Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13888.003008/2008-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2005
GRATIFICAÇÃO DIA DO COMERCIÁRIO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARCELA INTEGRANTE.
A gratificação recebida pelo trabalhador pelo dia do comerciário enquadra-se na definição de salário de contribuição quando paga com habitualidade.
DECADÊNCIA. APLICAÇÃO. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Entendimento do STJ no Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática do recurso repetitivo.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO.
A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, estabelece os procedimentos sobre a aplicação retroativa das multa de que tratam os do disposto nos arts. 35 e 35-A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
Lançamento Procedente
Numero da decisão: 2401-005.361
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a decadência e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2005 GRATIFICAÇÃO DIA DO COMERCIÁRIO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARCELA INTEGRANTE. A gratificação recebida pelo trabalhador pelo dia do comerciário enquadra-se na definição de salário de contribuição quando paga com habitualidade. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Entendimento do STJ no Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática do recurso repetitivo. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, estabelece os procedimentos sobre a aplicação retroativa das multa de que tratam os do disposto nos arts. 35 e 35-A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Lançamento Procedente
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13888.003008/2008-05
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5855435
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat Apr 21 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2401-005.361
nome_arquivo_s : Decisao_13888003008200805.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
nome_arquivo_pdf_s : 13888003008200805_5855435.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a decadência e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
id : 7237576
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010607681536
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1676; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 63 1 62 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.003008/200805 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.361 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 8 de março de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente WEISER VEÍCULOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2005 GRATIFICAÇÃO DIA DO COMERCIÁRIO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARCELA INTEGRANTE. A gratificação recebida pelo trabalhador pelo dia do comerciário enquadrase na definição de salário de contribuição quando paga com habitualidade. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Entendimento do STJ no Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática do recurso repetitivo. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, estabelece os procedimentos sobre a aplicação retroativa das multa de que tratam os do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Lançamento Procedente Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 30 08 /2 00 8- 05 Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a decadência e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão 1425.497 (fls. 38/42) da 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2005 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARCELA INTEGRANTE. GRATIFICAÇÕES. Integra o salário de contribuição as parcelas pagas habitualmente aos empregados a título de gratificação. DECADÊNCIA. PRAZO. PREVISÃO EM LEI ORDINÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. O artigo 45 da Lei n° 8.212/91 é inconstitucional, consoante súmula vinculante n° 8 do STF. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. PRAZO. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, existindo antecipação do pagamento, ainda que parcial, a decadência operase com o transcurso do prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, mediante aplicação do artigo 150, §4° do Código Tributário Nacional. Lançamento Procedente Às fls. 2 e seguintes, consta Auto de Infração (DEBCAD n° 37.135.0590 fls. 2/23) lavrado para constituição do crédito tributário, dos estabelecimento CNPJ's 000150; 000665 e 000908, no valor de R$ 7.816,46 (sete mil oitocentos e dezesseis reais e quarenta e seis centavos), referente às contribuições destinadas à Seguridade Social, correspondente a parte devida pela empresa, inclusive para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho. Os fatos geradores das contribuições lançadas foram as remunerações pagas ou creditadas pela empresa autuada a segurados empregados, nas competências 10/2003, 10/2004 e 10/2005, a titulo de gratificação em homenagem ao “Dia do Comerciário”, originada da cláusula extraída da Convenção Coletiva de Trabalho 2002/2003FECESP/SlNCODIV. Do relatório da decisão de piso, extraemse, em resumo, os principais argumentos de sua peça impugnatória: Os pagamentos dos abonos salariais aos empregados foram feitos em cumprimento a Acordo Coletivo de Trabalho, no qual consta que sobre tais pagamentos não incidirá contribuição social. A empresa apenas obedeceu a essa determinação, mesmo por que o abono salarial é eventual e não integra o salário de seus empregados. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 4 A empresa foi fiscalizada em 2003 e 2004 e qualquer outro lançamento neste período está abrangido pela decadência. No item 8° do Relatório Fiscal a fiscalização declara que será formalizada representação fiscal pra instauração de ação penal por crime contra a ordem tributária. No entanto, esta representação só pode ser efetuada após o crédito tributário estiver definitivamente constituído, conforme disposto no artigo 60 da Lei n. 9.430/91. Requer a procedência da impugnação. Cientificada da decisão de primeira instância em 09/08/2010 (fls. 54), apresentou Recurso Voluntário em 18/08/2010 (fls. 55). Do qual transcrevo o seu inteiro teor: Weiser Veículos S/A. já qualificada no processo acima, vem com o devido respeito, por seu procurador abaixo, apresentar recurso voluntário, contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, pelos seguintes motivos de fato e de direito: 1. Na realidade, foram lavrados 19 (dezenove) autos de infração, tendo por base os mesmos fatos geradores. Alguns, com infração regulamentar simplesmente, e apenas dois com cobrança de contribuição social ao INSS. Os valores foram extraídos de lançamentos que não estavam os pagamentos, sujeitos a essa contribuição social. 2. Salienta ainda, que a empresa foi fiscalizada em 2003 e 2004 e outros lançamentos nesse período, ou somente em relação a 2003, estão abrangidos pela decadência, a teor do artigo 174 de C.T.N. porque os autos são de 2008. 3. A frondosa legislação transcrita nos autos dificulta sobremaneira a impugnação, como reconhecido pela autoridade julgadora. 4. Reitera, que não houve falta de pagamento de qualquer contribuição, pois os arquivos, documentos e livros estiveram à disposição do fiscal autuante, muitos documentos nem foram verificados, tal o volume apresentado. 5. Quanto à multa aplicada e a retroatividade benigna reconhecida no julgamento, deve ser retificado o auto de infração e não como foi decidido, prolongando “essa providência para a ocasião do pagamento. Reitera todos os temas da Impugnação, comprovada por documentos. Enfim, são autos destituídos de fundamento, aleatórios e por essa razão requer a sua insubstituência, como medida de inteira Justiça. É o relatório. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 5 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Preliminar de decadência Alega a recorrente que já fora fiscalizada em 2003 e 2004 e outros lançamentos nesse período, ou somente em relação a 2003, estariam abrangidos pela decadência. Pois bem. Quanto ao prazo de constituição do crédito tributário (prazo decadencial), o Superior Tribunal de Justiça – STJ consagrou o entendimento de que a regra do § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do inciso I do art. 173, nos demais casos. Veja a ementa do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 6 julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed.,Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed.,Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Observase que o acórdão do REsp nº 973.733/SC foi submetido ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, reservado aos recursos repetitivos, o que significa que essa interpretação deverá ser aplicada pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário. Sobre o caráter vinculante da decisão do STJ, a Portaria Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, Regimento Interno do CARF (RICARF), traz as seguintes disposições: Fl. 68DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 7 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: [...] b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Veja, nesse processo estão abrangidas as competências (fatos geradores) de 10/2003, 10/2004 e 10/2005, de acordo com o Discriminativo Analítico de Débito (fls. 5/6). Como o sujeito passivo tomou ciência do lançamento em 31/07/2008, independente de aplicação da regra do § 4º do art. 150 ou inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional, não há que se falar em decadência do período fiscalizado. Esclarece ainda que o art. 174 do CTN dispõe sobre o prazo de prescrição do crédito tributário, ou seja, tratase do prazo de cobrança que se inicia somente após a constituição definitiva do crédito tributário, após a fase litigiosa. Aduz ainda a recorrente ter sido fiscalizada em 2003 e 2004. Esse informação, por si só, não implica em decadência. Nesse sentido, foi a conclusão da decisão de piso: " ... o simples fato da empresa autuada ter sido supostamente fiscalizada em 2003 e 2004 não implica em decadência do direito do Fisco constituir o crédito previdenciário de qualquer período objeto deste lançamento, nem tão pouco é relevante para o resultado deste julgamento. Apenas o seria se, havendo fiscalização anterior sobre o mesmo período, dela decorresse o lançamento das mesmas contribuições que ora são exigidas, fatos estes que dependem de provas, não produzidas nos autos. Diante do exposto, rejeito a preliminar de decadência do lançamento. Sem razão a recorrente. Mérito Fl. 69DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 8 A recorrente argumenta que os autos estão destituídos de fundamento, aleatórios. Sem razão a recorrente. Como se observa, nos termos descrito no Relatório Fiscal do Auto de Infração, as bases de calculo foram obtidas mediante arquivos em meio digital entregues pela autuada, contendo todos os registros de folhas de pagamentos do 01/2003 a 06/2007. Além disso, o sujeito passivo demonstra com clareza o teor da infração que lhe foi imputada, pelo que logrou apresentar suas razões de defesa dentro do prazo legal e com especial profundidade, a demonstrar o perfeito entendimento às matérias que compunham o lançamento. Reitera os argumentos apresentados na impugnação, nos quais defende que os pagamentos dos abonos salariais, Gratificação do Dia do Comerciário, aos empregados foram feitos em cumprimento a Acordo Coletivo de Trabalho, no qual consta que sobre tais pagamentos não incidirá contribuição social. Pois bem. A controvérsia cingese na natureza da gratificação paga os trabalhadores pelo "Dia do Comerciário" ser considerada ou não salário de contribuição, nos termos do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991. Na definição de salário de contribuição, o legislador adotou o conceito bem mais amplo de remuneração para efeitos de apuração da contribuição previdenciária, abrangendo o salário, com todos os componentes, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma. Neste sentido, também é o § 11 do art. 201 da Constituição Federal: " § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)" Por outro lado, as exceções ao disposto no art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991, estão dispostas no §9º, que especifica no item 7 da alínea "e" que as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais não integram o salário de contribuição. Ao meu ver, a importância paga a título de gratificação pelo dia do comerciário não é eventual, pois todos anos o trabalhador sabe que naquela data ocorrerá e que o valor será pago, sabendo, em muitos casos, até com antecedência a importância que receberá, não está desvinculada do salário, portanto, tem a natureza de gratificação paga com habitualidade. Neste contexto, é a cláusula 48ª do Convenção Coletiva de Trabalho, reproduzida do Relatório Fiscal 2002/2003 FECESP/SINCODIV de 11/12/2002, que ficou válida por meio de aditamentos e renovações até a convenção 2006/2007, reproduzida do Relatório Fiscal (fls. 22): Fl. 70DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 9 Em que pese a força das Convenções Coletivas, como garantia constitucional que assegura os direitos trabalhistas entre as categorias dos empregadores e empregados, as mesmas não podem ser opostas ao fisco para estabelecer uma regra de não incidência das contribuições previdenciárias, pois são desprovidas de força normativa, lei em sentido formal. Além do que, a não incidência é matéria que só compete ao ente tributante, pois a ele cabe definir dentro de sua competência constitucional, o que vai ou o que não vai ser tributado, não sendo tal prerrogativa atribuída aos particulares. Relata a auditoria fiscal que as bases de calculo foram obtidas mediante arquivos em meio digital entregues pela autuada, contendo todos os registros de Folha de Pagamento do período de 01/2003 a 08/2007 no formato do MANAD Manual Normativo de Arquivos Digitais. As informações foram validadas por meio de testes, por amostragem, realizados por confronto com as folhas de pagamento em meio papel para as amostras 05/2003, 08/2004, 12 e 13/2006 e 08/2007, de onde foram extraídas as bases de calculo das rubricas referentes ao Dia do Comerciário. Pelo exposto acima, entendo que não merece ser reformado o r. acórdão recorrido, que assim concluiu: " ... estas gratificações concedidas pela autuada a segurados empregados, por serem habituais, devem sim integrar o salário de contribuição para fins de incidência das contribuições sociais, na forma do artigo 28 da Lei n° 8.212/91". Quanto a Representação Fiscal para Fins Penais, impende esclarecer o seguinte: " Súmula nº 28: o CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais ". Como bem pontuado no r. acórdão recorrido, a alegação de que foram lavrados autos repetitivos não procede, considerando que cada um deles tem por objeto o lançamento de contribuições ou a aplicação de penalidade distintas, ou seja, não foi lavrado nenhum Auto de Infração em repetição a outro. No tocante à aplicação da multa, retroatividade mais benéfica da Lei nº 11.941/09, reconhecida no r. acórdão recorrido, necessário esclarecer que o órgão responsável pela execução da decisão do CARF, quando do trânsito em julgado administrativo, deve efetuar o cálculo da multa, nos termos em que está disposto no art. 476 da Instrução Normativa nº 971/09, conforme: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13888.003008/200805 Acórdão n.º 2401005.361 S2C4T1 Fl. 0 10 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) [...] Também, são as disposições da Portaria Conjunta PGFN /RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, estabelece os procedimentos sobre a aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, nos seguintes termos: Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). [...] § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Conclusão Pelo exposto acima, voto no sentido de CONHECER do recurso, rejeitar a preliminar de decadência, e, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 72DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001267/2004-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUBMETIDOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. FATORES DETERMINANTES. PAGAMENTO. DECLARAÇÃO PRÉVIA DE DÉBITO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
1- Para os tributos submetidos a lançamento por homologação, o ordenamento jurídico prevê a ocorrência de duas situações, autônomas e não cumulativas, aptas a concretizar contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I, em detrimento do art. 150, §4º, ambos do CTN. Uma é constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo. Caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. A outra é verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72.
2 - No caso concreto, não há pagamento e tampouco confissão de dívida.. Aplicação do prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN.
Numero da decisão: 9101-003.283
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rego.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201712
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUBMETIDOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. FATORES DETERMINANTES. PAGAMENTO. DECLARAÇÃO PRÉVIA DE DÉBITO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. 1- Para os tributos submetidos a lançamento por homologação, o ordenamento jurídico prevê a ocorrência de duas situações, autônomas e não cumulativas, aptas a concretizar contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I, em detrimento do art. 150, §4º, ambos do CTN. Uma é constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo. Caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. A outra é verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72. 2 - No caso concreto, não há pagamento e tampouco confissão de dívida.. Aplicação do prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10865.001267/2004-30
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5835185
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9101-003.283
nome_arquivo_s : Decisao_10865001267200430.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ANDRE MENDES DE MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 10865001267200430_5835185.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rego.
dt_sessao_tdt : Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
id : 7139263
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010622361600
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2150; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 588 1 587 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10865.001267/200430 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.283 – 1ª Turma Sessão de 7 de dezembro de 2017 Matéria DECADÊNCIA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS BOM GUSTO LIMEIRA LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUBMETIDOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTAGEM DO PRAZO. FATORES DETERMINANTES. PAGAMENTO. DECLARAÇÃO PRÉVIA DE DÉBITO. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. 1 Para os tributos submetidos a lançamento por homologação, o ordenamento jurídico prevê a ocorrência de duas situações, autônomas e não cumulativas, aptas a concretizar contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I, em detrimento do art. 150, §4º, ambos do CTN. Uma é constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo. Caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. A outra é verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72. 2 No caso concreto, não há pagamento e tampouco confissão de dívida.. Aplicação do prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 12 67 /2 00 4- 30 Fl. 589DF CARF MF Processo nº 10865.001267/200430 Acórdão n.º 9101003.283 CSRFT1 Fl. 589 2 conselheiros Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rego. Relatório Tratase de recurso especial (efls. 538/547) interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional ("PGFN") em face do Acórdão nº 130100.246, da sessão de 11 de dezembro de 2009, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, que votou no sentido dar provimento parcial ao recurso da DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS BOM GUSTO LIMEIRA LTDA. ("Contribuinte ") para acolher a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1 ° e 2° trimestres de 1999; e do PIS e Cofins em relação aos fatos geradores ocorridos até agosto de 1999. O acórdão recorrido apresentou a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2000 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. A Fazenda Pública dispõe de 5 (cinco) anos, contados a partir da ocorrência do fato gerador, para promover o lançamento de impostos e contribuições sociais enquadrados na modalidade do art. 150 do CTN, a do lançamento por homologação. Fl. 590DF CARF MF Processo nº 10865.001267/200430 Acórdão n.º 9101003.283 CSRFT1 Fl. 590 3 LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. A Lei n° 10.174, de 2001, que deu nova redação ao § 3° do art. 11 da Lei n° 9.311, de 1996, permitindo o cruzamento de informações relativas A. CPMF para a constituição de crédito tributário pertinente a outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, é norma procedimental e por essa razão não se submete ao principio da irretroatividade das leis, ou seja, incide de imediato, ainda que relativa a fato gerador ocorrido antes de sua entrada em vigor. A PGFN interpôs recurso especial, arguindo divergência entre a decisão recorrida, no qual só admite contagem decadencial para tributos sujeitos a lançamentos por homologação nos termos do art. 150, 4º do CTN, e o paradigma, que no caso de ausência de pagamento aplica o prazo previsto no art. 173, inciso I do CTN. Discorre sobre o REsp 973.733 do STJ, julgados nos termos do art. 543C do CPC, que vincula os conselheiros do CARF, no sentido de que havendo inexistência de pagamento ou declaração prévia de débito aplicase o art. 173, inciso I do CTN. Aduz que nos presentes autos não há pagamento. Requer pelo afastamento da decadência. O despacho de exame de admissibilidade (efls. 559/561) deu seguimento ao recurso especial. Não foram apresentadas contrarrazões pela Contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Adoto as razões do despacho de exame de admissibilidade para conhecer do recurso especial da PGFN. Passo ao exame do mérito. Dois aspectos devem ser considerados na análise do prazo decadencial. Primeiro, o regime de tributação a que se encontra submetido o contribuinte, para que se possa estabelecer com clareza o termo inicial de contagem. Segundo, qual a regra do CTN aplicável ao caso concreto: (1) do art. 150, § 4º, ou (2) do art. 173, inciso I. Para a devida contagem do prazo decadencial dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, há que se observar entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC, apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO Fl. 591DF CARF MF Processo nº 10865.001267/200430 Acórdão n.º 9101003.283 CSRFT1 Fl. 591 4 CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL.ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro Fl. 592DF CARF MF Processo nº 10865.001267/200430 Acórdão n.º 9101003.283 CSRFT1 Fl. 592 5 de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.(grifei) Ou seja, são dois elementos determinantes para verificar se cabe a contagem do prazo decadencial do art. 150, §4º ou do art. 173, inciso I, ambos do CTN: 1º) constatar se houve pagamento espontâneo ou declaração prévia de débito por parte do sujeito passivo, sendo que, caso negativo, a contagem da decadência segue a regra do art. 173, inciso I do CTN, consoante entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.º 973.733/SC , apreciado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, decisão que deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, consoante § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015; 2º) verificar se restou comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, que enseja a qualificação de multa de ofício e, por consequência, a contagem do art. 173, inciso I do CTN, consoante Súmula CARF nº 72 1. Quanto ao conceito de declaração prévia de débito, entendo, numa acepção geral, que se caracteriza por ato que implique em confissão da dívida por parte do sujeito passivo. Assim, podem também ser considerados, além do pagamento espontâneo, por exemplo, o debito confessado em DCTF, em compensação tributária ou parcelamento. Nos presentes autos, não consta existência de pagamento, tampouco de declaração com efeito de confissão de dívida para o IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Registrese que a DIPJ/2000, para o anocalendário em debate, de 1999, tem caráter meramente informativo, ou seja, os débitos nela informados não implicam em confissão de dívida. Portanto, a contagem do prazo decadencial deve ser deslocada para o art. 173, inciso I do CTN. A decisão recorrida acolheu a decadência do IRPJ e da CSLL em relação ao 1° e 2° trimestres de 1999; e do PIS e Cofins em relação aos fatos geradores ocorridos até agosto de 1999. Tomando como parâmetro os fatos geradores mais favoráveis ao Contribuinte, de 31/01/1999 para o PIS e a Cofins, e de 31/03/1999 para o IRPJ e a CSLL (lucro presumido), o Fisco poderia efetuar o lançamento de ofício ainda no decorrer do ano de 1999. O termo inicial previsto na norma é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, no caso em tela, em 01/01/2000, e o termo final em 31/12/2004. A ciência do lançamento de ofício deuse em 30/09/2004, razão pela qual se deve afastar a decadência. 1 Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. Fl. 593DF CARF MF Processo nº 10865.001267/200430 Acórdão n.º 9101003.283 CSRFT1 Fl. 593 6 Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 594DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.720809/2014-18
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2014
SIMPLES NACIONAL. ATIVIDADE VEDADA INCLUÍDA NO OBJETO SOCIAL. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO
A empresa será excluída automaticamente do Simples Nacional caso haja a inclusão de atividade econômica, cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011, como impeditivo de permanência no regime simplificado, ainda que se trate de atividade secundária ou não a tenha exercida.
Numero da decisão: 1001-000.433
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2014 SIMPLES NACIONAL. ATIVIDADE VEDADA INCLUÍDA NO OBJETO SOCIAL. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO A empresa será excluída automaticamente do Simples Nacional caso haja a inclusão de atividade econômica, cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011, como impeditivo de permanência no regime simplificado, ainda que se trate de atividade secundária ou não a tenha exercida.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10930.720809/2014-18
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5856065
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1001-000.433
nome_arquivo_s : Decisao_10930720809201418.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
nome_arquivo_pdf_s : 10930720809201418_5856065.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
id : 7242917
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010625507328
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1371; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 86 1 85 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10930.720809/201418 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1001000.433 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 04 de abril de 2018 Matéria SIMPLES NACIONAL Recorrente HM TREINAMENTOS E SISTEMAS LTDAME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2014 SIMPLES NACIONAL. ATIVIDADE VEDADA INCLUÍDA NO OBJETO SOCIAL. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO A empresa será excluída automaticamente do Simples Nacional caso haja a inclusão de atividade econômica, cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011, como impeditivo de permanência no regime simplificado, ainda que se trate de atividade secundária ou não a tenha exercida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 72 08 09 /2 01 4- 18 Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10930.720809/201418 Acórdão n.º 1001000.433 S1C0T1 Fl. 87 2 Relatório Tratase de solicitação de reenquadramento no Simples Nacional, na forma de pedido de reconsideração da exclusão por comunicação obrigatória, interposto pela recorrente em face de decisão proferida pela 5ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento no Recife (PE), mediante o Acórdão nº 1147.805, de 26/09/2014 (efls. 41/46), objetivando a reforma do referido julgado. A empresa foi excluída do Simples Nacional, com efeitos a partir de 01/03/2014, em virtude de registro em seu contrato social (alterado em 10/02/2014), da atividade econômica CNAE 69206/02 – Atividade de consultoria e auditoria contábil e tributária, cuja vedação é imposta pela Resolução CGSN Nº 94, de 2011, em seu Anexo VI. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Londrina confirmou a exclusão da empresa sob o argumento, em síntese, de que foi aplicada a legislação vigente e que posteriormente, em 17/04/2014, efetuou alteração cadastral e retirou a atividade impeditiva, sem que houvesse alteração do contrato social na Junta Comercial. Transcrevo trecho da argumentação da decisão: 10. Explico. A alteração junto à RFB foi informada com a data do evento em 10/02/2014, mesma data da alteração original que deu causa à presente solicitação. O simples exame da cópia do Contrato Social anexada aos autos (fls. 0407), e registrado na Junta Comercial em 10/02/2014, revela em sua Cláusula Segunda que, entre outras, “a sociedade terá por objetivo prestação de serviços de atividade de assessoria contábil”. Em sua manifestação de inconformidade, a interessada alegou que "retirou de seu rol de atividades a atividade que lhe dava impedimento no enquadramento do Simples Nacional, a qual também não exercia, tão somente constava nas suas atividades. Foi então alterado e Registrado no Órgão Competente, Junta Comercial, e alterado na Receita Federal CNPJ. Portanto não tendo impedimento algum que possa excluíla do Simples Nacional". A DRJ indeferiu o pedido de reinclusão da interessada no Simples Nacional, cujo acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2014 EXCLUSÃO DO SIMPLES. ATIVIDADE VEDADA. CONTRATO SOCIAL. ÔNUS DA PROVA. A previsão de atividade vedada no objeto social, constante do contrato social da pessoa jurídica, legitima a presunção de seu exercício, cabendo ao contribuinte o ônus de prova em contrário. EXCLUSÃO AUTOMÁTICA. ATIVIDADE INCOMPATÍVEL. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10930.720809/201418 Acórdão n.º 1001000.433 S1C0T1 Fl. 88 3 A alteração de atividade econômica que promova a inserção de CNAE impeditiva, equivale a comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio. Ciente da decisão de primeira instância em 09/10/2014, conforme Aviso de Recebimento à efl. 48, a recorrente apresentou recurso voluntário em 07/11/2014 (efls. 61/64), conforme Termo de Solicitação de Juntada à efl. 61. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. Conforme relatado, tratase de exclusão automática da sistemática do Simples Nacional prevista nos artigos 30 e 31 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006: Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas de pequeno porte, darseá: (...) II obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ou (...) § 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal: (...) II na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que ocorrida a situação de vedação; (...) § 2º A comunicação de que trata o caput deste artigo darseá na forma a ser estabelecida pelo Comitê Gestor. §3º A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses: (...) II inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional; (Incluído pela Lei Complementar nº 139, de Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10930.720809/201418 Acórdão n.º 1001000.433 S1C0T1 Fl. 89 4 10 de novembro de 2011) (Produção de efeitos – vide art. 7º da LC nº 139/2011). III inclusão de sócio pessoa jurídica; (...) Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: (...) II na hipótese do inciso II do caput do art. 30 desta Lei Complementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva; III na hipótese do inciso III do caput do art. 30 desta Lei Complementar: a) desde o início das atividades; b) a partir de 1º de janeiro do anocalendário subsequente, na hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o; Nesse particular, mediante os artigos 73 e 74 da Resolução CGSN nº 94, de 29/11/2011, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN), regulamentou da mesma forma a exclusão do Simples Nacional, e relacionou, em seu anexo VI, os CNAE impeditivos de opção ao Simples Nacional, no qual consta o CNAE 6920 6/02 – Atividade de consultoria e auditoria contábil e tributária. No recurso interposto, a recorrente alega que "procurou regularizar qualquer impedimento que poderia prejudicála na opção do Simples Nacional, pois não houve a intenção de agir de má fé e jamais exercer tal atividade", que "não houve qualquer comunicado, ao contribuinte que foi pego de surpresa e quando se deu por conta já estava fora da opção do simples sem ter entes um prazo legal para regularizar suas pendências" e que houve um erro de fato, pois "essa atividade não é atividade de subsistência da empresa e não tem se quer qualquer intenção de exercêla algum dia". Esses argumentos foram fundamentadamente afastados em primeira instância, pelo que peço vênia para transcrever o excerto a seguir do voto condutor do acórdão recorrido, adotandoo desde já como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999, completandoo ao final: (grifos constam do original) 8. Como se observa, pela leitura dos dispositivos acima transcritos, a consultoria ou assessoria é atividade vedada ao optante pelo Simples Nacional e sua inclusão no cadastro CNPJ equivale à comunicação obrigatória de exclusão da sistemática simplificada. 9. Compulsando os autos, verificase que o contribuinte anexa a alteração contratual, registrada no dia 5/6/2014, para fins de comprovar a exclusão da atividade incompatível. 9.1. Também anexa o Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral no CNPJ (fl. 3), emitido pela Internet, que demonstra a retirada da atividade incompatível do cadastro. 10. De fato, o reclamante providencia a exclusão da atividade incompatível, mas não comprova que houve erro manifesto de fato no registro de tal atividade. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10930.720809/201418 Acórdão n.º 1001000.433 S1C0T1 Fl. 90 5 11. Para que a exclusão do Simples Nacional seja processada, basta a existência de uma atividade vedada, ainda que exercida paralelamente a outras permitidas ou, ainda, o simples registro da atividade no contrato social. Essa é a orientação sobre o assunto contida no “Perguntas e Respostas”, disponível no Portal do Simples Nacional no sítio da Receita Federal do Brasil, que trata a respeito da empresa que possui em seu registro atividade impeditiva: 2.5. SE CONSTAR DO CONTRATO SOCIAL ALGUMA ATIVIDADE IMPEDITIVA À OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL, AINDA QUE NÃO VENHA A EXERCÊLA, TAL FATO É MOTIVO DE IMPEDIMENTO Á OPÇÃO? Se a atividade impeditiva constante do contrato estiver relacionada no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94, de 2011, seu ingresso no Simples Nacional será vedado, ainda que não exerça tal atividade. Se a atividade impeditiva constante do contrato estiver relacionada no Anexo VII da Resolução CGSN nº 94, de 2011, seu ingresso no Simples Nacional será permitido, desde que declare, no momento da opção, que exerce apenas atividades permitidas. De outra parte, também estará impedida de optar pelo Simples Nacional a pessoa jurídica que obtiver receita de atividade impeditiva, em qualquer montante, ainda que não prevista no contrato social (Ver Pergunta 1.3). (...) 12. Dessa forma, o registro de atividade vedada no objeto social da empresa, legitima a presunção de seu exercício, cabendo ao contribuinte o ônus da prova em contrário. No caso concreto, a defesa não comprova que ocorreu erro manifesto de fato na inserção do código de atividade econômica vedada no cadastro CNPJ, visto que a atividade de assessoria contábil constava do contrato social e, assim, o código CNAE 69206/02 foi, em tese, corretamente informado ao cadastro pelo contribuinte. Quanto à alegação de boafé, cabe informar que a autoridade administrativa é vinculada à legalidade estrita, seja nos termos da Lei 8.112 de 1990, em seu artigo 116, III, seja pelo artigo 41, inciso IV, do Anexo II, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Assim, a partir do momento em que a norma é inserida em nosso sistema legislativo, é obrigação da autoridade administrativa a sua aplicação, não cabendo ao julgador administrativo expressar seu juízo de valor por eventuais injustiças que esta norma tenha causado, papel este incumbido aos tribunais competentes. Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, mantendose integralmente a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10930.720809/201418 Acórdão n.º 1001000.433 S1C0T1 Fl. 91 6 Fl. 91DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19679.015039/2004-19
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 1999
Ementa:
DESCONHECIMENTO DE LEI. RECLAMAÇÃO INESCUSÁVEL. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. O desconhecimento de lei é fato inescusável, não podendo o contribuinte contrapor a exigência diante da suposta falta de informações do sítio da RFB.
Numero da decisão: 1002-000.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado.
(Assinado digitalmente)
Julio Lima Souza Martins - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Ailton Neves da Silva e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: JULIO LIMA SOUZA MARTINS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 1999 Ementa: DESCONHECIMENTO DE LEI. RECLAMAÇÃO INESCUSÁVEL. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. O desconhecimento de lei é fato inescusável, não podendo o contribuinte contrapor a exigência diante da suposta falta de informações do sítio da RFB.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19679.015039/2004-19
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5853253
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1002-000.070
nome_arquivo_s : Decisao_19679015039200419.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JULIO LIMA SOUZA MARTINS
nome_arquivo_pdf_s : 19679015039200419_5853253.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. (Assinado digitalmente) Julio Lima Souza Martins - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Ailton Neves da Silva e Leonam Rocha de Medeiros.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
id : 7217175
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010637041664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1646; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T2 Fl. 2 1 1 S1C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19679.015039/200419 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1002000.070 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 7 de março de 2018 Matéria Penalidades/Multa por atraso na entrega de declaração Recorrente FELICIANO SAKAE KUDO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 1999 Ementa: DESCONHECIMENTO DE LEI. RECLAMAÇÃO INESCUSÁVEL. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. O desconhecimento de lei é fato inescusável, não podendo o contribuinte contrapor a exigência diante da suposta falta de informações do sítio da RFB. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. (Assinado digitalmente) Julio Lima Souza Martins Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Ailton Neves da Silva e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Foram distribuídos os autos para análise de controvérsia envolvendo a cobrança de penalidade acessória, consubstanciada em multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Federais DCTF. In casu, há exigências vinculadas ao 1º, 2º, 3º e 4º trimestre do anocalendário de 1999, perfazendo um total a pagar no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) (efl. 3). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 01 50 39 /2 00 4- 19 Fl. 35DF CARF MF 2 Diante da constituição dos lançamentos, protocolouse impugnação (efl. 2) alegando, nos próprios dizeres da impugnação: Informamos que nossa empresa desconhecia o prazo de entrega das declarações, atendendoas dentro da solicitação da notificação da Receita Federal as mesmas foram entregues espontaneamente entendemos que ao menos os valores aplicados em multa devem ser diminuídos. Senhor Julgador são estes, em síntese, os pontos de discordância apresentados nesta impugnação: a) Foi cumprida uma notificação em 14.10.2002, cumprimos no prazo assinalado a notificação da Receita Federal. b) Foram aplicados dois tipos de leis em nossa cobrança solicitamos que ao menos o auto de infração seja regido por uma única lei. A reclamação administrativa foi então conhecida, fazendo com que a 5ª Turma da DRJ/SPOI proferise o Acórdão nº 1612.401 (efls. 17/20) que, por unanimidade de votos, determinou a manutenção integral das exigências. Ato contínuo, irresignada com a decisão a quo, a autuada interpôs recurso voluntário (efl. 26), reiterando, basicamente, os mesmos argumentos rechaçados na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Julio Lima Souza Martins Relator O recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. Preliminar Em sede preliminar, a recorrente pede um desconto na multa aplicada. Ocorre que foi concedida a redução de 50% (cinquenta por cento) no corpo da notificação de lançamento (efl. 3 itens 6/8), de modo que a montante a ser recolhido seria fixado em R$ 1.000,00 (mil reais). Não obstante, a recorrente optou por impugnar os lançamentos, abandonando essa possibilidade, haja vista que o incentivo ao pagamento seria válido até o vencimento. Mérito Adiante, sustentase genericamente discordância com o Acórdão da Delegacia de Julgamento, o que, de todo o modo, escapa a qualquer apreciação, em face da ausência de dialeticidade processual. Entretanto, em particular, a recorrente reitera o fato de que desconhecia os efeitos do cumprimento da obrigação acessória, atribuindo responsabilidade à Administração Fazendária, diante da suposta falta de informação no sítio da RFB acerca da matéria. Fl. 36DF CARF MF Processo nº 19679.015039/200419 Acórdão n.º 1002000.070 S1C0T2 Fl. 3 3 Como é consabido, não é dado a qualquer pessoa, ainda mais aqueles que se propõe ao risco empresarial, a alegação de desconhecimento das leis. Há a presunção de publicidade dos atos normativos, face a publicação em Diário Oficial. Nesse sentido, as informações apresentadas no sítio da RFB nada mais são do que um espelho organizado das leis tributárias federais editadas no país. Tanto é assim que, quando se fala em efeitos da entrega em atraso da DCTF, deve se remeter ao art. 7º da Lei nº 10.426/2002: Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; III de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo; e IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I e II do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. § 1o Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo Fl. 37DF CARF MF 4 inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, da lavratura do auto de infração. § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; II a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317/1996; II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. § 4º Considerarseá não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela Secretaria Receita Federal. § 5º Na hipótese do § 4º, o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação, e sujeitarseá à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos §§ 1º a 3º. Sendo de amplo e irrestrito conhecimento a disponibilidade do texto legal colacionado, alojado, inclusive, no bojo da fundamentação legal da notificação de lançamento, entendo que haja inexistência de retoques a fazer que impliquem na revisão dos lançamentos. Ante ao enfretamento das questões apresentadas, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Julio Lima Souza Martins Fl. 38DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.002752/2005-06
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2000 a 30/06/2000, 01/08/2000 a 31/01/2001, 01/03/2001 a 30/06/2001, 01/10/2001 a 31/12/2001, 01/02/2002 a 28/02/2002, 01/03/2002 a 31/03/2002, 01/05/2002 a 31/05/2002, 01/09/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/10/2002
BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP. CONCEITO DE FATURAMENTO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º DA LEI Nº 9.718/98 PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
A inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, que alargou o conceito de faturamento para a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento dos RE nº 585.235, na sistemática da repercussão geral, tendo como leading cases os Res nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR.
Portanto, ficou estabelecido o conceito de faturamento como decorrente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, ou da combinação de ambos, não sendo abrangidas quaisquer outras receitas da pessoa jurídica.
TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF.
Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária.
