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Numero do processo: 11080.009224/2002-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1997
MATÉRIA DE FATO. DCTF.
Colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2202-002.981
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), SUELY NUNES DA GAMA, PEDRO ANAN JUNIOR, MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, FABIO BRUN GOLDSCHMIDT.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1997 MATÉRIA DE FATO. DCTF. Colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. Recurso provido.
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DCTF. Colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), SUELY NUNES DA GAMA, PEDRO ANAN JUNIOR, MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, FABIO BRUN GOLDSCHMIDT. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 92 24 /2 00 2- 21 Fl. 458DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 18/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Relatório DANAPREV SOCIEDADE DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR interpôs recurso voluntário contra acórdão da DR.IPORTO ALEGRE/RS que julgou procedente lançamento, formalizado por meio do auto de infração de fls. 174/183, referente a Imposto de Renda Retido na Fonte, no valor de R$ 145.856,96, acrescido de multa de ofício e de juros de mora calculados até 31/05/2002, perfazendo um crédito tributário total lançado de R$ 387.004.18. A infração que ensejou a autuação está assim descrita no auto de infração: "Falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata.”. Os parâmetros de apuração do crédito tributário estão detalhados em anexos ao auto de infração. O auto de infração foi lavrado para exigir débitos de IRRF declarados em DCTF como estando com exigibilidade suspensa em decorrência de depósitos judiciais. De acordo com o auto de infração eletrônico, os processos judiciais não teriam sido comprovados. Foram lançados também juros de mora isolados em decorrência de um pagamento efetuado em atraso. A Contribuinte impugnou o lançamento e argüiu. preliminarmente, a nulidade do lançamento sob a alegação de que a matéria está em discussão no âmbito do Poder Judiciário, onde o Contribuinte sustenta a tese da imunidade tributária. Neste ponto a Contribuinte descreve o andamento das ações judiciais, enfatizando que foram feitos depósitos judiciais referentes aos créditos em discussão. A Contribuinte também se insurge contra a multa de ofício, aduzindo que sua aplicação afronta o art. 63 da Lei n° 9.430, de 1996 e o art. 151 do CTN. Por fim, a Impugnante solicitava a realização de perícia contábil para o quê indicou os quesitos a serem respondidos. A DRJPORTO ALEGRE/RS julgou procedente em parte o lançamento, nos seguintes termos: "A) no tocante à matéria incontroversa, declarar a definitividade, no âmbito administrativo, do lançamento de juros de mora isolados; B) Quanto à matéria controversa: a) preliminarmente, rejeitar a arguição de nulidade e, por desnecessária, indeferir o pedido de diligência: e b) no mérito, manter a exigência dos débito de IRRF e cancelar a multa de oficio vinculada a eles vinculada. " O Contribuinte tomou ciência da decisão de primeira instância em 26/11/2007 (fls. 199) e, em 19/12/2007, interpôs o recurso voluntário de fls. 202/211, que ora se examina e no qual reitera que os débitos objetos do lançamento estão sendo discutidos judicialmente. Fl. 459DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 18/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11080.009224/200221 Acórdão n.º 2202002.981 S2C2T2 Fl. 3 3 O processo foi incluído na pauta de julgamento deste Conselho em 16/06/2010 que decidiu converter o julgamento em diligência para que "'a Procuradoria da Fazenda Nacional possa trazer a informação a estes autos sobre o estado do processo judicial em tela." Em cumprimento da diligência a Contribuinte foi intimada a apresentar os documentos referentes à ação judicial em apreço e apresentou os documentos de fls. 231/375. Em 07/06/2011, o 1ª Turma Ordinária da 2ª. Câmara entendeu por bem dar provimento ao recurso, nos termos da ementa a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 2008 Ementa: IRF VALOR LANÇADO EM DCTF SALDO A PAGAR PROCEDIMENTO Incabível o lançamento para exigência de saldo a pagar, apurado em DCTF, salvo se ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n°.4.502, de 30 de novembro de 1964. Ainda assim, o lançamento deve restringirse à exigência da multa de ofício. O saldo do imposto a pagar, em qualquer caso, deve ser encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição na Dívida Ativa da União. Recurso provido. A PGFN apresenta Recurso Especial sustentando com paradigmas que as diferenças apuradas em DCTF decorrentes de informações indevidas ou não comprovadas (pagamento, compensação, parcelamento, etc), caracterizando saldos a pagar nulos (ou igual a zero), não representam confissão de dívida quando a legislação vigente à época assim o determine, ensejando assim o lançamento fiscal. O contribuinte apresentou, tempestivamente, contrarazões. Afirma ter renda e patrimônio isentos de tributação, devendo ser declarada imune, e a partir do incorreto enquadramento legal passou a sofrer tributação de grande parte das receitas advinda do mercado financeiro, onde investe com o intuito de preservar seu patrimônio. Considera que tal tributação afronta diretamente o art. 150, II, “c” da CF/88, por ser entidade imune, motivo pelo qual propôs perante a Justiça Social de SP duas ações judiciais visando a garantia de sua imunidade tributária. A CSRF ao apreciar o Recurso, encaminhou seu voto no sentido de conhecer do recurso para, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL, determinando o retorno dos autos à Câmara de origem para análise das demais questões de mérito. É o relatório. Fl. 460DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 18/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O processo retorna a está Câmara para a apreciação do mérito. A questão cingese à auditoria interna na DCTF. Exigise débitos de IRRF declarados em DCTF como estando com exigibilidade suspensa em decorrência de depósitos judiciais. De acordo com o auto de infração eletrônico, os processos judiciais não teriam sido comprovados. Foram lançados também juros de mora isolados em decorrência de um pagamento efetuado em atraso. Em atendimento à solicitação de diligência da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tendo em vista que o processo judicial tramita no Tribunal Regional Federal da 3a Região, intimouse o contribuinte acima identificado a apresentar cópia da petição inicial e decisões da Ação Ordinária n° 97.0013799 6, assim como outros documentos comprovando que os valores questionados em juízo correspondem aos lançados no Auto de Infração n° 0004011 (fls. 229/230). Tendo o contribuinte apresentado os documentos às fls. 231/375, firmo o convencimento da existência dos processos judiciais nos quais teriam ocorridos os referidos depósitos judiciais. Deste modo aqueles valores questionados pela autoridade fiscal, como que não teriam sido comprovados, foi evidenciado a vinculação com depósitos em processos judiciais. Deste modo, colacionados aos autos documentos que comprovam as alegações recursais e ilidam a legitimidade da ação fiscal, é de rigor o reconhecimento da improcedência do lançamento. Isto posto, o lançamento não se mantém no relativos ao juros pagos a menor. Nestes termos, posicionome no sentido dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 461DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 18/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10218.721117/2007-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DEMONSTRAÇÃO DOS VALORES EXIGIDOS NO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Resta não caracterizado o cerceamento do direito de defesa quando são partes integrantes da Notificação de Lançamento Demonstrativos de Apuração do Imposto Devido e de Multa de Ofício e Juros de Mora, nos quais estão demonstrados o cálculo do imposto devido e os percentuais da multa de ofício e dos juros de mora, tudo a evidenciar, de forma clara e objetiva, os valores exigidos no lançamento.
ERRO DE FATO. PREENCHIMENTO DE DECLARAÇÃO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
Incabível o lançamento motivado por erro no preenchimento da Declaração de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Deve-se reconhecer, para fins de cálculo do ITR devido, a área de preservação permanente informada em ADA, cuja existência foi confirmada em Laudo Técnico.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA INTEMPESTIVO.
Comprovada a tempestiva averbação da área de reserva legal, o ADA intempestivo, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR.
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. LAUDO DE AVALIAÇÃO.
O arbitramento do valor da terra nua, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o laudo de avaliação do imóvel apresentado pelo contribuinte, para contestar o lançamento, não seja elaborado nos termos da NBR-ABNT 14653-3.
JUROS MORATÓRIOS. SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006).
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2102-003.251
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para reconhecer uma área de preservação permanente de 22,4 ha e a área de reserva legal de 3.566,0 ha.
Assinado digitalmente
NÚBIA MATOS MOURA Presidente Substituta e Relatora.
EDITADO EM: 26/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Dayse Fernandes Leite, João Bellini Junior, Livia Vilas Boas e Silva, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti.
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DEMONSTRAÇÃO DOS VALORES EXIGIDOS NO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Resta não caracterizado o cerceamento do direito de defesa quando são partes integrantes da Notificação de Lançamento Demonstrativos de Apuração do Imposto Devido e de Multa de Ofício e Juros de Mora, nos quais estão demonstrados o cálculo do imposto devido e os percentuais da multa de ofício e dos juros de mora, tudo a evidenciar, de forma clara e objetiva, os valores exigidos no lançamento. ERRO DE FATO. PREENCHIMENTO DE DECLARAÇÃO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Incabível o lançamento motivado por erro no preenchimento da Declaração de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Deve-se reconhecer, para fins de cálculo do ITR devido, a área de preservação permanente informada em ADA, cuja existência foi confirmada em Laudo Técnico. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA INTEMPESTIVO. Comprovada a tempestiva averbação da área de reserva legal, o ADA intempestivo, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. LAUDO DE AVALIAÇÃO. O arbitramento do valor da terra nua, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o laudo de avaliação do imóvel apresentado pelo contribuinte, para contestar o lançamento, não seja elaborado nos termos da NBR-ABNT 14653-3. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006). Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para reconhecer uma área de preservação permanente de 22,4 ha e a área de reserva legal de 3.566,0 ha. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA Presidente Substituta e Relatora. EDITADO EM: 26/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Dayse Fernandes Leite, João Bellini Junior, Livia Vilas Boas e Silva, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2269; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T2 Fl. 207 1 206 S2C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10218.721117/200713 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2102003.251 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de fevereiro de 2015 Matéria ITR Área de preservação permanente, área de reserva legal e VTN Recorrente ADÃO RIBEIRO SOARES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DEMONSTRAÇÃO DOS VALORES EXIGIDOS NO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Resta não caracterizado o cerceamento do direito de defesa quando são partes integrantes da Notificação de Lançamento Demonstrativos de Apuração do Imposto Devido e de Multa de Ofício e Juros de Mora, nos quais estão demonstrados o cálculo do imposto devido e os percentuais da multa de ofício e dos juros de mora, tudo a evidenciar, de forma clara e objetiva, os valores exigidos no lançamento. ERRO DE FATO. PREENCHIMENTO DE DECLARAÇÃO. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Incabível o lançamento motivado por erro no preenchimento da Declaração de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Devese reconhecer, para fins de cálculo do ITR devido, a área de preservação permanente informada em ADA, cuja existência foi confirmada em Laudo Técnico. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ADA INTEMPESTIVO. Comprovada a tempestiva averbação da área de reserva legal, o ADA intempestivo, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. LAUDO DE AVALIAÇÃO. O arbitramento do valor da terra nua, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o laudo de avaliação do imóvel apresentado pelo contribuinte, para contestar o lançamento, não seja elaborado nos termos da NBRABNT 146533. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 11 17 /2 00 7- 13 Fl. 207DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 10218.721117/200713 Acórdão n.º 2102003.251 S2C1T2 Fl. 208 2 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006). Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para reconhecer uma área de preservação permanente de 22,4 ha e a área de reserva legal de 3.566,0 ha. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA –Presidente Substituta e Relatora. EDITADO EM: 26/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Dayse Fernandes Leite, João Bellini Junior, Livia Vilas Boas e Silva, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Contra ADÃO RIBEIRO SOARES foi lavrada Notificação de Lançamento, fls. 02/06, para formalização de exigência de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) do imóvel denominado Fazenda Ribeiro, com área total de 5.082,0 ha (NIRF 6.466.675 1), relativo ao exercício 2005, no valor de R$ 182.839,43, incluindo multa de ofício e juros de mora. As infrações imputadas ao contribuinte foram glosa total da área de reserva legal, por falta de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA) e arbitramento do Valor da Terra Nua (VTN), com utilização de dados extraídos do Sistema de Preços de Terras (SIPT), conforme quadro a seguir: ITR 2005 Declarado Apurado na Notificação 03Área de Reserva Legal 3.566,0 ha 0,0 ha 17Valor da Terra Nua R$ 315.000,00 R$ 460.480,02 Fl. 208DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 10218.721117/200713 Acórdão n.º 2102003.251 S2C1T2 Fl. 209 3 Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente pela autoridade julgadora de primeira instância, conforme Acórdão DRJ/BSA nº 0345.347, de 05/10/2011, fls. 151/169. Cientificado da decisão, acima referida, por via postal, em 30/08/2013, Aviso de Recebimento (AR), fls. 172, o contribuinte apresentou, em 18/09/2013, recurso voluntário, fls. 174/202, onde, em suma, traz as seguintes alegações: que incorreu em erro de preenchimento da DITR/2005, sendo certo que conforme Laudo de Tipologia Vegetal e demais documentos acostados aos autos, restou demonstrado que no imóvel existe área de preservação permanente de 22,4 ha, área de reserva legal de 4.066,0 ha e área ocupada com Plano de Manejo de Floresta Sustentado de 2.000,0 ha. Assim requer o reconhecimento de tais áreas para fins de cálculo do imposto devido. que a exigência de se protocolar previamente o requerimento do ADA, perante ao Ibama, não encontra firmeza na fundamentação legal, uma vez que é suficiente a comprovação da existência física das áreas de utilização limitada, através de laudo técnico. que o Laudo de Avaliação foi elaborado por técnico de reconhecida competência e que nenhuma transação de compra e venda de imóveis rurais foi feita naquela região. que o arbitramento do VTN deve ser revisto posto que os valores arbitrados tiveram como base uma tabela utilizada pelo INCRA para fins de desapropriações em reforma agrária. que os demonstrativos de apuração do imposto devido são sucintos e não demonstram a memória de cálculo para avaliação do contribuinte, incorrendose em cerceamento do direito de defesa. que é indevida a cobrança de correção e juros moratórios pela taxa Selic. É o Relatório. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 10218.721117/200713 Acórdão n.º 2102003.251 S2C1T2 Fl. 210 4 Voto Conselheira Núbia Matos Moura, relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Preliminarmente, devese apreciar a alegação da contribuinte de cerceamento do direito de defesa, que estaria caracterizada no fato de os demonstrativos de apuração do imposto devido, que constam da Notificação de Lançamento, serem sucintos e não demonstrarem a memória de cálculo dos valores exigidos. Tal alegação não procede, posto que são partes integrantes da Notificação de Lançamento, o Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, fls. 05, onde está detalhadamente demonstrado o cálculo do imposto devido e o Demonstrativo de Multa de Ofício e Juros de Mora, que faz a indicação dos percentuais da multa (75%) e dos juros (29,80%) com os competentes enquadramentos legais, tudo a evidenciar os valores exigidos no lançamento, de forma clara e objetiva. Assim, rejeitase a alegação de cerceamento do direito de defesa suscitado pelo contribuinte. No mérito, o contribuinte afirma que incorreu em erro de preenchimento, quando da apresentação de sua DITR/2005, e nesse sentido solicita que sejam reconhecidas, para fins de cálculo do imposto devido, as áreas de preservação permanente, de reserva legal e aquelas ocupadas sob o regime de manejo florestal sustentável. Nesse ponto, importante dizer que não é da competência deste colegiado a apreciação de pedidos de retificação de declarações de ITR. Contudo, não pode prosperar lançamento calcado em erro de preenchimento de declarações. Assim, desde que devidamente comprovados, de forma inequívoca, os erros suscitados pela defesa devem ser acolhidos para fins de cálculo do imposto devido. No presente caso, o contribuinte havia apresentado sua DITR, fls. 19, com as seguintes informações: Área de preservação permanente 0,00 ha Área de Reserva Legal 3.566,0 ha Área de exploração extrativa 500,0 ha No lançamento, a área de reserva legal foi integralmente glosada, sob a fundamentação de entrega intempestiva do ADA. Todavia, importante dizer que esta Turma vem consolidando o entendimento de que a apresentação intempestiva do ADA, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. Nesse sentido, temse voto Fl. 210DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 10218.721117/200713 Acórdão n.º 2102003.251 S2C1T2 Fl. 211 5 proferido no Acórdão 210200.528, de 14/04/2010, do Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, que fez brilhante estudo da questão, cuja conclusão abaixo se transcreve: Mais uma vez, entretanto, como a Lei nº 6.938/81 não fixou prazo para apresentação do ADA, parece descabida a exigência feita pelo fisco federal de apresentação do ADA contemporâneo à entrega da DITR, sendo certo apenas que o sujeito passivo deve apresentar o ADA, mesmo extemporâneo, desde que haja provas outras da existência das áreas de preservação permanente e de utilização limitada. De fato, o prazo de até seis meses para a apresentação do ADA, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da DITR, somente veio a ser fixado na Instrução Normativa SRF nº 43, de 7 de maio de 1997, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 67, de 1 de setembro de 1997. Tal prazo permanece nas redações das Instruções SRF nºs 73, de 18 de junho de 2000, 60, de 6 de junho de 2001 e 256, de 11 de dezembro de 2002, que posteriormente foi alterada pela Instrução Normativa RFB nº 861, de 17 de julho de 2008, de sorte que o referido prazo deixou de existir, no âmbito das Instruções Normativas da SRF, conforme se infere da atual redação do parágrafo 3º do art. 9º da IN SRF nº 256, de 2002: § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental (ADA), protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) observada a legislação pertinente; (Redação dada pela IN RFB nº 861, de 17 de julho de 2008) II estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VIII do caput em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR, observado o disposto nos arts. 10 a 14A. (Redação dada pela IN RFB nº 861, de 17 de julho de 2008) Nessa conformidade, há de se reconhecer que a entrega intempestiva do ADA não pode ensejar a glosa de reserva legal. Dos autos, verificase que houve a apresentação do ADA, fls. 26, em 22/08/2007, com as seguintes informações: Área de preservação permanente 22,4 ha Área de Reserva Legal 2.066,0 ha Área ocupada com Plano de Manejo Florestal Sustentado 2.000,0 ha Verificase, ainda, que conforme Certidão, fls. 28 e 31, que em 16/11/2001, foi averbada, junto à matrícula do imóvel, uma área de reserva legal de 4.066,0 ha. Observase, ainda, que a área ocupada com Plano de Manejo Florestal Sustentado está inserido dentro da área de reserva legal, posto que a área total do imóvel é de 5.082,0 ha. Assim, em razão da devida averbação cartorária e da existência do ADA, devese reconhecer, para fins de cálculo do imposto devido, a existência da área de reserva Fl. 211DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 10218.721117/200713 Acórdão n.º 2102003.251 S2C1T2 Fl. 212 6 legal de 3.566,0 ha, posto que na DITR foi informado como área de exploração extrativa uma área de 500,0 ha, a qual não fora glosada, que somada a área de reserva legal, ora reconhecida, perfaz o total de 4.066,0 ha, que está devidamente averbada. No que se refere à área de preservação permanente, devese acolher o pedido de retificação da DITR, solicitado pelo contribuinte, posto que referida área foi informada no ADA, fls. 26, e sua existência encontrase devidamente atestada no Laudo Agronômico de Avaliação, fls. 56. No que se refere ao arbitramento do VTN devese dizer que tal possibilidade consta especificamente do art. 14 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Assim, utilizando tal autorização legislativa, a Secretaria da Receita Federal, pela Portaria SRF nº 447, de 28 de março de 2002, instituiu o SIPT, o qual é alimentado com informações das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, bem como com os valores da terra nua da base de declarações do ITR. Durante o procedimento fiscal, o contribuinte, intimado a comprovar o VTN declarado, apresentou Laudo Agronômico de Avaliação, fls. 47/58, onde está especificado que o VTN, para o exercício em questão é de R$ 345.576,00. Todavia, a autoridade fiscal corretamente rechaçou o Laudo de Avaliação, posto que o mesmo não atende ao disposto na NBR/ABNT 14653 – parte 3, já que não trouxe nenhum dado de mercado efetivamente utilizado e arbitrou o VTN, utilizando para tal as informações contidas no SIPT. Vale destacar que, segundo a NBR/ABNT 146533, que tem por objetivo detalhar as diretrizes e padrões específicos de procedimentos para a avaliação de imóveis rurais, é requisito obrigatório dos laudos, seja qual for o grau de fundamentação, no mínimo, três dados de mercado, efetivamente utilizados, sendo que nos graus II e III são obrigatórios no mínimo cinco dados de mercado efetivamente utilizados, sendo certo que o Laudo Agronômico de Avaliação, apresentado pela defesa, não traz nenhum dado de mercado efetivamente utilizado e não justifica de onde retirouse o VTN indicado para o exercício em questão. Devese dizer, ainda, que a alegação da defesa de que os valores utilizados no arbitramento sejam os mesmos adotados pelo INCRA para fins de desapropriações em reforma agrária carece de comprovação. Contudo, ainda, que assim fosse, ou seja, ainda que os valores tomados fossem semelhantes aos adotados pelo INCRA em nada prejudicaria o lançamento, sendo certo que para elidir ao lançamento, bastaria ao contribuinte trazer um laudo, que demonstrasse, de forma inequívoca, o VTN declarado. Logo, considerando que o Laudo Agronômico de Avaliação, apresentado pelo contribuinte, não atende aos requisitos da NBR 14.6533 da ABNT, devese manter o arbitramento do VTN, calculado a partir de valor extraído do SIPT, conforme autorizado pelo art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996, e pela Portaria SRF nº 447, de 2002. Quanto aos juros Selic, a matéria já foi pacificada neste CARF, que editou súmula, aplicável ao caso, que cristaliza o entendimento de que é legítima a aplicação dessa taxa, a saber: Fl. 212DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 10218.721117/200713 Acórdão n.º 2102003.251 S2C1T2 Fl. 213 7 Súmula 1º CC nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. (publicadas no DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006) Ante o exposto, VOTO por DAR PARCIAL provimento ao recurso, para reconhecer uma área de preservação permanente de 22,4 ha e a área de reserva legal de 3.566,0 ha. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 213DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA
score : 1.0
Numero do processo: 10920.722907/2011-66
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CORREÇÃO. PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. RESPEITO. EMPRESA COM CNPJ BAIXADO. INEXISTÊNCIA DE FATO COMPROVADA.
A autoridade administrativa lançadora cumpriu sua obrigação em absoluta conformidade com a legislação pátria, não restando, pois, qualquer possibilidade de malferimento dos princípios da ampla defesa e do contraditório, dispostos no inciso LV do art. 5º da Constituição da República.
Em consulta aos sistemas informatizados da RFB, verificamos que a Representação Fiscal objeto do COMPROT 10920.722903/2011-88 já transitou em julgado administrativamente em 16/07/2012, conforme demonstram as telas em anexo a este acórdão (fls. 1627/1628), constando no extrato do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica as seguintes informações para a empresa JAIME EVANGELISTA LTDA. EPP: - situação cadastral BAIXADA, com data da situação 26/10/2007. Motivo: INEXISTENTE DE FATO.
Diante de tantas evidências, não há como prosperar a pretensão do contribuinte no que diz respeito ao cancelamento integral do auto de infração ora discutido.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2803-004.150
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima Presidente
(Assinado digitalmente)
Amílcar Barca Teixeira Júnior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CORREÇÃO. PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. RESPEITO. EMPRESA COM CNPJ BAIXADO. INEXISTÊNCIA DE FATO COMPROVADA. A autoridade administrativa lançadora cumpriu sua obrigação em absoluta conformidade com a legislação pátria, não restando, pois, qualquer possibilidade de malferimento dos princípios da ampla defesa e do contraditório, dispostos no inciso LV do art. 5º da Constituição da República. Em consulta aos sistemas informatizados da RFB, verificamos que a Representação Fiscal objeto do COMPROT 10920.722903/2011-88 já transitou em julgado administrativamente em 16/07/2012, conforme demonstram as telas em anexo a este acórdão (fls. 1627/1628), constando no extrato do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica as seguintes informações para a empresa JAIME EVANGELISTA LTDA. EPP: - situação cadastral BAIXADA, com data da situação 26/10/2007. Motivo: INEXISTENTE DE FATO. Diante de tantas evidências, não há como prosperar a pretensão do contribuinte no que diz respeito ao cancelamento integral do auto de infração ora discutido. Recurso Voluntário Negado
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CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CORREÇÃO. PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. RESPEITO. EMPRESA COM CNPJ BAIXADO. INEXISTÊNCIA DE FATO COMPROVADA. 1. A autoridade administrativa lançadora cumpriu sua obrigação em absoluta conformidade com a legislação pátria, não restando, pois, qualquer possibilidade de malferimento dos princípios da ampla defesa e do contraditório, dispostos no inciso LV do art. 5º da Constituição da República. 2. Em consulta aos sistemas informatizados da RFB, verificamos que a Representação Fiscal objeto do COMPROT 10920.722903/201188 já transitou em julgado administrativamente em 16/07/2012, conforme demonstram as telas em anexo a este acórdão (fls. 1627/1628), constando no extrato do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica as seguintes informações para a empresa JAIME EVANGELISTA LTDA. EPP: situação cadastral “BAIXADA”, com data da situação 26/10/2007. Motivo: “INEXISTENTE DE FATO”. 3. Diante de tantas evidências, não há como prosperar a pretensão do contribuinte no que diz respeito ao cancelamento integral do auto de infração ora discutido. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 29 07 /2 01 1- 66 Fl. 1678DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima – Presidente (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Ricardo Magaldi Messetti. Fl. 1679DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) lavrado em desfavor do contribuinte acima identificado, relativamente à contribuição social patronal incidente sobre as remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais, além da contribuição para o RAT, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, todas não declaradas em GFIP e não recolhidas em época própria, referentes às competências de 01/2008 a 12/2008. O Contribuinte devidamente notificado apresentou defesa tempestiva. A impugnação foi julgada em 09 de dezembro de 2013 e ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. POSSIBILIDADE. APURAÇÃO COM BASE EM FOLHAS DE PAGAMENTO. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA. A remuneração paga a segurados a serviço da empresa, verificada a partir de folhas de pagamento e demais documentos da empresa, constitui fato gerador das contribuições destinadas à Seguridade Social, incidindo sobre ela a parte referente aos segurados. A empresa é obrigada a arrecadar, mediante desconto, as contribuições dos segurados empregados a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração. O contrato de trabalho, sendo um contratorealidade, não está vinculado ao aspecto formal, prevalecendo as circunstâncias reais em que são prestados os serviços. Se essas circunstâncias demonstram estarem presentes os requisitos estabelecidos no art. 12, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.212/91, a fiscalização deve considerar tal segurado como empregado. SIMULAÇÃO. AUSÊNCIA DE AUTONOMIA OPERACIONAL E PATRIMONIAL. ADMINISTRAÇÃO ÚNICA. PREVALÊNCIA DA SUBSTÂNCIA SOBRE A FORMA. LEGALIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. A simulação configurase através de inúmeras e sólidas evidências, quando as circunstâncias indicam a existência de duas ou mais empresas com regimes tributários diferentes, perseguindo a mesma atividade econômica, com a coexistência de sócios ou administradores em comum e Fl. 1680DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 5 4 com a utilização dos mesmos empregados, implicando confusão patrimonial e uma gestão empresarial atípica. Não há nesse ato nenhuma violação ao direito da ampla defesa e do contraditório, pois o conhecimento dos atos materiais e processuais pela impugnante e o seu direito ao contraditório estiveram plenamente assegurados. REPRESENTAÇÃO FISCAL – PESSOA JURÍDICA INEXISTENTE DE FATO. DEVER FUNCIONAL. LEGALIDADE. A empresa fictícia criada teve sua situação cadastral alterada para “Baixada de Ofício, por inexistência de fato”, uma vez que foi constituída por interposta pessoa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com resultado do julgamento da primeira instância administrativa, o Contribuinte apresentou recurso tempestivo, onde alega, em síntese, o seguinte: Preliminar. Os Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório foram violados. O agente notificante baseouse em situações bastante controversas para tentar fazer crer que as empresas Comércio de Madeiras e Transporte Evangelista Ltda e Jaime Evangelista Ltda – EPP se tratavam de um só negócio, buscando justificar uma presunção que já estava finalizada, em seu entendimento, antes mesmo do termo de início de fiscalização. Não pode a autoridade pública fiscal meramente presumir a existência da infração. Deve ela ficar demonstrada. Salva naquelas situações em que a própria legislação permita a presunção exercida pelo agente fiscal. Pois não foi o que aconteceu no presente caso. No relatório fiscal não há fundamentos para a consequência jurídica que se pretende fazer surgir para a Autuada, vez que toda a fundamentação é integralmente dedicada a configurar a “inexistência de fato” de outra empresa. Como primeira premissa temos que a partir da argumentação apresentada, a única consequência possível, portanto, seria a consideração da empresa Jaime Evangelista como “inexistente de fato”. O fundamento principal da autuação consta da página 38/61 do relatório fiscal e foi apresentado nos seguintes termos: “Em suma, existe apenas uma única Empresa, a Autuada. A Empresa filha existe apenas formalmente, ou seja, foi criada com o objetivo de reduzir Contribuições daquela através de simulação”. Afora as ilegalidades insuperáveis, há ainda uma consideração muito importante: jamais poderia a autoridade fiscal constituir relações trabalhistas. Ainda que se pudesse afirmar que a suposta inexistência de fato da empresa Jaime Evangelista Ltda – EPP pudesse implicar na “transferência” de todas as relações Fl. 1681DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 6 5 empregatícias daquela empresa para a empresa Recorrente, há que se verificar o momento a partir do qual essa “transferência” seria válida. Ao menos até 16.05.2012, por força de decisão judicial, a empresa Jaime Evangelista Ltda possuía o CNPJ ativo. Com isso, caso aceita a possibilidade de “transferência” de empregados de uma empresa para outra, apenas após 16.07.2012 é que a Recorrente poderia ser responsabilizada pelos empregados da empresa Jaime Evangelista Ltda. Mérito. Os argumentos tecidos pela Recorrente quanto à diferenciação entre as empresas Jaime Evangelista Ltda e Comércio de Madeiras e Transporte Evangelista Ltda, bem como as provas correspondentes a essa argumentação, não foram sequer objeto de análise pela decisão recorrida. A Recorrente é optante pela sistemática arrecadatória do lucro presumido desde 01.07.2007. A empresa Jaime Evangelista é optante do Simples nacional desde 12.11.2007. Caso não entendam os julgadores pelo cancelamento do ato fiscal, deverão ser excluídos da base de cálculo os montantes referentes a verbas indenizatórias, bem como aqueles que já foram recolhidos dentro da base de cálculo do Simples Nacional, o qual prevê expressamente o montante proporcional de cada tributo. Ante todo o exposto, requer o conhecimento e provimento do presente Recurso Voluntário em todos os seus efeitos, para que, reformandose a decisão de primeira instância se determine: (I) O cancelamento integral do auto de infração em questão, em razão das preliminares apontadas. (II) Uma vez não acolhida a tese preliminar, por decisão de mérito, o cancelamento integral do Auto de Infração, nos termos expostos. (III) Requer, por fim, sejam apuradas quais verbas foram incluídas no conceito de “remuneração” para fins de incidência da contribuição previdenciária; para que então se excluam aquelas de natureza indenizatória, bem como excluídos os valores já pagos dentro da apuração do SIMPLES NACIONAL. Não apresentadas as contrarrazões. É o relatório. Fl. 1682DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Rejeito a preliminar de violação dos princípios da ampla defesa de do contraditório, tendo em vista que o lançamento ocorreu em estrita observância das regras contidas no art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN, bem como porque a autoridade administrativa lançadora, ao desconsiderar o vínculo pactuado entre a empresa e as pessoas físicas que lhe prestavam serviços, o fez amparada no art. 229 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 70.235, de 1972, em especial o seu § 2º, in verbis: Art. 229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: I – arrecadar e fiscalizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nos incisos I, II, III, IV e V do parágrafo único do art. 195, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; II – constituir seus créditos por meio dos correspondentes lançamentos e promover a respectiva cobrança; III – aplicar sanções; e IV – normatizar procedimentos relativos à arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições referidas no inciso I. § 1º. Os Auditores Fiscais da Previdência Social terão livre acesso a todas as dependências ou estabelecimentos da empresa, com vistas à verificação física dos segurados em serviço, para confronto com os registros e documentos da empresa, podendo requisitar e apreender livros, notas técnicas e demais documentos necessários ao perfeito desempenho de suas funções, caracterizandose como embaraço à fiscalização qualquer dificuldade oposta à consecução do objetivo. § 2º. Se o auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Fl. 1683DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 8 7 A partir da edição da lei nº 11.457, em 16/03/2007, as atribuições acima especificadas passaram a ser da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Vêse, portanto, que a autoridade administrativa lançadora cumpriu sua obrigação em absoluta conformidade com a legislação pátria, não restando, pois, qualquer possibilidade de malferimento dos princípios da ampla defesa e do contraditório, dispostos no inciso LV do art. 5º da Constituição da República. De acordo com o próprio recorrente, a empresa é optante pela sistemática arrecadatória do lucro presumido desde 01.07.2007, enquanto a empresa Jaime Evangelista é optante do Simples Nacional desde 12.11.2007. Contudo, às fls. 1.640 / 1.641 do acórdão recorrido, os julgadores da primeira instância afirmam que: 14.3. Em consulta aos sistemas informatizados da RFB, verificamos que a Representação Fiscal objeto do COMPROT 10920.722903/201188 já transitou em julgado administrativamente em 16/07/2012, conforme demonstram as telas em anexo a este acórdão (fls. 1627/1628), constando no extrato do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica as seguintes informações para a empresa JAIME EVANGELISTA LTDA. EPP: situação cadastral “BAIXADA”, com data da situação 26/10/2007. motivo: “INEXISTENTE DE FATO”. 14.4. Assim, considerando que já foi decidida definitivamente em esfera administrativa a lide acerca da inexistência da pessoa jurídica JAIME EVANGELISTA LTDA EPP, consideramos que não há o que se reformar no presente lançamento, visto que a citada empresa já não existe nem mesmo perante a Receita Federal do Brasil, haja vista a baixa do seu CNPJ, sendo correto o lançamento dos valores devidos em nome da Autuada, como acima exposto. Diante de tantas evidências, não há como prosperar a pretensão do contribuinte no que diz respeito ao cancelamento integral do auto de infração ora discutido. CONCLUSÃO. Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. É como voto. (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator. Fl. 1684DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 10920.722907/201166 Acórdão n.º 2803004.150 S2TE03 Fl. 9 8 Fl. 1685DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 1 6/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721729/2012-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
IRPF. GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. APURAÇÃO MENSAL. ALIENAÇÃO SEM PREÇO DETERMINADO. PAGAMENTO CONDICIONADO A EVENTOS INCERTOS. APURAÇÃO DO IMPOSTO NO MOMENTO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS.
