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Numero do processo: 13502.720458/2015-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 2010
IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. AFAC.
As disposições contidas no Parecer Normativo CST nº 17 de 20/08/1984 não podem ser utilizadas como fundamento para descaracterização de AFAC realizado em período posterior á perda de sua eficácia, que se deu com a edição da Instrução Normativa nº 127/88, regulando a mesma matéria, que por sua vez foi revogada pela Instrução Normativa nº 79/2000.
IOF. PAGAMENTO DE DESPESAS DE OUTRAS EMPRESAS. MUTUO.
O adiantamento de recursos de uma empresa a outra, via pagamento de despesas, com obrigação de posterior devolução caracteriza empréstimo. O fato da mutuante, ao invés de enviar os recursos para mutuária, ter pago diretamente as despesas não desnatura a operação de mútuo
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
LANÇAMENTO. INCONGRUÊNCIA NA DESCRIÇÃO DO ILÍCITO. IMPROCEDÊNCIA.
É improcedente o lançamento quando a autoridade fiscal, apesar de descrever os fatos apurados de forma razoavelmente clara, não aponta com precisão o seu entendimento quanto aos reflexos tributários dos fatos apontados.
MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA
A cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário.
Recurso Voluntário e Recurso de Ofício Negados
Numero da decisão: 3301-005.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, vencidos os conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva e Winderley Morais Pereira que davam provimento aos itens 5 e 6. Acordam, ainda, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira e Ari Vendramini que davam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 2010 IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. AFAC. As disposições contidas no Parecer Normativo CST nº 17 de 20/08/1984 não podem ser utilizadas como fundamento para descaracterização de AFAC realizado em período posterior á perda de sua eficácia, que se deu com a edição da Instrução Normativa nº 127/88, regulando a mesma matéria, que por sua vez foi revogada pela Instrução Normativa nº 79/2000. IOF. PAGAMENTO DE DESPESAS DE OUTRAS EMPRESAS. MUTUO. O adiantamento de recursos de uma empresa a outra, via pagamento de despesas, com obrigação de posterior devolução caracteriza empréstimo. O fato da mutuante, ao invés de enviar os recursos para mutuária, ter pago diretamente as despesas não desnatura a operação de mútuo Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2010 LANÇAMENTO. INCONGRUÊNCIA NA DESCRIÇÃO DO ILÍCITO. IMPROCEDÊNCIA. É improcedente o lançamento quando a autoridade fiscal, apesar de descrever os fatos apurados de forma razoavelmente clara, não aponta com precisão o seu entendimento quanto aos reflexos tributários dos fatos apontados. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA A cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Recurso Voluntário e Recurso de Ofício Negados
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2010 IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. AFAC. As disposições contidas no Parecer Normativo CST nº 17 de 20/08/1984 não podem ser utilizadas como fundamento para descaracterização de AFAC realizado em período posterior á perda de sua eficácia, que se deu com a edição da Instrução Normativa nº 127/88, regulando a mesma matéria, que por sua vez foi revogada pela Instrução Normativa nº 79/2000. IOF. PAGAMENTO DE DESPESAS DE OUTRAS EMPRESAS. MUTUO. O adiantamento de recursos de uma empresa a outra, via pagamento de despesas, com obrigação de posterior devolução caracteriza empréstimo. O fato da mutuante, ao invés de enviar os recursos para mutuária, ter pago diretamente as despesas não desnatura a operação de mútuo ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 LANÇAMENTO. INCONGRUÊNCIA NA DESCRIÇÃO DO ILÍCITO. IMPROCEDÊNCIA. É improcedente o lançamento quando a autoridade fiscal, apesar de descrever os fatos apurados de forma razoavelmente clara, não aponta com precisão o seu entendimento quanto aos reflexos tributários dos fatos apontados. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 72 04 58 /2 01 5- 64 Fl. 2654DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.656 2 A cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Recurso Voluntário e Recurso de Ofício Negados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, vencidos os conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva e Winderley Morais Pereira que davam provimento aos itens 5 e 6. Acordam, ainda, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Marcelo Costa Marques d'Oliveira e Ari Vendramini que davam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 2552 a 2579) interposto pelo Contribuinte, em 3 de abril de 2017, bem como, de Recurso de Ofício (fls. 2617 a 2651), de 26 de julho de 2017, contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 0962.177 (fls. 2509 a 2537), de 23 de fevereiro de 2017, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) – DRJ/JFA – que decidiu, por maioria de votos, julgar procedente em parte a Impugnação (fls. 2112 a 2213). Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do referido Acórdão: Tratase de processo de lançamento de oficio (Auto de Infração e Notificacã̧o Fiscal) para exigen̂cia de cred́ito tributário no valor tal de R$ 97.292.117,30, relativo ao IOF e consectários legais (fls. 2087 e seguintes). A descrição dos fatos no auto de infração veio informando que se tratava de falta de cobrança e recolhimento do IOF referente a seis situações, sendo que tais situações foram detalhadas no Termo de Verificacã̧o Fiscal. Fl. 2655DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.657 3 Do citado Termo, juntado às fls. 2016 e seguintes, extraímos os trechos abaixo com a finalidade de proporcionar o conhecimento das conclusões que levaram à autuação: "11. Foram constatadas OPERAÇÕES DE MÚTUO sujeitas à tributação do IOF, decorrente pagamentos efetuados no anocalendário 2010 por BRASKEM QPAR S.A (exQUATTOR PARTICIPAÇOẼS S/ACNPJ n° 09.017.802/000189) e por QUATTOR QUÍMICA S/A (CNPJ no 03.880.493/000190), ora a título de AFAC (adiantamento para futuro aumento de capital), ora a título de “conta corrente e gestão única de caixa” ou ainda a título de operacõ̧es envolvendo “Notas de Débito”. 12. As situações verificadas no procedimento fiscal serão detalhadas em 6 (seis) casos (intitulados CASOS I a VI), todos relacionados à falta de recolhimento de IOF sobre operações de mútuo, com identificação das empresas (sucedidas da BRASKEM S/A) que deveriam ter recolhido à época (anocalendário 2010) o IOF respectivo... VI1. AUDITORIA FISCAL (CASOS I, II e III): do IOF sobre operações de mútuo transferido por QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A no ano calendário 2010 a título de AFAC (adiantamento para futuro aumento de capital). 33. Foi constatado que a sociedade QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A efetuou operações de mútuo, no anocalendário 2010, sujeitas à tributação do IOF, mediante a transferência de valores às sociedades abaixo relacionadas, as quais foram realizadas sob o título de AFAC (adiantamento para futuro aumento de capital): VI.1.1. CASOS I, II e III: DA OPERAÇÃO DE MÚTUO AFAC (adiantamento para futuro aumento de capital). (...) 36. Com relação ao CASOS I, II e III as empresas tomadoras dos valores transferidos (QUATTOR QUÍMICA S/A; RIO POLÍMEROS S/A e BRASKEM PETROQUÍMICA S/Aex QUATTOR PETROQUÍMICA) contabilizaram os valores recebidos acima, em conta do PL (conta n° 24110102 “Adiantamento para Futuro Aumento de capital) e, em 31/07/2010 os transferiram (“reclassificaram”) para a conta n°22820101 (conta de passivo), onde consta o histórico (“possibilidade de devolução”). (Documentos anexos XXVIII a XXXIII) (...) VI.1.2. CASOS I, II e III: DA AUSÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO 37. Para todos os três CASOS relacionados acima, cumpre destacar que os valores transferidos não foram capitalizados no próprio anocalendário 2010, quando do primeiro ato formal das sociedades tomadoras ocorrido Fl. 2656DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.658 4 após o recebimento dos recursos financeiros recebidos a título de “adiantamentos Para Futuro Aumento de Capital” (AFAC), tampouco em até 120 dias contados do encerramento do períodobase das referidas sociedades... VI.1.3. CASOS I, II e III: DA CARACTERIZAÇÃO DA OPERAÇÃO DE MÚTUO 40. Do exposto, ficaram caracterizadas operações de mútuo, sendo, portanto, devido o IOF, nos termos do Parecer Normativo CST no 17 de 20/08/1984 e do Decreto no 6.306/2007 (Regulamento do IOF – RIOF). (...) VI.1.6. RESPOSTAS E JUSTIFICATIVAS DA FISCALIZADA (CASOS II e III) (...) 60. Cumpre ainda destacar que, pela análise da A.G.E da Rio Polímeros S/A, de 30/04/2012, foi constatada a aprovação, somente em 2012, por unanimidade, do aumento do capital da sociedade Rio Polímeros S/A, no valor de R$ 738.799.000,00, sem emissão de novas ações, em decorrência da capitalização de adiantamento para futuro aumento de capital registrado na companhia origindado da QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A. (documento ANEXO XLIII) (...) 64. De todo o exposto, foi constatado, em relação aos CASOS I, II e III, que a fiscalizada, não obstante intimada sucessivas vezes, não esclareceu tampouco apresentou documentação hábil e idônea comprobatória dos requisitos essenciais para a caracterização dos AFAC ́s relacionados, quais sejam, o comprometimento contratual e irrevogável de que tais recursos se destinariam a futuro aumento de capital, bem como a comprovação de que o referido aumento de capital tivesse sido efetuado por ocasião da primeira Assembléia Geral Extraordinária ou alteração contratual que se realizasse após o ingresso dos recursos nas sociedades tomadoras dos referidos valores. VI2. AUDITORIA FISCAL (CASO IV): do IOF sobre operações de mútuos 2010 conta n°11260610 (QUATTOR QUÍMICA S/A) 65. Foi constatado que a sociedade QUATTOR QUÍMICA S/A efetuou operações de mútuo, em 2010, sujeitas à tributação do IOF, mediante lançamentos a débito na conta n° 11260610 (Outros Valores – Coligadas). (razão –documento ANEXO XLIV) VI3. AUDITORIA FISCAL (CASOS V e VI): do IOF sobre operações de mútuos na conta n°12150602 (QUATTOR QUÍMICA S/A) e conta n°1109 (QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A) 82. Foi constatado que as sociedades QUATTOR QUÍMICA S/A e QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A, ambas sucedidas pela ora fiscalizada, efetuaram operações de mútuo, em 2010, sujeitas à tributação do IOF, valendose de Fl. 2657DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.659 5 contas por elas intituladas como “Conta Corrente e de Gestão Única de Caixa”, conforme detalhamento a seguir: 82.1. (CASO V) (conta n°12150602BRASKEM S/AQUATTOR QUÍMICA S/A) mútuo efetuado por QUATTOR QUÍMICA S/A 82.2. (CASO VI) (conta n°1109 MÚTUOS A RECEBER), mútuo efetuado por QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A VI3.1 AUDITORIA FISCAL (CASO V) Intimações Fiscais (conta n° 12150602): 83. A fiscalizada foi intimada a comprovar os lançamentos a débito da conta n° 12150602 (BRASKEM S/AQUATTOR QUÍMICA S/A), anocalendário 2010, conta da sucedida QUATTOR QUÍMICA S/A (CNPJ n°03.880.493/000190), coforme consta do item no4 do TIF n° 08, tendo sido reintimada através do TIF no12. (documento ANEXO XLVConta 12150602) (...) VI3.2 AUDITORIA FISCAL (CASO VI) Intimações Fiscais (conta n° 1109): 85. A fiscalizada foi intimada a comprovar os lançamentos a débito da conta n°1109 (MÚTUOS A RECEBER), ano 2010, da sucedida QUATTOR PARTICIPAÇÕES (CNPJ n° 09.017.802/000189), conforme consta do item 16 do TIF n°15 (de 6/11/2014), reintimada através dos TIF n° 18 e TIF n° 19, da presente ação fiscal em curso. (...) 93. De todo o acima exposto, constatouse que, não obstante a fiscalizada ter sido intimada e reintimada a apresentar documentação hábil e idônea comprobatória de todos os lançamentos a débito, do ano calendário 2010, registrados na conta n° 12150602 (QUATTOR QUÍMICA S/A) e conta n°1109 (QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A), a fiscalizada não apresentou documentação hábil e idônea comprobatória de que os lançamentos contábeis referidos tivessem integrado operações vinculadas à conta corrente e gestão única de caixa, limitandose a apresentar o próprio contrato de conta corrente e razão das contas referidas. VII. DA ANÁLISE FISCAL VII.1. DA ANÁLISE FISCAL DOS CASOS I, II e III (AFAC) VII.1.1. ANÁLISE FISCAL (CASOS I, II e III): MÚTUO X ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL (AFAC) 97. O questionamento que se impõe é saber se os valores transferidos configuraram efetivamente o AFAC (Adiantamento para Futuro Aumento de capital) ou se os fatos ocorridos caracterizaram efetiva operação de mútuo sujeita à tributação do IOF. 98. De todo o já exposto, não restaram comprovadas, pela fiscalizada, as características essenciais à configuração da operação de AFAC, nos termos Fl. 2658DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.660 6 do disposto no Parecer Normativo CST no 17 de 20/08/1984 e do Decreto no 6.306/2007... 99. Em acréscimo, cumpre destacar ainda que: a) com relação ao CASO I, consta que a QUATTOR QUÍMICA S/A (tomadora dos recursos financeiros) foi incorporada em 01/09/2010 pela própria sociedade remetente dos referidos empréstimos (QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A) sem que tivesse ocorrida a respectiva integralização do captial social até a referida incorporação (AGE de 01.09.2010 doc. Anexo XIX), restando, portanto, frustrada a capitalização dos recursos transferidos a título de AFAC. b) com relação ao CASO II, consta que a própria fiscalizada declarou que somente em 2012 foi aprovado o aumento de capital no montante de R$738.799.000,00, em decorrência da capitalização de adiantamentos para futuro aumento de capital na companhia, conforme decorrente da análise da ATA da AGE de 30.04.2012 da RIO POLIMEROS (documento ANEXO XLIII), restando, portanto, frustrada a capitalização dos recursos transferidos a título de AFAC até primeira Assembléia Geral Extraordinária ou alteração contratual que se realizasse após o ingresso dos recursos nas sociedades tomadoras dos referidos valores (A.G.E. em 30/08/2010). c) com relação ao CASO III, não foi constatada integralização do capital social, relativa aos valores transferidos a título de AFAC no anocalendário 2010 até a A.G.E. de 27/12/2010 (informada pela fiscalizada), restando, portanto, frustrada a capitalização dos recursos transferidos a título de AFAC até primeira Assembléia Geral Extraordinária ou alteração contratual que se realizasse após o ingresso dos recursos nas sociedades tomadoras dos referidos valores. (...) 104. 1. No CASO II, somente em 2012 houve deliberação para capitalização dos valores transferidos a título de AFAC à sociedade RIO POLÍMEROS S/A (documento ANEXO XLIII AGE 30.04.2012_RIO POLIMEROS), tendo sido, portanto, muito tempo após o recebimento dos referidos valores (em 2010), restanto, portanto, frustrada a capitalização até a realização da primeira AGE posterior ao recebimento dos valores a título de AFAC, ocorrida em 30/08/2010. (documento ANEXO X) (...) VII.1.3. DA ANÁLISE FISCAL DOS CASOS I, II e III: DO FATO GERADOR DO IOF 107. Resta destacar que, nos três CASOS relacionados, a ocorrência dos fatos jurídicos acima detalhados, nos itens 101 e 102, não descaracteriza, por si só, a materialização dos fatos geradores do IOF, quais sejam, as operações de mútuo constatadas. Ou seja, o fato da sucedida QUATTOR QUÍMICA S/A ter sido incoroporada pela fiscalizada BRASKEM S/A (CASO I), bem como o fato de, nos CASOS II e III, a fiscalizada ter informado que em 29/06/2010 a QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A teve o seu capital social reduzido mediante restituição à sua única acionista, BRASKEM S/A, das participações detidas em Quattor PetroQuímica S/A e na Rio Polímeros S/A, bem como dos direitos Fl. 2659DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.661 7 representados por AFAC das referidas sociedades investidas, não descaracterizam a efetiva ocorrência dos fatos geradores tributários do IOF à luz da legislação então vigente, quais sejam, as efetiva ocorrência das operações de mútuo. (...) 111. De fato não existe a incidência do IOF sobre os AFAC (Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital). O que se busca, no presente Auto de Infração, é a exigência do IOF sobre operações de crédito correspondentes a operações de mútuo, cuidando de descaracterizar a operação realizada como sendo de adiantamento para futuro aumento de capital, afastando os efeitos fiscais do negócio jurídico, mas não o desqualificando como negócio jurídico para todos os demais efeitos. (...) VII.1.4. DA ANÁLISE FISCAL DOS CASOS I, II e III: CONCLUSÃO 117. De todo o exposto, foi constatado, em relação aos CASOS I, II e III, que a fiscalizada, não obstante intimada sucessivas vezes, não apresentou documentação hábil e idônea comprobatória dos requisitos essenciais para a caracterização dos AFAC ́s relacionados, quais sejam, o comprometimento contratual e irrevogável de que tais recursos se destinariam a futuro aumento de capital, bem como a comprovação de que o referido aumento de capital tivesse sido efetuado por ocasião da primeira Assembléia Geral Extraordinária ou alteração contratual que se realizasse após o ingresso dos recursos nas sociedades tomadoras dos referidos valores, restando caracterizadas, portanto, operações de mútuo sujeitas à tributação pelo IOF, no período de apuração (anocalendário) 2010, devendose apurar o IOF devido segundo as regras próprias das operações de crédito rotativo. VII.2. DA ANÁLISE FISCAL DO CASO IV 118. Pela análise dos lançamentos a débito na conta n° 11260610 (Outros Valores – Coligadas), foi constatado que a sociedade QUATTOR QUÍMICA S/A efetuou operações de mútuo, em 2010, sujeitas à tributação do IOF. (documento ANEXO LI). (...) VII.2.1. DA ANÁLISE FISCAL DO CASO IV: DAS JUSTIFICATIVAS DA FISCALIZADA (...) 124. Acerca do sinistro alegado pela fiscalizada, não obstante esta ter apresentado à fiscalização (resposta ao TIF 45), cópia autenticada da informação protocolada à Receita Federal do Brasil, no dia 18/08/2014, notificando o sinistro envolvendo sua documentação fiscal (referida no item 72), objeto da Notificação Judicial n° 1086216.84.2013.8.26.0100, e ainda ter observado demais obrigações tributárias acessórias inerentes ao fato ocorrido, cumpre destacar que a mesma não apresentou comprovação da entrega das NOTAS DE DÉBITO (relacionadas nos TIF n° 42 e 43) à empresa de armazenagem (P.A Armazenagem L.T.D.A), alegando a Fl. 2660DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.662 8 dificuldade na obtenção dos referidos comprovantes decorrente do fato de as notas de débito terem sido entregues à P.A. Arquivos Ltda., havia cerca de cinco anos, por empresa pertencente a grupo econômico distinto da peticionante. (conforme resposta ao item 1.2 do TIF n° 44 em 03/08/2015 doc. anexo). Neste sentido destacase decisão do TRF 3a Região referente ao processo AC 27757 SP 90.03.0277575 de 15 de março de 2007: “(...) Contudo, a prova do sinistro veio desacompanhada dos documentos que comprovassem a entrega do material à empresa sinistrada.(...)” (...) VII.2.2. DA ANÁLISE FISCAL DO CASO IV: CONCLUSÃO (...) 129. De todo o exposto, a fiscalizada não afastou a caracterização das operações de mútuo, objeto dos lançamentos a débito na conta n° 11260610 (conta da sucedida QUATTOR QUÍMICA S/A), restando materializadas, portanto, operações de mútuo sujeitas à tributação pelo IOF no período de apuração (anocalendário) 2010, devendose apurar o IOF devido segundo as regras próprias das operações de crédito rotativo. VII.3. DA ANÁLISE FISCAL DOS CASOS V e VI 130. Foi constatado que as sucedidas QUATTOR QUÍMICA S/A e QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A efetuaram operações de mútuo, em 2010, sujeitas à tributação do IOF, mediante a análise das contas por elas intituladas como “Conta Corrente e de Gestão Única de Caixa”, discriminadas a seguir: a) CASO V (conta n° 12150602 BRASKEM S/AQUATTOR QUÍMICA S/A) mútuo efetuado por QUATTOR QUÍMICA S/A (documento ANEXO LIX) b) CASO VI (conta n° 1109 MÚTUOS A RECEBER), mútuo efetuado por QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A (documento ANEXO LX) VII.3.1. DA ANÁLISE FISCAL DO CASOS V e VI: CARATERIZAÇÃO (MÚTUO X CONTA CORRENTE) 132. O questionamento que se impõe é saber se os valores lançados a débito nas referidas contas configuraram efetivamente operações de “conta corrente” ou se os referidos lançamentos caracterizaram efetiva operação de mútuo sujeita à tributação do IOF. (...) 134. De todo o acima exposto, não obstante intimada e reintimada, não foram apresentadas pela fiscalizada relação de documentação hábil e idônea a demonstrar que os lançamentos referidos nos CASOS V e VI acima efetivamente integraram operações vinculadas à conta corrente e gestão única de caixa. (...) Fl. 2661DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.663 9 146. Claro está que, para fins da incidência do IOF, nos termos do art. 13 da Lei no 9.779, de 1999, devese verificar tão somente se estão presentes, no caso concreto, as características essenciais do mútuo, sendo irrelevantes aspectos formais mediante os quais a operação se materializa, bem como a natureza de vinculação entre as partes. Dessa forma, uma vez identificados os atributos inerentes a essa espécie de empréstimo (art. 586 do CC), a operação deve sujeitarse a incidência do imposto, independentemente de o crédito estar sendo entregue ou disponibilizado por meio de conta corrente ou por qualquer outra forma. (...) 151. Com relação aos CASOS V e VI, constatouse, com relação à conta n° 12150602 da QUATTOR QUÍMICA, bem como em relação à conta n° 1109 da QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A, ambas referentes ao anocalendário 2010, que a sistemática de conta corrente utilizada se amoldou com perfeição ao fim de instrumentalizar operações de mútuo financeiro, haja vista a facilidade que representa (principalmente quando envolvidas pessoas vinculadas), no que tange ao empréstimo do recurso, por uma das partes, e a posterior restituição, pela outra parte, por intermédio da mera sistemática de débitos e créditos em conta corrente. 152. Do exposto, não comprovada a gestão do caixa do grupo pela controladora, estarão sob a incidência do IOF as operações realizadas ao abrigo de contrato de conta corrente entre empresas ligadas com a previsão de concessão de crédito. (...) 154. Cumpre destacar, no CASO VI, especificamente acerca da denominação atribuída à conta n° 1109 da QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A, o título “MÚTUOS A RECEBER”, o que, por si só, já demonstrava indício de se tratar de conta de mútuo entre empresas do mesmo grupo. (...) 159. De todo o exposto, concluise, com relação aos lançamentos a débito analisados nos CASOS V e VI, que: 159.1. A fiscalizada não apresentou relação de documentação hábil e idônea comprobatória de que os valores objeto dos lançamentos a débito na conta n° 12150602 da QUATTOR QUÍMICA S/A, bem como daqueles em relação à conta n°1109 da QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A tenham sido aplicados na gestão em benefício das sucedidas QUATTOR QUÍMICA S/A e QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A, limitandose a apresentar os contratos de “conta corrente” e razão das contas. 159.2. A fiscalizada não afastou a caracterização das operações de mútuo, dado que a controladora (a fiscalizada BRASKEM S/A) não comprovou a administração do caixa do grupo."(grifos e negritos no original) Foi dada ciência da autuação ao contribuinte ( fls. 2099), sendo interposta impugnação que vem trazendo, em síntese, os seguintes argumentos contrários ao lançamento: Fl. 2662DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.664 10 "2.2. DA AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL PARA A DESCARACTERIZAÇÃO DOS AFAC. OFENSA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ANTE O LANÇAMENTO BASEADO EM PARECER NORMATIVO CASOS I, II E III. (...) Analisando sob a ótica da previsão do art. 21 do DecretoLei no 2.065/83 e num contexto onde vigia a correção monetária das demonstrações Financeiras, esse Parecer Normativo firmou o entendimento de que não se pode admitir que os recursos fiquem indeterminadamente aguardando o aumento do capital social, impactando negativamente o resultado tributável, pelo que seria necessário definir prazo para a capitalização. Logo, a CST entendeu como "razoável" que o aumento do capital social se efetive no primeiro ato formal da sociedade investida, ou, na hipótese de não ocorrer qualquer ato desta natureza, que seja realizada a capitalização em até 120 dias do ano seguinte ao do recebimento dos aportes. (...) Daí o Autuante construiu a sua tese acusatória, extraindo desse mero opinativo fazendário expedido, ressaltese, sob um contexto normativo que nem mais vige no atual ordenamento jurídico tributário o que entendeu como as "características essenciais à configuração do AFAC". Ocorre, contudo, que diversos motivos impedem a utilização do referido Parecer Normativo como fundamento para cobrança do IOF sobre os adiantamentos tratados nos Casos I, II e III. Vejamos um a um. 2.2.1. Ilegalidade do Parecer em relação ao próprio IRPJ (...) Ao assim manifestar, a CST pretendeu ampliar a base de cálculo do IRPJ (critério quantitativo da RMIT) sem respaldo legal, já que o art. 21 do Decreto Lei acima comentado determina que seja reconhecido na determinação do lucro real o valor correspondente apenas à correção monetária nas operações de mútuo. Assim, tratandose de ato ilegal, jamais poderia disciplinar a apuração daquele imposto, estendendo seus efeitos para situações estranhas à prevista no texto da Lei. (...) 2.2.2. Perda de vigência do Parecer e mais Não é só! A norma inserta no dispositivo em questão há muito perdeu vigência, haja vista terem sido revogadas as regras relativas à correção monetária das demonstrações financeiras. Consequentemente, se o enunciado legal objeto de análise pelo Parecer é letra morta, inevitavelmente o opinativo dedicado àquela disposição segue o mesmo destino, tornandose obsoleto. (...) Fl. 2663DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.665 11 Há de ser ressaltado, ainda, que à época da edição do questionado Parecer Normativo sequer se cogitava da incidência de IOF sobre operações de crédito concedido por pessoa jurídica que não fosse instituição financeira, já que a ampliação da materialidade deste imposto para abarcar tais situações foi inaugurada na legislação apenas em janeiro de 1999, quando da edição da Lei no 9.779/1999, conforme disposto no seu art. 13. Logo, jamais poderia ser a intenção desse Parecer Normativo, exarado quase quinze anos antes, projetar aquelas conclusões para o Imposto sobre Operações Financeiras. 2.2.3. Ofensa ao art. 110 do CTN. Em acréscimo aos argumentos acima aduzidos, há de se registrar que se a própria lei tributária não pode alterar conceitos e formas de direito privado, conforme reza o art. 110 do CTN, um simples opinativo fazendário jamais poderia fazêlo. (...) Além do aspecto temporal, a fiscalização aduziu outro jrequisito extraído do Parecer, ainda mais frágil, para descaracterizar os AFAC realizados pela Qpar, a saber, a comprovação documental do comprometimento contratual firmado entre investidora e investida. Tal requisito, conteúdo, também não se sustenta, por ausência de amparo legal. Isso porque, tratandose o AFAC de negócio jurídico, a sua validade reclama apenas agentes capazes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei, consoante art. 104 do Código Civil. Com efeito, o compromisso assumido independe da forma escrita por não haver na legislação obrigatoriedade tal compromisso ser levado a termo ou revestirse de outras formalidades. Ressaltese, ademais, que embora não tenham sido identificados contratos formalizando este comprometimento, tal intenção é extraída facilmente dos registros contábeis das empresas envolvidas, mas estes foram rejeitadas pelo Autuante como prova da intenção das empresas envolvidas em capitalizarem os AFAC sem justificativas plausíveis para tanto. (...) 2.3. DA AUSÊNCIA DE ATO OU NEGÓCIO PRATICADO COM A FINALIDADE DE DISSIMULAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. IMPOSSIBILIDADE DE DESCARACTERIZAÇÃO DOS ATOS SOCIETÁRIOS CASOS I, II E III. Notase do Termo de Verificação Fiscal que o Autuante descaracterizou os adiantamentos realizados, enquadrandoos como operações de mútuo para fins de incidência do IOF, mesmo porque o próprio relatório da fiscalização admite que os AFAC encontramse fora do campo de incidência deste imposto: (...) Mas apesar de ter desconsiderado a existência dos AFAC, enquadrandoos como empréstimos de recursos financeiros, o Autuante desprezou completamente a necessidade imposta pelo art. 116 do CTN de respaldar seu Fl. 2664DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.666 12 lançamento em provas de que a Qpar realizou os adiantamentos com o propósito de dissimular as supostas operações de mútuo. Em verdade, o Autuante não dedica uma linha sequer do seu relatório fiscal para por em cheque a idoneidade das operações e a sua verdadeira intenção. (...) Portanto, ante a ausência de: (i) legislação que estabeleça as operações de AFAC têm que ser reduzidas a termo e que possuem um prazo máximo para serem convertidos em efetivo aumento do capital social; e (ü) da demonstração de que houve na hipótese dos autos a finalidade de dissimular os atos praticados, revelase insubsistente o reenquadramento dos AFAC como operações de mútuo e, consequentemente, a cobrança de IOF sobre tais operações. 2.4. DA CORRETA CLASSIFICAÇÃO DAS OPERAÇÕES COMO "ADIANTAMENTOS PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL" AFAC CASOS I, II E III Do NÃO DESCUMPRIMENTO DO PRAZO DEFINIDO NO PARECER NORMATIVO N. 17/84. 2.4.1. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO NOS AFAC REALIZADOS PELA QPAR JUNTO À QUATTOR QUÍMICA CASO I. (...) À época da transferência do AFAC, havia se iniciado o processo de reorganização societária do Grupo Quattor contemplando as diversas operações societárias minudentemente ilustradas no "Detalhamento" entregue à fiscalização e acostado aos presentes autos (Anexo XI). No curso desse complexo processo, entretanto, os acionistas amadureceram a ideia inicial e decidiram que, estrategicamente, a incorporação da Quattor Química pela Qpar representava melhor o alinhamento dos interesses das Companhias, por meio da consolidação de suas atividades em uma única sociedade. Assim foi que tais empresas firmaram o Protocolo e Justificação da incorporação no dia 23 de agosto de 2010 (doe. 04), apenas dois meses depois de realizada a última das quatro transferências questionadas pelo Autuante... Importante frisar que, caso a Qpar tivesse aumentado o capital social da Quattor Química antes da incorporação, nada seria alterado na sua situação patrimonial pós incorporação o que prova a irrelevância desse ato dentro do contexto de uma incorporação. 2.4.2. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO NOS AFAC REALIZADOS PELA QPAR JUNTO À Rio POLÍMEROS E BRASKEM PETROQUÍMICA CASO II E III. (...) Isso porque, no curso do projeto de reestruturação societária do Grupo Quattor, da qual faziam parte a Rio Polímeros e a Braskem Petroquímica (antiga Quattor Petroquímica), os acionistas decidiram que o melhor modelo Fl. 2665DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.667 13 para alcançar os objetivos do Grupo seria manter essas sociedades sobre o controle direto da Braskem, em substituição à Qpar. (...) Logo, na medida em que a Qpar perdeu a qualidade de acionista dessas duas Companhias ante a transferência das participações à sua única acionista, via redução de capital, perdeu também esses ativos para a Braskem, a qual passou a deter os direitos representados por AFAC. Ou seja, não sendo mais titular dos créditos de AFAC, seria juridicamente impossível que a Qpar promovesse o aumento do capital social de suas inmvestidas... (...) Por fim, para comprovar que a intenção dos AFAC era evidentemente de injetar recursos nas empresas, sem qualquer interesse em que retornassem, tanto o AFAC das sociedades Rio Polímeros como o da Braskem Petroquímica foram capitalizados, não pela Qpar, até porque não poderiam sêlo por quem não era acionista, mas o foram pela Braskem S/A, acionista dessas empresas e titular desses ativos, conforme mostram as atas (doe. 06). 2.5. DA NULIDADE MATERIAL DO LANÇAMENTO POR ERRO NA DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO, DA ALÍQUOTA E NA SISTEMÁTICA DE APURAÇÃO DO IMPOSTO. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES COMO CRÉDITOS ROTATIVOS casos I, II E III. ... Dessas considerações, já é possível perceber a total incompatibilidade dos aportes financeiros realizados pela Qpar em suas investidas com a modalidade de crédito rotativo, aproximandose, ao contrário, do crédito fixo, já que os valores considerados pela fiscalização como mútuo foram efetivamente entregues às citadas Companhias e não apenas colocados à disposição daquelas empresas para utilizarem quando, quanto e se quisessem. Ademais, não houve nas situações I, II e III qualquer devolução de quantias que pudessem ser confundido com amortizações nem qualquer espécie de controle de saldos devedores. Então, na remota hipótese de se admitir que os aportes realizados pela Qpar podem ser enquadrados como mútuos de recursos financeiros, estes se amoldam, no máximo, à figura o "Crédito Fixo", pois no presente caso ficou definido o valor do principal a ser utilizado e houve a previsão de mais de um pagamento, tal como delineado na alínea "b" do inciso II do art. 79 do RIOF. (...) 2.6. DOS EQUÍVOCOS NO CÁLCULO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO IOF CALCULADO ATÉ DEZEMBRO DE 2010. (...) Isso porque, inobstante os eventos societários relatados nos tópicos antecedentes, ocorridos em 01.09.2010 (Caso I) e em 29.06.2010 (Casos II e III), que implicaram na extinção do AFAC ou mesmo na mudança da Fl. 2666DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.668 14 titularidade desses ativos, o IOF considerado devido pela Qpar foi indevidamente calculado até dezembro de 2010! (...) Ora, em relação ao Caso I, após a incorporação da Quattor Química (recebedora dos aportes) pela Qpar (remetente dos aportes) todos os direitos e obrigações da incorporada foram absorvidos pela incorporadora, diante do que, ainda que o AFAC se tratasse de mutuo financeiro, houve, naquela oportunidade, a extinção da obrigação, qualquer que fosse a sua natureza, pois a Qpar passou a ser credora e devedora ao mesmo tempo, em relação ao mesmo objeto (doc. 05). (...) 0 auditor fiscal olvidase que, com a transferência desses ativos para outra pessoa jurídica, as sociedades Rio Polímeros e a Braskem Petroquímica deixaram de "dever" qualquer importância para a Qpar, razão pela qual sequer haveria como calcular o imposto pretendido, pois deixaram de existir saldos devedores diários a partir daquela data, ou seja, inexiste grandeza econômica sobre a qual incidir o imposto lançado contra a Qpar. 3. DA INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO CASO IV 3.1. Do ÔNUS DA PROVA DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR (...) Ora, Nobres Julgadores, não caberia à Fiscalizada a prova de que os lançamentos não caracterizam mútuo, e sim, à Fiscalização, comprovar a caracterização desta operação, para que estivesse legitimada a exigência do IOF, uma vez que é dever do auditor fiscal autuante provar a ocorrência do fato gerador, e não do fiscalizado provar a sua não ocorrência. (...) Então, o Fiscal autuante não poderia se desincumbir da sua inafastável tarefa de provar o que sustentou nessa vergastada autuação: que os negócios jurídicos firmados pela Qpar foram, na sua essência, contratos de mútuos. Portanto, carece de motivação o Caso IV da autuação, pois não foi demonstrado elemento essencial da obrigação tributária, qual seja, a ocorrência do fato gerador. (...) 3.2. DA PROVA DO SINISTRO (...) Esclareceu a Fiscalizada, ademais, que os valores foram cobrados pela Quattor Química mediante a emissão de Notas de Débito que foram acometidas por um incêndio ocorrido na empresa onde estavam armazenadas, fato q apresentação à Fiscalização. (...) 3.3. DA DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DO REEMBOLSO 3.3.1. PRÊMIO DE SEGURO (...) Fl. 2667DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.669 15 Em 2010, foi feito a renovação da apólice de seguro de Riscos Operacionais, onde a Quattor Química efetuou o pagamento integral) não obstante o seguro também tivesse como beneficiária a Braskem Petroquímica, a querrjj cabia o pagamento de R$ 2.639.562,44. Quando do pagamento de seguro, a Quattor Química promovia o registro contábil do valor do prêmio na conta de ativo 1127.0103 Prêmios de Seguros Riscos Operacionais, que possui a natureza de conta contábil de "Despesas antecipadas". (...) 3.3.2. RECLASSIFICAÇÕES (...) Vêse, portanto, que a despeito do sinistro que destruiu as Notas de Débito da Quattor Química, a Braskem conseguiu comprovar, ainda no curso da Fiscalização, através dos seus relatórios contábeis, que parte dos valores a débito lançados na conta contábil no 1.1.2.6.06.10 se refere a reembolso de despesas de prêmio de seguro, pago pela Quattor Química em favor de empresas do grupo por força de contratos de rateio... 3.3.2. RATEIO DE DESPESAS NA IMPLANTAÇÃO DO SAP (...) Em Março de 2009, a Quattor Petroquímica S/A firmou com a Deloitte Touche Tohmatsu, contrato para serviços de implantação do SAFj| a serem realizados em favor da Quattor Petroquímica S/A, Quattor Participações S/A, Quattor Químicos Básicos S/A (antiga denominação da Quattor Química S/A doe. 13), Polietilenos União S/A e Rio Polímeros S/A (como se observa do item 2.3 deste contrato doe. 14). Os serviços objeto do contrato tiveram duração dp 14 meses e, embora o contrato tenha sido pactuado entre Quattor Petroquímica S/A e Deloitte, os pagamentos foram feitos pela Quattor Química que solicitou reembolso às demais participantes do contrato de rateio via notas de débito, como fazem prova as Notas de Débito no 222/2010 e 223/2010. 4. DA INSUBSISTÊNCIA DO LANÇAMENTO CASOS V E VI. 4.1 DAS PREMISSAS ADOTADAS PELA FISCALIZAÇÃO NO TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL (TVF) ACERCA DOS CASOS V E VI. 4.2. DA AUSÊNCIA DE AMPARO FÁTICO E LEGAL PARA A CARACTERIZAÇÃO DE MÚTUO EM RELAÇÃO ÀS OPERAÇÕES REALIZADAS COM AMPARO NO CONTRATO DE CONTA CORRENTE E GESTÃO ÚNICA DE CAIXACASOS VE VI. (...) Embora a Impugnante tenha convicção de que ãs operações objeto da autuação, que refletem a execução do Contrato de Conta Corrente e Gestão Única de Caixa, não se caracterizam como mútuo, logo não se sujeitam à Fl. 2668DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.670 16 incidência do IOF/Crédito, os erros cometidos pela apuração foram tão patentes e distorcem de maneira tão relevante o valor do crédito tributário que se pretende exigir, que a Impugnante iniciará a sua defesa demonstrando, um a um, os erros acima apontados, a fim de que essa Ilustre Junta de Julgamento Fiscal promova, antes de adentrar no mérito, o ajuste do crédito fiscal ao montante que reflita o IOF que a fiscalização efetivamente pretende cobrar. (...) 4.2.1. Dos EQUÍVOCOS COMETIDOS NA APURAÇÃO DO lOF SUPOSTAMENTE DEVIDO 4.2.1.A EQUÍVOCOS COMUNS AOS CASOS V E VI 4.2.1.A.1 DESCONSIDERAÇÃO DOS LANÇAMENTOS EFETUADOS EM CONTAS PASSIVAS (...) E, de fato, as movimentações de e para o Caixa Único eram registradas não só nas contas do ativo indicadas no TVF, mas também na conta de passivo de n. 22830202 (doe. 19), denominada "Braskem S/A Quattor Química S/A", da Quattor Química (caso V), e nas contas de passivo de n.s 22830204, denominada "Braskem S/A jj Quattor Participações" (jan a ago/2010 doe. 20) e 2203010201, denominada "Contas Correntes a Pagar empresas ligadas" (set a dez/2010 doe. 21). (...) Caso V IOF supostamente devido por Quattor Química (...) Ao ajustar o levantamento da fiscalização às liberações de recursos do Caixa Único em favor da Quattor Química, constatase que, nos dias 22 e 23 de junho de 2010, bem como do dia 29 de junho de 2010, até a data da incorporação da Quattor Química, essa sociedade tinha posição consolidada contábil de natureza credora no conta corrente, o que significa dizer que os valores por ela recebidos aportados no caixa único. (...) Para a apuração do IOF supostamente devido por Qpar, a Impugnante efetuou os ajustes seguindo o mesmo critério da Quattor Química, sendo que, para a Qpar, o passivo decorrente dos recebimentos de recursos no âmbito do Conjxato de Conta Corrente foi controlado em duas contas contábeis distintas: (...) A conta do ativo contábil de n. 1109, que foi utilizada pela fiscalização para elaborar o Anexo VI e apurar o IOF supostamente devido, somente contém lançamentos a partir de 01/09/2010, exatamente por se tratar de conta nova que foi criada com a implantação do SAP. Por essa razão, a apuração dos Fl. 2669DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.671 17 "saldos devedores diários" só começou a ser feita pela fiscalização a partir dessa data, conforme se verifica da simples análise do Anexo VI. (...) Caso o auditor fiscal tivesse iniciado o cálculo do sa do devedor em maio de 2010, com os lançamentos efetuados na conta passiva 22830204, teria constatado que em nenhum dia do ano de 2010 havia de ser cobrado o IOF, já que apenas a consideração do saldo contábil credor em 01/09/2010 é suficiente para eliminar qualquer posição da Qpar como "credora" do caixa único, conforme se verifica do demonstrativo anexo (doe. 25). (...) 4.2.1.A.2 EQUÍVOCO NO CÁLCULO DO IOF ADICIONAL. (...) Ao analisar os Anexos V e VI, verificase que o Auditor Fiscal considerou como base de cálculo do IOF adicional os lançamentos contábeis^ a débito em contas contábeis que materializam o Contrato de Conta Corrente e não os incrementos aos saldos devedores diários. Em outras palavras, o Auditor Fiscal indicou como base de cálculo do IOF adicional todos os valores que computou na coluna "Novos Empréstimos", ainda que, no mesmo dia, houvesse lançamento a crédito que o anulasse (que o próprio fiscal incluiu na coluna "Pagamentos"), de modo que não houvesse alteração alguma no saldo devedor diário. (...) 