Numero da decisão: 9303-006.314
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2000 a 30/06/2000, 01/08/2000 a 31/01/2001, 01/03/2001 a 30/06/2001, 01/10/2001 a 31/12/2001, 01/02/2002 a 28/02/2002, 01/03/2002 a 31/03/2002, 01/05/2002 a 31/05/2002, 01/09/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/10/2002 BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP. CONCEITO DE FATURAMENTO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º DA LEI Nº 9.718/98 PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, que alargou o conceito de faturamento para a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento dos RE nº 585.235, na sistemática da repercussão geral, tendo como leading cases os Res nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR. Portanto, ficou estabelecido o conceito de faturamento como decorrente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, ou da combinação de ambos, não sendo abrangidas quaisquer outras receitas da pessoa jurídica. TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF. Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10580.002752/2005-06
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5854897
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.314
nome_arquivo_s : Decisao_10580002752200506.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : VANESSA MARINI CECCONELLO
nome_arquivo_pdf_s : 10580002752200506_5854897.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
id : 7234275
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010643333120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2116; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 1.424 1 1.423 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.002752/200506 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303006.314 – 3ª Turma Sessão de 20 de fevereiro de 2018 Matéria PIS/Pasep Recorrente COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO E DA BAHIA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2000 a 30/06/2000, 01/08/2000 a 31/01/2001, 01/03/2001 a 30/06/2001, 01/10/2001 a 31/12/2001, 01/02/2002 a 28/02/2002, 01/03/2002 a 31/03/2002, 01/05/2002 a 31/05/2002, 01/09/2002 a 30/09/2002, 01/10/2002 a 31/10/2002 BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP. CONCEITO DE FATURAMENTO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º DA LEI Nº 9.718/98 PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, que alargou o conceito de faturamento para a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento dos RE nº 585.235, na sistemática da repercussão geral, tendo como leading cases os Res nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR. Portanto, ficou estabelecido o conceito de faturamento como decorrente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, ou da combinação de ambos, não sendo abrangidas quaisquer outras receitas da pessoa jurídica. TRIBUNAIS SUPERIORES. REPERCUSSÃO GERAL. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF. Nos termos do art. 62, §1º, inciso II, alínea "b" e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros do Conselho devem observar as decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 27 52 /2 00 5- 06 Fl. 1425DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.425 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA (fls. 1.184 a 1.226) com fulcro no art. 32, inciso II, do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes e art. 5º, inciso II do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, vigentes à época da sua interposição, buscando a reforma do Acórdão nº 20401.195 (fls. 1.152 a 1.176) proferido pela outrora Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em 26 de abril de 2006, no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: PIS. DECADÊNCIA. O prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo ao PIS é de cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador. NORMAS PROCESSUAIS. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. As instâncias administrativas não competem apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento legislação vigente. Fl. 1426DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.426 3 OPERAÇÕES DE SWAP. RECONHECIMENTO RECEITA. ADOÇÃO REGIME DE COMPETÊNCIA. As receitas advindas das operações de swap integram a base de cálculo da contribuição e devem ser reconhecidas, contrato a contrato, e, se tributadas pelo regime de competência, por opção do contribuinte, devem ser reconhecidas mensalmente, independente da efetiva liquidação das operações que as geraram. EXCLUSÕES BASE DE CÁLCULO. Os registros contábeis em conta de resultado de receitas não operacionais que foram posteriormente estornados por indevidos devem ser excluídos da base de cálculo da contribuição, por não representarem receita. SEGUROS. TRIBUTAÇÃO. No caso de seguros recebidos pela contribuinte em decorrência de sinistro inexiste previsão legal para que se exclua do valor recebido da seguradora o valor do bem sinistrado. A tributação deve ocorrer sobre o total do valor recebido do segurado, sem quaisquer exclusões. ESTORNO DE VALORES COMPUTADOS INICIALMENTE COMO PROVISÕES DE RECEITAS. As provisões de receita que assim tenham sido registradas inicialmente, e, portanto, oferecidas ã tributação do PIS e da Cofins, quando não se configurarem como efetivas receitas e forem, por conseguinte, estornadas, não são base de cálculo para as contribuições. PAGAMENTO EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. O pagamento é uma das formas de extinção do crédito tributário constituído, prevista no Código Tributário Nacional. REFIS. Não cabe lançamento de oficio de débitos incluídos no Refis, antes do inicio da ação fiscal. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, acrescidos de juros morat6rios calculados com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, além de ampararse em legislação ordinária, não contraria as normas balizadoras contidas no Código Tributário Nacional. Recurso provido em parte. Para retratar o desenrolar do processo, adotase o relatório do acórdão recorrido, com os devidos acréscimos, in verbis: [...] Tratase de Auto de Infração, formalizado em 29/03/2005 visando a cobrança do PIS nos períodos de janeiro a junho/00; agosto/00 a janeiro/01; março a junho/01; outubro a dezembro/01; fevereiro, março, maio, setembro e outubro/02 em virtude de recolhimento a menor da contribuição por divergências nas bases de calculo. Fl. 1427DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.427 4 A contribuinte apresentou impugnação alegando em sua defesa, em síntese: 1. decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário relativo aos meses de janeiro e fevereiro/00 em virtude do disposto no art. 150, parágrafo 4° do CTN; 2. o art. 30, parágrafo 1° da MP 2158/01 determina apenas a escolha do regime a ser adotado no reconhecimento tributário das variações cambiais, mas não possui o condão de fazer tributar valores que não representem efetiva receita, o que no caso, só se dará com a liquidação da operação; 3. discorre sobre o conceito de receita e conclui que as variações cambiais só se tornam receitas quando da liquidação efetiva dos direitos de crédito ou das obrigações do contribuinte; 4. nas operações de swap só haverá receita quando da efetiva liquidação do negócio, pois são operações incertas e imprevisíveis; 5. inconstitucionalidade da Lei no 9718/98 e da EC n°20/98; 6. a tributação de valores que efetivamente não constituem receita configura verdadeiro confisco; 7. foram tributados valores que representam estorno de receitas computadas como tal indevidamente; e 8. impossibilidade de utilização da taxa Selic como juros de mora. A DRJ em Salvador — BA julgou procedente o lançamento. Cientificada em 25/07/05 a contribuinte apresentou recurso voluntário em 22/08/05, argüindo as mesmas razões de defesa da inicial acrescendo ainda o detalhamento pormenorizado de todos os lançamentos que representam estorno, bem como discriminando os valores que já haviam sido incluídos no Refis ou pagos antes do lançamento. Foi efetuado depósito recursal conforme atestado à fl. 1137. É o relatório. [...] Sobreveio julgamento de parcial provimento do recurso voluntário, nos termos do Acórdão nº 20401.195 (fls. 1.152 a 1.176) proferido pela outrora Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em 26 de abril de 2006, ora recorrido, tão somente para reconhecer a decadência dos fatos geradores ocorridos até 29/03/2000, quais sejam, janeiro e fevereiro de 2000, julgando improcedentes as alegações de mérito. Não resignada em parte com a decisão, a Contribuinte insurgese por meio de recurso especial (fls. 1.184 a 1.226) alegando divergência jurisprudencial quanto: (a) à tributação dos contratos de swap indexados à variação cambial; (b) indenização de seguros; e (c) à possibilidade de apreciação de constitucionalidade de normas em face de decisão do Fl. 1428DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.428 5 STF. Para comprovar o dissídio de interpretações, trouxe como paradigmas os acórdãos nºs (a) 201 78.721; (b) 20178.015 e (c) 10195.542, respectivamente. Nas suas razões recursais, o Sujeito Passivo sustenta, em síntese, que: (a) A exação originária do auto de infração tem por base suposto recolhimento a menor da contribuição para o PIS, por haver discordância entre a Contribuinte e a Fiscalização com relação ao método de apuração de receitas em relação a diversos contratos de swap (com função de hedge) para proteger dos riscos da variação cambial; (b) Com relação aos contratos de swap indexados à variação cambial, somente é possível a tributação da receita pela contribuição ao PIS e à COFINS, mesmo pelo regime de competência, no momento de sua liquidação; (c) Na mesma linha relacional, não há incidência da contribuição para o PIS e COFINS sobre os valores correspondentes às indenizações de seguros; (d) Pode ser reconhecida a inconstitucionalidade da majoração da base de cálculo do PIS e da COFINS, frente ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal ao declarar inconstitucional o art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98; (e) Por fim, requer o provimento do recurso especial, com o cancelamento integral da autuação. Foi admitido o recurso especial do Sujeito Passivo por meio do despacho nº 340000.264, de 08 de novembro de 2012 (fls. 1.382 a 1.384), proferido pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial. A Fazenda Nacional não apresentou contrarrazões. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade Fl. 1429DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.429 6 O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, vigente à época, e reproduzido pela Portaria MF nº 343/15, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito A discussão principal posta nos autos referese aos seguintes pontos: (a) tributação dos contratos de swap indexados à variação cambial, no regime de competência; (b) indenização de seguros; e (c) à possibilidade de apreciação de constitucionalidade de normas em face de decisão do STF, mais especificamente, a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Da inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 A inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, que alargou o conceito de faturamento para a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento dos RE nº 585.235, na sistemática da repercussão geral, tendo como leading cases os Res nºs 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR. Os fundamentos da decisão foram sintetizados na seguinte ementa, in verbis: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nºs 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 2711 2008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL 0020802 PP00871 ) (grifouse) Pertinente, ainda, colacionar a ementa de julgado do leading case RE nº 357.950/RS, refletindo a posição predominante na Corte Suprema confirmada em sede de repercussão geral: Fl. 1430DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.430 7 CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RE 390840, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) Nessa linha relacional, as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal que tenham sido afetadas à sistemática da repercussão geral são de observância obrigatória por este órgão administrativo de julgamento, conforme redação do art. 62 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, atualmente em vigor e que obriga os Conselheiros à sua aplicação: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão Fl. 1431DF CARF MF Processo nº 10580.002752/200506 Acórdão n.º 9303006.314 CSRFT3 Fl. 1.431 8 ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Frente à declaração de inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da COFINS estabelecida pelo art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal, ficou estabelecido o conceito de faturamento como decorrente da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, ou da combinação de ambos, não sendo abrangidas outras receitas. No caso dos autos, portanto, não deve incidir a contribuição para o PIS/Pasep do regime cumulativo sobre as receitas decorrentes dos contratos de swap indexados à variação cambial e daquelas relativas às indenizações de seguros, por não se enquadrarem no conceito de faturamento. Diante do exposto, dáse provimento o recurso especial da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 1432DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13856.000263/2002-70
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000
VENDA A EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO. DIREITO.
Atendido aos demais requisitos legais, tem direito ao crédito presumido do IPI, a que se refere a Lei nº 9.363/96, a venda realizada para empresa comercial exportadora, não regulada pelo Decreto-Lei nº 1.248/72, com o fim específico de exportação.
Numero da decisão: 9303-006.353
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000 VENDA A EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO. DIREITO. Atendido aos demais requisitos legais, tem direito ao crédito presumido do IPI, a que se refere a Lei nº 9.363/96, a venda realizada para empresa comercial exportadora, não regulada pelo Decreto-Lei nº 1.248/72, com o fim específico de exportação.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13856.000263/2002-70
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5855060
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-006.353
nome_arquivo_s : Decisao_13856000263200270.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
nome_arquivo_pdf_s : 13856000263200270_5855060.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7234300
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010651721728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1240; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 715 1 714 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13856.000263/200270 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303006.353 – 3ª Turma Sessão de 22 de fevereiro de 2018 Matéria RESSARCIMENTO DE IPI Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado USINA DA BARRA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000 VENDA A EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO. DIREITO. Atendido aos demais requisitos legais, tem direito ao crédito presumido do IPI, a que se refere a Lei nº 9.363/96, a venda realizada para empresa comercial exportadora, não regulada pelo DecretoLei nº 1.248/72, com o fim específico de exportação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 6. 00 02 63 /2 00 2- 70 Fl. 715DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 716 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão nº 20181.692, de 03 de fevereiro de 2009 (fls.557 a 572 do processo eletrônico), proferido pela Segunda Câmara do antigo Segundo Conselho de Contribuintes, decisão que por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito à inclusão no cálculo do crédito presumido de IPI das vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim especifico de exportação, nos termos da Lei nº 9.532/97, art. 39, § 22, e não apenas as vendas às empresas constituídas na forma do DecretoLei nº 1.248/72. A discussão dos presentes autos tem origem no pedido protocolado pelo Contribuinte de ressarcimento de crédito presumido de IPI de que trata a Lei n° 9.363 de 1996, e a Portaria MF n° 38/97, no valor total de R$1.429.433,03, relativamente ao 1° trimestre do ano de 2000. Apresentou também Declarações de Compensação. Conforme Despacho Decisório, o pedido foi indeferido, sob as seguintes alegações: utilização, como valor das receitas de exportação, dos valores consignados nas notas fiscais, e não pelo valor do despacho de exportação, como havia sido realizado pela empresa; exclusão das exportações realizadas por terceiros, empresas não constituídas sob a forma preconizada pelo inciso I, art. 2° do DecretoLei n° 1.248/72 (tradingcompany); Fl. 716DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 717 3 exclusão na receita de exportação, do valor de revenda de mercadorias adquiridas no mercado interno, que não foram produzidas pelo estabelecimento; exclusão do valor das exportações realizadas no ano de 1999, que não podem ser incluídas no cálculo do incentivo no ano de 2000. Com as retificações na Receita de Exportação, não há direito ao crédito presumido no período; exclusão do custo, de materiais adquiridos que não se enquadram no conceito de insumo, tais como retifica de motores, despesas de serviços de concretagem, ferramentas, etc.; exclusão do total de custo dos insumos, do valor da energia elétrica. Inconformado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, que: defende a inclusão, na receita de exportação, dos valores relativos às variações cambiais, por fazerem parte do valor total da operação, e não somente do valor das notas fiscais; devem ser consideradas, na receita de exportação, as exportações realizadas por empresas comerciais exportadoras, mesmo que não estejam formalizadas como uma tradingcompany, pois se encontra atendido o fim especifico de exportação; as receitas decorrentes da exportação de mercadorias adquiridas no mercado interno devem ser incluídas no valor da receita de exportação, em razão do disposto no art. 2° da Lei n° 9.363/96; sustenta a inclusão dos insumos adquiridos de pessoas físicas, considerando que a instrução normativa não pode limitar o que o texto legal não limita. Submeteu a matéria em questão ao Poder Judiciário que julgou procedente a sua pretensão; equivocase a fiscalização ao negar o crédito sobre a canadeaçúcar própria, pois como sabido, para fins de apuração da relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, incluise o valor correspondente às exportações de Fl. 717DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 718 4 produtos não tributados; encontrandose a canadeaçúcar na categoria de produto não tributado, é ilegítima a recusa da fiscalização em negar o ressarcimento pretendido; os combustíveis e energia elétrica enquadramse no conceito de insumos, e por isso devem ser incluídos no cálculo do benefício. Por fim, requer a reforma da Decisão, com a concessão do ressarcimento nos termos do pedido. A DRJ em Ribeirão Preto/SP julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o contribuinte apresentou recurso voluntário, o Colegiado por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito à inclusão no cálculo do crédito presumido de IPI das vendas a empresas comerciais exportadoras com o fim especifico de exportação, nos termos da Lei nº 9.532/97, art. 39, § 22, e não apenas as vendas às empresas constituídas na forma do DecretoLei nº 1.248/72, conforme acórdão assim ementado in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. São incabíveis alegações genéricas. Os argumentos aduzidos deverão ser apresentados a primeira instância e acompanhados de demonstrativos e provas suficientes que os confirmem, pois, estando os atos processuais sujeitos à preclusão, não se toma conhecimento de alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA. Desde que cumpridos os requisitos necessários, deve ser reconhecido o direito ao crédito presumido decorrente de exportação efetuada por intermédio de empresas comerciais exportadoras que não aquelas Fl. 718DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 719 5 constituídas ao amparo do DecretoLei nº 1.248/72, conhecidas como "trading companies", uma vez que estas são espécie do gênero "empresa comercial exportadora." CRÉDITO PRESUMIDO. MERCADORIAS ADQUIRIDAS E EXPORTADAS. NÃO INCLUSÃO NO CÁLCULO. Não geram direito ao crédito presumido de IPI as operações decorrentes de mercadorias adquiridas de terceiros e exportadas, não submetidas, pela exportadora, a qualquer processo de industrialização. VARIAÇÕES CAMBIAIS. Os ajustes decorrentes de variações cambiais não devem ser considerados no cálculo do crédito presumido de IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. INSUMO NA() ADMITIDO NO CALCULO. ENERGIA ELÉTRICA. SÚMULA Nº 12 DESTE CONSELHO. Consoante Súmula nº 12 do Segundo Conselho de Contribuintes, "Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei IF 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário." Recurso voluntário provido em parte. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 575 a 588) em face do acordão recorrido que deu provimento parcial ao recurso do contribuinte, alegando contrariedade à lei, entendendo que a decisão ora vergastada, violou os arts. 10, parágrafo único, da Lei n° 9.363, de 1996, e 20 do DecretoLei n° 1.248, de 1972. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho de fls. 590 a 592, sob o argumento por se tratar de decisão não unânime, está sujeita à revisão pela Câmara Superior de Recursos Fiscais por contrariar, em tese, lei. Fl. 719DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 720 6 O Contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 654 a 662, manifestando pelo não provimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e que seja mantido o v. acórdão. É o relatório em síntese. Voto Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vigente à época de sua interposição, e reproduzido no RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com alterações posteriores, devendo, assim, ser conhecidos. No mérito, o Recurso Especial da Fazenda Nacional diz respeito sobre a condição para utilização do crédito presumido do IPI, conforme previsto na Lei nº 9.363. No acordão recorrido restou decidido que o gozo do referido crédito presumido de IPI não está condicionado necessariamente ao atendimento dos requisitos dispostos no art. 2º do Decretoleinº 1.248/72. Portanto, entendeuse equivocada a glosa efetuada pela fiscalização das receitas de exportação efetuadas por intermédio de empresas comerciais exportadoras que não constituídas ao amparo do Decreto Lei nº 1.248/72. Quanto ao tema referente ao direito ao credito presumido na venda realizada para empresa comercial exportadora, não regulada pelo Decreto Lei nº 1.248/72, com o fim específico de exportação, é importante lembrar que recentemente está Câmara Superior em sessão do dia 16 de agosto de 2017, analisou um caso semelhante no processo Relatado pelo Ilustre Conselheiro Relator Andrada Márcio Canuto Natal, no Acórdão nº 9303005.556, Fl. 720DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 721 7 processo administrativo nº10840.902783/200895, o qual traz entendimento consonante com o até aqui exposto e que passam a integrar o presente voto como razões de decidir, in verbis: "Como relatado, a matéria objeto de análise por este Colegiado restringese somente à discussão sobre a condição para utilização do crédito presumido do IPI, conforme previsto na Lei nº 9.363. No acórdão recorrido restou decidido que o gozo do referido crédito presumido de IPI não está condicionado necessariamente ao atendimento dos requisitos dispostos no art. 2º do Decretolei nº 1.248/72. Portanto, entendeuse equivocada a glosa efetuada pela fiscalização das receitas de exportação efetuadas por intermédio de empresas comerciais exportadoras que não constituídas ao amparo do DecretoLei nº 1.248/72. Por sua vez, a PFN afirma que para o contribuinte valerse do crédito presumido de IPI, instituído pela Lei nº 9.363, deve atender à condição instituída pelo Decreto DF lei nº 1.248/72, art. 2º e do artigo 1° da Portaria MEFP n° 438/92. Correto então estaria o entendimento da autoridade administrativa singular, ao glosar as receitas de exportação. Aduz ainda que as notas fiscais juntadas aos autos fazem prova contra a interessada, ao mostrar que a empresa Lumbertreade Comercial Exportadora Ltda. é uma sociedade constituída por cotas de responsabilidade limitada, condição esta, segundo alega, não permitida pela legislação. Pois bem. Como apontado no voto do acordão recorrido, a glosa foi efetuada pela autoridade fiscal pelo fato de a venda com fim específico de exportação ter sido realizada para uma empresa que não atendia aos requisitos previstos no art. 2º do Decreto Lei n 1.248/72, que assim dispõe: Art. 2º O disposto no artigo anterior aplicase às empresas comerciais exportadoras que satisfizerem os seguintes requisitos mínimos: Fl. 721DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 722 8 I – Registro especial na Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil S.A. (CACEX) e na Secretaria da Receita Federal, de acordo com as normas aprovadas pelo Ministro da Fazenda; II – Constituição sob forma de sociedade por ações, devendo ser nominativas as ações com direito a voto; III – Capital mínimo fixado pelo Conselho Monetário Nacional. Contudo, o dispositivo legal que estabeleceu o crédito presumido do IPI, para fins de ressarcimento do PIS e Cofins pagos na aquisição de insumos empregados em produtos exportados – art. 1º da Lei n° 9.363/96 –, não estipulou qualquer restrição nesse sentido, verbis: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. (destaquei) Vêse pela leitura do dispositivo acima transcrito que a Lei autorizou a obtenção do crédito presumido do IPI “inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior” e nada mais disse. Não há qualquer comando no texto legal restringindo a utilização do incentivo apenas às empresas comercial exportadoras constituídas ao amparo do Decreto Lei nº 1.248/72 – as “trading companies”. Fl. 722DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 723 9 Destarte, se a lei não restringiu, não cabe ao intérprete ou aplicador da norma fazêlo. Por esse motivo entendo que, para efeito de aplicação do incentivo fiscal em debate, equiparase a receita de exportação as vendas, com fim específico de exportação, realizadas a toda e qualquer empresa comercial exportadora, desde regulamente habilitadas no Siscomex, compreendendo tanto as trading companies quanto as empresas comerciais exportadoras comuns. Ademais, nem mesmo na IN SRF nº 23/97, vigente à época dos fatos, ao regulamentar a utilização do incentivo fez qualquer restrição ou menção ao DecretoLei nº 1.248/72, conforme se depreende de seu texto: Art. 1º O crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, como ressarcimento da contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para a Seguridade Social COFINS, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados no processo produtivo de bens destinados à exportação para o exterior, de que trata a Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, será apurado e utilizado de conformidade com o disposto nesta Instrução Normativa. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, Fl. 723DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 724 10 utilizados como matéria prima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS. Assim, correto o entendimento adotado no acórdão recorrido ao afastar a restrição imposta pela autoridade fiscal que excluiu as receita de exportação indireta do cálculo do crédito presumido em razão da empresa comercial exportadora não atender aos requisitos do Decreto Lei nº 1.248/72, por falta de amparo legal. Para reforçar o argumento, transcrevo trecho do voto proferido pelo ex Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, no Acórdão nº 3401002.984, de 19/03/2015, processo administrativo nº 13866.000310/200266, o qual traz entendimento consonante com o até aqui exposto: Ante ao exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Pública. E como voto. Fl. 724DF CARF MF Processo nº 13856.000263/200270 Acórdão n.º 9303006.353 CSRFT3 Fl. 725 11 (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora Fl. 725DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.676159/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 30/04/2006
DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS.
A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457(2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito.
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO.
Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros).
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3401-004.097
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 30/04/2006 DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457(2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros). Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.676159/2009-31
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5831425
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3401-004.097
nome_arquivo_s : Decisao_10880676159200931.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 10880676159200931_5831425.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
id : 7128493
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:12:44 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010664304640
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1697; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.676159/200931 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401004.097 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2017 Matéria DCOMP COFINS ELETRÔNICO Recorrente PROGRESS SOFTWARE DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/04/2006 DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros). Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 61 59 /2 00 9- 31 Fl. 909DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 3 2 Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versa o presente sobre PER/DCOMP invocando créditos referentes a pagamento indevido ou maior de COFINS. Tendo sido localizado o pagamento nos sistemas da RFB, mas utilizado para saldar débitos outros da empresa, não restando saldo, o crédito foi indeferido e a compensação não homologada, por Despacho Decisório Eletrônico, tendo a empresa apresentado Manifestação de Inconformidade, na qual alegou, basicamente, que em decorrência de equívocos no preenchimento de suas obrigações acessórias DACON e DCTF (todo o valor recebido a título de “receita de prestação de serviços” foi declarado no campo pertinente ao regime nãocumulativo, sem discriminação das receitas que deveriam figurar no regime cumulativo) a empresa acabou por apurar valor a maior a titulo de COFINS, promovendo o pagamento indevido de tal exação, gerando crédito passível de utilização na compensação de seus débitos. A empresa promoveu a retificação de DACON, alterando o valor devido, à época, a título de COFINS, ainda restando recolhimento a maior, em montante diverso do demandado. A decisão de primeira instância foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos. (a) somente são passíveis de compensação os créditos líquidos e certos; (b) a existência de erro no preenchimento das obrigações acessórias DACON e DCTF, não foi acompanhada de qualquer documento retificador até a data da ciência do Despacho Decisório, e nem de documentos de amparo, posteriormente; e (c) não comprovado o erro cometido no preenchimento da DCTF, com documentação hábil, idônea e suficiente, a alteração dos valores declarados anteriormente não pode ser acatada. Ciente da decisão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário, argumentando que: (a) foi descumprindo o prazo estabelecido no artigo 24 da Lei no 11.457/2007, havendo perda de direito por parte da Fazenda; (b) houve mero erro de preenchimento de DACON e DCTF, devendo prevalecer a verdade material, e serem os autos baixados em diligência; e (c) o artigo 147 do CTN se refere apenas a lançamento por declaração. Juntou, posteriormente, peça de defesa colacionando cópias de livros que se prestariam a demonstrar o valor declarado no DACON retificador. É o relatório. Fl. 910DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.084, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.676139/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.084): "O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Após a interposição de recurso voluntário, restam contenciosos no presente processo os seguintes temas: (a) descumprimento do prazo estabelecido no artigo 24 da Lei no 11.457/2007; (b) existência de mero erro de preenchimento de DACON e DCTF, em face da verdade material, com demanda por diligência; e (c) aplicação do artigo 147 do CTN. Do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007 Na peça recursal, alega a empresa que a decisão da DRJ foi proferida depois de mais de 360 dias da interposição da manifestação de inconformidade, havendo perda de direito por parte da Fazenda, com fulcro no artigo 24 da Lei no 11.457/2007. O citado artigo 24 (texto transcrito abaixo) se aplica ao processo administrativo tributário, conforme decisão do STJ, na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS): “Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” É cediço que o comando legal indicado inserese em um contexto que busca dotar de maior celeridade o processo administrativo, em consonância com os princípios constitucionais que regem a matéria. Contudo, é preciso reconhecer que não atribuiu o legislador consequência (v.g., reconhecimento tácito do crédito, como parece demandar a recorrente) ao processo em desacordo com o comando. E poderia têlo feito, se o desejasse, visto que a mesma Lei no 11.457/2007 promove alterações ao Decreto no 70.235/1972, que disciplina o processo administrativo fiscal. Fl. 911DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 5 4 Neste Decreto é que se arrolam, por exemplo, as causas de nulidade (art. 59). Também é sabido que no processo há prazos próprios e impróprios, e que estes não acarretam consequências processuais, embora possam ensejar discussões sobre responsabilização funcional, caso o retardo não seja justificável. Vejase, a título ilustrativo, o art. 226 do novo Código de Processo Civil – CPC (artigo 189 do antigo CPC), que também tem por escopo a celeridade nos julgados: “Art. 226. O juiz proferirá: I os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; II as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; III as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.” Embora se possa entender o objetivo do artigo, afigurase irrazoável dele deduzir que um processo com decisão judicial proferida após trinta dias seria, por exemplo objeto de nulidade, ou subtração de custas ou atualizações, ou ainda reconhecimento de direitos de crédito. No mesmo sentido as observações em relação ao art. 24 da Lei no 11.457/2007. Ademais, o art. 24 da Lei no 11.457/2007 possuía dois parágrafos que foram vetados pelo Poder Executivo (veto mantido). Um deles exatamente porque atribuía efeitos ao processo no caso de descumprimento (o § 2o dispunha que “haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte”). Na mensagem no 140, de 16/3/2007, são esclarecidas as razões do veto presidencial, proposto pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça: “Razões do veto “Como se sabe, vigora no Brasil o princípio da unidade de jurisdição previsto no art. 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observase que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, Fl. 912DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 6 5 obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, devese lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das consequências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários à adequada apreciação da matéria.” Derradeiramente, não devemos confundir a celeridade procedimental com a duração razoável do processo (ambas garantidas pelo Texto Constitucional): “Embora seja difícil conceituar precisamente a noção de razoável duração do processo, percebese que tal conceito não está relacionado única e exclusivamente ao “processo rápido” propriamente dito. O processo deve ser rápido o suficiente para dar a resposta apropriada à lide, porém adequadamente longo para garantir a segurança jurídica da demanda. Por tal motivo, o princípio da razoável duração do processo é dúplice, pois tanto a abreviação indevida como o alongamento excessivo são potencialmente danosos ao indivíduo.” 1 Improcedente, assim, o pleito no sentido de atribuição de efeitos à inobservância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007. Reparese que nem a norma e nem o julgado na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS) objetivam as consequências da inobservância, como deseja a recorrente. Nesse sentido já me manifestei em processos julgados neste tribunal, sempre com acolhida unânime da turma, inclusive recentemente, com sete dos oito conselheiros que atualmente compõem o colegiado: DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade, nem diminuição dos consectários legais do crédito tributário. (Acórdão no 3403 1 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 8.ed. São Paulo: Dialética, 2015, p.194195. Fl. 913DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 7 6 002.782, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25 fev. 2014) NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. (Acórdão no 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30 jan. 2014) NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. (Acórdão no 3403002.374, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 24 jul. 2013) DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. (Acórdão no 3401003.517, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25 abr. 2017) Portanto, não merecem prosperar as alegações de defesa no que se refere a prazos para a Administração se manifestar sobre pedidos de restituição/ressarcimento, ensejando consequências pelo descumprimento. Da existência de erro de preenchimento e da verdade material A recorrente alega que em decorrência de equívocos no preenchimento de suas obrigações acessórias DACON e DCTF (todo o valor recebido a título de “receita de prestação de serviços” foi declarado no campo pertinente ao regime não cumulativo, sem discriminação das receitas que deveriam figurar no regime cumulativo) acabou por apurar valor a maior a titulo de COFINS, promovendo o pagamento indevido de tal exação, gerando crédito passível de utilização na compensação de seus débitos, e que promoveu a retificação de DACON, sendo o valor correto devido, à época, a título de COFINS, diverso do pleiteado. Apresentou a empresa, então, indiscutivelmente, demanda de crédito em montante incorreto (a maior do que o que ela mesma reconhece como devido). E como prova de que teria incorrido em erro, não acrescentou nenhuma justificativa pormenorizada, limitandose, inicialmente, a informar que os documentos pertinentes estavam à disposição do fisco, e, posteriormente, após dois anos do decurso de prazo para interposição de recurso voluntário, a juntar cópias de livros e demandar, em adição, diligência, em caso de dúvida, para “apuração dos documentos que lastrearam os créditos”. Fl. 914DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 8 7 Recordese que, nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de compensação e demanda de crédito, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante, e é dever dele carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Assim vem decidindo unanimemente este CARF, inclusive na atual composição do colegiado (com sete dos oito componentes atuais): “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403 002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403 003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.470, 471, 474, 475, 476 e 477, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013)(grifo nosso) "PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. (Acórdãos n. 3403003.550 e 551, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 24.fev.2015) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação Fl. 915DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 9 8 dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes.” (Acórdãos n. 3401003.784 a 787, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unanimidade – no que se refere à matéria) (grifo nosso) A diligência, como bem parece ter compreendido a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, e também esta 1ª Turma Ordinária, nos julgados com ementa aqui transcrita, não se presta a suprir deficiência probatória, seja da Fazenda ou do contribuinte. Cabe destacar que no último julgado transcrito, seis dos atuais oito conselheiros que compõem a turma expressamente concordaram com tal observação, dela dissentindo, em tese, o Conselheiro Augusto Fiel Jorge D’Oliveira. Temos que, nos processos do gênero, três cenários podem surgir: (a) a documentação apresentada na manifestação de inconformidade comprova o direito de crédito, caso em que se deve reconhecer tal direito, no julgamento; (b) a documentação apresentada na manifestação de inconformidade não comprova o direito de crédito, caso em que se deve negar tal direito, no julgamento; e (c) a documentação apresentada na manifestação de inconformidade gera, no julgador, dúvida em relação ao direito de crédito, dúvida essa que não é de direito, mas de fato, ensejando a realização de diligência ou perícia. Entendemos que a situação em análise melhor se amolda ao segundo cenário (‘b”), visto que nada de substancial se agregou na manifestação de inconformidade, havendo juntada de cópias de documentos – que, digase, sempre estiveram em poder da empresa – apenas dois anos após a interposição da peça recursal, documentos esses que sequer são suficientes para suscitar dúvida neste julgador, visto que não apontam, objetivamente, como se chegou nem aos valores originalmente demandados, nem àqueles que durante o contencioso a empresa sustentou estarem corretos. A ausência de dúvida torna impertinente invocar a verdade material, que não se apresenta como uma salvaguarda de quem não se desincumbe de seu ônus probatório, mas como um mecanismo do processo administrativo que permite sanar dúvidas com elementos adicionais diretamente obtidos, ou demandados às partes. A verdade material, como ensina James MARINS, é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade Fl. 916DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 10 9 propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.”2 No caso em análise, pouco contribuiu a recorrente para a identificação objetiva da incorreção que ela mesmo reconhece ter perpetrado, prejudicando a liquidez e a certeza do pedido. Não merece, assim, acolhida o pleito de diligência, nem a argumentação de defesa no sentido de que haveria sido comprovado o erro ou o direito de crédito. Do artigo 147 do CTN Alega a empresa, derradeiramente, em sede recursal, que o artigo 147 do CTN (abaixo transcrito) se refere apenas a lançamento por declaração. “Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1o A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2o Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.” (grifo nosso) É preciso esclarecer, inicialmente, que não se está aqui a tratar, propriamente, de lançamento, mas de demanda de crédito, de modo que o comando indicado não fundamenta exigência, mas é usado pela DRJ de modo acessório a seus argumentos pelo indeferimento do direito de crédito. No entanto, não se tem dúvidas da obviedade da parte inicial do comando do § 1o, que abstrai de considerações sobre eventual modalidade de lançamento: por certo que aquele que retifica sua declaração (qualquer que seja) ou as informações que presta ao fisco, deve justificar a retificação, fundandoa em elementos probatórios. Se a empresa deve, como qualquer postulante a crédito, provar a liquidez e a certeza de tais créditos, como aqui exposto, deve, ainda mais, provar eventuais retificações em seu pedido de crédito. Mas, no caso em análise, não prova a contento a empresa nem uma coisa nem outra, pelo que deve ser mantido o indeferimento do direito de crédito. 2 Direito Processual Tributário Brasileiro – Administrativo e Judicial, 8. Ed., São Paulo: Dialética, p. 174. Fl. 917DF CARF MF Processo nº 10880.676159/200931 Acórdão n.º 3401004.097 S3C4T1 Fl. 11 10 Considerações Finais Diante do exposto, e restando ausentes a certeza e a liquidez do crédito postulado (requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação), voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 918DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720185/2015-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Feb 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2011
PROCEDIMENTOS FISCAIS DIVERSOS. ART. 146 DO CTN. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE.
Para que haja a alteração de critérios jurídicos adotados no lançamento, vedada pelo art. 146 do CTN, deve ter havido um lançamento de ofício anterior em relação aos mesmos fatos geradores cujo posicionamento se pretende alterar.
Eventuais conclusões de procedimentos fiscais anteriores efetuados em face da contribuinte e seus atos decorrentes (glosas, lançamento ou decisão motivada de não lançar) não vinculam a autoridade fiscal em ações fiscais posteriores, relativas a outros fatos geradores.
O procedimento fiscal não pode ser dissociado da matéria sob investigação e dos fatos constatados pelo Auditor-Fiscal naquele período fiscalizado, além de veicular posicionamento específico de um ou mais agentes administrativos, inclusive sujeito a reforma pelos órgãos julgadores.
COMPETÊNCIA. RECEITA FEDERAL. FISCALIZAÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS.
É competência da Receita Federal a verificação da legitimidade dos créditos apropriados pela contribuinte em sua escrita fiscal, inclusive, relativamente à verificação se os produtos adquiridos com isenção foram elaborados, no estabelecimento da fornecedora, com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, nos termos do art. 6º do Decreto-Lei nº 1.435/75 (arts. 95, III e 237 do RIPI/2010). Também é competência da Receita Federal a classificação fiscal de mercadorias.
CRÉDITOS DE IPI. AQUISIÇÕES DE PRODUTOS ISENTOS. AMAZÔNIA OCIDENTAL. GLOSAS.
Devem ser mantidas as glosas relativas aos produtos adquiridos pela contribuinte que não foram produzidos com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais regionais, nos termos do art. 6º do Decreto-Lei nº 1.435/75, mas com produtos industrializados.
Não há previsão legal para a apropriação de crédito pela contribuinte em relação ao produto adquirido com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto-lei nº 288/1967.