O Ganho de Capital se dá pela alienação do bem, materializada pelo efetivo recebimento do preço da operação e pela variação patrimonial ocorrida. Entretanto, na impossibilidade de determinação do preço total de alienação de participação societária no momento da realização da operação, face condições contratualmente acordadas do preço a eventos futuros e incertos, o imposto deve ser apurado na medida em que o preço for determinado e as parcelas forem pagas.
Numero da decisão: 2201-002.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Vinicius Magni Vercoza (Suplente convocado), Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado), Francisco Marconi de Oliveira, Nathalia Mesquita Ceia e Eduardo Tadeu Farah. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros German Alejandro San Martín Fernández e Gustavo Lian Haddad.
Nome do relator: FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. APURAÇÃO MENSAL. ALIENAÇÃO SEM PREÇO DETERMINADO. PAGAMENTO CONDICIONADO A EVENTOS INCERTOS. APURAÇÃO DO IMPOSTO NO MOMENTO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS. O Ganho de Capital se dá pela alienação do bem, materializada pelo efetivo recebimento do preço da operação e pela variação patrimonial ocorrida. Entretanto, na impossibilidade de determinação do preço total de alienação de participação societária no momento da realização da operação, face condições contratualmente acordadas do preço a eventos futuros e incertos, o imposto deve ser apurado na medida em que o preço for determinado e as parcelas forem pagas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (ASSINADO DIGITALMENTE) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Vinicius Magni Vercoza (Suplente convocado), Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado), Francisco Marconi de Oliveira, Nathalia Mesquita Ceia e Eduardo Tadeu Farah. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros German Alejandro San Martín Fernández e Gustavo Lian Haddad. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 17 29 /2 01 2- 93 Fl. 1551DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 2 Relatório Neste processo foi lavrado o auto de infração do Imposto de Renda de Pessoa Física, exercício 2008, no qual se apurou o imposto de valor de R$ 12.974.266,99, acrescido da multa de ofício de 75%, sobre os quais incidem os respectivos juros de mora. As infrações apuradas foram omissão de rendimentos caracterizada por variação patrimonial a descoberto, omissão de ganhos de capital na alienação de quotas não negociadas em bolsas e falta de recolhimento do imposto sobre ganho de capital, conforme detalhado no relatório “Discrição dos Fatos e Enquadramento Legal” (fls. 1.017 a 1.045). O interessado apresentou a impugnação, cujos argumentos foram assim relatados na decisão recorrida: 1) Foi intimado do Auto de Infração no dia 03/08/2012, que começou a fruir no dia 06/08/2012. Tendo o prazo de 30 (trinta) dias para apresentação de manifestação, conforme estabelece o parágrafo único do art. 5º do Decreto nº 70.235/1972, resta demonstrada a tempestividade do presente recurso. 2) A variação patrimonial a descoberto decorre da suposta ausência de origem do valor de R$ 1.428.458,00, o qual foi objeto de integralização de capital por parte do Impugnante na empresa Adriano Ometto Participações S.A. (AOP). Esse valor tem origem no mútuo efetuado entre o Impugnante e seu pai, Mário Dedini Ometto, adimplido no mesmo exercício. 3) A omissão de rendimentos teria ocorrido quando da alienação de Ações Ordinárias Nominativas da empresa Adriano Ometto Participações S/A, CNPJ 05.914.367/000123, em 27 de setembro de 2007, para a adquirente ASA Bionergy Holding AG. 4) Da análise do Contrato de Compra e Venda, verificase que as partes pactuaram: a) Sinal de US$ 10.000.000,00, mediante transferência de fundos em 06/08/2007; b) Valor de US$ 271.916.756,00 na Data de Fechamento, mediante a transferência de fundos a uma ou mais contas bancárias indicadas pelo vendedor; c) Valor de US$ 15.500.000,00 depositado na Data de Fechamento na conta Garantia; d) Valor de US$ 30.000.000,00 depositado na Data de Fechamento na conta Garantia de Preço. 5) Os ingressos dos montantes ocorreram da seguinte forma: a) US$ 10.000.000,00 convertidos em R$ 19.790.000,00, através do Contrato de Câmbio de Compra nº 07/215076 de 15/08/2007; b) US$ 271.916.756,00 convertidos em 497.199.788,35, através do Contrato de Câmbio de Compra nº 07/005567 de 27/09/2007; c) Foram celebrados os Escrow Agreements nº 92.197 (US$ 15.500.000,00) e nº 92.198 (US$ 30.000.000,00), em 25/09/2007. 6) Tendo em vista a condição suspensiva que perdurou até a data do fechamento do negócio, de 27/09/2007, o Impugnante ofereceu à tributação o valor do sinal (US$ 10 milhões) e o valor adicional de preço (US$ 271.916.756,00) como ganho de capital no mês de outubro de 2007. Fl. 1552DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 19515.721729/201293 Acórdão n.º 2201002.657 S2C2T1 Fl. 3 3 7) Conta Escrow nº 92.198 – US$ 30.000.000,00. O objetivo de uma conta “Escrow” é facilitar operações de compra e venda de grande complexidade, reduzindo os riscos das partes envolvidas na operação, ao assegurar a implementação de responsabilidades financeiras contratuais entre as partes. São garantias negociais asseguradas a ambas as partes da relação comercial, que pactuam condições, determinando que ao final, implementadas essas ou não, o valor depositado seja efetivamente pago ao Vendedor ou revertido em favor do Comprador. 8) A instituição financeira Credit Suisse Wealth Management Limited (hoje denominada Credit Suisse AG) foi contratada para custódia dos depósitos em garantia, competindo, única e exclusivamente à mesma, mediante autorização em conjunto das partes, a movimentação dos valores. 9) O levantamento do depósito garantia estava condicionado ao fornecimento de 7 (sete) a 7,2 (sete vírgula dois) milhões de toneladas de canadeaçúcar ao comprador até 31/01/2009. Caso não fosse entregue um mínimo de 7 (sete) milhões de toneladas de canadeaçúcar, nada seria devido. Quando da data pactuada, 31/01/2009, não existindo acordo entre as partes, poderia ser dado início a um procedimento de mediação perante o Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil Canadá, sendo o que ocorreu, conforme documento anexo (Termo de Arbitragem nº 18/2009). 10) Tendo em vista que as partes não chegaram a um acordo sobre o volume de cana deaçúcar que foi efetivamente disponibilizado no final da safra 2008/2009, deuse início a um procedimento arbitral para discutir o adimplemento da condição pactuada (fornecimento de um mínimo de 7 milhões de toneladas de canadeaçúcar). 11) O Agente Depositário apenas poderia liberar o depósito em favor do Impugnante, caso na referida data as partes tivessem um consenso sobre o valor a ser levantado. O montante depositado permanece sob custódia do agente. 12) O procedimento arbitral foi encerrado de forma favorável ao Impugnante, mas a compradora (Asa Bionergy Holding AG) ajuizou uma ação judicial pleiteando anulação da sentença arbitral, que permanece até a presente data em tramitação, o que implica na impossibilidade do recebimento de qualquer valor depositado na Conta Garantia de Preço. 13) Conta Escrow nº 92.197 – US$ 15.500.000,00 – Diferentemente da Conta Escrow nº 92.198, buscava salvaguardar a compradora de todos e quaisquer danos e garantir o pagamento pelo vendedor de quaisquer prejuízos. A intenção das partes era assegurar à compradora que, no período mínimo de 6 (seis) anos, ela estaria protegida de eventuais contingências, oriundas da atividade da Pessoa Jurídica adquirida, nas formas e condições estipuladas no Contrato de Compra e Venda. Antes de 25/09/2013 não havia possibilidade do Impugnante dispor de qualquer importância depositada na referida conta garantia. 14) O Impugnante não teve qualquer acesso aos recursos depositados, mas o que existiu, no transcurso dos últimos quase cinco anos entre a data do fechamento e a presente impugnação, foram levantamentos efetuados por parte da compradora para fazer frente a contingências surgidas no decorrer desse período. 15) Conforme se depreende do documento anexo (Payment Notice), as partes autorizaram o levantamento de R$ 496.891,89 em favor da compradora (Asa Bionergy Holding AG), para quitação de Auto de Infração e imposição de multa nº 3.114.7768. Portanto, é evidente que, ao final do prazo pactuado pelas partes, o Impugnante, quando muito, terá direito apenas a uma parte do valor depositado nessa conta, visto que todas as contingências que forem materializadas serão deduzidas do total depositado. 16) O Credit Suisse Wealth Management Limited. foi nomeado como Agente Depositário, sendo responsável pela movimentação da referida conta. 17) Conforme Cláusula 4.1 do Contrato de Depósito em Garantia fica claro que até setembro de 2013 poderá ser dado início a mais um procedimento arbitral, caso as Fl. 1553DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 4 partes não cheguem a um acordo sobre o valor a ser levantado por cada uma das partes. 18) Da condição suspensiva. Da inexistência de preço de alienação determinável antes do implemento da condição: O procedimento adotado pelo Impugnante, quando da declaração e apuração do imposto de renda sobre o ganho de capital na referida operação, decorre da literalidade da Lei, que estabelece o momento da ocorrência do fato gerador em atos ou negócios jurídicos sujeitos a condição suspensiva. 19) Analisando o artigo 109 do CTN e os artigos 121 e 125 da Lei nº 10.406, de 10/01/2002 (Código Civil) e ensinamentos de Washington de Barros Monteiro e De Plácido e Silva, resta claro que estarão presentes condições suspensivas quando o ato ou negócio jurídico a ela subordinado, embora perfeito e acabado, só produza efeitos a partir do implemento da condição estipulada pelas partes. 20) Os artigos 116 e 117 do CTN deixam claro que, bastando que se verifique a condição suspensiva dos atos ou negócios jurídicos, para que se reconheça ocorrido o fato gerador apenas quando do implemento da condição. Nesse sentido temse entendimento de Hugo de Brito Machado. O Decreto Lei nº 1.641, de 07/12/1978 e a Portaria MF nº 80, de 01/03/1979, regulam a apuração do Ganho de Capital pelas pessoas físicas somente quando implementada a condição suspensiva. Corroboram ainda Solução de Consulta e decisões das Delegacias de Julgamento da Receita Federal e acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. 21) Na situação em debate, verificase que até a presente data as condições pactuadas para que o Impugnante pudesse exigir o levantamento dos valores referentes aos depósitos nas contas Escrow nº 92.198 e 92.197 permanecem sujeitos à ocorrência de eventos futuros e incertos. Portanto, demonstrada a existência de condições suspensivas, não há como sustentar a ocorrência do fato gerador do imposto de renda sobre ganho de capital frente às contas garantias no mês de setembro de 2007. 22) A Pergunta 555 extraído do compêndio denominado Perguntas e Respostas – IRPF 2012 do site da Receita Federal, depreendese que a própria CoordenaçãoGeral de Tributação da Receita Federal do Brasil entende que dada a impossibilidade de quantificar o valor de determinada prestação quando da venda de participação societária, o ganho de capital deverá ser apurado na medida em que o preço for determinado e as parcelas forem pagas. Nesse mesmo sentido, é bastante elucidativa a Solução de Consulta nº 25, de 19/04/2012, da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil. 23) Não é possível, antes de verificado o implemento das condições, apurar o ganho de capital, sobre as referidas parcelas, uma vez que isso é o que expressamente estabelece o próprio § 2º, do artigo 3º, da Lei nº 7.713/88. 24) Da inexistência de Disponibilidade Jurídica ou Econômica. Não se observa disponibilidade jurídica ou econômica sobre os valores depositados nas contas garantias, como consequência lógica da existência de condição suspensiva no negócio jurídico em questão. A fiscalização ao pretender tributar os referidos valores em setembro de 2007 infringe o art. 43 do CTN. Nesse sentido têmse entendimentos de Gilberto de Ulhôa Canto, do professo Hugo de Brito Machado e de Mary Elbe Queiroz. 25) A Secretaria da Receita Federal editou o Parecer Normativo CST nº 121, de 31/08/1973, ainda hoje utilizado para interpretação da legislação. No mesmo sentido têmse ainda julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais e Solução de Consulta. 26) Demonstrada a inexistência de disponibilidade jurídica ou econômica sobre os referidos depósitos, nulo o auto de infração nesse ponto. 27) Da alienação a prazo. Do pagamento do imposto quando do efetivo recebimento. Mesmo que se admita a disponibilidade jurídica quando dos depósitos em conta garantia, teríamos uma alienação a prazo, em relação à qual a Lei nº 7.713/88, bem como a Instrução Normativa nº 84/2001, expressamente determinam o pagamento do imposto na proporção da parcela recebida. 28) Tendo sido definido prazo futuro para eventual recebimento das quantias depositadas nas contas garantias, estarseia diante de alienação a prazo e não há, até o presente momento, o que se tributar a título de ganho de capital. Nesse sentido Fl. 1554DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 19515.721729/201293 Acórdão n.º 2201002.657 S2C2T1 Fl. 4 5 reconhecem em acórdão o Conselho de Contribuinte e em julgado do Superior Tribunal de Justiça. 29) A Instrução Normativa nº 118/2000, em seu artigo 5º, determina que apenas na data do recebimento da parcela se dará a conversão dos depósitos efetuados em dólar. 30) Dessa forma, por desrespeito ao disposto no artigo 21 da Lei nº 7.713/88 e no art. 31 da IN nº 84/2001, é absolutamente nulo o auto de infração. 31) Do Sinal. Conforme anteriormente trazido, em 04/08/2007, o Impugnante e a empresa Asa Bionergy Holding AG firmaram Contrato de Compra e Venda de Quotas estabelecendo as obrigações de ambas as partes para conclusão do negócio. Ou seja, nessa data foi formalizado um Contrato Preliminar estabelecendo condições que, caso cumpridas, implicariam a alienação das quotas da sociedade que pertencia ao Impugnante. Caso não implementadas as condições pactuadas, o contrato seria resolvido, implicando na devolução do sinal no caso de fato imputável ao Impugnante. 32) Por esta razão, ofereceu à tributação o ganho de capital oriundo do repasse a título de sinal (US$ 10.000.000,00 – convertido em R$ 19.791.000,00) quando do efetivo fechamento, momento em que cessou a condição suspensiva quanto a esta parcela do preço, nascendo em setembro de 2007 o fato gerador do imposto de renda. 33) Sobre a apuração do ganho de capital, vale destacar trecho colhido do compêndio IRPF – 2012 – Perguntas e Respostas, questão 572, na qual depreendese que a própria Receita Federal do Brasil orienta os contribuinte a proceder como o fez o Impugnante. Nesse sentido existe julgado do antigo Conselho de Contribuintes (Processo nº 18471.002627/200375, Acórdão 10196.080, julgado em 29/03/2007). 34) Claro está, portanto, que o mero recebimento de um sinal de negócio (ou adiantamento) não pressupõe a efetiva verificação de acréscimo patrimonial, uma vez que, antes do implemento da condição estabelecida para concretização do negócio jurídico, o montante nada mais é do que um ingresso transitório, que pode ser devolvido àquele que pagou, caso ocorra a resolução do contrato firmado. 35) A natureza do sinal se assemelharia a um mútuo, posto que antes do implemento da condição suspensiva, o valor adiantado não acrescerá o patrimônio do vendedor, conforme ensinamentos de Hugo de Brito Machado. 36) Tendo sido demonstrado erro quanto ao período de apuração adotado pela Fiscalização, tanto para os valores recebidos a título de sinal como para os depósitos em conta garantia, é nulo o auto de infração, como se depreende do julgado proferido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. 37) Da ilegalidade do Auto de Infração. Caso sejam superadas as razões acima trazidas, temse, ainda assim, indubitável ilegalidade praticada pela autoridade fiscal, que ignorou o pagamento realizado pelo Impugnante, a título de ganho de capital, sobre o montante percebido a título de sinal, em outubro de 2007. Admitida a interpretação da fiscalização quanto ao momento do fato gerador, temse uma mera postergação de pagamento. 38) Caberia à Fiscalização efetuar a extinção do débito parcialmente, através da imputação proporcional, na forma prevista no Manual de Aplicação de Acréscimos Legais de Tributos Federais, aprovado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. 39) Da suposta Variação Patrimonial a Descoberto. Da análise do Demonstrativo de Variação Patrimonial entendeu a Fiscalização que não foi comprovado recursos no montante de R$ 953.744,33, no mês de julho de 2007. Os dispêndios incorridos no referido mês foram: IRRF, no valor de R$ 3.702,07; Integralização de Capital na empresa Adriano Ometto Participações S/A, CNPJ 05.914.367/000134, em 31/07/2007, no valor de R$ 1.428.458,00; e Despesas de Custeio/Investimentos Rurais, no valor de R$ 8.708,72, totalizando R$ 1.440.868,79. Fl. 1555DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 6 40) A autoridade fiscal não observou quando da elaboração do Demonstrativo a existência de empréstimo obtido junto aos pais do Impugnante, quando da integralização de capital na empresa AOP S.A, em 31/07/2007; recursos em espécie, no valor de R$ 130.000,00, conforme declarado em sua DIRPF; e rendimentos de poupança, igualmente declarados. 41) Conforme Ata de Assembléia Geral Extraordinária da empresa Adriano Ometto Participações S/A., realizada em 31/07/2007, arquivada perante a Junta Comercial do Estado de São Paulo, sob o nº 310.271/071, o Impugnante integralizou o capital social subscrito em moeda corrente, no montante de R$ 1.428.458,00. Por sua vez, conforme declaração dos diretores da empresa, datada de 04/08/2007, consta que foi utilizado cheque na integralização desse capital social. 42) O citado cheque foi emitido nominal ao Impugnante por Mario Dedini Ometto (CPF 015.953.85800) e Wanda Maria Giannetti Dedini Ometto (CPF 044.227.43864), seus pais. O impugnante endossou o referido cheque em favor da empresa Adriano Ometto Participações para integralização do capital social. 43) A origem dos valores integralizados é de mútuo obtido junto aos seus pais. O mútuo era necessário para concretização da venda das quotas da empresa Adriano Ometto Participações S.A., que à época encontravase em negociação, conforme previa a Cláusula 6.4 do Contrato de Compra e Venda. 44) Sendo que os negócios empresariais do Grupo Dedini eram conduzidos em família, o Impugnante tomou em empréstimo recursos de seus pais, que foram totalmente pagos no mês de dezembro de 2007 em dinheiro, diante dos recursos obtidos nos meses de agosto e setembro, em decorrência da venda das quotas da empresa AOP S.A.. 45) Sempre existiu um intenso fluxo de recursos entre o Impugnante e seu pai, posto que todos eles administravam seus bens de forma conjunta. Por tal razão, não foi celebrado contrato de mútuo, o que a lei não exige. Sobre a desnecessidade de formalização do mútuo, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já decidiu inúmeras vezes. 46) Ademais, posto que a tomada e o pagamento do empréstimo ocorreram dentro do mesmo anocalendário, o mútuo não consta da DIRPF do Impugnante nem de seus pais (Mário Dedini Ometto e Wanda Maria Dedini Ometto). Outrossim, juntase a DIRPF de Mario Dedini Ometto (anocalendário de 2007), atestando cabalmente a capacidade financeira deste, bem como a origem dos recursos emprestados ao Impugnante. 47) Tendo sido provada a transferência dos recursos em favor do Impugnante e a capacidade financeira do mutuário inconteste a operação de mútuo praticada. Esse é o entendimento de diversas Delegacias de Julgamento da Receita Federal do Brasil em casos correlatos. 48) A autoridade fiscal também ignorou recursos em espécie que possuía o Impugnante ao final do anocalendário de 2006, no montante de R$ 130.000,00, como se observa na DIRPF do período. O CARF em repetidos julgados dita que os recursos em dinheiro efetivamente declarados deverão ser considerados quando da composição da Variação Patrimonial. 49) Como nenhum elemento de prova foi apresentado em contrário pela autoridade fiscal e tendo o Impugnante registrado dentre seus bens e direitos, dinheiro em espécie que lhe pertencia em 31/12/2006, os valores declarados correspondem à verdade material, fazendo prova em favor do Impugnante. 50) A Fiscalização desconsiderou quando da elaboração do Demonstrativo de Variação Patrimonial importâncias percebidas pelo Impugnante a título de rendimentos de caderneta de poupança, no valor de R$ 9.482,46, conforme informado na DIRPF do período. 51) Demonstrada a suficiência dos recursos despendidos pelo Impugnante no referido anocalendário, nulo o auto de infração. Por fim, nos termos do art. 2º, parágrafo único, inciso X, da Lei nº 9.784/99 e do art. 16 do Decreto 70.235/72, protesta pela produção de provas e alegações adicionais, especialmente pela juntada de documentos relevantes para elucidação dos fatos. Fl. 1556DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 19515.721729/201293 Acórdão n.º 2201002.657 S2C2T1 Fl. 5 7 Em 05/09/2012, protocolizou documento requerendo a juntada de novo instrumento de procuração, com reconhecimento de firma da assinatura do outorgante, nomeando o advogado Bruno Cazarin da Silva, dentre outros, seu procurador, conforme documentos de fls. 1485/1490. Os membros da 18ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento São Paulo I, por meio do Acórdão nº 1644.040, de 21 de fevereiro de 2013, consideraram a impugnação procedente em parte, exonerando R$ 9.747.643,19 de imposto e R$ 7.310.732,39 de multa de ofício. A decisão foi submetida à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nos termos do art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 1997, e Portaria MF nº 3, de 2008, por força de recurso necessário. Considerando o retorno da Intimação para dar ciência da decisão de primeira instância (fl. 1.528), foi afixado nas dependências da Derat/SPO o Edital nº 76/2006 dando prazo de 30 (trinta) dias, contado do 16º dia da afixação, para a apresentação do recurso voluntário. Não havendo manifestação do contribuinte, os autos foram enviados ao CARF para apreciação do recurso de ofício. Posteriormente, foi substabelecida de mandato, para todos os fins de direito, a advogada Priscila Célia Daniel. É o relatório. Fl. 1557DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 8 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira O recurso de ofício trata da exoneração dos créditos tributários relacionados ao Ganho de Capital na alienação de bens e direito, destacados na tabela a seguir: Anocalendário 2007 Exigido Exonerado (de ofício) Mantido Imposto Anual 262.279,70 0,00 262.279,70 Multa de ofício 196.709,77 0,00 196.709,77 Imposto Mensal (Ago/2007) 2.964.937,80 593,70 2.964.344,10 Multa de ofício 2.223.703,35 445,28 2.223.258,07 Imposto Mensal (Set/2007) 9.747.049,49 9.747.049,49 0,00 Multa de ofício 7.310.287,11 7.310.287,11 0,00 O credito exonerado no lançamento corresponde ao Ganho de Capital na alienação da Ação Ordinária Nominativa de Quotas de Adriano Ometto Participações S/A, celebrado em 04 de agosto de 2007, cujos ingressos, segundo o Termo de Verificação Fiscal (fls., 1.17 a 1.028), teriam ocorrido da seguinte forma: (1) US$ 10,000,000.00, convertidos em R$ 19.790.000,00, mediante contrato de câmbio de compra, de 15/08/2007; (2) US$ 235,000,000.00, convertidos em R$ 497.199.788,35, mediante contrato de compra, de 27/09/2007; (3) US$ 15,500,000.00, mediante depósito em Conta Garantia em 25/09/2007; e (4) US$ 30,000,000.00, mediante depósito em Conta Garantia de Preço, de 25/09/2007. Entretanto, o contribuinte teria apurado o ganho de capital e efetuado o recolhimento sem oferecer à tributação os item 3 e 4, cujos depósitos teriam sido efetuados pela Asa Bioenergia Holding S/A na conta de depósitos denominada Escrow nº 92197 e Escrow 92198 aberta em nome do contribuinte (vendedor) e mantida no Credit Suisse Wealth Managenebt Limitet. A alienação das 6.999.999 quotas da empresa Adriano Ometto Participações Ltda., de Adriano Giannetti Dedine Ometto, para Asa Bioenergy Holding Ag, está registrada no Contrato de Compra e Venda de Quotas (fls. 55 a 110), do qual se destaca: 1.2 – Preço de Compra. O preço de compra pela aquisição das QUOTAS, acordado entre a COMPRADORA e o VENDEDOR, líquido, certo, exigível e definitivo é de US$ 327,416,756.00 (trezentos e vinte e sete milhões, quatrocentos e dezesseis mil, setecentos e cinqüenta e seis dólares dos Estados Unidos da América) (o “Preço de Compra”). [folha 73 dos autos] [...] 1.3 – Pagamento do Preço de Compra. O Preço de Compra deverá ser pago pela COMPRADORA ao VENDEDOR da seguinte forma: (a) o valor de US$ 10,000,000.00 (dez milhões de dólares dos Estados Unidos da América), a título de sinal e princípio de pagamento, em 6 de agosto de 2007, mediante a transferência de fundos imediatamente disponíveis a uma ou mais contas bancárias indicadas por escrito pelo VENDEDOR à COMPRADORA; (b) o valor de US$ 271,916,756.00 (duzentos e setenta e um milhões,novecentos e dezesseis mil, setecentos e cinqüenta e seis dólares dos Estados Unidos da América) na Data de Fechamento, mediante a transferência de fundos imediatamente disponíveis a uma ou mais contas bancárias indicadas por escrito pelo VENDEDOR à COMPRADORA. O VENDEDOR enviará à COMPRADORA instruções de pagamento por escrito com, 2 (dois) Dias Úteis de antecedência em relação à Data de Fechamento; Fl. 1558DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 19515.721729/201293 Acórdão n.º 2201002.657 S2C2T1 Fl. 6 9 (c) o valor de US$ 15,500,000.00 (quinze milhões e quinhentos mil dólares dos Estados Unidos da América) será depositado na Data de Fechamento, na Conta Garantia, conforme disposto na Cláusula 9.6.2; e (d) o valor de US$ 30,000,000.00 (trinta milhões de dólares dos Estados Unidos da América) será depositado na Data de Fechamento, na Conta Garantia de Preço, conforme disposto nas Cláusulas 8.11 e 8.11.1 abaixo. [folha 74 dos autos] [...] 8.11 – Conta Garantia de Preço. As partes concordam que a parcela do Preço de Compra a que se refere a cláusula 1.3(d) deverá ser depositada em garantia, pela COMPRADORA em favor do VENDEDOR, na Data de Fechamento (a “Conta Garantia do Preço”), e deverá ser liberada em 31 de janeiro de 2009, mediante a constatação, pelas partes, ao final do anosafra 2008/2009, de uma disponibilidade, por pares das SOCIEDADES, DE 7 (SETE) A 7,2 (sete vírgula dois) milhões de toneladas de canadeaçúcar, computandose, para tal fim, toda e qualquer canade açúcar disponibilizada às SOCIEDADES pela SAD, pelo AO AGRO e pelos demais terceiros com os quais as SOCIEDADES e a AO AGRO contrataram fornecimento de canadeaçúcar, arredamento de terras e parceria agrícola, em todas as unidades envolvidas no Negócio de Açúcar e Álcool do VENDEDOR. 8.11.1 – O depósito em garantia de que trata a Cláusula 8.11 acima deverá ser realizado, na Data de Fechamento, substancialmente na forma da minuta de contrato de depósito em garantia de preço que integra este instrumento como Anexo 8.11.1 (o “Contrato de Depósito em Garantia de Preço”). Caso o banco que deverá celebrar o referido contrato sugira alteração de redação, as Partes envidarão os seus melhores esforços par substituir as disposições contratuais e para atender às exigências da instituição financeira de modo a não alterar os princípios estabelecidos na minuta que integra o anexa a este instrumento. [folha 95 dos autos] [...] 9.6.2 – Garantia. O valor de US$ 15,500,000.00 (quinze milhões e quinhentos mil dólares dos Estados Unidos da América) (o “Depósito em Garantia”) será depositado em uma conta garantia aberta (a “Conta Garantia”), junto ao Banco Credit Suisse que será responsável pela administração, controle, saques e movimentação nos termos definidos no Contrato de Depósito em Garantia (“Contato de Depósito em Garantia”) a ser celebrado na Data de Fechamento, com o objetivo de salvaguardar, pelo VENDEDOR e/ou pela AO AGRO, de quaisquer Prejuízos, conforme a minuta que integra este Contrato como Anexo 9.6.2. Caso o banco que deverá celebrar o referido contrato sugira alteração de redação, as Partes envidarão os seus melhores esforços par substituir as disposições contratuais e para atender às exigências da instituição financeira de modo a não alterar os princípios estabelecidos na minuta que integra o anexa a este instrumento. [folha 102 dos autos] Assim, os valores de US$ 15,500,000.00 (quinze milhões e quinhentos mil dólares dos Estados Unidos da América) e de US$ 30,000,000.00 (trinta milhões de dólares dos Estados Unidos da América) seriam depositados na “Data de Fechamento”, na “Conta Garantia”, conforme disposto em cláusula contratual. Os valores acima citados foram depositados em Conta Garantia Escrow nº 92.197 e 92.198, conforme “Contratos de Conta Garantia”, e foram convertidos no auto de infração em R$ 28.904.400,00 e R$ 55.944.000,00, respectivamente, mediante a utilização da cotação do dólar fixada para compra na data dos depósitos, ocorridos em 25/09/2007, nos termos da IN SRF nº 118, de 2000, sendo deduzido o valor de R$ 28.524.600,00 a título de despesa referente a Remuneração de Sucesso pago ao Banco de Investimento Credit Suisse (Brasil) S/A, responsável pela administração dos depósitos em Contas Garantias. Fl. 1559DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 10 A auditoria entendeu no auto de infração que esses depósitos, juntamente com o instrumento contratual, caracterizavamse como fato gerador da aquisição da disponibilidade econômica, conforme a transcrição a seguir extraída do Termo de Verificação Fiscal: À vista da transferência por alienação das Ações Ordinárias Nominativas da empresa Adriano Ometto Participações S/A – CNPJ 05.914.367/000134, de 27/09/2007 para a adquirente ASA BIOENERGY HOLDING AG no anocalendário de 2007, fica certificado que os contratos de Conta Garantia foram instrumentos bastantes e suficientes por si, dando se a transação como perfeito e acabado, caracterizandose como fato gerador da aquisição da disponibilidade jurídica. (grifos nossos). O contribuinte argumentou na impugnação apresentada na primeira instância que esses valores depositados em contas garantias, de US$ 15.500.000,00 e US$ 30.000.000,00, respectivamente, estariam sujeitos à ocorrência de eventos futuros e incertos e, que demonstrada a existência de condições suspensivas, não haveria como sustentar a ocorrência do fato gerador do imposto de renda sobre ganho de capital frente às contas garantias no mês de setembro de 2007. Disse que a Conta Escrow nº 92.197, referente ao depósito de US$ 15.500.000,00 em Conta Garantia, buscava salvaguardar a compradora de todos e quaisquer danos e garantir o pagamento pelo vendedor de quaisquer prejuízos. O objetivo era assegurar à compradora que, no período de no mínimo de 6 (seis) anos, ela estaria protegida de eventuais contingências, oriundas da atividade da Pessoa Jurídica adquirida, nas formas e condições estipuladas no Contrato de Compra e Venda. Desta forma, não teria sido possibilitado ao contribuinte qualquer acesso aos recursos depositados, tendo nesse transcurso [até a data da impugnação] a compradora efetuado diversos levantamentos para fazer frente a contingências surgidas. Já em relação à Conta Escrow nº 92.198, referente ao depósito de US$ 30.000.000,00 em Conta Garantia de Preço, disse que seu objetivo era facilitar operações de compra e venda de grande complexidade, reduzindo os riscos das partes envolvidas na operação, ao assegurar a implementação de responsabilidades financeiras contratuais entre as partes. O levantamento do Depósito Garantia estava condicionado ao fornecimento de 7 (sete) a 7,2 (sete vírgula dois) milhões de toneladas de canadeaçúcar ao comprador até 31/01/2009. E, se não fosse entregue o mínimo estipulado, nada seria devido. Quando da data pactuada, 31/01/2009, não existindo acordo entre as partes, teria dado início a um procedimento de mediação perante o Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil Canadá, conforme documento anexo (Termo de Arbitragem nº 18/2009). O procedimento arbitral teria sido encerrado de forma favorável ao Impugnante, mas a compradora (Asa Bionergy Holding AG) teria ajuizado uma ação judicial pleiteando anulação da sentença arbitral, que permanecia, até a data da entrega da impugnação, em tramitação, o que implica a impossibilidade do recebimento de qualquer valor depositado na Conta Garantia de Preço. A decisão que exonerou parte do crédito tributário lançado fundamentouse nos artigos 43, 116, 117 do CTN, nos artigos 117, 138 e 140 do RIR/1999 e na resposta nº 555 do Perguntas e Respostas Pessoa Física 2012. Para o relator, a operação de alienação das quotas aqui tratada teria sido efetivada por um preço composto de duas formas de recebimento, sendo uma determinada e realizada no momento do fechamento da operação e outra dependente de fatos a serem verificados, sendo esta parte inexigível enquanto não fosse dada a sua disponibilização, pois os Depósitos Garantia dependiam de condições suspensivas. Assim, o negócio jurídico não teria eficácia se as condições não se realizassem. Fl. 1560DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 19515.721729/201293 Acórdão n.º 2201002.657 S2C2T1 Fl. 7 11 De fato, pelo que se observa nos autos, a disponibilização dos Depósitos Garantia constantes do preço de aquisição dependiam que condições contratualmente acordadas para que sua implementação viesse a ocorrer, conforme dispõem as cláusulas 8.11 a 9.6.2.4 do Contrato de Compra e Venda de Quotas. Desta forma, o pagamento das 3ª e 4ª parcelas preço de aquisição estava condicionado a eventos futuros e incertos, que poderiam a ocorrer ou não. Nesses termos, como acertadamente posto na decisão recorrida de ofício, não há disponibilidade econômica do montante total dos recursos. Ao contrário, há uma identificação clara no negócio contratado do recebimento de parcelas do preço em dinheiro e uma expectativa de direito a um crédito exigível, cuja efetivação sujeitavase a condições suspensivas consistentes na materialização, ou não, de determinadas contingências. Por esse motivo, deve ser mantida a decisão de primeira instância que exonerou o imposto e a multa do ganho de capital referente aos depósitos em Conta Garantia e Conta Garantia de Preço, referente aos fatos de 25 de setembro de 2007. Em relação à tributação do Ganho de Capital oriundo do sinal (US$ 10.000.000,00 – convertido em R$ 19.791.000,00) recebido em setembro de 2007, estabelecido no Contrato de Compra e Venda de Quotas entre o contribuinte e empresa Asa Bionergy Holding AG, não há divergência entre a decisão da DRJ e o lançamento do Auto de Infração no cumprimento das condições pactuadas, mas das condições do sinal, nem quanto ao fato gerador do imposto de renda. Porém, há divergência nos cálculos efetuados por um e outro, resultando uma diferença de R$ 593,70 e, consequentemente, de R$ 445,28 da multa de ofício. Os cálculos se referem apenas ao percentual do Ganho de Capital, apurado após a alteração efetuada acima em relação ao valor considerado como recebido no mês de setembro de 2007, conforme se observa no quadro a seguir: Descrição Lançamento AI Julgamento DRJ A Valor da Alienação apurado R$ 571.661.938,35 R$ 488.465.188,35 B Custo de Aquisição R$ 679.699,90 R$ 679.699,90 C Ganho de Capital (AB) R$ 570.982.238,45 R$ 487.785.488,45 D Porcentagem do Ganho de Capital (C/A) 99,88 99,86 E Valor apurado em agosto R$ 19.790.000,00 R$ 19.790.000,00 F Ganho de Capital em agosto (E*D) R$ 19.766.469,90 R$ 19.762.264,00 G Imposto apurado (15%) R$ 2.964.937,80 R$ 2.964.344,10 H Diferença apurada (AI – Julgamento) R$ 593,70 Portanto, também sem reparo a decisão. Isto posto, voto em negar provimento ao recurso de ofício. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator Fl. 1561DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 12 Fl. 1562DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 6/02/2015 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003291/2004-58
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO.
