Sistemas: Acordãos
Busca:
mostrar execução da query
5859798 #
Numero do processo: 16048.720011/2012-45
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1103-000.163
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva - Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Takata - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, André Mendes de Moura, Fábio Nieves Barreira, Breno Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: MARCOS SHIGUEO TAKATA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201411

camara_s : Primeira Câmara

turma_s : Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 16048.720011/2012-45

anomes_publicacao_s : 201503

conteudo_id_s : 5441195

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 1103-000.163

nome_arquivo_s : Decisao_16048720011201245.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : MARCOS SHIGUEO TAKATA

nome_arquivo_pdf_s : 16048720011201245_5441195.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva - Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Takata - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, André Mendes de Moura, Fábio Nieves Barreira, Breno Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva.

dt_sessao_tdt : Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014

id : 5859798

ano_sessao_s : 2014

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:08 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705614286848

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1348; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C1T3  Fl. 460          1 459  S1­C1T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  16048.720011/2012­45  Recurso nº            Voluntário  Resolução nº  1103­000.163  –  1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária  Data  26 de novembro de 2014  Assunto  CSLL ­ COMPENSAÇÃO  Recorrente  LG ELETRONICS DA AMAZONIA LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.   (assinado digitalmente)  Aloysio José Percínio da Silva ­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Marcos Takata ­ Relator.  Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marcos Shigueo Takata,  Eduardo  Martins  Neiva  Monteiro,  André  Mendes  de Moura,  Fábio  Nieves  Barreira,  Breno  Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva.         RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 60 48 .7 20 01 1/ 20 12 -4 5 Fl. 460DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 461            2 Relatório   DA DECISÃO DA DRF  Trata­se de Despacho Decisório DRF/Taubaté/Saort, de 13 de fevereiro de 2012,  no  qual  se  decidiu  pelo  indeferimento  das  declarações  de  compensação  apresentadas  pela  recorrente,  no  montante  de  R$  8.609.714,26,  referente  à  compensação  do  crédito  de  saldo  negativo de CSL do ano­base de 2006, das seguintes Declarações de Compensação:  ­ Dcomp nº 00014.39239.300908.1.3.03­1508  ­ Dcomp nº 18744.19313.181209.1.3.03­9004  ­ Dcomp nº 22427.98018.220110.1.3.03­0358  ­ Dcomp nº 37804.92972.090210.1.7.03­8946  Constatou a fiscalização, ao proceder a análise do saldo negativo da CSL em  questão,  que  a  recorrente  foi  alvo  de  uma  ação  fiscal  que  culminou  na  lavratura,  em  19/12/2011,  do  auto  de  infração  MPF  nº  0818500.2010.00008,  parte  do  processo  administrativo nº 16561.720068/2011­54.     No referido auto de infração, contatou­se um valor de ajuste não adicionado  ao  lucro  líquido  no  ano­base  2006,  decorrente  da  aplicação  de  métodos  de  preços  de  transferências,  relativamente  ao  seus  custos,  despesas  e  encargos  de  importação  de  bens,  serviços  e  direitos  adquiridos  de  pessoas  vinculada  no  exterior,  apurando  um  valor  de  R$  819.224.278,50.  Além  disso,  apresentou  um  resumo  dos  valores  declarados  pela  contribuinte  referentes ao cálculo da CSL na ficha 17 da DIPJ 2007 e o confrontou com a demonstração do  resultado  das  atividades  em  geral  declarado  gerada  em  consonância  com  o  auto  de  infração  lavrado, a qual resultou em CSL a pagar, no valor de R$ 71.203.849,35.  Portanto, constatou­se que não há saldo negativo de CSL para o ano­calendário  2006, ou seja, a interessada não possui crédito líquido e certo contra a Fazenda Nacional, mas,  sim,  débito  de  R$  71.203.849,35,  o  qual  já  é  objeto  de  cobrança  no  processo  nº  16561.720068/2011­54.   Assim,  não  homologou  as  compensações  declaradas  nas  Dcomp  eletrônicas  acima listadas.    DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE  Inconformada,  a  recorrente  apresentou  em  19/3/2012  manifestação  de  inconformidade, de fls. 57 a 76 (e­processo), em que aduz, em síntese, o que segue.  Fl. 461DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 462            3 Preliminarmente,  tratou dos fatos antecedentes às compensações, aduzindo que  durante  o  ano­calendário  2006,  em  decorrência  da  importação  de  diversos  componentes  eletrônicos necessários à manufatura de seus produtos no Brasil, efetuou os cálculos de ajustes  de preços de transferência em consonância com a Lei 9.430/96.  Consignou,  que  os  cálculos  para  a  apuração  do  preço  parâmetro  foram  feitos  com  base  no  Método  PRL,  com  aplicação  de  margem  de  60%  e  pelo  método  dos  Preços  Independentes Comparados “PIC”.  Contudo, alegou que, no entender da fiscalização, a recorrente não teria efetuado  ajustes conforme os parâmetros da IN 243/02. Assim, efetuando novos cálculos do PRL 60%  para 290 insumos importados, a fiscalização apurou uma diferença de R$ 819.224.278,50 entre  os seus ajustes e os praticados pela recorrente.  Não  obstante,  em  19/12/2011,  lavrou­se  o  auto  de  infração  MPF  0818500.2010.00008 para formalizar a cobrança de  IRPJ e CSL referentes ao ano­calendário  de 2006. Inconformada, a recorrente apresentou sua impugnação, a qual se encontra pendente  de julgamento.  Quanto ao Despacho Decisório supracitado, ainda preliminarmente, a recorrente  procurou  atestar  a  apuração  de  um  saldo  negativo  de  CSL  no  valor  de  R$  8.609.714,26,  conforme informado na DIPJ 2007:  No  que  se  refere  à  Dcomp  00014.39239.300908.1.3.03­1508,  a  recorrente  esclareceu que utilizou parte do saldo negativo de CSL para compensar a CSL referente ao mês  de agosto de 2008, no valor de R$ 1.146.815,64.   Quanto  à  Dcomp  18744.19313.181209.1.3.03­9004,  a  recorrente  afirmou  que  utilizou parte do saldo negativo de CSL para compensar a CSL, o PIS e a Cofins, nos valores  de R$  573.214,85, R$  2.930.792,45  e R$  636.170,31  respectivamente,  referentes  ao mês  de  novembro de 2009.  Em relação à Dcomp 22427.98018.220110.1.3.03­0358, a recorrente atestou que  utilizou parte do saldo negativo de CSL para compensar o PIS referente à dezembro de 2009 no  valor de R$ 775.791,46.  Ainda,  quanto  à  Dcomp  37804.92972.090210.1.7.03­8946,  a  recorrente  esclareceu que utilizou parte de seu saldo de CSL para compensar o IPI referente a dezembro  de 2009 no valor de R$ 5.281.039,22.  Contudo,  com  a  lavratura  do  auto  de  infração  MPF  0818500.2010.00008,  a  fiscalização entendeu que  a  recorrente não  teria  apurado um  saldo negativo de CSL no ano­ calendário  de  2006,  mas  sim  débito  de  CSL  a  pagar,  não  homologando  as  compensações  efetuadas pela recorrente por meio das referidas Dcomps.   Não  obstante,  argumentou  que  o  julgamento  do  caso  deve  ser  suspenso  até  a  decisão definitiva nos autos do processo administrativo 16561.720068/2011­54.  Argumentou ainda a decadência do direito do Fisco de cobrar o saldo negativo  de  CSL  do  ano­calendário  2006,  pois,  nos  termos  dos  artigos  150,  §  4º  e  174,  do  CTN,  a  exigibilidade extinguiu­se em 31/12/2011. Quanto a isso, colacionou jurisprudência.  Fl. 462DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 463            4 Quanto ao mérito, afirmou que a não homologação das compensações realizadas  pela  recorrente  dos  anos  de  2008,  2009  e  2010  não  pode  prosperar  enquanto  não  houver  decisão  final  que  mantenha  a  exigência  de  créditos  realizada  nos  autos  do  processo  administrativo 16561.720068/2011­54. Nesse sentido, colacionou jurisprudência.  Argumentou  contra  a  alegada  falta  de  liquidez  e  certeza  do  saldo  negativo  de  CSL em decorrência da falta de julgamento definitivo, tendo em vista que os referidos créditos  gozam de liquidez e certeza até que haja prova robusta ou decisão final em contrário, segundo  o artigo 923 do RIR/99.  Registrou,  ainda,  que  a  fiscalização  não  poderia  lançar  e  cobrar  o  crédito  tributário apurado por estimativa após o término do ano­calendário. Portanto, sendo a apuração  pelo lucro real anual e o recolhimento mensal feito por estimativa, a ocorrência do fato gerador  ocorreu apenas em 31 de dezembro de 2006.   Assim,  segundo  a  recorrente,  por  se  tratar  de meras  antecipações  de CSL,  os  pagamentos mensais não podem ser objeto de  lançamento por  suposta  falta de  recolhimento.  Quanto a isso, colacionou jurisprudência.  Arguiu sobre a impossibilidade de cobrança de multa e juros de mora, uma vez  que, para tanto, é necessário que o contribuinte esteja em atraso com o pagamento do crédito  tributário.   Nesse  sentido,  afirmou  que,  nos  termos  do  Despacho  Decisório,  a  recorrente  apenas estaria em mora após o prazo de 30 dias contados da data de ciência da decisão que não  homologou  os  pedidos  de  compensação.  Além  disso,  alegou  que  nenhum  valor  a  título  de  multa e juros de mora pode ser exigido enquanto o processo administrativo estiver em curso,  conforme dita o art. 151, inciso III, do CTN.  Procurou  evidenciar  a  inaplicabilidade  da  taxa  SELIC  no  cálculo  do  crédito  tributário  sob  pena  de  violação  à  Constituição  Federal,  sendo  considerada  ilegal  e  inconstitucional para fins tributários. Quanto a isso, colacionou jurisprudência.  Ao  fim,  requereu  a  reforma  do Despacho Decisório  para  que  se  homologue  a  integralidade  das  compensações,  bem  como,  o  acolhimento  da  Manifestação  de  Inconformidade e a suspensão da exigibilidade do crédito.     DA DECISÃO DA DRJ  Em  19/02/2013,  acordaram  os  membros  da  4ª  Turma  de  Julgamento  da  DRJ/Campinas,  por  unanimidade  de  votos,  julgar  improcedente  a  manifestação  de  inconformidade, conforme o entendimento que se segue.  De  início,  tratou  da  decadência  do  direito  da  Fazenda  Nacional  de  efetuar  a  revisão da apuração do saldo negativo de CSL do ano­calendário de 2006.   Nesse  sentido,  aduziu  que,  contrariamente  ao  que  entende  a  recorrente,  se  já  ultrapassado o termo final da contagem do prazo decadencial, não pode implicar lançamento de  ofício de diferenças de  tributos ou  contribuições  apuradas,  contudo, não  se pode  aferir disso  Fl. 463DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 464            5 que o órgão administrativo tem o dever de homologar o saldo negativo de CSL demonstrado na  DIPJ correspondente e proceder à restituição ou compensação sem aferir a certeza de liquidez.   Ainda,  atestou  que  a  homologação  tácita  prevista  no  art.  150,  §  4º,  do  CTN,  incide apenas sobre o pagamento do crédito tributário efetuado pelo sujeito passivo e vinculado  a uma base de cálculo positiva sujeita à tributação (lucro real ou líquido ajustado), não havendo  previsão legal para homologação tácita na apuração de saldos negativos da CSL. Quanto a isso,  colacionou jurisprudência.   Portanto,  a  não  homologação  foi  motivada  pela  inexistência  de  liquidez  e  certeza  do  crédito,  em  vista  do  lançamento  de  ofício  lavrado  em  19/12/2011  por  meio  do  processo administrativo nº 16561.720068/2011­54, o que implicou na apuração de contribuição  devida no ano­calendário de 2006.  Quanto ao pedido da recorrente de apreciação da compensação somente após ou  conjuntamente com o julgamento do processo administrativo e o sobrestamento do processo até  decisão  definitiva  dos  autos,  entendeu  que  no  que  se  refere  ao  julgamento  conjunto,  isso  implicaria  em  apensamento  dos  autos,  hipótese  essa  que  não  tem  embasamento  na  Portaria  666/08.   Registrou também a inviabilidade de sobrestar o processo até decisão final, uma  vez  que  não  há  previsão  entre  as  normas  reguladoras  do  processo  administrativo  fiscal  que  contemple a suspensão de seu prosseguimento. Isso porque o processo administrativo fiscal é  regido, entre outros princípios, pela oficialidade, que obriga a administração a  impulsionar o  processo até sua decisão final.   Nesse sentido, afirmou que o que prevê o art. 151 do CTN aplica­se tão somente  a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas não do processo administrativo.  Averiguou ainda que, segundo consultas ao sistema informatizado da RFB, em  algumas  das  declarações  de  compensação  apresentadas,  visando  a  extinção  das  estimativas,  houve apenas a homologação parcial, em vista das insuficiências do direito creditório indicado  pela Recorrente. Como consequência, o saldo negativo de CSL no ano­calendário de 2006 seria  de no máximo R$ 5.578.854,14, e não R$ 8.609.854,14, conforme indicado na Linha 52, Ficha  17, da DIPJ.  Consignou  que  no  caso  de  existência  de  declarações  de  compensação  protocoladas após o vencimento de referidos débitos, o art. 161 do CTN determina o acréscimo  de  juros  de  mora,  sem  prejuízo  da  imposição  das  penalidades  cabíveis  e  da  aplicação  de  quaisquer medidas de garantia previstas em lei tributária.   Por  fim, no que se  refere aos  juros de mora com base na taxa Selic,  informou  que  a  declaração  de  inconstitucionalidade  e  ilegalidade  não  compete  aos  órgãos  administrativos,  mas  sim,  exclusivamente  ao  poder  judiciário.  Além  disso,  registrou  que  a  Súmula CARF nº 4 já validou a cobrança de juros moratórios com base na taxa Selic.  DO RECURSO VOLUNTÁRIO  Inconformada com a decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, recurso  voluntário  de  fls.  432  a  456  (e­processo),  reiterando  o  alegado  em  sede  de manifestação  de  inconformidade e o que a seguir se sintetiza.  Fl. 464DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 465            6 Alegou que houve inovação nos fundamentos da exigência, uma vez que, na  decisão de primeira instância, a não homologação foi motivada pela inexistência de liquidez e  certeza  do  crédito  em  análise,  em  vista  do  lançamento  de  ofício,  enquanto,  na  decisão  de  segunda  instância,  a  autoridade  julgadora  não  homologou  as  compensações,  devido  a  existência de exigências decorrentes de outros processos administrativos que teriam afetado o  saldo negativo de CSL.  Procurou  evidenciar,  portanto,  que  houve  novo  lançamento  por  parte  da  autoridade julgadora, o que desrespeita o art. 142 do CTN, que prevê que o lançamento é ato  privativo  das  autoridades  administrativas.  Assim,  teria  a  autoridade  julgadora  invadiu  a  competência da fiscalização. Quanto a isso, acostou doutrina e jurisprudência.  Por  fim,  requereu  o  provimento  do  recurso  voluntário  objetivando  a  homologação  integral  das  compensações  realizadas  pela  recorrente,  ou,  alternativamente,  o  sobrestamento do processo até decisão final nos autos dos processos administrativos correlatos.    É o relatório.    Fl. 465DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 466            7    Voto   Conselheiro Marcos Shigueo Takata   O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade (fls.  600 e 601 do e­processo). Dele, pois, conheço.  Como  se  viu  do  relatório,  trata­se  de  Dcomps  para  compensação  de  saldo  negativo de CSL do ano­calendário de 2006, em montante de R$ 8.609.714,26.  A  recorrente  invoca  nulidade  do  acórdão  de  origem  por  inovação  do  despacho  decisório,  o  qual  não  homologou  as  Dcomps  em  dissídio  por  falta  de  certeza  e  liquidez do saldo negativo de CSL do ano­calendário de 2006.  No  acórdão  a  quo  foi  deduzido  que,  ao  se  verificarem  outros  processos  administrativos de Dcomp em que se compensam o mesmo saldo negativo de CSL postulado,  ficou constatado que seu valor seria no máximo de R$ 5.578.854,14, e não de R$ 8.609.854,14,  diversamente  ao  indicado  na  linha  52  da  ficha  17  da  DIPJ/07.  E  que,  nos  processos  administrativos  nºs  10860.900283/2010­03,  10860.900004/2011­84  e  16048.720003/2011­18  houve homologação parcial das Dcomps nas quais se compensaram débitos de estimativas de  fevereiro e abril de 2006.   Isso não é inovação do despacho decisório. Não constitui inovação no motivo  do despacho decisório. Cuida­se apenas de verificação  liminar de an  e  de quantum  do  saldo  negativo de CSL.  Rejeito, pois, a preliminar de nulidade do acórdão recorrido.  O  órgão  de  origem  indeferiu  as  homologações  das  Dcomps  por  haver  autuação de IRPJ e de CSL por ajustes pelo método PRL­60, segundo formulação da IN SRF  243/02,  no  ano­calendário  de  2006.  É  o  processo  administrativo  nº  16561.720068/2011­54.  Ausentes, pois, a certeza e a liquidez do crédito postulado, foram indeferidas as homologações.  O  referido  processo  foi  julgado  no  CARF  pela  2ª  Turma  Ordinária  da  3ª  Câmara desta Seção, com negativa de provimento ao recurso voluntário. É o Acórdão nº 1302­ 001.162,  da  sessão  de  10  de  setembro  de  2013.  Foi  interposto  recurso  especial  pela  contribuinte, cuja admissibilidade foi aceita. Portanto, será julgado pela 1º Turma da Câmara  Superior de Recursos Fiscais (CSRF) do CARF.  Também observo que, conforme o comprot, os processos administrativos nºs  10860.900283/2010­03,  10860.900004/2011­84  (mencionados  pelo  acórdão  de  origem)  se  encontram no  CARF, para julgamento; e o processo administrativo nº 16048.720003/2011­18  (igualmente citado pelo acórdão a quo) ainda se encontra na DRJ/Curitiba, para julgamento.  Três pontos sobressaem de plano.  O  primeiro  é  a  prejudicialidade  do  processo  administrativo  nº  16561.720068/2011­54 para o desate do an e do quantum creditorum do saldo negativo.  Fl. 466DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 467            8 O segundo é o de que o mérito do saldo negativo postulado não foi apreciado  ainda  pelo  órgão  de  origem.  O  indeferimento  das  homologações  das  Dcomps  se  deu  por  questão prejudicial sem o exame do mérito.  O terceiro é o de que há três processos administrativos nos quais se debate o  adimplemento de estimativas de CSL que compõem o postulado saldo negativo de CSL.  Fundamental  para  o  desenlace  do  feito,  nesta  fase  processual,  são  os  dois  primeiros pontos.   Sobre o primeiro ponto, como se viu, já houve acórdão da 2ª Turma Ordinária  da  3ª  Câmara  desta  Seção  no  processo  administrativo  nº  16561.720068/2011­54,  em  que  se  negou provimento  ao  recurso voluntário. Nesta  instância,  o processo  em questão  já  teve  seu  desfecho desfavorável à contribuinte. O recurso especial foi admitido para julgamento. Pende  ainda seu exame pela 1ª Turma da CSRF do CARF.   O  valor  de  principal  de  CSL  exigido  nos  autos  do  referido  processo  administrativo  é  de R$  71.203.849,35  – montante muito  superior  ao  saldo  negativo  de CSL  propugnado.  A  questão  da  exigência  de  juros  e  de  multa  de  mora  tem  como  prejudicialidade o desate do principal, i.e., a homologação ou não da compensação dos débitos  em jogo.   Se  e  na  medida  do  quanto  vier  a  prevalecer  a  não  homologação  das  compensações,  incidirão  juros  e  multa  de  mora.  O  fato  de  os  débitos  se  encontrarem  sob  exigibilidade  suspensa  não  tem  amparo  no  CTN,  para  não  fluência  de  juros.  E  os  débitos  confessados,  mas  não  adimplidos,  impõem  a  exigência  de  multa  de  mora,  consoante  jurisprudência  consagrada  pelo  STJ,  em  rito  de  repetitivos: REsp  886.462∕RS, Rel. Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.10.2008,  DJe  28.10.2008;  REsp  962.379∕RS,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.10.2008,  DJe  28.10.2008;  e  ainda  REsp  1.149.022/SP, de relatoria do Ministro Luiz Fux (julgado em 9.06.2010, DJe 24.06.2010 (para  o  caso  de  retificação  de  declaração  com  inclusão  de  diferença  de  débito  anteriormente  declarado). Este órgão julgador deve se curvar ao entendimento consagrado pela Seção do STJ,  em  procedimento  repetitivo,  nos  termos  do  caput  do  art.  62­A  do  Anexo  II  do  Regimento  Interno do CARF.  Quanto à incidência da taxa Selic para juros, trata­se de questão pacificada no  CARF, por meio da Súmula CARF nº 4:  Súmula  CARF  nº  4:  A  partir  de  1º  de  abril  de  1995,  os  juros  moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela  Secretaria  da  Receita  Federal  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema  Especial  de  Liquidação e Custódia ­ SELIC para títulos federais.  Pois bem.   Considerando  o  exposto  quanto  ao  primeiro  ponto  sobrelevado  acima,  e  à  vista do segundo ponto acentuado, duas soluções se apresentam.   Fl. 467DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16048.720011/2012­45  Resolução nº  1103­000.163  S1­C1T3  Fl. 468            9 O  provimento  parcial  para  retorno  dos  autos  ao  órgão  de  origem,  para  enfrentamento  do  mérito,  após  a  superação  final  da  questão  prejudicial  que  afeta  este  feito  (processo  administrativo  nº  16561.720068/2011­54).  Ou  a  conversão  do  julgamento  em  diligência, com a remessa dos autos ao órgão de origem, para que, com decisão irrecorrível da  CSRF do CARF no processo nº 16561.720068/2011­54, os autos me sejam reencaminhados.  Após  amplo  debate  na  Turma,  prevaleceu  a  segunda  solução,  a  qual  este  relator não se opõe.  Sob essa ordem de considerações e  juízo, proponho a  remessa dos autos ao  órgão  de  origem,  para  que,  com  decisão  irrecorrível  da  CSRF  do  CARF  no  processo  administrativo  do  processo  administrativo  nº  16561.720068/2011­54,  os  autos  sejam  reencaminhados  a  este  relator,  juntamente  com  cópia  da  referida  decisão  (e  do  acórdão  da  CSRF,  caso  a  decisão  irrecorrível  não  seja  acórdão),  devendo  se  dar  ciência  da  presente  resolução à recorrente.    É o meu voto.    Sala das Sessões, em 26 de novembro de 2014   (assinado digitalmente)  Marcos Takata ­ Relator    Fl. 468DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/12/2014 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 07/12/201 4 por MARCOS SHIGUEO TAKATA, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA

score : 1.0
5823128 #
Numero do processo: 10830.907775/2012-31
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 15/02/2007 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.777
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Demes Brito e Cássio Schappo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201412

ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 15/02/2007 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não é líquido e certo crédito decorrente de pagamento informado como indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Declaração de compensação fundada em direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte não comprovou a existência do crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. Recurso Voluntário Negado.

turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 10830.907775/2012-31

anomes_publicacao_s : 201502

conteudo_id_s : 5429114

dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 3801-004.777

nome_arquivo_s : Decisao_10830907775201231.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : PAULO SERGIO CELANI

nome_arquivo_pdf_s : 10830907775201231_5429114.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sérgio Celani - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Demes Brito e Cássio Schappo.

dt_sessao_tdt : Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014

id : 5823128

ano_sessao_s : 2014

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:36:30 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705632112640

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1907; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­TE01  Fl. 2          1 1  S3­TE01  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10830.907775/2012­31  Recurso nº  1   Voluntário  Acórdão nº  3801­004.777  –  1ª Turma Especial   Sessão de  12 de dezembro de 2014  Matéria  DCOMP ­ ELETRONICO ­ PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO  Recorrente  TRANSPORTADORA RODO IMPORT LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE  SOCIAL ­ COFINS  Data do fato gerador: 15/02/2007  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  DIREITO  DE  CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA.  Não  é  líquido  e  certo  crédito  decorrente  de  pagamento  informado  como  indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  como  utilizado  integralmente  para  quitar  débito  informado  em  DCTF  e  a  contribuinte  não  prova  com  documentos e livros fiscais e contábeis o direito ao crédito.  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO.  Declaração  de  compensação  fundada  em  direito  de  crédito  decorrente  de  pagamento  indevido ou a maior não pode ser homologada se a contribuinte  não comprovou a existência do crédito.  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  DIREITO  DE  CRÉDITO.  ÔNUS DA PROVA.  O ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito.  Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  negar  provimento ao recurso voluntário.         AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 77 75 /2 01 2- 31 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 3          2 (assinado digitalmente)  Flávio de Castro Pontes ­ Presidente.     (assinado digitalmente)  Paulo Sérgio Celani ­ Relator.    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Flávio  de  Castro  Pontes, Marcos Antônio Borges, Paulo Sérgio Celani, Demes Brito e Cássio Schappo.    Relatório  Inicialmente, esclarece­se que estão em julgamento nesta 1ª Turma Especial da  3ª Seção de Julgamento do CARF trinta e três processos da mesma contribuinte, em que o cerne da  discussão é o mesmo: a certeza e liquidez de crédito pleiteado, decorrente de pagamento indevido  ou a maior de cofins ou contribuição para o PIS/Pasep, e o ônus da prova deste direito.  Em alguns processos, foi indeferida totalmente a declaração de compensação de  débitos da contribuinte com o crédito pleiteado, por falta de comprovação da liquidez e certeza de  todo o crédito, em outros, foi homologada parcialmente a declaração de compensação, porque foi  comprovada a certeza e liquidez de parte do crédito pleiteado.  Esta  diferença  não  exige mudanças  nos  acórdãos  dos  julgamentos,  pois  o  que  está  sob  julgamento  é  justamente  o  crédito  não  reconhecido  e  a  parte  não  homologada  das  declarações de compensação.  O crédito reconhecido e a parte homologada não estão em discussão.  Feitas estas observações, passa­se ao relato propriamente dito.  Trata­se  de  recurso  voluntário  apresentado  contra  decisão  da  Delegacia  da  Receita Federal  do Brasil de  Julgamento  em Belo Horizonte­DRJ/BHE que  julgou  improcedente  manifestação  de  inconformidade  apresentada  contra  despacho decisório  da Delegacia  da Receita  Federal do Brasil de origem.  O  processo  se  iniciou  com  PER/DCOMP,  por  meio  do  qual  a  contribuinte  pleiteou o reconhecimento de direito de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de  contribuição social e a compensação de débitos tributários com o crédito pleiteado.  De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF  informado  no  PER/DCOMP,  foram  localizados  um  ou  mais  pagamentos,  utilizados  para  quitação  de  débitos  da  contribuinte,  não  restando  crédito  disponível  suficiente  para  compensação dos débitos informados no PER/DCOMP.  Fl. 87DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 4          3 Assim,  diante  da  inexistência/insuficiência  de  crédito,  a  compensação  declarada não foi homologada ou foi homologada apenas parcialmente.  Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172  de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996,  conforme quadro  “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”  do  despacho decisório “  Extraio do relatório da decisão recorrida resumo das alegações apresentadas  pela  contribuinte  contra  o  despacho  decisório,  em  expediente  que  foi  recebido  como  manifestação de inconformidade:  “Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresentou  a manifestação de inconformidade em 10/08/2012, alegando que  a  Receita  Federal  mantém  os  controles  de  apropriação  e  pagamento  dos  impostos  federais,  assim  como  uma  conta  corrente de cada contribuinte, na qual podem ser visualizados os  pagamentos efetuados de forma correta, os pagamentos a maior  e os pagamentos a menor.  Assevera que o despacho decisório não pode progredir, porque a  RFB  cobra  o mesmo  valor  pago  pelo  contribuinte,  quando,  na  verdade,  foi  preenchido  um  PER/DCOMP  que  demonstra  de  forma clara que aquele pagamento foi efetuado a maior e dele se  extraí os valores devidos a título de impostos.  Apresenta um demonstrativo da composição do PER/DCOMP nº  27613.24430.280909.1.3.047698, identificando o valor devido de  COFINS, o valor da guia de recolhimento, o saldo do pagamento  a maior e as compensações efetuadas.  Alega  ainda  que  houve  a  retificação  da  DIPJ  do  ano­base  de  2005,  na  qual  a  receita  foi  apropriada  de  forma  errada  e,  por  isto,  originou  também  a  retificação  de  todos  os  cálculos  dos  impostos  federais.  Ressalta  que  havendo  necessidade  de  retificação do PER/DCOMP, solicita autorização para o ajuste,  porém,  o  valor  original  disponível  desde  a  data  especificada,  corrigido  monetariamente,  possibilitou  a  compensação  declarada.  A  ementa  do  acórdão  da  Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em  Belo  Horizonte­DRJ/BHE  que  julgou  improcedente  a  manifestação  de  inconformidade contém o seguinte teor:  “Assunto: ...  Data do fato gerador: ...  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  PAGAMENTO  INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO.  Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a  existência e suficiência do crédito postulado.”  No recurso voluntário a recorrente alega o seguinte:  Fl. 88DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 5          4 i) O  ICMS que  faz parte do valor  total de conhecimentos de  transporte não  compõe o valor tributado pela cofins e pela contribuição para o PIS/Pasep.  ii)  Juntou  cópia  da  DIPJ  2006/2005,  retificada,  que  demonstra  que  estas  contribuições foram reduzidas em seus valores anteriormente apresentados.  iii) No próprio PER/DCOMP apresentado, verifica­se que houve pagamento  a maior.  iv)  Não  apresentou  retificação  da  DCTF  e  do  DACON,  primeiro,  por  problemas com o contador; depois, porque teria ocorrido prescrição para a retificação.  v) Calculou a cofins  e a  contribuição para o PIS/Pasep  sobre um valor que  incluía  o  ICMS  e,  após,  corrigiu  o  faturamento,  excluindo  este  imposto  da  base  de  cálculo,  logo, tem direito ao crédito pleiteado.  É o relatório.  Fl. 89DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 6          5   Voto             Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator.  Admissibilidade do recurso voluntário.  O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta  turma especial.  Certeza e liquidez do crédito pleiteado.  O processo se  iniciou com PER/DCOMP da contribuinte, no qual  informou  ter realizado pagamento indevido ou a maior de contribuição social.  Foi  constatado  pela  RFB  que  o  pagamento  informado  como  indevido  ou  a  maior  fora  integralmente  utilizado  para  quitar  tributo  informado  em  DCTF,  logo,  tributo  considerado devido.  Isto  está  claro  no  quadro  “3  –  FUNDAMENTAÇÃO,  DECISÃO  E  ENQUADRAMENTO LEGAL” do despacho decisório.  Esta constatação baseou­se em dados constantes do sistemas informatizados  da  RFB,  alimentados  por  informações  prestadas  pelo  próprio  contribuinte,  por  meio  de  declarações fiscais próprias.  Uma  vez  que  o  pagamento  informado  como  indevido  ou  a  maior  estava  totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF como devido, o DARF a ele  relativo não  prova a existência de crédito algum  A DRJ/BHE, tendo em vista que a contribuinte não apresentou documentação  fiscal e contábil hábil e suficiente para comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado,  manteve o despacho decisório.  As  decisões  da  DRF  e  da  DRJ  estão  amparadas  no  fato  de  a  legislação  tributária dispor que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do  crédito  tributário  (art. 5º do Decreto­Lei nº 2.124, de 1984) e que a compensação de débitos  tributários  somente  pode  ser  efetuada  mediante  existência  de  créditos  líquidos  e  certos  do  interessado perante a Fazenda Pública (art. 170 do Código Tributário Nacional­CTN), e de a lei  que trata do processo administrativo tributário federal estabelecer que a prova documental deve  ser apresentada na impugnação (art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972).  Apesar de a decisão de primeira instância ter sido fundamentada de modo a  dar a conhecer à contribuinte as razões de fato e de direito que levaram ao indeferimento de sua  manifestação  de  inconformidade,  nenhum  documento  ou  livro  fiscal  ou  contábil  foi  apresentado com o recurso voluntário.  Fl. 90DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 7          6 A  recorrente  afirma que  juntou  cópia  da DIPJ  2006/2005  retificada,  a  qual  demonstraria  redução  dos  valores  das  contribuições  anteriormente  apresentados,  e  apresenta  justificativas para não ter retificado a DCTF e o DACON.  Não encontrei nos autos nenhuma DIPJ, original ou retificada. Logo, inócua a  alegação.  Quanto à falta de retificação da DCTF e do DACON, esta não é determinante  para o  julgamento, uma vez que o CARF tem reconhecido o direito ao crédito decorrente de  pagamento  indevido  ou  a maior,  independentemente  de  retificação  da DCTF  e  do DACON,  desde que o direito seja comprovado por documentos e livros fiscais e contábeis hábeis.  Tratando­se  de  despacho  eletrônico,  admite­se  a  apresentação  destes  documentos e livros após a decisão da DRJ, pois alguns Conselheiros entendem que o princípio  da verdade material assim autoriza, outros entendem que se está diante de caso em que a prova  se destina a contrapor  fatos ou razões posteriormente  trazidas aos autos, hipótese prevista no  art. 16, §4º, letra “c” do Decreto nº 70.235, de 1972.  De  qualquer  modo,  o  importante  é  que  a  contribuinte,  até  o  presente,  não  apresentou nenhum documento ou livro, fiscal ou contábil, que pudesse comprovar seu direito.  Logo, não comprovou a certeza e liquidez do crédito pleiteado.  Não é só isso. A recorrente sequer argumentou sobre os fatos ou direito que  ensejariam o crédito pleiteado.  Há  menção  de  que  seria  decorrente  da  inclusão  do  ICMS  integrante  de  conhecimento de transporte na base de cálculo da cofins e da contribuição para o PIS/Pasep,  porém, não é tecido nenhum argumento sobre esta matéria.  Por estas razões, com fundamento no art. 170 do CTN e no art. 333 do CPC,  aplicável  subsidiariamente  ao  caso,  que  determina  que  o  ônus  da  prova  incumbe  ao  autor  quanto ao fato constitutivo de seu direito, não cabe o reconhecimento do crédito pleiteado.  Declaração de compensação errada e competência do CARF  No  recurso,  ao  contrário  da manifestação  de  inconformidade,  nada  foi  dito  sobre erro na Declaração de Compensação ou sobre a necessidade de sua retificação. Apenas se  afirmou que, no PER/DCOMP apresentado, verifica­se que houve pagamento a maior.  Porém, tendo em vista que possível erro na DCOMP é questão que permeia  os autos e que a decisão da DRJ  tratou desta matéria; que a Administração deve atender aos  princípios da legalidade, da moralidade, do interesse público e da eficiência; e que o princípio  da verdade material é especialmente levado em consideração nos julgamentos neste Conselho;  teço algumas considerações que me levam a concluir pela manutenção da decisão recorrida na  íntegra.  O  processo  administrativo  de  determinação  e  exigência  dos  créditos  tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal é regido  pelo Decreto nº 70.235, de 6/3/1972.  Fl. 91DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 8          7 O rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235, de 1972, não se aplica,  em  princípio,  aos  processos  administrativos  de  pedidos  de  compensação,  pois  não  são  processos  de  determinação  e  exigência  de  créditos  tributários,  tampouco  de  consulta  sobre  aplicação da legislação tributária federal..  Porém, por força do art. 74, §§ 9º e 10, da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, não  homologada  a  compensação,  o  sujeito  passivo  poderá  apresentar  manifestação  de  inconformidade contra a decisão administrativa de não homologação e recurso contra decisão  que julgue improcedente a manifestação de inconformidade.  Ambos, manifestação de inconformidade e recurso, seguirão o rito processual  estabelecido no Decreto nº 70.235, de 1972, conforme parágrafo 11 do art. 74 da Lei nº 9.430,  de 1996.  Assim,  o  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais_CARF,  que,  conforme  art.  37  do Decreto  nº  70.235,  de  1972,  com  redação  dada  pela  Lei  nº  11.941,  de  27/5/2009, é competente para julgar, em segunda instância, processos que seguem o rito deste  decreto,  possui  competência  para  julgar  recursos  contra  decisões  da  DRJ  que  julgaram  improcedentes manifestações  de  inconformidade  contra  não  homologação  de  declarações  de  compensação.  Quanto à retificação de declarações de compensação, a situação é diferente.  Cito o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996:  “Art.  74.  O  sujeito  passivo  que  apurar  crédito,  inclusive  os  judiciais  com  trânsito  em  julgado,  relativo  a  tributo  ou  contribuição  administrado  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá­lo na  compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e  contribuições  administrados  por  aquele  Órgão.(Redação  dada  pela Lei nº 10.637, de 2002)   § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante  a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão  informações  relativas  aos  créditos  utilizados  e  aos  respectivos  débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)   § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal  extingue  o  crédito  tributário,  sob  condição  resolutória  de  sua  ulterior homologação.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)   (...)  § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos  indevidamente  compensados.  (Incluído  pela  Lei  nº  10.833,  de  2003)   §  7º  Não  homologada  a  compensação,  a  autoridade  administrativa deverá cientificar o  sujeito passivo e  intimá­lo a  efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato  que  não a  homologou,  o  pagamento  dos  débitos  indevidamente  compensados.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 9          8 §  8º  Não  efetuado  o  pagamento  no  prazo  previsto  no  §  7º,  o  débito  será  encaminhado  à  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o  disposto no § 9º. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   §  9º É  facultado  ao  sujeito  passivo,  no  prazo  referido  no  §  7º,  apresentar  manifestação  de  inconformidade  contra  a  não­ homologação da compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de  2003)   §  10.  Da  decisão  que  julgar  improcedente  a  manifestação  de  inconformidade  caberá  recurso  ao  Conselho  de  Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   §  11.  A  manifestação  de  inconformidade  e  o  recurso  de  que  tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº  70.235, de 6 de março de 1972, e enquadram­se no disposto no  inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 ­  Código  Tributário Nacional,  relativamente  ao  débito  objeto  da  compensação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003)   (...)”  Veja­se que os §§ 6º a 8º acima dispõem que a declaração de compensação  constitui  confissão  de  dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos  indevidamente  compensados  e  que,  não  homologada  a  compensação  e  não  efetuado  o  pagamento  no  prazo  previsto  no  §7º,  o  débito  será  encaminhado  à  Procuradoria­Geral  da  Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União  A  exigência  do  pagamento  destes  débitos  não  deve  ser  submetida  a  julgamento administrativo; e, ainda que a declaração de compensação contenha erro, não cabe  nesta instância sua correção, o que deve realizar­se pela entrega de declaração retificadora, tal  como estabelecido nos arts. 6º a 8º das Instruções Normativas SRF nº 360. de 24/02/2003, e nº  376, de 23/12/2003; nos arts. 55 a 58 da IN SRF nº 460, de 18/10/2004, e IN SRF nº 600, de  28/12/2005; nos arts. 76 a 79 da IN SRF nº 900, de 30/12/2008; e nos arts. 88 a 90 da IN RFB  nº 1.300, de 20/11/2012.  Conforme  assentado  no  acórdão  recorrido,  a  retificação  de  declaração  de  compensação  deveria  ser  requerida  por  meio  de  documento  retificador  gerado  a  partir  do  programa PER/DCOMP.  Não há nos autos nenhum documento retificador gerado nesta condição.  Assim, não pode o CARF determinar  a homologação da DCOMP tal como  formalizada, ainda que errada, pois esta extingue o crédito tributário, sob condição resolutória,  e  constitui  confissão  de  dívida  e  instrumento  hábil  e  suficiente  para  a  exigência  dos  débitos  indevidamente compensados.  Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10830.907775/2012­31  Acórdão n.º 3801­004.777  S3­TE01  Fl. 10          9 Conclusão  Pelo exposto, em especial pela não comprovação da existência de direito de  crédito  líquido  e  certo,  voto  por  negar  provimento  ao  recurso  voluntário,  mantendo­se  a  decisão recorrida.  (assinado digitalmente)  Paulo Sergio Celani.                              Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES

score : 1.0
5879417 #
Numero do processo: 11618.720578/2011-13
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário (Súmula CARF nº 98). Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2801-004.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para restabelecer dedução de despesa com pensão alimentícia no valor de R$ 30.000,00, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin - Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201503

ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário (Súmula CARF nº 98). Recurso Voluntário Provido

turma_s : Primeira Turma Especial da Segunda Seção

dt_publicacao_tdt : Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 11618.720578/2011-13

anomes_publicacao_s : 201503

conteudo_id_s : 5448231

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 2801-004.042

nome_arquivo_s : Decisao_11618720578201113.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA

nome_arquivo_pdf_s : 11618720578201113_5448231.pdf

secao_s : Segunda Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para restabelecer dedução de despesa com pensão alimentícia no valor de R$ 30.000,00, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin - Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.

dt_sessao_tdt : Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015

id : 5879417

ano_sessao_s : 2015

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:54 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705703415808

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1923; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­TE01  Fl. 166          1 165  S2­TE01  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  11618.720578/2011­13  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  2801­004.042  –  1ª Turma Especial   Sessão de  11 de março de 2015  Matéria  IRPF  Recorrente  JOSÉ LEOPOLDO DE SOUZA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Exercício: 2010  PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.  A  dedução  de  pensão  alimentícia  da  base  de  cálculo  do  Imposto  de Renda  Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando  comprovado  o  seu  efetivo  pagamento  e  a  obrigação  decorra  de  decisão  judicial, de acordo homologado  judicialmente, bem como, a partir de 28 de  março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou  discrimine os deveres em prol do beneficiário (Súmula CARF nº 98).  Recurso Voluntário Provido      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  dar  provimento ao recurso para restabelecer dedução de despesa com pensão alimentícia no valor  de R$ 30.000,00, nos termos do voto do Relator.   Assinado digitalmente  Tânia Mara Paschoalin ­ Presidente.  Assinado digitalmente  Marcelo Vasconcelos de Almeida ­ Relator.  Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:  Tânia  Mara  Paschoalin,  Eivanice  Canário  da  Silva,  Adriano  Keith  Yjichi  Haga,  Carlos  César  Quadros  Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 8. 72 05 78 /2 01 1- 13 Fl. 166DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11618.720578/2011­13  Acórdão n.º 2801­004.042  S2­TE01  Fl. 167          2 Relatório  Trata­se de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa  Física ­ IRPF por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 31.664,04, incluídos  multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora.  Consta  da  “Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal”,  às  fls.  7/9  deste  processo  digital,  que  foi  constatada,  na  declaração  de  ajuste  anual  do  contribuinte,  dedução  indevida de despesas médicas e dedução indevida de pensão alimentícia judicial.  O  contribuinte  apresentou  a  impugnação  de  fls.  2/3  deste  processo  digital,  que foi julgada procedente em parte por intermédio do acórdão de fls. 96/102, assim ementado:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­  IRPF   Exercício: 2010  DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO.  Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação,  a juízo da autoridade lançadora, a teor do art. 73 do RIR/99.  DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL.  Apenas  são  dedutíveis  da  Declaração  de  Ajuste  Anual  as  despesas  que,  comprovadas  com documentos  hábeis  e  idôneos,  foram pagas  a  título  de “pensão alimentícia”  em cumprimento  de acordo, decisão  judicial ou escritura pública, razão por que  se mantém a  glosa  dos  valores  deduzidos  em desacordo  com a  legislação.  DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS.  Cancela­se  a  glosa  da  dedução  das  despesas  médicas  quando  devidamente  comprovada  e  de  conformidade  com  a  legislação  aplicável à matéria.  Cientificado  da  decisão  de  primeira  instância  em  05/07/2012  (fl.  105),  o  Interessado interpôs, em 30/07/2012, o recurso de fls. 107/109, acompanhado dos documentos  de fls. 110/162. Na peça recursal alega, em síntese, que:  ­  Nunca  pediu  recibos  dos  complementos  de  pensão  alimentícia  pagas  em  espécie,  por  julgar  que  a  sentença  judicial  homologatória  da  conversão  da  separação  em  divórcio, a informação de rendimentos pagos pelo alimentante e a declaração de ajuste anual da  beneficiária eram suficientes.  ­  Por  achar  que  não  seria  honesto  pedir  os  recibos  agora,  apenas  para  se  defender, prefere não fazê­lo.  Fl. 167DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11618.720578/2011­13  Acórdão n.º 2801­004.042  S2­TE01  Fl. 168          3 Ao final, requer seja acolhido o presente recurso para que seja restabelecida  parte da pensão alimentícia, no valor de R$ 30.000,00, conforme comprovantes de depósitos  em anexo.  Voto             Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator  Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade.  Cinge­se a controvérsia à glosa de dedução de pensão alimentícia judicial em  benefício de Antonia César de Souza, no valor de R$ 30.000,00, embora o Interessado  tenha  declarado, a esse título e em favor da referida beneficiária, o montante de R$ 48.000,00.  É  que  o  Recorrente  preferiu  não  recorrer  em  relação  à  diferença  de  R$  18.000,00,  pelos  motivos  expostos  no  “Relatório”  deste  acórdão.  A  parte  do  crédito  não  recorrido  foi,  inclusive,  transferida  para  o  Processo  nº  14747.720078/2012­77,  conforme  “Termo de Transferência de Crédito Tributário” de fl. 163.   Pois  bem.  Em  09/12/2013  foi  aprovada  a  Súmula  CARF  nº  98,  com  o  seguinte teor:  Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base  de cálculo do  Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em  face  das  normas  do Direito  de Família,  quando  comprovado  o  seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial,  de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28  de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor  da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário.  Assim,  a  dedução  de  pensão  alimentícia  da  base  de  cálculo  do  IRPF  está  condicionada  à  comprovação  de  dois  requisitos:  a)  o  efetivo  pagamento;  e  b)  a  obrigação  decorrer de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública que  especifique o valor da obrigação, neste último caso, a partir de 28/03/2008.  Inicialmente  o  Interessado  havia  apresentado  a  sentença  de  fl.  33,  que  homologou o  acordo de  conversão de  sua  separação  judicial  de Antonia César de Souza em  divórcio (fls. 23/31). A Autoridade lançadora e os julgadores da instância de piso optaram por  manter a glosa por falta de comprovação do efetivo pagamento.  À peça  recursal o Recorrente  juntou comprovantes de  transferências de sua  conta bancária para a conta corrente da beneficiária Antonia César de Souza, no valor total de  30.000,00 (fls. 139/162).   Nesse  contexto,  voto  por  dar  provimento  ao  recurso  para  restabelecer  dedução de despesa com pensão alimentícia no valor de R$ 30.000,00.  Assinado digitalmente  Marcelo Vasconcelos de Almeida  Fl. 168DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 11618.720578/2011­13  Acórdão n.º 2801­004.042  S2­TE01  Fl. 169          4                               Fl. 169DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN

score : 1.0
5883941 #
Numero do processo: 18471.000404/2007-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2002, 2003 LANÇAMENTO REFLEXO. Aplica-se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. Procedente o lançamento da infração que tornou indevida a compensação efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa.
Numero da decisão: 1102-001.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Alexandre dos Santos Linhares - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé.
Nome do relator: FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201404

camara_s : Primeira Câmara

ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2002, 2003 LANÇAMENTO REFLEXO. Aplica-se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. Procedente o lançamento da infração que tornou indevida a compensação efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 18471.000404/2007-05

anomes_publicacao_s : 201503

conteudo_id_s : 5449220

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 1102-001.095

nome_arquivo_s : Decisao_18471000404200705.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES

nome_arquivo_pdf_s : 18471000404200705_5449220.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso para negar-lhe provimento, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) João Otávio Oppermann Thomé - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Alexandre dos Santos Linhares - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé.

dt_sessao_tdt : Thu Apr 10 00:00:00 UTC 2014

id : 5883941

ano_sessao_s : 2014

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:07 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705713901568

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1858; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C1T2  Fl. 2          1 1  S1­C1T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  18471.000404/2007­05  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  1102­001.095  –  1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  10 de abril de 2014  Matéria  IRPJ, CSLL  Recorrente  TLW TRANSPORTES E LOGÍSTICA WEB LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2002  CUSTOS NÃO COMPROVADOS.  A dedutibilidade dos dispêndios realizados a  título de custos requer a prova  documental  hábil  e  idônea  das  respectivas  operações  e  da  necessidade  às  atividades da empresa.  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ­ CSLL  Ano­calendário: 2002, 2003  LANÇAMENTO REFLEXO.  Aplica­se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento  matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula.  MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerar­se­á não  impugnada a matéria  que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.  COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA.  Procedente  o  lançamento  da  infração  que  tornou  indevida  a  compensação  efetuada pelo contribuinte, deve ser mantida a glosa.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos   Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do  recurso  para  negar­lhe  provimento,  nos  termos  do  relatório  e  voto  que  integram  o  presente  julgado.         AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 04 04 /2 00 7- 05 Fl. 1903DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/2007­05  Acórdão n.º 1102­001.095  S1­C1T2  Fl. 3          2 (assinado digitalmente)  João Otávio Oppermann Thomé ­ Presidente  (assinado digitalmente)  Francisco Alexandre dos Santos Linhares ­ Relator  Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Evande Carvalho  Araujo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregório, João Carlos de  Figueiredo Neto, Antonio Carlos Guidoni Filho e João Otávio Oppermann Thomé.    Relatório  Trata­se de  recurso  voluntário  interposto  pela  3ª Turma da DRJ/RJ1  contra  acórdão  que  julgou  procedente  o  lançamento  tributário  de  IRPJ  e  CSLL  gerado  a  partir  da  glosa de custos, conforme ementa a seguir:  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2002  CUSTOS NÃO COMPROVADOS.  A  dedutibilidade  dos  dispêndios  realizados  a  título  de  custos  requer  a  prova  documental  hábil  e  idônea  das  respectivas  operações e da necessidade às atividades da empresa.  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  SOBRE  O  LUCRO  LÍQUIDO ­ CSLL  Ano­calendário: 2002, 2003  LANÇAMENTO REFLEXO.  Aplica­se à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao  lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que  os vincula.  COMPENSAÇÃO  INDEVIDA  DE  BASE  DE  CÁLCULO  NEGATIVA.  Procedente  o  lançamento  da  infração  que  tornou  indevida  a  compensação  efetuada  pelo  contribuinte,  deve  ser  mantida  a  glosa.  Lançamento procedente.  Os Autos de Infração de fls. 1709 – 1718 foram lavrados e cientificados em  28/05/2007,  de  IRPJ  no  valor  de  R$  626.608,17  referente  ao  ano­calendário  de  2002,  e  de  Fl. 1904DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/2007­05  Acórdão n.º 1102­001.095  S1­C1T2  Fl. 4          3 CSLL no valor de R$ 279.212,88, referentes aos anos­calendário de 2002 e 2003, acrescidos de  multa de 75% e de juros de mora, totalizando num crédito tributário de R$2.216.920,40 (fl. 2).  Os lançamentos de IRPJ e CSLL no ano­calendário de 2002 decorreram em  face  de  glosa  de  despesas  não  comprovadas,  e  compensação  indevida  de  base  de  cálculo  negativa de CSLL do ano­calendário de 2003.  Segundo a autoridade autuante no Termo de Verificação Fiscal  (fls. 1705 –  1708:  1. A empresa  foi  intimada através do Termo de  Intimação cuja  ciência ocorreu em 18/05/2006, para que apresentasse contratos  de  prestação  de  serviços  assinados,  notas  fiscais  de  serviços  emitidas no ano­calendário de 2002. Analisada a documentação  apresentada pela empresa, ficou constatada ser esta insuficiente  para  a  comprovação  dos  custos  deduzidos,  uma  vez  que  não  foram  emitidas  pelas  empresas  transportadoras  contratadas  (terceirizadas)  e  que  não  demonstraram  a  natureza  das  despesas, não identificaram os beneficiários, as quantidades e os  valores das operações.[...]  2.  Atendendo  ao  Termo  de  Intimação,  a  empresa  apresentou  transportes  rodoviário,  a  granel  de  derivados  líquidos  de  petróleo  e  de  álcool,  firmados  pelos  diversos  transportadores  contratados  (agregados).  Apresentou,  também,  diversos  relatórios elaborados por ela própria (TLW), com cálculos para  pagamentos  de  transportadores  terceirizados  (agregados)  e  diversas xerocópias de boletas de gastos diversos (restaurantes,  combustíveis, etc), emitidos em seu nome (TLW).  3.  Analisada  a  documentação  apresentada  pela  empresa,  ficou  constatada ser esta insuficiente para a comprovação dos custos  deduzidos,  uma  vez  que  não  foram  emitidas  pelas  empresas  transportadoras  contratadas  (terceirizadas)  e  que  não  demonstraram  a  natureza  das  despesas,  não  identificaram  os  beneficiários,  as  cópias  de  alguns  contratos  de  prestação  de  serviços de quantidades e os valores das operações.  4. Tendo em vista as dificuldades da empresa em comprovar os  custos  deduzidos  com  terceirizados  (agregados),  e  procurando,  ainda,  a  comprovação  dos  referidos  custos,  foram  feitas  intimações  (circularização),  através  de  MPF  Extensivos,  a  diversos  transportadores contratados,  sendo selecionados os de  valores de contratos mais significativos. [...]  [...]  6.  Uma  vez  que,  para  uma  despesa  ser  dedutível,  não  basta  provar  apenas  que  foi  contratada,  assumida  e  paga,  mas  que  corresponda  a  bens  ou  serviços  efetivamente  recebidos,  foi  a  empresa  novamente  intimada  através  do  Termo  de  Intimação  cuja ciência ocorreu em 21/08/2006, a apresentar documentação  hábil e  idônea (notas fiscais, faturas, recibos, etc), coincidentes  em datas e  valores,  emitidas pelos  transportadores  contratados  (terceirizados/agregados),  e  que  apresentasse,  também,  Fl. 1905DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/2007­05  Acórdão n.º 1102­001.095  S1­C1T2  Fl. 5          4 comprovantes de pagamentos pelos fretes contratados (cópias de  cheques,  recibos,  boletos  bancários,  etc),  que  comprovasse  a  dedução  do  valor  de  R$11.979.494,40,  deduzidos  como  custo  com  agregados.  Foram  concedidos  novos  prazos,  em  reuniões  realizadas com representantes da empresa, com a finalidade de  esclarecer  e  orientar,  a  fim de  que  esta  fosse buscar  junto  aos  transportadores  terceirizados,  documentação  hábil  e  idônea,  comprobatórias  dos  custos  deduzidos.  A  empresa  apresentou  parte  da  documentação,  que  comprava  parte  dos  custos  deduzidos no valor total de R$6.423.948,9.  [...]  8. Conforme demonstrado acima, somente parte do total do valor  deduzido como custo operacional  foi  devidamente  comprovado,  deixando  a  empresa  de  comprovar  com  documentação  hábil  e  idônea  a  efetividade  doe  serviços  prestados  no  valor  de  R$5.555.546,63  (cinco milhões,  quinhentos  e  cinquenta  e  cinco  mil,  quinhentos  e  quarenta  e  seis  reais  e  sessenta  e  três  centavos),  uma  vez  que  a  documentação  apresentada  não  demonstrou claramente a natureza das despesas, não identificou  os  beneficiários,  a  quantidades  e  os  valores  das  operações.  Infringiu  a  empresa  os  artigos  249,  inciso  I,  251  e  parágrafo  único, e 300, do RIR/99.  9.  Tributação  efetuada  pela  compensação  indevida  da  base  negativa  da  CSLL,  de  exercícios  anteriores,  realizada  no  ano­ calendário de 2003, no valor de R$107.457,83, em razão ter sido  compensada  em  sua  totalidade,  através  da  redução da matéria  tributada neste auto de infração.  A recorrente  apresentou,  em 26/06/2007,  a  impugnação às  fls.  1.781/1.817,  alegando, em síntese, que:   ­  comprovou  todos  as  despesas/custos  que  lançou  em  sua  contabilidade;   ­ procedeu à subcontratação dos fretes, em nítido processo de  terceirização, dentro da estrita legalidade;   ­  os  pagamentos  foram  através  de  depósitos  bancários  (conforme documentação que esteve em poder do  fisco) ou  cheques  (algumas  cópias,  a  titulo  de  •  exemplificação,  foram, também, entregues à fiscalização);   ­  a  fiscalização  só  aceitou  como  comprovantes  as  declarações  expressas  firmadas  pelas  empresas  subcontratadas;   ­ o auto de infração fere o princípio da razoabilidade;   ­ a documentação apresentada à fiscalização foi mais do que  idônea,  comprovando  que  os  valores  podem  ser  objeto  de  Fl. 1906DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/2007­05  Acórdão n.º 1102­001.095  S1­C1T2  Fl. 6          5 dedução  na  apuração  do  IRPJ  e  da  CSLL,  conforme  jurisprudência.  Encerra  apontando que houve prova da  efetiva prestação dos  serviços,  bem  como  do  pagamento,  dentro  dos  requisitos  da  efetividade,  necessidade,  usualidade  e  normalidade, e protestando pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos.  A  DRJ  negou  provimento  a  impugnação  por  entender  que  apesar  do  contribuinte  ter  trazido  provas  aos  autos  não  identificou  qualquer  documento  que  não  tenha  sido  considerado  pela  fiscalização,  de modo que  não  atendeu  ao  inciso  III,  do  artigo  16,  do  Decreto  70.235/1972,  com  redação  do  artigo  1°,  da  Lei  8.748/1993,  que  determina  que  a  impugnação apresentada deve necessariamente mencionar os motivos de fato e de direito em  que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir.  Contra  o  acórdão  que  julgou  pela  procedência  do  auto  de  infração,  a  recorrente  apresentou Recurso Voluntário  (fls.  1879 –  1889),  no  qual  alega  a  documentação  apresentada é hábil e idônea suficiente para comprovação das despesas efetuadas, sem contudo  trazer quaisquer provas novas ou  relacionar e quantificar aquelas  juntadas anteriormente que  alega não ter sido considerada pela fiscalização.  É o relatório.    Voto             Conselheiro Francisco Alexandre dos Santos Linhares  Atendidos  os  pressupostos  legais  para  interposição  do  recurso  voluntário,  tomo conhecimento dele.  Analisando  a  matéria  em  epígrafe,  entendemos  por  negar  provimento  ao  recurso de voluntário da recorrente.   Inicialmente,  cumpre  registrar  que  a  contribuinte  não  contestou  a  aplicação  compensação  indevida  de  base  de  cálculo  de CSLL  no  exercício  de  2003  no  presente  caso,  devendo  ser  considerada  matéria  não  impugnada,  nos  termos  do  art.  17  do  Decreto  n°  70.235/72, razão pela qual deve ser mantido o lançamento correspondente.  Como  bem  aduzido  no  acórdão  de  1ª  Instância,  a  dedutibilidade  dos  dispêndios  realizados  a  título  de  custos  requer  a  prova  documental  hábil  e  idônea  das  respectivas operações e do preenchimento dos requisitos legais. Trata­se, portanto, de questão  de prova documental.  Embora alegue a recorrente que juntou mais de 10 mil documentos na fase de  fiscalização, nada de novo trouxe na fase impugnatória e recursal, de maneira que, nesta atual  fase caberia à recorrente ter demonstrado precisamente quais documentos por ela entregue não  foram considerados pela fiscalização e comprovar sua idoneidade.  Isso por que embora  tenha o contribuinte  juntado  toda a documentação que  dispunha,  a  fiscalização  teve  ainda  o  cuidado  de  proceder  com  circularizações  para  seus  Fl. 1907DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES Processo nº 18471.000404/2007­05  Acórdão n.º 1102­001.095  S1­C1T2  Fl. 7          6 subcontratados no sentido de obter novas provas em favor do contribuinte, bem como atestar a  idoneidade  daquelas  por  ele  (contribuinte)  juntado.  Vendo  a  insuficiência  de  provas  após  a  circularização,  a  fiscalização  reintimou  novamente  o  contribuinte  para  que  trouxesse  mais  provas  a  serem  obtidas  com  seus  subcontratados,  tudo  devidamente  descrito  no  Termo  de  Verificação Fiscal (fls. 1705 – 1708).  Diante das provas das  trazidas aos autos, a fiscalização  totalizou o valor de  R$6.423.948,90  de  despesas  e  custos  comprovados,  abatendo  do  valor  de  R$11.979.494,40  constante  da  DIPJ  2003,  resultando  assim  no  valor  de  R$5.555.546,63  que  a  empresa  teria  deixado de comprovar com documentação hábil e idônea a efetividade dos serviços tomados.  Desta forma, não comprovadas que as despesas glosadas pela fiscalização são  necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, nos termos  do art. 299 do RIR/99, não há como afastar o lançamento tributário.  RIR/99  Art. 299.  São  operacionais  as  despesas  não  computadas  nos  custos,  necessárias  à atividade  da  empresa  e  à manutenção da  respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47).  § 1º  São  necessárias  as  despesas  pagas  ou  incorridas  para  a  realização das transações ou operações exigidas pela atividade  da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º).  § 2º  As  despesas  operacionais  admitidas  são  as  usuais  ou  normais  no  tipo  de  transações,  operações  ou  atividades  da  empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º).  § 3º O  disposto  neste  artigo  aplica­se  também  às  gratificações  pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem  Por estes motivos, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso  voluntário interposto, mantendo­se na íntegra a decisão de 1ª instância.    É como voto.  (assinado digitalmente)  Francisco Alexandre dos Santos Linhares                            Fl. 1908DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARIA CONCEICAO RODRIGUES DE FREITAS, Assinado digitalmen te em 30/03/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES

score : 1.0
5892047 #
Numero do processo: 15563.000685/2007-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2005 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EXPIRAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE NOVO MPF. POSSIBILIDADE. A expiração do prazo do MPF não implica na nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da IN MPS/SRP nº 03/05. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE, INCONSTITUCIONALIDADE E OFENSAS A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de supostas ofensas a princípios constitucionais, salvo nos casos previstos no art. 103-A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS - REPLEG. CARÁTER INFORMATIVO. A indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais - REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de instrução do processo com função meramente indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, consoante Súmula nº 88 do CARF. Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. Júlio César Vieira Gomes – Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201502

camara_s : Quarta Câmara

ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2005 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EXPIRAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE NOVO MPF. POSSIBILIDADE. A expiração do prazo do MPF não implica na nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da IN MPS/SRP nº 03/05. ARGUIÇÕES DE ILEGALIDADE, INCONSTITUCIONALIDADE E OFENSAS A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para afastar a incidência da lei em razão de supostas ofensas a princípios constitucionais, salvo nos casos previstos no art. 103-A da CF/88 e no art. 62 do Regimento Interno do CARF. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS - REPLEG. CARÁTER INFORMATIVO. A indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais - REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de instrução do processo com função meramente indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, consoante Súmula nº 88 do CARF. Recurso Voluntário Negado.

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção

dt_publicacao_tdt : Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 15563.000685/2007-71

anomes_publicacao_s : 201504

conteudo_id_s : 5454312

dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 2402-004.579

nome_arquivo_s : Decisao_15563000685200771.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES

nome_arquivo_pdf_s : 15563000685200771_5454312.pdf

secao_s : Segunda Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. Júlio César Vieira Gomes – Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.

dt_sessao_tdt : Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015

id : 5892047

ano_sessao_s : 2015

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:39 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705740115968

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2035; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T2  Fl. 689          1  688  S2­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  15563.000685/2007­71  Recurso nº             Voluntário  Acórdão nº  2402­004.579  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  11 de fevereiro de 2015  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  COOPER SERVICE­COOP VEND PREST SERVICOS  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2005  MANDADO  DE  PROCEDIMENTO  FISCAL  ­  MPF.  EXPIRAÇÃO.  EXPEDIÇÃO DE NOVO MPF. POSSIBILIDADE.  A expiração do prazo do MPF não implica na nulidade dos autos praticados,  podendo  a  autoridade  administrativa  determinar  a  expedição  de  novo MPF  para  a  conclusão do procedimento  fiscal,  nos  termos do  art.  589, parágrafo  único da IN MPS/SRP nº 03/05.  ARGUIÇÕES  DE  ILEGALIDADE,  INCONSTITUCIONALIDADE  E  OFENSAS A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS.  O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é órgão competente para  afastar  a  incidência  da  lei  em  razão  de  supostas  ofensas  a  princípios  constitucionais, salvo nos casos previstos no art. 103­A da CF/88 e no art. 62  do Regimento Interno do CARF.  RELATÓRIO  DE  REPRESENTANTES  LEGAIS  ­  REPLEG.  CARÁTER  INFORMATIVO.  A  indicação  de  pessoas  físicas  no  Relatório  de  Representantes  Legais  ­  REPLEG não representa ofensa ao art. 135 do CTN, por se tratar de peça de  instrução  do  processo  com  função  meramente  indicativa  daqueles  que  possuíam poder de direção à época dos fatos geradores, consoante Súmula nº  88 do CARF.  Recurso Voluntário Negado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.       AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 56 3. 00 06 85 /2 00 7- 71 Fl. 139DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES     2  ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar  provimento ao recurso voluntário.      Júlio César Vieira Gomes – Presidente      Nereu Miguel Ribeiro Domingues – Relator      Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Julio  César  Vieira  Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda  Simões, Ronaldo de Lima Macedo e Lourenço Ferreira do Prado.  Fl. 140DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15563.000685/2007­71  Acórdão n.º 2402­004.579  S2­C4T2  Fl. 690          3    Relatório  Trata­se  de  auto  de  infração  constituído  em  16/11/2007,  para  exigência  de  multa  por  deixar  a  empresa  de  exibir  qualquer  documento  ou  livro  relacionados  com  as  contribuições previdenciárias,  apresentar documento ou  livro que não atenda as  formalidades  legais exigidas ou que contenha informações diversas da realidade ou que omita a informação  verdadeira,  no  período  de  04/2001  a  04/2005,  conforme  descrito  no  Relatório  Fiscal  (fls.  24/27).  O Recorrente apresentou impugnação ao lançamento (fls. 54/103) requerendo  o seu cancelamento ante a sua insubsistência.  A  DRJ  do  Rio  de  Janeiro  II/RJ  julgou  o  lançamento  procedente  (fls.  106/113), sob os argumentos de que: (i) inexiste irregularidade no Mandado de Procedimento  Fiscal, pelo fato de ter sido expirado o seu prazo e não ter ocorrido a constituição de qualquer  crédito,  não  havendo  que  se  falar  em  violação  ao  art.  587,  §  1°,  da  Instrução  Normativa  MPS/SRP 03/2005; (ii) o contribuinte não impugnou qualquer elemento relacionado ao mérito  da  autuação,  não  demonstrando  ser  indevida  a  exigência  dos  documentos  e  nem  mesmo  informado se  foram ou não apresentados  à  fiscalização; e  (iii) a  indicação de pessoas  físicas  como corresponsáveis pelo débito tem caráter meramente informativo, não tendo o condão de  atribuir responsabilidade solidária nos termos do art. 135, do CTN.  Intimado  da  decisão  em  06/08/2008  (fl.  223),  o  Recorrente  apresentou  Recurso Voluntário  em  22/08/2008  (fls.  117/135),  argumentando  que:  (i)  houve  violação  ao  art. 587, § 1° da  Instrução Normativa MPS/SRP 03/05;  (ii) a nulidade da multa aplicada por  ofensa  ao direito  à propriedade, do não­confisco  e da proporcionalidade, ou  sua  redução em  razão do disposto no art. 106, II, do CTN c/c art. 108, IV; e (iii) a impossibilidade de inclusão  de pessoas físicas como corresponsáveis, ante a inobservância dos requisitos estabelecidos no  art. 135 do CTN c/c art. 13, da Lei n° 8.620/93.   É o relatório.  Fl. 141DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES     4    Voto             Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Relator  Primeiramente,  cabe  mencionar  que  o  presente  recurso  é  tempestivo  e  preenche a todos os requisitos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento.  Conforme  descrito  no Relatório  Fiscal  (fls.  24/27),  o Recorrente  deixou  de  exibir  documento  ou  livro  relacionado  às  contribuições  previdenciárias,  tais  como  livros  razões, diários, plano de conta, entre outros.  Assim,  foi  imposta multa com base no art. 283,  II,  “j”, do Regulamento da  Previdência Social, e arts. 92 e 102, da Lei n° 8.212/91 c/c Portaria MPS n° 142/07.  O  Recorrente  pontua  que  o  Mandado  de  Procedimento  Fiscal  inicial  foi  expirado sem que houvesse a constituição de crédito tributário.   Assim, defende que a lavratura do auto de infração com base em Mandado de  Procedimento Fiscal expedido após a expiração do anterior, viola o art. 587, § 1° da Instrução  Normativa MPS/SRP nº 03/05, ensejando a nulidade do  lançamento. Segue abaixo  trecho da  referida norma:  “Art. 587 . O MPF terá validade de até:( Revogado pela IN RFB  nº  851,  de  28  de  maio  de  2008 ) ( Revogado  pela  Instrução  Normativa nº 971, de 13 de novembro de 2009 )  I ­ cento e vinte dias, nos casos de MPF­F e de MPF­E;  II ­ sessenta dias, nos casos de MPF­D e de MPF­Ex.  §  1º  A  prorrogação  do  prazo  de  validade  do  MPF  será  formalizada mediante a emissão do MPF­C, tantas vezes quantas  necessárias,  observados,  em  cada  mandado,  os  limites  estabelecidos no caput.”  Entretanto, cumpre destacar que a expiração do prazo do MPF não implica a  nulidade dos autos praticados, podendo a autoridade administrativa determinar a expedição de  novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal, nos termos do art. 589, parágrafo único da  IN MPS/SRP nº 03/05, in verbis:  “Art. 589 . O MPF se extingue:( Revogado pela IN RFB nº 851, de 28  de maio de 2008 ) ( Revogado pela Instrução Normativa nº 971, de 13  de novembro de 2009 )  I ­ pela conclusão do procedimento fiscal, com a emissão do Termo de  Encerramento da Auditoria­Fiscal ­ TEAF;  II ­ pelo decurso dos prazos a que se refere o art. 587.  Parágrafo  único.  A  hipótese  de  que  trata  o  inciso  II  do  caput  não  implica  nulidade  dos  atos  praticados,  podendo  a  autoridade  responsável pela emissão do mandado extinto determinar a emissão de  novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal.”  Fl. 142DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 15563.000685/2007­71  Acórdão n.º 2402­004.579  S2­C4T2  Fl. 691          5  Desta forma, considerando que o MPF foi expedido para que o procedimento  fiscal fosse concluído, conforme demonstrativo de fl. 17, não há que se falar em nulidade do  lançamento por vícios no MPF.  No que se refere à alegação do Recorrente de inconstitucionalidade da multa  aplicada por ofensa aos princípios constitucionais do direito à propriedade, do não­confisco e  da  proporcionalidade,  tem­se  que  este  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  não  é  competente  para  afastar  a  aplicação  da  lei  com  base  em  arguições  de  supostas  ilegalidades/inconstitucionalidades, salvo nos casos previstos no art. 103­A da CF/88 e no art.  62 do RICARF, razão pela qual a pretensão não pode ser acatada neste ponto.  Também não há que se falar na aplicação ao caso da retroatividade da norma  mais benéfica,  prevista no  art.  106,  II,  “c”,  do CTN, pois,  na  realidade, não houve  inovação  normativa no que se refere à penalidade aplicada com base no art. 92 da Lei nº 8.212/91.  Por fim, a indicação de pessoas físicas no Relatório de Representantes Legais  – REPLEG não  representa ofensa ao art. 135 do CTN, por  se  tratar de peça de  instrução do  processo com função meramente  indicativa daqueles que possuíam poder de direção à época  dos  fatos  geradores,  mas  que  não  tem  o  condão  de  atribuir  a  responsabilidade  tributária  de  terceiros prevista no art. 135 do CTN.  Nesse sentido, destaca­se a Súmula nº 88 do CARF:  “Súmula CARF nº  88: A Relação de Co­Responsáveis  ­ CORESP”,  o  “Relatório  de  Representantes  Legais  –  RepLeg”  e  a  “Relação  de  Vínculos  –  VÍNCULOS”,  anexos  a  auto  de  infração  previdenciário  lavrado  unicamente  contra  pessoa  jurídica,  não  atribuem  responsabilidade  tributária  às  pessoas  ali  indicadas  nem  comportam  discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo  finalidade meramente informativa.”  Não  há,  assim,  que  se  falar  na  atribuição  indevida  de  responsabilidade  aos  sócios e, consequentemente, na infração ao disposto no art. 135 do CTN.  Diante do exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para NEGAR­ LHE PROVIMENTO.  É o voto.  Nereu Miguel Ribeiro Domingues.                              Fl. 143DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES

score : 1.0
5850039 #
Numero do processo: 13897.000547/2004-41
Turma: Terceira Turma Especial
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ADE. ARGÜIÇÃO DE VIOLAÇÃO DA AMPLA DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. Cabe à pessoa jurídica a verificação da inocorrência de qualquer das hipóteses de vedação à opção pelo SIMPLES, previstas na lei que rege o regime favorecido, razão pela qual descabe a argüição de ausência no ADE de informações acerca do percentual de participação do sócio no capital social de outra empresa e da receita bruta global das empresas das quais o sócio participa. Porquanto tais informações devem, obrigatoriamente, ser do conhecimento prévio da pessoa jurídica, sendo indispensáveis para o seu ingresso no SIMPLES. O direito de o Fisco verificar o efetivo cumprimento dos requisitos necessários ao ingresso da pessoa jurídica na sistemática do SIMPLES somente se extingue após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador. VEDAÇÃO À OPÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE REQUISITOS ESSENCIAIS. EXCLUSÃO. Mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas, é vedada a opção da pessoa jurídica pelo SIMPLES se na data de ingresso no regime tal participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas empresas excedia o limite legal previsto na legislação de regência. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Numero da decisão: 3803-000.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim – Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF). Participaram do presente julgamento os conselheiros Anelise Daudt Prieto (Presidente), Jorge Higashino, André Luiz Bonat Cordeiro e Régis Xavier Holanda.
Nome do relator: Francisco José Barroso Rios

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 200811

camara_s : Terceira Câmara

ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DO ADE. ARGÜIÇÃO DE VIOLAÇÃO DA AMPLA DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO. Cabe à pessoa jurídica a verificação da inocorrência de qualquer das hipóteses de vedação à opção pelo SIMPLES, previstas na lei que rege o regime favorecido, razão pela qual descabe a argüição de ausência no ADE de informações acerca do percentual de participação do sócio no capital social de outra empresa e da receita bruta global das empresas das quais o sócio participa. Porquanto tais informações devem, obrigatoriamente, ser do conhecimento prévio da pessoa jurídica, sendo indispensáveis para o seu ingresso no SIMPLES. O direito de o Fisco verificar o efetivo cumprimento dos requisitos necessários ao ingresso da pessoa jurídica na sistemática do SIMPLES somente se extingue após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador. VEDAÇÃO À OPÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE REQUISITOS ESSENCIAIS. EXCLUSÃO. Mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas, é vedada a opção da pessoa jurídica pelo SIMPLES se na data de ingresso no regime tal participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas empresas excedia o limite legal previsto na legislação de regência. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.

turma_s : Terceira Turma Especial

dt_publicacao_tdt : Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 13897.000547/2004-41

anomes_publicacao_s : 201503

conteudo_id_s : 5439364

dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 3803-000.070

nome_arquivo_s : Decisao_13897000547200441.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : Francisco José Barroso Rios

nome_arquivo_pdf_s : 13897000547200441_5439364.pdf

secao_s : Terceiro Conselho de Contribuintes

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim – Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF). Participaram do presente julgamento os conselheiros Anelise Daudt Prieto (Presidente), Jorge Higashino, André Luiz Bonat Cordeiro e Régis Xavier Holanda.

