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Numero do processo: 16048.720011/2012-45
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1103-000.163
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Takata - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, André Mendes de Moura, Fábio Nieves Barreira, Breno Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: MARCOS SHIGUEO TAKATA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Takata Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, André Mendes de Moura, Fábio Nieves Barreira, Breno Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 60 48 .7 20 01 1/ 20 12 -4 5 Fl. 460DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 461 2 Relatório DA DECISÃO DA DRF Tratase de Despacho Decisório DRF/Taubaté/Saort, de 13 de fevereiro de 2012, no qual se decidiu pelo indeferimento das declarações de compensação apresentadas pela recorrente, no montante de R$ 8.609.714,26, referente à compensação do crédito de saldo negativo de CSL do anobase de 2006, das seguintes Declarações de Compensação: Dcomp nº 00014.39239.300908.1.3.031508 Dcomp nº 18744.19313.181209.1.3.039004 Dcomp nº 22427.98018.220110.1.3.030358 Dcomp nº 37804.92972.090210.1.7.038946 Constatou a fiscalização, ao proceder a análise do saldo negativo da CSL em questão, que a recorrente foi alvo de uma ação fiscal que culminou na lavratura, em 19/12/2011, do auto de infração MPF nº 0818500.2010.00008, parte do processo administrativo nº 16561.720068/201154. No referido auto de infração, contatouse um valor de ajuste não adicionado ao lucro líquido no anobase 2006, decorrente da aplicação de métodos de preços de transferências, relativamente ao seus custos, despesas e encargos de importação de bens, serviços e direitos adquiridos de pessoas vinculada no exterior, apurando um valor de R$ 819.224.278,50. Além disso, apresentou um resumo dos valores declarados pela contribuinte referentes ao cálculo da CSL na ficha 17 da DIPJ 2007 e o confrontou com a demonstração do resultado das atividades em geral declarado gerada em consonância com o auto de infração lavrado, a qual resultou em CSL a pagar, no valor de R$ 71.203.849,35. Portanto, constatouse que não há saldo negativo de CSL para o anocalendário 2006, ou seja, a interessada não possui crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional, mas, sim, débito de R$ 71.203.849,35, o qual já é objeto de cobrança no processo nº 16561.720068/201154. Assim, não homologou as compensações declaradas nas Dcomp eletrônicas acima listadas. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Inconformada, a recorrente apresentou em 19/3/2012 manifestação de inconformidade, de fls. 57 a 76 (eprocesso), em que aduz, em síntese, o que segue. Fl. 461DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 462 3 Preliminarmente, tratou dos fatos antecedentes às compensações, aduzindo que durante o anocalendário 2006, em decorrência da importação de diversos componentes eletrônicos necessários à manufatura de seus produtos no Brasil, efetuou os cálculos de ajustes de preços de transferência em consonância com a Lei 9.430/96. Consignou, que os cálculos para a apuração do preço parâmetro foram feitos com base no Método PRL, com aplicação de margem de 60% e pelo método dos Preços Independentes Comparados “PIC”. Contudo, alegou que, no entender da fiscalização, a recorrente não teria efetuado ajustes conforme os parâmetros da IN 243/02. Assim, efetuando novos cálculos do PRL 60% para 290 insumos importados, a fiscalização apurou uma diferença de R$ 819.224.278,50 entre os seus ajustes e os praticados pela recorrente. Não obstante, em 19/12/2011, lavrouse o auto de infração MPF 0818500.2010.00008 para formalizar a cobrança de IRPJ e CSL referentes ao anocalendário de 2006. Inconformada, a recorrente apresentou sua impugnação, a qual se encontra pendente de julgamento. Quanto ao Despacho Decisório supracitado, ainda preliminarmente, a recorrente procurou atestar a apuração de um saldo negativo de CSL no valor de R$ 8.609.714,26, conforme informado na DIPJ 2007: No que se refere à Dcomp 00014.39239.300908.1.3.031508, a recorrente esclareceu que utilizou parte do saldo negativo de CSL para compensar a CSL referente ao mês de agosto de 2008, no valor de R$ 1.146.815,64. Quanto à Dcomp 18744.19313.181209.1.3.039004, a recorrente afirmou que utilizou parte do saldo negativo de CSL para compensar a CSL, o PIS e a Cofins, nos valores de R$ 573.214,85, R$ 2.930.792,45 e R$ 636.170,31 respectivamente, referentes ao mês de novembro de 2009. Em relação à Dcomp 22427.98018.220110.1.3.030358, a recorrente atestou que utilizou parte do saldo negativo de CSL para compensar o PIS referente à dezembro de 2009 no valor de R$ 775.791,46. Ainda, quanto à Dcomp 37804.92972.090210.1.7.038946, a recorrente esclareceu que utilizou parte de seu saldo de CSL para compensar o IPI referente a dezembro de 2009 no valor de R$ 5.281.039,22. Contudo, com a lavratura do auto de infração MPF 0818500.2010.00008, a fiscalização entendeu que a recorrente não teria apurado um saldo negativo de CSL no ano calendário de 2006, mas sim débito de CSL a pagar, não homologando as compensações efetuadas pela recorrente por meio das referidas Dcomps. Não obstante, argumentou que o julgamento do caso deve ser suspenso até a decisão definitiva nos autos do processo administrativo 16561.720068/201154. Argumentou ainda a decadência do direito do Fisco de cobrar o saldo negativo de CSL do anocalendário 2006, pois, nos termos dos artigos 150, § 4º e 174, do CTN, a exigibilidade extinguiuse em 31/12/2011. Quanto a isso, colacionou jurisprudência. Fl. 462DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 463 4 Quanto ao mérito, afirmou que a não homologação das compensações realizadas pela recorrente dos anos de 2008, 2009 e 2010 não pode prosperar enquanto não houver decisão final que mantenha a exigência de créditos realizada nos autos do processo administrativo 16561.720068/201154. Nesse sentido, colacionou jurisprudência. Argumentou contra a alegada falta de liquidez e certeza do saldo negativo de CSL em decorrência da falta de julgamento definitivo, tendo em vista que os referidos créditos gozam de liquidez e certeza até que haja prova robusta ou decisão final em contrário, segundo o artigo 923 do RIR/99. Registrou, ainda, que a fiscalização não poderia lançar e cobrar o crédito tributário apurado por estimativa após o término do anocalendário. Portanto, sendo a apuração pelo lucro real anual e o recolhimento mensal feito por estimativa, a ocorrência do fato gerador ocorreu apenas em 31 de dezembro de 2006. Assim, segundo a recorrente, por se tratar de meras antecipações de CSL, os pagamentos mensais não podem ser objeto de lançamento por suposta falta de recolhimento. Quanto a isso, colacionou jurisprudência. Arguiu sobre a impossibilidade de cobrança de multa e juros de mora, uma vez que, para tanto, é necessário que o contribuinte esteja em atraso com o pagamento do crédito tributário. Nesse sentido, afirmou que, nos termos do Despacho Decisório, a recorrente apenas estaria em mora após o prazo de 30 dias contados da data de ciência da decisão que não homologou os pedidos de compensação. Além disso, alegou que nenhum valor a título de multa e juros de mora pode ser exigido enquanto o processo administrativo estiver em curso, conforme dita o art. 151, inciso III, do CTN. Procurou evidenciar a inaplicabilidade da taxa SELIC no cálculo do crédito tributário sob pena de violação à Constituição Federal, sendo considerada ilegal e inconstitucional para fins tributários. Quanto a isso, colacionou jurisprudência. Ao fim, requereu a reforma do Despacho Decisório para que se homologue a integralidade das compensações, bem como, o acolhimento da Manifestação de Inconformidade e a suspensão da exigibilidade do crédito. DA DECISÃO DA DRJ Em 19/02/2013, acordaram os membros da 4ª Turma de Julgamento da DRJ/Campinas, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, conforme o entendimento que se segue. De início, tratou da decadência do direito da Fazenda Nacional de efetuar a revisão da apuração do saldo negativo de CSL do anocalendário de 2006. Nesse sentido, aduziu que, contrariamente ao que entende a recorrente, se já ultrapassado o termo final da contagem do prazo decadencial, não pode implicar lançamento de ofício de diferenças de tributos ou contribuições apuradas, contudo, não se pode aferir disso Fl. 463DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 464 5 que o órgão administrativo tem o dever de homologar o saldo negativo de CSL demonstrado na DIPJ correspondente e proceder à restituição ou compensação sem aferir a certeza de liquidez. Ainda, atestou que a homologação tácita prevista no art. 150, § 4º, do CTN, incide apenas sobre o pagamento do crédito tributário efetuado pelo sujeito passivo e vinculado a uma base de cálculo positiva sujeita à tributação (lucro real ou líquido ajustado), não havendo previsão legal para homologação tácita na apuração de saldos negativos da CSL. Quanto a isso, colacionou jurisprudência. Portanto, a não homologação foi motivada pela inexistência de liquidez e certeza do crédito, em vista do lançamento de ofício lavrado em 19/12/2011 por meio do processo administrativo nº 16561.720068/201154, o que implicou na apuração de contribuição devida no anocalendário de 2006. Quanto ao pedido da recorrente de apreciação da compensação somente após ou conjuntamente com o julgamento do processo administrativo e o sobrestamento do processo até decisão definitiva dos autos, entendeu que no que se refere ao julgamento conjunto, isso implicaria em apensamento dos autos, hipótese essa que não tem embasamento na Portaria 666/08. Registrou também a inviabilidade de sobrestar o processo até decisão final, uma vez que não há previsão entre as normas reguladoras do processo administrativo fiscal que contemple a suspensão de seu prosseguimento. Isso porque o processo administrativo fiscal é regido, entre outros princípios, pela oficialidade, que obriga a administração a impulsionar o processo até sua decisão final. Nesse sentido, afirmou que o que prevê o art. 151 do CTN aplicase tão somente a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas não do processo administrativo. Averiguou ainda que, segundo consultas ao sistema informatizado da RFB, em algumas das declarações de compensação apresentadas, visando a extinção das estimativas, houve apenas a homologação parcial, em vista das insuficiências do direito creditório indicado pela Recorrente. Como consequência, o saldo negativo de CSL no anocalendário de 2006 seria de no máximo R$ 5.578.854,14, e não R$ 8.609.854,14, conforme indicado na Linha 52, Ficha 17, da DIPJ. Consignou que no caso de existência de declarações de compensação protocoladas após o vencimento de referidos débitos, o art. 161 do CTN determina o acréscimo de juros de mora, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária. Por fim, no que se refere aos juros de mora com base na taxa Selic, informou que a declaração de inconstitucionalidade e ilegalidade não compete aos órgãos administrativos, mas sim, exclusivamente ao poder judiciário. Além disso, registrou que a Súmula CARF nº 4 já validou a cobrança de juros moratórios com base na taxa Selic. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Inconformada com a decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, recurso voluntário de fls. 432 a 456 (eprocesso), reiterando o alegado em sede de manifestação de inconformidade e o que a seguir se sintetiza. Fl. 464DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 465 6 Alegou que houve inovação nos fundamentos da exigência, uma vez que, na decisão de primeira instância, a não homologação foi motivada pela inexistência de liquidez e certeza do crédito em análise, em vista do lançamento de ofício, enquanto, na decisão de segunda instância, a autoridade julgadora não homologou as compensações, devido a existência de exigências decorrentes de outros processos administrativos que teriam afetado o saldo negativo de CSL. Procurou evidenciar, portanto, que houve novo lançamento por parte da autoridade julgadora, o que desrespeita o art. 142 do CTN, que prevê que o lançamento é ato privativo das autoridades administrativas. Assim, teria a autoridade julgadora invadiu a competência da fiscalização. Quanto a isso, acostou doutrina e jurisprudência. Por fim, requereu o provimento do recurso voluntário objetivando a homologação integral das compensações realizadas pela recorrente, ou, alternativamente, o sobrestamento do processo até decisão final nos autos dos processos administrativos correlatos. É o relatório. Fl. 465DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 466 7 Voto Conselheiro Marcos Shigueo Takata O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade (fls. 600 e 601 do eprocesso). Dele, pois, conheço. Como se viu do relatório, tratase de Dcomps para compensação de saldo negativo de CSL do anocalendário de 2006, em montante de R$ 8.609.714,26. A recorrente invoca nulidade do acórdão de origem por inovação do despacho decisório, o qual não homologou as Dcomps em dissídio por falta de certeza e liquidez do saldo negativo de CSL do anocalendário de 2006. No acórdão a quo foi deduzido que, ao se verificarem outros processos administrativos de Dcomp em que se compensam o mesmo saldo negativo de CSL postulado, ficou constatado que seu valor seria no máximo de R$ 5.578.854,14, e não de R$ 8.609.854,14, diversamente ao indicado na linha 52 da ficha 17 da DIPJ/07. E que, nos processos administrativos nºs 10860.900283/201003, 10860.900004/201184 e 16048.720003/201118 houve homologação parcial das Dcomps nas quais se compensaram débitos de estimativas de fevereiro e abril de 2006. Isso não é inovação do despacho decisório. Não constitui inovação no motivo do despacho decisório. Cuidase apenas de verificação liminar de an e de quantum do saldo negativo de CSL. Rejeito, pois, a preliminar de nulidade do acórdão recorrido. O órgão de origem indeferiu as homologações das Dcomps por haver autuação de IRPJ e de CSL por ajustes pelo método PRL60, segundo formulação da IN SRF 243/02, no anocalendário de 2006. É o processo administrativo nº 16561.720068/201154. Ausentes, pois, a certeza e a liquidez do crédito postulado, foram indeferidas as homologações. O referido processo foi julgado no CARF pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta Seção, com negativa de provimento ao recurso voluntário. É o Acórdão nº 1302 001.162, da sessão de 10 de setembro de 2013. Foi interposto recurso especial pela contribuinte, cuja admissibilidade foi aceita. Portanto, será julgado pela 1º Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) do CARF. Também observo que, conforme o comprot, os processos administrativos nºs 10860.900283/201003, 10860.900004/201184 (mencionados pelo acórdão de origem) se encontram no CARF, para julgamento; e o processo administrativo nº 16048.720003/201118 (igualmente citado pelo acórdão a quo) ainda se encontra na DRJ/Curitiba, para julgamento. Três pontos sobressaem de plano. O primeiro é a prejudicialidade do processo administrativo nº 16561.720068/201154 para o desate do an e do quantum creditorum do saldo negativo. Fl. 466DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 467 8 O segundo é o de que o mérito do saldo negativo postulado não foi apreciado ainda pelo órgão de origem. O indeferimento das homologações das Dcomps se deu por questão prejudicial sem o exame do mérito. O terceiro é o de que há três processos administrativos nos quais se debate o adimplemento de estimativas de CSL que compõem o postulado saldo negativo de CSL. Fundamental para o desenlace do feito, nesta fase processual, são os dois primeiros pontos. Sobre o primeiro ponto, como se viu, já houve acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta Seção no processo administrativo nº 16561.720068/201154, em que se negou provimento ao recurso voluntário. Nesta instância, o processo em questão já teve seu desfecho desfavorável à contribuinte. O recurso especial foi admitido para julgamento. Pende ainda seu exame pela 1ª Turma da CSRF do CARF. O valor de principal de CSL exigido nos autos do referido processo administrativo é de R$ 71.203.849,35 – montante muito superior ao saldo negativo de CSL propugnado. A questão da exigência de juros e de multa de mora tem como prejudicialidade o desate do principal, i.e., a homologação ou não da compensação dos débitos em jogo. Se e na medida do quanto vier a prevalecer a não homologação das compensações, incidirão juros e multa de mora. O fato de os débitos se encontrarem sob exigibilidade suspensa não tem amparo no CTN, para não fluência de juros. E os débitos confessados, mas não adimplidos, impõem a exigência de multa de mora, consoante jurisprudência consagrada pelo STJ, em rito de repetitivos: REsp 886.462∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; REsp 962.379∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e ainda REsp 1.149.022/SP, de relatoria do Ministro Luiz Fux (julgado em 9.06.2010, DJe 24.06.2010 (para o caso de retificação de declaração com inclusão de diferença de débito anteriormente declarado). Este órgão julgador deve se curvar ao entendimento consagrado pela Seção do STJ, em procedimento repetitivo, nos termos do caput do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Quanto à incidência da taxa Selic para juros, tratase de questão pacificada no CARF, por meio da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Pois bem. Considerando o exposto quanto ao primeiro ponto sobrelevado acima, e à vista do segundo ponto acentuado, duas soluções se apresentam. Fl. 467DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/201245 Resolução nº 1103000.163 S1C1T3 Fl. 468 9 O provimento parcial para retorno dos autos ao órgão de origem, para enfrentamento do mérito, após a superação final da questão prejudicial que afeta este feito (processo administrativo nº 16561.720068/201154). Ou a conversão do julgamento em diligência, com a remessa dos autos ao órgão de origem, para que, com decisão irrecorrível da CSRF do CARF no processo nº 16561.720068/201154, os autos me sejam reencaminhados. Após amplo debate na Turma, prevaleceu a segunda solução, a qual este relator não se opõe. Sob essa ordem de considerações e juízo, proponho a remessa dos autos ao órgão de origem, para que, com decisão irrecorrível da CSRF do CARF no processo administrativo do processo administrativo nº 16561.720068/201154, os autos sejam reencaminhados a este relator, juntamente com cópia da referida decisão (e do acórdão da CSRF, caso a decisão irrecorrível não seja acórdão), devendo se dar ciência da presente resolução à recorrente. É o meu voto. Sala das Sessões, em 26 de novembro de 2014 (assinado digitalmente) Marcos Takata Relator Fl. 468DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.907775/2012-31
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/02/2007
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA.
Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.
Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.777
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sérgio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Demes Brito e Cássio Schappo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 77 75 /2 01 2- 31 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Demes Brito e Cássio Schappo. Relatório Inicialmente, esclarecese que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF trinta e três processos da mesma contribuinte, em que o cerne da discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento indevido ou a maior de cofins ou contribuição para o PIS/Pasep, e o ônus da prova deste direito. Em alguns processos, foi indeferida totalmente a declaração de compensação de débitos da contribuinte com o crédito pleiteado, por falta de comprovação da liquidez e certeza de todo o crédito, em outros, foi homologada parcialmente a declaração de compensação, porque foi comprovada a certeza e liquidez de parte do crédito pleiteado. Esta diferença não exige mudanças nos acórdãos dos julgamentos, pois o que está sob julgamento é justamente o crédito não reconhecido e a parte não homologada das declarações de compensação. O crédito reconhecido e a parte homologada não estão em discussão. Feitas estas observações, passase ao relato propriamente dito. Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo HorizonteDRJ/BHE que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem. O processo se iniciou com PER/DCOMP, por meio do qual a contribuinte pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de contribuição social e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF informado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, utilizados para quitação de débitos da contribuinte, não restando crédito disponível suficiente para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 4 3 Assim, diante da inexistência/insuficiência de crédito, a compensação declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente. Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, conforme quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório “ Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas pela contribuinte contra o despacho decisório, em expediente que foi recebido como manifestação de inconformidade: “Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade em 10/08/2012, alegando que a Receita Federal mantém os controles de apropriação e pagamento dos impostos federais, assim como uma conta corrente de cada contribuinte, na qual podem ser visualizados os pagamentos efetuados de forma correta, os pagamentos a maior e os pagamentos a menor. Assevera que o despacho decisório não pode progredir, porque a RFB cobra o mesmo valor pago pelo contribuinte, quando, na verdade, foi preenchido um PER/DCOMP que demonstra de forma clara que aquele pagamento foi efetuado a maior e dele se extraí os valores devidos a título de impostos. Apresenta um demonstrativo da composição do PER/DCOMP nº 27613.24430.280909.1.3.047698, identificando o valor devido de COFINS, o valor da guia de recolhimento, o saldo do pagamento a maior e as compensações efetuadas. Alega ainda que houve a retificação da DIPJ do anobase de 2005, na qual a receita foi apropriada de forma errada e, por isto, originou também a retificação de todos os cálculos dos impostos federais. Ressalta que havendo necessidade de retificação do PER/DCOMP, solicita autorização para o ajuste, porém, o valor original disponível desde a data especificada, corrigido monetariamente, possibilitou a compensação declarada. A ementa do acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo HorizonteDRJ/BHE que julgou improcedente a manifestação de inconformidade contém o seguinte teor: “Assunto: ... Data do fato gerador: ... DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência e suficiência do crédito postulado.” No recurso voluntário a recorrente alega o seguinte: Fl. 88DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 5 4 i) O ICMS que faz parte do valor total de conhecimentos de transporte não compõe o valor tributado pela cofins e pela contribuição para o PIS/Pasep. ii) Juntou cópia da DIPJ 2006/2005, retificada, que demonstra que estas contribuições foram reduzidas em seus valores anteriormente apresentados. iii) No próprio PER/DCOMP apresentado, verificase que houve pagamento a maior. iv) Não apresentou retificação da DCTF e do DACON, primeiro, por problemas com o contador; depois, porque teria ocorrido prescrição para a retificação. v) Calculou a cofins e a contribuição para o PIS/Pasep sobre um valor que incluía o ICMS e, após, corrigiu o faturamento, excluindo este imposto da base de cálculo, logo, tem direito ao crédito pleiteado. É o relatório. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. Admissibilidade do recurso voluntário. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta turma especial. Certeza e liquidez do crédito pleiteado. O processo se iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de contribuição social. Foi constatado pela RFB que o pagamento informado como indevido ou a maior fora integralmente utilizado para quitar tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido. Isto está claro no quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório. Esta constatação baseouse em dados constantes do sistemas informatizados da RFB, alimentados por informações prestadas pelo próprio contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias. Uma vez que o pagamento informado como indevido ou a maior estava totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum A DRJ/BHE, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado, manteve o despacho decisório. As decisões da DRF e da DRJ estão amparadas no fato de a legislação tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário (art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos tributários somente pode ser efetuada mediante existência de créditos líquidos e certos do interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário NacionalCTN), e de a lei que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972). Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua manifestação de inconformidade, nenhum documento ou livro fiscal ou contábil foi apresentado com o recurso voluntário. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 7 6 A recorrente afirma que juntou cópia da DIPJ 2006/2005 retificada, a qual demonstraria redução dos valores das contribuições anteriormente apresentados, e apresenta justificativas para não ter retificado a DCTF e o DACON. Não encontrei nos autos nenhuma DIPJ, original ou retificada. Logo, inócua a alegação. Quanto à falta de retificação da DCTF e do DACON, esta não é determinante para o julgamento, uma vez que o CARF tem reconhecido o direito ao crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior, independentemente de retificação da DCTF e do DACON, desde que o direito seja comprovado por documentos e livros fiscais e contábeis hábeis. Tratandose de despacho eletrônico, admitese a apresentação destes documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova se destina a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, hipótese prevista no art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972. De qualquer modo, o importante é que a contribuinte, até o presente, não apresentou nenhum documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito. Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado. Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que ensejariam o crédito pleiteado. Há menção de que seria decorrente da inclusão do ICMS integrante de conhecimento de transporte na base de cálculo da cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, porém, não é tecido nenhum argumento sobre esta matéria. Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC, aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado. Declaração de compensação errada e competência do CARF No recurso, ao contrário da manifestação de inconformidade, nada foi dito sobre erro na Declaração de Compensação ou sobre a necessidade de sua retificação. Apenas se afirmou que, no PER/DCOMP apresentado, verificase que houve pagamento a maior. Porém, tendo em vista que possível erro na DCOMP é questão que permeia os autos e que a decisão da DRJ tratou desta matéria; que a Administração deve atender aos princípios da legalidade, da moralidade, do interesse público e da eficiência; e que o princípio da verdade material é especialmente levado em consideração nos julgamentos neste Conselho; teço algumas considerações que me levam a concluir pela manutenção da decisão recorrida na íntegra. O processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal é regido pelo Decreto nº 70.235, de 6/3/1972. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 8 7 O rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235, de 1972, não se aplica, em princípio, aos processos administrativos de pedidos de compensação, pois não são processos de determinação e exigência de créditos tributários, tampouco de consulta sobre aplicação da legislação tributária federal.. Porém, por força do art. 74, §§ 9º e 10, da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, não homologada a compensação, o sujeito passivo poderá apresentar manifestação de inconformidade contra a decisão administrativa de não homologação e recurso contra decisão que julgue improcedente a manifestação de inconformidade. Ambos, manifestação de inconformidade e recurso, seguirão o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235, de 1972, conforme parágrafo 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Assim, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais_CARF, que, conforme art. 37 do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009, é competente para julgar, em segunda instância, processos que seguem o rito deste decreto, possui competência para julgar recursos contra decisões da DRJ que julgaram improcedentes manifestações de inconformidade contra não homologação de declarações de compensação. Quanto à retificação de declarações de compensação, a situação é diferente. Cito o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 9 8 § 8º Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) (...)” Vejase que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados e que, não homologada a compensação e não efetuado o pagamento no prazo previsto no §7º, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União A exigência do pagamento destes débitos não deve ser submetida a julgamento administrativo; e, ainda que a declaração de compensação contenha erro, não cabe nesta instância sua correção, o que deve realizarse pela entrega de declaração retificadora, tal como estabelecido nos arts. 6º a 8º das Instruções Normativas SRF nº 360. de 24/02/2003, e nº 376, de 23/12/2003; nos arts. 55 a 58 da IN SRF nº 460, de 18/10/2004, e IN SRF nº 600, de 28/12/2005; nos arts. 76 a 79 da IN SRF nº 900, de 30/12/2008; e nos arts. 88 a 90 da IN RFB nº 1.300, de 20/11/2012. Conforme assentado no acórdão recorrido, a retificação de declaração de compensação deveria ser requerida por meio de documento retificador gerado a partir do programa PER/DCOMP. Não há nos autos nenhum documento retificador gerado nesta condição. Assim, não pode o CARF determinar a homologação da DCOMP tal como formalizada, ainda que errada, pois esta extingue o crédito tributário, sob condição resolutória, e constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/201231 Acórdão n.º 3801004.777 S3TE01 Fl. 10 9 Conclusão Pelo exposto, em especial pela não comprovação da existência de direito de crédito líquido e certo, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 11618.720578/2011-13
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.
A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário (Súmula CARF nº 98).