O juízo de admissibilidade recursal deve ser feito sob a disciplina das normas vigentes à época da realização desse ato processual (tempus regit actum). A Portaria ministerial que estabelece o limite para a interposição de recurso de ofício é norma de natureza processual e, portanto, tem aplicação imediata. O limite de valor do crédito tributário exonerado para ensejar o recurso de ofício, à época do juízo de admissibilidade feito por este Conselho, era aquele previsto na Portaria Ministério da Fazenda nº 3, de 03/01/2008, ou seja, superior ao valor da exoneração resultante do acórdão da DRJ, sendo inadmissível o recurso de ofício.
Numero da decisão: 1103-001.135
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado acolher os embargos para suprir a omissão do Acórdão nº 1103-000.968, por unanimidade, de forma a NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, por maioria, vencido o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, que votou pelo conhecimento do recurso para negar-lhe provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Breno Ferreira Martins Vasconcelos.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente
(assinado digitalmente)
Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator
(assinado digitalmente)
Breno Ferreira Martins Vasconcelos Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Cristiane Silva Costa e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO
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Passivo fictício Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado BRASTUBO CONSTRUÇÕES METÁLICAS S/A ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. O juízo de admissibilidade recursal deve ser feito sob a disciplina das normas vigentes à época da realização desse ato processual (tempus regit actum). A Portaria ministerial que estabelece o limite para a interposição de recurso de ofício é norma de natureza processual e, portanto, tem aplicação imediata. O limite de valor do crédito tributário exonerado para ensejar o recurso de ofício, à época do juízo de admissibilidade feito por este Conselho, era aquele previsto na Portaria Ministério da Fazenda nº 3, de 03/01/2008, ou seja, superior ao valor da exoneração resultante do acórdão da DRJ, sendo inadmissível o recurso de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado acolher os embargos para suprir a omissão do Acórdão nº 1103000.968, por unanimidade, de forma a NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, por maioria, vencido o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, que votou pelo conhecimento do recurso para negarlhe provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Breno Ferreira Martins Vasconcelos. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 32 91 /2 00 4- 58 Fl. 651DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 652 2 (assinado digitalmente) Breno Ferreira Martins Vasconcelos – Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Cristiane Silva Costa e Aloysio José Percínio da Silva. Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) (fls.639/640), em face do acórdão nº 1103000.968, de 3/12/13, que recebeu a seguinte ementa (fls.619/636): DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. PAGAMENTO ESPONTÂNEO OU DECLARAÇÃO PRÉVIA DE DÉBITO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. São dois os aspectos determinantes para verificar se cabe a contagem do prazo decadencial do art. 150, §4º ou do art. 173, inciso I, ambos do CTN, (1º) constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo, sendo que, caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC, apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, conforme art. 62A, Anexo II do Regimento Interno do CARF; e (2º) verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN. ENQUADRAMENTO LEGAL. DEFICIÊNCIA. FATOS DESCRITOS. COMPREENSÃO DA DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Deficiência no enquadramento legal, por si só, não prejudica a defesa, desde que os fatos estejam devidamente descritos na autuação e permitam a adequada compreensão por parte da contribuinte, possibilitando a defesa de forma detalhada das matérias objeto da autuação fiscal. PRESUNÇÃO LEGAL. SUPRIMENTO DE CAIXA. OMISSÃO DE RECEITAS. ENTREGA DE NUMERÁRIO POR SÓCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Para se afastar a presunção legal disposta no art. 282 do RIR/99, há que se provar a efetividade da entrega, mediante identificação da origem e do destino da transferência, com documentação coincidente em datas e valores, e a origem dos recursos que, além de externa, deve ser estranha às atividades e operações da empresa. Fl. 652DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 653 3 PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. NECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO PAGAMENTO. Diante da não escrituração da despesa, e tampouco da comprovação da ocorrência de pagamento, não há que se falar em utilização de recursos não contabilizados para adimplir a obrigação. Cabe à autoridade autuante comprovar a ocorrência do pagamento para caracterizar a presunção legal que trata da utilização de um recurso que, apesar de auferido pela empresa, não foi contabilizado, mas sim aplicado para quitar uma despesa, situação que evidencia a omissão de receita. PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE PAGAMENTOS. Presunção legal de omissão de receitas referente à falta de escrituração de pagamentos dispõe sobre situação no qual resta demonstrado que ocorreram ingressos de receitas que não foram contabilizados, mas que foram utilizados para quitar obrigações da empresa, que, por sua vez, não foram contabilizadas, precisamente para não deixar rastros do dinheiro auferido e não registrado contabilmente. PIS. COFINS. EXATIDÃO DO FATO GERADOR CONSIDERADO PELA FISCALIZAÇÃO. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Considerando ser mensal o período de apuração quanto ao PIS e à Cofins, não há como se afastarem os lançamentos com fato gerador em 31/12/99, mas apenas se proceder à redução da bases de cálculo à luz das provas dos autos. PIS. COFINS. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. Mesmo com a aplicação da regra estatuída no art.150, §4º, do CTN, não há se falar em decadência quando a Administração tributária realizou os lançamentos no prazo de cinco anos contado da ocorrência do fato gerador. Na oportunidade, o colegiado decidiu: “[...] rejeitar a preliminar de decadência do direito de constituir o crédito tributário, por unanimidade, e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir o (i) valor de R$4.184,75 da base de cálculo de IRPJ e CSLL, por unanimidade, e (ii) o valor de R$114.184,75 (4.184,75+110.000,00) das bases de cálculo de PIS e Cofins, vencidos os Conselheiros André Mendes de Moura (Relator) e Fábio Nieves Barreira.” A Embargante aduz ter o acórdão incorrido em omissão, especificamente quando deixou de apreciar o recurso de ofício. Sustentou, verbis: “[...] Ante a leitura do dispositivo do julgado, bem como de seu inteiro teor, verificase que somente foi apreciado o recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face da decisão de 1ª instância. Ocorre que, em face da exoneração de parte do crédito tributário, houve interposição de recurso de ofício pela DRJ, conforme se lê no seguinte trecho da decisão de fls. 527/543: Fl. 653DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 654 4 ‘Deste ato, RECORRESE DE OFICIO ao Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, por ser o montante do crédito exonerado superior a R$500.000,00, nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei n° 9.532, de 1997, e do art. 2º da Portaria MF n° 375, de 2001.’ Como não se manifestou sobre o recurso de ofício interposto, o julgado embargado incorre em relevante omissão, que merece ser sanada por meio desta via recursal. Ante o exposto, requer a União (Fazenda Nacional) que sejam conhecidos e providos os presentes embargos de declaração, para suprir o vício acima apontado. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Relator. A data de entrada dos autos na PGFN, para ciência do acórdão embargado, deuse em 30/7/14 e a devolução ao CARF, em 27/8/14, conforme as seguintes informações extraídas do sistema eprocesso: DF CARF MF 3ªTO/1ª CÂMARA/1ª SEJUL/CARF/MF/DF Para Relatar 02/10/2014 11:24:14 15 dia(s) 239 dia(s) DF CARF MF 3ªTO/1ª CÂMARA/1ª SEJUL/CARF/MF/DF Analisar Embargo de Declaração 27/08/2014 14:07:07 36 dia(s) 127 dia(s) DF CARF MF SECAM/1ª CÂMARA/1ª SEJUL/CARF/MF/DF Triar processos retornados 27/08/2014 13:37:32 0 dia(s) 20 dia(s) DF CARF MF GEPAF/SECOJ/SECEX/CARF/MF RECEBER PROCESSO EM RETORNO 27/08/2014 13:22:58 0 dia(s) 8 dia(s) DF COCAT PGFN APOIO/COCAT/PGFN/DF/MF Expedir Processo 27/08/2014 13:16:24 0 dia(s) 0 dia(s) DF COCAT PGFN PROCURADORES/FLUXO/COCAT/PGFN Elaborar Petição/Recurso 30/07/2014 10:51:40 28 dia(s) 16 dia(s) DF COCAT PGFN APOIO/COCAT/PGFN/DF/MF Receber processo triagem 30/07/2014 08:00:24 1 dia(s) 78 dia(s) DF CARF MF SECAM/1ª CÂMARA/1ª SEJUL/CARF/MF/DF Expedir Processo 14/05/2014 16:07:50 76 dia(s) 220 dia(s) Para fins de análise da tempestividade dos embargos de declaração, incidem as seguintes regras postas no Decreto nº 70.235, de 6/3/72: “Art. 23. Farseá a intimação: Fl. 654DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 655 5 ..... §8o Se os Procuradores da Fazenda Nacional não tiverem sido intimados pessoalmente em até 40 (quarenta) dias contados da formalização do acórdão do Conselho de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, os respectivos autos serão remetidos e entregues, mediante protocolo, à Procuradoria da Fazenda Nacional, para fins de intimação. §9o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados pessoalmente das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que os respectivos autos forem entregues à Procuradoria na forma do § 8o deste artigo.” (destaquei) Assim, considerando a disponibilização dos autos à PGFN em 30/7/14, tal órgão foi intimado pessoalmente, por ficção legal, em 29/8/14, de forma que são tempestivos os embargos de declaração apresentados em 27/8/14. Da leitura do voto condutor do acórdão proferido pela Primeira Turma da DRJ – Santa Maria (RS), vêse que foram excluídos da base de cálculo dos lançamentos tributários, decorrentes da constatação de passivo fictício, os valores relativos a “Empréstimo do sócio Aldo Narcisi” (R$ 917.000,00), “Fornecedor Rio Negro Com e Ind Aços S.A” (R$ 23.201,53) e “Fornecedor Usiminas” (R$ 327.267,70). Ao recalcular os valores devidos, afastaramse exigências em montante (tributo e multa proporcional) superior a R$ 500.000,00, o que ensejou a interposição de recurso de ofício nos seguintes termos: Vistos, relatados e discutidos os autos do processo n° 19515.003291/200458, com base na competência outorgada pela Portaria RFB n° 10.795, de 2007, publicada no DOU de 07/08/2007, ACORDAM os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, nos termos do relatório e voto que passam integrar o presente julgado, JULGAR PROCEDENTES EM PARTE os lançamentos do IRPJ, no valor de R$ 37.244,35; PIS, no valor de R$ 968,35; COFINS, no valor de 4.469,32; e CSLL, no valor de R$ 15.726,02, acrescidos da multa de oficio de 75% e dos juros de mora regulamentares. ..... Deste ato, RECORRESE DE OFICIO ao Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, por ser o montante do crédito exonerado superior a R$ 500.000,00, os termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei n° 9.532, de 1997,e do art.2º da Portaria MF n° 375, de 2001. Por sua vez, no acórdão embargado, em que pese no relatório ter havido menção à decisão de primeira instância, com a indicação dos valores exonerados, os votos vencedor e vencido não trataram do recurso de ofício. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 656 6 Nos termos do Regimento Interno do CARF (Anexo II), os embargos de declaração são manejados em situações bastante específicas, sendo um remédio destinado a sanar obscuridade, omissão ou contradição existentes no acórdão: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Com a razão, portanto, a douta PGFN, razão pela qual devem ser admitidos os embargos de declaração. Especificamente sobre o “recurso de ofício”, dispõe o art.34, I, do Decreto nº 70.235, de 6/3/72: Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: ..... I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. Em 19/12/07, data em que o acórdão da DRJ foi proferido, produzia efeitos a Portaria MF nº 375, de 7/12/01, com o seguinte teor: Art. 2º O Presidente da turma de julgamento das DRJ deve recorrer de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento do tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Assim, correta foi a interposição do recurso de ofício. Na realidade, não obstante o nome que o legislador adotou, tratase, com a devida vênia a respeitáveis vozes dissonantes, de um reexame da matéria decidida contrariamente à Fazenda Nacional, ficando a eficácia do acórdão condicionada à confirmação pela instância superior. Como afirmam José Miguel Garcia Medina e Teresa Arruda Alvim Wambier (in Recursos e ações autônomas de impugnação. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2008, p.32), ao tratarem do art.475 do Código de Processo Civil (CPC)1, o reexame 1 Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) I proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) II que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) §1º Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocálos. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) Fl. 656DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 657 7 necessário tratase de “condição legal de eficácia da sentença, cuja incidência não depende da vontade das partes ou, sequer, de manifestação do juiz que a proferiu”. Entendo que não se enquadra em uma espécie recursal. Ao Presidente da Turma da DRJ falta interesse em impugnar o acórdão proferido com a sua participação, como no caso concreto, em que acompanhou o voto do Relator. Além disso, não há prazo para a interposição de tal “recurso”. Por fim, carece de fundamentação, pois aquela autoridade não apresenta argumentos contrários à sua própria convicção firmada no julgamento. Em reforço à conclusão de consistir o reexame necessário em uma condição de eficácia do acórdão proferido pela DRJ, cabe lembrar a Súmula STF nº 423, que tem o seguinte teor: “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ‘ex officio’, que se considera interposto ‘ex lege’”. Apesar de o art.34, I, do Decreto nº 70.235/72, ao contrário do art.475 do CPC, deixar de especificar que o acórdão de primeira instância não produzirá efeitos senão depois de confirmado pelo CARF, não foi outro o intuito daquele dispositivo legal, nitidamente voltado à preservação do interesse público ao apenas permitir a exoneração de crédito tributário superior a determinado valor após a análise de outra instância. Fixada tal premissa sobre a natureza do “recurso de ofício”, resta saber se diante de aumento do limite, mantémse a necessidade do reexame quando o valor exonerado for menor ao de alçada atual. Vejamos. Com a Portaria MF nº 3, de 3/1/08, que revogou a Portaria MF nº 375/01, o limite a ensejar o reexame necessário aumentou para R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Tratase de uma norma de índole processual que, em tese, aplicase imediatamente, alcançando os processos em curso, desde que não viole direitos adquiridos, como o da Fazenda Pública de ver reexaminada determinada decisão. No momento em que esta foi proferida, consolidouse o direito processual da Fazenda Pública de ver o acórdão da DRJ ser reapreciado pelo CARF. Assim, a modificação normativa não poderia retroagir para infirmar tal direito outrora consolidado. Por outro lado, o tratamento conferido ao reexame necessário no processo administrativo tributário federal encerra uma particularidade, qual seja, a de que a definição do limite de alçada cabe à própria Fazenda Pública, personalizada no Sr. Ministro de Estado da Fazenda, de forma que se poderia questionar, diferentemente do que ocorre no processo civil em que tal decisão cabe ao legislador, a violação ao direito adquirido, quando é o próprio beneficiário que a ele renuncia. §2º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) §3º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) Fl. 657DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 658 8 No CARF há vários julgados no sentido de, em tal hipótese, não se conhecer do recurso de ofício, conforme se nota dos seguintes precedentes abaixo mencionados a título exemplificativo: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL RECURSO DE OFÍCIO LIMITE DE ALÇADA. Não se toma conhecimento de recurso de ofício quando o crédito tributário exonerado na primeira instância, a título de tributo e multa, está abaixo do atual limite de alçada, que foi estabelecido pela Portaria MF n° 3, de 3 janeiro de 2008. A norma de cunho processual tem aplicação imediata aos casos ainda pendentes de julgamento na data de sua vigência. (Acórdão nº 180201.087, de 17/1/12, Rel. Cons. José de Oliveira Ferraz Corrêa) “RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. AMPLIAÇÃO. CASOS PENDENTES. Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF nº 03, de 03/01/2008. Recurso de ofício não conhecido [...]” (Acórdão nº 1101000.627, de 24/11/11, Redatora Designada Cons. Edeli Pereira Bessa) RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. Tratandose de Recurso de Ofício em que o crédito tributário exonerado é, em razão de legislação superveniente, inferior ao limite de alçada estabelecido, a decisão de primeira instância afigurase irreformável, não havendo que se conhecer do recurso necessário. (Acórdão nº 130100.899, de 8/5/12, Rel. Cons. Wilson Fernandes Guimarães) RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIMENTO VALOR DE ALÇADA PORTARIA MF Nº 3/2008. Verificado que o valor de alçada recursal é inferior ao limite de R$1.000.000,00, estabelecido pela Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008, DOU 07/01/08, deixase de conhecer do recurso de ofício por se tratar de regra processual aplicável de imediato com efeito retroativo. (Acórdão nº 2202002.528, de 19/11/13, Rel. Cons. Rafael Pandolfo) CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXONERADO INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA. Em virtude de o crédito tributário exonerado no julgamento de primeira instância não superar o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 03/2008 (um milhão de reais), não se toma conhecimento do recurso de ofício, por falta de seu pressuposto processual mais elementar. (Acórdão nº 3101 001.174, de 17/7/12, Rel. Cons. Corintho Oliveira Machado) RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do Fl. 658DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 659 9 recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão nº 9202003.129, de 27/3/14, Rel. Cons. Manoel Coelho Arruda Júnior) RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. APLICABILIDADE IMEDIATA. Aplicase aos recursos de ofício não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário. (Acórdão nº 9202003.027, de 11/2/14, Rel. Cons. Marcelo Oliveira) RECURSO DE OFÍCIO. VALOR ABAIXO DO LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece o recurso de ofício, cujo valor consolidado do crédito seja inferior ao limite fixado em ato do Ministro da Fazenda. (Acórdão nº 2401 003.347, de 22/1/14, Rel. Cons. Kleber Ferreira de Araújo) “[...] RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse de norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão nº 9202002.930, de 5/11/13, Rel. Cons. Luiz Eduardo de Oliveira Santos) RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. (Acórdão nº 9303002.165, de 18/10/12, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres) Contudo, há ainda um outro aspecto, no meu entender, decisivo, que deve ser levado em consideração, o de que o acórdão de primeira instância consiste em um ato administrativo que pode ser classificado como ato administrativo complexo, e, como tal, requer, para o seu aperfeiçoamento, a imprescindível manifestação de outra autoridade, no caso sob análise, da instância superior, especificamente o CARF. Daí a razão de não se poder simplesmente estancar a análise na natureza da norma, se adjetiva ou substantiva, para então definir a sua incidência temporal. Tal linha decisória, a qual adoto, pode ser encontrada, inclusive, em alguns julgados proferidos pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Exemplificativamente: RECURSO ESPECIAL ADMISSIBILIDADE RECURSO DE OFICIO. A decisão de primeira instância favorável ao sujeito Fl. 659DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 660 10 passivo, acima do limite de alçada, constitui o primeiro momento de um ato complexo, cujo aperfeiçoamento requer manifestação do Conselho de Contribuintes quando aprecia recurso de oficio. Nesse caso, o Tribunal não decide recurso simplesmente complementa o ato complexo. A decisão de primeira instância que exonera crédito tributário abaixo do limite de alçada é definitiva, enquanto a decisão em valor acima do limite deve ser confirmada pelo Conselho de Contribuintes para se tornar definitiva (art. 42 do Decreto n° 70.235/72). Recurso Especial interposto pela Procuradoria é impróprio para desafiar acórdão proferido em remessa ex officio. (Acórdãos CSRF/0105.582, de 5/12/06, Rel. Cons. José Clóvis Alves; CSRF/0105.228, de 13/6/05, Redator Designado Marcos Vinícius Neder de Lima; CSRF/0105.128, de 19/10/04, Redator Designado Marcos Vinícius Neder de Lima; CSRF/0105.234, de 13/6/05, Redator Designado Marcos Vinícius Neder de Lima; CSRF/0105.586, de 5/12/06, Relator Cons. Marcos Vinícius Neder de Lima; CSRF 0105.486, de 20/6/06, Rel. cons. José Clóvis Alves) Por tal razão, conheço do recurso de ofício e passo a examinar o seu mérito. Para a Primeira Turma da DRJ – Santa Maria (RS), restaram comprovadas a efetiva entrega de numerários ao sócio Aldo Narcisi (R$ 917.000,00), bem como a existência da obrigação perante a Usiminas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (R$ 327.267,70). Afirma a defesa que o empréstimo contraído perante o sócio Aldo Narcisi decorreria da quitação de dívidas da autuada perante a Cosipa, sendo que esta teria recebido os valores diretamente daquela pessoa física por meio de transferência bancária. À fl.505 consta extrato do fundo de investimentos COINVALORES, com a informação de que o cliente Aldo Narcisi, efetuou um resgate líquido, em 27/8/99, de R$426.122,88. O mencionado documento de fl.506, considerado pela decisão de primeira instância como comprovante de transferência para a conta da Cosipa do valor de R$420.304,45, não se trata, salvo prova em contrário, de um documento emitido por qualquer instituição financeira, pois não contém timbre ou sequer assinatura. Porém, o cheque de fl.502, do COINVALORES, exatamente no valor de R$ 420.304,45, foi emitido nominalmente à Cia Siderúrgica Paulista (Cosipa). Além do mais, consta dos autos, cópia de papeleta de “Movimentação de Fundo” que confirma a transação (fl.501). Quanto ao valor de R$ 496.695,55, o documento de fl.517 atesta a emissão de DOC, em 26/8/99, do Sr. Aldo Narcisi para a Cosipa. Considerando que a fiscalização não questionou a existência do empréstimo, mas tãosomente a efetiva entrega dos recursos do sócio à sociedade, tendo ainda mencionado que o valor foi “debitado diretamente à conta fornecedores (Cosipa) e creditado à conta empréstimos de sócios”, é possível confirmar, com as transferências do sócio diretamente à Cosipa, a caracterização de tal empréstimo nos valores acima indicados. No tocante à obrigação contraída perante a Usiminas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A, a fiscalização afirmou que do saldo da conta em 31/12/99, no montante de R$795.598,05, apenas o valor de R$468.330,35 teria sido comprovado. Conforme Termo de Fl. 660DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 661 11 Verificação Fiscal (fls.217/223), o contribuinte estaria à época providenciando cópias das notas fiscais perante aquele fornecedor. A Primeira Turma da DRJ – Santa Maria (RS) acolheu os argumentos do contribuinte sob a seguinte fundamentação: “2.3 Conta fornecedores, em 31/12/1999, não comprovada R$358.516.60 O valor acima se refere a quatro fornecedores da autuada, conforme está no demonstrativo de fl.219. Na impugnação inicial, nenhum documento foi apresentado para justificar o saldo credor dessas contas. No aditamento à impugnação (fl.342), a defesa apresenta esclarecimentos referentes a dois fornecedores: ..... b) Usiminas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. R$ 327.267,70 Com referência a esse fornecedor, a impugnante apresenta planilha demonstrando a composição do saldo em 31/12/1999 (fls.350353) e respectivas cópias de notas fiscais, comprovantes do lançamento contábil (fls.354358), comprovantes de pagamento (fls. 491496). Analisandose os documentos juntados aos autos, vêse o seguinte: a) o saldo da conta em 31/12/1999 é de R$ 795.598,05; b) o total das compras efetivadas em 1998 e 1999 e liquidadas em 2000 atingem o montante de R$ 802.546,14; c) constatase, inclusive, que a sobre a parcela de R$ 664.737,56 .a autuada pagou ‘correção pelo IGPM + 1,00% a.m.’, conforme está nos documentos de fls.491 a 494, referente ao ‘Encontro de Contas’ com a fornecedora. Diante desses documentos, entendese que o saldo da conta, em 31/12/99, está comprovado, devendose excluir esse montante do valor tributável.” De acordo com a planilha de fl.350, o montante de R$ 363.243,27 referirse iam a aquisições realizadas em 1999, quitadas em 2000. As notas fiscais anexadas pela defesa para confirmar tal assertiva, relativas ao ano 1999, foram as seguintes: Nota Fiscal Fatura Emissão Vencimento Valor (R$) Folha 260262 04/01/99 04/04/99 6.887,00 438 260263 04/01/99 04/04/99 8.395,31 439 260264 04/01/99 04/04/99 4.593,40 440 260265 04/01/99 04/04/99 9.884,88 441 260266 04/01/99 04/04/99 2.274,91 442 260267 04/01/99 04/04/99 1.520,75 443 362876 09/05/99 08/07/99 9.480,84 444 362877 09/05/99 08/07/99 5.411,00 445 365852 12/05/99 11/07/99 9.672,42 446 365853 12/05/99 11/07/99 5.596,76 447 365854 12/05/99 11/07/99 9.672,42 448 365855 12/05/99 11/07/99 5.573,55 449 Fl. 661DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 662 12 365856 12/05/99 11/07/99 9.631,79 452 365857 12/05/99 11/07/99 5.498,07 453 366874 13/05/99 12/07/99 9.701,44 454 366875 13/05/99 12/07/99 5.556,14 455 367249 14/05/99 13/07/99 9.713,07 456 367250 14/05/99 13/07/99 5.538,72 457 367251 14/05/99 13/07/99 9.713,07 458 367252 14/05/99 13/07/99 5.556,14 459 367253 14/05/99 13/07/99 9.724,68 460 367254 14/05/99 13/07/99 5.561,93 461 367332 14/05/99 13/07/99 9.678,24 462 367334 14/05/99 13/07/99 9.730,50 463 367335 14/05/99 13/07/99 5.556,14 464 367337 14/05/99 13/07/99 9.713,07 465 367338 14/05/99 13/07/99 5.567,73 466 367624 14/05/99 13/07/99 9.707,27 467 367625 14/05/99 13/07/99 5.585,16 468 367626 14/05/99 13/07/99 9.742,10 469 367627 14/05/99 13/07/99 5.567,73 470 367628 14/05/99 13/07/99 9.718,87 471 367629 14/05/99 13/07/99 5.561,93 472 367639 14/05/99 13/07/99 9.631,79 473 367640 14/05/99 13/07/99 1.346,95 474 367644 14/05/99 13/07/99 9.655.02 475 367645 14/05/99 13/07/99 5.515,50 476 367646 14/05/99 13/07/99 9.724,68 477 367647 14/05/99 13/07/99 5.550,32 478 367710 14/05/99 13/07/99 9.736,28 479 367711 14/05/99 13/07/99 4.859,43 480 367712 14/05/99 13/07/99 9.730,50 481 367713 14/05/99 13/07/99 5.556,14 482 367714 14/05/99 13/07/99 9.730,50 483 367715 14/05/99 13/07/99 5.579,36 484 367716 14/05/99 13/07/99 696,70 485 369158 16/05/99 15/07/99 8.981,50 486 372089 19/05/99 18/07/99 3.460,24 487 372901 20/05/99 19/07/99 9.718,87 488 372902 20/05/99 19/07/99 6.229,60 489 375929 24/05/99 23/07/99 6.252,82 490 363.245,21 Os vencimentos das faturas, ao contrário do que afirmou o sujeito passivo, ocorreram ainda no ano de 1999, de sorte que a priori não justificariam um passivo em 31/12/99. No curso do procedimento fiscal, a autoridade fazendária já havia considerado como comprovado o valor de R$ 468.330,35, composto pelo total do saldo de contas a pagar em 15/12/99 (R$ 290.044,98) (fl.120), subtraído das baixas dos títulos ocorridas naquele ano (R$ 138.200,36) e acrescido dos seguintes valores que não teriam sido quitados em 1999 (fls.121/162): Nota Fiscal Fatura Emissão Vencimento Valor (R$) Fl. 662DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 663 13 362876 09/05/99 08/07/99 9.480,84 362877 09/05/99 08/07/99 5.411,00 365852 12/05/99 11/07/99 9.672,42 365853 12/05/99 11/07/99 5.596,76 365854 12/05/99 11/07/99 9.672,42 365855 12/05/99 11/07/99 5.573,55 365856 12/05/99 11/07/99 9.631,79 365857 12/05/99 11/07/99 5.498,07 366874 13/05/99 12/07/99 9.701,44 366875 13/05/99 12/07/99 5.556,14 367249 14/05/99 13/07/99 9.713,07 367250 14/05/99 13/07/99 5.538,72 367251 14/05/99 13/07/99 9.713,07 367252 14/05/99 13/07/99 5.556,14 367253 14/05/99 13/07/99 9.724,68 367254 14/05/99 13/07/99 5.561,93 367332 14/05/99 13/07/99 9.678,24 367334 14/05/99 13/07/99 9.730,50 367335 14/05/99 13/07/99 5.556,14 367337 14/05/99 13/07/99 9.713,07 367338 14/05/99 13/07/99 5.567,73 367624 14/05/99 13/07/99 9.707,27 367625 14/05/99 13/07/99 5.585,16 367626 14/05/99 13/07/99 9.742,10 367627 14/05/99 13/07/99 5.567,73 367628 14/05/99 13/07/99 9.718,87 367629 14/05/99 13/07/99 5.561,93 367639 14/05/99 13/07/99 9.631,79 367640 14/05/99 13/07/99 1.346,95 367644 14/05/99 13/07/99 9.655.02 367645 14/05/99 13/07/99 5.515,50 367646 14/05/99 13/07/99 9.724,68 367647 14/05/99 13/07/99 5.550,32 367710 14/05/99 13/07/99 9.736,28 367711 14/05/99 13/07/99 4.859,43 367712 14/05/99 13/07/99 9.730,50 367713 14/05/99 13/07/99 5.556,14 367714 14/05/99 13/07/99 9.730,50 367715 14/05/99 13/07/99 5.579,36 367716 14/05/99 13/07/99 696,70 369158 16/05/99 15/07/99 8.981,50 372089 19/05/99 18/07/99 3.460,24 307.487,67 Em resumo: (1) Saldo de Contas a Pagar em 15/12/99 R$ 299.044,98 (2) Notas fiscais emitidas e não quitadas em 1999 R$ 307.487,67 (3) Baixas de títulos em 1999 R$ 138.200,36 (4) Valor do passivo comprovado (1) + (2) – (3) R$ 468.332,29 Fl. 663DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 664 14 Notase um mínima diferença de R$ 1,94 (um real e noventa e quatro centavos), não considerada pela fiscalização, provavelmente em decorrência de algum erro material, mas que se mostra irrelevante no cálculo dos tributos devidos. Resta saber, então, se o contribuinte conseguiu comprovar a diferença apontada pela fiscalização (R$ 327.267,70). O Recibo da Usiminas (fl.491), de 31/12/00, indica o pagamento, pela Brastubo Construções Metálicas S/A, de R$ 928.172,41, referente a suposto fornecimento de materiais em anos anteriores, sendo que ao principal de R$ 664.737,56 acresceuse R$ 263.434,85 a título de correção monetária e juros moratórios. O valor principal foi considerado em primeira instância, como comprovação do restante do passivo relativo àquele fornecedor, conforme excerto do acórdão acima transcrito. Verificase que no Demonstrativo de Cálculo (fls.492/494), anexo ao Recibo da Usiminas, estão incluídas as aquisições de materiais realizadas em 1999, já aceitas pela fiscalização. Logo, apenas a diferença é que pode ser considerada como prova adicional, ou seja, o montante originário de R$ 357.249,89 (R$ 664.737,56 R$ 307.487,67), valor superior ao apontado pela autoridade autuante como não comprovado. Em resumo, embora os embargos de declaração sejam admitidos em razão da configuração da omissão, confirmase, em sede de reexame necessário, quanto à redução dos créditos tributários, o julgado da Primeira Turma da DRJ – Santa Maria (RS). Pelo exposto, voto no sentido de ADMITIR os embargos de declaração para, suprindo a omissão do acórdão nº 1103000.968, de 3/12/13, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 664DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 665 15 Voto Vencedor Cons. Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Redator Designado. Em que pese a clareza dos fundamentos expostos pelo eminente Conselheiro Relator, peço vênia para divergir, fundamentado nas seguintes razões. Como bem exposto no Relatório que acompanha este acórdão, tratase de Embargos de Declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional contra acórdão que não apreciou o Recurso de Ofício interposto, pois à época de seu juízo de admissibilidade já estava em vigor a Portaria MF nº 3, de 3/1/08, que condicionava a interposição do recurso à decisão que exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), valor superior ao do crédito cancelado nos autos. Atuando nas dobras do artigo 34, I do Decreto nº 70.235/72, a Portaria ministerial fixa o critério objetivo determinante do interesse recursal da União, sendo norma de índole processual que reclama aplicação imediata. São nesse sentido as lições de Cândido Rangel Dinamarco, Ada Pellegrini Grinover e Antonio Carlos de Araújo Cintra: Dada a sucessão de leis no tempo, incidindo sobre situações (conceitualmente) idênticas, surge o problema de estabelecer qual das leis – se a anterior ou a posterior – deve regular uma determinada situação concreta. Como o processo se constitui por uma série de atos que se desenvolvem e se praticam sucessivamente no tempo (atos processuais, integrantes de uma cadeia unitária, que é o procedimento), tornase particularmente difícil e delicada a solução do conflito temporal de leis processuais. (DINAMARCO, Cândido Rangel. GRINOVER, Ada Pellegrini. CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros Editores Ltda., 22ª Edição, pág. 105) Ao tratar especificamente dos processos em trâmite ao tempo de início da vigência da lei nova, os processualistas prosseguem em seus ensinamentos descrevendo o sistema de isolamento dos atos processuais, (...) no qual a lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às chamadas fases processuais. (...) o Código de Processo Civil confirma a regra, estabelecendo que, "ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes" (art. 1.211). (DINAMARCO, Cândido Rangel. GRINOVER, Ada Pellegrini. CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros Editores Ltda., 22ª Edição, págs. 105 e 106) Desse modo, o ato processual de juízo de admissibilidade deve ser exercido sob a disciplina em vigor no momento de sua realização, qual seja a Portaria MF nº 3, de 3/1/08. Fl. 665DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 19515.003291/200458 Acórdão n.º 1103001.135 S1C1T3 Fl. 666 16 A questão foi enfrentada por este Conselho em outras oportunidades, tendo sido alcançada esta mesma conclusão, como refletem, exemplificativamente, as ementas colacionadas pelo eminente Conselheiro relator, em seu minucioso voto. Com base nas considerações acima, constatase que, ao tempo do juízo de admissibilidade do recurso de ofício, a Fazenda Nacional carecia de interesse recursal, pois o crédito exonerado somava quantia inferior a R$1.000.000,00 (um milhão de reais). Por esse motivo, entendo que o recurso não deve ser conhecido por esta Turma. Conclusão Pelas razões expostas, ADMITO os embargos de declaração para NEGAR SEGUIMENTO ao Recurso de Ofício. É o meu voto. Sala das Sessões, em 24 de outubro de 2014. (assinado digitalmente) Breno Ferreira Martins Vasconcelos Relator Fl. 666DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por BRENO FERREIRA MARTINS VASCONCELOS, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por EDUAR DO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 10283.007204/99-82
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1989 a 30/04/1996
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
O princípio Tempus Regit Actum faz com que todos os atos processuais realizados sob a vigência da lei anterior sejam válidos e que as normas processuais tenham aplicabilidade imediata, regendo o desenvolvimento restante do processo.