4.2.1.B EQUÍVOCO RELATIVO AO CASO VI USO INDEVIDO DE CONTA CONTÁBIL TRANSITÓRIA MAJORAÇÃO DO IOF ADICIONAL ... foram feitos quatro lançamentos no valor de R$ 14.600.000,00 na conta 1109010202, sendo dois a débito e dois a crédito, de modo que, no final do dia, não houve nenhum movimento real nessas contas de ativo. O que ocorreu, na verdade, pela análise das contrapartidas acima indicadas, foi uma saída de recursos da conta Banco Itaú da Qpar (1101033442), no valor de R$ 14.600.000,00, para o Caixa Único, com a consequente diminuição da conta passiva de conta corrente da Qpar (2203010201). A apresentação dessa planilha pela Impugnante, ressaltese, também deixa clara a necessidade de se avaliar as contas passivas que controlavam os movimentos do caixa único para as correntistas, o que não foi feito pela fiscalização. (...) 4.2.1.C EQUÍVOCO RELATIVO AO CASO V CÁLCULO DO IOF APÓS A INCORPORAÇÃO DA QUATTOR QUÍMICA. (...) Fl. 2670DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.672 18 É certo que a Impugnante já demonstrou que, na data da sua incorporação, a Quattor Química não estava em posição credora perante o caixa único, mas sim devedora, o que já anula o saldo sobre o qual a fiscalização apurou o IOF no período de 01/09/2010 a 31/12/2010 (doc. 24). De qualquer sorte, não se pode deixar de contestar o critério jurídico adotado pela fiscalização, de continuar exigindo o IOF sobre saldo de conta contábil que não mais existe, porque a sua titular extinguiuse por incorporação em 01/09/2010, como já demonstrado nos itens relacionados ao Caso I. (...) 4.2.1.D DO RESULTADO DA CORREÇÃO DOS EQUÍVOCOS ACIMA APONTADOS Como resultado da correção dos equívocos acima apontados, o IOF lançado através do caso V é reduzido para R$ 877.745,09 (doc. 24), ao passo em que o IOF lançado através do caso VI deve ser totalmente anulado (doc. 25), uma vez que a posição a Qpar mantevese devedora em relação ao caixa único, no período autuado. (...) 4.2.2 DA NÃO INCIDÊNCIA DO lOF SOBRE OPERAÇÕES REALIZADAS AO AMPARO DO CONTRATO DE CONTA CORRENTE E GESTÃO ÚNICA DE CAIXA. 4.2.2.1. DA DISTINÇÃO ENTRE O CONTRATO DE MÚTUO E O CONTRATO A QUE ADERIRAM A QPAR E QUATTOR QUÍMICA. (...) Logo, se a lei determina que somente as operações envolvendo contratos de mútuo ensejam a cobrança do IOF, a incidência do imposto está limitada às situações envolvendo negócios jurídicos que sejam caracterizados como mútuo de acordo com a lei civil. (...) O contrato de conta corrente, por sua vez, corresponde a negócio jurídico atípico ou inominado, sem previsão legal específica, sendo as especificidades dos direitos e obrigações previstas no próprio instrumento contratual, a partir da das partes envolvidas. (...) Contrariamente ao mútuo, portanto, o contrato de conta corrente não envolve necessariamente a entrega do bem e tampouco demanda a sua devolução. Na verdade, tratase de contrato consensual, por meio do qual as partes optam por dispor de valores e pagar valores devidos entre si, em decorrência de outros negócios jurídicos, registrando tais valores em controle contábil a débitos e créditos. (...) Fl. 2671DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.673 19 No contrato de conta corrente, não há que se falar que a correntista empresta valores à gestora e que a eventual utilização de valores para o pagamento de obrigações em seu favor corresponda à devolução do empréstimo, na medida em que é possível que uma das partes disponha de recursos provenientes do conta corrente sem sequer ter feito qualquer transferência de recursos. (...) A fiscalização, de certo modo, parece entender a distinção entre contratos de mútuo e contratos de gestão única de caixa e conta corrente, na medida em que aponta reiteradas vezes como infração a suposta falta de comprovação de que os recursos do caixa único foram utilizados em prol das correntistas Qpar e Quattor Química, bem como a falta de comprovação de que a Braskem atuou como gestora do contrato. (...) 4.2.2.2. Do APROVEITAMENTO DOS RECURSOS DO CAIXA ÚNICO PELA QPAR E QUATTOR QUÍMICA E DA GESTÃO PELA BRASKEM (...) A Impugnante, em diversas respostas apresentadas, esclareceu que o próprio contrato a que a Qpar e a Quattor Química aderiram já comprovava o aproveitamento por elas de todo o benefício a ele inerente, na medida em que os recursos aportados no caixa único são utilizados em favor das correntistas , que os utilizam na extinção das suas obrigações. De fato, é da essência desse contrato que os recursos sejam utilizados para liquidação das obrigações das correntistas, e assim o foram. Da análise da planilha de movimentação do conta corrente entre a gestora, Braskem, e a correntista Quattor Química (doe. 26), por exemplo, notase que existe um fluxo quase que "diário de aportes pela Quattor Química no caixa único, ou retorno de recursos para solver as suas obrigações. (...) O TVF também aponta, em diversas passagens, para a falta de comprovação pela fiscalizada de que a controladora Braskem administrou o caixa do grupo. Essa acusação causou surpresa à Impugnante, vez que esse ponto nunca foi objeto de questionamento específico por parte da fiscalização. As reiteradas intimações solicitavam sempre a comprovação de que os valores relacionados ao contrato tinha sido aplicados na gestão em benefício da Quattor Química e da Qpar. Jamais se questionou quem era a gestora nem se solicitou prova de sua condição A Impugnante informou no curso da ação fiscal que a gestora era a Braskem. E esse fato nunca suscitou dúvidas à fiscalização... (...) 4.2.2.3. DAS DECISÕES E ATOS NORMATIVOS CITADOS NO TVF 5. DA INAPLICABILIDADE DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO Fl. 2672DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.674 20 6Do PEDIDO Diante de todo o exposto, a Impugnante pugna, preliminarmente, pela realização de diligência, a fim de que: i) sejam analisados todos os equívocos apontados minuciosamente na presente defesa quanto à apuração do IOF pelas autoridades fiscais, juntamente com as provas carreadas aos autos; ii) seja refeito o cálculo do tributo supostamente devido, em face da retificação dos erros apontados; e iii) analisados os documentos indicados ao longo da impugnação, para atestar que os lançamentos contábeis se referem à movimentação do Contrato de Conta Corrente e Gestão Única de Caixa, que as correntistas Quattor Química e Qpar se beneficiaram dos seus termos e que a Braskem era a gestora. Após, a Impugnante pugna para que sejam acolhidas as sólidas razões expendidas nesta Impugnação, requerendo que essa D. Delegacia de julgar totalmente improcedente o Auto de Infração lavrado."(grifos e negritos no original) O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário e a Fazenda Nacional apresentou Razões ao Recurso de Ofício e Contrarrazões ao Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen Relator Os recursos Voluntário e de Ofício, interpostos em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0962.177, são tempestivos e atendem os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual devem ser conhecidos. Os recursos interpostos visam reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2010 IOF. ADIANTAMENTO PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL. AFAC. As disposições contidas no Parecer Normativo CST nº 17 de 20/08/1984 não podem ser utilizadas como fundamento para descaracterização de AFAC realizado em período posterior á perda de sua eficácia, que se deu com a edição da Instrução Normativa nº 127/88, regulando a mesma matéria, que por sua vez foi revogada pela Instrução Normativa nº 79/2000. IOF. PAGAMENTO DE DESPESAS DE OUTRAS EMPRESAS. MUTUO. O adiantamento de recursos de uma empresa a outra, via pagamento de despesas, com obrigação de posterior devolução caracteriza empréstimo. O fato da mutuante, Fl. 2673DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.675 21 ao invés de enviar os recursos para mutuária, ter pago diretamente as despesas não desnatura a operação de mútuo Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2010 LANÇAMENTO. INCONGRUÊNCIA NA DESCRIÇÃO DO ILÍCITO. IMPROCEDÊNCIA. É improcedente o lançamento quando a autoridade fiscal, apesar de descrever os fatos apurados de forma razoavelmente clara, não aponta com precisão o seu entendimento quanto aos reflexos tributários dos fatos apontados. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA A cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pelo CTN ao crédito tributário. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A questão central no presente processo é o lançamento pela autoridade fiscal do Imposto Sobre Operações Financeiras – IOF incidente sobre alegadas operações de mútuo realizadas pelo Contribuinte. As diversas operações (situações) foram separadas em 6 (seis) casos como se depreende do Termo de Verificação Fiscal (fls. 2016 a 2085). São os seguintes casos: CASO I IOF SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO (TRANSFERIDOS POR QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A À QUATTOR QUÍMICA S/A A TÍTULO DE AFACANO CALENDÁRIO 2010) CASO II IOF SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO (TRANSFERIDOS POR QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A À RIO POLÍMEROS S/A A TÍTULO DE AFAC ANO CALENDÁRIO 2010) CASO III IOF SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO (TRANSFERIDOS POR QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A À BRASKEM PETROQUÍMICA S/A A TÍTULO DE AFAC ANOCALENDÁRIO 2010) CASO IV IOF SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO (CONTA n° 11260610) DEVIDOS POR QUATTOR QUÍMICA S/A ANOCALENDÁRIO 2010. CASO V IOF SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO (CONTA n° 12150602) DEVIDOS POR QUATTOR QUÍMICA S/A ANOCALENDÁRIO 2010. CASO VI IOF SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO (CONTA n° 1109) DEVIDOS POR QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A ANOCALENDÁRIO 2010 Fl. 2674DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.676 22 Em relação aos Casos I, II, III, V e VI entendeuse na decisão ora recorrida pela procedência da Impugnação. Já em relação ao Caso IV, mantevese o lançamento com multa de ofício e juros de mora. Diante desta decisão, o Recurso Voluntário voltase a reforma da decisão em relação ao Caso VI e o Recurso de Ofício em relação aos Casos I, II, III, V e VI. Em seguida tratarseá de cada um deles para que se possa melhor compreender o objeto da lide. Recurso de Ofício O Recurso de Ofício se dá em razão de que se deu provimento à impugnação quanto aos Casos I, II, III, V e VI. A Turma Julgadora entendeu que é improcedente o lançamento nestes Casos visto que não foi possível descaracterizar os Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital AFAC com a aplicação das disposições contidas no Parecer Normativo nº 17/84 e que a autoridade fiscal não trouxe aos autos elementos de prova que confirmassem a inexistência de AFAC. Nas razões ao Recuso de Ofício assim a Fazenda Nacional se pronunciou (fls. 2621 e seguintes): II.1 – Fatos geradores referentes aos “casos I, II e III” A DRJ considerou que o lançamento apresenta fundamentação deficiente, uma vez que estaria amparado no Parecer Normativo CST 17/1984, tido por revogado. Para melhor caracterizar a controvérsia, cumpre transcrever parcialmente a decisão de primeira instan̂cia: (...) De início, não se pode deixar de registrar que a decisão é flagrantemente contraditória. Embora o julgador tenha afirmado que “Não é verdade como alega a autuada, que o lanca̧mento tenha sido fundamentado no citado parecer (...)”, acabou por fulminar o lançamento a partir da premissa de que a motivaçaõ exclusiva deste é descumprimento do referido parecer (Parecer Normativo CST no 17, de 20/8/1984). Não se deve confundir o motivo com a motivação do ato administrativo, gênero no qual se insere o lançamento tributário. Na definicã̧o de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo”, ao passo que “Motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstraçaõ, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram”. Para que o lançamento pudesse ser anulado pela simples razaõ de o Parecer Normativo CST n° 17, de 20/8/1984, ter perdido sua eficácia (fundamento principal da decisão recorrida), seria necessário que essa norma estivesse vinculada ao motivo do ato. Sucede que, no presente caso, o motivo é a ocorrência de operação de crédito similar a mútuo, nos termos do art. 13 da Lei 9.779/1999. A leitura atenta do Termo de Verificaçaõ Fiscal revela que o Parecer Normativo CST n° 17, de 20/8/1984, é apenas um dos elementos constantes em sua motivação, de modo que a suposta revogação daquele ato não pode, por si só, provocar a anulação do lançamento. (...) No plano estritamente jurídico, portanto, o AFAC representa uma operaca̧õ de crédito, motivo pelo qual, como dito anteriormente, o condicionamento da inciden̂cia do IOF a eventual não capitalização por ocasião da primeira Assembleia Fl. 2675DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.677 23 Geral ou, no máximo, até 120 dias contados do encerramento do períodobase da sociedade tomadora dos recursos – tal como preceitua o Parecer Normativo CST n° 17, de 20/8/1984 – é medida benéfica ao contribuinte, pois o art. 13 da Lei 9.779/1999 alcança todas as “operacõ̧es de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros”. (...) Assim, não merece prosperar a decisão recorrida, a qual anulou o lanca̧mento por discordar da referen̂cia feita ao Parecer Normativo n° 17/1984. A DRJ consignou ainda que assiste razão à autuada quanto ao argumento da “desnecessidade de capitalização dos AFAC que teve como destinatária a empresa Quator Química S/A, pois no próprio ano em que foram feitos os adiantamentos a investidora incorporou a investida”. Contudo, a ocorrência desse fato superveniente mostra precisamente o contraŕio, ou seja, que a transferen̂cia de recursos entre as empresas do grupo não representava adiantamento para futuro aumento de capital. Frisese que o TVF registrou que, em 31/07/2010, já havia ocorrido reclassificaçaõ para a conta de passivo onde consta o histórico “possibilidade de devoluca̧õ”, elemento completamente ignorado pelo julgador de primeira instan̂cia (fl. 2.031). Ora, se no mesmo ano do suposto AFAC ocorre, além da mudança contab́il descrita, incorporação da empresa, em vez do aumento de seu capital social, é porque a transferência de valores naõ cuidava de adiantamento para futuro aumento de capital. O que se nota é a ocorrência de aporte de recursos mediante operação de crédito análogo a mútuo, nos termos do art. 13 da Lei 9.779/1999. Outro argumento utilizado pelo julgador de primeira instância e ́de que, no caso das empresas Rio Polímeros S/A e Quattor Petroquímica S/A (posterior Braskem Petroquímica S/A), os AFAC foram “capitalizados em Assembléia de 30/04/2012”, razão pela qual não seria possível descaracterizar uma operacã̧o que se comprova realizada. Nesse ponto, vale reiterar as consideracõ̧es do mencionado Acórdão n° 3301002.282; afinal, o aumento de capital realizado após considerável lapso de tempo da antecipaçaõ dos valores não descaracteriza a operação de crédito: (...) Considerando os argumentos da Fazenda Nacional, bem como, o Termo de Verificação Fiscal, constatase que é correta a decisão proferida pela DRJ e a cito como razões para decidir (fls. 2528 e seguintes): CASOS I, II e III. Relativamente aos treŝ primeiros casos, afirma a autoridade fiscal que a empresa Quator Participações S/A repassou, no ano de 2010, às empresas Quattor Quimica S/A, Rio Polimeros S/A e Braskem Petroquímica S/A (ex Quattor Petroquímica S/A) recursos financeiros que foram contabilizados como Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC). Decorre o lançamento, nessa parte, essencialmente da descaracterizaçaõ dessas operações financeiras (AFAC) para operações de mútuo. Conclui a autoridade fiscal que "os valores transferidos não foram capitalizados no próprio anocalendário 2010, quando do primeiro ato formal das sociedades tomadoras ocorrido após o recebimento dos recursos financeiros recebidos a título de “adiantamentos Para Futuro Aumento de Capital” (AFAC), tampouco em até 120 dias contados do encerramento do períodobase das referidas sociedades". Fl. 2676DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.678 24 Tal entendimento, segundo informa o autuante, decorreu da aplicacã̧o da regra contida no Parecer Normativo CST no 17 de 20/08/1984, especialmente no trecho que segue abaixo (retirado no Termo de Verificacã̧o Fiscal): “Não é exigível a observância ao disposto no art. 21 do DecretoLei no 2.065/83 à pessoa jurídica que fizer adiantamento de recursos financeiros, sem remuneracã̧o, para sociedade coligada, interligada ou controlada, desde que: 1) o adiantamento se destine, específica e irrevogavelmente, ao aumento do capital social da beneficiária, e 2) a capitalizacã̧o se processe, obrigatoriamente por 120 dias contados do encerramento do períodobase da sociedade tomadora dos recursos". (grifos e negritos acrescidos pela autoridade fiscal) Não é verdade, como alega a autuada, que o lançamento tenha sido fundamentado no citado parecer, contudo é inegável que da sua aplicação simples e direta decorreu a descaracterizaçaõ das AFAC para operacõ̧es de mútuo, fato que impõe a necessária aferição de sua validade para regular o caso aqui tratado. O citado Parecer Normativo CST no 17 de 20/08/1984, como nos informa seu item de número 1 (um), foi editado para "examinar os termos do art. 21. do DecretoLei no 2.065, de 26 de outubro de 1983, ante os casos de adiantamento de recursos financeiros em dinheiro, sem remuneracã̧o ou com remuneração inferior àquela estipulada em lei, de pessoas jurídicas investidoras para sociedades coligadas, interligadas e controladas, com o comprometimento irrevogável e irretratável de sua destinação para aumento do capital social da tomadora dos recursos"(negritei e grifei). Já o art. 21, do DecretoLei no 2.065 de 1983 estabelecia que: "Art. 21 Nos negócios de mútuo contratados entre pessoas jurídicas coligadas, interligadas,controladoras e controladas, a mutuante deverá reconhecer, para efeito de determinar o lucro real, pelo menos o valor correspondente à correcã̧o monetária calculada segundo a variacã̧o do valor da ORTN. Parágrafo único. Nos negócios de que trata este artigo não se aplica o disposto nos artigos 60 e 61 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977.” Percebese que o texto normativo acima, e por consequen̂cia o parecer, foi editado em um contexto em que vigia a correção monetária das demonstracõ̧es financeiras e, por entender que não seria admissível que as AFAC ficassem indefinidamente sem correção aguardando a capitalização, resolveu a administraçaõ tributária fixar como razoáveis as regras abaixo: "7.1 Entendemos como razoável que o aumento de capital seja realizado por ocasião do primeiro ato formal da sociedade coligada, interligada ou controlada, que ocorra imediatamente após o recebimento dos recursos financeiros, seja assembléia geral extraordinária (AGE), para as sociedades por acõ̧es, ou alteracã̧o contratual para as demais sociedades. 7.1.1 Não ocorrendo um daqueles eventos previstos em 7.1, o prazo máximo de tolerância será de até 120 (cento e vinte) dias contados a partir do encerramento do períodobase em que a sociedade coligada, interligada ou controlada tenha recebido os recursos financeiros." Posteriormente, ainda regulando o tema, foi editada a Instrução Normativa SRF no 127/88 que trouxe a seguinte definica̧õ: Fl. 2677DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.679 25 "O Secretário da Receita Federal, no uso de suas atribuicõ̧es e tendo em vista o disposto no art. 21 do DecretoLei no 2.065, de 26 de outubro de 1983, Declara: 1. Os adiantamentos de recursos financeiros, sem remuneração ou com remuneração inferior às taxas de mercado, feitos por uma pessoa jurídica à sociedade coligada, interligada ou controlada, não configuram operação de mútuo, sujeita à observância do disposto no art. 21 do DecretoLei no 2.065, de 26 de outubro de 1983, desde que: a) entre a prestadora e a beneficiária haja comprometimento, contratual e irrevogável, de que tais recursos se destinem a futuro aumento de capital; e b) o aumento de capital seja efetuado por ocasião da primeira Assembléia Geral Extraordinária ou alteracã̧o contratual, conforme o caso, que se realizar após o ingresso dos recursos na sociedade tomadora." Veja que o diploma regulador acima veio tratar exatamente da caracterizaçaõ dos AFAC para fins de aplicação do mesmo artigo 21, do DecretoLei no 2.065 de 1983, qual seja a correcã̧o monetária dos valores envolvidos. Considerando o fato de que a IN veio novamente regular a aplicaçaõ do artigo 21, do DecretoLei nº 2.065/83, é possível afirmar que a sua simples ediçaõ já é forte indicativo da ineficácia normativa do Parecer em análise. E ainda que se cogitasse da eficácia do referido parecer, a edição da IN tratando do mesmo assunto já seria suficiente para acarretar a sua revogação. A Instruca̧õ Normativa SRF Nº 127 de 08/09/1988, por sua vez, foi expressamente revogada pela Instrução Normativa SRF nº 79 de 01/08/2000. Tal iniciativa, naturalmente, foi decorrente da alteraçaõ legislativa promovida pela Lei no 9.249/96, que em seu artigo 4o veio assim dispondo: "Art. 4º Fica revogada a correção monetária das demonstrações financeiras de que tratam a Lei no 7.799, de 10 de julho de 1989, e o art. 1o da Lei no 8.200, de 28 de junho de 1991. Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção monetária de demonstracõ̧es financeiras, inclusive para fins societários." Vêse, portanto, que há muito está revogado, ainda que de forma tácita, o Parecer Normativo CST no 17/84, pois além do fato de a matéria nele tratada ter sido objeto de Instrucã̧o Normativa editada pelo Secretário da Receita Federal também se tornou incompatível com o novo regime jurídico introduzido pelo artigo 4o, da Lei no 9.249/96. Se considerarmos que o citado parecer foi o ponto central utilizado pela autoridade fiscal no mister de descaracterizar os repasses financeiros como se AFAC fosse, é possível afirmar que a fundamentação para lavratura do auto de infraçaõ, no que se refere aos casos I, II e III está deficiente, já que todo o raciocínio jurídico empregado tem por premissa a aplicacã̧o de disposições contidas em um parecer ineficaz. Em resumo, não é possível descaracterizar os AFAC com a simples aplicacã̧o das disposições contidas no Parecer Normativo no 17/84, o que, no meu entendimento, leva, inevitavelmente, à improcedência do lançamento, nessa parte, por clara ausência de fundamentação fática. À autoridade fiscal caberia trazer aos autos elementos de prova capazes de sustentar a sua conclusão pela inexistência dos AFAC, ônus do qual se esquivou já que fez a opção pela aplicação direta de uma "norma" que não se presta a esse papel. Fl. 2678DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.680 26 De se registrar ainda que são pertinentes os argumentos de defesa no tocante à desnecessidade de capitalização dos AFAC que teve como destinatária a empresa Quator Quimíca S/A, pois no próprio ano em que foram feitos os adiantamentos a investidora incorporou a investida. Ainda que aplicáveis as regras constantes dos diplomas regulamentares revogados, entendo que seria legítima tal justificativa na medida em que o evento societário fundiu as empresas envolvidas se tornando desnecessário o aumento de capital de empresa que foi extinta e teve todo seu capital absorvido pela própria investidora. O caso dos AFAC das empresa Rio Polimeros S/A e Quator Petroquimica S/A (posterior Braskem Petroquimica S/A) é ainda mais explícito, pois teve seus AFAC capitalizados em Assembléia de 30/04/2012, como se comprova no documentos juntados às fls. 2252 e seguintes. Como descaracterizar uma operaçaõ de AFAC que se comprova realizada, apenas por que tal capitalizaçaõ teria se dado fora do prazo estipulado em parecer ineficaz? O próprio autuante teve conhecimento desses acontecimentos e preferiu ignorálos sob o argumento de que o ato societário não teria ocorrido no prazo "razoável" prescrito pelo Parecer Normativo no 17/84. Pelo que até aqui se viu, devo concluir que não há salvaçaõ para o lançamento no tocante aos casos I, II e III, devendo o lançamento ser considerado improcedente nessa parte. Com a conclusão pela improcedência, conforme acima fundamentado, entendo ser desnecessária a análise dos demais argumentos de defesa no tocante aos casos I, II e III, razão pela qual passase à análise dos demais casos. Já em relação aos Casos V e VI, assim se pronunciou a Fazenda Nacional: II.2 – Fatos geradores referentes aos “casos V e VI” Percebase que a fiscalização identificou lançamentos a débito característicos de operações de mútuo, destacandose, por exemplo, em relação à conta n° 1109, a descrição do título “MÚTUOS A RECEBER” e diversas anotações de “MÚTUOS A TRANSFERIR” (Anexo LX). Com a devida vênia, a DRJ incorreu em mais um equívoco ao anular o lanca̧mento do IOF sobre as operacõ̧es de crédito encontradas. Inicialmente, o julgador de primeira instância afirma que teve “certa dificuldade de compreensão das conclusões também no que se refere a estas duas situações/casos”. Isso porque a autoridade fiscal teria, por um lado, buscado descaracterizar o sistema de conta corrente e gestão única de caixa e, por outro, feito referência à Solução de Consulta n° 50/2015 – COSIT, segundo a qual podem ocorrer operações de crédito entre pessoas jurídicas mediante conta corrente, as quais se sujeitam à inciden̂cia do IOF. A dúvida foi assim resumida: (...) É descabido o questionamento. A leitura atenta do Termo de Verificação Fiscal não dá margem a dúvida, pois em momento algum se cogitou tributar “operacõ̧es de conta corrente e gestão única de caixa”. (...) Como se constata, ao contrário do que afirma o voto condutor da decisão da DRJ, os fragmentos acima transcritos não apresentam qualquer “grau razoável de incerteza quanto à imputação que de fato é feita à autuada”. Fl. 2679DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.681 27 O encadeamento lógico das razões expostas na motivação do ato é voltado à demonstraçaõ de que não havia mera administração do caixa do grupo pelo sistema de conta corrente, mas, sim, que esse meio foi utilizado para “instrumentalizar operações de mútuo financeiro”, nas palavras empregadas pela autoridade fiscal. Desse modo, verificase a fragilidade do principal fundamento empregado para desconstituir o crédito lançado. (...) Ora, a fiscalização demonstrou que houve disponibilizaçaõ de recursos remetidos por uma empresa a outra do mesmo grupo pela via da conta corrente. Apontou que os registros contábeis faziam alusão a “MÚTUOS A RECEBER” e a “MÚTUOS A TRANSFERIR”. Intimou a autuada para que esta pudesse apresentar prova de que não se estava a tratar de operações de crédito. Contudo, o único elemento probatório por ela produzido foi uma minuta de contrato de conta corrente. É da essência do contrato de conta corrente a facilidade para viabilizar operações de crédito entre os contratantes. A regra nesse tipo de avença é a contagem de juros independentemente de expressa convenção e, conforme anteriormente anotado, os juros servem para remunerar o capital. Em que pese esses argumentos, o fato é que a Turma Julgadora, bem como este Relator, entende que não há como manter o lançamento em relação aos Casos V e VI pelas seguintes razões, conforme se pode depreender de trecho da decisão ora recorrida: CASO V e VI Confesso que tive certa dificuldade de compreensão das conclusões fiscais também no que se refere a estas duas situações/casos. Como se extrai do TVF, a autoridade fiscal intimou a autuada diversas vezes, solicitando a "apresentar documentaca̧õ hábil e idônea comprobatória de todos os lanca̧mentos a deb́ito, do ano calendaŕio 2010 registrados na conta n° 12150602 (QUATTOR QUÍMICA S/A) e conta n°1109 (QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A) Informa ainda a referida autoridade que: " 132. O questionamento que se impõe é saber se os valores lançados a débito nas referidas contas configuraram efetivamente operacõ̧es de “conta corrente” ou se os referidos lanca̧mentos caracterizaram efetiva operação de mútuo sujeita à tributação do IOF. ... 134. De todo o acima exposto, não obstante intimada e reintimada, não foram apresentadas pela fiscalizada relaca̧õ de documentaçaõ hábil e idônea a demonstrar que os lanca̧mentos referidos nos CASOS V e VI acima efetivamente integraram operações vinculadas à conta corrente e gestão única de caixa. 135. Desta forma, restaram caracterizados lançamentos a débito representativos de operações de mútuo sujeitas à incidência do IOF, sendo, para tanto, irrelevante a forma pela qual os recursos foram entregues ou disponibilizados ao mutuário." (grifos e negritos no original) Bem, pareceme, pelo que leio no trecho acima, que o auditor teria descaracterizado o sistema de conta corrente e gestão única de caixa, considerando que as referidas contas serviam para controlar operacõ̧es ordinárias/comuns de mútuo. Contudo, no mesmo documento fiscal, encontramos, logo após as conclusões acima transcritas, citação à Solução de Consulta no 50/2015 COSIT, passando a trazer Fl. 2680DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.682 28 nos trechos seguintes, basicamente, o entendimento externado pela COSIT na resposta dada ao consulente naquele caso. Logo a seguir vem concluindo a autoridade fiscal: "146. Claro está que, para fins da incidência do IOF, nos termos do art. 13 da Lei no 9.779, de 1999, devese verificar tão somente se estão presentes, no caso concreto, as características essenciais do mútuo, sendo irrelevantes aspectos formais mediante os quais a operaçaõ se materializa, bem como a natureza de vinculação entre as partes. Dessa forma, uma vez identificados os atributos inerentes a essa espécie de empréstimo (art. 586 do CC), a operação deve sujeitarse a inciden̂cia do imposto, independentemente de o crédito estar sendo entregue ou disponibilizado por meio de conta corrente ou por qualquer outra forma. (grifos no original)" Vejamos como foi redigida a ementa da referida Solução de Consulta: "OPERAÇÃO DE MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS POR MEIO DE CONTA CORRENTE. INCIDÊNCIA. O IOF previsto no art. 13 da Lei no 9.779, de 1999, incide sobre as operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros, independentemente da forma pela qual os recursos sejam entregues ou disponibilizados ao mutuário. Dessa forma, ocorre o fato gerador do imposto nas operações de crédito dessa natureza também quando realizadas por meio de conta corrente, sendo irrelevante ainda a relação de controle ou coligaçaõ entre as pessoas jurídicas envolvidas." Ora, pela leitura da conclusão da autoridade fiscal (item 146 acima transcrito) e da ementa da Solução de Consulta que lhe serviu de fundamento, passei a considerar que o entendimento seria pela incidência do IOF nas operações feitas por meio de conta corrente, não se tratando mais de descaracterizar o sistema de conta corrente como fez na primeira parte de sua análise. O que se viu nos tópicos seguintes foi novamente a tentativa de descaracterizar o sistema de conta corrente e gestão única de caixa sob o argumento de que não se comprovou que a administração do caixa do grupo era realizada pela Braskem S/A, controladora do grupo de empresas. Registrese que durante o procedimento fiscal não foi solicitada à autuada a comprovação de que a gestão do conta corrente e gestão única do caixa era realizada pela controladora. A contradica̧õ continua de forma bastante clara nos tópicos 151 e 152, a seguir transcritos. Vejamos: "151. Com relacã̧o aos CASOS V e VI, constatouse, com relação à conta n° 12150602 da QUATTOR QUÍMICA, bem como em relação à conta n° 1109 da QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A, ambas referentes ao anocalendário 2010, que a sistemática de conta corrente utilizada se amoldou com perfeição ao fim de instrumentalizar operações de mútuo financeiro, haja vista a facilidade que representa (principalmente quando envolvidas pessoas vinculadas), no que tange ao empréstimo do recurso, por uma das partes, e a posterior restituiçaõ, pela outra parte, por intermédio da mera sistemática de débitos e créditos em conta corrente. 152. Do exposto, não comprovada a gestão do caixa do grupo pela controladora, estarão sob a inciden̂cia do IOF as operações realizadas ao abrigo de contrato de conta corrente entre empresas ligadas com a previsão de concessão de crédito.(grifos e negritos no original)" Veja que no tópico 151, na parte destacada, há uma conclusão de que é um sistema de corrente (que tem suas operações tributadas pelo IOF nos termos da Solução de Consulta citada pela autoridade fiscal) e no tópico 152 já há uma clara indicação de que não é, pois teria lhe faltado o requisito da administração pela controladora. Afinal, para o autuante, é ou não é conta corrente? Não sei responder. Fl. 2681DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.683 29 Veja que nas conclusões, após citar novamente a Solução de Consulta que veio responder indagação específica sobre a incidência de IOF nas operações materializadas sob a sistemática de conta corrente, vem a autoridade fiscal descaracterizar o referido sistema, como vemos abaixo: 159.1. A fiscalizada não apresentou relação de documentação hábil e idônea comprobatória de que os valores objeto dos lanca̧mentos a débito na conta n° 12150602 da QUATTOR QUÍMICA S/A, bem como daqueles em relação à conta n°1109 da QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A tenham sido aplicados na gestão em benefício das sucedidas QUATTOR QUÍMICA S/A e QUATTOR PARTICIPAÇÕES S/A, limitandose a apresentar os contratos de “conta corrente” e razão das contas. 159.2. A fiscalizada não afastou a caracterização das operacõ̧es de mútuo, dado que a controladora (a fiscalizada BRASKEM S/A) não comprovou a administração do caixa do grupo. Pelo que foi acima exposto, encontramos, entendo eu, um grau razoável de incerteza quanto à imputaçaõ que de fato é feita à autuada. Afinal tratase de tributar as operações de conta corrente e gestão única de caixa ou as operações de mútuo registradas na conta de ativo citadas no Termo de Verificação Fiscal? Se estamos tratando de conta corrente, deveria ter sido realizada a análise das contas de passivo informadas pela autuada durante o procedimento fiscal como sendo parte do controle contábil do referido sistema e solicitado à então fiscalizada a comprovação da gestão do caixa único pela controladora. O primeiro fato foi totalmente ignorado pela autoridade fiscal e o segundo, como já dissemos, nunca foi pesquisado, mas deveria pois o ônus probatório no caso de descaracterizaçaõ de operações realizadas pelo contribuinte é do fisco, especialmente quando se trata de lanca̧mento de ofício. Por outro lado, se estamos a tratar de operações diretas, comuns, ordinárias, de mútuo, já que em alguns momentos parece ser este o entendimento da autoridade lanca̧dora, a menção e a fundamentação do lançamento no entendimento da Solução de Consulta COSIT no 50/2015 se mostra inútil para os fins de justificar a incidência do IOF nas operações tratadas nos CASOS V e VI do auto de infração, servindo apenas para dificultar a defesa da autuada. Pelo que pude extrair das informações, fundamentos e conclusões trazidas pela autoridade lanca̧dora há, na verdade, um elevado grau de incerteza e uma razoável confusão acerca do que, de fato, aquela autoridade considera como fato gerador do IOF neste caso concreto. Não há neste ponto do lançamento uma formulação precisa de quais são os fundamentos de fato que levaram o fisco a lançar o tributo em discussaõ. Acrescento ainda que, pelos documentos trazidos aos autos, está demonstrado que a autuada se utiliza de um sistema de conta corrente e gestão única de caixa, nos moldes citados pela Solução de Consulta COSIT no 50/2015, e que a autuação deveria seguir por essa trilha de entendimento, analisando todas as contas contábeis acaso utilizadas no seu controle. Ante tais vícios, não enxergo outro caminho que não seja a conclusão pela improcedência do lanca̧mento também nessa parte. Constatase assim, que tanto nos Casos I, II e III, quanto nos Casos V e VI, a improcedência dos lançamentos efetuados pela autoridade fiscal, voto, portanto, para manter a decisão ora recorrida negando provimento ao Recurso de Ofício. Fl. 2682DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.684 30 Recurso Voluntário O Contribuinte, por meio do Recurso Voluntário ora em análise, visa, inicialmente, o reconhecimento da nulidade material do lançamento do Caso IV do Auto de Infração, por entender que o lançamento carece de motivação, pois a autoridade fiscal não comprovou a ocorrência do fato gerador. Se esse não for o entendimento da Turma, requer que seja reformada a decisão ora recorrida e que se declare a improcedência do lançamento, visto que: a) não é possível caracterizar a operação como mútuo pela não apresentação de Notas de Débito consumidos por incêndio em um contexto que a QPAR atendeu todas as prescrições legais para o caso de destruição de documentos por sinistro, e, diante disso, não pode ser penalizada por não possuir tais documentos; b) não se caracteriza por mútuo a comprovação de que os lançamentos a débitos autuados se referem a reembolso de despesas efetuadas por empresas ligadas por força de contratos de rateio de despesas; e, c) se assim não se entender, que seja afastada os juros de mora sobre a multa. No voto da decisão ora recorrida em relação ao Caso IV – IOF sobre operações de mútuo na Conta nº 11260610 devidos por Quattor Química S.A., referente ao anocalendário 2010, ficou assim estabelecido pelos Julgadores: CASO IV Nas operações tratadas neste caso, diferentemente das anteriores, não enxergo a ocorrência dos vícios ou incongruências anteriormente apontadas. Foi encontrada uma conta de ativo na Quattor Quimica S/A onde se registrava lanca̧mentos a débito sob a justificativa, da autuada, de que se tratava de despesas de outras empresas do grupo que eram pagas e depois rateadas. Como vimos, os documentos que amparavam os registros eram simples notas de débito emitidas pelas empresas do grupo que se beneficiavam das transferen̂cias de recursos, sendo que tais notas de débito sequer foram apresentadas na forma original pois foram enviados apenas arquivos digitalizados. O razão da referida conta, juntado pelo fisco às fls. 1447 a 1468, traz como contrapartida do lançamento a deb́ito, na grande maioria dos registros, um lanca̧mento a cred́ito em conta intitulada "valores a receber de terceiros". A simples leitura do razão da citada conta já indica que os registros contábeis ali realizados se referem a operações de mútuo, na medida em que há um envio de numerário, de forma direta ou indireta (através do pagamento de despesas de outra empresa), com a obrigação de devolucã̧o. Tal situacã̧o se enquadra perfeitamente no conceito de mútuo. O próprio exemplo dado pela impugnante (fls. 2167, item 3.3.2 da impugnação) vem reafirmar a posica̧õ do fisco. Vejamos. Fl. 2683DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.685 31 Veja que a Quattor Quimica S/A adiantou recursos para Quattor Petroquimica S/A, já que teria pago por um serviço a ser prestado para empresas do grupo, e esta última teria que devolvêlos. Na minha visão é um empréstimo. O fato da mutuante, ao invés de enviar os recursos para mutuária, ter pago diretamente as despesas não desnatura a operação de mútuo. A existência de contrato de conta corrente e de gestão única de caixa também trabalha contra a impugnante, na medida em que a finalidade de tal contrato seria justamente socorrer as contratantes nestes momentos de insuficiência momentânea de caixa. Ou essa conta faria parte do alegado sistema de conta corrente ou, de fato, estamos tratando de conta contábil que controla os empréstimos da autuada feitos às outras empresas do grupo. Portanto, não vislumbro nesse caso inconsistência da imputação feita pelo fisco. Os argumentos da defendente no sentido que a Quator Quimica S/A pagava despesas de outras empresas do grupo, como já dissemos acima não servem para desqualificar a operação de mútuo, além do que a utilização do sistema de conta corrente e gestão de caixa único, como já dissemos, serviria justamente pra esse propósito. Entendo que a existen̂cia da sistemática de conta corrente já basta para afastar a alegação de pagamento de despesas de outras empresas do grupo. Devemos registrar ainda que a alegação de que a documentação fiscal teria sido destruída no incen̂dio que ocorreu na empresa contratada para guarda dos citados documentos não serviu para afastar a obrigação da autuada, pois não há comprovação de que estes foram de fato entregues para arquivamento. Até porque, pelo que já mencionamos acima, a apresentaçaõ de alguns dos documentos citados, na forma digital, não auxiliaram a autuada no seu intento de afastar a autuação nesse ponto. Assim, devo concluir que não há reparos a serem feitos no auto neste ponto específico. Com a devida vênia ao entendimento do Contribuinte, sem implicações a questão da apresentação dos originais das notas de débito, diante da ocorrência do sinistro, visto que os arquivos digitalizados atendem a apuração dos fatos, entendo que em relação ao Caso IV, assiste razão à administração fiscal, visto que não há inconsistência na imputação feita pelo fisco por ter se caracterizado que as operações são de mútuo, portanto, não há que se cogitar em nulidade do auto de infração. O pagamento de um serviço prestado para empresa do grupo, com a condição de que esta teria que devolver os valores das despesas pagas, não descaracteriza a operação de mútuo. Fl. 2684DF CARF MF Processo nº 13502.720458/201564 Acórdão n.º 3301005.530 S3C3T1 Fl. 2.686 32 Entendo correta a incidência de juros de mora incidentes sobre a multa de ofício. Assim dispõe a Súmula CARF nº 108: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Com isto posto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão ora recorrida no que tange ao Caso IV e a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Conclusão De acordo com os autos do processo e da legislação aplicável, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício e ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Fl. 2685DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10074.720647/2016-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.630
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em rejeitar a proposta de conversão do processo em diligência para sobrestar o processo na Câmara até o retorno ao CARF do processo n.º 10074.720245/2016-12. Vencidos os Conselheiros Maysa de Sá Pittondo Deligne (relatora), Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos e Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Em segunda votação, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para levantar a documentação pela Recorrente e empresas envolvidas na operação, nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora.