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2801-004.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para restabelecer dedução de despesa com pensão alimentícia no valor de R$ 30.000,00, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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DEDUÇÃO. A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário (Súmula CARF nº 98). Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para restabelecer dedução de despesa com pensão alimentícia no valor de R$ 30.000,00, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 72 05 78 /2 01 1- 13 Fl. 166DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11618.720578/201113 Acórdão n.º 2801004.042 S2TE01 Fl. 167 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 31.664,04, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, às fls. 7/9 deste processo digital, que foi constatada, na declaração de ajuste anual do contribuinte, dedução indevida de despesas médicas e dedução indevida de pensão alimentícia judicial. O contribuinte apresentou a impugnação de fls. 2/3 deste processo digital, que foi julgada procedente em parte por intermédio do acórdão de fls. 96/102, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, a teor do art. 73 do RIR/99. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Apenas são dedutíveis da Declaração de Ajuste Anual as despesas que, comprovadas com documentos hábeis e idôneos, foram pagas a título de “pensão alimentícia” em cumprimento de acordo, decisão judicial ou escritura pública, razão por que se mantém a glosa dos valores deduzidos em desacordo com a legislação. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Cancelase a glosa da dedução das despesas médicas quando devidamente comprovada e de conformidade com a legislação aplicável à matéria. Cientificado da decisão de primeira instância em 05/07/2012 (fl. 105), o Interessado interpôs, em 30/07/2012, o recurso de fls. 107/109, acompanhado dos documentos de fls. 110/162. Na peça recursal alega, em síntese, que: Nunca pediu recibos dos complementos de pensão alimentícia pagas em espécie, por julgar que a sentença judicial homologatória da conversão da separação em divórcio, a informação de rendimentos pagos pelo alimentante e a declaração de ajuste anual da beneficiária eram suficientes. Por achar que não seria honesto pedir os recibos agora, apenas para se defender, prefere não fazêlo. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11618.720578/201113 Acórdão n.º 2801004.042 S2TE01 Fl. 168 3 Ao final, requer seja acolhido o presente recurso para que seja restabelecida parte da pensão alimentícia, no valor de R$ 30.000,00, conforme comprovantes de depósitos em anexo. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Cingese a controvérsia à glosa de dedução de pensão alimentícia judicial em benefício de Antonia César de Souza, no valor de R$ 30.000,00, embora o Interessado tenha declarado, a esse título e em favor da referida beneficiária, o montante de R$ 48.000,00. É que o Recorrente preferiu não recorrer em relação à diferença de R$ 18.000,00, pelos motivos expostos no “Relatório” deste acórdão. A parte do crédito não recorrido foi, inclusive, transferida para o Processo nº 14747.720078/201277, conforme “Termo de Transferência de Crédito Tributário” de fl. 163. Pois bem. Em 09/12/2013 foi aprovada a Súmula CARF nº 98, com o seguinte teor: Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. Assim, a dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF está condicionada à comprovação de dois requisitos: a) o efetivo pagamento; e b) a obrigação decorrer de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública que especifique o valor da obrigação, neste último caso, a partir de 28/03/2008. Inicialmente o Interessado havia apresentado a sentença de fl. 33, que homologou o acordo de conversão de sua separação judicial de Antonia César de Souza em divórcio (fls. 23/31). A Autoridade lançadora e os julgadores da instância de piso optaram por manter a glosa por falta de comprovação do efetivo pagamento. À peça recursal o Recorrente juntou comprovantes de transferências de sua conta bancária para a conta corrente da beneficiária Antonia César de Souza, no valor total de 30.000,00 (fls. 139/162). Nesse contexto, voto por dar provimento ao recurso para restabelecer dedução de despesa com pensão alimentícia no valor de R$ 30.000,00. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 168DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11618.720578/201113 Acórdão n.º 2801004.042 S2TE01 Fl. 169 4 Fl. 169DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
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Numero do processo: 18471.000404/2007-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2002, 2003
LANÇAMENTO REFLEXO.
Aplica-se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA.
Procedente o lançamento da infração que tornou indevida a compensação efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa.
Numero da decisão: 1102-001.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Alexandre dos Santos Linhares - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé.
Nome do relator: FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES
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camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2002, 2003 LANÇAMENTO REFLEXO. Aplica-se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. Procedente o lançamento da infração que tornou indevida a compensação efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Alexandre dos Santos Linhares - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 CUSTOS NÃO COMPROVADOS. A dedutibilidade dos dispêndios realizados a título de custos requer a prova documental hábil e idônea das respectivas operações e da necessidade às atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2002, 2003 LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. Procedente o lançamento da infração que tornou indevida a compensação efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso para negarlhe provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 04 04 /2 00 7- 05 Fl. 1903DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/200705 Acórdão n.º 1102001.095 S1C1T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) Francisco Alexandre dos Santos Linhares Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela 3ª Turma da DRJ/RJ1 contra acórdão que julgou procedente o lançamento tributário de IRPJ e CSLL gerado a partir da glosa de custos, conforme ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 CUSTOS NÃO COMPROVADOS. A dedutibilidade dos dispêndios realizados a título de custos requer a prova documental hábil e idônea das respectivas operações e da necessidade às atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2002, 2003 LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. Procedente o lançamento da infração que tornou indevida a compensação efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa. Lançamento procedente. Os Autos de Infração de fls. 1709 – 1718 foram lavrados e cientificados em 28/05/2007, de IRPJ no valor de R$ 626.608,17 referente ao anocalendário de 2002, e de Fl. 1904DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/200705 Acórdão n.º 1102001.095 S1C1T2 Fl. 4 3 CSLL no valor de R$ 279.212,88, referentes aos anoscalendário de 2002 e 2003, acrescidos de multa de 75% e de juros de mora, totalizando num crédito tributário de R$2.216.920,40 (fl. 2). Os lançamentos de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2002 decorreram em face de glosa de despesas não comprovadas, e compensação indevida de base de cálculo negativa de CSLL do anocalendário de 2003. Segundo a autoridade autuante no Termo de Verificação Fiscal (fls. 1705 – 1708: 1. A empresa foi intimada através do Termo de Intimação cuja ciência ocorreu em 18/05/2006, para que apresentasse contratos de prestação de serviços assinados, notas fiscais de serviços emitidas no anocalendário de 2002. Analisada a documentação apresentada pela empresa, ficou constatada ser esta insuficiente para a comprovação dos custos deduzidos, uma vez que não foram emitidas pelas empresas transportadoras contratadas (terceirizadas) e que não demonstraram a natureza das despesas, não identificaram os beneficiários, as quantidades e os valores das operações.[...] 2. Atendendo ao Termo de Intimação, a empresa apresentou transportes rodoviário, a granel de derivados líquidos de petróleo e de álcool, firmados pelos diversos transportadores contratados (agregados). Apresentou, também, diversos relatórios elaborados por ela própria (TLW), com cálculos para pagamentos de transportadores terceirizados (agregados) e diversas xerocópias de boletas de gastos diversos (restaurantes, combustíveis, etc), emitidos em seu nome (TLW). 3. Analisada a documentação apresentada pela empresa, ficou constatada ser esta insuficiente para a comprovação dos custos deduzidos, uma vez que não foram emitidas pelas empresas transportadoras contratadas (terceirizadas) e que não demonstraram a natureza das despesas, não identificaram os beneficiários, as cópias de alguns contratos de prestação de serviços de quantidades e os valores das operações. 4. Tendo em vista as dificuldades da empresa em comprovar os custos deduzidos com terceirizados (agregados), e procurando, ainda, a comprovação dos referidos custos, foram feitas intimações (circularização), através de MPF Extensivos, a diversos transportadores contratados, sendo selecionados os de valores de contratos mais significativos. [...] [...] 6. Uma vez que, para uma despesa ser dedutível, não basta provar apenas que foi contratada, assumida e paga, mas que corresponda a bens ou serviços efetivamente recebidos, foi a empresa novamente intimada através do Termo de Intimação cuja ciência ocorreu em 21/08/2006, a apresentar documentação hábil e idônea (notas fiscais, faturas, recibos, etc), coincidentes em datas e valores, emitidas pelos transportadores contratados (terceirizados/agregados), e que apresentasse, também, Fl. 1905DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/200705 Acórdão n.º 1102001.095 S1C1T2 Fl. 5 4 comprovantes de pagamentos pelos fretes contratados (cópias de cheques, recibos, boletos bancários, etc), que comprovasse a dedução do valor de R$11.979.494,40, deduzidos como custo com agregados. Foram concedidos novos prazos, em reuniões realizadas com representantes da empresa, com a finalidade de esclarecer e orientar, a fim de que esta fosse buscar junto aos transportadores terceirizados, documentação hábil e idônea, comprobatórias dos custos deduzidos. A empresa apresentou parte da documentação, que comprava parte dos custos deduzidos no valor total de R$6.423.948,9. [...] 8. Conforme demonstrado acima, somente parte do total do valor deduzido como custo operacional foi devidamente comprovado, deixando a empresa de comprovar com documentação hábil e idônea a efetividade doe serviços prestados no valor de R$5.555.546,63 (cinco milhões, quinhentos e cinquenta e cinco mil, quinhentos e quarenta e seis reais e sessenta e três centavos), uma vez que a documentação apresentada não demonstrou claramente a natureza das despesas, não identificou os beneficiários, a quantidades e os valores das operações. Infringiu a empresa os artigos 249, inciso I, 251 e parágrafo único, e 300, do RIR/99. 9. Tributação efetuada pela compensação indevida da base negativa da CSLL, de exercícios anteriores, realizada no ano calendário de 2003, no valor de R$107.457,83, em razão ter sido compensada em sua totalidade, através da redução da matéria tributada neste auto de infração. A recorrente apresentou, em 26/06/2007, a impugnação às fls. 1.781/1.817, alegando, em síntese, que: comprovou todos as despesas/custos que lançou em sua contabilidade; procedeu à subcontratação dos fretes, em nítido processo de terceirização, dentro da estrita legalidade; os pagamentos foram através de depósitos bancários (conforme documentação que esteve em poder do fisco) ou cheques (algumas cópias, a titulo de • exemplificação, foram, também, entregues à fiscalização); a fiscalização só aceitou como comprovantes as declarações expressas firmadas pelas empresas subcontratadas; o auto de infração fere o princípio da razoabilidade; a documentação apresentada à fiscalização foi mais do que idônea, comprovando que os valores podem ser objeto de Fl. 1906DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/200705 Acórdão n.º 1102001.095 S1C1T2 Fl. 6 5 dedução na apuração do IRPJ e da CSLL, conforme jurisprudência. Encerra apontando que houve prova da efetiva prestação dos serviços, bem como do pagamento, dentro dos requisitos da efetividade, necessidade, usualidade e normalidade, e protestando pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos. A DRJ negou provimento a impugnação por entender que apesar do contribuinte ter trazido provas aos autos não identificou qualquer documento que não tenha sido considerado pela fiscalização, de modo que não atendeu ao inciso III, do artigo 16, do Decreto 70.235/1972, com redação do artigo 1°, da Lei 8.748/1993, que determina que a impugnação apresentada deve necessariamente mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Contra o acórdão que julgou pela procedência do auto de infração, a recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 1879 – 1889), no qual alega a documentação apresentada é hábil e idônea suficiente para comprovação das despesas efetuadas, sem contudo trazer quaisquer provas novas ou relacionar e quantificar aquelas juntadas anteriormente que alega não ter sido considerada pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares Atendidos os pressupostos legais para interposição do recurso voluntário, tomo conhecimento dele. Analisando a matéria em epígrafe, entendemos por negar provimento ao recurso de voluntário da recorrente. Inicialmente, cumpre registrar que a contribuinte não contestou a aplicação compensação indevida de base de cálculo de CSLL no exercício de 2003 no presente caso, devendo ser considerada matéria não impugnada, nos termos do art. 17 do Decreto n° 70.235/72, razão pela qual deve ser mantido o lançamento correspondente. Como bem aduzido no acórdão de 1ª Instância, a dedutibilidade dos dispêndios realizados a título de custos requer a prova documental hábil e idônea das respectivas operações e do preenchimento dos requisitos legais. Tratase, portanto, de questão de prova documental. Embora alegue a recorrente que juntou mais de 10 mil documentos na fase de fiscalização, nada de novo trouxe na fase impugnatória e recursal, de maneira que, nesta atual fase caberia à recorrente ter demonstrado precisamente quais documentos por ela entregue não foram considerados pela fiscalização e comprovar sua idoneidade. Isso por que embora tenha o contribuinte juntado toda a documentação que dispunha, a fiscalização teve ainda o cuidado de proceder com circularizações para seus Fl. 1907DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/200705 Acórdão n.º 1102001.095 S1C1T2 Fl. 7 6 subcontratados no sentido de obter novas provas em favor do contribuinte, bem como atestar a idoneidade daquelas por ele (contribuinte) juntado. Vendo a insuficiência de provas após a circularização, a fiscalização reintimou novamente o contribuinte para que trouxesse mais provas a serem obtidas com seus subcontratados, tudo devidamente descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 1705 – 1708). Diante das provas das trazidas aos autos, a fiscalização totalizou o valor de R$6.423.948,90 de despesas e custos comprovados, abatendo do valor de R$11.979.494,40 constante da DIPJ 2003, resultando assim no valor de R$5.555.546,63 que a empresa teria deixado de comprovar com documentação hábil e idônea a efetividade dos serviços tomados. Desta forma, não comprovadas que as despesas glosadas pela fiscalização são necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, nos termos do art. 299 do RIR/99, não há como afastar o lançamento tributário. RIR/99 Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem Por estes motivos, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso voluntário interposto, mantendose na íntegra a decisão de 1ª instância. É como voto. (assinado digitalmente) Francisco Alexandre dos Santos Linhares Fl. 1908DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES
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Numero do processo: 15563.000685/2007-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2005
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EXPIRAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE NOVO MPF. POSSIBILIDADE.
A expiração do prazo do MPF não implica na nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da IN MPS/SRP nº 03/05.
ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE, INCONSTITUCIONALIDADE E OFENSAS A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de supostas ofensas a princípios constitucionais, salvo nos casos previstos no art. 103-A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF.
RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS - REPLEG. CARÁTER INFORMATIVO.
A indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais - REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de instrução do processo com função meramente indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, consoante Súmula nº 88 do CARF.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário.
Júlio César Vieira Gomes Presidente
Nereu Miguel Ribeiro Domingues Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2005 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EXPIRAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE NOVO MPF. POSSIBILIDADE. A expiração do prazo do MPF não implica na nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da IN MPS/SRP nº 03/05. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE, INCONSTITUCIONALIDADE E OFENSAS A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de supostas ofensas a princípios constitucionais, salvo nos casos previstos no art. 103-A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS - REPLEG. CARÁTER INFORMATIVO. A indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais - REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de instrução do processo com função meramente indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, consoante Súmula nº 88 do CARF. Recurso Voluntário Negado.
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EXPIRAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE NOVO MPF. POSSIBILIDADE. A expiração do prazo do MPF não implica na nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da IN MPS/SRP nº 03/05. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE, INCONSTITUCIONALIDADE E OFENSAS A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de supostas ofensas a princípios constitucionais, salvo nos casos previstos no art. 103A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS REPLEG. CARÁTER INFORMATIVO. A indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de instrução do processo com função meramente indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, consoante Súmula nº 88 do CARF. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 56 3. 00 06 85 /2 00 7- 71 Fl. 139DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. Júlio César Vieira Gomes – Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15563.000685/200771 Acórdão n.º 2402004.579 S2C4T2 Fl. 690 3 Relatório Tratase de auto de infração constituído em 16/11/2007, para exigência de multa por deixar a empresa de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições previdenciárias, apresentar documento ou livro que não atenda as formalidades legais exigidas ou que contenha informações diversas da realidade ou que omita a informação verdadeira, no período de 04/2001 a 04/2005, conforme descrito no Relatório Fiscal (fls. 24/27). O Recorrente apresentou impugnação ao lançamento (fls. 54/103) requerendo o seu cancelamento ante a sua insubsistência. A DRJ do Rio de Janeiro II/RJ julgou o lançamento procedente (fls. 106/113), sob os argumentos de que: (i) inexiste irregularidade no Mandado de Procedimento Fiscal, pelo fato de ter sido expirado o seu prazo e não ter ocorrido a constituição de qualquer crédito, não havendo que se falar em violação ao art. 587, § 1°, da Instrução Normativa MPS/SRP 03/2005; (ii) o contribuinte não impugnou qualquer elemento relacionado ao mérito da autuação, não demonstrando ser indevida a exigência dos documentos e nem mesmo informado se foram ou não apresentados à fiscalização; e (iii) a indicação de pessoas físicas como corresponsáveis pelo débito tem caráter meramente informativo, não tendo o condão de atribuir responsabilidade solidária nos termos do art. 135, do CTN. Intimado da decisão em 06/08/2008 (fl. 223), o Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 22/08/2008 (fls. 117/135), argumentando que: (i) houve violação ao art. 587, § 1° da Instrução Normativa MPS/SRP 03/05; (ii) a nulidade da multa aplicada por ofensa ao direito à propriedade, do nãoconfisco e da proporcionalidade, ou sua redução em razão do disposto no art. 106, II, do CTN c/c art. 108, IV; e (iii) a impossibilidade de inclusão de pessoas físicas como corresponsáveis, ante a inobservância dos requisitos estabelecidos no art. 135 do CTN c/c art. 13, da Lei n° 8.620/93. É o relatório. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES 4 Voto Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Relator Primeiramente, cabe mencionar que o presente recurso é tempestivo e preenche a todos os requisitos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Conforme descrito no Relatório Fiscal (fls. 24/27), o Recorrente deixou de exibir documento ou livro relacionado às contribuições previdenciárias, tais como livros razões, diários, plano de conta, entre outros. Assim, foi imposta multa com base no art. 283, II, “j”, do Regulamento da Previdência Social, e arts. 92 e 102, da Lei n° 8.212/91 c/c Portaria MPS n° 142/07. O Recorrente pontua que o Mandado de Procedimento Fiscal inicial foi expirado sem que houvesse a constituição de crédito tributário. Assim, defende que a lavratura do auto de infração com base em Mandado de Procedimento Fiscal expedido após a expiração do anterior, viola o art. 587, § 1° da Instrução Normativa MPS/SRP nº 03/05, ensejando a nulidade do lançamento. Segue abaixo trecho da referida norma: “Art. 587 . O MPF terá validade de até:( Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008 ) ( Revogado pela Instrução Normativa nº 971, de 13 de novembro de 2009 ) I cento e vinte dias, nos casos de MPFF e de MPFE; II sessenta dias, nos casos de MPFD e de MPFEx. § 1º A prorrogação do prazo de validade do MPF será formalizada mediante a emissão do MPFC, tantas vezes quantas necessárias, observados, em cada mandado, os limites estabelecidos no caput.” Entretanto, cumpre destacar que a expiração do prazo do MPF não implica a nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da IN MPS/SRP nº 03/05, in verbis: “Art. 589 . O MPF se extingue:( Revogado pela IN RFB nº 851, de 28 de maio de 2008 ) ( Revogado pela Instrução Normativa nº 971, de 13 de novembro de 2009 ) I pela conclusão do procedimento fiscal, com a emissão do Termo de Encerramento da AuditoriaFiscal TEAF; II pelo decurso dos prazos a que se refere o art. 587. Parágrafo único. A hipótese de que trata o inciso II do caput não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela emissão do mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal.” Fl. 142DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15563.000685/200771 Acórdão n.º 2402004.579 S2C4T2 Fl. 691 5 Desta forma, considerando que o MPF foi expedido para que o procedimento fiscal fosse concluído, conforme demonstrativo de fl. 17, não há que se falar em nulidade do lançamento por vícios no MPF. No que se refere à alegação do Recorrente de inconstitucionalidade da multa aplicada por ofensa aos princípios constitucionais do direito à propriedade, do nãoconfisco e da proporcionalidade, temse que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para afastar a aplicação da lei com base em arguições de supostas ilegalidades/inconstitucionalidades, salvo nos casos previstos no art. 103A da CF/88 e no art. 62 do RICARF, razão pela qual a pretensão não pode ser acatada neste ponto. Também não há que se falar na aplicação ao caso da retroatividade da norma mais benéfica, prevista no art. 106, II, “c”, do CTN, pois, na realidade, não houve inovação normativa no que se refere à penalidade aplicada com base no art. 92 da Lei nº 8.212/91. Por fim, a indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais – REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de instrução do processo com função meramente indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, mas que não tem o condão de atribuir a responsabilidade tributária de terceiros prevista no art. 135 do CTN. Nesse sentido, destacase a Súmula nº 88 do CARF: “Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.” Não há, assim, que se falar na atribuição indevida de responsabilidade aos sócios e, consequentemente, na infração ao disposto no art. 135 do CTN. Diante do exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para NEGAR LHE PROVIMENTO. É o voto. Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES
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Numero do processo: 13897.000547/2004-41
Turma: Terceira Turma Especial
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ADE. ARGÜIÇÃO DE VIOLAÇÃO DA AMPLA DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Cabe à pessoa jurídica a verificação da inocorrência de qualquer das hipóteses de vedação à opção pelo SIMPLES, previstas na lei que rege o regime favorecido, razão pela qual descabe a argüição de ausência no ADE de informações acerca do percentual de participação do sócio no capital social de outra empresa e da receita bruta global das empresas das quais o sócio participa. Porquanto tais informações devem, obrigatoriamente, ser do conhecimento prévio da pessoa jurídica, sendo indispensáveis para o seu ingresso no SIMPLES.
O direito de o Fisco verificar o efetivo cumprimento dos requisitos necessários ao ingresso da pessoa jurídica na sistemática do SIMPLES somente se extingue após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador.
VEDAÇÃO À OPÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE REQUISITOS ESSENCIAIS. EXCLUSÃO.
Mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas, é vedada a opção da pessoa jurídica pelo SIMPLES se na data de ingresso no regime tal participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas empresas excedia o limite legal previsto na legislação de regência.
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Numero da decisão: 3803-000.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF).
Participaram do presente julgamento os conselheiros Anelise Daudt Prieto (Presidente), Jorge Higashino, André Luiz Bonat Cordeiro e Régis Xavier Holanda.
Nome do relator: Francisco José Barroso Rios
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ADE. ARGÜIÇÃO DE VIOLAÇÃO DA AMPLA DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. Cabe à pessoa jurídica a verificação da inocorrência de qualquer das hipóteses de vedação à opção pelo SIMPLES, previstas na lei que rege o regime favorecido, razão pela qual descabe a argüição de ausência no ADE de informações acerca do percentual de participação do sócio no capital social de outra empresa e da receita bruta global das empresas das quais o sócio participa. Porquanto tais informações devem, obrigatoriamente, ser do conhecimento prévio da pessoa jurídica, sendo indispensáveis para o seu ingresso no SIMPLES. O direito de o Fisco verificar o efetivo cumprimento dos requisitos necessários ao ingresso da pessoa jurídica na sistemática do SIMPLES somente se extingue após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador. VEDAÇÃO À OPÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE REQUISITOS ESSENCIAIS. EXCLUSÃO. Mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas, é vedada a opção da pessoa jurídica pelo SIMPLES se na data de ingresso no regime tal participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas empresas excedia o limite legal previsto na legislação de regência. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 7. 00 05 47 /2 00 4- 41 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim – Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF). Participaram do presente julgamento os conselheiros Anelise Daudt Prieto (Presidente), Jorge Higashino, André Luiz Bonat Cordeiro e Régis Xavier Holanda. Relatório Preliminarmente, ressalto que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, fui designado como redator ad hoc (fls. 130), para formalização do respectivo Acórdão, considerando a inexistência de relatório ou de qualquer outra memória concernente ao julgamento em tela. Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 1ª Turma da DRJ de Campinas – SP (fls. 65/68 do processo eletrônico), que por unanimidade de votos, decidiu por INDEFERIR a solicitação, para confirmar a exclusão da Recorrente do SIMPLES. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o processo de manifestação de inconformidade contra o indeferimento de sua Solicitação de Revisão de Exclusão da Opção pelo Simples (SRS fl. 44). 0 contribuinte foi excluído por meio do Ato Declaratório de Exclusão (ADE) n° 561.290, de 02 de agosto de 2004 (fl. 04), pelo motivo "sócio ou titular participar de outra empresa com mais de 10% do capital social e a receita bruta global no anocalendário de 2000 ultrapassou o limite legal. CPF 151.234.53857; CNPJ 02.654.979/000147". A Delegacia da Receita Federal em Taboão da Serra indeferiu a SRS do contribuinte (fl. 44verso), por ter se confirmado a situação excludente nas pesquisas efetuadas nos sistemas da SRF. Aquela DRF esclareceu ao contribuinte o motivo da exclusão, tendo em vista sua SRS ter versado somente sobre o faturamento do anocalendário 2000. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13897.000547/200441 Acórdão n.º 3803000.070 S3TE03 Fl. 132 3 Cientificado dessa decisão em 10/11/2004 (fl. 43), o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 16/11/2004 (fls. 01/40), alegando que: • Em que pese o motivo da exclusão ter ocorrido em 31/12/2000, continuou a adotar os procedimentos da sistemática simplificada, acreditando não haver restrições, pois não se pronunciou a autoridade fiscal; • A exclusão do Simples em 2004 consiste em violação dos princípios do ato jurídico perfeito e do direito adquirido, pois a reversão dos procedimentos adotados nos anos de 2001 a 2003 lhe causará prejuízos de difícil reparação; • O Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 16 de 2002 dispõe sobre a intenção inequívoca de aderir ao Simples, tal como sempre procedeu ao contribuinte, nunca deixando de cumprir suas obrigações. Os argumentos aduzidos pelo Recorrente, no entanto, não foram conhecidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE – SIMPLES Anocalendário: 2002 OPÇÃO. REVISÃO. EXCLUSÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE. A opção pela sistemática do Simples é ato do contribuinte sujeito a condições e passível de fiscalização posterior. A exclusão com efeitos retroativos, quando verificado que o contribuinte incluiuse indevidamente no sistema, é admitida pela legislação. Solicitação Indeferida Cientificada da referida decisão em 14/05/2007 (fl. 71), a Recorrente, em 12/06/2007 (fl. 72), tempestivamente portanto, apresentou o recurso voluntário de fls. 72/88, com as alegações resumidamente abaixo transcritas: Dos Fatos A Recorrente optou pelo SIMPLES, em 1° de janeiro de 2000, e a partir da referida data vem cumprindo com todas as suas obrigações de natureza fiscal. Que foi excluído do Sistema por meio do Ato Declaratório de Exclusão ADE n° 561.290, de 02 de agosto de 2004, pelo motivo "sócio ou titular participar de outra empresa coin mais de 10% do capital e a receita bruta global no anocalendário de 2000 Fl. 133DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 ultrapassar o limite legal, CP17 151.234.53857 e CNPJ 02.654.979/000147”, de cuja exclusão só tomou a Requerente ciência em 16/11/2004. Exclusão essa com data RETROATIVA a 10 de Janeiro de 2000. Das Receitas efetivadas pela Recorrente É de mister consignar que no ano calendário de 2000, a Recorrente teve uma Receita Bruta que somados a participação de um dos sócio em outra empresa efetivamente ultrapassara o limite previsto, portanto, correta esta essa exclusão. Efetua a demonstração de seu faturamento no ano calendário de 2000. É de suma importância frisar, que muito embora tenha a Recorrente ultrapassado o limite no Ano Calendário de 2000, porém, nos anoscalendários seguintes, a mesma preenchia perfeitamente os requisitos legais para a continuação de sua inclusão no Regime do SIMPLES, pois, sua receita anual foram as seguintes: (segue demonstrações de 2001 a 2006). Segue argumentando sobre as definições Constitucionais e legais do que seria a definição de empresa de Pequeno Porte, discorre sobre o Estatuto da Micro Empresa e da criação do SIMPLES, concluindo que duas Leis, se definiram o que se entende por micro empresa e empresa de pequeno porte, nos termos do art. 179, da Constituição Federal. Ressalta que o presente PAF, cujo Acórdão ora se recorre, iniciouse em 02/08/2004, o qual no teve o desfecho definitivo até a presente data, ou seja, não transitou em julgado, logo se a Recorrente não preencheu os requisitos legais no que tange a opção do "SIMPLES" somente no anocalendário de 2000, sendo que os efeitos da exclusão somente ocorrerão a partir de 01/01/2002, e em face de sua receita ter ultrapassado limite de R$ 1.200.000,00, a sua EXCLUSÃO só se faz necessário nesse anocalendário de 2001. Por outro prisma, tendo em vista que a sua receita referente aos anos calendários: 2002; 2003; 2004; 2005; 2006, foram inferiores aos valor de R$ 1.200.000,00, a Recorrente entende continuar fazendo jus ao benefício do "SIMPLES", isto porquê, a mesma preenche os requisitos das duas Leis nºs: 9.317/96 e 9841/99, e art. 170 e 179, da CF, que definiram o que se entende por Micro Empresa e Empresa de Pequeno Porte. Do Pedido Requer que seja acolhido o presente recurso no sentido de permanecer a Recorrente como optante pelo Regime do "SIMPLES" nos anoscalendários de 2002; 2003; 2004; 2005; 2006 e 2007, porque suas receitas não ultrapassaram os limites previstos em Lei, excluindose tão somente o anocalendário de 2000, o qual efetivamente ultrapassou o limite de R$ 1.200.000,00. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 130), uma vez que o conselheiro relator Jorge Higashino, não mais compõe este colegiado, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13897.000547/200441 Acórdão n.º 3803000.070 S3TE03 Fl. 133 5 1) Admissibilidade do recurso O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72. Razão pela qual, dele conheço. 2) Do mérito Notase que a Recorrente não se insurge sobre a hipótese de vedação/exclusão do Simples apontada no Ato Declaratório, limitandose a questionar os efeitos de sua exclusão do Sistema, aduzindo ter demonstrado intenção inequívoca em aderir. Admite que no ano calendário de 2000, teve uma Receita Bruta que somados a participação de um dos sócio em outra empresa efetivamente ultrapassara o limite previsto, portanto, correta esta essa exclusão. Efetua a demonstração de seu faturamento no ano calendário de 2000. Ressalta que muito embora tenha ultrapassado o limite no anocalendário de 2000, porém, nos anoscalendários seguintes, a mesma preenchia perfeitamente os requisitos legais para a continuação de sua inclusão no Regime do SIMPLES, pois, sua receita anual foram as seguintes: (segue demonstrações de 2001 a 2006). Pois bem. Conforme muito bem pontuado pela decisão recorrida, as disposições do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 16 de 2002 aplicamse aos casos de o contribuinte não constar como optante pelo SIMPLES em razão de erro de fato quando de sua opção, situação em que, vislumbrada a intenção de optar, através de pagamentos e declarações naquela sistemática, e não incidindo em hipóteses de vedação à opção, admitese a regularização cadastral do contribuinte para "optante pelo SIMPLES". Destarte, em nada se aplica ao caso em tela, em que o contribuinte era formalmente optante, e foi excluído por incidir em vedação legal. O referido Acórdão segue consignando que: (...) No que tange a alegação de ter direito adquirido à permanecer no Simples, face ao pronunciamento tardio da autoridade fiscal sobre a situação excludente, improcedentes as alegações do contribuinte, em decorrência das próprias disposições da Lei n° 9.317/96. 0 fato de a contribuinte ter efetuado opção, sem que houvesse manifestação do Fisco já naquele momento, não impede a apreciação posterior da legalidade daquele ato, haja vista que essa opção é faculdade da própria contribuinte, que a exerce se e quando o quiser, sujeitandose, apenas, à fiscalização posterior da Receita Federal, tendente a verificar a regularidade da opção, uma vez que somente os contribuintes que atendam as condições previstas na lei podem exercer esse direito. Portanto, quando o Fisco apura que a empresa optou indevidamente pelo regime simplificado pode, e deve, excluílo de tal sistemática. Assim, apenas nesse momento, e não antes, a Receita Federal praticará ato comunicando o contribuinte da irregularidade que cometeu, que é exatamente o ato de exclusão de que trata este processo. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Quanto aos efeitos da exclusão da sistemática do Simples, sobreleva lembrar que o art. 73, da Medida Provisória n° 215834, de 27/07/2001, convalidada pela MP 2.158/35, de 24/08/2001, ainda vigente por força da Emenda Constitucional n° 32, alterou a redação do art. 15 da Lei n° 9.317, de 1996, passando a haver autorização legislativa para que a exclusão se de com efeitos retroativos a data da situação excludente, conforme se constata de seus termos: Art. 73 0 inciso II do art. 15 da Lei n° 9.317, de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: II — a partir do mês subseqüente ao que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XIX do art. 9 0; Estribado nesse dispositivo legal, o art. 24 da Instrução Normativa SRF n° 250, de 2002, repetido pelo art. 24 da Instrução Normativa n° 355, de 2003, e pelo artigo 24 da Instrução Normativa n° 608, de 2006, dispôs que: A exclusão do Simples nas condições de que tratam os arts. 22 e 23 surtirá efeito: a partir do anocalendário subseqüente, na hipótese de que trata o inciso Ido art. 22; a partir do mês subseqüente aquele em que incorrida a situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a XVIII do art.20; III a partir do inicio de atividade da pessoa jurídica, na hipótese prevista no parágrafo 2° do art. 3'; VI (...) Parágrafo único. Para as pessoas jurídicas enquadradas nas hipóteses dos incisos III a XVII do art. 20, que tenham optado pelo Simples até 27 de julho de 2001, o efeito da exclusão darseá a partir: I do mês seguinte aquele em que se proceder a exclusão, quando efetuada em 2001; II de 12 de janeiro de 2002, quando a situação excludente tiver ocorrido até 31 de dezembro de 2001 e a exclusão for efetuada a partir de 2002. (destaque acrescido) Constatase, portanto, que as aludidas instruções normativas, ao fixarem a data de inicio dos efeitos da exclusão, bem conjugaram as disposições da Medida Provisória n°2.15834, de 2001, que passou a autorizar a exclusão com efeitos retroativos, com a previsão do art. 2° da Lei n° 9.784, de 1.999, que determina à Administração a observância do principio da segurança jurídica. Nem se diga que estaria ocorrendo aplicação retroativa de nova interpretação, o que também é vedado â Fl. 136DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13897.000547/200441 Acórdão n.º 3803000.070 S3TE03 Fl. 134 7 Administração, pelo inciso XIII do citado art. 2° da Lei n° 9.784, de 1999, haja vista que as atividades da contribuinte impediam o seu ingresso na sistemática do Simples, tendo ela, contribuinte, efetuado a opção por sua conta e risco e, portanto, sujeita â fiscalização posterior. Assim, diferentemente do que acredita o contribuinte, embora a situação excludente tenha se dado no ano calendário 2000, os efeitos da exclusão somente ocorrerão a partir de 01/01/2002. Portanto, mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas, é vedada a opção da pessoa jurídica pelo SIMPLES se na data de ingresso no regime tal participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas empresas excedia o limite legal previsto na legislação de regência. Como visto, estáse diante, pois, de hipótese de vedação à opção, tendo em vista que seu ingresso deuse de modo irregular. Logo, impõese sua exclusão desta sistemática. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao presente Recurso Voluntário, com a conseqüente confirmação do Ato Declaratório de exclusão do SIMPLES, mantendose integralmente os termos da decisão recorrida. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc Fl. 137DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Fl. 138DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10166.728246/2011-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 07 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1402-000.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termo do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente
(assinado digitalmente)
FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Cristiane Silva Costa, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez.
