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Numero do processo: 13921.000002/2009-03
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
Numero da decisão: 2001-000.382
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 92 1. 00 00 02 /2 00 9- 03 Fl. 41DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 3.949,81, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescidas da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2005. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que a Recorrente deveria ter apresentado comprovação complementar referente aos pagamentos de despesas médicas, além dos recibos apresentados. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente na comprovação da despesa, especialmente no que se refere a documentos suplementares aos recibos apresentados e identificação dos serviços médicos prestados, como segue: Trata se de Notificação de Lançamento lavrada contra a contribuinte acima mencionada, para exigência dos seguintes valores, relativos ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF do Exercício de 2006 (Ano Calendário 2005): Imposto R$ 3.949,81 Juros de Mora (até 28/11/2008) RS 1.223,65 Multa de Ofício (75%) Rs 2.962,35 Valor do crédito tributário R$8.135,81 Segundo consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” (fls. 07 a 09), por falta de comprovação, foram glosados as seguintes deduções: 1 Dedução de Despesas Médicas, no valor de R$ 11.635,00, conforme abaixo demonstrado: 2 Dedução Indevida de Previdência Privada e Fapi no valor de R$ 2.727,96, uma vez que não fez recolhimentos para a previdência oficial; A contribuinte apresentou impugnação parcial tempestiva em 05/01/2009: Que concorda parcialmente com a presente notificação, vez que não possui em seus controles os cruzamentos de todas as despesas por se tratar de pessoa física e não jurídica. Argumenta que realizou os pagamentos das despesas com moeda corrente do país. Afirma que não concorda com a glosa realizada no valor de R$ 1.135,00 pagos à clínica de Fisioterapia Hallivane Ltda e R$ 4.500,00 pagos a fisioterapeuta Vanessa Cristina D’agostini, uma vez que tais despesas foram necessárias para que a contribuinte pudesse andar. Fl. 42DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 2001000.382 S2C0T1 Fl. 42 3 Alega que a CASSI somente cobre as despesas até um certo limite, e como a contribuinte necessitou de fisioterapias extras, este limite foi ultra assado, sendo assim, tais despesas tiveram de ser arcadas com seus próprios recursos. Argumenta que concorda com o trabalho desenvolvido pela SRF, até o valor glosado de R$ 8.727,96 à título de despesas médicas. A diferença foi recolhida em DARF com os acréscimos legais em 05/01/2009, fl.13. Informase ainda que parte do débito não impugnada foi paga e alocada automaticamente pelo sistema CCPF, fls. 16, conforme cópia da DARF, fls. I.3. Permanecendo o valor relativo ao imposto suplementar de R$ 1.549,53, bem como seus acréscimos legais. fls. 15. No voto, a DRJ elencou os elementos que considerou importantes para a definição do julgamento naquela primeira instância administrativa, como segue: Inicialmente, cumpre esclarecer que o contribuinte impugnou a Notificação de Lançamento de forma parcial, sendo que a parte não impugnada foi recolhida e os valores alocados pelo sistema ao presente débito. Sendo assim, a impugnação versa somente sobre as despesas médicas pagas a fisioterapeuta Cristina D’agostini no valor de R$ 4.500,00 e com a clínica de Fisioterapia Hallivane Ltda no valor de R$ 1.135,00, no qual a Drª Cristina é sócia. Para análise da questão posta no presente processo, considero importante transcrever, inicialmente, o disposto no art. 73 e seu § 1°, do Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda): “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decretolei n. 5.844, de 1943. art. 11, § 4“).” Por força do dispositivo transcrito, é de se concluir que, a autoridade fiscal pode exigir, para fins de dedução de despesas médicas, que o contribuinte apresente, além de simples recibos, outros documentos que comprovem o efetivo desembolso dos valores. É certo, no entanto, que a exigência dessas provas complementares não pode decorrer apenas do arbítrio ou convicção íntima da autoridade. Ao contrário, essa exigência precisa ser devidamente fundamentada pela autoridade fiscal, só podendo ser feita se houver fundadas razões para que os recibos apresentados sejam considerados inidôneos ou insuficientes como meio de prova. Fl. 43DF CARF MF 4 Analisando o presente caso, entendo que a glosa efetuada pela fiscalização está plenamente justificada, pois a descrição dos fatos que integra a Notificação de Lançamento contém indicação de motivos suficientes para a nãoaceitação dos recibos/notas apresentados pela contribuinte. Com efeito, a expressividade do valor total das despesas, aliada aos fatos descritos as fls. 08 e 09, geram sérias dúvidas a respeito da fidedignidade das informações constantes dos recibos/notas fiscais. Consta da notificação de lançamento de que a contribuinte apresentou recibos com numeração seguida (uma para cada mês), emitidos pela profissional Vanessa Cristina D’agostini, sua filha, bem como diversas Notas Fiscais pagas à Clínica de Fisioterapia Hallyane Ltda, também, com numeração sequencial, uma para cada mês. Além do mais, a citada clínica é da filha da impugnante a fisioterapeuta Vanessa Cristina D’agostini. (...) Ante o exposto, considero que a glosa das despesas médicas foi efetuada corretamente e as alegações apresentadas pela contribuinte não são suficientes para comprovar a efetividade dos pagamentos. Por conseguinte, voto no sentido de considerar improcedente a impugnação, mantendo integralmente o crédito tributário. Assim, conclui o acórdão vergastado pela improcedência da impugnação para manter a exigência do imposto suplementar de R$ 1.549,53, referente à glosa do valor das despesas médicas. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, a Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) O auto de infração de Fls, 22 e 23, exige do sujeito passivo o montante de R$ 1.549,53 ( Um mil quinhentos e quarenta e nove reais e cinquenta e três centavos), de imposto de renda suplementar, acrescido de multa de oficio a razão de 75% (setenta e cinco por cento), no valor de R$ 1.162,15 ( Um mil cento e sessenta e dois reais e quinze centavos), juros moratórios, referentes ao ano calendário de 2006, exercício 2005, no valor de R$ 679,77 (seiscentos e setenta e nove reais e setenta e sete centavos), totalizando R$ 3.391,44 (Três mil trezentos e noventa e um reais e quarenta e quatro centavos) (...) O contribuinte no ano de 2005, fez e realizou diversas despesas medicas, devido a problema de saúde que a mesma contraiu no decorrer dos anos, o fato de estarmos apresentando alegações sobre o caso é por que Vossas Senhorias nunca intimaram ela para verificar suas condições de saúde, principalmente no tocante o joelho da perna esquerda, onde já foi realizado cirurgia e após foi necessário fisioterapia constante e permanente, até a sua recuperação total. O contribuinte acima em epígrafe, já enviou todos os documentos originas comprobatórios das suas despesas, porem em relação algum Fl. 44DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 2001000.382 S2C0T1 Fl. 43 5 pontos de argumentação, uma vez que o contribuinte apenas quer fazer jus das despesas que contraiu nestes últimos anos. Os Agentes Fiscalizadores consideram improcedente os recursos apresentado, desta forma estamos alegando o mínimo possível das despesas, principalmente aquelas que possui pagamento com pessoa jurídica, cujos tributos foram pagos perante a Receita Federal, caso este tributos não houvessem recolhido, concordaria da sua exclusão da base de calculo, os pagamentos efetuados com despesas medicas são: Fisioterapia Hallyvane Ltda R$1.135,00 Clinica de Frat.s e Ortop. Sta Rita R$ 80,00 Spada e Vergani Ltda R$ 60,00 Tmoclin Tomografia São Vicente R$ 100,00 Vanessa Cristina Dagostini R$ 4.500,00 Dior Center R$ 890,00 Caixa de Assistencia dos Func. BB R$ 1.683,83 Total R$ 8.448,83 As despesas acima totalizam o montante de R$ 8.448,83 (Oito mil quatrocentos e quarenta e oito reais e oitenta e três centavos); Foi apresentado na DIRPF 2006/2005 o valor de R$ 14.448,83 R$ 8.448,83 = R$ 6.000,00 (Seis mil reais) a serem tributados a alíquota de 27,5% mais multa de ofício de 75% e juros moratórios. (...) Isto posto, respeitosamente, o contribuinte requer a impugnação de parte dos valores não homologados, que a Receita Federal do Brasil, verifique no seu banco de dados, cujos contribuintes pessoas jurídicas, recolheram os tributos devidos das notas fiscais apresentadas na em data de 15 de setembro de 2008, e restituir o que é de direito. É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. Fl. 45DF CARF MF 6 O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. Decreto nº 3.000/99 Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. Fl. 46DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 2001000.382 S2C0T1 Fl. 44 7 § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (grifei) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagadorrecebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma. Descabe, assim, o rigor na exigência para a apresentação de comprovação suplementar sobre o contribuinte possuidor da documentação originária do pagamento nas condições em que a lei estabelece, especialmente porque a autoridade fiscalizadora pode obter Fl. 47DF CARF MF 8 informação de confirmação da outra parte. Razão não há para a dissociação de ambos os polos na relação e estabelecer exigência rigorosa de um e nada de outro, porque a operação é conjunta e correspondente, com reflexos constatáveis nas informações dos dois contribuintes. Ademais, o dispositivo legal permite a comprovação por um ou outro meio, admitindo que na falta de um se faça através de outro. Não há no texto legal qualquer indicativo para a exigência das duas comprovações. Observese a clareza do texto quando diz (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99): “..., podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;”. Acrescentese, por oportuno, que o meio de pagamento ‘dinheiro vivo’ dispõe de força legal denominada ‘curso forçado’, ao contrário do ‘cheque’. Por isso a importância probante de relevância no documento que quita o pagamento, seja recibo ou nota fiscal de prestação de serviço. No caso, há que se considerar a presunção de idoneidade da comprovação apresentada em obediência ao que dispõe a legislação. Mais ainda, em razão da ausência da apresentação, por parte do fisco, de indícios que coloquem em dúvida a idoneidade dos recibos apresentados pela Recorrente. Não basta a simples desconfiança do agente público incumbido da auditoria para que se obrigue o contribuinte a apresentar prova suplementar se não há elementos desabonadores da boa fé de quem usa a documentação especificada na lei para o exercício do direito à dedução na apuração do resultado tributário da pessoa física. O Código Civil, Lei nº 10.406/2002, em seu art. 219 diz que: “As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiros em relação aos signatários.” Neste sentido, os recibos em questão presumemse verdadeiros porque aceitos pelas partes contratantes identificadas no documento, de forma que não é razoável a decisão do Fisco de rejeitar os comprovantes como prova válida, sem a indicação de elementos que os desqualifiquem. Se os documentos são válidos para o prestador dos serviços oferecer os valores à tributação, os mesmos documentos deverão ser válidos também para a dedução legal de quem os recebe como comprovação de pagamentos. Por juízo subjetivo ou simples desconfiança, sem sequer a indicação de indícios de inidoneidade da documentação, não pode a autoridade lançadora fazer exigências fora dos limites da lei. O procedimento fiscal busca amparo no que dispõe o art. 73 e seu § 1º, do Decreto nº 3.000/99, para posicionar o ônus da prova unicamente no contribuinte, nos termos em que a seguir se descreve: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). (grifei) § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). (grifei) No ordenamento jurídico brasileiro o decreto regulamentador é uma norma expedida pelo poder executivo que tem como função pormenorizar os preceitos fixados na lei, dentro dos limites nela insertos, sendo considerados, por isso, atos secundários. Seu alcance cingese aos limites da lei não podendo criar situações que obrigue ou limite direitos além daqueles constantes na lei que regulamenta. Neste quesito específico das deduções de despesas médicas temos o que dispõe a Lei nº 9.250/95, em seu art. 8º, § 2º, incisos II e III, que foi objetivamente regulamentado no Decreto 3.000/99, no art. 80, § 1º, incisos II e III. Assim, a regulamentação deste item de despesa dedutível aqui se esgota porque o objeto tratado foi abordado de forma direta e específica, não permitindo outras exigências porque a lei não concede extensões de procedimento fiscalizatório nem limitação quantitativa de Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 2001000.382 S2C0T1 Fl. 45 9 direitos. Neste sentido descabe a utilização do art. 73 e seu § 1º, conforme citado no Lançamento, por se tratar de dispositivo genérico que aparece no Decreto Regulamentador no capítulo das Disposições Gerais de Deduções, vinculado ao longínquo DecretoLei nº 5.844 de 1943, muito distante no tempo e do contexto jurídico atual. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebido do que para os dias atuais. A origem do conteúdo do texto vem do período do DecretoLei acima citado, mais precisamente do ano de 1943, anterior, portanto, às quatro últimas Constituições do Brasil (1946, 1967, 1969 e 1988) e, muito distante do conceito atual de Direito do Contribuinte e do Estado de Direito. Além disso, mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento ex officio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de provo, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso II, diz que “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Da mesma forma, o art. 150, inciso I, vai na mesma direção ao determinar que: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”. A verdade posta é que ao reduzir ou limitar deduções a Autoridade Lançadora estaria aumentando tributo sem lei que estabeleça. Estamos sob a égide da Constituição Federal de 1988 e, quando a Carta Magna menciona o termo “lei” ela se refere aquele instrumento jurídico emanado do Poder Legislativo, como órgão de representação do povo, nascido do devido processo constitucional. O decretolei, por sua vez, constituíase numa espécie de ato normativo com origem no Poder Executivo em caso de urgência ou de interesse público relevante. Ou seja, um decreto que fazia às vezes de lei que vigorou até a Constituição Federal de 1988. A doutrina aceita que o decreto lei tenha valor vigorante enquanto não contrariar lei posterior. Contudo, o DecretoLei nº 5.844/1943, ao não constituirse em lei, contraria a Constituição vigente, nos dispositivos antes citados (inciso II, art. 5º e inciso I, art. 150 – CF/1988). Assim que, o art. 73 do Decreto nº 3.000/99 não encontra sustentação quando busca apoio no DecretoLei nº 5.844/1943, porque lei não é. Portanto, o juízo da autoridade lançadora não pode ser estabelecido de forma subjetiva, tampouco por critérios de proporcionalidades não definidos quanto à deduções exageradas. Tudo para o resguardo do recomendável equilíbrio da relação fiscocontribuinte e do equilíbrio do direito entre as partes na lide, a luz do ordenamento jurídico atual. A Lei não dispõe dessa parametrização e nem define de quanto deve ser essa dedução exagerada, tampouco fixa uma percentagem entre gasto com saúde e renda do contribuinte. Qual seria a quantificação razoável dessa comparação? Além disso, incabível a desconfiança fiscal de colocar em dúvida a existência de moléstia ou da necessidade de cuidados médicos ou odontológicos do contribuinte porque o que a lei realmente exige é a comprovação do pagamento da prestação de serviço. Eventual desconfiança de que o profissional teria fornecido comprovação de serviço que não prestou caracterizaria conluio entre as partes contratantes, o que não foi apontado no histórico do Lançamento. Admitirse que os recibos não representam uma verdadeira prestação de serviço conduz à conclusão lógica de que teria ocorrido conluio entre Fl. 49DF CARF MF 10 profissional e paciente, ambos contribuintes do imposto, com o objetivo de lesar o fisco, e assim estariam enquadrados em multa qualificada, o que não foi o caso de apontamento no Lançamento. Em socorro ao posicionamento que busca resguardar o direito do contribuinte tomamse emprestados os termos da doutrina que trata da necessária clareza da motivação nos atos da administração pública, trazida pelo sempre bem citado Hely Lopes Meireles, quando descreve a necessidade da motivação do ato administrativo, que assim se posiciona: “Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para tornálo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presumese não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional.” No mesmo sentido a Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, no seu art. 50, diz que: “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidam processos administrativos de concurso ou seleção público; decidam recursos administrativos...”. O Novo Código de Processo Civil, embora posterior aos fatos da ocorrência do lançamento, pode ser utilizado em apoio à interpretação aqui esposada, porque mais benéfico à Recorrente, contém dispositivos pertinentes que devem ser trazidos à colação, de vez que transitam na mesma linha de entendimento que aborda a observância do direito do contribuinte de forma moderna e em consideração ao Estado de Direito. O Código avança no sentido de estabelecer o equilíbrio de forças das partes no processo de julgamento, como se vê na orientação do art. 7º, como segue: “Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. (grifei) Traz reforço ainda o CPC para esse entendimento quando suaviza o posicionamento anterior que atribuía ao contribuinte, de forma quase que exclusiva, o ônus da prova, e inaugura a possibilidade das partes atuarem em prol de uma instrução colaborativa, a fim de oferecer ao julgador melhores subsídios para proferir a decisão, sem que se faça uso da regra do ônus da prova de forma unilateral. Este novo procedimento está explicitado no § 1º, do art. 373, da seguinte forma: § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13921.000002/200903 Acórdão n.º 2001000.382 S2C0T1 Fl. 46 11 De forma semelhante o art. 6º do CPC reforça este entendimento colaborativo ao dizer que “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. CONCLUSÃO Cabe ressaltar que a decisão de primeiro grau não veda a possibilidade da ocorrência de pagamento dos serviços em espécie porque a moeda brasileira é de curso forçado, obrigando a todos a aceitação em dinheiro para quitação de qualquer obrigação financeira, ao contrário de outros meios de pagamento. A decisão prolatada no Acórdão da DRJ não se fundamenta na falsidade documental, mas a falta de comprovação da necessidade da prestação do serviço médico, por documentação suplementar que indique a ocorrência de moléstia, como se a Autoridade Lançadora fosse ao mesmo tempo fiscal de rendas e dos serviços de saúde. Essa exigência da Autoridade Lançadora fazse inapropriada porque a legislação não requer comprovação da enfermidade, mas sim a comprovação dos pagamentos. No que se refere a limites, o legislador os fixa quando assim o quer. Faz isso, por exemplo, no caso do imposto sobre a renda, na dedução de despesas com instrução, em que limita os gastos com despesas escolares do contribuinte e de seus dependentes, independentemente do valor total que tenha dispendido com instrução no período. No caso de despesas médicas a lei não fixa limites, portanto, desarrazoado critério definidor de quantitativo, proporcionalidade sobre a renda ou qualquer outro parâmetro que “a juízo da autoridade lançadora” possa entender como “deduções exageradas” (art. 73 e §1º do Decreto nº 3.000/99, herdados do DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º e 4º), porque a lei em vigor assim não determina e, “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (inciso II, art. 5º, CF). Logo, legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pela contribuinte, comprovado mediante apresentação de nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado, pois tais documentos guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento. Desnecessária qualquer declaração posterior firmada pelo profissional prestador do serviço porque aqueles comprovantes já cumprem a função legalmente exigida. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. A contestação da Autoridade Fiscal sobre a validade da documentação comprobatória deve ser apresentada com indícios consistentes e não somente por simples dúvida ou desconfiança. É de se acolher como verdadeira a prova apresentada pela contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação pertinente e, para eventual convicção contrária da Autoridade Lançadora, esta deverá ser posta com fundamentos consistentes que a sustentem legalmente e não subjetivamente. Por fim, cabe ressaltar que no presente caso, a Recorrente aceita parte do lançamento como verdadeiro, sendo que sua contestação se refere à parte do crédito tributário lançado. Na parte que concorda diz ter feito o devido recolhimento do valor correspondente o que pressupõe conferência e cálculo da unidade local da Receita Federal. Fl. 51DF CARF MF 12 Na parte que contesta, pelo exame da documentação acostada ao processo, pela Recorrente, constatase que correspondem à especialidade técnica de profissional habilitado na área médica, de acordo com as necessidades especificas da Contribuinte beneficiária dos tratamentos e, com o fornecimento de comprovantes de pagamento dos serviços prestados. Assim que, a documentação apresentada no demonstrativo a seguir é comprobatória da despesa médica realizada e que os recibos e notas fiscais correspondem à comprovação do pagamento dos profissionais, na forma exigida pela legislação, devendo ser recalculado o valor do crédito tributário para considerar como dedutíveis, e excluídas da glosa, as seguintes despesas médicas: Fisioterapia Hallyvane Ltda, R$1.135,00; Clinica de Frat.s e Ortop. Sta Rita, R$80,00; Spada e Vergani Ltda, R$60,00; Tmoclin Tomografia São Vicente, R$100,00; Vanessa Cristina Dagostini, R$4.500,00; Dior Center, R$ 890,00; Caixa de Assistencia dos Func. BB, R$1.683,83 = Total R$8.448,83. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, restabelecendose a dedução das despesas médicas especificadas, no valor total de R$ 8.448,83. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.916010/2009-31
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO.