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em rejeitar a proposta de conversão do processo em diligência para sobrestar o processo na Câmara até o retorno ao CARF do processo n.º 10074.720245/201612. Vencidos os Conselheiros Maysa de Sá Pittondo Deligne (relatora), Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos e Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Em segunda votação, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência para levantar a documentação pela Recorrente e empresas envolvidas na operação, nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro e Pedro Sousa Bispo, que entendiam pela desnecessidade da diligência. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 00 74 .7 20 64 7/ 20 16 -1 7 Fl. 17001DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.002 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado para a exigência de multa de cessão de nome para a realização de negócios de comércio exterior em que se acoberte os reais intervenientes ou beneficiários, no percentual de 10% (dez por cento) do valor da operação, nos termos do art. 33 da Lei n.º 11.488/2007. Segundo a fiscalização, foram realizadas importações por encomenda pela empresa ST IMPORTAÇÕES LTDA, CNPJ: 02.867.220/000142 (ST Importações, importadora ostenciva) sem a identificação, nas Declarações de Importação, do correto encomendante. Nas DIs, foi identificada a empresa DESTRO BRASIL DISTRIBUIÇÃO LTDA. – CNPJ: 13.495.487/000172 (DESTRO BRASIL), tão somente para acobertar a relação existente entre a importadora ostenciva e as empresas B2W COMPANHIA DIGITAL (B2W) e as LOJAS AMERICANAS S.A. (Lojas Americanas), que seriam as reais encomendantes das mercadorias. No entender da fiscalização, as empresas Lojas Americanas e B2W eram as reais adquirentes das mercadorias importadas por meio de importação por encomenda pela ST Importação, sendo que teria partido delas o planejamento de interpor uma terceira empresa (DESTRO BRASIL) como aparente encomendante das mercadorias com a finalidade exclusiva de ocultar sua participação nas operações de importação. Com isso, estaria caracterizado o ilícito de cessão de nome, pela DESTRO BRASIL, na forma do art. 33, da Lei n.º 11.488/2007. A autuação abrange as mercadorias destinadas à empresa B2W (admitida como real encomendante oculto) constantes de Declarações de Importação (DI) registradas pela ST Importações no período de abril de 2012 a julho de 2012, nas quais a DESTRO BRASIL é declarada como encomendante da importação. Tratase da primeira etapa da fiscalização, que atingiu as Declarações de Importação registradas no período de junho de 2011 a julho de 2012. A interposição verificada com a empresa DESTRO BRASIL é objeto dos processos n.º 10074.720.245/201612 (pena de perdimento, autuada a B2W e responsáveis solidárias a Destro Brasil e a ST Importações), 10074.720021/201692 (ST Importações, multa de cessão de nome) e o presente processo 10074.720647/201617 (Destro Brasil, multa de cessão de nome), postos em julgamento nessa sessão. O relatório fiscal do Auto de Infração encontrase acostado às efls. 52/123, sendo que as 6 (seis) razões que respaldam a ação fiscal foram assim sintetizadas pela fiscalização: "1) A importadora direta (ST Importações) é controlada pelas Lojas Americanas e pela B2W, únicas sócias daquela empresa, e 100% dos administradores da ST Fl. 17002DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.003 3 Importações são comuns ao quadro de dirigentes de Lojas Americanas e B2W ou de empresas controladas por elas. 2) Considerando os anos de 2010 e 2011, 99,9% do total de vendas da ST Importações (R$739.904.247,82) foi destinado à empresa Comercial Destro, e todas as aquisições se deram a título de importação por encomenda desta. 3) Os únicos fornecedores de mercadorias importadas às empresas Lojas Americanas e B2W, no período de junho de 2011 a julho de 2012, foram Comercial Destro e Destro Brasil. Tanto Lojas Americanas quanto B2W encontramse com suas habilitações para operar no comércio exterior SUSPENSAS. 4) Absolutamente todas as mercadorias enviadas por ST Importações à Comercial Destro e à Destro Brasil foram repassadas às Lojas Americanas ou à B2W. 5) Em pesquisa por amostragem em Declarações de Importação registradas por ST Importações e em NFe de Entrada e de Saída emitidas por ST Importações, Comercial Destro e Destro Brasil, foram observadas algumas características típicas de operações comerciais onde ocorre a interposição de terceiros. Vejamos: 5.1 Dos prazos: O intervalo de tempo médio a separar a data do desembaraço da Declaração de Importação da data de emissão da NFe de Entrada das respectivas mercadorias nacionalizadas na ST Importações é de 10 (dez) dias. O intervalo de tempo médio a separar a data de emissão da NFe de Entrada das mercadorias nacionalizadas na ST Importações da data de emissão da NFe de Saída das mesmas para Comercial Destro e Destro Brasil é inferior a 5 (cinco) dias. As observações acima indicam uma destinação prévia da mercadoria já antes mesmo de sua entrada na ST Importações Ltda. 5.2 Da composição qualitativa e quantitativa das NFe emitidas: Em regra, há a emissão de somente uma NFe de Entrada pela ST Importações para toda a mercadoria desembaraçada por uma única Declaração de Importação. Já as NFe de Saída emitidas pela ST Importações para Comercial Destro e Destro Brasil não espelham as respectivas NFe de Entrada. Para a mercadoria nacionalizada por uma única Declaração de Importação, são emitidas várias NFe de Saídas. Considerase estranha a ação, pois todas as NFe de Saída apresentam o mesmo participante (Comercial Destro ou Destro Brasil) e são emitidas, via de regra, no mesmo dia. As NFe de Saída emitidas pela Comercial Destro, quer seja para B2W, quer seja para LOJAS AMERICANAS, são idênticas qualitativa e quantitativamente às NF e de Saída emitidas pela ST Importações para as mesmas mercadorias. As múltiplas NFe de Saída emitidas pela Comercial Destro e pela Destro Brasil destinamse, via de regra, a filiais distintas de um mesmo participante, quer seja para filiais da B2W ou para filiais da LOJAS AMERICANAS. Observase uma perfeita segregação de destino da mercadoria nacionalizada. As observações acima indicam a destinação prévia das mercadorias aos reais adquirentes antes mesmos do registro das Declarações de Importação; pois toda a mercadoria nacionalizada por uma Declaração de Importação é destinada a um único real adquirente. Indicam também o comando dos reais adquirentes quanto ao destino final das mercadorias, pois as mesmas já saem da empresa ST Importações fracionadas conforme a destinação a cada uma das filiais dos reais adquirentes. Tais observações indicam a participação consciente da empresa ST Importações no presente esquema de interposição; bem como o papel de mera interposta pessoa desempenhado pela Comercial Destro e pela Destro Brasil, pois essas só fazem repassar as mercadorias provenientes de ST Importações. 5.3 Do perfil das importações: ST Importações opera quase que exclusivamente para o esquema ora em análise. No período de junho de 2011 a julho de 2012, ST Importações registrou 2.087 Fl. 17003DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.004 4 Declarações de Importação. Dessas DIs, apenas 8 não foram destinadas à Comercial Destro ou Destro Brasil e, posteriormente, a B2W e Lojas Americanas. Em estudo amostral das importações efetuadas por ST Importações, verificouse que, nos anos de 2012 a 2015, esta empresa mantevese operando quase que exclusivamente no mesmo esquema, ou seja, mercadorias destinadas a Destro Brasil e, posteriormente, a B2W e LOJAS AMERICANAS. Ademais, a grande variedade de produtos nacionalizados (diversas NCM declaradas) demonstra ser improvável que as adquirentes das mercadorias (Comercial Destro e Destro Brasil) atuasse no mercado internacional num modelo de coleta de produtos e preços para posterior oferta dessas mercadorias à possíveis clientes no mercado interno. Tal diversidade de produtos comercializados coadunase com empresas que atuam no mercado num modelo de aquisição de produtos específicos previamente encomendados por clientes prédeterminados. 5.4 Dos lacres: Informação a corroborar a prévia destinação da mercadoria importada, antes mesmo da saída da mesma de ST Importações, é obtida da observação dos dados de transporte da mercadoria em território nacional constantes das NFe emitidas. Em várias NFe da amostra, verificouse que o número do lacre aposto à mercadorias constantes da NFe de Saída das mercadorias da ST Importações era o mesmo número do lacre aposto às mercadorias constantes das NFe de Saída de Comercial Destro ou Destro Brasil com destino às empresas B2W e LOJAS AMERICANAS . Além de não haver alteração da embalagem utilizada no transporte da mercadoria pela manutenção dos lacres apostos em todas as etapas de transporte sequer ocorreu alteração do veículo de transporte utilizado – pois idênticas eram as placas dos veículos em cada uma das etapas do transporte. Logo, resta claro haver o envio direto da mercadoria de ST Importações às diversas filiais de LOJAS AMERICANAS e B2W; observandose a segregação da carga em NF e distintas já a partir de ST Importações, em função da filial que seria a destinatária final da mercadoria. 5.5 – Das Marcas: Análise da propriedade das marcas dos produtos importados pela ST Importações também denota que essas operações comerciais transcorriam sob determinação das empresas Lojas Americanas e B2W. Em consulta ao site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI ficou demonstrado que muitos produtos importados pela ST Importações possuem marcas cuja propriedade recai sobre Lojas Americanas ou B2W. Portanto, as empresas Comercial Destro e Destro Brasil não seriam as reais adquirentes dessas mercadorias, já que não poderiam comercializálas livremente em território nacional sem o consentimento dos detentores do direito, havendo aí notória predestinação desses produtos aos pontos de venda das empresas Lojas Americanas e B2W, os reais adquirentes. 6) Por fim, este esquema de importação através de empresas interpostas mostrase bastante lucrativo para Lojas Americanas e B2W, pois permite a elas fugir do IPI de saída das mercadorias e da observância ao valor tributável mínimo na apuração da base de cálculo deste imposto. Se Lojas Americanas ou B2W realizassem importações diretas, estariam sujeitas ao destaque do IPI quando da revenda das mercadorias importadas, pois ambas estariam equiparadas a estabelecimento industrial. Caso elas importassem por encomenda direta à ST Importações (equiparada a estabelecimento industrial), esta estaria sujeita, em suas saídas de mercadorias para Lojas Americanas e B2W, ao valor tributável mínimo, nos termos do inciso I, do artigo 195 do RIPI, em razão da interdependência entre as empresas (artigo 612 do RIPI). Fl. 17004DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.005 5 Essa simulação de compra de mercadorias através de empresas interpostas, visa gerar, de forma ilícita, imensa economia de impostos para o grupo econômico (Lojas Americanas, B2W e ST Importações) através da ocultação da verdadeira relação entre a importadora direta e a empresa varejista." (efls. 53/57 grifei) O esquema foi assim sintetizado pela fiscalização (efl. 71) Inconformada, a empresa apresentou Impugnação Administrativa, julgada improcedente pelo Acórdão 16080.158 da 21ª Turma da DRJ/SPO, ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 09/04/2012 Cessão de nome. Ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. A infração por "cessão de nome" é um sucedâneo da prática efetiva de interposição fraudulenta de terceiros. A conduta tipificada do importador de direito (INTERPOSTO) é de “ceder o nome” agindo em descompasso em relação à higidez do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" (efl. 16.729) Intimada desta decisão em 09/10/2017 (efl. 16.870), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 08/11/2017 (efls. 16.871/16.944), alegando em síntese: (i) alegações preliminares Fl. 17005DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.006 6 (i.1) quanto à nulidade da decisão recorrida, vez que reproduziu integralmente os termos do relatório fiscal, sem adentrar nas considerações de direito e nos documentos apresentados pela Recorrente na defesa. (i.2) a nulidade da autuação em razão: (i.2.1) a incompetência das autoridades autuantes localizadas na Inspetoria da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro, vez que o domicílio fiscal da empresa é na Cidade de Jundiaí, em São Paulo; (i.2.2) a ausência de motivação, sendo que a autuação teria se baseado unicamente em presunções, sem obediência ao princípio da verdade material, desconsiderando elementos fáticos apresentados na fase de fiscalização, sem produzir provas necessárias a respaldar a conclusão fiscal e com a indevida desconsideração do negócio jurídico, sendo inaplicável o art. 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (CTN). Houve a preclusão lógica por ausência de motivação do ato, pois a autoridade fiscal permitiu o desembaraço aduaneiro e depois anulouo sem motivação adequada; (i.2.3) o encerramento do procedimento de fiscalização se deu na mesma data da ciência da empresa, em ofensa ao contraditório. (ii) no mérito, a ausência da interposição fraudulenta no presente caso, enfrentando as razões trazidas pela fiscalização, sustentando que: (ii.1) as empresas dos grupos econômicos são entidades empresariais distintas, sendo que a DESTRO BRASIL não se confunde com a empresa COMERCIAL DESTRO. As empresas possuem autonomia estrutural e independência sendo que as mercadorias importadas pela ST Importações são repassadas à DESTRO BRASIL, as quais direcionam as mercadorias aos seus centros de distribuição, onde são armazenadas e revendidas; (ii.2) a capacidade operacional, econômica e financeira da DESTRO BRASIL e o propósito negocial na sua contratação para a revenda das mercadorias à B2W e Lojas Americanas. O não fracionamento das mercadorias revendidas é necessário em razão da necessidade de rapidez na aquisição das mercadorias por parte da B2W. Nem todas as mercadorias importadas pela ST Importações adquiridas pela DESTRO BRASIL foram remetidas para a B2W e as Lojas Americanas, somente o fato ocorreu parcialmente nos anoscalendário de 2011/2012; (ii.3) inexiste a identidade no lacre apontada pela fiscalização, pois houve a efetiva alteração dos mesmos na ocasião do transporte entre a empresa DESTRO BRASIL para as empresas compradoras; (ii.4) a existência de margem real de lucro antes dos impostos, razoável pelo volume vendido nas operações; (ii.5) a ausência de provas, por parte do Fisco, da quebra da cadeia do IPI, sendo que muitos produtos sequer ensejavam o recolhimento do IPI não podendo haver Fl. 17006DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.007 7 a mencionada quebra da cadeia do imposto. A Fiscalização não comprovou o dano efetivo ao erário com o suposto recolhimento a menor do IPI; (iii) subsidiariamente, a cobrança da multa é confiscatória; e (iv) exclusão dos juros de mora sobre a multa, pois esta incide somente sobre tributo. Em abril/2018, a Fazenda Nacional solicitou o julgamento conjunto dos processos que versam sobre a mesma matéria (efls. 16.992/16.993), sendo os processos que estavam no âmbito deste CARF a mim distribuídos para julgamento conjunto, na forma do despacho da efls. 16.996/16.998. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne O Recurso Voluntário é tempestivo e merece ser conhecido. Entendo que o processo não se encontra suficientemente instruído para julgamento, sendo que seria necessária a sua conversão em diligência nos moldes semelhantes ao proposto, nessa sessão, para o processo n.º 10074.720243/201712. Com efeito, necessária a complementação de informações e documentos tanto pelas empresas envolvidas na acusação fiscal (ST Importações, B2W e Destro Brasil), como pela fiscalização. Entretanto, entendo que os elementos da diligência devem ser colhidos no processo correspondente à aplicação da pena de perdimento, nos quais participam, inclusive na condição de responsáveis solidárias, todas as empresas envolvidas na acusação fiscal (Destro Brasil, ST Importações e B2W) e não apenas a Destro Brasil como ocorre no presente processo. Com isso, possível que todas as informações relacionadas às importações e às vendas no mercado interno possam ser integralmente coletadas. Como relatado, a pena de perdimento relacionado às operações com a Destro Brasil no período relacionado ao presente processo (junho de 2011 a julho de 2012) foi aplicada no processo n.º 10074.720.245/201612, cuja decisão de primeira instância foi anulada nessa sessão em razão da decisão recorrida ter deixado de apreciar as impugnações e a documentação apresentadas pela ST Importações e B2. A conexão entre os processos, frisese, já foi atestada no despacho das efls. 16.996/16.998 destes autos. Diante dessas circunstâncias, para garantir o julgamento conjunto e coerente dos processos, com a coleta de todas as informações entendidas como necessárias para o deslinde da lide, entendo por converter o presente processo em diligência para que seu julgamento seja atrelado ao processo n.º 10074.720.245/201612, para que sejam julgados em conjunto, na mesma sessão. Proponho, portanto, seu sobrestamento até o retorno para o CARF do processo n.º 10074.720.245/201612, para julgamento em conjunto, na mesma sessão de julgamento. Fl. 17007DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.008 8 Uma vez que saí vencida nessa proposta, pelo voto de qualidade, entendo ser necessário, como já adiantado alhures, a conversão do presente processo em diligência para levantamento de documentação e informação complementar. Como relatado, o trabalho fiscal buscou trazer elementos para evidenciar que os reais encomendantes das mercadorias importadas pela ST Importações eram as empresas integrantes do mesmo grupo econômico, B2W e Lojas Americanas, empresas que não são habilitadas no SISCOMEX para realizar importações por encomenda. Com isso, as operações de importação por encomenda entabuladas entre a ST Importações e as empresas do Grupo Destro (empresas Comercial Destro e Destro Brasil), e as correspondentes remessas das mercadorias importadas para a B2W e as Lojas Americanas seriam simuladas. Uma das provas elencadas pela fiscalização é um trabalho de conclusão de estágio apresentado, em 2009, por Everaldo José Felix, um antigo estagiário da ST Importações (efls. 2.205/2.303). O vínculo de estágio com a ST Importações entre janeiro e março/2008 pode ser efetivamente depreendido da relação de empregados apresentado pela empresa na fase de fiscalização (efl. 276). Naquele trabalho acadêmico, quando da apresentação dos resultados e a descrição da empresa, foi indicado que as empresas integrantes do grupo LASA (B2W e Lojas Americanas) seriam clientes da ST Importações, para quem as importações por ela realizadas seriam efetivamente direcionadas (efl. 2.265): Esse relato acadêmico, contudo, se apresentou apenas como um indício, buscando a fiscalização demonstrar que a simulação efetivamente ocorreu nos anos de 2011 e 2012, objeto do presente processo. Para tanto, a fiscalização apontou a menção, desde o início do processo de importação até a venda à B2W/Lojas Americanas, a um único PO (Purchase Order). Esse mesmo número de PO é referenciado nas notas fiscais de entrada e saída emitidas pela ST Importações e das empresas do Grupo DESTRO, o que evidenciaria que as importações já seriam destinadas às empresas do grupo LASA. Vejamos um exemplo trazido pela fiscalização no relato fiscal (efl. 96): Fl. 17008DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.009 9 No "Anexo 3F 2011 DW x ST Entrada x ST Saída x Grupo_Destro_Saída" (e fls. 13.214/14.727) e "Anexo 3F 2012 DW x STEntrada x STSaída x Grupo_Destro_Saída" (efls. 14.728/15.250), a fiscalização busca evidenciar a identidade no número das POs (Ordens de Compra Purchase Orders) e nas quantidades comercializadas entre a ST Importações, Destro Brasil e as empresas do Grupo LASA (B2W e Lojas Americanas). Em sua defesa, a DESTRO evidencia a regularidade das operações, sendo que a identidade nas remessas, inclusive com os números de lacres similares, decorreria da ocorrência de um incêndio em um dos estabelecimentos da Comercial Destro, em 2010, sendo que as operações teriam se normalizado durante o período autuado de abril a julho de 2012. Contudo, pela análise dos autos, não está claro a que correspondem esses números de POs e a razão pela qual eles são indicados nas notas de venda da DESTRO para as empresas do grupo LASA (B2W e Lojas Americanas). Qual a razão comercial ou negocial para as notas fiscais emitidas pela DESTRO para as empresas do Grupo LASA indicarem os números dos POs identificados pela DESTRO nas encomendas para a ST Importações? Não constam dos autos cópias desses POs ou documentos do sistema de quaisquer das empresas que tragam informações acerca da origem desses POs. Assim, pelos documentos que constam dos autos, não está claro como é operacionalizada a emissão dos pedidos de compra (Purchase Orders POs) nas importações envolvidas na autuação, não sendo possível confirmar as circunstâncias em torno da transmissão desses pedidos (quem solicita, como são solicitados e a razão pela qual são identificadas nas notas fiscais). Nesse contexto que se mostra importante que seja esclarecido, pelas empresas envolvidas nesta autuação além da ST Importações, a operação por elas traçadas. Primeiramente, destaquese que, apesar da menção da juntada à época da fiscalização (efl. 851/852), não constam dos presentes autos as cópias dos POs relativos ao mês de outubro/2011 (emitidas pela ST Importações junto aos exportadores e emitidas pela encomendante para a ST). Da mesma forma, não foram localizados nesses autos as cópias dos contratos de importação por encomenda firmados pela ST Importações com as empresas do Grupo DESTRO, não obstante sua menção de juntada nos autos (efls. 255). Ademais, não constam informações ou documentos correspondentes à relação negocial firmada entre as empresas do Grupo DESTRO com as empresas do Grupo LASA. Para melhor visualização da relação comercial/negocial entre elas, seria relevante que fossem Fl. 17009DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.010 10 acostados os contratos firmados entre as empresas, com vigência à época dos fatos objeto do processo, esclarecendo, inclusive, como são operacionalizados os pedidos de compra entre as empresas do Grupo. Algumas dúvidas que são levantadas quanto às operações realizadas entre ST Importações, Grupo Destro e Grupo LASA: · Como são formalizados os pedidos de importação da DESTRO BRASIL e da COMERCIAL DESTRO para a ST Importações? Esses pedidos possuem algum vínculo com pedidos de compra formulados por outras empresas que tomam serviços das empresas do Grupo DESTRO? · Quais os procedimentos adotados para a remessa de mercadorias da DESTRO para as empresas do Grupo LASA? Como são formulados os pedidos de compra das empresas do Grupo LASA para a DESTRO? Cada filial realiza o pedido ou o pedido para compra das mercadorias é direcionado pela matriz? Um pedido de compra formulado por uma empresa do Grupo LASA para a DESTRO pode originar um pedido de importação da DESTRO para a ST Importações? Esse levantamento é relevante para avaliar a afirmativa fiscal no sentido de que os POs são emitidos com destino prévio somente para as empresas do Grupo LASA e o contraargumento das empresas no sentido de que esses pedidos são emitidos pela DESTRO para a ST Importações de forma independente, em uma relação negocial apartada, sem relação com as demais empresas do Grupo LASA. Os Anexos 3F acima referenciados ainda levantam questionamento à fiscalização em torno das afirmações feitas quanto ao lacre e transporte das mercadorias. No relatório fiscal, afirma a fiscalização que "em várias NFe da amostra, verificouse que o número do lacre aposto à mercadorias constantes da NFe de Saída das mercadorias da ST Importações era o mesmo número do lacre aposto às mercadorias constantes das NFe de Saída da Comercial Destro com destino às empresas B2W e LOJAS AMERICANAS." (efls. 56). Afirma a Recorrente, por sua vez, que essa identidade no número dos lacres não ocorre a partir de abril/2012, vez que a operação teria sido normalizada após a ocorrência do incêndio no estabelecimento da Comercial Destro. Considerando as informações coletadas à época da fiscalização, é possível confirmar que a partir de abril/2012 não há mais identidade entre os números de lacre? Caso positivo, identificar o percentual de operações, após abril/2012, que eventualmente possuem similaridade de lacres. Igualmente não está clara a questão em torno da propriedade intelectual das mercadorias importadas pela ST Importações e remetidas para a DESTRO. No relatório fiscal, afirma a fiscalização que "muitos produtos importados pela ST Importações possuem marcas cuja propriedade recai sobre empresa comercial do grupo LASA." (efl. 56) Como exemplo, a fiscalização traz o exemplo da marca "Fun Kitchen" cuja propriedade da marca foi atribuída à B2W. Mas quais as restrições estabelecidas pela concessão da marca para o produto? Segundo consta da tela da fiscalização, a restrição seria quanto ao uso da expressão "Kitchen", constando da tela do INPI a expressão "sem direito ao uso exclusivo da expressão Kitchen" (e fl. 241). Apenas as empresas da B2W podem comercializar produtos dessa marca? Há outros produtos importados pela ST Importação e comercializados para a DESTRO com restrição de comercialização por uso da marca destinado a empresa do Grupo LASA? Caso positivo, como Fl. 17010DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.011 11 a DESTRO segrega em seu estoque os produtos abrangidos pela restrição de comercialização? Todas as mercadorias importadas poderiam ser remetidas para outras empresas? Em outras palavras, a formação de estoque pela DESTRO com as mercadorias importadas pela ST Importações poderia ser comercializada pela DESTRO ou apenas pelas empresas do Grupo LASA? Há exigências/restrições estabelecidas pelo INPI para as mercadorias importadas pela ST Importações? Ademais, importante que seja esclarecido se nos anos autuados a ST Importações prestava serviço para outras empresas e qual a natureza desses serviços, juntando, se possível, os contratos de prestação de serviço. Por fim, cumpre salientar que, pelo relato fiscal, não está claro o objetivo da simulação identificado pela fiscalização. Com efeito, consta do relatório fiscal que esse objetivo seria decorrente da quebra da cadeia do IPI, vez que seria necessário observar o valor tributável mínimo: "A fiscalizada, pertencente ao Grupo LASA, tem como sócio majoritário a empresa B2W COMPANHIA DIGITAL, que, por sua vez, é controlada pela LOJAS AMERICANAS S. A., como já demonstrado. Se LOJAS AMERICANAS ou B2W realizassem importações diretas, estariam sujeitas ao destaque do IPI quando da revenda das mercadorias importadas (ambas estariam equiparadas a estabelecimento industrial). Caso LOJAS AMERICANAS ou B2W importassem por encomenda direta à ST IMPORTAÇÕES (equiparada a estabelecimento industrial), esta estaria sujeita, em suas saídas de mercadorias para as empresas do Grupo, ao valor tributável mínimo, nos termos do inciso I, do artigo 195 do RIPI (já reproduzido), pois ST IMPORTAÇÕES e LASA/B2W seriam firmas interdependentes, nos termos do disposto no artigo 612 do RIPI. Ademais, como encomendantes declaradas, LOJAS AMERICANAS ou B2W não teriam como fugir da incidência do IPI quando dessem saída (vendessem) as mercadorias importadas no varejo. Desta forma, um dos principais objetivos desta simulação foi burlar a legislação do IPI, tentando parecer que LOJAS AMERICANAS e B2W não eram as reais encomendantes das mercadorias importadas e, portanto, não estariam sujeitas ao recolhimento deste tributo. Os produtos importados fazem um custoso vai e vem, saindo de Santa Catarina (Porto de Itajaí), vindo para o estabelecimento da Comercial Destro em Jundiaí – São Paulo (filial 009), para depois serem distribuídos por todo o território nacional. Pela relação de interdependência existente entre as empresas, tal vai e vem tem por objetivo a não observância de valores tributáveis mínimos para fim de apuração do IPI, pois, por interpretação distorcida da legislação, alguns contribuintes entendem que o valor tributável mínimo não incide quando os estabelecimentos do remetente e do atacadista estão situados em municípios diferentes." (efl. 118) Contudo, sem adentrar aqui nas questões em torno do valor tributável mínimo1, afirma a empresa que todas as operações foram tributadas pelo IPI e que houve, inclusive, 1 A posição desta turma, frisese, é diferente daquela indicada na autuação fiscal, que não traz qualquer consideração concreta em torno do VTM, inclusive o que se entende pelo conceito de praça o remetente ou a quantificação do valor que seria eventualmente devido em uma operação direta. Vide, a título de exemplo, o Acórdão 3402005.599, processo 16682.722760/201655, Sessão de 26/09/2018, relator Waldir Navarro Bezerra, Redator Designado Diego Diniz Ribeiro, que indica na ementa: "IPI. VALOR TRIBUTÁVEL MÍNIMO. CONCEITO DE "PRAÇA DO REMETENTE" E DE "MERCADO ATACADISTA". O fato da lei não promover a Fl. 17011DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.012 12 margem de lucro nas operações, o que gerou um maior pagamento de tributos (PIS, COFINS, IRPJ e CSLL). Neste ponto, importante que a fiscalização esclareça: os valores nas remessas da ST para a DESTRO são idênticos aos das Declarações de Importação? E das remessas da DESTRO para a B2W e Lojas Americanas? Os valores das mercadorias denotam a existência de margem de lucro nas operações? Caso positivo, qual o percentual? Ainda quanto à questão da quebra da cadeia de IPI, importante que sejam respondidos: analisando a incidência do IPI no desembaraço aduaneiro, na saída do estabelecimento importador e na saída do estabelecimento da DESTRO, é possível perceber regularidade dos pagamentos do IPI? Constatando a regularidade dos pagamentos, é correto dizer que não há lesão ao erário? Diante dessas considerações, à luz do art. 29 do Decreto n.º 70.235/722, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a autoridade fiscal de origem (Inspetoria da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro IRF/RJO): (i) intime a Recorrente para que traga os esclarecimentos e os documentos entendidos como pertinentes dentro da sua atuação na operação sob análise nesses autos. Além da Recorrente, intimar, ainda, as demais empresas envolvidas na operação para prestar seus esclarecimentos e os documentos entendidos como pertinentes dentro da sua atuação na operação sob análise nesses autos, no endereço constante do cadastro da Receita Federal, quais sejam, a ST IMPORTAÇÕES LTDA. – CNPJ: 02.867.220/000142, a COMERCIAL DESTRO LTDA CNPJ 76.062.488/000739 e a B2W COMPANHIA DIGITAL CNPJ 00.776.574/000660, anexando aos autos e trazendo os seguintes esclarecimentos: (i.1) cópias por amostragem dos pedidos de compra da importação (Purchase Orders POs) que foram identificados pela fiscalização na autuação, trazendo as informações em torno da transmissão desses pedidos (quem solicita e como são solicitados). As empresas devem informar a razão comercial/negocial pela qual os números dos POs são identificados nas notas fiscais. (i.2) cópias dos contratos de encomenda firmados pela ST Importação com as empresas Comercial Destro Ltda e Destro Brasil Distribuição Ltda e informações em torno dos procedimentos adotados para que a DESTRO procedesse com os pedidos de compra para a ST Importações. Responder, com respaldo em documentação por amostragem a ser anexada aos autos: como são formalizados os pedidos de importação das empresas do Grupo DESTRO para a ST Importações? Esses pedidos possuem algum vínculo com pedidos de compra delimitação semântica de determinado signo na esfera jurídicotributária não redunda em negar a existência, para tal signo, de um conteúdo jurídico próprio, sob pena do princípio da legalidade em matéria tributária ser esvaziado de conteúdo. Assim, o preenchimento semântico de um signo jurídico em matéria tributária deve socorrerse da própria lei. Nesse sentido, os inúmeros dispositivos legais que empregam o termo "praça" o fazem no sentido de domicílio, i.e., limitandose ao recorte geográfico de um Município, nos termos do art. 70 do Código Civil. Logo, a regra antielisiva a ser aqui convocada é aquela prescrita no art. 196, parágrafo único, inciso II do RIPI/2010. Precedentes administrativos e judiciais neste sentido. Ademais, estender o conceito de praça ao de região metropolitana, além de não ter sustentação legal nem econômica, implicaria ainda em tornar a regra do art. 195, inciso I do RIPI/2010 um sem sentido jurídico, já que a tornaria redundante. IPI. (...)." 2 "Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias." Fl. 17012DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.013 13 formulados por outras empresas que tomam serviços das empresas do Grupo DESTRO? (i.3) cópias dos contratos firmados entre as empresas do Grupo DESTRO com as empresas do Grupo LASA vigentes à época dos fatos objeto do processo, com informações em torno dos procedimentos adotados para que as empresas do Grupo LASA procedessem com os pedidos de compra para as empresas do Grupo DESTRO. Responder, com respaldo em documentação por amostragem a ser anexada aos autos: quais os procedimentos adotados para a remessa de mercadorias das empresas do Grupo DESTRO para as empresas do Grupo LASA? Como são formulados os pedidos de compra das empresas do Grupo LASA para a DESTRO BRASIL e a COMERCIAL DESTRO? Cada filial realiza o pedido ou o pedido para compra das mercadorias é direcionado pela matriz? Um pedido de compra formulado por uma empresa do Grupo LASA para uma empresa do Grupo DESTRO pode originar um pedido de importação do Grupo DESTRO para a ST Importações? (i.4) Em torno das licenças de marca: (i.4.1) especificamente quanto à marca "Fun Kitchen", cuja propriedade da marca foi atribuída à B2W, conforme exemplo trazido pela fiscalização: quais as restrições estabelecidas pela concessão da marca para o produto? Apenas as empresas da B2W podem comercializar produtos dessa marca? (i.4.2) Há produtos importados pela ST Importação e comercializados para a DESTRO BRASIL e para a COMERCIAL DESTRO com restrição de comercialização por uso da marca destinado a empresa do Grupo LASA? Caso positivo, como a DESTRO BRASIL e a COMERCIAL DESTRO segregam em seu estoque os produtos abrangidos pela restrição de comercialização? Todas as mercadorias importadas poderiam ser remetidas para outras empresas? Em outras palavras, a formação de estoque pela DESTRO BRASIL e pela COMERCIAL DESTRO com as mercadorias importadas pela ST Importações poderia ser comercializada pela DESTRO BRASIL e pela COMERCIAL DESTRO ou apenas pelas empresas do Grupo LASA? Há exigências/restrições estabelecidas pelo INPI para as mercadorias importadas pela ST Importações? (i.5) Esclarecer, trazendo documentação por amostragem, se nos anos autuados a ST Importações prestava serviço para outras empresas além do Grupo DESTRO, identificando a natureza desses serviços. (i.6) Esclarecer como o incêndio que ocorreu no estabelecimento da empresa Comercial Destro prejudicou a atividade desempenhada regularmente pela ST Importações na operação que foi objeto de autuação. (ii) elaborar relatório fiscal enfrentando os documentos e informações apresentados pelas empresas em resposta ao item (i) acima com eventuais considerações adicionais consideradas pertinentes quanto ao trabalho fiscal, informando, ainda: Fl. 17013DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.014 14 (ii.1) considerando as informações coletadas à época da fiscalização, é possível confirmar que a partir de abril/2012 não há mais identidade entre os números de lacre? Caso positivo, identificar o percentual de operações, após abril/2012, que eventualmente possuem similaridade de lacres. (ii.2) quanto ao objetivo da simulação e a quebra da cadeia de IPI, responder aos seguintes questionamentos: (ii.2.1) os valores nas remessas da ST para a DESTRO são idênticos aos das Declarações de Importação? E das remessas da DESTRO para a B2W e Lojas Americanas? Os valores das mercadorias denotam a existência de margem de lucro nas operações? Caso positivo, qual o percentual? (ii.2.2) Analisando a incidência do IPI no desembaraço aduaneiro, na saída do estabelecimento importador e na saída do estabelecimento da DESTRO, é possível perceber regularidade dos pagamentos do IPI? Constatando a regularidade dos pagamentos, é correto dizer que não há lesão ao erário? Concluída a diligência e antes do retorno do processo a este CARF, intimar as Recorrentes do resultado da diligência para, se for de seu interesse, se manifestarem no prazo de 30 (trinta) dias. É como proponho a presente Resolução. (assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne. Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Na sessão de julgamento divergi parcialmente do voto da Ilustre Conselheira Relatora, somente em relação à proposta de sobrestamento do presente processo, no que fui acompanhada por outros Conselheiros, restando tal proposta rejeitada pelo voto de qualidade. Ocorre que, nos termos do art. 6º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, abaixo transcrito, não há qualquer determinação de sobrestamento de processo que seja conexo com outro que não esteja localizado no CARF, situação que só ocorreria nas hipóteses de processos reflexos ou decorrentes cujos processos principais respectivos estivessem fora do CARF (§4º): Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: Fl. 17014DF CARF MF Processo nº 10074.720647/201617 Resolução nº 3402001.630 S3C4T2 Fl. 17.015 15 I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. § 3º A distribuição poderá ser requerida pelas partes ou pelo conselheiro que entender estar prevento, e a decisão será proferida por despacho do Presidente da Câmara ou da Seção de Julgamento, conforme a localização do processo. § 4º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do § 1º, se o processo principal não estiver localizado no CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para a unidade preparadora, para determinar a vinculação dos autos ao processo principal. § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. (...) In casu, em que pese a conexão do presente processo com o outro que retornou à DRJ para que fosse proferida nova decisão, não há qualquer impeditivo para que seja dado prosseguimento normal ao presente feito, no caso, com a determinação de diligência. Assim, entendo que deve ser rejeitada a proposta de sobrestamento. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Fl. 17015DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.000260/2005-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003
NOVA ARGUMENTAÇÃO TRAZIDA EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Ao não contestar a matéria em sede de impugnação, entende-se como ponto não controvertido e não impugnada, portanto, preclusa, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/1972:
Numero da decisão: 3301-005.454
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003 NOVA ARGUMENTAÇÃO TRAZIDA EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. Ao não contestar a matéria em sede de impugnação, entende-se como ponto não controvertido e não impugnada, portanto, preclusa, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/1972:
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IMPOSSIBILIDADE. Ao não contestar a matéria em sede de impugnação, entendese como ponto não controvertido e não impugnada, portanto, preclusa, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/1972: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 00 02 60 /2 00 5- 67 Fl. 245DF CARF MF 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado em 06/04/2005 (fls. 0709) para constituição do crédito tributário de IPI para o período de 01/01/2002 até 31/12/2003 em razão de saída de produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial com emissão de nota fiscal, porém, sem destaque do imposto. Valor da autuação de R$ 148.969,97 (cento e quarenta e oito mil, novecentos e sessenta e nove reais e noventa e sete centavos com juros e multa). Depreendese do termo de verificação fiscal (fls. 1014) que a empresa fiscalizada foi optante do SIMPLES nos anoscalendário de 2002 e 2003, tendo apresentado tempestivamente as Declarações Anuais Simplificadas. No entanto, foi excluída do SIMPLES, através do Ato Declaratório n°18, de 13 de julho de 2004, com efeitos a partir de 1° de janeiro de 2002 (decisão de exclusão em fls. 2325). Ainda no TVF, a fiscalização aduz que a Recorrente foi regularmente intimada de sua exclusão do SIMPLES, mas não apresentou manifestação de inconformidade, bem como nenhuma providência no sentido de regularização da sua situação junto a SRF. A causa da exclusão reside no fato de que a Recorrente atua como fabricante de estruturas metálicas para telhados, bem como na prestação de serviços de montagem e reparos de seus produtos, conforme restou constatado na descrição dos produtos e serviços vendidos nas notas fiscais, bem como de seu contrato social. Por ser atividade afeta à construção civil, a Recorrente foi excluída do SIMPLES federal, tendo em vista que esta atividade não podia ser beneficiada pela regime do SIMPLES federal, nos termos do art. 9º, § 4º da Lei nº 9.317/1996. Diante da exclusão e, da opção da fiscalizada pela tributação com base no Lucro Presumido, para os anoscalendário de 2002 e 2003, foi iniciada fiscalização para análise dos tributos federais, que culminou na lavratura do auto de infração dos valores devidos a titulo de IRPJ e reflexos (CSLL, Cofins e PIS acrescidos da multa de oficio de 75% (setenta e cinco por cento), bem como do IPI, este, discutido nestes autos. Em relação ao IPI, os produtos que fabricava eram classificados na TIPI da época na posição 73089090 e tributados pelo IPI com alíquota de 5% (cinco por cento), o valor do IPI devido foi apurado mediante a aplicação da alíquota do imposto, vigente no período de apuração, sobre o valor das notas fiscais do período (sem o destaque do imposto). Com esta metodologia de apuração, afirmouse que o lançamento do IPI foi efetuado com base nas receitas mensais apuradas nos livros e informadas na DIPJ apresentada sob Intimação Fiscal em 05/10/2004, mas sem fazer distinção entre materiais e mãodeobra. Isso porque a Recorrente não possuía Livro de Apuração do IPI, pois optante do SIMPLES no período de 2002 e 2003 e, mesmo excluída de tal sistema de pagamento de impostos e contribuições, não tomou nenhuma providência para regularização ou escrituração. Cientificada do auto de infração a Recorrente apresentou impugnação (fls. 113116), instaurandose o contencioso administrativo, para relacionar um demonstrativo de crédito de IPI, com a juntada de todas as notas fiscais de compras. O argumento é que a autuação, ao fazer o levantamento fiscal pela DIPJ, considerou apenas os débitos, sem observar os créditos a que tem direito. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 11030.000260/200567 Acórdão n.º 3301005.454 S3C3T1 Fl. 246 3 Desta feita, juntou aos autos todas as notas fiscais que entendeu adequadas (apenas exercício de 2002) e que dão suporte ao seu crédito de IPI, separadas por mês de apuração, totalizando R$ 11.243,27 (onze mil, duzentos e quarenta e três reais e vinte e sete centavos), para demonstrar e requerer o abatimento de seu débito. Em 26/11/2009, a 3ª Turma da DRJ/POA, converteu o julgamento em diligência (fls. 228229) para o fim de que o órgão local verifique a legitimidade dos alegados créditos, por período de apuração, e, se for o caso, refaça o Demonstrativo de Apuração. No relatório da diligência fiscal, fls. 234235, a unidade de origem afirmou que analisou as notas fiscais juntadas pela Recorrente e afirmou existir notas fiscais em que devem ser considerados créditos de IPI para fins de apuração do imposto, apontando um pequeno erro na soma da contribuinte, para dizer que o montante de crédito correto seria de R$ 11.188,27 (onze mil cento e oitenta e oito reais e vinte e sete centavos). Assim, a unidade de origem elaborou um novo demonstrativo de apuração de IPI, considerando os créditos e débitos, juntadose aos autos em fls. 231233. Com isso, a 3ª Turma da DRJ/POA proferiu o acórdão 1024.976 (fls. 236238) para julgar improcedente a impugnação para manter em parte o crédito tributário, nos termos da diligência fiscal: Assunto: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003 ` IPI CRÉDITOS Quando do lançamento de IPI, no caso em função da exclusão do SIMPLES, devem ser levados em consideração os créditos aceitos pela fiscalização e alegados até a impugnação da exigência fiscal. Impugnação Procedente Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificada da decisão em 10/06/2010, apresentou em 29/06/2010 um pedido ao chefe da agência da Receita Federal em Erechrim (fl. 242) requerimento a exclusão da base de cálculo de IPI os valores dos serviços prestados indevidamente incluídos pela fiscalização. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR De início, cabe salientar que a Recorrente, em sua impugnação, apresentou defesa apenas para contestar a falta de consideração dos créditos de IPI decorrente de aquisição de matériaprima. Os autos foram baixados em diligência e a unidade de origem confirmou os créditos, refazendo a apuração do IPI. Fl. 247DF CARF MF 4 No entanto, a Recorrente não questionou a base de cálculo dos débitos. Conforme TVF, em razão do fato de a Recorrente ser optante do SIMPLES nos exercícios de 2002 e 2003, não mantinha livro de apuração do IPI. Ao ser excluída em 2004, não regularizou sua escrita fiscal. Assim, com base na DIPJ elaboradas para estes anos calendários de 2002 e 2003, a fiscalização considerou como base de cálculo do IPI sua receita bruta total, aí incluídas as receitas obtidas com as operações com produtos industrializados pela Recorrente, quais sejam, estruturas metálicas para construção civil, bem como a prestação de serviços de montagem e manutenção destas estruturas. Ao não contestar esta matéria em sede de impugnação, entendese como ponto não controvertido e, portanto, precluso, nos termos do Decreto nº 70.235/1972: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Isto posto, voto por não conhecer do recurso voluntário. (salvo melhor juízo, em razão de um formalismo moderado podemos conhecer do recurso) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator Fl. 248DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720519/2016-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014
TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA. QUALIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. LOCAL ONDE EXERCE SUAS ATIVIDADES.
Na hipótese de contribuição previdenciária sobre a receita bruta a Lei nº 12.546/2011 não exigiu, no seu artigo 8o, § 3o, inciso XIII, que o contribuinte seja um porto organizado, mas sim que ele exerça as atividades de carga, descarga e armazenagem de containeres em portos organizados. Hipótese na qual a leitura equivocada do dispositivo exigiria uma especial condição do sujeito passivo, exigência esta não abrangida pela Lei.
A exigência de que as atividades de carga e descarga e armazenagem de containeres em portos organizados não é determinada pelo regime jurídico administrativo a que se submete o particular na execução indireta do serviço de transporte aquaviário, mas sim no entendimento que se tem, de forma pública, quanto à própria existência do porto organizado.
É desnecessário ao conceito de porto organizado a dimensão e complexidade das estruturas portuárias nas quais o contribuinte exerce as atividades de carga e descarga e armazenagem de containeres, a partir do efetivo e público reconhecimento pelo Poder Público Federal da existência do porto organizado como tal.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-004.788
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014 TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA. QUALIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. LOCAL ONDE EXERCE SUAS ATIVIDADES. Na hipótese de contribuição previdenciária sobre a receita bruta a Lei nº 12.546/2011 não exigiu, no seu artigo 8o, § 3o, inciso XIII, que o contribuinte seja um porto organizado, mas sim que ele exerça as atividades de carga, descarga e armazenagem de containeres em portos organizados. Hipótese na qual a leitura equivocada do dispositivo exigiria uma especial condição do sujeito passivo, exigência esta não abrangida pela Lei. A exigência de que as atividades de carga e descarga e armazenagem de containeres em portos organizados não é determinada pelo regime jurídico administrativo a que se submete o particular na execução indireta do serviço de transporte aquaviário, mas sim no entendimento que se tem, de forma pública, quanto à própria existência do porto organizado. É desnecessário ao conceito de porto organizado a dimensão e complexidade das estruturas portuárias nas quais o contribuinte exerce as atividades de carga e descarga e armazenagem de containeres, a partir do efetivo e público reconhecimento pelo Poder Público Federal da existência do porto organizado como tal. Recurso Voluntário Provido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 32; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1989; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 397 1 396 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.720519/201617 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.788 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de setembro de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente ORGAO DE GESTAO DE MAODEOBRA DO TRAB.PORTUARIO AVULSO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014 TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA. QUALIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. LOCAL ONDE EXERCE SUAS ATIVIDADES. Na hipótese de contribuição previdenciária sobre a receita bruta a Lei nº 12.546/2011 não exigiu, no seu artigo 8o, § 3o, inciso XIII, que o contribuinte seja um porto organizado, mas sim que ele exerça as atividades de carga, descarga e armazenagem de containeres em portos organizados. Hipótese na qual a leitura equivocada do dispositivo exigiria uma especial condição do sujeito passivo, exigência esta não abrangida pela Lei. A exigência de que as atividades de carga e descarga e armazenagem de containeres em portos organizados não é determinada pelo regime jurídico administrativo a que se submete o particular na execução indireta do serviço de transporte aquaviário, mas sim no entendimento que se tem, de forma pública, quanto à própria existência do porto organizado. É desnecessário ao conceito de “porto organizado” a dimensão e complexidade das estruturas portuárias nas quais o contribuinte exerce as atividades de carga e descarga e armazenagem de containeres, a partir do efetivo e público reconhecimento pelo Poder Público Federal da existência do porto organizado como tal. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 05 19 /2 01 6- 17 Fl. 397DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 398 2 (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 15586.720519/201617, em face do acórdão nº 0134.139, julgado pela 4ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém (DRJ/BEL), na sessão de julgamento de 27 de abril de 2017, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: “Tratase de processo administrativo formalizado em decorrência de lançamento de contribuições previdenciárias patronais relacionadas a fatos geradores ocorridosentre 01/2014 a 12/2014 no valor original de R$ 7.956.318,25, além de multa nos termos do art. 44, inc. I da Lei nº 9.430/1996 e demais acréscimos legais previstos na legislação. O objeto da ação fiscal foi o Órgão de Gestão de Mão de Obra do Trabalho Portuário Avulso do Espírito Santo (OGMOES), entidade sem fins lucrativos equiparada à empresa, considerada de utilidade pública e responsável por desenvolver atividades de organização associativa profissional. De acordo com o relatório de fls. 13 a 25, durante o período fiscalizado, o OGMOES teria efetuado a desoneração das folhas de pagamentos relativas à empresa Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho S.A., CNPJ 28.497.394/0001 54 sob alegação de que a empresa Portocel estaria sujeita ao recolhimento da contribuição previdenciária substitutiva, incidente sobre receita bruta, conforme previsão do art. 8º, §3º, inc. XIII da Lei nº 12.546/2011. Em observação aos arts. 124 e 125 da Lei nº 5.172/1996 (Código Tributário Nacional), em conjunto com o art. 2º, §4º da Lei nº 9.179/1998, foi atribuída responsabilidade solidária à empresa Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho S.A., CNPJ 28.497.394/000154. No entendimento da fiscalização, ao se considerar enquadrada como sujeita ao recolhimento da Contribuição Previdenciária Fl. 398DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 399 3 sobre a Receita Bruta, a Portocel não teria observado um dos requisitos obrigatórios previstos no inc. XIII do art. 8º da Lei nº 12.546/2011 vigente à época e transcrito a seguir: o de ser um porto organizado. Art. 8º Poderão contribuir sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, as empresas que fabricam os produtos classificados na Tipi, aprovada pelo Decreto no 7.660, de 23 de dezembro de 2011, nos códigos referidos no Anexo I. (...) XIII que realizam operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres em portos organizados, enquadradas nas classes 52125 e 52311 da CNAE 2.0; (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) Intimada a comprovar ser, de fato, um porto organizado, a Portocel apresentou a Portaria nº 1.034/1993 através da qual o então Ministro de Estado dos Transportes estabeleceu os limites relativos à área do porto organizado de Barra do Riacho. Ainda de acordo com o relatório, pelo fato de ser um Terminal Portuário de Uso Privativo (TUP) e não um Porto Organizado, a Portocel não estaria sujeita ao recolhimento da contribuição patronal na forma substitutiva (receita bruta) e sim nos termos dos incisos I e III do art. 22 da Lei nº 8.212/1991 (folha de pagamento). Diante do exposto, a autoridade fiscal utilizou como base de cálculo as informações relativas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social transmitidas pela autuada para apurar a contribuição previdenciária patronal em questão. Após o recebimento do Auto de Infração, o sujeito passivo não se manifestou. Entretanto, a responsável solidária Portocel apresentou a impugnação de fls. 210 a 234 utilizandose, em síntese, dos seguintes argumentos: • Solicita o recebimento da impugnação mediante atendimento presencial tendo em vista a impossibilidade de sua apresentação no formato digital devido à indisponibilidade do sistema Programa Gerador de Solicitação de Juntada de Documentos (PGS); • Entende que se enquadraria na previsão legal de efetuar o recolhimento da contribuição previdenciária sobre receita bruta pois, durante o período analisado, exercia atividades relacionadas a operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres, estava corretamente enquadrada no código de Fl. 399DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 400 4 Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) nº 52125 e localizavase dentro de área de porto organizado; • Defende que, de fato, não pode ser classificada como bem público, mas, por estar localizada dentro da área de porto organizado, que possui as mesmas prerrogativas atribuídas aos portos organizados, principalmente em relação ao recolhimento da contribuição social substitutiva. • Argumenta que a Portaria nº 1.034/1993 estabeleceu os limites relativos à área do porto organizado de Barra do Riacho vinculando as partes envolvidas, que o fato de atuar dentro de área de porto organizado autorizaria a empresa a efetuar o recolhimento da contribuição social sobre a receita bruta e que a mudança desse entendimento afrontaria os princípios da confiança legítima e da segurança jurídica. • Questiona “o suposto critério espacial que a Autoridade Fiscal pretendeu instituir no presente caso, com base na referência do mencionado inciso XIII à expressão “em portos organizados”, não é um critério válido utilizado pelo legislador, de forma que não se pode retirar dessa expressão o intuito de se restringir territorialmente a desoneração ali tratada às operações realizadas apenas em “portos organizados”. • Informa que o legislador procurou vincular a desoneração da folha de pagamento ao conceito amplo de atividade portuária com o objetivo de fomentar a competitividade externa e, sendo assim, não teria sentido atribuir privilégios unicamente às operações realizadas por portos organizados. Defende que o termo “porto organizado” deve ser interpretado dentro do contexto exposto e não através da simplicidade do termo. • Subsidiariamente, solicita que seja afastada a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício sob alegação de que a legislação determina a sua aplicação apenas ao valor principal e não às penalidades. A DRJ de origem julgou pela improcedência da impugnação. Inconformada, a responsável solidária Portocel apresentou Recurso Voluntário em fl. 365 (Termo de Anexação de Arquivo Nãopaginável), reiterando as alegações expostas em impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Sustenta a recorrente que o artigo 8º, §3º, inciso XIII, da Lei n° 12.546/2011 conferiu o direito de recolher a CPRB às “EMPRESAS (...) que realizam operações de carga, Fl. 400DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 401 5 descarga e armazenagem de contêineres EM portos organizados” (redação decorrente da união entre o §3º do artigo 8º e o inciso XIII que o complementou). Assim, defende que deve haver uma interpretação eminentemente literal, aduzindo que tal direito foi outorgado a quaisquer empresas que realizassem essas operações dentro de um porto organizado, não se fazendo a exigência específica de que tais empresas fossem, necessariamente, portos organizados. Caso contrário, a expressão “operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres em portos organizados” daria lugar a outras como, por exemplo, operações realizadas “por” portos organizados ou por empresas “na condição de” portos organizados. Para corroborar seus argumentos, a contribuinte apresenta em memoriais cópia do acórdão DRJ nº 1466.815, da 12ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, proferido na sessão de 13 de junho de 2017, onde a recorrente (que aqui apresente recurso na condição de responsável solidária) – PORTOCEL – obteve procedência em sua impugnação, por unanimidade. O processo administrativo fiscal é o de nº 15586.720505/201601, o qual encontrase atualmente neste Colegiado para apreciação de Recurso de Ofício, aguardando distribuição. Haja vista que concordo com os fundamentos do voto existente no acórdão da DRJ nº 1466.815, transcrevoo, em parte, adotando tais razões como minhas razões de decidir: "DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA Basicamente, nos termos do Relatório Fiscal, o lançamento se fundamenta no fato do contribuinte não ser considerado como porto organizado e, por este motivo, não poder optar pelo regime de recolhimento da contribuição previdenciária substitutiva, apurada a partir da sua receita bruta, conforme autoriza o artigo 8o, § 3o, inciso XIII da Lei nº 12.546/2011, em vigor ao tempo da ocorrência dos fatos geradores (01 a 12/2014). A conclusão da fiscalização se ampara nas seguintes teses: a) a Portaria nº 1.034/93 não define o porto organizado, mas apenas delimita a área de porto organizado de Barra do Riacho; b) a Lei nº 12.815/2013 distingue os conceitos de porto organizado, área de porto organizado e Terminal de Uso Privado – TUP; c) porto organizado é bem público, enquanto a área de porto organizado é área delimitada pelo Poder Público; Terminal de Uso Privado – TUP é instalação portuária localizada fora da área do porto organizado; d) o Terminal de Uso Privado – TUP é uma instalação privada ou pública não integrante do patrimônio público, e sua implantação dentro do porto organizado somente é possível ao titular do domínio útil do terreno (Resolução ANTAQ nº 517, artigos 2o e 3o); e, e) os portos e o TUP possuem distinção de tratamento administrativo, no que pertine à forma de contrato Fl. 401DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 402 6 (arrendamento ou adesão), remuneração pelo contrato, prazo determinado, forma de outorga da execução do serviço (concessão ou autorização), exigibilidade ou dispensa de licitação, contratação de mão de obra e reversibilidade de ativos. Em vista disto, passo a analisar a questão. Principio a abordagem da matéria situando a controvérsia sob o ponto de vista geoespacial. Com efeito, por uma análise inicial, notase que a questão não pode simplesmente ser resolvida à luz de conceitos formais, mas, ao revés, envolve questões mais abrangentes, como a própria história da região de Barra do Riacho e peculiaridades atinentes aos contornos de georrefenciamento da área. Assim, considerando que esta DRJ é localizada em Ribeirão Preto e não se dispõe de formas para a verificação in loco, adoto como elemento de convicção as resultantes tecnológicas disponíveis na internet para compreender a questão discutida. Vejamola. Inicialmente, trago à colação fotos do sistema Google Maps da área de Barra do Riacho, no município de Aracruz, Estado do Espírito Santo. Foto 1 – Visão geral da área: Esta foto demonstra a área sobre a qual se discute no lançamento. Notase que não há uma estrutura tão complexa como aquela que se verifica em outros portos do país (por exemplo, porto de Vitória). Há, e isto fica fácil de se notar, uma área de ancoragem que se situa em uma espécie de baía da costa marítima, onde os navios devam penetrar para fins de atracamento no cais. Continuando. Foto 2 – Aproximação, identificação do TUP TABR: Fl. 402DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 403 7 Esta foto demonstra com exatidão a área, e o próprio movimento de atracamento dos navios no que se chama Terminal de Uso Privado – TUB da BR Distribuidora, empresa ligada à Petrobrás Petróleo Brasileiro S/A. Notese que o TUPBR tem sua entrada na face que se volta à terra (Fotos 3, infra), enquanto seu cais de atracamento se encontra na baía marítima. Foto 3 – Frente do TUP TABR: Foto 4 Aproximação, identificação do TUP Portocel: Fl. 403DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 404 8 No que tange ao Terminal de Uso Privado – TUP da Portocel, vejase que a sua guarita de entrada (Foto 5, infra) encontrase ao norte da baía. Uma vez ingresso na área, o fluxo de carga se dirige diretamente a sudeste em direção aos armazéns que se situam à margem do cais de atracamento marítimo. Foto 5 Frente do TUP Portocel: Fl. 404DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 405 9 O grupo de fotos denominado “Foto 6” demonstra a coexistência de armazéns de responsabilidade da Portocel, bem assim a existência de cais, na parte interna da baía, onde os navios atracam para fins de carga e descarga. Pois bem, o conjunto das fotos acima (1 a 6) demonstram que a área considerada possui apenas dois pontos de escoamento marítimo, um pertencente ao Terminal de Uso Privado da BR Distribuidora e outro do Terminal de Uso Privado da Portocel, cada qual deles com um cais específico. Assim, não se pode negar que o contribuinte Portocel, de fato exerce suas atividades de carga, descarga e armazenagem na área perfeitamente identificada acima. Esta é a primeira constatação, em relação à qual, ao que indica o Relatório Fiscal, não há controvérsia. Em termos de uma demarcação geográfica da área de porto organizado, a Portaria MT nº 1.034, de 20/12/1993 (DOU de 22/12/1993, edição nº 243 – Seção I) assim se posicionou sobre o tema: Art. 1o. A área do porto organizado de Barra do Riacho, no estado do Espírito Santo, é constituída: a) Pelas instalações portuárias terrestres delimitadas pela poligonal definida pelos vértices das coordenadas geográficas a seguir indicados. Ponto A: latitude de 19o49’24”S, longitude 40o04’20”W; Ponto B: latitude 19o49’24”S, longitude 40o03’00”W; Ponto C: 19o51’30”S, longitude: 40o03’00”W e Ponto D: latitude 19o51’30”S, longitude 40o04’00”W, abrangendo todos os cais, docas, pontes e piers de atracação e de acostagem, armazéns, edificações em geral e vias internas de circulação rodoviárias e ferroviárias e ainda os terrenos ao longo dessas áreas e em suas adjacências pertencentes à União, incorporados ou não ao patrimônio do porto de Barra do Riacho ou sob sua guarda e responsabilidade. b) Pela infraestrutura de proteção e acessos aquaviários, compreendendo as áreas de fundeiro, bacias de evolução, canal de acesso e áreas adjacentes a este até as margens das instalações terrestres do porto organizado, conforme definido no item “a” desta Portaria, existentes ou que venha a ser construídas e Fl. 405DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 406 10 mantidas pela Administração do Porto ou por outro órgão do Poder Público. Art. 2o. A Administração do Porto de Barra do Riacho fará a demarcação em planta, da área definida no Art. 1o. Art. 3o. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Em face destas previsões, em consulta ao Ministério dos Transportes, segmento de portos, consta do link http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos 1/gestao/poligonais/barradoriacho/visaogeralbarrado riacho.pdf a seguinte foto relativa às áreas de portos organizados em Barra do Riacho (retângulo em vermelho como área delimitada pela Portaria MT nº 1.034/93 e polígono tracejado em verde como nova área proposta para delimitação do porto organizado, marcações próprias da foto): Assim, comparandose as fotos 1 “Visão geral da área” e 6 “Continuação do TUP Portocel – área de cais portuário”, com a foto acima (disponibilizada em http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos 1/gestao/poligonais/barradoriacho/visaogeralbarrado riacho.pdf) temse que o TUP da Portocel constava integralmente da área demarcada como área de porto organizado nos termos da Portaria MT nº 1.034/93. Realmente, a delimitação poligonal promovida pela Portaria MT nº 1.034/93 abrangia as seguintes instalações: cais, locais de atracação, armazéns, vias internas de circulação rodoviária e os terrenos ao longo destas áreas (letra “a” do artigo 1o.), e acessos aquaviários (letra “b” do artigo 1o.), todas construídas pelo contribuinte desde 1976, quando constituída a empresa Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho S/A, como uma sociedade de economia mista integrante da Administração Indireta, sob o controle acionário da Empresa de Portos do Brasil S/A (Portobrás). Salientese que somente em 1985 o contribuinte sofreu processo de privatização, com a Aracruz Celulose S/A concentrando 51% da participação acionária e a Cenibra (Celulose NipoBrasileira S.A), 49%. Em 2009, a partir da fusão da Aracruz com a Votorantin Celulose e Papel, foi Fl. 406DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 407 11 constituída a empresa Fibria, que assumiu o controle acionário de 51% do terminal da Portocel. Voltando às fotos, ocorre que a área tracejada no polígono verde da foto acima foi objeto de reconhecimento pelo Poder Executivo Federal como a nova área demarcada para fins de Porto Organizado de Barra do Riacho, conforme um de vários Decretos não numerados, emitidos todos com similar conteúdo, em 06 de junho de 2015 que assim se posicionou: Decreto de 3 de junho de 2015 Define a área do Porto Organizado de Barra do Riacho, Estado do Espírito Santo. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 15 da Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, DECRETA: Art. 1º A área do Porto Organizado de Barra do Riacho, Estado do Espírito Santo, é constituída: I pelas instalações portuárias terrestres na localidade de Barra do Riacho, Município de Aracruz, Estado do Espírito Santo, tais como: edificações em geral, silos, tanques, armazéns, pátios, acessos e vias de circulação, passeios, terrenos, abrangidos pela poligonal da área do porto organizado, sob guarda ou responsabilidade do Porto, incorporados ou não ao seu patrimônio; e II pela infraestrutura de acessos aquaviários, de proteção e de acostagem, nelas compreendidas, entre outras, bacias de evolução, áreas de fundeio, canais de acesso, molhes, quebra mares, guias correntes, espigões, cais, pontes, píeres de atracação, dolfins, sistemas de amarração, de balizamento e de sinalização e áreas adjacentes a estas infraestruturas, abrangidas pela poligonal do porto organizado, que sejam administradas e mantidas pelo Porto. Art. 2º A área do Porto Organizado de Barra do Riacho tem sua poligonal definida pelos vértices cujas coordenadas georreferenciadas estão discriminadas no Anexo. Art. 3º A Administração do Porto deverá manter atualizada a demarcação em planta da poligonal da área definida no art. 2º. Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 3 de junho de 2015; 194º da Independência e 127º da República. Em vista desta alteração feita pelo Poder Executivo, podese concluir que sob o ponto de vista geoespacial, o Terminal de Uso Privado do contribuinte passou, efetivamente, a situarse Fl. 407DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 408 12 fora da área de porto organizado de Barra do Riacho/ES a partir de 03 de junho de 2015, até então integrando esta área. Esta alteração, contudo, não projeta efeitos ao passado, produzindo efeitos materiais e jurídicos somente a partir de 04/06/2015. Portanto, é claro que o contribuinte, no período dos fatos geradores (01 a 12/2014), permaneceu como parte integrante da área de porto organizado. Fixada esta premissa, vejamos os conceitos da legislação. Em 05 de junho de 2013, antes, portanto, da ocorrência dos fatos geradores, foi promulgada e publicada a Lei nº 12.815, marco regulatório do setor de transportes marítimos. Trouxe os seguintes conceitos: Art. 2o Para os fins desta Lei, consideramse: I porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; II área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado; Dos conceitos acima, podese extrair que a área do porto organizado consiste numa extensão bem maior e mais abrangente do que a própria existência do porto organizado. Este último, pelo que indica a definição legal, é somente a instalação física e restrita às edificações inerentes à movimentação de passageiros e movimentação e armazenagem de mercadorias, estando submetido à jurisdição de autoridade portuária. A área do porto organizado, por outro lado, abrange todas as instalações periféricas que não se destinem, especificamente, à navegação, movimentação de pessoas e movimentação e armazenagem de mercadorias. A partir destes dois conceitos outros dois se tornam relevantes: a instalação portuária como uma instalação utilizada na movimentação de passageiros e/ou cargas, que pode estar dentro ou fora da área e porto organizado; e o terminal de uso privado, como uma espécie de instalação portuária que se localiza necessariamente fora da área de porto organizado. Fl. 408DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 409 13 Já com estes conceitos, podese iniciar a apreciação da situação posta nos autos. Se o Terminal de Uso Privado – TUP, nos termos do artigo 2o., inciso IV da Lei nº 12.815/2013, é uma espécie de instalação portuária que se localiza necessariamente fora da área de porto organizado e o TUP da Portocel, até antes da delimitação feita pelo Decreto sem número de 03/06/2015, estava dentro da área delimitada como área de porto organizado pela Portaria MT nº 1.034/1993, conforme mostra a foto comparativa de delimitação de áreas acima colacionada, é evidente que o “TUP” da Portocel não pode ser simplesmente considerado como Terminal de Uso Privado – TUP, mas, no mínimo, como instalação portuária, porque a área até então demarcada como área de porto organizado, de fato, abrangia a totalidade das suas instalações, seja guarita de acesso, vias de circulação, armazéns, cais etc. Assim, limitar a condição do sujeito passivo como mero Terminal de Uso Privado – TUP no período anterior a 03/06/2015 e, de conseguinte, extrair efeitos legais desta definição não é razoável, pois, como visto, o contribuinte deveria ser considerado, no mínimo, como instalação portuária em área de porto organizado devidamente demarcada pela autoridade federal (Portaria do Ministério dos Transportes). Atualmente, isto é, após a nova demarcação da área de porto organizado promovida pelo Decreto sem número de 03/06/2015 é evidente que o contribuinte está fora da área de porto organizado, de forma que deve sim ser considerado como um Terminal de Uso Privado – TUP. Mas, em relação aos fatos geradores ocorridos no ano de 2014, penso que a questão não pode ser decidida apenas pela correlação do critério legal com a dimensão geoespacial, consistente na localização do TUP da Portocel. Ao contrário, permitome ampliar a discussão da questão e o faço a partir de uma abordagem histórica. Com efeito, consultando o site da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, autarquia com função regulatória vinculada ao Ministério dos Transportes, criada pela Lei nº 10.233, de 05/06/2001, especificamente no link (http://observatorioantaq.info/index.php/2016/06/05/barrado riacho, podese colher o arrazoado que se segue: A história do Porto de Barra do Riacho se confunde com o histórico dos terminais de uso privado (TUP) que se localizam dentro da área do porto organizado de Barra do Riacho. Os estudos preliminares para a criação de um terminal especializado para o embarque de celulose são de autoria da empresa Aracruz Celulose S.A e datam o ano de 1973. A praia das Conchas, próxima à Barra do Riacho, fora apontada como o local com as melhores condições para a construção do terminal portuário. Em 1973, iniciaramse os estudos de viabilidade técnica e econômica do terminal e, no ano seguinte, o projeto foi Fl. 409DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 410 14 submetido ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis (DNPVN), incluindo a concepção básica do terminal constituído por dois molhes e um berço de atracação, que seriam construídos. Em 3 de maio de 1974, o DNPVN autorizou, através da Resolução nº 1.107/74, à Aracruz Celulose S.A. a construção e utilização de um terminal portuário de uso privativo (atualmente denominado terminal de uso privado, em função na nova lei dos portos no. 12.815), destinado ao embarque de celulose e descarga de insumos necessários à sua fabricação. Durante as negociações para obtenção de recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ocorreu a mudança na concepção da construção do terminal privado para um porto de múltiplo uso. Em 1976, foi celebrado um acordo entre a Empresa de Portos do Brasil S.A. (PORTOBRÁS) – antigo DNPVN –, o BNDES, a Companhia Vale do Rio Doce e a Aracruz Celulose S.A. que regulamentava as responsabilidades de cada uma das partes envolvidas. No mesmo ano, foi realizada a Assembleia Geral que constituiu a empresa Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho S.A., uma sociedade de economia mista sob o controle acionário da PORTOBRRÁS para conduzir a construção do terminal. ... omissis ... A denominação do Portocel – Porto Especializado de Barra do Riacho S.A foi alterada para Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA), através do Decreto nº 87.560 de 9 de setembro de 1982, com a PORTOBRÁS mantendo o controle acionário da CODESA. O mesmo Decreto também atribuiu à CODESA a administração e exploração comercial dos portos de Vitória e Capuaba. Em 1985, de acordo com o Diário Oficial da União de 22 de agosto de 1985, p. 37 seção I, a Portocel foi privatizada, com a Aracruz Celulose S.A. concentrando 51% da participação acionária e a Cenibra (Celulose NipoBrasileira S.A), 49%. Em 2009, a partir da fusão da Aracruz com a Votorantin Celulose e Papel, foi constituída a empresa Fibria, que assumiu o controle acionário de 51% do terminal da Portocel. O texto transcrito, e especialmente os destaques feitos por este Relator, demonstram que não se trata de uma empresa que foi constituída para a prestação de um serviço específico dentro de uma estrutura prédeterminada relativa ao transporte aquaviário, mas, ao contrário, a construção do porto de Barra do Riacho é resultado da própria existência da empresa que antecedeu o contribuinte, ou seja, o terminal portuário se fez necessário para o escoamento pontual da produção de celulose (Portocel) e do Gás Liquefeito de Petróleo – GLP (Terminal Aquaviário de Barra do Riacho – TABR). Assim, de início já se pode concluir que a questão posta nos autos em testilha sobre entender como cabível a contribuição Fl. 410DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 411 15 substitutiva sobre a receita bruta não pode estar restrita a uma mera análise conceitual. Pois bem, continua o mesmo artigo citado: 2. Localização e Administração O Porto Organizado de Barra do Riacho, administrado pela Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA), está localizado no município de Aracruz, litoral norte do estado do Espírito Santo, a 55 km ao norte do Porto de Vitória. A poligonal do Porto de Barra do Riacho possui uma área pública disponível para arrendamento (área greenfield) – não possuindo cais público , e outras duas áreas ocupadas por terminais de uso privado (TUPs): o Terminal Aquaviário de Barra do Riacho (TARB), de propriedade da Petrobrás S.A. com área aproximada de 348.382 m2, e o Terminal da Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho S.A, administrado pela Fibria e pela empresa Celulose NipoBrasileira (Cenibra). Ora, é evidente que a própria ANTAQ, repitase, a agência regulatória do setor de transportes aquaviários, reconhece publicamente que: a) Existe o “Porto Organizado de Barra do Riacho”, administrado pela Companhia Docas do Espírito Santos (CODESA), como autoridade portuária; b) A área do porto organizado abrange as áreas públicas e as áreas nas quais se situam os Terminais de Uso Privado – TUPS, tanto o TABR como o Portocel; e, c) Não há cais público. A fiscalização invoca a Portaria MT nº 1.034/93, em seu artigo 1o, afirmando que este ato somente “delimita a área de porto organizado de Barra do riacho”. A seguir, traz as disposições conceituais previstas na Lei nº 12.815/13, fazendoo no seguinte sentido: 4.2.1 Inicialmente devemos definir o que seja Porto Organizado, Área do Porto Organizado e Terminal de Uso Privado. A Lei nº 12.815 de 05/06/2013 nos define de forma bem clara o que são, a saber: LEI Nº 12.815, DE 5 DE JUNHO DE 2013. ... omissis ... Art. 2o. Para os fins desta Lei, consideramse: I porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; Fl. 411DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 412 16 II área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado; 4.2.1.1 Podemos observar claramente que porto organizado é o bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, enquanto área do porto organizado é a área delimitada por ato do Poder Executivo, compreendendo as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado e finalmente terminal de uso privado é a instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado. 4.2.1.2 Podemos observar ainda que Terminal de Uso Privativo – TUP, segundo a ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários, criada pela Lei nº 10.233/2001 e instalada em 17 de fevereiro de 2002, são instalações construídas ou a ser implantadas por instituições privadas ou públicas, não integrante do patrimônio do porto público, para a movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ao transporte aquaviário ou provenientes dele, sempre observando que somente será admitida a implantação do terminal dentro da área do porto organizado quando o interessado possuir o domínio útil do terreno, conforme esclarece a Resolução nº 517 ANTAQ, de 18 de outubro de 2005, a saber: RESOLUÇÃO Nº 517ANTAQ, DE 18 DE OUTUBRO DE 2005. APROVA A NORMA PARA OUTORGA DE AUTORIZAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO, A EXPLORAÇÃO E A AMPLIAÇÃO DE TERMINAL PORTUÁRIO DE USO PRIVATIVO. CAPÍTULO II ... omissis.. 