Relatório
CONSTRUTORA VILLELA E CARVALHO LTDA recorre a este Conselho em face do acórdão nº 03-48.322 proferido pela 2ª Turma da DRJ em Brasília que julgou procedente em parte a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF).
Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementando-o ao final:
Em 22/11/2011, foram lavrados contra o interessado os Autos de Infração do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, atinentes aos anos-calendário de 2007 e 2008, cujo crédito tributário lançado de ofício perfaz o montante de R$15.420.725,89, assim discriminados por exação fiscal:
Auto de Infração do IRPJ (fls. 003/018)
Imposto
Juros de Mora (calculados até 31/10/2011)
Multa Proporcional (75%)
Total
R$3.795.611,65
R$1.307.510,11
R$2.846.708,72
R$7.949.830,48
Infrações
Ano-Calendário
Enquadramento Legal
Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada
2007, 2008
Arts. 25 e 42 da Lei nº 9.430/96; Art. 528 do RIR/99
Os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins encontram-se consolidados nos autos de infração a seguir:
Auto de Infração do PIS/Pasep (fls. 019/030)
Tributo
Juros de Mora (calculados até 31/10/2011)
Multa Proporcional (75%)
Total
R$469.055,30
R$168.825,23
R$351.791,39
R$989.671,92
Auto de Infração da Cofins (fls. 031/041)
Tributo
Juros de Mora (calculados até 31/10/2011)
Multa Proporcional (75%)
Total
R$2.164.871,05
R$779.193,81
R$1.623.653,19
R$4.567.718,05
Auto de Infração da CSLL (fls. 42/55)
Tributo
Juros de Mora (calculados até 31/10/2011)
Multa Proporcional (75%)
Total
R$915.752,79
R$310.938,08
R$686.814,57
R$1.913.505,44
Foi iniciada ação fiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 01.1.01.00-2010-00437-5, para o exame da apuração do IRPJ e reflexos referente aos anos-calendário de 2007 e 2008.
Por ocasião do termo de início de fiscalização foi intimada a contribuinte a apresentar os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos bancários de contas correntes, poupança e aplicações financeiras, em papel e meio magnético, no Banco do Brasil S/A, BRB Banco de Brasilia S/A, Caixa Econômica Federal, Banco Industrial e Comercial, Banco ABN AMRO Real S/A, Banco Safra, Banco Itaubank S/A Unibanco - União de Bancos Brasileiros S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Santander (Brasil) S/A, e os atos constitutivos da pessoa jurídica.
Após solicitar prorrogações para cumprir as exigências, a fiscalizada apresentou os extratos bancários solicitados em papel.
Nesse contexto, foi novamente intimada a contribuinte a apresentar as informações relativas à sua movimentação financeira em meio magnético.
Diante da impossibilidade apresentada pela contribuinte em disponibilizar a documentação requerida por meio magnético, a Fiscalização intimou os bancos, por meio de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF), a fornecer as informações.
Em paralelo, foi intimada a contribuinte a apresentar: (a) os contratos em que a empresa participou na condição de sócia ostensiva ou recebeu lucros/valores, decorrentes da participação em Sociedades em Conta de Participação-SCP; (b) a contabilidade, em meio magnético das SCPs em que a fiscalizada participou em contratos na condição de sócia ostensiva; (c) os documentos relativos às receitas, despesas e custos das SCPs, em meio magnético ou razão analítico; (d) os balancetes referentes às apurações de resultado das SCP; e a elaborar demonstrativos analíticos, consolidando os dados consignados nas DCTFs, de forma a permitir que fossem efetuadas as devidas conciliações com os registros constantes do Livro Diário. Ainda, esclarecer o regime forma de tributação das SCPs objeto dos contratos formalizados e informar em quais rubricas da fiscalizada procedeu-se a inclusão das receitas/resultados decorrentes das participações em SCP, destacando ainda em quais linhas/quadros foram consignados tais valores nas respectivas DIPJ.
Diante da análise da documentação apresentada, a Fiscalização, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 003, intimou a contribuinte a comprovar a origem dos créditos efetuados nos anos-calendário de 2007 e 2008 acompanhada da documentação probatório dos valores que não representam receitas tributáveis, no prazo de vinte dias.
Em 18/10/2011, após a análise da documentação probatória apresentada pela fiscalizada em resposta à intimação fiscal, a autoridade tributária consolidou demonstrativo no qual foram identificados depósitos bancários que não tiveram a origem dos recursos comprovada mediante documentação hábil e idônea. Nesse sentido, foram efetuados os lançamentos de ofício, no qual foi identificada a ocorrência da infração presunção de omissão de receitas, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996.
Cientificada dos lançamentos, em 22/11/2011 (Ciência do Sujeito Passivo nos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), a interessada apresentou a impugnação de fls. 2340/2410, em 21/12/2011, cujas razões encontram-se sintetizadas a seguir.
Dos Fatos. A Impugnante é pessoa jurídica de direito privado, tendo como objeto social, previsto em seus atos constitutivos e alterações posteriores, a construção e incorporação de imóveis, bem assim a participação em empreendimentos relacionados a essas atividades. O foco principal das atividades da empresa, nos últimos anos, tem sido a modalidade de "incorporação de imóveis",-na qual atua isoladamente ou, com freqüência, em parceria com outros investidores, por intermédio de sociedades em conta de participação (SCP) ou de sociedades de propósito específico (SPE).
Nesta impugnação, demonstrar-se-á de forma inequívoca que o lançamento de ofício, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, nos moldes em que efetuado, não merece prosperar, haja vista os vícios de natureza material que contaminam todo o feito. De outro lado, a Impugnante apresentará, na peça de defesa, a documentação necessária à comprovação da origem dos créditos apurados em suas contas-correntes, demonstrando, desse modo, ser ilegítima a acusação quanto à omissão de receitas, mediante robustos elementos probatórios que infirmam a pretensão fazendária.
Do Direito. Da Preliminar. Da Inconstitucional Quebra do Sigilo Bancário da Impugnante. No caso concreto ocorreu quebra administrativa do sigilo bancário da Impugnante. Observe-se que não se discute a legalidade da quebra de sigilo bancário mediante determinação pelo Poder Judiciário, com prévia ciência da pessoa investigada.
Após a promulgação da Carta de 1988, o entendimento da jurisprudência pátria sempre foi no sentido de assegurar o direito ao sigilo bancário, com exceção da quebra autorizada por decisão judicial.
Contudo, após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, a Receita Federal entendeu ter adquirido franquia absoluta aos dados bancários dos contribuintes, mediante contato direto com as instituições financeiras, por meio do "RMF - Requisição de Movimentação Financeira. A quebra do sigilo bancário, que seria medida excepcional, tornou-se trivial, pleiteada indiscriminadamente pelos auditores fiscais e autorizada de forma automática, pelos Delegados e demais autoridades superiores fazendárias.
Na presente autuação, quando instaurado o procedimento fiscal contra a ora Impugnante, logo no início e sem maiores explicações, as autoridades administrativas determinaram-lhe que a empresa apresentasse seus extratos bancários referentes aos anos de 2007 e 2008. A intimação tinha por fim, em verdade, emprestar uma aparência de legalidade ao procedimento - simulando uma entrega "espontânea", pela Fiscalizada, dos seus extratos bancários aos Autuantes.
Note-se que, no Termo de Início de Fiscalização em foco, a requisição dos dados bancários é determinada sem qualquer alusão à aplicação do art. 42 da Lei n° 9.430/1996, mas contém advertências à Fiscalizada, indicando-lhe as penalidades e crimes que lhe poderiam ser imputados, caso não fossem abertos os dados bancários.
Essa linha de trabalho se assemelha a procedimentos adotados nos períodos mais negros da história do Brasil, em que os detentores do Poder, escudados supostamente em "leis" arbitrariamente redigidas e manipuladas por eles mesmos, perpetravam as maiores e inomináveis violências contra cidadãos indefesos, em manifestação de autoritarismo intolerável ao Estado Democrático de Direito. Implausível, portanto, que a Impugnante, na condição de Fiscalizada, tenha "espontaneamente" franqueado seus dados bancários à Receita Federal. Se assim procedeu, foi em razão do exercício do poder COERCITIVO da Fiscalização.
Não satisfeitos, porém, os Fiscais assumem, às fls. 14 do processo que, louvando-se no art. 6° da LC n.° 105/2001, regulamentado pelo Decreto n.° 3.724/2001. quebraram o sigilo bancário da Impugnante, tendo emitido Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira -RMF, às instituições financeiras junto às quais aquela mantém contas correntes e investimentos.
A origem dessa violência jurídica remonta ao início de 2001. A época, o Governo Federal, utilizando-se do seu "rolo compressor" no Congresso Nacional, conseguiu aprovar a Lei Complementar n° l05 cujo art. 6º autoriza a quebra administrativa do sigilo bancário, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso.
Todo esse aparato legislativo destinava-se a conferir eficácia ao famigerado artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que definiu odiosa presunção legal de omissão de receita a partir de depósitos bancários "não comprovados com documentação hábil e idônea", pura e simplesmente, deturpando de forma brutal o conceito de renda. Do ponto de vista prático, ditas normas literalmente extinguiram o sigilo bancário no Brasil.
Felizmente, o Supremo Tribunal Federal - guardião da nossa Carta Magna - começa a reagir contra esta aberração, como se pode observar em recente decisão proferida no STF, pelo Tribunal Pleno, no RE 389808, tendo como Relator o Ministro MARCO AURÉLIO.
Portanto, deve ser extinto o crédito tributário, vez que o lançamento de ofício representa ofensa á segurança jurídica e violar preceptivos constitucionais.
Do Mérito. Não pode a Impugnante acatar a absurda imputação da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em total dissonância ao conceito de renda definido e interpretado pela mais abalizada doutrina e pela jurisprudência, bem como utilizado expressamente na Constituição Federal. A autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por presunção simples, optou em constituir crédito tributário contra a Impugnante com base em depósitos bancários.
O Conceito Tributário de Renda. A Constituição e o CTN determinam que nem tudo aquilo que seja rotulado de "renda" poderá ser objeto de incidência tributária, mas unicamente o fato que se amolde à hipótese prevista em lei - princípio da reserva legal.
Em regra, o CTN delineou como hipótese de incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza a disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza, que represente acréscimo patrimonial.
Por sua vez, o art. 110 do CTN estatui que "a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa e implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias".
O fato é que, como regra geral, a Constituição Federal utilizou o conceito de renda e proventos como acréscimo patrimonial, como renda líquida ou lucro líquido, nos termos da lei comercial. Então, não há que se falar que o Fisco pode estabelecer, como faz in casu, o conceito de renda tributável para atingir depósitos bancários, sem fazer qualquer distinção e tributando inclusive aqueles que representam simples transferência de quantias já oferecidas à tributação, o que caracteriza explícito bis in idem. Ou seja, inobstante a Contribuinte não ter auferido qualquer acréscimo tipificador de renda, ainda assim o Fisco irá tributar duas vezes, uma quando de fato se obteve a renda, outra simplesmente pelo mero trânsito do recurso em conta bancária.
E verdade que o artigo 43 do CTN foi alterado pela Lei Complementar 104/2001, para dar abertura proposital ao elastecimento do conceito de renda, porém, permanece o freio previsto na Constituição Federal.
Noé Winkler leciona que "a base impositiva vigente, da renda, não inclui valores patrimoniais (capital), mas os seus frutos, e bem assim os rendimentos do trabalho, ou da combinação de ambos, auferidos num período de tempo. Também não se computam os acréscimos patrimoniais por doações, heranças e legados, e sim os rendimentos que possam produzir. Na inclusão, como proventos, dos acréscimos patrimoniais sem correspondência com os rendimentos declarados, não se tributam esses acréscimos, mas sim, por presunção, os rendimentos não declarados que lhes deram origem".
E continua o renomado Ex-Diretor da Divisão de Imposto deRendada Secretaria da Receita Federal dizendo que nos "moldes constitucionais, a capacidade contributiva, na tributação da renda, o suporte não é o que possui, mas o que se sanha. O patrimônio riqueza num determinado momento (fruto da renda acumulada), como corolário dessa capacidade, sob outro enfoque, pode pertencer a esfera de outro Poder Tributante - o Município, por exemplo, no caso de propriedade predial e territorial urbana."
Há que se observar que o imposto de renda não incidirá diretamente sobre essa renda obtida. O legislador ordinário, ao estipular a base de cálculo do imposto, permite a dedução de despesas necessárias à percepção da mesma. São aquelas despesas que incorrem para a obtenção daquela renda. A alíquota do imposto irá incidir sobre uma base de cálculo, considerada uma renda líquida (e não, total como ocorre in casu), isto é, aquela despida das despesas e deduções que o legislador ordinário permitiu obter.
Assim, se o contribuinte trabalha com compra e venda de veículos, não há que se falar em renda como o valor recebido pelo carro vendido, mas, sim, a diferença entre aquele pago e recebido pelo contribuinte. Exemplificando: Se o contribuinte comprou um veículo no valor de R$50.000,00 e o vendeu por R$53.000,00, o imposto não deverá NUNCA incidir sobre os R$ 53.000,00 recebidos, porém sobre a diferença entre o preço vendido (R$53.000,00) e o anteriormente pago (R$50.000,00), ou seja, apenas sobre o importe de R$3.000,00.
O caso ora examinado é o mesmo de uma montadora de veículos que ao "vender" para a concessionária se veja obrigada a pagar como Imposto de Renda o valor total constante da Nota Fiscal e não aquele diminuído das deduções legais. A base de cálculo do imposto de renda resulta de procedimento complexo, integrada que é por ingressos e saídas de recursos, acréscimos e decréscimos no valor intrínseco de bens, tudo computado dentro de certo período.
O método de apuração baseado apenas em extrato bancários e no fluxo de emissão de cheques (depósitos e movimentação de cheques) não oferece adequação técnica e consistência material de ordem a afastar a conjectura de simples presunção.
O que o Fisco está fazendo com este auto de infração é simplesmente tributar depósitos bancários como se os mesmos, por si sós, fossem espécie de "rendimento omitido". Desconsidera o Fisco que o Imposto sobre a Renda apenas incide sobre o ganho patrimonial resultante de confronto entre elementos (ingressos e saídas) verificados ao longo de um determinado período, é elastecer o conceito de renda, o que certamente será considerado ilegal e inconstitucional. Utilizar-se dos extratos bancários como se cada depósito pudesse ser considerado verdadeiro lucro líquido é tratar os iguais desigualmente ou os desiguais igualmente (artigo 150, II da CF) e ainda utilizar o Imposto de Renda como meio de confisco (violando o artigo 150, IV da CF/88), pois se estará cobrando 25% (vinte e cinco por cento) em relação a meros depósitos bancários e não sobre a renda, conforme determina a Constituição Federal.
Requer a Impugnante, portanto, o cancelamento do lançamento efetuado.
Da Indevida Aplicação da Presunção Estabelecida no Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. A Fiscalização aplicou a presunção legal de maneira precipitada e abusiva, valendo-se apenas e tão-somente dos extratos bancários da Impugnante. Apesar de terem pedido e recebido os livros Diário e Razão da empresa, os auditores fiscais deles não se utilizaram, não investigaram nada e não realizaram qualquer trabalho de pesquisa e análise dos registros contábeis. Ou seja, simplesmente consideraram que os depósitos bancários não tinham a origem comprovada.
A presunção do Fisco de que todos os depósitos efetuados na conta corrente da Contribuinte são efetivamente RECEITA/RENDA, não pode nem deve prevalecer, sob pena de se violar o artigo V, incisos X e XII da Constituição Federal (quebra do sigilo bancário sem a correspondente ordem judicial autorizativa), o artigo 150, II da CF (tratar desigualmente os iguais ou igualmente os desiguais - dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente) e o artigo 150, IV da CF (utilizar tributo com efeito de confisco).
Sobre a premissa utilizada como fundamento pela Fiscalização para lançar o IRPJ com base na presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96, lembra a Impugnante que a interpretação da legislação tributária se verifica de forma peculiar. Na dúvida em face de circunstâncias materiais do fato, impõe-se a observância do disposto no artigo 112 do CTN, que dispõe que a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:, na hipótese do inc. II, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos.
Ou seja, conclui-se que no Direito Tributário também prevalece o princípio de que, na dúvida, se deve interpretar em favor do réu, inclusive em conseqüência do princípio da estrita legalidade, que não admite dúvida sobre o perfeito enquadramento do conceito do fato ao conceito da norma.
No direito tributário, o que importa são as provas materiais, válidas e objetivas, sendo que as presunções não só têm que estar autorizadas por lei, como também não podem ultrapassar os limites impostos pelo Código Tributário Nacional quanto aos contornos materiais do fato gerador da obrigação tributária e dos elementos constitutivos que a caracterizam.
No caso concreto, as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente dos lançamentos em conta bancária, para considerar todo e qualquer valor como "renda líquida tributável". De forma absolutamente tendenciosa, sem qualquer respaldo fático que corroborasse o acréscimo caracterizador da renda, o Fiscal acabou por enquadrar os meros depósitos como omissão de receita.
Na empresa em tela, as receitas da suas atividades estão devidamente registradas na contabilidade, não procedendo, então, qualquer suspeita de evasão fiscal contra a Impugnante.
Não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco, atribuída à Contribuinte.
Da Impossibilidade de Inversão do Ônus da Prova. Mesmo nas hipóteses de quebra de sigilo bancário, exige-se, para a lavratura do auto de infração, que o Fisco comprove a omissão de receita, isto é, inadmissível a inversão do ônus probatório, no sentido de que o contribuinte deve provar a inocorrência da citada omissão. Na realidade, cabe à Administração Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto e, repita-se, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos.
Vale citar o artigo "Imposto de Renda - Quebra de Sigilo Bancário e Omissão de Rendas e Rendimentos" do Professor Edmar Oliveira Andrade Filho, Doutor em Direito, publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, n° 70, de julho de 2001: " São inúmeras as circunstâncias fáticas jurídicas que podem revelar indícios de omissão de receitas, mas, em qualquer caso, a exaustiva investigação é necessária e imprescindível. Só os autos de infração bem fundamentados podem resguardar o interesse da Fazenda e propiciar a concretização do princípio constitucional que garante o contraditório e a ampla defesa, na forma do item LV do art. 5° da Constituição Federal. (...) A fiscalização deve apresentar provas sobre a natureza da eventual receita omitida. Assim, se os indícios indicarem que houve omissão de receitas decorrentes da venda de bens ou serviços, cabe à autoridade fiscalizadora provar quem teria sido o adquirente dos bens ou tomador dos serviços eventualmente prestados. Em caso de indícios de suprimento de numerário sem origem, é exigível que sejam reunidas provas sobre as pessoas que tenham feito esses suprimentos e a que título jurídico. Quando esses requisitos não são observados o Conselho de Contribuintes tem determinado a anulação do procedimento fiscal."
Dessa forma, é de se concluir que, não tendo, a fiscalização, colhido os efetivos meios de prova para a verificação da alegada omissão de receitas, os dados decorrentes da quebra do sigilo bancário da empresa não representam elementos bastantes a justificar a lavratura dos autos de infração ora combatidos, motivo pelo qual há que ser reconhecida a improcedência do feito.
Da Origem e Comprovação da Regularidade dos Depósitos Bancários. A Impugnante anexa a esta peça de defesa planilhas e cópias de centenas de documentos, visando à comprovação da origem dos depósitos em suas contas bancárias.
Em síntese, os depósitos referem-se às seguintes operações:
a) Transferências entre empresas interligadas. Pelo fato de a Impugnante realizar diversos empreendimentos de incorporação imobiliária mediante constituição de SCPs e SPEs (sociedades de propósito específico), a ela interligadas, em razão do ramo de atividades e de mesmos sócios, diversos depósitos bancários justificam-se como transferência de numerário entre as empresas.
b) Transferências entre contas correntes diversas, da mesma empresa. São transferências entre contas correntes de mesma titularidade do Impugnante, em bancos diferentes, ou entre agências diversas de mesma instituição financeira. Cabe frisar que a empresa possui várias contas bancárias porque os clientes buscam financiar os imóveis adquiridos junto às instituições com as quais têm relacionamento. Por via de conseqüência, a Impugnante é compelida a manter, igualmente, contas em diversos bancos.
c) Devolução de cauções oferecidas em lances destinados a adquirir imóveis (lotes) por licitações. No Distrito Federal, a aquisição de lotes para implantação de prédios, por incorporação imobiliária, é feita mediante licitações promovidas periodicamente pela TERRACAP. A Impugnante costuma participar desses certames, devendo obrigatoriamente oferecer caução, para esse fim, conforme exigido no edital. Em caso de sua proposta não ser vencedora, a TERRACAP faz devolução da caução, mediante depósito em conta bancária do participante vencido.
d) Recebimentos, pela Fiscalizada, de aportes de capital. Na qualidade de "sócia ostensiva", a Impugnante recebeu diversos aportes de capital, das demais "sócias participantes", realizados via depósitos bancários e destinados a fazer face aos custos e despesas do empreendimento em incorporação.
e) Recebimentos, sob a forma de devoluções, via depósito bancário, de adiantamentos efetuados a fornecedores. No ramo de sua atividade, é comum que a incorporadora conceda adiantamentos a fornecedores de materiais de construção, ou de prestação de serviços.
f) Receita de Incorporações de imóveis, em operações de titularidade da própria Impugnante ou da sua atuação como sócia ostensiva de SCPs ou de SPEs. Estes depósitos estão comprovados pela documentação ora anexada, referindo-se a operações de incorporação imobiliária realizadas pela própria Impugnante, ou dentro de sua atuação à frente de SCPs e SPEs. Tais valores foram DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS e têm sua origem comprovada, muito embora os Autuantes nem mesmo se dignaram a fazer a conferência entre os documentos e a contabilidade da empresa. A rigor, todas essas receitas foram regularmente oferecidas à tributação, sendo que, no caso do IRPJ e da CSLL, o regime tributário adotado pela Impugnante é o do lucro presumido.
