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Numero do processo: 14479.001157/2007-25
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial.
Recurso especial não conhecido.
Numero da decisão: 9202-003.612
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Relatora
EDITADO EM: 17/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Tereza Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (suplente convocada).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Relatora EDITADO EM: 17/03/2015 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 47 9. 00 11 57 /2 00 7- 25 Fl. 3462DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Tereza Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (suplente convocada). Relatório Tratase de NFLD – Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, apurando se Contribuições Sociais Previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados, no período de 01/2004 a 12/2005, quais sejam: contribuição referente à quota patronal, a contribuição devida para o financiamento dos benefícios concedidos em decorrência de incapacidade laborativa e as contribuições devidas a terceiros (salário educação, INCRA, SESC e SEBRAE). Em sessão plenária de 21/06/2012, foi negado provimento ao Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 2401002.513 (fls. 3.309 a 3.324), assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO. Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontandoas das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência. PREVIDENCIÁRIO. ISENÇÃO COTA PATRONAL. REQUISITOS. NECESSIDADE ATO DECLARATÓRIO. Somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias a contribuinte entidade beneficente de assistência social que cumprir, cumulativamente, os requisitos inscritos na legislação de regência vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, especialmente o artigo 55 da Lei nº 8.212/91, devendo, igualmente, requerer aludido benefício mediante emissão de Ato Declaratório. CORESPONSABILIZAÇÃO DOS SÓCIOS DA EMPRESA. A indicação dos sócios da empresa no anexo da notificação fiscal denominado CORESP não representa nenhuma irregularidade e/ou ilegalidade, eis que referida co responsabilização em relação ao crédito previdenciário constituído, encontra respaldo nos dispositivos legais que regulam a matéria, vigentes à época, especialmente no artigo 660, inciso X, da Instrução Normativa nº 03/2005. Fl. 3463DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 14479.001157/200725 Acórdão n.º 9202003.612 CSRFT2 Fl. 14 3 PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Negado.” Cientificado do acórdão em 30/07/2012 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 3.328), o Contribuinte interpôs, em 13/08/2012, o Recurso Especial de fls. 3.329 a 3.401, fundamentado no artigo 37, do Decreto nº 70.235, de 1972, e no artigo 64, inciso II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando a revisão do julgado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2400 734/2013, de 22/07/2013 (fls. 3.447 a 3.451). Em seu apelo, o Contribuinte alega, em síntese que: que é beneficiária de imunidade prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal, portanto está obrigada apenas ao cumprimento dos requisitos estabelecidos no art. 14 do Código Tributário Nacional, e não aos do art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991 (cita jurisprudência do Poder Judiciário e doutrina de Jose Eduardo Soares de Melo e Aliomar Baleeiro); cumpriu os requisitos estabelecidos no art. 14 do CTN, portanto deve ser considerada imune; conforme o Estatuto Social, é entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que tem por finalidade desenvolver a cultura e o ensino, em seus diversos graus; na NFLD, a única motivação foi a confirmação de informações prestadas pelo Serviço de Orientação da Arrecadação da Delegacia, porém o órgão responsável pela constatação do cumprimento dos requisitos necessários à imunidade é o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, que sempre a reconheceu como entidade filantrópica; ademais, foram cumpridos os requisitos da legislação do PROUNI (MP nº 213, de 2004, Lei nº 11.096, de 2005 e 11.028, de 2005), o que sanaria eventual problema existente na emissão dos certificados pelo CNAS; na remota hipótese da CSRF considerar a aplicabilidade dos requisitos do artigo 55 da Lei nº 8.212, de 1991, o seu direito à imunidade está amparado pela Justiça, por meio das Ações Declaratórias nºs 004558611.1999.4.03.6100 e 3989252.2008.4.01.3400; quanto à primeira ação, a sentença lhe foi desfavorável relativamente ao período de 2001 a 2006, encontrandose aguardando julgamento de Agravo Regimental; Fl. 3464DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO 4 no que tange à segunda ação, ajuizada em 2008, obteve resltado favorável, encontrandose aguardando julgamento de recurso de apelação da União; assim, ainda que sob o prisma da legislação ordinária (Lei nº 8.212, de 1991), tem reconhecido o direito à imunidade; a inclusão de pessoas físicas como coresponsáveis foi indevida, uma vez que não se trata de hipóteses previstas nos artigos 134 e 135 do CTN (cita o Recurso Extraordinário nº 562.276); ademais, o art. 13 da Lei nº 8.620, de 1993, foi expressamente revogado pelo artigo 79 da Lei nº 11.941, de 2009. Ao final, o Contribuinte pede que seja admitido o presente Recurso Especial, tendo em vista a divergência representada pelo paradigma indicado, reformandose o acórdão recorrido, reconhecendose o direito à imunidade do art. 195, § 7º, da Constituição Federal, com a anulação do julgado atacado. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 05/09/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 3.452), a Fazenda Nacional ofereceu, em 13/09/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 3.460), as Contrarrazões de fls. 3.453 a 3.459, argumentando, em síntese: as contribuições para a seguridade social destinamse ao custeio solidário do “conjunto integrado de ações de iniciativas dos Poderes Públicos e da Sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (art. 194, caput, da CF); vêse que tais tributos têm destinação específica prevista na própria Constituição, como meio de custeio de tais atividades; a seguridade social é regida pelo princípio da solidariedade, que preceitua que toda a sociedade deve buscar a realização desse fim (art. 195, caput, da Lei maior); assim, é dever de todos, não só do Estado, buscar esse bem comum chamado de seguridade social; essas atividades que compõem a seguridade social, de regra, não são rentáveis, mas buscam solucionar problemas básicos da população sem um retorno financeiro imediato (daí porque o Estado necessitar de recursos tributários próprios para fomentar essa atividade); tendo isso em mente o legislador originário resolveu imunizar das contribuições para a seguridade social as pessoas jurídicas que efetivamente ajudassem o Estado a conseguir realizar sua tarefa constitucional, sem o intuito de lucro; essa atitude do constituinte coaduna com a lógica de racionalização dos recursos para a seguridade social: de que adiantaria ao Estado cobrar tributos, com o fim de financiar a seguridade social, de uma pessoa que já está implementando essa atividade (tornando mais árdua a sua tarefa filantrópica), para depois reaplicar os recursos na mesma atividade? Seria uma perda de tempo, dinheiro e esforço; assim, feita essa digressão, já podemos concluir que “entidades beneficentes de assistências social” não são apenas aquelas entidades que realizem atividades de assistência Fl. 3465DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 14479.001157/200725 Acórdão n.º 9202003.612 CSRFT2 Fl. 15 5 social (art. 203 da CF), mas sim as que se dediquem à seguridade social como um todo (saúde, previdência e assistência social), sem fins lucrativos, desde que obedecidos os requisitos legais; da simples leitura do dispositivo acima transcrito (§ 7º, do art. 195 da CF) temse claro que para fazer jus à imunidade prevista devese, obrigatoriamente, obedecer às exigências previstas em lei; os requisitos formais para que uma entidade fosse considerada beneficente de assistência social para fins do art. 195, §7º da CF, ao tempo dos fatos geradores ora em discussão, estavam previstos no art. 55 da Lei 8.212/91, na redação então em vigor, a seguir descrito: “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 24.8.01) III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção.” desta feita, para que a entidade fosse reconhecida como entidade beneficente de assistência social imprescindível que atendesse, cumulativamente, todos os requisitos enumerados em Lei; notese que o art. 55, da Lei 8.212/1991 já foi analisado e considerado constitucional pelo STF, afigurandose, portanto, plenamente hábil a estabelecer requisitos formais para o reconhecimento da entidade como beneficente de assistência social para fins do art. 195, §7º da CF, senão vejamos: Fl. 3466DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO 6 “REAgR 428815 / AM – AMAZONAS AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 07/06/2005 Órgão Julgador: Primeira Turma EMENTA: I. Imunidade tributária: entidade filantrópica: CF, arts. 146, II e 195, § 7º: delimitação dos âmbitos da matéria reservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária (ADIMC 1802, 27.8.1998, Pertence, DJ 13.2.2004;RE 93.770, 17.3.81, Soares Muñoz, RTJ 102/304). A Constituição reduz a reserva de lei complementar da regra constitucional ao que diga respeito "aos lindes da imunidade", à demarcação do objeto material da vedação constitucional de tributar; mas remete à lei ordinária "as normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune". II. Imunidade tributária: entidade declarada de fins filantrópicos e de utilidade pública: Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos: exigência de renovação periódica (L. 8.212, de 1991, art. 55). Sendo o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos mero reconhecimento, pelo Poder Público, do preenchimento das condições de constituição e funcionamento, que devem ser atendidas para que a entidade receba o benefício constitucional, não ofende os arts. 146, II, e 195, § 7º, da Constituição Federal a exigência de emissão e renovação periódica prevista no art. 55, II, da Lei 8.212/91.” uma vez firmado que são constitucionais as exigências enumeradas no art. 55 da lei 8.212/1991, cumpriria ao interessado fazer prova do atendimento a tais requisitos, ônus do qual não se desincumbiu como bem se frisou o acórdão recorrido: Na hipótese vertente, conforme se extrai dos elementos que instruem o processo, especialmente Relatório Fiscal e Decisão recorrida, a contribuinte em momento algum logrou comprovar ser efetivamente entidade isenta, cumpridora de todos os requisitos para tanto, inobstante as inúmeras alegações nesse sentido. Ao contrário, como se extrai do bojo da decisão de primeira instância, a contribuinte não obteve êxito em sua empreitada no sentido de demonstrar que requereu o reconhecimento da isenção em epígrafe, na forma que exige a legislação previdenciária, especialmente o artigo 208 do Decreto n° 3.048/99, vigente à época, não havendo que se falar na pretensa isenção arguida pela notificada. não preenchidos os requisitos constitucionais e legais para o gozo da imunidade em tela, a pretensão do contribuinte deve ser rejeitada, mantendose o julgado a quo em sua integralidade. ademais, a Recorrente, extrapolando o restrito âmbito do recurso especial, deduz que teve o direito à imunidade prevista no art. 195, §7º da Constituição Federal reconhecido judicialmente e passa a referenciar ações judiciais e respectivos andamentos; ao assim proceder, a interessada inova suas alegações em sede de recurso especial, incorrendo em flagrante desrespeito art. 16, III, do Decreto 70.235/72; Fl. 3467DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 14479.001157/200725 Acórdão n.º 9202003.612 CSRFT2 Fl. 16 7 com efeito, cabe à defesa trazer aos autos as alegações capazes de elidir, no todo ou em parte, a exigência fiscal bem como as provas documentais que as embasam, no momento da impugnação, considerandose definitivamente julgada, no âmbito administrativo, a matéria não contestada em primeira instância; nesse sentido é expresso o art. 17, do Decreto n° 70.235, de 1972 e alterações: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n° 9.532, de 1997) no caso presente, verificase a configuração inarredável do fenômeno da preclusão temporal, posto que já há muito ultrapassado o momento adequado para suscitar as alegações aptas a extinguir ou modificar o crédito tributário o lançamento; ademais, caso fosse cabível o exame de novo argumento nesta sede, a submissão ao Judiciário do direito da recorrente à imunidade pleiteada configuraria concomitância e determinaria a incidência do enunciado da Súmula n. 01 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que prediz: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. assim, caso se admitisse a análise da alegação extemporânea trazida pela interessado e se verificasse que as ações judiciais têm por objeto o direito à imunidade, cujo reconhecimento afastaria a sujeição passiva da recorrente, a conseqüência processual cabível não seria o provimento do recurso especial, mas sim o encerramento da discussão do presente processo tornando definitivo o lançamento; a exigibilidade do crédito restaria condicionada às decisões proferidas pelo poder Judiciário, a que cumpriria decidir, em definitivo, sobre a subsistência da exação. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja negado seguimento/provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. Fl. 3468DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO 8 Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo, restando perquirir acerca do cumprimento aos demais requisitos de admissibilidade. Compulsandose o Recurso Especial, constatase que o Contribuinte dedicou um item à demonstração da alegada divergência jurisprudencial, conforme a seguir: “II – A.1) Da divergência jurisprudencial sobre o tema Conforme se verifica do v. acórdão recorrido, restou definida a aplicabilidade dos requisitos do artigo 55 da Lei nº 8.212/91, para aferição do direito da entidade à imunidade disposta no artigo 195, § 7º, da Constituição Federal. Contudo, de acordo com os argumentos acima detalhados, na hipótese vertente são aplicáveis os requisitos elencados no art. 14 do Código Tributário Nacional, os quais restaram atendidos de forma plena pela Recorrente, e não aqueles previstos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91. Tal discussão, ao contrário do que faz crer o v. acórdão recorrido, não se encontra pacificada na jurisprudência, havendo a corrente que defende a aplicação dos requisitos previstos em lei complementar (CTN, art. 14), haja vista que a imunidade consiste em limitação ao poder de tributar (CF, art. 146, II). Nos autos do Processo Administrativo nº 19515.000260/2008 79, foi proferido o v. acórdão nº 3402001.704, que ora se apresenta como paradigma (Doc. 03), exarado pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, no qual restou ementado o seguinte sobre a matéria: ‘ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2006 Recurso de Ofício DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. PRAZO DECADENCIAL DE 05 ANOS A PARTIR DA DO PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO FATO GERADOR. APLICAÇÃO DO ART. 62A, DO RICARF. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, constatada ausência de antecipação de pagamento, ainda que parcial, o Poder Público dispõe do prazo de 05 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte a ocorrência do fato gerador, para constituir o crédito tributário pelo lançamento, Fl. 3469DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 14479.001157/200725 Acórdão n.º 9202003.612 CSRFT2 Fl. 17 9 nos termos do art. 173, I, do CTN. Aplicação do entendimento exarado pelo STJ, no Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 566.621, nos termos do art. 62A, do RICARF. COFINS. ISENÇÃO CONDICIONAL. PROUNI. TERMO INICIAL. Tratandose de isenção que foi concedida pela lei sob condição de que houvesse ratificação do Termo de Adesão por parte do MEC, a qual se materializou deixando expresso o início da produção dos efeitos quanto a referida ratificação, devese conceder a isenção a partir do termo em que vigorou a ratificação, pois que a isenção se interpreta literalmente (art. 111, do CTN) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Recurso Voluntário Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2006 COFINS. INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS. ARTIGO 195, § 7º, DA CF/88. IMUNIDADE OU ISENÇÃO. RECEITAS PRÓPRIAS. CONTRAPRESTAÇÃO. São imunes quanto à contribuição a COFINS as entidades beneficentes de assistência social, dentre elas as instituições de ensino, que atendam às exigências estabelecidas em lei (arts. 9º e 14, do CTN). IMUNIDADE OU ISENÇÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 14, inc. X, da MP n° 2.15835, de 2001, alcança as receitas decorrentes das atividades próprias da instituição sem fins lucrativos ainda que seu recebimento decorra da contraprestação de serviços pela instituição.” Para comprovar a divergência na interpretação legal sobre a matéria, colacionase o que restou definido pelo douto Relator do acórdão paradigma: “(...) É certo que o dispositivo constitucional trata de imunidade, e não de isenção, embora tenha empregado equivocadamente a segunda expressão. É uníssono na doutrina e jurisprudência que as limitações ao poder de tributar, constantes da Constituição, são essencialmente imunidades, mesmo que o texto tenha rotulado de isenção ou de não incidência, ou ainda, de outra expressão com sentido de desoneração. Outrossim, também não há dúvida de que referido dispositivo, quando aponta as exigências estabelecidas em lei, o faz remetendo a Lei Complementar, que no caso sãos os arts. 9º e 14, do CTN. (...) Nesse sentido, são imunes quanto às contribuições para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência Fl. 3470DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO 10 social que atendam às exigências estabelecidas em lei, cabendo a Lei Complementar regular os requisitos de funcionamento da entidade, mas não os limites da base de cálculo dos tributos imunizados. É dizer: a previsão de remeter a Lei, não transmuda imunidade em isenção, e a legislação apenas tem competência para fixar os lindes de constituição e funcionamento da entidade de assistência social. E quem fixou esses lindes foram os arts. 9º e 14, do CTN, assim dispostos: (...)” A Recorrente pede venia apenas para fazer um breve esclarecimento com relação à aplicabilidade do acórdão paradigma apresentado, o qual trata de débitos de COFINS, ao passo que o presente caso discute contribuições previdenciárias. Nesse sentido, já se manifestou esta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais nos autos do Processo Administrativo nº 14485.000509/200746 (Acórdão nº 920201.878 – 2ª Turma): “(...) Portanto, Contribuição para a Seguridade Social é gênero, onde estão as espécie COFINS, Contribuição Previdenciária, CSLL, entre outros, mas é claro que as definições das atividades que podem ser consideradas como beneficentes de assistência social e qual lei estabelece as exigências deve ser uma só, tanto para COFINS, Contribuição Previdenciária, CSLL etc. (...)” Pois bem, passemos ao cotejo dos entendimentos externados no v. acórdão recorrido e no acórdão e no acórdão apresentado como paradigma. Conforme se verifica da ementa e do voto do acórdão paradigma, a jurisprudência da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF aponta que os requisitos para o gozo da imunidade insculpida no artigo 195, § 7º, da Constituição Federal são aqueles descritos no artigo 14 do Código Tributário Nacional, vez que tal matéria consiste numa limitação ao poder de tributar, e, portanto, deve ser observado o disposto no artigo 146, II, da Carta Magna, que exige a regulação da matéria por lei complementar. Destarte, tendo em vista que a Recorrente atendeu integralmente aos requisitos prescritos no artigo 14 do Código Tributário Nacional, não tendo o Fisco comprovado o descumprimento de qualquer um deles, mister reconhecerse o direito da Recorrente à imunidade ora debatida. Por este motivo, demonstrada a divergência jurisprudencial, há que ser totalmente reformado o v. acórdão recorrido para anular os créditos tributários das contribuições previdenciárias em análise.” De plano, constatase que o acórdão recorrido trata de Contribuições Sociais Previdenciárias, enquanto que o paradigma trata de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS. Assim, embora a discussão esteja atrelada a normas gerais, ou seja, dispositivos constitucionais que concedem imunidade/isenção, é necessário que se analise a situação fática retratada em cada um dos julgados, a ver se o entendimento que vaza dos trechos acima, colacionados pela Recorrente, seria genérico, ou se haveria alguma Fl. 3471DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 14479.001157/200725 Acórdão n.º 9202003.612 CSRFT2 Fl. 18 11 distinção/modulação, a depender da espécie de contribuição analisada, ou em relação ao requisito que teria sido descumprido, em cada um dos casos. No caso do acórdão recorrido, tratase de exigência de Contribuições Sociais Previdenciárias, relativas à cota patronal, incidentes sobre remunerações pagas/creditadas aos segurados empregados. Conforme consta do voto condutor do julgado guerreado, a exigência decorreu do descumprimento de requisito objetivo, já que a Contribuinte não possuía Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social válido. Confirase o respectivo trecho: “Ao contrário, como se extrai do bojo da decisão de primeira instância, a contribuinte não obteve êxito em sua empreitada no sentido de demonstrar que requereu o reconhecimento da isenção em epígrafe, na forma que exige a legislação previdenciária, especialmente o artigo 208 do Decreto n° 3.048/99, vigente à época, não havendo que se falar na pretensa isenção arguida pela notificada. A respeito do tema, diante da reprodução das alegações de defesa no recurso voluntário, impende transcrever excerto da decisão de primeira instância que bem demonstra os aspectos fáticos da presente autuação, rechaçando o pleito da contribuinte nos seguintes termos: “[...] 4.19. Conforme consta dos autos a Impugnante não cumpre sequer o requisito objetivo para a concessão da isenção, previsto no inciso II, do art. 55, da Lei 8.212/91, pois a validade do seu último Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, emitido pelo CNAS, expirou em 28/12/2000, devendo ser salientado que, ao contrário do que foi alegado pela Impugnante, os pedidos de renovação do mesmo protocolados em 30/12/2003 e 29/12/2006 ainda não foram julgados, não em virtude da morosidade do Estado (CNAS), mas sim, em razão da falta de apresentação, por parte da requerente, de documentação complementar solicitada pelo CNAS, conforme pode ser constado na Certidão juntada aos autos (fls. 113).” (grifei) Quanto ao paradigma – Acórdão nº 3402001.704 – este trata de exigência de COFINS, porém a razão da exigência nada tem a ver com descumprimento de requisito objetivo, e sim com a própria natureza das receitas que estariam acobertadas pelo benefício. Confirase trecho do voto vencedor do paradigma: “Em resumo, apurado o status de imune da entidade pelo cumprimento dos requisitos legais previstos no art. 14, do CTN, atendendo, assim, ao comando do § 7º do art. 195 da CRFB/88, não há como se exigir a COFINS, pois o referido dispositivo constitucional não dispôs que a lei poderia definir sua extensão, de modo a incluir ou excluir as receitas de atividades próprias ou impróprias, diretas ou indiretas, contraprestacionais ou não, ou o que mais seja de equivalente a isso, mas, pelo contrário, apenas outorgou, de forma expressa e Fl. 3472DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO 12 limitada ao legislador, a competência para fixar as condições, os requisitos ou, enfim, como literalmente indicado, as exigências para o seu gozo. Nas palavras do STF, outorgou competência para delimitação dos termos de constituição e funcionamento da entidade. De outro modo, mesmo para quem sustente que estamos diante de ISENÇÃO de COFINS, a conclusão igualmente deve ser pela desoneração, já que restaram comprovadas as exigências legais contidas nos incisos I a III, do art. 14, do CTN, e, como tal, merece guarida o pleito de dispensa do pagamento do tributo em questão. Esse, aliás, é o entendimento que vem sendo sufragado por este Conselho: “COFINS. INSTITUIÇÕES DE ENSINO. IMUNIDADE. PODER JUDICIÁRIO. DECLARAÇÃO. Entidade beneficente, assim declarada pelo Poder Judiciário, que a ela declarou o reestabelecimento de Certificado exigido pela Lei nº 8.212/91, está desobrigada de recolher a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS.” (2º Conselho de Contribuintes / 2a. Câmara / ACÓRDÃO 20216.356 em 18.05.2005). “COFINS. INSTITUIÇÕES DE ENSINO. IMUNIDADE. PODER JUDICIÁRIO. DECLARAÇÃO. Entidade beneficente, assim declarada pelo Poder Judiciário, que a ela declarou o reestabelecimento de Certificado exigido pela Lei nº 8.212/91, está desobrigada de recolher a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS.” (2º Conselho de Contribuintes / 2a. Câmara / ACÓRDÃO 20216.356 em 18.05.2005). “(...) COFINS. INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. REQUISITOS. ART. 55 DA LEI Nº 8.212/91. Obedecidos os requisitos estabelecidos pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, a entidade educacional faz jus à isenção aplicável às instituições de educação e de assistência social.” (2º Conselho de Contribuintes / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 20311.338 em 20.09.2006) Assim,voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para desonerar da exigência as receitas educacionais, subdivididas, no caso, em “de mensalidades”, de “serviços e produtos”, de “outras receitas”, de “aluguéis” e de “doações”, conforme termo de autuação fiscal.” (grifei) Assim, constatase que no paradigma, diferentemente do que ocorre no recorrido, a discussão não envolve o requisito objetivo representado pelo Certificado exigido pelo art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991, mas sim a natureza das receitas auferidas pela instituição de educação. Nesse passo, longe de caracterizarse divergência jurisprudencial, os acórdãos recorrido e paradigma encontramse em sintonia, já que o Certificado previsto no art. 55, da Lei nº 8.212, de 1991, exigido no recorrido, também é exigido no paradigma, ainda que reconhecida a imunidade da instituição, conforme resta claro pelas ementas colacionadas pelo Relator, ao final do voto, acima transcrito. Fl. 3473DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO Processo nº 14479.001157/200725 Acórdão n.º 9202003.612 CSRFT2 Fl. 19 13 Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial, interposto pela Contribuinte. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 3474DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARIA HELENA COTTA C ARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 13123.720059/2011-34
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2801-000.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Relatório
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 14.395,00, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. O crédito tributário foi constituído em razão de ter sido verificado, na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte, exercício 2008, dedução indevida de despesas médicas. Segundo a Autoridade lançadora, a glosa de seu por “falta de comprovação do efetivo pagamento dos recibos apresentados” (Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, às fls. 5/6 deste processo digital). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 31 23 .7 20 05 9/ 20 11 -3 4 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 13123.720059/201134 Resolução nº 2801000.344 S2TE01 Fl. 62 2 O contribuinte apresentou a impugnação de fl. 2, que foi julgada procedente em parte pela 7ª Turma da DRJ/BSB. Entenderam os julgadores da instância de piso que: No presente caso, a autoridade lançadora fundamentou a glosa efetivada em razão da ausência da comprovação do efetivo pagamento dos recibos apresentados. No entanto, na intimação enviada ao contribuinte (fls. 16) consta somente a solicitação para apresentação de: Comprovantes originais e cópias das despesas médicas. Comprovantes originais e cópias das despesas médicas com planos de saúde com valores discriminados por beneficiários (titular e dependente). Portanto, ainda que autorizada pela legislação a solicitar a comprovação do efetivo pagamento das despesas médicas, a autoridade lançadora optou por solicitar somente os comprovantes e cópias das despesas médicas. Assim, os comprovantes apresentados pelo contribuinte devem ser analisados à luz da legislação acima transcrita, com vistas a verificar sua validade como documentos comprobatórios de despesas médicas dedutíveis na declaração de IRPF. Com base na fundamentação acima transcrita, o acórdão recorrido restabeleceu despesas médicas no valor de R$ 5.300,00, cujos serviços foram prestados pelo profissional de saúde Aristóteles Madeira Torres, e manteve as glosas das demais despesas médicas, por ausência de requisitos formais previstos na legislação do imposto de renda da pessoa física. Cientificado da decisão de primeira instância em 19/05/2012 (edital à fl. 44), o Interessado interpôs, em 15/06/2012, o recurso de fls. 48/50, acompanhado dos documentos de fls. 51/576. À peça recursal anexa, parcialmente, documentos emitidos pelos profissionais cujas glosas foram mantidas, corrigindo os erros formais apontados pelos julgadores de 1ª instância. Ao final, requer seja acolhido o presente recurso e cancelada a exigência fiscal. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Observo, preliminarmente, que o motivo do lançamento foi a falta de comprovação do efetivo pagamento das despesas realizadas. Nada obstante, os julgadores da instância a quo, mesmo reconhecendo o real motivo da constituição do crédito, optaram por desconsiderálo, apreciando a impugnação como se o fundamento de fato do lançamento fosse a existência de vícios formais nos recibos apresentados, julgandoa parcialmente procedente. À evidência, descabe aos julgadores administrativos substituírem a Autoridade fiscal no exercício do lançamento. Afinal, “não é competente quem quer, mas quem pode, segundo a norma de direito” (Caio Tácito, O Abuso de Poder Administrativo no Brasil, Rio, 1959, p.27). O que houve, na espécie, foi efetivamente a usurpação da competência da Autoridade fiscal pelos julgadores da instância de piso. Fl. 62DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 13123.720059/201134 Resolução nº 2801000.344 S2TE01 Fl. 63 3 Nesse cenário, a nulidade da decisão de 1ª instância é medida que, a princípio, se impõe. Observo, no entanto, que a nulidade, se declarada, pode ou não agravar a situação do contribuinte, dependendo do que vier a ser decidido na nova decisão a ser proferida pelos julgadores da DRJ. Assim, a possibilidade de agravamento da situação do contribuinte reclama a adoção de uma solução alternativa para o deslinde da controvérsia, porquanto descabida, no processo administrativo fiscal, a denominada “reformatio in pejus”. Pois bem. Entendo que a Administração Tributária pode exigir que o Interessado comprove o efetivo pagamento das despesas médicas realizadas, quando a Autoridade fiscal assim entender necessário, na linha do disposto no art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, cujo teor é o seguinte: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Observo, no entanto, que tal faculdade deve ser concretizada por meio de um ato cuja materialização se dá com a lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. No caso concreto, não consta dos autos qualquer documento que comprove que a Autoridade lançadora tenha intimado o contribuinte a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas realizadas (motivo ou fundamento de fato do lançamento). Nesse contexto, sou pela conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a DRF de origem junte aos autos o Termo que intimou o contribuinte a comprovar o efetivo pagamento das despesas médicas glosadas, bem como a prova da ciência da intimação. Após a providência mencionada, o Interessado deve ser intimado para, caso queira, apresentar novas alegações circunscritas ao fato objeto da presente Resolução. De seguida, os autos deverão retornar a este Conselho para a conclusão do julgamento. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 63DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
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Numero do processo: 11065.002042/2005-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/1998 a 30/06/2002
PIS E COFINS. PRAZO PRESCRICIONAL. RESTITUIÇÃO.
Em consequência da decisão proferida pelo STF (RE 566.621), resta obrigatória a observância das disposições nela contida sobre prescrição expressa no Código Tributário Nacional, que mutatis mutandis, devem ser aplicadas aos pedidos de restituição de tributos formulados na via administrativa. Assim, para os pedidos efetuados até 09/06/2005 deve prevalecer a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que o prazo era de 10 anos contados do seu fato gerador; os pedidos administrativos formulados após 09/06/2005 devem sujeitar-se à contagem de prazo trazida pela LC 118/05, ou seja, cinco anos a contar do pagamento antecipado de que trata o parágrafo 1º do artigo 150/CTN.
NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STF NO RITO DO ART. 543C DO CPC.
Consoante art. 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. NATUREZA JURÍDICA.
O crédito presumido do IPI trata-se de um mero ressarcimento de tributos (uma recuperação de custos tributários), não podendo ser tratado como se fosse um ingresso de recurso, oriundo da atividade empresarial do contribuinte, inexistindo, por isso mesmo, manifestação de riqueza passível de ser tributada.
Não havendo ingresso de recurso revelador de riqueza nova oriundo do exercício de sua atividade empresarial, não há que se falar no auferimento de receita, e muito menos de faturamento. É de concluir-se, portanto, que o ressarcimento de tributos está fora do conceito de receita ou de faturamento!
O objetivo da Lei nº 9.363/96 foi desonerar o PIS/Cofins do produto exportado. O montante referente ao crédito presumido de IPI, consoante a referida lei, não possui natureza jurídica de receita e, portanto, não compõe a base de cálculo do PIS/Cofins.
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. TAXA SELIC.
A restituição dos tributos pagos indevidamente deve ser acrescida dos juros moratórios calculados à Taxa SELIC, desde a data do pagamento indevido, nos termos do art. 39, § 4°, da Lei nº 9.250/96.
Recurso voluntário provido
Numero da decisão: 3202-001.478
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza votou pelas conclusões. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Pablo Camusso, OAB/DF nº 51.738.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente
Luís Eduardo Garrossino Barbieri Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto de Castro Moreira Júnior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Charles Mayer de Castro Souza e Tatiana Midori Migiyama.