dt_sessao_tdt : Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2008

id : 5850039

ano_sessao_s : 2008

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:45 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705765281792

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2227; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­TE03  Fl. 131          1 130  S3­TE03  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13897.000547/2004­41  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3803­000.070  –  3ª Turma Especial   Sessão de  19 de novembro de 2008  Matéria  SIMPLES NACIONAL  Recorrente  SINGULAR SERVIÇOS LTDA.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO:  SISTEMA  INTEGRADO  DE  PAGAMENTO  DE  IMPOSTOS  E  CONTRIBUIÇÕES  DAS  MICROEMPRESAS  E  DAS  EMPRESAS  DE  PEQUENO  PORTE ­ SIMPLES  Ano­calendário: 2002  NULIDADE.  FALTA  DE  MOTIVAÇÃO  DO  ADE.  ARGÜIÇÃO  DE  VIOLAÇÃO DA AMPLA DEFESA. NÃO CONFIGURAÇÃO.  Cabe  à  pessoa  jurídica  a  verificação  da  inocorrência  de  qualquer  das  hipóteses  de  vedação  à  opção  pelo  SIMPLES,  previstas  na  lei  que  rege  o  regime favorecido,  razão pela qual descabe a argüição de ausência no ADE  de  informações  acerca  do  percentual  de  participação  do  sócio  no  capital  social  de outra  empresa  e  da  receita bruta  global  das  empresas  das  quais  o  sócio participa. Porquanto tais  informações devem, obrigatoriamente, ser do  conhecimento  prévio  da  pessoa  jurídica,  sendo  indispensáveis  para  o  seu  ingresso no SIMPLES.  O  direito  de  o  Fisco  verificar  o  efetivo  cumprimento  dos  requisitos  necessários  ao  ingresso  da  pessoa  jurídica  na  sistemática  do  SIMPLES  somente se extingue após o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da  ocorrência do fato gerador.  VEDAÇÃO  À  OPÇÃO.  INOBSERVÂNCIA  DE  REQUISITOS  ESSENCIAIS. EXCLUSÃO.  Mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas, é vedada  a opção da pessoa jurídica pelo SIMPLES se na data de ingresso no regime  tal participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas  empresas excedia o limite legal previsto na legislação de regência.  RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 7. 00 05 47 /2 00 4- 41 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM     2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR  provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.            (assinado digitalmente)  Mércia Helena Trajano Damorim – Presidente em exercício.             (assinado digitalmente)  Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc  (art. 17,  inciso  III,  do  Anexo II do RICARF).    Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros  Anelise  Daudt  Prieto  (Presidente), Jorge Higashino, André Luiz Bonat Cordeiro e Régis Xavier Holanda.  Relatório  Preliminarmente, ressalto que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II  do Regimento  Interno  do Conselho Administrativo  de Recursos Fiscais,  fui  designado  como  redator ad hoc (fls. 130), para formalização do respectivo Acórdão, considerando a inexistência  de relatório ou de qualquer outra memória concernente ao julgamento em tela.  Trata­se de recurso voluntário interposto contra decisão da 1ª Turma da DRJ  de Campinas – SP (fls. 65/68 ­ do processo eletrônico), que por unanimidade de votos, decidiu  por INDEFERIR a solicitação, para confirmar a exclusão da Recorrente do SIMPLES.  Por bem descrever os  fatos,  adoto o  relatório objeto da decisão  recorrida, a  seguir transcrito na sua integralidade:  Trata o processo de manifestação de inconformidade contra o  indeferimento  de  sua  Solicitação  de Revisão  de Exclusão  da Opção pelo Simples (SRS ­ fl. 44).  0 contribuinte foi excluído por meio do Ato Declaratório de  Exclusão (ADE) n° 561.290, de 02 de agosto de 2004 (fl.  04), pelo motivo "sócio ou titular participar de outra empresa  com mais de 10% do capital social e a receita bruta global no  ano­calendário  de  2000  ultrapassou  o  limite  legal.  CPF  151.234.538­57; CNPJ 02.654.979/0001­47".  A Delegacia da Receita Federal em Taboão da Serra indeferiu  a SRS do contribuinte (fl. 44­verso), por ter se confirmado a  situação excludente nas pesquisas efetuadas nos sistemas da  SRF.   Aquela  DRF  esclareceu  ao  contribuinte  o  motivo  da  exclusão,  tendo em vista sua SRS  ter versado somente sobre  o faturamento do ano­calendário 2000.  Fl. 132DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13897.000547/2004­41  Acórdão n.º 3803­000.070  S3­TE03  Fl. 132          3 Cientificado  dessa  decisão  em  10/11/2004  (fl.  43),  o  contribuinte  apresentou manifestação  de  inconformidade  em  16/11/2004 (fls. 01/40), alegando que:  •  Em  que  pese  o  motivo  da  exclusão  ter  ocorrido  em  31/12/2000,  continuou  a  adotar  os  procedimentos  da  sistemática  simplificada, acreditando não haver restrições,  pois não se pronunciou a autoridade fiscal;  • A exclusão do Simples em 2004 consiste em violação dos  princípios do ato jurídico perfeito e do direito adquirido, pois  a reversão dos procedimentos adotados nos anos de 2001 a  2003 lhe causará prejuízos de difícil reparação;  • O Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 16 de 2002  dispõe sobre a intenção  inequívoca de aderir ao Simples, tal  como  sempre  procedeu  ao  contribuinte,  nunca  deixando  de  cumprir suas obrigações.  Os argumentos aduzidos pelo Recorrente, no entanto, não foram conhecidos  pela  primeira  instância  de  julgamento  administrativo  fiscal,  conforme  ementa  do  Acórdão  abaixo transcrito:   ASSUNTO:  SISTEMA  INTEGRADO  DE  PAGAMENTO  DE  IMPOSTOS  E  CONTRIBUIÇÕES  DAS  MICROEMPRESAS  E  DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE – SIMPLES  Ano­calendário: 2002   OPÇÃO.  REVISÃO.  EXCLUSÃO  RETROATIVA.  POSSIBILIDADE.  A opção pela sistemática do Simples é ato do contribuinte  sujeito  a  condições  e  passível  de  fiscalização  posterior.  A  exclusão  com  efeitos  retroativos,  quando  verificado  que  o  contribuinte incluiu­se indevidamente no sistema, é admitida  pela legislação.  Solicitação Indeferida  Cientificada  da  referida  decisão  em  14/05/2007  (fl.  71),  a  Recorrente,  em  12/06/2007  (fl. 72),  tempestivamente portanto,  apresentou o  recurso voluntário de fls. 72/88,  com as alegações resumidamente abaixo transcritas:  Dos Fatos  A Recorrente optou pelo SIMPLES, em 1° de janeiro de 2000, e a partir da  referida data vem cumprindo com todas as suas obrigações de natureza fiscal.  Que  foi  excluído  do  Sistema  por  meio  do  Ato  Declaratório  de  Exclusão  ­  ADE n° 561.290, de 02 de agosto de 2004, pelo motivo "sócio ou titular participar de outra  empresa coin mais de 10% do capital e a receita bruta global no ano­calendário de 2000  Fl. 133DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM     4 ultrapassar  o  limite  legal,  CP17  151.234.538­57  e  CNPJ  02.654.979/0001­47”,  de  cuja  exclusão  só  tomou  a  Requerente  ciência  em  16/11/2004.  Exclusão  essa  com  data  RETROATIVA a 10 de Janeiro de 2000.  Das Receitas efetivadas pela Recorrente  É de mister consignar que no ano calendário de 2000, a Recorrente teve uma  Receita  Bruta  que  somados  a  participação  de  um  dos  sócio  em  outra  empresa  efetivamente  ultrapassara o  limite previsto, portanto, correta  esta essa exclusão. Efetua a demonstração de  seu faturamento no ano calendário de 2000.  É  de  suma  importância  frisar,  que  muito  embora  tenha  a  Recorrente  ultrapassado  o  limite  no Ano Calendário  de  2000,  porém,  nos  anos­calendários  seguintes,  a  mesma  preenchia  perfeitamente  os  requisitos  legais  para  a  continuação  de  sua  inclusão  no  Regime  do  SIMPLES,  pois,  sua  receita  anual  foram  as  seguintes:  (segue  demonstrações  de  2001 a 2006).  Segue argumentando sobre as definições Constitucionais e legais do que seria  a  definição  de  empresa  de Pequeno Porte,  discorre  sobre  o Estatuto  da Micro Empresa  e da  criação  do  SIMPLES,  concluindo  que  duas  Leis,  se  definiram  o  que  se  entende  por  micro  empresa e empresa de pequeno porte, nos termos do art. 179, da Constituição Federal.   Ressalta  que  o  presente  PAF,  cujo  Acórdão  ora  se  recorre,  iniciou­se  em  02/08/2004, o qual no teve o desfecho definitivo até a presente data, ou seja, não transitou em  julgado,  logo  se  a  Recorrente  não  preencheu  os  requisitos  legais  no  que  tange  a  opção  do  "SIMPLES"  somente  no  ano­calendário  de  2000,  sendo  que  os  efeitos  da  exclusão  somente  ocorrerão  a  partir  de  01/01/2002,  e  em  face  de  sua  receita  ter  ultrapassado  limite  de  R$  1.200.000,00, a sua EXCLUSÃO só se faz necessário nesse ano­calendário de 2001.  Por  outro  prisma,  tendo  em  vista  que  a  sua  receita  referente  aos  anos­ calendários: 2002; 2003; 2004; 2005; 2006, foram inferiores aos valor de R$ 1.200.000,00, a  Recorrente entende continuar fazendo jus ao benefício do "SIMPLES",  isto porquê, a mesma  preenche  os  requisitos  das  duas  Leis  nºs:  9.317/96  e  9841/99,  e  art.  170  e  179,  da CF,  que  definiram o que se entende por Micro Empresa e Empresa de Pequeno Porte.  Do Pedido  Requer  que  seja  acolhido  o  presente  recurso  no  sentido  de  permanecer  a  Recorrente  como  optante  pelo Regime  do  "SIMPLES"  nos  anos­calendários  de  2002;  2003;  2004; 2005; 2006 e 2007, porque suas receitas não ultrapassaram os limites previstos em Lei,  excluindo­se tão somente o ano­calendário de 2000, o qual efetivamente ultrapassou o limite de  R$ 1.200.000,00.  Voto             Conselheiro  Waldir  Navarro  Bezerra,  redator  ad  hoc  designado  para  formalizar  a decisão  (fl.  130),  uma vez  que o  conselheiro  relator  Jorge Higashino,  não mais  compõe este colegiado, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do  Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009.  Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros  processos nessa situação tratamento diverso.  Fl. 134DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13897.000547/2004­41  Acórdão n.º 3803­000.070  S3­TE03  Fl. 133          5 1) Admissibilidade do recurso  O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no  Decreto nº 70.235/72. Razão pela qual, dele conheço.   2) Do mérito  Nota­se  que  a  Recorrente  não  se  insurge  sobre  a  hipótese  de  vedação/exclusão  do  Simples  apontada  no  Ato  Declaratório,  limitando­se  a  questionar  os  efeitos de sua exclusão do Sistema, aduzindo ter demonstrado intenção inequívoca em aderir.  Admite que no ano calendário de 2000, teve uma Receita Bruta que somados  a participação de um dos sócio em outra empresa efetivamente ultrapassara o limite previsto,  portanto,  correta  esta  essa  exclusão.  Efetua  a  demonstração  de  seu  faturamento  no  ano  calendário de 2000. Ressalta que muito embora tenha ultrapassado o limite no ano­calendário  de 2000, porém, nos anos­calendários seguintes, a mesma preenchia perfeitamente os requisitos  legais  para  a  continuação  de  sua  inclusão  no  Regime  do  SIMPLES,  pois,  sua  receita  anual  foram as seguintes: (segue demonstrações de 2001 a 2006).  Pois  bem.  Conforme  muito  bem  pontuado  pela  decisão  recorrida,  as  disposições do Ato Declaratório  Interpretativo SRF n° 16 de 2002 aplicam­se aos casos de o  contribuinte não constar como optante pelo SIMPLES em razão de erro de fato quando de sua  opção, situação em que, vislumbrada a intenção de optar, através de pagamentos e declarações  naquela  sistemática,  e  não  incidindo  em  hipóteses  de  vedação  à  opção,  admite­se  a  regularização  cadastral  do  contribuinte  para  "optante  pelo  SIMPLES".  Destarte,  em  nada  se  aplica  ao  caso  em  tela,  em  que  o  contribuinte  era  formalmente  optante,  e  foi  excluído  por  incidir em vedação legal.  O referido Acórdão segue consignando que:  (...)  No  que  tange  a  alegação  de  ter  direito  adquirido  à  permanecer  no  Simples,  face  ao  pronunciamento  tardio  da  autoridade  fiscal  sobre  a  situação  excludente,  improcedentes as alegações do contribuinte, em decorrência  das próprias  disposições  da  Lei n°  9.317/96.  0  fato  de  a  contribuinte  ter  efetuado  opção,  sem  que  houvesse  manifestação  do  Fisco  já  naquele  momento,  não  impede  a  apreciação posterior da legalidade daquele ato, haja vista que  essa opção é faculdade da própria contribuinte, que a exerce  se  e quando o  quiser,  sujeitando­se,  apenas,  à  fiscalização  posterior  da  Receita  Federal,  tendente  a  verificar  a  regularidade  da  opção,  uma  vez  que  somente  os  contribuintes  que  atendam  as  condições  previstas  na  lei  podem  exercer  esse  direito. Portanto, quando o Fisco apura  que  a  empresa  optou  indevidamente  pelo  regime  simplificado  pode,  e  deve,  excluí­lo  de  tal  sistemática.  Assim,  apenas  nesse momento, e não antes,  a Receita Federal praticará ato  comunicando  o  contribuinte  da  irregularidade  que  cometeu,  que  é  exatamente  o  ato  de  exclusão  de  que  trata  este  processo.  Fl. 135DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM     6 Quanto  aos  efeitos  da  exclusão  da  sistemática  do  Simples,  sobreleva  lembrar  que  o  art.  73,  da Medida Provisória  n°  2158­34, de 27/07/2001, convalidada pela MP 2.158/35, de  24/08/2001,  ainda  vigente  por  força  da  Emenda  Constitucional n° 32, alterou a redação do art. 15 da Lei n°  9.317,  de  1996,  passando  a  haver  autorização  legislativa  para  que  a  exclusão  se  de  com  efeitos  retroativos  a  data  da  situação excludente, conforme se constata de seus termos:  Art. 73 ­ 0 inciso II do art. 15 da Lei n° 9.317, de 1996, passa a  vigorar com a seguinte redação:  II —  a  partir  do mês  subseqüente  ao  que  incorrida  a  situação  excludente, nas hipóteses de que  tratam os  incisos III a XIX do  art. 9 0;  Estribado  nesse  dispositivo  legal,  o  art.  24  da  Instrução  Normativa  SRF  n°  250,  de  2002,  repetido  pelo  art.  24  da  Instrução Normativa n° 355, de 2003, e pelo artigo 24 da  Instrução Normativa n° 608, de 2006, dispôs que:  A exclusão do Simples nas condições de que tratam os arts. 22 e  23 surtirá efeito:  ­  a  partir  do  ano­calendário  subseqüente,  na  hipótese  de  que  trata o inciso Ido art. 22;  ­  a  partir  do  mês  subseqüente  aquele  em  que  incorrida  a  situação excludente, nas hipóteses de que tratam os incisos III a  XVIII do art.20;  III  ­  a  partir  do  inicio  de  atividade  da  pessoa  jurídica,  na  hipótese prevista no parágrafo 2° do art. 3';  VI (...) Parágrafo único. Para as pessoas jurídicas enquadradas  nas  hipóteses  dos  incisos  III  a  XVII  do  art.  20,  que  tenham  optado pelo Simples até 27 de julho de 2001, o efeito da exclusão  dar­se­á a partir:  I  ­  do  mês  seguinte  aquele  em  que  se  proceder  a  exclusão,  quando efetuada em 2001;  II  ­  de  12  de  janeiro  de  2002,  quando  a  situação  excludente  tiver  ocorrido  até  31  de  dezembro  de  2001  e  a  exclusão  for  efetuada a partir de 2002. (destaque acrescido)  Constata­se,  portanto,  que  as  aludidas  instruções  normativas,  ao  fixarem  a  data  de  inicio  dos  efeitos  da  exclusão,  bem  conjugaram  as  disposições  da  Medida  Provisória n°2.158­34, de 2001, que passou a autorizar  a exclusão com efeitos retroativos, com a previsão do art. 2°  da Lei n° 9.784, de 1.999, que determina à Administração a  observância do principio da segurança jurídica.  Nem se diga que estaria ocorrendo aplicação retroativa de  nova  interpretação,  o  que  também  é  vedado  â  Fl. 136DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13897.000547/2004­41  Acórdão n.º 3803­000.070  S3­TE03  Fl. 134          7 Administração, pelo inciso XIII do citado art. 2° da Lei n°  9.784, de 1999, haja vista que as atividades da contribuinte  impediam o seu ingresso na sistemática do Simples, tendo  ela, contribuinte, efetuado a opção por sua conta e risco e,  portanto, sujeita â fiscalização posterior.   Assim,  diferentemente  do  que  acredita  o  contribuinte,  embora  a  situação  excludente  tenha  se  dado  no  ano­ calendário 2000, os efeitos da exclusão somente ocorrerão a  partir de 01/01/2002.  Portanto, mantendo o sócio participação no capital social de outras empresas,  é  vedada  a  opção  da  pessoa  jurídica  pelo  SIMPLES  se  na  data  de  ingresso  no  regime  tal  participação superava 10% (dez por cento) e a receita bruta global dessas empresas excedia o  limite legal previsto na legislação de regência.  Como visto, está­se diante, pois, de hipótese de vedação à opção,  tendo em  vista  que  seu  ingresso  deu­se  de  modo  irregular.  Logo,  impõe­se  sua  exclusão  desta  sistemática.  Conclusão  Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao presente  Recurso  Voluntário,  com  a  conseqüente  confirmação  do  Ato  Declaratório  de  exclusão  do  SIMPLES, mantendo­se integralmente os termos da decisão recorrida.  Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II  do RICARF, subscrevo o presente.         (assinado digitalmente)  Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc                       Fl. 137DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM     8                 Fl. 138DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 09/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM

score : 1.0
5887494 #
Numero do processo: 10166.728246/2011-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 07 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1402-000.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termo do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Cristiane Silva Costa, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez. Relatório CONSTRUTORA VILLELA E CARVALHO LTDA recorre a este Conselho em face do acórdão nº 03-48.322 proferido pela 2ª Turma da DRJ em Brasília que julgou procedente em parte a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementando-o ao final: Em 22/11/2011, foram lavrados contra o interessado os Autos de Infração do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, atinentes aos anos-calendário de 2007 e 2008, cujo crédito tributário lançado de ofício perfaz o montante de R$15.420.725,89, assim discriminados por exação fiscal: Auto de Infração do IRPJ (fls. 003/018) Imposto Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$3.795.611,65 R$1.307.510,11 R$2.846.708,72 R$7.949.830,48 Infrações Ano-Calendário Enquadramento Legal Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada 2007, 2008 Arts. 25 e 42 da Lei nº 9.430/96; Art. 528 do RIR/99 Os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins encontram-se consolidados nos autos de infração a seguir: Auto de Infração do PIS/Pasep (fls. 019/030) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$469.055,30 R$168.825,23 R$351.791,39 R$989.671,92 Auto de Infração da Cofins (fls. 031/041) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$2.164.871,05 R$779.193,81 R$1.623.653,19 R$4.567.718,05 Auto de Infração da CSLL (fls. 42/55) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$915.752,79 R$310.938,08 R$686.814,57 R$1.913.505,44 Foi iniciada ação fiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 01.1.01.00-2010-00437-5, para o exame da apuração do IRPJ e reflexos referente aos anos-calendário de 2007 e 2008. Por ocasião do termo de início de fiscalização foi intimada a contribuinte a apresentar os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos bancários de contas correntes, poupança e aplicações financeiras, em papel e meio magnético, no Banco do Brasil S/A, BRB Banco de Brasilia S/A, Caixa Econômica Federal, Banco Industrial e Comercial, Banco ABN AMRO Real S/A, Banco Safra, Banco Itaubank S/A Unibanco - União de Bancos Brasileiros S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Santander (Brasil) S/A, e os atos constitutivos da pessoa jurídica. Após solicitar prorrogações para cumprir as exigências, a fiscalizada apresentou os extratos bancários solicitados em papel. Nesse contexto, foi novamente intimada a contribuinte a apresentar as informações relativas à sua movimentação financeira em meio magnético. Diante da impossibilidade apresentada pela contribuinte em disponibilizar a documentação requerida por meio magnético, a Fiscalização intimou os bancos, por meio de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF), a fornecer as informações. Em paralelo, foi intimada a contribuinte a apresentar: (a) os contratos em que a empresa participou na condição de sócia ostensiva ou recebeu lucros/valores, decorrentes da participação em Sociedades em Conta de Participação-SCP; (b) a contabilidade, em meio magnético das SCPs em que a fiscalizada participou em contratos na condição de sócia ostensiva; (c) os documentos relativos às receitas, despesas e custos das SCPs, em meio magnético ou razão analítico; (d) os balancetes referentes às apurações de resultado das SCP; e a elaborar demonstrativos analíticos, consolidando os dados consignados nas DCTFs, de forma a permitir que fossem efetuadas as devidas conciliações com os registros constantes do Livro Diário. Ainda, esclarecer o regime forma de tributação das SCPs objeto dos contratos formalizados e informar em quais rubricas da fiscalizada procedeu-se a inclusão das receitas/resultados decorrentes das participações em SCP, destacando ainda em quais linhas/quadros foram consignados tais valores nas respectivas DIPJ. Diante da análise da documentação apresentada, a Fiscalização, por meio do “Termo de Intimação Fiscal nº 003”, intimou a contribuinte a comprovar a origem dos créditos efetuados nos anos-calendário de 2007 e 2008 acompanhada da documentação probatório dos valores que não representam receitas tributáveis, no prazo de vinte dias. Em 18/10/2011, após a análise da documentação probatória apresentada pela fiscalizada em resposta à intimação fiscal, a autoridade tributária consolidou demonstrativo no qual foram identificados depósitos bancários que não tiveram a origem dos recursos comprovada mediante documentação hábil e idônea. Nesse sentido, foram efetuados os lançamentos de ofício, no qual foi identificada a ocorrência da infração presunção de omissão de receitas, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Cientificada dos lançamentos, em 22/11/2011 (Ciência do Sujeito Passivo nos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), a interessada apresentou a impugnação de fls. 2340/2410, em 21/12/2011, cujas razões encontram-se sintetizadas a seguir. Dos Fatos. A Impugnante é pessoa jurídica de direito privado, tendo como objeto social, previsto em seus atos constitutivos e alterações posteriores, a construção e incorporação de imóveis, bem assim a participação em empreendimentos relacionados a essas atividades. O foco principal das atividades da empresa, nos últimos anos, tem sido a modalidade de "incorporação de imóveis",-na qual atua— isoladamente ou, com freqüência, em parceria com outros investidores, por intermédio de sociedades em conta de participação (SCP) ou de sociedades de propósito específico (SPE). Nesta impugnação, demonstrar-se-á de forma inequívoca que o lançamento de ofício, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, nos moldes em que efetuado, não merece prosperar, haja vista os vícios de natureza material que contaminam todo o feito. De outro lado, a Impugnante apresentará, na peça de defesa, a documentação necessária à comprovação da origem dos créditos apurados em suas contas-correntes, demonstrando, desse modo, ser ilegítima a acusação quanto à omissão de receitas, mediante robustos elementos probatórios que infirmam a pretensão fazendária. Do Direito. Da Preliminar. Da Inconstitucional Quebra do Sigilo Bancário da Impugnante. No caso concreto ocorreu quebra administrativa do sigilo bancário da Impugnante. Observe-se que não se discute a legalidade da quebra de sigilo bancário mediante determinação pelo Poder Judiciário, com prévia ciência da pessoa investigada. Após a promulgação da Carta de 1988, o entendimento da jurisprudência pátria sempre foi no sentido de assegurar o direito ao sigilo bancário, com exceção da quebra autorizada por decisão judicial. Contudo, após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, a Receita Federal entendeu ter adquirido franquia absoluta aos dados bancários dos contribuintes, mediante contato direto com as instituições financeiras, por meio do "RMF - Requisição de Movimentação Financeira”. A quebra do sigilo bancário, que seria medida excepcional, tornou-se trivial, pleiteada indiscriminadamente pelos auditores fiscais e autorizada de forma automática, pelos Delegados e demais autoridades superiores fazendárias. Na presente autuação, quando instaurado o procedimento fiscal contra a ora Impugnante, logo no início e sem maiores explicações, as autoridades administrativas determinaram-lhe que a empresa apresentasse seus extratos bancários referentes aos anos de 2007 e 2008. A intimação tinha por fim, em verdade, emprestar uma aparência de legalidade ao procedimento - simulando uma entrega "espontânea", pela Fiscalizada, dos seus extratos bancários aos Autuantes. Note-se que, no Termo de Início de Fiscalização em foco, a requisição dos dados bancários é determinada sem qualquer alusão à aplicação do art. 42 da Lei n° 9.430/1996, mas contém advertências à Fiscalizada, indicando-lhe as penalidades e crimes que lhe poderiam ser imputados, caso não fossem abertos os dados bancários. Essa linha de trabalho se assemelha a procedimentos adotados nos períodos mais negros da história do Brasil, em que os detentores do Poder, escudados supostamente em "leis" arbitrariamente redigidas e manipuladas por eles mesmos, perpetravam as maiores e inomináveis violências contra cidadãos indefesos, em manifestação de autoritarismo intolerável ao Estado Democrático de Direito. Implausível, portanto, que a Impugnante, na condição de Fiscalizada, tenha "espontaneamente" franqueado seus dados bancários à Receita Federal. Se assim procedeu, foi em razão do exercício do poder COERCITIVO da Fiscalização. Não satisfeitos, porém, os Fiscais assumem, às fls. 14 do processo que, louvando-se no art. 6° da LC n.° 105/2001, regulamentado pelo Decreto n.° 3.724/2001. quebraram o sigilo bancário da Impugnante, tendo emitido Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira -RMF, às instituições financeiras junto às quais aquela mantém contas correntes e investimentos. A origem dessa violência jurídica remonta ao início de 2001. A época, o Governo Federal, utilizando-se do seu "rolo compressor" no Congresso Nacional, conseguiu aprovar a Lei Complementar n° l05 cujo art. 6º autoriza a quebra administrativa do sigilo bancário, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso. Todo esse aparato legislativo destinava-se a conferir eficácia ao famigerado artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que definiu odiosa presunção legal de omissão de receita a partir de depósitos bancários "não comprovados com documentação hábil e idônea", pura e simplesmente, deturpando de forma brutal o conceito de renda. Do ponto de vista prático, ditas normas literalmente extinguiram o sigilo bancário no Brasil. Felizmente, o Supremo Tribunal Federal - guardião da nossa Carta Magna - começa a reagir contra esta aberração, como se pode observar em recente decisão proferida no STF, pelo Tribunal Pleno, no RE 389808, tendo como Relator o Ministro MARCO AURÉLIO. Portanto, deve ser extinto o crédito tributário, vez que o lançamento de ofício representa ofensa á segurança jurídica e violar preceptivos constitucionais. Do Mérito. Não pode a Impugnante acatar a absurda imputação da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em total dissonância ao conceito de renda definido e interpretado pela mais abalizada doutrina e pela jurisprudência, bem como utilizado expressamente na Constituição Federal. A autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por presunção simples, optou em constituir crédito tributário contra a Impugnante com base em depósitos bancários. O Conceito Tributário de Renda. A Constituição e o CTN determinam que nem tudo aquilo que seja rotulado de "renda" poderá ser objeto de incidência tributária, mas unicamente o fato que se amolde à hipótese prevista em lei - princípio da reserva legal. Em regra, o CTN delineou como hipótese de incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza a disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza, que represente acréscimo patrimonial. Por sua vez, o art. 110 do CTN estatui que "a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa e implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias". O fato é que, como regra geral, a Constituição Federal utilizou o conceito de renda e proventos como acréscimo patrimonial, como renda líquida ou lucro líquido, nos termos da lei comercial. Então, não há que se falar que o Fisco pode estabelecer, como faz in casu, o conceito de renda tributável para atingir depósitos bancários, sem fazer qualquer distinção e tributando inclusive aqueles que representam simples transferência de quantias já oferecidas à tributação, o que caracteriza explícito bis in idem. Ou seja, inobstante a Contribuinte não ter auferido qualquer acréscimo tipificador de renda, ainda assim o Fisco irá tributar duas vezes, uma quando de fato se obteve a renda, outra simplesmente pelo mero trânsito do recurso em conta bancária. E verdade que o artigo 43 do CTN foi alterado pela Lei Complementar 104/2001, para dar abertura proposital ao elastecimento do conceito de renda, porém, permanece o freio previsto na Constituição Federal. Noé Winkler leciona que "a base impositiva vigente, da renda, não inclui valores patrimoniais (capital), mas os seus frutos, e bem assim os rendimentos do trabalho, ou da combinação de ambos, auferidos num período de tempo. Também não se computam os acréscimos patrimoniais por doações, heranças e legados, e sim os rendimentos que possam produzir. Na inclusão, como proventos, dos acréscimos patrimoniais sem correspondência com os rendimentos declarados, não se tributam esses acréscimos, mas sim, por presunção, os rendimentos não declarados que lhes deram origem". E continua o renomado Ex-Diretor da Divisão de Imposto de—Renda—da Secretaria da Receita Federal dizendo que nos "moldes constitucionais, a capacidade contributiva, na tributação da renda, o suporte não é o que possui, mas o que se sanha. O patrimônio — riqueza num determinado momento (fruto da renda acumulada), como corolário dessa capacidade, sob outro enfoque, pode pertencer a esfera de outro Poder Tributante - o Município, por exemplo, no caso de propriedade predial e territorial urbana." Há que se observar que o imposto de renda não incidirá diretamente sobre essa renda obtida. O legislador ordinário, ao estipular a base de cálculo do imposto, permite a dedução de despesas necessárias à percepção da mesma. São aquelas despesas que incorrem para a obtenção daquela renda. A alíquota do imposto irá incidir sobre uma base de cálculo, considerada uma renda líquida (e não, total como ocorre in casu), isto é, aquela despida das despesas e deduções que o legislador ordinário permitiu obter. Assim, se o contribuinte trabalha com compra e venda de veículos, não há que se falar em renda como o valor recebido pelo carro vendido, mas, sim, a diferença entre aquele pago e recebido pelo contribuinte. Exemplificando: Se o contribuinte comprou um veículo no valor de R$50.000,00 e o vendeu por R$53.000,00, o imposto não deverá NUNCA incidir sobre os R$ 53.000,00 recebidos, porém sobre a diferença entre o preço vendido (R$53.000,00) e o anteriormente pago (R$50.000,00), ou seja, apenas sobre o importe de R$3.000,00. O caso ora examinado é o mesmo de uma montadora de veículos que ao "vender" para a concessionária se veja obrigada a pagar como Imposto de Renda o valor total constante da Nota Fiscal e não aquele diminuído das deduções legais. A base de cálculo do imposto de renda resulta de procedimento complexo, integrada que é por ingressos e saídas de recursos, acréscimos e decréscimos no valor intrínseco de bens, tudo computado dentro de certo período. O método de apuração baseado apenas em extrato bancários e no fluxo de emissão de cheques (depósitos e movimentação de cheques) não oferece adequação técnica e consistência material de ordem a afastar a conjectura de simples presunção. O que o Fisco está fazendo com este auto de infração é simplesmente tributar depósitos bancários como se os mesmos, por si sós, fossem espécie de "rendimento omitido". Desconsidera o Fisco que o Imposto sobre a Renda apenas incide sobre o ganho patrimonial resultante de confronto entre elementos (ingressos e saídas) verificados ao longo de um determinado período, é elastecer o conceito de renda, o que certamente será considerado ilegal e inconstitucional. Utilizar-se dos extratos bancários como se cada depósito pudesse ser considerado verdadeiro lucro líquido é tratar os iguais desigualmente ou os desiguais igualmente (artigo 150, II da CF) e ainda utilizar o Imposto de Renda como meio de confisco (violando o artigo 150, IV da CF/88), pois se estará cobrando 25% (vinte e cinco por cento) em relação a meros depósitos bancários e não sobre a renda, conforme determina a Constituição Federal. Requer a Impugnante, portanto, o cancelamento do lançamento efetuado. Da Indevida Aplicação da Presunção Estabelecida no Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. A Fiscalização aplicou a presunção legal de maneira precipitada e abusiva, valendo-se apenas e tão-somente dos extratos bancários da Impugnante. Apesar de terem pedido e recebido os livros Diário e Razão da empresa, os auditores fiscais deles não se utilizaram, não investigaram nada e não realizaram qualquer trabalho de pesquisa e análise dos registros contábeis. Ou seja, simplesmente consideraram que os depósitos bancários não tinham a origem comprovada. A presunção do Fisco de que todos os depósitos efetuados na conta corrente da Contribuinte são efetivamente RECEITA/RENDA, não pode nem deve prevalecer, sob pena de se violar o artigo V, incisos X e XII da Constituição Federal (quebra do sigilo bancário sem a correspondente ordem judicial autorizativa), o artigo 150, II da CF (tratar desigualmente os iguais ou igualmente os desiguais - dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente) e o artigo 150, IV da CF (utilizar tributo com efeito de confisco). Sobre a premissa utilizada como fundamento pela Fiscalização para lançar o IRPJ com base na presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96, lembra a Impugnante que a interpretação da legislação tributária se verifica de forma peculiar. Na dúvida em face de circunstâncias materiais do fato, impõe-se a observância do disposto no artigo 112 do CTN, que dispõe que a “lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:“, na hipótese do inc. II, “à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos”. Ou seja, conclui-se que no Direito Tributário também prevalece o princípio de que, na dúvida, se deve interpretar em favor do réu, inclusive em conseqüência do princípio da estrita legalidade, que não admite dúvida sobre o perfeito enquadramento do conceito do fato ao conceito da norma. No direito tributário, o que importa são as provas materiais, válidas e objetivas, sendo que as presunções não só têm que estar autorizadas por lei, como também não podem ultrapassar os limites impostos pelo Código Tributário Nacional quanto aos contornos materiais do fato gerador da obrigação tributária e dos elementos constitutivos que a caracterizam. No caso concreto, as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente dos lançamentos em conta bancária, para considerar todo e qualquer valor como "renda líquida tributável". De forma absolutamente tendenciosa, sem qualquer respaldo fático que corroborasse o acréscimo caracterizador da renda, o Fiscal acabou por enquadrar os meros depósitos como omissão de receita. Na empresa em tela, as receitas da suas atividades estão devidamente registradas na contabilidade, não procedendo, então, qualquer suspeita de evasão fiscal contra a Impugnante. Não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco, atribuída à Contribuinte. Da Impossibilidade de Inversão do Ônus da Prova. Mesmo nas hipóteses de quebra de sigilo bancário, exige-se, para a lavratura do auto de infração, que o Fisco comprove a omissão de receita, isto é, inadmissível a inversão do ônus probatório, no sentido de que o contribuinte deve provar a inocorrência da citada omissão. Na realidade, cabe à Administração Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto e, repita-se, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos. Vale citar o artigo "Imposto de Renda - Quebra de Sigilo Bancário e Omissão de Rendas e Rendimentos" do Professor Edmar Oliveira Andrade Filho, Doutor em Direito, publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, n° 70, de julho de 2001: " São inúmeras as circunstâncias fáticas jurídicas que podem revelar indícios de omissão de receitas, mas, em qualquer caso, a exaustiva investigação é necessária e imprescindível. Só os autos de infração bem fundamentados podem resguardar o interesse da Fazenda e propiciar a concretização do princípio constitucional que garante o contraditório e a ampla defesa, na forma do item LV do art. 5° da Constituição Federal. (...) A fiscalização deve apresentar provas sobre a natureza da eventual receita omitida. Assim, se os indícios indicarem que houve omissão de receitas decorrentes da venda de bens ou serviços, cabe à autoridade fiscalizadora provar quem teria sido o adquirente dos bens ou tomador dos serviços eventualmente prestados. Em caso de indícios de suprimento de numerário sem origem, é exigível que sejam reunidas provas sobre as pessoas que tenham feito esses suprimentos e a que título jurídico. Quando esses requisitos não são observados o Conselho de Contribuintes tem determinado a anulação do procedimento fiscal." Dessa forma, é de se concluir que, não tendo, a fiscalização, colhido os efetivos meios de prova para a verificação da alegada omissão de receitas, os dados decorrentes da quebra do sigilo bancário da empresa não representam elementos bastantes a justificar a lavratura dos autos de infração ora combatidos, motivo pelo qual há que ser reconhecida a improcedência do feito. Da Origem e Comprovação da Regularidade dos Depósitos Bancários. A Impugnante anexa a esta peça de defesa planilhas e cópias de centenas de documentos, visando à comprovação da origem dos depósitos em suas contas bancárias. Em síntese, os depósitos referem-se às seguintes operações: a) Transferências entre empresas interligadas. Pelo fato de a Impugnante realizar diversos empreendimentos de incorporação imobiliária mediante constituição de SCPs e SPEs (sociedades de propósito específico), a ela interligadas, em razão do ramo de atividades e de mesmos sócios, diversos depósitos bancários justificam-se como transferência de numerário entre as empresas. b) Transferências entre contas correntes diversas, da mesma empresa. São transferências entre contas correntes de mesma titularidade do Impugnante, em bancos diferentes, ou entre agências diversas de mesma instituição financeira. Cabe frisar que a empresa possui várias contas bancárias porque os clientes buscam financiar os imóveis adquiridos junto às instituições com as quais têm relacionamento. Por via de conseqüência, a Impugnante é compelida a manter, igualmente, contas em diversos bancos. c) Devolução de cauções oferecidas em lances destinados a adquirir imóveis (lotes) por licitações. No Distrito Federal, a aquisição de lotes para implantação de prédios, por incorporação imobiliária, é feita mediante licitações promovidas periodicamente pela TERRACAP. A Impugnante costuma participar desses certames, devendo obrigatoriamente oferecer caução, para esse fim, conforme exigido no edital. Em caso de sua proposta não ser vencedora, a TERRACAP faz devolução da caução, mediante depósito em conta bancária do participante vencido. d) Recebimentos, pela Fiscalizada, de aportes de capital. Na qualidade de "sócia ostensiva", a Impugnante recebeu diversos aportes de capital, das demais "sócias participantes", realizados via depósitos bancários e destinados a fazer face aos custos e despesas do empreendimento em incorporação. e) Recebimentos, sob a forma de devoluções, via depósito bancário, de adiantamentos efetuados a fornecedores. No ramo de sua atividade, é comum que a incorporadora conceda adiantamentos a fornecedores de materiais de construção, ou de prestação de serviços. f) Receita de Incorporações de imóveis, em operações de titularidade da própria Impugnante ou da sua atuação como sócia ostensiva de SCPs ou de SPEs. Estes depósitos estão comprovados pela documentação ora anexada, referindo-se a operações de incorporação imobiliária realizadas pela própria Impugnante, ou dentro de sua atuação à frente de SCPs e SPEs. Tais valores foram DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS e têm sua origem comprovada, muito embora os Autuantes nem mesmo se dignaram a fazer a conferência entre os documentos e a contabilidade da empresa. A rigor, todas essas receitas foram regularmente oferecidas à tributação, sendo que, no caso do IRPJ e da CSLL, o regime tributário adotado pela Impugnante é o do lucro presumido. Observe-se, ainda, que, há situações em que a empresa "vendeu" os seus ativos (recebíveis), decorrentes de comercialização de imóveis, por incorporação, a instituições financeiras, as quais lhe repassaram os recursos. Nos registros contábeis, assim é retratado esse fato: 1. O cliente paga a parcela do imóvel à incorporadora (depósito bancário), com recursos próprios, ou com financiamento bancário; 2. Imediatamente, o valor é debitado da conta da empresa, para repasse ao banco que financiou o recebimento antecipado à empresa. Da Primeira Incoerência na Apuração dos Tributos Exigidos no Auto de Infração: Ofensa ao Art. 146 do CTN. Mudança de Critério Jurídico do Lançamento. Ocorreu grave erro cometido pela Fiscalização. Trata-se da determinação do coeficiente para apurar o lucro presumido. Ignorando a atividade precípua da empresa, qual seja, “incorporação de imóveis”, a Fiscalização aplicou, para a determinação do lucro presumido, o percentual de 32%, enquanto o correto para o IRPJ seria de 8% e de 12% para a CSLL. Nos autos de infração, não há qualquer menção ao fundamento legal da exigência com base calculada sobre 32% da suposta “receita” não declarada. Ou os fiscais simplesmente se equivocaram ou valeram-se da nova redação do art. 24, da Lei nº 9.249/1995, introduzida pela Lei nº 11.941/2000, a qual faculta a utilização do percentual mais elevado para fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido. Quanto ao alcance da norma, impõe destacar que a utilização do percentual legal mais elevado, dentre os aplicáveis às atividades diversificadas, só será permitido se não for possível identificar a que atividade se refere a receita omitida. No "Regulamento do Imposto de Renda - ed. 2011, anotado e comentado", os autores - todos especialistas e auditores egressos dos quadros da Receita Federal do Brasil - colocam seus pontos de vista com relação à citada omissão: TRATAMENTO DA RECEITA CONSIDERADA OMITIDA EM CASO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. O valor da receita considerada omitida, em decorrência da presunção de que trata o art. 287 , será acrescida ao lucro real declarado ou considerada como base de cálculo para fins de aplicação do lucro presumido ou arbitrado. Claro que se a omissão for identificada como receita não decorrente da atividade operacional da pessoa jurídica, no lucro presumido ou arbitrado, o tratamento será o dispensado a "outras receitas e ganhos", hipótese em que o valor será integralmente tributado pelo imposto de renda, sem aplicação dos percentuais de presunção ou arbitramento. Mas isso não autoriza o Fisco, como tem se verificado em alguns casos, a exigir da pessoa jurídica prova de que a receita omitida decorre da atividade operacional, pois essa é a regra implícita na presunção legal. A prova de que a receita omitida não decorre das atividades da empresa está a cargo do fisco. (FERREIRA, Antonio Airton et alii. Regulamento do Imposto de Renda - Decreto n.° 3.000/1999 - Ed. 2011, anotado e comentado. São Paulo, Fiscosoft Editora, p. 968). Concernente às pretensas receitas omitidas, os fiscais não trazem qualquer prova de que se tratariam de outras modalidades de recebimentos, estranhos à atividade principal estabelecida nos atos constitutivos da Impugnante. Logo, da forma como lavrado, o lançamento não tem como se sustentar. Da Segunda Incoerência na Apuração dos Tributos: Ausência de Dedução, do PIS e da Cofins Exigidos de Ofício, dos Valores Já Declarados em DCTF. A Fiscalização considerou, na apuração do IRPJ e CSLL lançados de ofício, os valores confessados em DCTF. Contudo, não levou em consideração os valores confessados de PIS e Cofins, razão pela qual o lançamento deve ser revisto. Da Imposição de Multa Desarrazoada, Desproporcional e Confiscatória. A penalidade de 75% fere o princípio da proporcionalidade, do não-confisco, e da razoabilidade. Apenas nos casos de fraude inequívoca o STF tem admitido medidas punitivas com percentual confiscatório, o que não ocorreu no caso em tela. Dos Juros de Mora. É indevida a aplicação da taxa SELIC aos juros de mora, pelos motivos: (1) A natureza da taxa SELIC é de índice remuneratório, condizente com operações de mercado financeiro e não com encargos por atraso no pagamento de tributos, o que afronta a regra contida no artigo 161 e §l°do Código Tributário Nacional; (2) Dado que a taxa SELIC sequer foi instituída por lei, no sentido preciso do termo, foram infringidos os princípios constitucionais estampados no art. 5º, II e no art. 150, I, ambos da Constituição Federal de 1988; e (3) A taxa SELIC representa autêntico anatocismo, o que agride ao art. 192, § 3º da Constituição. Dos Lançamentos Decorrentes. Aplicam-se todos os argumentos relativos ao IRPJ para os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins. A turma julgadora a quo considerou-a parcialmente procedente, tendo sua ementa recebido a seguinte redação: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007, 2008 SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Trata-se de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras. CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES. Eventual decisão do STF, em sede de controle difuso de constitucionalidade, tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide. EXTRATOS BANCÁRIOS APRESENTADOS VOLUNTARIAMENTE. IMPOSSIBILIDADE DA CONTRIBUINTE EM DISPONIBILIZAR EM MEIO MAGNÉTICO. EMISSÃO DO RMF PARA OBTENÇÃO DE DADOS DIGITAIS. INOCORRÊNCIA DE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Se os extratos bancários foram fornecidos voluntariamente, em papel, pelo próprio contribuinte, em atendimento às intimações efetuadas pela autoridade tributária, posterior emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira - RMF, solicitando as mesmas informações em formato digital, diante da impossibilidade da fiscalizada em fornecer os dados em meio magnético, não caracterizam quebra de sigilo bancário. PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I - Presume-se ocorrida a omissão de receitas ou de rendimentos, em situação no qual os depósitos bancários indicando a movimentação financeira do contribuinte não tiverem a origem comprovada pelo titular, mediante a devida apresentação de documentação hábil e idônea no decorrer da ação fiscal. II - Opera-se a inversão do ônus da prova, situação em que cabe ao contribuinte desconstituir a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. III - Na fase contenciosa, logrando a defesa demonstrar a origem dos depósitos bancários e que as receitas não são tributáveis, cabe ser afastada a presunção legal. PRESUNÇÃO LEGAL. APRECIAÇÃO DE LEGALIDADE. A presunção de omissão de receitas encontra-se prevista em lei. Nesse contexto, não cabe a órgão de julgamento administrativo apreciar argüição de sua legalidade. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS OMITIDAS. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. COEFICIENTE APLICADO SOBRE A RECEITA BRUTA. PERCENTUAL MAIS ELEVADO. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º). DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. PREVISÃO LEGAL. Efetuado o lançamento de ofício, cabe imposição da multa proporcional de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Os débitos confessados em DCTF encaminhadas espontaneamente, antes do início do procedimento fiscal, devem ser considerados para compensar os valores de tributos apurados pela Fiscalização a serem lançados de ofício. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL. O decidido em relação ao IRPJ estende-se aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizados com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Tal decisão exonerou parcela do crédito tributário referente a transferências bancárias entre contas do próprio contribuinte consideradas como receitas omitidas, bem como em relação a valores de tributos já confessados em DCTF quando do início do procedimento fiscal. Em relação a tal parcela de crédito tributário, recorreu-se de ofício ao CARF. O contribuinte foi cientificado da decisão em 10 de julho de 2012 (conforme aviso de recebimento de fl. 4198), apresentando recurso voluntário de fls. 4198-5532 em 09 de agosto de 2012. Em apertada síntese, pode-se afirmar que o recurso reafirma os pontos tratados em impugnação. O único ponto adicional diz respeito à juntada farta documentação (41 anexos) que comprovariam a origem dos depósitos considerados como receitas omitidas. É o relatório.
Nome do relator: Não se aplica