Observe-se, ainda, que, há situações em que a empresa "vendeu" os seus ativos (recebíveis), decorrentes de comercialização de imóveis, por incorporação, a instituições financeiras, as quais lhe repassaram os recursos. Nos registros contábeis, assim é retratado esse fato:
1. O cliente paga a parcela do imóvel à incorporadora (depósito bancário), com recursos próprios, ou com financiamento bancário;
2. Imediatamente, o valor é debitado da conta da empresa, para repasse ao banco que financiou o recebimento antecipado à empresa.
Da Primeira Incoerência na Apuração dos Tributos Exigidos no Auto de Infração: Ofensa ao Art. 146 do CTN. Mudança de Critério Jurídico do Lançamento. Ocorreu grave erro cometido pela Fiscalização. Trata-se da determinação do coeficiente para apurar o lucro presumido. Ignorando a atividade precípua da empresa, qual seja, incorporação de imóveis, a Fiscalização aplicou, para a determinação do lucro presumido, o percentual de 32%, enquanto o correto para o IRPJ seria de 8% e de 12% para a CSLL.
Nos autos de infração, não há qualquer menção ao fundamento legal da exigência com base calculada sobre 32% da suposta receita não declarada. Ou os fiscais simplesmente se equivocaram ou valeram-se da nova redação do art. 24, da Lei nº 9.249/1995, introduzida pela Lei nº 11.941/2000, a qual faculta a utilização do percentual mais elevado para fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido. Quanto ao alcance da norma, impõe destacar que a utilização do percentual legal mais elevado, dentre os aplicáveis às atividades diversificadas, só será permitido se não for possível identificar a que atividade se refere a receita omitida.
No "Regulamento do Imposto de Renda - ed. 2011, anotado e comentado", os autores - todos especialistas e auditores egressos dos quadros da Receita Federal do Brasil - colocam seus pontos de vista com relação à citada omissão:
TRATAMENTO DA RECEITA CONSIDERADA OMITIDA EM CASO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA.
O valor da receita considerada omitida, em decorrência da presunção de que trata o art. 287 , será acrescida ao lucro real declarado ou considerada como base de cálculo para fins de aplicação do lucro presumido ou arbitrado. Claro que se a omissão for identificada como receita não decorrente da atividade operacional da pessoa jurídica, no lucro presumido ou arbitrado, o tratamento será o dispensado a "outras receitas e ganhos", hipótese em que o valor será integralmente tributado pelo imposto de renda, sem aplicação dos percentuais de presunção ou arbitramento. Mas isso não autoriza o Fisco, como tem se verificado em alguns casos, a exigir da pessoa jurídica prova de que a receita omitida decorre da atividade operacional, pois essa é a regra implícita na presunção legal. A prova de que a receita omitida não decorre das atividades da empresa está a cargo do fisco.
(FERREIRA, Antonio Airton et alii. Regulamento do Imposto de Renda - Decreto n.° 3.000/1999 - Ed. 2011, anotado e comentado. São Paulo, Fiscosoft Editora, p. 968).
Concernente às pretensas receitas omitidas, os fiscais não trazem qualquer prova de que se tratariam de outras modalidades de recebimentos, estranhos à atividade principal estabelecida nos atos constitutivos da Impugnante. Logo, da forma como lavrado, o lançamento não tem como se sustentar.
Da Segunda Incoerência na Apuração dos Tributos: Ausência de Dedução, do PIS e da Cofins Exigidos de Ofício, dos Valores Já Declarados em DCTF. A Fiscalização considerou, na apuração do IRPJ e CSLL lançados de ofício, os valores confessados em DCTF. Contudo, não levou em consideração os valores confessados de PIS e Cofins, razão pela qual o lançamento deve ser revisto.
Da Imposição de Multa Desarrazoada, Desproporcional e Confiscatória. A penalidade de 75% fere o princípio da proporcionalidade, do não-confisco, e da razoabilidade. Apenas nos casos de fraude inequívoca o STF tem admitido medidas punitivas com percentual confiscatório, o que não ocorreu no caso em tela.
Dos Juros de Mora. É indevida a aplicação da taxa SELIC aos juros de mora, pelos motivos: (1) A natureza da taxa SELIC é de índice remuneratório, condizente com operações de mercado financeiro e não com encargos por atraso no pagamento de tributos, o que afronta a regra contida no artigo 161 e §l°do Código Tributário Nacional; (2) Dado que a taxa SELIC sequer foi instituída por lei, no sentido preciso do termo, foram infringidos os princípios constitucionais estampados no art. 5º, II e no art. 150, I, ambos da Constituição Federal de 1988; e (3) A taxa SELIC representa autêntico anatocismo, o que agride ao art. 192, § 3º da Constituição.
Dos Lançamentos Decorrentes. Aplicam-se todos os argumentos relativos ao IRPJ para os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins.
A turma julgadora a quo considerou-a parcialmente procedente, tendo sua ementa recebido a seguinte redação:
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008
SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Trata-se de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras.
CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES.
Eventual decisão do STF, em sede de controle difuso de constitucionalidade, tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide.
EXTRATOS BANCÁRIOS APRESENTADOS VOLUNTARIAMENTE. IMPOSSIBILIDADE DA CONTRIBUINTE EM DISPONIBILIZAR EM MEIO MAGNÉTICO. EMISSÃO DO RMF PARA OBTENÇÃO DE DADOS DIGITAIS. INOCORRÊNCIA DE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO.
Se os extratos bancários foram fornecidos voluntariamente, em papel, pelo próprio contribuinte, em atendimento às intimações efetuadas pela autoridade tributária, posterior emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira - RMF, solicitando as mesmas informações em formato digital, diante da impossibilidade da fiscalizada em fornecer os dados em meio magnético, não caracterizam quebra de sigilo bancário.
PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
I - Presume-se ocorrida a omissão de receitas ou de rendimentos, em situação no qual os depósitos bancários indicando a movimentação financeira do contribuinte não tiverem a origem comprovada pelo titular, mediante a devida apresentação de documentação hábil e idônea no decorrer da ação fiscal.
II - Opera-se a inversão do ônus da prova, situação em que cabe ao contribuinte desconstituir a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996.
III - Na fase contenciosa, logrando a defesa demonstrar a origem dos depósitos bancários e que as receitas não são tributáveis, cabe ser afastada a presunção legal.
PRESUNÇÃO LEGAL. APRECIAÇÃO DE LEGALIDADE.
A presunção de omissão de receitas encontra-se prevista em lei. Nesse contexto, não cabe a órgão de julgamento administrativo apreciar argüição de sua legalidade.
LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS OMITIDAS. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. COEFICIENTE APLICADO SOBRE A RECEITA BRUTA. PERCENTUAL MAIS ELEVADO.
No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º).
DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. PREVISÃO LEGAL.
Efetuado o lançamento de ofício, cabe imposição da multa proporcional de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.
DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Os débitos confessados em DCTF encaminhadas espontaneamente, antes do início do procedimento fiscal, devem ser considerados para compensar os valores de tributos apurados pela Fiscalização a serem lançados de ofício.
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL.
O decidido em relação ao IRPJ estende-se aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizados com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável.
Tal decisão exonerou parcela do crédito tributário referente a transferências bancárias entre contas do próprio contribuinte consideradas como receitas omitidas, bem como em relação a valores de tributos já confessados em DCTF quando do início do procedimento fiscal. Em relação a tal parcela de crédito tributário, recorreu-se de ofício ao CARF.
O contribuinte foi cientificado da decisão em 10 de julho de 2012 (conforme aviso de recebimento de fl. 4198), apresentando recurso voluntário de fls. 4198-5532 em 09 de agosto de 2012.
Em apertada síntese, pode-se afirmar que o recurso reafirma os pontos tratados em impugnação. O único ponto adicional diz respeito à juntada farta documentação (41 anexos) que comprovariam a origem dos depósitos considerados como receitas omitidas.
É o relatório.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termo do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Cristiane Silva Costa, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez. Relatório CONSTRUTORA VILLELA E CARVALHO LTDA recorre a este Conselho em face do acórdão nº 03-48.322 proferido pela 2ª Turma da DRJ em Brasília que julgou procedente em parte a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementando-o ao final: Em 22/11/2011, foram lavrados contra o interessado os Autos de Infração do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, atinentes aos anos-calendário de 2007 e 2008, cujo crédito tributário lançado de ofício perfaz o montante de R$15.420.725,89, assim discriminados por exação fiscal: Auto de Infração do IRPJ (fls. 003/018) Imposto Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$3.795.611,65 R$1.307.510,11 R$2.846.708,72 R$7.949.830,48 Infrações Ano-Calendário Enquadramento Legal Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada 2007, 2008 Arts. 25 e 42 da Lei nº 9.430/96; Art. 528 do RIR/99 Os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins encontram-se consolidados nos autos de infração a seguir: Auto de Infração do PIS/Pasep (fls. 019/030) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$469.055,30 R$168.825,23 R$351.791,39 R$989.671,92 Auto de Infração da Cofins (fls. 031/041) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$2.164.871,05 R$779.193,81 R$1.623.653,19 R$4.567.718,05 Auto de Infração da CSLL (fls. 42/55) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$915.752,79 R$310.938,08 R$686.814,57 R$1.913.505,44 Foi iniciada ação fiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 01.1.01.00-2010-00437-5, para o exame da apuração do IRPJ e reflexos referente aos anos-calendário de 2007 e 2008. Por ocasião do termo de início de fiscalização foi intimada a contribuinte a apresentar os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos bancários de contas correntes, poupança e aplicações financeiras, em papel e meio magnético, no Banco do Brasil S/A, BRB Banco de Brasilia S/A, Caixa Econômica Federal, Banco Industrial e Comercial, Banco ABN AMRO Real S/A, Banco Safra, Banco Itaubank S/A Unibanco - União de Bancos Brasileiros S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Santander (Brasil) S/A, e os atos constitutivos da pessoa jurídica. Após solicitar prorrogações para cumprir as exigências, a fiscalizada apresentou os extratos bancários solicitados em papel. Nesse contexto, foi novamente intimada a contribuinte a apresentar as informações relativas à sua movimentação financeira em meio magnético. Diante da impossibilidade apresentada pela contribuinte em disponibilizar a documentação requerida por meio magnético, a Fiscalização intimou os bancos, por meio de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF), a fornecer as informações. Em paralelo, foi intimada a contribuinte a apresentar: (a) os contratos em que a empresa participou na condição de sócia ostensiva ou recebeu lucros/valores, decorrentes da participação em Sociedades em Conta de Participação-SCP; (b) a contabilidade, em meio magnético das SCPs em que a fiscalizada participou em contratos na condição de sócia ostensiva; (c) os documentos relativos às receitas, despesas e custos das SCPs, em meio magnético ou razão analítico; (d) os balancetes referentes às apurações de resultado das SCP; e a elaborar demonstrativos analíticos, consolidando os dados consignados nas DCTFs, de forma a permitir que fossem efetuadas as devidas conciliações com os registros constantes do Livro Diário. Ainda, esclarecer o regime forma de tributação das SCPs objeto dos contratos formalizados e informar em quais rubricas da fiscalizada procedeu-se a inclusão das receitas/resultados decorrentes das participações em SCP, destacando ainda em quais linhas/quadros foram consignados tais valores nas respectivas DIPJ. Diante da análise da documentação apresentada, a Fiscalização, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 003, intimou a contribuinte a comprovar a origem dos créditos efetuados nos anos-calendário de 2007 e 2008 acompanhada da documentação probatório dos valores que não representam receitas tributáveis, no prazo de vinte dias. Em 18/10/2011, após a análise da documentação probatória apresentada pela fiscalizada em resposta à intimação fiscal, a autoridade tributária consolidou demonstrativo no qual foram identificados depósitos bancários que não tiveram a origem dos recursos comprovada mediante documentação hábil e idônea. Nesse sentido, foram efetuados os lançamentos de ofício, no qual foi identificada a ocorrência da infração presunção de omissão de receitas, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Cientificada dos lançamentos, em 22/11/2011 (Ciência do Sujeito Passivo nos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), a interessada apresentou a impugnação de fls. 2340/2410, em 21/12/2011, cujas razões encontram-se sintetizadas a seguir. Dos Fatos. A Impugnante é pessoa jurídica de direito privado, tendo como objeto social, previsto em seus atos constitutivos e alterações posteriores, a construção e incorporação de imóveis, bem assim a participação em empreendimentos relacionados a essas atividades. O foco principal das atividades da empresa, nos últimos anos, tem sido a modalidade de "incorporação de imóveis",-na qual atua isoladamente ou, com freqüência, em parceria com outros investidores, por intermédio de sociedades em conta de participação (SCP) ou de sociedades de propósito específico (SPE). Nesta impugnação, demonstrar-se-á de forma inequívoca que o lançamento de ofício, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, nos moldes em que efetuado, não merece prosperar, haja vista os vícios de natureza material que contaminam todo o feito. De outro lado, a Impugnante apresentará, na peça de defesa, a documentação necessária à comprovação da origem dos créditos apurados em suas contas-correntes, demonstrando, desse modo, ser ilegítima a acusação quanto à omissão de receitas, mediante robustos elementos probatórios que infirmam a pretensão fazendária. Do Direito. Da Preliminar. Da Inconstitucional Quebra do Sigilo Bancário da Impugnante. No caso concreto ocorreu quebra administrativa do sigilo bancário da Impugnante. Observe-se que não se discute a legalidade da quebra de sigilo bancário mediante determinação pelo Poder Judiciário, com prévia ciência da pessoa investigada. Após a promulgação da Carta de 1988, o entendimento da jurisprudência pátria sempre foi no sentido de assegurar o direito ao sigilo bancário, com exceção da quebra autorizada por decisão judicial. Contudo, após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, a Receita Federal entendeu ter adquirido franquia absoluta aos dados bancários dos contribuintes, mediante contato direto com as instituições financeiras, por meio do "RMF - Requisição de Movimentação Financeira. A quebra do sigilo bancário, que seria medida excepcional, tornou-se trivial, pleiteada indiscriminadamente pelos auditores fiscais e autorizada de forma automática, pelos Delegados e demais autoridades superiores fazendárias. Na presente autuação, quando instaurado o procedimento fiscal contra a ora Impugnante, logo no início e sem maiores explicações, as autoridades administrativas determinaram-lhe que a empresa apresentasse seus extratos bancários referentes aos anos de 2007 e 2008. A intimação tinha por fim, em verdade, emprestar uma aparência de legalidade ao procedimento - simulando uma entrega "espontânea", pela Fiscalizada, dos seus extratos bancários aos Autuantes. Note-se que, no Termo de Início de Fiscalização em foco, a requisição dos dados bancários é determinada sem qualquer alusão à aplicação do art. 42 da Lei n° 9.430/1996, mas contém advertências à Fiscalizada, indicando-lhe as penalidades e crimes que lhe poderiam ser imputados, caso não fossem abertos os dados bancários. Essa linha de trabalho se assemelha a procedimentos adotados nos períodos mais negros da história do Brasil, em que os detentores do Poder, escudados supostamente em "leis" arbitrariamente redigidas e manipuladas por eles mesmos, perpetravam as maiores e inomináveis violências contra cidadãos indefesos, em manifestação de autoritarismo intolerável ao Estado Democrático de Direito. Implausível, portanto, que a Impugnante, na condição de Fiscalizada, tenha "espontaneamente" franqueado seus dados bancários à Receita Federal. Se assim procedeu, foi em razão do exercício do poder COERCITIVO da Fiscalização. Não satisfeitos, porém, os Fiscais assumem, às fls. 14 do processo que, louvando-se no art. 6° da LC n.° 105/2001, regulamentado pelo Decreto n.° 3.724/2001. quebraram o sigilo bancário da Impugnante, tendo emitido Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira -RMF, às instituições financeiras junto às quais aquela mantém contas correntes e investimentos. A origem dessa violência jurídica remonta ao início de 2001. A época, o Governo Federal, utilizando-se do seu "rolo compressor" no Congresso Nacional, conseguiu aprovar a Lei Complementar n° l05 cujo art. 6º autoriza a quebra administrativa do sigilo bancário, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso. Todo esse aparato legislativo destinava-se a conferir eficácia ao famigerado artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que definiu odiosa presunção legal de omissão de receita a partir de depósitos bancários "não comprovados com documentação hábil e idônea", pura e simplesmente, deturpando de forma brutal o conceito de renda. Do ponto de vista prático, ditas normas literalmente extinguiram o sigilo bancário no Brasil. Felizmente, o Supremo Tribunal Federal - guardião da nossa Carta Magna - começa a reagir contra esta aberração, como se pode observar em recente decisão proferida no STF, pelo Tribunal Pleno, no RE 389808, tendo como Relator o Ministro MARCO AURÉLIO. Portanto, deve ser extinto o crédito tributário, vez que o lançamento de ofício representa ofensa á segurança jurídica e violar preceptivos constitucionais. Do Mérito. Não pode a Impugnante acatar a absurda imputação da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em total dissonância ao conceito de renda definido e interpretado pela mais abalizada doutrina e pela jurisprudência, bem como utilizado expressamente na Constituição Federal. A autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por presunção simples, optou em constituir crédito tributário contra a Impugnante com base em depósitos bancários. O Conceito Tributário de Renda. A Constituição e o CTN determinam que nem tudo aquilo que seja rotulado de "renda" poderá ser objeto de incidência tributária, mas unicamente o fato que se amolde à hipótese prevista em lei - princípio da reserva legal. Em regra, o CTN delineou como hipótese de incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza a disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza, que represente acréscimo patrimonial. Por sua vez, o art. 110 do CTN estatui que "a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa e implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias". O fato é que, como regra geral, a Constituição Federal utilizou o conceito de renda e proventos como acréscimo patrimonial, como renda líquida ou lucro líquido, nos termos da lei comercial. Então, não há que se falar que o Fisco pode estabelecer, como faz in casu, o conceito de renda tributável para atingir depósitos bancários, sem fazer qualquer distinção e tributando inclusive aqueles que representam simples transferência de quantias já oferecidas à tributação, o que caracteriza explícito bis in idem. Ou seja, inobstante a Contribuinte não ter auferido qualquer acréscimo tipificador de renda, ainda assim o Fisco irá tributar duas vezes, uma quando de fato se obteve a renda, outra simplesmente pelo mero trânsito do recurso em conta bancária. E verdade que o artigo 43 do CTN foi alterado pela Lei Complementar 104/2001, para dar abertura proposital ao elastecimento do conceito de renda, porém, permanece o freio previsto na Constituição Federal. Noé Winkler leciona que "a base impositiva vigente, da renda, não inclui valores patrimoniais (capital), mas os seus frutos, e bem assim os rendimentos do trabalho, ou da combinação de ambos, auferidos num período de tempo. Também não se computam os acréscimos patrimoniais por doações, heranças e legados, e sim os rendimentos que possam produzir. Na inclusão, como proventos, dos acréscimos patrimoniais sem correspondência com os rendimentos declarados, não se tributam esses acréscimos, mas sim, por presunção, os rendimentos não declarados que lhes deram origem". E continua o renomado Ex-Diretor da Divisão de Imposto deRendada Secretaria da Receita Federal dizendo que nos "moldes constitucionais, a capacidade contributiva, na tributação da renda, o suporte não é o que possui, mas o que se sanha. O patrimônio riqueza num determinado momento (fruto da renda acumulada), como corolário dessa capacidade, sob outro enfoque, pode pertencer a esfera de outro Poder Tributante - o Município, por exemplo, no caso de propriedade predial e territorial urbana." Há que se observar que o imposto de renda não incidirá diretamente sobre essa renda obtida. O legislador ordinário, ao estipular a base de cálculo do imposto, permite a dedução de despesas necessárias à percepção da mesma. São aquelas despesas que incorrem para a obtenção daquela renda. A alíquota do imposto irá incidir sobre uma base de cálculo, considerada uma renda líquida (e não, total como ocorre in casu), isto é, aquela despida das despesas e deduções que o legislador ordinário permitiu obter. Assim, se o contribuinte trabalha com compra e venda de veículos, não há que se falar em renda como o valor recebido pelo carro vendido, mas, sim, a diferença entre aquele pago e recebido pelo contribuinte. Exemplificando: Se o contribuinte comprou um veículo no valor de R$50.000,00 e o vendeu por R$53.000,00, o imposto não deverá NUNCA incidir sobre os R$ 53.000,00 recebidos, porém sobre a diferença entre o preço vendido (R$53.000,00) e o anteriormente pago (R$50.000,00), ou seja, apenas sobre o importe de R$3.000,00. O caso ora examinado é o mesmo de uma montadora de veículos que ao "vender" para a concessionária se veja obrigada a pagar como Imposto de Renda o valor total constante da Nota Fiscal e não aquele diminuído das deduções legais. A base de cálculo do imposto de renda resulta de procedimento complexo, integrada que é por ingressos e saídas de recursos, acréscimos e decréscimos no valor intrínseco de bens, tudo computado dentro de certo período. O método de apuração baseado apenas em extrato bancários e no fluxo de emissão de cheques (depósitos e movimentação de cheques) não oferece adequação técnica e consistência material de ordem a afastar a conjectura de simples presunção. O que o Fisco está fazendo com este auto de infração é simplesmente tributar depósitos bancários como se os mesmos, por si sós, fossem espécie de "rendimento omitido". Desconsidera o Fisco que o Imposto sobre a Renda apenas incide sobre o ganho patrimonial resultante de confronto entre elementos (ingressos e saídas) verificados ao longo de um determinado período, é elastecer o conceito de renda, o que certamente será considerado ilegal e inconstitucional. Utilizar-se dos extratos bancários como se cada depósito pudesse ser considerado verdadeiro lucro líquido é tratar os iguais desigualmente ou os desiguais igualmente (artigo 150, II da CF) e ainda utilizar o Imposto de Renda como meio de confisco (violando o artigo 150, IV da CF/88), pois se estará cobrando 25% (vinte e cinco por cento) em relação a meros depósitos bancários e não sobre a renda, conforme determina a Constituição Federal. Requer a Impugnante, portanto, o cancelamento do lançamento efetuado. Da Indevida Aplicação da Presunção Estabelecida no Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. A Fiscalização aplicou a presunção legal de maneira precipitada e abusiva, valendo-se apenas e tão-somente dos extratos bancários da Impugnante. Apesar de terem pedido e recebido os livros Diário e Razão da empresa, os auditores fiscais deles não se utilizaram, não investigaram nada e não realizaram qualquer trabalho de pesquisa e análise dos registros contábeis. Ou seja, simplesmente consideraram que os depósitos bancários não tinham a origem comprovada. A presunção do Fisco de que todos os depósitos efetuados na conta corrente da Contribuinte são efetivamente RECEITA/RENDA, não pode nem deve prevalecer, sob pena de se violar o artigo V, incisos X e XII da Constituição Federal (quebra do sigilo bancário sem a correspondente ordem judicial autorizativa), o artigo 150, II da CF (tratar desigualmente os iguais ou igualmente os desiguais - dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente) e o artigo 150, IV da CF (utilizar tributo com efeito de confisco). Sobre a premissa utilizada como fundamento pela Fiscalização para lançar o IRPJ com base na presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96, lembra a Impugnante que a interpretação da legislação tributária se verifica de forma peculiar. Na dúvida em face de circunstâncias materiais do fato, impõe-se a observância do disposto no artigo 112 do CTN, que dispõe que a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:, na hipótese do inc. II, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos. Ou seja, conclui-se que no Direito Tributário também prevalece o princípio de que, na dúvida, se deve interpretar em favor do réu, inclusive em conseqüência do princípio da estrita legalidade, que não admite dúvida sobre o perfeito enquadramento do conceito do fato ao conceito da norma. No direito tributário, o que importa são as provas materiais, válidas e objetivas, sendo que as presunções não só têm que estar autorizadas por lei, como também não podem ultrapassar os limites impostos pelo Código Tributário Nacional quanto aos contornos materiais do fato gerador da obrigação tributária e dos elementos constitutivos que a caracterizam. No caso concreto, as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente dos lançamentos em conta bancária, para considerar todo e qualquer valor como "renda líquida tributável". De forma absolutamente tendenciosa, sem qualquer respaldo fático que corroborasse o acréscimo caracterizador da renda, o Fiscal acabou por enquadrar os meros depósitos como omissão de receita. Na empresa em tela, as receitas da suas atividades estão devidamente registradas na contabilidade, não procedendo, então, qualquer suspeita de evasão fiscal contra a Impugnante. Não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco, atribuída à Contribuinte. Da Impossibilidade de Inversão do Ônus da Prova. Mesmo nas hipóteses de quebra de sigilo bancário, exige-se, para a lavratura do auto de infração, que o Fisco comprove a omissão de receita, isto é, inadmissível a inversão do ônus probatório, no sentido de que o contribuinte deve provar a inocorrência da citada omissão. Na realidade, cabe à Administração Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto e, repita-se, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos. Vale citar o artigo "Imposto de Renda - Quebra de Sigilo Bancário e Omissão de Rendas e Rendimentos" do Professor Edmar Oliveira Andrade Filho, Doutor em Direito, publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, n° 70, de julho de 2001: " São inúmeras as circunstâncias fáticas jurídicas que podem revelar indícios de omissão de receitas, mas, em qualquer caso, a exaustiva investigação é necessária e imprescindível. Só os autos de infração bem fundamentados podem resguardar o interesse da Fazenda e propiciar a concretização do princípio constitucional que garante o contraditório e a ampla defesa, na forma do item LV do art. 5° da Constituição Federal. (...) A fiscalização deve apresentar provas sobre a natureza da eventual receita omitida. Assim, se os indícios indicarem que houve omissão de receitas decorrentes da venda de bens ou serviços, cabe à autoridade fiscalizadora provar quem teria sido o adquirente dos bens ou tomador dos serviços eventualmente prestados. Em caso de indícios de suprimento de numerário sem origem, é exigível que sejam reunidas provas sobre as pessoas que tenham feito esses suprimentos e a que título jurídico. Quando esses requisitos não são observados o Conselho de Contribuintes tem determinado a anulação do procedimento fiscal." Dessa forma, é de se concluir que, não tendo, a fiscalização, colhido os efetivos meios de prova para a verificação da alegada omissão de receitas, os dados decorrentes da quebra do sigilo bancário da empresa não representam elementos bastantes a justificar a lavratura dos autos de infração ora combatidos, motivo pelo qual há que ser reconhecida a improcedência do feito. Da Origem e Comprovação da Regularidade dos Depósitos Bancários. A Impugnante anexa a esta peça de defesa planilhas e cópias de centenas de documentos, visando à comprovação da origem dos depósitos em suas contas bancárias. Em síntese, os depósitos referem-se às seguintes operações: a) Transferências entre empresas interligadas. Pelo fato de a Impugnante realizar diversos empreendimentos de incorporação imobiliária mediante constituição de SCPs e SPEs (sociedades de propósito específico), a ela interligadas, em razão do ramo de atividades e de mesmos sócios, diversos depósitos bancários justificam-se como transferência de numerário entre as empresas. b) Transferências entre contas correntes diversas, da mesma empresa. São transferências entre contas correntes de mesma titularidade do Impugnante, em bancos diferentes, ou entre agências diversas de mesma instituição financeira. Cabe frisar que a empresa possui várias contas bancárias porque os clientes buscam financiar os imóveis adquiridos junto às instituições com as quais têm relacionamento. Por via de conseqüência, a Impugnante é compelida a manter, igualmente, contas em diversos bancos. c) Devolução de cauções oferecidas em lances destinados a adquirir imóveis (lotes) por licitações. No Distrito Federal, a aquisição de lotes para implantação de prédios, por incorporação imobiliária, é feita mediante licitações promovidas periodicamente pela TERRACAP. A Impugnante costuma participar desses certames, devendo obrigatoriamente oferecer caução, para esse fim, conforme exigido no edital. Em caso de sua proposta não ser vencedora, a TERRACAP faz devolução da caução, mediante depósito em conta bancária do participante vencido. d) Recebimentos, pela Fiscalizada, de aportes de capital. Na qualidade de "sócia ostensiva", a Impugnante recebeu diversos aportes de capital, das demais "sócias participantes", realizados via depósitos bancários e destinados a fazer face aos custos e despesas do empreendimento em incorporação. e) Recebimentos, sob a forma de devoluções, via depósito bancário, de adiantamentos efetuados a fornecedores. No ramo de sua atividade, é comum que a incorporadora conceda adiantamentos a fornecedores de materiais de construção, ou de prestação de serviços. f) Receita de Incorporações de imóveis, em operações de titularidade da própria Impugnante ou da sua atuação como sócia ostensiva de SCPs ou de SPEs. Estes depósitos estão comprovados pela documentação ora anexada, referindo-se a operações de incorporação imobiliária realizadas pela própria Impugnante, ou dentro de sua atuação à frente de SCPs e SPEs. Tais valores foram DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS e têm sua origem comprovada, muito embora os Autuantes nem mesmo se dignaram a fazer a conferência entre os documentos e a contabilidade da empresa. A rigor, todas essas receitas foram regularmente oferecidas à tributação, sendo que, no caso do IRPJ e da CSLL, o regime tributário adotado pela Impugnante é o do lucro presumido. Observe-se, ainda, que, há situações em que a empresa "vendeu" os seus ativos (recebíveis), decorrentes de comercialização de imóveis, por incorporação, a instituições financeiras, as quais lhe repassaram os recursos. Nos registros contábeis, assim é retratado esse fato: 1. O cliente paga a parcela do imóvel à incorporadora (depósito bancário), com recursos próprios, ou com financiamento bancário; 2. Imediatamente, o valor é debitado da conta da empresa, para repasse ao banco que financiou o recebimento antecipado à empresa. Da Primeira Incoerência na Apuração dos Tributos Exigidos no Auto de Infração: Ofensa ao Art. 146 do CTN. Mudança de Critério Jurídico do Lançamento. Ocorreu grave erro cometido pela Fiscalização. Trata-se da determinação do coeficiente para apurar o lucro presumido. Ignorando a atividade precípua da empresa, qual seja, incorporação de imóveis, a Fiscalização aplicou, para a determinação do lucro presumido, o percentual de 32%, enquanto o correto para o IRPJ seria de 8% e de 12% para a CSLL. Nos autos de infração, não há qualquer menção ao fundamento legal da exigência com base calculada sobre 32% da suposta receita não declarada. Ou os fiscais simplesmente se equivocaram ou valeram-se da nova redação do art. 24, da Lei nº 9.249/1995, introduzida pela Lei nº 11.941/2000, a qual faculta a utilização do percentual mais elevado para fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido. Quanto ao alcance da norma, impõe destacar que a utilização do percentual legal mais elevado, dentre os aplicáveis às atividades diversificadas, só será permitido se não for possível identificar a que atividade se refere a receita omitida. No "Regulamento do Imposto de Renda - ed. 2011, anotado e comentado", os autores - todos especialistas e auditores egressos dos quadros da Receita Federal do Brasil - colocam seus pontos de vista com relação à citada omissão: TRATAMENTO DA RECEITA CONSIDERADA OMITIDA EM CASO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. O valor da receita considerada omitida, em decorrência da presunção de que trata o art. 287 , será acrescida ao lucro real declarado ou considerada como base de cálculo para fins de aplicação do lucro presumido ou arbitrado. Claro que se a omissão for identificada como receita não decorrente da atividade operacional da pessoa jurídica, no lucro presumido ou arbitrado, o tratamento será o dispensado a "outras receitas e ganhos", hipótese em que o valor será integralmente tributado pelo imposto de renda, sem aplicação dos percentuais de presunção ou arbitramento. Mas isso não autoriza o Fisco, como tem se verificado em alguns casos, a exigir da pessoa jurídica prova de que a receita omitida decorre da atividade operacional, pois essa é a regra implícita na presunção legal. A prova de que a receita omitida não decorre das atividades da empresa está a cargo do fisco. (FERREIRA, Antonio Airton et alii. Regulamento do Imposto de Renda - Decreto n.