ART. 11 DA LEI Nº 9.779/99. AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 11 da Lei nº 9.779/99 não autoriza o creditamento na aquisição de insumos isentos. O referido dispositivo trata apenas da possibilidade de restituição ou de compensação de saldo credor de IPI acumulado no trimestre-calendário que o contribuinte não puder compensar com o imposto devido na saída de seus produtos, nada tendo a ver com a glosa de créditos sobre produtos adquiridos com isenção da Amazônia Ocidental prevista em norma específica.
EFEITOS DA COISA JULGADA. PREJUDICIAL AO MÉRITO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CONHECIMENTO.
Por se tratar de matéria de ordem pública, a análise de prejudicial ao mérito, quanto à possibilidade de aplicação dos efeitos da coisa julgada ao lançamento, pode ser efetuada a qualquer tempo pelo julgador, inclusive quanto a aspecto não levantado pelo Auditor-Fiscal autuante, mormente quando a recorrente já apresentou suas alegações nesse sentido.
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. COISA JULGADA. EFEITOS. ATOS DA AUTORIDADE IMPETRADA.
O mandado de segurança, individual ou coletivo, trata-se de remédio constitucional que visa reparar ato comissivo ou omissivo inquinado de ilegalidade ou de abuso de poder de responsabilidade de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Fixados o ato coator e a autoridade coatora na impetração do mandado de segurança é contra eles que se dirige a ordem judicial que concede a segurança definitiva ao final do processo. Embora seja a pessoa jurídica (no caso, a União Federal) que suportará os efeitos patrimoniais da correção do ato coator, isso só se dará em relação a ato administrativo de competência da autoridade impetrada.
Independentemente da questão acerca da limitação subjetiva da sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo, referida no art. 2-A da Lei 9.494/1997, a segurança concedida em sentença de mandado de segurança, inclusive o coletivo e o preventivo, por determinação constitucional, tem aplicação restrita aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo expressa ressalva judicial em sentido contrário.
MULTA. PEDIDO DE EXONERAÇÃO. ARTIGO 76, II, A, DA LEI Nº 4.502/64. NÃO RECEPÇÃO PELO ARTIGO 100, II, DO CTN.
O artigo 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64 não foi recepcionado pelo CTN. Diante da inexistência de decisão administrativa com eficácia normativa atribuída por lei, nos termos do artigo 100, inciso II do CTN, incabível a exoneração pleiteada.
MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APÓS VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05.
Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplica-se ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo.
Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.827
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (i) por maioria de votos, quanto ao argumento desenvolvido no item I.1.3. Vencidos a Relatora e o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro; e (ii) pelo voto de qualidade, quanto ao item I.2 do voto. Vencidos a Relatora e os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto, restando prejudicada a análise pelo Colegiado do item II do voto. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Julgamento iniciado na sessão de outubro/2017, em que, por maioria de votos, foi rejeitado o argumento pela incompetência da RFB para rever ato da SUFRAMA (itens I.1.1 e I.1.2 do voto), tendo sido vencida a Relatora; e concluído em 29/01/2018.
(Assinado com certificado digital)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente Substituto
(Assinado com certificado digital)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora
(Assinado com certificado digital)
Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (Suplente), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19311.720185/2015-81
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5830244
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 16 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-004.827
nome_arquivo_s : Decisao_19311720185201581.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : MAYSA DE SA PITTONDO DELIGNE
nome_arquivo_pdf_s : 19311720185201581_5830244.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (i) por maioria de votos, quanto ao argumento desenvolvido no item I.1.3. Vencidos a Relatora e o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro; e (ii) pelo voto de qualidade, quanto ao item I.2 do voto. Vencidos a Relatora e os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto, restando prejudicada a análise pelo Colegiado do item II do voto. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Julgamento iniciado na sessão de outubro/2017, em que, por maioria de votos, foi rejeitado o argumento pela incompetência da RFB para rever ato da SUFRAMA (itens I.1.1 e I.1.2 do voto), tendo sido vencida a Relatora; e concluído em 29/01/2018. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra - Presidente Substituto (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora (Assinado com certificado digital) Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (Suplente), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
id : 7121307
ano_sessao_s : 2018
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2011 PROCEDIMENTOS FISCAIS DIVERSOS. ART. 146 DO CTN. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. Para que haja a alteração de critérios jurídicos adotados no lançamento, vedada pelo art. 146 do CTN, deve ter havido um lançamento de ofício anterior em relação aos mesmos fatos geradores cujo posicionamento se pretende alterar. Eventuais conclusões de procedimentos fiscais anteriores efetuados em face da contribuinte e seus atos decorrentes (glosas, lançamento ou decisão motivada de não lançar) não vinculam a autoridade fiscal em ações fiscais posteriores, relativas a outros fatos geradores. O procedimento fiscal não pode ser dissociado da matéria sob investigação e dos fatos constatados pelo Auditor-Fiscal naquele período fiscalizado, além de veicular posicionamento específico de um ou mais agentes administrativos, inclusive sujeito a reforma pelos órgãos julgadores. COMPETÊNCIA. RECEITA FEDERAL. FISCALIZAÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS. É competência da Receita Federal a verificação da legitimidade dos créditos apropriados pela contribuinte em sua escrita fiscal, inclusive, relativamente à verificação se os produtos adquiridos com isenção foram elaborados, no estabelecimento da fornecedora, com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, nos termos do art. 6º do Decreto-Lei nº 1.435/75 (arts. 95, III e 237 do RIPI/2010). Também é competência da Receita Federal a classificação fiscal de mercadorias. CRÉDITOS DE IPI. AQUISIÇÕES DE PRODUTOS ISENTOS. AMAZÔNIA OCIDENTAL. GLOSAS. Devem ser mantidas as glosas relativas aos produtos adquiridos pela contribuinte que não foram produzidos com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais regionais, nos termos do art. 6º do Decreto-Lei nº 1.435/75, mas com produtos industrializados. Não há previsão legal para a apropriação de crédito pela contribuinte em relação ao produto adquirido com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto-lei nº 288/1967. ART. 11 DA LEI Nº 9.779/99. AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O art. 11 da Lei nº 9.779/99 não autoriza o creditamento na aquisição de insumos isentos. O referido dispositivo trata apenas da possibilidade de restituição ou de compensação de saldo credor de IPI acumulado no trimestre-calendário que o contribuinte não puder compensar com o imposto devido na saída de seus produtos, nada tendo a ver com a glosa de créditos sobre produtos adquiridos com isenção da Amazônia Ocidental prevista em norma específica. EFEITOS DA COISA JULGADA. PREJUDICIAL AO MÉRITO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CONHECIMENTO. Por se tratar de matéria de ordem pública, a análise de prejudicial ao mérito, quanto à possibilidade de aplicação dos efeitos da coisa julgada ao lançamento, pode ser efetuada a qualquer tempo pelo julgador, inclusive quanto a aspecto não levantado pelo Auditor-Fiscal autuante, mormente quando a recorrente já apresentou suas alegações nesse sentido. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. COISA JULGADA. EFEITOS. ATOS DA AUTORIDADE IMPETRADA. O mandado de segurança, individual ou coletivo, trata-se de remédio constitucional que visa reparar ato comissivo ou omissivo inquinado de ilegalidade ou de abuso de poder de responsabilidade de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Fixados o ato coator e a autoridade coatora na impetração do mandado de segurança é contra eles que se dirige a ordem judicial que concede a segurança definitiva ao final do processo. Embora seja a pessoa jurídica (no caso, a União Federal) que suportará os efeitos patrimoniais da correção do ato coator, isso só se dará em relação a ato administrativo de competência da autoridade impetrada. Independentemente da questão acerca da limitação subjetiva da sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo, referida no art. 2-A da Lei 9.494/1997, a segurança concedida em sentença de mandado de segurança, inclusive o coletivo e o preventivo, por determinação constitucional, tem aplicação restrita aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo expressa ressalva judicial em sentido contrário. MULTA. PEDIDO DE EXONERAÇÃO. ARTIGO 76, II, A, DA LEI Nº 4.502/64. NÃO RECEPÇÃO PELO ARTIGO 100, II, DO CTN. O artigo 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64 não foi recepcionado pelo CTN. Diante da inexistência de decisão administrativa com eficácia normativa atribuída por lei, nos termos do artigo 100, inciso II do CTN, incabível a exoneração pleiteada. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APÓS VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05. Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplica-se ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Recurso Voluntário Negado
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:12:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010695761920
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 58; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2080; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 6.002 1 6.001 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19311.720185/201581 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.827 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 29 de janeiro de 2018 Matéria IPI Recorrente SPAL INDUSTRIA BRASILEIRA DE BEBIDAS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2011 PROCEDIMENTOS FISCAIS DIVERSOS. ART. 146 DO CTN. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. IMPOSSIBILIDADE. Para que haja a alteração de critérios jurídicos adotados no lançamento, vedada pelo art. 146 do CTN, deve ter havido um lançamento de ofício anterior em relação aos mesmos fatos geradores cujo posicionamento se pretende alterar. Eventuais conclusões de procedimentos fiscais anteriores efetuados em face da contribuinte e seus atos decorrentes (glosas, lançamento ou decisão motivada de não lançar) não vinculam a autoridade fiscal em ações fiscais posteriores, relativas a outros fatos geradores. O procedimento fiscal não pode ser dissociado da matéria sob investigação e dos fatos constatados pelo AuditorFiscal naquele período fiscalizado, além de veicular posicionamento específico de um ou mais agentes administrativos, inclusive sujeito a reforma pelos órgãos julgadores. COMPETÊNCIA. RECEITA FEDERAL. FISCALIZAÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS. É competência da Receita Federal a verificação da legitimidade dos créditos apropriados pela contribuinte em sua escrita fiscal, inclusive, relativamente à verificação se os produtos adquiridos com isenção foram elaborados, no estabelecimento da fornecedora, com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, nos termos do art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75 (arts. 95, III e 237 do RIPI/2010). Também é competência da Receita Federal a classificação fiscal de mercadorias. CRÉDITOS DE IPI. AQUISIÇÕES DE PRODUTOS ISENTOS. AMAZÔNIA OCIDENTAL. GLOSAS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 01 85 /2 01 5- 81 Fl. 6002DF CARF MF 2 Devem ser mantidas as glosas relativas aos produtos adquiridos pela contribuinte que não foram produzidos com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais regionais, nos termos do art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75, mas com produtos industrializados. Não há previsão legal para a apropriação de crédito pela contribuinte em relação ao produto adquirido com a isenção de que trata o art. 9º do Decreto lei nº 288/1967. ART. 11 DA LEI Nº 9.779/99. AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O art. 11 da Lei nº 9.779/99 não autoriza o creditamento na aquisição de insumos isentos. O referido dispositivo trata apenas da possibilidade de restituição ou de compensação de saldo credor de IPI acumulado no trimestrecalendário que o contribuinte não puder compensar com o imposto devido na saída de seus produtos, nada tendo a ver com a glosa de créditos sobre produtos adquiridos com isenção da Amazônia Ocidental prevista em norma específica. EFEITOS DA COISA JULGADA. PREJUDICIAL AO MÉRITO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CONHECIMENTO. Por se tratar de matéria de ordem pública, a análise de prejudicial ao mérito, quanto à possibilidade de aplicação dos efeitos da coisa julgada ao lançamento, pode ser efetuada a qualquer tempo pelo julgador, inclusive quanto a aspecto não levantado pelo AuditorFiscal autuante, mormente quando a recorrente já apresentou suas alegações nesse sentido. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. COISA JULGADA. EFEITOS. ATOS DA AUTORIDADE IMPETRADA. O mandado de segurança, individual ou coletivo, tratase de remédio constitucional que visa reparar ato comissivo ou omissivo inquinado de ilegalidade ou de abuso de poder de responsabilidade de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Fixados o ato coator e a autoridade coatora na impetração do mandado de segurança é contra eles que se dirige a ordem judicial que concede a segurança definitiva ao final do processo. Embora seja a pessoa jurídica (no caso, a União Federal) que suportará os efeitos patrimoniais da correção do ato coator, isso só se dará em relação a ato administrativo de competência da autoridade impetrada. Independentemente da questão acerca da limitação subjetiva da sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo, referida no art. 2A da Lei 9.494/1997, a segurança concedida em sentença de mandado de segurança, inclusive o coletivo e o preventivo, por determinação constitucional, tem aplicação restrita aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo expressa ressalva judicial em sentido contrário. MULTA. PEDIDO DE EXONERAÇÃO. ARTIGO 76, II, A, DA LEI Nº 4.502/64. NÃO RECEPÇÃO PELO ARTIGO 100, II, DO CTN. O artigo 76, II, "a" da Lei nº 4.502/64 não foi recepcionado pelo CTN. Diante da inexistência de decisão administrativa com eficácia normativa atribuída por lei, nos termos do artigo 100, inciso II do CTN, incabível a exoneração pleiteada. Fl. 6003DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.003 3 MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APÓS VENCIMENTO. INCIDÊNCIA. SÚMULAS CARF NºS 04 E 05. Não sendo o caso de depósito do montante integral, os juros de mora incidem sobre o crédito tributário não pago até o seu vencimento, nele incluso a multa de ofício. Aplicase ao crédito tributário decorrente da multa de ofício o mesmo regime jurídico previsto para a cobrança e atualização monetária do crédito tributário decorrente do tributo. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado em negar provimento ao Recurso Voluntário da seguinte forma: (i) por maioria de votos, quanto ao argumento desenvolvido no item I.1.3. Vencidos a Relatora e o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro; e (ii) pelo voto de qualidade, quanto ao item I.2 do voto. Vencidos a Relatora e os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto, restando prejudicada a análise pelo Colegiado do item II do voto. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. Julgamento iniciado na sessão de outubro/2017, em que, por maioria de votos, foi rejeitado o argumento pela incompetência da RFB para rever ato da SUFRAMA (itens I.1.1 e I.1.2 do voto), tendo sido vencida a Relatora; e concluído em 29/01/2018. (Assinado com certificado digital) Waldir Navarro Bezerra Presidente Substituto (Assinado com certificado digital) Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora (Assinado com certificado digital) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (Suplente), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Fl. 6004DF CARF MF 4 Por trazer uma clara síntese do processo até a interposição da Impugnação Administrativa, peço vênia para transcrever parte do relatório do Acórdão 10.57.106 da 3ª Turma da DRJ/POA, com destaque para os seus principais pontos: "Tratase de auto de infração lavrado por autoridade da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Jundiaí/SP para exigir o montante de R$ 241.153.862,32, à data da autuação, relativo a Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI – e respectivos juros de mora e multa de ofício de que trata o art. 80, caput, da Lei n° 4.502/1964, com a redação dada pelo art. 13 da Lei n° 11.488/2007. A infração apontada foi o aproveitamento de crédito incentivado indevido oriundo da entrada de insumos isentos, assim considerados pelos seguintes motivos : os produtos adquiridos (kits para fabricação de refrigerantes, exceto os kits para guaraná) não fazem jus à isenção do artigo 95, inciso III, do Decreto 7.212/2010 (Regulamento do IPI – RIPI/2010), porque não teria havido a utilização de matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, no processo de industrialização, o que inviabiliza o aproveitamento de crédito com base no art. 237 do mesmo Regulamento; mesmo que houvesse direito ao aproveitamento de crédito, o valor do imposto calculado como se devido fosse seria zero, pois nenhum dos componentes de kits para refrigerantes se enquadra no Ex 1 do código NCM 2106.90.10, o que impossibilita a utilização da alíquota de 27%. TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL TVF O procedimento fiscal teve por objetivo a verificação da legitimidade dos créditos objeto dos seguintes PER/DCOMP : (...) No início do TVF, o autuante aponta a existência de ação fiscal no estabelecimento do contribuinte, que resultou nos lançamentos de ofício objeto dos processos administrativos 19311720.481/201230, 19311.720743/201347 e 19311.720077/201428. Nesses procedimentos foi reconstituída a escrita fiscal do contribuinte, baseada na glosa de créditos indevidos do IPI, oriundos da aquisição dos produtos isentos “kits para refrigerantes feitas à empresa RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS LTDA, CNPJ 61.454.393/000106, situada na Zona Franca de Manaus ZFM. A autuada é integrante do denominado “Sistema CocaCola Brasil”, tendo como principal fornecedora a empresa RECOFARMA, também pertencente ao "Sistema CocaCola Brasil”, e que produz os kits para refrigerantes. Foi efetuada ação fiscal iniciada em 14/09/2011, com base em MPF Nacional junto à referida fornecedora, tendo por objeto a análise do direito de aproveitamento de créditos do IPI por parte dos adquirentes, integrantes do Sistema CocaCola Brasil, localizados em todo território nacional. A referida ação fiscal está sintetizada nos itens 3.1 ao 3.32 do TVF, e resultou na apuração de irregularidades quanto à classificação fiscal dos produtos, e na lavratura de auto de infração objeto do processo 11080.732960/201410, contra a fornecedora RECOFARMA, do qual foram extraídos diversos documentos que constam no presente processo, como por exemplo laudos periciais, fotografias, relatório da ação fiscal, entre outros. No curso da fiscalização,a empresa autuada defendeu que os concentrados estariam beneficiados por duas isenções previstas na legislação do IPI, a saber, art. 81, inc. II do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), cuja base legal é o art. 9º do DecretoLei 288/1967, por serem produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM) e art. 95, III, do RIPI/2010, que tem base legal no art. 6º do DecretoLei 1.435/1975, porque além de produzidos na ZFM teriam sido elaborados com matériaprima agrícola adquirida de produtor situado na Amazônia Ocidental. No seu entendimento, quanto ao aproveitamento de créditos decorrente das aquisições isentas com base no art. 81, inc. II do RIPI/2010 estaria legitimada pela necessidade de observância compulsória, pela Administração, da coisa julgada formada no julgamento do Recurso Extraordinário n° 212.484RS, que beneficiou outra empresa do Sistema Fl. 6005DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.004 5 CocaCola (Vonpar Refrescos S.A), bem como do Mandado de Segurança Coletivo (MSC) n° 91.00477834, interposto pela Associação dos Fabricantes Brasileiros de CocaCola (AFBCC), dentre os quais se inclui. Tais argumentos não foram aceitos, conforme fundamentação exposta no item 5.1 do TVF. No item 5.2 do TVF a fiscalização asseverou, em síntese, que os produtos adquiridos, exceto os kits para guaraná, não foram elaborados com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, não estando amparados pela isenção prevista no art. 95, III, do RIPI/2010, e, por isso, não legitimam o aproveitamento de créditos com base no art. 237 do RIPI/2010, uma vez que, para efetivo gozo do beneficio, é necessário que todas as condições isentivas previstas no Decretolei 1.435/1975 sejam atendidas, o que não aconteceu, como minuciosamente demonstrado no TVF. A par disso, a fiscalização também aponta (item 5.5 e seguintes do TVF) que a classificação dos kits para refrigerantes, como se fossem um produto único, é incorreta, devendo seus componentes ser classificados separadamente, do que resulta a inexistência de valor a ser aproveitado, pois a maior parte desses componentes é tributada à alíquota zero, e nas exceções em que os componentes são tributados à alíquota de 5% não seria possível apurar o valor do crédito correspondente. Assim, ainda que, por hipótese, houvesse direito ao aproveitamento de crédito com base no citado art. 237 do RIPI/2010, o valor deste seria nulo. Não aceitando os créditos apurados pela empresa, a fiscalização reconstituiu a escrita fiscal no período autuado, o que resultou na apuração dos débitos de imposto objeto do lançamento, além da constatação de que não existe saldo credor passível de ressarcimento, para fins de aproveitamento nos PER/DCOMP analisados no curso da ação fiscal. IMPUGNAÇÃO ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO DO LANÇAMENTO Alega que o auto de infração teria violado o art. 146 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), alterando retroativamente o critério jurídico já adotado em lançamentos anteriores, quando a fiscalização teria aceitado a classificação fiscal adotada pela empresa, estando tais autuações fundamentadas unicamente na falta de reconhecimento do direito ao crédito com base no art. 95, III, do RIPI/2010, bem como na inaplicabilidade do RE n° 212.484/RS e da coisa julgada formada no MSC n° 91.00477834 impetrado pela AFBCC. Esses mesmos fundamentos foram adotados para indeferir diversos pedidos de ressarcimento relacionados aos créditos, evidenciando a prática reiterada anterior da RFB no sentido de aceitar referida classificação fiscal, utilizada há décadas pela fornecedora. Além disso, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), no Parecer PGFN n° 405/2003, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 26.03.2003, teria reconhecido o direito ao crédito de IPI ao adquirente do concentrado para refrigerantes, à alíquota de 27%, em razão da sua classificação na citada posição. Alega que, à vista do disposto no art. 146 do CTN, o novo critério jurídico só poderia alcançar fatos geradores ocorridos a partir da lavratura do auto de infração contra a RECOFARMA (22/12/2014), quando a fiscalização questionou a classificação até então adotada por aquela fornecedora, sendo esse posicionamento coerente com o entendimento da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp n° 1.130.545RJ, relator Ministro Luiz Fux, DJe de 22.02.2011, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos, cuja ementa transcreve parcialmente. DO DIREITO AO CRÉDITO RELATIVO À AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS Defende a competência da SUFRAMA para conceder os benefícios previstos no art. 9º do DecretoLei n° 288/1967 e no art. 6º do DL n° 1.435/1975, bem como determinar e administrar questões inerentes aos referidos benefícios, conforme se depreende dos arts. 1º, inc. VI, e 4º, inc. I, “c”, ambos do Anexo I, do Decreto n° Fl. 6006DF CARF MF 6 7.139, de 29/03/2010, que transcreve, e dos dispositivos da Resolução do CAS n° 202, de 17/05/2006, vigente quando foi aprovado o projeto industrial da RECOFARMA, o que, por si só, justificaria que este órgão determine a classificação fiscal do produto incentivado, que embasa o cálculo do crédito. Aponta que classificação fiscal adotada decorreria da definição na Resolução do CAS n° 298/2007 e do Parecer Técnico n° 224/2007, que a integra, atos que gozam de presunção de legitimidade, veracidade e legalidade, e conformamse ao ordenamento jurídico. Aponta acórdãos da CSRF que decidiram pela falta de competência do Fisco para desconsiderar atos da SUFRAMA e conclui que eventual discordância deve ser analisada por aquela entidade, para que venha alterar a definição do produto beneficiado pela isenção, na forma do art. 57 da Resolução do CAS n° 202/2006 (com redação idêntica a do art. 54 da Resolução do CAS n° 203/2012, atualmente vigente). O não reconhecimento dos efeitos dos referidos atos, sem instauração de processo administrativo de cassação, com a participação de todas as partes interessadas, violaria o devido processo legal com evidente cerceamento do direito de defesa, nos termos da Lei n° 9.784/1999, arts. 2º, X, 3º, II, III, 38 e 44. ASPECTOS TÉCNICOS DE CLASSIFICAÇÃO Argumenta que a aplicação das Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado e das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), não afasta a classificação fiscal adotada pela empresa, pelo contrário, leva à mesma classificação dada pela SUFRAMA. Ao concluir que o concentrado não poderia ser classificado na posição pretendida por ser composto por diversas partes não misturadas, e que não estaria pronto para uso pelo destinatário do produto, a autoridade fiscal teria subvertido a ordem de aplicação das Regras Gerais de Interpretação, uma vez que aplicou as regras secundárias de interpretação (Regras 2 e 3) antes da primária (Regra 1). Ocorre que na legislação brasileira existe a posição específica (21.06.90.10) cujo texto já pressupõe que o concentrado seria formado por diversas partes, definindoo como preparações compostas, ou seja, cada parte constituiria uma preparação, e que, juntas, comporiam o produto único (concentrado). Tal descrição não exige que a preparação já esteja "pronta para uso", nem que seja homogeneizada. Assim, a classificação específica para os concentrados para refrigerantes seria sempre no Ex. 01 ou Ex. 02 da citada posição, variando apenas em razão do grau de diluição, independente de serem constituídos por diferentes componentes acondicionados separadamente. Considera que o Fisco não teria levado em conta o item 12 da NESH referente à posição 2106, segundo o qual teria ficado claro que as preparações compostas para fabricação de refrigerantes não precisariam estar, necessariamente, "prontas para uso" pelo destinatário de um modo geral. Também argumenta que o item XI da Nota Explicativa da Regra 3b), que exclui os produtos destinados à fabricação de bebidas do campo de aplicação desta Regra deve ser interpretado à luz da legislação brasileira de classificação fiscal, ou seja, “para este ordenamento jurídico, tal exclusão decorre justamente da existência de uma classificação fiscal específica para os concentrados, não sendo necessário valerse da classificação fiscal de determinado produto que confira à preparação composta um caráter essencial.” Resumindo, a definição dada pela empresa e pela própria SUFRAMA aos concentrados para refrigerantes estaria de acordo com a NESH e com as regras de classificação fiscal. Por fim, o próprio CARF, também teria tratado os concentrados como produto único, em Acórdão que cita. DO DIREITO AO CRÉDITO COM BASE NA ISENÇÃO DO ART. 95, INC. III, DO RIPI/2010 (base legal: art. 6º do DecretoLei 1.435/1975) Discorda da conclusão de que a fornecedora RECOFARMA não teria direito ao benefício pela falta de utilização direta de matériasprimas agrícolas extrativas vegetais na fabricação dos concentrados e que o benefício seria aplicável somente aos refrigerantes tipo “cola”, uma vez que o Parecer Técnico n° 224/2007 aprovou o projeto apenas para esse produto, por entender que o beneficio foi concedido a Fl. 6007DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.005 7 todos os tipos de concentrados fabricadas pela empresa, pois o art. 13 da Resolução do CAS n° 202/2006 determina que os empreendimentos regularmente implantados na Zona Franca de Manaus ficam dispensados de apresentação de projetos para produtos similares àqueles que já tenham sido aprovados pelo CAS. Para a SUFRAMA conceder ou renovar o beneficio seria suficiente a utilização indireta de matériaprima agrícola regional na fabricação dos concentrados, enquanto para a RFB a utilização deve ser direta. Diante desta divergência, o Fisco deveria dirigirse à própria SUFRAMA, que pode cancelar a concessão do benefício, na forma do art. 54 da Resolução do CAS n° 203/2012, o que até hoje não ocorreu. Os atos administrativos daquele órgão continuam em vigor, não podendo ser desconsiderados pela RFB, conforme entendimento assentado pela CSRF, em acórdãos que cita. E mais, o termo matériaprima compreenderia produtos industrializados com e/ou a partir de matériaprima regional, como, por exemplo, o corante caramelo, fabricado a partir de canadeaçúcar. Finalizando, cita decisões da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém, em que foram parte outros fabricantes de produtos CocaCola, nos quais foi reconhecido o beneficio previsto no art. 6º do DL n° 1.435/1975: EXISTÊNCIA DE COISA JULGADA COLETIVA Invoca existência de coisa julgada no âmbito do MSC n° 91.00477834, impetrado pela AFBCC, em 14.08.1991, com o objetivo de evitar que seus associados fossem compelidos a estornar o crédito do IPI incidente sobre as aquisições de matéria prima isenta (concentrado), de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus, e utilizada na industrialização dos seus produtos, cujas saídas são sujeitas ao IPI O pedido foi atendido, de forma ampla e irrestrita, nos termos da petição inicial. No seu entendimento, mesmo não estando localizada na jurisdição do 2º Tribunal Regional Federal, esta decisão ampararia a empresa, em virtude do entendimento vinculatório expresso no julgamento do REsp n° 1.243.887PR, relatado pelo Ministro Luis Felipe Salomão, julgado à sistemática de recursos repetitivos, nos termos do art. 543C do CPC, no qual a Corte Especial do STJ decidiu que a limitação prevista no art. 2°A da Lei n° 9.494/1997, introduzido pela MP n° 1.798 1/1999, somente é aplicável às ações coletivas ajuizadas após a sua entrada em vigor (11/02/1999). Sustenta que a autoridade administrativa também deve aplicar esse julgado ao presente caso, nos termos do art. 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF. Registra que o concentrado fabricado pela RECOFARMA foi tratado como sendo produto único no citado MSC n° 91.00477834 e, assim, em respeito à coisa julgada, a autoridade não poderia considerálo um "produto inacabado". DO DIREITO AO CRÉDITO COM BASE NA ISENÇÃO DO ART. 81, INC. II, DO RIPI/2010 (Base Legal: art. 9º do DecretoLei 288/1967) APLICABILIDADE do RE n° 212.484RS O concentrado adquirido pela impugnante é isento com base no citado dispositivo, por ser oriundo da Zona Franca de Manaus e utilizado na fabricação de produtos (refrigerantes) sujeitos ao IPI; isenção também concedida pela Resolução do CAS n° 298/2007. O STF, em sessão plenária, no julgamento do RE n° 212.484RS, de que foi redator para acórdão o Ministro NELSON JOBIM, firmou o entendimento de que em tais aquisições, é assegurado o direito ao crédito do IPI à alíquota de 27%, conforme Voto que transcreve, em parte. O mesmo entendimento foi mantido pelo STF no julgamento dos REs 353.657 e n° 370.682, em que foi analisada a questão do direito a créditos relativos à aquisição de insumos sujeitos à aliquota zero ou nãotributados. Invoca também o julgamento do RE n° 566.819RS, no qual o Plenário do STF esclareceu que para hipóteses de aquisições da ZFM ainda prevaleceria o entendimento adotado no julgamento do RE 212.484RS. O mesmo posicionamento também teria sido adotado pela Procuradoria da Fazenda Nacional, no julgamento do RE n° 590.809, conforme gravação que transcreve em Fl. 6008DF CARF MF 8 parte (fl. 5217). Além disso, no RE n° 592.891SP, o STF reconheceu a existência de repercussão geral da questão concernente ao direito ao crédito de IPI relativo à aquisição de insumos beneficiados por isenção subjetiva, ou seja, oriundos de fornecedor situado na Zona Franca de Manaus: Assim, até que este seja julgado, permaneceria hígido o entendimento do RE n° 212.484RS. Por consequência, continuaria válida a decisão do CARF que seguia esse entendimento, objeto do Acórdão CSRF n° 0202.357, cuja ementa transcreve parcialmente. Alega ainda que a 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, atual CARF, no Acórdão n° 20174.127, de 05/12/2000, no qual foi julgado auto de infração referente ao período de agosto e setembro de 1993, decidiu que o RE n° 212.484RS seria aplicável à impugnante. APLICAÇÃO DO ART. 11 DA LEI 9.779/1999 Sustenta que, a partir da edição do art. 11 da Lei 9.779/1999, teria passado a existir o direito ao crédito do imposto relativo à aquisição de qualquer matériaprima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na industrialização, sem estar condicionado ao pagamento do IPI na operação anterior, conforme já teria sinalizado o STF, no julgamento da proposta de Súmula Vinculante n° 26. DA IDONEIDADE DAS NOTAS FISCAIS EMITIDAS POR RECOFARMA E DA BOA FÉ DA IMPUGNANTE Defende que as informações contidas nas notas fiscais emitidas por RECOFARMA permitem concluir que a classificação fiscal nelas adotada está correta, e que atendem o disposto nos arts. 62, 48 e 53 da Lei 4.502/1964, sendo documentos idôneos, com validade fiscal, e, assim, a impugnante, na qualidade de adquirente de boafé, ao utilizar referidos créditos não estaria cometendo infração, eis que teria direito a eles. Invoca o entendimento expresso pelo STJ (com relação ao ICMS), consolidado no enunciado da Súmula n° 509, publicada no Diário da Justiça Eletrônico de 31/03/2014. INAPLICABILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO E IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Alega que a à época dos fatos geradores, a jurisprudência administrativa reconhecia o direito ao crédito de IPI relativo à aquisição de insumos isentos, utilizados na fabricação de produtos sujeitos ao IPI, em observância ao entendimento do STF no julgamento do RE 212.4842. Por essa razão, defende a exclusão da multa de ofício, à vista do disposto no art. 76, II, “a”, da Lei 4.502/1964, tal como ocorrido no Acórdão nº 220200.142, de 03/06/2009, que transcreve em parte. Também contesta a incidência de juros de mora sobre a multa de oficio porque implicaria numa indireta majoração da própria penalidade, não se podendo falar em mora na exigência de multa, à vista do disposto no art. 16 do Decretolei 2.323/1987, com a redação dada pelo artigo 6º do Decretolei 2.331/1987. Ademais, o artigos 59 da Lei 8.383/1991 e art. 61 da Lei 9.430/1996), também não prevêem essa cobrança. Invoca jurisprudência administrativa do CARF. É o relatório." (efls. 5.689/5.695) A Impugnação foi julgada integralmente improcedente, com a manutenção da autuação. A decisão foi ementada nos seguintes termos: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2011 MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA. Não ocorre alteração de critério jurídico nem ofensa ao art. 146 do CTN se a Fiscalização promove autuação baseada em entendimento distinto daquele que seguidamente adota o contribuinte, mas que jamais foi objeto de manifestação expressa da Administração Tributária. AÇÃO JUDICIAL. ALCANCE. Fl. 6009DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.006 9 O provimento jurisdicional abrange o objeto da demanda judicial, vale dizer, o conteúdo do pedido da petição, e seu alcance restringese aos associados da impetrante domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão prolator. INSUMOS ISENTOS. ZONA FRANCA DE MANAUS. APROVEITAMENTO DE CRÉDITO. A aquisição de insumos isentos, provenientes da Zona Franca de Manaus, não legitima aproveitamento de créditos de IPI. GLOSA DE CRÉDITOS. INOBSERVÂNCIA DE REQUISITOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO QUE INSTITUI INCENTIVO FISCAL A ESTABELECIMENTOS LOCALIZADOS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL. É indevido o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes de aquisições de insumos isentos feitas a estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental e com projetos aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, mas que não tenham sido elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais, exclusive as de origem pecuária, de produção regional. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. KITS PARA PRODUÇÃO DE REFRIGERANTES. Nas hipóteses em que a mercadoria descrita como “kit ou concentrado para refrigerantes” constituise de um conjunto cujas partes consistem em diferentes matériasprimas e produtos intermediários que só se tornam efetivamente uma preparação composta para elaboração de bebidas em decorrência de nova etapa de industrialização ocorrida no estabelecimento adquirente, cada um dos componentes desses “kits” deverá ser classificado no código próprio da TIPI. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa sobre lançamento de ofício consiste em débito para com a União decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e, por isso, é legítima a incidência de juros de mora sobre o respectivo valor, a partir do vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido." (efls. 5.688/5.689) Intimada desta decisão em 27/06/2016, a empresa apresentou Recurso Voluntário em 25/07/2016 alegando, em síntese: (i) a alteração de critério jurídico de forma retroativa em violação ao art. 146, do CTN, vez que nos autos de infração anteriores lavrados pela fiscalização, foi expressamente aceita a classificação fiscal dos concentrados adquiridos pela Recorrente (autos de infração objeto dos PTAs n.º 19311.720481/2012 30, 19311.720743/201347 e 19311.720077/201428), tendo ocorrido a alteração do critério jurídico (erro na classificação fiscal) apenas em 22/12/2014, quando da lavratura do Auto de Infração contra a RECOFARMA; (ii) a validade da classificação fiscal adotada pela RECOFARMA, que estaria respaldado no entendimento da SUFRAMA, órgão competente para definir a classificação fiscal das mercadorias alcançadas pelos benefícios da Zona Franca de Manaus; (iii) a validade do crédito tomado pela Recorrente com fulcro no art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75, vez que a fornecedora de concentrados de refrigerantes fabricados na Amazônia Ocidental (RECOFARMA) cumpre os requisitos para o gozo da isenção como atestado pela SUFRAMA em atos administrativos específicos. Sustenta que a RECOFARMA goza de isenção Fl. 6010DF CARF MF 10 onerosa cujos requisitos foram atestados pela SUFRAMA, órgão competente para tanto; (iv) a necessidade de observância da coisa julgada formada no Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834; (v) a possibilidade da tomada de crédito de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus com fulcro: (iv.1) no art. 9º do Decretolei n.