4.2.1.3 Em relação aos atos normativos inerentes ao Terminal Especializado de Barra do Riacho S/A – Portocel, além dos já citados, destacamos os seguintes: Ö Resolução nº 517 ANTAQ de 18/10/2005 Aprova norma para Outorga de Autorização para Construção, Exploração e Ampliação de Terminal portuário de Uso Privativo (Anexo II); Ö Termo de Autorização nº 318ANTAQ de 26/01/2007 e nº 850ANTAQ de 14/08/2007 Autorização de Outorga para exploração do Terminal Portuário de Uso Privativo, na Fl. 412DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 413 17 modalidade uso misto, denominado PORTOCELTERMINAL ESPECIALIZADO DE BARRA DO RIACHO S/A (Anexo III); Ö Resolução nº 3.648ANTAQ de 19/04/2014 Aprova a Adaptação do Contrato de Adesão MT/DPH nº 042 de 14/11/1995, ratificado pelo Termo de Autorização nº 318 ANTAQ de 26/01/2207 e nº 850ANTAQ de 14/08/2007 (Anexo IV); Ö Contrato de Adesão nº 106ANTAQ de 21/03/2016 Escopo de Adequar o Contrato de Adesão MT/DPH nº 042 de 14/11/1995 à Lei 12.815 de 05/06/2013 (Anexo V). E conclui: 4.2.2 Em virtude de todo o aparato legal aqui já transcrito e destacado, podemos sem dúvida afirmar que a PORTOCEL TERMINAL ESPECIALIZADO DE BARRA DO RIACHO S/A não é um Porto Organizado, senão vejamos: Ö Porto tem que possuir Contrato de Arrendamento, enquanto TUP (Terminal de Uso Privado) possui Contrato de Adesão; Ö O Ato Administrativo para funcionamento de um Porto é a Concessão, enquanto TUP (Terminal de Uso Privado) é a Autorização. Ö O Porto tem exigência legal de ser licitado, enquanto TUP (Terminal de Uso Privado) não passa por esta esteira; Ö O Porto tem exigência de pagamento pelo Arrendamento, enquanto TUP (Terminal de Uso Privado) não há essa exigência; Em vista do exposto, concluise que a fiscalização adota conceitos e qualificações relativas a regime jurídico administrativo para determinar se o contribuinte pode ou não optar pelo regime de contribuição substitutivo em relação à sua receita bruta. No entanto, penso ser equivocado este entendimento. Em primeiro lugar, a partir da constatação das fotos da área delimitada é fato que o contribuinte sempre esteve enquadrado como parte integrante da área de porto organizado, conforme área delimitada pelos aspectos geodésicos constantes da Portaria MT nº 1.034, de 20/12/1993. Somente pelo Decreto sem número de 03/06/2015 é que, em função de nova delimitação de área, passou a estar fora da área de porto organizado e, portanto, reconhecido como um Terminal de Uso Privado TUP. Em segundo lugar, penso que a forma pela qual se desenvolve o regime de prestação indireta do serviço de transporte aquaviário, se por concessão ou autorização, é absolutamente irrelevante à questão tributária. Aliás, sob este ponto de vista, a natureza do ato de outorga da execução do serviço é questão há muito superada na doutrina administrativa que não mais se prende à nomenclatura do ato, mas sim aos seus efeitos. Fl. 413DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 414 18 De qualquer forma, à hipótese de incidência tributária, especificamente o artigo 8o, § 3o, inciso XIII da Lei nº 12.546/2011, é desprovido de qualquer importância se o serviço foi outorgado ao contribuinte por concessão, permissão ou autorização, consistindo exigência desarrazoada da fiscalização os argumentos neste sentido. Em terceiro lugar, e ainda em atenção aos aspectos do regime administrativo, nos quais tanto se apegou a fiscalização, a distinção de conceitos entre o porto organizado e a área do porto organizado nada mais é do que a natural diferença entre aspectos de conteúdo e continente, isto é, o porto organizado, como bem público que é, naturalmente, se insere na área de porto organizado; esta, evidentemente, não contempla somente o próprio porto organizado, mas outras, principalmente as instalações portuárias, enquanto aquelas instalações localizadas dentro ou fora da área do porto organizado e utilizadas em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário (artigo 2o, inciso III, da Lei nº 12.815/2013). Em quarto lugar, o tipo de contrato (arrendamento ou adesão), o cabimento ou não de remuneração, a obrigatoriedade ou não de contratação de mão de obra, e a reversibilidade ou não de ativos são aspectos inerentes ao regime jurídico peculiar à execução indireta do serviço público ao particular, não produzindo qualquer efeito na área tributária. O que é importante para a questão dos autos, como já frisei, é que até 03/06/2015 (data do decreto sem número que alterou a área do porto organizado) o contribuinte poderia ser considerado sim como parte integrante do porto organizado porque se situava na área de porto organizado, o mesmo não ocorrendo a partir de 04/06/2015, passando então a ser considerado, de fato e de direito, como Terminal de Uso Privativo – TUP, consistindo esta conclusão uma premissa fundamental à apreciação do lançamento. Em seu site, o contribuinte assim se identifica frente ao mercado: Quem Somos O Terminal Especializado de Barra do Riacho Portocel é o único porto do Brasil especializado no embarque de celulose. Está preparado para receber navios continuamente, com capacidade de embarque anual de 7.500.000 toneladas de celulose. O porto é de propriedade conjunta da Fibria (51%) e da Cenibra (49%), duas das maiores empresas produtoras de celulose no Brasil. Localização e Acessos Fl. 414DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 415 19 Portocel está situada em Barra do Riacho, município de Aracruz, litoral norte do estado do Espírito Santo, 30 milhas náuticas (70 Km) ao norte do porto de Vitória, ao qual está jurisdicionado. As instalações principais do terminal estão localizadas dentro da área do Porto Organizado de Barra do Riacho, compreendida entre dois molhes de abrigo, distantes 4,3 km da fábrica da Fibria S.A. Coordenadas geográficas: Latitude: 19º50'05"S e Longitude: 40º03'00"W Particularmente, entendo que o fato do contribuinte adotar a expressão “porto” não conduz inexoravelmente à conclusão de que seja ele um porto organizado. Mas, ao contrário, como frisado alhures, pelo fato de em Barra do Riacho não haver um cais público, mas somente os cais pertencentes aos TUP, e dentre estes o do contribuinte (Portocel), como reconhecido pela próprio ANTAQ, as palavras do contribuinte ressoam de forma convincente à realidade dos fatos. Novamente cito: 2. Localização e Administração O Porto Organizado de Barra do Riacho, administrado pela Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA), está localizado no município de Aracruz, litoral norte do estado do Espírito Santo, a 55 km ao norte do Porto de Vitória. A poligonal do Porto de Barra do Riacho possui uma área pública disponível para arrendamento (área greenfield) – não possuindo cais público , e outras duas áreas ocupadas por terminais de uso privado (TUPs): o Terminal Aquaviário de Barra do Riacho (TARB), de propriedade da Petrobrás S.A. com área aproximada de 348.382 m2, e o Terminal da Portocel – Terminal Especializado de Barra do Riacho S.A, administrado pela Fibria e pela empresa Celulose NipoBrasileira (Cenibra). Segundo a Wikipedia – a enciclopédia livre (https://pt.wikipedia.org /wiki/Cais): Um cais (...) é uma estrutura, geralmente uma plataforma fixa em estacas, ou região à beira da água, na borda de uma abra ou de um porto, onde barcos podem atracar e aportar para carregar e descarregar carga e passageiros. Inclui atracadouros (local para amarras) e pode também incluir píeres, armazéns e outros equipamentos necessários para manipular barcos. Um cais é também um nível mais alto, ou calçada, geralmente recoberto de pedras, ao longo de um rio ou canal, ou a avenida que passa ao longo dessas calçadas. Como se viu as fotos 1 e 6, constantes do início deste Voto, são taxativas em demonstrar que o contribuinte não possui propriamente um “porto” mas sim um cais na área de porto autorizado. Vejase, em confirmação da tese, as afirmações feitas pela ANTAQ no documento facilmente encontrado no link Fl. 415DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 416 20 http://observatorioantaq.info/index.php/2016/06/05/barrado riacho: 6. Instalações Instalações de Acostagem O porto público de Barra do Riacho não possui instalações de acostagem, mas dispõe de área destinada para a construção de um cais. As instalações existentes pertencem ao TUP Portocel e ao TUP Terminal Aquaviário de Barra do Riacho. Instalações de Armazenagem O porto público de Barra do Riacho não possui de instalações de armazenagem. As instalações existentes pertencem ao TUP Portocel e ao TUP Terminal Aquaviário de Barra do Riacho. E, ainda, consultandose a Wikipedia quanto ao “Porto de Barra do Riacho, eis o teor que nos retorna o site de consulta: Porto de Barra do Riacho Área da Portocel. O Terminal Especializado da Barra do Riacho, ou Portocel, é um porto marítimo localizado no distrito de Barra do Riacho em Aracruz, Espírito Santo. O porto é o único especializado no embarque de celulose do Brasil e é de propriedade conjunta da Fibria e da Cenibra, duas das maiores empresas produtoras de celulose no mundo. O Terminal está preparado para receber navios que carregam até 7.500 toneladas de celulose. É importante destacar que o porto existente na área de Barra do Riacho, em relação à qual se discute o lançamento, não é um porto da magnitude de outros tantos que existem no Brasil. Com efeito, as fotos até agora lançadas neste Voto permitem concluir pela existência de uma estrutura portuária bastante simples. ratase, em verdade, de um cais e armazéns, com vias de acesso em terra, situados em uma baía marítima, utilizado pelo contribuinte para o escoamento de sua produção. Assim, em um primeiro momento, analisando a questão unicamente sob o ponto de vista da complexidade das instalações físicas, seria difícil reconhecer o porto de Barra do Riacho como “porto organizado”, tal qual se faz, por exemplo, em relação ao Porto de Vitória. No entanto, apesar da flagrante singeleza do porto de Barra do Riacho, é fato assente nos autos o seu reconhecimento como efetivo “porto organizado”, seja pela legislação, seja pelo conhecimento público sobre o mesmo. Outro elemento de convicção que trago aos autos diz respeito ao reconhecimento pelo próprio Governo Federal da situação de porto organizado em Barra do Riacho. Com efeito, consultando Fl. 416DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 417 21 se o endereço http://www.portosdobrasil.gov.br/sobre 1/consultaseaudenciaspublicas, em “Poligonais” clicandose em “Barra do Riacho”, consta link (http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos 1/gestao/poligonais/respostaseesclarecimento/respostas arquivosempdf/documentorespostasconsultapublica4 ancoras.pdf) para consulta ao resultado de consulta pública relativa a 17 poligonais definidas por portaria do Ministério dos Transportes. O link remete o internauta a um documento em formato “.pdf”, denominado de “Respostas e esclarecimentos às contribuições recebidas na consulta pública para revisão de poligonais de 17 portos organizados”, elaborado em 29/08/2014 pelas Secretarias de Portos e de Políticas Portuárias, ambas vinculadas à Presidência da República, após a Lei nº 12.815/2013 (marco regulatório do setor de transporte aquaviário). Deste documento podese extrair as seguintes informações, todas referentes ao Porto de Barra do Riacho: Página 11 contribuição nº 07, de 30/06/2014: Resumo da Contribuição: Manifestação de apoio, da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), sobre a proposta em consulta pública de poligonal para o Porto Organizado de Barra do Riacho. Página 12 contribuição nº 08, de 30/06/2014: Resumo da Contribuição: Manifestação favorável do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais sobre a proposta em consulta pública de poligonal para o Porto Organizado de Barra do Riacho. Página 13 contribuição nº 10, de 01/07/2014: Resumo da Contribuição: Manifestação favorável, da empresa PORTOCEL Terminal Especializado de Barra do Riacho S.A., sobre a proposta de alteração da poligonal para o Porto Organizado de Barra do Riacho. Página 17 contribuição nº 14, de 01/07/2014: Resumo da Contribuição: Solicita a revisão de traçado em três pontos especificados em documento anexado à contribuição em que se considera uma interposição com a portaria de acesso do Terminal Portocel, o canal de aproximação dos berços da Portocel e o limite da bacia de evolução do Porto de Barra do Riacho. Resposta/Esclarecimento: As sugestões de alteração do traçado da poligonal estão em discussão com a administração do porto. Fl. 417DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 418 22 O desenho final deverá refletir com precisão e clareza os limites de responsabilidades financeiras e de gestão acordados entre os entes públicos e privados usuários das áreas. Página 18 contribuição nº 18, de 03/07/2014: Resumo da Contribuição: Faz questionamentos a respeito do uso dos molhes de proteção e outras infraestruturas e da retirada do TUP da Portocel da Poligonal do Porto Organizado de Barra do Riacho. Resposta/Esclarecimento: A respeito das tarifas, é esperado impacto positivo com as alterações das poligonais, uma vez que possibilitará a ampliação de investimentos que deverá gerar maior movimentação nos portos e nos terminais. As instalações autorizadas, estando elas dentro ou fora da poligonal, continuarão pagando as tarifas de uso dos canais de acesso aquaviários como sempre foi feito. A delimitação dos canais de acesso e demais infraestruturas permitirá maior clareza em relação aos limites de responsabilidade financeira entre o setor público e privado e permitirá, quando houver necessidade, realizar a revisão de acordos de uso de forma mais transparente. Quanto à exclusão de áreas ou infraestruturas da poligonal de um porto, as antepropostas consideraram a situação fática atual. Algumas das áreas e infraestruturas já possuem caráter privado, cabendo às administrações portuárias verificar os procedimentos legais para que o uso dessas áreas e infraestruturas, por terceiros, seja revista. Esse é o caso de Barra do Riacho, em que se torna necessário que a administração do porto reveja seus acordos de uso de áreas evitando que a companhia seja onerada com a manutenção de infraestruturas que atualmente são de uso eminentemente privado. Página 21 contribuição nº 21, de 03/07/2014: Resumo da Contribuição: Propõe um redesenho da Poligonal do Porto Organizado de Barra do Riacho, com a retirada da área hoje ocupada pelo terminal. Resposta/Esclarecimento: As solicitações de retirada de áreas estão sendo analisadas caso a caso em diálogo com as administrações portuárias para construção da proposta final de poligonal dos portos. As áreas não pertencentes às administrações portuárias ou que estejam cedidas ou em vias de cessão pela União à terceiros poderão ser, eventualmente, retiradas da poligonal do porto desde que: não haja contestações judiciais ou administrativas em relação à titularidade das áreas; Fl. 418DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 419 23 a administração portuária considere que a retirada da área de sua poligonal não causará prejuízo para sua operação; a alteração esteja em conformidade com as diretrizes do planejamento do setor portuário. Do contrário, as áreas permanecerão na poligonal do porto, observandose a continuidade assegurada nos termos dos artigos 58 e 59 da Lei 12.815/2013 para as instalações portuárias previstas nos incisos I a IV do artigo 8º da mesma lei, localizadas dentro da área do porto organizado. Pelos excertos transcritos, apesar de se tratar de uma estrutura portuária simples, fica evidente que o porto de Barra do Riacho é considerado como um efetivo porto organizado, mesmo após o advento da Lei nº 12.815/2013, e, dessa forma, constando o terminal do contribuinte dentro de sua área de atuação, devese reconhecêlo como sujeito que desempenhou suas atividades em efetivo porto organizado, devidamente demarcado, e sujeito à autoridade portuária específica, qual seja, a Companhia Docas do Espírito Santo – CODESA – CNPJ 27.316.538/000166, sociedade de economia mista, cujos principais acionistas com poder de voto são os entes federativos União e o Estadomembro do Espírito Santo. Aliás, sobre a atuação da CODESA como autoridade portuária, de rigor citar o objeto social constante do seu Estatuto Social, aprovado em Assembléia Geral Extraordinária AGE de 11/12/2014: CAPÍTULO I DA DENOMINAÇÃO, SEDE, FORO E DURAÇÃO Art.1o. A COMPANHIA DAS DOCAS DO ESPÍRITO SANTO – CODESA é uma sociedade de economia mista, vinculada à Secretaria de Portos da Presidência da República, regendose por este Estatuto e pelas disposições legais que lhe sejam aplicáveis. ... omissis ... CAPÍTULO II DO OBJETO SOCIAL E COMPETÊNCIA Art. 3o. A CODESA tem por objeto social exercer as funções de autoridade portuária no âmbito dos portos organizados do Estado do Espírito Santo, sob sua administração e responsabilidade, em consonância com as políticas públicas setoriais formuladas pela Secretaria de Portos da Presidência da República. Em compasso a estes fins, a CODESA aprovou o Regulamento de Exploração de Porto – REP, aprovado pela Resolução nº 60, de 19/11/2014, em observância às diretrizes constantes da Portaria nº 245, de 26/11/2013 da Secretaria de Portos da Presidência da República (DOU 27/11/2013), conforme link Fl. 419DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 420 24 http://www.codesa.gov.br/scriptcase/file/doc/codesa_arquivos/R EP%20COMPLETO%20%2020112014.pdf. Deste documento se pode extrair: 01. APRESENTAÇÃO. 1.1. Introdução. O presente REP – Regulamento de Exploração do Porto, foi criado conforme estabelece a Lei 12.815 de 05 de junho de 2013, que dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos Operadores Portuários, regulamentada pelo Decreto nº 8.033, de 27 de junho de 2013, tendo como norteador o disposto no anexo I da Portaria número 245, de 26 de novembro de 2013, da SEP – Secretaria de Portos da Presidência da República, publicada no Diário Oficial da União de 27 de novembro de 2013, número 230 (duzentos e trinta) Seção 1 (um), página 5 (cinco), que estabelece as diretrizes, os objetivos gerais e os procedimentos mínimos e poderá ser alterado por sugestão do Conselho de Autoridade Portuária – CAP. Capítulo I Objeto e abrangência Artigo 1º. O presente regulamento tem por objetivo normatizar os procedimentos relativos à execução de operações portuárias, nas áreas do porto organizado, considerando o que dispõe a Lei 12.815 de 5 de junho de 2013, regulamentada pelo Decreto 8.033, de 27 de junho de 2013, e as normas operacionais da CODESA. ... omissis ... 3º. O Porto Organizado de Barra do Riacho compreende os molhes de proteção, o canal de acesso, bacia de evolução, existentes no município de Aracruz, de acordo com a poligonal do porto organizado, definida por portaria do Ministério de estado dos Transportes. ... omissis ... Artigo 4º. A criação da CODESA está disposta no Decreto nº 87.560, de 09 de setembro de 1982, que dispõe sobre a transformação da PORTOCEL – Porto Especializado de Barra do Riacho S.A, em Companhia Docas do Espírito Santo – CODESA, e autoriza a destinação de bens provenientes da encampação do Porto de Vitória e dá outras providencias. § 1º. A Companhia Docas do Espírito Santo – CODESA, está vinculada a SEP – Secretaria de Portos da Presidência da República, por força do disposto na alínea “b”, inciso III, anexo único do Decreto 6.129, de 20 de junho de 2007. Fl. 420DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 421 25 § 2º. A CODESA tem por objeto social, em harmonia com os planos, programas e orientações da Secretaria de Portos da Presidência da República, exercer as funções de Autoridade Portuária previstas na legislação específica e realizar a administração e exploração comercial dos portos organizados de Vitória, Praia Mole, Barra do Riacho e demais instalações portuárias localizadas no Estado do Espírito Santo, que lhe forem incorporadas, nos termos da Lei n° 12.850, de junho de 2013. Artigo 100. O Porto Organizado de Barra do Riacho abriga dois terminais privados: Portocel, especializado na movimentação de celulose e madeira, de propriedade da empresa Fibria Celulose S.A., cujos Berços 920, 921, 923, 925 e 926 são especializados na movimentação de celulose, e o Berço 924, é utilizado na movimentação de madeira; e o Terminal da Petrobrás (Transpetro), para movimentação de GLP – Gás Liquefeito de Petróleo e gasolina natural. Portanto, tenho como inequívoco que até 03/06/2015 o contribuinte se insere na área de porto organizado, como instalação portuária, não ocorrendo o mesmo a partir de 04/06/2015, data a partir da qual deve ser considerado como efetivo Terminal de Uso Privativo – TUP, porquanto situado fora da área de porto organizado na nova delimitação procedida pelo Decreto sem número de 03/06/2015. Pois bem, em face desta conclusão, ou seja, de que o contribuinte é efetivamente um Terminal de Uso Privativo – TUP, a partir de 03/06/2015, e antes disto, uma instalação portuária em área demarcada como área de porto organizado, me indago sobre o real cabimento do lançamento. Explico. A Lei nº 12.546, de 14/12/2011 promoveu uma sensível alteração na sistemática de contribuições previdenciárias. Com efeito, dentre outras regras, acabou por estabelecer um regime opcional de contribuição para contribuintes específicos. Vejamos: Art. 8º Poderão contribuir sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, as empresas que fabricam os produtos classificados na Tipi, aprovada pelo Decreto no 7.660, de 23 de dezembro de 2011, nos códigos referidos no Anexo I. ... omissis ... § 3o. O disposto no caput também se aplica às empresas: ... omissis ... XIII que realizam operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres em portos organizados, enquadradas nas classes 52125 e 52311 da CNAE 2.0; Fl. 421DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 422 26 (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) Como claramente se nota, o inciso XIII, em nenhum momento faz alusão ao regime jurídico do ato de outorga da execução do serviço, da natureza do contrato, da forma de remuneração ou da mão de obra. Unicamente, exige o enquadramento do contribuinte no CNAE, fato este incontroverso nos autos, e que as operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres se dêem em portos organizados. As atividades elencadas no dispositivo também não são questionadas pela fiscalização. O que se questiona e isto é até incompreensível pois, ao meu ver, decorre de flagrante interpretação equivocada da lei, é que o contribuinte não poderia optar pelo regime da contribuição substitutiva sobre a receita bruta pelo fato de não ser ele um porto organizado. Ora, o inciso XIII do § 3o do artigo 8o da Lei nº 12.546/2011 não exige que o contribuinte seja um porto organizado! Exige que a atividade por ele desenvolvida, ainda que ele seja um Terminal de Uso Privativo – TUP, seja exercida em porto organizado. A questão nada mais representa do que o local onde o contribuinte exerce sua atividade e não na sua qualificação jurídica ou no regime de execução da prestação de serviço. “Em” é palavra pertencente à classe gramatical das preposições; traduz a ideia de “lugar onde”, “de modo”, “tempo”, causa” etc; já a palavra “como” pertence à classe gramatical do advérbio, indicando a ideia “de que modo, de qual maneira”, “com qual intensidade”, “por exemplo” ou “quão, quanto”. Assim, se o dispositivo tivesse em mira uma especial condição do sujeito passivo, teria afirmado “que realizam operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres como portos organizados” e não “que realizam operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres em portos organizados”. Da leitura do Relatório Fiscal, podese extrair alguns pontos: 4.1.2.1 Ao se enquadrar como sujeita ao recolhimento da Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta, abrangida pelo Art. 8º inciso XIII da Lei nº 12.546/2011, e empresa simplesmente não observou o requisito principal que seria ser um porto organizado. 4.1.3 Através do Termo de Intimação Fiscal nº 4, anexo ao presente relatório fiscal, solicitamos à empresa que provasse ser um porto organizado. (...) ... omissis ... 4.2 Considerações do Fato Gerador e Dispositivos Legais Sobre as alegações da empresa que afirma ser um porto organizado, passaremos a tecer uma série de considerações. ... omissis ... Fl. 422DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 423 27 4.2.2 Em virtude de todo o aparato legal aqui já transcrito e destacado, podemos sem dúvida afirmar que a PORTOCEL TERMINAL ESPECIALIZADO DE BARRA DO RIACHO S/A não é um Porto Organizado, senão vejamos: ... omissis ... 4.2.3.1 Ao se enquadrar como sujeita ao recolhimento da Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta, abrangida pelo Art. 8º inciso XIII da Lei nº 12.546/2011, e empresa simplesmente não observou o requisito principal que seria Ser Um Porto Organizado. (...) Ora, para quê solicitar a prova de uma condição do sujeito passivo se a Lei nº 12.546/2011 não exige esta condição como requisito à opção pelo regime de contribuição substitutiva? Para quê desenvolver um trabalho fiscal, proceder ao lançamento de milhões de reais se a causa que justifica este lançamento não é exigida na Lei nº 12.546/2011? Este Relator cogitou da hipótese da fiscalização referirse à tese segundo a qual, apesar da redação dada ao tema no Relatório Fiscal, a prestação de serviços não ocorreria em porto organizado. No entanto, mesmo esta hipótese foi rapidamente descartada. A um, porque os fatos narrados não deixam dúvida sobre o enquadramento da região portuária na qual o contribuinte desenvolve a sua atividade. A dois, porque o foco da fiscalização foi a condição do contribuinte, e não o local da prestação de serviços. Por derradeiro, nos processos administrativos manejados pelo contribuinte junto à Receita Federal do Brasil – RFB, identifica se o processo nº 13770.721309/201218. Neste, o contribuinte, em petição datada de 12/12/2012, solicitou à RFB a sua habilitação ao Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária – REPORTO, nos termos da Lei nº 11.033/2004 e Instrução Normativa RFB nº 879/08. Processado o feito, exarouse o Parecer SEORT nº 723/2013 (fls. 85/88 dos autos do processo nº 13770.721309/201218), assim decidindose: Assunto: Habilitação ao REPORTO. Ementa: São beneficiários do REPORTO o operador portuário, o concessionário de porto organizado, o arrendatário de instalação portuária de uso público e a empresa autorizada a explorar instalação portuária de uso privativo misto ou exclusivo, inclusive aquelas que operam com embarcações de offshore. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá os requisitos e os procedimentos para a habilitação dos beneficiários ao REPORTO. Dispositivos Legais: art. 15 da Lei n° 11.033 de 21 de dezembro de 2004 e alterações posteriores dadas pela Lei n° 12.688 de 18 de julho de 2012 e Lei n.º 12.715 de 17 de setembro de 2012. Fl. 423DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 424 28 Solicitação deferida RELATÓRIO 1. Trata o presente processo de solicitação de habilitação ao Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária REPORTO, na qualidade de operador portuário, apresentado pela empresa PORTOCEL TERMINAL ESPECIALIZADO DE BARRA DO RIACHO S/A – CNPJ 28.497.394/000154, para o estabelecimento localizado na Barra do Riacho, s/nº, Terminal Portuário, Aracruz ES, com base na Lei n° 11.033/2004 e alterações posteriores, conforme requerimento de fls. 02 a 04. 2. Fundamentado no art. 3° da IN RFB 879 de 15 de outubro de 2008, o presente processo foi encaminhado a esta Delegacia para análise e instrução. 3. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO 4. A Lei n° 11.033 de 21 de dezembro de 2004, que instituiu o REPORTO Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária, prevê no art. 15: “Art. 15. São beneficiários do REPORTO o operador portuário, o concessionário de porto organizado, o arrendatário de instalação portuária de uso público e a empresa autorizada a explorar instalação portuária de uso privativo misto ou exclusivo, inclusive aquelas que operam com embarcações de offshore ( Redação dada pela Lei n.º 12.715 de 17 de setembro de 2012). § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil estabelecerá os requisitos e os procedimentos para habilitação dos beneficiários ao Reporto, bem como para coabitação dos fabricantes dos bens listados no § 8.º do art. 14 desta Lei “. (Redação dada pela Lei n.º 12.688, de 18 de julho de 2012) 4.1 Posteriormente a Lei n° 11.726 de 23 de junho d e 2008, trouxe alterações à Lei n° 11.033/2004, in verbis: "Art. 16. Os beneficiários do Reporto, descritos no art. 15 desta Lei, ficam acrescidos das empresas de dragagem, definidas na Lei nº 11.610, de 12 de dezembro de 2007, dos recintos alfandegados de zona secundária e dos Centros de Treinamento Profissional, de que trata o art. 32 da Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993 (Lei dos Portos), e poderão efetuar aquisições e importações amparadas pelo REPORTO até 31 de dezembro de 2015." (Redação dada pela Lei n.º 12.688, de 18 de julho de 2012) 4.2 A Instrução Normativa RFB n° 879, de 15 de outubro de 2008, dispõe nos §§ 2° e 3° : Art. 2.º Para fins de habilitação ao regime, a sociedade empresária deverá: Fl. 424DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 425 29 I estar com a sua situação fiscal regular perante a Fazenda Nacional; e II comprovar: a) o direito de exploração, no caso de porto organizado, transporte ferroviário e recintos alfandegados de zona secundária; b) o direito de construir, reformar, ampliar, melhorar, arrendar e explorar, em se tratando de instalação portuária de uso público ou de instalação portuária de uso privativo misto; c) a préqualificação para a execução de operação portuária, no caso de operador portuário; ou (grifo nosso) III atender as condições estabelecidas na legislação específica para o exercício da atividade, nos casos de sociedades empresárias de dragagem e Centros de Treinamento Profissional. Parágrafo único. Os requisitos previstos neste artigo deverão ser mantidos enquanto a sociedade empresária estiver habilitada para operar no regime. Art. 3.º A habilitação ao regime será requerida à Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) ou à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat) com jurisdição sobre o estabelecimento da sociedade empresária interessada, apresentandose cópia do: I ato legal ou do extrato do contrato de concessão, de permissão, de arrendamento ou de adesão, publicado no Diário Oficial da União; e II certificado de registro de préqualificação como operador portuário. 5. A empresa apresentou cópias dos seguintes documentos devidamente autenticados: • Contrato de Adesão Ministério dos Transportes / DPH Nº 042/95, com a publicação do respectivo extrato no Diário Oficial da União (fls. 07/38); • Certificado de Registro de Operador Portuário emitido pela Companhia Docas do Espírito Santo – CODESA em 19 de julho de 2012, com validade de 01 ( um) ano (fl. 39); • Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral CNPJ (fl. 41); • Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos relativos aos Tributos e à Dívida Ativa da União com validade até 17/04/2013 e da Certidão Negativa de Débitos Relativos às Contribuições Previdenciárias e de Terceiros válida até 05/01/2013 (fls. 42/43); Fl. 425DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 426 30 • Ata das Assembléias Gerais Ordinária e Extraordinária realizadas em 27/04/2012 (fls.44/60), bem como os Termos de Posse e Estatuto Social da empresa (fls. 62/75). 6. Foram anexados aos autos extratos atualizados da Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos relativos aos Tributos e à Dívida Ativa da União com validade até 06/11/2013 e da Certidão Negativa de Débitos Relativos às Contribuições Previdenciárias e de Terceiros válida até 15/06/2013 (fls. 83/84). 7. Analisando os documentos supracitados, ficou comprovada a regularidade cadastral e fiscal da Empresa, bem como foram atendidos os requisitos para a habilitação ao REPORTO, previstos nos artigos 2° e 3° da Instrução Normativa acima transcrita, não restando mais exigências a serem cumpridas. CONCLUSÃO 8. Em face de todo o exposto, concluo pelo deferimento do pedido de habilitação ao REPORTO, para o estabelecimento da empresa PORTOCEL, CNPJ n.º 28.497.394/000154, localizado na Barra do Riacho, s/nº, Terminal Portuário, Aracruz ES . Vitória/ES, 13 de Maio de 2013 Em face deste Parecer, emitiuse o Ato Declaratório Executivo nº 37, de 13/05/2013: Defere em caráter precário, pedido de habilitação ao Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária – REPORTO, de que trata a Lei n° 11.033/04, e alterações posteriores, no caso que especifica. O Chefe do Serviço de Orientação e Análise Tributaria – SEORT, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória (ES), com base na competência delegada pela Portaria DRF/Vitória/ES nº 196, de 27/12/2012 (D.O.U. de 28/12/2012), e, no uso da competência prevista no artigo 302, inciso II, da Portaria MF n.º 203 de 14 de maio de 2012, na atribuição conferida pelo art. 5°, caput, da Instrução Normativa SRF n° 879, de 15 de outubro de 2008, considerando o disposto no § 2.º , art. 15 da Lei n.º 11.033 de 21 de dezembro de 2004, na redação dada pela Lei n.º 12.688/2012, e lastreado no Parecer Seort nº 0723/2013, processo n.º 13770.721309/201218, DECLARA: Artigo Único – Fica concedida à empresa PORTOCEL – TERMINAL ESPECIALIZADO DE BARRA DO RIACHO S/A inscrita no CNPJ sob o n° 28.497.394/000154, a habilitação necessária para operar, na condição de operador portuário, ao estabelecimento localizado na Barra do Riacho, s/nº, Terminal Portuário, Aracruz ES, no Regime Tributário de Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária – REPORTO, instituído pela Lei n° 11.033/ 2004 e alterações posteriores, que assegura a suspensão da exigência do imposto sobre produtos industrializados – IPI, da contribuição para o Fl. 426DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 427 31 PIS/PASEP, da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e, quando for o caso, do Imposto de Importação, nos termos do artigo 15 da Lei n° 11.033/2004 e alterações posteriores. Assim, não obstante a Administração não ter penetrado especificamente na caracterização da área de Barra do Riacho como um porto organizado, até porque não caberia esta abordagem no processo nº 13770.721309/201218, é inconteste que a própria RFB reconhece o contribuinte como um efetivo operador portuário. Ora, se assim é, e está situado em Barra do Riacho, ali exercendo suas funções, resta evidenciado que, ainda que se trate de um operador portuário, realiza suas atividades (de operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres) em área flagrantemente reconhecida como área de porto organizado (Barra do Riacho), usufruindo de benefícios fiscais decorrentes do exercício desta atividade. O artigo 14 da Lei nº 11.033/2004, ao estabelecer as hipóteses nas quais se dá a suspensão da incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, da Contribuição ao PIS/PASEP, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e do Imposto de Importação – II, assim se manifesta: Art. 14. Serão efetuadas com suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e, quando for o caso, do Imposto de Importação II, as vendas e as importações de máquinas, equipamentos, peças de reposição e outros bens, no mercado interno, quando adquiridos ou importados diretamente pelos beneficiários do Reporto e destinados ao seu ativo imobilizado para utilização exclusiva na execução de serviços de: (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012) I carga, descarga, armazenagem e movimentação de mercadorias e produtos; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) II sistemas suplementares de apoio operacional; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) III proteção ambiental; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) IV sistemas de segurança e de monitoramento de fluxo de pessoas, mercadorias, produtos, veículos e embarcações; (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) V dragagens; e (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) VI treinamento e formação de trabalhadores, inclusive na implantação de Centros de Treinamento Profissional. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) Assim, com exceção da hipótese do inciso VI, o benefício as suspensão tributária somente tem utilidade na medida em que se destina aos bens adquiridos para imobilização e que se destinem Fl. 427DF CARF MF Processo nº 15586.720519/201617 Acórdão n.º 2202004.788 S2C2T2 Fl. 428 32 às atividades relacionadas à atuação portuária. Dessa forma, mais este elemento assume importância, pois não há sentido em deferirse ao contribuinte a condição de beneficiário do REPORTO, de um lado, e negar que o mesmo exerce suas atividades no porto organizado de Barra do Riacho. Não há dúvida, portanto, que o contribuinte, antigamente como instalação portuária situada em área de porto organizado, e atualmente como Terminal de Uso Privativo – TUP, de fato, no período de ocorrência dos fatos geradores, isto é, janeiro a dezembro de 2014,exerceu as atividades de operações de carga, descarga e armazenagem de contêineres em porto organizado de Barra do Riacho, embora, repiso, o porto organizado de Barra do Riacho seja sobremaneira mais simples e restrito do que os demais portos do país. Em vista do exposto, ouso dissentir da fiscalização, julgando improcedente o lançamento levado a efeito." Assim, restando comprovado que conforme a Portaria nº 1.024/93, a Recorrente exerceu no anocalendário de 2014, atividades relativas a carga e descarga de mercadorias, cadastradas no CNAE 52125, em área de porto organizado, ou seja, dentro de porto organizado, temse como plenamente atendidos os requisitos do inciso XIII, do §3º, do artigo 8º, da Lei nº 12.546/11, razão pela qual deve ser reconhecida a legalidade de opção da contribuinte pelo regime de contribuição previdenciária substitutiva (CPRB). Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 428DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.906525/2015-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 25/10/2011
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO.
Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.250
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10680.904943/2015-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 25/10/2011 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado
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PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 65 25 /2 01 5- 97 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10680.906525/201597 Acórdão n.º 3301005.250 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo pedido de restituição formalizado por meio de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. Em análise ao referido documento, a autoridade tributária proferiu Despacho Decisório Eletrônico, formalizado no sentido do indeferimento da restituição pretendida pela interessada, explicando que o pagamento indicado já estava integralmente alocado, não restando, assim, crédito disponível para restituição e eventuais compensações vinculadas à esse crédito. Inconformado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva esclarecendo que durante procedimento de auditoria interna, realizada nas apurações dos tributos da companhia, foram identificados pagamentos a maior em determinados períodos e a menor em outros. Para regularizar a situação fiscal perante a Receita Federal do Brasil, providenciou a quitação dos débitos pagos a menor e solicitou a restituição dos pagamentos a maior, retificando as DCTF para informar os novos valores. Entende que a Per/Dcomp está em conformidade com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996 e com a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, restando demonstrada a insubsistência e improcedência do despacho decisório. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06057.211. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em síntese, trazendo argumento novo, de que o pagamento indevido seria da conta de Sociedades em Conta de Participação da qual é sócia ostensiva. É o relatório. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10680.906525/201597 Acórdão n.º 3301005.250 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.223, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301005.223): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. A acórdão recorrido desce a detalhes do ocorrido: Segundo a versão apresentada pela defesa, o crédito apontado (R$ 275,20) decorreu da revisão da base de cálculo da COFINS de 31/03/2010, conforme informado na DCTF retificadora apresentada em 06/11/2014. Constatouse que o despacho decisório foi emitido levando em conta as informações contidas na DCTF retificadora, transmitida em 06/11/2014, a qual, como se vê, tratase da DCTF retificadora que a contribuinte alega conter as informações corretas correspondente ao débito do período. Nessa DCTF, o débito de COFINS confessado do período de apuração de 31/03/2010 é de R$ 1.134.352,27 – que foi quitado por meio de vários pagamentos (DARF) que totalizam R$ 871.733,98 e compensações no valor de R$ 696,80 – restando, saldo a pagar de R$ 261.921,49 – conforme a tela extraída do sistema de controle de declarações: 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10680.906525/201597 Acórdão n.º 3301005.250 S3C3T1 Fl. 5 4 Essas mesmas informações constam da DCTF que está ativa no sistema de controle de declarações, transmitida em 08/01/2015. No sistema de controle de arrecadação, verificouse que os pagamentos apontados na DCTF retificadora – no valor total de R$ 871.733,98 – foram validados e vinculados ao débito de Cofins do período (código 2172). No entanto, tendo em vista que os pagamentos validados foram insuficientes para a extinção do débito e verificada a existência de outros pagamentos para o mesmo período de apuração, dentre os quais o pagamento pleiteado no PER em tela, o sistema informatizado alocou esses pagamentos para amortizar parte do saldo devedor confessado na DCTF, como se vislumbra nas telas copiadas a seguir: Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10680.906525/201597 Acórdão n.º 3301005.250 S3C3T1 Fl. 6 5 Desse modo, o pagamento por meio do DARF discriminado no PER – de R$ 275,20 – foi integralmente utilizado para quitar o débito de COFINS de 31/03/2010, em face das informações prestadas pela própria contribuinte na DCTF retificadora apresentada à Receita Federal, não restando crédito para a restituição pretendida: [...] Destaca ainda a decisão de piso que "desde a constituição da DCTF pela Instrução Normativa SRF nº 126, de 30/10/1998, e suas alterações posteriores, e de acordo com o disposto no DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984", tal declaração constituise em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário. A recorrente, alega que o pagamento indevido de R$275,20, seria provenientes e originário "de SCP’s (Sociedades em Conta de Participação), das quais" [...] "é sócia ostensiva". E acrescenta: O débito montante de R$ 1134352,27, declarado em DCTF, alberga valores devidos de Cofins de várias SCP’s que tem a Recorrente como sócia ostensiva e outras empresas como sócias participantes. A título de lembrete sabese que os sócios ostensivos de SCP’s são aquelas pessoas jurídicas que se obrigam perante terceiros, enquanto que os sócios participantes (antigos sócios ocultos), não têm essa obrigação. Em vista dessa situação, a Recorrente é responsável pelas obrigações acessórias tributárias, dentre elas, a apresentação de DCTF com os competentes recolhimentos tributários. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.906525/201597 Acórdão n.º 3301005.250 S3C3T1 Fl. 7 6 No caso em questão, o valor recolhido, R$ 275,2 é proveniente da atividade da SCP, "Laguna Beach" contrato anexo, Doc. 1, que recolheu este valor. Contudo, como já informado, tinha como valor devido a quantia de R$ 0 Ao manter a decisão que indeferiu o crédito pleiteado, a Receita Federal acaba violando a individualidade de outra pessoa jurídica, uma vez que o crédito solicitado diz respeito a uma sociedade em conta de participação específica que tem a Recorrente como sócia ostensiva. O quadro abaixo, demonstra muito bem a composição deste crédito. Tanto que o código do imposto é o 217208, cujo dígito identifica ser o crédito decorrente de sociedade em conta de participação. Portanto, no caso da decisão ser mantida, permanecerseá uma verdadeira invasão no patrimônio da SCP Laguna Beach, visto o desrespeito à sua individualidade e atividade empresarial, pois está sendo punida por conta de débitos tributários que não são dela. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA. Na apuração dos resultados da sociedade em conta de participação serão observadas as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Tendo em vista que a sociedade em conta de participação não se confunde com o sócio ostensivo, os resultados daquela não podem ser tributados diretamente neste mas apenas distribuídos na proporção da participação.” (CARF, Recurso Voluntário Recurso de Ofício, PTA 15504.724276/201314, Acórdão 1402 002.208. Relator Dr. Leonardo de Andrade Couto , DJ 27.06.2016) (destacouse) Diante do exposto, não há que se falar na aplicação da IN SRF 126/98, pois o saldo a pagar da Recorrente não pode prejudicar uma SCP em que ela é a sócia ostensiva e que, por isso, é obrigada ao cumprimento das obrigações acessórias, dentre elas, a entrega de DCTF. Ocorre, no entanto, que tal argumento de defesa não foi trazido em sede de manifestação de inconformidade, precluindo o direto de fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Também não localizei a prova da liquidez e certeza do crédito em foco, que não a DCTF retificada e o DARF dado como pago indevidamente. Tal Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10680.906525/201597 Acórdão n.º 3301005.250 S3C3T1 Fl. 8 7 comprovação é exigência do art. 170 do Código Tributário Nacional e ônus do peticionário, nos termos do art. 373 do Código do Processo Civil. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.900538/2008-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 19/02/2004
INEXISTÊNCIA DE LITÍGIO. CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não se toma conhecimento de recurso voluntário em que a própria recorrente não contesta a inexistência do crédito, que motivou a não homologação da compensação declarada.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3302-006.071
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 19/02/2004 INEXISTÊNCIA DE LITÍGIO. CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. Não se toma conhecimento de recurso voluntário em que a própria recorrente não contesta a inexistência do crédito, que motivou a não homologação da compensação declarada. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 05 38 /2 00 8- 17 Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13819.900538/200817 Acórdão n.º 3302006.071 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologar a compensação declarada (DCOMP), em razão do fato de que o pagamento informado como origem do crédito já se encontrava utilizado para quitação de outros débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte não havia sustentado a existência do crédito declarado na DCOMP não homologada, tendo apenas informado que "temendo que a Receita Federal não processasse o citado PER/DCOMP, a mesma por sua liberalidade quitou este débito com multa e juros, (...) portanto não há o que se falar em valores devidos, ou seja, a empresa não é devedora de débito algum, pois foi devidamente quitado, conforme cópia em anexo" (sic). Ao fim, pediu o contribuinte, em manifestação de inconformidade, que fosse feita revisão de ofício, contemplando o cancelamento da DCOMP em comento e, por via de conseqüência, cancelada a cobrança decorrente da não homologação. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 05035.474, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando a ausência de prova do direito creditório pleiteado. Ressaltou a DRJ que o contencioso administrativo não se prestava ao pedido formulado pelo contribuinte, havendo rito específico para pedido de cancelamento, e que a autoridade encarregada da cobrança haveria de cuidar para que, comprovada a coincidência entre os débitos exigidos por meio da DCOMP e os relacionados com o pagamento alegado, não houvesse cobrança duplicada do débito tributário. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, ratificando os argumentos da Manifestação de Inconformidade e alegando não ter se utilizado do crédito apontado na DCOMP, vez que promovera o pagamento integral do débito cuja compensação se pleiteava, o que materializaria erro de fato e não ausência de pagamento. Destacou o recorrente que o pagamento integral do débito ocorrera antes mesmo da ciência da não homologação da compensação declarada, não podendo ser compelido ao pagamento em duplicidade do citado débito. Sustentou, ainda, que o pagamento é causa de extinção do crédito tributário e que, muito embora a DCOMP constitua confissão de dívida, tal preceito não pode ferir o art. 149, II e IV do CTN, no sentido de que fosse promovida a revisão de ofício. Por fim, pediu que, em caso de não se entender pelo cancelamento da DCOMP, fosse a repartição de origem oficiada para que não houvesse cobrança duplicada do débito tributário. É o relatório. Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13819.900538/200817 Acórdão n.º 3302006.071 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3302006.068, de 24/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13819.900462/200811, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3302006.068): O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos e requisitos de admissibilidade, portanto, passo a apreciálo. Do Contencioso Administrativo. A compensação enquanto modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156, II, do CTN, operase mediante a existência de crédito líquido e certo oponível à fazenda pública, sem o que não há como efetivar o encontro de contas pretendido pelo contribuinte. Assim, têmse que o direito à compensação existe na medida exata da certeza e liquidez do crédito declarado. Não restando comprovadas a certeza e liquidez do crédito do contribuinte, não há como operacionalizar a compensação. Atualmente, a compensação pode ser declarada pelo próprio sujeito passivo, em meio eletrônico, mediante preenchimento e transmissão de Declaração de Compensação DCOMP, na qual se indicará, em detalhes, o crédito existente e o débito a ser compensado, sujeitandose a ulterior homologação por verificação fiscal. A verificação fiscal das compensações declaradas pelos contribuintes se opera em dois momentos distintos, a saber: 1) Verificação Eletrônica: Consiste no cruzamento de informações fiscais do contribuinte, disponíveis na base de dados dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil, objetivando verificar a consistência e coerência da compensação declarada. Detectada, nesta fase de verificação, qualquer inconsistência ou divergência entre valores e informações do contribuinte, não homologase a compensação realizada, oportunizando ao interessado o contraditório e ampla defesa em processo administrativo fiscal específico. 2) Verificação Documental: Uma vez instaurada a fase litigiosa do processo administrativo fiscal, pela apresentação de Manifestação de Inconformidade à não homologação decorrente da verificação eletrônica, tem início a nova etapa de análise do direito creditório, que passa a se operar mediante verificação de documentos hábeis e idôneos que Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13819.900538/200817 Acórdão n.º 3302006.071 S3C3T2 Fl. 5 4 comprovem a existência do crédito utilizado pelo contribuinte. Neste segundo momento de verificação, devem ser observadas todas as regras e princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal. Em outras palavras, na etapa de verificação eletrônica antes de instaurado o contencioso administrativo são consideradas somente as informações e dados constantes dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil. Contudo, uma vez constatada a inconsistência/divergência das informações existentes nos sistemas informatizados, não homologase a compensação declarada e iniciase a etapa de verificação documental, nos autos de processo administrativo fiscal, onde incumbe ao contribuinte comprovar a existência de certeza e liquidez do crédito que pretende utilizar. No caso em estudo, o contribuinte informou, em sua primeira oportunidade de manifestação nestes autos, ter efetuado, por meio de DARF, o pagamento integral do débito que pretendia compensar, bem como pediu, de modo suficientemente claro, a revisão de ofício para fins de cancelamento da DCOMP. Assim, no que cinge ao suposto crédito declarado na DCOMP em comento, o próprio contribuinte reconheceu sua inexistência, ainda em sede de manifestação de inconformidade, fazendo com que sequer tenha se instaurado controvérsia administrativa sobre tal matéria, não havendo que se falar em reconhecimento ou não de direito creditório, pois não há crédito em litígio. A DRJ conheceu da Manifestação de Inconformidade e ratificou a decisão da DRF, não reconhecendo o direito creditório, sob o fundamento de que o contencioso administrativo não se presta ao pedido formulado pela contribuinte, havendo rito específico para o pedido de cancelamento. No recurso voluntário, o contribuinte ratificou todos os argumentos produzidos por ocasião da manifestação de inconformidade, renovando o pedido de revisão de ofício para o cancelamento da DCOMP e, por conseguinte, da cobrança decorrente de sua não homologação, sob pena de pagamento em duplicidade. Repisese que desde sua primeira manifestação neste PAF, a empresa reconheceu a inexistência do direito creditório antes alegado e pugnou pela revisão de ofício, com o cancelamento da DCOMP e extinção da cobrança decorrente de sua não homologação. Segundo previsão legal do § 9º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, com alterações introduzidas pela Lei nº 10.833/2003, é facultado ao sujeito passivo se insurgir, por meio de Manifestação de Inconformidade, contra a não homologação da declaração de compensação. Nesse sentido, temse que a competência dos órgãos de julgamento administrativo, no que diz respeito às declarações de compensação, está adstrita ao reconhecimento ou não do direito creditório, que terá por consectário a homologação, ou não, da compensação declarada. Ocorre que o caso em estudo não versa sobre a não homologação da DCOMP, vez que o próprio contribuinte reconheceu a inexistência de direito creditório, tendo pleiteado a revisão de ofício para que fosse realizado o Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13819.900538/200817 Acórdão n.º 3302006.071 S3C3T2 Fl. 6 5 cancelamento da DCOMP, o que escapa à competência dos julgadores administrativos. Não estando a retificação ou o cancelamento de declarações, entregues pelo sujeito passivo, inseridos na esfera de competências do julgador administrativo, não se pode decidir sobre tal matéria. Tampouco faz sentido decidir sobre matéria não impugnada pelo contribuinte em suas peças, como é o caso do reconhecimento do direito creditório e conseqüente homologação da DCOMP em comento, sobre o que, conforme já visto, sequer se instaurou litígio. Noutras palavras, não tendo o contribuinte pugnado pelo reconhecimento do direito creditório não homologado pelo Despacho Decisório, não há e nunca houve litígio administrativo quanto a não homologação, esvaziando a competência dos órgãos de julgamento administrativo, vez que também não podem estes decidir sobre os pedidos formulados nas peças produzidas pelo contribuinte nestes autos. Observese, entretanto, que há indícios de que o débito antes pretendido compensar foi pago por meio de DARF pelo contribuinte antes da emissão do despacho decisório, devendo a unidade responsável avaliar se o referido pagamento é passível de alocação ao débito oriundo da DCOMP em comento. Diante de todo o exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 57DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.908257/2012-42
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005
PAGAMENTO A MAIOR. INEXISTÊNCIA.
Uma vez que o pagamento foi integralmente utilizado para o débito fiscal correspondente, inexiste direito creditório. Consequentemente, não há como homologar a compensação requerida.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO.
O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão.
Admite-se a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas.
Numero da decisão: 1001-000.838
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2005 PAGAMENTO A MAIOR. INEXISTÊNCIA. Uma vez que o pagamento foi integralmente utilizado para o débito fiscal correspondente, inexiste direito creditório. Consequentemente, não há como homologar a compensação requerida. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admite-se a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas.
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INEXISTÊNCIA. Uma vez que o pagamento foi integralmente utilizado para o débito fiscal correspondente, inexiste direito creditório. Consequentemente, não há como homologar a compensação requerida. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO PROBATÓRIO. MOMENTO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. O sujeito passivo deve trazer aos autos todos os documentos aptos a provar suas alegações, em regra, no momento da apresentação de sua Impugnação/Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão. Admitese a apresentação de provas em outro momento processual, além das hipóteses legalmente previstas, quando estas reforcem o valor probatório das provas já oportunamente apresentadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões o conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 82 57 /2 01 2- 42 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13839.908257/201242 Acórdão n.º 1001000.838 S1C0T1 Fl. 81 2 Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 2ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em São Paulo (SP), mediante o Acórdão nº 1660.417, de 18/08/2014 (efls. 63/68). O relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância bem sintetiza o ocorrido, pelo que peço vênia para transcrevêlo, com a finalidade de privilegiar o princípio da celeridade processual: (grifos não constam do original) Trata o presente processo de Despacho Decisório (DD) emanado pela Autoridade Administrativa que analisou o PER/DCOMP nº 05026.48082.280709. 1.2.040909 (fls. 45 a 47) e não deferiu a restituição declarada, em razão da localização de um ou mais pagamentos integralmente utilizados para a quitação de débitos do contribuinte, não restando, quanto ao DARF apresentado, crédito disponível a ser aproveitado no presente PER/DCOMP. O referido Darf, conforme os sistemas da Receita Federal do Brasil RFB possui: período de apuração – 31/12/2005; data de arrecadação – 10/01/2006; código de receita – 6106 (Pagamento de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte Simples); valor total original utilizado R$ 5.111,73. 1.1. O limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão, informado no PER/DCOMP é de R$ 1.500,45, conforme Despacho Decisório de 05/12/2012 (fl. 52). A transmissão da DCOMP ocorreu em 28/07/2009. 2. A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, protocolada em 17/01/2013 (fls. 2 a 4, com anexos às fls. 5 a 52), com a seguinte alegação: (...) Contudo, não há como concordar com a postura dos técnicos fazendários, pois a requerente promoveu o pagamento de tributos além daquele efetivamente devido, sendo inerente a tal ato o direito de requerer e ver restituído o tributo pago à maior, devidamente atualizado, como passa a demonstrar. DO DIREITO A requerente, no ano de 2004, recolheu os seus tributos com base no regime de SimplesFederal, regrado pela Lei n° 9.317/96. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13839.908257/201242 Acórdão n.º 1001000.838 S1C0T1 Fl. 82 3 Com isso estava sujeita ao cálculo com base numa alíquota progressiva, conforme o faturamento anual apresentado. Em 19/12/2003, por força da Lei n° 10.833/2002, art. 82, as regras do SimplesFederal foram alteradas de forma que as empresa tidas como "prestadoras de serviços" teriam a majoração de suas alíquota em 50%. E como o entendimento, na ocasião, direcionava essa majoração a todo o tipo de prestação de serviços, a requerente passou a recolher os tributos, por meio do regime SimplesFederal com alíquota majorada. Contudo, a ABIGRAFNACIONAL (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) apresentou à CoordenaçãoGeral de Tributação da Secretaria da Receita Federal do Brasil uma consulta tributária, a respeito da interpretação dada ao art. 82 da Lei n° 10.833/2002, que dispôs sobre o acréscimo de 50% dos percentuais das alíquotas definidas na Lei n° 9.317/96 (doc.03). Por força da resposta tida pela ABIGRAFNACIONAL ficou firmado que a majoração da alíquota não se aplicaria às empresa gráficas, como se vê, da conclusão abaixo reproduzida: "23. Diante do exposto, para efeito da aplicação do incremento de 50% das alíquotas do Simples a que se refere o art. 82 da Lei n° 10.833, de 2003, apenas consideramse prestação de serviços as operações realizadas por encomenda nos termos do art. 5o, inciso V e art. 7o, incisos I e II do RIPI/2002, ou seja, o preparo de produto por encomenda direta do consumidor ou usuário, na residência do preparador ou em oficina, sendo esta o estabelecimento que empregar no máximo cinco operários e, caso utilize força motriz, não seja essa superior a cinco quilowatts. Cumulativamente, a mão de obra empregada para preparo do produto deve alcançar, no mínimo, 60% de seu valor total." Considerando, que o parque fabril da requerente em muito supera as exigências mínimas para que estivesse sujeita à majoração da alíquota, a requerente faz jus em pleitear a restituição dos tributos pagos indevidamente, a teor do art.166 do CTN. Para exercer tal direito requerer, via Per/Dcomp, a restituição do valor pago à maior de outubro/2004. E para ajustar o banco de dados do Fisco Federal e demonstrar que os valores antes apurados estavam incorretos, e assim constar o valor a ser restituído, a requerente promoveu a retificação da declaração anual simplificada PJSI/2005 como se vê da cópia anexa (doc.04). Portanto, a requerente exerceu o seu direito e a negativa do fisco federal não tem justificativa e deve ser cancelada e os valores restituídos. PEDIDO Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13839.908257/201242 Acórdão n.º 1001000.838 S1C0T1 Fl. 83 4 Em face do exposto requer acolhimento do presente e o cancelamento do Despacho Decisório em debate por medida de JUSTIÇA. (...)(negritos do original) 3. À fl. 57, consta despacho da Autoridade Preparadora em que atesta a tempestividade do contraditório apresentado e encaminha os autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. 3.1. À fl. 54, consta tela do sistema Sucop da RFB informando que o DD foi entregue em 18/12/2012. É o relatório. A turma a quo conclui pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada, cujo acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2005 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos cabais de prova quanto aos motivos determinantes das alterações nos débitos declarados originalmente por intermédio de Declaração Simplificada, não é suficiente para reformar a decisão de indeferimento de restituição. DESPACHO DECISÓRIO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. MOTIVAÇÃO. Motivada é a decisão que, por conta da vinculação total de pagamento a débito do próprio interessado, expressa a inexistência de direito creditório disponível para fins de restituição. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Ciente da decisão em 05/09/2014 (sextafeira), conforme Aviso de Recebimento à efl. 70, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 07/10/2014 (efls. 72/74), conforme carimbo aposto à fl. 72. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13839.908257/201242 Acórdão n.º 1001000.838 S1C0T1 Fl. 84 5 O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. No recurso a recorrente não apresenta novas razões de defesa, reitera todos os argumentos apresentados em sede de primeira instância. Esses argumentos foram fundamentadamente afastados em primeira instância, pelo que peço vênia para transcrever o excerto a seguir do voto condutor do acórdão recorrido, adotandoo desde já como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999, completandoo ao final: (grifos constam do original) 4. Configuramse os requisitos de admissibilidade da Manifestação de Inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, visto que protocolizada no prazo legal (art.15 do Decreto nº 70.235/1972). 4.1. As matérias não expressamente questionadas presumemse legítimas e não deverão ser objeto de análise, vez que não se tornaram controvertidas nos termos do art.17 do Decreto no 70.235/1972, na redação dada pela Lei nº 9.532/1997. 4.2. Também estabelece o art. 16 do citado Decreto que a Impugnação deverá mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Em complemento, o § 4º do citado artigo é manifesto ao prescrever que a prova documental deverá ser apresentada na impugnação, precluindo o direito do impugnante fazêlo em outro momento processual, ressalvados os casos específicos descritos. 4.3. Ressaltase que o regramento previsto no Decreto nº 70.235/1972 é aplicável à Manifestação de Inconformidade em decorrência da previsão contida no § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, incluída pela Lei nº 10.833/2003. 5. No caso concreto, a verificação dos dados informados pela Insurgente foi realizada de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão (fl. 52). 5.1. O referido DD aponta como causa do indeferimento o fato de que foram localizados um ou mais pagamentos integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. 5.2. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada à Administração Tributária revelou a inexistência do pretenso crédito declarado e requerido para a restituição. 5.3. Em suma, os motivos do indeferimento residiram nas próprias declarações e documentos produzidos pela Insurgente. Estes foram, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo. 6. O Contribuinte questiona o Despacho Decisório, que indeferiu a restituição, afirmando que possuir crédito em face da Fazenda Pública. Para sustentar esta afirmação alega que efetuou retificação da Declaração Simplificada (acostou documento às fls. 16 a 34). 6.1. Quanto à Declaração Simplificada retificadora é de se observar, inicialmente, que a elaboração de Declaração Simplificada retificadora, não é, por si só, suficiente para fazer prova em favor do contribuinte. Mantémse, nesses casos, a Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13839.908257/201242 Acórdão n.º 1001000.838 S1C0T1 Fl. 85 6 necessidade de comprovação documental do quanto alegado (ou seja, do pagamento indevido, conforme definido no art. 165 do CTN), por meio da apresentação da escrituração contábil/fiscal do período, em conformidade com a legislação de regência do regime simplificado, em obediência ao disposto no art. 16 do Decreto n° 70.235/1972. 6.2. Cabe ainda mencionar, ainda, que há incompatibilidade entre os anos calendário da Declaração Simplificada acostada aos autos (2006 – fls. 16 a 34 – transmitida em 28/07/2009), o Darf apresentado pela contribuinte no PER/DCOMP (Período de Apuração: 31/12/2005) e o anocalendário a que ela se refere no contraditório apresentado (2004). 6.3. Observese, ainda, que, em consonância com a legislação acima citada, consta das “Orientações para apresentação de manifestação de inconformidade” (disponível ao Contribuinte a partir da ciência da não homologação do crédito no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil), a instrução de que a manifestação de inconformidade deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, como, por exemplo, comprovação de que o recolhimento indicado como crédito foi efetuado de forma indevida. 6.4. Verificada a não existência de parte ou mesmo da totalidade do crédito, pela Autoridade Administrativa, cumpre ao autor a comprovação do direito alegado, cuja negativa restou demonstrada no Despacho Decisório, conforme dispõe o art. 333 do Código Processual Civil: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando: I recair sobre direito indisponível da parte; II tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. 6.5. Ou seja, no presente caso, caberia à Manifestante, em respeito à verdade material, além de apresentar cópia da retrocitada Planilha e da Declaração Simplificada retificadora, indicar os motivos fáticos que ensejaram a redução do Simples Federal devido, bem como demonstrar documentalmente a correção das alterações na referida Declaração, em conjunto articulado com o anocalendário relacionado ao documento de arrecadação que ela consignou no Per/Dcomp. 6.6. Ademais, conforme o art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, o prazo para apresentação de provas documentais visando a esclarecer eventual equívoco consubstanciado em ato da Administração finda no mesmo prazo para a apresentação da Manifestação de Inconformidade, precluindo o direito de o Contribuinte fazêlo em outra oportunidade. 7. Além disso, cabe asseverar que a Autoridade Julgadora vêse livre quanto ao convencimento quando da apreciação das provas trazidas aos autos, consoante previsto no art. 29 do Decreto nº 70.235/1972. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13839.908257/201242 Acórdão n.º 1001000.838 S1C0T1 Fl. 86 7 7.1. Nessas circunstâncias, não comprovado o erro cometido no Despacho Decisório, com documentação hábil, idônea e suficiente, a alteração dos valores declarados não pode ser acatada, pelo que se mantém correto o não deferimento do pedido de restituição. CONCLUSÃO 8. Em consonância com o exposto e de tudo mais que do processo consta, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, mantendose o Despacho Decisório à fl. 52. Importante frisar que não basta ter apresentado documentos, que não guardam nenhum valor probatório no caso concreto analisado, há que ter sido juntado na Impugnação/Manifestação de Inconformidade um conjunto probatório mínimo. Assim, as provas excepcionalmente juntadas de forma extemporâneas são aceitáveis, quando apenas reforçam o valor probatório do material já anteriormente apresentado. Agir de forma diversa, aceitando qualquer tipo de prova, em qualquer circunstância, sem que tenha sido apresentado um conjunto probatório no momento fatal definido em lei, a fim de privilegiar a verdade material, significaria, data venia, se emprestar uma força absoluta e soberana a um Princípio em detrimento aniquilar dos outros. Ademais, estariase diante de uma verdadeira derrogação do § 4º do art. 16 do Decreto 70.235, realizada pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, o seu disposto não seria aplicado em hipótese alguma, excluindoo do ordenamento jurídico, fato que somente poderia ser realizado por lei. Neste sentido, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, mantendose in totum a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14489.000601/2008-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2000 a 31/01/2002, 01/03/2002 a 30/09/2002, 01/11/2002 a 30/09/2003, 01/12/2003 a 31/12/2003
CESSÃO DE MÃO DE OBRA. RETENÇÃO E RECOLHIMENTO. EXIGIBILIDADE.
A empresa contratante devera reter 11% (onze por cento) sobre o valor bruto dos serviços contidos em nota fiscal, fatura ou recibo, e recolher a importância retida em nome da empresa contratada sob tal regime.
Numero da decisão: 2402-006.251
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza (relator), Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Luis Henrique Dias Lima.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Jamed Abdul Nasser Feitoza - Relator
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Dias Lima - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho.