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201503

camara_s : Quarta Câmara

turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Apr 07 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 10166.728246/2011-71

anomes_publicacao_s : 201504

conteudo_id_s : 5452453

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 07 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 1402-000.307

nome_arquivo_s : Decisao_10166728246201171.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : Não se aplica

nome_arquivo_pdf_s : 10166728246201171_5452453.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

dt_sessao_tdt : Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015

id : 5887494

ano_sessao_s : 2015

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termo do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Cristiane Silva Costa, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez. Relatório CONSTRUTORA VILLELA E CARVALHO LTDA recorre a este Conselho em face do acórdão nº 03-48.322 proferido pela 2ª Turma da DRJ em Brasília que julgou procedente em parte a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). Por bem retratar o litígio, adoto o relatório da decisão recorrida, complementando-o ao final: Em 22/11/2011, foram lavrados contra o interessado os Autos de Infração do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, atinentes aos anos-calendário de 2007 e 2008, cujo crédito tributário lançado de ofício perfaz o montante de R$15.420.725,89, assim discriminados por exação fiscal: Auto de Infração do IRPJ (fls. 003/018) Imposto Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$3.795.611,65 R$1.307.510,11 R$2.846.708,72 R$7.949.830,48 Infrações Ano-Calendário Enquadramento Legal Depósitos Bancários de Origem Não Comprovada 2007, 2008 Arts. 25 e 42 da Lei nº 9.430/96; Art. 528 do RIR/99 Os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins encontram-se consolidados nos autos de infração a seguir: Auto de Infração do PIS/Pasep (fls. 019/030) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$469.055,30 R$168.825,23 R$351.791,39 R$989.671,92 Auto de Infração da Cofins (fls. 031/041) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$2.164.871,05 R$779.193,81 R$1.623.653,19 R$4.567.718,05 Auto de Infração da CSLL (fls. 42/55) Tributo Juros de Mora (calculados até 31/10/2011) Multa Proporcional (75%) Total R$915.752,79 R$310.938,08 R$686.814,57 R$1.913.505,44 Foi iniciada ação fiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 01.1.01.00-2010-00437-5, para o exame da apuração do IRPJ e reflexos referente aos anos-calendário de 2007 e 2008. Por ocasião do termo de início de fiscalização foi intimada a contribuinte a apresentar os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos bancários de contas correntes, poupança e aplicações financeiras, em papel e meio magnético, no Banco do Brasil S/A, BRB Banco de Brasilia S/A, Caixa Econômica Federal, Banco Industrial e Comercial, Banco ABN AMRO Real S/A, Banco Safra, Banco Itaubank S/A Unibanco - União de Bancos Brasileiros S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Santander (Brasil) S/A, e os atos constitutivos da pessoa jurídica. Após solicitar prorrogações para cumprir as exigências, a fiscalizada apresentou os extratos bancários solicitados em papel. Nesse contexto, foi novamente intimada a contribuinte a apresentar as informações relativas à sua movimentação financeira em meio magnético. Diante da impossibilidade apresentada pela contribuinte em disponibilizar a documentação requerida por meio magnético, a Fiscalização intimou os bancos, por meio de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira (RMF), a fornecer as informações. Em paralelo, foi intimada a contribuinte a apresentar: (a) os contratos em que a empresa participou na condição de sócia ostensiva ou recebeu lucros/valores, decorrentes da participação em Sociedades em Conta de Participação-SCP; (b) a contabilidade, em meio magnético das SCPs em que a fiscalizada participou em contratos na condição de sócia ostensiva; (c) os documentos relativos às receitas, despesas e custos das SCPs, em meio magnético ou razão analítico; (d) os balancetes referentes às apurações de resultado das SCP; e a elaborar demonstrativos analíticos, consolidando os dados consignados nas DCTFs, de forma a permitir que fossem efetuadas as devidas conciliações com os registros constantes do Livro Diário. Ainda, esclarecer o regime forma de tributação das SCPs objeto dos contratos formalizados e informar em quais rubricas da fiscalizada procedeu-se a inclusão das receitas/resultados decorrentes das participações em SCP, destacando ainda em quais linhas/quadros foram consignados tais valores nas respectivas DIPJ. Diante da análise da documentação apresentada, a Fiscalização, por meio do “Termo de Intimação Fiscal nº 003”, intimou a contribuinte a comprovar a origem dos créditos efetuados nos anos-calendário de 2007 e 2008 acompanhada da documentação probatório dos valores que não representam receitas tributáveis, no prazo de vinte dias. Em 18/10/2011, após a análise da documentação probatória apresentada pela fiscalizada em resposta à intimação fiscal, a autoridade tributária consolidou demonstrativo no qual foram identificados depósitos bancários que não tiveram a origem dos recursos comprovada mediante documentação hábil e idônea. Nesse sentido, foram efetuados os lançamentos de ofício, no qual foi identificada a ocorrência da infração presunção de omissão de receitas, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Cientificada dos lançamentos, em 22/11/2011 (Ciência do Sujeito Passivo nos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins), a interessada apresentou a impugnação de fls. 2340/2410, em 21/12/2011, cujas razões encontram-se sintetizadas a seguir. Dos Fatos. A Impugnante é pessoa jurídica de direito privado, tendo como objeto social, previsto em seus atos constitutivos e alterações posteriores, a construção e incorporação de imóveis, bem assim a participação em empreendimentos relacionados a essas atividades. O foco principal das atividades da empresa, nos últimos anos, tem sido a modalidade de "incorporação de imóveis",-na qual atua— isoladamente ou, com freqüência, em parceria com outros investidores, por intermédio de sociedades em conta de participação (SCP) ou de sociedades de propósito específico (SPE). Nesta impugnação, demonstrar-se-á de forma inequívoca que o lançamento de ofício, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, nos moldes em que efetuado, não merece prosperar, haja vista os vícios de natureza material que contaminam todo o feito. De outro lado, a Impugnante apresentará, na peça de defesa, a documentação necessária à comprovação da origem dos créditos apurados em suas contas-correntes, demonstrando, desse modo, ser ilegítima a acusação quanto à omissão de receitas, mediante robustos elementos probatórios que infirmam a pretensão fazendária. Do Direito. Da Preliminar. Da Inconstitucional Quebra do Sigilo Bancário da Impugnante. No caso concreto ocorreu quebra administrativa do sigilo bancário da Impugnante. Observe-se que não se discute a legalidade da quebra de sigilo bancário mediante determinação pelo Poder Judiciário, com prévia ciência da pessoa investigada. Após a promulgação da Carta de 1988, o entendimento da jurisprudência pátria sempre foi no sentido de assegurar o direito ao sigilo bancário, com exceção da quebra autorizada por decisão judicial. Contudo, após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, a Receita Federal entendeu ter adquirido franquia absoluta aos dados bancários dos contribuintes, mediante contato direto com as instituições financeiras, por meio do "RMF - Requisição de Movimentação Financeira”. A quebra do sigilo bancário, que seria medida excepcional, tornou-se trivial, pleiteada indiscriminadamente pelos auditores fiscais e autorizada de forma automática, pelos Delegados e demais autoridades superiores fazendárias. Na presente autuação, quando instaurado o procedimento fiscal contra a ora Impugnante, logo no início e sem maiores explicações, as autoridades administrativas determinaram-lhe que a empresa apresentasse seus extratos bancários referentes aos anos de 2007 e 2008. A intimação tinha por fim, em verdade, emprestar uma aparência de legalidade ao procedimento - simulando uma entrega "espontânea", pela Fiscalizada, dos seus extratos bancários aos Autuantes. Note-se que, no Termo de Início de Fiscalização em foco, a requisição dos dados bancários é determinada sem qualquer alusão à aplicação do art. 42 da Lei n° 9.430/1996, mas contém advertências à Fiscalizada, indicando-lhe as penalidades e crimes que lhe poderiam ser imputados, caso não fossem abertos os dados bancários. Essa linha de trabalho se assemelha a procedimentos adotados nos períodos mais negros da história do Brasil, em que os detentores do Poder, escudados supostamente em "leis" arbitrariamente redigidas e manipuladas por eles mesmos, perpetravam as maiores e inomináveis violências contra cidadãos indefesos, em manifestação de autoritarismo intolerável ao Estado Democrático de Direito. Implausível, portanto, que a Impugnante, na condição de Fiscalizada, tenha "espontaneamente" franqueado seus dados bancários à Receita Federal. Se assim procedeu, foi em razão do exercício do poder COERCITIVO da Fiscalização. Não satisfeitos, porém, os Fiscais assumem, às fls. 14 do processo que, louvando-se no art. 6° da LC n.° 105/2001, regulamentado pelo Decreto n.° 3.724/2001. quebraram o sigilo bancário da Impugnante, tendo emitido Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira -RMF, às instituições financeiras junto às quais aquela mantém contas correntes e investimentos. A origem dessa violência jurídica remonta ao início de 2001. A época, o Governo Federal, utilizando-se do seu "rolo compressor" no Congresso Nacional, conseguiu aprovar a Lei Complementar n° l05 cujo art. 6º autoriza a quebra administrativa do sigilo bancário, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso. Todo esse aparato legislativo destinava-se a conferir eficácia ao famigerado artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que definiu odiosa presunção legal de omissão de receita a partir de depósitos bancários "não comprovados com documentação hábil e idônea", pura e simplesmente, deturpando de forma brutal o conceito de renda. Do ponto de vista prático, ditas normas literalmente extinguiram o sigilo bancário no Brasil. Felizmente, o Supremo Tribunal Federal - guardião da nossa Carta Magna - começa a reagir contra esta aberração, como se pode observar em recente decisão proferida no STF, pelo Tribunal Pleno, no RE 389808, tendo como Relator o Ministro MARCO AURÉLIO. Portanto, deve ser extinto o crédito tributário, vez que o lançamento de ofício representa ofensa á segurança jurídica e violar preceptivos constitucionais. Do Mérito. Não pode a Impugnante acatar a absurda imputação da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em total dissonância ao conceito de renda definido e interpretado pela mais abalizada doutrina e pela jurisprudência, bem como utilizado expressamente na Constituição Federal. A autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por presunção simples, optou em constituir crédito tributário contra a Impugnante com base em depósitos bancários. O Conceito Tributário de Renda. A Constituição e o CTN determinam que nem tudo aquilo que seja rotulado de "renda" poderá ser objeto de incidência tributária, mas unicamente o fato que se amolde à hipótese prevista em lei - princípio da reserva legal. Em regra, o CTN delineou como hipótese de incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza a disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza, que represente acréscimo patrimonial. Por sua vez, o art. 110 do CTN estatui que "a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa e implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias". O fato é que, como regra geral, a Constituição Federal utilizou o conceito de renda e proventos como acréscimo patrimonial, como renda líquida ou lucro líquido, nos termos da lei comercial. Então, não há que se falar que o Fisco pode estabelecer, como faz in casu, o conceito de renda tributável para atingir depósitos bancários, sem fazer qualquer distinção e tributando inclusive aqueles que representam simples transferência de quantias já oferecidas à tributação, o que caracteriza explícito bis in idem. Ou seja, inobstante a Contribuinte não ter auferido qualquer acréscimo tipificador de renda, ainda assim o Fisco irá tributar duas vezes, uma quando de fato se obteve a renda, outra simplesmente pelo mero trânsito do recurso em conta bancária. E verdade que o artigo 43 do CTN foi alterado pela Lei Complementar 104/2001, para dar abertura proposital ao elastecimento do conceito de renda, porém, permanece o freio previsto na Constituição Federal. Noé Winkler leciona que "a base impositiva vigente, da renda, não inclui valores patrimoniais (capital), mas os seus frutos, e bem assim os rendimentos do trabalho, ou da combinação de ambos, auferidos num período de tempo. Também não se computam os acréscimos patrimoniais por doações, heranças e legados, e sim os rendimentos que possam produzir. Na inclusão, como proventos, dos acréscimos patrimoniais sem correspondência com os rendimentos declarados, não se tributam esses acréscimos, mas sim, por presunção, os rendimentos não declarados que lhes deram origem". E continua o renomado Ex-Diretor da Divisão de Imposto de—Renda—da Secretaria da Receita Federal dizendo que nos "moldes constitucionais, a capacidade contributiva, na tributação da renda, o suporte não é o que possui, mas o que se sanha. O patrimônio — riqueza num determinado momento (fruto da renda acumulada), como corolário dessa capacidade, sob outro enfoque, pode pertencer a esfera de outro Poder Tributante - o Município, por exemplo, no caso de propriedade predial e territorial urbana." Há que se observar que o imposto de renda não incidirá diretamente sobre essa renda obtida. O legislador ordinário, ao estipular a base de cálculo do imposto, permite a dedução de despesas necessárias à percepção da mesma. São aquelas despesas que incorrem para a obtenção daquela renda. A alíquota do imposto irá incidir sobre uma base de cálculo, considerada uma renda líquida (e não, total como ocorre in casu), isto é, aquela despida das despesas e deduções que o legislador ordinário permitiu obter. Assim, se o contribuinte trabalha com compra e venda de veículos, não há que se falar em renda como o valor recebido pelo carro vendido, mas, sim, a diferença entre aquele pago e recebido pelo contribuinte. Exemplificando: Se o contribuinte comprou um veículo no valor de R$50.000,00 e o vendeu por R$53.000,00, o imposto não deverá NUNCA incidir sobre os R$ 53.000,00 recebidos, porém sobre a diferença entre o preço vendido (R$53.000,00) e o anteriormente pago (R$50.000,00), ou seja, apenas sobre o importe de R$3.000,00. O caso ora examinado é o mesmo de uma montadora de veículos que ao "vender" para a concessionária se veja obrigada a pagar como Imposto de Renda o valor total constante da Nota Fiscal e não aquele diminuído das deduções legais. A base de cálculo do imposto de renda resulta de procedimento complexo, integrada que é por ingressos e saídas de recursos, acréscimos e decréscimos no valor intrínseco de bens, tudo computado dentro de certo período. O método de apuração baseado apenas em extrato bancários e no fluxo de emissão de cheques (depósitos e movimentação de cheques) não oferece adequação técnica e consistência material de ordem a afastar a conjectura de simples presunção. O que o Fisco está fazendo com este auto de infração é simplesmente tributar depósitos bancários como se os mesmos, por si sós, fossem espécie de "rendimento omitido". Desconsidera o Fisco que o Imposto sobre a Renda apenas incide sobre o ganho patrimonial resultante de confronto entre elementos (ingressos e saídas) verificados ao longo de um determinado período, é elastecer o conceito de renda, o que certamente será considerado ilegal e inconstitucional. Utilizar-se dos extratos bancários como se cada depósito pudesse ser considerado verdadeiro lucro líquido é tratar os iguais desigualmente ou os desiguais igualmente (artigo 150, II da CF) e ainda utilizar o Imposto de Renda como meio de confisco (violando o artigo 150, IV da CF/88), pois se estará cobrando 25% (vinte e cinco por cento) em relação a meros depósitos bancários e não sobre a renda, conforme determina a Constituição Federal. Requer a Impugnante, portanto, o cancelamento do lançamento efetuado. Da Indevida Aplicação da Presunção Estabelecida no Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. A Fiscalização aplicou a presunção legal de maneira precipitada e abusiva, valendo-se apenas e tão-somente dos extratos bancários da Impugnante. Apesar de terem pedido e recebido os livros Diário e Razão da empresa, os auditores fiscais deles não se utilizaram, não investigaram nada e não realizaram qualquer trabalho de pesquisa e análise dos registros contábeis. Ou seja, simplesmente consideraram que os depósitos bancários não tinham a origem comprovada. A presunção do Fisco de que todos os depósitos efetuados na conta corrente da Contribuinte são efetivamente RECEITA/RENDA, não pode nem deve prevalecer, sob pena de se violar o artigo V, incisos X e XII da Constituição Federal (quebra do sigilo bancário sem a correspondente ordem judicial autorizativa), o artigo 150, II da CF (tratar desigualmente os iguais ou igualmente os desiguais - dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente) e o artigo 150, IV da CF (utilizar tributo com efeito de confisco). Sobre a premissa utilizada como fundamento pela Fiscalização para lançar o IRPJ com base na presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96, lembra a Impugnante que a interpretação da legislação tributária se verifica de forma peculiar. Na dúvida em face de circunstâncias materiais do fato, impõe-se a observância do disposto no artigo 112 do CTN, que dispõe que a “lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:“, na hipótese do inc. II, “à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos”. Ou seja, conclui-se que no Direito Tributário também prevalece o princípio de que, na dúvida, se deve interpretar em favor do réu, inclusive em conseqüência do princípio da estrita legalidade, que não admite dúvida sobre o perfeito enquadramento do conceito do fato ao conceito da norma. No direito tributário, o que importa são as provas materiais, válidas e objetivas, sendo que as presunções não só têm que estar autorizadas por lei, como também não podem ultrapassar os limites impostos pelo Código Tributário Nacional quanto aos contornos materiais do fato gerador da obrigação tributária e dos elementos constitutivos que a caracterizam. No caso concreto, as Autoridades Fiscalizadoras partiram simplesmente dos lançamentos em conta bancária, para considerar todo e qualquer valor como "renda líquida tributável". De forma absolutamente tendenciosa, sem qualquer respaldo fático que corroborasse o acréscimo caracterizador da renda, o Fiscal acabou por enquadrar os meros depósitos como omissão de receita. Na empresa em tela, as receitas da suas atividades estão devidamente registradas na contabilidade, não procedendo, então, qualquer suspeita de evasão fiscal contra a Impugnante. Não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco, atribuída à Contribuinte. Da Impossibilidade de Inversão do Ônus da Prova. Mesmo nas hipóteses de quebra de sigilo bancário, exige-se, para a lavratura do auto de infração, que o Fisco comprove a omissão de receita, isto é, inadmissível a inversão do ônus probatório, no sentido de que o contribuinte deve provar a inocorrência da citada omissão. Na realidade, cabe à Administração Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto e, repita-se, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos. Vale citar o artigo "Imposto de Renda - Quebra de Sigilo Bancário e Omissão de Rendas e Rendimentos" do Professor Edmar Oliveira Andrade Filho, Doutor em Direito, publicado na Revista Dialética de Direito Tributário, n° 70, de julho de 2001: " São inúmeras as circunstâncias fáticas jurídicas que podem revelar indícios de omissão de receitas, mas, em qualquer caso, a exaustiva investigação é necessária e imprescindível. Só os autos de infração bem fundamentados podem resguardar o interesse da Fazenda e propiciar a concretização do princípio constitucional que garante o contraditório e a ampla defesa, na forma do item LV do art. 5° da Constituição Federal. (...) A fiscalização deve apresentar provas sobre a natureza da eventual receita omitida. Assim, se os indícios indicarem que houve omissão de receitas decorrentes da venda de bens ou serviços, cabe à autoridade fiscalizadora provar quem teria sido o adquirente dos bens ou tomador dos serviços eventualmente prestados. Em caso de indícios de suprimento de numerário sem origem, é exigível que sejam reunidas provas sobre as pessoas que tenham feito esses suprimentos e a que título jurídico. Quando esses requisitos não são observados o Conselho de Contribuintes tem determinado a anulação do procedimento fiscal." Dessa forma, é de se concluir que, não tendo, a fiscalização, colhido os efetivos meios de prova para a verificação da alegada omissão de receitas, os dados decorrentes da quebra do sigilo bancário da empresa não representam elementos bastantes a justificar a lavratura dos autos de infração ora combatidos, motivo pelo qual há que ser reconhecida a improcedência do feito. Da Origem e Comprovação da Regularidade dos Depósitos Bancários. A Impugnante anexa a esta peça de defesa planilhas e cópias de centenas de documentos, visando à comprovação da origem dos depósitos em suas contas bancárias. Em síntese, os depósitos referem-se às seguintes operações: a) Transferências entre empresas interligadas. Pelo fato de a Impugnante realizar diversos empreendimentos de incorporação imobiliária mediante constituição de SCPs e SPEs (sociedades de propósito específico), a ela interligadas, em razão do ramo de atividades e de mesmos sócios, diversos depósitos bancários justificam-se como transferência de numerário entre as empresas. b) Transferências entre contas correntes diversas, da mesma empresa. São transferências entre contas correntes de mesma titularidade do Impugnante, em bancos diferentes, ou entre agências diversas de mesma instituição financeira. Cabe frisar que a empresa possui várias contas bancárias porque os clientes buscam financiar os imóveis adquiridos junto às instituições com as quais têm relacionamento. Por via de conseqüência, a Impugnante é compelida a manter, igualmente, contas em diversos bancos. c) Devolução de cauções oferecidas em lances destinados a adquirir imóveis (lotes) por licitações. No Distrito Federal, a aquisição de lotes para implantação de prédios, por incorporação imobiliária, é feita mediante licitações promovidas periodicamente pela TERRACAP. A Impugnante costuma participar desses certames, devendo obrigatoriamente oferecer caução, para esse fim, conforme exigido no edital. Em caso de sua proposta não ser vencedora, a TERRACAP faz devolução da caução, mediante depósito em conta bancária do participante vencido. d) Recebimentos, pela Fiscalizada, de aportes de capital. Na qualidade de "sócia ostensiva", a Impugnante recebeu diversos aportes de capital, das demais "sócias participantes", realizados via depósitos bancários e destinados a fazer face aos custos e despesas do empreendimento em incorporação. e) Recebimentos, sob a forma de devoluções, via depósito bancário, de adiantamentos efetuados a fornecedores. No ramo de sua atividade, é comum que a incorporadora conceda adiantamentos a fornecedores de materiais de construção, ou de prestação de serviços. f) Receita de Incorporações de imóveis, em operações de titularidade da própria Impugnante ou da sua atuação como sócia ostensiva de SCPs ou de SPEs. Estes depósitos estão comprovados pela documentação ora anexada, referindo-se a operações de incorporação imobiliária realizadas pela própria Impugnante, ou dentro de sua atuação à frente de SCPs e SPEs. Tais valores foram DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS e têm sua origem comprovada, muito embora os Autuantes nem mesmo se dignaram a fazer a conferência entre os documentos e a contabilidade da empresa. A rigor, todas essas receitas foram regularmente oferecidas à tributação, sendo que, no caso do IRPJ e da CSLL, o regime tributário adotado pela Impugnante é o do lucro presumido. Observe-se, ainda, que, há situações em que a empresa "vendeu" os seus ativos (recebíveis), decorrentes de comercialização de imóveis, por incorporação, a instituições financeiras, as quais lhe repassaram os recursos. Nos registros contábeis, assim é retratado esse fato: 1. O cliente paga a parcela do imóvel à incorporadora (depósito bancário), com recursos próprios, ou com financiamento bancário; 2. Imediatamente, o valor é debitado da conta da empresa, para repasse ao banco que financiou o recebimento antecipado à empresa. Da Primeira Incoerência na Apuração dos Tributos Exigidos no Auto de Infração: Ofensa ao Art. 146 do CTN. Mudança de Critério Jurídico do Lançamento. Ocorreu grave erro cometido pela Fiscalização. Trata-se da determinação do coeficiente para apurar o lucro presumido. Ignorando a atividade precípua da empresa, qual seja, “incorporação de imóveis”, a Fiscalização aplicou, para a determinação do lucro presumido, o percentual de 32%, enquanto o correto para o IRPJ seria de 8% e de 12% para a CSLL. Nos autos de infração, não há qualquer menção ao fundamento legal da exigência com base calculada sobre 32% da suposta “receita” não declarada. Ou os fiscais simplesmente se equivocaram ou valeram-se da nova redação do art. 24, da Lei nº 9.249/1995, introduzida pela Lei nº 11.941/2000, a qual faculta a utilização do percentual mais elevado para fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido. Quanto ao alcance da norma, impõe destacar que a utilização do percentual legal mais elevado, dentre os aplicáveis às atividades diversificadas, só será permitido se não for possível identificar a que atividade se refere a receita omitida. No "Regulamento do Imposto de Renda - ed. 2011, anotado e comentado", os autores - todos especialistas e auditores egressos dos quadros da Receita Federal do Brasil - colocam seus pontos de vista com relação à citada omissão: TRATAMENTO DA RECEITA CONSIDERADA OMITIDA EM CASO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NÃO COMPROVADA. O valor da receita considerada omitida, em decorrência da presunção de que trata o art. 287 , será acrescida ao lucro real declarado ou considerada como base de cálculo para fins de aplicação do lucro presumido ou arbitrado. Claro que se a omissão for identificada como receita não decorrente da atividade operacional da pessoa jurídica, no lucro presumido ou arbitrado, o tratamento será o dispensado a "outras receitas e ganhos", hipótese em que o valor será integralmente tributado pelo imposto de renda, sem aplicação dos percentuais de presunção ou arbitramento. Mas isso não autoriza o Fisco, como tem se verificado em alguns casos, a exigir da pessoa jurídica prova de que a receita omitida decorre da atividade operacional, pois essa é a regra implícita na presunção legal. A prova de que a receita omitida não decorre das atividades da empresa está a cargo do fisco. (FERREIRA, Antonio Airton et alii. Regulamento do Imposto de Renda - Decreto n.° 3.000/1999 - Ed. 2011, anotado e comentado. São Paulo, Fiscosoft Editora, p. 968). Concernente às pretensas receitas omitidas, os fiscais não trazem qualquer prova de que se tratariam de outras modalidades de recebimentos, estranhos à atividade principal estabelecida nos atos constitutivos da Impugnante. Logo, da forma como lavrado, o lançamento não tem como se sustentar. Da Segunda Incoerência na Apuração dos Tributos: Ausência de Dedução, do PIS e da Cofins Exigidos de Ofício, dos Valores Já Declarados em DCTF. A Fiscalização considerou, na apuração do IRPJ e CSLL lançados de ofício, os valores confessados em DCTF. Contudo, não levou em consideração os valores confessados de PIS e Cofins, razão pela qual o lançamento deve ser revisto. Da Imposição de Multa Desarrazoada, Desproporcional e Confiscatória. A penalidade de 75% fere o princípio da proporcionalidade, do não-confisco, e da razoabilidade. Apenas nos casos de fraude inequívoca o STF tem admitido medidas punitivas com percentual confiscatório, o que não ocorreu no caso em tela. Dos Juros de Mora. É indevida a aplicação da taxa SELIC aos juros de mora, pelos motivos: (1) A natureza da taxa SELIC é de índice remuneratório, condizente com operações de mercado financeiro e não com encargos por atraso no pagamento de tributos, o que afronta a regra contida no artigo 161 e §l°do Código Tributário Nacional; (2) Dado que a taxa SELIC sequer foi instituída por lei, no sentido preciso do termo, foram infringidos os princípios constitucionais estampados no art. 5º, II e no art. 150, I, ambos da Constituição Federal de 1988; e (3) A taxa SELIC representa autêntico anatocismo, o que agride ao art. 192, § 3º da Constituição. Dos Lançamentos Decorrentes. Aplicam-se todos os argumentos relativos ao IRPJ para os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins. A turma julgadora a quo considerou-a parcialmente procedente, tendo sua ementa recebido a seguinte redação: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007, 2008 SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Trata-se de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras. CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE. MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES. Eventual decisão do STF, em sede de controle difuso de constitucionalidade, tem efeito apenas entre as partes, ou seja, não beneficia terceiros não integrantes da lide. EXTRATOS BANCÁRIOS APRESENTADOS VOLUNTARIAMENTE. IMPOSSIBILIDADE DA CONTRIBUINTE EM DISPONIBILIZAR EM MEIO MAGNÉTICO. EMISSÃO DO RMF PARA OBTENÇÃO DE DADOS DIGITAIS. INOCORRÊNCIA DE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Se os extratos bancários foram fornecidos voluntariamente, em papel, pelo próprio contribuinte, em atendimento às intimações efetuadas pela autoridade tributária, posterior emissão de Requisição de Informação Sobre Movimentação Financeira - RMF, solicitando as mesmas informações em formato digital, diante da impossibilidade da fiscalizada em fornecer os dados em meio magnético, não caracterizam quebra de sigilo bancário. PRESUNÇÃO LEGAL. OMISSÃO DE RECEITAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I - Presume-se ocorrida a omissão de receitas ou de rendimentos, em situação no qual os depósitos bancários indicando a movimentação financeira do contribuinte não tiverem a origem comprovada pelo titular, mediante a devida apresentação de documentação hábil e idônea no decorrer da ação fiscal. II - Opera-se a inversão do ônus da prova, situação em que cabe ao contribuinte desconstituir a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. III - Na fase contenciosa, logrando a defesa demonstrar a origem dos depósitos bancários e que as receitas não são tributáveis, cabe ser afastada a presunção legal. PRESUNÇÃO LEGAL. APRECIAÇÃO DE LEGALIDADE. A presunção de omissão de receitas encontra-se prevista em lei. Nesse contexto, não cabe a órgão de julgamento administrativo apreciar argüição de sua legalidade. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS OMITIDAS. ATIVIDADES DIVERSIFICADAS. COEFICIENTE APLICADO SOBRE A RECEITA BRUTA. PERCENTUAL MAIS ELEVADO. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º). DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. PREVISÃO LEGAL. Efetuado o lançamento de ofício, cabe imposição da multa proporcional de 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Os débitos confessados em DCTF encaminhadas espontaneamente, antes do início do procedimento fiscal, devem ser considerados para compensar os valores de tributos apurados pela Fiscalização a serem lançados de ofício. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS COM BASE NO MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL. O decidido em relação ao IRPJ estende-se aos lançamentos de CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizados com base nos mesmos elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável. Tal decisão exonerou parcela do crédito tributário referente a transferências bancárias entre contas do próprio contribuinte consideradas como receitas omitidas, bem como em relação a valores de tributos já confessados em DCTF quando do início do procedimento fiscal. Em relação a tal parcela de crédito tributário, recorreu-se de ofício ao CARF. O contribuinte foi cientificado da decisão em 10 de julho de 2012 (conforme aviso de recebimento de fl. 4198), apresentando recurso voluntário de fls. 4198-5532 em 09 de agosto de 2012. Em apertada síntese, pode-se afirmar que o recurso reafirma os pontos tratados em impugnação. O único ponto adicional diz respeito à juntada farta documentação (41 anexos) que comprovariam a origem dos depósitos considerados como receitas omitidas. É o relatório.

