recorrente). Os pagamentos eram feitos pela Incentive House, mas “por conta e ordem” da Recorrente; tanto é que este era exatamente o objeto da contratação entre as duas. Demonstrado assim que os pagamentos aos empregados da Recorrente não eram efetuados pela Incentive House, mas sim por ela mesma através da Incentive House. Da qualificação da multa Outro pedido formulado pela Recorrente diz respeito à impossibilidade de qualificação da multa de ofício aplicada ao lançamento, por falta de comprovação do “evidente intuito de fraude” a que alude a lei. Alegou ainda que a multa de 150% teria claro caráter confiscatório, o que seria vedado pela Constituição Federal. Fl. 1133DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10920.006683/200765 Acórdão n.º 210201.800 S2C1T2 Fl. 1.073 7 No caso em exame, a multa de ofício foi qualificada pela autoridade lançadora sem que fossem esclarecidos quais os motivos que o justificariam. Por outro lado, esta qualificação foi mantida pela decisão recorrida pelos seguintes motivos: Também não procedem as alegações enfeixadas no tópico "5.1 — Da Inaplicabilidade do Agravamento da Penalidade". Com efeito, é inequívoco que a impugnante, podendo remunerar diretamente seus funcionários, valeuse do artifício de conceder lhe cartões com créditos proporcionais a seus proventos, fazendo assim um pagamento único a terceiro, a empresa Incentive House, disfarçando assim os verdadeiros beneficiários, tudo no propósito de que o Fisco não tomasse conhecimento dos fatos geradores que ensejavam as retenções do IRRF, bem como as demais exações previdenciárias incidentes sobre os pagamentos. Além do mais, a impugnante não incluiu os valores respectivos nas remunerações informadas nas DIRF. Deve, portanto, ser mantida a multa qualificada. Pois bem, a norma legal que ampara a aplicação da referida multa (qualificada), aplicada à hipótese em exame, é o art. 44, § 1º da Lei nº 9.430/96, que determina: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Os arts. 71, 72 e 73 da Lei nº Lei 4502/64, por seu turno, assim dispõem: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou Fl. 1134DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 8 modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Da leitura de tais artigos, é forçoso concluir que só pode ser exigida a multa de 150% (multa qualificada) aos lançamentos de ofício em que restar caracterizado o evidente intuito de fraude do contribuinte – e não a todo e qualquer lançamento de ofício. No caso ora em exame, como se viu acima, este intuito não foi comprovado pelas autoridades fiscal ou julgadora. Ao contrário, no Termo de Verificação Fiscal não constam maiores esclarecimentos acerca das justificativas para a qualificação da multa e a decisão recorrida defende que o dolo a justificar tal qualificação residiria na própria intenção da recorrente em omitir valores ao Fisco. Com efeito, tal entendimento não merece acolhida. É que a “conduta” motivadora do lançamento em exame não justifica a aplicação da multa qualificada, pois o dolo a que a lei faz menção quando trata da multa qualificada não é a “vontade de omitir”, mas sim o dolo em falsificar documentos, ou em verdadeiramente esconder do Fisco fatos geradores da obrigação tributária. No caso em exame, porém, a Recorrente apenas celebrou contrato com uma empresa por meio da qual seriam pagos prêmios a seus funcionários. Nada há de irregular ou fraudulento nisso; o que foi feito de forma irregular foi apenas a falta de retenção e recolhimento do IRRF incidente sobre os pagamentos, falta esta que está sendo penalizada através do lançamento que ora se mantém (com a multa de 75%). Por estes motivos, deve ser acolhida a pretensão da Recorrente no que toca à necessidade de desqualificação da multa de ofício isolada aplicada ao lançamento, a qual deverá ser exigida no patamar de 75%, e não de 150% (cf. constante do Auto de Infração). Diante do exposto, VOTO no sentido de DAR PARCIAL provimento ao Recurso para reduzir a multa ao percentual de 75%. Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Voto Vencedor Com a devida vênia a nobre relatora, a quem tenho elevado respeito por seus ponderados posicionamentos jurídicos em votos prolatados no âmbito desta Turma de julgamento, ouso discordar da desqualificação da multa de oficio, como proposto no voto vencido, já que considero a conduta perpetrada pelo contribuinte DATASUL S/A de extrema gravidade. Sobre essa matéria, especificamente no tocante à remuneração paga a empregados através do sistema de cartão de incentivo, oferecido pela mesma empresa Incentive House S/A, tive oportunidade de lançar as seguintes considerações no Acórdão nº 210200.318, sessão de 23/09/2009, desta mesma Turma julgadora, verbis: Fl. 1135DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 10920.006683/200765 Acórdão n.