º 288/1967 e no julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso extraordinário n.º 212.484, que continuaria sendo aplicável após o julgamento proferido no RE n.º 566.819 enquanto não proferido o julgamento do RE n.º 592.891 em sede de repercussão geral; (iv.2) no art. 11 da Lei n.º 9.779/1999; (vi) o fato da Recorrente ser adquirente de boafé dos produtos da RECOFARMA, por indicar nas notas fiscais que os concentrados por ela comercializados são amparados pela isenção do art. 95, III, do RIPI/2010; (vii) a impossibilidade de cobrança de multa, juros de mora e correção monetária nos termos do art. 100, parágrafo único do CTN, vez que a Recorrente e a empresa fornecedora observaram atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas (SUFRAMA). (viii) a necessidade de se afastar a multa aplicada em face do art. 76, II, 'a' da Lei n.º 4.502/64; (ix) da não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Após contrarrazões da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, os autos foram direcionados para este Conselho. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Maysa de Sá Pittondo Deligne O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento. Como relatado, discutese no Recurso Voluntário os seguintes fundamentos do Auto de Infração: I Glosa dos créditos de IPI tomados com fulcro no art. 237, do RIPI/2010, por descumprimento, pela empresa fornecedora RECOFARMA, dos requisitos do art. 6º do Decretolei n.º 1.435/1975 (art. 95, III, do RIPI/2010); II Ainda que válido o aproveitamento de crédito referenciado acima, o valor do imposto calculado como se devido fosse seria zero, pois nenhum dos componentes de kits para refrigerantes se enquadra no Ex 1 do código NCM 2106.90.10, o que impossibilita a utilização da alíquota de 27%. Passaremos a análise de cada um destes pontos a seguir. Fl. 6011DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.007 11 I DO CRÉDITO NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS I.1 DA ISENÇÃO DO ART. 6º DO DECRETOLEI N.º 1.435/1975 E DO CRÉDITO DA RECORRENTE PREVISTO NO §1º DESTE DISPOSITIVO Neste ponto, adentrase na discussão travada nos presentes autos referente à glosa dos créditos de IPI tomados pela Recorrente na condição de adquirente de concentrados de refrigerantes fabricados pela empresa RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS LTDA., localizada na Zona Franca de Manaus. Como narrado pela fiscalização e como indicado nas notas fiscais emitidas pela referida empresa fornecedora, estes produtos, utilizados como insumos na produção de bebidas pela Recorrente, foram tratados como produtos isentos de IPI, tanto com fulcro nos artigos 7º e 9º do Decretolei n.º 288/67, como no art. 6º do Decretolei n.º 1.435/1975. Contudo, no entendimento da fiscalização, a Recorrente não teria adimplido com os critérios ditados pelo referido dispositivo do Decretolei n.º 1.435/1975 e pelo art. 95, III, do Regulamento do IPI aprovado pelo Decreto n.º 7.212/2010 para a tomada de crédito de insumos provenientes da Zona Franca de Manaus. Expressam os referidos dispositivos: Decretolei n.º 1.435/75 "Art 6º Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na área definida pelo § 4º do art. 1º do Decretolei nº 291, de 28 de fevereiro de 1967. § 1º Os produtos a que se refere o "caput" deste artigo gerarão crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados, calculado como se devido fosse, sempre que empregados como matériasprimas, produtos intermediários ou materiais de embalagem, na industrialização, em qualquer ponto do território nacional, de produtos efetivamente sujeitos ao pagamento do referido imposto. § 2º Os incentivos fiscais previstos neste artigo aplicamse, exclusivamente, aos produtos elaborados por estabelecimentos industriais cujos projetos tenham sido aprovados pela SUFRAMA." (grifei) RIPI/2010 "Art. 95. São isentos do imposto: (...) III os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das Posições 22.03 a 22.06, dos Códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI (DecretoLei nº 1.435, de 1975, art. 6º, e DecretoLei no 1.593, de 1977, art. 34)." (grifei) Como se depreende da disciplina normativa acima transcrita, para o gozo desta isenção, necessário que os produtos sejam produzidos em conformidade com os projetos aprovados pela SUFRAMA, com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional. Fl. 6012DF CARF MF 12 A Recorrente, na condição de adquirente dessas mercadorias utilizadas como matérias primas dos produtos por ela industrializados e comercializados com incidência de IPI (bebidas não alcoólicas), tomou o crédito do IPI na forma autorizada pelo art. 6º, §1º acima em destaque, reproduzido no art. 237 do RIPI/20101. Contudo, no entender da fiscalização, os produtos adquiridos pela Recorrente não estariam abrangidos pela isenção do art. 95, III, do RIPI/2010, vez que a empresa fornecedora RECOFARMA teria descumprido as condições normativas para o seu gozo. Vejamos a expressão do Termo de Verificação Fiscal: "No caso sob análise, e pelas informações prestadas no item 3 deste termo (fiscalização na empresa Recofarma) verificouse que a condição prevista na letra “a” acima foi atendida somente na elaboração dos kits para guaraná, em que é utilizado o extrato da semente de guaraná. Nos demais kits para refrigerantes fornecidos por Recofarma, os insumos utilizados não são resultado de processo de extração de um vegetal e, portanto, não podem ser chamados de “matériasprimas extrativas vegetais”. A sacarose pode ser considerada resultado de processo de extração de um vegetal. Esclareçase, porém, que não há emprego direto por Recofarma de sacarose (açúcar) nos kits para refrigerantes (o açúcar é adicionado no processo produtivo dos refrigerantes pelos engarrafadores). No caso em análise, a sacarose por meio de transformações físicoquímicas dá origem ao corante caramelo. Examinando o corante caramelo não encontraremos sacarose, por que ela foi “incorporada” ao produto, resultando uma complexa mistura de compostos químicos. Visto de outra forma, no produto corante caramelo não há mais sacarose, mas o resultado daquilo em que ela se transformou. Examinando esse processo produtivo verificase que entra sacarose e sai corante caramelo. Entra matéria prima e sai produto. Na fabricação dos kits sabor CocaCola, é empregado como matéria prima o corante caramelo e não a sacarose. Dessa forma, não há como visualizar que no processo de industrialização dos kits para refrigerantes, entre sacarose e saia “concentrado CocaCola”. Em suma, a sacarose entra como matéria prima em processos produtivos que não são da fiscalizada tais como: o corante caramelo, o álcool e o ácido cítrico. Face ao exposto, fica claro que a matéria prima utilizada por Recofarma na elaboração dos kits sabor cola é o corante caramelo, e não o açúcar ou cana de açúcar. O corante caramelo é resultado de um processo de industrialização de razoável complexidade, que inclui o uso de diversos compostos químicos. Resumidamente, o processo de industrialização para obtenção do corante caramelo é realizado em duas etapas: a) Processo de hidrolise: ocorre através da inversão da sacarose, sendo utilizados como matérias primas o açúcar cristal, água e catalisador ácido. Esse processo quebra a molécula de sacarose, gerando outros tipos de açúcares. O produto resultante é o açúcar hidrolisado, que é uma mistura de sacarose, glicose e frutose. b) Processo de manufatura do corante caramelo: ocorre em reatores, através do processo de caramelização, utilizando o açúcar hidrolisado da etapa anterior, acrescido de água, sal de amônio e solução alcalina. Durante todo esse processo existe o acompanhamento de técnicos de laboratório, coletando e analisando todos os parâmetros de qualidade. 1 "Art. 237. Os estabelecimentos industriais poderão creditarse do valor do imposto calculado, como se devido fosse, sobre os produtos adquiridos com a isenção do inciso III do art. 95, desde que para emprego como matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto (DecretoLei no 1.435, de 1975, art. 6o, § 1o)." Fl. 6013DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.008 13 O corante caramelo pode gozar da isenção prevista no art. 95, inciso III do RIPI/2010, pois a sacarose (açúcar), que é uma matéria prima agrícola e extrativa de produção regional, foi “incorporada” a ele. Entretanto, o fato do corante caramelo poder gozar da isenção prevista no art. 95, III, do RIPI/2010, não significa que ele pode gerar direito à isenção para o produto elaborado a partir dele. O benefício fiscal tem um limite concreto e absoluto: é a elaboração do produto a partir do extrato. O álcool e o ácido cítrico, insumos que serão analisados posteriormente, são obtidos pela fermentação da sacarose. Ambos são produtos industrializados a partir de matérias primas diversas, inclusive da sacarose extraída da cana de açúcar. Observese que inexistem processos produtivos básicos estabelecidos para os produtos álcool e ácido cítrico, ou seja, nenhuma empresa possui projeto aprovado na SUFRAMA que vise isenção de IPI quando os produtos forem destinados para fora da Amazônia Ocidental. No caso da fabricação dos kits sabor guaraná, o extrato vegetal regional efetivamente entra no processo produtivo da fiscalizada. Assim, esta fiscalização entende que os kits para guaraná fazem jus à isenção do artigo 95, inciso III, do RIPI/2010. (...) O legislador também não admitiu o direito à isenção para produto elaborado com matériaprima elaborada com extrato vegetal, mesmo nos casos em que uma quantidade significativa do extrato vegetal seja ingrediente ou componente da matériaprima. A título de ilustração, observese que o motor de automóvel é uma matériaprima cuja estrutura física é baseada em metais, mas não poderia ser considerado uma matériaprima extrativa mineral. O corante caramelo não é uma matériaprima extrativa vegetal, assim como, por exemplo, também não o são os papeis (apesar de fabricados com celulose), nem os fios e tecidos (apesar de fabricados com algodão). Outro exemplo é o próprio refrigerante sabor guaraná, que igualmente não é uma matériaprima extrativa vegetal, apesar de fabricado com extrato da semente de guaraná. Por isto, ainda que a industrialização ocorresse na Amazônia Ocidental, o refrigerante sabor guaraná não geraria direito à isenção do art. 95, inciso III, do RIPI/2010 a um produto que o utilizasse como insumo. Cabe lembrar o elevado custo que seria gerado para o país caso fosse ampliado o alcance do benefício fiscal previsto no artigo 95, inciso III, do RIP1/2010, considerandose que ele permite aos adquirentes se creditarem do valor do imposto que seria devido, quando o produto é tributado a alíquotas positivas. Por outro lado, os fatos anteriormente descritos não tiram de Recofarma o direito à utilização da isenção prevista no artigo 81, inciso II, do RIPI/2010. Portanto, o fato de Recofarma se localizar em Manaus continua representando um benefício, mesmo após a exclusão da isenção do artigo 95, inciso III, do RIPI/2010." (efls. 5.031/5.033) Assim, a fiscalização entendeu que uma condição imposta pela SUFRAMA à RECOFARMA teria sido descumpridas, ensejando na afastamento da isenção aplicada: a não utilização de matérias primas agrícolas e extrativistas vegetais. Entretanto, a fiscalização extrapolou sua competência ao trazer elementos diferentes daqueles delimitados pela SUFRAMA na Resolução n.º 298/2007 e no Parecer Técnico de Projeto n.º 224/2007, este último acostado aos autos às efls. 5.378/5.389. Fl. 6014DF CARF MF 14 Antes de adentrar especificamente no item entendido como descumprido pela fiscalização, importante primeiramente tecer breves considerações quanto aos limites da Receita Federal para a fiscalização dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus disciplinados pela SUFRAMA. Em seguida, partirei para a análise da exigência indicada como descumprida pela Receita Federal à luz das diretrizes fixadas pela SUFRAMA. I.1.1 DA COMPETÊNCIA DA RECEITA FEDERAL NA FISCALIZAÇÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS DISCIPLINADOS PELA SUFRAMA. A Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA é uma autarquia criada pelo Decretolei n.º 288/1967, atualmente vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, à qual foi atribuída a administração da Zona Franca de Manaus ZFM. Atentandose em especial para a disciplina dos incentivos fiscais concedidos nesta área (e, posteriormente, na área da Amazônia Ocidental do Decretolei n.º 291/1967), observase que originariamente a atuação da SUFRAMA exigia o aval do Ministério da Fazenda, que igualmente participava do processo de aprovação dos projetos de industrialização passíveis de serem desenvolvidos naquela área e de gozarem dos incentivos fiscais. A disciplina originária igualmente se preocupava em garantir a competência do Ministério da Fazenda no controle da entrada e saída das mercadorias no âmbito da ZFM. É o que se depreende da disciplina do Decreto n.º 61.244/1967, que originariamente regulamentou o Decretolei n.º 288/1967: "Art 11. Estão isentas do impôsto sôbre produtos industrializados tôdas as mercadorias industrializadas na Zona Franca de Manaus, quer se destinem ao seu consumo interno, quer a comercialização em qualquer ponto do território nacional. § 1º Os projetos para a produção, beneficiamento ou industrialização de mercadorias que pretendam gozar dos benefícios do Decretolei nº 28867 serão submetidos à aprovação da SUFRAMA, ouvido o Ministério da Fazenda, quanto aos aspectos fiscais, implicando em aprovação tácita a falta de manifestação dêsse Ministério no prazo de 30 (trinta) dias contados do pedido de audiência. § 2º Os projetos serão apresentados de conformidade com critérios e procedimentos estabelecidos pela SUFRAMA, mediante instruções aprovadas pelo Ministro do Interior. § 3º O Superintendente da SUFRAMA poderá rejeitar, de plano, ouvido o Conselho Técnico, os projetos que, visando a obtenção dos incentivos fiscais previstos no Decretolei nº 28867, tenham por fim a produção, industrialização ou beneficiamento das mercadorias capituladas no parágrafo 1º do artigo 3º do referido Decretolei, inclusive as alterações supervenientes por Decreto (Decreto lei nº 28867 artigo 3º, parágrafo 2º). Art 12. Tôda entrada de mercadoria nacional ou estrangeira na Zona Franca de Manaus fica sujeita ao contrôle da SUFRAMA, respeitada a competência legal atribuída á fiscalização aduaneira e de rendas internas do Ministério da Fazenda." (grifei) Especificamente quanto à análise de entrada das mercadorias nacional ou estrangeira, referenciada no art. 12 acima transcrito, constatase que o Ministério da Fazenda manteve seu controle na forma indicada no art. 224 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n.º 203/2012, que disciplina o controle da entrada e saída de mercadorias da ZFM e das áreas da Amazônia Ocidental. Esse dispositivo, inclusive, é o único no regimento interno da Receita Federal que faz referência às essas áreas em específico: Fl. 6015DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.009 15 "Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, à Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Pessoas Físicas Derpf, às Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e às Inspetorias da Receita Federal do Brasil IRF de Classes “Especial A”, “Especial B” e “Especial C”, quanto aos tributos administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação e acompanhamento dos maiores contribuintes, de atendimento e interação com o cidadão, de comunicação social, de fiscalização, de controle aduaneiro, de tecnologia e segurança da informação, de programação e logística, de gestão de pessoas, de planejamento, avaliação, organização, modernização, e, especificamente: (Redação dada pelo(a) Portaria MF nº 512, de 02 de outubro de 2013) (...) § 3º Às Alfândegas Porto de Manaus e Aeroporto Internacional Eduardo Gomes compete ainda: I proceder ao despacho de internação de mercadorias da Zona Franca de Manaus para o restante do território nacional; II processar os pedidos de saída temporária para o restante do território nacional de bens ingressados na Zona Franca de Manaus com suspensão de tributos; e III controlar a saída da Zona Franca de Manaus de mercadorias nacionais nela ingressadas. § 4º Às DRF Boa Vista, Porto Velho, JiParaná, Rio Branco e Macapá compete ainda: I proceder ao despacho de internação de mercadorias da Amazônia Ocidental e Áreas de Livre Comércio para o restante do território nacional; II processar os pedidos de saída temporária para o restante do território nacional de bens ingressados na Amazônia Ocidental e Áreas de Livre Comércio com suspensão de tributos; e III controlar a saída da Amazônia Ocidental e Áreas de Livre Comércio de mercadorias nacionais nela ingressadas." (grifei) Por outro lado, no que concerne aos critérios e requisitos para a concessão de incentivos fiscais no âmbito da Zona Franca (referenciada no art. 11 do Decreto n.º 61.244/1967 acima transcrito), observase que com o transcorrer dos anos a influência do Ministério da Fazenda foi afastada por completo, com garantia de plena autonomia à SUFRAMA para tanto. Com efeito, como se depreende das disciplinas regulamentares trazidas nos Decretos n.º 2.566/1998, n.º 4.628/2003, n.º 6.372/2008 e até no atualmente vigente Decreto n.º 7.139/2010, a administração da concessão de incentivos fiscais é atribuída de forma exclusiva à SUFRAMA, independentemente, portanto, de qualquer aval do Ministério da Fazenda. Vejam se pela redação do art. 1º, VI, do Anexo I destes Decretos, todos com redação no mesmo sentido2: Art. 1o A Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA, autarquia criada pelo DecretoLei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tem como finalidade promover o desenvolvimento socioeconômico, de forma sustentável, na sua área de atuação, mediante geração, atração e consolidação de investimentos, apoiado em 2 Com excessão do Decreto n.º 2.566/1998, que trazia essa mesma previsão no inciso III do art. 1º do Anexo I. Fl. 6016DF CARF MF 16 capacitação tecnológica, visando a inserção internacional competitiva, a partir das seguintes ações: (...) VI administrar a concessão de incentivos fiscais." (grifei) Sob essa perspectiva que os referidos Decretos atribuíram ao Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS) a competência para aprovar "os projetos das empresas que objetivem usufruir dos benefícios fiscais", bem como "estabelecer normas, exigências, limitações e condições" para estes projetos, sem depender de qualquer outro órgão, inclusive do Ministério da Fazenda (art. 3º, I, 'c', do Anexo I do Decreto n.º 2.566/1998 e art. 4º, I, 'c' do Anexo I dos Decretos n.º 4.628/2003, n.º 6.372/2008 e n.º 7.139/2010). Exatamente no exercício de sua competência, o CAS expediu a Resolução CAS n.º 202/2006, posteriormente revogada pela atualmente vigente Resolução CAS n.º 203/2012, com os requisitos para a aprovação dos projetos industriais para a concessão e gozo dos incentivos fiscais na Zona Franca de Manaus e na Amazônia Ocidental, dentre os quais aquele objeto desta autuação do art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75. Esta disciplina normativa com os procedimentos de apresentação, análise, aprovação e acompanhamento de Projetos Industriais para fins de concessão dos incentivos fiscais evidenciam a autonomia da SUFRAMA no processo de aprovação e acompanhamento dos projetos, indicando expressamente que, quando comprovado por aquele órgão o inadimplemento dos requisitos para o gozo dos incentivos fiscais, a Receita Federal será devidamente notificada para que tome as providências cabíveis. Vejamos pelo teor da Resolução CAS n.º 202/2006, vigente à época da análise do projeto da RECOFARMA objeto deste processo (cujas disciplinas, nos pontos sob enfoque neste voto, não foram substancialmente alteradas pela Resolução CAS n.º 203/20123): "Art. 1º Os incentivos fiscais administrados pela SUFRAMA, concedidos a projetos industriais que objetivem a industrialização de produtos na Zona Franca de Manaus (ZFM), são os seguintes: I isenção do Imposto de Importação (II), relativo a matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos de origem estrangeira utilizados na industrialização de produtos destinados a consumo interno na ZFM; II redução do II, relativo a matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, componentes e outros insumos de origem estrangeira utilizados na industrialização de produtos destinados a consumo em outros pontos do território nacional; III isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), relativo a produtos produzidos na ZFM destinados à comercialização em qualquer ponto do território nacional; IV isenção do IPI para os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária; V crédito do IPI, calculado como se devido fosse, para o adquirente de produtos de que trata o inciso anterior, sempre que empregados como matériasprimas, produtos intermediários ou materiais de embalagem na industrialização, em qualquer ponto do território nacional, de produtos efetivamente sujeitos ao pagamento do referido imposto; e VI isenção do II e do IPI relativo a bens de capital destinados à implantação de projetos industriais. 3 A previsão de comunicação da Receita Federal do Brasil (RFB) após a comprovação da aferição indevida de incentivos fiscais é trazida no art. 55 desta Resolução CAS n.º 203/2012. Fl. 6017DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.010 17 Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica a armas, munições, fumo, bebidas alcoólicas, automóveis de passageiros e produtos de perfumaria ou toucador, preparados e preparações cosméticas, salvo quanto a estes se destinados, exclusivamente, a consumo interno na ZFM, ou quando produzidos com utilização de matériasprimas da fauna e flora regionais. (...) Art. 5º Os projetos submetidos à apreciação da SUFRAMA deverão atender, cumulativamente, aos seguintes objetivos e condições para a concessão e fruição dos benefícios fiscais: I atendimento aos limites anuais de importação de matériasprimas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, constantes da respectiva resolução aprobatória do projeto e suas alterações; II incremento da oferta de emprego na região; III concessão de benefícios sociais aos trabalhadores; IV incorporação de tecnologias e de processos de produção compatíveis com o estado da arte e da técnica; V níveis crescentes de produtividade e competitividade; VI reinvestimento de lucros na região; VII investimento na formação e capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento científico e tecnológico; e VIII atendimento ao Processo Produtivo Básico (PPB) exigido para seus produtos. § 1º No caso de empresas cujo objeto seja a produção de bens e serviços de informática, além do atendimento do disposto neste artigo, deverá ser observada a legislação específica que trata dos investimentos compulsórios em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). § 2º Quando da apresentação de projeto de implantação, deverá ser apresentada cópia autenticada da Licença Prévia emitida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas IPAAM, órgão ambiental competente, do estado do Amazonas. (...) Art. 8º A SUFRAMA efetuará a análise de todos os projetos que atendam ao disposto no art. 5º desta Resolução devendo dar prioridade àqueles que apresentem: I produção de componentes, partes e peças, subconjuntos e materiais de embalagem destinados principalmente ao adensamento das cadeias produtivas do Pólo Industrial de Manaus; II programa de exportação; III aplicação em programas de Pesquisa e Desenvolvimento; IV maior geração de empregos por unidade de renúncia fiscal projetada; e V Índice de Desenvolvimento Regional IDR superior à média do subsetor ao qual a empresa pertença, de acordo com regulamentação estabelecida pela SUFRAMA, sendo: (...) Art. 10. Compete ao Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS) deliberar acerca da aprovação dos projetos que visem o gozo dos incentivos de que trata o art. 1º, apresentados por empresa que se encontre em situação fiscal regular, mediante apresentação da Certidão de Regularidade Cadastral CRC junto à SUFRAMA ou das certidões negativas de débitos ou documento equivalente expedidos pelos órgãos competentes, nos termos da alínea d do art. 38 desta Resolução e cujos produtos possuam PPB previamente aprovado, nos termos do art. 4º, do Decreto nº 2.891/98. § 1º Excepcionalmente, em casos devidamente justificados, os projetos que não apresentem situação fiscal regular, mas que tenham apreciação favorável do CAS, desde que apresentem comprovação de regularidade no prazo de 60 (sessenta) dias, improrrogáveis, contados da data de apreciação do projeto pelo Conselho, poderão ter seus atos aprobatórios expedidos pela(o) Superintendente. Fl. 6018DF CARF MF 18 § 2º As empresas que não atenderem ao prazo estipulado no parágrafo anterior somente poderão ter seus projetos incluídos em nova pauta do CAS mediante a regularização prévia de sua documentação e/ou cadastramento junto à SUFRAMA. § 3º A aprovação de projetos somente terá eficácia após a publicação do correspondente ato aprobatório no Diário Oficial da União (DOU). (...) Art. 58. A SUFRAMA enviará comunicado a Secretaria da Receita Federal (SRF) sempre que comprovar que a empresa auferiu indevidamente dos incentivos fiscais administrados pela autarquia, descritos no art. 1º desta Resolução." (grifei) E aqui é importante salientar que a referência à necessidade de aprovação dos projetos pela SUFRAMA é igualmente depreendida da disciplina legal dos incentivos fiscais, tal como aquele objeto de análise nos presentes autos. Vejamos novamente o teor do dispositivo que respalda o incentivo fiscal condicionado sob análise (art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75): "Art 6º Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na área definida pelo § 4º do art. 1º do Decretolei nº 291, de 28 de fevereiro de 1967. § 1º Os produtos a que se refere o "caput" deste artigo gerarão crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados, calculado como se devido fosse, sempre que empregados como matériasprimas, produtos intermediários ou materiais de embalagem, na industrialização, em qualquer ponto do território nacional, de produtos efetivamente sujeitos ao pagamento do referido imposto. § 2º Os incentivos fiscais previstos neste artigo aplicamse, exclusivamente, aos produtos elaborados por estabelecimentos industriais cujos projetos tenham sido aprovados pela SUFRAMA." (grifei) Portanto, observase que a autoridade competente para identificar as condições para o gozo das isenções deferidas no âmbito da Zona Franca de Manaus e da Amazônia Ocidental, na forma do caput do art. 179, do CTN, é a SUFRAMA, autoridade administrativa com personalidade jurídica própria, e não a Secretaria da Receita Federal do Brasil: "Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. (...)." (grifei) Em outras palavras, o despacho da autoridade administrativa necessário à concessão das isenções onerosas ou condicionadas relativas à ZFM e à Amazônia Ocidental, a que se refere o art. 179, do CTN, é a SUFRAMA, à quem a legislação atribuiu competência específica. Por conseguinte, cabe aos demais órgãos administrativos, dentre os quais a Secretaria da Receita Federal do Brasil, observar as condições delineadas por aquela autoridade administrativa específica. Em conformidade com a disciplina trazida pelo CAS nas Resoluções n.º 202/2006 e 203/2012, os projetos apresentados pelos sujeitos passivos visando ao gozo dos incentivos fiscais, após a apreciação da Superintendência, são aprovados por ato do Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS) devidamente publicado no Diário Oficial. Fl. 6019DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.011 19 No presente caso, à luz da Resolução CAS n.º 202/2006, após solicitação da empresa fornecedora da Recorrente (RECOFARMA) da renovação de seu projeto para o gozo dos incentivos fiscais, foi proferido Parecer Técnico de Projeto n.º 224/2007 pela Superintendência Adjunta de Projetos da SUFRAMA (efls. 5.378/5.389), devidamente aprovado pelo CAS por meio da Resolução n.º 298/2007, com validade até 05/10/2023. Nesse sentido, a fiscalização da Receita Federal quanto aos incentivos fiscais sob análise é restringida pelos despachos administrativos proferidos pela SUFRAMA que o concedem (Parecer Técnico de Projeto e Resolução CAS). Portanto, não pode a fiscalização da Receita Federal se dissociar dos termos identificados pela SUFRAMA nestes documentos. Importante frisar que não se nega de qualquer forma o poderdever da fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil de proceder com a análise da validade dos incentivos fiscais concedidos pela SUFRAMA no âmbito da ZFM e da Amazônia Ocidental, com fulcro no art. 37, XVIII da Constituição Federal. Contudo, o que não se admite é que a fiscalização ultrapasse os termos dos despachos administrativos de concessão dos incentivos fiscais, para trazer requisitos outros além daqueles disciplinados pela SUFRAMA, como órgão competente. O próprio dispositivo constitucional mencionado é claro ao limitar a atuação da administração fazendária "dentro de suas áreas de competência"4. E aqui essencial enfatizar que para que seja atestado o descumprimento das condições, a SUFRAMA traz procedimentos administrativos específicos, com a emissão em uma periodicidade de 3 (três) anos dos Relatórios de Acompanhamento de Projetos (RAP) e com a possibilidade de vistorias técnicas a qualquer tempo. É o que se extrai da Resolução CAS n.º 203/2012 atualmente vigente: "CAPÍTULO V DA AVALIAÇÃO DOS PROJETOS Art. 42. A SUFRAMA emitirá a cada três anos, ou sempre que necessário, por amostragem, Relatório de Acompanhamento de Projetos (RAP), relativo aos produtos ativos (não cancelados) com projetos aprovados por suas respectivas empresas junto ao Conselho de Administração da SUFRAMA. § 1º O RAP deverá conter a relação de produtos ativos das empresas, com a situação atualizada de cada um no que diz respeito aos Laudos de Operação e de Produção, à entrega do LTAI e dos indicadores de desempenho, à adimplência em relação à Certificação da qualidade, além de dados atualizados de produção, mão deobra, faturamento, investimentos em máquinas e equipamentos, concessão de benefícios sociais aos trabalhadores, investimentos na formação e capacitação de recursos humanos, e, se for o caso, volume de exportações e investimentos em pesquisa e desenvolvimento. § 2º O RAP deverá conter ainda, a análise dos desvios em relação às metas originais e aos compromissos assumidos pelas empresas quando da aprovação de seus projetos, bem como proposições para cancelamento de projetos e/ou alterações nas resoluções aprobatórias. § 3º A SUFRAMA, quando da emissão do RAP, deverá inspecionar in loco as instalações da empresa, devendo neste momento ser atestado o cumprimento e 4 "Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XVIII a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;" (grifei) Fl. 6020DF CARF MF 20 manutenção das disposições constantes nos Laudos de Operação e de Produção emitidos, além de verificar as informações prestadas nos LTAIs apresentados. § 4º A SUFRAMA deverá submeter à apreciação do CAS na primeira reunião do exercício subseqüente, a consolidação das informações contidas nos RAPs emitidos durante o ano imediatamente anterior. § 5° A SUFRAMA, durante a fase de elaboração do RAP, sempre que houver necessidade, poderá solicitar da empresa dados, informações e/ou documentos contábeis que venham a comprovar o cumprimento de metas estabelecidas em projeto, devendo a documentação requerida, devidamente assinada pelo contador e pelo representante legal da empresa, ser entregue no prazo previamente estabelecido pelo setor competente. CAPÍTULO VI DA VISTORIA TÉCNICA Art. 43. A qualquer tempo a SUFRAMA poderá realizar vistoria técnica nas empresas com projeto aprovado, com a finalidade de verificar, para fins de manutenção ou cancelamento dos benefícios fiscais, o exato cumprimento dos termos e condições estabelecidos nesta Resolução e demais condições legais pertinentes. Art. 44. A empresa deverá permitir aos servidores da SUFRAMA ou a seu serviço, devidamente identificados e credenciados, amplo, geral e irrestrito acesso a quaisquer de suas instalações fabris, bem como aos livros, demonstrações contábeis, fiscais e sistemas de informações, informatizadas ou não, para efeito de emissão dos Laudos de Operação e de Produção e para realização das vistorias técnicas. Parágrafo único. A empresa deverá manter seus documentos organizados de maneira a facilitar seu manuseio e conferência por ocasião das visitas técnicas ou demais acompanhamentos realizados pela SUFRAMA." (grifei) Dessa forma, a autoridade competente para avaliar o cumprimento das condições das isenções deferidas por meios dos projetos específicos é a SUFRAMA, não cabendo à Receita Federal fugir à esse procedimento e trazer condições diversas àquelas estabelecidas pelo órgão competente. A restrição da atuação fiscal da Receita Federal quanto aos incentivos fiscais concedidos pela SUFRAMA já foi externada em distintas oportunidades pela Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF e pelas câmara ordinárias5. Vejamos, a título de exemplo, algumas manifestação da CSRF: "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 20/06/1998 a 31/12/1998 IPI. PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. REQUISITOS. COMPETÊNCIA PARA APURAÇÃO Por expressa determinação de decreto regulamentar, é da competência do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus a análise do atendimento ao processo produtivo básico para fins de aprovação de projeto industrial a ser beneficiado com a isenção de que trata o DecretoLei n° 288/67 com a redação que lhe deu a Lei n° 8.387/91. Definidos em Resolução daquele órgão, regularmente expedida, cabe sua observância pela Secretaria da Receita Federal. Recurso Especial do Procurador Negado." (Número do Processo 10283.009636/200131 Data da Sessão 14/11/2013 Relator RODRIGO CARDOZO MIRANDA Nº Acórdão 9303002.664 Unânime grifei) 5 Recomento a leitura da declaração de voto da Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões no Acórdão nº 3301.003.005, que foi contundente nesse sentido (Processo nº 15504.729713/201469. Sessão de 22 de junho de 2016) Fl. 6021DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.012 21 "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 20/10/2004 POSSIBILIDADE DE TERCEIRIZAÇÃO DA ETAPA PREVISTA NA LETRA “H’” DO ARTIGO 1° DA PORTARIA INTERMINISTERIAL N° 185/93, PARA EMPRESA ESTABELECIDA NA ZONA FRANCA DE MANAUS. Não cabe restringir a possibilidade de terceirização à empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus e com projeto aprovado pela SUFRAMA, para o gozo do benefício de isenção do IPI, quando a norma pertinente não o faz expressamente e o órgão responsável pela concessão do processo produtivo básico autorizou a terceirização da etapa “h” nesses termos. Recurso Especial do Procurador Negado" (Número do Processo 10283.007961/200754 Data da Sessão 27/04/2016 Relator(a) VANESSA MARINI CECCONELLO Nº Acórdão 9303003.825 grifei) Nesse sentido, a fiscalização da Receita Federal, quanto à análise de incentivos fiscais concedidos pela SUFRAMA, não possui ampla liberdade para a identificação dos parâmetros de atuação do contribuinte para o gozo dos incentivos, devendo se ater às condições identificadas nos documentos expedidos pela SUFRAMA, quais sejam, Parecer Técnico de Projeto e Resolução CAS de aprovação. Fixada essa premissa, passamos à análise do trabalho fiscal feito nos presentes autos. I.1.2 OS ATOS DE CONCESSÃO DO INCENTIVO FISCAL PELA SUFRAMA E AS EXIGÊNCIAS DA RECEITA FEDERAL NO PRESENTE CASO Como visto, a fiscalização entendeu que um requisito teria sido descumprido pela RECOFARMA, empresa fornecedora da Recorrente, para o gozo do incentivo fiscal do art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75: a não utilização de matérias primas agrícolas e extrativistas vegetais. Vejamos novamente as razões trazidas pela fiscalização: "No caso sob análise, e pelas informações prestadas no item 3 deste termo (fiscalização na empresa Recofarma) verificouse que a condição prevista na letra “a” acima foi atendida somente na elaboração dos kits para guaraná, em que é utilizado o extrato da semente de guaraná. Nos demais kits para refrigerantes fornecidos por Recofarma, os insumos utilizados não são resultado de processo de extração de um vegetal e, portanto, não podem ser chamados de “matériasprimas extrativas vegetais”. A sacarose pode ser considerada resultado de processo de extração de um vegetal. Esclareçase, porém, que não há emprego direto por Recofarma de sacarose (açúcar) nos kits para refrigerantes (o açúcar é adicionado no processo produtivo dos refrigerantes pelos engarrafadores). No caso em análise, a sacarose por meio de transformações físicoquímicas dá origem ao corante caramelo. Examinando o corante caramelo não encontraremos sacarose, por que ela foi “incorporada” ao produto, resultando uma complexa mistura de compostos químicos. Visto de outra forma, no produto corante caramelo não há mais sacarose, mas o resultado daquilo em que ela se transformou. Examinando esse processo produtivo verificase que entra sacarose e sai corante caramelo. Entra matéria prima e sai produto. Na fabricação dos kits sabor CocaCola, é empregado como matéria prima o corante caramelo e não a sacarose. Dessa forma, não há como visualizar que no processo de industrialização dos kits para refrigerantes, entre sacarose e saia Fl. 6022DF CARF MF 22 “concentrado CocaCola”. Em suma, a sacarose entra como matéria prima em processos produtivos que não são da fiscalizada tais como: o corante caramelo, o álcool e o ácido cítrico. Face ao exposto, fica claro que a matéria prima utilizada por Recofarma na elaboração dos kits sabor cola é o corante caramelo, e não o açúcar ou cana de açúcar. " (efl. 5.031 grifei) Entretanto, no ato de concessão desse incentivo à RECOFARMA (Resolução CAS n.º 298/2007 e Parecer Técnico de Projeto n.º 224/2007), esta condição, da forma como apontada pela fiscalização na presente autuação, não foi trazida pela SUFRAMA. Com efeito, a fiscalização da Receita Federal ultrapassou de sua competência por impor uma nova condição para o gozo da isenção onerosa sob análise, diferente das condições fixadas pelo órgão competente da SUFRAMA. Com efeito, em atenta análise do Parecer Técnico de Projeto n.º 224/2007, observase que a SUFRAMA, quando da aprovação do Projeto industrial da RECOFARMA, já consignava que as matérias primas regionais a serem utilizadas no processo produtivo seriam em forma de açúcar (cristal ou mascavo) e extrato de guaraná, e não a própria cana de açúcar como exigido pela Receita Federal. Vejamos os exatos termos do Projeto (efl. 5.380): A menção às "matériasprimas regionais" foi indicada exatamente para o gozo da isenção contestada pela fiscalização nos presentes autos, do art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75, indicada no item 4 do referido parecer: Fl. 6023DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.013 23 Mais adiante, ao tratar especificamente do percentual de origem dos insumos, a SUFRAMA indica que os produtos serão compostos por insumos regionais, insumos nacionais e insumos importados. Naquela oportunidade, indicase uma nota para esclarecer quais seriam os insumos regionais, indicando que "na elaboração do produto CONCENTRADO PARA BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS para o modero de referencia 'concentrado para bebidas refrigerantes de sabor de cola', será utilizada a matériaprima regional açúcar (cristal e mascavo) processado no interior do Estado. E para outros tipos do produto utilizase também a maláriaprima regional extrato de guaraná. " (efl. 5.388 grifei): Portanto, vislumbrase com clareza que a fiscalização faz uma restrição que ultrapassa o projeto aprovado pela SUFRAMA, indevidamente exigindo que as matérias primas sejam utilizadas pela RECOFARMA em seu estado natural. Ora, a SUFRAMA identifica com clareza em seu parecer que o açúcar e o extrato de guaraná devem ser admitidos como matérias primas regionais suficientes ao adimplemento do projeto e ao gozo do incentivo fiscal, não cabendo à Receita Federal restringir esse entendimento do órgão competente. Desta forma, a fiscalização, em contrariedade à orientação ditada pela SUFRAMA, órgão competente para a concessão dos incentivos fiscais sob análise, inova quanto aos requisitos necessários para o gozo da isenção prevista art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75, o que não se pode admitir. Considerando os termos definidos pela autoridade administrativa competente no despacho de concessão do incentivo fiscal sob análise (SUFRAMA Resolução CAS n.