° 3.000/1999 - Ed. 2011, anotado e comentado. São Paulo, Fiscosoft Editora, p. 968). Concernente às pretensas receitas omitidas, os fiscais não trazem qualquer prova de que se tratariam de outras modalidades de recebimentos, estranhos à atividade principal estabelecida nos atos constitutivos da Impugnante. Logo, da forma como lavrado, o lançamento não tem como se sustentar. Da Segunda Incoerência na Apuração dos Tributos: Ausência de Dedução, do PIS e da Cofins Exigidos de Ofício, dos Valores Já Declarados em DCTF. A Fiscalização considerou, na apuração do IRPJ e CSLL lançados de ofício, os valores confessados em DCTF. Contudo, não levou em consideração os valores confessados de PIS e Cofins, razão pela qual o lançamento deve ser revisto. Da Imposição de Multa Desarrazoada, Desproporcional e Confiscatória. A penalidade de 75% fere o princípio da proporcionalidade, do não-confisco, e da razoabilidade. Apenas nos casos de fraude inequívoca o STF tem admitido medidas punitivas com percentual confiscatório, o que não ocorreu no caso em tela. Dos Juros de Mora. É indevida a aplicação da taxa SELIC aos juros de mora, pelos motivos: (1) A natureza da taxa SELIC é de índice remuneratório, condizente com operações de mercado financeiro e não com encargos por atraso no pagamento de tributos, o que afronta a regra contida no artigo 161 e §l°do Código Tributário Nacional; (2) Dado que a taxa SELIC sequer foi instituída por lei, no sentido preciso do termo, foram infringidos os princípios constitucionais estampados no art. 5º, II e no art. 150, I, ambos da Constituição Federal de 1988; e (3) A taxa SELIC representa autêntico anatocismo, o que agride ao art. 192, § 3º da Constituição. Dos Lançamentos Decorrentes. Aplicam-se todos os argumentos relativos ao IRPJ para os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins. A turma julgadora a quo considerou-a parcialmente procedente, tendo sua ementa recebido a seguinte redação: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007, 2008 SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Trata-se de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras. CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES. Eventual decisão do STF, em sede de controle difuso de constitucionalidade, tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide. EXTRATOS BANCÁRIOS APRESENTADOS VOLUNTARIAMENTE. IMPOSSIBILIDADE DA CONTRIBUINTE EM DISPONIBILIZAR EM MEIO MAGNÉTICO. EMISSÃO DO RMF PARA OBTENÇÃO DE DADOS DIGITAIS. INOCORRÊNCIA DE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Se os extratos bancários foram fornecidos voluntariamente, em papel, pelo próprio contribuinte, em atendimento às intimações efetuadas pela autoridade tributária, posterior emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira - RMF, solicitando as mesmas informações em formato digital, diante da impossibilidade da fiscalizada em fornecer os dados em meio magnético, não caracterizam quebra de sigilo bancário. PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I - Presume-se ocorrida a omissão de receitas ou de rendimentos, em situação no qual os depósitos bancários indicando a movimentação financeira do contribuinte não tiverem a origem comprovada pelo titular, mediante a devida apresentação de documentação hábil e idônea no decorrer da ação fiscal. II - Opera-se a inversão do ônus da prova, situação em que cabe ao contribuinte desconstituir a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. III - Na fase contenciosa, logrando a defesa demonstrar a origem dos depósitos bancários e que as receitas não são tributáveis, cabe ser afastada a presunção legal. PRESUNÇÃO LEGAL. APRECIAÇÃO DE LEGALIDADE. A presunção de omissão de receitas encontra-se prevista em lei. Nesse contexto, não cabe a órgão de julgamento administrativo apreciar argüição de sua legalidade. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS OMITIDAS. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. COEFICIENTE APLICADO SOBRE A RECEITA BRUTA. PERCENTUAL MAIS ELEVADO. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º). DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. PREVISÃO LEGAL. Efetuado o lançamento de ofício, cabe imposição da multa proporcional de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Os débitos confessados em DCTF encaminhadas espontaneamente, antes do início do procedimento fiscal, devem ser considerados para compensar os valores de tributos apurados pela Fiscalização a serem lançados de ofício. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL. O decidido em relação ao IRPJ estende-se aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizados com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Tal decisão exonerou parcela do crédito tributário referente a transferências bancárias entre contas do próprio contribuinte consideradas como receitas omitidas, bem como em relação a valores de tributos já confessados em DCTF quando do início do procedimento fiscal. Em relação a tal parcela de crédito tributário, recorreu-se de ofício ao CARF. O contribuinte foi cientificado da decisão em 10 de julho de 2012 (conforme aviso de recebimento de fl. 4198), apresentando recurso voluntário de fls. 4198-5532 em 09 de agosto de 2012. Em apertada síntese, pode-se afirmar que o recurso reafirma os pontos tratados em impugnação. O único ponto adicional diz respeito à juntada farta documentação (41 anexos) que comprovariam a origem dos depósitos considerados como receitas omitidas. É o relatório.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termo do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Cristiane Silva Costa, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 28 24 6/ 20 11 -7 1 Fl. 9136DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.137 2 Relatório CONSTRUTORA VILLELA E CARVALHO LTDA recorre a este Conselho em face do acórdão nº 0348.322 proferido pela 2ª Turma da DRJ em Brasília que julgou procedente em parte a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Em 22/11/2011, foram lavrados contra o interessado os Autos de Infração do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, atinentes aos anoscalendário de 2007 e 2008, cujo crédito tributário lançado de ofício perfaz o montante de R$15.420.725,89, assim discriminados por exação fiscal: Auto de Infração do IRPJ (fls. 003/018) Imposto Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$3.795.611,65 R$1.307.510,11 R$2.846.708,72 R$7.949.830,48 Infrações AnoCalendário Enquadramento Legal Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada 2007, 2008 Arts. 25 e 42 da Lei nº 9.430/96; Art. 528 do RIR/99 Os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins encontramse consolidados nos autos de infração a seguir: Auto de Infração do PIS/Pasep (fls. 019/030) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$469.055,30 R$168.825,23 R$351.791,39 R$989.671,92 Auto de Infração da Cofins (fls. 031/041) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$2.164.871,05 R$779.193,81 R$1.623.653,19 R$4.567.718,05 Auto de Infração da CSLL (fls. 42/55) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$915.752,79 R$310.938,08 R$686.814,57 R$1.913.505,44 Fl. 9137DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.138 3 Foi iniciada ação fiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 01.1.01.002010004375, para o exame da apuração do IRPJ e reflexos referente aos anoscalendário de 2007 e 2008. Por ocasião do termo de início de fiscalização foi intimada a contribuinte a apresentar os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos bancários de contas correntes, poupança e aplicações financeiras, em papel e meio magnético, no Banco do Brasil S/A, BRB Banco de Brasilia S/A, Caixa Econômica Federal, Banco Industrial e Comercial, Banco ABN AMRO Real S/A, Banco Safra, Banco Itaubank S/A Unibanco União de Bancos Brasileiros S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Santander (Brasil) S/A, e os atos constitutivos da pessoa jurídica. Após solicitar prorrogações para cumprir as exigências, a fiscalizada apresentou os extratos bancários solicitados em papel. Nesse contexto, foi novamente intimada a contribuinte a apresentar as informações relativas à sua movimentação financeira em meio magnético. Diante da impossibilidade apresentada pela contribuinte em disponibilizar a documentação requerida por meio magnético, a Fiscalização intimou os bancos, por meio de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF), a fornecer as informações. Em paralelo, foi intimada a contribuinte a apresentar: (a) os contratos em que a empresa participou na condição de sócia ostensiva ou recebeu lucros/valores, decorrentes da participação em Sociedades em Conta de ParticipaçãoSCP; (b) a contabilidade, em meio magnético das SCPs em que a fiscalizada participou em contratos na condição de sócia ostensiva; (c) os documentos relativos às receitas, despesas e custos das SCPs, em meio magnético ou razão analítico; (d) os balancetes referentes às apurações de resultado das SCP; e a elaborar demonstrativos analíticos, consolidando os dados consignados nas DCTFs, de forma a permitir que fossem efetuadas as devidas conciliações com os registros constantes do Livro Diário. Ainda, esclarecer o regime forma de tributação das SCPs objeto dos contratos formalizados e informar em quais rubricas da fiscalizada procedeuse a inclusão das receitas/resultados decorrentes das participações em SCP, destacando ainda em quais linhas/quadros foram consignados tais valores nas respectivas DIPJ. Diante da análise da documentação apresentada, a Fiscalização, por meio do “Termo de Intimação Fiscal nº 003”, intimou a contribuinte a comprovar a origem dos créditos efetuados nos anoscalendário de 2007 e 2008 acompanhada da documentação probatório dos valores que não representam receitas tributáveis, no prazo de vinte dias. Em 18/10/2011, após a análise da documentação probatória apresentada pela fiscalizada em resposta à intimação fiscal, a autoridade tributária consolidou demonstrativo no qual foram identificados depósitos bancários que não tiveram a origem dos recursos comprovada mediante Fl. 9138DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.139 4 documentação hábil e idônea. Nesse sentido, foram efetuados os lançamentos de ofício, no qual foi identificada a ocorrência da infração presunção de omissão de receitas, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Cientificada dos lançamentos, em 22/11/2011 (Ciência do Sujeito Passivo nos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), a interessada apresentou a impugnação de fls. 2340/2410, em 21/12/2011, cujas razões encontramse sintetizadas a seguir. Dos Fatos. A Impugnante é pessoa jurídica de direito privado, tendo como objeto social, previsto em seus atos constitutivos e alterações posteriores, a construção e incorporação de imóveis, bem assim a participação em empreendimentos relacionados a essas atividades. O foco principal das atividades da empresa, nos últimos anos, tem sido a modalidade de "incorporação de imóveis",na qual atua— isoladamente ou, com freqüência, em parceria com outros investidores, por intermédio de sociedades em conta de participação (SCP) ou de sociedades de propósito específico (SPE). Nesta impugnação, demonstrarseá de forma inequívoca que o lançamento de ofício, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, nos moldes em que efetuado, não merece prosperar, haja vista os vícios de natureza material que contaminam todo o feito. De outro lado, a Impugnante apresentará, na peça de defesa, a documentação necessária à comprovação da origem dos créditos apurados em suas contascorrentes, demonstrando, desse modo, ser ilegítima a acusação quanto à omissão de receitas, mediante robustos elementos probatórios que infirmam a pretensão fazendária. Do Direito. Da Preliminar. Da Inconstitucional Quebra do Sigilo Bancário da Impugnante. No caso concreto ocorreu quebra administrativa do sigilo bancário da Impugnante. Observese que não se discute a legalidade da quebra de sigilo bancário mediante determinação pelo Poder Judiciário, com prévia ciência da pessoa investigada. Após a promulgação da Carta de 1988, o entendimento da jurisprudência pátria sempre foi no sentido de assegurar o direito ao sigilo bancário, com exceção da quebra autorizada por decisão judicial. Contudo, após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, a Receita Federal entendeu ter adquirido franquia absoluta aos dados bancários dos contribuintes, mediante contato direto com as instituições financeiras, por meio do "RMF Requisição de Movimentação Financeira”. A quebra do sigilo bancário, que seria medida excepcional, tornouse trivial, pleiteada indiscriminadamente pelos auditores fiscais e autorizada de forma automática, pelos Delegados e demais autoridades superiores fazendárias. Na presente autuação, quando instaurado o procedimento fiscal contra a ora Impugnante, logo no início e sem maiores explicações, as autoridades administrativas determinaramlhe que a empresa apresentasse seus extratos bancários referentes aos anos de 2007 e 2008. A intimação tinha por fim, em verdade, emprestar uma aparência de legalidade ao procedimento Fl. 9139DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.140 5 simulando uma entrega "espontânea", pela Fiscalizada, dos seus extratos bancários aos Autuantes. Notese que, no Termo de Início de Fiscalização em foco, a requisição dos dados bancários é determinada sem qualquer alusão à aplicação do art. 42 da Lei n° 9.430/1996, mas contém advertências à Fiscalizada, indicandolhe as penalidades e crimes que lhe poderiam ser imputados, caso não fossem abertos os dados bancários. Essa linha de trabalho se assemelha a procedimentos adotados nos períodos mais negros da história do Brasil, em que os detentores do Poder, escudados supostamente em "leis" arbitrariamente redigidas e manipuladas por eles mesmos, perpetravam as maiores e inomináveis violências contra cidadãos indefesos, em manifestação de autoritarismo intolerável ao Estado Democrático de Direito. Implausível, portanto, que a Impugnante, na condição de Fiscalizada, tenha "espontaneamente" franqueado seus dados bancários à Receita Federal. Se assim procedeu, foi em razão do exercício do poder COERCITIVO da Fiscalização. Não satisfeitos, porém, os Fiscais assumem, às fls. 14 do processo que, louvandose no art. 6° da LC n.° 105/2001, regulamentado pelo Decreto n.° 3.724/2001. quebraram o sigilo bancário da Impugnante, tendo emitido Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira RMF, às instituições financeiras junto às quais aquela mantém contas correntes e investimentos. A origem dessa violência jurídica remonta ao início de 2001. A época, o Governo Federal, utilizandose do seu "rolo compressor" no Congresso Nacional, conseguiu aprovar a Lei Complementar n° l05 cujo art. 6º autoriza a quebra administrativa do sigilo bancário, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso. Todo esse aparato legislativo destinavase a conferir eficácia ao famigerado artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que definiu odiosa presunção legal de omissão de receita a partir de depósitos bancários "não comprovados com documentação hábil e idônea", pura e simplesmente, deturpando de forma brutal o conceito de renda. Do ponto de vista prático, ditas normas literalmente extinguiram o sigilo bancário no Brasil. Felizmente, o Supremo Tribunal Federal guardião da nossa Carta Magna começa a reagir contra esta aberração, como se pode observar em recente decisão proferida no STF, pelo Tribunal Pleno, no RE 389808, tendo como Relator o Ministro MARCO AURÉLIO. Portanto, deve ser extinto o crédito tributário, vez que o lançamento de ofício representa ofensa á segurança jurídica e violar preceptivos constitucionais. Do Mérito. Não pode a Impugnante acatar a absurda imputação da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em total dissonância ao conceito de renda definido e interpretado pela mais abalizada doutrina e pela Fl. 9140DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.141 6 jurisprudência, bem como utilizado expressamente na Constituição Federal. A autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por presunção simples, optou em constituir crédito tributário contra a Impugnante com base em depósitos bancários. O Conceito Tributário de Renda. A Constituição e o CTN determinam que nem tudo aquilo que seja rotulado de "renda" poderá ser objeto de incidência tributária, mas unicamente o fato que se amolde à hipótese prevista em lei princípio da reserva legal. Em regra, o CTN delineou como hipótese de incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza a disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza, que represente acréscimo patrimonial. Por sua vez, o art. 110 do CTN estatui que "a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa e implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias". O fato é que, como regra geral, a Constituição Federal utilizou o conceito de renda e proventos como acréscimo patrimonial, como renda líquida ou lucro líquido, nos termos da lei comercial. Então, não há que se falar que o Fisco pode estabelecer, como faz in casu, o conceito de renda tributável para atingir depósitos bancários, sem fazer qualquer distinção e tributando inclusive aqueles que representam simples transferência de quantias já oferecidas à tributação, o que caracteriza explícito bis in idem. Ou seja, inobstante a Contribuinte não ter auferido qualquer acréscimo tipificador de renda, ainda assim o Fisco irá tributar duas vezes, uma quando de fato se obteve a renda, outra simplesmente pelo mero trânsito do recurso em conta bancária. E verdade que o artigo 43 do CTN foi alterado pela Lei Complementar 104/2001, para dar abertura proposital ao elastecimento do conceito de renda, porém, permanece o freio previsto na Constituição Federal. Noé Winkler leciona que "a base impositiva vigente, da renda, não inclui valores patrimoniais (capital), mas os seus frutos, e bem assim os rendimentos do trabalho, ou da combinação de ambos, auferidos num período de tempo. Também não se computam os acréscimos patrimoniais por doações, heranças e legados, e sim os rendimentos que possam produzir. Na inclusão, como proventos, dos acréscimos patrimoniais sem correspondência com os rendimentos declarados, não se tributam esses acréscimos, mas sim, por presunção, os rendimentos não declarados que lhes deram origem". E continua o renomado ExDiretor da Divisão de Imposto de— Renda—da Secretaria da Receita Federal dizendo que nos "moldes constitucionais, a capacidade contributiva, na tributação da renda, o suporte não é o que possui, mas o que se sanha. O patrimônio — riqueza num determinado momento (fruto da renda acumulada), como corolário dessa Fl. 9141DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.142 7 capacidade, sob outro enfoque, pode pertencer a esfera de outro Poder Tributante o Município, por exemplo, no caso de propriedade predial e territorial urbana." Há que se observar que o imposto de renda não incidirá diretamente sobre essa renda obtida. O legislador ordinário, ao estipular a base de cálculo do imposto, permite a dedução de despesas necessárias à percepção da mesma. São aquelas despesas que incorrem para a obtenção daquela renda. A alíquota do imposto irá incidir sobre uma base de cálculo, considerada uma renda líquida (e não, total como ocorre in casu), isto é, aquela despida das despesas e deduções que o legislador ordinário permitiu obter. Assim, se o contribuinte trabalha com compra e venda de veículos, não há que se falar em renda como o valor recebido pelo carro vendido, mas, sim, a diferença entre aquele pago e recebido pelo contribuinte. Exemplificando: Se o contribuinte comprou um veículo no valor de R$50.000,00 e o vendeu por R$53.000,00, o imposto não deverá NUNCA incidir sobre os R$ 53.000,00 recebidos, porém sobre a diferença entre o preço vendido (R$53.000,00) e o anteriormente pago (R$50.000,00), ou seja, apenas sobre o importe de R$3.000,00. O caso ora examinado é o mesmo de uma montadora de veículos que ao "vender" para a concessionária se veja obrigada a pagar como Imposto de Renda o valor total constante da Nota Fiscal e não aquele diminuído das deduções legais. A base de cálculo do imposto de renda resulta de procedimento complexo, integrada que é por ingressos e saídas de recursos, acréscimos e decréscimos no valor intrínseco de bens, tudo computado dentro de certo período. O método de apuração baseado apenas em extrato bancários e no fluxo de emissão de cheques (depósitos e movimentação de cheques) não oferece adequação técnica e consistência material de ordem a afastar a conjectura de simples presunção. O que o Fisco está fazendo com este auto de infração é simplesmente tributar depósitos bancários como se os mesmos, por si sós, fossem espécie de "rendimento omitido". Desconsidera o Fisco que o Imposto sobre a Renda apenas incide sobre o ganho patrimonial resultante de confronto entre elementos (ingressos e saídas) verificados ao longo de um determinado período, é elastecer o conceito de renda, o que certamente será considerado ilegal e inconstitucional. Utilizarse dos extratos bancários como se cada depósito pudesse ser considerado verdadeiro lucro líquido é tratar os iguais desigualmente ou os desiguais igualmente (artigo 150, II da CF) e ainda utilizar o Imposto de Renda como meio de confisco (violando o artigo 150, IV da CF/88), pois se estará cobrando 25% (vinte e cinco por cento) em relação a meros depósitos bancários e não sobre a renda, conforme determina a Constituição Federal. Requer a Impugnante, portanto, o cancelamento do lançamento efetuado. Fl. 9142DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.143 8 Da Indevida Aplicação da Presunção Estabelecida no Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. A Fiscalização aplicou a presunção legal de maneira precipitada e abusiva, valendose apenas e tãosomente dos extratos bancários da Impugnante. Apesar de terem pedido e recebido os livros Diário e Razão da empresa, os auditores fiscais deles não se utilizaram, não investigaram nada e não realizaram qualquer trabalho de pesquisa e análise dos registros contábeis. Ou seja, simplesmente consideraram que os depósitos bancários não tinham a origem comprovada. A presunção do Fisco de que todos os depósitos efetuados na conta corrente da Contribuinte são efetivamente RECEITA/RENDA, não pode nem deve prevalecer, sob pena de se violar o artigo V, incisos X e XII da Constituição Federal (quebra do sigilo bancário sem a correspondente ordem judicial autorizativa), o artigo 150, II da CF (tratar desigualmente os iguais ou igualmente os desiguais dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente) e o artigo 150, IV da CF (utilizar tributo com efeito de confisco). Sobre a premissa utilizada como fundamento pela Fiscalização para lançar o IRPJ com base na presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96, lembra a Impugnante que a interpretação da legislação tributária se verifica de forma peculiar. Na dúvida em face de circunstâncias materiais do fato, impõe se a observância do disposto no artigo 112 do CTN, que dispõe que a “lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:“, na hipótese do inc. II, “à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos”. Ou seja, concluise que no Direito Tributário também prevalece o princípio de que, na dúvida, se deve interpretar em favor do réu, inclusive em conseqüência do princípio da estrita legalidade, que não admite dúvida sobre o perfeito enquadramento do conceito do fato ao conceito da norma. No direito tributário, o que importa são as provas materiais, válidas e objetivas, sendo que as presunções não só têm que estar autorizadas por lei, como também não podem ultrapassar os limites impostos pelo Código Tributário Nacional quanto aos contornos materiais do fato gerador da obrigação tributária e dos elementos constitutivos que a caracterizam. No caso concreto, as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente dos lançamentos em conta bancária, para considerar todo e qualquer valor como "renda líquida tributável". De forma absolutamente tendenciosa, sem qualquer respaldo fático que corroborasse o acréscimo caracterizador da renda, o Fiscal acabou por enquadrar os meros depósitos como omissão de receita. Na empresa em tela, as receitas da suas atividades estão devidamente registradas na contabilidade, não procedendo, então, qualquer suspeita de evasão fiscal contra a Impugnante. Fl. 9143DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.144 9 Não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco, atribuída à Contribuinte. Da Impossibilidade de Inversão do Ônus da Prova. Mesmo nas hipóteses de quebra de sigilo bancário, exigese, para a lavratura do auto de infração, que o Fisco comprove a omissão de receita, isto é, inadmissível a inversão do ônus probatório, no sentido de que o contribuinte deve provar a inocorrência da citada omissão. Na realidade, cabe à Administração Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto e, repitase, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos. Vale citar o artigo "Imposto de Renda Quebra de Sigilo Bancário e Omissão de Rendas e Rendimentos" do Professor Edmar Oliveira Andrade Filho, Doutor em Direito, publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, n° 70, de julho de 2001: " São inúmeras as circunstâncias fáticas jurídicas que podem revelar indícios de omissão de receitas, mas, em qualquer caso, a exaustiva investigação é necessária e imprescindível. Só os autos de infração bem fundamentados podem resguardar o interesse da Fazenda e propiciar a concretização do princípio constitucional que garante o contraditório e a ampla defesa, na forma do item LV do art. 5° da Constituição Federal. (...) A fiscalização deve apresentar provas sobre a natureza da eventual receita omitida. Assim, se os indícios indicarem que houve omissão de receitas decorrentes da venda de bens ou serviços, cabe à autoridade fiscalizadora provar quem teria sido o adquirente dos bens ou tomador dos serviços eventualmente prestados. Em caso de indícios de suprimento de numerário sem origem, é exigível que sejam reunidas provas sobre as pessoas que tenham feito esses suprimentos e a que título jurídico. Quando esses requisitos não são observados o Conselho de Contribuintes tem determinado a anulação do procedimento fiscal." Dessa forma, é de se concluir que, não tendo, a fiscalização, colhido os efetivos meios de prova para a verificação da alegada omissão de receitas, os dados decorrentes da quebra do sigilo bancário da empresa não representam elementos bastantes a justificar a lavratura dos autos de infração ora combatidos, motivo pelo qual há que ser reconhecida a improcedência do feito. Da Origem e Comprovação da Regularidade dos Depósitos Bancários. A Impugnante anexa a esta peça de defesa planilhas e cópias de centenas de documentos, visando à comprovação da origem dos depósitos em suas contas bancárias. Em síntese, os depósitos referemse às seguintes operações: a) Transferências entre empresas interligadas. Pelo fato de a Impugnante realizar diversos empreendimentos de incorporação imobiliária mediante constituição de SCPs e SPEs (sociedades de propósito específico), a ela interligadas, em razão do ramo de atividades e de mesmos sócios, diversos Fl. 9144DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.145 10 depósitos bancários justificamse como transferência de numerário entre as empresas. b) Transferências entre contas correntes diversas, da mesma empresa. São transferências entre contas correntes de mesma titularidade do Impugnante, em bancos diferentes, ou entre agências diversas de mesma instituição financeira. Cabe frisar que a empresa possui várias contas bancárias porque os clientes buscam financiar os imóveis adquiridos junto às instituições com as quais têm relacionamento. Por via de conseqüência, a Impugnante é compelida a manter, igualmente, contas em diversos bancos. c) Devolução de cauções oferecidas em lances destinados a adquirir imóveis (lotes) por licitações. No Distrito Federal, a aquisição de lotes para implantação de prédios, por incorporação imobiliária, é feita mediante licitações promovidas periodicamente pela TERRACAP. A Impugnante costuma participar desses certames, devendo obrigatoriamente oferecer caução, para esse fim, conforme exigido no edital. Em caso de sua proposta não ser vencedora, a TERRACAP faz devolução da caução, mediante depósito em conta bancária do participante vencido. d) Recebimentos, pela Fiscalizada, de aportes de capital. Na qualidade de "sócia ostensiva", a Impugnante recebeu diversos aportes de capital, das demais "sócias participantes", realizados via depósitos bancários e destinados a fazer face aos custos e despesas do empreendimento em incorporação. e) Recebimentos, sob a forma de devoluções, via depósito bancário, de adiantamentos efetuados a fornecedores. No ramo de sua atividade, é comum que a incorporadora conceda adiantamentos a fornecedores de materiais de construção, ou de prestação de serviços. f) Receita de Incorporações de imóveis, em operações de titularidade da própria Impugnante ou da sua atuação como sócia ostensiva de SCPs ou de SPEs. Estes depósitos estão comprovados pela documentação ora anexada, referindose a operações de incorporação imobiliária realizadas pela própria Impugnante, ou dentro de sua atuação à frente de SCPs e SPEs. Tais valores foram DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS e têm sua origem comprovada, muito embora os Autuantes nem mesmo se dignaram a fazer a conferência entre os documentos e a contabilidade da empresa. A rigor, todas essas receitas foram regularmente oferecidas à tributação, sendo que, no caso do IRPJ e da CSLL, o regime tributário adotado pela Impugnante é o do lucro presumido. Observese, ainda, que, há situações em que a empresa "vendeu" os seus ativos (recebíveis), decorrentes de comercialização de imóveis, por incorporação, a instituições financeiras, as quais lhe repassaram os recursos. Nos registros contábeis, assim é retratado esse fato: 1. O cliente paga a parcela do imóvel à incorporadora (depósito bancário), com recursos próprios, ou com financiamento bancário; Fl. 9145DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.146 11 2. Imediatamente, o valor é debitado da conta da empresa, para repasse ao banco que financiou o recebimento antecipado à empresa. Da Primeira Incoerência na Apuração dos Tributos Exigidos no Auto de Infração: Ofensa ao Art. 146 do CTN. Mudança de Critério Jurídico do Lançamento. Ocorreu grave erro cometido pela Fiscalização. Tratase da determinação do coeficiente para apurar o lucro presumido. Ignorando a atividade precípua da empresa, qual seja, “incorporação de imóveis”, a Fiscalização aplicou, para a determinação do lucro presumido, o percentual de 32%, enquanto o correto para o IRPJ seria de 8% e de 12% para a CSLL. Nos autos de infração, não há qualquer menção ao fundamento legal da exigência com base calculada sobre 32% da suposta “receita” não declarada. Ou os fiscais simplesmente se equivocaram ou valeramse da nova redação do art. 24, da Lei nº 9.249/1995, introduzida pela Lei nº 11.941/2000, a qual faculta a utilização do percentual mais elevado para fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido. Quanto ao alcance da norma, impõe destacar que a utilização do percentual legal mais elevado, dentre os aplicáveis às atividades diversificadas, só será permitido se não for possível identificar a que atividade se refere a receita omitida. No "Regulamento do Imposto de Renda ed. 2011, anotado e comentado", os autores todos especialistas e auditores egressos dos quadros da Receita Federal do Brasil colocam seus pontos de vista com relação à citada omissão: TRATAMENTO DA RECEITA CONSIDERADA OMITIDA EM CASO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. O valor da receita considerada omitida, em decorrência da presunção de que trata o art. 287 , será acrescida ao lucro real declarado ou considerada como base de cálculo para fins de aplicação do lucro presumido ou arbitrado. Claro que se a omissão for identificada como receita não decorrente da atividade operacional da pessoa jurídica, no lucro presumido ou arbitrado, o tratamento será o dispensado a "outras receitas e ganhos", hipótese em que o valor será integralmente tributado pelo imposto de renda, sem aplicação dos percentuais de presunção ou arbitramento. Mas isso não autoriza o Fisco, como tem se verificado em alguns casos, a exigir da pessoa jurídica prova de que a receita omitida decorre da atividade operacional, pois essa é a regra implícita na presunção legal. A prova de que a receita omitida não decorre das atividades da empresa está a cargo do fisco. (FERREIRA, Antonio Airton et alii. Regulamento do Imposto de Renda Decreto n.