Os pedidos de ressarcimento e as declarações de compensação apresentados pelo sujeito passivo somente podem ser homologados no exato limite do direito creditório comprovado.
Numero da decisão: 3001-000.303
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário e no mérito, por negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Os pedidos de ressarcimento e as declarações de compensação apresentados pelo sujeito passivo somente podem ser homologados no exato limite do direito creditório comprovado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário e no mérito, por negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 91 60 10 /2 00 9- 31 Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 3 2 Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ/BEL, que não reconheceu do direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos fatos O Contribuinte, na data de 26/05/2008, transmitiu PER/DCOMP nº 19992.59277.260508.1.1.012071 com pedido de ressarcimento de IPI correspondente ao saldo credor ajustado conforme RAIPI do 1º Trimestre de 2007, no valor de R$ 135.038,50 vinculado a Declaração de Compensação nº 19959.75839.300508.1.3.010630 referente a débito de CSLL código 2484 e de IRPJ código 2362, do período de apuração 04/2008. Do Despacho Decisório A DRF de Fortaleza em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (eFls.45), apontando que o crédito reconhecido (R$ 131.774,02) é inferior ao solicitado, resultado da efetivação de procedimento fiscal implantado junto à interessada. A parte não homologada no valor de R$ 3.264,48 foi objeto de intimação para pagamento pela indevida compensação realizada, facultada a apresentação de manifestação de inconformidade. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls. 49), justificando: 1 – que o Despacho Decisório ora em exame fora realizado mediante sistema eletrônico, sem qualquer apreciação/acompanhamento por algum Auditor Fiscal, tornandose um despacho falho, inconsistente e obscuro, com embasamento em presunção; 2 – que a autuação levada a termo via MPF nº 03101002009012474, foi apurada de forma flagrantemente errada, resultado da utilização equivocada de alíquota diversa nas suas operações, com débitos listados no Auto de Infração nº 10380.720906/201051; 3 – que a contribuinte detinha para janeiro de 2007 um saldo credor no valor de R$ 980.166,28 aferido por diligência fiscal, do qual deveria ter sido abatido os débitos apurados no MPF nº 03101002009012474 e não do crédito alocado no presente pedido de compensação; 4 – que houve diligência fiscal na qual se apurou crédito acumulado, bem como fora verificado que no período compreendido entre abril/2005 a março/2008 algumas operações do contribuinte ocorreram com erro de classificação fiscal e/ou alíquota, o que resultou na cobrança de tais débitos por meio de autuação fiscal; 5 apela para o princípio da verdade material no caso concreto, em face de haver imputação de débito sem qualquer averiguação probatória, algo inadmissível, seja na esfera judicial ou administrativa, não podendo restringirse a presunções ou achismos; 6 observa ainda, o fato de não ter havido em nenhum momento qualquer prejuízo financeiro ao fisco, e caso seja encontrado débito, poderá de ofício, ser compensado com créditos existentes, como no caso presente; Fl. 257DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 4 3 7 requer também, a realização de perícia em todos os seus livros e documentos fiscais, colocados de imediato à disposição do fisco. Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 3ª Turma da DRJ/BEL, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse resumidos na ementa assim elaborada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA COMPROVAÇÃO. Os pedidos de ressarcimento e as declarações de compensação apresentados pelo sujeito passivo somente podem ser homologados no exato limite do direito creditório comprovado. Em sede de ressarcimento e compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 SUSTENTAÇÃO ORAL. DESCABIMENTO. No âmbito da legislação processual tributária, inexiste previsão para a realização de sustentação oral durante a sessão de julgamento de primeira instância. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. À autoridade julgadora de primeira instância cabe indeferir, motivadamente, o pedido de perícia que considerar prescindível. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário O sujeito passivo, cientificado da decisão de primeiro grau, ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls.93). Repisando todas as alegações de sua Manifestação de Inconformidade pugna pela reforma do acórdão recorrido e o reconhecimento do direito creditório de IPI, os quais foram glosados, de forma que seja homologada em sua totalidade a compensação praticada. Inicialmente o presente processo foi distribuído para a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, que em sessão do dia 25 de setembro de 2012, Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 5 4 resolveram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência (Resolução 3403000.377), nos termos do voto do Relator: Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator. O despacho decisório homologou em parte as compensações, sob a justificativa de que o ressarcimento pleiteado foi insuficiente para amortizar os débitos indicados para compensação, em virtude da autoridade administrativa ter abatido débitos apurados em procedimento fiscal. Por outro lado, o contribuinte alegou que foi feita uma reconstituição da escrita fiscal no processo nº 10380.720906/201051, que culminou na lavratura de um auto de infração de IPI, o qual teria sido liquidado por meio da apresentação do PER/DECOMP nº 31617.45150.220410.1.3.01 8762, cujo recibo de entrega foi anexado ao recurso voluntário. Aparentemente o contribuinte extinguiu o débito do auto de infração em 22/04/2010, ou seja, antes da expedição do despacho decisório de homologação parcial das compensações (19/05/2010). Verificase, ainda, que o voto condutor do Acórdão da DRJ – Belém fez menção a uma informação fiscal que não está anexada a este processo, pois “estaria disponível para consulta no sítio da Secretaria da Receita Federal”. No caso, apenas com o que está anexado aos autos, não é possível saber se os débitos apurados pela fiscalização discriminados no demonstrativo de análise do crédito estão relacionados com os débitos supostamente apurados no processo nº 10380.720906/201051. Desse modo, voto no sentido de converter o julgamento em diligência à repartição de origem, a fim de que a autoridade administrativa... Responda os quesitos a seguir enumerados, de forma conclusiva, acompanhado de documentação hábil a comproválas e que o contribuinte seja intimado do que for constatado para que, querendo, possa se manifestar no prazo de dez dias (art. 44 da Lei nº 9.784/99). Após, os autos deverão retornar ao colegiado para prosseguimento do julgamento. Em cumprimento a Resolução emanda do CARF (3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento), consta às fls. 245 Relatório de Diligência Fiscal com as respostas as perguntas formuladas: a) juntar ao processo acima referido a informação fiscal “que estaria disponível para consulta no sítio da Secretaria da Receita Federal”, mencionada no voto condutor do Acórdão da DRJ Belém; R) Documento juntado às fls.119/123. b) informar qual o objeto do processo nº 10380.720906/201051, juntando cópias de suas principais peças, inclusive o demonstrativo da reconstituição da escrita fiscal, se houver, Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 6 5 esclarecendo, ainda, se na reconstituição de escrita eventualmente existente a fiscalização levou em consideração (ou não) os estornos relativos aos pedidos de ressarcimento; R) O objeto do processo nº 10380.720906/201051 é auto de infração de IPI para lançamento de multa pelo não recolhimento do tributo ou pelo recolhimento com erro de classificação fiscal e/ou alíquota. Na reconstituição de escrita a fiscalização levou em consideração, sim, os estornos relativos aos pedidos de ressarcimento. O auto de infração e a reconstituição da escrita foram juntados à fls. 210/241. c) informar se o processo nº 10380.720906/201051 foi impugnado, assim como sua situação atual; R) O processo nº 10380.720906/201051 foi impugnado; sua situação atual é “ARQUIVADO”, pois os débitos foram extintos por compensação, conforme documento de fl. 242. d) informar se os débitos eventualmente lançados no processo nº 10380.720906/201051 são os mesmos débitos que foram abatidos do valor pleiteado a título de ressarcimento de IPI neste processo (PER/DECOMP 19992.59277.260508.1.1.012071) R) Os débitos lançados no processo nº 10380.720906/201051 são multas pelo não recolhimento de IPI ou pelo recolhimento com erro de classificação fiscal e/ou alíquota. Já os débitos que foram abatidos do valor pleiteado a título de ressarcimento de IPI no presente processo (PER/DCOMP 19992.59277.260508.1.1.012071) são os valores de IPI (principal) não recolhidos ou recolhidos com erro de classificação fiscal e/ou alíquota. Portanto, os débitos lançados no processo nº 10380.720906/201051 são distintos daqueles abatidos no presente processo. e) Verificar se o auto de infração objeto do processo nº 10380.720906/201051 versou somente sobre a multa de ofício, pois o IPI não lançado nas notas fiscais contaria com cobertura de credito. Em caso de resposta afirmativa, informar conclusivamente se os débitos de IPI apurados e abatidos do saldo credor do livro no momento da reconstituição da escrita foram os mesmos que posteriormente foram abatidos do pedido de ressarcimento da análise do PER/DECOMP e averiguar se tais débitos não foram descontados em duplicidade; R) Sim, o auto de infração objeto do processo nº 10380.720906/201051 versou somente sobre a multa de ofício, pois o IPI não lançado contava com cobertura de crédito (ver documentos de fls.210/241). Quanto aos débitos de IPI apurados e abatidos do saldo credor do livro no momento da reconstituição da escrita, esses foram, sim, os mesmos que posteriormente foram abatidos do pedido de ressarcimento da análise do PER/DCOMP. Todavia, não houve duplicidade de desconto, uma vez que da reconstituição da escrita fiscal resultou um auto de infração apenas de lançamento de multa de ofício. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 7 6 Os débitos apurados pela fiscalização não são registrados no livro RAIPI do contribuinte, porém, o estorno do valor total do pedido de ressarcimento, e não somente do valor deferido, se presta a abater da escrita fiscal o valor desses débitos. A sistemática do SCC (sistema que gerencia os PER/DCOMP) é diferente. NO SCC o sistema capta, a partir de informações da empresa, os créditos relativos às entradas e os débitos referentes às saídas, não sendo computados, para efeito de apuração do saldo credor, os estornos de ressarcimento. Assim, os débitos e glosas apurados pela fiscalização são lançados no sistema para ajustamento do valor do saldo credor ressarcível. f) informar se o PER/DECOMP 31617.45150.220410.1.3.01 8762, cuja cópia do recibo de entrega foi anexada com o recurso voluntário, incluiu os débitos que teriam sido lançados no processo nº 10380.720906/201051, bem como a data de sua transmissão e a situação dessa compensação (se foi homologada ou não, ou se ainda está pendente de apreciação por parte da autoridade administrativa); R) O PER/DCOMP 31617.45150.220410.1.3.018762 incluiu, sim, os débitos lançados no processo nº 10380.720906/201051, com redução de 50%. A data de sua transmissão é 22/04/2010 e a situação atual é “HOMOLOGAÇÃO TOTAL”(ver documento de fl. 244). Cientificado a Recorrente via Domicílio Fiscal Eletrônico (efls.251), não houve manifestação com relação a Informação Fiscal encaminhada, retornando o processo ao CARF para prosseguimento do julgamento. Dandose seguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Os fatos dizem respeito a Pedido de Ressarcimento de IPI via PER/DCOMP nº 19992.59277.260508.1.1.012071, correspondente ao saldo credor ajustado conforme RAIPI do 1º Trimestre de 2007, no valor de R$ 135.038,50 vinculado a Declaração de Compensação nº 19959.75839.300508.1.3.010630 referente a débito de CSLL código 2484 e de IRPJ código 2362, do período de apuração 04/2008. Conforme Despacho Decisório de fls.45 houve a homologação parcial, com reconhecimento do crédito no valor de R$ 131.774,02. A glosa no valor de R$ 3.264,48 foi apontada no referido despacho como resultante de débitos apurados em procedimento fiscal. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 8 7 O detalhamento da compensação que deu suporte ao Despacho Decisório, com seus demonstrativos de créditos e débitos do período relacionado, consta do processo às folhas 46 e 47. O Sujeito Passivo do crédito tributário quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, já anunciou ter pleno conhecimento da causa da glosa fiscal, quando expôs que "algumas operações do contribuinte ocorreram com erro de classificação fiscal e/ou alíquota". Portanto, o foco da discussão, a questão central da controversa, não foi o valor da glosa, mas sim, porque esse valor não foi abatido do crédito acumulado existente em conta gráfica. A DRJ/BEL, quando de sua decisão, que confirmou integralmente os termos do despacho decisório tinha conhecimento de que a glosa de crédito aplicada ao pedido de ressarcimento de IPI era resultante de MPF, de cujos termos, como também, do auto de infração dele proveniente não foram disponibilizados no presente processo. A recorrente, valendose dessa situação, lançou dúvidas sobre a veracidade e procedência da cobrança do valor da glosa do crédito de IPI requerido. A questão da dúvida conforme abordada no recurso, se efetivamente estaria ocorrendo uma cobrança em duplicidade, é que levou o CARF a baixar o presente processo em diligência, via Resolução, para que a unidade de origem prestasse as informações pertinentes. Em resposta aos quesitos contidos na Resolução 3403000.377 (fls.111), a DRF de Fortaleza trouxe aos autos, (fls.245), Relatório de Diligência Fiscal, detalhando, ponto por ponto, cada item da diligência. A clareza e objetividade das respostas deixam em evidência a total improcedência de qualquer direito recursal quanto a lide processual, tanto que a recorrente mantevese silente após cientificada do relatório. Os valores objeto da glosa fiscal são referentes a constatação de erro de classificação fiscal e/ou alíquota de IPI em operação de venda de produtos, no que resultou no não recolhimento do tributo e/ou no recolhimento a menor que o devido. Diante desse fato, a sua repercussão está diretamente associada a apuração do crédito do trimestre envolvido no processo de restituição, não há como associálo a estorno de crédito, transferindo seu efeito a outro período de apuração; Não há cobrança em duplicidade, o auto de infração reuniu apenas multa, o imposto foi motivo de reconstituição da escrita fiscal com repercussão direta no pedido de ressarcimento de IPI. Quanto ao processo resultante do auto de infração de cobrança de multa, não foi objeto de impugnação, vindo a ser liquidado via PER/DCOMP com pedido de compensação. O direito a restituição de crédito de IPI é aquele apurado a cada trimestre calendário, portanto, do confronto dos débitos e créditos levantados no trimestre correspondente é que resulta o valor que irá servir de base da restituição (art. 11 da Lei nº 9.779/99). Isso posto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, para manter a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10380.916010/200931 Acórdão n.º 3001000.303 S3C0T1 Fl. 9 8 Fl. 263DF CARF MF
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Numero do processo: 10530.904350/2009-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES.
Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, está compreendida no conceito de serviços hospitalares (art. 15, parágrafo 1º, III, "a", da Lei nº 9.249, de 1995, antes das alterações pela Lei nº 11.727, de 2008) a atividade de laboratório de análises clínicas, autorizando a incidência do percentual de 8% na apuração do lucro presumido.