RECURSO PREVISTO EM NOVO DISPOSITIVO REGIMENTAL.
A previsão regimental de um recurso específico só atinge os recursos propostos após a vigência do dispositivo normativo e não retroage para legitimar recursos interpostos antes da vigência do referido novo dispositivo.
RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. RECURSO DE OFÍCIO.
A decisão de primeira instancia favorável ao sujeito passivo, acima do limite de alçada, constitui o primeiro momento de um ato complexo, cujo aperfeiçoamento requer manifestação do Conselho de Contribuintes quando aprecia recurso de oficio. Nesse caso, o Tribunal não decide recurso simplesmente complementa o ato complexo. A decisão de primeira instância que exonera crédito tributário abaixo do limite de alçada é definitiva, enquanto a decisão em valor acima do limite deve ser confirmada pelo Conselho de Contribuintes para se tornar definitiva (art. 42 do Decreto no. 70.235/72).
Recurso Extraordinário Negado
Numero da decisão: 9900-000.949
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Marco Aurélio Pereira Valadão, Rafael Vidal de Araújo, Maria Helena Cotta Cardozo, Marcelo Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Joel Miyasaki, Rodrigo da Costa Pôssas e Júlio César Alves Ramos.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Antônio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Júnior, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, Paulo Cortez, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Júnior, Elias Sampaio Freire, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Joel Miyasaki, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Júlio César Alves Ramos e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva.
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. O princípio Tempus Regit Actum faz com que todos os atos processuais realizados sob a vigência da lei anterior sejam válidos e que as normas processuais tenham aplicabilidade imediata, regendo o desenvolvimento restante do processo. RECURSO PREVISTO EM NOVO DISPOSITIVO REGIMENTAL. A previsão regimental de um recurso específico só atinge os recursos propostos após a vigência do dispositivo normativo e não retroage para legitimar recursos interpostos antes da vigência do referido novo dispositivo. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. RECURSO DE OFÍCIO. A decisão de primeira instancia favorável ao sujeito passivo, acima do limite de alçada, constitui o primeiro momento de um ato complexo, cujo aperfeiçoamento requer manifestação do Conselho de Contribuintes quando aprecia recurso de oficio. Nesse caso, o Tribunal não decide recurso simplesmente complementa o ato complexo. A decisão de primeira instância que exonera crédito tributário abaixo do limite de alçada é definitiva, enquanto a decisão em valor acima do limite deve ser confirmada pelo Conselho de Contribuintes para se tornar definitiva (art. 42 do Decreto no. 70.235/72). Recurso Extraordinário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 72 04 /9 9- 82 Fl. 797DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Marco Aurélio Pereira Valadão, Rafael Vidal de Araújo, Maria Helena Cotta Cardozo, Marcelo Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Joel Miyasaki, Rodrigo da Costa Pôssas e Júlio César Alves Ramos. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Rodrigo Cardozo Miranda Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Antônio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Júnior, Valmar Fonseca de Menezes, Valmir Sandri, Jorge Celso Freire da Silva, Paulo Cortez, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Júnior, Elias Sampaio Freire, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Joel Miyasaki, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martínez López, Júlio César Alves Ramos e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva. Relatório Cuidase de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional (fls. 418 a 430) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 408 a 414) que, por unanimidade de votos, não conheceu do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional por não atender ao pressuposto de admissibilidade. A ementa do v. acórdão recorrido, que bem resume os seus fundamentos, é a seguinte: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados Exercício: 1995 NORMAS PROCESSUAIS. RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR EM RECURSO DE OFÍCIO. AUSÊNCIA PREVISÃO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO. Não deve ser conhecido o Recurso Especial do Procurador contra Acórdão que negou provimento a Recurso de Oficio, quando interposto sob a égide dos pretéritos Regimentos Internos dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovados pela Portaria MF n° 55/1998, por absoluta falta de previsão legal. Os ditames do atual RICC e/ou RICSRF, aprovados pela Portaria MF n° 147/2007 não têm Fl. 798DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA Processo nº 10283.007204/9982 Acórdão n.º 9900000.949 CSRFPL Fl. 136 3 o condão de acobertar recurso especial protocolado na vigência da antiga norma regimental que não o contemplava, de maneira a tornálo admissível, em observância ao princípio do "tempus regit actum". Recurso especial não conhecido. Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs o já mencionado recurso extraordinário, alegando, em síntese, que o recurso de ofício se assemelha ao “reexame necessário” previsto no artigo 475 do Código de Processo Civil e, com isso, por se tratar de um ato complexo, consistindo em decisão de segunda instância, é cabível o recurso da Fazenda Nacional à Câmara Superior de Recursos Fiscais. O recurso foi admitido através do r. despacho de fls. 434. Sem contrarrazões. É o relatório Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. No tocante ao conhecimento de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra v. acórdão que negou provimento a recurso de ofício, interposto à época em que o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais não previa a sua interposição, o Pleno da Câmara Superior já se manifestou em sessão ocorrida em 15/12/2008, em processo da relatoria da Ilustre Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Processo nº 11060.000996/9716, Recurso 126.575, cuja ementa segue abaixo: APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL. O PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM faz com que todos os atos processuais realizados sob a vigência da lei anterior sejam válidos e que as normas processuais tenham aplicabilidade imediata, regendo o desenvolvimento restante do processo. RECURSO PREVISTO EM NOVO DISPOSITIVO REGIMENTAL. A previsão regimental de um recurso específico só atinge os recursos propostos após a vigência do dispositivo normativo e não retroage para legitimar recursos interpostos antes da vigência do referido novo dispositivo. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. RECURSO DE OFÍCIO. A decisão de primeira instancia favorável ao sujeito passivo, acima do limite de alçada, constitui o primeiro momento de um Fl. 799DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 4 ato complexo, cujo aperfeiçoamento requer manifestação do Conselho de Contribuintes quando aprecia recurso de oficio. Nesse caso, o Tribunal não decide recurso simplesmente complementa o ato complexo. A decisão de primeira instância que exonera crédito tributário abaixo do limite de alçada é definitiva, enquanto a decisão em valor acima do limite deve ser confirmada pelo Conselho de Contribuintes para se tornar definitiva (art. 42 do Decreto no. 70.235/72). Nesse sentido, em razão da sua percuciência, peço vênia para adotar como razões de decidir o voto proferido pela Ilustre relatora, Conselheira Susy Gomes Hoffmann, cujos principais excertos seguem abaixo, verbis: Entendo que o mérito deste Recurso passa por duas questões: a) eventual aplicação do dispositivo do novo Regimento que prevê expressamente a possibilidade de interposição de Recurso especial contra decisão que negar provimento a recurso de oficio; e b) a verificação da possibilidade de interposição de Recurso Especial contra decisão do Conselho de Contribuintes que negou proviniento ao Recurso de Oficio, antes do advento do novo Regimento. Assim, deve ser enfrentada primeiramente a questão que versa sobre a eventual aplicação do novo Regimento a Recursos interpostos antes da sua vigência. O tema é a aplicação da regra processual no tempo. No momento que foi interposto o primeiro recurso especial, ainda perante a Primeira Turma da Câmara Superior, não havia o dispositivo expresso com esta previsão especifica e o julgamento entrou no mérito tia possibilidade da interposição deste recurso em vista da previsão do Decreto 70.235/72. Aquele recurso foi julgado perante a Primeira Turma que entendeu por não conhecêlo e daí foi interposto este Recurso Especial, com vista em um Acórdão da Terceira Turma, que em caso similar entendeu cabível o conhecimento do Recurso, e, nos dois julgamentos restou claro que não havia um dispositivo expresso no Decreto 70.235/72 e no Regimento dos Conselhos e da Câmara Superior que abrigasse a possibilidade da interposição deste recurso. Pois bem, entendo que com o advento do Novo Regimento Interno dos Conselhos e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que prevê a possibilidade de interposição de Recurso Especial da decisão da Câmara que negar provimento ao Recurso de Oficio, há de ser enfrentada a questão da lei processual no tempo, para tanto vou me socorrer da previsão da Lei de Introdução ao Código Civil e das lições dos processualistas. Maria Helena Diniz em seu livro "Lei de Introdução ao Código Civil Interpretada", página I 76 e seguintes, ao tratar do artigo V. Da Lei de Introdução ao Código Civil (Art. 6". — A Lei cm vigor terá efeito imediato e gemal, respeitado o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada), assim dispje: 0 art. 6", ora contentado, trata da obrigatoriedade da lei no Fl. 800DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA Processo nº 10283.007204/9982 Acórdão n.º 9900000.949 CSRFPL Fl. 137 5 tenurc), da limitação da eficácia da nova norma em conflito com a anterior. Como revogar é cessar o curso da vigência da norma, não implicando necessariamente eliminar totalmente a eficácia, quando a nova norma vem modificar ou regular, de .forma diferente, a matéria versada pela anterior, no todo (ábrogação) ou em parte (derrogação), podem surgir conflitos entre as novas disposições e as relações jurídicas jc't definidas sob a vigência da velha norma revogada. A norma mais recente só teria vigor para o futuro ou regularia situações anteriormente constituídas? A nova 1101117a repercutiria sobre a antiga atingindo os fatos pretéritos já consumados sob a égide da norma revogada, afetando os efeitos produzidos de . situações já passadas ou incidindo sobre feitos presentes ou futuros de situações pretéritas? O direito intertemporal soluciona o conflito de leis no tempo, apontando critérios para aquelas questões, disciplinando fato sem transição temporal, passando da égide de uma lei a outra, ou que se desenvolvem entre normas temporalmente diversas. Para solucionar tais questões, os critérios utilizados são: O das disposições transitórias, chamadas direito intertemporal, que são elaboradas pelo legislador no próprio texto normativo para conciliar a nova norma com as relações já definidas pela anterior. Sao disposições que têm vigência temporária, com o objetivo de resolver e evitar conflitos ou lesões que emergem da lei em confronto com a antiga. 0 dos princípios c/a retroatividade e da irretroatividade das 1101711aS, construções doutrinárias para solucionar conflitos entre norma mais recente e as relações jurídicas definidas sob a égide da norma anterior, na ausência de norma transitória. Quanto ao âmbito de validade temporal da norma, na teoria kelseniana, devese distinguir o período de tempo posterior e o anterior á promulgação, ou melhor à publicaçõo. Assim sendo, no que atina à extensão do tempo de sua obrigatoriedade, a lei poderá ser retroativa, se estender sua e ficácia ao passada, ou irretroativa, se alcançar somente o futuro. Há, portanto, normas que podem dispor para o passado e para o fitturo; outras só para o futuro ou para o passado. Não poderia ser outro o entendimento ante a teoria dogmática da incidência normativa, pela qual a incidência consistiria na configuração atual de situações subjetivas e produção de efeitos em sucessão. A norma vigente podem ter eficácia, isto é, possibilidade de produção de efeitos. Quando ocorre a produção de efeitos, configurando uma situação subjetiva, temse a incidência da norma. Incidência diz respeito aos efeitos já produzidos. A norma revogada por outra não mais produzirá efeitos, mas sua incidência, isto é, a configuração de situação subjetiva efetuada, permanece. Fl. 801DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 6 Embora revogada, seus efeitos permanecem. A norma precedente não se mantém viva; perderá sua eficácia apenas ex mine, porque persistem as relações já constituídas sob seu império. Da análise do art. 6. da Lei de Introdução, a doutrina e a jurisprudência têm apresentado os seguintes critérios norteadores da questão da aplicabilidade dos princípios da retroatividade e da irretroatividade. i) 0 principio tempus regit actum faz com que todos os atos processuais realizados sob a vigência da lei anterior sejam válidos e que as normas processuais tenham aplicabilidade imediata, regendo o desenvolvimento restantes do processo. Portanto, de acordo com a interpretação acima, no presente caso terseá a aplicação do princípio tempus regit actum de tal modo que quando há unia nova lei processual os atos processuais anteriores não se modificam e o processo deve se adequar a nova lei, assim, ci lei só se aplica aos atos restantes. Deste modo, no presente caso, o novo dispositivo regimental que prevê este recw:ro não pode ser argumento para o conhecimento do recurso à época de sua propositura, eis que no momento da propositura ocorreu a incidência normativa e a norma então regente não previa tal recurso. E, senz a previsão especifica de tal recurso, é impossível o seu conhecimento de acordo coin a doutrina de direito processual que se socorre do principio da taxatividade ou da tipicidade que nos dizeres de Nelson Nery Junior e Rosa Maria Andrade Nery, em Código de Processo Civil Comentado, página 712, assim explicam: TAXATIVIDADE. 0 principio da taxatividade decorre do CPC 496, que se utiliza da expressão "são cabíveis os seguintes recursos", de f01711a a indicar que a regra geral do sistema recursal brasileiro é o da taxatividade dos recursos. Isto quer significar que os recursos são enumerados pelo CPC e outras leis pmeessuais incineras ClaUSUS, vale dizer, em rol exaustivo. Somente são recursos os meios impugnativos assim denominados e regulados na lei processual. Não são recursos a correição parcial, a remessa necessária e o pedido de reconsideração. (...) Quanto a segunda questão a ser enfrentada, que trata propriamente da divergência de posicionamento entre Primeira e a Terceira Turma da Camara Superior de Recursos Fiscais, entendo que o tema foi exaustivamente tratado nos dois Acórdãos. No Acórdão ora recorrido, o tema fui tratado e debatido consoante se verifica da análise do Voto Vencedor da lavra do Conselheiro Marcos Vinícius Neder e da análise do Voto Vencido do Conselheiro Manoel Gadelha. Na Terceira Turma, o Voto Vencedor de lavra do Conselheiro Otacilio Cartaxo é pautado no voto do Conselheiro Manoel Gadelha e há a declaração de voto vencido por parte da Conselheira Anelise Fl. 802DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA Processo nº 10283.007204/9982 Acórdão n.º 9900000.949 CSRFPL Fl. 138 7 Daudt Prieto que a partir do voto do Marcos Vinícius trabalha ainda mais o tema. A posição vencida na Primeira Turma e que é o fundamento da decisão da Terceira Turma entende, em breve resumo, que apesar da decisão de primeira instância não tem eficácia enquanto pendente de recurso ex officio; entretanto, entende que a decisão da Conselho é de segunda instância, em vista da previsão doa artigo 25 do Decreto 70.235/72; b) há interesse da FaLenda Nacional em recorrer da decisão de Conselho de Contribuintes que negar provimento a recurso de oficio, especialmente porque o recurso especial da Fazenda Nacional tanto pode suscitar dissídio jiirisprudencial como contratariedade et lei ou a evidência das provas; e, c) porque na orbita judicial, a jurisprudência do STJ vem aceitando Recurso Especial em face de acórdão de tribunal que negou provimento remessa oficial. Por sua vez, a posição vencedora da Primeira Turma e admitida por Conselheiros vencidos na Terceira Turma entende, em breve resumo, que: a) a ,finalidade da criação do recurso especial é natureza extraordinária, de tal modo que "sua finalidade principal é garantir a correta c ompreensão da aplicação da legislação federal no contencioso administrativo.. , assim, decisão de primeira instância é definitiva quando contrária a Fazenda Nacional. O sistema recursal concebido no PAF, idealizado e proposto pela própria Administração tributária, dá se por satisfeito apenas com a decisão de primeira instância que exonerar o crédito tributário." E prossegue no sentido de consolidar o entendimento de que o recurso de oficio é uma ferramenta para que seja dada maior segurança ao sistema quando houver um valor exonerado acima de um determinado limite; b) a decisão do Conselho de Contribuintes nos julgamento de recurso de oficio não é unta decisão de segunda instância, visto que o Conselho de Contribuintes é uma segunda etapa de uma decisão única que compõe, na verdade, um primeiro e único grau de jurisdição. Para melhor entendimento deste item, os Conselheiros que trabalharam este tema trouxeram jurisprudência administrativa e judicial; e) não há qualquer prejuízo à Fazenda Nacional em não poder apresentar Recurso Especial da decisdo cio Conselho de negar provimento ao recurso de oficio, pois a decisão passou por ducts etapas de julgamento e está fundamentada em bases seguras; d) se .fosse admitido recurso especial a decisão do Conselho que nega provimento ao recurso de oficio implicaria em duplicidade de apreciação do mesmo processo por instâncias superiores; c) o fato de o STJ ter aceitado Recurso Especial a decisão de Tribunal que negou provimento à remessa oficial não é. Situação análoga ao deste caso, posto que os Tribunais têm competências distitucts e os casos são distintos. Adoto, como razão de decidir todos os argumentos aduzidos no Acórdão ora Recorrido e na declaração de voto vencido do Acórdão divergente da Terceira Turma, pois entendo que os Conselheiros Marcos Vinicius Neder de Lima e Anelise ant& Fl. 803DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 8 Prieto trabalharam exaustivamente a matéria e nada há a acrescentar aos seus argumentos. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO DO PROCURADOR. Assim, adotando as mesmas razões de decidir supra transcritas, NÃO CONHEÇO DO RECURSO ESPECIAL. Assim, no tocante ao conhecimento de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra v. acórdão que negou provimento a recurso de ofício, interposto à época em que o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais não previa a sua interposição, entendo, em síntese, na esteira do precedente acima, que deve ser observado o Princípio do Tempus Regit Actum e, portanto, o recurso especial interposto naquela situação não deve ser conhecido. Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso extraordinário da Fazenda Nacional. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 804DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 11/02/2 015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA
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Numero do processo: 18471.002191/2005-86
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SIGILO BANCÁRIO. ILEGALIDADE INEXISTENTE. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 02.
A requisição das informações bancárias tem previsão na Lei Complementar 105, de 2001 regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 2001, de tal forma que a Requisição de Informação Financeira foi legal. O CARF não é competente para apreciar apelo recursal que busca reconhecimento de inconstitucionalidade do dispositivo legal. Aplicação da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
IRPF. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS.Para elidir a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, a demonstração da origem dos depósitos deve ser feita de forma inequívoca, correlacionando, de forma individualizada, as apontadas origens a cada um dos depósitos.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 2802-003.337
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator.
EDITADO EM: 12/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Mara Eugênia Buonanno Caramico, Ronnie Soares Anderson, Vinícius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente).
Nome do relator: JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente e Relator. EDITADO EM: 12/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Mara Eugênia Buonanno Caramico, Ronnie Soares Anderson, Vinícius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente).
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SIGILO BANCÁRIO. ILEGALIDADE INEXISTENTE. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 02. A requisição das informações bancárias tem previsão na Lei Complementar 105, de 2001 regulamentada pelo Decreto nº 3.724, de 2001, de tal forma que a Requisição de Informação Financeira foi legal. O CARF não é competente para apreciar apelo recursal que busca reconhecimento de inconstitucionalidade do dispositivo legal. Aplicação da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IRPF. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS.Para elidir a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, a demonstração da origem dos depósitos deve ser feita de forma inequívoca, correlacionando, de forma individualizada, as apontadas origens a cada um dos depósitos. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 21 91 /2 00 5- 86 Fl. 773DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 2 EDITADO EM: 12/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jaci de Assis Júnior, Mara Eugênia Buonanno Caramico, Ronnie Soares Anderson, Vinícius Magni Verçoza, Carlos André Ribas de Mello e Jorge Cláudio Duarte Cardoso (Presidente). Relatório Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2001, anocalendário 2000, decorrente da apuração de omissão de rendimentos caracterizada por depósito bancário de origem não comprovada, nos termos do art.42 da Lei 9.430, de 1996. O Termo de Verificação de Infração consta às fls. 273/289 (numeração original). O valor da omissão de rendimentos foi rateado meio a meio entre o recorrente e sua cônjuge. Após a decisão de primeira instância, o lançamento subsiste relativamente ao depósito de R$400.000,00, efetuado em 12/01/2000, na conta mantida na Caixa Econômica Federal – CEF, que o contribuinte alegou ter como origem o valor em espécie recebido na venda do apartamento situado na Rua Guilhermina, 74/801, sem que tenha constado tal valor na respectiva escritura, alegação rejeitada pelo órgão julgador de primeira instância sob fundamento de que não houve documentação que comprovasse essa alegação e a informação prestada pelo comprador do imóvel também não corrobora tal afirmação. O impugnante alegou decadência, que foi também rejeitadas pela DRJ com amparo no art. 150, §4º do CTN e na consumação do fato gerador do IRPF somente em 31 de dezembro. A ciência do acórdão ocorreu em 22/07/2009 e o recurso voluntário foi interposto no dia 17/08/2009 assentado nas alegações adiante resumidas: 1. o acórdão recorrido é omisso ao não declarar expressamente que a partir de 1º de janeiro de 2006 encontrase decaída qualquer pretensão de lançamento suplementar do Fisco, determinando o encerramento da continuidade da ação fiscal referente ao ano de 2000; 2. o acórdão recorrido é omisso por deixar de declarar quitado o imposto que foi objeto do depósito ocorrido em 19/01/2006, de R$55.000,00 acrescido de juros e multa de 50%; 3. houve injustificável excesso de cobrança, uma vez que a autoridade lançadora já reconhecera erro de fato em incluir na omissão de rendimentos o valor de R$13.205,00, que o contribuinte comprovara pertencer a sua esposa; 4. a origem do depósito de R$400.000,00 é o lucro imobiliário que teve com a venda do apartamento na Rua Guilhermina, que foi registrado subavaliado na escritura pública, como se pode concluir pelos valores do imposto de transmissão pagos tanto na alienação quanto na aquisição do imóvel posteriormente adquirido, o apartamento vendido (cobertura triplex de 309m²) valia muito mais que o adquirido em seguida (área de 178m²); 5. ao limitar a prova à documental, estão sendo violados princípios e regras jurídicas relativas à prova; não se pode dar valor à afirmação do comprador Sr. Sérgio, que não Fl. 774DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 18471.002191/200586 Acórdão n.º 2802003.337 S2TE02 Fl. 774 3 apresentou documentos e rejeitar a do recorrente sob a fundamentação de que não apresentou documentos; 6. dos quatro cheques citados pelo comprador, Sr. Sérgio, só recebeu o de R$300.000,00, restando comprovado que os demais não transitaram por conta do casal ou individual do recorrente; 7. recebeu o valor de R$4000.000,00 em espécie em 12/01/2000 e, no mesmo dia, depositou na conta corrente 43373 da Caixa Econômica Federal – CEF; e 8. a origem foi comprovada, portanto, o imposto deve ser revisto para 15% (ganho de capital). Em 08/10/2012, houve aditamento ao recurso alegandose que: 1. ao ser intimado para apresentar extratos bancários, requereu prorrogação de prazo, o que foi atendido, porém, ainda no curso desse prazo, foi surpreendido com requisição de suas informações financeiras aos bancos sob fundamento de que eram imprescindíveis e que havia pouco tempo disponível para encerrar o procedimento fiscal; 2. a quebra do sigilo bancário foi inconstitucional por falta de autorização judicial, cita precedente (RE906.839/RN), cuja cópia do acórdão anexou. Em 25/08/2014, o contribuinte peticiona pela prioridade de tramitação, com base no Estatuto do Idoso, reitera a alegação de nulidade do lançamento por falta de autorização judicial para acesso aos dados bancários e alega que, desde a Lei 12.844/2013, deve ser adotar o entendimento do STF e do STJ, quando em repercussão geral e recursos repetitivos, ao final requereu levantamento do depósito. A Presidente da 2ª Câmara consignou que o pedido alusivo ao levantamento do depósito deve ser dirigido à Secretaria da Receita Federal do Brasil, não sendo de competência do CARF, e determinou que fosse cientificada a Fazenda Nacional da petição apresentada (fls. 681). A Fazenda Nacional sustenta que, ao contrário do que afirma o recorrente, ainda não há decisão definitiva do STF, em sede de repercussão geral, sobre a possibilidade de quebra do sigilo bancário diretamente pela autoridade fiscal quando tal procedimento representa medida imprescindível para a investigação da ocorrência do fato gerador. Informa que o mérito do Recurso Extraordinário nº 601.314/SP ainda não foi julgado e que a questão foi solucionada, na sistemática do art. 543C do CPC, no REsp 1134665/SP (discutida no RE correspondente), vigorando assim o efeito repetitivo atribuído ao mesmo que reconhece a legalidade da medida, enquanto não há decisão do STF no RE nº 601.314/SP. A Fazenda requer indeferimento do pedido do contribuinte com fundamento no art. 62A do Regimento Interno do CARF. O processo foi distribuído a este Relator, por sorteio, durante a sessão de outubro de 2014. É o Relatório. Fl. 775DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 4 Voto Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele devese tomar conhecimento. Da requisição de dados bancários As decisões do STF em controle difuso de constitucionalidade proferidas fora da sistemática do art. 543B do CPC (art. 62A do Regimento Interno do CARF) não vinculam os membros do CARF. De outro giro, a interpretação sistemática do Regimento Interno do CARF é no sentido de que a possibilidade de o CARF afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou Decreto sob fundamento de inconstitucionalidade é medida excepcional e que, na matéria sob apreciação, não se pode tomar como declaração de inconstitucionalidade por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal (inciso I do parágrafo único do art. 62 do RICARF) a decisão dada no RE389.808/PR, uma vez que o Recurso Extraordinário designado como paradigma e ainda pendente de julgamento é o de nº 601314, este sim, uma vez julgado e com trânsito em julgado, será de reprodução obrigatória. Ademais, consoante enunciado da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por estas razões, rejeito a preliminar suscitada, quanto à nulidade do lançamento por falta de autorização judicial para obtenção de dados bancários do contribuinte. O fato de a requisição de informação financeira ter ocorrido no curso do prazo prorrogado pela autoridade para que o contribuinte apresentasse os extratos não dá causa à invalidade da Requisição de Informação Financeira – RMF, cuja fundamentação foi adequadamente descrita no Termo de Verificação de Infração. A autoridade fiscal agiu com razoabilidade ao atentar para a exigüidade do prazo decadencial e utilizar as RMF. Este procedimento, visando a quebra do sigilo bancário do contribuinte, tornouse imprescindível, conforme será demonstrado adiante, já que o sujeito passivo não havia apresentado as informações sobre sua movimentação financeira solicitadas através do Termo de Inicio de Fiscalização, e tendo em vista o pouco tempo então disponível para levar a termo o procedimento fiscal. (...) E quando da emissão das referidas Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira, estavam presentes os pressupostos do art. 2º da citada portaria, quais sejam: a) existia um procedimento de fiscalização em curso, instaurado mediante o MPFF acima mencionado; b) foi constatada uma hipótese que tornava indispensável o exame dos dados bancários do contribuinte, conforme previsto no art.3º do Decreto nº 3.724, de 2001; c) e tinha havido uma intimação para o contribuinte apresentar as informações sobre a sua movimentação financeira. Fl. 776DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 18471.002191/200586 Acórdão n.º 2802003.337 S2TE02 Fl. 775 5 A hipótese de indispensabilidade foi a prevista no art. 3º, inciso I do Decreto 3.724/2001, pois foi constatada uma subavaliação de valores de operação de aquisição ou alienação de bens e direitos, tendo por base o correspondente valor de mercado.(fls. 275) Alegação preliminar rejeitada. Da nulidade do acórdão recorrido O acórdão recorrido apreciou todas as questões necessárias para a solução do litígio, que se reporta ao anocalendário 2000, como o próprio recorrente transcreve na peça recursal: “... relativamente ao anocalendário de 2000, tendo o fato gerador ocorrido em 31/12/2000, o prazo decadencial teve início em 01/01/2001, encerrandose em 31/12/2005.” Não cabe ao acórdão manifestarse sobre o que não está incluído no litígio, como é o caso de outros anoscalendário ou continuidade de procedimentos fiscais. Preliminar rejeitada. Da menção à quitação do imposto pelo depósito extrajudicial Na impugnação, assim como no recurso voluntário, está em litígio a legalidade do lançamento. As providências inerentes à cobrança e os efeitos do depósito ou mesmo de pagamentos, não interferem na solução do litígio, não servem para desconstituir o lançamento, portanto é da Unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil encarregada da cobrança averiguar a questão aqui tratada. Preliminar rejeitada. Do excesso de cobrança decorrente da impossibilidade de a autoridade lançadora modificar o lançamento. O erro da autoridade lançadora já foi corrigido com a decisão de primeira instância, que excluiu o depósito contestado da base de cálculo. O valor mantido hígido após a decisão recorrida não é afetado pela existência do erro alegado e reconhecido pela autoridade lançadora. Preliminar rejeitada. Do mérito Uma vez intimado para comprovar a origem dos depósitos, o contribuinte tem o ônus de comprovar cada crédito de forma individualizada, conforme disposto no §3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996 e assentado na jurisprudência desse conselho. Vejamos: Fl. 777DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 6 (...)IRPF LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS Para elidir a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, a demonstração da origem dos depósitos deve ser feita de forma inequívoca, correlacionando, de forma individualizada, as apontadas origens a cada um dos depósitos. A alegação de que as origens dos depósitos foram cheques omitidos por uma empresa deve ser comprovada com a demonstração de que os depósitos se referem aos referidos cheques, não bastando para tanto a mera existência de proximidade de datas entre as emissões dos cheques e os depósitos. Embargos acolhidos.Recurso parcialmente provido.(acórdão nº 10423276, de 2562008, da 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, conselheiro(a) relator(a) Pedro Paulo Pereira Barbosa) Ementa: IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. O contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que esses são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva.(...)COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS – IMPOSSIBILIDADE DE O DEPÓSITO DE UM MÊS SERVIR COMO COMPROVAÇÃO PARA O DEPÓSITO DO MÊS SEGUINTE Na tributação dos depósitos bancários de origem não comprovada não se individualiza os saldos em fins de período, mas os próprios depósitos, considerados rendimentos omitidos na hipótese especificada em lei. Permitir que os depósitos de um mês pudessem funcionar como origens para os depósitos do mês seguinte, somente seria possível se houvesse a comprovação de que o valor sacado foi, posteriormente, depositado. Acatar a possibilidade, em tese, dos depósitos antecedentes servirem como comprovação e origem dos depósitos subseqüentes, no extremo, permitiria que o depósito de um dia servisse para justificar o depósito do dia seguinte.(...)Recurso voluntário parcialmente provido.(acórdão nº 10616977, de 2662008, da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, conselheiro(a) relator(a) Giovanni Christian Nunes Campos) (...)IMPOSTO DE RENDA TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS POSSIBILIDADE A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos Fl. 778DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 18471.002191/200586 Acórdão n.º 2802003.337 S2TE02 Fl. 776 7 bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva.(...)OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA PRESUNÇÃO LEGAL CONSTRUÍDA PELO ART. 42 DA LEI Nº 9.430/96 IMPOSSIBILIDADE DA DESCONSTRUÇÃO DA PRESUNÇÃO A PARTIR DA VARIAÇÃO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE COTITULARIDADE NO ANO AUTUADO NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE CADA DEPÓSITO, INDIVIDUALIZADAMENTE Não se deve confundir a tributação prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96 com a referente ao acréscimo patrimonial a descoberto, na forma do art. 3º, § 1º (parte final), da Lei nº 7.713/88. Nesta, utilizamse os saldos das contas correntes e de aplicações financeiras, como origem e aplicação de recursos, apontandose, se for o caso, o acréscimo patrimonial a descoberto. No tocante à presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96, devese comprovar a origem dos depósitos bancários individualizadamente, não sendo possível efetuar a comprovação a partir da variação dos saldos de aplicações financeiras. Sendo comprovada a origem do depósito, este deve ser excluído da base de cálculo da omissão dos rendimentos. Ausente a comprovação de cotitularidade na conta de depósito, afastase as conseqüências dessa realidade. Recurso voluntário provido parcialmente.(acórdão nº 106 17092, de 8102008, da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, conselheiro(a) relator(a) Giovanni Christian Nunes Campos) Ementa: (...) IRPF. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS. Para elidir a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada, a demonstração da origem dos depósitos deve ser feita documentalmente e de forma inequívoca, correlacionando, de forma individualizada, as apontadas origens a cada um dos depósitos. Recurso negado (Acórdão 2802002.004, 2ª Turma Especial, de 20/11/2012.Relator Conselheiro Jorge Cláudio Duarte Cardoso) Dessa forma, o recorrente não tem razão quando se insurge contra a exigência de prova documental, que a lei exige do contribuinte fiscalizado e não de terceiros como é o caso do comprador do imóvel na Rua Guilhermina. O recorrente alega que recebeu R$400.000,00 em espécie, valor não declarado na escritura e que foi esse mesmo recurso que empregou no depósito ocorrido dia 12/01/2000. A maior parte das alegações recursais buscam comprovar que houve subavaliação na escritura, fato já constatado pela autoridade lançadora (item 2.3 do Termo de Constatação, fls. 89, da numeração original). Mas isso não é suficiente para que o recorrente se desincumba do ônus da comprovação documental individualizada. Os pontos essenciais foram descritos pela autoridade fiscal (fls. 281) Fl. 779DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO 8 A questão que aqui se coloca é saber se o preço da referida transação imobiliária foi de R$ 700.000,00, conforme alega o contribuinte ANTONIO HERCULANO FERREIRA DE SOUZA, ou se foi de R$ 750.000,00, conforme informou o Sr. SERGIO HAMPSHIRE DE CARVALHO SANTOS, e, principalmente, se esse contribuinte comprovou a origem dos R$ 400.000,00 depositados na mencionada conta bancária em 12/01/2000, ou se incidiu no art. 42 da Lei n 9.430/96, abaixo transcrito(grifos acrescidos) É máxima do Direito que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. O meio legal de provar o recebimento de pagamento na venda de imóvel é consignar na escritura, quem dessa prática se afasta não pode obter em seu proveito a dispensa de comprovação de forma inequívoca. O Fisco buscou perante o comprador as informações que poderiam confirmar ou refutar o que o recorrente afirma. A informação prestada pelo comprador, Sr. Sérgio, noticia a entrega de R$430.000,00 não declarado na escritura, na data de 01/03/2000 (fls. 422, numeração digital). O valor de R$430.000,00 foi um cheque administrativo que o Sr. Sérgio emitiu em 01/03/2000 (fls. 283). A informação do comprador não corrobora o afirmado pelo recorrente, pois se for verdade o que informou o comprador (fls. 422), o valor de R$430.000,00 teria sido entregue ao recorrente meses após o depósito ocorrido em 12/01/2000, jamais poderia comprovar a origem do valor depositado. A alegação recursal de que dos quatro cheques citados pelo comprador, Sr. Sérgio, só recebeu o de R$300.000,00 e que os demais não transitaram por conta do casal ou individual do recorrente em nada ajuda o recorrente. Mormente quando a Fiscalização demonstrou porque tais cheques não transitaram em suas contas: foram endossados e entregue ao vendedor do imóvel adquirido seguidamente, situado na Rua Carlos Goes. Vale transcrever o que a autoridade fiscal registrou a esse respeito: No que diz respeito ao cheque de R$ 430.000,00, debitado em 31/01/2000 na conta bancário em pauta, o Sr. SERGIO disse "Não declarado na escritura, pago aos vendedores", e conforme mostrado no extrato bancário da conta, anexo (fl. 249), tratase do cheque administrativo n2 706.701. Ressaltase que o cheque administrativo n2 706.701 citado acima tem seu respectivo número de ordem seguindose ao do cheque administrativo n2 706.700 que foi dado pelo Sr. SERGIO ao contribuinte em pagamento pelo apartamento à Rua Rainha Guilhermina 74/801, conforme mencionado acima, e, coincidentemente, ambos os cheques foram debitados na mesma data. Assim, considerando que o contribuinte passou adiante os cheques que recebeu do Sr. SERGIO em pagamento do apartamento à Rua Rainha Guilhermina 74/801, sem descontálos ou depositálos em sua conta; considerando que Fl. 780DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO Processo nº 18471.002191/200586 Acórdão n.º 2802003.337 S2TE02 Fl. 777 9 faltou com a verdade ao negar que recebeu um dos citados cheques, no valor de R$ 15.000,00; e considerando finalmente que foi subavaliado o prego escriturado do apartamento que comprou à Rua Carlos Góes 64/70: há fortes indícios de que também recebeu o mencionado cheque administrativo n2 706.701, no valor de R$ 430.000,00, conforme informado pelo Sr. SERGIO, e de que repassou o mesmo adiante, provavelmente para pagar outra parte não escriturada do citado apartamento à Rua Carlos Góes.(fls. 286/287). Ressaltese que não se está afirmando que não houve de ganho de capital. Esse não é assunto deste processo. A conclusão aqui adotada é que não foi comprovado que o depósito em 12/01/2000 teve por origem a alienação imobiliária em apreciação. Enfim, não foi comprovada a origem do depósito objeto da autuação e não merece reparo o acórdão recorrido, consequentemente, rejeitase a alegação para tributação dos R$400.000,00 depositados em 12/01/200 com alíquota de ganho de capital. Quanto ao pedido para levantamento do depósito, não se conhece como recurso voluntário e já houve despacho da Presidência da 2ª Câmara a esse respeito, conforme constou no Relatório. Diante do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Fl. 781DF CARF MF Impresso em 20/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 13 /03/2015 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO
score : 1.0
Numero do processo: 11131.721012/2013-25
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. NORMAS DA ABNT. ADOÇÃO DE CRITÉRIO EXTRÍNSECO AO SISTEMA HARMONIZADO SEM EXPRESSA REMISSÃO DA NOMENCLATURA. IMPOSSIBILIDADE.