º 298/2007 e Parecer Técnico de Projeto n.º 224/2007) inexiste qualquer incongruência técnica ou fática suscetível à afastar o gozo da isenção. E esse fato foi atestado pela própria Fl. 6024DF CARF MF 24 SUFRAMA por meio do ofício de 26 de setembro de 2014 (efls. 5.391/5.392) no qual o Superintendente Adjunto de Projetos da SUFRAMA atesta: "1. Em atendimento ao expediente protocolado nesta Autarquia sob o n° 006268, de 24/07/2014, informamos que a RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS LTDA., com sede nesta cidade à Avenida Buriti, n° 190 — Distrito Industrial, devidarnente habilitada nesta Suframa sob n° 20.0567.012, na presente data ESTÁ REGULAR EM RELAÇÃO ÀS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS NO PROJETO TÉCNICO ECONÔMICO INDUSTRIAL DE ATUALIZAÇÃO, aprovado peta Resolução do Conselho de Administração da Suframa (CAS) n° 298, de 11/12/2007, nos termos do Parecer Técnico de Projeto N° 224/2007SPR/CGPRUCOAP1 — único em vigência, comprovados de acordo com os seguintes instrumentos, em conformidade com Resolução CAS n° 203, de 10 de dezembro de 2012 (revogou a Resolução CAS n° 202, de 17/05/2006), especificamente: no que se refere aos seguintes parâmetros: Dados do Produto: CONCENTRADO PARA BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS — Cód. Suframa 0653." (Ofício n.º 3638 SPR/CGAPI/COPIN efl. 198 grifei) Assim, a autoridade administrativa competente para a definição das condições para o gozo da isenção sob análise atestou a regularidade da empresa fornecedora da Recorrente RECOFARMA, não cabendo ao fiscal da Receita Federal trazer critérios diversos daqueles previstos pela autoridade para buscar atribuir uma situação de irregularidade da isenção que, de fato, inexiste, em descumprimento do procedimento e da competência regulamentar pertinente para o incentivo fiscal específico sob análise. Aqui importante mencionar que, ao contrário do que pretendeu a fiscalização, as isenções onerosas ou condicionadas não podem ser livremente suprimidas, em conformidade com a Súmula 544 do Supremo Tribunal Federal. Necessário que se observe a disciplina legal e normativa aplicável à hipótese para que sejam afastadas as condições. No presente caso, ao ignorar o cumprimento das condições atestadas pelo órgão competente (SUFRAMA), a Receita Federal foge ao seu poder regulamentar para trazer exigências não identificadas pelo órgão competente, em clara afronta ao princípio da segurança jurídica, em seu viés subjetivo da proteção da confiança. Nas palavras de Humberto Ávila: "Os atos administrativos individuais. dirigidos a determinados contribuintes, criam uma 'relação de confiança', na medida em que conotam uma 'pessoalidade'. A maior proximidade entre o Poder Público e o cidadão também instaura um compromisso entre eles e, por consequência, gera um dever de lealdade: o descumprimento de um compromisso é causa de deslealdade, a seu turno violadora do princípio da moralidade administrativa. Exatamente em decorrência dessa proximidade é que se fala, no caso dos atos e dos contratos administrativos, em dever de boafé administrativa: a relação de proximidade entre Estado e contribuinte cria deveres recíprocos de lealdade que restringem ou que atenuam as próprias exigências de legalidade e de previsibilidade." (grifei)6 Nesse sentido, à luz do art. 179, do CTN e da disciplina normativa aplicável ao incentivo fiscal do art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75, entendo que a fiscalização no caso em tela invadiu competência regulamentar atribuída à SUFRAMA, trazendo requisitos diversos para o gozo da isenção, o que não se pode admitir. Desta forma, confirmado o cumprimento das condições pela SUFRAMA, entendo ser válida a isenção da empresa RECOFARMA. 6 ÁVILA, Humberto. Teoria da Segurança Jurídica. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 473474 Fl. 6025DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.014 25 Por conseguinte, descabida a glosa dos créditos da Recorrente, que corretamente e com fulcro nos atos administrativos competentes emitidos pela SUFRAMA, tomou o crédito com fulcro no art. 237, do RIPI/2010. Ultrapassado este argumento da fiscalização, cabe agora a análise do outro fundamento da autuação no sentido de que, ainda que válido o crédito, ele seria nulo em face da classificação fiscal da mercadoria. Neste tópico eu busquei enfrentar o principal fundamento da autuação quanto a glosa dos créditos tomados pela Recorrente em suas aquisições de produtos da Zona Franca de Manaus. Contudo, na hipótese de sair vencida neste ponto, adentro nos demais argumentos de mérito desenvolvidos pela Recorrente para a garantia da tomada do crédito, o que passo a realizar a seguir. I.1.3 DA CONDIÇÃO DA EMPRESA DE ADQUIRENTE DE BOAFÉ Como visto, considerando os termos definidos pela autoridade administrativa competente no despacho de concessão do incentivo fiscal sob análise (SUFRAMA Resolução CAS n.º 298/2007 e Parecer Técnico de Projeto n.º 224/2007) observase que a Recorrente, como adquirente, não poderia identificar qualquer incongruência técnica ou fática suscetível à afastar o gozo da isenção. Com efeito, como dito, a regularidade no processo produtivo básico da fornecedora da Recorrente foi inclusive atestado pela própria SUFRAMA por meio do ofício de 26 de setembro de 2014 (efls. 5.391/5.392) no qual o Superintendente Adjunto de Projetos da SUFRAMA atesta: "1. Em atendimento ao expediente protocolado nesta Autarquia sob o n° 006268, de 24/07/2014, informamos que a RECOFARMA INDÚSTRIA DO AMAZONAS LTDA., com sede nesta cidade à Avenida Buriti, n° 190 — Distrito Industrial, devidarnente habilitada nesta Suframa sob n° 20.0567.012, na presente data ESTÁ REGULAR EM RELAÇÃO ÀS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS NO PROJETO TÉCNICO ECONÔMICO INDUSTRIAL DE ATUALIZAÇÃO, aprovado peta Resolução do Conselho de Administração da Suframa (CAS) n° 298, de 11/12/2007, nos termos do Parecer Técnico de Projeto N° 224/2007SPR/CGPRUCOAP1 — único em vigência, comprovados de acordo com os seguintes instrumentos, em conformidade com Resolução CAS n° 203, de 10 de dezembro de 2012 (revogou a Resolução CAS n° 202, de 17/05/2006), especificamente: no que se refere aos seguintes parâmetros: Dados do Produto: CONCENTRADO PARA BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS — Cód. Suframa 0653." (Ofício n.º 3638 SPR/CGAPI/COPIN efl. 198 grifei) Assim, ainda que se entenda que a Receita Federal possui competência para revisar as manifestações da SUFRAMA (o que cogito aqui apenas de forma subsidiária), observase que a Recorrente se respaldou em pronunciamento de autoridade administrativa com competência para aprovar e rejeitar os projetos produtivos básicos, que inclusive atestou a regularidade da isenção concedida aos produtos comercializados por sua fornecedora. Neste contexto, por se respaldar nos documentos fornecidos pela SUFRAMA para confirmar a validade da isenção concedida ao seu fornecedor, a Recorrente se mostrou como uma verdadeira adquirente de boa fé, cujo crédito aproveitado deve ser garantido, em entendimento análogo ao que foi firmado pelo STJ em sede de repercussão geral no Recurso Especiao n.º 1.148.444, para o ICMS, em se tratando de notas fiscais inidôneas. Como consignado naquela oportunidade, "a responsabilidade do adquirente de boafé reside na Fl. 6026DF CARF MF 26 exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco": "PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE). NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS. ADQUIRENTE DE BOAFÉ. 1. O comerciante de boafé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da nãocumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação (Precedentes das Turmas de Direito Público: EDcl nos EDcl no REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 11.03.2008, DJe 10.04.2008; REsp 737.135/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 14.08.2007, DJ 23.08.2007; REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 07.08.2007, DJ 10.09.2007; REsp 246.134/MG, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 13.03.2006; REsp 556.850/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.04.2005, DJ 23.05.2005; REsp 176.270/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 27.03.2001, DJ 04.06.2001; REsp 112.313/SP, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em 16.11.1999, DJ 17.12.1999; REsp 196.581/MG, Rel. Ministro Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 04.03.1999, DJ 03.05.1999; e REsp 89.706/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler, Segunda Turma, julgado em 24.03.1998, DJ 06.04.1998). 2. A responsabilidade do adquirente de boafé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in casu, ao alienante). 3. In casu, o Tribunal de origem consignou que: "(...)os demais atos de declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das operações (f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas têm aparência de regularidade, havendo o destaque do ICMS devido, tendo sido escrituradas no livro de registro de entradas (f. 35/162). No que toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes de pagamento às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f. 163, 182, 183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e entende o Conselho de Contribuintes." 4. A boafé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. 5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc, o que afastaria a boafé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do artigo 136, do CTN. 6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008." (STJ, REsp 1148444/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 14/04/2010, DJe 27/04/2010 grifei) Ora, com efeito, quando da realização das operações a Recorrente estava respaldada em documentos que atestavam a regularidade da isenção concedida ao seu Fl. 6027DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.015 27 fornecedor, tendo corretamente fundado sua tomada de crédito com base nos documentos da SUFRAMA. O raciocínio específico para o IPI do adquirente de boa fé, com a garantia do crédito para aquele que toma o crédito considerando os documentos fornecidos, já foi delineado pelo STJ: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ART. 80 DA LEI Nº 4.502/64. PRAZO DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. IPI. SAÍDA DO PRODUTO DO ESTABELECIMENTO COM SUSPENSÃO DO TRIBUTO. DECLARAÇÃO EMITIDA PELO ADQUIRENTE. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 29 DA LEI Nº 10.637/02. 1. Discutese nos autos a possibilidade de responsabilizar o vendedor pela utilização indevida do regime de suspensão do IPI, quando a empresa adquirente, embora apresente a declaração legalmente exigida de que faz jus ao benefício (art. 29, § 7º, II, da Lei nº 10.637), não preenche os requisitos legais para tanto. (...) 6. O inciso II do § 7º do art. 29 da Lei nº 10.637/02 incumbiu as empresas adquirentes da obrigação de declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atende a todos os requisitos estabelecidos. 7. No regime de suspensão do IPI, nem a lei de regência, nem a legislação complementar tributária delegaram ao vendedor a incumbência de verificar a veracidade da declaração prestada pelo adquirente, de forma que não pode a autoridade fiscal responsabilizar o vendedor por não ter adotado cautelas para conferir se o estabelecimento adquirente atendia ou não aos requisitos para o gozo do benefício. É que não cabe a atribuição de outros encargos à empresa vendedora, se não há normativa expressa nesse sentido. Com efeito, as obrigações acessórias decorrem da legislação tributária (art. 113, § 3º, CTN), não podendo o Fisco exigir outras prestações que ache necessárias se não há amparo na legislação tributária (leis, tratados ou convenções internacionais, decretos e normas complementares art. 96 do CTN). 8. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boafé (art. 422 do Código Civil), de forma que a celebração de negócio jurídico pressupõe a confiança no comportamento legítimo das partes, de modo que se uma delas se conduz de forma indevida ou ilegal, quebrando a confiança que lhe foi depositada, a parte que atuou segundo o princípio da boafé objetiva não pode ser penalizada pelo comportamento antijurídico da outra, sob pena de subverter a própria atividade comercial e, em última análise, o vetusto conceito de justiça segundo o qual se deve dar a cada um o que lhe é devido, inclusive em relação à distribuição equânime dos ônus que devem ser imputados a cada parte. 9. Recurso especial conhecido e parcialmente provido para desconstituir o crédito tributário e anular o auto de infração que aplicou à recorrente a multa prevista no art. 80 da Lei nº 4.502/64." (STJ, REsp 1528524/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 28/08/2015 grifei) Cumpre mencionar que, no presente caso, uma vez que a documentação na qual se respaldou o contribuinte foi emitida pela própria administração pública (SUFRAMA), não é relevante o fato da Recorrente integrar ou não o mesmo grupo econômico da fornecedora (apesar de não ter vislumbrado nos autos qualquer indício dessa conexão na condição de grupo). Ora, cada pessoa jurídica possui os seus próprios controles de produção, controles Fl. 6028DF CARF MF 28 fiscais e controles contábeis, sendo certo que a fornecedora da Recorrente estava amparada por documentos emitidos pela SUFRAMA atestando a regularidade de sua produção e das atividades desenvolvidas para fins do gozo da isenção. E os documentos indicavam expressamente que as condições eram adimplidas para fins do gozo da isenção cujo crédito é objeto desse processo. Assim, entendo que neste caso, ainda que não se entenda pela incompetência da Receita Federal para rever os critérios definidos pela SUFRAMA, a Recorrente se respaldou em documentação fornecida por aquele órgão que atestava a regularidade da empresa fornecedora, sendo verdadeira adquirente de boa fé cujo crédito deve ser preservado. I.2 DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO A FAVOR DA RECORRENTE Como mencionado acima, a isenção nas aquisições de insumos da Zona Franca de Manaus pela Recorrente, além de encontrar amparo no art. 6º do Decretolei n.º 1.435/1975 (cujas condições foram acima enfrentadas), era igualmente fundamentada nas notas fiscais emitidas pela empresa fornecedora no art. 9º do Decretolei n.º 288/1967 e no art. 81, II, do RIPI/2010, que expressam: Decretolei n.º 288/1967 "Art. 9° Estão isentas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) todas as mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus, quer se destinem ao seu consumo interno, quer à comercialização em qualquer ponto do Território Nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.387, de 30.12.91) § 1° A isenção de que trata este artigo, no que respeita aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus que devam ser internados em outras regiões do País, ficará condicionada à observância dos requisitos estabelecidos no art. 7° deste decretolei. (Incluído pela Lei nº 8.387, de 30.12.91) § 2° A isenção de que trata este artigo não se aplica às mercadorias referidas no § 1° do art. 3° deste decretolei. (Incluído pela Lei nº 8.387, de 30.12.91)" (grifei) RIPI/2010 "Art. 81. São isentos do imposto (DecretoLei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, art. 9o, e Lei no 8.387, de 1991, art. 1o): (...) II os produtos industrializados na Zona Franca de Manaus, por estabelecimentos com projetos aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA, que não sejam industrializados pelas modalidades de acondicionamento ou reacondicionamento, destinados à comercialização em qualquer outro ponto do território nacional, excluídos as armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas e automóveis de passageiros e produtos de perfumaria ou de toucador, preparados ou preparações cosméticas, salvo quanto a estes (Posições 33.03 a 33.07 da TIPI) se produzidos com utilização de matérias primas da fauna e flora regionais, em conformidade com processo produtivo básico;" (grifei) Atentandose para a presente ação fiscal, observase que a fiscalização, não obstante transcreva o referido art. 81 do RIPI/2010, se ateve a verificação dos requisitos do já mencionado art. 6º do Decretolei n.º 1.435/1975 ("matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional"), não adentrando especificamente nos requisitos do art. 9º do Decretolei n.º 288/1967 ("matériasprimas da fauna e flora regionais"). Fl. 6029DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.016 29 Com efeito, ao tratar da possibilidade da tomada do crédito do IPI na aquisição dos insumos isentos adquiridos com base no art. 9º do Decretolei n.º 288/1967, a fiscalização afirmou a inaplicabilidade na hipótese da coisa julgada firmada no Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834 impetrado pela Associação dos Fabricantes Brasileiros de Cocacola (AFBCC), no qual foi reconhecido o direito ao crédito de IPI pela aquisição de produtos isentos na forma do referido artigo 9º do Decretolei n. 288/67. O provimento, transitado em julgado em 20/03/2000, foi proferido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região na Apelação n.º 9602060506, ementado nos seguintes termos: "TRIBUTÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS MATÉRIA PRIMA PROCEDENTE DA ZONA FRANCA DE MANAUS COMPENSAÇÃO DE VALOR NÃO TRIBUTADO POR ISENÇÃO PRECEDENTES JUDICIAIS. 1. CABENTE O CREDITAMENTO DO VALOR DO IPI QUE, EM RAZÃO DE ISENÇÃO, DEIXOU DE SER TRIBUTADO EM OPERAÇÃO ANTERIOR, PARA QUE SE DÊ PLENO ALCANCE AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DE NÃO CUMULATIVIDADE, ENUNCIADO SEM RESTRIÇÕES PARA ESSE IMPOSTO. 2. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO." (TRF2, Primeira Turma, Relatora Desembargadora Federal Julieta Lidia Lunz Relator para Acórdão Desembargador Federal Ney Fonseca Data Decisão: 28/04/1998, Data Publicação: 25/08/1998 grifei) Ao tratar desse Mandado de Segurança Coletivo, indicou o Termo de Verificação Fiscal que seria aplicável o art. 2ºA da Lei n.º 9.494/97: "A respeito do Mandado de Segurança Coletivo n° 91.0 0477834, impetrado pela referida Associação, tecemos as seguintes informações, com base nos documentos apresentados pelo contribuinte e em consulta ao sitio do TRF da 2ª Região. O Mandado de Segurança Coletivo tem como PEDIDO, o seguinte: 6. DO PEDIDO 6.1. Por todo o exposto, a IMPETRANTE requer: a) o deferimento, inaudita altera pars, de MEDIDA LIMINAR, para os seus ASSOCIADOS não serem compelidos a estornar o crédito do IPI, incidente sobre as aquisições de matéria prima isenta a fornecedor situado na Zona Franca de Manaus (concentrado código 2106.90 da TIPI) (RIPI, art. 45, XXI), utilizada na industrialização dos seus produtos (refrigerantes código 2202.90 da TIPI)), cuja saída é sujeita ao IPI) dandose ciência aos Delegados da Receita Federal com jurisdição sobre os ASSOCIADOS. b) a notificação do IMPETRADO, para que preste informações sobre prazo legal, a intimação da UNIÃO FEDERAL e que seja ouvido o Ministério Público; e c) ao final, a concessão deste mandado de segurança nos termos do item 6.1.a), supra, confirmandose a liminar então já deferida. Acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região acolheu o pedido formulado em apelação pela Associação. Com a decisão favorável à Associação dos Fabricantes de Coca Cola, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário, o qual não foi admitido, interpôs Agravo de Instrumento, que foi negado pelo STF, ocorrendo assim, o trânsito em julgado do Acórdão. Decisão do TRF da 2ª Região, proferida no Agravo de Instrumento n° 2004.02.01.0132984, que tem como agravante a União Federal e como agravado a Associação dos Fabricantes Brasileiros de CocaCola, apresenta a seguinte ementa: Fl. 6030DF CARF MF 30 PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. TUTELA COLETIVA. COISA JULGADA. ABRANGÊNCIA RESTRITA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DO JULGADO. COMPETÊNCIA. I – A eficácia da coisa julgada, embora erga omnes, fica restrita aos associados da impetrante domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão prolator, consoante disposto no art. 16 da Lei n° 7.347/85, na redação da Lei nº 9.494/97, qual seja, este TRF – 2ª Região, e apenas no Estado do Rio de Janeiro. II – Agravo Provido. Dessa forma e como a fiscalizada está sediada em Jundiaí, no Estado de São Paulo, fora da competência territorial do Tribunal, que abrange os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, não está amparada pelo Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834. Em nova consulta ao sítio do TRF da 2ª Região, verificamos que perdura a situação de não estender ao Estado de São Paulo a decisão do TRF da 2ª Região, conforme acórdão proferido no julgamento dos embargos de declaração opostos em face do acórdão inicialmente proferido, com a seguinte ementa: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL EXISTENTE. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. I – O erro material, pode e deve ser corrigido por meio dos embargos de declaração. II Alega a embargante a existência de erro material, tendo em vista que, o mandado de segurança foi impetrado antes do advento da lei nº 9.494/97 e da MP nº 2.18035. Aduz, ainda, que o acórdão é omisso quanto ao art. 5º, LXX, “b” da Constituição Federal, que prevê a possibilidade de impetração de mandado de segurança coletivo por associações sem qualquer limitação. III – Na parte final da fundamentação do voto condutor, restou assentado que o mandado de segurança coletivo foi ajuizado no ano de 2001, quando a data correta é 14/08/1991 (fl. 26). Assim, de fato, existe erro material. IV Apesar da existência do erro material nesta parte final do voto condutor, as razões que embasaram o acórdão embargado não ficaram prejudicadas. O contexto fático e jurídico foi amplamente analisado e está claramente posto na decisão. V Os embargos não constituem via própria para fazer prevalecer tese jurídica diferente da que foi acolhida no acórdão quando, em sua essência e finalidade, não se dirigem à omissão ou outro vício, mas a nova declaração de efeito infringente. VI O juiz não é obrigado a se manifestar a respeito de todos os dispositivos legais mencionados pela parte, mas, sim, decidir a matéria questionada com fundamentação capaz de sustentar a manifestação jurisdicional. O princípio do livre convencimento motivado não significa que sejam examinados os dispositivos que, para a parte, possam parecer relevantes, mas, que, para o julgador, constituem questões superadas pelas razões que fundamentaram seu julgamento. VIII Embargos de declaração parcialmente providos. Processo: Nº 001329828.2004.4.02.0000 (TRF2 2004.02.01.0132984) Para corroborar, apresento entendimento do STF a respeito, no acórdão que negou provimento ao Agravo Regimental na Reclamação n° 7. 778/SP, ajuizado pela Companhia de Bebidas Ipiranga que, assim como a SPAL Indústria Brasileira de Bebidas S/A, é associada da AFBCC e está estabelecida fora do limite territorial da jurisdição do órgão prolator, ou seja, TRF 2ª Região, que abrange os Estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo: Agravo Regimental em Reclamação. 2. Ação Coletiva. Coisa Julgada. Limite territorial restrito à jurisdição do órgão prolator. Art. 16 da Lei n. 7.347/1985. 3. Mandado de segurança coletivo ajuizado antes da modificação da norma. Irrelevância. Trânsito em julgado posterior e eficácia declaratória da norma. Fl. 6031DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.017 31 4. Decisão monocrática que nega seguimento a agravo de instrumento. Art. 544, § 4°, II, b, do CPC. Não oco rrência de efeito substitutivo em relação ao acórdão recorrido, para fins de atribuição erga omnes, em âmbito nacional, à decisão proferida em sede de ação coletiva, sob pena de desvirtuamento da lei que impõe limitação territorial. 5. Agravo regimental que se nega provimento. (Rcl 7778 AgR, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 30/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe094 DIVUL 16052014 PUBLIC 19052014) Diante do exposto, as medidas judiciais levantadas pela fiscalizada não prosperam com relação a presente fiscalização, ainda mais, que o objeto da presente fiscalização versa, principalmente, sobre o erro na classificação fiscal das matériasprimas fornecidas pela empresa Recofarma Indústria do Amazonas Ltda., e consequentemente erro na aplicação da alíquota para o crédito." (efls. 5.027/5.029 grifei) Observase, assim, que a fiscalização não adentra especificamente nos requisitos de validade da isenção do art. 9º do Decretolei n.º 288/1967, afastando a possibilidade da tomada do crédito exclusivamente em razão da não extensão dos efeitos da coisa julgada do Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834 à Recorrente e pela alteração da classificação fiscal das mercadorias (que será enfrentada em tópico específico adiante). Ora, considerando os fatos narrados pela fiscalização e as notas fiscais acostadas aos autos, observase que a Recorrente possui dois fundamentos autônomos para a tomada do crédito nas aquisições de produtos isentos da Zona Franca de Manaus: (i) a autorização legal trazida no art. 6º, §1º do Decretolei n.º 1.435/1975 nas condições por ele previstas que, no entender da fiscalização, teriam sido descumpridas pela fornecedora da Recorrente (enfrentados no item anterior, mas vencidos por essa turma); e (ii) a autorização judicial firmada no Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834, considerando a isenção dos produtos provenientes da Zona Franca de Manaus com fulcro no art. 9º do Decretolei n.º 288/1967 (vez que, para esta isenção específica, a legislação tributária não outorga o respectivo direito à escrituração de crédito do IPI). Como visto, as condições trazidas por este dispositivo não foram enfrentadas pela fiscalização no fundamento da autuação, que faz referência, apenas, aos requisitos do Decretolei n.º 1.435/1975. Contudo, cumpre aqui confirmar se a autorização judicial de tomada de crédito firmada no Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834 se aplica à Recorrente, que figurava como uma das associadas da AFBCC à época da impetração. Como visto, sustenta a fiscalização que os efeitos dessa decisão não se aplicam a Recorrente pelo fato de ela não estar localizados no Rio de Janeiro, onde a ação foi proposta, em razão da previsão do art. 2ºA da Lei n.º 9.494/1997, incluído pela Medida Provisória n.º 2.18035/2001. Tratase de questão cuja apreciação não é novidade nessa turma, que já apreciou em decisões em sua composição anterior. Com efeito, a impossibilidade da aplicação do mandado de segurança coletivo às associadas da AFBCC localizadas fora do Rio de Janeiro era reiteradamente invocada neste CARF, e foi invocado pela fiscalização no presente Auto de Fl. 6032DF CARF MF 32 Infração, sob o entendimento da necessidade de se aplicar a restrição territorial do art. 2ºA da Lei n.º 9.494/97 com fulcro no entendimento proferido pelo Ministro Gilmar Mendes na Reclamação n.º 7.7781/SP, em ação proposta por outra associada da ABFCC. É o que evidencia a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz no voto proferido no Acórdão n.º 3402003.067, de 17/05/2016: "Inicialmente, é preciso esclarecer que, pelas notas fiscais juntadas aos autos, constato que fornecedora dos insumos, informava nas notas fiscais de saída que os concentrados para a produção de refrigerantes eram isentos do IPI por força dos artigos 69, incisos I e II e 82, inciso III do RIPI/2002. Isto significa que a Recofarma (fornecedor das mercadorias ao Contribuinte) usufruiu tanto da isenção para produtos industrializados na Zona Franca de Manaus (artigo 9º do DecretoLei nº 288/67), quanto da isenção prevista para produtos industrializados na Amazônia Ocidental com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional (artigo 6º do DecretoLei nº 1.435/75). Tendo isto em vista, antes de adentrar na discussão sobre o cumprimento ou descumprimento do regime jurídico de exoneração tributária e o consequente direito ao crédito de IPI ora sob análise (artigo 6º do Decretolei n. 1.435/75), cumpre avaliar a existência ou não de coisa julgada em favor do contribuinte. Isto porque no Mandado de Segurança Coletivo n. 91.00477834, que o Contribuinte alega fundar seu direito, buscavase a tutela judicial para garantir o crédito de IPI pela aquisição de produtos isentos estampada no artigo 9º do Decretolei n. 288/67, haja vista que, para esta específica isenção, a legislação tributária não outorga o respectivo direito à escrituração de crédito do IPI. Sobre o Mandado de Segurança Coletivo n. 91.00477834, entende o Contribuinte que possui coisa julgada em seu favor, à medida que esta ação foi impetrada pela Associação dos Fabricantes Brasileiros de Cocacola (AFBCC), como substituta processual de seus associados. A seu turno a Fazenda Pública alega que a coisa julgada não beneficia o Contribuinte. Isto porque a ação foi manejada no Rio de Janeiro, tendo sido elencada como autoridade coatora o Delegado da Receita Federal daquela jurisdição. Assim, a coisa julgada ali formada não alcançaria o Contribuinte, cujo domicílio fiscal está sob a jurisdição do Delegado da Receita Federal de outro estado brasileiro, responsável pela lavratura do auto de infração ora sob análise. A discussão acerca dos efeitos do julgamento do citado Mandado de Segurança Coletivo com relação às empresas associadas à AFBCC não é nova no CARF. Em julgamentos de casos semelhantes, este Conselho vem afastando a autoridade da coisa julgada formada no Mandado de Segurança Coletivo n. 91.00477834, cuja decisão favorável aos contribuintes transitou em julgado em 02/12/1999, depois de negado o Agravo de Instrumento interposto no bojo do Recurso Extraordinário manejado pela União (e.g. Processo n. 10950.000026/201052, Acórdão n. 3403003.323, de 15 de outubro de 2014; e Processo n. 15956.720043/201316, Acórdão n. 3403003.491, de 27 de janeiro de 2015). Pautam este entendimento no fato de o Supremo Tribunal Federal (“STF”), quando da análise da Reclamação 7.7781/SP (apresentada por Associado da AFBCC), julgada em 30/04/2014, ter decidido pela restrição territorial dos efeitos do Mandado de Segurança Coletivo n. 91.00477834 à jurisdição do órgão prolator, vale dizer, o Rio de Janeiro. Vejase a ementa da Reclamação: Agravo regimental em reclamação. 2. Ação coletiva. Coisa julgada. Limite territorial restrito à jurisdição do órgão prolator. Art. 16 da Lei n. 7.347/1985. 3. Mandado de segurança coletivo ajuizado antes da modificação da norma. Irrelevância. Trânsito em julgado posterior e eficácia declaratória da norma. 4. Decisão monocrática que nega seguimento a agravo de instrumento. Art. 544, § 4º, II, b, do CPC. Não ocorrência de efeito substitutivo em relação ao acórdão recorrido, para fins de atribuição de efeitos erga omnes, em âmbito nacional, à Fl. 6033DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.018 33 decisão proferida em sede de ação coletiva, sob pena de desvirtuamento da lei que impõe limitação territorial. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (grifei) Destaco abaixo trecho do voto do Ministro Relator, Gilmar Mendes Ferreira, no qual encontramos a razão que levou ao julgamento neste sentido: Ocorre que o art. 2ºA da Lei 9.494 aduz expressamente que “ a sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator”. Assim, o limite da territorialidade pretende demarcar a área de produção dos efeitos da sentença, tomando em consideração o território dentro do qual o juiz tem competência para processamento e julgamento dos feitos." (grifei) Contudo, a decisão proferida nesta Reclamação 7.778 do STF não mais é eficaz vez que, como noticiado pela Recorrente no processo (efls. 537/546), ela foi extinta por perda de objeto. Isso porque, a decisão que deu origem à reclamação foi reformada pelo Superior Tribunal Justiça no Recurso Especial n.º 1.438.361, no qual foi reconhecido que a decisão de mérito proferida no Mandado de Segurança Coletivo é aplicável a todos os associados da AFBCC, independentemente do Estado em que estão localizados. Com o trânsito em julgado desse acórdão do STJ em 23/02/2017, a Reclamação n.º 7.778 foi julgada extinta pelo STF. Essa perda de eficácia da decisão proferida na Reclamação n.º 7.778 foi devidamente considerada pelo Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco nos Acórdãos n.º 3401004.243 e 3401004.244 de 26/10/2017, nos quais, por unanimidade de votos, com fulcro na coisa julgada do mandado de segurança coletivo, foi dado provimento ao Recurso Voluntário da empresa associada da AFBCC para garantir o direito ao crédito na aquisição dos produtos isentos. É o que se depreende do primeiro acórdão referenciado, no qual as decisões judiciais acima mencionadas são expressamente transcritas: "12. O segundo fato superveniente à decisão foi a decretação, pelo Supremo Tribunal Federal, em 18/08/2017, da extinção da Reclamação nº 7.778, em virtude da perda superveniente de objeto, reconhecendo que a decisão do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial nº 1.438.361RJ teve por efeito a reforma do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, em conformidade com despacho do relator, Ministro Gilmar Mendes, que abaixo se transcreve: "Tratase de embargos de declaração opostos pela Companhia de Bebidas Ipiranga contra acórdão do Plenário (eDOC 52), que negou provimento ao agravo regimental em reclamação, ementado nos seguintes termos: “Agravo regimental em reclamação. 2. Ação coletiva. Coisa julgada. Limite territorial restrito à jurisdição do órgão prolator. Art. 16 da Lei n. 7.347/1985. 3. Mandado de segurança coletivo ajuizado antes da modificação da norma. Irrelevância. Trânsito em julgado posterior e eficácia declaratória da norma. 4. Decisão monocrática que nega seguimento a agravo de instrumento. Art. 544, § 4º, II, b, do CPC. Não ocorrência de efeito substitutivo em relação ao acórdão recorrido, para fins de atribuição de efeitos erga omnes, em âmbito nacional, à decisão proferida em sede de ação coletiva, sob pena de Fl. 6034DF CARF MF 34 desvirtuamento da lei que impõe limitação territorial. 5. Agravo regimental a que se nega provimento”. (eDOC 52, p. 2) Ocorre que, após a oposição dos embargos, a parte embargante noticia, por meio da Petição 17.128/2017, o trânsito em julgado da decisão da 2ª Turma do STJ que reformou o ato impugnado pela presente reclamação (eDOC 6). Ante o exposto, julgo prejudicados os embargos declaração e julgo extinto o presente feito, ante a perda superveniente do seu objeto (art. 21, IX, do RISTF). Publiquese. Brasília, 11 de maio de 2017. Ministro Gilmar Mendes Relator 13. A decisão em referência transitou em julgado em 18/08/2017, como se denota da seguinte certidão: 14. Tais fatos supervenientes devolvem a questão ao conhecimento deste colegiado, uma vez que são prejudiciais ao objeto da Resolução, que se prestou a sobrestar o processo a fim de aguardar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal acerca do mérito, inacessível ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão administrativo, a partir do reconhecimento judicial da coisa julgada. Devolvemna, no entanto, unicamente para que se reconheça a superveniência da decisão judicial no sentido da aplicação da coisa julgada ao caso presente. 15. ASSIM, DIFERENTE DO CONTEXTO FÁTICO APRECIADO QUANDO DA PROLAÇÃO DO ACÓRDÃO CARF Nº 3401003.750, PROFERIDO EM SESSÃO DE 26/04/2017, DE MINHA RELATORIA, NO QUAL EXTERNAMOS AS RAZÕES PELAS QUAIS DEVERIAM SER RECONHECIDOS OS EFEITOS DA COISA JULGADA DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E OBTIDA NO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Nº 91.00477834 (PROCESSO Nº 004778334.1991.4.02.5101), QUE RECONHECEU O DIREITO DE TODOS OS ASSOCIADOS AO CRÉDITO DE IPI DECORRENTE DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS ISENTOS DE EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS, NO MOMENTO DA PROLAÇÃO DA PRESENTE DECISÃO, A QUESTÃO RESTOU JUDICIAL E DEFINITIVAMENTE DECIDIDA, O QUE AFASTA A JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA DESTE CONSELHO. 16. Desta forma, inoportuno e descabido a este Relator ou a este colegiado se pronunciarem a respeito da extensão dos efeitos da coisa julgada, como, aliás, tivemos a oportunidade de fazer, detidamente, no Acórdão CARF nº 3401003.750, e, muito menos, a respeito da matéria de fundo, ou seja, o direito ao creditamento do IPI. Isto porque, conforme já defendemos naquela ocasião, uma vez que se reconheça a prevalência e, logo, a primazia da coisa julgada (matéria que o colegiado tem a obrigação de conhecer previamente, sem jamais deixar de decidir a respeito dela, sob pena de caracterização do non liquet), descabido será o pronunciamento quanto ao mérito. Fl. 6035DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.019 35 17. Outro não poderia ser o desfecho do presente caso, sob pena de afronta à separação constitucional do Poder, tendo em vista a necessidade de observância, por parte das instâncias administrativas, do trânsito em julgado do Recurso Especial nº 1.438.361RJ (Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834), reconhecendo que a decisão de mérito transitada em julgado em 02/12/1999 é aplicável a todos os associados da AFBCC, independentemente do Estado em que estão localizados e, portanto, inclusive da contribuinte ora recorrente, bem como a perda de objeto da Reclamação nº 7.778 que tramitou no Supremo Tribunal Federal. 18. Assim, voto no sentido do cumprimento da decisão judicial naquilo que concerne à não aplicação da interpretação da limitação territorial da coisa julgada no caso em análise, devendo a decisão obtida no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834 (Processo nº 004778334.1991.4.02.5101), que tramitou na 22ª Vara Federal da Subseção do Rio de Janeiro, aproveitar à contribuinte em tela. Com base nesses fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário." (grifei) Acrescese ainda que o próprio Ministro Gilmar Mendes, em seu voto proferido no RE n.º 612.043, proferido em 10/05/2017 em sede de repercussão geral (que firmou tese quanto às ações coletivas de rito ordinário proposta por entidades associativas7), confirmou a tese reiterada no STF no sentido de que os mandados de segurança coletivos observam regime jurídico distinto, não lhes sendo aplicável o art. 2ºA da Lei n.º 9.494/1997). Em seu voto proferido para acompanhar as razões do relator Marco Aurélio, o Ministro Gilmar Mendes afirmou: "Não se está aqui a falar em mandado de segurança coletivo ou em ação coletiva proposta por sindicato, que recebem um tratamento distinto, conforme exposto a seguir. Mandado de Segurança Coletivo No MS 23.769/BA, de relatoria da Min. Ellen Gracie, DJ 30.4.2004, ficou assentado que o art. 2ºA da Lei 9.494/97 não se aplica ao mandado de segurança coletivo. Nessa assentada, a relatora considerou que a entidade impetrante, em cumprimento às suas finalidades institucionais e em defesa de um interesse afeto a todos os seus associados, tem legitimação direta, e não intermediada, para agir. Logo, dispensaria a autorização especial em assembléia geral, sendo suficiente aquela constante do estatuto da associação, bem como a apresentação da relação nominal dos associados com seus respectivos endereços. O acórdão ficou assim ementado, no que interessa: “MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROCURADORES DO TRABALHO. COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO EM DECORRÊNCIA DA EXTINÇÃO DA REPRESENTAÇÃO CLASSISTA NA JUSTIÇA LABORAL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 24/99. VAGAS DESTINADAS A ADVOGADOS E MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. CRITÉRIO DE PROPORCIONALIDADE. 