Numero da decisão: 1201-002.050
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza (Presidente), Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, está compreendida no conceito de serviços hospitalares (art. 15, parágrafo 1º, III, "a", da Lei nº 9.249, de 1995, antes das alterações pela Lei nº 11.727, de 2008) a atividade de laboratório de análises clínicas, autorizando a incidência do percentual de 8% na apuração do lucro presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Souza (Presidente), Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 90 43 50 /2 00 9- 59 Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o processo de Declaração de Compensação PER/DComp em que o contribuinte requer direito creditório de recolhimento indevido ou a maior de 2089 IRPJ – Lucro Presumido, para compensar débitos. 2. O Despacho Decisório não reconheceu o crédito e não homologou a compensação declarada, determinando o prosseguimento na cobrança dos débitos indevidamente compensados, acrescidos de multa e juros de mora. 3. Regularmente cientificado, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, que foi julgada improcedente, no julgamento de primeira instância. 4. Cientificado, apresentou Recurso Voluntário tempestivo ao CARF, no qual informa: Em síntese, o decisum ora atacado se baseou em duas premissas básicas, quais sejam: i) a Recorrente não constituía, à época do crédito, como uma sociedade empresária; e, ii) a não apresentação de provas para a satisfação do direito da aplicação do percentual reduzido do lucro presumido, para os fins de enquadramento como "serviços hospitalares". Quanto ao primeiro argumento, não deverá prosperar pelo simples fato de que o art. 2.031 do Código Civil permitiu que as empresas constituídas sob a égide do Código Civil anterior e demais legislações esparsas pudessem realizar as devidas adaptações do seu contrato social até 11.11.2007 na redação que foi dada pela Lei 11.127/2005. No tocante ao segundo fundamento, relativamente à apresentação das provas do efetivo exercício da atividade de "serviços hospitalares", cumpre ressaltar que não era esse o cerne da questão que motivou o despacho decisório que indeferiu ou não homologou a compensação Aliás, da leitura do próprio despacho decisório se conclui que a motivação foi exclusivamente a inexistência do direito ao crédito por não ter sido identificado, tais créditos, no confronto dos débitos e créditos informados na respectiva DCTF. Ora, se a discussão se deu exclusivamente em torno da demonstração dos créditos na respectiva DCTF, não há o que se falar da necessidade da apresentação das provas acerca do exercício da atividade de "serviços hospitalares", sob pena de preclusão. Em outras palavras, em momento algum foi questionado no respectivo despacho decisório sobre o direito da Recorrente de se utilizar dos percentuais reduzidos para os fins do lucro presumido. 5. Sobre a Natureza de Sociedade Empresária, refuta que não fosse sociedade empresária à época dos fatos, segundo o Código Civil: Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 4 3 Já o art. 966 define o empresário como sendo aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. O parágrafo único do mesmo artigo ressalva quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Em outras palavras, quem exerce atividade intelectual em princípio, não é empresário, mas pode ser se em sua atividade estiver presente o elemento de empresa. (...) (...) A Recorrente, que possui a atividade de Laboratório de Análises Clínicas, a exerce de forma organizada e evidenciada pela circulação de serviços, necessária para a definição do conceito de "empresário", além do aspecto da mãodeobra especializada e do fator tecnológico (equipamentos modernos, muitos deles importados). A circulação dos serviços se constata também pela necessidade de contratação de diversos profissionais qualificados (bioquímicos, farmacêuticos, enfermeiros, etc.) para a perfeita prestação dos seus serviços, os sócios, ainda que sejam profissionais, não poderiam, sozinhos, dar conta da demanda de um laboratório de análises clínicas. (...) Destarte, concluise, portanto, que é descabido o argumento invocado para negar um direito líquido e certo da Recorrente, por se enquadrar, à época da constituição do crédito a seu favor, como sociedade empresária, mediante os novos conceitos instituídos pelo Novo Código Civil, ainda que seus atos constitutivos tenham sido adaptados em 09 de julho de 2004, no prazo previsto no seu artigo 2.031. 6. Sobre a Prestação dos Serviços Hospitalares, invoca INs da RFB e Solução de Consulta que protocolou: A partir da publicação da Instrução Normativa 306 SRF, de 12 32003, publicada no DOU de 342003, a administração tributaria firmou um entendimento mais abrangente para o conceito de serviços hospitalares. Isto porque, o art. 23 do referido ato normativo disciplina que para os fins previstos no art. 15, § 1.°, inciso III, alínea "a", da Lei 9.249/95 (matriz legal do lucro presumido), poderão ser considerados serviços hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução de uma das atividades ou a combinação de uma ou mais das atribuições relacionadas na Parte II, Capítulo 2, da Portaria GM nº 1.884/94, do Ministério da Saúde. 7. Que, posteriormente a IN SRF nº 480, de 2004, com as alterações pela IN SRF nº 539, de 27 de abril de 2005, no art. 27, apresentou nova definição, que transcreve. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 5 4 8. E relata que protocolou consulta, recebendo resposta positiva na Solução de Consulta 12, de 16 de fevereiro de 2007, cuja ementa transcreve: SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 12 de 16 de Fevereiro de 2007 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ EMENTA: Lucro Presumido. Percentuais. Serviços Hospitalares. A pessoa jurídica que exerça a atividade de Laboratório de análises clínicas Ligada à atenção e assistência à saúde, (atribuição 4) de que trata a Parte II da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de vigilância sanitária n$ 50, de 21 de fevereiro de 2062, alterada pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, e pela RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, somente terá sua atividade considerada como serviço hospitalar, para os efeitos do artigo 15 do Lei n9 9.249, de 1995, se atender aos requisitos normativos. Consideramse não atendidos esses requisitos quando a pessoa jurídica enquadrar se nas exceções veiculadas no parágrafo único do artigo 9 66 do Código civil e/ou no parágrafo primeiro do artigo 27 da IN SRF n& 480, de 2904. Esse entendimento aplicase retroativamente. 9. Haja vista que o Acórdão recorrido considerou prova insuficiente a Solução de Consulta supra, anexa os seguintes documentos comprobatórios: a) Contratos de Prestação de Serviços firmados com entidades contratantes de tais serviços; b) Notas Fiscais de prestação de serviços faturados para os contratantes em que comprovam a prestação de laboratório de análises clínicas e patológicas. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.031, de 23.02.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10530.904165/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Nos presentes autos o contribuinte solicita a compensação de débito com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de IRPJ do 4º trimestre de 2003. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.031): Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 6 5 "10. A IN SRF nº 539, de 2005, foi revogada pela IN SRF nº 1.234, de 11 de janeiro de 2012, alterada pela IN RFB nº 1.540, de 05 de janeiro de 2015: Dos Serviços Hospitalares e Outros Serviços de Saúde Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles prestados por estabelecimentos assistenciais de saúde que dispõem de estrutura material e de pessoal destinados a atender à internação de pacientes humanos, garantir atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos, que possuam serviços de enfermagem e atendimento terapêutico direto ao paciente humano, durante 24 (vinte e quatro) horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e parto, bem como registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos. Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Anvisa (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015) Parágrafo único. São também considerados serviços hospitalares, para fins desta Instrução Normativa, aqueles efetuados pelas pessoas jurídicas: I prestadoras de serviços préhospitalares, na área de urgência, realizados por meio de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel instalada em ambulâncias de suporte avançado (Tipo “D”) ou em aeronave de suporte médico (Tipo “E”); e II prestadoras de serviços de emergências médicas, realizados por meio de UTI móvel, instalada em ambulâncias classificadas nos Tipos “A”, “B”, “C” e “F”, que possuam médicos e equipamentos que possibilitem oferecer ao paciente suporte avançado de vida. Art. 31. Nos pagamentos efetuados, a partir de 1º de janeiro de 2009, às pessoas jurídicas prestadoras de serviços de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que as prestadoras desses serviços sejam organizadas sob a forma de sociedade empresária e atendam às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será devida a retenção do IR, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, no percentual de 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código 6147. 11. O contribuinte, optante pelo lucro presumido, efetuou recolhimento do IRPJ apurado mediante a aplicação do percentual de 32% sobre a receita bruta; pleiteia que efetuou recolhimento a maior, uma vez que, como sua atividade está compreendida no conceito de serviços hospitalares, o percentual correto para a apuração é o de 8%. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 7 6 12. Para comprovar a atividade, anexou contratos e notas fiscais; tratamse de contratos: de 17/08/1989, prestação de serviços de análises clínicas; 29/12/1989, patologia clinica; 08/03/2001, assistência médica; 01/02/2001, serviços de laboratório nas dependências do contratante; e contratos de 2003 e 2004, de serviços de análises clínicas, assistência médica, atendimento ambulatorial e procedimentos de diagnóstico e tratamento; e as notas fiscais são de 2004, tendo como objeto "Serviços prestados em exames, Materiais de produtos consumidos", "Exames laboratoriais automatizados", "material de consumo utilizado para a realização de exames automatizados". 13. Às págs. [...], consta a Alteração Contratual n° 09 e Consolidação, de 09/07/2004: SEGUNDA: O objeto da sociedade é: exploração do ramo de laboratório de análises clinicas e a importação de produtos bioquímicos para laboratórios de análises clínicas. 14. Na DIPJ 2003/2002, retificadora entregue em 18/05/2009, informou Código da Natureza Jurídica: 2062 Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada Empresa Privada; Código da Atividade Econômica (CNAEFiscal): 85.146/02 Atividades dos laboratórios de análises clínicas, na qual informa a totalidade da receita bruta como sujeita ao percentual de 8%. 15. Não consta a DIPJ 2003/2002 original. 16. Esses elementos atestam as atividades de laboratório de análises clínicas, e de importação de produtos bioquímicos, embora a receita informada seja referente à primeira. 1 Atividade Empresarial 17. A antiga Sociedade Civil foi substituída, no novo Código, pela Sociedade Simples (CC, art. 982). a. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, Código Civil, revogado. Art. 16. São pessoas jurídicas de direito privado: I. As sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, as associações de utilidade pública e as fundações. 18. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil vigente desde 01/2003: Art. 966. Considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 8 7 (...) Da Sociedade CAPÍTULO ÚNICO Disposições Gerais Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringirse à realização de um ou mais negócios determinados. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considerase empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 2 Lucro Presumido. Atividades Hospitalares. 19. O CARF já sedimentou o entendimento acerca da questão: Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 13/03/2014 Nº Acórdão 1201000.986 Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para: negar o pedido de restituição quanto aos créditos alcançados pela decadência, ao crédito relativo ao REDARF e ao crédito compensado em /duplicidade, nos termos do voto do relator, tendo sido reconhecido o direito ao crédito referente ao reenquadramento do coeficiente de presunção do lucro presumido de 32% para 8%. Ementa(s) Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003 IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES HOSPITALARES. Conforme entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, restam compreendidas no conceito de serviços hospitalares (artigo15, parágrafo 1º, inciso III, alínea a, da Lei nº 9.249/95, antes das alterações da Lei nº 11.727/2008) as atividades típicas de prestação de serviços de apoio diagnóstico por imagem e laboratório de análises clínicas, permitindose quanto a estas a incidência do percentual reduzido de 8%, relativamente ao IRPJ. 20. Transcrevese o teor do voto do Acórdão CARF supra, que analisou análoga situação relativamente a laboratório de análises clínicas, uma vez que retrata o entendimento do CARF, com o qual esta Relatora concorda: "Vencidos tais argumentos, cumprenos analisar a questão central dos autos, que se consubstancia na qualificação jurídica da Recorrente, que apresentou todas os pedidos de restituição e declarações de compensação até aqui mencionados ante o entendimento de que sua Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 9 8 atividade se enquadraria no conceito de “serviços hospitalares”, nos termos da Lei n. 9.249/95. Aliás, a mudança de entendimento somente ocorreu após o trânsito em julgado (20 de março de 2007) da ação que não lhe reconheceu o direito de isenção da COFINS, com base na Lei Complementar n. 70/91. A partir da ciência de tal decisão, conforme acórdão prolatado pelo TRF da 1ª Região, o contribuinte passou a apresentar as DIPJ e DCTF retificadoras já analisadas, bem como as declarações de compensação com os créditos a que entendia fazer jus. A base legal da tributação encontrase nos artigos 15 e 20 da Lei n. 9.249/95, com a redação vigente à época dos fatos: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...) Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro liquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do §1º do art 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento, (grifamos) De se notar que a legislação, para os anoscalendário sob análise, fazia clara distinção entre os serviços em geral e a prestação de serviços hospitalares. Não há dúvida, em razão da dicção normativa, que o legislador considerava que os serviços prestados pelos laboratórios eram diferentes daqueles compreendidos na expressão "serviços hospitalares", até porque em 2008 o próprio texto foi alterado para incluir, a partir do anocalendário de 2009, os serviços de laboratório na faixa de tributação de 8% do lucro presumido, conforme observamos a seguir: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 10 9 § 1° Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...) III trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clinica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clinicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Sacional de Vigilância Sanitária Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11. 727, de 2008) (grifamos) Portanto, atualmente é possível que um laboratório de análises clínicas seja tributado pela alíquota de 8%, observados os critérios legais, mas isso só se concretizou a partir do advento da Lei n. 11.727/2008, com para o anocalendário de 2009. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, de que mesmo antes das alterações promovidas pela Lei n° 11.727/2008, deve ser aplicada a alíquota de 8% para fins de presunção do lucro de laboratórios de análises clínicas que se enquadram em determinados requisitos. Reproduzimos, a seguir, o paradigmático acórdão: RECURSO ESPECLAL Nº 837.913 SC (200600756635) Relator: Ministro Hamilton Carvalhido Recorrente: Centro Médico São José Ltda Recorrido: Fazenda Nacional RECLUSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. ALÍQUOTA REDUZIDA ARTIGO 15, PARAGRAFO 1O, INCISO III, ALÍNEA A, DA LEI Nº 9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES. APOIO DIAGNÓSTICO POR LABORATÓRIO DE ANÀLISES CLÍNICAS. 1. Restam compreendidas no conceito de "serviços hospitalares" (artigo 15, parágrafo 1o, inciso III, alínea a, da Lei n° 9.249/95, antes das alterações da Lei n° 11.727/2008) as atividades típicas de prestação de serviços de apoio diagnóstico por imagem e laboratório de análises clinicas, permitindose quanto a estas a incidência do percentual reduzido de 8% relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, excluídas as simples consultas médicas ou atividades de cunho administrativo (cf. REsp. n° 1.116.399/BA, julgado sob o regime do artigo 543C do Código de Processo Civil). 2. Recurso especial provido Por força de tal decisão, e ante as características da prestação de serviços laboratoriais demonstradas pela Recorrente nos autos, em razão dos diversos contratos firmados, inclusive com entidades de natureza pública, entendo forçoso reconhecer, na esteira do que decidiu o STJ, que deve ser conferido à interessada o direito ao crédito referente ao reenquadramento do coeficiente de presunção do lucro, de 32° o para 8%. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10530.904350/200959 Acórdão n.º 1201002.050 S1C2T1 Fl. 11 10 Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso e, no mérito, DOULHE parcial provimento, para reconhecer o direito de reenquadramento da Recorrente no coeficiente de presunção do lucro de 8%." Conclusão Voto por DAR provimento ao recurso voluntário reconhecendo o direito creditório de 2089 – IRPJ Lucro Presumido recolhido a maior, até o limite da diferença entre os valores apurados com o percentual de 32% e o de 8% sobre a receita bruta da atividade de serviços de laboratório de análises clínicas." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 153DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000673/2010-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2006 a 31/12/2009
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL. ART. 66 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão.
Numero da decisão: 2401-005.445
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para, sanando a contradição e obscuridade apontadas, alterar trechos do voto do acórdão embargado, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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INEXATIDÃO MATERIAL. ART. 66 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para, sanando a contradição e obscuridade apontadas, alterar trechos do voto do acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 06 73 /2 01 0- 28 Fl. 193DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 202 2 Relatório Cuidase de embargos inominados da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil encarregada da liquidação e execução do Acórdão nº 2403001.343 da 3ª TO da 4ª Câmara (fls. 176 e segs). Às fls. 187/192, consta o despacho de admissibilidade. Salientase que referido despacho abrangeu a análise do Processo n º 15956.000670/20109 e os demais apensados a este. (Processos nºs 15956.000672/201083, 15956.000673/201028, 15956.000674/201072. Em relação ao presente processo, transcrevese do despacho de admissibilidade a análise da matéria objeto dos embargos: Processos 15956.000670/201094 e 15956.000673/201028: A embargante ressalta a decisão tomada no processo principal, 15956.000670/201094, que contém o lançamento de obrigação principal, no qual no acórdão 2403001.341, constou que: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando a exclusão dos levantamentos PC, PC1, PF, PF1, bem como determinar o recálculo da multa de mora conforme o artigo 35 da Lei 8.212/91 nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 de acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009. Vencido o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari na questão dos levantamentos PF e PF1. Vencido o conselheiro Jhonatas Ribeiro da Silva na questão do levantamento PR quanto aos docentes submetidos a regime próprio. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Já o processo 15956.000673/201028, contém o lançamento de obrigação acessória por não ter o sujeito passivo declarado todos os fatos geradores em GFIP (auto de infração código de fundamentação legal CFL 68). Consta do dispositivo do acórdão 2403 001.343 que: Em razão de tudo que foi exposto, conheço do recurso para, à exceção dos levantamentos RA, RA1, RB ,AT, AT1, PR, RT, RT1 e RU que registram a constituição de créditos lançados na lavratura do auto em comento, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, determinando a exclusão dos demais levantamentos PC, PC1, PF, PF1 bem como consoante p princípio da retroatividade benigna determinar o recálculo da multa conforme o artigo 35 da Lei 8.212/91 nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 de acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 203 3 A embargante afirma ainda que no terceiro parágrafo do subitem intitulado “DO MÉRITO” correspondente ao voto do acórdão, onde se faz referência à decisão do processo principal, consta o seguinte: A decisão supra ficou assentada conforme abaixo: Em razão de tudo que foi exposto, conheço do recurso para, à exceção dos levantamentos AT, AT1, PR, RT, RT1 e RU que registram a constituição de créditos lançados na lavratura do auto em comento, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, determinando a exclusão dos demais levantamentos PC, PC1, PF, PF1, RA, RA1 e RB bem como consoante princípio da retroatividade benigna determinar o recálculo da multa conforme o artigo 35 da Lei 8.212/91 nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 de acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009. (grifo nosso) Transcreve também o conteúdo do quinto e sexto parágrafos do mesmo subitem: Conforme se extrai do sobredito “ decisium” , os levantamentos PC, PC1, PF, PF1, RA, RA1 e RB foram motivos de expurgo.” (grifo nosso) “Aduz que as planilhas colacionadas no processo em comento referemse àqueles mesmos elementos. Desse modo, analisandoas distintamente assim se observa: Planilha I às fls. 09 é a mesma do processo principal e referese à CARGA SUPLEMENTAR PROFESSORES cujos argumentos do autuante não prosperaram. Logo aqui também deve ser excluída; Planilha II DECLARADO GFIP COMO CONTR. INDIVIDUAL MAS É EMPREGADO, à exemplo do decidido no processo principal , mantenhase o lançamento; Planilha III DECLARADO GFIP COMO CONTR. INDIVIDUAL MAS É EMPREGADO, à exemplo do decidido no processo principal, pelos mesmos motivos supra, mantenhase o lançamento; Planilha IV REMUNERAÇÕES DECLARADAS EM GFIP (VERIFICAR NO PRINCIPAL , mantenhase o lançamento. Planilha V REMUNERAÇÕES DOS PRESTADORES DE SERVIÇO PF, sofreu expurgo no processo principal , assim , deve ser excluída. A embargante destaca a divergência entre as decisões dos processos com lançamento de obrigação principal e o contendo a obrigação acessória correlata, quanto aos levantamentos RA, RA1, RB que constam como mantidos no acórdão do processo principal e excluídos nos termos do acórdão do processo acessório. Caso sejam corretas as exclusões dos levantamentos RA, RA1 e RB, o acórdão do processo principal estaria incorreto, caso contrário, incorreto estaria o acórdão do processo contendo obrigações acessórias. Sendo assim, constatado lapso manifesto, por divergência de conclusão, entre os Acórdãos de recurso voluntário nº 2403001.341 e nº 2403 Fl. 195DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 204 4 001.343, recebo os embargos como embargos inominados, nos termos do RICARF, art. 66, e proponho que ambos processos sejam incluídos em pauta de julgamento para que seja sanado o vício apontado, devendose verificar qual dos acórdãos anteriormente proferidos estaria correto, retificandose o incorreto. É o relatório. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 205 5 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Os embargos atendem aos pressupostos de admissibilidade, portanto, devem ser conhecidos. Em resumo, temse como matéria dos presentes embargos a análise dos créditos tributários apurados a partir dos levantamentos PC, PC1, PF, PF1, RA, RA1 e RB. Neste sentido, necessário analisarmos, no tocante a cada um dos levantamentos, os fundamentos do voto condutor no Acórdão nº 2403001.341, assim disposto: LEVANTAMENTOS PC E PC1 Sobre os levantamentos PC e PC1 carga suplementar professores definidos às fls.32 a 48 o Auditor Fiscal assim relatou : “I Das contribuições decorrentes da atribuição de carga suplementar ou excedente, vinculada pela Auditoria Fiscal ao Regime Geral de Previdência Social RGPS (levantamentos PC e PCI) trata o tópico das contribuições constituídas sobre remuneração de professores titulares de cargo efetivo na Administração Municipal, no entanto, incidentes sobre horas de trabalho suplementares ou excedentes àquelas para as quais estão investidos através de concurso público.” Entendeu a fiscalização que tais horas vinculamse ao Regime Geral de Previdência Social, enquanto sustenta o contribuinte que são devidas (e vertidas) ao Regime Próprio de Previdência ao qual os servidores já se encontram vinculados. Para configurar a fundamentação de seu entendimento, no Relatório Fiscal de fls. 538, o Auditor referindose à Lei Municipal n° 3.236, de 05/01/2004 (Estatuto do Magistério Público Municipal) destaca entre outros artigos 63 e 64 : “ os art. 63, 64 (incluso parágrafo único) e 65 do capítulo XI, seção II (DA ACUMULAÇÃO) que, É vedada a acumulação de cargos públicos respectivamente: (i) "É vedada a acumulação de cargos públicos, exceto o de 2 (dois) cargos de professor; (ii) "A acumulação fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horário, cujo período para cada cargo será ofixado pela Administração., Parágrafo Único Para fins do disposto no "caput" deverá haver um intervalo mínimo de uma ora entre o período de horário dos cargos."; e (iii) "A acumulação depende sempre de aprovação prévia em concursopúblico de provas e títulos, específico para cada cargo,..." [...] Fl. 197DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 206 6 Concluo, pois, que a parcela remuneratória decorrente do exercício de carga suplementar integra a base previdenciária devida ao Regime Próprio de Previdência Social RPPS, nos termos da Lei Municipal n° 3.411/2005 descabendo o lançamento PC e PCI fls 32 a 48 que constituíram os créditos em razão de duplo vínculo. LEVANTAMENTO PF E PF1 No Relatório Fiscal ás fls. 542/543, consta o Levantamento PF e PF1 na forma do abaixo transcrito: L e v a n t a m e n t o PF e PF1 – Programa Emergencial de Auxílio Desemprego PEAD “ 3.8.1 O valor originário do débito apurado corresponde a este levantamento, referese ao montante das contribuições sociais devidas pela empresa, mediante a aplicação de alíquota sobre as remunerações dos segurados contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, nas competências 01 a 03 e 09 a 12/2007 (Levantamento PF1) e 04 a 08/2007 (Levantamento PF), conforme relatório Discriminativo Analítico de Débito DAD e cópias de notas de liquidação e pagamento (por amostragem), anexos a este Al, da qual fazem parte integrante. No campo observação do Relatório de Lançamentos RL consta os números da notas de liquidação e pagamento, nomes dos prestadores, e os tipos de serviços. Referidos serviços estão relacionados, dentre outros: a) Em frentes de trabalho, através do denominado Programa Emergencial de Auxílio Desemprego, com folhas de comparecimento e cumprimento de horário; b) Trabalho executado em horta administrada pelo município, conforme informações adquiridas com os funcionários do setor de contabilidade, com disponibilidade orçamentária do Programa Nacional de HIV/AIDS e DST; c) Integrantes de Junta de Recursos Fiscais e de Junta Administrativa de Recursos de Infrações, enquadrado no § 3° do art. 9° da Instrução Normativa/SRP n° 03, de 14.07.2005 DOU. 15/07/2005. [...] a) Sobre os lançamentos dos valores pagos para as pessoas participantes das frentes de trabalho o regulamento consta do Programa Emergencial de Auxílio Desemprego –PEAD conforme os termos da Lei Municipal n° 3.371/2005, colacionadas nos autos às fls 575 destacando o artigo 4° e o parágrafo único : [...] Desse modo, determino nulo os lançamentos PF e PF1 – Programa Emergencial de Auxílio Desemprego PEAD [...] b) Sobre os Trabalhos executados em horta administrada pelo município, referentes ao Programa Nacional de HIV/AIDS e DST, às fls. 587 registrase colacionado a Portaria n.° 2313/GM Em 19 de dezembro de 2002 que na forma do seu artigo 2 dispõe sobre “ Aprovar as normas relativas ao Fl. 198DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 207 7 Incentivo e aos recursos adicionais, constantes dos ANEXOS desta Portaria e que dela é parte Integrante” [...] Assim, ainda que de modo oblíquo se vislumbre hipótese de incidência previdenciária, em razão do nítido objeto assistencial do programa, determino nulo os lançamentos PF e PF1 Programa Nacional de HIV/AIDS e DST referentes aos créditos constituídos motivados pela concepção de que as bolsas pagas pelo trabalho executado pelos beneficiários nas hortas administradas pelo município seriam tributados como contribuintes individuais. [...] c) Sobre os membros do Conselho Tutelar declarados nas GFIPs como contribuintes individuais, descaracterizados e reclassificados como segurados empregados pelo Auditor Fiscal [...] Desse modo impõese anular o lançamento que descaracterizou os membros do Conselho Tutelar da classificação de contribuinte individual informado nas GFIPs. Nos fundamentos do voto condutor não há referências aos levantamentos RA, RA1 e RB, apenas na conclusão: CONCLUSÃO Em razão de tudo que foi exposto, conheço do recurso para , à exceção dos levantamentos RA, RA1, RB ,AT, AT1, PR, RT, RT1 e RU que registram a constituição de créditos lançados na lavratura do auto em comento, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, determinando a exclusão dos demais levantamentos PC, PC1, PF, PF1 bem como consoante princípio da retroatividade benigna determinar o recálculo da multa conforme o artigo 35 da Lei 8.212/91 nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 de acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009. Como especificado no relatório fiscal (545/546), referidos levantamentos referemse: 3.2 Levantamento RA e RA1 3.2.1 O valor originário do débito apurado corresponde a este levantamento, referese ao montante das contribuições sociais devidas pela empresa, mediante a aplicação da alíquota de 1 % relativo ao RAT sobre os totais das remunerações dos segurados empregados que lhe prestaram serviços constantes das folhas de pagamento e declarados em GFIP, referente às competências 06 a 08/2007 (Levantamento RA) e 09/2007 a 11/2008 (Levantamento RA1), conforme Planilha VI anexa a este Al da qual faz parte integrante. Referida planilha consta por competência a remuneração, 13° salário, total e o RAT (1%)..... 3.3 Levantamento RB Fl. 199DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 208 8 3.3.1 O valor originário do débito apurado corresponde a este levantamento, referese ao montante das contribuições sociais devidas pela empresa, mediante a aplicação da alíquota de 1% relativo ao RAT sobre os totais das remunerações dos segurados empregados que lhe prestaram serviços constantes das folhas de pagamento e declarados em GFIP, referente às competências 12/2008 a 12/2009, incluindo o 13° salário, conforme Planilha VII anexa a este Al da qual faz parte integrante. Os valores dos levantamentos RA (06 a 08/2007), RA1 (09/2007 a 11/2008) e RB (12/2008 e 12/20029), constates do Discriminativo do Débito (fls. 11/21), estão detalhados nas Planilhas VI e VII Totais das remunerações dos segurados empregados constantes das folhas de pagamentos e declaradas em GFIP (fls. 539/540). Conclusão Pelo exposto acima, voto no sentido de conhecer dos embargos inominados, sem efeitos infringentes, para alterar no voto nos seguintes parágrafos: onde se lê: Fl. 200DF CARF MF Processo nº 15956.000673/201028 Acórdão n.º 2401005.445 S2C4T1 Fl. 209 9 Em razão de tudo que foi exposto, conheço do recurso para , à exceção dos levantamentos AT, AT1, PR, RT, RT1 e RU que registram a constituição de créditos lançados na lavratura do auto em comento, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, determinando a exclusão dos demais levantamentos PC, PC1, PF, PF1, RA, RA1 e RB bem como consoante p princípio da retroatividade benigna determinar o recálculo da multa conforme o artigo 35 da Lei 8.212/91 nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 de acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009. leiase: Em razão de tudo que foi exposto, conheço do recurso para , à exceção dos levantamentos RA, RA1, RB AT, AT1, PR, RT, RT1 e RU que registram a constituição de créditos lançados na lavratura do auto em comento, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, determinando a exclusão dos demais levantamentos PC, PC1, PF, e PF1 bem como consoante p princípio da retroatividade benigna determinar o recálculo da multa conforme o artigo 35 da Lei 8.212/91 nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996 de acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009. onde se lê: Conforme se extrai do sobredito “ decisium” , os levantamentos PC, PC1, PF, PF1, RA, RA1 e RB foram motivos de expurgo. leiase: Conforme se extrai do sobredito “ decisium” , os levantamentos PC, PC1, PF e PF1 foram motivos de expurgo. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 201DF CARF MF
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Numero do processo: 10746.900587/2011-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1302-000.588
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Tratase de Recurso interposto em relação ao Acórdão nº 0350.431, de 31 de janeiro de 2013, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF (fls. 93 a 100), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo. O presente processo cuida da Declaração de Compensação (DCOMP) nº 30120.01577.200807.1.3.049068 (fls. 24 a 29), por meio da qual a contribuinte compensou débito de sua responsabilidade referente à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), período de apuração de julho de 2007, no valor de R$ 244,02, com crédito RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 46 .9 00 58 7/ 20 11 -5 0 Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10746.900587/201150 Resolução nº 1302000.588 S1C3T2 Fl. 213 2 decorrente de suposto pagamento indevido ou a maior a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O crédito em questão, no valor de R$ 188,58, originarseia de pagamento efetuado em 28/07/2005, no montante de R$ 1.782,28; e não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 16, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Cientificado, o sujeito passivo apresentou a Manifestação de Inconformidade de fls. 2 a 15, na qual sustentou que, por equívoco, na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), relativa ao anocalendário de 2005, e na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), referente ao segundo trimestre do citado ano calendário, informou débito a título de CSLL, regime de apuração baseado no Lucro Presumido, calculado a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta. Contudo, em decorrência da sua atividade, estaria sujeito à CSLL, sobre o Lucro Presumido, calculada com base na aplicação da alíquota de 12% sobre a sua receita bruta. Invocou o princípio da verdade material e apresentou elementos que, no seu entender, comprovariam o erro de fato e o indébito em questão (DIPJ retificadora, cópias parciais dos livros Diário, Razão e Registro de notas fiscais de serviços prestados, bem como cópias das notas fiscais do período). Relatou, ainda, haver procedido à retificação da DIPJ referente ao ano calendário de 2005, e apresentou diversas decisões de Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento que respaldariam o crédito pleiteado. Em dezembro de 2012, o sujeito passivo apresentou o documento de fls. 91 e 92, intitulado "Resumo do Manifesto de Inconformidade P.J.", no qual, além de reiterar os termos da sua Manifestação Inconformidade, esclarece que deixou de retificar a DCTF do 2º trimestre de 2005, uma vez que, no momento em que constatou a necessidade de tal retificação, já se teria operado a decadência do seu direito de alterar o referido documento. A decisão de primeira instância (fls. 93 a 100) considerou que a Recorrente não havia apresentado documentação suficiente capaz de "demonstrar a natureza das atividades a que se referiram os rendimentos declarados e que poderia esclarecer qual(is) o(s) correto(s) percentual(is) aplicável(is), se de 12%, tal como pretendido, se de 32%, ou mesmo de percentuais diversificados, conforme § 2º do artigo 15 da Lei nº 9.249/95", de modo que o alegado indébito não se revestiria da liquidez e certeza necessárias ao reconhecimento do direito creditório, nos termos do art. 170 do CTN. Registrou, ainda, que as decisões administrativas colecionadas pela pessoa jurídica não possuíam caráter de normas complementares, nem efeitos vinculantes. Deste modo, não reconheceu o direito creditório do sujeito passivo. Após a ciência, comprovada às fls. 101/102, foi interposto o Recurso de fls. 104 a 114, por meio do qual a Recorrente, após reiterar as razões contidas na Manifestação de Inconformidade, sustenta que tem como cliente contratante, na maioria dos serviços prestados, o Poder Público, sendo a prática e costume os contratos de obras públicas serem formalizados sob a sistemática da empreitada global. Fl. 213DF CARF MF Processo nº 10746.900587/201150 Resolução nº 1302000.588 S1C3T2 Fl. 214 3 Aduz que os documentos já apresentados, em especial as notas fiscais de serviço, são elementos hábeis a demonstrar se tratar de serviços prestados com fornecimento de material. Invoca a aplicação do princípio in dúbio pro contribuinte (calcado no art. 112, inciso II, do CTN) ou, ainda, a realização de diligência para juntada aos autos dos contratos de prestação de serviço. Contudo, com base no art. 16, §4º, alínea c, do Decreto nº 70.235, de 1972, combinado com o §5º do referido dispositivo, já traz aos autos os mencionados contratos de prestação de serviço, que comprovariam o direito pleiteado. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator Como já relatado, tratase de Declaração de Compensação (DComp) referente a pagamento efetuado, em 28/07/2005, a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 2ª trimestre do anocalendário de 2005. O crédito compensado decorreria do fato de a Recorrente haver confessado na DCTF e recolhido a CSLL, apurada sob o regime de apuração baseado no Lucro Presumido, a partir da aplicação do percentual de 32% sobre a sua receita bruta, quando, em decorrência da receita se referir à atividade de construção civil com fornecimento de material, o percentual aplicável para a determinação do Lucro Presumido ser o de 12%, conforme art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995. O direito creditório invocado não foi reconhecido pelo Despacho Decisório de fl. 16, por se encontrar inteiramente utilizado para quitação de débito da contribuinte, de modo que a compensação declarada não foi homologada. Por outro lado, a Manifestação de Inconformidade do sujeito passivo foi julgada improcedente por se considerar que os elementos juntados aos autos não são suficientes para comprovar que os serviços prestados pela Recorrente incluem o fornecimento de todo o material necessário à sua realização. Nos termos do art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, a base de cálculo da CSLL devida pelas pessoas jurídicas que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido, corresponderá a doze por cento da receita bruta, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15 daquele diploma legal, dentre as quais se inclui a prestação de serviços em geral, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. O citado art. 15 foi interpretado pelo Ato Declaratório Normativo Cosit nº 6, de 1997, que esclareceu que, para a determinação da base de cálculo do IRPJ mensal, a construção por empreitada com emprego de qualquer quantidade de materiais se sujeitaria ao percentual de 8% (oito por cento), enquanto incidiria o percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita das atividades de construção por empreitada unicamente de mãodeobra. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10746.900587/201150 Resolução nº 1302000.588 S1C3T2 Fl. 215 4 A Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997, tratava do assunto, nos mesmos moldes do ADN mencionado. Aquele entendimento vigorou até a edição da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004, que definiu como "construção por empreitada com emprego de materiais, a contratação por empreitada de construção civil, na modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra". (Destacouse) No caso sob exame, tratandose do anocalendário de 2005, aplicase, portanto, o entendimento que exige o fornecimento de todos os materiais, para a aplicação do percentual favorecido na determinação da base de cálculo da CSLL. A questão que se põe, portanto, é saber se as provas documentais apresentadas pelo sujeito passivo são (ou não) suficientes para comprovar que as receitas tributadas no trimestre em questão se referem a serviços de construção civil prestados com o fornecimento de material. Ocorre que, previamente à apreciação do Recurso, fazse necessário esclarecimento. É que, dentre os contratos apensados ao Recurso, constatase a existência de instrumentos firmados com a mesma Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178 (fls. 153/159, 163/168, 188/197 e 201/206). Por outro lado, os Aditivos de fls. 160/161, 198/199 e 207/208, aos contratos de fls. 153/159, 188/197 e 201/206, respectivamente, são firmados com a própria Recorrente. Do mesmo modo, vêse que notas fiscais são emitidas pela Recorrente, em relação aos contratos firmados com a Construtora Monte do Carmo Ltda, e que os valores das referidas receitas estão contabilizadas nos Livros contábeis e fiscais juntados pela Recorrente, e foram considerados na apuração da CSLL devida no período em questão. Isto posto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência, para que o processo retorne à Unidade de origem (DRF/PalmasTO), para que: a) intime o sujeito passivo a esclarecer a existência de notas fiscais e contratos referentes à Construtora Monte do Carmo Ltda, CNPJ nº 01.919.293/000178, na base de cálculo utilizada para a determinação da CSLL relativa ao 2º trimestre do anocalendário de 2005 e do indébito de que trata o presente processo; b) informe os valores efetivamente recolhidos pela Recorrente, a título de CSLL, em relação ao referido período de apuração, detalhando a eventual utilização/disponibilidade dos pagamentos efetuados; c) ao fim, elaborese relatório de diligência contendo as informações acima requeridas, bem como se manifestando em relação aos esclarecimentos prestados pelo sujeito passo, que deve ser cientificado do resultado, com a concessão de prazo para, querendo, manifestarse nos autos. Após, reencaminhese o processo a este Colegiado. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10746.900587/201150 Resolução nº 1302000.588 S1C3T2 Fl. 216 5 (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 216DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.002909/2008-64
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 08 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 9202-000.189
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Sesej, para providenciar a apensação do presente processo ao de nº 15504.007606/2008-38. Após o julgamento desse último, os processos devem ser devolvidos à relatora, para julgamento conjunto, se possível.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício)
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Sesej, para providenciar a apensação do presente processo ao de nº 15504.007606/2008-38. Após o julgamento desse último, os processos devem ser devolvidos à relatora, para julgamento conjunto, se possível. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício)