O posicionamento da mercadoria em Nomenclaturas baseadas no Sistema Harmonizado deve ser efetuado levando-se em conta apenas as regras para interpretação do Sistema Harmonizado. Conceitos e significados de palavras ou de expressões fixados em normas extrínsecas à Nomenclatura só podem ser utilizados se houver remissão expressa nos textos das posições ou nas notas de seção ou de capítulo. Por tal motivo, as normas técnicas da ABNT não se prestam para fixar conceitos e significados não estabelecidos pelo Sistema Harmonizado. Precedentes.
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CIMENTO PORTLAND COMPOSTO DO TIPO CP II F. CIMENTO COMUM.
O cimento portland do tipo CP II F, embora seja considerado um cimento composto à luz das normas técnicas brasileiras (ABNT), é um cimento comum à luz das regras para interpretação do Sistema Harmonizado de classificação de mercadorias, enquadrando-se no código 2523.2910 - Cimento comum, por força da aplicação das RGI nº 1 e 6, combinadas com a RGC nº 1.
FRAUDE NA IMPORTAÇÃO. PERÍCIA TÉCNICA. NECESSIDADE.
A acusação de que o produto importado não se identifica com o produto descrito nos documentos que embasaram as importações só pode ser sustentada mediante prova técnica, sendo insuficiente argumentar com indícios colhidos por meio da comparação de catálogos dos fabricantes no estrangeiro, mormente quando as normas técnicas que regulam a produção do cimento variam de país para país.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 3403-003.511
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Luiz Rogério Sawaya Batista votaram pelas conclusões em relação à classificação fiscal. Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP nº 161.891.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Fenelon Moscoso de Almeida, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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NORMAS DA ABNT. ADOÇÃO DE CRITÉRIO EXTRÍNSECO AO SISTEMA HARMONIZADO SEM EXPRESSA REMISSÃO DA NOMENCLATURA. IMPOSSIBILIDADE. O posicionamento da mercadoria em Nomenclaturas baseadas no Sistema Harmonizado deve ser efetuado levandose em conta apenas as regras para interpretação do Sistema Harmonizado. Conceitos e significados de palavras ou de expressões fixados em normas extrínsecas à Nomenclatura só podem ser utilizados se houver remissão expressa nos textos das posições ou nas notas de seção ou de capítulo. Por tal motivo, as normas técnicas da ABNT não se prestam para fixar conceitos e significados não estabelecidos pelo Sistema Harmonizado. Precedentes. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CIMENTO PORTLAND COMPOSTO DO TIPO CP II F. CIMENTO COMUM. O cimento portland do tipo CP II F, embora seja considerado um cimento composto à luz das normas técnicas brasileiras (ABNT), é um cimento comum à luz das regras para interpretação do Sistema Harmonizado de classificação de mercadorias, enquadrandose no código 2523.2910 Cimento comum, por força da aplicação das RGI nº 1 e 6, combinadas com a RGC nº 1. FRAUDE NA IMPORTAÇÃO. PERÍCIA TÉCNICA. NECESSIDADE. A acusação de que o produto importado não se identifica com o produto descrito nos documentos que embasaram as importações só pode ser sustentada mediante prova técnica, sendo insuficiente argumentar com indícios colhidos por meio da comparação de catálogos dos fabricantes no estrangeiro, mormente quando as normas técnicas que regulam a produção do cimento variam de país para país. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 13 1. 72 10 12 /2 01 3- 25 Fl. 2002DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Os Conselheiros Rosaldo Trevisan e Luiz Rogério Sawaya Batista votaram pelas conclusões em relação à classificação fiscal. Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP nº 161.891. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Fenelon Moscoso de Almeida, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti Relatório Tratase de autos de infração com ciência do contribuinte por via postal em 30/08/2013 (fl. 1587), lavrados para exigir o Imposto de Importação, o PIS e a COFINS vinculados à importação, acrescidos da multa de ofício e de juros de mora; bem como a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, em razão de suposta indicação de classificação fiscal incorreta nas DI; e a multa equivalente ao valor aduaneiro, resultante da conversão da pena de perdimento em multa. Os fatos geradores estão compreendidos entre 18/10/2010 e 18/12/2012. No termo de verificação fiscal de fls. 76/98, a fiscalização descreveu, em síntese, que o contribuinte importou cimento portland do tipo CP II F (composto), classificado na NCM sob o código 2523.2990 (cuja alíquota de II é 4%), mas informou nas declarações de importação o código NCM 2523.2910 (cuja alíquota de II é 0%), que se refere a cimento portland tipo CP I (comum). Para enquadrar o cimento nos tipos "composto" ou "comum" a fiscalização utilizou os critérios estabelecidos nas Normas Técnicas da ABNT NBR 5732 (cimento portland comum) e NBR 11578 (cimento portland composto), utilizadas pela própria Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), conforme o Boletim Técnico BT 106 Guia Prático de utilização do Cimento Portland. Segundo esse Boletim Técnico, o cimento portland é um "(...) Algomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer Portland ao qual se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a moagem é permitido adicionar a esta mistura materiais pozolânicos, escórias granuladas de altoforno e/ou materiais carbonáticos (...)". Assim, o cimento portland é composto de clínquer e de adições. O clínquer é o principal componente e está presente em todos os tipos de cimento portland. Já as adições Fl. 2003DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 19 3 podem variar de um tipo para outro e, segundo a fiscalização, são principalmente elas que definem os diferentes tipos de cimento. O clínquer tem como matériasprimas o calcário e a argila. As adições misturadas ao clínquer na fase de moagem, consistem em gesso, escórias de altoforno, materiais pozolânicos e materiais carbonáticos. A tabela a seguir, extraída pela fiscalização do Boletim Técnico da ABCP, bem resume os tipos de cimento, segundo a classificação estabelecida nas normas da ABNT: Nome técnico Sigla Classe Identificação do tipo e classe Cimento portland comum CP I 25 32 40 CP I25 CP I32 CP I40 Cimento portland comum (NBR 5732) Cimento portland comum com adição CP Is 25 32 40 CP lS25 CP lS32 CP lS40 Cimento portland composto com escória CP llE 25 32 40 CP llE25 CP llE32 CP llE40 Cimento portland composto com pozolana CP líZ 25 32 40 CP llZ25 CP llZ32 CP IIZ4Q Cimento portland composto (NBR 11578) Cimento portland composto com fíler CP llF 25 32 40 CP llF25 CP llF32 CP llF40 Cimento portland de altoforno (NBR 5735) CP II! 25 32 40 CP III25 CP III32 CP III40 Cimento portland pozolânico (NBR 5736) CP IV 20 32 CP IV25 CP IV32 Cimento portland de alta resistência ínctal (NBR 5733) CP VARI CP VARI Cimento portland resistente aos sulfatos (NBR 5737) - 25 32 40 Sigla e classe dos tipos originais acrescidos do sufixo RS. Exemplo: CP I32RS, CP IIF 32RS, CP III 40RS etc. Cimento portland de baixo calor de hidratação (NBR 13116) 25 32 40 Sigla e classe dos tipos originais acrescidos do sufixa BC. Exemplo: CP l32BC,CPIIF 32BC,CP III40BC etc. Cimento portland branco estrutural CPB 25 32 40 CPB25 CPB32 CPB40 Cimento portland branco (NBR 12989) Cimento portland branco não estruturai CPB CPB Cimento para poços petrolíferos (NBR 9831) CPP G CPP classe G Fl. 2004DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Com base no enquadramento das normas técnicas da ABNT, concluiu a fiscalização que somente são considerados cimentos portland comuns aqueles compreendidos nas siglas CP I e CP IS, possuindo até 5% de misturas à matéria base do cimento (clínquer). O cimento portland composto do tipo CP II F, comercializado pelo contribuinte, é um cimento composto com pelo menos 6% e no máximo 10% de material carbonático, sendo o restante do produto composto de clínquer. A partir dessas premissas e com base na aplicação da RGI nº 1, da RGI nº 6 e da RGC nº 1, a fiscalização entendeu que o cimento composto CP II F deve ser classificado na NCM sob o código 2523.2990 "outros" ( II a 4% e IPI 0%) e não no código 2523.2910 "cimento comum" (II e IPI 0%), utilizado pela recorrente. A fiscalização constatou que os pedidos da empresa fiscalizada fazem referência expressa a cimento portland composto tipo CP II F com 6% a 10% de fíler (calcário) e citam a NBR 11578, que normatiza o referido cimento em âmbito nacional. Entretanto, em boa parte das faturas referentes às DI fiscalizadas, a descrição do produto é de cimento comum e as descrições do produto na DI são omissas quanto ao tipo de cimento importado. Além disso, segundo a fiscalização, a consulta aos catálogos de produtos dos fabricantes, demonstra que em momento algum tais publicações se referem a cimentos do tipo comum. A fiscalização entendeu que a discrepância entre os pedidos e as faturas não era mero erro, pois as aquisições ocorreram de três exportadores estrangeiros localizados em países diferentes (Espanha, Estados Unidos e Grã Bretanha). Concluiu não ser crível que três exportadores localizados em países distantes cometessem o mesmo "erro": descreverem o cimento como sendo "CEM I" e não o "CP II F", que é aquele que consta nas ordens de compra e que é revendido pela empresa no mercado interno. Para afastar qualquer cogitação de erro, a fiscalização acrescentou que esses fatos ocorreram por mais de 2 anos, totalizando 7 ordens de compras diferentes e abrangendo 21 Declarações de Importação. Com base nessas constatações, a fiscalização entendeu que os documentos utilizados na importação estavam eivados de falsidade ideológica, pois se referem a produto diverso daquele que foi declarado na importação. Com base em tal constatação, exigiu as diferenças dos tributos vinculados à importação com multa de ofício de 75% ou de 150%, em relação às DI em que considerou haver dolo do contribuinte. Converteu a pena de perdimento em multa, em relação às operações consideradas fraudulentas (art. 23, V, §§ 1º e 3º do DL nº 1.455/76 c/c art. 59 da Lei nº 10.637/2002), e lançou também a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, decorrente da incorreta classificação fiscal informada nas DI (art. 84, I, da MP nº 2.15835/2001 c/c arts. 69 e 81, IV, da Lei nº 10.833/2003). Informou a fiscalização que não foi lavrado o auto de infração de IPI porque a alíquota de IPI para o cimento composto classificado sob o código NCM 2523.2990 outros era zero. Em sede de impugnação o contribuinte alegou, em síntese, o seguinte: 1) A fiscalização colheu amostras durante o procedimento e lavrou o auto de infração sem fazer qualquer menção à retirada de amostras ou ao resultado dessa perícia que seria realizada pelo Laboratório de Análises em Santos (Doc. 12). Identificou a mercadoria como não sendo "cimento comum" e a classificou no código 2523.2990, por entender que nesta classificação estariam inseridos todos os tipos de cimento diversos daqueles previstos na NBR Fl. 2005DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 20 5 como comum. Sem nenhum amparo técnico, a fiscalização entendeu que somente aquilo que a NBR indica como cimento comum é passível de classificação no código 2523.2910 e todos os outros cimentos, sem distinção, estariam classificados no código 2523.2990. Mas o simples fato das NBR indicarem que o cimento importado pela recorrente é do tipo composto, não significa que para fins de classificação fiscal ele não tenha as características de cimento comum. As NBR trazem apenas um critério de classificação, que não se equipara com o critério da NCM. Não há vinculação entre o Sistema Harmonizado, a NCM e as normas da ABNT. Asseverou que não existe harmonização no âmbito do Mercosul sobre os critérios de especificação de cimentos. Assim, se não existe tal harmonização, não se pode entender que o "comum" na NCM é apenas o cimento comum da NBR. A classificação da NBR que traz apenas dois tipos de cimento comum não se presta para fins de classificação fiscal. Na verdade, dentro da classificação fiscal "comum" devem ser enquadrados os cimentos que são rotineiramente utilizados e na classificação fiscal "outros" devem ser enquadrados os cimentos com características técnicas especiais com base em laudo específico; 2) Para a correta classificação do cimento existem três critérios (medições) que devem ser avaliados por profissional técnico, a fim de se definir o tipo e a classe do cimento portland. Tais critérios são químicos, físicos e mecânicos. As exigências químicas servem para definir o tipo e as exigências físicas e mecânicas definem as classes dentro de cada tipo. As NBR 5732 (cimento comum) e 11578 (cimento composto) estabelecem esses três critérios que definem a qualidade do cimento portland em âmbito nacional, mas tal classificação não pode ser utilizada para fins de enquadramento na NCM, pois quando a Nomenclatura quer adotar conceitos previamente estabelecidos ela o faz expressamente. Citou a título exemplificativo os códigos 8501.5110 Ex 01 que cita expressamente a NBR 7094 e o código 9030.3990 Ex 033 que cita expressamente a norma IEC600441; 3) A fiscalização apegouse apenas aos percentuais dos componentes do cimentos, sem levar em consideração os seus limites químicos, físicos e mecânicos, que, uma vez constatados por profissional com competência técnica apropriada evidenciam a correta classificação atribuída pela recorrente. As conclusões da fiscalização estão baseadas em meras conjecturas, formuladas a partir de indícios encontrados em documentos e em informações prestadas durante o procedimento e não em laudo técnico que ateste a real natureza do produto importado. Para classificar uma mercadoria na Nomenclatura, o primeiro passo é conhecer bem o produto a ser classificado, para só então partir para a aplicação das regras de classificação. A fiscalização olvidou da primeira etapa e aplicou as regras de classificação baseada na falsa conclusão de que o cimento importado não era do tipo comum, por trazer na embalagem as inscrições CP II F e a NBR 11578. Adicionou que sem embasamento em perícia técnica não se pode afirmar que o cimento possui determinadas qualidades e especificidades apenas com base em um dos critérios de diferenciação; 4) O parecer técnico emitido com base em amostra dos produtos importados pela impugnante coletada pela própria Receita Federal (Doc. 10), demonstra que o produto importado é cimento portland com característica comum, corroborando a classificação fiscal adotada pelo contribuinte e a insubsistência das conclusões da fiscalização. Essa informação foi totalmente ignorada pelo agente fiscal na lavratura do auto de infração. No referido parecer, elaborado pela Associação TécnicoCientífica Eng. Paulo de Frontin, com base em estudos realizados pela Universidade Federal do Ceará (Doc 11), foi confirmado que se tratava de cimento portland do tipo comum, segundo especificações das NBR 5732 e 11578. No referido laudo técnico, a defesa destaca as medições químicas relativas ao "resíduo solúvel" 0,48% e "perda ao fogo" 2,60%, que trazem a característica de cimento comum ao produto importado Fl. 2006DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 pela impugnante. O que se nota é que a despeito das NBR classificarem, em território nacional, o cimento importado pela impugnante como sendo do tipo composto, este possui características de cimento comum, conforme atestado em laudo técnico, o qual deve ser considerado para a classificação fiscal do produto na NCM. O laudo pericial elaborado pelo perito da Receita Federal ratificou os resultados encontrados pelos técnicos da Universidade Federal do Ceará para as propriedades químicas do cimento da impugnante. Nas fls. 06/07 do documento elaborado pela Receita Federal consta que "o Cimento Portland Composto com Filer é, sem dúvida, aquele que mais se aproxima do Portlant Comum, principalmente do CPIS, tendo, portanto, características semelhantes" (Doc. 12); 5) O próprio Boletim Técnico 106 da ABCP considera os cimentos "comum" e "composto" como tipos básicos de cimento, com nítidas similitudes, em contraposição aos tipos especiais, como os cimentos Portland resistentes aos sulfatos e aos cimentos Portland de baixo calor de hidratação. Os cimentos "comum" e "composto" tem a mesma influência nas argamassas e concretos (Quadro 9 do BT106), além de poderem ter as mesmas aplicações (Quadro 10 do BT 106). Assim, não se pode adotar a Nomenclatura das NBR para fins de classificação fiscal concluindose que somente o denominado pela ABNT como "comum" classificase como "comum" na NCM; 6) O contribuinte solicitou que, caso não sejam acatados o laudo técnico apresentado com a defesa, o processo seja baixado em diligência para a coleta de amostras e elaboração de perícia. Atacou o lançamento da multa regulamentar de 1% sobre o valor aduaneiro, pois o laudo técnico apresentado comprovou que a classificação fiscal indicada pelo contribuinte nas DI foi a correta. Invocou a aplicação do ADN nº 12/1997, que afasta a infração ao controle aduaneiro das importações nos casos em que a descrição da mercadoria na DI estiver correta. Refutou a aplicação das multas de 75% e de 150% porque a classificação fiscal adotada pelo contribuinte foi correta. Quanto à qualificação da multa de ofício, alegou que além de estar apoiada em falsa premissa, a fiscalização não provou o dolo e não fez a subsunção aos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Ademais, a fiscalização tentou imputar o dolo ao contribuinte fiscalizado com base na conduta dos exportadores ao descreverem os produtos nas faturas. Tendo em vista a inexistência de fraude nas importações, descabe a aplicação da pena de perdimento e, por decorrência, a sua conversão em pena de multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias; Por meio do Acórdão nº 54.670, de 29 de janeiro de 2014, a 23ª Turma da DRJ São Paulo, julgou a impugnação improcedente. A interpretação da fiscalização foi chancelada. A DRJ implicitamente adotou a classificação dos tipos de cimento da ABNT para classificar o cimento na NCM, concluindo que se o cimento CP II F não é um cimento comum, por ser um cimento composto, por aplicação da RGI nº 1 c/c RGI nº 6, deve ser classificado sob o código 2523.2990 outros. Entendeu a DRJ que o fato da Nomenclatura não estabelecer vínculo textual não abre espaço para a desconsideração das normas da ABNT. Entendeu a DRJ que o laudo técnico é dispensável porque o produto está perfeitamente identificado: cimento portland CP II F. Com base nestas razões de decidir, o lançamento foi mantido na íntegra, pois a DRJ também entendeu que houve fraude na conduta do contribuinte. Regularmente notificado do acórdão de primeira instância em 10/02/2014 (fl. 1822) o contribuinte apresentou recurso voluntário em 11/03/2014 (fl. 1913), no qual reprisou as alegações de impugnação e atacou pontos específicos do acórdão de primeira instância, quais sejam, o entendimento de que não há necessidade de laudo técnico para embasar a reclassificação do cimento e a afronta ao laudo técnico emitido pelo assistente técnico designado pela própria da Receita Federal. Fl. 2007DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 21 7 Em 13/11/2014, a defesa apresentou a petição de fls. 1915/1923 solicitando a juntada do parecer técnico de fls. 1927/1935, elaborado pelo Prof. Dr. João Baptista Baldo, coordenador do Laboratório de Materiais Refratários e Concreto da Universidade Federal de São Carlos SP. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Conforme se depreende do relatado, a controvérsia não reside na classificação fiscal a ser adotada para o cimento, pois é incontroverso nos autos que cimentos portland comuns classificamse no código 25232910 da NCM e os outros cimentos, que seriam os não comuns, classificamse no código 25232990. A controvérsia nos autos gira em torno de se saber o que é um cimento portland comum, notadamente no contexto do termo "comum" presente no texto do código 2523.2910 da NCM. Isso porque, a fiscalização adotou o significado de "comum" contido nas normas da ABNT e o contribuinte adotou o significado de "comum" do vernáculo, ou seja, aquele que é encontrado nos dicionários: aquilo que é comum, corriqueiro, usual, frequente. Se a acusação fiscal recai sobre erro na indicação do produto, ou sobre falsidade ideológica na descrição do produto importado e não sobre erro de classificação fiscal, entendo que não existe subsunção do caso concreto ao disposto no art. 84, I, da MP nº 2.158 35/2001 c/c arts. 69 e 81, IV, da Lei nº 10.833/2003. O art. 84, I da Medida Provisória nº 2.15835 dispõe o seguinte, in verbis: Art.84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: Iclassificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas Nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. §§ 1º e 2º omissis... A disposição literal da lei se refere à "classificação incorreta" da mercadoria. Ora, a classificação incorreta da mercadoria pressupõe a identificação precisa da mercadoria, ausência de controvérsia sobre a natureza da mercadoria a ser classificada. Em outras palavras, não pode existir dúvida alguma sobre o que é a mercadoria a ser classificada. A mercadoria está definida, é aquela, mas o contribuinte por algum motivo, inadvertidamente ou propositalmente não importa errou a indicação do código de classificação fiscal nas DI. Fl. 2008DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 Não é isso que foi relatado pela fiscalização neste caso concreto. A fiscalização, com todas as letras, acusou o contribuinte de ter importado cimento portland composto, declarando que estava importando cimento portland comum. Então o erro não é de classificação fiscal, o erro é de declaração quanto à natureza da mercadoria que está sendo importada. O art. 84, I da Medida Provisória 2.15835/2001, não autoriza a aplicação da multa por erro na indicação do produto, apenas por erro na classificação fiscal e erro na quantificação. Por este singelo motivo, a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, infligida com base no art. 84, I da MP 2.15835/2001 deve ser cancelada de plano, independentemente da análise das alegações de mérito expendidas no recurso. Voltando ao cerne da controvérsia, que é o significado e o alcance do vocábulo "comum" existente no texto do código 2523.2910 da NCM, verificase que não existem notas de seção, de capítulo ou de subposição esclarecendo o que deve ser entendido por cimento comum. As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado à posição 2523 também nada esclarecem a respeito. A fiscalização adotou para o termo "comum", presente no texto do código NCM 2523.2910, o significado da classificação dos cimentos estabelecidas pela ABNT, ou seja, é cimento "comum" aquele que não é composto. Para a fiscalização, comum é o cimento constituído de clínquer puro ou contendo adições de até 5%. Mas essa especificação não consta da NCM, é um critério extrínseco, constando apenas das normas técnicas brasileiras que normatizam a produção e a comercialização do cimento. Tendo em vista que as adições dos cimentos CP II F importados pela recorrente estão entre 6% e 10% de filer (calcário), tais cimentos são compostos e não cimentos comuns, o que, segundo o fisco, alteraria a classificação para o código 2523.2990 outros. Os arts. 90 e 94 do Regulamento Aduaneiro de 2009 estabelecem o seguinte, in verbis: Art. 90 O imposto será calculado pela aplicação das alíquotas fixadas na Tarifa Externa Comum sobre a base de cálculo de que trata o Capítulo III deste Título (DecretoLei no37, de 1966, art. 22). (...) Art.94. A alíquota aplicável para o cálculo do imposto é a correspondente ao posicionamento da mercadoria na Tarifa Externa Comum, na data da ocorrência do fato gerador, uma vez identificada sua classificação fiscal segundo a Nomenclatura Comum do Mercosul. Parágrafo único. Para fins de classificação das mercadorias, a interpretação do conteúdo das posições e desdobramentos da Nomenclatura Comum do Mercosul será feita com observância das Regras Gerais para Interpretação, das Regras Gerais Complementares e das Notas Complementares e, subsidiariamente, das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, da Organização Mundial das Aduanas (DecretoLei nº 1.154, de 1o de março de 1971, art. 3º, caput) Fl. 2009DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 22 9 (Destaquei) No destaque acima não se menciona em momento algum que as normas da ABNT constituem elemento subsidiário ao processo de enquadramento do produto na Nomenclatura. Analisandose os textos da posição 2523 verificase que também não existe nenhuma referência a notas de seção ou de capítulo e muito menos às normas técnicas da ABNT. O regulamento é claríssimo: a alíquota do imposto de importação deve ser estabelecida com base no posicionamento da mercadoria na Nomenclatura e este posicionamento deve ser feito com base nas regras de interpretação do sistema harmonizado. Nem os textos da posição 2523, nem os textos das seis regras gerais de interpretação, nem o texto da regra geral complementar e, tampouco, as Notas Explicativas à posição 2523 fazem qualquer menção à aplicação das normas da ABNT. Portanto, não se sabe com base em quê a fiscalização e o Acórdão da DRJ São Paulo tomaram como premissa que o "comum" do código 2523.2910 tem o significado de "não composto". Nem a fiscalização e muito menos o acórdão recorrido mencionaram o dispositivo legal ou de interpretação da NCM que autorizam ou determinam que o significado de "comum" da NBR 5732 seja utilizado para fins de interpretação da NCM. Em consulta à página da internet da Associação Brasileira de Normas Técnicas, constatase que a ABNT é uma entidade privada sem fins lucrativos. Na página que contém as "perguntas frequentes", encontrase o seguinte: (...) O que é Norma Técnica? Resposta: É o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. O que são Normas Técnicas NBR ISO? Resposta: Normas Técnicas NBR ISO são traduções de Normas Técnicas da ISO que passam a ser adotadas pela ABNT e levam a mesma numeração das Normas da ISO. Da análise do conteúdo acima transcrito, verificase que as normas da ABNT não são normas cogentes, pois, além de serem estabelecidas por uma entidade de direito privado, elas são aceitas por consenso das entidades interessadas na normatização. Nesse sentido, o TRF 1ª Região também decidiu que as normas da ABNT não são normas cogentes, in verbis: Fl. 2010DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE INTERESSE SOCIAL. REVISÃO DO JUSTO PREÇO. IMÓVEL RURAL EM ÁREA URBANA. INOBSERVÂNCIA ÀS NORMAS DA ABNT. POSSIBILIDADE. INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. 1. Existindo elementos suficientes para a formação da convicção do magistrado, o indeferimento à produção de provas não constitui cerceamento de defesa. 2. As normas da ABNT apenas fixam diretrizes. Não são cogentes. Precedentes. 3. Normas de competência aplicamse exclusivamente aos órgãos julgadores. 4. A classificação do imóvel, se rural ou urbano, depende de sua destinação, não de sua localização (aplicação analógica do art. 4º, I, da Lei 8.629/1993). 5. Apelação improvida. (Apelação Cível 2001.43.00.0013530 TO, DJ 02/06/2005, pág. 36. In: jurisprudencia.trf1.jus.br/busca/) Desse modo, se não existe remissão expressa da NCM à utilização dos conceitos estabelecidos pela ABNT e se as normas técnicas baixadas por essa entidade são cumpridas por consenso dos interessados na sua aprovação, a fiscalização não tem como obrigar o contribuinte a adotar os conceitos estabelecidos pela ABNT nem para efetuar a classificação fiscal dos seus produtos e nem para descrevêlos nas declarações de importação. Quando a Nomenclatura quer alterar ou delimitar o significado de uma palavra ou expressão ela expressamente remete o intérprete a uma nota de seção, de capítulo ou de subposição na qual o significado pretendido é estabelecido. Isso pode ser constatado, exemplificativamente, examinandose a Nota nº 8 e a Nota Complementar nº 1, ambas do Capítulo 29, que fixaram o que se deve entender por "hormônios" e por "produtos contendo funções oxigenadas", in verbis: "8. Para os fins da posição 29.37: a) o termo hormônios compreende os fatores libertadores ou estimuladores de hormônios, os inibidores de hormônios e os antagonistas de hormônios (antihormônios); (...) Nota Complementar 1. Nos itens da posição 29.33, quando houver menção a produtos contendo ou não funções oxigenadas, entenderseá que corresponde unicamente às funções unidas mediante ligação covalente à estrutura que contém o heterociclo." Em outras situações, quando quer vincular determinado conceito ao significado atribuído por alguma norma técnica, a Nomenclatura vincula seu texto expressamente a essa norma técnica, conforme se pode constatar por meio do exame dos Fl. 2011DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 23 11 códigos 8501.5110 Ex 01 e 9030.3990 Ex 033, que citam expressamente as normas NBR 7094 e IEC600441, respectivamente, conforme bem apontou a defesa em seu recurso. Portanto, ao contrário do que entendeu o acórdão recorrido, não existe amparo legal para que o intérprete utilize conceitos e significados técnicos exteriores à Nomenclatura, sem que os textos das posições ou das notas de seção, de capítulo ou de subposição façam expressa remissão ao conceito que deve ser utilizado. No silêncio da Nomenclatura quanto ao significado que deve ser atribuído aos seus termos, deve ser empregado o significado corrente do vernáculo, pois a Nomenclatura não é utilizada por técnicos e experts, mas sim por pessoas comuns que operam no comércio internacional. Este colegiado, com outra composição, já decidiu pela inaplicabilidade de norma técnica da ABNT para fins de estabelecer a potência máxima para o enquadramento de veículo utilitário na redução de alíquota prevista na NC 874 da TIPI, in verbis: "(...) O raciocínio empregado pela fiscalização e pela decisão de primeira instância não se sustenta frente ao que determina o art. 13 da Lei nº 4.502/64 e a RGI nº 1 para interpretação do sistema harmonizado, pois os textos da posição 8703 e das notas de Seção e de Capítulo não fazem nenhuma menção às normas da ABNT, à homologação pelos órgãos oficiais de metrologia e meio ambiente, ou ao Código de Defesa do Consumidor, como, aliás, bem apontou a defesa em seu recurso. (...) Portanto, à luz do art. 13 da Lei nº 4.502/64, da RGI nº 1 e do texto da Nota Complementar 874 não vejo como se possa exigir que o contribuinte adote a potência líquida máxima, aferida por meio da aplicação da NBR ISO 1585, utilizada para a homologação do motor, pois esta exigência não consta nos textos da posição 8703 e nem das Notas da Seção XVII (Material de Transporte) ou das Notas do Capítulo 87 da Tabela de Incidência do IPI. (...)" (Ac. 3403000.976, relator Antonio Carlos Atulim, 02/06/2011, rec. prov. em parte, unânime.) A pretensão fiscal de adotar o conceito contido nas normas técnicas brasileiras, para fins de classificação fiscal, esbarra no fato de que a classificação do cimento varia segundo as normas técnicas de cada país, enquanto que a NCM é baseada no Sistema Harmonizado, que é norma de direito internacional incorporada ao direito interno por força do Decreto nº 97.409, de 23/12/1988. Por tal razão, não tem cabimento vincular a significação dos termos da Nomenclatura aos significados adotados em normas técnicas que vigoram apenas dentro de cada país que adotou o Sistema Harmonizado, pois como os conceitos variam de país para país, a mesma mercadoria poderia ter diferentes classificações, conforme variem as normas técnicas internas de cada país, frustrando o objetivo da adoção do Sistema Harmonizado. Fl. 2012DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 Nesse sentido, basta cotejar o conteúdo na norma brasileira com a norma técnica da República Dominicana, um dos países produtores de parte do cimento importado pela recorrente. Essas normas podem ser encontradas no anexo à impugnação (fls. 1680/1784). Na fl. 1739 encontrase a "Tabla 1. Classificaciones de los cementos" da norma da República Dominicana, que embora esteja no idioma espanhol, é perfeitamente compreensível. Tabla 1. Classificaciones de los cementos Denominación Designación Cemento Pórtland Normal CPN Cemento Pórtland con Humo de Silice CPS Cemento Pórtland Puzolánico CPP Cemento Pórtland con cenizas Volantes CPV Cemento Pórtland con caliza CPC Cemento Pórtland Mixto CPM Por seu turno, a "Tabla 2. Componentes de los cementos", existente na fl. 1740, nos mostra a composição de cada tipo de cimento na República Dominicana: Tabla 2. Componentes de los cementos De. >minaciones Composición (% en masa ) Clinker + Yeso Escoria Humo Sílice Puzo la na Ceniza Volante Caliza Otrosí M Cemento Portland Normal CPN 95100 05 Cemento Portland con humo de Sílice CPS 9094 610 05 Cemento Portland Puzolánico CPP 6594 635 05 Cemento Portland con cenizas Volantes CPV 6594 635 05 Cemento Portland con Caliza CPC 6594 635 05 Cemento Portland Mixto!2) CPM 6594 635 05 Comparandose a classificação dominicana com a classificação brasileira, já se constata de plano a diferença não só na denominação dos tipos de cimento, mas também na composição em massa da mistura de clínquer com as adições. Vejamos as diferenças em relação ao que a ABNT considera cimento comum. A designação brasileira chama de "cimento portland comum" o que a designação dominicana chama de "Cemento Portland Normal". Nos dois países admitese a adição de sulfato de cálcio (gesso) ao clínquer. Entretanto, a norma brasileira subdivide o cimento comum em CP I e CP I S. No primeiro, não admite nenhuma adição ao clínquer. No segundo, admitese até 5% de adições de escória granulada de alto forno, material pozolânico ou material carbonático. A norma dominicana não faz essa subdivisão e admite a adição de outros componentes ao clínquer, exceto escória, humo silice (sílica ativa), puzolana (argila rica em sílica), ceniza volante (cinzas volantes) e caliza (calcário). Para confirmar essa constatação, basta comparar a tabela abaixo existente na NBR 5732 (fl. 1684), com a "Tabla 2" acima reproduzida. Fl. 2013DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 24 13 Tabela 1. Teores dos componentes do cimento Portland comum Componentes (% em massa) Sigla Classe de resistência Cínquer + Sulfatos de cálcio Escória granulada de alto forno Material pozolânico Material carbonático CP I 25 32 40 100 0 0 0 CP I S 25 32 40 9995 1 5 15 15 Assim, se existisse uma exportação de cimento CP I S do Brasil para a República Dominicana, e se a autoridade aduaneira daquele país tentasse enquadrar o cimento brasileiro na classificação de cimentos da norma técnica dominicana, o CP I S brasileiro não poderia ser equiparado ao CPN dominicano, pois além da norma técnica dominicana não utilizar a denominação "comum", os componentes das adições de 5% são diferentes nos dois países. As adições admitidas pela norma brasileira não são admitidas pela norma dominicana. O cimento CP IS "comum" brasileiro, seria enquadrado em um dos outros tipos de cimento da classificação dominicana, localizados abaixo do CPN na "Tabla 2" acima. Sendo assim, a autoridade aduaneira da República Dominicana se basearia em quê para classificar o CP I S brasileiro no Sistema Harmonizado? Na República Dominicana, o CP I S brasileiro seria considerado o que a NBR 11578 considera "composto", pois tal cimento é constituído por adições que contêm substâncias não admitidas para o CPN dominicano. Em outras palavras: o mesmo produto considerado comum pela norma técnica brasileira, não é considerado "normal" pela norma técnica dominicana. Considerando os conceitos da norma técnica dominicana, onde a autoridade aduaneira daquele país classificaria o cimento "comum" brasileiro? Já o CP II F brasileiro poderia ser enquadrado na categoria CPC dominicana (com caliza calcário), pois a norma dominicana permite adição de 5% a 35% de calcário, enquanto a NBR 11578 só autoriza a adição de 6% a 10% dessa substância, conforme Tabela 1 de fl. 1689. Mas a pergunta que não quer calar permanece: com base na norma técnica daquele país, onde a autoridade aduaneira dominicana classificaria um cimento equivalente ao CPC dominicano? Em 2523.2910 cimento comum, ou em 2523.2990 outros? Este raciocínio demonstra o equívoco de se tentar adotar conceitos e classificações não contidos em Nomenclaturas de mercadorias baseadas no Sistema Fl. 2014DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 14 Harmonizado, sem que esse sistema faça menção expressa aos conceitos externos. A consequência desse erro é que a mesma mercadoria acaba sendo classificada em posições diferentes em países diferentes. No caso concreto, como bem apontou a defesa, a NCM não remeteu o intérprete a conceitos exteriores à Nomenclatura. Também não existem notas de seção, de capítulo ou de subposição fixando o que se de deve entender por cimento "comum" no código NCM 2523.2910. Sendo assim, essa palavra deve ser tomada na acepção corrente do vernáculo, ou seja, o significado geralmente dado pelos dicionários. Segundo o Dicionário Aurélio, "comum" significa: 1. O maior número; 2. O que é considerado geral, habitual, normal; (...) 7. Que acontece ou que se encontra com frequência ou com facilidade. 8. Que tem características que se encontram em muitos exemplares. 9. Que não é de luxo. (...) Por outro lado, examinandose o parecer elaborado pelo perito assistente da Receita Federal (fls. 1716/1733), no âmbito da fiscalização da DI 12/23748245, incluída entre as DI objeto do presente auto de infração, verificase a existência de várias assertivas que confirmam não só o equívoco de se adotar conceitos das normas da ABNT para a classificação fiscal do cimento, mas também que o cimento composto CP II F é um cimento com características comuns, por ser utilizado em larga escala e nas mais diversas aplicações em substituição ao antigo CP I. Vejamos as seguintes passagens da informação prestada pelo assistente técnico da Receita Federal, Químico Industrial José Maria Frota, CRQ 10.200.146, durante a fiscalização da DI, citada no parágrafo anterior. Na fl. 1725: "(...) O cimento CP I, só clínquer, desapareceu em 1990. Possuía, já então, alto teor de C3S. O antigo cimento CPI, com baixo teor de C3S, e com baixa taxa de liberação inicial de calor, não existe mais. Passouse a misturar o clínquer do antigo CP I com escória de alto forno, em quantidade limitada a 34%. Surgiu o CP II. (...)" Na fl. 1727: "(...) A partir dos bons resultados dessas conquistas e a exemplo de países tecnologicamente mais avançados, como os da União Européia, surgiu no mercado brasileiro em 1991 um novo tipo de cimento, o cimento portland composto, cuja composição é Fl. 2015DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 25 15 intermediária entre os cimentos portland comuns e os cimentos portland com adições (altoforno e pozolânico), estes últimos já disponíveis há algumas décadas. Em menor escala são consumidos, seja pela menor oferta, seja pelas características especiais de aplicação os seguintes tipos de cimento: cimento portland de alta resistência inicial; cimento portland resistente aos sulfatos; cimento portland branco; cimento portland de baixo calor de hidratação; cimento para poços petrolíferos. Há, entretanto, uma tendência mundial de abandonar a classificação do cimento de alta resistência como sendo um tipo específico do qual se exijam Limitações de composição. Assim, a classificação do cimento de alta resistência inicial como qualquer tipo de cimento portland (comum, composto, de altoforno, pozolânico) que apresente adicionalmente a propriedade de desenvolver altas resistências iniciais já é adotada nos países da União Européia. O mesmo fato deverá ocorrer no Brasil com os trabalhos de revisão da norma brasileira NBR 5733 (sic), no âmbito do MERCOSUL para a adoção de norma única nos países integrantes desse Mercado. (...)" Dos excertos acima transcritos, extraídos da informação prestada pelo assistente técnico da Receita Federal no âmbito da fiscalização da DI 12/23748245, incluída neste auto de infração, constatase que o CP II passou a ser um cimento de uso comum no Brasíl, uma vez que o CP I não existe mais. Além disso, o perito oficial confirma o entendimento deste voto, quanto à inaplicabilidade das normas da ABNT para fins de classificação fiscal, pois a NBR 5732 estaria em processo de revisão para ser adequada ao Mercosul. Se essa norma vai ser revista e se, após a revisão ela eventualmente passar a considerar os cimentos compostos como cimentos comuns, a fiscalização vai mudar a classificação do CP II F do código NCM 2523.2990 outros para 2523.2910 Cimento comum? Vejam senhores conselheiros a que ponto chegamos: a classificação fiscal de um produto mudaria ao sabor das revisões sofridas pelas normas técnicas adotadas por cada país. É evidente que classificação fiscal de uma mercadoria deve ser feita de modo uniforme em todos os países que adotaram o Sistema Harmonizado, levandose em conta apenas o que é a mercadoria, e não em função de conceitos estabelecidos fora do Sistema Harmonizado. Fl. 2016DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 16 No caso, o perito oficial da Receita Federal afirmou que o cimento composto tomou conta do mercado não só no Brasil, mas também na União Européia, tornandose o tipo de cimento aplicado na maioria das obras, ou seja, se trata de um cimento comum, que não é especial, mas sim de uso geral, habitual, normal, o tipo de cimento mais utilizado. Considerando esse significado de cimento comum, e que o texto da posição 2523 encontrase vazado nos seguintes termos: 25.23 Cimentos hidráulicos (incluindo os cimentos não pulverizados, denominados clinkers), mesmo corados. 