Nome do relator: Relator
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BASE DE CÁLCULO Recorrente REICHERT CALÇADOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/1998 a 30/06/2002 PIS E COFINS. PRAZO PRESCRICIONAL. RESTITUIÇÃO. Em consequência da decisão proferida pelo STF (RE 566.621), resta obrigatória a observância das disposições nela contida sobre prescrição expressa no Código Tributário Nacional, que mutatis mutandis, devem ser aplicadas aos pedidos de restituição de tributos formulados na via administrativa. Assim, para os pedidos efetuados até 09/06/2005 deve prevalecer a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que o prazo era de 10 anos contados do seu fato gerador; os pedidos administrativos formulados após 09/06/2005 devem sujeitarse à contagem de prazo trazida pela LC 118/05, ou seja, cinco anos a contar do pagamento antecipado de que trata o parágrafo 1º do artigo 150/CTN. NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STF NO RITO DO ART. 543C DO CPC. Consoante art. 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. NATUREZA JURÍDICA. O crédito presumido do IPI tratase de um mero ressarcimento de tributos (uma recuperação de custos tributários), não podendo ser tratado como se fosse um ingresso de recurso, oriundo da atividade empresarial do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 20 42 /2 00 5- 60 Fl. 191DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 192 2 contribuinte, inexistindo, por isso mesmo, manifestação de riqueza passível de ser tributada. Não havendo ingresso de recurso revelador de riqueza nova oriundo do exercício de sua atividade empresarial, não há que se falar no auferimento de “receita”, e muito menos de “faturamento”. É de concluirse, portanto, que o ressarcimento de tributos está fora do conceito de receita ou de faturamento! O objetivo da Lei nº 9.363/96 foi desonerar o PIS/Cofins do produto exportado. O montante referente ao crédito presumido de IPI, consoante a referida lei, não possui natureza jurídica de receita e, portanto, não compõe a base de cálculo do PIS/Cofins. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. TAXA SELIC. A restituição dos tributos pagos indevidamente deve ser acrescida dos juros moratórios calculados à Taxa SELIC, desde a data do pagamento indevido, nos termos do art. 39, § 4°, da Lei nº 9.250/96. Recurso voluntário provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza votou pelas conclusões. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Pablo Camusso, OAB/DF nº 51.738. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente Luís Eduardo Garrossino Barbieri – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto de Castro Moreira Júnior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Charles Mayer de Castro Souza e Tatiana Midori Migiyama. Relatório O presente litígio decorre de Pedido de Restituição do PIS e da Cofins, protocolizado em 08/06/2005 (efls. 2/ss), onde a empresa pretende ressarcir valores supostamente pagos indevidamente relativos ao período de apuração do 4º trimestre/1998 ao 2º trimestre de 2002. Para elucidar os fatos ocorridos transcrevese o relatório constante da decisão de primeira instância administrativa, verbis: Relatório Tratase de manifestação de inconformidade onde o interessado se insurge contra o indeferimento de seu pedido de restituição, relativo a valores de PIS e Cofins que Fl. 192DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 193 3 entende ter recolhido indevidamente nos períodos relativos ao 4° trimestre de 1998, 1° trimestre de 1999 e 1° trimestre de 2000 ao 2° trimestre de 2002. Alega, primeiramente, que não teria ocorrido a decadência de parte dos valores pleiteados, conforme apontado no relatório fiscal, pois entende que embora esteja requerendo a restituição de valores recolhidos a mais de 5 (cinco) anos anteriores ao protocolo do pedido, caberia aqui a aplicação da tese dos "cinco mais cinco", conforme entendimento que alega estar pacificado no STJ. No mérito, discorda da inclusão do crédito presumido de IPI na base de cálculo do PIS e da COFINS, como receita, na medida em que a lei instituidora desse benefício o define como um ressarcimento de custos ao contribuinte, objetivando a redução de custo dos insumos internos, em montante idêntico ao despendido pelos fornecedores. Acrescenta ainda que mesmo que tais créditos presumidos de IPI fossem consideradas como receita, se tratariam de receitas de exportação, protegidas da incidência das contribuições por serem tanto isentas quanto imunes. Comenta que a tributação de valores oriundos do beneficio, colidiria com a própria finalidade do mesmo. Pleiteia, também, a atualização monetária, pela taxa SELIC, dos valores em questão, desde o "mês de lançamento" até a data da efetiva restituição, conforme planilha que anexa. A 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre proferiu o Acórdão n.º 1025.545 de 27 de maio de 2010 (efolhas 144/ss), o qual recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/1998 a 30/06/2002 RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. O prazo para solicitar restituição é de 5 (cinco) anos da extinção da exigência do tributo pelo pagamento, conforme dispõe o Art. 168 do Código Tributário Nacional. BASE DE CALCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. Sob a égide da Lei n° 9.718, de 1998, os valores relativos ao Crédito Presumido de IPI integram a base de cálculo do Pis e da Cofins. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1998 a 30/06/2002 RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. O prazo para solicitar restituição é de 5 (cinco) anos da extinção da exigência do tributo pelo pagamento, conforme dispõe o Art. 168 do Código Tributário Nacional. BASE DE CALCULO. CRÉDITO PRESUMIDO. Sob a égide da Lei nº 9.718, de 1998, os valores relativos ao Crédito Presumido de IPI integram a base de cálculo do Pis e da Cofins. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Credit6rio Não Reconhecido A interessada regularmente cientificada do Acórdão em 17/06/2010 (efolha 151) interpôs Recurso Voluntário em 29/06/2010 (efls. 152/ss), onde repisa os argumentos trazidos em sua impugnação. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 194 4 O processo digitalizado foi distribuído e, posteriormente, encaminhado a este Conselheiro Relator na forma regimental. Nos termos da Resolução nº 3202000.091, de 19/03/2013 (efl. 187), o processo foi sobrestado, uma vez que o STF havia reconhecido a repercussão geral sobre o tema e houve determinação expressa de sobrestamento para os processos que versem sobre a matéria, conforme pronunciamento do Ministro Marco Aurélio, de 19/11/2011. Contudo, com base no disposto na Portaria MF nº 545, de 18 de novembro de 2013, que revogou os §§ 1º e 2º do art. 62A do Anexo II à Portaria MF nº 256, de 22 junho de 2009, os autos foram devolvidos a este Conselheiro para prosseguimento (efls. 190). É o relatório. Voto Conselheiro Luís Eduardo G. Barbieri, Relator. Da admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e atende os requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Do prazo prescricional A primeira controvérsia que precisa ser resolvida nesse litígio referese à prescrição do direito de a Recorrente pleitear a restituição da parcela dos recolhimentos efetuados anteriormente à 08/06/2000, para os quais a decisão recorrida entendeu já ter operado a “decadência”. Este conselheiro sempre vinha exarando seus votos no sentido de que o prazo para que o sujeito passivo exerça seu direito de requerer a restituição de valores recolhidos a maior ou indevidamente é aquele expresso no inciso I do artigo 168, combinado com o inciso I artigo 165, ambos do CTN, ou seja, o pedido deveria ser formulado no prazo máximo de 5 anos a contar do pagamento indevido ou a maior, inclusive no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como a COFINS e o PIS, que se extinguem com o pagamento antecipado por força do disposto no parágrafo 1º do artigo 150. Esclareçase, ainda, que o prazo previsto no art. 168, I, do CTN, representa prazo prescricional, mas que se aplica, também, ao pedido administrativo, de forma que, esgotado o prazo para apresentação da ação de repetição de indébito, também se esgota o prazo do pedido administrativo. Neste diapasão, com o intuito de dirimir as controvérsias existentes quanto ao momento em que ocorreria a extinção do crédito tributário, o próprio legislador, na tentativa de interpretar o artigo 168, I do CTN, em 09 de fevereiro de 2005, por meio da Lei Complementar n° 118, explicitou sua vigência no tempo: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do artigo 168 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o parágrafo 1º do artigo 150 da referida Lei. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 195 5 Art. 4° Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3°, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código Tributário Nacional. Entretanto, o STF – Supremo Tribunal Federal – ao julgar o RE 566.621, relatado pela Ministra Ellen Gracie, reconheceu a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4º da LC nº 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de cinco anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso do vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Por conseguinte, para as ações ajuizadas anteriormente até esta data (09/06/2005), o STF decidiu que “quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN”. Foi reconhecida a Repercussão Geral, devendo ser aplicado, portanto, o artigo 543B, parágrafo 3º, do CPC aos recursos relativos a esta matéria. Em consequência da decisão proferida no RE 566.621, resta obrigatória a observância das disposições nele contida sobre prescrição expressas no Código Tributário Nacional, que mutatis mutandis, devem ser aplicadas aos pedidos de restituição de tributos formulados na via administrativa. Assim, para os pedidos efetuados até 09/06/2005 deve prevalecer a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que o prazo era de 10 anos contados do seu fato gerador; os pedidos administrativos formulados após 09/06/2005 devem sujeitarse à contagem de prazo trazida pela LC 118/05, ou seja, cinco anos a contar do pagamento antecipado de que trata o parágrafo 1º do artigo 150/CTN. No caso em tela, o Pedido de Restituição foi protocolado em 08/06/2005, para o período de apuração de 01/10/1998 a 30/06/2002, portanto, ainda não foi atingido pela prescrição, devendo ser apreciado no mérito. Assim, nessa matéria assiste razão à Recorrente, devendo ser reformada a decisão recorrida. Da incidência das contribuições sobre os valores recebidos a título de crédito presumido do IPI A matéria em litígio referese à definição da correta base de cálculo do PIS e da Cofins, mais especificamente, em decidir se há incidência do PIS e da Cofins sobre valores recebidos pela Recorrente a título de “crédito presumido do IPI”, em ressarcimento do PIS e Cofins incidentes sobre as aquisições, no mercado interno, de insumos utilizados no processo produtivo de empresa produtora e exportadora. Em julgados anteriores (Acórdãos nº 3201000.777, de 12/08/2011, nº 3202 000.453, de 14/08/2012, 3202000.831, de 24/07/2013) já tive a oportunidade de manifestar me sobre matéria similar à que se discute nestes autos. Naqueles julgados posicioneime no sentido de que não deve ser incluído na base de cálculo do PIS/Cofins o “crédito presumido do ICMS”, assim como em relação a não incidência das contribuições sobre os valores decorrentes da “cessão de crédito do ICMS” (registrese, por oportuno, que sobre esta última matéria o STF decidiu no RE 606.107/RS, em sessão plenária de 22/05/2013, sobre a sistemática de repercussão geral, que não incidem a Cofins e o PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros) Fl. 195DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 196 6 Mutadis mutandis, mantenho neste julgado o mesmo entendimento proferido naqueles acórdãos, como passo a elucidar. Ab initio, devemos entender qual a natureza jurídica dos citados “créditos presumidos do IPI”. Vejamos. O benefício fiscal em discussão, instituído pelo art. 1º da Lei nº 9.363/96, é um instrumento de política fiscal destinado a desonerar as exportações de produtos nacionais, que consiste no creditamento de IPI (“crédito presumido”) para compensar os valores de PIS/COFINS embutidos nos preços de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos pelo produtor/exportador para serem utilizados na produção/fabricação dos produtos exportados. Em outras palavras: o produtor ao adquirir insumos para utilização em seu processo produtivo paga indiretamente o PIS e a Cofins (que estão embutidos no preço dos insumos), de modo que poderia tomar crédito destes tributos a ser descontado do valor a recolher no momento da venda no mercado interno. Ocorre que na exportação dos produtos as contribuições sociais são imunes (art. 149, parágrafo 2º, inciso I/CF), de modo que não há como recuperar diretamente as contribuições pagas em relação aos insumos. Daí, a Lei nº 9.363/96 ter instituído o “crédito presumido do IPI”, para mitigar os efeitos tributários decorrentes de etapas anteriores (aquisição dos insumos). O legislador, a fim de possibilitar a desoneração, estabeleceu fórmulas para apuração do valor que “presumidamente” corresponderia ao montante do PIS e da Cofins incorporado ao valor dos referidos insumos, com o intuito de ressarcir a empresa produtora/exportadora do ônus das contribuições já recolhidas. Anotese, portanto, o crédito presumido do IPI, ao fim e ao cabo, visa precisamente “devolver” ao produtor/exportador o valor (presumido) das contribuições que fora incorporado ao preço dos insumos por ele adquiridos. O cerne da questão em litígio reside na possibilidade ou não desse “crédito presumido do IPI” ser considerado receita e assim integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins que deverão ser pagos pela empresa beneficiária daquele crédito presumido. Aos olhos do Fisco, tratase de “receita”. Ouso discordar! A meu ver, seria ilógico que o EstadoFisco criasse um mecanismo para ressarcir/devolver o valor anteriormente pago de PIS/Cofins ao produtor/exportador e, num segundo momento, fizesse incidir estas mesmas contribuições sobre esse valor ressarcido. Seria dar com uma mão e retirar com a outra! Se a Lei nº 9.363/96, que instituiu o benefício fiscal, teve o claro objetivo de desonerar as exportações, não faz sentido exigir as citadas contribuições justamente sobre o montante equivalente ao estímulo fiscal instituído para fomentar as exportações do País. Tal entendimento colide frontalmente com o escopo da norma legal. Ademais, se a própria Lei diz que o produtor/exportador fará jus a crédito presumido como forma de “ressarcimento” das contribuições incidentes sobre as respectivas aquisições de insumos para utilização no processo produtivo, por óbvio não se trata de uma “receita”. Confirase o dispositivo legal: Fl. 196DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 197 7 Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (negritei) Adotar o entendimento de que o “crédito presumido do IPI”, prescrito na Lei como um “ressarcimento”, é receita tributável seria criar uma incidência tributária não prevista na norma de regência. Estaríamos alterando o sentido do art. 1º da Lei nº 9.363/96 para tratar o recuperação/ressarcimento do custo dos tributos como uma receita do contribuinte. Não pode o Fisco fazer incidir as contribuições (PIS ou Cofins), por analogia, para fatos não previstos na hipótese de incidência. A atividade de lançamento de tributos deve respeitar o princípio da legalidade (art. 150, I, CF). Nesse sentido, trago à colação lição de Leandro Paulsen especificamente à ressarcimento ou recuperação de custos tributários (in “Direito Tributário Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência”, editora Livraria do Advogado, 9ª ed., p. 471/472), in verbis : Nem todo ingresso ou lançamento contábil a crédito constitui receita, que, para ser tributada, deve evidenciar riqueza reveladora de capacidade contributiva. Não pode o Fisco exigir contribuição sobre o simples ressarcimento por tributo pago indevidamente ou sobre o creditamento que visa a compensar custos tributários. (...) Em qualquer hipótese, tratandose de despesa ou custo anteriormente suportado, sua recuperação econômica em qualquer período posterior, enquanto suficiente para neutralizar a anterior diminuição patrimonial, não ostenta qualidade para ser rotulada de receita, pela ausência do requisito da contraprestação por atividade ou de negócio jurídico (materialidade), além de faltar o atributo da disponibilidade de riqueza nova. A recuperação de custo ou de despesa pode ser equiparada aos efeitos da indenização, pela similitude no caráter de recomposição patrimonial (...)”. De outro lado, na boa doutrina encontramos os seguintes conceitos jurídicos para o termo “receita”: Tércio Sampaio Ferraz Júnior afirma que “receita é a quantidade de valor financeiro, originário de outro patrimônio, cuja propriedade é adquirida pela sociedade empresária ao exercer as atividades que constituem as fontes do resultado, conforme o tipo de atividade por ela exercida” (Revista Forum de Direito Tributário, número 28). Geraldo Ataliba assegura que “o conceito de receita referese a uma espécie de entrada. Entrada é todo o dinheiro que ingressa nos cofres de uma entidade. Nem toda a entrada é uma receita. Receita é a entrada que passa a pertencer à entidade. Assim, só se considera receita o ingresso de dinheiro que venha a integrar o patrimônio da entidade que a recebe.” (Estudos e pareceres de direito tributário”, Revista dos Tribunais, São Paulo, vol. I, p. 81). Fl. 197DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 198 8 Paulo de Barros Carvalho aduz que “...o termo ‘receita’ é gênero, susceptível de ser dividido em subclasses. O ‘faturamento’ figura como exemplo nítido, pois abrange apenas as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços”. Arremata o jurista: “Receita é o acréscimo patrimonial que adere definitivamente ao patrimônio da pessoa jurídica, não a integrando quaisquer entradas provisórias, representadas por importâncias que se encontrem em seu poder de forma temporária, sem pertencerlhes em caráter definitivo.” (em Direito Tributário, Linguagem e Método. Noeses, São Paulo: 2008, p. 728/729). José Antônio Minatel afirma que “receita é o conteúdo material qualificado pelo ingresso de recursos financeiros no patrimônio da pessoa jurídica, em caráter definitivo, proveniente dos negócios jurídicos que envolvam o exercício da atividade empresarial, que corresponda à contraprestação pela venda de mercadorias, pela prestação de serviços, assim como pela remuneração de investimentos ou pela cessão onerosa e temporária de bens e direitos a terceiros, aferido instantaneamente pela contrapartida que remunera cada um desses eventos” (Caderno de Direito Tributário 2006, EMAGIS – Escola da Magistratura do TRF da 4ª. Região). Com base nas diversas proposições acima elencadas, podemos conceituar “receitas” como os ingressos definitivos de recursos financeiros no patrimônio da empresa (Ataliba, Paulo de Barros e Minatel), reveladores de riqueza nova (Leandro Paulsen) e, desde que, oriundas do exercício de suas atividades empresariais, em acepção ampla (Tércio e Minatel). O “faturamento”, por sua vez, como uma espécie do gênero “receitas”, que decorrem do ingresso definitivo de recursos oriundos exclusivamente das vendas de mercadorias e da prestação de serviços. No caso em tela, não houve ingresso de recurso revelador de riqueza nova oriundo do exercício de sua atividade empresarial e, consequentemente, não houve o auferimento de “receita”, e muito menos de “faturamento”. Houve mero ressarcimento de tributos (uma recuperação de custos tributários), sob a forma de crédito presumido, não podendo ser tratado como se fosse um ingresso de recurso, oriundo da atividade empresarial do contribuinte, inexistindo, por isso mesmo, manifestação de riqueza passível de ser tributada. Destarte, não consigo vislumbrar como um ressarcimento das contribuições (pagas sobre as aquisições de insumos utilizadas no processo produtivo), operacionalizada através de um mecanismo de “crédito presumido do IPI” (escritural que reduzirá o montante do IPI a pagar), pode ser caracterizado como uma “receita auferida” ou “faturamento auferido”. É de concluirse, portanto, que o ressarcimento de tributos está fora do conceito de receita ou de faturamento! Não há subsunção do fato concreto (ressarcimento das contribuições por meio da concessão de “crédito presumido do IPI”) à hipótese normativa (“auferir receita ou faturamento”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária / obrigação tributária). Não bastasse tudo o que foi exposto, ainda que se considerasse o crédito presumido de IPI como receita (o que não pensarmos ser!), restaria incabível a sua inclusão na base de cálculo do PIS e da COFINS porque as receitas decorrentes de exportações são imunes dessas contribuições (art. 149, § 2º, I, da CF). Fl. 198DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 199 9 No que toca à jurisprudência administrativa, na mesma linha de entendimento adotado em meu voto, transcrevo ementa do Acórdão nº 9303001.648, proferido na Câmara Superior de Recursos Fiscais, sessão de 03/10/2011, de relatoria do i. Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda (em votação unânime): Ementa: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/1999 a 30/04/2003 LEI Nº 9.363/96. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. EXPORTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA. BASE DE CÁLCULO DA COFINS. O objetivo da Lei nº 9.363/96 é desonerar o PIS/COFINS do produto exportado. O montante referente ao crédito presumido de IPI, consoante a referida lei, não possui natureza jurídica de receita e, portanto, não compõe a base de cálculo da COFINS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. DECISÃO DEFINITIVA DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal, através do seu órgão plenário, já se posicionou de forma definitiva quanto à inconstitucionalidade do disposto no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, com a reafirmação da sua jurisprudência, no julgamento do RE nº 582.235/MG, reconhecido como de repercussão geral, tendo se deliberado, ainda, neste caso, pela edição de súmula vinculante. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 4º DO DECRETO Nº 2.346/1997 E DO ARTIGO 62 DO RICARF. Nos termos do parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 2.346/1997, na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Esse entendimento é corroborado pelo disposto no artigo 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, que permite aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação, sob fundamento de inconstitucionalidade, de dispositivo que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. Recurso Especial do Procurador Negado. Por fim, registrese ainda que "é pacífico o entendimento do STJ no sentido de que o crédito presumido do IPI não pode integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS", conforme se depreende dos julgados cujas ementas transcrevemos a seguir: AgRg no Ag 1357791/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, julgado em 04/06/2013. Ementa: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 200 10 TRIBUTÁRIO PIS COFINS AGRAVO REGIMENTAL INOVAÇÃO RECURSAL IMPOSSIBILIDADE BASE DE CÁLCULO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI INCLUSÃO IMPOSSIBILIDADE. 1. Descabe a esta Corte emitir juízo de valor em agravo regimental sobre tese que não foi objeto do recurso especial. Inovação do feito que não se admite. 2. É pacífico o entendimento do STJ no sentido de que o crédito presumido do IPI não pode integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido. AgRg no REsp 1244633/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/03/2013. Ementa: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO DO PIS/PASEP E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA: RESP 993.164/MG. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, disciplinado pela Lei 9.363/96, constitui benefício fiscal de que gozam as empresas produtoras e exportadoras de mercadorias nacionais para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS. 2. Agravo regimental não provido. AGRg no REsp nº 1075961/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 07/10/2010. Ementa: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI (LEI N. 9.363/96). IMPOSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência desta Corte firmou seu entendimento no sentido de que as exações relativas ao PIS e à Cofins não incidem sobre os valores correspondentes ao crédito presumido do IPI, instituído pela Lei n. 9.363/96. 2. Precedentes: REsp 1130033/SC, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 16.12.2009; AgRg no REsp 1059829/SC, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 4.11.2008; REsp 807.130/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 21.10.2008; e REsp 1025833/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, DJe 17.11.2008. 3. Ademais, "ainda que se considerasse receita, incabível a inclusão do crédito presumido do IPI na base de cálculo do PIS e da COFINS porque as receitas decorrentes de exportações são isentas dessas contribuições" (REsp 807.130/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 21.10.2008). 4. Agravo regimental não provido. Da atualização monetária pela taxa Selic Fl. 200DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 11065.002042/200560 Acórdão n.º 3202001.478 S3C2T2 Fl. 201 11 A Recorrente alega que tem direito à atualização da restituição dos créditos presumidos de IPI pela Taxa Selic até a data da efetiva restituição do indébito Entendo que razão assiste à Recorrente. Isto porque a restituição dos tributos pagos indevidamente deverá ser acrescida dos juros moratórios calculados à Taxa SELIC, desde a data do pagamento indevido, nos termos do que dispõe o art. 39, § 4°, da Lei nº 9.250/96, verbis: Art. 39. (...) §4º A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1%. Conclusão Ante o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito à restituição dos tributos, com a devida atualização monetária desde a data do pagamento indevido. É como voto. Luís Eduardo Garrossino Barbieri Fl. 201DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente e m 23/03/2015 por LUIS EDUARDO GARROSSINO BARBIERI, Assinado digitalmente em 05/04/2015 por IRENE SOU ZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
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Numero do processo: 10814.009666/2008-78
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 16/05/2008
INFRAÇÃO POR ATRASO NO REGISTRO DA CHEGADA DE AERONAVE NO PAÍS. REGISTRO NO SISTEMA MANTRA APÓS O MOMENTO DA EFETIVA CHEGADA. APLICAÇÃO DE MULTA REGULAMENTAR. POSSIBILIDADE.
O registro, no sistema Mantra, após o momento da chegada, no País, de aeronave procedente do exterior configura infração por descumprimento de obrigação acessória, sancionada com a correspondente multa regulamentar.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-005.233
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente).
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REGISTRO NO SISTEMA MANTRA APÓS O MOMENTO DA EFETIVA CHEGADA. APLICAÇÃO DE MULTA REGULAMENTAR. POSSIBILIDADE. O registro, no sistema Mantra, após o momento da chegada, no País, de aeronave procedente do exterior configura infração por descumprimento de obrigação acessória, sancionada com a correspondente multa regulamentar. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Marcos Antonio Borges, Cassio Schappo, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio De Castro Pontes (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 00 96 66 /2 00 8- 78 Fl. 400DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 29/03/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10814.009666/200878 Acórdão n.º 3801005.233 S3TE01 Fl. 401 2 Relatório Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que narra bem os fatos, em razão do princípio da economia processual: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 5.000,00, referente à multa por deixar de prestar informação sobre veículo, na forma e prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. De acordo com o relato feito na peça impositiva (fls. 04/05), a companhia aérea deixou de registrar a chegada do Voo DAL 0105, no momento de sua chegada, conforme determina a legislação. Embora a aeronave tenha pousado às 8:40 horas, do dia 16/05/2008, e calçado às 8:52 horas, segundo os dados dos sistemas de controle operados pela Infraero, o registro de sua chegada não havia sido feito pela transportadora no Sistema MANTRA, até às 9:26 horas daquele dia. Diante desse fato, a fiscalização procedeu, às 9:27 horas, à lavratura de ofício do Termo de Entrada, a fim de evitar alterações na relação de cargas manifestadas no Sistema MANTRA, prevenindo possíveis desvios de carga e outros ilícitos tributários. Considerando, assim, que as informações sobre a chegada do veículo transportador foram prestadas em desacordo com as normas estabelecidas pela IN/SRF n° 102/94, o fisco aplicou a multa prevista pela alínea "e" do inciso IV do artigo 107 do DecretoLei n° 37, de 1966. Cientificada do lançamento em 09/06/2008 (fl. 02), a contribuinte apresentou impugnação em 10/07/2008, juntada às fls. 172 e seguintes, alegando em síntese que: (a)preliminarmente, denuncia a nulidade do auto de infração, por afronta ao art. 9° do Decreto n° 70.235/72, posto que embora mencionadas, as informações supostamente obtidas no Sistema de Informações de Voo (SIV) e no Sistema de Movimentação de Aeronaves no Pátio SMAP não foram comprovadas por meio de documentos hábeis a demonstrar sua existência. A falta desses documentos fulmina, ademais, seu direito de defesa; (b)alega, ainda, a nulidade formal por falta de fundamentação legal válida, sob o argumento de que o lançamento fiscal se apoia nos artigos 30 e 31 do Decreto n° 4.543/2002, os quais não possuem lastro na legislação ordinária, visto que a redação de ambos foi dada pela Medida Provisória n° 38/2002, rejeitada pelo Congresso Nacional; Fl. 401DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 29/03/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10814.009666/200878 Acórdão n.º 3801005.233 S3TE01 Fl. 402 3 (c)no mérito, declara que a conduta típica não ocorreu, pois é sabido que a chegada da aeronave não consubstancia um momento único no tempo, mas decorre de uma série de procedimentos operacionais que condicionam a efetiva disponibilização da aeronave para os servi çosnecessáriosporparte dacompanhia aérea e da própria autoridade aduaneira. E tal lapso temporal não é estabelecido, expressamente, em qualquer normativo desta D. Secretaria, devendo ser observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade para a atuação do agente fiscal na aferição deste "prazo"; (d)aplicandose os princípios citados frente à ausência de regra específica quanto às horas ou minutos em que deve ser efetuado o registro da entrada da aeronave, é de se concluir que o atraso alegado pela autuante 30 minutos é diametralmente oposto à gravosidade da pena aplicada; (e)ressalta, ademais, que o registro de oficio da entrada da aeronave, previsto no art. 9° da IN 102/94, somente pode ocorrer nas restritas hipóteses de (i) falta de 'formações sobre carga procedente do exterior previamente à chegada de veiculo ou sobre carga procedente de trânsito e (ii) não entrega dos manifestos e dos respectivos conhecimentos de carga e, quando for o caso, dos documentos de trânsito aduaneiro. Esclarece que as informações atinentes à carga estavam devidamente lançadas no sistema MANTRA, e não foi apontado qualquer indício de desvio de mercadorias, o que afasta, de per se, o cabimento do registro de oficio do termo de entrada da aeronave e, consequentemente, a aplicação da multa ora combatida; (f)não bastasse isto, é garantido pela legislação aduaneira o prazo de duas horas para efetuarse qualquer alteração no registro das cargas, nos termos do art. 4°, §3°, inciso II, e no artigo 8°, ambos da Instrução Normativa n. 102/94, o que faz letra morta da alegação de que "o imediato registro do Termo de Entrada da aeronave poderia prevenir "graves distorções ao controle do fluxo aduaneiro de mercadorias e facilitar desvio de cargas e outros crimes tributários"; (g)conclui, assim, que inexistindo lei que prescreva especificamente o lapso temporal após o qual deve ser considerado não efetivado o registro de oficio do termo de entrada da aeronave (conteúdo do ato administrativo), afigura se contra lege o seu enquadramento numa previsão legal supostamente semelhante e que concretize penalidade exacerbada, sem relação com a situação jurídica que autoriza ou exige a prática do referido ato (motivo); (h)requer seja declarado nulo o auto de infração e cancelada a multa combatida. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) julgou improcedente a Impugnação, conforme ementa abaixo: Fl. 402DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 29/03/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10814.009666/200878 Acórdão n.º 3801005.233 S3TE01 Fl. 403 4 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/05/2008 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE VEÍCULO. O registro de chegada de veículo procedente do exterior ou portando carga sob regime de trânsito aduaneiro deverá ser efetuado, conforme o caso, pelo transportador ou pelo beneficiário do regime de trânsito, na unidade local da SRF, no momento de sua chegada; sob pena de sujeitarse o infrator à multa prevista pelo art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/2003. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho repisando as alegações ofertadas quando da impugnação, acrescentando que: · não havia na época dos fatos um prazo temporal devidamente estabelecido para a companhia aérea registrar a chegada de um voo procedente do exterior no sistema SISCOMEXMANTRA.; · que o "atraso" cometido pela Recorrente de 34 (trinta e quatro) minutos para prestar a informação sobre o termo de entrada/chegada do veículo não é aceitável para aplicação da pena que lhe foi imposta, afinal esse tempo gasto pela Recorrente foi devido ao estacionamento completo da aeronave, início da operação de descarga de bagagens e descarga de cargas, descarga de documentos pertinentes às cargas transportadas e finalmente à volta ao escritório da empresa para que então pudesse informar o termo de entrada da aeronave no horário correto da sua chegada.; · demonstrada a ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade do ato administrativo, evidenciase a nulidade do auto de infração. É o Relatório. Fl. 403DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 29/03/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10814.009666/200878 Acórdão n.º 3801005.233 S3TE01 Fl. 404 5 Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. No presente caso foi lavrado Auto de Infração para cobrança da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, abaixo transcrita, haja vista o descumprimento da obrigação acessória disposta no art. 9 da IN SRF no. 102/94: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): e) por deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ir empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga. (Grifado) A IN SRF n° 102/94, norma complementar que trata do prazo e da forma da prestação de informação sobre a chegada no País de veículo aéreo procedente do exterior, assim dispunha em seu art. 9º: Art. 9º O registro de chegada de veículo procedente do exterior ou portando carga sob regime de trânsito aduaneiro deverá ser efetuado, conforme o caso, pelo transportador ou pelo beneficiário do regime de trânsito, na unidade local da SRF, no momento de sua chegada, cabendolhe, simultaneamente, a entrega à fiscalização aduaneira dos manifestos e dos respectivos conhecimentos de carga e, quando for o caso, dos documentos de trânsito aduaneiro. § 1º A falta de informações sobre carga procedente do exterior previamente à chegada de veículo ou sobre carga procedente de trânsito, associada à não entrega dos documentos de que trata o "caput" deste artigo, implicará na configuração de declaração negativa de carga, nos moldes do previsto pelo parágrafo único do art. 46 do Decreto n° 91.030, de 5 de março de 1985. § 2º Quando não atendido o disposto neste artigo, o AFTN deverá proceder ao respectivo registro da chegada, sem prejuízo da aplicação das penalidades cabíveis. § 3° A chegada do veículo caracterizará, para efeitos fiscais, o fim da espontaneidade prevista no art. 138 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. (Grifado) Fl. 404DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 29/03/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10814.009666/200878 Acórdão n.º 3801005.233 S3TE01 Fl. 405 6 A norma complementar retrocitada estabelece que o registro de chegada de aeronave procedente do exterior deverá ser efetuado pelo transportador no momento de sua chegada no País. No caso em tela, segundo os dados dos sistemas de controle operados pela Infraero, embora a aeronave do Vôo DAL 0105 tenha pousado às 8:40 horas, do dia 16/05/2008, e calçado às 8:52 horas, o registro de sua chegada não havia sido feito pela transportadora no Sistema MANTRA, até às 9:26 horas daquele dia. Diante desse fato, a fiscalização procedeu, às 9:27 horas, à lavratura de ofício do Termo de Entrada. Assim, se houve o descumprimento do prazo de registro determinado na referido preceito normativo, caracterizado pelo momento da chegada da aeronave no País, indubitavelmente, consumouse a conduta infratora prevista determinada na alínea “e” do inciso IV do art. 107 do Decretolei nº 37, de 1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003. É oportuno ainda ressaltar que o registro da chegada da aeronave, no Sistema Mantra, implica abertura do termo de entrada, documento indispensável para controle aduaneiro das cargas transportadas e descarregadas no recinto alfandegado local. Quanto às alegações da recorrente de que a imposição da penalidade viola os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, respeitam a matéria cuja discussão é estranha à competência deste Colegiado. Com efeito, na via administrativa o exame da lide há de se ater apenas à aplicação da legislação vigente, sendo descabido pronunciarse sobre a validade ou constitucionalidade dos atos legais, matéria que se encontra afeta ao Supremo Tribunal Federal, como se verifica dos artigos 102, I, “a” e III, “b”, da CRFB. Matéria está pacificada no âmbito administrativo, tendo sido objeto da Súmula CARF no 2, consolidada na Portaria CARF no 52, de 21/12/2010 (DOU de 23/12/2010), que dispôs, verbis: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desta forma, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 405DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 29/03/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 13502.900750/2013-05
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3802-000.382
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (unidade do domicílio tributário da Recorrente), para que, com base nos documentos apensados aos autos às fls. 258/1.264 e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e, após analisar se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS conforme alegado e de acordo com o contido no voto, elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente refletem a realidade dos fatos apontados.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausente momentaneamente o Conselheiro Solon Sehn.