1 Legitimidade do Presidente da República para 7 "EXECUÇÃO – AÇÃO COLETIVA – RITO ORDINÁRIO – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. Beneficiários do título executivo, no caso de ação proposta por associação, são aqueles que, residentes na área compreendida na jurisdição do órgão julgador, detinham, antes do ajuizamento, a condição de filiados e constaram da lista apresentada com a peça inicial." (RE 612043, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2017, DJe229 DIVULG 05102017 PUBLIC 06102017) Fl. 6036DF CARF MF 36 figurar no polo passivo do writ, tendo em vista ser ele o destinatário da lista tríplice prevista no § 2º do art. 111 da Constituição Federal, visando ao provimento dos cargos em questão. Precedente: MS nº 21.632, rel. Min. Sepúlveda Pertence. 2 Não aplicação, ao mandado de segurança coletivo, da exigência inscrita no art. 2ºA da Lei nº 9.494/97, de instrução da petição inicial com a relação nominal dos associados da impetrante e da indicação dos seus respectivos endereços. Requisito que não se aplica à hipótese do inciso LXX do art. 5º da Constituição. Precedentes: MS nº 21.514, rel. Min. Marco Aurélio, e RE nº 141.733, rel. Min. Ilmar Galvão (...)”. (MS 23.769/BA, Rel. Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJ 30.4.2004) (grifo nosso) Tal posição foi reiterada no RE 501.953 – AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 26.4.2012. Registro, entretanto, que, após o julgamento de mérito do RE 573.272RG (tema 82), cuja tese exponho a seguir, há precedente no sentido de exigir autorização expressa dos associados mesmo em mandado de segurança coletivo impetrado por associação: “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL FORMADO EM MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. De qualquer forma, não se cuida aqui de um mandado de segurança coletivo, impetrado nos termos do art. 5°, inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal, mas de ação ordinária coletiva, conforme deixa claro o acórdão recorrido. ASSOCIAÇÃO. REPRESENTAÇÃO. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DOS ASSOCIADOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mérito do RE 573.232RG, firmou entendimento no sentido de que a exigência de autorização expressa prevista no art. 5º, XXI, da Constituição Federal não se satisfaz com a simples previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. 2. Acórdão proferido pelo Tribunal de origem que se ajusta ao entendimento firmado por esta Corte. 3. Agravo regimental a que se nega provimento”. (ARE 787.123 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, Dje 22.9.2015) De qualquer forma, não se cuida aqui de um mandado de segurança coletivo, impetrado nos termos do art. 5°, inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal, mas de ação ordinária coletiva, conforme deixa claro o acórdão recorrido." (grifei) Desta forma, não vislumbro qualquer argumento contrário à aplicação à Recorrente da coisa julgada firmada no Mandado de Segurança Coletivo n.º 91.00477834, seja pela extinção da Reclamação n.º 7.778 que anteriormente fundamentava sua não aplicação, seja em razão da própria interpretação firmada pelo Supremo Tribunal Federal no sentido do descabimento da restrição territorial e subjetiva no mandado de segurança coletivo, que não observa as restrições do art. 2ºA, da Lei n.º 9.494/97. Assim, com base nesse argumento autônomo de mérito, entendo ser descabida a glosa dos créditos da Recorrente, que corretamente tomou o crédito de IPI na aquisição de insumos isentos na forma do art. 9º do Decretolei n.º 288/1967 e no art. 81, II, do RIPI/2010, com fulcro na decisão judicial proferida em mandado de segurança coletivo e transitada em julgado, que deve ser aplicada à Recorrente na condição de associada da Associação impetrante (AFBCC). Nesse sentido, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário neste ponto. II DA ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO QUANTO À CLASSIFICAÇÃO FISCAL DAS MERCADORIAS Fl. 6037DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.020 37 Afirma a fiscalização que, ainda que possa se admitir a validade da tomada do crédito pela Recorrente com fulcro no art. 237, do RIPI/2010, ainda assim o crédito seria nulo, vez que incorreta a classificação fiscal adotada pela fornecedora da Recorrente (RECOFARMA). Como indicado no Termo de Verificação Fiscal: "A fiscalizada aplicou, sobre o valor dos kits adquiridos de Recofarma, a alíquota prevista na TIPI para o Ex 01 do código 2106.90.10 (Preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados) para elaboração de bebida da posição 22.02, com capacidade de diluição superior a 10 partes da bebida para cada parte do concentrado), escriturando o resultado no livro Registro de Apuração do IPI. Até 30/09/2012, os produtos enquadrados no Ex 01 do código 2106.90.10 eram tributados à alíquota de 27% (Decreto n° 6.006, de 28/12/2006, e Decreto n° 7.660, de 23/12/2011). Entretanto, foi equivocada a aplicação da alíquota de 27% sobre o valor dos "concentrados" ou kits para refrigerantes, pois tais produtos não podem ser classificados como se fossem uma mercadoria única enquadrada no Ex 01 do código 2106.90.10, conforme se depreende pelo que descrevemos na sequência do item 3 (fiscalização na Recofarma)." (efl. 5.045 grifei) Partindo, por sua vez, para a análise da fiscalização na Recofarma referenciada pelo I. Auditor Fiscal no TVF, observase que houve um marco temporal para a alteração do critério jurídico originariamente adotado pela própria fiscalização: em 22/12/2014 foi realizado um trabalho fiscal que procedeu com a reclassificação fiscal das mercadorias, ordinariamente vendidas em formas de "kits". Ou seja, somente naquela data, a fiscalização, considerando as mesmas circunstâncias fáticas sempre existentes anteriormente, procedeu com um novo enquadramento jurídico da questão. A alteração do critério jurídico em relação à atuações fiscais anteriores pode ser depreendida do próprio Termo de Verificação Fiscal ao afirmar: "5.5.5 Kits para refrigerantes fornecidos por Recofarma não podem ser classificados em código próprio para preparações compostas Ao final do trabalho realizado em Recofarma, ocorrido em 22/12/2014, conseguiu se demonstrar que os kits para refrigerantes não podem ser classificados em código que é próprio para preparação compostas, pois não é possível chamar de preparação algo que não está preparado nem misturado." (efl. 5050 grifou) Dessa forma, evidente a presença de uma base de confiança na qual o sujeito passivo se respaldou para orientar as suas ações, procedendo com o enquadramento da NCM em conformidade com o determinado pela própria fiscalização em atuações anteriores, seja contra a fornecedora da Recorrente, seja contra a própria Recorrente (vide pelas autuações acostadas pela Recorrente aos presentes autos). O próprio relato fiscal evidencia que somente em dezembro de 2014 foi alterado o entendimento da Receita Federal quanto à classificação fiscal das mercadorias. Nesse contexto, como já tive a oportunidade de me manifestar no Acórdão n.º 3402003.970 em voto vencedor proferido naquela oportunidade, considerando o exercício da confiança pelo Administrado realizado com fulcro em prática reiterada da administração dotada de presunção de validade (ações fiscais anteriores da autoridade fiscal), alterada em Fl. 6038DF CARF MF 38 ação fiscal posterior, necessária a observância do princípio da proteção da confiança no presente caso. É o que leciona Humberto Ávila: "(...) quanto maior for a ingerência fiscal, maiores são as razões para se manter a norma. Essa ingerência estatal na liberdade vai de um extremo de normas que apenas estabelecem indiretamente condições para o exercício da liberdade, passando por normas que induzem o comportamento do particular e por normas que instituem promessas em troca de ações, até normas que obrigam a adoção de determinado comportamento. A responsabilidade do particular é inversamente proporcional ao grau de ingerência estatal na sua liberdade diante de normas que apenas estabelecem indiretamente condições para o exercício da liberdade, o particular age porque quer, por conta e risco; no caso de normas que induzem o comportamento do particular, este age porque o Estado o incentivou a fazêlo; frente a normas que instituem promessas em troca de ações, o particular age porque o Estado prometeu algo em contraprtida, no caso de normas cogentes, aquele age cumprindo um dever. Dessa forma, quanto maior o grau de ingerência estatal na liberdade, tanto menores a responsabilidade do cidadão e o risco por ele assumido. Em razão disso, maiores são as razões para proteger a sua confiança depositada no Estado." 8 (grifei) Nesse sentido são igualmente as lições de Ricardo Lodi Ribeiro: "Se a Administração identifica como correta determinada interpretação da norma e depois verifica que esta não é a mais adequada ao Direito, tem o poderdever de, em nome de sua vinculação com a juridicidade e com a legalidade, promover a alteração do seu posicionamento. Porém, em nome da proteção da confiança legitima, deve resguardar o direito do contribuinte em relação aos lançamentos já efetuados"9 Com efeito, a Recorrente orientou sua conduta de tomada de crédito do IPI considerando tanto as manifestações exaradas pela SUFRAMA quanto aos requisitos para o gozo da isenção, como pela própria Receita Federal quanto à classificação fiscal das mercadorias, cujo enquadramento na NCM 2106.90.10 Ex 01 era expressamente aceita em ações fiscais anteriores. Inclusive, insta aqui mencionar que a fiscalização não possui consistência em seus trabalhos fiscais contra a Recorrente sendo que, no processo incluído na mesma pauta de julgamento para análise desta Turma do mesmo contribuinte (PTA n.º 15173.7200004/2016 79), observase que em ação fiscal posterior, incorrida em 2016, a fiscalização se contradiz com as autuações anteriores e afirma expressamente que a classificação fiscal da mercadoria na NCM 2106.90.10, Ex 01 está correta. Transcrevo aqui os termos do Termo de Verificação Fiscal daqueles autos, transcrito em meu voto relativo àquele processo: "Verificamos, nas Notas Fiscais de Entrada, que a classificação fiscal adotada para os insumos provenientes da ZFM, fornecidos pela empresa Recofarma Indústria do Amazonas Ltda, a saber, extrato concentrado para elaboração de refrigerantes, é o código NCM 2106.90.10 EX 01, cuja alíquota é 20%. A classificação está correta. Conforme Nota Complementar NC (211) da TIPI, aprovada pelo Decreto 7.660/2011, as alíquotas do IPI referente a extratos concentrados para elaboração de refrigerantes que contenham extrato de sementes de guaraná ficam reduzidas de 8 ÁVILA, Humberto. Teoria da Segurança Jurídica. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 429 9 RIBEIRO, Ricardo Lodi. A preteção da Confiança Legítica do Contribuinte. RDDT n.º 145, outubro/2007, p. 99. Fl. 6039DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.021 39 50% (cinquenta por cento). Essa Nota Complementar foi revogada, a partir de 01/10/2012, pelo Decreto 7.742/2012, sendo recriada pelo Decreto 8.017/2013, com vigência a partir de 20/05/2013. Os créditos referentes a aquisição de concentrado de guaraná foram registrados no Livro de Apuração do IPI (RAIPI) considerandose a alíquota cheia, de 20%. Assim, se tivesse o contribuinte direito ao crédito, deveria ser reduzido em 50% a partir de 20/05/2013" (efls. 19/20 PTA n.º 15173.7200004/201679 grifei) Ora, tendo entendido a fiscalização que deveria ser alterado o critério jurídico adotado pela própria Administração Pública em ações fiscais anteriores quanto à fiscal das mercadorias adotada, essa mudança de orientação somente poderia ser aplicada para o futuro, nunca para o passado à luz do art. 146, do CTN, que expressa: "Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução." Nesse sentido, à luz do princípio da proteção da confiança consagrado pelo art. 146, CTN, considerando que a Recorrente se respaldou em ato legítimo e presumidamente válido da Administração Pública concernente à classificação das mercadorias por ela adquiridas (autos de infração anteriores lavrados e prática reiterada da administrativa alterada expressamente somente em 22/12/2014, como consignado pela própria fiscalização), necessário garantir a tomada do crédito da Recorrente com fulcro na classificação fiscal NCM 2106.90.10 Ex 01. Como visto, a alteração do critério jurídico realizado pela fiscalização no lançamento realizado contra a fornecedora da Recorrente (alteração do código NCM a ser adotado) somente poderia ser exigido para os fatos geradores futuros. E aqui frisese: a Recorrente sequer poderia ajustar sua conduta antes de 22/12/2014, vez que nem mesmo a fiscalização tinha entendido pela necessidade de alterar a classificação fiscal das mercadorias por ela adquiridas, realizada após ampla fiscalização. Cumpre ainda mencionar que, com esse raciocínio, não adentro no próprio mérito da classificação fiscal da mercadoria, que deve ser enfrentada na ação fiscal própria contra a fornecedora da Recorrente ou em ações fiscais posteriores à 22/12/2014 da própria Recorrente no qual essa questão tenha sido aventada. Com esses argumentos, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário igualmente nesse ponto. Caso esse argumento não seja aceito, cumpre salientar que a Recorrente trouxe aos autos laudo técnico visando demonstrar que a classificação fiscal por ela adotada está correta. Coaduno, nesse ponto, com as considerações trazidas pelo Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto na declaração de voto apresentada no Acórdão n.º 3402004.073 quanto a classificação fiscal adotada pela RECOFARMA. III DISPOSITIVO Fl. 6040DF CARF MF 40 Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para cancelar integralmente a exigência fiscal autuada. É como voto. Maysa de Sá Pittondo Deligne Relatora Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Na sessão de julgamento ousei divergir da Conselheira Relatora, no que fui acompanhada por outros membros do Colegiado, razão pela qual apresento abaixo as minhas razões de decidir. Para que haja alteração de critério jurídico adotado no lançamento, vedada pelo art. 146 do CTN, deve ter havido um lançamento de ofício anterior em relação aos mesmos fatos geradores cujo posicionamento se pretende alterar, o que não é o caso. O art. 146 do CTN não abriga a tese da recorrente, o que representaria uma verdadeira mordaça à fiscalização. Com bem expressou o Conselheiro Relator Antonio Bezerra Neto sobre o tema, no seu voto no Acórdão nº 1401001.649– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 8 de junho de 2016, "Se vingar esse entendimento da Recorrente, passase um atestado de onisciência para a fiscalização, ou seja, ela é obrigada a encontrar toda irregularidade existente na empresa, pois senão, nos anos seguintes, mesmo que detectado essa irregularidade o fiscal não poderia mais autuar, sob o fundamento de que estaria mudando o critério jurídico". Eventuais conclusões de procedimentos fiscais anteriores efetuados em face da contribuinte e seus atos decorrentes (glosas, lançamento ou decisão motivada de não lançar) não vinculam a autoridade fiscal em ações fiscais posteriores. O procedimento fiscal não pode ser dissociado dos fatos constatados pelo AuditorFiscal naquele período fiscalizado e da matéria sob investigação, além de veicular posicionamento específico de um ou mais agentes administrativos, inclusive sujeito a reforma pelos órgãos julgadores. Sustenta a recorrente a validade do seu crédito com fulcro no art. 6º do Decretolei n.º 1.435/75, vez que a fornecedora de concentrados de refrigerantes fabricados na Amazônia Ocidental (Recofarma) cumpriria os requisitos para o gozo da isenção como atestado pela Suframa, que seria o órgão competente para tanto. A questão da incompetência da Receita Federal para fiscalizar as isenções no âmbito da Zona Franca de Manaus não tem prevalecido neste CARF, conforme demonstram os julgados abaixo: Processo nº 12266.722104/201289 Acórdão nº 3401003.220– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de agosto de 2016 Relator: Rosaldo Trevisan (...) COMPETÊNCIA. ZONA FRANCA DE MANAUS. FISCALIZAÇÃO E CONTROLE. BENEFÍCIOS FISCAIS. A disposição estabelecida artigo 18 do Decreto nº 6.008/2006, sobre competência da SUFRAMA, para "fiscalização da execução dos PPB", deve ser lida à luz do artigo 51 do próprio decreto, e dos comandos normativos que lhe são Fl. 6041DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.022 41 hierarquicamente superiores, como a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional, sendo inequívoca a competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para fiscalizar e controlar qualquer benefício fiscal relativo aos tributos federais, no território nacional, que inclui a Zona Franca de Manaus. (...) VOTO (...) Sobre a alegação de incompetência da autoridade fiscal, temos que resulta de incompreensão das funções de cada uma das autoridades governamentais atuantes na Zona Franca de Manaus. Quando o artigo 18 do Decreto no 6.008/2006 trata da competência da SUFRAMA para "fiscalização da execução dos PPB", por certo não está, e nem poderia, operar tal competência em prejuízo da tarefa constitucionalmente atribuída à Fazenda, no artigo 237 da Constituição Federal, nem das atribuições previstas em normas de estatura superior ao decreto, como o Código Tributário Nacional, no qual o papel do artigo 194 está longe de ser o que lhe empresta a interpretação albergada pela empresa, bastando o cotejo de tal comando, v.g., com os artigos 142 e 179 da mesma codificação, para que se perceba que um decreto não teria o condão de deslocar competência legalmente (e constitucionalmente) estatuída. Isso resta claro na redação do artigo 51 do próprio decreto invocado pela empresa, de no 6.008/2006, que esclarece que as competências da SUFRAMA serão exercidas "sem prejuízo das atribuições de outros órgãos da administração pública". Assim, a disposição estabelecida no Decreto obviamente deve ser lida à luz dos comandos normativos hierarquicamente superiores, sendo inequívoca a competência da Secretaria da Receita Federal para fiscalizar e controlar qualquer benefício fiscal relativo aos tributos federais, como as quatro espécies que figuram na autuação. Inexistente, por consequência, a segunda nulidade apontada. (...) Processo nº 10830.727274/201272 Acórdão nº 3301003.006– 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de junho de 2016 Relator: Andrada Márcio Canuto Natal (...) ZFM. FISCALIZAÇÃO DE TRIBUTOS. COMPETÊNCIA DA RFB. A Secretaria da Receita Federal do Brasil tem plena competência para a fiscalização de tributos federais na ZFM, não dependendo de manifestação prévia da Suframa para o exame de operações que envolvam o cumprimento de Processos Produtivos Básicos. (...) VOTO (...) Neste ponto é importante ressaltar que não é só a SUFRAMA que detém competência para constatar a correção do seu Fl. 6042DF CARF MF 42 processo produtivo para o fim de usufruir do benefício fiscal em questão. Consta das normas, que o Decreto Lei n° 1.435, de 1975, regulamentado pelo Decreto n° 7.139/2010 (art. 4º, I, c), outorgou à SUFRAMA a competência exclusiva para aprovar os projetos de empresas (PPB), que objetivem usufruir dos benefícios fiscais previstos no art. 6° do DL n° 1.435/1975, bem como para estabelecer normas, exigências, limitações e condições para aprovação dos referidos projetos, consoante o art. 176 do CTN. Quanto a isso não resta dúvida. Por outro lado, se compete à SUFRAMA administrar os incentivos relativos à Zona Franca de Manaus e à Amazônia Ocidental, cabe à Receita Federal do Brasil, órgão da Administração Tributária, a fiscalização do Imposto Sobre Produtos Industrializados, conforme o estabelecido no art. 91 da Lei nº 4.502/64 e arts. 427 e 428 do RIPI/2002. Desse modo, ao contrário do alegado, não há impedimento algum para que a fiscalização e os órgãos administrativos de julgamento, no âmbito do processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários, interpretem, diante dos elementos de prova apresentados se há ou não cumprimento dos requisitos necessários à usufruição de benefícios fiscais. Além disso, a SUFRAMA não reconheceu a priori o direito subjetivo à isenção, pois esse direito depende de uma conduta futura da requerente, consistente no cumprimento de requisitos legais, os quais não poderiam ser aferidos pelo Conselho de Administração da Suframa por ocasião da emissão da portaria ou da resolução autorizativa do projeto. Ainda sobre a competência da fiscalização do IPI, vejase o que reproduz os arts. 505 e 506, do RIPI atual Decreto nº 7.212. de 2010: (...) Para que os produtos adquiridos sejam considerados isentos e daí decorra o direito ao crédito para recorrente/adquirente, nos termos dos arts. 95, III e 237 do RIPI/201010, devem ocorrer cumulativamente as seguintes situações: i. os projetos para a produção, beneficiamento ou industrialização de mercadorias pela fornecedora tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da Suframa; 10 RIPI/2010 Decreto nº 7.212/2010: Art. 95. São isentos do imposto: (...) III os produtos elaborados com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental, cujos projetos tenham sido aprovados pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, excetuados o fumo do Capítulo 24 e as bebidas alcoólicas, das posições 22.03 a 22.06 e dos códigos 2208.20.00 a 2208.70.00 e 2208.90.00 (exceto o Ex 01) da TIPI (Decretolei nº 1.435, de 1975, art. 6º, e Decretolei nº 1.593, de 1977, art. 34). (...) Art. 237. Os estabelecimentos industriais poderão creditarse do valor do imposto calculado, como se devido fosse, sobre os produtos adquiridos com a isenção do inciso III do art. 95, desde que para emprego como matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto (DecretoLei no 1.435, de 1975, art. 6o, § 1o). Fl. 6043DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.023 43 ii. os produtos adquiridos pela recorrente devem ter sido elaborados, no estabelecimento da fornecedora, com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental; e iii. esses produtos adquiridos tenham emprego, no processo industrial da recorrente, como "matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, na industrialização de produtos sujeitos ao imposto". No caso, a fiscalização identificou que não havia o cumprimento segundo requisito acima (ii.) na elaboração de produtos no estabelecimento da fornecedora, eis que não utilizavam "matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional". Como dito, para que a recorrente tivesse direito ao crédito deveriam ter sido atendidos concomitantemente os três requisitos enumerados. Assim, não obstante a fornecedora da recorrente tenha um projeto de industrialização aprovado pela Suframa, o que não foi contestado pelo Auditor Fiscal autuante, a recorrente/adquirente não faz jus ao direito creditório em face do não atendimento a outro requisito (ii. acima). Além disso, a fiscalização apurou, legitimamente, dentro de sua competência de fiscalização dos tributos no prazo de homologação do lançamento, que também não pode, certamente, ser subtraída pelos atos de competência da Suframa, irregularidades quanto à classificação fiscal dos seus produtos, denominados – kits para fabricação de bebidas – na saída do estabelecimento da Recofarma em direção aos seus clientes, inclusive a autuada, concluindo que os adquirentes não possuem o direito ao aproveitamento de qualquer crédito oriundo das compras vinculadas as essas operações. Quanto à competência da Receita Federal do Brasil (RFB) e do Auditor Fiscal para analisar o cabimento da isenção dos produtos adquiridos pela recorrente e verificar se lhe assiste o direito creditório correspondente, relativamente o requisito ii) acima; bem como para efetuar a reclassificação fiscal dos produtos, ela decorre, dentre outros, dos seguintes dispositivos legais e regulamentares: LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966 Código Tributário Nacional: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça Fl. 6044DF CARF MF 44 prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. (...) Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. LEI No 10.593, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2002: Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativofiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal; (...) II em caráter geral, exercer as demais atividades inerentes à competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) DECRETO Nº 7.212, DE 15 DE JUNHO DE 2010 RIPI 2010: Art.505. A fiscalização do imposto compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 142, 194 e 196, Lei nº 4.502, de 1964, art. 91, e Lei no 11.457, de 2007, art. 2o). Fl. 6045DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.024 45 Parágrafo único. A execução das atividades de fiscalização compete às unidades centrais, da referida Secretaria, e, nos limites de suas jurisdições, às suas unidades regionais e às demais unidades, de conformidade com as instruções expedidas pela mesma Secretaria. Art.506. A fiscalização será exercida sobre todas as pessoas, naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, que estiverem obrigadas ao cumprimento de disposições da legislação do imposto, bem como as que gozarem de imunidade condicionada ou de isenção (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 142 e 194, parágrafo único, e Lei nº 4.502, de 1964, art. 94). Art.507.As atividades de fiscalização do imposto serão presididas e executas pela autoridade administrativa competente (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 142, 194 e 196, e Lei nº 4.502, de 1964, art. 93). Parágrafo único. A autoridade administrativa a que se refere o caput é o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (Lei nº 5.172, de 1966, arts. 142, 194 e 196, Lei nº 4.502, de 1964, art. 93, Lei no 10.593, de 2002, art. 6o, e Lei nº 11.457, de 2007, art. 9º). Assim, é irretocável decisão recorrida que rejeitou o argumento da então impugnante quanto à incompetência da RFB para não conceder a isenção pleiteada, nestes termos: (...) Considerando que se trata de isenção objetiva (em virtude do produto), e não subjetiva (em função da qualidade do beneficiário), é indispensável a comprovação da legitimidade da isenção para cada produto específico. O exame dessa legitimidade é da alçada da Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, que detém a competência para verificar o cumprimento de todos os requisitos quando da efetiva utilização de benefícios fiscais, e cobrar os valores de imposto que sejam devidos aos cofres da União, observandose que a Administração Fazendária e os seus servidores fiscais possuem precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei (art. 37, XVIII, da Constituição Federal e arts. 194 e 195 do CTN). A competência para realização de atividades de fiscalização do IPI decorre do art. 94 da Lei 4.502/1964 (art. 431 do RIPI/2010) abaixo transcrito, e não está limitada por qualquer outra norma da legislação: (...) A autuação não desconsiderou, nem questionou, a competência da SUFRAMA para aprovar projetos de empresas que desejem usufruir dos benefícios fiscais de instituídos pelo DL 1.435/1975. Também não desconsiderou os atos dela emanados, que gozam de presunção de legitimidade, veracidade e legalidade, e permanecem válidos para os fins a que se destinam.Todavia, a descrição do produto feita pela SUFRAMA não tem o poder de definir a sua classificação fiscal, atividade que é de competência privativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), segundo estabelecido, atualmente, no Anexo I do Decreto no 7.482, de 16 de maio de 2011, que aprovou a estrutura regimental do Ministério da Fazenda (MF), Fl. 6046DF CARF MF 46 conforme transcrição que segue: "ANEXO I.................... Art.15. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete: .................... XIX – dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e origem de mercadorias, inclusive representando o País em reuniões internacionais sobre a matéria; ....................” A incumbência mencionada no item precedente também consta no art. 1º, XIX, do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF no 203, de 14 de maio de 2012, a seguir reproduzido: “Art. 1º A Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, órgão específico singular, diretamente subordinado ao Ministro da Fazenda, tem por finalidade: .................... XIX dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e origem de mercadorias, inclusive representando o País em reuniões internacionais sobre a matéria; ....................” Portanto, nos atos de sua competência, a SUFRAMA pode tratar os kits como se fossem uma mercadoria única, o que não afeta a validade desses atos para os objetivos a que se destinam, porém este tratamento não prevalece para fins de classificação fiscal. Aliás, nem a SUFRAMA e nem mesmo a RFB, que no Brasil possui a competência legal para tratar de classificação fiscal, podem alterar a definição do produto para fins de enquadramento na NCM, porque as definições de mercadorias para fins de classificação obedecem a regras internacionais, como será visto a seguir, quando for analisada a classificação fiscal dos kits para refrigerantes. (...) As matériasprimas utilizadas pela Recofarma, por já terem sido submetidos a processo industrial, não podem ser considerados “matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional” referidas pelo art. 95, III do RIPI/2010, como apurou a fiscalização: (...) No caso sob análise, e pelas informações prestadas no item 3 deste termo (fiscalização na empresa Recofarma) verificouse que a condição prevista na letra “a” acima [a) que o produto seja elaborado com matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exclusive as de origem pecuária] foi atendida somente na elaboração dos kits para guaraná, em que é utilizado o extrato da semente de guaraná. Nos demais kits para refrigerantes fornecidos por Recofarma, os insumos utilizados não são resultado de processo de extração de um vegetal e, portanto, não podem ser chamados de “matérias primas extrativas vegetais”. A sacarose pode ser considerada resultado de processo de extração de um vegetal. Esclareçase, porém, que não há emprego direto por Recofarma de sacarose (açúcar) nos kits Fl. 6047DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.025 47 para refrigerantes (o açúcar é adicionado no processo produtivo dos refrigerantes pelos engarrafadores). (...) Na fabricação dos kits sabor CocaCola, é empregado como matéria prima o corante caramelo e não a sacarose. Dessa forma, não há como visualizar que no processo de industrialização dos kits para refrigerantes, entre sacarose e saia “concentrado CocaCola”. Em suma, a sacarose entra como matéria prima em processos produtivos que não são da fiscalizada tais como: o corante caramelo, o álcool e o ácido cítrico. Face ao exposto, fica claro que a matéria prima utilizada por Recofarma na elaboração dos kits sabor cola é o corante caramelo, e não o açúcar ou cana de açúcar. O corante caramelo é resultado de um processo de industrialização de razoável complexidade, que inclui o uso de diversos compostos químicos. (...) (...) O álcool e o ácido cítrico, insumos que serão analisados posteriormente, são obtidos pela fermentação da sacarose. Ambos são produtos industrializados a partir de matérias primas diversas, inclusive da sacarose extraída da cana de açúcar. Observese que inexistem processos produtivos básicos estabelecidos para os produtos álcool e ácido cítrico, ou seja, nenhuma empresa possui projeto aprovado na SUFRAMA que vise isenção de IPI quando os produtos forem destinados para fora da Amazônia Ocidental. No caso da fabricação dos kits sabor guaraná, o extrato vegetal regional efetivamente entra no processo produtivo da fiscalizada. Assim, esta fiscalização entende que os kits para guaraná fazem jus à isenção do artigo 95, inciso III, do RIPI/2010. (...) Diante dos fatos expostos, fica caracterizado a falta de direito ao aproveitamento de créditos incentivados com base no artigo 237 do RIPI/2010 para todos os kits adquiridos pela fiscalizada, exceto os de sabor guaraná (...) O art. 11 da Lei nº 9.779/99, abaixo transcrito, não pode auxiliar a recorrente, eis que a isenção a que se refere o dispositivo diz respeito ao "produto" industrializado que sai do estabelecimento ("aplicados na industrialização, inclusive de produto isento"), e não aos insumos adquiridos ("aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem"): Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. [grifei] Fl. 6048DF CARF MF 48 No art. 11 da Lei nº 9.779/99, o legislador ordinário utilizou o termo "produto" para designar o bem industrializado que sai do estabelecimento, tanto que, ao mencionar novamente essa palavra, referese a "saída de outros produtos", ou seja, aqueles produtos que não sejam isentos ou tributados à alíquota zero; bem como, de outra parte, fez uso da expressão "matériaprima, produto intermediário e material de embalagem" para designar os insumos que entram no estabelecimento contribuinte. Dessa forma, o art. 11 da Lei nº 9.779/99 não autoriza o creditamento na aquisição de insumos isentos. Ademais, o art. 11 da Lei nº 9.779/99 trata apenas da possibilidade de restituição ou de compensação de saldo credor de IPI acumulado no trimestrecalendário que o contribuinte não puder compensar com o imposto devido na saída de seus produtos, nada tendo a ver com a glosa de créditos sobre produtos adquiridos com isenção da Amazônia Ocidental, prevista em norma específica. Quanto ao fato de o direito ao creditamento de IPI na aquisição de insumos isentos estar sob repercussão geral11, em nada altera o andamento do feito no âmbito deste CARF tomandose por constitucional a norma legal questionada, conforme já decidiu este CARF, sob o Voto Condutor do Conselheiro Rosaldo Trevisan, no Acórdão nº 3401003.445– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 30 de março de 2017. Melhor sorte não assiste à recorrente quanto à questão de ser adquirente de boafé. Não se trata de caso de notas fiscais inidôneas para eventual aplicação do entendimento do STJ no Recurso Especial nº 1.148.444. Ademais, a boafé da recorrente é irrelevante no presente processo, no qual não houve a exigência de multa de ofício qualificada ou agravada, mas a mera exigência de saldos devedores de IPI e seus consectários legais, decorrentes de reconstituição da escrita fiscal da contribuinte em face da não comprovação, a seu cargo, do atendimento aos requisitos veiculados pela legislação tributária para a fruição dos créditos registrados em seus livros fiscais. Com relação à isenção de que trata o art. 9º do Decretolei nº 288/196712, não há previsão legal para o aproveitamento do crédito em relação ao produto adquirido com tal isenção, como bem esclareceu a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, no Voto Condutor do Acórdão nº 3402002.933 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 24 de fevereiro de 2016, que, nestes termos: (...) 11 Tema 844 Possibilidade de creditamento de IPI pela aquisição de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. Relator: MIN. GILMAR MENDES Leading Case: RE 398365 Há Repercussão?Sim Ver descrição [+] Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 150, § 6º, e 153, § 3º, II, da Constituição Federal, a possibilidade de creditamento de IPI pela aquisição de insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. [] Ver tese [+]O princípio da não cumulatividade não assegura direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados, isentos ou sujeitos à alíquota zero.[] 12 Decretolei n.º 288/1967: Art. 9° Estão isentas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) todas as mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus, quer se destinem ao seu consumo interno, quer à comercialização em qualquer ponto do Território Nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.387, de 30.12.91) § 1° A isenção de que trata este artigo, no que respeita aos produtos industrializados na Zona Franca de Manaus que devam ser internados em outras regiões do País, ficará condicionada à observância dos requisitos estabelecidos no art. 7° deste decretolei. (Incluído pela Lei nº 8.387, de 30.12.91) § 2° A isenção de que trata este artigo não se aplica às mercadorias referidas no §1° do art. 3° deste decretolei. (Incluído pela Lei nº 8.387, de 30.12.91) Fl. 6049DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.026 49 A legislação do IPI traz duas situações distintas sobre o direito ao crédito de IPI relativo a produtos da região amazônica, quais sejam: i) o artigo 9º do Decretolei n. 288/67, regulado pelo artigo 69, incisos I e II do RIPI/2002, que concede a isenção porém não traz previsão expressa para o aproveitamento do crédito presumido; ii) o artigo 6º do Decreto n. 1.435/75, regulado pelo artigo 82, inciso III do RIPI/2002, o qual expressamente estabelece o direito ao aproveitamento do crédito de IPI “calculado como se devido fosse” (sob condição de cumprimento de seus requisitos, como discutido no tópico acima). (...) Não obstante isso, com relação à tomada de crédito com base no art. 9º do Decretolei n.º 288/1967, entende a recorrente que faria jus à autorização judicial concedida no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, vez que figurava como uma das associadas da AFBCC (Associação dos Fabricantes Brasileiros de CocaCola) à época da impetração. Como elemento novo, argui que as decisões do TRF 2ª Região e da Reclamação nº 7.778 foram reformadas por decisões já transitadas em julgado. Em Agravo de Instrumento interposto pela União Federal (processo 2004.02.01.0132984), a controvérsia a respeito da sua aplicabilidade a empresas filiadas à AFBCC domiciliadas em municípios localizados fora da competência territorial do Tribunal da 2ª Região havia sido solucionada, nos termos da ementa abaixo transcrita (DJU de 07/04/2008): PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. TUTELA COLETIVA. COISA JULGADA. ABRANGÊNCIA RESTRITA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DO JULGADO. COMPETÊNCIA. I A eficácia da coisa julgada, embora erga omnes, fica restrita aos associados da impetrante domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão prolator, consoante disposto no art. 16 da Lei n° 7.347/85, na redação da Lei n° 9.494/97, qual seja, este TRF 2ª Região, e apenas no Estado do Rio de Janeiro. II Agravo provido. O referido Acórdão do TRF 2ª Região teve seus efeitos suspensos por medida liminar concedida pelo então Relator Ministro Cesar Peluso na Reclamação nº 7.778, a qual foi posteriormente redistribuída ao Ministro Gilmar Mendes, que negou seguimento à referida Reclamação, sob o fundamento de que esta não seria cabível. Ocorre que o Acórdão do TRF 2ª Região foi depois reformado pelo STJ, por decisão já transitada em julgado em 23/02/2017, no Recurso Especial nº 1.438.361RJ, que conheceu em parte o recurso especial interposto pela Companhia de Bebidas Ipiranga e, nessa extensão, deu provimento para reformar o acórdão recorrido e negar provimento ao agravo de instrumento da Fazenda Nacional. Dessa forma, no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, remanesce a decisão, sem a restrição territorial ou subjetiva expressa, que reconheceu o direito das associadas da impetrante de utilizarem o crédito de IPI decorrente da aquisição de insumos isentos utilizados na industrialização de seus produtos. Fl. 6050DF CARF MF 50 Não se desconhece também que o AuditorFiscal autuante assim rejeitou a aplicação da decisão transitada em julgado no referido Mandado de Segurança Coletivo, conforme consta no Termo de Verificação Fiscal (TVF): (...) Decisão do TRF da 2ª Região, proferida no Agravo de Instrumento n° 2004.02.01.0132984, que tem como agravante a União Federal e como agravado a Associação dos Fabricantes Brasileiros de CocaCola, apresenta a seguinte ementa: PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. TUTELA COLETIVA. COISA JULGADA. ABRANGÊNCIA RESTRITA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DO JULGADO. COMPETÊNCIA. I – A eficácia da coisa julgada, embora erga omnes, fica restrita aos associados da impetrante domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão prolator, consoante disposto no art. 16 da Lei n° 7.347/85, na redação da Lei nº 9.494/97, qual seja, este TRF –2ª Região, e apenas no Estado do Rio de Janeiro. II – Agravo Provido. Dessa forma e como a fiscalizada está sediada em Jundiaí, no Estado de São Paulo, fora da competência territorial do Tribunal, que abrange os Estados do Espirito Santo e Rio de Janeiro, não está amparada pelo Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834. Em nova consulta ao sítio do TRF da 2ª Região, verificamos que perdura a situação de não estender ao Estado de São Paulo a decisão do TRF da 2ª Região, conforme acórdão proferido no julgamento dos embargos de declaração opostos em face do acórdão inicialmente proferido, com a seguinte ementa: (...) Para corroborar, apresento entendimento do STF a respeito, no acórdão que negou provimento ao Agravo Regimental na Reclamação n° 7. 