2523.10.00 Cimentos não pulverizados, denominados clinkers 2523.2 Cimentos Portland: 2523.21.00 Cimentos brancos, mesmo corados artificialmente 2523.29 Outros 2523.29.10 Cimento comum 2523.29.90 Outros 2523.30.00 Cimentos aluminosos 2523.90.00 Outros cimentos hidráulicos Pela aplicação da RGI nº 1 e 6, bem como da RGC nº 1, o cimento portland composto designado, segundo as normas da ABNT como CP II F, classificase sob o código 2523.2910 Cimento comum, sendo improcedente a reclassificação efetuada pela fiscalização, devendo, em razão disso, serem cancelados os autos de infração para a exigência de tributos vinculados à importação e respectivos consectários legais. Com base nesta mesma razão de decidir também deve ser cancelada a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, por indicação incorreta da classificação fiscal nas DI, uma vez que o contribuinte não errou a classificação fiscal. A fiscalização acusou o contribuinte de ter cometido falsidade ideológica, pois descreveu nas DI cimento com características diferentes das do cimento importado. Em razão disso, agravou a multa de ofício em 150% e aplicou a pena de perdimento que, em razão da impossibilidade de apreensão da mercadoria, foi convertida em multa, nos termos do art. 23, V, §§ 1º e 3º do DL nº 1.455/76. Essa acusação também não tem fundamento, sendo fruto da equivocada premissa adotada para este procedimento fiscal, que tomou um conceito extrínseco à Nomenclatura para aplicar as regras da Nomenclatura. Segundo o Termo de Constatação Fiscal, o produto cimento portland CP II F teria sido descrito de forma diferente nas DI, nas faturas comerciais e nos conhecimentos de embarque. Além disso, o contribuinte teria formulado pedidos solicitando cimento composto do tipo CP II F, citando as normas da ABNT e teria recebido cimento diferente. Não há como afirmar que o cimento recebido pelo contribuinte o "CEM I" ou mesmo o "CEM II" (chinês) é diferente do CP II F brasileiro, sem fazer uma perícia técnica que constate fisicamente eventuais diferenças. A comparação de critérios existentes em catálogos dos fabricantes, em normas técnicas dos países dos produtores com os critérios fixados pela ABNT nas normas técnicas brasileiras não é suficiente para afirmar que o produto importado é diferente daquele descrito nos documentos que embasaram as importações. A documentação trazida no anexo à impugnação revela que a própria fiscalização considerou imprescindível a perícia. Chegou a retirar amostras para que fossem enviadas ao Laboratório de Análises em Santos, conforme se comprova nas fls. 1704/1707, Fl. 2017DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11131.721012/201325 Acórdão n.º 3403003.511 S3C4T3 Fl. 26 17 mas estranhamente não citou esse fato no termo de verificação e nem juntou ao processo o laudo técnico resultante dessa perícia. Qual o resultado dessa perícia? O que foi feito do laudo técnico dela decorrente? Se a perícia foi considerada imprescindível, como explicar a lavratura do auto de infração sem aguardar o resultado daquele procedimento tido como imprescindível? No caso concreto, a impossibilidade de acusar o contribuinte de fraude sem a produção de prova técnica é corroborada pelo resultado do exame laboratorial efetuado pelo assistente técnico da Receita Federal em Fortaleza na amostra de cimento colhida durante a fiscalização da DI 12/23748245. Na fl. 1732 o Químico Industrial José Maria Frota registrou os resultados da análise laboratorial, respondendo aos quesitos formulados pela fiscalização. Foram encontrados os seguintes valores: a) material carbonático (filer) 5,5%; b) clínquer 94,4%; e c) Sulfato de cálcio 3,5%. Ora, os valores encontrados pelo assistente técnico oficial confirmam que o cimento importado por meio da DI 12/23748245, possui características semelhantes às do cimento CP II F, conforme tabela 1 da NBR 11578 (fl. 1689): a) material carbonático 6 a 10%; e b) clinquer 94 a 90%. A norma brasileira não estabelece limitação para a quantidade de sulfato de cálcio (item 3.1 de fl. 1689). Assim, o laudo do assistente técnico da Receita Federal, expedido em face de perícia determinada pela própria fiscalização no âmbito da DI 12/23748245, desdiz a afirmação da fiscalização no sentido de que o cimento efetivamente importado não seria o descrito nos documentos que embasaram as importações. A perícia na DI 12/2374825 revelou que o cimento descrito como "CEM I 42,5R" nas faturas é equivalente ao CP II F brasileiro. As faturas internacionais não poderiam indicar a classificação adotada pela norma técnica brasileira porque essa norma não tem eficácia fora do território brasileiro. Além disso, a própria fiscalização (na fl. 84) disse com todas as letras que o contribuinte declarou nas DI "CIMENTO PORTLAND TIPO 42,5R EM SACOS DE 50KG". Ora, essa descrição está de acordo com o que está descrito nas faturas internacionais. O contribuinte, segundo o próprio fisco, indicou nas declarações de importação o mesmo texto apresentado nas faturas internacionais. Não há como alegar que a descrição foi imprecisa ou incorreta e nem que o cimento importado era diferente do cimento descrito nos documentos que lastrearam as importações. Somente uma perícia técnica poderia afirmar com segurança que o CEM I 42,5R ou mesmo o CEM II 42,4R (chinês, fl. 85) não são equivalentes ao CP II F brasileiro. Sem prova técnica, não há como sustentar tal afirmação. Inexistindo prova técnica de que o produto efetivamente importado não é o descrito nas faturas ou o informado nas DI, não pode prevalecer a acusação de que houve fraude na importação. Fl. 2018DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 18 Com isso, deve ser afastada a imputação de fraude ao contribuinte e cancelada a inflição da multa aplicada com base no art. 23, V, §§ 1º e 3º do DL nº 1455/76. Com esses fundamentos, voto no sentido de dar provimento ao recurso para cancelar integralmente o crédito tributário lançado neste processo. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 2019DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 02/02/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 19647.006109/2008-49
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 22/04/2008 a 01/06/2010
IPI. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. BENEFÍCIO FISCAL. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS.
A redução de alíquota de IPI em operação tributada por este imposto caracteriza benefício fiscal, cuja concessão ou reconhecimento se condiciona à comprovação pela contribuinte da quitação de tributos e contribuições federais, o que se aplica a cada operação beneficiada com a redução.
BENEFÍCIO FISCAL. CONCESSÃO E RECONHECIMENTO. ATO DECLARATÓRIO.
O Ato Declaratório Executivo configura ato administrativo legítimo para a Administração Tributária Federal constituir ou terminar situações individuais de reconhecimento de redução de alíquota de imposto.
BENEFÍCIO FISCAL. CONCESSÃO E RECONHECIMENTO. COMPROVAÇÃO DA QUITAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS. VERIFICAÇÃO. ATIVIDADE VINCULADA.
É vinculada a atividade da Administração Tributária de verificação do atendimento pela contribuinte da comprovação de quitação de tributos federais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.410
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento parcial ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sérgio Celani. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Daiane Ambrosino, OAB/SP 294.123.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel - Relatora.
(assinado digitalmente)
Paulo Sérgio Celani - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
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REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. BENEFÍCIO FISCAL. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS. A redução de alíquota de IPI em operação tributada por este imposto caracteriza benefício fiscal, cuja concessão ou reconhecimento se condiciona à comprovação pela contribuinte da quitação de tributos e contribuições federais, o que se aplica a cada operação beneficiada com a redução. BENEFÍCIO FISCAL. CONCESSÃO E RECONHECIMENTO. ATO DECLARATÓRIO. O Ato Declaratório Executivo configura ato administrativo legítimo para a Administração Tributária Federal constituir ou terminar situações individuais de reconhecimento de redução de alíquota de imposto. BENEFÍCIO FISCAL. CONCESSÃO E RECONHECIMENTO. COMPROVAÇÃO DA QUITAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS. VERIFICAÇÃO. ATIVIDADE VINCULADA. É vinculada a atividade da Administração Tributária de verificação do atendimento pela contribuinte da comprovação de quitação de tributos federais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento parcial ao recurso. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 61 09 /2 00 8- 49 Fl. 163DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 3 2 Paulo Sérgio Celani. Fez sustentação oral pela recorrente a Dra. Daiane Ambrosino, OAB/SP 294.123. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Relatora. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJRecife, abaixo transcrito: A empresa Primo Schincariol Ind de Cerv e Refrig do Nordeste S/A solicitou que a DRF/REC encaminhasse ao Coordenador – Geral COSIT, pedido de habilitação para usufruir a redução do IPI incidente sobre refrigerante classificado no código 2202.10.00 da TIPI. A referida redução de alíquota foi instituída pelo Decreto 75.659, de 1975 (TIPI/75), e foi norma reproduzida nas TIPI’s posteriores, estando vigente ainda hoje (TIPI/2012). Na época do protocolo da solicitação, o contribuinte baseou seu pedido no inciso I do art.65 do RIPI/2006 (Decreto 4.544/06): “Art.65. Haverá redução: I das alíquotas de que tratam as Notas Complementares NC (211) e NC (221) da TIPI , que serão declaradas, em cada caso, pela SRF, após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, quanto ao Fl. 164DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 4 3 cumprimento dos requisitos previstos para a concessão do benefício; Nota Complementar (NC) da TIPI (Decreto nº 6.006, de 2006) NC (221) Ficam reduzidas de cinqüenta por cento as alíquotas do IPI relativos aos refrigerantes e refrescos, contendo suco de fruta ou extrato de sementes de guaraná, classificados no código 2202.10.00, que atendam aos padrões de identidade e qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e estejam registrados no órgão competente desse Ministério. Conforme verificado pela repartição fiscal de origem, ao regular o tema, o Decreto 75.808, de 2 de junho de 1975, incluiu na tabela (TIPI) o “ex” relativo aos refrigerantes, refrescos e néctares que contiverem suco de fruta, de acordo com os padrões fixados pelo Ministério da Agricultura, e que possuíam “Certificados de Registro” expedido pelo órgão competente daquele Ministério. Reduzindo em 50% a alíquota do IPI. Além disso, o referido Decreto 75.008/75 assim determinou nos seus artigos 2º e 3º: “Art.2º. A redução de alíquota conferida pelo art.1º do Decreto número 75.659, de 25 de abril de 1975, relativas a bebidas incluídas no destaque constante no Anexo a que se refere o artigo anterior, será declarada pela Secretaria da Receita Federal, em cada caso, após audiência do órgão competente do Ministério da Agricultura quanto à conformidade do produto com as características exigidas nos padrões de identidade e qualidade estabelecidas pelo Decreto número 73.267, de 6 de dezembro de 1973, e pelos atos complementares baixados por aquele Ministério. Art.3º. Os Ministérios da Fazenda e Agricultura expedirão as normas complementares necessárias à execução do disposto neste Decreto. Veio, então, a Portaria Interministerial MF/MA nº 113, de 04 de março de 1977, determinando aos interessados na fruição do benefício fiscal requerer ao Coordenador Geral do Sistema de Tributação da SRF (atual COSIT), informando os elementos nela indicados, isto é, (i) identificação do requerente, (ii) identificação do produto para o qual se requer o reconhecimento da redução de alíquota e, (iii) o número do Certificado de Registro do Produto, expedido pelo órgão competente do Ministério da Agricultura. Conforme relatado, no Parecer SEORT/RECIFE/2011, segundo o procedimento previsto, coube à unidade local da Receita Federal após formalizar o processo, informar sobre os antecedentes fiscais da requerente e encaminhálo ao Ministério da Agricultura (MA). A DRF/REC encaminhou este processo ao Serviço de Inspeção Vegetal(SIV), da Delegacia do Ministério da Agricultura, Fl. 165DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 5 4 Pecuária e Abastecimento – MAPA em Recife/PE, para verificação do cumprimento dos requisitos previstos para o reconhecimento da redução pleiteada. Depois de realizados os procedimentos sob a alçada do MAPA, que culminaram com a concessão do Certificado de Registro dos Produtos: Preparado Líquido para Refrigerante de Guaraná (Schin Guaraná), Registro PE05896000606,Preparado Líquido para Refrigerante de Laranja (Schin Laranja), Registro PE05896000584,Preparado Líquido para Refrigerante de Cola (Schin Cola), Registro PE05896000614ePreparado Líquido para Refrigerante de Limão (Schin Limão), Registro PE05896000592,o processo retornou à unidade da Receita Federal para encaminhamento à COSIT. No entanto, pela Portaria nº 2, de 12 de setembro de 1995, o Coordenador da COSIT, delegou essa competência às Delegacias da Receita Federal para apreciarem os pleitos referentes ao reconhecimento dessa redução de alíquota, e providenciar, se for o caso, a expedição do pertinente Ato Declaratório. A repartição fiscal de origem informou no processo, no Parecer SEORT/RECIFE/2011, que em consulta aos sistemas de controle da RFB, em 22.07.2011, constatou que a requerente possui débitos em cobrança no SIEF, além de constar como inadimplente no CADIN, por débitos junto à PFN. Informou que a necessidade dessa análise de antecedentes fiscais decorre da Lei 9.069/95, a qual determina no seu art. 60, que qualquer reconhecimento de benefício fiscal relativo a tributo administrado pela Receita Federal fica condicionado à comprovação, pelo contribuinte, da quitação respectiva. Por outro lado, verificouse no sistema CNPJ, que a situação cadastral da requerente era de empresa baixada desde 01/06/2010, por incorporação à empresa PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV E REFRIG S/A – CNPJ 50.221.019/000136 . A repartição fiscal de origem observou que o Decreto 7.212/2010 (RIPI),no seu art. 176, caput e inciso I, prevê a transferência, por sucessão, de benefícios fiscais concedidos por prazo certo e em função de determinadas condições à pessoa jurídica que vier a ser incorporada, mediante requerimento da incorporadora, e desde que observados os limites e condições fixados na legislação que instituiu o benefício, em especial quanto aos aspectos vinculados ao tipo de atividade e de produto. (Grifos meus). Mas, o supracitado Parecer SEORT/RECIFE/2011 entendeu que a interessada perdeu a legitimidade para requerer, porque a partir de sua baixa tornouse inexistente, e a sucessora não havia se habilitado no processo;que caso a sucessora ainda desejasse a habilitação poderia requerela em nome próprio. Concluiuse,no entanto, que a procuração da empresa ao representante legal que encaminhou o pedido se encontrava vencida, e como a representada havia sido extinta não seria possível sua renovação. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 6 5 Recomendouse assim ao Sr. Delegado da DRF/REC que declarasse extinto o processo com base no art.52 da Lei 9.784/99, porque a finalidade ou o objeto da decisão terseia tornado impossível, inútil ou prejudicado pelo fato superveniente da extinção da empresa requerente. A decisão da DRF/REC, com base no Parecer SEORT/RECIFE/2011, foi por declarar EXTINTO O PROCESSO DE SOLICITAÇÃO DE HABILITAÇÃO da pessoa jurídica PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV E REFRIG DO NORDESTE S/A – CNPJ 01.278.018/000384. Cientificouse a empresa sucessora dessa decisão, (…), facultandolhe o direito de interpor recurso no prazo de 10 (dez) dias,contado da ciência do Despacho Decisório, a ser protocolizado na DRF/Recife/PE, nos termos do art.59 da Lei 9.784/99. A sucessora PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV E REFRIG S/A,protocolou seu recurso contra o despacho decisório, na DRF/REC, (…), podendo ser assim sintetizadas as razões essenciais de contestação: 1. A PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV E REFRIG DO NORDESTES/A solicitou habilitação para usufruir da redução da alíquota do IPI sobre os refrigerantes SCHIN GUARANÁ, SCHIN LARANJA, SCHIN COLA E SCHIN LIMÃO , nos termos do RIPI, art. 65, Ic/c a NC 221(da TIPI). 2. Importante esclarecer que a pretensão se alicerçou na NC 221(TIPI) e na declaração expedida pela Coordenação de Inspeção Vegetal do MA. Ao analisar o pedido, a Receita Federal em Recife decidiu extinguir o processo, alegando inexistência da parte solicitante, em razão de sua incorporação pela ora recorrente, sem que esta tivesse se habilitado, apresentando novo requerimento neste mesmo processo. 3. Ainda que a ora recorrente não tenha se habilitado no presente processo, é imperioso reconhecer que a até a data de incorporação (01.06.2010), a redução de alíquota de IPI era devida à empresa incorporada PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV EREFRIG DO NORDESTE. Observeseque até 01.06.2010 o CNPJ da referida incorporada estava em plena atividade, e somente foi baixado nessa data. 4. Assim, considerandoseque os requisitos estavam presentes, desde o momento da solicitação pela empresa (só posteriormente) incorporada, e que até 01/06/2010 a referida empresa estava em plena atividade, não restam dúvidas de que até tal data a redução de alíquota de IPI lhe era devida. 5. Frisase que a solicitação foi devidamente instruída com cópia do registro do produto no MA, o qual atestou que o produto em questão atende aos padrões de identidade e qualidade exigidos. Não havendo qualquer óbice para se negar o reconhecimento da redução de alíquota de IPI até 01/06/2010. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 7 6 6. Importa, ainda, consignar, que a regularidade fiscal não é condição para a concessão da redução de alíquota de IPI requerida. O art. 60 da Lei 9.069/95aplicase quando da concessão de benefício fiscal, o que não é o caso da redução de alíquota do IPI, pois é tratamento objetivamente atribuído a um determinado produto que preenche os requisitos estabelecidos na NC 221da TIPI. Os requisitos exigidos na NC 221da TIPI foram cumpridos conforme exposto mais acima. Ante o exposto pede que seja provido seu recurso, para que seja deferido o pedido de redução de alíquota do IPI incidente sobre os refrigerantes SCHIN GUARANÁ, SCHIN LARANJA, SCHIN COLA E SCHIN LIMÃO, desde a data dos respectivos registros efetuados pelo MAPA e até 01/06/2010, à empresa PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV E REFRIG DONORDESTE S/A. Analisando o litígio, a DRJRecife por unanimidade de votos, preliminarmente, reconheceu a sua competência para apreciar a matéria e, no mérito, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, para declarar que remanesce o processo, mas negou provimento ao direito pleiteado por persistir sem comprovação a regularidade fiscal da manifestante, conforme ementa abaixo transcrita: NORMAS PROCESSUAIS. RITO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA DRJ. PROCESSO SANEADO. Embora a decisão recorrida haja intimado a interessada a apresentar recurso, nos termos do art.56 da Lei nº 9.784/96 (LGPAF), no prazo de dez dias, com base no rito da referida Lei Geral, a repartição de origem procedeu de modo saneador ao encaminhar o recurso à DRJ. É a DRJ que possui competência para apreciar, segundo o rito do Decreto nº 70.235/72, procedimento que busca o reconhecimento do benefício de redução da alíquota de tributos administrados pela RFB, conforme previsto no inciso IV do art.233 da Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012 (Regimento Interno da RFB). HABILITAÇÃO PARA FRUIÇÃO DE REDUÇÃO DO IPI. Houve certificação, por parte do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), quanto aos padrões de identidade e qualidade do produto, e de seu respectivo registro, reconhecendo à interessada, incorporada no curso do processo, a satisfação desses requisitos legalmente exigidos para a fruição do benefício fiscal especificado. DIREITO À REDUÇÃO DE ALÍQUOTA DO IPI. SUCESSÃO POR INCORPORAÇÃO. Tratase de pedido de reconhecimento do direito à redução da alíquota de IPI, prevista na NC 221da TIPI/2006, mediante o cumprimento dos requisitos legais para a fruição do benefício fiscal. Depois de reconhecido, esse direito é passível de transferência à empresa sucessora (incorporadora) mediante habilitação no processo. Por economia processual, a repartição Fl. 168DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 8 7 fiscal de origem poderia e deveria ter solicitado a habilitação da sucessora no âmbito deste mesmo processo, iniciado pela empresa posteriormente incorporada. HABILITAÇÃO DA SUCESSORA SUPRIDA. O PROCESSO REMANESCE. A pendência do requerimento de habilitação da sucessora não é razão plausível para extinção de ofício do processo, mas sim recomendava à autoridade administrativa o devido saneamento processual. Esse saneamento tornouse suprido pelo teor da manifestação de inconformidade apresentada pela incorporadora, principal interessada, acompanhada de documentos, conjunto cujo teor apresenta mais substância do que o mero requerimento de habilitação da sucessora previsto no caput do art. 176 do RIPI/2010. A busca de reconhecimento do direito à redução de alíquota do IPI era direito da incorporada, e passou a ser direito da incorporadora, objeto processual que justifica o seguimento do processo até a solução do litígio. FRUIÇÃO DO BENEFÍCIO FISCAL. FALTA COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE FISCAL. IMPEDIMENTO LEGAL. Persiste óbice à expedição do ato declaratório. O reconhecimento da redução deve observar não apenas os requisitos legais específicos à fruição do benefício fiscal, mas também deve se enquadrar na regra geral imposta pelo art.60 da Lei 9.069/95. A fruição de qualquer benefício fiscal federal se submete a esse crivo. O benefício de redução da alíquota de IPI de que trata o presente processo está também condicionada à comprovação da quitação de tributos e contribuições federais. O contribuinte apresentou, tempestivamente, recurso voluntário no qual argüi o seguinte: · Que os requisitos para a concessão da alíquota reduzida do IPI estão previstos na NC 221 da TIPI a qual vinculase apenas aos elementos objetivos do produto, quais sejam, o atendimento aos padrões de identidade, qualidade e composição, bem como regular registro perante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E que tais requisitos foram prontamente atendidos pela Recorrente; · Que elementos subjetivos, relativo à pessoa jurídica solicitante, são irrelevantes para fins de enquadramento na NC 221 da TIPI. Traz, nesse sentido, decisão exarada pela DRJ em Santarém. Reforça que a regra trazida pelo art. 60 da lei 9.069/95 aplicase somente à concessão de benefícios fiscais, o que não é o caso da redução de alíquota do IPI prevista na NC 221 da TIPI, pois tratase de um tratamento atribuído objetivamente a determinado produto que preencha os requisitos estabelecidos na legislação. Nesse sentido, colaciona decisão exarada pela DRJ em Juiz de Fora; Fl. 169DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 9 8 · Que no momento em que efetuou o pedido de redução de alíquota do IPI trouxe aos autos cópia da certidão conjunta positiva com efeitos de negativa de débitos relativos aos tributos federais e à dívida ativa da União. E que se no decorrer do processo, que se prolongou por morosidade da própria autoridade fiscal em analisar o presente pedido, surgiram eventuais débitos em seu desfavor, estes não podem prejudicar seu direito ao reconhecimento da redução de alíquota do IPI. Colaciona decisão do antigo Conselho de Contribuintes nessa linha. · Salienta ainda que a empresa incorporadora da Recorrente encontrase com sua situação fiscal regular, anexando certidão que comprova tal situação. · Por fim, salienta que a redução em comento deverá ser aplicada a partir do momento em que a autoridade competente realizou o reconhecimento da adequação dos produtos aos requisitos previstos em lei. É o relatório. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 10 9 Voto Vencido Conselheira Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Relatora. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. De pronto, entendo que não devem prosperar as alegações do Recorrente no sentido de que a redução de alíquota concedida pela NC 221 não constitui um benefício fiscal e que, por conseguinte, não se sujeita ao requisito de regularidade fiscal exigido pelo artigo 60 da Lei 9.069/95. Tratase, sim, de desoneração fiscal objetiva, cuja concessão está vinculada à qualidade de um produto, e não ao contribuinte propriamente dito, impregnada de sentido fina1ístico, pois se vale da redução da alíquota do IPI como mecanismo de indução de um comportamento. Vêse, pois, que corresponde invariavelmente a um incentivo ou benefício fiscal Tal prática foi autorizada pelo legislador constitucional, que inseriu o § 6º no artigo 150 da Carta Magna: § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g. Há que se destacar ainda a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita a ação do legislador na concessão de incentivos de natureza tributária em seu art. 14, e que assim prescreve: Art. 14. § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. Fato é que a concessão de incentivos fiscais não se insere na seara do direito tributário, mas no campo da política tributária. O fim visado não é beneficiar o seu destinatário, que apenas usufrui desse benefício por via indireta. E nada obsta que o legislador condicione subjetivamente o contribuinte, para fins de fruição de um privilégio fiscal de natureza extrafiscal, ao atendimento de certos requisitos de interesse público. Por conseguinte, entendo que a redução de alíquota prevista na NC 221 da TIPI corresponde, sim, a um benefício fiscal e que, portanto, enquanto tal, deve observância ao disposto no artigo 60 da Lei 9065/95, que reza que a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Fl. 171DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 11 10 Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. Não obstante, fato é também que,quando da apresentação do pedido de redução de alíquota, o contribuinte apresentou a documentação apta e suficiente para a comprovação de sua regularidade fiscal. Ora, caso o agente fazendário observasse o prazo estipulado pelo artigo 241da Lei no. 9.784/1999, para efetuar a apreciação do pedido envolvendo o benefício fiscal, o Recorrente não teria negado o seu pedido, porquanto se encontrava regular. A regularidade fiscal deve ser examinada no momento da opção do contribuinte. Vale lembrar que esta Turma Especial, num caso idêntico envolvendo esse mesmo contribuinte, em decisão da lavra do nobre Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, já examinou assunto semelhante decidindo da seguinte forma: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício: 2006 MOMENTO DA COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE FISCAL Comprovada a regularidade fiscal no momento da apresentação do pedido de reconhecimento de redução de alíquota, deve ser o mesmo deferido. Recurso Voluntário Provido.(Acórdão no. 3801001.594 do Processo 10855.000847/200691) Nesta mesma linha é o teor da Súmula 37 do CARF, assim expressa: Súmula CARF nº 37: Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72. Vale destacar também que, mesmo que se entendesse insuficiente a prova de regularidade fiscal quando da apresentação do pedido de redução de alíquota, a empresa que incorporou a Recorrente encontrase fiscalmente regular, conforme comprova a documentação juntada ao presente Recurso. E, de acordo com o posicionamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, emitida no Processo no. 10768.014100/9908, para fins de prova da regularidade em relação aos tributos e contribuições federais a que alude o art. 60 da Lei n° 9.069/95, não se pode negar ao contribuinte o direito de mostrar sua regularidade fiscal no curso do Processo Administrativo, pois o objetivo da Lei é a regularidade fiscal do contribuinte, independentemente do momento em que a prova é feita. Porém, no que tange ao momento de aplicação do benefício fiscal, que a Recorrente entende dever ser aplicada a partir do momento em que a autoridade competente 1 Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 12 11 realizou o reconhecimento da adequação dos produtos aos requisitos previstos em lei, posicionome de forma diversa. Adoto como razões o voto de relatoria do já citado nobre Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, no Processo no. 13334.000275/200960, também envolvendo esse mesmo contribuinte e acatado unanimemente por esta Turma Especial: A norma não informa que a SRF pode determinar o momento em que se possa utilizar o benefício, mas é claro que o contribuinte precisa do respectivo ato declaratório emitido pela SRF porque a norma estabelece que cabe a SRF declarar que a empresa está apta a utilizálo, ouvido o Ministério competente. A declaração por parte da Receita Federal é cumprimento de obrigação acessória fundamental à fruição do benefício. O inadimplemento da obrigação acessória prejudica o sujeito ativo na medida em que deixa de cumprir a finalidade controlística para a qual foi criada e priva o contribuinte da benesse constante da prestação principal com efeitos ex tunc do seu protocolo, porque a lei a exige. Portanto, em razão da redução da alíquota do IPI nos termos do artigo 65 do Decreto nº 4.544/02 e da “NC (221)” estar condicionada à qualidade dos produtos contemplados em referidas normas atestado pelo MAPA e à declaração da Secretaria da Receita Federal até a expedição do Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Como a opção do contribuinte ocorre somente quando do pedido realizado na SRF, o prazo para usufruir desse benefício igualmente só pode ocorrer a partir do protocolo do pleito, como corretamente decidiu a DRJ. Por tudo, voto pelo conhecimento e parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito da Recorrente à alíquota reduzida do IPI a partir do protocolo do pleito junto à Receita Federal do Brasil. Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel – Relatora Voto Vencedor Conselheiro Paulo Sérgio Celani, Redator Designado. Legitimidade do Ato Declaratório e vinculação da atividade administrativa. Nos termos da Portaria SRF nº 001, de 2/1/2001 DOU de 9.1.2001, vigente à época do pedido apresentado, e da Portaria RFB nº 1.098, de 8/8/2013, em vigor, a competência para a prática do atos editados e dos despachos proferidos deve obedecer às atribuições fixadas em lei, norma infralegal ou, sendo o caso, ato de delegação de competência. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 13 12 Estes atos são agrupados em função da matéria sobre as quais versam e compreendem, entre outros, o Ato Declaratório Executivo (ADE), que serve para constituir ou por termo a situações individuais em face da legislação tributária e aduaneira, bem assim preservar direitos, reconhecer situações preexistentes ou possibilitar seu exercício. Aplicamse, especialmente, nos casos de: reconhecimento ou suspensão de isenção; suspensão de imunidade; declaração de inaptidão; exclusão de regimes tributários especiais; concessão de registro especial de fabricantes ou importadores; divulgação, quando exigida, de extratos de despachos decisórios concessivos. Logo, o ADE constitui ou põe termo a situações individuais envolvendo reconhecimento de isenção, suspensão de imunidade e exclusão de regime tributário especial. Se o ADE pode constituir ou terminar o reconhecimento de isenção, cuja modalidade condicional poderia se equiparar a redução de alíquota discutida nestes autos, bem como resultar em suspensão de imunidade, que possui status constitucional, logo, privilegiado em relação à redução de alíquota, por que não poderia constituir ou por termo a situações individuais de reconhecimento de redução de alíquota? Dizer que o Ato Declaratório declara direitos ou reconhece situações preexistentes não significa dizer que, nestes casos, está dispensada ou proibida à autoridade administrativa a verificação da existência destes direitos ou situações. Pelo contrário. A autoridade administrativa, cujas atividades são vinculadas, não pode deixar de verificar o cumprimento de lei, no caso, o art. 60 da Lei nº 9.069, de 1995, que diz: “Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. (Vide Lei nº 11.128, de 2005).” Também impõem ao agente público a exigência de comprovação de quitação de tributos as seguintes normas. Constituição Federal de 1988:: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) § 3º. A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. (...)” Fl. 174DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 14 13 Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 dispõe: “Art. 47. É exigida Certidão Negativa de DébitoCND, fornecida pelo órgão competente, nos seguintes casos: I – da empresa: a) na contratação com o Poder Público e no recebimento de benefícios ou incentivo fiscal ou creditício concedido por ele. (...) Redução de alíquota é benefício fiscal. Não cabe afirmar que a redução de alíquota não é um benefício fiscal. Vejamse os arts. 150, §6º, e 165, 6º, da Constituição Federal de 1988: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) §6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §2º, XII, g. (...)” “Art. 165. Lei de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: (...) §6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. (...)” Também a Lei de Responsabilidade Fiscal, citada pela Conselheira Maria Inês Caldeira da Silva Pereira Murgel, ampara o entendimento de que a redução de alíquota é benefício fiscal, logo, aplicase ao caso o art. 60 da Lei 9.069, de 1995. Momento da comprovação da regularidade fiscal. Conforme normas citadas nas sessões anteriores, a comprovação da quitação de tributos federais deve ser feita para o recebimento de benefícios fiscais. No caso da redução da alíquota de IPI, a comprovação deve amparar todas as operações de saídas de produtos industrializados do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial, porque a cada operação tributada pelo IPI, a redução significa um benefício fiscal. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 15 14 Por isso, não basta comprovar a regularidade fiscal apenas no momento do requerimento do benefício. Assim dispõe a Lei nº 4.502, de 30/11/1964, quanto ao IPI: Art. 2º Constitui fato gerador do impôsto: I quanto aos produtos de procedência estrangeira o respectivo desembaraço aduaneiro; II quanto aos de produção nacional, a saída do respectivo estabelecimento produtor. “Art . 13. O impôsto será calculado mediante aplicação das alíquotas constantes da Tabela anexa sôbre o valor tributável dos produtos na forma estabelecida neste Capítulo. Art. 14. Salvo disposição em contrário, constitui valor tributável: (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989) (...) II quanto aos produtos nacionais, o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989) § 1º. O valor da operação compreende o preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989) (...)” O momento do fato gerador é o da saída do produto do estabelecimento contribuinte. O quantum do imposto é o resultado da aplicação da alíquota constante da Tabela do IPI sobre o valor da operação. Para cada operação em que se aplique uma alíquota reduzida, temse uma operação realizada com benefício fiscal. Cada operação realizada com o benefício está sujeita à fiscalização, logo, cada operação submetese ao reconhecimento do benefício, o que leva à conclusão de que a beneficiada deve estar amparada pela certidão de quitação de tributos federais não apenas no momento do pedido de redução de alíquota, mas, durante todo o tempo em que usufrua da concessão do benefício. Nos autos ficou claro que, no momento em que a autoridade administrativa analisou o requerimento, a contribuinte encontravase em situação impeditiva da emissão da certidão negativa de débitos, motivo suficiente para indeferir o pedido. A partir do momento em que a contribuinte passou a reunir as condições necessárias e suficientes para fruição do benefício fiscal, poderia ela pleitear novamente seu reconhecimento. Como conseqüência do que aqui foi dito e tendo em vista que não se está a analisar operações realizadas pela contribuinte entre o protocolo do requerimento e este Fl. 176DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 19647.006109/200849 Acórdão n.º 3801004.410 S3TE01 Fl. 16 15 julgamento, logo, ainda que se considere eventual atendimento, neste momento, às condições para fruição do benefício, não se pode decidir que tais operações sejam alcançadas pelo benefício. A Súmula CARF nº 37, que trata de outras situações fáticas, não se aplica ao benefício da redução de alíquota de IPI, que como visto acima ocorre em cada operação tributada por este imposto. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Fl. 177DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILV A MURGEL, Assinado digitalmente em 20/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 10469.731437/2012-97
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. INCIDÊNCIA. FATURAMENTO.