Relatório
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (unidade do domicílio tributário da Recorrente), para que, com base nos documentos apensados aos autos às fls. 258/1.264 e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e, após analisar se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS conforme alegado e de acordo com o contido no voto, elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente refletem a realidade dos fatos apontados. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausente momentaneamente o Conselheiro Solon Sehn. Relatório
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DE CERV. E REFRIG. DO NORDESTE S/A, CNPJ nº 01.278.018/000112). Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba – SP (unidade do domicílio tributário da Recorrente), para que, com base nos documentos apensados aos autos às fls. 258/1.264 e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03 e, após analisar se os dispêndios com os itens indicados são passíveis de apropriação de créditos da COFINS conforme alegado e de acordo com o contido no voto, elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente refletem a realidade dos fatos apontados. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Ausente momentaneamente o Conselheiro Solon Sehn. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 35 02 .9 00 75 0/ 20 13 -0 5 Fl. 1269DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900750/201305 Resolução nº 3802000.382 S3TE02 Fl. 1.270 2 Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a decisão do Acórdão nº 0646.385, da 3ª Turma da DRJ de Curitiba (PR) fls. 209/214, que não homologou a compensação constante do PER/DCOMP nº 32434.01025.250210.1.3.046264, nos termos do despacho decisório emitido em 03/07/2013 pela DRF Sorocaba (rastreamento nº 56415940). Na aludida Dcomp, transmitida eletronicamente em 25/02/2010, a contribuinte indicou um crédito de R$ 529.076,62 (que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 14/10/2005, sob o código 5856, no valor de R$ 1.222.220,66) e débitos de sua responsabilidade no valor total de R$ 800.016,76. Por unanimidade de votos, a DRJ/CTA julgou improcedente a manifestação de inconformidade formalizada pela recorrente, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 DCTF. DACON. RETIFICAÇÃO. INTIMAÇÃO PRÉVIA AO DESPACHO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL. Se a contribuinte, intimada, não apresenta documentos contábeis capazes de comprovar a ocorrência de erro de fato em sua DCTF e em seu Dacon (retificadores), apresentados, ainda que previamente à emissão do despacho decisório, não há como reconhecer direito creditório, devendose manter a não homologação da compensação pleiteada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Por bem descrever os fatos contidos nos autos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o processo de manifestação de inconformidade apresentada em 14/08/2013, em face da não homologação da compensação declarada por meio do Per/Dcomp nº 32434.01025.250210.1.3.046264, nos termos do despacho decisório emitido em 03/07/2013 pela DRF Sorocaba (rastreamento nº 56415940). Na aludida Dcomp, transmitida eletronicamente em 25/02/2010, a contribuinte indicou um crédito de R$ 529.076,62 (que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 14/10/2005, sob o código 5856, no valor de R$ 1.222.220,66) e débitos de sua responsabilidade no valor total de R$ 800.016,76. Segundo o despacho decisório, cientificado em 15/07/2013, a compensação não foi homologada porque, apesar de o pagamento ter sido localizado, não foi apurado saldo para fins de compensação. Na manifestação apresentada, a interessada discorre sobre os fatos havidos, diz que antes da emissão do despacho decisório foi intimada a Fl. 1270DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900750/201305 Resolução nº 3802000.382 S3TE02 Fl. 1.271 3 apresentar documentos que comprovassem a origem do pagamento indevido, consoante processo administrativo nº 10855.722095/201261, e que tais documentos foram apresentados. Aduz, ainda, que a origem dos créditos foi considerada não comprovada pela fiscalização e que a compensação não foi homologada. Discorda da decisão e afirma que tanto a DCTF quanto o Dacon foram retificados antes da ciência do despacho decisório. Salienta que a declaração retificadora substitui integralmente a que foi retificada e, por considerar espontânea a transmissão da declaração, pede que a mesma seja acolhida. Transcreve jurisprudência do CARF e, ao final, pede a homologação da compensação. Às fls. 162 a 208, juntaramse extratos de consulta aos sistemas de controle de DCTF e Dacon. É o relatório. Em 05/05/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância, conforme consta às fls. 219 (ciência eletrônica – abertura do Portal eCAC). Inconformada com a decisão da DRJ/CTA, em 04/06/2014 (recibo do SVA, fl. 221), apresentou recurso voluntário a este CARF (fls. 222/236), argumentando em suas razões que: 1) Dos fatos e decisão recorrida Em síntese, defende a recorrente que, com base no art. 3° da lei nº 10.833/2003, apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos, o que acarretou a revisão da apuração de COFINS relativa ao período de 09/2005. E,consequentemente, a constatação de que o montante devido para referido período de COFINS era de R$ 3.816.556,58 (5856) e não de R$ 4.138.684,58, conforme anteriormente ela havia informado no DACON e na DCTF, ensejou uma diferença passível de restituição/compensação na quantia de R$ 322.128,00 (R$ 4.138.684,58 R$ 3.816.556,58). Uma vez retificadas as DCTF e DACON de forma espontânea, ou seja, antes da ciência do despacho decisório, as declarações retificadas (DACON e DCTF) têm a mesma natureza das declarações originais, substituindoas integralmente. Da análise do acórdão recorrido revela que o reconhecimento do direito ao crédito está condicionado à comprovação, por meio da apresentação de provas materiais (documentos contábeis), das alterações por ela feitas na DCTF e no DACON. 2) Das Razões da Reforma da Decisão Recorrida 2.1 Da revisão da apuração da COFINS e do PIS realizada pela recorrente Tal revisão se fez necessária ante o objetivo almejado pela recorrente de adequar o processo de apuração do PIS e da COFINS, centralizandoo em seu estabelecimento matriz, haja vista que, as referidas apurações eram realizadas em cada um de seus estabelecimentos filiais, com a utilização de critérios que divergiam com o praticado pela matriz. Fl. 1271DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900750/201305 Resolução nº 3802000.382 S3TE02 Fl. 1.272 4 A realização da revisão tinha como escopo criar critérios únicos para apuração do PIS e da COFINS, ajustando eventuais equívocos. Conforme demonstra a tabela abaixo, que corresponde às fichas l6A e 16B da DACON, a base de cálculo do crédito apurado, no valor total de R$ 16.514.660,10, foi composta por valores referentes aos bens para revenda, bens utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, despesas de aluguéis, fretes, encargos de depreciação e valor de aquisição sobre bens do ativo, devolução de vendas, créditos por unidade de medida de produto, outros créditos e bens utilizados como insumos – importação (quadro demonstrativo elaborado no recurso): Alega que tal composição encontra respaldo nos documentos fiscais/contábeis da recorrente, anexados ao presente recurso. A fim de comprovar referida afirmação, a recorrente junta aos autos as planilhas anexas elaboradas de acordo com os valores contidos nos resumos dos livros de registro de apuração do IPI e do I ICMS entradas de cada estabelecimento (doc. n° 1), os CFOPS de cada operação (doc. n° 2), os rótulos de linha (doc. nº 3) as notas fiscais de entrada daquele estabelecimentos (doc. n° 4). Ressaltase que tais demonstrativos foram feitos com espeque nos registros efetuados nos livros de apuração do IPI e do ICMS entradas e saídas e nas notas fiscais de entrada de cada estabelecimento, motivo pelo qual, nesta oportunidade, juntamse aos autos as cópias daqueles registros (doc. n° 5). Por conseguinte, algumas destas operações de entrada ensejaram à recorrente, com base no art. 3° da lei nº 10.833/2003, a tomada de créditos de COFINS, a qual por ela foi devidamente efetuada, nos termos da tabela supramencionada. A fim de elucidar que tais créditos foram corretamente encontram respaldo nos documentos fiscais/contábeis, juntamse os demonstrativos anexos (doc. nº 1 ao 15 – fls. 258 a 1.264). 2.2) Do direito ao crédito da COFINS e do PIS sobre materiais e serviços adquiridos Na época da revisão realizada, a recorrente contratou a empresa Pricewaterhouse Coopers Contadores Públicos para a realização de um estudo, cuja cópia se encontra acostadas aos autos (fls. 376/398). Amparada pelo estudo desenvolvido pela PwC, a recorrente apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos anteriormente, com relação a materiais e serviços adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo e despesas de frete relacionadas à aquisição dos materiais adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos. Cita e transcreve várias Soluções de Consulta elaborada pela Receita Federal do Brasil. 3) Do Pedido Fl. 1272DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900750/201305 Resolução nº 3802000.382 S3TE02 Fl. 1.273 5 Ante todo o exposto, requer o provimento do recurso voluntário de forma a homologar integralmente a declaração de compensação em discussão. Caso entendam que os documentos ora apresentados não são suficientes à confirmação da integralidade do crédito, pedese a conversão deste julgamento em diligência, a fim de que a verdade material seja enfim demonstrada. Por fim, solicita a sustentação oral de suas razões, requer ainda que seja intimada por via postal e, por fim, também intimado de todos os atos processuais, por via postal, o seu advogado, conforme nome e endereço acostado no recurso. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator Da admissibilidade do recurso Como visto, em 05/05/2014, a recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância (fl. 219 – data da abertura dos arquivos no link Portal eCAC). Em 04/06/2014 (fl. 221 – recibo entrega pelo SVA), apresentou recurso voluntário a este CARF (fls. 222/236). Portanto, o recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Da análise do processo No caso sob análise, temos que a controvérsia trata que a Recorrente, após intimada em processo específico, não apresentou documentos contábeis capazes de comprovar a ocorrência de erro de fato em sua DCTF e em seu Dacon (retificadores), apresentados, ainda que previamente à emissão do despacho decisório. No caso, além dos Dacon retificadores e da Solução de Consulta, nenhuma outra prova foi apresentada, concluindo a decisão recorrida que “resta inegável que o direito não pode ser reconhecido”. Segundo o despacho decisório, cientificado em 15/07/2013 (fl. 10), a compensação não foi homologada porque, apesar de o pagamento ter sido localizado, não foi apurado saldo para fins de compensação. Consta dos autos que, em relação ao mês de setembro de 2005, a Recorrente transmitiu 03 declarações DCTF (em 08/11/2005, 08/03/2006 e 24/03/2010). Nelas, a contribuinte alterou o débito sob análise de R$ 4.138.684,58 para R$ 3.816.556,58. Por sua vez, quanto aos Dacon, vêse que apresentou dois demonstrativos (em 08/11/2005 e 24/02/2010) com alterações nos débitos apurados. Ressaltese que o despacho decisório em questão foi cientificado no dia 15/07/2013 (fl.10) e, portanto, antes de sua emissão (e da ciência), nos dias 24/02/2010 e 24/03/2010, respectivamente, o DACON e a DCTF (fls. 162 a 208 extratos de consultas sistemas DCTF e Dacon), foram retificados pela Recorrente, afim de alterar o valor da COFINS devida no período de apuração de setembro de 2005. Fl. 1273DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900750/201305 Resolução nº 3802000.382 S3TE02 Fl. 1.274 6 Quanto a esses ocorridos, a decisão a quo, analisando os autos a luz dos fatos constantes na manifestação de inconformidade, concluiuse da seguinte maneira: (...) Tais alterações, é válido ressaltar, decorreram da mudança nos valores de diversos outros itens do Dacon, tais como: bens para revenda, bens utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, despesas de aluguéis de prédios locados de pessoas jurídicas, despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoas jurídicas, despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, devolução de vendas, ajustes positivos e negativos de créditos, receitas financeiras, outras receitas, receitas isentas, etc. Aludidos ajustes, como pode ser verificado, ocorreram previamente à ciência do despacho decisório que concluiu pela inexistência do direito ao crédito. Apesar de haver decisões administrativas, como a citada na manifestação de inconformidade, acolhendo tais retificações quando ocorridas antes de a contribuinte ser cientificada de algum despacho/decisão envolvendo os créditos tributários tratados nessas retificações, não há como perder de vista que a contribuinte foi intimada em processo específico (nº 10855.722095/201261), acerca da necessidade de comprovar o motivo das alterações por ela inseridas em suas DCTF e em seus Dacon (Intimação DRF/SOR/SEORT nº 1912/2011 – ESK, recebida em 15/12/2011): (...). (...) Pois bem, na medida em que houve uma intimação prévia acerca dos créditos pleiteados, a discussão acerca da existência do crédito passa, necessariamente, para a comprovação dessas alterações, ou seja, antes de se avaliar a questão da espontaneidade das retificações, devese constatar se, nos termos da legislação – e nesse ponto o § 1º do art. 147 do CTN é esclarecedor – houve efetivamente algum erro de fato que, tendo sido comprovado, mereça ser corrigido. Noutras palavras, o fato de a contribuinte ter retificado espontaneamente sua DCTF e seu Dacon, não tem o condão, por si só, de gerar o direito creditório pretendido, afinal, uma vez que ela foi intimada a justificar (apresentando provas materiais) as alterações efetuadas na DCTF e no Dacon, a discussão acaba se deslocando justamente para a comprovação dessas alterações (grifo nosso). Por outro giro, a recorrente aduz em seu recurso que, com base no art. 3° da lei nº 10.833/2003, apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos, o que acarretou a revisão da apuração de COFINS relativa ao período de setembro/2005. Que uma vez retificadas as DCTF e DACON de forma espontânea, ou seja, antes da ciência do despacho decisório, as declarações retificadas (DACON e DCTF) têm a mesma natureza das declarações originais, substituindoas integralmente. Destaca que a origem do crédito pretendido está amparada pelo estudo desenvolvido pela empresa PwC (fls. 376/398), concluindo que a recorrente apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos anteriormente, com relação a materiais e serviços adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos Fl. 1274DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900750/201305 Resolução nº 3802000.382 S3TE02 Fl. 1.275 7 utilizados no processo produtivo e despesas de frete relacionadas à aquisição dos materiais adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos. Ressalta que tal revisão se fez necessária ante o objetivo almejado de adequar o processo de apuração do PIS e da COFINS, centralizandoo em seu estabelecimento matriz, haja vista que referidas apurações eram realizadas em cada um de seus estabelecimentos filiais, com a utilização de critérios que divergiam com o praticado pela matriz. Enfatiza ainda, que a recomposição demonstrada no recurso encontrase respaldada pelo demonstrativo e documentos fiscais e contábeis que estão anexados aos presentes autos. Pois bem. Neste passo, considerando os dados e informações registrados nos documentos anexo aos autos (fls. 258/1.264), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pelo contribuinte e, portanto, não foram analisados pelo agente fazendário da origem do processo, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal consiste em uma providência que resulta na melhor aplicação do Direito e da Justiça e por isso deve sempre ser perseguida. Com base nessas considerações, devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 (PAF), voto pela conversão do julgamento em diligência, devendo os autos retornarem à DRF de Sorocaba – SP (domicílio tributário da Recorrente), para que: 1) com base nos documentos apensados aos autos às fls. 258/1.264 (planilha de cálculo, informações e cópia de documentos, demonstrativos e extrato de livros contábeis e fiscais), levandose em conta a DCTF e DACON, retificados, e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03, analisar se os dispêndios alegados pela recorrente são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme demonstrativo de apuração elaborado às fl. 229 do recurso voluntário; após, 2) elaborar parecer e demonstrativo, concluindo se as informações lançadas pela Recorrente refletem a realidade dos fatos apontados. Após a conclusão da diligência, devem ser intimados sucessivamente a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, para, querendo, dentro do prazo fixado, manifestaremse sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Após, retornemse os autos a esta 2ª Turma Especial/3ª Seção, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 1275DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10380.903359/2009-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 05 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1102-000.260
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
João Otavio Opperman Thome Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Guidoni Filho Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros João Otavio Oppermann Thome, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) João Otavio Opperman Thome Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos Guidoni Filho Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros João Otavio Oppermann Thome, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) João Otavio Opperman Thome – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos Guidoni Filho – Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros João Otavio Oppermann Thome, José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregorio, João Carlos de Figueiredo Neto e Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão proferido pela Quarta Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Fortaleza (DRJ/FOR) assim ementado, verbis: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .9 03 35 9/ 20 09 -1 1 Fl. 224DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 3 2 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 ESTIMATIVA MENSAL. PAGAMENTO INDEVIDO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. INTEGRAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO AO PAGAMENTO A MAIOR. ART. 10 DA IN SRF 600/2005. CARÁTER VINCULANTE. Por força do artigo 10 das INs SRF no 460, de 2004, e 600, de 2005, a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido de imposto de renda ou de CSLL a titulo de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve o pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” O caso foi assim relatado pela instância a quo, verbis: “O processo versa sobre compensação (PER/DCOMP n° 17608.90414.290705.1.3.044120), que objetiva compensar recolhimento a maior de estimativa de IRPJ, pago em 30/11/2004. O total do crédito original utilizado nesta DCOMP foi de R$709.177,36. 2. O Despacho Decisório (fls. 07/08) considerou improcedente o crédito informado na PER/DCOMP, à luz da seguinte fundamentação: “Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período.” 3. O referido decisório está arrimado no seguinte enquadramento legal: os artigos 165 e 170 da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN), artigo 10 da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005 e artigo 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 4. Irresignado, o contribuinte apresentou impugnação contra o referido ato administrativo, alegando que: No período em questão, o contribuinte declarou em DCTF débito tributário relativo a estimativa mensal de IRPJ/CSLL, pagandoo. Posteriormente, verificando erro, transmitiu a devida DCTF retificadora, diminuindo tal débito. Depois de encerrado Fl. 225DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 4 3 o anocalendário em questão, apresentou PER/DCOMP, aproveitandose da diferença entre o valor pago .e a quantia declarada na DCTF retificadora. • Para sua surpresa, a contribuinte recepcionou Intimação/Despacho Decisório pela Secretaria da Receita Federal (SRF), comunicando a improcedência do crédito informado na PER/DCOMP, sob o argumento de que tal crédito tratavase de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado como dedução do imposto de renda mensal da pessoa jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ao para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. • Pelo que está acima exposto, fica muito evidente que, ainda que o tributo recolhido em demasia fosse considerado estimava mensal da IRPJ/CSLL, logo, passível de compensacão apenas após a constituição do saldo negativo ao final do período de, apuração, a compensação pleiteada pela requerente ainda seria legitima. • Ocorre que, quando a compensação foi pleiteada, o exercício já estava encerrado, logo, jamais o despacho decisório poderia ainda tratar tais recolhimentos como mera estimativa, tendo em conta que já era cediço o quantum devido no regime de apuração pelo lucro real anual. • Em síntese, por qualquer via tal recolhimento é indevido ou a maior, pois o montante da obrigação tributária já era conhecido quando a compensa cão foi pleiteada, sendo injustificável a motivação do despacho decisório, que alegou que o recolhimento por estimativa só poderia servir para compor o saldo negativo do IRPJ/CSLL ao final do período de apuração. • Ocorre que o Despacho Decisório ora impugnado ignorou completamente o fato da ocorrência do erro no recolhimento, como foi exposto, tendo a integralidade do valor recolhido como tributo pago por estimativa. Na situação considerada pelo fisco, o valor da compensação darseia com a posterior verificação da existência de pagamento indevido, passível apenas no final do exercício, ao comparar o valor recolhido com o montante devido ao fim do período de apuração com base no regime de Lucro Real Anual. • Infelizmente o Despacho Decisório, de forma incauta, fundamentase em regra geral sem considerar as particularidades do caso concreto, no qual o recolhimento efetuado foi superior ao devido e declarado através da DCTF. Situação bem diversa, talvez a que tenha fundamentado a decisão impugnada, é aquela na qual o contribuinte realiza pagamentos por estimativa mensal e os declara ao fisco e, em dado período de apuração, vislumbra que os recolhimentos superam o lucro real até aquele momento, porém, antes mesmo do encerramento do exercício, quando apenas então teria a condição de contemplar se os recolhimentos efetuados e declarados ao fisco eram ou não indevidos. • O caso da impugnante é bem diverso, o valor declarado ao fisco como devido por estimativa mensal de IRPJ/CSLL é inferior ao que foi recolhido, logo, inegável a caracterização de pagamento indevido. • Ocorre que o Despacho Decisório fundamenta a decisão nele contida igualando o caso da impugnante com a metodologia de apuração por estimativa presente no regime de lucro real anual, onde, na declaração anual de ajuste, vislumbrase se os recolhimentos estimados são superiores ou inferiores ao devido, resultando na constatação de pagamento indevido. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 5 4 • Tal confusão fica notória quando a decisão expõe que "por tratarse de pagamento ao titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ e CSLL do período". Como se vê, a decisão impugnada considera que o recolhimento efetuado pela impugnante era devido ao titulo de estimativa mensal, quando a DCTF do período de apuração em debate demonstrava valor inferior ao que foi efetivamente recolhido, constituindose assim em pagamento indevido. • A impugnante entende estar havendo um notório mal entendido por parte da SRF, quando pretende tratar de pagamento por estimativa o que não é, pois coma já foi exaustivamente exposto tratase de pagamento em excesso do recolhimento mensal por estimativa. De outra forma, pelo que pretende a SRF, jamais poderia haver pagamento indevido ou a maior quando o contribuinte fosse recolher a estimativa mensal, pois, em qualquer circunstância tal recolhimento seria considerado uma estimativa mensal, a ser totalizada ao final do exercício, e comparada com o quantum devido no Lucro Real anual. • A situação sobredita não pode merecer guarida jurídica, pois ignora completamente um fato da vida real de qualquer contribuinte, tão passível de ocorrer no cotidiano que há previsão legal para seu tratamento, que é o erro no cômputo do tributo devido pelo contribuinte, levandoo a recolher mais do que o exigido pela legislação. Pela decisão ora impugnada, tal realidade seria irrelevante quando tratase de recolhimento por estimativa, pois o contribuinte estimando certo ou errado o valor do tributo mensal, tal estimativa seria dada como efetiva para efeito de comparação com o valor anual devido. • Obviamente, tal entendimento não pode prosperar, pois cerceia completamente um direito liquido e certo do contribuinte de reaver o que erroneamente apurou e recolheu. Admitir o contrário seria subverter inclusive principio geral de direito, no qual há repulsa geral ao locupletamento sem causa, neste caso, por parte da Fazenda Pública. • Diante do exposto, resta evidente tratarse de recolhimento indevido, visto realizado em monta superior ao declarado em DCTF, justificandose o pedido de compensação pleiteado e refutandose por completo a negativa do fisco em reconhecer tal límpido direito. • Ainda que a hipótese levantada no Despacho Decisório merecesse guarida, apesar da notória impropriedade da decisão em aplicar regra genérica a caso especifico circunstancialmente diverso, outros detalhes táticos merecem especial atenção, pois de forma alguma poderiam ter sido completamente ignorados na motivação da decisão impugnada. • Posteriormente, percebendo que havia recolhido valor a maior, a empresa transmitiu o PER/DCOMP, tendose ainda retificado a DCTF. • Diante dos fatos ignorados no Despacho Decisório, resta evidenciado que o recolhimento gerador do direito creditório pleiteado já era passível de comparação com o valor efetivamente devido para o anocalendário em questão. Isso porque, no momento da entrega da DIPJ, já se sabia qual era o IRPJ/CSLL efetivamente devido pelo regime de apuração do Lucro Real Anual. • O valor do IRPJ/CSLL devido no ano em questão havia sido informado ao fisco, quando da transmissão da DIPJ. Nestes termos, já era possível determinar que os Fl. 227DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 6 5 recolhimentos realizados por estimativa mensal ao longo do exercício superavam o valor efetivamente devido no calendário, motivando a composição do saldo negativo demonstrado na Ficha 12 A da DIPJ mencionada. • De outro modo, é logicamente inviável admitir que, no momento da transmissão do PER/DCOMP, já após o encerramento do resultado do ano ern questão, ainda, se pudesse tratar os recolhimentos efetuados naquele ano como estimativas mensais, quando já havia o aperfeiçoamento do quantum devido, manifestadamente inferior ao total recolhido ao longo do exercício. • Tal ilógica acepção tragada no despacho decisório afronta qualquer hermenêutica, ou mesmo, a mera etimologia do instituto defendido pelo fisco, qual seja, o da estimativa. Por definição de nossa pátria linguagem, estimativa é a previsão de um valor, circunstância ou resultado. Desta forma, é irrazoável admitir ainda se tratar de estimativa de recolhimento de tributo devido, quando já se sabe, e não apenas se estima, o valor definitivo da contribuição devida. Em simples questionamento: Como se pode considerar recolhimento estimado da IRPJ/CSLL de determinado anocalendário, quando o pedido de compensação se deu posteriormente? • Em que pese a impugnante ter por certo, como já foi exaustivamente demonstrado, tratarse de recolhimento indevido, pois recolheu valor de estimativa mensal superior aquele declarado ao fisco, ainda que se admitisse a ilógica tese do fisco, considerando tratarse de recolhimento por estimativa, logo, restrito a composição de saldo negativo, no caso concreto em análise, também se trataria de saldo negativo, fato formalmente consignado na DIPJ transmitida pelo contribuinte. • Sabendo de tais fatos, a compensação pleiteada pela impugnante é devida por encontrar respaldo fático e legal, visto que, pelo que já foi fartamente exposto, a origem do crédito não homologado foi o pagamento indevido, seja por se tratar de recolhimento a maior quando comparado com o valor devido declarado em DCTF, seja pelo fato de já se ter, na época do pleito de compensação, a certeza de que tais recolhimentos excediam ao tributo devido no final do exercício em questão. • O direito a restituição ou compensação dos valores indevidamente recolhidos pelo contribuinte encontrase previsto no inciso II do art. 165 do CTN. • Para a fruição do direito, fazse necessária a ocorrência de pagamento indevido, decorrente de erro do contribuinte quando do recolhimento do tributo ou ainda, na extinção de decisão condenatória que cominava ao contribuinte o pagamento de tributo. • Dito isto, tendo em vista o que já foi relatado, resta evidente tratarse de recolhimento indevido. Ocorre que, em um primeiro momento, a impugnante declarou valor a titulo de estimativa mensal do IRPJ/CSLL devido. Em momento posterior, revisando o cômputo da monta devida, o contribuinte constatou erro da determinação do montante do débito, retificando a competente declaração (DCTF), informando que o valor correto seria outro menor. • Pelo exposto, fica notório que o fato descrito se alinha perfeitamente com a hipótese de recolhimento indevido prevista no art.165, II, do CTN, acima transcrito, por tratarse de inequívoco erro no cálculo do montante do débito, sendo importante salientar que o equivoco foi devidamente saneado e informado SRF através da retificação da DCTF do período. • Em relação a transmissão da DCTF retificadora é relevante relembrar o que dispõe o §10 do art. 90 da IN SRF n° 255/02, vigente à época dos fatos em debate, abaixo transcrito: Fl. 228DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 7 6 Art. 9º. Os pedidos de alteração nas informações prestadas em DCTF serão formalizados por meio de DCTF retificadora, mediante a apresentação de nova DCTF elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1° A DCTF mencionada no caput deste artigo terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados em declarações anteriores. • Da leitura da norma acima, se extrai que, ao transmitir a DCTF retificadora informando valor de débito relativo a IRPJ/CSLL devida por estimativa inferior ao originalmente declarado, o novo valor declarado substituiu o anterior para todos os efeitos, tendo em vista que a declaração retificadora substitui integralmente a retificada. Desta feita, é inegável que o valor devido ao titulo da exação em debate é inferior ao que foi declarado, logo, alinhandose plenamente na figura de pagamento indevido, prevista no art. 165, II, do CTN. • Pelo que decidiu o despacho da SRF em impugnação, o contribuinte jamais erraria no recolhimento estimado de IRPJ e CSLL, quando sujeito ao lucro real anual, pois qualquer que fosse a monta recolhida estarseia sempre diante de recolhimento por estimativa, negando o fato, até usual, de que o contribuinte pode erra no cálculo do débito. Se a própria norma (art. 165, II, CTN) previu a possibilidade de erro do contribuinte, jamais poderia o intérprete afastar tal comum, corriqueira e verossímil possibilidade. • Diante de tamanha impropriedade, parece ao contribuinte tratarse de mera confusão no trato das circunstâncias particulares do caso concreto por parte da SRF, que confundiu o recolhimento alvo do pedido de compensa cão com o valor mensal apurado com base no regime de estimativa, pois o valor recolhido foi superior ao valor da estimativa, logo, em parte indevido. O que não poderia ser alvo de compensa cão, pelas normas expostas como fundamento da decisão, é o valor do tributo calculado e recolhido ao titulo de estimativa, ou seja, o valor exato da exação devida sob o regime de estimativa e não eventuais recolhimentos a maior. • Sobre este fato, é importante analisar o que diz o inciso IV do §4° do art. 2° da Lei No. 9.430/96, abaixo transcrito, aplicável à IRPJ/CSLL, conforme art. 28 da Lei N°. 9430/96: Art. 2° A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15. da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1 ° e 2° do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei n°8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995. § 4° Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: IV do imposto de renda pago na forma deste artigo. • Como está claro na norma acima, o que está vinculado ao tributo devido no regime de apuração anual é o valor recolhido na forma do art. 2°, ou seja, o tributo calculado na forma ali prescrita, logo, o que foi pago em excesso não foi pago na forma prevista na lei, logo, não está inserido na vinculação sobredita. Sendo a norma omissa a Fl. 229DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 8 7 qualquer valor eventualmente pago em excesso, por ausência previsão legal, jamais poderia a SRF pretender fazer tal vincula ção, uma vez que o legislador não o fez. • Neste exato sentido, o então Conselho de Contribuintes proferiu decisões pela possibilidade de compensa cão dos valores pagos a maior, de forma indevida, nos recolhimento de estimativas mensais de IR e CSLL já no mês subseqüente ao mesmo. Ainda mais flagrante é tal direito no caso em debate, quando a compensação foi feita apenas no exercício subseqüente, quando não mais há de ser falar em estimativa, visto que já era conhecido o quantum devido no exercício. • Tal entendimento pode ser exemplificado pelas seguintes decisões: RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA A MAIOR QUE O DEVIDO O valor do recolhimento a titulo de estimativa maior que o devido segundo as regras a que está submetido o lucro real anual, é passível de compensação/restituição, a partir do mês seguinte. O valor que está vinculado à apuração no final do ano é a estimativa recolhida de acordo com a legislação de regência do referido sistema. (Acórdão 10516205, Processo No. 14033.000221/2005 28, 1 ° CC, Quinta Câmara, Sessão de 06/12/2006, Relator José Clóvis Alves, Provimento por unanimidade). [O contribuinte aduziu outros atos administrativos em seu favor] • Por tudo que foi exposto, resta claro o direito da impugnante, configurado que está o pagamento a maior, logo indevido, tendo em vista que excedente ao que preconiza o art, 2° da Lei 9.430/96, desta feita, alheio a vincula ção dada aos recolhimentos por estimativa. Motivo este, pelo qual, o egrégio Conselho de Contribuintes tem reiteradamente reconhecido o erro da SRF ao vincular o pagamento excedente das estimativas mensais em debate. • Afora tudo o que 16 foi exposto, que deixa de forma induvidosa o direito da impugnante, o art. 858, §1°, II do RIR/99 • A justificativa trazida pelo fisco para negar neste e em outros casos a compensação de estimativas mensais de IR e CSLL seria o fato de não se saber, por ocasião do recolhimento, se haveria ou não recolhimento indevido, visto que ainda não se saberia a exação devida no regime anual. No caso em tela, tal justificativa não tem qualquer sentido pois, como já dito, a compensação foi pleiteada no ano seguinte, logo, quando já se sabia o valor da obrigação anual e, por conseguinte, já se tinha a certeza da impropriedade do recolhimento feito em demasia. Portanto, se o Fisco prefere fazer vista grossa à realidade do pagamento indevido, como já demonstrado, não pode negar que a hipótese levantada para negar a compensação não se aplica ao caso presente. • A própria SRF, através do Ato Declaratório SRF No. 3/00, reconhece o direito dos contribuintes em compensarem o saldo negativo do 1RPJ e CSSL já a partir de janeiro do ano calendário subseqüente, conforme se vê abaixo transcrito: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no § 4º do art. 39 da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995, nos arts. 1° e 6º da Lei n°9.430, de 27 de dezembro de 1996, e no art. 73 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, declara que os saldos negativos do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, apurados anualmente, poderão ser restituídos ou compensados com o imposto de renda ou a contribuição social sobre o lucro liquido devidos a partir do mês de janeiro do anocalendário subseqüente ao do encerramento do período de apuração, acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic Fl. 230DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 9 8 para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o mês anterior ao da restituição ou compensação e de um por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (G.N). • Da simples leitura da norma acima se extrai que, ainda que diante de insensata visão de não reconhecer como indevidos os recolhimentos alvo do pleito de compensação, a impugnante teria o direito de compensar os valores recolhidos. No caso em análise, pleiteouse a compensação dos mesmos apenas posteriormente, quando a norma torna passível de compensação, quando negativo, o tributo recolhido ao titulo de estimativa mensal já a partir de janeiro do exercício subseqüente. • Como fica evidente, ainda que os valores recolhidos a maior não fossem considerados como indevidos, logo passíveis de restituição ou compensação, na época em que as compensações foram pleiteadas já eram passíveis de compensação ao titulo de saldo negativo de 1RPJ/CSLL em relação ao ano calendário em questão. • Do exposto, se extrai que não ha como negar o direito da compensação pleiteada pelo contribuinte, de outra forma, terseia a insólita situação do contribuinte ser obrigado a recolher o débito cuja compensação não foi homologada, tão somente para gerar novo direito creditório passível de restituição ou compensação. Isto é evidente, pois caso a compensação não seja homologada, o crédito fiscal usado na mesma, decorrente do pagamento a maior da estimativa ou na pior das hipóteses, constituinte de saldo negativo de IRPJ, ficaria novamente desvinculado, logo, passível de restituição ou compensação. • A absurda situação acima descrita parece há muito não mais existir no ordenamento jurídico pátrio, pois é de flagrante atentado ao principio da economia processual ou, em uma visão mais finalista, afronta o instituto da compensação, há décadas aplicável as relações obrigacionais e hoje prevista no art. 368 do Código Civil. • Em resumo, o fisco tem que restituir ou compensar os valores em debate de qualquer maneira, seja através da compensação já pleiteada, objeto do presente processo, ou em pedido futuro, pois ao negar a presente compensação, os valores recolhidos tornamse desvinculados de qualquer relação jurídica, devendo pois ser imediatamente restituídos ao contribuintes, pois de outra forma estaria caracterizado o enriquecimento ilícito da Fazenda Pública, possibilidade rechaçada pelo ordenamento pátrio. 