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Sesej, para providenciar a apensação do presente processo ao de nº 15504.007606/200838. Após o julgamento desse último, os processos devem ser devolvidos à relatora, para julgamento conjunto, se possível. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício) Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional e Recurso Especial interposto pela Contribuinte contra o Acórdão n.º 2803002.894 proferido pela 3ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 21 de novembro de 2013, no qual restou consignada a seguinte ementa, fls. 191: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 02 90 9/ 20 08 -6 4 Fl. 293DF CARF MF Processo nº 15504.002909/200864 Resolução nº 9202000.189 CSRFT2 Fl. 3 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Exercício: 2000, 2001, 2003, 2002, 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE EMENTA, FUNDAMENTAÇÃO E ACÓRDÃO POR ERRO DE DIGITAÇÃO. RETIFICAÇÃO. Apontado erro na locução da Ementa da decisão, comparandose com a fundamentação do voto e seu dispositivo. Necessidade de correção. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. Em face da inconstitucionalidade declarada do art. 45 da Lei n. 8.212/1991 pelo Supremo Tribunal Federal diversas vezes, inclusive na forma da Súmula Vinculante n. 08, o prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, ou do art. 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme o modalidade de lançamento. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NÃO APRECIADA PELO CARF, ART. 62, DO REGIMENTO INTERNO. O CARF não pode afastar a aplicação de decreto ou lei sob alegação de inconstitucionalidade, salvo nas estritas hipóteses do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. AUTO DE INFRAÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO COMPLETA DO FATO E SUAS FONTES. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. Fulcro nos artigos 33, da Lei n. 8.212/1991, qualquer lançamento de crédito tributário deve conter todos os motivos fáticos e legais, bem como descrição precisa dos fatos ocorridos e suas fontes para apuração do crédito tributário, sob pena de nulidade por vício material obedecendo ao art. 142 do CTN. PREVIDENCIÁRIO. ABONO DE FÉRIAS ESTABELECIDO EM CONVENÇÃO COLETIVA, E CONCEDIDO AOS FUNCIONÁRIOS COM FALTAS INJUSTICADAS. NÃO DESNATURA A NATUREZA DA VERBA. VERBA NÃO TRIBUTÁVEL. O não pagamento de abono de férias previstas em convensão coletiva nos casos de faltas injustificadas, não desnatura da natureza não retributiva, logo sofre incidência de contribuição previdenciária. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. VERBA NÃO TRIBUTÁVEL. O auxílioalimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 15504.002909/200864 Resolução nº 9202000.189 CSRFT2 Fl. 4 3 DEIXAR DE APRESENTAR GFIP OU COM INFORMAÇÕES INCORRETAS OU OMISSAS. OBRIGAÇÃO INSTRUMENTAL. MEDIDA PROVISÓRIA 449/2008. RETROATIVIDADE BENIGNA. A sanção por deixar de apresentar GFIP ou apresentar com informações incorretas ou omissas, com base em fatos geradores anteriores à MP n. 449/2008, em razão do princípio da retroatividade benigna (art. 106, do CTN), deve ser observada com o previsto no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde a multa aplicada no caso concreto seja mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §5º da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, sendo vedada a comparação conjunta com os artigos 35 e 35A, da mesma lei. Embargos Declaratórios Acolhidos. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Conforme consta do Relatório Fiscal, a autuação foi fundada nos fatos abaixo descritos, fls. 6: A empresa deixou de registrar no campo referente a " remuneração" da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social GFIP os valores pagos a titulo de ajuda de custo (04 e 05/20002) e abono de férias ( 06/2001 , 06/2002 , 07/2002 , 09/2002 , 10/2002 , 07/2003 a 10/2003, 05/2004 , 08/2004 a 12/2004 , 04/2005 , 06/2005 , 08/2005 , 10/2005 a 12/2005), os valores referentes a alimentação concedida pela empresa aos seus empregados (01/99 a 12/05). A empresa também deixou de registrar no campo referente a "valores pagos a Cooperativas de Trabalho " o valor bruto das notas fiscais emitidas pela UNIMED , relativamente aos serviços prestados por cooperados intermediados pela cooperativa de trabalho ( 09/2000 a 12/2005 ). Sendo assim, a empresa infringiu o disposto no artigo 32, IV parágrafo 5 da Lei 8.212/91 também acrescentado pela Lei 9.528/97 , combinado com o art. 225, IV e parágrafo 4, do Regulamento da Previdência Social RPS , aprovado pelo Decreto 3.048/99. Dentro do prazo regulamentar, a Contribuinte apresentou impugnação (fls. 61/69). Com a análise da impugnação apresentada, a Delegacia da Receita Previdenciária de Belo Horizonte julgou procedente o lançamento fiscal, fls. 92 a 97. Contudo, em decorrência da análise do Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, foi dado provimento parcial ao recurso, nos termos abaixo transcritos, fls. 170 a 183: Voto por conhecer o Recurso Voluntário e, no mérito, para DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, reformar a decisão a quo, no sentido de: a) declarar a extinção dos créditos lançados com base aos períodos anteriores a 11/2000, inclusive esta e a competência 13/2000, em razão da ocorrência do lapso decadencial; b) decretar o cancelamento do Fl. 295DF CARF MF Processo nº 15504.002909/200864 Resolução nº 9202000.189 CSRFT2 Fl. 5 4 lançamento e créditos, em razão de vício material e improcedência, no que tange os lançamentos com base nos levantamentos a título de ajuda de custo (levantamento AJ), auxílio alimentação (levantamento ALG) in natura (tiquete alimentação, fornecimento de alimentos e refeições) e abono de férias (levantamento ABF). c) que, para os créditos remanecentes (levantamento COP) não decadentes, a aplicação da sanção seja regida pela multa estabelecida no artigo 32A, I, da Lei n. 8.212/1991, com a redação da Lei n. 11.941/2009, desde que mais favorável ao contribuinte em relação à aplicação do art. 32, IV, §5º, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à Medida Provisória n. 449/2008, não devendo ser realizada comparação com o art.35A, da Lei n. 8212/1991, com a redação a partir da Medida Provisória n. 449/2008. Posteriormente, foram opostos embargos de declaração, que foram acolhidos para retificação da ementa, fls. 193 a 198. Inconformada com a decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, fls. 200 a 241, por entender a recorrente que o aresto merece reforma, visto que deve ser aplicada, na fase de execução, a retroatividade benigna com relação à multa aplicada (a soma das duas multas anteriores art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada ou aquela prevista no art. 35A da MP 449/2008 (Lei 11.941/2009). Além disso, sustenta a recorrente a necessidade de rediscussão acerca da natureza do vício que ensejou a nulidade do lançamento. Foi realizado exame de admissibilidade, fls. 217 a 225, sendo dado seguimento ao citado Recurso para a rediscussão das duas questões suscitadas. No que se refere ao mérito, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) o presente Auto de Infração e a NFLD correspondente devem ser mantidos, com a ressalva de que, no momento da execução do julgado, a autoridade fiscal deverá apreciar a norma mais benéfica: se as duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou o art. 35A da MP 449/08; b) tratase de suposto vício na motivação que, em nada interferiu na configuração do crédito tributário (em todos os seus elementos). Logo, se cogitar de vício no lançamento, devese ter como vício formal (na formalização do ato do lançamento), tendo em vista que a suposta falha ocorreu tãosomente na exteriorização do ato do lançamento. Por meio de contrarrazões, fls. 265 a 275, a Contribuinte se insurgiu relativamente ao conhecimento do recurso e quanto ao mérito, sustentando, em síntese, que: a) devese consignar, ainda, que o acórdão eleito como paradigma pela Recorrente cuida tão somente de definir se quando da existência de vício na motivação, estáse diante de vício de natureza formal ou material. Ocorre que, como demonstrado, o reconhecimento de nulidade do lançamento, apesar de o acórdão recorrido mencionar, em relação a algumas verbas, ter havido vício material, dáse em razão de análise de mérito propriamente dita; Fl. 296DF CARF MF Processo nº 15504.002909/200864 Resolução nº 9202000.189 CSRFT2 Fl. 6 5 b) verificase, assim, a despeito da admissão do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, que não há divergência entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma apontado; c)importante destacar que os únicos lançamentos remanescentes são relativos à contribuição previdenciária incidente sobre os pagamentos feitos às cooperativas de trabalho em razão dos serviços prestados pelos cooperados, como previsto no art. 22, IV, da Lei nº 8.212/91; d) temse que o Supremo Tribunal Federal, acertadamente, declarou a inconstitucionalidade do aludido dispositivo legal por extrapolar a norma contida no art. 195, I, da Constituição Federal. A decisão foi proferida no bojo do RE 595838/SP, com repercussão geral reconhecida; e) nesse contexto, ficará prejudicada a discussão envolta ao procedimento a ser adotado para o cálculo da multa; f) pela eventualidade, cabe destacar que é descabida a pretensão fazendária, amparada nas razões do acórdão paradigma, de cumular a multa de mora com a multa isolada, devendo a comparação ser feita tão somente em relação à multa por descumprimento de obrigação acessória calculada segundo a lei vigente à data da ocorrência dos fatos geradores e a prevista na novel legislação; g) sobre o vício, em relação ao lançamento relativo ao valor pago a título de ajuda de custo, a nulidade foi reconhecida em razão da falta de motivo e não de motivação. De fato, a fiscalização desconsiderou a contabilidade sem apresentar qualquer fundamento para o lançamento, eivandoo, assim, de nulidade material e não meramente formal, por óbvio; h) no tocante aos valores pagos a título de abono de férias, previstos em convenção coletiva, temse que essa verba está elencada dentre as hipóteses de não incidência, prevista no art. 28, par. 9o, da Lei n. 8.212/91, fato esse devidamente reconhecido pelo acórdão; i) não obstante a alegação de vício formal pela Recorrente, o que se tem, em verdade, é análise de mérito, acerca da incidência ou não da contribuição previdenciária, sendo que, como já dito, valores pagos a título de abono de férias não são tidos por remuneração, afastandose, assim, possibilidade de tributação dessa verba; j) em relação ao fornecimento de alimentação in natura, o lançamento é afastado também em razão da não incidência legalmente prevista no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91; k) falta, dessa forma, pressuposto de direito, ou seja, de motivo para realização do lançamento, sendo de afastar, no próprio mérito, a incidência da contribuição previdenciária; l) assim, como demonstrado, não há que se falar em existência de vício formal sanável em qualquer dos lançamentos objeto do presente processo, eis que a nulidade do lançamento foi reconhecida em virtude da ausência de motivo para sua ocorrência, faltando sustentáculo jurídico para o ato da administração. Fl. 297DF CARF MF Processo nº 15504.002909/200864 Resolução nº 9202000.189 CSRFT2 Fl. 7 6 No que se refere ao Recurso Especial interposto pela Contribuinte, pugna a recorrente pela rediscussão da questão atinente à incidência de contribuição previdenciária nos serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, matéria objeto de julgamento pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, através do RE 595.838/SP, com repercussão geral reconhecida. Foi realizado exame de admissibilidade, fls. 279 a 284, sendo dado seguimento ao citado Recurso para a reanálise da questão aduzida. No que se refere ao mérito, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) tratase de contribuição previdenciária a cargo da empresa exigida à alíquota de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por intermédio de cooperativas de trabalho (art. 22, IV, da Lei nº 8.212/91); b) instado a se manifestar sobre a matéria, o STF, acertadamente, declarou a inconstitucionalidade do aludido dispositivo legal por extrapolar a norma contida no art. 195, I, da Constituição Federal. A decisão foi proferida no bojo do RE 595838/SP, com repercussão geral reconhecida; c) em vista da existência de decisão do STF com repercussão geral reconhecida, não mais se vislumbra o óbice ao reconhecimento da inconstitucionalidade e conseqüente afastamento da aplicação do art. 22, IV, da Lei nº 8.212/91, pelo contrário, as Turmas do CARF devem reproduzir o mesmo entendimento; d) cancelamento do lançamento relativo às contribuições previdenciárias incidentes sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços por intermédio de cooperativas de trabalho é medida que se impõe. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, com os seguintes argumentos: a) não merece ser conhecido o Recurso Especial, pois de uma leitura atenta do v. acórdão ora recorrido não houve qualquer debate acerca da decisão do STF; b) falta o chamado prequestionamento da matéria, que é requisito indispensável para o conhecimento do Recurso Especial, conforme fixa o artigo 67, par. 5O, do Regimento Interno do CARF; c) a União (Fazenda Nacional) requer não seja conhecido o recurso especial de divergência interposto pelo contribuinte. É o relatório Voto 1. Da necessidade de conversão do julgamento em diligência. Fl. 298DF CARF MF Processo nº 15504.002909/200864 Resolução nº 9202000.189 CSRFT2 Fl. 8 7 Conforme narrado, o presente lançamento decorre da apresentação das guias de recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), com informações incorretas ou omissas. De acordo com o relato fiscal, na mesma ação fiscal, foi lavrado outro auto de infração sob o número de processo 15504.007606/200838. Contudo, não contam dos presentes autos informações a respeito do referido processo. Mostrase relevante saber o resultado da referida autuação/notificação, para o prosseguimento no presente julgamento, já que a decisão do outro processo repercute na apreciação do Recurso Especial sob análise. Dessa forma, deve a DRF prestar informações quanto ao andamento do referido lançamento, identificando os fatos geradores lançados e a existência de julgamentos, pedidos de parcelamento, ou qualquer outra informação que possibilite identificar a procedência dos lançamentos. Solicitase, caso exista outro lançamento, além do aqui identificado, a realização de planilha com as informações solicitadas, para que se possa decidir com clareza o resultado da multa aplicada em relação aos fatos geradores omissos. Após o cumprimento da diligência, retorne a esta relatora para prosseguimento do julgamento. Face o exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a DRF preste informações acerca do andamento da obrigação principal que embasou a presente autuação, mais especificamente do processo n.º .15504.007606/200838. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Fl. 299DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.720005/2006-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
REVISÃO INTERNA DE DECLARAÇÃO. PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO.
A revisão interna da declaração configura uma hipótese de procedimento de fiscalização, não havendo óbice que a formalização da exigência de crédito tributário decorrente de infração à legislação tributária ocorra mediante notificação de lançamento. Na época dos fatos, a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico prescindia da assinatura do chefe do órgão expedidor.
DILIGÊNCIA FISCAL. PRESCINDIBILIDADE.
É prescindível para o deslinde do julgamento a realização de diligência fiscal quando os fatos a serem verificados não são controvertidos sob a ótica do julgador administrativo. Por sua vez, a diligência fiscal não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA (RESERVA LEGAL). ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NÃO EXIGÊNCIA. ORIENTAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL. PARECER PGFN/CRJ Nº 1.329/2016.
Para fins de exclusão da tributação relativamente às áreas de preservação permanente e de reserva legal, é dispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ou órgão estadual conveniado. Tal entendimento alinha-se com a orientação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para atuação dos seus membros em Juízo, conforme Parecer PGFN/CRJ nº 1.329/2016, tendo em vista a jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça, desfavorável à Fazenda Nacional.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. FALTA DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL.
A averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel é requisito formal constitutivo da existência da área de reserva legal. Para fins de exclusão da base de cálculo, a área de reserva legal deverá estar averbada até a data de ocorrência do fato gerador do imposto.
ÁREA DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVA. REQUISITOS.
Para fins de aceitação da área de exploração extrativa declarada pelo contribuinte é necessária a existência do plano de manejo sustentado devidamente autorizado pelo órgão federal, acompanhado da prova do cumprimento do cronograma físico-financeiro das atividades desenvolvidas no imóvel rural.
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS.
Cabe manter o Valor da Terra Nua (VTN) médio atribuído pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), em detrimento do VTN declarado pelo contribuinte, quando aquele reflete melhor o preço de mercado de terras apurado em 1º de janeiro do ano a que se refere a declaração.
Numero da decisão: 2401-005.439
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar as preliminares. No mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial para restabelecer a área de preservação permanente de 750,0 ha e reconhecer uma área de utilização limitada (reserva legal) de 4.574,9 ha. Vencido o conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho que negava provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 REVISÃO INTERNA DE DECLARAÇÃO. PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. A revisão interna da declaração configura uma hipótese de procedimento de fiscalização, não havendo óbice que a formalização da exigência de crédito tributário decorrente de infração à legislação tributária ocorra mediante notificação de lançamento. Na época dos fatos, a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico prescindia da assinatura do chefe do órgão expedidor. DILIGÊNCIA FISCAL. PRESCINDIBILIDADE. É prescindível para o deslinde do julgamento a realização de diligência fiscal quando os fatos a serem verificados não são controvertidos sob a ótica do julgador administrativo. Por sua vez, a diligência fiscal não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA (RESERVA LEGAL). ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NÃO EXIGÊNCIA. ORIENTAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL. PARECER PGFN/CRJ Nº 1.329/2016. Para fins de exclusão da tributação relativamente às áreas de preservação permanente e de reserva legal, é dispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ou órgão estadual conveniado. Tal entendimento alinha-se com a orientação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para atuação dos seus membros em Juízo, conforme Parecer PGFN/CRJ nº 1.329/2016, tendo em vista a jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça, desfavorável à Fazenda Nacional. ÁREA DE RESERVA LEGAL. FALTA DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL. A averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel é requisito formal constitutivo da existência da área de reserva legal. Para fins de exclusão da base de cálculo, a área de reserva legal deverá estar averbada até a data de ocorrência do fato gerador do imposto. ÁREA DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVA. REQUISITOS. Para fins de aceitação da área de exploração extrativa declarada pelo contribuinte é necessária a existência do plano de manejo sustentado devidamente autorizado pelo órgão federal, acompanhado da prova do cumprimento do cronograma físico-financeiro das atividades desenvolvidas no imóvel rural. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS. Cabe manter o Valor da Terra Nua (VTN) médio atribuído pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), em detrimento do VTN declarado pelo contribuinte, quando aquele reflete melhor o preço de mercado de terras apurado em 1º de janeiro do ano a que se refere a declaração.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar as preliminares. No mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial para restabelecer a área de preservação permanente de 750,0 ha e reconhecer uma área de utilização limitada (reserva legal) de 4.574,9 ha. Vencido o conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho que negava provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Andréa Viana Arrais Egypto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2114; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 622 1 621 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10820.720005/200656 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.439 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 5 de abril de 2018 Matéria ITR GLOSA DE ÁREAS DECLARADAS. Recorrente ZUER SOARES LEMOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 REVISÃO INTERNA DE DECLARAÇÃO. PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO. A revisão interna da declaração configura uma hipótese de procedimento de fiscalização, não havendo óbice que a formalização da exigência de crédito tributário decorrente de infração à legislação tributária ocorra mediante notificação de lançamento. Na época dos fatos, a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico prescindia da assinatura do chefe do órgão expedidor. DILIGÊNCIA FISCAL. PRESCINDIBILIDADE. É prescindível para o deslinde do julgamento a realização de diligência fiscal quando os fatos a serem verificados não são controvertidos sob a ótica do julgador administrativo. Por sua vez, a diligência fiscal não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA (RESERVA LEGAL). ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. NÃO EXIGÊNCIA. ORIENTAÇÃO DA PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL. PARECER PGFN/CRJ Nº 1.329/2016. Para fins de exclusão da tributação relativamente às áreas de preservação permanente e de reserva legal, é dispensável a protocolização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ou órgão estadual conveniado. Tal entendimento alinhase com a orientação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional para atuação dos seus membros em Juízo, conforme Parecer PGFN/CRJ nº 1.329/2016, tendo em vista a jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça, desfavorável à Fazenda Nacional. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 72 00 05 /2 00 6- 56 Fl. 622DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 623 2 ÁREA DE RESERVA LEGAL. FALTA DE AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL. A averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel é requisito formal constitutivo da existência da área de reserva legal. Para fins de exclusão da base de cálculo, a área de reserva legal deverá estar averbada até a data de ocorrência do fato gerador do imposto. ÁREA DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVA. REQUISITOS. Para fins de aceitação da área de exploração extrativa declarada pelo contribuinte é necessária a existência do plano de manejo sustentado devidamente autorizado pelo órgão federal, acompanhado da prova do cumprimento do cronograma físicofinanceiro das atividades desenvolvidas no imóvel rural. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS. Cabe manter o Valor da Terra Nua (VTN) médio atribuído pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), em detrimento do VTN declarado pelo contribuinte, quando aquele reflete melhor o preço de mercado de terras apurado em 1º de janeiro do ano a que se refere a declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar as preliminares. No mérito, por maioria, darlhe provimento parcial para restabelecer a área de preservação permanente de 750,0 ha e reconhecer uma área de utilização limitada (reserva legal) de 4.574,9 ha. Vencido o conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho que negava provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 624 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), por meio do Acórdão nº 0416.201, de 05/12/2008, cujo dispositivo considerou procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário lançado (fls. 288/304): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ARGUIÇÃO DE NULIDADE PELA AUSÊNCIA DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF A ausência de Mandado de Procedimento Fiscal na revisão sistemática das declarações apresentadas pelos contribuintes, relativas a tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, não acarreta a nulidade do lançamento. Somente serão nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CERCEAMENTO DE DEFESA A alegação de cerceamento do direito de defesa na fase do lançamento do crédito tributário é incabível, pois, o direito do contraditório é exercido quando da impugnação da autuação, momento este em que, de fato, se instaura a fase litigiosa. PEDIDO DE PERÍCIA. Há de ser indeferido o pedido de perícia que visa unicamente, levantar provas a favor do contribuinte, as quais poderiam ser produzidas por ele, por outros meios. CONSTITUCIONALIDADE/LEGALIDADE. Durante todo o curso do processo fiscal, onde o lançamento está em discussão, os atos praticados pela administração obedecerão aos estritos ditames da lei, com o fito de assegurarlhe a adequada aplicação, sendolhe defeso apreciar argüições de aspectos da constitucionalidade da lei. PRESERVAÇÃO PERMANENTE/RESERVA LEGAL. ADA Não reconhecidas como de interesse ambiental nem comprovada a protocolização tempestiva do requerimento do Ato Declaratório junto ao IBAMA ou órgão conveniado, incide o imposto sobre as áreas declaradas a título de preservação permanente e reserva legal. Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 625 4 VALOR DA TERRA NUA VTN Deverá ser mantido o VTN arbitrado pela fiscalização, por falta de documentação hábil para comprovar o valor declarado do imóvel e suas características particulares desfavoráveis, que o justificassem. EXPLORAÇÃO EXTRATIVA. Para aceitação da área utilizada com exploração extrativa declarada na DITR é necessário que o contribuinte faça prova com o plano de manejo sustentado devidamente autorizado pelo órgão competente e que o cronograma físico financeiro esteja sendo cumprido no período a que se referir. Lançamento Procedente 2. Em face do contribuinte foi emitida a Notificação de Lançamento nº 01301/00460/2006, decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), relativa ao exercício de 2003, vinculada ao imóvel denominado de "Fazenda Nossa Senhora da Medalha Milagrosa", localizado no município de Aripuanã (MT), com área total de 27.464,5 ha (fls. 02/07). 2.1 A autoridade tributária considerou não comprovada a isenção das seguintes áreas declaradas pelo sujeito passivo: (i) Área de Preservação Permanente: 750,0 ha; (ii) Área de Utilização Limitada (Reserva Legal): 21.971,6 ha; e (iii) Área de Exploração Extrativa: 3.332,0 ha. 2.2 Ademais disso, o agente fazendário procedeu também ao arbitramento do Valor da Terra Nua (VTN), com base nas informações do Sistema de Preços de Terras (SIPT), desprezando o valor declarado. 2.3 A Notificação de Lançamento alterou o resultado de sua Declaração Anual, exigindo o Fisco imposto suplementar, acrescido de juros de mora e multa de ofício. 3. O contribuinte foi cientificado da autuação por via postal, em 23/10/2006, e impugnou a exigência fiscal no dia 22/11/2006 (fls. 03/04, 136/186 e 269/270). 4. Intimado em 13/01/2009, também por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 11/02/2009, em que faz considerações a respeito da validade do acordão recorrido e repisa os argumentos de impugnação, a seguir resumidos (fls. 307/309 e 312/383): (i) nulidade do lançamento, porque a Notificação foi expedida por agente público que não detinha a condição de chefe do órgão fazendário, além de não conter assinatura do responsável pela emissão; Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 626 5 (ii) há também vício de nulidade porque a constituição do crédito tributário deveria resultar de lavratura de auto de infração, instrumento destinado à apuração de infração, bem como imposição de penalidade; (iii) invalidade do lançamento devido à negativa de realização de diligência fiscal para averiguar a verdade material, em especial o fato de que o recorrente não tinha a posse nem o domínio útil do imóvel rural no exercício fiscal de 2003; (iv) o recorrente não poderia integrar o polo passivo da relação tributária pretendida pelo Fisco, dado que o imóvel rural foi invadido pelos integrantes do Movimento dos Sem Terra no dia 25/08/1998, configurando, desde então, uma propriedade meramente sob o aspecto formal, eis que ausente qualquer uma das faculdades asseguradas ao proprietário pelo direito civil; (v) é descabida a exigência do Ato Declaratório Ambiental (ADA) relativamente às áreas declaradas de preservação permanente e de reserva legal, as quais são existentes e estão comprovadas nos autos, cuja exclusão da base de cálculo tributável do imposto advém diretamente do texto de lei; (vi) o imóvel rural é formado por 11 (onze) glebas, com respectivas certidões de matrícula, sendo que 4 (quatro) delas com área de reserva legal regularmente averbada, enquanto as demais estavam com os procedimentos encerrados, prontas para averbação, quando deuse a ocupação da fazenda pelo Movimento dos Sem Terra; (vii) desde o ano de 1987, o recorrente possuía projeto de manejo florestado sustentado aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); (viii) o laudo de avaliação mostra, fundamentalmente, o baixo valor da terra nua do imóvel; e (ix) os diversos atos praticados pela Secretaria da Receita Federal (RFB) e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) trouxeram para o recorrente inúmeros prejuízos que se traduzem em verdadeiro confisco. Fl. 626DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 627 6 5. Algum tempo depois do protocolo do recurso voluntário, em 30/03/2011, o recorrente apresentou requerimento em que solicitou prioridade na tramitação do processo administrativo, assim como o julgamento em conjunto dos Processos nº 10183.003873/2006 21, 10820.720005/200656, 10820.720006/200609 e 10820.720007/200645, tendo em vista referiremse ao mesmo imóvel e matéria tributável, diferenciandose apenas quanto ao exercício fiscal (fls. 425/427). 6. Por meio do Acórdão nº 210201.635, de 26/11/2011, a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário para afastar a exigência fiscal, acolhendo a preliminar de ilegitimidade passiva (fls. 428/440). 7. A Fazenda Pública, por intermédio da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), interpôs recurso especial contra o Acórdão nº 210201.635, de 26/11/2011, o qual foi devidamente admitido, tendo o sujeito passivo apresentado contrarrazões (fls. 442/452, 465/466 e 474/479). 8. Através do Acórdão nº 9202004.585, de 24/11/2016, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pelo voto de qualidade, deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, afastando a ilegitimidade passiva e determinando o retorno dos autos ao colegiado "a quo" para análise das demais questões deduzidas pelo interessado no recurso voluntário (fls. 554/564). 9. O contribuinte foi cientificado do provimento do recurso especial da Fazenda Nacional e opôs, no prazo legal, embargos de declaração contra o acórdão, os quais não foram admitidos (fls. 568/569, 571/598 e 604/606). Ao receber a notícia do resultado, o sujeito passivo manifestouse pela necessidade de intimação do novo julgamento do recurso voluntário, oportunizando ao patrono a sustentação oral no dia da sessão designada (fls. 609/610 e 613/616). 10. Por fim, tendo em vista que Turma de origem foi extinta, foi realizado novo sorteio e distribuição deste processo administrativo para o julgamento do recurso voluntário (fls. 620/621). É o relatório. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 628 7 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 11. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Considerações Iniciais 12. Como visto, foi provido o recurso especial da Fazenda Nacional para manter a sujeição passiva do contribuinte, na condição de proprietário do imóvel, com determinação de retorno dos autos à instância anterior para julgamento das demais questões objeto do recurso voluntário. 13. Desse modo, superada a alegação da impossibilidade do lançamento do crédito tributário em nome do recorrente, um dos argumentos ventilados na peça recursal, passo ao exame das outras matérias de defesa. 14. Antes, porém, esclareço que os Processos nº 10820.720005/200656 e 10820.720007/200645, distribuídos para minha relatoria, estão sendo julgados nesta mesma sessão do colegiado, juntamente com o Processo nº 10183.003873/200621 sorteado para a relatoria do conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, o que possibilita, em tese, a prolatação de decisões uniformes. 14.1 Por fim, no tocante ao Processo nº 10820.720006/200609, foi negado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional e mantida, por consequência, a decisão que afastou a sujeição passiva do contribuinte em relação ao crédito tributário lançado. Preliminares 15. No que se refere à formalização do lançamento, reproduzo abaixo dispositivos do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com a redação vigente à época do procedimento fiscal: Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 629 8 demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (...) Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: (...) Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. (...) (GRIFEI) 16. Como se observa da leitura acima, o art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, estabelece que a exigência do crédito tributário poderá ser formalizada mediante auto de infração ou notificação de lançamento, não prevalecendo a alegação do recorrente que a exigência fiscal decorrente de infração à legislação tributária verificada em procedimento de fiscalização somente pode ser efetuada mediante a lavratura de auto de infração. 17. O lançamento de ofício tem origem em procedimento de revisão interna da DITR/2003, com formalização do crédito tributário por intermédio da emissão de Notificação de Lançamento (fls. 02/07). 17.1 A verificação do cumprimento das obrigatórias tributárias, por parte do sujeito passivo, poderá ocorrer em procedimento de fiscalização externo e/ou interno. A revisão interna da declaração configura uma hipótese de procedimento de fiscalização. 17.2 Com base na declaração entregue pelo sujeito passivo, não havia, a princípio, necessidade da coleta de elementos adicionais em procedimento de diligência externa para demonstração do ilícito tributário, muito embora foi oportunizado ao contribuinte, previamente ao lançamento de ofício, apresentar todos os elementos comprobatórios da verdade dos dados informados por ele na sua declaração anual. Ressalto, desde já, que a avaliação sobre a aceitação das explicações e/ou justificativas do fiscalizado é matéria reservada ao mérito da autuação fiscal. Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 630 9 17.3 Além do mais, prescindia de emissão de Mandado de Procedimento Fiscal o procedimento de fiscalização relativo à revisão interna de declarações, conforme se infere do inciso IV do art. 11 da Portaria SRF nº 6.087, de 21 de novembro de 2005, que dispunha sobre o planejamento das atividades fiscais e a execução de procedimentos fiscais pelas unidades fazendárias: Art. 11. O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização: (...) IV relativo à revisão interna das declarações, inclusive para aplicação de penalidade pela falta ou atraso na sua apresentação (malhas fiscais). (...) 18. A Notificação de Lançamento em destaque, às fls. 02/07, foi emitida por processo eletrônico, o que, segundo o parágrafo único do art. 11 do Decreto nº 70.235, de 1972, não exige a assinatura do emitente. 18.1 De qualquer modo, verifico que na Notificação de Lançamento estão perfeitamente identificados o órgão expedidor, no caso a Delegacia da Receita Federal de Cuiabá (DRF/CUIABA), que administra e fiscaliza o tributo, além do nome do chefe local, o Delegado da Receita Federal, AuditorFiscal da Receita Federal João Rosa de Caravellas Neto, matrícula 76211 (fls. 02). 19. Não há que se falar até aqui, portanto, em vícios no ato de constituição do crédito tributário. 20. O recorrente pondera, entretanto, que a nulidade da notificação justificase também pela ocorrência de cerceamento ao seu direito de defesa, tanto no curso do procedimento de investigação dos fatos pela fiscalização, quanto no exame das questões litigiosas pela decisão de primeira instância, porquanto foilhe negado de forma indevida a realização de diligência fiscal com a finalidade de comprovar que o proprietário não mantinha, desde 25/08/1998, ocasião em que a fazenda foi ocupada por pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a posse do imóvel rural nem o domínio útil da propriedade. 21. Pois bem. No atual estágio processual, a diligência pretendida pelo recorrente é claramente prescindível para o deslinde dos pontos em litígio, visto que, no âmbito administrativo, a instância especial julgadora entendeu que o interessado detém a condição de proprietário do imóvel rural e, portanto, é parte legítima para figurar no polo passivo da relação tributária. 22. A bem da verdade, seja no lançamento fiscal, seja nas decisões proferidas pelas instâncias julgadoras, favoráveis ou não ao pleito do recorrente, a situação relativa à posse e à ocupação da Fazenda "Nossa Senhora da Medalha Milagrosa", por integrantes do Movimento dos Sem Terra, nunca foi uma questão desconhecida dos julgadores, muito menos controvertida. Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 631 10 22.1 Em nenhum instante, pelo que observei dos atos administrativos, transpareceu dúvidas reclamando a determinação de diligência para a averiguação "in loco" dos fatos narrados pelo recorrente ou pedindo a obtenção de informações adicionais a respeito do andamento do processo administrativo relacionado à desapropriação do imóvel, instaurado pelo Incra. 22.2 Ao fim e ao cabo prevaleceu a interpretação, mesmo a par da realidade dos fatos, que enquanto não transferida a propriedade, verificada a imissão prévia na posse ou a desapropriação do imóvel, o proprietário legal do imóvel rural, ora recorrente, mantinha as obrigações tributárias de apresentar a respectiva declaração, apurar o imposto devido e efetuar o pagamento do tributo no prazo legal. 22.3 Em outras palavras, a condição de proprietário representava o suporte fático da tributação do imposto sobre o imóvel rural. 23. Por sua vez, após avaliação dos fatos, acrescento que o pedido do recorrente para empreender diligência ou oficiar o Ibama a fim de saber acerca do projeto de manejo sustentado aprovado antes da ocupação do imóvel rural não é providência que caiba o deferimento pelo órgão julgador, na medida em que a diligência fiscal não é via que se destine a produzir provas de responsabilidade das partes, suprindo o encargo que lhes compete. 23.1 Sobre tal pedido impende deixar registrado que o recorrente não apontou de maneira particularizada quais os documentos e/ou dados existentes no órgão de fiscalização ambiental, distintos, evidentemente, daqueles que já instruem os autos, que dariam respaldo à declaração de uma área de exploração extrativa no imóvel rural de 3.332,0 ha, considerando o exercício de 2003. 24. Logo, ratificando a desnecessidade da diligência fiscal, também afasto a alegação de cerceamento ao direito de defesa. Mérito a) Área de Preservação Permanente e Área de Reserva Legal 25. A autoridade fiscal efetivou a glosa das áreas declaradas pelo recorrente a título de preservação permanente e utilização limitada, equivalentes, respectivamente, a 750,0 ha e 21.971,6 ha (fls. 02/07). Quanto a essas áreas do imóvel rural, o recorrente assevera que a apresentação do ADA não é condição necessária e obrigatória para a fruição da redução do valor a pagar do imposto. 26. Pois bem. As áreas de preservação permanente e de reserva legal estão excluídas da tributação pelo ITR, segundo previsto na alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Reproduzo a redação do dispositivo de lei na redação vigente à época do fato gerador: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 632 11 § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; (...) 27. Nada obstante, para fins de afastar a tributação no tocante às áreas não tributáveis a que alude a lei, inclusive de preservação permanente e de reserva legal, é necessária, como regra geral, a informação tempestiva da respectiva área ao Ibama por intermédio do ADA, a cada exercício, nos prazos definidos na legislação infralegal. 27.1 Nesse escopo interpretativo, o texto expresso do inciso I do § 3º do art. 10 do Decreto nº 4.382, de 19 de setembro de 2002, que regulamenta o ITR: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas (Lei nº 9.393, de 1996, art. 10, § 1º, inciso II): I de preservação permanente (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Código Florestal, arts. 2º e 3º, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989, art. 1º); II de reserva legal (Lei nº 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 24 de agosto de 2001, art. 1º); (...) § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 5º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000); e II estar enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos I a VI em 1º de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador do ITR. (...) (GRIFEI) Fl. 632DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 633 12 28. Em nível de lei ordinária, a apresentação do ADA para efeito de redução da área tributável, antes opcional, passou a ser obrigatória com o advento da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que alterou a redação do § 1º do art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (...) (GRIFEI) 29. A exclusão da tributação de determinadas áreas de interesse de preservação e de caráter limitado quanto ao seu aproveitamento econômico ficou condicionada à informação tempestiva ao Ibama, permitindo o controle e a verificação delas pelo órgão nacional responsável pela proteção ambiental. 30. Segundo o ponto de vista pessoal, o § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, revogado pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que aprovou o novo Código Florestal, não quis tornar inexigível a apresentação do ADA para o reconhecimento das áreas não tributáveis, em detrimento ao conteúdo do § 1º do art. 17O da Lei nº 6.938, de 1981: Art. 10 (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis 30.1 A meu ver, o texto do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, cuidou de explicitar apenas que o ITR é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, ficando dispensado, no momento da entrega da declaração, a comprovação da informação da área em ADA. 31. Como argumento de reforço, sublinho que a interpretação da lei acima está alinhada com o entendimento dado pelo Poder Executivo quando da regulamentação da matéria, por meio do inciso I do § 3º do art. 10 do Decreto nº 4.382, de 2002, antes reproduzido. Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 634 13 32. Se o poder regulamentar da União acabou extrapolando o que lhe era permitido, impondo uma exigência não prevista na lei ordinária, tal como defende o recurso voluntário, tratase de discussão acerca da ilegalidade da norma emanada pelo chefe do Poder Executivo, o que exorbita, em minha ótica, o âmbito de atuação do contencioso administrativo federal. 32.1 O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é um órgão de natureza administrativa, ainda que dotado de função judicante. A vigilância que exerce sobre a legalidade dos atos encontra limite, via de regra, nas ações de controle que poderiam ser exercidas pelo Ministro da Fazenda. 32.2 Por isso, considerando o atual modelo do sistema brasileiro de controle administrativo de legalidade, penso que escapamlhe os atos emitidos pelo Presidente da República, os quais são chancelados também pelo Ministro de Estado, em que o Poder Executivo os baixa com o propósito de fiel execução das leis, com fundamento constitucional no inciso IV do art. 84 da Carta Política de 1988. 33. No entanto, a despeito da opinião acima, o Poder Judiciário tem inúmeros precedentes, aplicáveis a fatos geradores anteriores à Lei nº 12.651, de 2012, no sentido da dispensa da apresentação do ADA para reconhecimento da isenção das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas a afastálas da tributação do ITR, a partir de um determinado viés interpretativo para o § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996. 33.1 Com essa finalidade, inclusive, a PGFN, órgão responsável pela defesa em juízo do crédito tributário da União, elaborou o Parecer PGFN/CRJ nº 1.329/2016, em que dispensa o Procurador da Fazenda Nacional, relativamente a fatos geradores anteriores à Lei nº 12.651, de 2012, de contestar e recorrer nas demandas judiciais que versem sobre a necessidade de apresentação do ADA para fins do reconhecimento do direito à isenção do ITR em área de preservação permanente e de reserva legal. 33.2 Tal orientação foi incluída no item 1.25, "a", da Lista de dispensa de contestar e recorrer, tendo em vista a jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de Justiça, desfavorável à Fazenda Nacional (art. 2º, incisos V, VII e §§3º a 8º, da Portaria PGFN nº 502/2016). 34. À vista disso, embora o entendimento não tenha caráter vinculante no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a falta de ADA não deve ser considerada impeditiva à exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal, mantendo coerência, desse modo, com a conduta que seria adotada pela Procuradoria da Fazenda Nacional caso a questão controvertida fosse levada à apreciação do Poder Judiciário. 35. Assinalo também que, segundo o Laudo Agronômico de Fiscalização elaborado por técnicos do Incra, utilizando o período de set/2003 a ago/2004, para fins do processo de classificação fundiária e desapropriação do imóvel rural, atestouse uma área aproximada de 20.954 ha do imóvel rural com vegetação nativa, incluindo áreas sem uso, inaproveitáveis a atividade agropastoril, e as áreas de preservação permanente (fls. 248/253). Fl. 634DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 635 14 35.1 De modo mais específico, o documento faz referência a uma área de preservação permanente de 1.136,9 ha, o que sinaliza para a plausibilidade da existência, no início do ano de 2003, de uma área de preservação permanente de 750,0 ha, conforme declarado pelo contribuinte. 36. Desse modo, cabe restabelecer a Área de Preservação Permanente de 750,0 ha declarada pelo sujeito passivo. 37. Quanto à área de reserva legal, entretanto, a solução é distinta. É que a alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, alhures reproduzida, reportase expressamente às disposições da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, à época o Código Florestal brasileiro. Por sua vez, o art. 16 do Código Florestal disciplinava características da área de reserva legal. Transcrevo o § 8º desse artigo: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (...) (GRIFEI) 38. É de verse do texto em destaque que, diferentemente da área de preservação permanente, a legislação traz a obrigatoriedade da averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, a fim de comprovar formalmente a área preservada destinada à reserva legal. 38.1 O ato de averbação é dotado de eficácia constitutiva, condicionante do direito de usufruir a isenção fiscal. Para escapar à incidência tributária é indispensável a prévia averbação da área de reserva legal à margem da inscrição da matrícula do imóvel. 