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:31 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705768427520

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1465; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C4T2  Fl. 9.136          1 9.135  S1­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10166.728246/2011­71  Recurso nº            De Ofício e Voluntário  Resolução nº  1402­000.307  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  24 de março de 2015  Assunto  DILIGÊNCIA ­ COMPROVAÇÃO DE ORIGEM DE DEPÓSITOS  BANCÁRIOS  Recorrente  CONSTRUTORA VILLELA E CARVALHO LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento  do  recurso  em diligência,  nos  termo do  relatório  e voto  que passam a  integrar  o  presente julgado.  (assinado digitalmente)  LEONARDO DE ANDRADE COUTO ­ Presidente      (assinado digitalmente)  FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros:  Cristiane  Silva  Costa,  Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli  Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 28 24 6/ 20 11 -7 1 Fl. 9136DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.137          2 Relatório   CONSTRUTORA VILLELA  E CARVALHO  LTDA  recorre  a  este  Conselho  em  face  do  acórdão  nº  03­48.322  proferido  pela  2ª  Turma  da  DRJ  em  Brasília  que  julgou  procedente em parte a impugnação apresentada, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo  33 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF).  Por  bem  retratar  o  litígio,  adoto  o  relatório  da  decisão  recorrida,  complementando­o ao final:  Em 22/11/2011, foram lavrados contra o interessado os Autos de  Infração do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, atinentes aos anos­calendário de 2007 e  2008,  cujo  crédito  tributário  lançado  de  ofício  perfaz  o  montante  de  R$15.420.725,89, assim discriminados por exação fiscal:    Auto de Infração do IRPJ (fls. 003/018)  Imposto  Juros de Mora  (calculados até  31/10/2011)  Multa Proporcional  (75%)  Total  R$3.795.611,65  R$1.307.510,11  R$2.846.708,72  R$7.949.830,48  Infrações  Ano­Calendário  Enquadramento Legal  Depósitos Bancários de Origem Não  Comprovada  2007, 2008  Arts. 25 e 42 da Lei nº 9.430/96; Art. 528 do  RIR/99    Os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins encontram­se  consolidados nos autos de infração a seguir:    Auto de Infração do PIS/Pasep (fls. 019/030)  Tributo  Juros de Mora (calculados  até 31/10/2011)  Multa Proporcional  (75%)  Total  R$469.055,30  R$168.825,23  R$351.791,39  R$989.671,92    Auto de Infração da Cofins (fls. 031/041)  Tributo  Juros de Mora (calculados  até 31/10/2011)  Multa Proporcional  (75%)  Total  R$2.164.871,05  R$779.193,81  R$1.623.653,19  R$4.567.718,05    Auto de Infração da CSLL (fls. 42/55)  Tributo  Juros de Mora (calculados  até 31/10/2011)  Multa Proporcional  (75%)  Total  R$915.752,79  R$310.938,08  R$686.814,57  R$1.913.505,44    Fl. 9137DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.138          3 Foi  iniciada  ação  fiscal  determinada  pelo  Mandado  de  Procedimento Fiscal  n°  01.1.01.00­2010­00437­5,  para  o  exame  da  apuração  do IRPJ e reflexos referente aos anos­calendário de 2007 e 2008.  Por  ocasião  do  termo  de  início  de  fiscalização  foi  intimada  a  contribuinte a apresentar os livros Caixa ou Diário e Razão, extratos bancários  de  contas  correntes,  poupança  e  aplicações  financeiras,  em  papel  e  meio  magnético,  no  Banco  do  Brasil  S/A,  BRB  Banco  de  Brasilia  S/A,  Caixa  Econômica  Federal,  Banco  Industrial  e  Comercial,  Banco  ABN  AMRO  Real  S/A, Banco Safra, Banco Itaubank S/A Unibanco ­ União de Bancos Brasileiros  S/A, Banco Bradesco S/A, Banco Santander (Brasil) S/A, e os atos constitutivos  da pessoa jurídica.  Após  solicitar  prorrogações  para  cumprir  as  exigências,  a  fiscalizada apresentou os extratos bancários solicitados em papel.  Nesse  contexto,  foi  novamente  intimada  a  contribuinte  a  apresentar  as  informações  relativas  à  sua  movimentação  financeira  em  meio  magnético.  Diante  da  impossibilidade  apresentada  pela  contribuinte  em  disponibilizar  a  documentação  requerida  por meio magnético,  a  Fiscalização  intimou os bancos, por meio de Requisição de Informação Sobre Movimentação  Financeira (RMF), a fornecer as informações.  Em  paralelo,  foi  intimada  a  contribuinte  a  apresentar:  (a)  os  contratos  em  que  a  empresa  participou  na  condição  de  sócia  ostensiva  ou  recebeu  lucros/valores,  decorrentes  da  participação  em Sociedades  em Conta  de Participação­SCP; (b) a contabilidade, em meio magnético das SCPs em que  a  fiscalizada  participou  em  contratos  na  condição  de  sócia  ostensiva;  (c)  os  documentos  relativos  às  receitas,  despesas  e  custos  das  SCPs,  em  meio  magnético  ou  razão  analítico;  (d)  os  balancetes  referentes  às  apurações  de  resultado  das  SCP;  e  a  elaborar  demonstrativos  analíticos,  consolidando  os  dados  consignados  nas DCTFs,  de  forma  a  permitir  que  fossem  efetuadas  as  devidas  conciliações  com  os  registros  constantes  do  Livro  Diário.  Ainda,  esclarecer  o  regime  forma  de  tributação  das  SCPs  objeto  dos  contratos  formalizados  e  informar  em  quais  rubricas  da  fiscalizada  procedeu­se  a  inclusão  das  receitas/resultados  decorrentes  das  participações  em  SCP,  destacando ainda em quais  linhas/quadros foram consignados tais valores nas  respectivas DIPJ.  Diante da análise da documentação apresentada, a Fiscalização,  por  meio  do  “Termo  de  Intimação  Fiscal  nº  003”,  intimou  a  contribuinte  a  comprovar a origem dos créditos efetuados nos anos­calendário de 2007 e 2008  acompanhada  da  documentação  probatório  dos  valores  que não  representam  receitas tributáveis, no prazo de vinte dias.  Em  18/10/2011,  após  a  análise  da  documentação  probatória  apresentada  pela  fiscalizada  em  resposta  à  intimação  fiscal,  a  autoridade  tributária  consolidou  demonstrativo  no  qual  foram  identificados  depósitos  bancários  que  não  tiveram  a  origem  dos  recursos  comprovada  mediante  Fl. 9138DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.139          4 documentação hábil  e  idônea. Nesse  sentido,  foram  efetuados  os  lançamentos  de  ofício,  no  qual  foi  identificada  a  ocorrência  da  infração  presunção  de  omissão de receitas, tipificada no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996.  Cientificada dos lançamentos, em 22/11/2011 (Ciência do Sujeito  Passivo  nos  Autos  de  Infração  de  IRPJ,  CSLL,  PIS  e  Cofins),  a  interessada  apresentou  a  impugnação  de  fls.  2340/2410,  em  21/12/2011,  cujas  razões  encontram­se sintetizadas a seguir.  Dos Fatos. A  Impugnante  é  pessoa  jurídica  de  direito  privado,  tendo  como  objeto  social,  previsto  em  seus  atos  constitutivos  e  alterações  posteriores, a construção e incorporação de imóveis, bem assim a participação  em  empreendimentos  relacionados  a  essas  atividades.  O  foco  principal  das  atividades  da  empresa,  nos  últimos  anos,  tem  sido  a  modalidade  de  "incorporação  de  imóveis",­na  qual  atua—  isoladamente  ou,  com  freqüência,  em parceria com outros investidores, por intermédio de sociedades em conta de  participação (SCP) ou de sociedades de propósito específico (SPE).  Nesta  impugnação,  demonstrar­se­á  de  forma  inequívoca  que  o  lançamento  de  ofício,  decorrente  de  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada, nos moldes em que efetuado, não merece prosperar, haja vista os  vícios  de  natureza  material  que  contaminam  todo  o  feito.  De  outro  lado,  a  Impugnante  apresentará,  na  peça  de  defesa,  a  documentação  necessária  à  comprovação  da  origem  dos  créditos  apurados  em  suas  contas­correntes,  demonstrando,  desse  modo,  ser  ilegítima  a  acusação  quanto  à  omissão  de  receitas,  mediante  robustos  elementos  probatórios  que  infirmam  a  pretensão  fazendária.  Do  Direito.  Da  Preliminar.  Da  Inconstitucional  Quebra  do  Sigilo  Bancário  da  Impugnante.  No  caso  concreto  ocorreu  quebra  administrativa do sigilo bancário da Impugnante. Observe­se que não se discute  a  legalidade da quebra  de  sigilo bancário mediante determinação pelo Poder  Judiciário, com prévia ciência da pessoa investigada.   Após  a  promulgação  da  Carta  de  1988,  o  entendimento  da  jurisprudência  pátria  sempre  foi  no  sentido  de  assegurar  o  direito  ao  sigilo  bancário, com exceção da quebra autorizada por decisão judicial.  Contudo, após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, a  Receita Federal entendeu ter adquirido franquia absoluta aos dados bancários  dos contribuintes, mediante contato direto com as  instituições  financeiras, por  meio do "RMF ­ Requisição de Movimentação Financeira”. A quebra do sigilo  bancário,  que  seria  medida  excepcional,  tornou­se  trivial,  pleiteada  indiscriminadamente pelos auditores fiscais e autorizada de forma automática,  pelos Delegados e demais autoridades superiores fazendárias.  Na presente autuação, quando  instaurado o procedimento  fiscal  contra  a  ora  Impugnante,  logo  no  início  e  sem  maiores  explicações,  as  autoridades administrativas determinaram­lhe que a empresa apresentasse seus  extratos bancários referentes aos anos de 2007 e 2008. A  intimação  tinha por  fim,  em  verdade,  emprestar  uma  aparência  de  legalidade  ao  procedimento  ­  Fl. 9139DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.140          5 simulando  uma  entrega  "espontânea",  pela  Fiscalizada,  dos  seus  extratos  bancários aos Autuantes.  Note­se  que,  no  Termo  de  Início  de  Fiscalização  em  foco,  a  requisição dos dados bancários é determinada sem qualquer alusão à aplicação  do  art.  42  da  Lei  n°  9.430/1996,  mas  contém  advertências  à  Fiscalizada,  indicando­lhe  as  penalidades  e  crimes  que  lhe  poderiam  ser  imputados,  caso  não fossem abertos os dados bancários.  Essa  linha  de  trabalho  se assemelha  a  procedimentos  adotados  nos períodos mais negros da história do Brasil, em que os detentores do Poder,  escudados supostamente em "leis" arbitrariamente redigidas e manipuladas por  eles mesmos, perpetravam as maiores e inomináveis violências contra cidadãos  indefesos, em manifestação de autoritarismo intolerável ao Estado Democrático  de  Direito.  Implausível,  portanto,  que  a  Impugnante,  na  condição  de  Fiscalizada,  tenha  "espontaneamente"  franqueado  seus  dados  bancários  à  Receita  Federal.  Se  assim  procedeu,  foi  em  razão  do  exercício  do  poder  COERCITIVO da Fiscalização.  Não  satisfeitos,  porém,  os  Fiscais  assumem,  às  fls.  14  do  processo que,  louvando­se no art. 6° da LC n.° 105/2001, regulamentado pelo  Decreto  n.°  3.724/2001.  quebraram  o  sigilo  bancário  da  Impugnante,  tendo  emitido Requisição de Informações  sobre Movimentação Financeira  ­RMF, às  instituições  financeiras  junto  às  quais  aquela  mantém  contas  correntes  e  investimentos.  A origem dessa violência  jurídica remonta ao  início de 2001. A  época,  o  Governo  Federal,  utilizando­se  do  seu  "rolo  compressor"  no  Congresso Nacional, conseguiu aprovar a Lei Complementar n° l05 cujo art. 6º  autoriza  a  quebra  administrativa  do  sigilo  bancário,  quando houver  processo  administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso.  Todo esse aparato legislativo destinava­se a conferir eficácia ao  famigerado artigo 42 da Lei n.° 9.430/96, que definiu odiosa presunção legal de  omissão  de  receita  a  partir  de  depósitos  bancários  "não  comprovados  com  documentação  hábil  e  idônea",  pura  e  simplesmente,  deturpando  de  forma  brutal o conceito de renda. Do ponto de vista prático, ditas normas literalmente  extinguiram o sigilo bancário no Brasil.  Felizmente,  o  Supremo  Tribunal  Federal  ­  guardião  da  nossa  Carta Magna ­ começa a reagir contra esta aberração, como se pode observar  em recente decisão proferida no STF, pelo Tribunal Pleno, no RE 389808, tendo  como Relator o Ministro MARCO AURÉLIO.  Portanto,  deve  ser  extinto  o  crédito  tributário,  vez  que  o  lançamento  de  ofício  representa  ofensa  á  segurança  jurídica  e  violar  preceptivos constitucionais.  Do Mérito. Não pode a Impugnante acatar a absurda imputação  da presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em total dissonância ao  conceito de renda definido e  interpretado pela mais abalizada doutrina e pela  Fl. 9140DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.141          6 jurisprudência, bem como utilizado expressamente na Constituição Federal. A  autoridade fiscal subverteu o princípio da verdade material, uma vez que, por  presunção simples, optou em constituir crédito tributário contra a Impugnante  com base em depósitos bancários.  O  Conceito  Tributário  de  Renda.  A  Constituição  e  o  CTN  determinam  que  nem  tudo  aquilo  que  seja  rotulado  de  "renda"  poderá  ser  objeto de incidência tributária, mas unicamente o fato que se amolde à hipótese  prevista em lei ­ princípio da reserva legal.  Em  regra,  o  CTN  delineou  como  hipótese  de  incidência  do  imposto  sobre  a  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza  a  disponibilidade  econômica  ou  jurídica  de  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza,  que  represente acréscimo patrimonial.  Por sua vez, o art. 110 do CTN estatui que "a lei tributária não  pode  alterar  a  definição,  o  conteúdo  e  o  alcance  de  institutos,  conceitos  e  formas  de  direito  privado,  utilizados,  expressa  e  implicitamente,  pela  Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas  do  Distrito  Federal  ou  dos Municípios,  para  definir  ou  limitar  competências  tributárias".  O fato é que, como regra geral, a Constituição Federal utilizou o  conceito de renda e proventos como acréscimo patrimonial, como renda líquida  ou lucro líquido, nos termos da lei comercial. Então, não há que se falar que o  Fisco pode estabelecer,  como  faz  in casu, o conceito de renda  tributável para  atingir depósitos bancários, sem fazer qualquer distinção e tributando inclusive  aqueles  que  representam  simples  transferência  de  quantias  já  oferecidas  à  tributação,  o  que  caracteriza  explícito  bis  in  idem.  Ou  seja,  inobstante  a  Contribuinte  não  ter  auferido  qualquer  acréscimo  tipificador  de  renda,  ainda  assim o Fisco  irá  tributar duas vezes, uma quando de  fato  se obteve a  renda,  outra simplesmente pelo mero trânsito do recurso em conta bancária.  E  verdade  que  o  artigo  43  do  CTN  foi  alterado  pela  Lei  Complementar  104/2001,  para  dar  abertura  proposital  ao  elastecimento  do  conceito de renda, porém, permanece o freio previsto na Constituição Federal.  Noé Winkler  leciona  que  "a  base  impositiva  vigente,  da  renda,  não  inclui  valores  patrimoniais  (capital),  mas  os  seus  frutos,  e  bem  assim  os  rendimentos do trabalho, ou da combinação de ambos, auferidos num período  de tempo. Também não se computam os acréscimos patrimoniais por doações,  heranças  e  legados,  e  sim  os  rendimentos  que  possam  produzir. Na  inclusão,  como  proventos,  dos  acréscimos  patrimoniais  sem  correspondência  com  os  rendimentos  declarados,  não  se  tributam  esses  acréscimos,  mas  sim,  por  presunção, os rendimentos não declarados que lhes deram origem".  E  continua o  renomado Ex­Diretor da Divisão de  Imposto de— Renda—da  Secretaria  da  Receita  Federal  dizendo  que  nos  "moldes  constitucionais,  a  capacidade  contributiva,  na  tributação  da  renda,  o  suporte  não  é  o  que  possui,  mas  o  que  se  sanha.  O  patrimônio  —  riqueza  num  determinado  momento  (fruto  da  renda  acumulada),  como  corolário  dessa  Fl. 9141DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.142          7 capacidade,  sob  outro  enfoque,  pode  pertencer  a  esfera  de  outro  Poder  Tributante  ­  o  Município,  por  exemplo,  no  caso  de  propriedade  predial  e  territorial urbana."  Há  que  se  observar  que  o  imposto  de  renda  não  incidirá  diretamente sobre essa renda obtida. O legislador ordinário, ao estipular a base  de cálculo do imposto, permite a dedução de despesas necessárias à percepção  da mesma. São aquelas despesas que incorrem para a obtenção daquela renda.  A alíquota do imposto irá incidir sobre uma base de cálculo, considerada uma  renda  líquida  (e  não,  total  como  ocorre  in  casu),  isto  é,  aquela  despida  das  despesas e deduções que o legislador ordinário permitiu obter.  Assim,  se  o  contribuinte  trabalha  com  compra  e  venda  de  veículos,  não  há  que  se  falar  em  renda  como  o  valor  recebido  pelo  carro  vendido, mas, sim, a diferença entre aquele pago e recebido pelo contribuinte.  Exemplificando: Se o contribuinte comprou um veículo no valor de R$50.000,00  e o vendeu por R$53.000,00, o imposto não deverá NUNCA incidir sobre os R$  53.000,00  recebidos,  porém  sobre  a  diferença  entre  o  preço  vendido  (R$53.000,00) e o anteriormente pago  (R$50.000,00), ou seja, apenas sobre o  importe de R$3.000,00.  O caso ora examinado é o mesmo de uma montadora de veículos  que ao "vender" para a concessionária se veja obrigada a pagar como Imposto  de Renda  o  valor  total  constante  da Nota Fiscal  e  não  aquele  diminuído  das  deduções legais. A base de cálculo do imposto de renda resulta de procedimento  complexo,  integrada  que  é  por  ingressos  e  saídas  de  recursos,  acréscimos  e  decréscimos  no  valor  intrínseco  de  bens,  tudo  computado  dentro  de  certo  período.  O método de  apuração  baseado apenas  em  extrato  bancários  e  no  fluxo  de  emissão  de  cheques  (depósitos  e  movimentação  de  cheques)  não  oferece  adequação  técnica  e  consistência  material  de  ordem  a  afastar  a  conjectura de simples presunção.  O  que  o  Fisco  está  fazendo  com  este  auto  de  infração  é  simplesmente  tributar  depósitos  bancários  como  se  os  mesmos,  por  si  sós,  fossem espécie de  "rendimento omitido". Desconsidera o Fisco que o  Imposto  sobre a Renda apenas incide sobre o ganho patrimonial resultante de confronto  entre  elementos  (ingressos  e  saídas)  verificados  ao  longo  de  um  determinado  período,  é  elastecer  o  conceito  de  renda,  o  que  certamente  será  considerado  ilegal  e  inconstitucional.  Utilizar­se  dos  extratos  bancários  como  se  cada  depósito  pudesse  ser  considerado  verdadeiro  lucro  líquido  é  tratar  os  iguais  desigualmente ou os desiguais igualmente (artigo 150, II da CF) e ainda utilizar  o  Imposto  de  Renda  como  meio  de  confisco  (violando  o  artigo  150,  IV  da  CF/88),  pois  se  estará  cobrando  25%  (vinte  e  cinco  por  cento)  em  relação  a  meros  depósitos  bancários  e  não  sobre  a  renda,  conforme  determina  a  Constituição Federal.  Requer  a  Impugnante,  portanto,  o  cancelamento  do  lançamento  efetuado.  Fl. 9142DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.143          8 Da Indevida Aplicação da Presunção Estabelecida no Art. 42 da  Lei  nº  9.430/1996.  A  Fiscalização  aplicou  a  presunção  legal  de  maneira  precipitada e abusiva, valendo­se apenas e tão­somente dos extratos bancários  da Impugnante. Apesar de terem pedido e recebido os livros Diário e Razão da  empresa, os auditores fiscais deles não se utilizaram, não investigaram nada e  não realizaram qualquer trabalho de pesquisa e análise dos registros contábeis.  Ou seja, simplesmente consideraram que os depósitos bancários não  tinham a  origem comprovada.  A  presunção  do  Fisco  de  que  todos  os  depósitos  efetuados  na  conta  corrente  da Contribuinte  são  efetivamente RECEITA/RENDA,  não  pode  nem  deve  prevalecer,  sob  pena  de  se  violar  o  artigo  V,  incisos  X  e  XII  da  Constituição Federal  (quebra do sigilo bancário  sem a  correspondente ordem  judicial autorizativa), o artigo 150, II da CF (tratar desigualmente os iguais ou  igualmente  os  desiguais  ­  dar  tratamento  desigual  a  contribuintes  que  se  encontrem em situação equivalente)  e o artigo 150,  IV da CF  (utilizar  tributo  com efeito de confisco).  Sobre  a  premissa  utilizada  como  fundamento  pela  Fiscalização  para lançar o IRPJ com base na presunção legal do art. 42 da Lei n.° 9.430/96,  lembra a Impugnante que a interpretação da legislação tributária se verifica de  forma peculiar. Na dúvida em face de circunstâncias materiais do fato, impõe­ se  a  observância  do  disposto  no  artigo  112  do  CTN,  que  dispõe  que  a  “lei  tributária  que  define  infrações,  ou  lhe  comina  penalidades,  interpreta­se  da  maneira mais  favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:“, na hipótese  do inc. II, “à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou  extensão dos seus efeitos”.  Ou seja, conclui­se que no Direito Tributário também prevalece  o princípio de que, na dúvida, se deve interpretar em favor do réu, inclusive em  conseqüência do princípio da estrita legalidade, que não admite dúvida sobre o  perfeito enquadramento do conceito do fato ao conceito da norma.  No  direito  tributário,  o  que  importa  são  as  provas  materiais,  válidas e objetivas, sendo que as presunções não só têm que estar autorizadas  por  lei, como também não podem ultrapassar os  limites  impostos pelo Código  Tributário  Nacional  quanto  aos  contornos  materiais  do  fato  gerador  da  obrigação tributária e dos elementos constitutivos que a caracterizam.  No  caso  concreto,  as  Autoridades  Fiscalizadoras  partiram  simplesmente  dos  lançamentos  em  conta  bancária,  para  considerar  todo  e  qualquer  valor  como  "renda  líquida  tributável".  De  forma  absolutamente  tendenciosa,  sem  qualquer  respaldo  fático  que  corroborasse  o  acréscimo  caracterizador  da  renda,  o  Fiscal  acabou  por  enquadrar  os  meros  depósitos  como omissão de receita.  Na  empresa  em  tela,  as  receitas  da  suas  atividades  estão  devidamente  registradas  na  contabilidade,  não  procedendo,  então,  qualquer  suspeita de evasão fiscal contra a Impugnante.  Fl. 9143DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.144          9 Não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há  no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da  suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco,  atribuída à Contribuinte.  Da Impossibilidade de Inversão do Ônus da Prova. Mesmo nas  hipóteses de quebra de  sigilo bancário,  exige­se,  para a  lavratura do auto de  infração,  que  o  Fisco  comprove  a  omissão  de  receita,  isto  é,  inadmissível  a  inversão  do  ônus  probatório,  no  sentido  de  que  o  contribuinte  deve  provar  a  inocorrência  da  citada  omissão.  Na  realidade,  cabe  à  Administração  Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto  e, repita­se, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos.  Vale  citar  o  artigo  "Imposto  de  Renda  ­  Quebra  de  Sigilo  Bancário  e Omissão  de Rendas  e Rendimentos"  do Professor Edmar Oliveira  Andrade Filho, Doutor  em Direito,  publicado na Revista Dialética  de Direito  Tributário,  n°  70,  de  julho  de  2001: "  São  inúmeras  as  circunstâncias  fáticas  jurídicas que podem revelar indícios de omissão de receitas, mas, em qualquer  caso,  a  exaustiva  investigação  é  necessária  e  imprescindível.  Só  os  autos  de  infração  bem  fundamentados  podem  resguardar  o  interesse  da  Fazenda  e  propiciar  a  concretização  do  princípio  constitucional  que  garante  o  contraditório e a ampla defesa, na forma do item LV do art. 5° da Constituição  Federal.  (...)  A  fiscalização  deve  apresentar  provas  sobre  a  natureza  da  eventual receita omitida. Assim, se os indícios indicarem que houve omissão de  receitas  decorrentes  da  venda  de  bens  ou  serviços,  cabe  à  autoridade  fiscalizadora  provar  quem  teria  sido  o  adquirente  dos  bens  ou  tomador  dos  serviços  eventualmente  prestados.  Em  caso  de  indícios  de  suprimento  de  numerário sem origem, é exigível que sejam reunidas provas sobre as pessoas  que  tenham  feito  esses  suprimentos  e  a  que  título  jurídico.  Quando  esses  requisitos não são observados o Conselho de Contribuintes tem determinado a  anulação do procedimento fiscal."  Dessa  forma,  é  de  se  concluir  que,  não  tendo,  a  fiscalização,  colhido os  efetivos meios de prova para a  verificação da alegada omissão de  receitas,  os  dados  decorrentes  da  quebra  do  sigilo  bancário  da  empresa  não  representam elementos bastantes a justificar a lavratura dos autos de infração  ora combatidos, motivo pelo qual há que ser reconhecida a  improcedência do  feito.  Da  Origem  e  Comprovação  da  Regularidade  dos  Depósitos  Bancários. A  Impugnante  anexa  a  esta  peça  de  defesa  planilhas  e  cópias  de  centenas de documentos,  visando à  comprovação da origem dos depósitos  em  suas contas bancárias.  Em síntese, os depósitos referem­se às seguintes operações:  a)  Transferências  entre  empresas  interligadas.  Pelo  fato  de  a  Impugnante  realizar  diversos  empreendimentos  de  incorporação  imobiliária  mediante constituição de SCPs e SPEs  (sociedades de propósito específico),  a  ela interligadas, em razão do ramo de atividades e de mesmos sócios, diversos  Fl. 9144DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.145          10 depósitos  bancários  justificam­se  como  transferência  de  numerário  entre  as  empresas.  b)  Transferências  entre  contas  correntes  diversas,  da  mesma  empresa.  São  transferências  entre  contas  correntes  de mesma  titularidade  do  Impugnante,  em  bancos  diferentes,  ou  entre  agências  diversas  de  mesma  instituição  financeira.  Cabe  frisar  que  a  empresa  possui  várias  contas  bancárias porque os  clientes buscam  financiar os  imóveis  adquiridos  junto às  instituições  com  as  quais  têm  relacionamento.  Por  via  de  conseqüência,  a  Impugnante é compelida a manter, igualmente, contas em diversos bancos.  c)  Devolução  de  cauções  oferecidas  em  lances  destinados  a  adquirir imóveis (lotes) por licitações. No Distrito Federal, a aquisição de lotes  para  implantação  de  prédios,  por  incorporação  imobiliária,  é  feita  mediante  licitações promovidas periodicamente pela TERRACAP. A Impugnante costuma  participar  desses  certames,  devendo  obrigatoriamente  oferecer  caução,  para  esse  fim,  conforme  exigido  no  edital.  Em  caso  de  sua  proposta  não  ser  vencedora, a TERRACAP faz devolução da caução, mediante depósito em conta  bancária do participante vencido.  d)  Recebimentos,  pela  Fiscalizada,  de  aportes  de  capital.  Na  qualidade  de  "sócia  ostensiva",  a  Impugnante  recebeu  diversos  aportes  de  capital, das demais "sócias participantes", realizados via depósitos bancários e  destinados  a  fazer  face  aos  custos  e  despesas  do  empreendimento  em  incorporação.  e)  Recebimentos,  sob  a  forma  de  devoluções,  via  depósito  bancário,  de  adiantamentos  efetuados  a  fornecedores.  No  ramo  de  sua  atividade, é comum que a incorporadora conceda adiantamentos a fornecedores  de materiais de construção, ou de prestação de serviços.  f)  Receita  de  Incorporações  de  imóveis,  em  operações  de  titularidade da própria Impugnante ou da sua atuação como sócia ostensiva  de SCPs ou  de SPEs.  Estes  depósitos  estão  comprovados  pela  documentação  ora anexada, referindo­se a operações de  incorporação  imobiliária realizadas  pela própria  Impugnante, ou dentro de  sua atuação à  frente de SCPs e SPEs.  Tais  valores  foram  DEVIDAMENTE  CONTABILIZADOS  e  têm  sua  origem  comprovada,  muito  embora  os  Autuantes  nem  mesmo  se  dignaram  a  fazer  a  conferência entre os documentos e a contabilidade da empresa. A rigor,  todas  essas receitas foram regularmente oferecidas à tributação, sendo que, no caso  do IRPJ e da CSLL, o regime tributário adotado pela Impugnante é o do lucro  presumido.  Observe­se, ainda, que, há situações em que a empresa "vendeu"  os  seus  ativos  (recebíveis),  decorrentes  de  comercialização  de  imóveis,  por  incorporação, a  instituições  financeiras,  as quais  lhe  repassaram os  recursos.  Nos registros contábeis, assim é retratado esse fato:  1. O cliente paga a parcela do imóvel à incorporadora (depósito  bancário), com recursos próprios, ou com financiamento bancário;  Fl. 9145DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.146          11 2. Imediatamente, o valor é debitado da conta da empresa, para  repasse ao banco que financiou o recebimento antecipado à empresa.  Da  Primeira  Incoerência  na  Apuração  dos  Tributos  Exigidos  no  Auto  de  Infração:  Ofensa  ao  Art.  146  do  CTN.  Mudança  de  Critério  Jurídico  do  Lançamento.  Ocorreu  grave  erro  cometido  pela  Fiscalização.  Trata­se  da  determinação  do  coeficiente  para  apurar  o  lucro  presumido.  Ignorando  a  atividade  precípua  da  empresa,  qual  seja,  “incorporação  de  imóveis”, a Fiscalização aplicou, para a determinação do  lucro presumido, o  percentual de 32%, enquanto o correto para o IRPJ seria de 8% e de 12% para  a CSLL.  Nos autos de  infração, não há qualquer menção ao  fundamento  legal  da  exigência  com  base  calculada  sobre  32%  da  suposta  “receita”  não  declarada. Ou os  fiscais  simplesmente  se equivocaram ou valeram­se da nova  redação do art. 24, da Lei nº 9.249/1995, introduzida pela Lei nº 11.941/2000, a  qual faculta a utilização do percentual mais elevado para fins de apuração da  base  de  cálculo  do  lucro  presumido.  Quanto  ao  alcance  da  norma,  impõe  destacar que a utilização do percentual legal mais elevado, dentre os aplicáveis  às atividades diversificadas, só será permitido se não for possível identificar a  que atividade se refere a receita omitida.  No  "Regulamento  do  Imposto  de  Renda  ­  ed.  2011,  anotado  e  comentado", os autores ­  todos especialistas e auditores egressos dos quadros  da  Receita  Federal  do  Brasil  ­  colocam  seus  pontos  de  vista  com  relação  à  citada omissão:  TRATAMENTO  DA  RECEITA  CONSIDERADA  OMITIDA  EM  CASO  DE  MOVIMENTAÇÃO  FINANCEIRA NÃO COMPROVADA.  O  valor  da  receita  considerada  omitida,  em  decorrência da presunção de que trata o art. 287 , será  acrescida  ao  lucro  real  declarado  ou  considerada  como base de cálculo para  fins de aplicação do  lucro  presumido  ou  arbitrado.  Claro  que  se  a  omissão  for  identificada como receita não decorrente da atividade  operacional da pessoa jurídica, no lucro presumido ou  arbitrado,  o  tratamento  será  o  dispensado  a  "outras  receitas  e  ganhos",  hipótese  em  que  o  valor  será  integralmente  tributado  pelo  imposto  de  renda,  sem  aplicação  dos  percentuais  de  presunção  ou  arbitramento. Mas isso não autoriza o Fisco, como tem  se  verificado  em  alguns  casos,  a  exigir  da  pessoa  jurídica  prova  de  que  a  receita  omitida  decorre  da  atividade operacional, pois essa é a regra implícita na  presunção legal. A prova de que a receita omitida não  decorre  das  atividades  da  empresa  está  a  cargo  do  fisco.  (FERREIRA,  Antonio  Airton  et  alii.  Regulamento  do  Imposto de Renda ­ Decreto n.° 3.000/1999 ­ Ed. 2011,  Fl. 9146DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.147          12 anotado e comentado. São Paulo, Fiscosoft Editora, p.  968).  Concernente às pretensas receitas omitidas, os fiscais não trazem  qualquer  prova  de  que  se  tratariam  de  outras  modalidades  de  recebimentos,  estranhos  à  atividade  principal  estabelecida  nos  atos  constitutivos  da  Impugnante.  Logo,  da  forma  como  lavrado,  o  lançamento  não  tem  como  se  sustentar.  Da Segunda Incoerência na Apuração dos Tributos: Ausência  de  Dedução,  do  PIS  e  da  Cofins  Exigidos  de  Ofício,  dos  Valores  Já  Declarados  em  DCTF.  A  Fiscalização  considerou,  na  apuração  do  IRPJ  e  CSLL lançados de ofício, os valores confessados em DCTF. Contudo, não levou  em  consideração  os  valores  confessados  de  PIS  e  Cofins,  razão  pela  qual  o  lançamento deve ser revisto.  Da  Imposição  de  Multa  Desarrazoada,  Desproporcional  e  Confiscatória. A penalidade de 75% fere o princípio da proporcionalidade, do  não­confisco, e da razoabilidade. Apenas nos casos de fraude inequívoca o STF  tem  admitido  medidas  punitivas  com  percentual  confiscatório,  o  que  não  ocorreu no caso em tela.  Dos Juros de Mora. É indevida a aplicação da  taxa SELIC aos  juros  de  mora,  pelos  motivos:  (1)  A  natureza  da  taxa  SELIC  é  de  índice  remuneratório,  condizente  com  operações  de  mercado  financeiro  e  não  com  encargos por atraso no pagamento de tributos, o que afronta a regra contida no  artigo  161  e  §l°do  Código  Tributário  Nacional;  (2)  Dado  que  a  taxa  SELIC  sequer  foi  instituída por  lei, no sentido preciso do  termo,  foram infringidos os  princípios constitucionais estampados no art. 5º,  II  e no art. 150,  I, ambos da  Constituição  Federal  de  1988;  e  (3)  A  taxa  SELIC  representa  autêntico  anatocismo, o que agride ao art. 192, § 3º da Constituição.  Dos Lançamentos Decorrentes. Aplicam­se todos os argumentos  relativos ao IRPJ para os lançamentos decorrentes de CSLL, PIS e Cofins.  A  turma  julgadora  a  quo  considerou­a  parcialmente  procedente,  tendo  sua  ementa recebido a seguinte redação:  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  RENDA  DE  PESSOA  JURÍDICA  ­  IRPJ  Ano­calendário: 2007, 2008  SIGILO  BANCÁRIO.  QUEBRA.  INOCORRÊNCIA.  PREVISÃO  LEGAL.  EMISSÃO  DE  RMF.  FORNECIMENTO  DE INFORMAÇÕES PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.  DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.  O  fornecimento  de  informações  pelas  instituições  financeiras  sobre  a  movimentação  do  sujeito  passivo,  na  forma  da  Lei  Complementar  nº.  105,  de  2001,  não  constitui  quebra  de  sigilo.  Trata­se de medida que prescinde de autorização judicial, quando  promovida  nos  termos  da  lei,  durante  procedimento  fiscal  em  Fl. 9147DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.148          13 curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o  exame  de  documentos,  livros  e  registros  de  instituições  financeiras.  CONTROLE  INCIDENTAL  DE  CONSTITUCIONALIDADE.  MODO DIFUSO. EFICÁCIA ENTRE AS PARTES.  Eventual  decisão  do  STF,  em  sede  de  controle  difuso  de  constitucionalidade,  tem  efeito  apenas  entre  as  partes,  ou  seja,  não beneficia terceiros não integrantes da lide.  EXTRATOS  BANCÁRIOS  APRESENTADOS  VOLUNTARIAMENTE.  IMPOSSIBILIDADE  DA  CONTRIBUINTE  EM  DISPONIBILIZAR  EM  MEIO  MAGNÉTICO.  EMISSÃO  DO  RMF  PARA  OBTENÇÃO  DE  DADOS  DIGITAIS.  INOCORRÊNCIA  DE  QUEBRA  DO  SIGILO BANCÁRIO.  Se  os  extratos  bancários  foram  fornecidos  voluntariamente,  em  papel,  pelo  próprio  contribuinte,  em  atendimento  às  intimações  efetuadas  pela  autoridade  tributária,  posterior  emissão  de  Requisição  de  Informação  Sobre  Movimentação  Financeira  ­  RMF,  solicitando  as  mesmas  informações  em  formato  digital,  diante da impossibilidade da fiscalizada em fornecer os dados em  meio magnético, não caracterizam quebra de sigilo bancário.  PRESUNÇÃO  LEGAL.  OMISSÃO  DE  RECEITAS.  NECESSIDADE  DE  COMPROVAÇÃO  DA  ORIGEM  DOS  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS.  INVERSÃO  DO  ÔNUS  DA  PROVA.   I ­ Presume­se ocorrida a omissão de receitas ou de rendimentos,  em  situação  no  qual  os  depósitos  bancários  indicando  a  movimentação  financeira  do  contribuinte  não  tiverem  a  origem  comprovada  pelo  titular,  mediante  a  devida  apresentação  de  documentação hábil e idônea no decorrer da ação fiscal.  II ­ Opera­se a inversão do ônus da prova, situação em que cabe  ao contribuinte desconstituir a presunção legal prevista no art. 42  da Lei nº 9.430, de 1996.  III ­ Na fase contenciosa, logrando a defesa demonstrar a origem  dos depósitos bancários e que as receitas não são tributáveis, cabe  ser afastada a presunção legal.  PRESUNÇÃO LEGAL. APRECIAÇÃO DE LEGALIDADE.  A presunção de omissão de  receitas  encontra­se prevista em  lei.  Nesse  contexto,  não  cabe  a  órgão  de  julgamento  administrativo  apreciar argüição de sua legalidade.  LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS OMITIDAS. ATIVIDADES  DIVERSIFICADAS.  COEFICIENTE  APLICADO  SOBRE  A  RECEITA BRUTA. PERCENTUAL MAIS ELEVADO.  No  caso  de  pessoa  jurídica  com  atividades  diversificadas,  não  sendo  possível  a  identificação  da  atividade  a  que  se  refere  a  Fl. 9148DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.149          14 receita  omitida,  esta  será  adicionada  àquela  que  corresponder  o  percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º).  DA  APLICAÇÃO  DA  MULTA  DE  OFÍCIO  DE  75%.  PREVISÃO LEGAL.  Efetuado  o  lançamento  de  ofício,  cabe  imposição  da  multa  proporcional de 75% sobre a  totalidade ou diferença de  imposto  ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento,  de falta de declaração e nos de declaração inexata.  DCTF. ESPONTANEIDADE. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.  Os  débitos  confessados  em  DCTF  encaminhadas  espontaneamente, antes do  início do procedimento fiscal, devem  ser considerados para compensar os valores de tributos apurados  pela Fiscalização a serem lançados de ofício.  CSLL.  PIS.  COFINS.  LANÇAMENTOS  COM  BASE  NO  MESMO FATO E MATÉRIA TRIBUTÁVEL.  O  decidido  em  relação  ao  IRPJ  estende­se  aos  lançamentos  de  CSLL, PIS e Cofins, vez que formalizados com base nos mesmos  elementos de prova e se referir à mesma matéria tributável.  Tal  decisão  exonerou  parcela  do  crédito  tributário  referente  a  transferências  bancárias entre contas do próprio contribuinte consideradas como receitas omitidas, bem como  em relação a valores de  tributos já confessados em DCTF quando do início do procedimento  fiscal. Em relação a tal parcela de crédito tributário, recorreu­se de ofício ao CARF.  O  contribuinte  foi  cientificado  da  decisão  em  10  de  julho  de  2012  (conforme  aviso de recebimento de fl. 4198), apresentando recurso voluntário de fls. 4198­5532 em 09 de  agosto de 2012.   Em apertada síntese, pode­se afirmar que o recurso reafirma os pontos tratados  em  impugnação.  O  único  ponto  adicional  diz  respeito  à  juntada  farta  documentação  (41  anexos) que comprovariam a origem dos depósitos considerados como receitas omitidas.  É o relatório.  Fl. 9149DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 10166.728246/2011­71  Resolução nº  1402­000.307  S1­C4T2  Fl. 9.150          15   Voto   Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator.  O recurso é  tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade.  Dele, portanto, tomo conhecimento.  Conforme  se  observa,  a  Recorrente  anexou  aos  autos  41  anexos  referentes  a  documentos que, em tese, comprovariam a origem de depósitos considerados como omissão de  receita por parte da autoridade autuante.  Esta turma firmou entendimento de que, a bem do princípio da verdade material,  documentos juntados aos autos até a data em que o processo foi incluído em pauta devem ser  analisados.  Nesse  contexto,  voto  por  converter  o  julgamento  em diligência,  retornando os  autos  à  unidade  de  origem  para  que  analise  a  documentação  acostada  em  sede  de  recurso  voluntário.  A autoridade fiscal deverá cotejar tais documentos com os depósitos bancários  considerados como receita omitida (art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996).  Nos  casos  que  se  considere  comprovada  a  origem,  deverá  o  responsável  pela  diligência verificar se tais rendimentos já foram oferecidos à tributação.  Ao  final,  deverá  a  autoridade  fiscal  elaborar  relatório  circunstanciado  em  que  fique  evidenciado,  com  base  nos  novos  elementos  trazidos  aos  autos,  se  houve  ou  não  comprovação de origem de depósitos  já considerados como receita omitida (art. 42 da Lei nº  9.430, de 1996). Em caso afirmativo, deverá a autoridade fiscal verificar se tais receitas foram  oferecidas  à  tributação  espontaneamente  pela  Recorrente,  discriminando,  mensalmente:  (i)  depósitos de origem comprovada que se referem a receitas e que foram oferecidos à tributação  pela  Recorrente;  (ii)  depósitos  de  origem  comprovada  que  se  referem  a  receitas  e  que  não  foram oferecidos à tributação.   A  autoridade  fiscal  poderá  apresentar  ainda  os  esclarecimentos  que  julgar  necessários  à  melhor  análise  dos  autos.  Ao  final,  a  Recorrente  deverá  ser  cientificada  do  resultado da diligência, abrindo­se prazo de 30 dias para que, querendo, manifeste­se sobre seu  conteúdo (art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011).  (assinado digitalmente)  FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator      Fl. 9150DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO

score : 1.0
5874019 #
Numero do processo: 13116.720769/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2010 RMF. ATRASO NO ATENDIMENTO. EXIGÊNCIA DE INFORMAÇÕES EM PAPEL. Se o procedimento fiscal, além de demandar arquivos digitais, também requer a apresentação de informações em papel, é regular a fixação de prazo de 20 (vinte) dias para atendimento à intimação. Verificado o atraso no seu cumprimento, a instituição financeira é punida com multa de 2% por mês ou fração de atraso, aplicada sobre o valor das operações objeto da requisição, quais sejam, os débitos e créditos a serem individualizados nos extratos requeridos, cuja quantificação pode se dar a partir dos valores previamente declarados ao Fisco pela instituição financeira.
Numero da decisão: 1101-001.280
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Antônio Lisboa Cardoso que negavam provimento ao recurso, e o Conselheiro Paulo Reynaldo Becari, que dava provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201503

camara_s : Primeira Câmara

ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2010 RMF. ATRASO NO ATENDIMENTO. EXIGÊNCIA DE INFORMAÇÕES EM PAPEL. Se o procedimento fiscal, além de demandar arquivos digitais, também requer a apresentação de informações em papel, é regular a fixação de prazo de 20 (vinte) dias para atendimento à intimação. Verificado o atraso no seu cumprimento, a instituição financeira é punida com multa de 2% por mês ou fração de atraso, aplicada sobre o valor das operações objeto da requisição, quais sejam, os débitos e créditos a serem individualizados nos extratos requeridos, cuja quantificação pode se dar a partir dos valores previamente declarados ao Fisco pela instituição financeira.

turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 13116.720769/2013-15

anomes_publicacao_s : 201503

conteudo_id_s : 5445193

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 1101-001.280

nome_arquivo_s : Decisao_13116720769201315.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : EDELI PEREIRA BESSA

nome_arquivo_pdf_s : 13116720769201315_5445193.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso, divergindo os Conselheiros Benedicto Celso Benício Júnior e Antônio Lisboa Cardoso que negavam provimento ao recurso, e o Conselheiro Paulo Reynaldo Becari, que dava provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.

dt_sessao_tdt : Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015

id : 5874019

ano_sessao_s : 2015

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:43 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705800933376