5. Por fim, o administrado requereu: que fosse homologada a declaração de compensação, seja pelo fato do recolhimento objeto do pedido de compensação ter sido efetuado em monta superior ao que determina a lei, seja pelo fato deste valor, na época do pedido de compensação, já compor saldo negativo de IRPJ/CSLL; e que fosse cancelada a cobrança constante na intimação / despacho decisório.” O acórdão recorrido julgou improcedente a manifestação de inconformidade, pois entendeu que não seria possível a compensação de pagamento indevido ou a maior de estimativas em vistas à vedação contida na Instrução Normativa nº 600/05. Em sede de recurso voluntário, a Contribuinte reproduz suas alegações da manifestação de inconformidade, requerendo a homologação da compensação, pois não haveria óbice legal para a compensação do pagamento a maior ou indevido de estimativas. É o relatório. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 10 9 Voto Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Conforme salientado em sede de relatório supra, a Contribuinte sustenta que em 30.11.2004 efetuou o recolhimento do valor de R$878.015,61 (fls. 35) para pagamento do montante de estimativas de IRPJ do mês de outubro de 2004. Citado montante, após a apresentação de DCTF retificadora (fls. 43), foi reduzido para 108.377,04, razão pela qual restou caracterizado o recolhimento a maior de tributo devido naquele período. O valores respectivo, atualizado em 15.07.2005, totalizaria R$855.145,42. Noticia a Contribuinte que, em 15.07.2005, transmitiu a PER/DCOMP n. 35116.21077.150705.1.3.045028, por meio da qual utilizou parte dos créditos para quitação de débitos de COFINS do mês de junho de 2005, no valor de R$67.178,44. Segundo a Contribuinte, pois, restariam ainda R$787.966,97 para posterior compensação, considerados os acréscimos legais incidentes sobre o montante principal do direito creditório alegado. Em 29.07.2005, a Contribuinte transmitiu a PER/DCOMP n. 17608.90414.290705.1.3.044120 (fls. 2/6), por meio da qual pretendeu utilizar o montante de crédito original de R$709.177,37 dos R$769.638,77 que entendia fazer jus por força do recolhimento de DARF e retificação de DCTF acima citados – para quitação dos débitos arrolados na declaração de compensação. Considerados os respectivos encargos moratórios, o montante compensado perfez o montante supra de R$787.966,97. É essa última compensação que é objeto desse processo administrativo. A pretensão da Contribuinte foi indeferida pela RFB, sob o fundamento de que eventuais créditos relativos ao recolhimento a maior de estimativas de IRPJ apenas poderiam ser utilizados na dedução do IRPJ devida ao final do período de apuração ou na composição do respectivo saldo negativo após a entrega da declaração de ajuste. Pois bem. A possibilidade de compensação de estimativas recolhidas indevidamente ou a maior ao longo de determinado anocalendário, independentemente da formação do saldo negativo do período respectivo, não comporta divagações, ante a edição da Súmula CARF nº 84, do seguinte teor, verbis: “Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.” Contudo, em que pese a pacificação dessa questão jurídica, a caracterização do indébito de estimativas recolhidas ao longo do anocalendário pressupõe, além do recolhimento a maior, que o valor respectivo (das estimativas) não componham o saldo negativo apurado no Fl. 232DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME Processo nº 10380.903359/200911 Resolução nº 1102000.260 S1C1T2 Fl. 11 10 anocalendário correspondente, sob pena de possibilitar ao contribuinte dupla restituição de tributos sobre o mesmo pagamento. Nessa hipótese, em que o contribuinte considera (por opção) as estimativas recolhidas na formação do saldo negativo do período correspondente, a restituição que se deve deferir é a deste (saldo negativo) e não do eventual indébito decorrente daquele particular (e provisório) recolhimento de tributo, salvo em caso de retificação da DIPJ (quanto ao montante do saldo negativo) pelo contribuinte antes do respectivo pedido de retificação/compensação. No caso, embora os elementos dos autos não sejam suficientes para verificar se a estimativa de outubro de 2004 compôs (ou não) o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004, a Contribuinte apresentou planilha de cálculos a fls. 63, por meio da qual sugere que as estimativas cuja restituição se requer também compõem tal saldo negativo, informado na ficha 12 da DIPJ 2005 a fls. 64. Nesses termos, considerados (a) a pretensão da Contribuinte de compensar o valor do saldo negativo de IRPJ informado em sua DIPJ e não o montante de estimativas recolhidas em novembro de 2004 (referentes ao mês de outubro/2004), já que fez constar dele (saldo negativo) o valor de tais estimativas; e (b) o provável erro de preenchimento da declaração de compensação respectiva, que se extrai do teor da própria manifestação de inconformidade e da alegada composição do saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 2004; e (c) a ausência de elementos nos autos para reconhecer, desde já, o direito creditório da Contribuinte, orientase voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que sejam adotadas as seguintes providências: a) seja atestada a existência, ou não, de PER/DCOMP´s relativa ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004; (b) seja atestada, de forma conclusiva e justificada, se existe saldo passível de utilização para que seja procedida a compensação do saldo negativo de IRPJ com os débitos objeto do pedido de compensação deste processo, considerados todos os demais pedidos de compensação relacionados ao direito creditório proveniente do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004. Em relação a todas as verificações efetuadas deverá ser lavrado Relatório de Diligência circunstanciado e dele ser dada ciência ao contribuinte para sobre ele se manifestar, no prazo de 30 (trinta) dias, querendo. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Guidoni Filho Fl. 233DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPER MANN THOME
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Numero do processo: 10920.721961/2012-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
ENQUADRAMENTO DE SEGURADOS EMPREGADOS. NECESSIDADE DE DESCRIÇÃO DOS REQUISITOS ESSENCIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE GENERALIZAÇÃO OU ABSTRAÇÃO TOMANDO POR BASE A PROFISSÃO, MORMENTE QUANDO SE TRATA DE PROFISSIONAL LIBERAL QUE PRESTA SERVIÇOS POR INTERMÉDIO DE PESSOA JURÍDICA DA QUAL É SÓCIO. MÉDICOS EM HOSPITAIS.
O lançamento que desconsidera o contrato celebrado entre hospital e sociedade médica para enquadrar os sócios da sociedade médica como segurados empregados do hospital deve conter a descrição da presença cumulativa de todos requisitos essenciais da relação de emprego, sendo necessário para tanto que se indique quem prestou o serviço e como este se realizou, com menção às particularidades da atividade de cada profissional, quando existentes, e como o empregador exerceu o seu poder diretivo.
Para a configuração da relação de emprego não basta a mera generalização ou abstração simplesmente por se tratar de atividade hospitalar e pelo prestador do serviço ser médico sócio de sociedade médica formalmente contratada, salvo na hipótese de impossibilidade de individualização das situações por omissão da sociedade ou da empresa contratante na apresentação de documentos ou na hipótese destes se mostrarem deficientes (art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei n° 8.212/91; e art. 148 do CTN). Não se nega a necessidade de o hospital manter segurados empregados, inclusive médicos, para assegurar um mínimo de organização das atividades, mas também não se impõe fática e juridicamente que todos os médicos ou prestadores de serviço devam ser, necessariamente, empregados.
Cumpre à fiscalização individualizar as atividades dos segurados que, como profissionais liberais, não raras vezes exercem suas atividades com liberdade e autonomia, inclusive por intermédio de suas próprias sociedades médicas.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.542
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por maioria de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento, por vício material, os fatos geradores decorrentes da descaracterização da prestação de serviços por pessoas jurídicas, porque não restou suficientemente demonstrada a fundamentação fática da existência dos pressupostos da relação de emprego entre cada um dos sócios das pessoas jurídicas contratadas e a recorrente. Vencidos na votação o Conselheiro Relator e o Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, que entenderam por negar provimento ao recurso. Por maioria de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário do Auto de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD 37.333.451-6, lavrado no CFL 68, para excluir os fatos geradores relativos à descaracterização da prestação de serviços por pessoa jurídica, devendo, nos fatos geradores remanescentes, a multa aplicada ser recalculada, tomando-se em consideração as disposições contidas no artigo 32-A,I da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao contribuinte, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no artigo 106, II, c do Código Tributário Nacional. Vencidos na votação o Conselheiro Relator e o Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, que entenderam por negar provimento ao recurso, no que se refere à exclusão dos fatos geradores decorrentes da prestação de serviço por pessoas jurídicas. Por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao cancelamento da isenção patronal das contribuições previdenciárias, porque a recorrente não cumpriu com os requisitos exigidos pela legislação, por período de regência. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor.
Fez sustentação oral: Camila Dantas Borel OAB/SC 16.061
Liege Lacroix Thomasi - Presidente
Leonardo Henrique Pires Lopes Relator
André Luís Mársico Lombardi Redator designado
Conselheiros presentes à sessão: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, ARLINDO DA COSTA E SILVA, LEO MEIRELLES DO AMARAL, JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES.
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
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NECESSIDADE DE DESCRIÇÃO DOS REQUISITOS ESSENCIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE GENERALIZAÇÃO OU ABSTRAÇÃO TOMANDO POR BASE A PROFISSÃO, MORMENTE QUANDO SE TRATA DE PROFISSIONAL LIBERAL QUE PRESTA SERVIÇOS POR INTERMÉDIO DE PESSOA JURÍDICA DA QUAL É SÓCIO. MÉDICOS EM HOSPITAIS. O lançamento que desconsidera o contrato celebrado entre hospital e sociedade médica para enquadrar os sócios da sociedade médica como segurados empregados do hospital deve conter a descrição da presença cumulativa de todos requisitos essenciais da relação de emprego, sendo necessário para tanto que se indique quem prestou o serviço e como este se realizou, com menção às particularidades da atividade de cada profissional, quando existentes, e como o empregador exerceu o seu poder diretivo. Para a configuração da relação de emprego não basta a mera generalização ou abstração simplesmente por se tratar de atividade hospitalar e pelo prestador do serviço ser médico sócio de sociedade médica formalmente contratada, salvo na hipótese de impossibilidade de individualização das situações por omissão da sociedade ou da empresa contratante na apresentação de documentos ou na hipótese destes se mostrarem deficientes (art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei n° 8.212/91; e art. 148 do CTN). Não se nega a necessidade de o hospital manter segurados empregados, inclusive médicos, para assegurar um mínimo de organização das atividades, mas também não se impõe fática e juridicamente que todos os médicos ou prestadores de serviço devam ser, necessariamente, empregados. Cumpre à fiscalização individualizar as atividades dos segurados que, como profissionais liberais, não raras vezes exercem suas atividades com liberdade e autonomia, inclusive por intermédio de suas próprias sociedades médicas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 19 61 /2 01 2- 75 Fl. 3257DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por maioria de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento, por vício material, os fatos geradores decorrentes da descaracterização da prestação de serviços por pessoas jurídicas, porque não restou suficientemente demonstrada a fundamentação fática da existência dos pressupostos da relação de emprego entre cada um dos sócios das pessoas jurídicas contratadas e a recorrente. Vencidos na votação o Conselheiro Relator e o Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, que entenderam por negar provimento ao recurso. Por maioria de votos em dar parcial provimento ao recurso voluntário do Auto de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD 37.333.4516, lavrado no CFL 68, para excluir os fatos geradores relativos à descaracterização da prestação de serviços por pessoa jurídica, devendo, nos fatos geradores remanescentes, a multa aplicada ser recalculada, tomandose em consideração as disposições contidas no artigo 32A,I da Lei n.º 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor da multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao contribuinte, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no artigo 106, II, c do Código Tributário Nacional. Vencidos na votação o Conselheiro Relator e o Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, que entenderam por negar provimento ao recurso, no que se refere à exclusão dos fatos geradores decorrentes da prestação de serviço por pessoas jurídicas. Por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao cancelamento da isenção patronal das contribuições previdenciárias, porque a recorrente não cumpriu com os requisitos exigidos pela legislação, por período de regência. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. Fez sustentação oral: Camila Dantas Borel OAB/SC 16.061 Liege Lacroix Thomasi Presidente Leonardo Henrique Pires Lopes – Relator André Luís Mársico Lombardi – Redator designado Conselheiros presentes à sessão: LIEGE LACROIX THOMASI (Presidente), ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, ARLINDO DA COSTA E SILVA, LEO MEIRELLES DO AMARAL, JULIANA CAMPOS DE CARVALHO CRUZ, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES. Fl. 3258DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Principal,DEBCAD nº 37.333.4478,consolidado em21/05/2012, em face de ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE EVANGÉLICA DE JOINVILLE, no valor de R$ 4.874.908,64 (quatro milhões, oitocentos e setenta e quatro mil, novecentos e oito reais e sessenta e quatro centavos), apurado em folha de pagamento,referente às contribuições previdenciárias,parte patronal, incidentes sobre às remunerações mensais devidas ou creditadas a segurados empregados e contribuintes individuais; às contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, e o financiamento da aposentadoria especial aos 25 anos sobre as remunerações dos segurados,no período de 01/01/2008 a 31/12/2008. Tratase, também, do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Principal, DEBCAD nº 37.333.4486, consolidado em 21/05/2012, em face de ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE EVANGÉLICA DE JOINVILLE no valor de R$ 4.236.066,29 (quatro milhões, duzentos e trinta e seis mil, sessenta e seis reais vinte e nove centavos), apurado na contabilidade e enquadrados como empregados na ação fiscal,referente às contribuições previdenciárias, parte patronal, sobre as remunerações mensais dos segurados considerados como empregados; bem como às contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações dos segurados considerados como empregados, no período de 01/01/2008 a 31/12/2008. Tratase, ainda, do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Principal, DEBCAD nº37.333.4494, consolidado em 21/05/2012, em face de ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE EVANGÉLICA DE JOINVILLE no valor de R$ 1.116.781,09 (Um milhão, cento e dezesseis mil, setecentos e oitenta e um reais e nove centavos), referente às contribuições devidas a terceiros (FNDE, INCRA, SEBRAE e SESC/SENAC), que tiveram como fatos geradores as remunerações de segurados empregados apuradas na contabilidade, no período de 01/2008 a 12/2008 Tratase, também do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Principal, DEBCAD nº 37.333.4580,consolidado em 21/05/2012, em face de ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE EVANGÉLICA DE JOINVILLE no valor de R$1.116.781,09 (Um milhão, cento e dezesseis mil, setecentos e oitenta e um reais e nove centavos) que compreende às contribuições para as terceiras entidades e fundos (FNDE, INCRA, SEBRAE e SESC/SENAC), que tiveram como fatos geradores as remunerações de segurados empregados no período de 01/2008 a 12/2008,apuradas na contabilidade e enquadrados como empregados na ação fiscal. Fl. 3259DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 4 E mais, tratase do Auto de Infração por Descumprimento de Obrigação Acessória DEBCAD nº 37.333.4516,consolidado em 21/05/2012, em face de ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE EVANGÉLICA DE JOINVILLE no valor de R$323.424,00,por deixar de informar em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias.no período de 01/2008 a 12/2008. Ademais, No procedimento fiscal foram lavrados ainda os seguintes autos de infração que integram os autos do Processo nº 10920.721963/201264:DEBCADs 51.009.100 8; 51.009.1016; 51.009.1024; 51.009.1032; 51.009.1040; e 51.009.1059. Segundo relatório fiscal, as autuações foram lavradas no curso do Procedimento Fiscal nº 0920200.2011.01339, realizado junto à ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE EVANGÉLICA DE JOINVILLE, doravante ABEJ, em face de sentença judicial exarada nos autos da Ação Popular nº 500279181.2010.404.7201/SC,em tramite na Justiça Federal de Joinville/SC / Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e cujo objeto é a verificação dos requisitos para a fruição do benefício fiscal de entidade beneficente de assistência social. As informações disponíveis nos bancos de dados da RFB e do MDS indicam que a ABEJ, mantenedora do HDH (Hospital Dona Helena), teve seu CEBAS renovado para o período 29/12/2006 a 28/12/2009. Esta renovação foi deferida com base no artigo 37 ou 39 da MP 446/2008 e publicada via Resolução MDS/CNAS nº 07/2009, DOU de 04/02/2009. Para o período subseqüente, conforme consulta ao SICNAS processo nº 71000.116093/200988, a entidade apresentou pedido de renovação do CEBAS junto ao MDS/CNAS, sem decisão até o momento. Ademais, não consta qualquer certificação ou pedido de certificação junto ao órgão competente para certificar as entidades que atuam na área da saúde (MS), posto que a entidade sempre atuou, em regime de quase exclusividade, na área da saúde. Com base nesta certificação a entidade vem usufruindo da isenção das contribuições para a seguridade social, conforme prevista no artigo 55 da Lei nº 8212/1991 (até 09/11/2008 e de 12/02/2009 a 29/112009), MP 446/2008 (de 10/11/2008 a 11/02/2009) e Lei nº 12.101/2009 (de 30/11/2009 em diante). Afirmou a auditoria que, após exame dos elementos apresentados, constatou se que: a entidade não atendeu todos os requisitos para a certificação de CEBAS, e; a entidade não cumpriu todos os requisitos para o gozo da isenção das contribuições sociais. Ambas as irregularidades ocorreram por todo o período sob fiscalização – 01/2008 a 12/2010, pelo menos. Fl. 3260DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 4 5 Assim sendo, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis/SC, entendeu por manter o crédito tributário. A ementa de tal decisão foi proferida nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 ISENÇÃO. ENTIDADE FILANTRÓPICA. PERCENTUALGRATUIDADE. SUSPENSÃO DO BENEFÍCIO FISCAL. Não Faz jus à isenção das contribuições previdenciárias e de terceiros a entidade que apenas investe percentual ínfimo de sua receita em gratuidade de assistência social beneficente ao necessitados abrangidos pela Lei Orgânica da Assistência Social.Cabível o lançamento fiscal referente ao período em que a entidade descumpre os requisitos para manutenção de entidade beneficente. ISENÇÃO. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 14 CTN. NÃOAPLICAÇÃO. O benefício da isenção das contribuições sociais, previsto no art. 195 da Constituição Federal, encontrase regulamentado em legislação específica(Lei 8.212/91 e posteriores), sem aplicação o disposto no art. 14 do CTN que trata de isenção de imposto. CONTABILIDADE DA ENTIDADE. SEGREGAÇÃO DASGRATUIDADES. A contabilidade da entidade deve segregar em contas específicas as gratuidades promovidas de assistência social, nos termos determinados pela legislação. RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO PARA FINSPREVIDENCIÁRIOS. PRIMAZIA DA REALIDADE. Se o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, interposta pessoa jurídica, ou sob qualquer outra denominação, na realidade mantém vínculo empregatício com o contratante, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Pelo Princípio da Verdade Material, uma vez configurado que a relação jurídica formal apresentada não se coaduna com a relação fática verificada,subsistirá a última. De acordo com o art. 118, inciso I do Código Tributário Nacional, a definição legal do fato gerador é interpretada Abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Fl. 3261DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 6 AFERIÇÃO INDIRETA DESCARACTERIZAÇÃODA ESCRITACONTÁBIL. A constatação de que a contabilidade não registra o movimento real do faturamento, do lucro e de remuneração dos segurados a serviço da empresa, enseja a aferição indireta das contribuições efetivamente devidas,cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. OMISSÃO DE FATOSGERADORES. Constitui infração apresentar Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias TAXA SELIC SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional.O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal,incluindo a multa de oficio, sobre o qual também incidem os juros de mora à taxa Selic. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 SOBRESTAMENTO DO PROCESSO. PENDÊNCIA DE DECISÃOSOBRE CEBAS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO.SUSPENSÃO DO CRÉDITO POR FORÇA DO ART. 151, III, CTN. Não se acolhe, por falta de previsão legal, pedido de sobrestamento defeitos de exigência fiscal enquanto pendente decisão sobre CEBAS.A suspensão da exigibilidade do crédito tributário segue a previsão do art.151, III, CTN, em face de impugnação tempestiva do lançamento fiscal. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES DECOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. A mera inclusão do nome de pessoas físicas ligadas à autuada pessoa jurídica no relatório de vínculos que integra o auto de infração visa apenas fornecer subsídios à Procuradoria da Fazenda Nacional, para que esta, caso seja necessário e cabível, pleiteie judicialmente o redirecionamento de eventual execução forçada do crédito tributário.Abstraindose da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Fl. 3262DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 5 7 AFERIÇÃO INDIRETA DESCARACTERIZAÇÃODA ESCRITACONTÁBIL. A constatação de que a contabilidade não registra o movimento real do faturamento, do lucro e de remuneração dos segurados a serviço da empresa, enseja a aferição indireta das contribuições efetivamente devidas,cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. OMISSÃO DE FATOSGERADORES. Constitui infração apresentar Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias TAXA SELIC SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional.O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal,incluindo a multa de oficio, sobre o qual também incidem os juros de mora à taxa Selic. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 SOBRESTAMENTO DO PROCESSO. PENDÊNCIA DE DECISÃOSOBRE CEBAS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO.SUSPENSÃO DO CRÉDITO POR FORÇA DO ART. 151, III, CTN. Não se acolhe, por falta de previsão legal, pedido de sobrestamento defeitos de exigência fiscal enquanto pendente decisão sobre CEBAS.A suspensão da exigibilidade do crédito tributário segue a previsão do art.151, III, CTN, em face de impugnação tempestiva do lançamento fiscal. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. LIMITES DECOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. A mera inclusão do nome de pessoas físicas ligadas à autuada pessoa jurídica no relatório de vínculos que integra o auto de infração visa apenas fornecer subsídios à Procuradoria da Fazenda Nacional, para que esta, caso seja necessário e cabível, pleiteie judicialmente o redirecionamento de eventual execução forçada do crédito tributário Fl. 3263DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 8 JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS O prazo para apresentação de provas no processo administrativo fiscal coincide com o prazo de que o contribuinte dispõe para impugnar o lançamento, salvo se comprovada alguma das hipóteses autorizadoras para juntada de documentos após esse prazo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada com a decisão, a Entidade interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, para cada um dos Autos de infração, alegando, em síntese: a) AI n°37.333.4478 É nula a autuação posto a perda de objeto, vez que a sentença dos autos da Ação Popular 500279181.2010.404.7201/ SC, que propugnou a ilegalidade do CEBAS do período de 29/12/2006 a 28/12/2009 e determinou à Secretaria da Receita Federal do Brasil fiscalização na empresa, restou reformada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) nos Embargos de Declaração na Apelação/Reexame Necessário,que determinou a baixa dos autos para apreciação do cumprimento dos requisitos para manutenção do CEBAS da entidade. Em se tratando do período a de 01/2010 a 12/2010, há que se considerar que a autuação também é nula, em virtude da continuidade ao pedido de renovação do CEBAS, protocolizado,tempestivamente, sob n° 71000.116093/200988, e que aguarda julgamento no Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome (MDS). Há nulidade, ainda, no tocante aos representantes legais que constaram do Relatório de Vínculos, uma vez que a responsabilidade de terceiros,disciplinada no art. 134 do Código Tributário Nacional (CTN), lhes seria imputada pelo crédito tributário nos casos de impossibilidade de cumprimento pelo contribuinte, porém, somente as pessoas expressamente relacionadas no dispositivo do CTN citado. No caso do art. 134 CTN, a única situação que permite a chamada de sócios seria a prevista no inciso VIII, porém, sem aplicação ao caso, posto que não se trata de liquidação de sociedade e que também não é uma sociedade de pessoas. Já no caso do art. 135 do CTN, que trata de responsabilidade solidária segundo o qual poderiam ser chamados não só sócios, como diretores, gerentes ou representantes legais, tal responsabilidade tem lugar nas hipóteses de excesso de poderes, infração à lei,Estatuto ou contrato Social, todavia, nos autos em debate as obrigações tributárias não têm origem nos atos classificados ou enquadrados nas hipóteses do art. 135 da norma legal. A autoridade fiscal aduziu que no período fiscalizado a Associação não cumpriu o principal requisito para certificação do CEBAS, qual seja, pelo menos 20% de sua receita total em gratuidade, ou a oferta ao SUS de pelo menos 60% de seus serviços, ou ainda,a oferta mínima de 60% da capacidade ao sistema de assistência social, bem como não cumpriu os requisitos para fruição da isenção das contribuições sociais, face a inexistência de assistência social beneficente e deficiências na escrituração contábil, todavia, ressaltase que teve renovado o CEBAS para o período de 29/12/2006 a 28/12/2009 (Resolução MDS/CNAS n°07/2009, DOU 04/02/2009), com base no art. 37/39 da MP 446/09, conforme despacho proferido no processo n° 71010.004341/200687;que tempestivamente protocolizou novo pedido sob nº 71000.116093/200988,que aguarda julgamento no MDS. Fl. 3264DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 6 9 Por se tratar de imunidade constitucional, prevista no art. 195,§ 7º, a limitação ao poder de tributar deveria ser por meio de lei complementar e, no caso,teria a aplicação o cumprimento dos requisitos dispostos no art. 14 do CTN e não os previstos no art. 55 da Lei nº 8.212/91 e decretos regulamentadores. A exigência de gratuidade de 20% ou 60% disposta nos Decretos nº 752/93 e 2.536/98 são exigências materiais, que rezam a condição de imunidade e que, de forma alguma, deveriam ser tratados por lei ordinária ou decreto e que, mesmo que na eventualidade o CEBAS não tenha sido concedido, por descumprimento de exigências materiais (20% ou 60% de gratuidade), conforme interpretação dada pela autoridade fiscal, tal ausência não é fator de perda de imunidade. A posição do STF é no sentido de que as condições estabelecidas no art. 55 da Lei nº 8.212/91, em sua redação original, são as condições do art. 14do CTN, uma vez que as exigências somente podem ser feitas por lei complementar e à lei ordinária somente complementos que não restrinjam a imunidade. Dito isto, concluise que a própria Lei 12.101/10 padece dos mesmos vícios de inconstitucionalidade. O problema surge pelo Decreto nº 752/93, que regulou inicialmente o disposto no art. 55, inciso II da Lei nº 8.212/91,estabelecendo requisitos, dentre os quais a aplicação mínima de 20% da receita bruta em gratuidade, bem como percentuais para as entidades que atuam na área de saúde. Porém, a previsão contida no decreto (revogado pelo Decreto nº 2.536/98, mas mantido o texto) é a exata disposição dos §§ 3º a 5º da do art. 55 da Lei nº 8.212/91, suspensa pela MC na ADIN2.028. Citese o parecer da lavra do Professor Ives Gandra da Silva Martins, o qual considera, pois,inconstitucionais exigências ampliadas por decretos. Desta feita, fortes são os argumentos que demonstram a eficácia da legalidade da aplicação do art. 14 do CTN/art. 55 da Lei n° 8.212/91, na forma de sua redação original; A recorrente é entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos, com atuação na área da saúde e assistência social, conforme seu Estatuto Social e Relatórios de Atividades dos anos de 2008 a 2010. Ademais, se mantém fiel aos seus fins estatutários, vez que presta assistência médico hospitalar sem distinção de cor, raça, religião, idade, estado civil ou sexo, tudo independentemente dos beneficiários pertencerem ao seu quadro social. No mais, promove atividades de prevenção de lesões e doenças do trabalho, por meio de serviços de ginástica laboral e ergonomia para entes públicos ou privados, nos moldes do art. 203 da CF/88, do art. 2º da Lei nº 8.742/93 (LOAS), do art. 55 da Lei n° 8.212/91 e do art. 2º do Decreto n° 2.536/98. Há que se ressaltar Que a imunidade prevista nos arts. 150, VI, “c” e 195, § 7,da CF/88 é garantia outorgada às instituições privadas que atuam como extensão do Estado, e a recorrente atende aos requisitos constitucionais e legais. Atende, também, aos requisitos materiais do art. 55 da Lei n° 8.212,que nada mais são do que os mesmos do art. 14 do CTN, atendendo inclusive as exigências formais. A exigência de gratuidade de 20% ou 60% disposta nos Decretos n°s 752/93 e2.536/98 são exigências materiais, que rezam a condição de imunidade e que não poderiam ser tratados por lei ordinária ou decreto;e na eventualidade do CEBAS não ter sido concedido,por descumprimento de exigências materiais (20% ou 60% de gratuidade), como falado pelo Auditor Fiscal, tal ausência não é fator de perda imunidade, inclusive já assentado pelo STF cuja posição é no sentido de que as condições estabelecidas no art. 55, redação original, da Lein° 8.212/91, são as condições previstas, até o momento, no art. 14 do CTN, ou Fl. 3265DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 10 seja, as exigências somente podem ser feitas por lei complementar, servindo à lei ordinária estabelecer complementos que não restrinjam a imunidade, fato que ocorre com os decretos e, no mesmo sentido a Lei 12.101/99 fere a Constituição Federal. No tocante a aplicação de 20% da receita total em gratuidade, se apresenta equivocada a conclusão da autoridade fiscal que considerou não servirem os lançamentos contábeis da entidade como gratuidade, uma vez que não há na legislação contábil e de assistência social um conceito específico de gratuidade.Assim, os Relatórios de Atividades comprovam o cumprimento do requisito, o qual salientase ser eivado de inconstitucionalidade. Não prospera o argumento da autoridade fiscal de que a entidade não cumpre o requisito previsto no inciso III do art.55 da Lei 8.212/91 (por não promove assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde a menores, idosos,excepcionais ou pessoas carentes), conforme provam os Relatórios de Prestação de Contas – CNAS, anexados por aquela autoridade, o que demonstra o fiel cumprimento do requisito e do Estatuto Social. Não há como concordar com a alegação de deficiência contábil por violação aos requisitos dos incisos VII e XI do art. 28 da MP n° 446/08 e incisos IV e VII do art. 29 da Lei n° 12.101/2009, haja vista que a segregação das contas de gratuidade e a definição da metodologia a ser utilizada para controlar/registrar e evidenciar os valores de assistência é mera deliberação do contabilista, quando da elaboração do plano de contas.E por inexistir, perante o CNAS, um padrão contábil específico para as demonstrações em gratuidade, foi que este órgão criou um Grupo de Trabalho para elaboração de manual de orientação sobre apresentação da comprovação em gratuidade,não obstante, não lograram êxito. Equivocase a autoridade fiscal ao concluir que desde 29/12/2009 a entidade não está certificada e que o pedido de renovação não possui decisão,já que, nos termos da MP446/08, restou permitido o encaminhamento do requerimento até o término do prazo de validade do CEBAS (31/12/2009), tal como previsto no art. 38 da Lei nº 12.101/09. Não sendo acatada a preliminar de nulidade, por força da nulidade da sentença nos autos da Ação Popular nº 81.2010.404.7201/SC, há que se proceder a suspensão da exigência fiscal até a decisão terminativa transitada em julgado desta Ação. Não cabe a aplicação da taxa Selic sobre a multa de ofício, isto contraria o ordenamento jurídico brasileiro; que embora apresente previsão de tais penalidades,estas não devem incidir uma sobre a outra.Cabe, pois. à Administração observar os preceitos legais, como o art. 43 da Lei nº9.430/96 e julgados do Conselho de Contribuintes. b)AI n°37.333.4486 O Auto de infração é nulo, posto o arbitramento da base de cálculo por aferição indireta, na medida em que não resta demonstrado a existência de elementos fáticos jurídicos que caracterizem a relação de trabalho, e ainda não há indícios de recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação por parte da recorrente. Outrossim, feriuse o princípio da motivação, princípio em que se pauta todo ato administrativo, quando da ausência de fundamentação legal e jurisprudencial para a utilização dos lançamentos das contas (“171185.01.02.01.04 honorários médicos" e "171195.01.02.01.05 honorários parcerias" e parte dos lançamentos da conta "171165.01.02.05.04 assessoria técnica") como base de cálculo. Fl. 3266DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 7 11 Devem ser excluídas da presente autuação todas as pessoas físicas listadas na relação de vínculos posto que estas não se enquadram nas determinações legais no que se refere a responsabilidade tributária solidária ou sequer subsidiária. A terceirização da atividade médica é regular elícita quando não existentes os requisitos que configurem a relação de emprego. Ademais, a atividade médica não se confunde com a atividade fim do hospital já que esta é de caráter empresarial,a terceirização é, pois, o fornecimento de condições e instrumental necessário para que o médico desempenhe o ato médico, vez que os hospitais cedem suas estruturas físicas e aparatos instrumentais viabilizando o exercício de suas funções. Da análise contratual e fática das relações estabelecidas, cada qual em sua especificidade, não se constata a existência de todo os requisitos necessários para o reconhecimento de vínculo empregatício de sócios em nenhuma das pessoas jurídicas constantes no Relatório Fiscal, quais sejam: ALEF SERVIÇOS DE ORTOPEDIA S/S, CNPJ 04.443.626/000123; BFM DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM LTDA, CNPJ 10.669.697/000141; BKF DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM LTDA, CNPJ 10.669.756/000181; CASAGRANDE SAÚDE SOC SIMPLES LTDA, CNPJ 04.278.475/000103; CH DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM S SIMPLES, CNPJ 00.259.802/000110; CLÍNICA CIRÚRGICA DE JOINVILLE LTDA, CNPJ 04.522.671/000173; KASTEN CONSULTORES ASSOCIADOS S/S, CNPJ 01.392.514/000100; M. A. R. CLÍNICA MÉDICA S/S LTDA, CNPJ 09.145.128/000118; MC DIAGNÓSTICOS S/S LTDA, CNPJ 09.436.526/000193; MK CLÍNICA MÉDICA CIRÚRGICA LTDA, CNPJ 08.648.486/000180; e RGM SERVIÇOS MÉDICOS LTDA, CNPJ 03.573.958/000160. c) AI n°37.333.4494 A Recorrente apresenta os mesmos argumentos discorridos no AI nº AI 37.333.4478, dantes relatado. d) AI n°37.333.4580 A recorrente apresenta as mesmas alegações já discorridas no AI nº AI 37.333.448 6. e) AI n°37.333.4516–A recorrente apresenta as mesmas alegações já discorridas nos AI 37.333.4478 e AI 37.333.448 6 anteriormente relatadas. É o relatório. Fl. 3267DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 12 Voto Vencido Conselheiro Leonardo Henrique Pires Lopes, Relator. Dos Pressupostos de Admissibilidade Sendo o presente Recurso Voluntário tempestivo e apresentando os requisitos de admissibilidade, passo ao seu exame. A recorrente apresentou distintas peças recursais, sendo uma para cada um dos Autos de Infração. Desta feita, a apreciação da matéria posta em litígio será feita analisandose cada um dos recursos, considerando se todavia comuns os que apresentam os mesmos argumentos. 