38.2 Em outros dizeres, a averbação deverá ocorrer até a data da ocorrência do fato gerador do imposto como prova da existência da área de reserva legal. Senão vejamos, o § 1º do art. 12 do Decreto nº 4.382, de 2002: Art. 12. São áreas de reserva legal aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, nas quais é vedada a supressão da cobertura vegetal, admitindose apenas sua utilização sob regime de manejo florestal sustentável (Lei nº 4.771, de 1965, art. 16, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001). Fl. 635DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 636 15 § 1º Para efeito da legislação do ITR, as áreas a que se refere o caput deste artigo devem estar averbadas na data de ocorrência do respectivo fato gerador. (...) 39. Os documentos que instruem os autos revelam que o imóvel rural é composto por 11 glebas contíguas com as seguintes matrículas constantes do 6º Serviço Notarial e Registro de Imóveis de Cuiabá (MT): nº 23.377, de 27/12/1985; nº 22.748, de 23/10/1985; nº 16.823, de 24/10/1983; nº 16.822, de 24/10/1983; nº 16.820, de 24/10/1983; nº 16.821, de 24/10/1983; nº 24.868, de 05/06/1986; nº 15.660, de 29/04/1983; nº 15.656, de 29/04/1983; nº 15.657, em 29/04/1983; e nº 21.867, de 15/08/1985 (fls. 189/216). 40. Contudo, referente à área de reserva legal, encontravase averbada tão somente em 4 matrículas, a saber: AV3/15.660 (1.242,9 ha), AV3/16.821 (1.250,0 ha), AV3/21.867 (832,0 ha) e AV3/24.868 (1.250/0 ha), totalizando uma área de 4.574,9 ha (fls. 204/205, 207/208, 210/211 e 216). 40.1 Em todos os casos, a área de reserva legal foi anotada à margem da inscrição da matrícula do imóvel rural antes da ocorrência do fato gerador do lançamento fiscal, ou seja, antes de 01/01/2003. 41. Logo, independentemente da apresentação do ADA, cabe reconhecer uma Área de Utilização Limitada (Reserva Legal) igual a 4.574,9 ha. 42. Por outro lado, é irrelevante para a redução da base de cálculo a argumentação de que o reclamante só não ultimou a averbação das demais áreas em razão do seu desapossamento, na medida em que já haviam sido objeto de levantamento topográfico, realizado por técnico habilitado, bem como providenciada a assinatura de Termos de Responsabilidade de Averbação Legal junto ao Ibama, expedidos em 26/10/1998 (fls. 217/222). 43. Como acima justificado, a averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário e/ou possuidor como reserva legal é ato constitutivo do direito à exclusão da tributação. Quero dizer que somente após a realização do ato de averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR. b) Área de Exploração Extrativa 44. Segundo a fiscalização, após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a implantação de plano de manejo sustentado para exploração extrativa ou o cumprimento do cronograma físicofinanceiro nele previsto com relação à area declarada de 3.332,0 ha, relativamente ao exercício de 2003. 45. Pois bem. A respeito da área objeto de exploração extrativa, prescreve a Lei nº 9.393, de 1996: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos Fl. 636DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 637 16 pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) IV área aproveitável, a que for passível de exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, excluídas as áreas: (...) V área efetivamente utilizada, a porção do imóvel que no ano anterior tenha: (...) c) sido objeto de exploração extrativa, observados os índices de rendimento por produto e a legislação ambiental; (...) § 5º Na hipótese de que trata a alínea "c" do inciso V do § 1º, será considerada a área total objeto de plano de manejo sustentado, desde que aprovado pelo órgão competente, e cujo cronograma esteja sendo cumprido pelo contribuinte. (...) 46. O recorrente alega que desde o ano de 1998 já existia para o imóvel rural um plano de manejo florestal devidamente autorizado pelo Ibama. Para fins de comprovação das suas alegações, juntou aos autos uma cópia de um plano de manejo sustentado com área de projeto de 3.332,0 ha, datado de 20/08/1987 (fls. 70/73). 47. Acontece que, para produção de efeitos tributário no exercício de 2003, nenhum documento foi efetivamente apresentado para comprovar a aprovação do plano de manejo sustentado junto ao Ibama, nem a regular execução do cronograma planejado, por meio do Relatório Técnico de Execução. 48. Como salientado pela decisão de piso, a declaração de área de exploração extrativa no exercício fiscal pressupõe o plano de manejo contemplado no período de validade da autorização dada pelo órgão federal e a comprovação do cumprimento do cronograma físicofinanceiro das atividades desenvolvidas no imóvel, cujo ônus o contribuinte não se desincumbiu. 49. Em verdade, com a ocupação da fazenda pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no ano de 1998, há igualmente dificuldade de identificação da área aproveitável verdadeiramente utilizada pelos posseiros para a atividade rural no imóvel, no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do imposto. Fl. 637DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 638 17 c) Valor da Terra Nua (VTN) 50. Por fim, no que pertine ao VTN declarado, foi alterado, com base nas informações do SIPT, por falta de comprovação por meio de Laudo de Avaliação com os requisitos estabelecidos na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 51. Pois bem. O VTN será declarado pelo contribuinte e deve corresponder ao valor de mercado das terras na data do fato gerador, conforme prescreve o § 2º do art. 8º da Lei nº 9.393, de 1996: Art. 8º O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT, correspondente a cada imóvel, observadas data e condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua VTN correspondente ao imóvel. § 2º O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado autoavaliação da terra nua a preço de mercado. (...) (GRIFEI) 52. Na hipótese de arbitramento do VTN, é obrigatório considerar o critério de aptidão agrícola do imóvel rural para avaliação do preço da terra, nos termos do § 1º do art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996: Lei nº 9.393, de 1996 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. (...) (GRIFEI) Fl. 638DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 639 18 Lei nº 8.629, de 1993, (com a redação da Medida Provisória nº 2.18356, de 24 de agosto de 2001) Art. 12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel; II aptidão agrícola; III dimensão do imóvel; IV área ocupada e ancianidade das posses; V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias. § 1º Verificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, procederseá à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendose o preço da terra a ser indenizado em TDA. § 2º Integram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel. § 3º O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. (GRIFEI) 53 O VTN utilizado pelo agente fazendário para o cálculo do imposto foi extraído do SIPT, todavia não levou em conta a aptidão agrícola, consistindo no valor médio apurado com base nas declarações fiscais processadas no exercício de 2003 para o município de localização do imóvel (fls. 287). 54. Em tais circunstâncias, em que o valor do VTN não considera a aptidão agrícola das terras que compõem o imóvel avaliado, isto é, sem plena observância aos requisitos legais, caberia, via de regra, acolher o valor da terra nua declarado ou, alternativamente, o valor apurado em Laudo de Avaliação apresentado pelo sujeito passivo, desde que revestido das formalidades indispensáveis a sua validade, e contemporâneo ao fato gerador. 55. Acontece que o Laudo Técnico de Avaliação colacionado aos autos pelo recorrente, o qual, ressaltase, não está acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), é datado de 21/09/1998, tendo sido elaborado por engenheiro agrônomo com a finalidade de determinar o valor de mercado da Fazenda "Nossa Senhora da Medalha Milagrosa" em 31/12/1994, chegando a um VTN de R$ 31,27/ha (fls. 109/129). Fl. 639DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 640 19 56. Além de tudo, o próprio recorrente trás a informação nos autos da existência de um Laudo de Avaliação, subscrito por peritos federais agrários designados pelo Incra para fins do processo de desapropriação do imóvel rural, no qual foi estimado um preço de mercado da fazenda, no ano de 2006, equivalente a R$ 15.003.965,28, que mesmo após aplicado o coeficiente de ancianidade de 40%, estabelecido na legislação, resultou na importância de R$ 6.133,844,85 (fls. 370/372). 57. É razoável, assim, admitir que houve subavaliação do VTN declarado, na medida em que o valor total do imóvel rural informado pelo sujeito passivo foi igual a R$ 2.882.390,00, com baixo valor de avaliação para benfeitorias e pastagens, representando um VTN igual a 100,0/ha (fls. 06). 58. Nesse cenário, cabe manter o VTN médio atribuído pela fiscalização, no valor exato de R$ 128,38/ha, equivalente a um valor total do imóvel de R$ 3.661.832,51, mais próximo de espelhar, ao que tudo indica, a avaliação do preço de mercado da terra nua em 01/01/2003. 59. Por outro lado, aduz o recorrente que, em contrariedade à legislação aplicável, ocorreu modificação de ofício no critério jurídico utilizado na realização do lançamento tributário referente aos exercícios de 2003 a 2005, quando comparado com o lançamento do imposto efetuado no mesmo dia, e para o mesmo imóvel, relativo ao exercício de 2002. 60. Não lhe assiste razão, porque a fiscalização não alterou o entendimento de forma retroativa para a revisão de lançamentos já efetuados. 60.1 O fato gerador do ITR é fixado no primeiro dia de cada ano, devendo o VTN refletir o preço de mercado das terras nesse momento. No exercício de 2002, o agente fiscal aceitou o valor declarado pelo contribuinte, segundo sua avaliação dos fatos. Todavia, nos exercícios seguintes, o agente lançador exigiu a comprovação de que o valor declarado não estava subavaliado, considerando, em relação a esses anos, as informações sobre preços de terras obtidas no SIPT. 61. A título de considerações finais, anoto que a ocupação do imóvel rural, ocorrida em agosto de 1998, e os percalços e dissabores dela resultantes no que diz respeito ao recebimento de indenização pela desapropriação da Fazenda "Nossa Senhora da Medalha Milagrosa" certamente acarretaram ao recorrente, como narra o recurso voluntário, prejuízos de ordem econômicofinanceiro. 62. Contudo, uma vez ultrapassada a questão da ilegitimidade passiva para responder pelo crédito tributário objeto do lançamento fiscal, segundo decidido em sede de recurso especial, a avaliação das demais matérias controvertidas põe em evidência a exigência de comprovação da regularidade dos dados informados pelo recorrente na DITR/2003, sendo que os impactos financeiros suportados pelo contribuinte não influenciam a valoração do conjunto probatório. Fl. 640DF CARF MF Processo nº 10820.720005/200656 Acórdão n.º 2401005.439 S2C4T1 Fl. 641 20 Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário, REJEITAR as preliminares e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para restabelecer a Área de Preservação Permanente de 750,0 ha e reconhecer uma Área de Utilização Limitada (Reserva Legal) de 4.574,9 ha. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 641DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.901142/2008-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2002
DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO
A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
Numero da decisão: 2201-004.427
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2002 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
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ERRO EM DCTF Recorrente BANCO BANERJ S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2002 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 11 42 /2 00 8- 81 Fl. 110DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 66/71, interposto contra decisão da DRJ em São Paulo/SP, de fls. 57/61, que não deu provimento à Manifestação de Inconformidade do contribuinte, não homologando a compensação pleiteada haja vista a ausência de comprovação da existência do crédito. Tratase do PER/DCOMP nº 11134.58945.120504.1.3.043047, fls. 02/06, no qual o contribuinte buscava compensar suposto crédito no valor original de R$ 7.024,87, oriundo do pagamento indevido ou a maior de IRRF, código 0561, com o débito de CPMF, da 1º semana de maio de 2004, no valor de R$ 9.369,77. Conforme Despacho Decisório de fl. 07, a compensação pleiteada não foi homologada pois "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados em PER/DCOMP". Da Manifestação de Inconformidade Em razão da clareza didática do resumo elaborado pela DRJ em São Paulo/SP das razões apresentadas em manifestação de inconformidade, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: " 4. Irresignado, o contribuinte apresentou em 30/05/2008 a Manifestação de Inconformidade de fls. 10 a 14, informando, em suma, o seguinte: • Que recebeu o despacho decisório consignando a não homologação da compensação. • Que a não homologação eletrônica impede o contribuinte de exercer o seu direito constitucional de ampla defesa, pois falta ao despacho decisório a demonstração das razões que levaram a não homologação da compensação. • Que no caso em tela o fisco não trouxe aos autos nenhum elemento que, por si, desse suporte ao que alegou como fato motivador da não homologação da declaração de compensação, exceto a descrição dos valores apurados. • Que o ato administrativo deve ser sempre motivado. • Que a falta de demonstração de que os valores foram utilizados em outros pagamentos, por exemplo, acarreta a total impossibilidade de o contribuinte exercer sua prerrogativa constitucional de ampla defesa, sendo o despacho decisório em tela nulo de pleno direito. Fl. 111DF CARF MF Processo nº 15374.901142/200881 Acórdão n.º 2201004.427 S2C2T1 Fl. 98 3 • Que o peticionante, por erro, declarou na DCTF do 3º trim/02 "4ª semana de agosto/02", o valor de R$ 7.024,87, como DARF vinculado ao débito do período, sendo que este valor corresponde a pagamento efetuado a maior. • Que no PER/DCOMP o valor do débito compensado corresponderia a este crédito devidamente atualizado. Podendo o alegado ser comprovado pelo PER/DCOMP e pelo DARF anexados ao processo. • Que o valor do débito da DCTF (fls. 32 a 42), contém um erro que deve ser observado, especificamente, o campo “pagamento com DARF”, pois o valor de R$ 7.024,87 (fls. 39) foi totalmente recolhido indevidamente. Anexa também a DCTF onde consta o débito declarado no PER/DCOMP corretamente vinculado à compensação. 4.1 Ao final o manifestante solicita que seja alterado de ofício as informações das DCTF, de acordo com os dados informados e ainda que seja acolhida a presente manifestação de inconformidade a fim de que seja julgado improcedente o despacho decisório, reconhecendose o direito de compensação.” Da Decisão da DRJ A DRJ em São Paulo/SP julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada, na decisão assim emendada (fls. 57/61): “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 27/08/2002 COMPENSAÇÃO. RETENÇÃO INDEVIDA OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Em suas razões, a autoridade julgadora afastou a preliminar de nulidade arguida pelo contribuinte, afirmando não haver violação ao princípio constitucional da ampla defesa, considerando que no Despacho Decisório de fl. 07 informa, com clareza, as razões pela qual não reconhece o direito creditório invocado. Também nas palavras da autoridade julgadora, o DARF foi vinculado ao débito nos termos da própria declaração apresentada pelo contribuinte (fl. 32/48). Fl. 112DF CARF MF 4 Quanto ao mérito, afirma que o contribuinte não provou as alegações de erro de preenchimento da DCTF, notadamente não apresentando prova documental capaz de provar, cabalmente, a existência do direito creditório. A DRJ entendeu que os documentos apresentados (PER/DCOMP, DARF e quadro demonstrativo) não servem para demonstrar erro o erro de fato que culminou no pagamento indevido ou a maior. Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, cientificado do Acórdão da DRJ em 10/06/2010, conforme faz prova o AR de fl. 64, apresentou o recurso voluntário de fls. 66/71 em 19/06/2012. Em suas razões, praticamente reiterou as alegações de mérito apresentadas em sede de manifestação de inconformidade, além de defender que o processo administrativo se rege pelo princípio da verdade material e que os documentos apresentados, quando interpretados sob a ótica de tal princípio, são suficientes para comprovar a existência do direito creditório. Ademais, juntou ao processo documentação que acredita ser relevante para comprovar a existência do pagamento indevido ou a maior de IRRF, qual seja, o depósito de valores realizado nos autos do processo judicial nº 2246/94, que tramitou na 1ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, bem como o DARF vinculado àquele processo (fls. 87/91). Sobre esse tema, alega que, em 27/08/2002, por equívoco, efetuou cálculo e recolhimento do IRRF, no valor de R$ 7.024,87 (fl. 91), enquanto tal levantamento só veio a ocorrer em 05/04/2004 (fl. 92), o que acarretou um novo recolhimento de IRRF no valor de R$ 2.844,18 em 14/04//2004 (fl. 93). Com isso, entende ter efetuado indevidamente o recolhimento do IRRF no montante de R$ 7.024,87 (fl. 91), já que, posteriormente, efetuou corretamente o recolhimento do IRRF, no valor de R$ 2.844,18 em 14/04/2004 (acrescido de multa e juros), no momento em que o exfuncionário levantou a quantia depositada judicialmente (fl. 92/93). Portanto, entendeu ter demonstrado o recolhimento em duplicidade do tributo e, consequentemente, o seu direito ao crédito pleiteado, o qual não foi contemplado somente por erro no preenchimento da DCTF. Alegou que tal erro não poderia ser utilizado como fundamento para o não reconhecimento do crédito. Este recurso de voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Da Alegação de Prevalência do Princípio da Verdade Material Fl. 113DF CARF MF Processo nº 15374.901142/200881 Acórdão n.º 2201004.427 S2C2T1 Fl. 99 5 Conforme demonstrado pelo Despacho Decisório de fl. 07, o pedido de compensação não foi homologado por não restar crédito disponível para compensação, devido ao DARF ter sido utilizado integralmente para quitar débito do RECORRENTE relativo ao código 0561 (IRRF rendimento do trabalho assalariado) cujo período de apuração foi 24/08/2002. Sustenta o RECORRENTE que, em verdade, houve equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas, haja vista que o mesmo débito foi declarado em dois DARFs distintos. Aduz ser equivocada a conclusão do Julgador de 1ª Instância sobre a impossibilidade da DRJ e do CARF reconhecerem direito a crédito sem suporte documental produzido previamente pelo contribuinte, pois no processo administrativo vigora o princípio da verdade material. Um dos princípios norteadores do processo administrativo é o cumprimento a estrita legalidade, desta forma, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso dos tributos federais, a compensação tributária ocorre nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. No presente caso, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório de fl. 07 informando que o crédito que se almeja compensar já estava consignado em outro débito, confessado pelo contribuinte em DCTF. Neste sentido, assim, dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. Fl. 114DF CARF MF 6 § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Ora, não pode a autoridade administrativa proceder com a homologação quando existe, de fato, vinculação do crédito a valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência. Sobre o tema, adoto como razões de decidir as palavras do Ilustríssimo Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, proferida no acórdão nº 2201004.311: A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. (...) Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Portanto, não basta alegar a ocorrência de erro material, é necessário prova lo. Quanto ao ônus da prova, o Código de Processo Civil dispõe o seguinte: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Apesar do procedimento de constituição do crédito tributário não ser regido pelo CPC, a adoção dos critérios principiológicos criados por tal norma em aplicação analógica ao presente caso oferece diretrizes de suma importância para resolução da demanda. Assim, uma vez em curso o procedimento de análise de compensação de crédito, é do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Fl. 115DF CARF MF Processo nº 15374.901142/200881 Acórdão n.º 2201004.427 S2C2T1 Fl. 100 7 Apenas em sede de Recurso Voluntário o contribuinte traz um mínimo de provas para fundamentar sua alegação de ocorrência de erro de fato, qual seja, a cópia de alguns trechos do processo judicial 2246/94, que tramitou na 1ª Vara do Rio de Janeiro, processo este que originou o débito de IRRF objeto da presente celeuma. Contudo, não deveria o contribuinte comprovar o suposto recolhimento em duplicidade, pois é evidente que houve o recolhimento, tanto que o despacho decisório atesta a utilização do pagamento reputado como a maior pelo contribuinte para quitar débito confessado pelo RECORRENTE. Em verdade, deveria o contribuinte comprovar que cometeu equívoco na sua DCTF; ou seja, que os débitos confessados nessa declaração estavam equivocados. Assim, deveria ter comprovado o erro na DCTF através de balanços contábeis e demais documentos aptos a comprovar o valor correto devido a título IRRF para o período em questão, ou então auditoria realizada por perito independente. Neste sentido se verifica no Acórdão nº 3201001.713 da 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. É bem verdade que, em razão do princípio da autotutela, pode a Administração Tributária reconhecer de ofício a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em desacordo com a legislação aplicável, ou tenha denegado ao contribuinte pleito que faz jus. Todavia, não existe nos autos evidências suficientes para se proceder com a correção de ofício, considerando que, o crédito tributário objeto de pedido compensação foi integralmente utilizado para quitar dívida confessada pelo contribuinte. Não há, também, nos presentes autos elementos que justifiquem eventual conversão em diligência, ante ausência quase que integral de conteúdo probatório do direito do contribuinte. Por fim, não há nada nos autos que indique eventual ofensa aos ao princípio da Verdade Material. Todo o procedimento fáticoprobatório e jurídico presente nos autos foi levado em consideração nesta decisão, uma vez não comprovada a ocorrência de erro de fato; a cobrança de um débito indevidamente compensado é medida que se impõe como consequência da não homologação da compensação, devendo sobre estes incidir os acréscimos legais previstos para os casos de pagamento a destempo. Fl. 116DF CARF MF 8 Conclusão Pelas razões acima, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10508.720458/2015-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011
DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.
A decadência do direito ao lançamento, regra geral, é regida pelo art. 150, §4°, do Código Tributário Nacional (CTN), apenas quando se tratar de tributo sujeito a lançamento por homologação e o contribuinte tiver realizado o respectivo pagamento antecipado. Em não havendo tal pagamento, afasta-se a aplicação da primeira parte do dispositivo, incidindo o art. 173, I, do mesmo Código.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.361
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Simões (Suplente convocada), que dava provimento para excluir a incidência de juros sobre a multa.