778/SP, ajuizado pela Companhia de Bebidas Ipiranga que, assim como a SPAL Indústria Brasileira de Bebidas S/A, é associada da AFBCC e está estabelecida fora do limite territorial da jurisdição do órgão prolator, ou seja, TRF 2ª Região, que abrange os Estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo: Agravo Regimental em Reclamação. 2. Ação Coletiva. Coisa Julgada. Limite territorial restrito à jurisdição do órgão prolator. Art. 16 da Lei n. 7.347/1985. 3. Mandado de segurança coletivo ajuizado antes da modificação da norma. Irrelevância. Trânsito em julgado posterior e eficácia declaratória da norma. 4. Decisão monocrática que nega seguimento a agravo de instrumento. Art. 544, § 4°, II, b, do CPC. Não oco rrência de efeito substitutivo em relação ao acórdão recorrido, para fins de atribuição erga omnes, em âmbito nacional, à decisão proferida em sede de ação coletiva, sob pena de desvirtuamento da lei que impõe limitação territorial. 5. Agravo regimental que se nega provimento. (Rcl 7778 AgR, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 30/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe 094 DIVUL 16052014 PUBLIC 19052014) Diante do exposto, as medidas judiciais levantadas pela fiscalizada não prosperam com relação a presente fiscalização, ainda mais, que o objeto da presente fiscalização versa, principalmente, sobre o erro na classificação fiscal das Fl. 6051DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.027 51 matériasprimas fornecidas pela empresa Recofarma Indústria do Amazonas Ltda., e consequentemente erro na aplicação da alíquota para o crédito. (...) Não obstante isso, entendo que há questão de ordem pública, que pode e deve ser suscitada neste momento processual, que é impeditiva da aplicação à recorrente dos efeitos da coisa julgada no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, conforme mais abaixo se exporá. Conforme decidido no Recurso Especial, cuja ementa se transcreve abaixo, quando o juiz tiver de decidir independentemente de pedido da parte ou interessado, o que ocorre, por exemplo, com as matérias de ordem pública, não incide a regra da congruência, o que quer dizer que o pronunciamento de ofício pelo juiz ou tribunal sobre as referidas matérias não representa julgamento extra, infra ou ultra petita: RECURSO ESPECIAL Nº 1.112.524 DF (2009/00421318) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. PROCESSUAL CIVIL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DO AUTOR DA DEMANDA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. PRONUNCIAMENTO JUDICIAL DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. JULGAMENTO EXTRA OU ULTRA PETITA . INOCORRÊNCIA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (...) Ementa 1. A correção monetária é matéria de ordem pública, integrando o pedido de forma implícita, razão pela qual sua inclusão ex officio, pelo juiz ou tribunal, não caracteriza julgamento extra ou ultra petita, hipótese em que prescindível o princípio da congruência entre o pedido e a decisão judicial (...). 2. É que: "A regra da congruência (ou correlação) entre pedido e sentença (CPC, 128 e 460) é decorrência do princípio dispositivo. Quando o juiz tiver de decidir independentemente de pedido da parte ou interessado, o que ocorre, por exemplo, com as matérias de ordem pública, não incide a regra da congruência. Isso quer significar que não haverá julgamento extra, infra ou ultra petita quando o juiz ou tribunal pronunciar se de ofício sobre referidas matérias de ordem pública. Alguns exemplos de matérias de ordem pública: a) substanciais: cláusulas contratuais abusivas (CDC, 1º e 51); cláusulas gerais (CC 2035 par. ún) da função social do contrato (CC 421), da função social da propriedade (CF art. 5º XXIII e 170 III e CC 1228, § 1º), da função social da empresa (CF 170; CC 421 e 981) e da boafé objetiva (CC 422); simulação de ato ou negócio juridico (CC 166, VII e 167); b) processuais: condições da ação e pressupostos processuais (CPC 3º, 267, IV e V; 267, § 3º; 301, X; 30, § 4º); incompetência absoluta (CPC 113, § 2º); impedimento do juiz (CPC 134 e 136); preliminares alegáveis na contestação (CPC 301 e § 4º); pedido implícito de juros legais (CPC 293), juros de mora (CPC 219) e de correção monetária (L 6899/81; TRF4ª 53); juízo de admissibilidade dos recursos (CPC 518, § 1º (...)" (Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Fl. 6052DF CARF MF 52 Andrade Nery, in "Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante", 10ª ed., Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2007, pág. 669). (...) 8. Recurso especial fazendário desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. No caso, no âmbito do processo administrativo, temse que a possibilidade de aplicação dos efeitos do mandado de segurança coletivo é uma questão prejudicial à análise de mérito da autuação, eis que se tivesse razão a recorrente quanto a esse aspecto, seria desnecessário prosseguir quanto à análise dos demais temas de mérito. Embora a fiscalização tenha se manifestado sobre tal questão no TVF, eis que a recorrente já havia peticionado nesse sentido no procedimento fiscal, não se trata de motivo ou motivação da autuação, mas de questão prejudicial ao lançamento. A motivação para o lançamento está na demonstração da existência de saldos devedores de IPI, decorrentes de reconstituição da escrita fiscal da contribuinte em face da não comprovação, a seu cargo, do atendimento aos requisitos veiculados pela legislação tributária para a fruição dos créditos registrados em seus livros fiscais. Com efeito, aplicandose o entendimento do Recurso Especial nº 1.112.524 DF acima no processo administrativo fiscal temse que a questão prejudicial ao mérito do lançamento, por se tratar de matéria de ordem pública, deve ser apreciada a qualquer tempo, assim como as condições da ação, os pressupostos processuais e as preliminares alegáveis na contestação no processo judicial. Assim, a análise quanto à possibilidade de aplicação dos efeitos da coisa julgada ao lançamento, pode ser efetuada a qualquer tempo pelo julgador, inclusive quanto a aspecto não levantado pela fiscalização autuante, mormente quando a recorrente já apresentou suas alegações nesse sentido no recurso voluntário, como se vê abaixo: (...) 4.5.5. Portanto, não é verdade que o referido MSC foi impetrado apenas contra o Delegado da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro. 4.5.6. Ademais, ainda que assim não fosse, o que se admite apenas para fins de argumentação, cabe ressaltar que o STF tem jurisprudência plenária e pacifica no sentido de que a autoridade coatora tem apenas a função de prestar informações e a parte no MSC é a União Federal, e, pois, a respectiva coisa julgada obriga a União Federal, produzindo efeitos em todo o território nacional, independentemente, da autoridade indicada como coatora, conforme se verifica dos acórdãos do STF abaixo: (...) Dessa forma passase à análise da prejudicial relativa à aplicação dos efeitos da coisa julgada no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, partindose dos conceitos básicos, mas essenciais, de mandado de segurança. O mandado de segurança, individual ou coletivo, é remédio constitucional assegurado, como garantia fundamental, no art. 5º, LXIX e LXX da Constituição Federal (CF): LXIX Concederseá mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou Fl. 6053DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.028 53 habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. LXX – O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. [negritei] Diante da ausência de especificação diversa no texto constitucional, ou em lei ordinária, também o mandado de segurança coletivo é instrumento para reparar ou fazer cessar ato comissivo ou omissivo inquinado de ilegalidade ou abuso de poder de responsabilidade de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de função pública. A Lei nº 1.533/5113, no caput do art. 1º, vigente à época da impetração, previa também amparo à ameaça de lesão: “Concederseá mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado pode habeas corpus, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrêla por parte de autoridade, seja de que categoria for ou sejam quais forem as funções que exerça” [negritei e grifei]. Como se vê, também o mandado de segurança preventivo destinase a reparar ato praticado por autoridade pública14. 13 Atualmente vige a LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009, que disciplina o mandado de segurança individual e coletivo, e assim dispõe: Art. 1o Concederseá mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrêla por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. § 1o Equiparamse às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. (...) 14 Ao longo do tempo, o conceito de autoridade coatora no mandado de segurança foi assim delimitado pelas Leis nºs 1.533/51 e 12.016/2009: Lei nº 1.533/51: Art. 1º (...) alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrêla por parte de autoridade, seja de que categoria for ou sejam quais forem as funções que exerça. § 1º Consideramse autoridade para os efeitos desta lei os administradores ou representantes das entidades autárquicas e das pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas do poder público, somente no que entende com essas funções. § 1º Consideramse autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos dos Partidários Políticos e os representantes ou administradores das entidades autárquicas e das pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas do poder público, somente no que entender com essas funções. (Redação dada pela Lei nº 6.978, de 1982) § 1º Consideramse autoridades, para os efeitos desta lei, os representantes ou administradores das entidades autárquicas e das pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas do Poder Público, somente no que entender com essas funções. (Redação dada pela Lei nº 9.259, de 1996) (...) Art. 2º Considerarseá federal a autoridade coatora se as conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela união federal ou pelas entidades autárquicas federais. Lei nº 12.016/2009: Fl. 6054DF CARF MF 54 Hely Lopes Meirelles15 traz um conceito único para todas as modalidades do instituto, individual ou coletivo e repressivo ou preventivo no seguinte sentido: "Mandado de segurança é o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (CF, art. 5º, LXIX e LXX; Lei n. 1533/51, art. 1º)". [negritei] Dessa forma, seja qual for a modalidade de mandado de segurança, ele será a via adequada para reparar somente os atos comissivos ou omissivos no âmbito da competência da autoridade impetrada, não se prestando a corrigir outros atos da pessoa jurídica à qual pertence essa autoridade. Em nada altera isso o fato de a pessoa jurídica (no caso, a União Federal), ter de suportar os efeitos de ordem patrimonial na correção do ato impugnado, ser intimada do feito ou ter a faculdade de recorrer. O mandado de segurança tratase de um remédio constitucional cuja essência está, portanto, definida na própria Constituição Federal, no sentido de ser um instituto que visa reparar ilegalidade ou abuso de poder no que se refere a ato de responsabilidade de autoridade pública ou a ela equiparada. Assim, tendo sido identificados pela impetrante, por ocasião da impetração do mandamus, o ato coator e a autoridade coatora, é contra eles que se dirige a segurança definitiva concedida ao final do processo. Quanto às alegações da recorrente acima transcritas, os julgados mencionados não possuem efeito vinculante para a Administração Pública e nem demonstram a uniformização da jurisprudência do STF e do STF quanto ao fato de que a segurança concedida no mandado de segurança destinase aos atos praticados ou a serem praticados pela autoridade impetrada, não obstante, como dito, será a pessoa jurídica que acabará suportando os efeitos patrimoniais da reparação do ato coator, mas tão somente no que se refere a ato de competência da autoridade impetrada. Tratase de limitação subjetiva constitucional para o mandado de segurança, seja ele individual ou coletivo. Nada altera isso o pedido da impetrante na petição inicial do mandamus para que fosse dada ciência a todos os Delegados da RFB com jurisdição sobre os associados. Assim, independentemente da questão acerca da abrangência da sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo, referida no art. 2A da Lei 9.494/1997, entendo que a segurança concedida em mandado de segurança, inclusive o coletivo e preventivo, tem seus Art. 1º Concederseá mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrêla por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. § 1o Equiparamse às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. (...) Art. 2º Considerarseá federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada. Art. 6º (...) (...) § 3º Considerase autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. (...) 15 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 21/22. Fl. 6055DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.029 55 efeitos restritos aos atos de competência da autoridade impetrada, salvo, obviamente, expressa ressalva judicial em sentido contrário. Com efeito, no presente caso, tratase de mandado de segurança coletivo preventivo impetrado em face do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, de forma que não se poderia estender seus efeitos para atos praticados (ou a serem praticados) por outras autoridades federais. Quisessem a impetrante (AFBCC) ou a ora recorrente efeitos tão amplos para a decisão definitiva do processo judicial, aplicáveis a todas as autoridades públicas da Receita Federal, deveriam ter se socorrido das vias ordinárias em ação movida contra a pessoa jurídica da União Federal. Desta maneira, os efeitos da coisa julgada no Mandado de Segurança Coletivo nº 91.00477834, impetrado em face do Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, não se aplicam ao presente lançamento, lavrado por AuditorFiscal subordinado ao Delegado da Receita Federal em Jundiaí. Assim, diante da ausência de autorização legal ou judicial nesse sentido, a recorrente não faz jus ao creditamento na aquisição de produtos isentos com fulcro no art. 9º do Decretolei nº 288/1967. Sustenta a recorrente a impossibilidade de cobrança de multa, juros de mora e correção monetária nos termos do art. 100, parágrafo único do CTN, vez que ela e a fornecedora teriam observado atos expedidos pelas autoridades administrativas (Suframa). No entanto, tais atos, que possuem caráter exclusivo e concreto, não são considerados "atos normativos" a que se refere o art. 100, I do CTN, que são atos gerais e abstratos. Sem se olvidar, como já dito neste Voto, que tais atos não afastam a competência da Receita Federal para a fiscalização do IPI, inclusive no que se refere à verificação do atendimento aos requisitos previstos na legislação para o aproveitamento de direito creditório. No que concerne ao pedido para se afastar a multa aplicada em face do art. 76, II, "a" da Lei n.º 4.502/64, adoto os fundamentos de decidir, nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99, do Acórdão nº 3301003.005 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 22 de junho de 2016, sob voto condutor do Conselheiro Francisco José Barroso Rios, abaixo transcrito: (...) Quanto ao pedido para exoneração da multa de ofício, entendo que o artigo 100, II, do CTN, não recepcionou o disposto no artigo 76, II, a, da Lei nº 4.502/64, de sorte que, não havendo decisão administrativa "a que a lei atribua eficácia normativa", não há como se reconhecer a dispensa da penalidade em relação àqueles que agiram "(...) de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado" (redação do artigo 76, II, a, da Lei nº 4.502/64). Com efeito, não há como se acolher dispositivo legal em desarmonia com o artigo 100, II, do CTN, norma que, além de ser de natureza complementar, foi editada posteriormente à lei ordinária suscitada pelo sujeito passivo. Fl. 6056DF CARF MF 56 Lamentavelmente o disposto no artigo 76, II, a, da Lei nº 4.502/64 encontrase ainda no Regulamento do IPI ora vigente. Não obstante, penso que tal falha, por ser destituída de alicerce legal, não tem força vinculante. A multa, portanto, é devida. Não há espaço para aplicação do disposto no artigo 76, II, “a”, da Lei nº 4.502/64, e sua exigência está fundamentada no artigo 80, caput, da Lei nº 4.502/64, com a redação dada pelo artigo 13 da Lei nº 11.488/07, segundo o qual "a falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido". No que diz respeito aos juros de mora sobre a multa de ofício, há que se esclarecer que os juros de mora são devidos, nos termos do art. 61, caput e §3° da Lei nº 9.430/96, sobre os "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal" não pagos no prazo previsto, incidindo, portanto, também sobre a multa de ofício, após o respectivo vencimento: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. Ademais, a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício após o respectivo vencimento encontra fundamento no Decretolei nº 1.736/79, abaixo transcrito, que prevê a incidência dos juros de mora sobre os débitos tributários para com a Fazenda Nacional, inclusive durante o prazo em que a cobrança estiver suspensa em face da interposição de recurso administrativo ou de decisão judicial, cuja regra não se aplicaria somente na hipótese de depósito administrativo ou judicial do montante integral, conforme entendimentos que se seguem: Decretolei nº 1.736/79: Art. 1º Os débitos para com a Fazenda Nacional, de natureza tributária, não pagos no vencimento, serão acrescidos de multa de mora, consoante o previsto neste decretolei. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.287, de 1986) (...) Art 2º Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional serão acrescidos, na via administrativa ou judicial, de juros de mora, contados do dia seguinte ao do vencimento e à razão de 1% (um por cento) ao mês calendário, ou fração, e calculados sobre o valor originário. Parágrafo único. Os juros de mora não são passíveis de correção monetária e não incidem sobre o valor da multa de mora de que trata o artigo 1º. Fl. 6057DF CARF MF Processo nº 19311.720185/201581 Acórdão n.º 3402004.827 S3C4T2 Fl. 6.030 57 Art 3º Entendese por valor originário o que corresponda ao débito, excluídas as parcelas relativas à correção monetária, juros de mora, multa de mora e ao encargo previsto no artigo 1º do Decretolei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, com a redação dada pelos Decretosleis nº 1.569, de 8 de agosto de 1977, e nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. (...) Art 5º A correção monetária e os juros de mora serão devidos inclusive durante o período em que a respectiva cobrança houver sido suspensa por decisão administrativa ou judicial. (...) Solução de Consulta Cosit nº 47, de 04 de maio de 2016: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO EMENTA: OS JUROS DE MORA INCIDEM SOBRE A TOTALIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, DO QUAL FAZ PARTE A MULTA LANÇADA DE OFÍCIO.DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), arts. 113, § 1º, 139 e 161; Lei nº 9.430, de 1996, arts. 44 e 61, § 3º; DecretoLei nº 1.736, de 1979, arts. 2º e 3º. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Perguntas e Respostas no sítio da RFB: [http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/declarac oesedemonstrativos/dipjdeclaracaodeinformacoes economicofiscaisdapj/respostas2012/caputuloxviii acruscimoslegaisrevisada2012.pdf, acesso em 08/09/2016] (...) 004 Haverá a incidência de juros de mora durante o período em que a cobrança do débito estiver pendente de decisão administrativa? Sim. De acordo com a legislação tributária, há incidência de juros de mora sobre o valor dos tributos ou contribuições devidos e não pagos nos respectivos vencimentos, independentemente da época em que ocorra o posterior pagamento e de se encontrar o crédito tributário na pendência de decisão administrativa ou judicial. A única hipótese em que se suspenderá a fluência dos juros de mora é aquela em que houver o depósito do montante integral do crédito tributário considerado como devido, desde a data do depósito, quer seja este administrativo ou judicial. Se o valor depositado for inferior àquele necessário à liquidação do débito considerado como devido, sobre a parcela não depositada incidirão normalmente os juros de mora por todo o período transcorrido entre o vencimento e o pagamento. Normativo: RIR/1999, art. 953, § 3º, e DecretoLei nº 1.736, de 1979, art. 5º. (...) Conforme assentado no Apelação Cível nº 2005.72.01.0000311/SC (TRF 4ª Região, rel. Vânia Hack de Almeida), "Por força do artigo 113, § 3º, do CTN, tanto à Fl. 6058DF CARF MF 58 multa quanto ao tributo são aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. E não poderia ser diferente, porquanto ambos compõe o crédito tributário e devem sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Não haveria porque o valor relativo à multa permanecer congelado no tempo". A fluência dos juros de mora sobre a multa de ofício durante o curso do processo administrativo fiscal não representa afronta ao art. 161 do CTN, eis que, no próprio CTN, o termo "crédito tributário" não é utilizado somente para se referir à obrigação tributária principal. Conforme se depreende da leitura do art. 142 e do art. 113 do CTN, o lançamento constitui o "crédito tributário", que por sua vez pode ser decorrente tanto do tributo como de eventuais penalidades pecuniárias. Não havendo qualquer incompatibilidade dos dispositivos legais acima com o CTN, no que concerne à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, eles devem ser aplicados ao presente caso concreto com base na taxa Selic, cuja legitimidade já é matéria já sumulada neste CARF, conforme abaixo: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada Fl. 6059DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15578.000797/2009-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/03/2008
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ. OPERAÇÕES TEMPO DE COLHEITA E BROCA.
Restou comprovado nos autos que, no momento da aquisição do café, o Contribuinte encontrava-se ciente da abertura de pessoas jurídicas de fachada, criadas com o fim exclusivo de legitimar a tomada de créditos integrais de PIS e Cofins, caracterizando, assim, a má-fé e tornando legítima a glosa dos créditos.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/03/2008
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Legítimo o Despacho Decisório que motiva e fundamenta a negativa de provimento em vícios existentes nos documentos apresentados pelo contribuinte, vícios esses impeditivos da análise de mérito do pedido.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.422
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito e, quanto à preliminar, pelo voto de qualidade, em afastar a decadência parcial, vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldo Lima de Oliveira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2008 a 30/03/2008 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ. OPERAÇÕES TEMPO DE COLHEITA E BROCA. Restou comprovado nos autos que, no momento da aquisição do café, o Contribuinte encontrava-se ciente da abertura de pessoas jurídicas de fachada, criadas com o fim exclusivo de legitimar a tomada de créditos integrais de PIS e Cofins, caracterizando, assim, a má-fé e tornando legítima a glosa dos créditos. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2008 a 30/03/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Legítimo o Despacho Decisório que motiva e fundamenta a negativa de provimento em vícios existentes nos documentos apresentados pelo contribuinte, vícios esses impeditivos da análise de mérito do pedido. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15578.000797/2009-24
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5849707
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-003.422
nome_arquivo_s : Decisao_15578000797200924.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 15578000797200924_5849707.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito e, quanto à preliminar, pelo voto de qualidade, em afastar a decadência parcial, vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldo Lima de Oliveira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7193708
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010735607808
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1896; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15578.000797/200924 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201003.422 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de fevereiro de 2018 Matéria RESSARCIMENTO Recorrente TRISTÃO COMPANHIA DE COMÉRCIO EXTERIOR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 30/03/2008 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. PESSOA INTERPOSTA. COMPROVAÇÃO DE MÁFÉ. OPERAÇÕES TEMPO DE COLHEITA E BROCA. Restou comprovado nos autos que, no momento da aquisição do café, o Contribuinte encontravase ciente da abertura de pessoas jurídicas de fachada, criadas com o fim exclusivo de legitimar a tomada de créditos integrais de PIS e Cofins, caracterizando, assim, a máfé e tornando legítima a glosa dos créditos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 30/03/2008 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Legítimo o Despacho Decisório que motiva e fundamenta a negativa de provimento em vícios existentes nos documentos apresentados pelo contribuinte, vícios esses impeditivos da análise de mérito do pedido. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito e, quanto à preliminar, pelo voto de qualidade, em afastar a decadência parcial, vencidos os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldo Lima de Oliveira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 07 97 /2 00 9- 24 Fl. 1818DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 3 2 Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do acórdão nº 12060.384 da DRJ Rio de Janeiro I/RJ, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada pelo Contribuinte para se contrapor ao despacho decisório da repartição de origem que, inicialmente, indeferira o pedido de ressarcimento da contribuição não cumulativa (PIS ou Cofins). Anteriormente, o contribuinte havia impetrado mandado de segurança e obtido liminar determinando que a repartição de origem procedesse à análise e proferisse decisão, no prazo de 30 dias, quanto aos pedidos de ressarcimento de créditos das contribuições não cumulativas (PIS/Cofins) por ele formulados. Quando da análise do pedido de ressarcimento, a autoridade administrativa intimou o contribuinte a comprovar o crédito pleiteado, tendo sido constatadas diversas discrepâncias e inconsistências nos documentos apresentados, decorrendo daí a decisão denegatória do pleito, prolatada no prazo de 30 dias fixado pela decisão judicial. A decisão da Delegacia de Julgamento foi no sentido de não conhecer em parte a Manifestação de Inconformidade, em virtude da opção do contribuinte pela via judicial (relativamente à preliminar de nulidade e ao pedido de reexame dos autos pela repartição de origem), e, na parte conhecida, indeferir o pedido de diligência requerido. Cientificado da decisão de primeira instância, o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário. Enquanto isso, na esfera judicial, o Contribuinte interpôs agravo de instrumento, em razão do seu entendimento de que o indeferimento dos pedidos de ressarcimento, sem exame do mérito, deturpara a determinação judicial transitada em julgado, agravo esse provido, com a determinação de que o processo administrativo fosse devidamente instruído. Em atendimento à ordem judicial, a repartição de origem procedeu à realização de diligência, tendo solicitado ao interessado a apresentação de livros, planilhas e outros documentos necessários à análise e, ao final, decidido por reconhecer em parte o direito creditório pleiteado. No Parecer da autoridade fiscal, registrouse o seguinte: a) em 2009, a repartição de origem analisara diversos processos de ressarcimento, no prazo de 30 dias estabelecido em decisão judicial, análise essa ocorrida anteriormente à conclusão da operação fiscal denominada "Tempo de Colheita" (robustecida, posteriormente, pela “Operação Broca”), quando se detectou o uso de empresas laranjas para fins de geração de créditos fictícios, créditos esses utilizados pelo Contribuinte com base em notas fiscais emitidas por essas empresas, usadas como intermediárias na compra de café junto a produtores/maquinistas; Fl. 1819DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 4 3 b) dentre os supostos fornecedores de café, Relacafé e Triscafé eram controladas pelo Contribuinte; c) a motivação da Operação "Tempo de Colheita" foi o flagrante descompasso entre as movimentações financeiras e os valores insignificantes das receitas declaradas pelos envolvidos, tendo sido detectado que a imensa maioria das pessoas jurídicas diligenciadas encontravase omissa na apresentação da DIPJ ou, mais comumente, inativa; d) ao contrário dos tradicionais atacadistas, tais empresas ocupavam salas pequenas e acanhadas, sem qualquer estrutura física ou logística, nem dispunham de funcionários para operar como atacadistas; e) os documentos apreendidos junto ao Contribuinte, bem como na outra empresa do Grupo (Realcafé), durante a aludida Operação, não deixavam a menor dúvida de que os dirigentes da empresa tinham total conhecimento da existência do esquema fraudulento, que proporcionava vantagens tributárias de créditos ilícitos do PIS/Cofins; f) algumas da empresas diligenciadas demonstraram o modus operandi do esquema; g) declarações prestadas por corretores e documentos apreendidos demonstraram a participação do Contribuinte na prática fraudulenta; h) os produtores ouvidos mostraram total desconhecimento acerca das pseudoempresas atacadistas usadas para guiar o café, pois negociavam com pessoas conhecidas, de sua confiança (corretores, maquinistas e empresas da sua região), sendo que, no momento da retirada do café, surgiam nomes de “empresas” desconhecidas; i) a fraude e o seu modus operandi foram corroboradas nas oitivas colhidas no curso das investigações perante os produtores/maquinistas e corretores, juntamente com a vasta documentação apresentada por eles, inclusive documentos apreendidos durante a “Operação Broca” no próprio estabelecimento do Contribuinte e de outra empresa do grupo; j) o controle eletrônico do Contribuinte, intitulado “folha de compra”, extraído da mídia eletrônica apreendida durante a "Operação Broca", comprovava que ele tinha total controle e domínio do que compravam de cada produtor/maquinista e por qual empresa de fachada a negociação era falsamente documentada; k) as confirmações de pedidos anexadas identificam o maquinista por meio de anotação manuscrita em venda para o Contribuinte por meio de empresas laranjas. A Tristão exigia que os produtores/maquinistas, verdadeiros vendedores do café, assinassem as confirmações dos corretores, conforme comprovam os emails extraídos das mídias apreendidas na Tristão e reproduzidos; l) anexa tabela “Relatório de Vendas para Entrega Futura – TRISTÃO Cia de Comércio Exterior”, onde constam os dados das confirmações de pedidos e os dados das notas fiscais; m) são citados diversos depoimentos de corretores de café confirmando que as empresas do Grupo Tristão tinham conhecimento de que nas suas compras de café havia a interposição fictícia de empresa laranja; Fl. 1820DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 5 4 n) no mesmo sentido foram citados depoimentos de produtores rurais contendo esclarecimentos sobre o esquema de troca de notas fiscais e outros detalhes da operação; o) Ricardo Schneider, comprador da Tristão, comunicava por email as compras diárias de café para os diversos setores do GRUPO TRISTÃO. Para cada pedido de compra, indicava, entre outros dados, o nome da empresa laranja seguido do nome do produtor/maquinista e o corretor. Foram dezenas de emails extraídos das mídias apreendidas, com data desde 2004. Alguns exemplos foram reproduzidos no parecer; p) os representantes da Colúmbia, Acádia, L&L e Do Grão, respondendo às indagações dos AuditoresFiscais, asseguraram que exportadoras e indústrias tinham pleno conhecimento da venda de notas e que era prática adotada em todo o país. Acrescentaram que muitas dessas empresas laranjas eram operadas por exfuncionário das próprias exportadoras e corretores, fato devidamente comprovado nas investigações realizadas no ES e, posteriormente, nas diligências efetuadas em MG; q) foram efetuadas diligências nas cidades de Manhuaçu, Manhumirim, Divino e Espera Feliz, de MG. Repetindo o quadro constatado no ES, o que se viu foram hipotéticas empresas ocupando espaços acanhados situadas uma ao lado da outra, desprovidas de patrimônio e capacidade operacional necessários ao seu objeto, tentando transparecer atacadistas de café, só que próximas, às vezes lado a lado, dos escritórios de compras das grandes exportadoras e torrefadoras, o que tornou a moldura mais emblemática; r) o mesmo modus operandi foi constatado em diligências efetuadas em Varginha e outros municípios no sul de MG; s) a prática rotineira que consiste em guiar café do produtor para o comprador utilizando uma empresa fictícia é corroborada nos emails trocados pela direção da própria TRISTÃO, reproduzidos em parte no Parecer, demonstrando a verdade irrefutável de que era também de conhecimento da alta direção da empresa o esquema fraudulento de intermediação fictícia de empresa laranja na compra de café de produtor; t) os emails transcritos comprovam de forma incontestável o esquema montado no mercado de café que foi a inserção de empresas laranjas como intermediárias fictícias entre o produtor e o exportador; u) a verdade é que o modus operandi era sempre o mesmo, qualquer que fosse a região do país. TRISTÃO, portanto, tinha pleno conhecimento do esquema fraudulento, como dele se beneficiou, apropriandose de créditos fictícios sobre notas fiscais ideologicamente falsas, gerados por empresas atacadistas de fachada, o que afastava por completo a alegação de adquirente de “boafé” ; v) os AuditoresFiscais constataram, na escrituração contábil da TRISTÃO, infração tributária relacionada à apropriação indevida de créditos integrais das contribuições sociais não cumulativas PIS (1,65%) e Cofins (7,6%), calculados sobre os valores das notas fiscais de aquisição de café em grãos; quando o correto seria a apropriação de créditos presumidos pelas aquisições diretamente de pessoas físicas, produtores rurais, ou cerealistas; Fl. 1821DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 6 5 w) foram elaboradas tabelas a partir das planilhas de memória de cálculo apresentadas pela TRISTÃO, consolidando as tais aquisições, cujos valores compõem a base de cálculo mensal para a glosa dos créditos integrais indevidamente apropriados; x) a TRISTÃO preenchia os requisitos para a aplicação da suspensão nas compras de café efetuadas com as cooperativas. Portanto, efetuouse a glosa dos créditos integrais sobre tais aquisições e apurouse o crédito presumido previsto no art. 8° da Lei n° 10.925/2004; y) em sua resposta, a TRISTÃO reconheceu ter se apropriado indevidamente, por equívoco, de crédito presumido sobre operações de aquisições com fim específico de exportação (CFOP 1501), bem como notas fiscais de simples faturamento (CFOP 1922), conforme tabela no Parecer. Em relação às notas fiscais da Exprinsul Comércio Exterior e da Cocamar – Cooperativa agroindustrial, referentes a 12/2006 e 03/2008, tais valores deviam ser excluídos da base de cálculo do crédito integral, conforme memória de cálculo; z) analisando a Memória de Cálculo apresentada pela TRISTÃO, verificouse que a empresa incluiu indevidamente na base de cálculo do crédito presumido operações de venda com fim específico de exportação; aa) após análise da cópia das notas fiscais, constatouse que havia outras operações de venda com fim específico de exportação para as quais a empresa apropriara indevidamente de crédito integral, conforme citada Memória de Cálculo apresentada pela TRISTÃO. Foram relacionados os valores levantados pela fiscalização; bb) foi elaborado o Demonstrativo de Cálculo do PIS e da Cofins não cumulativos, anexo ao Parecer; cc) foram efetuadas as seguintes glosas de crtéditos: a) NF de empresas de fachada; b) aquisições de café de cooperativa com direito ao crédito presumido; c) apropriação indevida de crédito sobre NF emitida sem incidência de PIS/Cofins – fim específico de exportação; dd) o rateio dos créditos a descontar foi efetuado com base na proporção da receita de vendas de bens e serviços: receita mercado interno (tributada) e receita de exportação; ee) demonstrouse que o Saldo de Crédito de Meses Anteriores sobre aquisições no mercado interno vinculado à receita de exportação era zero tanto para o PIS quanto para a Cofins; ff) a fiscalização limitou o valor do pedido de ressarcimento ao valor do saldo do crédito a descontar referente à parcela do mercado externo (crédito passível de ressarcimento); gg) conforme mostrado no demonstrativo de cálculo do PIS e da Cofins não cumulativos, a recomposição dos créditos a descontar resultou no reconhecimento parcial do valor dos créditos pleiteados no pedido de ressarcimento. Cientificado do Parecer Fiscal e do despacho decisório, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, o seguinte: Fl. 1822DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 7 6 1) o direito creditório objeto das DComps somente foi analisado em virtude da decisão proferida pela egrégia Turma do TRF da 2ª Região, no Agravo de Instrumento 2012.02.01.0070963. A ciência do Impugnante se dera em 05/07/2013, quando já decorridos mais de cinco anos, resultando na homologação tácita de parte dos créditos compensados; 2) não fora indiciado na denominada “Operação Broca”, o que retificava que as investigações realizadas não alcançaram suas operações, uma vez que não traduziam os atos comerciais praticados por ele rotineiramente; 3) na qualidade de adquirente de boafé, era exclusivamente o destinatário das mercadorias, não sendo provada a sua participação na prática de introdução de pseudo pessoas jurídicas na cadeia de comercialização; 4) em nenhum momento foi citado nos depoimentos colhidos na Operação Broca como estando envolvido na criação ou manutenção das pseudo pessoas jurídicas, mas apenas como destinatária do café, o que ratificava a sua boafé; 5) inexiste prova robusta e inequívoca nos autos, mas apenas meras alegações e conjecturas difusas e contraditórias entre si; 6) a conduta da fiscalização revelou a busca pelo acesso irrestrito às informações internas e gerenciais do impugnante, sem amparo em nenhuma autorização judicial para tal procedimento, o que transgride o direito fundamental ao sigilo de dados, insculpido no art. 5º, X e XII, da CF/88; 7) também não