1. AI 37.333.447 8 e AI 37.333.449 4 Das nulidades Da Ausência de nulidade por perda do objeto Alega a recorrente nulidade dos autos de infração por perda de objeto, uma vez que a sentença dos autos da Ação Popular 500279181.2010.404.7201/ SC, que propugnava a ilegalidade do CEBAS do período de 29/12/2006 a 28/12/2009 e determinou à Secretaria da Receita Federal do Brasil fiscalização na empresa, restou reformada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) nos Embargos de Declaração na Apelação/Reexame Necessário.Tal decisão determinou a baixa dos autos para apreciação do cumprimento dos requisitos para manutenção do CEBAS da entidade. Considera, portanto, nula a autuação referente às competências até 12/2009. Em se tratando do período de 01/2010 a 12/2010, afirma ser, também, nula a autuação, aduzindo que em continuidade aos pedidos de renovação do CEBAS, protocolizou, tempestivamente, novo pedido sob n° 71000.116093/200988, que aguarda julgamento no Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome (MDS), nos termos do art. 21 do Lei nº 12.101/09, conforme relatado pela autoridade fiscal por meio do documento “Consulta Pedido de Renovação do CEBAS 2010 – SCNAS”, pelo que considera que não poderia ser feito o lançamento fiscal quando sequer foi apreciado o descumprimento dos requisitos pelo órgão competente. Tais argumentos, todavia, não merecem prosperar, vejase: É bem verdade que,como assentado pela autoridade fiscal,a entidade obteve renovação de CEBAS para o período de 29/12/2006 a 28/12/2009 junto ao CNAS e que, para os períodos posteriores protocolizou pedidos junto ao CNAS e ao Ministério da Educação (MEC) e, com base nas certificações a entidade usufrui da isenção das contribuições para a seguridade social, nos termos do art. 55 da Lei nº 8212/1991 (até 09/11/2008 e de 12/02/2009 a 29/112009), MP 446/2008 (de 10/11/2008 a 11/02/2009) e Lei nº 12.101/2009 (de 30/11/2009 em diante). Fl. 3268DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 8 13 Não obstante, no caso dos autos, ao contrário do que entendeu a Recorrente, a caracterização da imunidade não depende apenas da empresa ser titulada no Estatuto Social como entidade beneficente, ou ser portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), conforme posto na peça recursal, mas ela deverá, também, atender a todos os requisitos estabelecidos na legislação supracitada. No que concerne ao art. 55 da Lei 8.212/1991, antes da Lei 12.101/2009(período até 09/11/2008 e de 12/02/2009 a 29/112009), para usufruir a imunidade aqui tratada, inclusive deverá atender, deforma cumulativa, os incisos I, II, III, IV e V desse artigo, “in verbis”: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; IV na o percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente,relatório circunstanciado de suas atividades. § 1° Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS,que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2° A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. § 3° Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. § 5° Considera se também de assistência social beneficente,para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento. Fl. 3269DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 14 Por sua vez, durante a vigência da MP 446/ 2008(Período: de 10/11/2008 a 11/02/2009),tinhase: Art.4oPara ser considerada beneficente e fazer jus à certificação, a entidade de saúde deverá ofertar a prestação de todos os seus serviços ao SUS no percentual mínimo de sessenta por cento, e comprovar, anualmente, o mesmo percentual em internações realizadas, medida por pacientedia. […] Art.8oNa impossibilidade do cumprimento do percentual mínimo a que se refere o art. 4o na contratação dos serviços de saúde da entidade, em razão da falta de demanda, declarada pelo gestor local do SUS, deverá ela comprovar a aplicação de percentual da sua receita bruta em atendimento gratuito de saúde da seguinte forma: I vinte por cento, se o percentual de atendimento ao SUS for inferior a trinta por cento; II dez por cento, se o percentual de atendimento ao SUS for igual ou superior a trinta e inferior a cinqüenta por cento; ou III cinco por cento, se o percentual de atendimento ao SUS for igual ou superior a cinqüenta por cento, ou se completar o quantitativo das internações hospitalares, medido por pacientedia, com atendimentos gratuitos devidamente informados de acordo com o disposto no art. 5o, não financiados pelo SUS ou por qualquer outra fonte. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a entidade deverá comprovar o percentual de aplicação em gratuidade sobre a receita bruta proveniente da venda de serviços, acrescida da receita decorrente de aplicações financeiras, de locação de bens, de venda de bens não integrantes do ativo imobilizado e de doações particulares. […] Art.28. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I seja constituída como pessoa jurídica nos termos do caput do art. 1o; II não percebam, seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; III aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; Fl. 3270DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 9 15 IV preveja, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do eventual patrimônio remanescente a entidades sem fins lucrativos congêneres ou a entidades públicas; V não seja constituída com patrimônio individual ou de sociedade sem caráter beneficente; VI apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e à dívida ativa da União, certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS e de regularidade em face do Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal CADIN; VII mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; VIII não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; IX aplique as subvenções e doações recebidas nas finalidades a que estejam vinculadas; X conserve em boa ordem, pelo prazo de dez anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem como os atos ou operações realizados que venham a modificar sua situação patrimonial; XI cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; e XII zele pelo cumprimento de outros requisitos, estabelecidos em lei, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. Em se tratando da Lei nº 12.101/2009, antes das alterações da Lei 12.868/2013 (período: de 30/11/2009 em diante) tinhase: Art. 4o. Para ser considerada beneficente e fazer jus à certificac ão, a entidade de saúde deverá, nos termos do regulamento: I comprovar o cumprimento das metas estabelecidas em conve nio ou instrumento congênere celebrado com o gestor local do SUS; II ofertar a prestação de seus serviços ao SUS no percentual mínimo de 60% (sessenta por cento); Fl. 3271DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 16 III comprovar, anualmente, da forma regulamentada pelo Ministério da Saúde, a prestação dos serviços de que trata o inciso II, com base nas internações e nos atendimentos ambulatoriais realizados. § 1o O atendimento do percentual mínimo de que trata o caput pode ser individualizado por estabelecimento ou pelo conjunto de estabelecimentos de saúde da pessoa jurídica, desde que não abranja outra entidade com personalidade jurídica própria que seja por ela mantida. § 2o Para fins do disposto no § 1o, , no conjunto de estabelecimentos de saúde da pessoa jurídica, poderá ser incorporado aquele vinculado por forca de contrato de gestão, na forma do regulamento. [...] Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: I não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; I não percebam, seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; II aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais; III apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS; IV mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; V não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto; VI conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial; VII cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; Fl. 3272DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 10 17 VIII apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. Dos dispositivos transcritos, verificamos que o Certificado e o Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social(CNAS), designado de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), é apenas um dos requisitos para que se possa gozar da isenção/imunidade dacota patronal das contribuições previdenciárias. Desta feita, o direito à isenção apenas perdura enquanto a entidade preenche os seus requisitos, ou seja, mesmo com CEBAS vigente está se diante de um direito cujo benefício vige conquanto se mantenha dentro das regras determinadas pela norma, portanto, um direito condicionado, tal como claro indicado no texto legal. Por sua vez, a entidade, em nenhum dos períodos, atendeu a todos os requisitos para as competências objeto do lançamento fiscal, na medida em que não há a demonstração de que a entidade cumpria, cumulativamente, todos os requisitos previstos no do art. 55 da Lei 8.212/1991, nem dos requisitos previstos na MP 446/2008 e sequer aqueles previstos na Lei 12.101/2009, e, assim sendo, é de se considerar inexistente o direito. Destarte, não há qualquer atropelo ou invasão de atribuição de órgão público diverso, apto a apreciar o cumprimento dos requisitos para manutenção do CEBAS, no caso o MDS, que pelo que consta, foi formulada Representação Administrativa a este órgão para as providências a respeito das irregularidades apontadas. Ademais, a própria Lei nº 12.101/09,acima transcrita e relatada pela autoridade fiscal,em seu art. 32, é expressa e determinante sobre a suspensão da isenção e o conseqüente lançamento fiscal, quando descumpridos os requisitos por parte da entidade beneficiada pelo favor legal. É também o comando do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011,que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União e outras providências, “in verbis”: Art.125. No caso da isenção das contribuições sociais previstas nos arts. 22 e 23da Lei nº 8.212, de 1991, constatado o descumprimento, pela entidade beneficiária, dos requisitos impostos pela legislação de regência, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção (Lei n o 12.101, de 27 de novembro de2009, arts. 29 e 32). §1º Considerase automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições referidas no caput durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo, devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deu causa. Fl. 3273DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 18 [...]. Ainda, no tocante ao período de 01/2010 a 12/2010, em que pese o requerimento da renovação do seu certificado ter se dado tempestivamente, por meio do pedido sob n° 71000.116093/200988, considero que este fato, por si só, não se traduz em direito à isenção, pelos mesmos argumentos dantes descritos, ou seja, é imperativo que o benefício pressupõe o cumprimento dos requisitos da legislação. Afasto, pois, a alegação de nulidade por perda do objeto, vez que claro está que o procedimento fiscal está em conformidade com a lei. Da Ausência de Nulidade Nome dos Representantes Legais no Relatório de Vínculos A recorrente requer a nulidade e a consequente exclusão dos representantes legais da entidade no Relatório de Vínculos que compõe o auto de infração, por entender que a responsabilidade de terceiros, disciplinada no art. 134 do Código Tributário Nacional (CTN), apenas lhes seria imputada pelo crédito tributário nos casos de impossibilidade de cumprimento pelo contribuinte, o que não é o caso, e ainda assim, somente as pessoas expressamente relacionadas no dispositivo do CTN citado seriam arroladas. Aduz que, no caso do art. 134 CTN, a única situação que permite a chamada de sócios seria a prevista no inciso VIII, porém, sem aplicação ao caso, por não se estar diante de liquidação de sociedade e nem de uma sociedade de pessoas. Em se tratando do art. 135 do CTN, que trata de responsabilidade solidária, segundo o qual poderiam ser chamados não só sócios, como diretores, gerentes ou representantes legais, argumenta que tal tem lugar nas hipóteses de excesso de poderes, infração à lei e Estatuto ou contrato Social, todavia, nos autos em debate as obrigações tributárias não têm origem nos atos classificados ou enquadrados nas hipóteses do art. 135 da norma legal. Contudo, estáse diante de uma interpretação equivocada, cumpre esclarecer que o anexo ‘relação de vínculos’ foi claro em afirmar que o relatório trazido é apenas uma lista dos representantes legais do sujeito passivo, indicando a qualificação e o período de atuação, não estabelecendo nenhuma responsabilidade às pessoas nele relacionadas. Vide súmula 88 do CARF, que colaciono abaixo: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Ademais, o Relatório de vínculos faz parte de todos os processos como instrumento de informação, em conformidade com disposto pelo art. 660da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005, que determina a inclusão do referidos relatório nos processos administrativo fiscais e esclarece: Fl. 3274DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 11 19 Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativo fiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) XI Relação de Vínculos VÍNCULOS, que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente. Assim sendo, incabíveis se mostram as alegações da recorrente. Do Mérito Da inconstitucionalidade de normas, da alegada imunidade constitucional: Aduz a recorrente que possui imunidade e que por se tratar de imunidade constitucional, prevista nos arts. 150, VI “c”,195, § 7º, a limitação ao poder de tributar deveria ser por meio de lei complementar e, no caso, teria a aplicação o cumprimento dos requisitos dispostos no art. 14 do CTN e não os previstos no art. 55 da Lei nº 8.212/91 e decretos regulamentadores. Argúi, pois, citando a ADIN 2.0285, arrolando jurisprudência e doutrina, a inconstitucionalidades de normas, apontando o art. 55, da Lei nº 8.212/91, Lei nº 12.101/09 e Decretos nº 752/93 e 2.536/98. Em primeiro lugar, cabe esclarecer que este Conselho somente pode reconhecer a inconstitucionalidade de dispositivo legal quando estiver diante de uma das hipóteses previstas no art, 62, parágrafo único seu Regimento Interno, quais sejam: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993 No caso dos autos, contudo, não ocorreu qualquer dessas hipóteses. Fl. 3275DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 20 Cumpre esclarecer que a apreciação de matéria constitucional em tribunal administrativo exacerba sua competência originária que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invade competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal. No Capítulo III do Título IV, notadamente no que trata do controle da constitucionalidade das normas, observase que o constituinte teve especial cuidado ao definir quem poderia exercer o controle constitucional das normas jurídicas. Decidiu que caberia exclusivamente ao Poder Judiciário exercêla, especialmente ao Supremo Tribunal Federal. Permitir que órgãos colegiados administrativos reconhecessem a constitucionalidade de normas jurídicas seria infringir o disposto na própria Constituição Federal, padecendo, portanto, a decisão que assim o fizer, ela própria, de vício de constitucionalidade, já que invadiu competência exclusiva de outro Poder. O professor Hugo de Brito Machado in “Mandado de Segurança em Matéria Tributária”, Ed. Revista dos Tribunais, páginas 302/303, assim concluiu: “A conclusão mais consentânea com o sistema jurídico brasileiro vigente, portanto, há de ser no sentido de que a autoridade administrativa não pode deixar de aplicar uma lei por considerála inconstitucional, ou mais exatamente, a de que a autoridade administrativa não tem competência para decidir se uma lei é, ou não é inconstitucional.” Ademais, como da decisão administrativa não cabe recurso obrigatório ao Poder Judiciário, em se permitindo a declaração de inconstitucionalidade de lei pelos órgãos administrativos judicantes, as decisões que assim a proferissem não estariam sujeitas ao crivo do Supremo Tribunal Federal que é a quem compete, em grau de definitividade, a guarda da Constituição. Poderseia, nestes casos, ter a absurda hipótese de o tribunal administrativo declarar determinada norma inconstitucional e o Judiciário, em manifestação do seu órgão máximo, pronunciarse em sentido inverso. Por essa razão é que através de seu Regimento Interno e Súmula, os Conselhos de Contribuintes se autoimpuseram com regra proibitiva nesse sentido: Portaria MF n° 147, de 25/06/2007 (que aprovou o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes): Art. 49. No julgamento de recurso voluntário ou de ofício, fica vedado aos Conselhos de Contribuintes afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula 02 do Segundo Conselho de Contribuintes, publicada no DOU de 26/09/2007: “O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária”. De outra parte, como dito, aduz a recorrente que a matéria referente à imunidade deve ser disciplinada por lei completar e que, em virtude do julgamento da ADIN nº 2.028, todo o artigo 55 da lei 8.212/91 estaria com eficácia suspensa, devendo, assim, serlhe concedido o referido favor constitucional. Fl. 3276DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 12 21 Todavia, tais argumentos não são dotados da devida procedência. Ora, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.028, o Supremo Tribunal Federal limitouse a suspender a eficácia apenas do artigo 1º da Lei 9.792/98, na questão referente à mudança de redação do inciso III do artigo 55 da Lei 8.212/91, incluindo, por fim, outros parágrafos no referido dispositivo. Destarte, apesar do julgamento da ADIN, os demais incisos e parágrafos do artigo em comento continuaram a produzir todos os seus efeitos, não havendo que se falar em suspensão de eficácia em razão do julgamento daquela ação constitucional. Nesse sentido, segue transcrição do voto do Ministro Marco Aurélio em decisão liminar proferida no plenário do Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da ADIN nº 2.028: Tudo recomenda, assim, sejam mantidos, até a decisão final desta ação direta de inconstitucionalidade, os parâmetros da Lei nº 8.212/91, na redação primitiva. (...) Defiro a liminar, submetendoa desde logo ao Plenário, para suspender a eficácia do art. 1º , na parte em que alterou a redação do art. 055 , inciso III , da Lei n º 8212/91 e acrescentoulhe os §§ 3º , 4º e 5º , bem como dos artigos 4º , 5º e 7º da Lei nº 9.732 , de 11 de dezembro de 1998. (STF, ADIN 2.028, Rel: Ministro MOREIRA ALVES, TRIBUNAL PLENO, Julgamento: 11/11/1999, DJe: 16/06/2000)(Grifo meu) Como ainda não houve decisão definitiva referente á ADIN supramencionada, em virtude dos autos do processo permanecerem conclusos ao relator, serão observados os preceitos dispostos no referido artigo 55 da Lei 8.212/91 para o julgamento deste recurso, pois era aquele o dispositivo legislativo válido quando da ocorrência do fato gerador. Feitas essas digressões, resta inconteste a improcedência do argumento de que, em virtude do julgamento da ADIN nº 2.028, estariam suspensas todas as exigências do artigo supracitado para a concessão à recorrente da imunidade constitucional prevista no artigo 195 §7º, uma vez que, conforme já demonstrado, foi suspendida a eficácia apenas do inciso III, estando todos os demais requisitos perfeitamente aptos à produção dos seus efeitos. Estabelece o referido artigo: “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; Fl. 3277DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 22 IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento.” O caráter condicional do referido diploma legislativo para a concessão da imunidade constitucional já foi, inclusive, corroborado por entendimento pacífico do Tribunal Regional da Terceira Região, conforme se depreende do julgado a seguir transcrito: APELAÇÃO EM AÇÃO ORDINÁRIA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. REQUISITOS LEGAIS. A jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal já identificou, na cláusula inscrita no art. 195, § 7, da Constituição da República, a existência de uma típica garantia de imunidade (e não de simples isenção) estabelecida em favor das entidades beneficentes de assistência social. A Lei 9.732/98, foi objeto da ADIn 2.028, tendo o Plenário do E. Supremo Tribunal Federal suspendido, em sede de liminar, a eficácia do artigo 1º, na parte que alterou a redação do artigo 55, inciso III, da Lei nº 8.212/91, e acrescentoulhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como dos artigos 4º, 5º e 7º do citado diploma legal. A legislação em debate restou suspensa em virtude da análise material que o Excelso Tribunal realizou, concluindo que se deve exigir das entidades de assistência social somente o registro como entidade de fins filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, para o gozo de imunidade. Deve a entidade preencher os demais requisitos constantes da Lei 8.212/91, que nada mais são do que repetição dos requisitos criados pelo art. 14 do Código Tributário Nacional, lei recepcionada como complementar e que é aplicada aos casos de imunidade das entidades beneficentes de assistência social e de educação. São eles: I) ser, a entidade, reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II) ser portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III) não perceber seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruir vantagens ou benefícios a qualquer título; e IV) aplicar integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. Sentença reformada. Apelação parcialmente provida. (TRF 3, AC 11384, Rel.: Juiz Convocado RUBENS CALIXTO, TERCEIRA TURMA, JULGAMENTO 23/09/2010)(Grifo meu) Destarte, é cabal a observância dos requisitos supracitados para que seja concedida a imunidade constitucional pleiteada. Fl. 3278DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 13 23 Diante disso, em virtude da não configuração dos requisitos legalmente exigidos, não se verifica o devido enquadramento da Recorrente nas hipóteses de imunidade previstas no art. 195, §7º da Constituição Federal. Ademais merece ser destacado a respeito da situação em comento que o benefício concedido às sociedades de assistência social nasceu com caráter de isenção. Sendo assim, outra lei ordinária poderia revogála ou alterarlhe o conteúdo, exigindo novos requisitos para a sua obtenção ou manutenção, devendo o contribuinte beneficiário submeterse às novas disposições, pois não há direito adquirido a regime jurídico tributário. Neste sentido é o teor do art. 178 do CTN (A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104). Ocorre que a Constituição Federal de 1988, ao trazer para o texto constitucional o referido benefício fiscal, alterou a sua natureza de isenção para imunidade. No entanto, remeteu à Lei Ordinária o disciplinamento da matéria, o que permitiu que a Lei nº 8.212/91 incluísse novas exigências à concessão e manutenção da imunidade, que deveriam ser observadas pelo beneficiário também por força constitucional. É desnecessária, portanto, a exigência específica de lei complementar para disciplinar a matéria, conforme se depreende claramente do entendimento do então ministro do Superior Tribunal de Justiça Luiz Fux no julgado a seguir transcrito: PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR PARA EMPRESTAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. COFINS. IMUNIDADE. ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ACÓRDÃO RECORRIDO COM FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DO FUMUS BONI JURIS. 1. A concessão de efeito suspensivo a Recurso Especial reclama a demonstração do periculum in mora, que se traduz na urgência da prestação jurisdicional no sentido de evitar que, quando do provimento final, não tenha mais eficácia o pleito deduzido em juízo, bem como a caracterização do fumus boni juris, ou seja, que haja plausividade do direito alegado. 2. Em sede de medida cautelar, objetivando emprestar efeito suspensivo a recurso especial, exigese que o requerente demonstre a verossimilhança do que alega, bem como do possível acolhimento do recurso especial por ele interposto. 3. Tratandose de medida cautelar que veicula matéria constitucional, interditada quanto à sua cognição na própria via especial, impõese o mesmo destino à ação acessória, qual seja, o desacolhimento. 4. É que, se o Recurso Especial (ação principal) não será conhecido posto constitucional o fundamento, impõese a rejeição da ação cautelar acessória por analogia do art. 808, III, do CPC. 5. Medida cautelar que versa acerca do direito à imunidade tributária concedida no art. 195, § 7º, da Constituição Federal, denotando ter o aresto prolatado pelo Tribunal a quo decidido o thema iudiccandum à luz de princípios constitucionais, tanto assim que, do seu núcleo central, colhemse as seguintes razões: "Põese o contribuinte a essencialmente debater, em plano teórico, o excedimento praticado pelas Leis 9.532/97 e 9.718/98, ao disciplinar o gozo da isenção das entidades de educação e assistência social com relação à COFINS, já que, sob sua óptica, tal matéria somente poderia ser regulada por lei complementar. Ora, significando a imunidade uma limitação proibitiva ao poder de tributar (em contraposição às limitações afirmativas, em que se traduzem os princípios tributários), uma vedação constitucional ao exercício daquele segmento do Poder Soberano, realmente merece toda mensagem daquela espécie o devido Fl. 3279DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 24 cuidado, em sua delimitação e compreensão. Assim e exemplificativamente, se proibição existe, como presente, para a incidência de certos impostos sobre entidades de assistência social, está o constituinte a fixar dois vetores distintos: um no rumo da elementar identificação do alcance objetivo de dita proibição, enquanto outro no sentido de que livre fica a atividade tributante evidentemente que em obediência às demais diretrizes constitucionais para o exercício de cobrança relativamente a outros tributos (e demais impostos) que não nas espécies ali envolvidas. Aqui, então, o central horizonte debatido se descortina, em plano formal. Com efeito, em angulação formal, ao impor o parágrafo 7.º do art. 195, CF, devam as entidades beneficentes de assistência social, destinatárias da vedação, atender aos requisitos de lei, patente se revele ilegítimo o questionamento do papel exercido, no presente caso, como em outros, por meio de lei ordinária, como assim o são as Leis 9.532/97 e 9.718/98. De fato, se também agiu o CTN por meio de seu artigo 14, firmando requisitos para o gozo daquela proteção constitucional, notório que isso não tem o condão de se elevar ao plano de uma exigência, segundo a qual somente a lei complementar poderia veicular dita matéria. Ora, é da consagrada técnica constitucional a identificação da fonte formal tributária por critérios expresso e por exclusão, no binômio lei complementar/lei ordinária: quando deseja o constituinte destinar o tema àquele diploma, expressamente o estabelece, adjetivando assim o substantivo "lei"; de outra banda, intentando remeter a matéria a uma introdução através de lei ordinária, por exclusão ou residualmente se basta ao uso do radical "lei", sem qualificativo. Dessa forma, sob o prisma estritamente formal em foco, nenhuma irregularidade se constata na conduta legiferante, ao cuidar do tema através de "lei". Por seu turno, também de inteiro equívoco a invocação, amiúde debatida, ao artigo 146, CF, este a traduzir um futuro e ainda distante novo CTN, no bojo do qual muitos temas lhe são naturalmente recomendados. Ora, se pertinente fosse a exigência prévia de lei complementar para todos os comandos programáticos ali encerrados, certamente já teria nascido "amarrado", tolhido em seu exercício, o poder de tributar, uma vez que, ilustrativamente, afirma a alínea "a" de seu inciso III que a definição de tributos e de suas espécies incumbe a uma lei complementar: se assim radicalmente o fosse, indagarseia sobre o papel entregue ao legislador através do dogma da legalidade, encartado no inciso I do artigo 150, da mesma CF, que para instituir tributo então se colocaria a aguardar pela definição a lhe dar uma lei complementar. Por certo, não tem este sentido a norma programática consubstanciada no aludido artigo 146, CF. Por conseguinte, também não se põe como óbice enfocada angulação, pois nitidamente desnecessária a prévia veiculação do regramento de referida imunidade através de lei complementar. Por igual, não se cuida, de fato, de agressão à capacidade contributiva. Realmente, não representando a alíquota, em si, encarada isoladamente, índice aritmético de qualquer matiz abusivo, afastada fica a análise da capacidade contributiva objetiva ou segundo a lei em tese. De seu turno, não coligindo a parte contribuinte (até pela impropriedade da via eleita, para tal fim) elementos concretos sobre sua realidade de maior ou menor fortuna material cotidiana, igualmente não se constata desrespeito à capacidade contributiva subjetiva, precisamente o outro matiz do ora enfocado dogma, que o considera com referência aos dados estruturais peculiares ao contribuinte." 6. Agravo Regimental desprovido. (STJ, AGRMC 200700860709, Rel.: Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe: 06/08/2007) (Grifos meus) Ora, não é requisito fundamental para a regulação legislativa de matérias referentes à imunidade constitucional a edição de lei complementar específica, não sendo, portanto, procedentes os argumentos da ora recorrente no sentido de, em virtude da não edição daquela espécie legislativa, ser lhe concedida a imunidade pleiteada. Fl. 3280DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 14 25 No que pertine, outrossim, ao citado art. 150, VI, “c” da Constituição Federal, claro está que este trata de imunidade à espécie tributária imposto, de forma que as contribuições sociais, como espécie diversa, estariam afastadas da abrangência do referido benefício. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre: [...] c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; [...]. Sobre o fato aduzido pela ora recorrente de que preenche os requisitos do art. 14 do CTN (Código Tributário Nacional) e que a posição do STF é no sentido de que as condições estabelecidas no art. 55 da Lei nº 8.212/91, em sua redação original, são as condições do art. 14 do CTN, observo que os arts. 9º e 14 do CTN tratam de requisitos para manutenção do benefício de isenção de imposto, não se referindo, portanto, à contribuição social prevista na Lei nº 8.212/91 e para as terceiras entidades. Vejase: Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] IV cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº104, de 10.1.2001) [...] Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado a observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: Fl. 3281DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 26 I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Por todo o exposto, inaceitável se apresentam as alegações da recorrente nesse sentido. Do não cumprimento dos requisitos para fruição da isenção Conclui o Auditor Fiscal, que a entidade descumpriu alguns dos requisitos necessários para fruição da isenção das contribuições sociais, a saber: 4.5.2. Período de vigência do artigo 55 da lei nº 8.212/1991 (até 29/11/2009, exceto o período de vigência da MP nº 446/2008): 4.5.2.1. Não praticou, de fato, assistência social beneficente, pois as verdadeiras ações neste sentido foram irrisórias, quase inexistentes, conforme exposto no tópico 4.1. Esta omissão constitui descumprimento ao inciso III do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991. 4.5.3. Período de vigência da MP 446/2008 (de 10/11/2008 a 11/02/2009): 4.5.3.1. Não contabilizou a “gratuidade” “Renúncia de Receitas Convênio Empresas”, conforme exposto no tópico 4.2.3, descumprido se o requisito do inciso VII do artigo 28 da MP nº 446/2008. 4.5.3.2. Não contabilizou a “gratuidade” “Renúncia de Receitas Convênio SUS”, conforme exposto no tópico 4.2.4, descumpridose o requisito do inciso VII do artigo 28 da MP nº 446/2008. 4.5.3.3. Não segregou contabilmente as aplicações em gratuidade, conforme exposto no tópico 4.2.5, descumpridose o requisito do inciso VII do artigo 28 da MP nº 446/2008. 4.5.3.4. Apresentou documento cadastral (CNPJ) e DIPJ/2007 em diante com a informação CNAE incorreta, conforme exposto no tópico 4.3.2, incorrendo na infração do artigo 283, II, “j”, in fine, do RPS, descumprindo se o requisito do inciso XI do artigo 28 da MP nº 446/2008. Fl. 3282DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 15 27 4.5.3.5. Ocultou, em sua contabilidade e documentação, parte da mãode obra a seu serviço, conforme exposto no tópico 4.3.3, incorrendo nas infrações do artigo 283, II, “a” e “j”, in fine, do RPS, descumprindose o requisito do inciso XI do artigo 28 da MP nº 446/ 2008. 4.5.4. Período de vigência da Lei nº 12.101/2009 (a partir de 30/11/2009): 4.5.4.1. Não contabilizou a “gratuidade” “Renúncia de Receitas Convênio Empresas”, conforme exposto no tópico 4.2.3, descumprindose o requisito do inciso IV do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009. 4.5.4.2. Não contabilizou a “gratuidade” “Renúncia de Receitas Convênio SUS”, conforme exposto no tópico 4.2.4, descumprindose o requisito do inciso IV do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009. 4.5.4.3. Não segregou contabilmente as aplicações em gratuidade, conforme exposto no tópico 4.2.5, descumprindose o requisito do inciso IV do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009. 4.5.4.4. Apresentou documento cadastral (CNPJ) e DIPJ/2007 em diante com a informação CNAE incorreta, conforme exposto no tópico 4.3.2, incorrendo na infração do artigo 283, II, “j”, in fine, do RPS, descumprindo se o requisito do inciso VII do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009. 4.5.4.5. Ocultou, em sua contabilidade e documentação, parte da mão de obra a seu serviço, conforme exposto no tópico 4.3.3, incorrendo nas infrações do artigo283, II, “a” e “j”, in fine, do RPS, descumprindose o requisito do inciso VII do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009. 