° 3.000/1999 Ed. 2011, Fl. 9146DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.147 12 anotado e comentado. São Paulo, Fiscosoft Editora, p. 968). Concernente às pretensas receitas omitidas, os fiscais não trazem qualquer prova de que se tratariam de outras modalidades de recebimentos, estranhos à atividade principal estabelecida nos atos constitutivos da Impugnante. Logo, da forma como lavrado, o lançamento não tem como se sustentar. Da Segunda Incoerência na Apuração dos Tributos: Ausência de Dedução, do PIS e da Cofins Exigidos de Ofício, dos Valores Já Declarados em DCTF. A Fiscalização considerou, na apuração do IRPJ e CSLL lançados de ofício, os valores confessados em DCTF. Contudo, não levou em consideração os valores confessados de PIS e Cofins, razão pela qual o lançamento deve ser revisto. Da Imposição de Multa Desarrazoada, Desproporcional e Confiscatória. A penalidade de 75% fere o princípio da proporcionalidade, do nãoconfisco, e da razoabilidade. Apenas nos casos de fraude inequívoca o STF tem admitido medidas punitivas com percentual confiscatório, o que não ocorreu no caso em tela. Dos Juros de Mora. É indevida a aplicação da taxa SELIC aos juros de mora, pelos motivos: (1) A natureza da taxa SELIC é de índice remuneratório, condizente com operações de mercado financeiro e não com encargos por atraso no pagamento de tributos, o que afronta a regra contida no artigo 161 e §l°do Código Tributário Nacional; (2) Dado que a taxa SELIC sequer foi instituída por lei, no sentido preciso do termo, foram infringidos os princípios constitucionais estampados no art. 5º, II e no art. 150, I, ambos da Constituição Federal de 1988; e (3) A taxa SELIC representa autêntico anatocismo, o que agride ao art. 192, § 3º da Constituição. Dos Lançamentos Decorrentes. Aplicamse todos os argumentos relativos ao IRPJ para os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins. A turma julgadora a quo consideroua parcialmente procedente, tendo sua ementa recebido a seguinte redação: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Tratase de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em Fl. 9147DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.148 13 curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras. CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES. Eventual decisão do STF, em sede de controle difuso de constitucionalidade, tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide. EXTRATOS BANCÁRIOS APRESENTADOS VOLUNTARIAMENTE. IMPOSSIBILIDADE DA CONTRIBUINTE EM DISPONIBILIZAR EM MEIO MAGNÉTICO. EMISSÃO DO RMF PARA OBTENÇÃO DE DADOS DIGITAIS. INOCORRÊNCIA DE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Se os extratos bancários foram fornecidos voluntariamente, em papel, pelo próprio contribuinte, em atendimento às intimações efetuadas pela autoridade tributária, posterior emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira RMF, solicitando as mesmas informações em formato digital, diante da impossibilidade da fiscalizada em fornecer os dados em meio magnético, não caracterizam quebra de sigilo bancário. PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I Presumese ocorrida a omissão de receitas ou de rendimentos, em situação no qual os depósitos bancários indicando a movimentação financeira do contribuinte não tiverem a origem comprovada pelo titular, mediante a devida apresentação de documentação hábil e idônea no decorrer da ação fiscal. II Operase a inversão do ônus da prova, situação em que cabe ao contribuinte desconstituir a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. III Na fase contenciosa, logrando a defesa demonstrar a origem dos depósitos bancários e que as receitas não são tributáveis, cabe ser afastada a presunção legal. PRESUNÇÃO LEGAL. APRECIAÇÃO DE LEGALIDADE. A presunção de omissão de receitas encontrase prevista em lei. Nesse contexto, não cabe a órgão de julgamento administrativo apreciar argüição de sua legalidade. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS OMITIDAS. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. COEFICIENTE APLICADO SOBRE A RECEITA BRUTA. PERCENTUAL MAIS ELEVADO. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a Fl. 9148DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.149 14 receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º). DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. PREVISÃO LEGAL. Efetuado o lançamento de ofício, cabe imposição da multa proporcional de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Os débitos confessados em DCTF encaminhadas espontaneamente, antes do início do procedimento fiscal, devem ser considerados para compensar os valores de tributos apurados pela Fiscalização a serem lançados de ofício. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL. O decidido em relação ao IRPJ estendese aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizados com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Tal decisão exonerou parcela do crédito tributário referente a transferências bancárias entre contas do próprio contribuinte consideradas como receitas omitidas, bem como em relação a valores de tributos já confessados em DCTF quando do início do procedimento fiscal. Em relação a tal parcela de crédito tributário, recorreuse de ofício ao CARF. O contribuinte foi cientificado da decisão em 10 de julho de 2012 (conforme aviso de recebimento de fl. 4198), apresentando recurso voluntário de fls. 41985532 em 09 de agosto de 2012. Em apertada síntese, podese afirmar que o recurso reafirma os pontos tratados em impugnação. O único ponto adicional diz respeito à juntada farta documentação (41 anexos) que comprovariam a origem dos depósitos considerados como receitas omitidas. É o relatório. Fl. 9149DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/201171 Resolução nº 1402000.307 S1C4T2 Fl. 9.150 15 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Dele, portanto, tomo conhecimento. Conforme se observa, a Recorrente anexou aos autos 41 anexos referentes a documentos que, em tese, comprovariam a origem de depósitos considerados como omissão de receita por parte da autoridade autuante. Esta turma firmou entendimento de que, a bem do princípio da verdade material, documentos juntados aos autos até a data em que o processo foi incluído em pauta devem ser analisados. Nesse contexto, voto por converter o julgamento em diligência, retornando os autos à unidade de origem para que analise a documentação acostada em sede de recurso voluntário. A autoridade fiscal deverá cotejar tais documentos com os depósitos bancários considerados como receita omitida (art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996). Nos casos que se considere comprovada a origem, deverá o responsável pela diligência verificar se tais rendimentos já foram oferecidos à tributação. Ao final, deverá a autoridade fiscal elaborar relatório circunstanciado em que fique evidenciado, com base nos novos elementos trazidos aos autos, se houve ou não comprovação de origem de depósitos já considerados como receita omitida (art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996). Em caso afirmativo, deverá a autoridade fiscal verificar se tais receitas foram oferecidas à tributação espontaneamente pela Recorrente, discriminando, mensalmente: (i) depósitos de origem comprovada que se referem a receitas e que foram oferecidos à tributação pela Recorrente; (ii) depósitos de origem comprovada que se referem a receitas e que não foram oferecidos à tributação. A autoridade fiscal poderá apresentar ainda os esclarecimentos que julgar necessários à melhor análise dos autos. Ao final, a Recorrente deverá ser cientificada do resultado da diligência, abrindose prazo de 30 dias para que, querendo, manifestese sobre seu conteúdo (art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011). (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator Fl. 9150DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 13116.720769/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
RMF. ATRASO NO ATENDIMENTO.
EXIGÊNCIA DE INFORMAÇÕES EM PAPEL. Se o procedimento fiscal, além de demandar arquivos digitais, também requer a apresentação de informações em papel, é regular a fixação de prazo de 20 (vinte) dias para atendimento à intimação. Verificado o atraso no seu cumprimento, a instituição financeira é punida com multa de 2% por mês ou fração de atraso, aplicada sobre o valor das operações objeto da requisição, quais sejam, os débitos e créditos a serem individualizados nos extratos requeridos, cuja quantificação pode se dar a partir dos valores previamente declarados ao Fisco pela instituição financeira.
Numero da decisão: 1101-001.280
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Antônio Lisboa Cardoso que negavam provimento ao recurso, e o Conselheiro Paulo Reynaldo Becari, que dava provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ATRASO NO ATENDIMENTO. EXIGÊNCIA DE INFORMAÇÕES EM PAPEL. Se o procedimento fiscal, além de demandar arquivos digitais, também requer a apresentação de informações em papel, é regular a fixação de prazo de 20 (vinte) dias para atendimento à intimação. Verificado o atraso no seu cumprimento, a instituição financeira é punida com multa de 2% por mês ou fração de atraso, aplicada sobre o valor das operações objeto da requisição, quais sejam, os débitos e créditos a serem individualizados nos extratos requeridos, cuja quantificação pode se dar a partir dos valores previamente declarados ao Fisco pela instituição financeira. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Antônio Lisboa Cardoso que negavam provimento ao recurso, e o Conselheiro Paulo Reynaldo Becari, que dava provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 72 07 69 /2 01 3- 15 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vicepresidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso. Fl. 107DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 4 3 Relatório A 4a Turma da DRJ/Belo Horizonte submete a reexame necessário decisão que declarou PROCEDENTE impugnação interposta contra lançamento formalizado em 20/05/2013, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 20.934.608,52. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Tratase de Auto de Infração (doc de fls. 23/30) para exigência de multa regulamentar, no valor de R$ 20.934.608,32, aplicada em razão da não apresentação dos elementos requisitados por meio da RMF (Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira) n° 01202002012000302, no prazo nela estipulado. O detalhamento dos fatos ocorridos encontrase no Auto de Infração, às fls. 25/27, e os principais trechos serão transcritos a seguir: Apesar de devidamente cientificado da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF nº 01202002012000302 em 13/02/2013, para apresentação de extratos de movimentação de ContaCorrente (em meio magnético e em papel), bem como da apresentação dos dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo ATAC Participação e Agropecuária Ltda, CNPJ nº 02.816.598/000117, no prazo de 20 dias, o contribuinte somente apresentou as informações solicitadas por meio de RMF, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10/01/2001, em 30/04/2013, portanto, após o prazo estabelecido, que se encerrou em 05/03/2013, sujeitandose ao lançamento de ofício da multa prevista no Art. 31 da Lei nº 10.637 de 30/11/2002, conforme transcrição abaixo: (...) Do cálculo da multa por não atendimento da RMF no prazo estabelecido: Multa de 2% (dois por cento) por mêscalendário ou fração de atraso: No presente lançamento o contribuinte foi cientificado da RMF em 13/02/2013, conforme AR juntados aos Autos, assim, o prazo para prestar as informações se encerrou no dia 05/03/2013. Considerando que somente em 30/04/2013 houve a prestação das informações requeridas, serão consideradas as frações dos meses de março e abril para determinação da alíquota da multa a ser aplicada, ou seja de 2% ao mês/fração x 2 = 4% (Quatro por cento). Valor das operações objeto da requisição: O Banco BVA S.A apresentou à Receita Federal do Brasil as DIMOF Declarações de Informações sobre Movimentação Financeira nº 7409, recebida em 27/08/2010, e nº 9376, recebida em 22/02/2011, referentes à movimentação financeira do contribuinte ATAC Participação e Agropecuária Ltda, CNPJ nº 02.816.598/000117, durante o anocalendário 2010. Conforme relatório juntado aos autos, constam as movimentações a débito no valor de R$ 303.299.420,08 e a crédito no valor de R$ 220.065.792,95, perfazendo uma movimentação financeira no valor de R$ 523.365.213,03, sendo este o valor das operações objeto da requisição. Adicionalmente, na resposta à RMF apresentada em 30/04/2013, o Banco BVA S/A apresentou os extratos bancários do sujeito passivo ATAC Participação e Agropecuária Ltda contendo a movimentação financeira no anocalendário 2010. Cálculo da multa regulamentar: 4% x R$ 523.365.213,03 = R$ 20.934.608,52 (...) Fato Gerador Multa Fl. 108DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 5 4 06/03/2013 20.934.608,52 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 06/03/2013 e 06/03/2013: Art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 regulamentado pelo Decreto nº 3.724/2001 c/c art.31 da Lei nº 10.637/2002 (os destaques em negrito foram acrescentados) Instruem os autos, dentre outros documentos, a RMF nº 01202002012 000302, emitida em 21/5/2012 (doc. de fls. 34). Cientificada em 20/5/2013, conforme atesta o doc. de fls. 55, a interessada apresentou, em 19/6/2013, a impugnação de fls. 65/75, com as alegações sintetizadas a seguir. Inicialmente, informa que se encontra sob intervenção do Banco Central do Brasil desde 19/10/2012. Em seguida, requer o cancelamento da exação por entender que a base legal que fundamentou a penalidade, a saber, o art. 31 da Lei n° 10.637, de 2002, teria sido tacitamente revogado pelo art. 8º da Lei n° 12.766, de 2012, que deu nova redação e alcance ao art. 57 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001. Sendo assim, por ocasião do lançamento (dia 16/5/2013) já vigia a nova norma, que alterou o valor das multas e estipulou que o prazo fixado pela autoridade fiscal para apresentação das informações requeridas nunca poderia ser inferior a 45 dias, enquanto no caso concreto, estipulouse o prazo de 20 dias. Subsidiariamente, requer a aplicação do instituto da retroatividade benigna, para a readequação da penalidade aos novos patamares. Acredita que o art. 6º da LC nº 105/2001, citado como enquadramento legal da infração, não contempla a aplicação da penalidade por simples mora na apresentação das informações requeridas via RMF, pelo fato de mencionar apenas a falta de apresentação dos elementos ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta. Apresenta a distinção entre as hipóteses de inadimplemento absoluto da obrigação e de inadimplemento relativo, situação na qual a autuada se enquadraria. Nesse caso, caberia analisar se houve motivo que justificasse o atraso, se o atraso foi por prazo razoável, tendo em vista as dificuldades apresentadas, ou se o prazo extrapolou os limites da razoabilidade, diante das dificuldades concretas. Relembra que à época da expedição da RMF, já se encontrava, há pouco tempo, sob intervenção do BACEN, fato que, por si só, já demonstra haver uma justificativa razoável para o atraso no cumprimento da RMF. Lembra, ainda, ter havido recente alteração de endereço. Reitera que a autoridade administrativa deve adotar necessariamente, à luz da razoabilidade e da proporcionalidade, um critério que avalie a existência, ou não, de motivo justificado para o atraso, já que a lei não estabelece um prazo objetivo e peremptório. Cita o art. 7º da Portaria SRF n° 180, de 2001, que estabeleceu um prazo prorrogável para a prestação das informações e observa que o retardo injustificado nessa prestação pode acarretar, inclusive, repercussões na seara penal, como ocorre com o parágrafo único do art. 10 da LC nº 105, de 2001. Em seguida, cita e transcreve jurisprudência administrativa sobre a questão. Pondera que, embora tenha levado 75 dias para prestar as informações requeridas, não houve prejuízo ao andamento do procedimento fiscal junto ao titular da conta bancária em questão ou ao menos nada consta neste sentido, inclusive quanto à eventual perda do direito de constituir o crédito tributário. Caso não sejam acatados os argumentos anteriores, requer a revisão da exigência, pelo fato de a autoridade fiscal, embora de posse dos extratos bancários, ter utilizado como base de cálculo as informações prestadas na transmissão da Dimof, Fl. 109DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 6 5 a fim de arbitrar o valor das operações objeto da requisição. Na sequência, transcreve o art. 2º da IN RFB n° 811, de 2008, que instituiu a Dimof, e pondera que os valores apontados nessa declaração não refletem com exatidão o valor das operações do contribuinte, por incluírem diversas outras operações. Na hipótese de serem acatados os dados da Dimof, adverte que a autuação padece, ainda, de outro vício, por ter sido utilizada, como base de cálculo da infração, a soma de débitos e de créditos informados em Dimof, quando deveriam ter sido utilizados somente os créditos consignados na Dimof e jamais somados os débitos. Por fim, sintetiza seu pedido do seguinte modo: Ante o exposto, pedese que a presente defesa seja conhecida e provida, nos seguintes termos, de modo sucessivo: a) para o fim de se determinar o cancelamento integral da exigência fiscal em litígio, haja vista: (i) ausência de amparo jurídico que a justifique (utilização de norma revogada, atraso justificado e cumprimento da obrigação antes da lavratura do auto de infração); (íi) utilização de prazo incorreto para cumprimento da requisição (20 dias ao invés de 45 dias); (iü) erro na fonte de dados para obtenção da base de cálculo (dados da Dimof ao invés dos dados dos extratos bancários); b) na eventualidade do não provimento integral da impugnação, o cancelamento parcial da exigência, nos seguintes termos: b1) aplicação da penalidade R$ 1.000,00 por mêscalendário de atraso, nos termos do art. 57 da MP 2.15835/2001, com a redação dada pelo art. 8º da Lei n° 12.766/2012, c/c art. 106, II, c, do CTN (retroatividade benigna); b2) em caso do não acolhimento do disposto no item "b1", cancelandose parcialmente a penalidade aplicada, por meio da exclusão da base de cálculo da exação do montante dos débitos informados em Dimof. É o relatório. A Turma julgadora afastou a exigência com fundamento no que assim exposto na ementa do acórdão: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 06/03/2013 RMF. PRAZO PARA ENTREGA DE INFORMAÇÕES EM ARQUIVOS DIGITAIS DURANTE O PROCEDIMENTO FISCAL. O procedimento fiscal que demande arquivos digitais ou determine que sejam prestados esclarecimentos sobre eles deve, necessariamente, respeitar o prazo mínimo de quarenta e cinco dias, concedido para a entrega das informações exigidas, nos termos do inciso II do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, com a redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012. RMF. PRAZO PARA ATENDIMENTO. MULTA REGULAMENTAR. DESCABIMENTO. É incabível a multa pela falta de apresentação dos elementos requisitados na RMF quando esta deixe de observar o prazo mínimo para a apresentação de informações, previsto na legislação. Como o crédito tributário superou o limite fixado na Portaria MF nº 3/2008, a decisão foi submetida a reexame necessário. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 7 6 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A aplicação da penalidade em debate está fundamentada nos seguintes dispositivos legais: Lei Complementar nº 105, de 2001: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Lei nº 10.637, 2002: Art. 30. [...] § 2o As multas de que trata este artigo serão: I apuradas considerando o período compreendido entre o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração até a data da efetiva entrega; II majoradas em 100% (cem por cento), na hipótese de lavratura de auto de infração. § 3o Na hipótese de lavratura de auto de infração, caso a pessoa jurídica não apresente a declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua efetiva entrega. Art. 31. A falta de apresentação dos elementos a que se refere o art. 6o da Lei Complementar no 105, de 10 de janeiro de 2001, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica à multa equivalente a 2% (dois por cento) do valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros, por mêscalendário ou fração de atraso, limitada a 10% (dez por cento), observado o valor mínimo de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais). Parágrafo único. À multa de que trata este artigo aplicase o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 30. O Decreto nº 3.724/2001, também citado na fundamentação legal da exigência, disciplina, dentre outros aspectos, a forma para requisição das informações às instituições financeiras: Art.2oOs procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), Fl. 111DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 8 7 instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). [...] §5oA Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio de servidor ocupante do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, somente poderá examinar informações relativas a terceiros, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). [...] Art.3oOs exames referidos no § 5o do art. 2o somente serão considerados indispensáveis nas seguintes hipóteses: (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). [...] Art.4oPoderão requisitar as informações referidas no § 5o do art. 2o as autoridades competentes para expedir o MPF. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). [...] §7o Na RMF deverão constar, no mínimo, o seguinte: I nome ou razão social do sujeito passivo, endereço e número de inscrição no CPF ou no CNPJ; II número de identificação do MPF a que se vincular; III as informações requisitadas e o período a que se refere a requisição; IV nome, matrícula e assinatura da autoridade que a expediu; V nome, matrícula e endereço funcional dos AuditoresFiscais da Receita Federal responsáveis pela execução do MPF; VI forma de apresentação das informações (em papel ou em meio magnético); VII prazo para entrega das informações, na forma da legislação aplicável; VIII endereço para entrega das informações; IX código de acesso à Internet que permitirá à instituição requisitada identificar a RMF. §8oA expedição da RMF presume indispensabilidade das informações requisitadas, nos termos deste Decreto. Art.5o As informações requisitadas na forma do artigo anterior: I compreendem: a) dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo; b) valores, individualizados, dos débitos e créditos efetuados no período; II deverão: a) ser apresentadas, no prazo estabelecido na RMF, à autoridade que a expediu ou aos AuditoresFiscais da Receita Federal responsáveis pela execução do MPF correspondente; b) subsidiar o procedimento de fiscalização em curso, observado o disposto no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996; Fl. 112DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 9 8 c) integrar o processo administrativo fiscal instaurado, quando interessarem à prova do lançamento de ofício. [...] (negrejouse) A Requisição de Movimentação Financeira dirigida à interessada exigia a apresentação de dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo e extrato de movimentação de contacorrente em papel e em meio magnético, todos referentes ao ano calendário 2010. Fixouse o prazo de 20 (vinte) dias para entrega e, como a primeira tentativa de ciência foi desqualificada pela própria Fiscalização, afirmouse que a contribuinte foi cientificada da exigência em 13/02/2013, atendendoa apenas em 30/04/2013, depois de expirado o prazo para tanto, em 05/03/2013. A decisão sob reexame cancelou integralmente a exigência com fundamento nas razões assim expostas no voto condutor do julgado: De início, a defesa alega que a Lei nº 12.766, de 27 de dezembro de 2012, teria revogado tacitamente o art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002, notadamente quanto ao prazo para apresentação das informações requeridas, que nunca poderia ter sido inferior a quarenta e cinco dias. O art. 8º da Lei nº 12.766, de 2012, que deu nova redação à Medida Provisória (MP) nº 215835, de 24 de agosto de 2001, assim estabelece: Lei nº 12.766, de 2012 Art. 8o O art. 57 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com ou omissões será intimado para apresentálos ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: I por apresentação extemporânea: a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido; b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro real ou tenham optado pelo autoarbitramento; II por não atendimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, para apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar esclarecimentos, nos prazos estipulados pela autoridade fiscal, que nunca serão inferiores a 45 (quarenta e cinco) dias: R$ l.000,00 (mil reais) por mêscalendário; III por apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital com informações inexatas, incompletas ou omitidas: 0,2% (dois décimos por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), sobre o faturamento do mês anterior ao da entrega da declaração, demonstrativo ou escrituração equivocada, assim entendido como a receita decorrente das vendas de mercadorias e serviços. § 1o Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional, os valores e o percentual referidos nos incisos II e III deste artigo serão reduzidos em 70% (setenta por cento). § 2o Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurídicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que trata a alínea b do inciso I do caput. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 10 9 § 3o A multa prevista no inciso I será reduzida à metade, quando a declaração, demonstrativo ou escrituração digital for apresentado após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício.” (NR) (destaques acrescentados) Por sua vez, assim disciplina o art. da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999. Lei nº 9.779, de 1999 Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Das normas legais transcritas, verificase que o art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002, aplicado ao caso vertente, trata do descumprimento de obrigações específicas (livros e registros de instituições financeiras) contidas na própria lei, enquanto o inciso II do atual art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, com a redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, sanciona, em sentido amplo, as condutas pela falta de entrega de declaração, demonstrativo ou escrituração digitais. Assim, verificase a ocorrência de antinomia entre uma norma específica e outra geral, ambas de mesmo nível hierárquico. Ora, se o legislador alterou a norma genérica, mas manteve incólume a mais específica, quando poderia têla revogado, não seria isonômico deixar de aplicar a específica para a declaração específica. Desse modo, a penalidade prevista no art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002, continua vigente. Contudo, embora não tenha havido revogação do art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002, caso o procedimento fiscal demande arquivos digitais ou determine que sejam prestados esclarecimentos sobre eles, prevalece o prazo de quarenta e cinco dias para a entrega de informações, concedido pela norma geral. Para melhor compreensão da questão, reproduzse a seguir excerto do Parecer Normativo nº 3, de 10 de junho de 2013 (disponível da internet, em www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/PareceresNormativos/2013/parecer0320 13.htm), emitido com a finalidade de analisar as consequências da nova redação do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, dada pela Lei nº 12.766, de 2012: (ii) Como interpretar o prazo de quarenta e cinco dias a que se refere o inciso II da atual redação do art. 57? 