Constituem faturamento das Operadoras de Plano de Saúde (sejam ou não cooperativas), para efeito de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, os valores cobrados a título de mensalidades/prestações dos clientes (beneficiários do plano de saúde), e das prestações de serviços médicos com sua rede própria (hospitais, clínicas, pronto socorros, ambulatórios, consultórios, etc.) por terceiros (pessoas físicas ou jurídicas, inclusive outras operadoras de saúde).
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO.
A dedução prevista no art. 3o, § 9o, III da Lei no 9.718/1998 alcança não só não só os pagamentos efetuados por eventos realizados em associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzido dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade.
Numero da decisão: 3403-003.470
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito de o contribuinte incluir na dedução prevista no inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 não só os pagamentos efetuados em relação a associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzidos dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade, não acatando a dedução de valores referentes à atendimento com a rede própria. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. Apresentou declaração de voto o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista. Sustentou pela recorrente o Dr. Cristiano Luiz Barros F. da Costa, OAB/RN no 5.695.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
DOMINGOS DE SÁ FILHIO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (redator designado), Mônica Monteiro Garcia de los Rios (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho (relator) e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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INCIDÊNCIA. FATURAMENTO. Constituem faturamento das Operadoras de Plano de Saúde (sejam ou não cooperativas), para efeito de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, os valores cobrados a título de mensalidades/prestações dos clientes (beneficiários do plano de saúde), e das prestações de serviços médicos com sua rede própria (hospitais, clínicas, pronto socorros, ambulatórios, consultórios, etc.) por terceiros (pessoas físicas ou jurídicas, inclusive outras operadoras de saúde). COFINS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. A dedução prevista no art. 3o, § 9o, III da Lei no 9.718/1998 alcança não só não só os pagamentos efetuados por eventos realizados em associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzido dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. INCIDÊNCIA. FATURAMENTO. Constituem faturamento das Operadoras de Plano de Saúde (sejam ou não cooperativas), para efeito de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, os valores cobrados a título de mensalidades/prestações dos clientes (beneficiários do plano de saúde), e das prestações de serviços médicos com sua rede própria (hospitais, clínicas, pronto socorros, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 73 14 37 /2 01 2- 97 Fl. 771DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 ambulatórios, consultórios, etc.) por terceiros (pessoas físicas ou jurídicas, inclusive outras operadoras de saúde). CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. A dedução prevista no art. 3o, § 9o, III da Lei no 9.718/1998 alcança não só não só os pagamentos efetuados por eventos realizados em associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzido dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o direito de o contribuinte incluir na dedução prevista no inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 não só os pagamentos efetuados em relação a associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzidos dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade, não acatando a dedução de valores referentes à atendimento com a rede própria. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. Apresentou declaração de voto o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista. Sustentou pela recorrente o Dr. Cristiano Luiz Barros F. da Costa, OAB/RN no 5.695. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. DOMINGOS DE SÁ FILHIO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (redator designado), Mônica Monteiro Garcia de los Rios (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho (relator) e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário visando modificar a decisão recorrida que manteve na integra o lançamento referente à COFINS e PIS referente ao período de 01/01/2008 a 31/12/2009. A insurgência do contribuinte se dá quanto à caracterização e tributação do ato cooperativo e quanto ao conteúdo da dedução prevista no art. 3º, § 9º, III, da Lei nº 9.718/98. Segundo consta foi observado a dedução da parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas que trata o inciso II, do § 9º, do art. Fl. 772DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 772 3 3º, da Lei nº 9.718, o que teria sido em conformidade com as planilhas elaboradas pela contribuinte – fls. 61/62 e aquelas de fls. 349/350 (planilha da receita fornecida pela recorrente), em nada divergindo das elaboradas pela fiscalização de fls. 296/297. As fls. 61/62, a Contribuinte apresenta planilha demonstrando as receitas e as deduções. Nesse documento informa a título dedução, inciso II e IV, do art. 17, da IN/SRF nº. 635 (art. 3º, § 9º, II e III, da Lei 9.718/98), deu como exemplo o mês de janeiro de 2008, valor de R$ 3.318.609. Nas planilhas de fl. 349, também por ele elaborada, para o mesmo mês de apuração, janeiro/2008, uma dedução, inciso II, do art. 17, da IN/SRF nº 635, de R$ 1.857,76. Assim, a base de cálculo de janeiro de 2008 na planilha apresentada recorrente, fl. 61 é de 2.848.187,00, em quanto à planilha de fl. 349, para o mesmo mês, janeiro/2008, a base de cálculo é de R$ 21.176.514,28, valor adotado pela fiscalização. A planilha anexada ao Termo de Constatação Intimação Fiscal nº 01, fl. 64, a informação da fiscalização difere da contribuinte, que foi sanada pela fiscalização diante dos esclarecimentos, que adotou a planilha de fls. 351/360 apresentada pela recorrente contemplando a totalidade das receitas. No Relatório Fiscal de fls. 351/360, concluiu a fiscalização, que a pretensão da fiscalizada é de excluir da base de cálculo das contribuições os custos e despesas relativos aos eventos ocorridos com seus beneficiários próprios, assevera que não há previsão legal para essa dedução. Descreve que a base de apuração é aquelas contidas nas planilhas fornecidas pela contribuinte fls. 349/350. Elabora resumo da apuração e os valores devidos a título de PIS e COFINS, apurado o crédito tributário pela diferença dos valores (receitas) incluída à base de cálculo. A recorrente não apontou qualquer equivoco nos valores das co responsabilidades cedidas, obtidas pela fiscalização na contabilidade da Interessada. Segundo se extraí da discussão que a Recorrente pretende deduzir da base de cálculo o valor despendido com pagamento das despesas de assistência à saúde dos beneficiários de seu plano de saúde. Quando a fiscalização entende ser impossível essa dedução em razão de que, a previsão legal só autoriza os casos de pagamento a título de remuneração os custos e despesas de clientes de outra operadora. Assim sendo, a fiscalização não permitiu dedução da base de cálculo dos custos e despesas: “coresponsabilidades cedidas, indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades, o que engloba valores pagos à rede conveniada como médicos (honorários), hospitais, clínicas e laboratórios”. Em sede recursal, reprisa os argumentos tecidos na impugnação. A ciência do Acórdão ocorreu em 05 de julho de 2013, prazo final para apresentação do recurso em 04 de agosto de 2013 (domingo), em razão de se tratar de dia sem expediente na repartição. Assim, o prazo é prorrogado para o dia seguinte, segunda feira, 05 de agosto de 2013, data da apresentação peça recursal. Fl. 773DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filhio, relator. Cuidase de recurso tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade, motivo que deve ser conhecido. A lide centra caracterização e tributação do ato cooperativo e quanto ao conteúdo da dedução prevista no art. 3º, § 9º, III, da Lei nº 9.718/98. O contribuinte fez juntar duas demonstrações da base de cálculo, cujo resultado é dispare, àquelas de fls. 61/62 e 349/350. O valor apurado nas planilhas de fls. 61/62 são os recolhidos. O cálculo da planilha de fls. 349/350, não contempla os custos e despesas relativas aos eventos ocorridos com os beneficiários próprios, as quais a fiscalização se apóia para exigir diferença decorrente de distorção das receitas incluídas base de cálculo. As únicas coincidências são aquelas que se verificam nas planilhas anexadas ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal nº 01, fl. 64, elaborada pela fiscalização, mas somente quanto ao valor de dedução, inciso II, do art. 17, da Lei 9.718/98, transcrito no relatório, não há registro de descontentamento por parte da contribuinte, em sendo assim, considerase correto. Ato Cooperado. Assim, cabe examinar alegação da impossibilidade de tributar ato cooperado. A título de fundamento de decidir peço licença para adotar parte do voto do Conselheiro Antonio Carlos Atulim, prolatado nos autos de 10680.002474/200801: “Relativamente ao tratamento favorecido ao ato cooperativo, a discussão trazida no recurso tinha razão de ser até outubro de 1999, quando a incidência do PIS ocorria sobre a folha de salários das cooperativas e vigorava a isenção prevista no art. 6º, I, da LC nº 70/91 em relação à Cofins. Com a revogação da isenção das cooperativas em relação à Cofins e com a inclusão da totalidade das suas receitas na base de cálculo do PIS, alterações promovidas a partir do advento do art. 23, I e II “a”, da Medida Provisória nº 1.8586, de 29/06/1999 e reedições até a MP nº 2.15835/2001, perdeu objeto a discussão sobre a incidência do PIS e Cofins sobre as receitas das cooperativas, pois os dispositivos legais determinam a incidência de forma imperativa”. Com essa consideração afasto o argumento da impossibilidade de exigir o PIS e COFINS sobre as receitas da cooperativa. Passo ao exame dos demais pontos abordados em sede recursal. Assevera a fiscalização que o entendimento adotado pela Recorrente é da possibilidade de deduzir da base de cálculo os eventos ocorridos com os próprios beneficiários do seu plano de assistência à saúde. Fl. 774DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 773 5 Assim, cingese a controvérsia apresentada neste caderno às deduções autorizadas pela Lei n. 10.676/2003, da base de cálculo do PIS e COFINS concedidas às sociedades que operam planos de saúde, consoante regência da Lei n. 9.656/98, constituições de provisões técnicas, coresponsabilidades cedidas e transferência de responsabilidades. DAS EXCLUSÕES NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS CONCEDIDAS ÀS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE – LEI N. 9.656/98. É certo que as cooperativas de serviços médicos desenvolvem a mesma atividade das operadoras de plano de assistência à saúde, tanto é verdade que se submetem as normas regulamentadoras do setor, Lei número 9.656/98. A meu ver, a atividade desenvolvida pela cooperativa de trabalho médico, assim como, as empresas Operadoras de Plano de Saúde não cooperativas são idênticas, em sínteses ambas são operadoras de plano de saúde. Não há dúvida de que as cooperativas podem adotar qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, conforme dispõe o art. 5o da Lei n.5.764/71. O artigo 1o da Lei número 9.656/98, assim disciplina: “Art.” 1o – Submetemse às disposições desta Lei às pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotandose, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições. I – Plano Privado de Assistência á Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pósestabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando à assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor. II – Operadora de Plano de Assistência à saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo; §2o – Incluemse na abrangência desta Lei as cooperativas que operem os produtos de que tratam inciso I e o § 1o deste artigo, bem assim as entidades ou empresas que mantém sistemas de assistência à saúde, pela modalidade de autogestão ou de administração”. Consta do manual ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar, anexo, capítulo I – Normas Gerais, 7.2.5, que os eventos/sinistros conhecidos ou avisados devem ser apropriados a despesas, vejamos: “Os Eventos/Sinistros Conhecidos ou Avisados devem ser apropriados à despesa, considerandose a data de apresentação da conta médica, do aviso pelos prestadores ou do Aviso de Fl. 775DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Beneficiários identificados – ABI, pelo seu valor integral, no primeiro momento da identificação da ocorrência da despesa médica, independente da existência de qualquer mecanismo, processo ou sistema de intermediação da transmissão, direta ou indiretamente por meio de terceiros, ou da análise preliminar das despesas médicas”. O tratamento contábil como se extraí do texto acima é o mesmo para as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde. Da leitura do estatuto da recorrente extraise a confirmação de que a mesma pratica administração de plano de saúde, assim sendo, efetua pagamento por conta e ordem de terceiro, portanto, enquadra no disposto do art. 1o, I, da Lei nº 9.656/98. Tenho como certa aplicação das disposições da Lei número 9.718, de 27 de novembro de 1998, combinado com o art. 1º, inciso I, da Lei nº 9.656/98. Art. 3o § 9º Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001). I coresponsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001). II a parcela das contraprestações pecuniárias destinadas à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001). III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória no 2.158 35, de 2001). Nessa linha, ao contrário do que afirmou a decisão de primeiro grau, o exame dos demonstrativos das deduções da receita bruta, revela que a fiscalização não concedeu a dedução prevista nos inciso III do § 9º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98. A leitura do relatório fiscal aponta que a receita proveniente da comercialização dos planos de assistência médica, tal como definida no art. 2º da Lei nº 9.718/98 compõe a base de cálculo. Contudo, constatase a não dedução previstas nos incisos I e III do § 9º da referida lei. Em sendo assim, à vista das disposições, impõe reconhecer que as cooperativas de serviços médicos têm direito de ajustar a base de cálculo das contribuições por força de disposição legal, tratamento esse semelhante às empresas operadoras de plano de saúde, por se tratar de atividade idêntica. Não há como deixar de reconhecer que os recursos financeiros transitam pelo caixa da sociedade, no entanto, são repassadas aos médicos associados (honorários), as redes conveniadas (hospitais), e demais serviços assistenciais de apoio prestados aos clientes das operadoras (cooperativas). Além do que, os tribunais federais regionais vêm reconhecendo o direito das cooperativas excluírem da base de cálculo as despesas operacionais, isto é, os custos inerentes Fl. 776DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 774 7 à prestação de serviços, conhecidos como indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos. TRIBUTÁRIO. PIS. COFINS. DEDUÇÕES. COOPERATIVA. UNIMED. ART. 3º, § 9º, INCISO III, DA LEI N. 9718/98. (...)3. Dentre as exclusões permitidas para as operadoras de planos de saúde, encontramse os custos que a impugnante pretendeu deduzir, pois se pode considerar como sendo indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, os valores correspondentes aos pagamentos registrados nas contas descritas, que se referem a despesas operacionais ou custos decorrentes do cumprimento dos contratos de prestação de serviços médicos contratados pela UNIMED com seus usuários. 4. Sentença mantida. (Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Segunda Turma. Processo: 2006.71.02.0002021/RS. Relator: Juíza Vânia Hack de Almeida. Publicação: DJe 14/05/2009) “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRATO DE SEGURO SAÚDE. ISS. BITRIBUTAÇÃO.I Nas operações decorrentes de contrato de segurosaúde, o ISS não deve ser tributado com base no valor bruto entregue à empresa que intermedeia a transação, mas sim pela comissão, ou seja, pela receita auferida sobre a diferença entre o valor recebido pelo contratante e o que é repassado para os terceiros, efetivamente prestadores dos serviços. Precedente: EDcl no REsp nº 227.293/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 19.9.2005. (...)(Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 1002704/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, Rel. p/ Acórdão Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/08/2008, DJe 15/09/2008) “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRATO DE SEGURO SAÚDE. ISS. BITRIBUTAÇÃO. I Nas operações decorrentes de contrato de segurosaúde, o ISS não deve ser tributado com base no valor bruto entregue à empresa que intermedeia a transação, mas sim pela comissão, ou seja, pela receita auferida sobre a diferença entre o valor recebido pelo contratante e o que é repassado para os terceiros, efetivamente prestadores dos serviços. Precedente: EDcl no REsp nº 227.293/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 19.9.2005. (...)(Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.º 1002704/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, Rel. p/ Acórdão Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/08/2008, DJe 15/09/2008) Assim, independentemente da discussão em relação ato cooperado, impõe reconhecer o direito das cooperativas de trabalho médico na qualidade de operadora de plano de saúde excluir os eventos/sinistros conhecidos ou avisados, apropriados a despesas da base de cálculo das contribuições sociais, in casu, do PIS e da COFINS, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade, com arrimo na norma do inciso III, § 9º do art. 3o da Lei nº 9.718/98. Fl. 777DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 CORESPONSABILIDADE CEDIDA E TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES INTERCÂMBIO. O sistema identificado como “Unimed” se tornou símbolo de assistência de saúde suplementar em todo o país, fruto da união de um grupo de médicos aglutinados por meio de cooperativa, cada uma delas com sua personalidade jurídica. Com o objetivo de estender essa malha de assistência médica aos usuários, estabeleceuse entre as diversas cooperativas de serviços médicos, coordenados por uma central, o intercâmbio nacional. Isso implica dizer que o usuário da Unimed de um determinado lugar pode ser atendido por um médico cooperado e uma unidade hospitalar conveniada de uma das Unimed de qualquer Estado da Federação. Sendo certo que, o valor do custo do atendimento será repassado a Unimed que efetuou o atendimento, bem como, a rede hospitalar e todos os serviços complementares. Entre tantas modalidades de serviços prestadas de uma Unimed a outra do sistema, inclui a coresponsabilidade cedida, eventos ocorridos, transferência de responsabilidade e outras denominações, em síntese, encontram abarcadas pelo intercâmbio entre as Unimed. A toda evidência que cada uma, Unimed, é responsável pelo ressarcimento dos custos do atendimento do consumidor que contratou o plano de saúde, viabilizando o acesso aos serviços médicos, clínicos, hospitalares e laboratoriais, etc. Desse modo, a receita obtida com a contratação do plano de saúde é repassada a outra operadora por meio de ressarcimento, o que implica, assim, reconhecer o direito da exclusão dos valores repassados da base de cálculo das contribuições. Recentemente foi editado a Lei no 12.873, de 24/10/2013 com o objetivo de dar interpretação a eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o: “Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida.” A leitura do relatório fiscal demonstra que se apurou a receita bruta, tal como definida no art. 3o, § 1o da Lei no 9.718/98, e permitiu a dedução prevista no inciso II, mas entendeuse que os custos realizados no atendimento aos segurados próprios, não poderiam ter sido deduzidos em razão de não existir pagamento a outra operadora. A toda evidência que o argumento da fiscalização não pode prosperar, pois se trata de custo incorrido com o atendimento. Em sendo assim, os dispêndios encontramse encartados na autorização que permite serem deduzidos. No caso aqui relatado pela fiscalização essa dedução até recentemente vinha sendo entendida como indevida, pois tratava de custo inerente aos clientes da própria operadora de saúde. Entretanto, com o advento da Lei no 12.873/2013, com o objetivo de dar interpretação a eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o, impõese nova reflexão em relação ao assunto. Fl. 778DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 775 9 A redação desse dispositivo interpretativo é a seguinte: “Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9º entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida.” A redação do inciso III do § 9o do art. 3o mencionava valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos..., que faz pressupor que só se poderiam deduzir os custos que restassem efetivamente pagos, e, tratando de unidade própria, esse pagamento não ocorria. Assim consta da redação do inciso III: III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória no 2.158 35, de 2001). Observase da redação interpretativa que o legislador não menciona os eventos “efetivamente pagos”, se refere tãosó “o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindo se neste total os custos de beneficiários das próprias operadoras. Parece que a interpretação se ajusta ao anseio do segmento de assistência à saúde (operadora), que reivindicava o direito de deduzir os custos inerentes aos assegurados realizados em unidades próprias e com a rede conveniada. Ao afastar o termo efetivamente pago não resta dúvida de que se refere puramente aos custos, e, não exige pagamento, o que só acontecia quando os atendimentos eram realizados por terceiros. Assim, a leitura que passo a fazer da redação do inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/98 é de que se trata de custo e não mais de pagamento efetivamente ao terceiro como sendo condição de possibilitar a dedução da receita. Portanto, existindo os custos decorrentes de atendimentos aos clientes do plano de assistência à saúde realizada em unidade própria e em rede conveniada podem ser deduzidos da base de cálculo para determinação da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. Com essas razões tenho assiste razão a contribuinte em deduzir os custos concretizados no atendimento dos seus clientes com assistência a saúde em rede conveniada, médicos (honorários), hospitais, clínicas e laboratórios, da base de cálculo. As deduções são aquelas traçadas pela norma do inciso III do § 9o do art. 3o, substituindo a expressão “efetivamente pagos” pela “o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadoras”. Fl. 779DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Ante ao exposto, conheço do recurso e dou provimento para reconhecer o direito da recorrente de excluir da base de cálculo a totalidade dos eventos ocorridos, líquidos das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade realizadas dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos próprios beneficiários da operadora. É como voto. Domingos de Sá Filho Fl. 780DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 776 11 Voto Vencedor Conselheiro Rosaldo Trevisan As autuações, lavradas em 07/12/2012 (fls. 361 a 371 e 372 a 384)1 se referem à COFINS (total de R$ 33.698.852,73, já com acréscimo de juros de mora e multa de ofício de 75%) e à Contribuição para o PIS/PASEP (total de R$ 7.301.417,04, com os mesmos acréscimos), ambas relativas aos períodos de janeiro de 2008 a dezembro de 2009, na sistemática cumulativa. Narra a fiscalização, no Relatório Fiscal de fls. 351 a 360, que: (a) a Instrução Normativa da ANS no 36/2009 diferencia os relacionamentos entre cooperativas decorrentes do atendimento continuado (com transferência de responsabilidade entre a cedente cooperativa com a qual o beneficiário estabeleceu o contrato de prestação de serviços e cessionária, no qual esta recebe o valor pago pelo beneficiário à cedente independente de ter sido ou não prestado efetivamente o serviço) e de atendimento eventual (no qual a cedente paga o valor decorrente de um atendimento prestado por conveniado à concessionária diretamente a esta, como se fosse a própria prestadora de serviço, só havendo pagamento em caso de efetiva prestação de serviço, com valor de repasse equivalente ao montante coberto pela cessionária); (b) a empresa pretendeu deduzir da base de cálculo das contribuições os valores das correponsabilidades cedidas (inciso I do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998) e o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a titulo de transferência de responsabilidades (inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998), sendo que a primeira dedução se aplica quando a operadora é a cedente, o e o segundo, quando é a cessionária, só havendo possibilidade de dedução quando o valor se refere à remuneração pelo serviço prestado a beneficiário de outras operadoras; (c) após intimação à empresa e sua manifestação, os valores foram ajustados; (d) a empresa entende incorretamente (de forma contrária a entendimentos exarados nas Soluções de Consulta no 04/2004 e no 01/2007, e a entendimentos administrativos e judiciais) que há autorização para dedução de todos os custos assistenciais incorridos para prestar atendimento tanto aos beneficiários de planos de saúde quanto a beneficiários vinculados a outras operadoras; (e) foram assim glosadas as deduções correspondentes (cf. tabela de fls. 358/359), que invocavam como fundamento o inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998. Cientificada das autuações em 12/12/2012 (fl. 387), a empresa apresenta impugnação em 10/01/2013 (fls. 390 a 437), argumentando basicamente que: (a) as entidades cooperativas, em regra, não auferem receita ou faturamento, exceção feita aos atos não cooperativos (atos praticados por não cooperados arts. 85 e 86 da Lei no 5.764/1971), que a empresa segrega em sua contabilidade; (b) ao tributar pelas contribuições todas as entradas contábeis da cooperativa médica, sob o argumento de que a Lei no 9.718/1998 e a MP no 2.158 35/2001 afirmam ser faturamento a totalidade das receitas auferidas pela empresa, a Fazenda excede a competência constitucionalmente estabelecida (art. 195, I “b” da CF/1988) e contraria o disposto no art. 110 do CTN; (c) as autuações desconsideraram as deduções previstas no art. 15 da MP no 1.858/1999 e no § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, e configuram verdadeiro descumprimento à decisão judicial exarada nos autos do processo no 0006248 16.2006.4.05.8400; e (d) a multa aplicada é confiscatória. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 781DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 A decisão de primeira instância é proferida em 25/06/2013 (fls. 556 a 579), mantendose unanimemente a autuação, sob os pressupostos de que: (a) o conceito de ato cooperativo se encontra no art. 79 da Lei no 5.764/2001 (ato praticado entre a cooperativa e seus associados, entre estes e aquelas, e pelas cooperativas entre si), não tendo ainda sido alargado tal conceito (em que pese a proposta constante do PLP no 198/2007); (b) a empresa obtém como receitas as mensalidades pagas pelos contratantes de plano de saúde e os pagamentos por serviços prestados com a utilização de sua rede própria; (c) as decisões judiciais apresentadas não amparam a pretensão da empresa; (d) a autuação considerou a dedução prevista no inciso II do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, nos exatos valores indicados pela empresa; (e) no que se refere ao inciso I do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, não há controvérsia de que a dedução tem cabimento no caso de que os usuários da cedente sejam atendidos por outra operadora, e tais deduções também foram aceitas de acordo com os montantes extraídos das contas da empresa, não tendo sido apontado qualquer equívoco nos cálculos; (f) em relação à dedução constante no inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, não se refere a “custos dos eventos ocorridos”, mas a “indenizações correspondentes a eventos ocorridos”, depois de deduzidas as importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades, e, portanto, tal inciso “não autoriza a dedução de custos da OPS com os usuários de seus próprios planos”, conforme endossam as Soluções de Consulta no 6 e no 7/2010 e decisões do CARF e do TRF5; (g) nenhuma das deduções do art. 15 da MP no 1.858/1999 é aplicável ao caso concreto, que trata de cooperativa de trabalho médico; e (h) a DRJ não é competente para se pronunciar sobre constitucionalidade. Cientificada da decisão de piso em 05/07/2013 (fl. 586), a empresa apresenta recurso voluntário em 05/08/2013 (fls. 590 a 648), literalmente reiterando os argumentos expressos em sua impugnação, e acrescentando tópico simplesmente copiando ementas de decisões do CARF em relação à matéria (fls. 636 a 644), citando dois julgados da Primeira Seção e seis da Terceira Seção (sendo cinco desta Terceira Turma). Percebase inicialmente que o recurso voluntário ignora totalmente o teor da decisão de piso, limitandose a copiar (literalmente) a impugnação apresentada pela empresa. A única inovação não é argumentativa, mas expositiva, de julgados do CARF. Ficam prejudicadas, assim, algumas discussões relevantes no processo. A DRJ verifica, por exemplo, ser inaplicável a empresas do segmento da recorrente a dedução prevista no art. 15 da MP no 1.858/1999 e ser inexistente nos autos controvérsia em relação à dedução prevista no inciso II do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998. Concordase aqui com ambas as observações do julgamento de piso, pelas justificativas lá expostas, que não são objeto de refutação específica pela recorrente. Também não demanda maiores esclarecimentos a questão referente à tributação de cooperativas, bem esclarecida no julgamento de piso, e acatada inclusive no voto do relator, em tópico do qual não divergimos, pois reconhecemos a aplicação do conceito de ato cooperativo expresso no art. 79 da Lei no 5.764/2001. Ou ainda a verificação de que a ação judicial referida pela empresa garante o direito às deduções, mas não à interpretação alargada dada aos dispositivos correspondentes (principalmente o inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998). Igualmente no que se refere ao inciso I do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, como destaca a DRJ, não há controvérsia de que a dedução tem cabimento no caso de que os usuários da cedente sejam atendidos por outra operadora, não sendo apresentado no recurso qual o eventual equívoco encontrado nos cálculos. Percebese que a peça recursal, em relação à matéria (fls. 616/617), é genérica, não indicando qual a discordância específica no que se refere ao cômputo do desconto, que, como verifica a DRJ, efetivamente ocorreu. Aqui, Fl. 782DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 777 13 então, reside a primeira de nossas divergências em relação ao voto condutor, no qual se afirma que: “A leitura do relatório fiscal aponta que a receita proveniente da comercialização dos planos de assistência médica, tal como definida no art. 2º da Lei nº 9.718/98 compõe a base de cálculo. Contudo, constatase a não dedução previstas nos incisos I e III do § 9º da referida lei.” (grifo nosso) A simples leitura do relatório fiscal, fl 354 (mais especificamente dos demonstrativos de fls. 296 e 297) demonstra que foram efetuados os descontos previstos ao inciso I: “A própria cooperativa, em resposta formalizada ao referido Termo, tomando por base resposta a consulta previamente formulada a ANS, reconhece que as coresponsabilidades cedidas são contraprestações de planos de assistência à saúde correspondentes à cessão de risco compartilhado com outra operadora, conforme previsto no Plano de Contas Padrão da ANS (contas 3117/3118...). Assim, o valor mensal da dedução prevista em lei de acordo com os registros contábeis da cooperativa está discriminado nos extratos dos Livros Razão de 2008 e 2009 anexos (fls. 296 e 297)” Sendo improcedente a alegação de que não foram efetuadas as deduções do inciso I, caberia à recorrente indicar quais valores/rubricas considera incorretos/as, justificando sua discordância, o que, como exposto, não ocorre na peça recursal genérica. No mérito, assim, resta unicamente a discussão sobre a interpretação do inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998. E aqui reside nossa segunda discordância em relação ao voto do relator, que adota posicionamento divergente daquele que vinha sendo recorrentemente externado por esta Terceira Turma (inclusive acompanhado pelo próprio relator em ocasiões anteriores), antes e depois na norma explicativa/declaratória constante na Lei no 12.873, de 24/10/2013. Em março de 2013, esta turma analisou buscou identificar o sentido dos incisos (com destaque para o III) do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998: “O fato de os pagamentos realizados pela cooperativa configurarem ou não um ato cooperativo é indiferente para a apuração da Cofins, pois se trata de uma contribuição que incide sobre o faturamento ou receita bruta, ou seja, que se refere ao ingresso de recursos na entidade e não à saída de recursos. (...) As deduções da base de cálculo previstas em relação às operadoras de planos de saúde também se aplicam às cooperativas de serviço médico que desenvolvem esta mesma atividade. Configuram indenizações de eventos ocorridos, para o efeito da dedução da base de cálculo prevista no art. 3º, § 9º, III, da Lei no 9.718/98, os pagamentos realizados pelas cooperativas para terceiros (tais como médicos, clínicas, hospitais e Fl. 783DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 laboratórios credenciados), para suportar os atendimentos (tais como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, cirurgias, terapias etc), a que deram causa os usuários dos planos de saúde, independente de se tratar de usuários da própria operadora ou de outras operadoras, desde que tenham sido efetivamente pagos, reduzidos dos valores reembolsados pelas outras operadoras.” (Acórdão n. 3403001.986, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) Mas tais julgados são a consequência, e não a causa da formação de convicção desta turma. O verdadeiro divisor de águas na discussão do tema neste CARF, citado por ambos os Acórdãos aqui referidos, é um julgamento proferido na Segunda Turma da Terceira Câmara desta Terceira Seção, no qual a questão foi analisada com detalhamento exemplar: “Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2003. (...) COOPERATIVAS MÉDICAS PIS/COFINS MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835 POSSIBILIDADES DE EXCLUSÃO CORESPONSABILIDADE CEDIDA CONCEITO Nas operadoras de planos de saúde OPS entendese por despesas decorrentes de coresponsabilidade cedidas aquelas resultantes dos valores pagos à outras operadores para que estas façam o atendimento de seus beneficiários, sendo que neste caso ocorre a transferência de responsabilidade ou transferência de risco para esta segunda operadora que vai atender os beneficiários. Em outras palavras, tratase de valor mensal, pago a operadoras contratadas chamadas congêneres para estas assumirem a responsabilidade pela cobertura de assistência à saúde de determinados grupos de beneficiários ou usuários dos planos de saúde da OPS contratante. (...) COOPERATIVAS MÉDICAS PIS/COFINS MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835 POSSIBILIDADES DE EXCLUSÃO INDENIZAÇÕES REFERENTES A EVENTOS OCORRIDOS CONCEITO Grande polêmica alcança a exclusão de base de cálculo prevista no inciso III, § 9o, artigo 2o da MP 2.15835, que assim determina: III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos, deduzido das importâncias recebidas a titulo de