4.5.4.6. Não possui certificação de entidade beneficente de assistência socialdesde 29/12/2009, conforme exposto no tópico 4.4, descumprindoseo requisito do artigo 29, caput, da Lei nº 12.101/2009. Diante de tais alegações, a recorrente aduz que é entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos, com atuação na área da saúde e assistência social, conforme seu Estatuto Social e Relatórios de Atividades dos anos de 2008 a 2010. Ademais, se mantém fiel aos seus fins estatutários, vez que presta assistência médico hospitalar sem distinção de cor, raça, religião, idade, estado civil ou sexo, tudo independentemente dos beneficiários pertencerem ao seu quadro social. No mais, promove atividades de prevenção de lesões e doenças do trabalho, por meio de serviços de ginástica laboral e ergonomia para entes públicos ou privados, nos moldes do art. 203 da CF/88, do art. 2º da Lei nº 8.742/93 (LOAS), do art. 55 da Lei n° 8.212/91 e do art. 2º do Decreto n° 2.536/98. Impõe, portanto, que não prospera o argumento da autoridade fiscal de que a entidade não cumpre o requisito previsto no inciso III do art.55 da Lei 8.212/91 (por não promover assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes). Informa que tal alegação se prova com Relatórios de Prestação de Contas – CNAS, anexados por aquela autoridade, o que demonstra o fiel cumprimento do requisito e do Estatuto Social. Fl. 3283DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 28 Avultase que autoridade fiscal, contudo, concluiu que no período fiscalizado a Associação não cumpriu o principal requisito para certificação do CEBAS, qual seja, pelo menos 20% de sua receita total em gratuidade, ou a oferta ao SUS de pelo menos 60% de seus serviços, ou ainda, a oferta mínima de 60% da capacidade ao sistema de assistência social, bem como não cumpriu os requisitos para fruição da isenção das contribuições sociais, face a inexistência de assistência social beneficente e deficiências na escrituração contábil, Diante de tal afirmação, ressalta a Associação que teve renovado o CEBAS para o período de 29/12/2006 a 28/12/2009 (Resolução MDS/CNAS n° 07/2009, DOU 04/02/2009), com base no art. 37/39 da MP 446/09, conforme despacho proferido no processo n° 71010.004341/200687; que tempestivamente protocolizou novo pedido sob nº 71000.116093/200988, que aguarda julgamento no MDS. Ressalta, ainda, que exigência de gratuidade de 20% ou 60% disposta nos Decretos n°s 752/93 e 2.536/98 são exigências materiais, que rezam a condição de imunidade e que não poderiam ser tratados por lei ordinária ou decreto; e na eventualidade do CEBAS não ter sido concedido, por descumprimento de exigências materiais (20% ou 60% de gratuidade), como falado pelo Auditor Fiscal, tal ausência não é fator de perda imunidade, inclusive já assentado pelo STF cuja posição é no sentido de que as condições estabelecidas no art. 55, redação original, da Lei n° 8.212/91, são as condições previstas, até o momento, no art. 14 do CTN, ou seja, as exigências somente podem ser feitas por lei complementar, servindo à lei ordinária estabelecer complementos que não restrinjam a imunidade, fato que ocorre com os decretos e, no mesmo sentido a Lei 12.101/99 fere a Constituição Federal. Ademais, diz que problema surge pelo Decreto nº 752/93, que regulou inicialmente o disposto no art. 55, inciso II da Lei nº 8.212/91, estabelecendo requisitos, dentre os quais a aplicação mínima de 20% da receita bruta em gratuidade, bem como percentuais para as entidades que atuam na área de saúde. Porém, a previsão contida no decreto (revogado pelo Decreto nº 2.536/98, mas mantido o texto) é a exata disposição dos §§ 3º a 5º da do art. 55 da Lei nº 8.212/91, suspensa pela MC na ADIN 2.028. Por fim, entende a recorrente que a aplicação de 20% da receita total em gratuidade, se apresenta equivocada a conclusão da autoridade fiscal que considerou não servirem os lançamentos contábeis da entidade como gratuidade, uma vez que não há na legislação contábil e de assistência social um conceito específico de gratuidade. Assim, os Relatórios de Atividades comprovam o cumprimento do requisito, o qual salientase ser eivado de inconstitucionalidade. Passemos a examinar todas as alegações da recorrente. No que concerne à alegação de inconstitucionalidade ou necessidade de lei complementar para regular isenções, resta claro que os argumentos já foram rebatidos em tópico anterior deste voto. É sabido que CF/88 previu no seu art. 195, § 7o, a possibilidade de as entidades beneficentes de assistência social gozarem da isenção da contribuição previdenciária cota patronal desde que atendam aos requisitos estabelecidos em lei, vejamos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: Fl. 3284DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 16 29 [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. [...] Desta feita, conforme determinado pela própria Lei Maior, para fruição de tal benefício a entidade apta deve observância ao regramento infraconstitucional, notadamente a prestação da assistência social aos que dela necessitem. Para qualificar quem são os “necessitados” há que se recorrer a Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social LOAS),que assim dispõe: Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade,para garantir o atendimento às necessidades básicas. Art. 2º A assistência social tem por objetivos: I a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II o amparo às crianças e adolescentes carentes; III a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tela provida por sua família. visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435,de 2011) I a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: (Redação dada pela Lei nº12.435, de 2011)a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído pela Lei nº12.435, de 2011) c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluído pela Lei nº12.435, de 2011) Fl. 3285DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 30 d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) e) a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tela provida por sua família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de2011) II a vigilância sócio assistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, d e ameaças, de vitimizações e danos; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) III a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões sócio assistenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de2011) Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realizase de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 3º Consideramse entidades e organizações de assistência social aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus direitos. Art. 3o Consideramse entidades e organizações de assistência social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de direitos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de2011) § 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social básica ou especial, dirigidos às família se indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o São de assessoramento aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de forma continuada,permanente e planejada, prestam serviços e executam programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa e efetivação dos direitos Fl. 3286DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 17 31 socio assistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania,enfrentamento das desigualdades sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 4º A assistência social regese pelos seguintes princípios: I supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedandose qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindose equivalência às populações urbanas e rurais; V divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. Da legislação supra concluise que não basta a entidade exercer a filantropia, mas sim, que promova a assistência social nos termos fixados pela legislação. Neste sentido a jurisprudência: ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. CERTIFICADO DEENTIDADE DE FINS FILANTRÓPICOS. 1. Entendemse por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, os princípios e as diretrizes estabelecidos em lei. 3. Do confronto entre os objetivos estatutários do impetrante e a definição de entidade beneficente de assistência social da legislação (art. 23 da Lei 8.742/93, art. 55 da Lei 8.212/91 e Decreto 752/93), verificaseque o recorrente não faz jus ao Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, pois, muito embora as elevadas finalidades de estreitamento das relações culturais entre países irmãos, não está voltado precipuamente para as necessidades básicas da população e não é entidade beneficente de assistência social. 4. Provimento negado.(STF. RMS 23729,14/02/2006) Aqui, vêse um dos requisitos para a fruição da isenção prevista no art. 195, § 7º da Constituição Federal, qual seja, que os destinatários sejam as pessoas menores, idosos, excepcionais e carentes, posto ser esse o público alvo da assistência social. Cabe pontuar a própria Constituição Federal em seu artigo 203: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: Fl. 3287DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 32 I a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II o amparo às crianças e adolescentes carentes; III a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de têla provida por sua família, conforme dispuser a lei. Juntamente a esse requisito, outro vem se somar como imprescindível para tal fruição: há que se aplicar determinado percentual em gratuidade. No período de vigência do art. 55 da Lei nº 8.212/91, nos termos do Decreto nº 2.536/98 (revogado pelo Decreto nº 7.237, de 20 de julho de 2010)a legislação determinava a aplicação de 20% da receita bruta em gratuidade: Art . 2º Considerase entidade beneficente de assistência social, para os fins deste Decreto, a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que atua no sentido de: I protegera família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice; II amparar crianças e adolescentes carentes; III promover ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiências; IV promover,gratuitamente, assistência educacional ou de saúde; V promovera integração ao mercado de trabalho. [...] Art.3º Faz jus ao Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social a entidade beneficente de assistência social que demonstre,cumulativamente:(Redação dada pelo Decreto nº 4.499, de 4.12.2002) [...] VI aplicar anualmente, em gratuidade, pelo menos vinte por cento da receita bruta proveniente da venda de serviços, acrescida da receita decorrente de aplicações financeira, de locação de bens, de venda de bens não integrantes do ativo imobilizado e de doações particulares, cujo montante nunca será inferior à isenção de contribuições sociais usufruída; (grifo meu). [...] Fl. 3288DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 18 33 De outra parte, a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de2009, esclarece o que se pode considerar como entidade beneficente para fazer uso da isenção: Art. 227 A entidade beneficente de assistência social certificada na forma da Lei nº 12.101, de 2009, fará jus à isenção das contribuições de que tratam os arts. 22e 23 da Lei nº 8.212, de 1991, desde que cumpra, cumulativamente, os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.071, de 15 de setembro de 2010) [...] § 2º Para fins do disposto no caput, consideramse entidades beneficentes de assistência social as que prestam, sem fins lucrativos, atendimento a beneficiários abrangidos pela Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993, e as que atuam em defesa e garantia de seus direitos. Em se tratando da Lei 12.101/09,retira da questão qualquer dúvida que possa surgir, ao impor que o não preenchimento dos requisitos gera a automática suspensão da isenção,assim, ainda que determinados requisitos sirvam para a certificação, o que se denota pelo conteúdo normativo, inclusive constitucional, é que a entidade deve prestar a assistência social e, não o fazendo, como demonstrado (aplicação em percentual inferior a 1%), tem de pronto suspensa a isenção No caso da Recorrente, como descrito no Relatório Fiscal, embora a entidade tenha declarado nos relatórios de atividades e nas demonstrações financeiras que aplicou pelo menos 20% de suas receitas brutas em gratuidades, os documentos de suporte contábil indicam que as aplicações efetivas em gratuidades foram irrelevantes: apenas 0,35%, 0,024% e0,011% nos exercícios de 2008, 2009 e 2010, respectivamente; e serviços prestados ao SUS de0,69%, 0,65% e 0,16% em 2008, 2009 e 2010, respectivamente. Como bem demonstrado pela autoridade fiscal, em que pese o exame das Notas Explicativas às demonstrações contábeis indiquem a aplicação em gratuidade nos percentuais de 20,07% (ano 2008), 21,81% (ano 2009) e 22,32% (ano 2010), com índices acima do mínimode 20% exigido pela legislação, os lançamentos contábeis destes exercícios indicam que a maior parte das gratuidades não podem ser consideradas como assistência social beneficente,uma vez que contrariam os princípios estabelecidos pelo art. 4º, incisos I a V da Lei nº8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)), bem como o art. 2º da Lei nº12.101/2009 que determina a observância do princípio da universalidade do atendimento,conforme quadro resumo das deficiências apontadas referentes as renúncias de receita do Convênio Empresa e Convênio SUS, e Assistência Social constante nos Autos. Ainda segundo o relatório fiscal, o maior volume de gratuidades se referem a “RENÚNCIA DE RECEITASCONVÊNIO EMPRESAS”, onde a entidade contabilizou as diferenças entre sua tabela de honorários e as tabelas de reembolsos dos planos de saúde a este título, cujos montantes foram de R$ 12.653.297,00 em 2008, R$ 15.901.629,00 em 2009 e R$ 18.805.940,00 em 2010. Ademais, não podem ser consideradas como gratuidade as inadimplências de clientes do HDH, as glosas impostas pelos planos de saúde a certos gastos, benefícios trabalhistas dos seus empregados, os serviços adicionais concedidos às clientes gestantes do Fl. 3289DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 34 HDH (cursos), os montantes das diferenças entre a tabela do SUS e sua tabela de custos e os gastos com mãodeobra de deficientes físicos terceirizados. Assim sendo, restou demonstrado que os gastos efetivos com assistência social se resumem aos projetos “CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO” e “MISSÃOCRIANÇA JARDIM PARAÍSO”, nos valores de R$ 255.163,97 (ano 2008), R$ 18.649,61(ano 2009) e R$ 10.007,67 (ano 2010), cujos percentuais em face das receitas totais passaram de 20,07%, 21,81% e 22,32%, para 0,35%, 0,024% e 0,011%, em 2008, 2009 e 2010,respectivamente e que os serviços prestados ao SUS nos montantes de R$ 506.856,00, R$482.241,00 e R$ 144.002,00, equivalem a 0,69%, 0,625%, 0,161% dos totais das receitas em2008, 2009 e 2010, respectivamente. Desta feita, não é suficiente a ocorrência de gratuidades indistintamente para ter direito à isenção, mas que o seu universo de atendimento de assistência social beneficente tenha por beneficiários os abrangidos pela Lei nº 8.742/93 (LOAS) e, ainda, que respeite o percentual mínimo de gratuidade de 20% de sua receita bruta. Em seu relato, a Autoridade Fiscal, brilhantemente lembrou que na vigência do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991 (até 29/11/2009, exceto o período da MP 446/2008 abaixo) o CNAS era o órgão competente para o registro e certificação de todas as EBAS (artigo 55, inciso II da Lei nº8.212/1991). Neste período, os requisitos para a certificação eram aqueles previstos no artigo 3º do Decreto nº 2.536/1998.No período de vigência da MP 446/2008 (de 10/11/2008 a 11/02/2009, por sua vez,eram competentes para a certificação de EBAS, de acordo com a área de atuação da entidade (saúde, educação ou assistência social), os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, respectivamente. Os requisitos para a certificação estão previstos nas seções I, II ou III, do Capítulo II da MP nº 446/2008, conforme a área de atuação da entidade.Já sob a vigência da Lei nº 12.101/2009 (a partir de 30/11/2009) são competentes para a certificação de EBAS, de acordo com a área de atuação da entidade (saúde, educação ou assistência social), os Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, respectivamente. Os requisitos estão previstos nas seções I, II ou III, do Capítulo II da Lei nº12.101/2009, c/c os Capítulos II, III e IV, do Título I do Decreto 7.237/2010,conforme a área de atuação da entidade. Por se tratar de entidade atuante na área da saúde, além dos requisitos acima tratados, outros, impostos pela legislação,hão de ser observados para manutenção de sua qualidade de entidade beneficente, dentre os quais a oferta de pelo menos 60% de todos os serviços ao SUS, fato que motivou a Representação Administrativa para a perda da certificação, conforme relatado pela autoridade fiscal. Segundo a fiscalização, no período fiscalizado, não cumpriu o principal requisito previsto na legislação, que é a aplicação de pelo menos 20%de sua receita total em gratuidade, ou a oferta ao SUS de pelo menos 60% de seus serviços, ou, ainda, a oferta mínima de 60% da capacidade ao sistema de assistência social. Tais parâmetros estão previstos no artigo 3º, inciso VI, §§ 4º,10, 11 e 12, do Decreto nº 2.536/1998; artigos 4º e 8º da MP nº 446/2008, e; artigos 4º e 8º, 18, § 2º, da Lei nº 12.101/2009. Como dito, a ocorrência de descumprimento dos requisitos necessários à certificação enseja o seu cancelamento pelo órgão competente. Por este motivo, com base no artigo 27 da Lei nº 12.101/2009, foi lavrada RA de nº 10920.721179/201256,a ser encaminhada ao MDS, com a exposição dos fatos, acompanhada dos elementos de provas, propondo o cancelamento da certificação.Vejo que este fato, por si só, já impõe o lançamento Fl. 3290DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 19 35 fiscal, conforme determina o art. 32, caput e §§ da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, bem outros dispositivos desta mesma norma, que aqui se colaciona: Art. 36. Constatada a qualquer tempo alguma irregularidade, considerarse á cancelada a certificação da entidade desde a data de lavratura da ocorrência da infração, sem prejuízo da exigibilidade do crédito tributário e das demais sanções previstas em lei Como a Recorrente não comprovou o cumprimento dos requisitos ora relatados e discutidos, não pode estar amparada pela “isenção/imunidade”, devendo pois recolher as contribuições inadimplidas lançadas no presente processo. Das deficiências da escrituração contábil Aduz a recorrente que não há como concordar com a alegação de deficiência contábil por violação aos requisitos dos incisos VII e XI do art. 28 da MP n° 446/08 e incisos IV e VII do art. 29 da Lei n° 12.101/2009, haja vista que a segregação das contas de gratuidade e a definição da metodologia a ser utilizada para controlar/registrar e evidenciar os valores de assistência é mera deliberação do contabilista, quando da elaboração do plano de contas.E por inexistir, perante o CNAS, um padrão contábil específico para as demonstrações em gratuidade, foi que este órgão criou um Grupo de Trabalho para elaboração de manual de orientação sobre apresentação da comprovação em gratuidade,não obstante, não lograram êxito. Sobre a deficiência na escrituração contábil, apontou a autoridade fiscal que nos exercícios 2008, 2009 e 2010 a recorrente: a) deixou de contabilizar a “Renúncia de Receitas Convênio Empresas”; b) deixou de contabilizar a “Renúncia de Receitas Convênio SUS”; c) deixou de contabilizar as aplicações em gratuidades de forma segregada, e; d) deixou de contabilizar em títulos próprios todos os fatos geradores de contribuições, cuja deficiência decorre da omissão de mão de obra. Afasto as alegações da recorrente. Vejase a legislação, à época dos fatos que trata da matéria: Instrução Normativa SRP nº 03, de 14 de julho de 2005: Art. 316. A entidade beneficente de assistência social em gozo de isenção é equiparada às empresas em geral, ficando sujeita ao cumprimento das obrigações acessórias previstas no art. 60 e, em relação às contribuições sociais,fica obrigada a: [...] Parágrafo único. A EBAS em gozo de isenção deverá demonstrar em sua contabilidade, segregados das demais atividades, todos os elementos que Fl. 3291DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 36 compõem as receitas, custos, despesas e resultados do exercício, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção, o valor da isenção usufruída, bem como os elementos necessários à comprovação da manutenção do CEAS e do Título de Utilidade Pública Federal. Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009: Art. 227A entidade beneficente de assistência social certificada na forma da Lei nº 12.101, de 2009, fará jus à isenção das contribuições de que tratam os arts. 22e 23 da Lei nº 8.212, de 1991, desde que cumpra, cumulativamente, os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.071, de 15 de setembro de 2010) I manter escrituração contábil regular, que registre receitas, despesas e aplicação de recursos em gratuidade de forma segregada, em consonância comas normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; [...]. Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6de maio de 1999 (RPS/99): Art.209. A pessoa jurídica de direito privado beneficiada com a isenção de que trata os arts. 206 ou 207 é obrigada a apresentar, anualmente, até 30 de abril, ao órgão do Instituto Nacional do Seguro Social jurisdicionante de sua sede,relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior, na forma por ele definida, contendo as seguintes informações e documentos: (Revogado pelo Decreto nº 7.237, de 2010). [...] §3º A pessoa jurídica de direito privado manterá, ainda, as folhas de pagamento relativas ao período, bem como os respectivos documentos de arrecadação que comprovem o recolhimento das contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social, além de outros documentos que possam vir a ser solicitados pela fiscalização do Instituto, devendo, também, registrar na sua contabilidade, deforma discriminada, os valores aplicados em gratuidade, bem como o valor correspondente à isenção das contribuições previdenciárias a que fizer jus. [...] MP nº 446/08: Art.28.A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: [...] VII mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas,bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em Fl. 3292DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 20 37 consonância com os princípios contábeis geralmente aceitos e as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; [...] Lei nº 12.101/09: Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: [...] IV mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas,bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância comas normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; [...]. Decreto nº 7.237, de 20 de julho de 2010:Art.40.A entidade beneficente certificada na forma do Título I fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: [...] IV mantenha escrituração contábil regular, que registre receitas, despesas e aplicação de recursos em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade; [...]. É de se ver que a legislação demonstra como deve ser realizada a escrituração contábil, ademais, como indicou a autoridade fiscal, devem ser observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade a respeito, não cabendo ao profissional contabilista adotar procedimento diverso. Demonstrada a deficiência apontada pela autoridade lançadora, entendo presente o não cumprimento das disposições normativas dantes arrolada, uma vez que: deixou de contabilizar a “Renúncia de Receitas Convênio Empresas”; deixou de contabilizar a “Renúncia de Receitas Convênio SUS”; e deixou de contabilizar as aplicações em gratuidades de forma segregada. Em se tratando da contabilização em títulos próprios de todos os fatos geradores de contribuições, cuja deficiência decorre da omissão de mão de obra, este tópico será demonstrado em momento próprio,quando da apreciação do item específico sobre esta mãodeobra, cuja obrigação acessória descumprida foi objeto do Auto de Infração nº AI 51.009.1040 e integra o Processo nº 10920.721962/201264. Fl. 3293DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 38 Da Não Certificação – Período De 29/12/2009 Em Diante Aduz a recorrente que a conclusão da autoridade fiscal ao afirmar que desde 29/12/2009 a entidade não está certificada e que o pedido de renovação não possui decisão, está equivocada. Informa que tratou da renovação automática do CEBAS (arts. 37 e 39), Arrola dispositivos da MP 446/08, e dispositivos da Lei nº 12.101/09, na parte que trata da permanência da validade (arts. 24, § 2º);argumenta que, face a renovação em 03/02/2009 nos termos da MP 446/08, restou permitido o encaminhamento do requerimento até o término do prazo de validade do CEBAS (31/12/2009), tal como previsto no art. 38 da Lei nº 12.101/09. Em que pese tais alegações, vêse que os lançamentos a que se refere tal processo correspondem ao período de janeiro/2008 a dezembro/2008, ou seja, não, cabe discutir aqui o período de 29/12/2009 em diante. Por oportuno, observo que existe um outro processo, de nº 10920.721.963/2012 64, cujos lançamentos compreendem o período dejaneiro/2009 a dezembro/2010, ou seja, no mesmo interregno dos fatos apontados, pelo queserão apreciados nestes autos, submetido a julgamento conjunto. Do Pedido De Suspensão Da Exigibilidade Até O Trânsito Em Julgado Da Ação Popular Entende a impugnante que, em não sendo acatada a preliminar de nulidade, por força da nulidade da sentença nos autos da Ação Popular nº81.2010.404.7201/SC, deva ser suspensa a exigência fiscal até a decisão transitada em julgado desta Ação. Vejamos: A Ação Popular em comento trata de declaração de nulidade do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social da entidade, com validade para o período de 29/12/2006 a 28/12/2009,constante da Resolução CNAS n. 7, de 03/02/2009, por não ser uma entidade beneficente de assistência social e não ter atendido os requisitos do CEBAS. Entretanto, conforme disposto, neste mesmo voto, nas razões da inexistência de nulidades, ainda que a entidade disponha de CEBAS, pode ocorrer, como no caso presente, o descumprimento dos requisitos para manutenção do benefício da isenção, como representado nos autos em debate, que resultou no Lançamento fiscal. A conclusão do processo judicial estaria voltada para o órgão público responsável pela emissão/cancelamento do CEBAS, que refoge à Receita Federal do Brasil e não dirigido a este Conselho. Ademais, não existe previsão legal que imponha a este Conselho tal suspensão. Tal posicionamento pode ser encontrado em decisão do CARF, abaixo transcrita: […] PEDIDO DE SOBRESTAMENTO DO FEITO COM BASE EM PROCESSO JUDICIAL. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. INDEFERIMENTO. Deve ser indeferido, por falta de previsão legal, o pedido de sobrestamento do feito, sob a justificativa de que há relação de prejudicialidade com processo judicial Fl. 3294DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 21 39 [...]. (Acórdão 2401003.399.Decisão 19 de fevereiro de 2014). Desta feita, não pode ser acolhida a pretensão da recorrente. Da Aplicação Da Taxa Selic Sobre Multa De Ofício Requereu a impugnante o afastamento da aplicação da taxa Selic sobre a multa de ofício, por contrariar o ordenamento jurídico brasileiro; que embora as penalidades de multa de ofício e taxa de juros Selic terem previsão legal, não estão autorizadas a incidir uma sobre a outra; que cabe à Administração observar os preceitos legais, citando o art. 43 da Lei nº9.430/96 e julgados do Conselho de Contribuintes. Sem razão a Recorrente. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei da Lei nº 9.430, de 27de dezembro de 1996, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido, Vejamos: Art, 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: 1 de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Quanto aos acréscimos legais ao crédito tributário cumpre consignar que a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício está amparada nas disposições do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, de seguinte teor: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1o. de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. [...] § 3º. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3o. do art. 5o., apartir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior e de um por cento no mês de pagamento. Nesse contexto, a multa de ofício é débito para com a União e decorre de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos dos seguintes dispositivos do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966): Fl. 3295DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 40 Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1°.A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. [...] Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. [...] Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Decorre, assim, das expressas disposições legais que o crédito tributário não integralmente pago no vencimento deve ser acrescido de juros de mora. E o crédito tributário é definido como aquele decorrente da obrigação principal, que tem por objeto não apenas o pagamento do tributo, mas também da penalidade pecuniária e, nesse sentido, sequer se poderia afirmar que a multa de ofício não seria decorrente da exigência de tributos e contribuições. Na verdade, a exigibilidade dos tributos e contribuições é o fundamento para a própria exigibilidade da multa de ofício. A própria Lei nº 9.430, de 1996, no artigo 43, prevê expressamente a incidência de juros de mora sobre a multa de mora e os juros de mora devidos, isolada ou conjuntamente, e não teria sentido admitir a incidência dos juros de mora sobre a multa demora e sobre os próprios juros de mora lançados ex officio e afastar a incidência nos casos de multa objeto de lançamento de ofício. Não há discrimine na legislação que ampare tal distinção. É a seguinte a redação do artigo 43: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequ ente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A aplicação às multas de lançamento de ofício do mesmo regime jurídico previsto para a cobrança dos tributos é defendida também na doutrina, Segundo Celso Antonio Bastos: “O § 1º do art. 113 recebe duras críticas da doutrina, devido à redação de sua parte final, onde diz que a obrigação principal pode ter por objeto o pagamento de penalidade pecuniária. É que o próprio art. 3º do Código Tributário Nacional determina que o tributo não pode consistir no pagamento de prestação pecuniária sancionatória de ato ilícito. Há o Fl. 3296DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 22 41 estabelecimento,pelo menos aparente, de verdadeira contradição, por excluir aquele artigo, de maneira cabal, o pagamento das multas como prestação tributária. Com efeito, a afirmação de que a obrigação principal pode versar sobre penalidade pecuniária quadra mal com o anteriormente exposto. O § 3º do art. 113 visa estabelecer uma sanção destinada a punir aquele que descumpre a obrigação acessória. Escolhe a modalidade de uma penalidade de natureza pecuniária.Até esse ponto os tributaristas marcham concordes. Com efeito, nada mais apropriado do que impor uma sanção pecuniária àquele que descumpre com os deveres acessórios. Mas os mesmos críticos que há pouco encrespavam contra a possibilidade de que a obrigação principal pudesse ter por objeto tanto o pagamento de tributo quanto o de penalidade pecuniária, investem agora contra o fato de a obrigação acessória poder converterse em principal, quando não cumprida. Parece, com efeito, do estrito ponto de vista lógico, proceder a crítica destes autores. Não há que falars e em conversão da obrigação acessória em principal ,mas sim em sanção. Contudo, a intenção do texto é tão manifesta que acaba por relevar este pecadilho de ordem lógica. É que resulta claro que o que o legislador quis deixar certo é que a multa tributária, embora não sendo, em razão da sua origem,equiparável a tributo, há de merecer o mesmo regime jurídico previsto para sua cobrança. O direito tem estas liberdades, que não precisam ser objeto de escândalo.” Portanto, sendo a multa de ofício débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela SRF, configurase regular a incidência de juros demora sobre a multa de ofício a partir de seu vencimento. Nesse sentido vem se solidificando a jurisprudência desta instância recursal, embora reconheça ainda não ser dominante. Ilustro a asserção: JUROS SOBRE MULTA — sobre a multa de oficio devem incidir juros a taxa Selic, após o seu vencimento, em razão da aplicação combinada dos artigos 43 e 61 da Lei n° 9.430/96. (Acórdão120200.138 1ª. Seção. 2 . Câmara. 1ª. Turma Ordinária. Sessão de 30/07/2009.Relator Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes). JUROS SOBRE MULTA. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei n° 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido. Não procede o argumento deque somente no caso do parágrafo único do art. 43 da Lei nº9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Isso porque a previsão contida no dispositivo referese à aplicação de multa isolada sem crédito tributário, Assim, nada mais lógico que venha dispositivo legal expresso para fazer incidir os juros sobre a multa que não torna como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa. (Acórdão 140100.155 1ª. Seção. 4 ªCâmara. 1ª. Turma Ordinária. Sessão de 28 de janeiro de 2010.Relator Conselheiro Antonio Bezerra Neto). Fl. 3297DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 42 E, ainda, o recente julgado da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido no Acórdão nº 910100.539,em sessão realizada em 11 de março de 2010 de relatoria da Conselheira Viviane Vidal Wagner: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Do referido julgado, sobreleva extrair os seguintes trechos: O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme.De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária(objeto da relação obrigacional)." Como referi, há dissenso.Há ainda turmas que admitem o acréscimo,limitado à taxa de 1% a.m., ao passo que outras se esforçam para demonstrar a sua impossibilidade.Se o CARF ainda está dividido, parece meque vem se pacificando nas duas Turmas da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) o entendimento pela legalidade da incidência de juros de mora sobre multas de lançamento de ofício. AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.335.688 – PR(2012/01537730)RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.AGRAVOREGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DESEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA.INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUECOMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a PrimeiraSeção do STJ no sentido de que: “É legítima a incidência dejuros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o créditotributário.” (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. TeoriAlbino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr.Ministro Relator. Os Srs. Ministros Ari Pargendler, Arnaldo Esteves Lima (Presidente) e Napoleão Nunes Maia Filho votaram com o Sr. Ministro Relator.Brasília (DF), 04 de dezembro de 2012 (Data do Julgamento) Fl. 3298DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 23 43 Nego provimento ao recurso também nesta parte. 