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2000 a 31/01/2002, 01/03/2002 a 30/09/2002, 01/11/2002 a 30/09/2003, 01/12/2003 a 31/12/2003 CESSÃO DE MÃO DE OBRA. RETENÇÃO E RECOLHIMENTO. EXIGIBILIDADE. A empresa contratante devera reter 11% (onze por cento) sobre o valor bruto dos serviços contidos em nota fiscal, fatura ou recibo, e recolher a importância retida em nome da empresa contratada sob tal regime.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1478; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 671 1 670 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14489.000601/200857 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402006.251 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 6 de junho de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente VALESUL ALUMÍNIO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2000 a 31/01/2002, 01/03/2002 a 30/09/2002, 01/11/2002 a 30/09/2003, 01/12/2003 a 31/12/2003 CESSÃO DE MÃO DE OBRA. RETENÇÃO E RECOLHIMENTO. EXIGIBILIDADE. A empresa contratante devera reter 11% (onze por cento) sobre o valor bruto dos serviços contidos em nota fiscal, fatura ou recibo, e recolher a importância retida em nome da empresa contratada sob tal regime. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza (relator), Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Luis Henrique Dias Lima. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator (assinado digitalmente) Luis Henrique Dias Lima Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 9. 00 06 01 /2 00 8- 57 Fl. 671DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 672 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário, de fls. 655 a 666, tomado contra Acórdão de fls. 640 a 649, emanado da 10ª Turma de Julgamento da DRJ/RJOI, que, por unanimidade de votos, manteve parcialmente o crédito tributário no valor de R$ 13.403,78; acrescidos de juros e multas, a serem calculados no ato do pagamento. Eis o relatório da r. decisão em testilha: DO LANÇAMENTO Tratase de crédito lançado pela fiscalização (NFLD DEBCAD 37.093.6868, consolidado em 31/10/2007), no valor de R$ 33.217,82; acrescidos de juros e multa, contra a empresa acima identificada que, de acordo com o Relatório Fiscal (fls. 119/127) referese à retenção de 11% do valor bruto dos serviços contidos em notas fiscais de prestação de serviços, executados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, nas competências de 08/2000 a 01/2002; 03/2002 a 09/2002; 11/2002 a 09/2003 e 12/2003. 2. Informa a Auditoria Fiscal que os valores das retenções que deveriam ser destacadas nas notas fiscais/faturas emitidas pelas CONTRATADAS e retidas pelo CONTRATANTE, foram obtidos observandose os percentuais legais, aplicados diretamente sobre o valor bruto das notas fiscais emitidas pelos prestadores dos serviços, eis que as bases utilizadas foram menores do que as previstas na legislação ou não houve o destaque do percentual de 11% (onze por cento), nos termos do artigo 31 da Lei n° 8.212/1991 c/c o artigo 219 do RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/1999. 2.1. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 119/127, e demonstrativos anexados às fls. 130/136, as contribuições foram apuradas com base nas notas fiscais de serviços, correspondentes a serviços considerados como executados mediante cessão de mãodeobra pelas empresas FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA.; FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA (ESCOLTA) e .LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA (VIGILÂNCIA). DA IMPUGNAÇÃO 3. A interessada interpôs impugnação às fls. 147/165, alegando em suma: 3.1. A tempestividade da impugnação; Fl. 672DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 673 3 3.2. Que a autoridade autuante se limitou, tãosomente, a fazer a descrição do fato gerador do tributo sem, contudo, provar a sua ocorrência; 3.3. A decadência dos supostos créditos tributários relativos ao período de agosto de 2000 a setembro de 2002, nos termos do artigo 150, § 4°, combinando com o artigo 156, V, ambos do Código Tributário Nacional; 3.4. Que os "regulamentos" listam diversas atividades definidas ora como empreitada e ora como cessão de mãodeobra, para os fins de aplicação da retenção de 11% pelo contratante sobre as faturas de prestação de serviços por terceiros contratados; 3.5. Para os fins de aplicação da retenção aqui discutida, não basta que determinado serviço esteja previsto nos "regulamentos". É necessário que os serviços sejam prestados mediante cessão de mãodeobra, conforme o conceito legal estabelecido pelo artigo 31, da Lei n°8.212/91; 3.6. Que a impugnante se utiliza de prestadores de serviços para fazer somente a vigilância de sua carga. De fato, tal serviço está expressamente listado nos "regulamentos". Entretanto, o mesmo só estaria sujeito à retenção, nos termos do artigo )1 § 30, da Lei n°8.212/91, se contratado mediante cessão de mãodeobra; 3.7. Que não possui qualquer relação de subordinação com os empregados das empresas que lhes prestam serviços, haja vista ilue de acordo com o contrato firmado entre as empresas é a Contratada quem tem a responsabilidade do treinamento, aperfeiçoamento, coordenação e gerência do empregado; 3.8. Em que pese o esforço do agente autuante, as justificativas por ele expostas com o objetivo de enquadrar as atividades contratadas como uma prestação de serviço mediante cessão de mãodeobra, são notadamente insuficientes; 3.9. O conceito doutrinário de cessão de mãodeobra impõe necessariamente que os prestadores de serviços fiquem subordinados ao contratante, o qual fica responsável pela coordenação das atividades; 3.10. Em nenhum momento o fiscal autuante demonstrou a existência de uma cessão de mãodeobra, caracterizada pela subordinação dos empregados das contratadas à impugnante; 3.11. Requer a realização de diligências e apresentação de novos documentos, sob pena de violar o princípio da ampla defesa constitucionalmente garantido aos litigantes/contribuintes, bem como, que seja conhecida e provida a presente defesa para declarar extinto o crédito tributário. Desse modo, alega não haver, no caso, que se falar em cessão de mãode obra, uma vez que não teria havido uma análise pormenorizada dos serviços ditos como previstos nos regulamentos aplicáveis à matéria. Fl. 673DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 674 4 Ressalta: "Conforme descrito na presente NFLD, verificase que a Recorrente utilizase de prestadores de serviços para fazer somente a vigilância de sua carga. De fato, tal serviço está expressamente listado nos "regulamentos" acima referidos. Entretanto, os mesmos só estariam sujeitos à retenção, nos termos do artigo 31, §3°, da Lei n° 8.212/91, se contratados mediante cessão de mãodeobra. Ou seja, a contratação de serviço na modalidade de cessão de mãodeobra é requisito essencial para que surja a obrigação de reter a contribuição." De tal forma, não haveria que se falar em cessão de mãodeobra na medida em que o objeto do contrato, não havendo que se falar em retenção das contribuições previdenciárias. Isso porque, a atividade limitarseia ao acompanhamento das cargas, sem ter qualquer relação ou responsabilidade quanto ao treinamento, aperfeiçoamento, coordenação e gerência do empregado, afastando, desse modo, a subordinação necessária para a configuração da cessão de mãodeobra. Em defesa de sua tese, colaciona doutrina e jurisprudência advinda do Superior Tribunal de Justiça, no sentido do afastamento da exação. Assim, finaliza: "tendo em vista que na presente hipótese em nenhum momento restou demonstrada a existência de subordinação dos empregados das contratadas à Recorrente, bem como a ingerência desta no desenvolvimento das atividades daquelas, estão ausentes os requisitos essenciais à caracterização da cessão de mãodeobra (pressuposto para a ocorrência do fato gerador da retenção de 11%, a título de contribuição previdenciária)." (fls. 665). Requer, portanto, a reformado do acórdão recorrido e o cancelamento integral do Auto de Infração contra ela lavrado. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator 1 – ADMISSIBILIDADE. Presentes os pressupostos intrínsecos (legitimidade, interesse, cabimento e inexistência de fato impeditivo ou extintivo) e extrínsecos (tempestividade e regularidade formal) de admissibilidade recursal, votamos por conhecer do recurso e passando à análise de suas razões. Fl. 674DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 675 5 2. DO LANÇAMENTO E DO OBJETO DO RECURSO. Tratase de crédito lançado pela fiscalização (NFLD DEBCAD 37.093.686 8, consolidado em 31/10/2007), no valor de R$ 33.217,82, acrescidos de juros e multa contra a Recorrente por descumprimento de obrigação quanto a retenção e recolhimento de contribuição destinada seguridade social. Tal obrigação estaria lastreada no que dispõe o artigo 31, da Lei n° 8.212/911 e o artigo 219 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, impondo a Recorrente o dever de reter e recolher Contribuição Previdenciária, a razão de 11%, incidente sobre a nota fiscal ou fatura de prestação de serviços executados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário. Os lançamentos combatidos no presente processo referemse a prestação de serviços realizada pelas empresas FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA, CNPJ 01.138.099/000155, FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA, CNPJ 32.095.283/000199 e LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA, CNPJ 27.113.588/000146, classificadas pelo i. fiscal como executados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, nas competências de 08/2000 a 01/2002; 03/2002 a 09/2002; 11/2002 a 09/2003 e 12/2003. A lide que outrora foi estruturada visando a declaração de decadência de parte das obrigações lançadas, juntada posterior de documentos e discussão do conceito de cessão de mão de obra visando a desqualificação das operações em foco como tal, segue apenas quanto a este último ponto. 1 Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). §1º O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) §2º Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). §3º Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). §4º Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). I limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). II vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). III empreitada de mãodeobra; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). §5º O cedente da mãodeobra deverá elaborar folhas de pagamento distintas para cada contratante. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). §6º Em se tratando de retenção e recolhimento realizados na forma do caput deste artigo, em nome de consórcio, de que tratam os arts. 278 e 279 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, aplicase o disposto em todo este artigo, observada a participação de cada uma das empresas consorciadas, na forma do respectivo ato constitutivo. Fl. 675DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 676 6 O Acórdão objurgado reconheceu a extinção das obrigação relativas a parcela dos créditos originalmente constituídos e por terem baixo valor, não ensejaram a propositura de recurso de ofício, conforme homologação de fls. 650. O Recorrente, por sua vez, centra as discussões no conceito de cessão de mãodeobra e sua inaplicabilidade às operações tomadas por base para o lançamento objetado. Assim, o deslinde da questão passa pelo estabelecimento do conceito de cessão de mãodeobra adotado por este Relator e a análise do enquadramento das operações em foco frente a tal conceito. 3. DO CONCEITO DE CESSÃO DE MÃODEOBRA E DO INDEVIDO ENQUADRAMENTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS À RECORRENTE EM TAL MODALIDADE DE CONTRATAÇÃO. O Relatório Fiscal (fls. 119/127), registra que a notificação foi lavrada em decorrência da não comprovação da retenção e recolhimento dos 11% (onze por cento) do valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, prevista no artigo 31 da Lei n° 8.212/1991, na redação dada pela Lei n° 9.711/1998. O dispositivo legal referenciado na impugnação, prevê a obrigatoriedade da empresa contratante de serviços executados e diante cessão de mãodeobra. reter e recolher, até a data do vencimento, 11% (onze por cento) do valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços em antecipação do devido pelo contratado a titulo de contribuição previdenciária de seus empregados. O I. Agente fiscal assim registra o que entendeu por fato gerador: 5. No desenvolvimento da ação fiscal, foi verificado que a empresa FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA, a empresa FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA 'e a empresa LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA, prestaram serviços com cessão de mãodeobra, em atividade sujeita a retenção de 11%, conforme determinado no artigo 31 da Lei nº 8.212/91 e no artigo 219 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. O valor da retenção deixou de ser devidamente destacado nas notas fiscais, assim como se constatou que os mesmos não foram retidos e, conseqüentemente, repassados, de forma integral, pela tomadora dos serviços, para a Previdência Social. [...] 5.3. Conforme anteriormente exposto, a legislação em tela define de maneira clara que a empresa contratante de serviço executados mediante cessão ou empreitada de mão deobra, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, estabelecendo que, exclusivamente para os fins desta legislação, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que Fl. 676DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 677 7 realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade fim da empresa, independentemente da natureza e da forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. 5.4. Identificamos nas notas fiscais emitidas pela FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA E FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA, os serviços prestados de ESCOLTA com o ACOMPANHAMENTO DAS CARGAS. 5.5. Na análise contábil, identificamos despesas com serviços de vigilância executados pela PRESTADORA LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA. [...] 5.8. Ante o exposto, fica claro, com relação à matéria em questão, que a Lei Orgânica da Seguridade Social, sancionada através da Lei n9 8.212/91, estabelece em seu artigo 31 e parágrafos que a empresa contratante de serviços, executados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, deverá efetuar a retenção de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal e efetuar o devido recolhimento da importância retida, medida que foi regulamentada através do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, através do artigo 219 e parágrafos, sendo que no parágrafo segundo encontramse discriminadas algumas situações previstas no caput do artigo, especificamente no caso em tela, o item II, que especifica vigilância e segurança, observandose que para este caso conforme determinado, tanto na Lei, quanto no Regulamento, que na cessão de mão de obra, prevalece o instituto da retenção. Portanto, os serviços de escolta prestados pela FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA e FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA e os serviços de vigilância prestados pela LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA são sujeitos à retenção dos 11% sobre o valor bruto das notas fiscais ou faturas de prestação de serviços com cessão de mãode obra, sendo lançados no levantamento V para a FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA, FV1 para a FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA e LID para a LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA, os valores que não foram retidos e tempestivamente recolhidos ao INSS em nome dos prestadores de serviço. 2 Como é possível perceber, o i. Agente fiscal não evidenciou ter realizado, na identificação da materialidade do fato, qualquer outra avaliação de ordem fática que não seja a 2 Os pontos omitidos da transcrição antecedente referese a mera citação da legislação referenciada no próprio texto, conforme se pode confirmar as fls. 122 a 127. Fl. 677DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 678 8 confrontação dos termos designativos dos serviços contidos nas referidas notas fiscais (vigilância e escolta) e ausência de destaque de 11% nas referidas notas frente ao disposto na legislação, em especial o que dispõe o inciso II, do § 4º do Art. 31 da lei 8.212/91 e 219 do RPS. Portanto, a classificação da operação como sujeita a obrigação de retenção do tributo em lide esteve restrita a mera denominação dada aos serviços e sua identidade com os termos legais, sem atentar para outros elementos que poderiam reforçar tal entendimento ou infirmar o racional da decisão recorrida e do auto de infração. Para o agente fiscal e julgadores a quo, o fato de haver identidade entre a operação e a lista de atividades sujeitas a retenção constituí presunção legal, corolário lógico de tal entendimento é a necessidade de apresentação de provas hábeis e idôneas capazes de desconstituir a presunção legal. Para o contribuinte, além do enquadramento da operação no rol de atividades sujeitas a retenção, é necessário que sejam prestados mediante cessão de mãodeobra. Sustenta ainda que o rol é exaustivo não cabendo qualquer dilação. Sustenta ainda que, para caracterização da cessão de mãodeobra fazse imprescindível a demonstração de que as operações objeto do lançamento são executadas de modo continuo, estando os segurados à disposição do contratante em local por este determinado e com existência de subordinação entre segurado cedido e o contratante. Para este Relator o fato do serviço realizado constar do rol de atividades sujeitas a retenção de contribuição previdenciária por antecipação do devido, não é elemento suficiente para ensejar o lançamento, eis que a própria lei admite a possibilidade de tais serviços não apresentarem perfeita subsunção a hipótese de incidência da obrigação acessória em estudo. A Lei 8.212/91 assim dispõe sobre o tema: "Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei... [...] §3º Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãode obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação." (g.n.) Do exposto resta evidente que a própria Lei nº 8.212/91 impõe ao agente fiscal, ao realizar o ato administrativo vinculado tendente a determinar a matéria tributável, Fl. 678DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 679 9 calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo, evidenciar que as operações tomadas por geradoras da obrigação de retenção, enquadramse no conceito legal de cessão de mãodeobra. Assim, para que o lançamento possa ser considerado válido, seria necessário demonstrar que os serviços tinham por objeto o locatio operarum realizado de forma continua por segurados colocados à disposição da Recorrente para atuar em suas dependências ou de terceiros. E aqui já registramos haver pontos relevantes de discordância conceitual deste relator frente ao conceito adotado pela Recorrente e pela Fiscalização/DRJ. Discordamos da Recorrente quanto a necessidade de existência de subordinação entre o segurado e o contratante para que a operação seja classificada como cessão de mãodeobra. Quanto ao entendimento fiscal corroborado pela DRJ de que a mera referência em rol previsto na legislação implicaria em presunção de qualificação do fato como cessão de mão de obra, acreditamos haver um equivoco eis que o próprio caput do § 1º do Art. 219 do RPS, Decreto nº 3.048/99, faz referencia aos mesmos elementos conceituais de que trata o §3º do Art. 31 da Lei 8212/91. Vejamos: Art. 219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitadade mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no § 5ºdo art. 216.(Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) §1º Exclusivamente para os fins deste Regulamento, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade fim da empresa, independentemente da natureza e da forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, entre outros. §2º Enquadramse na situação prevista no caput os seguintes serviços realizados mediante cessão de mãodeobra: I limpeza, conservação e zeladoria; II vigilância e segurança; III construção civil; IV serviços rurais; V digitação e preparação de dados para processamento; VI acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos; VII cobrança; Fl. 679DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 680 10 VIII coleta e reciclagem de lixo e resíduos; IX copa e hotelaria; X corte e ligação de serviços públicos; XI distribuição; XII treinamento e ensino; XIII entrega de contas e documentos; XIV ligação e leitura de medidores; XV manutenção de instalações, de máquinas e de equipamentos; XVI montagem; XVII operação de máquinas, equipamentos e veículos; XVIII operação de pedágio e de terminais de transporte; XIX operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de concessão ou subconcessão;(Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) XX portaria, recepção e ascensorista; XXI recepção, triagem e movimentação de materiais; XXII promoção de vendas e eventos; XXIII secretaria e expediente; XXIV saúde; e XXVtelefonia, inclusivetelemarketing. §3º Os serviços relacionados nos incisos I a V também estão sujeitos à retenção de que trata o caput quando contratados mediante empreitada de mãodeobra. Já a IN 971/09, em que pese não estar vigente à época do lançamento, contém orientações quanto a interpretação fazendária dada ao tema: Art. 115. Cessão de mãodeobra é a colocação à disposição da empresa contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de trabalhadores que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com sua atividade fim, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário na forma da Lei nº6.019, de 1974. §1º Dependências de terceiros são aquelas indicadas pela empresa contratante, que não sejam as suas próprias e que não pertençam à empresa prestadora dos serviços. §2º Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade permanente da contratante, que se repetem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade Fl. 680DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 681 11 fim, ainda que sua execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores. §3º Por colocação à disposição da empresa contratante, entendese a cessão do trabalhador, em caráter não eventual, respeitados os limites do contrato. Portanto, a legislação é clara ao exigir a demonstração de que as operações se enquadram no conceito de cessão de mãodeobra, se assim não fosse, não traria tal ponto como pressuposto de aplicação do Rol de serviços sujeitos a retenção. Nesse sentido, relevante avançar na definição do conceito de cessão de mão deobra nos apoiando na doutrina e jurisprudência. Quanto ao conceito de mãodeobra, é sempre esclarecedor recorrer às lições de De Plácido e Silva que assim conceitua o instituto: “MÃODEOBRA. Assim se entende, na execução de qualquer trabalho ou obra, o esforço pessoal ou a ação pessoal do trabalhador ou obreiro, sem que se tome em conta o material empregado. Corresponde ao serviço simplesmente necessário à feitura da obra, que se quer executar. A mãodeobra tanto se entende a que é executada manualmente como a mecânica. Em quaisquer dos casos, a mãodeobra exprime somente o serviço para a execução do trabalho ou da obra, não se computando nele o que for necessário para que seja executado.” 3 Ivan Kertzman, trata de conceituar a cessão de mãodeobra nos seguintes termos: “Nem todos os serviços prestados por pessoas jurídicas sujeitamse à obrigatoriedade da retenção. Para entendermos quais são os serviços abrangidos por este instituto, necessitamos, inicialmente, compreender o significado de duas expressões: cessão de mãodeobra e empreitada. Entendese por cessão de mãodeobra a colocação a disposição da contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza ou a forma de contratação (Lei 8.212, art. 31, §3º) Para caracterizar, então, cessão de mãodeobra é necessário contratação de serviço, no qual a contratada mantenha, integralmente, funcionários à disposição da empresa contratante para executarem tarefas de seu interesse. Este tipo de contratação é bastante conhecido como “terceirização de pessoas”. (g.n.)4 O Superior Tribunal de Justiça assim tem se manifestado sobre o tema: REsp 673990 / RS TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A FOLHA DE 3 DE PLÁCIDO E SILVA, Vocabulário Jurídico, Forense: Rio de Janeiro, 1984, p. 418419 4 KERTZMAN,, IVAN Curso Prático de Direito Previdenciário, 3ª ed. Salvador: Editora Podivm, 2007, p. 168 Fl. 681DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 682 12 SALÁRIOS.RETENÇÃO DE 11% SOBRE FATURAS (LEI 9.711/88). EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO. NATUREZA DAS ATIVIDADES. CESSÃO DE MÃODEOBRA NÃO CARACTERIZADA. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. A ausência de debate, na instância recorrida, dos dispositivos legais cuja violação se alega no recurso especial atrai a Incidência da Súmula 282 do STF. 2. Para efeitos do art. 31 da Lei 8.212/91, considerase cessão de mãodeobra a colocação de empregados à disposição do contratante (submetidos ao poder de comando desse), para execução das atividades no estabelecimento do tomador de serviços ou de terceiros. 3. Não há, assim, cessão de mãodeobra ao Município na atividade de limpeza e coleta de lixo em via pública, realizada pela própria empresa contratada, que, inclusive, fornece os equipamentos para tanto necessários. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido (REsp 488027 / SC) (g.n.) TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LEI N. 9.711/98. RETENÇÃO DE 11% SOBRE O VALOR DA FATURA OU DA NOTA FISCAL.EMPRESA MERA PRESTADORA DE SERVIÇOS. 1. A Lei n. 9.711/98 apenas introduziu novo procedimento a ser observado no recolhimento da contribuição previdenciária incidente sobre a folha de salário, uma vez que as empresas contratantes de mãodeobra terceirizada passaram a reter 11% sobre o valor da fatura ou da nota fiscal emitida pela empresa cedente. Não foi criada, portanto, fonte de custeio diversa, tampouco foi eleito novo contribuinte. 2. Não configurada a cessão de mãodeobra (art. 31, § 3º, da Lei n.8.212/91), uma vez que a empresa não exerce suas atividades mediante a colocação de segurados à disposição de um tomador de serviços para trabalho contínuo, mas é mera prestadora de serviços, revelase inaplicável a retenção de 11% do valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços. 3. Recurso especial improvido. REsp 758992 / RS RECURSO ESPECIAL – TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – LEI N. 9.711/98 – RETENÇÃO DE 11% SOBRE O VALOR DA FATURA OU DA NOTA FISCAL – NOVO PROCEDIMENTO – RECOLHIMENTO – ARTIGO 128, CTN. 1. A controvérsia gravita em torno da retenção, pelas empresas contratantes de serviços, da contribuição destinada à seguridade social devida pelas empresas cedentes de mãodeobra, Fl. 682DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 683 13 consoante previsto no art. 31 da Lei n. 8.212/91, na redação dada pela lei n.9.711/98. 2. A Lei n. 9.711/98 introduziu novo procedimento a ser observado no recolhimento da contribuição previdenciária incidente sobre a folha de salário, devendo as empresas contratantes de mãodeobra terceirizada, na qualidade de responsáveis tributários, reterem 11% sobre o valor da fatura ou da nota fiscal emitida pela empresa cedente. 3. Entretanto, no caso vertente, a empresa recorrida não se encaixa no pólo passivo da obrigação tributária, porquanto os serviços prestados não são realizados mediante cessão de mão deobra. 4. Hipótese em que a empresa não é alcançada pela exação por falta de enquadramento legal, porquanto não exerce suas atividades mediante cessão de mãodeobra, a colocar segurados à disposição de um tomador de serviços para trabalho contínuo, mas é mera prestadora de serviços. Recurso especial improvido. (REsp 892753 / PR) (g.n.) TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. RETENÇÃO DE 11% SOBRE FATURAS (LEI 9.711/88). EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO. NATUREZA DAS ATIVIDADES. CESSÃO DE MÃO DEOBRA NÃO CARACTERIZADA. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Não se configura a cessão de mãodeobra se ausentes os requisitos de colocação de empregados à disposição do contratante, submetidos ao poder de comando deste (art. 31, § 3º, da Lei 8.212/91). Precedente: EDcl no AgRg no REsp 584.890, Relator Ministro Luiz Fux, 1ª Turma, D.J. de 28.02.2005. 2. Recurso especial a que se nega provimento. EDcl no AgRg no REsp 584890 / RJ PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONFIGURADA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇO. RETENÇÃO DE 11% SOBRE FATURAS. ART. 31, DA LEI Nº 8.212/91, COM A REDAÇÃO DA LEI Nº 9.711/98. NOVA SISTEMÁTICA DE ARRECADAÇÃO MAIS COMPLEXA, SEM AFETAÇÃO DAS BASES LEGAIS DA ENTIDADE TRIBUTÁRIAMATERIAL DA EXAÇÃO. NATUREZA DAS ATIVIDADES. CESSÃO DE MÃO DEOBRA NÃOCARACTERIZADA. 1. Os embargos de declaração são cabíveis quando houver no acórdão ou sentença, omissão, contradição ou obscuridade, nos termos do art. 535, I e II, do CPC, ou para sanar erro material. Fl. 683DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 684 14 2. A retenção de contribuição previdenciária determinada pela Lei 9.711/98 não configura nova exação e sim técnica arrecadatória via substituição tributária, sem que, com isso, resulte aumento da carga tributária. 3. A Lei nº 9.711/98, que alterou o artigo 31 da Lei nº 8.212/91, não criou nova contribuição sobre o faturamento, tampouco alterou a alíquota ou a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento. 4. A determinação do mencionado artigo configura apenas uma nova sistemática de arrecadação da contribuição previdenciária, tornando as empresas tomadoras de serviço como responsáveis tributários pela forma de substituição tributária. Nesse sentido, o procedimento a ser adotado não viola qualquer disposição legal (RESP 410355/MG; RESP 496.611/PR; RESP 427.336/MG; RESP 439155/MG e RESP 434105/SP). 5. A jurisprudência da Primeira Turma do STJ firmou entendimento de que:"Não se configura a cessão de mãodeobra se ausentes os requisitos de colocação de empregados à disposição do contratante (submetidos ao poder de comando desse) e de execução das atividades no estabelecimento comercial do tomador de serviços ou de terceiros (art. 31, § 3º, da Lei 8.212/91)." RESP 499.955/RS, Relator Ministro Teori Zavascki, DJ de 14.06.2004. 6. In casu, consoante afirmado pelo Juiz Singular às fls. 128/133, a contratada não disponibiliza mãodeobra, posto que: "presta serviços em suas próprias dependências, e isso comprovam os documentos de fls. 116/117/118, não pode ser atingido pela antecipação tributária instituída pela Lei 9.711/98." 7. Embargos de declaração acolhidos para sanar a omissão apontada e dar parcial provimento ao recurso especial interposto por Transpev Processamento e Serviços Ltda. O STF, em que pese não aprofundar sua manifestação quanto ao tema, tem recorrido aos conceitos de cessão de mãodeobra exarados nos julgados da Instância Especial para avaliar a admissibilidade de recursos, demonstrando haver um alinhamento quanto a tal entendimento. Vejamos: STF ARE: 867108 PE, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 24/02/2015, Data de Publicação: DJe038 DIVULG 26/02/2015 PUBLIC 27/02/2015 Vistos etc. Contra o juízo negativo de admissibilidade do recurso extraordinário, exarado pela Presidência do Tribunal a quo, foi manejado agravo. Na minuta, sustentase que o recurso extraordinário reúne todos os requisitos para sua admissão. Aparelhado o recurso na afronta ao art. 97 da Lei Maior. É o relatório. Decido. Preenchidos os pressupostos extrínsecos. Da detida análise dos fundamentos da decisão denegatória de seguimento do recurso extraordinário, bem como à luz das razões de decidir adotadas pelo Tribunal de origem, por ocasião Fl. 684DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 685 15 do julgamento do recurso veiculado na instância ordinária, concluo que nada colhe o agravo. Consta no acórdão recorrido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. RETENÇÃO DE 11% SOBRE FATURAS (LEI 9.711/98). CESSÃO DE MÃODEOBRA NÃO CARACTERIZAÇÃO. "Para efeitos do art. 31 da Lei 8.212/91, considerase cessão de mão deobra a colocação de empregados à disposição do contratante (submetidos ao poder de comando desse), para execução das atividades no estabelecimento do tomador de serviços ou de terceiros." (STJ, Resp. 488.027/SC, Rel. Min. Teori Albinozavascki, DJU 01.06.2004). In casu, verificase que os médicos contratados pela apelante não ficam à disposição do DETRANCE, impondose ressaltar que o objeto do contrato não reside na colocação de médicos à disposição deste último, mas sim na realização de exames médicos de conteúdo e finalidade prédeterminados no contrato. O que se contrata, portanto, é o resultado, e não a disponibilização de uma mão de obra para a realização de um trabalho a ser efetuado. Restou também demonstrado que à empresa recorrente incumbe, por previsão contratual, arcar com as despesas inerentes à prestação do serviço, tendo de adquirir e manter os materiais e os equipamentos médicos necessários à realização dos exames. Apelação provida. “ (fl. 34. volume 2) Não há falar em ofensa ao art. 97 da Carta Maior, porquanto não declarada, na hipótese, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Com efeito, a Corte de origem solveu a questão à luz da aplicação das regras de hermenêutica no âmbito infraconstitucional, sem, portanto, declarar a incompatibilidade entre a Constituição Federal e a norma legal que se pretende ver incidir à espécie. Nesse sentido: RE 639.866AgR/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2ª Turma, DJe 16.9.2011, e AI 848.332 AgR/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 24.4.2012, este assim do: “Agravo regimental no agravo de instrumento. Constitucional. Artigo 97 da Constituição Federal. Súmula Vinculante nº 10. Violação. Inexistência. Artigo 5º, inciso XXXII. Ofensa reflexa. Precedentes. 1. Pacífica a jurisprudência desta Corte de que não há violação do art. 97 da Constituição Federal e da Súmula Vinculante nº 10 do STF quando o Tribunal de origem, sem declarar a inconstitucionalidade da norma e sem afastála sob fundamento de contrariedade à Constituição Federal, limitase a interpretar e aplicar a legislação infraconstitucional ao caso concreto. 2. Inadmissível, em recurso extraordinário, a análise de ofensa indireta ou reflexa à Constituição. 3. Agravo regimental não provido.” Além disso, ressalto que, para aferir a ocorrência de eventual afronta à Constituição Federal, seria necessário o revolvimento do quadro fático delineado na instância ordinária, procedimento vedado em sede extraordinária. Aplicação da Súmula 279/STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.” Nesse sentido o RE 438.486AgR/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 15.3.2012, cuja ementa transcrevo: “Agravo regimental no recurso extraordinário. Contribuição previdenciária. Prestação de serviços. Constitucionalidade da Fl. 685DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 686 16 retenção prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/91. Decisão plenária. 1. O STF, no julgamento do RE nº 393.946 (Rel. Min. Carlos Velloso, DJe de 1º/4/05), em sessão plenária, considerou constitucional a obrigatoriedade da retenção de 11% prevista no art. 31 da Lei nº 8.212/1991, modificado pela Lei nº 9.711/98. Recentemente, nos autos do RE nº 603.191/MT, com repercussão geral reconhecida, de relatoria da Ministra Ellen Gracie, o pleno do Tribunal ratificou o entendimento pela constitucionalidade da retenção em discussão. 2. A análise do objeto dos contratos de serviços para enquadramento ou não no conceito de cessão e/ou empreitada de mão de obra, previsto no art. 31 da Lei nº 8.212/1991, demanda o revolvimento do acervo fáticoprobatório dos autos, o que encontra óbice na Súmula nº 279 deste Tribunal. 3. Os fundamentos da agravante, insuficientes para modificar a decisão ora agravada, demonstram apenas inconformismo e resistência em pôr termo ao processo, em detrimento da eficiente prestação jurisdicional. 4.Agravo regimental ao qual se nega provimento.” Nesse sentir, não merece processamento o apelo extremo, consoante também se denota dos fundamentos da decisão que desafiou o recurso, aos quais me reporto e cuja detida análise conduz à conclusão pela ausência de ofensa direta e literal a preceito da Constituição da República. Nego seguimento (art. 21, § 1º, do RISTF). Publiquese. Brasília, 24 de fevereiro de 2015.Ministra Rosa WeberRelatora Por fim, no âmbito do CARF, o próprio recorrente faz menção a precedentes que adotam os posicionamentos colacionados, fazendo referencia aos Acórdãos nº 2401 004.873, expedido nos seguintes termos: RETENÇÃO DE 11% DAS NOTAS FISCAIS. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. REQUISITOS INDISPENSÁVEIS. NÃO CONFIGURAÇÃO Não restou configurada a prestação de serviços mediante cessão de mão de obra, conforme lei de regência, o que torna indevida a incidência da tributação sobre as notas fiscais. [...] Destarte, é certo que o lançamento deve vir acompanhado da prova robusta de sua acusação. No entanto, no caso em apreço não se tem a comprovação, por parte da acusação fiscal, de que ocorreu a prestação do serviço de manutenção com cessão de mão de obra e nas dependências da contratante, nos termos previstos na legislação tributária. O conjunto probatório carreado aos autos, nem de uma forma distante, induz à conclusão que ocorreu prestação de serviços com cessão de mão de obra, mas, ao contrario, indica de forma clara, a existência de serviços técnicos de manutenção de aeronaves, executados sob o total comando, orientação, responsabilidade e administração da contratada (VEM). Todos os elementos legais, doutrinários e jurisprudenciais destacam de modo claro e inequívoco que para uma operação ser considerada como cessão de mãodeobra, as atividades prestadas devem, cumulativamente, possuir as seguintes características: a) colocação de empregados da contratada à total disposição do contratante; Fl. 686DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 687 17 b) nas suas dependências ou de terceiros; c) para prestação de serviços contínuos, relacionados ou não, com a sua atividadefim. Por fim, a autuação deve provar cabalmente que tais elementos estão presentes no caso concreto, devendo carrear aos autos todos os elementos que permitam visualizar, com segurança, que tais características dão o contorno das relações jurídicas tidas por geradoras do lançamento. De modo a avaliar a correta identificação da situação tributável passaremos a analisar os elementos processuais relacionados aos respectivos fatos geradores, eis que não compartilhamos do entendimento manifestado na decisão recorrida de que a mera referência da atividade no Rol de que trata a legislação implicaria em presunção legal. Nesse sentido, avaliaremos em conjunto as operações das empresas FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA e FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA registrados como escolta e em separados os serviços da LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA referenciados como de vigilância. 3.1. DOS SERVIÇOS DE ESCOLTA PRESTADOS PELAS EMPRESAS FIVE STARS RECURSOS HUMANOS LTDA E FIVE STARS SEGURANÇA E VIGILÂNCIA LTDA. De início, quanto a essa parcela do lançamento, devemos registrar que não constam dos autos cópia dos contratos firmados, tendo o lançamento sido realizado tomando por base apenas o Livro Razão, em arquivo digital e as notas fiscais de serviço. Vejamos o que diz o relatório fiscal (Fl. 127) quanto a isso: "ELEMENTOS EXAMINADOS: 7. No ato da fiscalização foram examinados os seguintes documentos: • Livro Razão, em arquivo digital; • Notas Fiscais de Serviço;" Sem os contratos ou a realização de diligências tendentes a revelar elementos probatórios indispensáveis à comprovação da perfeita subsunção dos serviços de escolta prestados pelas empresas Five Stars Recursos Humanos Ltda e Five Stars Segurança e Vigilância Ltda ao conceito de cessão de mãodeobra, o ilicito não restaria configurado, nos termos do Art. 9º do Decreto 70.235/72: "Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito." Não resta, portanto, provado pela fiscalização, no que concerne a tais lançamentos, que tratase de cessão de mãodeobra, bem como não resta cabalmente comprovado ainda, no concernente aos serviços de escolta, que houve colocação de empregados da contratada à total disposição do contratante de modo continuado. Fl. 687DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 688 18 O contrato definiria o modo de execução dos serviços de escolta, os locais de prestação de serviço, os profissionais colocados a disposição entre outros elementos que poderiam revelar se tal operação preenche os requisitos para classificação como cessão de mãodeobra. Percebam que não se trata de mera ausência do referido documento, mas de ausência de análise de tal característica pela fiscalização quanto a presença de elementos essenciais à revelação da natureza da operação, pois nem mesmo o Relatório Fiscal contém indicações de qualquer análise neste sentido. Ademais, ao analisar as notas fiscais, verificamos que os valores não se repetem. São diversos valores, com variações relevantes que indicam ausência de continuidade. Quanto ao local de prestação, a escolta ocorre ao longo de um determinado trajeto de transporte de um bem ou mercadoria. Outrossim, o serviço de escolta não se identifica integralmente com o serviço de vigilância ou segurança, portanto, não estando claramente descrito na lista de que trata o Art. 219 do RPS. Assim, ainda que admitíssemos a tese fiscal de que a mera referência no rol contido na legislação seria suficiente para estabelecer a presunção de ocorrência do ilícito, tal presunção não se aplicaria ao presente caso. Notem que as atividades de vigilância, segurança e escolta são reguladas pela Portaria nº 3.233/2012DG/DPF, de 10 de dezembro de 20125, que, em seu artigo 1º, estabelece diferenças claras entre tais atividades: Art.1º A presente Portaria disciplina as atividades de segurança privada, armada ou desarmada, desenvolvidas pelas empresas especializadas, pelas empresas que possuem serviço orgânico de segurança e pelos profissionais que nelas atuam, bem como regula a fiscalização dos planos de segurança dos estabelecimentos financeiros. §1º As atividades de segurança privada serão reguladas, autorizadas e fiscalizadas pelo Departamento de Polícia Federal DPF e serão complementares às atividades de segurança pública nos termos da legislação específica. [...] §3º São consideradas atividades de segurança privada: I vigilância patrimonial: atividade exercida em eventos sociais e dentro de estabelecimentos, urbanos ou rurais, públicos ou privados, com a finalidade de garantir a incolumidade física das pessoas e a integridade do patrimônio; II transporte de valores: atividade de transporte de numerário, bens ou valores, mediante a utilização de veículos, comuns ou especiais; 5 http://www.pf.gov.br/servicospf/segurancaprivada/legislacaonormaseorientacoes/portarias/portaria3233 20122.pdf/view Fl. 688DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 689 19 III escolta armada: atividade que visa garantir o transporte de qualquer tipo de carga ou de valor, incluindo o retorno da equipe com o respectivo armamento e demais equipamentos, com os pernoites estritamente necessários; [...] A autuação, no que concerne às operações de escolta, não logrou êxito em comprovar seu perfeito enquadramento no conceito de cessão de mãodeobra, eis que não se comprovou de modo claro terem os profissionais ficado à disposição da Recorrente em seu estabelecimento e sob suas ordens de modo contínuo ou ainda que o contrato teria por objeto o fornecimento de mãodeobra para utilização pela Recorrente da forma que bem lhe aprouver. Por fim, a atividade de escolta se diferencia da vigilância, segurança e do transporte, não estando assim prevista na relação de serviços objeto da obrigação de retenção dos 11% relativos antecipação do devido pelos prestadores de serviço. Assim, no que concerne aos serviços de escolta, não há materialidade suficientemente comprovada para o estabelecimento da obrigação de retenção de que trata o Art. 31 da lei 8.212/91 e sua consequente responsabilidade solidária, portanto, voto por dar provimento ao recurso neste ponto. 3.2. DOS SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA PRESTADOS PELA LIDERANÇA VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA. Quanto aos serviços de vigilância e demais serviços prestados pela Liderança, em que pese o lançamento não trazer todos os elementos necessários a comprovação de que o contrato possui as características necessárias a classificação como cessão de mãodeobra, o próprio recorrente, por ordem de suas manifestações, ao juntar o referido contrato, trouxe elementos capazes de demonstrar, de modo inequívoco, o acerto do lançamento. Além do objeto do contrato principal e seus aditivos demonstrarem haver a cessão de profissionais para atuação nos estabelecimentos da Recorrente de modo continuo, o próprio contrato e seus aditivos denotam tratase de serviço com tal característica, eis que o próprio sinalagma regula a forma de retenção da contribuição em foco, nos seguintes termos: 8.8 Nos termos da Lei 8.212/91, com a redação que. lhe foi dada pela Lei 9.711/98 e IN n° 71/2002 do INSS, a VALESUL procederá à retenção :de 11% (onze) por cento do valor dos SERVIÇOS ora contratados, recolhendo tal quantia, até o segundo dia do mês subsequente, em favor do Instituto Nacional do Seguro Social a título de contribuição relativa à contratação de' SERVIÇOS mediante., cessão ,de mãodeobra ou empreitada de mãodeobra. (Fl. 213) Estando o objeto do contrato a indicar operação relacionada a serviços típicos de cessão de mãodeobra, mantendo as notas fiscais certa regularidade e havendo clara indicação contratual corroborativa da natureza dos serviços e sua subsunção aos elementos típicos da obrigação em lide, considerando as provas carreadas pelo próprio recorrente, neste ponto, não há como negar a regularidade do lançamento. CONCLUSÃO Fl. 689DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 690 20 Pelo exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Voto Vencedor Luis Henrique Dias Lima Redator designado Conquanto concorde com as conclusões do i. Relator no que diz respeito à manutenção do lançamento no tocante aos contratos firmados com a Liderança Vigilância e Segurança Ltda, divirjo quanto à inexistência de cessão de mãodeobra em virtude dos serviços de escolta prestados pelas empresas Five Stars Recursos Humanos Ltda e Five Stars Segurança e Vigilância Ltda. De acordo com o recurso voluntário, o lançamento foi efetuado em razão de a recorrente ter deixado de proceder à retenção e ao recolhimento de 11% sobre serviços executados por empresas de vigilância e segurança (acompanhamento de carga – escolta), “em suposta inobservância ao disposto no artigo n° 31, da Lei n° 8.212/91 e no artigo 219 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99”. Consoante consta da peça recursal, seriam “serviços contratados sem cessão de mãodeobra, ainda que expressamente previstos em ‘regulamento’ não estão sujeitos à retenção de 11%”. Prossegue afirmando que: Dessa forma, uma vez comprovada a necessidade da realização de análise pormenorizada dos contratos de prestação de serviço a fim de que reste comprovada a contratação mediante cessão de mãodeobra, cumpre esclarecer as razões pelas quais os serviços prestados à Recorrente não se enquadram na situação prevista pelo artigo 31 da Lei n° 8.212/1991, como equivocadamente pressupôs a r. decisão recorrida. Conforme descrito na presente NFLD, verificase que a Recorrente utilizase de prestadores de serviços para fazer somente a vigilância de sua carga. De fato, tal serviço está expressamente listado nos “regulamentos” acima referidos. Entretanto, os mesmos só estariam sujeitos a retenção, nos termos do artigo 31, § 3°, da Lei n° 8.212/91, se contratados mediante cessão de mãodeobra. Ou seja, a contratação de serviço na modalidade de cessão de mãodeobra é requisito essencial para que surja a obrigação de reter a contribuição. Assim, considerando que não há cessão de mãodeobra, na medida em que o objeto do contrato se limita à escolta de cargas, não há que se falar em retenção das contribuições previdenciárias. Na sequência, a recorrente aduz que “não possui qualquer relação de subordinação com as empresas contratadas para realização das atividades de operação, comprovando inequivocamente a ausência de cessão de mãodeobra em tais casos”. Fl. 690DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 691 21 Em vista do acima relatado, vêse que o recurso voluntário, em momento algum, traz questionamentos relacionados ao fato de os serviços que lhe foram prestados estarem ou não sujeitos a retenção, ao revés disso, admite que tais serviços encontramse expressamente listados nos regulamentos que tratam da matéria argumenta que os serviço contratados, embora constem de referida lista, não se enquadram no conceito de cessão de mãodeobra, ou seja, esse assunto é estranho à lide. Contudo, o i. relator valeuse da Portaria nº 3.233/2012DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012, editado pelo Departamento de Polícia Federal, mesmo inexistindo referência nas peças de defesa da contribuinte a esse ato normativo, para concluir que “a atividade de escolta se diferencia da vigilância, segurança e do transporte, não estando assim prevista na relação de serviços objeto da obrigação de retenção dos 11% relativos antecipação do devido pelos prestadores de serviço”, dando, por esse e outros fundamentos, provimento parcial ao recurso voluntário. Com a devida vênia, as normas processuais impossibilitam a adoção desse tipo de prática, pois, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235/1970, os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a discordância do sujeito passivo em virtude do lançamento devem ser por ele postulados, e não pelo julgador administrativo. Confirase: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] Além do que, o art. 141 do Código de Processo Civil, que abaixo se transcreve, é expresso quanto à vedação imposta aos julgadores em conhecer de questões que não tenham sido fomentadas por quem, em virtude de lei (como é o caso), tinha a incumbência de fazêlo: Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendolhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Por tudo isso, entendo que devem ser afastadas as razões arguidas no voto vencido de que os serviços contratados pela recorrente não constam rol previsto na legislação, visto que essa matéria, repisese, não compõe o litígio, sendo vedado a este órgão de julgamento administrativo conhecêla de ofício, ainda mais quando os argumentos da parte interessada, neste ponto, são em sentido diverso. De outra parte, entende o Relator que a legislação afeta ao tema exige a demonstração de que as atividades objeto do lançamento tenham sido executadas mediante cessão de mãodeobra e que, em relação aos serviços de escolta prestados pelas empresas Five Stars Recursos Humanos Ltda e Five Stars Segurança e Vigilância Ltda, a fiscalização não teria adotado essa providência pelo fato de o lançamento ter sido realizado tomando por base o Livro Razão, em arquivo digital, e as notas fiscais de serviço. De acordo com o voto vencido: Fl. 691DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 692 22 Sem os contratos ou a realização de diligências tendentes a revelar elementos probatórios indispensáveis à comprovação da perfeita subsunção dos serviços de escolta prestados pelas empresas Five Stars Recursos Humanos Ltda e Five Stars Segurança e Vigilância Ltda ao conceito de cessão de mãode obra, o ilicito não restaria configurado, nos termos do Art. 9º do Decreto 70.235/72: Em primeiro lugar, importa esclarecer que, via de regra, os créditos tributários são constituídos em razão de fatos concretizados em momento pretérito. Assim, a realização de diligências, seja na cedente ou na cessionária de mãodeobra não traria prova concreta alguma em relação às circunstâncias que deram azo à autuação, mas no máximo evidências muitíssimo frágeis, posto que quaisquer constatações daí decorrentes estariam relacionadas a contratos diversos e a contextos fáticos distintos. Não se deslembre que, quando da fiscalização, os serviços já haviam se consumado, tendo a empresa, inclusive, emitido as notas fiscais correlatas e realizado os lançamentos contábeis respectivos. Isso posto, absolutamente desnecessária a realização da diligência pelo autoridade autunate, conforme intentado pelo i. relator. Pois bem, o caput e os §§ 3º e 4º do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação vigente ao tempo dos fatos geradores (08/2000 a 12/2003), trazia a seguinte definição para a cessão de mãodeobra: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no § 5º do art. 33. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). [...] § 3º Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãode obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). § 4º Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços:(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). [...] II – vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). III – empreitada de mãodeobra; (Incluído pela Lei nº 9.711, de [...] Nos termos do § 3º acima, a cessão de mãodeobra pressupõe: Fl. 692DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 693 23 a) a colocação de segurados à disposição do contratante; b) em suas dependências ou nas de terceiros; c) para a realização de serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa; d) independentemente da natureza dos serviços ou de sua forma de contratação. À luz dos pressupostos legais caracterizadores da cessão de mãodeobra, constatase que a subordinação não tem relação alguma com essa forma de prestação de serviços, restando afastadas as arguições da recorrente de que, por inexistir esse elemento (subordinação), estaria comprovada a ausência de cessão de mãodeobra. A doutrina de Wladimir Novaes Martinez, mencionada pela recorrente, reforça o entendimento aqui exprimido. Vejamos o que diz o ilustre doutrinador: A cessão de mãodeobra implica na colocação de pessoal à disposição do contratante, que fica responsável pela coordenação das atividades; A prestação de serviços é realizada por parte do detentor da tecnologia, da habilidade de fazer e consiste na entrega de um bem material ou imaterial, feito independentemente de qualquer relação de subordinação, pelo contratado; Observese que, nas palavras do professor Martinez, embora a contratante fique responsável pela coordenação dos serviços, sua prestação “é realizada por parte do detentor da tecnologia, da habilidade de fazer (empresa contratada) e consiste na entrega de um bem material ou imaterial, feito independentemente de qualquer relação de subordinação, pelo contratado”. Outrossim, consoante destacado na decisão fustigada, subordinação é elemento caracterizador de vínculo laboral entre empregador e segurado da Previdência Social e não de cessão de mãodeobra. Por outro lado, para qualificar a cessão de mãodeobra não é necessário que os empregados da cedente estejam à total disposição da contratante, e de modo continuado, como imagina o i. Relator. De modo diverso, tais trabalhadores somente precisarão estar à disposição da cessionária pelo tempo necessário à realização da tarefa contratada. É bem possível que essa confusão se deva ao fato de a lei fazer referência a serviços contínuos, contudo, essa expressão indica tãosomente que os serviços devem constituir necessidade permanente da contratante, que se repetem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores. Nesse contexto, não obstante as indagações trazidas no voto vencido, a variação de valores constatada nas notas fiscais de prestação de serviços não tem nenhuma relevância, evidenciam apenas que o preço dos serviços têm custos diferenciados a depender de suas peculiaridades. Ademais, os documentos apresentados pela recorrente (notas fiscais e demonstrações contábeis) possuem elementos suficientemente hábeis a demonstrar a natureza e forma de execução dos serviços a que se referem. Tais documentos demonstram trataremse de atividades que, por sua natureza, consistem na colocação de segurados à disposição da empresa contratante para a escolta de cargas por ela transportadas, sendo essa uma atividade contínua da Fl. 693DF CARF MF Processo nº 14489.000601/200857 Acórdão n.º 2402006.251 S2C4T2 Fl. 694 24 empresa. Além do que, essas atividades se iniciam e terminam das dependências da contratante e/ou de terceiros. Assim, não vejo como acolher a assertiva de que o Fisco tenha realizado o lançamento com base em presunções. O fez, isso sim, a partir de documentos hábeis a demonstrar a estrita subsunção dos fatos à hipótese prevista na norma tributária, sendo desnecessário o exame de contratos ou qualquer outro elemento adicional, não havendo nos autos evidências que possam descaracterizar as informações contidas nas notas fiscais de prestação de serviços ou nos demonstrativos contábeis da recorrente. Aliás, a recorrente até apresentou alguns contratos relativos aos serviços que ensejaram a autuação, mas esses contratos, ao invés de infirmar a tese fiscal acabaram por corroborála. Relativamente ao serviços prestados pela Liderança Vigilância e Segurança Ltda, objeto do presente voto, sequer foram exibidos os instrumentos contratuais, o que nos leva a ultimar, com ainda mais convicção, pela regularidade do lançamento e manutenção da decisão recorrida. Conclusão Ante o exposto voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luis Henrique Dias Lima Fl. 694DF CARF MF
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Numero do processo: 14485.001903/2007-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/1999 a 31/05/2000
NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. VALORES DEVIDOS.