transferência de responsabilidades. Este dispositivo diverge, por consectário lógico, não equivale ao inciso I, que possibilita a exclusão de valores repassados para as congêneres contratadas com transferência de responsabilidade. O inciso III permite a exclusão dos valores repassados aos credenciados, sem transferência de responsabilidade, que ao invés de receberem valores fixos mensais, recebem indenizações por eventos efetivamente ocorridos. Em nenhuma hipótese se permite a exclusão da base de cálculo de valores referentes à rede própria. (...) Fl. 784DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 778 15 No presente caso não há controvérsia sobre o fato de que a Recorrente fatura, contra terceiros não cooperados, os valores correspondentes a serviços prestados diretamente por seus cooperados. O valor que a Recorrente arrecada é repassado aos cooperados por meio de atos cooperados (não tributáveis), mas sofre a incidência tributária, quando recebido pela Recorrente sob pena de, sobre tais valores, não ocorrer incidência tributária alguma. Ora, se o cooperado recebesse os valores diretamente do terceiro (para quem presta seus serviços) tais valores também seriam tributados, quando do recebimento pelo cooperado. Caso admitíssemos a não incidência no recebimento do valor pela cooperativa e no repasse ao cooperado, estaríamos admitindo que serviços prestados através de cooperativas jamais seriam tributados o que não me parece lógico, ou legal (em especial considerando o princípio da isonomia). Assim, o cooperado pode escolher o modelo que melhor lhe convém para receber os valores correspondentes à sua prestação de serviços: (i) prestar os serviços e receber diretamente do terceiro contratante, tributando os valores quando deste recebimento, ou; (ii) receber os valores através da cooperativa, sem submetêlos à tributação nesta etapa do fluxo financeiro (pois estarseá diante de ato cooperado), mas ciente de que na remessa dos valores do terceiro (tomador de seus serviços), para a cooperativa (que fatura o valor diretamente ao tomador) esta deverá oferecer a quantia à tributação. Importante ressaltar que não há prejuízo para os cooperados, porque eles já pagariam uma vez a tributação. Uma incidência é devida e garantida pela própria legislação que trata do ato cooperado. O que a legislação garante é que os cooperados, que ao meu ver são considerados uma espécie de “hipossuficientes”, utilizem do mecanismo do agrupamento para prestar seu serviço e fazer frente aos grandes concorrentes sem que, para isso, sofram ônus, majorações do custo operacional. No presente caso a Recorrente recebe de terceiros (beneficiários) valores que, embora de titularidade dos cooperados, devem ser tributados nesta etapa do fluxo financeiro, pois se consubstanciam faturamento, sem que haja disposição legal que autorize a não incidência tributária. Logo, nego provimento à alegação da Recorrente de inexistência de base tributável por ser totalmente decorrente de ato cooperado, vez que é devido o PIS sobre os valores recebidos pela Recorrente, ainda que em nome de seus cooperados, sendo tais quantias faturamento tributável, por configurar resultados de operações com não cooperados. (...) Fl. 785DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 Pois bem. Em primeiro lugar fazse necessário consolidar o entendimento do que é faturamento para uma operadora de saúde, nos termos da interpretação consolidada pelo Supremo Tribunal Federal (“receita da venda de produtos e serviços”). Pareceme evidente que uma OPS tem como faturamento todos os valores cobrados a título de: (i) prestações mensais faturadas contra seus clientes, pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, bem como (ii) prestação de serviços médicos com a utilização de sua rede própria (hospitais, clínicas, pronto socorros, ambulatórios, consultórios, etc) por terceiros, aqui entendidos quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, inclusive outras operadoras de saúde. (...) É de sumária nitidez a determinação contida na Lei nº 9.718/98 (introduzida pela Medida Provisória nº 2.15835), sobre a possibilidade de exclusão, da base de cálculo do PIS e Cofins das operadoras de saúde (OPS), dos valores referentes às co responsabilidades cedidas. Neste ponto, crucial é saber o que são “coresponsabilidades cedidas”. Conforme esclarecido, as empresas que operam a saúde podem fazêlo por meio de sua rede própria e/ou com o auxílio de terceiros ou ainda cooperados. Ocorre que esses terceiros, também denominados de “credenciados” ou “congêneres” podem ser contratados de forma direta ou indireta. Os credenciados contratados de forma direta (ou simplesmente credenciados) prestam o serviço “em nome” e sob a responsabilidade da OPS contratante. Aqui, não há transferência de responsabilidade da cobertura de assistência à saúde dos beneficiários ou usuários dos planos de saúde. O credenciado é contratado para a prestação de serviços específicos a serem prestados consoante sua especialidade médica, trata da saúde dos beneficiários do plano por evento. Por exemplo, médicos cardiologistas que atendem os usuários do plano de saúde em seus consultórios particulares e são remunerados pelas OPS, em função da quantidade de horas dispendidas (sic) ou pela quantidade de consultas efetuadas. Já as congêneres credenciados contratados de forma indireta são outras OPS (denominadas de congêneres por serem do mesmo gênero da contratante) que são contratadas para assumir a responsabilidade pela cobertura de assistência à saúde de determinados grupos de beneficiários ou usuários dos planos de saúde da OPS contratante. Aqui se identifica a TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE ou TRANSFERÊNCIA DE RISCO. Essas congêneres prestam o serviço contratado em seu próprio nome e, por isso, respondem diretamente pelo serviço prestado. As congêneres obrigatoriamente devem ser OPS, porque apenas as operadoras registradas na ANS podem assumir riscos em saúde suplementar. A congênere assume o risco de tratar permanentemente da saúde dos usuários que assumiu de outra OPS, cobrando para tanto uma taxa mensal para “cuidar” dos beneficiários que foram “transferidos” aos seus cuidados. Portanto, recebe um Fl. 786DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 779 17 valor fixo contratado entre as partes, sendo este valor devido ainda que o serviço não seja utilizado pelo beneficiário. De forma sumária temse que no primeiro caso (“credenciado”), a responsabilidade é da OPS contratante e o pagamento do serviço é feito mensalmente, pelos eventos ocorridos, enquanto no segundo caso (“congêneres”), a responsabilidade pelo atendimento médico é da OPS contratada e o pagamento é realizado mensalmente apurado de acordo com a quantidade de beneficiários transferidos/cobertos pela congênere. Esta questão da responsabilidade é regulada pela própria ANS, que para garantir os beneficiários exige, cada vez que a OPS credencia um prestador de serviço, uma série de documentos/informações. (...) Toda esta introdução é necessária porque a redação do “inciso I” do citado § 9º, menciona que serão excluídos da base os valores referentes à “coresponsabilidade cedida”. Trata, portanto, de responsabilidade e de cessão. Neste aspecto, o dispositivo legal mencionado permite que sejam excluídos da base de cálculo os valores pagos justamente para estas congêneres, que se responsabilizam por determinados beneficiários da OPS contratante, do que se conclui, por dedução lógica inversa, que os valores pagos aos credenciados (contratados de forma direta) não se enquadram neste “inciso I”. (...) (iii) Indenizações Referentes a Eventos Ocorridos Este é, seguramente, dos conceitos trazidos pela legislação, o de mais difícil interpretação. As maiores divergências estão justamente no entendimento de sua significação. A simples leitura do inciso III é suficiente para constatar que se trata de uma DEDUÇÃO seguida de uma ADIÇÃO. Poderão ser excluídas as referidas indenizações, mas deverão ser incluídos os valores recebidos a título de transferência de responsabilidades. (...) De pronto, afasto o entendimento de que o inciso III está vinculado aos eventos decorrentes de “cessão de responsabilidade”. Em primeiro lugar porque não existe evento com “cessão de responsabilidade”, esta apenas é possível, inclusive por determinação da ANS, quando se opera a “transferência da responsabilidade pelo beneficiário”. Inclusive, o pagamento por cessão da responsabilidade independe de qualquer evento, é devido simplesmente porque a responsabilidade foi transferida. O simples fato do pagamento para CONGÊNERES e para simples CREDENCIADOS ser realizado de forma diferente (o primeiro fixo por mês, o Fl. 787DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 segundo por evento ocorrido e comprovado) já é suficiente para se constatar a diferença do inciso I e III neste particular. (...) Neste diapasão, em termos operacionais, quando se trata de indenização por evento, automaticamente se exclui a cessão de responsabilidade, razão pela qual todos os valores referentes à transferência de responsabilidade estão localizados no inciso I do citado § 9º. Por idêntica forma, aparto a interpretação de que o legislador não pretendeu excluir da base de cálculo o valor pago a terceiros, pois não resta dúvida de que o inciso I do § 9º refere se a terceiros (CONGÊNERES), que como dito alhures são espécie de credenciados contratados de forma indireta. Neste sentido, que é possível a exclusão da base de cálculo de valores pagos a terceiros, não tenho dúvida, e em afirmação a isto está o próprio inciso I do dispositivo legal analisado. (...) Conforme se depreende do texto legal, o inciso III permite a dedução do “...valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos...” O que significa indenizações de eventos ocorridos efetivamente pagos? Mais uma vez socorrome dos aspectos técnicos específicos do setor. Em aspectos práticos, para fim de atender as determinações da ANS, a sistemática de procedimento das empresas de saúde geralmente obedece ao seguinte critério: (1) O credenciado presta o serviço para o beneficiário. Janeiro /X1 (2) Após o serviço prestado, este credenciado informa à OPS, apresentando a documentação suporte necessária para o ressarcimento do custo, já que a credenciada trabalha por evento (ao contrário da congênere). A OPS reconhece a despesa quando desse aviso/notificação. Fevereiro /X1 (3) Apenas após validar a informação da credenciada a OPS realiza o pagamento. Março /X1 (...) Neste diapasão, os eventos ocorridos em janeiro/X1, serão reconhecidos contabilmente em fevereiro/X1, quando AVISADOS, e efetivamente pagos a partir de março/X1, quando da validação e aprovação final das contas apresentadas para a OPS, sendo impossível qualquer outro procedimento. Este procedimento específico tem uma razão de ser. Até o momento do pagamento podem ocorrer e efetivamente ocorrem – Fl. 788DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 780 19 glosas. Assim, na hipótese de o legislador permitir a contabilização e dedução do valor AVISADO, estaria utilizando valor não definitivo. Por outro giro, ao utilizar o valor PAGO, a legislação adota o custo efetivo do evento, não o valor informado pelo credenciado, mas aquele efetivamente aceito pela OPS contratante e efetivamente pago. Podese dizer que, com este procedimento, o legislador buscou os números finais mais objetivos possíveis, pois a partir do pagamento entendese incabível qualquer tipo de reajuste. Esta “apuração do número final”, inclusive, permite a rastreabilidade dos valores envolvidos, por ser um número definitivo. Procedimento diverso significaria a contabilização de números preliminares sujeitos a ajustes nos meses seguintes, o que macularia a objetividade da apuração da referida exclusão. É uma espécie de exceção aos regimes de caixa e competência, e por isso que se tornou imperioso ao legislador reconhecer a especificidade do setor e determinar que apenas poderia ser deduzido o valor das “indenizações referentes a evento ocorrido efetivamente pago”, sob pena de (i) o benefício não poder ser aplicado ao setor; (ii) causar grande confusão nos controles ou, no limite, (iii) serem deduzidos valores preliminares, ainda não pagos, e reconhecidos contabilmente. É exatamente em razão desta especificidade de procedimento do setor que discordo do raciocínio de exclusão total e genérica da conta 4.1.1. É que não são todos os eventos registrados naquela rubrica que podem, a meu ver, ser considerados como “indenizações” ou ‘eventos ocorridos, efetivamente pagos”. A Rede Própria consiste no exercício direto do serviço médico, incluindo portanto todos os custos e despesas operacionais decorrentes da utilização de hospitais, clínicas, ambulatórios, laboratórios, serviços de imagem, inclusive folha de salário dos empregados médicos e paramédicos, depreciação dos imóveis operacionais,...., das OPS. Para tais, não há como tratálos nos limites de definição ao termo “indenização”. Não me parece, ao conhecer o procedimento do setor, que os valores referentes à rede própria estejam dentre aqueles imaginados pelo legislador, e esta interpretação decorre justamente da análise dos termos legais. Todavia, é visível a identidade dos dizeres apostos no inciso III com o procedimento adotado para os credenciados. Indiscutível que são estes os valores cuja exclusão foi pretendida pelo legislador. Os credenciados – não congêneres – atuam por evento, e recebem o pagamento para cada serviço prestado, após estar efetivamente confirmado pela OPS contratante. Todavia, é preciso atentar para o fato de que não são todos os eventos AVISADOS pelos terceiros que serão deduzidos, mas apenas aqueles efetivamente pagos, por isso se considera a conta contábil de resultado. Fl. 789DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 20 Reitero que não se trata de discutir o conceito de faturamento para as OPS, esta questão já foi superada quando definida a base de cálculo. Tratase de dar efetividade à intenção do legislador que foi, claramente, beneficiar esse setor de saúde com a exclusão de determinados valores da base de cálculo constituída para pagamento dos tributos em tela (justamente do valor total do faturamento). Ante os esclarecimentos expostos, entendo que o inciso III, do parágrafo 9º, do artigo 3º, da Lei nº 9.718/98 determinou com absoluta clareza a exclusão dos valores efetivamente pagos aos terceiros (rede credenciada e SUS), não congêneres, os quais se coadunam exatamente com os dispositivos legais mencionados. No que se refere à mencionada ADIÇÃO, também presente neste inciso, mais uma vez deparamonos com o conceito de transferência de responsabilidade. Conforme já analisado, tem se a transferência de responsabilidade quando a outra OPS e exerce a função de CONGÊNERE, ou seja, a mesma função da OPS que a contratou, respondendo inclusive civil e penalmente pela prestação do serviço médico. No caso, assim como a Recorrente contrata terceiros para lhe prestar serviços, no exercício de suas atividades é contratada por outras empresas para atender aos beneficiários destas. A OPS contratada assume a totalidade dos RISCOS no atendimento médico hospitalar de determinados usuários da OPS contratante. Dessa forma, as partes estabelecem o valor que a contratada deverá faturar contra a contratante, usualmente em função das quantidades de beneficiários a serem assistidos e o tipo do plano de saúde (hospitalar, ambulatorial,...). É cediço que tais contratações são muito comuns neste segmento em virtude da necessária abrangência geográfica dos planos de saúde. É certo que as pessoas estão em constante movimento, e esta mobilidade faz com que, às vezes, tenham que ser atendidas em locais (cidades/estados) diversos daqueles onde a OPS que mantém seu plano de saúde possui estabelecimento, bem como os clientes corporativos que mantém filiais e empregados em vários municípios brasileiros, onde a OPS contratada pelo cliente empresarial, não tem estabelecimento. Assim, para poder atender aos seus beneficiários, e com a devida autorização da ANS, as OPS se servem de outras empresas de saúde, as quais terão condições de atender o beneficiário de acordo com as especificidades e nos locais que estes necessitem. A meu ver, é evidente que esta receita – mensalidade recebida pela Recorrente para atender beneficiários, ainda que de terceiros – é faturamento da Recorrente. (...) Ao obrigar a tributação sobre os valores recebidos a título de transferência de responsabilidades, a legislação garante que aquele que efetivamente prestou o serviço, seja tributado. (...)” (Acórdão n. 3302001.765, Rel. Cons. Fabiana Cassiano Keramidas, unânime, sessão de 21.ago.2012) (grifo nosso) Fl. 790DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 781 21 Tal votoparadigma tem norteado os julgamentos desta turma desde março de 2013 (v.g., nos Acórdãos n. 3403002.049, 3403002.051 e 3403002.466). Em novembro de 2003 chegamos inclusive a elaborar representação gráfica simplificada das conclusões externadas, facilitando a visualização das situações tratadas nos incisos I e III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 (Acórdão n. 3403002.590): E seguimos transcrevendo o nosso voto, externado naquela ocasião, e acompanhado integralmente por todos os membros do colegiado, inclusive o relator agora vencido: “Assim, constituem faturamento das Operadoras de Plano de Saúde (sejam ou não cooperativas), para efeito de incidência das contribuições, os valores cobrados a título de mensalidades/prestações dos clientes (beneficiários do plano de saúde), e das prestações de serviços médicos com sua rede própria (hospitais, clínicas, pronto socorros, ambulatórios, consultórios, etc.) por terceiros (pessoas físicas ou jurídicas, inclusive outras operadoras de saúde). E os valores recebidos destinamse a terceiros (que podem ou não ser cooperados), que são contratados diretamente (credenciados), ou indiretamente, para assegurar a cobertura de assistência aos beneficiários (congêneres, que são outras OPS).” (Acórdão n. 3403002.590, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.nov.2013) (grifo nosso) Na análise do inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, partese, naquele voto, da disposição normativa: “§ 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: Fl. 791DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 22 (...) III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades”. (grifo nosso) O inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 se refere, como exposto no votoparadigma aqui reproduzido (Acórdão n. 3302001.765), à exclusão dos valores efetivamente pagos aos terceiros credenciados (rede credenciada/SUS). E é absolutamente irrelevante se os pagamentos são efetuados por eventos realizados em associados da própria operadora ou de outras operadoras (como já decidiu esta turma unanimemente, v.g., nos Acórdãos n. 3403002.049, 3403002.051 e 3403002.466): “Configuram indenizações de eventos ocorridos, para o efeito da dedução da base de cálculo prevista no art. 3º, § 9º, III, da Lei nº 9.718/98, os pagamentos realizados pelas cooperativas para terceiros (tais como médicos, clínicas, hospitais e laboratórios credenciados), para suportar os atendimentos (tais como consultas médicas, exames laboratoriais, hospitalização, cirurgias, terapias etc), a que deram causa os usuários dos planos de saúde independente de se tratar de usuários da própria operadora ou de outras operadoras, desde que tenham sido efetivamente pagos, reduzidos dos valores reembolsados pelas outras operadoras.” (Acórdão n. 3403002.049, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime quanto ao tema, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “Excluise da base de cálculo da contribuição devida pelas operadoras de planos de saúde o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagos a credenciados e a médicos cooperados, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades.” (Acórdão n. 3403002.051, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime quanto ao tema, sessão de 24.abr.2013) (grifo nosso) “A dedução prevista no art. 3º, § 9º, III da Lei nº 9.718/98 alcança não só não só os pagamentos efetuados por eventos realizados em associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzido dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade.” (Acórdão n. 3403002.466, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime, sessão de 25.set.2013) (grifo nosso) E em um dos últimos julgamentos sobre o tema no âmbito desta turma, com resultado novamente unânime (o citado Acórdão n. 3403002.590, de novembro de 2013), foi apresentada a alteração efetuada recentemente no art. 3o da Lei no 9.718/1998 pela Lei no 12.873, de 24/10/2013, que incluiu um § 9o–A, com caráter declaradamente interpretativo, dispondo que: “Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos Fl. 792DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 782 23 planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida”. (grifo nosso) E a conclusão unânime da turma, em relação ao novel dispositivo, foi no sentido de que: “Tendo em vista que a fiscalização somente aceitou, a título de dedução, os valores efetivamente pagos por eventos realizados em associados de outras operadoras, já deduzidos dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade, devem ser incluídos na dedução ainda os valores efetivamente pagos à rede credenciada e ao SUS (não congêneres)”. (Acórdão n. 3403002.590, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 26.nov.2013) (grifo nosso) Assim, mantemos o entendimento de longa data predominante nesta turma de que a dedução a que se refere o III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 abarca os pagamentos efetuados em relação a associados de outras operadoras e os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzidos dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade. Não há, assim, qualquer autorização para dedução de valores referentes a atendimento com a rede própria da recorrente. Acatamse, assim, todas as deduções com amparo no inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 que se refiram a pagamentos efetuados em relação a associados de outras operadoras, e a pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres). Contudo, rechaçase qualquer dedução de valores referentes a atendimento com a rede própria da recorrente. Tal entendimento segue a linha adotada na jurisprudência administrativa trazida pela recorrente, embora não lhe favoreça integralmente (são expressamente mencionados nestas observações quatro dos seis julgamentos da Terceira Seção referidos pela empresa, sendo os dois restantes Acórdãos no 3403001.884 e no 3403001.989 no mesmo sentido). Não demonstra a recorrente que tenham sido rejeitadas pelo fisco as deduções aqui reconhecidas, pois a peça recursal é novamente genérica, no sentido de que o inciso III autorizaria a dedução de todas os custos assistenciais incorridos para prestar atendimento feito tanto aos beneficiários de planos de saúde da operadora como a beneficiários vinculados a outras operadoras. Mas, por outro lado, não se pode acordar com a afirmação da autuação de que só há possibilidade de dedução com base no inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 quando o valor se refere à remuneração pelo serviço prestado a beneficiário de outras operadoras E o voto do relator propõe substituir/relevar a expressão constante da lei “efetivamente pago”, em virtude do superveniente parágrafo interpretativo. Ocorre que tal expressão consta expressamente da lei, que deve ser cumprida na forma em que redigida, sendo o parágrafo interpretativo complementar, e não revogador. Como a análise do processo (e a votação) acabou versando exclusivamente sobre questões de direito, e no processo não há como verificar de forma inequívoca a distinção entre as deduções acolhidas (pagamentos efetuados em relação a associados de outras Fl. 793DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 24 operadoras, e pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS não congêneres) e as rechaçadas (dedução de valores referentes a atendimento com a rede própria da recorrente), o provimento que se dá é parcial, para que a distinção em relação às contas seja efetuada em sede de liquidação. A interpretação restritiva do fisco (e pela DRJ) ao teor do inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, alicerçada em soluções de consulta, no sentido de que o dispositivo não alcança o atendimento de beneficiários do plano na rede credenciada, mas somente o atendimento de associados de outras operadoras na rede credenciada, não se coaduna com o entendimento desta turma, nem com o comando do § 9o–A do art. 3o da Lei no 9.718/1998, acrescentado em caráter declaratório/interpretativo pela Lei no 12.873/2013. O inciso III, como já afirmamos neste voto, abarca tanto os pagamentos efetuados em relação a associados de outras operadoras quanto os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzidos dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade. Só restam excluídos da dedução os valores referentes a atendimentos realizados em rede própria. Na planilha de fls. 349/350 o fisco demonstra acatar algumas deduções com base no inciso III (não sendo possível desmembrálas detalhadamente nas categorias citadas neste voto). Na planilha apresentada pela recorrente (fls. 61/62), com valores de dedução referente ao inciso III substancialmente diferentes, é igualmente invisível o desmembramento aqui apresentado. Assim, necessário se faz que a unidade local, na liquidação do presente julgamento, efetue tal distinção, com auxílio da recorrente, se necessário, recordandose que opera em desfavor da recorrente a eventual impossibilidade de separação nas categorias aqui listadas em função de não detalhamento nos seus registros contábeis e/ou em seus documentos fiscais. Delimitada a abrangência da acolhida parcial, para facilitar o trabalho de liquidação, é de se reiterar, em síntese, que esta turma, no mérito, em relação ao conteúdo do inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, rechaça as deduções em relação a atendimentos efetuados com a rede própria da recorrente (UNIMED Natal), mas acolhe tais deduções em relação atendimentos com a rede credenciada (hospitais, médicos, clínicas, laboratórios e outros profissionais da saúde associados ao plano de saúde), seja a beneficiários da operadora (UNIMED Natal) ou a associados de outras operadoras. Por fim, em relação ao caráter alegadamente confiscatório da multa, cabe assinalar que a penalidade encontra expressa previsão legal, que não está sujeita à apreciação de constitucionalidade por parte deste colegiado, como consagra a Súmula CARF no 2. Assim, divirjo do relator, e voto pelo provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito de o contribuinte incluir na dedução prevista no inciso III do § 9o do art. 3o da Lei no 9.718/1998 não só os pagamentos efetuados em relação a associados de outras operadoras, mas também os pagamentos efetuados à rede credenciada e ao SUS (não congêneres), deduzidos dos valores recebidos a título de transferência de responsabilidade, não acatando a dedução de valores referentes a atendimento com a rede própria. Rosaldo Trevisan Fl. 794DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 783 25 Declaração de Voto Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista, A controvérsia gira em torno da interpretação do inciso III, do § 9o, do artigo 3o da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, abaixo reproduzido: § 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: I coresponsabilidades cedidas; II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9oentendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida.(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) § 9oB. Para efeitos de interpretação do caput, não são considerados receita bruta das administradoras de benefícios os valores devidos a outras operadoras de planos de assistência à saúde. Mais especificamente, se a Recorrente teria ou não direito à dedução de custos e despesas correspondentes aos valores pagos a título de indenizações decorrentes de eventos ocorridos, efetivamente pagos. Mas não é só! A discussão reside na possibilidade ou não de dedução desses valores, quando pagos a terceiros, e. g., terceiras operadoras, ou quando incorridos pela rede própria da Recorrente. A autuação não diferenciou tais quantias terceiros e rede própria , lançando as Contribuições supostamente devidas sobre todos os valores descontados pela Recorrente. Inicialmente, não é demais ressaltar que a Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social (“PIS”) e para o Financiamento da Seguridade Social (“COFINS”) incide, no presente caso, sob o regime cumulativo, tanto que reguladas pela Lei no 9.718/1998, que determina a incidência às alíquotas de 0,65% e 4%. Fl. 795DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 26 Aliás, a alíquota da COFINS foi majorada de 3% para 4% pela Lei no 12.873, de 24 de outubro de 2013, que introduziu o parágrafo 9o A na Lei no 9.718/1998, com caráter expressamente interpretativo. O inciso III, do § 9o do artigo 3o chama a atenção do intérprete, pois ele se refere ao valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pagas, deduzidas das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. E o questionamento surge porque o § 9o do artigo 3o se refere aos planos de saúde, que prestam serviços de assistência médica a seus usuários e, conforme o caso, usuários de outras operadoras, em conformidade com as diversas modalidades de atendimento e de planos de saúde previstas pela Agência Nacional de Saúde. Rigorosamente o plano de saúde não paga indenização a seus usuários nem a terceiros, mas sim a seguradora de saúde, conforme preveem os artigos 757 e seguintes do Código Civil, conforme segue: Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada. .... Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação. Ou seja, no Contrato de Seguro, a seguradora, entidade legalmente autorizada a funcionar de tal forma, mediante o pagamento de prêmio, se obriga a garantir o interesse legítimo do seguro, contra riscos predeterminados. Ocorrendo o sinistro, o evento determinado no contrato de seguro, a seguradora se obriga a indenizar o segurado. Naturalmente que o legislador incorreu foi atécnico ao endereçar o dispositivo para as operados de planos de assistência à saúde, tratando de dedução de base de cálculo, um tema deveras sensível, mencionando termo jurídico que, em realidade, não se aplicaria às operadoras, mas sim às seguradoras. Talvez a justificativa, além da atecnia pura e simples do legislador, resida no fato de que houve a intenção de se equiparar a seguradora de saúde e as operadoras de planos de assistência à saúde, sobretudo por conta da precária situação financeira em que se encontram essas últimas pessoas jurídicas, não raro, obrigadas a arcar com eventos não previstos expressamente em contrato e, por outro lado, sujeitas às majorações contratuais autorizadas pela ANS. Analisando a exposição de motivos da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, verificase que esse era realmente o intento do legislador que, diante da presente discussão, não atingiu o seu objetivo, pois não reconhecido pela próprio Fisco, não permitindo tal dedução, seja ela com terceiros, seja ela com a rede própria. Fl. 796DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10469.731437/201297 Acórdão n.º 3403003.470 S3C4T3 Fl. 784 27 De qualquer forma, não se pode perder de vista que o dispositivo não se assenta exclusivamente na palavra “indenização”, mas antes se refere ao “valor referente às indenizações”, indicando, portanto, que a dedução se aplica a todo evento que a operadora de saúde for obrigada a contratualmente cobrir. Há, pois, uma aproximação da operadora e da segura de saúde, posto que a operadora de plano de saúde não paga indenização, mas, de forma semelhante, se obriga a, ocorrendo o evento contratualmente previsto, cobrir um risco de saúde determinando, mediante o atendimento voltado à saúde de seu usuário. Por essa razão que, em meu entendimento, o dispositivo utiliza as palavras “indenização” e “evento ocorrido” e, ainda, “efetivamente pago”, indicando que apenas os valores arcados pelas operadoras de planos de saúde poderão ser deduzidos das bases de cálculo do PIS e da COFINS. Não há outra interpretação! As operadoras de planos de saúde não percebem indenização e nos casos de transferência de responsabilidade, o que ocorre é o atendimento de usuários transferidos de outras operadoras, daí a expressão transferência de responsabilidade, em que, conforme o caso, há obrigação da operadora original de arcar com o os custos e despesas do atendimento (sinistro ocorrido). Como se tal não fosse bastante para a resolução da controvérsia, diante da discussão que o tema gerou, foi inserido o § 9o A ao artigo 3o da Lei no 9.718/1998, que expressamente previu que o valor referente às indenizações corresponde ao total dos custos assistenciais decorrentes da utilização, pelos usuários, da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose os custos da própria operadora e de outras operadoras atendidos a título de transferência de responsabilidade: § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9oentendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida.(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Ora, se antes, como argumentam, não havia razão para permitir a dedução dos valores incorridos com a rede própria, mas tãosomente com terceiros, a partir da Lei no 12.873/2013 tornase difícil, senão impossível, defender o oposto, visto que expressamente há a menção de que o “o valor referente às indenizações” corresponde aos custos próprios e custos com terceiros. E não se trata de equiparação da palavra, ou melhor, do termo jurídico indenização, ao termo jurídico “custo”, proveniente da seara contábil, e próprio da legislação do Imposto de Renda, pois, como vimos, tal palavra foi utilizada para efeito de equiparação e o legislador não foi feliz ao empregála. Não! O dispositivo inserido, com fim interpretativo, portanto, de aplicação retroativa, expressamente determina que o valor referente às indenizações se refere a todo o evento arcado pelas operadoras de planos de saúde, que, nesse sentido, podem tanto deduzir os Fl. 797DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN 28 custos com rede própria exclusivamente relacionados ao atendimento, como os custos com terceiros. Não posso deixar de ressaltar que tal interpretação, fundada no Código Civil, e no § 9o do artigo 3o da Lei no 9.718/1998, que leva em conta a correta utilização dos termos empregados no dispositivo, resulta efetivamente em um regime tributário diferenciado de recolhimento do PIS e da COFINS, em que as operadoras de planos de saúde podem deduzir tais valores (custos e despesas) na determinação de suas bases de cálculo. De qualquer forma, tal regime não se apresenta não usual, pois empresas de publicidade, empresas securitizadoras, financeiras, incluindose as próprias seguradoras, tem direito a determinadas deduções, o que, no presente caso, se justifica economicamente, uma vez que o objetivo primordial desse tipo de tratamento é a redução do preço do plano de saúde oferecido ao usuário, reconhecendo o Poder Público, conforme determinação constitucional, que o acesso à saúde ocorre por rede pública ou privada. Tal assertiva não é propriamente jurídica, no sentido puro, mas assume relevância quando se utiliza o tratamento diferenciado para afastála, apartado do próprio dispositivo. E em meu entendimento, o Direito não constitui um fim em si mesmo, devendo ser interpretado em seu contexto econômico, de tal forma que, no presente caso, da denominada interpretação econômica a conclusão não poderia ser diferente daquela anteriormente descrita. Por essas razões que dou provimento ao Recurso Voluntário, de tal maneira que a Recorrente possa deduzir das bases de cálculo do PIS e da COFINS os valores relacionados aos custos/despesas decorrentes da cobertura aos seus usuários tanto de rede própria como de terceiros. É como voto. (assinado digitalmente) Luiz Rogério Sawaya Batista Fl. 798DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado d igitalmente em 09/02/2015 por ROSALDO TREVISAN
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