José Henrique Mauri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. ART. 173, I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. A decadência do direito ao lançamento, regra geral, é regida pelo art. 150, §4°, do Código Tributário Nacional (CTN), apenas quando se tratar de tributo sujeito a lançamento por homologação e o contribuinte tiver realizado o respectivo pagamento antecipado. Em não havendo tal pagamento, afasta se a aplicação da primeira parte do dispositivo, incidindo o art. 173, I, do mesmo Código. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencida a Conselheira Maria Eduarda Alencar Simões (Suplente convocada), que dava provimento para excluir a incidência de juros sobre a multa. José Henrique Mauri Presidente. (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 50 8. 72 04 58 /2 01 5- 16 Fl. 17449DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 1057.895, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante do acórdão recorrido, em parte: O estabelecimento acima qualificado foi autuado por Auditores Fiscais da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil da 5ª Região Fiscal, por falta de cobrança e de recolhimento do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF). A exigência referese ao principal, no valor de [...], acrescido de juros de mora e de multa de 75%, totalizando [...], e foi formalizada no Auto de Infração das fls. 12319 a 12325. Os motivos do lançamento de ofício encontramse explicitados no Termo de Verificação de Infração das fls. 12327 a 12384, a seguir resumido. Registrese que a ação fiscal também investigou a regularidade na apuração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), tendo havido a formalização de exigências referentes a essas exações, em processos próprios. Segundo a fiscalização, o sujeito passivo firmou contratos de mútuo com empresas ligadas, cujas operações foram registradas nas contas contábeis 1210102002 – “c/c controladas e coligadas” e 1210102001 – “c/c sócios”, nos anoscalendário de 2010 e 2011. A análise desses documentos revelou que os valores foram liberados em parcelas, ao longo dos anos de 2010 e 2011, caracterizando a modalidade de “crédito rotativo". À vista disso, a fiscalização consignou que o IOF incide sobre as operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas, nos termos do art. 2º, I, “c”, do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que regulamenta o referido imposto. Conforme disposição do art. 3º, § 1º, I, do mesmo diploma regulamentar, constitui fato gerador do IOF a entrega do montante ou do valor que constitua objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do Fl. 17450DF CARF MF Processo nº 10508.720458/201516 Acórdão n.º 3301004.361 S3C3T1 Fl. 17.450 3 interessado. Ocorre o fato gerador do IOF e, consequentemente é devido o tributo, na data em que foram realizadas as respectivas operações. O art. 4º do Decreto nº 6.306, de 2007, define como contribuintes do IOF as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras do crédito, enquanto o art. 5º, III, desse mesmo ato normativo estabelece que o responsável pela cobrança e recolhimento do imposto é a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros. Já o art. 7º, I, “a”, desse mesmo decreto estabelece que a base de cálculo do IOF nas operações de créditos, quando não ficar definido o valor do principal a ser utilizado pelo mutuário, é o somatório dos saldos devedores diários apurados no último dia de cada mês. A alíquota a ser aplicada sobre a base de cálculo é de 0,0041%. A partir de 3 de janeiro de 2008, sem prejuízo de sua incidência normal, referida no item precedente, o IOF incide ainda sobre as mesmas operações de créditos à alíquota adicional de 0,38%, independentemente do prazo da operação, seja o mutuário pessoa física ou jurídica, conforme disposto no art. 7º, §15, do Decreto nº 6.306, de 2007. Nesse caso, a base de cálculo corresponde ao somatório mensal dos acréscimos diários dos saldos devedores, de acordo com o art. 7º, §16, do Decreto nº 6.306, de 2007. Em face do estabelecido no art. 10, I, do Decreto nº 6.306, de 2007, o IOF deve ser cobrado no primeiro dia útil do mês subsequente ao de apuração, nas hipóteses em que a apuração da base de cálculo é feita no último dia de cada mês. Já o prazo para recolhimento, conforme preceitua o parágrafo único deste mesmo artigo, é o terceiro dia útil subsequente ao decêndio da cobrança ou do registro contábil do imposto. Assim, considerando os fatos geradores apurados e tendo em conta à subsunção dos fatos à legislação que regula o IOF, verificouse que o sujeito passivo, responsável pela cobrança e recolhimento do imposto, deixou de cobrar, declarar e recolher o tributo incidente sobre as operações de crédito em que figurou na condição de mutuante, ocorridas no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2011. A apuração do IOF consta do “Demonstrativo de apuração do IOF”, das fls. 17019 a 17034, cujos valores levados a débito e a crédito foram extraídos da conta contábil 1210102 – “mútuos”, que é uma conta sintética que possui as subcontas: 1210102001 – “c/c sócios” e 1210102002 – “c/c controladas e coligadas”. A infração foi enquadrada no art. 5º, § 3º, 44, I e §§ 1º e 2º, e 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e nos arts. 2º, I, 3º ao 7º, 47, 49 e 50 do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007. Cientificado da exigência em 9 de dezembro de 2015, segundo consta nas fls. 12385 e 12386, o interessado apresentou a impugnação das fls. 12318 a 12327, em 8 de janeiro de 2016, subscrita por advogados, credenciados pela procuração e documentos societários das fls. 17370 a 17383, alegando, em síntese, o que segue. O lançamento fiscal deve ser julgado nulo, por vício de motivação do ato administrativo. O Relatório Fiscal cita a “Operação Alquimia” como Fl. 17451DF CARF MF 4 elemento motivador para a abertura do procedimento fiscal contra o impugnante. A citada operação decorreu do Inquérito Policial n° 134/02 (Processo nº 2002.38.01.0050739), que se arrasta por mais de dez anos ainda sem conclusão, indiciamento e, por óbvio, sem oferecimento de denúncia pelo Ministério Público. Por conta disso, foi proferida decisão pelo Superior Tribunal de Justiça determinando o trancamento do referido inquérito em relação ao suposto crime tributário. É certo que os créditos tributários cobrados na ação fiscal são absolutamente discutíveis e não guardam qualquer correlação com a citada “Operação Alquimia”. À vista disso, restam meras conjecturas infundadas de parte da fiscalização, elementos vazios, sem qualquer substrato fático ou jurídico, com o nítido propósito de manchar a imagem do impugnante e confundir os doutos julgadores. Mudando de perspectiva, ainda que a obrigação de recolhimento do IOF não tenha sido observada pelo impugnante, considerando que a autuação se refere ao período de janeiro de 2010 a dezembro de 2011, configurouse a decadência do direito ao lançamento de ofício do crédito tributário correspondente, conforme será demonstrado mediante exposição dos fundamentos de fato e direito a seguir aduzidos. Em se tratando de lançamento por homologação, hipótese em que cabe ao sujeito passivo identificar a ocorrência do fato gerador, definir a base de cálculo e alíquotas, identificar o valor do tributo a ser recolhido e realizar o respectivo pagamento, conforme disposição do art. 150, §4º, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional (CTN), o prazo decadencial para que se tenha o lançamento do crédito tributário pelo ente tributante iniciase a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Portanto, ocorrido o fato gerador do tributo, o ente tributante possui o prazo de 5 (cinco) anos para efetivar o lançamento do crédito tributário, pois, caso contrário restará configurada a decadência do referido crédito, e, por conseguinte, deflagrada a sua impossibilidade de exigência ou execução, a exemplo do caso em deslinde. Considerando que as operações de crédito realizadas pelo impugnante ocorreram no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2011 e a ciência do lançamento de ofício ocorreu em 9 de dezembro de 2015, o crédito tributário referente às operações realizadas de janeiro a novembro de 2010 já estava fulminado pela decadência. Notese que o próprio AuditorFiscal atribui o último dia de cada mês em que as operações de crédito se consumaram, como a data de ocorrência do fato gerador das obrigações tributárias, consoante o demonstrativo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, anexo ao Auto de Infração. Sobre o tema, o impugnante cita e transcreve a ementa do Acórdão nº 3301002.282, da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que em caso similar, também relacionado ao IOF incidente sobre operações de crédito decorrentes Fl. 17452DF CARF MF Processo nº 10508.720458/201516 Acórdão n.º 3301004.361 S3C3T1 Fl. 17.451 5 de contratos de mútuos, ratificou a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, para fins de contagem do prazo decadencial. Para a defesa, deve ser excluída a aplicação do art. 173, I, do CTN, ao presente caso. A aplicação do referido dispositivo somente seria possível nas hipóteses excessivas previstas no próprio art. 150, § 4º, do mesmo diploma legal, “salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação”, o que em momento algum restou demonstrado. No caso, o AuditorFiscal não fez qualquer menção a dolo, fraude ou simulação, nem a quaisquer das situações previstas no art. 135 do CTN. Prova disso é a multa de ofício aplicada, fixada em 75% (setenta e cinco por cento) sobre o valor principal da autuação. Caso houvesse constatado qualquer indício de dolo, fraude ou simulação, o autuante logo teria aplicado a multa em dobro, fixada em 150% (cento e cinquenta por cento) sobre o valor principal autuado. Sob outra perspectiva, o impugnante pede que seja afastada a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício, porquanto, no âmbito dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a legislação atualmente em vigor não autoriza a exigência de juros sobre multa. Cita e transcreve excerto do Acórdão nº 10196008, da 1ª Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes. O citado acórdão decidiu pela improcedência da impugnação, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA AUTUAÇÃO. É descabida a alegação de nulidade do lançamento de ofício, fundada em suposta falta de motivação, não verificada no caso concreto, por terem sido as infrações descritas e enquadradas com clareza. ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA. Sem que tenha ocorrido pagamento antecipado do IOF, a contagem do prazo decadencial de cinco anos para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício proporcional ao IOF é débito para com a União, decorrente de tributo administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, sobre o qual incidirão juros de mora calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do respectivo prazo, até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 17453DF CARF MF 6 AUSÊNCIA PARCIAL DE IMPUGNAÇÃO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual, em síntese, defende: preliminarmente, a nulidade da autuação em razão da falta de motivação do ato administrativo e a decadência do direito ao lançamento; ao passo que, no mérito, insurgese contra a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Foime distribuído o presente processo para relatar e pautar. É o relatório. Fl. 17454DF CARF MF Processo nº 10508.720458/201516 Acórdão n.º 3301004.361 S3C3T1 Fl. 17.452 7 Voto Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Relator. O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. Preliminar A recorrente defende, em sede de preliminar, a nulidade da autuação em razão da falta de motivação do ato administrativo, haja vista a falta de correlação entre a operação "Alquimia" e procedimento fiscal em pauta, por aquela motivada. E acrescenta: 15. É oportuno que se diga que a citada “Operação Alquimia” decorrem do Inquérito Policial nº 134/02 (Processo nº 2002.38.01.0050739) que se arrastava por mais de quinze anos ainda sem conclusão, indiciamento e, por óbvio, sem oferecimento de denúncia pelo Ministério Público. [...] 18. Eis que, recentemente, em março de 2017, o mesmo Superior Tribunal de Justiça, ao analisar o Recurso em Habeas Corpus nº 61.451 – MG, determinou o trancamento DEFINITIVO do Inquérito Policial nº 134/02 em relação a TODOS os crimes investigados, o que resulta no fim da malsinada Operação Alquimia. [...] 22. Como é cediço, um dos elementos necessários do lançamento tributário é a motivação, com a descrição exata e precisa dos elementos de fato e de direito que lhe serviram de fundamento. A falta destes elementos, ou a sua existência de forma inadequada, resulta a prática de ato administrativo imotivado, acarretando, por consequência, a sua nulidade. Falta de motivação não houve. O acórdão de piso relata que os motivos da autuação encontramse expostos no Termo de Verificação de Infração das fls. 12327 a 12384, onde constam a descrição dos fatos, a disposição legal infringida e a penalidade aplicável e a determinação da exigência. Sobre o destino da operação policial, esta já não guarda qualquer relação com o exigência fiscal em análise, pela independência de instâncias. 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 17455DF CARF MF 8 Aduz também a recorrente, a decadência do direito ao lançamento, matéria regida pela regra geral do art. 150, §4°, do Código Tributário Nacional (CTN), apenas quando se tratar de tributo sujeito a lançamento por homologação e o contribuinte tiver realizado o respectivo pagamento antecipado. No caso em pauta, não houve tal pagamento antecipado do tributo, afastandose a aplicação da primeira parte do dispositivo, incidindo o art. 173, I, do mesmo Código. Nesse sentido, o STJ já se pronunciou no REsp 973.733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 18/09/2009. Nesses temas, portanto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Mérito No mérito, a recorrente se insurge contra a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. O art. 161 do CTN assevera que "o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta", tendo tal crédito decorrente da obrigação principal, esta que " surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária ", nos termos dos artigos 113, § 1º, e 139 do mesmo Código, havendo, portanto, base legal para tal incidência. Portanto, nas questões de mérito, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator (assinado digitalmente) Fl. 17456DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.903578/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2002
DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO
A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
Numero da decisão: 2201-004.432
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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ERRO EM DCTF Recorrente BANCO BANERJ S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2002 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Marcelo Milton da Silva Risso e Douglas Kakazu Kushiyama, que votaram pela conversão do julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 35 78 /2 00 8- 12 Fl. 118DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 58/63, interposto contra decisão da DRJ em São Paulo/SP, de fls. 49/53, que não deu provimento à Manifestação de Inconformidade do contribuinte, não homologando a compensação pleiteada haja vista a ausência de comprovação da existência do crédito. Tratase do PER/DCOMP nº 15761.58518.180804.1.3.041027, fls. 02/06, no qual o contribuinte buscava compensar suposto crédito no valor original de R$ 23.385,55, oriundo do pagamento indevido ou a maior de IRRF, código 0561, com o débito de CPMF, da 2º semana de agosto de 2004, no valor de R$ 33.076,52. Conforme Despacho Decisório de fl. 07, a compensação pleiteada não foi homologada pois "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados em PER/DCOMP". Da Manifestação de Inconformidade Em razão da clareza didática do resumo elaborado pela DRJ em São Paulo/SP das razões apresentadas em manifestação de inconformidade, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: " 4. Irresignado, o contribuinte apresentou em 18/06/2008 a Manifestação de Inconformidade de fls. 10 a 14, informando, em suma, o seguinte: • Que recebeu o despacho decisório consignando a não homologação da compensação. • Que a não homologação eletrônica impede o contribuinte de exercer o seu direito constitucional de ampla defesa, pois falta ao despacho decisório a demonstração das razões que levaram a não homologação da compensação. • Que no caso em tela o fisco não trouxe aos autos nenhum elemento que, por si, desse suporte ao que alegou como fato motivador da não homologação da declaração de compensação, exceto a descrição dos valores apurados. • Que o ato administrativo deve ser sempre motivado. • Que a falta de demonstração de que os valores foram utilizados em outros pagamentos, por exemplo, acarreta a total impossibilidade de o contribuinte exercer sua prerrogativa constitucional de ampla defesa, sendo o despacho decisório em tela nulo de pleno direito. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 15374.903578/200812 Acórdão n.º 2201004.432 S2C2T1 Fl. 106 3 • Que o peticionante, por erro, declarou na DCTF do 2 trim/02 1ª semana de maio/02, o valor de R$ 23.385,55, como DARF vinculado ao débito do período, sendo que este valor corresponde a pagamento efetuado a maior. • Que no PER/DCOMP o valor do débito compensado corresponderia a este crédito devidamente atualizado. Podendo o alegado ser comprovado pelo PER/DCOMP, pelas DCTFs do 2º trim/02 e do 3º trim/04 e pelo DARF anexados ao processo. • Que o valor do débito da DCTF (fls. 33 a 38), contém um erro que deve ser observado, especificamente, o campo “pagamento com DARF”, pois o valor de R$ 23.385,55 (fls. 36) foi totalmente recolhido indevidamente. Anexa também a DCTF onde consta o débito declarado no PER/DCOMP corretamente vinculado à compensação. 4.1 Ao final o manifestante solicita que seja alterado de ofício as informações das DCTF, de acordo com os dados informados e ainda que seja acolhida a presente manifestação de inconformidade a fim de que seja julgado improcedente o despacho decisório, reconhecendose o direito de compensação.” Da Decisão da DRJ A DRJ em São Paulo/SP julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo o despacho decisório que não homologou a compensação pleiteada, na decisão assim emendada (fls. 49/53): “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 03/05/2002 COMPENSAÇÃO. RETENÇÃO INDEVIDA OU A MAIOR. Não se reconhece o direito creditório quando o contribuinte não logra comprovar com documentos hábeis e idôneos que houve pagamento indevido ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Em suas razões, a autoridade julgadora afastou a preliminar de nulidade arguida pelo contribuinte, afirmando não haver violação ao princípio constitucional da ampla defesa, considerando que no Despacho Decisório de fl. 07 informa, com clareza, as razões pela qual não reconhece o direito creditório invocado. Também nas palavras da autoridade julgadora, o DARF foi vinculado ao débito nos termos da própria declaração apresentada pelo contribuinte (fls. 33/42). Fl. 120DF CARF MF 4 Quanto ao mérito, afirma que o contribuinte não provou as alegações de erro de preenchimento da DCTF, notadamente não apresentando prova documental capaz de provar, cabalmente, a existência do direito creditório. A DRJ entendeu que os documentos apresentados (PER/DCOMP, DARF e quadro demonstrativo) não servem para demonstrar erro o erro de fato que culminou no pagamento indevido ou a maior. Do Recurso Voluntário O RECORRENTE, cientificado do Acórdão da DRJ em 18/05/2012, conforme faz prova o AR de fl. 56, apresentou o recurso voluntário de fls. 58/63 em 19/06/2012. Em suas razões, praticamente reiterou as alegações de mérito apresentadas em sede de manifestação de inconformidade, além de defender que o processo administrativo se rege pelo princípio da verdade material e que os documentos apresentados, quando interpretados sob a ótica de tal princípio, são suficientes para comprovar a existência do direito creditório. Ademais, juntou ao processo documentação que acredita ser relevante para comprovar a existência do pagamento indevido ou a maior de IRRF, qual seja, documentação relativa ao processo judicial nº 1300100544/96, que tramitou na 13º Junta de Conciliação e Julgamento do Recife, bem como o DARF vinculado àquele processo (fls. 83/102). Sobre esse tema, alega ter cometido erro na apuração do tributo, pois efetuou o recolhimento do IRRF com a informação de que o fato gerador ocorreu em maio de 2002 (data da mera transferência do deposito judicial à Vara do Trabalho em Recife), quando o correto seria indicar como fato gerador os meses de maio e junho de 2003 (data do levantamento da quantia depositada judicialmente). Assim, afirma ter efetuado o recolhimento indevido do IRRF no montante de R$ 23.385,15 (fl. 93). Para corrigir seu erro, o RECORRENTE alega que optou por fazer um novo recolhimento do imposto de renda apontando o fato gerador correto, o que resultou no pagamento do montante de R$ 29.050.81 (fl. 94/96). Portanto, entendeu ter demonstrado o recolhimento em duplicidade do tributo e, consequentemente, o seu direito ao crédito pleiteado, o qual não foi contemplado somente por erro no preenchimento da DCTF. Alegou que tal erro não poderia ser utilizado como fundamento para o não reconhecimento do crédito. Este recurso de voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 15374.903578/200812 Acórdão n.º 2201004.432 S2C2T1 Fl. 107 5 Da Alegação de Prevalência do Princípio da Verdade Material Conforme demonstrado pelo Despacho Decisório de fl. 07, o pedido de compensação não foi homologado por não restar crédito disponível para compensação, devido ao DARF ter sido utilizado integralmente para quitar débito do RECORRENTE relativo ao código 0561 (IRRF rendimento do trabalho assalariado) cujo período de apuração foi 04/05/2002. Sustenta o RECORRENTE que, em verdade, houve equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas, haja vista que o mesmo débito foi declarado em dois DARFs distintos. Aduz ser equivocada a conclusão do Julgador de 1ª Instância sobre a impossibilidade da DRJ e do CARF reconhecerem direito a crédito sem suporte documental produzido previamente pelo contribuinte, pois no processo administrativo vigora o princípio da verdade material. Um dos princípios norteadores do processo administrativo é o cumprimento a estrita legalidade, desta forma, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso dos tributos federais, a compensação tributária ocorre nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. No presente caso, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório de fl. 07 informando que o crédito que se almeja compensar já estava consignado em outro débito, confessado pelo contribuinte em DCTF. Neste sentido, assim, dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984: Fl. 122DF CARF MF 6 Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Ora, não pode a autoridade administrativa proceder com a homologação quando existe, de fato, vinculação do crédito a valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência. Sobre o tema, adoto como razões de decidir as palavras do Ilustríssimo Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, proferida no acórdão nº 2201004.311: A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. (...) Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Portanto, não basta alegar a ocorrência de erro material, é necessário prova lo. Quanto ao ônus da prova, o Código de Processo Civil dispõe o seguinte: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Apesar do procedimento de constituição do crédito tributário não ser regido pelo CPC, a adoção dos critérios principiológicos criados por tal norma em aplicação analógica ao presente caso oferece diretrizes de suma importância para resolução da demanda. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 15374.903578/200812 Acórdão n.º 2201004.432 S2C2T1 Fl. 108 7 Assim, uma vez em curso o procedimento de análise de compensação de crédito, é do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Apenas em sede de Recurso Voluntário o contribuinte traz um mínimo de provas para fundamentar sua alegação de ocorrência de erro de fato, qual seja, a cópia de alguns trechos do processo nº 1300100544/96 que tramitou na 13º Junta de Conciliação e Julgamento do Recife, processo este que originou o débito de IRRF objeto da presente celeuma. Contudo, não deveria o contribuinte comprovar o suposto recolhimento em duplicidade, pois é evidente que houve o recolhimento, tanto que o despacho decisório atesta a utilização do pagamento reputado como a maior pelo contribuinte para quitar débito confessado pelo RECORRENTE. Em verdade, deveria o contribuinte comprovar que cometeu equívoco na sua DCTF; ou seja, que os débitos confessados nessa declaração estavam equivocados. Assim, deveria ter comprovado o erro na DCTF através de balanços contábeis e demais documentos aptos a comprovar o valor correto devido a título IRRF para o período em questão, ou então auditoria realizada por perito independente. Neste sentido se verifica no Acórdão nº 3201001.713 da 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. É bem verdade que, em razão do princípio da autotutela, pode a Administração Tributária reconhecer de ofício a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em desacordo com a legislação aplicável, ou tenha denegado ao contribuinte pleito que faz jus. Todavia, não existe nos autos evidências suficientes para se proceder com a correção de ofício, considerando que, o crédito tributário objeto de pedido compensação foi integralmente utilizado para quitar dívida confessada pelo contribuinte. Não há, também, nos presentes autos elementos que justifiquem eventual conversão em diligência, ante ausência quase que integral de conteúdo probatório do direito do contribuinte. Por fim, não há nada nos autos que indique eventual ofensa aos ao princípio da Verdade Material. Todo o procedimento fáticoprobatório e jurídico presente nos autos foi levado em consideração nesta decisão, uma vez não comprovada a ocorrência de erro de fato; a Fl. 124DF CARF MF 8 cobrança de um débito indevidamente compensado é medida que se impõe como consequência da não homologação da compensação, devendo sobre estes incidir os acréscimos legais previstos para os casos de pagamento a destempo. Conclusão Pelas razões acima, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 125DF CARF MF
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