5. Quanto ao prazo definido no inciso II do atual art. 57 da MP nº 215835, de 2001, (45 dias), conforme a regramatriz contida no quadro do item 4, ele tem como único objetivo delimitar o aspecto temporal da multa da Lei nº 12.766, de 2012, ou seja, ele não se aplica a quaisquer outras situações da RFB que não a entrega de arquivos digitais ou a prestação de esclarecimentos sobre eles. A permissão geral de a RFB dispor sobre prazos para o cumprimento de obrigações acessórias contida no art. 16 da Lei nº 9.779, de 1991, subsiste. A sua menção no caput do art. 57 da MP nº 215835, de 2001, teve por objetivo simplesmente dar a base legal de exigência da obrigação acessória específica, não tendo o condão de extrapolar o prazo a situações outras que não a prevista no caput do novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. (Retificado no DOU de 15/07/2013, Seção 1, pág. 127) 5.1. Esse prazo de quarenta e cinco dias é meramente o aspecto temporal da regra matriz da nova multa, subordinada ao aspecto material (deixar de apresentar, nos prazos fixados, declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar esclarecimentos), e não se aplica para a intimação para apresentar recibo ou comprovante de entrega ou número de identificação dos arquivos digitais, desde que não implique prestar esclarecimentos. 5.2. Analisase o prazo de que trata o art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, na redação dada pela MP nº 2.15835, de 2001, também encontrado no art. 34 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. A redação da Lei é a seguinte: Fl. 114DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 11 10 Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158 35, de 2001) § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 44, §§ 2º e 5º, da Lei nº 9.430, de 1996, o desatendimento a intimação para apresentar documentos, cuja guarda não esteja sob a responsabilidade do sujeito passivo, bem assim a impossibilidade material de seu cumprimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) 5.2.1 O dispositivo acima transcrito trata de procedimento para o início da fiscalização. É a situação em que ela exige, no prazo de vinte dias, a apresentação de informações e documentos necessários ao procedimento fiscal. Segundo o § 1º, se os fatos estiverem registrados na escrituração contábil ou fiscal, o prazo é reduzido para cinco dias úteis. 5.2.2. O prazo tratado no item 5 derroga o prazo definido no art. 19 da Lei nº 3.470, de 1958, em relação à apresentação de declaração, demonstrativo ou escrituração digital, ou à prestação de esclarecimentos sobre eles. Caso o procedimento fiscal demande tais arquivos digitais ou determine que sejam prestados esclarecimentos, para eles deverá ser dado o prazo de quarenta e cinco dias. Notese que se a fiscalização tiver outros esclarecimentos ou documentos que não se enquadrem naqueles descritos na nova redação do art. 57 da MP nº 215835, de 2001, continua prevalecendo o prazo de vinte dias para esses outros esclarecimentos ou documentos. 5.2.3. Tal conclusão decorre de uma interpretação sistêmica da norma. Apesar de se tratar de um prazo do procedimento fiscal de fiscalização, a existência de uma norma de conduta só tem eficácia se houver uma norma sancionatória. De nada adiantaria intimar o sujeito passivo a apresentar os arquivos no prazo de cinco dias úteis (§ 1º), se o seu descumprimento enseja a aplicação da multa do novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. E, para se configurar o fato gerador no mundo fenomênico, todos os aspectos da hipótese abstrata da regramatriz da multa devem ocorrer. Dentre esses aspectos, há o temporal, que exige uma intimação para apresentar a documentação no prazo mínimo de quarenta e cinco dias. Se essa intimação com esse prazo não ocorre, tampouco ocorre o fato gerador da multa. A norma de conduta se tornaria inócua. 5.2.4. Se o registro se der em escrituração contábil ou fiscal física, aplicase o prazo de cinco dias úteis do § 1º. 5.2.5. Seguindo o mesmo raciocínio que consta do item 5.1, a exigência de recibo ou comprovante de entrega é distinto de exigir o arquivo ou o esclarecimento de determinada questão. Nessa situação continua aplicandose o prazo de 20 dias a que se refere o caput. 5.3. O prazo de quarenta e cinco dias serve apenas para a situação em que se exige a apresentação de declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar esclarecimentos feitos pela autoridade fiscal. Não há consequência nos prazos ordinários de entrega de arquivos digitais contidos em ato normativo (legal ou infralegal). Não ocorrendo nenhuma intimação, continua vigente toda a sistemática dos prazos para entrega desses arquivos, que podem ensejar a cobrança da multa do inciso I do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, pelo atraso na entrega. 5.4. A intimação para apresentar os arquivos digitais ou prestar esclarecimentos deve ser no mínimo de quarenta e cinco dias. Caso esse prazo não seja cumprido e seja feita uma reintimação, ela não precisa ser de quarenta e cinco dias. Pode ser de um prazo inferior. O importante é que o prazo em conjunto seja superior a quarenta e cinco dias. A propósito, em caso de reintimação, aplicase à multa do novo art. 57 da MP nº 215835, de 2001, as mesmas conclusões da Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit nº 20, de 13 de setembro de 2012: Fl. 115DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 12 11 Quando o sujeito passivo cumpre a reintimação para apresentar arquivos digitais, mesmo que não tenha cumprido a intimação original, não incide a multa do art. 12, inciso III, da Lei nº 8.218, de 1991. Nos casos em que não sejam apresentados os arquivos, ou os sejam intempestivamente à intimação originária sem ter havido reintimação, incide a multa em tela. Havendo a reintimação, e ela também seja descumprida, incide a multa, cujo termo inicial para calculála é a última intimação. 5.5. Logo, o prazo de 45 dias do inciso II do art. 57 da MP nº 215835, de 2001, é o aspecto temporal da multa do caput desse artigo, aplicandose apenas à intimação para apresentar arquivos digitais ou para prestar esclarecimentos sobre eles. (os destaques não são do original) Para o caso em tela, a autoridade requisitante intimou a contribuinte a apresentar os extratos de movimentação de contacorrente “em meio magnético” em vinte dias, quando, de acordo com o Parecer transcrito, deveria, necessariamente, ter concedido pelo menos o prazo de quarenta e cinco dias, previsto no inciso II do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, com a redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012. Embora dentre as informações requisitadas pela RMF nº 01202002012 000302 (doc. de fls. 34) constem ainda “dados constantes da ficha cadastral” (em papel) e “extratos de movimentação de contacorrente” (em papel), elementos que não se enquadram naqueles descritos na nova redação do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, e para os quais seria lícito fixar o prazo de vinte dias, o fato de não ter sido observado o prazo mínimo de quarenta e cinco dias para a apresentação do “extrato de movimentação financeira de contacorrente (em meio magnético)” compromete e macula todo o procedimento fiscal. Assim, por não ter atendido aos ditames legais, considerase inválida a intimação efetuada por meio da RMF nº 01202002012000302, que desrespeitou o prazo mínimo garantido ao contribuinte. Nesse caso, há que se reconhecer a inocorrência do fato gerador da multa regulamentar pela falta de apresentação dos elementos requisitados no prazo estabelecido, devendo ser cancelado o lançamento impugnado, em sua integralidade. Quanto aos demais argumentos apresentados pela defesa, tornase desnecessário apreciálos, por perda de objeto, tendo em vista a improcedência do lançamento, aferida de ofício. Inicialmente importa ter em conta o que antes dizia o art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, alterado pela Lei nº 12.766/2012: Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. Referido dispositivo legal especificava genericamente as penalidades aplicáveis em caso de descumprimento de obrigações acessórias criadas pela Secretaria da Fl. 116DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 13 12 Receita Federal com base na competência que lhe foi atribuída pelo art. 16 da Lei nº 9.779/99, qual seja, dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Ao lado daquela norma genérica, várias outras foram criadas e associadas a penalidades em razão do descumprimento de obrigações acessórias específicas, consoante, inclusive, demonstrado no Parecer Normativo nº 3/2013, citado na decisão sob reexame: 6.2. É de se questionar se houve revogação tácita dos arts. 7º e 8º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, na redação dada pelas Leis nºs 11.051, de 2004, 11.727, de 2008, e 11.941, de 2009, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, do art. 32A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, na redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009; do art. 7º da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, do inciso II do art. 9º da Lei nº 11.371, de 28 de novembro de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, pelo novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. Segue a redação dos dispositivos: Lei nº 10.426, de 2002: Art. 7º O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3odeste artigo; e(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1 Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2 Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 117DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 14 13 § 3º A multa mínima a ser aplicada será de:(Vide Lei nº 11.727, de 2008) I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto naLei nº9.317, de 1996; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. §4ºConsiderarseá não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita Federal. §5ºNa hipótese do § 4º, o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação, e sujeitarseá à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º. § 6o No caso de a obrigação acessória referente ao Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – DACON ter periodicidade semestral, a multa de que trata o inciso III do caput deste artigo será calculada com base nos valores da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS ou da Contribuição para o PIS/Pasep, informados nos demonstrativos mensais entregues após o prazo.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Lei nº 10.637, de 2002: Art. 30. A falta de prestação das informações a que se refere o art. 5º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I R$ 50,00 (cinqüenta reais) por grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas; II R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mêscalendário ou fração, independentemente da sanção prevista no inciso I, na hipótese de atraso na entrega da declaração que venha a ser instituída para o fim de apresentação das informações. § 1º O disposto no inciso II do caput aplicase também à declaração que não atenda às especificações que forem estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, inclusive quando exigida em meio digital. § 2º As multas de que trata este artigo serão: I apuradas considerando o período compreendido entre o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração até a data da efetiva entrega; II majoradas em 100% (cem por cento), na hipótese de lavratura de auto de infração. § 3º Na hipótese de lavratura de auto de infração, caso a pessoa jurídica não apresente a declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua efetiva entrega. Lei nº 8.212, de 1991: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) Fl. 118DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 15 14 § 2º Observado o disposto no § 3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) II a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) II R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009) Lei nº 9.393, de 1996: Art. 7º No caso de apresentação espontânea do DIAC fora do prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, será cobrada multa de 1% (um por cento) ao mês ou fração sobre o imposto devido não inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), sem prejuízo da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou quota. Lei nº 11.371, de 2004: Art.9oA inobservância do disposto nos arts. 1º e 8º desta Lei acarretará a aplicação das seguintes multas de natureza fiscal: I 10% (dez por cento) incidentes sobre o valor dos recursos mantidos ou utilizados no exterior em desacordo com o disposto no art. 1ºdesta Lei,sem prejuízo da cobrança dos tributos devidos; II 0,5% (cinco décimos por cento) ao mêscalendário ou fração incidente sobre o valor correspondente aos recursos mantidos ou utilizados no exterior e não informados à Secretaria da Receita Federal, no prazo por ela estabelecido, limitada a 15% (quinze por cento). §1ºAs multas de que trata o caput deste artigo serão: Iaplicadas autonomamente a cada uma das infrações, ainda que caracterizada a ocorrência de eventual concurso; IIna hipótese de que trata o inciso II do caput deste artigo: a)reduzidas à metade, quando a informação for prestada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; b)duplicada, inclusive quanto ao seu limite, em caso de fraude. §2ºCompete à Secretaria da Receita Federal promover a exigência das multas de que trata este artigo, observado o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Lei nº 11.033, de 2004: Art. 5º .............................................................................................................................. (...) § 2º O descumprimento do disposto neste artigo sujeita a entidade à multa de 30% (trinta por cento) do valor do imposto devido. 6.2.1. O novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, aplicase para qualquer declaração, demonstrativo ou escrituração digital, enquanto a Lei nº 10.426, de 2002, aplicase para a Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) e a Declaração sobre Operações Imobiliárias (DOI), a Lei nº 10.637, de 2002, aplicase para a Declaração de Fl. 119DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 16 15 Informações sobre Movimentação Financeira (Dimof) e a Declaração de Operações com Cartão de Crédito (Decred), a Lei nº 8.212, de 1991, aplicase para a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a Lei nº 9.393, de 1996, aplicase para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), a Lei nº 11.371, de 2004, aplicase para a Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de exportações (Derex) e a Lei nº 11.033, de 2004, aplicase para a Declaração de Transferência de Titularidade de Ações (DTTA). 6.2.2. Há uma antinomia entre as normas. O art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, sanciona as condutas pela não entrega, em sentido lato, de declarações digitais. As normas acima mencionadas tratam do descumprimento das obrigações específicas contidas na própria lei. Ocorre uma antinomia entre uma norma geral e outra específica, devendo, nesses casos, prevalecer a última, conforme ensinamento de Norberto Bobbio: O terceiro critério, chamado precisamente de lex specialis, é aquele com base em que, de duas normas incompatíveis, uma geral e uma especial (ou excepcional), prevalece a segunda; lex specialis derogat generali. Também nesse caso a razão do critério não é obscura: lei especial é aquela que derroga uma lei mais geral, ou seja, que subtrai a uma norma uma parte da sua matéria para submetêla a uma regulamentação diversa (contrária ou contraditória). A passagem de uma regra mais extensa (que contenha um certo genus) para uma regra derrogatória menos extensa (que contenha uma species do genus) corresponde a uma exigência fundamental de justiça, entendida como igual tratamento de pessoas que pertencem à mesma categoria. A passagem da regra geral para a regra específica corresponde a um processo natural de diferenciação das categorias e a uma descoberta gradual, por parte do legislador, dessa diferenciação. Ocorrida ou descoberta a diferenciação, a persistência da regra geral implicaria o tratamento igual de pessoas que pertencem a categorias diversas e, portanto, uma injustiça. (grifouse) (BOBBIO, Norberto. Teoria geral do direito. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 253) 6.2.3. Se as obrigações contidas nas leis acima transcritas foram consideradas tão importantes pelo legislador ao ponto de dar embasamento legal específico à sanção pelo seu descumprimento, (a despeito de legislação tributária, em sentido amplo, poder gerar tal obrigação), não é isonômico não aplicar as multas específicas para as declarações específicas, em prol da multa genérica do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. É, conforme ensinamento de Bobbio, uma violação à isonomia que determina dar tratamento desigual a pessoas em situações distintas. 6.2.4. No presente caso, não se deve esquecer que o legislador foi quem alterou a norma então existente (genérica) e criou uma mais específica, mas deixou aquelas outras ainda mais específicas incólumes (ele poderia muito bem têlas revogado expressamente). Se não o fez, as multas mais específicas do art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 2002, do art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, do art. 7º da Lei nº 9.393, de 1996, do art. 9º da Lei nº 11.371, de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº 11.033, de 2004, continuam vigentes. As IN que tratam do assunto, portanto (RFB nº 1.110, de 2012, RFB nº 1.264, de 2012, RFB nº 1.015, de 2010, SRF nº 197, de 2002, RFB nº 811, de 2010, SRF nº 341, de 2003, RFB nº 971, de 2009, RFB nº 1.279, de 2012, RFB nº 726, de 2007 e RFB nº 892, de 2008) devem continuar a ser aplicadas sem nenhuma alteração. A penalidade aqui em debate não foi instituída em razão da competência atribuída à Secretaria da Receita Federal por meio do art. 16 da Lei nº 9.779/99, mas sim mediante disposição legal específica, qual seja, o art. 31 da Lei nº 10.637/2002. Por esta razão, aliás, há julgados administrativos que negam qualquer efeito à Lei nº 12.766/2012 quando a Fl. 120DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 17 16 penalidade aplicada não decorre do descumprimento de obrigação acessória instituída em razão da delegação de competência do art. 16 da Lei nº 9.779/99: MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS E SISTEMAS. ARTS. 11 E 12 DA LEI 8.218/1991. INAPLICABILIDADE DO ART. 57 DA MP 2.15835/2001. Em caso de descumprimento das obrigações acessórias instituídas pelo art. 11 da Lei nº 8.218/1991 aplicamse as penalidades estabelecidas no art. 12 do mesmo diploma legal. As penalidades de que trata o art. 57 da MP nº 2.158 35/2001, mesmo após as modificações introduzidas pela Lei nº 12.766/2012, se aplicam exclusivamente ao descumprimento de obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779/1999, o que não é o caso dos presentes autos. A obrigação acessória criada pelo art. 11 da Lei nº 8.218/1991 não se confunde com aquela criada pela IN RFB nº 787/2007, com base na delegação de competência do art. 16 da Lei nº 9.779/1999. (Acórdão nº 1302001.218) MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OMISSÃO OU ERRO NOS DADOS FORNECIDOS EM MEIO MAGNÉTICO. ART. 57 DA MP 2.15835/01. INAPLICABILIDADE. O art. 57 da MP 2.15835/01, com redação dada pelo art. 8º da Lei 12.766/12, só se aplica para o descumprimento de obrigações acessórias instituídas pela Receita Federal com base na competência que lhe fora outorgada pelo art. 16 da Lei 9.779/99, no que não se enquadra arquivos magnéticos objetos de obrigação acessória instituída, pela Receita Federal, com base no § 3º do art. 11 da Lei 8.218/91. (Acórdão nº 1302001.272) É certo, porém, que a obrigação acessória cujo descumprimento enseja a penalidade aqui aplicada não representava uma declaração, à semelhança daquelas tratadas na legislação específica antes transcrita, mas sim tem em conta a apresentação de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, nos termos do art. 6o da Lei Complementar nº 105/2001. E, como a prestação destas informações pode se dar mediante a apresentação de demonstrativo ou escrituração digital, o voto condutor da decisão sob reexame fixou a interpretação, especialmente tendo em conta o disposto no item 5.2.2 do Parecer Normativo nº 3/2013, de que o prazo para atendimento da intimação deveria ter sido de 45 (quarenta e cinco) dias. De forma semelhante, o mesmo Parecer Normativo admitiu que a Lei nº 12.766/2012 produzia efeitos em relação às obrigações acessórias tratadas nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218/91: (i) Ocorreu revogação tácita dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, tendo em vista a falta de disposição específica? 4. Para responder o primeiro questionamento, utilizarseão os elementos da regra matriz de incidência para verificar se as multas tratam do mesmo objeto. A regra matriz possui no antecedente da norma os elementos material, espacial e territorial, enquanto o consequente possui o quantitativo (base de cálculo e alíquota) e o pessoal. Vide o quadro abaixo: [...] 4.1. O legislador poderia ter dado nova redação ao art. 72 da MP nº 215835, de 2001, o qual deu a atual redação dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, em vez de ter alterado o art. 57 da MP. Se não o fez, chegase à conclusão que tais dispositivos continuam vigentes, com exceção das situações de incompatibilidade com o novo art. 57. Isso tendo em vista o critério cronológico, já que eles têm o mesmo grau hierárquico e são normas específicas. Analisamse de Fl. 121DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 18 17 forma comparada, portanto, os elementos do atual art. 57 da MP nº 215835, de 2001, com os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991; 4.2. No elemento pessoal, o sujeito passivo da Lei nº 8.218, de 1991, é a pessoa jurídica que utiliza sistema eletrônico de processamento de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal. Já a multa da Lei nº 12.766, de 2012, não possui delimitação. É apenas o sujeito passivo, ou seja, qualquer um cuja conduta contrária ao direito enseje a sanção. 4.3. O elemento material possui verbos distintos. Enquanto a nova lei fala em “deixar de apresentar” declaração demonstrativo ou escrituração digital, ou os “apresentar com incorreções ou omissões”, a Lei nº 8.218, de 1991, traz, no art. 11, a conduta esperada, que é “manter à disposição” os respectivos arquivos digitais e sistemas das pessoas jurídicas destinatárias da conduta: os “sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal”. A multa é pela sua inobservância. 4.4. Na literalidade do disposto na Lei nº 12.766, de 2012, a multa é para aqueles sujeitos, quaisquer que sejam, que não apresentem ou o façam incorreta ou intempestivamente declaração, demonstrativo ou escrituração digital. Eles não apresentam, mas possuem a escrituração eletrônica. Já a Lei nº 8.218, de 1991, é para aquelas pessoas jurídicas que nem mantêm os arquivos digitais e sistemas à disposição da fiscalização de maneira contínua. Objetivamente a infração ocorre (seu “fato gerador”) com a não apresentação, apresentação incorreta ou intempestiva, mas os elementos materiais são distintos. 4.5. Caso a Fiscalização comprove que a pessoa jurídica não apresentou o demonstrativo ou escrituração digital por não ter escriturado e, concomitantemente, não mantém os arquivos à disposição de maneira contínua à RFB, tal conduta se amolda no aspecto material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Ressaltese que a falta de existência de comprovação da falta de escrituração digital de maneira contínua quando seja obrigatória (caso da Escrituração Contábil Digital (ECD), por exemplo) deve ser demonstrada e comprovada. 4.6. Na situação do item 4.5, é importante que a aplicação da multa prevista nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, se coadune com a distinção dos aspectos materiais dela em relação ao novo art. 57 da MP nº 215835, de 2001. A simples não apresentação de documentos sem a comprovação de que faltou a escrituração não pode gerar a multa mais gravosa, mas sim a geral de que trata o novo art. 57 da MP nº 215835, de 2001. Havendo dúvidas quanto a esse fato ou não se conseguindo comproválo, aplicase a multa mais benéfica da Lei nº 12.766, de 2012, em decorrência do que determina o art. 112, inciso II, da Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). 4.7. Caso tais arquivos não sejam apresentados pela pessoa jurídica na forma que deveriam ser feitos, em decorrência da inexistência de dispositivo específico na Lei nº 12.766, de 2012, aplicase o disposto no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Isso porque é uma conduta cuja sanção não se encontra na multa da Lei nº 12.766, de 2012, mas na do art. 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Esse último dispositivo continua em vigência e deve ser aplicado quando não haja divergência com a nova lei. 4.8. Desse modo, não houve revogação dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Eles continuam em vigência juntamente com o novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 19 18 Por esta razão, julgados administrativos mais recentes já atribuem efeitos à Lei nº 12.766/2012, no âmbito de lançamentos de multa por falta/atraso na apresentação de arquivos magnéticos exigidos pela Lei nº 8.218/91: MULTA POR OMISSÕES OU INFORMAÇÕES INCORRETAS EM MEIO MAGNÉTICO. ARTIGOS 11 E 12 DA LEI Nº 8.218/1991. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO DE LIVROS OU ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS DE NATUREZA CONTÁBIL OU FISCAL QUANDO EXIGIDO O SISTEMA DE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO. PENALIDADE DO ARTIGO 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO, DEMONSTRATIVO OU ESCRITURAÇÃO DIGITAL. O aspecto material do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, na redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, é deixar de apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital. O aspecto material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, é deixar de escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal quando exigido o sistema de processamento eletrônico, motivo pelo qual continua em vigência. A comprovação da ocorrência do aspecto material da multa dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, deve ser feita de forma inequívoca. A simples não apresentação de arquivo, demonstrativo ou escrituração digital sem outras provas que comprovem que a escrituração não ocorreu se amolda ao aspecto material do art. 57 da MP nº 2.158 35, de 2001. O mero indício sem a comprovação da falta da escrituração digital enseja a aplicação do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, em respeito ao art. 112, inciso II, do CTN. Inteligência do Parecer Normativo RFB nº 3, de 2013. (Acórdão nº 1402001.681) ARQUIVOS DIGITAIS CONTÁBEIS.FORMATO DE APRESENTAÇÃO.ERROS E OMISSÕES O art. 57, III, da MP 2.15835/2001 com a redação do art. 8 da Lei 12.766/2012 incide no lugar do art. 12, I, da Lei 8.218/91, quando o contribuinte entrega com erros ou omissões à fiscalização os arquivos digitais contábeis no formato(leiaute) definido por ato do Secretário da Receita Federal do Brasil . Revogação tácita do art. 12 da Lei 8.212/91 pelo art.57 da MP 2.15835/2001 com a redação do art. 8ºda Lei 12.766/2012. Aplicação da retroatividade benigna em matéria apenatória art.106, II, c ,do CTN. (Acórdão nº 3401002.821) MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS. Comprovado que o contribuinte possuía escrituração digital, mas deixou de apresentar à fiscalização o arquivo magnético solicitado, devese aplicar a penalidade prescrita no art.57, II, da Medida Provisória nº 2.15835/01 . É de aplicar a multa prevista no não se sustenta a penalidade com fundamento na falta de entrega. Recurso de ofício negado. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. INTELIGÊNCIA DO ART. 106, II, c, do CTN . Por força do art. 106, II, c, do Código Tributário Nacional, aplicase retroativamente o disposto no art.57 da Lei nº 12.873, de 2013, para aplicar a multa de R$ 500,00 por mêscalendário do exercício fiscalizado de 2007, na hipótese de falta de apresentação de arquivos digitais. (Acórdão nº 1102001.106) Todavia, embora a autoridade julgadora de 1a instância tenha lhe negado relevo, uma circunstância permite diferenciar a penalidade aqui em debate daquela resultante do disposto nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218/91: as informações exigidas pela Fiscalização não correspondiam, apenas, a declaração, demonstração ou escrituração digital. Assim, para além do fato de a obrigação acessória não ter sido estabelecida em razão da delegação de competência conferida à Receita Federal pelo art. 16 da Lei nº 9.779/99, os dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo e o extrato de movimentação de contacorrente poderiam ter sido exigidos, como o foram, no prazo de 20 (vinte) dias. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 20 19 E isto porque, o Código Tributário Nacional assim determina: Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: I os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; II os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; III as empresas de administração de bens; IV os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; V os inventariantes; VI os síndicos, comissários e liquidatários; VII quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Afastado o sigilo em relação às informações aqui exigidas da instituição financeira, nos termos do art. 6o da Lei Complementar nº 105/2001, o único dispositivo legal que poderia impor um prazo mínimo para atendimento à intimação é aquele, também citado no Parecer Normativo nº 03/2013, contido na Lei nº 3.470/58, com redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835/2001: Art.19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) §2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 44, §§ 2º e 5º, da Lei nº 9.430, de 1996, o desatendimento a intimação para apresentar documentos, cuja guarda não esteja sob a responsabilidade do sujeito passivo, bem assim a impossibilidade material de seu cumprimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Destaquese que a redação deste dispositivo legal também foi atualizada por ocasião da edição da edição da Medida Provisória nº 2.15835/2001, e, apesar disso, apenas o art. 57 deste diploma legal foi alterado com a edição da Lei nº 12.766/2012. Acrescentese, ainda, que atualmente o art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 já apresenta nova redação, conferida pela Lei nº 12.873/2013 (publicada em 25/10/2013), evidenciando que a intenção do legislador era alterar, apenas, as penalidades aplicáveis no caso de descumprimento das obrigações acessórias instituídas nos termos da Lei nº 9.779/99: Art. 57. O art. 57 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com as seguintes alterações: Fl. 124DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 21 20 “Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: I ................................................................................... a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional; b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas; c) R$ 100,00 (cem reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas físicas; II por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês calendário; III por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas: a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta; b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. ............................................................................................. § 3º A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício. § 4o Na hipótese de pessoa jurídica de direito público, serão aplicadas as multas previstas na alínea a do inciso I, no inciso II e na alínea b do inciso III.”