se verifica a aptidão das provas testemunhais juntadas aos autos, pois referidos testemunhos não comprovam qualquer vínculo do Impugnante, seus diretores, ou mesmo funcionários, nas práticas ilícitas imputadas às empresas consideradas como de fachada; 8) o art. 112 do CTN faz eco ao princípio universal do in dubio pro reo; 9) trouxe os seguintes elementos de prova que atestam a sua boafé: certidões que atestam a ausência de indiciamento em decorrência da Operação Broca; ação de cobrança por parte da W.G. Azevedo – Brazil Coffee; emails que comprovam a preocupação em realizar operações apenas com empresas em situação regular perante o Fisco; 10) cabe ao fisco o ônus da prova do fato tributário como também o da suposta conduta ilícita; 11) em momento algum a autoridade administrativa outorgou ao impugnante o direito de participar da coleta dos depoimentos prestados pelos supostos profissionais do mercado de café, como legítimo exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa; 12) o conhecimento acerca da origem do café não é indício de que o Impugnante tenha agido de comum acordo com as empresas de fachada, mas sim a necessidade de que se tenha ciência do produtor rural e da região em que foi colhido o grão, para se atestar a qualidade do café adquirido; 13) o Impugnante sempre adotou todas as providencias legalmente exigidas para proceder aos créditos de PIS e Cofins decorrentes das aquisições de café; Fl. 1823DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 8 7 14) devia ser considerado o que dispõe o parágrafo único do art. 82 da Lei 9.430/96. No caso, não restou qualquer dúvida quanto ao recebimento e pagamento das mercadorias por parte da Recorrente; 15) a boafé foi demonstrada pelo zelo de se fazerem consultas ao Sintegra e ao próprio banco de dados da RFB, com o objetivo de comprovar a regularidade jurídica das empresas fornecedoras; 16) nesse sentido, a 5ª Turma da DRJ/RJOII já se pronunciou em situação idêntica, no processo 13771.000356/200315, Acórdão 1324.918, de 25/05/2009; 17) os atos que declararam as empresas como inapta, baixada ou nula ocorreram posteriormente às compras realizadas pelo Impugnante, sendo que para algumas das empresas sequer foi localizado qualquer procedimento neste sentido; 18) os lançamentos contábeis das operações também fazem prova em favor do Impugnante; 19) a atuação do fisco é contraditória, em afronta à segurança jurídica, uma vez que num primeiro momento assumiu a existência das agora “pseudo” empresas interpostas, inclusive cobrandoas, através da instauração de procedimentos administrativos fiscais e, agora, inovando sua ótica, questiona os seus documentos fiscais de venda de café para terceiros; 20) trechos extraídos de inquéritos policiais, ou mesmo a existência de referidos procedimentos, não representam prova de suposta obtenção fraudulenta de créditos. O direito fundamental do estado de inocência proíbe a antecipação dos resultados finais do processo criminal; 21) os mesmos auditores fiscais que prolataram o despacho decisório também lavraram o Termo de Encerramento da Ação Fiscal, processo 15586.000956/201025, em face de outra empresa do Grupo Tristão, no caso a Realcafé Soluvel do Brasil, no qual afirmaram a possibilidade de crédito integral do PIS e da Cofins nas aquisições de cooperativas. Ao examinarem a mesma hipótese no presente pleito, adotaram posicionamento completamente oposto; 22) o Impugnante revende o insumo café cru em grão no mercado externo e, em alguns casos, também realiza o processo de rebeneficiamento. A atividade de revenda é preponderante; 23) em se tratando de compras para posterior revenda, o Recorrente apurou créditos integrais do PIS e da Cofins; 24) o impugnante sempre adquiriu o insumo de sociedade cooperativa que exercia a produção agroindustrial e a compra foi sempre feita com a incidência do PIS e Cofins; 25) nas aquisições de café cru em grão pelo Impugnante não há a suspensão obrigatória do PIS e Cofins, visto que as sociedades cooperativas fornecedoras exerceram atividade agroindustrial, na forma do § 6º do art. 8º da Lei 10.925/2004 e, portanto, estas é que possuem o direito ao crédito presumido, relativo à compra de café in natura; Fl. 1824DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 9 8 26) não se pode admitir a hipótese de aproveitamento do crédito presumido da contribuição em duas etapas da cadeia produtiva do café; 27) por fim, requereu fosse reconhecida a homologação tácita de parte das compensações e, se superada a preliminar, requereu fosse reconhecido o direito creditório de modo integral com a homologação das compensações formalizadas nos autos. Em sua decisão, a DRJ Rio de Janeiro I/RF fundamentou o não reconhecimento do direito creditório (i) na desconsideração dos negócios fraudulentos, em decorrência da comprovação da ocorrência de fraude e dissimulação por meio de interpostas pessoas, (ii) na inocorrência de desqualificação do regime de suspensão da exigibilidade do crédito tributário nas vendas da cooperativa agropecuária para a agroindústria, beneficiadas com o crédito presumido, (iii) na inocorrência de homologação tácita da compensação e (iv) na preclusão das matérias não contestadas. No Recurso Voluntário, o Contribuinte reiterou os argumentos de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201003.414, de 26/02/2018, proferido no julgamento do processo 15578.000805/200932, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201003.4141): O Recurso é próprio e tempestivo e dele tomo conhecimento. (...) Inicialmente, cumpre pontuar que o presente feito tem por objeto 3 (três) grupos de glosas: a) NF de empresas de fachada. Os valores consolidados mensalmente pela fiscalização constam das tabelas mostradas no item II.7.1; b) Aquisições de café de cooperativa com direito ao crédito presumido, conforme listado no item II.7.2; c) Apropriação indevida de crédito sobre NF emitida sem incidência de PIS/COFINS – fim específico de exportação. Valores consolidados no item II.7.3; 1 A decisão do acórdão paradigma reproduzida na sequência é composta da parte do voto da relatora originária que restou mantida, por unanimidade, no julgamento do Recurso Voluntário e do voto elaborado pelo redator designado, que se restringe à preliminar suscitada pelo Recorrente, afastada pelo voto de qualidade. Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 10 9 O Recurso apresentado é bastante extenso e dividido em diversos tópicos. Tendo em vista que as razões expostas em cada tópico repetemse e confundemse, passo a analisálos de acordo com a correlação existente entre estes, e não necessariamente na ordem apresentada pela recorrente. (...) "DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR PARTE DA FISCALIZAÇÃO, ACERCA DAS AVENTADAS OPERAÇÕES QUE ALEGA TEREM SIDO "AUSPICIADAS" PELA RECORRENTE" "DA ILEGÍTIMA INOVAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA GLOSA CONSUBSTANCIADA ATRAVÉS DA DECISÃO ORA RECORRIDA" "DA INSUBSISTÊNCIA DAS PROVAS APRESENTADAS PELA FISCALIZAÇÃO" "DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO ACERCA DA PARTICIPAÇÃO CONJUNTA DA RECORRENTE COM AS DENOMINADAS "EMPRESAS DE FACHADA"." "DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DE VALIDADE E CORREÇÃO DOS CRÉDITOS DE PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS AUFERIDOS PELA RECORRENTE" "A CONTABILIDADE (AQUISIÇÕES DEVIDAMENTE REGISTRADAS) COMO MEIO DE PROVA EM FAVOR DA RECORRENTE A ESSÊNCIA SOBRE A FORMA" "DAS DILIGÊNCIAS REALIZADAS SOB A "OPERAÇÃO TEMPO DE COLHEITA". DA AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE PARA COM AS OPERAÇÕES REALIZADAS PELA RECORRENTE" "DA IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO EM FACE DA RECORRENTE DOS EFEITOS DOS ATOS PRATICADOS NO ÂMBITO DA DENOMINADA "OPERAÇÃO BROCA"." Como relatado, a questão dos autos se refere à possibilidade de tomada de créditos integrais de PIS e COFINS sobre as aquisições de pessoas jurídicas tidas por fictícias, conforme operações Tempo de Colheita e Broca, realizadas de forma conjunta pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal. Assim resume a DRJ: A autoridade fiscal efetuou a glosa de créditos integrais calculados pelo contribuinte em relação a aquisições de café de pessoas jurídicas. O cerne da controvérsia, com base no que os auditores afirmam pode ser resumido em dois pontos: (1) existência de um esquema fraudulento de constituição de empresas visando vantagens tributárias indevidas, consistentes em creditamento ilícito de PIS e Cofins; (2) participação da contribuinte, ora manifestante, nesse esquema. Preliminarmente a interessada contesta os elementos de prova trazidos aos autos junto ao Parecer Fiscal. Argumenta que as provas são ilícitas porque as interceptações telefônicas e de dados só podem ser realizadas com autorização judicial, que as provas Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 11 10 testemunhais não são aptas e não comprovam vínculo da empresa interessada com o suposto esquema. Assim, a controvérsia se resume, efetivamente, à existência ou não de provas nos autos acerca da participação da Recorrente na criação das pessoas jurídicas fictícias vendedoras de café. Em diversas oportunidades já me manifestei acerca de situações bastante similares à presente, sempre no sentido de que, para que o contribuinte possa ser penalizado em razão das supostas fraudes identificadas, é necessária a comprovação de que esta participou das operações tidas por fraudulenta. Com base em jurisprudência já pacificada no âmbito do STJ, não vejo como imputar a terceiros quaisquer consequências advindas de operações fraudulentas das quais não participou. Até porque, é princípio básico constitucional que a pena jamais poderá ultrapassar a pessoa do condenado. O entendimento supra já foi por mim formalizado em sede de Declaração de Voto Vencido (Acórdão nº 3201.002.083, de 25/02/2016), em Voto Vencedor por unanimidade (Acórdão 3201003.038, de 25/07/207) e, mais recentemente, na condição de Relatora Designada para o Voto Vencedor (Acórdãos 3201003.202, 3201003.203 e 3201003.204, todos de 24 de outubro de 2017). Neste último, a mim incumbiu apresentar o entendimento vencedor da Turma quanto à questão: Não obstante o bem fundamentado voto do i. Relator, fui designada para a redação do voto vencedor quanto às glosas dos créditos correspondentes às aquisições efetuadas de pessoas jurídicas inaptas, baixadas ou suspensas. Como já salientado pelo Relator, é sabido que, comprovada a efetividade das operações, o contribuinte, agindo de boafé faz jus a manutenção dos créditos fiscais. E como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça por meio da Súmula nº 509. Em outras palavras, a boa fé é sempre presumida, cabendo àquele que alega a existência de má fé a comprovação nesse sentido. Na hipótese dos autos a divergência se instaurou quanto à afirmação fiscal de que não teria sido comprovada a efetividade das operações realizadas junto às pessoas jurídicas tidas como inaptas, baixadas ou suspensas, em face das alegações e documentos trazidos aos autos pela Recorrente no intuito de comprovar as aquisições realizadas Entendeu a Turma Julgadora, por sua maioria, que, em fato, na logrou a Fiscalização demonstrar que a Recorrente teria qualquer participação nos atos que levaram às declarações de inidoneidade das Pessoas Jurídicas vendedoras das mercadorias passíveis de geração de crédito no regime não cumulativo do PIS e da COFINS. Desse modo, não se pode manter as glosas efetuadas pela Fiscalização, na hipótese específica dos autos, uma vez que ausente demonstração fiscal quanto à participação da Recorrente em qualquer ato ensejador da pretendida descaracterização das aquisições realizadas, devendo se manter a presunção de boa fé do adquirente. Assim, entendo que, para que a glosa pretendida pela Fiscalização tenha suporte, é necessário não apenas comprovar a existência de fraude na criação das empresas vendedoras de café o que efetivamente foi realizado por meio das Operações Tempo de Colheita e Broca. Se faz imprescindível que se comprove a ciência da Recorrente acerca desses fatos e a sua participação no dito "esquema". Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 12 11 Isso porque, não obstante a aparência de legalidade das operações, como alega a Recorrente, em razão de que (1) todas as empresas citadas como fictícias possuíam CNPJ válidos no momento da aquisição do café; (2) fora verificada a regularidade dessas empresas no CNPJ e no SINTEGRA, e nenhuma tinha sido declarada inapta; (3) as mercadorias adquiridas entraram no estoque da recorrente e foram pagas diretamente aos emitentes das notas fiscais, uma vez comprovada a máfé na realização desses negócios jurídicos, é plenamente válida a sua desconstituição. É o que dispõe o parágrafo único do art. 116 do CTN: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.(Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) E, não obstante o Relatório Fiscal não tenha mencionado expressamente o referido dispositivo legal, citado apenas no Acórdão da DRJ, não há falar em inovação. Os fundamentos de fato e de direito que levaram à desconsideração dos negócios jurídicos são os mesmos e deles decorre logicamente a aplicação do referido dispositivo legal. Não houve qualquer tentativa de alteração quanto à fundamentação legal do lançamento. Ademais, não compete a este CARF afastar a aplicação de disposição expressa de lei. Não obstante, entendo que a ausência de regulamentação do referido dispositivo legal não impede a sua aplicação. O dispositivo legal é autoaplicável, embora passível de regulamentação pela legislação ordinária. E, nesse sentido, tenho que a legislação processual tributária vigente no âmbito federal cumpre a necessária regulação do tema. Em conclusão desse aspecto, manifesto minha integral concordância com a tese defendida pela Recorrente no sentido de que, uma vez comprovada a ocorrência da operação de compra e venda, sendo que essas revestiamse da aparência de legalidade, o adquirente de boafé não pode ser penalizado pela posterior desconsideração do negócio jurídico. Todavia, a hipótese dos autos, como se verá, afasta a presunção de boafé da Recorrente. Não basta que a operação tenha a aparência de legalidade para que seja válida. Uma vez comprovado nos autos que a Contribuinte possuía ciência do fato de que as pessoas jurídicas eram criadas de modo fraudulento tão somente para legitimar a geração do crédito de PIS e COFINS, resta caracterizada a máfé do adquirente. Quanto ao argumento de que os emails que comprovam que a Tristão questionava a origem do café apenas para fins de averiguar a qualidade do produto, tenho que não prospera. Existem emails e mensagens trocadas que demonstram claramente a exigência de que as pessoas jurídicas estivessem regulares tão somente em razão da possibilidade de geração de crédito. Tanto é assim que em determinado momento, o comprador da Tristão se Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 13 12 nega a efetuar o pagamento de determinada compra exclusivamente em razão da irregularidade do CNPJ da empresa vendedora. Adentrando, portanto, ao cerne da controvérsia instaurada, entendo ser desnecessário tecer maiores comentários acerca da existência e funcionamento dos chamados esquemas de triangulação, criação dos "maquinistas". Nesse sentido, me reporto ao bem detalhado relatório fiscal e ao próprio acórdão proferido pela DRJ, que demonstram o funcionamento de tais empresas de fachada com o fito exclusivo de garantir ao adquirente a tomada de créditos de PIS e COFINS em valor integral, ao substituição ao crédito presumido que seria gerado na aquisição direta da pessoa física. É imprescindível, outrossim, analisar de forma detida as provas apresentadas de modo a averiguar a efetiva ciência e participação da Recorrente. Para tanto, remetome ao extenso Parecer Fiscal (...). Como de costume, o Parecer Fiscal relata de forma detalhada a criação e operacionalização dos esquemas, trazendo diversas informações e provas relativas aos Maquinistas, comprovando a existência do esquema. O Parecer Fiscal, ainda, cuidou de demonstrar diversos dados extraídos da operação e que tem ligação direta com a Recorrente, tais como: depoimentos de maquinistas que alegam ter vendido o café à Tristão com a ciência desta; registros de mensagens trocadas com dirigentes da Tristão; cópias de emails trocados com sócios, diretores e empregados da Tristão; Pedidos de Compra da Tristão com o nome das pessoas físicas produtoras, embora com notas fiscais emitidas pelas Pessoas Jurídicas fraudulentas, dentre outros. Ademais, a Tristão, na condição de adquirente, foi uma das empresas fiscalizadas durante a Operação Tempo de Colheita. Assim, grande parte dos elementos colhidos durante a operação, o foram diretamente obtidos da Recorrente. Logo, vêse que, na hipótese dos autos, há, efetivamente, robusta prova documental que comprova a participação, ou, quando menos, a plena ciência da Recorrente quando ao fato de que o café era adquirido de pessoas jurídicas inexistente de fato, criadas com o fim exclusivo de geração de crédito de PIS e COFINS. Nesse aspecto, pontuo, quanto às alegação da Recorrente no sentido de que não haveria prova da sua participação na Operação Broca, sendo que não foi indicada criminalmente no âmbito da referida, o que tornaria insubsistente toda a autuação fiscal. Com efeito, a maior robusteza probatória é relativa à Operação Tempo de Colheita. E, quanto à esta, a Recorrente não trouxe qualquer alegação. Não obstante, consta, sim, nos autos, provas de que a Recorrente estava ciente que nas operações descortinadas por meio da Operação Broca, o modus operandi era exatamente o mesmo daquelas objeto da Operação Tempo de Colheita. Existe nos autos cópia de nota fiscal guiada e emails trocados por funcionários da Tristão com corretores sabidamente operadores do esquema fraudulento, inclusive com a expressão "Como sabemos os cafés são guiados com nota de firma" (fl. 1251), dentre outros elementos. Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 14 13 Ademais, é cediço que a instrução criminal se dá de forma diversa da investigação tributária. Ainda que ambas devam se pautar no princípio da legalidade estrita, seus escopos são bastante distintos. E, nesse seara, cabe averiguar se os elementos apresentados pela Fiscalização são suficientes para fundamentar o lançamento tributário, o que, a meu ver, logrouse. Se, no âmbito criminal, entendeuse não haver elementos caracterizados de ilícito penal, não há influência direta no lançamento tributário. Os elementos do tipo penal são distintos dos elementos do tipo tributário. Ainda assim, as decisões judiciais trazidas aos autos como justificativa de invalidar o lançamento dizem respeito à ilegitimidade de colheita de prova testemunhal, e quando esta é o único meio de prova admitido na denúncia. Na hipótese dos autos, as provas testemunhais são apenas indiciárias. Há outros elementos que comprovam a ciência da Recorrente acerca das operações fraudulentas. E, quanto à alegação de que tais provas documentais foram obtidas com base em colheita ilegal, com a devida vênia às razões esposadas, compete ao Poder Judiciário a eventual declaração de ilegalidade na obtenção das provas. Inexistindo tal declaração, falece competência a este órgão administrativo para tal. Assim, o fato de a Recorrente não ter participado do processo investigativo realizado no âmbito das Operações Tempo de Colheita e Broca não contaminam o devido processo legal tributário, com o pleno exercício da ampla defesa. Com efeito, a ampla defesa no processo administrativo tributário é exercida a partir da apresentação da defesa (Impugnação ou Manifestação de Inconformidade), Recurso Voluntário e Recurso Especial. Ressalto, ainda, que, na hipótese dos autos, a ampla defesa foi inclusive assegurada por decisão judicial que determinou o refazimento do lançamento tributário original, que deixou de fundamentar a glosa de créditos. Quanto à alegação de que a Fiscalização não poderia ter equiparado as compras realizadas de cooperativas às compras procedentes de pessoas físicas, também não assiste razão à Recorrente. Não houve uma alteração acerca da forma de se apropriar os créditos oriundos de compras realizadas de cooperativas. Ou ainda, não houve a glosa dos créditos pelo fato de as vendedoras serem cooperativas. O que efetivamente ocorreu, e valido nesse voto, foi a exclusão da figura do "atravessador", seja este constituído na forma de sociedade comercial ou cooperativa, uma vez que se comprovou que sua criação se deu com o fim exclusivo de simular um negócio jurídico. A Recorrente ainda alega violação ao princípio da segurança jurídica pelo fato de a Fiscalização, alegadamente, ter pronunciado entendimento diverso em processos decorrentes da mesma operação, contudo em face de pessoas jurídicas distintas. Tal fato, a meu ver, apenas corrobora todo o exposto com relação à existência de prova efetiva em face da Recorrente. Não há como se pretender vincular esta decisão à processo formalizado em face de pessoa jurídica diversa, notadamente quando este é decorrente essencialmente de material probatório. Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 15 14 "DA INOCORRÊNCIA DA PRECLUSÃO APONTADA PELA DECISÃO RECORRIDA. DO RESTABELECIMENTO INTEGRAL DOS CRÉDITOS INFORMADOS PELA RECORRENTE" Nesse tópico aduz a Recorrente que a decisão recorrida teria declarado uma preclusão inexistente. Contudo, nesse mesmo tópico, reconhece que deixou de impugnar determinadas glosas visando dar celeridade ao procedimento. Desse modo, não vejo como prover qualquer alteração no acórdão recorrido nesse sentido. (...) Voto Vencedor O Presidente da Turma designoume para redigir o voto vencedor quanto ao afastamento da preliminar suscitada pela recorrente, relativa à homologação tácita de parte da compensação. A Conselheira Relatora entendeu que o primeiro Despacho Decisório restara nulo, porque o Poder Judiciário determinara a prolação de novo Despacho Decisório, e também, porque não haveria a devida motivação e fundamentação. E porque o primeiro seria nulo, o segundo Despacho Decisório seria posterior ao prazo hábil, de 5 anos, tendo como consequência a homologação tácita dos pedidos de compensação anteriores. Todavia, não se vislumbra a nulidade do primeiro Despacho Decisório. Com efeito, tratase de ato administrativo com todas os requisitos de validade, inclusive a motivação, a qual foi a falta de apresentação de arquivos digitais corretos, que fossem coerentes com as informações do Dacon e com as notas fiscais físicas. Vejase excerto do referido documento (...): De posse da mesma [documentação intimada], a primeira providência foi aferir a correção e consistência dos arquivos magnéticos e planilhas de apuração em confronto com os Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (DACON) e livros fiscais. Desta verificação constatouse que as diferenças existentes entre eles são enormes, inviabilizando por completo o estabelecimento de um parâmetro de conferência. Observouse em cotejo perfunctório que os arquivos magnéticos também possuem inconsistências frente aos documentos fiscais que os maculam indelevelmente, ou seja, o arquivo eletrônico contendo rol de notas fiscais de aquisição não reflete com correção os dados constantes dos documentos físicos. Como exemplo, citemse as notas fiscais de venda com o fim específico de exportação, que não geram crédito da não cumulatividade, registradas como aquisição para revenda/insumo; aquisições de cooperativas, que tem tratamento tributário diferenciado a partir de abril/2006, registradas como efetuadas de pessoas jurídicas comuns; o arquivo eletrônico exigido pelo termo de intimação impunha a entrega da relação de toda as notas fiscais de entrada, independente de gerar crédito ou não, com a marcação daquelas aproveitadas no cálculo, todavia o arquivo apresentado não trouxe a integralidade de tais documentos; há casos em que constam aquisições no arquivo magnético e não foram apresentadas as notas fiscais, como exigido no termo; grande quantidade de notas fiscais de cerealistas e pessoas jurídicas agropecuárias com informação, em seu corpo, de saída com suspensão, entretanto, arroladas na relação eletrônica como garantidoras de crédito com cômputo integral; notas fiscais de Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 15578.000797/200924 Acórdão n.º 3201003.422 S3C2T1 Fl. 16 15 retorno de mercadoria computadas como aquisição de produtos; o arquivo apresentado não trouxe a indicação da filial onde ocorreu a operação. Ressalte se que todos os vícios detectados e acima apontados impedem a validação das informações perante os livros fiscais e o próprio DACON. Portanto, os arquivos digitais diferiam em grande medida das informações do Dacon, e assim, impedido de analisar o detalhamento dos créditos, e ainda, impedido de conceder prazo maior para que o contribuinte corrigisse tais arquivos, em vista da comando judicial no âmbito do Mandado de Segurança 2009.50.01.0049781, o qual determinara o prazo de 30 dias para conclusão da decisão, o Fisco, corretamente, não homologou as compensações. Verifico que essa decisão foi revista pelo Poder Judiciário, que determinou o aprofundamento da análise de mérito dos créditos. Não há, desse modo, a anulação do primeiro Despacho Decisório, mas o retorno do processo para sua correção. Tal procedimento é assaz comum em decisões do Carf, quando se ultrapassam questões preliminares e se determina a análise do mérito. Com esses fundamentos, afastei a preliminar suscitada, tese que restou vencedora por voto de qualidade. Registrese que os fatos apurados no processo paradigma correspondem aos mesmos fatos constantes dos processos dos recursos repetitivos, fato esse que possibilita o julgamento em conjunto. Além disso, destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu afastar a preliminar de decadência parcial, relativamente à homologação tácita de parte da compensação declarada, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 1832DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14098.000133/2009-03
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 21/05/2009
RECURSO ESPECIAL. ART. 67 DO RICARF. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA.
Deve ser conhecido o Recurso Especial da Divergência quando restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência foi aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.489
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 21/05/2009 RECURSO ESPECIAL. ART. 67 DO RICARF. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. Deve ser conhecido o Recurso Especial da Divergência quando restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência foi aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 09 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 14098.000133/2009-03
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5852831
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 09 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-006.489
nome_arquivo_s : Decisao_14098000133200903.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
nome_arquivo_pdf_s : 14098000133200903_5852831.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior e Ana Cecília Lustosa da Cruz. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
dt_sessao_tdt : Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7210092
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050010742947840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1946; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 161 1 160 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 14098.000133/200903 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.489 – 2ª Turma Sessão de 31 de janeiro de 2018 Matéria RETROATIVIDADE BENIGNA, NATUREZA DA MULTA NOS LANÇAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS ANTERIORES A MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI 11.941/2009 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado VIANA TRADING IMPORTACAO E EXPORTACAO DE CEREAIS LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 21/05/2009 RECURSO ESPECIAL. ART. 67 DO RICARF. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. Deve ser conhecido o Recurso Especial da Divergência quando restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência foi aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votaram pelas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 00 01 33 /2 00 9- 03 Fl. 946DF CARF MF 2 conclusões os conselheiros Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Júnior e Ana Cecília Lustosa da Cruz. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Contra o contribuinte foi lavrado auto de infração AI 37.230.7353 para cobrança multa pelo descumprimento de obrigação acessória (AI 68) que assim foi resumida pelo Relatório Fiscal de fls. 07: 4. Mediante imposição da Lei n° 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV, a empresa é obrigada a declarar à Secretaria da Receita Federal, na forma, prazo e condições estabelecidos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos relativos às contribuições previdenciárias. 5. A partir do confronto entre as informações prestadas no curso da ação fiscal e as informações prestadas à Receita Federal do Brasil, através de GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (última GFIP entregue antes do início da ação fiscal), constatouse que a autuada deixou de informar em GFIP as remunerações pagas, devidas ou creditadas a segurados empregados, contribuintes individuais (prestadores de serviços diversos e transportadores rodoviários autônomos), bem como os valores relativos às aquisições de produtores rurais pessoas físicas. Após o trâmite processual, a 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária deu provimento parcial ao recurso voluntário para determinar que a multa aplicada seja calculada considerando as disposições constantes do artigo 32A, I da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/09. O acórdão nº 2302003.316 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 21/05/2009 Fl. 947DF CARF MF Processo nº 14098.000133/200903 Acórdão n.º 9202006.489 CSRFT2 Fl. 162 3 INFRAÇÃO. DIREITO INTERTEMPORAL. CAPITULAÇÃO LEGAL. Para determinação da penalidade, em regra, aplicase a legislação vigente à época do cometimento da falta. Exceção seja feita às hipóteses de retroatividade benigna (artigo 106, II, do CTN). AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES OU INCORREÇÕES. Constitui infração à legislação previdenciária a entrega de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP com incorreções ou omissão de informações relativas a fatos geradores de contribuições previdenciárias. No período anterior à Medida Provisória n° 448/2009, aplicase o artigo 32, IV, § 5º, da Lei nº 8.212/91, salvo se a multa no hoje prevista no artigo 32A da mesma Lei nº 8.212/91 for mais benéfica, em obediência ao artigo 106, II, do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Intimado do acórdão o Contribuinte apresentou, em 02.01.2015, Recurso Especial com as seguintes matérias: 1) preliminar de inexigibilidade da multa pelo fato de o contribuinte estar em recuperação judicial, inconstitucionalidade do art. 83, VII da Lei nº 11.101/05; 2) nulidade do procedimento fiscal por ausência de TIAD Termo de Intimação para Apresentação de Documentos; e 3) nulidade do procedimento fiscal por capitulação legal incorreta. Antes da realização do exame de admissibilidade do recurso interposto pelo contribuinte, observouse que a Fazenda Nacional não havia sido intimada do acórdão recorrido, oportunidade em que abriuse vista ao órgão para se manifestar. Nestas circunstâncias a Fazenda Nacional interpôs seu próprio recurso questionando o critério adotado pelo Colegiado no que tange a aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Cita como paradigma o acórdão nº 920202.086 e 240100.127. Nos termos dos despachos de fls. 862 a 869, negouse seguimento ao recurso do contribuinte por não terem sido apresentadas decisões paradigmas que sustentassem a divergência e deuse seguimento ao recurso da Fazenda Nacional. Cientificado, o sujeito passivo apresentou, em 17.05.2016, suas contrarrazões. Em sede de preliminar pede o cancelamento da multa pela anistia trazida pelo art. 49 da Lei nº 13.097/2015; suscita ainda o não conhecimento do recurso da Fazenda Nacional por ausência de similitude fática entre os julgados, ausência demonstração analítica da divergência e ausência de apresentação do inteiro teor das decisões, menciona que aplicar a Fl. 948DF CARF MF 4 teoria da soma significaria penalizar o contribuinte duplamente uma vez que este já está obrigado ao pagamento da multa de 75% lançada no processo nº 14098.000124/200912. No mérito pede a manutenção do acórdão. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Do conhecimento do pedido de aplicação do art. 49 da Lei nº 13.097/2015 suscitado em sede de contrarrazões: Antes de iniciarmos a análise do recurso interposto pela Fazenda Nacional, se faz necessária a manifestação quanto ao conhecimento do pedido do contribuinte para aplicação da anistia trazida pelo art. 49 da Lei nº 13.097/2015. Argumenta o contribuinte que tratase de fato superveniente que cujas implicações, por serem mais benéficas, devem ser consideradas por este Colegiado. Citado dispositivo legal possui a seguinte redação: Art. 49. Ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a publicação desta Lei, desde que a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega. Observamos que tratase de regra de anistia condicionada ao cumprimento de dois requisitos: ter sido a multa lançada até a publicação da lei e ainda que a irregularidade quanto a declaração tenha sido sanada até o mês subsequente a data prevista para a sua entrega. Temos assim um direito assegurado em lei e oponível à administração pública, ou seja, comprovando o contribuinte o cumprimento dos requisitos a multa deve ser relevada. Ocorre que não é este órgão julgador a autoridade competente para avaliar o cumprimento dos requisitos, primeiro porque é a Receita Federal o órgão que tem acesso às informações acessórias produzidas e enviadas pelos contribuintes e segundo porque nem mesmo foi apresentado pela recorrida provas que demonstram o cumprimento das condições. Assim, no caso concreto, deixo de conhecer do pedido formulado pela recorrente em sede de contrarrazões. Tratase de pedido que deve ser apresentado oportunamente à autoridade administrativa competente e o qual não depende de qualquer reconhecimento ou juízo de valor deste colegiado, pois tratase de direito previsto em lei e assegurado a qualquer contribuinte que comprovar o cumprimento dos requisitos fixados. Do conhecimento do Recurso da Fazenda Nacional: Fl. 949DF CARF MF Processo nº 14098.000133/200903 Acórdão n.º 9202006.489 CSRFT2 Fl. 163 5 Na peça de contrarrazões o recorrido requer o não conhecimento do recurso inicialmente por ausência similitude fática entre os acórdãos e ausência de demonstração analítica da divergência arguida. Em que pesem os argumentos do recorrido, não há reparos a serem feitos ao exame de admissibilidade, isso porque ao contrário do afirmado. Buscase a forma de aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN em razão de ações fiscais que geraram lançamentos de multa de ofício pelo não pagamento do tributo e ainda multa por descumprimento de obrigação acessória. E neste ponto, a peça recursal trouxe de forma bem didática a divergência existente entre os acórdãos. Vale transcrever e destacar as partes do recurso: Insta aqui consignar que a hipótese em análise no acórdão paradigma é idêntica a que hora se reporta. Isso porque o que se encontrava em julgamento era exatamente o auto de infração por descumprimento de obrigação acessória em que também se lavrou NFLD em decorrência da mesma ação fiscal. Naquela ocorrência, consignouse que havendo lançamento do tributo, juntamente com a lavratura de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, o dispositivo legal a ser aplicado passa a ser o art. 35A da Lei 8.212/91, que nos remete ao art. 44, I, da Lei 9.430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91, conforme entendeu a e. Câmara a quo, haja vista que este preceito normativo somente se aplica às situações em que somente tenha havido descumprimento de obrigação acessória relacionada à GFIP. Havendo lançamento concomitante de tributo, a multa passa a ser aplicada nos termos do art. 35A, da Lei 8.212/91. Vêse, portanto, que a E. Câmara a quo entendeu que, por se tratar de infração relacionada à apresentação da GFIP, o dispositivo legal que deve retroagir para regulamentar a multa aplicada é o art. 32A da Lei 8.212/91, independentemente de ter havido ou não lançamento de ofício. Em posicionamento diametralmente oposto, a Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais considerou ser legítima a aplicação da multa nos termos do art. 35A da Lei 8.212/91, em situação análoga à presente, por entender que, havendo lançamento de ofício das contribuições previdenciárias vinculadas à infração em análise, não mais deve ser aplicado o art. 32A do mesmo diploma legal. Assim, o que temos em relação as multas aplicadas é que os acórdãos paradigma e recorrido foram proferidos após o advento da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941 de 27/05/2009, e nos dois se encontrava em julgamento o lançamento de contribuições relativas a fatos geradores anteriores a esse marco. Nessas ocasiões foi analisada a retroatividade benigna, nos termos do art. 106, do CTN, em virtude das alterações promovidas pela Lei nº 11.941 (fruto da conversão da MP nº 449/2008) no art. 35 da Lei nº 8.212/91, considerando a existência de lançamento de multa de ofício e multa por Fl. 950DF CARF MF 6 descumprimento de obrigação acessória (AI 68), tendo os Colegiados chegado a entendimentos distintos. Por fim, quanto a alegação de ausência de apresentação do inteiro teor dos acórdãos apontados como paradigmas, lembramos que o próprio Regimento Interno deste Conselho traz a possibilidade de que as partes instruam seus recursos apenas com a transcrição da íntegra das ementas dos julgados apontados como paradigmas. Essa era a regra do art. 67, §9º do antigo regimento (Portaria nº 256/09), atualmente reproduzida no art. 67, §11 do RICARF: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. ... § 9º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 10. Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União. § 11. As ementas referidas no § 9º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Assim, nos termos do art. 67 e 68 do RICARF, conheço do recurso. Do mérito: Inicialmente, pertinente destacar como mencionado na peça de contrarrazões que a discussão acerca da obrigação principal já se findou tendose concluído pela manutenção do débito nos termos dos acórdãos proferidos, nos processos: 14098.000124.200912, 14098.000125.200959, 14098.000126.200901, 14098.000128.2009 92, 14098.000130.200961. Partindose desse premissa, lembramos que cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: Fl. 951DF CARF MF Processo nº 14098.000133/200903 Acórdão n.º 9202006.489 CSRFT2 Fl. 164 7 a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) tem o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32 A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Fl. 952DF CARF MF 8 Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é o entendimento deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao Fl. 953DF CARF MF Processo nº 14098.000133/200903 Acórdão n.º 9202006.489 CSRFT2 Fl. 165 9 término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) Fl. 954DF CARF MF 10 cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Fl. 955DF CARF MF Processo nº 14098.000133/200903 Acórdão n.º 9202006.489 CSRFT2 Fl. 166 11 Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, Fl. 956DF CARF MF 12 e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Vale mencionar, que quando da aplicação da retroatividade, nos termos do art. 4º, §2º da Portaria acima citada, deverão ser considerados no cálculo as multas já aplicadas nos demais processos onde se discutiu obrigação principal. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 957DF CARF MF
score : 1.0