º 210201.800 S2C1T2 Fl. 1.074 9 (...) Ora, não há qualquer dúvida que os rendimentos pagos por intermédio da empresa Incentive House são contraprestações a trabalho ofertado ao recorrente, quando tais trabalhadores excediam as metas estipuladas pelo recorrente. Este, como acima transcrito, reconhece que os pagamentos eram devidos sempre que as pessoas físicas cumprissem as metas estabelecidas pela empresa, objetivando o crescimento e maior reconhecimento dessa no mercado (há, registrese, fundada dúvida se os pagamentos se referiam mesmo a algum incentivo, já que as mesmas pessoas recebiam, mês após mês, o mesmo valor, a sugerir que os pagamentos poderiam ser simplesmente parte dos pagamentos ordinários feitos pela empresa a seus empregados e diretores, sem a competente retenção do IRRF e recolhimento previdenciário – como exemplo, vide as planilhas de fls. 123131). Sem qualquer esforço hermenêutico, vêse que se trata de uma simples remuneração variável (ou “pagamento por fora”), paga através de um terceiro interveniente, estando no campo da incidência do imposto de renda, lembrando que a tributação do IRPF independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título (art. 3º, § 4º, da Lei nº 7.713/88). Os pagamentos feitos por intermédio do cartão flexcard, com a utilização de uma empresa de marketing como intermediária, são, na verdade, uma grosseira manobra diversionista com o fito de ocultar do fisco a tributação de tais pagamentos, pois estes não constaram das DIRF da real fonte pagadora, in casu, a Matrix Internet S/A, ou das DIRFs da Incentive House, ou sequer das declarações de ajuste anual dos beneficiários dos rendimentos. Eis o modus operandi dos pagamentos: no fiscalizado, houve a contabilização pelos valores globais pagos à Incentive House; já esta funcionava como meio de pagamento, fugindo de qualquer responsabilidade tributária, pois apenas vendia os cartões flexcard; e os beneficiários dos pagamentos, por milagre, também não ofertavam quaisquer dos valores à tributação. Iniludivelmente, tratouse de uma operação para pagar valores a empregados, gerentes e terceiros sem incidência do imposto de renda (e sem recolhimento, digase de passagem, das contribuições previdenciárias), visando ocultar o conhecimento do fato gerador do imposto de renda da autoridade tributária. Por tudo, não remanesce qualquer dúvida quanto à legitimidade passiva do recorrente para figurar no lançamento, já que foi o responsável pelos pagamentos a seus empregados e terceiros e deveria ter feito as retenções determinadas pela legislação tributária. Ainda, devese evidenciar que houve a qualificação da multa de ofício por parte da autoridade fiscalizadora, no que andou bem, pois ficou demonstrada à saciedade a grosseira Fl. 1136DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 10 manobra perpetrada pelo fiscalizado para simular situações não existentes, ocultando da fiscalização o conhecimento da ocorrência do fato gerador, que é o conhecido legalmente como sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64). (aqui grifouse) Sem maiores considerações do que aquelas acima transcritas, por suficientes, entendo que a multa de ofício qualificada deve ser mantida, entendimento esse que também confessei no Acórdão nº 210200.465, sessão de 02 de fevereiro de 2010, no qual fui designado para redigir o voto vencedor, que restou assim ementado (excerto): MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EMPRESA DE MARKETING DE INCENTIVO. MANOBRA PARA OCULTAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. SONEGAÇÃO. HIGIDEZ DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA LANÇADA. Os pagamentos feitos por intermédio do cartão de incentivo, com a utilização de empresa de marketing como intermediária, são, na verdade, uma grosseira manobra diversionista com o fito de ocultar do fisco a tributação que deveria incidir sobre tais pagamentos. Hígida a qualificação da multa de ofício, já que se demonstrou à saciedade a manobra perpetrada pelo fiscalizado para simular situações não existentes, ocultando da fiscalização o conhecimento da ocorrência do fato gerador, que é o conhecido legalmente como sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502/64). Com as considerações acima, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. Fl. 1137DF CARF MF Impresso em 11/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente e m 06/06/2012 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGE, Assinado digitalmente em 06/06/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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