(NR) (negrejouse) Considerando que a autoridade fiscal concedeu à autuada o prazo de 20 (vinte) dias para apresentação, em papel, dos dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo e do extrato de movimentação de contacorrente mantida pelo cliente da instituição financeira indicado na RMF, e que nem mesmo em relação a esta parte da intimação foi cumprido o prazo fixado para atendimento, não há dúvidas que as consequências para a inobservância do prazo fixado permanecem regidas pelo art. 31 da Lei nº 10.637/2002, e não são afetadas pela alteração promovida pela Lei nº 12.766/2012 no art. 57 da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Superado este aspecto, considerado suficiente pelo voto condutor da decisão sob reexame para exoneração do crédito tributário lançado, cumpre analisar os demais argumentos deduzidos pela autuada em impugnação. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 22 21 Afirmou a interessada que a penalidade prevista no art. 31 da Lei nº 10.637/2002 somente seria aplicável em caso de falta de apresentação dos elementos a que se refere o art. 6o da LC 105/2001, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, inexistindo ali qualquer menção à aplicação da penalidade por simples mora na apresentação das informações requeridas via RMF. Observa que a própria autoridade fiscal reconhece e afirma que o impugnante efetuou a entrega dos documentos solicitados antes mesmo da lavratura de qualquer auto de infração, e conclui que o inadimplemento relativo é conduta atípica. Cumpre novamente reproduzir o que diz o art. 31 da Lei nº 10.637/2002: Art. 31. A falta de apresentação dos elementos a que se refere o art. 6o da Lei Complementar no 105, de 10 de janeiro de 2001, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica à multa equivalente a 2% (dois por cento) do valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros, por mêscalendário ou fração de atraso, limitada a 10% (dez por cento), observado o valor mínimo de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais). É certo que a lei, na primeira parte do dispositivo, não traz referência expressa ao atraso, mas o inteiro teor do caput do dispositivo claramente permite que a falta de apresentação dos elementos seja punido na proporção do mêscalendário ou fração de atraso. Para além disso, o parágrafo único do art. 31 estabelece que à multa de que trata este artigo aplicase o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 30 da mesma lei, e ali está consignado que: Art. 30. [...] § 2o As multas de que trata este artigo serão: I apuradas considerando o período compreendido entre o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração até a data da efetiva entrega; II majoradas em 100% (cem por cento), na hipótese de lavratura de auto de infração. § 3o Na hipótese de lavratura de auto de infração, caso a pessoa jurídica não apresente a declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua efetiva entrega. (negrejouse) Nestes termos, resta claro que o atraso, caracterizado pela efetiva entrega depois do término do prazo fixado para a entrega da declaração, também se sujeita a penalidade equivalente a 2% (dois por cento) do valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros, por mêscalendário ou fração de atraso. A autuada também observou, em impugnação, que em caso de mero atraso na apresentação, deve ser considerado se há algum motivo que o justifique, e se o atraso foi por prazo razoável, diante das dificuldades apresentados. Neste ponto, enfatiza que já se encontrava, há pouco tempo, sob intervenção do BACEN, circunstância na qual as rotinas da instituição financeira são fortemente alteradas, com certo descontrole administrativo a ponto de não se atender satisfatoriamente algumas demandas. Acrescenta a isto a alteração recente de endereço por parte da autuada e conclui haver uma justificativa razoável para o atraso no cumprimento da RMF. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 23 22 Constatase nos autos que a RMF foi inicialmente dirigida ao endereço cadastral da instituição financeira, sendo lá recepcionada em 24/10/2012. Como não foi apresentada resposta, observando que nas DIMOF apresentadas pela instituição financeira outro endereço fora indicado, a autoridade fiscal dirigiu ofício àquele outro endereço comunicando o encaminhamento da intimação anterior ao domicílio do sujeito passivo, e ampliando o seu atendimento para até 20 (vinte) dias do recebimento do ofício, o qual se verificou em 13/02/2013 (fls. 31/33). Nestes termos, a autoridade fiscal, de forma razoável, relevou o descumprimento inicial, admitindo que o novo endereço atribuído ao sujeito passivo em sua DIMOF poderia ter dificultado o atendimento à intimação, e concedeu outros 20 (vinte) dias para seu cumprimento. A instituição financeira, porém, não dirigiu qualquer pedido de prorrogação de prazo à autoridade fiscal, e somente se manifestou em 30/04/2013, momento em que se limitou a acrescentar que se encontrava sob intervenção do BACEN, sem sequer se valer desta circunstância como justificativa para o atraso ocorrido. A autuada invocou o disposto no art. 7o da Portaria SRF nº 180/2001 que, ao dispôr sobre a solicitação e emissão de Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF, permite a prorrogação do prazo para atendimento à intimação, mas assim o faz nos seguintes termos: Art. 7º O prazo máximo para atendimento da intimação de que trata o art. 2º, inciso III, e da RMF será de vinte dias, admitida prorrogação em virtude de justificação fundamentada, a critério da autoridade que expediu a intimação ou a requisição. Assim, bastaria que o responsável pela instituição financeira dirigisse petição à autoridade fiscal, requerendolhe prorrogação de prazo em razão do mencionado descontrole administrativo resultante da intervenção, para não incorrer no atraso aqui punido. Como não procedeu desta forma, sujeitouse à penalidade prevista em lei. A interessada ainda observou que, como o art. 10, parágrafo único da Lei Complementar nº 105/2001 caracteriza como crime o retardo injustificado na prestação das informações ali tratadas, a autoridade administrativa requisitante deve, necessariamente, analisar se há motivo justificado para o atraso como critério para a prorrogação do prazo e para a lavratura do auto de infração. Contudo, não se confundem o dolo penal estipulado naquele dispositivo, e a culpa da qual resulta a responsabilidade pela multa administrativa. É perfeitamente possível a autoridade fiscal não vislumbrar o atraso doloso e injustificado que resulta na responsabilidade penal estipulada no parágrafo único do art. 10 da Lei Complementar nº 105/2001, caracterizado pela intenção de prejudicar o procedimento fiscal e favorecer o investigado, e ainda assim demonstrar presente a mera desídia do intimado no atendimento do que lhe foi requerido, para aplicarlhe a multa administrativa que busca desincentivar estas condutas. Também anotou a interessada que o presente caso demandaria a mesma solução dada ao processo administrativo nº 10932.000106/200569, no qual, por meio do Acórdão nº 10196.597, foi negado provimento a recurso de ofício. Contudo, o caso ali tratado era distinto, porque a instituição financeira fornecera as informações requeridas em papel, e informou não dispor de arquivos eletrônicos para atender a requisição daquelas informações em meio magnético. Não há qualquer referência, naquele julgado, ao atraso na apresentação dessa resposta ao Fisco. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 24 23 Observou que demorou cerca de 75 dias para prestar as informações requeridas, e que o prazo total para seu atendimento poderia chegar a 40 dias, reiterou que houve alteração de seu endereço, aduziu que não houve qualquer prejuízo ao andamento do procedimento fiscal junto ao titular da conta bancária em questão, pois nada neste sentido foi dito pela Fiscalização e concluiu ser exacerbado e desproporcional o valor da penalidade aplicada, embora saiba que não cabe, no âmbito administrativo, discutir possíveis ofensas a princípios constitucionais. De fato, quanto a este ponto, a lei estabelece os critérios para aplicação da penalidade em razão do montante das informações não apresentadas e do atraso verificado, o que impede qualquer discussão acerca da compatibilidade entre a pena e o prejuízo resultante do atraso. Por fim, a interessada apontou erro na quantificação da base de cálculo porque a multa deveria ter em conta o valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, e a autoridade fiscal, apesar de dispor dos extratos bancários fornecidos, preferiu valerse das informações consignadas na DIMOF, arbitrando a base imponível da multa com base em valores que não refletem com exatidão o valor das operações do contribuinte. Reportouse ao art. 2o da Instrução Normativa RFB nº 811/2008 e afirmou que tais informações extrapolam, e muito, os valores constantes nos extratos bancários requeridos pelo Fisco, pois incluem outras operações e ainda consideram cheques depositados e devolvidos, transferências e empréstimos bancários, dentre outros movimentos. Ademais, a autoridade fiscal utilizou a soma do total de débitos e de créditos informados em Dimof como base de cálculo da infração, olvidandose que o objeto principal da intimação é a totalização dos depósitos bancários (créditos em conta bancária). Nos termos do art. 31 da Lei nº 10.637/2002, a multa deve ser aplicada sobre o valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros. Deste modo, nada impede que a Fiscalização apure o valor das operações junto à própria pessoa jurídica intimada, assim se valendo da declaração por ela antes prestada acerca da mesma matéria. Tal declaração, por sua vez, reflete mensalmente os débitos e créditos verificados nas contas bancárias mantidas junto à instituição financeira, sendo os créditos correspondentes a depósitos, resgates e conversões de moeda estrangeira em nacional, e os débitos resultantes de pagamentos, emissão de ordens de crédito, aquisições de moeda estrangeira e transferência de moeda estrangeira e outros valores para o exterior, tudo nos termos do citado art. 2o da Instrução Normativa RFB nº 811/2008. Assim, é possível que algumas operações tenham seus valores anulados por créditos e débitos de mesmo valor, como ocorre com os cheques depositados e devolvidos, mas ainda assim são operações realizadas pelo correntista e que, assim, deveriam ser detalhadas pela instituição financeira. Da mesma forma, os valores movimentados poderão reunir operações cuja natureza não autorize a presunção de omissão de receitas estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96, por revelarem apenas transferências entre contas de mesma titularidade ou resgates de aplicações financeiras. Todavia continuam sendo operações objeto da requisição, para análise da Fiscalização acerca da representatividade de seu conteúdo. Devese ter em conta, ainda, que o Decreto nº 3.724/2001 assim estipula o conteúdo da RMF: Art.5o As informações requisitadas na forma do artigo anterior: I compreendem: Fl. 128DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/201315 Acórdão n.º 1101001.280 S1C1T1 Fl. 25 24 a) dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo; b) valores, individualizados, dos débitos e créditos efetuados no período; [...] Assim, nada há que autorize descartar, do conceito de operações, os débitos efetuados pelo correntista no período. Por tais razões, não há reparos ao cálculo da penalidade elaborado pela autoridade lançadora. Diante de todo o exposto, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, e restabelecer a penalidade exonerada na decisão sob reexame. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 129DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 16542.000485/2002-14
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000
PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS
O Decreto-lei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica ao PIS/Pasep.
Numero da decisão: 3803-006.904
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria, em negar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Paulo Renato Mothes de Moraes, que dava provimento.
Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 23/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, Demes Brito, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decreto-lei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica ao PIS/Pasep.
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PRAZO DECADENCIAL A LC 118/2005 somente aplicase aos litígios posteriores a 08/06/2005 (final da vacatio legis prevista na lei), de acordo com julgamento do Supremo Tribunal Federal em que foi reconhecida a repercussão geral da matéria ora em análise (RE 566 621/RS). Nesse caso o direito de pleitear a restituição não está extinto, de acordo com a jurisprudência consagrada do e. STJ, dos cinco mais cinco anos (cinco anos previstos no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN combinados com os cinco anos do inciso I do artigo 168 do CTN). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 COFINS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decretolei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica à Cofins. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decretolei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica ao PIS/Pasep. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 54 2. 00 04 85 /2 00 2- 14 Fl. 145DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em negar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Paulo Renato Mothes de Moraes, que dava provimento. Corintho Oliveira Machado Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, Demes Brito, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: Trata o presente processo de Pedidos de Restituição das Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e ao Programa de Integração Social (PIS) incidentes sobre as receitas de vendas efetuadas para Zona Franca de Manaus no período compreendido entre 21/09/1992 e 14/01/2000. Em relação aos pagamentos feitos em datas anteriores a 10/10/1997, o pleito foi indeferido devido a prescrição do direito do contribuinte com fundamento nos artigos 165, inc. I, e 168, inc. I, ambos do Código Tributário Nacional, com interpretação dada pelo art. 3° da Lei complementar n° 118, de 9 de fevereiro de 2005 , considerando que este foi formalizado em 10/10/2002, portanto, mais de cinco anos depois da extinção do crédito tributário tido como indevidamente apurado. Como primeira razão de indeferimento do pleito, a DRF coloca que a isenção sobre as vendas efetuadas a Zona Franca de Manaus firmada por meio do art. 4° do Decretolei n° 288, de 28 de fevereiro de 1967, que equiparou as vendas para Zona Franca de Manaus a exportações para o estrangeiro em relação aos efeitos fiscais constantes da legislação em vigor à época não se aplica ao caso em análise; exara que, a teor do art. 177 do Código Tributário Nacional, a isenção pretendida não é extensiva às contribuições em questão, já que instituídas em data posterior ao tal Decretolei. Como outro motivo, a autoridade fiscal, após trazer o histórico da legislação que trata da isenção da contribuição para o PIS e Fl. 146DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 16542.000485/200214 Acórdão n.º 3803006.904 S3TE03 Fl. 3 3 da Cofins, coloca que a isenção prevista no art. 14 da MP nº 2.03725/2000, atual MP nº 2.15835/2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplicase, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo 14. Assevera que, a exceção dessas quatro hipóteses mencionadas, sujeitamse a incidência das contribuições, sem o beneficio da isenção, todas as demais receitas de vendas efetuadas a pessoas jurídicas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, independentemente de sua destinação ou finalidade, e acrescenta, por fim, que a contribuinte não fez prova de que suas vendas se enquadram em uma das hipóteses prevista para o aproveitamento do dito benefício. Conclui, então, que não comprovando, a interessada, que suas receitas de vendas enquadramse nas hipóteses especiais em que a lei prevê isenção, é incabível a restituição pretendida. A recorrente em sua manifestação de inconformidade alega que, consoante se depreende do artigo 4°, do DL 288/1967 e do artigo 40 do ADCT, o legislador entendeu pela prorrogação da Zona Franca de Manaus como beneficiária de favores fiscais. Assim é que, para efeitos fiscais, a exportação de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivaleria a uma exportação de produto, brasileiro para o estrangeiro. Aduz que, sob essa ótica, o artigo 5° da Lei 7.714/1988, com a redação dada pela Lei 9.004/1995, bem como o artigo 70 da Lei Complementar 70/1991 autorizariam a exclusão, da base de cálculo do PIS e da Cofins, dos valores referentes às receitas oriundas da exportação de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus. Contra a prescrição apontada pela autoridade fiscal, alega que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo para requerer a restituição inicia a partir data em que ocorrer a homologação do lançamento, assim, diante da homologação o contribuinte disporia do prazo de dez anos para postular a restituição, cinco a contar do fato gerador até a homologação tácita e os outros cinco referente ao prazo prescricional propriamente dito. À vista de todo o exposto, pede deferimento ao seu pleito. A DRJ em FLORIANÓPOLIS/SC julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ficando a decisão assim ementada: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL Fl. 147DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo decadencial de cinco anos, contado da data do pagamento indevido. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decretolei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica à contribuição ao PIS. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 COFINS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decretolei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica à Cofins. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório não Reconhecido Discordando da decisão de primeira instância, o interessado apresentou recurso voluntário, onde reitera os argumentos esgrimidos em primeira instância e ao final requer deferimento do recurso voluntário sub analisis, para reconhecer o direito à restituição pleiteada. Apresentado o recurso voluntário, a repartição de origem encaminhou os presentes autos para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para fins de julgamento. Relatado, passase ao voto. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 16542.000485/200214 Acórdão n.º 3803006.904 S3TE03 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Em preliminar, devese atentar para a decadência parcial decretada pela Administração Tributária, porquanto em sede recursal já pacificouse entendimento diverso. DO DIREITO DE PLEITEAR RESTITUIÇÃO A extinção parcial do direito da recorrente pleitear restituição, decretada pelo despacho decisório e ratificada pela decisão recorrida não merece prosperar, uma vez que a LC 118/2005 somente aplicase aos litígios posteriores a 08/06/2005 (final da vacatio legis prevista na lei), de acordo com julgamento do Supremo Tribunal Federal em que foi reconhecida a repercussão geral da matéria ora em análise (RE 566 621/RS). Bem por isso o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais vem aplicando reiteradamente tal decisão da Corte Suprema aos seus julgados, por força do RICARF, art. 62A. 1 Corolário disso, temse por tempestivo o pedido da recorrente, se se levar em conta a jurisprudência consagrada do e. STJ, dos cinco mais cinco anos (cinco anos previsto no parágrafo 4º do artigo 150 do CTN combinados com os cinco do inciso I do artigo 168 do CTN). 1 Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 149DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Quanto ao mérito, nada de relevante veio aos autos desde a decisão recorrida, que mostrouse irretocável em seus fundamentos de fato e de direito, e bem por isso deve ser ratificada nesta segunda instância, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99. 2 Releva, outrossim, trazer a lume parte de decisão deste Colegiado, desfavorável à pretensão de recorrente que tinha o mesmo pleito, em sessão de julho de 2013, processo nº 11065.914600/200965, que tratava da mesma matéria deste contencioso, em que o eminente relator Hélcio Lafetá Reis brilhantemente assim se manifestou, e mutatis mutandis pode servir de fundamentação também nesta lide: 1 Vendas para a Zona Franca de Manaus (ZFM). De início, registrese que, não obstante o art. 4° do DecretoLei n° 288/1967 ter equiparado a venda de mercadorias para a Zona Franca de Manaus (ZFM) a uma exportação para o estrangeiro, deve ser ressalvado que tal determinação se aplicava aos fatos tributários disciplinados pela legislação então vigente, não estendendo seus efeitos às normas supervenientes de regência da matéria. A Medida Provisória n° 2.15835/2001 estabelece, em seu art. 14, que a isenção da Cofins e da Contribuição para o PIS se aplica às hipóteses elencadas em seus incisos I a IX, não havendo referência expressa ou literal à Zona Franca de Manaus, fato esse que, por si só, já afastaria a isenção pleiteada. Portanto, seriam aplicáveis ao presente caso somente as hipóteses de isenção dos incisos IV, VI, VIII e IX, a seguir discriminadas: a) receitas do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo a bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; b) receitas auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei n° 9.432, de 8 de janeiro de 1997; c) receitas de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras de que trata o DecretoLei n° 1.248, de 1972, destinada ao fim específico de exportação; e d) receitas de vendas efetuadas com fim específico de exportação para o exterior, às empresas comerciais exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 2 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...) Fl. 150DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 16542.000485/200214 Acórdão n.º 3803006.904 S3TE03 Fl. 5 7 No período de 1° de fevereiro de 1999 a 17 de dezembro de 2000 – período esse que não alcança o presente processo –,vigia a redação original do inciso I do § 2° do art. 14 da Medida Provisória nº 1.8586/1999 – dicção essa que constou do dispositivo até a edição da Medida Provisória n° 2.03724/2000 –, que, expressamente, excluía as receitas de vendas à Zona Franca de Manaus da previsão legal isentiva. A medida liminar que foi deferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI n° 2.3489/2000 suspendeu a eficácia da expressão "na Zona Franca de Manaus" que constava do inciso I do § 2° do art. 14 da Medida Provisória n° 2.03724/2000, mas apenas com efeitos ex nunc, não alcançando, portanto o período acima identificado. Não obstante tal decisão do STF, remanesceu no dispositivo legal (inciso I do § 2° do art. 14 da Medida Provisória n° 2.037 24/2000) o afastamento da isenção em relação às vendas realizadas para “empresa estabelecida na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio” (grifei). Considerando que, de acordo com o art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio, temse que a isenção sob comento permaneceu afastada nos casos da espécie. Além disso, em 23 de julho de 2004, a Medida Provisória nº 202, convertida, em 9 de novembro de 2004, na Lei n° 10.996, inovou em relação a essa matéria nos seguintes termos: Art. 2°. Ficam reduzidas a O (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. §1° Para os efeitos deste artigo, entendemse como vendas de mercadorias de consumo na Zona Franca de Manaus ZFM as que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham utilizar diretamente ou para comercialização por atacado ou a varejo. §2° Aplicamse às operações de que trata o caput deste artigo as disposições do inciso II do §2° do art. 3° da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do incisoIIi do §2° do art. 3° da Lei n°10.833, de 29 de dezembro de 2003. Constatase do excerto acima que, a partir de sua vigência – que não alcança o caso sob análise –, as alíquotas das contribuições foram reduzidas a zero, o que denota a inexistência de isenção anterior, uma vez que não haveria justificativa que sustentasse uma alíquota zero relativamente a fatos isentos, dada a incompatibilidade de convivência desses institutos de direito tributário. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Portanto, concluise pela atuação escorreita da autoridade fiscal ao não reconhecer a isenção pleiteada relativa às vendas para a ZFM. Posto isso, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, prejudicados os demais argumentos. CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 152DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 10865.903916/2008-62
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1802-000.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa- Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado).
Nome do relator: LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa- Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado).
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .9 03 91 6/ 20 08 -6 2 Fl. 643DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903916/200862 Resolução nº 1802000.578 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de pedido de compensação de débitos da responsabilidade da contribuinte com através de suposto crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo, concernente ao período de apuração 01/2003. A Receita Federal não reconheceu o direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não homologou a compensação declarada, sob o argumento de que o crédito pleiteado já foi objeto de análise, em processos relativos aos PER/DCOMP de n.° 10769.54888.101203.1.3.048007, 01850.16010.101203.1.3.040542, 33592.14380.151203.1.3.040927, 28623.05598.250804.1.3.017067, 22743.16824.020904.1.3.040251, 08891.60465.080904.1.3.045809, 30276.47095.140904.1.3.049480 e 15738.53242.210906.1.7.045707, tendo sido constatado que o crédito pleiteado foi totalmente utilizado nos PER/DCOMP n.o s 28623.05598.250804.1.3.047067, 22743.16824.020904.1.3.040251, 08891.60465.080904.1.3.045809, 30276.47095.140904.1.3.049480 e 15738.53242.210906.1.7.045707. Cientificada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando que haveria crédito suficiente para pagamento do débito informado na PER/DCOMP, e requerendo a homologação da compensação declarada. Em sessão de 29 de março de 2011, a 5ª Turma da DRJ/RPO proferiu o Acórdão 1433.103, julgando improcedente a manifestação de Inconformidade e não reconhecendo o direito creditório, sob a alegação de que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo, cujo ônus probatório é sempre do contribuinte. Aduz que no caso dos autos a recorrente optou pela sistemática de apuração pelo Lucro Real Apuração Anual para IRPJ, situação em que o contribuinte realiza os pagamentos no decorrer dos meses do ano civil por estimativa, o que configura antecipações do tributo devido no final do período anual de apuração, e não pagamento antecipado. Assim, tratandose de mera antecipação, não há que se falar em pagamento indevido ou a maior passível de repetição. Alega que ao final do anocalendário, caso a contribuinte apure saldo negativo do tributo, resta então configurado o pagamento indevido ou a maior, o qual é passível de restituição ou compensação, daí porque, inclusive, o marco inicial de contagem de decadência para repetição ou para o lançamento se dá no último dia do exercício e não nas datas em que realizadas as antecipações. Afirmou ainda a Turma Julgadora que os recolhimentos mensais por estimativa a maior efetuados durante o anocalendário pela interessada não são pagamentos a maior passíveis de compensação em cada mês, pois não representam créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda. Fl. 644DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903916/200862 Resolução nº 1802000.578 S1TE02 Fl. 4 3 Alega que o pedido de compensação baseouse em suposto crédito do tipo "pagamento indevido ou a maior" de IRPJ estimativa mensal, código de arrecadação 2362, sendo o objeto do pedido incompatível com a legislação de regência. Por fim, declara que, para que fosse possível a compensação requerida, caberia à contribuinte trazer documentos probatórios específicos, o que não ocorreu. Do Recurso Inconformada, recorreu a contribuinte em face da decisão que não reconheceu o direito creditório e não homologou a correspondente declaração de compensação, apresentando, em suma, os seguintes argumentos: Que está sujeita ao recolhimento do Imposto sobre a Renda (IRPJ), tendo se submetido à sistemática de apuração pelo Lucro Real Apuração Anual, no anocalendário de 2003. Que procedeu ao recolhimento durante todo o anocalendário, porém, em virtude de problemas em sua escrituração contábil, a Recorrente recolheu aleatoriamente, a fim de não se inserir em mora, a estimativa/guia embatida no valor de R$ 800.000,00. Que após a devida correção de sua escrituração contábil, constatouse que o valor efetivamente devido desta estimativa seria de R$ 162.507,06, o que resulta num direito de crédito compensatório. Afirma que demonstrou o equívoco dos números informados, mas que mesmo assim a DRJ manteve a decisão de nãohomologação das compensações efetuadas, porém, sob outros argumentos, extrapolando os limites da sua esfera de competência. Requer o retorno dos autos à fiscalização para nova decisão quanto a homologação ou não da compensação declarada. Requer, por fim, a reforma parcial do Acórdão ora recorrido, para afastar a “decisão de nãohomologação sob fundamento diverso do apontado pela fiscalização”, ou alternadamente, a análise da documentação contábil juntada aos autos. Esse o relatório. VOTO Conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Relator Da Tempestividade A ciência do Acórdão deuse em 23/05/2011 e o Recurso Voluntário foi apresentado em 17/06/2011. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 645DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903916/200862 Resolução nº 1802000.578 S1TE02 Fl. 5 4 Do Mérito Tratase de Recurso Voluntário interposto por Fazenda Sete Lagoas Agrícola S/A em face da decisão que não reconheceu o direito creditório e não homologou as correspondentes declarações de compensação. De acordo com o que consta dos autos, a DRF não reconheceu direito creditório a seu favor, sob o fundamento de que o crédito pleiteado já fora totalmente utilizado em outras PER/DECOMP’s. Uma vez ofertada manifestação de inconformidade, sob alegação de que as compensações supostamente responsáveis pelo consumo de todo o crédito não haviam sido homologadas, foi a mesma julgada pela DRJ Ribeirão Preto que, desta feita, indeferiu a compensação por entender que o recolhimento de estimativa indevido ou a maior não gera crédito passível de compensação. É fato que a DRJ adotou como razões de decidir diferentes daquelas usadas pela DRF. Por conta disso, (i) não restou definida a argumentação expendida pelo contribuinte segundo a qual as compensações responsáveis pelo consumo do crédito não estariam homologadas; e (ii) caso optante pela argumentação segundo a qual a estimativa não é passível de geração de crédito a compensar, teria violado expressamente súmula do CARF. É entendimento deste Conselho que o recolhimento por estimativa pode gerar crédito, e portanto, ser compensável, , nos termos da súmula 84, cujo teor é o seguinte: "Súmula CARF 84 Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação" Sendo assim, impõese instrução complementar destes autos, para que se considere o alegado crédito, analisando, à luz da documentação trazida aos autos, se o mesmo existe na medida em que o contribuinte alega possuílo e se, realmente, por força de todos os PER/DCOMP apresentados, teria ou não tal crédito sido consumido noutras compensações; ou se, por outro lado, haveria saldo credor a compensar. Contudo, a solução do presente processo demanda uma instrução complementar. Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência a fim de que, à luz das explicações trazidas pelo contribuinte com sua manifestação de inconformidade, mais toda a documentação ofertada em vários volumes, a autoridade fiscal reexamine a pretendida compensação. Esse o meu Voto. Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator (assinado digitalmente) Fl. 646DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
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