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2048; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­C1T1  Fl. 2          1 1  S1­C1T1  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  13116.720769/2013­15  Recurso nº               De Ofício  Acórdão nº  1101­001.280  –  1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  05 de março de 2015  Matéria  Multa Regulamentar ­ Atraso na apresentação de informações exigidas por  meio de Requisição de Movimentação Financeira  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  BANCO BVA S/A    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 2010  RMF. ATRASO NO ATENDIMENTO.   EXIGÊNCIA DE  INFORMAÇÕES EM PAPEL. Se  o  procedimento  fiscal,  além  de  demandar  arquivos  digitais,  também  requer  a  apresentação  de  informações  em papel,  é  regular  a  fixação de prazo de 20  (vinte) dias para  atendimento  à  intimação.  Verificado  o  atraso  no  seu  cumprimento,  a  instituição financeira é punida com multa de 2% por mês ou fração de atraso,  aplicada  sobre  o  valor  das  operações  objeto  da  requisição,  quais  sejam,  os  débitos  e  créditos  a  serem  individualizados  nos  extratos  requeridos,  cuja  quantificação  pode  se  dar  a  partir  dos  valores  previamente  declarados  ao  Fisco pela instituição financeira.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  voto  de  qualidade,  em  DAR  PROVIMENTO  ao  recurso,  divergindo  os  Conselheiros  Benedicto  Celso  Benício  Júnior  e  Antônio Lisboa Cardoso que negavam provimento ao recurso, e o Conselheiro Paulo Reynaldo  Becari, que dava provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o  presente julgado.    (documento assinado digitalmente)  MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO ­ Presidente.        AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 72 07 69 /2 01 3- 15 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 3          2 (documento assinado digitalmente)  EDELI PEREIRA BESSA ­ Relatora  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Marcos  Aurélio  Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice­presidente), Edeli  Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.  Fl. 107DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 4          3   Relatório  A 4a  Turma da DRJ/Belo Horizonte  submete  a  reexame necessário  decisão  que  declarou  PROCEDENTE  impugnação  interposta  contra  lançamento  formalizado  em  20/05/2013, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 20.934.608,52.  Consta da decisão recorrida o seguinte relato:  Trata­se  de  Auto  de  Infração  (doc  de  fls.  23/30)  para  exigência  de  multa  regulamentar,  no  valor  de  R$  20.934.608,32,  aplicada  em  razão  da  não  apresentação  dos  elementos  requisitados  por  meio  da  RMF  (Requisição  de  Informações sobre Movimentação Financeira) n° 0120200­2012­00030­2, no prazo  nela estipulado.  O detalhamento dos fatos ocorridos encontra­se no Auto de Infração, às fls. 25/27, e  os principais trechos serão transcritos a seguir:  Apesar de devidamente cientificado da Requisição de Informações sobre Movimentação  Financeira  –  RMF  nº  0120200­2012­00030­2  em  13/02/2013,  para  apresentação  de  extratos  de movimentação  de Conta­Corrente  (em meio magnético  e  em  papel),  bem  como da apresentação dos dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo ATAC  Participação e Agropecuária Ltda, CNPJ nº 02.816.598/0001­17, no prazo de 20 dias, o  contribuinte somente apresentou as informações solicitadas por meio de RMF, nos  termos  do  art.  6º  da  Lei  Complementar  nº  105,  de  10/01/2001,  em  30/04/2013,  portanto, após o prazo estabelecido, que se encerrou em 05/03/2013,  sujeitando­se  ao lançamento de ofício da multa prevista no Art. 31 da Lei nº 10.637 de 30/11/2002,  conforme transcrição abaixo:  (...)  Do cálculo da multa por não atendimento da RMF no prazo estabelecido:  Multa  de  2%  (dois  por  cento)  por  mês­calendário  ou  fração  de  atraso:  No  presente  lançamento  o  contribuinte  foi  cientificado  da  RMF  em  13/02/2013,  conforme  AR  juntados  aos  Autos,  assim,  o  prazo  para  prestar  as  informações  se  encerrou  no  dia  05/03/2013.  Considerando  que  somente  em  30/04/2013  houve  a  prestação  das  informações requeridas, serão consideradas as frações dos meses de março e abril para  determinação da alíquota da multa a ser aplicada, ou seja de 2% ao mês/fração x 2 = 4%  (Quatro por cento).  Valor  das  operações  objeto  da  requisição:  O  Banco  BVA  S.A  apresentou  à  Receita  Federal  do  Brasil  as  DIMOF  ­  Declarações  de  Informações  sobre  Movimentação  Financeira  nº  7409,  recebida  em  27/08/2010,  e  nº  9376,  recebida  em  22/02/2011,  referentes  à  movimentação  financeira  do  contribuinte  ATAC  Participação  e  Agropecuária  Ltda,  CNPJ  nº  02.816.598/0001­17,  durante  o  ano­calendário  2010.  Conforme relatório juntado aos autos, constam as movimentações a débito no valor de  R$  303.299.420,08  e  a  crédito  no  valor  de  R$  220.065.792,95,  perfazendo  uma  movimentação  financeira  no  valor  de  R$  523.365.213,03,  sendo  este  o  valor  das  operações objeto da requisição.   Adicionalmente,  na  resposta  à  RMF  apresentada  em  30/04/2013,  o  Banco BVA  S/A  apresentou os extratos bancários do sujeito passivo ATAC Participação e Agropecuária  Ltda contendo a movimentação financeira no ano­calendário 2010.  Cálculo da multa regulamentar: 4% x R$ 523.365.213,03 = R$ 20.934.608,52   (...)  Fato Gerador   Multa   Fl. 108DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 5          4 06/03/2013   20.934.608,52   Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 06/03/2013 e 06/03/2013:  Art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001  regulamentado pelo Decreto nº 3.724/2001  c/c art.31 da Lei nº 10.637/2002 (os destaques em negrito foram acrescentados)  Instruem  os  autos,  dentre  outros  documentos,  a  RMF  nº  0120200­2012­  00030­2,  emitida em 21/5/2012 (doc. de fls. 34).  Cientificada  em  20/5/2013,  conforme  atesta  o  doc.  de  fls.  55,  a  interessada  apresentou,  em  19/6/2013,  a  impugnação  de  fls.  65/75,  com  as  alegações  sintetizadas a seguir.  Inicialmente, informa que se encontra sob intervenção do Banco Central do Brasil  desde 19/10/2012. Em seguida, requer o cancelamento da exação por entender que  a base legal que fundamentou a penalidade, a saber, o art. 31 da Lei n° 10.637, de  2002,  teria sido tacitamente  revogado pelo art. 8º da Lei n° 12.766, de 2012, que  deu nova redação e alcance ao art. 57 da Medida Provisória n° 2.158­35, de 2001.  Sendo assim, por ocasião do lançamento (dia 16/5/2013) já vigia a nova norma, que  alterou o valor das multas e estipulou que o prazo fixado pela autoridade fiscal para  apresentação  das  informações  requeridas  nunca  poderia  ser  inferior  a  45  dias,  enquanto  no  caso  concreto,  estipulou­se  o  prazo  de  20  dias.  Subsidiariamente,  requer a aplicação do  instituto da retroatividade benigna, para a readequação da  penalidade aos novos patamares.  Acredita  que  o  art.  6º  da  LC  nº  105/2001,  citado  como  enquadramento  legal  da  infração,  não  contempla  a  aplicação  da  penalidade  por  simples  mora  na  apresentação das informações requeridas via RMF, pelo fato de mencionar apenas  a  falta  de  apresentação  dos  elementos  ou  sua  apresentação  de  forma  inexata  ou  incompleta.  Apresenta a distinção entre as hipóteses de inadimplemento absoluto da obrigação e  de inadimplemento relativo, situação na qual a autuada se enquadraria. Nesse caso,  caberia analisar se houve motivo que justificasse o atraso, se o atraso foi por prazo  razoável, tendo em vista as dificuldades apresentadas, ou se o prazo extrapolou os  limites da razoabilidade, diante das dificuldades concretas.  Relembra que à época da expedição da RMF, já se encontrava, há pouco tempo, sob  intervenção  do BACEN,  fato  que,  por  si  só,  já  demonstra  haver  uma  justificativa  razoável para o atraso no cumprimento da RMF. Lembra, ainda, ter havido recente  alteração de endereço.  Reitera  que  a  autoridade  administrativa  deve  adotar  necessariamente,  à  luz  da  razoabilidade e da proporcionalidade, um critério que avalie a existência, ou não,  de motivo justificado para o atraso, já que a lei não estabelece um prazo objetivo e  peremptório.  Cita  o  art.  7º  da  Portaria  SRF  n°  180,  de  2001,  que  estabeleceu  um  prazo  prorrogável para a prestação das informações e observa que o retardo injustificado  nessa  prestação  pode  acarretar,  inclusive,  repercussões  na  seara  penal,  como  ocorre com o parágrafo único do art. 10 da LC nº 105, de 2001.  Em seguida, cita e transcreve jurisprudência administrativa sobre a questão.  Pondera que, embora tenha levado 75 dias para prestar as informações requeridas,  não houve prejuízo ao andamento do procedimento fiscal  junto ao titular da conta  bancária  em  questão  ou  ao menos  nada  consta  neste  sentido,  inclusive  quanto  à  eventual perda do direito de constituir o crédito tributário.  Caso não sejam acatados os argumentos anteriores, requer a revisão da exigência,  pelo  fato  de  a  autoridade  fiscal,  embora  de  posse  dos  extratos  bancários,  ter  utilizado como base de cálculo as informações prestadas na transmissão da Dimof,  Fl. 109DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 6          5 a  fim  de  arbitrar  o  valor  das  operações  objeto  da  requisição.  Na  sequência,  transcreve o art. 2º da IN RFB n° 811, de 2008, que instituiu a Dimof, e pondera que  os  valores  apontados  nessa  declaração  não  refletem  com  exatidão  o  valor  das  operações do contribuinte, por incluírem diversas outras operações.  Na hipótese de serem acatados os dados da Dimof, adverte que a autuação padece,  ainda,  de outro  vício,  por  ter  sido  utilizada,  como base  de  cálculo da  infração, a  soma  de  débitos  e  de  créditos  informados  em  Dimof,  quando  deveriam  ter  sido  utilizados somente os créditos consignados na Dimof e jamais somados os débitos.  Por fim, sintetiza seu pedido do seguinte modo:  Ante o exposto, pede­se que a presente defesa seja conhecida e provida, nos seguintes  termos, de modo sucessivo:  a) para o  fim de se determinar o  cancelamento  integral da exigência  fiscal em  litígio,  haja  vista:  (i)  ausência  de  amparo  jurídico  que  a  justifique  (utilização  de  norma  revogada, atraso justificado e cumprimento da obrigação antes da lavratura do auto de  infração); (íi) utilização de prazo incorreto para cumprimento da requisição (20 dias ao  invés de 45 dias); (iü) erro na fonte de dados para obtenção da base de cálculo (dados da  Dimof ao invés dos dados dos extratos bancários);  b) na eventualidade do não provimento integral da impugnação, o cancelamento parcial  da exigência, nos seguintes termos:  b1) aplicação da penalidade R$ 1.000,00 por mês­calendário de atraso, nos  termos do  art. 57 da MP 2.158­35/2001, com a redação dada pelo art. 8º da Lei n° 12.766/2012,  c/c art. 106, II, c, do CTN (retroatividade benigna);  b2) em caso do não acolhimento do disposto no item "b1", cancelando­se parcialmente  a penalidade aplicada, por meio da exclusão da base de cálculo da exação do montante  dos débitos informados em Dimof.  É o relatório.  A  Turma  julgadora  afastou  a  exigência  com  fundamento  no  que  assim  exposto na ementa do acórdão:  ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS   Data do fato gerador: 06/03/2013   RMF.  PRAZO  PARA  ENTREGA  DE  INFORMAÇÕES  EM  ARQUIVOS  DIGITAIS DURANTE O PROCEDIMENTO FISCAL.  O procedimento fiscal que demande arquivos digitais ou determine que sejam  prestados  esclarecimentos  sobre  eles  deve,  necessariamente,  respeitar  o  prazo  mínimo  de  quarenta  e  cinco  dias,  concedido  para  a  entrega  das  informações exigidas, nos termos do inciso II do art. 57 da MP nº 2.158­35,  de 2001, com a redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012.  RMF.  PRAZO  PARA  ATENDIMENTO.  MULTA  REGULAMENTAR.  DESCABIMENTO.  É incabível a multa pela falta de apresentação dos elementos requisitados na  RMF quando esta deixe de observar o prazo mínimo para a apresentação de  informações, previsto na legislação.  Como o crédito tributário superou o limite fixado na Portaria MF nº 3/2008, a  decisão foi submetida a reexame necessário.     Fl. 110DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 7          6 Voto             Conselheira EDELI PEREIRA BESSA  A  aplicação  da  penalidade  em  debate  está  fundamentada  nos  seguintes  dispositivos legais:  Lei Complementar nº 105, de 2001:  Art.  6o As  autoridades  e  os  agentes  fiscais  tributários  da União,  dos Estados,  do  Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos,  livros e  registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e  aplicações  financeiras,  quando  houver  processo  administrativo  instaurado  ou  procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela  autoridade administrativa competente.   Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se  refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária.  Lei nº 10.637, 2002:  Art. 30. [...]   § 2o As multas de que trata este artigo serão:  I ­ apuradas considerando o período compreendido entre o dia seguinte ao término  do prazo fixado para a entrega da declaração até a data da efetiva entrega;   II  ­  majoradas  em  100%  (cem  por  cento),  na  hipótese  de  lavratura  de  auto  de  infração.  §  3o  Na  hipótese  de  lavratura  de  auto  de  infração,  caso  a  pessoa  jurídica  não  apresente a declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua  efetiva entrega.  Art.  31.  A  falta  de  apresentação  dos  elementos  a  que  se  refere  o  art.  6o  da  Lei  Complementar  no  105,  de  10  de  janeiro  de  2001,  ou  sua  apresentação  de  forma  inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica à multa equivalente a 2% (dois por  cento)  do  valor  das  operações  objeto  da  requisição,  apurado  por  meio  de  procedimento  fiscal  junto  à  própria  pessoa  jurídica  ou  ao  titular  da  conta  de  depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros, por mês­calendário ou  fração de atraso, limitada a 10% (dez por cento), observado o valor mínimo de R$  50.000,00 (cinqüenta mil reais).  Parágrafo único. À multa de que trata este artigo aplica­se o disposto nos §§ 2o e 3o  do art. 30.  O  Decreto  nº  3.724/2001,  também  citado  na  fundamentação  legal  da  exigência,  disciplina,  dentre  outros  aspectos,  a  forma  para  requisição  das  informações  às  instituições financeiras:  Art.2oOs  procedimentos  fiscais  relativos  a  tributos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  serão  executados,  em  nome  desta,  pelos  Auditores­Fiscais  da  Receita  Federal  do  Brasil  e  somente  terão  início  por  força  de  ordem  específica  denominada Mandado  de Procedimento  Fiscal  (MPF),  Fl. 111DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 8          7 instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada  pelo Decreto nº 6.104, de 2007).  [...]  §5oA Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio de servidor ocupante  do cargo de Auditor­Fiscal da Receita Federal do Brasil, somente poderá examinar  informações  relativas  a  terceiros,  constantes  de  documentos,  livros  e  registros  de  instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a  contas  de  depósitos  e  de  aplicações  financeiras,  quando  houver  procedimento  de  fiscalização  em  curso  e  tais  exames  forem  considerados  indispensáveis.  (Redação  dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007).  [...]  Art.3oOs  exames  referidos  no  §  5o  do  art.  2o  somente  serão  considerados  indispensáveis  nas  seguintes  hipóteses:  (Redação  dada  pelo Decreto  nº  6.104,  de  2007).  [...]  Art.4oPoderão requisitar as informações referidas no § 5o do art. 2o as autoridades  competentes para expedir o MPF. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007).  [...]  §7o Na RMF deverão constar, no mínimo, o seguinte:  I ­ nome ou razão social do sujeito passivo, endereço e número de inscrição no CPF  ou no CNPJ;  II ­ número de identificação do MPF a que se vincular;  III ­ as informações requisitadas e o período a que se refere a requisição;  IV ­ nome, matrícula e assinatura da autoridade que a expediu;  V ­ nome, matrícula e endereço funcional dos Auditores­Fiscais da Receita Federal  responsáveis pela execução do MPF;  VI ­ forma de apresentação das informações (em papel ou em meio magnético);  VII ­ prazo para entrega das informações, na forma da legislação aplicável;  VIII ­ endereço para entrega das informações;  IX ­ código de acesso à Internet que permitirá à instituição requisitada identificar a  RMF.  §8oA expedição da RMF presume indispensabilidade das informações requisitadas,  nos termos deste Decreto.   Art.5o As informações requisitadas na forma do artigo anterior:  I ­ compreendem:  a) dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo;  b) valores, individualizados, dos débitos e créditos efetuados no período;  II ­ deverão:  a) ser apresentadas, no prazo estabelecido na RMF, à autoridade que a expediu ou  aos  Auditores­Fiscais  da  Receita  Federal  responsáveis  pela  execução  do  MPF  correspondente;  b) subsidiar o procedimento de fiscalização em curso, observado o disposto no art.  42 da Lei nº 9.430, de 1996;  Fl. 112DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 9          8 c)  integrar  o  processo  administrativo  fiscal  instaurado,  quando  interessarem  à  prova do lançamento de ofício.  [...] (negrejou­se)  A  Requisição  de  Movimentação  Financeira  dirigida  à  interessada  exigia  a  apresentação  de  dados  constantes  da  ficha  cadastral  do  sujeito  passivo  e  extrato  de  movimentação  de  conta­corrente  em  papel  e  em  meio  magnético,  todos  referentes  ao  ano­ calendário 2010. Fixou­se o prazo de 20 (vinte) dias para entrega e, como a primeira tentativa  de  ciência  foi  desqualificada  pela  própria  Fiscalização,  afirmou­se  que  a  contribuinte  foi  cientificada  da  exigência  em  13/02/2013,  atendendo­a  apenas  em  30/04/2013,  depois  de  expirado o prazo para tanto, em 05/03/2013.  A decisão sob reexame cancelou integralmente a exigência com fundamento  nas razões assim expostas no voto condutor do julgado:  De  início,  a  defesa  alega  que  a  Lei  nº  12.766,  de  27  de  dezembro  de  2012,  teria  revogado tacitamente o art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002, notadamente quanto ao  prazo  para  apresentação das  informações  requeridas,  que  nunca  poderia  ter  sido  inferior a quarenta e cinco dias.  O  art.  8º  da  Lei  nº  12.766,  de  2012,  que  deu  nova  redação  à Medida Provisória  (MP) nº 2158­35, de 24 de agosto de 2001, assim estabelece:  Lei nº 12.766, de 2012   Art. 8o O art. 57 da Medida Provisória no 2.158­35, de 24 de agosto de 2001, passa a  vigorar com a seguinte redação:  “Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração,  demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779,  de  19  de  janeiro  de  1999,  ou  que  os  apresentar  com  ou  omissões  será  intimado  para  apresentá­los ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela Secretaria da  Receita Federal do Brasil e sujeitar­se­á às seguintes multas:  I ­ por apresentação extemporânea:  a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês­calendário ou fração, relativamente às pessoas  jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido;  b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês­calendário ou fração, relativamente às  pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada,  tenham apurado lucro real ou  tenham optado pelo autoarbitramento;  II  ­ por não atendimento à  intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil,  para apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar  esclarecimentos,  nos  prazos  estipulados  pela  autoridade  fiscal,  que  nunca  serão  inferiores a 45 (quarenta e cinco) dias: R$ l.000,00 (mil reais) por mês­calendário;  III ­ por apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital com informações  inexatas, incompletas ou omitidas: 0,2% (dois décimos por cento),  não inferior a R$ 100,00 (cem reais), sobre o faturamento do mês anterior ao da entrega  da  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  equivocada,  assim  entendido  como  a  receita decorrente das vendas de mercadorias e serviços.  §  1o  Na  hipótese  de  pessoa  jurídica  optante  pelo  Simples  Nacional,  os  valores  e  o  percentual  referidos  nos  incisos  II  e  III deste  artigo  serão  reduzidos  em 70%  (setenta  por cento).  § 2o Para  fins do disposto no  inciso  I,  em relação às pessoas  jurídicas que,  na última  declaração,  tenham  utilizado  mais  de  uma  forma  de  apuração  do  lucro,  ou  tenham  realizado algum evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que  trata a alínea b do inciso I do caput.  Fl. 113DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 10          9 §  3o  A  multa  prevista  no  inciso  I  será  reduzida  à  metade,  quando  a  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digital  for  apresentado  após  o  prazo,  mas  antes  de  qualquer procedimento de ofício.” (NR) (destaques acrescentados)  Por sua vez, assim disciplina o art. da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999.  Lei nº 9.779, de 1999   Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias  relativas aos  impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo,  inclusive,  forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável.  Das normas legais transcritas, verifica­se que o art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002,  aplicado  ao  caso  vertente,  trata  do  descumprimento  de  obrigações  específicas  (livros  e  registros  de  instituições  financeiras)  contidas  na  própria  lei,  enquanto  o  inciso II do atual art. 57 da MP nº 2.158­35, de 2001, com a redação dada pela Lei  nº 12.766, de 2012, sanciona, em sentido amplo, as condutas pela falta de entrega  de  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digitais.  Assim,  verifica­se  a  ocorrência  de  antinomia  entre  uma  norma  específica  e  outra  geral,  ambas  de  mesmo nível hierárquico.  Ora,  se  o  legislador  alterou  a  norma  genérica,  mas  manteve  incólume  a  mais  específica, quando poderia tê­la revogado, não seria isonômico deixar de aplicar a  específica para a declaração específica. Desse modo, a penalidade prevista no art.  31 da Lei nº 10.637, de 2002, continua vigente.  Contudo, embora não tenha havido revogação do art. 31 da Lei nº 10.637, de 2002,  caso  o  procedimento  fiscal  demande  arquivos  digitais  ou  determine  que  sejam  prestados  esclarecimentos  sobre  eles,  prevalece  o  prazo  de  quarenta  e  cinco  dias  para a entrega de informações, concedido pela norma geral.  Para  melhor  compreensão  da  questão,  reproduz­se  a  seguir  excerto  do  Parecer  Normativo  nº  3,  de  10  de  junho  de  2013  (disponível  da  internet,  em  www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/PareceresNormativos/2013/parecer0320 13.htm), emitido com a finalidade de analisar as consequências da nova redação do  art. 57 da MP nº 2.158­35, de 2001, dada pela Lei nº 12.766, de 2012:  (ii) Como interpretar o prazo de quarenta e cinco dias a que se refere o inciso II da atual  redação do art. 57?  5. Quanto  ao  prazo  definido  no  inciso  II  do  atual  art.  57  da MP  nº  2158­35,  de  2001,  (45 dias), conforme a  regra­matriz contida no quadro do  item 4, ele  tem como  único objetivo delimitar o aspecto temporal da multa da Lei nº 12.766, de 2012, ou  seja, ele não se aplica a quaisquer outras  situações da RFB que não a entrega de  arquivos digitais ou a prestação de esclarecimentos sobre eles. A permissão geral  de  a  RFB  dispor  sobre  prazos  para  o  cumprimento  de  obrigações  acessórias  contida no art. 16 da Lei nº 9.779, de 1991, subsiste. A sua menção no caput do art.  57  da MP  nº  2158­35,  de  2001,  teve  por  objetivo  simplesmente  dar  a  base  legal  de  exigência  da  obrigação  acessória  específica,  não  tendo  o  condão  de  extrapolar  o  prazo  a  situações  outras  que não  a  prevista  no  caput do novo art.  57  da MP nº  2.158­35, de 2001. (Retificado no DOU de 15/07/2013, Seção 1, pág. 127)  5.1.  Esse  prazo  de  quarenta  e  cinco  dias  é  meramente  o  aspecto  temporal  da  regra­ matriz da nova multa, subordinada ao aspecto material (deixar de apresentar, nos prazos  fixados,  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digital  ou  para  prestar  esclarecimentos),  e  não  se  aplica  para  a  intimação  para  apresentar  recibo  ou  comprovante  de  entrega  ou  número  de  identificação  dos  arquivos  digitais,  desde  que  não implique prestar esclarecimentos.  5.2. Analisa­se o prazo de que trata o art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de  1958, na redação dada pela MP nº 2.158­35, de 2001, também encontrado no art.  34 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. A redação da Lei é a seguinte:  Fl. 114DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 11          10 Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito  passivo  para,  no  prazo  de  vinte  dias,  apresentar  as  informações  e  documentos  necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário  constituído. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158­ 35, de 2001)  § 1º Nas  situações em que as  informações e documentos  solicitados digam respeito a  fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo,  ou  em  declarações  apresentadas  à  administração  tributária,  o  prazo  a  que  se  refere  o  caput será de cinco dias úteis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158­35, de 2001)  § 2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 44, §§ 2º e 5º, da Lei nº 9.430,  de  1996,  o  desatendimento  a  intimação  para  apresentar  documentos,  cuja  guarda  não  esteja sob a responsabilidade do sujeito passivo, bem assim a impossibilidade material  de seu cumprimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158­35, de 2001)  5.2.1 O dispositivo acima transcrito trata de procedimento para o início da fiscalização.  É a situação em que ela exige, no prazo de vinte dias, a apresentação de informações e  documentos necessários ao procedimento fiscal.  Segundo o § 1º, se os  fatos estiverem registrados na escrituração contábil ou  fiscal, o  prazo é reduzido para cinco dias úteis.  5.2.2. O prazo tratado no item 5 derroga o prazo definido no art. 19 da Lei nº 3.470, de  1958, em relação à apresentação de declaração, demonstrativo ou escrituração digital,  ou  à  prestação  de  esclarecimentos  sobre  eles. Caso o  procedimento  fiscal  demande  tais arquivos digitais ou determine que sejam prestados esclarecimentos, para eles  deverá ser dado o prazo de quarenta e cinco dias. Note­se que se a fiscalização tiver  outros  esclarecimentos  ou  documentos  que  não  se  enquadrem  naqueles  descritos  na  nova redação do art. 57 da MP nº 2158­35, de 2001, continua prevalecendo o prazo de  vinte dias para esses outros esclarecimentos ou documentos.  5.2.3.  Tal  conclusão  decorre  de  uma  interpretação  sistêmica  da  norma.  Apesar  de  se  tratar de um prazo do procedimento fiscal de fiscalização, a existência de uma norma de  conduta só tem eficácia se houver uma norma sancionatória. De nada adiantaria intimar  o sujeito passivo a apresentar os arquivos no prazo de cinco dias úteis (§ 1º), se o seu  descumprimento  enseja  a  aplicação  da multa  do  novo  art.  57  da MP  nº  2.158­35,  de  2001. E, para se configurar o fato gerador no mundo fenomênico, todos os aspectos da  hipótese abstrata da regra­matriz da multa devem ocorrer. Dentre esses aspectos, há o  temporal,  que  exige  uma  intimação  para  apresentar  a  documentação  no  prazo  mínimo  de  quarenta  e  cinco  dias.  Se  essa  intimação  com  esse  prazo  não  ocorre,  tampouco ocorre o fato gerador da multa. A norma de conduta se tornaria inócua.  5.2.4. Se o registro se der em escrituração contábil ou fiscal física, aplica­se o prazo de  cinco dias úteis do § 1º.  5.2.5. Seguindo o mesmo raciocínio que consta do  item 5.1, a exigência de  recibo ou  comprovante  de  entrega  é  distinto  de  exigir  o  arquivo  ou  o  esclarecimento  de  determinada questão. Nessa situação continua aplicando­se o prazo de 20 dias a que se  refere o caput.  5.3. O prazo de quarenta e cinco dias serve apenas para a situação em que se exige  a  apresentação  de  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digital  ou  para  prestar  esclarecimentos  feitos  pela  autoridade  fiscal.  Não  há  consequência  nos  prazos ordinários de entrega de arquivos digitais  contidos em ato normativo  (legal ou  infralegal). Não ocorrendo nenhuma intimação, continua vigente toda a sistemática dos  prazos para entrega desses arquivos, que podem ensejar a cobrança da multa do inciso I  do art. 57 da MP nº 2.158­35, de 2001, pelo atraso na entrega.  5.4. A  intimação  para  apresentar os  arquivos digitais  ou prestar  esclarecimentos deve  ser no mínimo de quarenta e cinco dias. Caso esse prazo não seja cumprido e seja feita  uma  reintimação,  ela  não precisa  ser de quarenta  e  cinco  dias. Pode  ser de um prazo  inferior. O importante é que o prazo em conjunto seja superior a quarenta e cinco  dias. A propósito, em caso de reintimação, aplica­se à multa do novo art. 57 da MP nº  2158­35, de 2001, as mesmas conclusões da Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit nº  20, de 13 de setembro de 2012:  Fl. 115DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 12          11 Quando  o  sujeito  passivo  cumpre  a  reintimação  para  apresentar  arquivos  digitais,  mesmo  que  não  tenha  cumprido  a  intimação  original,  não  incide  a  multa  do  art.  12,  inciso III, da Lei nº 8.218, de 1991.  Nos casos em que não sejam apresentados os arquivos, ou os sejam intempestivamente  à intimação originária sem ter havido reintimação, incide a multa em tela.  Havendo  a  reintimação,  e  ela  também  seja  descumprida,  incide  a  multa,  cujo  termo  inicial para calculá­la é a última intimação.  5.5. Logo, o prazo de 45 dias do inciso II do art. 57 da MP nº 2158­35, de 2001, é o  aspecto temporal da multa do caput desse artigo, aplicando­se apenas à intimação  para  apresentar arquivos digitais ou para prestar  esclarecimentos  sobre  eles.  (os  destaques não são do original)  Para o caso em tela, a autoridade requisitante intimou a contribuinte a apresentar  os extratos de movimentação de conta­corrente “em meio magnético” em vinte dias,  quando,  de  acordo  com  o  Parecer  transcrito,  deveria,  necessariamente,  ter  concedido pelo menos o prazo de quarenta e cinco dias, previsto no inciso II do art.  57 da MP nº 2.158­35, de 2001, com a redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012.  Embora  dentre as  informações  requisitadas  pela RMF nº  0120200­2012­  00030­2  (doc. de fls. 34) constem ainda “dados constantes da ficha cadastral” (em papel) e  “extratos  de movimentação  de  conta­corrente”  (em  papel),  elementos  que  não  se  enquadram naqueles descritos na nova redação do art. 57 da MP nº 2.158­35, de  2001, e para os quais seria lícito fixar o prazo de vinte dias, o fato de não ter sido  observado  o  prazo  mínimo  de  quarenta  e  cinco  dias  para  a  apresentação  do  “extrato  de  movimentação  financeira  de  conta­corrente  (em  meio  magnético)”  compromete e macula todo o procedimento fiscal.  Assim, por não  ter atendido aos ditames  legais, considera­se  inválida a  intimação  efetuada  por  meio  da  RMF  nº  0120200­2012­00030­2,  que  desrespeitou  o  prazo  mínimo garantido ao contribuinte. Nesse caso, há que se reconhecer a inocorrência  do  fato  gerador  da multa  regulamentar  pela  falta  de  apresentação dos  elementos  requisitados  no  prazo  estabelecido,  devendo  ser  cancelado  o  lançamento  impugnado, em sua integralidade.  Quanto  aos  demais  argumentos  apresentados  pela  defesa,  torna­se  desnecessário  apreciá­los,  por  perda  de objeto,  tendo  em vista  a  improcedência  do  lançamento,  aferida de ofício.  Inicialmente  importa  ter  em  conta  o  que  antes  dizia  o  art.  57  da  Medida  Provisória nº 2.158­35/2001, alterado pela Lei nº 12.766/2012:  Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art.  16 da Lei nº 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades:  I  ­  R$  5.000,00  (cinco  mil  reais)  por  mês­calendário,  relativamente  às  pessoas  jurídicas  que  deixarem de  fornecer,  nos  prazos  estabelecidos,  as  informações ou  esclarecimentos solicitados;  II ­ cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações  comerciais  ou  das  operações  financeiras,  próprias  da  pessoa  jurídica  ou  de  terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação  omitida, inexata ou incompleta.  Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores  e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento.  Referido  dispositivo  legal  especificava  genericamente  as  penalidades  aplicáveis  em  caso  de  descumprimento  de  obrigações  acessórias  criadas  pela  Secretaria  da  Fl. 116DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 13          12 Receita Federal com base na competência que lhe foi atribuída pelo art. 16 da Lei nº 9.779/99,  qual seja, dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela  administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o  respectivo responsável.  Ao lado daquela norma genérica, várias outras foram criadas e associadas a  penalidades  em  razão  do  descumprimento  de  obrigações  acessórias  específicas,  consoante,  inclusive, demonstrado no Parecer Normativo nº 3/2013, citado na decisão sob reexame:  6.2. É de se questionar se houve revogação tácita dos arts. 7º e 8º da Lei nº 10.426,  de 24 de abril de 2002, na redação dada pelas Leis nºs 11.051, de 2004, 11.727, de  2008, e 11.941, de 2009, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, do  art.  32­A  da  Lei  nº  8.212,  de  24  de  julho  de  1991,  na  redação  dada  pela  Lei  nº  11.941, de 2009; do art. 7º da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, do inciso II  do art. 9º da Lei nº 11.371, de 28 de novembro de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº  11.033, de 21 de dezembro de 2004, pelo novo art. 57 da MP nº 2.158­35, de 2001.  Segue a redação dos dispositivos:  Lei nº 10.426, de 2002:  Art.  7º  O  sujeito  passivo  que  deixar  de  apresentar  Declaração  de  Informações  Econômico­Fiscais  da  Pessoa  Jurídica  ­  DIPJ,  Declaração  de  Débitos  e  Créditos  Tributários Federais  ­ DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração  de  Imposto  de  Renda  Retido  na  Fonte  ­  DIRF  e  Demonstrativo  de  Apuração  de  Contribuições  Sociais  ­  Dacon,  nos  prazos  fixados,  ou  que  as  apresentar  com  incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não­ apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela  Secretaria da Receita Federal ­ SRF, e sujeitar­se­á às seguintes multas:(Redação dada  pela Lei nº 11.051, de 2004)  I  ­  de  dois  por  cento  ao  mês­calendário  ou  fração,  incidente  sobre  o  montante  do  imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago,  no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo,  limitada a vinte  por cento, observado o disposto no § 3º;  II  ­  de  dois  por  cento  ao  mês­calendário  ou  fração,  incidente  sobre  o  montante  dos  tributos  e  contribuições  informados  na  DCTF,  na Declaração  Simplificada  da  Pessoa  Jurídica ou  na Dirf,  ainda que  integralmente pago, no  caso de  falta de  entrega destas  Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto  no § 3º;  III ­ de 2% (dois por cento) ao mês­calendário ou fração, incidente sobre o montante da  Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda  que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o  prazo,  limitada  a  20%  (vinte  por  cento),  observado  o  disposto  no  §  3odeste  artigo;  e(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004)  IV  ­ de R$ 20,00 (vinte  reais) para cada grupo de 10  (dez)  informações  incorretas ou  omitidas.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)  § 1 Para efeito de aplicação das multas previstas nos  incisos  I,  II  e  III do caput deste  artigo,  será  considerado  como  termo  inicial  o  dia  seguinte  ao  término  do  prazo  originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva  entrega  ou,  no  caso  de  não­apresentação,  da  lavratura  do  auto  de  infração.(Redação  dada pela Lei nº 11.051, de 2004)  § 2 Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas:  I­ à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer  procedimento de ofício;  II­ a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado  em intimação.  Fl. 117DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 14          13 § 3º A multa mínima a ser aplicada será de:(Vide Lei nº 11.727, de 2008)  I  ­ R$  200,00  (duzentos  reais),  tratando­se  de  pessoa  física,  pessoa  jurídica  inativa  e  pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto naLei nº9.317, de 1996;  II ­ R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos.  §4ºConsiderar­se­á  não  entregue  a  declaração  que  não  atender  às  especificações  técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita Federal.  §5ºNa hipótese do § 4º, o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no  prazo de dez dias, contados da ciência à  intimação, e sujeitar­se­á à multa prevista no  inciso I do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º.  §  6o  No  caso  de  a  obrigação  acessória  referente  ao  Demonstrativo  de  Apuração  de  Contribuições  Sociais  –  DACON  ter  periodicidade  semestral,  a  multa  de  que  trata  o  inciso  III  do  caput  deste  artigo  será  calculada  com  base  nos  valores  da Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  –  COFINS  ou  da  Contribuição  para  o  PIS/Pasep,  informados  nos  demonstrativos  mensais  entregues  após  o  prazo.(Incluído  pela Lei nº 11.941, de 2009)  Lei nº 10.637, de 2002:  Art.  30.  A  falta  de  prestação  das  informações  a  que  se  refere  o  art.  5º  da  Lei  Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, ou sua apresentação de forma inexata  ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica às seguintes penalidades:  I ­ R$ 50,00 (cinqüenta reais) por grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou  omitidas;  II ­ R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês­calendário ou fração, independentemente da  sanção prevista no inciso I, na hipótese de atraso na entrega da declaração que venha a  ser instituída para o fim de apresentação das informações.  § 1º O disposto no inciso II do caput aplica­se também à declaração que não atenda às  especificações  que  forem  estabelecidas  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  inclusive  quando exigida em meio digital.  § 2º As multas de que trata este artigo serão:  I  ­ apuradas considerando o período compreendido entre o dia seguinte ao  término do  prazo fixado para a entrega da declaração até a data da efetiva entrega;  II ­ majoradas em 100% (cem por cento), na hipótese de lavratura de auto de infração.  § 3º Na hipótese de lavratura de auto de infração, caso a pessoa jurídica não apresente a  declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua efetiva entrega.  Lei nº 8.212, de 1991:  Art. 32­A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV  do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou  omissões  será  intimado  a  apresentá­la  ou  a  prestar  esclarecimentos  e  sujeitar­se­á  às  seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009)  I  ­  de  R$  20,00  (vinte  reais)  para  cada  grupo  de  10  (dez)  informações  incorretas  ou  omitidas; e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009)  II  ­ de 2% (dois por cento) ao mês­calendário ou  fração,  incidentes  sobre o montante  das  contribuições  informadas,  ainda  que  integralmente  pagas,  no  caso  de  falta  de  entrega  da  declaração  ou  entrega  após  o  prazo,  limitada  a  20%  (vinte  por  cento),  observado o disposto no § 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de  maio de 2009)  § 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será  considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega  da  declaração  e  como  termo  final  a  data  da  efetiva  entrega  ou,  no  caso  de  não­ apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento.  (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009)  Fl. 118DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 15          14 §  2º Observado  o  disposto  no  §  3º  deste  artigo,  as multas  serão  reduzidas:  (Redação  dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009)  I ­ à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer  procedimento de ofício; ou (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009)  II ­ a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo  fixado em intimação.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009)  § 3º A multa mínima a ser aplicada será de:  I ­ R$ 200,00 (duzentos reais), tratando­se de omissão de declaração sem ocorrência de  fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de  27 de maio de 2009)  II ­ R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 11.941,  de 27 de maio de 2009)  Lei nº 9.393, de 1996:  Art. 7º No caso de apresentação espontânea do DIAC fora do prazo estabelecido pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  será  cobrada  multa  de  1%  (um  por  cento)  ao  mês  ou  fração sobre o imposto devido não inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), sem prejuízo  da multa e dos juros de mora pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto ou  quota.  Lei nº 11.371, de 2004:  Art.9oA inobservância do disposto nos arts. 1º e 8º desta Lei acarretará a aplicação das  seguintes multas de natureza fiscal:  I ­ 10% (dez por cento) incidentes sobre o valor dos recursos mantidos ou utilizados no  exterior em desacordo com o disposto no art. 1ºdesta Lei,sem prejuízo da cobrança dos  tributos devidos;  II ­ 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês­calendário ou fração incidente sobre o valor  correspondente  aos  recursos  mantidos  ou  utilizados  no  exterior  e  não  informados  à  Secretaria da Receita Federal, no prazo por ela estabelecido, limitada a 15% (quinze por  cento).  §1ºAs multas de que trata o caput deste artigo serão:  I­aplicadas  autonomamente  a  cada  uma  das  infrações,  ainda  que  caracterizada  a  ocorrência de eventual concurso;  II­na hipótese de que trata o inciso II do caput deste artigo:  a)reduzidas  à  metade,  quando  a  informação  for  prestada  após  o  prazo, mas  antes  de  qualquer procedimento de ofício;  b)duplicada, inclusive quanto ao seu limite, em caso de fraude.  §2ºCompete  à Secretaria da Receita  Federal  promover  a  exigência das multas de que  trata este artigo, observado o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972.  Lei nº 11.033, de 2004:  Art. 5º ..............................................................................................................................  (...)  §  2º  O  descumprimento  do  disposto  neste  artigo  sujeita  a  entidade  à  multa  de  30%  (trinta por cento) do valor do imposto devido.  6.2.1.  O  novo  art.  57  da  MP  nº  2.158­35,  de  2001,  aplica­se  para  qualquer  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digital,  enquanto  a  Lei  nº  10.426,  de  2002,  aplica­se  para  a  Declaração  de  Informações  Econômico­fiscais  da  Pessoa  Jurídica  (DIPJ), Declaração de Débitos  e Créditos Tributários Federais  (DCTF),  Declaração  de  Imposto  de  Renda  Retido  na  Fonte  (DIRF),  Demonstrativo  de  Apuração  de  Contribuições  Sociais  (Dacon)  e  a  Declaração  sobre  Operações  Imobiliárias  (DOI),  a  Lei  nº  10.637,  de  2002,  aplica­se  para  a  Declaração  de  Fl. 119DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 16          15 Informações sobre Movimentação Financeira (Dimof) e a Declaração de Operações  com Cartão de Crédito (Decred), a Lei nº 8.212, de 1991, aplica­se para a Guia de  Recolhimento  do  Fundo  de  Garantia  do  Tempo  de  Serviço  e  Informações  à  Previdência Social (GFIP), a Lei nº 9.393, de 1996, aplica­se para a Declaração do  Imposto  sobre  a Propriedade Territorial Rural  (DITR),  a Lei  nº  11.371,  de  2004,  aplica­se  para  a  Declaração  sobre  a  Utilização  dos  Recursos  em  Moeda  Estrangeira Decorrentes do Recebimento de exportações (Derex) e a Lei nº 11.033,  de  2004,  aplica­se  para  a Declaração  de  Transferência  de  Titularidade  de Ações  (DTTA).  6.2.2. Há uma antinomia entre as normas. O art. 57 da MP nº 2.158­35, de 2001,  sanciona as condutas pela não entrega, em sentido lato, de declarações digitais. As  normas acima mencionadas  tratam do descumprimento das obrigações específicas  contidas  na  própria  lei.  Ocorre  uma  antinomia  entre  uma  norma  geral  e  outra  específica,  devendo,  nesses  casos,  prevalecer  a  última,  conforme  ensinamento  de  Norberto Bobbio:  O terceiro critério, chamado precisamente de lex specialis, é aquele com base em que,  de duas normas incompatíveis, uma geral e uma especial (ou excepcional), prevalece a  segunda;  lex  specialis  derogat generali. Também nesse  caso  a  razão do critério não  é  obscura: lei especial é aquela que derroga uma lei mais geral, ou seja, que subtrai a uma  norma  uma  parte  da  sua  matéria  para  submetê­la  a  uma  regulamentação  diversa  (contrária ou contraditória). A passagem de uma regra mais extensa (que contenha  um certo genus) para uma regra derrogatória menos extensa (que contenha uma  species do genus) corresponde a uma exigência fundamental de justiça, entendida  como igual tratamento de pessoas que pertencem à mesma categoria. A passagem  da  regra  geral  para  a  regra  específica  corresponde  a  um  processo  natural  de  diferenciação das categorias e a uma descoberta gradual, por parte do legislador, dessa  diferenciação. Ocorrida ou descoberta a diferenciação, a persistência da regra geral  implicaria  o  tratamento  igual  de  pessoas  que  pertencem a  categorias  diversas  e,  portanto,  uma  injustiça.  (grifou­se)  (BOBBIO, Norberto.  Teoria  geral  do  direito.  3ª  ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 253)  6.2.3. Se as obrigações contidas nas leis acima transcritas foram consideradas tão  importantes pelo legislador ao ponto de dar embasamento legal específico à sanção  pelo  seu  descumprimento,  (a  despeito  de  legislação  tributária,  em  sentido  amplo,  poder gerar tal obrigação), não é isonômico não aplicar as multas específicas para  as declarações específicas, em prol da multa genérica do art. 57 da MP nº 2.158­35,  de  2001.  É,  conforme  ensinamento  de  Bobbio,  uma  violação  à  isonomia  que  determina dar tratamento desigual a pessoas em situações distintas.  6.2.4. No presente caso, não se deve esquecer que o  legislador foi quem alterou a  norma então existente (genérica) e criou uma mais específica, mas deixou aquelas  outras  ainda  mais  específicas  incólumes  (ele  poderia  muito  bem  tê­las  revogado  expressamente). Se não o fez, as multas mais específicas do art. 7º da Lei nº 10.426,  de 2002, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 2002, do art. 32­A da Lei nº 8.212, de 1991,  do art. 7º da Lei nº 9.393, de 1996, do art. 9º da Lei nº 11.371, de 2006, e do § 2º do  art. 5º da Lei nº 11.033, de 2004, continuam vigentes. As IN que tratam do assunto,  portanto (RFB nº 1.110, de 2012, RFB nº 1.264, de 2012, RFB nº 1.015, de 2010,  SRF nº 197, de 2002, RFB nº 811, de 2010, SRF nº 341, de 2003, RFB nº 971, de  2009, RFB nº 1.279, de 2012, RFB nº 726, de 2007 e RFB nº 892, de 2008) devem  continuar a ser aplicadas sem nenhuma alteração.  A  penalidade  aqui  em  debate  não  foi  instituída  em  razão  da  competência  atribuída  à  Secretaria  da  Receita  Federal  por  meio  do  art.  16  da  Lei  nº  9.779/99,  mas  sim  mediante disposição legal específica, qual seja, o art. 31 da Lei nº 10.637/2002. Por esta razão,  aliás,  há  julgados  administrativos que negam qualquer  efeito  à Lei nº 12.766/2012 quando a  Fl. 120DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 17          16 penalidade aplicada não decorre do descumprimento de obrigação acessória instituída em razão  da delegação de competência do art. 16 da Lei nº 9.779/99:  MULTA  POR  ATRASO  NA  ENTREGA  DE  ARQUIVOS  DIGITAIS  E  SISTEMAS.  ARTS.  11  E  12  DA  LEI  8.218/1991.  INAPLICABILIDADE  DO  ART.  57  DA MP  2.158­35/2001. Em caso  de  descumprimento  das  obrigações  acessórias  instituídas  pelo art. 11 da Lei nº 8.218/1991 aplicam­se as penalidades estabelecidas no art. 12  do mesmo  diploma  legal. As  penalidades  de  que  trata  o  art.  57  da MP  nº  2.158­ 35/2001,  mesmo  após  as  modificações  introduzidas  pela  Lei  nº  12.766/2012,  se  aplicam exclusivamente ao descumprimento de obrigações acessórias exigidas nos  termos do art. 16 da Lei nº 9.779/1999, o que não é o caso dos presentes autos. A  obrigação acessória criada pelo art. 11 da Lei nº 8.218/1991 não se confunde com  aquela criada pela IN RFB nº 787/2007, com base na delegação de competência do  art. 16 da Lei nº 9.779/1999. (Acórdão nº 1302­001.218)  MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OMISSÃO OU  ERRO  NOS  DADOS  FORNECIDOS  EM  MEIO  MAGNÉTICO.  ART.  57  DA  MP  2.158­35/01. INAPLICABILIDADE. O art. 57 da MP 2.15835/01, com redação dada  pelo  art.  8º  da Lei  12.766/12,  só  se  aplica  para o  descumprimento  de  obrigações  acessórias instituídas pela Receita Federal com base na competência que  lhe  fora  outorgada  pelo  art.  16  da  Lei  9.779/99,  no  que  não  se  enquadra  arquivos  magnéticos  objetos  de  obrigação  acessória  instituída,  pela  Receita  Federal,  com  base no § 3º do art. 11 da Lei 8.218/91. (Acórdão nº 1302­001.272)  É  certo,  porém,  que  a  obrigação  acessória  cujo  descumprimento  enseja  a  penalidade aqui aplicada não representava uma declaração, à semelhança daquelas tratadas na  legislação  específica  antes  transcrita, mas  sim  tem  em  conta  a  apresentação  de  documentos,  livros  e  registros  de  instituições  financeiras,  inclusive  os  referentes  a  contas  de  depósitos  e  aplicações  financeiras,  nos  termos  do  art.  6o  da  Lei Complementar  nº  105/2001.  E,  como  a  prestação  destas  informações  pode  se  dar  mediante  a  apresentação  de  demonstrativo  ou  escrituração  digital,  o  voto  condutor  da  decisão  sob  reexame  fixou  a  interpretação,  especialmente tendo em conta o disposto no item 5.2.2 do Parecer Normativo nº 3/2013, de que  o prazo para atendimento da intimação deveria ter sido de 45 (quarenta e cinco) dias.  De  forma  semelhante,  o  mesmo  Parecer  Normativo  admitiu  que  a  Lei  nº  12.766/2012 produzia efeitos em relação às obrigações acessórias tratadas nos arts. 11 e 12 da  Lei nº 8.218/91:  (i) Ocorreu revogação tácita dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, tendo em  vista a falta de disposição específica?  4. Para responder o primeiro questionamento, utilizar­se­ão os elementos da regra­ matriz de incidência para verificar se as multas tratam do mesmo objeto. A regra­ matriz possui no antecedente da norma os elementos material, espacial e territorial,  enquanto  o  consequente  possui  o  quantitativo  (base  de  cálculo  e  alíquota)  e  o  pessoal. Vide o quadro abaixo:  [...]  4.1. O legislador poderia ter dado nova redação ao art. 72 da MP nº 2158­35, de  2001, o qual deu a atual redação dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto  de 1991, em vez de ter alterado o art. 57 da MP. Se não o fez, chega­se à conclusão  que  tais  dispositivos  continuam  vigentes,  com  exceção  das  situações  de  incompatibilidade com o novo art. 57. Isso tendo em vista o critério cronológico, já  que eles  têm o mesmo grau hierárquico e  são normas específicas. Analisam­se de  Fl. 121DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 18          17 forma  comparada,  portanto,  os  elementos  do  atual  art.  57  da MP  nº  2158­35,  de  2001, com os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991;  4.2. No  elemento  pessoal,  o  sujeito  passivo  da  Lei  nº  8.218,  de  1991,  é  a  pessoa  jurídica  que  utiliza  sistema  eletrônico  de  processamento  de  dados  para  registrar  negócios  e  atividades  econômicas  ou  financeiras,  escriturar  livros  ou  elaborar  documentos de natureza contábil ou  fiscal.  Já a multa da Lei nº 12.766, de 2012,  não  possui  delimitação.  É  apenas  o  sujeito  passivo,  ou  seja,  qualquer  um  cuja  conduta contrária ao direito enseje a sanção.  4.3.  O  elemento  material  possui  verbos  distintos.  Enquanto  a  nova  lei  fala  em  “deixar  de  apresentar”  declaração  demonstrativo  ou  escrituração  digital,  ou  os  “apresentar com incorreções ou omissões”, a Lei nº 8.218, de 1991, traz, no art. 11,  a conduta esperada, que é “manter à disposição” os respectivos arquivos digitais e  sistemas  das  pessoas  jurídicas  destinatárias  da  conduta:  os  “sistemas  de  processamento  eletrônico  de  dados  para  registrar  negócios  e  atividades  econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza  contábil ou fiscal”. A multa é pela sua inobservância.  4.4. Na literalidade do disposto na Lei nº 12.766, de 2012, a multa é para aqueles  sujeitos,  quaisquer  que  sejam,  que  não  apresentem  ou  o  façam  incorreta  ou  intempestivamente  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digital.  Eles  não  apresentam, mas possuem a escrituração eletrônica. Já a Lei nº 8.218, de 1991, é  para aquelas pessoas  jurídicas que nem mantêm os arquivos digitais  e sistemas à  disposição  da  fiscalização  de maneira  contínua. Objetivamente  a  infração  ocorre  (seu  “fato  gerador”)  com  a  não  apresentação,  apresentação  incorreta  ou  intempestiva, mas os elementos materiais são distintos.  4.5.  Caso  a  Fiscalização  comprove  que  a  pessoa  jurídica  não  apresentou  o  demonstrativo ou escrituração digital por não ter escriturado e, concomitantemente,  não mantém os arquivos à disposição de maneira contínua à RFB,  tal  conduta  se  amolda no aspecto material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Ressalte­se  que  a  falta  de  existência  de  comprovação  da  falta  de  escrituração  digital  de  maneira  contínua quando seja obrigatória  (caso da Escrituração Contábil Digital  (ECD), por exemplo) deve ser demonstrada e comprovada.  4.6. Na  situação do  item 4.5,  é  importante que a aplicação da multa prevista nos  arts.  11  e  12  da Lei  nº  8.218,  de  1991,  se  coadune com a  distinção  dos  aspectos  materiais dela em relação ao novo art. 57 da MP nº 2158­35, de 2001. A simples  não apresentação de documentos sem a comprovação de que faltou a escrituração  não pode gerar a multa mais gravosa, mas sim a geral de que trata o novo art. 57  da  MP  nº  2158­35,  de  2001.  Havendo  dúvidas  quanto  a  esse  fato  ou  não  se  conseguindo  comprová­lo,  aplica­se  a  multa  mais  benéfica  da  Lei  nº  12.766,  de  2012,  em  decorrência  do  que  determina  o  art.  112,  inciso  II,  da  Lei  nº  5.172,  de  1966 ­ Código Tributário Nacional (CTN).  4.7. Caso tais arquivos não sejam apresentados pela pessoa jurídica na forma que  deveriam ser feitos, em decorrência da inexistência de dispositivo específico na Lei  nº 12.766, de 2012, aplica­se o disposto no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.218, de  1991.  Isso porque é uma conduta cuja sanção não se encontra na multa da Lei nº  12.766, de 2012, mas na do art. 12 da Lei nº 8.218, de 1991. Esse último dispositivo  continua em vigência e deve ser aplicado quando não haja divergência com a nova  lei.  4.8. Desse modo, não houve revogação dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991.  Eles continuam em vigência juntamente com o novo art. 57 da MP nº 2.158­35, de  2001.  Fl. 122DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 19          18 Por  esta  razão,  julgados  administrativos mais  recentes  já  atribuem efeitos  à  Lei  nº  12.766/2012,  no  âmbito  de  lançamentos  de multa  por  falta/atraso  na  apresentação  de  arquivos magnéticos exigidos pela Lei nº 8.218/91:  MULTA  POR  OMISSÕES  OU  INFORMAÇÕES  INCORRETAS  EM  MEIO  MAGNÉTICO.  ARTIGOS  11  E  12  DA  LEI  Nº  8.218/1991.  AUSÊNCIA  DE  ESCRITURAÇÃO  DE  LIVROS  OU  ELABORAÇÃO  DE  DOCUMENTOS  DE  NATUREZA  CONTÁBIL  OU  FISCAL  QUANDO  EXIGIDO  O  SISTEMA  DE  PROCESSAMENTO ELETRÔNICO. PENALIDADE DO ARTIGO 57 DA MEDIDA  PROVISÓRIA  Nº  2.158­35.  FALTA  DE  APRESENTAÇÃO  DE  DECLARAÇÃO,  DEMONSTRATIVO OU ESCRITURAÇÃO DIGITAL. O aspecto material do art. 57  da MP nº 2.158­35, de 2001, na redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012, é deixar  de  apresentar  declaração,  demonstrativo  ou  escrituração  digital.  O  aspecto  material dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, é deixar de escriturar livros ou  elaborar  documentos  de  natureza  contábil  ou  fiscal  quando  exigido  o  sistema  de  processamento eletrônico, motivo pelo qual  continua em vigência. A comprovação  da ocorrência do aspecto material da multa dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de  1991, deve ser feita de forma inequívoca. A simples não apresentação de arquivo,  demonstrativo  ou  escrituração  digital  sem  outras  provas  que  comprovem  que  a  escrituração não ocorreu se amolda ao aspecto material do art. 57 da MP nº 2.158­ 35,  de  2001. O mero  indício  sem  a  comprovação da  falta  da  escrituração  digital  enseja a aplicação do art. 57 da MP nº 2.158­35, de 2001, em respeito ao art. 112,  inciso II, do CTN. Inteligência do Parecer Normativo RFB nº 3, de 2013. (Acórdão  nº 1402­001.681)  ARQUIVOS  DIGITAIS  CONTÁBEIS.FORMATO  DE  APRESENTAÇÃO.ERROS  E  OMISSÕES O art.  57,  III,  da MP 2.158­35/2001  com a  redação do  art.  8  da Lei  12.766/2012  incide no  lugar do art. 12,  I, da Lei 8.218/91, quando o contribuinte  entrega  com  erros  ou  omissões  à  fiscalização  os  arquivos  digitais  contábeis  no  formato(leiaute)  definido  por  ato  do  Secretário  da  Receita  Federal  do  Brasil  .  Revogação tácita do art. 12 da Lei 8.212/91 pelo art.57 da MP 2.158­35/2001 com a  redação  do  art.  8ºda  Lei  12.766/2012.  Aplicação  da  retroatividade  benigna  em  matéria apenatória art.106, II, c ,do CTN. (Acórdão nº 3401­002.821)  MULTA  REGULAMENTAR.  FALTA  DE  ENTREGA  DE  ARQUIVOS  DIGITAIS.  Comprovado  que  o  contribuinte  possuía  escrituração  digital,  mas  deixou  de  apresentar  à  fiscalização  o  arquivo  magnético  solicitado,  deve­se  aplicar  a  penalidade  prescrita  no  art.57,  II,  da  Medida  Provisória  nº  2.158­35/01  .  É  de  aplicar a multa prevista no não se sustenta a penalidade com fundamento na falta  de  entrega.  Recurso  de  ofício  negado.  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO. RETROATIVIDADE BENIGNA.  INTELIGÊNCIA DO ART.  106,  II,  c, do CTN . Por força do art. 106, II, c, do Código Tributário Nacional, aplica­se  retroativamente o disposto no art.57 da Lei nº 12.873, de 2013, para aplicar a multa  de R$ 500,00 por mês­calendário do exercício  fiscalizado de 2007, na hipótese de  falta de apresentação de arquivos digitais. (Acórdão nº 1102­001.106)  Todavia,  embora  a  autoridade  julgadora  de  1a  instância  tenha  lhe  negado  relevo, uma circunstância permite diferenciar a penalidade aqui em debate daquela resultante  do disposto nos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218/91: as informações exigidas pela Fiscalização não  correspondiam, apenas, a declaração, demonstração ou escrituração digital. Assim, para além  do  fato  de  a  obrigação  acessória  não  ter  sido  estabelecida  em  razão  da  delegação  de  competência conferida à Receita Federal pelo art. 16 da Lei nº 9.779/99, os dados constantes  da ficha cadastral do sujeito passivo e o extrato de movimentação de conta­corrente poderiam  ter sido exigidos, como o foram, no prazo de 20 (vinte) dias.  Fl. 123DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 20          19 E isto porque, o Código Tributário Nacional assim determina:  Art.  197.  Mediante  intimação  escrita,  são  obrigados  a  prestar  à  autoridade  administrativa  todas  as  informações  de  que  disponham  com  relação  aos  bens,  negócios ou atividades de terceiros:  I ­ os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;  II  ­  os  bancos,  casas  bancárias,  Caixas  Econômicas  e  demais  instituições  financeiras;  III ­ as empresas de administração de bens;  IV ­ os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;  V ­ os inventariantes;  VI ­ os síndicos, comissários e liquidatários;  VII  ­  quaisquer  outras  entidades  ou  pessoas  que  a  lei  designe,  em  razão  de  seu  cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.  Parágrafo  único.  A  obrigação  prevista  neste  artigo  não  abrange  a  prestação  de  informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado  a  observar  segredo  em  razão  de  cargo,  ofício,  função,  ministério,  atividade  ou  profissão.  Afastado  o  sigilo  em  relação  às  informações  aqui  exigidas  da  instituição  financeira, nos termos do art. 6o da Lei Complementar nº 105/2001, o único dispositivo legal  que poderia impor um prazo mínimo para atendimento à intimação é aquele, também citado no  Parecer  Normativo  nº  03/2013,  contido  na  Lei  nº  3.470/58,  com  redação  dada  pela Medida  Provisória nº 2.158­35/2001:  Art.19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito  passivo  para,  no  prazo  de  vinte  dias,  apresentar  as  informações  e  documentos  necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário  constituído. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.158­35, de 2001)  §1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a  fatos  que  devam  estar  registrados  na  escrituração  contábil  ou  fiscal  do  sujeito  passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que  se  refere  o  caput  será  de  cinco  dias  úteis.  (Incluído  pela  Medida  Provisória  nº  2.158­35, de 2001)  §2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 44, §§ 2º e 5º, da Lei nº  9.430,  de  1996,  o  desatendimento  a  intimação  para  apresentar  documentos,  cuja  guarda  não  esteja  sob  a  responsabilidade  do  sujeito  passivo,  bem  assim  a  impossibilidade material de seu cumprimento. (Incluído pela Medida Provisória nº  2.158­35, de 2001)  Destaque­se que a redação deste dispositivo legal também foi atualizada por  ocasião da edição da edição da Medida Provisória nº 2.158­35/2001, e, apesar disso, apenas o  art.  57  deste  diploma  legal  foi  alterado  com a  edição  da Lei  nº  12.766/2012. Acrescente­se,  ainda,  que  atualmente  o  art.  57  da  Medida  Provisória  nº  2.158­35/2001  já  apresenta  nova  redação,  conferida  pela  Lei  nº  12.873/2013  (publicada  em  25/10/2013),  evidenciando  que  a  intenção do legislador era alterar, apenas, as penalidades aplicáveis no caso de descumprimento  das obrigações acessórias instituídas nos termos da Lei nº 9.779/99:  Art. 57. O art. 57 da Medida Provisória no 2.158­35, de 24 de agosto de 2001, passa  a vigorar com as seguintes alterações:   Fl. 124DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 21          20 “Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas  nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir  com  incorreções  ou  omissões  será  intimado  para  cumpri­las  ou  para  prestar  esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita  Federal do Brasil e sujeitar­se­á às seguintes multas:   I ­ ...................................................................................  a)  R$  500,00  (quinhentos  reais)  por  mês­calendário  ou  fração,  relativamente  às  pessoas  jurídicas  que  estiverem  em  início  de  atividade  ou  que  sejam  imunes  ou  isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido  ou pelo Simples Nacional;  b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês­calendário ou fração, relativamente  às demais pessoas jurídicas;  c) R$  100,00  (cem  reais) por mês­calendário  ou  fração,  relativamente  às pessoas  físicas;  II  ­ por não cumprimento à  intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil  para  cumprir  obrigação  acessória  ou  para  prestar  esclarecimentos  nos  prazos  estipulados  pela  autoridade  fiscal:  R$  500,00  (quinhentos  reais)  por  mês­ calendário;  III  ­  por  cumprimento  de  obrigação  acessória  com  informações  inexatas,  incompletas ou omitidas:  a)  3%  (três  por  cento),  não  inferior  a  R$  100,00  (cem  reais),  do  valor  das  transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou  de  terceiros  em  relação  aos  quais  seja  responsável  tributário,  no  caso  de  informação omitida, inexata ou incompleta;  b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta  reais), do valor das  transações comerciais ou das operações  financeiras, próprias  da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no  caso de informação omitida, inexata ou incompleta.  .............................................................................................  §  3º  A  multa  prevista  no  inciso  I  do  caput  será  reduzida  à  metade,  quando  a  obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício.  §  4o Na  hipótese  de  pessoa  jurídica  de direito público,  serão  aplicadas as multas  previstas  na  alínea  a  do  inciso  I,  no  inciso  II  e  na  alínea  b  do  inciso  III.”(NR)  (negrejou­se)  Considerando  que  a  autoridade  fiscal  concedeu  à  autuada  o  prazo  de  20  (vinte) dias para  apresentação,  em papel,  dos dados  constantes da  ficha cadastral do  sujeito  passivo  e  do extrato  de movimentação de  conta­corrente mantida  pelo  cliente da  instituição  financeira  indicado  na  RMF,  e  que  nem  mesmo  em  relação  a  esta  parte  da  intimação  foi  cumprido  o  prazo  fixado  para  atendimento,  não  há  dúvidas  que  as  consequências  para  a  inobservância do prazo fixado permanecem regidas pelo art. 31 da Lei nº 10.637/2002, e não  são afetadas pela alteração promovida pela Lei nº 12.766/2012 no art. 57 da Medida Provisória  nº 2.158­35/2001.  Superado este aspecto, considerado suficiente pelo voto condutor da decisão  sob  reexame  para  exoneração  do  crédito  tributário  lançado,  cumpre  analisar  os  demais  argumentos deduzidos pela autuada em impugnação.  Fl. 125DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 22          21 Afirmou  a  interessada  que  a  penalidade  prevista  no  art.  31  da  Lei  nº  10.637/2002 somente seria aplicável em caso de falta de apresentação dos elementos a que se  refere  o  art.  6o  da  LC  105/2001,  ou  sua  apresentação  de  forma  inexata  ou  incompleta,  inexistindo ali qualquer menção à aplicação da penalidade por simples mora na apresentação  das  informações  requeridas  via RMF. Observa  que a  própria  autoridade  fiscal  reconhece  e  afirma  que  o  impugnante  efetuou  a  entrega  dos  documentos  solicitados  antes  mesmo  da  lavratura  de  qualquer  auto  de  infração,  e  conclui  que  o  inadimplemento  relativo  é  conduta  atípica.  Cumpre novamente reproduzir o que diz o art. 31 da Lei nº 10.637/2002:  Art.  31.  A  falta  de  apresentação  dos  elementos  a  que  se  refere  o  art.  6o  da  Lei  Complementar  no  105,  de  10  de  janeiro  de  2001,  ou  sua  apresentação  de  forma  inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica à multa equivalente a 2% (dois por  cento)  do  valor  das  operações  objeto  da  requisição,  apurado  por  meio  de  procedimento  fiscal  junto  à  própria  pessoa  jurídica  ou  ao  titular  da  conta  de  depósito ou da aplicação financeira, bem como a terceiros, por mês­calendário ou  fração de atraso, limitada a 10% (dez por cento), observado o valor mínimo de R$  50.000,00 (cinqüenta mil reais).  É  certo  que  a  lei,  na  primeira  parte  do  dispositivo,  não  traz  referência  expressa ao atraso, mas o inteiro teor do caput do dispositivo claramente permite que a falta de  apresentação dos elementos seja punido na proporção do mês­calendário ou fração de atraso.  Para além disso, o parágrafo único do art. 31 estabelece que à multa de que trata este artigo  aplica­se o disposto nos §§ 2o e 3o do art. 30 da mesma lei, e ali está consignado que:  Art. 30. [...]   § 2o As multas de que trata este artigo serão:  I  ­  apuradas  considerando  o  período  compreendido  entre  o  dia  seguinte  ao  término  do  prazo  fixado  para  a  entrega  da  declaração  até  a  data  da  efetiva  entrega;   II  ­  majoradas  em  100%  (cem  por  cento),  na  hipótese  de  lavratura  de  auto  de  infração.  §  3o  Na  hipótese  de  lavratura  de  auto  de  infração,  caso  a  pessoa  jurídica  não  apresente a declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua  efetiva entrega. (negrejou­se)  Nestes  termos,  resta  claro  que  o  atraso,  caracterizado  pela  efetiva  entrega  depois  do  término  do  prazo  fixado  para  a  entrega  da  declaração,  também  se  sujeita  a  penalidade  equivalente  a 2%  (dois  por  cento)  do  valor  das  operações  objeto  da  requisição,  apurado  por  meio  de  procedimento  fiscal  junto  à  própria  pessoa  jurídica  ou  ao  titular  da  conta de depósito ou da aplicação  financeira, bem como a  terceiros, por mês­calendário ou  fração de atraso.  A autuada  também observou, em impugnação, que em caso de mero atraso  na apresentação, deve ser considerado se há algum motivo que o justifique, e se o atraso foi  por  prazo  razoável,  diante  das  dificuldades  apresentados.  Neste  ponto,  enfatiza  que  já  se  encontrava, há pouco tempo, sob intervenção do BACEN, circunstância na qual as rotinas da  instituição  financeira  são fortemente alteradas, com certo descontrole administrativo a ponto  de não se atender satisfatoriamente algumas demandas. Acrescenta a isto a alteração recente  de endereço por parte da autuada e conclui haver uma justificativa razoável para o atraso no  cumprimento da RMF.   Fl. 126DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 23          22 Constata­se  nos  autos  que  a  RMF  foi  inicialmente  dirigida  ao  endereço  cadastral  da  instituição  financeira,  sendo  lá  recepcionada  em  24/10/2012.  Como  não  foi  apresentada  resposta,  observando  que  nas  DIMOF  apresentadas  pela  instituição  financeira  outro  endereço  fora  indicado,  a  autoridade  fiscal  dirigiu  ofício  àquele  outro  endereço  comunicando  o  encaminhamento  da  intimação  anterior  ao  domicílio  do  sujeito  passivo,  e  ampliando  o  seu  atendimento  para  até  20  (vinte)  dias  do  recebimento  do  ofício,  o  qual  se  verificou em 13/02/2013 (fls. 31/33).  Nestes  termos,  a  autoridade  fiscal,  de  forma  razoável,  relevou  o  descumprimento  inicial,  admitindo que o novo  endereço atribuído  ao  sujeito passivo  em sua  DIMOF poderia  ter dificultado o atendimento à  intimação, e concedeu outros 20 (vinte) dias  para  seu  cumprimento.  A  instituição  financeira,  porém,  não  dirigiu  qualquer  pedido  de  prorrogação de prazo à autoridade  fiscal,  e  somente  se manifestou em 30/04/2013, momento  em que se limitou a acrescentar que se encontrava sob intervenção do BACEN, sem sequer se  valer desta circunstância como justificativa para o atraso ocorrido.  A autuada invocou o disposto no art. 7o da Portaria SRF nº 180/2001 que, ao  dispôr  sobre  a  solicitação  e  emissão  de  Requisição  de  Informações  sobre  Movimentação  Financeira – RMF, permite a prorrogação do prazo para atendimento à intimação, mas assim o  faz nos seguintes termos:  Art. 7º O prazo máximo para atendimento da intimação de que trata o art. 2º, inciso  III, e da RMF será de vinte dias, admitida prorrogação em virtude de justificação  fundamentada, a critério da autoridade que expediu a intimação ou a requisição.  Assim, bastaria que o responsável pela instituição financeira dirigisse petição  à autoridade fiscal, requerendo­lhe prorrogação de prazo em razão do mencionado descontrole  administrativo  resultante da  intervenção, para não  incorrer no atraso aqui punido. Como não  procedeu desta forma, sujeitou­se à penalidade prevista em lei.  A  interessada  ainda  observou  que,  como  o  art.  10,  parágrafo  único  da  Lei  Complementar  nº  105/2001  caracteriza  como  crime  o  retardo  injustificado  na  prestação  das  informações  ali  tratadas,  a  autoridade  administrativa  requisitante  deve,  necessariamente,  analisar se há motivo justificado para o atraso como critério para a prorrogação do prazo e  para  a  lavratura  do  auto  de  infração.  Contudo,  não  se  confundem  o  dolo  penal  estipulado  naquele dispositivo, e a culpa da qual resulta a  responsabilidade pela multa administrativa. É  perfeitamente possível  a  autoridade  fiscal  não vislumbrar o  atraso doloso  e  injustificado que  resulta  na  responsabilidade  penal  estipulada  no  parágrafo  único  do  art.  10  da  Lei  Complementar nº 105/2001, caracterizado pela intenção de prejudicar o procedimento fiscal e  favorecer  o  investigado,  e  ainda  assim  demonstrar  presente  a  mera  desídia  do  intimado  no  atendimento  do  que  lhe  foi  requerido,  para  aplicar­lhe  a  multa  administrativa  que  busca  desincentivar estas condutas.  Também  anotou  a  interessada  que  o  presente  caso  demandaria  a  mesma  solução  dada  ao  processo  administrativo  nº  10932.000106/2005­69,  no  qual,  por  meio  do  Acórdão nº 101­96.597, foi negado provimento a recurso de ofício. Contudo, o caso ali tratado  era  distinto,  porque  a  instituição  financeira  fornecera  as  informações  requeridas  em  papel,  e  informou não  dispor de  arquivos  eletrônicos  para  atender  a  requisição  daquelas  informações  em meio magnético. Não há qualquer  referência,  naquele  julgado,  ao  atraso na  apresentação  dessa resposta ao Fisco.  Fl. 127DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 24          23 Observou  que  demorou  cerca  de  75  dias  para  prestar  as  informações  requeridas,  e  que  o  prazo  total  para  seu  atendimento  poderia  chegar  a  40  dias,  reiterou  que  houve alteração de  seu  endereço,  aduziu que não houve qualquer prejuízo ao andamento do  procedimento fiscal junto ao titular da conta bancária em questão, pois nada neste sentido foi  dito  pela  Fiscalização  e  concluiu  ser  exacerbado  e  desproporcional  o  valor  da  penalidade  aplicada,  embora  saiba  que  não  cabe,  no  âmbito  administrativo,  discutir  possíveis  ofensas  a  princípios  constitucionais.  De  fato,  quanto  a  este  ponto,  a  lei  estabelece  os  critérios  para  aplicação da penalidade em razão do montante das informações não apresentadas e do atraso  verificado,  o  que  impede  qualquer  discussão  acerca  da  compatibilidade  entre  a  pena  e  o  prejuízo resultante do atraso.  Por  fim,  a  interessada  apontou  erro  na  quantificação  da  base  de  cálculo  porque a multa deveria ter em conta o valor das operações objeto da requisição, apurado por  meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito  ou  da  aplicação  financeira,  e  a  autoridade  fiscal,  apesar  de  dispor  dos  extratos  bancários  fornecidos,  preferiu  valer­se  das  informações  consignadas  na  DIMOF,  arbitrando  a  base  imponível da multa com base em valores que não refletem com exatidão o valor das operações  do contribuinte. Reportou­se ao art. 2o da Instrução Normativa RFB nº 811/2008 e afirmou que  tais informações extrapolam, e muito, os valores constantes nos extratos bancários requeridos  pelo  Fisco,  pois  incluem  outras  operações  e  ainda  consideram  cheques  depositados  e  devolvidos,  transferências  e  empréstimos  bancários,  dentre  outros  movimentos.  Ademais,  a  autoridade fiscal utilizou a soma do total de débitos e de créditos informados em Dimof como  base de cálculo da infração, olvidando­se que o objeto principal da intimação é a totalização  dos depósitos bancários (créditos em conta bancária).  Nos termos do art. 31 da Lei nº 10.637/2002, a multa deve ser aplicada sobre  o valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à  própria  pessoa  jurídica ou  ao  titular  da  conta  de  depósito  ou  da  aplicação  financeira,  bem  como a  terceiros. Deste modo, nada  impede que  a Fiscalização  apure o valor das operações  junto à própria pessoa jurídica intimada, assim se valendo da declaração por ela antes prestada  acerca  da  mesma  matéria.  Tal  declaração,  por  sua  vez,  reflete  mensalmente  os  débitos  e  créditos  verificados  nas  contas  bancárias  mantidas  junto  à  instituição  financeira,  sendo  os  créditos correspondentes a depósitos, resgates e conversões de moeda estrangeira em nacional,  e  os  débitos  resultantes  de  pagamentos,  emissão  de  ordens  de  crédito,  aquisições  de moeda  estrangeira  e  transferência  de  moeda  estrangeira  e  outros  valores  para  o  exterior,  tudo  nos  termos  do  citado  art.  2o  da  Instrução  Normativa  RFB  nº  811/2008.  Assim,  é  possível  que  algumas operações tenham seus valores anulados por créditos e débitos de mesmo valor, como  ocorre  com  os  cheques  depositados  e  devolvidos, mas  ainda  assim  são  operações  realizadas  pelo  correntista  e que,  assim, deveriam ser detalhadas pela  instituição  financeira. Da mesma  forma,  os  valores  movimentados  poderão  reunir  operações  cuja  natureza  não  autorize  a  presunção  de  omissão  de  receitas  estabelecida  no  art.  42  da  Lei  nº  9.430/96,  por  revelarem  apenas transferências entre contas de mesma titularidade ou resgates de aplicações financeiras.  Todavia continuam sendo operações objeto da requisição, para análise da Fiscalização acerca  da representatividade de seu conteúdo.  Deve­se  ter  em conta,  ainda,  que o Decreto nº 3.724/2001 assim estipula o  conteúdo da RMF:  Art.5o As informações requisitadas na forma do artigo anterior:   I ­ compreendem:  Fl. 128DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 13116.720769/2013­15  Acórdão n.º 1101­001.280  S1­C1T1  Fl. 25          24 a) dados constantes da ficha cadastral do sujeito passivo;  b) valores, individualizados, dos débitos e créditos efetuados no período;  [...]  Assim, nada há que autorize descartar, do conceito de operações, os débitos  efetuados pelo correntista no período.   Por  tais  razões,  não  há  reparos  ao  cálculo  da  penalidade  elaborado  pela  autoridade lançadora.  Diante  de  todo  o  exposto,  o  presente  voto  é  no  sentido  de  DAR  PROVIMENTO  ao  recurso  de  ofício,  e  restabelecer  a  penalidade  exonerada  na  decisão  sob  reexame.     (documento assinado digitalmente)  EDELI PEREIRA BESSA – Relatora                                Fl. 129DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO

score : 1.0
5872136 #
Numero do processo: 16542.000485/2002-14
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decreto-lei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica ao PIS/Pasep.
Numero da decisão: 3803-006.904
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em negar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Paulo Renato Mothes de Moraes, que dava provimento. Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, Demes Brito, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201502

ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS O Decreto-lei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica ao PIS/Pasep.

turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção

dt_publicacao_tdt : Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 16542.000485/2002-14

anomes_publicacao_s : 201503

conteudo_id_s : 5445056

dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 3803-006.904

nome_arquivo_s : Decisao_16542000485200214.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : CORINTHO OLIVEIRA MACHADO

nome_arquivo_pdf_s : 16542000485200214_5445056.pdf

secao_s : Terceira Seção De Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, em negar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Paulo Renato Mothes de Moraes, que dava provimento. Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, Demes Brito, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira Machado.

dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015

id : 5872136

ano_sessao_s : 2015

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:34 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705822953472

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2079; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3­TE03  Fl. 2          1 1  S3­TE03  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  16542.000485/2002­14  Recurso nº               Voluntário  Acórdão nº  3803­006.904  –  3ª Turma Especial   Sessão de  25 de fevereiro de 2015  Matéria  PIS ­ Cofins ­ COMPENSAÇÃO  Recorrente  INTELBRAS SA INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÃO ELETRÔNICA  BRASILEIRA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Ano­calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000  PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL   A LC 118/2005 somente aplica­se aos litígios posteriores a 08/06/2005 (final  da  vacatio  legis  prevista  na  lei),  de  acordo  com  julgamento  do  Supremo  Tribunal Federal em que foi  reconhecida a  repercussão geral da matéria ora  em  análise  (RE  566  621/RS). Nesse  caso  o  direito  de  pleitear  a  restituição  não está extinto, de acordo com a  jurisprudência consagrada do e. STJ, dos  cinco mais cinco anos (cinco anos previstos no parágrafo 4º do artigo 150 do  CTN combinados com os cinco anos do inciso I do artigo 168 do CTN).  ASSUNTO:  CONTRIBUIÇÃO  PARA  O  FINANCIAMENTO  DA  SEGURIDADE  SOCIAL ­ COFINS  Ano­calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000  COFINS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS   O Decreto­lei  n°  288/1967,  que  equiparou  operações  de  vendas  para  Zona  Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica  à Cofins.  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP  Ano­calendário: 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000  PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS  O Decreto­lei  n°  288/1967,  que  equiparou  operações  de  vendas  para  Zona  Franca de Manaus a operações de exportação para o estrangeiro, não se aplica  ao PIS/Pasep.           AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 54 2. 00 04 85 /2 00 2- 14 Fl. 145DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os membros  do  colegiado,  por maioria,  em  negar  provimento  ao  recurso. Vencido o conselheiro Paulo Renato Mothes de Moraes, que dava provimento.    Corintho Oliveira Machado ­ Presidente e Relator.    EDITADO EM: 23/03/2015    Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Hélcio  Lafetá  Reis,  Demes Brito, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes e Corintho Oliveira  Machado.    Relatório  Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão  julgador de primeira instância até aquela fase:  Trata  o  presente  processo  de  Pedidos  de  Restituição  das  Contribuições  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  (Cofins)  e  ao  Programa  de  Integração  Social  (PIS)  incidentes  sobre  as  receitas  de  vendas  efetuadas  para  Zona  Franca  de  Manaus  no  período  compreendido  entre  21/09/1992  e  14/01/2000.  Em  relação  aos  pagamentos  feitos  em  datas  anteriores  a  10/10/1997, o pleito foi indeferido devido a prescrição do direito  do contribuinte ­ com fundamento nos artigos 165, inc. I, e 168,  inc. I, ambos do Código Tributário Nacional, com interpretação  dada pelo art. 3° da Lei complementar n° 118, de 9 de fevereiro  de 2005 ­, considerando que este foi formalizado em 10/10/2002,  portanto,  mais  de  cinco  anos  depois  da  extinção  do  crédito  tributário tido como indevidamente apurado.  Como primeira razão de indeferimento do pleito, a DRF coloca  que  a  isenção  sobre  as  vendas  efetuadas  a  Zona  Franca  de  Manaus ­ firmada por meio do art. 4° do Decreto­lei n° 288, de  28  de  fevereiro  de  1967,  que  equiparou  as  vendas  para  Zona  Franca de Manaus a exportações para o estrangeiro em relação  aos  efeitos  fiscais  constantes  da  legislação  em  vigor  à  época  ­  não se aplica ao caso em análise; exara que, a teor do art. 177  do  Código  Tributário  Nacional,  a  isenção  pretendida  não  é  extensiva às contribuições em questão, já que instituídas em data  posterior ao tal Decreto­lei.  Como outro motivo, a autoridade fiscal, após  trazer o histórico  da legislação que trata da isenção da contribuição para o PIS e  Fl. 146DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 16542.000485/2002­14  Acórdão n.º 3803­006.904  S3­TE03  Fl. 3          3 da Cofins,  coloca  que  a  isenção  prevista  no  art.  14  da MP  nº  2.037­25/2000, atual MP nº 2.158­35/2001, quando se tratar de  vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca  de  Manaus,  aplica­se,  exclusivamente,  às  receitas  de  vendas  enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX,  do  referido  artigo  14.  Assevera  que,  a  exceção  dessas  quatro  hipóteses  mencionadas,  sujeitam­se  a  incidência  das  contribuições,  sem  o  beneficio  da  isenção,  todas  as  demais  receitas de vendas efetuadas a pessoas jurídicas estabelecidas na  Zona Franca de Manaus,  independentemente de  sua destinação  ou  finalidade, e acrescenta, por  fim, que a contribuinte não fez  prova de que suas vendas se enquadram em uma das hipóteses  prevista para o aproveitamento do dito benefício. Conclui, então,  que  não  comprovando,  a  interessada,  que  suas  receitas  de  vendas enquadram­se nas hipóteses especiais em que a lei prevê  isenção, é incabível a restituição pretendida.  A recorrente em sua manifestação de inconformidade alega que,  consoante  se  depreende  do  artigo  4°,  do  DL  288/1967  e  do  artigo 40 do ADCT, o legislador entendeu pela prorrogação da  Zona  Franca  de Manaus  como  beneficiária  de  favores  fiscais.  Assim  é  que,  para  efeitos  fiscais,  a  exportação de mercadorias  destinadas  à  Zona  Franca  de  Manaus  equivaleria  a  uma  exportação de produto, brasileiro para o estrangeiro. Aduz que,  sob  essa  ótica,  o  artigo  5°  da  Lei  7.714/1988,  com  a  redação  dada  pela  Lei  9.004/1995,  bem  como  o  artigo  70  da  Lei  Complementar  70/1991  autorizariam  a  exclusão,  da  base  de  cálculo  do  PIS  e  da  Cofins,  dos  valores  referentes  às  receitas  oriundas  da  exportação  de  mercadorias  destinadas  à  Zona  Franca de Manaus.  Contra a prescrição apontada pela autoridade fiscal, alega que,  em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação,  o prazo para requerer a restituição  inicia a partir data em que  ocorrer  a  homologação  do  lançamento,  assim,  diante  da  homologação o contribuinte disporia do prazo de dez anos para  postular  a  restituição,  cinco  a  contar  do  fato  gerador  até  a  homologação  tácita  e  os  outros  cinco  referente  ao  prazo  prescricional propriamente dito.  À vista de todo o exposto, pede deferimento ao seu pleito.    A  DRJ  em  FLORIANÓPOLIS/SC  julgou  improcedente  a  manifestação  de  inconformidade, ficando a decisão assim ementada:  Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário   Ano­calendário:  1992,  1993,  1994,  1995,  1996,  1997,  1998,  1999, 2000   PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL   Fl. 147DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     4 O direito de pleitear a restituição extingue­se com o decurso do  prazo decadencial de cinco anos, contado da data do pagamento  indevido.  Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep   Ano­calendário:  1992,  1993,  1994,  1995,  1996,  1997,  1998,  1999, 2000   PIS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS   O Decreto­lei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas  para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o  estrangeiro, não se aplica à contribuição ao PIS.   Assunto:  Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social ­ Cofins   Ano­calendário:  1992,  1993,  1994,  1995,  1996,  1997,  1998,  1999, 2000   COFINS. ISENÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS   O Decreto­lei n° 288/1967, que equiparou operações de vendas  para Zona Franca de Manaus a operações de exportação para o  estrangeiro, não se aplica à Cofins.  Manifestação de Inconformidade Improcedente  Direito Creditório não Reconhecido    Discordando  da  decisão  de  primeira  instância,  o  interessado  apresentou  recurso  voluntário,  onde  reitera  os  argumentos  esgrimidos  em  primeira  instância  e  ao  final  requer deferimento do  recurso voluntário sub analisis, para  reconhecer o direito à  restituição  pleiteada.    Apresentado  o  recurso  voluntário,  a  repartição  de  origem  encaminhou  os  presentes  autos  para  este  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  para  fins  de  julgamento.     Relatado, passa­se ao voto.            Fl. 148DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 16542.000485/2002­14  Acórdão n.º 3803­006.904  S3­TE03  Fl. 4          5 Voto               Conselheiro Corintho Oliveira Machado    O  recurso  voluntário  é  tempestivo,  e  considerando  o  preenchimento  dos  requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado.    Em  preliminar,  deve­se  atentar  para  a  decadência  parcial  decretada  pela  Administração Tributária, porquanto em sede recursal já pacificou­se entendimento diverso.    DO DIREITO DE PLEITEAR RESTITUIÇÃO           A extinção parcial do direito da recorrente pleitear restituição, decretada pelo  despacho decisório e ratificada pela decisão recorrida não merece prosperar, uma vez que a LC  118/2005 somente aplica­se aos litígios posteriores a 08/06/2005 (final da vacatio legis prevista  na  lei),  de  acordo  com  julgamento  do  Supremo  Tribunal  Federal  em  que  foi  reconhecida  a  repercussão  geral  da  matéria  ora  em  análise  (RE  566  621/RS).  Bem  por  isso  o  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  vem  aplicando  reiteradamente  tal  decisão  da  Corte  Suprema aos seus julgados, por força do RICARF, art. 62­A. 1      Corolário disso, tem­se por tempestivo o pedido da recorrente, se se levar em  conta a jurisprudência consagrada do e. STJ, dos cinco mais cinco anos (cinco anos previsto no  parágrafo  4º  do  artigo  150  do CTN  combinados  com  os  cinco  do  inciso  I  do  artigo  168  do  CTN).                                                                  1 Art. 62­A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal  de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de  11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos  recursos no âmbito do CARF.  Fl. 149DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     6 Quanto ao mérito, nada de relevante veio aos autos desde a decisão recorrida,  que mostrou­se irretocável em seus fundamentos de fato e de direito, e bem por isso deve ser  ratificada nesta segunda instância, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99. 2    Releva,  outrossim,  trazer  a  lume  parte  de  decisão  deste  Colegiado,  desfavorável à pretensão de recorrente que tinha o mesmo pleito, em sessão de julho de 2013,  processo nº 11065.914600/2009­65, que tratava da mesma matéria deste contencioso, em que o  eminente  relator Hélcio Lafetá Reis  brilhantemente  assim  se manifestou,  e mutatis mutandis  pode servir de fundamentação também nesta lide:  1 Vendas para a Zona Franca de Manaus (ZFM).  De início, registre­se que, não obstante o art. 4° do Decreto­Lei  n° 288/1967 ter equiparado a venda de mercadorias para a Zona  Franca de Manaus (ZFM) a uma exportação para o estrangeiro,  deve  ser  ressalvado que  tal  determinação se aplicava aos  fatos  tributários  disciplinados  pela  legislação  então  vigente,  não  estendendo seus efeitos às normas supervenientes de regência da  matéria.  A Medida  Provisória  n°  2.158­35/2001  estabelece,  em  seu  art.  14,  que  a  isenção  da  Cofins  e  da  Contribuição  para  o  PIS  se  aplica  às  hipóteses  elencadas  em  seus  incisos  I  a  IX,  não  havendo  referência  expressa  ou  literal  à  Zona  Franca  de  Manaus, fato esse que, por si só, já afastaria a isenção pleiteada.  Portanto,  seriam  aplicáveis  ao  presente  caso  somente  as  hipóteses  de  isenção  dos  incisos  IV,  VI,  VIII  e  IX,  a  seguir  discriminadas:  a) receitas do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso  ou  consumo  a  bordo  em  embarcações  e  aeronaves  em  tráfego  internacional,  quando  o  pagamento  for  efetuado  em  moeda  conversível;  b)  receitas  auferidas  pelos  estaleiros  navais  brasileiros  nas  atividades de  construção,  conservação modernização, conversão  e  reparo  de  embarcações  pré­registradas  ou  registradas  no  Registro Especial Brasileiro ­ REB, instituído pela Lei n° 9.432,  de 8 de janeiro de 1997;  c)  receitas  de  vendas  realizadas  pelo  produtor­vendedor  às  empresas comerciais exportadoras de que trata o Decreto­Lei n°  1.248, de 1972, destinada ao fim específico de exportação; e d)  receitas  de  vendas  efetuadas  com  fim  específico  de  exportação  para o exterior, às empresas comerciais exportadoras registradas  na  Secretaria  de  Comércio  Exterior  do  Ministério  do  Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.                                                              2 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos  jurídicos,  quando:  I ­ neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (...)          § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância  com  fundamentos  de  anteriores  pareceres,  informações,  decisões  ou  propostas,  que,  neste  caso,  serão  parte  integrante do ato. (...)    Fl. 150DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 16542.000485/2002­14  Acórdão n.º 3803­006.904  S3­TE03  Fl. 5          7 No período de 1° de fevereiro de 1999 a 17 de dezembro de 2000  –  período  esse  que  não  alcança  o  presente  processo  –,vigia  a  redação  original  do  inciso  I  do  §  2°  do  art.  14  da  Medida  Provisória  nº  1.858­6/1999  –  dicção  essa  que  constou  do  dispositivo até a edição da Medida Provisória n° 2.037­24/2000  –,  que,  expressamente,  excluía  as  receitas  de  vendas  à  Zona  Franca de Manaus da previsão legal isentiva.  A  medida  liminar  que  foi  deferida  pelo  Supremo  Tribunal  Federal (STF) na ADI n° 2.348­9/2000 suspendeu a eficácia da  expressão "na Zona Franca de Manaus" que constava do inciso I  do § 2° do art. 14 da Medida Provisória n° 2.037­24/2000, mas  apenas com efeitos ex nunc, não alcançando, portanto o período  acima identificado.  Não  obstante  tal  decisão  do  STF,  remanesceu  no  dispositivo  legal (inciso I do § 2° do art. 14 da Medida Provisória n° 2.037­ 24/2000)  o  afastamento  da  isenção  em  relação  às  vendas  realizadas  para  “empresa  estabelecida  na Amazônia Ocidental  ou em área de livre comércio” (grifei).   Considerando  que,  de  acordo  com  o  art.  40  do  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias,  a  Zona  Franca  de  Manaus é uma área de livre comércio, tem­se que a isenção sob  comento permaneceu afastada nos casos da espécie.  Além disso, em 23 de julho de 2004, a Medida Provisória nº 202,  convertida, em 9 de novembro de 2004, na Lei n° 10.996, inovou  em relação a essa matéria nos seguintes termos:  Art. 2°. Ficam reduzidas a O (zero) as alíquotas da Contribuição  para  o  PIS/PASEP  e  da Contribuição  para  o  Financiamento  da  Seguridade  Social  ­  COFINS  incidentes  sobre  as  receitas  de  vendas  de  mercadorias  destinadas  ao  consumo  ou  à  industrialização  na Zona  Franca  de Manaus  ­  ZFM,  por  pessoa  jurídica estabelecida fora da ZFM.   §1°  Para  os  efeitos  deste  artigo,  entendem­se  como  vendas  de  mercadorias  de  consumo na Zona Franca  de Manaus  ­  ZFM as  que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham  utilizar  diretamente  ou  para  comercialização  por  atacado  ou  a  varejo.  §2° Aplicam­se às operações de que trata o caput deste artigo as  disposições do inciso II do §2° do art. 3° da Lei nº 10.637, de 30  de  dezembro  de  2002,  e  do  incisoIIi  do  §2°  do  art.  3°  da  Lei  n°10.833, de 29 de dezembro de 2003.  Constata­se do excerto acima que, a partir de sua vigência – que  não alcança o caso sob análise –, as alíquotas das contribuições  foram reduzidas a  zero, o que denota a  inexistência de  isenção  anterior,  uma  vez  que  não  haveria  justificativa  que  sustentasse  uma  alíquota  zero  relativamente  a  fatos  isentos,  dada  a  incompatibilidade  de  convivência  desses  institutos  de  direito  tributário.  Fl. 151DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO     8 Portanto, conclui­se pela atuação escorreita da autoridade fiscal  ao não reconhecer a isenção pleiteada relativa às vendas para a  ZFM.    Posto  isso,  voto  por  NEGAR  PROVIMENTO  ao  recurso  voluntário,  prejudicados os demais argumentos.      CORINTHO OLIVEIRA MACHADO                                        Fl. 152DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO

score : 1.0
5887407 #
Numero do processo: 10865.903916/2008-62
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1802-000.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa- Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado).
Nome do relator: LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA

toggle explain
    
1.0 = *:*

  
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021

anomes_sessao_s : 201410

turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção

dt_publicacao_tdt : Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015

numero_processo_s : 10865.903916/2008-62

anomes_publicacao_s : 201504

conteudo_id_s : 5451394

dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015

numero_decisao_s : 1802-000.578

nome_arquivo_s : Decisao_10865903916200862.PDF

ano_publicacao_s : 2015

nome_relator_s : LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA

nome_arquivo_pdf_s : 10865903916200862_5451394.pdf

secao_s : Primeira Seção de Julgamento

arquivo_indexado_s : S

decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa- Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado).

dt_sessao_tdt : Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014

id : 5887407

ano_sessao_s : 2014

atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:28 UTC 2021

sem_conteudo_s : N

_version_ : 1713047705826099200

conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1411; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1­TE02  Fl. 2          1 1  S1­TE02  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10865.903916/2008­62  Recurso nº  999.999Voluntário  Resolução nº  1802­000.578  –  2ª Turma Especial  Data  23 de outubro de 2014  Assunto  IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Recorrente  FAZENDA SETE LAGOAS AGRÍCOLA SA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento  em diligência, nos termos do Voto do Relator.  (assinado digitalmente)  José de Oliveira Ferraz Corrêa­ Presidente.   (assinado digitalmente)  Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  José  de  Oliveira  Ferraz  Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso  Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado).                   RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .9 03 91 6/ 20 08 -6 2 Fl. 643DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903916/2008­62  Resolução nº  1802­000.578  S1­TE02  Fl. 3          2   Relatório  Trata­se  de  pedido  de  compensação  de  débitos  da  responsabilidade  da  contribuinte com através de suposto crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de  tributo, concernente ao período de apuração 01/2003.  A Receita Federal não reconheceu o direito creditório a favor da contribuinte e,  por conseguinte, não homologou a compensação declarada, sob o argumento de que o crédito  pleiteado  já  foi  objeto  de  análise,  em  processos  relativos  aos  PER/DCOMP  de  n.°  10769.54888.101203.1.3.04­8007,  01850.16010.101203.1.3.04­0542,  33592.14380.151203.1.3.04­0927,  28623.05598.250804.1.3.01­7067,  22743.16824.020904.1.3.04­0251,  08891.60465.080904.1.3.04­5809,  30276.47095.140904.1.3.04­9480  e  15738.53242.210906.1.7.04­5707,  tendo  sido  constatado  que  o  crédito  pleiteado  foi  totalmente  utilizado  nos  PER/DCOMP  n.o  s  28623.05598.250804.1.3.04­7067,  22743.16824.020904.1.3.04­0251,  08891.60465.080904.1.3.04­5809,  30276.47095.140904.1.3.04­9480  e  15738.53242.210906.1.7.04­5707.  Cientificada,  a  contribuinte  apresentou  manifestação  de  inconformidade  alegando que haveria crédito suficiente para pagamento do débito informado na PER/DCOMP,  e requerendo a homologação da compensação declarada.  Em sessão de 29 de março de 2011, a 5ª Turma da DRJ/RPO proferiu o Acórdão  14­33.103,  julgando  improcedente  a manifestação  de  Inconformidade  e  não  reconhecendo  o  direito  creditório,  sob  a  alegação  de  que  o  reconhecimento  de  direito  creditório  contra  a  Fazenda Nacional exige  averiguação da  liquidez  e certeza do suposto pagamento a maior de  tributo, cujo ônus probatório é sempre do contribuinte.  Aduz que no caso dos autos a recorrente optou pela sistemática de apuração pelo  Lucro Real ­ Apuração Anual para IRPJ, situação em que o contribuinte realiza os pagamentos  no  decorrer  dos meses  do  ano  civil  por  estimativa,  o  que  configura  antecipações  do  tributo  devido no final do período anual de apuração, e não pagamento antecipado.  Assim,  tratando­se  de  mera  antecipação,  não  há  que  se  falar  em  pagamento  indevido ou a maior passível de repetição.  Alega que ao final do ano­calendário, caso a contribuinte apure saldo negativo  do  tributo,  resta  então  configurado  o  pagamento  indevido  ou  a maior,  o  qual  é  passível  de  restituição ou compensação, daí porque, inclusive, o marco inicial de contagem de decadência  para repetição ou para o lançamento se dá no último dia do exercício e não nas datas em que  realizadas as antecipações.  Afirmou ainda a Turma Julgadora que os recolhimentos mensais por estimativa  a  maior  efetuados  durante  o  ano­calendário  pela  interessada  não  são  pagamentos  a  maior  passíveis  de  compensação  em  cada mês,  pois  não  representam  créditos  líquidos  e  certos  do  sujeito passivo contra a Fazenda.  Fl. 644DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903916/2008­62  Resolução nº  1802­000.578  S1­TE02  Fl. 4          3 Alega  que  o  pedido  de  compensação  baseou­se  em  suposto  crédito  do  tipo  "pagamento  indevido ou a maior" de  IRPJ  ­ estimativa mensal,  código de arrecadação 2362,  sendo o objeto do pedido incompatível com a legislação de regência.  Por fim, declara que, para que fosse possível a compensação requerida, caberia à  contribuinte trazer documentos probatórios específicos, o que não ocorreu.  Do Recurso  Inconformada, recorreu a contribuinte em face da decisão que não reconheceu o  direito  creditório  e  não  homologou  a  correspondente  declaração  de  compensação,  apresentando, em suma, os seguintes argumentos:  ­ Que está  sujeita ao  recolhimento do  Imposto  sobre a Renda (IRPJ),  tendo se  submetido à sistemática de apuração pelo Lucro Real ­ Apuração Anual, no ano­calendário de  2003.  ­  Que  procedeu  ao  recolhimento  durante  todo  o  ano­calendário,  porém,  em  virtude de problemas em sua escrituração contábil, a Recorrente recolheu aleatoriamente, a fim  de não se inserir em mora, a estimativa/guia embatida no valor de R$ 800.000,00.  ­ Que  após  a devida  correção de  sua  escrituração contábil,  constatou­se  que o  valor efetivamente devido desta estimativa seria de R$ 162.507,06, o que resulta num direito  de crédito compensatório.  ­ Afirma que demonstrou o equívoco dos números informados, mas que mesmo  assim a DRJ manteve a decisão de não­homologação das compensações efetuadas, porém, sob  outros argumentos, extrapolando os limites da sua esfera de competência.  ­  Requer  o  retorno  dos  autos  à  fiscalização  para  nova  decisão  quanto  a  homologação ou não da compensação declarada.  ­ Requer,  por  fim,  a  reforma  parcial  do Acórdão  ora  recorrido,  para  afastar  a  “decisão  de  não­homologação  sob  fundamento  diverso  do  apontado  pela  fiscalização”,  ou  alternadamente, a análise da documentação contábil juntada aos autos.  Esse o relatório.    VOTO  Conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Relator    Da Tempestividade  A  ciência  do  Acórdão  deu­se  em  23/05/2011  e  o  Recurso  Voluntário  foi  apresentado  em  17/06/2011.  O  recurso  é  tempestivo  e  dotado  dos  pressupostos  para  a  sua  admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento.   Fl. 645DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10865.903916/2008­62  Resolução nº  1802­000.578  S1­TE02  Fl. 5          4 Do Mérito  Trata­se  de  Recurso  Voluntário  interposto  por  Fazenda  Sete  Lagoas  Agrícola  S/A  em  face  da  decisão  que  não  reconheceu  o  direito  creditório  e  não  homologou  as  correspondentes declarações de compensação.  De acordo com o que consta dos autos, a DRF não reconheceu direito creditório  a seu favor, sob o fundamento de que o crédito pleiteado já fora totalmente utilizado em outras  PER/DECOMP’s.  Uma  vez  ofertada  manifestação  de  inconformidade,  sob  alegação  de  que  as  compensações  supostamente  responsáveis  pelo  consumo  de  todo  o  crédito  não  haviam  sido  homologadas,  foi  a  mesma  julgada  pela  DRJ  Ribeirão  Preto  que,  desta  feita,  indeferiu  a  compensação  por  entender  que  o  recolhimento  de  estimativa  indevido  ou  a  maior  não  gera  crédito passível de compensação.  É fato que a DRJ adotou como razões de decidir diferentes daquelas usadas pela  DRF.  Por  conta  disso,  (i)  não  restou  definida  a  argumentação  expendida  pelo  contribuinte  segundo  a  qual  as  compensações  responsáveis  pelo  consumo  do  crédito  não  estariam  homologadas; e (ii) caso optante pela argumentação segundo a qual a estimativa não é passível  de geração de crédito a compensar, teria violado expressamente súmula do CARF.  É  entendimento  deste Conselho  que  o  recolhimento  por  estimativa  pode  gerar  crédito, e portanto, ser compensável, , nos termos da súmula 84, cujo teor é o seguinte:  "Súmula  CARF  84  ­  Pagamento  indevido  ou  a  maior  a  título  de  estimativa  caracteriza  indébito  na  data  de  seu  recolhimento,  sendo  passível  de  restituição  ou  compensação"  Sendo  assim,  impõe­se  instrução  complementar  destes  autos,  para  que  se  considere o alegado crédito, analisando, à luz da documentação trazida aos autos, se o mesmo  existe na medida em que o contribuinte alega possuí­lo e se, realmente, por força de todos os  PER/DCOMP apresentados, teria ou não tal crédito sido consumido noutras compensações; ou  se, por outro lado, haveria saldo credor a compensar.  Contudo, a solução do presente processo demanda uma instrução complementar.  Pelo exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência a fim de que, à  luz das explicações trazidas pelo contribuinte com sua manifestação de inconformidade, mais  toda a documentação ofertada em vários volumes, a autoridade fiscal re­examine a pretendida  compensação.  Esse o meu Voto.   Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira ­ Relator  (assinado digitalmente)    Fl. 646DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA

score : 1.0