2. AI 37.333.448 6 e AI 37.333.4508 Das nulidades Da inexistência de nulidade parcial – arbitramento da base de cálculo Segundo a recorrente, o Auto de infração é nulo, posto o arbitramento da base de cálculo por aferição indireta, na medida em que não resta demonstrado a existência de elementos fáticos jurídicos que caracterizem a relação de trabalho, e ainda não há indícios de recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação por parte da recorrente. Outrossim, feriuse o princípio da motivação, princípio em que se pauta todo ato administrativo, quando da ausência de fundamentação legal e jurisprudencial para a utilização dos lançamentos das contas (“171185.01.02.01.04 honorários médicos" e "171195.01.02.01.05 honorários parcerias" e parte dos lançamentos da conta "171165.01.02.05.04 assessoria técnica") como base de cálculo. Não merece êxito a argumentação da recorrente. De certo, a base de cálculo adotada na presente notificação foi apurada mediante o procedimento de aferição indireta, consoante determinação do art. 33, §6º da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Da análise do dispositivo retro, é possível inferirse que, constatando a fiscalização que a escrituração contábil da empresa não registra a real movimentação da remuneração dos segurados a seu serviço, bem como de seu faturamento e lucro, devem tais valores ser calculados via aferição indireta, que é exatamente o caso dos autos, conforme se observará adiante. Ademais, vejo que o tema diz respeito ao próprio mérito do lançamento fiscal, pelo que neste será tratado. Dos Representantes Legais – Relatório de Vínculos Fl. 3299DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 44 A recorrente requer a nulidade e a conseqüente exclusão dos representantes legais da entidade no Relatório de Vínculos que compõe o auto de infração. Observo que tal tema já foi discutido quando da análise do recurso relativo ao AIDEBCAD 37.333.4478,para o qual remeto. Do mérito Da omissão de mão de obra – caracterização de vínculo empregatício Alega a recorrente que a terceirização da atividade médica é regular e lícita, quando não existentes os requisitos que configurem a relação de emprego. E que a atividade médica não se confunde com a atividade fim do hospital já que esta é de caráter empresarial, a terceirização é, pois, o fornecimento de condições e instrumental necessário para que o médico desempenhe o ato médico, vez que os hospitais cedem suas estruturas físicas e aparatos instrumentais viabilizando o exercício de suas funções. Aduz também, ao contrário do que informa a fiscalização, que da análise contratual e fática das relações estabelecidas, cada qual em sua especificidade, não se constata a existência de todo os requisitos necessários para o reconhecimento de vínculo empregatício de sócios em nenhuma das pessoas jurídicas constantes no Relatório Fiscal, quais sejam: ALEF SERVIÇOS DE ORTOPEDIA S/S, CNPJ 04.443.626/000123; BFM DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM LTDA, CNPJ 10.669.697/000141; BKF DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM LTDA, CNPJ 10.669.756/000181; CASAGRANDE SAÚDE SOC SIMPLES LTDA, CNPJ 04.278.475/000103; CH DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM S SIMPLES, CNPJ 00.259.802/000110; CLÍNICA CIRÚRGICA DE JOINVILLE LTDA, CNPJ 04.522.671/000173; KASTEN CONSULTORES ASSOCIADOS S/S, CNPJ 01.392.514/000100; M. A. R. CLÍNICA MÉDICA S/S LTDA, CNPJ 09.145.128/000118; MC DIAGNÓSTICOS S/S LTDA, CNPJ 09.436.526/000193; MK CLÍNICA MÉDICA CIRÚRGICA LTDA, CNPJ 08.648.486/000180; e RGM SERVIÇOS MÉDICOS LTDA, CNPJ 03.573.958/000160. A fiscalização, por sua vez, constatou a ocorrência de omissão de mão de o brade profissionais médicos, partindo da a análise da folha de pagamento percebeu uma quantidade mínimade médicos em relação aos profissionais enfermeiros, conforme quadro amostragem que elaborou. Constatou ainda, do exame da contabilidade, uma grande quantidade de registros de despesas de várias pessoas jurídicas da área médica, de forma habitual, como todos os lançamentos das contas “17118 5.01.02.01.04 – honorários médicos” e “171195.01.02.01.05 – honorários parcerias” e de parte dos lançamentos da conta “171165.01.02.02.04 – assessoria técnica”, conforme exemplos que colheu destes registros demonstrados nos quadros de fls. 422 e 423. Informou que alguns prestadores têm o mesmo endereço da contratante, outros o endereço do fornecedor de escritório virtual e outros a própria residência; que a grande maioria dos sócios das pessoas jurídicas contratadas integral a equipe médica do HDH. Em face disso, realizou diligência por amostragem, em alguns dos prestadores, aqueles acima listados, e dos documentos apresentados pelos prestadores indicou que a contratação teve por fim camuflar relação de emprego, cujos documentos mostram os elementos da caracterização de emprego, fato que levou ao lançamento fiscal por aferição indireta. Fl. 3300DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 24 45 Como dito anteriormente, a recorrente discorda do procedimento de aferição e indica que as planilhas mostram uma infinidade de lançamentos de despesas de outras pessoas jurídicas quês e quer foram analisadas pela autoridade fiscal para concluir pelo reconhecimento do vínculo empregatício; atesta, pois, que para se caracterizar a relação de emprego é necessária a comprovação dos requisitos dispostos no art. 3º da CLT e 12 da Lei nº 8.212/91. Em que pese a argumentação da recorrente, tais não merecem lograr êxito.De se ver. Primeiramente, no tocante a discordância do método de aferição (aferição indireta) das diversas pessoas jurídicas, considero que não se pode dar guarida. Pelo que os autos mostram, a autoridade fiscal, ao se deparar com a folha de pagamento da impugnante, constatou quantidade ínfima de médicos, face ao elevado número de profissionais da área de enfermagem, conforme quadro de amostragem que elaborou, em que há meses com registro de 10 ou mais enfermeiros para cada médico. Ademais, como esclarece a autoridade fiscal, cotejando o número de médicos registrados com os totais de exames e internações apresentados nos demonstrativos “Renúncia de receitas convênio empresas”, a quantidade de profissionais é insuficiente para tratar do volume de trabalho médico, para cuja explicação o exame da contabilidade apontou como sendo a ocorrência grande quantidade de registros de despesas de várias pessoas jurídicas da área médica, de forma habitual, como todos os lançamentos das contas “17118 5.01.02.01.04 –honorários médicos” e “17119 5.01.02.01.05 – honorários parcerias” e de parte dos lançamentos da conta “17116 5.01.02.02.04 – assessoria técnica”, conforme exemplos que colheu destes registros demonstrados nos quadros de fls. 422 e 423. Como dito em tópico anterior, em que já se discutiu am passan a possibilidade de aferição indireta, temse que a legislação ampara o procedimento fiscal e o consequente lançamento por aferição indireta. Cabe repetir o fundamento legal que ampara tal procedimento: art. 33, §6º da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. E mais: IN RFB nº 971/2009: Fl. 3301DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 46 Art. 446. Aferição indireta é o procedimento de que dispõe a RFB para apuração indireta da base de cálculo das contribuições sociais. Art. 447. A aferição indireta será utilizada, se: I no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento do sujeito passivo, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, da receita, ou do faturamento e do lucro; II a empresa, o empregador doméstico, ou o segurado recusarse a apresentar qualquer documento, ou sonegar informação, ou apresentálos deficientemente; III faltar prova regular e formalizada do montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil; IV as informações prestadas ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo não merecerem fé em face de outras informações, ou outros documentos de que disponha a fiscalização, como por exemplo: a) omissão de receita ou de faturamento verificada por intermédio de subsídio à fiscalização; b) dados coletados na Justiça do Trabalho, Delegacia Regional do Trabalho, ou em outros órgãos, em confronto com a escrituração contábil, livro de registro de empregados ou outros elementos em poder do sujeito passivo; c) constatação da impossibilidade de execução do serviço contratado, tendo em vista o número de segurados constantes em GFIP ou folha de pagamento específicas, mediante confronto desses documentos com as respectivas notas fiscais, faturas, recibos ou contratos. § 1º Considerase deficiente o documento apresentado ou a informação prestada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele documento que contenha informação diversa da realidade ou, ainda, que omita informação verdadeira. § 2º Para fins do disposto no inciso III do caput, considerase prova regular e formalizada a escrituração contábil em livro Diário e Razão, conforme disposto no § 13 do art. 225 do RPS e no inciso IV do art. 47 desta Instrução Normativa. § 3º No caso de apuração, por aferição indireta, das contribuições efetivamente devidas, caberá à empresa, ao segurado, proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário. § 4º Aplicam se às contribuições de que tratam os arts. 2º e 3º da Lei nº 11.457, de 2007, as presunções legais de omissão de receita previstas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e nos arts. 40, 41 e 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Pelo que restou demonstrado, incabível uma entidade hospitalar desenvolver sua atividade fim com corpo funcional somente de enfermeiros, sem médicos em seus quadros, que, respeitados os demais profissionais, é o principal motor da entidade.Entendo válida a amostragem em apenas parte das pessoas jurídicas prestadoras dos serviços, para se formar a Fl. 3302DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 25 47 convicção de que todas as demais, com o mesmo perfil – prestação de serviços médicos – satisfazem o requisito para o lançamento por aferição. São os elementos indiciários/presuntivos, por meio dos quais se forma a convicção de que a amostra conduz ao resultado do todo, ou seja, no caso presente, a contratação de profissionais médicos por via da pessoa jurídica, sendo, pois, desnecessário que a autoridade fiscal tenha que esgotar a apreciação de todos os prestadores de serviço, para formar a convicção, que no caso é extreme de dúvidas – praticamente inexistência de profissionais médicos nos quadros do hospital – os serviços destes profissionais contratados por intermédio de pessoas jurídicas, cuja relação completa a autoridade elaborou por meio da planilha denominada “Relação de Prestadores PJ e Seus Sócios PF” e desta extraiu a amostra para as quais diligenciou e formou a conclusão. Outrossim, em se tratando de arbitramento, como no caso, o art. 148 do CTN e a própria legislação aqui colacionada (Lei 8.212/91, art. 33), não obstante a autorização expressa para o lançamento sob esta forma, permite a prova em contrário, impondo ao contribuinte o seu ônus. No caso aqui retratado, caberia ao contribuinte demonstrar que as pessoas jurídicas diversas das 11 diligenciadas pela autoridade fiscal não se enquadram na mesma situação, eis que prestaram os mesmos serviços tal qual aquelas. É de se ver, que os serviços analisados foram precedidos de contratos formais, assim sendo, poderia a recorrente ao menos trazer aos autos a prova documental (os contratos firmados), no que concerne às demais pessoas jurídicas, no mesmo prazo da impugnação, para demonstrar que prosperam as suas alegações, e que os serviços prestados por estes diferem da amostra, cuja relação completa constou da planilha denominada “Relação de Prestadores PJ e Seus Sócios PF”. Por todo o exposto, entendo ser válido o lançamento na forma realizada (aferição indireta). Passase a avaliar as alegações da recorrente de que a terceirização é lícita por não ser a atividade médica atividade fim do hospital, e de que não existem os requisitos que configurem a relação de emprego, quais sejam, exclusividade, habitualidade, pessoalidade, onerosidade mas sim valores pagos decorrentes da prestação dos serviços. No caso dos autos, não há como conceber que o profissional médico, no regular desempenho de sua atividade privativa no hospital, não esteja exercendo atividade fim. Ainda que se fosse admitir tal hipótese (atividade meio), nos autos presentes restam demonstrados os elementos caracterizadores do vínculo empregatício. Com efeito, a legislação previdenciária trata da contratação terceirizada de mão de obra,porém, dispõe que estando presentes os requisitos da relação de emprego, cabível à autoridade fiscal o correto enquadramento, como se vê: Lei nº 8.212/91: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: Fl. 3303DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 48 I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; [...]. Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048 de 6 de maio de 1999 (RPS/99): Art. 229 [...] §2º. Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) Seguindo esse entendimento, segue jurisprudência: Ementa EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INSSCARACTERIZAÇÃODA RELAÇÃO DE EMPREGO VÍNCULOEMPREGATÍCIO MÉDICOS. 1. Compete aos agentes fiscais do Instituto verificar a ocorrência do fato gerador das obrigações tributárias referentes às contribuições devidas à Autarquia Previdenciária e, em caso afirmativo, não ocorrido o recolhimento, efetuar o lançamento tributário. Pois bem, se o fato gerador em questão é o pagamento de salários a empregados, como negar aos auditores a possibilidade de, diante de determinado quadro fático, verificar se ali estão reunidos os elementos caracterizadores da referida relação ou não? Fosse assim, estaria o auditor impossibilitado de verificar a ocorrência do fato geradordas obrigações devidas ao Instituto. 2. O INSS, ao realizar a fiscalização, apurou débitos quanto ao não recolhimento de contribuições previdenciárias relativas a médicos com vínculo empregatício, conforme relatório anexo à Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD nº 32.260.876.7 (fls. 176/179). Esta notificação, onde ficaram demonstradas as irregularidades praticadas pelo apelante, encontrase revestida pela presunção de legitimidade e veracidade peculiar aos atos administrativos em geral. 3. In casu, a empresa apelada não se desincumbiu do ônus de afastar a caracterização de vínculo empregatício apurado pela fiscalização autárquica, conforme se observa da cópia do procedimento administrativo (fls. 37/158 e 176/188). 4. Embora tenha remunerado os empregados por meio de RPA Recibo de Pagamento a Autônomo, podese aferir que a relação de trabalho Fl. 3304DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 26 49 apresentava todos os elementos configuradores do vínculo empregatício. Portanto, irrelevante que os profissionais sejam tidos como autônomos, quando, pelo exame dos documentos constantes do processo administrativo, verifico que estão presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego a ensejar a cobrança executiva a título de contribuições previdenciárias. 5. Estabelece o art. 16, § 2º, da Lei nº 6.830/80que o executado, ao apresentar os seus embargos deverá deduzir toda a matéria útil à sua defesa, com o objetivo de desconstituir a dívida e a sua presunção de liquidez e certeza. Esse desiderato, deveras, não é atingido com alegações genéricas, destituídas de qualquer comprovação. Cumpre, portanto, ao devedor trazer ao juízo impugnação específica, demonstrando, de maneira clara,eventuais incorreções existentes na CDA ou na apuração do crédito. Destarte, revelamse infundadas as alegações do apelante, eis que o título executivo se encontra revestido dos critérios, formalidades e requisitos essenciais previsto sem lei (art. 2º, § 5º, da Lei nº 6.830/80). 6. Em nenhum momento apresentou o embargante prova inequívoca de que o título executivo está tocado dos vícios e das irregularidades alegadas, razão pela qual há de se manter a presunção de legalidade do ato administrativo quanto a tal aspecto, já que o contribuinte na se desincumbiu do ônus probatório. Ademais, o requerimento de prova pericial deve ser precedido da especificação da controvérsia a ser dirimida, não bastando para seu deferimento simples inconformismo genérico e não fundamentado com o montante correspondente aos acréscimos incidentes sobre a dívida exequenda. 7.REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO DO INSS PROVIDAS. Invertidos os ônus de sucumbência.(TRF2. AC APELAÇÃOCIVEL – 225068. Decisão 20/03/2012). E mais: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. CONTRIBUIÇÕESPREVIDENCIÁRIAS. COMPETÊNCIA DO FISCAL DO INSS PARARECONHECER VÍNCULO EMPREGATÍCIO. OINSS tem competência para reconhecer relação de emprego para fins de fiscalização, arrecadação e lançamento de contribuições previdenciárias devidas no tocante a trabalhador que presta serviços à empresa. Admitirse o contrário seria esvaziar inteiramente a obrigatoriedade e eficácia das normas previdenciárias e da filiação dos segurados, deixando a questão ao arbítrio,interesses e conveniências da empresa e dos trabalhadores.(TRF4. EIAC 15628. Processo 2000.04.010876133RS. DJU 17/11/2004.) [...] No procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a caracterização do vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização do vínculo para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato. Fl. 3305DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 50 [...]. (CARF. Acórdão 2401002.605.Decisão 15/09/2012) De plano, cumpre esclarecer que o ordenamento jurídico pat́rio veda que empresas, ao inveś de contratarem empregados para a realização de sua atividadefim, terceirizem esta atividade, que passa a ser prestada aos seus clientes por meio de outras pessoas jurídicas. Tal prática constitui o feno meno conhecido como “pejotização”, repudiado pelo ordenamento jurídico. No caso ora discutido, a Autoridade fiscal entendeu que os médicos que estavam a prestar serviços nas dependências do hospital da contribuinte possuíam vínculo de trabalho, razão por que lavrou os autos de infração. Cabe à fiscalização desconsiderar os atos e os negócios jurídicos que não retratam a realidade dos fatos, embasada nos artigos 118 e 149 do CTN, que prevêem a primazia da realidade sobre os atos jurídicos realizados, Art. 118 – A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos Art. 149 – O lançamento é efetuado e revisto de oficio pelaautoridade administrativa nos seguintes casos: (...) VII – quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação. Essa atribuição da fiscalização é reforçada quando se trata do correto enquadramento dos segurados empregados, para fins de cobrança da contribuição previdenciária devida A solução da lide passa, assim, inexoravelmente, pela avaliação dos fatos e documentos presentes nos autos, de modo a se concluir pela ocorrência dos pressupostos fático jurídicos que formam o vínculo de emprego. Para tal recorrese ao artigo 3º da CLT: Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único – Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Fl. 3306DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 27 51 Do dispositivo transcrito, têmse como requisitos para configurar a relação de emprego: a pessoalidade, a habitualidade, à subordinação e a onerosidade. Notese que a exclusividade não é requisito, e desta feita afastase a alegação da recorrente quando pontua que os médicos trabalham em outros locais, tal em nada influencia a caracterização da relação empregatícia. Passase a discorrer sobre os requisitos supra, trazendoos ao caso ora discutido. No caso dos autos, os médicos exerciam um trabalho pessoal para Associação em atividade intrínseca e inerente aos objetivos desta, trabalho este que não poderia ser repassado a terceiros, prestado de modo regular e contínuo ao longo de meses, voltado para a atividade principal de uma associação da área da saúde, subordinandose às diretrizes organizacionais, sendo pois uma prestaçaõ pessoal de trabalho integrada na estrutura produtiva da empresa, que configura uma relação empregatícia. A subordinação, neste caso, é uma “exigência técnica e funcional, isto é, a atividade do empregado ou do trabalhador deve integrar a atividade geral da empresa”, em outros termos, como a “subordinac aõ, elementarmente, parte da atividade, se concentra na atividade” (...) “é vital para a consecuc ão dos seus objetivos econo micos, tećnicos e administrativos” (Ribeiro de Vilhena, op. cit., p.521). É fato incontroverso que, em todos os casos de serviços prestados por médicos, eram os sócios das empresas contratadas que executavam os trabalhos.Vê se, dos contratos firmados, que eram definidas as pessoas físicas que deveriam executar osserviços para a contratante, ficando patente a existência de pessoalidade nos contratos. O fato alegado de que o profissional médico desempenha seu mister (ato médico) de forma privativa, sem interferência do hospital, não significa que esteja desobrigado do cumprimento das normas administrativas, mas sim, que o seu serviço técnico, o seu conhecimento e atuação para com o paciente lhe é privativo, como prevê o próprio Código de Ética. Por sua vez, A subordinação jurídica naõ se confunde com dependência ou sujeiçaõ pessoal, sendo certo que um maior grau de autonomia que e ́conferido a determinadas profissões não desnatura ou impede a relaçaõ de emprego. Exigir que para haver subordinação seja preciso a existência de um chefe direto, determinando ordens diárias, e pressupor que só há continuidade ou não eventualidade quando o trabalho é localizado na empresa, é reduzir a relação de emprego aq̀uelas das fases originais do direito do trabalho. Acrescento, ainda, que a nãoeventualidade está absolutamente configurada, não só pelo critério temporal (regularidade semanal e duração ao longo de anos) como também pelos demais critérios para se definir a nãoeventualidade, qual seja, o critério finalístico ou, como prefere Amauri Mascaro, a teoria dos fins: “Empregado é o trabalhador cuja atividade coincide com os fins normais da empresa e eventual é o trabalhador que vai desenvolver numa empresa serviços não coincidentes com os seus fins normais”, ou ainda pela lógica da fixação jurídica do empregado na empresa: “basta que em vez de trabalhar de vez em quando passe a faze lo seguidamente” (Curso de Direito de Trabalho. São Paulo: Saraiva, p. 202). Neste sentido, o trabalho realizado pelos médicos naõ era descontínuo e nem eventual, porque naõ era ocasional e esporad́ico. E ́daí que nasce a subordinação, que em seu critério objetivo “vincula a conduta do empregado ou trabalhador a normas traçadas pela Fl. 3307DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 52 empresa. Essas normas nada mais são do que as disposições tećnicas ou funcionais que estruturam a empresa como um todo em sua dinâmica.” Afinal, a inserção subordinada ocorre de atividade a atividade e naõ pessoa a pessoa, motivo pelo qual seu elemento é o “círculo de expectativas que se abre com o desenvolvimento e o tráfico da atividadetrabalho e que se desdobra segundo o ângulo em que e ́visto”. E deste modo, se para configurar a relaçaõ de emprego naõ se pode confundir subordinac ão com estado de sujeição pessoal e se a melhor doutrina configura que “conceitual e objetivamente, a subordinação é a participac ão integrativa da atividade do trabalhador na atividade do credor de trabalho”, como bem conceituou o magistrado e jurista Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena (Op. cit, p. 526), in casu, há que se reconhecer a subordinac ão presente na relac ão entre as partes. Destarte, presentes todos os requisitos da relac ão de emprego, ela deve ser configurada (arts. 2o e 3o da CLT). Ainda, ante o princípio da primazia dos fatos sobre as formas jurídicas, devem ser declarados nulos (art. 9o CLT) todos os atos e formas empregados com o objetivo de fraudar o fisco e não recolher contribuições previdenciárias O que se tem é que a partir da amostra feita nas 11 pessoas jurídicas prestadoras contratadas, demonstrouse que os serviços foram prestados por pessoas físicas, de forma habitual, constituise em necessidade permanente, houve remuneração e subordinação, todavia, com a particularidade de que apenas no aspecto formal foram constituídos contratos com aquelas pessoas jurídicas, masque não desnaturam a realidade apontada, conforme as informações que se colacionam do Relatório Fiscal, em síntese do necessário, que esclarece os fatos. Por todo o exposto, as alegações da impugnante não merecem êxito, inclusive nos próprios argumentos que apresentou em defesa, referentes aos serviços prestados pelas pessoas físicas, por intermédio das pessoas jurídicas formalmente contratadas, que se mostram claros quanto ao preenchimento dos requisitos da relação de emprego. Dessa forma, independentemente da validade jurídica dos contratos firmados entre a impugnante e as pessoas jurídicas, o fato é que a verdade que restou configurada foi a de prestação de serviços por pessoas físicas. 3. AI n°37.333.4516 No recurso voluntário referente a esse DEBCAD, a recorrente apresenta as mesmas alegações já discorridas e discutidas exaustivamente nos Ais nºs 37.333.4478 e AI 37.333.448 6, aos quais remeto. Cabe, contudo, por se tratar de matéria de Ordem Pública, a análise da aplicação da multa ao caso Da aplicação de penalidade benéfica No caso dos autos, verificase que o auto de infração Debcad nº 37.333.451 6,foi lavrado por ter o contribuinte omitido fatos geradores na GFIP, sendolhe aplicada a penalidade prevista no art. 32, §5º da Lei nº 8.212/1991, na redação vigente à época da ocorrência do fato gerador, ou seja, equivalente a 100% da contribuição devida e não declarada. Eis a redação do referido dispositivo: Fl. 3308DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 28 53 Art. 32, §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9528.htm art1 No entanto, com o advento da Lei 11.941/09, o dispositivo acima transcrito fora revogado em sua totalidade, passando a regular a matéria o seu art. 32A, inciso I, in verbis: "Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo.” Diante da existência de uma nova lei dispondo de forma diversa sobre a penalidade a ser aplicada à conduta de apresentar GFIP com omissões ou erros, deve o Fisco perquirir sobre qual seria a legislação mais benéfica ao contribuinte, já que a novel legislação poderá retroagir nos termos do art. 106, II, alínea “c” do CTN, in verbis: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Assim, a partir de uma análise no caso concreto de qual seria a penalidade mais favorável ao contribuinte, se de 100% do valor das contribuições omitidas ou de R$ 20,00 para cada grupo de informações incorretas ou omissas, é que se definirá a norma que será aplicada. Não se pode perder de vista, contudo, que existe entendimento de que, pela nova legislação instituída pela Lei nº 11.941/2009, o art. 32A da Lei nº 8.212/1991 somente seria aplicado nos casos em que a omissão ou erro em GFIP não fosse acompanhado de supressão no pagamento da contribuição previdenciária, pois, quando houvesse também descumprimento da obrigação principal, seria aplicado somente o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, que dispõe: Fl. 3309DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 54 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Este entendimento, contudo, não pode prevalecer. Em primeiro lugar, a Lei nº 8.212/1991 é específica para disciplinar as contribuições previdenciárias e todas as obrigações principais e acessórias a elas inerentes. Somente nos casos em que a própria Lei nº 8.212/1991 remeterse a outras normas é que serão estas aplicáveis, como ocorreu expressamente, a título de exemplo, com os seus arts. 35 e 35A, ao se referirem aos art. 61 e 44 da Lei nº 9.430/1996, respectivamente. Assim, se na disciplina da penalidade aplicável aos casos de descumprimento da obrigação acessória (GFIP apresentada com omissão ou incorreções ou GFIP não apresentada) a própria Lei nº 8.212/1991 já tipifica a conduta e impõe a penalidade, não fazendo qualquer ressalva quanto à existência ou não de pagamento, não há por que se perquirir sobre a aplicação de outro dispositivo legal, sendo aquela lei a específica para o caso concreto. A referência feita pela Lei nº 8.212/1991 ao art. 44 da Lei nº 9.430/1996 somente ocorre no art. 35A, com a redação dada pela Lei nº 11.941/2009 que tem sua aplicação limitada aos casos de descumprimento de obrigação principal, e não aos de descumprimento de obrigação acessória relacionado a GFIP, pois para este já teria sido introduzida pela mesma Lei nº 11.941/2009 a punição para os casos de não apresentação de GFIP, apresentação com incorreções relacionados ou não a fatos geradores. Por outro lado, não existe razão para que o art. 32A da Lei nº 8.212/1991 seja aplicado somente nos casos em que o descumprimento da obrigação acessória não for acompanhado, também, de diferenças de contribuições a recolher, já que o próprio dispositivo ou qualquer outro não faz essa ressalva. Ao contrário, o inciso II deste mesmo dispositivo deixa evidente que a multa será paga ainda que integralmente pagas as contribuições previdenciárias, isto é, havendo ou não pagamento da contribuição, será aplicada a multa, o que ratifica o entendimento de que, mesmo havendo diferenças do tributo, deverá ser aplicado o dispositivo em comento. Por essa razão é que não pode ser aplicado o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996 como penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória quando se tratar de contribuição previdenciária, estando sua aplicação por falta de declaração ou declaração inexata limitada aos tributos de outras espécies. Portanto, no meu entendimento, o comparativo da norma mais favorável ao contribuinte deverá ser feito cotejando os arts. 32, §5º com o art. 32A, I, ambos da Lei nº 8.212/1991, sendo aplicada a multa mais favorável ao contribuinte. Da Conclusão Fl. 3310DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 29 55 Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para DARLHE PARCIAL PROVIMENTO mantendo o crédito fiscal constantes nos DEBCADS de n°s AI 37.333.447 8 AI 37.333.449 4, AI 37.333.448 6 e AI 37.333.4508, reformando a decisão no que concerne a penalidade a ser aplicada no – DEBCAD AI n°37.333.4516, recalculando a conforme as disposições inscritas no art. 32A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso à Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’ do CTN. É como voto. Sala das Sessões, em 03 de dezembro de 2014. Leonardo Henrique Pires Lopes Fl. 3311DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 56 Voto Vencedor Caracterização de Empregados. Em suma, interessanos a parte do lançamento que desconsidera os contratos celebrados entre o hospital e as sociedades médicas para enquadrar os sócios das sociedades médicas como segurados empregados do hospital. Cabe esclarecer, de largada, que não se nega a necessidade de o hospital manter segurados empregados, inclusive médicos, para assegurar um mínimo de organização das atividades, mas também não se impõe fática e juridicamente que todos os médicos ou prestadores de serviço devam ser, necessariamente, empregados. Assim, embora a inexistência de segurados empregados médicos constitua um primeiro indício da ocultação de relações de emprego, cumpriria à fiscalização individualizar as atividades de cada um dos segurados empregados, pois não se tratou de arbitramento / aferição indireta (art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei n° 8.212/91; e o art. 148 do CTN). Diferentemente do que afirma o ilustre Relator, o lançamento não poderia ter ocorrido por aferição indireta por não ter sido sonegada nenhuma informação solicitada quanto ao enquadramento dos sócios das sociedades médicas como empregados, nem pela recorrente e nem pelas poucas sociedades intimadas, que totalizam onze (11) num universo de cento e sessenta e seis (166) pessoas jurídicas contratadas e cujos sócios foram todos enquadrados como segurados empregados, por pura abstração e generalização. A única base aferida indiretamente, pelo que consta do Relatório Fiscal foi o valor destinado a cada sócio, “em face de não haver a informação do valor destinado a cada sócio das prestadoras”. Notese que mesmo aqui não se vislumbra qualquer informação que tenha sido solicitada e não teria sido apresentada e tampouco o apontamento da deficiência de qualquer documento, como exige o art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei n° 8.212/91; e o art. 148 do CTN. Portanto, tal fato já seria suficiente para desconsiderar o lançamento em todo o montante que não fosse relativo às onze empresas intimadas a responder um questionário padrão e cujas contabilidades foram analisadas. Mas mesmo em relação à amostra, verifico que a situação não é uniforme, havendo sim indícios favoráveis à caracterização da relação de emprego em alguns casos, mas muitos outros indícios contrários à conclusão fiscal. Não verifico no Relatório Fiscal qualquer menção concreta ao poder diretivo ou ao direito residual de controle, este próprio da atividade intelectual subordinada. Não se vislumbra qualquer prova de controle de horário. Dentre as onze sociedades analisadas, muitas responderam que o cronograma era definido mensalmente. Além disso, os contratos são com as pessoas jurídicas, constituídas coletivamente, incluindo um, dois ou mais médicos (normalmente por especialidade médica). Não há afirmação de que os contratos são iguais. Apenas alguns poucos se mostram parecidos entre si, dentre os onze analisados. E os outros cento e cinqüenta e cinco (155) contratos? Será que se pode simplesmente equiparar todas as situações, considerandose a totalidade de sócios segurados empregados? Fl. 3312DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 30 57 Também consta que os médicos envolvidos nos onze casos analisados eram convidados para participar de treinamentos, mas não se afirma se poderiam receber qualquer tipo de sanção (poder disciplinar) em caso de não aceitação do “convite”. Não se mencionou qualquer prerrogativa de alteração unilateral da prestação de serviço (poder de organização, regulamentador), mesmo com relação às onze sociedades analisadas. Não restou caracterizada a inserção na organização, relacionando as diferentes atividades com a dinâmica de funcionamento do hospital ou de determinado serviço hospitalar. Não se sabe quem manda em quem nesse extenso universo de trabalhadores enquadrados como segurados empregados. E não foi a falta de apresentação de documentos ou prestação de informações que deu ensejo a este grau de abstração e generalização. Aliás, pelo que consta, as onze sociedades responderam rigorosamente a todas as perguntas. As outras cento e cinqüenta e cinco sequer foram intimadas e nem o hospital foi intimado a individualizar todas essas situações, pelo que verifico do Relatório Fiscal. Outrossim, não se vislumbra a fixação da remuneração nos contratos analisados, salvo um patamar mínimo para a hipótese do radiologista, aparentemente justificável pela possível sazonalidade dos exames. É verdade que há indícios de algumas relações de emprego: o local de prestação de serviços era o Hospital; havia utilização de sua estrutura; os serviços eram prestados pelos sócios; em um ou outro caso (dos onze analisados) havia exclusividade; e, num único caso, o médico se declarou o responsável técnico. Todavia, entendo que tais indícios não autorizam a generalização e abstração para todos os demais contratos. Quanto ao endereço da sociedades médicas, apenas quatro dos cento e sessenta e seis têm o mesmo endereço da contratante (Rua Blumenau, 123). Há sociedades sediadas em Curitiba, Brusque, Blumenau, Campo Alegre, Balneário Camburiú, São Bento do Sul e Canoinhas, sendo que todos os sócios foram considerados segurados empregados! Relativamente aos faturamentos analisados (somente das onze), verifico que, em algumas sociedades, os recebimentos do Hospital chegam a representar menos de 60% do faturamento no ano. Portanto, embora em algumas represente a quase totalidade do faturamento, tais situações não podem ser simploriamente equiparadas. Entendo que deve haver a descrição da presença cumulativa de todos requisitos essenciais da relação de emprego, sendo necessário para tanto que se indique quem prestou o serviço e como este se realizou, com menção às particularidades da atividade de cada profissional, quando existentes (e, se não existentes as particularidades, que se afirme e se demonstre isso), e como o empregador exerceu o seu poder diretivo. Para a configuração da relação de emprego não basta a mera generalização ou abstração simplesmente por se tratar de atividade hospitalar e pelo prestador do serviço ser médico sócio de sociedade médica formalmente contratada, salvo na hipótese de impossibilidade de individualização das situações por omissão da sociedade ou da empresa contratante na apresentação de documentos ou na hipótese destes se mostrarem deficientes (art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei n° 8.212/91; e art. 148 do CTN). Como já afirmado, não se nega a Fl. 3313DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES 58 necessidade de o hospital manter segurados empregados, inclusive médicos, para assegurar um mínimo de organização das atividades, mas também não se impõe fática e juridicamente que todos os médicos ou prestadores de serviço devam ser, necessariamente, empregados. Ou a atividade de um plantonista de enfermaria que presta serviços uma única vez ao hospital é idêntica a de outro que trabalha todos os dias no local? Podese equiparar, por abstração e generalização que um cirurgião que exerce suas atividades praticamente todos os dias no hospital é tão subordinado quanto um cirurgião convidado eventualmente a prestar seus serviços aos pacientes do hospital? Um radiologista que realiza e interpreta dezenas de exames de imagem por dia e um radiologista que lauda a quilômetros de distância alguns poucos exames de imagem podem ser equiparados por abstração e generalização? Entendemos que não, salvo na hipótese de impossibilidade de individualização das situações por omissão da empresa na apresentação de documentos ou na hipótese destes se mostrarem deficientes (art. 33, §§ 3° e 6°, da Lei n° 8.212/91; e art. 148 do CTN). A autoridade fiscal, no que é acompanhada pelo ilustre Relator, adota como uma das justificativas para o lançamento o fato de a folha de pagamento apresentar elevado número de profissionais da área de enfermagem em relação a cada médico. Com efeito, consta a informação de que os médicos encontrados em folha de pagamento (de 21 a 36, no período de 2008 a 2010) eram todos autônomos. Todavia, pelo que verifico dos autos, estes não foram enquadrados como empregados Ora, não há justificativa para a distinção entre os sócios das sociedades médicas, enquadrados todos como empregados, e os contribuintes individuais que prestavam serviço. Se todos médicos são empregados pela característica geral de sua profissão – no que discordamos, como visto – então que se procedesse com coerência e se enquadrasse todos os contribuintes individuais como segurados empregados ou que se mencionasse a nota distintiva dessa prestação de serviço em relação às sociedades médicas contratadas. É claro que a incongruência mencionada não é razão para invalidar o lançamento, mas entendemos por bem apontar este fato como mais um ponto de nossa discordância quanto aos procedimentos adotados. Por fim, é de se mencionar ainda que não vislumbramos no Relatório Fiscal se este elevado número de profissionais da área de enfermagem referese a profissionais celetistas (segurados empregados) ou se à totalidade dos trabalhadores da área de enfermagem (segurados empregados e contribuintes individuais). Por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os fatos geradores decorrentes da descaracterização da prestação de serviços por pessoas jurídicas, porque não restou suficientemente demonstrada a fundamentação fática da existência dos pressupostos da relação de emprego entre cada um dos sócios das pessoas jurídicas contratadas e a recorrente. Tal conclusão deve afetar o Auto de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD 37.333.4516, lavrado no CFL 68, devendo ser excluídos da multa os fatos geradores relativos à descaracterização da prestação de serviços por pessoa jurídica. É como voto. André Luís Mársico Lombardi – Redator designado Fl. 3314DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES Processo nº 10920.721961/201275 Acórdão n.º 2302003.542 S2C3T2 Fl. 31 59 Fl. 3315DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 30/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 25/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
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Numero do processo: 19311.720033/2013-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 28/02/2009 a 31/12/2011
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. OCORRÊNCIA.