Deve ser mantida a cobrança do débito fiscal dos valores que o contribuinte não obrou comprovar. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Não tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser mantida exigência fiscal.
CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO.
Deve ser indeferido o pedido de conversão do julgamento em diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
Numero da decisão: 2301-005.529
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade: negar a proposta de conversão do julgamento em diligência; vencidos os conselheiros Wesley Rocha (relator), Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa e Juliana Marteli Fais Feriato. Dando continuidade ao julgamento, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, não conhecer da alegação de prescrição e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator; vencidos os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Juliana Marteli Fais Feriato, que reconheciam a existência de prescrição. Manifestou interesse de apresentar declaração de voto o conselheiro Alexandre Evaristo Pinto. Designado para fazer o voto vencedor o conselheiro Antônio Sávio Nastureles.
(assinado digitalmente)
João Bellini Júnior Presidente
(assinado digitalmente)
Wesley Rocha Relator
(assinado digitalmente)
Antonio Sávio Nastureles - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Monica Renata Mello Ferreira Stoll, Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato, Wesley Rocha, e Reginaldo Paixão Emos.
Nome do relator: WESLEY ROCHA
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. VALORES DEVIDOS. Deve ser mantida a cobrança do débito fiscal dos valores que o contribuinte não obrou comprovar. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Não tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser mantida exigência fiscal. CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Deve ser indeferido o pedido de conversão do julgamento em diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade: negar a proposta de conversão do julgamento em diligência; vencidos os conselheiros Wesley Rocha (relator), Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa e Juliana Marteli Fais Feriato. Dando continuidade ao julgamento, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, não conhecer da alegação de prescrição e negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator; vencidos os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Juliana Marteli Fais Feriato, que reconheciam a existência de prescrição. Manifestou interesse de apresentar declaração de voto o conselheiro Alexandre Evaristo Pinto. Designado para fazer o voto vencedor o conselheiro Antônio Sávio Nastureles. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 5. 00 19 03 /2 00 7- 00 Fl. 928DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator (assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Monica Renata Mello Ferreira Stoll, Alexandre Evaristo Pinto, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato, Wesley Rocha, e Reginaldo Paixão Emos. Relatório O crédito fiscal constituise em razão da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, de nº N F L D 35.418.6523, lavrado em 22/11/2001 em face de AIR LIQUIDE BRASIL LTDA, em virtude do não recolhimento de contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social, referentes à parte descontada dos segurados empregados, de acordo com o Relatório Fiscal que integra a NFLD. O processo foi baixado em diligência mais de uma vez. Nesse sentido, adoto o relatório e voto do relator que me antecedeu, para esclarecimento dos fatos: “Tratase de pedido de uniformização de jurisprudência efetuada pelo Serviço da Receita Previdenciária da Gerência Executiva do INSS São Paulo SulSP,com base no art. 63 da Portaria MPS nº 88/2004. Antes da efetiva análise da procedência do pedido, entendo necessário fazer uma breve síntese do histórico do referido processo. (...) 1. Conforme narrado no relatório fiscal a empresa foi fiscalizada “em decorrência de solicitação da Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Previdenciários –Inquérito Policial n.º 141522/2000 – DELEPREV/SR/DPF/SP, solicitado através do Ofício n.º 25.173/2000DELEPREV/ SR/DPF/SP.” (fl. 18) 2. Por esse motivo, o fisco procedeu ao lançamento de crédito previdenciário contra a recorrente, referentes à parte da empresa, para o financiamento dos riscos em razão do grau de incidência laborativa decorrentes de riscos ambientais do trabalho, destinadas a Terceiros (SESC, SENAC, Salário Educação, INCRA E SEBRAE). 3. Porém, alega o contribuinte que “efetuou os pagamentos que lhe cabiam regularmente uma vez que as autenticações mecânicas contidas nas respectivas guias de recolhimento foram perpetradas inegavelmente pela Caixa Econômica Federal – CEF e é contra ela que o INSS tem se insurgir.” (fl. 261) Fl. 929DF CARF MF Processo nº 14485.001903/200700 Acórdão n.º 2301005.529 S2C3T1 Fl. 929 3 4. E tal alegação restou demonstrada pelos documentos juntados às fls. 87/201: cópias das GPS (Guias da Previdência Social), autenticadas pela CEF, referentes ao período de apuração; cheques dados em pagamento; e extratos de movimentação de conta da empresa, evidenciando a compensação dos referidos cheques. 5. Importante ressaltar que, segundo o Ofício da Caixa OFGISES/SP643/2001, juntado à fl. 296, em resposta ao INSS, nas GPS da empresa efetivamente recolhidas na CEF constam o abono do caixa executivo que efetuou a autenticação. 6. Em sua primeira decisão, a 4ª CaJ – Quarta Câmara de Julgamento, determinou que o processo permanecesse sobrestado até que a autoridade policial concluísse oinquérito. E no Despacho n.º 93/2005, a 4ª CaJ baixou os autos em diligência para que fosse informado o resultado da ação penal promovida pela Delegacia de Representação a Crimes Previdenciários DELEPREV. 7. Ao responder à solicitação, a DELEPREV informou que o “IPL 141522/2000, processo n.º 2000.61.81.0080371, da 2ª Vara Criminal de São Paulo/P, foi remetido à Justiça Federal com pedido de baixa em 22/01/2003 e não retornou a este Departamento de Polícia Federal.” (fl. 416) 8. Ocorre que, ao proferir sua decisão, o Juízo Federal proferiu o seguinte entendimento: “... conforme se depreende do documento de fls. 708 a empresa Air Liquide Brasil Ltda. efetuou o recolhimento integral das mencionadas contribuições previdenciárias. Assim, remetamse os autos à Justiça Comum Especial, a qual declino da competência. Dêse baixa na Distribuição.” (fl. 418). 9. Dessa forma, podese dizer que o processo não terminou, apenas foi remetido à Justiça Comum Especial, posto que a Justiça Federal declinou de competência, conforme decisão de 13.08.2004. 10. Por esse motivo, considerando o acima exposto e a necessidade de se comprovar plenamente a ausência de participação do contribuinte em eventual fraude, tenho que o presente julgamento deve ser convertido em diligência, a fim de que o Fisco junte ao processo as seguintes informações: a) o resultado final ou parcial da ação penal promovida, inclusive com cópia de todo o processo em trâmite na Justiça Comum Estadual, conforme relatando no documento de fl. 418"; Nas fls. 609/615 do eprocesso a autoridade fiscal proferiu despacho, contendo informações relevantes ao desfecho da demanda. Nas fls. 622/644 a recorrente apresentou cópia da decisão judicial, que teria julgado improcedente a ação penal contra os réus indicados, pessoas ocupantes de cargos da CEF. Fl. 930DF CARF MF 4 Nas fls. 646 e seguintes do eprocesso, a recorrente apresenta manifestação aduzindo que foi vítima de fraude, como anteriormente vem alegando, e juntou uma série de documentos, que no seu entender excluíram a sua responsabilidade sobre os fatos, juntando cópias dos cheques destinados aos recolhimento das contribuições sociais, e destaque de compensações que efetivamente foram pagas, mas que por um ato ilícito cometido por funcionários da CEF não teriam sido compensadas, tendo adulterações nos cheques emitidos. Juntou ainda auditoria interna da CEF, levantando informações importantes ao presente caso. Nas fls. 899 e seguintes do eprocesso, a reconte apresentou pedidos de conexão, com o processo 14485.001904/200746, NFLD 35.418.6515, referente a cota patronal e de terceiros, devidos pela empresa no mesmo período do presente processo, por haver correlação dos lançamentos dos fatos autuados. Por fim, cabe mencionar que a recorrente em seu recurso (fls. 402 e seguintes do eprocesso), alega que foi foi vítima de manobra criminosa com o intuito de desviar os pagamentos que, regularmente, encaminhava à CEF, relativamente à suas obrigações previdenciárias, juntado documentos como a inicial da ação penal em desfavor de agentes da CEF. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Wesley Rocha Relator O recurso voluntário apresentado está revestido do requisito formal de tempestividade e a matéria de competência dessa Turma. Portanto, dele o conheço. Assim, sem preliminares a analisar, decido sobre o recurso interposto. DO PEDIDO DE CONEXÃO Pede a recorrente, que seja feita a conexão dos processos, uma vez que o processo do processo n°. 14485.001904/200746, poderia trazer conflito de decisões. O referido processo teria os mesmos argumentos que a presente demanda, e que também teria lançamento em razão dos mesmos fatos ocorridos nesse feito. Entretanto, entendo não ser necessário, uma vez que o que for decidido aqui pode fazer cosia julgada material positiva, e não negativa, no sentido de que em eventual decisão favorável no presente julgamento pode favorecer no processo que se pretende a conexão. DA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA Pelo conjunto probatório, entendo que faltam elementos necessários para o desfecho e compreensão mais detalhada da demanda, a exemplo do resultado da auditoria feita pela CEF, onde consta apenas conclusões imprecisas sobre o evento fraudulento. Em situação complexa como a dos autos, em que a prova que possa ser produzida deve estar ao alcance do contribuinte, há de se considerar que o julgador pode requerer a análise de provas que entender necessária, dentro dos limites que lhe é permitido. Nesse sentido, verificase a contribuinte não teve acesso integral ao resultado da apuração dos fatos pela acusada Caixa. Em especial do que consta dos documentos de efls. 819 e seguintes, Fl. 931DF CARF MF Processo nº 14485.001903/200700 Acórdão n.º 2301005.529 S2C3T1 Fl. 930 5 as quais remetem a fatos inclusivos do que teria ocorrido, bem como ao que tudo indica, falta informações conclusivas para ter certeza de que foi de fato um erro no procedimento ou a tentativa de lesar o fisco partiu do contribuinte. Tanto questionável e duvidosa é a situação que, em processo criminal não foi imputada responsabilidade à recorrente, mas também não provado irregularidade perante os procedimentos realizados pelos servidores da CEF. Resultado: estamos diante de um fato que precisa ser melhor esclarecido, e no meu entender, o resultado da auditoria ou as informações prestadas pela CEF poderia ajudar a resolver a questão dos autos, levantada pela recorrente. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência, intimando a Caixa Econômica Federal para que junte ao processo cópia integral da auditoria feita, referente ao presente caso. Em caso de restar vencido. Passo a proferir o voto de mérito. MÉRITO DA DEMANDA FISCAL DA DESFECHO DA AÇÃO CRIMINAL E DO TRIBUTO DEVIDO Na ação criminal não foi constata a participação dos agentes da caixa econômica federal, e menciona que eventual lesão de não recolhimento deveria ser ajuizada pela recorrente contra a caixa, que suportaria eventuais danos causados, se assim fosse constata. No presente caso, verifico que não há nenhuma informação de ajuizamento de ação cível para buscar o ressarcimento dos valores referentes ás contribuições previdenciárias, e que supostamente teria lesado. Nesse sentido, entendo que não há como afastar a responsabilidade pelas contribuições exigidas. Isso porque elas de fato não foram recolhidas, e eventuais erros no procedimento de pagamento entre recorrente, terceirizada e CEF deve ser resolvido na seara cível, entre as partes envolvidas, diferente do que ocorre no processo . Vejase que a recorrente sequer chamou a CEF ou a empresa terceirizada responsável por chancelar os pagamentos junto à instituição financeira para o pólo passivo da ação executiva fiscal. Fato esse que ensejaria no âmbito fiscal a análise e amplo debate para perquirir o verdadeiro responsável tributário do tributo devido. Numa eventual execução fiscal judicial esse procedimento certamente será realizado pela interessada. Nesse sentido, em processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que se alega é do interessado, in casu, do contribuinte ora recorrente. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Encontrase sedimentada a jurisprudência deste Conselho neste sentido, consoante se verifica pelo aresto abaixo: Fl. 932DF CARF MF 6 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2005 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. (...) (Acórdão nº 3803004.284 – 3ª Turma Especial. Sessão de 26 de junho de 2013). Grifouse. Assim, não obrou a recorrente afastar sua responsabilidade, e, tampouco, provou por meio de documentos idôneos que não deveria ser imputada a tributação para a contribuinte, responsável tributária na relação jurídica com o fisco. CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto por Conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto, para manter a exigência fiscal. É como voto. (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator. Voto Vencedor Conselheiro Antonio Sávio Nastureles Redator designado1. 1. Esclareçase de início, que o teor do presente voto vencedor está circunscrito à decisão a que chegou o Colegiado, por voto de qualidade, na sessão de julgamento realizada em 08/08/2018, no que respeita à rejeição da proposta de conversão do julgamento em diligência formulada no voto do Ilustre Relator, que tinha por desiderato obter e instruir os autos com informações conclusivas sobre auditoria interna empreendida pela Caixa Econômica Federal para apurar eventuais irregularidades na função de agente arrecadador de tributos. 2. Conforme relatado, o lançamento foi derivado da instauração do Inquérito Policial IPL Nº 141522/200, conduzido pela Deleprev/SR/DPF/SP. Seguindo o curso, no campo processual penal, após o trânsito pela Justiça Federal, foi feita a autuação do processo judicial nº 2000.61.81.0080371 perante a 2ª Vara Criminal de São Paulo SP. 3. Detendose nas peças anexadas ao processo administrativo fiscal, e conforme já acentuado no Relatório da presente decisão, verificase terem sido exaradas duas Resoluções anteriores (Resolução nº 2301000.097 e Resolução nº 2301000.401), ao proporem a conversão dos julgamentos em diligência, para se obter informações conclusivas de processos judiciais em matéria penal conexos ao processo fiscal. 1 Durante a sessão realizada em dois de outubro de dois mil e dezoito, às oito horas e trinta minutos, o Colegiado votou, por unanimidade de votos, para retificar a ata de oito de agosto do ano de dois mil e dezoito, às oito horas e trinta minutos, em relação ao Processo 14485.001903/200700. Dentre as deliberações, consta a designação do conselheiro Antonio Sávio Nastureles para redigir o voto vencedor. Fl. 933DF CARF MF Processo nº 14485.001903/200700 Acórdão n.º 2301005.529 S2C3T1 Fl. 931 7 4. Podese divisar também a produção de duas informações fiscais pela Equipe de Orientação da Recuperação de Crédito EqRec, vinculada à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo (Derat): a primeira, datada de 25/05/2012 (e fls 545/552); a segunda, de 06/02/2014 (efls 609/615). 5. Sob a perspectiva da exigência fiscal, o Colegiado se depara com a relevante questão de estabelecer se o conjunto probatório presente nos autos, se mostra suficiente para dirimir a controvérsia instaurada sobre a caracterização do alegado pagamento. 6. E, no curso dos debates, não obstante a intrincada controvérsia instaurada no campo do processo penal, parte dos membros do Colegiado entendeu que os autos estão instruídos com informações suficientes e seguras para formar a convicção sobre o deslinde da controvérsia, sob o ângulo do processo administrativo fiscal. 7. Tal convicção encontra alicerce nas informações produzidas no Despacho (efls 609/615) exarado pela Derat/EqRec, e destacadamente pelas razões expostas no item 6 do citado despacho, que ora se transcreve: ficou claro e evidente de que a empresa não podia garantir que seus cheques de fato chegavam na agência determinada da Caixa Econômica Federal conforme defendeu na impugnação e no recurso, de acordo com o depoimento do Sr. Carlos Emílio de Miranda o próprio gerente financeiro da empresa, fls. 297 e 298 nos autos; evidente que se a empresa se utilizava do serviço de malote era porque muitos documentos e muitos cheques seguiam para a agência da Caixa Econômica Federal determinada, pois não haveria encaminhamento do malote com apenas um cheque e uma guia da Previdência Social; não existem os elementos, portanto, para se cogitar de que eventual prova de que o malote teria sido recebido na agência da Caixa Econômica Federal pudesse isentar a empresa de sua obrigação não cumprida, ou de que houvesse algum ilícito perpetrado entre agências desta instituição, uma vez que ficou comprovado pelas palavras de seu próprio gerente financeiro (da empresa) que a empresa usava serviços de terceiros sem os devidos cuidados, haja vista: "... QUE os cheques são (eram) entregues para o representante da empresa Rápido Skiva LtdaME, o qual fica (ficava) em uma sala junto à tesouraria; QUE sempre no dia seguinte recebia de volta as guias devidamente autenticadas, .. " o procurador da empresa na impugnação e no recurso, obviamente ocultando a forma negligente da empresa de encarregar "o representante da empresa Rápido Skiva LtdaME", que "ficava em uma sala junto à tesouraria" de preparar e encaminhar o malote para os pagamentos feitos na agência da Caixa Econômica Federal, defende indevidamente que a decisão do processo administrativo deve ocorrer após a decisão judicial, e agora a decisão judicial veio confirmar que este processo judicial não poderia trazer nenhum subsídio validamente aplicável no julgamento do presente processo administrativo fiscal. O próprio Ministério Público Federal no despacho da conclusão equivocada, fl. 718 do processo judicial e fl. 534 do presente processo, de que "Apurouse que a empresa AIR LIQUIDE LTDA efetuou o recolhimento (fls. 708) das contribuições previdenciárias mencionadas, assim que apurados os valores pela autarquia previdenciária", na verdade aplicou o raciocínio lógico de que não seria razoável que pudesse haver um desfecho diferente para a questão que não seja a Fl. 934DF CARF MF 8 obrigação da empresa de assumir a responsabilidade pelo recolhimento, a qual posteriormente deveria buscar o seu direto ao ressarcimento junto aos seus prestadores de serviços. 8. Evidenciase, portanto, que os autos do processo administrativo fiscal estão instruídos com elementos de provas suficientes para dar prosseguimento ao julgamento da controvérsia devolvida ao Colegiado, dentre as quais se destaca a minuciosa exposição contida no despacho produzido pela Derat/EqRec (efls. 609/615). 9. Assim, voto por rejeitar a proposta de conversão do julgamento em diligência. (Assinado digitalmente) Antonio Sávio Nastureles Redator designado. Declaração de Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto O presente processo traz uma situação extremamente complexa, na qual são exigidos tributos (acrescidos de multa e juros) que já foram pagos pela Recorrente. Conforme pode ser observado nos documentos trazidos ao longo do processo, o não recolhimento das contribuições previdenciárias se deu em razão de fraude praticada no âmbito interno do agente financeiro arrecadador, agente este que foi autorizado pela Fazenda Nacional. Tal fraude resta comprovada em ação pena transitada em julgado, de modo que a Caixa Econômica Federal, enquanto agente arrecadador, deveria ser responsabilizada pelo crédito tributário aqui lançado, em situação na qual membros do agente arrecadador autenticavam “fraudulentamente” as guias de arrecadação e devolviam tais guias autenticadas para a Recorrente. Vale destacar que a Recorrente agiu de boafé, na medida em que cumpriu com todas as obrigações acessórias relativas aos tributos aqui lançados, bem como efetuou o pagamento, tendo um decréscimo em seu fluxo de caixa (fluxo financeiro), ainda que o agente arrecadador não tenha devidamente cumprido com a sua obrigação e repassado o tributo recolhido aos cofres públicos. A própria entrega da obrigação acessória relativa às contribuições previdenciárias, no caso a GFIP, também configura um lançamento tributário, para ser mais preciso o lançamento por homologação, ainda que não houvesse disposição expressa em tal sentido na época dos fatos geradores. Diante do exposto, entendo que o lançamento tributário efetuado de ofício pela Fazenda Nacional deve ser declarado nulo. Ainda que não seja declarado nulo, entendo que a Caixa Econômica Federal deverá ser responsável tributária pelo recolhimento, destacandose que o artigo 46 da Portaria Fl. 935DF CARF MF Processo nº 14485.001903/200700 Acórdão n.º 2301005.529 S2C3T1 Fl. 932 9 SRF n. 2.609/01, que regula a rede arrecadadora de receitas federais, dispõe que “o agente arrecadador é responsável pelas ações e omissões de seus funcionários ou prepostos”. Por fim, ainda que seja entendido que a Caixa Econômica Federal não deve ser considerada responsável tributária pelos tributos lançados no presente processo administrativo, fica claro que a Caixa Econômica Federal deve ser responsabilizada civilmente pelos danos causados à Recorrente, (i) ressarcindoa pelo crédito tributário aqui lançado, (ii) ressarcindoa pelos demais custos decorrentes de todos os processos administrativos e judiciais relacionados com o crime praticado no seio da Caixa Econômica Federal; e (iii) outros danos causados à Recorrente (ex.: danos morais, lucros cessantes). Ante o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Fl. 936DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903126/2009-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/07/2003
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.388
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/07/2003 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 31 26 /2 00 9- 98 Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13888.903126/200998 Acórdão n.º 3301005.388 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de não homologação da compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento da contribuição (PIS/Cofins), informado como origem do crédito, já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito creditório, bem como a homologação da compensação, alegando que auferira receitas não sujeitas à incidência da contribuição (PIS/Cofins), dada a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1º, da Lei n° 9.718/1998, que fixou um novo conceito de faturamento, ampliando aleatoriamente a base de cálculo das contribuições para alcançar "a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas". De acordo com o então Manifestante, referido dispositivo violou flagrantemente os arts. 146 e 154 da Constituição Federal, além do art. 110 do Código Tributário Nacional (CTN), alterando o alcance a definição de institutos, conceitos e formas do direito privado, segundo o qual faturamento é uma espécie de receita, qualificada como ingresso patrimonial decorrente de operações mercantis de venda de mercadorias e serviços e nada mais. Concluiu que o Supremo Tribunal Federal (STF), por seu Pleno, reconhecera a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, ao julgar os REs 346.084/PR, 357.9501/RS e 390.840/MG, por entender que a ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins por lei ordinária violou a redação original do art. 195, I, da Constituição Federal, ainda vigente ao ser editada a mencionada norma legal. Dessa forma, pleiteou o reconhecimento da legalidade da compensação declarada, com a exclusão da base de cálculo de todas as receitas agrupadas sob a rubrica "outras receitas". A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 1427.878, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo a decisão da repartição de origem. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 13888.903126/200998 Acórdão n.º 3301005.388 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.379, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 13888.903098/200917, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.379): O Recurso Voluntário interposto em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1430.375 é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2002 CONSTITUCIONATIDAI)E. DECISÃO DO SUPREMO—TRIBUNAL FEDERAL. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeito erga omnes. PIS. BASE DE CALCULO. A partir de fevereiro de 1999, a base de cálculo do PIS passou a ser a totalidade das receitas auferidas pela empresa subtraida de algumas exclusões previstas em lei. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Aduz o Contribuinte em seu recurso que efetuou pagamento a maior da contribuição ao PIS e compensou com os valores devidos à contribuição. A Fl. 54DF CARF MF Processo nº 13888.903126/200998 Acórdão n.º 3301005.388 S3C3T1 Fl. 5 4 Administração Fiscal não homologou o pedido de compensação por entender que não há crédito a favor do Contribuinte, visto que o pagamento informado pelo Contribuinte como origem do crédito foi integralmente utilizado para quitação de débitos, não restando, assim, crédito disponível para compensação com os débitos relacionados no PER/DCOMP, sendo que o DARF foi alocado para o débito declarado em DCTF apresentado pelo Contribuinte. Assim esclarece os fatos o Contribuinte em seu recurso (fls. 80 e seguintes): A Fiscalização incluiu na base de cálculo da PIS o valor de "outras receitas", o que levou a empresa recorrente a recolher valor de contribuição superior ao realmente devido. Segundo apurouse, a recorrente recolheu a importância de R$ 217,35 indevidamente, a titulo de PIS. Este valor tem como correspondente base de cálculo o importe de R$ 33.438,73 qual não deveria integrar a base de calculo de referida contribuição, haja vista que corresponde a "outras receitas" apuradas naquele período. Sendo credora dessa importância, que atualizada gerou um crédito de R$ 330,40, a recorrente utilizouse desse valor para compensálo com o PIS devido no mês de novembro de 2005, conforme procedimento “PER/DCOMP” anexado aos autos do processo administrativo. A Secretaria da Receita Federal não homologou a compensação, conforme despacho decisório proferido em 25 de Margo de 2009. 0 Fisco não aceitou a existência de crédito da recorrente, consolidando o valor do débito, correspondente aos valores considerados indevidamente compensados. (...) A cobrança, no entanto, não pode prosperar, devendo ser cancelada, uma vez que a importância relativa a "outras receitas" não pode ser incluída na base de cálculo para apuração dos tributos PIS e COFINS, devendo, assim, exonerar a recorrente do pagamento dos débitos do período em referência. Percebese que a questão central é que o Fisco entendeu que “outras receitas” integram a base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, enquanto que o Contribuinte discorda visto a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei n° 9.718/1998 e assim se pronuncia às fls. 84 e seguintes: (...) A base de cálculo ao PIS não abrange as "outras receitas", assim consideradas aquelas que não sejam provenientes da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. A contribuição relativa ao PIS incide sobre o faturamento da empresa e teve sua cobrança instituída pela Lei Complementar n° 70/71, encontrando suporte no artigo 195, da Constituição Federal de 1988. O faturamento constituise elemento primordial na construção da base de cálculo da COFINS e do PIS, a qual foi definida pela Carta Magna, não podendo, obviamente, ser alterada por simples lei ordinária. (...) A Lei n° 9.718/98, no entanto, ampliou aleatoriamente a base de cálculo do PIS e da COFINS, passando a considerar faturamento a "totalidade das Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13888.903126/200998 Acórdão n.º 3301005.388 S3C3T1 Fl. 6 5 receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas", conforme se depreende do seu artigo 3°, parágrafo primeiro. Tal dispositivo legal, ao ampliar o conceito de faturamento, violou o principio da supremacia da Constituição Federal. (...) Considerando que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucional o artigo 3°, parágrafo 1°, da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento, há que se reconhecer a legalidade da compensação pretendida pela recorrente, uma vez que devem ser excluídas da base de cálculo todas as receitas que estão sob o conceito de "outras receitas". Com esses argumentos o Contribuinte requer a anulação do Despacho Decisório proferido em 4 de agosto de 2010 que não homologou o pedido de compensação. Na decisão ora recorrida assim se pronunciou o relator (fls. 73): (...) Realmente, no dia 9 de novembro de 2005, o STF, em sessão plenária em quatro recursos individuais, julgou inconstitucional o § 10 do art. 3° da Lei n° 9.718, de 1998, que definiu como base de incidência das contribuições ao PIS e A Cofins a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. 0 STF entendeu que referida norma, quando de sua edição, era incompatível com o texto constitucional então vigente, que previa a incidência das contribuições sociais apenas sobre o faturamento das pessoas jurídicas e não sobre a totalidade das suas receitas. Contudo, como tais decisões do STF não foram proferidas em Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADIN, beneficiam, apenas e tão somente, as partes envolvidas nos recursos mencionados. (...) Neste aspecto entendo não assistir razão a administração fiscal, visto que em face a inconstitucionalidade do art. 3o § 1º, da Lei 9.718/98, deve se excluir da base de cálculo da contribuição as “outras receitas”. Ocorre que o Contribuinte não demonstrou na Manifestação de Inconformidade, bem como, no Recurso Voluntário, o que integra a rubrica “outras receitas”, pois cabe a quem alega o direito creditório demonstrar a sua liquidez e certeza. Cito trecho da decisão ora recorrida como razões para decidir (fls 74 e seguintes): Sob outro prisma, compete acentuar que após a ciência do despacho decisório transferese ao contribuinte o ônus probante objetivando sustentar suas alegações, incluindo eventuais retificações de valores informados em DCTF. Diante disto, é importante ressaltar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13888.903126/200998 Acórdão n.º 3301005.388 S3C3T1 Fl. 7 6 A par disso, impende observar que, nos termos do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil, ao autor incumbe o ônus da prova dos fatos constitutivos do seu direito. Logo, as declarações de compensação devem estar, necessariamente, instruídas com as devidas provas do indébito tributário no qual se fundamentam, sob pena de pronto indeferimento. No caso em tela, a prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido, pois há situações em que somente a contribuinte detém em seu poder os registros de prova necessários para a elucidação da verdade dos fatos. Com efeito, os registros contábeis e demais documentos fiscais, acerca da base de cálculo do PIS, são elementos indispensáveis para que se comprove a certeza e a liquidez do direito creditório aqui pleiteado. No presente caso, a recorrente, em sua peça impugnatória, não apresentou qualquer documentação fiscal demonstrando as receitas constituídas de valores classificados como "outras receitas" que, em sua tese apresentada na manifestação de inconformidade, não estariam sujeitas à incidência de PIS e Cofins. Consoante noção cediça, a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: "Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º )". Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja o fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação, ainda mais quando tal débito estava declarado em DCTF. Esse, por sinal, tem sido o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, como atesta de forma ilustrativa a ementa do seguinte acórdão: "DCTF — ALEGAÇÃO DE ERRO NO PREENCHIMENTO — AUSÊNCIA DE PROVA Os dados informados em DCTF reputamse verdadeiros, até prova em contrário. Inadmissível a simples alegação de erro no seu preenchimento, desacompanhada de comprovação cabal do lapso." (Acórdão 10420.645, de 18/5/2005) Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Com essas razões, ausência de comprovação do direito ao crédito, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte. Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13888.903126/200998 Acórdão n.º 3301005.388 S3C3T1 Fl. 8 7 Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins, importando registrar, também, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 58DF CARF MF
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