Configura o evidente intuito de fraude, consistente em impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, justificando sua aplicação de forma agravada nos termos do §1º do art. 44, da Lei n° 9.430.
INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
DCTF. DACON. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ART. 112 DO CTN. INAPLICABILIDADE.
Não havendo divergência acerca da interpretação da lei tributária,o art.112 do CTN não pode ser aplicado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-002.609
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
João Carlos Cassuli Junior - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente), MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, ALEXANDRE KERN, JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
Nome do relator: JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/2009 a 31/12/2011 MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. OCORRÊNCIA. Configura o evidente intuito de fraude, consistente em impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, justificando sua aplicação de forma agravada nos termos do §1º do art. 44, da Lei n° 9.430. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). DCTF. DACON. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ART. 112 DO CTN. INAPLICABILIDADE. Não havendo divergência acerca da interpretação da lei tributária,o art.112 do CTN não pode ser aplicado. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior - Relator Participaram do julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente), MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, ALEXANDRE KERN, JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
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E COM. DE PRODUTOS PARA LIMPEZA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 28/02/2009 a 31/12/2011 MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. OCORRÊNCIA. Configura o evidente intuito de fraude, consistente em impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, justificando sua aplicação de forma agravada nos termos do §1º do art. 44, da Lei n° 9.430. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). DCTF. DACON. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ART. 112 DO CTN. INAPLICABILIDADE. Não havendo divergência acerca da interpretação da lei tributária,o art.112 do CTN não pode ser aplicado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente Substituto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 00 33 /2 01 3- 17 Fl. 118DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator Participaram do julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente), MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D’EÇA, ALEXANDRE KERN, JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Fl. 119DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 19311.720033/201317 Acórdão n.º 3402002.609 S3C4T2 Fl. 119 3 Relatório Versa o auto de infração relativos a PIS/PASEP, dos períodos de apuração de 28/02/2009 a 31/12/2011 sob o valor de R$ 77.957,94, incluindo juros de mora e multa proporcional. Conforme o Termo de Verificação Fiscal, foi apurado as seguinte infrações: – contribuições apuradas no DACON e não informadas em DCTF ou pagas, motivando o lançamento por falta de recolhimento, com juros de mora e multa de ofício de 75%; – contribuições apuradas no DACON, informadas em DCTF posteriormente retificadas para “débito zero”, motivando o lançamento por falta de recolhimento, com juros de mora e multa de ofício qualificada de 150%. Neste último caso, a fiscalização entendeu estar diante de prática de fraude, tipificada no art. 72 da Lei nº. 4.502/64 o que justificou a aplicação da multa de ofício duplicada, de acordo com o art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, além da formalização de Representação Fiscal para Fins Penais. IMPUGNAÇÃO Cientificada do auto de infração em 04/04/2013, o sujeito passivo apresentou sua impugnação em 03/05/2013, argumentando em síntese: Que, com relação à Representação para fins Penais, a sua conduta não corresponde ao tipo penal descrito, afastando a existência de crime contra ordem tributária. Que, em função de uma enchente, deixou de apresentar a fiscalização os documentos requeridos em relação ao ano de 2011. Que as informações constantes no DACON não podem servir de base para lançamento porque o demonstrativo pode conter erros e incorreções que prejudicam a certeza e a liquidez do valor exigido. Colaciona jurisprudências sobre arbitramento como medida extrema. Que a multa aplicada fere o principio da proporcionalidade, do nãoconfisco e da razoabilidade, e ainda que não há bom senso na aplicação, pois que argumenta não ter cometido infração que justifique o percentual aplicado. Que o art. 112 do CTN dispões que a norma que define infrações ou comine em penalidades deve ser interpretada de maneira mais favorável ao contribuinte, devendo ser o auto retificado a fim de se excluir a multa de 150%,aplicandose o percentual máximo de 20% consoante o §2º do art. 61 da Lei nº 9.430/96. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Através do Acórdão nº 0356.747 restou o processo julgado em primeira instância, no qual a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fl. 120DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 Brasília/DF (DRJ/BSB) houve por bem em considerar improcedente a impugnação do contribuinte, ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 28/02/2009 a 31/12/2011 MULTA DE OFÍCIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado pronunciar se sobre arguições de inconstitucionalidade de lei. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. O julgamento administrativo não é foro próprio para apreciar discussão sobre representação fiscal para fins penais. MEIO DE PROVA. No processo administrativo tributário são hábeis para comprovar os fatos todos os meios de prova admitidos em direito, o que inclui as informações prestadas em obrigações acessórias, cabendo ao sujeito passivo demonstrar na impugnação sua inexatidão ou inveracidade. PENALIDADE. QUALIFICAÇÃO. A retificação de DCTF em sucessivos períodos, reduzindo para zero os débitos apurados no DACON e anteriormente declarados, constitui ilicitude que implica qualificação da penalidade. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Quanto aos argumentos contra a formalização da Representação Penal, cita a Súmula CARF nº 28, a fim de esclarecer que o CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Quanto à noticiada enchente que teria danificado a documentação, afirma que nada guarda relação com a presente autuação e segue pontuando que no caso concreto não houve nenhum tipo de tributação por arbitramento. Relembra que, a partir das informações contidas nos DACON, em confronto com as DCTF e DARF, foram constatados a falta de declaração da contribuição apurada em DCTF e ausência de pagamento, ou, ainda mais, nos períodos em que os débitos foram informados em DCTF, estas foram posteriormente retificadas para constar “débito zero”. Rebate o argumento do contribuinte acerca da utilização do DACON como instrumento probatório, afirmando que consoante o disposto no art. 24 do Decreto 7.574/2011, são hábeis para comprovar a verdade dos fatos todos os meios de prova admitidos em direito. Ainda, sobre os erros e/ou inexatidões eventualmente contidas nas informações prestadas na DACON, são de ônus do interessado sua prova. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 19311.720033/201317 Acórdão n.º 3402002.609 S3C4T2 Fl. 120 5 Quanto aos argumentos de que os percentuais de penalidade fixados desrespeitam princípios constitucionais, afastam de sua apreciação tais arguições, por não ser de sua competência diante do contido no art. 26A §6º do Decreto nº 70.235/72. Salienta que quanto ao pleito do contribuinte da multa moratória de 20%, é aplicável à hipótese de inadimplência, não sendo o caso em análise, onde a falta de recolhimento pelo sujeito passivo originou constituição do crédito tributário, mediante lançamento de ofício formalizado em auto de infração, sendo nesta hipótese, a penalidade aplicável de 75%, contida no art. 44 da Lei 9.430/96. Por sua vez, nos sucessivos períodos em que o sujeito passivo retificou posteriormente a DCTF, alterando para “débito zero” a contribuição apurada no DACON e anteriormente declarada, a penalidade em questão teve seu percentual duplicado, conforme o § 1º do mesmo art. 44 da Lei no. 9.430/96. Sendo assim, diante da concretude do fato constatado, que comprovadamente não ocorreu por acaso, mas por intenção, não há que se falar na aplicação do art. 112 do CTN. Por fim, vota pela improcedência da impugnação e manutenção do crédito tributário. RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificado do acórdão acima citado em 13/11/2013, o contribuinte apresentou seu Recurso Voluntário em 13/12/2013, repisando os argumentos utilizados em sede de impugnação, os quais não serão repetidos por brevidade. DA DISTRIBUIÇÃO Tendo o processo sido distribuído a esse relator por sorteio regularmente realizado, vieram os autos para relatoria, por meio de processo eletrônico, em 01 (um) Volume, numerado até a folha 117 (cento e dezessete), estando apto para análise desta Colenda 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção do CARF. É o relatório. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 Voto Conselheiro João Carlos Cassuli Jr., Relator. O Recurso é tempestivo, atendendo aos demais pressupostos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. A análise dos autos dá conta que tratase de lançamento fundamentado em divergências entre as informações lançadas pelo próprio contribuinte em suas DACON´s, com os valores declarados em DCTF´s e DARF´s correspondentes, emergindo a falta ou a insuficiência de recolhimentos. Apesar de entender que para esse tipo de lançamento calcado em simples “cruzamento eletrônico”, seja necessário procedimento de fiscalização efetiva por parte da Administração, tenho que ao contribuinte incumbiria ao menos trazer aos autos indícios de prova de que o verdadeiro valor devido, emergente do fato gerador, não fora aquele por ele próprio informado em DACON. No momento em que o próprio contribuinte informa ao Fisco o valor devido em termos de DACON, atraiu para si o ônus da prova desconstitutiva do direito da Administração em proceder ao lançamento pelo cotejo das divergências entre DACON e DCTF. Houvessem referidos indícios ou provas, seria no mínimo de se converter em diligência para se aquilatar o verdadeiro montante do fato gerador. Porém, nada trouxe o contribuinte para respaldar sua negativa, pelo que deve permanecer o lançamento com base justamente em suas próprias declarações na DACON transmitida, que não foi por ele dissuadida sequer por algum início de prova. Quanto à noticiada enchente que teria danificado a documentação, no caso em concreto esse evento em nada guarda relação com a autuação, a qual baseouse em informações do próprio contribuinte. Não houve o profalado “arbitramento” invocado pelo contribuinte, sendo descabido tecer maiores comentários sobre os fundamentos invocados pelo sujeito passivo para afastálo. Cabe aqui relembrar que, a partir das informações contidas nos DACON, em confronto com as DCTF´s e DARF´s de recolhimentos, foram constatadas a falta de declaração da contribuição apurada em DCTF e a ausência de pagamento, ou, ainda mais, nos períodos em que os débitos foram informados em DCTF, estas foram posteriormente retificadas para constar “débito zero”, possivelmente no afã de retardar a exigência via inscrição em Dívida Ativa, ocultando a ocorrência do fato gerador, o que, ao menos em tese e para essas DCTF´s, está preenchido o evidente intuito de fraude, devendo permanecer a qualificadora da multa para essas competências. Nesse sentido é a jurisprudência deste Conselho: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 MULTA QUALIFICADA. MANUTENÇÃO. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 19311.720033/201317 Acórdão n.º 3402002.609 S3C4T2 Fl. 121 7 A fraude se caracteriza por uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe, sempre, a intenção de causar dano à f azenda pública, num propósito de liberado de se subtrair no todo ou em parte a uma obrigação tributária. Assim, ainda que o conceito de fraude seja amplo, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à fazenda pública, onde, utilizandose de subterfúgios, escamoteia na ocorrência do fato gerador ou ret ardam o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. Ou seja, o dolo é elemento específico da sonegação, da fraude e do conluio, que a diferenciada declaração inexata ou da falta ou pagamento a menor do tributo ou da omissão de rendimentos na declaração de ajuste anual, seja ela pelos mais variados motivos que se possa alegar. Dessa forma, o intuito doloso deve estar plenamente demonstrado (nota fiscal fria, calçada, declaração do beneficiário do pagamento de que não pr estou os serviços etc), sob pena de não restarem evidenciados os ardis característicos da fraude, elementos indispensáveis para ensejar o lançamento d a multa qualificada. O intuito do contribuinte de fraudar não pode ser presumido: Compete ao fisco exibir os fundamentos concretos que revelem a presença da conduta dolosa. Se, por um lado, cabe ao contribuinte comprovar as despesas deduzidas dos rendimentos tributáveis declarados, sob pena de serem glosados, como ocorreu no lançamento em comento, de ou tra banda, compete à fiscalização apresentar os elementos de prova que demonstrem a intenção do contribuinte de fraudar o fisco. A multa qualificada não é aplicada somente quando existem nos autos documentos com fraudes materiais, como contratos e recibos falsos, notas frias etc. Decorre também da análise da conduta ou dos procedimentos adotados pelo contribuinte que emergem do processo. Nos documentos glosados há demonstração que houve evidente intuito de fraude pela da contribuinte em se apurar uma base de cálculo do imposto abaixo do limite, justificandose, portanto, a aplicação da multa de ofício qualificada. Recurso especial provido. (Processo: 10580.003545/200722, Acórdão nº 9202003.128 da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Julgado em 27/03/2014) Quanto aos argumentos do sujeito passivo de que os percentuais de penalidade fixados desrespeitam princípios constitucionais, cabe invocar a Súmula n° 02, do Fl. 124DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 CARF, pela qual não cabe a este órgão pronunciar a inconstitucionalidade de lei, incluso a Lei que fixa a penalidade da multa de ofício. Vejamos: Súmula CARF nº. 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Neste sentido, mantendo o entendimento que já proferi em outros processos de minha Relatoria: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2000 a 31/10/2000 INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). (Processo nº 11831.000232/200352. Acórdão nº 3402002.260 proferido pela 2ª Turma Ordinária / 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 27/11/2013) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO JUDICIÁRIO. SÚMULA CARF Nº 2. Nos termos da Súmula CARF nº 2, de 2009, este Conselho Administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, pelo que arguições de ofensa a princípios constitucionais não são conhecidas. (Processo nº 13603.003037/200816. Acórdão nº 3402002.146 proferido pela 2ª Turma Ordinária / 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 20/08/2013) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2002, 01/11/2002, 01/02/2003, 01/05/2003, 01/08/2003, 01/11/2003, 01/02/2004, 01/05/2004, 01/08/2004. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). (Processo nº 19515.000716/200558. Acórdão nº 3402238.146 proferido pela 2ª Turma Ordinária / 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 24/10/2013) Fl. 125DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 19311.720033/201317 Acórdão n.º 3402002.609 S3C4T2 Fl. 122 9 Quanto ao pleito do contribuinte de redução da multa moratória para 20%, como é de sabença esta multa somente é aplicável à hipótese de inadimplência, não sendo o caso em análise, onde a falta de recolhimento pelo sujeito passivo originou constituição do crédito tributário, mediante lançamento de ofício formalizado em auto de infração, sendo nesta hipótese, a penalidade aplicável de 75%, contida no art. 44, da Lei 9.430/96. Por sua vez, nos sucessivos períodos em que o sujeito passivo retificou posteriormente a DCTF, alterando para “débito zero” a contribuição apurada no DACON anteriormente declaradas, a penalidade em questão teve seu percentual duplicado, conforme o § 1º, do mesmo art. 44 da Lei n° 9.430/96. Sendo assim, diante da concretude do fato constatado, que comprovadamente não ocorreu por acaso, mas por intenção, não há que se falar na aplicação do art. 112 do CTN. Nesse sentido é a jurisprudência deste Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2011 [...] NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ART. 112 DO CTN. INAPLICABILIDADE. Não havendo divergência acerca da interpretação da lei tributá ria, o art. 112 do CTN não pode ser aplicado. (Processo nº 10480.725916/201216. Acórdão nº 2201002.608, da 1ª Turma Ordinária/2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, julgado em 06/11/2014) Ante ao exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator Fl. 126DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 10 Fl. 127DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
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Numero do processo: 10630.001459/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/10/2008
RECURSO INTEMPESTIVO.
É definitiva a decisão de primeira instância quando não interposto recurso voluntário no prazo legal. Não se toma conhecimento de recurso intempestivo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2402-004.561
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário por intempestividade.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Ronaldo de Lima Macedo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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É definitiva a decisão de primeira instância quando não interposto recurso voluntário no prazo legal. Não se toma conhecimento de recurso intempestivo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário por intempestividade. Julio César Vieira Gomes Presidente Ronaldo de Lima Macedo Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo e Thiago Taborda Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 00 14 59 /2 00 9- 12 Fl. 276DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 24/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado pelo descumprimento da obrigação tributária acessória prevista no art. 30, inciso I, alínea “a”, da Lei 8.212/1991 e no art. 4° da Lei 10.666/2003, combinados com o art. 216, inciso I e alínea “a”, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999, que consiste em deixar a empresa de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos e do contribuinte individual a seu serviço, para as competências 03/2004 a 10/2008. Segundo o Relatório Fiscal da Infração (fls. 06/07), o sujeito passivo deixou de arrecadar, mediante desconto de suas remunerações, as contribuições previdenciárias dos segurados empregados e contribuinte individual. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 15/07/2009 (fls. 01). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 226/228), alegando, em síntese, que: 1. Preliminarmente, argui a nulidade do auto de infração sob o fundamento de que a autuação compreende período distinto daquele constante do termo de início da ação fiscal (TIAF) n° 0610300.2008.00448, datado de 19/09/2008. O citado termo informa o período de 03/2006 a 08/2008 e a autuação foi feita em relação aos anos de 2004, 2005, 2006, 2007 até 10/2008; 2. Alega que procedeu o acerto das GFIP de todo o período, como também prontamente atendeu aos reclames pelos pagamentos de contribuições das diferenças apuradas. Salienta que a documentação e os livros contábeis registraram todos os pagamentos efetuados a seus empregados e às demais pessoas envolvidas na cadeia produtiva; 3. Pugna pela aplicação do artigo 291 do Regulamento da Previdência Social, visto que os fatos que ensejaram a penalidade ocorreram até outubro de 2008, estando ainda o referido artigo em vigor. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Belo Horizonte/MG – por meio do Acórdão 0226.464 da 9a Turma da DRJ/BHE (fls. 248/251) – considerou o lançamento fiscal procedente em sua totalidade, eis que não havia justificativa nem amparo legal para prosperar a pretensão da Impugnante no sentido de considerar o procedimento fiscal passível de nulidade. A Notificada apresentou recurso, manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados no auto de infração e no mais efetua as alegações da peça de impugnação. A DRF em Governador Valadares/MG informa que o recurso interposto é intempestivo e encaminha os autos ao CARF para processamento e julgamento. É o relatório. Fl. 277DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 24/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 10630.001459/200912 Acórdão n.º 2402004.561 S2C4T2 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Quanto à tempestividade do recurso voluntário interposto, verificase que não houve cumprimento de tal requisito de admissibilidade. A Recorrente foi intimada da decisão de primeira instância em 14/07/2010, mediante correspondência postal acompanhada de Aviso de Recebimento (AR), conforme documento dos Correios juntado aos autos. Por sua vez, a Recorrente interpôs recurso voluntário, apresentando as mesmas alegações postuladas na sua peça de impugnação, não se manifestou à respeito da tempestividade do recurso. Em decorrência dos elementos fáticos constantes nos autos, verificase que a Recorrente interpôs o recurso voluntário em 16/08/2010, nos termos da papeleta do recurso voluntário, acompanhado da data de assinatura do patrono da causa e data de postagem no envelope de 16/08/2010 (fls. 257/268). O art. 5º, parágrafo único, do Decreto 70.235/1972 – diploma que trata do contencioso administrativo fiscal no âmbito dos tributos arrecadados e administrados pela União – estabelece como serão computados os prazos para interposição de recurso, transcrito abaixo: Art. 5º. Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Salientase que a tempestividade do recurso voluntário é aferida pela data do protocolo junto ao órgão preparador do processo (circunscrição do domicílio fiscal da Recorrente). Em outras palavras, o que importa, para verificar a tempestividade do recurso, é que ele tenha sido apresentado ao protocolo dentro do prazo legalmente previsto, nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/1972, transcrito abaixo: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão.(g.n.) A Recorrente teve ciência da decisão de primeira instância – proferida por meio do Acórdão 0226.464 da 9a Turma da DRJ/BHE (fls. 248/251) –, em 14/07/2010 (quartafeira). Assim, levandose em consideração que os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão, nos exatos termos do parágrafo único do artigo 5º do Decreto 70.235/1972, o prazo para interposição de recurso teve início em 15/07/2010 (quinta feira). O trigésimo dia ocorreu em 13/08/2010 (sextafeira). Entretanto o recurso só teria sido Fl. 278DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 24/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 postado ao Fisco em 16/08/2010, segundafeira (papeleta inicial do recurso voluntário e data de postagem no envelope dos Correios/Sedex). Com o mesmo entendimento, o art. 15 do Decreto 70.235/1972 estabelece que a peça recursal deverá ser apresentada no local do órgão preparador de circunscrição do sujeito passivo. Decreto 70.235/1972 (Processo Administrativo Fiscal PAF): Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. (g.n.) A regra na contagem dos prazos processuais é a continuidade, ou seja, os prazos não se suspendem nem se interrompem, com exceção das hipóteses de força maior ou de caso fortuito, como greves ou outros fatos que impeçam o funcionamento dos órgãos da Administração. Essas hipóteses devem ser devidamente comprovadas nos autos e, no momento, não as encontramos presentes neste processo. Nesse sentido, resta claro que a autuada não verificou o prazo para apresentação do recurso, só vindo a apresentálo após o vencimento legal. CONCLUSÃO: Diante do exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso interposto em razão da sua intempestividade. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 279DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 24/02/20 15 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Numero do processo: 14041.001071/2007-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/03/2001 a 31/12/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Tendo em vista que restou extrapolado o prazo legal de 30 (trinta) dias para a interposição do recurso voluntário, deve ser reconhecida a sua intempestividade.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2401-003.819
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso.
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Presidente.
Igor Araújo Soares - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES
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RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Tendo em vista que restou extrapolado o prazo legal de 30 (trinta) dias para a interposição do recurso voluntário, deve ser reconhecida a sua intempestividade. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Presidente. Igor Araújo Soares Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira, Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 10 71 /2 00 7- 32 Fl. 104DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por ANDERSON SALLES DO AMARAL, na condição de sócio da empresa SOARES RIBEIRO EVENTOS, em face do acórdão de fls., que manteve integralmente o AI n. 37.064.2767, lavrado para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos e do contribuinte individual a seu serviço. A autoridade autuante esclareceu, ainda, que, ao iniciar a ação fiscal, tendo em vista a empresa não ter sido localizada, o TIAF foi encaminhado ao Sr. ANDERSON SALLES DO AMARAL, com a solicitação dos documentos, por constar o seu nome como sóciogerente no contrato social (e alterações) da empresa, cujos dados foram obtidos na Junta Comercial do Distrito Federal. Apontou, também, que os fatos geradores da obrigação acessória foram verificados em documentação apreendida pela Polícia Federal, como recibos de pagamento de salários, auxíliorefeição e auxíliotransporte, constantes no Inquérito policial n. 04.158/04 SR/DPF/DF, cujos Anexos I, (em mídia digital), constam os segurados e valores que deixaram de ser declarados. A empresa não apresentou impugnação, mas apenas o Sr. ANDERSON SALLES DO AMARAL. O período apurado compreende a competência de 02/2000 a 12/2006, tendo sido o último contribuinte cientificado em 13/10/2007 (fls. 76). Em seu recurso, defende, a ausência de responsabilidade civil a justificar a cobrança do débito em face de sua pessoa. Aduz que se tratava de mero “testa de ferro” e que não tinha condições de apresentar os documentos solicitados, tendo em vista que todos encontravamse em poder da pessoa que, de fato, é responsável pelos negócios da empresa. Sem contrarrazões da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, vieram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA Processo nº 14041.001071/200732 Acórdão n.º 2401003.819 S2C4T1 Fl. 105 3 Voto Conselheiro Igor Araújo Soares CONHECIMENTO De acordo com o AR juntado ás fls. 93 verifico que o recorrente fora intimado do v. acórdão recorrido em 24/07/2008, sendo que o recurso voluntário somente fora protocolado na data de 19/09/2008 (fls. 95), quase dois meses após de efetiva a intimação do resultado do julgamento. Logo, verifico que não fora observado o prazo legal de 30 (trinta) dias para interposição do recurso, em conformidade com o disposto no Decreto 70.235/72. Assim, deve ser reconhecida sua intempestividade. Ante todo o exposto, NÃO CONHEÇO do recurso voluntário. É como voto. Igor Araújo Soares Fl. 106DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA
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